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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO DAUTON LUIS DE FIGUEREDO MENEZES AVALIAÇÃO DE BIOFILME E PRODUTOS DE CORROSÃO SOBRE AÇO CARBONO SAE 1005, EM AMBIENTE MARINHO RIO DE JANEIRO 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

DAUTON LUIS DE FIGUEREDO MENEZES

AVALIAÇÃO DE BIOFILME E PRODUTOS DE CORROSÃO SOBRE

AÇO CARBONO SAE 1005, EM AMBIENTE MARINHO

RIO DE JANEIRO

2012

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Dauton Luis de Figueredo Menezes

AVALIAÇÃO DE BIOFILME E PRODUTOS DE CORROSÃO SOBRE

AÇO CARBONO SAE 1005, EM AMBIENTE MARINHO

Tese de Doutorado apresentada ao Programa

em Tecnologia de Processos Químicos e

Bioquímicos, Escola de Química,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

requisito parcial à obtenção do título de

Doutor em Tecnologia de Processos Químicos

e Bioquímicos.

Orientadores: Dra. Selma Gomes F. Leite – E.Q./UFRJ

Dr. Ricardo Coutinho – IEAPM/MB

Rio de Janeiro

2012

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FICHA CATALOGRÁFICA

M543a Menezes, Dauton Luis de Figueredo.

Avaliação de biofilme e produtos de corrosão sobre aço carbono SAE 1005,

em ambiente marinho / Dauton Luis de Figueredo Menezes. – 2012.

xviii, 183 f.: 51 il.

Tese (Doutorado em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos) –

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Química, Rio de Janeiro,

2012.

Orientadoras: Selma Gomes Ferreira Leite e Ricardo Coutinho.

1. Biocorrosão. 2. Produtos de corrosão. 3. Ensaios eletroquímicos. 4. XPS.

5. Raman. 6. DRX. 7. SEM/EDS – Teses. I. Leite, Selma Gomes F. (Orient.). II.

Coutinho, Ricardo (Orient.). III. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Programa em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos, Escola de

Química. IV. Título.

CDD: 620.1623

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Dauton Luis de Figueredo Menezes

AVALIAÇÃO DE BIOFILME E PRODUTOS DE CORROSÃO SOBRE

AÇO CARBONO SAE 1005, EM AMBIENTE MARINHO

Tese de Doutorado apresentada ao Programa

em Tecnologia de Processos Químicos e

Bioquímicos, Escola de Química,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

requisito parcial à obtenção do título de

Doutor em Tecnologia de Proc Químicos e

Bioquímicos.

Aprovada em

Dra. Selma Gomes F. Leite, E.Q./UFRJ

Dr. Ricardo Coutinho, IEAPM/MB

Dr. Luiz Roberto Martins de Miranda, COPPE/UFRJ

Dra. Zehbour Panossian, USP/IPT

Dra. Márcia Teresa Soares Lutterbach, INT

Dra. Simone Louise Delarue Cezar Brasil, EQ/UFRJ

Dra. Leila Yone Reznik, EQ/UFRJ

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Aos meus pais, minha esposa Jeane

e minhas filhas Juliana e Isabelle.

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“Comece fazendo o necessário, depois

o que é possível e muito em breve

estarás fazendo o impossível”

São Francisco de Assis

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IN MEMORIAN,

Após a redação da presente monografia, tomamos conhecimento do falecimento

do Prof. Hector Videla, referência mundial na Corrosão Microbiológica. Mantivemos

correspondência ativa com o prof. Videla, ao longo de nossas pesquisas. Por sua

contribuição relevante à Ciência da Corrosão, toda a nossa gratidão.

Obrigado, Prof. Videla, por tudo o que herdamos de seu saber!

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AGRADECIMENTOS

Ao final deste trabalho, são muitos os agradecimentos aos que colaboraram de forma

direta e indireta para a conclusão do mesmo. Aos que estiveram do lado oposto, obrigado por

me fazer conhecer uma força que jamais imaginei existir dentro de mim.

Agradeço a Deus, pelo dom da vida e pela Luz, Força e Sabedoria principalmente nos

momentos de dificuldade.

Aos meus pais, Adauto e Zilda, por serem os alicerces que me impulsionam a lutar

sempre e desistir jamais.

À minha esposa Jeane e às minhas filhas Juliana e Isabelle, por toda a paciência e

incomparável apoio durante toda a pesquisa, pela compreensão nos momentos de ausência e

pelo estímulo diante das dificuldades.

À minha irmã Luzia e ao meu cunhado Rogério, pelo carinho, amizade, e apoio nos

projetos da minha vida.

Aos meus orientadores, Profa. Dra. Selma Gomes Ferreira Leite e Prof. Dr. Ricardo

Coutinho, pela oportunidade de desenvolver este trabalho, pelo crescimento profissional, pelo

apoio e conselhos em momentos de indecisão e, pela amizade, acima de tudo.

Ao Prof. Dr. Luiz Roberto Martins de Miranda pela orientação, paciência, amizade e

acima de tudo, confiança.

Ao Diretor de Engenharia Naval, Contra-Almirante (EN) Francisco Roberto Portella

Deiana pelo apoio e confiança depositada, desde o início da pesquisa.

À Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Escola de Química e ao Programa em

Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos pelo apoio à realização deste trabalho.

Ao Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira pela infra-estrutura que

permitiram a concretização deste trabalho.

À Profa. Dra. Maria Helena Campos Baeta Neves que sempre me apoiou e acreditou

em mim. Com ela aprendi muito. A ela, minha gratidão, respeito e admiração.

Aos Profs. Fernando Lázaro Freire Junior e Marcelo Eduardo Huguenin Maia da

Costa, PUC/RJ, pela amizade, compreensão e auxílio, abrindo portas até então não

vislumbradas.

Ao Prof. Reiner Neumann, do Setor de Caracterização Tecnológica do CETEM -

Centro de Tecnologia Mineral, pela paciência, ensinamento transmitidos a respeito da técnica

de Difração de Raio-X e disponibilidade para interpretar em conjunto os difratogramas.

À Dra. Márcia Teresa Soares Lutterbach, Dra. Luciana Contador e Mariana Machado

Galvão, pesquisadora do INT, pela compreensão, esforço, disponibilidade, paciência, apoio e

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boa vontade na tentativa de identificação dos micro-organismos presentes no material

estudado.

Á Profa. Raquel S. Peixoto e a Caio T..C. C. Rachid, do Laboratório de Ecologia

Microbiana Molecular, do Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes, pela incrível boa

vontade, disponibilidade, persistência, paciência e amizade, fatores que possibilitaram a

identificação dos micro-organismos presentes no material estudado.

À Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - Departamento de Física;

Núcleo de Catálise do Programa de Engenharia Química – COPPE – Universidade Federal do

Rio de Janeiro ao Setor de Caracterização Tecnológica do CETEM - Centro de Tecnologia

Mineral e ao Instituto Nacional de Tecnologia pelo apoio incondicional e disponibilidade de

seus equipamentos para a realização das análises de superfície e microbiológicas necessárias.

À Bruna Regina da Silva Pozzbon, bolsista de Biologia da FERLAGOS, pela

disponibilidade em realizar as fotografias em lupa, aplicando as melhores técnicas

fotográficas disponíveis, pela amizade e apoio.

À Erick Talarico pela amizade, paciência e disponibilidade para realização, em

conjunto, de análises inclusive nos finais de semana e feriados.

À Dra. Luciana Brito, bióloga, pelo auxílio nas medições, nos momentos mais

complicados.

À Susana Modiano, pelas diversas discussões técnicas, contatos para obtenção de

equipamento e ensinamentos de eletroquímica, pelos diversos conselhos, pelas incansáveis

conversas e, sobretudo, pela amizade.

À Deysimar de Souza Carvalho, pelo apoio e ombro amigo em todos os momentos.

À Glaucia dos Santos Vieira Godinho pelo apoio imprescindível no final da

elaboração desta tese.

Á Érika Abigail Ochoa Becerra, pelo apoio, carinho, atenção, confiança e

disponibilidade para estar ao meu lado me auxiliando e aconselhando em momentos difíceis

da minha caminhada.

Aos técnicos químicos do Laboratório de Química do IEAPM – Márcia Suely

Nabethe, Dagles Viana dos Reis e Marcos Lourenço Brites dos Santos – pelo apoio técnico

durante todos os ensaios.

Á Claudia Martins Pires pela disponibilidade, carinho e apoio sempre.

Expresso os meus agradecimentos a todos os que me apoiaram e me encorajaram ao

longo deste projeto. Á todos vocês, meus verdadeiros amigos, muito obrigado!

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Arranjo experimental para a medida do potencial de corrosão.

Figura 2 - Curva de polarização hipotética (ROBERGE, 2008).

Figura 3 - Potenciais de redução de alguns pares redox de importância bioquímica e micro-

biológica (MADIGAN et al., 2004)

Figura 4 - Mecanismo da ação das BRS na corrosão induzida por micro-organismos, com

presença de íons ferro (Romero, 2005).

Figura 5 - Esquema de formação de um biofilme. (C Compére – IFREMER) (CENTRE DE

CORROSION MARINE ET BIOLOGIQUE, 2010)

Figura 6 - Diagrama de fluxo para análises por PCR-DGGE de uma amostra genérica.

Figura 7 - Diagrama de nível de energia mostrando as transições básicas relativas ao

espalhamento Raman espontâneo. O sistema de dois níveis é excitado pela energia

hѵL (Wartewig, 2003).

Figura 8 - Espectro Raman comparativo entre amostras de carbonado e diamante

monocristalino (RANGEL et al, 2008).

Figura 9 - Diagrama esquemático do processo XPS, mostrando a fotoionização de um átomo,

por meio da retirada de um elétron 1s da camada K (FERRARO, 2003).

Figura 10 - Diagrama básico de um espectroscopio de fotoelétrons excitados por Raios -

X (CARVALHO, 2010).

Figura 11 - Difração de Raios-X por planos de átomos em um sólido (BRUCAT, 2010).

Figuras 12 - Diagrama esquemático de um difratômetro de Raios-X (OLIVEIRA, 2010).

Figura 13 - Desenho esquemático da coluna do MEV (USP, 2010).

Figura 14 - Desenho esquemático representativo do volume de interação (MANNHEIMER,

2002).

Figura 15 - Fotografia apresentando exemplo de cupom em aço pronto para imersão.

Figura 16 - Fotografias mostrando: (A) a disposição dos tanques, com as entradas de água

salgada; (B) a fixação dos cupons nas estruturas em madeira; e (C) e (D) as

profundidades aleatórias de imersão dos cupons.

Figura 17 - Célula eletroquímica de três eletrodos, para medição do potencial do cupom

metálico (eletrodo de trabalho). Fotos tiradas no laboratório, após uma medição.

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Figura 18 - Sistema montado no laboratório do Instituto de Estudos do Mar Almi-rante Paulo

Moreira, para o levantamento das curvas de polarização e de resistência de

polarização linear dos cupons, durante a 1ª etapados experimentos.

Figura 19 - (a1) eletrodo de platina; (a2) eletrodo de calomelano; (b) célula eletroquímica; (c)

sistema montado no laboratório do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo

Moreira, para o levantamento das curvas de polarização e de resistência de

polarização linear de regiões específicas (área de 0,28 cm2) da chapa.

Figura 20 - Célula eletroquímica, em detalhe. Foto tirada no laboratório do Instituto de

Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira.

Figura 21 - Fotografia da célula de eletrólise durante o levantamento da curva de oxirredução

da água do mar, no laboratório do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo

Moreira.

Figura 22 - Fotografia do espectrômetro Raman, do Núcleo de Catálise do Programa de

Engenharia Química – COPPE/UFRJ, utilizado nas análises das superfícies dos

cupons metálicos.

Figura 23 - Fotografia da câmara de análise hemisférica CLAM4 modelo ALPHA110 da

Thermo Scientifico, instalada no Departametno de Física da Pontifícia

Universidade Católica – Rio de Janeiro, empregada nas análises de XPS das

superfícies dos cupons metálicos, mostrando, em detalhe, o interior do

equipamento, no momento da análise de dois cupons.

Figura 24 - Fotografias mostrando em detalhe o equipamento de Difração de Raios-X Bruker-

D4 Endeavor, do Setor de Caracterização Tecnológica do Centro de Tecnologia

Mineral (CETEM), Rio de Janeiro.

Figura 25 - Fotografia do MEV acoplado ao EDS empregado na análise das superfícies,

instalado no Departametno de Física da Pontifícia Universidade Católica - Rio de

Janeiro.

Figura 26 - Gráficos apresentado as variações de compostos nitrogenados e fosfato no meio

(água dos tanques) ao longo do tempo.

Figura 27 - Gráfico da medida do potencial de corrosão de três cupons ao longo do tempo.

Potenciais medidos em relação ao eletrodo de referência de calomelano saturado.

Figura 28 - Gráfico mostrando a curva de polarização dos cupons, ao longo do tempo (3, 6, 9

e 12 dias de imersão). Potenciais medidos em relação ao eletrodo de referência de

calomelano saturado.

Figura 29 - Fotografias mostrando a evolução do aspecto superficial dos cupons em imersão,

ao longo de 10 dias, em três diferentes pontos de vista: tomada geral (perspectiva)

da região, centímetro quadrado (quadrante) e ampliação.

Figura 30 - Gráficos apresentando as variações de compostos nitrogenados e fosfato na água

do mar (eletrólito), ao longo do tempo.

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Figura 31- Fotografias mostrando a evolução do aspecto superficial dos cupons (2ª etapa do

experimento), ao longo de 15 dias de imersão, em três diferentes pontos de vista:

em tomada geral (perspectiva geral), centímetro quadrado (quadrante) e

ampliação de regiões relevantes de cada uma dos dois cupons retirados a cada dia.

Figura 32 - Diagramas mostrando as curvas de polarização ao longo do tempo (dias de

imersão), para áreas com corrosão (curvas rosa e azul) e sem corrosão (curvas

verde e laranja) em um mesmo cupom. A cada dia foram retirados cupons em

duplicata.

Figura 33 - Gráfico, potencial(mV) x intensidade de corrente (µA), descrevendo a curva de

oxirredução da água do mar renovada nos tanques, onde ocorreram os

experimentos.

Figura 34 - Gráficos de potencial (mV) x densidade de corrente (uA/cm2) representativos dos

valores de Resistência de Polarização Linear (inclinação da reta), dos cupons

retirados dos tanques – a cada dia dois cupons.

Figura 35 - Gráfico da Resistência de Polarização, em Ohm, das regiões (com corrosão e sem

corrosão) com o tempo, em dias.

Figura 36 - Fotografia do cupom retirado no 3º dia (a) e das regiões analisadas por

espectroscopia Raman (b),( c) e (d).

Figura 36A - Espectros Raman das diferentes de regiões (escura, marrom e brilhante) do

cupom retirado no 3º dia.

Figura 36B - Espectros de XPS (e) e DRX (f) do cupom retirado no primeiro 3º dia (48 horas

após imersão).

Figura 37 - Fotografia do cupom retirado no 5º dia (a) e das regiões analisadas por Raman

(b),( c) e (d). Na região escura não houve registro das imagens com aumento de

10X e 50X, por ser da mesma área das anteriores.

Figura 37A - Espectros Raman de diferentes de regiões (cor laranja e cor escura) do cupom

retirado no 5º dia.

Figura 37B - XPS e Raio-X do cupom retirado no 5º dia (96 h após imersão).

Figura 38 - Fotografias do cupom retirado no 7º dia (a), e das regiões analisadas por

espectroscopia Raman (b), (c) e (d). Na região escura não foi possível o registro

das imagens com aumento de 10X e 50X.

Figura 38A - Espectros Raman de diferentes regiões (cor laranja e cor escura) do cupom

retirado no 7º dia.

Figura 38B - XPS (d) e Raios-X (e) do cupom retirado no primeiro 7º dia (144 h após

imersão).

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Figura 39 - Fotografia do cupom retirado no 9º dia (a), e da região analisada por

espectroscopia Raman (b),( c) e (d). Na região escura, não foi possível o registro

das imagens com aumento de 10X e 50X.

Figura 39A - Espectros Raman diferentes de regiões (cor laranja e cor escura) do cupom

retirado no 9º dia.

Figura 39B - XPS (d) e Raio-X (e) do cupom retirado no primeiro 9º dia (192 h após

imersão).

Figura 40 - Fotografia do cupom retirado no 11º dia (a), e da região analisada por

espectroscopia Raman (b), ( c) e (d). Na região laranja não foi possível o registro

das imagens com aumento de 10X e 50X.

Figura 40A - Espectros Raman diferentes de regiões (cor laranja e cor escura) do cupom

retirado no 11º dia.

Figura 40B - XPS (d) e Raios-X (e) do cupom retirado no primeiro 11º dia (240 h após

imersão).

Figura 41 - Fotografia do cupom retirado no 13º dia (a), e da região analisada por

espectroscopia Raman (b),( c) e (d). Na região preta (2), com aumento de 10X,

não houve registro da imagem.

Figura 41A - Espectros Raman de pontos das diferentes regiões (de cor marrom, preta e

branca) do cupom retira-do no 13º dia.

Figura 41B - Espectros de XPS (d) do cupom retirado no primeiro 13º dia (248 h após

imersão).

Figura 41C – Espectro de Difração de Raios-X (e) do cupom retirado no primeiro 13º dia

(248 h após imersão).

Figura 42 - Fotografia do cupom retirado no 15º dia (a), e das regiões analisadas por

espectroscopia Raman (b), ( c) e (d).

Figura 42A - Espectros Raman diferentes de regiões (cor laranja e cor escura) do cupom

retirado no 15º dia.

Figura 42B - XPS (d) e Raios-X (e) do cupom retirado no 15º dia (296 h após imersão).

Figura 43 – Fotografias (MEV) exemplificativas de pontos da superfície dos cupons

analisados no 3º e 13º dias e respectivos resultados de EDS, mostrando a presença

de compostos de enxofre, já a partir do 3º dia de imersão dos cupons.

Figura 44 - Perfil de fragmentos do gene rrs, separados por DGGE (gradiente 40%-70%) que

foi preservado e corrido o gel em uma mesma época. Os fragmentos foram

amplificados a partir do DNA extraído dos cupons metálicos nos tempos de

incubação 3, 5, 7, 11 e 15 dias. No 15º dia, são apresentados perfis de amostras de

DNA retiradas de regiões sem corrosão (SC) e com corrosão (CC).

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Figura 45- Número de bandas observadas e Índice de Shannon calculado com base no perfil

de fragmentos do gene rrs no gel de DGGE, ao longo do período de incubação.

Figura 46 – Árvore filogenética contendo as seis estirpes bacterianas isoladas das superfícies

metálicas dos cupons. Os valores em cada nó representam a porcentagem do valor

de bootstrap.

Figura 47 - Fotografias exemplificativas das superfícies de cupons que apresentam áreas

delimitadas, onde não foram observadas visualmente ocorrências de corrosão.

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RESUMO

MENEZES, Dauton Luis de Figueredo Menezes. AVALIAÇÃO DE BIOFILME E

PRODUTOS DE CORROSÃO SOBRE AÇO CARBONO SAE 1005, EM AMBIENTE

MARINHO. Rio de Janeiro, 2012. Tese (Doutorado em Tecnologia de Processos Químicos e

Bioquímicos – Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,

2012.

O presente estudo teve como propósito caracterizar a influência de micro-organismos

no processo de corrosão eletroquímica em cupons de aço carbono SAE 1005 imersos por 15

dias, em água do mar natural da Enseada dos Anjos, localizada em Arraial do Cabo, Rio de

Janeiro, Brasil. As análises, conduzidas após retiradas dos cupons em 3, 5, 7, 9, 11, 13 e 15

dias de imersão, envolveram o estudo da fenomenologia do processo, levantamento de

medidas eletroquímicas (curvas de polarização e resistência de polarização linear),

caracterização dos produtos de corrosão (Espectroscopia Raman – ER, Espectroscopia

Fotoeletrônica de Raios-X – XPS, Difração de Raios-X – DRX, Microscopia Eletrônica de

Varredura – MEV (associada a detectores de energia dispersiva de raios-X) e avaliação da

estrutura da comunidade bacteriana por sequenciamento (DNA).

Foram observadas correlações entre a natureza dos produtos de corrosão, as medidas

eletroquímicas e a natureza dos micro-organismos. A presente pesquisa indica uma condição

redutora no início da exposição evoluindo para condições mais oxidantes. Tal evolução ocorre

nos primeiros instantes da imersão.

Palavras-chaves: Biocorrosão; Produtos de corrosão; Ensaios eletroquímicos; XPS; Raman;

DRX; MEV/EDS; Vibrio; Pseudoalteromonas.

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ABSTRACT

MENEZES, Dauton Luis de Figueredo Menezes. AVALIAÇÃO DE BIOFILME E

PRODUTOS DE CORROSÃO SOBRE AÇO CARBONO SAE 1005, EM AMBIENTE

MARINHO. Rio de Janeiro, 2012. Tese (Doutorado em Tecnologia de Processos Químicos e

Bioquímicos – Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,

2012.

The present study aimed to characterize the influence of microorganisms in the process of

electrochemical corrosion on coupons of SAE 1005 carbon steel immersed for 15 days in

natural sea water of the Anjos’ Cove, located in Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, Brazil. The

analyzes were conducted on the coupons removed after 3, 5, 7, 9, 11, 13 and 15 days of

immersion. They have involved the study of the phenomenology of the process, survey data

of electrochemical measurements (polarization curves and linear polarization resistance),

characterization of corrosion products (Raman Spectroscopy – RS, Photoelectron

Spectroscopy X-Ray - XPS, X-Ray Diffraction - XRD, Scanning Electron Microscopy - SEM

(associated with energy dispersive detectors of X-rays) and evaluation of the structure of

bacterial community by sequencing (DNA). Correlation was found between the type of

corrosion products, electrochemical measurements and the nature of the microorganisms. The

present study indicates an reduction condition at the beginning of the exposure evolving to

more oxidizing conditions. This evolution occurs in the first instants of immersion.

Keywords: biocorrosion, corrosion products, electrochemical testing, XPS, Raman, XRD,

SEM / EDS, Vibrio, Pseudoalteromonas.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 18

2. JUSTIFICATIVA 20

3. OBJETIVO GERAL 20

4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 20

5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 21

5.1 Corrosão 21

5.2 Medidas Eletroquímicas 23

5.2.1 Curvas de Polarização 24

5.2.2 Medidas de Resistência de Polarização Linear 24

5.2.3 Curvas de oxirredução da Água do Mar 26

5.3 Metabolismo Microbiano 26

5.4 Biocorrosão 28

5.5 Biofilmes e seus Micro-organismos 33

5.6 Identificação Biomolecular 36

5.6.1 Princípios de Biologia Molecular Microbiana 36

5.6.2 Reação em Cadeia da Polimerase (PRC) 37

5.6.3 Eletroforese em Gel de Gradiente Desnaturante (DGGE) 39

5.7 Análises de Superfície 40

5.7.1 Espectroscopia Raman 41

5.7.2 Espectroscopia Fotoeletrônica de Raios X 44

5.7.3 Difração de Raios X 46

5.7.4 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) com Espectrometria

de Dispersão de Energia (EDS)

48

6. MATERIAIS E MÉTODOS 51

6.1 Materiais 51

6.2 Métodos 52

6.2.1 Análise Físico-Química da Água 53

6.2.2 Observação da Superfície dos Cupons 53

6.2.3 Ensaios Eletroquímicos de Medida de Potencial de Circuito

Aberto, Curva de Polarização e Resistência de Polarização Linear.

54

6.2.3.1 Potencial de Corrosão em Circuito Aberto e Curva de

Polarização

54

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6.2.3.2 Medidas de Resistência de Polarização Linear 59

6.2.3.3 Curvas de Oxirredução da Água do Mar 59

6.2.4 Análises de Superfície 60

6.2.4.1 Espectroscopia Raman 60

6.2.4.2 Espectroscopia Fotoeletrônica de Raios X 60

6.2.4.3 Difração de Raios X 61

6.2.4.4 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) com Espectrô-

metro de Dispersão de Energia (EDS)

62

6.2.5 Análise da Estrutura da Comunidade Bacteriana 63

7. RESULTADOS 66

7.1 Primeira Etapa dos Experimentos 66

7.1.1 Análise Físico-Química da Água 66

7.1.2 Ensaios de Medida de Potencial de Circuito Aberto 67

7.1.3 Curvas de Polarização 68

7.1.4 Observação da Superfície dos Cupons 70

7.2 Segunda Etapa dos Experimentos 72

7.2.1 Análise Físico-Química da Água 73

7.2.2 Observação da Superfície dos Cupons 74

7.2.3 Curvas de Polarização 76

7.2.4 Curvas de Resistência de Polarização Linear 78

7.2.5 Espectroscopia Raman, XPS e DRX 80

7.2.6 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectrometria de

Energia Dispersiva de Raios X (EDS)

101

7.2.7 Análise dos Equilíbrios Eletroquímicos 102

7.2.8 Análise da Estrutura da Comunidade Bacteriana 107

8. DISCUSSÃO 112

9. CONCLUSÕES 115

10. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 116

11. REFERÊNCIAS 117

APÊNDICE 127

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1. INTRODUÇÃO

Uma das maiores preocupações no setor naval, principalmente no transporte marítimo

de carga e nas Marinhas de Guerra, é o rápido aprestamento de seus meios (navios), a fim de

atender de maneira eficiente e eficaz o objetivo a que se propõem, respectivamente,

movimentação de cargas e tropas (defesa territorial).

Os fatores que mais influenciam o rápido aprestamento são os parâmetros que exercem

predomínio diretamente na velocidade dos navios, sendo eles: deslocamento (peso do navio);

propulsor (o hélice); trim (inclinação do navio no sentido longitudinal); condições de mar e

vento; e estado de limpeza do casco (nível de incrustações nas obras vivas e linha d’água).

Dentre estes fatores, o estado de limpeza do casco ou nível de incrustação é um fator

preocupante para os armadores. Embora seja um processo natural de colonização de uma

superfície, quando gerada sobre as obras vivas e linha d’água de uma embarcação, aumenta a

sua rugosidade e o seu deslocamento, sendo necessário o aumento da potência dos motores,

para se obter uma mesma velocidade. Além disto, as incrustações marinhas causam danos ao

recobrimento orgânico empregado no casco, acelerando o processo corrosivo da chapa,

principalmente devido ao processo de aeração diferencial. Estes fatos acarretam crescentes

gastos de combustível e custos finais de manutenção.

No decorrer das últimas décadas, muitos esforços vêm sendo envidados pelo setor

industrial, com o intuito de desenvolver cada vez melhores produtos inibidores de incrustação,

no entanto, o resultado do emprego de compostos químicos diversos ligados a elementos

metálicos nessas formulações, de maneira indiscriminada, sem um estudo prévio de impacto

ambiental, vem aos poucos apresentando seus resultados negativos em muitas espécies de

vida marinha

Fruto de observações realizadas nos últimos anos, durante a docagem de navios da

Marinha do Brasil verficou-se haver situações onde não se observava presença de

incrustações biológicas em regiões irregulares e bem delimitadas dos cascos dos navios, sem

motivo aparente, uma vez que o casco era recoberto igualmente com o mesma espessura de

produto antiincrustante, o que levaria a se esperar aparência similar ao longo de toda sua

superfície. Com a recorrência de tal fato sem uma explicação coerente para tal, iniciou-se uma

pesquisa bibliográfica que explicasse o fenômeno observado. Resultados do estudo de Costa

(1998), aqui no Brasil, mostraram que a fixação de micro-organismos (e processo de

formação de biofilme) é também influenciada pelo potencial eletroquímico do substrato

metálico imerso em água do mar. Estes dois fatos independentes de ocorrência natural

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observados motivaram o desenvolvimento do presente estudo objetivando estabelecer

correlações entre as medidas de potenciais de corrosão com equações de condições de

equilíbrio eletroquímico (item 7.2.7), considerando, nestas últimas, os compostos de corrosão

identificados através das diversas técnicas de análise de superfície que serão apresentadas ao

longo do trabalho. Procurou-se associar tais resultados com os micro-organismos encontrados,

considerando, para cada sistema individual, as possíveis combinações entre os produtos de

corrosão, tanto em meios oxidantes quanto em meios redutores.

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2. JUSTIFICATIVA

A presente proposta foi gerada pela necessidade de manter os meios de defesa

marítimo nacional em condições permanentes de atender de maneira eficiente e eficaz o

objetivo a que se propõem, ou seja, a defesa territorial.

Para isto, além dos grandes esforços hoje realizados para se manter em dia os planos

de manutenção dos navios, é necessário também buscar soluções para os problemas causados

pelo meio ambiente, no caso, a corrosão e a bioincrustação dos navios. A corrosão é

amenizada através do emprego de métodos de proteção galvânica e da especificação de

recobrimentos orgânicos cada vez menos permeáveis, cujas pesquisas são principalmente

oriundas de países estrangeiros, dos quais importamos muitos de seus produtos. A

bioincrustação, por sua vez, é um problema cuja solução deve ser desenvolvida internamente,

no nosso país. Ela pode envolver tanto a pesquisa de produtos naturais existentes no nosso

imenso território, que devido às suas dimensões continentais abrange climas e microclimas

inexistente em qualquer outra região do planeta, quanto o desenvolvimento de novas

tecnologias envolvendo processos eletroquímicos. A pesquisa de novos produtos utilizando

princípios eletroquímicos, permite o acúmulo de conhecimento multidisciplinar e a certeza de

que com algumas modificações metodológicas é possível o desenvolvimento de processos

antiincrustantes, tendo como base o potencial eletroquímico do substrato e a presença de

organimos marinhos especificamente de microorganismos incrustantes.

3. OBJETIVO GERAL

Investigar a influência de micro-organismos no processo de corrosão eletroquímico em

cupons de aço carbono SAE 1005 imersos por 15 dias, em água do mar natural renovada.

4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Medir os potenciais de corrosão localizados ao longo da superfície do cupom,nas áreas

demarcadas por diferentes micro-organismos ou por ausência de corrosão;

b) Identificar os óxidos presentes;

c) Identificar os primeiros micro-organismos que se aderem à superfície metálica; e

d) Verificar a correlação entre os óxidos formados os fenômenos observados, os micro-

organismos detectados e os respectivos potenciais de corrosão localizados.

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5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

5.1 Corrosão

Um dos grandes custos suportados pelas sociedades no tocante à cadeia produtiva é o

gasto relativo à transformação dos insumos metálicos e a respectiva energia necessária para

esta transformação, desde a extração do minério até a transformação do metal em produtos

úteis ao homem. Tudo isso se perde com o natural e, na maioria das vezes, complexos

processos de deterioração do material – a corrosão, contribuindo de forma significativa para a

ineficiência dos processos produtivos como um todo.

Dentre as inúmeras definições de corrosão, apresentam-se aquelas elaboradas por:

GENTIL (2007) - Deterioração de um material, geralmente metálico, por ação química

ou eletroquímica do meio ambiente aliada ou não a esforços mecânicos; e

BEECH (2003) - Processo natural através do qual os materiais metálicos puros e/ou

suas ligas sofrem oxidação química do seu estado elementar a espécies iônicas. É um processo

eletroquímico de transferência de elétrons na presença de um eletrólito através de uma série

de reações de oxidação (anódicas) e de redução (catódicas).

Como é bem conhecido, a corrosão de uma superfície metálica na presença de um

eletrólito, adquire um potencial de interface em que a dissolução da matriz (aço ao carbono,

no caso da presente tese) é resumidamente, representada pela reação eletroquímica:

Esta equação mostra que o fenômeno corrosivo se processa através de duas

“trajetórias”: uma devido ao fluxo de elétrons (que circula pelo metal) e uma segunda,

eletrolítica” que é devido aos íons. A corrosão é, então, dependente de dois caminhos: um

eletrônico e outro eletrolítico. A reação no sentido:

Fe → Fe+2

+ 2e-

é conhecida como reação de corrosão. A reação em sentido inverso:

Fe+2

+ 2e- → Fe

é conhecida como reação de redução, ou de proteção catódica.

Fe = Fe+2

+ 2e-

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Do ponto de vista quantitativo, tais reações são medidas através de um eletrodo de referência,

sendo que pela convenção da IUPAC, a reação de equilíbrio é sempre representada no sentido

da redução, isto é,

Fe+2

+ 2e- → Fe

Seguindo a nomenclatura adotada pelo referido órgão, entende-se o “potencial de eletrodo”

como a diferença entre o par:

Fe / Fe+2

// eletrodo de referência

Também convencionou-se que o eletrodo de referência padrão é o eletrodo de hidrogênio

(ENH – eletrodo normal de hidrogênio), o qual é constituído de um fio de platina coberto com

platina finamente dividida que adsorve grande quantidade de hidrogênio, agindo como se

fosse um eletrodo de hidrogênio. Esse eletrodo é imerso em uma solução 1 M de íon

hidrogênio (por exemplo, solução 1 M de HCl), através da qual o hidrogênio gasoso é

borbulhado sob pressão de 1 atm e temperatura de 25oC (GENTIL, 2007).

Da mesma forma, é bem conhecido que este potencial de eletrodo é obtido teoricamente pela

fórmula:

E0 = - ΔG / (z . F) , onde

E0 = potencial de eletrodo, medido em Volts (V).

ΔG = energia livre de Gibbs (ΔG= ΔH - TΔS), em geral tabelada para o valor de temperatura

igual a 298 K e pressão igual a 1 atm.

F = número de Faraday, F = 96.450 Coulombs.

z = estado de oxidação (número de cargas elétricas envolvidas na reação).

Tal potencial só pode ser medido para eletrodos reversíveis, como é o caso do eletrodo de

hidrogênio, acima mencionado.

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5.2 Medidas Eletroquímicas

Ensaios eletroquímicos são ferramentas relevantes na avaliação do comportamento de

materiais, com relação à sua degradação, em diversos meios.

O potencial de corrosão é o potencial característico assumido por um metal, quando

imerso em uma solução de baixa resistividade elétrica. Ele é um parâmetro eletroquímico de

mais fácil determinação experimental, sendo suficiente proceder à sua medida direta em

relação a um eletrodo de referência, utilizando-se um multímetro. Essa medida é também

denominada de medida de potencial em circuito aberto. O conhecimento do valor do

potencial de corrosão pode fornecer informações relevantes nas investigações de processos

corrosivos.

O metal cujo potencial de corrosão será medido é designado eletrodo de trabalho. As

extremidades dos eletrodos de trabalho e de referência são conectadas diretamente aos

terminais de um multímetro de alta impedância, tornando possível a medida direta do

potencial de corrosão (Figura 1).

Figura 1 - Arranjo experimental para a medida do potencial de corrosão.

É importante salientar que, para aqueles casos onde o metal não sofre corrosão, o valor

medido é o próprio potencial de oxirredução do meio.

Os eletrodos de referência mais empregados na medição eletroquímica são os

eletrodos de calomelano, de cobre-sulfato de cobre, o de prata-cloreto de prata e o de platina.

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5.2.1 Curvas de Polarização

Existem dois métodos para o levantamento de uma curva de polarização: conduzindo

variações controladas de potenciais de eletrodo e medindo os valores de corrente em função

do potencial aplicado, ou controlando a corrente aplicada ao sistema e medindo os valores de

potencial gerado, em função da corrente. Para o primeiro método, emprega-se um

potenciostato e para o segundo método um galvanostato. Estes instrumentos consistem

basicamente de uma fonte de tensão ou corrente estabilizada respectivamente, à qual estão

acoplados um amperímetro e um voltímetro de alta impedância. A definição do melhor

instrumento a ser utilizado é função da forma da curva de polarização. De um modo geral,

utiliza-se o instrumento que fornecerá funções unívocas entre corrente e potencial (GENTIL,

2007; WOLYNEC, 2003).

5.2.2 Medidas de Resistência de Polarização Linear

A resistência de polarização linear é a única técnica eletroquímica amplamente utilizada

para monitoramento da corrosão em campo. Tem sido empregada nas plantas de óleo e gás, de

processos químicos, em aviões (para monitoramento da corrosão) e redes de sistemas de

fornecimento de água, entre outros (YANG, 2008).

A sua principal vantagem é ser um método não destrutivo e poder ser empregado

repetidamente no mesmo eletrodo em estudo, para o monitoramento contínuo da corrosão, por

um longo período de tempo. Tem como limitações a capacidade de apenas medir taxas de

corrosão generalizada e não poder ser usada em estudos de mecanismos da corrosão (PESIC

& STORHOK, 2001).

O objetivo desta técnica eletroquímica é a medição da resistência que um determinado

material oferece à corrosão, quando exposto a determinado eletrólito, durante a aplicação de

pequenas variações de potencial, aproximadamente +/- 10 mV, em torno do potencial de

corrosão do metal, obtendo-se como resposta valores de corrente os mais lineares possíveis.

Fornece assim, ferramenta para o cálculo de taxas de corrosão instantâneas de metais expostos

a diversos meios.

Há mais de 50 anos, Stern e Geary verificaram que a inclinação da tangente à curva

potencial-corrente, Figura 2, em torno do potencial de corrosão, é essencialmente linear, cuja

tangente é denominada de resistência de polarização linear (Rp).

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Figura 2 - Curva de polarização hipotética (ROBERGE, 2008).

Rp é matematicamente definida pela equação (16):

Rp correlaciona-se com a corrente de corrosão (icorr) pela equação (17):

A constante B é definida pela equação (18):

Onde βa e βc são as constantes anódica e catódica de Tafel.

Combinando as equações (17) e (18), obtém-se a equação (19):

Se os valores βa e βc são conhecidos, a taxa de corrosão pode ser calculada por Rp.

É importante ressaltar que devido à aplicação de potenciais muito pequenos (menores

que +/- 30 mV, tipicamente +/- 10 mV), esta técnica não interfere com as reações de corrosão

em andamento no sistema considerado (YANG, 2008).

(16)

(17)

(18)

(19)

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5.2.3 Curva de Oxirredução da Água do Mar

Esta curva fornece informações sobre a oxidação e a redução do eletrólito, no caso, água

do mar, definindo os valores reais de potenciais Ea e Eb. Dentro desta faixa de potenciais (Ea a

Eb), denominada de “Domínio de estabilidade termodinâmica da água”, as soluções aquosas

são estáveis e contêm H+ e OH

- livres e/ou H2(g) e O2(g) dissolvidos nas mesmas, sob a

pressão de 1 atm. Valores de potencial maiores que Eb, levam a solução aquosa a se oxidar e

produzir oxigênio gasoso. Valores de potencial abaixo de Ea promovem a redução da solução

aquosa, produzindo hidrogênio gasoso (POURBAIX,1974).

5.3 Metabolismo Microbiano

Conforme pode ser entendido em Madigan (2004), antes que haja a replicação celular,

uma variedade de reações químicas deve ser realizada pela célula. O conjunto dessas reações

químicas é chamado de metabolismo. As reações metabólicas envolvem tanto a liberação de

energia ou catabolismo, como o consumo de energia ou anabolismo. Os ambientes anaeróbios

são criados através do metabolismo microbiano, quer pelo consumo de oxigênio, quer pela

secreção de EPS, limitando a difusão do oxigênio até a base do biofilme (PERES, 2006). A

conservação de energia nos sistemas biológicos envolve reações de oxirredução, permitindo a

formação de compostos de alta energia. As reações redox, envolvem a transferência de

elétrons, são os modos centrais de conversão de energia nos processos respiratórias. Muitos

processos celulares dependem do estado redox intracelular. Em geral, o estado redox é

definido como o resultado do equilíbrio entre os níveis de oxidação e de redução de pares

redox. As células mantêm o estado reduzido intracelular em face do ambiente altamente

oxidante extracelular (MARTINOVICH, CHERENKEVICH & SAUER, 2004).

As substâncias variam quanto à tendência de se tornarem oxidadas ou reduzidas. Essa

tendência é expressa como o potencial de oxirredução ou de equilíbrio (Eo’, condição-padrão)

da substância. O potencial é medido eletricamente, em volts, em relação a uma substância-

padrão, o H2. Caso haja a participação de prótons na reação, o potencial redutor sofre certa

influência da concentração de íons hidrogênio (pH). Convencionou-se em biologia que os

potenciais redutores são avaliados em condições de neutralidade (pH=7), já que o citoplasma

da maioria das células é neutro ou próximo a esse valor (MADIGAN, 2004).

Uma maneira didática de visualizar a transferência de elétrons em sistemas biológicos

pode ser através da Figura 3, a qual representa a faixa de potenciais redutores de pares redox,

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com o mais negativo no topo e o mais positivo na base. A substância reduzida, no par redox

situado no topo da torre, apresenta a maior tendência a doar elétrons, enquanto a substância

oxidada, no par situado na base da Figura, apresenta maior tendência a receber elétrons.

Figura 3 - Potenciais de redução de alguns pares redox de importância bioquímica e microbiológica (MADIGAN

et al.,2004).

O oxigênio (O2), situado na base da tabela, corresponde ao aceptor de elétrons mais

favorável utilizado pelos organismos. No meio da tabela, os pares redox podem atuar tanto

como doadores quanto como aceptores de elétrons. Em condições de ausência de oxigênio

(anóxicas) e na presença de H2, por exemplo, o fumarato pode ser um aceptor de elétrons,

produzindo succinato. Em outras condições anóxicas, como na presença de NO3-2

, ou em

condição aeróbica, o succinato pode ser um doador de elétrons.

Assim, pode-se imaginar o grande número de reações químicas que esses pequenos

organismos são capazes de gerar, tanto internamente à sua estrutura quanto externamente,

considerando o meio ambiente em que se encontram. Do ponto de visto ecológico, os micro-

organismos são parte de uma comunidade chamada ecossistema (CANFIELD, THAMDRUP

2H+/ H2

CO2/metanol

NAD+/NADH

CO2/acetato

S0 / H2S

SO4-2 / H2S

Piruvato / lactato

S4O6-2 / S2O3

-2

Fumarato/Succinato

Citocromo b ox/red

Fe+3 / Fe+2

Ubiquinona ox/red

Citocromo c ox/red

Citocromo a ox/red

NO-3 / NO-2

NO3- / ½N2

Fe+3 /Fe+2

½ O2 / H2O

CO2 / glucose

-0,50

-0,40

-0,30

-0,20

-0,10

0,0

+0,20

+0,30

+0,40

+0,50

+0,60

+0,70

+0,90

+0,10

+0,80

Par

Eo’ (V)

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& KRISTENSEN, 2005). Cada organismo em um ecossistema interage com a sua vizinhança,

em alguns casos, modificando de modo contundente as características do ecossistema no

processo. Particularmente, isto é verdadeiro com a presença de micro-organismos, onde

mudanças químicas podem ocorrer devido à sua atividade. Um dos pontos relevantes da

ecologia microbiana é a possibilidade de se desenvolver um entendimento dos tipos e

atividades dos microorganismos na natureza e como eles interagem uns com os outros e com

os organismos superiores e aplicar esse conhecimento não só para solucionar problemas

ambientais, mas também, solucionar problemas relativos à degradação de sistemas diversos

(BROCK, 1994).

5.4 Biocorrosão

Água e soluções aquosas são meios muito corrosivos. Em temperatura ambiente, as

soluções aquosas são favoráveis, mesmo imprescindíveis ao crescimento de organismos

vivos. Assim, não é surpresa a ocorrência de interações entre estes e os materiais metálicos.

Esta é a razão para esta interação ser denominada corrosão bacteriana ou biocorrosão

(KEDDAM et al., 2002).

Biocorrosão, corrosão microbiológica ou corrosão influenciada por micro-organismos

(CIM) pode ser definida como um processo eletroquímico onde a presença de micro-

organismos é capaz de iniciar, facilitar ou acelerar a reação de corrosão sem mudar sua

natureza eletroquímica (VIDELA, 1996).

Muito embora as primeiras publicações sobre biocorrosão datem do final do século

XIX, o mecanismo de interpretação sobre o assunto teve início de modo sistemático no início

da década de 1960. A única exceção foi o trabalho pioneiro de Von Wolzogen Kühr e Van der

Vlugt publicado em 1934, o qual pode ser considerado o primeiro a interpretar a biocorrosão

em termos eletroquímicos.

Durante os anos 60 e o início de 1970, as publicações sobre biocorrosão objetivaram a

interpretação ou a validação das interpretações da corrosão anaeróbica do ferro por bactérias

redutoras de sulfato (BRS), pela teoria da despolarização catódica (TDC). Alguns dos estudos

da época já introduziram o emprego inovador de técnicas eletroquímicas como os ensaios de

polarização e potencial de corrosão no tempo, relacionando a métodos microbiológicos para

verificar o efeito das BRS na corrosão do ferro (VIDELA,1996).

Estudos mais recentes, como o de Romero (2006) também relata que o emprego de

amostras e técnicas apropriadas de acompanhamento, complementadas por métodos

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microbiológicos, físico-químicos e eletroquímicos em campo e em laboratório são necessários

para o entendimento dos efeitos corrosivos da atividade microbiana e para o conhecimento de

seu controle. Portanto, entende-se que uma avaliação da CIM deve incluir todas essas

técnicas, a fim de determinar a agressividade corrosiva específica do meio em estudo, para o

controle apropriado do problema. Relata ainda, que seria um erro considerar apenas critérios

gerais para o controle desse fenômeno complexo de corrosão, onde, além das bactérias,

intervém também uma substância polimérica extracelular (SPE) produzida por elas, a qual

modifica ou altera os requisitos de controle.

Um dos mais importantes fatores determinantes da corrosão é a presença do oxigênio

na superfície metálica. Ao longo dos últimos trinta anos, estudos têm verificado que bactérias

presentes em um determinado meio (aquoso) são capazes de influenciar a concentração de

oxigênio presente. (GIBBON, 2008). Estes micro-organismos são capazes de modificar

intensamente as condições físico-químicas do meio onde se encontram, formando um

biofilme na superfície do material onde se encontram fixados, provocando modificação de pH

(algumas, por exemplo, produzem substâncias ácidas como o ácido sulfúrico); modificação

da concentração de oxigênio; e produção de compostos derivados de enxofre (CENTRE DE

CORROSION MARINE ET BIOLOGIQUE, 2010).

Um ponto importante reforçado pelo estudo de Melcher (2007) é a relação do teor de

nutrientes, em particular do nitrogênio, na taxa de corrosão em ambiente marinho, sendo este

o principal nutriente limitante relatado. O autor mostra que, quando o teor de nutrientes é

elevado, a corrosão anaeróbica ocorre em regiões relativamente pequenas, em paralelo com os

processos convencionais de corrosão. Inicialmente, estes procedem em taxas elevadas, mas

decrescem conforme aumenta a resistência à difusão de nutrientes e elevando-se a espessura

do biofilme e das camadas de corrosão. As BRS, organismos anaeróbios obrigatórios, têm

sido detectadas mesmo após exposições de curta duração de substratos metálicos ao meio

marinho, período quando o processo de corrosão é aeróbio. Embora pareça ser uma

inconsistência, uma explicação plausível apresentada é que as BRS estão associadas a

consórcios microbianos.

Dentre os mecanismos de corrosão microbiana descritas na literatura, muitas deles estão

relacionadas à ação de bactérias sulfato redutoras (BRS) sobre as superfícies metálicas.

Trabalhos apontam para a existência de reações diversas de redução de compostos sulfurosos,

tais como sulfato, sulfito, tiosulfato e enxofre produzindo sulfeto. Entretanto, estudos recentes

têm descartado a existência de um único mecanismo predominante de corrosão promovido

por BRS e sua atividade metabólica nociva, e mostram que estes micro-organismos tendem a

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desenvolver biofilmes – complexas comunidades de micro-organismos aderidos às superfícies

por meio de substâncias extrapoliméricas (EPS) – na qual a produção de sulfeto de hidrogênio

é acentuada e estabelecida uma heterogeneidade intrínseca, modificando o meio físico-

químico e favorecendo as reações eletroquímicas que provocam processos críticos de corrosão

localizada. O sulfeto de ferro é considerado o principal produto de corrosão, quando o ferro é

exposto a meios com BRS. Diferentes formas cristalinas e suas propriedades físicas produzem

filmes finos, porosos, aderentes e compactos, havendo um gradiente de oxigênio que varia

com sua concentração no meio (CASTANEDA, 2008).

As BRS são comumente isoladas tanto a partir de biofilmes formados em ambientes

livres de oxigênio quanto aerados. Dentro de matrizes de biofilme, as BRS desenvolvem-se

em nichos anóxicos. Durante seu crescimento, produzem uma grande quantidade de sulfeto de

hidrogênio o qual assegura a manutenção da anaerobiose local. Esta atividade promove o

estabelecimento de gradientes químicos localizados levando a formação de células

eletroquímicas e causando a perda de metal (solubilização) de determinadas regiões do

substrato. Alguns gêneros destas bactérias toleram oxigênio ou crescem em sua presença,

indicando a existência de um mecanismo de defesa contra radicais oxigenados. Catalase e

superóxido dismutase foram identificados durante o crescimento anaeróbio de Desulfovibrio

gigas (BEECH, 2003).

Assim como a maioria das bactérias, as denitrificantes e as BRS, em particular, as

redutoras de ferro, preferem pH neutro, condição esta não favorável à corrosão química, que

requer ambiente ácido para a sua ocorrência. As bactérias ferro redutoras obtêm benefícios da

redução do íon Fe+3

, pelo uso deste íon como um receptor de elétrons terminal no seu

metabolismo. Isto é feito de dois modos: na respiração anaeróbica, por meio de uma cadeia

transportadora de elétrons; ou durante o processo de fermentação, pelo uso do Fe+3

como um

“sorvedouro de elétrons” auxiliar. Algumas bactérias marinhas são ainda halotolerantes e

capazes de reduzirem o íon férrico na presença de sal. Shewanella algae é um exemplo disso

(VIDELA et al., 2008).

A corrosão influenciada por bactérias redutoras de sulfato tem sido objeto de estudos

pelos últimos 50 anos, sendo propostos diversos modelos para explicar seu mecanismo de

atuação. Diferentemente de estudos realizados até 2005, o estudo realizado por Romero

(2005), procurou correlacionar através de técnicas de permeação de hidrogênio e difração de

raios-X, dentre outras, o processo corrosivo em tempo real com o potencial de circuito aberto,

produtos de corrosão, crescimento de bactérias sésseis e a morfologia dos ataques sofridos

pela estrutura metálica. Os resultados obtidos possibilitaram o estabelecimento de um

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mecanismo da ação bacteriana na presença de íons ferro em três estágios, uma condição

provavelmente presente em sistemas constituídos de aço carbono expostos a meios

contaminados com bactérias, conforme figura 4.

Figura 4 - Mecanismo da ação das BRS na corrosão induzida por micro-organismos, na presença de íons ferro

(ROMERO, 2005).

Os resultados permitiram chegar às seguintes conclusões, dentre outras:

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O H2S gerado pelas BRS é precursor da corrosão bacteriana do aço, uma vez que

gera os íons HS- e H

+ para o ataque localizado inicial e / ou a formação de FeS,

com a posterior adsorção ao material.

A espécie estudada (Desulfovibrio) corroi o aço carbono e o ferro severamente na

presença de íons ferrosos (~94mg/(dm2.dia)) formando pites profundos, que podem

ou não coalescer e formar cadeias, dependendo da quebra do filme de sulfeto de

ferro adsorvido a superfície metálica. Na ausência de íons ferrosos, o ataque é

muito menor, apresentando uma morfologia de pites isolados.

O ataque corrosivo associado ao H2S biótico gerado pelas BRS é limitado ao efeito

não difusional do EPS.

A corrosão bacteriana reduz o pH localizado, acelerando a redução da pirita a

mackinavita e a corrosão severa do aço, de uma forma localizada, quando as

bactérias formam colônias.

Na presença de BRS e íons ferrosos, o sulfeto de ferro formado, iniciando com

mackinawita (FeS), pode ser pirita, esmitita, marcassita, griegita, pirrotita e

troillita. A pirita é o menos hidrofílico e o mais protetivo, principalmente quando

combinado com o polímero extracelular produzido pelas bactérias, podendo ser o

responsável pelo leve enobrecimento do aço.

A base para o mecanismo proposto por Romero (2005) era a hipótese de que haveria

uma redução local de pH na interface metal/solução, devido a modificações criadas pela

presença de biofilmes e sulfeto ferroso produzidos durante a atividade metabólica bacteriana.

Assim sendo, posteriormente foi desenvolvido estudo por Ocando et al. (2007), a fim de

comprovar definitivamente esse decréscimo de pH, empregando como substrato chapas

metálicas posicionadas vertical ou horizontalmente. O estudo demonstrou a influência da

presença de íons ferro nos valores do pH e na concentração de H2S em biofilmes gerados por

bactérias sulfato redutoras, concluindo, entre outros pontos, que:

o pH em uma superfície de ferro posicionada horizontalmente em meio de

bactérias redutoras de sulfato, decresce consideravelmente a valores muito baixos,

devido à formação de um biofilme complexo, o qual protege a superfície do

material e impede o consumo dos íons hidrogênio pelo processo corrosivo;

em meio contendo Fe+2

, com a superfície posicionada horizontalmente, o pH na

interface metal/solução permanece quase constante e próximo à neutralidade,

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devido ao severo processo corrosivo sob essas condições, onde os íons HS- e H

+

são consumidos e grande precipitação de sulfeto ferroso ocorre;

bactérias e produtos de corrosão (sulfeto ferroso) se misturaram, formando um

biofilme de estrutura complexa que cobria a superfície ferrosa, formando em

alguns casos um recobrimento protetivo, dependendo principalmente da presença

de íons ferrosos;

o pH no interior do biofilme diminui, dependendo dos íons ferro presentes, e

possivelmente devido à posição da superfície metálica; e

Já é bem conhecido que diversos tipos de bactérias são relevantes para a corrosão

induzida por micro-organismos (CIM); entretanto, ainda não está clara a contribuição

quantitativa dos diversos grupos. Estudos realizados por Kilbane et al. (2005) revelaram que

a corrosão influenciada por micro-organismo na verdade é causada por uma complexa

interação dos grupos de micro-organismos presentes. Os resultados sugerem que se pode

chegar a um controle efetivo e ambientalmente amigável da biocorrosão por meio do controle

da composição e/ou atividade das comunidades microbianas por meio de inibidores seletivos,

ao invés do uso indiscriminado e danoso de biocidas tóxicos. Uma das interpretações

depreendidas deste estudo é que sendo os biofilmes compostos por complexas misturas de

espécies microbianas, a ruptura de quaisquer dos grupos microbianos pertencentes ao biofilme

afeta todo o seu equilíbrio resultando na redução da taxa de corrosão. Assim sendo, é possível

chegar ao controle da CIM pela modificação do metabolismo microbiano, empregando

compostos não-danosos ao meio ambiente.

5.5 Biofilmes e seus Micro-organismos

Os materiais metálicos quando expostos a um ambiente marinho estão suscetíveis a

severas condições que aceleram o processo corrosivo, dentre elas, a fixação de micro-

organismos (biofilmes) nas superfícies imersas. Esses biofilmes influenciam o processo

corrosivo pela formação de depósitos irregulares sobre as superfícies e pelo metabolismo dos

micro-organismos que mudam as condições interfaciais de oxigênio e pH em áreas

localizadas (SANTOS, 2008).

A formação do biofilme pode levar desde alguns minutos até horas, dependendo do

meio aquoso onde o metal está imerso. Inicialmente, a superfície é condicionada, sendo a

seguir ocupada por bactérias aeróbicas, que logo produzem uma densa camada de

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polissacarídeos extracelulares, uma camada protetiva viscosa, sob a qual um tipo diferente de

bactérias começa a crescer: as anaeróbicas (GIBBON, 2008).

A geração do biofilme (Figura 5) consiste de uma sequencia de etapas que se inicia

com a formação da camada condicionante - adsorção de macromoléculas (proteínas,

polissacarídeos e ácidos úmicos) e moléculas menores (ácidos graxos e lipídeos) na superfície

considerada, por exemplo, o aço carbono. Esta camada altera as características físico-

químicas da interface, incluindo a hidrofobicidade e a carga elétrica do substrato. A

quantidade de material orgânico adsorvido é função da força iônica e pode ser aumentada na

superfície metálica por meio de polarização. Em seguida, há a etapa de adesão das bactérias

por meio de substâncias poliméricas extracelulares (SPE), uma substância adesiva viscosa,

que auxilia na formação de microcolônias e de filmes microbianos, ligando as células

microbianas ao substrato, permitindo que bactérias com carga negativa consigam se aderir

tanto a superfícies com carga negativa como positiva (LITTLE & LEE, 2007). Neste estágio

de formação do biofilme, as bactérias aderidas são denominadas sésseis, em oposição àquelas

que estão livres (flutuando) na solução, as planctônicas. Quando o biofilme está formado e

desenvolvido, as células situadas mais externamente (em contato maior com o meio externo)

consumirão os nutrientes disponíveis mais rapidamente que as células localizadas mais

internamente ao biofilme, de modo que tanto sua taxa de atividade como de crescimento são

consideradas maiores que nestas últimas. Enquanto as células mais externas aumentam em

número, o biofilme atua como uma “rede” capturando mais e mais nutrientes orgânicas e

inorgânicas, aumentando ainda mais a espessura do biofilme (JAVAHERDASHTI, 2008).

Figura 5 - Esquema de formação de um biofilme. (C Compére – IFREMER) (CENTRE DE

CORROSION MARINE ET BIOLOGIQUE, 2010)

Assim, verificamos que as superfícies correspondem a importantes habitats

microbianos, uma vez que os nutrientes podem se adsorver a elas; no microambiente de uma

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superfície é provável que as concentrações de nutrientes sejam muito maiores que aquelas

observadas na solução circundante. Como conseqüência, a quantidade de micro-organismos e

suas atividades são normalmente muito superiores nas superfícies que na água (MADIGAN et

al.,2004).

As características bioquímicas da superfície microbiana e da substância polimérica

extracelular (EPS) são igualmente importantes para a formação de biofilme. Sendo os

biofilmes basicamente compostos de polissacarídeos, ácido urônico, açúcares e proteínas

contendo grupamentos funcionais, tais como: ácidos carboxílicos e aminoácidos, por

apresentarem caráter ácido, são capazes de se ligarem a íons metálicos (FANGA et al., 2002).

Estimando o volume de uma simples bactéria como 1,5x10-12

cm-3

, calcula-se que

aproximadamente 1% de um biofilme é ocupado por micro-organismos (KORSTGENS et al.,

2001).

Ações corrosivas ou inibitórias das bactérias se desenvolvem em superfícies metálicas

com biofilme, onde ocorrem as interações filmes protetivos/biofilmes. As atividades

biológicas provocam importantes alterações nos tipos e nas concentrações de íons, pH e níveis

de oxigênio presente, induzindo variações significativas nas características físicas e químicas

do meio, assim como nos parâmetros eletroquímicos usados para medir a taxa de corrosão. O

mecanismo principal de inibição da corrosão por bactérias está sempre ligado a uma

modificação significativa das condições ambientais na interface metal/solução, devido à

atividade biológica. Enfatiza-se também que em situações práticas, a ação inibitória de

bactérias pode ser revertida para uma ação corrosiva por algum consórcio bacteriano

estruturado no interior de uma camada de biofilme (VIDELA et al., 2008).

As ligações do EPS com a superfície metálica (substrato) requerem a interação entre

os íons metálicos e os grupos funcionais aniônicos (carboxila, fosfato, sulfato, glicerato,

piruvato e succinato) os quais são comuns em proteínas e carboidratos componentes dos

exopolímeros. Em particular, a afinidade dos ligantes aniônicos multidentados por íons

multivalentes como Ca+2

, Cu+2

, Mg+2

e Fe+3

podem ser muito fortes. A presença e a afinidade

de íons metálicos em diferentes estados de oxidação em biofilmes podem resultar em

mudanças em seus potenciais de redução padrão. A região limitante entre o EPS e os íons

metálicos da superfície pode servir como transportadores de elétrons e abrir um novo caminho

para as reações redox no sistema biofilme/metal, como uma transferência direta do metal

(ferro) ou um biomineral (FeS). Na presença de um receptor de elétron adequado (oxigênio

em sistemas oxigenados ou nitrato sob condições anaeróbicas), tais processos redox levariam

à despolarização catódica, e assim ao aumento da corrosão. Embora a presença de íons

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metálicos no interior do biofilme já seja de conhecimento na corrosão induzida por micro-

organismos (MIC), o envolvimento semelhante da região de fronteira do EPS com os íons

metálicos na transferência eletrônica direta a partir do metal base (substrato) para um receptor

de elétrons adequado tem sido esquecido (BEECH et al., 2004).

5.6 Identificação Biomolecular

5.6.1 Princípios de Biologia Molecular Microbiana

Nas últimas décadas a Biotecnologia tem se desenvolvido muito. Um marco relevante

nesse desenvolvimento foi a descoberta, em 1953, da estrutura e das propriedades do DNA

por Watson e Crick. A partir de então, a Genética e a Biologia Molecular passaram a se

desenvolver em ritmo acelerado, contribuindo para a incorporação de técnicas de manipulação

do DNA in vivo à Biotecnologia (MADIGAN, 2004).

O termo biologia molecular é tipicamente aplicado ao estudo da estrutura e função da

grande variedade de macromoléculas encontradas nas células. A partir da genética, estudam-

se os mecanismos pelos quais as características são transmitidas de um organismo para outro

e como são expressas. Uma vez que o fluxo de informação biológica é a base das funções

celulares, a genética corresponde a uma das principais ferramentas de pesquisa. Associada à

biologia molecular, a genética nos permite entender os mecanismos moleculares envolvidos

nas diversas funções celulares. O estudo da genética, em nível molecular, é também central no

entendimento da variabilidade dos organismos e na evolução das espécies (XAVIER, 2004).

Mudanças recentes no paradigma biotecnológico - estudo ecológico de comunidades de

organismos com enfoque na bioinformática e conservação in situ - (LAVELLE, 2000; BULL

et al.; 2000) e principalmente avanços no campo da biologia molecular (extração de ácidos

nucléicos, reação em cadeia da polimerase, clonagem e sequenciamento de DNA) têm

possibilitado o desenvolvimento de técnicas que não requerem o cultivo dos micro-

organismos, possibilitando o estudo dos micro-organismos em nível de comunidade. Estes

métodos, ilustrados na Figura 6, envolvem inicialmente a coleta de amostras ambientais (solo,

água, sedimento, etc.), lise das células microbianas, extração dos ácidos nucléicos,

amplificação de seqüências específicas por PCR, geralmente todo ou parte do 16S rDNA e em

menor escala genes funcionais relacionados ao ciclo do nitrogênio e com resistência a metais

pesados, antibióticos e xenobiontes.

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Figura 6 - Diagrama de fluxo para análises por PCR-DGGE de uma amostra genérica.

5.6.2 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

PCR é um método de análise que tem como base a amplificação exponencial seletiva

de uma quantidade reduzida de DNA de uma única célula. Esta metodologia tem como

finalidade produzir uma quantidade apreciável de um segmento específico de DNA, a partir

de uma quantidade mínima. O DNA molde sofre uma amplificação controlada por enzimas

(polimerases), obtendo-se milhões de cópias do fragmento de DNA de interesse. O molde

pode ser qualquer forma de DNA de cadeia dupla.

Extração de DNA

Análise por DGGE

Identificação das espécies microbianas

Mistura de DNA de diferen-

tes espécies (diversas sequen-

cias, mesmo tamanho)

impressão digital

da amostra

específicada.

Amplificação por PCR de uma região

variável do DNA ribossomal

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As quatro bases de nucleotídeos, os blocos de construção de cada pedaço de DNA, são

representadas pelas letras A, G, C e T, que representam seus nomes químicos: adenina,

guanina, citosina e timina. A, em uma fita, sempre se liga (forma pares) com T na outra,

enquanto que C sempre se liga com G. As duas fitas simples são complementares uma a outra.

Para efetivamente proceder à copia, a DNA polimerase requer dois outros

componentes: uma fonte das quatro bases de nucleotídeos descritas acima e de um “primer” -

uma pequena sequencia de nucleotídeos por onde se inicia o processo de construção da cadeia

simples do DNA (fita simples). DNA polimerases, seja de humanos, bactérias ou vírus, não

podem copiar uma cadeia de DNA sem uma pequena sequência de nucleotídeos,"primer", no

processo. Uma vez que o primer é posicionado na fita de DNA molde, a polimerase é capaz

de montar o resto da cadeia (NATIONAL CENTER FOR HUMAN GENOME RESEARCH,

1992).

Cada ciclo de PCR consiste em três fases: desnaturação do DNA molde, à 94-96oC;

ligação dos primers (anelamento), a 50-65oC; e a polimerização do DNA, à 72

oC. A primeira

fase faz a separação das cadeias de dupla hélice de DNA, através do calor. Esta é relevante

para a segunda fase, na qual dois primers de oligonucleotídeos se ligam às sequências dos

pares de bases complementares da cadeia molde. Estes primers são desenhados e sintetizados

de modo a ligarem-se às extremidades opostas de cada uma das cadeias de DNA molde que se

objetiva amplificar. Assim sendo, os primers possuem a função de ponto de partida para a

replicação de DNA. Na terceira e última fase, denominada de polimerização, ocorre a sua

extensão. A enzima responsável por esta polimerização é a DNA polimerase. Para execução

de um ciclo, utiliza-se um Termociclador, equipamento que faz variar de forma vigorosa o

tempo e a temperatura ao longo do ciclo. Ao final de cada ciclo completo de PCR, duas novas

cadeias são sintetizadas, a partir da cadeia molde. Assim, ocorre um crescimento exponencial

de cópias de DNA, havendo 2n cópias, ao final de n ciclos. São necessários, de um modo

geral, 30 ciclos, realizados em apenas algumas horas (MADIGAN, 2004; BLOOM, 2011;

KUBISTA, 2006).

O sucesso da PCR reside na capacidade que a reação tem de amplificar uma sequência

precisa de DNA aliada à sua simplicidade, seu rigor, elevada sensibilidade e especificidade.

Mesmo que se encontre misturado com DNA de outras espécies, não é necessário isolar o

DNA que se pretende amplificar, uma vez que a especificidade da PCR é dada pelos primers.

É uma técnica rápida, barata e segura.

No entanto, a PCR também tem limitações (CARRAPA, 2005), como a:

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necessidade de conhecer a sequência de DNA a amplificar, para que possam ser

sintetizados primers específicos;

relativa facilidade de ocorrer contaminação da amostra por DNA estranho (uma

vez que se trata de uma técnica muito sensível);

limitada extensão da sequência que é possível amplificar; e

possibilidade de incorporação errônea de bases durante a replicação.

5.6.3 Eletroforese em Gel de Gradiente Desnaturante (DGGE)

DGGE é um método de impressão digital molecular que separa os produtos de DNA

gerados da PCR, uma vez que a PCR pode gerar modelos de mesmo tamanho, mas diferentes

seqüências de DNA, que representam muitos dos organismos dominantes da comunidade

microbiana (ERCOLINI, 2004).

A técnica de DGGE foi originalmente desenvolvida para detectar mutações específicas

no genoma humano e posteriormente adaptada para analisar a comunidade microbiana

(MUYZER et al., 1993), estudar a estrutura genética de grupos funcionais (GRIFFITHS et al.,

1996), verificar a distribuição espacial de população de bactérias (FELSKE &

AKKERMANS, 1998) e estudar o impacto ambiental sobre a comunidade microbiana do solo

(ENGELEN et al., 1998). Esta técnica é usada para separar fragmentos de DNA de mesmo

tamanho, mas com seqüência de bases nucleotídicas diferentes. Inicialmente é feita a

amplificação do DNA através de PCR, onde um dos iniciadores apresenta uma região rica em

G+C (grampo G-C) que visa impedir a total desnaturação da dupla fita do DNA durante a

eletroforese. Os fragmentos obtidos por PCR, de mesmo tamanho, são então separados de

acordo com a sua composição nucleotídica, através de eletroforese em gel de poliacrilamida

contendo gradiente desnaturante (uréia e formamida) que rompe as pontes de hidrogênio entre

os nucleotídeos. A seqüência de nucleotídeos determina o momento em que o DNA,

inicialmente em fita dupla, passará a adquirir uma estrutura de fita simples, onde as duas fitas

simples se mantêm ligadas pelo grampo. Nesta condição, a velocidade de migração no gel é

extremamente reduzida, ocorrendo a separação de outros fragmentos que apresentam

composição nucleotídica diferente.

Embora o DGGE permita avaliar a comunidade microbiana total, através do uso de

iniciadores universais para bactérias e fungos, estudos mais recentes têm utilizado, também,

iniciadores específicos, capazes de caracterizar um determinado gênero ou grupo. A principal

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vantagem do uso desses iniciadores específicos é que eles permitem o acesso a um grupo que

pode ter um efeito importante sobre a comunidade, mas devido a baixa representatividade de

sua população em relação à população bacteriana total, pode não ser detectado por PCR.

A técnica de DGGE possui vantagens e desvantagens (NISHIO, 2010; CORTEZ,

2009; MEDAU, 2007):

Vantagens:

taxa e sensibilidade de detecção elevadas;

metodologia simples e uso de método de detecção não radioativo;

permite estudar de maneira rápida e simples a variabilidade espaço-temporal das

populações, pois adota padrões de banda; e

os fragmentos de PCR podem ser isolados a partir do gel e empregado em reações de

sequenciamento.

Desvantagens:

exige a análise por computador bem como experiências prévias;

requer a compra de equipamento específico;

os primers são caros e primers adicionais podem ser úteis na sequenciação; e

o método envolve o uso de formamida (produto químico tóxico, pode causar irritação ao

trato gastrointestinal, cefaleia, inconsciência, e afetar o sistema nervoso central).

5.7 ANÁLISES DE SUPERFÍCIES

Todos os materiais sólidos interagem com sua vizinhança por meio de suas

superfícies. A composição física e química dessas superfícies determina a natureza das

interações. Suas composições químicas influenciarão fatores tais como taxa de corrosão,

atividade catalítica, propriedades adesivas, molhabilidade, potencial de contato e mecanismos

de falha. Assim sendo, as superfícies influenciam muitas propriedades importantes dos

sólidos.

Apesar da incontestável importância das superfícies, apenas uma pequena proporção

dos átomos da maioria dos sólidos se encontram na superfície. A proporção exata de átomos

dependerá da sua forma e rugosidade superficial do material, assim como da sua composição.

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Uma técnica adequada para a análise de superfície deve possuir pelo menos duas

características: alta sensibilidade e eficiente filtragem de sinal da grande maioria dos átomos

presentes na amostra.

O termo espectroscopia é a designação dada a toda técnica de levantamento de dados

físico-químicos relacionada com absorção, emissão ou espalhamento de energia

eletromagnética por átomos ou moléculas em uma amostra (HOLLAS, 2004).

5.7.1 Espectroscopia Raman

Dentre uma variedade de métodos ligados ao estudo da química estrutural, a

espectroscopia vibracional é a mais comumente utilizada. Desta, a espectroscopia Raman

apresenta informações sobre simetria molecular de pequenas moléculas e grupos funcionais

em moléculas grandes e complexas. Além disso, possibilita estudar as estruturas de moléculas

eletronicamente excitadas e de espécies instáveis geradas por fotólise laser em baixas

temperaturas (FERRARO, 2003; FELSKE, 1998).

A técnica em tela baseia-se no fato dos átomos no interior de quaisquer moléculas

vibrarem dentro de freqüências bem definidas, características de cada molécula. Essas

freqüências vibracionais ocorrem em regiões do espectro eletromagnético de 13333 cm-1

a

50 cm-1

, e além. Apenas aquelas vibrações moleculares que produzem uma polarização da

nuvem eletrônica são ativas à espectroscopia Raman (NYQUIST, 2001). Esta técnica

fundamenta-se no espalhamento inelástico de energia luminosa na matéria (WARTEWIG,

2003). A maneira mais simples de explicar esse efeito Raman clássico é através de diagrama

de níveis de energia, como o apresentado na Figura 7.

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Figura 7 - Diagrama de nível de energia mostrando as transições básicas relativas ao espalhamento Raman

espontâneo. O sistema de dois níveis é excitado pela energia hѵL (WARTEWIG, 2003).

Considerando que o sistema molecular possui dois níveis de energia vibracional, o

estado fundamental n=0 e o estado excitado n=1, os quais são separados pela energia hѵM ,

onde h é a constante de Planck (6,6256 x 1034

J.s) e ѵM é a frequência de vibração molecular.

A luz incidente de energia hѵL induz transições a níveis potenciais. O retorno ao estado inicial

acontece de três diferentes maneiras, denominadas pela emissão de luz de frequência ѵL, ѵL -

ѵM e ѵL + ѵM. O espalhamento elástico ou Rayleigh surge com uma transição que se inicia e

termina em um mesmo nível de energia vibracional. As mudanças para freqüências mais

baixas ou mais altas são conhecidas como espalhamento Raman Stokes ou anti-Stokes,

respectivamente. O espalhamento Raman Stokes surge a partir de um nível de energia

vibracional no estado fundamental e termina em um nível de energia vibracional mais alto,

enquanto o espalhamento Raman anti-Stokes envolve uma transição de um nível de energia

vibracional mais alta para um mais baixo. Em temperatura ambiente, a maioria das vibrações

está no estado fundamental, assim, as transições anti-Stokes são menos propensas de

acontecerem que as Stokes, resultando em um espalhamento Raman Stokes mais intenso. Por

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esta razão, os espectros Raman Stokes são os mais estudados. Na Figura 8, apresenta-se um

exemplo de espectrograma Raman comparativo entre uma amostra de carbonado (diamante

policristalino opaco e de cor escura, naturalmente encontrada no Brasil e na República Central

Africana) e diamante monocristalino (RANGEL et al, 2008).

Figura 8 - Espectro Raman comparativo entre amostras de carbonado e diamante monocristalino (RANGEL et

al, 2008).

Comparativamente com outras técnicas, a Espectroscopia Raman fornece melhor

resolução espacial e possibilita a análise de amostras de dimensões menores. Adicionalmente,

é uma boa técnica para a análise quantitativa de mistura de materiais orgânicos e inorgânicos,

podendo ser empregado para análises semi-quantitativa e quantitativa. É freqüentemente

utilizada para:

identificar moléculas orgânicas, polímeros, biomoléculas e compostos inorgânicos;

determinar óxidos inorgânicos e seus estados de valência;

determinar a presença de diferentes tipos de carbono (diamante, grafite, carbono

amorfo, nanotubos, etc.) e suas relativas proporções; e

medir a tensão e a estrutura cristalina em semicondutores e outros materiais (EVANS

ANALYTICAL GROUP2, 2010).

A maior limitação da Espectroscopia Raman é que os perfis profundos das camadas dos

produtos de corrosão não podem ser analisados, exceto se essas camadas forem removidas

física ou eletroquimicamente (DUNN et al, 2000).

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5.7.2 Espectroscopia Fotoeletrônica de Raios-X

A análise por Espectroscopia Fotoeletrônica de Raios-X (XPS) é uma técnica sensível

de análise de superfície, empregada para determinação das composições atômicas e

conhecimento dos tipos de ligações que ocorrem nos vários compostos. Utilizando uma fonte

de Raios-X, fotons são gerados, os quais são capazes de transferir toda a sua energia para os

elétrons no interior dos átomos, ao atingí-los.

A técnica de análise por XPS, conforme descrita por Watts (2003), utiliza uma forma

especial de fotoemissão – a ejeção de um elétron de um elemento químico - empregando um

fóton de Raio-X, de energia hѵ (Figura 9).

Figura 9 - Diagrama esquemático do processo XPS, mostrando a fotoionização de um átomo, por meio da

retirada de um elétron 1s da camada K (FERRARO, 2003).

Os fotoelétrons emitidos são coletados em um analisador de elétrons capaz de resolver

os elétrons coletados, em função das suas respectivas energias cinéticas, e assim contá-los,

conforme diagrama básico apresentado na Figura 10 . A energia cinética (Ek) do elétron é a

quantidade experimental medida pelo expectrômetro. No entanto, ela é dependente da energia

do fóton do Raio-X empregado, não sendo uma propriedade intrínseca do material analisado.

A energia de ligação (EB) é o parâmetro que identifica especificamente o elétron, tanto

em termos do elemento principal, quanto em nível de energia atômica. A relação entre os

parâmetros envolvidos no experimento de XPS é:

EB = hѵ – Ek - W (20)

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onde hѵ é a energia do foton, Ek é a energia cinética do elétron, e W é uma função de

trabalho do espectrômetro. Todas as três quantidades do lado direito da equação são

conhecidas ou medidas, sendo um problema simples, o cálculo da energia de ligação do

elétron.

Os espectros XPS permitem identificar quantitativamente, desde a superfície à uma

profundidade da ordem de 50 a 70 Angstroms (equivalente a 10 a 15 camadas atômicas) e

com incerteza de fração centesimal de camada atômica, todos os elementos químicos na

superfície da amostra, o ambiente químico dos elementos - seus estados de oxidação, suas

concentrações relativas na amostra - e em casos específicos permite também inferir a

morfologia da superfície em análise.

De modo mais simples, esta técnica consiste em iluminar a amostra analisada com

Raios-X, os quais ao incidirem nela, interagem com os elétrons do material, transferindo-lhes

energia e provocando a sua ejeção da amostra analisada. Estes elétrons, por sua vez, poderão

então ser coletados por um analisador, que realizará a contagem do número de elétrons que

saem da amostra, promovendo a resolução dos elétrons coletados em função de suas

respectivas energias cinéticas e a sua contagem.

Figura 10 - Diagrama básico de um espectroscopio de fotoelétrons excitados por Raios –X (CARVALHO,

2010).

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As maiores limitações (CARDONA, 1978) do método de análise por XPS são:

limite de detecção típico de aproximadamente 0,1%; e

profundidade de análise de aproximadamente 10 micrometros.

5.7.3 Difração de Raios-X

A difração de Raios-X é uma poderosa técnica não-destrutiva para caracterização de

materiais. Ela fornece informações a respeito da estrutura, fase, orientação cristalina

preferencial (textura) e outros parâmetros estruturais, como tamanho médio do grão,

cristalinidade, deformação e defeitos cristalinos.

A difração é um fenômeno que ocorre quando uma onda encontra uma série de

obstáculos capazes de dispersá-la. Esses obstáculos são regularmente separados com

espaçamentos comparáveis, em magnitude, ao do comprimento da onda. Assim, a difração é

uma conseqüência das relações de fase específicas estabelecidas entre duas ou mais ondas que

foram dispersas pelos obstáculos.

Os Raios-X são uma forma de radiação eletromagnética que possui elevada energia e

curto comprimento de onda – comprimento de onda da ordem de magnitude dos

espaçamentos atômicos nos sólidos. Quando um feixe de Raios-X incide sobre um material

sólido, uma fração deste feixe se dispersa, ou se espalha, em todas as direções pelos elétrons

associados a cada átomo ou íon que se encontra na trajetória do feixe (CALLISTER, 2002).

Considerando que na Figura 11 os dois planos paralelos estão separados por um

espaçamento interplanar d, e que um feixe de Raios-X também paralelo, monocromático e

coerente (em fase), com comprimento de onda λ esteja incidindo sobre esses dois planos com

um ângulo θ, verifica-se que a diferença de percurso entre estas duas ondas pode ser

representada trigonometricamente por:

2 λ = 2d sen(θ)

Para que ocorra uma interferência construtiva entre as ondas, a diferença de trajetória

deve ser um número inteiro de comprimentos de onda, ou seja:

n λ = 2d sen(θ)

(21)

(22)

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A equação 22 é conhecida como Lei de Bragg. Caso a lei de Bragg não seja

satisfeita, a interferência será de natureza não-construtiva, de modo que irá produzir um feixe

de difração com intensidade muito baixa.

Figura 11 - Difração de Raios-X por planos de átomos em um sólido (BRUCAT, 2010).

Quando este feixe definido difrata em um cristal desconhecido, conforme diagrama

esquemático da Figura 12, a medida do(s) ângulo(s) de difração do(s) raio(s) emergente(s)

pode elucidar a distância dos átomos no cristal e, conseqüentemente, a estrutura cristalina.

Figura 12 - Diagrama esquemático de um difratômetro de Raios-X (OLIVEIRA, 2010).

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Os picos que compõem um difratograma são produzidos por interferências

construtivas de um feixe monocromático de Raios-X espalhados em ângulos específicos em

cada conjunto de planos da rede cristalina de uma amostra. O método de análise por difração

de Raios-X tem como pontos positivos o fato de:

ser um ensaio não-destrutivo;

medir quantitativamente suas fases e orientações cristalinas preferenciais;

não necessitar de preparo especial da amostra a ser analisada; e

analisar as amostras em condições ambientes.

Como desvantagens, este método não é capaz de identificar materiais amorfos (EVANS

ANALYTICAL GROUP2, 2010).

5.7.4 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) com Espectrometria de Dispersão de

Energia (EDS)

Conforme explicado por Mannheimer (2002), a maior aplicação do MEV é em exame

de superfícies rugosas (contraste topográfico). A fácil visualização e interpretação das

imagens foram desde o início um dos elementos marcantes do sucesso do instrumento, com

poder de resolução resultando em aumentos da ordem de 10 a 150.000 vezes.

O MEV tem os seguintes atributos principais (MANNHEIMER, 2002):

obtenção de imagens de superfícies polidas ou rugosas, com grande profundidade de

campo e alta resolução;

fácil interpretação das imagens, com aparência tridimensional;

aquisição de sinal digital, possibilitando processamento dos sinais, manipulação e

processamento das imagens; e

possibilidade de microanálise de elementos, com o auxílio de acessórios.

Mediante a utilização dos múltiplos efeitos da interação entre elétrons e matéria, o

MEV permite a aquisição de muitas outras informações, como orientação cristalina,

diferenciação entre elementos, potencial elétrico e campos magnéticos localizados. Utilizando

Raios-X característicos, pode-se adicionalmente mapear visualmente a composição dos

elementos existentes em uma microrregião.

O princípio de funcionamento do MEV (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2010),

esquematizado na Figura 13, mostra o interior de uma coluna de alto vácuo, onde os elétrons

gerados a partir de um filamento de tungstênio, por efeito termiônico, são acelerados por uma

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diferença de potencial entre catodo e anodo de 0,3 kV a 30 kV. O feixe gerado passa por

lentes condensadoras que reduzem o seu diâmetro e por uma lente objetiva que o focaliza

sobre a amostra.

Figura 13 - Desenho esquemático da coluna do MEV (USP, 2010).

Logo acima da lente objetiva, existem dois estágios de bobinas eletromagnéticas

responsáveis pela varredura do feixe sobre a amostra. O feixe interage com a região de

incidência da amostra até uma profundidade que pode variar de 1 a 6 micrometros,

dependendo da natureza da amostra. Esta região é conhecida por volume de interação (Figura

14), o qual gera os sinais que são detectados e utilizados para a formação da imagem e para

microanálise. A imagem no MEV é o resultado das interações que ocorrem entre elétrons e a

superfície da amostra (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2010).

Figura 14 – Desenho esquemático representativo do volume de interação (MANNHEIMER, 2002).

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Quando o feixe atinge a amostra, seus átomos são excitados e, ao voltarem para o estado

fundamental, emitem fótons com energias características do átomo. Os fótons são assim

discriminados em termos de sua energia e contados pelo detector de raios-X localizado dentro

da câmara de vácuo. Desta forma, o conjunto hardware e software do sistema faz a aquisição

e gera o espectro relativo ao número de contagens em função da energia, em keV,

identificando os elementos químicos presentes na amostra. Além dos espectros, o sistema

realiza análise de pontos, linhas e regiões definidas sobre a imagem aquisitada da amostra e

gera também mapa dos elementos sobre a imagem obtida.

Os pontos positivos (EVANS ANALYTICAL GROUP, 2010) na análise com EDS

advêm do fato de que:

seus sensores adquirem ao mesmo tempo todo o espectro de raios-X da amostra,

obtendo uma visão geral de sua composição muito rapidamente;

a amostra a ser analisada não necessita ser preparada, podendo ter as características

usuais para observação no MEV; e

a ausência de absorção pelo cristal difrator, e a possibilidade de situar o detector de EDS

muito próximo da amostra, fazem com que a intensidade dos raios-X adquiridos seja

muito grande. Assim, a intensidade de sinal necessária pode ser obtida com um feixe de

elétrons pouco intenso, e da mesma ordem de grandeza do usualmente utilizado no

MEV para obtenção de imagens, o que resulta em menor dano e contaminação da

amostra.

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6. MATERIAIS E MÉTODOS

6.1 Materiais

Foram utilizadas chapas (cupons) em aço carbono SAE 1005, de dimensões 50 mm x

50 mm x 2 mm e composição verificada segundo método ASTM E415-08, apresentada na Ta-

bela 1.

Tabela 1. Composição nominal do aço utilizado

AÇO Composição química % em massa

C S P Mn Si Cr Ni Mo

SAE 1005 0,049 0,013 0,013 0,290 0,018 0,027 0,024 0,004

As chapas foram submetidas à limpeza de superfície por jateamento abrasivo seco com

granalha de aço, ao grau Sa 3 (metal branco) da Norma NACE No. 1/SSPCSP 5. Uma

superfície limpa ao metal branco, significa que, quando observada ao olho nu, deve estar livre

de qualquer tipo de óleo, graxa, sujeira, pó, produtos de corrosão, revestimento, óxidos e

qualquer material estranho ao substrato metálico. Para facilitar a fixação dos cupons nos

suportes de madeira sobre os tanques e permitir as medidas eletroquímicas, fios de cobre

recobertos com capa isolante foram soldados nas bordas superiores das chapas. De modo

complementar, essas extremidades soldadas foram recobertas com massa epóxi, a fim de

impedir ou retardar o contato com o meio salino e o inicio do processo corrosivo nesta região,

o que prejudicaria tanto as medidas, como a fixação dos mesmos (Figura 15). Em seguida, as

bordas dos cupons foram recobertas com tinta anticorrosiva epóxi de dois componentes e alta

espessura, livre de alcatrão, alto conteúdo de sólidos e secagem rápida (3,5 h), e os cupons

mantidos em dessecador, até a imersão nos tanques de água salgada para início dos ensaios.

Figura 15 - Fotografia apresentando exemplo de cupom em aço pronto para imersão.

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6.2 Métodos

Os cupons em aço carbono SAE 1005, um total de 96 peças, foram imersos de modo

equitativo em seis tanques de 250 L, cada um. A água do mar no interior dos tanques foi

mantida em recirculação durante os 15 dias de ensaios, a uma vazão aproximada de 2 L/min

(Figura 16).

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Recursos do Mar (LAREMAR),

no Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM). A água do mar natural foi

bombeada da Enseada dos Anjos (coordenadas: 22° 58' 42.88"S, 42° 1' 10.32"W), Arraial do

Cabo – Brasil. Antes de passar para os tanques, a água do mar sofria tratamento para retirada

de areia e partículas sólidas, em dois grandes tanques de sedimentação.

A primeira etapa do estudo constou de ensaios diários e semanais, com o intuito de

verificar a evolução dos processos eletroquímicos e biológicos na superfície do material.

Diariamente, realizaram-se análises físico-químicas da água do mar em cada um dos tanques e

observação instrumental (lupa e microscópio de epifluorescência) dos micro-organismos

presentes nos cupons, além de ensaios de medida de potencial em circuito aberto (MP), curva

de polarização (CP) e resistência de polarização linear (RPL).

Figura 16 - Fotografias mostrando: (A) a disposição dos tanques, com as entradas de água salgada; (B) a fixação

dos cupons nas estruturas em madeira; e (C) e (D) as profundidades aleatórias de imersão dos cupons.

Na segunda etapa dos experimentos, com duração de 15 dias corridos, foram

realizados ensaios mais específicos em regiões determinadas dos cupons. Os ensaios foram

A B

D C

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efetuados em dias alternados a partir do primeiro, quando se deu a imersão dos cupons. Esta

fase do estudo objetivou verificar a repetibilidade dos fenômenos observados na primeira

etapa, assim como:

medir os potenciais de corrosão localizados ao longo da superfície do cupom, em áreas

verificadas visualmente como isentas de corrosão;

identificar os óxidos formados na superfície dos cupons;

identificar por técnicas biomoleculares as populações microbianas aderidas ao

substrato metálico, ao longo do período; e

verificar a correlação entre os óxidos formados ou fenômenos observados, os micro-

organismos identificados e os respectivos potenciais de corrosão localizados.

Os ensaios foram compostos de análises físico-químicas da água do mar em cada um

dos tanques, observação instrumental (lupa e microscópio de epifluorescência) dos micro-

organismos presentes nos cupons; curva de polarização e resistência de polarização linear;

além de análises de superfície por Espectroscopia Raman, Espectroscopia de Fotoeletronica

de Raio-X (XPS), Difração de Raio-X (DRX), Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS)

acoplada a Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), e identificação biomolecular dos

micro-organismos por extração do DNA das superfícies dos cupons.

6.2.1 Análise Físico-Química da Água

Diariamente, durante o período de imersão, os seguintes parâmetros da água salgada

de cada um dos tanques foram medidos: temperatura, pH, oxigênio dissolvido, salinidade,

além dos teores de fosfato, nitrito, nitrato e amônia. Não foi possível realizar o controle

abiótico do meio, por se tratar de um sistema aberto. Assim, seus parâmetros variaram

conforme o fluxo natural da água do mar.

6.2.2 Observação da Superfície dos Cupons

Aproximadamente quarenta e oito horas após a imersão dos cupons, foi iniciada a

retirada dos mesmos em número de três a cada dia, na primeira etapa dos experimentos; e de

dois cupons a cada dia, na segunda etapa, para a observação da superfície metálica. Os cupons

retirados não retornavam para os tanques.

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Neste procedimento de análise foi utilizada uma lupa (microscópio estereoscópico),

com ampliação visual de 6,5X e aumento com ampliação de 50X, para observação e

fotografia de tomada geral, do centímetro quadrado e com zoom da câmara, das duas faces

dos cupons. A câmera fotográfica utilizada foi uma Canon Power Shot A640, com zoom ótico

de 4X. A fotografia do centímetro quadrado objetivou melhorar o senso de observação

comparativa, oferecendo uma dimensão real da imagem visualizada, com a colocação de uma

tela com 1 cm2

de porosidade a frente do cupom; enquanto o zoom facilitou observar o

detalhamento da aglomeração, textura, cor e profundidade.

6.2.3 Ensaios Eletroquímicos de Medida de Potencial de Circuito Aberto, Curva de

Polarização e Resistência de Polarização Linear

Para proceder à investigação e avaliação dos processos corrosivos que ocorreram na

interface metal/eletrólito ao longo do tempo, foram realizadas medidas de potencial de

corrosão em circuito aberto, curvas de resistência de polarização linear e de polarização da

chapa metálica (cupom), na primeira etapa do estudo. Na segunda etapa, tais medidas foram

obtidas de regiões específicas das superfícies dos cupons agora empregados, retirados

aleatoriamente dos tanques. Nos cupons inicialmente identificados para o levantamento das

curvas de polarização, primeiramente foram realizados ensaios para determinação de suas

curvas de resistência de polarização linear, porque a estreita faixa de polarização empregada

não influenciaria os ensaios de polarização posteriores. Foram utilizados o eletrodo de

calomelano saturado, como eletrodo de referência, e dois eletrodos de platina, como eletrodos

auxiliares ou contraeletrodos, quando os ensaios os exigiam.

6.2.3.1 Potencial de Corrosão em Circuito Aberto e Curvas de Polarização

Para a medida de potencial em circuito aberto, foi utilizado eletrodo de referência de

calomelano saturado (ECS), o qual é constituído por um fio de platina imerso em mercúrio

líquido coberto por uma mistura de Hg e Hg2Cl2, denominado calomelano. Acima do

calomelano há uma solução de KCl. O eletrodo de calomelano saturado, com uma solução de

KCl saturado é usualmente empregado, porque promove um potencial bem definido e

facilmente reprodutível de +0,242 V em relação ao eletrodo de hidrogênio saturado (EHS) a

25oC. A presença de cristais sólidos de KCl não dissolvidos indica a saturação da solução

(PIRON, 1991). Ademais, vale ressaltar que os potenciais a circuito aberto, assim chamados

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“potenciais de corrosão, Ecorr” , aqui determinados, não são potenciais de equilíbrio, haja vista

que é praticamente impossível que em situações onde haja água do mar, biofilmes, produtos

de corrosão, etc. se defina com exatidão as energias-livres dos diversos componentes dos

sistemas estudados.

No presente estudo, para o levantamento das curvas de polarização foi utilizada como

fonte externa, um potenciostato. Através deste equipamento e da montagem de células de três

eletrodos (visualizadas nas Figuras 17 e 18 na 1ª etapa, e 19 na 2ª etapa dos experimentos) foi

possível impor ao material uma faixa de potenciais e medir a correspondente corrente de

polarização.

Nessas células, o material sob estudo é o eletrodo de trabalho e a medição do potencial

realizada com a utilização de um eletrodo de referência (de calomelano) e do emprego de dois

eletrodos auxiliares de platina. A diferença funcional entre as duas células utilizadas é que

naquela utilizada na 1ª etapa de ensaios, o potencial medido retrata o potencial da chapa

metálica como um todo (aproximadamente 25 cm2) e na célula usada na 2ª etapa, o valor de

potencial de uma área circular de 0,3 mm de raio (aproximadamente 0,28 cm2). Conforme

pode ser visualizado na Figura 20, a célula eletroquímica cilíndrica empregada na 2ª etapa do

experimento é produzida em vidro Pyrex®. Um pequeno orifício de 0,28 cm2, no fundo da

célula permite que a solução eletrolítica molhe apenas uma área específica – corroída ou sem

corrosão – de uma face do cupom. Um O-ring de borracha encaixado ao redor do orifício

evita que a solução eletrolítica vaze por toda a superfície seca da face do cupom que está

sendo analisada. A outra face seca do cupom é mantida ligada ao potenciostato através de um

pequeno cabeçote em aço inoxidável, conectado a um fio.

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Figura 17 - célula eletroquímica de três eletrodos, para medição

do potencial do cupom metálico (eletrodo de trabalho). Fotos

tiradas no laboratório, após uma medição.

Figura 18 - sistema montado no laboratório do Instituto de Estudos do Mar

Almi-rante Paulo Moreira, para o levantamento das curvas de polarização e de

resistência de polarização linear dos cupons, durante a 1ª etapados experimentos.

O uso de dois eletrodos auxiliares, na 2ª etapa do estudo, teve a finalidade de aumentar a

área superficial e promover uma melhor distribuição da corrente elétrica no sistema.

As curvas de polarização obtidas são representativas do efeito de todas as reações que

ocorrem concomitantemente na superfície do eletrodo.

eletrodo auxiliar

eletrodo de trabalho

eletrodo de referência

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Figura 19 - (a1) eletrodo de platina; (a2) eletrodo de calomelano; (b) célula eletroquímica; (c) sistema montado

no laboratório do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, para o levantamento das curvas de

polarização e de resistência de polarização linear de regiões específicas (área de 0,28 cm2) da chapa.

Em ambas as etapas do estudo, foi utilizado o potenciostato PalmSens (Irvium

Technologies). Na 1ª etapa, foi empregado uma faixa de polarização de 0,2 V no ramo

catódico. Já na 2ª etapa, empregou-se um intervalo de 0,3 V, tanto para o ramo anódico

quanto para o ramo catódico da curva de polarização, considerando a origem de ambos no

potencial de corrosão (Eoc) - vide figura 28. A taxa de varredura considerada foi de 0,0003 V/s

e intervalos de potencial de 0,001 V. Antes do início de cada procedimento, o sistema era

estabilizado por 1 h.

Eletrodo de trabalho

(cupom / chapa metálico)

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Figura 20 – célula eletroquímica, em detalhe. Foto tirada no laboratório do Instituto de Estudos do Mar

Almirante Paulo Moreira.

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6.2.3.2 Medidas de Resistência de Polarização Linear

Para a realização das medidas de Resistência de Polarização Linear, foi utilizado o

potenciostato PalmSens (Irvium Technologies), para a aplicação de uma faixa de potencial de

+/- 10 mV, com intervalos de potencial de 0,001 V e taxa de varredura de 0,0003 V/s.

6.2.3.3 Curva de Oxirredução da Água do Mar

O conhecimento do comportamento eletroquímico da água do mar, em uma faixa de

potencial de eletrodo diferente do seu potencial de equilíbrio, é de interesse prático neste

experimento, uma vez que se deseja conhecer, na faixa de potencial trabalhado durante o

estudo, como a água participou do processo corrosivo dos cupons metálicos, como doador ou

receptor de elétron.

Assim, procedeu-se ao levantamento da curva de polarização redox, na célula de

eletrólise apresentada na Figura 21, empregando-se um eletrodo de referência de calomelano e

dois eletrodos de platina.

Figura 21: Fotografia da célula de eletrólise durante o levantamento da curva de oxirredução da água do mar, no

laboratório do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira.

eletrodo de referência

de calomelano

eletrodos de platina

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6.2.4 Análises de Superfícies

No presente estudo, foram utilizadas técnicas de Espectroscopia Raman,

Espectroscopia Fotoeletrônica de Raios-X (XPS), também conhecida por Espectroscopia de

Elétrons para Análise Química (ESCA) e Difração de Raios-X em ângulo rasante (DRX), com

o objetivo final de caracterizar e analisar os produtos de corrosão depositados nas superfícies

dos cupons, inclusive aqueles oriundos de sinteses microbiológicas que também participam

deste processo.

6.2.4.1 Espectroscopia Raman

O equipamento empregado nesta fase do trabalho foi um espectrômetro Raman (Figura

22) com microscópio e confocal, modelo HR-UV 800, da Jobin Yvon Inc., equipado com

detector CCD (-70 ºC) e laser com linha de excitação de 632 nm de He-Ne. As amostras

analisadas foram submetidas a uma potência de pelo menos de 5.5 mW.

Figura 22 - Fotografia do espectrômetro Raman, do Núcleo de Catálise do Programa de Engenharia Química –

COPPE/UFRJ, utilizado nas análises das superfícies dos cupons metálicos.

6.2.4.2 Espectroscopia Fotoeletrônica de Raios-X

O equipamento utilizado nas análises de XPS realizadas no presente trabalho é

composto de uma câmara de análise MultiLab 2000 equipada com um analisador hemisférico

modelo ALPHA110, ambos da Thermo Scientific, conforme mostra a Figura 23.

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Figura 23 - Fotografia da câmara de análise hemisférica CLAM4 modelo ALPHA110 da Thermo Scientifico,

instalada no Departametno de Física da Pontifícia Universidade Católica – Rio de Janeiro, empregada nas

análises de XPS das superfícies dos cupons metálicos, mostrando, em detalhe, o interior do equipamento, no

momento da análise de dois cupons.

6.2.4.3 Difração de Raios-X

O difratograma de Raios-X da amostra analisada gerado por uma variante do método do

pó, analisando-se diretamente o substrato metálico com o biofilme, foi coletado em um

equipamento Bruker-D4 Endeavor, apresentado na Figura 24, nas seguintes condições de

operação: radiação Co Ka, λ= 0.179021 nm, gerador operado a 40 kV e 40 mA; velocidade do

goniômetro de 0,02° 2θ por passo com tempo de contagem de 0,5 segundos por passo e

coletados de 4 a 80º 2θ, com detector sensível à posição LynxEye. As interpretações

qualitativas de espectro foram efetuadas por comparação com padrões contidos no banco de

cupom 10

cupom 12

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dados PDF-02 (do International Centre for Diffraction Data - ICDD, 2006) em software

Bruker DiffracPlus

.

Figura 24 - Fotografias mostrando em detalhe o equipamento de Difração de Raios-X Bruker-D4 Endeavor, do

Setor de Caracterização Tecnológica do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), Rio de Janeiro.

6.2.4.4 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) com Espectrômetro de Dispersão

de Energia (EDS)

Neste estudo foi utilizado o MEV da Jeol Ltd, modelo FEG JSM 6701F de alta resolução,

tensão de aceleração de 0.5 a 30kV e magnificação 25x a 650000x; integrado a um EDS da

Thermo Fisher Scientific, conforme mostrado na Figura 25.

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Figura 25 - Fotografia do MEV acoplado ao EDS empregado na análise das superfícies, instalado no

Departametno de Física da Pontifícia Universidade Católica - Rio de Janeiro.

6.2.5 Análise da Estrutura da Comunidade Bacteriana

Análises microbianas foram compostas pela avaliação da estrutura da comunidade

bacteriana, através de isolamento bacteriano, emprego de meio de cultura específico –

Postgate E - conforme descrito por Harrison (1982) e Postgate (1984), reação em cadeia da

polimerase (PCR), sequenciamento, e eletroforese em gel com gradiente desnaturante

(DGGE). Os corpos de prova encaminhados para o laboratório (LABIO/INT) foram

acondicionados em recipientes esterilizados, com água do mar natural. Deve ser ressaltado

que foi adotado como critério de envio para o seqüenciamento apenas um isolado de cada

colônia que apresentasse características macroscópicas distintas, obtidas na etapa do

isolamento.

Para se proceder à extração do DNA total, visando a avaliação da estrutura da

comunidade bacteriana dos cupons, foi feita primeiramente raspagem cuidadosa da superfície

dos cupons com espátula estéril em solução salina estéril, a fim de retirar o produto aderido na

superfície metálica, oriundo de processo corrosivo e biofilme. No cupom metálico incubado

no tempo 15 dias, foram retirados produtos das duas áreas definidas em análise visual – área

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com corrosão e área sem corrosão – separadamente. O material removido foi cultivado para

micro-organismos aeróbios e anaeróbios, em meios de cultura específicos. A partir dos

cultivos isolados procedeu-se à identificação através de biologia molecular.

O DNA total foi extraído com o auxílio do kit de isolamento UltraClean Microbial

DNA

(MoBio Laboratories), de acordo com as instruções do fabricante. Para a avaliação da

diversidade de bactérias, o DNA extraído das placas metálicas foi submetido a uma reação

PCR para seleção e amplificação de um gene específico desse grupo. Para isso, foi utilizado o

par de iniciadores U968-GC (5’- CGC CCG GGG CGC GCC CCG GGC GGG GCG

GGG GCA CGG GGG GAA CGC GAA GAA CCT TAC – 3)’ e L1401 (5’ - GCG TGT

GTA CAA GAC CC – 3’) (ZOETENDAL et. al. 1998) que codificam para as regiões V6 até

a V8 do gene 16S rRNA (rrs). Um grampo rico em bases CG foi adicionado á extremidade de

um primer de cada par para melhorar o comportamento desnaturante dos fragmentos

amplificados (MYERS et al., 1985).

O produto de PCR foi obtido com uma desnaturação inicial do DNA a 94 °C por 4 min,

seguido por 35 ciclos de 1 min a 94 °C, 1 min a 55 °C, 2 min a 72 °C e um ciclo de extensão

final de 10 min a 72 °C.

Os fragmentos amplificados foram separados no Laboratório de Ecologia Microbiana

Molecular, do Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes pela técnica de DGGE

(MUYZER et al., 1993), com a utilização do equipamento Dcode™ Universal Mutation

Detection System (Bio-Raid), em géis de poliacrilamida (6%) preparados com a mistura de

acrilamida/bisacrilamida na proporção 37,5:1 (m/m) em tampão TAE 1X (10 mmol/L tris-

acetato, 0,5 mmol/L EDTA pH 8,0), com gradiente de 40 % a 70 %.

Aproximadamente 30 µl do produto de PCR foram aplicados em cada slot do gel. A

eletroforese foi desenvolvida com 75 V a 60 ºC por 16 horas. Após a corrida, os géis foram

corados com SybrGreen® (Molecular Probes) e escaneados com scanner Storm® (GE

Healthcare).

A estrutura das comunidades bacterianas foi avaliada com base no perfil de bandas do

gel de DGGE, com o auxilio do programa BioNumerics 6.5 (Applied Maths NV). O perfil das

bandas foi transformado em matrizes qualitativas, a partir da qual foi montado o dendograma

de similaridade, utilizando-se o coeficiente de Jaccard como coeficiente de similaridade e

Ward como método de agrupamento. As matrizes ainda foram utilizadas para determinação

do índice de Shannon, com o auxilio do programa Past V2.04 (HAMMER et al., 2001).

Já para a identificação molecular dos isolados, o DNA genômico foi extraído e o gene

rrs de cada isolado foi amplificado com a utilização dos iniciadores universais para o domínio

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65

Bacteria, 27f (5’- AGA GTT TGA TCA TGG CTC AG - 3’) e 1492r (5’ – GTT TAC CTT

GTT ACG ACT T – 3’) (LANE, 1991), foram utilizados para a amplificação do gene 16S

rRNA, a partir de uma reação de PCR em uma mistura de 50 µl contendo 5 µl de tampão 10X

(fermentas), 2,0 mmol/L MgCl2, 0,2 mmol/L dNTP, 5 µmol/L de cada primer, 10 ng da

amostra de DNA, e 2,5 U de Taq DNA polymerase (Fermentas). O produto

(aproximadamente 1480 pb) foi obtido com uma desnaturação inicial do DNA a 94 °C por 4

min, seguido por 35 ciclos de 94 °C por 1 min., 50 °C por 1 min., 72 °C por 2,5 min. e um

ciclo de extensão final de 10 min a 72 °C. O gene amplificado foi purificado em gel de

agarose com o auxílio do kit de purificação “GFX PCR DNA and Gel Band Purification Kit”

(GE Healthcare). O sequenciamento foi executado com a utilização de um sequenciador de

capilar automático ABI-3730 (Applied Biosystems), a partir de uma reação de

sequenciamento utilizando os dois iniciadores da extremidade 27f e 1492r, assim como dois

iniciadores de regiões intermediárias da sequencia nas posições 532 (5’ – CGT GCC AGC

AGC CGC GGT AA – 3’) e 907 (5’ – CCG TCA ATT CMT TTG AGT TT – 3’) (LANE,

1991).

Os eletroferogramas de sequenciamento foram processados utilizando o programa Phred

(EWING & GREEN, 1988) a partir da pipeline Stingray (DÁVILA et al., 2005), para a

definição das sequências e trimagem das sequências de baixa qualidade (Phred < 20). Os

contigs foram montados e as sequencias orientadas com a utilização do programa Bioedit

7.0.5.3 (HALL, 1999).

Para a montagem da árvore filogenética, as sequências de organismos Tipo mais

similares foram obtidas a partir da ferramenta SeqMatch na pipeline do Ribossomal Database

Project (COLE et al., 2009), e para a determinação dos vizinhos mais próximos, as sequências

dos isolados foram submetidas ao Align da pipeline Greengenes (SCHLOSS &

HANDELSMAN, 2006). Os dados foram reunidos em um único arquivo fasta, que foi

realinhado e editado manualmente com a utilização da ferramenta ClustalW, disponível no

programa MEGA 5.0 (TAMURA et al., 2011). Os filogramas foram construídos e editados

com a utilização do MEGA 5.0 com o método Maximum Likelihood, Jukes Cantor (JUKES

& CANTOR, 1969) e valor de bootstrap de 1000.

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66

7. RESULTADOS

7.1 Primeira Etapa do Estudo

São apresentados abaixo os resultados dos ensaios realizados durante a 1ª etapa

experimental, os quais foram considerados relevantes para o prosseguimento do estudo.

Assim, foram elaborados novos ensaios com a finalidade de analisar compostos e micro-

organismos.

7.1.1 Análise Físico-Química da Água

Durante os quinze dias de ensaio, os valores médios obtidos de temperatura da água do

mar nos tanques foi de (25,13 ± 0,51)oC ; com pH = 8,54 ± 0,16; salinidade = (36,93 ± 0,17)

%; e concentração de O2 = (4,72 ± 0,14) ml/l .

Os gráficos apresentados na figura 26, relativos aos valores obtidos nos seis primeiros

dias apresentados a seguir mostram um aumento acentuado da concentração de compostos

nitrogenados (nitrato, nitrito, amônio) já a partir do segundo dia, sendo notável o ponto de

inflexão existente no quarto dia com relação à amônia, e no terceiro dia, com relação ao

nitrito, permanecendo constante sua concentração a partir do quarto dia. Quanto à

concentração de fosfato, permaneceu praticamente constante entre o segundo e o terceiro dia,

possuindo acentuado aumento a partir do terceiro dia.

Como a concentração destes compostos está intimamente ligada à processo biológico

no meio, pode-se dizer que houve uma provável alteração quali-quantitativa dos micro-

organismos presentes na superfície dos cupons (sucessão de micro-organismos).

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67

2 4 6 8

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

PO

4 (

µM

ol)

Tempo (dias)

PO4

2 4 6 80,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

NH

4 (

mm

ol)

Tempo (dias)

NH4

2 4 6 80,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

NO

2(m

mo

l)

Tempo (dias)

NO2

2 4 6 80,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

NO

3 (

mm

ol)

Tempo (dias)

NO3

2 4 6 80,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

Nit

rog

ên

io t

ota

l (

mo

l)

Tempo (dias)

Ntotal

Figura 26 - Gráficos apresentado as variações de compostos nitrogenados e fosfato no meio (água dos tanques)

ao longo do tempo.

7.1.2 Ensaios de Medida de Potencial de Circuito Aberto

Como pode ser observado no gráfico da Figura 27, os potenciais de corrosão dos

cupons possuem uma tendência de redução nos primeiros 3 a 4 dias, para posteriormente

sofrerem aumento de seu valor. Esse aumento, em alguns casos, nos leva a inferir a existência

de uma periodicidade de picos a cada 4 dias, em média, sugerindo haver a interferência de

algum outro processo, possivelmente biológico.

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68

0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30

-780

-770

-760

-750

-740

-730

-720

Po

ten

cia

l d

e c

orr

osã

o (

mV

)

Tempo (Dias)

Cupom 1

Cupom 2

Cupom 3

Figura 27 - Gráfico da medida do potencial de corrosão de três cupons ao longo do tempo. Potenciais medidos

em relação ao eletrodo de referência de calomelano saturado.

7.1.3 Curvas de Polarização

0,1 1 10 100

-1000

-900

-800

-700

EanodA3

EcatodA3

EanodA6

EcatodA6

EanodA9

EcatodA9

EanodA12

EcatodA12

Densidade de Corrente (mA/cm2

)

Po

ten

cial

(m

V)

x E

CS

Figura 28 - Gráfico mostrando a curva de polarização dos cupons, ao longo do tempo (3, 6, 9 e 12 dias de

imersão). Potenciais medidos em relação ao eletrodo de referência de calomelano saturado.

Na Figura 28, apresentam-se as curvas de polarização anódica e catódica dos corpos

de prova imersos por 3, 6, 9 e 12 dias. Por problemas técnicos com o potenciostato portátil

utilizado, não foi possível apresentar toda a curva anódica planejada, apenas parte dela, mas

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podemos inferir, com base na inclinação da curva anódica inicial, um processo de corrosão

generalizado.

Considerando que o domínio de estabilidade da água líquida, no pH da ordem 8,50,

varia entre os potenciais de equilíbrio, segundo as equações:

Eoa = 0,00 – 0,0591pH e

Eob = +1,227 – 0,0591pH

então:

Eoa = -0,500 mVEHS (H2O/H2) e

Eob = +0,727 mVECS (H2O/O2)

ou seja, convertidos para o eletrodo de calomelano saturado,

Eoa = -0,750 mVECS (H2O/H2) e

Eob = +0,477 mVECS (H2O/O2)

mostram que a reação de redução de H2O em H2 é certamente preponderante, contudo, como

não houve desaeração da solução de água do mar, haverá muito provavelmente uma pressão

parcial de O2 ainda presente. O valor da declividade obtida na presente curvas catódica,

aproximadamente |250| mV/década, quando comparada com o valor de aproximadamente

|118| mV/década atribuído à redução do hidrogênio, indica não se tratar apenas da redução de

hidrogênio, mas provavelmente da redução do oxigênio em água, e também, em algum grau,

da atividade fisiológica de micro-organismos. Conforme descreve WOLYNEC (2003), a

reação de redução do hidrogênio, a qual não ocorre em uma única etapa, dependendo da etapa

considerada como a mais lenta, apresentará valores de declive de Tafel bc = -118 mV/década.

Por outro lado, com base na curva catódica completa, podemos calcular um valor para

o declive de Tafel (bc) de aproximadamente -0,252 V/década, indicando não se tratar apenas

da redução de hidrogênio mas provavelmente da redução do oxigênio em água, ou então

alguma redução referente ao processo fisiológico dos micro-organismos.

As semi-reações de redução do O2 em solução ácida e neutra são, respectivamente:

O2 + 4H+ + 4e

– → 2H2O

O2 + 2H2 O + 4e – → 4OH

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Ainda, considerando a atividade microbiana (MO) como um todo, pode-se representar sinte-

ticamente o seu processo fisiológico pela seguinte equação, que representa a redução do

oxigênio do meio e consequente síntese de compostos:

MO(C,H,N,S) + 5O2 → CO2 + H2O + NO3– + SO4

–2

7.1.4 Observação da Superfície dos Cupons

Durante os experimentos, observou-se logo nos primeiros dias formação biológica

com segregação de regiões nas superfícies dos cupons, onde foi considerada a hipótese dessa

formação ter ocorrido devido à diferença de potenciais eletroquímicos localizada em

diferentes áreas de um mesmo cupom, pela presença de micro-organismos.

Observações realizadas por microscópio estereoscópico mostraram a formação de

depósitos microbiológicos e corrosivos sobre as superfícies dos cupons retirados diariamente

e fotografados, apresentados na Figura 29. Tais fotografias, que retratam as áreas segregadas

observadas, correspondem às duas faces (A e B) dos cupons, na seguinte seqüência: tomada

geral, centímetro quadrado e ampliação, conforme detalhado no item 2.2.2.

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Tomada Geral Centímetro Quadrado Ampliação

Figura 29 - Fotografias mostrando a evolução do aspecto superficial dos cupons em imersão, ao longo de 10

dias, em três diferentes pontos de vista: tomada geral (perspectiva) da região, centímetro quadrado

(quadrante) e ampliação.

10 d

ia

20 d

ia

30 d

ia

40 d

ia

50 d

ia

60 d

ia

70 d

ia

80 d

ia

90 d

ia

10

0 d

ia

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Como a formação relatada não era esperado, a sua identificação biológica por

isolamento não foi possível, no entanto, de acordo com os "Group of Microorganisms”

descritos no Bergey´s Manual, os micro-organismos provavelmente encontrados até o 2º dia

podem ser:

bactérias aeróbias e microaerofílicas Gram-negativas em bastonetes e cocos;

diferentes bactérias redutoras de enxofre ou sulfato; e

bactérias fototróficas anaeróbias, as quais são bactérias ligadas à biocorrosão,

conforme verificado em algumas publicações recentes, que mostram, por

exemplo: a influência eletroquímica do biofilme formado por bactérias redutoras

de sulfato (GIBBON: ZAMANZADEH, 2008); a variação da taxa de corrosão

quando da presença de culturas puras e o efeito verificado, quando há interação

de culturas de várias espécies (ROMERO et al., 2006), e a capacidade que

membros dos gêneros Enterobacter e Pseudomonas spp. têm de catalisar a

redução eletroquímica de oxigênio (VIDELA et al., 2008).

As linhas azuis escuras de delimitação de aéreas observadas nos cupons, no segundo

dia foram examinadas mais detalhadamente ao microscópio de epifluorescência e verificadas

serem devido à presença de fitoflagelados (clorofila + ferro = coloração escura).

Para tentar determinar a causa para a formação de faixa delimitadora por fitoflagelados

e o motivo para o processo corrosivo ocorrer em determinadas regiões da superfície metálica

e permanecer, pelo menos visualmente ausente em outras áreas, foram planejados mais um

conjunto de experimentos - 2ª etapa, onde foram realizadas, além dos ensaios já mencionados

na 1ª etapa, diversas outras análises para a caracterização dos produtos existentes sobre as

chapas metálicas e determinação dos micro-organismos envolvidos nestes processos.

7.2 Segunda Etapa dos Experimentos

Com base nos experimentos prévios apresentados no item 3.1, foram elaborados novos

ensaios, agora tendo o suporte de laboratórios de instituições diversas, que permitiram a

análise de compostos e micro-organismos formadores dos fenômenos observados.

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73

7.2.1 Análise Físico-Química da Água

Durante o período desta etapa de observações, o valor médio da temperatura da água

do mar nos tanques foi de (25,36 ± 1,02)°C; com pH = 8,39 ± 0,09; concentração de O2 =

(4,53 ± 0,09)ml/l; e salinidade = (35,23 ± 0,66)%.

Os gráficos, apresentados na Figura 36, relativos às concentrações dos íons analisados

ao longo dos quinze dias de ensaio, mostram, com relação aos compostos nitrogenados, que a

concentração de amônio apresentou uma queda acentuada nas primeiras 48 h, permanecendo

constante até o 11º dia, quando sofreu ligeira queda, permanecendo neste patamar até o final

do experimento. A concentração de nitrato aumentou desde o início do experimento sofrendo

uma redução no período entre o 11º e o 13º dia, quando voltou a ascender. A concentração de

nitrito sofreu uma pequena redução nas primeiras 48 h, voltando a aumentar ao longo dos dias

e sofrendo redução também no 11º dia, voltando a aumentar a partir do 13º dia. As

concentrações de nitrito, no entanto, são menores quando comparadas às de nitrato e amônio,

o que pode indicar o processo biológico de nitrificação (conversão de amônio em nitrato),

tendo o nitrito como intermediário produzido pela atividade biológica (BITTON, 2005).

Com relação ao nível de fosfato, assim como os de amônio e de nitrato, ocorreu

redução nas primeiras 48 h de ensaio. No entanto, diferentemente dos demais, a partir de

então, houve aumento de sua concentração até o final dos experimentos. De um modo geral, a

concentração de fosfato apresentou um comportamento inversamente proporcional ao do

amônio, tal como pode ser visualizado na Figura 30.

Assim sendo, o comportamento descrito acima sugere que, tal como na 1ª etapa dos

experimentos, a concentração destes compostos está intimamente ligada à presença biológica

no meio, havendo uma provável alteração quali-quantitativa dos micro-organismos presentes

na superfície dos cupons com o tempo (sucessão de micro-organismos).

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0 2 4 6 8 10 12 14 160,0

1,6

3,2

4,8

6,4

8,0

9,6

11,2

NH

4 (

µM

ol)

Dia

NH4

0 2 4 6 8 10 12 14 160,0

0,7

1,4

2,1

2,8

3,5

4,2

4,9

NO

2 (

µM

ol)

Dia

NO2

0 2 4 6 8 10 12 14 160,0

0,7

1,4

2,1

2,8

3,5

4,2

4,9

NO

3 (µ

Mo

l)

Dia

NO3

0 2 4 6 8 10 12 14 160,0

0,7

1,4

2,1

2,8

3,5

4,2

4,9

PO

4 (

µM

ol)

Dia

PO4

Figura 30 - Gráficos apresentando as variações de compostos nitrogenados e fosfato na água do mar (eletrólito),

ao longo do tempo.

7.2.2 Observação da Superfície dos Cupons

As observações realizadas por microscópio estereoscópico mostraram processos

corrosivos e de formação provavelmente microbiológica, que podem ser constatados na

Figura 31. Nesta figura são apresentadas fotografias das superfícies, correspondentes a uma

das faces dos cupons retirados diariamente (total de dois cupons por dia), na seguinte

seqüência: tomada geral, centímetro quadrado e ampliação.

A evolução do aspecto superficial de cada um dos cupons retirados dos tanques de

imersão ao longo do experimento: regiões com produto de corrosão de coloração laranja e

marrom escura; regiões branco-azuladas, onde não foram observados a olho nu produtos de

corrosão; e áreas limítrofes a estas, de coloração azul escura, sugerem a formação de possíveis

placas microbianas marinhas.

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Tomada Geral Centímetro Quadrado Ampliação

Figura 31 - Fotografias mostrando a evolução do aspecto superficial dos cupons (2ª etapa do experimento), ao longo

de 15 dias de imersão, em três diferentes pontos de vista: em tomada geral (perspectiva geral), centímetro quadrado

(quadrante) e ampliação de regiões relevantes de cada uma dos dois cupons retirados a cada dia.

Também, uma primeira observação dos cupons, a olho nu, pode levar o observador a

interpretar o fenômeno como um único processo corrosivo. No entanto, ao microscópio,

verifica-se que o composto de tom alaranjado observado sobre os cupons, não é apenas

oxidação do substrato, uma vez que, conforme pode ser constatado por meio da última foto do

13º dia apresentada na Figura 31, o produto alaranjado espalha-se também sobre a superfície

da tinta epóxi de coloração amarela clara, que recobre a borda de todo o cupom. Este fato

30 d

ia

50 d

ia

70 d

ia

90 d

ia

11

0 d

ia

13

0 d

ia

15

0 d

ia

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76

sugere o desenvolvimento de um biofilme protetor, uma vez que a superfície metálica não

apresentou até o último dia de ensaio, sinais visíveis de corrosão e danos à chapa.

Diante da diversidade dos processos catódicos e anódicos em meio marinho e da

formação de áreas delimitadas de biofilmes e de corrosão nos cupons, durante os 15 dias de

imersão, além de ensaios eletroquímicos, foram realizadas análises de superfícies. Cabe

salientar que tais delimitações de áreas foram observadas até o 22o dia, a partir do qual se

verificou o desenvolvimento de leve processo de corrosão generalizado nos cupons.

7.2.3 Curvas de Polarização

As curvas de polarização (Figura 32) indicaram início de processo anódica já no terceiro

dia de imersão, embora com velocidades bem distintas.

Nestas curvas, observa-se que praticamente todos os sistemas anódicos e catódicos

apresentam paralelismo aos pares dentro de uma mesma situação, áreas com corrosão ou áreas

sem corrosão, respectivamente. Verifica-se também menores densidades de corrente catódica,

em maior grau nas áreas onde não se observa indício de corrosão, o que pode denotar a

presença de compostos com características redutoras provavelmente sintetizados por micro-

organismos, protegendo estas áreas. Adicionalmente, mudanças de inclinações seqüenciais

individualmente em cada curva são observadas, indicando a ocorrência de reações de redução

diversas, coerentes tanto com os resultados encontrados na etapa inicial dos experimentos

quanto das análises de microscopia e espectroscópicas realizadas nesta fase, apresentadas

mais adiante.

Adicionalmente, analisando-se comparativamente a faixa de potencial de estabilidade da

água (Figura 33) no presente estudo com os valores de equilíbrio (Eob = +480 mV e Eoa = -

750 mV, ECS), no pH considerado de 8,5, nota-se que a curva catódica referente à redução

da água em hidrogênio se inicia em -800 mV (ECS) ao passo que a oxidação da água em

oxigênio ocorre a partir de +380 mV (ECS), apresentando uma sobrevoltagem da ordem de 50

mV em ambos os ramos anódico e catódico.

A diversidade de processos catódicos e anódicos pode ser verificada no item 8.1.2, por

meio das equações de equilíbrio que envolvem os produtos de reação detectados nos ensaios

de espectroscopia e microscopia. A hipótese de que o pH localizado referente à pequena

região em análise (0,28 mm2) esteja na faixa de 6 a 9, já a partir do 3º dia de imersão, quando

aplicada às equações de equilíbrio, indica valores de potenciais consistentes com a faixa de

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77

trabalho apresentada nas curvas de polarização e com a formação de goethita, lepidocrocita,

akaganeita, Fe+2

, SO4-2

, FeS2, tanto em meios redutores como oxidantes.

3º dia 5º dia

1 10 100 1000 10000 100000-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

-300 3

o dia

area sem corrosao no cupom 1

area com corrosao no cupom 1

area sem corrosao no cupom 2

area com corrosao no cupom 2

PO

TE

NC

IAL

(m

V)

x E

CS

DENSIDADE DE CORRENTE (uA/cm2)

1 10 100 1000 10000 100000-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

-300

PO

TE

NC

IAL

(m

V)

x

EC

S

DENSIDADE DE CORRENTE (uA/cm2)

5o dia

area sem corrosao no cupom 3

area com corrosao no cupom 3

area sem corrosao no cupom 4

area com corrosao no cupom 4

7º dia 9º dia

1 10 100 1000 10000 100000-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

-300

PO

TE

NC

IAL

(m

V)

x E

CS

DENSIDADE DE CORRENTE (uA/cm2

)

7o dia

area sem corrosao no cupom 5

area com corrosao no cupom 5

area sem corrosao no cupom 6

area com corrosao no cupom 6

1 10 100 1000 10000 100000-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

-300

PO

TE

NC

IAL

(m

V)

x E

CS

DENSIDADE DE CORENTE (uA/cm2)

9o dia

area sem corrosao no cupom 7

area com corrosao no cupom 7

area sem corrosao no cupom 8

area com corrosao no cupom 8

11º dia 13º dia

1 10 100 1000 10000 100000

-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

-300

PO

TE

NC

IAL

(m

V)

x E

CS

DENSIDDE DE CORRENTE (uA/cm2)

11o dia

area sem corrosao no cupom 9

area com corrosao no cupom 9

area sem corrosao no cupom 10

area com corrosao no cupom 10

1 10 100 1000 10000 100000-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

-300

PO

TE

NC

IAL

(m

V)

x E

CS

DENSIDADE DE CORRENTE (uA/cm2)

13o dia

area sem corrosao no cupom 11

area com corrosao no cupom 11

area sem corrosao no cupom 12

area com corrosao no cupom 12

15º dia

1 10 100 1000 10000 100000-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

-300

PO

TE

NC

IAL

(m

v)

x E

CS

DENSIDADE DE CORRENTE (uA/cm2)

15o dia

area sem corrosao no cupom 13

area com corrosao no cupom 13

area sem corrosao no cupom 14

area com corrosao no cupom 14

Figura 32 - Diagramas mostrando as curvas de polarização ao longo do tempo (dias de imersão), para áreas com

corrosão (curvas rosa e azul) e sem corrosão (curvas verde e laranja) em um mesmo cupom. A cada dia foram

retirados cupons em duplicata.

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78

1 10 100 1000 10000

-1000

-800

-600

-400

-200

0

200

400

600

800

1000

Intensidade de Corrente (uA)

E/m

V v

s E

CS

-2500

-2000

-1500

-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Figura 33 - Gráfico, potencial(mV) x intensidade de corrente (µA), descrevendo a curva de oxirredução da água

do mar renovada nos tanques, onde ocorreram os experimentos.

7.2.4 Curvas de Resistência de Polarização Linear

Os valores médios da resistência de polarização de cada área visualizada (sem

corrosão e com corrosão) em um mesmo cupom representam o quão resistente essa área é ao

processo corrosivo provocado pelo meio. Analisando-se os gráficos da figura 34 observa-se

claramente que as curvas representativas das áreas visualmente sem corrosão apresentam uma

inclinação bem mais acentuada em relação àquelas das áreas com corrosão, o que denota uma

maior resistência ao processo corrosivo. Este fato pode também ser visualizado através da

figura 35, onde estão dispostos os valores médios da resistência de polarização ao longo dos

dias de imersão. Apesar de esses valores apresentarem dispersão bastante acentuada no

primeiro, segundo e último dia de medição, provavelmente ocasionada por reações

eletroquímicas e biológicas bastante distintas nos pontos escolhidos para medições em cada

chapa, pode-se observar posteriormente uma tendência marcante de redução da resistência até

o 11º dia, quando houve inversão desta tendência e elevação da resistência à polarização.

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79

3º dia 5º dia

-150 -100 -50 0 50 100 150-740

-720

-700

-680

-660

-640

-620

-600

-580

-560

-540 area sem corrosao do cupom 1

area com corrosao do cupom 1

area sem corrosao do cupom 2

area com corrosao do cupom 2

Densidade de Corrente (uA/cm2)

Po

ten

cial

(m

V)

-150 -100 -50 0 50 100 150

-740

-720

-700

-680

-660

-640

-620

-600

-580

-560 area sem corrosao do cupom 3

area com corrosao do cupom 3

area sem corrosao do cupom 4

area com corrosao do cupom 4

Po

ten

cial

(m

V)

Densidade de Corrente (uA/cm2)

7º dia 9º dia

-150 -100 -50 0 50 100 150

-740

-720

-700

-680

-660

-640

-620

-600

-580

-560

-540

area sem corrosao do cupom 5

area com corrosao do cupom 5

area sem corrosao do cupom 6

area com corrosao do cupom 6

Po

ten

cia

l (m

V)

Densidade de Corrente (uA/cm2)

-150 -100 -50 0 50 100 150-740

-720

-700

-680

-660

-640

-620

-600

-580

-560

area sem corrosao do cupom 7

area com corrosao do cupom 7

area sem corrosao do cupom 8

area com corrosao do cupom 8

Po

ten

cia

l (m

V)

Densidade de Corrente (uA/cm2)

11º dia 13º dia

-150 -100 -50 0 50 100 150-740

-720

-700

-680

-660

-640

-620

-600

-580

-560

area sem corrosao do cupom 9

area com corrosao do cupom 9

area sem corrosao do cupom10

area com corrosao do cupom10

Po

ten

cia

l (m

V)

Densidade de Corrente (uA/cm2)

-150 -100 -50 0 50 100 150-740

-720

-700

-680

-660

-640

-620

-600

-580

-560

area sem corrosao do cupom 11

area com corrosao do cupom 11

area sem corrosao do cupom 12

area com corrosao do cupom 12

Po

ten

cial

(m

V)

Densidade de Corrente (uA/cm2)

15º dia

-150 -100 -50 0 50 100 150

-740

-720

-700

-680

-660

-640

-620

-600

-580

-560

area sem corrosao do cupom 13

area com corrosao do cupom 13

area sem corrosao do cupom 14

area com corrosao do cupom 14

Po

ten

cia

l (m

V)

Densidade de Corrente (uA/cm2)

Figura 34 - Gráficos de potencial (mV) x densidade de corrente (uA/cm2) representativos dos valores de

Resistência de Polarização Linear (inclinação da reta), dos cupons retirados dos tanques – a cada dia dois

cupons.

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80

2 4 6 8 10 12 14 16

0,0

5,0x103

1,0x104

1,5x104

2,0x104

2,5x104

3,0x104

3,5x104

Res

istê

nci

a d

e P

ola

riza

çao

(O

hm

)

Tempo (dia)

area sem corrosao

area com corrosao

Figura 35 - Gráfico da Resistência de Polarização, em Ohm, das regiões (com corrosão e sem corrosão) com o

tempo, em dias.

7.2.5 Espectroscopias Raman, XPS e DRX

Nas Figuras 36 à 48, são apresentadas fotografias correspondentes, respectivamente, a

cada cupom retirado aleatoriamente de um tanque de experimentos por dia e a imagem da

região escolhida para ser analisada por espectroscopia Raman, com aumentos de 10X, 50X e

100X. O fator preponderante da escolha da região foi, em escala macroscópica, a

homogeneidade e a coloração diferenciada da região.

Sequencialmente, são apresentadas também os espectros Raman, de XPS e DRX.

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81

(a) cupom 1 – 3º dia

(b) aumento de 10 X (c) aumento de 50 X (d) aumento de 100 X

região escura

região marrom

região brilhante

Figura 36 - Fotografia do cupom retirado no 3º dia (a) e das regiões analisadas por espectroscopia Raman (b),( c)

e (d).

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82

200 400 600 800 1000 1200 1400 16000

200

400

600

800

1000

1200

1400

Inte

nsi

dad

e (u

nid

ade

arb

itra

ria)

Numero de Onda (cm-1)

1odia (regiao escura)

309388

725

531

139253

605

200 400 600 800 1000 1200 1400 16000

200

400

600

800

1000

1200

1400

Inte

nsi

dad

e (u

nid

ade

arb

itra

ria)

Numero de Onda (cm-1)

3o dia (regiao marrom)388

296

253

531

1.298

654

139

473

200 400 600 800 1000 1200 1400 16000

200

400

600

800

1000

1200

1400

Inte

nsi

dad

e (u

nid

ade

arb

itra

ria)

Numero de onda (cm-1)

3o dia (regiao brilhante)

251

303

389

533

675

Figura 36A - Espectros Raman das diferentes de regiões (escura, marrom e brilhante) do cupom retirado no 3º

dia.

O cupom retirado no 3º dia de imersão apresentava pequenas regiões de coloração

marrom e outras escurecidas, das quais foi escolhido um ponto aleatório de cada uma para

análise Raman. Durante a visualização com aumento, foi observado um ponto brilhante que

também foi analisado.

Na região escura, foi obtido espectro cujas bandas próximas de 309, 388, 531 e 725

cm-1

revelam a presença de akaganeita (β-FeOOH); 309 e 253cm-1

a possibilidade da presença

de lepidocrocita (γ-FeOOH), tendo em vista ser 252 cm-1

sua banda principal; e 139cm-1

a

indicação provável da presença de um tipo de sulfeto de ferro (FexSy), uma vez tratar-se de

banda característica de enxofre elementar e pirita biolixiviada, tal como mostraram estudos

anteriores de espectroscopia Raman (OH et al., 1998; XIA et al. 2010).

Na região marrom, verifica-se a indicação das bandas 253e 654cm-1

de lepidocrocita; um tipo

de pirita biolixiviada, nas bandas 139 e 473 cm-1

; akaganeita, nas bandas 388 e 531 cm-1

; e de

goetita (α-FeOOH), correspondente às bandas 296 e 388 cm-1

.

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83

Na região brilhante, o espectro obtido mostra as seguintes bandas: 139 cm-1

,

provavelmente um tipo de sulfeto de ferro; 251 e 654 cm-1

(região de ombro), lepidocrocita;

303 e 657 cm-1

, goetita; e 389 e 533 cm-1

, akaganeita.

1200 1000 800 600 400 200 0

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

Inte

nsi

dad

e (

un

idad

e a

rbit

rari

a)

Energia de Ligaçao (eV)

Na 1s

Fe 2pO 1s

C 1s

Cl 2p

Figura 36B - Espectros de XPS (e) e DRX (f) do cupom retirado no primeiro 3º dia (48 horas após imersão).

O espectro de XPS, na Figura 36B(e), mostra, além dos elementos químicos presentes

na superfície da chapa metálica em estudo, seus percentuais relativos, a uma profundidade

aproximada de 1 a 10 nm, da superfície dos óxidos. Esta amostra apresenta um percentual

XPS

DRX

(e)

(f)

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84

elevado dos elementos químicos oxigênio, carbono e ferro indicando a presença relevante de

matéria orgânica, provável biofilme na superfície metálica e óxidos de ferro variados. Há

também a presença de pequeno percentual de cloreto de sódio oriundo da água do mar.

O espectro de difração de raios-X, apresentado na Figura 36B(f) mostra os compostos

presentes na superfície do cupom analisado, que apresentam forma cristalina. Assim, foram

detectados os seguintes compostos: ferro, em sua forma elementar (provavelmente oriundo do

substrato – aço carbono); akaganeita, goetita, lepidocrocita, pirita, sódio e sulfato duplo de

ferro. Este último foi definido assim, por apresentar um espectro com bandas mais próximas

àquelas presentes no banco de dados do equipamento.

(a) cupom 3 – 5º dia

(b) aumento de 10 X (c) aumento de 50 X (d) aumento de 100 X

região laranja

região escura

X

X

Figura 37 - Fotografia do cupom retirado no 5º dia (a) e das regiões analisadas por Raman (b),( c) e (d). Na

região escura não houve registro das imagens com aumento de 10X e 50X, por ser da mesma área das anteriores.

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200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

350

525

700

875

1050

1225

1400

1575

Numero de Onda (cm-1)

In

ten

sid

ad

e (

un

idad

e a

rbit

rari

a)

5o dia (regiao laranja)308

388

413

492540

605

725

870

139

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

280

420

560

700

840

980

1120

1260

Inte

nsi

dad

e (u

nid

ade

arb

itra

ria)

Numero de Onda (cm-1)

5o dia (regiao escura)

253

311

378

470

660

Figura 37A - Espectros Raman de diferentes de regiões (cor laranja e cor escura) do cupom retirado no 5º dia.

O cupom retirado no 5º dia de imersão apresentava regiões de colorações alaranjada e

amarronzada (escura) das quais foram realizadas espectroscopia Raman.

De um ponto da área alaranjada, foi obtido espectro (Figura 37A), cuja pico 138 cm-1

indica a provável presença de um tipo de pirita biolixiviada, não sendo visualizado o outro

pico característico deste composto em 473 cm-1

(XIA et al., 2010); os demais picos próximo

de 308, 388, 413, 546, 725 cm-1

são característicos do composto akaganeita (OH et al., 1998).

Os picos em 492, 605 e 870 cm-1

não foram identificados. Este fato deve-se provavelmente à

complexa mistura de compostos orgânicos e inorgânicos presente no meio.

De um ponto da região escura foi obtido o espectro também visualizado na Figura

37A, cujos picos 253, 311, 378 e 660 cm-1

indicam a presença de lepidocrocita; e aqueles em

378 e 470 cm-1

a presença de um tipo de pirita biolixiviada.

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86

1200 1000 800 600 400 200 0

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

Inte

nsid

ad

e (

un

ida

de

arb

itra

ria

)

Energia de Ligaçao (eV)

Na 1s

Fe 2p O 1s

C 1sCl 2p

Figura 37B - XPS e Raio-X do cupom retirado no 5º dia (96 h após imersão).

Esta amostra também apresenta em seu espectro de XPS, Figura 37B, a existência dos

elementos carbono, oxigênio, ferro, sódio e cloro. Embora os percentuais relativos de sódio e

de cloreto tenham permanecido praticamente os mesmos, por serem igualmente oriundos da

água do mar, o percentual de oxigênio e carbono variaram de maneira inversa, o oxigênio

aumentando e o carbono reduzindo, sugerindo que, neste cupom, no ponto escolhido para a

análise havia uma quantidade maior de tipos de óxidos de ferro e uma camada mais fina de

material orgânico sobre a superfície.

XPS

DRX

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87

No espectro de difração de raios-X, Figura 37B, foram detectados os seguintes

compostos: ferro, em sua forma elementar (provavelmente oriundo do substrato – aço

carbono); akaganeita, goetita, lepidocrocita, sulfeto de ferro, sódio e sulfato duplo de ferro.

Este último, como na interpretação do espectro do dia 3, foi definido assim, devido o

composto apresentar espectro com bandas mais próximas àquelas presentes no banco de

dados do equipamento.

(a) cupom 6 – 7º dia

(b) aumento de 10 X (c) aumento de 50 X (d) aumento de 100 X

região laranja

X

região escura

X

X

Figura 38 - Fotografias do cupom retirado no 7º dia (a), e das regiões analisadas por espectroscopia Raman (b),

(c) e (d). Na região escura não foi possível o registro das imagens com aumento de 10X e 50X.

200 400 600 800 1000 1200 1400 16000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

Inte

nsi

dad

e (u

nid

ade

arb

itra

ria)

Numero de Onda (cm-1)

7o dia (regiao laranja)

920

726

308

390

537

609

491

138

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600150

200

250

300

350

400

450

Inte

nsi

dad

e (

un

idd

e a

rbit

rari

a)

Numero de Onda (cm-1)

7o dia (regiao escura)

251

376

524 531

654

Figura 38A - Espectros Raman de diferentes regiões (cor laranja e cor escura) do cupom retirado no 7º dia.

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88

O cupom correspondente ao 7º dia de imersão (Figura 38(a)), assim como o cupom do

5º dia (Figura 37(a)), apresenta ao longo de sua superfície regiões de coloração alaranjada e

amarronzada. Procedendo-se à análise Raman de um ponto aleatório da região laranja obtém-

se o espectro da Figura 38A com picos em 308, 390, 491, 537 e 726 cm-1

característicos de

akaganeita (OH et al., 1998; XIA et al., 2010). Os picos na faixa de 309 (pico mais forte) e

604 cm-1

segundo estudos (TOWNSEND, 1994; OH et al., 1998) podem ser de goetita,

devendo ser confirmada a presença, posteriormente, por meio de outras análises. O pico

encontrado na faixa de 920 cm-1

não foi enquadrado como pertencente a composto de possível

presença no meio.

Na região escura, foram obtidos picos em 251, 376, 524, 531 e ao redor de 654 cm-1

característicos de lepidocrocita (OH et al., 1998; SAHA et al., 2010).

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89

1200 1000 800 600 400 200 0

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

6x105

Inte

nsid

ad

e (

un

ida

de

arb

itra

ria

)

Energia de Ligaçao (eV)

Na 1s

Fe 2pO 1s

Ca 2p C 1sCl 2p

Figura 38B - XPS (d) e Raios-X (e) do cupom retirado no primeiro 7º dia (144 h após imersão).

O espectro XPS apresentado na Figura 38B(d), obtido do cupom retirado no 70 dia,

mostrou a presença contínua dos mesmos elementos até então observados. Fato relevante a ser

notificado é o registro da presença de depósito de cálcio sobre a superfície metálica.

O espectro de difração de raios-X (Figura 38B(e)), não apresentou variação dos compostos já

verificados, ou seja, aqui também se mostraram presentes: akaganeita, goetita, lepidocrocita,

sulfeto de ferro e sulfato duplo de ferro e sódio.

(h)

(i)

XPS

DRX

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90

(a) cupom 8 – 9º dia

(b) aumento de 10 X (c) aumento de 50 X (d) aumento de 100 X

região laranja

X

região laranja mais homogênea

X

X

Figura 39 - Fotografia do cupom retirado no 9º dia (a), e da região analisada por espectroscopia Raman (b),( c) e

(d). Na região escura, não foi possível o registro das imagens com aumento de 10X e 50X.

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600250

375

500

625

750

875

1000

1125

Inte

nsi

dad

e (

un

idad

e a

rbit

rari

a)

Numero de Onda (cm-1)

9o dia (regiao laranja)

474

384

308

251

685

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

325

650

975

1300

1625

1950

2275

2600

Inte

nsi

dad

e (

un

idad

e a

rbit

rari

a)

Numero de Onda (cm-1)

9o dia (regiao laranja)251

654526

377

1.298

Figura 39A - Espectros Raman diferentes de regiões (cor laranja e cor escura) do cupom retirado no 9º dia.

Procedendo-se a inspeção visual no cupom retirado de imersão no 9º dia (Figura

39(a)), verifica-se a ocorrência de uma camada de coloração alaranjada sobre todo o cupom,

denotando-se, a princípio, a ocorrência de um único composto sobre o cupom. No entanto, a

espectroscopia Raman de dois pontos do cupom apontou picos da ordem de 251, 308, 384,

474, 685 cm-1

e 254, 377, 526, 654 e 1298 cm-1

, conforme demonstrados na Figura 39A,

compatíveis com os compostos goetita e lepidocrocita, respectivamente (TOWNSEND et al.,

1994)

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91

1200 1000 800 600 400 200 0

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

Inte

nsi

dad

e (

un

idad

e a

rbit

rari

a)

Energia de Ligaçao (eV)

Na 1s

Fe 2pO 1s

N 1s C 1s Cl 2p

Figura 39B - XPS (d) e Raio-X (e) do cupom retirado no primeiro 9º dia (192 h após imersão).

A análise do espectro do XPS apresenta, além dos compostos já esperados e

observados anteriormente (ferro, oxigênio, sódio, cloro e carbono), que compõem os diversos

tipos de óxido de ferro, produtos oriundos de síntese biológica e cloreto de sódio do mar, o

elemento nitrogênio, provavelmente, gerado também por atividade microbiana.

A análise de difração mostra nesta placa a presença contínua de lepidocrocita, ferro,

akaganeita e goetita, a ausência de sulfeto de ferro e do composto caracterizado como sulfato

duplo de ferro e sódio e a detecção da presença de cloreto de sódio.

XPS

DRX

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92

(a) cupom 10 –11º dia

(b) aumento de 10 X (c) aumento de 50 X (d) aumento de 100 X

região escura

X

região laranja

X

X

Figura 40 - Fotografia do cupom retirado no 11º dia (a), e da região analisada por espectroscopia Raman (b), ( c)

e (d). Na região laranja não foi possível o registro das imagens com aumento de 10X e 50X.

200 400 600 800 1000 1200 1400 16000

300

600

900

1200

1500

1800

2100

2400

Inte

nsi

dad

e (

un

idad

e a

rbit

rari

a)

Numero de Onda (cm-1)

11o dia (regiao escura)

1.298

663

251

377

524308

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

0,00

1,30x103

2,60x103

3,90x103

5,20x103

6,50x103

7,80x103

9,10x103

Inte

nsi

dd

e (

un

idad

e a

rbit

rári

a)

Numero de Onda (cm-1)

11o dia (regiao laranja)

1.298652

527

378

251

311

Figura 40A - Espectros Raman diferentes de regiões (cor laranja e cor escura) do cupom retirado no 11º dia.

O cupom correspondente ao 11º dia de estudo apresenta, conforme pode ser observado

na Figura 40(a), áreas de cor marrom (escura) e laranja que, a princípio acreditava-se

corresponder a compostos diferentes, no entanto, a análise do picos registrados em 251, 377,

524, 663, 1298 cm-1

, na região laranja, e 251, 311, 378, 527, 652 e 1298 cm-1

, na região

escura, apontou serem compatíveis com o composto lepidocrocita.

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93

1200 1000 800 600 400 200 0

0,0

2,0x105

4,0x105

6,0x105

Inte

nsi

dad

e (

un

idad

e a

rbit

rari

a)

Energia de Ligaçao (eV)

Fe 2p

O 1s

N 1sC 1s

Cl 2p

Figura 40B - XPS (d) e Raios-X (e) do cupom retirado no primeiro 11º dia (240 h após imersão).

O espectro XPS na Figura 40B(d) indica a ocorrência de uma estabilização do

percentual relativo dos elementos carbono, oxigênio e ferro em comparação com o cupom do

9º dia. Fato relevante neste cupom é a presença de nitrogênio, tal como registrado

anteriormente.

Com relação ao espectro de difração (Figura 46B(e)), quando comparado com o

cupom do 9º dia, não foi detectado cloreto de sódio, mas registrado a presença de magnetita

(Fe3O4) e maghemita (γ-Fe2O3).

XPS

DRX

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94

(a) cupom 12 –13º dia

(b) aumento de 10 X (c) aumento de 50 X (d) aumento de 100 X

região marrom (1)

região preta (2)

X

região branca (3)

X

região preta (4)

região marrom (5)

Figura 41 - Fotografia do cupom retirado no 13º dia (a), e da região analisada por espectroscopia Raman (b),( c)

e (d). Na região preta (2), com aumento de 10X, não houve registro da imagem.

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95

Como pode ser observado na Figura 41(a), o cupom retirado no 13º dia apresentava

uma faixa de cor branca, a qual dividia a área do cupom em duas regiões distintas: uma

chamada de superior e outra inferior. Em ambas, havia a presença de uma faixa de cor preta,

contínua e paralela a de cor branca, também de tonalidade distinta, tanto acima quanto abaixo

da faixa branca. Para além desta faixa, a superfície do cupom apresentava tons diferentes de

cor marrom.

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

250

500

750

1000

1250

1500

1750

2000

Inte

nsi

dad

e (

un

idad

e a

rbit

rari

a)

Numero de Onda (cm-1)

13o dia (regiao marrom1)251

378

527 651

1.297

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

Inte

nsi

dad

e (

un

idad

e a

rbit

rari

a)

Numero de Onda (cm-1)

13o dia (regiao preta 2)

684

494

335

1.3191.156

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600500

600

700

800

900

1000

1100

Inte

nsi

dad

e (u

nid

ade

arb

itra

ria)

Numero de Onda (cm-1)

13o dia (area branca 3)

1.079

330

781

585

960

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

200

400

600

800

1000

1200

1400

Inte

nsi

dad

e (

un

idad

e a

rbit

rari

a)

Numero de Onda (cm-1)

13o dia ( area preta 4)

669

1.011 1.086

320

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

1600

2000

2400

2800

3200

3600

4000

4400

4800

5200

Inte

nsi

dad

e (u

nid

ade

arb

itra

ria)

Numero de Onda (cm-1)

13o dia (area marrom 5)

144

219

252

532

378310

350

616

1.086

1.298

648

Figura 41A - Espectros Raman de pontos das diferentes regiões (de cor marrom, preta e branca) do cupom retira-

do no 13º dia.

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96

O espectro Raman de pontos de cada uma destas áreas mostra nas áreas marrons a

presença de lepidocrocita, determinada pelos picos 251, 378, 527, 651 e 1297 cm-1

, na região

1 da Figura 41(A), e 219, 252, 350, 378, 532 e 1298 cm-1

, na região 5 (SAHA et al., 2010).

Na região 5, o pico 616 cm-1

juntamente com o 310 cm-1

é compatível com magnetita (OH et

al., 1998). Nas regiões pretas 2 e 4, verifica-se que os picos 1319 e 1156 cm-1

podem ser

compatíveis com akaganeita (SRIDHAR et a., 2001). Relativamente aos demais picos não foi

encontrada compatibilidade com produtos de ocorrência possível. Na região 3 (branca), o

pico 1079 cm-1

pode ser compatível com sulfeto de ferro (SRIDHAR et a., 2001), no entanto,

as demais faixas das bandas registradas não são compatíveis com resultados de estudos

anteriores encontrados na literatura. Assim, a presença de sulfeto de ferro deverá ser

confirmada posteriormente em análises complementares.

1200 1000 800 600 400 200 0

0,0

2,0x105

4,0x105

6,0x105

Inte

nsi

dad

e (

un

idad

e a

rbit

rari

a)

Energia de Ligaçao (eV)

Mg 1s

Fe 2pO 1s

N 1s

Ca 2p

C 1s

Cl 2p

1200 1000 800 600 400 200 0

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

6x105

Inte

nsi

dad

e (

un

idad

e a

rbit

rari

a)

Energia de Ligação (eV)

Mg 1s

Na 1s

Fe 2p

O 1s

Ca 2p

C 1sCl 2p

1200 1000 800 600 400 200 0

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

6x105

Inte

nsi

dad

e (

un

idad

e a

rbit

rari

a)

Energia de Ligaçao (eV)

Mg 1s

Na 1s

Fe 2p O 1s

C 1sCl 2p

Figura 41B - Espectros de XPS (d) do cupom retirado no primeiro 13º dia (248 h após imersão).

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97

Figura 41C – Espectro de Difração de Raios-X (e) do cupom retirado no primeiro 13º dia (248 h após imersão).

No cupom correspondente ao 13º dia, a análise dos espectros XPS (Figura 41B)

continua indicando a presença de carbono, oxigênio, ferro, cloro, sódio. Fato considerado

relevante neste período é a presença de magnésio e novamente de cálcio.

A análise do espectro de difração (Figura 41C) indica a presença de ferro, lepido-

crocita, akaganeita, magnetita e maghemita tal como o cupom do 110 dia. Nesse período não

foi detectada a presença de goetita, sendo, entretanto, registrada a presença de cloreto de

sódio, sulfato hidróxido de ferro e sulfeto de ferro.

DRX

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98

(a) cupom 13 –15º dia

(b) aumento de 10 X (c) aumento de 50 X (d) aumento de 100 X

região escura descascada na extremidade direita

X

região laranja a esquerda da extremidade direita

ponto brilhante na região escura abaixo da extremidade direita

região laranja a esquerda da região anterior

Figura 42 - Fotografia do cupom retirado no 15º dia (a), e das regiões analisadas por espectroscopia Raman (b),

( c) e (d).

O cupom retirado no último dia de imersão (15º dia) possuía em sua superfície uma

camada alaranjada de material de corrosão pouco aderente após seco. Na Figura 42(a), se

verifica alguns descolamentos existentes na chapa, oriundos de danos causados durante

análises. A camada preta que se observa está sob a camada alaranjada, e a região mais clara

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99

aparentemente corresponde à superfície da chapa (sem corrosão). Nestas circunstâncias,

foram realizados espectros Raman nos pontos indicados nas fotos b, c, e d da Figura 42.

200 400 600 800 1000 1200 1400 16000

600

1200

1800

2400

3000

3600

4200

Inte

nsi

dad

e (u

nid

ade

arb

itra

ria)

Numero de Onda (cm-1)

15o dia (regiao escura)

244

378

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600250

375

500

625

750

875

1000

1125

Inte

nsi

dad

e (u

nid

ade

arb

itra

ria)

Numero de Onda (cm-1)

15o dia (regiao laranja)248

378

815

650

1298

527

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600100

200

300

400

500

600

700

800

Inte

nsi

dad

e (u

nid

ade

arb

itra

ria)

Numero de Onda (cm-1)

15o dia (regiao brilhante)

662

1.324

378

492

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600550

1100

1650

2200

2750

3300

3850

4400

Inte

nsi

dad

e (u

nid

ade

arb

itra

ria)

Numero de Onda (cm-1)

15o dia (regiao laranja ao centro)

375

244

251

256

Figura 42A - Espectros Raman diferentes de regiões (cor laranja e cor escura) do cupom retirado no 15º dia.

Na região escura descascada, na extremidade direita da foto, foram obtidos picos em

244, 251e 378 cm-1

, compatíveis com uma provável coexistência de lepidocrocita e goethita

(SAHA et al., 2010; e DUNN et al., 2000; TOWNSEND et al,1994). Na região laranja, a

esquerda da região anterior, foram obtidos picos em 248, 378, 527, 650 e 1298 cm-1

,

indicando a presença de lepidocrocita. Realizando uma ampliação na região do pico indicado

em 815 cm-1

, na verdade, observa-se a existência de três picos em 809, 812 e 815 cm-1

. Para

estes, não foram encontrados em estudos anteriores compostos possíveis de estarem presentes

neste sistema em estudo. Conforme mostrado na Figura 42B(d), o espectro XPS indica a

presença dos mesmos elementos químicos indicados no dia 13, com redução do percentual

atômico de magnésio.

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100

1200 1000 800 600 400 200 0

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

6x105

Inte

nsid

ad

e (

un

ida

de

arb

itra

ria

)

Energia de Ligaçao (eV)

Mg 1s

Na 1s

Fe 2pO 1s

N 1s C 1s Cl 2p

Figura 42B - XPS (d) e Raios-X (e) do cupom retirado no 15º dia (296 h após imersão).

Fato relevante a registrar é a presença novamente de nitrogênio, o qual foi detectado

apenas nos cupons retirados nos dias 9, 11 e agora no dia 15. Com relação ao espectro de

difração de raios-X da Figura 42B(e), foram detectados ferro e seus óxidos (lepidocrocita,

akaganeita, goetita, maghemita e magnetita), porém não foram visualizados compostos de

enxofre, como verificado em cupons anteriores.

XPS

DRX

PS

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101

7.2.6 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectrometria de Energia

Dispersiva de Raios-X (EDS)

Figura 43 – Fotografias (MEV) exemplificativas de pontos da superfície dos cupons analisados no 3º e 13º dias e

respectivos resultados de EDS, mostrando a presença de compostos de enxofre, já a partir do 3º dia de imersão

dos cupons.

Os resultados obtidos pelo ensaio de EDS acoplado ao microscópio eletrônico de

varredura, que são apresentados no apêndice e exemplificados na Figura 43, validaram os

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102

dados obtidos por XPS e Raman, indicando a existência não apenas dos compostos

considerados acima, mas também de cálcio e carbonatos. Cabe ressaltar que a observância de

compostos de enxofre e carbonatos só foi possível na microscopia, a partir da análise do

interior de frestas existentes nas camadas dos óxidos de ferro aderidas à superfície dos

cupons. Este fato sugere que, em um primeiro momento, após a imersão dos cupons, houve a

oxidação da superfície ferrosa e a concomitante adesão de micro-organismos. A formação de

biofilme ocorreu tanto sobre como sob a camada de produtos de corrosão, no entanto, a

detecção de sulfetos, sulfatos e carbonatos, provavelmente oriundos da síntese de produtos

microbiológicos anaeróbios e/ou aeróbios facultativos só ocorreu sob as camadas de óxidos de

ferro, regiões onde a concentração de oxigênio era muito baixa ou nula.

7.2.7 Análise dos Equilíbrios Eletroquímicos

Os resultados obtidos por meio das técnicas de análise acima mencionadas são

apresentados na Tabela 2 com os respectivos potenciais químicos padrão, µ° (DE

MIRANDA, 1974).

Tabela 2 - Dados termodinâmicos disponíveis dos potenciais químicos padrão:

Equilíbrios considerados:

Para facilitar a exposição, serão colocados todos os “FeOOH”, sob a forma de Fe2O3.

Equilíbrio: Fe2O3 / FeOOH

Equação de equilíbrio: Fe2O3 + H2O = 2 FeOOH

Fe (ferro metálico) µ°Fe = 0 cal/mol

Fe ++

(íon ferroso) µ°Fe+2 = - 20300 cal/mol

β-FeOOH (akaganeita) µ°β-FeOOH = -90.300 cal/mol

α-FeOOH (goethita) µ° α-FeOOH = -118.600 cal/mol

γ-FeOOH (lepidocrocita) µ° γ-FeOOH = -112.500 cal/mol

FeS2 (pirita) µ° FeS2 = -39.840 cal/mol

FeSO4.7H2O (melanterita) µ°FeSO4.7H2O = -203.140 cal/mol

Fe3O4 (magnetita) µ° Fe3O4 = -242.740 cal/mol

Cl- (cloreto) µ° Cl- = -31.350 cal/mol

NaCl (cloreto de sódio) µ° NaCl = -98.230 cal/mol

H2O (água) µ° H2O = -56.690 cal/mol

H+ (íon hidrogênio) µ° H+ = 0 cal/mol

S-- (sulfeto) µ° S

-- = + 21958 cal/mol

SO4-- (sulfato) µ° SO4

-- = - 177340 cal/mol

HS- (íon hidrogenosulfeto) µ° HS- = +3010 cal/mol

H2S (ácido sulfídrico) µ° H2S = - 6540 cal/mol

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103

portanto, os “FeOOH” nada mais são do que Fe2O3 hidratado.

Por exemplo, o β-FeOOH, cujo µ°β = -90.300 cal/mol, pode ser colocado sob a forma

β-Fe2O3.H2O, efetuando

µ°β-Fe2O3.hid = 2 x µ°β-FeOOH - µ° H2O , resultará :

µ°β-Fe2O3.hid = 2 x (-90.300) – (-56.690)

µ°β-Fe2O3.hid = -123.910 cal/mol

Assim, realizando os mesmos cálculos de conversão para a goethita e a lepidocrocita

obtêm-se os dados termodinâmicos corrigidos mostrados na tabela 3.

Tabela 3 - Dados termodinâmicos corrigidos para os óxidos de ferro:

Forma cristalina µ°FeOOH µ°Fe2O3

β (akaganeita) -90.300 cal/mol -123.910 cal/mol

α (goethita) -118.600 cal/mol -180.510 cal/mol

γ (lepidocrocita) -112.500 cal/mol -168.310 cal/mol

Produtos de corrosão detectados:

3º dia de imersão: Substâncias sólidas detectadas: Fe, β-FeOOH, α-FeOOH, γ-FeOOH, FeS2

e Na6Fe(SO4).

Equilíbrios considerados:

1) Fe / β-FeOOH

2) Fe / α-FeOOH

3) Fe / γ-FeOOH

4) Fe / FeS2`

Com base nas equações de equilíbrio abaixo, foram calculadas suas condições de equilíbrio:

Equilíbrio Fe / β-FeOOH

Equação 2Fe + 3H2O = β-Fe2O3 + 6H+ + 6e

-

condição de equilíbrio E0 = +0,333 – 0,0591 pH

Equilíbrio Fe / α-Fe2O3

Equação 2Fe + 3H2O = α-Fe2O3 + 6H+ + 6e

-

condição de equilíbrio E0 = -0,075 – 0,0591 pH

Equilíbrio Fe / γ-Fe2O3

Equação 2Fe + 3H2O = γ -Fe2O3 + 6H+ + 6e

-

condição de equilíbrio E0 = +0,013 – 0,0591 pH

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Considerando agora os equilíbrios heterogêneos envolvendo os compostos de enxofre, pode-

se considerar suas famílias de equilibrios:

1- Se o meio for redutor, os agentes redutores possíveis são: H2S, HS- e S

--. cujos equilíbrios,

equações químicas e condições de equilíbrio estão abaixo indicados:

4a)

Equilíbrio Fe+2

/ FeS2 / H2S

Equação Fe+2

+ 2H2S = FeS2 + 4H+

+ 2e-

condição de equilíbrio E0 = - 0,140 – 0,118 pH - 0,0591 log [H2S] –

0,0295 log [Fe+2

]

4b)

Equilíbrio Fe+2

/ FeS2 / HS- (região de pH de 8 a 10)

Equação Fe+2

+ 2HS- = FeS2 + 2H

+ + 2e

-

condição de equilíbrio E0 = - 0,554 – 0,0591 pH - 0,0591 log [ HS- ] -

0,0295 log [Fe+2

]

4c)

Equilíbrio Fe+2

/ FeS2 / S--

Equação Fe+2

+ 2S-- = FeS2 + 2e

-

condição de equilíbrio E0 = - 1,376 - 0,0591 log [ S- -

] - 0,0295 log[Fe+2

]

2- Se o meio for oxidante, um oxidante possível é o sulfato, SO4--, como aliás, detectado no

ensaio de difração de Raios-X. Há, então, as seguintes possibilidades:

4d)

Equilíbrio Fe+2

/ SO4-- / FeS2

Equação FeS2 + 8H2O = Fe+2

+ 2SO4-- + 16H

+ + 14e

-

condição de equilíbrio E0 = + 0,367 - 0,067 pH + 0,008 log [SO4-2

] +

0,004 log [Fe+2

]

4e)

Equilíbrio Fe / SO4-- / FeS2

Equação Fe + 2SO4-- = FeS2 + 8H2O + 4e

-

condição de equilíbrio Como é pouco provável que o Fe (ferro metálico)

precipite diretamente na forma FeS2 sem passar pela

forma de íon Fe+2

, em meio oxidante, será descartado

este equilíbrio.

5º e o 7º dias:

Foram considerados equivalentes aos resultados do 3º dia.

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9º dia:

Constata-se a presença do NaCl e a ausência do FeS2, o que pode significar que os íons

cloreto modificam o eletrólito e o sistema como um todo tem a tendência à oxidação.

11º, 13º e o 15º dias:

Os resultados da difração mostram claramente uma predominância dos agentes

oxidantes, como pode ser constatada pela presença da magnetita, Fe3O4, oriunda certamente

da oxidação do Fe (ferro metálico) ou do Fe+2

(íon ferroso), ou ainda do próprio FeS2 (sulfeto

ferroso). Os equilíbrios entre FeS2 / Fe3O4 podem ocorrer tanto em meio redutor, quanto em

meio oxidante.

Em meio redutor:

5a)

Equilíbrio FeS2 / Fe3O4

Equação Fe3O4 + 6H2S = 3FeS2 + 4H2O + 4H+ + 4e

-

condição de equilíbrio E0 = - 0,697 - 0,0591 pH - 0,08865 log [H2S]

5b)

Equilíbrio FeS2 / Fe3O4

Equação Fe3O4 + 6HS- + 2H

+ = 3FeS2 + 4H2O + 4e

-

condição de equilíbrio E0 = -1,320 + 0,0295 pH - 0,08865 log [HS-]

5c)

Equilíbrio FeS2 / Fe3O4

Equação Fe3O4 + 6S -2

+ 8H+ = 3FeS2 + 4H2O + 4e

-

condição de equilíbrio E0 = -2,551 + 0,1182 pH - 0,08865 log [S-2

]

Em meio oxidante:

5d)

Equilíbrio FeS2 / Fe3O4

Equação 3FeS2 + 28H2O = Fe3O4 + 6SO4-2

+ 56 H+ + 44e

-

condição de equilíbrio E0 = + 0,394 - 0,075 pH + 0,008 log [SO4--]

A ocorrência de maghemita, γ-Fe2O3 anidra, sinaliza também que o meio está oxidado; o

mesmo ocorre com o sulfato-hidróxido de ferro, 2Fe(OH)SO4 , presente no 13º dia.

Os resultados acima mostram claramente uma complexidade de fenômenos que ocorrem

na interface metal/eletrólito provavelmente devido à presença dos micro-organismos

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existentes no sistema. A preponderância de processos redutores no início dos ensaios e sua

evolução para condições mais oxidantes é um dos resultados relevantes do presente estudo.

À guisa de exemplificação, no 3º dia de imersão, foram detetados como produtos de

corrosão os seguintes compostos: β-FeOOH, α-FeOOH, γ-FeOOH e FeS2. De posse destes

dados, escreveu-se as equações para os possíveis equilíbrios considerando meio redutor e

meio oxidante. É o que se apresenta na página 105 e seguintes. Tais potenciais de equilíbrio

foram então comparados com os valores dos “potenciais de corrosão” obtidos por medidas

diretas, através de eletrodos de referência de calomelano saturado, bem como as possíveis

associações com os micro-organismos presentes no corpo-de-prova do 3º dia (Figura 50,

página 109).

O exemplo acima, onde foi considerado o corpo-de-prova imerso até o 3º dia, foi

realizado para todas as demais amostras. Como veremos, a existência de micro-organimos

pode ser entendida a luz de uma análise termodinâmica obtida com os equilíbrios acima

mencionados.

Estudos recentes (CASTANEDA 2008) corroboram o acima exposto, uma vez que têm

mostrado que os micro-organismos tendem a formar e desenvolver biofilmes em que a

produção de sulfetos de hidrogênio é aumentada, modificando o ambiente físico-químico,

favorecendo as reações eletroquímicas que levam ao processo crítico de corrosão localizada.

As BRS são comumente isoladas a partir de biofilmes formados em ambientes anóxicos e

aerados. Dentro dessa matriz de biofilme as BRS se desenvolvem em nichos anóxicos,

produzindo grande quantidade de sulfetos de hidrogênio, os quais mantêm a anaerobiose do

meio (CASTANEDA, 2008).

Esses biofilmes produzidos por BRS são facilmente formados em superfícies em aço,

sendo o principal produto presente na superficie metálica o sulfeto ferroso, que pode ser

protetor ou agressivo ao meio metálico base. (BEECH, 2003).

No 13º dia, predominam formas oxidadas como a magnetita e os FeOOH, provavelmente

através do equilíbrios FeS2/Fe3O4/FeOOH ou mesmo FeS2/FeOOH. No caso particular da

magnetita, segundo a equação 3FeS2 + 28 H2O = Fe3O4 + 6SO42--

+ 56H+ + 44e

-, o meio

provavelmente encontra-se, nestas condições, enriquecido com micro-organismo oxidantes de

sulfetos.

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7.2.8 Análise da Estrutura da Comunidade Bacteriana

Os resultados obtidos nos ensaios por PCR para o gene rrs foi negativa para a

detecção de bactérias fixadas nos cupons analisados nos primeiros três dias de imersão,

sugerindo, a princípio, que: (i) não há comunidade bacteriana estabelecida na placa neste

estágio inicial de colonização; ou (ii) a comunidade bacteriana estabelecida é muito pequena,

com pouco material para ser detectada pela técnica de extração e amplificação de DNA

empregada.

Somente a partir das amostras incubadas por cinco dias foi possível detectar a

presença do gene rrs.

A análise de DGGE (Figura 44) mostra uma formação gradual da comunidade, ao

longo do processo de incubação. O aumento de complexidade se evidencia pelo gradual

acréscimo do número de bandas, e consequente aumento na diversidade da comunidade como

expresso pelo índice de Shannon (Figura 45).

Figura 44 - Perfil de fragmentos do gene rrs, separados por DGGE (gradiente 40%-70%) que foi preservado e

corrido o gel em uma mesma época. Os fragmentos foram amplificados a partir do DNA extraído dos cupons

metálicos nos tempos de incubação 3, 5, 7, 11 e 15 dias. No 15º dia, são apresentados perfis de amostras de DNA

retiradas de regiões sem corrosão (SC) e com corrosão (CC).

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Figura 45- Número de bandas observadas e Índice de Shannon calculado com base no perfil de fragmentos do

gene rrs no gel de DGGE, ao longo do período de incubação.

O DGGE mostra que os ribotipos (bandas) que se estabelecem em determinado tempo

de incubação tendem a permanecer durante todo o processo de formação do biofilme, como é

o caso dos ribotipos 1, 2, 3, 4, 5, 8, 9 e 10, que, uma vez detectados, continuam presentes nos

tempos de incubação subsequentes. Somente os ribotipos 6 e 7 são detectados apenas uma vez

e não nos tempos seguintes, sugerindo se tratar de colonizadores eventuais ou espécies

transientes.

Ao total foram isoladas da superfície dos cupons metálicos 6 estirpes bacterianas, do

universo obtido originalmente, devido ao critério inicial adotado de envio para o

sequenciamento, apenas de um isolado de cada diferente morfotipo detectado. O

sequenciamento do gene rrs desses isolados e sua análise filogenética mostrou a presença de

apenas 2 gêneros diferentes: Vibrio e Pseudoalteromonas (Figura 46); bactérias do filo

Proteobactéria (subdivisão gama), classe Proteobactéria, e ordens Vibrionales e

Pseudomonadales, respectivamente.

As proteobactérias são Gram-negativas, com uma membrana externa composta

principalmente de lipopolissacarídeos, e metabolismo variado. A maioria dos seus membros

são anaeróbicos ou anaeróbios facultativos, quimioautótrofos e heterotróficos, havendo

exceções. As proteobactérias são divididas em seis grupos, definidas de acordo com as letras

gregas alfa a zeta, baseados nas análises filogenéticas de sequencias de 16S rRNA

(MADIGAN et al., 2004; NEGRONI, 2009). As Gamaproteobactérias constituem uma classe

relevante do ponto de vista médico e científico, por apresentar grupos de bactérias de

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características patogênicas e que produzem compostos que apresentam vantagens seletivas

(NEGRONI, 2009; POMMERVILLE, 2010; PALLEN et al., 2007; GARNIER et al., 2007;

LEE et al., 2002; BEN-HAIM et al., 2003; CERVINO et al., 2008; LAGO et al., 2009;

WIETZ et al., 2010).

Os isolados 1, 2, 3 e 6 apresentaram alta similaridade com mais de uma espécie, das

quais se destacam V. neptunus, V. corallilyticus, V. shilonii, V. sinaloensis e V. mediterranei,

além de vários isolados sem designação específica. Apenas o isolado 5 parece ter uma

definição mais clara em nível de espécie, com um agrupamento bastante definido com o grupo

de V. proteolyticus. O isolado 4 diferiu dos demais, sendo classificado dentro do gênero

Pseudoalteromonas, sem definição específica contudo.

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Figura 46 – Árvore filogenética contendo as seis estirpes bacterianas isoladas das superfícies metálicas dos

cupons. Os valores em cada nó representam a porcentagem do valor de bootstrap.

A busca de informações genômicas no banco de dados do National Center for

Biotechnology mostrou que as espécies de Vibrio que apresentaram maior similaridade com

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os isolados obtidos estão relacionados, de uma maneira geral, com vibrioses diversas em

corais, moluscos e peixes, como exemplificado em (SUSSMAN et al., 2008; GOMEZ-GIL et

al., 2007; BEN-HAIM et al., 2003; CERVINO et al., 2008; LAGO et al., 2009). Também

mostrou que bactérias do gênero Pseudomoalteromonas secretam proteínas empregadas em

vários processos celulares inclusive no de eliminação de potenciais organismos competidores

no meio ambiente, através da excreção de proteínas com atividade antimicrobiana e outros

fatores virulentos; além da produção de proteases com potente atividade algicida (EVANS et

al., 2007; HOLMSTRÖM et al., 2002; HOLMSTRÖM, 1998; LEE et al., 2002). Por outro

lado, WIETZ (2010) apresenta resultados nos quais cepas de Vibrios, dentre eles V. neptunus,

V. corallilyticus apresentaram inibição relativas a outras espécies, e que a atividade anti-

bacteriana foi constatada após 1, 3 e 5 dias de incubação e em culturas aeradas.

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8. DISCUSSÃO

A presente pesquisa mostrou duas características principais: a primeira, concerne às

modificações interfaciais observadas nos estágios iniciais da exposição dos corpos de prova,

traduzidas pela formação de biofilmes bem caracterizados por meio dos produtos precipitados

na interface cupom/meio, nos primeiros 15 dias. A segunda, indica uma tendência inicial de

formação de produtos de corrosão preponderantemente redutores para produtos de corrosão

preponderantemente oxidantes, em seus estágios finais.

Com efeito, pode-se citar o que ocorre entre o 3º e o 13º dia: nas primeiras 48 horas de

imersão, a presença de FexSy foi verificada nos ensaios, provavelmente devido à presença de

H2S sintetizado por bactérias que se aderiram à superfície metálica. Possuindo o caráter

redutor, a camada aderida de FeS2 sobrepõe o papel oxidante da reação anódica Fe = Fe+2

+

2e-. Assim, de acordo com o equilíbrio Fe

+2 / FeS2 (4a), a presença de FeS2 é função da

concentração de H2S e do pH, antecipando os sinais da presença de BRS. No 3o dia foram

detectados produtos de corrosão da família do FeOOH. Tais produtos ocorreram devido à

oxidação causada pelo meio aquoso e possivelmente pela existência de pequena concentração

de sulfeto que é oxidado a sulfato, o qual explicaria a presença de sulfato ferroso, como

evidenciado pelo DRX e espectroscopia Raman. Não houve detecção de compostos de

enxofre por XPS, provavelmente, devido à sua concentração estar abaixo da de detecção do

equipamento, ou por estarem localizados sob camadas de óxidos, uma vez que, a técnica de

XPS consegue detectar elementos a uma profundidade máxima de 10 camadas atômicas. No

13o dia, há a predominância de formas oxidadas tais como magnetita e FeOOH,

provavelmente oriundos do equilíbrio FeS2/Fe3O4/FeOOH ou FeS2/FeOOH. No caso

particular da magnetita, 3FeS2 + 28H2O = Fe3O4 + 6SO4-2

+ 56H+ + 44e

-, o meio está

provavelmente enriquecido com bactérias oxidantes de sulfeto, isto é, que oxidam os sulfetos

a sulfatos.

No intervalo de tempo entre o 3º e o 15º dia, apresentado no item 3.2.5, o que se observa

de forma abrangente é a gradual oxidação, desde as primeiras 24 horas de imersão, dos óxidos

de ferro e sulfetos, alcançando suas formas químicas mais estáveis (ΔG mais negativos),

respectivamente, magnetita e sulfato, a partir do 11º dia. Outrossim, cabe ressaltar ainda a

detecção de nitrogênio a partir do 9º dia, o que sugere a possível presença de bactérias

participantes do ciclo do nitrogênio, e a sucessão bacteriana, corroborando as variações dos

compostos nitrogenados verificadas durante as análises físico-químicas da água (item 3.2.1).

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A análise da comunidade bacteriana por meio de sequenciamento identificou a

presença do gênero Pseudoalteromonas em regiões sem corrosão e Vibrio naquelas com

corrosão. Paralelamente, em estudos anteriores têm sido mostrados que enquanto alguns

gêneros de bactérias como as Pseudoalteromonas produzem uma variedade de compostos

extracelulares biologicamente ativos, incluindo agentes anti-bacterianos, que podem levar a

efeitos anti-incrustantes (STADLER et al., 2010), o gênero Vibrio intensifica a ação de BRS

na corrosão (VIDELA, 1996), além de existirem espécies, algumas delas identificadas neste

estudo tais quais V. neptunus e V. corallilyticus que apresentam inibição relativas a outras

espécies, e cuja atividade anti-bacteriana foi constatada após 1, 3 e 5 dias de incubação e em

culturas aeradas (WIETZ et al. 2010).

Estes fatos, juntamente com as características individuais de cada um destes micro-

organismos: aeróbicos estritos (Pseudoalteromonas), anaeróbios (BRS) e anaeróbios

facultativos (Vibrios) caracterizam a sucessão microbiana, cuja ação metabólica dos micro-

organismos aeróbicos estritos provavelmente ajudaram na redução da velocidade do processo

corrosivo, evitando a fixação de outras espécies que promovem corrosão nos cupons.

Quanto a não identificação de bactérias reconhecidamente redutoras de composto de

enxofre no sequenciamento pode ter sido causada pelo protocolo utilizado no início dos

ensaios, por ter sido considerada morfologicamente semelhante a outras cepas já escolhida

para o sequenciamento. A presença de tais bactérias foi observada indiretamente por: detecção

de carbonato e compostos de enxofre (ALOISI et al. 2006; BAUMGARTNER et al. 2006) na

espectroscopia Raman e EDS/MEV, em pontos mais profundos de trincas existentes nas

camadas de corrosão; sua compatibilidade com as equações eletroquímicas, as quais mostram

uma complexidade de fenômenos que ocorrem na interface metal/eletrólito, provavelmente

devido à presença dos micro-organismos existentes no sistema; e, também, diretamente, por

meio de cultura Postgate E, onde foi confirmada qualitativamente a presença de BRS sobre a

superfície de cupons.

Observando-se o filograma, com relação ao isolado 4, a posição da cepa no gênero

Pseudoalteromonas, oriundo de área sem corrosão do cupom retirado no 9º dia, confirma ser

uma espécie separada, distinta das demais identificadas, porém com equivalência de 82% em

relação às espécies circunvizinhas Pseudoalteromonas sp.str. 01/121(AJ874345) e

Pseudoalteromonas sp.str. A28 (AF227238), ambas envolvidas, respectivamente, com a

síntese de proteases associadas a patógenos em ostras (GARNIER et al. 2007), e potente

atividade algicida (LEE 2002), cuja eficiência aumenta com a elevação de temperatura. Essa

similaridade filogenética nos sugere que o isolado 4 também possa produzir proteases

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patogênicas e/ou algicidas que impeçam outros organismos de se fixarem na mesma área onde

se encontram, possibilitando a formação de áreas delimitadas tais como as apresentadas nas

figuras 29 e 31, exemplificadas na figura 47 , abaixo, oriundas de observações realizadas na 1ª

e 2ª etapa deste estudo.

etap

a

etap

a

Figura 47 - Fotografias exemplificativas das superfícies de cupons que apresentam áreas delimitadas, onde não

foram observadas visualmente ocorrências de corrosão.

A maior similaridade dos isolados com organismos associados a algum tipo de doença

reside, provavelmente, na maior disponibilidade de informações sobre organismos

patogênicos que existe nos bancos de dados. Tal fato representa um viés da técnica produzido

pela escassez de informações sobre micro-organismos que não possuem interesse médico, ou

que, mesmo possuindo tal interesse, precisam ser melhor investigados, a fim de determinar a

existência de propriedades ainda desconhecidas, mas que podem se tornar relevantes em

diversos campos da atividade humana.

Com relação a atividade específica dessas bactérias no processo corrosivo ou protetivo

de superfícies metálicas em aço carbono, imersas em água do mar em fluxo natural, não

foram encontrados estudos específicos que demonstrassem sua participação, principalmente

em águas tropicais. Tal fato pode ser motivado devido à maioria dos experimentos

relacionados à inibição da corrosão ser conduzida em laboratório, em meio rico em nutriente,

ocasionando resultados muitas vezes não reprodutíveis no meio ambiente, onde a competição

natural irá determinar o domínio dos organismos mais adaptados.

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9. CONCLUSÕES

(1) O processo de corrosão do aço SAE 1005 imerso em água do mar natural por 15 dias

indicou modificações interfaciais metal/eletrólito relevantes que provocaram a formação de

regiões bem delimitadas na superfície dos cupons. O levantamento de curvas de polarização e

de resistência de polarização linear denotam a existência de uma característica

preponderantemente redutora, em maior grau nas áreas que visualmente não se observa

indício de processo corrosivo.

(2) A análise da comunidade bacteriana permitiu verificar um aumento da sua diversidade

ao longo de 15 dias, com tendência à estabilização. A colonização, por sua vez, é promovida

por espécies perenes, com poucas espécies transitórias.

(3) Na forma como foram conduzidos os experimentos e segundo a metodologia utilizada

neste trabalho, foi possível o isolamento de apenas 6 morfotipos distintos e a identificação de

2 gêneros: Vibrio e Pseudoalteromonas. Somente os Vibrios, apresentaram alta similaridade

com mais de uma espécie, das quais se destacam V. neptunus, V. corallilyticus, V. shilonii, V.

sinaloensis e V. mediterranei, além de vários isolados sem designação específica. Um isolado

parece ter uma definição mais clara em nível de espécie, com um agrupamento bastante

definido com o grupo de V. proteolyticus.

(4) A similaridade dos organismos isolados com outros já identificados produtores de uma

variedade de compostos extracelulares biologicamente ativos, como de proteases, agentes

anti-bacterianos e algicidas, nos sugere a possibilidade da produção, pelos organismos

aderidos no substrato estudado, de compostos equivalentes que proporcionam a ocorrência de

áreas diferenciadas, ou seja, sem corrosão ou com processo corrosivo reduzido.

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10. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Os resultados do presente estudo representam a necessidade do emprego de diferentes

meios de cultivo, a fim de possibilitar o aumento do espectro de obtenção dos isolados; bem

como do refino da técnica de biologia molecular, com o intuito não só de identificar os outros

organismos visualizados nas bandas, como também de todos os componentes da comunidade

aderida na superfície metálica e presente no material retirado dos cupons. O conhecimento da

diversidade bacteriana e o estudo de ecologia microbiana são essenciais para o entendimento

do papel das comunidades microbianas nos diferentes processos de biocorrosão.

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11. REFERÊNCIAS

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34, n. 12, p. 1017-1020, Dec. 2006.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. Standard E415 – 08:

Standard Test Method for Atomic Emission Vacuum Spectrometric Analysis of Carbon and

Low-Alloy Steel, 2008.

BAUMGARTNER, L.K. et al. Sulfate Reducing Bacteria in Microbial Mats: changing

paradigms, new discoveries. Sedimentary Geology, v. 185, issues 3-4, p. 131-145, 15 Mar.

2006.

BEECH, I. B.; SUNNER J. Biocorrosion: towards understanding interactions between

biofilms and metals, Current Opinion in Biotechnology, Elsevier, v.15, p.181–186. 2004.

BEECH, I.B. Sulfate-Reducing Bacteria in Biofilms on Metallic Materials and Corrosion,

Microbiology Today, v. 30, august, 2003.

BEN-HAIM, Y. et al. Vibrio coralliIlyticus sp. nov., a temperature dependent pathogen of the

coral Pocillopora damicornis. International Journal of Systematic and Evolutionary

Microbiology. v.53, p.309-315, 2003.

BERGEY, D.H. Bergey’s Manual of Determinative Bacteriology, 9. ed., Philadelphia:

Lippincott Williams & Wilkins, 2000.799p.

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APÊNDICE

Fotos de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e

Espectrometria de Energia Dispersiva de Raios-X (EDS)

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128

DIA 3

Image Name: Base(9)

Accelerating Voltage: 5.0 kV

Magnification: 8000

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DIA 3

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DIA 3

Image Name: Base(7)

Accelerating Voltage: 5.0 kV

Magnification: 2500

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DIA 3

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DIA 5

Image Name: Base(16)

Accelerating Voltage: 5.0 kV

Magnification: 1500

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DIA 5

Image Name: Base(4)

Accelerating Voltage: 5.0 kV

Magnification: 4000

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DIA 5

Image Name: Base(5)

Accelerating Voltage: 5.0 kV

Magnification: 13000

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DIA 5

Image Name: Base(8)

Accelerating Voltage: 5.0 kV

Magnification: 5000

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DIA 5

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DIA 5

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DIA 5

Image Name: Base(3)

Accelerating Voltage: 5.0 kV

Magnification: 800

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DIA 5

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DIA 5

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DIA 7

Image Name: Base(10)

Accelerating Voltage: 30.0 kV

Magnification: 4000

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DIA 7

Image Name: Base(11)

Accelerating Voltage: 30.0 kV

Magnification: 8500

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DIA 7

Image Name: Base(12)

Accelerating Voltage: 30.0 kV

Magnification: 2700

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DIA 7

Image Name: Base(15)

Accelerating Voltage: 30.0 kV

Magnification: 7500

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DIA 7

Image Name: Base(17)

Accelerating Voltage: 30.0 kV

Magnification: 15000

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DIA 7

Image Name: Base(2)

Accelerating Voltage: 5.0 kV

Magnification: 10000

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DIA 7

Image Name: Base(21)

Accelerating Voltage: 30.0 kV

Magnification: 800

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DIA 7

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DIA 7

Image Name: Base(9)

Accelerating Voltage: 30.0 kV

Magnification: 2700

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DIA 9

Image Name: Base(15)

Accelerating Voltage: 20.0 kV

Magnification: 700

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DIA 9

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DIA 9

Image Name: Base(16)

Accelerating Voltage: 20.0 kV

Magnification: 3500

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DIA 11

Image Name: Base(10)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 15000

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DIA 11

DIA 11

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DIA 11

Image Name: Base(11)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 6000

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DIA 11

Image Name: Base(12)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 30000

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DIA 11

Image Name: Base(13)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 4500

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DIA 11

Image Name: Base(6)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 200000

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DIA 11

Image Name: Base(9)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 30000

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DIA 11

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DIA 13

Image Name: Base(10)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 65

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DIA 13

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DIA 13

Image Name: Base(11)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 65

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DIA 13

Image Name: Base(12)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 65

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DIA 13

DIA 13

Image Name: Base(13)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 65

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Image Name: Base(14)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 65

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DIA 13

Image Name: Base(15)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 65

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DIA 13

Image Name: Base(2)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 7500

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DIA 13

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DIA 13

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DIA 13

Image Name: Base(3)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 5500

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DIA 13

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DIA 13

Image Name: Base(9)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 950

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DIA 15

Image Name: Base(1)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 1500

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DIA 15

Image Name: Base(4)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 13000

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DIA 15

Image Name: Base(6)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 7500

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Image Name: Base(8)

Accelerating Voltage: 10.0 kV

Magnification: 2700

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