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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
LORENA SUELEN DA COSTA CARLOS
RELAÇÃO ENTRE LUCRATIVIDADE E EVIDENCIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL
DAS EMPRESAS DE SANEAMENTO BÁSICO DO BRASIL
Natal/RN
2015
LORENA SUELEN DA COSTA CARLOS
RELAÇÃO ENTRE LUCRATIVIDADE E EVIDENCIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL
DAS EMPRESAS DE SANEAMENTO BÁSICO DO BRASIL
Monografia apresentada à Banca Examinadora
da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte como requisito final à obtenção do grau
de Bacharel em Ciências Contábeis
Orientador: Prof. Dr. Alexandro Barbosa
Coorientador: Prof. Ms. Marke Geisy da
Silva Dantas
Natal/RN
2015
LORENA SUELEN DA COSTA CARLOS
RELAÇÃO ENTRE LUCRATIVIDADE E EVIDENCIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL
DAS EMPRESAS DE SANEAMENTO BÁSICO DO BRASIL
Monografia apresentada à Banca Examinadora
da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte como requisito final à obtenção do grau
de Bacharel em Ciências Contábeis.
Aprovada em: 26 de junho de 2015.
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________________
Prof. Dr. Alexandro Barbosa
Orientador
_______________________________________________________
Prof. Leandro Saraiva Dantas de Oliveira
Membro
_______________________________________________________
Prof. Dr. Victor Branco de Holanda
Membro
Dedico este trabalho aos meus pais, Mirlano
Carlos e Silvia Carlos, em razão de sempre
terem se esforçado para me proporcionar uma
boa educação, como também por todo o amor
grandioso a mim destinado e por terem um
significado infinito em minha vida.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por ser meu eterno guia, ter me dado forças e saúde para todos
os meus esforços, por permitir que as pessoas mais importantes para mim caminhem sempre
ao meu lado.
Ao meu esposo, Hugo Porto, por todo o amor, carinho e companheirismo que tem
dedicado a mim, por ter sido o melhor e mais compreensivo supervisor de estágio e por todos
os ensinamentos.
Ao meu irmão, Mário Sérgio, que é minha referência de estudo, pelas contribuições
dadas durante toda a minha graduação. Igualmente à minha irmã, Larissa Gabriele, que
sempre foi minha preciosa companheira em noites de estudo.
Ao meu orientador, Alexandro Barbosa, e ao meu coorientador, Marke Geisy, pela
paciência, disponibilidade e pelo auxílio considerável na execução deste trabalho.
A todos que foram meus professores no curso de Ciências Contábeis da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, por todas as aulas que contribuíram na formação dos meus
conhecimentos na área contábil.
Aos meus amigos de sala de aula, pelos auxílios e bons momentos vividos.
Aos membros da banca examinadora, pela avaliação e recomendações que farão ao
trabalho.
Se o dinheiro for a sua esperança de
independência, você jamais a terá. A única
segurança verdadeira consiste numa reserva
de sabedoria, de experiência e de
competência.
(Henry Ford)
RESUMO
Perante a preocupação mundial com a proteção ao meio ambiente e bem estar social, as
empresas vivem uma tendência de divulgação das suas ações de responsabilidade
socioambiental. Nesse cenário, a presente pesquisa tem como objetivo identificar se há
relação entre a evidenciação socioambiental e a lucratividade das empresas de saneamento
básico no Brasil. Com o intuito de atender ao propósito suso mencionado, deu-se início a uma
pesquisa classificada, metodologicamente, da seguinte maneira: descritiva (quanto aos
objetivos); bibliográfica (quanto aos procedimentos); predominantemente quantitativa (quanto
à abordagem do problema). Ademais foram realizados o teste de Shapiro-Wilk e o Teste-T
como ferramentas estatísticas de análise. Os testes foram realizados, ano a ano, nas empresas
que divulgaram o Balanço Social e nas que não divulgaram e utilizou-se o ROA como índice
de lucratividade. Os resultados do estudo apontaram que não houve diferença entre médias
para as duas amostras testadas. Dessa forma, concluiu-se que em nenhum dos anos foi
encontrada uma relação entre a divulgação de informações socioambientais e a lucratividade.
Este estudo expôs pesquisas anteriores nas quais, em sua maioria, foram encontrados
resultados positivos de relação entre essas variáveis. Logo, comparando os resultados desta
pesquisa com os da revisão da literatura empírica, percebeu-se que o presente estudo está de
acordo com a minoria dos estudos anteriores que foram descobertos, em virtude de não ter
sido encontrada nenhuma relação entre divulgação de informações socioambientais e
lucratividade. Sugere-se, para estudos futuros, a utilização de outras amostras, bem como a
aplicação de diferentes indicadores de lucratividade e meios de divulgação de políticas de
responsabilidade social e ambiental.
Palavras-chave: Responsabilidade socioambiental. Lucratividade. Empresas de saneamento
básico.
ABSTRACT
Before the global concern regarding the environmental protection and the promotion of social
well-being, the companies sense the trend to display their social and environmental
responsibility actions. In this situation, this research aims to evaluate the relation between
social and environmental responsibility and the sanitation companies’ profitability. In order to
reach the aforementioned goal, a classified research was developed, methodologically as
follows: descriptive (regarding objectives); literature (regarding the procedures);
predominantly quantitative (regarding problem approach). In addition, the Shapiro-Wilk test
and the T-Test were put into practice, as statistics analysis tools. The tests were annually
performed in reference to the companies which published the Social Report and to the
companies which used the ROA as a profitability index. The study results showed that there
was no difference between the numbers reached in both hypothesis. Therefore, it was
concluded that there were no connections between the disclosure of environmental
information and profitability in the analyzed years. This study exposed previous researches in
which, mostly, positive relationship between these variables were found. Thus, comparing the
results of this research to those found in considerable part of the literature, it was noted that
this study agrees with the minority of previous scientific studies, which also did not detect any
relationship between disclosure of environmental and social information and profitability. It is
suggested for future studies the use of another category of research objects, as well as the
application of different profitability index and the observation of other instruments of
publicizing the actions of companies regarding social and environmental responsibility.
Keywords: Social responsibility. Profitability. Sanitation companies.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Estatística descritiva do período 2010-2013...........................................................37
Tabela 2 – Teste de normalidade dos dados para o ano 2010...................................................39
Tabela 3 – Teste de amostras independentes no ano de 2010...................................................40
Tabela 4 - Teste de normalidade dos dados para o ano 2011...................................................41
Tabela 5 – Teste de amostras independentes no ano de 2011...................................................43
Tabela 6 - Teste de normalidade dos dados para o ano 2012...................................................45
Tabela 7 – Teste de amostras independentes no ano de 2012...................................................46
Tabela 8 - Teste de normalidade dos dados para o ano 2013...................................................47
Tabela 9 – Teste de amostras independentes no ano de 2013...................................................49
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Distribuição dos dados no ano de 2010.................................................................38
Gráfico 2 – Distribuição normal dos dados no ano de 2010.....................................................39
Gráfico 3 – Distribuição dos dados no ano de 2011.................................................................41
Gráfico 4 – Distribuição normal dos dados no ano de 2011.....................................................42
Gráfico 5 – Distribuição dos dados no ano de 2012.................................................................44
Gráfico 6 – Distribuição normal dos dados no ano de 2012.....................................................45
Gráfico 7 – Distribuição dos dados no ano de 2013.................................................................47
Gráfico 8 – Distribuição normal dos dados no ano de 2013.....................................................48
LISTA DE SIGLAS
AA Águas de Andradina
BM&F BOVESPA Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo
BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo
CAB Companhia de Águas do Brasil
CAERD Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia
CAESA Companhia de Água e Esgoto do Amapá
CAI Águas do Imperador S/A
CAN Águas de Niterói S/A
CODEN Cia. de Desenvolvimento de Nova Odessa
CVM Comissão de Valores Mobiliários
EBITDA Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and
Amortization
EMASA Empresa Municipal de Água e Saneamento Ambiental S/A
ESAP Empresa de Saneamento de Palestina
FB Foz de Blumenau
IBASE Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
ISE Índice de Sustentabilidade Empresarial
ISE-BOVESPA Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores
de São Paulo
ISO International Organization for Standardization
LAJIR Earnings before interest and taxes
PMSS Programa de Modernização do Setor Saneamento
ROA Return on Assets
ROE Return on Equity
ROI Return on investment
ROM Retorno sobre o Mercado
ROS Retorno sobre Vendas
RSA Retorno sobre o Ativo
RSC Responsabilidade Social Corporativa
RSE Responsabilidade Social Empresarial
RSPL Retorno sobre o Patrimônio Líquido
SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
SNSA Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental
SPSS Statistical Package for Social Sciences
SRI Socially Responsible Investment
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................14
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO...................................................14
1.2 OBJETIVOS....................................................................................................................16
1.2.1 Geral................................................................................................................................16
1.2.2 Específicos.......................................................................................................................16
1.3 JUSTIFICATIVA............................................................................................................16
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................18
2.1 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL..............................................................18
2.2 DIVULGAÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL...........................22
2.3 VISÃO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE LUCRATIVIDADE E RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL......................................................................................................24
2.4 ESTUDOS ANTERIORES RELACIONADOS AO TEMA...........................................26
2.5 SANEAMENTO BÁSICO E A INTERAÇÃO COM O MEIO SOCIOAMBIENTAL..29
2.6 ÍNDICES DE LUCRATIVIDADE EMPRESARIAL.....................................................31
2.6.1 Retorno sobre o ativo.......................................................................................................31
2.6.2 Retorno sobre o patrimônio líquido.................................................................................32
3. METODOLOGIA..........................................................................................................33
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA.........................................................................................33
3.2 UNIVERSO E AMOSTRA.............................................................................................34
3.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA......................................................................................35
3.4 METODOLOGIA DE ANÁLISE...................................................................................35
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS..................................................................................37
4.1 ESTATÍSTICA DESCRITIVA.......................................................................................37
4.2 RESULTADOS OBTIDOS EM 2010.............................................................................37
4.3 RESULTADOS OBTIDOS EM 2011.............................................................................40
4.4 RESULTADOS OBTIDOS EM 2012.............................................................................43
4.5 RESULTADOS OBTIDOS EM 2013.............................................................................46
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................50
REFERÊNCIAS.............................................................................................................52
APÊNDICE A – ESTUDOS SOBRE A RELAÇÃO ENTRE
RESPONSABILIDADE SOCIAL E/OU AMBIENTAL E A LUCRATIVIDADE
OU DESEMPENHO FINANCEIRO...........................................................................57
APÊNDICE B – EMPRESAS DE SANEAMENTO BÁSICO DO BRASIL
CONSTITUÍDAS SOB A FORMA JURÍDICA DE SOCIEDADE ANÔNIMA.....59
14
1. INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO
A responsabilidade social e ambiental é um tema contemporâneo que vem sendo
introduzido no meio empresarial, já que atualmente existe uma maior preocupação em
equilibrar o crescimento patrimonial das entidades com a preservação ambiental e com o
provimento do bem-estar social. Diante das exigências externas, tornar-se-á interessante que
os administradores amplifiquem o grau de comprometimento com as questões
socioambientais. Trata-se de uma matéria que está sendo alvo de pesquisas e análises por
parte de profissionais e estudantes. Na área da Contabilidade, por exemplo, buscam-se
descobrir se há uma interação da divulgação de balanços sociais, relatórios de sustentabilidade
- dentre outras evidenciações de cunho ambiental e social – com a saúde financeira,
patrimonial e econômica das empresas.
Segundo Dias e Siqueira (2006), durante vários anos a visão dos negócios de muitas
organizações consistia em obter lucros cada vez mais significativos. Para isso, utilizava-se da
sociedade tudo aquilo que fosse preciso, sem deixar nenhuma ou quase nenhuma
contribuição. Hoje, é preciso se preocupar também com os recursos ambientais e com os
benefícios sociais que serão obtidos. A sociedade se está impondo no que diz respeito aos
problemas sociais e ambientais. Dessa forma, a população exerce uma pressão sobre as
entidades, visando a direcionar os objetivos destas para outros pontos de proveito mútuo, de
modo a fazer com que as empresas deixem de ser meras cumpridoras de obrigações legais e
passem a se preocupar mais com o bem-estar social e com a preservação da natureza.
De acordo com Wood (1991, apud CESAR; JÚNIOR, 2008), as organizações retiram
do meio ambiente diversos insumos que são transformados em produtos e serviços
disponíveis para venda. Depois estes retornam ao ambiente para suprir as necessidades da
sociedade. É através deste processo que as organizações obtêm retorno financeiro positivo e,
em forma de contribuição, procuram agir de forma socialmente responsável, auxiliando no
incremento qualitativo do corpo social. Sendo assim, surge uma relação de causalidade
circular entre a organização e a sociedade, na qual uma auxilia a viabilidade da outra de forma
interdependente e constante. Dessa forma, o lucro viabiliza a responsabilidade social e é
viabilizado por ela.
15
A responsabilização socioambiental é um meio que os gestores encontraram de se
comunicar com possíveis investidores e com outros participantes do mercado. Assumindo
essa atitude ética, cria-se uma imagem favorável à empresa, pois tal expediente constitui uma
forma de manifestar um atrativo diferencial.
É possível que a preocupação da organização com os impactos sociais e ambientais e,
em decorrência disso, os investimentos socioambientais realizados - proteção ambiental,
condutas empresariais que visam ao bem-estar de colaboradores, acionistas, participantes e da
comunidade em geral – estejam relacionados a uma distinção da imagem e posicionamento da
organização perante o mercado, de forma positiva. Neste processo, através do novo perfil da
empresa social e ambientalmente responsável, poderia haver a atração de clientes e
investidores.
Vários são os setores econômicos nos quais são desenvolvidas atividades causadoras
de impactos ambientais. A lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000, relaciona atividades
potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais. Os serviços de utilidade
(produção de energia termoelétrica; tratamento e destinação de resíduos industriais líquidos e
sólidos; disposição de resíduos especiais, tais como: de agroquímicos e suas embalagens
usadas e de serviço de saúde e similares; destinação de resíduos de esgotos sanitários e de
resíduos sólidos urbanos, inclusive aqueles provenientes de fossas; dragagem e derrocamentos
em corpos d’água; recuperação de áreas contaminadas ou degradadas) encontram-se listados e
são amplamente executados no território nacional.
As empresas de saneamento básico tanto podem ser consideradas como geradoras de
impactos ambientais como também redutoras de tais impactos. O primeiro caso é explicado
pelo fato da necessidade de se utilizar de recursos naturais para o tratamento de águas e
esgotos. Por outro lado, é por meio do saneamento básico que os resíduos sólidos são
devidamente destinados, reduzindo-se, assim, a disseminação de agentes patogênicos que
incrementam a insalubridade do ambiente.
É nesse contexto de possível relação entre lucratividade e questões socioambientais,
somado à importância das empresas de saneamento básico para o país, que este estudo
direcionou-se para responder ao seguinte problema de pesquisa: existe relação entre a
lucratividade e a evidenciação social e ambiental das empresas de saneamento básico no
Brasil?
16
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Geral
Diante do problema de pesquisa anteriormente exposto, formulou-se o seguinte
objetivo geral: identificar se há relação entre a evidenciação socioambiental e a lucratividade
das empresas de saneamento básico no Brasil.
1.2.2 Específicos
Com o propósito de atingir ao objetivo principal, foram definidos os seguintes
objetivos específicos:
a) relacionar todas as empresas de saneamento básico do Brasil constituídas sob a
forma jurídica de sociedade anônima;
b) verificar quais dessas empresas divulgaram seus balanços sociais no período de
2010 a 2013;
c) calcular os índices de lucratividade das empresas de saneamento básico,
sociedades anônimas, para anos de 2010 a 2013;
d) identificar a existência de relação entre a divulgação da responsabilização
socioambiental e a lucratividade dessas empresas, durante os anos de 2010 a 2013.
1.3 JUSTIFICATIVA
Muito se fala hoje das interações das empresas com o ambiente no qual elas se
inserem. Vários são os incentivos para a tomada de iniciativas benéficas à sociedade e
promotoras da sustentabilidade. Ao mesmo tempo em que a responsabilidade social é uma
forma de valorizar o ser humano atuante dentro e fora de uma empresa, a responsabilidade
ambiental é uma forma de proteção ao patrimônio da sociedade. Ambas exercem papéis
imprescindíveis no cenário corporativo em atividade.
17
Algumas empresas utilizam-se de ferramentas (como, por exemplo, do Balanço
Bocial) para divulgar suas políticas de preocupação com o ambiente e com a sociedade.
Apesar de a divulgação do Balanço Social não ser uma conduta obrigatória no Brasil, algumas
organizações já o fazem de forma voluntária, em virtude da importância que o tema vem
ganhando no meio social.
Quanto às empresas de saneamento básico, estas atuam prestando serviços de saúde e
suprindo necessidades humanas básicas. Sendo assim, os serviços tratantes de águas e esgotos
são considerados essenciais à sobrevivência do ser humano. No entanto, para prestar seus
serviços de utilidade pública, aquelas empresas necessitam utilizar recursos naturais e, por
isso, precisam ser responsáveis com o meio ambiente.
Nessa senda, a primazia pelo assunto em questão foi dada em meio à curiosidade de
averiguar se a evidenciação de informações sociais e ambientais, por parte das empresas, tem
relação com a lucratividade destas. Visando a sanar a dúvida, foi necessário direcionar o
estudo a um setor econômico que se utiliza das riquezas ambientais.
Além disso, vale ressaltar a contribuição que este estudo poderá proporcionar a futuros
trabalhos, através das reflexões que serão feitas por parte de acadêmicos e de pesquisadores
em geral com base nos resultados que serão aqui apresentados.
18
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esse tópico do estudo visa a expor conceitos e demonstrar um embasamento teórico
que auxiliará no entendimento das questões relacionadas à problemática da pesquisa.
Analisar-se-ão aspectos da responsabilidade socioambiental, incluindo explicações sobre sua
divulgação. Em um segundo momento, serão expostas visões sobre a relação entre a
evidenciação socioambiental e a lucratividade. Após, serão expostos os resultados de estudos
anteriores relacionados ao tema. Logo mais, falar-se-á a respeito da interação das empresas de
saneamento básico com o meio socioambiental. Por fim, serão apresentados conceitos e
índices de lucratividade utilizados na gestão empresarial.
2.1 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
Introduzir a variável socioambiental nos negócios é uma estratégia atual e necessária
para garantir a sobrevivência da empresa dentro do mercado competitivo que frequentemente
está imerso em cenários de crise econômica (BUSCH; RIBEIRO, 2009). A responsabilidade
socioambiental também vem ganhando importância no ambiente empresarial internacional. As
exigências da sociedade e a ideia de comprometimento, por parte dos empresários, com
posturas éticas nas tomadas de decisões fizeram com que as ações de responsabilidade
socioambiental repercutissem fortemente no mundo dos negócios. (SANTANA, 2008).
No passado, a postura dos empresários (que, por sinal, ainda hoje está associada a
algumas empresas) estava fundamentada na cobiça e na busca incessante pelo lucro. Ademais,
durante todo o século XIX, a filosofia dos grandes empresários tinha como base a seguinte
doutrina: quanto menos o público soubesse de suas operações, mais suas empresas seriam
eficientes, lucrativas e até mesmo socialmente úteis. Ou seja, a única preocupação desses
grandes empresários era com seus acionistas ou stockholders, em detrimento de qualquer
outro público que mantinha relações com a empresa. Essa realidade acontecia em uma época
de concorrência quase nula e em que os consumidores não estavam cientes de seus direitos
nem dos canais de reivindicação. (GARCIA, 2004).
As empresas se aproveitavam dessa falta de transparência e abertura para evitar que
informações indesejáveis chegassem ao conhecimento da sociedade. Porém, com a abertura
dos mercados, o aumento da competitividade, o surgimento de entidades de proteção ao
consumidor, a conscientização dos consumidores no que se refere aos seus direitos, a
19
fiscalização dos governos, o criticismo, a pressão da sociedade exercida sobre as empresas e
seus produtos, o desenvolvimento da mídia etc., as empresas passaram a se importar com a
avaliação social do público. Diante disso, era necessário manter este público informado sobre
as políticas e formas de negócio da empresa. Portanto, já nas últimas décadas do século XX, o
foco das empresas começou a deixar de ser unicamente direcionado aos stockholders e
deslocou-se para os stakeholders, que são definidos como o público com o qual a empresa ou
a instituição interage. São formados, em geral, por clientes, fornecedores, governo, mídia,
funcionários, acionistas, comunidade, distribuidores, entidades de classe, entre outros.
(GARCIA, 2004).
Para Filho (2002), seguindo a visão dos stockholders, o objetivo dos gestores das
empresas seria gerar retorno para seus acionistas e cotistas. Para isso, deveriam atuar de
acordo com as forças impessoais de mercado, que exigem eficiência e lucro. Porém, o autor
também fala a respeito da visão dos stakeholders. Nesta, a atribuição dos gestores é respeitar
os direitos e proporcionar o bem às pessoas que estão envolvidas com a empresa, por
exemplo, clientes, fornecedores, colaboradores, acionistas, comunidade local e até mesmo os
gestores.
Silva e Silva (2009) acrescentam que, para se ter confiança em uma empresa, é
necessário que esta se mostre responsável, não somente no que se refere ao cumprimento de
obrigações legais, mas também se destacando em políticas de desenvolvimento da sociedade e
melhorando a qualidade de vida daqueles que estão ao seu redor. Corroborando com essa
ideia, Cheibub e Locke (2002) acreditam que não faz sentido denominar de responsabilidade
social o mero cumprimento da lei. Os autores afirmam que também não podemos considerar
como responsabilidade social as ações, programas e benefícios que resultaram de negociação
trabalhista (convenção, acordo, entre outros), nem tampouco ações que resultem de embate
político com sindicatos ou organizações de trabalhadores. Para eles, a responsabilidade social
é aquela que vai além da lei, ou seja, é o conjunto de ações que vão além do que é requerido
por obrigação ou necessidade.
A responsabilidade social não está associada à atividade principal da empresa que a
pratica e pode ser considerada uma contribuição com objetivo de equilibrar a sociedade. A
empresa socialmente responsável é aquela que se demonstra zelosa com as condições de
trabalho que estão sendo impostas a seus colaboradores, de tal forma que os oferece melhor
qualidade para, assim, ser atingido um melhor desempenho na execução de suas tarefas. Além
disso, a empresa também preza por um bom relacionamento com clientes, poderes públicos e
com os próprios colaboradores. (SCANDOLARA, 2013). O conceito de responsabilidade
20
social, de acordo com Borger (2001), relaciona-se a diferentes pensamentos. O autor afirma
que alguns acreditam que a definição está atrelada à responsabilidade legal, enquanto que
outros relacionam o termo responsabilidade social ao comportamento ético. Há, ainda, os que
creem ser uma forma de contribuição social voluntária que se associa a uma determinada
causa específica.
Atualmente, há um consenso de que as empresas socialmente responsáveis devem
demonstrar três características básicas. A primeira delas é reconhecer o impacto que suas
atividades causam sobre a sociedade na qual se encontra inserida. A segunda diz respeito ao
gerenciamento dos impactos econômicos, sociais e ambientais de suas operações, em nível
local e global. A terceira e última demonstração consiste na realização desses objetivos por
meio do diálogo permanente com as partes interessadas, o que pode ocorrer através de
parcerias com outras organizações ou grupos. (KREITLON, 2004).
A ISO (International Organization for Standardization) 26000:2010 é uma norma
internacional que foi desenvolvida utilizando-se de uma abordagem multi-stakeholder,
envolvendo especialistas de mais de noventa países e quarenta organizações internacionais.
De acordo com a norma, as organizações do mundo inteiro e seus stakeholders tornam-se
cada vez mais conscientes de que o comportamento socialmente responsável é imprescindível
e benéfico. A norma também fala a respeito do objetivo da responsabilidade social, que,
segundo ela, é contribuir para o desenvolvimento sustentável.
A norma supracitada traz as definições do que vem a ser responsabilidade social e
desenvolvimento sustentável. A primeira definição diz respeito à responsabilidade de uma
organização relacionada aos impactos sobre a sociedade e o meio ambiente, decorrentes de
suas decisões e ações, por meio da transparência e do comportamento ético que: a) contribui
para o desenvolvimento sustentável, incluindo a saúde e o bem estar da sociedade; b) leva em
consideração as expectativas das partes relacionadas; c) está de acordo com a legislação
aplicável e conforme as normas internacionais de comportamento; d) está integrada e é
praticada em toda a organização. Já o desenvolvimento sustentável é conceituado como sendo
o desenvolvimento que supre as necessidades do presente sem comprometer as necessidades
das gerações futuras.
Rezende et al. (2008, p. 73) conceitua o desenvolvimento sustentável da seguinte
forma: “compromisso permanente com a integridade do meio ambiente”. O autor define a
sustentabilidade como “a capacidade das empresas de aliar sucesso financeiro com atuação
social e equilíbrio ambiental”. Já o termo “Investimentos Socialmente Responsáveis” ou
Social Responsible Investment (SRI) significa, segundo o autor, decisões de investimento
21
com dois objetivos, tais quais: atingir retorno financeiro e social.
Mancini (2008, p. 61) define a Gestão com Responsabilidade Socioambiental como
sendo “a gestão caracterizada pelo dever ou obrigação ética de se buscar nas atividades da
empresa o desenvolvimento pleno das partes interessadas com sustentabilidade ambiental,
visando a um excelente desempenho econômico, social e ambiental.” Já de acordo com a
Norma Brasileira de Contabilidade, nº 15, as informações de cunho social e ambiental são
entendidas e classificadas como segue: “a) a geração e a distribuição de riqueza; b) os
recursos humanos; c) a interação da entidade com o ambiente externo; d) a interação com o
meio ambiente”.
O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social tem a missão de mobilizar,
sensibilizar e auxiliar as empresas para uma gestão socialmente responsável. Consoante
informações do Instituto, diante do aumento da participação da iniciativa privada, comprova-
se, através de dados, que as medidas adotadas para a preservação da biodiversidade do planeta
estão abaixo das reais necessidades de resguarde das fontes naturais. Em conformidade com
Loureiro, Azaziel e Franca (2007, p. 31),
Precisamos compreender o atual resultado histórico da sociedade brasileira no
ambiente mundial não como algo estático, mas sim mutável. Isso nos coloca diante
da necessidade de resolvermos problemas socioambientais entre agentes (homens ou
mulheres de diferentes etnias e classes, organizados ou não em instituições) vivendo
conflitos por causa de escassez de recursos ou pela concentração da propriedade
desses mesmos recursos (fontes de água e seu tratamento sanitário ou florestas,
alimentos etc.).
A responsabilidade socioambiental é tratada como um processo de incorporação de
ações responsáveis por promover melhoria e preservação da qualidade de vida da sociedade,
do ponto de vista social, ambiental e cultural. Também se refere ao posicionamento adotado
pela empresa no que se refere ao ambiente no qual se encontra inserida, de forma a avaliar o
impacto que esta organização exerce sobre a comunidade. Dessa forma, essa responsabilidade
é denominada de “socioambiental” por realizar ações sociais e ambientais. Porém, a
responsabilidade socioambiental não pode ser considerada uma ação de caridade ou
filantropia, que também são praticadas pelas organizações. (CABESTRÉ, 2008, p. 43).
Diante de todos os conceitos e entendimentos expostos, é imprescindível notar a
importância que está sendo dada ao tema “Responsabilidade Socioambiental” no meio
corporativo. Esta, portanto, pode assumir vários conceitos, que vão desde a visão de que a
responsabilidade limita-se à responsabilidade legal, até outras visões que a relacionam com o
comportamento ético e com uma contribuição social. Entretanto, percebe-se que há um maior
22
consenso entre os autores no que se refere ao entendimento de que a responsabilidade não se
limita ao cumprimento de leis e que tal responsabilidade refere-se às práticas que visam ao
bem estar social e à proteção ambiental.
Diversos autores, ao se referirem à responsabilidade socioambiental, relacionam o
tema aos seguintes aspectos: desenvolvimento sustentável, proteção ambiental, melhora nas
condições de vida daqueles que possuem ligação com a empresa. A responsabilidade
socioambiental também é vista, por alguns autores, como uma estratégia atual capaz de tornar
organizações mais competitivas.
Outrossim, as empresas estão procurando divulgar suas relações com a sociedade e
com o meio ambiente no qual estão inseridas, pois, desta forma, mostrar-se-ão atrativas
perante os clientes e investidores, como também terão mais chances de sobreviver dentro de
um mercado cada vez mais competitivo.
2.2 DIVULGAÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
A Internet facilitou e concretizou a comunicação entre empresas e consumidores.
Dessa forma, pode ser considerada uma ferramenta excelente e rápida de comunicação de
informações relacionada à Responsabilidade Social Empresarial. Além disso, a divulgação
caracteriza-se como uma importante ação de busca de melhores resultados. (FILHO;
WANDERLEY, 2007). O Parecer de Orientação nº 15, de dezembro de 1987, publicado pela
Comissão de Valores Imobiliários, recomenda que as companhias divulguem informações
relacionadas à proteção ao meio ambiente, contendo a descrição e o objetivo dos
investimentos realizados, como também o montante aplicado. Esses gastos com proteção
ambiental deixaram de ser considerados despesas e passaram a ser tidos como investimentos
para o futuro e para a manutenção da competitividade das empresas (SCHENINI, 2000).
A divulgação de informações contábeis por parte das empresas consiste em uma das
principais formas que os gestores encontram para se comunicar com os investidores e com o
mercado em geral. Muito embora a maioria das divulgações ocorra por obrigatoriedade, é
importante entender os incentivos para divulgar informações na ausência de regulamentação.
A divulgação do Balanço Social é um exemplo de demonstração não obrigatória no Brasil.
Convém à administração da empresa a escolha de divulgá-lo ou não, levando em consideração
os custos e os benefícios provenientes da publicação. Na maioria dos países do mundo, a
divulgação do Balanço Social é voluntária; na França, Portugal e Bélgica, é obrigatória. Além
disso, no Japão as empresas, obrigatoriamente, precisam publicar informações ambientais no
23
corpo de suas demonstrações contábeis. (CUNHA; RIBEIRO, 2008).
Um dos melhores instrumentos para divulgar ao público as ações socialmente
responsáveis – o que a empresa vem fazendo na área social e o que oferece de retorno à
comunidade na qual se insere – é o Balanço Social. Este, por sua vez, é responsável por
aproximar a empresa da comunidade (onde ela está situada e com a qual compartilha as
riquezas necessárias para a sua sobrevivência) e do meio ambiente em si. (TREVISAN,
2002). O Balanço Social é uma forma que as empresas socialmente responsáveis encontraram
para divulgar suas ações com seus funcionários, com a comunidade e o meio ambiente. Trata-
se de um documento, divulgado anualmente, que comprova a atuação da empresa numa
perspectiva social. (LEVEK et al., 2002).
Consoante as informações obtidas no site do Balanço Social
(http://www.balancosocial.org.br/), este consiste em um demonstrativo de publicação anual,
por parte das empresas, que reúne um conjunto de informações, tais quais: sobre projetos,
benefícios e ações sociais direcionadas aos colaboradores, acionistas, investidores, analistas
de mercado e à comunidade. Também pode ser considerado um instrumento estratégico que
avalia e multiplica as ações de responsabilidade social corporativa. Além disso, através do
Balanço Social as empresas mostram o que fazem por seus colaboradores, dependentes,
profissionais e comunidade, transparecendo as suas atividades que visam a uma melhor
qualidade de vida para a sociedade. O site também informa que tem crescido, aceleradamente,
o número de empresas que publicam o Balanço Social.
Ainda não existe consenso no que se refere à estrutura da apresentação do Balanço
Social. Não é sabido se sua divulgação deve seguir um modelo padronizado ou livre, como
também não se sabe quais informações, especificamente, deve-se divulgar. Algumas empresas
publicam seus Balanços Sociais seguindo o modelo do Instituto Brasileiro de Análises Sociais
e Econômicas (IBASE) ou similar, com poucas variações. (CUNHA; RIBEIRO, 2008).
Conforme a Norma Brasileira de Contabilidade de nº 15, as informações a serem divulgadas
na demonstração de informações de natureza social e ambiental são:
a) geração e distribuição da riqueza;
b) recursos humanos, como, por exemplo, os dados referentes à remuneração e
benefícios concedidos aos empregados, administradores, terceirizados e
autônomos. Tais gastos podem ser: gastos com segurança e medicina do trabalho;
gastos com educação; gastos com cultura; gastos com auxílios-creche; gastos com
capacitação e desenvolvimento profissional; participações nos lucros; etc. Outro
exemplo de informações acerca dos recursos humanos são aquelas relativas ao
24
número e montante de ações trabalhistas movidas pelos empregados contra a
entidade;
c) interação da entidade com o ambiente externo. Neste campo da demonstração
devem constar os dados sobre o relacionamento da entidade com a sua
comunidade (como exemplo, investimentos em educação, cultura, saneamento,
esporte, lazer, etc.), com os clientes (como exemplo: número de reclamações
recebidas; número de reclamações atendidas; montante de multas e indenizações a
clientes; ações realizadas pela entidade para sanar ou diminuir as causas das
reclamações) e com os fornecedores (como exemplo, os critérios de
responsabilidade social que a empresa utiliza para selecionar seus fornecedores);
d) interação com o meio ambiente. São exemplos: investimentos e gastos com
preservação e/ou recuperação de ambientes degradados; investimentos e gastos
com educação ambiental; investimentos e gastos com projetos ambientais;
processos ambientais movidos contra a entidade e o valor de seu montante; entre
outros.
Em meio ao que foi exposto, constata-se que através da divulgação de informações de
caráter social e ambiental as empresas conseguem comunicar-se com o público, de forma a
transparecer suas políticas de proteção ambiental, interação com partes relacionadas e
comunidade onde se encontram situadas. O Balanço Social, por sua vez, apesar de não ser
obrigatório no Brasil, é um demonstrativo capaz de evidenciar tais informações. Além disso,
alguns autores veem a possibilidade de que a divulgação da responsabilidade socioambiental
esteja relacionada com a lucratividade empresarial.
2.3 VISÃO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE LUCRATIVIDADE E
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
Existe um debate que contrapõe a lucratividade e a responsabilidade social. Este fato
deu origem a uma série de estudos que buscavam responder se as empresas socialmente
responsáveis também seriam lucrativas. Há muitas pesquisas publicadas visando a relacionar
essas duas variáveis. Porém, estabelecer essa relação é algo complexo, principalmente porque
os resultados publicados mostram conclusões contraditórias. Uma hipótese que explica essas
diferenças de resultados é a de que são utilizados parâmetros e indicadores com bases
conceituais distintas, o que torna difícil estabelecer relações lineares de causa e efeito.
(BORGER, 2001).
25
Na visão de Demajorovic (2003), a variável socioambiental deixa de ser uma mera
opção para a empresa e passa a ser um componente estratégico dos negócios que assegura a
participação no mercado e a lucratividade. Conforme Scandolara (2013, p. 34-35), antes se
acreditava que a alternativa de praticar ações sociais só aumentaria as despesas da empresa, o
que, consequentemente, reduziria o lucro. Ademais, existia o entendimento de que a
maximização da lucratividade seria atingida, em sua grande parte, por meio da redução dos
custos. Dessa forma, era incentivado que não praticassem ações que não estivessem ligadas à
finalidade principal da empresa, pois, caso contrário, a empresa se veria “obrigada” a
aumentar seus preços, abalando a sua competitividade.
Porém, Scandolara (2013) confirma que avaliações contábeis de empresas demonstram
que a lucratividade pode ser conciliada com ações de responsabilidade social. Ainda segundo
o autor, a moderna visão empresarial é a seguinte: empresas que não assumem uma conduta
socialmente responsável encontrarão dificuldade para enfrentar a concorrência, uma vez que
ações sociais podem trazer uma série de benefícios, dentre eles a melhor reputação da
instituição, a satisfação de trabalhadores, a expansão da lista de clientes, o bem-estar comum,
a maior visibilidade no mercado competitivo e a conquista da empatia do mercado
consumidor. Tudo isso gera o aumento das receitas auferidas. Confirmando essa visão, Filho
(2008) acredita que a adoção de práticas de responsabilidade social é de interesse dos
proprietários das empresas, já que tal prática se insere no contexto empresarial de
sobrevivência, valor de mercado da organização e rentabilidade. O autor acrescenta que
empresas sustentáveis agregam valor para a empresa no longo prazo, em virtude do melhor
preparo dessa organização para enfrentar riscos sociais, ambientais e econômicos.
São exemplos de medidas relacionadas à sustentabilidade de uma empresa que
contribuem para aumentar seus resultados futuros e seu valor de mercado: treinamento e
benefícios a empregados (são considerados investimentos no capital humano que tornam a
empresa mais competitiva); ações que melhoram o relacionamento com os stakeholders
externos (um bom relacionamento com fornecedores, por exemplo, favorece a obtenção de
melhores condições de aquisição e pagamento dos fatores produtivos, o que também aumenta
a competitividade da empresa); o cumprimento de obrigações legais, evitando penalizações
aos gestores e à empresa; investimento em equipamentos que protegem o meio ambiente,
evitando processos jurídicos de entidades ambientalistas e multas por danos ao meio
ambiente. (FILHO, 2008).
De acordo com o Instituto Ethos (2015), existem vários exemplos em todo o mundo
que atestam a seguinte afirmação: a preservação de recursos naturais não só gera resultados
26
favoráveis para a sociedade e para gerações futuras, mas também para as próprias empresas,
permitindo, inclusive, ganhos financeiros. No entendimento de Santana (2008), assumir
posturas éticas e um compromisso com a sociedade pode fazer com que a empresa tenha um
diferencial competitivo, como também pode ser um indicador de rentabilidade no longo
prazo, tendo em vista que a tendência é a de que os consumidores valorizem esses
comportamentos éticos.
Em consonância com os dizeres de Filho e Wanderley (2007), a Responsabilidade
Social Empresarial é hoje um diferencial competitivo e um fonte de vantagens, por isso as
empresas que buscam maior competitividade e melhores resultados devem segui-la.
Fortalecendo essa ideia, Trevisan (2002) mencionou que a ação socialmente responsável das
empresas não é mais considerada apenas uma mera tendência, pois se transformou,
gradativamente, em uma estratégia corporativa, uma vez que as empresas estão cada vez mais
necessitando incorporar a responsabilidade social aos seus objetivos de lucro.
Nota-se, diante do contexto de ideias aqui exposto, que existe uma tendência dos
autores a acreditar numa relação positiva de reciprocidade entre a evidenciação
socioambiental e a geração de lucros. Essa visão, segundo alguns autores, veio substituir
aquela de que a responsabilidade socioambiental aumenta as despesas e, consequentemente,
reduz a rentabilidade empresarial. Ademais, há menções de que essa responsabilidade traga
uma série de benefícios lucrativos somente no longo prazo.
2.4 ESTUDOS ANTERIORES RELACIONADOS AO TEMA
Haja vista a importância da responsabilidade socioambiental e diante do anseio
empresarial pela lucratividade, estudos anteriores foram realizados visando a constatar uma
possível relação entre essas variáveis.
Orellano e Quiota (2011) investigaram a relação entre investimentos socioambientais e
o desempenho financeiro de empresas que publicaram seus balanços sociais – entre os anos de
2001 a 2007 – e que estão listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA). Em relação
aos indicadores contábeis, foram utilizados o Return on Assets (ROA) e o Return On Equity
(ROE). Os resultados do estudo mostraram uma relação positiva e estatisticamente
significativa entre indicadores sociais internos e os indicadores de rentabilidade. Inclusive
foram encontradas fortes evidências de que essa não é uma correlação acidental, mas, sim,
uma relação de causalidade. Porém, quanto às demais variáveis de desempenho
27
socioambiental (investimento externo e investimento ambiental), não foi encontrado nenhum
resultado, pelo menos no curto prazo, de correlação.
Emmanuel (2010) efetuou uma busca com o objetivo central de analisar a relação
entre investimentos em práticas sociais e o desempenho financeiro de empresas brasileiras de
capital aberto, listadas na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo
(BM&FBOVESPA), no período de 2001 a 2007. De forma a medir o desempenho social
dessas empresas, verificou quais delas divulgaram o Balanço Social no modelo IBASE. Para
medir o desempenho financeiro das companhias, foram utilizados os seguintes indicadores
financeiros: ROA e ROE. As conclusões da pesquisa apontam para uma relação positiva entre
as variáveis, mostrando, inclusive, que o retorno obtido pelas empresas que investem em
práticas sociais é maior que os custos para implantar essas ações.
Kitahara (2007) estudou se os investimentos e políticas de Responsabilidade Social
Empresarial, refletidos em informações prestadas pelas empresas em Balanços Sociais, têm
uma relação estatisticamente relevante com a lucratividade. Foi utilizada uma amostra de 897
balanços sociais publicados, no período de 2000 a 2004, em sites de 298 empresas que
atuavam no Brasil, de diversos portes, nacionais e multinacionais, pertencentes a mais de 30
setores da economia, que foram enquadradas nos seguintes agrupamentos: industrial;
agroindustrial; serviços financeiros; serviço elétrico e energia; outros serviços. Além disso,
utilizou-se o resultado operacional para medir a lucratividade das empresas. De acordo com
os resultados obtidos, a hipótese de que o desempenho financeiro e os investimentos em ações
de responsabilidade relacionam-se não foi rejeitada, tanto para as empresas que operam com
resultado operacional positivo, quanto para aquelas com resultado operacional negativo.
O estudo de Machado e Machado (2011) objetivou verificar se investimentos sociais e
ambientais, líquidos de encargos sociais compulsórios e de tributos, contribuem para
resultados financeiros positivos. A amostra da pesquisa foi constituída por empresas que
atendiam, simultaneamente, aos seguintes quesitos: disponibilizar o Balanço Social no banco
de dados do IBASE e constar entre as 500 maiores e melhores empresas, segundo a
publicação anual da Revista Exame, no período de 2003 a 2007. O estudo, portanto, foi feito
com 237 empresas pertencentes a 15 setores da economia. Além disso, utilizou-se a receita
líquida como proxy do desempenho financeiro. Os resultados do estudo apontam a existência
de um impacto positivo da responsabilidade social no desempenho financeiro das empresas,
no que se refere aos indicadores internos e externos. Já com relação aos indicadores
ambientais, não há indícios de que podem acarretar impactos, positivos ou negativos, no
desempenho financeiro dessas empresas.
28
Freguete et al. (2015) realizaram um estudo com o intuito de verificar se existia
alguma correlação entre desempenho social corporativo e desempenho financeiro corporativo
das empresas brasileiras durante a crise econômica de 2008. Para isso, utilizou-se dos dados
de empresas ativas na BOVESPA, segregando os dados das empresas pertencentes ao Índice
de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São Paulo (ISE-BOVESPA) daquelas
que não pertencem. Os resultados demonstraram que o fato de as empresas estarem listadas no
Índice de Sustentabilidade Empresarial não alterou o desempenho financeiro.
Na pesquisa de Araújo et al. (2014), buscou-se evidenciar se o investimento em boas
práticas ambientais tem relação com o desempenho financeiro das empresas. Para isso se
utilizou de um questionário realizado pela Editora Análise sobre iniciativas ambientais das
empresas, que, por sua vez, foi respondido por empresas nos anos de 2009 a 2011 e os
resultados do questionário foram publicados na revista Análise Gestão Ambiental. As
variáveis de desempenho financeiro utilizadas no estudo foram o ROE, a Liquidez Geral e o
Endividamento Geral. Quanto à conclusão da pesquisa, não foram encontradas diferenças
significativas dentro da amostra com relação ao desempenho financeiro.
Madruga (2014) investigou a relação do estágio de maturidade da gestão socialmente
responsável com o desempenho econômico-financeiro empresarial. Para tanto, utilizou-se de
indicadores de Responsabilidade Social Empresarial propostos pelo Instituto Ethos de
Responsabilidade Social Empresarial e dos seguintes indicadores de desempenho econômico-
financeiros: ROE, ROI e o Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization
(EBITDA). A amostra da pesquisa foram indústrias do Distrito Industrial da cidade de Santa
Maria no Estado do Rio Grande do Sul, de diferentes portes e segmentos de mercado. Diante
das evidências estatísticas encontradas, foi constatada, por meio da análise de quarenta
indicadores de Responsabilidade Social Empresarial (RSE), uma tendência positiva e
diretamente proporcional do ROE - com moderada correlação e ao nível de significância de
5% - com cinco indicadores de Responsabilidade Social Empresarial.
Morais (2013), por sua vez, perquiriu se o desempenho financeiro de empresas do
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBOVESPA é superior ao de empresas
que não estão incluídas no referido índice, porém que também estão listadas na Bolsa de
Valores de São Paulo. O período da pesquisa foi de 2005 (ano da criação do ISE) até 2012 e o
Earnings before interest and taxes (LAJIR) foi a medida de desempenho financeiro utilizada.
As conclusões do estudo evidenciam que a variação no LAJIR de empresas que entram na
carteira ISE não é mais significante do que a das empresas que não participam da carteira.
29
Lima et al. (2013) investigaram o impacto de investimentos socioambientais -
realizados por 63 empresas de capital aberto, listadas na BM&FBOVESPA, do setor de
energia elétrica – no desempenho financeiro das companhias, que foi representado pelos
seguintes indicadores: ROA (Retorno sobre o Ativo), ROE (Retorno sobre o Patrimônio
Líquido), Retorno sobre o Mercado (ROM), Retorno sobre Vendas (ROS), lucro líquido,
EBITDA (Lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) e receita líquida.
Como resposta ao problema de pesquisa, concluiu-se que investimentos socioambientais
internos têm uma influência positiva sobre os seguintes indicadores: EBITDA, lucro líquido e
receita líquida. Porém, não foi constatada nenhuma relação estatística significativa entre os
outros indicadores econômico-financeiros e investimentos socioambientais.
Carrijo e Malaquias (2012) realizaram uma pesquisa com o objetivo de verificar a
relação entre Responsabilidade Social Corporativa (RSC) e o desempenho – medido pela
receita bruta e pelo ativo total - de empresas integrantes e não integrantes do Índice de
Sustentabilidade Empresarial 2010/2011. Os resultados mostraram que, com relação aos
indicadores sociais internos e externos, a receita bruta e o ativo total tiveram resultados
significativos. Já com relação aos indicadores ambientais, houve uma correlação negativa e
não significativa.
Como resumo, o apêndice A atesta que a maioria dos estudos anteriormente expostos
encontrou alguma relação positiva entre a responsabilidade social e/ou ambiental e a
lucratividade ou desempenho financeiro das empresas.
2.5 SANEAMENTO BÁSICO E A INTERAÇÃO COM O MEIO SOCIOAMBIENTAL
Desde as origens da natureza humana - em meio à relação direta existente entre os
serviços de saneamento básico, a saúde e a satisfação das necessidades básicas humanas - o
tratamento de águas e esgotos é considerado primordial para a sobrevivência da humanidade.
(BARBOSA, 2012). Existe uma preocupação cada vez maior, por parte da sociedade, com a
proteção do meio ambiente e com a exploração sustentável dos recursos hídricos. Diante
dessa realidade, as empresas de saneamento básico do Brasil exercem uma importante função:
promover a saúde pública e a proteção ambiental, de forma a melhorar a qualidade de vida da
população por meio do abastecimento da água potável, que vai desde a sua captação até as
ligações prediais. (FREIRE, 2011).
É notável a função social exercida pelas empresas prestadoras dos serviços de
saneamento básico. Oliveira et al. (2012) confirmam o fato ao afirmarem que o saneamento
30
relaciona-se, de forma direta, com as condições de saúde da população. Acrescentam que a
ausência dessa atividade elevaria as despesas com o tratamento de vítimas doentes por falta de
abastecimento de água tratada, sistema de tratamento de esgoto e coleta de lixo. Fortalecendo
essa ideia, Rodrigues (2012) menciona que o saneamento básico é fundamental para o
desenvolvimento de uma nação, tendo em vista que está relacionado a aspectos ambientais,
sociais e de saúde.
No que tange à regulamentação do saneamento básico do Brasil, foi publicada a Lei
federal nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o
saneamento básico. O artigo 3º desta lei traz a seguinte definição de saneamento básico:
I - saneamento básico: conjunto de serviços, infra-estruturas e instalações
operacionais de: a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas e
instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação
até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;
b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações
operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos
esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio
ambiente; c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infra-
estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e
destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de
logradouros e vias públicas;
d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-
estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de
transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias,
tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas;
Conforme informações extraídas do site do Sistema Nacional de Informações sobre
Saneamento (SNIS) (www.snis.gov.br), esse sistema foi originado pelo Governo Federal em
1996, estando vinculado à Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) do
Ministério das Cidades. O SNIS foi criado no âmbito do Programa de Modernização do Setor
Saneamento (PMSS) e apoia-se em um banco de dados administrado na esfera federal,
contendo informações sobre a prestação de serviços de água, esgotos e manejo de resíduos
sólidos. Além disso, o SNIS consolidou-se como o maior e mais importante banco de dados
do setor de saneamento do Brasil. Dessa forma, o presente estudo baseou-se em dados
coletados do SNIS, referente a todas as empresas de saneamento básico do Brasil sob a forma
jurídica de sociedade anônima.
No momento em que se aplica o saneamento básico em determinada região, este é
responsável por proporcionar uma situação higiênica saudável para os seus habitantes. Aliás,
31
em virtude de a água ser um recurso natural escasso e necessário para que haja vida na Terra,
é de suma importância que os corpos de água não sofram poluição. Diante disso, o
saneamento básico evita a contaminação desse recurso natural, como também a proliferação
de doenças. (TORRES, 2012). Para Rodrigues (2012), os danos que podem ser causados às
pessoas pela falta de saneamento básico são imensos. Por força disso, as companhias
responsáveis por este serviço necessitam garantir a sua sobrevivência e estar em condições de
manter suas operações ininterruptamente.
Há evidências da função social e ambiental exercida pelas empresas de saneamento
básico, pois são responsáveis por tornar potável a água consumida pela população, como
também por realizar o tratamento de esgotos e do lixo – que podem causar sérios danos à
saúde das pessoas quando não devidamente destinados. Em virtude do consentimento mundial
da importância dos serviços de saneamento básico, é interessante que as empresas desse setor
divulguem suas políticas de responsabilidade socioambiental. Inclusive, existem benefícios
que podem ser, comprovadamente, auferidos com a evidenciação de informações sociais e
ambientais. Além disso, há também uma outra questão relacionada à divulgação de
informações sociais e ambientais por parte dessas empresas de saneamento básico: a sua
possível relação com a lucratividade.
2.6 ÍNDICES DE LUCRATIVIDADE EMPRESARIAL
O lucro é o incentivo mais importante do empresário, além de ser uma das formas
utilizadas para avaliar o sucesso de um empreendimento e de sua administração. Os índices de
lucratividade, por sua vez, indicam a vitalidade da empresa, que, muitas vezes, é deteriorada
devido a uma fraca ou inexistente capacidade de geração de lucros. Sendo assim, os índices de
retorno têm uma excelente capacidade de previsão da saúde financeira das empresas (SILVA,
2012). Iudícibus (2010) acrescenta que, para analisar o quão bem se saiu uma empresa em
determinado período, é preciso relacionar o lucro do empreendimento com algum valor capaz
de expressar a dimensão deste.
2.6.1 Retorno sobre o ativo
O retorno sobre o ativo ou ROA é um índice que indica a lucratividade gerada por uma
empresa em relação aos investimentos totais efetuados, que, nesse caso, são representados
pelo ativo total médio. A interpretação do ROA deve ser feita no seguinte sentido: “quanto
32
maior, melhor”. Portanto, o índice é representado pela fórmula que segue. (SILVA, 2012, p.
242-243).
RSA = (lucro líquido/ativo total médio) x 100
2.6.2 Retorno sobre o patrimônio líquido
Tendo em vista que o lucro é o prêmio que o investidor ganha em detrimento do risco
de seu negócio, o índice de retorno sobre o patrimônio líquido (RSPL) ou ROE indica quanto
desse prêmio os proprietários da empresa ou acionistas estão recebendo em relação aos seus
investimentos no empreendimento. A interpretação desse índice segue o sentido de “quanto
maior, melhor”, devendo ser calculado da forma seguinte: (SILVA, 2012, p. 248-249).
RSPL = (lucro líquido/patrimônio líquido médio) x 100
33
3. METODOLOGIA
O método da pesquisa é o instrumento utilizado para executar a investigação de uma
verdade, ou seja, é a técnica utilizada para alcançar o objetivo pretendido. Portanto, neste
capítulo do trabalho apresentar-se-ão o conjunto de procedimentos empregados para realizar
esta pesquisa.
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA
No entendimento de Beuren et al. (2012), diante das particularidades da Ciência
Contábil, os tipos de pesquisa mais aplicáveis a esta área do conhecimento podem ser
agrupados nas seguintes categorias: a) tipologias de pesquisa quanto aos objetivos; b)
tipologias de pesquisa quanto aos procedimentos; c) tipologias de pesquisa quanto à
abordagem do problema.
Quanto aos objetivos, a presente pesquisa classifica-se como descritiva. De acordo
com Gil (1999, apud BEUREN et al., 2012), estabelecer relações entre variáveis ou descrever
características de determinada população ou fenômeno consiste no principal objetivo da
pesquisa descritiva. Andrade (2010) afirma que na pesquisa descritiva os fatos são
observados, registrados, analisados, classificados e interpretados sem a interferência do
pesquisador, ou seja, não há manipulação dos fenômenos estudados por parte do pesquisador.
Em se tratando dos procedimentos, este estudo é composto pela pesquisa bibliográfica,
uma vez que, a fim de embasar a revisão da literatura, buscam-se referências de teorias
publicadas por autores. Beuren et al. (2012) explica que na pesquisa bibliográfica o material
consultado engloba todo o referencial disponibilizado ao público relacionado ao tema de
estudo, como exemplos: revistas, livros, pesquisas, monografias, dissertações, teses etc.
No que concerne à abordagem do problema, a pesquisa é predominantemente
quantitativa, porquanto, conforme Beuren et al. (2012), nesta abordagem o estudioso utiliza-
se de procedimentos estatísticos no tratamento dos dados. Em segundo plano, também se trata
de uma pesquisa qualitativa, já que, consoante a opinião de Richardson (1999, apud BEUREN
et al., 2012), a metodologia qualitativa analisa a interação entre variáveis, descreve a
complexidade do problema, compreende e classifica os processos dinâmicos vividos pela
sociedade.
34
Desse modo, esta pesquisa será norteada através da exposição teorias, descrição de
fatos, coleta de dados, análise estatística e relação entre variáveis (responsabilidade
socioambiental e lucratividade). Todas essas etapas configuram-se dentro da tipologia de
pesquisa deste estudo, que se classifica como descritiva, bibliográfica, quantitativa e
qualitativa.
3.2 UNIVERSO E AMOSTRA
Em virtude de a Lei 10.125/2000 classificar os serviços de utilidade - dentre eles, os
de saneamento básico - como atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos
ambientais, adicionalmente à enorme importância do tratamento de águas e esgotos para a
saúde de toda a população mundial, o presente estudo será realizado em meio ao universo de
empresas de saneamento básico. Contudo, almejando uma melhor utilização e análise dos
dados, definir-se-á uma amostra que será objeto de estudo. Em sendo assim, esta pesquisa foi
realizada a partir do estudo das 62 empresas de saneamento básico do Brasil, constituídas sob
a forma jurídica de sociedade anônima, elencadas no apêndice B.
Com intuito de avaliar se há relação entre a divulgação de informações
socioambientais e a lucratividade – durante o período de 2010 a 2013 - foram procuradas as
demonstrações publicadas das 62 empresas de saneamento básico (em websites, diários
oficiais, site da Comissão de Valores Mobiliários, jornais de grande circulação) a fim de
verificar se estas divulgaram seus Balanços Sociais. Posteriormente, serão definidas duas
amostras. A primeira delas será composta pelas empresas de saneamento básico do Brasil,
constituídas sob a forma jurídica de sociedade anônima, que não divulgaram o Balanço Social
no período de 2010 a 2013. A segunda amostra, por sua vez, será composta pelas empresas de
saneamento básico do Brasil, sob o regime de sociedade anônima, que divulgaram o Balanço
Social nesse período.
Após, serão extraídos dados do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre
Saneamento) relativos à lucratividade. Por fim, serão calculados os índices que indicam o
retorno auferido pela empresa e provar-se-á se há relação entre as variáveis estudadas
(responsabilidade socioambiental e lucratividade), confrontando os índices com as duas
amostras.
35
3.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
A primeira limitação encontrada neste estudo está relacionada ao fato de não haver
uma regra que estabeleça em qual fonte de divulgação deverão ser apresentados os balanços
sociais. Algumas empresas divulgam-nos em seus endereços eletrônicos, outras divulgam-nos
no Relatório da Administração, dentre outros. Por isso, foi necessário buscar esses
demonstrativos nas páginas das empresas, em diários oficiais, site da Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), jornais de grande circulação e em outras fontes.
A segunda limitação diz respeito à inviabilidade de se utilizar o índice Retorno sobre o
Patrimônio Líquido, pela seguinte explicação: algumas empresas de saneamento básico
apresentam lucros e patrimônios líquidos negativos. Como o RSPL é calculado pela razão do
lucro líquido com o patrimônio líquido, em um caso de ambos os fatores serem negativos, o
retorno obtido pela fórmula se mostraria positivo para a empresa, o que não seria verdade.
A terceira e última limitação encontrada ocorreu na coleta dos dados. Algumas
informações relativas à lucratividade não estavam disponíveis no SNIS ou estavam com
valores muito discrepantes – ou mesmo com sinais opostos - dos apresentados nas
demonstrações divulgadas em outras fontes. Nesses casos, deu-se preferência à utilização dos
valores constantes nas demonstrações publicadas. Porém, dois lucros líquidos de duas
empresas diferentes de saneamento básico não foram encontrados, o que impossibilitou
calcular o ROA dessas duas entidades para os respectivos anos em que os números não foram
localizados. Portanto, foi excluída do ano 2010 a empresa CAB Cuiabá que pertence à
Companhia de Águas do Brasil (CAB), como também foi excluída do ano 2013 a Empresa
Municipal de Água e Saneamento Ambiental S/A (EMASA)
3.4 METODOLOGIA DE ANÁLISE
A análise dos dados configura-se como um momento em que há a possibilidade de
estabelecer relações entre os dados que foram coletados. Isso significa avançar no plano do
conhecimento. (PÁDUA, 2004). No entendimento de Silva (2005), a etapa de análise e
discussão dos resultados é feita com os seguintes propósitos: 1) atender ao objetivo da
pesquisa; 2) confirmar ou rejeitar a(s) hipótese(s) através da comparação e do confronto de
dados e provas.
36
Com o intuito de analisar os dados coletados, primeiramente se fez necessário separar
– dentre as empresas de saneamento básico do Brasil sob o regime de sociedade anônima –
aquelas que divulgam o Balanço Social daquelas que não o fazem. Após essa separação,
buscar-se-á responder ao problema de pesquisa. Para isso, será oportuno realizar um teste de
hipóteses. De acordo com McGuigan (1997, p. 53 apud BISQUERRA et al., 2007, p. 14),
uma hipótese científica é conceituada como uma “afirmação comprovável de uma relação
potencial entre duas ou mais variáveis”. Diante do conceito exposto, na presente pesquisa foi
formulada a seguinte hipótese:
H1: há relação positiva entre a divulgação de informações socioambientais e a
lucratividade das companhias de saneamento básico brasileiras.
Através do teste de normalidade de Shapiro-Wilk e após a retirada de outliers
extremos e de alguns moderados, verificou-se que as amostras estudadas apresentaram uma
distribuição normal dos dados coletados (fato que será exposto detalhadamente na análise dos
resultados). Em razão disso, será possível utilizar o Teste-T como ferramenta de análise. Por
meio deste teste será possível atender ao objeto da pesquisa, pois ele permite verificar se há
igualdade entre as médias populacionais, ou seja, se a média encontrada para as empresas que
divulgam o Balanço Social é a mesma daquelas que não divulgam, ao nível de significância
de 0,05 ou 5%. Caso as médias sejam diferentes, significará que há relação positiva entre a
divulgação de informações socioambientais e a lucratividade. Caso contrário, a hipótese H1
será rejeitada.
No entendimento de Moore (2005, p. 299), na linguagem estatística o conceito do
termo “nível de significância” não está relacionado a algo “significante” ou “importante”. Na
verdade trata-se de algo “não provável de acontecer”.
Para fazer proceder aos testes será utilizado o Statistical Package for Social Sciences
(SPSS), que, por sua vez, consiste em um programa para Windows habilitado para oferecer
possibilidades de cálculos estatísticos. Conforme Bisquerra et al. (2007), esse sistema
destaca-se entre os pacotes de programas estatísticos aplicados às ciências sociais e é,
portanto, o mais utilizado nessa área. Oliveira (2001, p. 7) acrescenta que o SPSS pode ser
considerado “um poderoso software estatístico especialmente desenvolvido para a utilização
por profissionais de ciências humanas e exatas”.
Por fim, a análise dos dados coletados realizar-se-á ano a ano e será exibida na seção
seguinte.
37
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Nesta segmentação do estudo serão expostos os resultados da análise estatística do
confronto entre as seguintes variáveis: divulgação socioambiental e lucratividade empresarial.
Para isso, essa avaliação será dividida em 5 subseções. A primeira seção evidencia a
estatística descritiva dos dados de pesquisa. Nas quatro seguintes serão retratados os
resultados obtidos em cada ano estudado, de 2010 a 2013.
4.1 ESTATÍSTICA DESCRITIVA
A tabela seguinte retrata toda a estatística descritiva para os dados da pesquisa. Nela
estão expostos a média, o desvio-padrão, o valor máximo e mínimo de cada ano estudado.
Tabela 1 – Estatística descritiva do período 2010-2013
Média Desvio-padrão Valor mínimo Valor máximo
2010 3,335135 6,9412978 -15,1521 22,2038
2011 1,741189 9,8307307 -30,6875 22,3569
2012 3,530958 10,2751450 -19,8596 27,2624
2013 2,198620 10,4936646 -36,1052 27,9894
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
4.2 RESULTADOS OBTIDOS EM 2010
Com o intuito de identificar o tipo de distribuição dos dados no ano de 2010 foi
realizado o teste de Shapiro-Wilk, que evidenciou o seguinte gráfico:
38
Gráfico 1 – Distribuição dos dados no ano de 2010
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
Conforme pode ser observado no gráfico acima, foram percebidos outliers extremos
na distribuição (identificados por asteriscos) e outliers moderados (identificados por esferas)
que tiveram de ser retirados porque estavam prejudicando a distribuição normal dos dados.
Em sendo assim, neste ano foram excluídas as seguintes empresas de saneamento básico:
Águas de Andradina (identificada no gráfico pela sigla AA); Cab Piquete (identificada no
gráfico pela sigla CAB); Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (identificada no gráfico
pela sigla CAERD); Águas do Imperador S/A (identificada no gráfico pela sigla CAI); Águas
de Niterói S/A (identificada no gráfico pela sigla CAN); Cia. de Desenvolvimento de Nova
Odessa (identificada no gráfico pela sigla CODEN) e Foz de Blumenau (identificada no
gráfico pela sigla FB).
No referente ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk, quando a significância for
maior do que 0,05, deve-se entender pela normalidade dos dados. A tabela a seguir atesta que,
no ano de 2010, houve uma significância de 0,054 para as empresas de saneamento básico que
39
não divulgam o Balanço Social e para as que divulgam a significância foi de 0,739. Ambas
maiores do que 5% (cinco por cento), o que confirma a normalidade dos dados.
Tabela 2 – Teste de normalidade dos dados para o ano 2010
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
Após a exclusão dos outliers, chegou-se a uma distribuição normal dos dados,
demonstrada pelo gráfico a seguir:
Gráfico 2 – Distribuição normal dos dados no ano de 2010
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
DVBS Shapiro-Wilk
Estatística Df Sig.
ROA Não divulga Balanço Social ,946 40 ,054
Divulga Balanço Social ,950 6 ,739
40
Em se tratando do Teste-T para verificar igualdade de médias, quando as
significâncias encontradas forem maior do que 0,05, significa dizer que as médias são iguais.
Ao analisar a tabela que segue, percebe-se que, realizado o Teste-T para o ano de 2010, as
significâncias foram de 0,462 e 0,216. Ambas maiores do que 0,05, o que confirma que não
houve uma diferença entre médias. Observando a tabela, nota-se uma igualdade de médias no
valor de -2,2646358. Esse fato confirma a rejeição da hipótese H1.
Tabela 3 – Teste de amostras independentes no ano de 2010
teste t para Igualdade de Médias
T Df Sig. (2
extremida
des)
Diferença
média
Erro
padrão de
diferença
95% Intervalo de
confiança da diferença
Inferior Superior
ROA Variações
iguais
assumidas
-,741 44 ,462 -2,2646358 3,0541993 -8,4199700 3,8906983
Variações
iguais não
assumidas
-1,292 14,610 ,216 -2,2646358 1,7522522 -6,0081714 1,4788997
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
Por intermédio da análise estatística, foi possível constatar que não houve relação
entre evidenciação socioambiental e lucratividade no ano de 2010.
4.3 RESULTADOS OBTIDOS EM 2011
Submetendo o ano de 2011 ao teste de Shapiro-Wilk, não foi encontrada uma
normalidade dos dados em decorrência de um outlier extremo:
41
Gráfico 3 – Distribuição dos dados no ano de 2011
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
Após excluir a empresa de saneamento básico CAB Piquete, que aparecia como
outlier extremo (apontado pelo asterisco) no teste de Shapiro-Wilk, encontrou-se uma
distribuição normal dos dados, conforme mostra a tabela que segue:
Tabela 4 – Teste de normalidade dos dados para o ano 2011
DVBS Shapiro-Wilk
Estatística Df Sig.
ROA Não divulga Balanço Social ,962 50 ,112
Divulga Balanço Social ,831 7 ,081
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
Em concordância com o que é apresentado na tabela, houve uma significância de
0,112 para as empresas de saneamento básico que não divulgam o Balanço Social e de 0,081
42
para as que divulgam. Ambas são maiores do que 0,05, por isso a distribuição normal dos
dados é confirmada e pode ser retratada pelo gráfico a seguir:
Gráfico 4 – Distribuição normal dos dados no ano de 2011
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
Após constatada a distribuição normal dos dados, foi possível aplicar o Teste-T no ano
2011. Os resultados mostraram significâncias de 0,658 e 0,327, ou seja, significâncias
maiores do que 0,05. Portanto, percebe-se que as médias encontradas são iguais, no valor de
1,7798289 negativo, o que confirma a rejeição da hipótese H1:
43
Tabela 5 – Teste de amostras independentes no ano de 2011
teste t para Igualdade de Médias
T Df Sig. (2
extremida
des)
Diferença
média
Erro
padrão de
diferença
95% Intervalo de
confiança da diferença
Inferior Superior
ROA Variações
iguais
assumidas
-,445 55 ,658 -1,7798289 3,9959497 -9,7878911 6,2282334
Variações
iguais não
assumidas
-,994 37,843 ,327 -1,7798289 1,7906296 -5,4052630 1,8456053
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
Em meio à análise estatística realizada no ano 2011, observou-se que as empresas que
divulgaram o Balanço Social não apresentaram um maior índice de lucratividade.
4.4 RESULTADOS OBTIDOS EM 2012
No ano de 2012, ao realizar o teste de Shapiro-Wilk, os resultados mostraram que não
houve distribuição normal dos dados, fato que é demonstrado no gráfico a seguir:
44
Gráfico 5 – Distribuição dos dados no ano de 2012
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
As seguintes empresas de saneamento básico precisaram ser retiradas do ano 2012
para se conseguir uma normalidade na distribuição dos dados: Companhia de Água e Esgoto
do Amapá (ilustrada no gráfico pela sigla CAESA); Cia. de Desenvolvimento de Nova
Odessa (ilustrada no gráfico pela sigla CODEN) e Empresa Municipal de Água e Saneamento
Ambiental (ilustrada no gráfico pela sigla EMASA). As empresas representadas pelas siglas
EMASA e CAESA, por se tratarem de outliers extremos, estavam prejudicando a distribuição
normal dos dados. A empresa representada pela sigla CODEN, apesar de aparecer como
outlier moderado, também prejudicou a normalidade. Após a retirada dessas empresas, a
significância mostrou-se maior do que 5%, consoante tabela seguinte:
45
Tabela 6 – Teste de normalidade dos dados para o ano 2012
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
De acordo com a tabela, a significância para as empresas que não divulgaram o
Balanço Social foi de 0,079 e a significância das empresas que divulgaram foi de 0,196.
Como são maiores do que 0,05, atesta-se que, após a retirada de outliers, foi obtida uma
distribuição normal dos dados que é demonstrada no próximo gráfico:
Gráfico 6 – Distribuição normal dos dados no ano de 2012
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
DVBS Shapiro-Wilk
Estatística Df Sig.
ROA Não divulga Balanço
Social
,960 52 ,079
Divulga Balanço Social ,873 7 ,196
46
Utilizando o Teste-T para analisar os dados desse ano, os resultados apontaram
significâncias de 0,817 e 0,591. Como estas são maiores do que 0,05, significa que não foi
detectada uma diferença entre as médias encontradas. Na verdade, as médias são iguais, no
valor de -0,9693986. Dessa forma, certificou-se de que não houve relação entre as variáveis
estudadas, ou seja, a hipótese H1 deve ser rejeitada. Através da tabela seguinte é possível
constatar essa ocorrência:
Tabela 7 – Teste de amostras independentes no ano de 2012
teste t para Igualdade de Médias
T df Sig. (2
extremida
des)
Diferença
média
Erro
padrão de
diferença
95% Intervalo de
confiança da diferença
Inferior Superior
ROA
Variações
iguais
assumidas
-,232 57 ,817 -,9693986 4,1709420 -9,3215659 7,3827687
Variações
iguais não
assumidas
-,542 42,539 ,591 -,9693986 1,7895831 -4,5795687 2,6407714
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
4.5 RESULTADOS OBTIDOS EM 2013
Assim como ocorreu nos anos anteriores, ao executar o teste de Shapiro-Wilk no ano
de 2013, verificou-se que não houve uma normalidade na distribuição dos dados. O gráfico
subsequente evidencia um outlier extremo que está impossibilitando essa normalidade:
47
Gráfico 7 – Distribuição dos dados no ano de 2013
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
Ao eliminar a Empresa de Saneamento de Palestina (identificada pela sigla ESAP) - o
único outlier extremo - do ano de 2010, conseguiu-se chegar a uma distribuição normal dos
dados. A tabela que segue evidencia um nível de significância de 0,134 para empresas que
não divulgaram o Balanço Social e de 0,404 para as que divulgaram. A tabela e o gráfico
seguintes demonstram essa normalidade dos dados:
Tabela 8 – Teste de normalidade dos dados para o ano 2013
DVBS Shapiro-Wilk
Estatística Df Sig.
ROA Não divulga Balanço
Social
,966 53 ,134
Divulga Balanço Social ,911 7 ,404
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
48
Gráfico 8 – Distribuição normal dos dados no ano de 2013
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
Após encontrada a normalidade dos dados, tornou-se viável a execução do Teste-T.
Assim como ocorrido nos anos passados, em 2013 as significâncias também foram maiores do
que 0,05, nos valores de 0,692 e 0,338. Em decorrência disso, ocorreu uma igualdade entre
médias, no valor de -1,6916539, que é revelada na tabela a seguir:
49
Tabela 9 – Teste de amostras independentes no ano de 2013
teste t para Igualdade de Médias
T Df Sig. (2
extremida
des)
Diferença
média
Erro
padrão de
diferença
95% Intervalo de
confiança da diferença
Inferior Superior
ROA Variações
iguais
assumidas
-,398 58 ,692 -1,6916539 4,2504571 -10,1998682 6,8165604
Variações
iguais não
assumidas
-,968 49,005 ,338 -1,6916539 1,7477444 -5,2038692 1,8205614
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados
O teste de médias realizado revela que no ano de 2013 também não houve relação
entre divulgação de informações socioambientais e lucratividade para as empresas de
saneamento básico do Brasil constituídas sob a forma de sociedade anônima.
50
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A responsabilidade socioambiental é um tema que vem sendo cada vez mais discutido
no cenário mundial. Isto posto, percebe-se que está crescendo o número de empresas que
divulgam suas ações de proteção ambiental e benefício social. No passado, os empresários
acreditavam que o investimento em práticas social e ambientalmente responsáveis era algo
antagônico à persecução do lucro. Atualmente, alguns estudiosos ou mesmo gestores de
empresas acreditam na seguinte assertiva: quanto maior a evidenciação de posturas sócio e
ambientalmente responsáveis, maior a lucratividade.
Pela Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000, os serviços de saneamento básico são
considerados potencialmente poluidores e utilizadores de recursos naturais. Aliado a isso, a
essencialidade do tratamento de águas e esgotos é um fato. Portanto, toda a população é
consciente da importância social que essas empresas possuem. Em meio a essa conjuntura,
surge a curiosidade de saber se as entidades de saneamento básico divulgam suas políticas de
proteção ao meio ambiente e de responsabilidade social.
Em razão das importâncias expostas, este trabalho objetivou constatar se há relação
entre a divulgação de informações socioambientais e a lucratividade nas empresas de
saneamento básico do Brasil, constituídas sob a forma jurídica de sociedades anônimas, no
período de 2010 a 2013.
Com o propósito de atender a esse objetivo, buscou-se quais dessas empresas
divulgaram o Balanço Social – que consiste em um demonstrativo em que são reunidas
informações de caráter socioambiental – durante o período estudado. Após, mediante valores
de lucro líquido e ativo médio extraídos do SNIS e de demonstrações publicadas, foram
calculados os índices de retorno sobre o ativo (ROA) para essas entidades. Encontradas as
variáveis, deu-se início à análise dos dados coletados que, por sua vez, foi concretizada com o
auxílio do sistema computacional SPSS. Foram realizados testes de normalidade de Shapiro-
Wilk e Testes-T, ao nível de significância de 5% (cinco por cento). Por intermédio do teste de
médias efetuado, tornou-se possível comprovar se existe relação entre a divulgação
socioambiental e a lucratividade.
A avaliação dos resultados obtidos foi feita anualmente, durante todo o lapso temporal
em estudo. Foi encontrado o mesmo resultado para todos os anos: não houve diferença entre
as médias calculadas. À vista disso, provou-se, estatisticamente, que não foram encontradas
relações entre a divulgação de informações socioambientais e a lucratividade das empresas de
51
saneamento básico do Brasil, constituídas sob o regime jurídico de sociedade anônima,
durante os anos de 2010 a 2013. Dessa maneira, em todos os anos a hipótese H1 foi rejeitada.
No embasamento teórico da presente pesquisa, procurou-se encontrar resultados de
estudos anteriores relacionados ao tema em questão. A maioria dos trabalhos encontrados
afirmou que há alguma relação entre responsabilidade socioambiental e lucratividade. Porém,
considerando a literatura empírica, o resultado estatístico deste trabalho está de acordo com os
estudos realizados por Lima et al. (2013), Morais (2013), Araújo et al. (2014), Freguete et al.
(2015). Assim sendo, a conclusão desta pesquisa se mostra em conformidade com a minoria
dos estudos anteriores que foram descobertos, em virtude de não ter sido encontrada uma
relação entre as variáveis estudadas.
Como proposta de estudos futuros, sugere-se que a pesquisa seja repetida em empresas
de outros setores de atividades que também impactam demasiadamente o meio ambiente.
Também é sugerido, como forma agregar a compilação de pesquisas realizadas nesse meio,
que se utilizem de outros indicadores de lucratividade e de outros demonstrativos de
responsabilização social e ambiental para analisar se há relação entre responsabilidade
socioambiental e lucratividade.
52
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TREVISAN, Fernando Augusto. Balanço social como instrumento de marketing. ERA-
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57
APÊNDICE A - ESTUDOS SOBRE A RELAÇÃO ENTRE RESPONSABILIDADE SOCIAL E/OU AMBIENTAL E A
LUCRATIVIDADE OU DESEMPENHO FINANCEIRO
Ano de
publicação
Autor(es) Relação procurada Ferramenta de performance
social e/ou ambiental
utilizada
Indicadores de
lucratividade ou
desempenho
financeiro utilizados
Resultados encontrados
2007 KITAHARA, J. R. Investimentos e
políticas de RSE
versus lucratividade
Balanço Social Resultado Operacional A hipótese da relação entre as
variáveis não foi rejeitada
2010 EMMANUEL, T. L. Investimentos em
práticas sociais versus
desempenho financeiro
Balanço Social ROA e ROE Relação positiva entre as variáveis
2011 ORELLANO, V. I. F.;
QUIOTA, S.
Investimentos
socioambientais versus
desempenho financeiro
Balanço Social ROA e ROE Relação positiva no que se refere aos
indicadores sociais internos e nenhum
resultado encontrado quanto às
demais variáveis (indicadores
externos e ambientais)
2011 MACHADO, M. A. V.;
MACHADO, M. R.
Investimentos sociais e
ambientais versus
resultados financeiros
positivos
Balanço Social Receita líquida Relação positiva no que se refere aos
indicadores sociais internos e
externos; não foram encontrados
indícios quanto aos indicadores
ambientais
2012 CARRIJO, B. T.;
MALAQUIAS, R. F.
Responsabilidade
Social Corporativa
versus desempenho
Índice de Sustentabilidade
Empresarial
Receita bruta e ativo
total
Quanto aos investimentos sociais
internos e externos, a relação teve
resultados significativos. Já com
relação aos indicadores ambientais, a
correlação foi negativa e não
significativa
58
2013 LIMA, A. A. P.; et al. Investimentos
socioambientais versus
desempenho financeiro
Balanço Social ROA, ROE, ROM,
ROS, lucro líquido,
EBITDA, receita
líquida
Não foi encontrada nenhuma relação
estatística significativa entre as
variáveis
2013 MORAIS, J. R. de. Índice de
Sustentabilidade
Empresarial versus
desempenho financeiro
Índice de Sustentabilidade
Empresarial
LAJIR A variação no LAJIR de empresas que
entram na carteira ISE não é mais
significante do que a das empresas
que não participam da carteira
2014 MADRUGA, S. R. Estágio de maturidade
da gestão socialmente
responsável versus
desempenho
econômico-financeiro
empresarial
Indicadores de
Responsabilidade Social
Empresarial propostos pelo
Instituto Ethos de
Responsabilidade Social
ROE, ROI e ABITDA Tendência positiva e diretamente
proporcional do ROE, ao nível de
significância de 5%, com os
indicadores de desempenho
2014 ARAÚJO, G. A. de;
COHEN, M.; SILVA, J.
F. da.
Investimentos em boas
práticas ambientais
versus desempenho
financeiro das
empresas
Questionário realizado pela
Editora Análise, publicado na
revista Análise Gestão
Ambiental, sobre iniciativas
ambientais das empresas
ROE, Liquidez Geral,
Endividamento Geral
Não foram encontradas diferenças
significativas dentro da amostra com
relação ao desempenho financeiro
2015 FREGUETE, L. M.;
NOSSA, V.;
FUNCHAL, B.
Desempenho social
corporativo versus
desempenho financeiro
corporativo
Índice de Sustentabilidade
Empresarial
Valor de mercado da
empresa, LAJIR,
Market to book
O fato de as empresas estarem listadas
no ISE-BOVESPA não alterou o
desempenho financeiro das mesmas
59
APÊNDICE B - EMPRESAS DE SANEAMENTO BÁSICO DO BRASIL CONSTITUÍDAS SOB A FORMA JURÍDICA DE
SOCIEDADE ANÔMIMA
Município Estado Prestador Município Estado Prestador
Maceió AL Companhia de Saneamento de Alagoas Porto Velho RO Companhia de Águas e Esgotos de
Rondônia
Manaus AM Manaus Ambiental Boa Vista RR Companhia de Águas e Esgotos de Roraima
Manaus AM Companhia de Saneamento do Amazonas Porto Alegre RS Companhia Rio-Grandense de Saneamento
Macapá AP Companhia de Água e Esgoto do Amapá Uruguaiana RS Foz de Uruguaiana S/A
Itabuna BA Empresa Municipal de Água e Saneamento
Ambiental S/A Blumenau SC Foz de Blumenau
Salvador BA Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. Florianópolis SC Companhia Catarinense de Águas e
Saneamento
Fortaleza CE Companhia de Água e Esgoto do Ceará Itapema SC Companhia Águas de Itapema Ltda
Brasília DF Companhia de Saneamento Ambiental do
Distrito Federal Joinville SC Companhia Águas de Joinville
Cachoeiro de
Itapemirim
ES Foz de Cachoeiro S/A Tubarão SC Tubarão Saneamento S.A.
Vitória ES Companhia Espírito-Santense de Saneamento Aracaju SE Companhia de Saneamento de Sergipe
Goiânia GO Saneamento de Goiás S/A Andradina SP Águas de Andradina
São Luís MA Companhia de Saneamento Ambiental do
Maranhão Araçatuba SP Soluções Ambientais de Araçatuba S.A.
Belo
Horizonte
MG Companhia de Saneamento de Minas Gerais Araçoiaba da
Serra
SP Águas de Araçoiaba
Campo
Grande
MS Empresa de Saneamento de Mato Grosso do
Sul S/A Campinas SP Sociedade de Abastecimento de Água e
Saneamento
Campo
Grande
MS Águas Guariroba S/A Castilho SP Empresa Águas de Castilho S/A
Cuiabá MT CAB Cuiabá Diadema SP Companhia de Saneamento de Diadema
60
Belém PA Companhia de Saneamento do Pará Guaratinguetá SP Companhia de Serviço de Água, Esgoto e
Resíduos de Guaratinguetá
João Pessoa PB Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba Itu SP Águas de Itu Exploração de Serviços de
Água e Esgoto S.A.
Recife PE Companhia Pernambucana de Saneamento Jundiaí SP DAE S/A - Água e Esgoto
Teresina PI Águas e Esgotos do Piauí S/A Limeira SP Foz de Limeira S.A.
Curitiba PR Companhia de Saneamento do Paraná Mairinque SP Saneaqua Mairinque S/A
Paranaguá PR CAB Águas de Paranaguá S/A Mauá SP Foz de Mauá S/A
Araruama RJ Concessionária Águas de Juturnaíba S/A Mirassol SP Saneamento de Mirassol - Sanessol S.A
Cabo Frio RJ Prolagos S/A - Concessionária de Serviços
Públicos de Água e Esgoto Nova Odessa SP Cia de Desenvolvimento de Nova Odessa
Campos dos
Goytacazes
RJ Águas do Paraíba S/A Palestina SP Empresa de Saneamento de Palestina
Niterói RJ Águas de Niterói S/A Piquete SP CAB Piquete
Petrópolis RJ Águas do Imperador S/A Porto Ferreira SP Foz do Brasil - Unidade Porto Ferreira
Resende RJ Águas das Agulhas Negras Santa Gertrudes SP Foz de Santa Gertrudes S.A.
Rio de
Janeiro
RJ Companhia Estadual de Águas e Esgotos São Paulo SP Companhia de Saneamento Básico do
Estado de São Paulo
Rio de
Janeiro
RJ Fab Zona Oeste S.A. Votorantim SP Águas de Votorantim S/A
Natal RN Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande
do Norte Palmas TO Companhia de Saneamento do Tocantins