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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
JEANE DE FREITAS AZEVEDO
Os Programas de governo no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral: um estudo das eleições governamentais no Rio Grande do Norte em 2006
Natal/RN 2010
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JEANE DE FREITAS AZEVEDO
Os Programas de governo no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral: um estudo das eleições governamentais no Rio Grande do Norte em 2006
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. como quesito para a obtenção do Título de Mestre. Área de concentração: Política, Desenvolvimento e Sociedade Orientador: Prof. Doutor João Emanuel Evangelista
Natal/RN 2010
Catalogação da Publicação
Bibliotecário: Raimundo Muniz de Oliveira / CRB15 - 490
A994p Azevedo, Jeane de Freitas. Os programas de governo no Horário Gratuito de
Propaganda Eleitoral: um estudo das eleições governamentais no Rio Grande do Norte em 2006 / Jeane de Freitas Azevedo. - Natal, 2010.
202f. : il. Orientador: João Emanuel Evangelista
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).
1. Eleições - Dissertação 2. Propaganda Eleitoral –– Rio
Grande do Norte - Dissertação 3. Programas de governo – Rio Grande do Norte – Dissertação. II. Evangelista, João Emanuel. III. Título.
UFRN/BC CDU: 324(813.2)
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JEANE DE FREITAS AZEVEDO Os Programas de governo no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral: um estudo das eleições governamentais no Rio Grande do Norte em 2006
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. como quesito para a obtenção do Título de Mestre. Área de concentração: Política, Desenvolvimento e Sociedade Orientador: Prof. Doutor João Emanuel Evangelista
Aprovado em: _____/_____/_____
BANCA EXAMINADORA
Dr. João Emanuel Evangelista
Orientador - UFRN
Dr. Hermano Machado Ferreira Lima Examinador Externo - UECE
Dr. José Antônio Sinelli Lindoso Examinador - UFRN
Dr. Homero de Oliveira Costa Examinador - UFRN
Dr. João Bosco Araújo da Costa Suplente -UFRN
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Agradecimentos
Um trabalho acadêmico não é algo fácil de realizar. Muitos são os
desafios que enfrentamos durante todo o percurso trilhado. Embora difícil,
esse caminho vai, aos poucos, revelando verdadeiras preciosidades que
estão ao nosso lado, e é pela existência das mesmas que precisamos
percorrê-lo.
Agradeço, especialmente, ao professor João Emanuel Evangelista,
orientador responsável por transformações significativas na minha formação
profissional e pessoal. Pelas orientações, pela confiança e pela amizade.
À minha mãe, Valdete, pelo amor incondicional e pela proteção
excessiva.
Aos meus irmãos, em especial à Cristina, pela preocupação, cuidado e
confiança e ao meu irmão César, pela sua presença nos momentos mais
difíceis.
Ao Professor Spinelli, cujos conhecimentos e orientações foram
imprescindíveis na construção desse trabalho.
Ao Professor Homero, pelas valiosas contribuições na banca de
qualificação e pelo otimismo de sempre.
À Josângela (queridíssima Jojô), amiga de todas as horas, militante
competente que não deixa a esperança da transformação minguar. Jojô
apareceu nesse trabalho quase como minha outra metade, se propondo a
resolver o que estivesse ao seu alcance para que eu tivesse os materiais
necessários para minha análise. Sem ela, a realização desse trabalho teria
trilhado um caminho bem mais difícil.
A Paulo Marcelo, pelo apoio e companheirismo.
À querida Luana (Lu), pela sua sensibilidade artística e sua disposição
em ajudar em tudo que for possível.
Ao querido amigo Anaxsuell Fernando, pelas trocas de conhecimento,
pelo compartilhamento das angústias e das conquistas.
À querida amiga Thalita, pelo seu bom-humor e companheirismo.
A Otânio, pela paciência e competência profissional
A Geraldo, “querido Gerard” (in memorian), por ter sido meu admirador
incondicional. A todos vocês, muito obrigada!
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A Ismael, filho querido e maior motivação para as minhas conquistas.
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RESUMO
No Brasil, o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) representa um dos principais espaços para a realização da disputa entre os partidos políticos, revelando-se um instrumento que dinamiza a disputa eleitoral e possibilita a todos os setores e classes sociais informações importantes sobre os candidatos em disputa. No HGPE, os grupos políticos têm a possibilidade de apresentarem seus programas de governo e debaterem assuntos que dizem respeito às demandas da população. Esta pesquisa buscou analisar o papel desempenhado pelos chamados “programas de governo” na disputa eleitoral para o governo do Rio Grande do Norte em 2006, que teve como principais candidatos, dois personagens tradicionais do cenário político potiguar: Vilma de Faria (PSB) e Garibaldi Alves Filho (PMDB). De acordo com nossa análise, a discussão dos programas de governo desses candidatos no HGPE teve não a intenção de esclarecer o eleitor sobre os projetos políticos pensados, nem apenas o desejo de construir uma imagem de seriedade e competência dos candidatos, mas apareceu como um meio para responder à agenda imposta pelo adversário e como um recurso estratégico para selecionar um segmento específico do eleitorado.
Palavras-chave: Programas de Governo; Horário Gratuito de Propaganda
Eleitoral (HGPE); marketing eleitoral.
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ABSTRACT In Brazil, the Free Political advertising time (HGPE) represents one of the main venues for the contest between political parties, revealing a tool that streamlines the electoral dispute and enables all sectors and social classes of important information about dispute over candidates. In HGPE, political groups have the opportunity to present their programs of government and discuss issues that relate to the demands of the population. This research sought to examine the role played by so-called "government programs" in the electoral race for governor of Rio Grande do Norte in 2006, which had as main candidates, two traditional characters of the political landscape in Natal: Wilma de Faria (PSB) and Garibaldi Alves Filho (PMDB). According to our analysis, discussion of government programs such candidates in HGPE had not meant to enlighten the voters about the political projects designed, not just the desire to build an image of seriousness and competence of candidates, but appeared as a means to meet the schedule imposed by the opponent and as a strategic resource to select a specific segment of the electorate.
Keywords: Government Programs, Free Time Propaganda Electoral, electoral
marketing.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Gráfico1- Apelos de Vilma no I Turno ......................................................... 89
Figura 2: Gráfico 2 - Apelos de Vilma no II Turno .................................................... 90
Figura 3: Gráfico 3 - Políticas Passadas de Vilma no I Turno .................................... 91
Figura 4: Gráfico 4 - Políticas Passadas de Vilma no II Turno ................................... 92
Figura 5: Gráfico 05 - Políticas Passadas de Vilma no II Turno ................................. 93
Figura 6: Gráfico 6 - Políticas Passadas de Vilma no I Turno .................................... 94
Figura 7: Gráfico 07- Políticas Futuras de Vilma no I Turno ...................................... 95
Figura 8: Gráfico 08 - Comparação das Políticas Futuras de Vilma no I e II ............. 96
Figura 9: Gráfico 9 –Apelos de Garibaldi no I Turno ............................................... 115
Figura 10: Gráfico 10 – Evolução dos Apelos de Garibaldi no I Turno .................... 116
Figura 11: Gráfico 11 - Apelos de Garibaldi no II Turno ........................................... 117
Figura 12: Gráfico 12 - Comparação dos Apelos de Garibaldi – Turnos I e II.......... 118
Figura 13: Gráfico 13 - Políticas Passadas de Garibaldi no I Turno ........................ 118
Figura 14: Gráfico 14 - Políticas Passadas de Garibaldi no II Turno ....................... 119
Figura 15: Gráfico 15 - Políticas Futuras de Garibaldi no I Turno ............................ 120
Figura 16: Gráfico 16 - Políticas Futuras de Garibaldi no II Turno ........................... 121
Figura 17: Gráfico 17 - Comparação das Políticas Futuras de Garibaldi no II Turno
................................................................................................................................. 122
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LISTA DE TABELAS:
TABELA 1 - Resultado Eleitoral - I Turno.................................................. 80 TABELA 1 - Resultado Eleitoral - II Turno................................................. 80 Quadro 1 a - Classificação das Políticas Futuras e Políticas passadas.... 86 Quadro 1 b - Classificação das Políticas Futuras e Políticas passadas.... 87
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………. 10
2. CAPÍTULO I - PROGRAMA DE GOVERNO E A DISPUTA PELO PODER NAS DEMOCRACIAS CONTEMPORÂNEAS.............................
15
2.1 OS PROGRAMAS DE GOVERNO E O PROCESSO ELEITORAL................................. 16
2.1.1 Programa de governo enquanto uma ferramenta administrativa................................. 17
2.1.2 Os programas de governo e a disputa pelo poder........................................................ 24
2.2 A APRESENTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE GOVERNO E OS DESAFIOS DA POLÍTICA NA CONTEMPORANEIDADE.......................................................................
34
2.2.1 A crise da representação política ......................................................................................... 35
2.2.2 O processo de midiatização da política........................................................................ 43
2.2.3 Marketing e política................................................................................................................. 53
2.2.4 As campanhas eleitorais brasileiras e o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral.........................................................................................................................
56
3. CAPÍTULO II - OS PROGRAMAS DE GOVERNO NAS ELEIÇÕES NO RIO GRANDE DO NORTE.........................................................................
65
3.1 A CONJUNTURA POLÍTICA DAS ELEIÇÕES 2006 NO RIO GRANDE DO NORTE.... 66
3.1.1 Notas sobre a política no RN e os candidatos ao governo do estado em 2006........... 66
3.1.2 A conjuntura Política nas eleições 2006....................................................................... 73
3.2 AS ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS NO HGPE: LOCALIZANDO A DISCUSSÃO DOS PROGRAMAS DE GOVERNO.......................................................................................
80
3.2.1 A metodologia de pesquisa……..……………………………………………..................... 81
3.2.2 O HGPE e o programa de governo da Vitória do Povo................................................ 87
3.2.2.1 As estratégias discursivas no HGPE: um panorama geral........................................ 87
3.2.2.2 A discussão dos projetos: o resgate do passado-presente para a apresentação do futuro..........................................................................................................................
91
3.2.2.3 O Programa de Governo Documentado de Vilma..................................................... 100
3.2.3 O HGPE e o Programa De Governo da Vontade Popular............................................ 112
3.2.3.1 As estratégias discursivas no HGPE: um panorama geral........................................ 112
3.2.3.2 A discussão dos projetos: o resgate do passado e a apresentação do futuro sob bases “técnicas".........................................................................................................
118
3.2.3.3 O Programa de Governo Documentado de Garibaldi Alves Filho.............................. 127
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………………………………... 139
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 145
ANEXOS……………………………………………………………………………. 149
10
1. INTRODUÇÃO
Os processos eleitorais são uma disputa de posições entre as
diversas forças políticas num determinado momento e caracterizam-se pela
utilização de fortes ações estratégicas, que visam o apoio e a adesão da
população aos partidos/coligações na tentativa de conquistar e exercer o
poder político. Nas sociedades contemporâneas, no contexto de grande
eleitorado e vasto contingente demográfico, o uso da mídia, em especial a
mídia televisiva, apresenta-se como um dos mais fortes elementos na
definição dessas estratégias, sendo considerada hoje um meio indispensável
para os atores políticos na disputa pela hegemonia.
Nos processos eleitorais brasileiros, a importância da mídia televisiva
apresenta-se principalmente nos debates promovidos pelas emissoras
comerciais de televisão e no período de veiculação do Horário Gratuito de
Propaganda Eleitoral (HGPE). Durante as campanhas eleitorais, sobretudo
para os cargos majoritários1, o HGPE representa um dos principais espaços
para a realização da disputa entre os partidos políticos, em que os próprios
candidatos, suas assessorias e equipes de marketing são responsáveis pela
produção das mensagens políticas que julgam mais adequadas para
apresentarem aos cidadãos.
Algumas pesquisas2 revelam que esse momento da disputa eleitoral -
concedido pela Justiça Eleitoral aos partidos e coligações durante o período
eleitoral - representa uma das principais fontes de informação utilizadas pelos
eleitores no processo de decisão do voto. Isso se deve, em parte, ao fato de
que a televisão representa o principal meio de comunicação em nosso país,
especialmente a partir de meados da década de 1960. Devido ao amplo
poder de alcance da televisão e ao seu potencial comunicativo, o HGPE
ganhou grande importância nas campanhas eleitorais, levando a todos os
setores e classes sociais informações importantes sobre os candidatos em
1 Isso ocorre, em especial, nas eleições para Presidente da Rebública, para a eleição de governadores e senadores e para as eleições de prefeito de capitais e grande e médios centros urbanos que possuem canais de televisão. Nas pequenas cidades, predominam as formas tradicionais de mobilização e propaganda política e eleitoral, o que se soma ao uso do rádio. 2 Cf. Lourenço , 2001
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disputa, possibilitando aos grupos políticos a apresentação das suas
plataformas de governo e o debate de assuntos que dizem respeito às
demandas da população.
Ocorre, no entanto, que os programas veiculados no HGPE acabam
adotando diferentes formas de persuasão eleitoral, fazendo uso de outros
discursos, deixando a apresentação dos projetos como um componente a
mais no processo de disputa pelo voto.
Os resultados que obtivemos em um trabalho anterior (Cf. PAIVA,
2007), mostraram que o primeiro turno das eleições 2006 no Rio Grande do
Norte no HGPE foi marcado pela intensa divulgação de realizações de obras
entre os principais candidatos inscritos no pleito, em detrimento da
apresentação de propostas políticas para a gestão 2007-2010.
Essas observações trouxeram à tona a questão da apresentação dos
programas de governo na campanha eleitoral: se os grupos em disputa
elaboraram planos político-administrativos para a gestão pretendida, ou
propostas e compromissos que irão norteá-los na campanha, de que forma
estes foram apresentados durante o HGPE?
Estudos sobre o tratamento dos chamados programas de governo no
âmbito das campanhas eleitorais televisivas ainda são incipientes no debate
acadêmico. Temos como referência de trabalho sobre esse tema apenas a
pesquisa realizada por Eduardo Meditsch, (2006), na qual o autor busca
confrontar o programa de governo de Lula nas eleições 2002 com suas
propostas apresentadas na propaganda política veiculada pelo rádio e
televisão, bem como por alguns programas jornalísticos veiculados no mesmo
período. Nesse trabalho, o autor busca refutar a hipótese de que a mediação
jornalística origina o empobrecimento da política, analisando as propostas e
intenções contidas no programa de governo elaborado pela coligação Lula
Presidente. Nesse caso, o programa de governo analisado refere-se a um
caderno elaborado por essa coligação, o qual continha ideias para serem
implementadas no Brasil em caso de eleição do candidato e que foi, de
acordo com o autor, distribuído, via internet e de forma impressa, para os
setores de elite do país. Nesse programa de governo (caderno composto por
72 páginas) são tratados temas referentes à política, à economia, às cidades
e ao bem-estar social, apontando as deficiências do governo então vigente e
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apresentando propostas para solucioná-los. Nessa pesquisa, o autor
considera que houve um quadro de desinformação política, devido ao fato de
muitos projetos importantes, como o caso da reforma da previdência, não
terem sido discutidos no HGPE nem em outros canais de comunicação.
Embora tenhamos objetivos diferentes do trabalho de Meditsch, as
nossas preocupações se aproximam, na medida em que buscamos
questionar o papel desempenhado pelos programas de governo nas
campanhas eleitorais. No que se refere às disputas locais, como o caso das
campanhas para governador dos estados da federação brasileira, os
programas de governo representam, de fato, um plano de ação para o
governo pretendido, o que permitiria ao eleitor fazer comparações entre as
candidaturas em disputa, ou, ao contrário, são apenas propostas superficiais
elaboradas para uma campanha eleitoral cujo papel é apenas o de cumprir
uma exigência do jogo político?
Neste trabalho, nosso intuito não é nos debruçar sobre o cumprimento
dos programas de governo para analisar se estes são ou não executados
durante o período de gestão governamental que sucede uma eleição. Este
seria um trabalho que exigiria um enfoque diferente do que estamos
propondo. Aqui, o que nos interessa é saber de que forma os programas de
governo desses candidatos em disputa foram apresentados durante a
propaganda eleitoral televisiva, analisando o conteúdo e a natureza dos
mesmos.
Para isso, os programas eleitorais veiculados pela televisão durante a
campanha eleitoral do Rio Grande do Norte em 2006 no HGPE são
investigados a partir de uma análise de conteúdo, enfocando o tratamento das
propostas de governo dos dois principais candidatos ao cargo de governador
nessa eleição, Vilma de Farias (coligação Vitória do Povo, formada pelo PSB,
PT, PTB, PL, PHS, PMN, PCdoB e PTdoB) e Garibaldi Alves Filho (coligação
Vontade Popular, formada pelo PMDB, PFL, PP e PTN).
A hipótese que norteia nosso estudo parte do princípio segundo o
qual por haver, atualmente, uma desconfiança generalizada nas instituições
públicas e uma sociedade caracterizada por uma “democracia do público”
(MANIN, 1995), cuja escolha de seus representantes está vinculada à pessoa
do candidato, os programas de governo não são considerados os
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instrumentos mais importantes para a escolha eleitoral, o que faz com que
estes não sejam privilegiados pelas equipes de campanha, ampliando os
espaços para estratégias persuasivas usuais do marketing eleitoral que
ressaltam as características pessoais dos candidatos. Nessa perspectiva,
acreditamos que não houve uma preocupação com a discussão dos
programas (ou plataformas) de governo devido ao fato destes, apesar de
necessários em uma campanha política, serem considerados como menos
importantes porque não são a melhor estratégia de convencimento dos
eleitores.
Esse quadro atual da política, em especial no contexto brasileiro, na
perspectiva que assumimos aqui, adquire um caráter eminentemente elitista,
o que revela o afastamento da população da participação e das decisões
políticas. Esse afastamento incluiria, entre outras questões, a própria forma
de escolha eleitoral, que se limita em decidir sobre que grupo da elite política3
do país deveria governar e não que políticas apresentadas são as mais
coerentes com as demandas da população.
Nessa perspectiva, nosso objetivo é analisar a relação existente entre
as discussões em torno das plataformas de governo propostas pelas alianças
em disputa com o próprio modo como a política representativa ocorre no
contexto das eleições em questão. .
Para tanto, estruturaremos este estudo em dois capítulos, com vistas
a entender tal relação. O primeiro capítulo, que é uma revisão de literatura,
discute elementos para entender o que é um programa de governo e quais os
desafios enfrentados para a sua apresentação no HGPE.
No primeiro momento, a ausência de um conceito de programa (ou
plataforma) de governo na literatura nos leva a tentar encontrar elementos
que permitam entender sociologicamente a construção das propostas de
governo no período eleitoral. Assim, buscamos compreender, primeiramente,
3 Não temos a intenção de adentrar na ampla discussão sobre o conceito de elite política, contudo, torna-se necessário esclarecer o sentido do termo aqui utilizado. Diferente do sentido adotado pela teoria clássica das elites (formulada no início do século XX por autores como Vilfredo Pareto, Gaetano Mosca e Robert Mitchels), que defende a impossibilidade da efetivação de um regime democrático e, por isso, entende como necessária a existência das elites para qualquer transformação social, o sentido do termo aqui utilizado aproxima-se mais daquele utilizado por Wright Mills. Para este autor, esse termo refere-se a grupos cujas visões de mundo são unificadas e seus interesses compartilhados. Para uma melhor discussão sobre o assunto, ver Miguel (2003).
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o sentido técnico do termo e, em seguida, tentamos localizá-lo no contexto
mais geral do debate sobre o exercício do poder e o controle do Estado na
sociedade capitalista, tendo como eixo teórico central, as análises de Gramsci
sobre a disputa pela hegemonia nas sociedades “ocidentalizadas”, e a
reflexão de Nicos Poulantzas sobre o caráter do Estado, a partir do conceito
de Bloco no Poder.
No segundo momento, discutimos os desafios impostos à construção
e à apresentação de um programa de governo, levando em conta dois
aspectos da política na atualidade: a crise de representação dos partidos
políticos, que é analisada a partir das abordagens de Bernard Manin e de
Peter Mair, e o processo de midiatização e profissionalização da política, em
que buscamos as reflexões de importantes autores que trataram do assunto,
como Antônio Rubim, Luís Felipe Miguel, Afonso de Albuquerque, Jorge
Almeida, dentre outros.
O segundo capítulo trata do ambiente político estudado, com a
intenção de encontrar elementos que sirvam para testar nossa hipótese.
Assim, além de caracterizar a política norte-rio-grandense e o pleito eleitoral
2006, buscamos comparar, qualitativamente, as propostas veiculadas no
HGPE com os programas de governo “no papel”, que foram elaborados pelas
equipes de campanha dos candidatos em disputa. Para realizarmos essa
verificação, buscamos, de um lado, localizar no HGPE os discursos voltados
para a apresentação de propostas de melhoria para o Estado, por meios de
uma análise de conteúdo dos programas televisivos, e de outro, verificar
como algumas dessas propostas foram tratadas nos documentos eleitorais
dos dois candidatos.
Em síntese, essa é a proposta do nosso trabalho, que visa contribuir
para os estudos que analisam as campanhas eleitorais no Rio Grande do
Norte, bem como para aqueles que se voltam para a compreensão dos
processos eleitorais nas sociedades ambientadas pela mídia.
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2 . Capítulo I
Programa de Governo e a disputa
pelo poder nas democracias contemporâneas
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2.1. OS PROGRAMAS DE GOVERNO E O PROCESSO ELEITORAL As democracias liberais contemporâneas, com a representação
política como forma de mediar a relação entre governantes e governados,
trazem consigo um conjunto de instituições que permitem a sua sustentação.
As eleições, sem dúvida, representam uma instituição essencial nesse tipo de
democracia, permitindo aos governados escolherem aqueles que irão assumir
cargos governativos durante um período específico. Para Lima Júnior (1993,
p. 13), com “as eleições, sob as mais variadas formas, os corpos legislativos,
o Executivo e os partidos políticos passaram a ser instituições centrais da
democracia moderna”.
Para Manin, Przeworski e Stokes (1999), a idéia de representação
está ligada à idéia de democracia pelo argumento de que “na democracia os
governos são representativos porque são eleitos”. Isso porque “se as eleições
são concorridas livremente, se a participação é ampla, e se os cidadãos
desfrutam das liberdades políticas, então os governos agirão em favor do
interesse da população” (Idem). Para esses autores, essa afirmação pode ser
encarada a partir de dois pontos de vista: do ponto de vista do mandato e do
ponto de vista da accountability (da prestação de contas).
Do ponto de vista do mandato, as eleições são consideradas como
um momento de selecionar boas políticas (políticas públicas) ou políticos que
defendem determinadas políticas. Nessa perspectiva, os candidatos fazem
propostas políticas durante a campanha e os eleitores escolhem aquelas que
querem que sejam implementadas e os políticos responsáveis por elas.
Assim, “as eleições se assemelham a uma assembléia direta e a plataforma
vencedora se torna o ‘mandato’ que os governos perseguem” (MANIN,
PRZEWORSKY e STOKES, 1999).
Do ponto de vista da accountability, as eleições servem para julgar,
por assim dizer, as ações passadas do governo. Elas têm, dessa forma, um
caráter de sanção dos governantes pelos cidadãos. Nessa perspectiva, os
governantes, antecipando esse julgamento, escolhem políticas que acreditam
que serão bem avaliadas pelos eleitores nas eleições seguintes.
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Para esses autores, esses dois pontos de vista são problemáticos,
pois desconsideram que “os políticos têm objetivos, interesses e valores
próprios, e eles sabem coisas e tomam decisões que os cidadãos não
conseguem observar ou só podem monitorar com certo custo” (Idem).
Dentre as considerações que os autores fazem sobre essas duas
perspectivas da eleição, importante ressaltar aquela que chama atenção para
o fato de que os eleitores não sabem tudo o que precisariam saber para
decidirem seu voto, tanto prospectivamente (baseados nas propostas
apresentadas pelos candidatos) quanto retrospectivamente (que leva em
conta o conjunto de ações realizadas durante a administração anterior do
governante).
A apresentação dos programas de governo aos eleitores pelos
candidatos se insere nesse quesito da escolha eleitoral, na medida em que
essa apresentação, enquanto mecanismo de disputa no jogo eleitoral, leva
em conta a importância do voto prospectivo.
Essa visão, contudo, não deve desconsiderar outros aspectos do
processo eleitoral, que nos fazem ir além da interpretação de que a eleição
tem apenas um caráter racional de escolha dos representantes pelos
eleitores. Afinal, as eleições transcendem a essa perspectiva da escolha
como um processo consequente de escolha política.
2.1.1. Programa de governo enquanto uma ferramenta administrativa
No que se refere ao voto prospectivo, os programas de governo são
instrumentos essenciais para a escolha do voto, pois são eles que irão
possibilitar ao eleitor uma comparação entre as plataformas que serão
desenvolvidas pelos partidos e/ou coligações políticas em disputa.
Para os eleitores, tais programas podem ser essenciais para que,
fazendo comparações entre as propostas neles contidas, possam votar com
consciência e decidirem suas opções de voto.
Entender e discutir o papel que os programas de governo
representam nas campanhas eleitorais requer, primeiramente, um
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esclarecimento prévio do que é um programa de governo e o que ele
representa para os atores políticos em disputa.
A idéia de programa de governo têm tido escassa preocupação nos
estudos da Ciência Política e da Sociologia, sendo mais discutidos por
trabalhos que estão voltados para a área da Administração Pública, mesmo
assim ainda muito pouco explorada. Nesse sentido, encontrar uma definição
de Programa de Governo torna-se um dos desafios enfrentados por este
trabalho.
De início, a idéia geral de programa de governo nos remete a um
conjunto de propostas elaborado em forma de documento pela equipe de
campanha de um candidato, servindo como objeto de negociação entre
candidato e eleitores, sendo, portanto, um elemento fundamental para ser
apresentado e discutido em uma campanha eleitoral.
Um ponto a ser destacado, de início, é a relação que estas propostas
estabelecem (ou deveriam estabelecer) com o programa de partido político,
uma vez que aquele deveria estar em harmonia com este.
Assim, é importante destacarmos a noção de programa de partido. De
acordo com Cerroni (1979), o partido político vai além da idéia de “parte
política” e da idéia schumpeteriana de partido enquanto “um grupo cujos
membros se propõem a agir de comum acordo na luta de concorrência pelo
poder político” (SHUMPETER, apud CERRONI, 1982). Para ele, o partido
moderno, diferente de outras agregações que sempre existiram na política, se
caracteriza por ser “uma máquina organizativa mais um programa político
Uma máquina organizativa e um programa político estruturado e articulado
constituem o elemento verdadeiramente diferencial do partido político
moderno” (CERRONI, 1979, p.13).
Para Cerroni, o partido enquanto um “intelectual coletivo” é um
organismo inteligente e organizado. “Inteligente no sentido de que
compreende e decifra a realidade e lhe programa a transformação;
organizado, no sentido de que, a esta programação ideal dá imediatamente
uma incidência operativa” (CERRONI, 1982, p. 36).
Mas Cerroni chama atenção para o problema da burocratização do
partido. Para ele, o partido que se burocratiza deixa de lado a sua razão de
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ser, “pois a burocratização significa que a máquina deixou de ser um
programa vivo, ou que o programa deixa de ser operativo” (Idem).
Contudo, tal programa não é somente de intenções a serem
alcançadas. Para Peres e Roma (2002, apud VIEIRA, 2003), o programa
partidário “é considerado como a doutrina orientadora para a ação política do
partido”. Ele seria, portanto, a razão de existir dos partidos políticos, pois
permitiriam o alcance dos “objetivos almejados pelos partidos (implementar o
programa partidário e conquistar o poder político)” (Idem).
Importante destacar que nas democracias representativas essas
orientações enfrentam alguns desafios. No caso brasileiro, por exemplo, em
que predomina um “presidencialismo de coalizão”4, tal programa não
consegue ser implantado integralmente, pois é preciso negociações com
outros partidos das alianças que se formam durante o período eleitoral e pós-
eleitoral. Assim, um partido não consegue governar sozinho, implantando o
seu programa de forma integral.
Essas condições para se chegar ao poder através de coligações
eleitorais e de coalizões de governo trazem, no entanto, importantes
implicações para a questão programática:
A necessidade de selar alianças partidárias mais amplas impõe um difícil dilema às lideranças que tomam decisão. A competição eleitoral e o processo legislativo demandam que os partidos busquem a construção de maiorias [eleitorais e parlamentares] de forma a conquistar o poder político e a governar. Entretanto, a conquista do poder político, neste caso, conflita com seu objetivo principal, que é a implementação de seu programa integralmente. Selar alianças partidárias amplas e buscar apoio eleitoral de indivíduos ideologicamente mais distantes, significa quebrar sua pureza ideológica e negociar alguns pontos essenciais de seu programa. Assim, o grau de alteração do programa ou a distância ideológica do partido a se tornar um aliado pode implicar em perda de parte de seu apoio eleitoral, além de suscitar resistências no interior do partido. Por outro lado, manter a totalidade do programa, neste caso, significaria o custo de não conquistar o poder político. É com este problema de articulação de objetivos que os partidos geralmente têm de lidar”. (PERES & ROMA, 2002 apud VIEIRA, 2003, p. 18)
4 Cf. Abranches, 1998.
20
Não devemos considerar, pois, que um programa de governo
contemple propostas pautadas unicamente em seus ideais partidários. A
elaboração de um programa de governo aponta para a adoção de uma forte
ação estratégica adotada pelo partido. Há, portanto, uma relação entre
programa de governo e estratégia político-partidária para se alcançar o poder.
Também partindo de uma relação dos programas de governo com o
programa partidário, Leite e Fonseca (2008) colocam o quão complexa é a
formulação de um plano de governo.
No que se refere ao período pré-eleitoral, e ao eleitoral propriamente
dito, os partidos políticos obedecem a um conjunto de regras e normas que
estão na Constituição, na Justiça Eleitoral e na Lei Orgânica dos Partidos
Políticos, além de regras próprias, cuja validade depende da consonância
com a legalidade institucional. Além desses marcos legais, os autores
chamam atenção para o modo de cada partido ser e pensar a política,
levando em consideração o perfil de suas lideranças, a sua história e a sua
ideologia.
Na análise sobre a concepção de um programa de governo, os
autores chamam a atenção para um tipo específico de partido político: os
chamados partidos programáticos ou ideológicos. Estes, considerados um
tipo de partido cujos pressupostos e objetivos estão “baseados numa doutrina
política, procurando, com não muita flexibilidade, construir alianças e projetos
de governo que estejam de acordo com tais pressupostos e objetivos” (LEITE
& FONSECA, 2008).
Chamando atenção para as dificuldades da sobrevivência desses
partidos, principalmente pela derrota do projeto socialista em perspectiva
internacional e, conseqüentemente, pela ascensão do pragmatismo partidário,
os autores consideram que, ainda assim, existe espaço para partidos dessa
natureza.
Nessa perspectiva, consideram que:
a formação de alianças, a definição dos candidatos, a viabilização do financiamento das campanhas, os compromissos firmados e sobretudo o programa de governo
21
definem claramente o que um partido pretende fazer ao vencer as eleições, notadamente para o Executivo, que é o poder mais forte no Brasil (...). Embora o plano de governo normalmente seja alterado e ajustado em razão da necessidade de alianças políticas (firmadas particularmente nos segundos turnos das eleições e devido à necessidade de obter maioria nos respectivos parlamentos), os partidos realmente representativos o levam a sério (pois resultado de programas partidários).(LEITE & FONSECA, 2008).
Do ponto de vista de um partido programático, Leite e Fonseca
descrevem um programa de governo a partir de uma visão de projeto que
está voltado para o desenvolvimento e a democratização de uma sociedade.
Um partido que pretenda contribuir para o desenvolvimento e para a democratização da sociedade brasileira – em diversas dimensões, tais como os costumes políticos republicanos, o desenvolvimento econômico, a igualdade social, entre outras – tem no plano de governo não apenas uma carta de intenções mas sobretudo um projeto articulado para o país nas mais diversas áreas. Notadamente, tem um conjunto de premissas que orienta sua visão de mundo, o que implica o estabelecimento de diversas ações que se conectam. Em outras palavras, um plano de governo como resultado de um programa partidário programático é o ponto de culminância de estudos, projetos, pesquisas, avaliações, experiências exitosas e conhecimento da realidade: as potencialidades e limitações desta, tanto em nível nacional como internacional. (LEITE & FONSECA, 2008)
No processo de formulação de um programa de governo e da
formulação das alianças, os autores chamam atenção para um aspecto do
jogo político que deve ser levado em consideração: a agenda. Isto é, os
temas que são aceitos como legítimos pela sociedade e definidos pelos
grupos politicamente organizados e mais influentes, seja no Estado ou na
sociedade. É essa agenda que definirá as linhas norteadoras e as prioridades
a serem tratadas nesses programas.
Além da agenda, Leite e Fonseca chamam atenção para outro
aspecto da estrutura eleitoral no Brasil que interfere no processo de
formulação de um programa de governo: o financiamento essencialmente
22
privado das campanhas políticas. Apesar de haver o fundo partidário, que
distribui recursos de acordo com a performance eleitoral dos partidos, são as
empresas privadas as grandes financiadoras dos partidos políticos. O que
significa que existem interesses a serem atendidos pelos partidos que
chegam ao poder aos seus financiadores, o que pode colocar em xeque,
dessa forma, os ideais estabelecidos nos programas partidários.
Além da influência da agenda, dos interesses de grupos privados, a
formulação de um plano de governo sofre outras influências. Para esses
autores, todo grupo político que almeja o poder necessita avaliar a correlação
de forças existentes na sociedade, seja esta em nível local, regional, nacional
e até mesmo internacional. Além disso, salientam o poder de que dispõem
determinadas “eminências pardas” nos partidos e nos governos, como grupos
empresariais, meios de comunicação, lobbies diversos, entre outros. Assim,
asseguram que:
um plano de governo é uma peça político/programática de grande importância, mas incapaz de barrar práticas que se nutrem das relações pessoais e profissionais ao formar redes de contatos por meio da alta burocracia e de autoridades constituídas, do lado do Estado, e de interesses privados de toda ordem, do lado da sociedade: tais práticas são sempre avessas à publicização (LEITE & FONSECA, 2008).
Nessa perspectiva, a idéia da construção do programa de governo,
enquanto algo que deve considerar a correlação de forças existentes em uma
sociedade, sugere a complexidade no processo de sua construção,
demonstrando que o ato de sua publicização nas campanhas eleitorais não é
algo simples e de fácil apresentação aos eleitores.
Algumas observações devem ser feitas a essas análises tecnicistas
sobre programas de governo. Primeiramente, cabe lembrar que tais
programas, entendidos até aqui como um aparato técnico utilizado pelas
equipes de campanha na busca pela adesão da população a uma
determinada candidatura, no momento das eleições que estamos tratando
23
neste trabalho, não eram requisitos exigidos pela legislação brasileira5, o que
torna a sua definição um tanto complexa, pois não podemos identificá-los
como um simples recurso de comunicação entre candidato e eleitor, uma vez
que a não-obrigatoriedade do seu registro nos tribunais eleitorais, bem como
em convenções partidárias comprometem a sua existência.
Em segundo lugar, é importante destacar que todos os partidos
possuem um programa político, no sentido amplo. Isto é, ainda que um
partido ou uma coligação partidária não se dedique à elaboração cuidadosa
de um programa de governo, baseada em pesquisas, projetos, avaliações, e
conhecimento da realidade, como sustentam Leite e Fonseca, isso não
significa dizer que suas ações políticas sejam completamente erráticas. Ao
contrário, é sempre possível identificar uma lógica que orienta as ações
partidárias, que é, no sentido amplo, o seu projeto político.
Em terceiro lugar essas análises tecnicistas não tratam de uma
questão central na disputa política contemporânea: o fato de que a arena
político-eleitoral hoje transcende a disputa entre ideologias diferentes ou até
mesmo contraditórias. A questão programática, nesse sentido, torna-se um
aspecto pouco relevante na diferenciação entre os grupos em disputa. Num
embate eleitoral, o que se percebe é um compartilhamento de uma visão de
mundo que é comum nos discursos dos candidatos em disputa, que via de
regra está vinculada ao projeto de desenvolvimento econômico da sociedade
sob bases capitalistas.
Assim, essa abordagem mais tecnicista sobre a elaboração de um
programa de governo – que está voltada para a análise da relação deste com
o programa partidário, considerando-o apenas como uma ferramenta da área
da administração (no caso, da administração pública que se pretende iniciar)
– precisa ser melhor trabalhada, uma vez que se deve levar em conta essa
defesa comum entre os partidos de uma administração pública compartilhada
com ideais desenvolvimentistas e democráticos. Não há, na atualidade, um
partido que se volte contra tais ideais.
5 Apenas nas eleições 2010 o Tribunal Superior Eleitoral passou a exigir para o registro das candidaturas um documento contendo as propostas defendidas pelos mesmos. No entanto, como o objeto desse trabalho envolve as eleições 2006, não podemos considerá-los aqui como peça legalmente obrigatória na disputa eleitoral.
24
Nessa perspectiva, a formulação de um programa de governo
representa não só uma ferramenta de disputa eleitoral, mas incorpora a
própria luta de classes na sociedade capitalista, no sentido de trazer consigo
a construção de interesses do eleitorado.
No debate sobre essa construção de interesses do eleitor, há a noção
daquilo que Luckes (1985 [1974] apud, MIGUEL, 2003) chamou de terceira
dimensão do poder6, que refere-se à capacidade de fazer com que grupos e
indivíduos tenham desejos opostos a seus verdadeiros interesses.,
eliminando, assim, a eclosão de conflitos sociais7.
Embora essa idéia de Luckes apresente uma série de questões que
devem ser discutidas8, o que nos interessa, no momento, é frisar que as
vontades são construídas num processo social que envolve diferentes
agentes, e há agentes sociais que têm a capacidade de influir nas vontades
da coletividade (MIGUEL, 2003). Nesse sentido, a discussão sobre a
formação das preferências põe a necessidade de discutir a própria questão do
poder, sobretudo nas democracias representativas contemporâneas, que para
ser exercido, exige a conquista do consenso.
2.1.2. Os programas de governo e a disputa pelo poder
É evidente que a elaboração de um programa de governo é parte
constitutiva da disputa de posições entre as diversas forças políticas num
determinado momento. Contudo, o partido e/ou coligação eleitoral deve estar
atento a outras questões que envolvem a conquista de um lugar no quadro de
representação política.
6 Para Steven Luckes (1985 [1974] apud, MIGUEL, 2003), a análise para a compreensão do poder deve levar em conta três dimensões: a primeira é a capacidade de tomar decisões ou de vetá-las; a segunda diz respeito ao controle sobre as questões que serão alvos de decisão (a agenda); a terceira refere-se à capacidade de fazer com que os indivíduos tomem consciência dos seus verdadeiros interesses. Para uma melhor compreensão, ver Miguel (2003). 7 Para uma melhor discussão sobre o assunto, vide Miguel (2003). 8 Em seu trabalho “Representação Política em 3D”, Miguel (2003) faz uma discussão mais acurada sobre o assunto.
25
Pensar nessas outras questões é lembrar que a própria noção de
representação, que tem as eleições como instituição central para a idéia de
democracia, é bastante recente. Durante um longo período histórico, existiu
uma grande distância entre o cotidiano das pessoas e as decisões políticas.
De acordo com Thompson (1999), no período da Idade Média e início da
Europa moderna, os negócios do Estado eram dirigidos de forma
relativamente fechada, distante da maioria da população. O que se tornava
público era apenas as aparições dos reis, príncipes e princesas, e o faziam
apenas para afirmar o seu poder, e não para tornar público suas ações.
Contudo, com o desenvolvimento do Estado constitucional moderno, a
invisibilidade do poder começou a ser, de alguma maneira, limitada. Segundo
Thompson:
O gabinete secreto foi substituído ou suplementado por uma série de instituições de caráter mais aberto e "responsável"; decisões políticas importantes eram sujeitas a debate dentro de assembléias parlamentares; e aos cidadãos foram concedidos certos direitos básicos, em alguns casos formalmente reconhecidos pela lei, que garantia, entre outras coisas, sua liberdade de expressão e de associação. A doutrina dos arcana imperii9 foi transformada no princípio moderno do segredo oficial e restrito em sua aplicação para aquelas questões consideradas vitais para a segurança e estabilidade do estado. Nestes e em outros aspectos, o poder se tomou mais visível e os processos de tomada de decisão, mais públicos, embora esta larga tendência não tenha sido uniforme e completa. Os detentores do poder encontraram novas formas de manter segredo e novas razões para se defenderem. Novas formas de poder invisível e de governo encoberto - desde as ininvestigáveis atividades dos serviços de segurança e organizações paramilitares aos acordos e transações de políticos a portas fechadas foram inventadas. Limitar a invisibilidade do poder não torna o poder inteiramente visível: pelo contrário, o exercício do poder nas sociedades modernas permanece de muitas maneiras envolto em segredo e escondido da contemplação pública (THOMPSON, 1999, p. 115).
9 “Doutrina do segredo de estado, que defende que o poder do príncipe é mais efetivo e verdadeiro com seus objetivos se for escondido da contemplação das pessoas e, como a vontade divina, invisível” (Idem).
26
Além dessa relativa limitação da invisibilidade do poder, as
democracias liberais contemporâneas se caracterizam também pela melhor
organização da sociedade civil, no sentido gramsciano, o que faz com que o
poder político passe a ser exercido especialmente por meio do consenso e
não somente através da coerção exercida pelo Estado.
O conceito de sociedade civil tem sido considerado central na teoria
de Gramsci. Segundo Coutinho (2005), Gramsci observa uma intensificação
da socialização da política a partir de uma “standardização” dos
comportamentos humanos que foi gestada pelo crescimento e imposição do
desenvolvimento capitalista. “Isto faz surgir uma esfera social nova, dotada de
leis e de funções relativamente autônomas e (...) de uma dimensão material
própria, que Gramsci denomina de sociedade civil” (COUTINHO, 2005, p. 16).
Para Gramsci, nessas novas formações sociais ocidentalizadas (em
contraposição às Orientais, e mais primitivas), o Estado não se restringe aos
mecanismos de dominação direta, por meio de ações coercitivas (que
Gramsci chama de sociedade política). Embora esses mecanismos
coercitivos continuem a existir nessas sociedades ocidentais mais
complexas10, Gramsci enfatiza a emergência da sociedade civil. Esta é
especificada pelo fato de ocorrerem relações sociais de direção político-
ideológica, de hegemonia que, no dizer de Coutinho, “complementam” a
dominação estatal (coercitiva), assegurando o consenso dos governados e a
hegemonia, para as forças que visam a destruição da velha dominação
(Idem).
É nessa perspectiva de considerar a emergência dessa sociedade
civil que Gramsci chama a atenção para a nova forma de um grupo alcançar a
supremacia nas sociedades ocidentais. Para ele,
a supremacia de um grupo social se manifesta de dois modos, como ‘domínio’ e como ‘direção intelectual e moral’.
10 Importante destacar que há uma ação combinada necessária entre a sociedade política e a sociedade civil. Porém quanto mais democrática for uma determinada sociedade, maior deverá ser a prevalência da sociedade civil sobre a sociedade política. Nesta situação as ações coercitivas da sociedade política tornam-se mais seletivas, orientando-se sobretudo por sua natureza de classe. O que significa dizer que as classes subalternas são o alvo privilegiado das ações coercitivas da sociedade política.
27
Um grupo social domina os grupos adversários, que visa a liquidar ou a submeter inclusive com a força armada, e dirige os grupos afins e aliados. Um grupo social pode e, aliás, deve ser dirigente já antes de conquistar o poder governamental (esta é uma das condições principais para a própria conquista do poder); depois, quando exerce o poder e mesmo se o mantém fortemente nas mãos, torna-se dominante, mas deve continuar a ser também “dirigente”. (GRAMSCI, 2002, p.62-63)
Assim, considerando a existência dessa sociedade civil e que a
supremacia de um grupo se dá por domínio e por direção intelectual e moral,
Gramsci trabalha com a idéia de hegemonia.
Em uma obra que busca uma leitura rigorosa do pensamento
gramsciano, Luciano Gruppi (1978), em nota, apresenta o significado
etimológico do termo hegemonia: o termo deriva do grego eghestai, que
significa conduzir, ser guia, ser líder; também do verbo eghemoneuo, que
significa ser guia, preceder, conduzir, e do qual deriva estar à frente,
comandar, ser o senhor. Segundo Gruppi, o antigo grego entendia por
eghemonia a direção suprema do exército. Nesse sentido, trata-se de um
termo militar. “Hegemônico era o chefe militar, o guia e também o
comandante do exército. Na época do Peloponeso, falou-se de cidade
hegemônica para indicar a cidade que dirigia a aliança das cidades gregas em
luta entre si” (GRUPPI, 1978, p. 01).
No sentido gramsciano, o termo hegemonia passa a ter uma
conotação ainda mais complexa. Para Gramsci, o termo é compreendido
como direção intelectual e moral, conseguindo tornar sua ideologia dominante
e legítima na sociedade. Por ideologia, entende “o significado mais alto de
uma concepção do mundo, que se manifesta implicitamente na arte, no
direito, na atividade econômica, em todas as manifestações de vida
individuais e coletivas” (GRAMSCI, 1999, p.98).
Na análise gramsciana, os grupos políticos tornam-se ou
permanecem hegemônicos quando conseguem transformar sua concepção
de mundo em “um movimento cultural, em uma ‘religião’, em uma ‘fé’”,
produzindo uma atividade prática e uma vontade nas quais ela esteja contida
como “premissa teórica implícita”, cimentando e unificando com sua ideologia
28
todo o “bloco social” (GRAMSCI,1999, p. 98). Dessa forma, para que uma
concepção de mundo consiga se tornar hegemônica, ela deve se tornar
“senso comum”, orientando as atividades cotidianas da vida das pessoas.
A hegemonia será disputada no âmbito da sociedade civil, uma vez
que é nela que se forma uma mentalidade responsável pela aceitação
“natural” de uma ordem imposta pelas classes dominantes. Isso porque é
necessário que uma concepção de mundo se transforme em senso comum,
moldando as formas de sociabilidade e as práticas cotidianas de uma
sociedade para que uma concepção de mundo se mantenha ou se torne
hegemônica.
Na interpretação de Williams (1979), a concepção gramsciana de
hegemonia envolve todo o processo social vivido. Para ele, a hegemonia:
constitui (...) um senso da realidade para a maioria das pessoas na sociedade, um senso de realidade absoluta, porque experimentada, e além da qual é muito difícil para a maioria dos membros da sociedade movimentar-se, na maioria das áreas de sua vida. Em outras palavras, é no sentido mais forte uma ‘cultura’, mas uma cultura que tem também de ser considerada como o domínio e subordinação vividos de determinadas classes. (WILLIAMS, 1979, p.113).
No entanto, é importante destacarmos que, para Gramsci, a
hegemonia não implica uma forma passiva de aceitação de uma ordem.
Segundo Williams, a hegemonia vivida é sempre um processo e tem que ser
“renovada continuamente, recriada, defendida e modificada” (Id. p.113). Tal
processo ocorre porque a hegemonia de um grupo social nunca é exercida de
forma total ou exclusiva. A hegemonia pode ser constantemente desafiada
por outras formas de cultura e política alternativas, implicando sempre a
existência de formas de contra-hegemonia (Id. p.115-116).
Na concepção gramsciana, tais formas alternativas de cultura e
política emergem do seio do senso comum, que é a visão de mundo dos
“homens-massa”, que constituem as classes subalternas11. O senso comum é
11Gramsci, ao tratar da consciência crítica dos homens, afirma que todos são filósofos. A filosofia, para ele, está contida nas práticas da vida cotidiana: na linguagem, no senso
29
considerado como um conhecimento distinto da filosofia: enquanto no
primeiro “destacam-se características difusas e dispersas de um pensamento
genérico de uma certa época e um certo ambiente popular”, no segundo
“destacam-se as características de elaboração individual do pensamento”
(GRAMSCI. p.100-101) .
Entretanto, no seio do senso comum há elementos que representam
uma crítica em potencial, um “núcleo sadio” que Gramsci chama de “bom
senso”. Para Gramsci, o bom senso corresponde à filosofia popular, que nada
mais é que um “conjunto desagregado de idéias e opiniões”, que se for
articulado e sistematizado pode dar origem a uma ação de contra-hegemonia
(GRAMSCI, 1999, p.98).
Desta forma, Gramsci considera que, na disputa pela manutenção ou
conquista da hegemonia, os grupos conservadores tentam impor sua filosofia
como senso comum, tratando de neutralizar esse núcleo sadio do senso
comum para a manutenção do status quo.
Para tanto, necessitam fazer uso dos aparelhos privados de
hegemonia. Estes correspondem a organismos que possuem uma relativa
autonomia em relação ao Estado que influi ou tem potencialidade para influir
na opinião pública como a imprensa, os sindicatos, associações, igrejas,
escolas.
Os aparelhos privados de hegemonia atuam no sentido de obter o
consenso como uma condição para a dominação, prescindindo, assim, dos
aparelhos coercitivos do Estado, mas mantendo uma relação de
complementaridade com os mesmos.
Assim, é importante entendermos que a elaboração de um programa
de governo no período eleitoral traz consigo um conjunto de alternativas,
diretrizes e políticas, que é balizado pela ideologia hegemônica.
comum, no bom senso, na religião popular, etc. Como cada um de nós pertence a um determinado grupo e compartilha “de sua maneira de pensar e agir, somos conformistas de algum tipo de conformismo, somos sempre homens-massa ou homens-coletivo” (GRAMSCI, 1999, p.94). No entanto, o problema é saber a qual tipo histórico, qual tipo de multiplicidade de homens-massa pertencemos. Para ele, “quando a concepção do mundo não é crítica e coerente, mas ocasional e desagregada, pertencemos simultaneamente a uma multiplicidade de homens-massa, nossa própria personalidade é compósita, de uma maneira bizarra: nela se encontram elementos dos homens das cavernas e princípios da ciência mais moderna e progressista (...).Criticar a própria concepção de mundo, portanto, significa torná-la unitária e coerente e elevá-la até o ponto atingido pelo pensamento mundial mais evoluído”. (Idem., p.94 ).
30
Dessa forma, a elaboração de um programa de governo transcende a
perspectiva tecnicista que privilegia a elaboração de projetos levando-se em
conta a formulação de políticas baseadas pelo programa partidário e a
administração dos diferentes interesses que estão em jogo na formação das
alianças políticas que se formam no período eleitoral. Tal elaboração de
propostas precisa estar em consonância com essa visão hegemônica, na
medida em que uma postura que se contraponha a ela tornaria o programa
eleitoral de governo inconsistente e descontextualizado com as demandas
“reais” da população. Dito de outra forma, um projeto de governo baseado em
uma perspectiva anticapitalista, antidemocrática e antidesenvolvimentista,
teria chances muito remotas de se tornar competitivo.
Nessa perspectiva, importante a análise de Poulantzas sobre a
questão do poder, uma vez que esta trata da disputa política que ocorre no
seio do Estado. Para Poulantzas (2000), o Estado desempenha um papel de
organização da ou das classes dominantes que compõem o bloco no poder,
que é composto por várias frações de classe burguesa. “Organização, na
perspectiva do Estado, da unidade conflitual da aliança de poder e do
equilíbrio instável dos compromissos entre seus componentes, o que se faz,
sob hegemonia e direção, nesse bloco, de uma de suas classes ou frações
(,,,)”. (POULANTZAS, 2000, p. 129).
Assim, para Poulantzas, o Estado representativo moderno apresenta
uma estrutura flexível para unir os interesses políticos de longo prazo de um
bloco no poder.
Ao tratar da natureza e função do Estado, Poulantzas defende este
como sendo, ao mesmo tempo, cristalização e locus do conflito de classes.
Para ele, para entender o caráter do Estado, torna-se necessário entendê-lo
como sendo uma condensação material de uma relação de forças entre
classes e frações de classes, e, consequentemente, a luta política se trava
dentro dele.
Para Poulantzas (2000), a ossatura material das instituições estatais é
constituída pela relação do Estado com as relações de produção. Porém,
adverte:
31
O Estado não se reduz à relação de forças, ele apresenta uma opacidade e uma resistência próprias. Uma mudança na relação de forças entre classes certamente tem sempre efeitos no Estado, mas não se expressa de maneira direta e imediata (...). Uma mudança de poder do Estado não basta nunca para transformar a materialidade do aparelho de Estado: essa transformação provém, sabemos, de uma operação e ação específicas. (POULANTZAS, 2000, p. 132).
Nesse sentido, entender a relação do Estado com as classes sociais
requer ir além da idéia do Estado como “coisa” ou como “sujeito”. No primeiro
caso, a política do Estado em prol da burguesia se dá pelo controle exercido
pelo Estado-instrumento de uma única fração da burguesia. Nessa
perspectiva do “Estado-coisa”, o Estado não apresenta nenhuma autonomia
frente à classe ou fração de classe dominante. No segundo caso, ao
contrário, o Estado é concebido como dotado de poder próprio e de total
autonomia em relação às classes sociais, impondo sua política aos
divergentes interesses da sociedade civil.
Para Poulantzas, essas duas concepções, Estado-coisa e Estado-
sujeito, não explicam o estabelecimento da política do Estado em favor das
classes dominantes, e não levam à compreensão das contradições internas
do Estado. Para ele, a política do Estado em favor do bloco no poder, o
funcionamento de sua relativa autonomia e o seu papel de organização
dessas classes têm ligação direta com essas “fissuras” internas do Estado.
Assim, “o estabelecimento da política do Estado deve ser considerado como a
resultante das contradições de classe inseridas na própria estrutura do Estado
(o Estado-relação)” (POULANTZAS, 2000, p. 135).
As contradições de classe que existem entre as frações do bloco no
poder assumem no seio do Estado a forma de contradições internas entre os
diversos ramos e aparelhos do Estado, porque as diversas classes e frações
do bloco no poder só participam da dominação política na medida em que
estão presentes no Estado. Segundo Poulantzas:
Cada ramo ou aparelho de Estado, cada face, de alto a baixo, de cada um deles constitui muitas vezes a sede do poder, e o representante privilegiado, desta ou daquela fração do bloco
32
no poder, ou de uma aliança conflitual de algumas dessas frações contra as outras, em suma a concentração-cristalização específica de tal ou qual interesse ou aliança de interesses particulares. Executivo e parlamento, exército, magistratura, diferentes ministérios, aparelhos regionais municipais e aparelho central, aparelhos ideológicos, eles mesmos divididos em circuitos, em redes e trincheiras diferentes, representam com freqüência, conforme as diversas formações sociais, interesses absolutamente divergentes de cada um ou de alguns componentes do bloco no poder: grandes proprietários de terra (...), capital não-monopolista (...), capital monopolista (e uma ou outra fração deste: capital monopolista com dominância bancária ou industrial), burguesia internacionalizada ou burguesia interna. (POULANTZAS, 2000, p. 135).
Para este autor, as contribuições das classes e frações dominantes,
as relações de forças dentro do bloco no poder, que instiga a organização
desse bloco na perspectiva do Estado existem como relações contraditórias
que se estabelecem no seio do Estado. O Estado não organiza a unidade do
bloco político no poder de fora, como se resolvesse, externamente, as
contradições de classe. Ao invés disso, é o jogo dessas contradições que
ocorre dentro do Estado que torna possível a função de organização do
Estado.
Para ele, entender o Estado como condensação material de uma
relação de forças, significa compreendê-lo como “um campo e um processo
estratégicos, onde se entrecruzam núcleos e redes de poder que ao mesmo
tempo se articulam e apresentam contradições e decalagens uns em relação
aos outros” (Idem, p. 138).
É daí que surgem táticas cujo objetivo geral ou cristalização
institucional se corporificam nos aparelhos estatais.
Nesse campo passam muitas táticas que são muitas vezes bastante explícitas ao nível restrito onde se inserem no Estado, táticas que se entrecruzam, se combatem, encontram pontos de impacto em determinados aparelhos, provocam curto–circuito em outro e configuram o que se chama a política do Estado, linha de força geral que atravessa os confrontos no seio do Estado. Nesse nível, essa política é certamente decifrável como cálculo estratégico, embora mais como resultante de uma coordenação conflitual de
33
micropolíticas e táticas explícitas e divergentes que como formulação acional de um projeto global e coerente. (Idem, p. 139)
Porém, o Estado não constitui um simples conjunto de peças
descartáveis, mas apresenta uma unidade de aparelho ligada à unidade
(através de suas fissuras) do poder de Estado. “Isso se traduz por sua política
global e maciça em favor da classe ou fração hegemônica, atualmente o
capital monopolista”. (Idem)
Para Poulantzas: A unidade-centralização do Estado em favor, atualmente, do capital monopolista se estabelece por meio de um complexo processo: transformações institucionais do Estado de tal forma que alguns centros de decisão, dispositivos e núcleos dominantes só podem ser permeáveis aos interesses monopolistas instaurando-se como centros de orientação da política de Estado e como pontos de estrangulamento de medidas tomadas alhures em favor de outras frações do capital.
Assim, essa complexidade de articulação dos diversos aparelhos do
Estado leva a uma distinção entre poder formal (que é o poder que se
aparenta ter) e o poder real, isto é, o poder que dispõe um grupo de fato.
Desta forma, mesmo a ascensão da esquerda ao poder do Estado não
assegura, de fato, a sua dominação. Segundo Poulantzas:
A unidade centralizada do Estado não reside numa pirâmide na qual bastaria ocupar o cume para garantir seu controle. Há mais: a organização institucional do Estado torna possível à burguesia permutar o papel dominante de um aparelho por outro, no caso em que a esquerda ocupando o governo conseguisse controlar o aparelho que até então desempenhasse o papel dominante (...). O Estado não é um bloco monolítico, mas um campo estratégico. (POULANTZAS, 2000, p. 141)
Nesse sentido, podemos entender essas plataformas em períodos
eleitorais não somente como uma meta a ser seguida pelo partido ou
34
coligação em disputa, mas como elemento de disputa que não apresentam
diferenciações significativas em termos políticos, pois trazem no seu bojo a
continuidade de um projeto hegemônico, não contrariando os interesses a
longo prazo da burguesia como um todo. As disputas eleitorais entre as
diferentes frações das classes dominantes são, portanto, um momento
importante para o reposicionamento das diferentes frações entre si em
relação ao comando do Estado.
Nesse sentido, a concepção proposta por Leite e Fonseca segundo a
qual os partidos programáticos devem se preocupar com a democratização e
o desenvolvimento da sociedade brasileira se estende a todo e qualquer
partido político, na medida em que é esse discurso do desenvolvimentismo
que se faz presente na sociedade atualmente. Não há uma contestação
dessa visão por nenhum partido que se pretende competitivo. Isso demonstra,
portanto, que as diferenciações entre os conteúdos dos programas
governamentais propostos são irrelevantes em termos programáticos, não
apresentando, necessariamente, um conteúdo condizente com ideais políticos
e sociais presentes em seu programa partidário.
2.2. A APRESENTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE GOVERNO E OS DESAFIOS DA POLÍTICA NA CONTEMPORANEIDADE
Levando-se em conta que um programa de governo deve ser
entendido de uma forma “ampliada”, que deve considerar as forças
hegemônicas presentes em uma sociedade em um determinado período
histórico, é importante considerar que a formulação de propostas deve levar
em consideração dois aspectos relevantes da política na atualidade: a crise
de representação dos partidos políticos e o processo de midiatização da
política.
35
2.2.1. A crise da representação política A análise da disputa pelo poder nas democracias liberais
contemporâneas exige levar em consideração um aspecto central que
caracteriza o regime de representação política na atualidade: aquilo que
alguns analistas políticos chamam de crise de representação política.
Tal crise pode ser entendida como parte do processo mais geral de
declínio da importância que os partidos políticos desempenham como
mecanismos de intermediação política entre representantes e representados.
Peter Mair (2003), ao tratar desse assunto, busca avaliar a verdadeira
natureza da crise enfrentada pelos partidos políticos, fazendo uma análise
das mudanças que afetam os partidos políticos na atualidade.
Para Mair, o processo de mudanças que estão sofrendo os partidos
políticos atualmente os tem levado a se darem conta da sua crescente
incapacidade como agentes de representação política. Esse processo deve
ser concebido como sendo resultado de uma mudança na própria natureza da
democracia. Para ele, a época do partido de massas acabou, porém, o partido
continua a desempenhar um papel relevante de gestão da democracia.
Assim, embora o papel do partido como agente de representação possa ser
questionado, “o seu papel procedimental continua a ser tão essencial como
antes” (MAIR, 2003, p. 278).
Em sua análise, Mair aponta algumas “pistas” que permitem entender
de que modo mudaram os partidos na atualidade. A primeira diz respeito ao
declínio da quantidade de membros, demonstrado pelos decrescentes
números de filiação partidária (Idem). A segunda pista diz respeito a uma
característica da vida interna dos partidos, marcada por uma decadência do
ativismo partidário mesmo entre os membros que permanecem filiados.
Além disso, a participação eleitoral está em declínio em todo o mundo
democrático avançado. No que se refere à Europa Ocidental, Mair demonstra
que os números que revelam esse declínio começam a ser registrados a partir
da década de 90. Essa diminuição da participação eleitoral evidencia uma
incapacidade dos partidos políticos conseguirem mobilizar os cidadãos como
anteriormente bem como de desfrutarem de uma presença importante no seio
36
da sociedade em geral, demonstrando um distanciamento em relação aos
cidadãos.
Contudo, o autor considera que, ao mesmo tempo em que há esse
distanciamento da sociedade, cresce uma importância do papel do partido no
governo e no Estado. Tal importância é vista por ele como resultado de três
desenvolvimentos que marcaram as democracias ocidentais nas últimas
décadas: a dependência financeira dos partidos em relação ao Estado; o
regulamento e leis estatais que determinam o funcionamento da organização
interna dos partidos; e o fato de os partidos políticos conferirem demasiada
importância ao Estado enquanto detentor de cargos públicos, o que faz com
que os partidos passem a estar mais preocupados em obterem esses cargos
públicos. Nesse sentido, Mair faz a seguinte consideração:
(...) aquilo que observamos é a gradual transformação dos partidos, que deixam de ser parte da sociedade para se tornarem parte do Estado. Assistimos a uma mudança do centro de gravidade do partido, que passa do partido no terreno para o partido que desempenha cargos públicos. É esta mudança que dita o fim da organização partidária na sua concepção tradicional, bem como, desse modo, do partido de massas enquanto tal. Os partidos de hoje são partidos diferentes, marcados por uma base organizacional cada vez mais fraca, mas uma face pública cada vez mais forte e mais eficazmente mantida. (MAIR, 2003, p. 282).
No que se refere às funções que os partidos podem ou devem
desempenhar nos regimes democráticos, Mair mostra que a literatura sobre o
assunto (que floresceu principalmente na década de 1960) entende que os
partidos políticos integram e mobilizam, caso necessário, o conjunto de
cidadãos, buscando articular e agrupar interesses, formular políticas públicas
e recrutarem e/ou promoverem líderes políticos.
Porém, o consenso na literatura existente dessa época estava ligado
a um conceito de partido que se inseria no modelo de partido de massas. Mas
como “os partidos foram mudando e o modelo do partido de massas começou
a desvanecer-se, as funções que os partidos podem desempenhar — ou que
desempenham de facto — tiveram de ser igualmente revistas”. (Idem)
37
Assim, é importante rever as funções tradicionalmente ligadas aos
partidos. A função de integração e mobilização dos cidadãos foi fundamental
nas democracias do início do século XX, quando a massa de cidadãos
passou a fazer parte do mundo político, hoje, contudo, essa função não é
mais necessária. A função de articulação e agregação dos interesses
apresentados pela sociedade em geral tem sido cada vez mais partilhada com
outras associações e movimentos não-partidários assim como com os meios
de comunicação. O papel representativo e processual que desempenham nas
formulações de políticas públicas, hoje, na prática a determinação de políticas
públicas tem necessitado cada vez menos dos partidos políticos, pela
substituição do “julgamento de peritos ou de corpos aparentemente não
políticos na determinação de políticas públicas” (Idem, p. 283). A função de
recrutamento de líderes políticos e de funcionários para os cargos públicos
atualmente perdeu alguma força, no sentido que os partidos parecem estar
cada vez mais dispostos a transporem os seus limites organizacionais quando
procuram candidatos adequados para determinados cargos e funções. Hoje,
uma das principais funções atribuídas aos partidos é o papel que
desempenham na organização do parlamento e do governo.
Dessa feita, Mair demonstra que as funções que estão em declínio
nos partidos políticos se referem àquelas de ordem representativa, que foram
assumidas, pelo menos parcialmente, por outros organismos, enquanto as
funções processuais dos mesmos foram preservadas, adquirindo até mesmo
uma maior relevância.
Um outro conjunto de mudanças pelo qual passaram os partidos
políticos diz respeito ao desgaste de suas identidades partidárias. Para Mair,
isso significa dizer que, cada vez mais, os partidos tendem a se parecer uns
com os outros.
Para ele, embora existam diversos fatores que visam explicar essa
erosão das identidades partidárias, quatro, em especial, merecem destaque.
O primeiro fator diz respeito à erosão dos diferentes perfis eleitorais
de que os partidos disputavam anteriormente. Nesse sentido, Mair explica
que:
38
À medida que as antigas distinções entre grupos de eleitores começaram a dissipar-se, os partidos começaram a partilhar eleitores entre si e, com o declínio da força das fidelidades afectivas partidárias, revelam-se hoje ainda mais dispostos a dirigirem os seus apelos aos eleitorados tradicionais dos adversários. O resultado é que o conceito de política enquanto conflito social, no qual os partidos eram entendidos como representantes de interesses políticos de forças sociais opostas, é hoje cada vez menos relevante dentro do regime político no seu conjunto. (MAIR, 2003)
Contudo, Mair considera que se hoje “todos os eleitores são mais ou
menos potencialmente acessíveis a todos os partidos, também todos os
partidos estão mais ou menos disponíveis para todos os eleitores, no sentido
em que a noção de política como conflito ideológico também está em declínio”
(Id, p. 286). Assim, há hoje uma menor oposição através de processos de
competição partidária, tanto em termos sociais como ideológicos. Nesse
sentido, Mair evoca a análise de Perry Anderson sobre o triunfo da ideologia
liberal capitalista:
Ideologicamente, a novidade da actual situação destaca-se em perspectiva histórica [...] Pela primeira vez desde a Reforma já não existem quaisquer oposições significativas — ou seja, pontos de vista sistematicamente rivais — no mundo do pensamento ocidental e quase nenhum à escala mundial [...] Sejam quais forem as limitações que persistam na sua prática, o neoliberalismo, enquanto conjunto de princípios, domina inteiramente todo o globo: a ideologia mais bem sucedida na história do mundo. (ANDERSON, 2000, apud MAIR, 2003, p. 286)
O segundo fator refere-se ao fato de os partidos se verem obrigados a
partilharem cada vez mais os seus programas e políticas e, uma vez no
governo, a partilharem a sua implementação.
Segundo Mair, a retórica poderá até permitir ao eleitor distinguir entre
os partidos do governo e os partidos da oposição, mas hoje torna-se evidente
que os grandes contrastes na prática política são cada vez mais difíceis de
discernir.
39
O terceiro aspecto a ser levado em consideração diz respeito ao fator
de diferenciação entre os partidos. Para Mair, o fato de disputarem os
mesmos eleitorados leva os partidos a adotarem técnicas similares de
organização e de campanha. Assim, “os partidos aprenderam a imitar os
sucessos uns dos outros. Os modos de comunicação com os potenciais
eleitores tornaram-se também mais profissionalizados e, deste modo,
standardizados”.(Id, p. 287).
O outro fator que Mair chama atenção é a perda de uma identidade
partidária estratégica. Para ele, o fato de a maioria dos partidos das
democracias ocidentais serem hoje governamentais – que busca usufruir de,
pelo menos, um breve período no poder – faz com que estes sejam
caracterizados por crescentes níveis de “promiscuidade política”. Como o
acesso ao poder requer normalmente a formação de coligações, com isso, a
construção de amizades e alianças entre partidos, estes são levados a
abandonarem facilmente os padrões de formação de governo estabelecidos.
Diante desse quadro de erosão das identidades partidárias, os
eleitores parecem ter grandes dificuldades em diferenciá-los e identificá-los
como representantes das suas demandas.
Disto resulta um quadro de crescente despolitização dos políticos
inseridos no processo, bem como há o risco dos cidadãos tornarem-se cada
vez mais indiferentes à política (MAIR, 2003, p. 288).
A atual crise pela qual passa os partidos políticos revela os limites do
sistema de representação política. Essa crise, contudo, não deve ser
interpretada como um processo isolado de outras transformações que
ocorreram no seio das sociedades ocidentalizadas, mas como um processo
de ordem social e cultural mais amplo que está ligado com as transformações
e a própria complexificação da sociedade.
O processo de institucionalização da democracia representativa nos
países ocidentais pode ser caracterizado por ser um processo longo e
marcado por conflitos. Para Wanderley Guilherme dos Santos, a forma atual
desse tipo de democracia é resultado da “sedimentação e enraizamento
históricos, antes que de engenharia iluminista e sectária (...) sabe-se que o
perfil das democracias européias não foi preconcebido por nenhum
doutrinário, sendo resultado colateral da destilação de conflitos reais.”
40
(SANTOS, 1998, apud SCHULZ, 2000). Para Santos, o modelo representativo
de democracia, com o sufrágio universal e eleições para a escolha dos cargos
do Executivo e do Legislativo resulta de um “processo histórico por vezes
violento, sempre doloroso e, amiúde, fabricante de surpresas”. (Idem).
Durante esse longo processo de institucionalização, a democracia
representativa sofreu diferentes e profundas transformações até chegar ao
momento atual, que é marcado por um afastamento entre representantes e
representados e pelo desgaste dos partidos políticos como mecanismos
legítimos de representação política.
Bernard Manin (1996) busca refletir as transformações dos governos
representativos ao longo do tempo, dividindo-os em três modelos distintos, a
saber: o governo representativo de tipo parlamentar, a democracia de partidos
e a democracia do público.
No governo representativo do tipo parlamentar, a escolha do
representante estava relacionada à confiança e aos vínculos locais do
candidato, mas essas eleições selecionam um tipo específico da elite: os
notáveis. “O governo parlamentar é o reinado dos notáveis” (MANIN,1995). O
deputado eleito votava na assembléia de acordo com a sua consciência e não
representava a vontade e opinião dos eleitores. As discussões políticas
estavam restritas ao parlamento. Tal modelo se esgota com o aumento do
eleitorado, o que impediu a predominância das relações pessoais entre
representante e representado.
A democracia de partidos surge com a ampliação do número de
eleitores e com a emergência dos partidos de massa. Esse novo modelo de
governo representativo passa agora a se caracterizar por uma notável
fidelidade partidária e expressa a divisão de uma sociedade dividida em
classes, o que faz com que a escolha eleitoral se dê em prol de um partido e
não em uma pessoa. Neste modelo, a escolha do representante está vinculada à escolha
do partido, muito mais do que ao seu programa. A esse respeito, Manin faz a
seguinte análise:
41
Naturalmente, os partidos de massa constituídos no final do século XIX formularam plataformas políticas detalhadas, que utilizaram em suas campanhas eleitorais. Quanto a isso, revelaram-se muito diferentes dos partidos existentes no modelo parlamentar. Mas os eleitores não sabiam muita coisa a respeito do conteúdo preciso dessas plataformas. Mais freqüentemente do que se pensava, a grande maioria dos eleitores desconhecia os planos específicos propostos pelos partidos. Mesmo quando os eleitores tinham conhecimento da existência de programas, eles só guardavam na memória algumas fórmulas muito vagas e as palavras de ordem mais marcantes repetidas durante as campanhas. As plataformas políticas serviam para dar aos ativistas um certo senso de direção, que mobilizava suas energias e unificava o conjunto do partido. Ainda que por razões distintas, os eleitores dos partidos de massa não conheciam muito mais a natureza exata das metas defendidas pelos candidatos do partido em que votavam do que ocorria com o eleitorado no modelo parlamentar, ao escolher uma pessoa de confiança. Os eleitores dos partidos de massa votavam num partido porque se identificavam com ele, independentemente dos planos de ação constantes da plataforma do partido. Nesse sentido, a democracia de partido, assim como o tipo parlamentar de governo representativo, baseia-se na confiança. A diferença está no objeto dessa confiança: não mais uma pessoa, mas uma organização, o partido. (grifos nossos). (MANIN, 199)
Importante percebermos que nesse modelo, mesmo havendo um
sentimento de pertencimento a uma classe e uma maior identificação com um
partido político, o que representa uma maior politização do eleitorado, a
questão dos projetos políticos não necessitavam ser de um todo reconhecido
pelos eleitores, o que afasta a visão de que a discussão das plataformas de
governo foi um dia objeto de negociação entre representantes e eleitores e,
por esse motivo, as campanhas já foram mais politizadas.
Outra característica da democracia de partido diz respeito a forma
como era formada a opinião pública. Nesse modelo a disputa eleitoral bem
como os modos de expressão da opinião pública eram organizados pelos
partidos. Todas as formas de expressão dessa opinião pública se estruturam
por meio das diferentes visões partidárias.
A democracia de partido também não constitui o modelo
predominante de governo representativo nos dias atuais. Com a expansão
dos meios de comunicação, esse modelo entra em crise. Segundo Manin,
42
antes dos anos 70, muitos estudos concluíam que as preferências políticas se
explicavam pelas características sociais, econômicas e culturais do eleitorado,
porém, hoje em dia a situação mudou.
Na visão de Manin, o aparecimento da televisão levou a um
estreitamento das relações entre representantes e eleitores, tornando os
partidos políticos prescindíveis nessas relações
Enquanto novo locus do debate político, a televisão exige dos
candidatos uma maior habilidade para o ato de se comunicar. Em suas
palavras:
(...) os canais de comunicação política afetam a natureza da relação de representação: os candidatos se comunicam diretamente com seus eleitores através do rádio e da televisão, dispensando a mediação de uma rede de relações partidárias. A era dos ativistas, burocratas de partido ou "chefes políticos" já acabou. Por outro lado, a televisão realça e confere uma intensidade especial à personalidade dos candidatos. De certa maneira, ela faz recordar a natureza face a face da relação de representação que caracterizou a primeira forma de governo representativo. Os meios de comunicação de massa, no entanto, privilegiam determinadas qualidades pessoais: os candidatos vitoriosos não são os de maior prestígio local, mas os "comunicadores", pessoas que dominam as técnicas da mídia. O que estamos assistindo hoje em dia não é a um abandono dos princípios do governo representativo, mas a uma mudança do tipo de elite selecionada: uma nova elite está tomando o lugar dos ativistas e líderes de partido. A democracia do público é o reinado do "comunicador".(MANIN, 1995, p.18)
Na sua visão, esse fato deve-se a uma crise de representação
política, na qual os partidos tornam-se apenas “instrumentos a serviço de um
líder” (Idem). Essa nova configuração do governo representativo teria duas
causas: a primeira está ligada ao fato de que “os canais de comunicação
política afetam a natureza da relação de representação”, em que a
comunicação entre candidatos e eleitores através da mídia dispensa a
mediação dos partidos; a segunda refere-se às condições atuais do exercício
do poder, pois “como o âmbito das atividades do governo aumentou
consideravelmente nas últimas décadas, tornou-se mais difícil para os
43
políticos fazer promessas muito detalhadas; os programas ficariam muito
extensos e seriam praticamente ilegíveis” (Ibid).
Acrescenta-se a esses fatores, a evidência de que os eleitores
buscam um certo poder discricionário nos candidatos, quando se leva em
conta o caráter de imprevisibilidade dos problemas a serem enfrentados pelos
políticos. Dessa feita, “na opinião dos eleitores (...) a confiança pessoal que o
candidato inspira é um critério de escolha mais adequado do que o exame
dos projetos para o futuro” (Idem, p. 19).
Essa visão, contudo, não deve minimizar a capacidade contestadora
da sociedade12. Sem dúvida, o extraordinário desenvolvimento dos meios de
comunicação ao longo do século XX teve notáveis reflexos na prática política,
mas a relação entre a mídia e as decisões do eleitor não pode ser entendida
como um fator condicionante do voto. Essa relação tem sido atualmente
objeto de estudo de uma vasta literatura, que busca discutir as mudanças que
os meios de comunicação de massa imprimiram aos processos políticos de
uma forma geral e às eleições, em particular.
2.2.2. O processo de midiatização da política A centralidade que a mídia impõe no cenário político tradicional tem
sido objeto de reflexões de vários estudos na área das Ciências Sociais. Ao
tratar do lugar que a política ocupa na sociabilidade contemporânea, Rubim
(2002) afirma que a discussão sobre o assunto tem sido um tanto
problemática:
Insistentemente ela [a política] tem sido instalada no registro da crise, quase em situação de não-lugar. O colapso das energias utópicas, a derrocada das grandes narrativas, a depressão dos sujeitos políticos, a insatisfação com as práticas de representação, as repetidas denúncias de corrupção, o desencanto com os políticos profissionais aparecem apenas como algumas das inúmeras interpelações endereçadas à política pela contemporaneidade. A relação
12 Que pode ser compreendida através do conceito gramsciano de bom senso.
44
atual entre comunicação e política, reivindicada de modo reiterado nos estudos recentes, tem, quase sempre, se pautado por um tom sombrio, pois a política submerge como dilacerada pela mídia. (RUBIM, 2002)
Para Rubim, há múltiplas modalidades de interação entre
comunicação e política, mas as diversas possibilidades de resolução dessa
relação, que embora se apresente ora complementar ora conflitiva, “é sempre
marcada tensa e em processo de persistente disputa” (RUBIM, 2002, p. 06).
Sem dúvida, as mudanças culturais ocorridas a partir do
desenvolvimento dos meios de comunicação de massa refletiram-se na
atividade política, uma vez que esta passou a introduzir novas formas de
disputa pelo poder. Segundo Miguel (2002):
O prodigioso desenvolvimento dos meios de comunicação, ao longo do século XX, modificou todo o ambiente político. O contato entre líderes políticos e sua base, a relação dos cidadãos com o universo das questões públicas e mesmo o processo de governo sentiram, e muito, o impacto da evolução tecnológica da mídia. Já no começo do século, fez-se notar a presença do rádio, secundado pelo cinema, que se mostrou um importante instrumento de propaganda. Os novos meios exigiam novos tipos de políticos, que soubessem como utilizá-los (...). Mas o meio dominante, desde que surgiu, e que por enquanto não parece ser desafiado pelas novas tecnologias, é a televisão. Ela revolucionou nossa percepção do mundo, em especial do mundo social e, dentro dele, da atividade política (MIGUEL, 2002, p. 155).
A mídia, especialmente a televisão, é um dos principais aparelhos
privados de hegemonia nas sociedades contemporâneas e adquire papel de
destaque na política contemporânea, na medida em que tem a capacidade de
difundir visões de mundo13.
Sem dúvida, a televisão, como uma das principais fontes de
informação e entretenimento, “reorganizou os ritmos da vida cotidiana, os
espaços domésticos e, também, as fronteiras entre diferentes esferas sociais
“(MIGUEL, 2002). Dentre as mídias eletrônicas, a TV ganha destaque no
cotidiano dos seus telespectadores. Para Joshua Meyrowitz (apud MIGUEL, 13 BOURDIEU, 1997.
45
2002, p.155), a TV rompeu a segmentação de públicos que é própria da mídia
impressa, contribuindo para “redefinir as relações entre mulheres e homens,
crianças e adultos, leigos e especialistas”, além de “aprofundar as
transformações no discurso político, de certa maneira unindo o sentimento de
intimidade, transmitido pelo rádio, com o apelo imagético próprio do cinema”
(Idem).
Para Bourdieu, a televisão tem um papel de grande importância nas
disputas políticas. Para ele:
Um dos móveis das lutas políticas, no nível das trocas cotidianas ou na escala global, é a capacidade de impor princípios de visão de mundo, óculos tais que as pessoas vejam o mundo segundo certas divisões (os jovens e os velhos, os estrangeiros e os franceses). Ao impor essas divisões, formam-se grupos, que se mobilizam e que, ao fazer isso, podem chegar a convencer de que existem, a fazer pressão e a obter vantagens. Nessas lutas, hoje, a televisão desempenha um papel determinante. Os que ainda acreditam que basta se manifestar sem se ocupar da televisão correm o risco de errar o tiro: é preciso cada vez mais produzir manifestações para a televisão, isto é, manifestações que sejam de natureza a interessar às pessoas de televisão (...) e que, retomadas, amplificadas por elas, obterão sua plena eficácia. (BOURDIEU, 1997, p.29-30)
Assim, a mídia televisiva apresenta-se hoje como uma nova arena de
disputa eleitoral, “um espaço privilegiado da disputa política e da construção
da hegemonia entre os grupos sociais”. (EVANGELISTA, 2006b, p. 05).
Diante disso, e considerando a primazia da imagem trazida pelas
transformações culturais ocorridas na sociedade contemporânea, os
profissionais da comunicação dispõem de grande credibilidade face a suas
audiências, apresentando, por esse motivo, grande potencial para adentrar na
carreira política. Tal fator tem levado a uma série de estudos que buscam
discutir as influências que o meio televisivo impõe à prática política.
Em seu estudo, Leandro Colling (2001) busca sistematizar os estudos
sobre a mídia e eleições presidenciais realizadas no Brasil em 1989, 1994,
1998 e 2002. Objetivando apontar os principais eixos interpretativos utilizados
46
por esses estudiosos, Colling observou que a maioria desses trabalhos
poderia ser dividida de acordo com as interpretações dos seus autores sobre
dois importantes aspectos: o primeiro diz respeito às mudanças provocadas
pela mídia sobre a política nos períodos eleitorais; o segundo eixo diz respeito
aos impactos atribuídos à mídia sobre os eleitores e o cenário em que ocorreu
a disputa.
O nosso estudo se encaixa nesse primeiro eixo apontado por Colling,
uma vez que busca identificar elementos que permitam explicar a relação
entre mídia e a discussão de projetos políticos entre candidatos e eleitores.
Nesse primeiro eixo interpretativo as pesquisas no Brasil buscam
refletir sobre as mudanças provocadas pela mídia na política no período
eleitoral. Nesses trabalhos, existem duas concepções diferentes: há os
autores que acreditam que nada mudou, isto é, que a forma de se fazer
política nas eleições continua a mesma de sempre, não havendo
modificações provocadas pelos meios de comunicação de massa; e existe
outro conjunto de pesquisadores que concluíram que tudo ou quase tudo
mudou. Esse conjunto de autores, por sua vez, se subdividem em duas
vertentes: há os que acreditam que tudo mudou para pior e os que defendem
que as mudanças foram positivas.
Segundo Colling, os que acreditam no lado negativo das mudanças
sustentam os seguintes argumentos: a) mídia despolitizou as campanhas
pois, antes da emergência dos meios de comunicação de massa, as
campanhas políticas eram mais politizadas, pois a política baseava-se no
corpo-a-corpo e no debate de idéias entre grupos interessados em política.
Antes, as campanhas eleitorais não se baseavam na imagem dos candidatos,
mas em seus projetos de governo; b) A mídia espetaculariza as campanhas
eleitorais. As estratégicas de comunicação fazem parte das campanhas e
são consideradas meros espetáculos; c) A mídia transforma os políticos em
mercadorias – em linhas gerais, os autores que defendem essa idéia
acreditam que os políticos fariam de tudo para agradar o eleitor, o que os leva
a adequar-se aos desejos desses eleitores, mesmo que estes destoem de
suas convicções e projetos de governo; d) A mídia transforma os políticos em
mitos: os autores que partilham dessa idéia criticam a mídia e as estratégias
de comunicação que tendem a prejudicar a democracia, cuja base deveria ser
47
a racionalidade; e) A mídia retira funções que eram do campo da política – os
autores que defendem esse argumento acreditam que a mídia se apropriou
de uma série de funções que eram próprias dos partidos políticos, como a
escolha dos candidatos, o estabelecimento do contato com os eleitores, a
transformação da mídia em um “partido”, dentre outras; f) A mídia é central e
dominante: tal argumento está presente em todo esse primeiro eixo
interpretativo – com essa perspectiva, os defensores dessa linha de
pensamento, além de considerarem os meios de comunicação de massa
como centrais em nossa sociedade, acreditam que eles exercem um papel de
domínio sobre os demais campos, inclusive o político. (COLLING, 2001, p. 31-
32).
Quanto aos pesquisadores que acreditam que as mudanças que a
mídia impôs ao campo político foram positivas, estes, embora apresentem
críticas a ação dos media nas campanhas eleitorais, defendem os seguintes
argumentos: a) a mídia politizou as campanhas, na medida em que passa a
trazer a política para um número maior de pessoas; b) a mídia oferece aos
eleitores mais acesso às informações: tal argumento serve para justificar a
politização dos eleitores, pois os meios de comunicação estariam
proporcionando informações que antes não eram de conhecimento público; c)
a mídia provoca maior participação dos eleitores, pois são responsáveis por
produzir mais vontade de participar e intervir na vida política; d) existem
vieses positivos na espetacularização pois tal fenômeno não produz,
necessariamente, apenas consequências negativas.
Tais discussões ainda precisam ser muito debatidas, pois, como
sustenta Rubim, as questões postas pela contemporaneidade são
demasiadamente complexas para diagnósticos apressados e definitivos.
Nas discussões que defendem a mudança na prática política com o
advento dos meios de comunicação de massa, um conceito que tem sido
recorrente para analisar a relação entre mídia e política é o de “democracia do
público”, formulado por Manin (1995). Como visto no primeiro capítulo, este
conceito descreve bem a transformação ocorrida na prática política,
mostrando que a necessidade da política adequar-se aos meios de
comunicação de massa - sobretudo do meio televisivo – teria tornado as
campanhas eleitorais cada vez mais espetacularizadas, levando os partidos
48
políticos a enfatizarem a imagem do candidato em detrimento de suas
propostas (MANIN, 1995).
A idéia de espetacularização leva em conta o eminente papel da
imagem na sociedade contemporânea. Com o crescente processo de
midiatização pelo qual passam as sociedades no período contemporâneo, os
fatos passam a ser percebidos cada vez mais a partir do momento em que
são mostrados através dos meios de comunicação de massas.
Para Guy Debord (2003) a supremacia da imagem com o advento dos
mass media leva à “sociedade do espetáculo”. Diz ele:
A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social levou, na definição de toda a realização humana, a uma evidente degradação do ser em ter. A fase presente da ocupação total da vida social em busca da acumulação de resultados econômicos conduz a uma busca generalizada do ter e do parecer, de forma que todo o «ter» efetivo perde o seu prestígio imediato e a sua função última. Assim, toda a realidade individual se tornou social e diretamente dependente do poderio social obtido. Somente naquilo que ela não é, lhe é permitido aparecer (DEBORD, 2003).
Para Debord, se a alienação do homem, em um primeiro momento,
encontra-se na degradação do “ser para o ter”, na sociedade do espetáculo
ela incide na degradação do “ter para o parecer”. Isto é, em nossa sociedade,
os acontecimentos precisam aparecer para serem vistos como reais.
Na visão de Sartori (2001), a política hoje, que ocorre por meios de
imagens, não tem sido positiva. Para ele, o homo sapiens, produzido pela
cultura escrita, está sendo transformado em um homo videns, no qual a
palavra vem sendo destronada pela imagem política. Essa política feita pelas
imagens interfere no processo democrático baseado em opiniões, condiciona
o processo eleitoral e embota a realidade.
No entanto, para Rubim, essas análises com diagnósticos pessimistas
para a atividade política, que vêem a comunicação como detentora de um
poder aniquilador para a política, são soluções apressadas e unilaterais para
complexas questões postas (ou impostas) pela contemporaneidade e, por
isso, não se sustentam.
49
Ao tratar da espetacularização, Rubim (2002) defende que tal
fenômeno não é próprio da sociedade midiática. Antes das sociedades serem
ambientadas pela mídia já havia espetáculo na política e na religião. Porém,
hoje o espetáculo se separa dessas práticas sociais e se autonomiza, estando
mais ligado aos campos cultural e midiático. Isto ocorreria porque uma das
marcas da contemporaneidade é a cultura como espetáculo. Por ser cada vez
mais midiatizada, a cultura privilegia tal relação entre mídia e espetáculo (Id,
p.17).
Contudo, nem tudo no campo midiático é espetáculo. Rubim
considera midiatização e espetacularização como dois procedimentos
distintos, afirmando que:
Midiatização designa a mera veiculação de algo pela mídia, enquanto espetacularização, forjada pela mídia ou não, nomeia o processamento, enquadramento e reconfiguração de um evento, através dos inúmeros expedientes anteriormente analisados. Assim, a mídia pode ser associada a processos de midiatização e espetacularização, mas tais dispositivos longe estão de elucidar os fantásticos imbricamentos entre mídia e contemporaneidade (RUBIM, Id, p.14).
Com a preponderância da imagem no mundo contemporâneo, a
prática política nos dias atuais, sobretudo aquela que está voltada para o
processo eleitoral, se dá, cada vez mais, como uma luta por meio da imagem
pública dos candidatos. No Brasil, especificamente, onde as campanhas
eleitorais são eminentemente personalistas, podemos perceber isso nas
próprias estratégias de marketing que se baseiam principalmente na
construção da imagem dos candidatos em disputa. Mas tal imagem vai além
da percepção visual que se constrói destes políticos.
Ao tratar da importância de que dispõe a imagem nas atividades
políticas contemporâneas, Gomes (2004) afirma que no mundo político existe
a convicção segundo a qual uma parte considerável da disputa política se dá
na forma da disputa pela imagem, seja de indivíduos, de grupos ou de
instituições participantes do jogo político.
50
Partindo da idéia de haver um fenômeno designado por ele como
Política da Imagem, Gomes (2004) acredita que a disputa pela imposição de
imagem recobriria grande parte da disputa política contemporânea,
“constituindo um horizonte adequado para a compreensão de parte
considerável dos fatos, atitudes, preocupações e disposições da prática
política em nossos dias” (GOMES, 2004, p.242).
Diferente do que sugere a expressão, a política da imagem não está
diretamente voltada para o aspecto visual ou iconográfico dos participantes do
jogo político, mas “indica a prática política naquilo que nela está voltado para
a competição pela produção e controle de imagens públicas de personagens
e instituições políticas” (Idem, p. 242).
Importante registrar que, para Gomes, a política da imagem não se
refere a um modo alternativo ou novo de se fazer política, que poderia se opor
a uma política discursiva, em que ocorreria uma contraposição óbvia entre
imagem e discurso. Para ele, a política da imagem, em sua substância, “é
uma entidade conceitual, decisivamente apoiada e construída sobre
mecanismos enunciativos lingüísticos” (Idem). Além disso, ela não é nenhum
fenômeno novo. Para ele, assim como acontece com os fenômenos da
política midiática, a política da imagem acontece desde a antiguidade:
O fenômeno da imagem pública, particularmente na sua forma política, parece ser tão antigo quanto o próprio fenômeno da vida pública. De Júlio César ao Rei Sol, de Thomas Jefferson a Bill Clinton, a preocupação com imagem, fama, nome, reputação das figuras e instituições políticas parece ter acompanhado sempre a prática política - e não apenas esta (Yavetz 1983; Burke 1994; Apostolides 1993, Cunningham 1981; Bukowski 1999 apud GOMES, 2004).
Também para Miguel (2002), a importância da imagem na prática
política não é algo novo. Para ele, não faz sentido alimentar a nostalgia de
“tempos áureos” da política, em que o que reinava era apenas o debate de
idéias, sem haver uma preocupação com a imagem construída com o auxílio
de técnicas da publicidade comercial. Para ele, esses tempos áureos nunca
existiram:
51
Antes do advento da televisão, outros fatores “viciavam” o discurso político. Se hoje é importante que o candidato tenha um rosto atraente, antes pesavam mais a técnica retórica, o timbre de voz ou mesmo o talhe do corpo, já que indivíduos altos e corpulentos se destacavam mais em meio à multidão ou no palanque.[...] mesmo que se possa lamentar a atual banalização do discurso político, nunca houve nada parecido a um debate “puro” de idéias, desligadas daqueles que as enunciam. (MIGUEL, 2002)
Assim, se a política da imagem não é um fenômeno próprio do nosso
tempo, por que ela é considerada central no cenário atual?
Para Gomes, a centralidade da política da imagem no período
contemporâneo está vinculada à esfera da visibilidade pública e a sua estreita
relação com os meios de comunicação de massa. Na sua concepção, apesar
de ser quase intrínseco à atividade política, este fenômeno tornou-se o que é
hoje, em termos de importância social, devido a três fatores. O primeiro diz
respeito ao advento do modelo de sociedades democráticas, que trazem
consigo a exigência da esfera pública. O segundo fator está ligado ao advento
do modelo das sociedades de massa, e o terceiro, ao predomínio da
comunicação de massa como lugar e como significativo recurso no qual e
pelo qual se realiza a esfera daquilo que é socialmente visível (Mickey 1997;
apud GOMES, 2004).”
Para o autor, esses fatores fizeram com que a imagem ganhasse
dimensões únicas na política. Para ele:
A experiência democrática, centrada na existência de esfera pública e de eleições, encaminhou todas as suas energias para diminuir a importância da política obscura, de bastidores e gabinetes, constituindo-se lugares e situações de publicidade como aqueles da decisão política autêntica e, posteriormente, legal. Numa experiência política não democrática, o cuidado com a imagem se explicava pelo fato de que o apoio popular podia significar um suplemento de força, não raramente física, para a manutenção do exercício do poder por parte de um agente político. Não se tratava de uma forma de legitimar a decisão política, mas de conquistar
52
força suplementar ou de reduzir a possibilidade de que tal força se voltasse contra o próprio mandatário. A prática política propriamente dita acontecia em outro lugar, sendo uma experiência de negociação particular ou privada. A experiência democrática moderna não admitia que o arbítrio daquele que era investido de poder se tornasse numa instância legitimadora da decisão. Como este lugar podia ser ocupado apenas pela esfera pública deliberativa e pelas formas eleitorais, o cuidado com a imagem pública tinha mesmo que deixar de ter uma função suplementar e acessória para conquistar outro lugar e outro valor. Aparentemente, o cuidado com a imagem pública mantém a função suplementar de obter adesão popular. Mas o que era apoio popular agora se transforma, qualitativamente, em posição do público, opinião pública. Para além dos efeitos sobre a opinião pública, o cuidado com a imagem tornou-se decisivo para o fato eleitoral e, através desses dois fatores, para a produção de efeito na esfera pública deliberativa. (GOMES, 2004)
Tais fatores explicam a importância diferenciada da imagem pública
em outras épocas. Porém, como explicar o modo específico do seu
funcionamento em nossos dias?
Para Gomes, como vivemos em uma sociedade de massa e, de certo
modo, globalizada, devemos levar em conta que estas, por serem sociedades
extensas, “os limites da vida e da sociabilidade comunitárias perderam a
maior parte do seu sentido e onde o conhecimento comum do que se passa
demanda e se apóia decisivamente em meios artificiais de geração e
circulação de mensagens” (Idem, p. 263-364).
Com isso, a imagem pública quase não pode ser produzida na
experiência sensorial direta e dificilmente tem possibilidade de circular pelos
instrumentos da convivência pessoal. Desta feita:
a imagem pública nos chega como nos chega o mundo: mediado pelo sistema institucional e expressivo da comunicação, instrumento predominante onde e por onde se realiza a visibilidade social. Novos instrumentos de produção, gerenciamento e circulação da imagem, praticamente fora do controle direto dos indivíduos e dos grupos de convivência, transformam qualitativamente o próprio objeto «imagem pública». (GOMES, 2004)
53
Para Gomes, portanto, esses três fatores - o advento do modelo
democrático de sociedade com a exigência da esfera pública, o surgimento
das sociedades de massa e o predomínio da comunicação de massa como
lugar em que se realiza a esfera do que é socialmente visível - fazem com
que a imagem pública no período contemporâneo deixe de ser politicamente
acessória para ser central, deixando de ser um fato próprio da vivência
comunitária para ser um fenômeno decisivo nesse contexto cuja experiência é
produzida e conduzida pela nova forma de comunicação que se dá via meios
de comunicação de massa.
2.2.3. Marketing e política
Nesse novo contexto em que ocorre a prática política, um elemento
que se faz cada vez mais presente é a existência do marketing político. Nas
campanhas eleitorais atuais, a presença do marketing e seus profissionais é
algo indispensável para o candidato que pretende construir uma imagem
pública. Mas, o que é o marketing político?
Segundo Almeida (2002), o conceito e a prática do marketing eleitoral
político são polêmicos e estão presentes no amplo debate nos estudos de
mídia e política.
De acordo com este autor, a idéia de um marketing despolitizado não
é vista somente de modo negativo. Existem aqueles autores que defendem
essa característica como positiva. Para Cid Pacheco (apud ALMEIDA, 2002,
p.68), há uma diferença entre o marketing político e marketing eleitoral. O
marketing eleitoral é um fato não-político que se tornou um dos fatos políticos
mais relevantes da política contemporânea, por ser o marketing algo que vem
de fora da política e dizer respeito à esfera do mercado (PACHECO, apud
ALMEIDA, 2002, p.69). Porém, sua presença na esfera política não pode ser
considerada estranha ao mundo contemporâneo, pois, assim como foi uma
necessidade para o consumo de massas, o marketing transformou-se em algo
necessário para a política nas democracias liberais contemporâneas que
54
caracterizam-se pela existência de eleitorados massivos. “É assim que o
marketing se associa à política: para atender a uma necessidade histórico-
social. A chamado, não por intromissão”(PACHECO, apud ALMEIDA, 2002).
Ainda segundo a concepção de Pacheco, o conceito de marketing
político é controverso entre os especialistas, porém, o conceito de marketing
eleitoral é algo já bem definido: “voto é marketing, o resto é política”, devendo,
este, pois, seguir a lógica do mercado, onde o primado seria o consumidor (no
caso, o eleitor).
O candidato – enquanto objeto eleitoral – é um produto e a eleição é uma venda – a ambos, obviamente, entre aspas: estamos no campo das metáforas. Sob tal enfoque, ninguém melhor do que os profissionais de marketing e propaganda para entender e operar tal processo (PACHECO, apud ALMEIDA, 2002, p. 69).
Para este autor, ”o maior inimigo do candidato é o político”, uma vez
que na atualidade o sucesso de uma eleição não pode ser alcançado apenas
por meios puramente políticos, mas deve contar necessariamente com as
técnicas de marketing (PACHECO, apud ALMEIDA, 2002, p. 69).
Segundo Vera Chaia:
Para os profissionais de marketing, o candidato a um cargo político deve respeitar todas as etapas que envolvem a venda de um produto: desde a criação de uma plataforma política até a “embalagem”, ou melhor, a conduta política, a forma de vestir, de se expressar. (apud ALMEIDA, 2002, p. 80):
Para Almeida (2002, p. 80), essa concepção de marketing político não
buscaria a formação de um projeto político e de um candidato da forma como
ele é, mas de uma maneira que se torne mais fácil a sua aceitação pelo
eleitorado, representando assim uma forma “cientifica” de conquistar votos.
Essa discussão de marketing enquanto sinônimo de voto e a
dificuldade de se alcançar o sucesso em uma eleição exclusivamente por
55
meios políticos nos leva a pensar sobre a própria função do marketing. Para
tanto, é importante recorrermos a alguns conceitos de marketing.
Para Kotler, “O marketing é a análise, o planejamento, a
implementação e o controle de programas cuidadosamente formulados e
projetados para propiciar trocas de valores com mercados-alvo, no propósito
de atingir os objetivos organizacionais” (KOTLER, 1978, p. 20).
Também podemos entender marketing como sendo “o processo social
e gerencial através do qual indivíduos e grupos obtêm aquilo de que
necessitam e desejam por meio da criação e troca de produtos e valores”
(KOTLER E ARMSTRONG, 1993, p. 20).
Podemos conceber ainda o marketing enquanto “uma técnica
administrativa que visa especificamente a um objetivo” (BARILI apud
ALMEIDA, 2002, p. 76) e considerar que “todo marketing é marketing de uma
idéia” (KOTLER E ARMSTRONG apud ALMEIDA, 2002, p. 77).
Dessa forma, a afirmação de Pacheco acima citada segundo a qual
“marketing é voto, o resto é política”, como sustenta Almeida, contradiz o
próprio conceito de marketing.
Para Almeida, mesmo em casos considerados exemplares de
candidaturas conduzidas pelo marketing, como foi o caso das eleições de
Collor em 1989 e Menem, em 1991, na Argentina, a ação política foi
fundamental. Isso não quer dizer que o marketing não tenha papel importante
nas campanhas eleitorais. Segundo Almeida, tanto a ação política quanto a
função do marketing são fundamentais para o sucesso eleitoral:
Sem a construção dos cenários políticos, da organização política, do programa político, dos recursos materiais levantados para viabilizar um projeto político, e da aliança política que viabiliza espaços privilegiados na mídia (ou que altera a legislação eleitoral para favorecer determinados candidatos) o “marketing eleitoral” dificilmente trará resultados políticos vitoriosos. Mais corretamente seria dizer: voto é política mais marketing (ALMEIDA, 2002, p. 83).
Nessa perspectiva, podemos considerar que os programas de
governo em uma campanha constituem elementos importantes para a
56
formação da imagem pública de uma determinada candidatura e pode, pois,
ser considerada uma idéia a ser trabalhada pelo marketing para a conquista
de votos.
Obviamente, dado o caráter personalista que caracteriza a política na
atualidade, os projetos políticos não são considerados a principal peça da
campanha política, mas aparece como um elemento importante para a
definição das estratégias de marketing para compor a imagem pública que se
idealizou para uma dada candidatura.
No entanto, a defesa de um projeto político no âmbito televisivo
esbarra em obstáculos que surgem na própria composição das mensagens
políticas elaboradas para esse meio de comunicação, em especial durante a
veiculação do HGPE.
2.2.4. As campanhas eleitorais brasileiras e o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral
No Brasil, dentre os muitos exemplos de influência da mídia no campo
político14, destaca-se o papel desempenhado pelo Horário Gratuito de
Propaganda Eleitoral na televisão. Nas campanhas majoritárias, o HGPE
representa um dos principais espaços para a realização da disputa eleitoral
entre os partidos políticos, em que os próprios candidatos e partidos são
responsáveis pela produção das mensagens políticas que julgam mais
adequadas para apresentarem aos cidadãos, potencializando o processo de
construção da imagem dos candidatos.
Algumas pesquisas revelam que esse espaço de disputa eleitoral -
concedido pela justiça eleitoral aos partidos durante o período eleitoral -
representa uma das maiores fontes de informação utilizadas pelos eleitores
no processo de decisão do voto15. Isso se deve, em parte, ao fato de que a
televisão representa o principal meio de comunicação em nosso país. A título
14 Sobre exemplos dessa interferência, ver Rubim e Colling (2004). 15 Ver Lourenço (2001).
57
de ilustração, vale registrar aqui que, em 2006, 93,5% dos domicílios
brasileiros possuíam aparelhos de televisivos16.
Por esse motivo, o HGPE desempenha um papel central nos
processos eleitorais, sendo utilizado como objeto de negociação entre os
partidos no momento de formação de alianças.
Sobre a importância do HGPE nos processos políticos em nosso país,
Miguel (2004) explica que:
No jogo eleitoral brasileiro, ele se tornou um elemento central, altamente valorizado nos cálculos dos agentes políticos, quando projetam os lances seguintes de suas carreiras ou procuram alianças. Ele é, nas circunstâncias atuais da política brasileira, o grande mecanismo de valorização das hierarquias partidárias. Uma vez que o tempo é distribuído, em parte, de acordo com as bancadas no Legislativo, os partidos contam como blocos, como se agissem em uníssono (MIGUEL, 2004, p. 239).
Do ponto de vista da democratização, Miguel considera que o HGPE
propicia duas principais vantagens ao processo eleitoral. A primeira é a
redução da influência do dinheiro, na medida em que é o Estado que entra
com os gastos das veiculações nas diferentes emissoras17. A segunda é a
diminuição da influência das emissoras de comunicação de massa, pois
permite que os próprios partidos construam sua agenda temática,
selecionando assuntos que consideram mais adequados.
Por desempenhar um papel de destaque nas campanhas eleitorais, o
HGPE conta com programas altamente elaborados, montados a partir de
sofisticadas estratégias de marketing. Segundo Rubim (2002), no Brasil, ao
contrário de outros países que proporcionam o acesso gratuito dos partidos à
televisão, o HGPE leva ao ar material audiovisual de excelente qualidade.
16 Fonte: PNAD. 17 Apesar de positivo, é importante fazermos uma observação em relação a esse aspecto: a produção da propaganda política para a televisão é algo extremamente caro, pois envolve gastos com os especialistas do marketing que são muito disputados no mercado. Dentre as atividades do marketing que também aumenta os custos a campanha está o uso regular de pesquisas quantitativas e qualitativas, que são fundamentais para a definição das estratégias de campanha e suas eventuais correções de rumo durante uma campanha eleitoral.
58
Por fazer uso dessas sofisticadas técnicas de marketing, o HGPE tem
sido um objeto muito discutido nos estudos sobre as interfaces entre a política
e os meios de comunicação, em que há sempre o debate em torno do poder
desses meios sobre a esfera política.
Para Albuquerque (1999, p. 55), o modelo político de propaganda
política no Brasil distingue-se em muitos aspectos daqueles adotados em
outros países, pois combina o acesso gratuito dos partidos à televisão (sendo
proibida a propaganda política paga) com uma relativa desregulamentação do
conteúdo da televisão.
Em seu estudo, Albuquerque compara o HGPE brasileiro a outros
modelos de propaganda política na televisão, principalmente ao modelo
americano.
Segundo o autor, o uso da propaganda política na televisão data do
ano de 1952, quando, nos Estados Unidos, os republicanos construíram uma
campanha bastante profissional para seu candidato dando ênfase ao uso de
spots. Tal escolha deveu-se a três motivos principais: pelo seu menor custo,
maior eficiência na audiência e devido ao fato desse modelo transmitir
mensagens simples e fáceis de serem memorizadas pelo espectador
(ALBUQUERQUE, 1999 p. 56). Em contrapartida, os democratas fizeram
pouco uso da televisão e censuraram a campanha republicana “como uma
tentativa de vender candidatos como sabão” (DIAMOND & BATES Apud
ALBUQUERQUE, 1999, p. 56). Ao mesmo tempo, algumas redes de TV
tentaram recusar a veiculação dos spots alegando que estes não eram
adequados a uma campanha presidencial. A partir disso, a profissionalização
e adaptação da propaganda política à lógica da televisão se tornaram
tendências dominantes nas campanhas eleitorais.
De acordo com Albuquerque foram dois os fatores que contribuíram
para a evolução da propaganda política nos Estados Unidos: primeiro, pelo
aumento da adoção do sistema de eleições primárias pelos estados norte-
americanos, no qual a seleção dos candidatos se faz a partir das bases e não
mais das máquinas partidárias; e, em segundo lugar, devido ao
desenvolvimento das tecnologias de comunicação, sobretudo no que se
refere à difusão da televisão, ao uso do marketing político e das pesquisas de
opinião. Tais mudanças, em seu conjunto, originaram “uma nova ordem
59
política high tech, na qual os especialistas em comunicação política
assumiram um papel predominante na organização das campanhas eleitorais,
em detrimento do pessoal dos partidos políticos” (ALBUQUERQUE, 1999, p.
57).
Além disso, outro fator a ser levado em conta é o avanço da corrente
emocional na propaganda política, cuja consequência mais importante é,
segundo o autor, o uso frequente das técnicas de propaganda referencial,
“que utiliza símbolos carregados de afeto a fim de, sutilmente, transferir
sentido para os produtos por ela promovidos (Idem).
Nos Estados Unidos, as campanhas eleitorais são, portanto,
marcadas por um alto grau de profissionalização. Nesse contexto, os partidos
políticos desempenham um partido cada vez menos importante (Idem).
Segundo Albuquerque, uma teoria que vem sendo discutida
atualmente é a da “americanização” das campanhas eleitorais em todo o
mundo. Tal hipótese leva em conta duas constatações: por um lado, o papel
central da televisão como locus da disputa eleitoral e a consequente
decadência das velhas lideranças políticas e o declínio do debate ideológico
que tem, cada vez mais, dado lugar ao confronto de imagens públicas
(GUREVITSCH & BLUMLER, apud ALBUQUERQUE, 2002, p. 65); por outro,
a teoria defende que o modelo americano tem sido copiado em outros países,
o que tem levado a contratação de diversos profissionais de marketing
americanos. Tais fatores levariam a uma conclusão segundo a qual a
influência americana é o principal fator pra explicar as mudanças verificadas
nas campanhas eleitorais de outros países. Contudo, Albuquerque afirma que
esta é uma conclusão precipitada, uma vez existe pouca evidência para
sustentá-la. Exemplo disso, é o fato de consultores britânicos terem sido
contratados para comandar a campanha do presidente americano Bill Clinton,
o que levaria a identificar, com isso, uma “britanização” das campanhas
eleitorais (NEGRINE & PAPATHANASSOPOULOS, apud ALBUQUERQUE,
1999, p. 65).
No âmbito acadêmico, o termo “americanização” assume contornos
normativos, significando um caminho que os países devem seguir. Fora desse
campo, o termo é entendido com um sentido negativo, referindo-se à
subordinação da política nacional a critérios estrangeiros, superficiais e
60
decadentes (MANCINI & SUANSON, 1996; BLUMLER, KAVANAGH &
NOSSITER, 1996, apud ALBUQUERQUE, 1999).
Porém, ao invés de utilizar o termo “americanização”, Mancini e
Swason (1996, apud ALBUQUERQUE, 1999) propõem o termo
“modernização” para referir-se às transformações das campanhas eleitorais
em todo o mundo e o termo americanização para referir-se ao estudo da
exportação das técnicas e de profissionais norte-americanos de campanha.
Americanização ou modernização, o fato é que nas democracias
liberais contemporâneas a profissionalização das campanhas eleitorais, com
a utilização das cada vez mais modernas técnicas de marketing, são
indispensáveis no jogo político eleitoral.
No Brasil, o HGPE tem sido construído baseado nesse processo de
modernização, o que tem levado a alguns autores identificarem no seu
processo de construção os desafios deste se tornar um meio eficaz para a
informação política do eleitor.
Miguel (2004) aponta um problema na utilização dessas técnicas.
Para ele, uma “boa” campanha eleitoral é aquela em que os candidatos
devem se preocupar em expor suas propostas, permitindo que o eleitor tenha
condições de escolher aquela que julga a melhor plataforma de governo. No
entanto, assinala que o predomínio das técnicas de marketing político no
HGPE compromete sua destinação inicial, que era gerar o debate político e
esclarecer a cidadania (MIGUEL, 2004, p. 241). Como vimos anteriormente,
tal idéia não é de um todo verdadeira, na medida em que, enquanto técnica
que pode servir para trabalhar diferentes idéias, o marketing em si não pode
ser considerado o pivô da despolitização de uma campanha eleitoral.
Claro que essa adequação dos programas eleitorais ao formato
televisivo é necessária. Albuquerque e Dias (2002b) afirmam que estes
programas tiveram que enfrentar alguns desafios, como o isolamento em
relação à programação normal, a necessidade de adaptar a mensagem a um
quadro temporal pré-definido e os problemas decorrentes do excesso de
informação. Por esse motivo, os programas tiveram que desenvolver uma
gramática própria.
Apesar de concordar com as transformações que os meios de
comunicação de massa impuseram ao discurso político, Miguel (2002) faz
61
algumas considerações quanto ao tipo de interpretação que acredita que o
discurso político se pasteuriza ao incorporar um formato midiático. Na sua
concepção, formulações dessa natureza presumem que exista um modo de
discurso próprio dos políticos, porém ocorre que o discurso político muda
conforme o contexto histórico em que ocorre e com as possibilidades técnicas
de difusão de que dispõe. Outro problema apontado pelo autor é o fato de tal
pasteurização ter mais a ver com o “estreitamento do leque de opções
políticas, a partir do eclipse dos projetos socialistas, do que aos efeitos da
mídia” (Idem, 2002, p. 177-178).
Mesmo assim, não desconsidera as mudanças ocorridas na política a
partir do desenvolvimento dos media. Para Miguel, numa época em que a
televisão é preponderante “avulta o peso da imagem dos políticos e, o que
talvez tenha conseqüências ainda mais importantes, o discurso se torna cada
vez mais fragmentário, bloqueando qualquer aprofundamento dos conteúdos”
(Idem, p.178).
O discurso político no HGPE, especificamente, não pode deixar de
considerar os desafios impostos pela necessidade de adequação à televisão.
Em seu trabalho, Palmeira (2002) traça as diferentes formatações que o
HGPE adotou no Brasil desde a sua criação18, mostrando como a sua
trajetória do HGPE tem sido errática e descontínua, servindo aos interesses
políticos de quem detém a maioria no Congresso Nacional. Assim, em sua
análise, considera que o HGPE apresenta um caráter diferenciado a cada
eleição, sobretudo pelas alterações no texto da lei. Porém, desde a Lei Falcão
– que buscou delimitar a gramática eleitoral à exibição do nome do candidato,
seu número, um retrato 3x4 e um breve currículo - os blocos do HGPE estão
consolidados como o modelo de propaganda política brasileira. Esses blocos,
que são veiculados em horários predeterminados, são introduzidos como um
corte na programação normal das emissoras de rádio e televisão, representa
uma ruptura de hábito de audiência (PALMEIRA, 2002).
18 Segundo o autor, a propaganda política gratuita em rádio e televisão no Brasil já estava regulada em lei desde 1962. Antes disso, o Código Eleitoral de 1950 disciplinou a propaganda política paga no rádio. Mas apenas nos anos 70, depois que o regime militar unificou as telecomunicações, tornando possível a rede nacional, é que o HGPE começou a tomar forma.
62
O HGPE é inserido na programação normal das emissoras de modo a
modificar o ritmo cotidiano das pessoas. Ao tratar da construção das
temporalidades pela ação da mídia, Barbosa afirma:
A estruturação do tempo nas grades de programação das emissoras se impõe de maneira imperativa, com o mesmo rigor do trabalho, tendo, ao mesmo tempo, um sentido de ritualização. Régis Debray remarca esta unção religiosa. Para ele, os programas são distribuídos na grade de horários, ritmam o tempo cotidiano e semanal, como no passado ocorria nos mosteiros com as missas matinais. (BARBOSA, 1999, apud PALMEIRA, 2002),
Para Palmeira, o fato dos blocos do HGPE se inserirem na grade de
programação, alterando o horário normal da emissora durante certo período
de tempo, repercute na audiência do HGPE. Segundo o autor, a audiência do
HGPE pode ser representada graficamente - sobretudo a partir de 1985, com
o término da Lei Falcão - como um sino invertido: da mesma forma que ocorre
com as novelas, o HGPE começa com um alto índice de audiência, em
seguida cai e recupera depois a audiência inicial. O aumento dos índices de
audiência nos últimos dias do HGPE deve-se pelo acirramento da disputa na
conquista de votos - que vem junto com denúncias e embates ou debates
entre os candidatos, além de representar, para o eleitor sem voto definido,
uma última possibilidade de conhecer seu futuro candidato (MENDES, 2000,
apud PALMEIRA, 2002 ). Nesse aspecto, importante destacar um elemento
básico que é característico do sistema eleitoral brasileiro. Como o voto é
obrigatório, o eleitor, que em geral tem pouco interesse pela política, precisa
definir o seu voto. Para tanto, como as fontes de informações são escassas
para o eleitor das camadas populares, resta o HGPE como fonte privilegiada
de informações sobre os candidatos que disputam as eleições nos diferentes
níveis. Além disso, há a expectativa com a volta da programação normal
(JORGE, 1997, apud PALMEIRA, 2002).
Assim, na busca de diminuir os efeitos causados pela ruptura da
programação normal e garantir um bom nível de audiência, os programas do
HGPE buscam empregar recursos de linguagem iguais aos da programação
normal das emissoras, buscando aliar entretenimento às mensagens
necessárias a um espaço de tempo predeterminado.
63
Os limites impostos ao HGPE fizeram com que os programas
buscassem uma forma de adequar o discurso político à lógica comunicativa
de televisão, fazendo com que estes se aproximassem de um formato de
programa de televisão.
Este formato, contudo, não pode ser entendido como
impedimento para a discussão de problemas políticos e suas soluções. Afinal,
essa discussão costuma ser considerada como a própria razão de existir do
HGPE: permitir aos eleitores escolher o seu candidato conscientemente, em
função de sua afinidade com a plataforma política por ele apresentada
(ALBUQUERQUE, 1999, p. 70).
Para Albuquerque, a exposição da plataforma política pelos
candidatos tem sido considerada por muitos autores como uma tarefa
fundamentalmente diferente da construção de sua imagem. Para ele, o desejo
de um maior esclarecimento do eleitor não constitui a única razão que motiva
certos candidatos a dedicar uma parte significativa à apresentação de sua
plataforma política, mas é o desejo de construir uma imagem de seriedade e
competência que o leva a apresentar tal plataforma de governo.
Para esse autor, existem duas formas de abordar os problemas
políticos: um técnico e outro ideológico. Segundo ele, alguns autores têm
argumentado que as campanhas eleitorais brasileiras estariam evoluindo no
sentido de um a desideologização do discurso, em direção a um debate
político cada vez mais técnico.
Porém, essa forma de abordagem é um tanto simplista, na medida em
que não existe uma diferença substancial entre argumentos técnicos e
ideológicos, no máximo diferenças de estratégia, de forma.
O discurso técnico contém em si um discurso ideológico. Ora, os fatos
são construídos socialmente e as evidências são visões de mundo
particulares que tornaram-se hegemônicas, em contraposição a outras
perspectivas, concebidas como absurdas, exóticas, fantasiosas ou
ameaçadoras (HALL, 1979, apud ALBUQUERQUE, 1999). Assim, o
argumento técnico não deve ser tomado como antagônico ao discurso
ideológico, mas como um artifício retórico com base no qual discursos
ideológicos do status quo se apresentam como uma fala despolitizada, uma
64
mera constatação da realidade das coisas (BARTHES, apud
ALBUQUERQUE, 1999).
Essa indistinção entre discurso técnico e ideológico remete à
concepção gramsciana de hegemonia. Um projeto político consiste em
conjuntos de crenças, interesses, concepções de mundo que orientam a ação
política dos diferentes sujeitos. Num embate eleitoral, o que se percebe é um
compartilhamento de uma visão de mundo, comum nos discursos dos
candidatos em disputa, que defendem determinados projetos que julgam
prioritários para a vida das pessoas, e que priorizam e defendem,
implicitamente, a continuidade de um modelo de sociedade hegemônico.
65
3 . CAPÍTULO II:
OS PROGRAMAS DE GOVERNO NAS ELEIÇÕES NO RIO GRANDE DO NORTE
66
3.1. A CONJUNTURA POLÍTICA DAS ELEIÇÕES 2006 NO RIO GRANDE DO NORTE
3.1.1. Notas sobre a política no RN e os candidatos ao governo do
estado em 2006
A política norte-rio-grandense tem se caracterizado, nas últimas
décadas, pelo enfrentamento de duas forças políticas nas diferentes eleições,
tanto no nível estadual quanto no da capital. Essas forças são compostas, de
um lado, pelo grupo da família Alves, que representa o PMDB no estado, que
lidera a coligação Unidade Popular, e pela família Maia, cuja liderança se dá
através da representação do PFL19 que dirige a coligação Vontade do Povo.
O grupo político dos Alves inicia-se sob a liderança de Aluízio Alves,
quando assume o governo do estado em 196020. Nas eleições deste ano,
Aluízio concorre com Djalma Marinho, candidato indicado por Dinarte Mariz,
grande expressão política da UDN21. Nessa disputa, o grupo de Dinarte
representava os interesses da oligarquia algodoeira e pecuária, enquanto o
Aluízio Alves representava os interesses da nascente burguesia industrial e
dos grupos sociais urbanos, prometendo criar condições para a modernização
do estado através do processo de industrialização (SPINELLI, 2006;
GERMANO,1989). Foi ele quem trouxe a energia de Paulo Afonso e instituiu o
planejamento governamental e a “administração paralela”, impulsionando a
arrancada para a industrialização (SPINELLI, 2006).
O seu governo adota o padrão de modernização inspirado no governo
Kubitscheck, promovendo o desenvolvimento econômico através de um
modelo dominante de industrialização. Segundo Germano (1989, p. 57), a 19 Hoje PFL mudou a denominação da legenda para DEMOCRATAS. 20 Segundo Germano (1989, p. 49), antes de 1960 o chefe da família Alves já atuava na política potiguar, mas ganha expressividade política a partir desse ano. De acordo com este autor, Aluízio Alves inicia sua carreira política nas eleições de 1945, como deputado federal pela UDN, vinculado a Dinarte Mariz. Ocupa o cargo até as eleições de 1958, quando é eleito novamente na condição de deputado federal mais votado. Com destacada participação na Câmara Federal, ganha respaldo para concorrer às eleições para o cargo de governador. Porém, Dinarte Mariz foi contra tal candidatura e lançou Djalma Marinho, o que o fez romper com Mariz e sair do partido. 21 Nessa época, dois partidos disputavam o poder: UDN (União Democrática Nacional) e o PSD (Partido Social Democrático). Ambos possuem origens oligárquicas, pois eram ligados ao Partido Popular. No Estado Novo, o Partido Popular dividira-se em UDN e PSD. Aquele representava a ala mais radical a Getúlio Vargas, enquanto este se “constituiu de elementos (...) menos extremados” ( FURTADO apud GERMANO, p. 1989, p.46).
67
administração de Aluízio se pautou nos seguintes aspectos: a) modernização
administrativa e estabelecimento da infraestrutura necessária ao “progresso”
e à industrialização; b) forte aliança com o imperialismo norte-americano,
através de Aliança Para o Progresso, onde mediante convênios conseguiu
vultosos recursos para seu programa de governo; c) combinação de práticas
clientelísticas/conservadoras e repressivas na direção do aparelho de Estado.
No que pese o fator ideológico, Aluízio Alves declara-se “esquerda
positiva”, isto é, favorável às reformas, mas com a “manutenção das
instituições democráticas” (ALVES, Aluízio. In: GERMANO, 1989, p. 66).
Na crise política que antecede o golpe militar em 1964, Aluízio Alves
assume uma posição ambígua, na medida em que manifesta apoio ao
governo de João Goulart e, ao mesmo tempo, mantém relações políticas com
as lideranças políticas, tais como Carlos Lacerda e Magalhães Pinto,
respectivamente governadores do antigo estado da Guanabara (atual Rio de
Janeiro) e de Minas Gerais. Com a deflagração do golpe de estado, que
derruba João Goulart, Aluízio apoia o governo militar. Nas eleições de1965, a
oposição ganha os governos estaduais na Guanabara e em Minas Gerais.
Depois disso, os partidos políticos existentes desde 1945 são dissolvidos pelo
AI-222
Com a implantação do AI-2, Aluízio Alves filia-se à Arena (partido do
governo), apoiando o golpe de 1964, elegendo-se deputado federal em 1966.
Consegue também eleger como seu sucessor, Walfredo Gurgel, derrotando
Dinarte Mariz. Em 1965, Aluízio e Dinarte pertenciam a partidos políticos
diferentes. Com a imposição do bipartidarismo, os dois principais grupos
políticos estaduais passam a constituir a ARENA no Rio Grande do Norte,
coexistindo através do mecanismo da sublegenda (a legenda ficou dividida
em Arena Verde, comandada por Aluízio Alves, e Arena Vermelha, liderada
por Dinarte Mariz). Com a cassação de Aluízio em 1969, depois do AI-5, o
grupo Alves resolve migrar para o MDB e passa a fazer oposição ao governo
militar.23
22Implantado durante o governo de Castelo Branco, o Ato Institucional número dois (AI-2) , desativa todos os partidos políticos e cria apenas dois: Arena (partido da situação) e MDB (oposição). 23 Ibid, p. 51
68
O grupo político da família Maia surge à cena política do estado no
governo Geisel, em 1975, sob a liderança de Tarcísio Maia. Ex-deputado
federal, Tarcisio Maia foi convocado pelo general Golbery para assumir o
governo do Estado e “empreender a renovação da elite política estadual,
condição exigida para dar sustentação, nos Estados, ao processo de
liberalização iniciado no governo Geisel” (SPINELLI, 2006). Segundo Spinelli
(2006), a ascensão de Tarcísio levou Dinarte Mariz, um dos porta-vozes da
linha-dura militar no Senado, para uma posição secundária.
Nesse governo, Tarcísio Maia ganha credibilidade frente à opinião
pública e às elites locais, por ter feito uma estrutura social preconizada pelo II
PND, recorrendo a quadros especializados, sendo as políticas habitacionais o
carro chefe de sua administração (ANDRADE, 1996; SPINELLI, 2006). Em
1979, o seu primo Lavoisier Maia (secretário da saúde do seu governo) o
sucede como governador biônico e nomeia José Agripino Maia (filho de
Tarcísio Maia).
Como prefeito, José Agripino elege os programas habitacionais como
meta prioritária, deixando o discurso da “participação” como marca de sua
administração (SPINELLI, 2006) como forma de legitimação do seu governo
biônico na Prefeitura de Natal.
A indicação de José Agripino para prefeito
obedecia a uma orientação das lideranças que promoviam a “descompressão” da ditadura militar com o objetivo de renovar a elite política, particularmente no Nordeste, incorporando quadros técnicos, sem histórico pessoal de militância político-partidária. Os novos tempos que se aproximavam contemplavam eleições diretas para cargos executivos (exceção feita da presidência da República, cujo titular seria ainda eleito indiretamente em 1985). Os candidatos do partido criado pelos militares deveriam saber lidar com os movimentos sociais urbanos que haviam florescido durante os anos 70, apesar da repressão governamental. Daí, o discurso da participação respaldado em políticas públicas para o meio urbano, particularmente as regiões metropolitanas das capitais, que elegiam a habitação popular como o principal problema a enfrentar (SPINELLI, 2009).
Com a retórica da participação, o seu modelo participativo não sofreu
grande oposição dos setores populares nem no estado nem na capital.
69
Numa cidade e num estado sem grande organização sindical e de vida associativa; numa cidade em processo de crescimento, atraindo migrantes da zona rural que chegavam sem portar um histórico de construção de identidades contra-hegemônicas, e encontravam um ambiente urbano fracamente integrado, as novas políticas de integração social participativas e integradoras caíam em terreno fértil para abrir caminho aos propósitos de uma elite política que procurava se legitimar pelo apoio às suas pretensões. (SPINELLI, 2006)
É nesse sentido que a tradição política da família Maia se conforma,
passando a concorrer no mesmo patamar que os Alves, transformando a
antiga rivalidade dinartismo/aluizismo em aluizismo/maísmo.
A rivalidade entre Alves e Maia, embora tenha início no período
bipartidário, ganha força a partir de 1982, quando José Agripino derrota
Aluízio Alves nas eleições para governador. Desde então, são seguidos
pleitos em que esses grupos políticos familiares irão disputar entre si cargos
majoritários na estrutura política do estado e da capital.
Para Lacerda e Oliveira (2006), embora rivais, esses agrupamentos
não apresentam uma distinção clara no plano ideológico, pois os fatores que
os diferenciam estão ligados apenas aos seus posicionamentos frente ao
regime militar e ao processo de redemocratização. Para esses autores,
embora o PFL e a família Maia tenham um perfil considerado mais à direita
que os Alves, ambos podem ser considerados grupos de centro-direita.
Outra característica comum entre esses agrupamentos é que tanto a
Unidade Popular quanto a Vontade do Povo costumam prezar pela
participação de seus parentes em cargos eletivos. No entanto, esse traço é
ainda mais marcante na família Alves, visto que esta representa o núcleo
decisório do PMDB (LACERDA & OLIVEIRA, 2006). Além disso, adotam o
mesmo padrão estratégico que acontece através de eventuais cisões ou
defecções de seus parentes, seguida de um retorno ao agrupamento político-
familiar após um tempo de dissidência (Idem).
Sobre a identidade entre as principais lideranças políticas do estado,
Spinelli faz a seguinte afirmação:
70
Para além de quaisquer outras diferenças, o que cimenta a identidade entre as principais lideranças políticas do estado é a busca de mecanismos políticos para dinamizar o setor empresarial, incentivar os investimentos, o crescimento econômico, a geração de empregos e a adoção de políticas sociais para atender demandas do setor popular. Isso não significa que haja um conjunto coerente de propostas nessa direção acerca das quais todos concordem. Nem que haja identidade ideológica em todos os pontos. Longe disso. Uns são mais conservadores e se situam mais à direita, outros menos rígidos ideologicamente, ainda outros admitem um vago diálogo com o campo da esquerda. Isso, contudo, é insuficiente para caracterizar o parentesco ideológico dos mesmos. É preciso que se acrescente a identidade de práticas políticas das principais facções dominantes ao longo das últimas décadas: suas ligações muito fortes com o setor empresarial moderno do Rio Grande do Norte; a atitude patrimonialista no trato com a coisa pública; a utilização da máquina pública como meio de favorecimento do grupo familiar (nepotismo) e da facção mais próxima; a proximidade muito grande aos setores tradicionais da sociedade e das cúpulas do Estado: lideranças políticas tradicionais nos municípios; grandes fazendeiros e empresários; setores dirigentes da magistratura, das forças armadas, do aparelho policial, do alto aparato burocrático. (SPINELLI, 2010)
Os principais candidatos ao governo do Rio Grande do Norte em
2006, Garibaldi Alves Filho (PMDB) e Vilma Maria de Faria (PSB), têm
origens políticas nesses dois pólos dominantes.
Garibaldi Alves Filho, sobrinho de Aluízio Alves, inicia sua vida política
como deputado estadual em 1971, e segue nesse cargo por quatro
legislaturas seguidas. Em 1985 elege-se prefeito de Natal, na reconquista do
direito de eleger os prefeitos das capitais através do voto na
redemocratização da sociedade brasileira. Em 1991 é eleito senador e afasta-
se em 1994 para concorrer ao governo do estado, vencendo esta eleição. Em
1998 é reeleito governador para o período de 1999 a 2002. Em abril de 2002
renunciou ao seu segundo mandato para disputar as eleições realizadas
neste ano, quando elege-se novamente senador24. Em seus mandatos de
governador, faz grandes investimentos em recursos hídricos, principalmente
24Fonte: página pessoal do Senador. Disponível em http://www.garibaldi154.com.br/novo/?page_id=2. Acessado em 05 de setembro de 2010.
71
na implementação de adutoras para as regiões mais secas do estado,
ficando, por esse motivo, alcunhado de “Governador das águas” por seu
marketing político.
Vilma de Faria surge à cena política também na década de 70 (nesse
momento como Vilma Maia). Em 1974 desenvolve trabalhos sociais ao lado
do seu marido e governador do estado, Lavoisier Maia. No primeiro governo
de José Agripino, primo de Lavoisier, assume a Secretaria de Trabalho e
Ação Social, apresentando um excelente desempenho e recebendo o apoio
das lideranças das comunidades da periferia25. Em 1985 candidata-se à
prefeitura de Natal, mas perde para Garibaldi Alves Filho. Em 1986 elege-se
deputada federal com grande votação pela legenda do PDS26. Durante os
trabalhos do Congresso Constituinte, aproxima-se da esquerda e ingressa no
PDT. Em 1988 candidata-se e ganha a eleição para prefeitura de Natal,
derrotando o filho de Aluízio Alves, o deputado Henrique Eduardo Alves.
Transfere-se para o PSB ainda nesse mandato, assumindo a liderança do
partido no estado, mas continua a fazer aliança com setores conservadores27.
Em 1992 demonstra sua liderança política em Natal ao eleger como prefeito
seu secretário Aldo Tinoco. Retorna à prefeitura por dois mandatos
consecutivos: em 1996 e em 2000. Naquele ano consegue eleger-se com o
apoio do grupo Maia, mas em 1998 rompe com este e faz aliança política e
administrativa com o governador Garibaldi Alves Filho. Em 2000, ainda nessa
parceria com o PMDB, assume a prefeitura, tendo como vice Carlos Eduardo
Alves, primo de Garibaldi. Em 2002, rompe com o grupo Alves para poder
concorrer ao cargo de governadora do estado. Vence essas eleições com o
apoio de José Agripino e de dois membros da família Alves: Carlos Eduardo
Alves – o seu vice-prefeito - e o seu pai, Agnelo Alves, então prefeito de
Parnamirim – principal município da região metropolitana de Natal.
A política no Rio Grande do Norte estrutura-se por meio de rearranjos
das elites políticas tradicionais, característica que diminui as possibilidades de
surgimento e circulação de novas lideranças. Raras vezes uma terceira força
política teve a oportunidade de atuar com chances reais de vitória nas
25 Andrade, 1996, p.192 26Spinelli, 2006. 27 Idem
72
campanhas eleitorais no estado, fato este que pode ser entendido a partir da
fraca tradição associativa da sociedade civil potiguar28.
No Rio Grande do Norte, as disposições dos grupos dirigentes no Rio
se caracterizam pela ideia gramsciana de transformismo (EVANGELISTA,
2006b), isto é:
pela elaboração de uma classe dirigente cada vez mais ampla [...] com a absorção gradual mas contínua, e obtida com métodos de variada eficácia, dos elementos ativos surgidos dos grupos aliados e mesmo dos adversários e que pareciam irreconciliavelmente inimigos. (GRAMSCI, 2002, p. 63)
Assim, as transformações a nível social, político e econômico ocorrem
no Rio Grande do Norte a partir das decisões mais gerais das classes
dirigentes que tradicionalmente comandam a máquina estatal. As conquistas
não são principiadas pela sociedade civil através de movimentos organizados,
mas pelo alto, na expressão de Gramsci, isto é, através de negociações entre
as próprias elites políticas que controlam o Estado a partir de ações
conservadoras e moderadas.
Nessa perspectiva, o processo histórico se desenvolve pela lógica da
revolução passiva, com a “combinação de restauração e renovação, com o
sistemático adiamento da radicalização dos conflitos políticos e da efetiva
superação dos antagonismos sociais” (EVANGELISTA, 2006a, p.10). As
classes subalternas não participam das negociações realizadas, no contexto
da “conciliação pelo alto” entre os grupos sociais dominantes. O estilo do
fazer político no Rio Grande do Norte ocorre por meio do nepotismo, da
patronagem, do clientelismo e do assistencialismo como “mecanismos
tradicionais de reprodução da assim chamada ‘classe política’” (SPINELLI,
2006). Tais práticas distanciam a população das questões políticas mais
abrangentes e os conflitos políticos não acarretam rupturas sociais, mas
28 É importante reconhecermos que hoje, tanto em Natal como no Rio Grande do Norte, novas lideranças políticas vêm se destacando, tais como Fátima Bezerra (PT), Luís Almir (PSDB) e Micarla de Souza (PV).
73
permite a “dominância dos traços da continuidade histórica”. (EVANGELISTA,
2006a)
3.1.2. A conjuntura Política nas eleições 2006
Nos dois anos que antecederam as eleições 2006, foi implantado no
Brasil um cenário de forte tensão política, gerada pelas denúncias de
corrupção no Governo Lula, principalmente depois do que ficou conhecido
como o escândalo do “mensalão”, que teve ampla repercussão na mídia,
abalou a política brasileira e causou desgaste político do Partido dos
Trabalhadores (PT). Uma intensa luta da oposição ao governo Lula buscou
implantar um discurso pela ética, estimulando setores médios da sociedade e
alguns movimentos sociais. Conforme se aproximava o pleito, aumentava-se
a tensão política.
No entanto, embora os escândalos tenham tido bastante repercussão
na mídia, o governo Lula conseguiu reverter a crise política e despontou,
desde alguns meses antes da deflagração do processo eleitoral, como franco
favorito a ganhar essas eleições, voltando a obter bons índices de aprovação,
configurando de forma crescente a tendência do eleitorado favoravelmente à
sua reeleição à presidência da República.
Para se ter uma ideia, uma pesquisa de opinião realizada pelo IBOPE
em julho de 2006, revela que a nota média obtida pelo governo do Presidente
Lula é 6,229. A maneira como Lula administra o país nesse período é
aprovada por 55% dos entrevistados, enquanto 36% a desaprovam e 9% não
sabem ou não souberam opinar.
Essa conjuntura favorável deveu-se aos índices de crescimento da
economia, o crescimento do emprego com carteira assinada, o crescimento
do valor do salário mínimo, o aumento do poder de compra dos salários, o
29 Fonte: IBOPE opinião.. Disponível em http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=6&proj=PortalIBOPE&pub=T&nome=pesquisa_leitura&db=caldb&docid=44656DCFD4F555B7832571C0007A53A6. Acessado em 21 de junho de 2010.
74
controle da inflação, a redução das desigualdades sociais e da pobreza, as
políticas sociais e as políticas redistributivas, dentre outros.
Segundo Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2006,
foram criados 1,917 milhão de vagas de emprego, um aumento de 5,77% na
comparação com 200530.
Esses dados favoráveis ao governo Lula constituiu um fator de grande
relevância nos processos eleitorais estaduais, sendo a imagem do Presidente
considerada uma variável importante nas disputas eleitorais estaduais deste
ano, sendo essa influência denominada por alguns analistas políticos por
“Fator Lula”.
A candidata da coligação Vitória do Povo definiu sua estratégia
eleitoral buscando sintonizar-se com as tendências políticas nacionais,
vinculando sua imagem e da sua propaganda eleitoral com a imagem e
avaliação positiva do governo Lula, através da ênfase nas realizações
governamentais conjuntas com o Governo Federal.
Enquanto isso, havia uma dificuldade política enfrentada pelo
candidato Garibaldi Alves frente ao crescimento de Lula em razão da sua
identificação com as forças de oposição ao governo Lula, especialmente o
bloco político liderado pelo PSDB e pelo DEM (antigo PFL). No período da
crise política, Garibaldi foi o relator da CPI dos Bingos, Comissão Parlamentar
de Inquérito constituída pelo Senado para investigar a utilização das casas de
bingo para lavagem de dinheiro31. A partir daí, o senador Garibaldi Alves
aproximou-se politicamente das posições defendidas pelo senador José
Agripino Maia (DEM), uma das principais lideranças nacionais da oposição
liberal-conservadora ao governo Lula. Isso selou a estratégia política e as
alianças eleitorais entre o PMDB, o DEM e o PSDB nas eleições em 2006 no
Rio Grande do Norte.
As alianças políticas e eleitorais nacionais dos principais candidatos
ao governo do Rio Grande do Norte em 2006 revelaram-se como um fator de
30 Fonte: Estadão. Disponível em http://www.estadao.com.br/economia/not_eco83956,0.htm. Acessado em 21 de junho de 2010. 31 Essa foi uma das táticas da oposição, que possuía maioria política nessa CPI, para aprofundar a crise política e o desgaste do governo Lula. A CPI dos Bingos serviu de mecanismo complementar para as investigações realizadas pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre as denúncias de corrupção envolvendo parlamentares e empresas públicas e privadas no caso do “mensalão”.
75
grande importância para o resultado da disputa político-eleitoral, contribuindo
para a vitória da candidata à reeleição, a governadora Vilma de Faria.
A conjuntura local
Após Vilma de Faria assumir o governo em 2002, a imprensa local
passa a sondar sua sucessão. Cogitava-se a possibilidade da eleição 2006
contar com três candidaturas para o cargo de governador do estado: a da
própria governadora, que iria tentar a reeleição, e a dos ex-governadores
Garibaldi Alves Filho e José Agripino Maia.
Durante o ano de 2005 a imprensa, divulga uma série de pesquisas
que mostrariam a liderança do senador Garibaldi Alves Filho enquanto a
governadora aparecia na terceira posição, atrás do senador José Agripino
Maia32. Nesse contexto de incerteza à reeleição da governadora existiram
indícios de que Vilma de Faria considerou a possibilidade de desistir da
tentativa de se reeleger, candidatando-se ao Senado (SPINELLI, 2009).
No início de 2006, o TSE anuncia a continuidade da regra da
verticalização33 das coligações partidárias, o que faz com que muitas
estratégias mudem no jogo político do estado, e os partidos recomeçam a
organizar suas estratégias. Dentre os nomes que se cogitavam para a
candidatura, foram confirmados apenas o da governadora Vilma de Faria e o
do senador Garibaldi Alves.
José Agripino, presidente do PFL no estado, que nesse momento
passa a ser cotado para ser candidato a vice-presidente junto a Geraldo
Alckmin (PSDB), não se candidata. Para ele, a aliança federal do seu partido
com PSDB será mantida, mas sem a possibilidade da mesma ser seguida a
nível local.
Nessa ocasião, afirmava que não iria apoiar nem Vilma nem Garibaldi,
visto que os partidos desses dois candidatos tinham uma tendência a apoiar o
32 Tais pesquisas, que não tinham nenhum registro no TRE, foram utilizadas como estratégia para favorecer a candidatura de Garibaldi Alves (SPINELLI,2009) 33Instituída pelo Tribunal Superior Eleitoral em 2002, a regra da verticalização impõe limites aos acordos entre os partidos que fazem nos estados coligações diferentes da aliança nacional.
76
Governo Federal enquanto o seu partido (PFL) fazia-lhe oposição frontal.
Assim, tinha pretensões de lançar um candidato próprio34.
No entanto, o PFL, diferente do que o seu presidente estadual
colocara no início do ano, não lança candidato próprio e alia-se à Unidade
Popular, indicando o deputado federal Ney Lopes para vice-governador junto
a Garibaldi Alves Filho. Assim, dá-se início, então, a uma aliança entre as
duas principais forças políticas do estado, historicamente rivais, que passa a
se denominar Vontade Popular.
Essa situação torna-se bastante desconfortável para esses dois
atores do cenário político do Rio Grande do Norte, dada a rivalidade histórica
entre ambos. Em razão disto, a aliança PFL-PMDB não foi amplamente
debatida pelos seus aliados. Na sua campanha, Garibaldi deixa implícito o
argumento de que tal aproximação decorreu-se em favor do processo
democrático, visto que a atual governadora apresenta uma característica
autoritária. Em entrevista a Diógenes Dantas, importante jornalista político do
estado, Garibaldi, quando perguntado sobre sua relação com Vilma de Faria,
faz o seguinte comentário35:
As minhas restrições hoje a ela [Vilma de Faria] são de natureza política, porque ela realmente tem sido uma pessoa que tem afastado seus próprios correligionários, seus próprios companheiros, tem sido uma pessoa que quer fazer uma liderança no Rio Grande do Norte absoluta, tem uma tendência ao autoritarismo político, que as pessoas, os seus companheiros, as lideranças políticas, não podem de maneira nenhuma tolerar. (ALVES FILHO, Garibaldi, 2006. In Paiva, 2007).
Em relação à aliança com o senador José Agripino, faz a seguinte
justificativa:
Eu posso dizer a você que, com relação a José Agripino, nós recebemos uma carga, uma herança – do ponto de vista
34Idem. 35 Entrevista concedida a Diógenes Dantas, divulgada no “Blog do Diógenes”, no dia 14/08/2006.
77
político - muito negativa, de lutas do passado. Mas a convivência minha com José Agripino no senado, ela amenizou. Essa convivência pôde proporcionar um diálogo entre nós dois que não existia antes nem poderia existir. Porque nós não freqüentávamos os mesmos ambientes aqui em Natal, os amigos não eram os mesmos, o diálogo, portanto, não existia. O Senado, que é uma casa apaziguadora e conciliadora, cumpriu essa missão. No Senado, você sabe, são 81 senadores apenas... (ALVES FILHO, Garibaldi, 2006. In Paiva, 2007).
Vilma (cujo partido encontra-se na base do governo Lula desde 2002
e continua a aliança com o PT local iniciada em 2006) faz ampla utilização
dessa aliança para construir seu argumento de ataque aos adversários. Como
estratégia política, consegue o apoio político do PMN – legenda comandada
por Robinson Faria, presidente da Assembleia Legislativa e dissidente do PFL
– escolhendo como seu vice o deputado Iberê de Sousa. Com isso, a
coligação Vitória do Povo passa a ser composta pelos seguintes partidos:
PSB, PT, PMN, PCdoB e PPS.
Assim, o quadro que se forma nas eleições 2006 no Rio Grande do
Norte fica caracterizado pela disputa entre duas fortes candidaturas: de um
lado, a união das duas forças políticas que eram tradicionalmente
hegemônicas no Rio Grande do Norte, PMDB e PFL; do outro, Vilma de Faria,
com apoio do governo Lula, que passa a ser qualificada pela imprensa política
local como a terceira força política do estado.
Além dessas duas principais candidaturas, disputam também os
seguintes candidatos: Sandro Pimentel (PSOL), Geraldo Forte (PSL), Xeque
Humberto (PTC), Marcônio Cruz (PSDC) e Zé Bezerra (PCB).
A diferença entre os dois principais candidatos no primeiro turno foi de
15.013 votos, menos de um por cento (1%), como podemos visualizar na
tabela abaixo:
78
Resultado Eleitoral – I Turno Candidato Votos Class. Válidos(%)
40 - WILMA MARIA DE FARIA 764.016 1º 49,57
15 - GARIBALDI ALVES FILHO 749.003 2º 48,60
50 - SANDRO DE OLIVEIRA PIMENTEL 14.172 3º 0,92
17 - JOSÉ GERALDO FORTE 5.907 4º 0,38
36 - HUMBERTO MAURICIO DA SILVA 5.582 5º 0,36
21 – ANTONIO JOSÉ BEZERRA 2.470 6º 0,16Tabela 1: Resultado Eleitoral- I Turno Fonte: TRE-RN
No segundo turno, a diferença foi de 74.929 votos, correspondendo a
4,76 % dos votos.
Resultado Eleitoral – II Turno Candidato Votos Class. Válidos(%)
40 - WILMA MARIA DE FARIA 764.016 1º 824.101
15 - GARIBALDI ALVES FILHO 749.003 2º 749.172
Tabela 2: Resultado Eleitoral – II Turno Fonte: TRE-RN
Estes resultados contrariaram algumas sondagens de intenção de
voto que durante algum tempo davam a vitória de Garibaldi como algo
incontestável.
No entanto, algumas pesquisas de intenção de voto realizadas
próxima ao período eleitoral, previram esse acirramento da disputa. Foi uma
eleição marcada pelo clima de divulgação de pesquisas (somente no mês de
setembro foram 19 pesquisas registradas no TRE) e por uma dramática
apuração. Esse acirramento da campanha se deu, em larga medida, pela
capacidade demonstrada pela equipe de Vilma em reverter as expectativas
eleitorais iniciais e crescer politicamente durante o primeiro e o segundo turno
do processo eleitoral.
O acirramento da disputa pôde ser percebido durante as estratégias
de campanha na televisão, que mostraremos adiante. Importante destacar
que em 2006 a justiça eleitoral, a partir de medidas que representavam
algumas reformas políticas, proibiu a realização dos “showmícios”, fato que
79
enfraqueceu a prática dos comícios, mas que, por outro lado, fortaleceu as
caminhadas, as carreatas e, principalmente, ampliou a importância dos
discursos no HGPE.
Com esse quadro as equipes de marketing tinham um grande desafio
pela frente. Diante do crescimento da importância do horário político nessas
eleições, as estratégias escolhidas poderiam representar a diferença nas
urnas.
80
3.2. AS ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS NO HGPE: LOCALIZANDO A DISCUSSÃO DOS PROGRAMAS DE GOVERNO
A campanha eleitoral no Rio Grande do Norte no HGPE foi marcada
por uma disputa entre dois principais candidatos, Vilma de Faria e Gariballdi
Alves, que girou em torno da imagem dos candidatos como excelentes
administradores da gestão pública que realizaram obras de grande
importância para o Estado.
De um lado, os programas de Vilma de Faria destacavam a candidata
como “guerreira” – slogan utilizado em todas as suas campanhas eleitorais –,
capaz de enfrentar os poderosos, principalmente diante daquela conjuntura
política em que seus adversários eram os grandes “caciques” da política
norte-rio-grandense. Além disso, destaca a sua qualidade de primeira mulher
a governar o Rio Grande do Norte, mulher guerreira que “trabalha, trabalha,
trabalha” e sua “maior obra é cuidar das pessoas”. Ao mesmo tempo, tentava
associar sua imagem a do Presidente da República, ressaltando as obras
realizadas com o apoio do Governo Federal.
“Lula trabalha para os mais pobres, Vilma também. Lula dá prioridade aos programas sociais, Vilma também. Lula vai ser reeleito com a força do povo, Vilma também. Vilma de novo, do lado de Lula e do povo”. (Locutor do Programa de Vilma, HGPE, tarde do dia 30 de agosto de 2010).
Do outro lado, os programas de Garibaldi Alves Filho destacavam as
obras realizadas em seus dois mandatos como governador, sobretudo os
investimentos em recursos hídricos. Isso representou a principal marca dos
dois mandatos consecutivos de Garibaldi Alves (1995-2002) à frente do
governo do Rio Grande do Norte, que realizou grandes investimentos para a
construção de adutoras para garantir o abastecimento d’água nos municípios
das diversas regiões do estado. Seu marketing político governamental
passou, então, a construir a imagem de Garibaldi Alves como o "Governador
das Águas". Apontava a incompetência política de Vilma de Faria, que
81
perdera a oportunidade de conseguir grandes empreendimentos para o Rio
Grande do Norte, mesmo sendo aliada ao Governo Federal. Além disso, o
candidato mostra-se seguro quanto à sua eleição, e seus correligionários
chegavam a afirmar que ele seria o “governador de férias”, e que estava
voltando para colocar o Rio Grande do Norte, mais uma vez, “nos trilhos do
desenvolvimento”. Isso era contemplado em imagens, na fala de populares,
nas músicas e no jingle “Volta, Garibaldi!”.
“[...] Depois do governo Garibaldi, o estado, que vinha em ritmo de crescimento, desacelerou. Mesmo com o apoio de Lula, o atual governo fez muito menos que Garibaldi. Gerou pouquíssimos empregos e nenhuma nova empresa de médio ou grande porte se instalou aqui. Muitas obras foram interrompidas, em especial, a de ampliação e conclusão do Porto de Natal. O prejuízo pro nosso estado foi enorme. Outra perda que ninguém no estado ainda se conformou foi da refinaria da Petrobrás. Apesar de ser o maior produtor de petróleo da região, e do governo se dizer aliado ao Presidente Lula, perdemos a refinaria para Pernambuco” (Apresentadora do programa de Garibaldi, noite de 04 de setembro de 2006).
A análise das estratégias discursivas utilizadas no primeiro e no
segundo turno eleitoral, pelos principais candidatos, no HGPE, permite-nos
fazer uma análise desse embate entre Vilma de Faria e Garibaldi Alves, a
partir do delineamento da forma como os candidatos estruturam suas
campanhas, em especial, como as propostas elaboradas para essas eleições
foram tratadas nos vídeos do HGPE.
3.2.1. A metodologia de pesquisa A pesquisa empírica apresentada neste capítulo se caracteriza por ser
uma análise do conteúdo da informação veiculada, de um lado, pela
propaganda eleitoral e, de outro, pelas propostas preparadas pelas equipes
de campanha dos dois principais candidatos nas eleições 2006 no RN.
82
A análise do conteúdo tem como base o banco de dados elaborado
pelo Grupo de Estudos Mídia e Poder (GEMP) da UFRN, construído para
subsidiar a pesquisa intitulada “As estratégias discursivas dos candidatos a
governador do Rio Grande do Norte no Horário Gratuito de Propaganda
Eleitoral 2006”.
Nessa pesquisa, os programas eleitorais televisivos foram gravados
nos horários vespertino e noturno, durante os dois turnos do pleito, que se
estenderam de 16/08 a 27/09 e de 12/10 a 27/10 de 2006.
O estudo das narrativas dos programas do HGPE lançou mão do
modelo de pesquisa utilizado por Porto (2002). Nesse modelo, os conteúdos
dos programas são apreendidos pela análise dos “apelos”, unidades de
sentido que compõem os programas eleitorais de cada candidato no HGPE.
Os apelos foram quantificados pelo tempo (em segundos) em que apareciam
nos programas.
À metodologia original de Porto, foram adicionados outros tipos de
apelos, com o intuito de refinar a análise do direcionamento da campanha de
cada candidato. A legenda abaixo mostra como ficou a classificação dos
apelos com essa nova organização:
1) Políticas Futuras (PF): “apelo no qual o programa do candidato
apresenta suas propostas ou planos de governo”.
*Foram adicionados os seguintes subitens a esta configuração inicial:
Políticas Futuras em – a) Economia e Desenvolvimento, b) Educação, c)
Saúde, d) Segurança, e) Emprego e renda, f) Recursos hídricos, g)
Transporte, h) Turismo, i) Programas Sociais, j) Habitação, k) Cultura, l)
Paisagismo/urbanismo, m) Geração de energia, n) Saneamento básico e o)
Outras (em geral – quando não é especificado uma política concreta) .
2) Políticas Passadas (PP): “remete ao que o candidato ou seu partido
realizou quando esteve no governo, seja na esfera municipal, estadual ou
nacional”.
*Foram adicionados os mesmos subitens da categoria PF.
83
3) Atributos Pessoais (AP): “ressalta as qualidades/características da
pessoa do candidato, como, por exemplo, conhecimento, preparo,
experiência, honestidade etc. Inclui relatos sobre a biografia dos candidatos”;
4) Partisão (PART): “vincula o candidato a partidos, personalidades,
movimentos sociais, incluindo manifestações de apoio à sua candidatura”;
5) Ideológico (IDEO): “apelo que relaciona a candidatura com categorias
como esquerda/direita, socialista, liberal, conservador, nacionalista etc..”;
6) Simbólico (SIMB): “remete a valores culturais, mitos, ideais, tais como
estabilidade, união, otimismo, justiça, solidariedade etc.”;
7) Análise de Conjuntura (AC): “avalia a situação do país, apresentando
um diagnóstico de uma ou mais áreas (desemprego, saúde pública, educação
etc.)”;
8) Metacampanha (MET): “destinado a promover a campanha do
candidato, incluindo a divulgação dos resultados de pesquisa, chamamentos
para participar de comícios ou para contribuir financeiramente, divulgação do
número do candidato etc.”;
9) Pontuação (na metodologia inicial, denominada “Música” - MUS).
Subdivide-se em: Pontuação-música (PONT-MUS: tempo destinado no
programa à apresentação de trilhas sonoras musicais, incluindo os jingles dos
candidatos) e Pontuação-Vinheta (PONT-VIN: tempo destinado às vinhetas –
ou apelo semelhante – não musicadas);
10) Direito de Resposta (DR): “tempo ocupado pelos direitos de resposta
concedidos pela justiça eleitoral a outros candidatos”;
11) Outros (OU): “categoria que inclui os segmentos que não se encaixam
nos demais tipos de apelo”.
Ao encontrar dificuldade de inserir os discursos de ataque pessoal e
defesa dos candidatos, o GEMP acrescentou outros dois apelos à tipologia
original: Ataque (OUA) e Defesa (OUD).
84
No que se refere ao detalhamento das políticas futuras (PF) e das
políticas passadas (PP), os dados coletados seguiram a seguinte ordem de
classificação36:
Políticas (PF e PP) Descrição
Economia e
desenvolvimento
Propostas apresentadas com o intuito de promover
desenvolvimento e de dinamizar a economia do estado.
Educação
Destinadas ao investimento em escolas, ampliação
de salas de aula, construção de bibliotecas, laboratórios de
informática, salários dos professores etc.
Saúde
Proposições de investimento em construção de
hospitais, melhoria em equipamentos, serviços prestados à
população etc.
Segurança
Destinadas a investimento em equipamentos para
polícia, salários e estratégias para combater a criminalidade.
Emprego e renda
Medidas para promover emprego ou gerar renda
para a população.
Recursos hídricos
Propostas de construção de barragens, adutoras,
poços etc.
Transporte
Proposições que visam a melhoria nos transportes
urbanos.
Turismo37
Medidas para ampliar divulgação do estado, criação
de calendário com eventos etc.
Programas sociais
Programas sociais, como bolsa família, programa
do leite etc.
Habitação
Propostas de construção de casas pelo Estado ou
financiamento diferenciado para construir ou reformar casas.
Quadro 1a: Classificação das Políticas Futuras e Políticas passadas Fonte: GEMP,2008. [Continua]
36 Uma observação cabe a esse detalhamento das PFs e PPs. As políticas passadas e futuras foram classificadas em cada um desses tipos mostrados na tabela, de acordo como eram apresentadas nos programas. O programa do leite, por exemplo, ora aparece como um projeto social de auxílio, ora aparece como proposta para a melhoria da educação, ora como proposta voltada para o desenvolvimento da economia do estado. Portanto, um mesmo projeto pode ter diferentes finalidades e, consequentemente, foram considerados de acordo com as áreas que os candidatos queriam destacar.
37 O turismo, comumente, é considerado como uma atividade da economia, por isso poderia ser inserido dentro da categoria “Desenvolvimento e economia”. Porém, no HGPE essa atividade foi bastante salientada, por isso a necessidade de destacá-la como um tipo específico de apelo.
85
Para a análise das propostas elaboradas pelas equipes de campanha,
a ideia inicial era: 1) analisar o programa de governo elaborado pelas equipes
de campanha dos candidatos e compará-las com as propostas que aparecem
nos filmes do HGPE; 2) consultar as equipes de marketing dos dois
candidatos para sabermos mais detalhes sobre os aspectos mais destacados
dos programa de governo trabalhados no HGPE.
No entanto, duas dificuldades foram enfrentadas por nosso trabalho.
De um lado, não tivemos acesso ao marqueteiro da candidata Vilma de Faria,
que não se manifestou após algumas tentativas de contato. Porém, por meio
do assessor da candidata tivemos acesso ao seu programa eleitoral de
governo, um documento denominado “Plano de Governo: 2007-2010: Agenda
para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte”.
De outro lado, o programa de governo documentado de Garibaldi,
embora exista, não foi encontrado na empresa de marketing que coordenou a
sua campanha (RAF Comunicação). Porém, conseguimos realizar uma
entrevista com o responsável por coordenar a elaboração do programa de
governo do candidato, o engenheiro e professor da Universidade Federal do
Políticas (PF e PP) Descrição
Incentivo à cultura
Políticas destinadas a incentivar movimentos
culturais.
Paisagismo/urbanismo
Construção de praças, projetos de plantação de
mudas, arborização,asfaltamento ou calçamento de ruas etc..
Geração de
energia/infraestrutura
Projetos de geração de energia, construção de
estradas.
Saneamento básico Propostas de obras de saneamento.
Outras
Quando não se inserem nas demais categorias, ou
ainda quando não se especifica uma política concreta.
Quadro 2b: Classificação das Políticas Futuras e Políticas passadas Fonte: GEMP,2008. [Final]
86
Rio Grande do Norte, Jaime Mariz38, que nos informou sobre o processo de
elaboração e detalhes de alguns projetos que o documento contemplava.
Importante frisar que esses programas de governo não estavam
arquivados nas sedes dos partidos, o que supõe, no quesito organizacional,
uma relativa desvalorização ou um baixo grau de sua importância para essas
instituições partidárias.
Para investigar a correspondência entre o que convencionamos
chamar aqui para esta análise de Programa de Governo Documentado (PGD)
e as propostas veiculadas no HGPE, seria necessário elencar todas as
Políticas Futuras (PFs) que apareceram no HGPE e comparar com as
propostas contidas no PGD. Contudo, tal metodologia não permitiria analisar
equitativamente as estratégias dos dois candidatos, uma vez que não temos
como fazer essa averiguação com Garibaldi, já que não tivemos acesso ao
seu PGD.
Assim, na busca de tornar o estudo mais uniforme, optamos por:
analisar os tipos de PFs mais destacadas e as menos destacadas no HGPE
dos candidatos e observar como aparecem 1) no PGD de Vilma de Faria e 2)
no programa de governo de Garibaldi, descrito pelo seu coordenador. Essa
decisão de utilizarmos como suporte a entrevista feita com o coordenador do
seu programa de governo – devido às dificuldades de acesso às fontes
necessárias para a análise - não compromete a nossa investigação, na
medida em que tanto o PGD de Vilma quanto a entrevista do responsável
pela elaboração do programa de governo de Garibaldi são fontes válidas de
informação e permitem indicar o direcionamento das propostas que foram ou
deixaram de ser veiculadas no HGPE.
38 Para encontrar o programa de governo de Garibaldi, entramos em contato com os responsáveis pela empresa de marketing que coordenou a sua campanha. Lá, fomos informados sobre o responsável pela coordenação do programa de governo da coligação Vontade Popular. Jaime Mariz foi ex-secretário de planejamento da anterior gestão do PMDB no estado. Em entrevista a nós concedida, o professor Mariz informou sobre todo o processo de elaboração desse documento, porém, apesar de ter falado detalhes sobre a composição do mesmo, não conseguiu encontrá-lo nem em seus arquivos digitais nem impressos. Além disso, é importante registrar que uma entrevista com o marqueteiro de Garibaldi teria sido de grande importância para a nossa pesquisa. Contudo, em razão das dificuldades causadas por não termos tido acesso ao programa escrito do candidato, não houve tempo para realizarmos essa entrevista, uma vez que o seu marqueteiro, Alexandre Faleiros, reside em São Paulo
87
3.2.2. O HGPE e o programa de governo da Vitória do Povo 3.2.2.1 As estratégias discursivas no HGPE: um panorama geral
Com os dados obtidos a partir da aplicação da metodologia de
quantificação dos apelos, podemos conhecer as estratégias dos programas
eleitorais televisivos de Vilma, que podem ser visualizadas nos gráficos
abaixo: Figura 1: Gráfico1- Apelos de Vilma no I Turno
Apelos Vilma - Turno I
2% 4% 1% 1%9% 9% 7% 8%
55%
3% 0% 1% 0%0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Tempo I Turno
Apelo
Tem
po
ACAPDRIDEOMETPARTPFPONTPPSIMBOUOUAOUD
Fonte: GEMP, 2008
Como mostra o gráfico, durante o primeiro turno, as estratégias de
Vilma de Faria se basearam principalmente na apresentação dos projetos
realizados em sua administração. Segundo os dados, os principais apelos
foram as políticas passadas (55%), partisão (9%) e metacampanha (9%).
Importante perceber que os percentuais destinados às pontuações (8%) são
mais expressivos que os destinados à análise de conjuntura (2%) e às
políticas futuras (7%). Esse fator evidencia a importância dada ao apelo
emocional que se dá por meio de imagens e das músicas, além da
necessidade do HGPE adotar a mesma dinâmica televisiva para garantir a
audiência dos eleitores
88
Durante esse período da campanha há uma constante preocupação
da equipe de marketing da candidata em demonstrar que “em apenas três
anos e meio de governo, e sem vender nenhum patrimônio do povo” (bordão
amplamente utilizado nos programas), a atual administração tinha realizado
importantes obras para o Estado. Com esse discurso, buscava criticar o
candidato Garibaldi - que governou o estado durante dois mandados
consecutivos -, cujas principais realizações foram decorrentes da aplicação
dos recursos da privatização da COSERN39. A expressividade da incidência
do “partisão” justifica-se pela constante ênfase na vinculação da imagem de
Vilma à do Presidente Lula. É importante ressaltar que essa vinculação foi
destacada durante a apresentação das políticas passadas, quando essas
eram apresentadas como realizações fruto da parceria com o Governo
Federal. Os números referentes à metacampanha revelam a necessidade de
demonstrar a capacidade de Vilma de reverter as expectativas que
apontavam, categoricamente, a vitória de Garibaldi no período que antecedeu
a campanha eleitoral.
Durante o segundo turno, as estratégias discursivas foram distribuídas
da seguinte forma: Figura 2: Gráfico 2 - Apelos de Vilma no II Turno
Apelos Vilma - Turno II
5% 3%0% 1%
9%13% 11%
37%
1% 0%
11%
0%
7%
0%5%
10%15%20%25%30%35%40%
Tempo II Turno
Apelo
Tem
po
ACAPDRIDEOMETPARTPFPONTPPSIMBOUOUAOUD
Fonte: GEMP, 2008
39 O processo de privatização da Companhia de Serviços Elétricos do RN (COSERN) foi realizado durante o governo Garibaldi, que acompanhou a política de privatizações adotada durante o governo de cunho neoliberal de Fernando Henrique Cardoso. Com os recursos oriundos da venda da companhia, Garibaldi investiu no programa de implementação de adutoras, levando água às regiões semiáridas do estado. Essa venda, mais tarde, servirá de motivo de investigação em uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o destino dos recursos advindos dessa venda. (Cf. PAIVA & EVANGELISTA, 2009)
89
A apresentação das políticas passadas (37%) continuaram primordiais
durante o segundo turno, seguida por uma utilização expressiva do Partisão
(13%,) Ataque (OUA) (11%), Política Futura, (PF) (11%) e Metacampanha
(MET) (9%). Durante este turno, a candidata continuou dando importância aos
projetos desenvolvidos no seu governo, destacando a parceria com o
Presidente Lula. A utilização expressiva do apelo “Ataque” (OUA) refere-se à
ênfase dada à crítica da venda da COSERN pelo governo de Garibaldi.
Os Ataques ganham ganha força quando Garibaldi Alves intensificou
as críticas ao governo de Vilma de Faria a partir da comparação com as
ações governamentais nos seus dois mandatos como governador. A partir de
então, Vilma de Faria passou a adotar uma postura mais crítica e contundente
na avaliação dos governos de Garibaldi Alves.
Porém, suas estratégias não sofrem grandes alterações de um turno
ao outro, como podemos visualizar no gráfico 03:
Figura 3: Gráfico 3 - Políticas Passadas de Vilma no I Turno
Comparação dos Apelos - Vilma - Turnos I e II
0%10%20%30%40%50%60%
AC AP DRIDEO
METPART PF
PONT PPSIM
B OUOUA
OUD
Apelos
Tem
po
Tempo I Turno Tempo II Turno
Fonte: GEMP, 2008
Essa manutenção dos apelos do primeiro turno no segundo evidencia
uma linha de continuidade na estratégia que vem dando certo, já que a
candidata obteve sucesso no primeiro turno eleitoral, superando as
perspectivas que consideravam a vitória de Garibaldi como algo certo.
A estratégia principal de Vilma foi, como vimos, prestar contas do seu
mandato, apresentando as políticas que deram e continuam dando certo, o
90
que evidencia a visão da sua equipe de marketing sobre a eleição como
momento da realização da accountability, o que é coerente com a sua posição
de candidata à reeleição. Quando analisamos a apresentação das políticas
passadas, temos o seguinte quadro:
Figura 4: Gráfico 4 - Políticas Passadas de Vilma no II Turno
Políticas Passadas Vilma - I Turno
13%
4%
18%
1%
16%
4% 4%
1%
13%
23%
0%1% 1% 1%
0%0%
5%
10%
15%
20%
25%
%
Apelos
Tem
po (s
egun
dos)
Economia/desenvolvimento
Educação
Saúde
Segurança
Emprego e renda
Recursos hídricos
Transporte
Turismo
Programas sociais
Habitação
Incentivo a cultura
Paisagismo/urbanismo
Geração deenergia/infraestruturaSaneamento básico
Outras
Fonte: GEMP, 2008
Como podemos observar, durante o primeiro turno, os programas de
Vilma priorizaram a apresentação das políticas realizadas em habitação
(23%), saúde (18%), emprego e renda (16%), economia e desenvolvimento
(16%) e os programas sociais (16%).
No segundo turno, a discussão dos projetos realizados em sua gestão
foi distribuída da seguinte forma:
91
Figura 5: Gráfico 05 - Políticas Passadas de Vilma no II Turno
Políticas Passadas Vilma - II Turno
2,4%
9,8%
23,8%
1,8%
19,4%
3,9%
18,6%
9,6%
5,3%
0,8%1,1%
1,4%
2,8%3,3%
1,2%
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
Políticas Passadas
Tem
po (s
egun
dos)
Economia/desenvolvimento
Educação
Saúde
Segurança
Emprego e renda
Recursos hídricos
Transporte
Turismo
Programas sociais
Habitação
Incentivo a cultura
Paisagismo/urbanismo
Geração de energia/infraestrutura
saneamento básico
Outras
Fonte: GEMP, 2008
Aqui, podemos observar algumas alterações no padrão de
propaganda das políticas passadas apresentadas em relação ao primeiro
turno. No segundo turno Vilma deu maior visibilidade às políticas passadas
que estavam voltadas para a saúde (23,8%), emprego e renda (19,4%),
programas sociais (18,6%), educação (9,8%) e habitação (9,6%). As políticas
passadas continuam sendo apresentadas enfatizando a parceria com o
Governo Federal.
3.2.2.2. A discussão dos projetos: o resgate do passado-presente para a apresentação do futuro
Quanto à discussão das propostas, podemos observar uma intensa
relação entre o que se propunha fazer a partir do que já se estava fazendo.
Por isso, há, no caso de Vilma, uma forte ligação entre Políticas Futuras e
Políticas Passadas.
Em relação às Políticas Futuras, o gráfico abaixo apresenta os
principais tipos de propostas apresentadas durante o primeiro turno:
92
Figura 6: Gráfico 6 - Políticas Passadas de Vilma no I Turno
Políticas Futuras Vilma - I Turno
21%
10%
26%
0%
12%
16%
0%0%
13%
2%0%0%0%0%
10%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
%
Políitcas futuras
Tem
po (s
egun
dos)
Economia/desenvolvimento
Educação
Saúde
Segurança
Emprego e renda
Recursos hídricos
Transporte
TurismoProgramas sociais
Habitação
Incentivo a cultura
Paisagismo/urbanismo
Geração de energia/infraestrutura
saneamento básico
Outras
Fonte: GEMP, 2008
Como visto, as propostas de Vilma assentam-se nas seguintes
políticas: saúde (21%), economia e desenvolvimento (19%), recursos hídricos
(15%). Há ainda significativos índices nas políticas de emprego e renda (11%)
e programas sociais (11%). As políticas categorizadas em “Outras “(10%),
justifica-se pela apresentação de intenções40 (Cf. MEDISTCH, 2005) em
melhorar ainda mais o estado em todas as áreas que já estão sendo
trabalhadas em seu governo. Dentro dessa categoria não eram especificadas
ações políticas concretas, por isso não poderiam entrar nessas subcategorias
das políticas futuras.
Durante o segundo turno, as Políticas Futuras mais privilegiadas
podem ser visualizadas no gráfico abaixo:
40 Em seu trabalho, Medistch distingue proposta de intenção. Para este estudo, são consideradas “propostas” as proposições que implicam uma ação concreta e específica sobre determinado assunto. As “Intenções “ são proposições que não apontam uma ação específica, mas apenas um intento genérico, como por exemplo “justiça para todos” ,ou “combate às desigualdades”.
93
Figura 7: Gráfico 07- Políticas Futuras de Vilma no I Turno
Políticas Futuras Vilma - II Turno
0,0%
18,6%
25,7%
0,0%1,3%
45,2%
6,9%
0,5%0,0%0,0%1,8%
0,0%0,0% 0,0% 0,7%
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
40,0%
45,0%
50,0%
Políticas Futuras
Tem
po (s
egun
dos)
Economia/desenvolvimento
EducaçãoSaúde
Segurança
Emprego e renda
Recursos hídricos
TransporteTurismo
Programas sociais
Habitação
Incentivo a cultura
Paisagismo/urbanismoGeração de energia/infraestrutura
saneamento básico
Outras
Fonte: GEMP, 2008
No segundo turno, Vilma passa a priorizar as políticas voltadas aos
programas sociais (45,2%), à saúde (25,7%) e à educação (18,6%).
Tanto no primeiro como no segundo turno as proposições aparecem
mediante uma dinâmica constante: antes de serem exibidas, são
apresentadas as obras realizadas em seu governo – ressaltando, na grande
maioria das vezes, a parceria com o Governo Federal – evidenciando a sua
competência administrativa e criticando a atuação do governo anterior.
O que se percebe, na dinâmica adota pela equipe de marketing, é que
as políticas futuras são complementares às políticas passadas. As políticas
em “Habitação” e “Emprego e Renda”, por exemplo, são muito destacadas
como PPs e pouco destacadas como PFs. No entanto, o pouco tempo
investido na apresentação desses tipos de política futura não significa que
não tenham sido discutidas, pois elas se inserem na lógica de continuar um
projeto que está dando certo. Assim, o tempo das PPs contém em si
discursos propositivos, demonstrando a estreita relação entre os apelos
prospectivos e retrospectivos. Nesse caso, não se pode considerar
prospectivo apenas aquilo que é novo, mas também o que se deseja
continuar fazendo.
94
Dessa forma, as próprias políticas passadas contêm um programa de
governo (no sentido amplo), uma vez que a sua proposta de governo está
incorporada nas ações pessoais da governadora, no sentido de que são
ressaltadas as obras como realizações da candidata, evidenciando o caráter
personalista da política na atualidade. A natureza das políticas públicas
realizadas em seu governo, que revelam o tipo de governo que se pretende
seguir, são discutidas em projetos já realizados e, juntamente com as políticas
futuras, apresentam a visão de mundo, defendida, mesmo implicitamente,
pelo partido e/ou coligação. Visões de mundo estas que se materializam não
somente nas propostas, na análise de conjuntura, mas também em outros
veículos de ideias, como as imagens e as músicas.
Comparando as Políticas Futuras no primeiro e segundo turnos
(Gráficos 6 e 7), podemos ver que há um aumento do tempo destinado aos
Programas Sociais, da Saúde e da Educação. Assim, confrontando as PFs
apresentadas por turno, temos o seguinte quadro:
Figura 8: Gráfico 08 - Comparação das Políticas Futuras de Vilma no I e II Turnos
Políticas Futuras de Vilma - I e II Turnos
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Econ/D
es.
Educ
Saúde
Segur
ança
Empreg
o/ren
da
Rec. h
ídric
os
Tran
spor
te
Turis
mo
Progr
amas
socia
is
Habita
ção
Cultur
a
Urbanis
mo
Energ
ia/inf
raes
trutur
a
Sanea
mento
Out
Política Futura
Tem
po (%
)
Tempo IITurnoTempo ITurno
Fonte: GEMP, 2008
O aumento da apresentação das propostas voltadas aos programas
sociais busca enfatizar a tentativa de diminuir as desigualdades sociais no Rio
Grande do Norte, continuando a estratégia seguida no primeiro turno de
vincular suas políticas a do Governo Federal. A ideia era registrar a
95
continuidade da parceria com o Governo Lula durante os próximos quatro
anos de governo, apresentando políticas que foram realizadas em
consonância com as políticas do Presidente.
As propostas aparecem mediante uma dinâmica emotiva, sem
precisar dizer muitos detalhes de quando ou como serão feitas, pois sempre
se remete à participação do Governo Federal e à competência da mulher que
“trabalha, trabalha, trabalha.”
O que se percebe é que no primeiro turno há a tentativa de conquistar
o eleitorado de todas as regiões do estado, mostrando propostas para os
temas mais comuns, discutidos no dia-a-dia da população, como saúde,
economia e desenvolvimento, educação. No segundo turno, busca-se atingir o
eleitorado de Garibaldi, que se encontra nas regiões semiáridas do interior do
estado, destacando a apresentação de propostas em recursos hídricos e em
programas sociais.
Também é importante observar que as políticas sociais mais
destacadas foram o Desenvolvimento Solidário e o Programa Luz para Todos,
que estão voltados para a população do interior, também seguindo a lógica de
conquistar a população rural que foi beneficiada com as políticas de
implementação de adutoras do governo Garibaldi.
Vejamos algumas passagens que mostram como isso ocorre na
apresentação dos dois tipos de políticas futuras que mais cresceram de um
turno a outro.
Programas Sociais
Após destacar a importância dos Programas Sociais do Governo
Federal - por meio da fala de populares - e de políticas voltadas para a
habitação, o locutor do HGPE do dia 23 de outubro faz o seguinte comentário:
Locutor: Há quatro anos, a vida podia ser ainda mais difícil para quem não recebia o Bolsa Família . Popular:
96
Eu passei por muito sufoco na vida já, né? Eu não tinha emprego, tenho duas filhas, minha família é quem me ajudava. Pra mim era um sufoco, porque eu recebia só um salário do meu trabalho, né? Aí, agora, com esse dinheiro que eu recebo todo mês agora, é uma ajuda grande, né? Locutor: Quem diz que os programas sociais de Vilma e Lula são simplesmente esmolas, não conhece a realidade dos muitos que vivem com muito pouco. [...] Locutor: Lula e Vilma sabem que o Bolsa Família não vai resolver todos os problemas, mas com certeza já está melhorando a vida das famílias que mais precisam.
[...] Vilma: Todo mundo reconhece a importância econômica e social do Bolsa Família, programa do nosso presidente Lula, que beneficia mais de 300 mil famílias aqui no nosso estado. E para melhorar a situação dessas famílias, vamos aumentar a renda mensal de todas elas em mais 20%, com recursos do Governo do Estado. Pois bem, se uma família recebe, por exemplo, R$ 75,00 reais, vai passar a receber R$ 90,00 reais por mês. Ou se hoje recebe R$ 100,00 reais vai passar a receber R$ 120,00 todos os meses. Isso vai valer para todas as famílias cadastradas no Bolsa Família”.
Buscando destacar o programa Luz para Todos, o HGPE do dia 26 de
agosto, no turno da noite, destaca:
Apresentadora: O Rio Grande do Norte é o primeiro estado brasileiro a universalizar o serviço de energia elétrica na zona rural. Isso significa que estamos entrando na fase final do trabalho para levar energia elétrica a mais de 30 mil domicílios em comunidades rurais. Lugares aonde outros governos nunca foram, mas onde Vilma está chegando em parceria com Lula e com o setor privado, e em dois anos antes do previsto. Locutor: Pra quem nunca teve energia elétrica, vivendo à luz de lamparinas e lampiões, o programa Luz para Todos é uma bênção. Popular: Quando a luz chegou, Ave Maria, foi a coisa mais linda do mundo. Era coisa boa, homem. Porque a gente tava sem luz,
97
né? A dificuldade é grande. Essa outra, não, ela “alumeia” melhor. É mais confortável um pouco, né?” Locutor: A meta do Luz para Todos era chegar a 100% das ligações de energia em 2008, mas a força da parceria Lula-Vilma e a eficiência do trabalho da governadora anteciparam a meta em dois anos. Já foram feitas mais de vinte mil ligações, beneficiando cento e uma mil pessoas. Até o final do ano serão feitas mais dez mil ligações, totalizando as trinta mil e noventa e cinco previstas. Um investimento é de cento e vinte e seis milhões de reais, garantindo a cento e cinqüenta e dois mil pessoas acesso a serviços e confortos que nunca tiveram.[...].
No dia 26 de outubro, penúltimo dia de HGPE, o programa da
candidata foi quase todo dedicado à defesa da continuidade do Programa do
Leite, em virtude de Garibaldi ter veiculado em seu programa que ela iria
acabar. Após a defesa da continuidade desse programa social, o HGPE
apresentou a proposta da criação do programa Mesa Solidária.
Apresentadora: Com o mesmo objetivo de garantir o alimento na mesa e gerar emprego que Vilma está criando o programa Mesa Solidária. Locutor: Com o programa Mesa Solidária, as famílias cadastradas no Programa do Leite agora também vão ganhar o pão. Cada litro de leite vai ser acompanhado de 5 pães. A receita dos pãezinhos, além de solidariedade, vai 10% de farinha de mandioca, um reforço na alimentação e também na geração de empregos no campo. A mandioca que será usada no pão será produzida nas cadeias produtivas do Rio Grande do Norte. Agricultor: Só era o que tava faltando para o pequeno agricultor, era uma segurança da produção, o programa mesa solidária Também vai movimentar a indústria do pão, o segundo setor que mais emprega no RN. Hoje são mais de 15 mil pessoas empregadas. José Américo Ferreira da Silva (Presidente do Sindicato de panificação do RN): A panificação vai poder empregar mais, hoje ele é o segundo setor. Então é uma felicidade muito grande pro setor, ele poder contribuir para desenvolvimento do RN.
98
Vilma: O programa Mesa Solidária é um avanço para a nutrição das pessoas. Com ele as famílias cadastradas no Programa do Leite também vão receber cinco pães, com nutrientes produzidos no próprio estado. O sucesso do trabalho social que estamos fazendo, com as ações de Desenvolvimento Solidário, tem nos apontado caminho para o tipo de programa que ao mesmo tempo em que dá o peixe ensina a pescar. Com isso, ajudamos a quem precisa e estimulamos para que esta pessoa se torne capaz de investir no seu trabalho e melhorar cada vez mais a sua vida. O programa Mesa Solidária é um exemplo dessa combinação, de parceria entre o governo e a sociedade, para dar oportunidade de crescimento pra todos. Com isso, aumentamos a oferta de emprego, estimulamos a nossa economia e ajudamos a quem precisa. O Mesa Solidária, assim como o Bolsa Família, será um programa importante para diminuir as desigualdades sociais e fazer o nosso estado avançar para um desenvolvimento que beneficie a todos.
Saúde
No programa veiculado na noite de 20 de setembro, após destacar
obras na área da saúde, a candidata faz o seguinte comentário:
Vilma: Qualquer pessoa pode ver que estamos trabalhando muito na saúde, apesar dessa área ser de responsabilidade de todos os governos: federal, estaduais e municipais. Mas é claro que não resolvemos tudo, que precisamos fazer mais. Porque a saúde é assim: um trabalho permanente, que a gente faz com um olho no presente pra resolver os problemas de agora, e outro olho no futuro, pra adequar a rede de atendimento à procura que não para de crescer [...] Vilma: Como vocês perceberam, não está faltando trabalho nem investimento para melhorar a saúde. Nem vai faltar, porque temos a consciência de que não dá pra resolver tudo em apenas três anos e meio. É preciso fazer sempre mais. Por isso, além do compromisso que já apresentamos aqui, quero destacar mais duas prioridades: a primeira é a construção do Centro de Referência de Traumo-ortopedia em Natal; a segunda é a construção de dois Hospitais da Mulher: uma em Natal, outra em Mossoró.
Como podemos perceber, as Políticas Futuras buscam sempre
destacar as Políticas Passadas como estratégia para conferir maior
99
credibilidade aos projetos. Ao mesmo tempo em que busca atingir os setores
populares com os projetos sociais, vincula a sua importância à do crescimento
de diferentes setores da indústria. Com isso, diferente da posição da legenda
que ocupa, que se define formalmente no âmbito nacional como de esquerda,
os interesses entre as diferentes classes aparecem como complementares e
não como contraditórios. Os discursos voltados para diminuir as
desigualdades sociais não levam em conta a possibilidade de contrariar os
interesses dos empresários da indústria. Pelo contrário, há a defesa da
valorização dos interesses dessa classe, como se as políticas voltadas para
esse setor fossem atender aos interesses da coletividade, revelando o papel
que o Estado assume de organizador das classes sociais e evidenciando as
suas contradições internas, que, em geral se desdobram na adoção de
políticas em favor do bloco no poder (POULANTZAS, 2000, p.135).
Em relação às PFs com menor destaque, vejamos como são
trabalhadas duas em especial: as políticas voltadas para o Saneamento e a
Cultura.
Saneamento
No primeiro turno não tem referência a obras em saneamento, apenas
em obras já realizadas. No segundo turno, no dia 14 de outubro (noite), fala
em ampliar o programa de saneamento (apelo com duração de 3 segundos) e
no dia 27 de outubro (Noite), é apresentado uma série de obras em
saneamento para a cidade de Natal.
Cultura
Há referência à construção do complexo Cultural da Zona Norte nos
programas do dia 12 outubro (tarde) e 16 de outubro (noite), que com duração
de 4 segundos. Além disso, a única referência à política passada nessa área
foi uma breve citação (de 4 segundos) à construção do Teatro Municipal de
Mossoró, nos programas do dia 01 de setembro (noite), e 4 de setembro
(tarde).
100
O pouco tempo destinado à apresentação de políticas para a área da
cultura demonstra que tais políticas, na visão da equipe de marketing, não
são o maior interesse da população. Privilegiam-se projetos que demonstram
soluções mais imediatas para os seus problemas imediatos, não sendo, pois,
necessária a discussão desse tipo de política como ação estratégica para
conquistar o eleitor.
3.2.2.3 O Programa de Governo Documentado de Vilma
O documento eleitoral da coligação Vitória do Povo, denominado de
“Plano de Governo: 2007-2010: Agenda para o Desenvolvimento do Rio
Grande do Norte”, com a data de outubro de 2006, é composto por 47
páginas e dividido em três partes principais: Apresentação, Princípios
Políticos e as propostas de governo, denominadas de “Políticas para o
desenvolvimento”. As “Políticas para o desenvolvimento” dividem-se em dezessete
temas: Planejamento, Administração Tributária, Meio Ambiente, Política
Econômica, Política Rural, Segurança, Educação, Cultura, Ciência e
Tecnologia, Saúde Pública, Turismo, Habitação, Saneamento Básico, Mulher,
Pessoas com Necessidades Especiais, Terceira Idade, Infância e Juventude.
Para cada tema é apresentado um conjunto de ações. O quadro abaixo
mostra o número de ações propostas em cada tema.
101
Quadro 3: Programa de Governo Vilma
Programa de Governo Vilma
Tema Quantidade de ações propostas
1 Planejamento 14 2
Administração Tributária 6
3 Meio Ambiente41 18 4 Política Econômica 16 5 Política Rural 69 6 Segurança Cidadã 7 7 Educação cidadã 14 8 Cultura 17 9 Ciência e Tecnologia 6 10 Saúde Pública 9 11 Turismo 5 12 Habitação 7 13 Saneamento Básico 3 14 Mulher 6 15 Pessoas com necessidades
especiais 3 16 Terceira Idade 4 17 Infância e Juventude 9
Fonte: elaboração da autora42
Ao longo dessa parte do documento, são apresentados problemas
existentes no Rio Grande do Norte e na conjuntura nacional. Mostra-se o que
já vem sendo feito em seu governo e apresentam-se propostas de ações para
solucionar tais problemas.
Agora, vamos observar como as propostas mais trabalhadas no
HGPE de Vilma aparecem em seu PGD:
Programas sociais:
No PGD de Vilma, esse tipo de política futura se aproxima da temática
“Política Rural”, que foi a mais destacada no documento, contendo 69
41 Desse tipo de política foram consideradas as 15 obras em Recursos hídricos
(envolvendo adutoras, barragens, perfuração dos poços, dentre outros) e três projetos voltados para 1) Gerenciamento da Biomassa e 2) Gestão de Recursos Naturais. 42 Baseado em (Plano de Governo: 2007-2010: Agenda para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte”, 2006).
102
propostas de ação que se distribuíram em diferentes setores. Vejamos como
é montado no PGD de Vilma esse tipo de Política
O Governo Vilma implementou importantes ações desenvolvimentistas em comunidades rurais, através do Programa Desenvolvimento Solidário, em parceria com o Banco Mundial. Destinado ao combate à pobreza no campo, no Governo Vilma, o programa Desenvolvimento Solidário superou a marca de R$ 66 milhões investidos desde 2003. Volume que ultrapassa o investimento registrado pelo programa em todo o governo anterior. O programa garante a sustentabilidade de famílias que vivem no meio rural em 151 municípios, deixando de fora apenas Natal e as cidades que recebem royalties da Petrobras. Em pouco mais de três anos de atuação, o Desenvolvimento Solidário beneficiou mais de 73.600 famílias em todas as regiões do Rio Grande do Norte, ao financiar 1.940 projetos produtivos, sociais e de infra-estrutura. O Governo Vilma reestruturou a EMATER, tornando-a mais forte e mais adequada para o cumprimento de sua missão. A EMATER - RN marca presença no Desenvolvimento Rural do Estado através da Assistência Técnica e Extensão Rural Pública, gratuita e com qualidade para 97.000 agricultores familiares (jovens, mulheres pescadores, quilombolas, assentados da reforma agrária e outros), em 2.072 comunidades rurais distribuídos em 164 municípios do Estado. Ações Propostas: É indispensável, para a ocorrência simultânea do desenvolvimento social e da segurança alimentar, considerar as características específicas da sociedade rural do nosso Estado com a implementação de: A. Programas de estímulo ao agronegócio, construção de novas estradas e novas ferrovias, fortalecendo a agroindústria, incentivando a formação e dinamizando as cadeias produtivas e os arranjos produtivos locais; B. O Governo Vilma vai ampliar o Programa Desenvolvimento Solidário, fortalecendo a agricultura familiar e a economia solidária; C. O agronegócio (agropecuária, agroindústria, piscicultura, carcinicultura, apicultura, hortifrutigranjeiros, extrativismo mineral, entre outros), ao lado do turismo, pode ser um instrumento de promoção do desenvolvimento de comunidades específicas, por meio da criação de tecnologias de produção, reserva estratégica de alimentos, banco de sementes, criação de animais de pequeno porte e aves caipiras; bem como, da abertura de mercados para produtos típicos de determinadas localidades, passando pelos
103
processos de caracterização, identificação de valor mercadológico, processamento e comercialização da cultura local; D. Estimular articulações intermunicipais como, por exemplo, as associações e os consórcios de municípios, para diagnosticar os principais problemas rurais de suas respectivas microrregiões, planejar ações de desenvolvimento integrado e captar os recursos necessários à sua execução; E. Reforma agrária - Um dos aspectos importantes de qualquer proposta de desenvolvimento rural deve-se também referir à reformulação da estrutura fundiária do território, importante fator para o combate a pobreza existente no meio rural. É fundamental que haja uma reversão do quadro atual, e execução de estudos e programas estratégicos voltados para essa questão como a Reforma Agrária. (Plano de Governo: 2007-2010: Agenda para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte”, 2006).
Cabe aqui fazer uma observação. No que se refere ao tema da
Reforma Agrária, o documento apresenta mais uma série de propostas que se
mesclam com projetos já realizados, como é o caso de projetos para a
fruticultura, que aparece como subtema de planos para o incremento do
agronegócio, mas não é apresentada nenhuma ação futura, apenas ações já
concretizadas.
Mais interessante ainda é perceber que o programa Mesa Solidária,
que foi referido no segundo turno do HGPE não consta no PGD,
demonstrando a dinâmica de modificações das propostas durante o período
eleitoral, com vistas à conquista do eleitorado. No HGPE, a apresentação
desse programa ocorre em meio ao contexto em que Garibaldi apontava a
possibilidade de Vilma querer acabar com o Programa do Leite. O programa
aparece, assim, como um acréscimo ao PGD, como estratégia de defesa ao
ataque de Garibaldi que tentou agendar esse tema.
Essa estratégia evidencia o caráter volátil das propostas em período
de campanha. Mais do que ser um conjunto de projetos elaborados a serem
defendidos no HGPE, o programa de governo têm um caráter pragmático, que
faz com que ele se modifique de acordo com a conjuntura eleitoral. Nesse
caso, o que se apresenta ou o que se omite não é uma questão de escolha
ideológica, mas estratégica, que leva em conta o campo de luta e o
movimento do adversário. Obviamente, o acréscimo do Mesa Solidária ao
104
programa de governo no HGPE não contradiz o programa “ampliado” da
candidata do PSB, mas demonstra a fragilidade em defini-lo unicamente sob
uma abordagem técnica segundo a qual um programa de governo é um
projeto articulado, que tem um conjunto de ações que se conectam,(LEITE &
FONSECA, 2008).
Saúde
Embora tenha sido uma das proposições mais referidas no HGPE, o
tema da saúde não apresentou tantos projetos em relação a outros setores,
como cultura ou meio ambiente. No documento, essas políticas aparecem da
seguinte forma:
Em síntese, deve-se reforçar que a política pública para a saúde não pode e nem deve ser planejada isoladamente dos demais setores que prestam serviços básicos à população e, mais ainda, precisa ser pensada, implementada e acompanhada por todos os municípios que compõem o Rio Grande do Norte, com a participação popular. Torna-se fundamental que seja empreendida a partir de amplas campanhas de sensibilização de todos os cidadãos e, principalmente, das diversas categorias de profissionais que atuam nessa área – médicos, odontólogos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, dentre outros – para as novas concepções de atendimento integral à saúde, que enxergam o homem na sua totalidade. O Governo Vilma vem implementando gradativo aumento de recursos para reconstruir a infra-estrutura da saúde pública, do Programa Saúde da Família, e sua boa administração tem permitido ainda melhorar as condições de trabalho dos profissionais da saúde e melhorar o atendimento à população. AÇÕES PROPOSTAS A proposição básica consiste no direcionamento das ações do Governo Vilma visando, prioritariamente: A) Instalar mais 10 Policlínicas, nas cidades-pólo; B) Implantar unidades do SAMU – Serviço de Atendimento Médico de Urgência, em todas as regiões; C) Implantar o Hospital da Mulher, em Natal e Mossoró; D) Implantar o Hospital de Trauma-ortopedia, em Natal; E) Ampliar a rede Farmácia de Todos, com mais 50 unidades; F) Instalar unidades da Central de Distribuição de Medicamentos – UNICAT, em todas as regiões;
105
G) Implantar Programa de Interiorização de Recursos Humanos da Saúde, contemplando a alocação de médicos, enfermeiros e dentistas, para cada município; H) Promover a reforma administrativa das Unidades Regionais de Saúde Pública – URSAP, para que as mesmas possam operar com autonomia técnica, administrativa e financeira, utilizando a prática de auditorias permanentes; Desenvolver ações conjuntas com a Secretaria Municipal de Saúde de Natal, para equacionar os problemas do atendimento de urgência, e a superlotação do Hospital Walfredo Gurgel - Clóvis Sarinho.
O fato das políticas para a saúde terem sido pouco tratadas no PGD e
terem tido bastante expressividade no HGPE, também demonstra o caráter
estratégico das propostas eleitorais, que aparecem no HGPE de acordo com
a necessidade de serem demonstradas. O tema da saúde foi bastante
atacado pelo seu adversário no HGPE, especialmente durante o debate
televisivo ocorrido no segundo turno da campanha, quando o candidato do
PMDB questionou a saúde do estado, dizendo que a situação era caótica e
que seu governo não tinha construído nenhum hospital43.
Isso também evidencia que a apresentação de propostas no HGPE
para uma determinada área não depende da quantidade de projetos
pensados pela equipe de campanha para este ou aquele setor, mas daquilo
que o marketing julga necessário ser discutido, que, via de regra, leva em
conta as ações do adversário e o cenário que se forma durante a competição
eleitoral.
Cultura
O incentivo à cultura é algo que não aparece no HGPE de Vilma,
diferente do que está no seu PGD, que conta com um número razoável de
projetos a serem implementados. Vejamos como é tratado esse tema no
documento:
43 Naquela ocasião, Vilma respondeu relatando obras realizadas na saúde como a construção de uma UTI Pediátrica, um Centro de Tratamento de Queimados e a recuperação de hospitais como o de Parnamirim, que segundo ela estava abandonado e foi recuperado. (Vide Tribuna do Norte, “Garibaldi e Wilma debatem na InterTV Cabugi” 26/10/ 2006 )
106
Política cultural é a ação do poder público ancorado em operações, princípios e procedimentos administrativos e orçamentários. Esta política é orientada para melhorar a qualidade de vida da população através de atividades culturais, artísticas, sociais e recreativas. Precisa ter um escopo amplo por se tratar de uma ação voltada para todo o Estado e não para alguns segmentos da sociedade. Esta ação de governo quase sempre está pautada por uma preocupação em conservar o patrimônio cultural e oferecer atividades de artistas consagrados. Ou seja, ao proporcionar à população o acesso aos bens culturais, o Governo Vilma preocupa-se mais com a democratização da cultura. Nessa direção, atualmente, são promovidas atividades que valorizam, principalmente, os produtos da elite cultural. O Governo Vilma vai continuar implementando uma política de cultura voltada para a Democracia Cultural, com base no estabelecimento de alguns princípios: A) Reconhecer o pluralismo e a diversidade culturais, respeitando as diferentes identidades e formas de expressão; B) Levar em conta que o poder público não produz, nem deve tentar produzir cultura, ou seja, não deve impor pautas, estéticas, gestos literários ou orientações culturais, mas deve considerar a autonomia das diversas manifestações culturais; C) Compreender a participação da sociedade como princípio constitutivo do processo de formulação de políticas culturais. D) Garantir infra-estrutura para atividades culturais comunitárias; E) Definir canais e formas de debate e participação nas decisões culturais, como conselhos, fóruns etc..; F) Resgatar as culturas de comunidades esquecidas, raízes e heranças culturais; G) Integrar-se aos debates e intervenções relativos ao desenvolvimento municipal, estadual ou regional (consórcios, câmaras, orçamento participativo, fóruns etc..); H) Estimular a formação cultural da população e dos agentes culturais (bibliotecários, funcionários, trabalhadores e agentes de centros e casas de cultura); I) Estimular a apropriação cultural de espaços públicos (praças, ruas, pontos de ônibus, metrôs etc..); J) Descobrir, mapear e estimular o trabalho experimental das comunidades locais e de artistas não consagrados. AÇÕES PROPOSTAS 1. A Política cultural do Governo Vilma é orientada para melhorar a qualidade de vida da população através de atividades culturais, artísticas, sociais e recreativas. 2. Garantir a liberdade e a diversidade da produção artística e intelectual, fomentando sua produção, distribuição, circulação e comercialização.
107
3. Instituir o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial; 4. Construir o Teatro de Natal, com 2.5 mil lugares; 5. Ampliar as atividades de intercâmbio cultural; 6. Dinamizar o funcionamento das Casas de Cultura, com intercâmbio; 7. Manter a Revista Preá, ampliando sua tiragem e melhorando sua distribuição; 8. Reativar o jornal O GALO; 9. Reconhecer o pluralismo e a diversidade culturais, respeitando as diferentes identidades e formas de expressão; 10.Implantar um Programa de Bibliotecas comunitárias; 11. Resgatar as culturas de comunidades remanescentes, raízes e heranças culturais (quilombolas e Indígenas); 12.Reorganizar os museus, como lastro para as atividades turísticas; 13. Aumentar a renúncia fiscal prevista na Lei Câmara Cascudo; 11. Construir mais 50 Casas de Cultura; 14. Estação Central de Apoio a Cultura Popular (Museu – Restaurante – Loja – Escritório de apoio aos artistas); 15. Reformar o prédio centenário do Grupo Escolar Augusto Severo, na Ribeira. 16. Realizar Concurso Público para a EDITAM. 17. Instituir o Fundo Estadual de Cultura. (Plano de Governo: 2007-2010: Agenda para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte”, 2006).
Como podemos perceber, embora no HGPE as políticas futuras
voltadas ao incentivo da cultura tenham sido muito pouco tratadas, não é o
que acontece no PGD, que apresenta propostas para serem implantadas. A
única referência feita no HGPE é o complexo Cultural da Zona Norte, que
seria implantado no lugar do Presídio João Chaves.
Um detalhe na apresentação dos princípios estabelecidos para
implementação de políticas para a cultura merece um destaque. Segundo o
documento, um dos princípios desse conjunto de políticas é “estimular a
apropriação cultural de espaços públicos (praças, ruas, pontos de ônibus, metrôs
etc.)” O que parece é que essa proposta foi copiada de um outro estado que dispõe
de sistema metroviário, já que o Rio Grande do Norte não possui metrôs. Detalhe
que sugere pouca atenção dada a estudos pra essa área.
Saneamento
108
Pouco tratadas no HGPE, as políticas voltadas para a temática de
saneamento aparecem no PGD da seguinte forma:
O Governo Vilma pretende dar um tratamento mais especial, para as ações políticas que tratam das questões relacionadas ao saneamento básico e a saúde pública.
O estímulo ao desenvolvimento de soluções integradas no âmbito municipal e consorciadas (compartilhadas) no âmbito regional ou intermunicipal é importante para que se consiga viabilizar mais áreas de tratamentos e disposição final, que resultem no incentivo à prática da redução, reutilização, reciclagem e preciclagem, propiciando incentivos financeiros para os municípios que equacionarem seus problemas de gestão sanitária e ambiental e perdas de receitas para aqueles municípios que não mantém as estruturas adequadas de saneamento.
O programa de Adutoras, executado pelo Governo Vilma nos últimos anos em parceria com o governo federal, foi o principal responsável pela melhoria desses índices no interior do Estado. Mesmo assim, existem ainda as regiões de Mato Grande e Alto Oeste que enfrentam problemas de oferta e abastecimento de água.
O saneamento ambiental, por sua vez, deverá ser intrinsecamente constitutivo da política de desenvolvimento econômico e social. Em sentido amplo, saneamento ambiental significa níveis crescentes de salubridade ambiental, por meio de abastecimento de água potável, sistema de esgoto, gerenciamento de resíduos sólidos, líquidos, gasosos e energéticos, drenagem de águas plúvio-fluviais, controle de vetores de doenças transmissíveis e de educação sanitária e ambiental. O Governo Vilma adotará uma política de parceria com os municípios, tanto no saneamento ambiental quanto na administração dos recursos hídricos. AÇÕES PROPOSTAS Nossa proposta visa, através da concessão onerosa, atingir o índice de 70% (setenta por cento) das residências situadas nas sedes dos municípios, até dezembro de 2010. Vamos concluir em 2007 a Estação de Tratamento de Natal, visando despoluir o rio Potengi. No tocante aos grandes centros urbanos - Natal e Mossoró – a proposta visa atingir a universalização do saneamento básico, a ser realizada em parceria com os municípios e com a identificação de metas anuais a serem cumpridas referentes ao número de domicílios a serem interligados com a rede. (Plano de Governo: 2007-2010: Agenda para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte”, 2006).
109
O que se percebe é que não há relação entre as propostas que
aparecem no HGPE e o número de proposições no PGD. As políticas menos
destacadas no HGPE (Cultura e Saneamento) estavam contidas no Programa
de Governo elaborado pela equipe de campanha. Se olharmos para as
políticas de incentivo à cultura, vamos observar que os números de propostas
são bem razoáveis, o que poderia ter sido trabalhado no HGPE. O
saneamento, no entanto, condiz com as poucas propostas discutidas no seu
programa de governo (apenas 3 propostas).
Importante percebermos que no seu PGD existe uma grande atenção
para as políticas rurais, que é refletida no HGPE sob diversas formas:
programas sociais (principalmente os programas Desenvolvimento Solidário e
Luz para todos), políticas de educação, habitação, dentre outras.
De uma maneira geral, o PGD de Vilma não tem um novo grande
projeto para o quadriênio seguinte, mas destaca a continuação dos projetos
desenvolvidos na sua gestão, em especial os que compõem o programa
Desenvolvimento Solidário, estratégia que foi mantida no seu HGPE. Essas
observações sugerem o baixo grau de discussão dos projetos no HGPE que,
via de regra, é destinado às camadas populares da sociedade.
No entanto, no que concerne à discussão desses projetos com os
empresários do setor industrial, há um dado que merece ser destacado.
Durante a campanha eleitoral, a candidata se reuniu com um grupo de
empresários na Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN)
para discutir propostas de campanha com representantes desse grupo.
Segundo matéria veiculada no jornal Tribuna do Norte44, nesse encontro, a
governadora foi cobrada por medidas para alavancar o desenvolvimento
social e econômico do Estado, e propôs melhorias para a área de
infraestrutura. Nessa ocasião, o presidente da FIERN, engenheiro Flávio
Azevedo, afirma que a elaboração de projetos de infraestrutura é o aspecto
que mais preocupa a classe industrial em relação ao futuro da economia do
Rio Grande do Norte, e afirmou: "Financiamento não é problema, o que não
existe é acesso aos recursos financeiros". O presidente da Fiern, ao cobrar a
44 Tribuna do Norte. Wilma de Faria debate com empresários na Fiern, 14/10/2006.
110
priorização de projetos por parte da candidata, destaca a importância dos
mesmos para essa área. Usando o exemplo da Costa Rica, afirmou que "com
os projetos prontos aparece a hora de usar e trazer recursos públicos". Nessa
ocasião, Vilma de Faria disse aos empresários sobre a disposição do governo
para dialogar sobre o assunto, ajudando-os sobretudo no que se refere às
questões tributárias voltadas para os setores de panificação, pesca,
carcinicultura e de água mineral.45 Isto revela o caráter organizativo do
Estado em relação às diferentes classes e frações de classe que compõem o
bloco no poder, que é capaz de unir os seus diferentes interesses políticos
(POULANTZAS, 2000).
Aqui, podemos perceber a importância da apresentação do programa
de governo para a classe empresarial para além do HGPE, fato que
demonstra a necessidade que essa classe tem de saber se os seus
interesses serão atendidos pelo governo que se inicia.
O que podemos ver é que o HGPE de Vilma assemelha-se com aquilo
que está em seu PGD - no sentido de estar sempre enfatizando os projetos
que já foram e/ou que estão sendo viabilizados - mas sem as explicações
técnicas que este contempla. Mais do que projetos para serem
implementados em caso da eleição da governadora, o documento aproxima-
se mais de um roteiro destinado à equipe de marketing do que um guia de
ação para ser implementado em caso de uma vitória eleitoral.
Considerando o que foi apresentado no HGPE e o que está escrito
em seu PGD, há dois aspectos que identificamos como relevantes para a
discussão da apresentação da plataforma de governo nessas eleições: a
questão das escolhas dos projetos a serem apresentados no HGPE e a forma
como estes são apresentados nos programas.
Obviamente, seria difícil a apresentação de todos os projetos
elaborados para a campanha no HGPE. Se as propostas forem muito
detalhadas; o tempo destinado a outros apelos necessários para o
convencimento do eleitor seria diminuído, e os programas televisivos tornar-
se-iam cansativos, enfadonhos. Logo, é necessário fazer escolhas do que
será apresentado. As escolhas de determinados projetos e não de outros
45 Tribuna do Norte. “Wilma de Faria debate com empresários na Fiern”, 14/09/2006.
111
remete a dois pontos a serem destacados: 1) a questão da agenda eleitoral,
que pode ser identificada através de entrevistas a eleitores, aos assuntos
pautados pela mídia local ou ainda por outros candidatos em disputa; 2) o
conhecimento das expectativas dos eleitores pela equipe de marketing (que
pode ter influência dos dirigentes do partido, do candidato, ou da equipe de
campanha) o qual implica que os agentes responsáveis pela elaboração dos
projetos sabem quais as verdadeiras demandas da população. Nesse caso,
projetos para a área da cultura e saneamento básico, não são considerados
como demanda de primeira ordem, na visão do “alto”, o que tornam essas
políticas menos importantes, limitando o debate das plataformas de governo
elaboradas pra campanha àquilo que se julga necessário e passível de
convencimento do eleitor. As necessidades já estão postas pelos candidatos
no HGPE como se fossem evidentes, sem a necessidade de debate com
diferentes grupos que compõem a sociedade.
A predileção por projetos voltados para o tema da economia e do
desenvolvimento, bem como para a área do emprego e da renda, evidencia
as expectativas do eleitor, que compartilha uma visão de mundo que é
comum nos discursos dos candidatos em disputa que, via de regra, está
vinculada ao projeto de desenvolvimento econômico da sociedade sobre
bases capitalistas. O direcionamento do debate eleitoral no caso de Vilma
trava-se pela combinação entre projetos que estão voltados para minimizar os
problemas de desigualdade social, mas, ao mesmo tempo, vê a necessidade
de investimentos para o desenvolvimento das diferentes atividades
econômicas do Rio Grande do Norte, organizando os interesses das
diferentes classes e frações de classe (POULANTZAS, 2000).
Assim, a seleção das propostas para serem veiculadas ocorrem no
campo da manutenção da hegemonia, na medida em que busca assegurar
uma determinada visão de mundo que é dominante diante das diferentes
classes e demais grupos (mulher, jovem, idoso, população do campo,
população urbana, classes subalternas, classe empresarial etc.),
reproduzindo e veiculando uma determinada concepção de mundo que é
hegemônica. Pois a hegemonia é “todo o processo social vivido, organizado
praticamente por significados e valores específicos e dominantes”
(WILLIAMS, 1979, p. 12), “a relação de domínio se desdobra na construção
112
de identidades e relações vividas no cotidiano sob a forma de práticas e
expectativas pelas classes subalternas” (EVANGELISTA, 2006, p 08).
Em relação à forma de apresentação das suas propostas, cabe nos
perguntar sobre a importância da formulação e apresentação clara de um
programa para convencer os eleitores de que o seu governo iria melhorar as
suas condições de vida – gerando mais emprego, diminuindo as
desigualdades sociais, melhorando a saúde etc. Vilma venceu a eleição sem
ser necessária a apresentação clara sobre o seu PGD, uma vez que não
apresentou detalhes sobre como e quando realizar os projetos propostos. O
que não significa dizer que um projeto claro e detalhado seja indispensável no
debate político eleitoral, A sua campanha primou por trabalhar bem os
elementos que eram favoráveis no cenário político dessas eleições, atrelando
sua imagem e seu programa político “amplo”, que estava vinculado ao
programa do presidente Lula, que tinha ampla aceitação popular e foi, em
última análise, um diferencial importante na sua vitória eleitoral46.
3.2.3 O HGPE E O PROGRAMA DE GOVERNO DA VONTADE POPULAR
3.2.3.1 As estratégias discursivas no HGPE: um panorama geral
As estratégias utilizadas pela equipe de marketing de Garibaldi Alves
Filho podem ser analisadas a partir dos gráficos que seguem, dando-nos uma
visão geral dos discursos utilizados em seu programa.
46 Apesar disso, não se pode desconsiderar a situação privilegiada da candidata, que contava com o controle da máquina governamental. Esse elemento deve ser ponderado para a análise mais geral da disputa, pois pode ser decisivo no processo eleitoral pelo poder que tem os governadores no sistema político brasileiro para conseguir aliados (ABRÚCIO, 1998).
113
Figura 9: Gráfico 9 –Apelos de Garibaldi no I Turno
Apelo Garibaldi - I Turno
13%
8%
0% 0%
5%10%
27%
12%
18%
4%1% 1% 0%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
TEMPO I Turno (%)
AC
AP
DR
IDEO
MET
PART
PF
PONT
PP
SIMB
OU
OUA
OUD Fonte: GEMP, 2008
De acordo com o gráfico, os programas de Garibaldi Alves Filho se
basearam nos seguintes apelos: políticas futuras (28%), políticas passadas
(18%) e análise de conjuntura (13%). Aqui, também ocorre um índice
expressivo das “pontuações” (12%), evidenciando a necessidade da
adequação dos programas do HGPE à linguagem da televisão, para que a
mensagem política seja melhor veiculada e recepcionada pelos eleitores. A
magnitude do tempo destinado à análise de conjuntura se justifica pela
condição de oposição ocupada por Garibaldi que, enquanto tal, busca fazer
críticas à administração atual e propõe ações para superar as deficiências
apontadas.
Na análise geral, observamos que os programas de Garibaldi são
bastante prospectivos, mas esse apelo só foi privilegiado a partir do segundo
mês de campanha. Quando esses dados são comparados nos dois meses do
turno analisado, observamos que houve uma mudança substancial na
estratégia discursiva desse candidato no mês de setembro, como mostra o
gráfico 10.
114
Figura 10: Gráfico 10 – Evolução dos Apelos de Garibaldi no I Turno
Evolução dos Apelos - Garibaldi
9%
15%
5%
8%
2%0%
2%
7%
1%0%
6%
12%
19%
32%
17%
9%
34%
6%3%
0% 0%2%
1%
10%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
AGOSTO SETEMBRO
AC
AP
DR
IDEO
MET
OU
OUA
PART
PF
PONT
PP
SIMB
Fonte: GEMP, 2008
Durante o mês de agosto, os programas de Garibaldi Alves foram
marcados pela ênfase nas políticas passadas (34%) – momento em que
procurou ressaltar, sobretudo, as obras em recursos hídricos.
Para tentar reverter o crescimento da candidatura de sua adversária,
demonstrada pelas pesquisas de intenção de voto, a estratégia de Garibaldi
em setembro passa a enfatizar as políticas futuras (32%), que teve um
aumento de 13%, a análise de conjuntura (12%) - que revela a preocupação
em analisar a administração da governadora em exercício, criticando sua
administração a partir da demonstração de deficiências, principalmente, na
área da saúde, segurança e desemprego - e a metacampanha, que teve um
acréscimo de 5% nesse mês, em que tentava transmitir a ideia de que estava
liderando as pesquisas de intenção de voto.
Em relação ao segundo turno, o gráfico abaixo nos dá uma
apresentação geral das estratégias de Garibaldi Alves:
115
Figura 11: Gráfico 11 - Apelos de Garibaldi no II Turno
Apelos Garibaldi - II Turno
12%
5%2% 0%
7%
16%
22%17%18%
2% 2%
26%
15%
0%5%
10%15%20%25%30%
TEMPO II Turno(%)
tem
poAC
AP
DR
IDEO
MET
PART
PF
PONT
PP
SIM
OU
OUA
OUD
Fonte: GEMP, 2008
Como podemos observar, os programas do segundo turno de
Garibaldi Alves tiveram uma mudança substancial em relação ao primeiro. No
segundo turno, os programas do candidato se basearam nos seguintes
apelos: Ataque (OUA) (18,2%), Políticas Futuras (15,2%), Políticas Passadas
(12,5%), Pontuações (11,8%), Partisão (11,3%), Defesa (OUD) (10,5%) e
Análise de Conjuntura (8,3%).
O aumento do apelo Ataque (OUA) e Análise de Conjuntura (AC)
mostra que os programas de Garibaldi ficam mais agressivos nesse turno, em
que procuravam mostrar um quadro de incompetência do atual governo de
Vilma de Faria, principalmente por ter perdido grandes empreendimentos para
o Rio Grande do Norte47, mesmo sendo aliada ao Governo Federal. Busca se
defender das acusações da adversária em ter administrado mal o dinheiro da
venda da COSERN, motivo que justifica o alto índice do apelo Defesa (OUD).
Se compararmos as estratégias utilizadas no primeiro e no segundo
turnos, verificamos o seguinte quadro:
47 No HGPE, os programas de Garibaldi buscavam enfatizar que o Rio Grande do Norte perdera para Pernambuco a disputa pela instalação de uma refinaria de petróleo no Nordeste. Na época, diversos estados nordestinos reivindicavam os vultosos investimentos que estariam implicados na construção de uma refinaria de petróleo e seus impactos sócio-econômicos gerais, num empreendimento conjunto da Petrobras e a empresa estatal venezuelana PDVSA. Depois de muitas negociações políticas, entre o presidente Lula e os governadores, o Governo Federal, com a concordância do presidente Hugo Chávez da Venezuela, decidiu pela instalação da refinaria no estado de Pernambuco.
116
Figura 12: Gráfico 12 - Comparação dos Apelos de Garibaldi – Turnos I e II
Comparação dos apelos entre o I e o II turnos - Garibaldi
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
AC AP DRMET OU
OUAOUD
PART PFPONT PP
SIM
Apelos
Tem
po (S
egun
dos)
TEMPO II Turno(%)TEMPO I Turno (%)
Fonte: GEMP, 2008
As mudanças de estratégias dos programas de Garibaldi evidenciam
a tentativa de reverter o crescimento político de Vilma de Faria durante a
campanha eleitoral, que ocorreu principalmente durante o período da
veiculação do HGPE.
No que se refere à apresentação das políticas passadas, podemos
observar os seguintes dados: Figura 13: Gráfico 13 - Políticas Passadas de Garibaldi no I Turno
Políticas Passadas Garibaldi - Primeiro Turno
23%
8%10%
9%9%
23%
0%1%2%
12%
0%0%0%1%2%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
%
Políticas Passadas
Tem
po (s
egun
dos)
Economia/desenvolvimento
Educação
Saúde
Segurança
Emprego e renda
Recursos hídricos
Transporte
Turismo
Programas sociais
Habitação
Incentivo a cultura
Paisagismo/urbanismo
Geração de energia/infraestrutura
Saneamento básico
Outras
Fonte: GEMP, 2008
117
Como podemos observar, durante o primeiro turno, os programas de
Garibaldi priorizaram a apresentação das políticas realizadas em Economia e
Desenvolvimento (23%), Recursos Hídricos (23%), Habitação (12%), Saúde
(10%), Segurança (9%), Emprego e Renda (9%) e Educação (8%).
No segundo turno, as políticas passadas são apresentadas conforme
mostra o gráfico 14: Figura 14: Gráfico 14 - Políticas Passadas de Garibaldi no II Turno
Políticas Passadas Garibaldi - II Turno
7,4%
1,5%
15,6%
3,0%1,0%
10,6%
0,0%
17,0%
4,5%
31,9%
1,6%0,0%
1,2%
4,6% 3,8%
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
Políticas Passadas
Tem
po (s
egun
dos)
Economia/desenvolvimentoEducação
SaúdeSegurança
Emprego e renda
Recursos hídricosTransporte
Turismo
Programas sociaisHabitação
Incentivo a culturaPaisagismo/urbanismoGeração de energia/infraestrutura
saneamento básico
Outras
Fonte: GEMP, 2008
Durante o segundo turno, os programas de Garibaldi Alves
priorizaram a apresentação das políticas realizadas em habitação (31,9%) –
dando uma resposta aos programas eleitorais de Vilma, que, durante o
primeiro turno, focou esse tipo de política – Turismo (17%), Saúde (15,6%),
Recursos Hídricos (10,6%) e Economia e Desenvolvimento (7,4%).
118
3.2.3.2 A discussão dos projetos: o resgate do passado e a apresentação do futuro sob bases “técnicas"48
No que se refere à discussão das propostas, Garibaldi, assim como
Vilma, faz referências às suas obras realizadas para falar dos projetos futuros.
O gráfico abaixo apresenta os principais tipos de propostas apresentadas no
primeiro turno.
Figura 15: Gráfico 15 - Políticas Futuras de Garibaldi no I Turno
Políticas Futuras - I Turno
8%10%11%
14%
22%
12%
3%5%
6%
2%0% 0% 0%
2%
6%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
Tempo I turno%
Política Futura
Tem
po
Economia/desenvolvimento
Educação
Saúde
Segurança
Emprego e renda
Recursos hídricos
Transporte
Turismo
Programas sociais
Habitação
Incentivo a cultura
Paisagismo/urbanismo
Geração deenergia/infraestruturasaneamento básico
Outras
Fonte: GEMP, 2008
Pela leitura do gráfico acima, as proposições de Garibaldi estão
assentadas nos seguintes tipos de política: emprego e renda (22%),
segurança (14%) e recursos hídricos (12%). Assim como ocorreu com a
análise das propostas de Vilma, a grande expressividade das políticas futuras
48 A distinção entre o discurso técnico e ideológico tem tido considerável atenção no âmbito das Ciências Sociais e da Filosofia. Marilena Chauí (2006) faz uma análise sobre o assunto, através do que ela denomina de “discurso competente”, isto é, o discurso que incorpora “a ciência como saber separado e como coisa privada, como instrumento de dominação no mundo contemporâneo” (CHAUÍ, 2006, p. 6). Nessa perspectiva, o que aparece como técnico é, na verdade, parte da ideologia dominante. Habermas (1968) em sua obra, também busca analisar a técnica como ideologia dominante. Embora acreditamos que esse é um aspecto a ser ressaltado, o que estamos caracterizando como discurso “técnico” é o detalhamento da realização dos projetos. Os discursos pretendem ter credibilidade através das explicações do “como fazer”, para atuar nas carências de uma determinada área.
119
classificadas em Outras (15%) justifica-se pela apresentação de “intenções”
(MEDISTCH, 2005) em melhorar o estado em todas as áreas que, segundo
os programas desse candidato, sofreram com o descaso do governo atual.
Os contextos em que aparecem tais proposições caracterizam-se pela
crítica sistemática à administração atual e pela exaltação da competência e
capacidade política do candidato realizar obras importantes para o
desenvolvimento do estado.
Em relação às políticas futuras no segundo turno, o gráfico abaixo
mostra os principais tipos apresentados: Figura 16: Gráfico 16 - Políticas Futuras de Garibaldi no II Turno
Políticas Futuras Garibaldi - II Turno
2,1%
9,9% 9,8%
3,4%
14,7%
34,4%
17,5%
0,0%2,5%
0,0%0,0%1,4%
4,6%
0,0%
0,0%0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
40,0%
1
Política Futura
Tem
po
Economia/desenvolvimento
Educação
Saúde
Segurança
Emprego e renda
Recursos hídricos
Transporte
Turismo
Programas sociais
Habitação
Incentivo a cultura
Paisagismo/urbanismo
Geração deenergia/infraestruturasaneamento básico
Fonte: GEMP, 2008
Durante o segundo turno, as políticas futuras destacadas pelos
programas de Garibaldi são bem diferentes das destacadas no primeiro turno.
Adotando outro tipo de estratégia, a ênfase agora é na apresentação de
políticas voltadas para a adoção de programas sociais (34,4%), Habitação
(17,5%), Turismo (14,7%), Educação (9,9%), Emprego e Renda (9,8%) e
Recursos Hídricos (4,6%).
Se compararmos as políticas futuras no primeiro e no segundo turnos,
temos o seguinte quadro:
120
Figura 17: Gráfico 17 - Comparação das Políticas Futuras de Garibaldi no II Turno
Políticas Futuras de Garibaldi - I e II Turnos
0%5%
10%15%20%25%30%35%40%
Econ/D
es.
Educ
Saúde
Segura
nça
Empreg
o/ren
da
Rec. h
ídrico
s
Transp
orte
Turism
o
Prog.
socia
is
Habita
ção
Cultura
Urban
ismo
Energ/
infra
Sanea
mento Out
Política Futura
Tem
po
Tempo - I Turno
Tempo II Turno
Fonte: GEMP, 2008
Diante do quadro de intensa disputa e do avanço político de Vilma no
primeiro turno, Garibaldi altera sua estratégia, e passa a aumentar a
apresentação de propostas voltadas aos programas sociais (pouco
trabalhados no primeiro turno), buscando se aproximar e neutralizar os
discursos de Vilma que se voltavam intensamente pra essa área.
Sobre a questão da segurança, pouco comentada nos programas da
candidata Vilma, a equipe de marketing do candidato tratou o tema com
significativa atenção. Podemos verificar, como exemplo, o programa exibido
na noite de 30 de agosto e repetido na tarde de 01 de setembro, que foi
elaborado especificamente para discutir o tema da violência.
. Garibaldi: Precisamos recuperar a tranquilidade e a segurança do Rio Grande do Norte. E a primeira coisa é tirar a educação do fundo do poço. Isso precisa ser feito urgentemente. Temos que voltar a gerar empregos e temos, é claro, que investir nas polícias que precisam de mais equipamento, mais treinamento e principalmente mais tecnologia para combater o crime (Garibaldi Alves Filho, HGPE do dia 01de setembro de 2006 – noite). Locutor: Informatização da PM, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros, integrando uma única base de dados: essa é mais uma ação que vai agilizar e tornar mais eficiente o trabalho das polícias.
121
Será implantado um único modelo de Boletim de Ocorrência em meio eletrônico e de fácil acesso por todas as forças; Concursos para delegado da Polícia Civil para preencher as vagas que existem no interior: com a falta de delegados da polícia civil no interior, oficiais da Polícia Militar acabam exercendo essa função. Apesar da boa vontade, eles não têm a preparação exigida, especialmente para comandar as investigações; Intensificação do policiamento ostensivo e estímulo a organização de Conselhos de Segurança. Garibaldi vai criar parcerias com as comunidades e prefeituras para ajudar no combate ao crime. Reativação da Polícia do Turista: a Polícia do Turista vai voltar e câmeras de monitoramento serão instaladas nos pontos mais visitados do estado (In: Paiva, 2007).
Em relação ao emprego e renda, o programa da noite de 22 de
agosto apresenta alguns dados sobre o desemprego no Rio Grande do Norte:
Locutor: Dessa vez, é o IBGE que registra: o desemprego no RN cresceu muito nos últimos anos. O índice de desempregados do ano passado é o pior do estado desde 2001. Bem diferente do que o governo estadual tem anunciado. Outro dado que preocupa é que o desemprego atingiu mais as mulheres potiguares. Entre elas, a taxa pulou de 9,91% em 2004, para 14,30% em 2005. A verdade sempre aparece. Não adianta tapar o sol com a peneira. Não adianta fazer propaganda do que não existe (Locutor do programa de Garibaldi, HGPE do dia 22 de setembro de 2006). Garibaldi: Vocês viram que a situação do emprego não é a maravilha do que a propaganda do governo estadual diz que é. Infelizmente essa é a realidade. Para gerar emprego de verdade, vou fazer uma revolução na economia da área rural, assim como já fiz com o Programa das Águas e com o Programa do Leite. Desta vez, vou implantar o Programa do Biodiesel RN, para produzir o combustível do futuro. (In: Paiva, 2007).
Em relação às políticas voltadas para os recursos hídricos, vejamos
como são apresentadas:
122
Apresentadora: A grande obra de Garibaldi não teve continuidade. Não seguiram o exemplo do próprio Garibaldi quando assumiu o governo depois de José Agripino. Naquela época, Garibaldi deu continuidade a todos os programas que estavam dando certo e que eram importantes para o nosso povo. Garibaldi: É muito importante rever o trabalho que fizemos. É importante lembrar que graças à água, diminuímos a mortalidade infantil pela metade em nosso estado. Tivemos oportunidade de abrir novas escolas, a fruticultura irrigada se desenvolveu pelo interior, gerando empregos e melhorando a renda de milhares de pessoas. Lembrar dessas conquistas nos traz muita alegria. Mas temos que olhar pra frente e é isso que estamos fazendo. O que importa agora é construir um futuro melhor para a gente sofrida do nosso estado. Vamos retomar com força o que foi deixado de lado e vamos melhorar e aprofundar tudo o que fizemos de bom. Vamos levar água e desenvolvimento para todo o estado, principalmente para os pontos mais pobres Locutor: Construção da adutora Alto Oeste: uma obra que vai beneficiar 108 mil habitantes da região do Apodi, uma das mais pobres e secas do Estado; Conclusão da Adutora Lagoa do Boqueirão: Garibaldi vai concluir imediatamente essa obra; conclusão da Adutora Parelhas - Santana do Seridó: apenas 13 km de extensão. Mesmo pequena a obra não foi concluída; mas Garibaldi vai concluir. Modernização do sistema de fonte de Pureza: Esta obra também vai beneficiar milhares de famílias. Construção das barragens Tabatinga, Macaíba e Várzea Nova: com estas obras, Garibaldi vai concluir o sistema de controle de enchentes da cidade de Macaíba. Construção da Barragem de Oiticica, em Jucurutu. Construção de açudes nas bacias dos rios Trairí, Jacu e Curimataú. Com a construção destes açudes, Garibaldi vai construir o abastecimento de água em várias regiões do estado (HGPE do dia 25 de agosto de 2006 – noite).
O que se percebe é que no primeiro turno, a estratégia é criticar a
candidata na sua debilidade nas áreas da saúde, do emprego e da
segurança, propondo soluções para essas áreas, buscando discutir como e
por que realizar tais políticas. Além disso, busca mostrar que vai continuar
seu projeto das adutoras, apresentando mais uma série de projetos de
recursos hídricos. No segundo turno, essa estratégia dá lugar a outra,
123
agendada pelos programas televisivos de Vilma, que primam pela
apresentação de investimentos futuros em programas sociais49.
Vejamos algumas passagens no HGPE que mostram os dois tipos de
políticas futuras que mais cresceram de um turno a outro.
Programas Sociais
Após apresentar a importância do programa de adutoras para o
estado, o programa do dia 27 de outubro destaca:
Apresentadora 1: Garibaldi fez e você sabe que ele tem determinação e palavra para fazer muito mais. Veja algumas de suas propostas que vão melhorar a vida dos norte-rio-grandenses. Locutor: Como governador, já no próximo ano, Garibaldi vai isentar o ICMS da conta de energia de quem consome até 150 KWh por mês. Quem hoje paga R$ 30,00 vai passar a pagar R$ 24,00. Essa economia representa 1kg de feijão, 1kg de arroz, 1kg de açúcar, 1 Litro de leite, 5 pães. É mais comida na mesa do trabalhador. Locutor: Garibaldi vai criar o Vale-Gás. Se hoje você paga R$ 30,00 por um botijão de cozinha, com Garibaldi você vai pagar só R$ 21,00. Bolsa Família Locutor: Hoje é assim: para cada filho matriculado o bolsa família paga R$15,00. Garibaldi vai aumentar esse valor em 50%. Com isso você vai passar a receber R$ 22,50. Uma família que recebe hoje R$ 100,00 no total, com a proposta de Garibaldi vai passar a receber R$ 150,00. Garibaldi: Vamos dar uma atenção especial e ampliar os programas sociais, aumentar o valor do Bolsa Família que é o menor do nordeste. Retomar também o programa do Pão Vitaminado
49 É importante observar que durante o primeiro turno as políticas futuras voltadas para economia e desenvolvimento, emprego e renda e energia/infraestrutura destacavam sobremaneira o projeto Biodiesel. Por uma questão metodológica, que inseria os tipos de PF a partir do destaque que eram dados pelos programas, esse projeto foi inserido em cada uma dessas categorias (Economia e Desenvolvimento, Emprego e Renda, Energia e infraestrutura), conforme era apresentado pelo programa do candidato.
124
que foi suspenso no atual governo. Com isso, ganha a família norte-rio-grandense e os panificadores criando mais empregos no setor. Os programas de abastecimento d’água serão ampliados e as centrais do cidadão, um projeto vitorioso que surgiu no nosso governo, terão novas unidades instaladas no estado.
Habitação
Na noite de 22 de outubro, após fazer sua defesa em relação à venda
da COSERN e, em seguida, uma crítica à política de habitação do governo de
Vilma, o programa de Garibaldi destaca projetos futuros para habitação:
Garibaldi: Além de construir casas de qualidade para quem precisa, vamos fazer o maior programa de regularização de moradias do estado. Através da criação do fundo estadual de habitação e regularização de moradias, milhares de famílias vão conseguir a tão sonhada escritura pública de suas casas e poder dizer que agora tem um lar. Locutor: Habitação: propostas: construção de 40.000 novas casas, distribuição das casas para as famílias cadastradas por entidades não-governamentais; entrega da escritura das casas em nome da mulher, esposa ou mãe dos filhos. Vinheta [...]
Em relação às Políticas Futuras que tiveram um menor destaque em
toda a eleição, cabe lembrar a observação a nossa metodologia, feita
anteriormente. Conforme os gráficos, vemos que a PF “Energia e
Infraestrutura” foi uma das políticas que tiveram menores índices percentuais.
Porém, muitas obras dessa área, como é o caso do projeto Biodiesel, foram
inseridas, no caso de Garibaldi, no apelo Economia e Desenvolvimento, por
isso os números desse tipo de política, no gráfico, foram insignificantes. Por
esse motivo, não vamos considerá-la para a análise das políticas em menor
destaque. Vamos nos deter à observação de outros dois tipos de políticas
com menores índices: Cultura e Urbanismo.
125
Cultura
Assim como os programas de Vilma, os projetos voltados para a
cultura não foram contemplados nos programas de Garibaldi Alves. Em
nenhum dos turnos aparecem propostas para a área da cultura. Mais adiante
comentaremos essa ausência de discussões para essa área.
Urbanismo
O urbanismo também foi um tema que não fez parte das estratégias
da equipe de marketing de Garibaldi, pois não apareceram propostas para
esse tema em nenhum dos turnos da campanha.
Provavelmente esses dois temas foram preteridos por não serem
considerados como demandas de primeira ordem do eleitor. Além disso,
essas omissões seguiam a estratégia adotada pela equipe de marketing de
Garibaldi de responder aos programas da candidata adversária, que dedicou
pouco tempo a esses assuntos.
As políticas futuras de Garibaldi, como foi visto, apesar de estarem se
referindo à obras já realizadas, estão voltadas para uma comunicação direta
com sua adversária. A mudança de estratégia de apresentação de políticas
futuras de um turno para o outro é um indicador desse diálogo. Isso
demonstra a necessidade de compreendermos as mensagens políticas
veiculadas no HGPE no contexto mais geral das discussões e debates
travados durante toda a campanha. Portanto, além da intenção de convencer
o eleitor e o desejo de construir uma imagem de seriedade e competência
(ALBUQUERQUE, 1999), a apresentação dos projetos nos programas
televisivos resultam dessa disputa discursiva entre os candidatos, que, via de
regra, são construídas pelo marketing político no decorrer da campanha
eleitoral. Mas essa disputa também leva em conta outros elementos, como as
pesquisas de opinião, e de intenção de voto em diferentes regiões.
De maneira geral, as propostas do candidato aparecem mediante
uma dinâmica crítica e, ao mesmo tempo, técnica. Crítica porque aparecem
acompanhadas por uma contextualização dos problemas, justificando a
126
importância de realizar tais ou quais projetos; técnica porque mostram as
ações específicas de como fazer para atuar nas carências de uma
determinada área. No entanto, tais contextualizações aparecem mais como
uma forma de acusar a governadora de incompetente do que como forma
para apresentar sua posição para a conquista da qualidade de vida das
pessoas de forma geral, visto que não busca discutir as origens dos
problemas apresentados, conferindo à Vilma a responsabilidade por todas as
deficiências apontadas.
A contextualização dos problemas não ocorre sob a análise das
desigualdades e os conflitos imanentes às sociedades divididas em classes.
Nesse aspecto, as diferenças ideológicas são deixadas de lado, evidenciando
o declínio da noção de política como conflito ideológico (MAIR, 2003).
Assim como Vilma, os discursos de Garibaldi tinham uma dimensão
afirmativa, no sentido de proporem projetos que focam mudanças para as
regiões mais pobres do estado (algumas principiadas pelos seus governos
anteriores, como o projeto das adutoras e o programa do leite). Porém, esses
projetos não apresentam diferenças significativas em relação aos
apresentados por Vilma, no sentido de não mostrarem algo novo em relação a
quaisquer temas. Ao contrário disso, o que se observa nos dois candidatos é
um discurso de continuidade no atendimento aos interesses dos grupos
empresariais e, ao mesmo tempo, propõem melhorias para a população em
geral.
Sobre a forma de apresentação, é importante percebermos que
Garibaldi precisava dar mais credibilidade e legitimidade às suas propostas,
pela sua condição de desafiante da disputa. Por isso há a necessidade de
mostrar mais detalhes da implementação da política, informando quando,
porque e como realizar seus projetos.
Essa característica, contudo, não aparece como uma intenção de
esclarecer ao eleitor sobre as propostas governamentais para que este vote
“bem informado”, mas revela-se como mais uma estratégia de marketing
frente à necessidade de defender um programa inovador, na tentativa de
reverter as tendências ao crescimento eleitoral da candidatura da sua
adversária. Como está disputando os mesmos eleitorados de Vilma, as
técnicas de organização e de campanha são muito semelhantes: as soluções
127
propostas mesclam interesses de todas as camadas sociais, como se
pudessem ser conciliados. Ao propor, por exemplo, o programa Pão
Vitaminado, afirmando que este beneficiará os panificadores e toda a
população do Rio Grande do Norte, Garibaldi assume claramente um
compromisso com essa fração do setor empresarial, como se seus interesses
fossem o interesse geral de toda a sociedade.
3.2.3.3 O Programa de Governo Documentado de Garibaldi Alves Filho
O programa de governo documentado (o que neste trabalho
estipulamos chamar de PGD) da coligação Vontade Popular refere-se a um
documento cuja elaboração foi coordenada pelo ex-secretário de
planejamento da anterior gestão de Garibaldi, Jaime Mariz. Segundo o ex-
secretário, esse documento foi resultado de um intenso trabalho de uma
equipe composta por diferentes personalidades da política norte-rio-
grandense. Sua construção foi dividida por diferentes grupos temáticos:
saúde, educação, infraestrutura, políticas sociais, agricultura, dentre outros.
Segundo Mariz, as linhas gerais desse documento foram esboçadas
desde fevereiro de 2006, quando foram formados grupos temáticos para a
elaboração de diferentes projetos.
Nosso papel era provocar os grupos para que os grupos produzissem trabalhos para que depois a gente fosse sistematizando num documento único que chegou, acho, que perto de cem folhas mais ou menos. Então tinha o grupo da Educação, o Grupo da Saúde, o Grupo de Agricultura, o Grupo de Infraestrutura, o Grupo de Política Sociais e a gente participava de reuniões com eles, e essas reuniões resultavam depois num documento. A gente colocava mais ou menos o formato para uniformizar e ia, depois, agregando a esse plano de governo.
Segundo Jaime Mariz, o programa de governo de Garibaldi consistia
em um documento eminentemente técnico, constituído dentro de gabinete,
128
sem nenhum tipo de consulta à população norte-rio-grandense, mas formado
por pessoas (técnicos) que tinham identidade com a área.
Na área de saúde foi coordenado por Doutor Ivis Bezerra que [...] tinha sido secretário de Garibaldi e secretário de Vilma, tinha acabado de deixar a pasta de Vilma [...] e nós contactamos ele, e ele passou a coordenar esse grupo e a dar uma série de sugestões. Então, ele tinha reuniões com grupos da Saúde, com pessoas da saúde para elaborar esse documento. O que é que se pensava da Saúde? Então ele me entregou e a gente anexou. Na educação, nós tivemos também Luís Eduardo Carneiro Costa, que tinha sido secretário de grande parte do governo de Garibaldi, foi quem coordenou isso com os seus ex-auxiliares [...]. Ele foi Secretário, [...] ele também formou um grupo e eu seria o intermediário entre este grupo temático lá da Educação [...]. Habitação Popular: tinha algumas pessoas participando foi coordenado por Sérgio Rodrigues, que é também uma pessoa ligada à família de Garibaldi, filho do vereador Aluisio Rodrigues [...]. Sérgio é identificado com o projeto, ele é engenheiro e atua na área [...]. Recursos hídricos: foi coordenado por Paulo Varella, que foi secretário de Garibaldi também, e atualmente é diretor da ANA [AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS]. A Segurança foi coordenado por Lindolfo que também foi secretário de Garibaldi, Lindolfo Neto de Oliveira Sales. Na área de agricultura, eu digo assim, setor primário: [...] como a campanha era coligada com o PSL nós recebemos grandes colaborações de José Bezerra Junior, que era o presidente da ANORC [ASSOCIAÇÃO NORTE-RIO-GRANDENSE DE CRIADORES], José Bezerra Júnior e várias pessoas ligadas à ANORC.
Para Jaime Mariz, o programa de governo que ele coordenou pode
ser entendido como um documento para a ação, elaborado com o intuito de
respaldar o candidato para saber o que ele faria nas diversas áreas após
assumir o governo. Assim, enquanto profissional da área técnica, ele
considera que um Programa de governo é um documento que contém as
diretrizes necessárias para guiar o governo após tomar posse e iniciar a sua
administração.
Para o coordenador do documento, a elaboração do programa de
governo de Garibaldi foi resultado de um esforço entre os técnicos das
diferentes áreas. Um documento muito bem trabalhado, mas não foi
apresentado a nenhum grupo da sociedade, apenas utilizado para consulta
interna pela equipe de marketing.
129
Eu estava trabalhando no projeto pensando que um belo dia ele seria lançado, encadernado e distribuído [...] Na minha cabeça é o seguinte: um belo dia vai virar um livrinho, com um preâmbulo, dizendo que isso é uma minuta, que é pra ser enriquecido, que é pra se colocar em discussão. Seria uma distribuição para a discussão. Não foi. Ele tornou-se uma fonte de informação para consumo interno. [...] Eu acho, na minha cabeça de técnico, que isso foi uma pena porque na hora que o cidadão soubesse que no programa de Garibaldi ia ter isso, isso e aquilo, ele ia dizer: poxa, esse cara tá pra valer mesmo, ele fez até um programa de governo, tá aqui um livrinho.
Para ele, o programa de Governo também resultou de um esforço de
observação de outras gestões. Segundo Mariz, havia uma ideia de Garibaldi
de seguir o modelo de gestão adotado por Aécio Neves, em Minas Gerais,
modelo que “vinha dando certo” e que Garibaldi tinha pretensões de implantar
no Rio Grande do Norte.
A ideia de Garibaldi era, na parte de Gestão Pública, poder de Gestão, ele inovar. E me levou a Belo Horizonte duas vezes pra ver o modelo de Minas Gerais. É , eu até tenho um livro aí que se chama “Choque de Gestão”,[...]. O modelo de Minas é um modelo extremamente vitorioso, na medida em que os resultados aparecem com uma efervescência muito grande [...]. Aécio pegou um estado praticamente quebrado, [...] e ele, no final do primeiro governo dele, o governo nadava em realizações, em satisfação, em tudo. Tanto a nível interno como a nível externo. Quer dizer, [...] os índices de popularidade dele estavam altíssimos, é tanto que ele fez a campanha dele como passeio. Eu lembro que eu tava em Belo Horizonte no dia que ele lançou-se candidato. Lançou-se e no dia seguinte viajou pela Europa. [...] Como se dissesse: não, essa tá tranquila. [...]. E o povo de Belo Horizonte [...] era um povo bastante satisfeito. Os funcionários bastante satisfeitos. Que era um modelo que não é nenhuma novidade para a iniciativa privada, mas no setor público é uma grande novidade. É um modelo que todos os salários, os funcionários [...] quer dizer, não pode haver redução de salário, mas a partir de um determinado momento, que foi nos 100 primeiros dias do governo dele, ele disse que [...] o órgão que quiser estabelecer contratos de gestão com o governo [...]. Quer dizer se a secretaria de saúde quer fazer um contrato de gestão com o governo dele, aí faz um contrato de gestão com
130
metas. Essas metas, se atingidas, resultavam num aumento salarial para os funcionários da pasta ou da sessão. Podia ser que não fossem todos os hospitais, mas um determinado hospital. Porque a meta firmada pela secretaria ia sendo detalhada pelos órgãos até chegar à unidade. Então a unidade que atingisse a meta, todos os funcionários teriam um aumento salarial [...]. Poderia um hospital ter conseguido a meta, outro não. O outro não teria redução de salário, mas aquele que conseguiu teria um aumento salarial. E o secretário que firmasse um contrato de gestão estabelecendo metas e não fosse atingido, os funcionários não teriam penalidade, mas o secretário teria uma censura no Diário Oficial [...]. Então, esse era o modelo de gestão de Garibaldi, juntamente com esse plano elaborado junto com esses grupos temáticos.
Além do modelo de gestão, Mariz fala sobre a intenção do programa
de governo de Garibaldi em atender todos os cidadãos norte-rio-grandenses,
tentando discutir interesses de todas as camadas da sociedade
A nossa estratégia era aproveitar as potencialidades do RN e tentar fazer obra de infra-estrutura pra melhorar essa potencialidade: o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, o Porto de Natal, a possibilidade de construir um porto de grande calado [...]. Então a ideia era ver as potencialidades do estado. E quais são as potencialidades do estado? Nós temos água, solos bons, turismo, minério, [...] Então a gente vai tentar potencializar isso pra explorar. E nós temos grandes problemas de pobreza, então, políticas sociais para ir de encontro à essa pobreza. Então, o programa do leite, era um programa extremamente bem avaliado. Porque, começou de Caicó, e eu vi o efeito que causou lá na bacia leiteira de Caicó [...]. Então era a gente procurar tentar ver políticas públicas que fossem ao encontro do cidadão rico, médio e pobre [...] Pra que a gente tivesse uma proposta, o cidadão sentisse o governo chegar nele, estivesse onde ele estivesse.
Mas Mariz adianta que muitas informações que estavam contidas no
programa de governo por ele coordenado não foram contempladas na
campanha política na televisão.
Pela primeira vez eu participei de uma campanha nos bastidores. Eu sou técnico, não sou político, sou professor da
131
Universidade também, lá do departamento de Engenharia e minha cabeça é de técnico, não é de político. E eu fiquei, quer dizer, eu sonhava com o dia de ter uma campanha com alguém com o livro na mão e dizer: tá aqui meu programa de governo, as linhas. Chamo a população pra discutir. Na área de educação, eu pretendo fazer isso, isso e isso. Na área de estradas, eu pretendo fazer isso, isso e isso; infra-estrutura, isso, isso e isso; segurança: isso, isso e isso, entendeu? Na hora que contrataram o marqueteiro da campanha [...] ele não deu muita bola pra isso aí. É como se dissesse: “isso é coisa pra vocês implementarem depois da campanha vencida”. Agora, é marketing.[...] E foi uma grande frustração pra mim.
O que houve, na sua perspectiva, foi uma subutilização do
documento, que foi muito pouco consultado.
[...] A gente pinçava coisas, aí chegava assim: Precisa fazer alguma coisa pra...”o que é que tem aí pra Mossoró?” Aí ele [o marqueteiro] pegava o Programa de Governo, pinçava alguma coisa pra Mossoró, aí montava alguma coisa pra fazer um programa pra Mossoró. O que é que tem aí pro Seridó? Entendeu? Então era sempre uma coisa direcionada pro marketing. E aí, o eleitor comum, o telespectador, olhando o programa eleitoral não sentiu a presença desse estudo cuidadoso e eu diria até que denso. E no final teve uma certa frustração na medida em que o marketing não valorizou. Ele seria valorizado depois da vitória. Bom [...], o que fazemos tá aqui. É assim, assim e assado.
Considerando as falas do coordenador do programa de governo de
Garibaldi, pode-se afirmar que houve um déficit de apresentação das
propostas contidas no PGD no HGPE, já que as políticas futuras não foram
todas contempladas e projetos inovadores como o modelo de gestão baseado
no exemplo de Minas Gerais nem sequer foram referidos.
No entanto, como frisamos anteriormente, a apresentação de todas as
propostas contidas no PGD no HGPE não seria possível, pois é preciso
utilizar o tempo com outros apelos necessários para o convencimento do
eleitor. Por isso é preciso fazer escolhas das propostas que serão
apresentadas.
Porém, apesar de o marketing não ter trabalhado integralmente o
PGD de Garibaldi, o esforço das equipes técnicas pôde ser sentido durante a
132
apresentação dos programas. Observando o que disse o coordenador do
programa de governo de Garibaldi e considerando o que foi apresentado no
HGPE, dois aspectos merecem ser considerados para a análise das
propostas de Garibaldi: a abordagem “técnica” na forma de analisar os
problemas e de propor soluções para os mesmos, e a escolha das propostas
para serem apresentadas no HGPE. Esses aspectos – isto é, o “o que” e o
“como” apresentar as proposições – contudo, fazem parte de uma mesma
lógica de encarar os problemas e de propor soluções para os mesmos.
No caso de Garibaldi as escolhas dos projetos a serem mostrados
foram feitas levando em conta duas estratégias diferenciadas, que foram
adotadas em momentos distintos.
No primeiro momento, o que podemos ver é que o HGPE de Garibaldi
assemelha-se com PGD (conforme descrito pelo seu coordenador) no sentido
de utilizar um discurso “técnico” na apresentação dos projetos a serem
implantados, buscando destacar as fontes dos recursos e o porquê das suas
realizações, além de tentar conquistar o eleitor de todas as camadas da
sociedade.
De uma maneira geral, embora não tenha sido mencionado por Mariz,
o novo grande projeto para o quadriênio seguinte parece ter sido o Programa
Biodiesel, que foi destacado de diversas formas no HGPE: ora como projeto
voltado para a área de economia e desenvolvimento, ora como geração de
emprego e renda, ora como projeto de melhoria para a área de produção de
energia do estado. Este projeto foi destacado no HGPE como um programa
que iria contar com a parceria da Petrobrás e com financiamentos do BNDES,
além dos recursos do estado. Focava o tempo necessário para o começo da
produção do combustível (três anos), até a produção da sua matéria-prima (o
pinhão manso) ficar pronta. Para implantar esse programa, o governo de
Garibaldi iria fazer o zoneamento agrícola do estado para definir as áreas
destinadas à produção, distribuir sementes selecionadas, e oferecer crédito
para investimento e custeio da produção. Iria também implantar infraestrutura
e abrir linhas de crédito facilitado e instalação para esmagadoras de
sementes em várias regiões do estado, especialmente em sistemas de
cooperativas de produtores. Essas informações detalhadas sobre o projeto no
HGPE refletem o trabalho técnico na construção do documento.
133
A marca “técnica” do PGD foi possível ser visualizada no HGPE
principalmente no primeiro turno, quando se privilegiou as políticas de
emprego e renda, com o intuito de defender, ora implicitamente, ora de
maneira explícita, os diferentes interesses das classes e frações da
capitalista: produtores, investidores , setores da construção civil etc.
No primeiro momento da campanha, essas escolhas foram orientadas
por aquilo que se acreditava ser as expectativas do eleitor rico, médio e pobre
- como frisou Mariz. Nesse sentido, essas expectativas do eleitor, são postas
como algo óbvio, que compartilha a mesma visão de mundo atrelada à lógica
do desenvolvimento do capital. A tentativa de agradar todas as classes
sociais, como assegura Jaime Mariz, foi visualizada nos discursos de
Garibaldi no HGPE. Podemos ver a combinação entre projetos que estão
voltados para aumentar os investimentos para as diferentes áreas
econômicas ao mesmo tempo em que atrela a sua importância à necessidade
de diminuir as desigualdades sociais com projetos afirmativos. Essa relação
de mediar conflitos de classe remete à política do Estado como “cálculo
estratégico, embora mais como resultante de uma coordenação conflitual de
micropolíticas e táticas explícitas e divergentes que como formulação acional
de um projeto global e coerente” (POULANTZAS, p. 139). Importante
destacarmos como essa visão se explicita no HGPE. Na área de geração de
empregos, podemos ver discursos “técnicos” claros que representam, na
verdade, essa coordenação conflitual de micropolíticas levantada por
Poulantzas: Podemos citar como exemplo o seguinte trecho:
Apresentadora: Hoje nós vamos falar em geração de empregos. Governador, quais são as suas propostas para criar empregos? Garibaldi: Tudo que um governo deve fazer em primeiro lugar, é criar oportunidade para geração de empregos. Até mesmo quando a gente fala em educação, de saúde, de segurança, a gente tem que ter um lado de geração de empregos Apresentadora Como isso funciona? Garibaldi:
134
Olhe, na educação, por exemplo, se a gente tem boas escolas, e professores preparados, a gente vai ter alunos também preparados para enfrentar o mercado de trabalho. Na saúde, que é outro exemplo, se a gente atende bem as pessoas que procuram o sistema de saúde pública, principalmente os mais pobres, a gente vai ter pessoas mais saudáveis para trabalhar e produzir para o nosso estado.[...] Isso também funciona para a segurança pública: se os jovens têm trabalho, eles ficam longe das drogas e da violência
O trecho do programa de Garibaldi considera os projetos políticos
relativos a diferentes demandas da população (saúde, segurança, educação)
como uma questão de adequação ao mundo do trabalho, não como uma
questão para conseguir dignidade ou para obter saúde para se ter uma
melhor qualidade de vida. Esse discurso evidencia o caráter técnico das
propostas, como revelou Mariz. No entanto, essa técnica não deve ser
tomada como antagônica à questão ideológica, mas sim, “como um artifício
retórico com base no qual discursos ideológicos do status quo se apresentam
como uma fala despolitizada, uma mera constatação da realidade das coisas”
(BARTHES, apud ALBUQUERQUE, 1999).
Locutor: Entre 1995 e 2001, o Rio Grande do Norte recebeu nada menos que 89 (oitenta e nove) grandes empresas que investiram 1,4 milhão de reais e criaram 25.500 (vinte e cinco mil e quinhentos) empregos diretos. 37 novas indústrias geraram 6000 novos empregos, outras 47 indústrias foram ampliadas e mais 14000 trabalhadores contratados. Das 90 empresas de médio e grande porte existentes hoje no estado, 46 foram instaladas durante o governo Garibaldi. Garibaldi: “vou fazer as grandes obras, aquelas que empregam diretamente os trabalhadores” [...] o programa das águas, por exemplo, esse vai continuar e com força total. Eu já anunciei aqui no nosso programa a construção da adutora do Alto-Oeste. Nas cidades como Natal, vou fazer um grande programa de saneamento básico. O programa do leite é outro exemplo. Esse eu criei e agora vou ampliar. E também tem o Programa do Biodiesel. Esse vai ser uma grande revolução na área rural, como foi o programa do leite. (HPGE, tarde de15 de setembro de 2006)
135
O que se observa nessa visão técnica das propostas é o apelo
genérico ao desenvolvimento do estado alinhado e subordinado aos
interesses dos diversos ramos do setor empresarial. Um programa de
governo construído exclusivamente dentro de gabinete, como declarou o seu
coordenador, mostra que foi privilegiado apenas o conhecimento prévio
desses técnicos para as áreas propostas, como se as demandas da
população fossem algo evidente e não precisassem ser discutidas. Mesmo as
políticas afirmativas estão atreladas à necessidade de gerar empregos,
mostrando que as alternativas são propostas num campo de dominação
moldado pela visão de mundo hegemônica, na medida em que o senso da
realidade absoluta reproduz e veicula propostas que visam dar continuidade
aos valores específicos e dominantes (WILLIAMS, 1979, p. 12).
No segundo momento, essas escolhas seguiram a tentativa de ir ao
encontro do eleitor “pobre”, no dizer de Mariz. As políticas sociais
compensatórias foram contempladas nesse momento como uma simples
constatação da necessidade de mudança.
No que se refere ao pouco tempo destinado à apresentação de
políticas para a área da cultura e urbanismo, Mariz não fez referências, mas
deixou claro que o PGD continha ausências. A não-apresentação de projetos
para essa área pode, pois, dever-se a falta de projetos para essa área no
documento ou, como ocorreu no caso de Vilma, demonstrar que tais políticas,
na visão da equipe de marketing, não são o maior interesse da população.
Por isso a predileção por projetos que demonstram soluções para os
problemas mais imediatos do cidadão norte-rio-grandense, não sendo, pois,
necessária a discussão desse tipo de política como estratégia para conquistar
o eleitor.
Outro aspecto que se refere às escolhas, é o fato do projeto de
gestão ter sido preterido. Isso revela os limites para a discussão da
integralidade do programa de governo preparado pela equipe de técnicos
coordenada pelo ex-secretário. O que podemos conjecturar é que, na visão
do marqueteiro de Garibaldi, os projetos voltados para a gestão do estado
não convenceriam os eleitores. Provavelmente a omissão do projeto deveu-se
ao fato dele ter sido considerado como algo propenso a conquistar um púbico
136
restrito - os servidores públicos - e não a “massa” de eleitores, de forma
individual e imediata.
Ainda em relação às escolhas, cabe destacar a importância das
pesquisas de opinião e de intenção de voto para subsidiar o marketing
político. Foram essas pesquisas, supostamente, que fizeram com que o PGD
se adequasse aos diferentes colégios eleitorais. Por isso a importância de
mostrar projetos para regiões específicas (para Mossoró, região do Seridó,
para Natal, etc., como declarou Mariz) demonstrando que as campanhas
eleitorais obedecem à lógica mercadológica do marketing eleitoral, que é
seguida por seus especialistas em detrimento do pessoal dos partidos
políticos (ALBUQUERQUE, 1999, p. 57).
É essa lógica que faz com que sua estratégia mude no segundo turno
da campanha, quando buscou direcionar suas propostas para a apresentação
de projetos sociais. Manobra que teve um viés estritamente estratégico que
levou em consideração os movimentos da sua adversária.
Sob o ponto de vista da integralidade do PGD, isto é, da totalidade
das propostas contidas no documento, as informações obtidas na entrevista
com Jaime Mariz apontam para um baixo grau de discussão dos projetos nos
seus programas televisivos. No entanto, se pensarmos em termos de um
projeto político amplo, analisando a natureza das ações propostas, o HGPE
contemplou essas informações, pois estas estavam contidas nos diferentes
apelos que se alinhavam com o direcionamento técnico dado pela equipe que
o desenvolveu.
***
Como podemos perceber, as propostas que aparecem no HGPE
revelam que não há uma relação fiel entre aquilo que está no PGD e o que
aparece no HGPE.
Obviamente, essa relação tem que considerar as limitações que se
impõem ao HGPE, que precisa adotar uma gramática e um estilo de
comunicação que são próprios da televisão. Os eleitores não levam em
137
consideração apenas as plataformas eleitorais dos candidatos, mas precisam
de outras informações importantes para decidirem o seu voto. No caso
estudado, em que a disputa girou em torno de duas personagens tradicionais
do cenário político norte-rio-grandense, era importante mostrar a competência
desses candidatos por meio da apresentação de políticas passadas. Além
disso, os apoios, as histórias emotivas e todos os elementos que fazem parte
do jogo político, estiveram presentes, e tinham que dividir espaço com o PGD
no HGPE.
Sabendo da necessidade de fazer essas escolhas, as equipes de
marketing dos dois candidatos primaram por estratégias diferenciadas. No
caso de Vilma, o programa de governo que apareceu no HGPE pode ser
caracterizado como a combinação de duas formas que se complementam:
ideológica e estratégica.
Ao defender que não precisa vender os bens públicos para realizar
obras, Vilma se aproxima do que seria sua posição ideológica, mais próxima
da esquerda, por se posicionar contra o ideário neoliberal que fundamentou a
política de privatização das empresas públicas nos diferentes níveis de
governo durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso. Além disso, o
destaque às políticas sociais demonstra que os problemas sociais são
considerados como uma questão de má distribuição de renda, o que remete a
ideais socialistas. No entanto, esse posicionamento ideológico não é algo
constante, pois ela também deixa claro que o seu governo irá valorizar os
interesses das classes empresariais e suas frações, demonstrando a
característica relacional do Estado como palco de luta, uma condensação de
forças entre classes e frações de classes (POULANTZAS, 2003).
É estratégico porque há uma busca pelo eleitor do seu adversário. O
fato de o programa Mesa Solidária não aparecer no seu PGD e de haver uma
intensa divulgação de projetos em recursos hídricos, demonstra esse aspecto
do seu programa, evidenciando que as discussões dos projetos obedecem ao
cenário político formado no decorrer do processo eleitoral. No caso de Garibaldi, o programa de governo apresentado no HGPE
pode ser caracterizado como técnico (com o cuidado devido para não
desatrelá-lo de uma concepção ideológica) e estratégico. O que se busca é a
apresentação de um programa de governo mais detalhado e contextualizado.
138
As classes dominantes, no entanto, se fazem representar entre os
dois partidos. O agronegócio, por exemplo, está representado nos discursos
de Vilma, com a ênfase dada às políticas rurais, e no de Garibaldi, por meio
da defesa de investimentos para a sua incrementação, e também pela defesa
do projeto Biodiesel.
A discussão dos programas de governo no HGPE desses candidatos,
como vimos, não tem a intenção de esclarecer o eleitor sobre a administração
que se pretende iniciar, nem é apenas o desejo de construir uma imagem de
seriedade e competência (ALBUQUERQUE, 1999), mas é também um meio
para responder à agenda imposta pelo adversário (ou adversários) ou por
outro ator político (que pode ser o próprio eleitor, por meio de pesquisas de
opinião), e um recurso estratégico para selecionar um segmento específico
do eleitorado.
Nessa perspectiva, os programas de governo, entendidos em sentido
restrito à noção de documento, constitui uma valiosa fonte de informação para
as equipes de marketing, um recurso que se pode lançar mão em contextos
diversos do embate eleitoral, sendo, por esse motivo, um elemento a ser
considerado fundamental para a disputa pela hegemonia que se trava na
televisão.
139
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O ponto de partida do nosso estudo foi o questionamento sobre o
papel que os programas de governo desempenham nos processos eleitorais,
tendo em vista a importância que as propostas apresentadas nas campanhas
têm para a decisão do voto do eleitor.
Aqui, procuramos saber de que forma os programas de governo dos
dois principais candidatos ao governo do RN foram apresentados durante a
propaganda eleitoral televisiva, analisando o conteúdo e a natureza dos
mesmos. Levando em conta o personalismo que caracteriza a prática política
na atualidade, partimos da hipótese segundo a qual os programas de governo
desses candidatos haviam sido secundarizados, pois eles teriam perdido
espaço para os discursos que ressaltam as características pessoais dos
candidatos.
A ausência de um conceito sociológico de programa ou plataforma de
governo foi o nosso grande desafio, pois, como verificar a discussão dos
programas de governo no HGPE se não existe um definição teórica sobre
isso? Essa limitação poderia ser suficiente para que a análise fosse
abandonada e partíssemos para outro objeto de estudo. Contudo, se
optássemos por isso, o problema continuaria existindo e as nossas
inquietações permaneceriam.
Decidimos, portanto, para fins de análise empírica, considerar por
programa de governo o conjunto de propostas, elaborado em forma de
documento pela equipe de campanha das coligações em disputa, sendo,
portanto, uma peça fundamental para ser apresentada e discutida durante a
campanha eleitoral. Aqui, nós estipulamos chamá-lo de Programa de Governo
Documentado (PGD)50.
Na perspectiva do PGD, podemos considerar que, sob alguns
aspectos, a nossa hipótese foi, parcialmente, contrariada, pois, como vimos, a
apresentação das propostas contidas nos PGDs, embora não tenham sido
discutidas integralmente no HGPE, não ocorre como discurso avesso às
50 É importante ressaltar que, mesmo que não haja nenhum documento escrito, é possível identificar um "programa de governo" implícito, no sentido “ampliado”, na elaboração e apresentação dos programas da propaganda eleitoral.
140
estratégias que ressaltam as características pessoais do candidato. Ao
contrário disso, as propostas apresentadas no HGPE se combinam com
outras estratégias discursivas para comporem a imagem do candidato. Assim,
as proposições de ações futuras aparecem incorporadas nas ações pessoais
do candidato, personificando a forma de apresentação dos projetos
propostos.
Aqui não tivemos a intenção de mensurar, em termos quantitativos, o
nível de discussão do PGD no HGPE, já que a ausência do documento da
coligação Vontade Popular não foi encontrado. No entanto, analisando
qualitativamente a natureza dos programas de governo “no papel” e o que
apareceu no HGPE, podemos dizer que a sua discussão foi restrita e limitada
aos assuntos que o marketing político julgou que pareciam ser os interesses e
as demandas comuns da sociedade.
No entanto, apesar de delimitarmos o que consideramos como
programa de governo para realizarmos a pesquisa empírica deste estudo,
percebemos que as propostas e os compromissos apresentados no HGPE
precisavam ser melhor compreendidos, e a noção de programa de governo
ampliada. Por isso, procuramos encontrar elementos que pudessem contribuir
para uma discussão sobre o conceito de programa de governo, já que
formular tal conceito exigiria um estudo mais denso e de grande envergadura,
e fugiria aos objetivos deste trabalho.
Os elementos que lançamos mão para problematizarmos essa
questão são dois conceitos que constituíram, na verdade, o eixo teórico
central do nosso estudo: o conceito de hegemonia, desenvolvido por Gramsci,
e o de bloco no poder, trabalhado por Poulantzas. Tais conceitos nos
permitiram “ampliar” a noção de programa de governo, já que estes subsidiam
um melhor entendimento sobre a forma como ocorre a luta pela conquista do
poder nas sociedades capitalistas contemporâneas e sobre o caráter e o
papel que desempenha o Estado na sociedade de classes.
Nessa visão “ampliada”, a elaboração das propostas contidas nos
programas de governo documentado é analisada dentro dos limites impostos
por uma visão de mundo que é hegemônica. É essa visão hegemônica que
faz com que as proposições sejam orientadas pela lógica das demandas que
141
se apresentam como óbvias para a população e para as equipes de
campanha que as elaboraram.
Ao mesmo tempo, uma vez que as eleições são a disputa pelo
controle da máquina estatal, a elaboração das propostas deve levar em conta
o papel que desempenha o Estado capitalista na luta existente entre as
classes e frações de classe. Nesse sentido, o conceito de bloco no poder
permite entender o direcionamento das políticas futuras apresentadas a partir
da lógica da “política do Estado” como “linha de força geral que atravessa os
confrontos no seio do Estado”, como “coordenação conflitual de micropolíticas e
táticas explícitas e divergentes” (POULANTZAS, 2000, p 139). Isto é, as
diversas políticas propostas são, na verdade, uma conjunção de
micropolíticas, com o intuito de organizar a sociedade, atendendo os
interesses das diferentes classes e frações de classe que constituem a
sociedade.
Essa noção “ampliada” permite, portanto, analisarmos essas
propostas para além do PGD.
Assim, assumindo a perspectiva de levarmos em consideração o PGD
e o conceito mais amplo de programa de governo, podemos chegar às
seguintes conclusões:
1. O programa de governo documentado é uma peça político-eleitoral
indispensável na disputa, pois as propostas orientam as estratégias do
marketing e auxiliam na construção da imagem do candidato.
2. No caso estudado, os PGDs aparecem no HGPE , mas não de
forma integral, pois as políticas são selecionadas de acordo com o que a
equipe de marketing julga ser as expectativas dos eleitores, além de se
sintonizarem com o cenário político que se forma. Assim, as pesquisas de
opinião e a agenda definem o que será destacado. Logo, a visão de que a
não-apresentação das propostas refere-se a um tipo de desinformação
política (MEDISTCH.) precisa ser melhor trabalhada. O que observamos, no
nosso caso, é que a ocultação de determinadas propostas não é uma questão
de buscar escondê-la da população como propõe Medistch. em seu estudo,
mas uma questão de escolha que decorre do cenário político formado, pois
entram como resposta, ou a um candidato que propôs algo parecido, ou à
uma região específica que se pretende conquistar votos, ou ainda como
142
tentativa de atacar o adversário que apresenta um ponto fraco em uma
determinada área ( como foi o caso de Garibaldi investir em segurança
pública, pouco trabalhada por Vilma).
3. Outro ponto a ser discutido diz respeito à apresentação do
programa de governo no contexto de reeleição, que se caracteriza como um
momento de accountability. Assim, mais importante do que propostas novas,
a imagem positiva e a credibilidade do candidato (da candidata Vilma de
Faria, no caso) deve ser fortalecida pela apresentação do que foi realizado
em sua administração, por isso os discursos propositivos estão, nesse caso,
incorporados nas suas ações passadas, pois existe, ora implicitamente, ora
de maneira explícita, a ideia de continuidade dessas políticas. Assim, não se
pode considerar propositivo, nesse caso de reeleição, apenas o que é novo,
mas o que pretende continuar fazendo.
4. Embora os PGDs não tenham sido completamente conhecidos
pelos cidadãos norte-rio-grandenses, foi possível visualizar o tipo de
administração que os dois candidatos pretendiam iniciar. Em linhas gerais,
podemos dizer que os dois candidatos não apresentaram diferenças
ideológicas claras. Vilma se apresentava contra a política de privatizações, de
viés neo-liberal, e considera a adoção de políticas sociais necessárias para
sanar um problema de má distribuição de renda. Ao mesmo tempo, porém,
buscava defender os interesses do setor empresarial, incentivando os
investimentos, o crescimento econômico, a geração de emprego e renda,
compartilhando a ideia de fortalecimento das classes dominantes para ajudar
as camadas populares. Da mesma forma, Garibaldi defende a adoção de
políticas afirmativas, e, ao mesmo tempo, os interesses do empresariado para
dinamizar o desenvolvimento do estado, como se as melhorias para a
população só pudessem ocorrer a partir de melhorias para o setor
empresarial. Além disso, como vimos, propõe que os projetos políticos
relativos às diferentes demandas da população (saúde, segurança, educação)
sejam benéficos ao mundo do trabalho, não como uma questão para
conseguir dignidade ou para obter saúde para se ter uma melhor qualidade de
vida.
5. As ausências de discussões de projetos dos dois candidatos
voltados para a área da cultura demonstram que estas não são consideradas
143
como demandas de primeira ordem. Distantes do mundo da produção,
projetos para a área da cultura são vistos como políticas menos importantes,
limitando o debate dos programas de governo elaborados para a campanha
àquilo que se julga necessário e passível de convencimento do eleitor.
6. A hegemonia do modo de produção capitalista materializa-se
assim, nas escolhas dessas propostas. As necessidades já estão postas
pelos candidatos no HGPE como se fossem evidentes, sem a necessidade de
debate com diferentes grupos que compõem a sociedade. As propostas não
prezam por valores coletivos, mas individuais, princípio defendido pela
corrente de pensamento liberal. Os discursos de dominação estão na disputa
pela hegemonia presentes nos discursos do candidato. As classes sociais
falam através dos diferentes apelos. As propostas defendidas estão sendo
orientadas, por assim dizer, para o fortalecimento de políticas que colocam o
grupo empresarial em proeminência na sociedade, que é hegemônico porque
suas ideias são aceitas como condição para o “desenvolvimento”, para
atender os interesses de toda a população. Incrementar o agronegócio,
implantar fábricas, são para onde se direcionam discursos vistos no HGPE.
São essas ideias comuns presentes nos discursos dos candidatos como se
essas políticas fossem evidentes. No entanto, há grupos e setores sociais que
estão sendo defendidos nessas propostas. As ideias hegemônicas limitam,
dessa forma, os discursos propositivos dos candidatos. Há um consenso
estabelecido na apresentação das soluções apresentadas, que servem, na
verdade, para dar continuidade ao projeto capitalista. Os candidatos estão
sendo carregados por essas ideias hegemônicas não podem abrir mão
porque não têm, ou não compartilham de nenhum outro projeto alternativo.
7. O transformismo, característico da política potiguar, que nas últimas
décadas ocorre pelo comando da máquina estatal por grupos familiares, é um
elemento que contribui para a ausência de projetos alternativos, passíveis de
uma avaliação positiva por parte do eleitorado.
Apesar de sabermos das dificuldades de discussões dos programas
de governo nas campanhas eleitorais, dado os limites impostos pela dinâmica
televisiva e pelo personalismo que caracteriza a política no período
contemporâneo, acreditamos que há possibilidades de haver uma valorização
das discussões dos projetos com os eleitores no HGPE, já que todo marketing
144
é marketing de uma ideia (KOTLER & ARMSTRONG apud ALMEIDA, 2002,
p. 77). Além disso, os projetos desenvolvidos pelas equipes de campanha, se
publicizados, permitiriam aos eleitores conhecer as prioridades do candidato,
além de servirem como um poderoso instrumento de accountability do qual os
representados podem lançar mão.
Além disso, o Rio Grande do Norte tem a urgência de conhecer novos
projetos. Acreditamos que a valorização dos programas de governo na
campanha eleitoral pode possibilitar surgimento de novas lideranças que não
sejam originárias dos grupos políticos tradicionais do nosso estado, pois
apresenta-se como um potencial dinamizador de uma competição baseada
em ideias, fugindo aos mecanismos que permitem a reprodução das
lideranças tradicionais do estado. Novas lideranças precisam surgir,
modificando a estrutura do transformismo que caracteriza a política local.
Essa é uma exigência para satisfazer a condição de competição mais justa e
mais democrática.
145
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ANEXOS
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ENTREVISTA COM JAIME MARIZ - COORDENADOR DO PROGRAMA DE
GOVERNO DA COLIGAÇÃO VONTADE POPULAR
1. O senhor pode falar um pouco sobre o processo de construção do Programa de Governo da Coligação Vontade Popular?
Antes do carnaval do ano da campanha, Garibaldi (...) eu tinha sido secretário de Garibaldi. Secretário de planejamento, secretário de administração e..tenho amizade com ele. Além do fato de ter sido secretário, há uma certa amizade. Bom, antes do carnaval ele me chamou para elaborar o plano de governo. Coordenar, não é elaborar, é coordenar o plano de governo. E eu fiquei dentro da Raff. Fiquei lá, instalado lá dentro da Raff com Rogério e Agnelo. Rogério e Agnelo me arranjaram uma sala e eu e (...) passamos a esboçar as linhas e formar grupos temáticos. Então, nosso papel era provocar os grupos pra que os grupos produzissem trabalhos para que depois a gente fosse sistematizando num documento único que chegou, acho, que.perto de 100 folhas mais ou menos. Então tinha o grupo da Educação, o Grupo da Saúde, o Grupo de Agricultura , o Grupo de Infra-Estrutura , o Grupo de Política Sociais e agente participava de reuniões com ele, e essas reuniões resultava depois num documento agente colocava mais ou menos o formato para uniformizar e ia depois agregando a esse plano de governo.
2. Esse Documento ele foi Elaborado Durante o período da campanha ou ele já tinha sido esboçado antes?
Ele foi elaborado de fevereiro, antes do carnaval ele começou a ser elaborado, quando chegou a campanha, em junho, esse documento tava.80% tava delineado...pronto, entendeu? Mas plano de governo nunca é encerrado, nunca é concluído, né? Porque a campanha tinha todo dia novas sugestões e agente ia procurando agregar.Então nos varamos a campanha toda,acrescentando,enriquecendo o documento mas eu diria que o documento estava ... Delineado antes de a campanha começar ,qual era a idéia de fazer nas diversas áreas,estavam prontas.
3. Esses Grupos temáticos eram formados por Quem?
Por Pessoas que tinham identidade com a área por exemplo : Na área de saúde foi coordenado por doutor Ivis Bezerra que era...que tinha sido secretario de Garibaldi e secretario de Vilma, tinha acabado e deixar a pasta de Vilma e achou,é meu amigo,amigo de Garibaldi também,e nós contactamos ele,e ele passou a coordenar esse grupo e a dar uma serie de sugestões,então,ele tinha Reuniões com grupos da Saúde,com pessoas da saúde para elaborar esse documento,o que é que se pensava da Saúde então ele me entregou e agente anexou,Na educação nós tivemos tambem :
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Luís Eduardo Carneiro Costa,que tinha sido secretario de grande parte do governo de Garibaldi,foi quem coordenou isso com o seus ex-auxiliares certo?Ele foi Secretario ,tinha...ele também formou um grupo e eu seria o intermediário entre este Grupo Temático La da Educação e o de Garibaldi Certo? Habitação Popular:Tinha algumas pessoas participando foi coordenado por Sérgio Rodrigues que é também uma Pessoa ligada a família de Garibaldi filho do vereador Aluisio Rodrigues que faleceu Já,Sergio é identificado com o projeto,ele é engenheiro e atua na área entendeu? Recursos hídricos : foi coordenado por Paulo Varella que foi secretario de Garibaldi Também , e atualmente é diretor da ANA, A Segurança : Foi coordenado por Lindolfo que também foi Secretario de Garibaldi , Lindolfo Neto de Oliveira Sales. Na área de Agricultura, eu digo assim...Setor Primário : Foi coordenado ...Como a campanha era coligada com o PSL nós Recebemos Grandes Colaborações de José Bezerra Junior que era o presidente da ANORC,José Bezerra Junior e varias Pessoas ligadas a ANORC, Né?
4. Na elaboração do programa de governo foi utilizada alguma forma de consulta à população pra ouvir o que as pessoas têm a dizer ou reclamar da sua situação?
Não, não. Isso era um documento elaborado dentro de gabinete. Que respaldasse o candidato para saber o que faria nas diversas áreas, certo? E, a idéia de Garibaldi era, na parte de Gestão Pública , poder de Gestão, ele inovar e me levou a Belo Horizonte duas vezes pra ver o modelo de Minas Gerais. É , eu até tenho um livro aí que se chama “Choque de Gestão”, que eu não sei se você tem conhecimento desse livro, que o modelo de Minas é um modelo extremamente vitorioso, na medida em que os resultados aparecem com uma efervescência muito grande (...). Aécio pegou um estado praticamente quebrado (...) e ele, no final do primeiro governo dele, o governo nadava em realizações, em satisfação, em tudo. Tanto a nível interno como a nível externo. Quer dizer, a população tava muito...os índices de popularidade dele estavam altíssimos, é tanto que ele fez a campanha dele como passeio.Eu lembro que eu tava em Belo Horizonte no dia que ele lançou-se candidato. Lançou-se e no dia seguinte viajou pela Europa. Com a filha dele. Bom e aí viajou pela Europa como se dissesse: não, essa ta tranqüila. Passou 15 dias depois do lançamento da candidatura dele.E o povo de Belo Horizonte (...) era um povo bastante satisfeito. Os funcionários bastante satisfeitos. Que era um modelo que não é nenhuma novidade para a iniciativa privada, mas no setor público é uma grande novidade. É um modelo que todos os salários, os funcionários (...) quer dizer, não pode haver redução de salário, mas a partir de um determinado momento, que foi nos 100 primeiros dias do governo dele, ele disse que quem quiser , o órgão que quiser se estabelecer contratos de gestão com o governo, quer dizer se a secretaria de saúde quer fazer um
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contrato de gestão com o governo dele, aí faz um contrato de gestão com metas. Essas metas ,se atingidas resultavam num aumento salarial para os funcionários da pasta ou da sessão. Podia ser que não fosse todos os hospitais, mas um determinado hospital . Porque a meta firmada pela secretaria ia sendo detalhada pelos órgãos até chegar à unidade . Então a unidade que atingisse a meta, todos os funcionários teriam um aumento salarial variável. Poderia um hospital ter conseguido a meta, outro não. O outro não teria redução de salário, mas aquele que conseguiu teria um aumento salarial. E o secretário que firmasse um contrato de gestão estabelecendo metas e não fosse atingido, os funcionários não teriam penalidade, mas o secretário teria uma censura no Diário Oficial (...). Então, Esse era o modelo de gestão de Garibaldi era esse, juntamente com esse plano elaborado junto com esses grupos temáticos. Aí você vai me perguntar: eu não vi isso na campanha. Não transpareceu isso na campanha.
5. Era isso que eu lhe perguntar agora. Por que não apareceu? Bom, pela primeira vez eu participei de uma campanha nos bastidores. Eu sou técnico, não sou político, sou professor da Universidade também, lá do departamento de Engenharia e minha cabeça é de técnico, não é de político. E eu fiquei, quer dizer, eu sonhava com o dia de ter uma campanha com alguém com o livro na mão de dizer: ta aqui meu programa de governo, as linhas. Chamo a população pra discutir . Na área de educação eu pretendo fazer isso, isso e isso. Na área de estradas eu pretendo fazer isso, isso e isso, infra-estrutura isso, isso e isso; segurança: isso, isso e isso, entendeu?. Na hora que contrataram o marketeiro da campanha .- e aí nós tivemos lá dentro da Raff, uma primeira reunião - chamado Faleiros, né?. Ele não deu muita bola pra isso aí. É como se dissesse:: “isso é coisa pra vocês implementarem depois da campanha vencida”. Agora, é marketing.(...) E foi uma grande frustração pra mim Então...Garibaldi usava isso..a gente pinçava coisas, aí chegava assim: Precisa fazer alguma coisa pra...o que é que tem aí pra Mossoró? Aí ele pegava o Programa de Governo, pinçava alguma coisa pra Mossoró aí montava alguma coisa pra fazer um programa pra Mossoró. O que é que tem aí pro Seridó? Entendeu?Então era sempre uma coisa direcionada pro marketing. E aí, o eleitor comum, o telespectador olhando o programa eleitoral não sentiu a presença desse estudo cuidadoso e eu diria até que denso. E no final teve uma certa frustração na medida em que o marketing não valorizou. Ele seria valorizado depois da vitória. Bom, né? O que fazemos: ta aqui. É assim, assim e assado.
6. Esse programa de governo montado para determinadas localidades, o marketeiro utilizou, acredito, tendo em vista determinadas pesquisas de opinião. Mas essas propostas para estas localidades já estavam prontas?
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Já faziam parte do todo. A gente é que saía pegando e fazendo (...) e dali ele tirava um programa, um programa eleitoral, entendeu? O marketeiro era de São Paulo: Faleiros.E eu acho que um dos motivos da derrota de Garibaldi eu dedico a esse cidadão. Completamente dissociado da realidade. Enquanto que Vilma tinha um marketeiro morando aqui, daqui, que é o Alexandre Macedo. Sabia todo o mundo da aldeia., tudo tudo tudo, ele tava no país da lua e totalmente fora da realidade. Ele não sabia as coisas, não tinha vivido, né? Mas minha cabeça é de técnico, não é de político e minha avaliação é muito pessoal.
7. Pra você, que é técnico, e que ajudou a elaborar um programa de governo, o que é um programa de governo?
Programa de governo pra mim, que foi o que a gente trabalhou, era as diretrizes para que o governo pudesse iniciar. Tomar posse e no dia seguinte saber o que fazer. Quais as metas que ele queria chegar?Por exemplo: educação: a gente queria um ensino profissionalizante para o Ensino Médio.A gente queria profissionalizar todo e qualquer jovem da rede pública. Acabar com o analfabetismo...então essa questão era muito focada. Aí como é que...não, aí a gente foi a Minas focado nessas nossas, entendeu? Como é que anda o ensino profissionalizante lá, o que é que ...então, a gente saía daqui para um estado que tava dando certo em todos os aspectos e já ia tentar colher subsídios para aquele programa .Como é que eles estavam fazendo lá para que a gente pudesse fazer aqui. Segurança: eu me lembro que segurança foi uma coisa que eu discuti com o secretário de Minas.Que foi mais ou menos o seguinte: se você pegar o Estado do Rio Grande do Norte, o elefante, a gente tem metade de nossas divisas com o mar, né? Isso possibilita alguma coisa. Nós somos um estado pequeno, nós não temos uma economia forte , e nós não somos rota de passagem essencial. Porque muita coisa que vai pra Fortaleza passa ao lado do Rio Grande do Norte, entendeu? Entra no Ceará por baixo, não obrigatoriamente vai pelo litoral, Então, daí a gente fez o seguinte: qual é o problema da insegurança de Natal? Por que Natal tornou-se uma cidade violenta, insegura? Por que o crime organizado veio atuar aqui.em Natal, né? Porque antigamente a gente tinha o roubo normal do ladrão, do chamado ladrão de galinha, que isso sempre houve. Então, a idéia era afugentar esse crime organizado, que ele chegou em Natal, chegou no Rio Grande do Norte. E essa situação peculiar do Rio Grande do Norte, nos deu uma maneira, nos sugeriu uma maneira. Que era o seguinte: Em João Pessoa, de João Pessoa pra cá tem a Operação Manzuá., que é extremamente criticada, porque extorque dinheiro e não funciona direito. O motorista quando vai chegando ali (..). Então era a gente pegar a situação do Rio Grande do norte e com aquela da Operação Manzuá e modernizar.Era tornar o Rio Grande do Norte com todos os carros com chip. Porque agora tão lançando...os carros daqui a dois anos vão sair já com chip. Se eu coloco um chip em todo carro -, e aí a gente teria a facilidade de ser espontâneo ou ser obrigatório e aí a gente ia ver já no governo como é que seria isso – e eu instalaria na saída de Natal e depois em
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todo o estado, principalmente nas divisas com o estado, barreiras eletrônicas que pudesse ler cada carro que passasse. Então, como o Rio Grande do Norte é pequeno, e metade da divisa é com mar, só entra carro se...se a gente tomasse o estado em dez lugares mais ou menos, a gente praticamente fechava o estado, né? Pelo menos pro grande trânsito. Bom, o carro chipado seria lido (...) (...) Então, era um programa elaborado por técnicos, estudiosos do assunto, gente da polícia, polícia civil, polícia militar , com quem Lindolfo tinha reuniões periódicas, E uma vez elaborada a linha mestra do programa, então a gente ia atrás de discutir com os entendidos, os experts do assunto.
8. Mas tinha alguma discussão com dirigentes partidários?
Tinha!Eu me lembro que expus isso numa reunião na casa de Ney Lopes , a Zé Agripino, Ney Lopes de Souza, Garibaldi, Henrique Eduardo, à cúpula todinha da campanha. Me chamaram lá. Zé Agripino preocupado com as áreas de saúde, educação e segurança.
9. Então, basicamente os critérios para a elaboração do documento foram técnicos.
Foi técnico. E todas as vezes que o político tinha acesso, havia uma convalidação. Nessa reunião, quando eu expus a segurança: “não, ta ok, ta ok, ta tranquilo”. (...)
10. Mesmo o marketeiro não dando muita atenção ao Programa de Governo, a gente percebe, quando assiste os programas eleitorais televisivos de Garibaldi, que havia uma preocupação em demosntrar detalhes dos projetos, como os recursos para a realização das obras, por exemplo. Num programa de governo é necessário demonstrar isso?
A minha experiência como secretário de planejamento...Isso é meio cabeça de técnico. Na hora que você (...). Na hora que você dá a fonte do recurso, você torna a proposta mais séria, mais consistente, mais crédula. Olha, vou fazer isso e o dinheiro vem dali. Por que tem uma pergunta que todo mundo faz: “Pô!, ta muito bonito, mas e o dinheiro, de onde vai sair?” Entendeu? Aí a gente tinha a preocupação de mostrar as fontes de recurso Por que o estado do RN é o estado com menor dívida , a gente tem a dívida fundada, que a gente chama. Então o estado é pouco individado.E quem é pouco individado tem uma margem de endividamento (...). Então a estratégia nossa era o seguinte: se eu tenho um bom modelo de governo, e lá em Minas a gente constatou, os organismos internacionais, eles se interessam em financiar. A boa governança (...)Então, eles emprestam dinheiro a Minas, sem contra-partida.. Vem lá BID, BIRD e companhia limitada, ONU, entendeu? Eles
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apresentam uma projeto lá, e quando eles vêem o sucesso de Minas...Minas Gerais a gente tirou não foi por questão partidária não,entendeu, não tinha nada a ver com PSDB, não tinha nada, é porque é uma boa referência. Então lá quando, o pessoal chega lá em Minas, eles conseguem dinheiro a fundo perdido, dinheiro sem contra-partida, porque todo organismo diz: oh, tudo bem mas tem que colocar 10 a 20% de contra partida.. Então a gente queria com essa maneira de mostrar as fontes de recursos, dá credibilidade.às propostas.
11. Esse programa foi apresentado pra alguém, pra algum grupo, ou camada da sociedade?
Não.Eu estava trabalhando no projeto pensando que um belo dia ele seria lançado, encadernado e distribuído, entendeu? Na minha cabeça é o seguinte: um belo dia vai virar um livrinho, com um preâmbulo, dizendo que isso é uma minuta, que é pra ser enriquecido, que é pra se colocar em discussão . Seria uma distribuição para a discussão. Não foi. Ele tornou-se uma fonte de informação para consumo interno. Que isso eu acho, na minha cabeça de técnico, que isso foi uma pena porque na hora que o cidadão soubesse que no programa de Garibaldi ia ter isso, isso e aquilo , ele ia dizer: poxa, esse cara ta pra valer mesmo, ele fez até um programa de governo, ta aqui um livrinho.... O que eu percebo, ninguém me disse isso, mas o medo que eu percebia nas entrelinhas era que esse documento passasse a ser objeto de crítica, pelas ausências dele pelo adversário.”Ah, o programa de governo não consta isso, não consta isso, não consta aquilo outro. (...) A vitória de Vilma foi uma vitória extremamente inteligente. Ela pegou um governo fraco, na minha avaliação, um governo sem grandes realizações, no primeiro governo, mas ela conseguiu aquela propaganda que pegou na cabeça de todo mundo: Vilma trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha....e aí ela foi buscar na campanha o resultado daquela coisa incutida na cabeça do eleitor, e aí um programa eleitoral muito bem feito, um marketing eleitoral muito bem feito.
12. Você disse que o programa foi utilizado pra consumo interno, apenas, mas a sua elaboração foi pensada pra uma camada específica da sociedade?
Não. Foi tudo. A nossa estratégia era aproveitar as potencialidades do RN e tentar fazer obra de infra-estrutura pra melhorar essa potencialidade : o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, o Porto de Natal, a possibilidade de construir um porto de grande calado (...). Então era a idéia era ver as potencialidades do estado e ...quais são as potencialidades do estado? Nós temos água, solos bons, turismo, minério,(...) então a gente vai tentar potencializa isso pra explorar. E nós temos grandes problemas de pobreza, então políticas sociais para ir de encontro a essa pobreza. Então programa do leite, era um programa extremamente bem avaliado. Porque, começou de
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Caicó, e eu vi o efeito que causou lá na Bacia leiteira de CAicó, né? Então era a gente procurar tentar ver políticas públicas que fosse ao encontro do cidadão rico, médio e pobre, entendeu? Pra que a gente tivesse uma proposta, o cidadão sentisse o governo chegar nele, estivesse onde ele estivesse.
13. Então o senhor acha que se essas propostas tivessem sido mais exploradas, o resultado poderia ter sido outro?
Eu acho que elas foram subutilizadas. Como eu tava muito imbuído nisso aí. Eu passei de fevereiro até o último dia da campanha (...), eu vi pouco na telinha o resultado do nosso trabalho. Mas eu entendia que ele seria muito importante para o governo.E que na hora da campanha quem diria ditar o que era importante era o pessoal que é profissional, os marketeiros, e aí eu me recolhia.
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196
Org
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197
Org
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a o
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Gra
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ento
de
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23
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cada
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lto",
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ulto
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alho
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mai
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ress
ão p
ela
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idad
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iais
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nte.
Po
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e po
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ta e
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as, p
ois
as m
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res
cond
içõe
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do
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ro id
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com
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do
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de e
do
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e é
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soci
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e, n
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ção
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imen
to e
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ade.
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ieda
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spei
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ria e
a e
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ngo
da e
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ênci
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prec
isa
cria
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nec
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inte
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a e
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dos,
de a
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imin
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s que
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e a
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segm
ento
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rio.
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OPO
STA
S
A)
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rom
over
pro
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as d
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ação
da
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edad
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rela
ção
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spei
to à
s es
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se s
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ento
soc
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o qu
e co
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ne a
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e as
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ênci
a m
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a es
peci
al, a
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ades
de
cultu
ra, l
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e e
spor
tes;
B
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empr
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ilida
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pree
nded
ora
dess
e se
gmen
to,
cons
ider
ando
-se
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periê
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mul
ada
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ngo
dos a
nos;
C
) A
poia
r e e
xpan
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s pro
gram
as d
e as
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ênci
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tes e
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ar e
m p
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com
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tuam
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omov
er o
portu
nida
des
que
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m a
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estu
dos
e a
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ão d
e co
nhec
imen
tos
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se s
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ento
soc
ial,
cria
ndo
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nive
rsid
ade
da T
erce
ira
Idad
e;
201
Org
aniz
ação
: Pro
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arro
s
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3.17
Infâ
ncia
e J
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O
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erno
Vilm
a de
senv
olve
um
pla
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assi
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e es
cola
rizaç
ão e
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ção
de e
mpr
egos
par
a os
jove
ns. U
m d
os p
rinci
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in
stru
men
tos é
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rogr
ama
Prim
eira
Cha
nce.
A
lém
dis
so, o
Gov
erno
Vilm
a cr
iou
a Su
b-se
cret
aria
da
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ntud
e, r
espo
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el p
elo
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vim
ento
de
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s em
áre
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fund
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tais
: cid
adan
ia, d
ireito
s hum
anos
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de, e
duca
ção,
esp
orte
e c
ultu
ra.
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ÕE
S PR
OPO
STA
S A
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am
plia
r o P
rogr
ama
Prim
eira
Cha
nce,
par
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r a 1
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il jo
vens
, em
seu
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eiro
em
preg
o.
B)
Prom
over
pro
gram
as e
fetiv
os d
e or
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ação
voc
acio
nal e
com
o ta
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m in
crem
enta
r as
opo
rtuni
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s de
for
maç
ão p
rofis
sion
al
aos a
dole
scen
tes,
em c
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nânc
ia c
om a
s exi
gênc
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o m
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tar
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ampa
nhas
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ada
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rianç
as e
de
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esce
ntes
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rua
s, en
cam
inha
ndo-
os à
s es
cola
s ou
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es
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Forta
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estru
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er c
ampa
nhas
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pre
coce
infa
nto-
juve
nil,
incl
uind
o-se
a s
ensi
biliz
ação
e e
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reci
men
to à
s fa
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as e
à so
cied
ade
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eral
; F)
Pro
mov
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rogr
amas
de
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o à
saúd
e da
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nça
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; G
) A
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par
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com
as i
nstit
uiçõ
es q
ue a
tuam
junt
o a
esse
segm
ento
soci
al, a
poia
ndo,
incr
emen
tand
o e
expa
ndin
do o
s pr
ogra
mas
de
aten
dim
ento
já e
xist
ente
s;
H)
Impl
emen
tar p
rogr
amas
de
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cita
ção
do p
olic
ial e
m re
laçã
o ao
trat
amen
to d
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que
dev
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cebe
r o a
dole
scen
te in
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I)
Red
imen
sion
ar e
am
plia
r os p
rogr
amas
de
reed
ucaç
ão e
reab
ilita
ção
do a
dole
scen
te in
frat
or;
202