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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO COPPEAD MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO Dinâmicas do Contrato Psicológico: Impactos na Percepção de Justiça e no Comprometimento Organizacional Gustavo de Oliveira Almeida Orientadora Ursula Wetzel Rio de Janeiro Setembro, 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

COPPEAD MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

Dinâmicas do Contrato Psicológico: Impactos na Percepção de Justiça e no Comprometimento Organizacional

Gustavo de Oliveira Almeida

Orientadora Ursula Wetzel

Rio de Janeiro Setembro, 2008

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DINÂMICAS DO CONTRATO PSICOLÓGICO: IMPACTOS NA PERCEPÇÃO DE JUSTIÇA E NO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL.

Por

Gustavo de Oliveira Almeida

Dissertação apresentada como co-

requisito para obtenção do grau de

Mestre em Administração do Instituto

COPPEAD de Administração – UFRJ

Rio de Janeiro Setembro, 2008.

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Dinâmicas do Contrato Psicológico: Impactos na Percepção de Justiça e no Comprometimento Organizacional

Gustavo de Oliveira Almeida Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração. APROVADA POR: ____________________________________ Orientadora Profª Ursula Wetzel, D. Sc. (COPPEAD/UFRJ) ____________________________________ Profª Adriana Hilal, D. Sc. (COPPEAD/UFRJ) ____________________________________ Profª. Angela Maria Monteiro da Silva, PhD. (CEP-EB)

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FICHA CATALOGRÁFICA

Almeida, Gustavo de Oliveira Dinâmicas do Contrato Psicológico: Impactos na Percepção de Justiça e no Comprometimento Organizacional, – 2008. p.170 Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de Administração, Rio de Janeiro, 2008. Orientadora: Ursula Wetzel, D.Sc 1. Contrato Psicológico. 2. Relações de Trabalho. 3. Comprometimento – Teses. I. Wetzel, Ursula (orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto COPPEAD de Administração. III. Título.

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RESUMO ALMEIDA, Gustavo de Oliveira. Dinâmicas do Contrato Psicológico: Impactos na Percepção de Justiça e Comprometimento Organizacional Dissertação (Mestrado em Administração) – Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. O presente estudo teve como objetivo principal estudar as relações entre a percepção de quebra e violação de contrato psicológico, a percepção de justiça, e o comprometimento organizacional. Para que esse objetivo fosse alcançado foram realizadas entrevistas com gerentes, coordenadores e analistas da empresa para que se pudesse entender melhor o contrato na visão de empresa e principalmente o que seria esperado de seus empregados no contexto, e de que maneira a empresa vêm cumprindo este contrato.

Foram também aplicados questionários em 108 empregados para mensurar os construtos centrais da pesquisa. Para mensurar o contrato psicológico foi utilizado o inventário de contrato psicológico de Kickul (2001), a percepção de justiça foi operacionalizada pela escala de Colquitt (2001), enquanto que para o comprometimento organizacional utilizou-se a escala tridimensional de comprometimento de Allen e Meyer (1996). Os resultados em geral suportaram as hipóteses definidas e estão de acordo com estudos correlatos, indicando um relacionamento negativo entre quebra e violação de contrato e justiça e o comprometimento organizacional. s implicações práticas e teóricas são discutidas, assim como se constatou uma concordância entre os resultados quantitativos e as entrevistas realizadas com os gestores, indicando que há realmente um bom clima, satisfação e uma percepção de justiça organizacional.

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ABSTRACT ALMEIDA, Gustavo de Oliveira. Dinâmicas do Contrato Psicológico:. Impactos na Percepção de Justiça e no Comprometimento Organizacional Dissertação (Mestrado em Administração) – Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. The present study had as its main goal study the relationship between perception of contract breach and violation of psychological contract, organizational justice perception, and organizational commitment. So that that goal was reached there were accomplished interviews with managers, company coordinators and analysts so that we could understand the contract in the company position and what is expected of its employees, and in which way the company thinks that they were accomplishing this contract. Scales were applied to measure the central constructs of the research. To measure the psychological contract, the Inventory of Psychological Contract of Kickul (2001) was used, while the justice perception was measured by Colquitt's Scale (2001), while for the organizational commitment was used the three-dimensional scale of commitment of Allen and Meyer (1996). The results in general are in accord to correlated studies, indicating a negative relationship between contract breach and violation with justice and organizational commitment. The implications, practical and theoretical are discussed. We also found a concordance among quantitative results and the interviews accomplished with the managers, indicating that really seems to be a good climate, satisfaction and perception of organizational justice.

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AGRADECIMENTOS

Uma dissertação é o fim de apenas uma fase em uma caminhada acadêmica e profissional, que se iniciou muito antes e não poderia realizada sem o apoio de várias pessoas que foram muito importantes para a conclusão deste trabalho. Primeiramente, é com grande prazer que tenho a oportunidade de contar na banca com pessoas que contribuíram muito para o meu crescimento acadêmico, profissional e pessoal.

Primeiramente gostaria de agradecer a Prof. Angela, que me iniciou na pesquisa cientifica ainda na graduação e despertou o fascínio que tenho pela pesquisa acadêmica, abrindo os meus olhos para alguns dos temas que ainda hoje despertam meu interesse. Sem o seu apoio não poderia ter chegado até aqui.

À minha querida orientadora Ursula Wetzel, uma orientadora no sentido mais stricto senso possível, que sempre deu apoio durante a realização dos trabalhos, entendendo as dificuldades, cobrando os resultados, indicando o que estava indo bem e o que poderia melhorar, objetivando o meu crescimento, tudo isso de uma maneira eficaz, mas com um carinho muito especial. Com certeza se não fosse o seu apoio dificilmente conseguiria os resultados deste trabalho.

À professora Adriana Hilal, que durante o curso tive contato em várias disciplinas, que despertou também o interesse por cultura organizacional, abrindo um mundo de possibilidades acadêmicas, além me apoiar de forma também determinante, especialmente na fase final de entrega da dissertação: Um grande obrigado por tudo.

Ao querido professor Otavio Figueiredo que foi essencial no desenvolvimento deste trabalho, sendo um parceiro na realização deste trabalho, na parte quantitativa, me guiando na condução do trabalho, nas análises e em todos os processos, sempre disponibilizando o seu escasso tempo, com uma boa vontade indescritível, bom humor e amizade.

A todos os meus colegas de turma que me acompanharam por estes dois anos de dedicação, que continuarão amigos para sempre. Realmente foi uma experiência incrível onde aprendi muito, fora e dentro de sala de aula.

Enfim, gostaria de agradecer de forma especial aos meus pais que deram a vida, apoio incondicional e possibilitaram cada conquista, às minhas irmãs e minha namorada, por todo o apoio durante este período, no qual não pude me dedicar integralmente ao convívio familiar, reuniões, festas e fins de semana, mas mesmo assim estiveram sempre presentes, servindo de motivação para que chegasse ao fim de mais esta fase.

Muito Obrigado a todos,

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EPÍGRAFE "Se a justiça pudesse perecer, não teria sentido e nenhum valor que os

homens vivessem sobre a terra" - Kant

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Hipóteses da Pesquisa e Métodos Utilizados

Tabela 2 - Artigos sobre contrato psicológico em revistas e congressos

Tabela 3 - Funções do Contrato psicológico (Adaptado de Mcfalane, Shore & Tetrick, 1994)

Tabela 4 - Características dos diferentes Contratos Psicológicos (LEIRA,PALMA & PINA e CUNHA, 2006)

Tabela 5 - Obrigações de empregados e empregadores no Old Deal e no New Deal,

Tabela 6 – Identificação dos entrevistados

Tabela 7 - Escalas utilizadas e Respectivas confiabilidades em estudos Anteriores

Tabela 8 - Dados da amostra

Tabela 9 - Estatísticas Descritivas das Escalas

Tabela 10 - Testes de diferença de médias: Comprometimento Organizacional

Tabela 11- Comparação de Médias das Dimensões de Justiça

Tabela 12 - Comparativo entre a médias da escala de justiça de estudos brasileiros

Tabela 13 - Consistência Interna das Escalas Utilizadas no Estudo

Tabela 14 - Comparação entre Alfa original de Cronbach e Alfa Maximizado

Tabela 15 - Teste Kolmogorov-Smirnov

Tabela 16 - Percepção de cumprimento de promessas feitas pela organização

Tabela 17 - Cumprimento médio das promessas organizacionais

Tabela 18 - Correlações de Pearson r(P)

Tabela 19 - Correlações Não paramétricas de Spearman

Tabela 21 - Coeficientes e Estatísticas do Modelo de Regressão: Comprometimento Organizacional

Tabela 22 - Coeficientes e Estatísticas do Modelo de Regressão: Justiça Organizacional

Tabela 23 - Resultados das hipóteses do estudo

Tabela 24 – Resultados : Principais promessas organizacionais

Tabela 25 – Resultados : Expectativa da empresa em relação aos empregados

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo de Relações entre as variáveis estudadas

Figura 2 - Modelo de Integrativo do Contrato Psicológico (GUEST,2004)

Figura 3 - Fatores preditores da percepção de violação de contrato (Adaptado de Robinson e

Morrison, 2000)

Figura 4 – Modelo Conceitual

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

2 – OBJETIVOS ....................................................................................................................... 3

3 – JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 6

4 – REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 10

4.1 CONTRATO PSICOLÓGICO ....................................................................................... 10

4.2 JUSTIÇA ORGANIZACIONAL .................................................................................... 29

4.3 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL ........................................................... 40

4.4 QUEBRA DO CONTRATO PSICOLÓGICO E JUSTIÇA ORGANIZACIONAL ....... 49

4.5 MODELO CONCEITUAL ............................................................................................. 54

5 METODOLOGIA ................................................................................................................ 54

5.1 TIPO DE PESQUISA ..................................................................................................... 55

5.2 MÉTODO DE PESQUISA ............................................................................................. 57

5.3 PARTICIPANTES ......................................................................................................... 61

5.4 DEFINIÇÃO DA AMOSTRA ........................................................................................ 61

5.4.1 Definição da amostra – Critérios Quantitativos: .................................................... 62

5.4.2 Definição da amostra – Critérios Qualitativos: ...................................................... 62

5.5 PROCEDIMENTOS ....................................................................................................... 63

5.6 TRATAMENTO DOS DADOS ..................................................................................... 64

5.6.1 Tratamento dos dados Quantitativos: ..................................................................... 64

5.6.2 Tratamento dos dados Qualitativos: ....................................................................... 65

5.7 INSTRUMENTOS ......................................................................................................... 66

5.7.1 Métodos para Coleta de Dados ............................................................................... 66

5.7.2 Instrumentos e Escalas Utilizados ........................................................................... 67

5.7.2.1 Questionário Sócio Demográfico ......................................................................... 68

5.7.2.2 Escalas de Quebra de Contrato Psicológico. ....................................................... 69

5.7.2.3 Escala de Violação de Contrato Psicológico ...................................................... 70

5.7.2.4 Escala de Percepção de Justiça ........................................................................... 70

5.7.2.5 Escala de Comprometimento Organizacional ...................................................... 71

6 - ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................... 73

6.1 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS ............................................................................................ 73

6.2 CONFIABILIDADE DAS ESCALAS ....................................................................................... 78

6.3 TESTE DE NORMALIDADE DOS DADOS ............................................................................. 83

6.4 DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIA ....................................................................................... 84

6.5 ANÁLISES DE CORRELAÇÃO DE PEARSON ........................................................................ 87

6.6 ANÁLISES DE CORRELAÇÃO DE SPEARMAN ..................................................................... 91

6.7 ANÁLISES DE REGRESSÃO LINEAR ................................................................................... 92

6.7.1 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL ....................................................................... 94

6.7.2 JUSTIÇA ORGANIZACIONAL .......................................................................................... 97

7. ANÁLISE DE CONTEÚDO .............................................................................................. 99

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7.1 CLIMA DE TRABALHO ............................................................................................. 100

7.2 MERITOCRACIA E JUSTIÇA .................................................................................... 102

7.3 EXPECTATIVAS DA EMPRESA ............................................................................... 103

7.4 OPERACIONAL E ESTRÁTEGICO ........................................................................... 104

7.5 CRESCIMENTO E OPORTUNIDADES ..................................................................... 108

7.6 SATISFAÇÃO .............................................................................................................. 110

7.7 COMPROMETIMENTO ............................................................................................. 112

8. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 115

9. RECOMENDAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 128

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 131

ANEXO A - QUESTIONÁRIOS ...................................................................................... 142

ANEXO B – ROTEIRO DE ENTREVISTAS ................................................................... 146

APÊNDICE A - CONSTRUÇÃO DAS ESCALAS ........................................................... 148

APÊNDICE B – GRÁFICO NORMAL P-P .................................................................... 150

APÊNDICE C- DIAGRAMAS DE DISPERSÃO (comprometimento X justiça) ............. 152

APÊNDICE E – DISTRIBUIÇÃO DOS RESÍDUOS DAS REGRESSÕES LINEARES.. 155

APÊNDICE F - NORMALIDADE DOS RESIDUOS DE REGRESSÃO ........................ 157

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1 – INTRODUÇÃO

Os empregados normalmente possuem várias expectativas em relação à organização

em que trabalham. Uma parte destes itens inclui os termos negociados como salário,

benefícios, direitos trabalhistas, horário de expediente, desempenho mínimo, e outros termos

explícitos da relação trabalhista, conforme dispostos nos contratos de trabalho. No entanto, a

relação entre o empregado e a organização é muito mais complexa e dinâmica do que os

acordos trabalhistas contratuais, envolvendo também uma grande quantidade de termos

subjetivos neste contrato, tais como promessas feitas de ambos os lados, empregados e

empregadores, que são muitas das vezes feitas de maneira implícita.

O conjunto destes sinais e termos, tanto explícitos como implícitos é definido como

contrato psicológico, que é formado pelo conjunto de crenças e promessas percebidas sobre os

termos de troca entre o empregado e a organização a qual pertence (ROUSSEAU, 1995).

Os fatores externos que contribuem para a construção do contrato psicológico podem

incluir termos escritos (acordos sindicais, anúncio de vaga), comunicados orais (promessas de

treinamentos, suporte), assim como outras expressões de comprometimento e intenções

futuras (tradições, costumes) (ROUSSEAU, 1995).

Como o processo de construção de contrato é dinâmico, subjetivo e dependente de

informações não disponíveis claramente, normalmente existe uma divergência entre o que os

empregados acreditam que lhes é prometido e o que a organização efetivamente promete

(ANBREU e VIEIRA da SILVA, 2006). Da mesma forma a organização espera alguns

comportamentos sem os comunicar de uma maneira clara e, portanto podem não ser

realizados, despertando um sentimento ou percepção de “cláusula de contrato” não cumprida

entre as partes.

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Quando acontecem tais quebras nas cláusulas deste contrato pode haver uma

percepção de injustiça por parte dos empregados. Tal percepção de injustiça pode estar

relacionada ao não cumprimento daquela(s) promessa(s), à falta de informação sobre o motivo

pelo qual a promessa não foi mantida, ou ainda à maneira que o não cumprimento do termo

foi tratado e comunicado pela empresa, sendo agravadas as conseqüências quando tais

condições são cumulativas.

Segundo Adams (1963), em sua teoria da eqüidade, as pessoas se comparam umas

com as outras no local de trabalho, julgando se há eqüidade entre os investimentos e

contribuições próprias, por um lado e recompensas e resultados recebidos, por outro. Quando

existe uma percepção de iniqüidade as pessoas são motivadas a restaurar o equilíbrio entre o

esforço investido e os resultados. Para isso são empregadas estratégias cognitivas (por

exemplo, a distorção perceptiva da situação), comportamentais (por exemplo, reivindicar

aumento de salário, diminuir a produtividade) ou simplesmente se desligar ou faltar ao

emprego. Ou seja, quando os empregados percebem que a relação com a organização não está

equilibrada, tendem a buscar uma maneira para equilibrar o relacionamento, retirando “sua

parte” do acordo como atitudes e sentimentos gerando insatisfação e falta de motivação, perda

na qualidade de trabalho, queda na produtividade, cinismo organizacional, menor

comprometimento, absentismo e rotatividade, dentre outros efeitos negativos nas atitudes e

comportamentos no trabalho (COHEN-CHARASH & SPECTOR, 2001; GREENBERG,

1990).

Kickul (2002) afirma que a maioria das pesquisas sobre contrato psicológico investiga

as reações dos empregados às promessas organizacionais não cumpridas, isto é, à quebra de

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contrato. No entanto, recentemente, alguns pesquisadores têm notado que a intensidade de

reações comportamentais e emocionais é moderada pelo modo que o individuo percebe

cognitivamente o contexto organizacional em que a violação do contrato ocorre.

Se na percepção do empregado houve uma injustiça processual e interacional, ou seja,

um tratamento não ético ou educado, e, além disso, os procedimentos pelos quais a quebra do

contrato ocorreu não foram igualmente claros ou justificados, os indivíduos tendem a

responder com frustração e sentimentos negativos em relação à organização (MORRISON e

ROBINSON, 1997; ROUSSEAU, 1995 apud KICKUL, 2002).

Estes sentimentos negativos podem alterar a relação de comprometimento

organizacional, principalmente o de base afetiva, que está relacionado à satisfação no

trabalho, a bons resultados e a ligação emocional com a organização.

2 – OBJETIVOS

A pesquisa apresentada teve o intuito de investigar a natureza do contrato psicológico

de empregados em empresa do setor de alimentação com sede no Rio de Janeiro, e o efeito da

quebra e da violação de contrato psicológico no comprometimento organizacional e na

percepção de justiça dos empregados.

Foram verificados os termos do contrato, ou seja, quais promessas são percebidas

pelos empregados, além do impacto da percepção de quebra de e violação de contrato nas

dimensões de justiça e comprometimento dos participantes.

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Segundo Hall (1993) o antigo contrato psicológico está acabado, é de se esperar que o

comprometimento afetivo, que está associado à permanência na organização por motivos

emocionais e afetivos seja cada vez menor, juntamente com o comprometimento normativo

em que o individuo permanece por pressão social ou moral, pois o novo contrato incentiva

mobilidade e falta de lealdade organizacional (BYME, 2001), possivelmente dando lugar a

uma predominância do comprometimento instrumental, onde o individuo permanece na

empresa devido principalmente aos custos de saída.

O modelo seguinte (figura 1) foi desenvolvido para ilustrar as variáveis envolvidas no

estudo e as relações estudadas:

Comprometimento Organizacional

Justiça

Organizacional .

Quebra do contrato

psicológico

Violação do contrato

psicológico

Figura 1 – Modelo de Relações entre as variáveis estudadas

A partir do modelo exposto na figura 1 e a revisão de literatura foi gerada a hipótese

que uma maior percepção de quebra do contrato psicológico apresenta uma relação negativa

com a percepção de justiça e o comprometimento. Têm-se como hipótese que os indivíduos

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que percebem uma maior percepção de justiça organizacional também apresentam uma maior

percepção de comprometimento afetivo, normativo e calculativo.

Tabela 1 – Hipóteses da Pesquisa e Métodos Utilizados

Hipóteses da pesquisa Método

H1: Indivíduos que percebem maior quebra do contrato psicológico apresentam menor percepção de justiça organizacional.

Análise de Correlação / Regressão

H2: Existe uma correlação inversa entre a quebra de contrato e o comprometimento organizacional.

Análise de Correlação

H3: A violação de contrato está associada a um menor comprometimento organizacional.

Análise de Correlação / Regressão

H4: A violação de contrato está associada a uma menor percepção de justiça organizacional

Análise de Correlação / Regressão

H5: Empregados que percebem maior justiça organizacional tendem a apresentar maior comprometimento organizacional (a) afetivo, (b) normativo e calculativo (c).

Análise de Correlação / Regressão

Desta forma, a pergunta principal da presente pesquisa pode ser definida como:

Qual o conteúdo e de que maneira é formado o contrato psicológico dos empregados na

visão da empresa; e Qual a relação da percepção da quebra e da violação de contrato

psicológico com a percepção de justiça e comprometimento organizacional?

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3 – JUSTIFICATIVA

A pesquisa buscou verificar quais são os itens do contrato psicológico dos empregados

na empresa estudada, a percepção de justiça e o comprometimento organizacional, além das

relações e efeitos interativos entre as variáveis.

A presente pesquisa teve como objetivo gerar contribuições práticas e teóricas para a

pesquisa na área, que ainda precisa ser desenvolvida especialmente no Brasil. Em relação às

contribuições práticas, a temática de contratos psicológicos embora não difundida

conceitualmente entre os gestores de recursos humanos, é de grande importância para as

organizações e os empregados, nas fases de recrutamento, seleção e no dia a dia, com o intuito

de não gerar expectativas que não podem ser cumpridas pela organização.

Ou seja, conhecer o conteúdo e a formação do contrato psicológico é fundamental para

a área de recursos humanos da empresa estudada e das organizações em geral (GUEST,

2004).

Embora o contrato psicológico seja um conceito introduzido desde a década de 60

(ARGYRIS, 1960 apud ANBREU e VIEIRA da SILVA, 2006), as pesquisas neste campo têm

ainda que ser desenvolvidas (ANBREU e VIEIRA da SILVA, 2006), para que o

conhecimento gere o desenvolvimento teórico e empírico necessário, sendo neste ponto uma

das contribuições da presente pesquisa.

Quanto à associação do contrato psicológico com a justiça organizacional e o

comprometimento os estudos são ainda mais escassos, embora o processo de percepção de

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cumprimento de contrato e de justiça sejam muito próximos conceitualmente (KICKUL et al,

2001), justificando a realização de pesquisas que investiguem estes construtos para que se

entenda como a percepção de justiça é influenciada pela percepção de violação de contrato e

também quais os efeitos de violações no contrato psicológico no comprometimento

organizacional em suas diversas dimensões. Existe também uma carência na pesquisa sobre

justiça organizacional sobre seus efeitos no comprometimento organizacional (KICKUL et al,

2001).

As considerações acima foram feitas para o desenvolvimento de pesquisas no cenário

internacional, mas os estudos brasileiros são ainda mais raros. Uma busca on-line realizada

em 7 de Junho de 2007, em algumas das principais revistas e congressos de administração

brasileiros mostrou pequena quantidade de estudos, concentrada em poucos autores e com

metodologias semelhantes. Os resultados da pesquisa estão na tabela 2:

Tabela 2 – Artigos sobre contrato psicológico em revistas e congressos Revistas Encontros / Teses

Rac, Rac Eletronica,

BAR RAUSP

RAE E RAE

Eletrônica Read

Base Minerva

UFRJ

Banco Teses Capes

Enanpad Eneo

1 1 0 1 1 15 1 1

Quali. Quali. - Qual Qualitativo Quali. e Quanti

Quali. Quali.

Fonte: Base Minerva UFRJ – base de bibliotecas

Esta quantidade pequena de artigos encontrados nos principais veículos acadêmicos e

científicos indica uma necessidade de pesquisas na área de contratos psicológicos no Brasil.

Além da pequena quantidade de pesquisas relacionadas, existe ainda uma necessidade

de se entender melhor o contexto particular brasileiro, onde os próprios termos do contrato

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possivelmente são diferentes das amostras americanas e européias que têm sido utilizadas nos

poucos estudos encontrados. Resta ainda entender como os empregados brasileiros reagem à

injustiça no local de trabalho, a quebra de contrato e sentimento de violação do mesmo.

A presente pesquisa não teve como objetivo responder a esta questão, considerando as

limitações da amostra, mas teve como objetivo levantar questões que possam gerar uma

quantidade maior de pesquisa na área para que tal inferência sobre a diferença ou não dos

brasileiros na questão de contratos psicológicos possa ser realizada.

Em relação à abordagem metodológica, a metodologia mista, utilizada na pesquisa

procura preencher algumas lacunas em relação ao desenvolvimento e entendimento do

contrato psicológico. Pesquisas com metodologias mistas não foram encontradas no âmbito de

publicações brasileiras, sinalizando a importância de se desenvolver trabalhos deste cunho

metodológico.

A literatura na área de justiça organizacional enfatiza a justiça distributiva; no entanto,

as outras dimensões podem ter um impacto ainda maior no comprometimento, principalmente

em determinadas culturas organizacionais e nacionais. São necessários estudos mais amplos,

envolvendo outras dimensões de justiça organizacional, além da distributiva. Outra limitação

a ser considerada na área refere-se ao fato de os estudos disponíveis serem baseados, em sua

maioria, em amostras norte-americanas e européias, com culturas e práticas organizacionais

diferentes das práticas brasileiras.

Desta forma, as amostras dos estudos norte-americanos e europeus podem apresentar

diferentes conteúdos de contrato psicológico, ter diferentes reações à quebra de contrato e

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também poderiam ter sensibilidade diferenciada a determinadas dimensões da justiça

organizacional, o que pode impactar o comprometimento de maneira não similar a outras

culturas.

É importante salientar que, embora o presente estudo não seja um estudo com o

objetivo de comparar diferenças culturais, os resultados encontrados podem instigar novos

estudos cross-cultural para examinar as possíveis diferenças nas dimensões estudadas.

Assim, as medidas organizacionais a serem adotadas pelos gestores brasileiros

precisam ser baseadas em estudos nacionais, que reflitam as particularidades e singularidades

dos trabalhadores brasileiros.

Os dados de estudos sobre o conteúdo do contrato psicológico, a quebra de contrato e

as relações das percepções de justiça com o comprometimento podem ser utilizados para se

definir políticas gerenciais para a população estudada. Um estudo preliminar previamente

elaborado pelo autor desta pesquisa (MONTEIRO da SILVA, ALMEIDA & CARVALHO,

2004) sugere que, diferentemente de estudos com americanos do norte, a justiça interpessoal é

a que tem maior impacto na exaustão emocional de brasileiros.

A utilização de práticas de justiça interpessoal envolve baixos custos, em comparação

com as práticas de justiça distributiva. Além disso, a percepção de justiça interpessoal

melhora o clima organizacional, promove o bem-estar e a saúde psíquica dos membros da

organização.

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4 – REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 CONTRATO PSICOLÓGICO

O dicionário Aurélio define contrato como sendo “um acordo entre duas ou mais

pessoas que transferem entre si algum direito ou se sujeitam a alguma obrigação”, ou seja, é

um comprometimento conjunto a fim de se realizar alguma ação futura, para retribuir os

esforços e benefícios recebidos pela outra parte.

Embora segundo Braga (2006) não exista uma definição taxativa de contrato no

Código Civil Brasileiro, várias definições foram elaboradas por estudiosos da área do direito,

como, por exemplo, o conceito apresentado por Santos e Silveira (1997, p. 9): “(...) Acordo de

vontades celebrado entre duas ou mais pessoas, destinado a regular

os direitos dos contratantes.”. Wald (1998, p. 183) define o contrato como sendo: “(...) Um

ato jurídico bilateral, pois depende de no mínimo duas declarações de vontade, visando criar,

modificar ou extinguir obrigações.”

Surgido no direito romano e revestido de formalidades, o contrato é de inspiração

religiosa, sendo firmado no direito canônico, assegurando assim, a possibilidade da vontade

humana de criar direitos e obrigações.

Um contrato é uma relação de troca entre as partes, onde cada uma deve oferecer algo,

esperando uma contrapartida de seu esforço, tempo, investimento ou outro fator desejado pela

outra parte. Os contratos são uma forma de garantir segurança para ambas as partes pois são

utilizados para prevenir perdas ou garantir o bem das partes, ao colocar em linhas gerais as

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expectativas de cada parte no acordo, procurando evitar mudanças ou surpresas no decorrer da

transação que será negociada, seja ela uma compra, um casamento ou mesmo um contrato de

trabalho.

Por possuir tais características o contrato se constituiu em um instrumento eficaz da

economia, sob a ótica capitalista já na sua primeira fase, tornando possível a estruturação das

sociedades anônimas, em função das grandes concentrações de capital necessárias ao

desenvolvimento econômico, de criação das grandes unidades financeiras, industriais e

comerciais (BRAGA, 2006).

Para o direito moderno, a classificação dos contratos atende a uma série de critérios,

seja no tocante ao número de partes sobre as quais recaem as obrigações, seja quanto à

existência ou não de liberalidade, seja em atendimento à transferência da posse de bens, à

forma solene, à regulamentação específica contida na lei, à maior ou menor liberdade das

partes em discutir e fixar o conteúdo do contrato.

Algumas das distinções estabelecidas são clássicas, oriundas do direito romano ou de

autores medievais, enquanto que outras, mais modernas e ainda, algumas de caráter

acadêmico, visto que é uma matéria em grande parte subjetiva, podendo, os vários autores,

criarem classificações próprias.

Uma das classificações clássicas diz respeito à relação de obrigações entre as partes,

podendo estas ser: contratos unilaterais, bilaterais e plurilaterais:

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Os contratos são classificados como bilaterais (ou sinalagmáticos) quando criam

deveres jurídicos para ambos os contratantes, isto é, quando estipulam obrigações para ambas

as partes. São na realidade duas manifestações de vontade diferentes, porém recíprocas,

concordantes e coincidentes, sobre o mesmo objeto, como por exemplo, um contrato de

prestação de serviços – o trabalhador realiza um determinado trabalho e o contratante paga

seus vencimentos, honorários ou salários (BRAGA, 2006).

Os contratos são unilaterais, quando impõem deveres tão somente para uma das partes,

ou seja, gera obrigações somente para um dos pólos contratuais. Constituem-se em uma única

manifestação de vontade, por exemplo: um contrato de doação, onde somente o doador se

obriga a fornecer ou dar algo.

Os contratos plurilaterais caracterizam-se não só pela multiplicidade das partes – mais

de dois contratantes – como também pela identidade das obrigações e finalidades procuradas

pelo grupo de contratantes. As manifestações de vontade são derivadas de mais de duas

posições, não necessariamente opostas, mas sim que convergem para o mesmo objeto, como

por exemplo, um contrato de sociedade. Havendo mais de duas partes no contrato, sendo que

sobre todas elas venham a recair as obrigações, será definido como plurilateral (BRAGA,

2006).

Outra classificação importante é a classificação dos contratos em contratos reais e

contratos consensuais. O contrato real é aquele cuja efetiva realização depende da entrega

de certo objeto, por exemplo, um contrato de mútuo, contrato de comodato, etc., sem o que

não se torna perfeito e não se completa o contrato. O contrato definitivo depende da entrega

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da coisa, que é imprescindível, justificando assim, o caráter real do contrato. São ditos reais

porque para se tornarem perfeitos depende de um ato real, a entrega da coisa ou tradição.

Consensual é o tipo de contrato que necessita tão somente do mútuo acordo, ou seja,

do consenso entre as partes, independendo de forma especial ou da entrega de bens (p.ex.,

contrato de locação, contrato de empreitada, etc.). Não há a necessidade da tradição,

perfazendo-se apenas pelo consenso entre os agentes.

Portanto, o consenso é o acordo de vontades entre os contratantes, podendo ser

expresso, isto é, verbal ou escrito, ou tácito, decorrendo de palavras ou do silêncio da parte,

de um gesto (como o lance feito em leilão) ou de uma atitude pela qual o contratante dá início

à execução do contrato, provando assim a sua intenção de cumpri-lo. Por suas características

este tipo de contrato está conceitualmente próximo a definição de contrato psicológico

(ROUSSEAU, 1995), sendo que tal semelhança e possíveis implicações despertaram o

interesse dos pesquisadores em psicologia, sociologia, administração e áreas correlatas.

O contrato psicológico é visto como uma percepção subjetiva individual acerca das

obrigações do empregador para com o empregado (SCHALK & FREESE, 1997). O contrato

psicológico permite, assim, tanto ao empregado como ao empregador, preencher os espaços

em branco deixados pelo contrato formal de trabalho (ROUSSEAU, 1995).

Os estudos sobre o contrato psicológico começaram com Argyris (1960) que utilizou o

termo pela primeira vez, ao se referir às expectativas existentes no relacionamento entre

empresa e seus empregados, incluindo obrigações, valores, aspirações de ambas as partes,

incluindo o que está no contrato formal e também tudo o que está entendido implicitamente

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entre as partes (ANBREN e VIEIRA da SILVA, 2006).

Posteriormente, Levinson et al (1962) e Schein (1980) expandiram o conceito de

contrato psicológico como um tipo de contrato não escrito que implica a existência de

expectativas da organização para com o individuo, e vice-versa. Nesta definição, as

expectativas são definidas como os direitos, privilégios e obrigações entre a organização e o

empregado.

Posteriormente sugiram outras definições a partir das definições originais de contrato

psicológico. Entretanto entre as várias definições existentes a de Rousseau (1990) é a aquela

que passou a ser considerada como a mais consensual, apresentando o contrato psicológico

como um conjunto de percepções individuais acerca das obrigações mútuas entre empregado

e empregador.

Rousseau (1995) define o contrato psicológico como um conjunto de crenças

individuais em relação aos termos de troca e promessas entre o individuo e a organização,

abrangendo itens explícitos como salário, hora de trabalho, direitos trabalhistas, férias, carga

horária, mas também muitos termos implícitos. O acordo implícito inclui um conjunto de

expectativas mútuas, que pode incluir termos como oportunidade para treinamento e

atualização profissional, salários e bônus atrativos, segurança do emprego, continuidade na

relação per infinitum, trabalho interessante, um ambiente de trabalho agradável, oportunidade

de crescimento, tratamento justo, reconhecimento e outros termos por parte da organização

em troca de dedicação, empenho no trabalho, lealdade e comprometimento por parte dos

empregados (KICKUL, 2001).

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Estas promessas podem ser criadas de várias maneiras, tanto através de documentos,

manuais, comunicação explícita pelos superiores, gerentes, diretores, promessas ou planos de

carreira, mas também através de mensagens enviadas pela organização para o individuo, que

podem ser atitudes, tratamentos ou recompensas dadas a outros empregados em situações

semelhantes.

O contrato psicológico emerge quando uma das partes acredita que deu uma

contribuição à outra, em troca de promessas de retornos futuros, existindo então uma

obrigação que a outra parte ofereça estes benefícios ou resultados futuros (ROUSSEAU,

1995).

McFarlane Shore e Tetrick (1994) afirmam que mesmo na presença de um contrato

formal de trabalho, os indivíduos tendem a desenvolver contratos de natureza psicológica.

Foram identificadas três funções desempenhadas pelo contrato psicológico: 1) redução da

insegurança, 2) orientação do comportamento do trabalhador na organização e 3) surgimento

de um sentimento de influência, por parte do trabalhador, sobre a organização (Tabela 3).

Tabela 3 – Funções do Contrato psicológico (Adaptado de Mcfalane, Shore & Tetrick, 1994)

Função Definição conceitual

Redução de insegurança

Como o contrato formal de trabalho não elimina toda a ambigüidade existente na relação entre as partes, o contrato psicológico preenche essas lacunas, conferindo um sentimento de segurança aos colaboradores, pois estes acreditam possuir um acordo com a entidade empregadora.

Orientar o comportamento

O trabalhador vai comparar as obrigações que considera ter para com a organização com as obrigações que considera que a organização tem para consigo, ajustando o seu comportamento com base na avaliação que faz neste processo.

Desenvolvimento de um sentimento de influência

sobre a organização

O contrato psicológico permite aos trabalhadores desenvolver um sentimento de que podem influenciar o seu destino na organização, uma vez que são uma das partes do contrato e que são livres para escolher se cumprem ou não as suas obrigações

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De acordo com Anderson e Schalk (1998 apud (LEIRA, PALMA & PINA E CUNA,

2006)), embora cada contrato psicológico seja individual e único, pode também assumir uma

variedade de formas resultantes basicamente do cruzamento de duas dimensões: os termos de

desempenho, que designam os objetivos de trabalho que a organização espera dos seus

colaboradores, e a duração do contrato formal de trabalho (finito ou indeterminado)

estabelecido pela organização. Rousseau, Hui e Lee (2004) definiram quatro formas

principais que o contrato psicológico pode assumir: transacionais, relacionais, equilibrados e

transicionais. As principais características, definições, obrigações e deveres dos empregados e

da organização estão expostos na Tabela 4.

O contrato transacional refere-se a uma troca de curto prazo com benefícios

específicos e contribuições que são em grande parte monetários ou econômicos

(ROUSSEAU, HUI & LEE, 2004). Itens como a confiança tendem a ser deixados de fora

deste tipo de contrato. Diferentemente, o contrato relacional, em sua essência, envolve uma

relação mutuamente satisfatória (ROUSSEAU, HUI & LEE, 2004), que inclui uma troca de

benefícios monetários, ou não monetários, com o colaborador tendendo a desenvolver uma

identificação com a organização (ROUSSEAU, 1995) (Tabela 3).

O contrato equilibrado resulta da conjugação de alguns itens do contrato relacional,

como a lealdade, o alto nível de comprometimento e a identificação com a organização, com

outras do contrato transacional, como a remuneração em função do desempenho e o foco nos

resultados organizacionais. Finalmente, o contrato transacional reflete a quebra ou ausência de

um acordo inicialmente estabelecido entre as duas partes, podendo ser observado em

circunstâncias instáveis (ROUSSEAU, HUI & LEE, 2004) (Tabela 4).

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Tabela 4 – Características dos diferentes contratos psicológicos (LEIRA, PALMA & PINA e CUNHA, 2006) Contrato Psicológico Relacional Contrato Psicológico Transacional

Duração previsivelmente longa, sem data de fim prévia

Duração curta ou com data de fim pré-estabelecida

O trabalhador deve:

- Lealdade; - Empenho que pode ir para além do exercício estrito das funções que lhe são atribuídas; - Conformidade às normas definidas pela organização; - Identificação com os valores organizacionais.

O trabalhador deve:

- Ter padrões de desempenho de acordo com o negociado; - Ser responsável pela sua própria evolução de competências e conhecimentos profissionais; - Respeitar os valores organizacionais, mas não necessita de se identificar com eles; - Trazer um “valor acrescido” para a organização; - Ser responsável pela sua carreira profissional.

A empresa deve:

- Remunerar com justiça o bom desempenho; - Dar formação adequada às funções atribuídas; - Proporcionar uma carreira profissional interna; - Dar segurança/estabilidade de emprego; - Providenciar ajuda em momentos difíceis: doença, reforma, etc.

A empresa deve:

- Pagar em função do desempenho; - Aceitar como natural a saída do trabalhador quando este encontrar uma situação de trabalho mais interessante; - Especificar as funções do trabalhador com um mínimo de ambigüidades.

Contrato Psicológico Equilibrado Contrato Psicológico Transicional

Resulta da conjugação entre o contrato relacional e o contrato transacional

Reflete a quebra ou ausência de um acordo entre as partes

O trabalhador deve:

- Desenvolver competências úteis no mercado de trabalho externo; - Desenvolver as competências valorizadas pela organização; - Alto nível de empenho; - Alcançar uma elevada performance para atingir objetivos cada vez mais exigentes.

O trabalhador deve:

- Crê que a organização envia sinais inconsistentes relativamente às suas intenções; - Não confia na empresa; - Não tem a certeza relativamente aos seus deveres para com a organização; - Tem fracas expectativas relativamente à organização.

A empresa deve:

- Promover a empregabilidade a longo prazo quer no mercado externo como no mercado interno; - Criar oportunidades de carreira; - Promover uma formação contínua, ajudando os trabalhadores a obter a performance desejada; - Remunerar em função do desempenho.

A empresa deve:

- Esconde informação importante dos trabalhadores; - Não confia nos trabalhadores; - Tenta avaliar a incerteza dos trabalhadores; - Institui mudanças que reduzem os salários e benefícios dos empregados, piorando a qualidade de vida no trabalho.

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Leira, Palma e Pina e Cunha (2006) afirmam que a tipologia do contrato psicológico

defendida pelos autores citados (ROUSSEAU, 1995; ROUSSEAU, HUI & LEE, 2004),

prioriza a perspectiva do empregado. Sendo assim, a temática do contrato psicológico

segundo a perspectiva do empregador necessitaria de um maior aprofundamento acadêmico.

Embora possam ser classificados nos quatro tipos descritos anteriormente, os contratos

podem se transformar de um tipo para outro, pois não são estáticos ou imutáveis, são

continuamente renegociados, tanto pela organização quanto pelo indivíduo. O processo de

redefinição do contrato psicológico é, portanto dinâmico, especialmente em tempos de rápidas

mudanças organizacionais.

Rousseau (1995) afirma que um contrato tem duas tarefas básicas: Prever o futuro,

através de promessas de condições futuras como, por exemplo, emprego para a vida inteira,

treinamento e oportunidades de crescimento; e tentar impedir estas mudanças através de um

conjunto de regras e de entendimentos anteriores que dificultem que as condições mudem.

Claramente estes objetivos são impossíveis de realmente mantidos, se não existirem os ajustes

e redefinições periódicas do contrato.

Handy (1978) chama a atenção para o fato de que o contrato psicológico normalmente

não é percebido da mesma forma pelas partes envolvidas, devido a problemas cognitivos e

interpretação de ações como sugestão da outra parte de que um termo está incluído no

contrato.

Por exemplo, se uma empresa vai exigir um esforço maior dos seus empregados

durante um período de crise ou de mudança organizacional em troca de estabilidade no

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emprego ou oportunidades futuras, a comunicação tem de ser bem clara para justificar os

sacrifícios e medidas duras, em troca de algo desejável para os empregados. Contudo se a

mensagem não é entendida corretamente, ou então é percebida de modo diferente em relação

à razão ou à forma como serão recompensados, os empregados podem concluir que estão

sendo explorados sem nenhuma contrapartida.

O grau de ajuste no contrato psicológico pode variar de mudanças sutis e

imperceptíveis até mudanças traumáticas em que os termos em que se baseava o contrato

mudam de forma abrupta.

Os contratos psicológicos segundo Rousseau (1995) podem ser alterados basicamente

de três formas, que são:

•••• Deslocamento;

•••• Acomodação e

•••• Transformação

O deslocamento é a forma mais sutil de mudança no contrato e pode, muitas das vezes,

ser imperceptível para os agentes, ou pelo menos não apresentar reações negativas. Os

deslocamentos do contrato podem ocorrer sem nenhuma mudança formal. O tempo é uma das

maiores causas da mudança do contrato, ou seja, o contrato vai se moldando naturalmente

para atender novos interesses de uma, ou ambas as partes. Um exemplo de um deslocamento

de contrato afetado pelo tempo pode-ser encontrado em uma empresa onde os empregados ao

se tornarem mais velhos passam a executar atividades que exigem menor esforço físico.

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Mesmo que tal mudança não tenha sido acordada quando estes empregados foram

recrutados, torna-se o novo acordo e assim ficam estabelecidos. Estas pequenas mudanças são

necessárias e tornam as relações de trabalho mais flexíveis diante das mudanças

organizacionais e pessoais, fazendo com que os contratos possam ser mantidos, embora

ligeiramente modificados.

Já a acomodação envolve mudanças mais profundas no contrato psicológico existente,

mas ainda se baseando no contrato atual com alguns de seus termos renegociados, seja com o

consentimento de duas partes, ou simplesmente comunicado para a outra parte. A diferença

em relação a uma transformação do contrato é que o “espírito” da relação se mantém, embora

alguns termos sejam modificados. Este tipo de mudança no contrato ocorre principalmente

quando existe uma percepção de boa intenção ou de legitimidade da mudança pelas partes.

Por isso, é de vital importância a transparência nas informações em relação aos processos e

causas da mudança, pois quando esta é justificada a percepção de injustiça e sua reação tende

a ser menor, e, portanto, uma acomodação pode ocorrer ao invés de uma ruptura ou

transformação do contrato (ROUSSEAU, 1995).

Uma transformação no contrato ocorre sempre que uma mudança radical ocorre. Neste

caso não foram os termos que se modificaram, mas sim a lógica por trás da formação do

contrato que foi completamente substituída. Neste caso uma acomodação não é possível,

devido a uma mudança muito grande, ou ao fato que as partes não se entendem e uma

acomodação não é possível, ou ainda porque as mudanças externas podem ser fortes demais

para que outra estratégia seja utilizada.

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Um bom exemplo deste tipo de mudança foram as profundas transformações nas

relações de trabalho neste último século, passando de um sistema industrial, fordista para um

sistema pós-fordista, de produção flexível, que tornou impossível a manutenção do antigo

contrato de trabalho então presente entre trabalhadores e as empresas.

Esta lógica de mercado que passou a ser presente na nova relação de trabalho,

modificou toda a relação e os valores então tidos como positivos em um mundo com outra

lógica, como o comprometimento de longo prazo, a promoção e o desenvolvimento na mesma

organização e a lealdade presentes no contrato implícito entre o trabalhador e a organização.

Tais modificações abordam de uma nova maneira algumas das novas necessidades

sistema capitalista, onde o comprometimento e outras estratégias de longo prazo, associadas a

um sistema mais previsível, não puderam ser mantidas pelo empregador. Como existe um

maior risco e incerteza, as organizações ficaram sem condições de garantir a estabilidade de

emprego, como anteriormente, e desta forma a promessa implícita de estabilidade não pôde

ser mantida.

Em relação às promoções e ao desenvolvimento, o achatamento dos níveis

hierárquicos, levou a uma grande dificuldade de ascensão hierárquica organizacional, portanto

a promoção não pôde mais ser utilizada como um motivador, assim como as promessas de

recompensas para o longo prazo, mudando o foco para os incentivos que remuneram ações

pontuais e mensuráveis, normalmente de curto prazo.

Cappelli (1999) afirma que o sistema antigo de empregos seguros por toda a vida, com

promoções previsíveis está acabado, e diz que as organizações passaram a operar com uma

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lógica de mercado, fazendo então com que as relações de trabalho funcionem sob esta lógica,

com a oferta e demanda, cumprindo seu papel clássico de determinar preços e importância de

habilidades e funções.

A partir do momento que as relações de emprego passaram a operar em uma lógica de

mercado, as relações de trabalho passaram a ter um caráter mais transacional, pois como o

prazo das relações é cada vez mais curto, o tempo para que se colham os frutos de uma

contribuição também o é, pois, como não se sabe ao certo quanto tempo durará a relação de

trabalho. Para que os empregados possam postergar a recepção de suas recompensas e ter

uma relação mais relacional é necessário que acreditem na organização, no cumprimento do

contrato estabelecido e, principalmente confiem que receberão a recompensa em um tempo

futuro, quando ainda estarão ligados à organização.

Este era o “Old Deal” (CAPPELLI, 1999), tal como visto pelos empregados. Neste

acordo eles se comprometiam, tinham bom desempenho e lealdade à organização em troca de

segurança no emprego, possibilidade de promoções internas e proteção em relação ao mundo

externo à empresa, que, por exemplo, mantinha os empregos de seus empregados.

Com a mudança das condições externas e dos sistemas de produção, o “Old Deal” foi

quebrado unilateralmente por parte das organizações, pois as novas características não

permitiam mais manter os termos do contrato psicológico dos empregados. As empresas

surgiram então com os novos termos do contrato, já adequados à nova realidade a qual as

empresas estavam então expostas.

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Este novo conjunto de termos entre empresas e empregados, definido como “New

Deal” por Cappelli (1999), reduziu a segurança do emprego, mudou a responsabilidade do

desenvolvimento das habilidades e gerenciamento de carreira da empresa para o empregado,

fazendo com que a nova estrutura de trabalho se assemelhasse a um sistema de contrato por

tarefas, com um relacionamento contingente e transacional (CAPPELLI, 1999).

A febre da reengenharia nos anos 80 e 90, aliada às tendências de terceirização e o

achatamento das estruturas organizacionais são, muitas das vezes, apontadas como as razões

externas para a criação de um novo modo de contrato entre empresas e empregados, o New

Deal. Mas além destas razões, a globalização do comércio e uma recessão econômica

mundial também foram fatores importantes.

Como conseqüência desta nova abordagem, podemos verificar uma tendência das

organizações em mudar o contrato com os empregados, mesmo os de nível hierárquico mais

alto, pois passa a existir uma quantidade imensa de outros candidatos qualificados,

disponíveis a custos competitivos, não sendo mais justificável a existência de

comprometimento ou lealdade com os empregados atuais (BYME, 2001).

Neste contexto as organizações não podem prometer aos seus empregados, mesmo os

que serviram por longos anos, a manutenção de seus empregos diante de reestruturações ou

relocações. Nem ao menos serão necessariamente candidatos a promoções laterais ou

verticais. Estes empregados “obsoletos” passam então a sair pela porta de trás, enquanto

sangue novo é admitido pela porta do frente.

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Isto traz várias implicações para os indivíduos, no sentido de que agora são

responsáveis por gerenciarem suas próprias carreiras, de cuidarem de si, desenvolverem

habilidades, mantendo-as atualizadas, com o intuito de serem empregáveis em outras

empresas, ou seja, possuírem “empregabilidade”. Neste contexto, a lealdade está

implicitamente extinta com o fim da estabilidade do emprego, pois transmite uma mensagem

de “saia antes que você seja demitido”, com uma maior consciência da situação do mercado

por parte dos empregados, através sondagens constantes das oportunidades externas (BYME,

2001).

A busca pelo desenvolvimento e a atualização continua passa a ser uma espécie de

transação entre as empresas e os empregados (HERRIOT e PEMBERTON, 1995) Desta

forma, o contrato entre as partes passa a ser algo como, “Eu me mantenho atualizado,

enquanto a empresa me mantém empregado”, e em contrapartida a empresa oferece “Manter o

emprego, enquanto as habilidades forem atuais e úteis”. Isto cria nos empregados um

comportamento, ou mesmo uma necessidade, de empreender uma boa parte de seu tempo

medindo o seu valor de mercado e planejando o desenvolvimento de sua carreira

(REICHHELD, 1996).

Com isso, as obrigações, ou termos do contrato entre os empregados e empresas foram

completamente transformados, com novas características em ambas as partes, buscando uma

adequação a estes novos valores. Alguns destes novos termos e mudanças estão apresentados

de maneira resumida na Tabela 5:

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Tabela 5 - Obrigações de empregados e empregadores no Old Deal e no New Deal,

OLD DEAL NEW DEAL

EMPREGADO EMPRESA EMPREGADO EMPRESA

Lealdade- permanecer Segurança do emprego Longas Horas de Trabalho

Altos salários

Conformidade Fazer o que é pedido

Aspectos de promoção Maior Responsabilidade

Recompensa pela performance

Comprometimento “Vestir a camisa”

Treinamento e desenvolvimento

Maior amplitude das tarefas

Trabalho

Confiança: Empresa cumprirá suas

promessas

Cuidar do empregado em caso de dificuldades

Tolerância em relação à mudança e ambigüidade

Adaptado de BYME, 2001.

Esta nova estrutura de trabalho insere-se no que, segundo Boltanski e Chiapello

(1999), denomina-se cidade por projetos. Nesta nova configuração a mobilidade, a autonomia,

a liberdade, a multicompetência, a abertura ao novo, a criatividade, a possibilidade de

experiências múltiplas, a busca maiores de contatos interpessoais, a realização do trabalho

através de projetos em várias organizações ao invés de um emprego para a vida inteira,

desenvolvimento de carreira ao invés de responsabilidade corporativa; tudo isso passa a ser a

nova preocupação do empregado. Pois as habilidades passaram a ser negociadas livremente

no mercado.

Todas estas modificações foram basicamente decorrentes da transição do “Old Deal”

para o “New Deal”, que foi marcado por um novo acordo entre empresas e empregados,

modificado de maneira unilateral pelas organizações, que pode ser visto como uma

transformação de contrato, não de um contrato formal ou promissório, mas um contrato

psicológico, que envolve termos implícitos entre as partes.

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Esta nova era é caracterizada por uma grande quantidade de mudanças contínuas,

transformaram de forma significativa as relações de trabalho, fazendo com que os modelos

que serviam de suporte para entender a relação entre empregador e empregado, deixassem de

ser uma ferramenta adequada para o estudo das relações de trabalho contemporâneas

(GUEST, 2004 apud LEIRA, PALMA, PINA e CUNHA, 2006).

Desta forma, torna-se não só necessário compreender a formação do contrato

psicológico, como também se revela imprescindível estudar as suas causas e conseqüências

(GUEST, 1998). Com este intuito, Guest (2004) elaborou um modelo de desenvolvimento do

Contrato psicológico mais integrativo, considerando não apenas o contexto imediato em que o

contrato psicológico é formado, como também o contexto mais amplo, permitindo aprofundar

as suas causas, natureza e conseqüências. O modelo integrativo de Guest (2004) que

consolida os fatores contextuais, as políticas, o contrato psicológico e suas conseqüências

atitudinais e comportamentais pode ser visto na figura 2.

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Figura 2: Modelo de Integrativo do Contrato Psicológico (GUEST, 2004).

A abordagem mais ampla de Guest (2004) levou em consideração um conjunto de

fatores contextuais, divididos em fatores organizacionais e individuais. Além dos fatores

contextuais mais amplos, o autor identificou um papel importante das políticas e práticas de

recursos humanos sobre o contrato psicológico. Guest e Conway (2002) descrevem o “estado

do contrato psicológico” como a forma como as promessas e obrigações, que constituem o

conteúdo do contrato psicológico são cumpridas e também consideradas justas. Por sua vez a

avaliação que o indivíduo faz do estado do seu contrato psicológico têm relação com a

confiança na relação de trabalho.

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Sendo assim, a justiça percebida e a confiança são consideradas variáveis mediadoras

entre o cumprimento ou quebra do contrato psicológico e as suas conseqüências atitudinais e

comportamentais (Guest, 2004; Coyle-Shapiro & Kessler, 2000). O modelo de Guest (2004)

também contempla as conseqüências que o contrato psicológico pode trazer as organizações,

como por exemplo, o comprometimento, a satisfação, os comportamentos de cidadania

organizacional e a intenção em ficar ou sair da organização (LEIRA, PALMA, PINA e

CUNHA, 2006).

Evidências empíricas demonstram que a quebra de contrato está associada à menor

confiança dos empregados (ROBINSON, 1996); satisfação com o trabalho (ROBINSON &

ROUSSEAU, 1994); comprometimento organizacional (COYLE-SHAPIRO & KESSLER,

2000); intenção em permanecer na empresa (TURNLEY & FELDMAN, 1999), pior

desempenho e menor freqüência de comportamentos extra-papel (ROBINSSON, 1996).

Bal et al (2008) a partir de um estudo meta-analítico envolvendo 47 pesquisas

encontraram as seguintes correlações médias da quebra de contrato com: a confiança (r = -

0,52), a satisfação com o trabalho (r(p)= -0,43) e o comprometimento organizacional (r(p)= -

0,32).

Portanto, quando ocorrem mudanças radicais em alguns termos do contrato

psicológico, podem surgir problemas na relação de trabalho. Quando uma das partes sente que

um termo já antes negociado não está sendo cumprido, pode despertar um sentimento de

injustiça organizacional que por sua vez pode provocar absenteísmo, insatisfação,

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adoecimento, menor comprometimento e desempenho mais baixo (COHEN-CHARASH &

SPEDTOR, 2001; GREENBERG, 1990).

4.2 JUSTIÇA ORGANIZACIONAL

O conceito de justiça pode ser definido como uma virtude que consiste em dar a cada

um, em conformidade com o direito, o que por direito lhe pertence. (Novo Dicionário Aurélio,

2000). A palavra justiça foi derivada do latim iustitia. Este era o nome de uma deusa romana

que personificava a justiça, representada por uma estátua com olhos vendados, indicando que

a justiça é, ou pelo menos deveria ser, imparcial, sem favorecimentos ou favores,

independente da identidade ou do poder dos indivíduos que buscam a justiça, indicando a

igualdade de direitos entre todos (SILVA, 2003).

Segundo Ulpiano, jurisconsulto romano, (150 a 228 A.C.): "Iustitia est constans et

perpetua voluntas ius suum cuique tribuendi" (Digesto – Digesta, liv. I. tít. 1, p. 10),

correspondendo a “A justiça consiste em dar a cada um o que é seu". Assim, justiça é a

vontade firme e constante de respeitar todos os direitos e de cumprir todos os deveres segundo

Tomás de Aquino (LIMA, 2007).

O sentimento de justiça é intrínseco à consciência humana, isto é, no homem normal

dotado de discernimento do bem e do mal, do certo e do errado, do que é justo e injusto e por

isso tem sido discutido desde a Antiguidade em diversas partes do mundo, e encontrado em

vários textos de caráter religioso ou não. (LIMA, 2007).

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Um dos exemplos mais interessantes e estruturados pode ser encontrado na República

de Platão. Um dos primeiros a estabelecer as bases teóricas da justiça foi Céfalo, um ancião

Ateniense, que apresentou a justiça como “falar a verdade, pagar as dívidas” e honrar os

deuses; ou seja, Céfalo identifica a justiça basicamente com a boa conduta.

Seu filho Polemarco tem uma percepção muito similar ao pai sobre o que seria justiça,

porém com uma ligeira alteração, pois para ele a “justiça parece consistir em dar o que lhe é

devido e conveniente”, implicando que a “justiça consiste em fazer bem aos amigos e o mal

para os inimigos”, sendo esta uma máxima do sistema moral grego (BHANDARI, 1998;

HINMAN, 2007).

No entanto Trasímaco, um sofista grego, apresenta uma visão cínica da justiça - nova e

crítica – na qual quem possui o poder define o que é justo ou não. Define-se, assim, a justiça

como “o interesse e a conveniência do mais forte”, ou seja, a justiça seria imposta pelo grupo

de maior poder a todos os outros, tornando assim justo o que seja do interesse dos mais fortes,

assim como as leis seriam feitas pelos grupos dominantes para beneficiar o interesse próprio.

Nesta lógica, aqueles que violassem tais leis seriam punidos, pois a violação implicaria uma

violação da justiça.

Ampliando estas definições iniciais de justiça, o irmão mais velho de Platão, Glaucón

desenvolveu uma nova argumentação - que seria conhecido posteriormente como a teoria

social do contrato - defendendo basicamente que somente somos morais porque nos é

conveniente, ou então porque somos forçados a ser.

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Glaucón descreve a evolução histórica da sociedade tendo a justiça como uma

necessidade no sentido de prover uma proteção para os mais fracos. Nos estágios mais

primitivos das sociedades, onde não havia lei nem governo, os homens eram livres para agir

de acordo com seus desejos; desta maneira os mais fortes se aproveitavam de sua condição

para explorar os mais fracos, que se sentiam cada vez mais injustiçados. A partir desta

situação criou-se um sistema de leis e de governo através de uma espécie de contrato social,

aliado com a crença da filosofia do justo. Ou seja, segundo Glaucón, a justiça vista desta

maneira seria algo artificial, sendo simplesmente o produto de uma convenção, que consegue

controlar a natureza egoísta humana.

Platão aponta que as teorias de justiça compartilhavam de um elemento em comum,

todos eles tratavam a justiça como algo externo, mas não como a condição correta da alma

humana em sua plenitude, uma relação harmônica entre os três componentes da alma humana:

a sensibilidade, a vontade e o espírito.

Sendo assim algo interno e residente na alma humana, sendo natural e não artificial,

não nasce pelo medo dos fracos, mas do desejo da alma humana de cumprir um dever de

acordo com sua natureza, uma “virtude que torna um homem completo e bom, e socialmente

a justiça é uma consciência social que torna uma sociedade internamente harmoniosa e boa”

(BHANDARI, 1998).

No entanto, as discussões de Aristóteles sobre a virtude da justiça, foram o ponto

inicial para praticamente todos os trabalhos ocidentais nesta área. Para o filósofo o elemento

central da justiça é tratar todos os casos de maneira igual, uma idéia que fez vários outros

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pensadores se indagarem sobre quais similaridades ou critérios são relevantes, tais como

necessidade, mérito ou talento. Aristóteles vai além ao distinguir entre a justiça na

distribuição de riquezas ou outros bens (justiça distributiva) e justiça no caso de reparação,

como por exemplo, no caso de punir alguém por algum ato (justiça retributiva) (Britanica

Concise Encyclopedia, 2007).

Vários outros filósofos discorreram sobre a justiça, por exemplo, Kant declarou: "Se a

justiça pudesse perecer, não teria sentido e nenhum valor que os homens vivessem sobre a

terra". Portanto, a justiça é importante, não apenas no campo do Direito, mas em todos os

fatos sociais por ela alcançados. A vida em sociedade, sem a justiça, seria insuportável

(ARENDT, 1993).

A psicologia social trouxe sua contribuição ao entender o fenômeno da justiça como

uma situação não somente individual, mas também, e principalmente uma experiência de

grupo, pois como as relações ocorrem entre as pessoas e na distribuição de resultados e de

recompensas, sempre há quem os distribua e quem os receba, além de existirem também os

que disputam a recompensa, ou têm interesse na efetivação da justiça, em um grupo

(ASSMAR, 2000).

Os processos de comparação que ocorrem entre os indivíduos de um grupo foram

estudados e estruturados de modo pioneiro por Festinger (1954) em sua teoria da comparação

social. Estas pesquisas permitiram entender melhor o processo pelo qual as pessoas se

comparam no curso das inúmeras interações cotidianas (WHEELER & MIYAKE, 1992;

MUSSWEILER, 2003; WOOD, 1996).

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Os estudos sobre a justiça no local de trabalho, ou seja, a justiça organizacional tem

crescido nos últimos anos. Os estudos pioneiros foram fundamentados na teoria da eqüidade

(ADAMS, 1963), que se refere à justiça percebida ligada aos resultados. O empregado avalia

a proporcionalidade entre o investimento realizado e os resultados ou recompensas

proporcionados pela organização, tomando como base o que ocorre com ele e colegas de

trabalho. A teoria da eqüidade é um dos modelos teóricos da abordagem de justiça

distributiva, que se refere ao conteúdo das distribuições e à justiça dos resultados alcançados

(ADAMS, 1965; AUSTIN & WALSTER, 1974).

Segundo a teoria da equidade as pessoas se comparam umas com as outras, julgando

se há eqüidade entre os investimentos e contribuições, por um lado, e recompensas e

resultados, por outro. Hipotetiza-se que havendo percepção de iniqüidade as pessoas são

motivadas a restaurar o equilíbrio entre o esforço investido e os resultados (ADAMS, 1965).

No entanto, a teoria da eqüidade e os outros modelos de justiça distributiva não

conseguiram predizer e explicar satisfatoriamente as reações das pessoas à injustiça

percebida. Surgiu, então, a abordagem da justiça processual, desenvolvida por Thibaut e

Walker (1975), melhorando o entendimento de justiça organizacional, sugerindo que as

recompensas materiais não como o único determinante dos sentimentos e atitudes dos

indivíduos em face das distribuições de recompensas.

Nesta abordagem proposta os autores passam a enfatizar a qualidade do processo de

tomada de decisão e a opinião sobre os envolvidos sobre a integridade do processo utilizado.

Ou seja, o modelo de justiça processual utiliza como independentes o julgamento das pessoas

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sobre as recompensas e o julgamento da justiça do processo pelo qual houve a distribuição

(BEN-ARI, YISHAY e HAR-EVEN, 2006).

A justiça processual envolve a percepção de justiça do processo através do qual são

estabelecidos os resultados e recompensas. Pois os resultados são frutos de processos e

procedimentos, o que leva os trabalhadores a desejarem saber como foram feitas as avaliações

de desempenho, quais os critérios adotados nas promoções e regras utilizadas para demissões

de empregados, entre outros.

Thibaut e Walker (1975) defendem que as pessoas podem até aceitar bem resultados

desfavoráveis, desde que os procedimentos para se alcançar estes resultados sejam vistos

como legítimos e justos, inclusive possibilitando aos envolvidos expressar suas opiniões e

defender suas posições durante o processo. Essa perspectiva sugere que a distribuição de

recompensas nem sempre é tão relevante quanto os procedimentos através dos quais elas são

liberadas (LIND, KANFER & EARLEY, 1990).

Aproximadamente na mesma época, surge também a abordagem da justiça

interacional. Esta dimensão enfoca o aspecto interpessoal das práticas organizacionais; mais

especificamente, o tratamento interpessoal e a comunicação entre a chefia e os seus

subordinados (COHEN-CHARASH & SPECTOR, 2001).

Os elementos sociais ganham destaque na justiça interacional (COLQUITT,

CONLON, WESSON, POSTER e Ng, 2001). Desde o seu aparecimento, essa dimensão da

justiça tem provocado polêmica. Por exemplo, Cropanzano e Greenberg (1997) declaram que

há dificuldade na distinção conceitual entre a justiça processual e a interacional.

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Diversos estudos apóiam a distinção entre a justiça distributiva e a processual

(GILLILAND, 1994; SWEENEY & McFARLIN, 1993). Entretanto, os dados disponíveis não

são conclusivos quanto à diferença entre as dimensões interacional e processual da justiça.

Alguns estudos suportam essa diferença e indicam que a justiça interacional e processual

deveriam ser tratadas como construtos diversos (COLQUITT, 2001; RANDALL et al., 1999;

MASTERSON et al., 2000). Ao contrário, outros estudos não encontraram distinção entre os

dois tipos de justiça (CROPANZANO & GREENBERG, 1997; KONOVSKY &

CROPANZANO, 1991).

Alguns autores desdobram a justiça interacional em justiça interpessoal e justiça

informacional (COLQUITT, CONLON, WESSON, PORTER & Ng, 2001). A interpessoal

diz respeito à sensibilidade social, ou seja, ao grau com que o gestor adota um tratamento

educado, honesto e de respeito em relação às pessoas afetadas pelos procedimentos e decisões

distributivas de justiça. A informacional se refere ao fornecimento de informações e

explicações acerca das decisões tomadas.

A perspectiva de quatro dimensões da justiça organizacional proposta por Greenberg

(1993): justiça distributiva, processual, interpessoal e informacional foi adotada na presente

pesquisa. Tomou-se tal decisão com base em estudos prévios que indicam que este modelo de

quatro dimensões se ajustou melhor aos dados, em algumas categorias profissionais

brasileiras e portuguesas, do que o modelo em que as dimensões interpessoal e informacional

aparecem congregadas num único fator interacional (REGO, 2001; ASSMAR et al., 2002).

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A pesquisa prévia tem indicado que os empregados que têm percepções mais

favoráveis de justiça, acerca da organização em que trabalham, tendem mais a: acatar as

decisões da gerência, apresentar comportamentos socialmente favoráveis e evitar

comportamentos anti-sociais (TEPPER, 2001; SKARLICKI & FOLGER, 1997). Além disso,

os empregados tendem a apresentar melhor saúde quando percebem as organizações como

mais justas.

Em um estudo recente Almeida e Monteiro da Silva (2006) encontraram uma forte

associação entre e a saúde geral percebida e a justiça distributiva; os indivíduos que estavam

situados no grupo de menor percepção de justiça distributiva apresentavam 2,57 vezes (IC

95% - 1,46-4,52) maior probabilidade de relatar uma baixa percepção de saúde geral do que

os indivíduos que tinham uma maior percepção de justiça, e uma razão de chance de 2,79 (IC

95% - 1,93 – 4,02) de reportar burnout na dimensão de ineficácia profissional em relação ao

mesmo grupo, indicando que a percepção de injustiça organizacional pode ser danosa para os

empregados.

Segundo Greenberg (1990), a justiça organizacional é um requisito básico para o

funcionamento eficaz das organizações e a satisfação pessoal dos seus membros. Cropanzano

e Greenberg (1997) assinalam que a justiça é algo que os indivíduos usam para definir suas

relações com seus empregadores.

Cohen-Charash e Spector (2001) observaram que o desempenho e os comportamentos

anti-produtivos no trabalho, como por exemplo: procrastinar, sonegar informações, entre

outros que são considerados como conseqüências da injustiça percebida, estavam

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principalmente relacionados com a justiça processual. Ainda no estudo acima referido, o

comportamento de cidadania organizacional (por exemplo, altruísmo e consideração) foi

significantemente predito pela justiça processual e distributiva. A confiança na organização

correlacionou-se diretamente com as percepções de justiça distributiva (r(p)= 0,43),

processual (r(p)= 0,48) e interacional (r(p)= 0,40). A satisfação com o trabalho apresentou

correlação com a percepção de justiça distributiva (r(p)= 0,47), processual (r(p)= 0,43) e

interacional (r(p)= 0,41). Os dados indicam que as organizações têm benefícios quando se

comportam de modo considerado justo por seus membros.

Estudos também têm mostrado que as reações à injustiça organizacional são maiores

quando o empregado percebe que houve uma injustiça distributiva acompanhada de

procedimentos injustos, não éticos e um tratamento interpessoal inadequado (SKARLICKI &

FOLGER, 1997).

Ou seja, as dimensões de justiça têm um forte componente interacional. Em um estudo

de Kickul (2002) o comportamento de trabalho impróprio foi maior quando após uma

percepção de violação de contrato foi acompanhada de uma percepção de injustiça

organizacional nas dimensões processual e interacional.

Os conceitos de quebra de contrato e injustiça organizacional são bem próximos, pois

uma quebra de contrato pode ser vista como uma injustiça distributiva para com uma das

partes. Alguns autores têm incorporado a quebra de contrato como uma forma de injustiça

distributiva (KICKUL et al, 2001).

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A intensidade das reações emocionais e comportamentais que se configuram após

uma percepção de quebra de contrato pode ser moderada pela maneira que o individuo

percebe o contexto organizacional em que esta quebra de contrato ocorre (KICKUL et al,

2001).

Este contexto inclui também o quão justo o indivíduo foi tratado pela organização no

processo. Ainda mais especificamente os resultados podem ser moderados por diferentes

dimensões de justiça organizacional: nos resultados obtidos, nos procedimentos

implementados e também na qualidade de tratamento interpessoal recebido pelo individuo

(KICKUL et al, 2001).

A insatisfação gerada pela percepção de quebra de contrato pode ser ainda maior no

caso de não haver também justiça interacional no processo, ou seja, os motivos e informações

não serem divulgadas de modo a justificar o descumprimento de promessas ou a não

distribuição das recompensas.

A ausência de explicações adequadas ou justificativas combinadas com a falta de

cumprimento da promessa pode sugerir que o empregado não merece respeito e que é visto

como um membro insignificante da organização, e pode vir a desenvolver sentimentos fortes

de raiva e culpar a organização por ser a causadora do resultado insatisfatório. Almeida e

Monteiro da Silva (2006) fornecem suporte empírico a esta afirmação.

Na pesquisa realizada com funcionários de nível operacional, o grupo que apresentava

baixa percepção de justiça distributiva aliada com baixa percepção de justiça interacional,

possuía uma maior percepção de ineficácia profissional do que o grupo que apresentava baixa

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percepção de justiça distributiva, mas uma percepção maior de justiça interpessoal

(ALMEIDA & MONTEIRO DA SILVA, 2006)

De acordo com Tepper (2001), as relações da justiça processual com alterações de

sofrimento psíquico eram mais fortes quando a justiça distributiva era baixa. Esses achados

apóiam um modelo integrativo dos processos de justiça e estresse, que caracteriza a

informação sobre justiça distributiva como um input para a apreensão de dano/ameaça (isto é,

apreensão primária) e a justiça processual como um input para a apreensão de recursos de

coping, ou seja, o processo de enfrentamento de estressores. Dado que as pessoas precisam de

pouca informação sobre recursos de coping, quando elas não experimentam dano ou ameaça,

a justiça processual seria menos importante quando a justiça distributiva fosse elevada.

Dados nacionais ainda são escassos, todavia, Monteiro da Silva e Almeida (2004)

encontraram uma associação inversa e significativa entre a exaustão emocional e o

comprometimento afetivo. No modelo cúbico de regressão simples, a exaustão explicou 18%

da variância do comprometimento. O poder preditivo do burnout foi maior para os

participantes masculinos (R2 = 0, 276), em comparação com os do gênero feminino (R2 =

0,087).

O comprometimento afetivo dos homens foi, então, mais prejudicado, pelo estresse

ocupacional, do que o das mulheres, ou seja, o estresse ocupacional tinha um maior impacto

no comprometimento organizacional do que no caso das mulheres, sugerindo que homens

sujeitos a um alto nível de estresse têm o seu comprometimento mais diminuído, em relação

às mulheres. Além disso, houve uma tendência de superioridade do comprometimento afetivo

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na amostra feminina, em relação ao masculino (p-valor =0,053), mostrando uma tendência de

que as mulheres possam ser mais comprometidas do que os homens.

Schneider, Gunnarson e Niles-Jolly (1994) defendem que os julgamentos de justiça e a

conseqüente confiança na organização são resultantes da percepção de há um “mundo justo na

organização” e produzem nos empregados sentimentos de confiança que, por sua vez, são

responsáveis por manifestações de comportamentos de cidadania organizacional.

Segundo Wiesenfeld, Brockner e Thibault (2000), os gerentes que percebiam os

procedimentos de dispensa de empregados como mais injustos relatavam que executavam

menos os comportamentos eficazes necessários em tempos de mudança organizacional. Além

disso, a relação entre a injustiça processual e o comportamento de gerência eficaz foi mediada

pela auto-estima dos gerentes. Quanto maior a injustiça processual, mais baixa a auto-estima

dos gerentes e menor a freqüência de comportamento gerencial eficaz, além de um menor

comprometimento organizacional.

4.3 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL

O comprometimento é definido como uma força que mantêm um indivíduo a um curso

de ação com relevância para um ou mais partes. Assim, o comprometimento se distingue de

formas de motivação baseadas em troca e ações baseadas em resultados e pode influenciar o

comportamento mesmo na ausência de motivação extrínseca ou atitudes positivas, fazendo o

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comportamento individual ser mantido mesmo em situações onde existem racionalmente

reações para mudá-lo (BRICKMAN, 1987 apud MEYER e HERSCOVITCH, 2001).

O comprometimento organizacional corresponde a uma ligação ou um estado

psicológico do indivíduo associado à organização, que o estimula a empreender esforços,

internalizar e adotar os valores e conseqüentemente permanecer na organização (O´REILLY

& CHATMAN, 1986 apud MEYER e HERSCOVITCH, 2001). Mowday, Porter e Steers

(1982 apud MEDEIROS, 2003) afirmam que o comprometimento organizacional pode ser

caracterizado por três fatores:

a) uma forte crença e a aceitação dos objetivos e valores da organização;

b) estar disposto a exercer um esforço considerável em beneficio da organização; e

c) um forte desejo de se manter membro da organização.

No entanto, ainda existe pouco consenso sobre o que vem a ser o comprometimento

organizacional, sendo definido e mensurado de forma muito diversa (MEYER e

HERSCOVITCH, 2001), pois alguns modelos conceituais do comprometimento são tratados

como unidimensionais, enquanto vários outros autores têm considerado o comprometimento

como um construto multidimensional (MEYER e HERSCOVITCH, 2001).

Um dos primeiros autores a considerar o comprometimento como um construto

multidimensional foi Kelman (1958 apud MEDEIROS, 2003), que utilizou três bases

diferentes em que os empregados poderiam estar comprometidos com a organização:

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a) Submissão - ou motivação instrumental, motivado por recompensas extrínsecas;

b) Identificação – envolvimento que se baseia em um desejo de pertença, ou seja,

afiliação;

c) Internalização – envolvimento que ocorre quando os valores do individuo e da

organização coincidem;

Atualmente, entre os autores que consideram o construto multidimensional, os estudos

têm indicado as seguintes dimensões para o comprometimento: comprometimento afetivo

(CA), comprometimento calculativo (CC) e o comprometimento normativo ou moral (CN)

(ALLEN & MEYER, 1996). No Brasil a validação do instrumento de comprometimento

organizacional foi feita por Medeiros (1997), Ricco (1998) e Bandeira (1999). As três

dimensões têm implicações diretas para a permanência na organização, todavia diferem

bastante em termos conceituais.

Segundo Medeiros (2003) o enfoque afetivo dominou a literatura por muitos anos, e

surgiu a partir das pesquisas pioneiras de Lyman, Porter e sua equipe, onde assumiam esta

dimensão como atitudinal (Mowday, Steers e Porter, 1979; Mowday, Porter e Stress, 1982

apud Medeiros, 2003). Mowday, Steers e Porter defendem que o comprometimento afetivo

vai muito além de uma postura de lealdade passiva em relação à organização e envolve

também um relacionamento ativo de buscar o seu bem estar da organização. Criaram, ainda,

um instrumento para medir o comprometimento conhecido como Organizational Commitment

Questionnarie (Mowday, Steers e Porter, 1979). Tal instrumento, no caso brasileiro, foi

validado por Borges-Andrade, Afanasief e Silva (1989) apresentando coeficiente de

consistência interna, considerado bom, com alfa de Cronbach = 0,80.

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O comprometimento afetivo está ligado à identificação, envolvimento e ligação

emocional com a organização. Os empregados com elevado CA ficam na organização porque

querem, identificam-se com ela, aceitando os seus valores e objetivos e se dispondo a ajudá-la

a atingi-los. Além disso, segundo extensa literatura o comprometimento afetivo está associado

normalmente a boas experiências e satisfação no trabalho, sendo uma ligação espontânea e a

que, segundo a literatura, apresenta melhores resultados pessoais e organizacionais (ALLEN e

MEYER, 1996).

O enfoque instrumental ou calculativo é de acordo com Medeiros (2003) o segundo

enfoque mais considerado na literatura de comprometimento organizacional. Este enfoque foi

derivado do estudo de Becker (1960), o qual descreve o comprometimento instrumental como

uma tendência do individuo em se comportar em “linhas consistentes de atividade”, em

inglês, side bets, ou seja, trocas laterais, assumindo papeis, e comportamentos para

permanecer na organização, se for o mais vantajoso a se fazer de acordo com sua percepção.

O CC envolve o reconhecimento dos custos associados a deixar a organização. Os

indivíduos com elevado CC permanecem na organização por conveniência ou porque

precisam. Eles relutam em perder os investimentos que acumularam na organização e que

provavelmente não conseguirão substituir ou compensar em outro emprego, indicando que os

custos de se desligar da organização são demasiadamente grandes para que considere outras

opções, pois envolvem uma avaliação dos custos associados a sair, ou seja, trata-se de um

cálculo de perdas e ganhos nas trocas que o indivíduo faz com a organização.

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O individuo que conta com uma predominância desta base de comprometimento

permanece no seu emprego por não possuir outra opção que seja tão boa financeiramente

quanto a atual, por falta de alternativas no mercado ou, ainda, por ainda por multas ou

despesas na saída do atual emprego que seriam mais prejudiciais do que a permanência no

atual trabalho.

No entanto, McGee e Ford (1997 apud MEDEIROS, 2003) em um trabalho cujo

propósito era o de testar as propriedades psicométricas da escala de Allen e Meyer, acabaram

por confirmar sua boa confiabilidade, mas encontraram mais duas dimensões na escala

instrumental. A primeira se relacionava com a falta de oportunidades externas e a segunda

continha itens que refletiam um sentimento de pressão dos demais integrantes da empresa ou

do grupo e o sacrifício pessoal em deixar a organização, surgindo assim a base teórica para a

abordagem normativa do comprometimento organizacional.

Wiener (1982 apud MEDEIROS, 2003) define esta – nova - dimensão de

comprometimento como todas as pressões normativas internalizadas que fazem que um

indivíduo aja de determinadas maneiras e escolha um caminho que vá ao encontro dos

objetivos e valores organizacionais. Estas pressões são normalmente derivadas da cultura da

empresa, impondo padrões de ação e de comportamento, utilizando normas e regulamentos ou

missões fortes e disseminadas por toda a organização (MEDEIROS, 2003).

Isto é, o CN está baseado num senso de dever ou obrigação para com a empresa. Os

que permanecem na empresa devido a um comprometimento moral tomam esta posição

respondendo à pressão dos demais, tendo a convicção de que isso é correto e moralmente

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adequado, acreditando que “devem” permanecer na organização, pois têm uma dívida moral

com ela, ou com as pessoas que lá trabalham.

O comprometimento organizacional tem sido amplamente estudado, contando com

uma ampla base de artigos e pesquisas realizadas nacionalmente e internacionalmente,

resultado da estruturação do tema, sua importância prática e teórica e criação de instrumentos

padronizados para a pesquisa.

Um estudo de Lago (1996), por exemplo, testou a existência ou não de diferença

significativa no nível de comprometimento organizacional dos controladores de tráfego aéreo

(CTA's) civis e militares e preditores do comprometimento.

O estudo evidenciou um nível de comprometimento baixo sem diferença significativa

no comprometimento de civis e militares. O modelo preditivo conseguiu explicar 48% da

variabilidade do comprometimento organizacional do CINDACTA I. As variáveis do grupo

gestão eficaz de recursos humanos foram as melhores preditoras. Foram propostas

intervenções para elevar o nível de comprometimento no CINDACTA I, tais como: maior

apoio ao desempenho dos CTA's, melhoria no relacionamento interpessoal e melhorias no

salário. Este baixo comprometimento já foi verificado neste estudo exploratório em 1996,

que aponta alguns fatores responsáveis pela baixa motivação e outros problemas dos

controladores de vôo, considerados como um dos maiores responsáveis pela crise da aviação

comercial brasileira, conhecido como apagão aéreo, ocorrido em 2007 (VEJA, 2007).

Bastos e Borges-Andrade (2002) utilizaram instrumentos para coletar dados sobre o

comprometimento com a organização, com a carreira e com o sindicato, chegando a uma

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classificação constituída de uma combinação de oito tipos, com quatro pares antagônicos. Tal

classificação foi aplicada a indivíduos em várias empresas com características diversas como

administração publica direta, empresa metalúrgica, fundação de saúde e uma empresa de

telecomunicação.

Tais empresas ou culturas organizacionais comparadas apresentaram diferentes

padrões em relação ao comprometimento em seus diferentes níveis. Por exemplo, a empresa

de administração pública direta apresentou baixo comprometimento, predominância de um

grupo de “descompromissados”, uma alta proporção de indivíduos classificados como

“comprometidos somente com a carreira” e uma presença relativamente mais alta de

indivíduos dos grupos chamados de “sindicalistas” ou “profissionais sindicalistas”, perfil

diverso do encontrado em indústrias metalúrgicas que apresentou alto comprometimento

organizacional e uma proporção grande de indivíduos “comprometidos” e um alto

comprometimento com a carreira.

Rego e Souto (2004) introduzem um novo conceito - organizações autentizoicas, que

seriam organizações nas quais os empregados confiam nas pessoas para as quais trabalham,

têm orgulho do que fazem e sentem prazer em trabalhar com os outros. Este construto

compreende as dimensões de espírito de camaradagem, credibilidade do superior,

comunicação aberta com o superior, oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento

pessoal, eqüidade e conciliação trabalho-família. O trabalho teve como objetivo verificar

como estas dimensões explicariam o comprometimento organizacional nas dimensões afetiva,

normativa e instrumental.

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47

No entanto os resultados foram diferentes para as amostras portuguesas e brasileiras.

Na amostra portuguesa o espírito de camaradagem explicou 38% da variância do

comprometimento organizacional, ao mesmo tempo, a existência de oportunidades de

aprendizagem e desenvolvimento pessoal explicou quantidade também altamente significativa

(p-valor=0,001). O comprometimento normativo e calculativo foram explicados

principalmente pela credibilidade dos superiores, de modo também significativo (p-

valor=0,001).

Neste estudo os empregados brasileiros apresentaram antecedentes diferentes para

explicar as dimensões do comprometimento. O comprometimento afetivo nesta amostra

esteve relacionado com maior intensidade à credibilidade dos superiores (r² = 0,36) seguidas

pelo espírito de camaradagem (r² = 0,19); o comprometimento normativo esteve relacionado

igualmente com a credibilidade dos superiores e a presença de oportunidades de

aprendizagem e desenvolvimento pessoal.

Em uma pesquisa realizada com 750 funcionários do Banco do Brasil, Fonseca e

Bastos (2002) encontraram relações positivas entre o comprometimento organizacional

afetivo e percepção de um desempenho superior no trabalho e também a criatividade. Naves

e Coleta (2003) por sua vez, em outro estudo com o objetivo de determinar os antecedentes do

comprometimento organizacional, verificaram que o cumprimento das promessas

organizacionais, a percepção de um salário satisfatório, e oportunidades de treinamento

estiveram associadas a um maior comprometimento afetivo.

Um estudo conduzido por Wasti (2002), na Turquia, mostrou que o comprometimento

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afetivo é também uma função de experiências positivas no exercício da função, envolvendo

um trabalho agradável e bons resultados pessoais. Desta maneira, pressupõe-se que

experiências negativas como o estresse ou burnout estejam associados a um menor

comprometimento. O estudo supra mencionado de Wasti também gerou resultados

interessantes sobre a relação do tipo de comprometimento com outras variáveis. A correlação

entre CA e desejo de se desligar da organização foi significativa e inversa (r(p)= -0,64),

enquanto a correlação do desejo de sair da organização com o CC foi menor (r = -0,15). Esses

dados mostram que o CA é um melhor preditor da intenção de não se desligar de uma

organização do que o CC.

No estudo acima, foi também observada uma correlação positiva e significativa entre o

CA e a satisfação com a vida em geral (r(p)= 0,44), enquanto o CC não se relacionou

significativamente com a satisfação pessoal (r(p)= -0,05). Tais dados sugerem que

empregados que possuem um desejo de permanecer na organização relatam um maior nível de

bem-estar. Entretanto, os que estão na organização por não terem outras opções, ou porque os

custos de sair são muito grandes, não gozam de bem-estar e satisfação com suas vidas.

Observou-se também uma correlação direta significativa entre o CA e o comportamento

extra-papel (r(p)= 0,47), todavia não houve correlação significativa entre o comportamento

extra-papel e o CC.

Outro estudo por Vandenberghe, Bentein e Stinglambher (2002) mostrou que o

comprometimento afetivo pode estar relacionado com a organização, com a supervisão ou

com o grupo de trabalho. Além disso, estas áreas do CA podem ser fidedignamente

distinguidas, possuem antecedentes diversos e influenciam de modo específico e singular a

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intenção de sair da empresa e o desempenho no trabalho. O CA em relação à organização, à

supervisão ou ao grupo de trabalho apresentou sempre correlação negativa com a intenção de

deixar a organização: ( r(p)=- 0,71 , r(p)= -0,56 e r (p)= -0,55, respectivamente). Os dados

também sugerem que o CA é a forma de comprometimento que mais apresenta resultados

favoráveis e que poderia ser considerado o tipo mais produtivo e positivo de

comprometimento, mantendo o trabalhador motivado e satisfeito e, portanto, ajudando a

organização a atingir suas metas e objetivos.

4.4 QUEBRA DO CONTRATO PSICOLÓGICO E JUSTIÇA ORGANIZACIONAL

Uma grande parte da pesquisa sobre o contrato psicológico trata das reações dos

empregados às promessas não cumpridas pela organização. Rousseau (1995) aponta que

quando existe uma percepção que a organização não cumpriu as suas promessas, configura-se

uma quebra do contrato psicológico, sendo definida como a percepção do empregado de que

ele recebeu menos do que foi prometido. Sendo assim, existe um desequilíbrio, ou seja, uma

discrepância entre o que é prometido e o que é cumprido, podendo levar a algumas

expectativas não confirmadas, perda da confiança e a insatisfação com o trabalho (LEIRA,

PALMA, PINA e CUNHA, 2006).

No entanto, Rousseau (1989) defende que embora algumas promessas e obrigações

não sejam cumpridas, nem todas se configuram em sentimento de violação de contrato, que

vai além da percepção de quebra de contrato e inclui também sentimentos e dúvidas mais

gerais sobre a confiança e o respeito da organização pelos empregados.

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A teoria da relação social de troca propõe que os empregados são motivados a buscar

uma relação justa entre eles e a organização (HOMANS, 1961 apud TURNLEY, 2005), mas

quando existem discrepâncias o cumprimento do contrato, configura-se um desequilíbrio na

relação de troca, o que se caracteriza como uma injustiça distributiva, então para equilibrar a

relação após a quebra de contrato, os empregados são motivados a reduzir o seu

comprometimento com a organização ou contribuir menos para a organização de uma forma

geral (TURNLEY, 2005).

No entanto, a violação do contrato psicológico é conceitualmente distinta da quebra do

contrato psicológico, embora esteja normalmente relacionada. Pois a violação de contrato

psicológico é definida como o estado emocional ou afetivo que pode, mas que não

necessariamente ocorre após uma percepção da quebra de contrato, estando frequentemente

associada a sentimentos de ódio, injustiça, ressentimento e desconfiança que surge após a

percepção que o contrato psicológico não foi cumprido (RAJA, JOHNS & NTALIANIS,

2004 apud TURNLEY, 2005).

Segundo o The American Heritage Dicitionary of The English Language (2002), na

língua inglesa os termos breach e violation são sinônimos, no entanto, a ruptura (breach) e a

infração (infraction) são palavras menos específicas, indicando simplesmente o não

cumprimento de promessas ou contratos, enquanto uma violação (violation) é um ato

cometido de maneira proposital e com um completo desrespeito a considerações legais,

morais ou éticas no ato de não cumprir as promessas ou contratos estabelecidos.

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A distinção entre os dois termos: quebra e violação de contrato, apresenta uma grande

importância para o estudo do contrato psicológico. Em um artigo Robinson e Morrinson

(2000) fazem a distinção de maneira clara e objetiva, apresentando os fatores que explicam

quando uma quebra de contrato psicológico pode se transformar em um sentimento de

violação de contrato psicológico.

Alguns pesquisadores notaram o papel moderador das dimensões de justiça nestas

reações (MORRINSON e ROBINSON, 1997; ROUSSEAU, 1995) definindo o contexto em

que a quebra é percebida como uma violação de contrato. O modelo seguinte adaptado de

Robinson e Morrinson (2000) ilustrar o processo (figura 3):

Figura 3: Fatores preditores da percepção de violação de contrato (Adaptado de Robinson e Morrison, 2000)

Violação de Contrato

Quebra de Contrato

PROCESSO DE INTERPRETAÇÃO

Justiça percebida

Atribuição de Causalidade

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Robinson e Morrinson (2000) afirmam que a quebra de contrato é um evento que não

leva necessariamente a uma percepção de violação de contrato psicológico, pois, após a

percepção de quebra de contrato os indivíduos entram em um processo de interpretação, pelo

qual buscam entender o contexto em que a quebra ocorreu e de significado do evento, e tal

interpretação envolve não somente o resultado da quebra (justiça distributiva), mas também

porque a situação ocorreu, ou seja, os fatores envolvidos e também como o individuo foi

tratado durante todo o processo em que a quebra ocorreu.

Turnley e Feldman (1999) desenvolveram um framework para descrever o processo de

apreensão da violação de contrato psicológico. Eles examinam em quais condições as

promessas não cumpridas passam a ser percebidas como violações de contrato, utilizando

fatores como a fonte de promessas, ou seja, quais agentes que fizeram a promessa, o tipo de

promessa que não foi cumprido, algumas características individuais, a magnitude da

discrepância entre o prometido e o recebido, o tempo entre a promessa e a discrepância e a

causa percebida para que as promessas não tenham sido cumpridas. Os dados indicaram que

os gerentes tinham maior probabilidade de procurar por um novo emprego se apresentassem

sentimentos de violação de contrato e baixa percepção de justiça processual.

Ainda segundo Turnley e Feldman (1999) a discrepância entre a compensação, ou

seja, uma injustiça distributiva apresenta uma maior probabilidade de ser percebida como uma

violação de contrato psicológico, pois a distribuição de recompensa é considerada como

muito importante pois: influenciam o padrão de vida, o sentimento de equidade em relação

aos outros empregados, além de serem mais facilmente percebidos por serem tangíveis e

comparáveis em relação aos colegas de trabalho.

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A quebra de contrato no que tange as recompensas, o que implica a perda dos

benefícios e de resultados esperados, faz com que os empregados busquem reequilibrar a

relação com a organização, muitas das vezes através de reações negativas, comportamentais

ou atudinais (KICKKUL e LESTER, 2001).

Um estudo conduzido por Robinsson, Kraatz e Rousseau (1994) apontou que

aproximadamente 55% dos empregados (estudantes de MBA) acreditavam que suas

organizações não cumpriram suas obrigações e promessas nos últimos dois anos. Além disso,

a violação do contrato psicológico esteve diretamente relacionada com o turnover e

inversamente correlacionada com a confiança e a satisfação.

A percepção de justiça é um dos fatores que permite entender melhor o contexto da

quebra de contrato. Pois, se espera que as reações sejam melhores em casos nos quais os

indivíduos percebem que o motivo de uma promessa não ter sido cumprida foi comunicado,

justo ou bem justificados, e sejam piores, nos casos onde a quebra de contrato ocorre sem uma

boa comunicação, de forma injusta ou sem uma razão plausível ou apenas para beneficiar um

grupo em relação ao outro.

Quando a quebra ocorre em um contexto de procedimentos injustos e não éticos,

acompanhados de tratamento igualmente não adequado, os empregados podem desenvolver

sentimentos de raiva e frustração e diminuição no comprometimento organizacional, ou seja,

experimentam uma violação no contrato psicológico (MORRINSON e ROBINSON, 1997).

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4.5 MODELO CONCEITUAL

O presente estudo se propôs a estudar as reações dos empregados à violação e a

quebra de contrato psicológico na percepção de justiça organizacional e no comprometimento,

nas diferentes dimensões destes construtos, nomeadamente a justiça distributiva, processual,

interpessoal e informacional e o comprometimento afetivo, normativo e calculativo. Foi

também analisado também o impacto da percepção de justiça organizacional em suas

diferentes dimensões no comprometimento organizacional. O modelo conceitual está

apresentado na figura 4:

Comprometimento Organizacional

Justiça

Organizacional .

Quebra do contrato

psicológico

Violação do contrato

psicológico

Figura 4 – Modelo Conceitual

5 METODOLOGIA

Nesta seção serão discutidos o tipo e método de pesquisa adotado no estudo, os

procedimentos utilizados, os critérios para a definição da amostra, os participantes e os

instrumentos utilizados no estudo.

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5.1 TIPO DE PESQUISA

Vergara (1997) propõe uma taxionomia para classificar os tipos de pesquisa, segundo

dois critérios básicos: quanto aos fins e quanto aos meios de investigação. No que se refere

aos fins, a pesquisa poder ser do tipo exploratória, descritiva, explicativa, metodológica,

aplicada ou intervencionista.

A pesquisa exploratória trata de uma modalidade de pesquisa utilizada principalmente

quando não existe trabalho científico anterior, buscando um conhecimento maior sobre o

tema. A pesquisa exploratória também é utilizada para casos em que, por falta de

familiaridade com o problema de pesquisa, é necessário um estudo que oriente a direção a ser

seguida. Este tipo de pesquisa admite a formulação de hipóteses, que podem surgir no

decorrer do trabalho, mas não é um elemento fundamental dessa modalidade de pesquisa.

A pesquisa descritiva busca descrever as características de determinada população ou

fenômeno, estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não têm o objetivo

de explicar os fenômenos que descreve, embora possa servir de base para tal explicação.

(VERGARA, 2000). A pesquisa descritiva pode ou não trabalhar com a formulação de

hipóteses e, muitas vezes, pode servir de base para estudos de relações causais.

(FERNANDES & GOMES, 2003).

Vergara (2000, p. 47) afirma que esse tipo de pesquisa "tem como principal objetivo

tornar algo inteligível justificar-lhe os motivos. Visa, portanto, esclarecer quais fatores

contribui de alguma forma, para a ocorrência de determinado fenômeno". Este tipo de

pesquisa utiliza a pesquisa descritiva como base para suas explicações.

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Resumidamente, um estudo exploratório seria o que se realizaria nos casos em que

houvesse pouco conhecimento do assunto, enquanto a pesquisa descritiva pretenderia apenas

descrever certo fenômeno ou população, podendo até estabelecer certas correlações acerca

dos fenômenos sem implicar, entretanto, causalidade. As relações de causa e efeito seria

objeto das pesquisas explicativas (VERGARA 1997).

A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como uma pesquisa

exploratória, descritiva (VERGARA, 1997) buscando expor características dos grupos

estudados, aplicando técnicas como análises de correlação para entender como os fenômenos

de quebra de contrato a percepção de justiça e comprometimento organizacional estão

associados, além de verificar as diferenças entre os diversos grupos na organização.

De certo modo, esta pesquisa também pode ser classificada segundo a classificação de

Vergara (1997) como aplicada ou prática que é “fundamentalmente motivada pela

necessidade de resolver problemas concretos, mais imediatos ou não”, pois envolve um

inventário das percepções dos termos do contrato para que a organização possa ter uma

política de recursos humanos e de comunicação adequadas de forma a evitar distorções entre

as partes.

No que se refere aos meios, ainda segundo Vergara (1997), as pesquisas podem ser

classificadas como de campo, de laboratório, telematizada, documental, bibliográfica,

experimental, ex-post facto, participante, pesquisa-ação e estudo de caso.

Quanto aos meios de investigação a pesquisa pode ser classificada segundo Vergara

(1997) como uma pesquisa bibliográfica e de campo.

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A pesquisa é classificada como bibliográfica, pois foram consultadas publicações

avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, dissertações, internet

entre outros meios. Fernandes e Gomes (2003) afirmam que a pesquisa bibliográfica é, sem

dúvida, uma das fontes mais importantes de pesquisa e constitui etapa prévia a ser feita em

um processo de pesquisa, seja qual for o problema em questão e tem como finalidade colocar

o pesquisador em contato com tudo o que foi dito, escrito ou filmado sobre determinado

assunto.

A pesquisa é classificada também como de campo, pois foram utilizados entrevistas

semi-estruturadas e questionários padronizados aplicados aos participantes da pesquisa.

5.2 MÉTODO DE PESQUISA

A pesquisa ou método científico normalmente é definido como quantitativo ou

qualitativo em função do tipo de dados coletados e das análises efetuadas, podendo ser

basicamente de natureza quantitativa ou qualitativa.

Na pesquisa quantitativa o pesquisador usa principalmente o paradigma pós-positivista

para criar o conhecimento, isto é, utiliza relações de causa e efeito entre variáveis, a reduz o

problema e sua análise a variáveis, hipóteses e questões bem específicas, fazendo uso de

instrumentos de medidas e observação, utilizando testes de hipóteses. Normalmente a

estratégia de pesquisa quantitativa emprega experimentos e surveys, coleta tais dados através

de instrumentos predeterminados que fornecem dados estatísticos (CRESWELL, 1998).

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A pesquisa quantitativa normalmente se mostra apropriada quando existe possibilidade

de medidas quantificáveis de variáveis e inferências a partir de amostras de uma população.

Esse tipo de pesquisa usa medidas numéricas para testar construtos científicos e hipóteses, ou

busca padrões numéricos relacionados a conceitos cotidianos. Em contrapartida, a pesquisa

qualitativa se caracteriza, principalmente, pela ausência de medidas numéricas e análises

estatísticas, examinando aspectos mais profundos e subjetivos do tema em estudo. (DIAS,

1999).

O termo pesquisa qualitativa é utilizado para designar qualquer tipo de pesquisa que

produz conclusões que não através de procedimentos estatísticos ou outros meios de

quantificação (STRAUSS & CORBIN, 1998 apud CRESWELL, 1998). Os métodos mais

comuns de coleta de dados qualitativos são: observação, entrevistas, análise documental e

materiais audiovisuais (CRESWELL, 1998).

A pesquisa qualitativa é indutiva, isto é, o pesquisador desenvolve conceitos, idéias e

entendimentos a partir de padrões encontrados nos dados, ao invés de coletá-los para

comprovar teorias, hipóteses e modelos preconcebidos. Os métodos qualitativos geralmente

empregam procedimentos interpretativos, pressupostos relativistas e representação verbal dos

dados, em contraposição à representação numérica (SUTTON, 1993).

De uma forma geral, os métodos qualitativos são menos estruturados, proporcionam

um relacionamento mais longo e flexível entre o pesquisador e os entrevistados, e lidam com

informações mais subjetivas, amplas e com maior riqueza de detalhes do que os métodos

quantitativos (DIAS, 1999).

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Atualmente, no entanto o debate sobre o método de pesquisa migrou de qualitativo ou

quantitativo para como as práticas de pesquisa se localizam em um continuum entre os dois

métodos (NEWMAN & BENZ, 1998 apud CRESWELL, 1998). A combinação de métodos

quantitativos e qualitativos com intuito de proporcionar uma base contextual mais rica para

interpretação e validação dos resultados é defendida por vários autores, principalmente pela

justificativa de que a abordagem mista permite usufruir as vantagens das duas disciplinas e

compensar suas limitações (KAPLAN & DUCHON, 1988; CRESWELL, 1998; RITCHIE &

LEWIS, 2003).

Para esta pesquisa foi utilizada uma metodologia mista, quanti-qualitativa. Segundo

Ritchie e Lewis (2003), a abordagem mista é particularmente útil para estudar fenômenos que

são demasiadamente complexos para serem tratados apenas com base quantitativa, onde

dados qualitativos sejam requeridos para apoiar, explicar ou entender melhor os resultados

estatísticos, ou utilizados em áreas onde o desenvolvimento teórico-conceitual não esteja

plenamente desenvolvido.

Trata-se então de responder questões que requerem uma medida, mas ao mesmo

tempo, um entendimento da natureza ou das origens do problema de pesquisa. As duas

abordagens utilizadas em conjunto, de maneira adequada, conseguem dar ao pesquisador um

tipo distinto de evidência e podem tornar-se um instrumento poderoso para informar, auxiliar

a prática e o entendimento do processo em estudo (RITCHIE e LEWIS, 2003).

O uso de metodologias mistas é uma alternativa para tratar das limitações dos estudos

do contrato psicológico por métodos puramente quantitativos, embora seja o mais utilizado na

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pesquisa acadêmica nos últimos anos. Conway e Briner (2005) apontam que 70% das

pesquisas empíricas utilizam metodologia quantitativa, que são criticadas principalmente por

não levar em consideração características do contrato e da violação de contrato, como a

questão do tempo, quais atributos são mais importantes e como são percebidos pelos

empregados.

Por exemplo, nos questionários se assume que o empregado percebe uma quebra de

promessa em relação à segurança do emprego e à falta de reembolso de despesas educacionais

como igualmente importantes, o que em muitos casos não é real e também não pode ser

generalizado entre os indivíduos.

Quando métodos qualitativos são utilizados, pode se levar em consideração a

existência de uma justificativa para que uma promessa não tenha sido cumprida. Se um

salário acima da média do mercado, ou um bônus não foi conseguido em um contexto de uma

situação adversa de mercado e passageira, o evento tende a ser percebido de maneira mais

suave do que a falta de aumento em um ambiente em que todos recebem ou que o aumento

salarial esteve completamente sob controle do empregador e não foi concedido por motivos

infundados; neste caso pode existir uma percepção de injustiça e até de violação do contrato.

Não se pode comparar a falta de aumento de salário ou de promoções em contextos

completamente diferentes para o empregado, seja em termos de reações ou atitudes ou mesmo

de percepção do evento de violação de contrato. Esta limitação dos surveys pode ser tratada

de modo mais adequado com a utilização de métodos qualitativos, nomeadamente a entrevista

em profundidade, para entender melhor o contrato psicológico.

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5.3 PARTICIPANTES

A presente pesquisa teve como foco uma rede de alimentação com unidades

distribuídas por todo o país. Os indivíduos foram contatados na empresa, e após

consentimento livre e informado, em que o sigilo de suas respostas foi garantido,

responderam ao questionário sócio-demográfico, as escalas de contrato psicológico,

percepção de justiça e comprometimento organizacional.

Os participantes foram selecionados nos níveis gerenciais e administrativos e

responderam aos instrumentos citados acima, num total de 108 questionários válidos. Para as

entrevistas foram selecionados cinco indivíduos que pudessem falar sobre o perfil de

empregado que a empresa busca, sobre o clima de trabalho, as recompensas, os atrativos e

diferenciais, ou seja, indivíduos que conhecessem bem a organização e seus valores. Estes

entrevistados ocupavam cargos seniores ou de gerência, principalmente na Gerência de

Recursos Humanos.

5.4 DEFINIÇÃO DA AMOSTRA

Como se trata de um estudo de metodologia mista, qualitativo e quantitativo, o

tamanho de amostra adequado varia substancialmente de acordo com método de pesquisa

escolhido e seus requisitos. Nos tópicos abaixo são discutidos os procedimentos para definir a

amostra para cada um dos métodos de pesquisa, quantitativo e qualitativo:

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5.4.1 Definição da amostra – Critérios Quantitativos:

Para a definição do tamanho da amostra em um estudo quantitativo as principais

variáveis a serem consideradas são a adequação do tamanho da amostra aos procedimentos

estatísticos utilizados, o erro aceitável destra amostra em relação à população, e a

representatividade da população a ser estudada. (LENTH, 2001).

O número de funcionários diretos, em maio de 2007, era de 829. Deste total, foram

obtidos 108 questionários válidos, respondendo por aproximadamente 13% dos funcionários,

indicando uma margem de erro de 8.8 % a um nível de confiança de 95 %.

5.4.2 Definição da amostra – Critérios Qualitativos:

O método qualitativo não apresenta a necessidade de tamanho de amostras

estatisticamente significativa, seleção de participantes de modo aleatório ou probabilístico

Ritchie e Lewis (2003).

Somente um caso pode ser considerado suficiente se apresentar os elementos

necessários para o estudo do fenômeno se conseguir responder as questões da pesquisa. O

número de entrevistados pode ser maior ou menor, se durante a execução das entrevistas

houver uma saturação teórica que se configura no ponto em que novas entrevistas não tragam

novas informações relevantes para o estudo do contrato psicológico (Ritchie e Lewis, 2003).

O número pode ser aumentado também se ao serem realizadas as entrevistas e não

existir consenso, ou se mais entrevistas puderem esclarecer melhor o problema de pesquisa,

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serão feitas até que se esgote teoricamente o tema, levando em consideração as limitações de

recursos e tempo da presente proposta de pesquisa.

Desta forma foram executadas cinco entrevistas, direcionadas a ocupantes de cargos

gerenciais que podem de alguma maneira comunicar de forma explicita ou não o contrato

psicológico da organização, estes indivíduos são chamados de contract makers por Rousseau

(1995).

A tabela 6 descreve resumidamente o perfil dos entrevistados, que foram entrevistados

através de um roteiro semi-estruturado (Anexo B):

Tabela 6 – Identificação dos entrevistados IDENTIFICACAO CARGO IDADE TEMPO DE EMPRESA

E1 GERENTE 47 ANOS 3 ANOS

E2 ANALISTA RH 26 ANOS 1,5 ANOS

E3 COORDENADORA 27 ANOS 3,5 ANOS

E4 ANALISTA RH 32 ANOS 4 ANOS

E5 COORDENADORA 26 ANOS 2 ANOS

5.5 PROCEDIMENTOS

Após a permissão da direção da empresa, seus empregados foram contatados para a

obtenção do consentimento individual informado. Foi garantido o sigilo em relação às

informações obtidas, sendo que nenhum membro foi identificado. Após o consentimento

pessoal informado, os participantes responderam aos instrumentos, na seguinte ordem: o

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questionário demográfico, escala de quebra e violação do contrato psicológico, a escala de

percepções de justiça, e finalmente a escala de comprometimento organizacional.

Cinco indivíduos nos cargos de coordenação e de gerência foram entrevistados

através de um roteiro semi-estruturado (Anexo B), para que se pudesse entender o contrato

psicológico que é apresentado pela empresa, e então entender as possíveis quebras e outras

características que são de difícil mensuração pelo método quantitativo. Estes indivíduos

responderam ao inventário de conteúdo do contrato psicológico para fins de comparação com

o contrato percebido pelos outros empregados.

5.6 TRATAMENTO DOS DADOS

5.6.1 Tratamento dos dados Quantitativos:

A entrada de dados dos questionários e as análises quantitativas foram feitas com o

uso do software estatístico comercial SPSS, versão 15, para a produção de: i) estatísticas

descritivas; ii) análises de correlação de Pearson, e Spearman iv) modelos de regressão

simples e múltiplas; v) Análise de consistência interna das escalas utilizadas (Alfa de

Cronbach); além de outras análises estatísticas relevantes, como testes de normalidade das

variáveis e dos resíduos, gráficos resíduos padronizados, entre outras. Todas as análises

envolveram um nível de significância de 5%.

Foi utilizado também o software estatístico EQS (Structural Equation Modeling

Software) versão 6.1, para as análises fatoriais confirmatórias das escalas, teste de

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normalidade multivariada, resíduos das regressões lineares, analise de dados faltantes e outros

procedimentos estatísticos variados.

5.6.2 Tratamento dos dados Qualitativos:

Para os dados qualitativos da pesquisa foi utilizado primeiramente um software para

auxiliar a transcrição de entrevistas em profundidade. O software Express Scribe

(www.nch.com.au/scribe/) foi escolhido para esta tarefa, pois é um player de áudio

profissional para PC ou MAC, compatível com os formatos mais comuns como MP3, WAV,

WMA, RA, RAM, AIFF, entre vários outros, além de contar com uma interface para

transferência de gravadores analógicos. Este software foi projetado especialmente para a

transcrição de gravações de áudio, gerando arquivos de texto, compatível com o Microsoft

Word para Windows, apesar de todos estes recursos o programa é gratuito.

Bradley (1993) afirma que em pesquisas qualitativas as grandes massas de dados são

quebradas em unidades menores e em seguida reagrupadas em categorias que estejam

relacionadas entre si para que padrões, temas e conceitos possam vir à tona. Para que estes

dados possam ser tratados e analisados de maneira adequada, utilizar-se-á a análise de

conteúdo.

A análise de conteúdo consiste em um conjunto de instrumentos metodológicos que

podem ser utilizados para análise de textos e para evidenciar os indicadores que buscar

padrões ou significados não facilmente identificáveis no discurso. Pode-se adotar uma

abordagem quantitativa ou qualitativa: na análise qualitativa pretende-se descobrir os "núcleos

de sentido" que compõem a comunicação a ser analisada; em uma abordagem de análise de

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conteúdo quantitativa busca-se a freqüência com que o índice se apresenta no discurso

(BARDIN, 1977).

Embora a análise de conteúdo possa ser feita manualmente, a utilização de softwares

para análise qualitativa apresenta muitas vantagens como: a maior facilidade de organizar e

arquivar os dados, buscar idéias e partes especificas do texto, com opções sofisticadas de

pesquisa, criação de anotações, diagramas e códigos, além de freqüentemente apoiarem a

construção de teoria através de relações entre as variáveis que foram criadas (CRESWELL,

1998 apud SANTOS, 2000).

Após a transcrição dos arquivos de áudio para formato de texto (TXT), a análise de

conteúdo das entrevistas individuais foi realizada com o auxilio do software para análises de

dados qualitativos, Hyper Research, versão 2.8, (www.researchware.com/) para criação das

categorias de discurso e auxílio na análise do conteúdo do discurso dos participantes.

5.7 INSTRUMENTOS

5.7.1 Métodos para Coleta de Dados

Como se trata de um estudo que utiliza métodos mistos, a pesquisa em questão utilizou

procedimentos para coleta de dados adequados para a pesquisa quantitativa e qualitativa;

portanto foram utilizados questionários e entrevistas.

O survey é uns dos procedimentos mais utilizados para coletar dados em pesquisas

quantitativas. Apresenta custo razoável, facilidade de aplicação e de resposta, simplicidade

para coletar e analisar os resultados e posteriormente investigar relações estatísticas entre as

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67

variáveis estudadas, além possibilitar generalizar os resultados obtidos de uma amostra para

toda a população (EDWARDS et al, 1997).

Pesquisas que utilizam surveys permitem à organização obter dados em uma grande

variedade de questões em que outros procedimentos de coleta não podem ser utilizados de

maneira eficiente ou eficaz (EDWARDS et al, 1997).

Ritchie e Lewis (2003) apontam que os principais procedimentos de coleta de dados

qualitativos são: observações, entrevistas, grupos focais, métodos biográficos como histórias

de vida e narrativas, além de análise de documentos e outros materiais audiovisuais.

A entrevista em profundidade é um dos principais métodos de coleta de dados em uma

pesquisa qualitativa. Esta técnica procura combinar questões pré-definidas com certa

flexibilidade, permitindo que os tópicos possam ser tratados em uma ordem natural para o

entrevistado e que questões não previstas possam surgir durante a entrevista. Com isso o

processo entre o pesquisador e o pesquisado torna-se altamente interativo, pois a resposta de

uma questão é o guia para o próximo questionamento do pesquisador (RITCHIE & LEWIS,

2003).

5.7.2 Instrumentos e Escalas Utilizados

Foram utilizados para a coleta de dados quantitativos: um questionário sócio

demográfico, as escalas de quebra e violação de contrato psicológico (incluindo o inventário

do contrato psicológico), a escala de comprometimento organizacional e a escala de justiça

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68

organizacional. Os autores e o alfa de Cronbach das escalas utilizadas em estudos anteriores

estão disponíveis na tabela 7:

Tabela 7 - Escalas utilizadas e Respectivas confiabilidades em estudos Anteriores

Escala Autor Alfa de Cronbach Quebra de Contrato Kickul et al (2001) 0,85 - Kickul et al (2001) Violação de Contrato Robinson & Morrinson (2000) 0,92 - Robinson & Morrinson (2000) J. Distributiva Colquitt (2001) 0,87 – Almeida e Monteiro da Silva (2006) J. Processual Colquitt (2001) 0,89 – Almeida e Monteiro da Silva (2006) J.Interpessoal Colquitt (2001) 0,86 – Almeida e Monteiro da Silva (2006) J. Informacional Colquitt (2001) 0,89 – Almeida e Monteiro da Silva (2006) C. Afetivo Allen & Meyer (1996) 0,89 – Almeida e Monteiro da Silva (2006) C. Normativo Allen & Meyer (1996) 0,89 – Almeida e Monteiro da Silva (2006) C. Calculativo Allen & Meyer (1996) 0,89 – Almeida e Monteiro da Silva (2006)

No total de sessenta e um itens, a maioria em escala tipo Likert de cinco pontos,

distribuídos em três páginas com tempo médio de preenchimento em torno de dez minutos. O

número de itens e a quantidade de páginas dos questionários são considerados adequados e

satisfatórios segundo alguns autores. Paul e Bracken (1995) indicam que uma survey com 80

a 100 itens, e tempo aproximado de 30 minutos é apropriada para a maioria das pesquisas

organizacionais.

Como os instrumentos foram preenchidos na organização, os respondentes tendem a

ser mais tolerantes a responder pesquisas mais extensas em relação a grupos que respondem

em suas casas ou em outros locais (EDWARDS et al, 1997).

5.7.2.1 Questionário Sócio Demográfico

Para compor o perfil sócio demográfico utilizou-se perguntas sobre gênero, idade,

estado civil, se o individuo tem filhos ou não, escolaridade, tempo de trabalho na organização,

nível hierárquico ou cargo ocupado na empresa. Estas informações foram coletadas com o

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propósito de comparar os diferentes grupos em relação ao de percepção de contrato, de justiça

e comprometimento.

5.7.2.2 Escalas de Quebra de Contrato Psicológico.

Foi utilizada na pesquisa a escala modificada de quebra de contrato psicológico de

Kickul et al (2002), que consiste em uma lista de obrigações da organização para com o

empregado, totalizando 26 promessas organizacionais, retiradas de entrevistas qualitativas de

gerentes de recursos humanos em empresas de engenharia, contabilidade e empresas

industriais dos Estados Unidos. No entanto os benefícios e promessas parecem ser similares

aos prometidos nas organizações brasileiras, portanto, foi feita somente a tradução livre dos

termos. As promessas estão relacionadas a salários competitivos, planos de saúde, condições

adequadas para realizar o trabalho, além de tarefas interessantes e desafiadores, treinamento e

oportunidades de promoção, reconhecimento e responsabilidades maiores. Rousseau (1990)

verificou que muitos destes itens eram as promessas mais comuns durante a fase de

recrutamento, corroborando então a utilização destes itens para a presente pesquisa.

Para o preenchimento do instrumento, os participantes deveriam indicar quais das

promessas haviam sido feitas pela organização, marcando esta opção no caso de fortes

sugestões de uma promessa, mesmo sem nada ter sido dito ou escrito, da mesma forma a

opção deve ser marcada no caso de promessas explicitas sejam elas verbais ou não.

Se o individuo perceber que a promessa foi feita pela organização, deverá marcar

numa escala Likert de cinco pontos, o grau em que a organização cumpriu sua promessa,

variando de “Não cumpriu” até “Cumpriu totalmente”, sendo o resultado invertido para

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refletir violação de contrato. A escala é utilizada também para medir o conteúdo do contrato

de trabalho, indicando quais promessas são feitas, sendo útil para verificar a diferença entre os

termos do contrato entre os diferentes grupos nas organizações. A escala está publicada no

anexo A, como parte do questionário aplicado.

O escore das escalas de quebra de contrato para cada participante foi computado

utilizando a soma dos itens das escalas dividida pelo numero de promessas feitas. Por

exemplo, se a soma dos itens for quarenta e o individuo perceba que houve dez promessas, o

resultado da escala de quebra de contrato será quatro.

5.7.2.3 Escala de Violação de Contrato Psicológico

Para mensurar a violação de contrato psicológico foi utilizado o instrumento

desenvolvido por Robinson e Morrinson (2000), com cinco itens, tipo Likert, indicando o

quanto o empregado concorda com quatro afirmações, variando entre “Concordo Plenamente”

e “Discordo Plenamente”. Segundo o autor a escala apresentou índice de consistência interna

de 0,92 (alfa de Cronbach), além de validade discriminante em relação ao construto de quebra

de contrato. Um exemplo da escala está presente no Anexo A.

5.7.2.4 Escala de Percepção de Justiça

Foi utilizada a escala de percepção de justiça de Colquitt (2001), tipo Likert, composta

de vinte itens seguidos de uma escala de seis pontos (oscilando de “nunca” a “sempre”). Os

itens estão distribuídos pelos quatro componentes do modelo de justiça proposto por Colquitt:

justiça distributiva; justiça processual, justiça interpessoal e justiça informacional.

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O instrumento já foi validado pelo autor em amostras norte-americanas de estudantes e

trabalhadores. No Brasil, Assmar, Ferreira, Souto, Souza, Mac-Ccord e Borges (2002)

realizaram um estudo para examinar a validade de construto. Eles verificaram, através de

análises fatoriais exploratórias, que os itens da escala reproduziram a estrutura fatorial

prevista pela teoria, com índices de consistência interna variando entre 0,82 e 0,89.

A dimensão distributiva envolve quatro itens, a processual sete, a interpessoal quatro e

a informacional cinco itens. O escore total varia potencialmente de vinte a cento e vinte,

sendo que um maior escore indica uma maior percepção de justiça. A escala também foi

testada por Almeida e Monteiro da Silva (2006) em amostras brasileiras, apresentando índices

de consistência interna (alfas de Cronbach) para as dimensões da justiça distributiva,

processual, interpessoal e informacional de 0,87; 0,89; 0,86 e 0,89, respectivamente.

Tais resultados indicam que a versão brasileira do instrumento possui precisão de

consistência interna e validade de conceito satisfatória para ser utilizada na pesquisa, sendo

adequadas para a população pesquisada. A escala está disponível no Anexo A.

5.7.2.5 Escala de Comprometimento Organizacional

A escala de comprometimento utilizada mede as três dimensões do comprometimento

organizacional, o comprometimento afetivo, calculativo e normativo. O comprometimento

organizacional foi medido por meio de escala de Allen e Meyer (1996) (Anexo A), que é

composta de 18 itens cada um deles seguido de uma escala com seis pontos, variando de

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“discordo totalmente” a “concordo totalmente”. O escore total pode variar potencialmente de

6 a 36 para cada uma das dimensões. Esta escala já foi validada em amostras americanas

(Allen & Meyer, 1996) e brasileiras (Assmar, Ferreira Souto, Braga, Rocha & Lamastra,

2002).

A escala foi previamente testada por Monteiro da Silva & Almeida (2004) na sua

dimensão de comprometimento afetivo e apresentou um coeficiente de consistência interna

(Alfa de Cronbach) de 0,86 , considerado bom.

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6 - ANÁLISE DOS DADOS

O capítulo de resultado das análises dos dados está distribuído pelos próximos itens,

na seguinte ordem: estatísticas descritivas, confiabilidade das escalas, testes de normalidade

dos dados, distribuição de freqüência, análises de correlação de Pearson, análise de correlação

de Spearman, regressão linear simples e múltipla e a análise de conteúdo (parte qualitativa).

6.1 Estatísticas Descritivas

A amostra foi composta principalmente por homens (63%), por indivíduos solteiros

(60%), sendo que 54,6% dos participantes tinham pós-graduação, a idade média foi 31,16

anos (d.p = 7,52), enquanto a experiência média de trabalho da amostra foi de 8,33 anos e 4,5

anos de tempo de permanência na empresa. Os dados sobre a amostra estão disponíveis na

tabela 8:

Tabela 8 - Dados da amostra

Gênero n % Estado Civil

n % Escolaridade n %

Masculino 68 63 Solteiro 60 55,6 2° grau completo 2 1,9 Feminino 40 37 Casado 39 36,1 Superior incompleto 12 11,1 Divorciado 5 4,6 Superior Completo 35 32,4 Outros 4 3,7 Pós Graduação 59 54,6 Total 108 100 Total 108 100,0 Total 108 100,0

Encontram-se a seguir as estatísticas descritivas para os valores das principais

variáveis utilizadas no estudo. Os valores mínimos, máximo, média e desvio padrão para os

respondentes são expostos na tabela 9:

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Tabela 9 - Estatísticas Descritivas das Escalas Mínimo Máximo Média Desv. Padrão

C. Afetivo 6,00 35,00 21,9659 6,49457 C. Calculativo 6,00 34,00 17,6214 6,20116 C. Normativo 6,00 36,00 17,9420 6,66905 Justiça Distributiva 6,00 24,00 17,1094 4,24422 Justiça Informacional 5,00 30,00 19,6085 5,55676 Justiça Interpessoal 4,00 24,00 18,7859 4,58764 Justiça Processual 12,00 42,00 27,0316 6,30811 Quebra de Contrato 0,00 3,75 1,5218 0,81128 Violação de Contrato 1,00 6,00 2,4813 1,49397

Segundo alguns autores (BANDEIRA, MARQUES & VEIGA, 1999; BORGES-

ANDRADE, AFANASIEF & SILVA, 1989) o comprometimento organizacional apresenta-se

em três dimensões (afetivo, instrumental e normativo) e a comparação entre a média dos

valores de cada uma das dimensões pode indicar a base de comprometimento, ou seja, o

principal tipo de comprometimento do individuo ou do grupo em questão em relação à

empresa. Desta forma uma média superior em alguma destas dimensões indicaria esta

predominância de comprometimento. Foi então realizado o procedimento de teste t de médias

pareadas operacionalizado pelo SPSS (paired samples test) para testar a igualdade entre as

médias das variáveis de comprometimento:

Tabela 10 - Testes de diferença de médias: Comprometimento Organizacional Diferenças entre Médias

Média D.P Erro Pad. Médio

Pares Testados t Sig.

Par 1: CA – CC 4,34** 7,98 0,76 5,65 0,000

Par 2: CA - CN 4,02** 6,33 0,60 6,60 0,000

Par 3: CN - C.C 0,32 6,98 0,67 0,47 0,634

** - Diferença significativa ao nível de 0,05. CA- Comprometimento Afetivo. CC- C. Calculativo . CN – C.Normativo

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O teste indicou que o comprometimento afetivo foi o predominante, considerado como

a dimensão que apresenta mais resultados positivos seja para a empresa ou o empregado

(BANDEIRA, MARQUES & VEIGA, 1999), através da diferença significativa entre as

médias (p-valor <0,001) sendo superior à base normativa ou calculativa do comprometimento.

Os resultados também foram confirmados pela realização do teste não paramétrico de

diferença entre médias – o teste Wilcoxon. Neste teste a média de CA foi superior

significativamente ao CC (Z=4,962; p-valor<0,001) e o CN (Z=5,641; p-valor<0,001),

enquanto o CN e o CC não apresentaram diferença significativa de média entre si (Z=-

0,381;p-valor=0,703).

Para obtermos a comparação entre as dimensões de justiça organizacional foi

necessário fazer a divisão do escore pelo número de itens de cada escala de dimensão de

justiça organizacional para que se pudesse fazer o comparativo entre médias, desta forma

padronizando-se os resultados, isto ocorre, pois as escalas têm um número diferenciado de

itens, sendo que a dimensão processual é medida através de 7 itens, a distributiva por 4, a

interpessoal por 4 e a informacional por 5 itens.

Após a padronização das variáveis foi realizada a comparação entre as médias de

percepção de justiça para todos os empregados, novamente através do procedimento de teste

de médias para dados pareados (paired sample test) do SPSS. Os dados estão dispostos na

tabela 11:

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Tabela 11- Comparação de Médias das Dimensões de Justiça Diferença

Média Erro Padrão

Médio t Sig.

Par 1 Interpessoal – Distributiva** 0,389 0,131 2,973 0,004

Par 2 Interpessoal – Informacional** 0,750 0,090 8,305 0,000

Par 3 Interpessoal – Processual** 0,917 0,085 10,736 0,000

Par 4 Distributiva – Informacional** 0,361 0,111 3,247 0,002

Par 5 Distributiva – Processual** 0,528 0,116 4,,558 0,000

Par 6 Informacional – Processual 0,167 -0,007 1,899 0,060

** - Diferença significativa ao nível de 0,05.

O teste t apontou uma diferença significativa ao nível de 5% entre três dimensões de

justiça, sendo uma diferença não significativa entre a informacional e a processual (p-

valor=0,060). Ou seja, os funcionários percebem comparativamente uma maior justiça

interpessoal, seguida da distributiva e finalmente seguida pela informacional e processual. As

duas últimas dimensões não apresentando diferença significativa ao nível de 5%.

As médias encontradas foram comparadas com as médias encontradas em estudos

correlatos. Um estudo realizado por Assmar et al (2006) investigou o relacionamento entre a

justiça organizacional e o comprometimento utilizando as mesmas escalas do presente

trabalho, em amostras brasileiras, argentinas e mexicanas. Outro estudo utilizado para a

comparação foi um estudo realizado por Almeida e Monteiro da Silva (2006) com

trabalhadores de indústrias do sul do Estado do Rio de Janeiro.

O teste de diferença entre as médias foi feito através de teste t, utilizando para o

cálculo a média, o desvio padrão e o tamanho de cada amostra (108 participantes neste estudo,

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411 na amostra brasileira do estudo de ASSMAR et al (2006) e 211 participantes no estudo de

ALMEIDA & MONTEIRO DA SILVA (2006)). Os resultados estão dispostos na tabela 12:

Tabela 12 - Comparativo entre as médias da escala de justiça de estudos brasileiros J. Distributiva J. Interpessoal J.Informacional J.Processual Média D.P Média D.P Média D.P Média D.P

Pesquisa Atual 17,10 4,24 18,78 4,58 19,60 5,55 27,03 6,30

Assmar et al (2006) 16,03* 3,28 17,19* 2,97 20,14* 4,04 23,99* 5,16

Almeida e Monteiro da Silva (2006)

17,93 5,51 16,48 * 5,27 20,35 6,57 25,99 * 8,27

* - Diferença significativa ao nível de 0,05.

Os resultados do teste estatístico indicam que em relação ao estudo de Assmar (2006),

os empregados participantes apresentaram na média uma maior percepção de justiça

distributiva, interpessoal e processual, no entanto uma menor percepção de justiça em relação

à dimensão informacional. No que diz respeito à comparação com o estudo de Almeida e

Monteiro (2006) verifica-se por parte dos empregados do estudo atual uma maior percepção

de justiça interpessoal e processual.

Foi realizada também a verificação de outliers através do procedimento EXPLORE do

SPSS, com a opção criação de desenhos esquemáticos (boxplots), no qual os indivíduos que

foram considerados discrepantes foram assinalados e analisados.

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6.2 Confiabilidade das Escalas

Nas ultimas décadas, muitas centenas de escalas foram desenvolvidas para medir

várias atitudes, percepções ou opiniões de membros organizacionais para examinar a priori

relacionamentos com outros construtos ou comportamentos. Alguns autores sugerem que não

existem limites para o número de construtos psicológicos que podem ser operacionalizados

como escalas, em muitos níveis de abstração ou de profundidade de análise (HINKIN, 1995).

Normalmente uma escala é operacionalizada como uma soma de variáveis, como por

exemplo, V4= V1 + V2 + V3. Tais variáveis são conhecidas como variáveis compostas, ou

escore da escala, composto das partes V1, V2 e V3, sendo esta composição muita das vezes

operacionalizada através da soma dos itens que compõem a escala. Os coeficientes de

confiabilidade interna são computados para descrever a qualidade de uma escala em termos

dos componentes comuns e únicos (BENTLER, 1995).

A confiabilidade é definida como o grau com que múltiplas medidas de um sujeito

concordam, é, em termos conceitual e computacional, uma função de duas variações: a

variação entre sujeitos e a intra-sujeitos (BARTKO, 1991).

Segundo LITWIN (1995) o teste de confiabilidade é imperativo e mede o desempenho

de um instrumento em uma dada população evitando o agrupamento de questões

aparentemente relevantes. Ainda segundo FREITAS et al (2000) a validade e a confiabilidade

são requisitos essenciais para uma medição. Para testar a confiabilidade do teste, um dos

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testes mais usuais é realizado utilizando-se o coeficiente Alfa de Cronbach, que mede a

consistência interna do teste.

O coeficiente Alfa de Cronbach (1951) foi desenvolvido para calcular a confiabilidade

de um teste naquelas situações em que o pesquisador não tem a oportunidade de fazer outra

entrevista com o indivíduo; contudo, precisa obter uma estimativa apropriada da magnitude

do erro da medida. Nessas situações de pesquisa, também pode ser usado o método de partir

ao meio (Split-half method), no qual os escores de duas subdivisões do instrumento são

comparados para determinar sua confiabilidade. Esse método, entretanto, tem sido criticado

por confundir erro randômico dos sujeitos com diferenças entre as subdivisões do instrumento

(Mitchell, 1979).

A interpretação do Alfa de Cronbach, todavia, está relacionada à interpretação que é

dada para as estimativas de confiabilidade baseadas no método split-half. Isso porque o alfa é

uma média de todos os coeficientes split-half para um dado instrumento (Carmines & Zeller,

1979; Cronbach, 1951).

Deste modo o alfa de Cronbach foi computado para cada uma das escalas utilizadas

no estudo, sendo compostas pela soma simples dos itens que compõem a escala (apêndice A),

as escalas testadas foram: as escalas de comprometimento afetivo, calculativo, normativo;

escalas de justiça processual, distributiva, interpessoal e informacional; e escala de violação

de contrato psicológico. Os resultados estão na tabela 13:

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Tabela 13 - Consistência Interna das Escalas Utilizadas no Estudo

Escalas Alfa de Cronbach

Quantidade de Itens

Comprometimento Afetivo 0,766 6 Comprometimento Calculativo 0,749 6 Comprometimento Normativo 0,769 6 Justiça Processual 0,851 7 Justiça Distributiva 0,902 4 Justiça Interpessoal 0,903 4 Justiça Informacional 0,909 5 Violação de Contrato 0,884 4

Recentemente tornou-se popular recomendar o cálculo da confiabilidade máxima, a

confiabilidade de uma variável composta ponderada de maneira otimizada (DREWS, 2000;

LI, 1997; LI, ROSENTHAL, & RUBIN, 1996 apud BENTLER, 1995). Nesta situação, a

composição da escala passa de uma soma simples entre as variáveis que compõem o

construto, para uma forma com ponderação (coeficiente w): F = w1V1 + w2V2 +…+ wpXp.

Os coeficientes diferentes levarão a uma grande quantidade de composições possíveis

e conseqüentemente os coeficientes de confiabilidade serão diferentes de acordo com o peso

relativo de cada variável na composição do fator. Para conseguir um coeficiente de

confiabilidade favorável – a confiabilidade máxima, os pesos devem ser escolhidos de forma

que os coeficientes de confiabilidade correspondentes sejam tão altos quanto possível.

A confiabilidade máxima com variâncias de erro e as ponderações associadas podem

ser computadas através da solução do modelo fatorial canônico (BENTLER, 1968, eqs. 13-15

apud BENTLER, 1995). Bentler (1995) chama este procedimento de análise fatorial alfa-

maximizada, ou o coeficiente alfa O (Omega). Tal procedimento pode apontar se a soma

simples de variáveis (V= V1+V2+V3) apresenta resultados significativamente inferiores dos

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quais seriam obtidos se as cargas fatoriais fossem aplicadas para se realizar a composição da

escala.

Tal procedimento está disponível no software comercial para análise de equações

estruturais EQS, versão 6.1, através do comando REABILITY, tendo sido computado para

todas as escalas do estudo, com o objetivo de indicar o vetor de coeficientes que maximiza a

confiabilidade da escala proposta, além da carga fatorial de cada uma das variáveis neste fator

(Apêndice D). Foram então criadas novas variáveis compostas formadas pelos itens da escala

originais multiplicados pela ponderação sugerida para maximizar a confiabilidade, sendo feita

posteriormente uma análise de correlação entre a escala original, composta pela soma das

variáveis e a escala maximizada, que maximiza a confiabilidade pela ponderação das

variáveis. Os coeficientes estão apresentados de maneira sucinta na tabela 14:

Tabela 14 - Comparação entre Alfa original de Cronbach e Alfa Maximizado

Escala Alfa de

Cronbach

Original

Alfa de Cronbach

Maximizado

Correlação entre variáveis originais e

ponderadas C. Afetivo 0,759 0,843 0,9559 C.Normativo 0,767 0,901 0,9305 C.Calculativo 0,756 0,836 0,9869 J.Distributiva 0,903 0,946 0,9766 J.Processual 0,847 0,885 0,9753 J.Interpessoal 0,904 0,974 0,9614 J.Informacional 0,909 0,923 0,9919 Violação de Contrato 0,882 0,916 0,9625

Quebra de Contrato (*) 0,805 - -

* Utilizado procedimento alternativo para cálculo de confiabilidade (pair wise correlation)

Bentler (2007) defende que se houver apenas uma pequena melhora entre a

composição ponderada da escala e a soma simples, não há razão suficiente para que se

utilizem os coeficientes que maximizam a consistência interna, sendo somente plausível no

caso em que a melhora seja bastante significativa.

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De acordo com o recomendado por Bentler (2007), tomou-se a decisão de manter o

somatório simples das variáveis para formar o escore das escalas, conforme realizado pelos

autores e em vários outros estudos (ALLEN e MEYER, 1996; COLQUITT, 2001; ALMEIDA

& Monteiro da Silva, 2006), ou seja, a soma simples sem ponderação nenhuma, considerando

principalmente o pequeno ganho de confiabilidade, a alta correlação entre as variáveis

compostas de forma ponderada e simples, e possibilidade de comparação dos escores das

escalas desta pesquisa com estudos futuros ou correlatos.

O inventário de contrato psicológico (KICKUL, 2001) não pôde ser testado pelo

procedimento usual do SPSS para se obter o alfa de Cronbach, por se tratar de uma escala em

que apenas alguns dos itens são marcados pelos respondentes (apenas as promessas

consideradas feitas pela empresa), não sendo estas questões não preenchidas consideradas

como faltantes (missing data). Para medir corretamente a confiabilidade desta escala foi

necessário adotar o procedimento sugerido pelo autor da escala (KICKUL et al, 2002) para

computar o alfa de Cronbach, levando em consideração a limitação existente pelo tipo da

escala, fazendo com o que procedimento de confiabilidade usual forneça valores não reais

para o índice de consistência interna (Alfa de Cronbach).

Seguindo as orientações do autor da escala, foi gerada uma tabela de correlação pair-

wise para as 26 variáveis da escala em questão. A seguir a matriz gerada foi utilizada como

base para o cálculo realizado pelo procedimento REALIBITY do software estatístico SPSS

versão 15, computando desta forma um Alfa de Cronbach adequado para o tipo de escala com

o valor de 0,805, considerado também como muito bom (HAIR et al, 1998). Deve-se levar em

consideração que tal medida embora válida e utilizada por outros autores, pode não

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83

representar a verdadeira consistência interna da escala, embora possa ser considerada uma boa

aproximação (HAIR et al, 1998).

Desta forma, a consistência interna das escalas utilizadas no estudo variou de 0,756 a

0,909, indicando uma boa confiabilidade da escalas de medidas utilizadas no estudo, ficando

acima da faixa considerada boa, tendo alguns dos valores na faixa considerada ótima (HAIR

et al, 1998).

6.3 Teste de Normalidade dos Dados

Para testar a normalidade de uma variável um dos testes mais utilizados é o teste

Kolmogorov-Smirnov, onde a hipótese nula é que a distribuição seja uma distribuição normal,

isto significa que ao se conseguir um p-valor maior que 0,05, o conjunto de dados pode ser

considerado como uma distribuição normal para efeitos de realização de testes e

procedimentos estatísticos que necessitem de normalidade para fornecer resultados adequados

(HAIR et al, 1998).

As dimensões de justiça foram submetidas a este teste, indicando que possuem uma

distribuição adequada para os procedimentos estatísticos a serem adotados no resto do estudo.

As dimensões de comprometimento organizacional, também apresentaram estatísticas que

indicam que os dados têm uma forma próxima de uma normal. As estatísticas associadas

estão presentes na tabela 15:

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84

Tabela 15 – Teste Kolmogorov-Smirnov Just

Proc Just Dist

Just Inter

Just Inform CA CN CC Violação

Contrato

Quebra de

Contrato Kolmogorov-

Smirnov Z ,942 1,152 1,336 1,087 ,807 1,146 ,932 1,662** ,740

** Significativo ao nível 0,01.

A dimensão de quebra de contrato também apresentou resultados próximos da normal

(p-valor=0,644), no entanto a dimensão de violação de contrato teve a hipótese de

normalidade dos dados para esta amostra rejeitada (Kolmogorov-Smirnov Z=1,662;p-

valor=0,08).

Os dados também foram analisados através do software EQS, onde a distribuição dos

dados foi analisada de modo gráfico, com histogramas acompanhados da curva normal como

referência e gráficos de probabilidade normal (normal P-P plot) De acordo com as análises

gráficas executadas, os dados têm distribuição próxima da normal para as principais variáveis

do estudo, como pode ser constatado no apêndice B.

Assim como nos testes de consistência interna, o teste de normalidade apresentou bons

resultados, com as principais variáveis estudadas apresentando uma distribuição normal,

sendo, portanto adequado para os procedimentos estatísticos utilizados.

6.4 Distribuição de Freqüência

A mensuração da percepção dos funcionários sobre quais seriam as promessas feitas

pela empresa foi realizada através do Inventário do Contrato Psicológico de Kickkul (2001)

com 26 itens originalmente provenientes de pesquisas de Rousseau (1996) sobre alguns dos

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itens mais comuns oferecidos pelas empresas. A lista foi traduzida para o português e

adaptada em alguns itens, para se adequar a realidade de trabalho brasileira. Quando o item

foi considerado como prometido o indivíduo deveria marcar um “X” ao lado da promessa,

caso contrário não deveria fazer qualquer anotação. A tabela 16 contém os itens citados, em

ordem crescente da ocorrência da promessa:

Tabela 16 - Percepção de cumprimento de promessas feitas pela organização Não

prometido Prometido Prometido Não

prometido Salário Competitivo 19,40% 80,60% Treinamento

profissional contínuo 32,40% 67,60%

Equipamentos ou ferramentas adequadas para realizar o trabalho

19,40% 80,60% Oportunidade para desenvolver habilidades

32,40% 67,60%

Oportunidades para crescimento pessoal

20,40% 79,60% Pagamento e bônus atrelados ao desempenho

34,30% 65,70%

Trabalho interessante e desafiador

21,30% 78,70% Um trabalho com Autonomia e Controle

37,00% 63,00%

Plano de Saúde 23,10% 76,90% Treinamento no Trabalho

38,00% 62,00%

Recursos necessários para fazer o trabalho

24,10% 75,90% Local de trabalho seguro

38,00% 62,00%

Gozar de Férias Regularmente

25,00% 75,00% Reconhecimento pelas tarefas bem feitas

38,00% 62,00%

Trabalho com importância ou que agregue valor

25,90% 74,10% Aumento nas responsabilidades

40,70% 59,30%

Oportunidades para promoções no trabalho

29,60% 70,40% Plano de aposentadoria

44,40% 55,60%

Horário flexível 31,50% 68,50% Estabilidade no Emprego

46,30% 53,70%

Liberdade para ser Criativo

31,50% 68,50% Uma carga de trabalho razoável

47,20% 52,80%

Responsabilidades bem definidas

31,50% 68,50% Reembolso de despesas com cursos

49,1 % 50,9 %

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86

O inventário de Contrato psicológico de Kickul (2001) tem como principais objetivos

a mensuração dos itens do contrato e também a quebra de contrato, sendo considerado nesta

escala como o inverso do cumprimento do contrato (inversão dos escores). Para cada uma das

promessas, o individuo deveria responder uma escala Likert de 5 pontos, com os seus valores

variando de zero para “Não cumpriu” até quatro – “Cumpriu Totalmente” . Os valores médios

(em ordem decrescente) e o desvio padrão para cada uma das promessas estão apresentados

na tabela abaixo:

Tabela 17 - Cumprimento médio das promessas organizacionais

ITENS PROMETIDOS Média Desvio

Padrão Plano de saúde 3,43 0,865

Estabilidade no Emprego 3,08 0,958

Trabalho com importância ou que agregue valor 3,03 0,804

Gozar de Férias Regularmente 3,00 1,050

Aumento nas responsabilidades 3,00 0,844

Local de trabalho seguro 2,99 0,913

Reembolso de despesas com cursos 2,96 1,083

Trabalho interessante e desafiador 2,91 0,920

Liberdade para ser Criativo 2,85 0,916

Equipamentos ou Ferramentas adequadas para realizar o trabalho 2,81 1,030

Recursos necessários para fazer o trabalho 2,78 1,065

Oportunidade para desenvolver habilidades 2,77 0,965

Horário flexível 2,72 1,069

Uma carga de trabalho razoável 2,71 1,010

Oportunidades para crescimento pessoal 2,70 1,034

Treinamento no Trabalho 2,58 0,896

Participação nas decisões 2,53 0,922

Pagamento e bônus atrelados ao desempenho 2,52 1,020

Um trabalho com Autonomia e Controle 2,50 0,882

Oportunidades para promoções no trabalho 2,49 0,960

Treinamento profissional contínuo 2,48 1,014

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Responsabilidades bem definidas 2,42 1,081

Reconhecimento pelas tarefas bem feitas 2,42 0,956

Salário Competitivo 2,39 0,948

Orientação/Acompanhamento de carreira 2,37 1,112

MÉDIA 2,75 -

O valor médio de 2,75 posiciona o cumprimento de promessas próximo a cumpriu

bastante (3) da escala tipo Likert, indicando que em geral as promessas têm sido cumpridas.

No entanto as promessas relativas à estabilidade no emprego e um trabalho com

importância ou que agregue valor foram as promessas que os empregados perceberam como

melhor cumpridas. No entanto as promessas relativas a responsabilidades bem definidas,

reconhecimento por tarefas bem feitas, salário competitivo e orientação/acompanhamento de

carreira tiveram uma menor percepção de cumprimento de contrato, com a média situando-se

próximo a 2 (correspondente a “cumpriu pouco” na escala adotada).

6.5 Análises de Correlação de Pearson

Considera-se a correlação como uma medida da extensão em que duas variáveis são

linearmente relacionadas, independentemente das escalas de medida, normalmente

apresentada com o símbolo “r”. Em sua forma de cálculo mais popular é conhecida como

coeficiente de correlação de Pearson r(p), que varia de -1.00 até +1.00, onde o valor -1.00

representa uma correlação negativa perfeita, enquanto que o valor +1.00 representa uma

correlação positiva. O valor 0,00 representa a ausência total de correlação, ou relação entre as

variáveis (MILES & SHEVLIN, 2001).

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88

Para verificar as relações entre as variáveis, foi realizado um teste de hipóteses para as

correlações de Pearson, para cada um dos pares de variáveis representando as dimensões no

estudo: comprometimento, justiça organizacional, quebra de e violação de contrato.

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Tabela 18 - Correlações de Pearson r(P)

J. Proc J.Dist J. Interp J.Inform CA CN CC

Violação de

Contrato J Proc. 1 ,373(**) ,702(**) ,733(**) ,510(**) ,378(**) -,140 -,604** J Distrib. ,373(**) 1 ,238(*) ,562(**) ,428(**) ,273(**) ,061 -,379**

J Interp. ,702(**) ,238(*) 1 ,673(**) ,398(**) ,386(**) -,078 -,596**

J Inform. ,733(**) ,562(**) ,673(**) 1 ,557(**) ,407(**) -,131 -,626**

Cafetivo ,510(**) ,428(**) ,398(**) ,557(**) 1 ,537(**) ,209(*) -,574**

CNormat. ,378(**) ,273(**) ,386(**) ,407(**) ,537(**) 1 ,413(**) -,386**

C Calc. -,140 ,061 -,078 -,131 ,209(*) ,413(**) 1 ,100

V. Contrato -,604(**) -,379(**) -,596(**) -,626(**) -,574(**) -,386(**) ,100 1 Q. Contrato -,650(**) -,398(**) -,435(**) -,605(**) -,505(**) -,372(**) ,039 ,665(**)

** Correlação é significativa ao nível 0.01 (bi-caudal). * Correlação é significativa ao nível 0.05 (bi-caudal).

Conforme esperado inicialmente nas hipóteses da pesquisa, a quebra e a violação de

contrato apresentaram correlações significativas com todas as dimensões de justiça, mantendo

ainda o sinal negativo, indicando uma correlação inversa, ou seja, maior percepção de quebra

de contrato está associada a menores índices de percepção de justiça. A justiça processual e a

informacional foram as mais correlacionadas com a quebra e a violação do contrato, embora

em magnitudes diferentes.

De modo análogo, o comprometimento organizacional nas dimensões afetivo e

normativo apresentou uma moderada correlação inversa tanto com a quebra quando com a

violação de contrato psicológico. No entanto o comprometimento calculativo não esteve

associado significativamente à violação do contrato ou quebra de contrato.

O comprometimento afetivo esteve associado de forma direta a todas as dimensões de

justiça organizacional, com destaque para a processual (r(p)=0,510) e a informacional.

(r(p)=0,557), assim como o comprometimento normativo que também esteve relacionado com

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90

todas as dimensões de justiça, com destaque para a informacional (r(p)=0,407). No entanto a

dimensão calculativa novamente não esteve associada a nenhuma dimensão de justiça

organizacional.

A correlação encontrada entre a quebra de contrato e a percepção de justiça

organizacional e satisfação está em concordância tanto em direção (negativa) como magnitude

com as correlações encontradas por Rousseau (2005), no qual a autora cita estudos de meta-

análise nos quais a correlação média entre a quebra de contrato e a satisfação no trabalho foi

de r(p)=-0,430.

De modo análogo ao que ocorre com a satisfação, têm se considerado o que o

comprometimento também é um construto inversamente relacionado à quebra do contrato, ou

seja, a quebra de contrato está associada a um menor comprometimento, em especial o afetivo

(ROUSSEAU, 1996).

A justiça organizacional também é apontada na literatura como um dos correlatos do

comprometimento organizacional. Cohen-Charash e Spector (2001) encontraram em um

estudo meta-analítico uma correlação média de r =0,47 (utilizando 27 estudos), r = 0,50 (em

50 estudos) entre a justiça processual e distributiva com o comprometimento organizacional

afetivo. As correlações entre as dimensões de justiça e o comprometimento organizacional,

nas dimensões afetivas e normativas, tiveram correlações variando entre r = 0,273 à r = 0,583.

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91

6.6 Análises de Correlação de Spearman

Quando a relação entre duas variáveis que não apresentam normalidade bi variada ou

quando uma das variáveis é mensurada a nível ordinal, os resultados apresentados pela

correlação de Pearson podem não ser a melhor estimativa da verdadeira correlação entre as

variáveis. O coeficiente de correlação de Spearman mede a intensidade da relação entre

variáveis ordinais. Usa, em vez do valor observado, apenas a ordem das observações. Desta

forma este coeficiente não é sensível a assimetrias na distribuição, nem à presença de outliers,

não exigindo, portanto que os dados provenham de duas populações normais.

Diferentemente do coeficiente produto-momento de Pearson, o coeficiente de

Spearman não requer que o relacionamento entre os dados seja linear, nem que as variáveis

sejam mensuradas a nível intervalar, pode ser também utilizado para variáveis medidas a nível

ordinal.

Tabela 19 - Correlações Não paramétricas de Spearman

JP JD JINT JINFO CA CN CC Quebra de Contrato

J. Proc 1 ,378(**) ,691(**) ,705(**) ,498(**) ,335(**) -,167 -,628**

J. Dist ,378(**) 1 ,264(**) ,541(**) ,409(**) ,291(**) ,043 -,362**

J. Interp ,691(**) ,264(**) 1 ,670(**) ,394(**) ,337(**) -,167 -,442**

J. Inform ,705(**) ,541(**) ,670(**) 1 ,535(**) ,394(**) -,202(*) -,602**

C. Afetivo ,498(**) ,409(**) ,394(**) ,535(**) 1 ,514(**) ,205(*) -.454**

C.Normativo ,335(**) ,291(**) ,337(**) ,394(**) ,514(**) 1 ,393(**) -,319**

C.Calc -,167 ,043 -,167 -,202(*) ,205(*) ,393(**) 1 ,087

Q. Contrato -,628(**) -,362** -,442** -,602** -,454** -,319** ,087 1

Viol. Cont -,601(**) -,415** -,554** -,636** -,587** -,386** ,133 ,672**

** Correlação é significativa ao nível 0.01 (bi-caudal). * Correlação é significativa ao nível 0.05 (bi-caudal).

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92

Os resultados encontrados pela análise de correlação de Spearman são bastante

semelhantes aos encontrados pela análise de correlação de Pearson, tanto em magnitude da

relação entre as variáveis, quanto ao sentido da associação (negativo ou positivo), indicando

que os dados não violaram as suposições iniciais para a correlação paramétrica de Pearson,

com isso podemos ter maior segurança ao analisar as relações lineares entre as variáveis.

As correlações de Spearman entre o comprometimento e outras variáveis mostram

algumas relações significativas: o comprometimento afetivo geralmente associado na

literatura como o de melhores resultados tanto para as empresas quanto para os indivíduos,

apresentou uma correlação estatisticamente significativa com a satisfação no trabalho, e com

o comprometimento normativo (p-valor <0,001). Novamente o comprometimento calculativo

não apresentou relação significativa com nenhuma das variáveis.

A associação entre a percepção de quebra e violação de contrato com as medidas de

saúde geral e de satisfação com o trabalho foi negativa e estatisticamente significativa,

indicando que tanto a quebra quanto a violação de contrato podem influenciar negativamente

a satisfação no emprego.

6.7 Análises de Regressão Linear

Foram executadas análises de regressão simples e múltipla para as variáveis incluídas

no estudo, utilizando-se o método stepwise de regressão para testar o poder explicativo das

variáveis independentes.

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93

A análise de regressão é uma técnica utilizada para modelagem e analises de dados

numéricos consistindo em valores de uma variável dependente (variável resposta) e uma ou

mais variáveis independentes (variáveis explicativas). A variável dependente na equação de

regressão é modelada como sendo uma função das variáveis independentes, parâmetros

(constante ou intercepto) e um termo de erro. Este erro é tratado como uma variável aleatória

que representa a variação não explicada na variável dependente. Os parâmetros da equação

são estimados para que se consiga um melhor ajuste aos dados, normalmente através do

método dos mínimos quadrados, embora outros critérios também possam ser utilizados

(MILES & SHEVLIN, 2001).

O modelo de regressão é chamado de simples quando a relação causal envolve apenas

duas variáveis, uma dependente e uma independente. Já a regressão múltipla envolve três ou

mais variáveis, uma dependente e duas ou mais independentes.

Após a construção de um modelo de regressão, procede-se a analise do ajuste e a

significância estatística dos parâmetros estimados. As estatísticas mais utilizadas para tal fim

são: o R², conhecido como coeficiente de determinação, e o R² ajustado, enquanto a

significância estatística é normalmente testada pelo teste F para o ajuste total do modelo,

seguido por testes t para testar a significância dos parâmetros individuais (MILES &

SHEVLIN, 2001).

O método stepwise gera um modelo de regressão através de uma lista de variáveis

independentes, incluindo na equação final somente as variáveis que aumentem

significativamente o poder explicativo do modelo.

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94

Inicialmente o modelo é construído com a variável independente mais correlacionada

com a variável dependente e um intercepto, se for especificado. Então outras variáveis são

adicionadas ao modelo segundo critérios pré-definidos, nos passos sucessivos. A estatística F,

chamada "F para entrar", define se a variável selecionada deve ser incluída no modelo, caso

seja maior do que um valor pré-especificado. Continua-se este processo até que nenhuma

outra variável independente aumente significativamente o poder preditor do modelo segundo

os critérios adotados. (MILES & SHEVLIN, 2001).

Podem ser utilizados valores críticos de F ou de p-valor para controlar a entrada e a

saída das variáveis independentes do modelo. No presente estudo foi utilizado o critério

padrão do SPSS. (p-valor de F para entrar = 0,05; p-valor de F para sair = 0,10).

Todas as regressões foram testadas em relação a problemas como multicolinearidade,

auto-correlação e normalidade de resíduos. Os resultados destas análises estão dispostos

durante a apresentação dos modelos e os gráficos de resíduos e de normalidade dos mesmos

encontram-se nos apêndices E e F.

6.7.1 Comprometimento Organizacional

Para explicar a variação no comprometimento afetivo, as dimensões de justiça foram

definidas como as variáveis independentes, de acordo com o modelo teórico adotado nesta

pesquisa e também levando em consideração os estudos que indicam a relação entre os dois

construtos (COLQUITT, 2001). O modelo 1 foi capaz de explicar aproximadamente 31 % da

variação do comprometimento afetivo (ver tabela 21):

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Tabela 21 - Coeficientes e Estatísticas do Modelo de Regressão: Comprometimento Organizacional

Modelo V.D V.I R² R²

Ajustado

Coeficientes Não Padronizados F Sig

Durbin- Watson

B Erro Padrão

1 CA (Constante) 0,310 0,303 9,212 1,922 4,793 ,000

J. Inform. ,650 0,094 ,000 1,932

2I

CA

(Constante) V. Contrato

0,330 0,324 28,209 -2,507

1,009 0,349

51,697 ,000 ,000

2F

(Constante) V. Contrato Q. Contrato

0,357 0,344

29,298 -1,870 -1,760

1,122 0,460 0,844

28,846

,000 ,040

1.961

3I

CA

(Constante) 18,615 3,070

,000 V. Contrato 0,330 0,324 -2,507 0,349 51,697 ,000

3F

(Constante) 29,298 1,122 ,000 V. Contrato

0,393 0,381 -1,625 0,428 -3,799 ,000

J. Inform. 0,377 0,115 3,292 ,001 1.961

4 CN (Constante) 0,166 0,158 8,357 2,169 ,000 J Inform. ,489 0,106 21,080 ,000 1,935

5 CN (Constante) 0,149 0,141 22,244 1,168

,000

V. Contrato -1,733 0,404 18,434 ,000 1,860

I – Modelo Inicial F – Modelo Final após stepwise

O modelo para explicar a variação no comprometimento normativo conseguiu apenas

16,6% da variância, enquanto o modelo de regressão para comprometimento calculativo

conseguiu explicar apenas 5% da variação desta variável.

É importante ressaltar que como a correlação entre o comprometimento calculativo e

as dimensões de quebra e violação de contrato não foram significativas não se realizou um

teste de regressão.

As dimensões de quebra e violação do contrato psicológico foram em conjunto

responsáveis por 35,57 % da explicação da variação no comprometimento afetivo. Contudo, a

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96

quebra de contrato representou um adicional de apenas 2% da explicação do modelo, com

uma significância marginal (0,04), indicando que a violação do contrato psicológico pode

estar mais associada com o comprometimento, naturalmente de forma inversa, fato suportado

pela literatura disponível e também por outras pesquisas empíricas que relacionam as duas

variáveis, pois tanto o comprometimento afetivo quanto a percepção de violação de contrato

são fenômenos mais emocionais, enquanto a quebra de contrato caracteriza mais uma vista

racional se as promessas foram ou não cumpridas.

Considerando-se que as dimensões de violação e quebra de contrato apresentaram uma

correlação de 0,665, considerada alta (HAIR et al, 1998), testou-se a possibilidade de

problemas devidos à multicolinearidade nesta regressão linear. Para detectar esta condição os

pacotes estatísticos atuais reportam duas estatísticas que ajudam no diagnostico: tolerância e

VIF (fator de inflação de variância). A tolerância é uma pequena extensão do R², indicando o

quanto da variável independente é predita por outras variáveis independentes, sendo calculada

como (1 - R²), variando de 0 quando uma variável independente pode ser predita

completamente pelas outras até 1, quando não existe nenhuma correlação entre as variáveis.

A estatística VIF é definida como o inverso da tolerância e mede o aumento no erro

padrão que é adicionado pela colinearidade. Quando a estatística VIF igual a quatro o erro

dobra, sendo este o ponto de corte arbitrado comumente definido por vários autores (MILES

& SHEVLIN, 2001).

No entanto, os valores encontrados nos permitem rejeitar a hipóteses de

multicolinearidade entre as dimensões de quebra e violação de contrato (VIF = 1,792). Da

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97

mesma forma as variáveis de justiça e violação de contrato quando associadas puderam

explicar o razoavelmente a variação do comprometimento afetivo.

O módulo de diagnóstico de multicolinearidade do software estatístico SPSS, sugere

que indicador VIF permaneceu abaixo do máximo aceitável para esta estatística (VIF =

1,646), indicando que a multicolinearidade não seria um problema nesta regressão.

6.7.2 Justiça Organizacional Foram realizadas análises de regressão múltipla stepwise contra as variáveis de

percepção de justiça organizacional, tendo como variáveis preditoras as dimensões de

percepção de quebra e violação de contrato. O sumário das estatísticas da regressão que

buscou explicar a variação na percepção de justiça organizacional encontra-se na tabela 22:

Tabela 22 - Coeficientes e Estatísticas do Modelo de Regressão: Justiça Organizacional Modelo V.D V.I R² R²

Ajust

Coeficientes Não Padronizados

F Sig.

B Erro Padrão

1I

JP

(Constante)

34,710 ,987 V. Contrato ,420 ,415 -5,011 ,574 76,185 ,000

1F

(Constante) 35,530 ,978 Q. Contrato ,474 ,464 -3,419 ,736 V. Contrato -1,304 ,401 10,594 ,000

2 JD (Constante) 20,279 ,807 Q. Contr. ,158 ,150 -2,086 ,469 19,742 ,000

3 JINT (Constante)

23,323 ,699 V.Contrato ,355 ,349 -1,837 ,242 57,845 ,000

4I

JINF

(Constante)

25,435 ,821 V.Contrato ,392 ,387 -2,338 ,284 67,807 ,000

4F (Constante) 26,859 ,883 V. Contrato ,455 ,445 -1,505 ,362

Q. Contrato -2,301 ,664 11,995 ,001

I – Modelo Inicial F – Modelo Final após stepwise

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98

O modelo 1F conseguiu explicar 47,4 % da variação na percepção de justiça

processual, tendo as dimensões de quebra e violação de contrato como preditoras, contando

com o maior poder explicativo encontrado no presente estudo. É importante, no entanto,

mencionar que a quebra de contrato foi a dimensão com grande poder explicativo, sozinha

sendo capaz de explicar 42% da variação na justiça processual (modelo 1I). O sinal negativo

encontrado nos coeficientes padronizados indica que uma menor percepção de quebra de

contrato e de violação esteve associada a uma maior percepção de justiça processual.

A mesma análise foi executada para regredir a justiça distributiva contra as duas

variáveis de quebra e violação de contrato (modelo 2), no entanto, somente a quebra de

contrato esteve associada à menor percepção de justiça organizacional, distinguindo-se desta

forma o fenômeno de quebra e de violação de contrato. Enquanto o primeiro tem origem

simplesmente na falta de cumprimento de promessa, o ultimo apresenta uma componente

emocional, manifestando sentimentos negativos em relação à empresa.

A análise de regressão foi capaz de explicar 15% da variação na justiça distributiva,

com a quebra de contrato apresentando um sinal negativo, estando de acordo com as hipóteses

iniciais, ou seja, quanto maior a percepção de descumprimento de promessas, menor a

percepção de justiça organizacional.

O modelo 3, criado para explicar a variação na justiça interpessoal mostra novamente

uma distinção entre a quebra e a violação de contrato. A justiça interpessoal trata basicamente

da percepção de tratamento do individuo pela empresa, do tratamento de modo cortes e

educado, e a ausência de sentimentos negativos. Por outro lado, a justiça interpessoal está

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negativamente associada à quebra de contrato, podendo estar ou não associado violação de

contrato, pois termos do contrato podem não ser cumpridos e mesmo assim não haver

percepção de violação e não causar o surgimento de sentimentos negativos em relação à

organização.

O modelo 3 explicou 35,5 % da variação na dimensão de justiça interpessoal,

mantendo ainda um coeficiente negativo na equação de predição, indicando que uma maior

percepção de violação de contrato está relacionada a uma menor percepção de justiça

interpessoal.

Finalmente a variação na justiça informacional foi explicada conjuntamente pela

violação e a quebra de contrato (modelos 4I e 4F), com um R² de 0,455, o segundo melhor

poder explicativo do estudo, com a violação de contrato explicando isoladamente 38,7% da

variação da justiça informacional (modelo 4I).

Os coeficientes negativos encontrados indicam novamente o sentido da associação

entre as variáveis e o peso na predição de cada uma, com a violação tendo um papel um pouco

mais central na determinação da justiça informacional.

7. ANÁLISE DE CONTEÚDO

Na parte qualitativa da pesquisa foram entrevistados cinco indivíduos da organização

em cargos gerenciais e na área de recursos humanos para que pudessem descrever como

percebem o contrato por parte da empresa, o que é oferecido e também o que a empresa

espera de seus empregados. Tais indivíduos são conhecidos como contract makers

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(ROUSSEAU, 1995), pois geralmente são os que comunicam de forma oficial ou informal o

que a empresa espera de seus empregados e por isso foram escolhidos para expressar a

“opinião” ou a posição da empresa. O roteiro de entrevista na pesquisa utilizado encontra-se

no anexo B.

Foram criadas as seguintes categorias de discurso para melhor entender e classificar a

posição dos entrevistados sobre alguns conceitos chave da pesquisa: clima de trabalho,

meritocracia e justiça, expectativa da empresa, operacional e estratégico, crescimento e

oportunidades, satisfação e comprometimento.

7.1 CLIMA DE TRABALHO

Um dos fatos mais marcantes sobre a empresa e que parece ser o principal atrativo ou

promessa para seus empregados é o estabelecimento de um ótimo clima de trabalho, informal

e com foco em pessoas.

Reichers e Schneider (1990) definem clima organizacional como a percepção

compartilhada de seus funcionários do ambiente de trabalho, sendo também definido por

padrões recorrentes de comportamento que caracterizam a vida na organização (ISAKSEN &

EKVALL, 2007).

Uma das entrevistadas quando questionada sobre o principal item oferecido aos

empregados indicou prontamente que o diferencial e um dos principais motivos pelos quais os

empregados permanecem na empresa, é o bom clima de trabalho:

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“Um ambiente excelente de trabalho. Eu digo isso aqui é um Oásis, eu fui muito feliz em todas as experiências profissionais que eu tive porque eu sei aproveitar as oportunidades e ate os feedbacks negativos e a gente tem que ter maturidade para ouvir também, mas o ambiente de trabalho é o diferencial da empresa.” (E1)

Um bom clima de trabalho normalmente está associado a resultados positivos para os

empregados e também para a empresa, tal como uma maior satisfação, melhor saúde,

comprometimento afetivo, compartilhamento de valores organizacionais e outras atitudes

relacionadas ao trabalho (WATERS, ROACH & BATLIS, 1974).

Estudos realizados por Rose et al (2001, 2002, 2004) encontraram uma ligação muito

forte entre clima organizacional e reações como níveis de estresse, absenteísmo,

comprometimento e participação.

Além do depoimento desta funcionária, outros fatores também colocados pela mesma

gestora indicam haver um bom clima de trabalho, que normalmente se manifesta em diversos

itens que podem auxiliar na criação de um bom clima e sua manutenção, como por exemplo, a

meritocracia e o reconhecimento por tarefas bem realizadas:

“Para quem está aqui dentro, o salário nem é o melhor, eu poderia estaria ganhando muito mais na XYZ (antiga empresa), mas eu não estaria feliz, mas uma coisa que nós temos é que estamos em certo tamanho, que já é maior do que a um tempo atrás, e todo mundo que está nesse processo hoje (de trabalho), na frente com certeza vai ganhar.” (E5)

A preocupação com os funcionários seja na forma de treinamentos e gestão de carreira

ou também no relacionamento interpessoal é muitas vezes citada, e possivelmente influencia a

percepção dos funcionários e sua satisfação, o que acaba se tornando um diferencial da

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empresa em relação a outras do mesmo segmento, ou mesmo em relação a empresas com

áreas de atuação completamente diferente.

“As pessoas são o nosso foco principal, eles se sentem acolhidos valorizados, porque a gente nunca deixa de dar treinamento, nunca deixa de pensar no desenvolvimento e plano de carreira e agora a coisa está se efetivando, nós somos uma empresa grande, com essência de empresa pequena, onde você é chamado pelo nome, é isso que eles te dão valor, eles sentem falta deste ambiente.” (E3)

7.2 MERITOCRACIA E JUSTIÇA

O reconhecimento pelas tarefas bem feitas, e a distribuição de recompensas baseadas

em critérios bem definidos está diretamente associada não só à percepção de cumprimento de

contrato psicológico, mas também à questão de justiça organizacional, principalmente na

dimensão distributiva (COLQUITT, 2001).

Alguns resultados positivos podem ocorrer quando há uma percepção que as

recompensas são feitas de forma justa, resultando em maior comprometimento

organizacional, principalmente na dimensão afetiva, maior satisfação com o trabalho, maior

percepção de justiça e de cumprimento de contrato psicológico por parte da empresa.

“A outra questão é a meritocracia (que atrai os funcionários), a empresa reconhece os seus talentos, revela os talentos, procura buscar alternativas para reter esses talentos. Dentro de nosso segmento isso faz com que a empresa seja uma empresa diferenciada, reconhecida pelo setor onde atua e ate mesmo pelo Estado do Rio de Janeiro, como sendo uma empresa que faz acontecer e isso diferencia” (E1).

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A preocupação com a justiça aparece de forma natural quando se destaca a criação de

novas oportunidades para os empregados. Definindo o trabalho duro e dedicação presente

como expectativas da empresa, que em contra partida promete uma oportunidade no futuro,

quando a empresa crescer:

“A gente vê o que já cresceu em pouco espaço, o que a gente vê, eles não vão colocar alguém de fora, e colocar aqui, a gente está desenvolvendo para crescer junto. Primeiro abre vaga internamente e depois para fora.” (E5)

7.3 EXPECTATIVAS DA EMPRESA As expectativas da empresa parecem estar mais focadas no que é conhecido como o

perfil de seus colaboradores do que em outras atitudes ou habilidades especificas, recebendo

enorme destaque em todas as entrevistas analisados. O discurso é que estes indivíduos devem

ter certo perfil que os caracterizem como tendo a “cara” da empresa, ou seja, compartilhando

os seus valores, e práticas, ou seja, a mesma cultura organizacional. O compartilhamento da

cultura da empresa é definido por Allen e Meyer (1996), como um dos fatores que

possibilitam identificar o comprometimento do tipo afetivo.

“Bem, eu acho que ela (a empresa) espera dinamismo, boa vontade e espera uma ambição, uma ambição saudável, nada doentio, mas ela faça assim, que a empresa seja também uma empresa “sua”, como sendo sua, então aqui todos os funcionários se eles não tiverem esta mentalidade, o próprio sistema expulsa, então aqui cada um tem que adotar o seu mundo como sua empresa, seu negócio e isso que a gente espera, que as pessoas que venham para a nossa equipe que ela se desenvolva como o dono, o proprietário.” (E3)

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O recrutamento interno bem definido e operacional apóia ainda mais esta estratégia,

aliados a um plano e oportunidades de crescimento interno, sempre que possível. Isto foi

confirmado por várias, se não todas as entrevistas realizadas. A organização ao apoiar e exigir

este perfil cria oportunidades para os que são compatíveis com a filosofia, pratica e que

compartilham estes valores, recebendo oportunidades e treinamento para que possam crescer

e progredir juntamente com a empresa, já que tem a “cara da empresa”. O seguinte trecho

ilustra de forma mais completa essa relação de expectativa e do perfil desejado:

Tem que ser uma pessoa descontraída, a gente é muito descontraído, não temos essa formalidade, alguém informal com responsabilidade, todo mundo tem esse perfil, que a gente brinca a “cara da empresa”, que a gente tem uma coisa mais informal, aqui não tem ninguém engravatado, muito sério, informal acho que é a palavra, todo mundo muito responsável, muito dedicado, tem que ter muito amor, tem que gostar muito, quem vai ficar mais na operação tem que gostar muito, ralar muito, tem que ser muito bom, tem muita correria, acho o espírito que a gente fala, descontraído, alegre, acho que esse é o perfil. (E4)

As expectativas da empresa parecem estar mais ligadas às atitudes e valores em

relação ao trabalho e a empresa do que a itens específicos como lealdade, resultados,

desempenho específicos, indicando uma expectativa mais relacional do contrato por parte da

empresa, sugerido também pelos depoimentos dos empregados.

7.4 OPERACIONAL E ESTRÁTEGICO

Na maioria das empresas existe uma diferenciação entre os níveis hierárquicos

existentes. Na empresa estudada não é diferente, e o contrato psicológico é diferenciado para

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cada um dos níveis, mesmo que, algumas das vezes, algo seja efetivamente oferecido para

dois grupos, a percepção entre eles ainda é diferenciada:

“As promessas em geral dependem muito da área que você está, algumas áreas que possuem algumas coisas que são muito focadas, outras que não têm, acho que depende muito. A gente tem a parte estratégica do escritório e a parte operacional, acho que nesse caso são completamente diferentes, por exemplo, neste caso o plano de saúde é diferencial na loja, um grande diferencial, aqui muita gente não dá valor, mas para eles faz muita falta.” (E4)

No entanto, de forma diferente do que somos levados a pensar, até mesmo pela

questão da nomenclatura utilizada, segundo as entrevistas com os gestores, a área estratégica

não é a área que recebe maior destaque seja em termos de planejamento ou importância

relativa dentro da organização.

A área mais importante da empresa é considerada como sendo a área operacional, pois

é lá que se encontram todos os esforços da empresa e é o ponto de contato com o cliente. É

visto como o local onde as coisas acontecem, onde pode-se fazer uma diferença, onde deve-se

pensar estrategicamente para garantir a continuidade do negócio e o seu crescimento. Ou seja,

segundo esta visão o operacional se torna “estratégico”, pois é onde se percebe que mais a

essência da empresa deve-se transparecer:

“O que acontece é que nós somos uma empresa de operações, então assim o nosso coração é (a área de) operações, onde a vida e a nossa historia acontece e onde sai nossa margem de lucro, e nossa missão” (E3)

Por isso, podemos identificar uma preocupação focada na área de operações

(restaurantes), principalmente através dos programas de reconhecimento, motivação e

treinamento que em geral começam no “chão de loja”:

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“As promessas não privilegiam o “escritório”. Existem para os dois lados, e digo mais, primeiro o operacional, depois o estratégico. Alguns conceitos ou programas que colocamos para o estratégico uma maneira mais formal e mais detalhada, às vezes começam no operacional, e terminam no estratégico.” (E2)

A importância do operacional pode ser vista também quanto se discute a questão de

clima, no espírito da empresa e também na alegria e motivação, que não e só compartilhada,

mas sim tem um foco neste lado operacional e passa a contagiar a empresa, de uma maneira

positiva, de baixo para cima:

“Eu percebi a diferença do clima na hora em que entrei na empresa, somente olhando as pessoas fazendo test-drive na cozinha. É um clima excepcional. Eu já havia trabalhado em cozinha, mas o clima não é muito legal. Trabalhei em restaurante com pessoas mais velhas, algumas com vícios e você só lidando com aquela gente. E cheguei aqui é um clima completamente diferente; cheguei aqui era uma galera feliz, uma garotada que ganha pouco, mas com uma raça, tem uma vontade, e isso contagia” (E5)

No entanto, o trecho anterior parece indicar a presença de alguns valores

organizacionais em relação à idade, associando disposição, a jovialidade, “sangue-novo”, gás,

energia a empregados mais novos que chegam para “oxigenar” a organização, ao mesmo

tempo em que cita de forma não positiva os empregados mais velhos de outras organizações,

como sendo indivíduos com vícios de trabalho (valores de outras empresas, por exemplo).

Esta orientação pode vir a refletir na política de recrutamento e seleção da empresa, tornando

menos provável a contratação de pessoas com idade mais avançada, criando um viés na

seleção, e também criando um potencial de sentimento de segregação na organização entre os

empregados mais novos e os mais velhos.

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A oportunidade de crescimento, segundo uma das entrevistadas, não depende de

senioridade nem de certa idade, sendo apenas suficiente que o colaborador tenha um

desempenho destacado, ou seja, um sistema extremamente méritocratico:

“E você é obrigado a crescer muito mais, você sente: Eles estão colocando na minha mão (responsabilidade). Eles apostam, não pensam que se tal pessoa tem tantos meses da empresa, ou certa idade. Não precisa chegar aos 30, está mandando bem “Está indo bem, sobe!” ”. (E5)

Um ponto merece ser levantado neste momento: quando se considera um período de

tempo curto como três meses para uma análise de desempenho, a empresa corre-se o risco de

deixar pessoas com maior tempo na empresa ou na função, e que não são promovidas, com

um sentimento de injustiça, deflagrando um potencial conflito entre os “antigos” e os novatos.

Além do que, ao se utilizar uma ascensão tão rápida, torna praticamente impossível

levar em consideração alguns fatores como comprometimento, lealdade à organização,

comportamentos extra-papel, que só podem ser constatados em uma relação com um tempo

mais longo, fazendo com que estes comportamentos importantes não sejam recompensados,

deixando o foco dos empregados e mesmo dos gestores em atividades de retorno de curto

prazo, o que pode ser prejudicial, especialmente se evitar atividades cruciais mas que não

envolvam retorno rápido.

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7.5 CRESCIMENTO E OPORTUNIDADES

Segundo Penrose (1980) o crescimento e a lucratividade não são um benefício apenas

para os donos das empresas, mas também para os seus gestores que ao reterem lucro

propiciam o seu crescimento e desta forma ganham poder, maiores salários, bônus etc.

Atualmente a empresa encontra-se em uma fase de franca expansão pelo país e

também internacionalmente, o que possibilita que ocorram muitas promoções e que tais

oportunidades de carreira apareçam de forma rápida e para um grande número de pessoas,

especialmente os que “embarquem” no momento inicial, mostrando o que segundo os

entrevistados, ocorre sem a necessidade de discurso ou promessas institucionalizadas, e sim se

torna visível pelos resultados alcançados, ou seja, embora as promessas não sejam feitas de

modo escrito ou formal, os empregados acreditam que uma das promessas é o crescimento

para todos, se o desempenho for bom:

“É uma coisa que vemos, muda de lugar e as oportunidades surgem, fiquei três meses e me chamaram para assumir um outro cargo, então é assim, você vê acontecendo, acontece com você, outras pessoas que sobem, a galera começa de baixo e vai embora, é meio que obvio.”(E5)

O crescimento e a promoção acontecem no nível estratégico e operacional, onde os

indivíduos têm duas opções de desenvolvimento de carreira, ou seja, uma estratégia de

carreira em Y, gerencial ou técnica, sempre aliadas as preferências individuais e as avaliações

periódicas de desempenho:

“Hoje a gente têm uma carreira em Y, onde o funcionário pode ter uma carreira operacional ou uma carreira gerencial. Então assim, não só por

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escolha, mas pelo seu desempenho, ele é avaliado trimestralmente e a gente tem uma base pra entender se ele tem mais um perfil mais técnico ou gerencial. Acredito que o grau de retenção seja em razão disso, desse desenvolvimento que a gente presta” (E3)

Os entrevistados indicam que as oportunidades são abundantes e exemplos de

funcionários que conseguem melhorar rapidamente sua posição na organização não são raros,

sendo mais uma norma do que uma exceção. Um dos entrevistados explica de modo claro

como funciona este processo:

“Mas a coisa muda tanto para eles (os empregados) que a gente aproveita, A pessoa entra como copeiro, que é o primeiro passo, passa para ajudante (...). Uma pessoa que entrou na mesma época que eu, agora é assistente de gerente em uma loja na Gávea em um ano e pouco. É uma coisa que você vê, que acontece, e você não está preso àquela loja, isso acontece com muita freqüência.” (E5)

A questão do recrutamento interno mostra-se bem resolvida, com os funcionários

atuais tendo prioridade sobre as oportunidades em relação aos externos, sendo assim

concedido de acordo com o mérito individual. O recrutamento interno pode ser utilizado

como uma ferramenta para aumentar a moral e a percepção de justiça entre os funcionários.

Esta justiça está relacionada aos indivíduos que estão na empresa a um tempo maior,

que participaram e se empenharam nos momentos mais difíceis da organização e almejam

receber as recompensas em um futuro próximo. Uma executiva de recrutamento e seleção

explica o processo detalhadamente:

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“A gente sempre busca o crescimento de dentro, quanto tem uma oportunidade. Dependendo da vaga, eles sempre procuram preencher com gente de dentro, e que não tiver ninguém dentro eles abrem para fora! Quem daquela equipe está preparado para ser um gerente? A gente sempre pensa em buscar pessoas de dentro, buscar oportunidade de crescimento, maior parte das pessoas que começaram como estagiários, então os estagiários ficam muito motivados porque tem muita oportunidade, a empresa está crescendo muito em pouco tempo, então as oportunidades aparecem sempre. Acho que é isso que gera essa coisa, sempre tem um estagiário entrando, se espalha na faculdade que está na empresa e todo mundo fala: Ah que legal! Você vê essa pessoa sendo contratada logo, crescer em pouco tempo, buscar olhar para dentro e muita oportunidade surgindo.” (E4)

7.6 SATISFAÇÃO

A satisfação com o trabalho é composta dos sentimentos, atitudes ou preferências dos

indivíduos em relação ao seu trabalho (HACKMAN & OLDHAM, 1975). Vários fatores

internos ou externos ao trabalho afetam os sentimentos do empregado em relação à satisfação

no trabalho.

Porter e Lawler (1968) dividiram as variáveis que influenciam a satisfação no trabalho

entre fatores de satisfação relacionados com o próprio trabalho (como sentimentos de

realização, independência, auto-estima, controle, sentimento de vitória ou sucesso e outros

sentimentos similares obtidos no trabalho) e os fatores externos não diretamente relacionados

ao próprio trabalho (como reconhecimento de tarefas pelo chefe, bom relacionamento com os

colegas, bom ambiente de trabalho, salário, boa assistência da empresa).

Glisson e Durick (1988) indicam que os fatores que mais influenciam na satisfação do

trabalho são o próprio empregado (incluindo características demográficas, habilidade, e traços

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pessoais), o trabalho em si (características do trabalho, recompensas internas) e características

organizacionais.

Os entrevistados se manifestaram em geral satisfeitos com o trabalho, com fatores

internos ao trabalho, tais como realização, controle, sentimento de sucesso, mas também em

relação aos fatores externos como o bom relacionamento entre as pessoas, o sentimento de

pertença à equipe e a expectativa de que em breve o resultado do trabalho atual será percebido

e naturalmente recompensado, de uma forma uniforme para todos os que estão envolvidos:

“Eu acho que a principalmente para quem ta aqui dentro, o salário nem é o melhor, dependente eu estaria ganhando muito mais na XXX, mas eu não estaria feliz, mas uma coisa que dá é que estamos em um tamanho, e já é maior que um tempo atrás, e todo mundo que está nesse processo, e na frente todo mundo vai ganhar” (E5)

Segundo uma das entrevistadas um dos fatores que a faz sentir-se satisfeita é o bom

clima na empresa juntamente com um trabalho desafiador, que exige o seu empenho, mas

com um equilíbrio entre bom clima e resultados, um trabalho que não desgasta e até faz com

que o exista uma vontade de iniciar o trabalho todas as semanas:

“Para mim o mais forte, foi quando eu estava de fora e vi a empresa pensei: “Que coisa maneira é muito legal”!”, e vivi isso, não é uma festa generalizada, você estressa, mas no final das contas você faz o que você gosta isso que é tranqüilidade. Para mim a eu posso ver isso no domingo a noite, você ouve o barulho do fantástico e dá desespero? Se não, é porque está “tudo bem.” (E5)

Os fatores relacionados ao próprio trabalho, motivação intrínseca, também são

colocados em vários depoimentos, basicamente em vencer os desafios que surgem no

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trabalho, promovendo um senso de realização, e auto-estima, fundamentais no sentimento de

satisfação no trabalho:

“Amo trabalhar aqui, me sinto muito orgulhosa do que eu faço, me sinto muito feliz quando eu vejo o retorno do meu trabalho, as pessoas sendo selecionadas, e quando as vejo na loja eu as vejo super bem” (E3)

Os depoimentos anteriores indicam que os empregados ficam satisfeitos por fatores

ligados à organização e à sua estrutura e também com o conteúdo do trabalho, e com os

resultados que conseguem alcançar através de seu empenho.

7.7 COMPROMETIMENTO

Assim como pode ser constatado nas analises estatísticas, na analise de conteúdo foi

possível distinguir uma predominância da base afetiva de comprometimento organizacional,

através das manifestações positivas dos funcionários e a ligação à empresa, principalmente

associados a um bom clima e à vontade de trabalhar na organização, o gosto pelo trabalho e o

seu resultados, e a identificação dos empregados com os valores e práticas organizacionais

(Allen e Meyer, 1996):

“A própria marca é um atrativo, as pessoas gostam da empresa, da loja, as pessoas que trabalham aqui gostam muito de trabalhar, porque têm uma amizade, tem uma alegria, um ambiente bom de trabalho!” (E4)

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O salário é mencionado algumas vezes como não sendo muito competitivo em relação

ao mercado, no entanto defasagem em relação ao salário é “trocada” por um melhor clima e

também por uma expectativa de melhorias no futuro próximo quando a empresa crescer.

“Acho que isso faz total diferença (o clima), hoje no tamanho e no jeito que estamos. É difícil sair para ganhar um pouco mais, isso nem precisa nem falar” (E5)

Através dos depoimentos coletados, o comprometimento afetivo configura-se como a

base dominante, com o comprometimento calculativo relativamente baixo. Isso pode ser

claramente corroborado quando uma das entrevistadas comenta sobre algumas pessoas que

permanecem na empresa, mesmo com algumas ofertas superiores no mercado.

“Porque as pessoas percebem que o salário sozinho não faz a diferença, o ambiente de trabalho sim é tudo. Porque você passa a maior parte da sua vida no seu trabalho, se você não tiver um ambiente de trabalho saudável, você não tem um motivo para estar lá. Então as pessoas sentem falta dessa motivação, esse programa de incentivo, (...) Nós somos uma empresa grande, com essência de empresa pequena, onde você é chamado pelo nome, é isso que eles te dão valor, eles sentem falta deste ambiente.” (E3)

A questão de comprometimento em cargos mais operacionais pode ser anda mais

complexa, pois uma grande parte destes empregados necessita trabalhar para o seu sustento e

de sua família e podem desta forma ser obrigados a negligenciar, as dimensões afetiva e

normativa do comprometimento. Isto é, se mantêm no emprego mais por pura necessidade e

faltas de alternativas imediatas, do que por gostar do trabalho e da empresa ou ter

responsabilidade moral com a empresa ou com colegas.

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Por isso no nível operacional estes empregados algumas das vezes passam a procurar

outras oportunidades que oferecem qualquer vantagem financeira. Assim acabam saindo,

embora segundo os gestores de RH, em quantidade bem menor do que o mercado. Ainda

existem casos de empregados que se arrependem ao perceber que não contam mais com os

outros atrativos, principalmente em relação ao clima de trabalho. Isto segundo uma analista, é

uma espécie de reconhecimento ao bom clima e ao trabalho fomentado também pelo

departamento de recursos humanos:

“O cara pra ser promovido precisa de um chão, e normalmente quando ele sai, ou ele sai para uma melhor oportunidade financeira, porque hoje nós pagamos o piso, ele tem um plano de carreira, mas muitos não têm paciência para aguardar esse crescimento, que leva um tempo, e a justificativa que a gente tem é que “eu vou ganhar 50 reais a mais numa outra empresa”, esses poucos, na verdade não são muitos, pensam que ganhando mais 50 vão ficar muito felizes, e muito se arrependem, e eu não sei se você já fez o estudo, mas quando eu pego a “galera” eu vejo que têm muito ex-funcionários querendo voltar, e isso é muito gratificante para a gente”. (E3)

Novamente ao promover um recrutamento interno, limitando-se a contratação de

pessoal externo às funções iniciais, ou as que não tenham empregados qualificados na

empresa, favorece-se a promoção interna. Como este procedimento beneficia os empregados

atuais em detrimento de “rivais” externos, os empregados, em geral, percebem como algo

positivo e respondem com um maior comprometimento. (FIORITO et al, 2007).

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8. CONCLUSÕES

As análises quantitativas e seus resultados suportaram a maioria das hipóteses

definidas e também estão, em geral, em conformidade com a teoria, os modelos e resultados

encontrados por estudos semelhantes. As hipóteses e os métodos utilizados para testá-las

estão expostos na tabela 23:

Tabela 23 - Resultados das hipóteses do estudo

Hipóteses da pesquisa Método Aceitação / Rejeição da

Hipótese

H1: Indivíduos que percebem maior quebra do contrato psicológico apresentam menor percepção de justiça organizacional.

Análise de Correlação / Regressão

Aceito

H2: Existe uma correlação inversa entre a quebra de contrato e o comprometimento organizacional.

Análise de Correlação Parcialmente Aceito

H3: A violação de contrato está associada a um menor comprometimento organizacional.

Análise de Correlação / Regressão

Parcialmente Aceito

H4: A violação de contrato está associada a uma menor percepção de justiça organizacional

Análise de Correlação / Regressão

Aceito

H5: Empregados que percebem maior justiça organizacional tendem a apresentar maior comprometimento organizacional (a) afetivo, (b) normativo e calculativo (c).

Análise de Correlação / Regressão

Parcialmente Aceito

As hipóteses do estudo, a aceitação ou não delas, e as explicações e considerações sobre cada

uma das hipóteses estão presentes nos próximos itens.

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8.1 Hipótese 1

A hipótese 1 não foi rejeitada, ou seja, a quebra de contrato esteve realmente associada

à menor percepção de justiça organizacional em todas as suas dimensões, no entanto com uma

predominância das relações com a dimensão processual e informacional.

Ao se realizar a investigação da relação entre a quebra e a violação de contrato

utilizando as análises de regressão, podemos ter insights sobre o seu papel na explicação da

variação de percepção de justiça, indicando que a quebra e a violação apresentam

comportamentos distintos em sua relação com a justiça organizacional.

A justiça distributiva, que é a dimensão que trata prioritariamente da percepção dos

empregados sobre a equidade entre as contribuições e as recompensas é mais bem explicada

pela quebra de contrato, que envolve basicamente uma percepção de promessas não

cumpridas por uma das partes. Neste caso, a dimensão de violação de contrato não acrescenta

poder explicativo significativo ao modelo, sugerindo que a violação de contrato não está

necessariamente associada à injustiça distributiva, ou seja, a falta de cumprimento de

promessas pode despertar uma percepção de que as contribuições não estão sendo

equitativamente recompensadas, sem que necessariamente envolva uma violação de contrato,

considerado muito mais grave.

Desta forma, a dimensão de violação de contrato isoladamente conseguiu explicar

aproximadamente 35% da variação da justiça interpessoal, enquanto a quebra de contrato foi

descartada do modelo de regressão final, pois não pôde melhorar a explicação do modelo de

modo significativo (p-valor > 0,05). Este resultado sugere uma que existe uma diferença real

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117

entre os antecedentes das diversas dimensões de percepção de justiça, e os impactos da quebra

e violação de contrato em outras variáveis.

A dimensão processual também esteve principalmente relacionada com a violação de

contrato explicando aproximadamente 42% da variação da justiça processual, quando foi

adicionada a dimensão de quebra de contrato, o poder explicativo do modelo aumentou em

somente 5%, mostrando novamente a diferenciação das duas dimensões relacionadas ao não

cumprimento do contrato psicológico. Assmar et al (2006) explicam que a justiça processual

foca-se nos meios de resolução de conflitos ou nos processos de tomada de decisão relativos à

repartição de recursos. Os autores também afirmam que as pessoas se preocupam com o modo

como as recompensas ou promessas são obtidas, isto é, com a justiça e legitimidade dos

procedimentos de decisão.

O processo que define as regras que identificam quais indivíduos merecem receber

uma promoção ou aumento de salário, por exemplo, está conceitualmente mais ligada à

violação do que com a quebra deste contrato, pois a violação apresenta além de uma

constatação cognitiva de que as promessas não foram cumpridas, também pode gerar um

sentimento de que o individuo não foi tratado de modo correto, ou que foi enganado e por isso

não recebeu a promoção esperada e considerada como merecida e, portanto justa. Thibaut e

Walker (1975) afirmam que as pessoas podem aceitar bem o fato de que não recebam

recompensas ou benefícios se acreditarem que o processo que levou a tal distribuição, foi

justo e imparcial.

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118

8.2 Hipótese 2

A hipótese número 2 foi suportada parcialmente, pois a quebra de contrato apresentou

uma relação também negativa com o comprometimento organizacional nas dimensões afetivo

e normativo de acordo com o proposto na hipótese, mas não apresentou relação significativa

com o comprometimento calculativo.

A correlação negativa neste caso indica que uma maior percepção de quebra de

contrato está associada a um menor comprometimento organizacional afetivo e também

normativo. Isto significa que a quebra de contrato pode prejudicar a relação do individuo com

a empresa quando aquele percebe o seu contrato como não cumprido completamente,

ocasionando um menor comprometimento afetivo, ligado a sentimentos positivos, quanto ao

comprometimento normativo, essencialmente ligado ao sentimento de “dever lealdade” à

empresa ou aos colegas de trabalho.

Realmente é difícil imaginar como alguém que percebe o contrato com a empresa

como não cumprido poderia achar que deve algo a empresa? Neste caso os modelos teóricos

como o modelo de equidade de Adams (1963), afirmam que o individuo deveria buscar o

equilíbrio quando percebe a falta de equidade nesta relação. A busca deste equilíbrio ocorreria

basicamente através de um menor comprometimento, diminuição do desempenho, ou outras

atitudes negativas.

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119

8.3 Hipótese 3

Assim como a quebra de contrato, a violação de contrato apresentou correlação

inversa com as dimensões afetiva e normativa, e não significativa com o comprometimento

calculativo, fazendo com que a hipótese 3 tenha sido parcialmente suportada.

Analisando as regressões relativas a esta hipótese é possível entender as relações entre

a quebra e a violação de contrato e o comprometimento organizacional. A violação de

contrato foi um melhor preditor para a variação no comprometimento afetivo e normativo,

apresentando o coeficiente beta sempre com um sinal negativo, indicando que um sentimento

de violação de contrato diminui o comprometimento afetivo (beta= -0,574 ; t=-7,19;p-

valor<0,001) e o normativo (beta =-0,386 ;t= -4,293;p-valor<0,001).

As relações encontradas indicam que a violação de contrato foi um importante preditor

para explicar a variação do comprometimento organizacional normativo e principalmente

afetivo.

Podemos inferir que a percepção de violação de contrato é um poderoso limitador de

um alto comprometimento afetivo, indicando a importância do cumprimento do contrato e

também do cuidado para que uma eventual percepção de quebra de contrato não se configure

em uma violação de contrato, devendo a empresa para isso gerenciar de forma inteligente a

maneira como as decisões e distribuições de recompensas são comunicadas aos empregados,

incluindo ai a definição de regras claras, objetivas e comunicadas a todos, além de finalmente

a correta capacitação dos gestores para comunicar de forma adequada e humana estes

resultados.

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120

As recomendações acima sobre as práticas que podem diminuir a probabilidade de que

uma quebra seja vista como uma violação que está associada as dimensões de justiça

organizacional, processual, informacional e interpessoal.

A violação de contrato conseguiu explicar melhor a variação no comprometimento

afetivo (R² = 0,324) do que no normativo (R² = 0,141). Esta diferença pode ser explicada pela

diferença conceitual entre as duas dimensões de comprometimento afetivo e normativo, pois a

dimensão afetiva tem como característica vários sentimentos que são conceitualmente opostos

aos associados a uma violação de contrato, sendo que enquanto o CA está associado a um

sentimento positivo e de prazer em relação à empresa, a violação está associada ao surgimento

de sentimentos negativos.

No entanto, o comprometimento normativo, embora tenha um componente de

obrigação ou pressão moral para continuar na organização, não parece estar conceitualmente

tão próximo à violação de contrato, possivelmente por isso tenha um poder de explicação

sensivelmente menor.

8.4 Hipótese 4

A hipótese número 4 foi aceita através da verificação da correlação entre a violação de

contrato e as dimensões de justiça. As correlações de Pearson foram significativas e variaram

de r(p)=-0,626 para a Justiça Informacional à r(p)=-0,379 para a Justiça Distributiva,

indicando um relacionamento inverso entre as variáveis,ou seja, uma maior percepção de

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121

justiça organizacional esteve associada a um menor sentimento de violação de contrato

psicológico. É importante notar que a justiça informacional apresentou maior relação com a

violação de contrato do que a distribuição de resultados. Isto pode indicar que o acesso à

informação sobre os processos e a equidade de acesso as informações pode prevenir o

sentimento de violação de contrato de uma maneira mais eficaz do que a simples distribuição

correta de recompensas organizacionais.

Este fenômeno pode ser explicado também pelo processo de deflagração de percepção

de justiça, onde inicialmente a distributiva é examinada e em caso de injustiça, os indivíduos

passam a examinar não somente o conteúdo da distribuição, mas a maneira com que o

processo foi desenvolvido, se as informações divulgadas foram completas e dadas em tempo

adequado, e finalmente se houve um tratamento digno para comunicar principalmente a causa

de não distribuição equitativa de recompensas (GREENBERG, 2001)

8.5 Hipótese 5

A relação da justiça organizacional também foi significativa com o comprometimento

afetivo e normativo, a justiça informacional foi a que apresentou a maior correlação com o

comprometimento afetivo, com isso a hipótese 5 foi parcialmente suportada, pois, embora as

dimensões de justiça tenham apresentado correlações significativas com o comprometimento

afetivo e normativo, no entanto, nenhuma dimensão de justiça esteve significativamente

relacionada ao comprometimento calculativo.

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122

É importante salientar a falta de relação significativa entre o comprometimento

calculativo e as dimensões de justiça, de quebra ou violação de contrato psicológico,

satisfação e estado de percepção de saúde. Somente apresentou relação significativa com as

dimensões de comprometimento afetivo e normativo (r = 0,209 e 0,413, respectivamente). A

falta de relação do comprometimento calculativo com outras variáveis atitudinais e

comportamentais já foi apontada por vários outros autores. Rego & Souto (2002) salientam

que o comprometimento afetivo reduz as intenções de abandono da organização por parte do

indivíduo, o empregado passa a demonstrar mais comportamentos de cidadania e superior

desempenho, o que não se obtém, em geral, com o comprometimento calculativo.

8.7 Considerações finais

Van de Ven (2004) propõe a classificação do contrato psicológico como um construto

multidimensional, distinguindo cinco dimensões: promessas sobre o desenvolvimento de

carreira, conteúdo do trabalho, ambiente social, compensação financeira e equilíbrio vida

pessoal e privada. O autor também propõe outras cinco dimensões para o contrato psicológico

na visão do empregador: esforço e bom desempenho, flexibilidade, lealdade, conduta ética e

disponibilidade.

Portanto, foi utilizada a classificação de Van de Vem (2004) para identificar as

principais promessas feitas organização nas cinco dimensões, e o contrato psicológico na

visão do empregador de também de acordo com cinco dimensões do modelo. Os dados que

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123

serviram de suporte para a confecção dos quadros foram obtidos através das entrevistas com

os gerentes e analista e foram categorizados nas tabelas a seguir (tabela 24):

Tabela 24 – Resultados: Principais promessas organizacionais

Promessas Organizacionais

Desenvolvimento de carreira Promessas de muitas possibilidades para o desenvolvimento e crescimento, motivado principalmente pela expansão da empresa

Conteúdo do Trabalho Trabalho desafiante, mas dentro de limites, com treinamentos e qualificação da parte operacional e técnica.

Ambiente Promessa de um ambiente muito agradável, cooperativo e com oportunidades e grande flexibilidade

Compensação Financeira Compensação Financeira padrão ou mesmo modesta em um primeiro momento, “compensada” por um melhor clima de trabalho, e promessa de futuras oportunidades de crescimento.

Equilíbrio vida social e no trabalho

Vida social começa na organização, amizade e tempo para o lazer, ritmo adequado de trabalho.

Guest (2004) aponta que alguns autores identificaram a necessidade de mais estudos

que busquem mostram também a posição do empregador no contrato psicológico, tendo em

consideração que a grande maioria das pesquisas foca somente o lado dos empregados, o

conteúdo, a quebra, a violação de seu contrato, sem levar em consideração a outra parte do

acordo, que também são muito importantes e que podem apresentar a maior parte das

contribuições gerenciais, constituindo o que o autor denomina “Gestão do Contrato

Psicológico”. Na tabela abaixo foram também sintetizadas as expectativas que a empresa

demonstra em relação aos seus empregados:

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124

Tabela 25 – Resultados: Expectativa da empresa em relação aos empregados Expectativas em relação aos

empregados

Esforço e Desempenho Vontade de trabalhar, hands-on¸ engajamento com a empresa, bom relacionamento

Flexibilidade Flexibilidade em fazer o que precisa ser feito, em trabalhar mais, em realizar outras tarefas, esperar pelas recompensas

Lealdade Querer trabalhar na organização, “vestir a camisa” e ter o espírito da empresa, estar comprometido.

Disponibilidade Ter total disposição para novos desafios, raça, compartilhar o espírito da empresa, realizar ou trabalhar em eventos ou atividades extra-papel

Os resultados embora em grande parte condizentes com o esperado pela revisão

teórica e as hipóteses estabelecidas merecem ser comentados, principalmente em relação a

suas implicações práticas e teóricas.

Guest (2004) aponta que com as mudanças ocorridas nas relações de trabalho nos

últimos anos tornou-se imprescindível o gerenciamento das relações de trabalho e

principalmente do contrato psicológico. Guest (2004) apresenta a justiça organizacional e a

percepção de cumprimento de contrato como fatores que podem desenvolver a confiança e

criar resultados e comportamentos positivos tanto para a empresa quanto para seus

empregados, como por exemplo: maior satisfação, comprometimento, saúde, melhor

desempenho, maior intenção de permanecer na empresa, comportamentos de cidadania

organizacional entre vários outros fatores apontados.

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Além disso, o contrato psicológico apresenta forte associação com a satisfação no

trabalho e o comprometimento afetivo, salientando a importância do contrato psicológico no

local de trabalho, em determinar as atitudes dos empregados (Bal et al, 2008).

Como o contrato psicológico, a percepção de justiça e o comprometimento são

variáveis presentes no mesmo modelo, precisam ser ativamente monitoradas pela gestão não

somente da empresa pesquisada, mas de qualquer empresa que anseie estar em posição

competitiva com pessoas motivadas, comprometidas e satisfeitas.

Embora algumas das relações entre as dimensões estudadas tenham sido estabelecidas

em determinados sentidos, principalmente para possibilitar o seu estudo, é inegável a grande

dificuldade prática de tratar cada um dos construtos de forma separada. Não é fácil estabelecer

uma reação de causalidade entre contrato psicológico, justiça e comprometimento

organizacional.

Os dados indicam que a empresa de forma geral apresentou resultados positivos em

termos de satisfação, comprometimento e justiça organizacional, e quantidade de promessas

considerada como cumpridas, com um baixo sentimento de violação de contrato psicológico.

No entanto, considerando as mudanças ocorridas a manutenção de um bom clima na

empresa e da manutenção do contrato psicológico, pode vir em certa parte depender da

continuidade de crescimento, o que certamente representará um grande desafio tanto para os

empregados como para a empresa.

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A empresa estudada cresceu e continua crescendo a um ritmo muito rápido nos

últimos anos e parece não apresentar problemas nem quanto ao cumprimento das promessas,

nem em relação a manter um clima de empresa pequena. Isso é apontado por alguns como um

dos diferenciais da organização: uma empresa grande com cara de empresa pequena.

No entanto, processos têm sido criados e outros controles estão em efeito, podendo

mudar o relacionamento da empresa com os empregados, deixando os sócios e outras pessoas

que introduzem seus valores cada vez mais distantes da empresa, principalmente pela

formalização de seus procedimentos.

A questão principal refere-se à até que ponto o aumento da empresa pode ser

conseguido e se tal crescimento não mudará os valores e deixará a empresa diferente e

possivelmente sem alguns de seus principais atrativos. Não obstante, se o crescimento não se

mantiver em níveis compatíveis com o que é necessário para que se cumpram as expectativas

dos colaboradores por melhores posições, salários e oportunidades, a empresa pode ter

problemas para honrar os termos do contrato, gerando então uma quebra de contrato e

possivelmente sentimentos de violação de contrato em alguns de seus empregados.

Então, configura-se neste caso, uma situação onde a empresa deve-se preparar para

qualquer um dos resultados que podem ocorrer em um futuro próximo: Se a empresa

continuar a crescer, deve-se preocupar com a manutenção do clima, da “cara de empresa

familiar”, dos valores e práticas iniciais, ou então buscar renegociar os termos do contrato

destes itens, explicando claramente a necessidade de reconfiguração do contrato atual,

motivado por um novo contexto organizacional ou do ambiente em que a empresa está

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127

inserida e conseqüentemente novos desafios e possibilidades para seus empregados, o que

pode ser positivo ou não.

Por outro lado, se outro cenário alternativo ocorrer e o crescimento não for

suficientemente grande para que a empresa possa cumprir o contrato psicológico,

especificamente na questão de criação de oportunidades e novos desafios, a gestão deve ficar

atenta às expectativas de seus empregados em relação a estes itens e gerenciar de maneira

condizente com a situação futura, buscando renegociar o contrato e oferecer outros tipos de

contra partida para seus empregados e informá-los o mais cedo possível, para que não exista

uma quebra de contrato destes termos e possa evoluir para uma percepção de violação de

contrato que conforme discutido anteriormente pode diminuir o comprometimento, a

percepção de saúde e a satisfação com o emprego, podendo gerar conseqüências sérias para

toda a organização.

Ou seja, para que a satisfação e comprometimento organizacional não diminuam

sensivelmente e com sérias conseqüências organizacionais e também para seus membros, a

empresa deve adotar políticas e praticas de recursos humanos de tal forma que a quebra de

contrato seja prevista e então prevenida, associada a uma comunicação clara no que diz

respeito a oportunidades futuras, para que não existam frustrações por expectativas não

cumpridas, neste ponto destacando-se a questão da justiça informacional (ROUSSEAU,

1995).

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128

9. Recomendações Finais

Para próximos estudos recomenda-se a utilização de amostras que também

contemplem indivíduos em posições mais operacionais, para que se tenha uma visão de todos

os setores da empresa, e não só o administrativo. Embora muitos dos valores e práticas

possam ser compartilhados por toda a organização, um estudo mais aprofundado em

diferentes setores e níveis pode fornecer um melhor entendimento sobre as questões de

contrato psicológico, justiça e comprometimento.

No entanto para que tal estudo seja operacionalizado, alguns ajustes deverão ser

realizados, pois como o nível de escolaridade operacional é relativamente baixo, a utilização

das escalas mais complexas poderá apresentar problemas para o preenchimento e na

confiabilidade.

Borges e Pinheiro (2002) tratam especificamente deste problema, indicando que a

grande maioria dos trabalhadores brasileiros se enquadra em um perfil de menor escolaridade,

sendo, portanto de grande importância o estudo desta população. No entanto os autores

também apontam que muitos dos instrumentos tradicionais não podem ser devidamente

utilizados por tais populações e devem ser ou adaptados ou utilizados métodos qualitativos ou

escalas mais simplificadas para a execução destas pesquisas, e assim as contribuições práticas

e teóricas possam ser dadas por esta importante parte da força de trabalho brasileira.

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Recomenda-se também a execução de estudos comparativos entre o contrato dos

empregados e dos indivíduos terceirizados, um tema já discutido por vários autores. No

entanto ainda há carência de estudos que utilizem instrumentos padronizados como o de

Kickul (2001), que podem se tornar úteis para comparar não só o conteúdo, como também os

itens mais presentes nos contratos psicológicos, ou a natureza predominante do contrato, por

exemplo, relacional ou transacional, além da proporção de cumprimento de promessas, e a

percepção de quebra e violação de contrato, além das relações com a justiça organizacional, o

comprometimento, a saúde, a satisfação e vários outros construtos correlatos importantes para

a área de administração, fornecendo assim uma contribuição extremamente importante para a

área de estudos organizacionais, em especial a brasileira.

Tais estudos comparativos podem ser também feitos com empresas ou grupos maiores,

sendo possível para um estudo com amostras maiores, identificar quais itens não cumpridos

têm maior impacto no comprometimento, justiça e satisfação, e também o impacto no

sentimento de violação de contrato. Constituindo-se desta forma uma poderosa ferramenta

prática para a gestão de recursos humanos, trazendo também novos insights à pesquisa na

área.

Ao se considerar as limitações da amostra deste estudo, seja em número, seja em

representatividade, naturalmente que não se pode fazer a extrapolação dos resultados

encontrados para outras empresas nacionais ou estrangeiras, embora estejam os achados

estejam, em geral, de acordo com a literatura disponível e a principio podem representar o

universo de empregados brasileiros, necessitando, no entanto de pesquisas para fortalecer a

generalização destes achados.

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130

Além disso, o estudo apresentou um design cross-sectional, embora os

relacionamentos entre as variáveis tenham sido hipotetizados como relações causais, Segundo

Spector (1981) inferências causais criadas por design cross-section são simplesmente

inferências, pois um desenho longitudinal é necessário para estabelecer direção de causalidade

entre os relacionamentos investigados neste estudo. Estudos longitudinais poderiam examinar

se uma quebra de contrato está associada com sentimentos e resultados negativos

posteriormente. Tal procedimento poderia ser mais poderoso para detectar os efeitos de

obrigações não cumpridas e seria um grande avanço metodológico no estudo de percepção de

justiça, contratos psicológicos e em todo o campo de estudos organizacionais.

Utilizando-se tais desenhos de pesquisa seria possível investigar a mudança do

contrato psicológico dos empregados à medida que permanecem na empresa, durante a sua

vida laboral e informar como os gestores e os empregados estariam respondendo a diferentes

políticas organizacionais e iniciativas que visam manter a equidade no contrato.

Não obstante as limitações apresentadas, a presente pesquisa, por seus achados,

metodologia e uso de instrumentos inéditos no Brasil (KICKUL, 2001), pode ser uma fonte de

referência e ponto inicial para o estudo das relações entre justiça organizacional,

comprometimento e contrato psicológico que ainda não estão plenamente desenvolvidos no

Brasil, embora os autores mais proeminentes em nível internacional, já tenham apontado as

inter-relações entre estas variáveis (ROUSSEAU, 1996), apontando a grande necessidade de

um maior suporte empírico, seja quantitativo e/ou qualitativo para as teorias desenvolvidas.

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142

ANEXO A - QUESTIONÁRIOS

Estes questionários foram elaborados para coletar informações a seu respeito de forma anônima.Toda a informação que você der é confidencial. Ninguém terá acesso a estas informações, exceto os pesquisadores. Caso você concorde em participar desta pesquisa, por favor, leia cada questão e escreva a resposta, ou assinale com um “X” a sua melhor resposta.

AGRADECEMOS A SUA COOPERAÇÃO

1 - DADOS PESSOAIS

1.1 Gênero: Masculino Feminino

1.2 Estado civil: Solteiro Casado Divorciado Outros

1.3 Tem filhos?

Sim Quantos ? _____ Não 1.4 Sua Idade: ____________anos

1.5 Qual é o seu grau de instrução?

1º grau incompleto 1º grau completo 2º grau incompleto 2º grau completo

Universitário incompleto Universitário completo Pós graduação

2. Tempo de experiência:..........anos.

2.1 Tempo de trabalho na empresa:..........anos.......... meses.

3. De um modo geral, como você considera o seu estado de saúde geral ? Muito bom Bom Regular Ruim Muito ruim

4. De forma geral, Estou satisfeito com o meu trabalho.

Concordo totalmente Concordo bastante Não concordo, nem discordo Discordo bastante Discordo totalmente

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143

As organizações, em geral, fazem promessas de modo implícito ou explícito para os empregados sobre carreira, trabalho, oportunidades e muitas outras coisas.

De uma forma geral você acredita que a empresa cumpriu as obrigações prometidas?

1 Não

cumpriu

2 Cumpriu pouco

3 Cumpriu em parte

4 Cumpriu bastante

5 Cumpriu

totalmente

Nas próximas questões gostaríamos de saber o que você acredita que sua organização prometeu para você de modo implícito ou explicito, seja de maneira verbal ou por escrito. Marque um X na esquerda do item se você acredita que foi prometido e indique na escala ao lado em que grau esta promessa foi cumprida, variando de não cumpriu a até cumpriu totalmente:

Foi

Pro

met

ido?

ITENS

Não c

um

priu

Cum

pri

u P

ouco

Cum

pri

u e

m p

art

e

Cum

pri

u b

asta

nte

Cum

pri

u t

ota

lme

nte

Foi

Pro

met

ido?

ITENS

Não c

um

priu

Cum

pri

u P

ouco

Cum

pri

u e

m p

art

e

Cum

pri

u b

asta

nte

Cum

pri

u t

ota

lme

nte

Salário Competitivo

Um trabalho com Autonomia e Controle

Pagamento e bônus atrelados ao desempenho

Oportunidades para crescimento pessoal

Gozar de Férias Regularmente

Treinamento profissional

contínuo

Plano de aposentadoria

Orientação/Acompanhamento da carreira

Plano de saúde Treinamento no Trabalho

Estabilidade no Emprego

Reembolso de despesas com cursos

Horário flexível

Reconhecimento pelas tarefas bem feitas

Equipamentos adequados para realizar trabalho

Uma carga de trabalho

razoável

Recursos necessários para fazer o trabalho

Local de trabalho seguro

Responsabilidades bem definidas

Trabalho interessante e

desafiador

Trabalho que agregue valor

Oportunidade para

desenvolver habilidades

Participação nas decisões

Aumento nas responsabilidades

Liberdade para ser Criativo

Oportunidades para

promoções no trabalho

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144

Para responder aos itens, utilize a escala ao lado.

As perguntas abaixo se referem às políticas existentes em sua empresa e aos procedimentos que ela utiliza para o alcance de metas. Até que ponto...

Nun

ca

Rar

amen

te

Alg

umas

Vez

es

Vez

esV

ezes

C

om f

reqü

ênci

a

Mui

to f

reqü

ente

Sem

pre

1 2 3 4 5 6 Você pode expressar seus pontos de vista e sentimentos, durante a aplicação das

normas e procedimentos em sua empresa?

Você tem influência nos resultados obtidos por sua empresa mediante as normas e procedimentos que ela utiliza?

As normas e procedimentos em sua empresa são aplicados de forma consistente?

As normas e procedimentos aplicados em sua empresa são justos?

As normas e procedimentos aplicados em sua empresa se baseiam em informações corretas?

Você pode contestar os resultados advindos das normas e procedimentos que se aplicam em sua empresa?

As normas e procedimentos que se aplicam na sua empresa se fundamentam em valores éticos e morais?

Os resultados alcançados por você refletem o esforço que você dedica ao seu trabalho?

Os resultados que você obtém refletem a verdadeira i0mportância do trabalho que você executa?

Os resultados que você obtém refletem a contribuição que você dá a sua empresa?

Os resultados que você obtém se justificam, considerando-se o seu desempenho?

Os itens seguintes relacionam-se à pessoa responsável por implementar os procedimentos em sua empresa (seu supervisor, a pessoa responsável pelo setor, etc.). Até que ponto esta pessoa...

Trata-lhe de modo cortês?

Trata-lhe com dignidade?

Trata-lhe com respeito?

Recusa-se a fazer comentários inadequados sobre você?

Os itens seguintes relacionam-se à pessoa responsável por implementar os procedimentos em sua empresa (seu supervisor, a pessoa responsável pelo setor, etc.). Até que ponto esta pessoa...

É franca ao se comunicar com você?

Explica com clareza os procedimentos adotados?

Fornece explicações razoáveis sobre os procedimentos adotados na empresa?

Comunica-se com você em momentos oportunos?

Dá a impressão de que adapta a comunicação às necessidades específicas de cada um?

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145

Comprometimento Organizacional

Os itens seguintes representam sentimentos e atitudes que as pessoas em geral manifestam a respeito de sua empresa. Responda a cada

uma das afirmações marcando um X na opção de sua preferência de acordo com a escala ao lado

Dis

cord

o T

otal

men

te

Dis

cord

o m

ais

do q

ue

conc

ordo

N

ão c

onco

rdo

nem

di

scor

do

Con

cord

o m

ais

do q

ue

disc

ordo

Con

cord

o T

otal

men

te

1 2 3 4 5 Eu ficaria feliz se passasse o resto de minha vida profissional na empresa em que trabalho

Eu realmente sinto os problemas da empresa como se fossem meus

Eu não sinto muito integrado com minha empresa

Eu não me sinto emocionalmente ligado à minha empresa

Eu não me sinto como uma “pessoa de casa” na minha organização

Esta organização tem um significado pessoal muito grande para mim

Na situação atual, ficar com minha organização é tanto uma necessidade quanto um desejo.

Mesmo que eu quisesse, seria muito difícil para mim deixar minha empresa agora

Se eu decidisse deixar minha empresa agora, minha vida ficaria bastante desestruturada.

Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse esta organização

Se eu já não tivesse dado tanto de mim nesta empresa, eu poderia considerar trabalhar em outro lugar.

Uma das poucas conseqüências negativas de deixar esta empresa seria a falta de outras alternativas imediatas

Eu não sinto nenhuma obrigação em permanecer nesta empresa

Mesmo que fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar minha empresa agora.

Eu me sentiria culpado se deixasse minha empresa agora

Esta organização merece minha lealdade

Eu não deixaria minha empresa agora porque eu tenho uma obrigação moral com as pessoas daqui

Eu devo muito à empresa em que trabalho

Eu tenho sentimentos negativos em relação à minha empresa

Eu me sinto enganado pela empresa

Sinto que a empresa violou o contrato entre nós e não cumpriu o combinado

Sinto-me extremamente frustrado pela maneira que a empresa têm me tratado

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ANEXO B – ROTEIRO DE ENTREVISTAS

Roteiro para entender a posição da empresa sobre o contrato psicológico na visão da empresa.

[Explicar a pesquisa e pedir autorização para gravar, informando do caráter de confidencial idade de todas as informações]. Primeiramente questões de natureza pessoal:

1. Dados básicos: sexo, idade, estado civil, filhos, outros dependentes, grau de instrução, tempo na

empresa.

2. Faça um breve histórico da sua vida profissional.

Vamos falar agora os itens que você considera que a empresa oferece ao empregado: [Neste momento mostrar a lista de promessas (Rousseau;Kickkul (2001) e explicar cada promessa/expectativa citada: para nas questões definir a importância para a empresa, empregado, justificativa, e tempo para cumprir a promessa )

3. Quais destes itens você acredita que a empresa promete para seus empregados ?

4. Qual destes itens você considera que sejam mais importantes para os empregados?

5. Você considera que algum destes itens embora não sejam prometidos pela empresa, os empregados em

geral, ou alguns deles, pensam que são prometidos ? Em caso afirmativo, Por quê ?

6. Quais dos itens apresentados têm uma maior ênfase em serem cumpridos por parte da empresa?

7. Algum destes tem importância estratégica ? Quais deles ?

8. Como a empresa procura cumprir estas promessas , por favor cite alguns exemplos :

9. Todos os itens são oferecidos para todos os empregados ?

10. Quais itens são para quais empregados ?

11. Porque você acredita que existam estas diferenças ?

12. Como é o processo de conscientização dos empregados sobre a oferta destes itens ( verbalmente,forma

escritas, ou outros ) ?

13. Você como Gestor acredita que transmite ou faz alguma destas intenções a sua equipe ?

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14. Você acredita que os empregados têm uma visão diferente da empresa sobre as expectativas de

carreiras e as oportunidades oferecidas pela organização ?

15. Considera que as pessoas entram com uma visão do que a empresa oferece e com o tempo acabam

modificando esta visão para adequar melhor as necessidades da empresa ? De maneira sucinta, como

funciona o processo de avaliação de desempenho ?

16. O desempenho satisfatório é de alguma conforma condicional para que a empresa dê estas

oportunidades? Quais delas ?

17. Em sua opinião quais são os principais motivos pelos quais as pessoas permanecem na empresa ?

18. Então as pessoas ficam na empresa porque querem, porque precisam ou porque acham de devem, ou

uma combinação disto ?

Existem outras questões, sobre a empresa ou os empregados, que você considera relevante e que não foram abordadas? Quais?

Muito obrigado pela sua colaboração.

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148

APÊNDICE A - CONSTRUÇÃO DAS ESCALAS

JUSTIÇA ORGANIZACIONAL VARIAVEL QUESTÕES

EJ1 Você pode expressar seus pontos de vista e sentimentos, durante a aplicação das normas e procedimentos em sua empresa?

EJ2 Você tem influência nos resultados obtidos por sua empresa mediante as normas e procedimentos que ela utiliza?

EJ3 As normas e procedimentos em sua empresa são aplicados de forma consistente?

EJ4 As normas e procedimentos aplicados em sua empresa são justos?

EJ5 As normas e procedimentos aplicados em sua empresa se baseiam em informações corretas?

EJ6 Você pode contestar os resultados advindos das normas e procedimentos que se aplicam em sua empresa?

EJ7 As normas e procedimentos que se aplicam na sua empresa se fundamentam em valores éticos e morais?

EJ8 Os resultados alcançados por você refletem o esforço que você dedica ao seu trabalho?

EJ9 Os resultados que você obtém refletem a verdadeira importância do trabalho que você executa?

EJ10 Os resultados que você obtém refletem a contribuição que você dá a sua empresa?

EJ11 Os resultados que você obtém se justificam, considerando-se o seu desempenho?

EJ12 Trata-lhe de modo cortês?

EJ13 Trata-lhe com dignidade?

EJ14 Trata-lhe com respeito?

EJ15 Recusa-se a fazer comentários inadequados sobre você?

EJ16 É franca ao se comunicar com você?

EJ17 Explica com clareza os procedimentos adotados?

EJ18 Fornece explicações razoáveis sobre os procedimentos adotados na empresa?

EJ19 Comunica-se com você em momentos oportunos?

EJ20 Dá a impressão de que adapta a comunicação às necessidades específicas de cada um?

b) Somatório das variáveis DIMENSÃO VARIÁVEIS UTILIZADAS J.DISTRIBUTIVA EJ8+EJ9+EJ10+EJ11

J. PROCESSUAL EJ1+EJ2+EJ3+EJ4+EJ5+EJ6+EJ7

J.INFORMACIONAL EJ16+EJ17+EJ18+EJ19+EJ20

J. INTERPESSOAL EJ12+EJ13+EJ14+EJ15

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149

Comprometimento Organizacional VARIÁVEL QUESTÕES

EC1 Eu ficaria feliz se passasse o resto de minha vida profissional na empresa em que trabalho

EC2 Eu realmente sinto os problemas da empresa como se fossem meus

EC3 (INVERTIDO) Eu não sinto muito integrado com minha empresa

EC4(INVERTIDO) Eu não me sinto emocionalmente ligado à minha empresa

EC5 (INVERTIDO) Eu não me sinto como uma “pessoa de casa” na minha organização

EC6 Esta organização tem um significado pessoal muito grande para mim

EC7 Na situação atual, ficar com minha organização é tanto uma necessidade quanto um desejo.

EC8 Mesmo que eu quisesse, seria muito difícil para mim deixar minha empresa agora EC9 Se eu decidisse deixar minha empresa agora, minha vida ficaria bastante desestruturada.

EC10 Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse esta organização

EC11 Se eu já não tivesse dado tanto de mim nesta empresa, eu poderia considerar trabalhar em outro lugar.

EC12 Uma das poucas conseqüências negativas de deixar esta empresa seria a falta de outras alternativas imediatas

EC13 INVERTIDO Eu não sinto nenhuma obrigação em permanecer nesta empresa

EC14 Mesmo que fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar minha empresa agora.

EC15 Eu me sentiria culpado se deixasse minha empresa agora EC16 Esta organização merece minha lealdade

EC17 Eu não deixaria minha empresa agora porque eu tenho uma obrigação moral com as pessoas daqui

EC18 Eu devo muito à empresa em que trabalho

b) Somatório das variáveis

DIMENSÃO VARIÁVEIS UTILIZADAS C. AFETIVO EC1+EC2+EC3_INV +EC4_INV + EC5_INV + EC6

C. NORMATIVO EC13_INV + EC14+EC15+EC16+EC17+EC18

C. CALCULATIVO EC7+EC8+EC9+EC10+EC11 + EC12 +EC13_INV

Escala de Violação de Contrato

VARIÁVEL QUESTÃO

VIOL1 Eu tenho sentimentos negativos em relação à minha empresa

VIOL2 Eu me sinto enganado pela empresa

VIOL3 Sinto que a empresa violou o contrato entre nós e não cumpriu o combinado

VIOL4 Sinto-me extremamente frustrado pela maneira que a empresa têm me tratado

b) Somatório das variáveis DIMENSÃO VARIÁVEIS UTILIZADAS

VIOLAÇÃO DE CONTRATO

VIOL1+VIOL2+VIOL3+VIOL4

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150

APÊNDICE B – GRÁFICO NORMAL P-P Gráfico Normal PP – Justiça, Comprometimento, Quebra e Violação de Contrato

Observed Cum Prob1,00,80,60,40,20,0

Exp

ecte

d C

um

Pro

b

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0

Normal P-P Plot of Justiça Processual

Observed Cum Prob1,00,80,60,40,20,0

Exp

ecte

d C

um

Pro

b

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0

Normal P-P Plot of Justiça Distributiva

Observed Cum Prob1,00,80,60,40,20,0

Exp

ecte

d C

um

Pro

b

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0

Normal P-P Plot of Justiça Interpessoal

Observed Cum Prob1,00,80,60,40,20,0

Exp

ecte

d C

um

Pro

b

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0

Normal P-P Plot of Justiça Informacional

Observed Cum Prob1,00,80,60,40,20,0

Exp

ect

ed

Cu

m P

rob

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0

Normal P-P Plot of Comprometimento Afetivo

Observed Cum Prob

1,00,80,60,40,20,0

Exp

ecte

d C

um

Pro

b

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0

Normal P-P Plot of Escala de Comprometimento Normativo

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151

Observed Cum Prob1,00,80,60,40,20,0

Exp

ecte

d C

um

Pro

b1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0

Normal P-P Plot of Comprometimento Calculativo

Observed Cum Prob

1,00,80,60,40,20,0

Exp

ecte

d C

um

Pro

b

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0

Normal P-P Plot of Quebra de Contrato

Observed Cum Prob1,00,80,60,40,20,0

Exp

ecte

d C

um

Pro

b

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0

Normal P-P Plot of Violação de Contrato

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152

APÊNDICE C- DIAGRAMAS DE DISPERSÃO (comprometimento X justiça)

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153

APÊNDICE D – OUTPUT EQS 6.1 – CONFIABILIDADE DAS ESCALAS A) ESCALA DE COMPROMETIMENTO AFETIVO RELIABILITY COEFFICIENTS CRONBACH'S ALPHA = .759

RELIABILITY COEFFICIENT RHO = .759

MAXIMAL WEIGHTED INTERNAL CONSISTENCY RELIABILITY = .843

MAXIMAL RELIABILITY CAN BE OBTAINED BY WEIGHTING THE VARIABLES AS FOLLOWS:

EC1 EC2 EC6 EC3_INV EC4_INV EC5_INV .160 .046 .166 .388 .843 .373

STANDARDIZED FACTOR LOADINGS FOR THE FACTOR THAT GENERATES MAXIMAL

RELIABILITY FOR THE UNIT-WEIGHT COMPOSITE BASED ON THE MODEL (RHO):

EC1 EC2 EC6 EC3_INV EC4_INV EC5_INV .492 .153 .498 .710 .854 .707

B) ESCALA DE COMPROMETIMENTO NORMATIVO CRONBACH'S ALPHA = .767

RELIABILITY COEFFICIENT RHO = .779

MAXIMAL WEIGHTED INTERNAL CONSISTENCY RELIABILITY = .901

MAXIMAL RELIABILITY CAN BE OBTAINED BY WEIGHTING THE VARIABLES AS FOLLOWS:

EC14 EC15 EC16 EC17 EC18 EC13_INV .736 .934 .126 .330 .074 .043 STANDARDIZED FACTOR LOADINGS FOR THE FACTOR THAT GENERATES MAXIMAL

RELIABILITY FOR THE UNIT-WEIGHT COMPOSITE BASED ON THE MODEL (RHO):

EC14 EC15 EC16 EC17 EC18 EC13_INV .880 .895 .476 .738 .339 .211

C) ESCALA DE COMPROMETIMENTO CALCULATIVO CRONBACH'S ALPHA = .756

RELIABILITY COEFFICIENT RHO = .779

MAXIMAL WEIGHTED INTERNAL CONSISTENCY RELIABILITY = .836

MAXIMAL RELIABILITY CAN BE OBTAINED BY WEIGHTING THE VARIABLES AS FOLLOWS:

EC7 EC8 EC9 EC10 EC11 EC12 .119 .371 .668 .496 .133 .180

STANDARDIZED FACTOR LOADINGS FOR THE FACTOR THAT GENERATES MAXIMAL

RELIABILITY FOR THE UNIT-WEIGHT COMPOSITE BASED ON THE MODEL (RHO):

EC7 EC8 EC9 EC10 EC11 EC12 .373 .717 .829 .742 .320 .501

D) ESCALA DE JUSTIÇA PROCESSUAL CRONBACH'S ALPHA = .847

RELIABILITY COEFFICIENT RHO = .840

MAXIMAL WEIGHTED INTERNAL CONSISTENCY RELIABILITY = .885

MAXIMAL RELIABILITY CAN BE OBTAINED BY WEIGHTING THE VARIABLES AS FOLLOWS:

EJ1 EJ2 EJ3 EJ4 EJ5 EJ6 EJ7 .307 .160 .408 1.068 .618 .174 .304

STANDARDIZED FACTOR LOADINGS FOR THE FACTOR THAT GENERATES MAXIMAL

RELIABILITY FOR THE UNIT-WEIGHT COMPOSITE BASED ON THE MODEL (RHO):

EJ1 EJ2 EJ3 EJ4 EJ5 EJ6 EJ7 .632 .480 .709 .870 .785 .498 .636

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154

E) ESCALA DE JUSTIÇA DISTRIBUTIVA CRONBACH'S ALPHA = .903

RELIABILITY COEFFICIENT RHO = .905

MAXIMAL WEIGHTED INTERNAL CONSISTENCY RELIABILITY = .946

MAXIMAL RELIABILITY CAN BE OBTAINED BY WEIGHTING THE VARIABLES AS FOLLOWS:

EJ8 EJ9 EJ10 EJ11 .225 1.337 1.764 .464 STANDARDIZED FACTOR LOADINGS FOR THE FACTOR THAT GENERATES MAXIMAL

RELIABILITY FOR THE UNIT-WEIGHT COMPOSITE BASED ON THE MODEL (RHO):

EJ8 EJ9 EJ10 EJ11 .670 .930 .946 .810 F) ESCALA DE JUSTIÇA INTERPESSOAL CRONBACH'S ALPHA = .904

RELIABILITY COEFFICIENT RHO = .913

MAXIMAL WEIGHTED INTERNAL CONSISTENCY RELIABILITY = .974

MAXIMAL RELIABILITY CAN BE OBTAINED BY WEIGHTING THE VARIABLES AS FOLLOWS:

EJ12 EJ13 EJ14 EJ15 .602 3.006 1.172 .093

STANDARDIZED FACTOR LOADINGS FOR THE FACTOR THAT GENERATES MAXIMAL

RELIABILITY FOR THE UNIT-WEIGHT COMPOSITE BASED ON THE MODEL (RHO):

EJ12 EJ13 EJ14 EJ15 .899 .980 .950 .553 G) ESCALA DE JUSTIÇA INFORMACIONAL CRONBACH'S ALPHA = .909

RELIABILITY COEFFICIENT RHO = .910

MAXIMAL WEIGHTED INTERNAL CONSISTENCY RELIABILITY = .923

MAXIMAL RELIABILITY CAN BE OBTAINED BY WEIGHTING THE VARIABLES AS FOLLOWS:

EJ16 EJ17 EJ18 EJ19 EJ20 .523 .982 .829 .442 .316

STANDARDIZED FACTOR LOADINGS FOR THE FACTOR THAT GENERATES MAXIMAL

RELIABILITY FOR THE UNIT-WEIGHT COMPOSITE BASED ON THE MODEL (RHO):

EJ16 EJ17 EJ18 EJ19 EJ20 .814 .895 .877 .779 .714 H) ESCALA DE VIOLAÇÃO DE CONTRATO CRONBACH'S ALPHA = .882

RELIABILITY COEFFICIENT RHO = .872

MAXIMAL WEIGHTED INTERNAL CONSISTENCY RELIABILITY = .916

MAXIMAL RELIABILITY CAN BE OBTAINED BY WEIGHTING THE VARIABLES AS FOLLOWS:

VIOL1 VIOL2 VIOL3 VIOL4 .178 1.032 .796 .287

STANDARDIZED FACTOR LOADINGS FOR THE FACTOR THAT GENERATES MAXIMAL

RELIABILITY FOR THE UNIT-WEIGHT COMPOSITE BASED ON THE MODEL (RHO):

VIOL1 VIOL2 VIOL3 VIOL4 .630 .913 .891 .761

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155

APÊNDICE E – DISTRIBUIÇÃO DOS RESÍDUOS DAS REGRESSÕES LINEARES

V.D – COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL

Regression Standardized Predicted Value210-1-2-3

Reg

ress

ion

Sta

nd

ard

ized

Res

idu

al

2

0

-2

-4

Dependent Variable: Comprometimento Afetivo

Resíduo 1 - Modelo 1 (V.D – C.A)

Regression Standardized Predicted Value10-1-2-3

Reg

ress

ion

Sta

nd

ard

ized

Res

idu

al

2

1

0

-1

-2

-3

Dependent Variable: Comprometimento Afetivo

Resíduo 2 - Modelo 2I (V.D – C.A)

Regression Standardized Predicted Value210-1-2-3

Reg

ress

ion

Sta

nd

ard

ized

Res

idu

al

3

2

1

0

-1

-2

-3

Dependent Variable: Comprometimento Afetivo

Resíduo 3 - Modelo 2F (V.D – C.A)

Regression Standardized Predicted Value210-1-2-3

Reg

ress

ion

Sta

nd

ard

ized

Res

idu

al

3

2

1

0

-1

-2

-3

Dependent Variable: Comprometimento Afetivo

Resíduo 4 - Modelo 3F (V.D – C.A)

Regression Standardized Predicted Value210-1-2-3

Reg

ress

ion

Sta

nd

ard

ized

Res

idu

al

3

2

1

0

-1

-2

-3

Comprometimento Normativo

Resíduo 5 - Modelo 4 (V.D – C.N)

Regression Standardized Predicted Value10-1-2-3

Reg

ress

ion

Sta

nd

ard

ized

Res

idu

al

3

2

1

0

-1

-2

-3

Dependent Variable: Escala de Comprometimento Normativo

Resíduo 6 - Modelo 5 (V.D – C.N)

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156

APÊNDICE E – DISTRIBUIÇÃO DOS RESÍDUOS DAS REGRESSÕES LINEARES: V.D – JUSTIÇA ORGANIZACIONAL

Regression Standardized Predicted Value10-1-2-3

Re

gre

ss

ion

Sta

nd

ard

ize

d R

es

idu

al

3

2

1

0

-1

-2

-3

Dependent Variable: Justiça Processual

Resíduo 7 - Modelo 1I (V.D – J.P)

Regression Standardized Predicted Value210-1-2-3

Reg

ress

ion

Sta

nd

ard

ized

Res

idu

al

4

2

0

-2

Dependent Variable: Justiça Processual

Resíduo 8 - Modelo 1F (V.D – J.P)

Regression Standardized Predicted Value210-1-2-3

Reg

ress

ion

Sta

nd

ard

ized

Res

idu

al

3

2

1

0

-1

-2

-3

Dependent Variable: Justiça Distributiva

Resíduo 9 - Modelo 2 (V.D – J.D)

Regression Standardized Predicted Value10-1-2-3

Reg

ress

ion

Sta

nd

ard

ized

Res

idu

al

4

2

0

-2

-4

Dependent Variable: Justiça Interpessoal

Resíduo 10 - Modelo 3 (V.D – J.INT)

Regression Standardized Predicted Value10-1-2-3

Reg

ressio

n S

tan

dard

ized

Res

idu

al

2

0

-2

-4

Dependent Variable: Justiça Informacional

Resíduo 11 - Modelo 4I (V.D – J.INF)

Regression Standardized Predicted Value210-1-2-3

Reg

ress

ion

Sta

nd

ard

ized

Re

sid

ua

l

3

2

1

0

-1

-2

-3

Dependent Variable: Justiça Informacional

Resíduo 12 - Modelo 4F (V.D – J.INF)

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APÊNDICE F - NORMALIDADE DOS RESIDUOS DE REGRESSÃO

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