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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

JEANE DE FREITAS AZEVEDO

Os Programas de governo no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral: um estudo das eleições governamentais no Rio Grande do Norte em 2006

Natal/RN 2010

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JEANE DE FREITAS AZEVEDO

Os Programas de governo no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral: um estudo das eleições governamentais no Rio Grande do Norte em 2006

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. como quesito para a obtenção do Título de Mestre. Área de concentração: Política, Desenvolvimento e Sociedade Orientador: Prof. Doutor João Emanuel Evangelista

Natal/RN 2010

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Catalogação da Publicação

Bibliotecário: Raimundo Muniz de Oliveira / CRB15 - 490

A994p Azevedo, Jeane de Freitas. Os programas de governo no Horário Gratuito de

Propaganda Eleitoral: um estudo das eleições governamentais no Rio Grande do Norte em 2006 / Jeane de Freitas Azevedo. - Natal, 2010.

202f. : il. Orientador: João Emanuel Evangelista

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).

1. Eleições - Dissertação 2. Propaganda Eleitoral –– Rio

Grande do Norte - Dissertação 3. Programas de governo – Rio Grande do Norte – Dissertação. II. Evangelista, João Emanuel. III. Título.

UFRN/BC CDU: 324(813.2)

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JEANE DE FREITAS AZEVEDO Os Programas de governo no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral: um estudo das eleições governamentais no Rio Grande do Norte em 2006

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. como quesito para a obtenção do Título de Mestre. Área de concentração: Política, Desenvolvimento e Sociedade Orientador: Prof. Doutor João Emanuel Evangelista

Aprovado em: _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

Dr. João Emanuel Evangelista

Orientador - UFRN

Dr. Hermano Machado Ferreira Lima Examinador Externo - UECE

Dr. José Antônio Sinelli Lindoso Examinador - UFRN

Dr. Homero de Oliveira Costa Examinador - UFRN

Dr. João Bosco Araújo da Costa Suplente -UFRN

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Agradecimentos

Um trabalho acadêmico não é algo fácil de realizar. Muitos são os

desafios que enfrentamos durante todo o percurso trilhado. Embora difícil,

esse caminho vai, aos poucos, revelando verdadeiras preciosidades que

estão ao nosso lado, e é pela existência das mesmas que precisamos

percorrê-lo.

Agradeço, especialmente, ao professor João Emanuel Evangelista,

orientador responsável por transformações significativas na minha formação

profissional e pessoal. Pelas orientações, pela confiança e pela amizade.

À minha mãe, Valdete, pelo amor incondicional e pela proteção

excessiva.

Aos meus irmãos, em especial à Cristina, pela preocupação, cuidado e

confiança e ao meu irmão César, pela sua presença nos momentos mais

difíceis.

Ao Professor Spinelli, cujos conhecimentos e orientações foram

imprescindíveis na construção desse trabalho.

Ao Professor Homero, pelas valiosas contribuições na banca de

qualificação e pelo otimismo de sempre.

À Josângela (queridíssima Jojô), amiga de todas as horas, militante

competente que não deixa a esperança da transformação minguar. Jojô

apareceu nesse trabalho quase como minha outra metade, se propondo a

resolver o que estivesse ao seu alcance para que eu tivesse os materiais

necessários para minha análise. Sem ela, a realização desse trabalho teria

trilhado um caminho bem mais difícil.

A Paulo Marcelo, pelo apoio e companheirismo.

À querida Luana (Lu), pela sua sensibilidade artística e sua disposição

em ajudar em tudo que for possível.

Ao querido amigo Anaxsuell Fernando, pelas trocas de conhecimento,

pelo compartilhamento das angústias e das conquistas.

À querida amiga Thalita, pelo seu bom-humor e companheirismo.

A Otânio, pela paciência e competência profissional

A Geraldo, “querido Gerard” (in memorian), por ter sido meu admirador

incondicional. A todos vocês, muito obrigada!

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A Ismael, filho querido e maior motivação para as minhas conquistas.

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RESUMO

No Brasil, o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) representa um dos principais espaços para a realização da disputa entre os partidos políticos, revelando-se um instrumento que dinamiza a disputa eleitoral e possibilita a todos os setores e classes sociais informações importantes sobre os candidatos em disputa. No HGPE, os grupos políticos têm a possibilidade de apresentarem seus programas de governo e debaterem assuntos que dizem respeito às demandas da população. Esta pesquisa buscou analisar o papel desempenhado pelos chamados “programas de governo” na disputa eleitoral para o governo do Rio Grande do Norte em 2006, que teve como principais candidatos, dois personagens tradicionais do cenário político potiguar: Vilma de Faria (PSB) e Garibaldi Alves Filho (PMDB). De acordo com nossa análise, a discussão dos programas de governo desses candidatos no HGPE teve não a intenção de esclarecer o eleitor sobre os projetos políticos pensados, nem apenas o desejo de construir uma imagem de seriedade e competência dos candidatos, mas apareceu como um meio para responder à agenda imposta pelo adversário e como um recurso estratégico para selecionar um segmento específico do eleitorado.

Palavras-chave: Programas de Governo; Horário Gratuito de Propaganda

Eleitoral (HGPE); marketing eleitoral.

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ABSTRACT In Brazil, the Free Political advertising time (HGPE) represents one of the main venues for the contest between political parties, revealing a tool that streamlines the electoral dispute and enables all sectors and social classes of important information about dispute over candidates. In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate to the demands of the population. This research sought to examine the role played by so-called "government programs" in the electoral race for governor of Rio Grande do Norte in 2006, which had as main candidates, two traditional characters of the political landscape in Natal: Wilma de Faria (PSB) and Garibaldi Alves Filho (PMDB). According to our analysis, discussion of government programs such candidates in HGPE had not meant to enlighten the voters about the political projects designed, not just the desire to build an image of seriousness and competence of candidates, but appeared as a means to meet the schedule imposed by the opponent and as a strategic resource to select a specific segment of the electorate.

Keywords: Government Programs, Free Time Propaganda Electoral, electoral

marketing.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Gráfico1- Apelos de Vilma no I Turno ......................................................... 89

Figura 2: Gráfico 2 - Apelos de Vilma no II Turno .................................................... 90

Figura 3: Gráfico 3 - Políticas Passadas de Vilma no I Turno .................................... 91

Figura 4: Gráfico 4 - Políticas Passadas de Vilma no II Turno ................................... 92

Figura 5: Gráfico 05 - Políticas Passadas de Vilma no II Turno ................................. 93

Figura 6: Gráfico 6 - Políticas Passadas de Vilma no I Turno .................................... 94

Figura 7: Gráfico 07- Políticas Futuras de Vilma no I Turno ...................................... 95

Figura 8: Gráfico 08 - Comparação das Políticas Futuras de Vilma no I e II ............. 96

Figura 9: Gráfico 9 –Apelos de Garibaldi no I Turno ............................................... 115

Figura 10: Gráfico 10 – Evolução dos Apelos de Garibaldi no I Turno .................... 116

Figura 11: Gráfico 11 - Apelos de Garibaldi no II Turno ........................................... 117

Figura 12: Gráfico 12 - Comparação dos Apelos de Garibaldi – Turnos I e II.......... 118

Figura 13: Gráfico 13 - Políticas Passadas de Garibaldi no I Turno ........................ 118

Figura 14: Gráfico 14 - Políticas Passadas de Garibaldi no II Turno ....................... 119

Figura 15: Gráfico 15 - Políticas Futuras de Garibaldi no I Turno ............................ 120

Figura 16: Gráfico 16 - Políticas Futuras de Garibaldi no II Turno ........................... 121

Figura 17: Gráfico 17 - Comparação das Políticas Futuras de Garibaldi no II Turno

................................................................................................................................. 122

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LISTA DE TABELAS:

TABELA 1 - Resultado Eleitoral - I Turno.................................................. 80 TABELA 1 - Resultado Eleitoral - II Turno................................................. 80 Quadro 1 a - Classificação das Políticas Futuras e Políticas passadas.... 86 Quadro 1 b - Classificação das Políticas Futuras e Políticas passadas.... 87

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………. 10

2. CAPÍTULO I - PROGRAMA DE GOVERNO E A DISPUTA PELO PODER NAS DEMOCRACIAS CONTEMPORÂNEAS.............................

15

2.1 OS PROGRAMAS DE GOVERNO E O PROCESSO ELEITORAL................................. 16

2.1.1 Programa de governo enquanto uma ferramenta administrativa................................. 17

2.1.2 Os programas de governo e a disputa pelo poder........................................................ 24

2.2 A APRESENTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE GOVERNO E OS DESAFIOS DA POLÍTICA NA CONTEMPORANEIDADE.......................................................................

34

2.2.1 A crise da representação política ......................................................................................... 35

2.2.2 O processo de midiatização da política........................................................................ 43

2.2.3 Marketing e política................................................................................................................. 53

2.2.4 As campanhas eleitorais brasileiras e o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral.........................................................................................................................

56

3. CAPÍTULO II - OS PROGRAMAS DE GOVERNO NAS ELEIÇÕES NO RIO GRANDE DO NORTE.........................................................................

65

3.1 A CONJUNTURA POLÍTICA DAS ELEIÇÕES 2006 NO RIO GRANDE DO NORTE.... 66

3.1.1 Notas sobre a política no RN e os candidatos ao governo do estado em 2006........... 66

3.1.2 A conjuntura Política nas eleições 2006....................................................................... 73

3.2 AS ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS NO HGPE: LOCALIZANDO A DISCUSSÃO DOS PROGRAMAS DE GOVERNO.......................................................................................

80

3.2.1  A metodologia de pesquisa……..……………………………………………..................... 81

3.2.2  O HGPE e o programa de governo da Vitória do Povo................................................ 87

3.2.2.1 As estratégias discursivas no HGPE: um panorama geral........................................ 87

3.2.2.2 A discussão dos projetos: o resgate do passado-presente para a apresentação do futuro..........................................................................................................................

91

3.2.2.3 O Programa de Governo Documentado de Vilma..................................................... 100

3.2.3 O HGPE e o Programa De Governo da Vontade Popular............................................ 112

3.2.3.1 As estratégias discursivas no HGPE: um panorama geral........................................ 112

3.2.3.2 A discussão dos projetos: o resgate do passado e a apresentação do futuro sob bases “técnicas".........................................................................................................

118

3.2.3.3 O Programa de Governo Documentado de Garibaldi Alves Filho.............................. 127

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………………………………... 139

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 145

ANEXOS……………………………………………………………………………. 149

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1. INTRODUÇÃO

Os processos eleitorais são uma disputa de posições entre as

diversas forças políticas num determinado momento e caracterizam-se pela

utilização de fortes ações estratégicas, que visam o apoio e a adesão da

população aos partidos/coligações na tentativa de conquistar e exercer o

poder político. Nas sociedades contemporâneas, no contexto de grande

eleitorado e vasto contingente demográfico, o uso da mídia, em especial a

mídia televisiva, apresenta-se como um dos mais fortes elementos na

definição dessas estratégias, sendo considerada hoje um meio indispensável

para os atores políticos na disputa pela hegemonia.

Nos processos eleitorais brasileiros, a importância da mídia televisiva

apresenta-se principalmente nos debates promovidos pelas emissoras

comerciais de televisão e no período de veiculação do Horário Gratuito de

Propaganda Eleitoral (HGPE). Durante as campanhas eleitorais, sobretudo

para os cargos majoritários1, o HGPE representa um dos principais espaços

para a realização da disputa entre os partidos políticos, em que os próprios

candidatos, suas assessorias e equipes de marketing são responsáveis pela

produção das mensagens políticas que julgam mais adequadas para

apresentarem aos cidadãos.

Algumas pesquisas2 revelam que esse momento da disputa eleitoral -

concedido pela Justiça Eleitoral aos partidos e coligações durante o período

eleitoral - representa uma das principais fontes de informação utilizadas pelos

eleitores no processo de decisão do voto. Isso se deve, em parte, ao fato de

que a televisão representa o principal meio de comunicação em nosso país,

especialmente a partir de meados da década de 1960. Devido ao amplo

poder de alcance da televisão e ao seu potencial comunicativo, o HGPE

ganhou grande importância nas campanhas eleitorais, levando a todos os

setores e classes sociais informações importantes sobre os candidatos em

1 Isso ocorre, em especial, nas eleições para Presidente da Rebública, para a eleição de governadores e senadores e para as eleições de prefeito de capitais e grande e médios centros urbanos que possuem canais de televisão. Nas pequenas cidades, predominam as formas tradicionais de mobilização e propaganda política e eleitoral, o que se soma ao uso do rádio. 2 Cf. Lourenço , 2001

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disputa, possibilitando aos grupos políticos a apresentação das suas

plataformas de governo e o debate de assuntos que dizem respeito às

demandas da população.

Ocorre, no entanto, que os programas veiculados no HGPE acabam

adotando diferentes formas de persuasão eleitoral, fazendo uso de outros

discursos, deixando a apresentação dos projetos como um componente a

mais no processo de disputa pelo voto.

Os resultados que obtivemos em um trabalho anterior (Cf. PAIVA,

2007), mostraram que o primeiro turno das eleições 2006 no Rio Grande do

Norte no HGPE foi marcado pela intensa divulgação de realizações de obras

entre os principais candidatos inscritos no pleito, em detrimento da

apresentação de propostas políticas para a gestão 2007-2010.

Essas observações trouxeram à tona a questão da apresentação dos

programas de governo na campanha eleitoral: se os grupos em disputa

elaboraram planos político-administrativos para a gestão pretendida, ou

propostas e compromissos que irão norteá-los na campanha, de que forma

estes foram apresentados durante o HGPE?

Estudos sobre o tratamento dos chamados programas de governo no

âmbito das campanhas eleitorais televisivas ainda são incipientes no debate

acadêmico. Temos como referência de trabalho sobre esse tema apenas a

pesquisa realizada por Eduardo Meditsch, (2006), na qual o autor busca

confrontar o programa de governo de Lula nas eleições 2002 com suas

propostas apresentadas na propaganda política veiculada pelo rádio e

televisão, bem como por alguns programas jornalísticos veiculados no mesmo

período. Nesse trabalho, o autor busca refutar a hipótese de que a mediação

jornalística origina o empobrecimento da política, analisando as propostas e

intenções contidas no programa de governo elaborado pela coligação Lula

Presidente. Nesse caso, o programa de governo analisado refere-se a um

caderno elaborado por essa coligação, o qual continha ideias para serem

implementadas no Brasil em caso de eleição do candidato e que foi, de

acordo com o autor, distribuído, via internet e de forma impressa, para os

setores de elite do país. Nesse programa de governo (caderno composto por

72 páginas) são tratados temas referentes à política, à economia, às cidades

e ao bem-estar social, apontando as deficiências do governo então vigente e

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apresentando propostas para solucioná-los. Nessa pesquisa, o autor

considera que houve um quadro de desinformação política, devido ao fato de

muitos projetos importantes, como o caso da reforma da previdência, não

terem sido discutidos no HGPE nem em outros canais de comunicação.

Embora tenhamos objetivos diferentes do trabalho de Meditsch, as

nossas preocupações se aproximam, na medida em que buscamos

questionar o papel desempenhado pelos programas de governo nas

campanhas eleitorais. No que se refere às disputas locais, como o caso das

campanhas para governador dos estados da federação brasileira, os

programas de governo representam, de fato, um plano de ação para o

governo pretendido, o que permitiria ao eleitor fazer comparações entre as

candidaturas em disputa, ou, ao contrário, são apenas propostas superficiais

elaboradas para uma campanha eleitoral cujo papel é apenas o de cumprir

uma exigência do jogo político?

Neste trabalho, nosso intuito não é nos debruçar sobre o cumprimento

dos programas de governo para analisar se estes são ou não executados

durante o período de gestão governamental que sucede uma eleição. Este

seria um trabalho que exigiria um enfoque diferente do que estamos

propondo. Aqui, o que nos interessa é saber de que forma os programas de

governo desses candidatos em disputa foram apresentados durante a

propaganda eleitoral televisiva, analisando o conteúdo e a natureza dos

mesmos.

Para isso, os programas eleitorais veiculados pela televisão durante a

campanha eleitoral do Rio Grande do Norte em 2006 no HGPE são

investigados a partir de uma análise de conteúdo, enfocando o tratamento das

propostas de governo dos dois principais candidatos ao cargo de governador

nessa eleição, Vilma de Farias (coligação Vitória do Povo, formada pelo PSB,

PT, PTB, PL, PHS, PMN, PCdoB e PTdoB) e Garibaldi Alves Filho (coligação

Vontade Popular, formada pelo PMDB, PFL, PP e PTN).

A hipótese que norteia nosso estudo parte do princípio segundo o

qual por haver, atualmente, uma desconfiança generalizada nas instituições

públicas e uma sociedade caracterizada por uma “democracia do público”

(MANIN, 1995), cuja escolha de seus representantes está vinculada à pessoa

do candidato, os programas de governo não são considerados os

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instrumentos mais importantes para a escolha eleitoral, o que faz com que

estes não sejam privilegiados pelas equipes de campanha, ampliando os

espaços para estratégias persuasivas usuais do marketing eleitoral que

ressaltam as características pessoais dos candidatos. Nessa perspectiva,

acreditamos que não houve uma preocupação com a discussão dos

programas (ou plataformas) de governo devido ao fato destes, apesar de

necessários em uma campanha política, serem considerados como menos

importantes porque não são a melhor estratégia de convencimento dos

eleitores.

Esse quadro atual da política, em especial no contexto brasileiro, na

perspectiva que assumimos aqui, adquire um caráter eminentemente elitista,

o que revela o afastamento da população da participação e das decisões

políticas. Esse afastamento incluiria, entre outras questões, a própria forma

de escolha eleitoral, que se limita em decidir sobre que grupo da elite política3

do país deveria governar e não que políticas apresentadas são as mais

coerentes com as demandas da população.

Nessa perspectiva, nosso objetivo é analisar a relação existente entre

as discussões em torno das plataformas de governo propostas pelas alianças

em disputa com o próprio modo como a política representativa ocorre no

contexto das eleições em questão. .

Para tanto, estruturaremos este estudo em dois capítulos, com vistas

a entender tal relação. O primeiro capítulo, que é uma revisão de literatura,

discute elementos para entender o que é um programa de governo e quais os

desafios enfrentados para a sua apresentação no HGPE.

No primeiro momento, a ausência de um conceito de programa (ou

plataforma) de governo na literatura nos leva a tentar encontrar elementos

que permitam entender sociologicamente a construção das propostas de

governo no período eleitoral. Assim, buscamos compreender, primeiramente,

3 Não temos a intenção de adentrar na ampla discussão sobre o conceito de elite política, contudo, torna-se necessário esclarecer o sentido do termo aqui utilizado. Diferente do sentido adotado pela teoria clássica das elites (formulada no início do século XX por autores como Vilfredo Pareto, Gaetano Mosca e Robert Mitchels), que defende a impossibilidade da efetivação de um regime democrático e, por isso, entende como necessária a existência das elites para qualquer transformação social, o sentido do termo aqui utilizado aproxima-se mais daquele utilizado por Wright Mills. Para este autor, esse termo refere-se a grupos cujas visões de mundo são unificadas e seus interesses compartilhados. Para uma melhor discussão sobre o assunto, ver Miguel (2003).

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o sentido técnico do termo e, em seguida, tentamos localizá-lo no contexto

mais geral do debate sobre o exercício do poder e o controle do Estado na

sociedade capitalista, tendo como eixo teórico central, as análises de Gramsci

sobre a disputa pela hegemonia nas sociedades “ocidentalizadas”, e a

reflexão de Nicos Poulantzas sobre o caráter do Estado, a partir do conceito

de Bloco no Poder.

No segundo momento, discutimos os desafios impostos à construção

e à apresentação de um programa de governo, levando em conta dois

aspectos da política na atualidade: a crise de representação dos partidos

políticos, que é analisada a partir das abordagens de Bernard Manin e de

Peter Mair, e o processo de midiatização e profissionalização da política, em

que buscamos as reflexões de importantes autores que trataram do assunto,

como Antônio Rubim, Luís Felipe Miguel, Afonso de Albuquerque, Jorge

Almeida, dentre outros.

O segundo capítulo trata do ambiente político estudado, com a

intenção de encontrar elementos que sirvam para testar nossa hipótese.

Assim, além de caracterizar a política norte-rio-grandense e o pleito eleitoral

2006, buscamos comparar, qualitativamente, as propostas veiculadas no

HGPE com os programas de governo “no papel”, que foram elaborados pelas

equipes de campanha dos candidatos em disputa. Para realizarmos essa

verificação, buscamos, de um lado, localizar no HGPE os discursos voltados

para a apresentação de propostas de melhoria para o Estado, por meios de

uma análise de conteúdo dos programas televisivos, e de outro, verificar

como algumas dessas propostas foram tratadas nos documentos eleitorais

dos dois candidatos.

Em síntese, essa é a proposta do nosso trabalho, que visa contribuir

para os estudos que analisam as campanhas eleitorais no Rio Grande do

Norte, bem como para aqueles que se voltam para a compreensão dos

processos eleitorais nas sociedades ambientadas pela mídia.

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2 . Capítulo I

Programa de Governo e a disputa

pelo poder nas democracias contemporâneas

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2.1. OS PROGRAMAS DE GOVERNO E O PROCESSO ELEITORAL As democracias liberais contemporâneas, com a representação

política como forma de mediar a relação entre governantes e governados,

trazem consigo um conjunto de instituições que permitem a sua sustentação.

As eleições, sem dúvida, representam uma instituição essencial nesse tipo de

democracia, permitindo aos governados escolherem aqueles que irão assumir

cargos governativos durante um período específico. Para Lima Júnior (1993,

p. 13), com “as eleições, sob as mais variadas formas, os corpos legislativos,

o Executivo e os partidos políticos passaram a ser instituições centrais da

democracia moderna”.

Para Manin, Przeworski e Stokes (1999), a idéia de representação

está ligada à idéia de democracia pelo argumento de que “na democracia os

governos são representativos porque são eleitos”. Isso porque “se as eleições

são concorridas livremente, se a participação é ampla, e se os cidadãos

desfrutam das liberdades políticas, então os governos agirão em favor do

interesse da população” (Idem). Para esses autores, essa afirmação pode ser

encarada a partir de dois pontos de vista: do ponto de vista do mandato e do

ponto de vista da accountability (da prestação de contas).

Do ponto de vista do mandato, as eleições são consideradas como

um momento de selecionar boas políticas (políticas públicas) ou políticos que

defendem determinadas políticas. Nessa perspectiva, os candidatos fazem

propostas políticas durante a campanha e os eleitores escolhem aquelas que

querem que sejam implementadas e os políticos responsáveis por elas.

Assim, “as eleições se assemelham a uma assembléia direta e a plataforma

vencedora se torna o ‘mandato’ que os governos perseguem” (MANIN,

PRZEWORSKY e STOKES, 1999).

Do ponto de vista da accountability, as eleições servem para julgar,

por assim dizer, as ações passadas do governo. Elas têm, dessa forma, um

caráter de sanção dos governantes pelos cidadãos. Nessa perspectiva, os

governantes, antecipando esse julgamento, escolhem políticas que acreditam

que serão bem avaliadas pelos eleitores nas eleições seguintes.

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Para esses autores, esses dois pontos de vista são problemáticos,

pois desconsideram que “os políticos têm objetivos, interesses e valores

próprios, e eles sabem coisas e tomam decisões que os cidadãos não

conseguem observar ou só podem monitorar com certo custo” (Idem).

Dentre as considerações que os autores fazem sobre essas duas

perspectivas da eleição, importante ressaltar aquela que chama atenção para

o fato de que os eleitores não sabem tudo o que precisariam saber para

decidirem seu voto, tanto prospectivamente (baseados nas propostas

apresentadas pelos candidatos) quanto retrospectivamente (que leva em

conta o conjunto de ações realizadas durante a administração anterior do

governante).

A apresentação dos programas de governo aos eleitores pelos

candidatos se insere nesse quesito da escolha eleitoral, na medida em que

essa apresentação, enquanto mecanismo de disputa no jogo eleitoral, leva

em conta a importância do voto prospectivo.

Essa visão, contudo, não deve desconsiderar outros aspectos do

processo eleitoral, que nos fazem ir além da interpretação de que a eleição

tem apenas um caráter racional de escolha dos representantes pelos

eleitores. Afinal, as eleições transcendem a essa perspectiva da escolha

como um processo consequente de escolha política.

2.1.1. Programa de governo enquanto uma ferramenta administrativa

No que se refere ao voto prospectivo, os programas de governo são

instrumentos essenciais para a escolha do voto, pois são eles que irão

possibilitar ao eleitor uma comparação entre as plataformas que serão

desenvolvidas pelos partidos e/ou coligações políticas em disputa.

Para os eleitores, tais programas podem ser essenciais para que,

fazendo comparações entre as propostas neles contidas, possam votar com

consciência e decidirem suas opções de voto.

Entender e discutir o papel que os programas de governo

representam nas campanhas eleitorais requer, primeiramente, um

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esclarecimento prévio do que é um programa de governo e o que ele

representa para os atores políticos em disputa.

A idéia de programa de governo têm tido escassa preocupação nos

estudos da Ciência Política e da Sociologia, sendo mais discutidos por

trabalhos que estão voltados para a área da Administração Pública, mesmo

assim ainda muito pouco explorada. Nesse sentido, encontrar uma definição

de Programa de Governo torna-se um dos desafios enfrentados por este

trabalho.

De início, a idéia geral de programa de governo nos remete a um

conjunto de propostas elaborado em forma de documento pela equipe de

campanha de um candidato, servindo como objeto de negociação entre

candidato e eleitores, sendo, portanto, um elemento fundamental para ser

apresentado e discutido em uma campanha eleitoral.

Um ponto a ser destacado, de início, é a relação que estas propostas

estabelecem (ou deveriam estabelecer) com o programa de partido político,

uma vez que aquele deveria estar em harmonia com este.

Assim, é importante destacarmos a noção de programa de partido. De

acordo com Cerroni (1979), o partido político vai além da idéia de “parte

política” e da idéia schumpeteriana de partido enquanto “um grupo cujos

membros se propõem a agir de comum acordo na luta de concorrência pelo

poder político” (SHUMPETER, apud CERRONI, 1982). Para ele, o partido

moderno, diferente de outras agregações que sempre existiram na política, se

caracteriza por ser “uma máquina organizativa mais um programa político

Uma máquina organizativa e um programa político estruturado e articulado

constituem o elemento verdadeiramente diferencial do partido político

moderno” (CERRONI, 1979, p.13).

Para Cerroni, o partido enquanto um “intelectual coletivo” é um

organismo inteligente e organizado. “Inteligente no sentido de que

compreende e decifra a realidade e lhe programa a transformação;

organizado, no sentido de que, a esta programação ideal dá imediatamente

uma incidência operativa” (CERRONI, 1982, p. 36).

Mas Cerroni chama atenção para o problema da burocratização do

partido. Para ele, o partido que se burocratiza deixa de lado a sua razão de

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ser, “pois a burocratização significa que a máquina deixou de ser um

programa vivo, ou que o programa deixa de ser operativo” (Idem).

Contudo, tal programa não é somente de intenções a serem

alcançadas. Para Peres e Roma (2002, apud VIEIRA, 2003), o programa

partidário “é considerado como a doutrina orientadora para a ação política do

partido”. Ele seria, portanto, a razão de existir dos partidos políticos, pois

permitiriam o alcance dos “objetivos almejados pelos partidos (implementar o

programa partidário e conquistar o poder político)” (Idem).

Importante destacar que nas democracias representativas essas

orientações enfrentam alguns desafios. No caso brasileiro, por exemplo, em

que predomina um “presidencialismo de coalizão”4, tal programa não

consegue ser implantado integralmente, pois é preciso negociações com

outros partidos das alianças que se formam durante o período eleitoral e pós-

eleitoral. Assim, um partido não consegue governar sozinho, implantando o

seu programa de forma integral.

Essas condições para se chegar ao poder através de coligações

eleitorais e de coalizões de governo trazem, no entanto, importantes

implicações para a questão programática:

A necessidade de selar alianças partidárias mais amplas impõe um difícil dilema às lideranças que tomam decisão. A competição eleitoral e o processo legislativo demandam que os partidos busquem a construção de maiorias [eleitorais e parlamentares] de forma a conquistar o poder político e a governar. Entretanto, a conquista do poder político, neste caso, conflita com seu objetivo principal, que é a implementação de seu programa integralmente. Selar alianças partidárias amplas e buscar apoio eleitoral de indivíduos ideologicamente mais distantes, significa quebrar sua pureza ideológica e negociar alguns pontos essenciais de seu programa. Assim, o grau de alteração do programa ou a distância ideológica do partido a se tornar um aliado pode implicar em perda de parte de seu apoio eleitoral, além de suscitar resistências no interior do partido. Por outro lado, manter a totalidade do programa, neste caso, significaria o custo de não conquistar o poder político. É com este problema de articulação de objetivos que os partidos geralmente têm de lidar”. (PERES & ROMA, 2002 apud VIEIRA, 2003, p. 18)

4 Cf. Abranches, 1998.

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Não devemos considerar, pois, que um programa de governo

contemple propostas pautadas unicamente em seus ideais partidários. A

elaboração de um programa de governo aponta para a adoção de uma forte

ação estratégica adotada pelo partido. Há, portanto, uma relação entre

programa de governo e estratégia político-partidária para se alcançar o poder.

Também partindo de uma relação dos programas de governo com o

programa partidário, Leite e Fonseca (2008) colocam o quão complexa é a

formulação de um plano de governo.

No que se refere ao período pré-eleitoral, e ao eleitoral propriamente

dito, os partidos políticos obedecem a um conjunto de regras e normas que

estão na Constituição, na Justiça Eleitoral e na Lei Orgânica dos Partidos

Políticos, além de regras próprias, cuja validade depende da consonância

com a legalidade institucional. Além desses marcos legais, os autores

chamam atenção para o modo de cada partido ser e pensar a política,

levando em consideração o perfil de suas lideranças, a sua história e a sua

ideologia.

Na análise sobre a concepção de um programa de governo, os

autores chamam a atenção para um tipo específico de partido político: os

chamados partidos programáticos ou ideológicos. Estes, considerados um

tipo de partido cujos pressupostos e objetivos estão “baseados numa doutrina

política, procurando, com não muita flexibilidade, construir alianças e projetos

de governo que estejam de acordo com tais pressupostos e objetivos” (LEITE

& FONSECA, 2008).

Chamando atenção para as dificuldades da sobrevivência desses

partidos, principalmente pela derrota do projeto socialista em perspectiva

internacional e, conseqüentemente, pela ascensão do pragmatismo partidário,

os autores consideram que, ainda assim, existe espaço para partidos dessa

natureza.

Nessa perspectiva, consideram que:

a formação de alianças, a definição dos candidatos, a viabilização do financiamento das campanhas, os compromissos firmados e sobretudo o programa de governo

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definem claramente o que um partido pretende fazer ao vencer as eleições, notadamente para o Executivo, que é o poder mais forte no Brasil (...). Embora o plano de governo normalmente seja alterado e ajustado em razão da necessidade de alianças políticas (firmadas particularmente nos segundos turnos das eleições e devido à necessidade de obter maioria nos respectivos parlamentos), os partidos realmente representativos o levam a sério (pois resultado de programas partidários).(LEITE & FONSECA, 2008).

Do ponto de vista de um partido programático, Leite e Fonseca

descrevem um programa de governo a partir de uma visão de projeto que

está voltado para o desenvolvimento e a democratização de uma sociedade.

Um partido que pretenda contribuir para o desenvolvimento e para a democratização da sociedade brasileira – em diversas dimensões, tais como os costumes políticos republicanos, o desenvolvimento econômico, a igualdade social, entre outras – tem no plano de governo não apenas uma carta de intenções mas sobretudo um projeto articulado para o país nas mais diversas áreas. Notadamente, tem um conjunto de premissas que orienta sua visão de mundo, o que implica o estabelecimento de diversas ações que se conectam. Em outras palavras, um plano de governo como resultado de um programa partidário programático é o ponto de culminância de estudos, projetos, pesquisas, avaliações, experiências exitosas e conhecimento da realidade: as potencialidades e limitações desta, tanto em nível nacional como internacional. (LEITE & FONSECA, 2008)

No processo de formulação de um programa de governo e da

formulação das alianças, os autores chamam atenção para um aspecto do

jogo político que deve ser levado em consideração: a agenda. Isto é, os

temas que são aceitos como legítimos pela sociedade e definidos pelos

grupos politicamente organizados e mais influentes, seja no Estado ou na

sociedade. É essa agenda que definirá as linhas norteadoras e as prioridades

a serem tratadas nesses programas.

Além da agenda, Leite e Fonseca chamam atenção para outro

aspecto da estrutura eleitoral no Brasil que interfere no processo de

formulação de um programa de governo: o financiamento essencialmente

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privado das campanhas políticas. Apesar de haver o fundo partidário, que

distribui recursos de acordo com a performance eleitoral dos partidos, são as

empresas privadas as grandes financiadoras dos partidos políticos. O que

significa que existem interesses a serem atendidos pelos partidos que

chegam ao poder aos seus financiadores, o que pode colocar em xeque,

dessa forma, os ideais estabelecidos nos programas partidários.

Além da influência da agenda, dos interesses de grupos privados, a

formulação de um plano de governo sofre outras influências. Para esses

autores, todo grupo político que almeja o poder necessita avaliar a correlação

de forças existentes na sociedade, seja esta em nível local, regional, nacional

e até mesmo internacional. Além disso, salientam o poder de que dispõem

determinadas “eminências pardas” nos partidos e nos governos, como grupos

empresariais, meios de comunicação, lobbies diversos, entre outros. Assim,

asseguram que:

um plano de governo é uma peça político/programática de grande importância, mas incapaz de barrar práticas que se nutrem das relações pessoais e profissionais ao formar redes de contatos por meio da alta burocracia e de autoridades constituídas, do lado do Estado, e de interesses privados de toda ordem, do lado da sociedade: tais práticas são sempre avessas à publicização (LEITE & FONSECA, 2008).

Nessa perspectiva, a idéia da construção do programa de governo,

enquanto algo que deve considerar a correlação de forças existentes em uma

sociedade, sugere a complexidade no processo de sua construção,

demonstrando que o ato de sua publicização nas campanhas eleitorais não é

algo simples e de fácil apresentação aos eleitores.

Algumas observações devem ser feitas a essas análises tecnicistas

sobre programas de governo. Primeiramente, cabe lembrar que tais

programas, entendidos até aqui como um aparato técnico utilizado pelas

equipes de campanha na busca pela adesão da população a uma

determinada candidatura, no momento das eleições que estamos tratando

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neste trabalho, não eram requisitos exigidos pela legislação brasileira5, o que

torna a sua definição um tanto complexa, pois não podemos identificá-los

como um simples recurso de comunicação entre candidato e eleitor, uma vez

que a não-obrigatoriedade do seu registro nos tribunais eleitorais, bem como

em convenções partidárias comprometem a sua existência.

Em segundo lugar, é importante destacar que todos os partidos

possuem um programa político, no sentido amplo. Isto é, ainda que um

partido ou uma coligação partidária não se dedique à elaboração cuidadosa

de um programa de governo, baseada em pesquisas, projetos, avaliações, e

conhecimento da realidade, como sustentam Leite e Fonseca, isso não

significa dizer que suas ações políticas sejam completamente erráticas. Ao

contrário, é sempre possível identificar uma lógica que orienta as ações

partidárias, que é, no sentido amplo, o seu projeto político.

Em terceiro lugar essas análises tecnicistas não tratam de uma

questão central na disputa política contemporânea: o fato de que a arena

político-eleitoral hoje transcende a disputa entre ideologias diferentes ou até

mesmo contraditórias. A questão programática, nesse sentido, torna-se um

aspecto pouco relevante na diferenciação entre os grupos em disputa. Num

embate eleitoral, o que se percebe é um compartilhamento de uma visão de

mundo que é comum nos discursos dos candidatos em disputa, que via de

regra está vinculada ao projeto de desenvolvimento econômico da sociedade

sob bases capitalistas.

Assim, essa abordagem mais tecnicista sobre a elaboração de um

programa de governo – que está voltada para a análise da relação deste com

o programa partidário, considerando-o apenas como uma ferramenta da área

da administração (no caso, da administração pública que se pretende iniciar)

– precisa ser melhor trabalhada, uma vez que se deve levar em conta essa

defesa comum entre os partidos de uma administração pública compartilhada

com ideais desenvolvimentistas e democráticos. Não há, na atualidade, um

partido que se volte contra tais ideais.

5 Apenas nas eleições 2010 o Tribunal Superior Eleitoral passou a exigir para o registro das candidaturas um documento contendo as propostas defendidas pelos mesmos. No entanto, como o objeto desse trabalho envolve as eleições 2006, não podemos considerá-los aqui como peça legalmente obrigatória na disputa eleitoral.

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Nessa perspectiva, a formulação de um programa de governo

representa não só uma ferramenta de disputa eleitoral, mas incorpora a

própria luta de classes na sociedade capitalista, no sentido de trazer consigo

a construção de interesses do eleitorado.

No debate sobre essa construção de interesses do eleitor, há a noção

daquilo que Luckes (1985 [1974] apud, MIGUEL, 2003) chamou de terceira

dimensão do poder6, que refere-se à capacidade de fazer com que grupos e

indivíduos tenham desejos opostos a seus verdadeiros interesses.,

eliminando, assim, a eclosão de conflitos sociais7.

Embora essa idéia de Luckes apresente uma série de questões que

devem ser discutidas8, o que nos interessa, no momento, é frisar que as

vontades são construídas num processo social que envolve diferentes

agentes, e há agentes sociais que têm a capacidade de influir nas vontades

da coletividade (MIGUEL, 2003). Nesse sentido, a discussão sobre a

formação das preferências põe a necessidade de discutir a própria questão do

poder, sobretudo nas democracias representativas contemporâneas, que para

ser exercido, exige a conquista do consenso.

2.1.2. Os programas de governo e a disputa pelo poder

É evidente que a elaboração de um programa de governo é parte

constitutiva da disputa de posições entre as diversas forças políticas num

determinado momento. Contudo, o partido e/ou coligação eleitoral deve estar

atento a outras questões que envolvem a conquista de um lugar no quadro de

representação política.

6 Para Steven Luckes (1985 [1974] apud, MIGUEL, 2003), a análise para a compreensão do poder deve levar em conta três dimensões: a primeira é a capacidade de tomar decisões ou de vetá-las; a segunda diz respeito ao controle sobre as questões que serão alvos de decisão (a agenda); a terceira refere-se à capacidade de fazer com que os indivíduos tomem consciência dos seus verdadeiros interesses. Para uma melhor compreensão, ver Miguel (2003). 7 Para uma melhor discussão sobre o assunto, vide Miguel (2003). 8 Em seu trabalho “Representação Política em 3D”, Miguel (2003) faz uma discussão mais acurada sobre o assunto.

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Pensar nessas outras questões é lembrar que a própria noção de

representação, que tem as eleições como instituição central para a idéia de

democracia, é bastante recente. Durante um longo período histórico, existiu

uma grande distância entre o cotidiano das pessoas e as decisões políticas.

De acordo com Thompson (1999), no período da Idade Média e início da

Europa moderna, os negócios do Estado eram dirigidos de forma

relativamente fechada, distante da maioria da população. O que se tornava

público era apenas as aparições dos reis, príncipes e princesas, e o faziam

apenas para afirmar o seu poder, e não para tornar público suas ações.

Contudo, com o desenvolvimento do Estado constitucional moderno, a

invisibilidade do poder começou a ser, de alguma maneira, limitada. Segundo

Thompson:

O gabinete secreto foi substituído ou suplementado por uma série de instituições de caráter mais aberto e "responsável"; decisões políticas importantes eram sujeitas a debate dentro de assembléias parlamentares; e aos cidadãos foram concedidos certos direitos básicos, em alguns casos formalmente reconhecidos pela lei, que garantia, entre outras coisas, sua liberdade de expressão e de associação. A doutrina dos arcana imperii9 foi transformada no princípio moderno do segredo oficial e restrito em sua aplicação para aquelas questões consideradas vitais para a segurança e estabilidade do estado. Nestes e em outros aspectos, o poder se tomou mais visível e os processos de tomada de decisão, mais públicos, embora esta larga tendência não tenha sido uniforme e completa. Os detentores do poder encontraram novas formas de manter segredo e novas razões para se defenderem. Novas formas de poder invisível e de governo encoberto - desde as ininvestigáveis atividades dos serviços de segurança e organizações paramilitares aos acordos e transações de políticos a portas fechadas foram inventadas. Limitar a invisibilidade do poder não torna o poder inteiramente visível: pelo contrário, o exercício do poder nas sociedades modernas permanece de muitas maneiras envolto em segredo e escondido da contemplação pública (THOMPSON, 1999, p. 115).

9 “Doutrina do segredo de estado, que defende que o poder do príncipe é mais efetivo e verdadeiro com seus objetivos se for escondido da contemplação das pessoas e, como a vontade divina, invisível” (Idem).

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Além dessa relativa limitação da invisibilidade do poder, as

democracias liberais contemporâneas se caracterizam também pela melhor

organização da sociedade civil, no sentido gramsciano, o que faz com que o

poder político passe a ser exercido especialmente por meio do consenso e

não somente através da coerção exercida pelo Estado.

O conceito de sociedade civil tem sido considerado central na teoria

de Gramsci. Segundo Coutinho (2005), Gramsci observa uma intensificação

da socialização da política a partir de uma “standardização” dos

comportamentos humanos que foi gestada pelo crescimento e imposição do

desenvolvimento capitalista. “Isto faz surgir uma esfera social nova, dotada de

leis e de funções relativamente autônomas e (...) de uma dimensão material

própria, que Gramsci denomina de sociedade civil” (COUTINHO, 2005, p. 16).

Para Gramsci, nessas novas formações sociais ocidentalizadas (em

contraposição às Orientais, e mais primitivas), o Estado não se restringe aos

mecanismos de dominação direta, por meio de ações coercitivas (que

Gramsci chama de sociedade política). Embora esses mecanismos

coercitivos continuem a existir nessas sociedades ocidentais mais

complexas10, Gramsci enfatiza a emergência da sociedade civil. Esta é

especificada pelo fato de ocorrerem relações sociais de direção político-

ideológica, de hegemonia que, no dizer de Coutinho, “complementam” a

dominação estatal (coercitiva), assegurando o consenso dos governados e a

hegemonia, para as forças que visam a destruição da velha dominação

(Idem).

É nessa perspectiva de considerar a emergência dessa sociedade

civil que Gramsci chama a atenção para a nova forma de um grupo alcançar a

supremacia nas sociedades ocidentais. Para ele,

a supremacia de um grupo social se manifesta de dois modos, como ‘domínio’ e como ‘direção intelectual e moral’.

10 Importante destacar que há uma ação combinada necessária entre a sociedade política e a sociedade civil. Porém quanto mais democrática for uma determinada sociedade, maior deverá ser a prevalência da sociedade civil sobre a sociedade política. Nesta situação as ações coercitivas da sociedade política tornam-se mais seletivas, orientando-se sobretudo por sua natureza de classe. O que significa dizer que as classes subalternas são o alvo privilegiado das ações coercitivas da sociedade política.

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Um grupo social domina os grupos adversários, que visa a liquidar ou a submeter inclusive com a força armada, e dirige os grupos afins e aliados. Um grupo social pode e, aliás, deve ser dirigente já antes de conquistar o poder governamental (esta é uma das condições principais para a própria conquista do poder); depois, quando exerce o poder e mesmo se o mantém fortemente nas mãos, torna-se dominante, mas deve continuar a ser também “dirigente”. (GRAMSCI, 2002, p.62-63)

Assim, considerando a existência dessa sociedade civil e que a

supremacia de um grupo se dá por domínio e por direção intelectual e moral,

Gramsci trabalha com a idéia de hegemonia.

Em uma obra que busca uma leitura rigorosa do pensamento

gramsciano, Luciano Gruppi (1978), em nota, apresenta o significado

etimológico do termo hegemonia: o termo deriva do grego eghestai, que

significa conduzir, ser guia, ser líder; também do verbo eghemoneuo, que

significa ser guia, preceder, conduzir, e do qual deriva estar à frente,

comandar, ser o senhor. Segundo Gruppi, o antigo grego entendia por

eghemonia a direção suprema do exército. Nesse sentido, trata-se de um

termo militar. “Hegemônico era o chefe militar, o guia e também o

comandante do exército. Na época do Peloponeso, falou-se de cidade

hegemônica para indicar a cidade que dirigia a aliança das cidades gregas em

luta entre si” (GRUPPI, 1978, p. 01).

No sentido gramsciano, o termo hegemonia passa a ter uma

conotação ainda mais complexa. Para Gramsci, o termo é compreendido

como direção intelectual e moral, conseguindo tornar sua ideologia dominante

e legítima na sociedade. Por ideologia, entende “o significado mais alto de

uma concepção do mundo, que se manifesta implicitamente na arte, no

direito, na atividade econômica, em todas as manifestações de vida

individuais e coletivas” (GRAMSCI, 1999, p.98).

Na análise gramsciana, os grupos políticos tornam-se ou

permanecem hegemônicos quando conseguem transformar sua concepção

de mundo em “um movimento cultural, em uma ‘religião’, em uma ‘fé’”,

produzindo uma atividade prática e uma vontade nas quais ela esteja contida

como “premissa teórica implícita”, cimentando e unificando com sua ideologia

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todo o “bloco social” (GRAMSCI,1999, p. 98). Dessa forma, para que uma

concepção de mundo consiga se tornar hegemônica, ela deve se tornar

“senso comum”, orientando as atividades cotidianas da vida das pessoas.

A hegemonia será disputada no âmbito da sociedade civil, uma vez

que é nela que se forma uma mentalidade responsável pela aceitação

“natural” de uma ordem imposta pelas classes dominantes. Isso porque é

necessário que uma concepção de mundo se transforme em senso comum,

moldando as formas de sociabilidade e as práticas cotidianas de uma

sociedade para que uma concepção de mundo se mantenha ou se torne

hegemônica.

Na interpretação de Williams (1979), a concepção gramsciana de

hegemonia envolve todo o processo social vivido. Para ele, a hegemonia:

constitui (...) um senso da realidade para a maioria das pessoas na sociedade, um senso de realidade absoluta, porque experimentada, e além da qual é muito difícil para a maioria dos membros da sociedade movimentar-se, na maioria das áreas de sua vida. Em outras palavras, é no sentido mais forte uma ‘cultura’, mas uma cultura que tem também de ser considerada como o domínio e subordinação vividos de determinadas classes. (WILLIAMS, 1979, p.113).

No entanto, é importante destacarmos que, para Gramsci, a

hegemonia não implica uma forma passiva de aceitação de uma ordem.

Segundo Williams, a hegemonia vivida é sempre um processo e tem que ser

“renovada continuamente, recriada, defendida e modificada” (Id. p.113). Tal

processo ocorre porque a hegemonia de um grupo social nunca é exercida de

forma total ou exclusiva. A hegemonia pode ser constantemente desafiada

por outras formas de cultura e política alternativas, implicando sempre a

existência de formas de contra-hegemonia (Id. p.115-116).

Na concepção gramsciana, tais formas alternativas de cultura e

política emergem do seio do senso comum, que é a visão de mundo dos

“homens-massa”, que constituem as classes subalternas11. O senso comum é

11Gramsci, ao tratar da consciência crítica dos homens, afirma que todos são filósofos. A filosofia, para ele, está contida nas práticas da vida cotidiana: na linguagem, no senso

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considerado como um conhecimento distinto da filosofia: enquanto no

primeiro “destacam-se características difusas e dispersas de um pensamento

genérico de uma certa época e um certo ambiente popular”, no segundo

“destacam-se as características de elaboração individual do pensamento”

(GRAMSCI. p.100-101) .

Entretanto, no seio do senso comum há elementos que representam

uma crítica em potencial, um “núcleo sadio” que Gramsci chama de “bom

senso”. Para Gramsci, o bom senso corresponde à filosofia popular, que nada

mais é que um “conjunto desagregado de idéias e opiniões”, que se for

articulado e sistematizado pode dar origem a uma ação de contra-hegemonia

(GRAMSCI, 1999, p.98).

Desta forma, Gramsci considera que, na disputa pela manutenção ou

conquista da hegemonia, os grupos conservadores tentam impor sua filosofia

como senso comum, tratando de neutralizar esse núcleo sadio do senso

comum para a manutenção do status quo.

Para tanto, necessitam fazer uso dos aparelhos privados de

hegemonia. Estes correspondem a organismos que possuem uma relativa

autonomia em relação ao Estado que influi ou tem potencialidade para influir

na opinião pública como a imprensa, os sindicatos, associações, igrejas,

escolas.

Os aparelhos privados de hegemonia atuam no sentido de obter o

consenso como uma condição para a dominação, prescindindo, assim, dos

aparelhos coercitivos do Estado, mas mantendo uma relação de

complementaridade com os mesmos.

Assim, é importante entendermos que a elaboração de um programa

de governo no período eleitoral traz consigo um conjunto de alternativas,

diretrizes e políticas, que é balizado pela ideologia hegemônica.

comum, no bom senso, na religião popular, etc. Como cada um de nós pertence a um determinado grupo e compartilha “de sua maneira de pensar e agir, somos conformistas de algum tipo de conformismo, somos sempre homens-massa ou homens-coletivo” (GRAMSCI, 1999, p.94). No entanto, o problema é saber a qual tipo histórico, qual tipo de multiplicidade de homens-massa pertencemos. Para ele, “quando a concepção do mundo não é crítica e coerente, mas ocasional e desagregada, pertencemos simultaneamente a uma multiplicidade de homens-massa, nossa própria personalidade é compósita, de uma maneira bizarra: nela se encontram elementos dos homens das cavernas e princípios da ciência mais moderna e progressista (...).Criticar a própria concepção de mundo, portanto, significa torná-la unitária e coerente e elevá-la até o ponto atingido pelo pensamento mundial mais evoluído”. (Idem., p.94 ).

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Dessa forma, a elaboração de um programa de governo transcende a

perspectiva tecnicista que privilegia a elaboração de projetos levando-se em

conta a formulação de políticas baseadas pelo programa partidário e a

administração dos diferentes interesses que estão em jogo na formação das

alianças políticas que se formam no período eleitoral. Tal elaboração de

propostas precisa estar em consonância com essa visão hegemônica, na

medida em que uma postura que se contraponha a ela tornaria o programa

eleitoral de governo inconsistente e descontextualizado com as demandas

“reais” da população. Dito de outra forma, um projeto de governo baseado em

uma perspectiva anticapitalista, antidemocrática e antidesenvolvimentista,

teria chances muito remotas de se tornar competitivo.

Nessa perspectiva, importante a análise de Poulantzas sobre a

questão do poder, uma vez que esta trata da disputa política que ocorre no

seio do Estado. Para Poulantzas (2000), o Estado desempenha um papel de

organização da ou das classes dominantes que compõem o bloco no poder,

que é composto por várias frações de classe burguesa. “Organização, na

perspectiva do Estado, da unidade conflitual da aliança de poder e do

equilíbrio instável dos compromissos entre seus componentes, o que se faz,

sob hegemonia e direção, nesse bloco, de uma de suas classes ou frações

(,,,)”. (POULANTZAS, 2000, p. 129).

Assim, para Poulantzas, o Estado representativo moderno apresenta

uma estrutura flexível para unir os interesses políticos de longo prazo de um

bloco no poder.

Ao tratar da natureza e função do Estado, Poulantzas defende este

como sendo, ao mesmo tempo, cristalização e locus do conflito de classes.

Para ele, para entender o caráter do Estado, torna-se necessário entendê-lo

como sendo uma condensação material de uma relação de forças entre

classes e frações de classes, e, consequentemente, a luta política se trava

dentro dele.

Para Poulantzas (2000), a ossatura material das instituições estatais é

constituída pela relação do Estado com as relações de produção. Porém,

adverte:

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O Estado não se reduz à relação de forças, ele apresenta uma opacidade e uma resistência próprias. Uma mudança na relação de forças entre classes certamente tem sempre efeitos no Estado, mas não se expressa de maneira direta e imediata (...). Uma mudança de poder do Estado não basta nunca para transformar a materialidade do aparelho de Estado: essa transformação provém, sabemos, de uma operação e ação específicas. (POULANTZAS, 2000, p. 132).

Nesse sentido, entender a relação do Estado com as classes sociais

requer ir além da idéia do Estado como “coisa” ou como “sujeito”. No primeiro

caso, a política do Estado em prol da burguesia se dá pelo controle exercido

pelo Estado-instrumento de uma única fração da burguesia. Nessa

perspectiva do “Estado-coisa”, o Estado não apresenta nenhuma autonomia

frente à classe ou fração de classe dominante. No segundo caso, ao

contrário, o Estado é concebido como dotado de poder próprio e de total

autonomia em relação às classes sociais, impondo sua política aos

divergentes interesses da sociedade civil.

Para Poulantzas, essas duas concepções, Estado-coisa e Estado-

sujeito, não explicam o estabelecimento da política do Estado em favor das

classes dominantes, e não levam à compreensão das contradições internas

do Estado. Para ele, a política do Estado em favor do bloco no poder, o

funcionamento de sua relativa autonomia e o seu papel de organização

dessas classes têm ligação direta com essas “fissuras” internas do Estado.

Assim, “o estabelecimento da política do Estado deve ser considerado como a

resultante das contradições de classe inseridas na própria estrutura do Estado

(o Estado-relação)” (POULANTZAS, 2000, p. 135).

As contradições de classe que existem entre as frações do bloco no

poder assumem no seio do Estado a forma de contradições internas entre os

diversos ramos e aparelhos do Estado, porque as diversas classes e frações

do bloco no poder só participam da dominação política na medida em que

estão presentes no Estado. Segundo Poulantzas:

Cada ramo ou aparelho de Estado, cada face, de alto a baixo, de cada um deles constitui muitas vezes a sede do poder, e o representante privilegiado, desta ou daquela fração do bloco

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no poder, ou de uma aliança conflitual de algumas dessas frações contra as outras, em suma a concentração-cristalização específica de tal ou qual interesse ou aliança de interesses particulares. Executivo e parlamento, exército, magistratura, diferentes ministérios, aparelhos regionais municipais e aparelho central, aparelhos ideológicos, eles mesmos divididos em circuitos, em redes e trincheiras diferentes, representam com freqüência, conforme as diversas formações sociais, interesses absolutamente divergentes de cada um ou de alguns componentes do bloco no poder: grandes proprietários de terra (...), capital não-monopolista (...), capital monopolista (e uma ou outra fração deste: capital monopolista com dominância bancária ou industrial), burguesia internacionalizada ou burguesia interna. (POULANTZAS, 2000, p. 135).

Para este autor, as contribuições das classes e frações dominantes,

as relações de forças dentro do bloco no poder, que instiga a organização

desse bloco na perspectiva do Estado existem como relações contraditórias

que se estabelecem no seio do Estado. O Estado não organiza a unidade do

bloco político no poder de fora, como se resolvesse, externamente, as

contradições de classe. Ao invés disso, é o jogo dessas contradições que

ocorre dentro do Estado que torna possível a função de organização do

Estado.

Para ele, entender o Estado como condensação material de uma

relação de forças, significa compreendê-lo como “um campo e um processo

estratégicos, onde se entrecruzam núcleos e redes de poder que ao mesmo

tempo se articulam e apresentam contradições e decalagens uns em relação

aos outros” (Idem, p. 138).

É daí que surgem táticas cujo objetivo geral ou cristalização

institucional se corporificam nos aparelhos estatais.

Nesse campo passam muitas táticas que são muitas vezes bastante explícitas ao nível restrito onde se inserem no Estado, táticas que se entrecruzam, se combatem, encontram pontos de impacto em determinados aparelhos, provocam curto–circuito em outro e configuram o que se chama a política do Estado, linha de força geral que atravessa os confrontos no seio do Estado. Nesse nível, essa política é certamente decifrável como cálculo estratégico, embora mais como resultante de uma coordenação conflitual de

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micropolíticas e táticas explícitas e divergentes que como formulação acional de um projeto global e coerente. (Idem, p. 139)

Porém, o Estado não constitui um simples conjunto de peças

descartáveis, mas apresenta uma unidade de aparelho ligada à unidade

(através de suas fissuras) do poder de Estado. “Isso se traduz por sua política

global e maciça em favor da classe ou fração hegemônica, atualmente o

capital monopolista”. (Idem)

Para Poulantzas: A unidade-centralização do Estado em favor, atualmente, do capital monopolista se estabelece por meio de um complexo processo: transformações institucionais do Estado de tal forma que alguns centros de decisão, dispositivos e núcleos dominantes só podem ser permeáveis aos interesses monopolistas instaurando-se como centros de orientação da política de Estado e como pontos de estrangulamento de medidas tomadas alhures em favor de outras frações do capital.

Assim, essa complexidade de articulação dos diversos aparelhos do

Estado leva a uma distinção entre poder formal (que é o poder que se

aparenta ter) e o poder real, isto é, o poder que dispõe um grupo de fato.

Desta forma, mesmo a ascensão da esquerda ao poder do Estado não

assegura, de fato, a sua dominação. Segundo Poulantzas:

A unidade centralizada do Estado não reside numa pirâmide na qual bastaria ocupar o cume para garantir seu controle. Há mais: a organização institucional do Estado torna possível à burguesia permutar o papel dominante de um aparelho por outro, no caso em que a esquerda ocupando o governo conseguisse controlar o aparelho que até então desempenhasse o papel dominante (...). O Estado não é um bloco monolítico, mas um campo estratégico. (POULANTZAS, 2000, p. 141)

Nesse sentido, podemos entender essas plataformas em períodos

eleitorais não somente como uma meta a ser seguida pelo partido ou

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coligação em disputa, mas como elemento de disputa que não apresentam

diferenciações significativas em termos políticos, pois trazem no seu bojo a

continuidade de um projeto hegemônico, não contrariando os interesses a

longo prazo da burguesia como um todo. As disputas eleitorais entre as

diferentes frações das classes dominantes são, portanto, um momento

importante para o reposicionamento das diferentes frações entre si em

relação ao comando do Estado.

Nesse sentido, a concepção proposta por Leite e Fonseca segundo a

qual os partidos programáticos devem se preocupar com a democratização e

o desenvolvimento da sociedade brasileira se estende a todo e qualquer

partido político, na medida em que é esse discurso do desenvolvimentismo

que se faz presente na sociedade atualmente. Não há uma contestação

dessa visão por nenhum partido que se pretende competitivo. Isso demonstra,

portanto, que as diferenciações entre os conteúdos dos programas

governamentais propostos são irrelevantes em termos programáticos, não

apresentando, necessariamente, um conteúdo condizente com ideais políticos

e sociais presentes em seu programa partidário.

2.2. A APRESENTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE GOVERNO E OS DESAFIOS DA POLÍTICA NA CONTEMPORANEIDADE

Levando-se em conta que um programa de governo deve ser

entendido de uma forma “ampliada”, que deve considerar as forças

hegemônicas presentes em uma sociedade em um determinado período

histórico, é importante considerar que a formulação de propostas deve levar

em consideração dois aspectos relevantes da política na atualidade: a crise

de representação dos partidos políticos e o processo de midiatização da

política.

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2.2.1. A crise da representação política A análise da disputa pelo poder nas democracias liberais

contemporâneas exige levar em consideração um aspecto central que

caracteriza o regime de representação política na atualidade: aquilo que

alguns analistas políticos chamam de crise de representação política.

Tal crise pode ser entendida como parte do processo mais geral de

declínio da importância que os partidos políticos desempenham como

mecanismos de intermediação política entre representantes e representados.

Peter Mair (2003), ao tratar desse assunto, busca avaliar a verdadeira

natureza da crise enfrentada pelos partidos políticos, fazendo uma análise

das mudanças que afetam os partidos políticos na atualidade.

Para Mair, o processo de mudanças que estão sofrendo os partidos

políticos atualmente os tem levado a se darem conta da sua crescente

incapacidade como agentes de representação política. Esse processo deve

ser concebido como sendo resultado de uma mudança na própria natureza da

democracia. Para ele, a época do partido de massas acabou, porém, o partido

continua a desempenhar um papel relevante de gestão da democracia.

Assim, embora o papel do partido como agente de representação possa ser

questionado, “o seu papel procedimental continua a ser tão essencial como

antes” (MAIR, 2003, p. 278).

Em sua análise, Mair aponta algumas “pistas” que permitem entender

de que modo mudaram os partidos na atualidade. A primeira diz respeito ao

declínio da quantidade de membros, demonstrado pelos decrescentes

números de filiação partidária (Idem). A segunda pista diz respeito a uma

característica da vida interna dos partidos, marcada por uma decadência do

ativismo partidário mesmo entre os membros que permanecem filiados.

Além disso, a participação eleitoral está em declínio em todo o mundo

democrático avançado. No que se refere à Europa Ocidental, Mair demonstra

que os números que revelam esse declínio começam a ser registrados a partir

da década de 90. Essa diminuição da participação eleitoral evidencia uma

incapacidade dos partidos políticos conseguirem mobilizar os cidadãos como

anteriormente bem como de desfrutarem de uma presença importante no seio

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da sociedade em geral, demonstrando um distanciamento em relação aos

cidadãos.

Contudo, o autor considera que, ao mesmo tempo em que há esse

distanciamento da sociedade, cresce uma importância do papel do partido no

governo e no Estado. Tal importância é vista por ele como resultado de três

desenvolvimentos que marcaram as democracias ocidentais nas últimas

décadas: a dependência financeira dos partidos em relação ao Estado; o

regulamento e leis estatais que determinam o funcionamento da organização

interna dos partidos; e o fato de os partidos políticos conferirem demasiada

importância ao Estado enquanto detentor de cargos públicos, o que faz com

que os partidos passem a estar mais preocupados em obterem esses cargos

públicos. Nesse sentido, Mair faz a seguinte consideração:

(...) aquilo que observamos é a gradual transformação dos partidos, que deixam de ser parte da sociedade para se tornarem parte do Estado. Assistimos a uma mudança do centro de gravidade do partido, que passa do partido no terreno para o partido que desempenha cargos públicos. É esta mudança que dita o fim da organização partidária na sua concepção tradicional, bem como, desse modo, do partido de massas enquanto tal. Os partidos de hoje são partidos diferentes, marcados por uma base organizacional cada vez mais fraca, mas uma face pública cada vez mais forte e mais eficazmente mantida. (MAIR, 2003, p. 282).

No que se refere às funções que os partidos podem ou devem

desempenhar nos regimes democráticos, Mair mostra que a literatura sobre o

assunto (que floresceu principalmente na década de 1960) entende que os

partidos políticos integram e mobilizam, caso necessário, o conjunto de

cidadãos, buscando articular e agrupar interesses, formular políticas públicas

e recrutarem e/ou promoverem líderes políticos.

Porém, o consenso na literatura existente dessa época estava ligado

a um conceito de partido que se inseria no modelo de partido de massas. Mas

como “os partidos foram mudando e o modelo do partido de massas começou

a desvanecer-se, as funções que os partidos podem desempenhar — ou que

desempenham de facto — tiveram de ser igualmente revistas”. (Idem)

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Assim, é importante rever as funções tradicionalmente ligadas aos

partidos. A função de integração e mobilização dos cidadãos foi fundamental

nas democracias do início do século XX, quando a massa de cidadãos

passou a fazer parte do mundo político, hoje, contudo, essa função não é

mais necessária. A função de articulação e agregação dos interesses

apresentados pela sociedade em geral tem sido cada vez mais partilhada com

outras associações e movimentos não-partidários assim como com os meios

de comunicação. O papel representativo e processual que desempenham nas

formulações de políticas públicas, hoje, na prática a determinação de políticas

públicas tem necessitado cada vez menos dos partidos políticos, pela

substituição do “julgamento de peritos ou de corpos aparentemente não

políticos na determinação de políticas públicas” (Idem, p. 283). A função de

recrutamento de líderes políticos e de funcionários para os cargos públicos

atualmente perdeu alguma força, no sentido que os partidos parecem estar

cada vez mais dispostos a transporem os seus limites organizacionais quando

procuram candidatos adequados para determinados cargos e funções. Hoje,

uma das principais funções atribuídas aos partidos é o papel que

desempenham na organização do parlamento e do governo.

Dessa feita, Mair demonstra que as funções que estão em declínio

nos partidos políticos se referem àquelas de ordem representativa, que foram

assumidas, pelo menos parcialmente, por outros organismos, enquanto as

funções processuais dos mesmos foram preservadas, adquirindo até mesmo

uma maior relevância.

Um outro conjunto de mudanças pelo qual passaram os partidos

políticos diz respeito ao desgaste de suas identidades partidárias. Para Mair,

isso significa dizer que, cada vez mais, os partidos tendem a se parecer uns

com os outros.

Para ele, embora existam diversos fatores que visam explicar essa

erosão das identidades partidárias, quatro, em especial, merecem destaque.

O primeiro fator diz respeito à erosão dos diferentes perfis eleitorais

de que os partidos disputavam anteriormente. Nesse sentido, Mair explica

que:

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À medida que as antigas distinções entre grupos de eleitores começaram a dissipar-se, os partidos começaram a partilhar eleitores entre si e, com o declínio da força das fidelidades afectivas partidárias, revelam-se hoje ainda mais dispostos a dirigirem os seus apelos aos eleitorados tradicionais dos adversários. O resultado é que o conceito de política enquanto conflito social, no qual os partidos eram entendidos como representantes de interesses políticos de forças sociais opostas, é hoje cada vez menos relevante dentro do regime político no seu conjunto. (MAIR, 2003)

Contudo, Mair considera que se hoje “todos os eleitores são mais ou

menos potencialmente acessíveis a todos os partidos, também todos os

partidos estão mais ou menos disponíveis para todos os eleitores, no sentido

em que a noção de política como conflito ideológico também está em declínio”

(Id, p. 286). Assim, há hoje uma menor oposição através de processos de

competição partidária, tanto em termos sociais como ideológicos. Nesse

sentido, Mair evoca a análise de Perry Anderson sobre o triunfo da ideologia

liberal capitalista:

Ideologicamente, a novidade da actual situação destaca-se em perspectiva histórica [...] Pela primeira vez desde a Reforma já não existem quaisquer oposições significativas — ou seja, pontos de vista sistematicamente rivais — no mundo do pensamento ocidental e quase nenhum à escala mundial [...] Sejam quais forem as limitações que persistam na sua prática, o neoliberalismo, enquanto conjunto de princípios, domina inteiramente todo o globo: a ideologia mais bem sucedida na história do mundo. (ANDERSON, 2000, apud MAIR, 2003, p. 286)

O segundo fator refere-se ao fato de os partidos se verem obrigados a

partilharem cada vez mais os seus programas e políticas e, uma vez no

governo, a partilharem a sua implementação.

Segundo Mair, a retórica poderá até permitir ao eleitor distinguir entre

os partidos do governo e os partidos da oposição, mas hoje torna-se evidente

que os grandes contrastes na prática política são cada vez mais difíceis de

discernir.

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O terceiro aspecto a ser levado em consideração diz respeito ao fator

de diferenciação entre os partidos. Para Mair, o fato de disputarem os

mesmos eleitorados leva os partidos a adotarem técnicas similares de

organização e de campanha. Assim, “os partidos aprenderam a imitar os

sucessos uns dos outros. Os modos de comunicação com os potenciais

eleitores tornaram-se também mais profissionalizados e, deste modo,

standardizados”.(Id, p. 287).

O outro fator que Mair chama atenção é a perda de uma identidade

partidária estratégica. Para ele, o fato de a maioria dos partidos das

democracias ocidentais serem hoje governamentais – que busca usufruir de,

pelo menos, um breve período no poder – faz com que estes sejam

caracterizados por crescentes níveis de “promiscuidade política”. Como o

acesso ao poder requer normalmente a formação de coligações, com isso, a

construção de amizades e alianças entre partidos, estes são levados a

abandonarem facilmente os padrões de formação de governo estabelecidos.

Diante desse quadro de erosão das identidades partidárias, os

eleitores parecem ter grandes dificuldades em diferenciá-los e identificá-los

como representantes das suas demandas.

Disto resulta um quadro de crescente despolitização dos políticos

inseridos no processo, bem como há o risco dos cidadãos tornarem-se cada

vez mais indiferentes à política (MAIR, 2003, p. 288).

A atual crise pela qual passa os partidos políticos revela os limites do

sistema de representação política. Essa crise, contudo, não deve ser

interpretada como um processo isolado de outras transformações que

ocorreram no seio das sociedades ocidentalizadas, mas como um processo

de ordem social e cultural mais amplo que está ligado com as transformações

e a própria complexificação da sociedade.

O processo de institucionalização da democracia representativa nos

países ocidentais pode ser caracterizado por ser um processo longo e

marcado por conflitos. Para Wanderley Guilherme dos Santos, a forma atual

desse tipo de democracia é resultado da “sedimentação e enraizamento

históricos, antes que de engenharia iluminista e sectária (...) sabe-se que o

perfil das democracias européias não foi preconcebido por nenhum

doutrinário, sendo resultado colateral da destilação de conflitos reais.”

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(SANTOS, 1998, apud SCHULZ, 2000). Para Santos, o modelo representativo

de democracia, com o sufrágio universal e eleições para a escolha dos cargos

do Executivo e do Legislativo resulta de um “processo histórico por vezes

violento, sempre doloroso e, amiúde, fabricante de surpresas”. (Idem).

Durante esse longo processo de institucionalização, a democracia

representativa sofreu diferentes e profundas transformações até chegar ao

momento atual, que é marcado por um afastamento entre representantes e

representados e pelo desgaste dos partidos políticos como mecanismos

legítimos de representação política.

Bernard Manin (1996) busca refletir as transformações dos governos

representativos ao longo do tempo, dividindo-os em três modelos distintos, a

saber: o governo representativo de tipo parlamentar, a democracia de partidos

e a democracia do público.

No governo representativo do tipo parlamentar, a escolha do

representante estava relacionada à confiança e aos vínculos locais do

candidato, mas essas eleições selecionam um tipo específico da elite: os

notáveis. “O governo parlamentar é o reinado dos notáveis” (MANIN,1995). O

deputado eleito votava na assembléia de acordo com a sua consciência e não

representava a vontade e opinião dos eleitores. As discussões políticas

estavam restritas ao parlamento. Tal modelo se esgota com o aumento do

eleitorado, o que impediu a predominância das relações pessoais entre

representante e representado.

A democracia de partidos surge com a ampliação do número de

eleitores e com a emergência dos partidos de massa. Esse novo modelo de

governo representativo passa agora a se caracterizar por uma notável

fidelidade partidária e expressa a divisão de uma sociedade dividida em

classes, o que faz com que a escolha eleitoral se dê em prol de um partido e

não em uma pessoa. Neste modelo, a escolha do representante está vinculada à escolha

do partido, muito mais do que ao seu programa. A esse respeito, Manin faz a

seguinte análise:

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Naturalmente, os partidos de massa constituídos no final do século XIX formularam plataformas políticas detalhadas, que utilizaram em suas campanhas eleitorais. Quanto a isso, revelaram-se muito diferentes dos partidos existentes no modelo parlamentar. Mas os eleitores não sabiam muita coisa a respeito do conteúdo preciso dessas plataformas. Mais freqüentemente do que se pensava, a grande maioria dos eleitores desconhecia os planos específicos propostos pelos partidos. Mesmo quando os eleitores tinham conhecimento da existência de programas, eles só guardavam na memória algumas fórmulas muito vagas e as palavras de ordem mais marcantes repetidas durante as campanhas. As plataformas políticas serviam para dar aos ativistas um certo senso de direção, que mobilizava suas energias e unificava o conjunto do partido. Ainda que por razões distintas, os eleitores dos partidos de massa não conheciam muito mais a natureza exata das metas defendidas pelos candidatos do partido em que votavam do que ocorria com o eleitorado no modelo parlamentar, ao escolher uma pessoa de confiança. Os eleitores dos partidos de massa votavam num partido porque se identificavam com ele, independentemente dos planos de ação constantes da plataforma do partido. Nesse sentido, a democracia de partido, assim como o tipo parlamentar de governo representativo, baseia-se na confiança. A diferença está no objeto dessa confiança: não mais uma pessoa, mas uma organização, o partido. (grifos nossos). (MANIN, 199)

Importante percebermos que nesse modelo, mesmo havendo um

sentimento de pertencimento a uma classe e uma maior identificação com um

partido político, o que representa uma maior politização do eleitorado, a

questão dos projetos políticos não necessitavam ser de um todo reconhecido

pelos eleitores, o que afasta a visão de que a discussão das plataformas de

governo foi um dia objeto de negociação entre representantes e eleitores e,

por esse motivo, as campanhas já foram mais politizadas.

Outra característica da democracia de partido diz respeito a forma

como era formada a opinião pública. Nesse modelo a disputa eleitoral bem

como os modos de expressão da opinião pública eram organizados pelos

partidos. Todas as formas de expressão dessa opinião pública se estruturam

por meio das diferentes visões partidárias.

A democracia de partido também não constitui o modelo

predominante de governo representativo nos dias atuais. Com a expansão

dos meios de comunicação, esse modelo entra em crise. Segundo Manin,

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antes dos anos 70, muitos estudos concluíam que as preferências políticas se

explicavam pelas características sociais, econômicas e culturais do eleitorado,

porém, hoje em dia a situação mudou.

Na visão de Manin, o aparecimento da televisão levou a um

estreitamento das relações entre representantes e eleitores, tornando os

partidos políticos prescindíveis nessas relações

Enquanto novo locus do debate político, a televisão exige dos

candidatos uma maior habilidade para o ato de se comunicar. Em suas

palavras:

(...) os canais de comunicação política afetam a natureza da relação de representação: os candidatos se comunicam diretamente com seus eleitores através do rádio e da televisão, dispensando a mediação de uma rede de relações partidárias. A era dos ativistas, burocratas de partido ou "chefes políticos" já acabou. Por outro lado, a televisão realça e confere uma intensidade especial à personalidade dos candidatos. De certa maneira, ela faz recordar a natureza face a face da relação de representação que caracterizou a primeira forma de governo representativo. Os meios de comunicação de massa, no entanto, privilegiam determinadas qualidades pessoais: os candidatos vitoriosos não são os de maior prestígio local, mas os "comunicadores", pessoas que dominam as técnicas da mídia. O que estamos assistindo hoje em dia não é a um abandono dos princípios do governo representativo, mas a uma mudança do tipo de elite selecionada: uma nova elite está tomando o lugar dos ativistas e líderes de partido. A democracia do público é o reinado do "comunicador".(MANIN, 1995, p.18)

Na sua visão, esse fato deve-se a uma crise de representação

política, na qual os partidos tornam-se apenas “instrumentos a serviço de um

líder” (Idem). Essa nova configuração do governo representativo teria duas

causas: a primeira está ligada ao fato de que “os canais de comunicação

política afetam a natureza da relação de representação”, em que a

comunicação entre candidatos e eleitores através da mídia dispensa a

mediação dos partidos; a segunda refere-se às condições atuais do exercício

do poder, pois “como o âmbito das atividades do governo aumentou

consideravelmente nas últimas décadas, tornou-se mais difícil para os

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políticos fazer promessas muito detalhadas; os programas ficariam muito

extensos e seriam praticamente ilegíveis” (Ibid).

Acrescenta-se a esses fatores, a evidência de que os eleitores

buscam um certo poder discricionário nos candidatos, quando se leva em

conta o caráter de imprevisibilidade dos problemas a serem enfrentados pelos

políticos. Dessa feita, “na opinião dos eleitores (...) a confiança pessoal que o

candidato inspira é um critério de escolha mais adequado do que o exame

dos projetos para o futuro” (Idem, p. 19).

Essa visão, contudo, não deve minimizar a capacidade contestadora

da sociedade12. Sem dúvida, o extraordinário desenvolvimento dos meios de

comunicação ao longo do século XX teve notáveis reflexos na prática política,

mas a relação entre a mídia e as decisões do eleitor não pode ser entendida

como um fator condicionante do voto. Essa relação tem sido atualmente

objeto de estudo de uma vasta literatura, que busca discutir as mudanças que

os meios de comunicação de massa imprimiram aos processos políticos de

uma forma geral e às eleições, em particular.

2.2.2. O processo de midiatização da política A centralidade que a mídia impõe no cenário político tradicional tem

sido objeto de reflexões de vários estudos na área das Ciências Sociais. Ao

tratar do lugar que a política ocupa na sociabilidade contemporânea, Rubim

(2002) afirma que a discussão sobre o assunto tem sido um tanto

problemática:

Insistentemente ela [a política] tem sido instalada no registro da crise, quase em situação de não-lugar. O colapso das energias utópicas, a derrocada das grandes narrativas, a depressão dos sujeitos políticos, a insatisfação com as práticas de representação, as repetidas denúncias de corrupção, o desencanto com os políticos profissionais aparecem apenas como algumas das inúmeras interpelações endereçadas à política pela contemporaneidade. A relação

12 Que pode ser compreendida através do conceito gramsciano de bom senso.

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atual entre comunicação e política, reivindicada de modo reiterado nos estudos recentes, tem, quase sempre, se pautado por um tom sombrio, pois a política submerge como dilacerada pela mídia. (RUBIM, 2002)

Para Rubim, há múltiplas modalidades de interação entre

comunicação e política, mas as diversas possibilidades de resolução dessa

relação, que embora se apresente ora complementar ora conflitiva, “é sempre

marcada tensa e em processo de persistente disputa” (RUBIM, 2002, p. 06).

Sem dúvida, as mudanças culturais ocorridas a partir do

desenvolvimento dos meios de comunicação de massa refletiram-se na

atividade política, uma vez que esta passou a introduzir novas formas de

disputa pelo poder. Segundo Miguel (2002):

O prodigioso desenvolvimento dos meios de comunicação, ao longo do século XX, modificou todo o ambiente político. O contato entre líderes políticos e sua base, a relação dos cidadãos com o universo das questões públicas e mesmo o processo de governo sentiram, e muito, o impacto da evolução tecnológica da mídia. Já no começo do século, fez-se notar a presença do rádio, secundado pelo cinema, que se mostrou um importante instrumento de propaganda. Os novos meios exigiam novos tipos de políticos, que soubessem como utilizá-los (...). Mas o meio dominante, desde que surgiu, e que por enquanto não parece ser desafiado pelas novas tecnologias, é a televisão. Ela revolucionou nossa percepção do mundo, em especial do mundo social e, dentro dele, da atividade política (MIGUEL, 2002, p. 155).

A mídia, especialmente a televisão, é um dos principais aparelhos

privados de hegemonia nas sociedades contemporâneas e adquire papel de

destaque na política contemporânea, na medida em que tem a capacidade de

difundir visões de mundo13.

Sem dúvida, a televisão, como uma das principais fontes de

informação e entretenimento, “reorganizou os ritmos da vida cotidiana, os

espaços domésticos e, também, as fronteiras entre diferentes esferas sociais

“(MIGUEL, 2002). Dentre as mídias eletrônicas, a TV ganha destaque no

cotidiano dos seus telespectadores. Para Joshua Meyrowitz (apud MIGUEL, 13 BOURDIEU, 1997.

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2002, p.155), a TV rompeu a segmentação de públicos que é própria da mídia

impressa, contribuindo para “redefinir as relações entre mulheres e homens,

crianças e adultos, leigos e especialistas”, além de “aprofundar as

transformações no discurso político, de certa maneira unindo o sentimento de

intimidade, transmitido pelo rádio, com o apelo imagético próprio do cinema”

(Idem).

Para Bourdieu, a televisão tem um papel de grande importância nas

disputas políticas. Para ele:

Um dos móveis das lutas políticas, no nível das trocas cotidianas ou na escala global, é a capacidade de impor princípios de visão de mundo, óculos tais que as pessoas vejam o mundo segundo certas divisões (os jovens e os velhos, os estrangeiros e os franceses). Ao impor essas divisões, formam-se grupos, que se mobilizam e que, ao fazer isso, podem chegar a convencer de que existem, a fazer pressão e a obter vantagens. Nessas lutas, hoje, a televisão desempenha um papel determinante. Os que ainda acreditam que basta se manifestar sem se ocupar da televisão correm o risco de errar o tiro: é preciso cada vez mais produzir manifestações para a televisão, isto é, manifestações que sejam de natureza a interessar às pessoas de televisão (...) e que, retomadas, amplificadas por elas, obterão sua plena eficácia. (BOURDIEU, 1997, p.29-30)

Assim, a mídia televisiva apresenta-se hoje como uma nova arena de

disputa eleitoral, “um espaço privilegiado da disputa política e da construção

da hegemonia entre os grupos sociais”. (EVANGELISTA, 2006b, p. 05).

Diante disso, e considerando a primazia da imagem trazida pelas

transformações culturais ocorridas na sociedade contemporânea, os

profissionais da comunicação dispõem de grande credibilidade face a suas

audiências, apresentando, por esse motivo, grande potencial para adentrar na

carreira política. Tal fator tem levado a uma série de estudos que buscam

discutir as influências que o meio televisivo impõe à prática política.

Em seu estudo, Leandro Colling (2001) busca sistematizar os estudos

sobre a mídia e eleições presidenciais realizadas no Brasil em 1989, 1994,

1998 e 2002. Objetivando apontar os principais eixos interpretativos utilizados

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por esses estudiosos, Colling observou que a maioria desses trabalhos

poderia ser dividida de acordo com as interpretações dos seus autores sobre

dois importantes aspectos: o primeiro diz respeito às mudanças provocadas

pela mídia sobre a política nos períodos eleitorais; o segundo eixo diz respeito

aos impactos atribuídos à mídia sobre os eleitores e o cenário em que ocorreu

a disputa.

O nosso estudo se encaixa nesse primeiro eixo apontado por Colling,

uma vez que busca identificar elementos que permitam explicar a relação

entre mídia e a discussão de projetos políticos entre candidatos e eleitores.

Nesse primeiro eixo interpretativo as pesquisas no Brasil buscam

refletir sobre as mudanças provocadas pela mídia na política no período

eleitoral. Nesses trabalhos, existem duas concepções diferentes: há os

autores que acreditam que nada mudou, isto é, que a forma de se fazer

política nas eleições continua a mesma de sempre, não havendo

modificações provocadas pelos meios de comunicação de massa; e existe

outro conjunto de pesquisadores que concluíram que tudo ou quase tudo

mudou. Esse conjunto de autores, por sua vez, se subdividem em duas

vertentes: há os que acreditam que tudo mudou para pior e os que defendem

que as mudanças foram positivas.

Segundo Colling, os que acreditam no lado negativo das mudanças

sustentam os seguintes argumentos: a) mídia despolitizou as campanhas

pois, antes da emergência dos meios de comunicação de massa, as

campanhas políticas eram mais politizadas, pois a política baseava-se no

corpo-a-corpo e no debate de idéias entre grupos interessados em política.

Antes, as campanhas eleitorais não se baseavam na imagem dos candidatos,

mas em seus projetos de governo; b) A mídia espetaculariza as campanhas

eleitorais. As estratégicas de comunicação fazem parte das campanhas e

são consideradas meros espetáculos; c) A mídia transforma os políticos em

mercadorias – em linhas gerais, os autores que defendem essa idéia

acreditam que os políticos fariam de tudo para agradar o eleitor, o que os leva

a adequar-se aos desejos desses eleitores, mesmo que estes destoem de

suas convicções e projetos de governo; d) A mídia transforma os políticos em

mitos: os autores que partilham dessa idéia criticam a mídia e as estratégias

de comunicação que tendem a prejudicar a democracia, cuja base deveria ser

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a racionalidade; e) A mídia retira funções que eram do campo da política – os

autores que defendem esse argumento acreditam que a mídia se apropriou

de uma série de funções que eram próprias dos partidos políticos, como a

escolha dos candidatos, o estabelecimento do contato com os eleitores, a

transformação da mídia em um “partido”, dentre outras; f) A mídia é central e

dominante: tal argumento está presente em todo esse primeiro eixo

interpretativo – com essa perspectiva, os defensores dessa linha de

pensamento, além de considerarem os meios de comunicação de massa

como centrais em nossa sociedade, acreditam que eles exercem um papel de

domínio sobre os demais campos, inclusive o político. (COLLING, 2001, p. 31-

32).

Quanto aos pesquisadores que acreditam que as mudanças que a

mídia impôs ao campo político foram positivas, estes, embora apresentem

críticas a ação dos media nas campanhas eleitorais, defendem os seguintes

argumentos: a) a mídia politizou as campanhas, na medida em que passa a

trazer a política para um número maior de pessoas; b) a mídia oferece aos

eleitores mais acesso às informações: tal argumento serve para justificar a

politização dos eleitores, pois os meios de comunicação estariam

proporcionando informações que antes não eram de conhecimento público; c)

a mídia provoca maior participação dos eleitores, pois são responsáveis por

produzir mais vontade de participar e intervir na vida política; d) existem

vieses positivos na espetacularização pois tal fenômeno não produz,

necessariamente, apenas consequências negativas.

Tais discussões ainda precisam ser muito debatidas, pois, como

sustenta Rubim, as questões postas pela contemporaneidade são

demasiadamente complexas para diagnósticos apressados e definitivos.

Nas discussões que defendem a mudança na prática política com o

advento dos meios de comunicação de massa, um conceito que tem sido

recorrente para analisar a relação entre mídia e política é o de “democracia do

público”, formulado por Manin (1995). Como visto no primeiro capítulo, este

conceito descreve bem a transformação ocorrida na prática política,

mostrando que a necessidade da política adequar-se aos meios de

comunicação de massa - sobretudo do meio televisivo – teria tornado as

campanhas eleitorais cada vez mais espetacularizadas, levando os partidos

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políticos a enfatizarem a imagem do candidato em detrimento de suas

propostas (MANIN, 1995).

A idéia de espetacularização leva em conta o eminente papel da

imagem na sociedade contemporânea. Com o crescente processo de

midiatização pelo qual passam as sociedades no período contemporâneo, os

fatos passam a ser percebidos cada vez mais a partir do momento em que

são mostrados através dos meios de comunicação de massas.

Para Guy Debord (2003) a supremacia da imagem com o advento dos

mass media leva à “sociedade do espetáculo”. Diz ele:

A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social levou, na definição de toda a realização humana, a uma evidente degradação do ser em ter. A fase presente da ocupação total da vida social em busca da acumulação de resultados econômicos conduz a uma busca generalizada do ter e do parecer, de forma que todo o «ter» efetivo perde o seu prestígio imediato e a sua função última. Assim, toda a realidade individual se tornou social e diretamente dependente do poderio social obtido. Somente naquilo que ela não é, lhe é permitido aparecer (DEBORD, 2003).

Para Debord, se a alienação do homem, em um primeiro momento,

encontra-se na degradação do “ser para o ter”, na sociedade do espetáculo

ela incide na degradação do “ter para o parecer”. Isto é, em nossa sociedade,

os acontecimentos precisam aparecer para serem vistos como reais.

Na visão de Sartori (2001), a política hoje, que ocorre por meios de

imagens, não tem sido positiva. Para ele, o homo sapiens, produzido pela

cultura escrita, está sendo transformado em um homo videns, no qual a

palavra vem sendo destronada pela imagem política. Essa política feita pelas

imagens interfere no processo democrático baseado em opiniões, condiciona

o processo eleitoral e embota a realidade.

No entanto, para Rubim, essas análises com diagnósticos pessimistas

para a atividade política, que vêem a comunicação como detentora de um

poder aniquilador para a política, são soluções apressadas e unilaterais para

complexas questões postas (ou impostas) pela contemporaneidade e, por

isso, não se sustentam.

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Ao tratar da espetacularização, Rubim (2002) defende que tal

fenômeno não é próprio da sociedade midiática. Antes das sociedades serem

ambientadas pela mídia já havia espetáculo na política e na religião. Porém,

hoje o espetáculo se separa dessas práticas sociais e se autonomiza, estando

mais ligado aos campos cultural e midiático. Isto ocorreria porque uma das

marcas da contemporaneidade é a cultura como espetáculo. Por ser cada vez

mais midiatizada, a cultura privilegia tal relação entre mídia e espetáculo (Id,

p.17).

Contudo, nem tudo no campo midiático é espetáculo. Rubim

considera midiatização e espetacularização como dois procedimentos

distintos, afirmando que:

Midiatização designa a mera veiculação de algo pela mídia, enquanto espetacularização, forjada pela mídia ou não, nomeia o processamento, enquadramento e reconfiguração de um evento, através dos inúmeros expedientes anteriormente analisados. Assim, a mídia pode ser associada a processos de midiatização e espetacularização, mas tais dispositivos longe estão de elucidar os fantásticos imbricamentos entre mídia e contemporaneidade (RUBIM, Id, p.14).

Com a preponderância da imagem no mundo contemporâneo, a

prática política nos dias atuais, sobretudo aquela que está voltada para o

processo eleitoral, se dá, cada vez mais, como uma luta por meio da imagem

pública dos candidatos. No Brasil, especificamente, onde as campanhas

eleitorais são eminentemente personalistas, podemos perceber isso nas

próprias estratégias de marketing que se baseiam principalmente na

construção da imagem dos candidatos em disputa. Mas tal imagem vai além

da percepção visual que se constrói destes políticos.

Ao tratar da importância de que dispõe a imagem nas atividades

políticas contemporâneas, Gomes (2004) afirma que no mundo político existe

a convicção segundo a qual uma parte considerável da disputa política se dá

na forma da disputa pela imagem, seja de indivíduos, de grupos ou de

instituições participantes do jogo político.

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Partindo da idéia de haver um fenômeno designado por ele como

Política da Imagem, Gomes (2004) acredita que a disputa pela imposição de

imagem recobriria grande parte da disputa política contemporânea,

“constituindo um horizonte adequado para a compreensão de parte

considerável dos fatos, atitudes, preocupações e disposições da prática

política em nossos dias” (GOMES, 2004, p.242).

Diferente do que sugere a expressão, a política da imagem não está

diretamente voltada para o aspecto visual ou iconográfico dos participantes do

jogo político, mas “indica a prática política naquilo que nela está voltado para

a competição pela produção e controle de imagens públicas de personagens

e instituições políticas” (Idem, p. 242).

Importante registrar que, para Gomes, a política da imagem não se

refere a um modo alternativo ou novo de se fazer política, que poderia se opor

a uma política discursiva, em que ocorreria uma contraposição óbvia entre

imagem e discurso. Para ele, a política da imagem, em sua substância, “é

uma entidade conceitual, decisivamente apoiada e construída sobre

mecanismos enunciativos lingüísticos” (Idem). Além disso, ela não é nenhum

fenômeno novo. Para ele, assim como acontece com os fenômenos da

política midiática, a política da imagem acontece desde a antiguidade:

O fenômeno da imagem pública, particularmente na sua forma política, parece ser tão antigo quanto o próprio fenômeno da vida pública. De Júlio César ao Rei Sol, de Thomas Jefferson a Bill Clinton, a preocupação com imagem, fama, nome, reputação das figuras e instituições políticas parece ter acompanhado sempre a prática política - e não apenas esta (Yavetz 1983; Burke 1994; Apostolides 1993, Cunningham 1981; Bukowski 1999 apud GOMES, 2004).

Também para Miguel (2002), a importância da imagem na prática

política não é algo novo. Para ele, não faz sentido alimentar a nostalgia de

“tempos áureos” da política, em que o que reinava era apenas o debate de

idéias, sem haver uma preocupação com a imagem construída com o auxílio

de técnicas da publicidade comercial. Para ele, esses tempos áureos nunca

existiram:

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Antes do advento da televisão, outros fatores “viciavam” o discurso político. Se hoje é importante que o candidato tenha um rosto atraente, antes pesavam mais a técnica retórica, o timbre de voz ou mesmo o talhe do corpo, já que indivíduos altos e corpulentos se destacavam mais em meio à multidão ou no palanque.[...] mesmo que se possa lamentar a atual banalização do discurso político, nunca houve nada parecido a um debate “puro” de idéias, desligadas daqueles que as enunciam. (MIGUEL, 2002)

Assim, se a política da imagem não é um fenômeno próprio do nosso

tempo, por que ela é considerada central no cenário atual?

Para Gomes, a centralidade da política da imagem no período

contemporâneo está vinculada à esfera da visibilidade pública e a sua estreita

relação com os meios de comunicação de massa. Na sua concepção, apesar

de ser quase intrínseco à atividade política, este fenômeno tornou-se o que é

hoje, em termos de importância social, devido a três fatores. O primeiro diz

respeito ao advento do modelo de sociedades democráticas, que trazem

consigo a exigência da esfera pública. O segundo fator está ligado ao advento

do modelo das sociedades de massa, e o terceiro, ao predomínio da

comunicação de massa como lugar e como significativo recurso no qual e

pelo qual se realiza a esfera daquilo que é socialmente visível (Mickey 1997;

apud GOMES, 2004).”

Para o autor, esses fatores fizeram com que a imagem ganhasse

dimensões únicas na política. Para ele:

A experiência democrática, centrada na existência de esfera pública e de eleições, encaminhou todas as suas energias para diminuir a importância da política obscura, de bastidores e gabinetes, constituindo-se lugares e situações de publicidade como aqueles da decisão política autêntica e, posteriormente, legal. Numa experiência política não democrática, o cuidado com a imagem se explicava pelo fato de que o apoio popular podia significar um suplemento de força, não raramente física, para a manutenção do exercício do poder por parte de um agente político. Não se tratava de uma forma de legitimar a decisão política, mas de conquistar

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força suplementar ou de reduzir a possibilidade de que tal força se voltasse contra o próprio mandatário. A prática política propriamente dita acontecia em outro lugar, sendo uma experiência de negociação particular ou privada. A experiência democrática moderna não admitia que o arbítrio daquele que era investido de poder se tornasse numa instância legitimadora da decisão. Como este lugar podia ser ocupado apenas pela esfera pública deliberativa e pelas formas eleitorais, o cuidado com a imagem pública tinha mesmo que deixar de ter uma função suplementar e acessória para conquistar outro lugar e outro valor. Aparentemente, o cuidado com a imagem pública mantém a função suplementar de obter adesão popular. Mas o que era apoio popular agora se transforma, qualitativamente, em posição do público, opinião pública. Para além dos efeitos sobre a opinião pública, o cuidado com a imagem tornou-se decisivo para o fato eleitoral e, através desses dois fatores, para a produção de efeito na esfera pública deliberativa. (GOMES, 2004)

Tais fatores explicam a importância diferenciada da imagem pública

em outras épocas. Porém, como explicar o modo específico do seu

funcionamento em nossos dias?

Para Gomes, como vivemos em uma sociedade de massa e, de certo

modo, globalizada, devemos levar em conta que estas, por serem sociedades

extensas, “os limites da vida e da sociabilidade comunitárias perderam a

maior parte do seu sentido e onde o conhecimento comum do que se passa

demanda e se apóia decisivamente em meios artificiais de geração e

circulação de mensagens” (Idem, p. 263-364).

Com isso, a imagem pública quase não pode ser produzida na

experiência sensorial direta e dificilmente tem possibilidade de circular pelos

instrumentos da convivência pessoal. Desta feita:

a imagem pública nos chega como nos chega o mundo: mediado pelo sistema institucional e expressivo da comunicação, instrumento predominante onde e por onde se realiza a visibilidade social. Novos instrumentos de produção, gerenciamento e circulação da imagem, praticamente fora do controle direto dos indivíduos e dos grupos de convivência, transformam qualitativamente o próprio objeto «imagem pública». (GOMES, 2004)

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Para Gomes, portanto, esses três fatores - o advento do modelo

democrático de sociedade com a exigência da esfera pública, o surgimento

das sociedades de massa e o predomínio da comunicação de massa como

lugar em que se realiza a esfera do que é socialmente visível - fazem com

que a imagem pública no período contemporâneo deixe de ser politicamente

acessória para ser central, deixando de ser um fato próprio da vivência

comunitária para ser um fenômeno decisivo nesse contexto cuja experiência é

produzida e conduzida pela nova forma de comunicação que se dá via meios

de comunicação de massa.

2.2.3. Marketing e política

Nesse novo contexto em que ocorre a prática política, um elemento

que se faz cada vez mais presente é a existência do marketing político. Nas

campanhas eleitorais atuais, a presença do marketing e seus profissionais é

algo indispensável para o candidato que pretende construir uma imagem

pública. Mas, o que é o marketing político?

Segundo Almeida (2002), o conceito e a prática do marketing eleitoral

político são polêmicos e estão presentes no amplo debate nos estudos de

mídia e política.

De acordo com este autor, a idéia de um marketing despolitizado não

é vista somente de modo negativo. Existem aqueles autores que defendem

essa característica como positiva. Para Cid Pacheco (apud ALMEIDA, 2002,

p.68), há uma diferença entre o marketing político e marketing eleitoral. O

marketing eleitoral é um fato não-político que se tornou um dos fatos políticos

mais relevantes da política contemporânea, por ser o marketing algo que vem

de fora da política e dizer respeito à esfera do mercado (PACHECO, apud

ALMEIDA, 2002, p.69). Porém, sua presença na esfera política não pode ser

considerada estranha ao mundo contemporâneo, pois, assim como foi uma

necessidade para o consumo de massas, o marketing transformou-se em algo

necessário para a política nas democracias liberais contemporâneas que

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caracterizam-se pela existência de eleitorados massivos. “É assim que o

marketing se associa à política: para atender a uma necessidade histórico-

social. A chamado, não por intromissão”(PACHECO, apud ALMEIDA, 2002).

Ainda segundo a concepção de Pacheco, o conceito de marketing

político é controverso entre os especialistas, porém, o conceito de marketing

eleitoral é algo já bem definido: “voto é marketing, o resto é política”, devendo,

este, pois, seguir a lógica do mercado, onde o primado seria o consumidor (no

caso, o eleitor).

O candidato – enquanto objeto eleitoral – é um produto e a eleição é uma venda – a ambos, obviamente, entre aspas: estamos no campo das metáforas. Sob tal enfoque, ninguém melhor do que os profissionais de marketing e propaganda para entender e operar tal processo (PACHECO, apud ALMEIDA, 2002, p. 69).

Para este autor, ”o maior inimigo do candidato é o político”, uma vez

que na atualidade o sucesso de uma eleição não pode ser alcançado apenas

por meios puramente políticos, mas deve contar necessariamente com as

técnicas de marketing (PACHECO, apud ALMEIDA, 2002, p. 69).

Segundo Vera Chaia:

Para os profissionais de marketing, o candidato a um cargo político deve respeitar todas as etapas que envolvem a venda de um produto: desde a criação de uma plataforma política até a “embalagem”, ou melhor, a conduta política, a forma de vestir, de se expressar. (apud ALMEIDA, 2002, p. 80):

Para Almeida (2002, p. 80), essa concepção de marketing político não

buscaria a formação de um projeto político e de um candidato da forma como

ele é, mas de uma maneira que se torne mais fácil a sua aceitação pelo

eleitorado, representando assim uma forma “cientifica” de conquistar votos.

Essa discussão de marketing enquanto sinônimo de voto e a

dificuldade de se alcançar o sucesso em uma eleição exclusivamente por

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meios políticos nos leva a pensar sobre a própria função do marketing. Para

tanto, é importante recorrermos a alguns conceitos de marketing.

Para Kotler, “O marketing é a análise, o planejamento, a

implementação e o controle de programas cuidadosamente formulados e

projetados para propiciar trocas de valores com mercados-alvo, no propósito

de atingir os objetivos organizacionais” (KOTLER, 1978, p. 20).

Também podemos entender marketing como sendo “o processo social

e gerencial através do qual indivíduos e grupos obtêm aquilo de que

necessitam e desejam por meio da criação e troca de produtos e valores”

(KOTLER E ARMSTRONG, 1993, p. 20).

Podemos conceber ainda o marketing enquanto “uma técnica

administrativa que visa especificamente a um objetivo” (BARILI apud

ALMEIDA, 2002, p. 76) e considerar que “todo marketing é marketing de uma

idéia” (KOTLER E ARMSTRONG apud ALMEIDA, 2002, p. 77).

Dessa forma, a afirmação de Pacheco acima citada segundo a qual

“marketing é voto, o resto é política”, como sustenta Almeida, contradiz o

próprio conceito de marketing.

Para Almeida, mesmo em casos considerados exemplares de

candidaturas conduzidas pelo marketing, como foi o caso das eleições de

Collor em 1989 e Menem, em 1991, na Argentina, a ação política foi

fundamental. Isso não quer dizer que o marketing não tenha papel importante

nas campanhas eleitorais. Segundo Almeida, tanto a ação política quanto a

função do marketing são fundamentais para o sucesso eleitoral:

Sem a construção dos cenários políticos, da organização política, do programa político, dos recursos materiais levantados para viabilizar um projeto político, e da aliança política que viabiliza espaços privilegiados na mídia (ou que altera a legislação eleitoral para favorecer determinados candidatos) o “marketing eleitoral” dificilmente trará resultados políticos vitoriosos. Mais corretamente seria dizer: voto é política mais marketing (ALMEIDA, 2002, p. 83).

Nessa perspectiva, podemos considerar que os programas de

governo em uma campanha constituem elementos importantes para a

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formação da imagem pública de uma determinada candidatura e pode, pois,

ser considerada uma idéia a ser trabalhada pelo marketing para a conquista

de votos.

Obviamente, dado o caráter personalista que caracteriza a política na

atualidade, os projetos políticos não são considerados a principal peça da

campanha política, mas aparece como um elemento importante para a

definição das estratégias de marketing para compor a imagem pública que se

idealizou para uma dada candidatura.

No entanto, a defesa de um projeto político no âmbito televisivo

esbarra em obstáculos que surgem na própria composição das mensagens

políticas elaboradas para esse meio de comunicação, em especial durante a

veiculação do HGPE.

2.2.4. As campanhas eleitorais brasileiras e o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral

No Brasil, dentre os muitos exemplos de influência da mídia no campo

político14, destaca-se o papel desempenhado pelo Horário Gratuito de

Propaganda Eleitoral na televisão. Nas campanhas majoritárias, o HGPE

representa um dos principais espaços para a realização da disputa eleitoral

entre os partidos políticos, em que os próprios candidatos e partidos são

responsáveis pela produção das mensagens políticas que julgam mais

adequadas para apresentarem aos cidadãos, potencializando o processo de

construção da imagem dos candidatos.

Algumas pesquisas revelam que esse espaço de disputa eleitoral -

concedido pela justiça eleitoral aos partidos durante o período eleitoral -

representa uma das maiores fontes de informação utilizadas pelos eleitores

no processo de decisão do voto15. Isso se deve, em parte, ao fato de que a

televisão representa o principal meio de comunicação em nosso país. A título

14 Sobre exemplos dessa interferência, ver Rubim e Colling (2004). 15 Ver Lourenço (2001).

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de ilustração, vale registrar aqui que, em 2006, 93,5% dos domicílios

brasileiros possuíam aparelhos de televisivos16.

Por esse motivo, o HGPE desempenha um papel central nos

processos eleitorais, sendo utilizado como objeto de negociação entre os

partidos no momento de formação de alianças.

Sobre a importância do HGPE nos processos políticos em nosso país,

Miguel (2004) explica que:

No jogo eleitoral brasileiro, ele se tornou um elemento central, altamente valorizado nos cálculos dos agentes políticos, quando projetam os lances seguintes de suas carreiras ou procuram alianças. Ele é, nas circunstâncias atuais da política brasileira, o grande mecanismo de valorização das hierarquias partidárias. Uma vez que o tempo é distribuído, em parte, de acordo com as bancadas no Legislativo, os partidos contam como blocos, como se agissem em uníssono (MIGUEL, 2004, p. 239).

Do ponto de vista da democratização, Miguel considera que o HGPE

propicia duas principais vantagens ao processo eleitoral. A primeira é a

redução da influência do dinheiro, na medida em que é o Estado que entra

com os gastos das veiculações nas diferentes emissoras17. A segunda é a

diminuição da influência das emissoras de comunicação de massa, pois

permite que os próprios partidos construam sua agenda temática,

selecionando assuntos que consideram mais adequados.

Por desempenhar um papel de destaque nas campanhas eleitorais, o

HGPE conta com programas altamente elaborados, montados a partir de

sofisticadas estratégias de marketing. Segundo Rubim (2002), no Brasil, ao

contrário de outros países que proporcionam o acesso gratuito dos partidos à

televisão, o HGPE leva ao ar material audiovisual de excelente qualidade.

16 Fonte: PNAD. 17 Apesar de positivo, é importante fazermos uma observação em relação a esse aspecto: a produção da propaganda política para a televisão é algo extremamente caro, pois envolve gastos com os especialistas do marketing que são muito disputados no mercado. Dentre as atividades do marketing que também aumenta os custos a campanha está o uso regular de pesquisas quantitativas e qualitativas, que são fundamentais para a definição das estratégias de campanha e suas eventuais correções de rumo durante uma campanha eleitoral.

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Por fazer uso dessas sofisticadas técnicas de marketing, o HGPE tem

sido um objeto muito discutido nos estudos sobre as interfaces entre a política

e os meios de comunicação, em que há sempre o debate em torno do poder

desses meios sobre a esfera política.

Para Albuquerque (1999, p. 55), o modelo político de propaganda

política no Brasil distingue-se em muitos aspectos daqueles adotados em

outros países, pois combina o acesso gratuito dos partidos à televisão (sendo

proibida a propaganda política paga) com uma relativa desregulamentação do

conteúdo da televisão.

Em seu estudo, Albuquerque compara o HGPE brasileiro a outros

modelos de propaganda política na televisão, principalmente ao modelo

americano.

Segundo o autor, o uso da propaganda política na televisão data do

ano de 1952, quando, nos Estados Unidos, os republicanos construíram uma

campanha bastante profissional para seu candidato dando ênfase ao uso de

spots. Tal escolha deveu-se a três motivos principais: pelo seu menor custo,

maior eficiência na audiência e devido ao fato desse modelo transmitir

mensagens simples e fáceis de serem memorizadas pelo espectador

(ALBUQUERQUE, 1999 p. 56). Em contrapartida, os democratas fizeram

pouco uso da televisão e censuraram a campanha republicana “como uma

tentativa de vender candidatos como sabão” (DIAMOND & BATES Apud

ALBUQUERQUE, 1999, p. 56). Ao mesmo tempo, algumas redes de TV

tentaram recusar a veiculação dos spots alegando que estes não eram

adequados a uma campanha presidencial. A partir disso, a profissionalização

e adaptação da propaganda política à lógica da televisão se tornaram

tendências dominantes nas campanhas eleitorais.

De acordo com Albuquerque foram dois os fatores que contribuíram

para a evolução da propaganda política nos Estados Unidos: primeiro, pelo

aumento da adoção do sistema de eleições primárias pelos estados norte-

americanos, no qual a seleção dos candidatos se faz a partir das bases e não

mais das máquinas partidárias; e, em segundo lugar, devido ao

desenvolvimento das tecnologias de comunicação, sobretudo no que se

refere à difusão da televisão, ao uso do marketing político e das pesquisas de

opinião. Tais mudanças, em seu conjunto, originaram “uma nova ordem

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política high tech, na qual os especialistas em comunicação política

assumiram um papel predominante na organização das campanhas eleitorais,

em detrimento do pessoal dos partidos políticos” (ALBUQUERQUE, 1999, p.

57).

Além disso, outro fator a ser levado em conta é o avanço da corrente

emocional na propaganda política, cuja consequência mais importante é,

segundo o autor, o uso frequente das técnicas de propaganda referencial,

“que utiliza símbolos carregados de afeto a fim de, sutilmente, transferir

sentido para os produtos por ela promovidos (Idem).

Nos Estados Unidos, as campanhas eleitorais são, portanto,

marcadas por um alto grau de profissionalização. Nesse contexto, os partidos

políticos desempenham um partido cada vez menos importante (Idem).

Segundo Albuquerque, uma teoria que vem sendo discutida

atualmente é a da “americanização” das campanhas eleitorais em todo o

mundo. Tal hipótese leva em conta duas constatações: por um lado, o papel

central da televisão como locus da disputa eleitoral e a consequente

decadência das velhas lideranças políticas e o declínio do debate ideológico

que tem, cada vez mais, dado lugar ao confronto de imagens públicas

(GUREVITSCH & BLUMLER, apud ALBUQUERQUE, 2002, p. 65); por outro,

a teoria defende que o modelo americano tem sido copiado em outros países,

o que tem levado a contratação de diversos profissionais de marketing

americanos. Tais fatores levariam a uma conclusão segundo a qual a

influência americana é o principal fator pra explicar as mudanças verificadas

nas campanhas eleitorais de outros países. Contudo, Albuquerque afirma que

esta é uma conclusão precipitada, uma vez existe pouca evidência para

sustentá-la. Exemplo disso, é o fato de consultores britânicos terem sido

contratados para comandar a campanha do presidente americano Bill Clinton,

o que levaria a identificar, com isso, uma “britanização” das campanhas

eleitorais (NEGRINE & PAPATHANASSOPOULOS, apud ALBUQUERQUE,

1999, p. 65).

No âmbito acadêmico, o termo “americanização” assume contornos

normativos, significando um caminho que os países devem seguir. Fora desse

campo, o termo é entendido com um sentido negativo, referindo-se à

subordinação da política nacional a critérios estrangeiros, superficiais e

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decadentes (MANCINI & SUANSON, 1996; BLUMLER, KAVANAGH &

NOSSITER, 1996, apud ALBUQUERQUE, 1999).

Porém, ao invés de utilizar o termo “americanização”, Mancini e

Swason (1996, apud ALBUQUERQUE, 1999) propõem o termo

“modernização” para referir-se às transformações das campanhas eleitorais

em todo o mundo e o termo americanização para referir-se ao estudo da

exportação das técnicas e de profissionais norte-americanos de campanha.

Americanização ou modernização, o fato é que nas democracias

liberais contemporâneas a profissionalização das campanhas eleitorais, com

a utilização das cada vez mais modernas técnicas de marketing, são

indispensáveis no jogo político eleitoral.

No Brasil, o HGPE tem sido construído baseado nesse processo de

modernização, o que tem levado a alguns autores identificarem no seu

processo de construção os desafios deste se tornar um meio eficaz para a

informação política do eleitor.

Miguel (2004) aponta um problema na utilização dessas técnicas.

Para ele, uma “boa” campanha eleitoral é aquela em que os candidatos

devem se preocupar em expor suas propostas, permitindo que o eleitor tenha

condições de escolher aquela que julga a melhor plataforma de governo. No

entanto, assinala que o predomínio das técnicas de marketing político no

HGPE compromete sua destinação inicial, que era gerar o debate político e

esclarecer a cidadania (MIGUEL, 2004, p. 241). Como vimos anteriormente,

tal idéia não é de um todo verdadeira, na medida em que, enquanto técnica

que pode servir para trabalhar diferentes idéias, o marketing em si não pode

ser considerado o pivô da despolitização de uma campanha eleitoral.

Claro que essa adequação dos programas eleitorais ao formato

televisivo é necessária. Albuquerque e Dias (2002b) afirmam que estes

programas tiveram que enfrentar alguns desafios, como o isolamento em

relação à programação normal, a necessidade de adaptar a mensagem a um

quadro temporal pré-definido e os problemas decorrentes do excesso de

informação. Por esse motivo, os programas tiveram que desenvolver uma

gramática própria.

Apesar de concordar com as transformações que os meios de

comunicação de massa impuseram ao discurso político, Miguel (2002) faz

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algumas considerações quanto ao tipo de interpretação que acredita que o

discurso político se pasteuriza ao incorporar um formato midiático. Na sua

concepção, formulações dessa natureza presumem que exista um modo de

discurso próprio dos políticos, porém ocorre que o discurso político muda

conforme o contexto histórico em que ocorre e com as possibilidades técnicas

de difusão de que dispõe. Outro problema apontado pelo autor é o fato de tal

pasteurização ter mais a ver com o “estreitamento do leque de opções

políticas, a partir do eclipse dos projetos socialistas, do que aos efeitos da

mídia” (Idem, 2002, p. 177-178).

Mesmo assim, não desconsidera as mudanças ocorridas na política a

partir do desenvolvimento dos media. Para Miguel, numa época em que a

televisão é preponderante “avulta o peso da imagem dos políticos e, o que

talvez tenha conseqüências ainda mais importantes, o discurso se torna cada

vez mais fragmentário, bloqueando qualquer aprofundamento dos conteúdos”

(Idem, p.178).

O discurso político no HGPE, especificamente, não pode deixar de

considerar os desafios impostos pela necessidade de adequação à televisão.

Em seu trabalho, Palmeira (2002) traça as diferentes formatações que o

HGPE adotou no Brasil desde a sua criação18, mostrando como a sua

trajetória do HGPE tem sido errática e descontínua, servindo aos interesses

políticos de quem detém a maioria no Congresso Nacional. Assim, em sua

análise, considera que o HGPE apresenta um caráter diferenciado a cada

eleição, sobretudo pelas alterações no texto da lei. Porém, desde a Lei Falcão

– que buscou delimitar a gramática eleitoral à exibição do nome do candidato,

seu número, um retrato 3x4 e um breve currículo - os blocos do HGPE estão

consolidados como o modelo de propaganda política brasileira. Esses blocos,

que são veiculados em horários predeterminados, são introduzidos como um

corte na programação normal das emissoras de rádio e televisão, representa

uma ruptura de hábito de audiência (PALMEIRA, 2002).

18 Segundo o autor, a propaganda política gratuita em rádio e televisão no Brasil já estava regulada em lei desde 1962. Antes disso, o Código Eleitoral de 1950 disciplinou a propaganda política paga no rádio. Mas apenas nos anos 70, depois que o regime militar unificou as telecomunicações, tornando possível a rede nacional, é que o HGPE começou a tomar forma.

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O HGPE é inserido na programação normal das emissoras de modo a

modificar o ritmo cotidiano das pessoas. Ao tratar da construção das

temporalidades pela ação da mídia, Barbosa afirma:

A estruturação do tempo nas grades de programação das emissoras se impõe de maneira imperativa, com o mesmo rigor do trabalho, tendo, ao mesmo tempo, um sentido de ritualização. Régis Debray remarca esta unção religiosa. Para ele, os programas são distribuídos na grade de horários, ritmam o tempo cotidiano e semanal, como no passado ocorria nos mosteiros com as missas matinais. (BARBOSA, 1999, apud PALMEIRA, 2002),

Para Palmeira, o fato dos blocos do HGPE se inserirem na grade de

programação, alterando o horário normal da emissora durante certo período

de tempo, repercute na audiência do HGPE. Segundo o autor, a audiência do

HGPE pode ser representada graficamente - sobretudo a partir de 1985, com

o término da Lei Falcão - como um sino invertido: da mesma forma que ocorre

com as novelas, o HGPE começa com um alto índice de audiência, em

seguida cai e recupera depois a audiência inicial. O aumento dos índices de

audiência nos últimos dias do HGPE deve-se pelo acirramento da disputa na

conquista de votos - que vem junto com denúncias e embates ou debates

entre os candidatos, além de representar, para o eleitor sem voto definido,

uma última possibilidade de conhecer seu futuro candidato (MENDES, 2000,

apud PALMEIRA, 2002 ). Nesse aspecto, importante destacar um elemento

básico que é característico do sistema eleitoral brasileiro. Como o voto é

obrigatório, o eleitor, que em geral tem pouco interesse pela política, precisa

definir o seu voto. Para tanto, como as fontes de informações são escassas

para o eleitor das camadas populares, resta o HGPE como fonte privilegiada

de informações sobre os candidatos que disputam as eleições nos diferentes

níveis. Além disso, há a expectativa com a volta da programação normal

(JORGE, 1997, apud PALMEIRA, 2002).

Assim, na busca de diminuir os efeitos causados pela ruptura da

programação normal e garantir um bom nível de audiência, os programas do

HGPE buscam empregar recursos de linguagem iguais aos da programação

normal das emissoras, buscando aliar entretenimento às mensagens

necessárias a um espaço de tempo predeterminado.

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Os limites impostos ao HGPE fizeram com que os programas

buscassem uma forma de adequar o discurso político à lógica comunicativa

de televisão, fazendo com que estes se aproximassem de um formato de

programa de televisão.

Este formato, contudo, não pode ser entendido como

impedimento para a discussão de problemas políticos e suas soluções. Afinal,

essa discussão costuma ser considerada como a própria razão de existir do

HGPE: permitir aos eleitores escolher o seu candidato conscientemente, em

função de sua afinidade com a plataforma política por ele apresentada

(ALBUQUERQUE, 1999, p. 70).

Para Albuquerque, a exposição da plataforma política pelos

candidatos tem sido considerada por muitos autores como uma tarefa

fundamentalmente diferente da construção de sua imagem. Para ele, o desejo

de um maior esclarecimento do eleitor não constitui a única razão que motiva

certos candidatos a dedicar uma parte significativa à apresentação de sua

plataforma política, mas é o desejo de construir uma imagem de seriedade e

competência que o leva a apresentar tal plataforma de governo.

Para esse autor, existem duas formas de abordar os problemas

políticos: um técnico e outro ideológico. Segundo ele, alguns autores têm

argumentado que as campanhas eleitorais brasileiras estariam evoluindo no

sentido de um a desideologização do discurso, em direção a um debate

político cada vez mais técnico.

Porém, essa forma de abordagem é um tanto simplista, na medida em

que não existe uma diferença substancial entre argumentos técnicos e

ideológicos, no máximo diferenças de estratégia, de forma.

O discurso técnico contém em si um discurso ideológico. Ora, os fatos

são construídos socialmente e as evidências são visões de mundo

particulares que tornaram-se hegemônicas, em contraposição a outras

perspectivas, concebidas como absurdas, exóticas, fantasiosas ou

ameaçadoras (HALL, 1979, apud ALBUQUERQUE, 1999). Assim, o

argumento técnico não deve ser tomado como antagônico ao discurso

ideológico, mas como um artifício retórico com base no qual discursos

ideológicos do status quo se apresentam como uma fala despolitizada, uma

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mera constatação da realidade das coisas (BARTHES, apud

ALBUQUERQUE, 1999).

Essa indistinção entre discurso técnico e ideológico remete à

concepção gramsciana de hegemonia. Um projeto político consiste em

conjuntos de crenças, interesses, concepções de mundo que orientam a ação

política dos diferentes sujeitos. Num embate eleitoral, o que se percebe é um

compartilhamento de uma visão de mundo, comum nos discursos dos

candidatos em disputa, que defendem determinados projetos que julgam

prioritários para a vida das pessoas, e que priorizam e defendem,

implicitamente, a continuidade de um modelo de sociedade hegemônico.

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3 . CAPÍTULO II:

OS PROGRAMAS DE GOVERNO NAS ELEIÇÕES NO RIO GRANDE DO NORTE

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3.1. A CONJUNTURA POLÍTICA DAS ELEIÇÕES 2006 NO RIO GRANDE DO NORTE

3.1.1. Notas sobre a política no RN e os candidatos ao governo do

estado em 2006

A política norte-rio-grandense tem se caracterizado, nas últimas

décadas, pelo enfrentamento de duas forças políticas nas diferentes eleições,

tanto no nível estadual quanto no da capital. Essas forças são compostas, de

um lado, pelo grupo da família Alves, que representa o PMDB no estado, que

lidera a coligação Unidade Popular, e pela família Maia, cuja liderança se dá

através da representação do PFL19 que dirige a coligação Vontade do Povo.

O grupo político dos Alves inicia-se sob a liderança de Aluízio Alves,

quando assume o governo do estado em 196020. Nas eleições deste ano,

Aluízio concorre com Djalma Marinho, candidato indicado por Dinarte Mariz,

grande expressão política da UDN21. Nessa disputa, o grupo de Dinarte

representava os interesses da oligarquia algodoeira e pecuária, enquanto o

Aluízio Alves representava os interesses da nascente burguesia industrial e

dos grupos sociais urbanos, prometendo criar condições para a modernização

do estado através do processo de industrialização (SPINELLI, 2006;

GERMANO,1989). Foi ele quem trouxe a energia de Paulo Afonso e instituiu o

planejamento governamental e a “administração paralela”, impulsionando a

arrancada para a industrialização (SPINELLI, 2006).

O seu governo adota o padrão de modernização inspirado no governo

Kubitscheck, promovendo o desenvolvimento econômico através de um

modelo dominante de industrialização. Segundo Germano (1989, p. 57), a 19 Hoje PFL mudou a denominação da legenda para DEMOCRATAS. 20 Segundo Germano (1989, p. 49), antes de 1960 o chefe da família Alves já atuava na política potiguar, mas ganha expressividade política a partir desse ano. De acordo com este autor, Aluízio Alves inicia sua carreira política nas eleições de 1945, como deputado federal pela UDN, vinculado a Dinarte Mariz. Ocupa o cargo até as eleições de 1958, quando é eleito novamente na condição de deputado federal mais votado. Com destacada participação na Câmara Federal, ganha respaldo para concorrer às eleições para o cargo de governador. Porém, Dinarte Mariz foi contra tal candidatura e lançou Djalma Marinho, o que o fez romper com Mariz e sair do partido. 21 Nessa época, dois partidos disputavam o poder: UDN (União Democrática Nacional) e o PSD (Partido Social Democrático). Ambos possuem origens oligárquicas, pois eram ligados ao Partido Popular. No Estado Novo, o Partido Popular dividira-se em UDN e PSD. Aquele representava a ala mais radical a Getúlio Vargas, enquanto este se “constituiu de elementos (...) menos extremados” ( FURTADO apud GERMANO, p. 1989, p.46).

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administração de Aluízio se pautou nos seguintes aspectos: a) modernização

administrativa e estabelecimento da infraestrutura necessária ao “progresso”

e à industrialização; b) forte aliança com o imperialismo norte-americano,

através de Aliança Para o Progresso, onde mediante convênios conseguiu

vultosos recursos para seu programa de governo; c) combinação de práticas

clientelísticas/conservadoras e repressivas na direção do aparelho de Estado.

No que pese o fator ideológico, Aluízio Alves declara-se “esquerda

positiva”, isto é, favorável às reformas, mas com a “manutenção das

instituições democráticas” (ALVES, Aluízio. In: GERMANO, 1989, p. 66).

Na crise política que antecede o golpe militar em 1964, Aluízio Alves

assume uma posição ambígua, na medida em que manifesta apoio ao

governo de João Goulart e, ao mesmo tempo, mantém relações políticas com

as lideranças políticas, tais como Carlos Lacerda e Magalhães Pinto,

respectivamente governadores do antigo estado da Guanabara (atual Rio de

Janeiro) e de Minas Gerais. Com a deflagração do golpe de estado, que

derruba João Goulart, Aluízio apoia o governo militar. Nas eleições de1965, a

oposição ganha os governos estaduais na Guanabara e em Minas Gerais.

Depois disso, os partidos políticos existentes desde 1945 são dissolvidos pelo

AI-222

Com a implantação do AI-2, Aluízio Alves filia-se à Arena (partido do

governo), apoiando o golpe de 1964, elegendo-se deputado federal em 1966.

Consegue também eleger como seu sucessor, Walfredo Gurgel, derrotando

Dinarte Mariz. Em 1965, Aluízio e Dinarte pertenciam a partidos políticos

diferentes. Com a imposição do bipartidarismo, os dois principais grupos

políticos estaduais passam a constituir a ARENA no Rio Grande do Norte,

coexistindo através do mecanismo da sublegenda (a legenda ficou dividida

em Arena Verde, comandada por Aluízio Alves, e Arena Vermelha, liderada

por Dinarte Mariz). Com a cassação de Aluízio em 1969, depois do AI-5, o

grupo Alves resolve migrar para o MDB e passa a fazer oposição ao governo

militar.23

22Implantado durante o governo de Castelo Branco, o Ato Institucional número dois (AI-2) , desativa todos os partidos políticos e cria apenas dois: Arena (partido da situação) e MDB (oposição). 23 Ibid, p. 51

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O grupo político da família Maia surge à cena política do estado no

governo Geisel, em 1975, sob a liderança de Tarcísio Maia. Ex-deputado

federal, Tarcisio Maia foi convocado pelo general Golbery para assumir o

governo do Estado e “empreender a renovação da elite política estadual,

condição exigida para dar sustentação, nos Estados, ao processo de

liberalização iniciado no governo Geisel” (SPINELLI, 2006). Segundo Spinelli

(2006), a ascensão de Tarcísio levou Dinarte Mariz, um dos porta-vozes da

linha-dura militar no Senado, para uma posição secundária.

Nesse governo, Tarcísio Maia ganha credibilidade frente à opinião

pública e às elites locais, por ter feito uma estrutura social preconizada pelo II

PND, recorrendo a quadros especializados, sendo as políticas habitacionais o

carro chefe de sua administração (ANDRADE, 1996; SPINELLI, 2006). Em

1979, o seu primo Lavoisier Maia (secretário da saúde do seu governo) o

sucede como governador biônico e nomeia José Agripino Maia (filho de

Tarcísio Maia).

Como prefeito, José Agripino elege os programas habitacionais como

meta prioritária, deixando o discurso da “participação” como marca de sua

administração (SPINELLI, 2006) como forma de legitimação do seu governo

biônico na Prefeitura de Natal.

A indicação de José Agripino para prefeito

obedecia a uma orientação das lideranças que promoviam a “descompressão” da ditadura militar com o objetivo de renovar a elite política, particularmente no Nordeste, incorporando quadros técnicos, sem histórico pessoal de militância político-partidária. Os novos tempos que se aproximavam contemplavam eleições diretas para cargos executivos (exceção feita da presidência da República, cujo titular seria ainda eleito indiretamente em 1985). Os candidatos do partido criado pelos militares deveriam saber lidar com os movimentos sociais urbanos que haviam florescido durante os anos 70, apesar da repressão governamental. Daí, o discurso da participação respaldado em políticas públicas para o meio urbano, particularmente as regiões metropolitanas das capitais, que elegiam a habitação popular como o principal problema a enfrentar (SPINELLI, 2009).

Com a retórica da participação, o seu modelo participativo não sofreu

grande oposição dos setores populares nem no estado nem na capital.

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Numa cidade e num estado sem grande organização sindical e de vida associativa; numa cidade em processo de crescimento, atraindo migrantes da zona rural que chegavam sem portar um histórico de construção de identidades contra-hegemônicas, e encontravam um ambiente urbano fracamente integrado, as novas políticas de integração social participativas e integradoras caíam em terreno fértil para abrir caminho aos propósitos de uma elite política que procurava se legitimar pelo apoio às suas pretensões. (SPINELLI, 2006)

É nesse sentido que a tradição política da família Maia se conforma,

passando a concorrer no mesmo patamar que os Alves, transformando a

antiga rivalidade dinartismo/aluizismo em aluizismo/maísmo.

A rivalidade entre Alves e Maia, embora tenha início no período

bipartidário, ganha força a partir de 1982, quando José Agripino derrota

Aluízio Alves nas eleições para governador. Desde então, são seguidos

pleitos em que esses grupos políticos familiares irão disputar entre si cargos

majoritários na estrutura política do estado e da capital.

Para Lacerda e Oliveira (2006), embora rivais, esses agrupamentos

não apresentam uma distinção clara no plano ideológico, pois os fatores que

os diferenciam estão ligados apenas aos seus posicionamentos frente ao

regime militar e ao processo de redemocratização. Para esses autores,

embora o PFL e a família Maia tenham um perfil considerado mais à direita

que os Alves, ambos podem ser considerados grupos de centro-direita.

Outra característica comum entre esses agrupamentos é que tanto a

Unidade Popular quanto a Vontade do Povo costumam prezar pela

participação de seus parentes em cargos eletivos. No entanto, esse traço é

ainda mais marcante na família Alves, visto que esta representa o núcleo

decisório do PMDB (LACERDA & OLIVEIRA, 2006). Além disso, adotam o

mesmo padrão estratégico que acontece através de eventuais cisões ou

defecções de seus parentes, seguida de um retorno ao agrupamento político-

familiar após um tempo de dissidência (Idem).

Sobre a identidade entre as principais lideranças políticas do estado,

Spinelli faz a seguinte afirmação:

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Para além de quaisquer outras diferenças, o que cimenta a identidade entre as principais lideranças políticas do estado é a busca de mecanismos políticos para dinamizar o setor empresarial, incentivar os investimentos, o crescimento econômico, a geração de empregos e a adoção de políticas sociais para atender demandas do setor popular. Isso não significa que haja um conjunto coerente de propostas nessa direção acerca das quais todos concordem. Nem que haja identidade ideológica em todos os pontos. Longe disso. Uns são mais conservadores e se situam mais à direita, outros menos rígidos ideologicamente, ainda outros admitem um vago diálogo com o campo da esquerda. Isso, contudo, é insuficiente para caracterizar o parentesco ideológico dos mesmos. É preciso que se acrescente a identidade de práticas políticas das principais facções dominantes ao longo das últimas décadas: suas ligações muito fortes com o setor empresarial moderno do Rio Grande do Norte; a atitude patrimonialista no trato com a coisa pública; a utilização da máquina pública como meio de favorecimento do grupo familiar (nepotismo) e da facção mais próxima; a proximidade muito grande aos setores tradicionais da sociedade e das cúpulas do Estado: lideranças políticas tradicionais nos municípios; grandes fazendeiros e empresários; setores dirigentes da magistratura, das forças armadas, do aparelho policial, do alto aparato burocrático. (SPINELLI, 2010)

Os principais candidatos ao governo do Rio Grande do Norte em

2006, Garibaldi Alves Filho (PMDB) e Vilma Maria de Faria (PSB), têm

origens políticas nesses dois pólos dominantes.

Garibaldi Alves Filho, sobrinho de Aluízio Alves, inicia sua vida política

como deputado estadual em 1971, e segue nesse cargo por quatro

legislaturas seguidas. Em 1985 elege-se prefeito de Natal, na reconquista do

direito de eleger os prefeitos das capitais através do voto na

redemocratização da sociedade brasileira. Em 1991 é eleito senador e afasta-

se em 1994 para concorrer ao governo do estado, vencendo esta eleição. Em

1998 é reeleito governador para o período de 1999 a 2002. Em abril de 2002

renunciou ao seu segundo mandato para disputar as eleições realizadas

neste ano, quando elege-se novamente senador24. Em seus mandatos de

governador, faz grandes investimentos em recursos hídricos, principalmente

24Fonte: página pessoal do Senador. Disponível em http://www.garibaldi154.com.br/novo/?page_id=2. Acessado em 05 de setembro de 2010.

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na implementação de adutoras para as regiões mais secas do estado,

ficando, por esse motivo, alcunhado de “Governador das águas” por seu

marketing político.

Vilma de Faria surge à cena política também na década de 70 (nesse

momento como Vilma Maia). Em 1974 desenvolve trabalhos sociais ao lado

do seu marido e governador do estado, Lavoisier Maia. No primeiro governo

de José Agripino, primo de Lavoisier, assume a Secretaria de Trabalho e

Ação Social, apresentando um excelente desempenho e recebendo o apoio

das lideranças das comunidades da periferia25. Em 1985 candidata-se à

prefeitura de Natal, mas perde para Garibaldi Alves Filho. Em 1986 elege-se

deputada federal com grande votação pela legenda do PDS26. Durante os

trabalhos do Congresso Constituinte, aproxima-se da esquerda e ingressa no

PDT. Em 1988 candidata-se e ganha a eleição para prefeitura de Natal,

derrotando o filho de Aluízio Alves, o deputado Henrique Eduardo Alves.

Transfere-se para o PSB ainda nesse mandato, assumindo a liderança do

partido no estado, mas continua a fazer aliança com setores conservadores27.

Em 1992 demonstra sua liderança política em Natal ao eleger como prefeito

seu secretário Aldo Tinoco. Retorna à prefeitura por dois mandatos

consecutivos: em 1996 e em 2000. Naquele ano consegue eleger-se com o

apoio do grupo Maia, mas em 1998 rompe com este e faz aliança política e

administrativa com o governador Garibaldi Alves Filho. Em 2000, ainda nessa

parceria com o PMDB, assume a prefeitura, tendo como vice Carlos Eduardo

Alves, primo de Garibaldi. Em 2002, rompe com o grupo Alves para poder

concorrer ao cargo de governadora do estado. Vence essas eleições com o

apoio de José Agripino e de dois membros da família Alves: Carlos Eduardo

Alves – o seu vice-prefeito - e o seu pai, Agnelo Alves, então prefeito de

Parnamirim – principal município da região metropolitana de Natal.

A política no Rio Grande do Norte estrutura-se por meio de rearranjos

das elites políticas tradicionais, característica que diminui as possibilidades de

surgimento e circulação de novas lideranças. Raras vezes uma terceira força

política teve a oportunidade de atuar com chances reais de vitória nas

25 Andrade, 1996, p.192 26Spinelli, 2006. 27 Idem

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campanhas eleitorais no estado, fato este que pode ser entendido a partir da

fraca tradição associativa da sociedade civil potiguar28.

No Rio Grande do Norte, as disposições dos grupos dirigentes no Rio

se caracterizam pela ideia gramsciana de transformismo (EVANGELISTA,

2006b), isto é:

pela elaboração de uma classe dirigente cada vez mais ampla [...] com a absorção gradual mas contínua, e obtida com métodos de variada eficácia, dos elementos ativos surgidos dos grupos aliados e mesmo dos adversários e que pareciam irreconciliavelmente inimigos. (GRAMSCI, 2002, p. 63)

Assim, as transformações a nível social, político e econômico ocorrem

no Rio Grande do Norte a partir das decisões mais gerais das classes

dirigentes que tradicionalmente comandam a máquina estatal. As conquistas

não são principiadas pela sociedade civil através de movimentos organizados,

mas pelo alto, na expressão de Gramsci, isto é, através de negociações entre

as próprias elites políticas que controlam o Estado a partir de ações

conservadoras e moderadas.

Nessa perspectiva, o processo histórico se desenvolve pela lógica da

revolução passiva, com a “combinação de restauração e renovação, com o

sistemático adiamento da radicalização dos conflitos políticos e da efetiva

superação dos antagonismos sociais” (EVANGELISTA, 2006a, p.10). As

classes subalternas não participam das negociações realizadas, no contexto

da “conciliação pelo alto” entre os grupos sociais dominantes. O estilo do

fazer político no Rio Grande do Norte ocorre por meio do nepotismo, da

patronagem, do clientelismo e do assistencialismo como “mecanismos

tradicionais de reprodução da assim chamada ‘classe política’” (SPINELLI,

2006). Tais práticas distanciam a população das questões políticas mais

abrangentes e os conflitos políticos não acarretam rupturas sociais, mas

28 É importante reconhecermos que hoje, tanto em Natal como no Rio Grande do Norte, novas lideranças políticas vêm se destacando, tais como Fátima Bezerra (PT), Luís Almir (PSDB) e Micarla de Souza (PV).

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permite a “dominância dos traços da continuidade histórica”. (EVANGELISTA,

2006a)

3.1.2. A conjuntura Política nas eleições 2006

Nos dois anos que antecederam as eleições 2006, foi implantado no

Brasil um cenário de forte tensão política, gerada pelas denúncias de

corrupção no Governo Lula, principalmente depois do que ficou conhecido

como o escândalo do “mensalão”, que teve ampla repercussão na mídia,

abalou a política brasileira e causou desgaste político do Partido dos

Trabalhadores (PT). Uma intensa luta da oposição ao governo Lula buscou

implantar um discurso pela ética, estimulando setores médios da sociedade e

alguns movimentos sociais. Conforme se aproximava o pleito, aumentava-se

a tensão política.

No entanto, embora os escândalos tenham tido bastante repercussão

na mídia, o governo Lula conseguiu reverter a crise política e despontou,

desde alguns meses antes da deflagração do processo eleitoral, como franco

favorito a ganhar essas eleições, voltando a obter bons índices de aprovação,

configurando de forma crescente a tendência do eleitorado favoravelmente à

sua reeleição à presidência da República.

Para se ter uma ideia, uma pesquisa de opinião realizada pelo IBOPE

em julho de 2006, revela que a nota média obtida pelo governo do Presidente

Lula é 6,229. A maneira como Lula administra o país nesse período é

aprovada por 55% dos entrevistados, enquanto 36% a desaprovam e 9% não

sabem ou não souberam opinar.

Essa conjuntura favorável deveu-se aos índices de crescimento da

economia, o crescimento do emprego com carteira assinada, o crescimento

do valor do salário mínimo, o aumento do poder de compra dos salários, o

29 Fonte: IBOPE opinião.. Disponível em http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=6&proj=PortalIBOPE&pub=T&nome=pesquisa_leitura&db=caldb&docid=44656DCFD4F555B7832571C0007A53A6. Acessado em 21 de junho de 2010.

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controle da inflação, a redução das desigualdades sociais e da pobreza, as

políticas sociais e as políticas redistributivas, dentre outros.

Segundo Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2006,

foram criados 1,917 milhão de vagas de emprego, um aumento de 5,77% na

comparação com 200530.

Esses dados favoráveis ao governo Lula constituiu um fator de grande

relevância nos processos eleitorais estaduais, sendo a imagem do Presidente

considerada uma variável importante nas disputas eleitorais estaduais deste

ano, sendo essa influência denominada por alguns analistas políticos por

“Fator Lula”.

A candidata da coligação Vitória do Povo definiu sua estratégia

eleitoral buscando sintonizar-se com as tendências políticas nacionais,

vinculando sua imagem e da sua propaganda eleitoral com a imagem e

avaliação positiva do governo Lula, através da ênfase nas realizações

governamentais conjuntas com o Governo Federal.

Enquanto isso, havia uma dificuldade política enfrentada pelo

candidato Garibaldi Alves frente ao crescimento de Lula em razão da sua

identificação com as forças de oposição ao governo Lula, especialmente o

bloco político liderado pelo PSDB e pelo DEM (antigo PFL). No período da

crise política, Garibaldi foi o relator da CPI dos Bingos, Comissão Parlamentar

de Inquérito constituída pelo Senado para investigar a utilização das casas de

bingo para lavagem de dinheiro31. A partir daí, o senador Garibaldi Alves

aproximou-se politicamente das posições defendidas pelo senador José

Agripino Maia (DEM), uma das principais lideranças nacionais da oposição

liberal-conservadora ao governo Lula. Isso selou a estratégia política e as

alianças eleitorais entre o PMDB, o DEM e o PSDB nas eleições em 2006 no

Rio Grande do Norte.

As alianças políticas e eleitorais nacionais dos principais candidatos

ao governo do Rio Grande do Norte em 2006 revelaram-se como um fator de

30 Fonte: Estadão. Disponível em http://www.estadao.com.br/economia/not_eco83956,0.htm. Acessado em 21 de junho de 2010. 31 Essa foi uma das táticas da oposição, que possuía maioria política nessa CPI, para aprofundar a crise política e o desgaste do governo Lula. A CPI dos Bingos serviu de mecanismo complementar para as investigações realizadas pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre as denúncias de corrupção envolvendo parlamentares e empresas públicas e privadas no caso do “mensalão”.

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grande importância para o resultado da disputa político-eleitoral, contribuindo

para a vitória da candidata à reeleição, a governadora Vilma de Faria.

A conjuntura local

Após Vilma de Faria assumir o governo em 2002, a imprensa local

passa a sondar sua sucessão. Cogitava-se a possibilidade da eleição 2006

contar com três candidaturas para o cargo de governador do estado: a da

própria governadora, que iria tentar a reeleição, e a dos ex-governadores

Garibaldi Alves Filho e José Agripino Maia.

Durante o ano de 2005 a imprensa, divulga uma série de pesquisas

que mostrariam a liderança do senador Garibaldi Alves Filho enquanto a

governadora aparecia na terceira posição, atrás do senador José Agripino

Maia32. Nesse contexto de incerteza à reeleição da governadora existiram

indícios de que Vilma de Faria considerou a possibilidade de desistir da

tentativa de se reeleger, candidatando-se ao Senado (SPINELLI, 2009).

No início de 2006, o TSE anuncia a continuidade da regra da

verticalização33 das coligações partidárias, o que faz com que muitas

estratégias mudem no jogo político do estado, e os partidos recomeçam a

organizar suas estratégias. Dentre os nomes que se cogitavam para a

candidatura, foram confirmados apenas o da governadora Vilma de Faria e o

do senador Garibaldi Alves.

José Agripino, presidente do PFL no estado, que nesse momento

passa a ser cotado para ser candidato a vice-presidente junto a Geraldo

Alckmin (PSDB), não se candidata. Para ele, a aliança federal do seu partido

com PSDB será mantida, mas sem a possibilidade da mesma ser seguida a

nível local.

Nessa ocasião, afirmava que não iria apoiar nem Vilma nem Garibaldi,

visto que os partidos desses dois candidatos tinham uma tendência a apoiar o

32 Tais pesquisas, que não tinham nenhum registro no TRE, foram utilizadas como estratégia para favorecer a candidatura de Garibaldi Alves (SPINELLI,2009) 33Instituída pelo Tribunal Superior Eleitoral em 2002, a regra da verticalização impõe limites aos acordos entre os partidos que fazem nos estados coligações diferentes da aliança nacional.

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Governo Federal enquanto o seu partido (PFL) fazia-lhe oposição frontal.

Assim, tinha pretensões de lançar um candidato próprio34.

No entanto, o PFL, diferente do que o seu presidente estadual

colocara no início do ano, não lança candidato próprio e alia-se à Unidade

Popular, indicando o deputado federal Ney Lopes para vice-governador junto

a Garibaldi Alves Filho. Assim, dá-se início, então, a uma aliança entre as

duas principais forças políticas do estado, historicamente rivais, que passa a

se denominar Vontade Popular.

Essa situação torna-se bastante desconfortável para esses dois

atores do cenário político do Rio Grande do Norte, dada a rivalidade histórica

entre ambos. Em razão disto, a aliança PFL-PMDB não foi amplamente

debatida pelos seus aliados. Na sua campanha, Garibaldi deixa implícito o

argumento de que tal aproximação decorreu-se em favor do processo

democrático, visto que a atual governadora apresenta uma característica

autoritária. Em entrevista a Diógenes Dantas, importante jornalista político do

estado, Garibaldi, quando perguntado sobre sua relação com Vilma de Faria,

faz o seguinte comentário35:

As minhas restrições hoje a ela [Vilma de Faria] são de natureza política, porque ela realmente tem sido uma pessoa que tem afastado seus próprios correligionários, seus próprios companheiros, tem sido uma pessoa que quer fazer uma liderança no Rio Grande do Norte absoluta, tem uma tendência ao autoritarismo político, que as pessoas, os seus companheiros, as lideranças políticas, não podem de maneira nenhuma tolerar. (ALVES FILHO, Garibaldi, 2006. In Paiva, 2007).

Em relação à aliança com o senador José Agripino, faz a seguinte

justificativa:

Eu posso dizer a você que, com relação a José Agripino, nós recebemos uma carga, uma herança – do ponto de vista

34Idem. 35 Entrevista concedida a Diógenes Dantas, divulgada no “Blog do Diógenes”, no dia 14/08/2006.

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político - muito negativa, de lutas do passado. Mas a convivência minha com José Agripino no senado, ela amenizou. Essa convivência pôde proporcionar um diálogo entre nós dois que não existia antes nem poderia existir. Porque nós não freqüentávamos os mesmos ambientes aqui em Natal, os amigos não eram os mesmos, o diálogo, portanto, não existia. O Senado, que é uma casa apaziguadora e conciliadora, cumpriu essa missão. No Senado, você sabe, são 81 senadores apenas... (ALVES FILHO, Garibaldi, 2006. In Paiva, 2007).

Vilma (cujo partido encontra-se na base do governo Lula desde 2002

e continua a aliança com o PT local iniciada em 2006) faz ampla utilização

dessa aliança para construir seu argumento de ataque aos adversários. Como

estratégia política, consegue o apoio político do PMN – legenda comandada

por Robinson Faria, presidente da Assembleia Legislativa e dissidente do PFL

– escolhendo como seu vice o deputado Iberê de Sousa. Com isso, a

coligação Vitória do Povo passa a ser composta pelos seguintes partidos:

PSB, PT, PMN, PCdoB e PPS.

Assim, o quadro que se forma nas eleições 2006 no Rio Grande do

Norte fica caracterizado pela disputa entre duas fortes candidaturas: de um

lado, a união das duas forças políticas que eram tradicionalmente

hegemônicas no Rio Grande do Norte, PMDB e PFL; do outro, Vilma de Faria,

com apoio do governo Lula, que passa a ser qualificada pela imprensa política

local como a terceira força política do estado.

Além dessas duas principais candidaturas, disputam também os

seguintes candidatos: Sandro Pimentel (PSOL), Geraldo Forte (PSL), Xeque

Humberto (PTC), Marcônio Cruz (PSDC) e Zé Bezerra (PCB).

A diferença entre os dois principais candidatos no primeiro turno foi de

15.013 votos, menos de um por cento (1%), como podemos visualizar na

tabela abaixo:

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Resultado Eleitoral – I Turno Candidato Votos Class. Válidos(%)

40 - WILMA MARIA DE FARIA 764.016 1º 49,57

15 - GARIBALDI ALVES FILHO 749.003 2º 48,60

50 - SANDRO DE OLIVEIRA PIMENTEL 14.172 3º 0,92

17 - JOSÉ GERALDO FORTE 5.907 4º 0,38

36 - HUMBERTO MAURICIO DA SILVA 5.582 5º 0,36

21 – ANTONIO JOSÉ BEZERRA 2.470 6º 0,16Tabela 1: Resultado Eleitoral- I Turno Fonte: TRE-RN

No segundo turno, a diferença foi de 74.929 votos, correspondendo a

4,76 % dos votos.

Resultado Eleitoral – II Turno Candidato Votos Class. Válidos(%)

40 - WILMA MARIA DE FARIA 764.016 1º 824.101

15 - GARIBALDI ALVES FILHO 749.003 2º 749.172

Tabela 2: Resultado Eleitoral – II Turno Fonte: TRE-RN

Estes resultados contrariaram algumas sondagens de intenção de

voto que durante algum tempo davam a vitória de Garibaldi como algo

incontestável.

No entanto, algumas pesquisas de intenção de voto realizadas

próxima ao período eleitoral, previram esse acirramento da disputa. Foi uma

eleição marcada pelo clima de divulgação de pesquisas (somente no mês de

setembro foram 19 pesquisas registradas no TRE) e por uma dramática

apuração. Esse acirramento da campanha se deu, em larga medida, pela

capacidade demonstrada pela equipe de Vilma em reverter as expectativas

eleitorais iniciais e crescer politicamente durante o primeiro e o segundo turno

do processo eleitoral.

O acirramento da disputa pôde ser percebido durante as estratégias

de campanha na televisão, que mostraremos adiante. Importante destacar

que em 2006 a justiça eleitoral, a partir de medidas que representavam

algumas reformas políticas, proibiu a realização dos “showmícios”, fato que

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enfraqueceu a prática dos comícios, mas que, por outro lado, fortaleceu as

caminhadas, as carreatas e, principalmente, ampliou a importância dos

discursos no HGPE.

Com esse quadro as equipes de marketing tinham um grande desafio

pela frente. Diante do crescimento da importância do horário político nessas

eleições, as estratégias escolhidas poderiam representar a diferença nas

urnas.

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3.2. AS ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS NO HGPE: LOCALIZANDO A DISCUSSÃO DOS PROGRAMAS DE GOVERNO

A campanha eleitoral no Rio Grande do Norte no HGPE foi marcada

por uma disputa entre dois principais candidatos, Vilma de Faria e Gariballdi

Alves, que girou em torno da imagem dos candidatos como excelentes

administradores da gestão pública que realizaram obras de grande

importância para o Estado.

De um lado, os programas de Vilma de Faria destacavam a candidata

como “guerreira” – slogan utilizado em todas as suas campanhas eleitorais –,

capaz de enfrentar os poderosos, principalmente diante daquela conjuntura

política em que seus adversários eram os grandes “caciques” da política

norte-rio-grandense. Além disso, destaca a sua qualidade de primeira mulher

a governar o Rio Grande do Norte, mulher guerreira que “trabalha, trabalha,

trabalha” e sua “maior obra é cuidar das pessoas”. Ao mesmo tempo, tentava

associar sua imagem a do Presidente da República, ressaltando as obras

realizadas com o apoio do Governo Federal.

“Lula trabalha para os mais pobres, Vilma também. Lula dá prioridade aos programas sociais, Vilma também. Lula vai ser reeleito com a força do povo, Vilma também. Vilma de novo, do lado de Lula e do povo”. (Locutor do Programa de Vilma, HGPE, tarde do dia 30 de agosto de 2010).

Do outro lado, os programas de Garibaldi Alves Filho destacavam as

obras realizadas em seus dois mandatos como governador, sobretudo os

investimentos em recursos hídricos. Isso representou a principal marca dos

dois mandatos consecutivos de Garibaldi Alves (1995-2002) à frente do

governo do Rio Grande do Norte, que realizou grandes investimentos para a

construção de adutoras para garantir o abastecimento d’água nos municípios

das diversas regiões do estado. Seu marketing político governamental

passou, então, a construir a imagem de Garibaldi Alves como o "Governador

das Águas". Apontava a incompetência política de Vilma de Faria, que

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perdera a oportunidade de conseguir grandes empreendimentos para o Rio

Grande do Norte, mesmo sendo aliada ao Governo Federal. Além disso, o

candidato mostra-se seguro quanto à sua eleição, e seus correligionários

chegavam a afirmar que ele seria o “governador de férias”, e que estava

voltando para colocar o Rio Grande do Norte, mais uma vez, “nos trilhos do

desenvolvimento”. Isso era contemplado em imagens, na fala de populares,

nas músicas e no jingle “Volta, Garibaldi!”.

“[...] Depois do governo Garibaldi, o estado, que vinha em ritmo de crescimento, desacelerou. Mesmo com o apoio de Lula, o atual governo fez muito menos que Garibaldi. Gerou pouquíssimos empregos e nenhuma nova empresa de médio ou grande porte se instalou aqui. Muitas obras foram interrompidas, em especial, a de ampliação e conclusão do Porto de Natal. O prejuízo pro nosso estado foi enorme. Outra perda que ninguém no estado ainda se conformou foi da refinaria da Petrobrás. Apesar de ser o maior produtor de petróleo da região, e do governo se dizer aliado ao Presidente Lula, perdemos a refinaria para Pernambuco” (Apresentadora do programa de Garibaldi, noite de 04 de setembro de 2006).

A análise das estratégias discursivas utilizadas no primeiro e no

segundo turno eleitoral, pelos principais candidatos, no HGPE, permite-nos

fazer uma análise desse embate entre Vilma de Faria e Garibaldi Alves, a

partir do delineamento da forma como os candidatos estruturam suas

campanhas, em especial, como as propostas elaboradas para essas eleições

foram tratadas nos vídeos do HGPE.

3.2.1. A metodologia de pesquisa A pesquisa empírica apresentada neste capítulo se caracteriza por ser

uma análise do conteúdo da informação veiculada, de um lado, pela

propaganda eleitoral e, de outro, pelas propostas preparadas pelas equipes

de campanha dos dois principais candidatos nas eleições 2006 no RN.

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A análise do conteúdo tem como base o banco de dados elaborado

pelo Grupo de Estudos Mídia e Poder (GEMP) da UFRN, construído para

subsidiar a pesquisa intitulada “As estratégias discursivas dos candidatos a

governador do Rio Grande do Norte no Horário Gratuito de Propaganda

Eleitoral 2006”.

Nessa pesquisa, os programas eleitorais televisivos foram gravados

nos horários vespertino e noturno, durante os dois turnos do pleito, que se

estenderam de 16/08 a 27/09 e de 12/10 a 27/10 de 2006.

O estudo das narrativas dos programas do HGPE lançou mão do

modelo de pesquisa utilizado por Porto (2002). Nesse modelo, os conteúdos

dos programas são apreendidos pela análise dos “apelos”, unidades de

sentido que compõem os programas eleitorais de cada candidato no HGPE.

Os apelos foram quantificados pelo tempo (em segundos) em que apareciam

nos programas.

À metodologia original de Porto, foram adicionados outros tipos de

apelos, com o intuito de refinar a análise do direcionamento da campanha de

cada candidato. A legenda abaixo mostra como ficou a classificação dos

apelos com essa nova organização:

1) Políticas Futuras (PF): “apelo no qual o programa do candidato

apresenta suas propostas ou planos de governo”.

*Foram adicionados os seguintes subitens a esta configuração inicial:

Políticas Futuras em – a) Economia e Desenvolvimento, b) Educação, c)

Saúde, d) Segurança, e) Emprego e renda, f) Recursos hídricos, g)

Transporte, h) Turismo, i) Programas Sociais, j) Habitação, k) Cultura, l)

Paisagismo/urbanismo, m) Geração de energia, n) Saneamento básico e o)

Outras (em geral – quando não é especificado uma política concreta) .

2) Políticas Passadas (PP): “remete ao que o candidato ou seu partido

realizou quando esteve no governo, seja na esfera municipal, estadual ou

nacional”.

*Foram adicionados os mesmos subitens da categoria PF.

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3) Atributos Pessoais (AP): “ressalta as qualidades/características da

pessoa do candidato, como, por exemplo, conhecimento, preparo,

experiência, honestidade etc. Inclui relatos sobre a biografia dos candidatos”;

4) Partisão (PART): “vincula o candidato a partidos, personalidades,

movimentos sociais, incluindo manifestações de apoio à sua candidatura”;

5) Ideológico (IDEO): “apelo que relaciona a candidatura com categorias

como esquerda/direita, socialista, liberal, conservador, nacionalista etc..”;

6) Simbólico (SIMB): “remete a valores culturais, mitos, ideais, tais como

estabilidade, união, otimismo, justiça, solidariedade etc.”;

7) Análise de Conjuntura (AC): “avalia a situação do país, apresentando

um diagnóstico de uma ou mais áreas (desemprego, saúde pública, educação

etc.)”;

8) Metacampanha (MET): “destinado a promover a campanha do

candidato, incluindo a divulgação dos resultados de pesquisa, chamamentos

para participar de comícios ou para contribuir financeiramente, divulgação do

número do candidato etc.”;

9) Pontuação (na metodologia inicial, denominada “Música” - MUS).

Subdivide-se em: Pontuação-música (PONT-MUS: tempo destinado no

programa à apresentação de trilhas sonoras musicais, incluindo os jingles dos

candidatos) e Pontuação-Vinheta (PONT-VIN: tempo destinado às vinhetas –

ou apelo semelhante – não musicadas);

10) Direito de Resposta (DR): “tempo ocupado pelos direitos de resposta

concedidos pela justiça eleitoral a outros candidatos”;

11) Outros (OU): “categoria que inclui os segmentos que não se encaixam

nos demais tipos de apelo”.

Ao encontrar dificuldade de inserir os discursos de ataque pessoal e

defesa dos candidatos, o GEMP acrescentou outros dois apelos à tipologia

original: Ataque (OUA) e Defesa (OUD).

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No que se refere ao detalhamento das políticas futuras (PF) e das

políticas passadas (PP), os dados coletados seguiram a seguinte ordem de

classificação36:

Políticas (PF e PP) Descrição

Economia e

desenvolvimento

Propostas apresentadas com o intuito de promover

desenvolvimento e de dinamizar a economia do estado.

Educação

Destinadas ao investimento em escolas, ampliação

de salas de aula, construção de bibliotecas, laboratórios de

informática, salários dos professores etc.

Saúde

Proposições de investimento em construção de

hospitais, melhoria em equipamentos, serviços prestados à

população etc.

Segurança

Destinadas a investimento em equipamentos para

polícia, salários e estratégias para combater a criminalidade.

Emprego e renda

Medidas para promover emprego ou gerar renda

para a população.

Recursos hídricos

Propostas de construção de barragens, adutoras,

poços etc.

Transporte

Proposições que visam a melhoria nos transportes

urbanos.

Turismo37

Medidas para ampliar divulgação do estado, criação

de calendário com eventos etc.

Programas sociais

Programas sociais, como bolsa família, programa

do leite etc.

Habitação

Propostas de construção de casas pelo Estado ou

financiamento diferenciado para construir ou reformar casas.

Quadro 1a: Classificação das Políticas Futuras e Políticas passadas Fonte: GEMP,2008. [Continua]

36 Uma observação cabe a esse detalhamento das PFs e PPs. As políticas passadas e futuras foram classificadas em cada um desses tipos mostrados na tabela, de acordo como eram apresentadas nos programas. O programa do leite, por exemplo, ora aparece como um projeto social de auxílio, ora aparece como proposta para a melhoria da educação, ora como proposta voltada para o desenvolvimento da economia do estado. Portanto, um mesmo projeto pode ter diferentes finalidades e, consequentemente, foram considerados de acordo com as áreas que os candidatos queriam destacar.

37 O turismo, comumente, é considerado como uma atividade da economia, por isso poderia ser inserido dentro da categoria “Desenvolvimento e economia”. Porém, no HGPE essa atividade foi bastante salientada, por isso a necessidade de destacá-la como um tipo específico de apelo.

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Para a análise das propostas elaboradas pelas equipes de campanha,

a ideia inicial era: 1) analisar o programa de governo elaborado pelas equipes

de campanha dos candidatos e compará-las com as propostas que aparecem

nos filmes do HGPE; 2) consultar as equipes de marketing dos dois

candidatos para sabermos mais detalhes sobre os aspectos mais destacados

dos programa de governo trabalhados no HGPE.

No entanto, duas dificuldades foram enfrentadas por nosso trabalho.

De um lado, não tivemos acesso ao marqueteiro da candidata Vilma de Faria,

que não se manifestou após algumas tentativas de contato. Porém, por meio

do assessor da candidata tivemos acesso ao seu programa eleitoral de

governo, um documento denominado “Plano de Governo: 2007-2010: Agenda

para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte”.

De outro lado, o programa de governo documentado de Garibaldi,

embora exista, não foi encontrado na empresa de marketing que coordenou a

sua campanha (RAF Comunicação). Porém, conseguimos realizar uma

entrevista com o responsável por coordenar a elaboração do programa de

governo do candidato, o engenheiro e professor da Universidade Federal do

Políticas (PF e PP) Descrição

Incentivo à cultura

Políticas destinadas a incentivar movimentos

culturais.

Paisagismo/urbanismo

Construção de praças, projetos de plantação de

mudas, arborização,asfaltamento ou calçamento de ruas etc..

Geração de

energia/infraestrutura

Projetos de geração de energia, construção de

estradas.

Saneamento básico Propostas de obras de saneamento.

Outras

Quando não se inserem nas demais categorias, ou

ainda quando não se especifica uma política concreta.

Quadro 2b: Classificação das Políticas Futuras e Políticas passadas Fonte: GEMP,2008. [Final]

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Rio Grande do Norte, Jaime Mariz38, que nos informou sobre o processo de

elaboração e detalhes de alguns projetos que o documento contemplava.

Importante frisar que esses programas de governo não estavam

arquivados nas sedes dos partidos, o que supõe, no quesito organizacional,

uma relativa desvalorização ou um baixo grau de sua importância para essas

instituições partidárias.

Para investigar a correspondência entre o que convencionamos

chamar aqui para esta análise de Programa de Governo Documentado (PGD)

e as propostas veiculadas no HGPE, seria necessário elencar todas as

Políticas Futuras (PFs) que apareceram no HGPE e comparar com as

propostas contidas no PGD. Contudo, tal metodologia não permitiria analisar

equitativamente as estratégias dos dois candidatos, uma vez que não temos

como fazer essa averiguação com Garibaldi, já que não tivemos acesso ao

seu PGD.

Assim, na busca de tornar o estudo mais uniforme, optamos por:

analisar os tipos de PFs mais destacadas e as menos destacadas no HGPE

dos candidatos e observar como aparecem 1) no PGD de Vilma de Faria e 2)

no programa de governo de Garibaldi, descrito pelo seu coordenador. Essa

decisão de utilizarmos como suporte a entrevista feita com o coordenador do

seu programa de governo – devido às dificuldades de acesso às fontes

necessárias para a análise - não compromete a nossa investigação, na

medida em que tanto o PGD de Vilma quanto a entrevista do responsável

pela elaboração do programa de governo de Garibaldi são fontes válidas de

informação e permitem indicar o direcionamento das propostas que foram ou

deixaram de ser veiculadas no HGPE.

38 Para encontrar o programa de governo de Garibaldi, entramos em contato com os responsáveis pela empresa de marketing que coordenou a sua campanha. Lá, fomos informados sobre o responsável pela coordenação do programa de governo da coligação Vontade Popular. Jaime Mariz foi ex-secretário de planejamento da anterior gestão do PMDB no estado. Em entrevista a nós concedida, o professor Mariz informou sobre todo o processo de elaboração desse documento, porém, apesar de ter falado detalhes sobre a composição do mesmo, não conseguiu encontrá-lo nem em seus arquivos digitais nem impressos. Além disso, é importante registrar que uma entrevista com o marqueteiro de Garibaldi teria sido de grande importância para a nossa pesquisa. Contudo, em razão das dificuldades causadas por não termos tido acesso ao programa escrito do candidato, não houve tempo para realizarmos essa entrevista, uma vez que o seu marqueteiro, Alexandre Faleiros, reside em São Paulo

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3.2.2. O HGPE e o programa de governo da Vitória do Povo 3.2.2.1 As estratégias discursivas no HGPE: um panorama geral

Com os dados obtidos a partir da aplicação da metodologia de

quantificação dos apelos, podemos conhecer as estratégias dos programas

eleitorais televisivos de Vilma, que podem ser visualizadas nos gráficos

abaixo: Figura 1: Gráfico1- Apelos de Vilma no I Turno

Apelos Vilma - Turno I

2% 4% 1% 1%9% 9% 7% 8%

55%

3% 0% 1% 0%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Tempo I Turno

Apelo

Tem

po

ACAPDRIDEOMETPARTPFPONTPPSIMBOUOUAOUD

Fonte: GEMP, 2008

Como mostra o gráfico, durante o primeiro turno, as estratégias de

Vilma de Faria se basearam principalmente na apresentação dos projetos

realizados em sua administração. Segundo os dados, os principais apelos

foram as políticas passadas (55%), partisão (9%) e metacampanha (9%).

Importante perceber que os percentuais destinados às pontuações (8%) são

mais expressivos que os destinados à análise de conjuntura (2%) e às

políticas futuras (7%). Esse fator evidencia a importância dada ao apelo

emocional que se dá por meio de imagens e das músicas, além da

necessidade do HGPE adotar a mesma dinâmica televisiva para garantir a

audiência dos eleitores

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Durante esse período da campanha há uma constante preocupação

da equipe de marketing da candidata em demonstrar que “em apenas três

anos e meio de governo, e sem vender nenhum patrimônio do povo” (bordão

amplamente utilizado nos programas), a atual administração tinha realizado

importantes obras para o Estado. Com esse discurso, buscava criticar o

candidato Garibaldi - que governou o estado durante dois mandados

consecutivos -, cujas principais realizações foram decorrentes da aplicação

dos recursos da privatização da COSERN39. A expressividade da incidência

do “partisão” justifica-se pela constante ênfase na vinculação da imagem de

Vilma à do Presidente Lula. É importante ressaltar que essa vinculação foi

destacada durante a apresentação das políticas passadas, quando essas

eram apresentadas como realizações fruto da parceria com o Governo

Federal. Os números referentes à metacampanha revelam a necessidade de

demonstrar a capacidade de Vilma de reverter as expectativas que

apontavam, categoricamente, a vitória de Garibaldi no período que antecedeu

a campanha eleitoral.

Durante o segundo turno, as estratégias discursivas foram distribuídas

da seguinte forma: Figura 2: Gráfico 2 - Apelos de Vilma no II Turno

Apelos Vilma - Turno II

5% 3%0% 1%

9%13% 11%

37%

1% 0%

11%

0%

7%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%

Tempo II Turno

Apelo

Tem

po

ACAPDRIDEOMETPARTPFPONTPPSIMBOUOUAOUD

Fonte: GEMP, 2008

39 O processo de privatização da Companhia de Serviços Elétricos do RN (COSERN) foi realizado durante o governo Garibaldi, que acompanhou a política de privatizações adotada durante o governo de cunho neoliberal de Fernando Henrique Cardoso. Com os recursos oriundos da venda da companhia, Garibaldi investiu no programa de implementação de adutoras, levando água às regiões semiáridas do estado. Essa venda, mais tarde, servirá de motivo de investigação em uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o destino dos recursos advindos dessa venda. (Cf. PAIVA & EVANGELISTA, 2009)

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A apresentação das políticas passadas (37%) continuaram primordiais

durante o segundo turno, seguida por uma utilização expressiva do Partisão

(13%,) Ataque (OUA) (11%), Política Futura, (PF) (11%) e Metacampanha

(MET) (9%). Durante este turno, a candidata continuou dando importância aos

projetos desenvolvidos no seu governo, destacando a parceria com o

Presidente Lula. A utilização expressiva do apelo “Ataque” (OUA) refere-se à

ênfase dada à crítica da venda da COSERN pelo governo de Garibaldi.

Os Ataques ganham ganha força quando Garibaldi Alves intensificou

as críticas ao governo de Vilma de Faria a partir da comparação com as

ações governamentais nos seus dois mandatos como governador. A partir de

então, Vilma de Faria passou a adotar uma postura mais crítica e contundente

na avaliação dos governos de Garibaldi Alves.

Porém, suas estratégias não sofrem grandes alterações de um turno

ao outro, como podemos visualizar no gráfico 03:

Figura 3: Gráfico 3 - Políticas Passadas de Vilma no I Turno

Comparação dos Apelos - Vilma - Turnos I e II

0%10%20%30%40%50%60%

AC AP DRIDEO

METPART PF

PONT PPSIM

B OUOUA

OUD

Apelos

Tem

po

Tempo I Turno Tempo II Turno

Fonte: GEMP, 2008

Essa manutenção dos apelos do primeiro turno no segundo evidencia

uma linha de continuidade na estratégia que vem dando certo, já que a

candidata obteve sucesso no primeiro turno eleitoral, superando as

perspectivas que consideravam a vitória de Garibaldi como algo certo.

A estratégia principal de Vilma foi, como vimos, prestar contas do seu

mandato, apresentando as políticas que deram e continuam dando certo, o

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90

que evidencia a visão da sua equipe de marketing sobre a eleição como

momento da realização da accountability, o que é coerente com a sua posição

de candidata à reeleição. Quando analisamos a apresentação das políticas

passadas, temos o seguinte quadro:

Figura 4: Gráfico 4 - Políticas Passadas de Vilma no II Turno

Políticas Passadas Vilma - I Turno

13%

4%

18%

1%

16%

4% 4%

1%

13%

23%

0%1% 1% 1%

0%0%

5%

10%

15%

20%

25%

%

Apelos

Tem

po (s

egun

dos)

Economia/desenvolvimento

Educação

Saúde

Segurança

Emprego e renda

Recursos hídricos

Transporte

Turismo

Programas sociais

Habitação

Incentivo a cultura

Paisagismo/urbanismo

Geração deenergia/infraestruturaSaneamento básico

Outras

Fonte: GEMP, 2008

Como podemos observar, durante o primeiro turno, os programas de

Vilma priorizaram a apresentação das políticas realizadas em habitação

(23%), saúde (18%), emprego e renda (16%), economia e desenvolvimento

(16%) e os programas sociais (16%).

No segundo turno, a discussão dos projetos realizados em sua gestão

foi distribuída da seguinte forma:

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91

Figura 5: Gráfico 05 - Políticas Passadas de Vilma no II Turno

Políticas Passadas Vilma - II Turno

2,4%

9,8%

23,8%

1,8%

19,4%

3,9%

18,6%

9,6%

5,3%

0,8%1,1%

1,4%

2,8%3,3%

1,2%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

Políticas Passadas

Tem

po (s

egun

dos)

Economia/desenvolvimento

Educação

Saúde

Segurança

Emprego e renda

Recursos hídricos

Transporte

Turismo

Programas sociais

Habitação

Incentivo a cultura

Paisagismo/urbanismo

Geração de energia/infraestrutura

saneamento básico

Outras

Fonte: GEMP, 2008

Aqui, podemos observar algumas alterações no padrão de

propaganda das políticas passadas apresentadas em relação ao primeiro

turno. No segundo turno Vilma deu maior visibilidade às políticas passadas

que estavam voltadas para a saúde (23,8%), emprego e renda (19,4%),

programas sociais (18,6%), educação (9,8%) e habitação (9,6%). As políticas

passadas continuam sendo apresentadas enfatizando a parceria com o

Governo Federal.

3.2.2.2. A discussão dos projetos: o resgate do passado-presente para a apresentação do futuro

Quanto à discussão das propostas, podemos observar uma intensa

relação entre o que se propunha fazer a partir do que já se estava fazendo.

Por isso, há, no caso de Vilma, uma forte ligação entre Políticas Futuras e

Políticas Passadas.

Em relação às Políticas Futuras, o gráfico abaixo apresenta os

principais tipos de propostas apresentadas durante o primeiro turno:

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Figura 6: Gráfico 6 - Políticas Passadas de Vilma no I Turno

Políticas Futuras Vilma - I Turno

21%

10%

26%

0%

12%

16%

0%0%

13%

2%0%0%0%0%

10%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

%

Políitcas futuras

Tem

po (s

egun

dos)

Economia/desenvolvimento

Educação

Saúde

Segurança

Emprego e renda

Recursos hídricos

Transporte

TurismoProgramas sociais

Habitação

Incentivo a cultura

Paisagismo/urbanismo

Geração de energia/infraestrutura

saneamento básico

Outras

Fonte: GEMP, 2008

Como visto, as propostas de Vilma assentam-se nas seguintes

políticas: saúde (21%), economia e desenvolvimento (19%), recursos hídricos

(15%). Há ainda significativos índices nas políticas de emprego e renda (11%)

e programas sociais (11%). As políticas categorizadas em “Outras “(10%),

justifica-se pela apresentação de intenções40 (Cf. MEDISTCH, 2005) em

melhorar ainda mais o estado em todas as áreas que já estão sendo

trabalhadas em seu governo. Dentro dessa categoria não eram especificadas

ações políticas concretas, por isso não poderiam entrar nessas subcategorias

das políticas futuras.

Durante o segundo turno, as Políticas Futuras mais privilegiadas

podem ser visualizadas no gráfico abaixo:

40 Em seu trabalho, Medistch distingue proposta de intenção. Para este estudo, são consideradas “propostas” as proposições que implicam uma ação concreta e específica sobre determinado assunto. As “Intenções “ são proposições que não apontam uma ação específica, mas apenas um intento genérico, como por exemplo “justiça para todos” ,ou “combate às desigualdades”.

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Figura 7: Gráfico 07- Políticas Futuras de Vilma no I Turno

Políticas Futuras Vilma - II Turno

0,0%

18,6%

25,7%

0,0%1,3%

45,2%

6,9%

0,5%0,0%0,0%1,8%

0,0%0,0% 0,0% 0,7%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

50,0%

Políticas Futuras

Tem

po (s

egun

dos)

Economia/desenvolvimento

EducaçãoSaúde

Segurança

Emprego e renda

Recursos hídricos

TransporteTurismo

Programas sociais

Habitação

Incentivo a cultura

Paisagismo/urbanismoGeração de energia/infraestrutura

saneamento básico

Outras

Fonte: GEMP, 2008

No segundo turno, Vilma passa a priorizar as políticas voltadas aos

programas sociais (45,2%), à saúde (25,7%) e à educação (18,6%).

Tanto no primeiro como no segundo turno as proposições aparecem

mediante uma dinâmica constante: antes de serem exibidas, são

apresentadas as obras realizadas em seu governo – ressaltando, na grande

maioria das vezes, a parceria com o Governo Federal – evidenciando a sua

competência administrativa e criticando a atuação do governo anterior.

O que se percebe, na dinâmica adota pela equipe de marketing, é que

as políticas futuras são complementares às políticas passadas. As políticas

em “Habitação” e “Emprego e Renda”, por exemplo, são muito destacadas

como PPs e pouco destacadas como PFs. No entanto, o pouco tempo

investido na apresentação desses tipos de política futura não significa que

não tenham sido discutidas, pois elas se inserem na lógica de continuar um

projeto que está dando certo. Assim, o tempo das PPs contém em si

discursos propositivos, demonstrando a estreita relação entre os apelos

prospectivos e retrospectivos. Nesse caso, não se pode considerar

prospectivo apenas aquilo que é novo, mas também o que se deseja

continuar fazendo.

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94

Dessa forma, as próprias políticas passadas contêm um programa de

governo (no sentido amplo), uma vez que a sua proposta de governo está

incorporada nas ações pessoais da governadora, no sentido de que são

ressaltadas as obras como realizações da candidata, evidenciando o caráter

personalista da política na atualidade. A natureza das políticas públicas

realizadas em seu governo, que revelam o tipo de governo que se pretende

seguir, são discutidas em projetos já realizados e, juntamente com as políticas

futuras, apresentam a visão de mundo, defendida, mesmo implicitamente,

pelo partido e/ou coligação. Visões de mundo estas que se materializam não

somente nas propostas, na análise de conjuntura, mas também em outros

veículos de ideias, como as imagens e as músicas.

Comparando as Políticas Futuras no primeiro e segundo turnos

(Gráficos 6 e 7), podemos ver que há um aumento do tempo destinado aos

Programas Sociais, da Saúde e da Educação. Assim, confrontando as PFs

apresentadas por turno, temos o seguinte quadro:

Figura 8: Gráfico 08 - Comparação das Políticas Futuras de Vilma no I e II Turnos

Políticas Futuras de Vilma - I e II Turnos

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Econ/D

es.

Educ

Saúde

Segur

ança

Empreg

o/ren

da

Rec. h

ídric

os

Tran

spor

te

Turis

mo

Progr

amas

socia

is

Habita

ção

Cultur

a

Urbanis

mo

Energ

ia/inf

raes

trutur

a

Sanea

mento

Out

Política Futura

Tem

po (%

)

Tempo IITurnoTempo ITurno

Fonte: GEMP, 2008

O aumento da apresentação das propostas voltadas aos programas

sociais busca enfatizar a tentativa de diminuir as desigualdades sociais no Rio

Grande do Norte, continuando a estratégia seguida no primeiro turno de

vincular suas políticas a do Governo Federal. A ideia era registrar a

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continuidade da parceria com o Governo Lula durante os próximos quatro

anos de governo, apresentando políticas que foram realizadas em

consonância com as políticas do Presidente.

As propostas aparecem mediante uma dinâmica emotiva, sem

precisar dizer muitos detalhes de quando ou como serão feitas, pois sempre

se remete à participação do Governo Federal e à competência da mulher que

“trabalha, trabalha, trabalha.”

O que se percebe é que no primeiro turno há a tentativa de conquistar

o eleitorado de todas as regiões do estado, mostrando propostas para os

temas mais comuns, discutidos no dia-a-dia da população, como saúde,

economia e desenvolvimento, educação. No segundo turno, busca-se atingir o

eleitorado de Garibaldi, que se encontra nas regiões semiáridas do interior do

estado, destacando a apresentação de propostas em recursos hídricos e em

programas sociais.

Também é importante observar que as políticas sociais mais

destacadas foram o Desenvolvimento Solidário e o Programa Luz para Todos,

que estão voltados para a população do interior, também seguindo a lógica de

conquistar a população rural que foi beneficiada com as políticas de

implementação de adutoras do governo Garibaldi.

Vejamos algumas passagens que mostram como isso ocorre na

apresentação dos dois tipos de políticas futuras que mais cresceram de um

turno a outro.

Programas Sociais

Após destacar a importância dos Programas Sociais do Governo

Federal - por meio da fala de populares - e de políticas voltadas para a

habitação, o locutor do HGPE do dia 23 de outubro faz o seguinte comentário:

Locutor: Há quatro anos, a vida podia ser ainda mais difícil para quem não recebia o Bolsa Família . Popular:

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Eu passei por muito sufoco na vida já, né? Eu não tinha emprego, tenho duas filhas, minha família é quem me ajudava. Pra mim era um sufoco, porque eu recebia só um salário do meu trabalho, né? Aí, agora, com esse dinheiro que eu recebo todo mês agora, é uma ajuda grande, né? Locutor: Quem diz que os programas sociais de Vilma e Lula são simplesmente esmolas, não conhece a realidade dos muitos que vivem com muito pouco. [...] Locutor: Lula e Vilma sabem que o Bolsa Família não vai resolver todos os problemas, mas com certeza já está melhorando a vida das famílias que mais precisam.

[...] Vilma: Todo mundo reconhece a importância econômica e social do Bolsa Família, programa do nosso presidente Lula, que beneficia mais de 300 mil famílias aqui no nosso estado. E para melhorar a situação dessas famílias, vamos aumentar a renda mensal de todas elas em mais 20%, com recursos do Governo do Estado. Pois bem, se uma família recebe, por exemplo, R$ 75,00 reais, vai passar a receber R$ 90,00 reais por mês. Ou se hoje recebe R$ 100,00 reais vai passar a receber R$ 120,00 todos os meses. Isso vai valer para todas as famílias cadastradas no Bolsa Família”.

Buscando destacar o programa Luz para Todos, o HGPE do dia 26 de

agosto, no turno da noite, destaca:

Apresentadora: O Rio Grande do Norte é o primeiro estado brasileiro a universalizar o serviço de energia elétrica na zona rural. Isso significa que estamos entrando na fase final do trabalho para levar energia elétrica a mais de 30 mil domicílios em comunidades rurais. Lugares aonde outros governos nunca foram, mas onde Vilma está chegando em parceria com Lula e com o setor privado, e em dois anos antes do previsto. Locutor: Pra quem nunca teve energia elétrica, vivendo à luz de lamparinas e lampiões, o programa Luz para Todos é uma bênção. Popular: Quando a luz chegou, Ave Maria, foi a coisa mais linda do mundo. Era coisa boa, homem. Porque a gente tava sem luz,

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né? A dificuldade é grande. Essa outra, não, ela “alumeia” melhor. É mais confortável um pouco, né?” Locutor: A meta do Luz para Todos era chegar a 100% das ligações de energia em 2008, mas a força da parceria Lula-Vilma e a eficiência do trabalho da governadora anteciparam a meta em dois anos. Já foram feitas mais de vinte mil ligações, beneficiando cento e uma mil pessoas. Até o final do ano serão feitas mais dez mil ligações, totalizando as trinta mil e noventa e cinco previstas. Um investimento é de cento e vinte e seis milhões de reais, garantindo a cento e cinqüenta e dois mil pessoas acesso a serviços e confortos que nunca tiveram.[...].

No dia 26 de outubro, penúltimo dia de HGPE, o programa da

candidata foi quase todo dedicado à defesa da continuidade do Programa do

Leite, em virtude de Garibaldi ter veiculado em seu programa que ela iria

acabar. Após a defesa da continuidade desse programa social, o HGPE

apresentou a proposta da criação do programa Mesa Solidária.

Apresentadora: Com o mesmo objetivo de garantir o alimento na mesa e gerar emprego que Vilma está criando o programa Mesa Solidária. Locutor: Com o programa Mesa Solidária, as famílias cadastradas no Programa do Leite agora também vão ganhar o pão. Cada litro de leite vai ser acompanhado de 5 pães. A receita dos pãezinhos, além de solidariedade, vai 10% de farinha de mandioca, um reforço na alimentação e também na geração de empregos no campo. A mandioca que será usada no pão será produzida nas cadeias produtivas do Rio Grande do Norte. Agricultor: Só era o que tava faltando para o pequeno agricultor, era uma segurança da produção, o programa mesa solidária Também vai movimentar a indústria do pão, o segundo setor que mais emprega no RN. Hoje são mais de 15 mil pessoas empregadas. José Américo Ferreira da Silva (Presidente do Sindicato de panificação do RN): A panificação vai poder empregar mais, hoje ele é o segundo setor. Então é uma felicidade muito grande pro setor, ele poder contribuir para desenvolvimento do RN.

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Vilma: O programa Mesa Solidária é um avanço para a nutrição das pessoas. Com ele as famílias cadastradas no Programa do Leite também vão receber cinco pães, com nutrientes produzidos no próprio estado. O sucesso do trabalho social que estamos fazendo, com as ações de Desenvolvimento Solidário, tem nos apontado caminho para o tipo de programa que ao mesmo tempo em que dá o peixe ensina a pescar. Com isso, ajudamos a quem precisa e estimulamos para que esta pessoa se torne capaz de investir no seu trabalho e melhorar cada vez mais a sua vida. O programa Mesa Solidária é um exemplo dessa combinação, de parceria entre o governo e a sociedade, para dar oportunidade de crescimento pra todos. Com isso, aumentamos a oferta de emprego, estimulamos a nossa economia e ajudamos a quem precisa. O Mesa Solidária, assim como o Bolsa Família, será um programa importante para diminuir as desigualdades sociais e fazer o nosso estado avançar para um desenvolvimento que beneficie a todos.

Saúde

No programa veiculado na noite de 20 de setembro, após destacar

obras na área da saúde, a candidata faz o seguinte comentário:

Vilma: Qualquer pessoa pode ver que estamos trabalhando muito na saúde, apesar dessa área ser de responsabilidade de todos os governos: federal, estaduais e municipais. Mas é claro que não resolvemos tudo, que precisamos fazer mais. Porque a saúde é assim: um trabalho permanente, que a gente faz com um olho no presente pra resolver os problemas de agora, e outro olho no futuro, pra adequar a rede de atendimento à procura que não para de crescer [...] Vilma: Como vocês perceberam, não está faltando trabalho nem investimento para melhorar a saúde. Nem vai faltar, porque temos a consciência de que não dá pra resolver tudo em apenas três anos e meio. É preciso fazer sempre mais. Por isso, além do compromisso que já apresentamos aqui, quero destacar mais duas prioridades: a primeira é a construção do Centro de Referência de Traumo-ortopedia em Natal; a segunda é a construção de dois Hospitais da Mulher: uma em Natal, outra em Mossoró.

Como podemos perceber, as Políticas Futuras buscam sempre

destacar as Políticas Passadas como estratégia para conferir maior

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credibilidade aos projetos. Ao mesmo tempo em que busca atingir os setores

populares com os projetos sociais, vincula a sua importância à do crescimento

de diferentes setores da indústria. Com isso, diferente da posição da legenda

que ocupa, que se define formalmente no âmbito nacional como de esquerda,

os interesses entre as diferentes classes aparecem como complementares e

não como contraditórios. Os discursos voltados para diminuir as

desigualdades sociais não levam em conta a possibilidade de contrariar os

interesses dos empresários da indústria. Pelo contrário, há a defesa da

valorização dos interesses dessa classe, como se as políticas voltadas para

esse setor fossem atender aos interesses da coletividade, revelando o papel

que o Estado assume de organizador das classes sociais e evidenciando as

suas contradições internas, que, em geral se desdobram na adoção de

políticas em favor do bloco no poder (POULANTZAS, 2000, p.135).

Em relação às PFs com menor destaque, vejamos como são

trabalhadas duas em especial: as políticas voltadas para o Saneamento e a

Cultura.

Saneamento

No primeiro turno não tem referência a obras em saneamento, apenas

em obras já realizadas. No segundo turno, no dia 14 de outubro (noite), fala

em ampliar o programa de saneamento (apelo com duração de 3 segundos) e

no dia 27 de outubro (Noite), é apresentado uma série de obras em

saneamento para a cidade de Natal.

Cultura

Há referência à construção do complexo Cultural da Zona Norte nos

programas do dia 12 outubro (tarde) e 16 de outubro (noite), que com duração

de 4 segundos. Além disso, a única referência à política passada nessa área

foi uma breve citação (de 4 segundos) à construção do Teatro Municipal de

Mossoró, nos programas do dia 01 de setembro (noite), e 4 de setembro

(tarde).

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O pouco tempo destinado à apresentação de políticas para a área da

cultura demonstra que tais políticas, na visão da equipe de marketing, não

são o maior interesse da população. Privilegiam-se projetos que demonstram

soluções mais imediatas para os seus problemas imediatos, não sendo, pois,

necessária a discussão desse tipo de política como ação estratégica para

conquistar o eleitor.

3.2.2.3 O Programa de Governo Documentado de Vilma

O documento eleitoral da coligação Vitória do Povo, denominado de

“Plano de Governo: 2007-2010: Agenda para o Desenvolvimento do Rio

Grande do Norte”, com a data de outubro de 2006, é composto por 47

páginas e dividido em três partes principais: Apresentação, Princípios

Políticos e as propostas de governo, denominadas de “Políticas para o

desenvolvimento”. As “Políticas para o desenvolvimento” dividem-se em dezessete

temas: Planejamento, Administração Tributária, Meio Ambiente, Política

Econômica, Política Rural, Segurança, Educação, Cultura, Ciência e

Tecnologia, Saúde Pública, Turismo, Habitação, Saneamento Básico, Mulher,

Pessoas com Necessidades Especiais, Terceira Idade, Infância e Juventude.

Para cada tema é apresentado um conjunto de ações. O quadro abaixo

mostra o número de ações propostas em cada tema.

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Quadro 3: Programa de Governo Vilma

Programa de Governo Vilma

Tema Quantidade de ações propostas

1 Planejamento 14 2

Administração Tributária 6

3 Meio Ambiente41 18 4 Política Econômica 16 5 Política Rural 69 6 Segurança Cidadã 7 7 Educação cidadã 14 8 Cultura 17 9 Ciência e Tecnologia 6 10 Saúde Pública 9 11 Turismo 5 12 Habitação 7 13 Saneamento Básico 3 14 Mulher 6 15 Pessoas com necessidades

especiais 3 16 Terceira Idade 4 17 Infância e Juventude 9

Fonte: elaboração da autora42

Ao longo dessa parte do documento, são apresentados problemas

existentes no Rio Grande do Norte e na conjuntura nacional. Mostra-se o que

já vem sendo feito em seu governo e apresentam-se propostas de ações para

solucionar tais problemas.

Agora, vamos observar como as propostas mais trabalhadas no

HGPE de Vilma aparecem em seu PGD:

Programas sociais:

No PGD de Vilma, esse tipo de política futura se aproxima da temática

“Política Rural”, que foi a mais destacada no documento, contendo 69

41 Desse tipo de política foram consideradas as 15 obras em Recursos hídricos

(envolvendo adutoras, barragens, perfuração dos poços, dentre outros) e três projetos voltados para 1) Gerenciamento da Biomassa e 2) Gestão de Recursos Naturais. 42 Baseado em (Plano de Governo: 2007-2010: Agenda para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte”, 2006).

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propostas de ação que se distribuíram em diferentes setores. Vejamos como

é montado no PGD de Vilma esse tipo de Política

O Governo Vilma implementou importantes ações desenvolvimentistas em comunidades rurais, através do Programa Desenvolvimento Solidário, em parceria com o Banco Mundial. Destinado ao combate à pobreza no campo, no Governo Vilma, o programa Desenvolvimento Solidário superou a marca de R$ 66 milhões investidos desde 2003. Volume que ultrapassa o investimento registrado pelo programa em todo o governo anterior. O programa garante a sustentabilidade de famílias que vivem no meio rural em 151 municípios, deixando de fora apenas Natal e as cidades que recebem royalties da Petrobras. Em pouco mais de três anos de atuação, o Desenvolvimento Solidário beneficiou mais de 73.600 famílias em todas as regiões do Rio Grande do Norte, ao financiar 1.940 projetos produtivos, sociais e de infra-estrutura. O Governo Vilma reestruturou a EMATER, tornando-a mais forte e mais adequada para o cumprimento de sua missão. A EMATER - RN marca presença no Desenvolvimento Rural do Estado através da Assistência Técnica e Extensão Rural Pública, gratuita e com qualidade para 97.000 agricultores familiares (jovens, mulheres pescadores, quilombolas, assentados da reforma agrária e outros), em 2.072 comunidades rurais distribuídos em 164 municípios do Estado. Ações Propostas: É indispensável, para a ocorrência simultânea do desenvolvimento social e da segurança alimentar, considerar as características específicas da sociedade rural do nosso Estado com a implementação de: A. Programas de estímulo ao agronegócio, construção de novas estradas e novas ferrovias, fortalecendo a agroindústria, incentivando a formação e dinamizando as cadeias produtivas e os arranjos produtivos locais; B. O Governo Vilma vai ampliar o Programa Desenvolvimento Solidário, fortalecendo a agricultura familiar e a economia solidária; C. O agronegócio (agropecuária, agroindústria, piscicultura, carcinicultura, apicultura, hortifrutigranjeiros, extrativismo mineral, entre outros), ao lado do turismo, pode ser um instrumento de promoção do desenvolvimento de comunidades específicas, por meio da criação de tecnologias de produção, reserva estratégica de alimentos, banco de sementes, criação de animais de pequeno porte e aves caipiras; bem como, da abertura de mercados para produtos típicos de determinadas localidades, passando pelos

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103

processos de caracterização, identificação de valor mercadológico, processamento e comercialização da cultura local; D. Estimular articulações intermunicipais como, por exemplo, as associações e os consórcios de municípios, para diagnosticar os principais problemas rurais de suas respectivas microrregiões, planejar ações de desenvolvimento integrado e captar os recursos necessários à sua execução; E. Reforma agrária - Um dos aspectos importantes de qualquer proposta de desenvolvimento rural deve-se também referir à reformulação da estrutura fundiária do território, importante fator para o combate a pobreza existente no meio rural. É fundamental que haja uma reversão do quadro atual, e execução de estudos e programas estratégicos voltados para essa questão como a Reforma Agrária. (Plano de Governo: 2007-2010: Agenda para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte”, 2006).

Cabe aqui fazer uma observação. No que se refere ao tema da

Reforma Agrária, o documento apresenta mais uma série de propostas que se

mesclam com projetos já realizados, como é o caso de projetos para a

fruticultura, que aparece como subtema de planos para o incremento do

agronegócio, mas não é apresentada nenhuma ação futura, apenas ações já

concretizadas.

Mais interessante ainda é perceber que o programa Mesa Solidária,

que foi referido no segundo turno do HGPE não consta no PGD,

demonstrando a dinâmica de modificações das propostas durante o período

eleitoral, com vistas à conquista do eleitorado. No HGPE, a apresentação

desse programa ocorre em meio ao contexto em que Garibaldi apontava a

possibilidade de Vilma querer acabar com o Programa do Leite. O programa

aparece, assim, como um acréscimo ao PGD, como estratégia de defesa ao

ataque de Garibaldi que tentou agendar esse tema.

Essa estratégia evidencia o caráter volátil das propostas em período

de campanha. Mais do que ser um conjunto de projetos elaborados a serem

defendidos no HGPE, o programa de governo têm um caráter pragmático, que

faz com que ele se modifique de acordo com a conjuntura eleitoral. Nesse

caso, o que se apresenta ou o que se omite não é uma questão de escolha

ideológica, mas estratégica, que leva em conta o campo de luta e o

movimento do adversário. Obviamente, o acréscimo do Mesa Solidária ao

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104

programa de governo no HGPE não contradiz o programa “ampliado” da

candidata do PSB, mas demonstra a fragilidade em defini-lo unicamente sob

uma abordagem técnica segundo a qual um programa de governo é um

projeto articulado, que tem um conjunto de ações que se conectam,(LEITE &

FONSECA, 2008).

Saúde

Embora tenha sido uma das proposições mais referidas no HGPE, o

tema da saúde não apresentou tantos projetos em relação a outros setores,

como cultura ou meio ambiente. No documento, essas políticas aparecem da

seguinte forma:

Em síntese, deve-se reforçar que a política pública para a saúde não pode e nem deve ser planejada isoladamente dos demais setores que prestam serviços básicos à população e, mais ainda, precisa ser pensada, implementada e acompanhada por todos os municípios que compõem o Rio Grande do Norte, com a participação popular. Torna-se fundamental que seja empreendida a partir de amplas campanhas de sensibilização de todos os cidadãos e, principalmente, das diversas categorias de profissionais que atuam nessa área – médicos, odontólogos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, dentre outros – para as novas concepções de atendimento integral à saúde, que enxergam o homem na sua totalidade. O Governo Vilma vem implementando gradativo aumento de recursos para reconstruir a infra-estrutura da saúde pública, do Programa Saúde da Família, e sua boa administração tem permitido ainda melhorar as condições de trabalho dos profissionais da saúde e melhorar o atendimento à população. AÇÕES PROPOSTAS A proposição básica consiste no direcionamento das ações do Governo Vilma visando, prioritariamente: A) Instalar mais 10 Policlínicas, nas cidades-pólo; B) Implantar unidades do SAMU – Serviço de Atendimento Médico de Urgência, em todas as regiões; C) Implantar o Hospital da Mulher, em Natal e Mossoró; D) Implantar o Hospital de Trauma-ortopedia, em Natal; E) Ampliar a rede Farmácia de Todos, com mais 50 unidades; F) Instalar unidades da Central de Distribuição de Medicamentos – UNICAT, em todas as regiões;

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105

G) Implantar Programa de Interiorização de Recursos Humanos da Saúde, contemplando a alocação de médicos, enfermeiros e dentistas, para cada município; H) Promover a reforma administrativa das Unidades Regionais de Saúde Pública – URSAP, para que as mesmas possam operar com autonomia técnica, administrativa e financeira, utilizando a prática de auditorias permanentes; Desenvolver ações conjuntas com a Secretaria Municipal de Saúde de Natal, para equacionar os problemas do atendimento de urgência, e a superlotação do Hospital Walfredo Gurgel - Clóvis Sarinho.

O fato das políticas para a saúde terem sido pouco tratadas no PGD e

terem tido bastante expressividade no HGPE, também demonstra o caráter

estratégico das propostas eleitorais, que aparecem no HGPE de acordo com

a necessidade de serem demonstradas. O tema da saúde foi bastante

atacado pelo seu adversário no HGPE, especialmente durante o debate

televisivo ocorrido no segundo turno da campanha, quando o candidato do

PMDB questionou a saúde do estado, dizendo que a situação era caótica e

que seu governo não tinha construído nenhum hospital43.

Isso também evidencia que a apresentação de propostas no HGPE

para uma determinada área não depende da quantidade de projetos

pensados pela equipe de campanha para este ou aquele setor, mas daquilo

que o marketing julga necessário ser discutido, que, via de regra, leva em

conta as ações do adversário e o cenário que se forma durante a competição

eleitoral.

Cultura

O incentivo à cultura é algo que não aparece no HGPE de Vilma,

diferente do que está no seu PGD, que conta com um número razoável de

projetos a serem implementados. Vejamos como é tratado esse tema no

documento:

43 Naquela ocasião, Vilma respondeu relatando obras realizadas na saúde como a construção de uma UTI Pediátrica, um Centro de Tratamento de Queimados e a recuperação de hospitais como o de Parnamirim, que segundo ela estava abandonado e foi recuperado. (Vide Tribuna do Norte, “Garibaldi e Wilma debatem na InterTV Cabugi” 26/10/ 2006 )

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106

Política cultural é a ação do poder público ancorado em operações, princípios e procedimentos administrativos e orçamentários. Esta política é orientada para melhorar a qualidade de vida da população através de atividades culturais, artísticas, sociais e recreativas. Precisa ter um escopo amplo por se tratar de uma ação voltada para todo o Estado e não para alguns segmentos da sociedade. Esta ação de governo quase sempre está pautada por uma preocupação em conservar o patrimônio cultural e oferecer atividades de artistas consagrados. Ou seja, ao proporcionar à população o acesso aos bens culturais, o Governo Vilma preocupa-se mais com a democratização da cultura. Nessa direção, atualmente, são promovidas atividades que valorizam, principalmente, os produtos da elite cultural. O Governo Vilma vai continuar implementando uma política de cultura voltada para a Democracia Cultural, com base no estabelecimento de alguns princípios: A) Reconhecer o pluralismo e a diversidade culturais, respeitando as diferentes identidades e formas de expressão; B) Levar em conta que o poder público não produz, nem deve tentar produzir cultura, ou seja, não deve impor pautas, estéticas, gestos literários ou orientações culturais, mas deve considerar a autonomia das diversas manifestações culturais; C) Compreender a participação da sociedade como princípio constitutivo do processo de formulação de políticas culturais. D) Garantir infra-estrutura para atividades culturais comunitárias; E) Definir canais e formas de debate e participação nas decisões culturais, como conselhos, fóruns etc..; F) Resgatar as culturas de comunidades esquecidas, raízes e heranças culturais; G) Integrar-se aos debates e intervenções relativos ao desenvolvimento municipal, estadual ou regional (consórcios, câmaras, orçamento participativo, fóruns etc..); H) Estimular a formação cultural da população e dos agentes culturais (bibliotecários, funcionários, trabalhadores e agentes de centros e casas de cultura); I) Estimular a apropriação cultural de espaços públicos (praças, ruas, pontos de ônibus, metrôs etc..); J) Descobrir, mapear e estimular o trabalho experimental das comunidades locais e de artistas não consagrados. AÇÕES PROPOSTAS 1. A Política cultural do Governo Vilma é orientada para melhorar a qualidade de vida da população através de atividades culturais, artísticas, sociais e recreativas. 2. Garantir a liberdade e a diversidade da produção artística e intelectual, fomentando sua produção, distribuição, circulação e comercialização.

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107

3. Instituir o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial; 4. Construir o Teatro de Natal, com 2.5 mil lugares; 5. Ampliar as atividades de intercâmbio cultural; 6. Dinamizar o funcionamento das Casas de Cultura, com intercâmbio; 7. Manter a Revista Preá, ampliando sua tiragem e melhorando sua distribuição; 8. Reativar o jornal O GALO; 9. Reconhecer o pluralismo e a diversidade culturais, respeitando as diferentes identidades e formas de expressão; 10.Implantar um Programa de Bibliotecas comunitárias; 11. Resgatar as culturas de comunidades remanescentes, raízes e heranças culturais (quilombolas e Indígenas); 12.Reorganizar os museus, como lastro para as atividades turísticas; 13. Aumentar a renúncia fiscal prevista na Lei Câmara Cascudo; 11. Construir mais 50 Casas de Cultura; 14. Estação Central de Apoio a Cultura Popular (Museu – Restaurante – Loja – Escritório de apoio aos artistas); 15. Reformar o prédio centenário do Grupo Escolar Augusto Severo, na Ribeira. 16. Realizar Concurso Público para a EDITAM. 17. Instituir o Fundo Estadual de Cultura. (Plano de Governo: 2007-2010: Agenda para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte”, 2006).

Como podemos perceber, embora no HGPE as políticas futuras

voltadas ao incentivo da cultura tenham sido muito pouco tratadas, não é o

que acontece no PGD, que apresenta propostas para serem implantadas. A

única referência feita no HGPE é o complexo Cultural da Zona Norte, que

seria implantado no lugar do Presídio João Chaves.

Um detalhe na apresentação dos princípios estabelecidos para

implementação de políticas para a cultura merece um destaque. Segundo o

documento, um dos princípios desse conjunto de políticas é “estimular a

apropriação cultural de espaços públicos (praças, ruas, pontos de ônibus, metrôs

etc.)” O que parece é que essa proposta foi copiada de um outro estado que dispõe

de sistema metroviário, já que o Rio Grande do Norte não possui metrôs. Detalhe

que sugere pouca atenção dada a estudos pra essa área.

Saneamento

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108

Pouco tratadas no HGPE, as políticas voltadas para a temática de

saneamento aparecem no PGD da seguinte forma:

O Governo Vilma pretende dar um tratamento mais especial, para as ações políticas que tratam das questões relacionadas ao saneamento básico e a saúde pública.

O estímulo ao desenvolvimento de soluções integradas no âmbito municipal e consorciadas (compartilhadas) no âmbito regional ou intermunicipal é importante para que se consiga viabilizar mais áreas de tratamentos e disposição final, que resultem no incentivo à prática da redução, reutilização, reciclagem e preciclagem, propiciando incentivos financeiros para os municípios que equacionarem seus problemas de gestão sanitária e ambiental e perdas de receitas para aqueles municípios que não mantém as estruturas adequadas de saneamento.

O programa de Adutoras, executado pelo Governo Vilma nos últimos anos em parceria com o governo federal, foi o principal responsável pela melhoria desses índices no interior do Estado. Mesmo assim, existem ainda as regiões de Mato Grande e Alto Oeste que enfrentam problemas de oferta e abastecimento de água.

O saneamento ambiental, por sua vez, deverá ser intrinsecamente constitutivo da política de desenvolvimento econômico e social. Em sentido amplo, saneamento ambiental significa níveis crescentes de salubridade ambiental, por meio de abastecimento de água potável, sistema de esgoto, gerenciamento de resíduos sólidos, líquidos, gasosos e energéticos, drenagem de águas plúvio-fluviais, controle de vetores de doenças transmissíveis e de educação sanitária e ambiental. O Governo Vilma adotará uma política de parceria com os municípios, tanto no saneamento ambiental quanto na administração dos recursos hídricos. AÇÕES PROPOSTAS Nossa proposta visa, através da concessão onerosa, atingir o índice de 70% (setenta por cento) das residências situadas nas sedes dos municípios, até dezembro de 2010. Vamos concluir em 2007 a Estação de Tratamento de Natal, visando despoluir o rio Potengi. No tocante aos grandes centros urbanos - Natal e Mossoró – a proposta visa atingir a universalização do saneamento básico, a ser realizada em parceria com os municípios e com a identificação de metas anuais a serem cumpridas referentes ao número de domicílios a serem interligados com a rede. (Plano de Governo: 2007-2010: Agenda para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte”, 2006).

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109

O que se percebe é que não há relação entre as propostas que

aparecem no HGPE e o número de proposições no PGD. As políticas menos

destacadas no HGPE (Cultura e Saneamento) estavam contidas no Programa

de Governo elaborado pela equipe de campanha. Se olharmos para as

políticas de incentivo à cultura, vamos observar que os números de propostas

são bem razoáveis, o que poderia ter sido trabalhado no HGPE. O

saneamento, no entanto, condiz com as poucas propostas discutidas no seu

programa de governo (apenas 3 propostas).

Importante percebermos que no seu PGD existe uma grande atenção

para as políticas rurais, que é refletida no HGPE sob diversas formas:

programas sociais (principalmente os programas Desenvolvimento Solidário e

Luz para todos), políticas de educação, habitação, dentre outras.

De uma maneira geral, o PGD de Vilma não tem um novo grande

projeto para o quadriênio seguinte, mas destaca a continuação dos projetos

desenvolvidos na sua gestão, em especial os que compõem o programa

Desenvolvimento Solidário, estratégia que foi mantida no seu HGPE. Essas

observações sugerem o baixo grau de discussão dos projetos no HGPE que,

via de regra, é destinado às camadas populares da sociedade.

No entanto, no que concerne à discussão desses projetos com os

empresários do setor industrial, há um dado que merece ser destacado.

Durante a campanha eleitoral, a candidata se reuniu com um grupo de

empresários na Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN)

para discutir propostas de campanha com representantes desse grupo.

Segundo matéria veiculada no jornal Tribuna do Norte44, nesse encontro, a

governadora foi cobrada por medidas para alavancar o desenvolvimento

social e econômico do Estado, e propôs melhorias para a área de

infraestrutura. Nessa ocasião, o presidente da FIERN, engenheiro Flávio

Azevedo, afirma que a elaboração de projetos de infraestrutura é o aspecto

que mais preocupa a classe industrial em relação ao futuro da economia do

Rio Grande do Norte, e afirmou: "Financiamento não é problema, o que não

existe é acesso aos recursos financeiros". O presidente da Fiern, ao cobrar a

44 Tribuna do Norte. Wilma de Faria debate com empresários na Fiern, 14/10/2006.

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110

priorização de projetos por parte da candidata, destaca a importância dos

mesmos para essa área. Usando o exemplo da Costa Rica, afirmou que "com

os projetos prontos aparece a hora de usar e trazer recursos públicos". Nessa

ocasião, Vilma de Faria disse aos empresários sobre a disposição do governo

para dialogar sobre o assunto, ajudando-os sobretudo no que se refere às

questões tributárias voltadas para os setores de panificação, pesca,

carcinicultura e de água mineral.45 Isto revela o caráter organizativo do

Estado em relação às diferentes classes e frações de classe que compõem o

bloco no poder, que é capaz de unir os seus diferentes interesses políticos

(POULANTZAS, 2000).

Aqui, podemos perceber a importância da apresentação do programa

de governo para a classe empresarial para além do HGPE, fato que

demonstra a necessidade que essa classe tem de saber se os seus

interesses serão atendidos pelo governo que se inicia.

O que podemos ver é que o HGPE de Vilma assemelha-se com aquilo

que está em seu PGD - no sentido de estar sempre enfatizando os projetos

que já foram e/ou que estão sendo viabilizados - mas sem as explicações

técnicas que este contempla. Mais do que projetos para serem

implementados em caso da eleição da governadora, o documento aproxima-

se mais de um roteiro destinado à equipe de marketing do que um guia de

ação para ser implementado em caso de uma vitória eleitoral.

Considerando o que foi apresentado no HGPE e o que está escrito

em seu PGD, há dois aspectos que identificamos como relevantes para a

discussão da apresentação da plataforma de governo nessas eleições: a

questão das escolhas dos projetos a serem apresentados no HGPE e a forma

como estes são apresentados nos programas.

Obviamente, seria difícil a apresentação de todos os projetos

elaborados para a campanha no HGPE. Se as propostas forem muito

detalhadas; o tempo destinado a outros apelos necessários para o

convencimento do eleitor seria diminuído, e os programas televisivos tornar-

se-iam cansativos, enfadonhos. Logo, é necessário fazer escolhas do que

será apresentado. As escolhas de determinados projetos e não de outros

45 Tribuna do Norte. “Wilma de Faria debate com empresários na Fiern”, 14/09/2006.

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111

remete a dois pontos a serem destacados: 1) a questão da agenda eleitoral,

que pode ser identificada através de entrevistas a eleitores, aos assuntos

pautados pela mídia local ou ainda por outros candidatos em disputa; 2) o

conhecimento das expectativas dos eleitores pela equipe de marketing (que

pode ter influência dos dirigentes do partido, do candidato, ou da equipe de

campanha) o qual implica que os agentes responsáveis pela elaboração dos

projetos sabem quais as verdadeiras demandas da população. Nesse caso,

projetos para a área da cultura e saneamento básico, não são considerados

como demanda de primeira ordem, na visão do “alto”, o que tornam essas

políticas menos importantes, limitando o debate das plataformas de governo

elaboradas pra campanha àquilo que se julga necessário e passível de

convencimento do eleitor. As necessidades já estão postas pelos candidatos

no HGPE como se fossem evidentes, sem a necessidade de debate com

diferentes grupos que compõem a sociedade.

A predileção por projetos voltados para o tema da economia e do

desenvolvimento, bem como para a área do emprego e da renda, evidencia

as expectativas do eleitor, que compartilha uma visão de mundo que é

comum nos discursos dos candidatos em disputa que, via de regra, está

vinculada ao projeto de desenvolvimento econômico da sociedade sobre

bases capitalistas. O direcionamento do debate eleitoral no caso de Vilma

trava-se pela combinação entre projetos que estão voltados para minimizar os

problemas de desigualdade social, mas, ao mesmo tempo, vê a necessidade

de investimentos para o desenvolvimento das diferentes atividades

econômicas do Rio Grande do Norte, organizando os interesses das

diferentes classes e frações de classe (POULANTZAS, 2000).

Assim, a seleção das propostas para serem veiculadas ocorrem no

campo da manutenção da hegemonia, na medida em que busca assegurar

uma determinada visão de mundo que é dominante diante das diferentes

classes e demais grupos (mulher, jovem, idoso, população do campo,

população urbana, classes subalternas, classe empresarial etc.),

reproduzindo e veiculando uma determinada concepção de mundo que é

hegemônica. Pois a hegemonia é “todo o processo social vivido, organizado

praticamente por significados e valores específicos e dominantes”

(WILLIAMS, 1979, p. 12), “a relação de domínio se desdobra na construção

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112

de identidades e relações vividas no cotidiano sob a forma de práticas e

expectativas pelas classes subalternas” (EVANGELISTA, 2006, p 08).

Em relação à forma de apresentação das suas propostas, cabe nos

perguntar sobre a importância da formulação e apresentação clara de um

programa para convencer os eleitores de que o seu governo iria melhorar as

suas condições de vida – gerando mais emprego, diminuindo as

desigualdades sociais, melhorando a saúde etc. Vilma venceu a eleição sem

ser necessária a apresentação clara sobre o seu PGD, uma vez que não

apresentou detalhes sobre como e quando realizar os projetos propostos. O

que não significa dizer que um projeto claro e detalhado seja indispensável no

debate político eleitoral, A sua campanha primou por trabalhar bem os

elementos que eram favoráveis no cenário político dessas eleições, atrelando

sua imagem e seu programa político “amplo”, que estava vinculado ao

programa do presidente Lula, que tinha ampla aceitação popular e foi, em

última análise, um diferencial importante na sua vitória eleitoral46.

3.2.3 O HGPE E O PROGRAMA DE GOVERNO DA VONTADE POPULAR

3.2.3.1 As estratégias discursivas no HGPE: um panorama geral

As estratégias utilizadas pela equipe de marketing de Garibaldi Alves

Filho podem ser analisadas a partir dos gráficos que seguem, dando-nos uma

visão geral dos discursos utilizados em seu programa.

46 Apesar disso, não se pode desconsiderar a situação privilegiada da candidata, que contava com o controle da máquina governamental. Esse elemento deve ser ponderado para a análise mais geral da disputa, pois pode ser decisivo no processo eleitoral pelo poder que tem os governadores no sistema político brasileiro para conseguir aliados (ABRÚCIO, 1998).

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113

Figura 9: Gráfico 9 –Apelos de Garibaldi no I Turno

Apelo Garibaldi - I Turno

13%

8%

0% 0%

5%10%

27%

12%

18%

4%1% 1% 0%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

TEMPO I Turno (%)

AC

AP

DR

IDEO

MET

PART

PF

PONT

PP

SIMB

OU

OUA

OUD Fonte: GEMP, 2008

De acordo com o gráfico, os programas de Garibaldi Alves Filho se

basearam nos seguintes apelos: políticas futuras (28%), políticas passadas

(18%) e análise de conjuntura (13%). Aqui, também ocorre um índice

expressivo das “pontuações” (12%), evidenciando a necessidade da

adequação dos programas do HGPE à linguagem da televisão, para que a

mensagem política seja melhor veiculada e recepcionada pelos eleitores. A

magnitude do tempo destinado à análise de conjuntura se justifica pela

condição de oposição ocupada por Garibaldi que, enquanto tal, busca fazer

críticas à administração atual e propõe ações para superar as deficiências

apontadas.

Na análise geral, observamos que os programas de Garibaldi são

bastante prospectivos, mas esse apelo só foi privilegiado a partir do segundo

mês de campanha. Quando esses dados são comparados nos dois meses do

turno analisado, observamos que houve uma mudança substancial na

estratégia discursiva desse candidato no mês de setembro, como mostra o

gráfico 10.

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114

Figura 10: Gráfico 10 – Evolução dos Apelos de Garibaldi no I Turno

Evolução dos Apelos - Garibaldi

9%

15%

5%

8%

2%0%

2%

7%

1%0%

6%

12%

19%

32%

17%

9%

34%

6%3%

0% 0%2%

1%

10%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

AGOSTO SETEMBRO

AC

AP

DR

IDEO

MET

OU

OUA

PART

PF

PONT

PP

SIMB

Fonte: GEMP, 2008

Durante o mês de agosto, os programas de Garibaldi Alves foram

marcados pela ênfase nas políticas passadas (34%) – momento em que

procurou ressaltar, sobretudo, as obras em recursos hídricos.

Para tentar reverter o crescimento da candidatura de sua adversária,

demonstrada pelas pesquisas de intenção de voto, a estratégia de Garibaldi

em setembro passa a enfatizar as políticas futuras (32%), que teve um

aumento de 13%, a análise de conjuntura (12%) - que revela a preocupação

em analisar a administração da governadora em exercício, criticando sua

administração a partir da demonstração de deficiências, principalmente, na

área da saúde, segurança e desemprego - e a metacampanha, que teve um

acréscimo de 5% nesse mês, em que tentava transmitir a ideia de que estava

liderando as pesquisas de intenção de voto.

Em relação ao segundo turno, o gráfico abaixo nos dá uma

apresentação geral das estratégias de Garibaldi Alves:

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115

Figura 11: Gráfico 11 - Apelos de Garibaldi no II Turno

Apelos Garibaldi - II Turno

12%

5%2% 0%

7%

16%

22%17%18%

2% 2%

26%

15%

0%5%

10%15%20%25%30%

TEMPO II Turno(%)

tem

poAC

AP

DR

IDEO

MET

PART

PF

PONT

PP

SIM

OU

OUA

OUD

Fonte: GEMP, 2008

Como podemos observar, os programas do segundo turno de

Garibaldi Alves tiveram uma mudança substancial em relação ao primeiro. No

segundo turno, os programas do candidato se basearam nos seguintes

apelos: Ataque (OUA) (18,2%), Políticas Futuras (15,2%), Políticas Passadas

(12,5%), Pontuações (11,8%), Partisão (11,3%), Defesa (OUD) (10,5%) e

Análise de Conjuntura (8,3%).

O aumento do apelo Ataque (OUA) e Análise de Conjuntura (AC)

mostra que os programas de Garibaldi ficam mais agressivos nesse turno, em

que procuravam mostrar um quadro de incompetência do atual governo de

Vilma de Faria, principalmente por ter perdido grandes empreendimentos para

o Rio Grande do Norte47, mesmo sendo aliada ao Governo Federal. Busca se

defender das acusações da adversária em ter administrado mal o dinheiro da

venda da COSERN, motivo que justifica o alto índice do apelo Defesa (OUD).

Se compararmos as estratégias utilizadas no primeiro e no segundo

turnos, verificamos o seguinte quadro:

47 No HGPE, os programas de Garibaldi buscavam enfatizar que o Rio Grande do Norte perdera para Pernambuco a disputa pela instalação de uma refinaria de petróleo no Nordeste. Na época, diversos estados nordestinos reivindicavam os vultosos investimentos que estariam implicados na construção de uma refinaria de petróleo e seus impactos sócio-econômicos gerais, num empreendimento conjunto da Petrobras e a empresa estatal venezuelana PDVSA. Depois de muitas negociações políticas, entre o presidente Lula e os governadores, o Governo Federal, com a concordância do presidente Hugo Chávez da Venezuela, decidiu pela instalação da refinaria no estado de Pernambuco.

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116

Figura 12: Gráfico 12 - Comparação dos Apelos de Garibaldi – Turnos I e II

Comparação dos apelos entre o I e o II turnos - Garibaldi

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

AC AP DRMET OU

OUAOUD

PART PFPONT PP

SIM

Apelos

Tem

po (S

egun

dos)

TEMPO II Turno(%)TEMPO I Turno (%)

Fonte: GEMP, 2008

As mudanças de estratégias dos programas de Garibaldi evidenciam

a tentativa de reverter o crescimento político de Vilma de Faria durante a

campanha eleitoral, que ocorreu principalmente durante o período da

veiculação do HGPE.

No que se refere à apresentação das políticas passadas, podemos

observar os seguintes dados: Figura 13: Gráfico 13 - Políticas Passadas de Garibaldi no I Turno

Políticas Passadas Garibaldi - Primeiro Turno

23%

8%10%

9%9%

23%

0%1%2%

12%

0%0%0%1%2%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

%

Políticas Passadas

Tem

po (s

egun

dos)

Economia/desenvolvimento

Educação

Saúde

Segurança

Emprego e renda

Recursos hídricos

Transporte

Turismo

Programas sociais

Habitação

Incentivo a cultura

Paisagismo/urbanismo

Geração de energia/infraestrutura

Saneamento básico

Outras

Fonte: GEMP, 2008

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117

Como podemos observar, durante o primeiro turno, os programas de

Garibaldi priorizaram a apresentação das políticas realizadas em Economia e

Desenvolvimento (23%), Recursos Hídricos (23%), Habitação (12%), Saúde

(10%), Segurança (9%), Emprego e Renda (9%) e Educação (8%).

No segundo turno, as políticas passadas são apresentadas conforme

mostra o gráfico 14: Figura 14: Gráfico 14 - Políticas Passadas de Garibaldi no II Turno

Políticas Passadas Garibaldi - II Turno

7,4%

1,5%

15,6%

3,0%1,0%

10,6%

0,0%

17,0%

4,5%

31,9%

1,6%0,0%

1,2%

4,6% 3,8%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

Políticas Passadas

Tem

po (s

egun

dos)

Economia/desenvolvimentoEducação

SaúdeSegurança

Emprego e renda

Recursos hídricosTransporte

Turismo

Programas sociaisHabitação

Incentivo a culturaPaisagismo/urbanismoGeração de energia/infraestrutura

saneamento básico

Outras

Fonte: GEMP, 2008

Durante o segundo turno, os programas de Garibaldi Alves

priorizaram a apresentação das políticas realizadas em habitação (31,9%) –

dando uma resposta aos programas eleitorais de Vilma, que, durante o

primeiro turno, focou esse tipo de política – Turismo (17%), Saúde (15,6%),

Recursos Hídricos (10,6%) e Economia e Desenvolvimento (7,4%).

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118

3.2.3.2 A discussão dos projetos: o resgate do passado e a apresentação do futuro sob bases “técnicas"48

No que se refere à discussão das propostas, Garibaldi, assim como

Vilma, faz referências às suas obras realizadas para falar dos projetos futuros.

O gráfico abaixo apresenta os principais tipos de propostas apresentadas no

primeiro turno.

Figura 15: Gráfico 15 - Políticas Futuras de Garibaldi no I Turno

Políticas Futuras - I Turno

8%10%11%

14%

22%

12%

3%5%

6%

2%0% 0% 0%

2%

6%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

Tempo I turno%

Política Futura

Tem

po

Economia/desenvolvimento

Educação

Saúde

Segurança

Emprego e renda

Recursos hídricos

Transporte

Turismo

Programas sociais

Habitação

Incentivo a cultura

Paisagismo/urbanismo

Geração deenergia/infraestruturasaneamento básico

Outras

Fonte: GEMP, 2008

Pela leitura do gráfico acima, as proposições de Garibaldi estão

assentadas nos seguintes tipos de política: emprego e renda (22%),

segurança (14%) e recursos hídricos (12%). Assim como ocorreu com a

análise das propostas de Vilma, a grande expressividade das políticas futuras

48 A distinção entre o discurso técnico e ideológico tem tido considerável atenção no âmbito das Ciências Sociais e da Filosofia. Marilena Chauí (2006) faz uma análise sobre o assunto, através do que ela denomina de “discurso competente”, isto é, o discurso que incorpora “a ciência como saber separado e como coisa privada, como instrumento de dominação no mundo contemporâneo” (CHAUÍ, 2006, p. 6). Nessa perspectiva, o que aparece como técnico é, na verdade, parte da ideologia dominante. Habermas (1968) em sua obra, também busca analisar a técnica como ideologia dominante. Embora acreditamos que esse é um aspecto a ser ressaltado, o que estamos caracterizando como discurso “técnico” é o detalhamento da realização dos projetos. Os discursos pretendem ter credibilidade através das explicações do “como fazer”, para atuar nas carências de uma determinada área.

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classificadas em Outras (15%) justifica-se pela apresentação de “intenções”

(MEDISTCH, 2005) em melhorar o estado em todas as áreas que, segundo

os programas desse candidato, sofreram com o descaso do governo atual.

Os contextos em que aparecem tais proposições caracterizam-se pela

crítica sistemática à administração atual e pela exaltação da competência e

capacidade política do candidato realizar obras importantes para o

desenvolvimento do estado.

Em relação às políticas futuras no segundo turno, o gráfico abaixo

mostra os principais tipos apresentados: Figura 16: Gráfico 16 - Políticas Futuras de Garibaldi no II Turno

Políticas Futuras Garibaldi - II Turno

2,1%

9,9% 9,8%

3,4%

14,7%

34,4%

17,5%

0,0%2,5%

0,0%0,0%1,4%

4,6%

0,0%

0,0%0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

1

Política Futura

Tem

po

Economia/desenvolvimento

Educação

Saúde

Segurança

Emprego e renda

Recursos hídricos

Transporte

Turismo

Programas sociais

Habitação

Incentivo a cultura

Paisagismo/urbanismo

Geração deenergia/infraestruturasaneamento básico

Fonte: GEMP, 2008

Durante o segundo turno, as políticas futuras destacadas pelos

programas de Garibaldi são bem diferentes das destacadas no primeiro turno.

Adotando outro tipo de estratégia, a ênfase agora é na apresentação de

políticas voltadas para a adoção de programas sociais (34,4%), Habitação

(17,5%), Turismo (14,7%), Educação (9,9%), Emprego e Renda (9,8%) e

Recursos Hídricos (4,6%).

Se compararmos as políticas futuras no primeiro e no segundo turnos,

temos o seguinte quadro:

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Figura 17: Gráfico 17 - Comparação das Políticas Futuras de Garibaldi no II Turno

Políticas Futuras de Garibaldi - I e II Turnos

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%

Econ/D

es.

Educ

Saúde

Segura

nça

Empreg

o/ren

da

Rec. h

ídrico

s

Transp

orte

Turism

o

Prog.

socia

is

Habita

ção

Cultura

Urban

ismo

Energ/

infra

Sanea

mento Out

Política Futura

Tem

po

Tempo - I Turno

Tempo II Turno

Fonte: GEMP, 2008

Diante do quadro de intensa disputa e do avanço político de Vilma no

primeiro turno, Garibaldi altera sua estratégia, e passa a aumentar a

apresentação de propostas voltadas aos programas sociais (pouco

trabalhados no primeiro turno), buscando se aproximar e neutralizar os

discursos de Vilma que se voltavam intensamente pra essa área.

Sobre a questão da segurança, pouco comentada nos programas da

candidata Vilma, a equipe de marketing do candidato tratou o tema com

significativa atenção. Podemos verificar, como exemplo, o programa exibido

na noite de 30 de agosto e repetido na tarde de 01 de setembro, que foi

elaborado especificamente para discutir o tema da violência.

. Garibaldi: Precisamos recuperar a tranquilidade e a segurança do Rio Grande do Norte. E a primeira coisa é tirar a educação do fundo do poço. Isso precisa ser feito urgentemente. Temos que voltar a gerar empregos e temos, é claro, que investir nas polícias que precisam de mais equipamento, mais treinamento e principalmente mais tecnologia para combater o crime (Garibaldi Alves Filho, HGPE do dia 01de setembro de 2006 – noite). Locutor: Informatização da PM, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros, integrando uma única base de dados: essa é mais uma ação que vai agilizar e tornar mais eficiente o trabalho das polícias.

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Será implantado um único modelo de Boletim de Ocorrência em meio eletrônico e de fácil acesso por todas as forças; Concursos para delegado da Polícia Civil para preencher as vagas que existem no interior: com a falta de delegados da polícia civil no interior, oficiais da Polícia Militar acabam exercendo essa função. Apesar da boa vontade, eles não têm a preparação exigida, especialmente para comandar as investigações; Intensificação do policiamento ostensivo e estímulo a organização de Conselhos de Segurança. Garibaldi vai criar parcerias com as comunidades e prefeituras para ajudar no combate ao crime. Reativação da Polícia do Turista: a Polícia do Turista vai voltar e câmeras de monitoramento serão instaladas nos pontos mais visitados do estado (In: Paiva, 2007).

Em relação ao emprego e renda, o programa da noite de 22 de

agosto apresenta alguns dados sobre o desemprego no Rio Grande do Norte:

Locutor: Dessa vez, é o IBGE que registra: o desemprego no RN cresceu muito nos últimos anos. O índice de desempregados do ano passado é o pior do estado desde 2001. Bem diferente do que o governo estadual tem anunciado. Outro dado que preocupa é que o desemprego atingiu mais as mulheres potiguares. Entre elas, a taxa pulou de 9,91% em 2004, para 14,30% em 2005. A verdade sempre aparece. Não adianta tapar o sol com a peneira. Não adianta fazer propaganda do que não existe (Locutor do programa de Garibaldi, HGPE do dia 22 de setembro de 2006). Garibaldi: Vocês viram que a situação do emprego não é a maravilha do que a propaganda do governo estadual diz que é. Infelizmente essa é a realidade. Para gerar emprego de verdade, vou fazer uma revolução na economia da área rural, assim como já fiz com o Programa das Águas e com o Programa do Leite. Desta vez, vou implantar o Programa do Biodiesel RN, para produzir o combustível do futuro. (In: Paiva, 2007).

Em relação às políticas voltadas para os recursos hídricos, vejamos

como são apresentadas:

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Apresentadora: A grande obra de Garibaldi não teve continuidade. Não seguiram o exemplo do próprio Garibaldi quando assumiu o governo depois de José Agripino. Naquela época, Garibaldi deu continuidade a todos os programas que estavam dando certo e que eram importantes para o nosso povo. Garibaldi: É muito importante rever o trabalho que fizemos. É importante lembrar que graças à água, diminuímos a mortalidade infantil pela metade em nosso estado. Tivemos oportunidade de abrir novas escolas, a fruticultura irrigada se desenvolveu pelo interior, gerando empregos e melhorando a renda de milhares de pessoas. Lembrar dessas conquistas nos traz muita alegria. Mas temos que olhar pra frente e é isso que estamos fazendo. O que importa agora é construir um futuro melhor para a gente sofrida do nosso estado. Vamos retomar com força o que foi deixado de lado e vamos melhorar e aprofundar tudo o que fizemos de bom. Vamos levar água e desenvolvimento para todo o estado, principalmente para os pontos mais pobres Locutor: Construção da adutora Alto Oeste: uma obra que vai beneficiar 108 mil habitantes da região do Apodi, uma das mais pobres e secas do Estado; Conclusão da Adutora Lagoa do Boqueirão: Garibaldi vai concluir imediatamente essa obra; conclusão da Adutora Parelhas - Santana do Seridó: apenas 13 km de extensão. Mesmo pequena a obra não foi concluída; mas Garibaldi vai concluir. Modernização do sistema de fonte de Pureza: Esta obra também vai beneficiar milhares de famílias. Construção das barragens Tabatinga, Macaíba e Várzea Nova: com estas obras, Garibaldi vai concluir o sistema de controle de enchentes da cidade de Macaíba. Construção da Barragem de Oiticica, em Jucurutu. Construção de açudes nas bacias dos rios Trairí, Jacu e Curimataú. Com a construção destes açudes, Garibaldi vai construir o abastecimento de água em várias regiões do estado (HGPE do dia 25 de agosto de 2006 – noite).

O que se percebe é que no primeiro turno, a estratégia é criticar a

candidata na sua debilidade nas áreas da saúde, do emprego e da

segurança, propondo soluções para essas áreas, buscando discutir como e

por que realizar tais políticas. Além disso, busca mostrar que vai continuar

seu projeto das adutoras, apresentando mais uma série de projetos de

recursos hídricos. No segundo turno, essa estratégia dá lugar a outra,

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agendada pelos programas televisivos de Vilma, que primam pela

apresentação de investimentos futuros em programas sociais49.

Vejamos algumas passagens no HGPE que mostram os dois tipos de

políticas futuras que mais cresceram de um turno a outro.

Programas Sociais

Após apresentar a importância do programa de adutoras para o

estado, o programa do dia 27 de outubro destaca:

Apresentadora 1: Garibaldi fez e você sabe que ele tem determinação e palavra para fazer muito mais. Veja algumas de suas propostas que vão melhorar a vida dos norte-rio-grandenses. Locutor: Como governador, já no próximo ano, Garibaldi vai isentar o ICMS da conta de energia de quem consome até 150 KWh por mês. Quem hoje paga R$ 30,00 vai passar a pagar R$ 24,00. Essa economia representa 1kg de feijão, 1kg de arroz, 1kg de açúcar, 1 Litro de leite, 5 pães. É mais comida na mesa do trabalhador. Locutor: Garibaldi vai criar o Vale-Gás. Se hoje você paga R$ 30,00 por um botijão de cozinha, com Garibaldi você vai pagar só R$ 21,00. Bolsa Família Locutor: Hoje é assim: para cada filho matriculado o bolsa família paga R$15,00. Garibaldi vai aumentar esse valor em 50%. Com isso você vai passar a receber R$ 22,50. Uma família que recebe hoje R$ 100,00 no total, com a proposta de Garibaldi vai passar a receber R$ 150,00. Garibaldi: Vamos dar uma atenção especial e ampliar os programas sociais, aumentar o valor do Bolsa Família que é o menor do nordeste. Retomar também o programa do Pão Vitaminado

49 É importante observar que durante o primeiro turno as políticas futuras voltadas para economia e desenvolvimento, emprego e renda e energia/infraestrutura destacavam sobremaneira o projeto Biodiesel. Por uma questão metodológica, que inseria os tipos de PF a partir do destaque que eram dados pelos programas, esse projeto foi inserido em cada uma dessas categorias (Economia e Desenvolvimento, Emprego e Renda, Energia e infraestrutura), conforme era apresentado pelo programa do candidato.

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que foi suspenso no atual governo. Com isso, ganha a família norte-rio-grandense e os panificadores criando mais empregos no setor. Os programas de abastecimento d’água serão ampliados e as centrais do cidadão, um projeto vitorioso que surgiu no nosso governo, terão novas unidades instaladas no estado.

Habitação

Na noite de 22 de outubro, após fazer sua defesa em relação à venda

da COSERN e, em seguida, uma crítica à política de habitação do governo de

Vilma, o programa de Garibaldi destaca projetos futuros para habitação:

Garibaldi: Além de construir casas de qualidade para quem precisa, vamos fazer o maior programa de regularização de moradias do estado. Através da criação do fundo estadual de habitação e regularização de moradias, milhares de famílias vão conseguir a tão sonhada escritura pública de suas casas e poder dizer que agora tem um lar. Locutor: Habitação: propostas: construção de 40.000 novas casas, distribuição das casas para as famílias cadastradas por entidades não-governamentais; entrega da escritura das casas em nome da mulher, esposa ou mãe dos filhos. Vinheta [...]

Em relação às Políticas Futuras que tiveram um menor destaque em

toda a eleição, cabe lembrar a observação a nossa metodologia, feita

anteriormente. Conforme os gráficos, vemos que a PF “Energia e

Infraestrutura” foi uma das políticas que tiveram menores índices percentuais.

Porém, muitas obras dessa área, como é o caso do projeto Biodiesel, foram

inseridas, no caso de Garibaldi, no apelo Economia e Desenvolvimento, por

isso os números desse tipo de política, no gráfico, foram insignificantes. Por

esse motivo, não vamos considerá-la para a análise das políticas em menor

destaque. Vamos nos deter à observação de outros dois tipos de políticas

com menores índices: Cultura e Urbanismo.

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Cultura

Assim como os programas de Vilma, os projetos voltados para a

cultura não foram contemplados nos programas de Garibaldi Alves. Em

nenhum dos turnos aparecem propostas para a área da cultura. Mais adiante

comentaremos essa ausência de discussões para essa área.

Urbanismo

O urbanismo também foi um tema que não fez parte das estratégias

da equipe de marketing de Garibaldi, pois não apareceram propostas para

esse tema em nenhum dos turnos da campanha.

Provavelmente esses dois temas foram preteridos por não serem

considerados como demandas de primeira ordem do eleitor. Além disso,

essas omissões seguiam a estratégia adotada pela equipe de marketing de

Garibaldi de responder aos programas da candidata adversária, que dedicou

pouco tempo a esses assuntos.

As políticas futuras de Garibaldi, como foi visto, apesar de estarem se

referindo à obras já realizadas, estão voltadas para uma comunicação direta

com sua adversária. A mudança de estratégia de apresentação de políticas

futuras de um turno para o outro é um indicador desse diálogo. Isso

demonstra a necessidade de compreendermos as mensagens políticas

veiculadas no HGPE no contexto mais geral das discussões e debates

travados durante toda a campanha. Portanto, além da intenção de convencer

o eleitor e o desejo de construir uma imagem de seriedade e competência

(ALBUQUERQUE, 1999), a apresentação dos projetos nos programas

televisivos resultam dessa disputa discursiva entre os candidatos, que, via de

regra, são construídas pelo marketing político no decorrer da campanha

eleitoral. Mas essa disputa também leva em conta outros elementos, como as

pesquisas de opinião, e de intenção de voto em diferentes regiões.

De maneira geral, as propostas do candidato aparecem mediante

uma dinâmica crítica e, ao mesmo tempo, técnica. Crítica porque aparecem

acompanhadas por uma contextualização dos problemas, justificando a

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importância de realizar tais ou quais projetos; técnica porque mostram as

ações específicas de como fazer para atuar nas carências de uma

determinada área. No entanto, tais contextualizações aparecem mais como

uma forma de acusar a governadora de incompetente do que como forma

para apresentar sua posição para a conquista da qualidade de vida das

pessoas de forma geral, visto que não busca discutir as origens dos

problemas apresentados, conferindo à Vilma a responsabilidade por todas as

deficiências apontadas.

A contextualização dos problemas não ocorre sob a análise das

desigualdades e os conflitos imanentes às sociedades divididas em classes.

Nesse aspecto, as diferenças ideológicas são deixadas de lado, evidenciando

o declínio da noção de política como conflito ideológico (MAIR, 2003).

Assim como Vilma, os discursos de Garibaldi tinham uma dimensão

afirmativa, no sentido de proporem projetos que focam mudanças para as

regiões mais pobres do estado (algumas principiadas pelos seus governos

anteriores, como o projeto das adutoras e o programa do leite). Porém, esses

projetos não apresentam diferenças significativas em relação aos

apresentados por Vilma, no sentido de não mostrarem algo novo em relação a

quaisquer temas. Ao contrário disso, o que se observa nos dois candidatos é

um discurso de continuidade no atendimento aos interesses dos grupos

empresariais e, ao mesmo tempo, propõem melhorias para a população em

geral.

Sobre a forma de apresentação, é importante percebermos que

Garibaldi precisava dar mais credibilidade e legitimidade às suas propostas,

pela sua condição de desafiante da disputa. Por isso há a necessidade de

mostrar mais detalhes da implementação da política, informando quando,

porque e como realizar seus projetos.

Essa característica, contudo, não aparece como uma intenção de

esclarecer ao eleitor sobre as propostas governamentais para que este vote

“bem informado”, mas revela-se como mais uma estratégia de marketing

frente à necessidade de defender um programa inovador, na tentativa de

reverter as tendências ao crescimento eleitoral da candidatura da sua

adversária. Como está disputando os mesmos eleitorados de Vilma, as

técnicas de organização e de campanha são muito semelhantes: as soluções

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propostas mesclam interesses de todas as camadas sociais, como se

pudessem ser conciliados. Ao propor, por exemplo, o programa Pão

Vitaminado, afirmando que este beneficiará os panificadores e toda a

população do Rio Grande do Norte, Garibaldi assume claramente um

compromisso com essa fração do setor empresarial, como se seus interesses

fossem o interesse geral de toda a sociedade.

3.2.3.3 O Programa de Governo Documentado de Garibaldi Alves Filho

O programa de governo documentado (o que neste trabalho

estipulamos chamar de PGD) da coligação Vontade Popular refere-se a um

documento cuja elaboração foi coordenada pelo ex-secretário de

planejamento da anterior gestão de Garibaldi, Jaime Mariz. Segundo o ex-

secretário, esse documento foi resultado de um intenso trabalho de uma

equipe composta por diferentes personalidades da política norte-rio-

grandense. Sua construção foi dividida por diferentes grupos temáticos:

saúde, educação, infraestrutura, políticas sociais, agricultura, dentre outros.

Segundo Mariz, as linhas gerais desse documento foram esboçadas

desde fevereiro de 2006, quando foram formados grupos temáticos para a

elaboração de diferentes projetos.

Nosso papel era provocar os grupos para que os grupos produzissem trabalhos para que depois a gente fosse sistematizando num documento único que chegou, acho, que perto de cem folhas mais ou menos. Então tinha o grupo da Educação, o Grupo da Saúde, o Grupo de Agricultura, o Grupo de Infraestrutura, o Grupo de Política Sociais e a gente participava de reuniões com eles, e essas reuniões resultavam depois num documento. A gente colocava mais ou menos o formato para uniformizar e ia, depois, agregando a esse plano de governo.

Segundo Jaime Mariz, o programa de governo de Garibaldi consistia

em um documento eminentemente técnico, constituído dentro de gabinete,

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sem nenhum tipo de consulta à população norte-rio-grandense, mas formado

por pessoas (técnicos) que tinham identidade com a área.

Na área de saúde foi coordenado por Doutor Ivis Bezerra que [...] tinha sido secretário de Garibaldi e secretário de Vilma, tinha acabado de deixar a pasta de Vilma [...] e nós contactamos ele, e ele passou a coordenar esse grupo e a dar uma série de sugestões. Então, ele tinha reuniões com grupos da Saúde, com pessoas da saúde para elaborar esse documento. O que é que se pensava da Saúde? Então ele me entregou e a gente anexou. Na educação, nós tivemos também Luís Eduardo Carneiro Costa, que tinha sido secretário de grande parte do governo de Garibaldi, foi quem coordenou isso com os seus ex-auxiliares [...]. Ele foi Secretário, [...] ele também formou um grupo e eu seria o intermediário entre este grupo temático lá da Educação [...]. Habitação Popular: tinha algumas pessoas participando foi coordenado por Sérgio Rodrigues, que é também uma pessoa ligada à família de Garibaldi, filho do vereador Aluisio Rodrigues [...]. Sérgio é identificado com o projeto, ele é engenheiro e atua na área [...]. Recursos hídricos: foi coordenado por Paulo Varella, que foi secretário de Garibaldi também, e atualmente é diretor da ANA [AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS]. A Segurança foi coordenado por Lindolfo que também foi secretário de Garibaldi, Lindolfo Neto de Oliveira Sales. Na área de agricultura, eu digo assim, setor primário: [...] como a campanha era coligada com o PSL nós recebemos grandes colaborações de José Bezerra Junior, que era o presidente da ANORC [ASSOCIAÇÃO NORTE-RIO-GRANDENSE DE CRIADORES], José Bezerra Júnior e várias pessoas ligadas à ANORC.

Para Jaime Mariz, o programa de governo que ele coordenou pode

ser entendido como um documento para a ação, elaborado com o intuito de

respaldar o candidato para saber o que ele faria nas diversas áreas após

assumir o governo. Assim, enquanto profissional da área técnica, ele

considera que um Programa de governo é um documento que contém as

diretrizes necessárias para guiar o governo após tomar posse e iniciar a sua

administração.

Para o coordenador do documento, a elaboração do programa de

governo de Garibaldi foi resultado de um esforço entre os técnicos das

diferentes áreas. Um documento muito bem trabalhado, mas não foi

apresentado a nenhum grupo da sociedade, apenas utilizado para consulta

interna pela equipe de marketing.

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Eu estava trabalhando no projeto pensando que um belo dia ele seria lançado, encadernado e distribuído [...] Na minha cabeça é o seguinte: um belo dia vai virar um livrinho, com um preâmbulo, dizendo que isso é uma minuta, que é pra ser enriquecido, que é pra se colocar em discussão. Seria uma distribuição para a discussão. Não foi. Ele tornou-se uma fonte de informação para consumo interno. [...] Eu acho, na minha cabeça de técnico, que isso foi uma pena porque na hora que o cidadão soubesse que no programa de Garibaldi ia ter isso, isso e aquilo, ele ia dizer: poxa, esse cara tá pra valer mesmo, ele fez até um programa de governo, tá aqui um livrinho.

Para ele, o programa de Governo também resultou de um esforço de

observação de outras gestões. Segundo Mariz, havia uma ideia de Garibaldi

de seguir o modelo de gestão adotado por Aécio Neves, em Minas Gerais,

modelo que “vinha dando certo” e que Garibaldi tinha pretensões de implantar

no Rio Grande do Norte.

A ideia de Garibaldi era, na parte de Gestão Pública, poder de Gestão, ele inovar. E me levou a Belo Horizonte duas vezes pra ver o modelo de Minas Gerais. É , eu até tenho um livro aí que se chama “Choque de Gestão”,[...]. O modelo de Minas é um modelo extremamente vitorioso, na medida em que os resultados aparecem com uma efervescência muito grande [...]. Aécio pegou um estado praticamente quebrado, [...] e ele, no final do primeiro governo dele, o governo nadava em realizações, em satisfação, em tudo. Tanto a nível interno como a nível externo. Quer dizer, [...] os índices de popularidade dele estavam altíssimos, é tanto que ele fez a campanha dele como passeio. Eu lembro que eu tava em Belo Horizonte no dia que ele lançou-se candidato. Lançou-se e no dia seguinte viajou pela Europa. [...] Como se dissesse: não, essa tá tranquila. [...]. E o povo de Belo Horizonte [...] era um povo bastante satisfeito. Os funcionários bastante satisfeitos. Que era um modelo que não é nenhuma novidade para a iniciativa privada, mas no setor público é uma grande novidade. É um modelo que todos os salários, os funcionários [...] quer dizer, não pode haver redução de salário, mas a partir de um determinado momento, que foi nos 100 primeiros dias do governo dele, ele disse que [...] o órgão que quiser estabelecer contratos de gestão com o governo [...]. Quer dizer se a secretaria de saúde quer fazer um contrato de gestão com o governo dele, aí faz um contrato de gestão com

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metas. Essas metas, se atingidas, resultavam num aumento salarial para os funcionários da pasta ou da sessão. Podia ser que não fossem todos os hospitais, mas um determinado hospital. Porque a meta firmada pela secretaria ia sendo detalhada pelos órgãos até chegar à unidade. Então a unidade que atingisse a meta, todos os funcionários teriam um aumento salarial [...]. Poderia um hospital ter conseguido a meta, outro não. O outro não teria redução de salário, mas aquele que conseguiu teria um aumento salarial. E o secretário que firmasse um contrato de gestão estabelecendo metas e não fosse atingido, os funcionários não teriam penalidade, mas o secretário teria uma censura no Diário Oficial [...]. Então, esse era o modelo de gestão de Garibaldi, juntamente com esse plano elaborado junto com esses grupos temáticos.

Além do modelo de gestão, Mariz fala sobre a intenção do programa

de governo de Garibaldi em atender todos os cidadãos norte-rio-grandenses,

tentando discutir interesses de todas as camadas da sociedade

A nossa estratégia era aproveitar as potencialidades do RN e tentar fazer obra de infra-estrutura pra melhorar essa potencialidade: o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, o Porto de Natal, a possibilidade de construir um porto de grande calado [...]. Então a ideia era ver as potencialidades do estado. E quais são as potencialidades do estado? Nós temos água, solos bons, turismo, minério, [...] Então a gente vai tentar potencializar isso pra explorar. E nós temos grandes problemas de pobreza, então, políticas sociais para ir de encontro à essa pobreza. Então, o programa do leite, era um programa extremamente bem avaliado. Porque, começou de Caicó, e eu vi o efeito que causou lá na bacia leiteira de Caicó [...]. Então era a gente procurar tentar ver políticas públicas que fossem ao encontro do cidadão rico, médio e pobre [...] Pra que a gente tivesse uma proposta, o cidadão sentisse o governo chegar nele, estivesse onde ele estivesse.

Mas Mariz adianta que muitas informações que estavam contidas no

programa de governo por ele coordenado não foram contempladas na

campanha política na televisão.

Pela primeira vez eu participei de uma campanha nos bastidores. Eu sou técnico, não sou político, sou professor da

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Universidade também, lá do departamento de Engenharia e minha cabeça é de técnico, não é de político. E eu fiquei, quer dizer, eu sonhava com o dia de ter uma campanha com alguém com o livro na mão e dizer: tá aqui meu programa de governo, as linhas. Chamo a população pra discutir. Na área de educação, eu pretendo fazer isso, isso e isso. Na área de estradas, eu pretendo fazer isso, isso e isso; infra-estrutura, isso, isso e isso; segurança: isso, isso e isso, entendeu? Na hora que contrataram o marqueteiro da campanha [...] ele não deu muita bola pra isso aí. É como se dissesse: “isso é coisa pra vocês implementarem depois da campanha vencida”. Agora, é marketing.[...] E foi uma grande frustração pra mim.

O que houve, na sua perspectiva, foi uma subutilização do

documento, que foi muito pouco consultado.

[...] A gente pinçava coisas, aí chegava assim: Precisa fazer alguma coisa pra...”o que é que tem aí pra Mossoró?” Aí ele [o marqueteiro] pegava o Programa de Governo, pinçava alguma coisa pra Mossoró, aí montava alguma coisa pra fazer um programa pra Mossoró. O que é que tem aí pro Seridó? Entendeu? Então era sempre uma coisa direcionada pro marketing. E aí, o eleitor comum, o telespectador, olhando o programa eleitoral não sentiu a presença desse estudo cuidadoso e eu diria até que denso. E no final teve uma certa frustração na medida em que o marketing não valorizou. Ele seria valorizado depois da vitória. Bom [...], o que fazemos tá aqui. É assim, assim e assado.

Considerando as falas do coordenador do programa de governo de

Garibaldi, pode-se afirmar que houve um déficit de apresentação das

propostas contidas no PGD no HGPE, já que as políticas futuras não foram

todas contempladas e projetos inovadores como o modelo de gestão baseado

no exemplo de Minas Gerais nem sequer foram referidos.

No entanto, como frisamos anteriormente, a apresentação de todas as

propostas contidas no PGD no HGPE não seria possível, pois é preciso

utilizar o tempo com outros apelos necessários para o convencimento do

eleitor. Por isso é preciso fazer escolhas das propostas que serão

apresentadas.

Porém, apesar de o marketing não ter trabalhado integralmente o

PGD de Garibaldi, o esforço das equipes técnicas pôde ser sentido durante a

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apresentação dos programas. Observando o que disse o coordenador do

programa de governo de Garibaldi e considerando o que foi apresentado no

HGPE, dois aspectos merecem ser considerados para a análise das

propostas de Garibaldi: a abordagem “técnica” na forma de analisar os

problemas e de propor soluções para os mesmos, e a escolha das propostas

para serem apresentadas no HGPE. Esses aspectos – isto é, o “o que” e o

“como” apresentar as proposições – contudo, fazem parte de uma mesma

lógica de encarar os problemas e de propor soluções para os mesmos.

No caso de Garibaldi as escolhas dos projetos a serem mostrados

foram feitas levando em conta duas estratégias diferenciadas, que foram

adotadas em momentos distintos.

No primeiro momento, o que podemos ver é que o HGPE de Garibaldi

assemelha-se com PGD (conforme descrito pelo seu coordenador) no sentido

de utilizar um discurso “técnico” na apresentação dos projetos a serem

implantados, buscando destacar as fontes dos recursos e o porquê das suas

realizações, além de tentar conquistar o eleitor de todas as camadas da

sociedade.

De uma maneira geral, embora não tenha sido mencionado por Mariz,

o novo grande projeto para o quadriênio seguinte parece ter sido o Programa

Biodiesel, que foi destacado de diversas formas no HGPE: ora como projeto

voltado para a área de economia e desenvolvimento, ora como geração de

emprego e renda, ora como projeto de melhoria para a área de produção de

energia do estado. Este projeto foi destacado no HGPE como um programa

que iria contar com a parceria da Petrobrás e com financiamentos do BNDES,

além dos recursos do estado. Focava o tempo necessário para o começo da

produção do combustível (três anos), até a produção da sua matéria-prima (o

pinhão manso) ficar pronta. Para implantar esse programa, o governo de

Garibaldi iria fazer o zoneamento agrícola do estado para definir as áreas

destinadas à produção, distribuir sementes selecionadas, e oferecer crédito

para investimento e custeio da produção. Iria também implantar infraestrutura

e abrir linhas de crédito facilitado e instalação para esmagadoras de

sementes em várias regiões do estado, especialmente em sistemas de

cooperativas de produtores. Essas informações detalhadas sobre o projeto no

HGPE refletem o trabalho técnico na construção do documento.

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A marca “técnica” do PGD foi possível ser visualizada no HGPE

principalmente no primeiro turno, quando se privilegiou as políticas de

emprego e renda, com o intuito de defender, ora implicitamente, ora de

maneira explícita, os diferentes interesses das classes e frações da

capitalista: produtores, investidores , setores da construção civil etc.

No primeiro momento da campanha, essas escolhas foram orientadas

por aquilo que se acreditava ser as expectativas do eleitor rico, médio e pobre

- como frisou Mariz. Nesse sentido, essas expectativas do eleitor, são postas

como algo óbvio, que compartilha a mesma visão de mundo atrelada à lógica

do desenvolvimento do capital. A tentativa de agradar todas as classes

sociais, como assegura Jaime Mariz, foi visualizada nos discursos de

Garibaldi no HGPE. Podemos ver a combinação entre projetos que estão

voltados para aumentar os investimentos para as diferentes áreas

econômicas ao mesmo tempo em que atrela a sua importância à necessidade

de diminuir as desigualdades sociais com projetos afirmativos. Essa relação

de mediar conflitos de classe remete à política do Estado como “cálculo

estratégico, embora mais como resultante de uma coordenação conflitual de

micropolíticas e táticas explícitas e divergentes que como formulação acional

de um projeto global e coerente” (POULANTZAS, p. 139). Importante

destacarmos como essa visão se explicita no HGPE. Na área de geração de

empregos, podemos ver discursos “técnicos” claros que representam, na

verdade, essa coordenação conflitual de micropolíticas levantada por

Poulantzas: Podemos citar como exemplo o seguinte trecho:

Apresentadora: Hoje nós vamos falar em geração de empregos. Governador, quais são as suas propostas para criar empregos? Garibaldi: Tudo que um governo deve fazer em primeiro lugar, é criar oportunidade para geração de empregos. Até mesmo quando a gente fala em educação, de saúde, de segurança, a gente tem que ter um lado de geração de empregos Apresentadora Como isso funciona? Garibaldi:

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Olhe, na educação, por exemplo, se a gente tem boas escolas, e professores preparados, a gente vai ter alunos também preparados para enfrentar o mercado de trabalho. Na saúde, que é outro exemplo, se a gente atende bem as pessoas que procuram o sistema de saúde pública, principalmente os mais pobres, a gente vai ter pessoas mais saudáveis para trabalhar e produzir para o nosso estado.[...] Isso também funciona para a segurança pública: se os jovens têm trabalho, eles ficam longe das drogas e da violência

O trecho do programa de Garibaldi considera os projetos políticos

relativos a diferentes demandas da população (saúde, segurança, educação)

como uma questão de adequação ao mundo do trabalho, não como uma

questão para conseguir dignidade ou para obter saúde para se ter uma

melhor qualidade de vida. Esse discurso evidencia o caráter técnico das

propostas, como revelou Mariz. No entanto, essa técnica não deve ser

tomada como antagônica à questão ideológica, mas sim, “como um artifício

retórico com base no qual discursos ideológicos do status quo se apresentam

como uma fala despolitizada, uma mera constatação da realidade das coisas”

(BARTHES, apud ALBUQUERQUE, 1999).

Locutor: Entre 1995 e 2001, o Rio Grande do Norte recebeu nada menos que 89 (oitenta e nove) grandes empresas que investiram 1,4 milhão de reais e criaram 25.500 (vinte e cinco mil e quinhentos) empregos diretos. 37 novas indústrias geraram 6000 novos empregos, outras 47 indústrias foram ampliadas e mais 14000 trabalhadores contratados. Das 90 empresas de médio e grande porte existentes hoje no estado, 46 foram instaladas durante o governo Garibaldi. Garibaldi: “vou fazer as grandes obras, aquelas que empregam diretamente os trabalhadores” [...] o programa das águas, por exemplo, esse vai continuar e com força total. Eu já anunciei aqui no nosso programa a construção da adutora do Alto-Oeste. Nas cidades como Natal, vou fazer um grande programa de saneamento básico. O programa do leite é outro exemplo. Esse eu criei e agora vou ampliar. E também tem o Programa do Biodiesel. Esse vai ser uma grande revolução na área rural, como foi o programa do leite. (HPGE, tarde de15 de setembro de 2006)

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O que se observa nessa visão técnica das propostas é o apelo

genérico ao desenvolvimento do estado alinhado e subordinado aos

interesses dos diversos ramos do setor empresarial. Um programa de

governo construído exclusivamente dentro de gabinete, como declarou o seu

coordenador, mostra que foi privilegiado apenas o conhecimento prévio

desses técnicos para as áreas propostas, como se as demandas da

população fossem algo evidente e não precisassem ser discutidas. Mesmo as

políticas afirmativas estão atreladas à necessidade de gerar empregos,

mostrando que as alternativas são propostas num campo de dominação

moldado pela visão de mundo hegemônica, na medida em que o senso da

realidade absoluta reproduz e veicula propostas que visam dar continuidade

aos valores específicos e dominantes (WILLIAMS, 1979, p. 12).

No segundo momento, essas escolhas seguiram a tentativa de ir ao

encontro do eleitor “pobre”, no dizer de Mariz. As políticas sociais

compensatórias foram contempladas nesse momento como uma simples

constatação da necessidade de mudança.

No que se refere ao pouco tempo destinado à apresentação de

políticas para a área da cultura e urbanismo, Mariz não fez referências, mas

deixou claro que o PGD continha ausências. A não-apresentação de projetos

para essa área pode, pois, dever-se a falta de projetos para essa área no

documento ou, como ocorreu no caso de Vilma, demonstrar que tais políticas,

na visão da equipe de marketing, não são o maior interesse da população.

Por isso a predileção por projetos que demonstram soluções para os

problemas mais imediatos do cidadão norte-rio-grandense, não sendo, pois,

necessária a discussão desse tipo de política como estratégia para conquistar

o eleitor.

Outro aspecto que se refere às escolhas, é o fato do projeto de

gestão ter sido preterido. Isso revela os limites para a discussão da

integralidade do programa de governo preparado pela equipe de técnicos

coordenada pelo ex-secretário. O que podemos conjecturar é que, na visão

do marqueteiro de Garibaldi, os projetos voltados para a gestão do estado

não convenceriam os eleitores. Provavelmente a omissão do projeto deveu-se

ao fato dele ter sido considerado como algo propenso a conquistar um púbico

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restrito - os servidores públicos - e não a “massa” de eleitores, de forma

individual e imediata.

Ainda em relação às escolhas, cabe destacar a importância das

pesquisas de opinião e de intenção de voto para subsidiar o marketing

político. Foram essas pesquisas, supostamente, que fizeram com que o PGD

se adequasse aos diferentes colégios eleitorais. Por isso a importância de

mostrar projetos para regiões específicas (para Mossoró, região do Seridó,

para Natal, etc., como declarou Mariz) demonstrando que as campanhas

eleitorais obedecem à lógica mercadológica do marketing eleitoral, que é

seguida por seus especialistas em detrimento do pessoal dos partidos

políticos (ALBUQUERQUE, 1999, p. 57).

É essa lógica que faz com que sua estratégia mude no segundo turno

da campanha, quando buscou direcionar suas propostas para a apresentação

de projetos sociais. Manobra que teve um viés estritamente estratégico que

levou em consideração os movimentos da sua adversária.

Sob o ponto de vista da integralidade do PGD, isto é, da totalidade

das propostas contidas no documento, as informações obtidas na entrevista

com Jaime Mariz apontam para um baixo grau de discussão dos projetos nos

seus programas televisivos. No entanto, se pensarmos em termos de um

projeto político amplo, analisando a natureza das ações propostas, o HGPE

contemplou essas informações, pois estas estavam contidas nos diferentes

apelos que se alinhavam com o direcionamento técnico dado pela equipe que

o desenvolveu.

***

Como podemos perceber, as propostas que aparecem no HGPE

revelam que não há uma relação fiel entre aquilo que está no PGD e o que

aparece no HGPE.

Obviamente, essa relação tem que considerar as limitações que se

impõem ao HGPE, que precisa adotar uma gramática e um estilo de

comunicação que são próprios da televisão. Os eleitores não levam em

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consideração apenas as plataformas eleitorais dos candidatos, mas precisam

de outras informações importantes para decidirem o seu voto. No caso

estudado, em que a disputa girou em torno de duas personagens tradicionais

do cenário político norte-rio-grandense, era importante mostrar a competência

desses candidatos por meio da apresentação de políticas passadas. Além

disso, os apoios, as histórias emotivas e todos os elementos que fazem parte

do jogo político, estiveram presentes, e tinham que dividir espaço com o PGD

no HGPE.

Sabendo da necessidade de fazer essas escolhas, as equipes de

marketing dos dois candidatos primaram por estratégias diferenciadas. No

caso de Vilma, o programa de governo que apareceu no HGPE pode ser

caracterizado como a combinação de duas formas que se complementam:

ideológica e estratégica.

Ao defender que não precisa vender os bens públicos para realizar

obras, Vilma se aproxima do que seria sua posição ideológica, mais próxima

da esquerda, por se posicionar contra o ideário neoliberal que fundamentou a

política de privatização das empresas públicas nos diferentes níveis de

governo durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso. Além disso, o

destaque às políticas sociais demonstra que os problemas sociais são

considerados como uma questão de má distribuição de renda, o que remete a

ideais socialistas. No entanto, esse posicionamento ideológico não é algo

constante, pois ela também deixa claro que o seu governo irá valorizar os

interesses das classes empresariais e suas frações, demonstrando a

característica relacional do Estado como palco de luta, uma condensação de

forças entre classes e frações de classes (POULANTZAS, 2003).

É estratégico porque há uma busca pelo eleitor do seu adversário. O

fato de o programa Mesa Solidária não aparecer no seu PGD e de haver uma

intensa divulgação de projetos em recursos hídricos, demonstra esse aspecto

do seu programa, evidenciando que as discussões dos projetos obedecem ao

cenário político formado no decorrer do processo eleitoral. No caso de Garibaldi, o programa de governo apresentado no HGPE

pode ser caracterizado como técnico (com o cuidado devido para não

desatrelá-lo de uma concepção ideológica) e estratégico. O que se busca é a

apresentação de um programa de governo mais detalhado e contextualizado.

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As classes dominantes, no entanto, se fazem representar entre os

dois partidos. O agronegócio, por exemplo, está representado nos discursos

de Vilma, com a ênfase dada às políticas rurais, e no de Garibaldi, por meio

da defesa de investimentos para a sua incrementação, e também pela defesa

do projeto Biodiesel.

A discussão dos programas de governo no HGPE desses candidatos,

como vimos, não tem a intenção de esclarecer o eleitor sobre a administração

que se pretende iniciar, nem é apenas o desejo de construir uma imagem de

seriedade e competência (ALBUQUERQUE, 1999), mas é também um meio

para responder à agenda imposta pelo adversário (ou adversários) ou por

outro ator político (que pode ser o próprio eleitor, por meio de pesquisas de

opinião), e um recurso estratégico para selecionar um segmento específico

do eleitorado.

Nessa perspectiva, os programas de governo, entendidos em sentido

restrito à noção de documento, constitui uma valiosa fonte de informação para

as equipes de marketing, um recurso que se pode lançar mão em contextos

diversos do embate eleitoral, sendo, por esse motivo, um elemento a ser

considerado fundamental para a disputa pela hegemonia que se trava na

televisão.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O ponto de partida do nosso estudo foi o questionamento sobre o

papel que os programas de governo desempenham nos processos eleitorais,

tendo em vista a importância que as propostas apresentadas nas campanhas

têm para a decisão do voto do eleitor.

Aqui, procuramos saber de que forma os programas de governo dos

dois principais candidatos ao governo do RN foram apresentados durante a

propaganda eleitoral televisiva, analisando o conteúdo e a natureza dos

mesmos. Levando em conta o personalismo que caracteriza a prática política

na atualidade, partimos da hipótese segundo a qual os programas de governo

desses candidatos haviam sido secundarizados, pois eles teriam perdido

espaço para os discursos que ressaltam as características pessoais dos

candidatos.

A ausência de um conceito sociológico de programa ou plataforma de

governo foi o nosso grande desafio, pois, como verificar a discussão dos

programas de governo no HGPE se não existe um definição teórica sobre

isso? Essa limitação poderia ser suficiente para que a análise fosse

abandonada e partíssemos para outro objeto de estudo. Contudo, se

optássemos por isso, o problema continuaria existindo e as nossas

inquietações permaneceriam.

Decidimos, portanto, para fins de análise empírica, considerar por

programa de governo o conjunto de propostas, elaborado em forma de

documento pela equipe de campanha das coligações em disputa, sendo,

portanto, uma peça fundamental para ser apresentada e discutida durante a

campanha eleitoral. Aqui, nós estipulamos chamá-lo de Programa de Governo

Documentado (PGD)50.

Na perspectiva do PGD, podemos considerar que, sob alguns

aspectos, a nossa hipótese foi, parcialmente, contrariada, pois, como vimos, a

apresentação das propostas contidas nos PGDs, embora não tenham sido

discutidas integralmente no HGPE, não ocorre como discurso avesso às

50 É importante ressaltar que, mesmo que não haja nenhum documento escrito, é possível identificar um "programa de governo" implícito, no sentido “ampliado”, na elaboração e apresentação dos programas da propaganda eleitoral.

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estratégias que ressaltam as características pessoais do candidato. Ao

contrário disso, as propostas apresentadas no HGPE se combinam com

outras estratégias discursivas para comporem a imagem do candidato. Assim,

as proposições de ações futuras aparecem incorporadas nas ações pessoais

do candidato, personificando a forma de apresentação dos projetos

propostos.

Aqui não tivemos a intenção de mensurar, em termos quantitativos, o

nível de discussão do PGD no HGPE, já que a ausência do documento da

coligação Vontade Popular não foi encontrado. No entanto, analisando

qualitativamente a natureza dos programas de governo “no papel” e o que

apareceu no HGPE, podemos dizer que a sua discussão foi restrita e limitada

aos assuntos que o marketing político julgou que pareciam ser os interesses e

as demandas comuns da sociedade.

No entanto, apesar de delimitarmos o que consideramos como

programa de governo para realizarmos a pesquisa empírica deste estudo,

percebemos que as propostas e os compromissos apresentados no HGPE

precisavam ser melhor compreendidos, e a noção de programa de governo

ampliada. Por isso, procuramos encontrar elementos que pudessem contribuir

para uma discussão sobre o conceito de programa de governo, já que

formular tal conceito exigiria um estudo mais denso e de grande envergadura,

e fugiria aos objetivos deste trabalho.

Os elementos que lançamos mão para problematizarmos essa

questão são dois conceitos que constituíram, na verdade, o eixo teórico

central do nosso estudo: o conceito de hegemonia, desenvolvido por Gramsci,

e o de bloco no poder, trabalhado por Poulantzas. Tais conceitos nos

permitiram “ampliar” a noção de programa de governo, já que estes subsidiam

um melhor entendimento sobre a forma como ocorre a luta pela conquista do

poder nas sociedades capitalistas contemporâneas e sobre o caráter e o

papel que desempenha o Estado na sociedade de classes.

Nessa visão “ampliada”, a elaboração das propostas contidas nos

programas de governo documentado é analisada dentro dos limites impostos

por uma visão de mundo que é hegemônica. É essa visão hegemônica que

faz com que as proposições sejam orientadas pela lógica das demandas que

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se apresentam como óbvias para a população e para as equipes de

campanha que as elaboraram.

Ao mesmo tempo, uma vez que as eleições são a disputa pelo

controle da máquina estatal, a elaboração das propostas deve levar em conta

o papel que desempenha o Estado capitalista na luta existente entre as

classes e frações de classe. Nesse sentido, o conceito de bloco no poder

permite entender o direcionamento das políticas futuras apresentadas a partir

da lógica da “política do Estado” como “linha de força geral que atravessa os

confrontos no seio do Estado”, como “coordenação conflitual de micropolíticas e

táticas explícitas e divergentes” (POULANTZAS, 2000, p 139). Isto é, as

diversas políticas propostas são, na verdade, uma conjunção de

micropolíticas, com o intuito de organizar a sociedade, atendendo os

interesses das diferentes classes e frações de classe que constituem a

sociedade.

Essa noção “ampliada” permite, portanto, analisarmos essas

propostas para além do PGD.

Assim, assumindo a perspectiva de levarmos em consideração o PGD

e o conceito mais amplo de programa de governo, podemos chegar às

seguintes conclusões:

1. O programa de governo documentado é uma peça político-eleitoral

indispensável na disputa, pois as propostas orientam as estratégias do

marketing e auxiliam na construção da imagem do candidato.

2. No caso estudado, os PGDs aparecem no HGPE , mas não de

forma integral, pois as políticas são selecionadas de acordo com o que a

equipe de marketing julga ser as expectativas dos eleitores, além de se

sintonizarem com o cenário político que se forma. Assim, as pesquisas de

opinião e a agenda definem o que será destacado. Logo, a visão de que a

não-apresentação das propostas refere-se a um tipo de desinformação

política (MEDISTCH.) precisa ser melhor trabalhada. O que observamos, no

nosso caso, é que a ocultação de determinadas propostas não é uma questão

de buscar escondê-la da população como propõe Medistch. em seu estudo,

mas uma questão de escolha que decorre do cenário político formado, pois

entram como resposta, ou a um candidato que propôs algo parecido, ou à

uma região específica que se pretende conquistar votos, ou ainda como

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tentativa de atacar o adversário que apresenta um ponto fraco em uma

determinada área ( como foi o caso de Garibaldi investir em segurança

pública, pouco trabalhada por Vilma).

3. Outro ponto a ser discutido diz respeito à apresentação do

programa de governo no contexto de reeleição, que se caracteriza como um

momento de accountability. Assim, mais importante do que propostas novas,

a imagem positiva e a credibilidade do candidato (da candidata Vilma de

Faria, no caso) deve ser fortalecida pela apresentação do que foi realizado

em sua administração, por isso os discursos propositivos estão, nesse caso,

incorporados nas suas ações passadas, pois existe, ora implicitamente, ora

de maneira explícita, a ideia de continuidade dessas políticas. Assim, não se

pode considerar propositivo, nesse caso de reeleição, apenas o que é novo,

mas o que pretende continuar fazendo.

4. Embora os PGDs não tenham sido completamente conhecidos

pelos cidadãos norte-rio-grandenses, foi possível visualizar o tipo de

administração que os dois candidatos pretendiam iniciar. Em linhas gerais,

podemos dizer que os dois candidatos não apresentaram diferenças

ideológicas claras. Vilma se apresentava contra a política de privatizações, de

viés neo-liberal, e considera a adoção de políticas sociais necessárias para

sanar um problema de má distribuição de renda. Ao mesmo tempo, porém,

buscava defender os interesses do setor empresarial, incentivando os

investimentos, o crescimento econômico, a geração de emprego e renda,

compartilhando a ideia de fortalecimento das classes dominantes para ajudar

as camadas populares. Da mesma forma, Garibaldi defende a adoção de

políticas afirmativas, e, ao mesmo tempo, os interesses do empresariado para

dinamizar o desenvolvimento do estado, como se as melhorias para a

população só pudessem ocorrer a partir de melhorias para o setor

empresarial. Além disso, como vimos, propõe que os projetos políticos

relativos às diferentes demandas da população (saúde, segurança, educação)

sejam benéficos ao mundo do trabalho, não como uma questão para

conseguir dignidade ou para obter saúde para se ter uma melhor qualidade de

vida.

5. As ausências de discussões de projetos dos dois candidatos

voltados para a área da cultura demonstram que estas não são consideradas

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como demandas de primeira ordem. Distantes do mundo da produção,

projetos para a área da cultura são vistos como políticas menos importantes,

limitando o debate dos programas de governo elaborados para a campanha

àquilo que se julga necessário e passível de convencimento do eleitor.

6. A hegemonia do modo de produção capitalista materializa-se

assim, nas escolhas dessas propostas. As necessidades já estão postas

pelos candidatos no HGPE como se fossem evidentes, sem a necessidade de

debate com diferentes grupos que compõem a sociedade. As propostas não

prezam por valores coletivos, mas individuais, princípio defendido pela

corrente de pensamento liberal. Os discursos de dominação estão na disputa

pela hegemonia presentes nos discursos do candidato. As classes sociais

falam através dos diferentes apelos. As propostas defendidas estão sendo

orientadas, por assim dizer, para o fortalecimento de políticas que colocam o

grupo empresarial em proeminência na sociedade, que é hegemônico porque

suas ideias são aceitas como condição para o “desenvolvimento”, para

atender os interesses de toda a população. Incrementar o agronegócio,

implantar fábricas, são para onde se direcionam discursos vistos no HGPE.

São essas ideias comuns presentes nos discursos dos candidatos como se

essas políticas fossem evidentes. No entanto, há grupos e setores sociais que

estão sendo defendidos nessas propostas. As ideias hegemônicas limitam,

dessa forma, os discursos propositivos dos candidatos. Há um consenso

estabelecido na apresentação das soluções apresentadas, que servem, na

verdade, para dar continuidade ao projeto capitalista. Os candidatos estão

sendo carregados por essas ideias hegemônicas não podem abrir mão

porque não têm, ou não compartilham de nenhum outro projeto alternativo.

7. O transformismo, característico da política potiguar, que nas últimas

décadas ocorre pelo comando da máquina estatal por grupos familiares, é um

elemento que contribui para a ausência de projetos alternativos, passíveis de

uma avaliação positiva por parte do eleitorado.

Apesar de sabermos das dificuldades de discussões dos programas

de governo nas campanhas eleitorais, dado os limites impostos pela dinâmica

televisiva e pelo personalismo que caracteriza a política no período

contemporâneo, acreditamos que há possibilidades de haver uma valorização

das discussões dos projetos com os eleitores no HGPE, já que todo marketing

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é marketing de uma ideia (KOTLER & ARMSTRONG apud ALMEIDA, 2002,

p. 77). Além disso, os projetos desenvolvidos pelas equipes de campanha, se

publicizados, permitiriam aos eleitores conhecer as prioridades do candidato,

além de servirem como um poderoso instrumento de accountability do qual os

representados podem lançar mão.

Além disso, o Rio Grande do Norte tem a urgência de conhecer novos

projetos. Acreditamos que a valorização dos programas de governo na

campanha eleitoral pode possibilitar surgimento de novas lideranças que não

sejam originárias dos grupos políticos tradicionais do nosso estado, pois

apresenta-se como um potencial dinamizador de uma competição baseada

em ideias, fugindo aos mecanismos que permitem a reprodução das

lideranças tradicionais do estado. Novas lideranças precisam surgir,

modificando a estrutura do transformismo que caracteriza a política local.

Essa é uma exigência para satisfazer a condição de competição mais justa e

mais democrática.

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ANEXOS

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ENTREVISTA COM JAIME MARIZ - COORDENADOR DO PROGRAMA DE

GOVERNO DA COLIGAÇÃO VONTADE POPULAR

1. O senhor pode falar um pouco sobre o processo de construção do Programa de Governo da Coligação Vontade Popular?

Antes do carnaval do ano da campanha, Garibaldi (...) eu tinha sido secretário de Garibaldi. Secretário de planejamento, secretário de administração e..tenho amizade com ele. Além do fato de ter sido secretário, há uma certa amizade. Bom, antes do carnaval ele me chamou para elaborar o plano de governo. Coordenar, não é elaborar, é coordenar o plano de governo. E eu fiquei dentro da Raff. Fiquei lá, instalado lá dentro da Raff com Rogério e Agnelo. Rogério e Agnelo me arranjaram uma sala e eu e (...) passamos a esboçar as linhas e formar grupos temáticos. Então, nosso papel era provocar os grupos pra que os grupos produzissem trabalhos para que depois a gente fosse sistematizando num documento único que chegou, acho, que.perto de 100 folhas mais ou menos. Então tinha o grupo da Educação, o Grupo da Saúde, o Grupo de Agricultura , o Grupo de Infra-Estrutura , o Grupo de Política Sociais e agente participava de reuniões com ele, e essas reuniões resultava depois num documento agente colocava mais ou menos o formato para uniformizar e ia depois agregando a esse plano de governo.

2. Esse Documento ele foi Elaborado Durante o período da campanha ou ele já tinha sido esboçado antes?

Ele foi elaborado de fevereiro, antes do carnaval ele começou a ser elaborado, quando chegou a campanha, em junho, esse documento tava.80% tava delineado...pronto, entendeu? Mas plano de governo nunca é encerrado, nunca é concluído, né? Porque a campanha tinha todo dia novas sugestões e agente ia procurando agregar.Então nos varamos a campanha toda,acrescentando,enriquecendo o documento mas eu diria que o documento estava ... Delineado antes de a campanha começar ,qual era a idéia de fazer nas diversas áreas,estavam prontas.

3. Esses Grupos temáticos eram formados por Quem?

Por Pessoas que tinham identidade com a área por exemplo : Na área de saúde foi coordenado por doutor Ivis Bezerra que era...que tinha sido secretario de Garibaldi e secretario de Vilma, tinha acabado e deixar a pasta de Vilma e achou,é meu amigo,amigo de Garibaldi também,e nós contactamos ele,e ele passou a coordenar esse grupo e a dar uma serie de sugestões,então,ele tinha Reuniões com grupos da Saúde,com pessoas da saúde para elaborar esse documento,o que é que se pensava da Saúde então ele me entregou e agente anexou,Na educação nós tivemos tambem :

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Luís Eduardo Carneiro Costa,que tinha sido secretario de grande parte do governo de Garibaldi,foi quem coordenou isso com o seus ex-auxiliares certo?Ele foi Secretario ,tinha...ele também formou um grupo e eu seria o intermediário entre este Grupo Temático La da Educação e o de Garibaldi Certo? Habitação Popular:Tinha algumas pessoas participando foi coordenado por Sérgio Rodrigues que é também uma Pessoa ligada a família de Garibaldi filho do vereador Aluisio Rodrigues que faleceu Já,Sergio é identificado com o projeto,ele é engenheiro e atua na área entendeu? Recursos hídricos : foi coordenado por Paulo Varella que foi secretario de Garibaldi Também , e atualmente é diretor da ANA, A Segurança : Foi coordenado por Lindolfo que também foi Secretario de Garibaldi , Lindolfo Neto de Oliveira Sales. Na área de Agricultura, eu digo assim...Setor Primário : Foi coordenado ...Como a campanha era coligada com o PSL nós Recebemos Grandes Colaborações de José Bezerra Junior que era o presidente da ANORC,José Bezerra Junior e varias Pessoas ligadas a ANORC, Né?

4. Na elaboração do programa de governo foi utilizada alguma forma de consulta à população pra ouvir o que as pessoas têm a dizer ou reclamar da sua situação?

Não, não. Isso era um documento elaborado dentro de gabinete. Que respaldasse o candidato para saber o que faria nas diversas áreas, certo? E, a idéia de Garibaldi era, na parte de Gestão Pública , poder de Gestão, ele inovar e me levou a Belo Horizonte duas vezes pra ver o modelo de Minas Gerais. É , eu até tenho um livro aí que se chama “Choque de Gestão”, que eu não sei se você tem conhecimento desse livro, que o modelo de Minas é um modelo extremamente vitorioso, na medida em que os resultados aparecem com uma efervescência muito grande (...). Aécio pegou um estado praticamente quebrado (...) e ele, no final do primeiro governo dele, o governo nadava em realizações, em satisfação, em tudo. Tanto a nível interno como a nível externo. Quer dizer, a população tava muito...os índices de popularidade dele estavam altíssimos, é tanto que ele fez a campanha dele como passeio.Eu lembro que eu tava em Belo Horizonte no dia que ele lançou-se candidato. Lançou-se e no dia seguinte viajou pela Europa. Com a filha dele. Bom e aí viajou pela Europa como se dissesse: não, essa ta tranqüila. Passou 15 dias depois do lançamento da candidatura dele.E o povo de Belo Horizonte (...) era um povo bastante satisfeito. Os funcionários bastante satisfeitos. Que era um modelo que não é nenhuma novidade para a iniciativa privada, mas no setor público é uma grande novidade. É um modelo que todos os salários, os funcionários (...) quer dizer, não pode haver redução de salário, mas a partir de um determinado momento, que foi nos 100 primeiros dias do governo dele, ele disse que quem quiser , o órgão que quiser se estabelecer contratos de gestão com o governo, quer dizer se a secretaria de saúde quer fazer um

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contrato de gestão com o governo dele, aí faz um contrato de gestão com metas. Essas metas ,se atingidas resultavam num aumento salarial para os funcionários da pasta ou da sessão. Podia ser que não fosse todos os hospitais, mas um determinado hospital . Porque a meta firmada pela secretaria ia sendo detalhada pelos órgãos até chegar à unidade . Então a unidade que atingisse a meta, todos os funcionários teriam um aumento salarial variável. Poderia um hospital ter conseguido a meta, outro não. O outro não teria redução de salário, mas aquele que conseguiu teria um aumento salarial. E o secretário que firmasse um contrato de gestão estabelecendo metas e não fosse atingido, os funcionários não teriam penalidade, mas o secretário teria uma censura no Diário Oficial (...). Então, Esse era o modelo de gestão de Garibaldi era esse, juntamente com esse plano elaborado junto com esses grupos temáticos. Aí você vai me perguntar: eu não vi isso na campanha. Não transpareceu isso na campanha.

5. Era isso que eu lhe perguntar agora. Por que não apareceu? Bom, pela primeira vez eu participei de uma campanha nos bastidores. Eu sou técnico, não sou político, sou professor da Universidade também, lá do departamento de Engenharia e minha cabeça é de técnico, não é de político. E eu fiquei, quer dizer, eu sonhava com o dia de ter uma campanha com alguém com o livro na mão de dizer: ta aqui meu programa de governo, as linhas. Chamo a população pra discutir . Na área de educação eu pretendo fazer isso, isso e isso. Na área de estradas eu pretendo fazer isso, isso e isso, infra-estrutura isso, isso e isso; segurança: isso, isso e isso, entendeu?. Na hora que contrataram o marketeiro da campanha .- e aí nós tivemos lá dentro da Raff, uma primeira reunião - chamado Faleiros, né?. Ele não deu muita bola pra isso aí. É como se dissesse:: “isso é coisa pra vocês implementarem depois da campanha vencida”. Agora, é marketing.(...) E foi uma grande frustração pra mim Então...Garibaldi usava isso..a gente pinçava coisas, aí chegava assim: Precisa fazer alguma coisa pra...o que é que tem aí pra Mossoró? Aí ele pegava o Programa de Governo, pinçava alguma coisa pra Mossoró aí montava alguma coisa pra fazer um programa pra Mossoró. O que é que tem aí pro Seridó? Entendeu?Então era sempre uma coisa direcionada pro marketing. E aí, o eleitor comum, o telespectador olhando o programa eleitoral não sentiu a presença desse estudo cuidadoso e eu diria até que denso. E no final teve uma certa frustração na medida em que o marketing não valorizou. Ele seria valorizado depois da vitória. Bom, né? O que fazemos: ta aqui. É assim, assim e assado.

6. Esse programa de governo montado para determinadas localidades, o marketeiro utilizou, acredito, tendo em vista determinadas pesquisas de opinião. Mas essas propostas para estas localidades já estavam prontas?

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Já faziam parte do todo. A gente é que saía pegando e fazendo (...) e dali ele tirava um programa, um programa eleitoral, entendeu? O marketeiro era de São Paulo: Faleiros.E eu acho que um dos motivos da derrota de Garibaldi eu dedico a esse cidadão. Completamente dissociado da realidade. Enquanto que Vilma tinha um marketeiro morando aqui, daqui, que é o Alexandre Macedo. Sabia todo o mundo da aldeia., tudo tudo tudo, ele tava no país da lua e totalmente fora da realidade. Ele não sabia as coisas, não tinha vivido, né? Mas minha cabeça é de técnico, não é de político e minha avaliação é muito pessoal.

7. Pra você, que é técnico, e que ajudou a elaborar um programa de governo, o que é um programa de governo?

Programa de governo pra mim, que foi o que a gente trabalhou, era as diretrizes para que o governo pudesse iniciar. Tomar posse e no dia seguinte saber o que fazer. Quais as metas que ele queria chegar?Por exemplo: educação: a gente queria um ensino profissionalizante para o Ensino Médio.A gente queria profissionalizar todo e qualquer jovem da rede pública. Acabar com o analfabetismo...então essa questão era muito focada. Aí como é que...não, aí a gente foi a Minas focado nessas nossas, entendeu? Como é que anda o ensino profissionalizante lá, o que é que ...então, a gente saía daqui para um estado que tava dando certo em todos os aspectos e já ia tentar colher subsídios para aquele programa .Como é que eles estavam fazendo lá para que a gente pudesse fazer aqui. Segurança: eu me lembro que segurança foi uma coisa que eu discuti com o secretário de Minas.Que foi mais ou menos o seguinte: se você pegar o Estado do Rio Grande do Norte, o elefante, a gente tem metade de nossas divisas com o mar, né? Isso possibilita alguma coisa. Nós somos um estado pequeno, nós não temos uma economia forte , e nós não somos rota de passagem essencial. Porque muita coisa que vai pra Fortaleza passa ao lado do Rio Grande do Norte, entendeu? Entra no Ceará por baixo, não obrigatoriamente vai pelo litoral, Então, daí a gente fez o seguinte: qual é o problema da insegurança de Natal? Por que Natal tornou-se uma cidade violenta, insegura? Por que o crime organizado veio atuar aqui.em Natal, né? Porque antigamente a gente tinha o roubo normal do ladrão, do chamado ladrão de galinha, que isso sempre houve. Então, a idéia era afugentar esse crime organizado, que ele chegou em Natal, chegou no Rio Grande do Norte. E essa situação peculiar do Rio Grande do Norte, nos deu uma maneira, nos sugeriu uma maneira. Que era o seguinte: Em João Pessoa, de João Pessoa pra cá tem a Operação Manzuá., que é extremamente criticada, porque extorque dinheiro e não funciona direito. O motorista quando vai chegando ali (..). Então era a gente pegar a situação do Rio Grande do norte e com aquela da Operação Manzuá e modernizar.Era tornar o Rio Grande do Norte com todos os carros com chip. Porque agora tão lançando...os carros daqui a dois anos vão sair já com chip. Se eu coloco um chip em todo carro -, e aí a gente teria a facilidade de ser espontâneo ou ser obrigatório e aí a gente ia ver já no governo como é que seria isso – e eu instalaria na saída de Natal e depois em

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todo o estado, principalmente nas divisas com o estado, barreiras eletrônicas que pudesse ler cada carro que passasse. Então, como o Rio Grande do Norte é pequeno, e metade da divisa é com mar, só entra carro se...se a gente tomasse o estado em dez lugares mais ou menos, a gente praticamente fechava o estado, né? Pelo menos pro grande trânsito. Bom, o carro chipado seria lido (...) (...) Então, era um programa elaborado por técnicos, estudiosos do assunto, gente da polícia, polícia civil, polícia militar , com quem Lindolfo tinha reuniões periódicas, E uma vez elaborada a linha mestra do programa, então a gente ia atrás de discutir com os entendidos, os experts do assunto.

8. Mas tinha alguma discussão com dirigentes partidários?

Tinha!Eu me lembro que expus isso numa reunião na casa de Ney Lopes , a Zé Agripino, Ney Lopes de Souza, Garibaldi, Henrique Eduardo, à cúpula todinha da campanha. Me chamaram lá. Zé Agripino preocupado com as áreas de saúde, educação e segurança.

9. Então, basicamente os critérios para a elaboração do documento foram técnicos.

Foi técnico. E todas as vezes que o político tinha acesso, havia uma convalidação. Nessa reunião, quando eu expus a segurança: “não, ta ok, ta ok, ta tranquilo”. (...)

10. Mesmo o marketeiro não dando muita atenção ao Programa de Governo, a gente percebe, quando assiste os programas eleitorais televisivos de Garibaldi, que havia uma preocupação em demosntrar detalhes dos projetos, como os recursos para a realização das obras, por exemplo. Num programa de governo é necessário demonstrar isso?

A minha experiência como secretário de planejamento...Isso é meio cabeça de técnico. Na hora que você (...). Na hora que você dá a fonte do recurso, você torna a proposta mais séria, mais consistente, mais crédula. Olha, vou fazer isso e o dinheiro vem dali. Por que tem uma pergunta que todo mundo faz: “Pô!, ta muito bonito, mas e o dinheiro, de onde vai sair?” Entendeu? Aí a gente tinha a preocupação de mostrar as fontes de recurso Por que o estado do RN é o estado com menor dívida , a gente tem a dívida fundada, que a gente chama. Então o estado é pouco individado.E quem é pouco individado tem uma margem de endividamento (...). Então a estratégia nossa era o seguinte: se eu tenho um bom modelo de governo, e lá em Minas a gente constatou, os organismos internacionais, eles se interessam em financiar. A boa governança (...)Então, eles emprestam dinheiro a Minas, sem contra-partida.. Vem lá BID, BIRD e companhia limitada, ONU, entendeu? Eles

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apresentam uma projeto lá, e quando eles vêem o sucesso de Minas...Minas Gerais a gente tirou não foi por questão partidária não,entendeu, não tinha nada a ver com PSDB, não tinha nada, é porque é uma boa referência. Então lá quando, o pessoal chega lá em Minas, eles conseguem dinheiro a fundo perdido, dinheiro sem contra-partida, porque todo organismo diz: oh, tudo bem mas tem que colocar 10 a 20% de contra partida.. Então a gente queria com essa maneira de mostrar as fontes de recursos, dá credibilidade.às propostas.

11. Esse programa foi apresentado pra alguém, pra algum grupo, ou camada da sociedade?

Não.Eu estava trabalhando no projeto pensando que um belo dia ele seria lançado, encadernado e distribuído, entendeu? Na minha cabeça é o seguinte: um belo dia vai virar um livrinho, com um preâmbulo, dizendo que isso é uma minuta, que é pra ser enriquecido, que é pra se colocar em discussão . Seria uma distribuição para a discussão. Não foi. Ele tornou-se uma fonte de informação para consumo interno. Que isso eu acho, na minha cabeça de técnico, que isso foi uma pena porque na hora que o cidadão soubesse que no programa de Garibaldi ia ter isso, isso e aquilo , ele ia dizer: poxa, esse cara ta pra valer mesmo, ele fez até um programa de governo, ta aqui um livrinho.... O que eu percebo, ninguém me disse isso, mas o medo que eu percebia nas entrelinhas era que esse documento passasse a ser objeto de crítica, pelas ausências dele pelo adversário.”Ah, o programa de governo não consta isso, não consta isso, não consta aquilo outro. (...) A vitória de Vilma foi uma vitória extremamente inteligente. Ela pegou um governo fraco, na minha avaliação, um governo sem grandes realizações, no primeiro governo, mas ela conseguiu aquela propaganda que pegou na cabeça de todo mundo: Vilma trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha....e aí ela foi buscar na campanha o resultado daquela coisa incutida na cabeça do eleitor, e aí um programa eleitoral muito bem feito, um marketing eleitoral muito bem feito.

12. Você disse que o programa foi utilizado pra consumo interno, apenas, mas a sua elaboração foi pensada pra uma camada específica da sociedade?

Não. Foi tudo. A nossa estratégia era aproveitar as potencialidades do RN e tentar fazer obra de infra-estrutura pra melhorar essa potencialidade : o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, o Porto de Natal, a possibilidade de construir um porto de grande calado (...). Então era a idéia era ver as potencialidades do estado e ...quais são as potencialidades do estado? Nós temos água, solos bons, turismo, minério,(...) então a gente vai tentar potencializa isso pra explorar. E nós temos grandes problemas de pobreza, então políticas sociais para ir de encontro a essa pobreza. Então programa do leite, era um programa extremamente bem avaliado. Porque, começou de

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Caicó, e eu vi o efeito que causou lá na Bacia leiteira de CAicó, né? Então era a gente procurar tentar ver políticas públicas que fosse ao encontro do cidadão rico, médio e pobre, entendeu? Pra que a gente tivesse uma proposta, o cidadão sentisse o governo chegar nele, estivesse onde ele estivesse.

13. Então o senhor acha que se essas propostas tivessem sido mais exploradas, o resultado poderia ter sido outro?

Eu acho que elas foram subutilizadas. Como eu tava muito imbuído nisso aí. Eu passei de fevereiro até o último dia da campanha (...), eu vi pouco na telinha o resultado do nosso trabalho. Mas eu entendia que ele seria muito importante para o governo.E que na hora da campanha quem diria ditar o que era importante era o pessoal que é profissional, os marketeiros, e aí eu me recolhia.

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10

3.2

Adm

inis

traçã

o Tr

ibut

ária

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11

3.2.

1 Pr

ojet

o SI

A –

Sis

tem

a In

tegr

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de A

rrec

adaç

ão ..

......

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11

3.2.

2 Pr

ojet

o de

apo

io a

o de

senv

olvi

men

to d

o co

mér

cio,

da

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stria

e d

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ricul

tura

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.. 12

3.

2.3

Proj

eto

de a

poio

à m

icro

e p

eque

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mpr

esa

- CR

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E R

N ..

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12

3.2.

4 Pr

ojet

o de

des

buro

crat

izaç

ão ...

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. 12

3.2.

5 Pr

ojet

o de

edu

caçã

o fis

cal .

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. 13

3.2.

6. F

isca

lizaç

ão ..

......

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......

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... 1

4 3.

3 M

eio

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bien

te ...

......

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......

......

......

.....

15

3.3.

1 G

estã

o do

s Rec

urso

s Nat

urai

s ....

......

......

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......

......

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......

......

......

.... 1

5 3.

3.2

Ger

enci

amen

to d

a B

iom

assa

.....

......

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......

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......

......

......

......

......

......

.....

16

3.3.

3 R

ecur

sos h

ídric

os ...

......

......

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......

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......

......

......

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......

......

......

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......

......

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......

......

......

......

......

......

......

. 18

3.4

Polít

ica

Econ

ômic

a ....

......

......

......

......

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......

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......

......

......

......

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......

......

......

.... 2

1 3.

5 Po

lític

a R

ural

......

......

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......

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......

.....

22

3.6

Segu

ranç

a C

idad

ã ....

......

......

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......

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......

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......

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......

......

33

3.7

Educ

ação

cid

adã .

......

......

......

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......

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......

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......

......

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.....

34

3.8

Cul

tura

.....

......

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......

......

......

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......

......

......

......

......

.... 3

6

159

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fess

or R

inal

do B

arro

s

4

3.9

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ncia

e T

ecno

logi

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. 38

3.10

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de P

úblic

a ...

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39

3.11

Tur

ism

o ....

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.. 40

3.

12 H

abita

ção .

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.. 41

3.

13 S

anea

men

to B

ásic

o ....

......

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.. 42

3.

14 M

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r ....

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......

......

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......

......

......

......

... 4

3 3.

15 P

esso

as c

om n

eces

sida

des e

spec

iais

......

......

......

......

......

......

......

......

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......

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......

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......

......

......

.... 4

4 3.

16 T

erce

ira Id

ade .

......

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......

. 45

3.17

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ncia

e Ju

vent

ude .

......

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......

......

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......

......

......

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......

......

......

......

... 4

6

160

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fess

or R

inal

do B

arro

s

5 Só

é a

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m d

esen

volv

imen

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que

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col

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com

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nto

cent

ral,

co

nver

gind

o pa

ra p

oten

cial

izar

a

capa

cida

de d

e to

das a

s pes

soas

.

161

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aniz

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fess

or R

inal

do B

arro

s

6

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ESE

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ÃO

Com

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ta h

onra

, sou

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ra m

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r a g

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nar o

Rio

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, e s

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s m

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s, na

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paço

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um

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do m

elho

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te d

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m p

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com

a p

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ão d

os p

artid

os d

a no

ssa

colig

ação

e d

a no

ssa

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a,

na b

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da

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, par

a m

elho

r, da

vid

a em

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, com

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a, e

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o de

Gov

erno

- 20

07 a

201

0, c

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te, f

ocad

o no

des

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lvim

ento

es

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gico

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, que

refle

te, e

fetiv

amen

te, a

s asp

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es d

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ande

mai

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da

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e.

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, seg

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em

200

4 e

2005

, o R

io G

rand

e do

Nor

te fo

i o E

stad

o qu

e m

ais

cres

ceu

no N

orde

ste,

e a

re

nda

urba

na m

édia

do

povo

pot

igua

r cr

esce

u de

793

rea

is e

m 2

002,

par

a 1.

344

reai

s em

200

5; e

que

est

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uito

o

mov

imen

to e

m to

das a

s ativ

idad

es e

conô

mic

as, g

eran

do m

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es d

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preg

os e

con

solid

ando

um

cic

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e de

senv

olvi

men

to.

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enos

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. Sem

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est

amos

no

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rto.

No

enta

nto,

não

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emos

fugi

r ao

deba

te p

olíti

co. P

ara

além

das

obr

as fí

sica

s, é

prec

iso

cons

ider

ar a

atu

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tmos

fera

pol

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de

moc

rátic

a, c

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terís

tica

do n

osso

Gov

erno

, en

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aber

tura

pol

ítica

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ruçã

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des

envo

lvim

ento

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ico

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. Po

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so, c

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oda

a so

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para

que

, atra

vés

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m p

acto

con

scie

nte

e tra

nspa

rent

e, s

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ça d

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ão c

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um

a al

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ca p

ara

avan

çar a

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esen

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imen

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o do

Rio

Gra

nde

do N

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cont

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r a c

umpr

ir es

ta n

obre

mis

são.

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esso

ra W

ilma

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aria

G

over

nado

ra

162

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7

PR

INC

IPA

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IRET

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S

163

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8

2 P

RIN

CÍP

IOS

POL

ÍTIC

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As

opçõ

es e

stra

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cas

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m s

elec

iona

das

com

bas

e no

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ário

des

ejad

o: ti

rar p

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a riq

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que

a N

atur

eza

lego

u pa

ra

parti

cipa

r das

tend

ênci

as c

onte

mpo

râne

as e

con

stru

ir um

futu

ro m

elho

r par

a a

sua

popu

laçã

o.

O c

ompr

omis

so c

om a

s fu

tura

s ge

raçõ

es n

orte

ia a

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rmas

de

uso

e a

nece

ssid

ade

de g

aran

tir u

m m

elho

r pa

drão

de

vida

à

gera

ção

pres

ente

, dire

cion

a a

nece

ssid

ade

de a

prov

eita

r ess

as in

egáv

eis v

anta

gens

do

Rio

Gra

nde

do N

orte

. C

omo

o de

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olvi

men

to s

uste

ntáv

el p

õe o

soc

ial c

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um d

os s

eus

obje

tivos

prin

cipa

is, t

rês

opçõ

es s

e ap

rese

ntam

com

o es

traté

gias

par

a o

Esta

do d

o R

io G

rand

e do

Nor

te:

1) in

vest

imen

to m

assi

vo n

a ed

ucaç

ão fu

ndam

enta

l de

qual

idad

e e

na q

ualif

icaç

ão p

ara

o tr

abal

ho;

2) a

mpl

iaçã

o da

infr

a-es

trut

ura

de sa

neam

ento

bás

ico

e;

3) o

fert

a de

mor

adia

par

a po

pula

ções

de

baix

a re

nda.

Es

tas

opçõ

es s

e ar

ticul

am c

om o

utra

s de

impo

rtânc

ia c

ompl

emen

tar p

ara

com

um

a es

traté

gia

volta

da p

ara

o de

senv

olvi

men

to

hum

ano.

A c

onse

rvaç

ão e

o u

so r

acio

nal

dos

recu

rsos

nat

urai

s e

o de

senv

olvi

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to h

uman

o ju

ntam

ente

com

o d

esen

volv

imen

to

cien

tífic

o e

tecn

ológ

ico,

é o

eix

o pr

inci

pal d

a aç

ão d

o G

over

no W

ilma,

cuj

a fil

osof

ia é

“C

onhe

cim

ento

par

a o

Des

envo

lvim

ento

Su

sten

táve

l”, c

onte

mpl

ando

: A

) In

clus

ão so

cial

e d

esco

ncen

traçã

o de

rend

a;

B)

Cre

scim

ento

da

prod

utiv

idad

e, d

a co

mpe

titiv

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e e

do e

mpr

ego;

C

) D

esen

volv

imen

to a

mbi

enta

l sus

tent

ável

; D

) D

imin

uiçã

o da

s des

igua

ldad

es re

gion

ais;

E)

M

oder

niza

ção

e de

moc

ratiz

ação

do

Esta

do.

164

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inal

do B

arro

s

9

3 P

OL

ÍTIC

AS

PAR

A O

DE

SEN

VO

LV

IME

NT

O

3.1

Plan

ejam

ento

O

Gov

erno

Vilm

a ad

ota

uma

polít

ica

de d

esen

volv

imen

to e

stra

tégi

co m

icro

rreg

iona

l eq

uilib

rado

, at

ravé

s de

Pla

nos

Reg

iona

is d

e D

esen

volv

imen

to E

stra

tégi

co, c

om o

obj

etiv

o de

des

cent

raliz

ar o

des

envo

lvim

ento

, res

peita

ndo

as e

spec

ifici

dade

s de

ca

da M

unic

ípio

, com

met

as a

sere

m c

onso

lidad

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o lo

ngo

dos p

róxi

mos

vin

te a

nos.

Isso

impl

ica

na c

ompl

exid

ade

de c

once

pção

e im

plem

enta

ção

de p

olíti

cas

e, p

orta

nto,

dem

anda

um

deb

ate

rico,

com

foc

o no

de

senv

olvi

men

to l

ocal

, en

tre a

uni

vers

idad

e, o

s se

tore

s pú

blic

o e

priv

ado,

e a

soc

ieda

de c

ivil,

que

cer

tam

ente

vai

con

tribu

ir na

fo

rmul

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de

novo

s est

udos

, nov

as p

olíti

cas e

coo

pera

ções

ent

re d

iver

sos s

etor

es e

segm

ento

s.

ÕE

S PR

OPO

STA

S A

) C

ompa

tibili

zaçã

o da

s açõ

es d

as se

cret

aria

s do

gove

rno

com

os p

rinc

ípio

s pol

ítico

s e fu

ndam

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s est

raté

gico

s pré

-est

abel

ecid

os;

B)

Sist

emat

izaç

ão d

o pl

anej

amen

to d

o Es

tado

de

form

a a

dar

coer

ênci

a e

cont

inui

dade

no

proc

esso

de

dese

nvol

vim

ento

das

açõ

es

prop

osta

s;

C)

Esta

bele

cim

ento

de

mec

anis

mos

de

gest

ão d

os p

rogr

amas

do

gove

rno

sem

supe

rpos

ição

de

ativ

idad

es c

om o

s órg

ãos r

espo

nsáv

eis;

D

) Es

tabe

leci

men

to d

e m

ecan

ism

os p

ara

asse

gura

r a

efet

iva

part

icip

ação

da

soci

edad

e ci

vil

no a

com

panh

amen

to,

cont

role

e

aval

iaçã

o da

s açõ

es d

o go

vern

o;

E) A

valia

ção

das o

portu

nida

des e

con

duçã

o da

s ativ

idad

es v

olta

das a

pro

cess

os d

e de

sest

atiz

ação

e te

rcei

rizaç

ão;

F) B

anco

de

Dad

os d

o Es

tado

vis

ando

mel

hor f

unda

men

tar a

s açõ

es d

e pl

anej

amen

to, d

ecis

ão e

con

trole

do

gove

rno;

G

) In

tegr

ação

de

toda

a re

de d

e ar

reca

daçã

o do

Est

ado,

vis

ando

dar

mai

or e

ficác

ia a

o co

ntro

le;

H)

Info

rmaç

ão a

o ci

dadã

o, v

isan

do d

ar to

tal t

rans

parê

ncia

às a

ções

do

gove

rno;

I)

In

form

ação

a i

nter

essa

dos

nos

recu

rsos

e i

ncen

tivos

ofe

reci

dos

pelo

Est

ado,

vis

ando

a a

traçã

o de

inv

estid

ores

, tu

rista

s, im

porta

dore

s, pr

esta

dore

s de

serv

iços

e o

utro

s. 3.

1.1

Rac

iona

lizaç

ão d

a es

trut

ura

da a

dmin

istr

ação

do

Est

ado

J)

Rea

lizaç

ão d

e di

agnó

stic

o de

cad

a ór

gão

obje

tivan

do o

con

heci

men

to re

al d

e su

as a

nom

alia

s e d

efic

iênc

ias;

K

) R

edim

ensi

onam

ento

da

estru

tura

bas

eado

na

real

nec

essi

dade

de

órgã

os, c

argo

s e n

úmer

o de

func

ioná

rios.

165

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Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

10

3.1.

2 A

umen

to d

a ef

iciê

ncia

do

Est

ado

L) D

esce

ntra

lizaç

ão a

dmin

istra

tiva

com

del

egaç

ão d

e co

mpe

tênc

ias

a es

calõ

es i

nter

med

iário

s, ob

jetiv

ando

des

buro

crat

izar

os

proc

esso

s;

M) E

stab

elec

imen

to d

e pa

drõe

s, cr

itério

s e in

dica

dore

s de

qual

idad

e qu

e pe

rmita

m o

ger

enci

amen

to d

os re

sulta

dos d

e ca

da ó

rgão

; N

) Es

tudo

da

situ

ação

fun

cion

al e

sal

aria

l dos

ser

vido

res

obje

tivan

do a

rev

isão

dos

pla

nos

de c

arre

ira, c

argo

s e

salá

rios,

de f

orm

a a

corr

igir

as d

isto

rçõe

s exi

sten

tes.

166

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Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

11

3.2

Adm

inis

traç

ão T

ribu

tári

a

Pr

incí

pios

nor

tead

ores

A m

issã

o de

um

a ad

min

istra

ção

tribu

tária

mod

erna

dev

e es

tar

alic

erça

da n

o co

mpr

omis

so d

e of

erec

er a

os c

ontri

buin

tes

serv

iços

de

alta

qua

lidad

e, a

juda

ndo-

os a

com

pree

nder

e c

umpr

ir, v

olun

taria

men

te,

suas

res

pons

abili

dade

s tri

butá

rias,

aplic

ando

a

todo

s a le

i trib

utár

ia, c

om in

tegr

idad

e, e

ficiê

ncia

e im

parc

ialid

ade.

C

onsc

ient

e de

ssa

mis

são,

o G

over

no W

ilma

de F

aria

est

abel

ece

com

o re

gras

a o

rient

ar a

ges

tão

tribu

tária

, os

seg

uint

es

prin

cípi

os:

Polít

ica

de v

alor

izaç

ão d

o co

ntrib

uint

e;

Si

mpl

ifica

ção

dos p

roce

dim

ento

s fis

cais

;

Tran

spar

ênci

a e

igua

ldad

e de

trat

amen

to;

Fi

nalid

ade

da a

rrec

adaç

ão;

Ju

stiç

a fis

cal.

A

licer

çado

nes

ses

prin

cípi

os, o

Gov

erno

Vilm

a de

finiu

sua

mis

são

na á

rea

tribu

tária

, seu

s va

lore

s in

stitu

cion

ais

e su

a vi

são

de

futu

ro, n

os se

guin

tes t

erm

os:

Os

proj

etos

a s

egui

r, de

senv

olvi

dos

para

o q

uadr

iêni

o 20

07/2

010,

têm

por

obj

etiv

os d

ar c

ontin

uida

de a

o pr

oces

so d

e m

oder

niza

ção

inst

ituci

onal

de

toda

s as S

ecre

taria

s Est

adua

is e

alin

har a

s açõ

es d

e fis

caliz

ação

, arr

ecad

ação

, rel

ação

com

o c

ontri

buin

te

e de

ince

ntiv

os a

o de

senv

olvi

men

to só

cio-

econ

ômic

o pl

anej

ado

pelo

Gov

erno

do

Esta

do d

o R

io G

rand

e N

orte

. 3.

2.1

Proj

eto

SIA

– S

iste

ma

Inte

grad

o de

Arr

ecad

ação

O S

iste

ma

Inte

grad

o de

Arr

ecad

ação

do

Esta

do d

o R

io G

rand

e do

Nor

te (

SIA

), cr

iado

atra

vés

do D

ecre

to n

° 16

.684

, de

03

.01.

03, c

om o

obj

etiv

o de

est

abel

ecer

mec

anis

mos

de

cont

role

e a

com

panh

amen

to d

a ar

reca

daçã

o de

rece

itas,

de q

ualq

uer n

atur

eza,

de

com

petê

ncia

do

Esta

do, e

ncon

tra-s

e im

plan

tado

no

IDEM

A, S

APE

, DEI

, SET

UR

N, I

TEP,

JU

CER

N, P

GE

e SI

N, a

pres

enta

ndo-

se

com

o ob

jetiv

o su

a ex

tens

ão a

os d

emai

s órg

ãos d

a A

dmin

istra

ção

Dire

ta e

Indi

reta

Est

adua

l. A

cod

ifica

ção

e co

ntab

iliza

ção

dess

as r

ecei

tas

darã

o m

aior

tran

spar

ênci

a ao

sis

tem

a da

arr

ecad

ação

do

Esta

do, q

ue p

assa

rá a

co

nhec

er to

do o

seu

pote

ncia

l de

arre

cada

ção,

o q

ue, c

erta

men

te, s

ervi

rá p

ara

mel

hora

r o p

lane

jam

ento

dos

gas

tos p

úblic

os.

167

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Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

12

3.2.

2 Pr

ojet

o de

apo

io a

o de

senv

olvi

men

to d

o co

mér

cio,

da

indú

stri

a e

da a

gric

ultu

ra

Te

m

por

obje

tivo

o de

senv

olvi

men

to

e fo

rtale

cim

ento

da

s em

pres

as

com

erci

ais,

indu

stria

is

e ag

rícol

as

do

Esta

do,

impl

emen

tand

o po

lític

as q

ue s

impl

ifiqu

em e

ate

nuem

a c

arga

trib

utár

ia d

esse

s se

tore

s. En

tend

e a

Secr

etar

ia d

e Tr

ibut

ação

que

, m

edia

nte

a ut

iliza

ção

da fu

nção

ext

ra-f

isca

l do

tribu

to, o

Est

ado

pode

ince

ntiv

ar a

aqu

isiç

ão d

e m

áqui

nas

e eq

uipa

men

tos

mod

erno

s, da

ndo

às e

mpr

esas

mel

hore

s con

diçõ

es d

e co

mpe

titiv

idad

e.

A m

eta

é m

ante

r os

ben

efíc

ios

exis

tent

es e

am

plia

r a

sua

conc

essã

o, d

e fo

rma

a at

ende

r os

inte

ress

es d

as c

lass

es p

rodu

tivas

, da

ndo

às e

mpr

esas

con

diçõ

es d

e co

mpe

titiv

idad

e, e

m f

ace

das

prát

icas

trib

utár

ias

adot

adas

por

out

ros

Esta

dos

da F

eder

ação

(G

uerr

a Fi

scal

), po

ssib

ilita

ndo,

tam

bém

, o e

nfre

ntam

ento

de

cris

es c

onju

ntur

ais q

ue c

ompr

omet

em a

s sua

s ativ

idad

es.

Torn

ando

as

empr

esas

mai

s co

mpe

titiv

as,

a ec

onom

ia d

o Es

tado

mel

hora

rá,

aum

enta

r-se

-á a

ofe

rta d

e em

preg

o e,

em

co

nseq

üênc

ia, o

incr

emen

to d

a re

nda,

reto

rnan

do o

ince

ntiv

o em

form

a de

aum

ento

da

arre

cada

ção.

3.

2.3

Proj

eto

de a

poio

à m

icro

e p

eque

na e

mpr

esa

- CR

ESC

E R

N

Tr

ata-

se d

e um

reg

ime

tribu

tário

esp

ecia

l, di

fere

ncia

do,

sim

plifi

cado

e f

avor

ecid

o, a

plic

ável

ao

cont

ribui

nte-

cida

dão,

à

mic

roem

pres

a e

à em

pres

a de

peq

ueno

por

te, r

elat

ivam

ente

ao

ICM

S, in

stitu

ído

pela

Lei

nº 8

.770

, de

28 d

e de

zem

bro

de 2

005.

Pr

eten

de-s

e el

evar

as

faix

as d

e en

quad

ram

ento

par

a ab

rang

er u

m n

úmer

o m

aior

de

mic

ro e

peq

uena

s em

pres

as, q

ue s

ão a

s re

spon

sáve

is p

ela

mai

oria

dos

pos

tos

de tr

abal

ho e

, nes

se s

entid

o, p

rom

over

o a

umen

to d

e em

preg

o e

rend

a, b

em c

omo

aque

cer

o co

nsum

o e

redu

zir a

info

rmal

idad

e.

3.2.

4 Pr

ojet

o de

des

buro

crat

izaç

ão

N

esse

cam

po d

a de

sbur

ocra

tizaç

ão, o

Gov

erno

Vilm

a tra

balh

a em

dua

s fr

ente

s: u

ma

volta

da à

sim

plifi

caçã

o da

leg

isla

ção

tribu

tária

e, a

out

ra, d

ireci

onad

a pa

ra o

ate

ndim

ento

ao

cont

ribui

nte.

N

esse

sen

tido,

ser

á im

plem

enta

do o

gov

erno

ele

trôn

ico,

com

o o

bjet

ivo

de o

fere

cer

ao c

ontri

buin

te e

ao

cida

dão

mai

or

com

odid

ade

no a

tend

imen

to d

e su

as d

eman

das,

tais

com

o:

Am

plia

ção

dos s

ervi

ços e

info

rmaç

ões o

fere

cido

s ao

cont

ribui

nte/

cida

dão

via

Inte

rnet

; –

Impl

anta

ção

dos s

ervi

ços d

e in

form

açõe

s ao

cont

ribui

nte

atra

vés d

a te

lefo

nia

móv

el;

– Im

plan

taçã

o da

not

a fis

cal e

letrô

nica

; –

Impl

anta

ção

do c

adas

tro si

ncro

niza

do;

168

Page 172: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

13

– Im

plan

taçã

o do

SPE

D –

Sis

tem

a Pú

blic

o de

Esc

ritur

ação

Dig

ital;

– M

elho

ria n

o m

ecan

ism

o de

pag

amen

to d

os tr

ibut

os;

• D

ébito

em

con

ta;

• Pa

gam

ento

de

impo

stos

via

Inte

rnet

; •

Ger

ação

de

docu

men

tos d

e ar

reca

daçã

o vi

a In

tern

et;

– Im

plan

taçã

o da

Cen

tral d

e A

tend

imen

to T

elef

ônic

o.

3.

2.5

Proj

eto

de e

duca

ção

fisca

l

Tem

por

mis

são

prom

over

, co

orde

nar

e ac

ompa

nhar

as

açõe

s ne

cess

ária

s à

elab

oraç

ão e

à i

mpl

anta

ção

de u

m p

rogr

ama

perm

anen

te d

e co

nsci

entiz

ação

trib

utár

ia, v

isan

do d

espe

rtar o

cid

adão

par

a o

exer

cíci

o pl

eno

da c

idad

ania

, con

scie

ntiz

ando

as

pess

oas

da fu

nção

sóc

io-e

conô

mic

a do

trib

uto,

a h

arm

oniz

ação

da

rela

ção

Esta

do/c

idad

ão e

a c

riaçã

o de

con

diçõ

es p

ara

o de

senv

olvi

men

to d

o es

pírit

o cr

ítico

da

soci

edad

e no

aco

mpa

nham

ento

da

aplic

ação

dos

recu

rsos

púb

licos

. O

bjet

iva-

se in

trodu

zir

o Pr

ogra

ma

de E

duca

ção

Fisc

al e

m t

odas

as

esco

las

esta

duai

s de

ens

ino

e am

plia

r a

capa

cita

ção

dos

prof

esso

res

diss

emin

ador

es e

for

maç

ão d

e tu

tore

s, be

m c

omo

firm

ar c

onvê

nio

com

a F

eder

ação

das

Câm

aras

Mun

icip

ais,

Con

trola

doria

Ger

al d

a U

nião

, Trib

unal

de

Con

tas

da U

nião

, Min

isté

rio P

úblic

o Fe

dera

l, M

inis

tério

Púb

lico

Esta

dual

par

a re

aliz

ação

de

açõ

es c

onju

ntas

. Pr

eten

de-s

e, a

tend

endo

dem

anda

das

ent

idad

es p

artic

ipan

tes

do p

rogr

ama

“Not

a So

lidár

ia”,

alte

rar

a Le

i nº

8.48

6, d

e 26

de

feve

reiro

de

2004

, que

inst

ituiu

a c

ampa

nha

de in

cent

ivo

à em

issã

o de

doc

umen

tos

fisca

is, i

nteg

rant

e do

Pro

gram

a de

Edu

caçã

o Fi

scal

do

Est

ado

do R

io G

rand

e do

Nor

te, p

ara

perm

itir a

util

izaç

ão d

os re

curs

os p

úblic

os d

estin

ados

às

entid

ades

ben

efic

ente

s, na

s ár

eas

de

saúd

e, e

spor

te a

mad

or, a

ssis

tênc

ia s

ocia

l e c

ultu

ra, q

ue s

erá

da o

rdem

de

R$

13.6

00.0

00,0

0 (tr

eze

milh

ões

e se

isce

ntos

mil

Rea

is),

tam

bém

, par

a os

gas

tos c

om c

uste

io.

O P

rogr

ama

obje

tiva,

ain

da, i

mpl

anta

r o v

iés

“Min

ha N

ota

Val

e 10

” –

ginc

anas

esc

olar

es; i

nter

ioriz

ar o

vié

s “S

how

de

Not

a”,

com

dis

tribu

ição

de

80.0

00 (

oite

nta

mil)

ingr

esso

s no

inte

rior

e 38

4.00

0 (tr

ezen

tos

e oi

tent

a e

quat

ro m

il) n

a gr

ande

Nat

al, a

lém

de

ampl

iar o

s ca

rnav

ais

fora

de

époc

a do

blo

co C

idad

ão N

ota

10, p

ara

outro

s m

unic

ípio

s do

Est

ado,

com

dis

tribu

ição

de

32.0

00 (t

rinta

e

dois

mil)

aba

dás.

ICM

S E

CO

GIC

O -

Nos

so G

over

no v

ai c

riar

o IC

MS

Eco

lógi

co,

em f

orm

ato

de L

ei,

bene

ficia

ndo

dire

tam

ente

os

mun

icíp

ios

que

impl

emen

tem

efe

tivam

ente

pol

ítica

s de

def

esa

do m

eio

ambi

ente

e d

e re

cupe

raçã

o de

áre

as d

egra

dada

s, co

m o

au

men

to p

ropo

rcio

nal d

o re

pass

e m

ensa

l do

ICM

S.

169

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Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

14

3.2.

6. F

isca

lizaç

ão

Estim

ular

o r

ecol

him

ento

esp

ontâ

neo

do im

post

o po

r m

eio

da m

elho

ria n

o at

endi

men

to e

orie

ntaç

ão a

o co

ntrib

uint

e da

açã

o fis

cal s

etor

ial e

pre

vent

iva.

In

crem

enta

r a a

rrec

adaç

ão d

o IC

MS,

sem

aum

enta

r a c

arga

trib

utár

ia. A

efic

iênc

ia e

efic

ácia

do

seto

r púb

lico

é um

a ex

igên

cia

da c

omun

idad

e. S

e no

set

or p

rivad

o qu

em a

valia

os

prod

utos

são

os

usuá

rios,

no s

etor

púb

lico

o pr

oced

imen

to d

eve

ser

sim

ilar.

A

perc

epçã

o qu

e a

soci

edad

e te

m d

a qu

alid

ade

do s

ervi

ço q

ue lh

e é

ofer

ecid

o é

de e

xtre

ma

impo

rtânc

ia p

ara

a ga

rant

ia d

a ef

icác

ia d

a ad

min

istra

ção

públ

ica.

É

com

est

a pe

rspe

ctiv

a qu

e a

Adm

inis

traçã

o Tr

ibut

ária

Est

adua

l tra

balh

a: p

rom

over

o d

esen

volv

imen

to e

conô

mic

o, a

rrec

adar

co

m j

ustiç

a fis

cal,

ao m

enor

cus

to p

ara

a so

cied

ade,

par

a qu

e o

Esta

do p

ossa

im

plem

enta

r as

sua

s po

lític

as s

ocia

is n

as á

reas

de

educ

ação

, saú

de, s

egur

ança

, inf

ra-e

stru

tura

, des

envo

lvim

ento

sóci

o-cu

ltura

l.

170

Page 174: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

15

3.3

Mei

o A

mbi

ente

A p

olíti

ca a

mbi

enta

l do

Gov

erno

Vilm

a te

m c

omo

pres

supo

sto

a co

mpr

eens

ão d

e qu

e a

Soci

edad

e é

a co

ntin

uaçã

o da

Nat

urez

a;

a re

laçã

o ho

mem

e m

eio

ambi

ente

dev

e se

r nor

tead

a pe

la u

tiliz

ação

de

mét

odos

cor

retiv

os e

, prin

cipa

lmen

te, p

reve

ntiv

os, g

aran

tidor

es

da i

nter

ação

rac

iona

l e

harm

onio

sa e

ntre

mei

o am

bien

te, n

eces

sida

des

sóci

o-ec

onôm

icas

e c

ultu

rais

ine

rent

es a

o av

anço

int

egra

l e

perm

anen

te d

a es

péci

e hu

man

a.

3.3.

1 G

estã

o do

s Rec

urso

s Nat

urai

s Pr

omov

er e

real

izar

a g

estã

o do

s re

curs

os n

atur

ais

é at

ualm

ente

um

a ex

igên

cia

expr

essa

pel

o Es

tado

e a

nsei

o de

sig

nific

ativ

a pa

rte d

a so

cied

ade

civi

l or

gani

zada

, pa

ra a

pre

serv

ação

, co

nser

vaçã

o, o

rden

amen

to e

uso

dos

am

bien

tes

dos

dife

rent

es

ecos

sist

emas

. A c

onst

ruçã

o da

sust

enta

bilid

ade

do p

atrim

ônio

nat

ural

é d

e m

uita

com

plex

idad

e, m

arca

do p

ela

dive

rsid

ade

de si

tuaç

ões

ao lo

ngo

dos 5

3.04

5 K

m2

do R

io G

rand

e do

Nor

te.

No

ambi

ente

do

sem

i-árid

o, a

con

vivê

ncia

sec

ular

das

sec

as e

a g

estã

o co

mpe

tent

e do

s re

curs

os h

ídric

os c

onst

ituem

o c

erne

da

cons

truçã

o da

sus

tent

abili

dade

. Em

cin

co s

écul

os,

são

76 s

ecas

reg

istra

das

na h

istó

ria d

o no

rdes

te b

rasi

leiro

. O

pro

cess

o de

de

serti

ficaç

ão n

essa

regi

ão, c

om e

tapa

s di

fere

ncia

das,

já a

tinge

qua

se u

m m

ilhão

de

quilô

met

ros

quad

rado

s. O

Rio

Gra

nde

do N

orte

e

mai

s pr

ecis

amen

te a

Mic

rorr

egiã

o do

Ser

idó,

que

abr

ange

par

te d

a Pa

raíb

a, e

ncon

tram

-se

inse

ridas

na

área

em

pro

cess

o de

de

serti

ficaç

ão.

Atu

alm

ente

, a re

gião

Ser

idó

é co

nsid

erad

a co

mo

um d

os q

uatro

núc

leos

de

dese

rtific

ação

do

Nor

dest

e br

asile

iro. E

ssa

é ou

tra

prio

ridad

e ab

solu

ta, c

onsi

dera

ndo

que

se p

rete

nde

tam

bém

est

anca

r o

proc

esso

mig

rató

rio

perm

anen

te e

mel

hora

r a

qual

idad

e de

vi

da d

a po

pula

ção

loca

l. N

a ár

ea c

oste

ira, o

des

afio

est

á em

con

cilia

r a

expa

nsão

urb

ana

com

a c

onse

rvaç

ão e

o u

so s

uste

ntáv

el. C

erca

de

45%

da

popu

laçã

o do

Est

ado

resi

de n

o es

paço

lito

râne

o. S

ão g

rave

s as

am

eaça

s or

iund

as d

a ex

pans

ão u

rban

a de

sord

enad

a, p

or p

roje

tos

turís

ticos

e i

ndus

triai

s in

adeq

uado

s e

pelo

des

pejo

de

polu

ente

s e

lixo.

Lag

oas,

rios

e aq

üífe

ros

estã

o se

ndo

cont

amin

ados

, co

mpr

omet

endo

o a

bast

ecim

ento

e u

sos

pela

pop

ulaç

ão. S

ão e

xem

plos

, os

rios

Pitim

bu, P

oten

gi e

o le

nçol

sub

terr

âneo

de

Nat

al. N

o Es

tado

men

os d

e 12

% d

os m

unic

ípio

s cos

teiro

s dis

põem

de

serv

iços

de

sane

amen

to b

ásic

o e

apen

as N

atal

con

ta c

om a

terr

os sa

nitá

rios,

real

idad

e qu

e co

loca

os m

unic

ípio

s sob

o ri

sco

de e

pide

mia

s as m

ais d

iver

sas.

R

elat

ivo

aos r

ecur

sos h

ídric

os, v

erifi

ca-s

e qu

e o

Esta

do d

ispõ

e, a

tual

men

te, d

e um

a of

erta

híd

rica

anua

l da

orde

m d

e 4,

4 bi

lhõe

s de

met

ros

cúbi

cos

de á

gua,

dim

ensi

onad

os p

ara

as c

ator

ze b

acia

s hi

drog

ráfic

as e

par

a as

dua

s fa

ixas

lito

râne

as d

e es

coam

ento

de

difu

so N

orte

e L

este

. É e

leva

do o

nív

el d

e de

sper

díci

os d

os r

ecur

sos

hídr

icos

, mes

mo

nos

ambi

ente

s on

de s

ua e

scas

sez

d’ág

ua é

a

real

idad

e m

ais p

rese

nte.

O

Gov

erno

Vilm

a va

i am

plia

r a

capt

ação

de

recu

rsos

fed

erai

s/tra

nsna

cion

ais

para

rec

uper

ação

da

Caa

tinga

, no

âmbi

to d

as

prio

ridad

es n

acio

nais

de

biod

iver

sida

des

parti

cipa

ndo

do e

sfor

ço b

rasi

leiro

par

a at

ingi

r su

as m

etas

par

a a

Caa

tinga

, at

ravé

s da

171

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Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

16

form

ulaç

ão e

ope

raçã

o de

um

sis

tem

a de

áre

as p

rote

gida

s pa

ra a

tota

lidad

e do

bio

ma,

atra

vés

de u

ma

estra

tégi

a qu

e as

segu

re o

pad

rão

de u

so d

a te

rra,

bus

cand

o nã

o so

men

te a

pre

serv

ação

dos

rec

urso

s bi

ológ

icos

da

regi

ão,

mas

tam

bém

con

tribu

indo

par

a o

dese

nvol

vim

ento

sóci

o-ec

onôm

ico.

3.3.

2 G

eren

ciam

ento

da

Bio

mas

sa

A s

ocie

dade

con

som

e m

adei

ra p

ara

vário

s fin

s (le

nha,

car

vão,

con

stru

ção

civi

l, m

ovel

aria

, pap

el, e

mba

lage

ns, e

ntre

out

ros)

, e

prec

isa

do c

ultiv

o de

esp

écie

s de

árv

ores

par

a ou

tros

fins

(fár

mac

os, f

rutíf

eras

, for

rage

m, e

ntre

out

ros)

. De

um m

odo

gera

l, cr

esce

u a

tole

rânc

ia c

om a

exp

lora

ção

sem

repo

siçã

o e

com

a d

erru

bada

de

flore

stas

e m

atas

nat

ivas

de

form

a in

disc

rimin

ada

e de

sord

enad

a.

A re

tom

ada

do c

resc

imen

to e

conô

mic

o da

s ci

dade

s e

prin

cipa

lmen

te n

o ca

mpo

, pas

sa n

eces

saria

men

te p

ela

reco

mpo

siçã

o do

s m

aciç

os f

lore

stai

s qu

e de

verã

o se

r im

plem

enta

dos

atra

vés

de p

roje

tos

que

poss

am s

e su

sten

tar

atra

vés

dos

anos

sem

que

o r

ecur

so

cheg

ue a

o fim

e q

ue tr

aga

cons

igo

o de

clín

io e

conô

mic

o-so

cial

das

com

unid

ades

. É

prec

iso

inve

rter

o qu

adro

atu

al n

o qu

al o

s re

curs

os n

atur

ais

reno

váve

is e

stão

sen

do u

tiliz

ados

mai

s ra

pida

men

te e

sen

do

recu

pera

dos

mui

to le

ntam

ente

, qua

ndo

o sã

o. A

soc

ieda

de c

ontin

uará

dem

anda

ndo

mad

eira

. Mas

, exi

girá

que

a a

tivid

ade

econ

ômic

a es

teja

per

man

ente

men

te a

ssoc

iada

ao

equi

líbri

o am

bien

tal,

pois

a f

lore

sta

e a

mat

a sã

o in

duto

ras

para

o d

esen

volv

imen

to

econ

ômic

o, e

stim

ulad

ora

de d

esen

volv

imen

to so

cial

e c

ontri

butiv

a pa

ra a

man

uten

ção

da b

iodi

vers

idad

e e

do e

quilí

brio

am

bien

tal.

O

Gov

erno

Vilm

a va

i im

plem

enta

r, de

imed

iato

, o P

lano

de

Des

envo

lvim

ento

Flo

rest

al, c

onfo

rme

prop

osiç

ão n

o di

agra

ma

a se

guir:

172

Page 176: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

17

Plan

o de

Des

envo

lvim

ento

Flo

rest

al

Flux

ogra

ma

da C

adei

a Pr

odut

iva

SED

EC –

CO

OR

DEN

ÃO

– P

LAN

EJA

MEN

TO

IDEM

A –

CER

TIFI

CA

ÇÃ

O –

FIS

CA

LIZA

ÇÃ

O

SAPE

– P

ESQ

UIS

A –

ASS

ISTÊ

NC

IA R

UR

AL

SEA

RA

– R

EFO

RM

A A

GR

ÁR

IA

SEN

ERG

E - A

RTI

CU

LAÇ

ÃO

P

RO

DU

TOR

R

UR

AL

A

SS

EN

TAM

EN

TOS

V

ILA

S R

UR

AIS

FAZE

ND

AS

EM

PR

ES

AS

R

UR

AIS

M

ER

CA

DO

C

ON

SU

MID

OR

CE

MIC

A

CA

L –

SA

L

PA

NIF

ICA

ÇÃ

O

ALI

ME

NTO

S

VE

IS

CO

NS

-CIV

IL

CE

RC

AS

C

ON

S-R

UR

AIS

EMPA

RN

EM

ATE

R

FAPE

RN

UFR

N

UER

N

UFE

RSA

INC

RA

IB

AM

A

SEB

RA

E

FIER

N

FAER

N

FEC

OM

ÉRC

IO

CD

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MA

NEJ

O D

E M

ATA

NA

TIVA

PLA

NTI

OS

FLO

RES

TAIS

LOG

ÍSTI

CA

IND

ÚS

TRIA

CO

MB

UST

ÍVEL

FO

RN

OS

CA

LDEI

RA

S C

AR

VÃO

S

ER

RA

RIA

C

ELU

LOS

E

FRU

TAS

NA

TIVA

S PR

OC

ESSA

MEN

TO

CO

RC

IO

MT

CO

NST

RU

ÇÃO

LE

NH

A

ES

TAC

AS

MU

DA

S

PO

LPA

S -

DO

CES

- SO

RVE

TES

GO

VE

RN

O D

O E

STA

DO

DO

RIO

GR

AND

E D

O N

OR

TE

173

Page 177: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

18

3.3.

3 R

ecur

sos h

ídri

cos

Os

recu

rsos

híd

ricos

do

Rio

Gra

nde

do N

orte

apr

esen

tam

, de

um la

do u

ma

disp

onib

ilida

de v

aria

da n

o co

ntex

to d

as r

egiõ

es

fisio

gráf

icas

, e d

e ou

tro, a

con

stat

ação

de

forte

des

perd

ício

no

uso

da á

gua.

Pr

edom

ina

na á

rea

do c

rista

lino

esta

dual

, bai

xa p

reci

pita

ção

pluv

iom

étric

a, li

mita

dos

recu

rsos

híd

ricos

subt

errâ

neos

e e

m ra

zão

da in

sufic

ient

e in

fra-

estru

tura

inst

alad

a de

poç

os, a

çude

s e

pequ

enas

e m

édia

s ba

rrag

ens

cond

icio

na u

ma

ofer

ta d

’águ

a in

stáv

el, p

ara

o ab

aste

cim

ento

hum

ano

e at

ivid

ades

de

prod

ução

1 . N

a re

gião

do

sedi

men

to, a

s re

serv

as h

ídric

as s

ão s

igni

ficat

ivas

, dad

a a

mai

or p

luvi

osid

ade,

abu

ndân

cia

de á

guas

sub

terr

ânea

s, rio

s e

lago

as, e

star

ser

vida

por

méd

ios

e gr

ande

s la

gos

artif

icia

is (b

arra

gens

Arm

ando

Rib

eiro

, San

ta C

ruz,

Um

arí e

ntre

out

ras)

. Ess

es

man

anci

ais v

êm o

portu

niza

ndo

entre

out

ros e

mpr

eend

imen

tos,

o de

senv

olvi

men

to d

e ag

rone

góci

os c

om b

ase

na ir

rigaç

ão.

Rec

ente

men

te,

os r

ecur

sos

hídr

icos

sup

erfic

iais

em

dis

poni

bilid

ade

no E

stad

o vê

m s

endo

int

egra

dos,

por

um s

iste

ma

de

adut

oras

(1.

200

Km

) e

cana

is,

ampl

iand

o o

apro

veita

men

to d

os m

anan

ciai

s, es

tabe

lece

ndo

cone

xões

de

baci

as h

idro

gráf

icas

, fa

vore

cend

o ár

eas

mai

s ca

rent

es e

m re

curs

os h

ídric

os c

om o

bjet

ivo

de s

uprir

e/o

u re

gula

rizar

o a

bast

ecim

ento

d’á

gua

às p

opul

açõe

s. R

essa

lta-s

e, p

or o

utro

lado

, a p

eren

izaç

ão d

os ri

os d

o C

arm

o e

Apo

di-M

osso

ró c

om a

abe

rtura

das

com

porta

s das

bar

rage

ns Je

ssé

Pint

o Fr

eire

(U

mar

i), e

San

ta C

ruz,

em

Apo

di,

perm

itind

o o

cont

role

de

chei

as,

regu

lariz

ação

de

vazõ

es,

norm

aliz

ação

das

ativ

idad

es

agríc

olas

e o

aba

stec

imen

to d

’águ

a da

s cid

ades

adj

acen

tes.

O G

over

no V

ilma

inic

iou

um r

igor

oso

prog

ram

a de

ges

tão

das

baci

as h

idro

gráf

icas

par

a po

tenc

ializ

ar o

apr

ovei

tam

ento

dric

o pa

ra a

sseg

urar

no

pres

ente

e à

s ge

raçõ

es fu

tura

s, ág

ua d

e bo

a qu

alid

ade

para

o a

bast

ecim

ento

das

pop

ulaç

ões

e po

ssib

ilita

r o

dese

nvol

vim

ento

de

ativ

idad

es e

conô

mic

as su

sten

táve

is e

m to

do E

stad

o.

1 No

cris

talin

o sã

o ce

rca

de 2

.259

res

erva

tório

s (p

úblic

os, p

rivad

os e

com

unitá

rios)

, com

cap

acid

ade

de a

cum

ulaç

ão a

cim

a de

100

mil

met

ros

cúbi

cos

de á

gua.

Es

se a

porte

pot

enci

al h

ídric

o ap

rese

nta

gran

des

osci

laçõ

es, p

elas

freq

üent

es o

corr

ênci

as d

e in

stab

ilida

des

pluv

iom

étric

as e

dev

ido

ao a

lto ín

dice

de

evap

oraç

ão,

conc

orre

ndo

para

a sa

liniz

ação

das

águ

as a

rmaz

enad

as.

174

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Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

19

OB

RA

S H

ÍDR

ICA

S PR

EV

IST

AS

– 20

07 A

201

0 •

Bar

rage

m d

e O

itici

ca n

o m

unic

ípio

de

Jucu

rutu

, com

cap

acid

ade

de 5

50 m

ilhõe

s m

3 . Dar

á su

sten

tabi

lidad

e hí

dric

a a

Reg

ião

do

Serid

ó, c

om v

alor

est

imad

o em

135

milh

ões d

e re

ais;

• Ei

xo d

e In

tegr

ação

do

Serid

ó co

m e

xten

são

de 3

9 km

(ca

nais

e a

duto

ras)

, am

plia

rá a

ofe

rta d

e ág

ua p

ara

abas

teci

men

to e

ag

ricul

tura

irrig

ada,

no

valo

r est

imad

o de

80

milh

ões d

e re

ais;

• B

arra

gem

de

Taba

tinga

no

mun

icíp

io d

e M

acaí

ba (c

onte

nção

das

enc

hent

es d

o rio

Jund

iaí)

orça

da e

m 2

6 m

ilhõe

s de

reai

s;

• C

onst

ruçã

o da

Bar

rage

m d

e Su

ssua

rana

no

rio d

o C

arm

o, p

ara

cont

ençã

o do

flu

xo s

alin

o e

recu

pera

ção

ambi

enta

l da

área

, com

va

lor o

rçad

o em

4,4

milh

ões d

e re

ais;

• B

arra

gem

do

Porto

Car

ão n

a fo

z do

Pira

nhas

-Açu

par

a co

ntro

le d

as m

arés

, com

val

or o

rçad

o em

5,2

milh

ões d

e re

ais;

• D

raga

gem

dos

prin

cipa

is V

alas

Úm

idas

par

a in

corp

orá-

los a

o pr

oces

so p

rodu

tivo

da a

grop

ecuá

ria –

retif

icaç

ão d

e 10

0 km

de

rios –

va

lor e

stim

ado

de 6

milh

ões d

e re

ais;

• O

bras

de

prot

eção

con

tra a

che

ia n

a Ilh

a de

Ipa

ngua

çu, i

nclu

sive

com

ret

ifica

ção

do l

eito

do

rio P

atax

ó –

valo

r es

timad

o 1,

9 m

ilhõe

s de

reai

s;

• A

mpl

iaçã

o da

cap

acid

ade

da A

duto

ra M

onse

nhor

Exp

edito

pel

a pe

rfur

ação

de

uma

bate

ria d

e 12

poç

os tu

bula

res,

que

pass

ará

a at

ende

r alé

m d

os a

tuai

s 23

mai

s 7

mun

icíp

ios (

Japi

, Ser

ra d

e Sã

o B

ento

, Mon

te d

as G

amel

eira

s, Sã

o B

ento

do

Trai

rí, C

el. E

zequ

iel

e C

ampo

Red

ondo

), va

lor 1

0 m

ilhõe

s de

reai

s;

• A

duto

ra d

o A

lto-O

este

com

ext

ensã

o de

290

km

, cap

taçã

o na

Bar

rage

m d

e Sa

nta

Cru

z do

Apo

di, b

enef

icia

ndo

24 m

unic

ípio

s co

m

cust

o es

timad

o em

140

milh

ões d

e re

ais;

• Si

stem

a A

duto

r do

Serid

ó, a

par

tir d

o aç

ude

Gar

galh

eira

s e a

tend

endo

as c

idad

es d

e A

cari

e C

urra

is N

ovos

, com

26

km d

e ex

tens

ão

e va

lor e

stim

ado

em 1

6 m

ilhõe

s de

reai

s;

• Si

stem

a A

duto

r Boq

ueirã

o de

Par

elha

s – C

arna

úba

dos D

anta

s, co

m 2

5 km

de

exte

nsão

e v

alor

de

10 m

ilhõe

s de

reai

s;

• El

abor

ação

do

Proj

eto

Bás

ico

dos

Alu

viõe

s do

rio A

podi

dim

ensi

onad

o em

3.0

00 h

ecta

res p

ara

apro

veita

men

to h

idro

agríc

ola,

com

va

lor e

stim

ado

em h

um m

ilhão

e d

uzen

tos m

il re

ais;

• El

abor

ação

do

Proj

eto

Bás

ico

dos A

luvi

ões d

o rio

do

Car

mo

(Bar

rage

m d

e U

mar

i), c

om v

alor

apr

oxim

ado

de 6

00 m

il re

ais;

• In

stal

ação

de

200

poço

s tub

ular

es já

per

fura

dos,

no v

alor

est

imad

o de

2,4

milh

ões d

e re

ais;

• Pe

rfur

ação

e in

stal

ação

de

1.20

0 po

ços t

ubul

ares

com

val

or e

stim

ado

em 1

9,6

milh

ões d

e re

ais;

175

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Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

20

• A

mpl

iaçã

o da

rede

de

dess

alin

izad

ores

com

a im

plan

taçã

o de

80

nova

s uni

dade

s com

orç

amen

to e

stim

ado

em 2

,8 m

ilhõe

s de

reai

s.

176

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Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

21

3.4

Polít

ica

Eco

nôm

ica

O G

over

no V

ILM

A p

ratic

a um

a no

va p

olíti

ca e

conô

mic

a pa

ra o

Rio

Gra

nde

do N

orte

, com

obj

etiv

o de

aum

enta

r a p

rodu

ção

loca

l, te

ndo

com

o pr

iorid

ade

o m

icro

, peq

ueno

e m

édio

pro

duto

r. O

coo

pera

tivis

mo,

o a

rtesa

nato

, a g

eraç

ão d

e em

preg

o e

rend

a, c

om

finan

ciam

ento

de

pequ

enos

neg

ócio

s, at

ravé

s do

mic

rocr

édito

, faz

em p

arte

des

te p

rogr

ama

de g

over

no.

A id

éia

é re

forç

ar a

s po

lític

as d

e co

mba

te à

pob

reza

e r

eduç

ão d

as d

esig

uald

ades

ent

re a

regi

ão d

a G

rand

e N

atal

e o

inte

rior

do E

stad

o. A

tuar

no

sent

ido

de fo

rtale

cer a

eco

nom

ia e

a in

fra-

estru

tura

dos

mun

icíp

ios.

ÕE

S PR

OPO

STA

S A

) C

onso

lidar

e e

xpan

dir a

s cad

eias

pro

dutiv

as p

rior

itári

as d

o Es

tado

, e m

axim

izaç

ão d

a su

a co

mpe

titiv

idad

e;

B)

Des

envo

lver

pro

jeto

s est

rutu

rado

res d

o Pó

lo G

ás-Q

uím

ico;

C

) C

onst

ruir

500

quilô

met

ros d

e no

vas e

stra

das;

D

) C

onst

ruir

as n

ovas

ferr

ovia

s Mos

soró

-Nat

al e

Jucu

rutu

-Are

ia B

ranc

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E) I

naug

urar

a U

sina

Ter

moe

létri

ca d

e A

ssu

– T

erm

oass

u, e

m 2

007;

F)

Im

plan

tar o

segu

ndo

Parq

ue E

ólic

o do

Est

ado;

G

) To

rnar

o R

io G

rand

e do

Nor

te a

utos

ufic

ient

e em

ene

rgia

elé

tric

a;

H)

Impl

anta

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sina

de

Bio

dies

el, n

o pó

lo in

dust

rial;

I)

Impl

anta

r a fá

bric

a de

Gas

olin

a au

tom

otiv

a;

J)

Impl

anta

r a fá

bric

a de

pas

ta d

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C;

K)

Junt

o co

m o

Gov

erno

fede

ral e

inic

iativ

a pr

ivad

a im

plan

tar o

Aer

opor

to d

e Sã

o G

onça

lo;

L) C

onst

ruir

o T

erm

inal

Pes

quei

ro d

e N

atal

( ob

ra a

ser i

nici

ada

aind

a em

200

6);

M)

Apo

iar f

orte

men

te a

s mic

ro, p

eque

nas e

méd

ias e

mpr

esas

; N

) O

pera

cion

aliz

ar u

m F

undo

de

Ava

l, pa

ra g

aran

tir a

obt

ençã

o de

apo

io c

redi

tício

; O

) In

stal

ar m

ais 2

0 C

entr

ais d

o T

raba

lhad

or;

P)

Prom

over

a m

elho

ria s

iste

mát

ica

na c

apac

itaçã

o da

forç

a de

trab

alho

, pro

cura

ndo

o au

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to d

a co

mpe

titiv

idad

e da

pro

duçã

o e

do re

ndim

ento

do

traba

lhad

or.

177

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Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

22

3.

5 Po

lític

a R

ural

O

Gov

erno

Vilm

a im

plem

ento

u im

porta

ntes

açõ

es d

esen

volv

imen

tista

s em

com

unid

ades

rur

ais,

atra

vés

do P

rogr

ama

Des

envo

lvim

ento

Sol

idár

io, e

m p

arce

ria c

om o

Ban

co M

undi

al.

Des

tinad

o ao

com

bate

à p

obre

za n

o ca

mpo

, no

Gov

erno

Vilm

a, o

pro

gram

a D

esen

volv

imen

to S

olid

ário

sup

erou

a m

arca

de

R$

66 m

ilhõe

s inv

estid

os d

esde

200

3. V

olum

e qu

e ul

trapa

ssa

o in

vest

imen

to re

gist

rado

pel

o pr

ogra

ma

em to

do o

gov

erno

ant

erio

r. O

pro

gram

a ga

rant

e a

sust

enta

bilid

ade

de fa

míli

as q

ue v

ivem

no

mei

o ru

ral e

m 1

51 m

unic

ípio

s, de

ixan

do d

e fo

ra a

pena

s N

atal

e

as c

idad

es q

ue re

cebe

m ro

yalti

es d

a Pe

trobr

as. E

m p

ouco

mai

s de

três a

nos d

e at

uaçã

o, o

Des

envo

lvim

ento

Sol

idár

io b

enef

icio

u m

ais

de 7

3.60

0 fa

míli

as e

m to

das a

s reg

iões

do

Rio

Gra

nde

do N

orte

, ao

finan

ciar

1.9

40 p

roje

tos p

rodu

tivos

, soc

iais

e d

e in

fra-

estru

tura

. O

Gov

erno

Vilm

a re

estru

turo

u a

EM

AT

ER

, tor

nand

o-a

mai

s for

te e

mai

s ade

quad

a pa

ra o

cum

prim

ento

de

sua

mis

são.

A

EM

ATE

R -

RN

mar

ca p

rese

nça

no D

esen

volv

imen

to R

ural

do

Esta

do a

travé

s da

Ass

istê

ncia

Téc

nica

e E

xten

são

Rur

al

Públ

ica,

gra

tuita

e c

om q

ualid

ade

para

97.

000

agric

ulto

res

fam

iliar

es (

jove

ns,

mul

here

s pe

scad

ores

, qu

ilom

bola

s, as

sent

ados

da

refo

rma

agrá

ria e

out

ros)

, em

2.0

72 c

omun

idad

es ru

rais

dis

tribu

ídos

em

164

mun

icíp

ios d

o Es

tado

. A

ÇÕ

ES

PRO

POST

AS

É in

disp

ensá

vel,

para

a o

corr

ênci

a si

mul

tâne

a do

des

envo

lvim

ento

soci

al e

da

segu

ranç

a al

imen

tar,

cons

ider

ar a

s car

acte

rístic

as

espe

cífic

as d

a so

cied

ade

rura

l do

noss

o Es

tado

com

a im

plem

enta

ção

de:

A)

Prog

ram

as d

e es

tímul

o ao

agr

oneg

ócio

, co

nstru

ção

de n

ovas

est

rada

s e

nova

s fe

rrov

ias,

forta

lece

ndo

a ag

roin

dúst

ria,

in

cent

ivan

do a

form

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e d

inam

izan

do a

s cad

eias

pro

dutiv

as e

os a

rran

jos p

rodu

tivos

loca

is;

B)

O G

over

no V

ilma

vai

ampl

iar

o Pr

ogra

ma

Des

envo

lvim

ento

Sol

idár

io,

forta

lece

ndo

a ag

ricu

ltura

fam

iliar

e a

eco

nom

ia

solid

ária

; O

agr

oneg

ócio

(ag

rope

cuár

ia, a

groi

ndús

tria,

pis

cicu

ltura

, car

cini

cultu

ra, a

picu

ltura

, hor

tifru

tigra

njei

ros,

extra

tivis

mo

min

eral

, en

tre o

utro

s), a

o la

do d

o tu

rism

o, p

ode

ser u

m in

stru

men

to d

e pr

omoç

ão d

o de

senv

olvi

men

to d

e co

mun

idad

es e

spec

ífica

s, po

r mei

o da

cr

iaçã

o de

tecn

olog

ias

de p

rodu

ção,

rese

rva

estra

tégi

ca d

e al

imen

tos,

banc

o de

sem

ente

s, cr

iaçã

o de

ani

mai

s de

peq

ueno

por

te e

ave

s ca

ipira

s; b

em c

omo,

da

aber

tura

de

mer

cado

s pa

ra p

rodu

tos

típic

os d

e de

term

inad

as l

ocal

idad

es,

pass

ando

pel

os p

roce

ssos

de

cara

cter

izaç

ão, i

dent

ifica

ção

de v

alor

mer

cado

lógi

co, p

roce

ssam

ento

e c

omer

cial

izaç

ão d

a cu

ltura

loca

l.

C)

Estim

ular

art

icul

açõe

s in

term

unic

ipai

s co

mo,

por

exe

mpl

o, a

s as

soci

açõe

s e

os c

onsó

rcio

s de

mun

icíp

ios,

para

dia

gnos

ticar

os

prin

cipa

is p

robl

emas

rur

ais

de s

uas

resp

ectiv

as m

icro

rreg

iões

, pla

neja

r aç

ões

de d

esen

volv

imen

to in

tegr

ado

e ca

ptar

os

recu

rsos

ne

cess

ário

s à su

a ex

ecuç

ão.

178

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Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

23

D)

Ref

orm

a ag

rári

a -

Um

dos

asp

ecto

s im

porta

ntes

de

qual

quer

pro

post

a de

des

envo

lvim

ento

rur

al d

eve-

se t

ambé

m r

efer

ir à

refo

rmul

ação

da

estr

utur

a fu

ndiá

ria

do te

rritó

rio, i

mpo

rtant

e fa

tor p

ara

o co

mba

te a

pob

reza

exi

sten

te n

o m

eio

rura

l. É

fund

amen

tal q

ue h

aja

uma

reve

rsão

do

quad

ro a

tual

, e e

xecu

ção

de e

stud

os e

pro

gram

as e

stra

tégi

cos

volta

dos

para

ess

a qu

estã

o co

mo

a R

efor

ma

Agr

ária

. C

rédi

to F

undi

ário

Es

te P

rogr

ama

é aç

ão c

ompl

emen

tar a

Ref

orm

a A

grár

ia. P

ossi

bilit

a a

aqui

siçã

o de

imóv

eis r

urai

s par

a fin

s de

asse

ntam

ento

s de

traba

lhad

ores

sem

terr

a, e

m á

reas

não

pas

síve

is d

e de

sapr

opria

ção

pelo

INC

RA

. O P

rogr

ama

é fr

uto

de c

onvê

nio

com

o M

inis

tério

do

Des

envo

lvim

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Agr

ário

– M

DA

, Sec

reta

ria d

e R

efor

ma

Agr

ária

– S

RA

e B

anco

Mun

dial

/Gov

erno

do

Esta

do.

A m

eta

é as

sent

ar 4

.000

fam

ílias

de

trab

alha

dore

s rur

ais s

em te

rra.

C

adas

tro

de T

erra

e R

egul

ariz

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Fun

diár

ia

Vam

os c

adas

trar e

med

ir to

dos

imóv

eis

rura

is. C

om a

Reg

ular

izaç

ão F

undi

ária

, o p

ropr

ietá

rio re

cebe

a d

ocum

enta

ção

lega

l de

sua

terr

a e

pass

a a

ter a

cess

o às

Pol

ítica

s Púb

licas

de

Cré

dito

e A

ssis

tênc

ia T

écni

ca.

A m

eta

é tit

ular

21.

500

imóv

eis r

urai

s.

Arc

a da

s Let

ras

O G

over

no V

ilma

prom

ove

o in

cent

ivo

a le

itura

no

mei

o ru

ral,

parti

cula

rmen

te n

os a

ssen

tam

ento

s ru

rais

vem

sen

do f

eito

at

ravé

s de

pequ

enas

bib

liote

cas d

enom

inad

as A

rca

das L

etra

s. A

met

a é

inst

alar

1.0

00 A

rcas

das

Let

ras e

m c

omun

idad

es ru

rais

.

Apo

io a

o D

esen

volv

imen

to R

ural

Org

aniz

ação

dos

pro

duto

res

inse

ridos

no

proc

esso

pro

dutiv

o e

de m

erca

do, o

bjet

ivan

do m

axim

izar

a o

cupa

ção

e re

nda

das

fam

ílias

. •

Cap

acita

ção

de 2

00 té

cnic

os e

3.0

00 fa

míli

as;

• El

abor

ação

de

300

diag

nóst

icos

nas

áre

as d

o C

rédi

to F

undi

ário

; •

Eman

cipa

ção

de 1

2 an

tigos

pro

jeto

s de

asse

ntam

ento

de

resp

onsa

bilid

ade

do G

over

no d

o Es

tado

. O

Gov

erno

Vilm

a bu

scar

á o

dese

nvol

vim

ento

set

oria

l at

ravé

s do

s pr

inci

pais

eix

os m

acro

econ

ômic

os c

onsu

bsta

ncia

dos

nas

cade

ias

prod

utiv

as d

os A

gron

egóc

ios,

no a

poio

a A

gric

ultu

ra F

amili

ar, n

os p

eque

nos

negó

cios

rur

ais

urba

nos

e no

s se

rviç

os d

e in

fra-

estru

tura

de

supo

rte a

agr

opec

uária

.

179

Page 183: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

24

Fr

utic

ultu

ra

O

Gov

erno

Vilm

a vi

abili

zou:

Eman

cipa

ção

dos

Proj

etos

de

Irrig

ação

Osw

aldo

Am

orim

(B

aixo

-Açu

), co

m im

plan

taçã

o da

2ª e

tapa

inco

rpor

ando

um

a ár

ea d

e 3.

000

há;

• Em

anci

paçã

o do

s Pro

jeto

s de

Irrig

ação

de

Alc

açuz

, San

ta Á

guid

a e

São

Lour

enço

; •

Apo

io a

con

solid

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com

ins

erçã

o co

mpe

titiv

a no

mer

cado

, da

s ca

deia

s pr

odut

ivas

do

caju

, co

co,

mel

ão,

mam

ão,

man

ga e

ba

nana

; •

Ren

ovaç

ão e

Am

plia

ção

da C

ajuc

ultu

ra c

om d

istri

buiç

ão n

o pe

ríodo

, de

1 m

ilhão

de

mud

as d

e ca

juei

ro a

não

prec

oce;

Estru

tura

ção

do I

nstit

uto

de D

efes

a e

Insp

eção

Agr

opec

uária

do

Rio

Gra

nde

do N

orte

– I

DIA

RN

, par

a ex

erce

r ef

etiv

amen

te a

s aç

ões d

e zo

ofito

ssan

idad

e (B

arre

iras,

Escr

itório

s, In

speç

ões e

Cam

panh

as).

Pe

cuár

ia

• M

anut

ençã

o do

Est

ado

com

o Á

rea

Livr

e de

Feb

re A

ftosa

; •

Apo

io a

o se

tor c

om d

esta

que

para

a b

ovin

ocul

tura

de

leite

e c

aprin

ovin

ocul

tura

med

iant

e:

⇒ R

ealiz

ação

de

Expo

siçõ

es e

Fei

ras A

grop

ecuá

rias;

Sem

anas

Reg

iona

is d

e D

ifusã

o de

Tec

nolo

gia;

Cam

panh

as d

e Sa

nida

de A

nim

al;

⇒ I

nspe

ção

e Fi

scal

izaç

ão d

e La

ticín

ios e

Mat

adou

ros;

Cad

astra

men

to e

mon

itora

men

to d

os re

banh

os;

⇒ C

apac

itaçã

o e

Trei

nam

ento

.

Aqü

icul

tura

e P

esca

Con

stru

ção

das E

staç

ões d

e Pi

scic

ultu

ra/A

levi

nage

m d

e Ita

já, A

podi

(já

licita

das)

e U

mar

i a se

r lic

itada

. Ess

as e

staç

ões a

umen

tarã

o a

ofer

ta a

nual

de

alev

inos

, dos

atu

ais 9

milh

ões,

para

mai

s 35

milh

ões d

e un

idad

es:

⇒ O

rçam

ento

de

Itajá

– 2

,045

milh

ões d

e re

ais;

Orç

amen

to d

e A

podi

– 2

,659

milh

ões d

e re

ais;

Orç

amen

to d

e U

mar

i – 2

,619

milh

ões d

e re

ais.

180

Page 184: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

25

• C

onst

ruçã

o do

Ter

min

al P

esqu

eiro

de

Nat

al c

om i

nves

timen

to d

e 34

,7 m

ilhõe

s de

rea

is (

edifi

caçõ

es e

cai

s),

cria

ndo

9.60

0 em

preg

os d

ireto

s e p

erm

itind

o a

mov

imen

taçã

o de

200

em

barc

açõe

s;

• A

poio

a p

esca

art

esan

al m

aríti

ma

e de

águ

as in

teri

ores

que

reú

ne 6

1 co

lôni

as c

om a

prox

imad

amen

te 3

0 m

il pe

scad

ores

dos

qu

ais,

12 m

il ca

dast

rado

s;

• A

poio

ao

Pólo

Atu

neir

o qu

e at

ua c

om 5

0 ba

rcos

de

pesc

a de

alto

mar

, med

iant

e co

ntin

uida

de d

a re

nunc

ia fi

scal

par

a o

Prog

ram

a de

equ

aliz

ação

do

óleo

die

ssel

, fac

ilita

ndo

cust

os o

pera

cion

ais m

ais c

ompe

titiv

os;

• A

poio

inst

ituci

onal

no

dese

nvol

vim

ento

do

Pólo

de

Prod

ução

de

Tilá

pias

na

regi

ão d

o M

ato

Gra

nde

que

alca

nçar

á um

a ár

ea d

e 95

ha

de v

ivei

ros e

pro

duçã

o an

ual d

e 2.

500

t de

peix

es.

A

s pr

inci

pais

dem

anda

s ex

pres

sas

pelo

con

junt

o do

s A

gron

egóc

ios,

refle

tem

a p

reoc

upaç

ão d

os p

rodu

tore

s/em

pres

ário

s em

to

rnar

em m

ais

com

petit

ivos

os

prod

utos

de

suas

res

pect

ivas

cad

eias

pro

dutiv

as.

Essa

com

petit

ivid

ade

depe

nde

da c

apac

idad

e da

s m

esm

as se

inse

rirem

de

form

a su

sten

táve

l no

mer

cado

. D

aí, a

s ex

igên

cias

jun

to a

o G

over

no q

uant

o ao

fun

cion

amen

to d

os s

ervi

ços

de P

esqu

isa,

Ciê

ncia

, Tec

nolo

gia

e A

ssis

tênc

ia

Técn

ica;

Def

esa

e In

speç

ão A

grop

ecuá

ria; D

ispo

nibi

lidad

e de

Cré

dito

; Inf

ra-e

stru

tura

de

Tran

spor

tes,

Ener

gia

e Á

gua;

Ser

viço

s aé

reo-

portu

ário

s; C

omun

icaç

ões;

Ince

ntiv

os F

isca

is; A

dequ

ação

da

Legi

slaç

ão V

igen

te; P

rom

oçõe

s Com

erci

ais.

181

Page 185: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

26

Agr

icul

tura

Fam

iliar

As

açõe

s di

rigid

as p

ara

esse

impo

rtant

e se

tor d

a ec

onom

ia e

stad

ual,

estã

o de

talh

adas

no

com

pone

nte

de A

ssis

tênc

ia T

écni

ca e

Ex

tens

ão R

ural

, ass

im c

omo

na p

ropo

sta

da P

esqu

isa

Agr

opec

uária

na

seqü

ênci

a de

ste

docu

men

to. E

ntre

tant

o, d

e fo

rma

resu

mid

a e

agre

gada

, apr

esen

tam

-se

os p

rinci

pais

segm

ento

s que

con

subs

tanc

iam

as i

nter

venç

ões g

over

nam

enta

is.

• A

ssis

tênc

ia T

écni

ca e

Ext

ensã

o R

ural

; Pe

squi

sa A

grop

ecuá

ria;

Mon

itora

men

to C

limát

ico;

Dis

tribu

ição

de

Sem

ente

s e

Mud

as;

Cré

dito

Rur

al; A

poio

a C

omer

cial

izaç

ão.

A

ssis

tênc

ia té

cnic

a e

exte

nsão

rur

al

R

eest

rutu

rada

e a

mpl

iada

pel

o at

ual

Gov

erno

ess

e se

rviç

o pú

blic

o es

tadu

al –

EM

ATE

R é

um

órg

ão e

ssen

cial

ao

dese

nvol

vim

ento

da

Agr

icul

tura

Fam

iliar

. Com

exp

ress

ivos

resu

ltado

s al

canç

ados

de

2003

até

a p

rese

nte

data

, apr

esen

ta s

ua p

ropo

sta

de tr

abal

ho (2

007

– 20

10),

conf

orm

e se

gue:

Uni

vers

aliz

ar a

Ass

istê

ncia

Téc

nica

e E

xten

são

Rur

al p

ara

os 1

67 M

unic

ípio

s do

Est

ado,

ben

efic

iand

o os

105

.000

agr

icul

tore

s fa

mili

ares

em

2.0

72 C

omun

idad

es R

urai

s do

Esta

do;

Ben

efic

iar

90.0

00 a

gric

ulto

res F

amili

ares

com

o C

rédi

to R

ural

do

PRO

NA

F, n

as li

nhas

do

PRO

NA

F A

, B, C

, D, E

e n

as li

nhas

es

peci

ficas

do

PRO

NA

F Jo

vem

; PR

ON

AF

Mul

her;

PRO

NA

F A

groi

ndús

tria;

PR

ON

AF

Agr

oeco

logi

a e

PRO

NA

F Se

mi-Á

rido

num

mon

tant

e de

R$

200

milh

ões d

e re

ais;

• C

ontri

buir

com

a e

rrad

icaç

ão d

o an

alfa

betis

mo,

ens

inan

do a

ler

e e

scre

ver,

atra

vés

do P

rogr

ama

Let

ras

do C

ampo

, be

nefic

iand

o 10

.000

hom

ens e

mul

here

s do

cam

po;

• A

dqui

rir a

limen

tos

da A

gric

ultu

ra fa

mili

ar d

e 15

.000

pro

nafia

nos,

para

ate

nder

as

dem

anda

s de

sup

lem

enta

ção

alim

enta

r de

1.67

0 en

tidad

es d

a re

de d

e pr

oteç

ão s

ocia

l de

167

Mun

icíp

ios,

num

val

or d

e R

$ 37

milh

ões,

bene

ficia

ndo

1.06

5 pe

ssoa

s em

ris

co d

e vu

lner

abili

dade

, atra

vés d

o Pr

ogra

ma

Com

pra

Dir

eta

Loc

al d

a A

gric

ultu

ra F

amili

ar;

• C

apac

itar

1.00

0 jo

vens

mul

tiplic

ador

es, e

m r

isco

de

vuln

erab

ilida

de s

ocia

l, at

ravé

s de

açõ

es e

duca

tivas

com

plem

enta

res,

por

inte

rméd

io d

o pr

ogra

ma

Prot

agon

ism

o Ju

veni

l, co

m re

curs

os fi

nanc

eiro

s da

orde

m d

e R

$ 2,

5 m

ilhõe

s de

reai

s;

182

Page 186: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

27

• In

stal

ar 9

7 E

scol

as d

e In

clus

ão D

igita

l e C

idad

ania

nas

cid

ades

em

inen

tem

ente

rur

ais

poss

ibili

tand

o o

aces

so a

tecn

olog

ia d

a in

form

ação

e c

omun

icaç

ão, e

spec

ialm

ente

par

a o

ensi

no fu

ndam

enta

l, no

s Mun

icíp

ios d

e ec

onom

ia d

e ba

se a

gríc

ola;

Impl

anta

r um

Pro

gram

a de

Seg

uran

ça A

limen

tar

e N

utri

cion

al, a

travé

s da

impl

anta

ção

de h

orta

s, po

mar

es e

cria

ção

de a

ves

caip

iras

de fo

rma

com

unitá

ria, b

usca

ndo

a in

clus

ão s

ocia

l de

15.8

00 fa

míli

as d

e ár

eas

periu

rban

as, b

usca

ndo

a in

clus

ão so

cial

pel

a ge

raçã

o de

ocu

paçã

o e

rend

a co

m su

sten

tabi

lidad

e, c

om re

curs

os d

a or

dem

de

R$

4,7

milh

ões d

e re

ais;

Prom

over

a r

ecup

eraç

ão d

a ag

robi

odiv

ersi

dade

dos

agr

oeco

ssis

tem

as n

o E

stad

o pe

la c

onst

ruçã

o de

ren

ques

, ba

rram

ento

s as

sore

ador

es e

bar

rage

ns s

ubte

rrân

eas,

bene

ficia

ndo

1.50

0 ag

ricul

tore

s fa

mili

ares

em

áre

as d

emon

stra

tivas

par

a o

PRO

NA

F se

mi-

árid

o, e

nvol

vend

o re

curs

os d

a or

dem

de

R$

5,7

milh

ões d

e re

ais;

Fort

alec

er a

cad

eia

prod

utiv

a do

caj

u at

ravé

s da

cap

acita

ção

de 2

4.00

0 ag

ricul

tore

s so

bre

recu

pera

ção

de p

omar

es d

e ca

juei

ro,

visa

ndo

a pr

odut

ivid

ade,

mel

horia

da

qual

idad

e da

pro

duçã

o, a

umen

tand

o a

com

petit

ivid

ade

dos

prod

utos

e d

eriv

ados

do

caju

eiro

, co

m re

curs

os d

a or

dem

de

R$

2,0

milh

ões d

e re

ais;

Apo

iar

a pr

oduç

ão a

rtes

anal

e d

e in

dúst

rias

cas

eira

s, pr

opor

cion

ando

o b

enef

icia

men

to e

a c

ertif

icaç

ão d

os p

rodu

tos,

cria

ndo

nich

os d

e m

erca

do, g

eran

do o

cupa

ção

e re

nda

alte

rnat

ivas

; •

Cap

acita

r pe

scad

ores

pro

fissi

onai

s ar

tesa

nais

e a

qui c

ulto

res

fam

iliar

es s

obre

cul

tivo

inte

nsiv

o de

pei

xes

em á

guas

inte

rior

es,

busc

ando

a s

egur

ança

alim

enta

r e n

utric

iona

l, ag

rega

ção

de v

alor

, edu

caçã

o am

bien

tal e

par

ticip

ação

cid

adã

de 9

.200

pes

cado

res,

com

recu

rsos

da

orde

m d

e R

$ 73

6 m

il re

ais;

• D

esen

volv

er a

ções

de

capa

cita

ção

para

5.0

00 c

riad

ores

de

capr

inos

e o

vino

s, at

ravé

s de

cur

sos

prof

issi

onal

izan

tes,

Dia

s de

C

ampo

, tor

neio

leite

iro, f

eira

s e

expo

siçõ

es, i

nsta

laçã

o de

Uni

dade

s de

Tes

te e

Dem

onst

raçã

o e

Circ

uito

s Te

cnol

ógic

os, v

isan

do

soci

aliz

ação

dos

sis

tem

as d

e pr

oduç

ão d

efin

idos

pel

a pe

squi

sa, c

riado

res,

asso

ciaç

ões,

Uni

vers

idad

e, E

xten

são

Rur

al e

Age

ntes

Fi

nanc

eira

s, vo

ltado

s par

a a

sust

enta

bilid

ade

da a

tivid

ade;

• D

isse

min

ar c

onhe

cim

ento

s e

tecn

olog

ias

capa

zes

de v

iabi

lizar

o P

rogr

ama

de A

rmaz

enam

ento

de

forr

agem

, in

trodu

zind

o te

cnol

ogia

s de

sde

a fo

rmaç

ão d

e re

serv

as e

stra

tégi

cas

de a

limen

tos,

inst

alaç

ões

rúst

icas

, org

aniz

ação

e in

form

açõe

s de

mer

cado

s, no

ções

de

adm

inis

traçã

o da

pro

prie

dade

, ban

cos

de s

emen

tes,

cuid

ados

bás

icos

de

higi

ene

na o

rden

ha e

no

proc

essa

men

to, a

travé

s da

cap

acita

ção

inic

ial e

form

ação

con

tinua

da d

e 12

.000

cri

ador

es d

a bo

vino

cultu

ra le

iteira

no

Esta

do.

183

Page 187: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

28

Pe

squi

sa a

grop

ecuá

ria

As

ativ

idad

es d

e Pe

squi

sa, D

esen

volv

imen

to, D

ifusã

o e

Prof

issi

onal

izaç

ão d

e Pr

odut

ores

, são

des

envo

lvid

as p

ela

Empr

esa

de

Pesq

uisa

Agr

opec

uária

do

Rio

Gra

nde

do N

orte

– E

MPA

RN

, cuj

a at

uaçã

o é

real

izad

a em

freq

üent

e pa

rcer

ia c

om E

MA

TER

, SEB

RA

E,

FETA

RN

, SEN

AR

, UFR

N, U

FER

SA e

EM

BR

APA

. A

exe

mpl

o da

EM

ATE

R/R

N, a

EM

PAR

N c

umpr

e co

m e

ficiê

ncia

a s

ua m

issã

o. O

Gov

erno

Vilm

a va

i ren

ovar

o q

uadr

o de

pe

squi

sado

res

da E

MPA

RN

, fac

e as

cre

scen

tes

dem

anda

s no

s ca

mpo

s da

bio

tecn

olog

ia, f

rutic

ultu

ra, p

rodu

ção

anim

al, a

qüic

ultu

ra e

m

eio

ambi

ente

. Por

out

ro la

do, a

redu

ção

do q

uadr

o ef

etiv

o em

funç

ão d

e ap

osen

tado

rias e

dem

issõ

es v

olun

tária

s, já

est

á ex

igin

do e

ssa

reno

vaçã

o. A

o m

esm

o te

mpo

, é u

rgen

te a

est

rutu

raçã

o de

sua

s bas

es fí

sica

s, lo

cais

ond

e sã

o in

stal

ados

os

cam

pos

expe

rimen

tais

, áre

as

de p

rodu

ção

de se

men

tes b

ásic

as e

de

mat

rizes

/repr

odut

ores

das

esp

écie

s bov

ina,

cap

rina

e ov

ina.

Prin

cipa

is L

inha

s de

Pesq

uisa

Des

envo

lvim

ento

de

conh

ecim

ento

s tec

noló

gico

s par

a ap

licaç

ão n

as c

adei

as p

rodu

tivas

da

Agr

icul

tura

Fam

iliar

; •

Esta

bele

cim

ento

de

pesq

uisa

s or

ient

adas

par

a as

dem

anda

s da

fru

ticul

tura

irr

igad

a e

de s

eque

iro (

caju

cultu

ra e

fru

ticul

tura

di

vers

ifica

da n

os m

icro

clim

as se

rran

os);

• M

elho

ram

ento

gen

étic

o da

cap

rino-

ovin

ocul

tura

e d

a bo

vino

cultu

ra d

e le

ite;

• Pi

scic

ultu

ra d

e ág

uas i

nter

iore

s;

• Pe

squi

sas n

a ár

ea d

a ca

rcin

icul

tura

; •

Res

erva

s est

raté

gica

s de

forr

agen

s;

• B

anco

de

sem

ente

s na

Agr

icul

tura

Fam

iliar

.

A e

mpr

esa

estim

a ca

ptar

de

font

es f

eder

ais

e ag

ente

s fin

ance

iros,

atra

vés

dos

proj

etos

de

pesq

uisa

seg

undo

as

linha

s ac

ima

indi

cada

s, re

curs

os d

a or

dem

de

30 m

ilhõe

s de

reai

s par

a o

perío

do 2

007

– 20

10.

N

ova

Sede

par

a a

EM

PAR

N

O

Gov

erno

Vilm

a va

i pro

cede

r a tr

ansf

erên

cia

da a

tual

loca

lizaç

ão d

a EM

PAR

N p

ara

sede

pró

pria

na

Esta

ção

Expe

rimen

tal d

o Ji

qui,

med

iant

e re

form

a e

adeq

uaçã

o de

pré

dios

exi

sten

tes.

Rec

urso

s nec

essá

rios:

1 m

ilhão

de

reai

s.

184

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Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

29

E

stru

tura

ção

de E

staç

ões E

xper

imen

tais

Para

o p

róxi

mo

man

dato

do

Gov

erno

Vilm

a, o

com

prom

isso

é e

stru

tura

r as

est

açõe

s de

Ipa

ngua

çu, A

podi

, Ped

ro A

velin

o,

Parn

amiri

m,

São

Gon

çalo

do

Am

aran

te e

Cai

có e

m c

entro

s de

pes

quis

a e

trein

amen

to,

à ex

empl

o da

est

ação

de

Cru

zeta

, pr

opor

cion

ando

mel

hor

artic

ulaç

ão e

par

ceria

s co

m o

utro

s ór

gãos

, na

cap

acita

ção

de t

écni

cos,

prod

utor

es e

des

envo

lvim

ento

de

pesq

uisa

s. Se

rá n

eces

sário

mob

iliza

r rec

urso

s no

valo

r de

3 m

ilhõe

s de

reai

s.

Am

plia

ção

e M

oder

niza

ção

de L

abor

atór

ios

O G

over

no V

ilma

vai

ampl

iar

e m

oder

niza

r os

Lab

orat

ório

s de

Sol

o-Á

gua-

Plan

ta,

Prod

ução

Ani

mal

, B

iote

cnol

ogia

, Fi

toss

anid

ade,

Rep

rodu

ção

Ani

mal

e d

e Se

men

tes.

Rec

urso

s pre

vist

os: 5

milh

ões d

e re

ais.

Fo

rtal

ecim

ento

do

Mon

itora

men

to C

limát

ico

O G

over

no V

ilma

vai a

mpl

iar e

mod

erni

zar a

rede

de

esta

ções

clim

atol

ógic

as e

plu

viom

étric

as. V

alor

: 1 m

ilhão

de

reai

s.

Apo

io a

agr

opec

uári

a O

Gov

erno

Vilm

a es

tá a

tent

o pa

ra im

plem

enta

r as s

egui

ntes

açõ

es:

• A

mpl

iaçã

o da

ofe

rta d

e ág

ua v

ia p

oços

tubu

lare

s, aç

udes

e b

arra

gens

subm

ersa

s;

• U

nive

rsal

izaç

ão d

a El

etrif

icaç

ão R

ural

atra

vés d

o Pr

ogra

ma

Luz

Para

Tod

os;

• A

dequ

ação

da

legi

slaç

ão e

stad

ual p

ara

perm

itir

o ap

oio

do G

over

no d

o Es

tado

, na

recu

pera

ção

e co

nser

vaçã

o da

mal

ha v

icin

al

(est

rada

s de

prod

ução

), do

s mun

icíp

ios i

nteg

rant

es d

os p

rinci

pais

pól

os d

e pr

oduç

ão a

grop

ecuá

ria.

A

poio

a a

groi

ndús

tria

Um

con

junt

o de

pro

duto

s da

agr

opec

uária

est

adua

l se

con

stitu

i em

mat

éria

s pr

imas

que

pod

em v

iabi

lizar

ind

ústri

as d

e be

nefic

iam

ento

e tr

ansf

orm

ação

. A q

uest

ão fu

ndam

enta

l é d

esen

volv

er u

ma

estra

tégi

a pa

ra o

rgan

izar

o m

erca

do e

a á

rea

de p

rodu

ção

de fo

rma

que

os d

iver

sos e

los d

as c

adei

as p

rodu

tivas

func

ione

m se

m e

stra

ngul

amen

tos.

O

adv

ento

de

nova

s tec

nolo

gias

de

proc

essa

men

to e

tran

sfor

maç

ão, b

em c

omo

a in

clus

ão d

e bi

ocom

bust

ívei

s em

mis

tura

com

o

óleo

die

sel,

cria

rá, n

o m

édio

e lo

ngo

praz

o, u

m n

ovo

horiz

onte

par

a as

ativ

idad

es a

grop

ecuá

rias.

N

esse

sen

tido,

alg

umas

cad

eias

pro

dutiv

as s

e ev

iden

ciam

com

o de

gra

nde

pote

ncia

l par

a o

proc

esso

agr

oind

ustri

al a

exe

mpl

o de

: man

dioc

a, a

lgod

ão, g

irass

ol, s

isal

, fru

tas,

mel

e p

esca

do, c

riand

o no

vas o

portu

nida

des d

e oc

upaç

ão e

rend

a pa

ra a

pop

ulaç

ão.

185

Page 189: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

30

Am

plia

ção

do P

rogr

ama

do L

eite

, com

a im

plan

taçã

o de

um

a C

esta

Bás

ica

sem

anal

con

tend

o Pã

o en

rique

cido

com

fécu

la d

e m

andi

oca,

a se

r dis

tribu

ída

às fa

míli

as c

adas

trada

s.

Esta

inic

iativ

a es

timul

ará

as c

adei

as p

rodu

tivas

da

pani

ficaç

ão e

dos

gra

njei

ros d

e to

do o

Est

ado.

O

pap

el d

o G

over

no V

ilma

será

o d

e di

spon

ibili

zar i

nstru

men

tos c

omo:

Parc

eria

nos

inve

stim

ento

s agr

oind

ustri

ais d

o PR

OA

DI,

prom

oven

do a

com

petit

ivid

ade

das e

mpr

esas

no

mer

cado

; •

Org

aniz

ação

das

cad

eias

pro

dutiv

as;

• Pr

omoç

ão c

omer

cial

med

iant

e pa

rtici

paçã

o em

Fei

ras e

Exp

osiç

ões;

Ass

istê

ncia

Téc

nica

e F

inan

ceira

; •

Ade

quaç

ão d

a Po

lític

a Tr

ibut

ária

.

Am

plia

ção

do P

rogr

ama

de D

esen

volv

imen

to S

olid

ário

O G

over

no V

ilma

aplic

ará

no p

erío

do 2

007-

2010

, rec

urso

s da

ord

em d

e 70

milh

ões

de r

eais

, oriu

ndos

de

finan

ciam

ento

do

Ban

co M

undi

al, p

rioriz

ando

as s

egui

ntes

açõ

es:

• Fo

rtale

cim

ento

e a

mpl

iaçã

o da

infr

a-es

trut

ura

hídr

ica

das

com

unid

ades

rura

is –

poç

os tu

bula

res,

açud

es, b

arra

gens

sub

mer

sas

e ci

ster

nas;

Prio

rizaç

ão d

e pr

ojet

os p

rodu

tivos

de

agric

ultu

ra ir

rigad

a, a

picu

ltura

e a

rtesa

nato

; •

Impl

anta

ção

de u

nida

des a

groi

ndus

tria

is d

e ca

ráte

r com

unitá

rio, a

greg

ando

val

or a

pro

duçã

o da

agr

icul

tura

fam

iliar

; •

Des

envo

lvim

ento

de

proj

etos

soci

ais p

ara

a ju

vent

ude,

mul

here

s e c

omun

idad

es re

man

esce

ntes

de

Qui

lom

bos;

Em n

egoc

iaçã

o co

m o

FID

A –

Fun

do I

nter

ram

eric

ano

Para

o D

esen

volv

imen

to d

a A

gric

ultu

ra, u

m p

rogr

ama

de c

onst

ruçã

o de

ca

sas n

a zo

na ru

ral;

• A

poio

a p

roje

tos d

e E

cono

mia

Sol

idár

ia ta

mbé

m e

m fa

se d

e co

ntat

os c

om d

iver

sas f

onte

s de

finan

ciam

ento

. •

Uni

vers

aliz

ar a

Ass

istê

ncia

Téc

nica

e E

xten

são

Rur

al p

ara

os 1

67 M

unic

ípio

s do

Est

ado,

ben

efic

iand

o os

105

.000

agr

icul

tore

s fa

mili

ares

em

1.1

50 C

omun

idad

es R

urai

s do

Esta

do.

186

Page 190: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

31

• B

enef

icia

r 90

.000

Agr

icul

tore

s Fa

mili

ares

com

o C

rédi

to R

ural

do

PRO

NA

F, n

as li

nhas

do

PRO

NA

F A

, B, C

, D, E

e n

as

linha

s esp

ecifi

cas d

o PR

ON

AF

Jove

m; P

RO

NA

F M

ulhe

r; PR

ON

AF

Agr

oind

ústri

a; P

RO

NA

F A

groe

colo

gia

e PR

ON

AF

Sem

i-Á

rido

num

mon

tant

e de

R$

200

milh

ões.

• C

ontri

buir

com

a e

rrad

icaç

ão d

o an

alfa

betis

mo

no c

ampo

, ens

inan

do a

ler e

esc

reve

r, at

ravé

s do

Pro

gram

a Le

tras

do C

ampo

, be

nefic

iand

o 10

.000

hom

ens e

mul

here

s do

cam

po

• A

dqui

rir

alim

ento

s da

Agr

icul

tura

Fam

iliar

de

15.0

00 p

rona

fiano

s, pa

ra a

tend

er a

s de

man

das

de s

uple

men

taçã

o al

imen

tar

de 1

.670

ent

idad

es d

a re

de d

e pr

oteç

ão so

cial

de

167

Mun

icíp

ios,

num

val

or d

e R

$ 37

milh

ões,

bene

ficia

ndo

1.06

5.00

0 pe

ssoa

s em

risc

o de

vul

nera

bilid

ade,

atra

vés d

o Pr

ogra

ma

Com

pra

Dire

ta L

ocal

da

Agr

icul

tura

Fam

iliar

. •

Cap

acita

r 1.

000

jove

ns m

ultip

licad

ores

, em

risc

o de

vul

nera

bilid

ade

soci

al, a

travé

s de

açõe

s edu

cativ

as c

ompl

emen

tare

s, po

r in

term

édio

do

prog

ram

a Pr

otag

onis

mo

Juve

nil,

com

recu

rsos

fina

ncei

ros d

a or

dem

de

R$

2,5

milh

ões.

• In

stal

ar 9

7 E

scol

as d

e In

clus

ão D

igita

l e C

idad

ania

nas

cid

ades

em

inen

tem

ente

rura

is p

ossi

bilit

ando

o a

cess

o a

tecn

olog

ia

da i

nfor

maç

ão e

com

unic

ação

, es

peci

alm

ente

par

a o

ensi

no f

unda

men

tal,

nos

Mun

icíp

ios

de e

cono

mia

de

base

agr

ícol

a,

poss

ibili

tand

o a

capa

cita

ção.

Impl

anta

r um

Pro

gram

a de

Seg

uran

ça A

limen

tar

e N

utri

cion

al, a

travé

s da

impl

anta

ção

de h

orta

s, po

mar

es e

cria

ção

de

aves

cai

pira

s de

for

ma

com

unitá

ria, b

usca

ndo

a in

clus

ão s

ocia

l de

15.8

00 f

amíli

as d

e ár

eas

periu

rban

as, b

usca

ndo

a in

clus

ão

soci

al p

ela

gera

ção

de o

cupa

ção

e re

nda

com

sust

enta

bilid

ade,

com

recu

rsos

da

orde

m d

e R

$ 4,

7 m

ilhõe

s. •

Prom

over

a r

ecup

eraç

ão d

a ag

robi

odiv

ersi

dade

dos

agr

oeco

ssis

tem

as n

o Es

tado

pel

a co

nstru

ção

de re

nque

s, ba

rram

ento

s as

sore

ador

es e

bar

rage

ns s

ubte

rrân

eas,

bene

ficia

ndo

1.50

0 ag

ricul

tore

s fa

mili

ares

em

áre

as d

emon

stra

tivas

par

a o

PRO

NA

F se

mi-á

rido,

env

olve

ndo

recu

rsos

da

orde

m d

e R

$ 5,

7 m

ilhõe

s. •

Fort

alec

er a

cad

eia

prod

utiv

a do

caj

u at

ravé

s da

cap

acita

ção

de 2

4.00

0 ag

ricul

tore

s so

bre

recu

pera

ção

de p

omar

es d

e ca

juei

ro, v

isan

do a

pro

dutiv

idad

e, m

elho

ria d

a qu

alid

ade

da p

rodu

ção,

aum

enta

ndo

a co

mpe

titiv

idad

e do

s pro

duto

s e

deriv

ados

do

caj

ueiro

, com

recu

rsos

da

orde

m d

e R

$ 2,

0 m

ilhõe

s. •

Cap

acita

r pe

scad

ores

pro

fissi

onai

s ar

tesa

nais

e a

quic

ulto

res

pisc

icul

tore

s/fa

mili

ares

sob

re c

ultiv

o in

tens

ivo

de p

eixe

s em

ág

uas i

nter

iore

s, bu

scan

do a

segu

ranç

a al

imen

tar e

nut

ricio

nal,

agre

gaçã

o de

val

or, e

duca

ção

ambi

enta

l e p

artic

ipaç

ão c

idad

ã de

9.

200

pesc

ador

es, c

om re

curs

os d

a or

dem

de

R$

736.

000,

00.

• D

esen

volv

er a

ções

de

capa

cita

ção

para

5.0

34 c

riad

ores

de

capr

inos

e o

vino

s, at

ravé

s de

cur

sos

prof

issi

onal

izan

tes,

Dia

s de

C

ampo

, to

rnei

o le

iteiro

, fe

iras

e ex

posi

ções

, in

stal

ação

de

Uni

dade

s de

Tes

te e

Dem

onst

raçã

o e

Circ

uito

s Te

cnol

ógic

os,

visa

ndo

soci

aliz

ação

dos

sis

tem

as d

e pr

oduç

ão d

efin

idos

pel

a pe

squi

sa, c

riado

res,

asso

ciaç

ões,

Uni

vers

idad

e, E

xten

são

Rur

al e

A

gent

es F

inan

ceira

s, vo

ltado

s par

a a

sust

enta

bilid

ade

da a

tivid

ade.

Dis

sem

inar

con

heci

men

tos

e te

cnol

ogia

s ca

paze

s de

via

biliz

ar o

Pro

gram

a de

Arm

azen

amen

to d

e fo

rrag

em, i

ntro

duzi

ndo

tecn

olog

ias

desd

e a

form

ação

de

rese

rvas

est

raté

gica

s de

alim

ento

s, in

stal

açõe

s rú

stic

as,

orga

niza

ção

e in

form

açõe

s de

187

Page 191: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

32

mer

cado

s, no

ções

de

adm

inis

traçã

o da

pro

prie

dade

, ban

cos

de s

emen

tes,

cuid

ados

bás

icos

de

higi

ene

na o

rden

ha d

o le

ite e

no

bene

ficia

men

to, a

travé

s da

capa

cita

ção

inic

ial e

form

ação

con

tinua

da d

e 12

.000

cria

dore

s da

bovi

nocu

ltura

leite

ira n

o Es

tado

. •

Cap

acita

r 5.

040

mul

tiplic

ador

es d

o Pr

ogra

ma

de a

groi

ndus

tria

lizaç

ão d

a pr

oduç

ão d

os a

gric

ulto

res

fam

iliar

es, u

tiliz

ando

as

Uni

dade

s D

idát

icas

, com

o re

ferê

ncia

de

inst

alaç

ões,

proc

essa

men

tos,

adeq

uaçã

o a

legi

slaç

ão s

anitá

ria, f

isca

l, Tr

ibut

ária

, co

oper

ativ

ista

, am

bien

tal,

assi

m c

omo,

aut

o-ge

stão

e m

erca

do.

3.5.

1 A

bast

ecim

ento

N

esta

áre

a, o

Gov

erno

Wilm

a pr

eten

de d

esen

volv

er a

lgum

as a

ções

impo

rtant

es:

A)

Con

stru

ir um

a no

va C

entr

al d

e A

bast

ecim

ento

(CEA

SA),

tend

o em

vis

ta a

satu

raçã

o fís

ica

da a

tual

; B

) M

oder

niza

ção

gere

ncia

l, te

ndo

com

o ba

se a

efe

tiva

parti

cipa

ção

dos p

erm

issi

onár

ios,

visa

ndo

a ob

tenç

ão d

e m

elho

res r

esul

tado

s;

C)

Proc

eder

à r

eest

rutu

raçã

o fís

ica

dos

ambi

ente

s da

s fe

iras

, ass

egur

ando

-lhes

toda

a in

fra-

estru

tura

san

itária

requ

erid

a: s

iste

ma

de

esgo

to e

de

água

enc

anad

a, b

anhe

iros e

sani

tário

s púb

licos

; D

) D

esen

volv

er u

m a

mpl

o Pr

ogra

ma

de Q

ualif

icaç

ão P

rofis

sion

al,

tant

o na

áre

a de

man

ipul

ação

de

alim

ento

s qu

anto

na

de

aten

dim

ento

ao

públ

ico,

alé

m d

e ou

tros

itens

impo

rtant

es p

ara

a ot

imiz

ação

dos

ser

viço

s de

aba

stec

imen

to, c

omo

por

exem

plo

noçõ

es b

ásic

as d

e ec

onom

ia d

e m

erca

do, p

adrõ

es d

e qu

alid

ade,

tran

spor

te, i

nves

timen

tos,

mar

ketin

g;

E) A

brir

linha

s de

fin

anci

amen

to p

ara

viab

iliza

r a

com

pra

de b

alan

ças

que

asse

gure

m s

ervi

ços

de p

esag

em f

ided

igno

s na

rel

ação

pr

eço/

peso

dos

pro

duto

s, e

linha

de

créd

ito p

ara

torn

ar p

ossí

vel a

aqu

isiç

ão d

e ve

ícul

os d

e ca

rga

popu

lare

s;

F) I

ncen

tivar

a a

doçã

o de

uni

form

es d

e tra

balh

o pe

los

feira

ntes

, com

vis

tas

a lh

es p

ropi

ciar

con

forto

e m

elho

r apr

esen

taçã

o pe

rant

e o

públ

ico;

G

) Pr

omov

er c

ampa

nhas

de

mar

ketin

g qu

e si

rvam

de

ince

ntiv

o à

revi

taliz

ação

das

feira

s, m

ostra

ndo

ao p

úblic

o as

mel

horia

s ne

las

real

izad

as e

toda

s as s

uas v

anta

gens

com

para

tivas

em

rela

ção

a ou

tras m

odal

idad

es d

e ab

aste

cim

ento

.

188

Page 192: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

33

3.6

Segu

ranç

a C

idad

ã U

ma

das

açõe

s co

ncre

tas

e im

edia

tas

do G

over

no V

ilma

foi a

mod

erni

zaçã

o, fo

rtale

cim

ento

e a

coo

rden

ação

das

açõ

es d

e Se

gura

nça

Cid

adã,

inc

lusi

ve c

om o

aum

ento

do

efet

ivo,

aum

ento

da

frot

a, a

umen

to d

a qu

antid

ade

e da

qua

lidad

e do

arm

amen

to, m

uniç

ão e

eq

uipa

men

to d

e pr

oteç

ão p

olic

ial,

inte

graç

ão d

as p

olíc

ias,

capa

cita

ção

e qu

alifi

caçã

o pr

ofis

sion

al d

os e

fetiv

os e

a re

form

a do

sis

tem

a pe

nite

nciá

rio.

ÕE

S PR

OPO

STA

S Es

tão

prev

ista

s in

icia

tivas

no

âmbi

to d

o Pl

ano

Est

adua

l de

Segu

ranç

a Pú

blic

a, q

ue v

iabi

lizar

ão o

inte

rcâm

bio

com

out

ros

gove

rnos

es

tadu

ais,

com

a P

olin

ter e

com

a P

olíc

ia F

eder

al, e

m te

mpo

real

de

info

rmaç

ões p

ara

o co

mba

te a

o cr

ime.

A

) V

amos

cria

r ár

eas

espe

ciai

s de

seg

uran

ça e

scol

ar,

com

ilu

min

ação

de

aces

sos

e te

rmin

ais

de t

rans

porte

s co

letiv

os,

para

dar

tra

nqüi

lidad

e ao

s pro

fess

ores

, cria

nças

, jov

ens e

adu

ltos e

stud

ante

s de

noss

a te

rra;

B

) V

alor

izar

o a

gent

e de

seg

uran

ça, m

ilita

r e c

ivil,

resg

atan

do o

pap

el d

e po

lícia

judi

ciár

ia, a

mpl

iand

o as

açõ

es d

a Po

lícia

Com

unitá

ria,

au

men

tand

o os

efe

tivos

da

Políc

ia M

ilita

r e d

a Po

lícia

Civ

il e

capa

cita

ndo

perm

anen

tem

ente

todo

s os

age

ntes

env

olvi

dos,

com

ênf

ase

para

o se

rviç

o de

inte

ligên

cia;

C

) C

riar,

na e

stru

tura

da

SESE

D, o

Cen

tro

Inte

grad

o de

Ope

raçõ

es d

e D

efes

a So

cial

– C

IOD

S um

cen

tro ú

nico

de

aten

dim

ento

de

ocor

rênc

ias p

olic

iais

, de

defe

sa c

ivil

e oc

orrê

ncia

s ass

iste

ncia

is a

o ci

dadã

o.

D)

Cria

r o

Com

ando

Ope

raci

onal

de

Polic

iam

ento

Ost

ensi

vo q

ue a

bran

gerá

os

mun

icíp

ios

que

com

põem

a R

egiã

o M

etro

polit

ana

de

Nat

al, c

ompr

eend

endo

os

mun

icíp

ios

de N

atal

, Par

nam

irim

, São

Jos

é do

Mip

ibu,

Nís

ia F

lore

sta,

Mac

aiba

, São

Gon

çalo

do

Am

aran

te,

Extre

moz

e C

eará

-Miri

m.

E) A

mpl

iar o

Pro

gram

a E

duca

cion

al d

e R

esis

tênc

ia à

s D

roga

s e

à V

iolê

ncia

– P

RO

ER

D, u

m p

rogr

ama

com

car

áter

soc

ial p

reve

ntiv

o ju

nto

aos a

luno

s das

esc

olas

púb

licas

e p

rivad

as, a

travé

s do

esfo

rço

coop

erat

ivo

entre

Pol

ícia

Mili

tar,

Esco

la e

fam

ília.

F)

Con

stru

ir C

onju

ntos

Hab

itaci

onai

s exc

lusi

vos p

ara

os a

gent

es d

as p

olic

ias c

ivil

e m

ilita

r.

G)

Con

clui

r a

inst

alaç

ão

de

câm

eras

de

m

onito

ram

ento

no

s co

rred

ores

tu

rístic

os.

189

Page 193: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

34

3.7

Edu

caçã

o ci

dadã

U

ma

polít

ica

públ

ica

de e

duca

ção

prec

isa

ter c

lare

za q

uant

o ao

s co

ncei

tos,

natu

reza

e a

bord

agem

que

pre

tend

e ad

otar

par

a a

área

em

que

stão

. Nes

se s

entid

o im

porta

diz

er q

ue, n

o lim

ite, p

rete

nde-

se u

ma

educ

ação

que

sej

a pú

blic

a, g

ratu

ita e

de

qual

idad

e,

aces

síve

l a to

dos e

que

est

imul

e o

alun

o a

cons

truir

e el

abor

ar o

seu

con

heci

men

to, n

uma

atitu

de c

rític

a, c

riativ

a e

inve

stig

ador

a, e

que

lh

e fa

vore

ça a

cap

acid

ade

de a

gir

na s

ocie

dade

com

o ci

dadã

o co

nsci

ente

do

seu

pape

l de

agen

te tr

ansf

orm

ador

da

real

idad

e qu

e o

cerc

a. E

m s

ínte

se,

alm

eja-

se u

ma

"edu

caçã

o pa

ra a

cid

adan

ia"

e qu

e, p

orta

nto,

tem

um

com

prom

isso

cla

ro e

m c

ontri

buir

com

a

trans

form

ação

da

soci

edad

e. E

a so

cied

ade

que

se p

rete

nde

é aq

uela

que

seja

sol

idár

ia, j

usta

, tol

eran

te e

dem

ocrá

tica

em c

ontra

posi

ção

à so

cied

ade

auto

ritár

ia, c

ompe

titiv

a e

excl

uden

te.

A

ÇÕ

ES

PRO

POST

AS

A)

Vam

os a

mpl

iar

a of

erta

de

vaga

s par

a o

Ens

ino

de J

oven

s e A

dulto

s;

B)

Impl

anta

r o p

rogr

ama

Ana

lfabe

tism

o Z

ero,

par

a el

imin

ar o

ana

lfabe

tism

o no

Rio

Gra

nde

do N

orte

; C

) D

istri

buir

o fa

rdam

ento

esc

olar

, pro

duzi

do n

as p

eque

nas i

ndús

trias

do

Rio

Gra

nde

do N

orte

; D

) C

onst

ruir

500

nova

s sal

as d

e au

la, b

enef

icia

ndo

50 m

unic

ípio

s;

E) A

brir

toda

s as e

scol

as p

ara

as c

omun

idad

es, a

os sá

bado

s, do

min

gos e

feria

dos;

com

ativ

idad

es d

e cu

ltura

, esp

orte

e la

zer;

F)

Am

plia

r o n

úmer

o de

pro

fess

ores

, com

ênf

ase

para

as d

isci

plin

as d

e M

atem

átic

a, F

ísic

a e

Quí

mic

a;

G)

Inst

alar

bib

liote

cas e

m to

das a

s esc

olas

, e a

tual

izar

o a

cerv

o da

s bib

liote

cas j

á ex

iste

ntes

; H

) C

riar

a R

ede

Est

adua

l de

Ens

ino

Prof

issi

onal

izan

te c

om a

con

stru

ção

de 1

0 ce

ntro

s de

edu

caçã

o pr

ofis

sion

al,

na l

uta

para

un

iver

saliz

ar o

ens

ino

méd

io, n

as c

idad

es-p

ólo;

I)

In

form

atiz

ação

das

esc

olas

est

adua

is -

Nos

so G

over

no v

ai in

stal

ar c

ompu

tado

res

e ac

esso

à I

nter

net e

m to

das

as e

scol

as p

úblic

as

esta

duai

s, at

é o

final

de

2008

. J)

N

esta

dire

ção,

vam

os c

onvo

car

todo

s os

trab

alha

dore

s na

edu

caçã

o pa

ra p

rom

over

o r

eord

enam

ento

da

rede

est

adua

l de

ensi

no,

cien

tes

de q

ue a

ges

tão

dem

ocrá

tica

é ca

paz

de g

erar

açõ

es t

rans

form

ador

as, p

rivile

gian

do a

qua

lidad

e, p

ara

o re

sgat

e da

esc

ola

públ

ica,

na

luta

pel

a co

nstru

ção

da c

idad

ania

. K

) A

rticu

lar p

olíti

cas v

isan

do d

emoc

ratiz

ar o

func

iona

men

to d

o C

onse

lho

Esta

dual

de

Educ

ação

. L)

Agi

lizar

pro

vidê

ncia

s no

sen

tido

de c

onso

lidar

um

a re

form

a cu

rric

ular

, com

a in

clus

ão d

as d

isci

plin

as S

ocio

logi

a e

Filo

sofia

no

ensi

no m

édio

, a p

artir

da

real

izaç

ão d

o co

mpe

tent

e co

ncur

so p

úblic

o.

M) É

impo

rtant

e ta

mbé

m q

ue a

red

e de

ens

ino

enco

ntre

mei

os p

ara

a in

clus

ão tr

ansv

ersa

l de

tem

átic

as a

tuai

s, ta

is c

omo,

sex

ualid

ade,

dr

ogas

, seg

uran

ça a

limen

tar,

dir

eção

def

ensi

va, e

ntre

out

ras;

Con

solid

ação

da

Infr

a-es

trut

ura

das u

nida

des d

a U

ER

N

190

Page 194: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

35

- C

onst

ruçã

o de

nov

as s

alas

de

aula

, pos

sibi

litan

do a

con

tinui

dade

da

impl

anta

ção

dos

curs

os d

e C

omun

icaç

ão S

ocia

l (Jo

rnal

ism

o,

Rad

ialis

mo

e Pu

blic

idad

e e

Prop

agan

da),

Bio

logi

a (B

acha

rela

do),

Mús

ica

e Fi

loso

fia (L

icen

ciat

ura)

; - I

nsta

lar

labo

rató

rios

des

tinad

os a

os c

urso

s de

Lice

ncia

tura

, e p

ara

base

s de

pesq

uisa

; - C

onst

ruir

um b

loco

com

12

(doz

e) sa

las p

ara

as a

tivid

ades

de

pós-

grad

uaçã

o;

- Con

clus

ão d

a es

trutu

ra fí

sica

da

Facu

ldad

e de

Ciê

ncia

s da

Saúd

e (C

urso

de

Med

icin

a), c

om b

loco

par

a sa

las p

ara

prof

esso

res;

-

Con

stru

ção

do a

nel

viár

io d

o C

ampu

s C

entr

al d

a U

ERN

, pa

vim

enta

ção

dos

esta

cion

amen

tos,

e no

vo a

cess

o pe

la A

veni

da

Fran

cisc

o M

ota;

- I

mpl

anta

ção

do R

esta

uran

te U

nive

rsitá

rio;

- E

limin

ação

das

bar

reira

s arq

uite

tôni

cas d

e to

dos o

s edi

fício

s per

tenc

ente

s à U

ERN

, em

todo

s os c

ampi

e n

úcle

os;

- Am

plia

ção

da re

de d

e fib

ra ó

ptic

a do

Cam

pus C

entra

l. - C

onst

ruçã

o do

Cam

pus d

e N

atal

(Zon

a N

orte

) e d

o C

ampu

s de

Cai

có, c

onfo

rme

proj

eto

arqu

itetô

nico

já d

efin

ido;

C

apac

itar p

erm

anen

tem

ente

o c

orpo

doc

ente

e té

cnic

o ad

min

istra

tivo;

-

Impl

anta

r o

Plan

o de

Car

go, C

arre

ira

e R

emun

eraç

ão d

os s

ervi

dore

s (d

ocen

te e

téc

nico

) da

UER

N, b

em c

omo

o Q

uadr

o de

lo

taçã

o, c

om g

aran

tia d

e re

mun

eraç

ão c

ondi

zent

e co

m a

nat

urez

a da

s ativ

idad

es.

- Rea

lizar

con

curs

o pú

blic

o pa

ra p

rovi

men

to d

e ca

rgos

(doc

ente

e té

cnic

o ad

min

istra

tivo)

. - I

nstit

ucio

naliz

ação

da

pesq

uisa

cie

ntífi

ca, c

om a

am

plia

ção

do n

úmer

o de

gru

pos c

adas

trado

s no

CN

Pq;

- Cria

ção

de, p

elo

men

os, u

m p

rogr

ama

de d

outo

rado

e tr

ês p

rogr

amas

de

mes

trado

; -

Mel

horia

da

qual

idad

e do

ens

ino

de g

radu

ação

, co

m i

nsta

laçã

o de

lab

orat

ório

s, am

plia

ção

do a

cerv

o da

s bi

blio

teca

s e

com

a

univ

ersa

lizaç

ão d

o us

o da

Inte

rnet

.

191

Page 195: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

36

3.8

Cul

tura

Po

lític

a cu

ltura

l é a

açã

o do

pod

er p

úblic

o an

cora

do e

m o

pera

ções

, prin

cípi

os e

pro

cedi

men

tos a

dmin

istra

tivos

e o

rçam

entá

rios.

Esta

pol

ítica

é o

rient

ada

para

mel

hora

r a

qual

idad

e de

vid

a da

pop

ulaç

ão a

trav

és d

e at

ivid

ades

cul

tura

is, a

rtíst

icas

, soc

iais

e

recr

eativ

as.

Prec

isa

ter

um e

scop

o am

plo

por

se t

rata

r de

um

a aç

ão v

olta

da p

ara

todo

o E

stad

o e

não

para

alg

uns

segm

ento

s da

so

cied

ade.

Est

a aç

ão d

e go

vern

o qu

ase

sem

pre

está

pau

tada

por

um

a pr

eocu

paçã

o em

con

serv

ar o

pat

rimôn

io c

ultu

ral

e of

erec

er

ativ

idad

es d

e ar

tista

s co

nsag

rado

s. O

u se

ja, a

o pr

opor

cion

ar à

pop

ulaç

ão o

ace

sso

aos

bens

cul

tura

is, o

Gov

erno

Vilm

a pr

eocu

pa-s

e m

ais

com

a d

emoc

ratiz

ação

da

cultu

ra.

Nes

sa d

ireçã

o, a

tual

men

te,

são

prom

ovid

as a

tivid

ades

que

val

oriz

am,

prin

cipa

lmen

te,

os

prod

utos

da

elite

cul

tura

l.

O

Gov

erno

Vilm

a va

i co

ntin

uar

impl

emen

tand

o um

a po

lític

a de

cul

tura

vol

tada

par

a a

Dem

ocra

cia

Cul

tura

l, co

m b

ase

no

esta

bele

cim

ento

de

algu

ns p

rincí

pios

:

A)

Rec

onhe

cer o

plu

ralis

mo

e a

dive

rsid

ade

cultu

rais

, res

peita

ndo

as d

ifere

ntes

iden

tidad

es e

form

as d

e ex

pres

são;

B

) Le

var e

m c

onta

que

o p

oder

púb

lico

não

prod

uz, n

em d

eve

tent

ar p

rodu

zir c

ultu

ra, o

u se

ja, n

ão d

eve

impo

r pau

tas,

esté

ticas

, ges

tos

liter

ário

s ou

orie

ntaç

ões c

ultu

rais

, mas

dev

e co

nsid

erar

a a

uton

omia

das

div

ersa

s man

ifest

açõe

s cul

tura

is;

C)

Com

pree

nder

a p

artic

ipaç

ão d

a so

cied

ade

com

o pr

incí

pio

cons

titut

ivo

do p

roce

sso

de fo

rmul

ação

de

polít

icas

cul

tura

is.

D)

Gar

antir

infr

a-es

trutu

ra p

ara

ativ

idad

es c

ultu

rais

com

unitá

rias;

E)

Def

inir

cana

is e

form

as d

e de

bate

e p

artic

ipaç

ão n

as d

ecis

ões c

ultu

rais

, com

o co

nsel

hos,

fóru

ns, e

tc.;

F)

Res

gata

r as c

ultu

ras d

e co

mun

idad

es e

sque

cida

s, ra

ízes

e h

eran

ças c

ultu

rais

; G

) In

tegr

ar-s

e ao

s de

bate

s e

inte

rven

ções

rel

ativ

os a

o de

senv

olvi

men

to m

unic

ipal

, es

tadu

al o

u re

gion

al (

cons

órci

os,

câm

aras

, or

çam

ento

par

ticip

ativ

o, fó

runs

, etc

.);

H)

Estim

ular

a fo

rmaç

ão c

ultu

ral d

a po

pula

ção

e do

s age

ntes

cul

tura

is (b

iblio

tecá

rios,

func

ioná

rios,

traba

lhad

ores

e a

gent

es d

e ce

ntro

s e

casa

s de

cultu

ra);

I)

Es

timul

ar a

apr

opria

ção

cultu

ral d

e es

paço

s púb

licos

(pra

ças,

ruas

, pon

tos d

e ôn

ibus

, met

rôs,

etc.

);

J)

Des

cobr

ir, m

apea

r e e

stim

ular

o tr

abal

ho e

xper

imen

tal d

as c

omun

idad

es lo

cais

e d

e ar

tista

s não

con

sagr

ados

. A

ÇÕ

ES

PRO

POST

AS

1. A

Pol

ítica

cul

tura

l do

Gov

erno

Vilm

a é

orie

ntad

a pa

ra m

elho

rar

a qu

alid

ade

de v

ida

da p

opul

ação

atr

avés

de

ativ

idad

es

cultu

rais

, artí

stic

as, s

ocia

is e

recr

eativ

as.

192

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Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

37

2. G

aran

tir a

libe

rdad

e e

a di

vers

idad

e da

pro

duçã

o ar

tístic

a e

inte

lect

ual,

fom

enta

ndo

sua

prod

ução

, dis

tribu

ição

, circ

ulaç

ão e

co

mer

cial

izaç

ão.

3. In

stitu

ir o

Con

selh

o E

stad

ual d

e Pr

omoç

ão d

a Ig

uald

ade

Rac

ial;

4. C

onst

ruir

o T

eatr

o de

Nat

al, c

om 2

.5 m

il lu

gare

s;

5. A

mpl

iar a

s ativ

idad

es d

e in

terc

âmbi

o cu

ltura

l; 6.

Din

amiz

ar o

func

iona

men

to d

as C

asas

de

Cul

tura

, com

inte

rcâm

bio;

7.

Man

ter a

Rev

ista

Pre

á, a

mpl

iand

o su

a tir

agem

e m

elho

rand

o su

a di

strib

uiçã

o;

8. R

eativ

ar o

jorn

al O

GA

LO

; 9.

Rec

onhe

cer o

plu

ralis

mo

e a

dive

rsid

ade

cultu

rais

, res

peita

ndo

as d

ifere

ntes

iden

tidad

es e

form

as d

e ex

pres

são;

10

.Impl

anta

r um

Pro

gram

a de

Bib

liote

cas c

omun

itári

as;

11. R

esga

tar

as c

ultu

ras d

e co

mun

idad

es r

eman

esce

ntes

, raí

zes e

her

ança

s cul

tura

is (Q

uilo

mbo

las e

Indí

gena

s);

12.R

eorg

aniz

ar o

s MU

SEU

S, c

omo

last

ro p

ara

as a

tivid

ades

turís

ticas

; 13

. Aum

enta

r a

renú

ncia

fisc

al p

revi

sta

na L

ei C

âmar

a C

ascu

do;

11. C

onst

ruir

mai

s 50

Cas

as d

e C

ultu

ra;

14. E

staç

ão C

entr

al d

e A

poio

a C

ultu

ra P

opul

ar

(

Mus

eu –

Res

taur

ante

– L

oja

– Es

critó

rio d

e ap

oio

aos a

rtist

as);

15. R

efor

mar

o p

rédi

o ce

nten

ário

do

Gru

po E

scol

ar A

ugus

to S

ever

o, n

a R

ibei

ra.

16. R

ealiz

ar C

oncu

rso

Públ

ico

para

a E

DIT

AM

. 17

. Ins

titui

r o F

undo

Est

adua

l de

Cul

tura

.

193

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aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

38

3.9

Ciê

ncia

e T

ecno

logi

a A

con

solid

ação

da

inse

rção

da

área

de

Ciê

ncia

e T

ecno

logi

a na

est

rutu

ra d

a Se

cret

aria

de

Des

envo

lvim

ento

Eco

nôm

ico

– SE

DEC

, oco

rreu

três a

nos,

a pa

rtir d

a de

cisã

o da

Gov

erna

dora

do

Esta

do d

e cr

iar a

Fun

daçã

o de

Apo

io à

Pes

quis

a do

Rio

Gra

nde

do N

orte

– F

APE

RN

par

a, e

m c

onju

nto

com

o C

onse

lho

Esta

dual

de

Ciê

ncia

e T

ecno

logi

a –

CO

NEC

IT,

gerir

o F

undo

de

Des

envo

lvim

ento

Cie

ntífi

co e

Tec

noló

gico

– F

UN

DET

. Ta

is e

stru

tura

s tê

m o

obj

etiv

o de

pro

mov

er o

des

envo

lvim

ento

cie

ntífi

co e

tec

noló

gico

do

Rio

Gra

nde

do N

orte

, com

a

final

idad

e de

est

rutu

rar e

ince

ntiv

ar a

s aç

ões

de C

&T

e am

plia

r par

ceria

s co

m o

Min

isté

rio d

a C

iênc

ia e

Tec

nolo

gia,

o M

inis

tério

das

M

inas

e E

nerg

ia, a

Fin

anci

ador

a de

Est

udos

e P

roje

tos

- FIN

EP, o

Con

selh

o N

acio

nal d

e D

esen

volv

imen

to C

ient

ífico

e T

ecno

lógi

co -

CN

Pq e

a C

oord

enad

oria

de

Ape

rfei

çoam

ento

do

Ensi

no S

uper

ior -

CA

PES.

A

ÇÕ

ES

PRO

POST

AS

A)

O G

over

no V

ilma

vai a

mpl

iar o

Pro

gram

a de

Ince

ntiv

o à

Ger

ação

do

Con

heci

men

to, c

riado

por

Lei

est

adua

l, em

200

6;

B)

Na

mes

ma

dire

ção,

vam

os i

nves

tir n

a in

stal

ação

de

labo

rató

rios

nas

esc

olas

est

adua

is,

com

o fo

rma

de i

ncen

tivar

a

expe

rimen

taçã

o ci

entíf

ica

com

o fe

rram

enta

ped

agóg

ica

do e

nsin

o m

édio

; C

) C

om o

mes

mo

obje

tivo,

a F

APE

RN

vai

inte

nsifi

car a

arti

cula

ção

com

uni

vers

idad

es e

em

pres

as, c

om o

obj

etiv

o de

ince

ntiv

ar a

pr

átic

a da

pes

quis

a, e

m b

usca

de

solu

ções

, no

vos

prod

utos

ou

proc

esso

s, em

sin

toni

a co

m o

pro

cess

o de

des

envo

lvim

ento

fu

ndad

o no

con

heci

men

to, e

m to

do o

mun

do g

loba

lizad

o;

D)

A S

ecre

tari

a de

Est

ado

da C

iênc

ia, T

ecno

logi

a se

rá c

riada

em

200

7, p

ara

cons

olid

ar a

ativ

idad

e de

div

ulga

ção

cien

tífic

a, d

e m

anei

ra q

ue a

soci

edad

e em

ger

al p

ossa

ter a

cess

o às

info

rmaç

ões a

tual

izad

as d

as a

tivid

ades

da

Ciê

ncia

, Tec

nolo

gia

e In

ovaç

ão;

E) A

com

unid

ade

univ

ersi

tária

ser

á co

nvoc

ada

para

deb

ater

a p

ropo

sta

de v

incu

laçã

o da

UER

N –

Uni

vers

idad

e do

Est

ado

do R

io

Gra

nde

do N

orte

a e

sse

novo

órg

ão, n

a bu

sca

de f

omen

tar

a pe

squi

sa p

ara

acel

erar

o p

roce

sso

de d

esen

volv

imen

to d

e no

sso

Esta

do;

F) E

ntre

os

dire

cion

amen

tos

a se

rem

con

duzi

dos

para

que

oco

rra

a di

vulg

ação

cie

ntífi

ca,

está

o i

ncen

tivo

aos

prof

esso

res

univ

ersi

tári

os d

e cu

rsos

com

o Fí

sica

, M

atem

átic

a, Q

uím

ica

e B

iolo

gia

a le

vare

m e

xper

imen

tos

dess

as d

iver

sas

área

s do

co

nhec

imen

to p

ara

uma

dem

onst

raçã

o pr

átic

a ju

nto

aos e

stud

ante

s de

esco

las p

úblic

as e

stad

uais

.

194

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Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

39

3.10

Saú

de P

úblic

a

Em s

ínte

se, d

eve-

se r

efor

çar

que

a po

lític

a pú

blic

a pa

ra a

saú

de n

ão p

ode

e ne

m d

eve

ser

plan

ejad

a is

olad

amen

te d

os d

emai

s se

tore

s qu

e pr

esta

m s

ervi

ços

bási

cos

à po

pula

ção

e, m

ais

aind

a, p

reci

sa s

er p

ensa

da,

impl

emen

tada

e a

com

panh

ada

por

todo

s os

m

unic

ípio

s que

com

põem

o R

io G

rand

e do

Nor

te, c

om a

par

ticip

ação

pop

ular

. To

rna-

se f

unda

men

tal

que

seja

em

pree

ndid

a a

parti

r de

am

plas

cam

panh

as d

e se

nsib

iliza

ção

de t

odos

os

cida

dãos

e,

prin

cipa

lmen

te,

das

dive

rsas

cat

egor

ias

de p

rofis

sion

ais

que

atua

m n

essa

áre

a –

méd

icos

, od

ontó

logo

s, ps

icol

ógos

, en

ferm

eiro

s, as

sist

ente

s so

ciai

s, de

ntre

out

ros

– pa

ra a

s no

vas

conc

epçõ

es d

e at

endi

men

to i

nteg

ral

à sa

úde,

que

enx

erga

m o

hom

em n

a su

a to

talid

ade.

O

Gov

erno

Vilm

a ve

m im

plem

enta

ndo

grad

ativ

o au

men

to d

e re

curs

os p

ara

reco

nstru

ir a

infr

a-es

trutu

ra d

a sa

úde

públ

ica,

do

Prog

ram

a Sa

úde

da F

amíli

a, e

sua

boa

adm

inis

traçã

o te

m p

erm

itido

ain

da m

elho

rar

as c

ondi

ções

de

traba

lho

dos

prof

issi

onai

s da

sa

úde

e m

elho

rar o

ate

ndim

ento

à p

opul

ação

. A

ÇÕ

ES

PRO

POST

AS

A p

ropo

siçã

o bá

sica

con

sist

e no

dire

cion

amen

to d

as a

ções

do

Gov

erno

Vilm

a vi

sand

o, p

riorit

aria

men

te:

A)

Inst

alar

mai

s 10

Polic

línic

as, n

as c

idad

es-p

ólo;

B

) Im

plan

tar u

nida

des d

o SA

MU

– S

ervi

ço d

e A

tend

imen

to M

édic

o de

Urg

ênci

a, e

m to

das a

s reg

iões

; C

) Im

plan

tar o

Hos

pita

l da

Mul

her,

em

Nat

al e

Mos

soró

; D

) Im

plan

tar o

Hos

pita

l de

Tra

uma-

orto

pedi

a, e

m N

atal

; E)

Am

plia

r a re

de F

arm

ácia

de

Tod

os, c

om m

ais 5

0 un

idad

es;

F) I

nsta

lar u

nida

des d

a C

entra

l de

Dis

tribu

ição

de

Med

icam

ento

s – U

NIC

AT,

em

toda

s as r

egiõ

es;

G)

Impl

anta

r Pr

ogra

ma

de I

nter

iori

zaçã

o de

Rec

urso

s H

uman

os d

a Sa

úde,

con

tem

plan

do a

alo

caçã

o de

méd

icos

, enf

erm

eiro

s e

dent

ista

s, pa

ra c

ada

mun

icíp

io;

H)

Prom

over

a r

efor

ma

adm

inis

trat

iva

das U

nida

des R

egio

nais

de

Saúd

e Pú

blic

a –

UR

SAP,

par

a qu

e as

mes

mas

pos

sam

ope

rar c

om

auto

nom

ia té

cnic

a, a

dmin

istra

tiva

e fin

ance

ira, u

tiliz

ando

a p

rátic

a de

aud

itoria

s per

man

ente

s;

I)

Des

envo

lver

açõ

es c

onju

ntas

com

a S

ecre

taria

Mun

icip

al d

e Sa

úde

de N

atal

, par

a eq

uaci

onar

os

prob

lem

as d

o at

endi

men

to d

e ur

gênc

ia, e

a su

perlo

taçã

o do

Hos

pita

l Wal

fred

o G

urge

l - C

lóvi

s Sar

inho

;

195

Page 199: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

40

3.11

Tur

ism

o O

s m

aior

es d

esaf

ios

do a

tual

Gov

erno

são

, sem

dúv

ida,

o d

esen

volv

imen

to e

conô

mic

o e

soci

al q

ue d

ever

ão s

er e

nfre

ntad

os

atra

vés

da g

eraç

ão d

e em

preg

o, re

duçã

o de

des

igua

ldad

es e

mel

hor d

istri

buiç

ão d

e re

nda

e co

nseq

üent

emen

te a

mel

horia

da

qual

idad

e de

vid

a da

pop

ulaç

ão.

O tu

rism

o, p

ela

natu

reza

de

suas

ativ

idad

es, q

ue im

pact

a em

mai

s de

50

segm

ento

s da

eco

nom

ia, é

ineg

avel

men

te o

set

or q

ue

pode

ate

nder

de

form

a m

ais

com

plet

a e

de m

anei

ra m

ais

rápi

da o

s de

safio

s co

loca

dos,

desd

e qu

e se

ja fe

ito d

e m

anei

ra b

em p

lane

jada

, de

ntro

de

um m

odel

o pa

rtici

pativ

o em

que

as c

omun

idad

es te

nham

um

pap

el a

tivo

nas d

ecis

ões.

Den

tro d

a ca

paci

dade

de

supo

rte o

bser

va-s

e qu

e as

áre

as t

urís

ticas

são

pou

co a

dens

adas

e c

ompr

omet

idas

com

a o

cupa

ção

urba

na, p

erce

bend

o-se

, ain

da, q

ue o

s at

ivos

am

bien

tais

são

pou

co e

xplo

rado

s, es

tand

o as

sim

rela

tivam

ente

bem

pre

serv

ados

, hav

endo

no

pat

rim

ônio

his

tóri

co c

ultu

ral

uma

rique

za d

e m

onum

ento

s. A

qui

é im

porta

nte

ress

alta

r as

var

iada

s m

anife

staç

ões

cultu

rais

pr

edom

inan

tes

no f

olcl

ore,

o r

ico

arte

sana

to d

evid

o à

varie

dade

de

seus

pro

duto

s, co

mo

tam

bém

a g

astr

onom

ia t

ípic

a qu

e é

dife

renc

iada

pel

a cu

ltura

da

regi

ão.

A c

onst

ruçã

o da

pon

te F

orte

-Red

inha

rep

rese

nta

um e

xtra

ordi

nário

ava

nço

no in

crem

ento

das

ativ

idad

es e

na

capt

ação

de

novo

s inv

estim

ento

s par

a 16

(dez

esse

is) m

unic

ípio

s do

Pólo

Cos

ta d

as D

unas

. D

iant

e da

s po

tenc

ialid

ades

exi

sten

tes

e do

s in

dica

dore

s re

laci

onad

os f

ica

evid

enci

ado

que

o Es

tado

apr

esen

ta u

ma

exce

lent

e ga

ma

de o

portu

nida

des q

ue p

ode

ser a

prov

eita

da c

om a

val

oriz

ação

e p

rioriz

ação

da

ativ

idad

e tu

rístic

a, c

omo

estã

o el

enca

das a

segu

ir:

1.

Elab

orar

Pla

neja

men

to P

artic

ipat

ivo

para

a C

onso

lidaç

ão d

o Tu

rism

o no

RN

– d

e 20

07 a

201

7, a

ser

env

iado

pel

a G

over

nado

ra à

Ass

embl

éia

Legi

slat

iva

para

ser a

prec

iado

e v

otad

o, to

rnan

do-s

e o

Plan

o E

stad

ual d

o T

uris

mo.

Reg

istre

-se

que

esta

será

a p

rimei

ra v

ez q

ue u

m G

over

nant

e pl

anej

ou o

turis

mo

no lo

ngo

praz

o.

2.

Im

plan

tar o

PR

OD

ET

UR

III

, im

porta

ntís

sim

o pr

ogra

ma

de in

fra-

estru

tura

turís

tica,

nec

essá

rio p

ara

gara

ntir

o su

porta

r o

cres

cim

ento

do

turis

mo.

3.

Aum

enta

r si

gnifi

cativ

amen

te o

orç

amen

to d

a SE

TU

R, c

om b

ase

nas

nece

ssid

ades

futu

ras

de in

vest

imen

to n

a at

raçã

o de

no

vos t

uris

tas,

colo

cand

o na

SET

UR

recu

rsos

esp

ecífi

cos p

ara

açõe

s de

divu

lgaç

ão e

pro

paga

nda.

4.

Ree

stru

tura

r a

SET

UR

do

pont

o de

vis

ta o

rgan

izac

iona

l, fu

ncio

nal e

físi

co p

ara

que

a m

esm

a te

nha

cond

içõe

s de

exec

utar

as

açõ

es p

revi

stas

no

plan

ejam

ento

de

10 a

nos e

na

exec

ução

efic

ient

e do

orç

amen

to p

revi

sto.

196

Page 200: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

41

5.

Red

uzir

par

a 3%

o I

CM

S do

com

bust

ível

de

avia

ção

para

atra

ir m

ais

vôos

cha

rters

dire

tos

e vô

os re

gula

res

tant

o di

reto

s co

mo

esca

las n

a sa

ída

e na

ent

rada

no

país

. 3.

12 H

abita

ção

Com

o e

nten

dim

ento

de

que

a ha

bita

ção

deve

ser p

ensa

da c

omo

uma

conj

ugaç

ão d

e se

rviç

os d

e in

fra-

estru

tura

bás

ica

que

poss

a ga

rant

ir à

popu

laçã

o um

a m

elho

ria d

a qu

alid

ade

de v

ida

em to

dos

os s

eus

aspe

ctos

; as

prop

osta

s pa

ra o

seg

men

to d

e H

abita

ção

têm

co

mo

enfo

que

estra

tégi

co d

ar s

uste

ntab

ilida

de a

um

pro

gram

a de

con

stru

ção

de m

orad

ias

para

a p

opul

ação

de

baix

a re

nda

e ta

mbé

m

perm

itir a

cess

o da

pop

ulaç

ão e

m g

eral

ao

finan

ciam

ento

da

casa

pró

pria

.

ÕE

S PR

OPO

STA

S A

) Fo

rtale

cer o

Pro

gram

a de

err

adic

ação

da

casa

de

taip

a, n

o to

cant

e às

exi

gênc

ias d

e qu

alid

ade

das c

onst

ruçõ

es;

B)

Con

stru

ção/

Ref

orm

a de

40

mil

nova

s mor

adia

s pop

ular

es;

C)

Impl

anta

ção

de u

ma

polít

ica

habi

taci

onal

que

est

abel

eça

prio

ridad

es d

e in

terv

ençã

o em

todo

o E

stad

o;

D)

Reg

ulam

enta

ção

dos

inst

rum

ento

s de

inte

rven

ção

em á

reas

de

inte

ress

es s

ocia

is –

vila

s, fa

vela

s e

habi

taçõ

es ru

rais

- já

inst

ituíd

as

pela

legi

slaç

ão e

m v

igor

; E)

Inc

lusã

o da

Reg

ião

Met

ropo

litan

a na

s in

icia

tivas

impl

emen

tada

s no

seto

r hab

itaci

onal

com

o es

traté

gia

com

plem

enta

r, um

a ve

z qu

e o

proc

esso

de

conu

rbaç

ão c

om o

s mun

icíp

ios v

izin

hos r

efle

te a

satu

raçã

o do

esp

aço

físic

o de

Nat

al;

F) C

riaçã

o de

um

Fun

do h

abita

cion

al p

ara

finan

ciar

mor

adia

par

a a

popu

laçã

o de

bai

xa re

nda;

G

) O

rient

ar a

ocu

paçã

o or

dena

da e

rac

iona

l do

s es

paço

s ur

bano

s, de

mod

o a

pres

erva

r os

eco

ssis

tem

as n

atur

ais,

gara

ntin

do a

qu

alid

ade

de v

ida

dos c

idad

ãos e

das

ger

açõe

s fut

uras

.

197

Page 201: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

42

3.13

San

eam

ento

Bás

ico

O

Gov

erno

Vilm

a pr

eten

de d

ar u

m tr

atam

ento

mai

s es

peci

al, p

ara

as a

ções

pol

ítica

s qu

e tra

tam

das

que

stõe

s re

laci

onad

as a

o sa

neam

ento

bás

ico

e a

saúd

e pú

blic

a.

O e

stím

ulo

ao d

esen

volv

imen

to d

e so

luçõ

es in

tegr

adas

no

âmbi

to m

unic

ipal

e c

onso

rcia

das

(com

part

ilhad

as)

no â

mbi

to

regi

onal

ou

inte

rmun

icip

al é

impo

rtant

e pa

ra q

ue s

e co

nsig

a vi

abili

zar m

ais

área

s de

trat

amen

tos

e di

spos

ição

fina

l, qu

e re

sulte

m n

o in

cent

ivo

à pr

átic

a da

red

ução

, reu

tiliz

ação

, rec

icla

gem

e p

reci

clag

em, p

ropi

cian

do in

cent

ivos

fin

ance

iros

par

a os

mun

icíp

ios

que

equa

cion

arem

seu

s pr

oble

mas

de

gest

ão s

anitá

ria e

am

bien

tal

e pe

rdas

de

rece

itas

para

aqu

eles

mun

icíp

ios

que

não

man

tém

as

estru

tura

s ade

quad

as d

e sa

neam

ento

”.

O p

rogr

ama

de A

duto

ras,

exec

utad

o pe

lo G

over

no V

ilma

nos

últim

os a

nos

em p

arce

ria c

om o

gov

erno

fede

ral,

foi o

prin

cipa

l re

spon

sáve

l pel

a m

elho

ria d

esse

s ín

dice

s no

inte

rior d

o Es

tado

. Mes

mo

assi

m, e

xist

em a

inda

as

regi

ões

de M

ato

Gra

nde

e A

lto O

este

qu

e en

fren

tam

pro

blem

as d

e of

erta

e a

bast

ecim

ento

de

água

. O

san

eam

ento

am

bien

tal,

por

sua

vez,

dev

erá

ser

intri

nsec

amen

te c

onst

itutiv

o da

pol

ítica

de

dese

nvol

vim

ento

eco

nôm

ico

e so

cial

. Em

sen

tido

ampl

o, s

anea

men

to a

mbi

enta

l sig

nific

a ní

veis

cre

scen

tes

de s

alub

ridad

e am

bien

tal,

por

mei

o de

aba

stec

imen

to d

e ág

ua p

otáv

el,

sist

ema

de e

sgot

o, g

eren

ciam

ento

de

resí

duos

sól

idos

, líq

uido

s, ga

soso

s e

ener

gétic

os,

dren

agem

de

água

s pl

úvio

-flu

viai

s, co

ntro

le d

e ve

tore

s de

doen

ças t

rans

mis

síve

is e

de

educ

ação

sani

tária

e a

mbi

enta

l. O

Gov

erno

Vilm

a ad

otar

á um

a po

lític

a de

par

ceria

com

os m

unic

ípio

s, ta

nto

no sa

neam

ento

am

bien

tal q

uant

o na

adm

inis

traçã

o do

s rec

urso

s híd

ricos

.

ÕE

S PR

OPO

STA

S N

ossa

pro

post

a vi

sa, a

travé

s da

con

cess

ão o

nero

sa, a

tingi

r o

índi

ce d

e 70

% (

sete

nta

por

cent

o) d

as r

esid

ênci

as s

ituad

as n

as

sede

s dos

mun

icíp

ios,

até

deze

mbr

o de

201

0.

Vam

os c

oncl

uir e

m 2

007

a E

staç

ão d

e T

rata

men

to d

e N

atal

, vis

ando

des

polu

ir o

rio P

oten

gi.

No

toca

nte

aos

gran

des

cent

ros

urba

nos

- Nat

al e

Mos

soró

– a

pro

post

a vi

sa a

tingi

r a u

nive

rsal

izaç

ão d

o sa

neam

ento

bás

ico,

a

ser

real

izad

a em

par

ceria

com

os

mun

icíp

ios

e co

m a

ide

ntifi

caçã

o de

met

as a

nuai

s a

sere

m c

umpr

idas

ref

eren

tes

ao n

úmer

o de

do

mic

ílios

a se

rem

inte

rliga

dos c

om a

rede

.

198

Page 202: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

43

3.14

Mul

her

A d

espe

ito d

os a

vanç

os e

das

con

quis

tas

que

a m

ulhe

r vem

obt

endo

no

mun

do in

teiro

, a s

ua c

ondi

ção

fem

inin

a ai

nda

a le

va a

so

frer

mui

ta d

iscr

imin

ação

, pr

inci

palm

ente

no

que

conc

erne

à s

ua e

mpr

egab

ilida

de e

rem

uner

ação

. O

tra

balh

o da

mul

her,

salv

o ex

ceçõ

es, é

sub

-rem

uner

ado

em r

elaç

ão a

um

a m

esm

a oc

upaç

ão e

xerc

ida

por

um h

omem

. A m

ulhe

r en

fren

ta d

ificu

ldad

es d

e to

da a

m

anei

ra,

pois

em

ger

al,

o ex

ercí

cio

de a

tivid

ades

for

a de

cas

a nã

o a

exim

e de

exe

rcer

cum

ulat

ivam

ente

os

enca

rgos

dom

éstic

os

rela

cion

ados

ao

mar

ido

e ao

s filh

os.

Tudo

iss

o re

quer

das

pol

ítica

s pú

blic

as u

m o

lhar

esp

ecia

l so

bre

a co

ndiç

ão d

a m

ulhe

r e

sobr

e o

aten

dim

ento

às

suas

ne

cess

idad

es e

spec

ífica

s.

ÕE

S PR

OPO

STA

S

A)

O G

over

no V

ilma

vai c

riar o

Ban

co d

a M

ulhe

r, u

ma

orga

niza

ção

não

gove

rnam

enta

l sem

fins

lucr

ativ

os, c

uja

mis

são

é pr

omov

er

o de

senv

olvi

men

to h

uman

o e

finan

ceiro

da

mul

her

norte

-rio

gran

dens

e, s

obre

tudo

a d

e ba

ixa

rend

a, c

riand

o co

ndiç

ões

que

perm

itam

sua

inte

graç

ão n

a so

cied

ade

e de

senv

olvi

men

to d

a qu

alid

ade

da fa

míli

a, p

or m

eio

do tr

abal

ho e

da

auto

-sus

tent

ação

. O

Ban

co d

a M

ulhe

r, a

exe

mpl

o de

out

ros

prog

ram

as d

o G

over

no V

ilma,

vis

a fin

anci

ar,

esta

bele

cer

parc

eria

s, e

cria

r m

ecan

ism

os p

ara

o de

senv

olvi

men

to p

rofis

sion

al d

e m

icro

empr

eend

edor

as, f

orm

ais o

u in

form

ais;

B

) V

amos

des

envo

lver

pro

gram

as d

e es

tímul

o à

empr

egab

ilida

de e

à re

mun

eraç

ão d

igna

da

mul

her;

C

) Pr

omov

er p

rogr

amas

de

educ

ação

sani

tária

, sex

ual,

plan

ejam

ento

fam

iliar

e d

e di

vulg

ação

dos

dire

itos d

a m

ulhe

r;

D)

Prom

over

e a

mpl

iar p

rogr

amas

de

aten

dim

ento

pré

e p

ós-n

atal

à m

ulhe

r;

E) R

ealiz

ar p

rogr

amas

de

com

bate

à v

iolê

ncia

e a

o ab

uso

sexu

al in

fligi

dos à

mul

her;

F)

Inc

rem

enta

r os s

ervi

ços d

e cr

eche

e to

rná-

los m

ais a

cess

ívei

s às m

ães t

raba

lhad

oras

;

199

Page 203: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

44

3.15

Pes

soas

com

nec

essi

dade

s esp

ecia

is

A s

ocie

dade

mod

erna

est

á de

sper

tand

o pa

ra a

nec

essi

dade

de

asse

gura

r ci

dada

nia

a to

dos,

incl

usiv

e ao

s po

rtado

res

de

nece

ssid

ades

esp

ecia

is. J

á ex

iste

um

a ce

rta re

serv

a de

vag

as e

m c

oncu

rsos

púb

licos

, ass

egur

ada

pela

lei,

para

que

ess

e se

gmen

to p

ossa

di

sput

ar u

ma

ocup

ação

rem

uner

ada.

N

as e

scol

as b

usca

-se

a im

plem

enta

ção

efet

iva

de u

ma

"edu

caçã

o in

clus

iva"

, opo

rtuni

zand

o a

inte

graç

ão d

os p

orta

dore

s de

ne

cess

idad

es e

duca

tivas

esp

ecia

is,

pref

eren

tem

ente

no

sist

ema

regu

lar

de e

nsin

o e

não

mai

s em

cla

sses

esp

ecia

is s

egre

gada

s. O

s pr

ojet

os a

rqui

tetô

nico

s das

esc

olas

e d

as e

mpr

esas

, pel

a le

i, sã

o ob

rigad

os a

elim

inar

toda

s as

bar

reir

as fí

sica

s e

faci

litar

o a

cess

o de

de

ficie

ntes

físi

cos,

bem

com

o pr

omov

er a

ade

quaç

ão d

as in

stal

açõe

s sa

nitá

rias,

dos

esta

cion

amen

tos

e de

out

ros

itens

nec

essá

rios

ao

aten

dim

ento

de

espe

cific

idad

es d

esse

segm

ento

soci

al.

Ao

lado

da

rem

oção

das

bar

reira

s fís

icas

, é n

eces

sário

todo

um

trab

alho

de

sens

ibili

zaçã

o e

de c

onsc

ient

izaç

ão -

de re

educ

ação

da

soc

ieda

de -

par

a qu

e ta

mbé

m s

ejam

rem

ovid

as a

s ba

rrei

ras

sóci

o-cu

ltura

is,

alta

men

te d

iscr

imin

atór

ias,

de m

anei

ra q

ue o

s po

rtado

res d

e de

ficiê

ncia

s em

ger

al se

jam

real

men

te re

spei

tado

s en

quan

to c

idad

ãos e

sere

s hum

anos

e p

ossa

m ta

mbé

m e

xerc

er o

s se

us

dire

itos e

dev

eres

com

eqü

idad

e.

ÕE

S PR

OPO

STA

S

A)

O G

over

no V

ilma

vai p

rom

over

cam

panh

as d

e es

clar

ecim

ento

e d

e co

nsci

entiz

ação

da

soci

edad

e ac

erca

do

resp

eito

aos

dire

itos

fund

amen

tais

dos

por

tado

res

de n

eces

sida

des

espe

ciai

s em

rel

ação

à "

educ

ação

inc

lusi

va",

à re

moç

ão d

e ba

rrei

ras

físic

as e

de

barr

eira

s soc

iais

dis

crim

inat

ória

s, às

opo

rtuni

dade

s de

empr

ego,

cul

tura

, laz

er e

des

porto

; B

) A

mpl

iar

as o

port

unid

ades

de

empr

egab

ilida

de e

de

empr

eend

edor

ism

o pa

ra e

sse

segm

ento

soci

al.;

C

) In

cent

ivar

, apo

iar e

pro

mov

er p

arce

rias

com

as i

nstit

uiçõ

es q

ue a

tuam

junt

o a

esse

segm

ento

.

200

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Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

45

3.16

Ter

ceir

a Id

ade

A p

opul

ação

de

terc

eira

idad

e no

Rio

Gra

nde

do N

orte

, ent

re 6

0 an

os e

mai

s de

70 a

nos j

á ul

trapa

ssou

200

mil

indi

vídu

os, e

ntre

ho

men

s e

mul

here

s, o

que

corr

espo

nde

a m

ais

de 8

(oi

to)

por

cent

o do

s ha

bita

ntes

de

todo

o E

stad

o. N

a ci

dade

do

Nat

al,

essa

po

pula

ção

é es

timad

a em

50

mil

indi

vídu

os,

o qu

e co

rres

pond

e a

6 (s

eis)

por

cen

to e

m r

elaç

ão à

pop

ulaç

ão t

otal

do

mun

icíp

io,

estim

ada

em c

erca

de

800

mil

habi

tant

es. (

VA

LÉR

Y, 1

994)

. Es

tudo

s dem

ográ

ficos

apo

ntam

um

"ag

risal

ham

ento

" da

pop

ulaç

ão, e

m v

irtud

e da

s te

ndên

cias

de

qued

a da

s tax

as d

e na

talid

ade

e de

mor

talid

ade

infa

ntil

e de

aum

ento

das

exp

ecta

tivas

de

vida

. Em

201

5, in

dica

dore

s apo

ntam

, par

a o

Rio

Gra

nde

do N

orte

, um

índi

ce d

e en

velh

ecim

ento

de

23, o

u se

ja, s

erão

23

pess

oas c

om

mai

s de

65 a

nos p

ara

cada

100

jove

ns.

Por i

sso

mes

mo,

est

e Pl

ano

de G

over

no já

apo

nta

que

o R

io G

rand

e do

Nor

te, e

m v

ez d

e "j

ovem

/adu

lto",

será

"ad

ulto

/gris

alho

" e

sofr

erá

mai

or p

ress

ão p

ela

ofer

ta d

e cu

idad

os e

spec

iais

com

a p

opul

ação

idos

a cr

esce

nte.

Po

rtant

o, to

rna-

se n

eces

sário

o d

esen

volv

imen

to d

e po

lític

as p

úblic

as q

ue le

vem

em

con

ta e

ssas

tend

ênci

as, p

ois

as m

elho

res

cond

içõe

s de

vida

do

futu

ro id

oso

prec

isam

com

eçar

a se

r pre

para

das d

esde

hoj

e.

É ne

cess

ária

um

a no

va v

isão

ace

rca

do p

apel

do

idos

o na

soc

ieda

de e

do

que

a el

e é

devi

do p

or p

arte

da

soci

edad

e, n

uma

rela

ção

de m

útuo

reco

nhec

imen

to e

resp

eita

bilid

ade.

A

soc

ieda

de p

reci

sa s

er r

eedu

cada

par

a re

spei

tar

a sa

bedo

ria e

a e

xper

iênc

ia d

e vi

da a

cum

ulad

as a

o lo

ngo

da e

xist

ênci

a. E

la

prec

isa

cria

r os

esp

aços

nec

essá

rios

a u

ma

velh

ice

inte

grad

a e

partí

cipe

em

con

diçõ

es d

e la

zer,

de o

portu

nida

des

cultu

rais

, de

pr

osse

guim

ento

de

estu

dos,

de a

ssis

tênc

ia à

saúd

e m

ais f

rági

l e e

vita

r as d

iscr

imin

açõe

s que

ela

impõ

e a

esse

segm

ento

etá

rio.

ÕE

S PR

OPO

STA

S

A)

Vam

os p

rom

over

pro

gram

as d

e re

educ

ação

da

soci

edad

e em

rela

ção

ao re

spei

to à

s es

peci

ficid

ades

des

se s

egm

ento

soc

ial n

o qu

e co

ncer

ne a

os se

us d

irei

tos d

e as

sist

ênci

a m

édic

a es

peci

al, a

tivid

ades

de

cultu

ra, l

azer

e e

spor

tes;

B

) Pr

omov

er p

rogr

amas

de

ince

ntiv

o à

empr

egab

ilida

de e

à c

apac

idad

e em

pree

nded

ora

dess

e se

gmen

to,

cons

ider

ando

-se

a su

a ex

periê

ncia

de

vida

acu

mul

ada

ao lo

ngo

dos a

nos;

C

) A

poia

r e e

xpan

dir o

s pro

gram

as d

e as

sist

ênci

a já

exi

sten

tes e

atu

ar e

m p

arce

ria

com

as i

nstit

uiçõ

es q

ue a

tuam

nes

sa á

rea;

D

) Pr

omov

er o

portu

nida

des

que

asse

gure

m a

con

tinui

dade

de

estu

dos

e a

atua

lizaç

ão d

e co

nhec

imen

tos

a es

se s

egm

ento

soc

ial,

cria

ndo

a U

nive

rsid

ade

da T

erce

ira

Idad

e;

201

Page 205: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · 2019. 5. 26. · In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate

Org

aniz

ação

: Pro

fess

or R

inal

do B

arro

s

46

3.17

Infâ

ncia

e J

uven

tude

O

Gov

erno

Vilm

a de

senv

olve

um

pla

no m

assi

vo d

e es

cola

rizaç

ão e

cria

ção

de e

mpr

egos

par

a os

jove

ns. U

m d

os p

rinci

pais

in

stru

men

tos é

o P

rogr

ama

Prim

eira

Cha

nce.

A

lém

dis

so, o

Gov

erno

Vilm

a cr

iou

a Su

b-se

cret

aria

da

Juve

ntud

e, r

espo

nsáv

el p

elo

dese

nvol

vim

ento

de

açõe

s em

áre

as

fund

amen

tais

: cid

adan

ia, d

ireito

s hum

anos

, saú

de, e

duca

ção,

esp

orte

e c

ultu

ra.

ÕE

S PR

OPO

STA

S A

) V

amos

am

plia

r o P

rogr

ama

Prim

eira

Cha

nce,

par

a at

ende

r a 1

5 m

il jo

vens

, em

seu

prim

eiro

em

preg

o.

B)

Prom

over

pro

gram

as e

fetiv

os d

e or

ient

ação

voc

acio

nal e

com

o ta

mbé

m in

crem

enta

r as

opo

rtuni

dade

s de

for

maç

ão p

rofis

sion

al

aos a

dole

scen

tes,

em c

onso

nânc

ia c

om a

s exi

gênc

ias d

o m

undo

atu

al;

C)

Incr

emen

tar

as c

ampa

nhas

de

retir

ada

de c

rianç

as e

de

adol

esce

ntes

das

rua

s, en

cam

inha

ndo-

os à

s es

cola

s ou

a i

nstit

uiçõ

es

adeq

uada

s;

D)

Forta

lece

r a in

fra-

estru

tura

dos

Con

selh

os T

utel

ares

; E)

Pro

mov

er c

ampa

nhas

efe

tivas

de

com

bate

ao

trab

alho

pre

coce

infa

nto-

juve

nil,

incl

uind

o-se

a s

ensi

biliz

ação

e e

scla

reci

men

to à

s fa

míli

as e

à so

cied

ade

em g

eral

; F)

Pro

mov

er p

rogr

amas

de

apoi

o à

saúd

e da

cria

nça

e do

ado

lesc

ente

; G

) A

rticu

lar e

pro

por e

par

ceria

com

as i

nstit

uiçõ

es q

ue a

tuam

junt

o a

esse

segm

ento

soci

al, a

poia

ndo,

incr

emen

tand

o e

expa

ndin

do o

s pr

ogra

mas

de

aten

dim

ento

já e

xist

ente

s;

H)

Impl

emen

tar p

rogr

amas

de

capa

cita

ção

do p

olic

ial e

m re

laçã

o ao

trat

amen

to d

igno

que

dev

e re

cebe

r o a

dole

scen

te in

frat

or;

I)

Red

imen

sion

ar e

am

plia

r os p

rogr

amas

de

reed

ucaç

ão e

reab

ilita

ção

do a

dole

scen

te in

frat

or;

202