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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
MESTRADO PROFISSIONAL GESTÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS DE SAÚDE
ANÁLISE DE CAUSA RAIZ E ANÁLISE MODAL DE FALHAS E EFEITOS EM
UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
LUZIA CLARA CUNHA DE MENEZES
NATAL/RN
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
MESTRADO PROFISSIONAL GESTÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS DE SAÚDE
ANÁLISE DE CAUSA RAIZ E ANÁLISE MODAL DE FALHAS E EFEITOS EM
UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho de Conclusão de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde, do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de Mestra em Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde.
Luzia Clara Cunha de Menezes
Orientadora: Profa. Dra. Grasiela Piuvezam
NATAL/RN
2016
Catalogação da Publicação na Fonte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas
Biblioteca Central Zila Mamede / Setor de Informação e Referência
Menezes, Luzia Clara Cunha de.
Análise de causa raiz e análise modal de falhas e efeitos em
unidades de terapia intensiva: uma revisão sistemática / Luzia Clara
Cunha de Menezes. - Natal, 2016.
52 f. : il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação
Mestrado Profissional Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Grasiela Piuvezam.
1. Unidade de terapia intensiva – Dissertação. 2. Análise de causa
raiz - Dissertação. 3. Análise modal de falhas e efeitos - Dissertação.
4. Unidade de terapia intensiva - Dissertação. I. Piuvezam, Grasiela.
II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 616-083.98
ANÁLISE DE CAUSA RAIZ E ANÁLISE MODAL DE FALHAS E EFEITOS EM
UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
BANCA EXAMINADORA
Presidente da banca: Professora Dra. Grasiela Piuvezam (UFRN)
Primeiro membro: Dr. Daniel Ángel García (Instituto Nacional de Salud Pública
– INSP México)
Segundo membro: Dra. Helaine Carneiro Capucho (EBSERH Sede)
NATAL/RN
2016
IV
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho com amor ao meu Papito e à minha Mainha, às minhas irmãs
Zalina e Noko, ao meu marido Nego e aos meus príncipes Léo e Nandinha. Vocês
são a minha fortaleza.
V
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por tudo e, principalmente, pelo dom da vida!
Aos meus pais Manoel Messias de Menezes e Evani Cunha de Menezes,
por todo o amor e cuidado. Pais maravilhosos que nunca mediram esforços para me
proporcionar uma vida feliz. Sem palavras para agradecer tudo o que vocês são
para mim e o que fazem por mim todos os dias da minha vida. Amo vocês
infinitamente!
Às minhas irmãs Rosalina Romana Cunha de Menezes e Emanuela
Simone Cunha de Menezes, pelo amor, pelas palavras de incentivo, pelo apoio e
por muito mais... Sei que em vocês encontro a amizade verdadeira. Amo vocês!
Ao meu marido, meu Nego, meu Fefedo (Alfredo Clímaco de Carvalho
Neto), pelo amor, pela ilimitada paciência, por todas as vezes que baixou a televisão
atendendo aos meus pedidos, pelos cafés da manhã e jantares que preparou
enquanto eu estudava, por entender minhas ausências, por sonhar junto comigo,
pelo companheirismo, amizade e cuidado. Sem o seu apoio diário, eu não teria
conseguido... Amo você!
Aos meus príncipes Léo e Nandinha, meus sobrinhos, pelo amor puro, por
alegrarem a minha vida e por me fazerem querer ser uma pessoa melhor. Vou
recompensar minha ausência... a “madinha”/tia promete e ama muito!
Aos meus cunhados Carlos Eduardo (Dudu) e Sérgio Lobo (“Cunhado”),
pela torcida de sempre.
Ao meu querido sogro Clóvis Barbalho de Carvalho, por cuidar da gente de
uma forma toda especial, pelo coração grande que nos acolhe e nos ajuda, por
todos os almoços compartilhados. Amo você! À sua companheira Ednázia, pelas
palavras de otimismo e pela convivência agradável.
Às minhas cunhadas Renata e Andréa e aos sobrinhos Gabi e Léo, que
mesmo à distância, sei que torcem muito por mim. Amo vocês!
À minha sogra Dilma (in memoriam), porque sinto que, lá do céu, torce por
mim!
VI
A todos os familiares que incentivaram o aprimoramento dos meus estudos,
representados pelos meus primos Liége (Lica), Richarde (Bá), Lílyan (Lilha),
Maíra (Mairinha), Maíza (Dudula) e minhas tias Betânia (tia Beta), Adélia e Elza,
presentes em minha vida com muito amor e carinho desde a infância. Amo vocês!
Em especial às minhas tias Tata (Tia Fátima) e Sula (Tia Suelly), pelo amor
tão verdadeiro e presente, pelos ensinamentos e valores que me ajudaram a
construir... Ah! Papai do céu chamou vocês tão cedo... Que saudade que dói no meu
coração! Amo vocês para sempre! E juntos a elas, meus tios Júnior (Hakuna
Matata), Carlos e Eugênio (sempre presentes).
À minha orientadora, Grasiela Piuvezam (Grasi), pela dedicação,
responsabilidade, acolhimento, disponibilidade, atenção e carinho. Tenho grande
admiração por você e agradeço pela oportunidade e por todo conhecimento
compartilhado. Não poderia desejar orientadora melhor! Você é um exemplo a ser
seguido! Obrigada!
À minha dupla no mestrado e na gestão da UTI Materna da MEJC, o meu
querido “chefo” Érico de Lima Vale, por todas as contribuições ao longo dessa
caminhada e por tê-la tornado mais leve. Aprendi e aprendo muito com você todos
os dias. Muito obrigada.
Ao professor Zenewton Gama, por ter sonhado, acreditado e por ter
conseguido trazer esse excelente curso de mestrado para o Brasil/ UFRN. O seu
entusiasmo pela busca da qualidade nos serviços de saúde nos contagia!
Aos queridos alunos Everton Souza Frutuoso, Paula Louise Assunção de
Medeiros e Vivianni Barros Wanderley, nosso grupo de pesquisa, por todo o
empenho e compromisso. Aos queridos Isac Davidson, Gabriella Xavier e João
Maria (secretaria PPG Qualisaúde) por todas as contribuições. Vocês foram
essenciais nessa caminhada. Muito obrigada!
À Professora Ana Katherine (Kathe), por ter aberto as portas da sua casa
de forma tão gentil para que eu pudesse concluir minhas pesquisas.
Aos colegas de turma do PPG Qualisaúde pelo apoio e companheirismo nos
últimos dois anos. Em especial, agradeço a José Gomes Neto Júnior, meu
VII
gordex, por todos os momentos de angústia e de descontração compartilhados, ele
conseguiu tornar essa jornada mais prazerosa e fez nascer uma amizade que quero
para o resto da vida; e à Aurélia Cristina de Medeiros, minha companheira de
labuta na MEJC e no mestrado, pela atenção, amizade e paciência.
Aos meus amados amigos, Amanda (Nega), Marconi (Coni), Júlio César
(Julhinho), Adriana, Lívia, Idylla e Marília (Marea), representando os muitos
amigos que tenho, pela amizade, compreensão nos momentos de ausência, torcida
e pelo carinho. Sou feliz e grata a Deus por ter vocês. Amo!
Às minhas amadas amigas, Edlene Castro (Edgê) e Beatriz Dutra (Bia),
representando a turma de Enfermagem 2008.1 UFRN, pelo apoio, carinho e
incentivo. Vocês fazem parte da minha história e de todas as conquistas. Amo!
Às minhas queridas amigas Izaura Luzia S. Freire e Núbia Maria L. de
Souza, pela amizade, pelo incentivo, carinho e atenção; representando a equipe da
UTI Pediátrica do Hospital Walfredo Gurgel, para sempre em meu coração.
À minha querida chefa na SMS - Natal/RN, Jaira Isa B. Montello,
representando toda a equipe do Distrito Sanitário Oeste, principalmente a da
epidemiologia, pelo apoio incondicional, pela torcida constante e por me acolher
durante esses sete anos em que trabalhamos juntas.
À minha querida equipe da UTI Materna da MEJC (“de ontem e de hoje”),
representada aqui pelos (as) amigos (as) Rejane Ferreira, Amanda Aranha,
Elisângela Azevedo, Mª AnaKarine Souza, Jean Carlos Bezerra, Dulcineide
Santino, Mídia Cristina, Margarida Oliveira e Bárbara Gonçalves. Muito obrigada
pela amizade, apoio e carinho. Vocês me inspiram com o comprometimento e
dedicação.
Às minhas chefas da MEJC, Brenda Joyce F. de Menezes e Magda Lúcia V.
L. Rodrigues, pelo apoio, oportunidades e incentivo, representando todos que
fazem a MEJC. Em especial, às amigas e incentivadoras Lourdinha Costa e Edna
Marta, representando todas as enfermeiras da MEJC, cuja integridade e
profissionalismo de ambas são exemplos que tento seguir.
Finalmente, agradeço a todos que, de alguma maneira, contribuíram para
realização desse trabalho. Muito Obrigada!
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA ................................................................................................................... III
AGRADECIMENTOS ......................................................................................................... IV
Lista de Tabelas .............................................................................................................. VIII
Lista de Figuras ................................................................................................................. IX
Lista de Quadros ................................................................................................................ X
Lista de Abreviaturas ......................................................................................................... XI
Resumo ............................................................................................................................ XII
Abstract............................................................................................................................ XIII
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... XIV
1. ANEXAÇÃO DO ARTIGO ................................................................................................ 1
1.1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 2
1.2. METODOLOGIA ........................................................................................................... 5
1.2.1. Tipo de estudo .......................................................................................................... 5
1.2.2. Definição das ferramentas ........................................................................................ 5
1.2.3. Estudo piloto ............................................................................................................. 6
1.2.4. Fontes de informação ................................................................................................ 7
1.2.5. Critérios de inclusão .................................................................................................. 8
1.2.6. Seleção dos estudos ................................................................................................. 9
1.2.7. Análise qualitativa dos artigos ................................................................................... 9
1.3. RESULTADOS ........................................................................................................... 10
1.3.1. Seleção dos artigos ................................................................................................. 10
1.3.2. Descrição dos resultados ........................................................................................ 14
1.4. DISCUSSÃO ............................................................................................................... 22
1.5. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 27
2. APÊNDICES .................................................................................................................. 28
2.1. Apêndice 1 .................................................................................................................. 29
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 31
IX
Lista de Tabelas
Tabela 1 Pontuação em ordem decrescente dos 34 artigos avaliados
através do SQUIRE 2.0 adaptado e definição do ponto de
corte para a inclusão dos artigos na revisão sistemática.
Natal, 2016.
Pág. 13
Tabela 2 Extração dos dados dos 18 artigos selecionados para a
revisão sistemática, referentes a autor/ano de publicação,
país, tipo de UTI, ferramenta e referência, objetivo, trajetória
metodológica da ferramenta, intervenções realizadas,
indicadores de melhoria e resultados. Natal, 2016.
Pág. 16
X
Lista de Figuras
Figura 1 Fluxograma de seleção dos artigos da revisão
sistemática. Natal, 2016 (Adaptado do PRISMA).
Pág. 11
XI
Lista de Quadros
Quadro 1 Definição das ferramentas Análise de Causa Raiz (ACR)
e Análise Modal de Falhas e Efeitos (AMFE) para gestão
da qualidade em saúde. Natal, 2016.
Pág. 6
Quadro 2 Equações de busca específicas para cada base de
dados. Natal, 2016.
Pág. 7
XII
Lista de Abreviaturas
ACR – Análise de Causa Raiz
AMFE – Análise Modal de Falhas e Efeitos
CRD – Centre for Reviews and Dissemination
CVC – Catéter Venoso Central
ECMO – Oxigenação por Membrana Extracorpórea
EMBASE – Excerpta Medica
FiO2 – Fração de Oxigênio
FMEA – Failure Modes and Effects Analysis
HFMEA – Healthcare Failure Mode and Effect Analysis
ICS-CVC – Infecção de Corrente Sanguínea associada ao Cateter Venoso Central
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
IHI – Institute for Healthcare Improvement
IOM – Institute of Medicine
JC – Joint Commission
JIT – PAPPS – Just-in-Time Pediatric Airway Provider Performance Scale
LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
MRSA – Staphylococcus Aureus Resistente à Meticilina
NPR – Número de Prioridade de Risco
PAHO – Pan American Health Organization
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PRISMA – Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses
PROSPERO – International Prospective Register of Systematic Reviews
SciELO – Scientific Electronic Library Online
SQUIRE – Standards for Quality Improvement Reporting Excellence
SSVV – Sinais Vitais
TSR – Terapia de Substituição Renal
TVP – Tromboembolismo Venoso Profundo
UTI – Unidade(s) de Terapia Intensiva
VANCPS – Veterans Affairs National Center for Patient Safety
WHOLIS – World Health Organization Library and Information Network for
Knowledge Database
XIII
Resumo
Os serviços de saúde têm cada vez mais incorporado novas tecnologias e
técnicas acompanhadas de riscos adicionais à segurança dos pacientes. Pacientes
internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estão mais susceptíveis a erros.
Dentre as ferramentas utilizadas no mundo para reduzir a ocorrência ou recorrência
desses erros na assistência à saúde, destacam-se a Análise de Causa-Raiz (ACR) e
Análise Modal de Falhas e Efeitos (AMFE). O objetivo do estudo foi identificar e
analisar a aplicação das ferramentas ACR e AMFE para a melhoria da qualidade da
assistência em UTI. Revisão sistemática de literatura baseada no protocolo PRISMA.
Foram utilizadas as seguintes bases de dados: Scopus, PubMed, SciELO, LILACS,
Web of Science, Science Direct, Cochrane, WHOLIS, PAHO e EMBASE. A análise
qualitativa dos artigos foi realizada através da aplicação de uma versão adaptada e
resumida do guia SQUIRE 2.0. Incluídos artigos originais indexados nas bases de
dados e que cumprissem 60% dos critérios do SQUIRE 2.0 adaptado. Foram
recuperados 1674 documentos nas buscas e, após as análises pertinentes, foram
incluídos 18 artigos na revisão. Desses, 16 foram publicados entre 2010 e 2016, 10
foram desenvolvidos nos Estados Unidos, 11 foram realizados em UTI Pediátrica ou
Neonatal, 16 utilizaram AMFE em diversas temáticas, 13 realizaram intervenções
para melhoria da qualidade e desses, 12 utilizaram indicadores para medição da
melhoria relatando resultados positivos. Esses dados sugerem preocupação com o
planejamento da qualidade, sendo importante ressaltar a utilização de indicadores
para medir a melhoria da qualidade na maioria dos estudos selecionados. Essa
revisão reforça a importância do uso dessas ferramentas para a melhoria da
qualidade da assistência nas UTI, permeando as instituições de saúde de
comportamentos que garantam mais segurança, contribuindo para o
desenvolvimento de uma cultura de segurança organizacional.
Descritores: Análise de Causa Raiz; Análise Modal de Falhas e Efeitos; Unidade de
Terapia Intensiva; Segurança do Paciente.
XIV
Abstract
Health services have increasingly incorporated new technologies and techniques
accompanied by additional risk to patient safety. Patients in Intensive Care Unit (ICU)
are more susceptible to errors. Among the tools used in the world to prevent the
occurrence or recurrence of these errors in health care, we highlight the Root Cause
Analysis (RCA) and Failure Modes and Effects Analysis (FMEA). The objective of this
study was to identify and analyze the application of RCA and FMEA tools for
improving the quality of care in ICU. Systematic review of literature based on the
PRISMA. We used the following data bases: Scopus, PubMed, SciELO, LILACS,
Web of Science, Science Direct, Cochrane, WHOLIS, PAHO and EMBASE. The
qualitative analysis of the articles was conducted by applying an adapted and
abridged version of SQUIRE 2.0 guide. 1674 documents were recovered in searches
and, after the relevant tests, 18 were included in the review articles. Of these, 16
were published between 2010 and 2016, 10 were developed in the United States, 11
were conducted in the Pediatric ICU or Neonatal, 16 used FMEA on different topics,
13 performed interventions for improvement of quality and of those, 12 have used
indicators for measuring the improvement in reporting positive results. These data
suggest concern with quality planning, it is important to highlight the use of indicators
to measure the improvement of quality in most of the selected studies. This review
underscores the importance of using these tools to improve the quality of care in the
ICU, permeating the health institutions of behaviors that ensure more safety,
contributing to the development of an organizational safety culture.
Keywords: Root Cause Analysis; Failure Modes and Effects Analysis; Intensive
Care Units; Patient Safety.
XV
APRESENTAÇÃO
XVI
APRESENTAÇÃO
Revisitando alguns projetos de pesquisa dos quais participei há alguns anos,
observei o meu evidente interesse pela “segurança do paciente”, antes mesmo de
tomar conhecimento de que o termo a ser utilizado para aquela iniciativa seria esse.
Hoje faço parte do Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) da Maternidade
Escola Januário Cicco (MEJC), na qual sou Coordenadora de Enfermagem da
Unidade de Terapia Intensiva Materna (UTI Materna), e tenho o prazer de estar
concluindo o Mestrado Profissional em Gestão da Qualidade dos Serviços de Saúde
(QualiSaúde) pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte em sua primeira
turma no Brasil.
Durante o percurso do mestrado, desenvolvi um ciclo de melhoria da
qualidade junto ao colega Érico de Lima Vale, coordenador médico da UTI Materna
da MEJC, acerca da assistência multiprofissional prestada às pacientes portadoras
de hipertensão gestacional e seus familiares. Oportunidade de pôr em prática as
ferramentas da gestão da qualidade estudadas a serviço do nosso ambiente de
trabalho.
Apesar de tratar-se de um mestrado profissional, o Qualisaúde admite a
revisão sistemática da literatura como trabalho de conclusão, considerando que o
aluno deve demonstrar competência para pesquisar ou gerar produtos válidos para o
seu contexto de trabalho na temática da gestão da qualidade. Uma revisão
sistemática sintetiza estudos primários de boa qualidade, sendo considerada o
melhor nível de evidência. Assim, debrucei-me sobre a realização da presente
revisão acerca de duas ferramentas para a melhoria da segurança do paciente
utilizadas em unidades de terapia intensiva, meu ambiente profissional há oito anos.
XVII
A temática segurança do paciente me encanta e planejo que a imersão
realizada no desenvolvimento dessa revisão seja revertida para a minha prática
profissional na contribuição com o NSP, com a UTI Materna e com a melhoria da
qualidade da assistência prestada na MEJC, através da aplicação das ferramentas
estudadas.
A estrutura do presente Trabalho de Conclusão de Mestrado segue um
modelo próprio de disposição, recomendado e proposto pelo Programa de Pós-
Graduação Mestrado Profissional Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPQualiSaúde/UFRN). O trabalho de
Conclusão de Mestrado encontra-se no formato de um artigo científico que segue as
normas do periódico escolhido para a sua submissão. Assim, as referências
bibliográficas encontram-se dispostas de acordo com as normas do BMJ Quality &
Safety, versão ligeiramente modificada do estilo de referência Vancouver.
A primeira seção, Introdução apresenta brevemente o objeto da pesquisa,
bem como o objetivo desta investigação no formato de artigo científico.
A seção seguinte intitulada Metodologia tem como tarefa sistematizar os
procedimentos metodológicos percorridos para a execução do trabalho.
Na sequência, a seção Resultados apresenta os resultados relevantes
encontrados através do desenvolvimento do trabalho.
A Discussão do artigo apresenta um diálogo entre os resultados do presente
trabalho e a literatura científica. E as Conclusões encerram o artigo científico
destacando os principais resultados e apontando para as novas investigações.
1
1. ANEXAÇÃO DO ARTIGO
2
1. ANEXAÇÃO DO ARTIGO
1.1. INTRODUÇÃO
Os serviços de saúde são complexos e têm cada vez mais incorporado novas
tecnologias e técnicas elaboradas na prestação de assistência aos pacientes. Essas
inovações vêm acompanhadas de riscos adicionais à segurança do paciente. O
direito do indivíduo de receber uma assistência à saúde de qualidade é indiscutível
e, para isso, os serviços de saúde devem oferecer uma atenção que seja efetiva,
eficiente, segura e satisfatória durante todo o processo1.
O Institute of Medicine (IOM), em 1999, publicou o documento “Errar é
humano: construindo um sistema de saúde mais seguro” (To err is Human: building a
safer health system) que obteve grande repercussão devido à constatação de que
erros no processo assistencial causavam a morte evitável de 44.000 a 98.000
pessoas por ano nos Estados Unidos2. Devido à notoriedade dessa notícia,
governos e organizações internacionais se mobilizaram em prol da segurança do
paciente e em 2004, a 57ª Assembleia Mundial da Saúde apoiou a criação da
Aliança Mundial para a Segurança do Paciente para liderar internacionalmente os
programas de segurança do paciente. O Brasil é um dos países que compõem essa
Aliança Mundial e vem trabalhando com os Desafios Globais para a Segurança do
Paciente que orientam a identificação e implantação de ações que ajudem a reduzir
riscos para os pacientes1.
Existem inúmeros problemas crônicos e graves na área da saúde. Processos
mal desenhados, utilização desnecessária de material e medicamentos, limitação de
espaço para estocagem, turnover excessivo de pessoal de enfermagem, afetando
diretamente o atendimento ao público, ocorrendo então custos elevadíssimos e nem
sempre qualidade no serviço prestado3.
Todos esses problemas são potencializados quando se trata de Unidades de
Terapia Intensiva (UTI), um setor de alta complexidade no ambiente hospitalar, onde
são utilizadas diversas tecnologias e aparelhagens, sendo o cuidado específico
realizado por um maior contingente de profissionais. Além disso, os pacientes
críticos estão mais susceptíveis a erros em razão da sua maior instabilidade e
necessidade de intervenções. Registros demonstram que o número de condutas
iatrogênicas nas UTI é de até dois por paciente/dia e 18% de eventos adversos
graves4.
3
Assim, a monitoração da qualidade dos serviços prestados torna-se a cada
dia fundamental para segurança do paciente crítico, com potencial risco de vida3.
Dessa forma, faz-se necessário o desenvolvimento dos programas de gestão da
qualidade institucionais, compreendidos como um conjunto de elementos estruturais
e de atividades que tem como objetivo específico a melhoria contínua da qualidade5.
O redesenho de sistemas operacionais na indústria de aviação e de energia
nuclear resultaram em uma redução significativa dos erros e serviu de inspiração
para os sistemas de saúde6. Assim, tem sido cada vez mais amplo o uso de diversas
ferramentas provenientes dos sistemas de qualidade das indústrias nos programas
de gestão da qualidade na saúde.
Dentre as ferramentas utilizadas no mundo para reduzir a ocorrência ou
recorrência desses erros na assistência à saúde, destacam-se a Análise de Causa-
Raiz (ACR) e Análise Modal de Falhas e Efeitos (AMFE), sendo essa última
conhecida na língua inglesa como FMEA (Failure Modes and Effects Analysis) e, no
âmbito da saúde, como HFMEA (Healthcare Failure Modes and Effects Analysis),
após Veterans Affairs National Center for Patient Safety (VANCPS) ter modificado e
ampliado o FMEA para aplicação aos cuidados de saúde7.
A ACR teve origem na indústria e é utilizada com sucesso há décadas na
investigação de incidentes importantes na aviação e energia nuclear. Seu uso nos
serviços de saúde é relativamente recente (meados da década de 1990) e em 2007,
The Joint Commission tornou o seu uso obrigatório para investigar eventos sentinela
hospitalares8,9.
A AMFE teve origem em 1949 no Exército dos Estados Unidos com o objetivo
de prevenir falhas e seu potencial impacto no equipamento, nas pessoas e nas
missões militares10. Em seguida, ganhou amplo uso na indústria aeroespacial,
eletrônica, alimentícia e automobilística11. Sua aplicação para cuidados de saúde
não é nova, o primeiro uso recomendado foi em 1994 pelo The Institute for Safe
Medication Practices na questão de administração de medicamentos10. Em julho de
2001, The Joint Commission considerou o gerenciamento de riscos como um padrão
de qualidade para a acreditação, recomendando que as organizações credenciadas
devam realizar pelo menos uma avaliação pró-ativa de riscos por ano de um
processo de alto risco7.
4
O presente trabalho tem como objetivo identificar e analisar, por meio de uma
revisão sistemática, a aplicação das ferramentas ACR e AMFE para a melhoria da
qualidade da assistência em Unidades de Terapia Intensiva.
5
1.2. METODOLOGIA
1.2.1. Tipo de estudo
Trata-se de uma revisão sistemática de literatura baseada no protocolo
Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA)12
com o interesse de identificar o uso das ferramentas Análise de Causa-Raiz (ACR) e
Análise Modal de Falhas e Efeitos (AMFE) em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
Essa revisão foi submetida ao processo de registro no PROSPERO
(International Prospective Register of Systematic Reviews) do CRD (Centre for
Reviews and Dissemination) da Universidade de York no Reino Unido. O
PROSPERO é uma base de dados internacional de revisões sistemáticas
prospectivamente registradas em saúde e assistência social que visa fornecer uma
lista detalhada de revisões que estão sendo realizadas para ajudar a evitar a
duplicação não planejada e permitir a comparação de métodos de revisão
relatados13. Entretanto, após a submissão no PROSPERO o trabalho foi considerado
em estágio avançado e, portanto não passível de registro nessa base.
1.2.2. Definição das ferramentas
A ACR é um processo retrospectivo que tem por objetivo a identificação de
fatores relacionados com os sistemas que levam ao erro e sugerir soluções que
possam prevenir que erros similares causem danos no futuro. Trata-se de uma
ferramenta que envolve múltiplos atores e disciplinas de forma iterativa, devendo-se
concentrar na melhoria do desempenho do sistema e não nos indivíduos,
identificando as causas primárias de um problema ou evento/incidente, ou seja, a
raiz do problema. As causas dessas falhas devem ser eliminadas, prevenindo erros
recorrentes, o que contribuirá para melhoria da qualidade assistencial14,15.
AMFE é um método de análise de risco sistemático, preventivo, prospectivo e
multidisciplinar baseado em equipe, que identifica problemas na infraestrutura e nos
sistemas antes que os eventos adversos ocorram e avalia os efeitos e causas
potenciais dos erros ou falhas do sistema7,10.
No Quadro 1 observam-se as diferenças entre ambas ferramentas acerca da
abordagem, conceito chave, técnica utilizada, comentários pertinentes e trajeto
metodológico recomendado pela The Joint Commission16.
6
Quadro 1. Definição das ferramentas Análise de Causa Raiz (ACR) e Análise Modal
de Falhas e Efeitos (AMFE) para gestão da qualidade em saúde. Natal, 2016.
ACR AMFE
Abordagem Reativa Proativa
Conceito chave O que deu errado O que poderia dar errado
Técnica
Equipe de análise do evento:
Por que o evento ocorreu
- causas raiz? (5 ''porquês'')
Projeto de correção
Modos de falha: O que poderia dar
errado?
Causas da falha: Por que seria errado?
Efeitos da falha: Quais são as
consequências?
Observações
A análise da falha passada está
focada em redesenho do sistema
para reduzir o risco de erros
futuros.
Priorização de risco: modos de falha e
efeitos recebem pontuações para
determinar a magnitude de risco;
Análise de causa: permite redesenho do
sistema de processos de alta prioridade.
Trajeto
metodológico
1. Identificar evento sentinela ou
outros eventos importantes que
requerem uma ACR;
2. Montar uma equipe;
3. Diagrama do processo: O que
aconteceu?;
4. Por que o evento aconteceu?
Mover-se da proximidade para as
causas raiz;
5. Desenvolvimento e
implementação de um plano de
ação.
1. Escolher um processo de alto risco e
montar uma equipe;
2. Diagramar o processo;
3. “Chuva de ideias” dos potenciais
modos de falha e determinar os efeitos;
4. Priorizar modos de falha
5. Identificar causas dos modos de falha;
6. Redesenhar o processo;
7. Analisar e testar o novo processo;
8. Implementar e monitorar o processo
redesenhado.
Adaptado de: Ursprung, R. e Gray, J., 201017
; Joint Commission Resources Inc., 201016
.
1.2.3. Estudo piloto
Previamente foi realizada uma breve pesquisa para verificar a viabilidade do
estudo e como o assunto vem sendo abordado na literatura científica. Na pesquisa
em questão foi utilizada a seguinte equação de busca: "Intensive Care Units" AND
“Root Cause Analysis” OR “Healthcare Failure Mode and Effect Analysis” OR
“Failure Mode and Effect Analysis”. As buscas foram realizadas nas bases de dados:
Scopus, PubMed, SciELO (Scientific Electronic Library Online), Web of Science e
7
Science Direct. Foram encontrados 67 artigos na Scopus, 131 na PubMed, 402 na
Web of Science e 1125 na Science Direct. Nenhum artigo foi encontrado na SciELO.
1.2.4. Fontes de informação
Depois de identificada a viabilidade da revisão e a relevância do assunto,
procedeu-se a escolha das bases de dados para pesquisa. Foram utilizadas as
seguintes bases: 1. Scopus; 2. PubMed; 3. SciELO; 4. LILACS (Latino-Americano e
do Caribe Literatura em Ciências da Saúde); 5. Web of Science; 6. Science Direct; 7.
Cochrane; 8. WHOLIS (World Health Organization Library and Information Network
for Knowledge Database); 9. PAHO (Pan American Health Organization) e 10.
EMBASE (Excerpta Medica), levando em consideração a importância de encontrar
todos os estudos relacionados com o assunto disponíveis na literatura e que, além
de obedecerem aos critérios adotados, apresentassem elevada qualidade
metodológica. Na base Science Direct foi utilizado o filtro “artigos” para excluir outros
tipos de publicação, como livros. As equações de busca foram aplicadas às bases
em novembro de 2015 e atualizadas em 31 de maio de 2016.
Para garantir estratégias de pesquisa eficientes para as especificidades de
cada base, diferentes combinações de palavras-chave e descritores foram
empregadas. As equações de busca para cada base podem ser visualizadas no
Quadro 2 a seguir.
Quadro 2. Equações de busca específicas para cada base de dados. Natal, 2016.
BASES DE
DADOS EQUAÇÕES DE BUSCA
SCOPUS
("Intensive Care Units" OR “Intensive Care” OR “critical care”)
AND (“Root Cause Analysis” OR “Healthcare Failure Mode and
Effect Analysis” OR “Failure Mode and Effect Analysis”)
PUBMED
"Intensive Care Units" OR “Intensive Care” OR “critical care” AND
“Root Cause Analysis” OR “Healthcare Failure Mode and Effect
Analysis” OR “Failure Mode and Effect Analysis”
SCIELO "Intensive Care Units" OR “Intensive Care” AND “Root Cause
Analysis” OR “Failure Mode and Effect Analysis”
8
LILACS
"Intensive Care Units" OR “Intensive Care” AND “Root Cause
Analysis” OR “Failure Mode and Effect Analysis”
WEB OF
SCIENCE
("Intensive Care Units" OR “Intensive Care” OR “critical care”)
AND (“Root Cause Analysis” OR “Healthcare Failure Mode and
Effect Analysis” OR “Failure Mode and Effect Analysis”)
SCIENCE
DIRECT
"Intensive Care Units" OR "intensive care" AND “Root Cause
Analysis” OR “Healthcare Failure Mode and Effect Analysis” OR
“Failure Mode and Effect Analysis”
COCHRANE
("Intensive Care Units" OR “Intensive Care” OR “critical care”)
AND (“Root Cause Analysis” OR “Healthcare Failure Mode and
Effect Analysis” OR “Failure Mode and Effect Analysis”)
WHOLIS
("Intensive Care Units" OR “Intensive Care” OR “critical care”)
AND (“Root Cause Analysis” OR “Healthcare Failure Mode and
Effect Analysis” OR “Failure Mode and Effect Analysis”)
PAHO
("Intensive Care Units" OR “Intensive Care” OR “critical care”)
AND (“Root Cause Analysis” OR “Healthcare Failure Mode and
Effect Analysis” OR “Failure Mode and Effect Analysis”)
EMBASE
"Intensive Care Units" OR “Intensive Care” OR “critical care” AND
“Root Cause Analysis” OR “Healthcare Failure Mode and Effect
Analysis” OR “Failure Mode and Effect Analysis”
1.2.5. Critérios de inclusão
Foram incluídos na revisão apenas artigos originais indexados nas bases de
dados supracitadas que abordassem a aplicação das ferramentas ACR e AMFE em
Unidades de Terapia Intensiva e que cumprissem 60% dos critérios estabelecidos a
partir de uma adaptação do SQUIRE 2.0 (Standards for Quality Improvement
Reporting Excellence)18. Não houve restrição quanto ano de publicação para
maximizar a identificação de literatura relevante. Documentos escritos nos idiomas
inglês, português, italiano, francês ou espanhol foram incluídos na revisão.
9
Ademais, para complementar a pesquisa eletrônica, foram verificadas as
referências bibliográficas dos artigos incluídos na revisão e quando pertinentes
outros artigos foram selecionados para a revisão.
1.2.6. Seleção dos estudos
A pesquisa bibliográfica foi realizada por seis pesquisadores e quaisquer
dúvidas ou discordâncias foram resolvidas durante as reuniões da equipe de
pesquisa. O banco de dados Scopus foi pesquisado por E.L.V.; PubMed por V.B.W.;
SciELO e LILACS por V.B.W., L.C.C.M., E.S.F. e P.L.A.M.; Web of Science por
L.C.C.M.; Science Direct por L.C.C.M., E.S.F. e P.L.A.M.; Cochrane, WHOLIS e
PAHO por V.B.W., L.C.C.M., E.S.F., E.L.V. e P.L.A.M.; e EMBASE por L.C.C.M.,
E.S.F. e P.L.A.M. Esses investigadores foram previamente treinados sobre os
critérios de inclusão para garantir padronização entre examinadores e seleção
adequada de artigos.
Para o refinamento dos artigos, na primeira etapa, foi realizada leitura de título
e resumo de todos os artigos que foram recuperados nas buscas, permanecendo
somente os pertinentes ao tema em questão. Em seguida, foram removidos os
títulos em duplicidade e realizada leitura integral dos artigos (segunda etapa) com
extração de dados relevantes tais como local do estudo, público alvo da UTI
(neonatal, pediátrico ou adulto) e tipo de ferramenta utilizada (ACR ou AMFE). Após
leitura integral, os pesquisadores selecionaram os artigos a serem incluídos na
terceira etapa (análise qualitativa dos estudos). Durante a pesquisa, os resultados
foram discutidos e quando surgiram dúvidas, o investigador G.P. foi consultado.
1.2.7. Análise qualitativa dos artigos
A análise qualitativa dos estudos foi realizada a partir de uma adaptação do
protocolo SQUIRE 2.0 (Apêndice 2.1). O SQUIRE 2.0 é um guia de orientações, de
normas revisadas para relatar novos conhecimentos sobre a melhoria da
qualidade18. Esse instrumento foi adotado para que a análise dos artigos fosse
realizada de modo objetivo, através da quantificação dos itens contemplados nos
estudos.
A adaptação foi realizada por 2 pesquisadores (L.C.C.M. e G.P.) e cada
orientação acerca do título, resumo, introdução, métodos, resultados e discussão
10
possibilitou a construção de critérios de qualidade que foram utilizados na análise
dos artigos. O documento original é formado por 18 itens, sendo alguns divididos em
subitens, perfazendo um total de 40 recomendações. A versão adaptada e resumida
foi finalizada com 21 critérios a serem avaliados em cada artigo selecionado e a
pontuação seguiu a seguinte lógica: cumprimento total = 1 ponto; parcial = 0,5 ponto;
não cumprimento = 0 ponto.
Durante o processo de adaptação do SQUIRE 2.0 foram excluídos itens e
subitens que não contribuiriam para análise qualitativa dos estudos e agregados
subitens que apresentavam convergência de informações na concepção dos
pesquisadores.
Reuniões foram realizadas para calibração dos envolvidos no estudo, através
de discussões sobre as ferramentas pesquisadas, sobre a interpretação de cada
item da versão adaptada do SQUIRE 2.0, assim como a realização de uma
aplicação piloto do instrumento a um artigo, a fim de minimizar os efeitos da
subjetividade que possam vir a causar viés no desenvolvimento e nos resultados do
presente estudo.
A análise de cada artigo foi realizada por dois pesquisadores de forma
independente e cega. Em seguida, confrontavam-se as pontuações de cada critério
e, quando houve divergência, um terceiro pesquisador era consultado para o
consenso final da nota. O índice Kappa foi utilizado para calcular a concordância
entre os examinadores. Seu valor variou entre 0,68 e 0,84.
1.3. RESULTADOS
1.3.1. Seleção dos artigos
A busca inicial nas bases resgatou 1674 artigos (Figura 1), divididos nas
seguintes bases de dados: 96 artigos na Scopus, 136 na PubMed, 35 na Web of
Science, 1205 na Science Direct e 202 na EMBASE. Apesar da realização de
diversas tentativas de busca, utilizando os descritores e palavras chaves associadas
aos operadores boleanos, não foram encontrados artigos nas bases SciELO,
LILACS, Cochrane, WHOLIS e PAHO.
Após a aplicação dos critérios de análise, foram incluídos na revisão 17
artigos. Em seguida, foi realizada uma busca nas listas de referências desses
11
artigos, totalizando 448 referências, dessas, foi incluído na revisão mais 1 artigo.
Assim, o número final de artigos incluídos na presente revisão sistemática foi 18.
Figura 1. Fluxograma de seleção dos artigos da revisão sistemática. Natal, 2016.
(Adaptado do PRISMA)
A primeira etapa para seleção dos artigos foi a leitura do título e resumo e
após a realização dessa, foram selecionados 148 artigos, dos quais 26 foram
excluídos por serem artigos duplicados. Assim, 122 artigos prosseguiram para a
etapa seguinte, a leitura do texto completo. Após a leitura integral dos artigos, foram
excluídos 88 registros que não preencheram os critérios de inclusão relatados
anteriormente, assim, 34 artigos foram selecionados para a etapa de análise
qualitativa dos estudos.
Estudos identificados através de pesquisa em
bases de dados (n = 1674)
Estudos das listas de referências dos artigos
incluídos (n = 448)
Estudos selecionados na 1ª etapa da pesquisa, após a leitura de
título e resumo (n = 148)
Estudos incluídos na revisão (n =18)
Estudos excluídos após a
leitura integral (n = 88)
Artigos selecionados para análise qualitativa –
3ª etapa (n = 34)
Estudos incluídos na 2ª etapa da pesquisa para leitura
integral dos artigos (n = 122)
Registros duplicados excluídos (n = 26)
Estudos excluídos após a
análise qualitativa (n =16)
Iden
tificaçã
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Tria
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m
Ele
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ilidad
e
Inclu
são
12
Os resultados da análise qualitativa dos estudos através do SQUIRE 2.0
adaptado permitiu o estabelecimento de pontuações globais que podem ser
visualizadas na Tabela 1.
13
Tabela 1. Pontuação em ordem decrescente dos 34 artigos avaliados através do SQUIRE 2.0 adaptado e definição do ponto de corte para a inclusão dos artigos na revisão sistemática. Natal, 2016.
CRITÉRIOS
Nº ARTIGOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 TOTAL %
1 Sanchez-Izquierdo-Riera et al, 2016 1 1 1 1 1 1 0,5 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 20,5 97,62
2 Khalid et al, 2013 1 1 1 1 1 0,5 0,5 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 0,5 1 1 1 18,5 88,09
3 Lago et al, 2012 1 1 1 1 1 1 1 1 0,5 1 1 1 0 0 1 1 1 1 1 0,5 1 18 85,71
4 Manrique-Rodríguez et al, 2014 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 0,5 0 1 0,5 18 85,71
5 Moyer et al, 2010 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 0 1 1 0 0,5 1 1 1 1 17,5 83,33
6 Song et al, 2013 1 1 1 1 1 0,5 1 1 1 1 1 1 0 0 1 1 1 1 1 0,5 0,5 17,5 83,33
7 Viejo Moreno et al, 2016 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 1 1 1 0 1 0 1 17 80,95
8 Meyer et al, 2011 1 0 1 1 1 1 1 1 0 0 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 0,5 16,5 78,57
9 Apkon et al, 2004 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 0 0 0 1 0,5 16,5 78,57
10 Eijk et al, 2013 1 1 1 1 1 1 1 0 0 1 1 1 0 0 1 0 1 1 1 1 1 16 76,19
11 Al Tehewy et al, 2015 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 1 1 1 0 0,5 0,5 1 0 1 1 0,5 15,5 73,81
12 Kunac et al, 2005 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 0 1 0 1 0,5 0 0,5 0,5 15,5 73,81
13 Chandonnet et al, 2013 1 1 1 1 0 1 1 1 0 1 1 1 0 1 1 1 0 0,5 0 0,5 0,5 14,5 69,05
14 Kirschenbaum et al, 2010 1 1 1 0 1 0,5 0,5 0 1 1 0 1 0 0 1 1 1 1 1 1 0,5 14,5 69,05
15 Zhang et al, 2014 1 0,5 1 1 1 1 1 0 0 1 1 1 0 0 1 1 1 0,5 0 1 0,5 14,5 69,05
16 Silich et al, 2012 1 1 1 1 1 0,5 1 1 1 0 1 1 0 0 0,5 0,5 0 0 1 1 1 14,5 69,05
17 Nishisaki et al, 2012 0 1 1 1 1 0,5 1 0 1 1 0 1 0,5 0 1 1 0,5 0,5 0 1 0,5 13,5 64,29
18 McElroy et al, 2016 1 1 1 1 1 0,5 1 0,5 0,5 1 0 0,5 0 0 1 0 0 0 1 1 1 13 61,90
19 Raman et al, 2011 0 1 1 0,5 1 0 0,5 1 1 1 0 1 0 1 1 1 0 1 0 0 0,5 12,5 59,52
20 Walz et al, 2015 1 1 1 1 0,5 0 0,5 0 1 1 0,5 0,5 0 0 1 0,5 1 1 0 0,5 0,5 12,5 59,52
21 Toffoletto et al, 2013 1 1 1 1 1 1 0,5 0 0 1 1 0,5 0 0 1 0 1 0 0 0,5 0,5 12 57,14
22 Choi et al, 2016 1 0,5 1 1 1 0,5 0 0 1 1 0,5 1 0 0 0,5 0 0 1 1 0,5 0,5 12 57,14
23 Alonso-Ovies et al, 2010 1 1 1 1 0,5 1 1 1 0 1 0,5 1 0 0 0 0,5 0 0 0 1 0,5 12 57,14
24 Kawaguchi et al, 2016 0 1 1 1 1 0 0 0 1 1 0 1 0 0 1 1 1 0,5 0 1 0,5 12 57,14
25 Asefzadeh et al, 2013 0,5 1 1 1 1 1 1 0 1 1 0,5 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 11 52,38
26 Hennings et al, 2010 1 1 1 1 1 0 0,5 0 1 0 0 0,5 0 0 1 0 1 0 0 1 1 11 52,38
27 Esmail et al, 2005 1 0 1 0 1 1 1 0 0 0 1 0,5 0 1 1 0,5 0 1 0 0 0,5 10,5 50,00
28 Morrill, 2013 0,5 1 1 0,5 1 1 1 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0,5 0 0 1 9,5 45,24
29 Vázquez-Valencia et al, 2016 1 1 0,5 0,5 1 1 0,5 1 0 0 0,5 0,5 0 0 1 0 0 0 0 0 1 9,5 45,24
30 Armbruster et al, 2009 0 1 1 0 0,5 0 0 0 0 1 0 0,5 0 0 1 0 1 0,5 1 0,5 1 9 42,86
31 Montgomery-Taylor et al, 2013 0 0,5 0,5 0,5 0,5 0 1 0 0,5 1 0 1 0 0 1 0,5 0 0,5 0 0 0,5 8,0 38,10
32 Kimchi-Woods et al, 2006 1 1 1 0,5 0 1 0,5 0 0 0 0,5 0,5 0 0 1 0 0 0 0 0 0,5 7,5 35,71
33 Koppel et al, 2008 1 0,5 1 1 1 0 1 0 0,5 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7 33,33
34 Al-Qahtani et al, 2012 1 1 1 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 23,81 Legenda: 1 = cumpriu o critério; 0,5 = cumpriu parcialmente; 0 = não cumpriu.
CRITÉRIOS 1- 11- RESULTADO 1 - Apresenta passos iniciais da ferramenta e sua evolução ao longo do tempo incluindo modificações? 1- TÍTULO - Indica que o artigo diz respeito a uma iniciativa para melhorar a saúde (qualidade, segurança do paciente, etc.)? 2- 12- RESULTADO 2 - Apresenta os detalhes do processo e resultado (medidas)?
3- 2- RESUMO - Fornece as informações-chave das seções do texto e no formato de resumo estruturado? 4- 13- RESULTADO 3 - Relata fatores do contexto local que interferiram nas intervenções? 3- DESCRIÇÃO DO PROBLEMA - Descreve a natureza e importância do problema? 5- 14- RESULTADO 4 - Apresenta consequências sem intenção: benefícios inesperados, problemas, falhas ou custos?
6- 4- CONHECIMENTO DISPONÍVEL - Apresenta um resumo do que a literatura traz atualmente sobre o problema? 7- 15- DISCUSSÃO - Apresenta pontos fortes do trabalho, incluindo a relevância para justificativa do trabalho e do objetivo? 5- OBJETIVOS - Apresenta os objetivos da pesquisa? 8- 16- INTERPRETAÇÃO - Demonstra a associação (relação) entre a intervenção e os resultados? 6- MÉTODO 1 - Descreve a ferramenta e suas etapas com detalhes suficientes para que outros possam reproduzi-la? 9- 17- INTERPRETAÇÃO 1 - Compara os resultados com os achados de outras publicações? 7- MÉTODO 2 - Especifica equipe envolvida no trabalho detalhando os seus componentes? 10- 18- INTERPRETAÇÃO 2 - Ressalta o impacto do projeto sobre as pessoas e sistemas de saúde?
11- 8- INDICADORES - Utiliza indicadores ou critérios para a análise dos processos e resultados da intervenção através do uso da ferramenta? 12- 19- LIMITAÇÕES - Apresenta limites para generalização do trabalho? 13- 9- ANÁLISE - Utiliza métodos qualitativos e/ou quantitativos para tirar conclusões dos dados? 20- LIMITAÇÕES 1 - Apresenta fatores de confusão (viés ou imprecisão nos métodos ou análise); relata os esforços para inimizar essas limitações? 14- 10- 10- CONSIDERAÇÕES ÉTICAS - Informa revisões éticas formais e/ou potenciais conflitos de interesse? 15- 21- CONCLUSÕES - Ressalta a utilidade e sustentabilidade do trabalho, bem como potencial para propagação a outros contextos?
14
A meta para inclusão dos artigos nessa revisão foi o cumprimento de 60% dos
critérios, ou seja, pontuação total de, no mínimo, 13 pontos dos 21 que constam no
SQUIRE 2.0 adaptado. Assim, depois de realizados os cálculos pertinentes (Tabela
1), 18 artigos foram selecionados para compor essa revisão10,19-35. Desses, 14 foram
provenientes da base Scopus10,19,20,22,23,25,27-31,33-35.
1.3.2. Descrição dos resultados
A Tabela 2 apresenta um resumo dos estudos selecionados, especificando o
autor e ano da publicação, país de realização do estudo, as características das
Unidades de Terapia Intensiva (UTI) quanto à quantidade de leitos e público alvo
(neonatal, pediátrico ou adulto), a ferramenta utilizada para melhoria da qualidade e
as suas respectivas referências bibliográficas, o objetivo do estudo, a trajetória
metodológica percorrida no uso da ferramenta, as intervenções realizadas, bem
como os indicadores de melhoria e os seus resultados.
Dentre os 18 artigos selecionados, 16 foram publicados entre os anos de
2010 e 201610,19-25,27,28,30-35. Os outros 2 estudos foram publicados em 200426 e
200529.
Os Estados Unidos desenvolveram 10 dos 18 estudos
selecionados10,23,24,26,30-35. Os outros oito estudos foram realizados na
Espanha19,22,25, Arábia Saudita20, Itália21, Holanda27, Egito28 e Nova Zelândia29. Com
relação às características das UTI, 6 estudos foram realizados em UTI
neonatal23,24,27,29,30,32, 7 em UTI adulto19,20,25,28,31,33,35, 4 em UTI pediátrica10,22,26,34 e 1
realizado em UTI Pediátrica e Neonatal21. A quantidade de leitos de UTI informada
nos diversos estudos variou entre oito28 e setenta e seis leitos23, sendo que seis
artigos não informaram a quantidade de leitos19,21,22,25,33,35.
Quanto à ferramenta utilizada, a distribuição foi a seguinte: 15 artigos
utilizaram o AMFE10,19,21-30,32,34,35, 2 artigos ACR20,31 e 1 artigo utilizou ambas33.
As temáticas abordadas através das ferramentas foram as seguintes: terapia
de substituição renal19, Infecção de Corrente Sanguínea associada ao Cateter
Venoso Central (ICS-CVC)20,30, processo de uso de medicamentos21,29, uso de
bombas de infusão contínua de drogas22,26,28, transferência de neonatos da UTI para
cuidados ambulatoriais23, higienização das mãos24, prevenção do tromboembolismo
venoso25, programa móvel ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea)10,
15
terapia de suplementação de oxigênio em recém-nascidos pré-termo27, auditorias
das admissões inesperadas de pacientes na UTI31, passos do processo de leite
humano32, tempo e processo de transferência do paciente – melhora na
comunicação entre os profissionais33, gestão multidisciplinar no manejo da via
aérea34 e passagem de informações de pacientes do centro cirúrgico para UTI35.
Dos 18 artigos selecionados, que utilizaram uma e/ou outra ferramenta, 13
realizaram intervenções para melhoria da qualidade nos processos abordados10,19-
26,28,30,31,33. Desses 13, somente 1 não utilizou indicadores para medição da
melhoria23. Quatro estudos não realizaram intervenções e, por conseguinte, não
utilizaram indicadores29,32,34,35. Um artigo realizou parcialmente as intervenções e
não mencionou uso de indicadores27.
Todos os 12 artigos que realizaram intervenções e utilizaram indicadores para
medir a melhoria relataram resultados positivos no período pós-intervenção10,19-22,24-
26,28,30,31,33.
16
Tabela 2. Extração dos dados dos 18 artigos selecionados para a revisão sistemática, referentes a autor/ano de publicação, país, tipo de UTI, ferramenta
e referência, objetivo, trajetória metodológica da ferramenta, intervenções realizadas, indicadores de melhoria e resultados. Natal, 2016.
Nº AUTOR/
ANO PAÍS TIPO DE UTI
FERRAMENTA E
REFERÊNCIA OBJETIVO
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DA FERRAMENTA
INTERVENÇÕES REALIZADAS
INDICADORES DE MELHORIA
RESULTADOS
1
Sanchez-Izquierdo-Riera et al, 2016
19
Espanha
UTI Adulto
Não informa quantidade de
leitos.
AMFE
Ruiz P, González C,
200836
; DeRosier J et
al, 200237
.
Desenvolver projeto de
melhoria na segurança da Terapia
de Substituição Renal (TSR)
em UTI médico-cirúrgica.
1. Definição da área de análise; 2. Equipe experiente em TSR e
ferramentas de segurança; 3. Diagramar o processo;
4. Determinação de todos os modos de falhas para cada um dos passos
do processo; 5. Análise do modo de falha através da probabilidade de ocorrência (P), severidade (S) e detectabilidade(D); 6. Cálculo do número de prioridade de risco (NPR) - multiplicação dos
três valores (P x S x D); 7. Priorização do modo de falha
com base no NPR; 8. Medidas adotadas para eliminar/ atenuar as falhas com maior NPR; 9. Desenvolvimento de indicadores de controle e avaliação das ações
propostas.
1. Desenvolvimento de um protocolo de
TSR; 2. Sessões de treinamento;
3. Aumento da consciência de
assepsia; 4. Introdução de
uma lista de verificação de
montagem, incluindo a
manipulação asséptica e melhoria de
equipamentos e insumos.
10 riscos e eventos adversos associados à TSR medidos em 2010 e 2013, dentre
eles: 1. Ausência de dose prescrita de TSR nos
registros médicos; 2. Menos de 24 horas
de tempo de sobrevivência do
filtro; 3. Sangramento evidente durante
TSR; 4. Coagulação do
circuito com incapacidade para retornar o sangue para o paciente.
Alguns dos eventos adversos mais severos desapareceram
completamente, tais como hemorragia ou anticoagulação em
pacientes com coagulopatia e outros com redução significativa, a
seguir: * Coagulação do circuito antes de 24 de horas de vida útil do filtro:
- pré-FMEA: 31 pacientes (57,4%); - pós-FMEA: 21 pacientes (29,6%);
* Sem possibilidade de retorno do
sangue ao paciente: - pré-FMEA: 64,9% (63 circuitos em
25 pacientes); -pós-FMEA: 47,7% (32 circuitos em
16 pacientes).
2 Khalid et al, 2013
20 Arábia Saudita
UTI Adulto
18 leitos
ACR
Não menciona referência.
Avaliar os efeitos para melhoria da qualidade ao
alcançar taxa zero de Infecção de
Corrente Sanguínea associada ao Cateter
Venoso Central (ICS-
CVC).
1. Definição do problema; 2. Formação equipe multidisciplinar;
3. Elaboração de diagrama descrevendo as causas raiz do problema (espinha de peixe);
4. Elaboração e implementação das intervenções;
5. Monitoramento.
1. Sessões e folhetos educativos;
2. Execução da política hospitalar sobre inserção e cuidados com o
CVC; 3. Auditoria de
higiene das mãos, higiene do paciente e cumprimento do
bundle CVC; 4. Disponibilizados
cateteres revestidos internamente com
sulfadiazina de prata e clorexidina; 5. Taxas de ICS-
CVC mensais foram divulgadas;
1. Taxa de ICS-CVC;
2. Número de cateteres/ dia na UTI; 3. Cumprimento dos cinco momentos de
higienização das mãos;
4. Cumprimento higiene das mãos ao manusear paciente
ou CVC; 5. Cumprimento do pacote de inserção
do CVC; 6. Cumprimento do
pacote de manutenção do CVC.
Redução em 95% da taxa de ICS-CVC;
Taxa zero de ICS-CVC durante 15
meses consecutivos;
Redução no número de cateteres/ dia;
Melhoria no cumprimento: cinco momentos de higienização das
mãos, higiene das mãos ao manusear paciente ou CVC, pacote
de inserção do CVC e pacote de manutenção do CVC.
17
Tabela 2. Continuação
Nº AUTOR/
ANO PAÍS TIPO DE UTI
FERRAMENTA E
REFERÊNCIA OBJETIVO
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DA
FERRAMENTA
INTERVENÇÕES REALIZADAS
INDICADORES DE MELHORIA
RESULTADOS
3 Lago et
al, 201221 Itália
UTI Neonatal e
UTI Pediátrica.
Não informa
quantidade de leitos.
AMFE
Joint Commission
38.
Entender os modos de falha associados com
o uso de medicamentos
em crianças hospitalizadas
através da análise proativa
de riscos.
1. Definição do tema; 2. Formação de equipes;
3. Mapeamento do processo identificando modos de falha
para cada passo e suas causas;
4. Quantificação da severidade, probabilidade de ocorrência e
detecção; 5. Priorização de múltiplos
modos de falha – Cálculo do NPR e matriz de priorização; 6. Desenvolvimento de ações
corretivas.
1. Lugar silencioso para preparação das
prescrições médicas;
2. Prescrição legível; 3. Dupla checagem
e assinatura dos médicos;
4. Drogas diluídas são descartadas após utilização;
5. Monitoramento de SSVV e verificação do local de perfusão
de certas drogas.
1. Valores de NPR antes e após FMEA;
2. Número de modos de falha incluídos na
área de alto risco antes e após FMEA;
Foram identificados 37 potenciais
modos de falha de maior prioridade e 71 causas associadas e efeitos.
Redução de 60% dos NPR de alto
risco;
Oito dos dezesseis modos de falha identificados nas duas UTI foram localizados na área de baixo risco
após AMFE.
4
Manrique-Rodríguez
et al, 2014
22
Espanha
UTI Pediátrica
Não informa quantidade de
leitos.
AMFE
Joint Commission
39.
Executar uma AMFE para os pontos de risco
no uso de bombas de
infusão inteligentes na implementação
destes dispositivos.
1. Formação da equipe multidisciplinar;
2. Identificar e analisar riscos do processo (causas da falha,
efeitos da falha e recomendações para minimizar a probabilidade de ocorrência).
1. Sessões de treinamento e produção de
documentos de suporte (protocolos);
2. Melhoria da qualidade da
biblioteca de drogas e diminuição dos
alarmes; 3. Conscientização
da equipe acerca do problema.
1. NPR antes e depois das
intervenções; 2. Percentual de uso
da biblioteca de drogas;
3. Taxa do nº de alertas/ nº de
infusões iniciadas através da biblioteca;
4. Taxa de reprogramação da
infusão após alarme.
Maioria dos pontos de risco identificados praticamente
desapareceram; Percentual de uso da biblioteca de
drogas no total de infusões aumentou de 84% para 92%;
Taxa do número de alertas pelo número de infusões iniciadas
através da biblioteca de drogas diminuiu de 1.74% para 0.4%;
Porcentagem de reprogramação da infusão após alarme de limite mínimo – de 16% para 30%.
5 Moyer et al, 2010
23 Estados Unidos
UTI Neonatal
76 leitos
AMFE (HFMEA)
DeRosier J et
al, 200237
; VANCPS (Veterans
Affairs National Center for
Patient Safety
40).
Identificar riscos na transferência de neonatos da
UTI neonatal para cuidados ambulatoriais e
avaliação qualitativa do
processo sob a perspectiva da
equipe.
1. Definição do tema e formação da equipe
multidisciplinar; 2. Diagramação do processo;
3. Definição dos modos de falha de cada passo;
4. Pontuação de risco para cada falha do processo através
da multiplicação entre ocorrência e severidade; 5. Elaboração da lista de
fatores contribuintes (causas); 6. Desenvolvimento de plano
de mitigação amplo.
1. Plano abrangente de ações corretivas:
melhorar o conhecimento e
habilidade da família e dos médicos do ambulatório para
cuidar dos neonatos após a alta da UTI.
Não menciona.
Identificados 114 potenciais modos de falha, sendo 40 de alto risco com
75 causas associadas.
Categorias incluídas: má comunicação entre os provedores de cuidados no hospital, entre os prestadores de cuidados e pais/ cuidadores ou entre o hospital e
prestadores de cuidados ambulatoriais.
18
Tabela 2. Continuação
Nº AUTOR/
ANO PAÍS TIPO DE UTI
FERRAMENTA E
REFERÊNCIA OBJETIVO
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DA
FERRAMENTA
INTERVENÇÕES REALIZADAS
INDICADORES DE MELHORIA
RESULTADOS
6 Song et
al, 201324
Estados Unidos
UTI Neonatal
54 leitos
AMFE
Stamatis DH, 2003
41.
Uso do FMEA para melhorar o cumprimento da higienização das
mãos entre os profissionais e
avaliar o impacto clínico e financeiro desta
prática.
1. Definição do tema e formação
da equipe multidiscipinar; 2. Identificação dos potenciais modos de falha no processo; 3. Analisar modos de falha
sugerindo possíveis causas; 4. Classificação das causas
utilizando o diagrama de espinha de peixe;
5. Instituir ações corretivas.
1. Educação de pacientes e visitantes;
2. Pontos
estratégicos para higienização das
mãos.
1. Taxa de cumprimento de
higiene das mãos pelos funcionários;
2. Taxa de aquisição de MRSA
(Staphylococcus Aureus Resistente à Meticilina);
3. Correlação entre essas duas taxas;
4. Monitoramento na redução de custos.
A taxa geral de cumprimento de higienização das mãos aumentou
de 50,3%, no pré-intervenção, para 84,0%, no pós-intervenção;
Risco de aquisição de MRSA
reduziu em 48%.
7
Viejo Moreno
et al, 2016
25
Espanha
UTI Adulto
Não informa
quantidade de leitos
AMFE
Ruiz P, González C,
200836
; DeRosier J et
al, 200237
.
Melhorar a segurança do
paciente crítico na prevenção do tromboembolismo venoso profundo (TVP) mediante o uso da AMFE.
1. Área objeto da análise; 2. Eleição da equipe;
3. Construção do diagrama de fluxo do processo;
4. Determinação das falhas potenciais, suas causas e
efeitos; 5. Análise das causas de falha
em função da frequência, gravidade e detecção; 6. Obtenção do NPR;
7. Priorização das causas de falha e proposta de ações de melhoria para mitigar causas; 8. Indicadores de controle e
avaliação dos efeitos das ações.
1. Educação;
2. Campanha de sensibilização do
pessoal;
3. Elaboração de um protocolo de
profilaxia TVP/ TEP;
4. Check list diário.
1. Taxas de implementação de
medidas profiláticas;
2. Tempo para instauração das
medidas de prevenção.
Pré-AMFE: 71,1% dos pacientes receberam profilaxia;
Pós-AMFE: 91,7% receberam; Em ambos os períodos ocorreu de pacientes sem contraindicação não
receberem a profilaxia.
Após implantação de checklist diário: 100% de prescrição de
profilaxia.
Tempo médio de instauração de medidas profiláticas reduziu de 28 horas para 23 horas e manteve-se em 23 horas após introdução do
checklist.
8 Meyer et al, 2011
10 Estados Unidos
UTI Pediátrica
24 leitos
AMFE
Seguiu várias orientações, dentre elas: Spath PL,
200342
; VANCPS
43.
Identificar os riscos e sugerir
passos para eliminá-los no
programa móvel ECMO.
1. Definição do tema; 2. Composição da equipe;
3. Diagramação do processo; 4. Identificação e análise de possíveis falhas para cada passo com cálculo do NPR
(probabilidade de ocorrência, severidade, detecção);
5. Soluções sugeridas ou desenvolvidas para mitigar
riscos.
1. Estratégia de mitigação de riscos;
ou
2. Simulação de
transporte/ transferência dos
pacientes.
1. Medição do NPR das 10 falhas
potenciais de mais alto risco após
implementação das soluções.
Identificados 14 passos e 93 falhas
potenciais; Redução de todos os NPR;
Redução estimada de 85% dos riscos antes da exposição do
paciente. As falhas identificadas com as
maiores pontuações NPR foram associadas com equipamentos em
falta ou perdidos, falta de comunicação ou anestesia
inadequada.
19
Tabela 2. Continuação
Nº AUTOR/
ANO PAÍS TIPO DE UTI
FERRAMENTA E
REFERÊNCIA OBJETIVO
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DA
FERRAMENTA
INTERVENÇÕES REALIZADAS
INDICADORES DE MELHORIA
RESULTADOS
9 Apkon et al, 2004
26
Estados Unidos
UTI Pediátrica
11 leitos
AMFE
Joint Commission
43.
Redesenhar o processo de infusão contínua de drogas
para melhorar a segurança do
paciente, a eficiência do fluxo
de trabalho do pessoal, a
estabilidade hemodinâmica
durante as infusões e o uso eficiente de
recursos.
1. Definição do tema; 2. Equipe multidisciplinar;
3. Caracterização dos elementos do processo;
4. Identificação dos modos de falha;
5. Atribuição dos valores de severidade, ocorrência
e detecção para cada elemento;
6. Cálculo do NPR para cada passo;
7. Intervenções.
1. Política exigindo formulações padrão com
base de dados; 2. Desenvolvimento de
calculadoras para a computação múltipla;
3. Estender de 24 para 72 horas o tempo de validade
de algumas soluções; 4. Transferir a
responsabilidade para a preparação da solução do
local de cuidado para farmácia.
1. Satisfação dos
profissionais;
2. NPR antes e depois do
redesenho do processo;
3. Consumo de
recursos.
NPR de 3 elementos do processo original > 225;
NPR dos todos os elementos do processo revisado < 100;
Enfermeiras expressaram
preferência significante pelo processo revisado;
Residentes da pediatria preferiram fortemente o processo revisado.
10 Eijk et al,
201327 Holanda
UTI Neonatal
30 leitos
AMFE
DeRosier J et al, 2002
37;
McDermott R et al, 1996
44;
Van der Hoeff NWS, 2003
45.
Avaliar prospectivamente riscos no processo
de terapia de suplementação de
oxigênio em recém-nascidos pré-termo extremos em UTI
neonatal e recomendações para melhoria.
1. Definição do tema; 2. Equipe multidisciplinar; 3. Análise do processo e
divisão em subprocessos; 4. Identificação dos modos
de falha e possíveis causas e efeitos;
5. Análise de risco de cada modo de falha, causas e efeitos / cálculo do NPR; 4. Recomendações para
minimizar as 10 falhas com maiores NPR.
Realizou parcialmente: 1. Terapia de
suplementação de oxigênio incluída nos treinamentos;
2. Implementação do protocolo de ajuste de
FiO2; 3. Lembretes automáticos
na tela do programa; 4. Desenvolvimento de protocolo para guiar a
prática clínica.
Não menciona.
4 passos do processo;
134 riscos definidos;
NPR variou entre 45 e 507;
Determinação de recomendações para as 10 falhas com NPR mais
alto.
11
Al Tehewy
et al, 2015
28
Egito UTI Adulto
8 leitos
AMFE
McDermott R el al, 2009
44;
Joint Commission
43.
Aplicar AMFE na terapia de infusão
da UTI com o objetivo de minimizar
prospectivamente os riscos
associados.
1. Definição do processo e formação da equipe
multidisciplinar; 3. Diagramação do
processo e identificação dos potenciais modos de
falha e seus efeitos; 4. Cálculo do NPR
(severidade, ocorrência e detecção) para cada falha; 5. Ações de melhoria para os modos de falha de alto
risco; 6. Avaliação da
intervenção.
1. Treinamento contínuo de enfermeiros e médicos;
2. Medicamentos com rotulagem ou nomes
parecidos armazenados em lugares diferentes;
3. Correta identificação do paciente através de uma
pulseira com nome e registro no hospital;
4. Mecanismo de dupla checagem durante a
administração do medicamento e definição da velocidade de infusão.
1. Valor de NPR antes e após intervenções;
2. Check list
observacional para calcular
erros associados com
a terapia de infusão antes e
após intervenção.
37 modos de falha, dos quais 11 são de alto risco;
Redução considerável dos NPR após intervenções e de erros de
medicação;
Alta satisfação da equipe da UTI com todas as intervenções de
melhoria aplicadas.
20
Tabela 2. Continuação
Nº AUTOR/
ANO PAÍS
TIPO DE UTI
FERRAMENTA E
REFERÊNCIA OBJETIVO
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DA FERRAMENTA
INTERVENÇÕES REALIZADAS
INDICADORES DE MELHORIA
RESULTADOS
12 Kunac et al, 2005
29 Nova
Zelândia
UTI Neonatal
16 leitos
AMFE
Willians E et al, 1994
46;
Cohen MR et al, 1994
47.
Identificar e priorizar falhas potenciais no
processo de uso de
medicamentos.
1. Seleção do processo; 2. Equipe multidisciplinar;
2. Descrição do processo em um diagrama de fluxo;
3. Determinação dos modos de falha, suas causas e efeitos;
4. Definição do NPR das falhas.
Não realizou. Não menciona.
Diagrama de fluxo; Identificação de 72 falhas
potenciais com 193 causas e efeitos associados;
A maioria das falhas foi atribuída aos fatores organizacionais; NPR variou entre 33 e 273.
13
Chandonnet et al,
201330
Estados Unidos
UTI Neonatal
24 leitos
AMFE (HFMEA)
Ursprung R,
Gray J, 2010
17;
DeRosier J et al, 2002
37.
Reduzir os riscos de ICS-
CVC através da análise da inserção,
manutenção e remoção.
1. Definição do tema 2. Formação da equipe;
2. Definição do fluxo do processo; 3. Identificação dos modos de
falha em cada passo do processo; 4. Análise de risco e detecção de
causas da falha; 5. Definir ações e medidas.
1. Plano de educação;
2. Reforço das
práticas de prevenção de
infecção;
3. Auditoria.
1. Taxa de ICS-CVC antes e após HFMEA.
67 modos de falha em 21 passos do processo;
146 estratégias de redução do risco;
Taxa de ICS-CVC diminuiu de 2.6 por 1000 dias de cateter para 0.8; 5 meses consecutivos sem ICS-
CVC após HFMEA.
14
Kirschenbaum et al,
201031
Estados Unidos
UTI Adulto
12 leitos
ACR
Não menciona referência.
Determinar auditorias das
admissões inesperadas de
pacientes na UTI usando uma
ferramenta de auto avaliação.
1. Formação da equipe multidisciplinar;
2. Análise dos prontuários através de um questionário;
3. Prontuário com erro era revisto; 4. Informações eram levadas aos gerentes dos envolvidos no caso; 5. Envolvidos no caso preenchiam um formulário de auto avaliação; 6. Identificação das causas raiz de cada evento adverso/erro.
1. Estratégias educacionais;
2. Plano de ação corretiva instituído
para as causas raiz dos erros;
3. Discussão dos casos em
conferências: orientações e
políticas hospitalares.
1. Notificação de alteração na condição
do paciente pelos enfermeiros; 2. Número de
pacientes em choque séptico que receberam antibióticos dentro de 2
horas; 3. Número de mortes;
4. Número total de erros.
Notificação de alteração na condição de um paciente pelos enfermeiros aumentou de 65%
para 100%; Número de pacientes em choque séptico que havia
recebido antibióticos dentro de 2h aumentou de 55% a 85% (p = 0,024); Mortes diminuíram de
34/1000 descargas para 24/1000 (p=0,024); Número total de erros
diminuiu em 50% (p = 0,054).
15 Zhang et al, 2014
32 Estados Unidos
UTI Neonatal
30 leitos
AMFE (HFMEA)
McDermott R et al, 1996
44.
Identificar os passos do atual
processo de leite humano e
entender onde e porque existe a
lacuna na qualidade.
Avaliar os níveis de risco do processo e
identificar ações para reduzi-lo.
1. Definição do tema; 2. Formação da equipe
interdisciplinar; 3. Mapeamento do processo; 4. Identificação dos potenciais
modos de falhas e seus efeitos; 5. Avaliação dos modos de falha (severidade, ocorrência e detecção);
6. Determinação do NPR; 7. Priorização dos modos de falha
e recomendações para os maiores NPR;
8. Benchmarking para verificar a viabilidade das recomendações;
Não realizou.
Apresenta apenas uma estimativa da redução
de risco em 84.4% caso sejam realizadas
intervenções.
50 potenciais modos de falha;
45 potenciais modos de falha com severidade de nível 10; 36 potenciais modos de falha
ocorrem pelo menos uma vez por semana;
43 potenciais modos de falha podem não ser detectados
automaticamente;
32 potenciais modos de falha são de alto risco (64%)
21
Tabela 2. Continuação
Nº AUTOR/
ANO PAÍS
TIPO DE UTI
FERRAMENTA E
REFERÊNCIA OBJETIVO
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DA
FERRAMENTA
INTERVENÇÕES REALIZADAS
INDICADORES DE MELHORIA
RESULTADOS
16 Silich et al,
201233
Estados Unidos
UTI Adulto
Não informa quantidade
de leitos
AMFE e ACR
Não cita referências
das ferramentas de interesse.
Somente referências do Seis Sigma.
Testar a intervenção Seis
Sigma para reduzir o tempo
de transferência e estabelecer o processo de
transferência do paciente que efetivamente
melhore a comunicação
entre os profissionais do
hospital.
Trajetória do Seis Sigma - Dentro da fase de Análise foi
realizada ACR e FMEA.
ACR: descreve o preenchimento do diagrama
de espinha de peixe realizado pela discussão em grupo
FMEA: quantificação de
efeitos baseada no escore de severidade, ocorrência e
detecção. Cálculo do NPR. 8 passos identificados sendo 4
de alto risco.
1. Manter uma cama sempre limpa e pronta para uso em um quarto ao
lado da UTI; 2. Criação de um
software –
educação de todos os profissionais e garantia de que seja utilizado em todos os turnos;
3. Uso de monitor cardíaco somente nos pacientes com
indicação do intensivista.
1. Tempo médio de transferência entre outras áreas e UTI.
Quarto mês após intervenção:
média de tempo de transferência foi menor que 90 minutos;
Tempo médio do período regrediu de 214 minutos para 84 minutos;
Oitavo mês: zero defeitos e escore
Sigma de 100%.
17 Nishisaki
et al, 2012
34
Estados Unidos
UTI Pediátrica
45 leitos
AMFE (HFMEA)
Duwe B et al,
20057.
Desenvolver um sistema de
pontuação que possa avaliar a
gestão multidisciplinar da falha respiratória (manejo da via
aérea).
1. Definição do tema; 2. Formação da equipe
multidisciplinar; 3. Análise do processo
identificando passos críticos; 4. Avaliação de risco de cada
passo – cálculo do NPR; 5. Detalhamento do processo foi utilizado para construção
de um instrumento de avaliação de desempenho no
procedimento.
Não menciona. Não menciona.
Desenvolvimento de uma escala
para avaliar manejo da via aérea - Just-in-Time Pediatric Airway
Provider Performance Scale (JIT - PAPPS) versão 3 – com 34 itens.
18 McElroy et al, 2016
35 Estados Unidos
UTI Adulto
Não informa quantidade
de leitos
AMFE
DeRosier J et al, 2002
37;
Coles G et al, 2010
48.
Comparar o método AMFE
simplificado com o tradicional para
determinar o grau de concordância na identificação
de falhas na passagem de
informações de pacientes do
centro cirúrgico para UTI.
1. Definição do processo; 2. Definição da equipe;
3. Descrição do processo e falhas potenciais;
4. Aplicação dos métodos de pontuação do FMEA
tradicional e simplificado.
Não menciona. Não menciona.
37 passos foram identificados no processo.
63 falhas foram pontuadas. Índice de Criticidade: 50% de concordância entre o método
tradicional e simplificado. NPR > 400: 100% de concordância
entre o método tradicional e simplificado.
NPR > 300: 92 % de concordância entre o método tradicional e
simplificado.
22
1.4. DISCUSSÃO
Essa revisão sistemática sintetiza a aplicação das ferramentas Análise de
Causa Raiz (ACR) e Análise Modal de Falhas e Efeitos (AMFE) em Unidades de
Terapia Intensiva (UTI) que foram relatadas em artigos científicos disponíveis nas
bases de dados pesquisadas.
Falagas et al (2008) compararam diversos aspectos das bases de dados
PubMed, Scopus, Web of Science e Google Scholar concluindo que a Scopus é,
dentre essas, a base mais completa pois abrange uma gama mais ampla de
revistas49. Esse estudo corrobora com esses resultados, em que 14 dos 18 artigos
incluídos foram provenientes da busca na base Scopus10,19,20,22,23,25,27-31,33-35,
demonstrando a importância da mesma para a pesquisa eletrônica.
Os resultados mostraram que 16 dos 18 artigos selecionados foram
publicados nos últimos seis anos10,19-25,27,28,30-35 denotando a relevância e atualidade
dessa revisão e o uso relativamente recente dessas ferramentas na área da saúde.
Os Estados Unidos foi o país que mais utilizou AMFE em UTI e esse fato pode ser
claramente associado à exigência, por parte da Joint Commission (JC) em 2001, da
implantação do gerenciamento de riscos como um dos padrões para a acreditação
de instituições de saúde, sendo a AMFE considerada a ferramenta de primeira
escolha para as fases de análise e proposta de ações, devendo a instituição
selecionar pelo menos um processo de alto risco por ano para análise8.
Ainda com relação ao país de realização do estudo, o Egito28 foi o único país
selecionado na presente revisão com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
médio (subdesenvolvido), de acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano
2015 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)50, o que
pode evidenciar o quanto as iniciativas acerca do desenvolvimento de estratégias
voltadas para melhoria da segurança do paciente são escassas nos países
subdesenvolvidos, sugerindo que a melhoria da qualidade da assistência à saúde
entre na agenda de discussões, independente dos níveis de desenvolvimento dos
países.
Vale salientar que dos 122 artigos incluídos na segunda etapa da pesquisa
(leitura integral dos artigos) nenhum havia sido desenvolvido no Brasil, considerado
pelo supracitado Programa como um país de desenvolvimento humano elevado50, o
23
que pode sugerir o baixo desenvolvimento dessas ferramentas ou o
desenvolvimento desvinculado da publicação científica na realidade brasileira.
Dentre os 18 estudos selecionados, 11 foram desenvolvidos em UTI
Pediátrica10,22,26,34 ou Neonatal23,24,27,29,30,32 ou em ambas21. Pesquisas encontraram
erros assistenciais de 0,2 a 2,96 a cada 100 altas em pacientes na faixa pediátrica
(idade < 19 anos) e demonstraram que os erros mais frequentes e que merecem
maior destaque são os erros relacionados a medicações. O risco para esses erros
com potencial de danos é três vezes maior nas crianças e os dados da literatura
mostram que 2,5% das crianças admitidas em uma UTI pediátrica sofrem algum erro
de medicação51,52. A preocupação acerca do uso de medicamentos na população
pediátrica e neonatal ficou evidente nos resultados dessa revisão, pois 421,22,26,29 dos
11 artigos supracitados apresentaram como objetivo a melhoria na segurança dos
processos que envolvem o uso de medicamentos e de bombas de infusão contínua
de drogas.
A maioria dos estudos (88,8%) abordou a ferramenta AMFE, fato que sugere
preocupação com o planejamento da qualidade e pode também estar relacionada
com a exigência supracitada da JC (2001) ser mais antiga do que a obrigatoriedade,
em 2007, da investigação anual de eventos sentinelas através da ACR8,10. Além
disso, a ACR não é uma metodologia única e bem delimitada, pois, embora tenha a
mesma base conceitual, existem muitas variações, métodos e ferramentas
auxiliares, o que pode resultar em um menor interesse em publicação do que a
AMFE, que é uma metodologia estruturada e sistemática7,8,10.
ACR e AMFE estão interligadas e não pode haver substituição de uma pela
outra. Dividem características semelhantes como necessidade do apoio da
liderança, objetivo de reduzir a possibilidade de danos, são métodos de análise não
estatísticos e necessitam de pessoas, tempo, materiais e suporte para sua
realização38. Porém, enquanto a ACR é essencialmente uma abordagem reativa
para análise de sistemas que pode ser entendida como um círculo em expansão de
uma investigação focada em um evento, AMFE é, principalmente, uma abordagem
proativa para a prevenção de falhas relacionadas aos sistemas, ou seja, método
linear que examina um processo selecionado do início ao fim sob múltiplas
perspectivas7,38. De um modo geral, quando comparados artigos que utilizaram a
24
mesma ferramenta, a trajetória metodológica percorrida pelos mesmos na aplicação
das ferramentas foi semelhante.
Na Tabela 2 encontram-se as diversas referências utilizadas para o
desenvolvimento da AMFE, com evidente destaque para o tutorial de DeRosier J et
al (2002)37 que foi citado em 6 estudos19,23,25,27,30,35 e que descreve o Healthcare
Failure Mode and Effect Analysis (HFMEA) desenvolvido em 2001 pelo Veterans’
Affairs National Center for Patient Safety (VANCPS) e implementado ao seu sistema
de atenção à saúde. Trata-se de uma adaptação do FMEA tradicional para facilitar a
sua aplicabilidade aos cuidados de saúde, sendo a principal modificação o
acréscimo de duas etapas: escore de risco e árvore de decisão 37.
Além disso, realizando uma busca nas referências citadas pelos outros 10
artigos que aplicaram a AMFE, foi encontrado que outros 5 artigos10,21,22,28,34
utilizaram referências para o desenvolvimento da ferramenta que possuem base
referencial ancorada no tutorial de DeRosier J et al37. Apesar disso, somente 4
artigos23,30,32,34, do total que aplicou a AMFE, utilizaram a denominação HFMEA, e
desses, somente 223,30 citaram diretamente DeRosier J et al 37.
Em contrapartida, nenhum dos 3 artigos20,31,33 que desenvolveram a ACR
citaram referências que tenham guiado esse desenvolvimento, demonstrando a
fragilidade no uso dessa ferramenta, apesar da existência de orientações através da
publicação de instituições como a JC, no livro “Root Cause Analysis in Health Care:
Tools and Techniques” 53.
A realização de intervenções para melhoria da qualidade é um passo
essencial em ambas as ferramentas estudadas38,53. Apesar disso, só esteve
presente em 1310,19-26,28,30,31,33 dos estudos selecionados. Importante ressaltar que
1110,19,20,22-25,28,30,31,33 desses 13 artigos trouxeram a educação ou o treinamento da
equipe em suas intervenções, corroborando com autores que enfatizam que a
prática da educação junto aos profissionais envolvidos diretamente no cuidado, com
metodologia adequada para o tipo de instituição e de assistência prestada, pode
resultar na melhoria da qualidade da assistência prestada ao cliente, evitando a
repetição do erro, desenvolvendo, portanto, uma cultura de segurança52,54,55.
Outro aspecto relevante na presente revisão foi a utilização de indicadores de
qualidade, que podem ser definidos como uma medida quantitativa sobre algum
aspecto do cuidado ao paciente56 e a sua inclusão nos programas de monitoramento
25
da qualidade representa uma importante estratégia para orientar intervenções que
promovam a segurança do paciente. Nessa perspectiva, 12 artigos (66,6%)10,19-22,24-
26,28,30,31,33 utilizaram indicadores para medir a melhoria da qualidade alcançada,
ficando perceptível a motivação dos outros 623,27,29,32,34,35 trabalhos em relatar,
principalmente, o desenvolvimento da ferramenta em detrimento dos resultados
alcançados.
Alguns estudos se referiram a AMFE como uma ferramenta que requer muito
tempo, esforço e recursos19,21,27,32,35, e, apesar disso, as publicações10,19-22,24-
26,28,30,31,33 que realizaram a medição da melhoria através de indicadores
apresentaram resultados positivos, o que ressalta a validade da utilização da ACR e
AMFE em terapia intensiva, pois pacientes críticos são mais suscetíveis a eventos
adversos evitáveis, devido tanto ao fato de erros de comunicação, que são comuns
em UTI, como ao fato da dificuldade dos pacientes em proteger-se ou pedir ajuda
relacionada à intubação, uso de contenções ou alterações da consciência7.
Além das limitações relacionadas ao consumo de tempo, esforço e recursos,
alguns artigos também citaram o caráter subjetivo da AMFE como uma limitação,
pois os julgamentos e conclusões no percurso da ferramenta dependem da aptidão
e experiência prévia de cada membro do grupo19,21,22,28,35, sendo desejável que tais
julgamentos e conclusões sejam embasados por evidência científica publicada8.
Apesar da diversidade de temáticas encontrada no uso da AMFE ter sido
ampla nessa revisão, Duwe et al (2005) relataram existir ainda inúmeros outros
processos de alto risco em ambientes de terapia intensiva passíveis de melhoria
através do uso da AMFE, como: transferência urgente de um paciente de UTI para
sala de cirurgia; início da terapia para choque séptico; avaliação e tratamento do
paciente que possui estado de mal epiléptico refratário; e reanimação
cardiopulmonar7. Assim, a UTI constitui campo de inúmeras possibilidades para a
aplicação da referida ferramenta a depender do seu contexto e do seu público alvo,
dentre outros fatores.
Esta revisão contém algumas limitações que precisam ser destacadas.
Apesar de equações de busca eletrônicas inclusivas e da busca nas referências dos
artigos selecionados, estudos relevantes podem não terem sido identificados.
Devido à restrição de idiomas, um estudo publicado em caracteres chineses foi
identificado e não pode ser incluído. A diversidade de temáticas citada anteriormente
26
pode ter sido um fator limitante da comparabilidade dos artigos e o fato de a grande
maioria dos estudos terem aplicado a AMFE em detrimento da ACR, pode ter
limitado a comparabilidade entre as ferramentas. Contudo, não se conhece outra
revisão publicada sobre a aplicação das ferramentas ACR e AMFE em UTI e
entende-se que o presente trabalho conseguiu reunir um conjunto relevante e amplo
de informações.
27
1.5. CONCLUSÕES
A segurança do paciente é parte de um conceito mais amplo, a qualidade da
atenção à saúde. Assim, utilizar ferramentas para melhoria da segurança do
paciente é estar investindo diretamente na melhoria da qualidade da assistência.
A presente revisão sistemática pôde identificar na literatura científica a
aplicação das ferramentas ACR e AMFE no ambiente das Unidades de Terapia
Intensiva, bem como, analisar os aspectos peculiares dessas ferramentas, desde a
sua aplicabilidade até a análise de indicadores de qualidade na assistência.
Os resultados obtidos nessa revisão reforçam a importância de uma reflexão
sobre a segurança do paciente nas instituições de saúde e do uso das ferramentas
ACR e AMFE de forma contínua e conjunta, principalmente nos serviços que
atendem pacientes em estado grave, contribuindo, assim, para a melhoria da
qualidade da assistência prestada, não somente em nível local, mas em todo o país,
permeando as atividades dentro do sistema de saúde por comportamentos que
garantam mais segurança, contribuindo para o desenvolvimento de uma cultura de
segurança organizacional.
28
2. APÊNDICES
29
2.1. Apêndice 1
FICHA DE LEITURA – SQUIRE 2.0 ADAPTADO
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA DO ARTIGO:
FERRAMENTA UTILIZADA: AVALIADOR:
CRITÉRIO DESCRIÇÃO DO CRITÉRIO SIM (1) NÃO (0) PARCIAL (0,5) DÚVIDAS/ OBSERVAÇÕES
TÍTULO E RESUMO
1 TÍTULO Indica que o artigo diz respeito a uma iniciativa para melhorar a saúde (qualidade, segurança do paciente, etc.)?
2 RESUMO Fornece as informações-chave das seções do texto e no formato de resumo estruturado? (objetivo, métodos, intervenções, resultados, conclusões).
INTRODUÇÃO
3 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA
Descreve a natureza e importância do problema?
4 CONHECIMENTO DISPONÍVEL
Apresenta um resumo do que a literatura traz atualmente sobre o problema – estudos relevantes?
5 OBJETIVOS Apresenta os objetivos da pesquisa?
MÉTODOS
6 MÉTODO 1 Descreve a ferramenta (HFMEA/ACR) e suas etapas com detalhes suficientes para que outros possam reproduzi-la? (*)
7 MÉTODO 2 Especifica equipe envolvida no trabalho detalhando os seus componentes?
8 CRITÉRIOS OU INDICADORES
Utiliza indicadores ou critérios para a análise dos processos e resultados da intervenção através do uso da ferramenta (HFMEA/ACR)? - apresenta definição do indicador, validade e confiabilidade
9 ANÁLISE Utiliza métodos qualitativos e/ou quantitativos para tirar conclusões dos dados?
10 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Informa revisões éticas formais e/ou potenciais conflitos de interesse?
30
CRITÉRIO DESCRIÇÃO DO CRITÉRIO SIM (1) NÃO (0) PARCIAL (0,5) DÚVIDAS
RESULTADOS
11 RESULTADO 1 Apresenta passos iniciais da ferramenta (HFMEA/ACR) e sua evolução ao longo do tempo (fluxograma, diagrama, etc) incluindo modificações necessárias?
12 RESULTADO 2 Apresenta os detalhes do processo e resultado (medidas)?
13 RESULTADO 3 Relata fatores do contexto local que interferiram nas intervenções?
14 RESULTADO 4 Apresenta consequências sem intenção: benefícios inesperados, problemas, falhas ou custos associados à intervenção?
DISCUSSÃO
15 DISCUSSÃO Apresenta achados chaves e pontos fortes do trabalho, incluindo a relevância para justificativa do trabalho e do objetivo?
16 INTERPRETAÇÃO Demonstra a associação (relação) entre a intervenção e os resultados?
17 INTERPRETAÇÃO 1 Compara os resultados com os achados de outras publicações?
18 INTERPRETAÇÃO 2 Ressalta o impacto do projeto sobre as pessoas e sistemas de saúde?
19 LIMITAÇÕES Apresenta limites para generalização do trabalho?
20 LIMITAÇÕES 1 Apresenta fatores de confusão (viés ou imprecisão no design, métodos, medição ou análise); relata os esforços para minimizar e ajustar essas limitações?
21 CONCLUSÕES Ressalta a utilidade e sustentabilidade do trabalho, bem como potencial para propagação a outros contextos?
SUBTOTAL
TOTAL
LEGENDA: SIM =1; NÃO=0; PARCIAL=0,5 (*) HFMEA
(1) identificar das situações potencialmente perigosas (hazards); (2) constituir a equipe para a análise; (3) definir o processo a ser analisado e descrevê-lo graficamente; (4) realizar a análise de riscos; (5) elaborar a intervenção e os indicadores, a fim de comprovar a
sua efetividade; (6) reconhecer os responsáveis pela sua implementação,
assegurando a colaboração dos gestores.
(*) ACR * Passo 1. Formar a equipe de ACR; * Passo 2. Identificar o problema; * Passo 3. Reunindo as informações e evidências; * Passo 4. Determinando as Causas-Raiz e Eventos Relevantes; * Passo 5. Explorar a Redução de Riscos e Estratégias para Melhoria; * Passo 6. Implementar um Modelo de Redesenho; * Passo 7. Monitorar e Avaliar os Novos Sistemas.
31
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