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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA RAYSSA LAYANE LOPES DE LIMA GARANTIA LITERÁRIA: revisão de literatura organização e representação da informação ORIENTADORA: Profa. MSc. Rildeci Medeiros NATAL RN 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

RAYSSA LAYANE LOPES DE LIMA

GARANTIA LITERÁRIA:

revisão de literatura – organização e representação da informação

ORIENTADORA: Profa. MSc. Rildeci Medeiros

NATAL – RN

2014

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A Eros Gibson e Wandyr Villar, no qual se tornaram colegas de graduação e, ... cunhado por Edward Whydham Hulme, entre 1911 e

RAYSSA LAYANE LOPES DE LIMA

GARANTIA LITERÁRIA:

revisão de literatura – organização e representação da informação

Monografia apresentada ao curso de Biblioteconomia, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial e exame da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso.

ORIENTADORA: Profa. MSc. Rildeci Medeiros

NATAL – RN

2014

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Lima, Rayssa Layane Lopes de. Garantia literária: revisão de literatura – organização e representação da informação / Rayssa Layane Lopes de Lima – Natal, RN, 2014.

34 f.

Orientador(a): Prof. Msc. Rildeci Medeiros. Monografia (Bacharelado). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Curso de Biblioteconomia

1. Garantia literária. 2. Organização da informação. 3. Representação da informação. I. Medeiros, Rildeci II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.Título.

UERN/BC CDU 025

Catalogação da Publicação na Fonte.

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

Bibliotecário: Sebastião Lopes Galvão Neto – CRB - 15/486

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RAYSSA LAYANE LOPES DE LIMA

GARANTIA LITERÁRIA:

revisão de literatura – tratamento e organização da informação

Monografia apresentada ao curso de Biblioteconomia, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial e exame da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso.

MONOGRAFIA APROVADA EM 04/12/2014

BANCA EXAMINADORA

Profa. MSc. Rildeci Medeiros

(Orientadora)

Profa. Dr. Fernando Luiz Vechiato

(Membro)

Prof. Me. Francisco De Assis Noberto Galdino De Araujo

(Membro)

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AGRADECIMENTOS

Seria impossível iniciar qualquer agradecimento sem citar os meus pilares. As

bases para o amor, para perseverança e para meu norte. Por toda a dedicação,

agradeço a minha avó, Rita Tavares (in memorian), mãe - Eliete Lima e irmã -

Ruthilene Lima. Este sonho concretizado não começou nos anos de faculdade;

começou na dedicação de me mostrarem os melhores caminhos e de se esforçarem

para que eu os seguissem.

Agradeço a Ana Paula Ribeiro Fernandes. Quem, com muito amor, ainda no

início da graduação, me instigou, me motivou, me criticou, me deu força e me

acompanhou em diversas jornadas. Te agradeço e dedico cada grão de sucesso

que obtenho e hei de obter.

A minha tia, Rosa Alcântara, por todo o amor dedicado.

Aos professores do Departamento de Ciência da Informação da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte.

A Nadia Vanti, Monica Carvalho e Jacqueline Souza – professoras que se

tornaram grandes exemplos de profissionalismo e caráter, das quais muito aprendi,

muito me espelho e dedico profundo carinho.

A Rildeci Medeiros, exemplo de pesquisadora, da qual agradeço todo o

esforço de orientar essa pesquisa e também transmitir tanto conhecimento

adquirido.

A Sebastião Lopes Galvão Neto, por muito me ensinar e por me dar a

oportunidade de conviver com um profissional íntegro, no qual me honro de

constatar que terá um pouco de si em minha jornada profissional.

A Eros Gibson e Wandyr Villar, no qual se tornaram colegas de graduação e,

posteriormente, companheiros de vida e muito contribuíram para a bibliotecária que

venho a ser.

A todos aqueles que contribuíram, direta ou indiretamente, para esta

conquista.

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Somos filhos do cosmos Trazemos em nós o mundo físico

Trazemos em nós o mundo biológico mas com e em nossa singularidade própria

em outras palavras: para enfrentarmos o desafio da complexidade, precisamos de princípios

organizadores do conhecimento

Edgard Morin

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RESUMO

Este estudo analisa o princípio de Garantia Literária em organização e

representação da informação. O seu objetivo principal é desenvolver uma pesquisa

bibliográfica e, consequentemente, uma revisão de literatura sobre essa temática.

Considerando a escassez da produção acadêmica em ciência da informação, no que

se refere à Garantia Literária, proponho-nos investigar essa questão. Nesse sentido,

utiliza-se como metodologia de trabalho a pesquisa bibliográfica. Diante disso, a

revisão de literatura remete para conceitos e ferramentas relacionados à Garantia

Literária, para fins de organização e representação da informação. Por isso,

enfatiza-se a importância de novos estudos que busquem ampliar noções básicas

sobre o tema em discussão, sobretudo, por parte de pesquisadores da área de

Ciência da Informação. Ademais, estudos que privilegiam os princípios relacionados

a esse campo de investigação, no sentido de ampliar a relação dessa garantia aos

outros tipos de garantias dispostos na literatura, tais como: garantia de usuário,

garantia cultural, garantia organizacional e garantia acadêmica. Enfim, entende-se a

necessidade de novos estudos sobre esse tema e os assuntos correlatos.

Palavras-chave: Garantia literária. Organização da Informação. Representação

da informação.

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ABSTRACT

This study analyzes the principle of Literary Warranty on organization and

representation of information. Accordingly, it is used as work method the

bibliographic research. Its main objective is to develop a bibliographic research and

therefore a literature review on this topic. Considering the lack of academic

production in information science, as regards the Literary Warranty, we propose the

investigation of this question. Therefore, the literature review refers to concepts and

tools related to Literary Warranty, for organization and representation of information.

So, the emphasis is in the importance of new studies that seek to expand the basic

notions of the topic under discussion, especially from researchers on the Information

Science field. Furthermore, studies that focus the principles related to this field of

investigation, with the intention of expand the relation of that warranty to other types

of warranties disposed in the literature, such as: user warranty, cultural warranty,

organizational warranty and academic warranty. Anyway, realizes the need for

further research on this topic and others related.

Keywords: Literary Warrant. Organization of information. Representation of

information.

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LISTA DE SIGLAS

ABNT

AKO

AAL

CDD

CCSA

CI

DEBIB

DECIN

GL

IFLA

ISO

KO

KOSA

NBR

SRI

TIC

UFRN

UNESCO

Associação Brasileira de Normas Técnica

Advances in Knowledge Organization

Association of Assistant Librarian

Classificação Decimal de Dewey

Centro de Ciências Sociais Aplicadas

Ciência da Informação

Departamento de Biblioteconomia

Departamento de Ciência da Informação

Garantia Literária

International Federation of Library Associations and Institutions

International Organization for Standardization

Knowledge Organization

Knowledge Organization in Subject Areas

Norma Brasileira

Sistema de Recuperação de Informação

Tecnologias de Informação e Comunicação

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 10

2 ORGANIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO................ 12

3 GARANTIA LITERÁRIA: ASPECTOS GERAIS.................................... 17

3.1 VARIAÇÕES DO PRINCÍPIO DE GARANTIA LITERÁRIA................. 18

3.1.1 Garantia de usuário......................................................................... 18

3.1.2 Garantia cultural.............................................................................. 20

3.1.3 Garantia organizacional.................................................................. 21

3.1.4 Garantia acadêmica ........................................................................ 22

4 GARANTIA LITERÁRIA: APLICAÇÕES DO PRINCÍPIO..................... 24

4.1 ABORDAGENS TOP DOWN E BOTTOM UP...................................... 24

4.2 GARANTIA LITERÁRIA COMO FERRAMENTA DE VALIDAÇÃO...... 24

4.2.1 Validação sociolinguística.............................................................. 25

4.2.2 Validação terminológica................................................................. 25

4.2.3 Validação linguística....................................................................... 26

4.4.4 Validação jurídica............................................................................ 26

4.5 GARANTIA LITERÁRIA: DA RECUPERAÇÃO TEMÁTICA DE INFORMAÇÃO ESPECIALIZADA A DISPOSITIVO DE AVALIAÇÃO DE LINGUAGENS OU ESTRUTURAS CONCEITUAIS.......................

27

5 GARANTIA LITERÁRIA PARA IDENTIFICAÇÃO DE “CORE TOPICS” E “FRINGE TOPICS” ............................................................

28

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 29

REFERÊNCIAS

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1 INTRODUÇÃO

Esta monografia apresenta como tema central de reflexão, a Garantia

Literária. Associado à essa temática torna-se implícito o conceito de informação,

como objeto de discussão no âmbito desse campo de investigação. Diante da

complexidade da noção de informação, buscamos discuti-la, neste estudo, em

função da sua relevância para a Garantia Literária. Com isso, a acepção sobre

informação tornou-se indiretamente objeto de discussão. Assim, sua noção será

abordada em relação ao princípio de Garantia Literária, haja vista sua importância

para o tratamento e/ou organização e representação da informação no campo da

Ciência da Informação (CI).

Tratar e representar a informação sempre foi fundamental para profissionais

que com ela lidam. Essas atividades, sempre foram consideradas complexas para

discussão, entendimento e aplicação. Ressaltamos que estudos sobre nossa

temática têm relação com as pesquisas de história do livro e da escrita. Assim,

muitos recursos surgiram, com o decorrer dos anos, para preencher as lacunas

presentes na representação da informação propriamente dita.

Diante desse cenário surge o termo Garantia Literária. Este, por sua vez, foi

cunhado por Edward Whydham Hulme, entre 1911 e 1912. Cabe-nos enfatizar, que

a o campo de investigação da Garantia Literária está inserido no ramo do

conhecimento Ciência da Informação.

Na nossa trajetória para o desenvolvimento desta monografia percebemos a

escassez de produções científicas sobre o assunto, ou seja, documentos que tragam

noções básicas, por exemplo, conceitos e definições essenciais para sua

compreensão e o aprofundamento de princípios. Com efeito, tornou-se rarefeita a

produção científica sobre o tema em questão, principalmente, no Brasil.

Com base nesses aspectos, este trabalho tem como objetivo principal

desenvolver uma pesquisa em Garantia Literária que amplie sua noção e, ainda,

apresente subsídios para o tratamento e representação da informação. Decorrente

desse objetivo, emergiram os objetivos específicos, a saber: a) desenvolver uma

revisão de literatura acerca do assunto; b) descrever o princípio da Garantia

Literária; c) analisar as publicações brasileiras sobre o tema; d) constatar os

principais pesquisadores que desenvolveram estudos em Garantia literária; e, por

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fim, e) compreender a garantia literária no ramo da organização e representação do

conhecimento.

Para tratar da garantia literária, enquanto recurso em representação da

informação, compreende-se que é necessário expor seus aspectos históricos e sua

evolução no âmbito da Ciência da Informação. Também é considerado importante a

discussão advinda sobre os conceitos empregados por pesquisadores do tema.

Ainda que tenham sido detectados estudos relevantes que abordam a

Garantia Literária, como objeto de estudo, foi detectado nessas pesquisas que, até a

atualidade, permanece a escassez de estudos aprofundados sobre a temática em

questão. Pois, observamos que certos estudos fazem menções superficiais, sem

análises detalhadas ou demonstração de conceitos básicos dessa área do

conhecimento.

Assim, uma das questões motivadoras deste estudo foi a visualização da

ferramenta - Garantia literária – como instrumento fundamental para a organização e

representação da informação e, ainda, por apresentar poucas pesquisas no Brasil.

Também motivou este trabalho as pesquisas desenvolvidas na Linha de Pesquisa

Organização e Tratamento da Informação, do Departamento de Ciência da

Informação, da UFRN, que resultou em debates, questionamentos, esclarecimentos

e informação agregada. Além disso, vislumbrar o desenvolvimento de aspectos

teóricos e metodológicos para a área de Organização e Representação do

Conhecimento, em Ciência da Informação, tornou-se inevitável, em especial, no que

se refere à classificação, indexação, tesauros e cabeçalhos de assunto.

O procedimento metodológico adotado para este trabalho foi de uma pesquisa

de caráter exploratório, sobretudo, por meio de um levantamento bibliográfico, para

a análise e descrição dos estudos desenvolvidos por autores de diferentes línguas.

O universo da pesquisa foram bases de dados, bibliotecas digitais e periódicos

online em Ciência da Informação, escala temporal, 2010 e 2014. Os dados serão

obtidos a partir de revisão de literatura.

Quanto à estrutura do trabalho, esta é apresentada, inicialmente, por meio

desta introdução.

O segundo capítulo intitulado “Organização e representação da informação”,

traz, de modo geral, uma discussão sobre certos processos de organização e de

representação do conteúdo de documentos.

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No terceiro capítulo “Garantia literária: aspectos gerais”, é ressaltado o

contexto histórico do tema, desde o ano de seu surgimento até suas primeiras

discussões na literatura especializada, dentre outros pontos. Nesse mesmo capítulo

serão discutidos outros tipos de garantias, derivados da garantia literária, ou seja:

garantia de usuário, garantia cultural, garantia organizacional e garantia acadêmica.

Nessa direção, serão expostos em sub-tópicos seus conceitos e seus objetivos.

No quarto capítulo, intitulado “Garantia Literária: aplicações do princípio”

serão abordadas as abordagens top down e bottom up”, ferramentas importantes

para representação da informação. Posteriormente serão assinaladas algumas

validações de caráter linguístico, terminológico e jurídico, no qual estão inseridas as

aplicações de Garantia Literária.

O quinto capítulo, “garantia literária para identificação de ‘core topics’ e ‘fringe

topics’”, será o último capítulo a tratar de conceitos relacionados a aplicação do

nosso objeto de estudo.

Por fim, são apresentadas as considerações finais, em que se expôs as

reflexões advindas do estudo em tela, as quais foram apreendidas no decorrer do

desenvolvimento deste trabalho monográfico. Daí sua importância para o meu

processo de aprendizagem e, consequentemente, para a minha formação

profissional no que diz respeito à organização e à representação da informação.

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2 ORGANIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Para tratar de aspectos teóricos de organização e tratamento da informação,

é importante, a priori, discutirmos as definições desses termos. Estes, por

consequentemente, são definidos, respectivamente, pelo dicionário Michaelis (2014)

como: “organização como ato ou efeito de organizar; estado em que se acha

organizado”. No que se refere ao termo representação, este é definido como: “ato ou

efeito de representar, exibir e expor”. Por fim, informação é definido no mesmo

dicionário como: “ato ou efeito de informar; transmissão de notícias”.

Para a Ciência da Informação, o conceito de “informação” traz indagações e

conceituações bem mais detalhadas, pois esta ciência busca métodos e teorias que

gerenciem e disseminem com eficiência a informação.

Para melhor explicitação, trazemos a acepção de informação com base em

Silva e Ribeiro (apud SOUSA, 2012, p.2) os quais afirmam que, a informação é:

[Um] conjunto estruturado de representações mentais codificadas (símbolos significantes) socialmente contextualizadas e passíveis de serem registradas num qualquer suporte material (papel, filme, banda, magnética, disco compacto, etc) e, portanto, comunicadas de forma assíncrona e multidirecionada.

Nesse sentido, a informação é concebida como um texto, imagem, ou

qualquer símbolo que pode ser compreendido e registrado. Para o registro da

informação, pesquisadores do campo da Ciência da informação tem buscado

princípios tanto de ordem teórica quanto de ordem metodológica para o

desenvolvido dos processos de tratamento e representação da informação.

Segundo Souza (2012, p. 103) “os processos de produção, tratamento e

disseminação da informação passaram por mudanças significativas na trajetória da

comunicação do conhecimento”1. Influências culminaram essa evolução e são

identificadas quatro fases que as impulsionaram e proporcionaram a criação desses

instrumentos, visando a recuperação de documentos. Essas fases são, assim,

denominadas: caos documentário – expressão extraída da obra de Bradford (1961

1 Para escopo desta pesquisa corroboramos com afirmações sobre produção, tratamento e

disseminação da informação por entender que o mesmo abarca a questão da organização e representação da informação.

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apud SOUZA); explosão da informação, avalanche de conhecimento e revolução

tecnológica – expressões bastante disseminadas pela literatura desse campo do

conhecimento.

O fato é que a organização e a representação da informação são recursos da

Ciência da Informação. Esta, por sua vez, dialoga com outras áreas do

conhecimento, tais como: filosofia, linguística, documentação, comunicação, entre

outras. Isso, para facilitar, essencialmente, o acesso a documentos e sua

recuperação em unidades de informação.

Para Campos (1995), é importante destacar a menção de Wüster, autor da

Teoria Geral da Terminologia sobre a semelhança entre a normalização

terminológica e a elaboração de tesauros. Ainda, o pesquisador indica uma maior

aproximação entre profissionais da informação e terminólogos.

Nesse sentido, Gomes, Campos e Guimarães (2010, p. 2) afirmam que:

A organização do conhecimento, desde Aristóteles, experimentou sucessivas formas de ordenação e classificação; estas influenciadas pelo contexto (tempo e forma). Assim, tanto a evolução do conhecimento, dos artefatos e engenhocas humanas produziram valores e especificidades de uso/aplicação até chegarmos ao recorte informação.

Os filósofos trouxeram grandes influências para a organização e para a

representação do conhecimento, pois esses estiveram sempre preocupados com a

sistematização do conhecimento. Para tanto, registraram teorias e técnicas que se

tornaram o embasamento teórico de futuros pesquisadores em organização da

informação.

San Segundo (apud PINHO, 2006) destaca Platão (427-234 a.C.), pela sua

classificação das ciências. Platão dividiu o conhecimento em Lógica, Física e Ética.

Aristóteles (384-322 a.C.) também recebe destaque pois, dividiu as ciências de

acordo com os seus fins poéticos (produção), práticas (ação) e teorias

(pensamento). Por fim, é mencionado Francis Bacon (1561-1626) que considerou

pertinente a divisão ente memória, razão e imaginação.

A partir desse período, a organização da informação tem como objetivo

oferecer princípios e métodos para representar “[...] o conhecimento

institucionalizado e funcionalizado como informação” (ABRIL apud KOBASHI, 2007).

Com isso, destacamos as linguagens documentárias ou linguagens de

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representação. Além disso, assinalamos que a informação documentária é o produto

que a organização da informação busca gerar, e, para tal atividade cria métodos e

produtos no âmbito da análise documentária, por exemplo, indexação e resumo.

O conceito de organização do conhecimento, geralmente, traz uma

abordagem conflituosa no que se refere a organização da informação. Pois, não há

uma delimitação clara para esses termos. Pesquisadores utilizam o termo

“organização do conhecimento”, assim como também norteiam suas pesquisas com

o termo “organização da informação”

De acordo com essa descrição do termo informação, esta é, para a CI, de

grande complexidade e de grande abstração. Por isso, não pode ser abordada

“matematicamente”. Assim, ela pode ser caracterizada como algo que possui

sentido, que pode ser compreendido.

Após a compreensão da informação nesse campo do conhecimento e de seu

alinhamento junto a outras informações, já absorvidas por um indivíduo, é que se

produz conhecimento. Assim sendo, torna-se uma informação já processada.

Nessa direção, pode-se elucidar esse processo e sua forma hierárquica, ou

seja:

Elaborado pelo autor

Partindo deste pressuposto, avalia-se que diante do significado dos termos,

pode-se considerar como o mais pertinente o uso de “organização e representação

da informação”.

Com o desenvolvimento da organização e da representação da informação,

em Ciência da Informação, percebe-se que, na atualidade, com a notoriedade de

pesquisas envolvendo o tema, surge em 22 de julho de 1989, em Frankfurt/Main

(Alemanha) a International Society for Knowledge Organization (ISKO).

Com isso, a ISKO é, hoje, a mais importante sociedade internacional voltada

para organização do conhecimento. Ela tem como missão avançar os trabalhos

conceituais na organização do conhecimento em todas as suas formas, e para todos

Dado Informação Conhecimento

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os tipos de propostas, desde a organização em bibliotecas, em bases de dados, até

em dicionários e, ainda, na internet.

Atualmente, a ISKO se caracteriza como uma sociedade de caráter

interdisciplinar, abarcando diversos profissionais, a saber: linguistas, filósofos,

cientistas da computação, cientistas da informação e, também, informáticos para a

área médica (PINHO, 2006). Entre muitas atividades, ela destaca-se por meio de

conferências internacionais produzidas a cada dois anos, conferências regionais

para temas mais específicos, publicação da ISKO News, publicação das séries

Advances in Knowledge Organization (AKO) e Knowledge Organization in Subject

Areas (KOSA) e a publicação da revista científica mais importante da área de

Representação – a Knowledge Organization (KO).

É importante também mencionar que essa sociedade assiste organizações

internacionais e nacionais, tais como: a Comissão Europeia, a ISO (International

Organization for Standardization), a IFLA (International Federation of Library

Associations and Institutions) e a UNESCO (United Nations Educational, Scientific

and Cultural Organization).

Podemos perceber, com estas informações, o nível de consolidação social e

científica que a ISKO apresenta, hoje, e a relevância que isso traz para a Ciência da

Informação e, consequentemente, oferece a pesquisadores da área subsídios para

pesquisa e espaço para debates.

Uma importante produção da ISKO para a representação do conhecimento foi

o desenvolvimento de um sistema de classificação. Este sistema abarca,

especificamente, assuntos dessa área. Tal classificação foi desenvolvida e proposta,

em 1993, por Ingetraut Dahlberg (apud PINHO 2006).

A respeito da classificação, esta tem como característica a decimalidade.

Dahlberg apud Pinho (2006, p. 33) esclarece que “é uma sequência de facetas, que

pode ser usada em todas as áreas e campos de assuntos e ajuda a memorizar o

que precisa ser considerado como objeto para cada campo de assunto”. As divisões

da classificação são, assim, representadas:

0 Divisões de Forma.

1 Fundamentos Teóricos e Problemas Gerais de Organização do

Conhecimento.

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2 Sistemas de Classificação e Tesauros. Estrutura e Construção.

3 Metodologia de Classificação e Indexação.

4 Sistemas de Classificação Universais.

5 Sistemas de Classificação de Objetos Especiais (Taxonomias).

6 Sistemas de Classificação de Assuntos Específicos.

7 Representação do Conhecimento por meio de Linguagem e Terminologia.

8 Classificação e Indexação Aplicadas.

9 Ambiente da Organização do Conhecimento.

À vista disso, reconhecemos que o sistema de classificação de Dahlberg,

hoje, ampara pesquisadores para desenvolver seus estudos e progredir na temática

de representação do conhecimento.

Com o desenvolvimento das ferramentas de representação do binômio

informação-conhecimento, surgiram novas necessidades e, por consequência, as

classificações, os vocabulários e os tesauros, haja vista a necessidade de extração

e do estabelecido de um melhor vocabulário. Assim, surge em organização e

representação da informação/conhecimento o princípio de GI, a qual busca manter

uma estrutura lexical com respaldo na literatura especializada e sem considerações

teóricas e suposições.

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3 GARANTIA LITERÁRIA: ASPECTOS GERAIS

A garantia literária, enquanto termo cunhado por Edward Whydham Hulme,

entre 1911 e 1912, foi divulgada na obra Principles of book classification, nesta

mesma faixa de tempo. Hulme foi um classificador britânico engajado em diferentes

ramos da ciência, incluindo a área de patentes. A garantia literária tem como objeto

de descrição os termos a serem utilizados para a representação da informação, seja

em uma classificação, seja na elaboração de tesauros, seja no processo de

indexação e, ainda, em cabeçalhos de assunto.

Nessa direção, Hulme (1911) afirma que, a "garantia literária significa que a

base para a classificação deve ser encontrada na literatura publicada, em vez de

ideias filosóficas abstratas - ou seja - puramente teóricas". Ainda, Hjᴓrland (2007, p.

1, tradução nossa) define garantia literária como "um princípio da organização do

conhecimento de modo empírico que deve ser adaptado, assim, sem poder ser

aplicado a amostras de documentos diferentes".

Para traçar uma relação entre o criador desse princípio e suas atividades para

a área de documentação, foi percebida uma dificuldade de se encontrar materiais

que discorram sobre o assunto. Com exceção da tese de doutorado de Mario Barité,

que detalhou algumas informações sobre Edward Hulme. Com isso, Barité destaca

percepções pertinentes sobre o pesquisador em questão, ou seja:

[Percebemos o] perfil de um homem estudioso, dedicado conscienciosamente à recompilação e associação de dados sobre a evolução da ciência e, em especial, das distintas tecnologias. Muitos de seus estudos têm uma perspectiva histórica e não se deve ignorar o fato de que as chaves da evolução de muitas tecnologias se encontram presentes - e visíveis para os olhos de um analista inquieto - nos repertórios de patentes e os que teve um acesso privilegiado (BARITÉ, 2011, p. 35, grifo do autor, tradução nossa).

Após o ano de 1912, a garantia literária não se apresentou em publicações,

somente quase quarenta anos depois. Segundo Barité et al. (2010, p. 125) isso

ocorreu em uma edição de publicação independente da Association of Assistant

Librarian (AAL). Com o passar das décadas, a garantia literária continua a margem

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da Ciência da Informação por não estar presente em um número significativo nas

suas publicações.

Quanto a essas elucidações, constatamos o perfil de um profissional

empreendedor e que buscou colaborar para com a ciência, de forma geral, ao atuar

em áreas distintas. Prova disso foi sua dedicação a estudar e publicar sobre a

história da ciência e tecnologia, durante sua participação na The Newcomen

Society2, do qual se tornou vice-presidente em 1928 até o ano de 1937.

Edward Hulme (1859-1954) também atuou como bibliotecário da Oficina

Britânica de Patentes (British Patent Office). Ademais, ele desenvolveu estudos

sobre concessão de patentes, no qual foram publicados pela revista Law Quarterly

Review (BARITÉ, 2011).

Ainda sobre Hulme, torna-se essencial destacar a relação do pesquisador

com a Bibliometria3. Pois, Hulme é declarado como um dos precursores da

bibliometria. Ao participar de uma conferência, na Universidade de Cambridge, em

1922, Hulme discute o tema “Bibliografia estatística” – Statistical bibliography.

Para Hjørland (2005 apud BARITÉ, 2011, p. 36) Hulme mencionou o termo

acima citado para fim de desvendar o processo pelo qual se pode esclarecer a

história da ciência e tecnologia pelo conteúdo dos documentos.

A garantia literária tem como ideia que a literatura que vem a ser trabalhada

em um documento posteriormente organizado e representado seja a fonte de

extração e validação terminológica para que seja dada a ela confiabilidade.

Segundo Barité (2010) a garantia literária não provém de uma representação

da informação baseada em aspectos formais empregados em teorias. Ela agrega

confiabilidade na documentação a qual uma informação é discutida ou publicada.

A respeito da GI, observamos que foi detectado em estudos de pesquisas que

esse campo de investigação permanece, até a atualidade, com poucos estudos que

se aprofundem sobre a garantia literária. Em geral, o que ocorre são menções

superficiais sobre esse tema, sem noções básicas e, ainda, análises detalhadas ou

abordagens de ordem teórico-conceitual.

2 Conforme Barité (2011) a The Newcomen Society afirma ser a mais antiga sociedade dedicada a

estudar a história da engenharia e da tecnologia. 3 Tague-Sutckiffe (apud VANTI, 2002, p. 154) define bibliometria como “[...] o estudo dos aspectos

quantitativos da produção, disseminação e uso da informação registrada. A bibliometria desenvolve padrões e modelos matemáticos para medir esses processos, usando seus resultados para elaborar previsões e apoiar tomadas de decisões”.

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Este fato tornou-se motivador para o desenvolvimento deste trabalho, como

um recurso para trazer mais discussões sobre garantia literária. Com efeito, tornou-

se possível expor a GI tanto como metodologia, quanto um conceito-chave do ramo

da organização e representação da informação-conhecimento, no âmbito da Ciência

da Informação.

Após o surgimento desse princípio, foram criados novos termos que se

tornaram ramificações da garantia literária, para, assim, auxiliar o profissional da

informação em suas atividades de representação, ou seja: garantia de usuário,

garantia cultural e garantia organizacional. Assim sendo, serão expostos, em

seguida, como estes recursos atendem essas necessidades de informação.

3.1 VARIAÇÕES DO PRINCÍPIO DE GARANTIA LITERÁRIA

Em estudos de revisão de literatura foi analisada a perspectiva dos pares a

fim de compreender se a garantia literária daria respaldo suficiente para profissionais

da informação exercerem suas atividades, no que concerne ao processo de

representação da informação. Segundo Barité et al. (2010, p. 135) a garantia

literária, por si só, poderia ser insuficiente como base de uma metodologia de

construção de estruturas conceituais.

Dessa forma, pesquisadores indicam o uso de recursos relacionados a

garantia literária, conforme já mencionados - garantia de usuário, garantia cultural e

garantia organizacional. Cada um, por sua vez, contempla uma vertente e são

pertinentes como auxílio no processo de organização e representação da

informação.

3.1.1 Garantia de usuário

Ao analisar a temática de garantia de usuário para a representação da

informação foram encontrados termos relacionados, tais como: endosso do usuário

e garantia de uso. Estes termos, por conseguinte, abarcam o mesmo conceito,

porém, será utilizado neste trabalho o termo “garantia de usuário”.

A garantia de usuário é definida pelo Diccionario de organización del

conocimiento (2013) como: “Selección de la terminología de un vocabulario

controlado con base en el lenguaje, las estructuras cognitivas y el comportamiento

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de los usuarios al momento de buscar información.”. Assim, a garantia de usuário

tem como foco a formação de vocabulários e indexação atenta às necessidades de

informação dos usuários, verificando-se tendências de busca em sistemas de

informação e coletando demandas informacionais.

Segundo Moreira e Moura (2006), é comum construir-se vocabulários com

termos que estão garantidos por suas propriedades estruturais. Esses, geralmente,

são selecionados para representar os suportes informacionais. Isto acontece em

tesauros e também em classificações. Exemplo disto é o termo “tipos de escolas”

encontrado na Classificação Decimal de Dewey (CDD). O termo está inserido na

classificação, mesmo não sendo comum esse tipo de busca.

A garantia de usuário tem como objetivo estabelecer uma política de

indexação ou formulação de tesauros de acordo também com os léxicos utilizados

pelos usuários para recuperação da informação. A propósito, Moreira e Moura

(2006) afirmam, ainda, que “é importante acatar o vocabulário dos usuários e

através dele conduzir as requisições que eles fazem aos descritores de um

vocabulário mais especializado”.

Diante dessas circunstâncias, é importante o uso da garantia de usuário para

a indexação e formação de vocabulários. Ao pesquisar conteúdo em sistemas de

recuperação, os usuários tornam-se também formadores de vocabulário.

Lancaster (1977 apud BARITÉ, 2011, p. 151) caracteriza a garantia de

usuário na lógica de “a term is justified if requests for information at this level os

specificity are likely to bem ade fairly frequently by users of the system.”

Segundo Barité (2011), Lancaster ainda aponta para uma maior eficiência na

garantia de usuário nos vocabulários controlados ao ser comparada com a garantia

literária. Ao justificar essa eficiência ele dá um exemplo semelhante a este: um

classificador poderia fazer uma lista de termos com espécies de cavalos. Essa lista

está respaldada pela literatura que o compete, porém, se os usuários não utilizam

termos desta lista de espécies, no sistema de busca e recuperação da informação,

então ela não apresenta utilidade, pois não estará atendendo a necessidade de

informação do público que busca atender.

Desse modo, interpretamos uma valoração semelhante ao da garantia literária

para o processo de representação da informação, como recurso fundamental para

uma eficiente formação de vocabulário. Pois, a garantia literária abrange a literatura

em si. Já a garantia de usuário empenha-se em atender as necessidades de

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informação de uma comunidade. Assim, essa atividade pode ser bem sucedida por

meio de análise de buscas feitas em catálogos ou até mesmo com questionários e

discussões. Por fim, avaliamos que essa garantia pode ser uma atividade bem

sucedida para bibliotecas especializadas e tesauros muito específicos.

3.1.2 Garantia cultural

Após 54 anos da criação da garantia literária, é criada por Joel M. Lee a

proposta de Garantia cultural (Barité, 2007). Esta, com intenções não voltadas para

literatura, mas com necessidades de informação relacionadas a culturas de

determinados grupos sociais, que, consequentemente, têm diferentes formas de uso

da informação.

Em relação à noção de cultura, este termo pode variar conforme o contexto

de produção, haja vista que é um termo de definições muito variadas e que, em si,

trata das diferenças, da pluralidade. O cultural pode se elencar, evidentemente, ao

geográfico, por cada localidade ter sua própria cultura.

Podemos trazer esta alusão ao campo do Direito como área do

conhecimento. Isso porque, as subáreas, os temas e as decisões jurídicas,

dependendo de qual cultura e região estejam inseridos, esses poderão variar.

Assim, a representação da informação deverá acompanhar as diferentes

necessidades da mesma área do conhecimento.

Pinho (2006, p. 90) salienta que,

“[...] qualquer tipo de sistema de organização e/ou representação do conhecimento pode ser apropriado e útil para os indivíduos em alguma cultura, somente se for baseado nas suposições, valores e predisposições daquela mesma cultura”.

Nessa perspectiva, Barité (2011, p. 158, tradução nossa) afirma que:

A garantia cultural [...] orienta a garantia literária por formas locais da organização do conhecimento, mas também contribui para construir uma identidade, através de elementos de diferenciação, interpretação e a vivência da realidade.

Assim sendo, a garantia cultural se torna eficiente recurso, ao ser atrelada à

garantia literária para representação da informação, pois, garantirão uma alta

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confiabilidade terminológica perante a comunidade que terá acesso a informação

disseminada.

3.1.3 Garantia organizacional

Na atualidade, discute-se a atuação de recursos de organização e

representação, mas sem enfoques para gestão da informação em organizações.

Apesar disso, uma das garantias menos desenvolvida e discutida é a garantia

organizacional, submetida pela National Information Standards Organization. Certos

autores, como Mario Barité e José Augusto Chaves Guimarães, elucidam o impacto

que este tipo de atividade pode trazer para a ciência da informação, tanto com o

passar dos anos, quanto para a comunidade que ela busca atingir.

Assim, a garantia organizacional interliga-se, de modo geral, com a

organização da informação para organizações e corporações. Diante disso, essa

ferramenta aguarda sua ascensão e seu reconhecimento com a disseminação de

suas propostas. Segundo Barité (2011), uma das razões que justificam essa

importância é o reconhecimento da garantia organizacional por parte do padrão

norte-americano para a construção, formato e gestão de vocabulários controlados

monolíngues (National Information Standars Organization).

Ponjuán Dante (apud AMORIM E TOMAÉL, 2011, p. 3) afirma:

A informação passa a ocupar um lugar de destaque no que se refere aos recursos organizacionais, cabendo à sociedade observar e administrar os desafios em prol do desenvolvimento. Deste modo, administrar recursos informacionais passa a ser uma exigência para organizações que pretendem se manter no mercado.

Reconhecemos, que grandes organizações desenvolvem, por necessidade,

seu próprio vocabulário e seus próprios conceitos para os termos. Tais

desenvolvimentos podem proporcionar ruído na comunicação e interferir no

desenvolvimento dos colaboradores de uma corporação. Recursos e técnicas são

desenvolvidos para sanar tais necessidades informacionais, pois, como define

Barreto (1994, p. 3) informação “é qualificada como um instrumento modificador da

consciência do homem e de seu grupo”.

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Nesse sentido, Barité (2007 apud DIAS e ALVARENGA, 2011, p. 189) “[...]

frisa a importância da gestão do conhecimento e da informação técnica,

administrativa e logística para manter a troca de informação e cumprir os objetivos

organizacionais”.

Wright 1998; Hills e Jones 2001 (apud BARITÉ, 2011, p. 172, tradução nossa)

esclarecem que:

Para o cumprimento destes objetivos, são necessárias estratégias que mantenha bem estruturada uma organização perante sua cultura organizacional. São compreendidas, na cultura organizacional, crenças, costumes, normas e práticas que são compartilhados por pessoas e/ou grupos de pessoas que integram uma organização, e que incidem sobre suas atitudes e seu comportamento.

Dessa forma, a garantia organizacional prova sua eficiência por buscar

soluções para estas organizações que possuem mesclas de culturas, crenças e

perspectivas, por parte dos colaboradores e, assim, necessita de uma gestão da

informação. Para haver um intercâmbio de informação, haver um trabalho eficiente e

trazer resultados satisfatórios, é necessário um controle de vocabulário. Tal

vocabulário deve levar em consideração os termos preferidos e o contexto que esta

organização está inserida e neologismos, caso estes tenham sido desenvolvidos.

3.1.4 Garantia acadêmica

A expressão “garantia acadêmica” surge em meados de 1986, quando foi

citado por Clare Beghtol. Porém, só é notável na literatura de Ciência da informação

muito recentemente.

A garantia acadêmica busca uma justificação terminológica apoiando-se em

validações feitas em disciplinas. Segundo Boccato e Biscalchin (2014), a garantia

acadêmica é a identificação dos termos que retratam o consenso científico em cada

área científica especializada. Validações estas efetuadas por pesquisadores da área

em questão.

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Segundo Barité (2013, p. 169, tradução nossa) “A opinião de especialistas

fornecida ao processo de seleção dos termos de indexação e à identificação das

suas relações, é uma forma de garantia acadêmica”.

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4 GARANTIA LITERÁRIA: APLICAÇÕES DO PRINCÍPIO

Alguns métodos de aplicação foram desenvolvidos, no que se refere a

garantia literária ou também garantia de usuário. Tais recursos possuem forte

relação com a terminologia, a linguística e a área jurídica.

4.1 ABORDAGENS TOP DOWN E BOTTOM UP

As abordagens top down e bottom up, junto a abordagem híbrida, são as

metodologias mais eficientes para o desenvolvimento de sistemas de organização

do conhecimento - classificações, como taxonomias e como tesauros. Foi tomado

como referência a revisão de literatura de Mario Barité e Fernández-Molina (2012)

para descrever o objetivo destas abordagens.

Desse modo, a abordagem top-down possui uma lógica, ou seja, a divisão da

informação - do geral para o particular - e possui caráter dedutivo. O profissional da

informação deve utilizar um pouco de estratégias metacognitivas (FUJITA, 2006). O

enfoque top-down é, na maioria dos casos, o indicado para o desenvolvimento de

sistemas de classificação universais.

Barité e Fernández-Molina (2012, p. 68, tradução nossa) esclarecem também

que:

Os sistemas de organização do conhecimento desenvolvidos pelo enfoque top-down são predominantemente hierárquicos. Cada termo está subordinado a outro, salvo aqueles localizados no primeiro nível de divisão. [...] Estas hierarquias reproduzem taxonomias instauradas nas distintas disciplinas. Delas se tomam os sinônimos e as relações paradigmáticas que devem ser estabelecidas.

Bem divergente do enfoque top-down, o bottom-up é de caráter indutivo. Com

esta técnica, será feita uma coleta de termos de forma aleatória na documentação.

Essa coleta poderá ser tanto exaustiva quanto seletiva, tal forma dependerá da

necessidade. Com a coleta feita, os termos serão separados pelas classes e

avaliado por pares para que se apresente confiabilidade.

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4.2 GARANTIA LITERÁRIA COMO FERRAMENTA DE VALIDAÇÃO

No sentido de complementar a acepção sobre a GL, buscou-se, nessa

direção, compreendê-la também como ferramenta de validação.

4.2.1 Validação sociolinguística

A sociolinguística surge com o avanço das pesquisas no ramo da linguística,

pela necessidade de se levar em consideração também o que é falado pela

sociedade na vida cotidiana.

Para Barbosa (2014, p. 33) “[...] podemos compreender a sociolinguística

como sendo o estudo da linguagem de acordo com as interações sociais e,

consequentemente, as variações que nela podem surgir”.

A sociolinguística surgiu em meados da década de 1960 e é considerada um

ramo recente para os estudos da língua e da linguagem. Entretanto, ao relacioná-la

aos aspectos de representação da informação, notamos sua pertinência, pois uma

atividade de representação da informação com atenção ao sociolinguismo pode ser

a chave para o acesso a informação com excelência.

A garantia literária pode atuar nesta relação da sociolinguística e da

representação da informação a partir de análise de neologias, uma vez que se

apresentam de forma recorrente em documentos de uma determinada área do

conhecimento e que vem sendo utilizados pelos usuários.

4.2.2 Validação terminológica

Desde os tempos remotos, grandes estudiosos ou pessoas comuns buscaram

dar nome ao que está relacionado a sua vida cotidiana, sejam objetos, métodos,

processos, dentre outros. Essa produção assídua de termos acabou por se tornar

oficial, técnica e, ainda, de teor científico. Com o avanço científico emergiu a

necessidade de novas teorias que contemplassem a organização da informação e

do conhecimento. Com efeito, a Terminologia como uma disciplina, tornou-se

pertinente para tal atividade, haja vista também a necessidade de ser melhor

organizada e melhor desenvolvida.

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Na atualidade, de forma geral, a Terminologia trata a informação

especializada, por meio de fontes de informações confiáveis, por exemplo,

dicionários, glossários, manuais, vocabulários controlados e tesauros. Com isso, une

o que for referente a esta informação de forma padronizada, pois a definição de um

termo não é fixa. Nesse sentido, Dias (2000, p. 91) complementa que “[...] sem a

terminologia, os especialistas não conseguiriam se comunicar, repassar seus

conhecimentos, nem tampouco representar esse conhecimento de forma

organizada”.

Destacamos que a Terminologia, enquanto disciplina e prática, é fundamental

para a documentação. Nesse sentido, Dias (2000, p. 91) afirma que ela é “[...]

essencial para representar o conteúdo dos documentos e para facilitar o acesso a

esse conteúdo.”

Ainda, Sonneveld (apud DIAS, 2000, p. 92) ressalta que:

[...] Para ser capaz de sistematizar as informações de uma base de dados, ou para analisar imensos volumes de dados recuperados de sistemas distintos, o vocabulário da área em questão deve ser muito bem controlado.

Assim sendo, a validação terminológica, como meio de aplicação de garantia

literária, legitima neologias que começam a se tornar recorrentes nos tipos de fontes

de informação baseados em estudos de Terminologia, por exemplo, os já citados

glossários, manuais e dicionários.

4.2.3 Validação linguística

Esta validação, está ligada à Linguística propriamente dita. A Linguística é

uma área do conhecimento que se desenvolveu pela necessidade de se estudar e

analisar tudo que envolve linguagem humana, sem qualquer tipo de restrição.

Consideramos a Linguística como uma ciência muito importante para a

documentação e para a organização e representação do binômio informação-

conhecimento. Concordamos com o Curso de Linguística Geral, CLG (2006 apud

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BORNEMANN), ao afirmar que “a linguística tem relações bastante estreitas com

outras ciências, que tanto lhe pegam emprestados como lhe fornecem dados.”.

4.4.4 Validação jurídica

A validação jurídica consiste na validação terminológica de termos sugeridos

em documentos legais e jurídicos. Em geral, a validação jurídica não costuma ser

recorrente e parte do pressuposto que não é sempre que há reconhecimento de

novos termos derivados de um documento jurídico.

4.5 GARANTIA LITERÁRIA PARA RECUPERAÇÃO TEMÁTICA DE INFORMAÇÃO

ESPECIALIZADA

Os estudos desenvolvidos sobre as demandas informacionais em um sistema

de recuperação da informação pode desenvolver um instrumento importante para

alimentação desses sistemas. Para tanto, se torna necessário a avaliação dos

vocabulários controlados.

Esses sistemas de recuperação da informação, por conseguinte, podem

auxiliar na observação dos termos preferidos pelos usuários, que neles desenvolvem

pesquisas.

A utilização desse corpus terminológico, derivado das pesquisas dos usuários

e para justificar a formulação de futuros vocabulários controlados e indexação

resultam, por fim, no uso propriamente dito de Garantia literária, uma vez que “[...] a

justificação não seria feita só a partir da documentação, mas também a partir da

prática cotidiana de seus usuários” (BARITÉ, 2007, tradução nossa).

4.6 GARANTIA LITERÁRIA COMO DISPOSITIVO DE AVALIAÇÃO DE

LINGUAGENS OU ESTRUTURAS CONCEITUAIS

O recurso de avaliação de linguagens ou estruturas conceituais foi

desenvolvido para que a Garantia Literária venha a ser um princípio confiável para a

avaliação de termos e que, posteriormente, tenham sido selecionados para integrar

um corpus.

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Para tanto, reconhecimento dos pares, atualidade, pertinência e a

obsolescência terminológica são os critérios utilizados para a avaliação dos termos

candidatos (BARITÉ, 2007).

Com a avaliação de linguagens, a GL pode contribuir para o aprimoramento

das linguagens, assim como para a atualização de descritores e, também, uma

possível modificação nas relações de equivalências existentes nas literaturas

científicas.

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5 GARANTIA LITERÁRIA PARA IDENTIFICAÇÃO DE “CORE TOPICS” E

“FRINGE TOPICS”

No âmbito da GL são reconhecidos, também, os denominados termos

nucleares, ou seja, os “core topics”. Estes, por sua vez, são os termos principais ou

centrais de uma área do conhecimento. São os termos que costumam ser

naturalmente indicados como descritores, por exemplo, por serem naturalmente

considerados parte de uma área do conhecimento. Segundo Barité et al. (2010, p.

135) a ausência de um termo “core topic” é um indicador da qualidade da ferramenta

que está sendo construída.

Diferente dos “core topics”, os “fringe topics” são os termos secundários de

uma determinada disciplina, também chamados de termos periféricos. Além da

diferença de nuclear e periférico, o que difere os dois tipos de termos é que, no

caso, dos “fringe topics”, estes mesmo sendo parte da área do conhecimento que

vem a ser trabalhada terminologicamente, eles poderão não estar inseridos ao

vocabulário formulado e isso não trará inconfiabilidade para o vocabulário.

Nesse sentido, Barité et al. (2010, p. 135) indicam que:

Neste ponto em particular, além da aplicação da garantia literária, talvez possa recorrer-se à opinião de especialistas e à garantia organizacional, no caso de uma terminologia própria de uma corporação ou organização, pois a opinião dos envolvidos diretamente como a linguagem especializada pode solucionar muitas questões nas quais haja dúvidas.

Em resumo, percebemos a importância de se haver uma detalhada avaliação

de termos nucleares e periféricos de uma literatura, levando em consideração uma

melhor elaboração de vocabulários controlados e, também, para indexação.

Certamente, a Garantia Literária, pode ser responsável por uma formulação de

termos concisos, atuais, bem relacionados e, consequentemente, mais eficientes

para a busca e recuperação da informação.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após o levantamento bibliográfico que originou a revisão de literatura sobre

Garantia Literária, objeto deste estudo, observamos a importância da incorporação

de novos conceitos e temas de estudos a serem explorados no âmbito da Ciência da

Informação. Apesar disso, constatamos a escassez de estudos que busquem

elucidar questões sobre Garantia Literária.

Nesse sentido, ressaltamos a importância da tese de doutorado do professor

e pesquisador Mario Barité, da Escola Universitária de Bibliotecologia do Uruguai,

sobre Garantia Literária, haja vista que esse trabalho nos deu respaldo teórico-

conceitual sobre o assunto. Ao desenvolver esse estudo, o pesquisador citado

contribuiu para o desenvolvimento do tema, assim como é considerado, na

atualidade, como um dos mais relevantes trabalhos sobre o tema em questão.

Ainda, ao apontar importantes pesquisadores sobre essa temática,

destacamos a dedicação do professor e pesquisador José Augusto Chaves

Guimarães, da Universidade Estadual de São Paulo, pela produção científica sobre

o tema. Esta, por sua vez, muito contribuiu para o esclarecimento de noções básicas

desse campo de investigação.

Foi acentuado nesta monografia a importância dada para as ciências, tais

como Terminologia e Linguística como áreas do conhecimento essenciais para uma

interface com a área de Ciência da Informação. Com efeito, a Garantia Literária

prova este valor ao obter métodos para fins de organização e representação da

informação que tenham, especificamente, relações com esses campos do

conhecimento.

Ao prosseguir com as considerações dos temas em questão, avaliamos os

princípios de Garantias derivados de Garantia literária – Garantia de Usuário,

Garantia Cultural, Garantia Organizacional e Garantia Acadêmica – como

importantes conceitos para serem analisados detalhadamente. Buscamos constatar

que a aplicação destes princípios possa se tornar um diferencial nos processos de

organização e representação da informação. Podemos exemplificar tal assunto com

catálogos de bibliotecas que podem ser atualizados por bibliotecários empenhados

em desenvolver indexação de materiais informacionais e pensando, em representar

termos do documento e, ainda, cruzar tal vocabulário com necessidades específicas

desta comunidade, assim como com a cultura que ela esteja inserida. Tal trabalho

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pode se tornar mais longo, porém, pode resultar em recuperação da informação

mais eficiente.

Ainda, salientamos o avanço que os estudos de validação terminológica,

linguística, sociolinguística e jurídica podem ocasionar para a área de Ciência da

Informação, assim como podem sanar necessidades de comunidades específicas.

Por fim, considerando a importância do meu processo de aprendizagem como

pesquisadora aprendiz, nessa trajetória acadêmica, sugiro novos estudos sobre a

Garantia Literária, como campo do conhecimento, haja vista a necessidade de haver

uma maior credibilidade da Garantia Literária para a Ciência da Informação/

Biblioteconomia.

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REFERÊNCIAS

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