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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA LARISSA MENDONÇA DE MIRANDA OVERDENTURE MAXILAR SEM COBERTURA PALATAL: Uma Revisão Sistemática NATAL/RN 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

LARISSA MENDONÇA DE MIRANDA

OVERDENTURE MAXILAR SEM COBERTURA PALATAL: Uma Revisão

Sistemática

NATAL/RN

2015

LARISSA MENDONÇA DE MIRANDA

OVERDENTURE MAXILAR SEM COBERTURA PALATAL: Uma Revisão

Sistemática

Trabalho de conclusão de curso apresentado na graduação em Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do título de Cirurgião-Dentista.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Samira Albuquerque de Sousa

NATAL/RN

2015

Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia

Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”.

Miranda, Larissa Mendonça. Overdenture maxilar sem cobertura palatal: uma revisão sistemática / Larissa Mendonça Miranda. – Natal, RN, 2015.

15 f.

Orientadora: Profa. Dra. Samira Albuquerque de Sousa. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Universidade

Federal do rio Grande Norte. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Odontologia.

1. Maxila – Monografia. 2. Palato – Monografia. 3. Prótese dentária fixada por

implante – Monografia. 4. Desenho de prótese – Monografia I. Sousa, Samira Albuquerque de. II. Título.

RN/UF/BSO Black D32

LARISSA MENDONÇA DE MIRANDA

OVERDENTURE MAXILAR SEM COBERTURA PALATAL: Uma Revisão

Sistemática

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado na Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, como exigência

para obtenção do título de graduação em

Odontologia.

Aprovada em 05.12.2014

BANCA EXAMINADORA

Profª Drª Samira Albuquerque de Sousa (Orientadora)

______________________________________________ Profª. Dr ª. Isauremi Vieria Assunção

________________________________________________

Profª. Drª Erika Almeida de Oliveira

SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................ 1

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 2

MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................... 3

RESULTADOS....................................................................................................... 4

DISCUSSÃO........................................................................................................... 8

CONCLUSÃO......................................................................................................... 13

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 14

1

OVERDENTURE MAXILAR SEM COBERTURA PALATAL: Uma Revisão

Sistemática

OVERDENTURE WITHOUT PALATE COVERAGE: A Systematic Review of the Literature

Justificativa do problema. Embora as overdentures maxilares implanto-suportadas

sem cobertura palatina proporcionem maior conforto aos pacientes quanto ao

paladar, fonética e diferenciação de temperatura, os profissionais precisam de maior

embasamento da literatura para indicar esta modalidade de tratamento.

Objetivo. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática sobre as

overdentures maxilares sem cobertura palatina com ênfase no número de implantes,

complicações protéticas e satisfação do paciente.

Materiais e métodos. A pesquisa bibliográfica foi realizada utilizando as bases de

dados eletrônicas PubMed /MEDLINE, Scopus, The Cochrane Library, Scielo, Lilacs

e Science Direct, usando combinações de palavras e descritores e não foi instituído

limite de ano de publicação. A estratégia de busca foi realizada por dois revisores

independents que incluiram artigos publicados ate novembro de 2014.

Resultados. Onze artigos foram selecionados para esta revisão. A maioria dos

artigos selecionados mostraram que não existe um consenso quanto ao número de

implantes mínimos necessários para uma overdenture maxilar sem cobertura

palatina, que as complicações protéticas encontradas podem ser revertidas e que

não há ainda uma total aceitação do paciente quanto ao novo desenho protético.

Conclusão. Ver-se um número insuficiente de artigos publicados sobre o tema para

chegar-se a uma conclusão concreta sobre tais perguntas.

Palavras-Chaves: Maxila. Palato. Prótese Dentária Fixada por Implante. Desenho

de prótese.

2

INTRODUÇÃO

As overdentures surgiram na odontologia através do avanço da implantodontia

oral trazendo uma melhoria na reabilitação de desdentados totais e parciais,

apresentando-se com melhor retenção protética e melhor qualidade de vida para os

pacientes.

As overdentures implanto-retida e muco-suportadas, melhoram a

estabilização do aparelho estomatognático através da fixação dos implantes

(HÚNGARO et al., 2000), além de proporcionar ao paciente uma reduzida

reabsorção óssea residual, melhora na fonética, estética e função mastigatória

quando comparada as próteses totais convencionais (PTC) (NEVES et al., 2008;

ZEMBIC; TAHMASAB; WISMEIJEER, 2013).

Na maxila, há pacientes que não se adaptam ao desenho protético habitual

onde há cobertura total do palato. A retenção fornecida pela overdenture e seus

sistemas de encaixe pode suprir a ausência de vedamento posterior, possibilitando

um novo desenho protético onde não há a cobertura do palato. A redução da

cobertura palatina oferece ao paciente sensação de gosto aprimorado, melhor

controle do reflexo mastigatório, melhora no fluxo salivar e ate mesmo benefícios

fonéticos

No entanto, esta perspectiva de reabilitação, apesar de proporcionar

inúmeras vantagens segundo alguns autores (ZEMBIC; TAHMASAB; WISMEIJEER,

2013), requer uma validação científica que mostre que essa alternativa é um método

confiável e com vantagens comprovadas, dentro de uma perspectiva atual, onde a

evidência científica é um importante parâmetro para a tomada de decisões.

Portanto, esta revisão sistemática objetivou investigar o nível de evidência que

essas overdentures sem cobertura palatina apresentam, mostrando os diversos

resultados obtidos, com ênfase no número de implantes, complicações protéticas e a

satisfação do paciente.

3

MATERIAIS E MÉTODOS

Estratégia de busca

Os estudos foram pesquisados através de artigos científicos publicados e

indexados nas seguintes bases de dados eletrônicas: MEDLINE-PubMed, Scopus,

The Cochrane Library, Scielo, Lilacs e Science Direct,. Foram utilizadas as

seguintes combinações de palavras e descritores: “Overdenture and Maxilla”,

“Overdenture and Maxilla and Implants”, Overdenture and maxilla and implants and

palate”, “Overdenture and jaw and implants and palate”, Overdenture and maxillary

and implants and palatal”, “implant-supported and dental and prosthesis and maxilla

and palate” e “implant-supported and dental prosthesis and maxilla and palate and

overdenture”. Referências adicionais e citações dentro dos artigos foram inseridas.

Não foi aplicado limite de ano. A última pesquisa foi realizada em 30 de novembro

de 2014.

Os requisitos mínimos de inclusão foram: artigos publicados na língua inglesa,

portuguesa e espanhola, ensaios clínicos controlados e randomizados, prospectivos

e retrospectivos, pesquisa in vitro e série de casos. Foram excluídos da pesquisa

revisão da literatura, artigos que utilizaram mini-implantes e carga imediata.

Todos os artigos identificados pela pesquisa foram analisados de forma

independente, por dois avaliadores com base no título, palavras-chave e quando

disponível resumo, para verificar se o estudo é susceptível de ser relevante. Foram

obtidos relatórios completos de todos os documentos relevantes e quaisquer

documentos que não puderam ser classificados. Os revisores estavam cientes

quanto aos autores, revistas, data de publicação, apoio financeiro e resultados. Os

critérios de inclusão foram aplicados, os dados avaliados e, em seguida, extraiu-se

de forma independente por dois avaliadores. Para analisar a qualidade das

pesquisas foi aplicado Protocolo Consort (MOHER et. al, 2010), onde cada artigo

deveria possuir no mínimo 50% das exigências do protocolo.

4

RESULTADOS

A pesquisa bibliográfica resultou na identificação de 4066 artigos.

Posteriormente 3938 artigos foram excluídos com base no título e resumo, restando

então 128 artigos. Durante a procura dos artigos completos, 117 foram excluídos da

pesquisa por não preencherem os critérios de inclusão ou ser repetição de artigo. Ao

final da pesquisa, 11 artigos foram considerados elegíveis. Os detalhes sobre a

estratégia de busca estão na figura 1 e as principais características e resultados de

cada estudo são apresentados na tabela 1. Seus dados foram a base desta revisão.

Tabela 1. Resumo dos artigos selecionados

Autor /Ano Desenho do estudo / Tipo do estudo

Variáveis/Instrumento Principais resultados

De Albuquerque Júnior et al. 2000

Overdenture com e sem cobertura palatina. Tipo de estudo: PROSPECTIVO 24 meses de acompanhamento N pacientes = 13 /2 grupos N de implante s=4 (Branemark System) ±45 anos Critérios de inclusão: quantidade de osso alveolar suficiente para receber os implantes. Critérios de exclusão: presença de DTM, doenças sistêmicas ou orais que contra indicariam a cirurgia de colocação dos implantes.

Satisfação do paciente; VAS (Escala Analógica Visual); CAT (Escala categórica).

Não houve diferença significativa para os parâmetros analisados. Embora não muito significativos, a PT com cobertura palatal teve efeito positivo na fala e a PT sem cobertura palatal no sabor dos alimentos.

Kiener et al. 2001

Overdenture maxilar sem cobertura palatal. Tipo de estudo RETROSPECTIVO 38 meses de acompanhamento. N pacientes= 41 N implantes = 2-6 (ITI Implantes) 2 overdentures (2 implantes), 5 overdentures (3 implantes), 26 overdentures (4 implantes) e 8 overdentures (≥5 implantes). Destas, 33 overdentures foram suportadas por uma barra sem extensão distal, ±61anos Critérios de Inclusão: paciente deve ter largura e altura de osso maxilar adequada para receber os implantes, ausência de problemas sistêmicos graves, não fumante (mais de 15 cigarros por dia), não utilizar drogas, ter recebido tratamento odontológico nos

Complicações protéticas Ao todo 85 complicações protéticas foram encontradas e as mais frequentes foram: reapertamento do parafuso da barra e ajuste dos retentores da barra. A irritação à mucosa e a necessidade de ajustes oclusal foram os achados mais frequentes.

5

dentes inferiores e possuir boa higiene oral e saúde periodontal.

Fortin et al. 2002

Overdenture sem cobertura palatal Tipo de estudo RETROSPECTIVO 60 meses de acompanhamento. N pacientes=45 N implantes= 4-6 (Branemark System) ±50 anos Critérios de Inclusão: pacientes edêntulos superior, necessidade de suporte labial ou posição do lábio quando sorria, e osso suficiente disponível para colocação de implantes com diâmetro de 3,75 mm em uma posição inclinada.

Complicações cirúrgicas Alta taxa de sobrevivência dos implantes e nenhuma prótese instalada falhou.

Stern et al. 2002

Overdenture sem cobertura palatal Tipo de estudo RETROSPECTIVO 60 meses de acompanhamento N pacientes= 41 N implantes= 4-6 (ITI sistema) ± 61 anos Critérios de Inclusão: paciente deve ter largura e altura de osso maxilar adequada para receber os implantes, não ter problemas sistêmicos graves, paciente pode ser submetido à cirurgia, não fumar mais de 15 cigarros por dia, não utilizar drogas, ter recebido tratamento odontológico nos dentes inferiores e possuir boa higiene oral.

Avaliou a taxa de sobrevivência peri-implantar e os parâmetros radiográficos de implantes não submersos. Foi utilizado radiografia panorâmica e avaliação intra-oral de dois dentistas.

A maioria dos pacientes exibiu uma boa higiene oral, e os implantes foram muitas vezes livres de quaisquer depósitos de placa e de cálculo. Radiografias legíveis de 158 implantes estavam disponíveis para medições comparativas.

Heydecke et al. 2003

Overdenture sem cobertura palatal e prótese fixa. Tipo de estudo PROSPECTIVO 8 meses de acompanhamento N pacientes=13 N Implantes = 4-6 (Branemark System) ±45,1 anos Critérios de inclusão: desdentados totais a mais de 10 anos e que não se adaptavam a prótese total convencional ( PTC).

Satisfação do paciente comparando overdenture sem cobertura palatal, prótese fixa e PTC. VAS e CAT

As overdentures maxilares sem cobertura palatal podem ser uma boa escolha par ao tratamento de pacientes edêntulos totais no lugar próteses fixas e PTC.

Ochia et al. 2004

Modelo foto elástico em tamanho natural de overdentures maxilar com e sem cobertura palatal Tipo de estudo IN VITRO

Analisar apoios palatais quando usado três implantes em overdenture implanto-suportada

A remoção do suporte palatino produz um melhor efeito de transferência de cargas.

Heydecke et al. 2004

Overdenture com, sem cobertura palatal e prótese fixa. Tipo de estudo: PROSPECTIVO

Avaliar a fala dos pacientes que usam overdenture com e sem

As overdentures maxilares com

6

Fonte: Autora

12 meses de acompanhamento N pacientes=30 N implantes= 4-6 (Branemark System) ±45 anos Critérios de inclusão: paciente possuir boa audição por meio de testes audiológicos, não fumantes, não possuía histórico de doenças no sistema respiratório ou nos sistemas articulares da fala.

cobertura palatal. Analise realizada através de pronuncias de palavras analisadas em computadores.

e sem cobertura palatal permitem aos pacientes produzirem um discurso mais inteligível que usuários de prótese fixa.

Cavallaro et al. 2007

Overdenture sem cobertura palatal Tipo de estudo: Caso Clínico. 12 meses de acompanhamento N pacientes=5 N implantes=4

Avaliar satisfação do paciente. Análise realizado através de entrevistas com os pacientes.

Todos os pacientes estavam satisfeitos com o tratamento.

Peñarrocha etal. 2010

Overdenture com e sem cobertura palatal. Tipo de estudo: PROSPECTIVO 12 meses de acompanhemento. N pacientes=13 N implantes=4 (ITI Sistema) Critérios de inclusão: boa saúde geral; desdentado total maxilar com severa reabsorção; paciente que gostariam de receber uma prótese overdenture; pacientes que responderam o questionário proposto após 12 meses de instalação; período mínimo de 12 meses de carregamento dos implantes.

Avaliar satisfação do paciente. VAS

Todos os pacientes responderam aos questionários de satisfação. O nível geral de satisfação com a prótese foi de 8,5. Todos os pacientes ficaram satisfeitos com conforto e estabilidade.

Al-Zubeidi et al. 2012

Overdenture com e sem cobertura palatal Tipo de estudo PROSPECTIVO 24 meses de acompanhamento N pacientes=40 N implantes= 3 (Branemark System, Southern Implant System) ±63,8 anos Critérios de inclusão: desdentado maxilar e ser usuários de overdenture maxilar com 2 implantes por pelo menos 3 anos.

Satisfação do paciente. VAS OHIP-14 OHIP-20

Quando comparado o desenhos protético da cobertura palatal percebeu-se que não apresentou diferença significativa

Zembic et al. 2013

Overdenture com e sem cobertura palatal Tipo de estudo PROSPECTIVO Tempo de avaliação: 2 meses após tratamento com PTC e 2 meses após remoção palatina N pacientes= 21 N implantes= 2 (ITI) ±63 anos Critérios de Inclusão: pacientes já usuários de PT.

Qualidade de vida OHIP VAS

Não houve diferença significativa para as duas overdentures estudadas.

7

Figura 1. Estratégia de busca e resultados.

Total de artigos encontrados

(n= 4066)

Artigos excluídos com base nos

titulo e resumo (n= 3938).

PUBMED

981

SCOPUS

551

COCHRANE

56

SCIELO

2

LILACS

13

SCIENCE DIRECT

2463

Artigos completos com estudo relevante para a

revisão (n=128)

Artigos excluídos por não

atenderem ao critério de

inclusão (n= 117).

Artigos incluídos na revisão (n=11)

8

DISCUSSÃO

Número de implantes

Não há diretrizes específicas para o número de implantes necessários para

suportar uma overdenture maxilar (SADOWSKY, 2007). No entanto, para uma

overdenture sem cobertura palatal, a maioria dos trabalhos relatam que são

necessários no mínimo 4 implantes por paciente para uma melhor estabilidade da

overdenture e uma melhor distribuição de carga (ALBUQUERQUE J et al., 2000;

KIENER et al., 2001; STERN et al., 2002; FORTIN; SULLIVAN; RANGERT, 2002;

HEYDECK et al., 2003; CAVALLARO; TARNOW, 2007 PEÑAROCHA et al., 2010).

Percebe-se que a colocação de 6 - 7 implantes pode ser utilizada quando o paciente

possui risco de falha de algum dos implantes durante o período de cicatrização. Este

procedimento foi pensado pelo fato de que normalmente alguns destes pacientes

possuem uma grande reabsorção óssea impedindo a osseointegração (FORTIN;

SULLIVAN; RANGERT, 2002; HEYDECKE et al., 2004). Neste caso, os implantes

extras serviriam de segurança caso algum implante falhasse durante esse processo,

evitando que o paciente se submeta a um novo procedimento cirúrgico

(CAVALLARO; TARNOW, 2007). Embora, muitos autores já indiquem com

segurança a confecção de uma prótese fixa do tipo protocolo quando 6 implantes

são instalados.

Por outro lado, é relatado que a overdenture sem cobertura palatal pode se

estabilizar com 2-3 implantes. Zembic, Tahmased e Wismwijer em 2013 observaram

que a colocação de 2 implantes de 3.3 mm de diâmetro (ITI - Roxolid®) um em cada

área de canino, com sistema de retenção do tipo O-ring, também pode ser uma

alternativa para uma forma reabilitadora. Durante acompanhamento de 1 ano, não

foi observado perda de nenhum dos implantes nos 21 pacientes estudados. Porém,

o arco inferior de todos os casos foi Prótese total convencional, o que provavelmente

favoreceu a distribuição de cargas. Já Al- Zubeidi et al., (2012) usaram em seus 40

pacientes 3 implantes, um em região anterior e os outros dois em região de pré-

molar direito e esquerdo, foi o utilizado o sistema Branemark® e Southern Implant®,

nos diâmetros de 3.3 mm e 3,5mm com 10-15mm de comprimento e sistema barra

clip, percebeu-se que somente um paciente não teve sucesso no processo cirúrgico.

Em ambas as pesquisas, as overdenture foram instaladas e os pacientes relataram

estar satisfeitos com o tratamento.

9

Complicações protéticas

As mudanças realizadas no desenho protético para que o paciente possa

receber uma overdenture sem cobertura palatal não trouxeram alterações nas

complicações protéticas já conhecidas previamente para overdenture convencional,

onde há a cobertura do palato. A escolha do próprio sistema de implante

característico para o projeto de overdenture planejado e dos dispositivos de retenção

podem resultar em complicações protéticas específicas já previamente conhecidas

como hiperplasia do tecido mole, fratura da barra e perda do retentor fêmea.

Cavallaro e Tornow, em 2007, evidenciaram que pacientes desdentados totais em

maxila podem receber implantes convencionais para reter overdenture sem

cobertura do palato, e que os mesmos se adaptam a esta condição. A taxa de

sucesso para estes implantes foi alta, tendo uma média de 96,4 % entre 2-5 anos

(ALBUQUERQUE J et al., 2000; KIENER et al., 2001; STERN et al., 2002; FORTIN,

SULLIVAN, RANGERT, 2002; PEÑAROCHA et al., 2010; AL-ZUBEIBI,

ALSABEEHA, THOMSON, 2012). A perda dos implantes normalmente se deu por

não ocorrência da osseointegração ou devido a grande reabsorção óssea dos

pacientes (ALBUQUERQUE J et al., 2000; KIENER et al., 2001).

Percebe-se que a falha dos implantes não teve relação com o comprimento

dos implantes. Kiener et al., (2001) após 5 anos de acompanhamento relataram

apenas 5% de falhas nos implantes, estes possuíam variação de comprimento de 6

mm, 8 mm e 10 mm e foram carregados com overdenture com o sistema barra-clipe.

Fortin, Sullivan e Rangert, em 2002, após 3 anos de acompanhamento relataram

apenas 3%, um total de 7 implantes dos 245 instalados, estes possuim

comprimento de 7 e 13mm.

É comum observar reabsorção óssea ao redor dos implantes nos primeiros

anos após a sua instalação. Peñarrocha et al., 2010 observaram que ocorreu uma

perda óssea lenta ao redor dos implantes com uma média de 0,78±0,5 mm após um

ano de carregamento. Ouros autores consideram esta perda óssea como fisiológica

em implantes HE, fenômeno conhecido como Saucerização. Stern et al., (2002) já

haviam observado uma perda óssea em locais próximos aos implantes de

aproximadamente 0,7 mm em 158 implantes através de radiografias Panorâmicas,

em um acompanhamento de 5 anos. Foi observado também que 49 implantes

10

tiveram uma diminuição vertical da crista óssea de ≥ 1 mm durante o período

observado. Cerca de 5 implantes tiveram uma sondagem de 7-8 mm tendo uma

diminuição radiográfica visível na crista óssea. Estes implantes apresentaram-se

clinicamente estáveis no último exame clínico e não apresentaram problemas

periodontais. Penñarrocha et al., em 2010 observaram que em 60% dos implantes

ocorreram fenestrações ósseas, as quais foram contornadas utilizando técnicas de

reconstrução, provavelmente isso se deu devido ao posicionamento mais

palatinizado dos implantes.

As complicações protéticas encontradas com mais frequência neste estudo

foram o reapertamento da barra- clipe, ajuste dos retentores, irritação da mucosa e

necessidade de ajustes oclusais. Para o primeiro ano, a média de complicações

protéticas foi 1 por prótese, este valor diminui para 0,7 no segundo ano e variou de

0,2-0,5 nos anos seguintes (KIENER et al., 2001).

Percebe-se que a remoção do suporte palatino de uma overdenture maxilar

implanto-mucoretida produz um melhor efeito de transferência de carga e melhor

concentração de diferença de tensão em volta dos implantes do que outros

desenhos protéticos, quando analisado in vitro através de análise fotoelástica

(OCHIA et al., 2004).

Satisfação do paciente

A overdenture maxilar sem cobertura palatal proporciona ao paciente uma

maior exposição do palato, facilitando muitas vezes a fala e a gustação dos

alimentos. Muitos pacientes relatam que esse novo desenho é mais confortável,

mais natural, mais fácil de pronunciar a fala, mais fácil de posicionar a língua e tem

uma melhor sensação gustativa quando se alimenta (ALBUQUERQUE Jr et al.,

2000).

Analisando-se a capacidade de fala do paciente através de registro

audiológicos em computadores e através de uma auto-avaliação dos pacientes,

Heydeck et al., (2004) perceberam que não há diferença sonora quando comparada

overdenture com ou sem cobertura palatal, porém há um melhora nos pacientes que

utilizam overdenture em comparação a outros tipo de prótese como a prótese fixa.

Quando aplicada a auto-avaliação através do VAS (Escala Analógica Visual), o grau

11

de satisfação do paciente com relação à fonética não apresentou diferença

estatística significante com ou sem cobertura palatal. Albuquerque et al., (2000)

comparou no mesmo paciente overdenture com e sem cobertura palatina e avaliou

os pacientes através VAS e do CAT (Escala categórica), a maioria dos

pesquisados não relatou problemas na fala, entretanto, 2 pacientes tiveram

dificuldades quando usavam cobertura palatal e 4 quando utilizavam sem cobertura

palatal, dando assim, uma diferença estatística significante. O paciente relatou uma

mudança na sonorização durante o processo de fala. Esse resultado ocorreu

provavelmente devido ao hábito dos pacientes que já foram usuários de prótese total

convencional (PTC).

Quando analisado a estabilidade, retenção, estética, facilidade na

higienização, habilidade de fala, autoestima, função, conforto e facilidade para se

alimentar, percebe-se que todos os pacientes estão satisfeitos, independente do

desenho protético destas overdentures. Percebe-se que não há diferença estatística

significativa quando analisados através do VAS, CAT, OHIP 14 (Oral Health Impact

Profile) (ALBUQUERQUE et al., 2000; SULLIVAN; RANGERT, 2002; HEYDECK et

al., 2004; PEÑARROCHA et al., 2010; ZEMBIC; FORTIN; AL-ZUBEIBI;

ALSABEEHA; THOMSON, 2012; TAHMASED; WISMEIJER, 2013). Kiener et al.,

relatam que 95% das próteses instaladas em seus estudos são usadas

continuamente e que possuem uma boa estabilidade, tendo assim uma grande

aceitação pelos pacientes. Entretanto, através da analise do VAS na pesquisa de

Zembic, Tahmased, Wismeijer em 2013, quando pacientes foram submetidos à

overdenture com cobertura palatal e sem cobertura, percebe-se que há uma melhor

satisfação dos pacientes com relação à estética e a sensação do sabor durante a

alimentação para overdentures sem cobertura palatal, entretanto dentro dos

domínios do OHIP não foi encontrada diferença. No final da pesquisa, quando

perguntado qual modelo preferia, dos 21 pacientes 16 preferiam sem cobertura e

somente 5 preferiam com cobertura. Evidencia-se que não há limitação da função e

instabilidade quando o palato é reduzido, e que os pacientes podem se adaptar ao

novo desenho protético sugerido.

Quando avaliada a satisfação do paciente usuário de PTC após a instalação

da overdenture, Al-Zubeibi, Alsabeeha, Thomson (2012) verificaram que os mesmos

relataram uma diminuição da dor, melhor conforto, melhor estabilidade e função,

12

porém, quando avaliada entre as duas modalidades de overdentures, com e sem

cobertura palatal, não houve alteração nos parâmetros citados, com exceção da fala,

onde os pacientes relataram uma melhora após a remoção do palato da prótese.

Contudo, no final da pesquisa 76,9% dos pacientes preferiram a overdenture sem

cobertura palatal.

Heydecke et al. 2003, relataram que os pacientes descreviam uma maior

facilidade de higienização e uma maior segurança ao falar em público após

receberem a overdenture sem cobertura palatina. Viu- se ainda que 9 dos 13

pacientes pesquisados preferiram permanecer com a overdenture sem cobertura

palatal.

Quando comparado a PTC, overdenture maxilar com cobertura palatal e

overdenture maxilar sem cobertura, observa-se que não há diferença estatística em

quando analisada a satisfação geral do paciente, porém percebe-se que quando os

pacientes são perguntados qual modelo protético preferem observa-se uma maior

aceitação das overdenture sem cobertura palatal.

13

CONCLUSÃO

Dentro dos limites desta revisão sistemática percebe-se que não há dados

científicos suficientes para afirmar qual o número adequado de implantes é

necessário para o tratamento com overdenture maxilar sem cobertura palatal,

porém, percebe-se que a maioria dos estudos relatam utilizar um mínimo de 4

implantes. Quanto às complicações protéticas percebe-se que são problemas já

previamente conhecidos pelo cirurgião dentista e os quais podem ser contornados.

Ver-se ainda que não há um consenso quanto a aceitação do paciente quando

colocado para escolher entre a overdenture com cobertura palatal e sem cobertura

palatal, apesar de muitos pacientes relatarem um maio conforto quando sem a

cobertura palatina. Mais estudos do tipo ensaio clínico são necessários para diminuir

as dúvidas ainda existentes quanto instalação e aceitação das overdentures sem

cobertura palatal.

14

REFERENCIAS

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