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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CI Ê NCIAS JUR í DICAS E ECON Ô MICAS COPPEAD - Instituto de Pós-graduação e Pesquisa em Administração ESTRAT É GIA DE MARKETING E MEIO AMBIENTE: UMA INVESTIGAÇ Ã O SOBRE A COMUNICAÇ Ã O COM CONTE Ú DO AMBIENTALlSTA E AS PR Á TICAS GERENCIAIS DAS EMPRESAS QUE A UTILIZAM Paulo Ribeiro Daltro-Santos Mestrado em Administração Orientador: Prot". Angela Maria da Rocha Rio de Janeiro, RJ - Brasil Março de 1996

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURíDICAS E ECONÔMICAS

COPPEAD - Instituto de Pós-graduação e Pesquisa em Administração

ESTRATÉGIA DE MARKETING E MEIO AMBIENTE:

UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE A COMUNICAÇÃO COM CONTEÚDO AMBIENTALlSTA

E AS PRÁTICAS GERENCIAIS DAS EMPRESAS QUE A UTILIZAM

Paulo Ribeiro Daltro-Santos

Mestrado em Administração

Orientador: Prot". Angela Maria da Rocha

Rio de Janeiro, RJ - Brasil

Março de 1996

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ESTRATÉGIA DE MARKETING E MEIO AMBIENTE:

UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE A COMUNICAÇÃO COM CONTEÚDO AMBIENTALlSTA E

AS PRÁTICAS GERENCIAIS DAS EMPRESAS QUE A UTILIZAM

PAULO RIBEIRO DAL TRO-SANTOS

TESE SUBMErIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E

PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO,

COPPEAD, COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

MESTRE EM CIÊNCIAS ( M.Sc. )

APROVADO POR:

PROF.

PROF.

� ANGELA MARIA DA ROCHA

PRESIDENTE

DAVID GERT�ER

UFRJ - COPPEAD

GEúUOBORGESDASILVEIRA FILHO

UFRJ - FEA

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO DE 1996

ii

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DAL TRO-SANTOS, Paulo Ribeiro

Estratégia de Marketing e Meio Ambiente: Uma investigação

sobre a comunicação com conteúdo ambienta lista e as práticas

gerenciais das empresas que a utilizam. Rio de Janeiro:

COPPEADfUFRJ, 1996

xvi, 186p., 29,7 em (COPPEADfUFRJ, M.Se., Administração,

1996)

Tese - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPEAD,

Mestrado em Administração.

1. Marketing 2. Meio Ambiente 3. Estratégias

I. COPPEADfUFRJ 11. Título

li

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Ao meu Pai (in memorian)

e minha mãe

IV

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AGRADECIMENTOS

o teste da H ipótese 1 "A dívida de gratidão criada para a elaboração de uma

Dissertação de Mestrado é muito maior do que o trabalho produzido justificaria"

apresentada por Ferreira ( 1990) é de difícil verificação estatística, porém, em

termos da experiência vivida no decorrer deste estudo, isto é, em uma amostra

infin itamente pequena, a mesma está mais do que comprovada.

Resta ao autor expressar sua grande gratidão a uma série de pessoas especiais

que, de uma forma ou de outra, direta ou indiretamente, muito auxiliaram no

processo de "gestação" da presente pesquisa.

Primeiro à Professora Angela Maria da Rocha, mestra e profissional de marketing

que sempre me presenteou com o seu conhecimento, exemplo e experiência.

Aos Professores David Gertner e Getúlio Borges da Silveira Filho, que me

honraram participando da Banca que apreciou esta Dissertação de Mestrado,

pelas sugestões e recomendações recebidas.

Ao Professor Armando Leite Ferreira "augusto" mestre e especial amigo que

coorientou este estudo e a quem devo grande parte do mesmo.

A Bibl iotecária Mariza Russo que com a sua dedicação e carinho por todos

alunos do COPPEAD em muito facil ita e estimula a atividade de pesquisa. Em

particular, a gratidão pela organização das referências bibliográficas deste

estudo.

A todos os demais professores e funcionários do COPPEAD o meu muito

obrigado por toda a ajuda obtida nestes últimos quatro anos de minha vida.

v

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A Luis Affonso Buzaglo Kanner e Márcia Janete Kelab Sigaud, colegas de turma,

a minha gratidão e eterna amizade pelo incentivo e carinho recebidos. Dois

irmãos que estarão sempre no meu coração.

No que tange a empresa onde trabalho, PETROBRAS, é necessário, também,

expor minha gratidão a uma série de profissionais.

Primeiro à Adolpho Paes de Barros e Jasmin Tavares Correia, responsáveis por

minha entrada no métier da Estratégia Empresarial.

A Chanan Rubin e Antonio Tomazell i Filho, meus dois verdadeiros sponsors

neste curso de Mestrado. A Antonio Aparecida de Oliveira, amigo que muito

auxiliou a conseguir a aprovação do curso, e a Nelson Moczydlower, que

concedeu a autorização final.

A Lenice Rangel Taveira Kostelnik, representando todas as bibliotecárias do

Serviço de Engenharia e do Centro de Pesquisa da PETROBRAS que muito

ajudaram na real ização de toda a pesquisa bibl iográfica.

A Lêda Maria Neves Fraenkel, amiga preciosa que muito me apoiou neste

período.

A Américo Brazílio Silvado Vieira, Antonio Luiz Brandão Squadri, Demosthenes

Salomão Sobrinho, Ismael Nogueira da Gama Orenstein, Marcos João Costa da

Silva e demais colegas da Divisão de Planejamento do Departamento Comercial

da PETROBRAS que me forneceram o incentivo necessário na "reta final".

Particularmente a Ildemar Dutra da Si lva Bueno e Naide Neves Pinto pelo

preparo do material de apresentação para a defesa perante a Banca.

A todos os executivos das trinta empresas pesquisadas que gentilmente

responderam ao instrumento de pesquisa de campo.

VI

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A Leticia Maria Seabra Monteiro Lazaro, amiga querida, por sua paciência na

revisão cuidadosa e meticulosa deste trabalho.

E finalmente à minha mãe e todos os demais amigos e parentes que tiveram a

paciência de me suportar durante o período de elaboração deste estudo.

A todos aqui nominalmente citados e àqueles que, por indel icadeza minha, não

tenham sido mencionados, o meu mais sincero muito obrigado.

vii

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RESUMO DA TESE APRESENTADA AO COPPEAD/UFRJ COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS ( M. Se. )

ESTRATÉGIA DE MARKETING E MEIO AMBIENTE:

UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE A COMUNICAÇÃO COM CONTEÚDO

AMBIENTALlSTA E AS PRÁTICAS GERENCIAIS DAS EMPRESAS QUE A

UTILIZAM

PAULO RIBEIRO DAL TRO-SANTOS

MARÇO DE 1996

ORIENTADOR: Prof. Angela Maria da Rocha

Este estudo exploratório procurou conhecer o mix de comunicação de marketing,

as práticas gerenciais adotadas e as estratégias empresariais implementadas

pelas empresas pesquisadas no que concerne à preocupação com a preservação

ambiental.

Foi utilizada uma amostra de conveniência de trinta empresas situadas no sul e

sudeste do Brasil que, de alguma forma, já expressaram preocupação com a

preservação ambiental no seu mix de comunicação. O instrumento de pesquisa

de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e

fechadas aplicado ao executivo indicado como o responsável pela comunicação

de cunho ambienta l ista das empresas pesquisadas.

Foi possível concluir que as empresas pesquisadas têm empreendido grandes

esforços em reduzir a agressão ao meio ambiente de suas atividades produtivas.

O estudo permitiu observar que as empresas pesquisadas se encontram em

diferentes fases desse processo.

Vlll

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o estudo também permitiu perceber que este processo de redução da agressão

ao meio ambiente é percebido como vantagem competitiva pelas empresas

pesquisa das, em particular no que tange à imagem institucional das mesmas.

IX

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ABSTRACT

This exploratory study aimed at betler know the marketing communication mix, the

management practices adopted and the enterprise's strategies implemented by

the researched companies toward their environmental concerns

It was utilized a convenience sample of thirty companies installed at the south and

southeast of Brazil that. in some way, showed concern about environment

preservation at their communication mixo The field research instrument was

composed by semi-structured questionnaire with open and close questions

applied at the executives indicates as the responsible by the environmental

concern communication of the researched companies.

It was possible to conclude that researched companies have undertook great

efforts toward the reduction of the aggression of environment at their productive

activities. The study al lowed to notice that the researched companies are situated

at different stages of the processo

The study also a llowed to observe that the process of environment aggression

reduction is perceived as competitive advantage by the researched companies,

particularly in what concerns at their institutional images

"

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SUMÁRIO

Capítulo I Introdução

1 . 1 . Origem do Estudo 2

1 .2. Importância do Estudo 4

1 .3 . Delimitação do Âmbito do Estudo 6

1 .4. Organização do Estudo 7

Capítulo 11 Revisão de Literatura

2. 1 . Introdução 9

2.2. O Consumerismo e a Questão Verde 1 3

2 .2 . 1 . Origem do Consumerismo 1 3

2.2.2. Consumerismo Verde 1 5

2.2.2 . 1 . H istórico 16

2.2.2.2. Consumidor Verde 1 9

2.2.3. O Consumidor Verde segundo a IOCU 22

2 .2.4. A Questão Verde no Brasil 23

2.3. Environmental Management:: Administração Orientada para

a Preservação do Meio Ambiente (ADORMA) 25

2.3. 1 . H istórico 25

2.3.2. Conceitos e Razões para Adoção do

Environmental Management 27

2.3.3. O Comprometimento das Empresas: Códigos Corporativos.

Princípios Diretores. Pol íticas Empresariais e outros 30

2.4. Environmental Marketing 35

2.4. 1 . Definição 35

2.4.2. Questões Práticas 37

2.4.2 . 1 . Log ística Reversa 38

2.4.2.2. Certificação de Produtos - O Selo Verde 40

2.4.2.3. A Questão Legal 44

Xl

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2.5. Estudos Realizados sobre o Tema 45

Capítulo 111 Metodologia de Pesquisa

3 . 1 . Introdução 56

3.2. Defin ição das Perguntas de Pesquisa 56

3.3. Determinação da População e da Amostra 57

3.4. Coleta de Dados 58

3.4.1 . Seleção dos Respondentes 58

3.4.2. Elaboração do Instrumento de Coleta de Dados 58

3.4.3. Pré-teste do Instrumento de Coleta de Dados 59

3.4.4. Método de Coleta de Dados 59

3.5. Análise de Dados 60

3.6. L imitações do Estudo 60

Capítulo IV Análise dos Resultados

4. 1 . Introdução 63

4.2. Resultados 65

4.2 . 1 . Discurso - Análise do Mix de Comunicação de Marketing 65

4.2. 1 . 1 . Análise Temporal 65

4.2 . 1 .2. Objetivos 69

4.2. 1 .3 . Públ icos-Alvo 70

4.2.1 .4. Formas de Comunicação/Mídias 73

4.2. 1 .4. 1 . Mídias Utilizadas 77

4.2 . 1 .5. Mensagens 80

4.2. 1 .6. Orçamento/Gastos com Marketing Ambiental 81

4.2 . 1 .7. Resultados Esperados pelas Empresas 82

4.2.2. Práticas Gerenciais - Administração Orientada para a

Preservação do Meio Ambiente - ADORMA 87

4.2.3. Discurso versus Práticas - Estratégia e Concorrência 94

XlI

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Capítulo V Resumo, Conclusões e Sugestões

5. 1 .

5.2.

5.3.

5.3 . 1 .

5.3 .2.

Resumo do Estudo

Conclusões

Sugestões

Sugestões para Estudos Futuros

Sugestões para as Empresas

Referências Bibliográficas

Anexos

Anexo I

Anexo 11 Anexo 111

Informações adicionais à Revisão de Literatura

Correspondências referentes à pesquisa

Instrumento de coleta de dados utilizado

1 06

108

1 1 2

1 12

1 1 3

1 1 5

1 22

1 55

1 58

Xlll

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RELAÇÃO DE TABELAS E QUADROS

Tabelas

Tabela 1 : H iato entre a comunicação e adoção do Marketing Ambiental 66

Tabela 2: Evolução dos objetivos de comunicação de Marketing 67

Tabela 3: Objetivos específicos de comunicação das empresas 69

Tabela 4: Públicos-Alvo da comunicação com foco ambiental ista 70

Tabela 5: Familiaridade do públ ico-alvo com o tema 71

Tabela 6: Grau de favorabilidade ao uso da temática ambientalista 72

Tabela 7: Segmentação dos formadores de opinião 73

Tabela 8: Formas de comunicar a preocupação com o meio ambiente 74

Tabela 9: Ferramental de comunicação de Marketing utilizado 75

Tabela 1 0 : Forma de expressar as mensagens de conteúdo

ambiental ista 76

Tabela 1 1 : Mídias utilizadas pelas empresas 77

Tabela 12 : Resultados esperados com a comunicação ambientalista 82

Tabela 1 3 : Importância dos temas ligados à comunicação ambiental 85

Tabela 14 : Mudanças provocadas pela incorporação do ambientalismo

às práticas gerenciais das empresas 87

Tabela 1 5: Envolvimento dos setores da empresa com ADORMA 89

Tabela 1 6 : Avaliação do desempenho ambiental das empresas e as

fases do Ciclo de Vida da Substância 90

Tabela 1 7: AdOÇão das práticas ambiental istas pelas empresas

em novos negócios 92

Tabela 18 : Tempo decorrido desde a implantação da preocupação

ambiental nas empresas da amostra (ano de

referência 1 995) 95

xiv

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Quadros

Quadro I: Agente Motivador da preocupação com a preservação do

meio ambiente 96

Quadro 11: Evolução dos custos após adoção de práticas ADORMA 97

Quadro 111: Comportamento de preços e adoção de práticas ADORMA 98

Quadro IV: Margens após a ADORMA 99

Quadro V: Reputação da empresas após introdução da ADORMA 100

Quadro VI: ADORMA e P&D 101

Quadro VII: Comparação entre o tamanho das empresas e seus

concorrentes

Quadro VIII: Controles utilizados

102

103

xv

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"É fácil dizer às pessoas como ser favorável ao meio

ambiente. É fácil prometer o que você pretende fazer

no futuro. Mas, no meu entender, o número de verdes

diminui quando falamos de verdadeiros ambientalistas

em tempo integral, daqueles que agem de acordo

com o que pregam; quando deixamos de fora os

faladores e levamos em conta o que as pessoas

realizaram, e não o que pretendem fazer."

- Ruger Friberg, Volvo

XVI

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CAPíTULO I

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Introdução

1 . 1 . Origem do Estudo

o presente estudo visa conhecer o discurso, as práticas e as estratégias de

empresas operando no Brasi l , de capita l privado (nacional ou multinacional) e

estatais, em relação a questão ambiental.

No aspecto político, desde o final dos anos 60, com o advento do Movimento de

Contra-Cultura, o tema Meio Ambiente tem sido bastante discutido. O Relatório do

Clube de Roma, no in ício dos anos 70, previa um futuro catastrófico para a

humanidade. No final da mesma década e in ício dos anos 80, surgem os Partidos

Verdes - os PV's - na Europa. Nos anos 90, a Cidade do Rio de Janeiro

recepcionou o maior encontro de chefes de estado da história da humanidade, a

Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente - ECO-92. A simples

descrição da trajetória das discursões sobre o tema permite concluir que houve uma

mudança em sua importância, saindo de uma situação marginal para ingressar na

pauta das grandes decisões políticas.

Há vinte anos, o Governo Brasileiro tinha como meta atrair investimentos de

indústrias poluidoras acuadas em seus países de origem. Hoje, o Governo Brasileiro

empreende esforços no sentido de melhorar a imagem do país no que concerne à

questão ambiental.

No início da abordagem do tema pelo movimento de contra-cultura as empresas

eram apresentadas como o "Grande Vilão" que, no afã de acumular maiores lucros,

desprezavam os impactos provocados no meio ambiente por seus processos

produtivos.

2

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Uma vasta literatura tem, desde então, sido publicada nos pa íses que primeiro

manifestaram a preocupação com o impacto ambiental das empresas.

A origem do estudo vem do questionamento de como a recém-chegada preocupação

ambiental se reflete na gerência das empresas no Brasil, quer através do seu mix de

comunicação, quer através das práticas gerenciais adotadas e pela própria

estratégia empresarial empreendida.

3

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1 .2 . Importância do Estudo

A questão ambiental hoje é, mais do que qualquer outra coisa, um fator crítico de

vantagem competitiva. A vantagem competitiva mencionada pode se apresentar de

diversas formas: no desenvolvimento da Imagem Corporativa, em termos de custos

e/ou desenvolvimento tecnológico ou mesmo como instrumento para vencer

barreiras não-tarifárias.

Ferreira ( 1 990) lembra que "uma corporate image forte deve influenciar a

predisposição para efetivar negócios com a instituição. A imagem é importante

componente em qualquer ramo de atividade. Uma empresa que tem uma boa

reputação é geralmente encarada como capaz de produzir bons produtos e

serviços." Ferreira tambem afirma que " imagens corporativas não existem no vácuo,

elas são afetadas pela atividade da empresa, pela imagem da indústria e pela

imagem dos concorrentes".

Porter & van der Linde (1 996) expõem que a "poluição esconde custos que são

desperdícios", sublinham que "as normas ambientais podem estimular a eficiência" e

lembram que "resistir às inovações é tornar-se menos competitivo".

Cairncross ( 1 992) estuda a vantagem competitiva possível de ser criada em termos

de processo produtivo e desenvolvimento de produtos e suas relações com a

regulamentação no que tange à questão ambiental.

North ( 1 992) alerta para o que chama de Green Trade Barriers - Barreiras Verdes

ao Comércio - em termos das trocas internacionais.

4

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A importância deste estudo reside, então, em sua intenção de procurar conhecer

como as empresas instaladas no Brasil estão agindo (ou reagindo) diante do

desafio ambienta lista e, principalmente, a forma e o conteúdo que escolheram para

comunicar ao mercado seus avanços nesse campo. Por serem, as empresas

entrevistadas, as mais atuantes neste sentido no país, espera-se que o resultado

obtido pelo estudo possa auxiliar às demais empresas que buscam esse caminho.

5

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1.3. Delimitação do Âmbito do Estudo

o objetivo principal do presente estudo é investigar como as empresas brasileiras

estão comunicando sua preocupação com o meio ambiente, quais práticas

gerenciais são adotadas para dar respaldo à preocupação ambiental ista comunicada

e, por fim, como esta preocupação ambiental está manifestada na estratégia das

empresas.

A escolha de empresas se deu a partir de pesquisa em dados secundários em

revistas, jornais e outros tipos de mídia que indicaram a utilização de mensagens de

cunho ambientalista por parte delas.

Obviamente, esse tipo de levantamento não é perfeito, l imitando a seleção de

empresas àquelas que utilizam véiculos de mídia de caráter nacional. Por ser um

estudo de caráter exploratório, não se expecificou um setor ou ramo de atividades

específico, o que dá um caráter bastante heterôgeneo ao grupo de empresas

pesquisadas. Preferiu-se, no entanto, esta opção a outras, pois isso permitiu

entrevistar as empresas que há mais tempo se utilizam de práticas gerenciais de

cunho ambientalista.

6

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1 .4. Organização do Estudo

o presente estudo foi elaborado da seguinte forma:

• Capítulo 1 : apresenta o estudo e sua importância dentro do contexto atual, relata

sua abrangência e a forma como foi organizado.

• Capítulo 2: aborda a revisão de l iteratura realizada. Visa, com isso, introduzir o

pensamento de diversos autores sobre o o surgimento de um mercado - oferta e

demanda - que o Marketing Ambiental procura estudar, como também sobre o

próprio Maketing Ambiental

• Capítulo 3: dedicado à metodologia de pesquisa. Nele estão descritos o

desenvolvimento da metodologia que foi aplicada ao estudo realizado, as

premissas básicas, as perguntas a serem respondidas, sua operacionalização, a

descrição da amostra, o método de coleta de dados e a metodologia de análise

dos resultados.

• Capítu lo 4: analisa os dados obtidos buscando responder às perguntas

apresentadas e discute os resultados anal isados a partir dos tratamentos

aplicados aos dados dos questionários.

• Capítulo 5: apresenta os principais resultados do estudo em forma de conclusões

e sugestões para estudos futuros.

São ainda apresentados, em anexo, informações adicionais à Revisão de Literatura,

as correspondênCias referentes à pesquisa, bem como a cópia do instrumento de

coleta de dados utilizado.

7

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CAPíTULO 11

8

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Revisão de Literatura:

2.1 . Introdução

Marketing orientado para a preservação do meio ambiente ou Environmental

Marketing ou ainda Green Marketing, como também é denominado, é um termo cada

vez mais atual na área de administração de empresas. Porém, o que essa expressão

traduz em termos de estratégia empresarial? O que a diferencia da abordagem

convencional do Marketing?

Pode-se iniciar sua compreensão buscando entender o que a palavra verde

significa. Uma definição literal poderia ser obtida da F ísica Ótica: "d iz-se da cor

situada entre o azul e o amarelo no espectro da luz branca" (GRANDE

ENCICLOPEDIA LAROUSSE CULTURAL 1 988) . Prince ( 1 992) lembra que verde é

também a cor do dinheiro, a tonalidade da grama e a coloração dos olhos da inveja!

Ottman ( 1 992) define um produto verde como sendo "tipicamente durável, feito de

material reciclado, e com um mínimo de empacotamento"; prossegue afirmando que

produtos que possuam estes atributos não são "completamente verdes", uma vez

que utilizam considerável quantidade de energia e recursos e criam detritos e

poluição durante sua manufaturação, distribuição e após seu uso ou descarte .

Conclui afirmando que verde é um conceito relativo que descreve aqueles produtos

com menor impacto ao meio ambiente do que outros alternativos. Ottman lembra

ainda que um produto verde pode variar consideravelmente conforme a classe de

produto e região. Desta forma, este conceito, devido ao permanente

desenvolvimento tecnológico, torna-se um "alvo em movimento".

9

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Kangis ( 1992) defende que é bastante difícil definir marketing verde, e que a palavra

verde deve ser entendida como "bom, ou ao menos, melhor que outros produtos ou

serviços em relação a atributos mensuráveis". Ressalta ainda a diversidade e

contextualidade dos atributos, o que se traduz na quase impossibil idade de

mensuração dos mesmos.

Segundo a concepção de Pease ( 1993), referindo-se ao caso específico da indústria

madeireira, um produto só será verde quando assim for percebido pelos seus

consumidores. Este tema é bastante estudado na área de marketing. Rocha e

Christensen ( 1 987) afirmam que "entre os processos envolvidos na cognição,

especial importância é dada à percepção, já que é aí que se produzem a seleção, a

organização e a interpretação dos estímulos sensoriais a partir dos quais o indivíduo

irá compor seu quadro cognitivo do mundo. Este quadro cognitivo não é uma

fotografia da realidade, mas é o resultado, distinto para cada indivíduo, da ação dos

processos de percepção, julgamento e memória". Ainda sobre percepção, Berelson

e Steiner ( 1989) a definem como "o processo através do qual um indivíduo

seleciona, organiza e interpreta os inputs de informação para elaborar uma imagem

significativa do mundo". Neste sentido Kotler ( 1 989) chama a atenção da

necessidade do comunicador ter especial cuidado com a atenção seletiva, pois

segundo este autor:

"(i) as pessoas estão mais inclinadas a notar

estímulos que se relacionem às suas necessidades atuais,

(ii) as pessoas estão mais interessadas em notar

estímulos que elas esperam e

(ii i) as pessoas estão inclinadas a notar os estímulos

cujas divergências sejam maiores em relação ao normal do

estímulo."

\O

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Os autores citados consideram que "ser verde" é um conceito instável. função não

só da questão temporal e geográfica. mas também da efetividade do composto

promocional realizado pelos diversos interessados na questão de forma à atingir o

consumidor.

Simon ( 1 992) define um produto verde como sendo aquele com:

"(i) reduzido conteúdo de matéria prima e alto conteúdo de materiais

recicláveis (latas de alumínio. por exemplo).

( i i ) fabricação não poluidora/não util ização de materiais tóxicos

(CFC, de-inking solvents etc).e não impactantes a espécies

protegidas (dolphin-free tuna - Le., atuns obtidos sem a pesca

conjunta de golfinhos, que podem ser arrastados juntos quando

do resgate da rede),

( i i i ) baixo consumo de energia durante a produção, uso e descarte,

(iv) empacotamento mínimo ou inexistente,

(v) passível de reuso ou de utilização de refi! onde possível

(vasilhames de bebidas. garrafas de detergentes),

(vi) longa vida úti l , atualizando a capacidade segundo os métodos

mais modernos (equipamentos de escritório),

(vii) recolhimento pós-consumo/sistemas desmontáveis (carros), e

(viii) capacidade de re-manufatura ("Ioop fechado" com reuso total ou

"Ioop parcial" com reuso parcial e apropriado descarte)".

Já Ottman (1 992) define os dois objetivos-chave do marketing ambiental como

sendo:

"(i) Desenvolver produtos que equi l ibrem as necessidades dos

consumidores de desempenho. preço acessível e conveniência com

II

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uma compatibi l idade ambiental, isto é, um mínimo impacto no meio

ambiente, e

(i i) Projetar uma imagem de alta qual idade, incluindo a sensitividade

ambiental, relacionada a ambos, tanto os atributos do produto como o

registro histórico do produtor, em relação à submissão às questões

ambientais" .

12

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2.2. O Consumerismo e a Questão do Verde

2.2. 1 . Origem do Consumerismo

Segundo Schewe & Smith (1982) o consumerismo caracterizou-se inicialmente,

"para alguns l ideres empresariais", como "um grupo de ativistas vocais que

procuram encontrar faltas no sistema econômico". Entretanto, estes mesmos autores

definem Consumerismo ou Movimento do Consumidor como "formado por uma livre

coalizão de órgãos públicos e privados que evoluíram para influenciar a pol ítica

pública e alterar a maneira pela qual as empresas operam". Concluindo, Schewe &

Smith a lertam para a importãncia do consumerismo no futuro. De acordo com estes

autores, o Marketing no futuro será muito mais complexo do que hoje, pois os

profissionais de marketing não somente terão de prover satisfação dos clientes,

como também terão que provar que o produto ou serviço beneficia a todos os

consumidores". Sem colocar a questão verde, os autores citam o exemplo dos

"recipientes de bebidas descartáveis . . . que proporcionam satisfação a um certo

segmento dos consumidores, mas são prejudiciais ao público em geral",

antecipando, já em 1 980, data da primeira publicação da obra citada, uma

preocupação que surgiria em sua plenitude com o consumerismo verde.

Já de acordo com Aaker & Day (1971 ) o "consumerismo é um termo que apareceu

ser singularmente associado à década passada. Mesmo neste curto período, ele

passou por algumas mudanças de significado. Um dos primeiros que adotou o termo

foi Vance Packard, que o ligava a estratégias para persuadir o consumidor a

rapidamente expandir suas necessidades e desejos, tornando-os vorazes,

compulsivos (e esbanjadores). O seu uso claramente reflete as preocupações dos

anos cinqüenta com o planejamento de obsolescência, declínio da qua lidade e

serviços pobres em um mercado de bens de consumo saturado. O termo não teve

seu sentido ampliado até 1 963 ou 1 964, quando uma variedade de comentaristas

identificou-o com as preocupações muito visíveis indiretamente provocadas por

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Rachei Carson e diretamente pelas investigações sobre segurança auto-real izadas

por Ralph Nader e pelos esforços do Presidente Kennedy para estabelecer os

direitos dos consumidores: à segurança, a serem informados, à escolha e a serem

ouvidos".

Ainda segundo esses autores, "a leitura mais comum de consumerismo diz respeito

ao amplo raio de atividades do governo, negócios e organizações independentes

que são designadas para proteger os indivíduos de práticas que infrinjam seus

direitos como consumidores. Esta visão de consumerismo enfatiza a relação d ireta

entre o indivíduo consumidor e a empresa (negócio)" .

Por fim é interessante observar que esses autores comentam que, de forma

semelhante aos autores anteriormente citados, há uma alta possibilidade que o

escopo do consumerismo irá eventualmente subordinar-se à, ou ser subordinado

por, duas áreas de preocupação social: distorções e iniquidade do ambiente

econômico e a qualidade declinante do meio ambiente físico. O prognóstico de

grande identidade entre estes problemas sociais e o consumerismo baseia-se no

fato de estarem associados com muitas das mesmas causas básicas, terem

oradores em comum e parecerem se mover para a mesma direção em muitos

aspectos. E, para finalizar esta opinião, citam YOhalem ( 1 97 1 ) que defende o ponto

de vista que o desafio final do consumerismo para a indústria é "no sentido de

terminar com a fome e a má nutrição, . . . no sentido de aliviar a poluição do ar, da

água e do solo, . . . no sentido de educar e treinar os desavantajados, . . . no sentido

de resolver estes e outros problemas da sociedade mais do que de uma natureza

estritamente industrial"

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2.2.2. Consumerismo Verde

Antes de tentar conceituar aquilo que se convencionou chamar de "movimento

verde", é necessário entender alguns conceitos diretamente envolvidos na sua

compreensão. Um conceito fundamental é o de externalidade que, segundo

Mintzberg (1 983), é "o nome dado pelos economistas aos custos que são incorridos

por uma organização porém não pagos" ou "subprodutos inadvertidos da atividade

de uma organização". Prossegue o autor lembrando que "o problema, freqüente . . .

levantado pelos economistas . . . é que os custos não podem ser incorporados no

sistema contábil da organização, porque não podem ser medidos e alocados" e,

ainda nesta linha, o autor indaga como pode ser cobrado de uma organização o

custo de poluição do meio ambiente e o "custo" das doenças mentais dos

trabalhadores acarretadas por linhas de montagens neurotizantes". Porém na

mesma obra Mintzberg lembra que as empresas existem para preencher um

propósito da sociedade e que a mesma tem o direito de controlar as externai idades

produzidas pelas atividades destas organizações. Nos capítulos finais da obra

mencionada, o autor não só defende a atuação de diversos grupos no sentido de ter

poder sobre as organizações mas sintetiza e classifica as formas como tal pode ser

efetivado, isto é, regulamentando-as, pressionando-as, induzindo-as, etc.1

Outro conceito que necessita ser entendido é a teoria do "Ciclo de Vida das

Questões" de Ackerman (1 983) que Mintzberg explica da seguinte forma: "Uma

questão primeiro entra na consciência pública através de uma campanha, que

procura bloquear ou inicializar um exemplo particular de comportamento, por

exemplo a não aceitação da poluição atmosférica. Gradualmente, assim que o

público começa a aceitar a importância da questão, uma instituição formal introduz

uma restrição formal para l imitar o comportamento de forma mais ampla e

sistemática. De fato, quando a questão se torna completamente internalizada na

1 o autor define Poder como "a capacidade de pressionar e afetar os resultados organizacionais".

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consciência pública, esta emerge como numa norma social que guia o

comportamento implicitamente. Então mesmo a restrição formal pode não ser mais

necessária." Buchholz ( 1 983) apresenta semelhante proposta para a questão.

2.2.2.1 . Histórico

É difícil, analisando a l iteratura disponível, detectar o surgimento do Consumerismo

Verde, pois seria necessário estabelecer um consenso em termos de quais seriam

as primeiras campanhas em favor da defesa do meio ambiente. Segundo Kaufman &

Ferguson ( 1992), o primeiro defensor de um melhor uso das relações humanas com

seu meio ambiente teria sido o reverendo Thomas Robert Malthus através da

percepção do potencial desastre de um desenvolvimento não-sustentável.

o conceito de desenvolvimento sustentável por si só admite diversas interpretações.

De acordo com Reilly ( 1 992), desenvolvimento sustentável deve ser compreendido,

de forma simples, como "um desenvolvimento que ocorre em harmonia - essas são

as palavras operativas - com o mundo natural" e analogamente define Preservação

"como o maior dos bens para o maior número pelo mais longo tempo". Já Brundtland

( 1992) define o conceito de desenvolvimento sustentável simplesmente como uma

forma de desenvolvimento ou progresso que "vai de encontro com as necessidades

do presente sem comprometer a possibil idade das futuras gerações encontrarem as

suas próprias necessidades". Porém Schmidheiny & BCSD (1992) lembram que o

conceito de desenvolvimento é "mais que crescimento ou uma mudança quantitativa"

e sim, primariamente, uma mudança qualitativa. Para sublinhar esta opinião citam a

definição do World Conservation Strategy para o conceito de desenvolvimento:

"modificação da biosfera e aplicação dos recursos humanos, financeiros, vivos e não

vivos para satisfazer as necessidades humanas e fazer crescer a qualidade de vida

do homem". McCormick ( 1992) lembra que "as raízes de um movimento mais amplo

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podem ser discernidas pela primeira vez na segunda metade do século XIX. Os

primeiros grupos protecionistas foram criados na Grã-Bretanha na década de 1 860.

Nos Estados Unidos, um movimento bipartidário de preservacionistas de áreas

virgens e de conservacionistas de recursos naturais começou a emergir na virada do

século. A sensibilidade do público para os primeiros movimentos era pequena, mas,

à medida que a ciência revelava mais sobre a estrutura da natureza e as pessoas

ganhavam mais mobilidade e passavam a olhar além de sua vizinhança imediata, o

movimento cresceu e se disseminou. Contudo, a verdadeira revolução ambiental só

aconteceu depois de 1 945, com o período de maiores mudanças se verificando a

partir de 1 962." McCormick delineia uma tentativa de fazer uma cronologia dos

principais acontecimentos do Movimento Ambientalista confrontando-os com a

situação atual : "Em 1 863, a Grã-Bretanha aprovou a primeira lei de amplo espectro

contra a poluição do ar no mundo e criou o primeiro órgão de controle da poluição.

Até 1971 existiam somente 1 2 órgãos ambientais nacionais no mundo; hoje ( 1 989)

há mais de 1 40. O primeiro grupo ambiental ista privado do mundo (Commons, Foot­

paths, and Open Space Preservation Society) foi fundado na Grã-Bretanha em 1865;

hoje o mundo conta com mais de 15 mil desses grupos, um terço dos quais fundados

depois de 1 972. O primeiro acordo internacional sobre o meio ambiente foi assinado

em 1 886; hoje são mais de 250, três quartos dos quais assinados após 1 960. Em

1 972 as Nações Unidas criaram um novo programa ambiental; já em 1 980, quase

todas as organizações internacionais mais importantes - desde do Banco Mundial

(BIRD) até a Comunidade Européia (CEE) e a Organização para o Desenvolvimento

e Cooperação Econômica (OCDE) - haviam tomado posições relativas às pol íticas

de meio ambiente. Ainda insatisfeitos com a resposta política, novos partidos verdes

surgiram para desafiar a velha ordem. O primeiro foi fundado em 1 972, na Nova

Zelândia; em 1 988 havia partidos Verdes atuantes em 14 países - oito deles

elegeram membros para suas assembléias nacionais e 1 1 membros verdes têm

assento no Parlamento Europeu. Para muitos, a pol ítica verde oferece uma

a lternativa nova e poderosa para as inconsistências e insuficiências do tradicional

eixo esquerda/direita".

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Marcil ( 1992) sublinha a opinião de McCormick, destacando que no final da década

de 60 e início dos anos 70, com a iniciativa em abril de 1 968 pelo industrial italiano

Dr. Aurélio Peccei do Clube de Roma, do qual surgiu o l ivro "Os Limites do

Crescimento" em 1972, prescedido da obra "Silent Spring" de Carson em 1 962 e

"Progress, Coexistence and Intelectual Freedom" de Sakharov em 1967, e

culminando com a United Nations Conference on the Human Environment em

Estocolmo/1 972, era possível, segundo o autor, enunciar, com essas evidências,

que um movimento orquestrado estava por surgir.

Simon (1 992), entretanto, afirma que o consumerismo verde "primeiro apareceu na

Holanda com o boicote aos aerossóis contendo CFC e se espalhou para a

Alemanha, graças a revistas de consumo que anunciavam as qualidades de marcas

verdes certificadas pelos seus próprios laboratórios", porém sem especificar data.

De acordo com o autor, nestes vinte anos a assim chamada "causa ambienta l ista" se

espalhou por todo os paises desenvolvidos com maior ou menor força.

A importância da atuação das chamadas Organizações Não-Governamentais

(ONG's) é ressaltada por Fri ( 1 992) " . . . as ONG's trabalham fora do sistema político e

econômico estabelecido. Neste papel extra-sistema, as ONG's identificam questões

que dizem respeito à agenda oficial, definem pol íticas para tratar estas questões e

se organizam para pressionar o sistema para prestar atençâo a suas idéias . . . .

tornando-se atores nas deliberações entre e intragovernamentais . . . " .

Embora fuja do escopo deste estudo um maior aprofundamento na trajetória histórica

percorrida pela "causa ambientalista", considera-se importante ressaltar alguns fatos

relevantes: Carson e Mouldem ( 199 1 ) chamam atenção para o impacto na

consciência ambiental ista norte-americana da recessão que os Estados Unidos

passaram no início da década de 80 e Buchholz ( 1993) justifica a estagnação

temporária deste movimento, pois, segundo este, a vitória do d iscurso de Reagan,

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que colocava o ambientalismo como preocupação secundária, no que "o senso

comum indicaria que jovens iniciando suas carreiras e famílias querem ouvir

assuntos relacionados às oportunidades e não sobre l imites de crescimento e sobre

oportunidades de retraimento, particularmente de pessoas de média idade que já

marcaram sua passagem na vida e acumularam suas partes no total de bens do

mundo". O mesmo autor ressalta que no final da década de 80 percebe-se uma

mudança, um retorno à trajetória, pois os "Indivíduos têm começado a responder a

um aumento de conhecimento/consciência do ambientalismo global alterando seus

valores, crenças e ações". Propõe assim uma espécie de passagem, ainda

incompleta, que o mundo teria feito, de uma ética econômica para uma ética

ecológica não antropocêntrica como a das décadas de 60 e 70. Desta forma,

Buchholz sugere que à definição de stakeholder que inclue os acionistas, agentes

de crédito, empregados, consumidores, governo e outros "seja acrescida de plantas,

animais ou da própria natureza em geral".

No final da década de 80, dentro desta ética ecológica, desenvolve-se o cidadão

verde, que segundo Carson ( 199 1 ) , quer depositando seu voto numa urna eleitoral ,

quer numa caixa registradora, exerce sua cidadania, cujo o lema, ainda que bastante

individual ista, prega "Not in my backyard" (NIMBY) - Não no meu quintal. Já,

segundo alerta Cairncross ( 1992), existe na década de 90 uma geração verde

ensinada a preservar e a respeitar o meio ambiente.

2.2.2.2. Consumidor Verde

Makower,Elkington & Hailes (1993), autores de um dos pnnclpais guias de

consumidores verdes, segundo Carson & Moulden ( 1991 ) , definem o consumidor

verde como sendo aquele que "em linhas básicas" deve:

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"(i) Procurar produtos embalados com materiais prontamente

recicláveis como papel, alumínio ou vidro;

( i i ) não comprar produtos que sejam excessivamente empacotados

ou embrulhados;

( i i i ) procurar produtos com containers reutilizáveis ou que

possibilitem a compra de concentrados em refi ls;

(iv) procurar produtos feitos do mais alto conteúdo possível de

papel reciclado, alumínio, vidro, plástico e outros materiais;

(v) escolher produtos simples contendo a menor quantidade de

substâncias de branqueamento, colorantes e fragâncias;

(vi) olhar além dos produtos para as companhias que os fabricam,

apoiando aquelas com bom h istórico ambiental;

(vii) não confundir verde com saudável. Nem tudo empacotado em

embalagem reciclável é necessariamente bom para a pessoa

ou meio ambiente;

(viii) lembrar que existem poucos produtos verdes perfeitos;

(ix) manter em mente que fazer algo é melhor do que não fazer

nada. Toda compra feita conta; e

(x) conscientizar-se de que não importa muito se traz as compras

para a casa numa sacola de plástico ou papel. O que é

importante é reciclar ou reuti lizar a sacola utilizada".

Este mesmo guia sugere no final formas de envolvimento na questâo ambienta lista,

afirmando que "de letter-writing campaigns - campanhas que motivam as pessoas a

escrever cartas buscando a defesa de direitos ou o atendimento a aspirações das

mesmas - a boicote a companhias e demonstrações de rua, os americanos sempre

encontraram formas de se envolver nas questões diárias. E quando se trata de

ambientalismo, não há nada que impeça o seu envolvimento e que sua voz seja

ouvida".

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Simon (1 992) cita questões relacionadas ao consumerismo verde na TRIAD (EUA,

Comunidade Européia e Japão):

"(i) Como as preocupações ambientais variam conforme a região?

Como os consumidores classificam os seus próprios pa íses e

que problemas eles priorizam?

(ii) Que papel é esperado para os negócios, em relação aos

governos e indivíduos?

(i i i) Como as atitudes dos consumidores se traduzem em

comportamento real?

(iv) Qual é o hiato entre o politicamente correto (Le., a auto definição

como ambiental ista) e a mudança real?

(v) Como os níveis e tipos de comprometimento variam conforme a

região?

(vi) Qual é o "QI verde" dos consumidores?

(vii) Como o desejo de pagar "por um produto verde" varia por

região?

(viii) Como se segmentaria o consumidor verde através da TRIAD?

(ix) Qual é o impacto relativo do Green Advertísíng ?

(x) O quão largo e homogêneo são os mercados da TRIAD para

produtos verdes?"

O autor demonstra assim, que existe uma infinidade de tendências relacionadas ao

assunto nos paises centrais de difícil monitoração, avaliação e controle dos

interessados no Consumerismo Verde.

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2.2.3. O Consumidor Verde segundo a IOCU

A Organização Internacional dos Sindicatos de Consumidores (IOCU) ( 1 993) justifica

sua preocupação com o ambientalismo da seguinte forma: "Os problemas com o

meio ambiente são essencialmente problemas dos indivíduos comuns. Quer na

esfera das povoações humanas, recursos naturais ou poluição, é o bem estar e até

mesmo a sobrevivência dos indivíduos comuns que estão na fogueira. E onde quer

que o meio ambiente esteja sendo destruído, a destruição está sendo feita por

indivíduos. As vezes eles são consumidores agindo irresponsavelmente. Mais

comumente eles são consumidores forçados a utilizar produtos inadequados, ou

indústrias e outras organizações agindo ou reivindicando que estão agindo no

interesse do consumidor. Desta forma, a ação coletiva, no sentido de proteger o

meio ambiente, só pode alcançar resultados permanentes quando houver amplo

conhecimento individual das conseqüências ambientais do consumo - até o ponto

onde uma profunda preocupação da sociedade humana der sustentação a medidas

efetivas de controle ambiental . Na nossa visão, portanto, as organizações de

consumidores tem um importante papel na proteção ambiental. Elas podem fazer

isso

(i) educando e informando o consumidor,

(i i) interpretando suas genuínas necessidades para indústria e

monitorando e avaliando a resposta das indústrias a essas

necessidades, e

(i i i ) coordenando os interesses e preocupações dos

consumidores para criar pressão em apoio a campanhas em

torno de legislação que afete o causa ambientalista."

Esta mesma organização explicita princípios para "guiar" a própria 10CU e seus

membros no trato de problemas ambientais e apresenta recomendações para a ação

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de organizações de consumidores. Esses princípios e recomendações, transcritos

no Anexo I, podem ser entendidos como importantes aspectos e tendências futuras

do consumerismo verde.

2.2.4. A Questão Verde no Brasil

No Brasi l , Sirkis ( 1 992) identifica que "os embriões do atual movimento ambientalista

se insinuam nas frestas estreitas da ditadura militar no período Ernesto Geisel, na

saída dos anos de chumbo para os da luta pela anistia, embora sua gênese remonte

aos anos de terror e ufanismo do governo Médici: a AGAPAN (Associação Gaúcha

de Proteção ao Ambiente Natural) começou a ser articulada em 1 970 e foi fundada

em 1971 . Seus primeiros protestos e mobil izações, contra a poluição do rio Guaíba e

a forte fedentina dos efluentes da Borregard Celulose datam de 1 972. Apresentava­

se então como um movimento absolutamente a político. Tinha como liderança mais

visível um ex-funcionário de uma multinacional de agrotóxicos, José Lutzemberger,

que se convenceu dos malefícios desses produtos, e, como aliadas ,senhoras da

alta sociedade gaúcha próximas dos círculos de poder e insuspeitas de qualquer

intenção subversiva. Ainda assim, o insipiente movimento era estritamente vigiado

pela multitentacular comunidade de segurança e informações do regime mil itar".

Segundo este autor, o Brasil "de todos os países latino-americanos . . .foi aquele que

em mais rapidamente o discurso ambientalista foi apropriado e difundido" muito

embora o " . . . governo militar . . . " fizesse na época " . . . publicar nas principais revistas

da Europa e Estados Unidos uma publicidade que convidava: Venha nos poluir!".

Ainda de acordo com Sirkis, "no início dos anos 80 . . . Carlos Minck já contava mais

de 900 entidades em todo o Brasi l . Hoje seu número se aproxima das 5 mil . A

grande maioria dessas entidades são formadas por núcleos que gravitam em torno

de menos de dez pessoas e não dispõem de um mínimo de infra-estrutura: sede,

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telefone etc. A essa pletora de grupos ambienta listas seria necessário somar um

número cada vez maior de ONG's, a principio não ambientalistas, que incorporam

em maior ou menor grau reivindicações, lutas e questões ecológicas. São

associações de moradores, sindicatos, entidades culturais e artisticas, e ONG's de

desenvolvimento". Este autor afirma que "o anúncio da realização, no Rio de

Janeiro, da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento, apelidada de ECO-92 ou Rio-92, reforçou mais ainda a presença

da ecologia nos meios de comunicação, criando quase uma supersaturação

temática, muitas vezes superficial . Seu efeito sobre o movimento ambiental ista

também foi ambiguo. Por um lado permitiu, pela primeira vez, que este tentasse

organizar-se no plano nacional através de um Fórum Nacional de entidades e

suscitou uma ecologização com graus variados de profundidade de diversas ONG's

a principio não-ambientalistas, ditas sociais ou de desenvolvimento, o que foi

coerente com o escopo amplo da Conferência . Por outro lado, esse avanço

representado por um Fórum Nacional e pela entrada no campo ambientalista de

numerosas organizações novas ainda não representou, na prática, um reforço do

movimento em função das lutas do dia-a-dia em torno dos diversos problemas

ambientais do país - alguns dos quais vêm se agravando - nem uma melhor

coordenação dos ecologistas diante de uma nova situação de mobilização de seus

adversários" .

Muito embora seja difícil identificar movimentos de consumidores verdes no Brasil,

Tinoco (1 993) apresenta a campanha "Sena suja - não aposte em quem polui o Rio",

slogan da campanha do deputado Carlos Minc lançada no dia 23 de novembro de

1 993. Esta campanha constou basicamente da eleição das seis empresas "menos

preocupadas com a saúde ambiental de quem vive no Estado do Rio" por uma

"comissão de doze membros montada pela ONG Defensores da Terra. A comissão

formada por professores universitários, sindicalistas e outros profissionais l igados à

causa verde, foi alimentada por informações de 52 entidades ecológicas do Estado".

A campanha consistiu de um ato público no seu lançamento e acompanhada de 1 5

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outdoors tinha a "idéia . . . de transformar a Sena suja em um instrumento de

fiscalização à disposição da sociedade" e, como parte desta, dos consumidores.

2.3. Environmental Management:

Administração Orientada para a Preservação do Meio Ambiente - A O O R M A

2.3.1 . Histórico

De acordo com Barnes e Ferry ( 1 992) "os anos 70, a década do meio ambiente nos

Estados Unidos, testemunhou um crescimento significativo do ambientalismo na

consciência pública e uma proliferação na elaboração de grande legislação sobre o

meio ambiente. Em resposta ao "Clean Air Acr' de 1 970 e ao "Federal Water

Pollution Control Acr' de 1972, a administração das empresas americanas tiveram

que lidar com uma miríade de novas regulamentações que focava amplamente os

dejetos lançados pelas chaminés e tubulações de descarga. As empresas

responderam instalando controles "end-of-pipe" (fim de tubo, i .e. , na local de

liberação do efluente) e criando cargos de "environmental managements" -

geralmente ao nível da planta industrial - para coordenar seus esforços no

cumprimento das novas regulamentações."

Os mesmos autores lembram que de forma global "as interações das empresas com

o governo no que tange aos problemas ambientais podiam ser descritas como de

confronto, as empresas tipicamente se opunham às imposições de controle

ambiental devido aos custos envolvidos e procuravam sempre que possível adiar

sua instalação. Os conflitos dos anos 70 freqüentemente giravam em torno de tais

varreduras de argumentos filosóficos, como proteger o meio ambiente a qualquer

custo versus gastar muito nos controles que poderiam el iminar empregos ou não

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serem cost-effective, i .e. , não proporcionarem retorno sobre o investimento. Os

argumentos eram freqüentemente pouco suportados por fatos científicos, técnicos e

econômicos."

Nesta proposta de h istoriar o processo de Environmental Management, Barnes &

Ferry continuam apontando que "este tipo de atitude mudou nos anos 80. Atender às

regulamentaçôes ambientais tornou-se mais comum, e a comunidade empresarial

em geral adotou um papel pró-ativo ( . . . ) procurando influenciar o curso de novas leis

e regulamentações. ( . . . ) Congresso, Indústria e Grupos Ambientais assumiram

importantes papéis na elaboração de novas legislações e regulamentações. Muitas

corporações criaram em suas estruturas organizacionais posições de alto n ível de

apoio para monitorarem o cumprimento das legislações ambientais e dirigirem os

programas ambientais das companhias. Nesta época, companhias pró-ativas

começaram a se questionar se não era de melhor senso empresarial tomarem ações

além do que era requerido pelas leis ambientais em vigor. O acidente da Union

Carbide em Bhopal e os vazamentos de óleo e acidentes com resíduos perigosos

dos anos 80 contribuíram para esta nova perspectiva. Outro fator que induziu a

mudança foi a decretação do "Comunity Right to Know Provisions" de 1986. As

Cláusulas requeriam procedimentos signif icantes a respeito dos resíduos, no sentido

de informar às comunidades o que estava sendo realizado no meio ambiente

próximo às facilidades instaladas geradoras de resíduos. Muitas empresas iniciaram

esforços para voluntariamente reduzirem as emissões abaixo do nível estipulado

pela lei, para diminuir as suas cargas de explicações".

Ainda segundo Barnes & Ferry, "como a preocupação do público e as questões a

respeito do meio ambiente tomaram proporções globais, os anos 90 foram

proclamados como a década mundial do meio ambiente. Na reunião anual de 1990

do World Economic Forum, 650 líderes de governos e empresas ordenaram em

primeiro lugar o meio ambiente como o desafio para as empresas. O foco das mais

i luminadas empresas não é mais dirigido no sentido de controles "end-of-pipe"

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projetados para ir de encontro com as l imitações existentes. Ao contrário, o foco foi

mudado para a minimização do potencial do impacto nocivo que a produção,

processamento, consumo e descarte produzirá no meio ambiente e naqueles que al i

habitam".

2.3.2. Conceito e Razões para Adoção do Environmental Management

North ( 1 992) define Environmental Management como "a integração da proteção

ambiental dentro das funções administrativas" da empresa "com o objetivo de

alcançar um ótimo entre os desempenhos econômico e ecológico da companhia".

Ferreira, Bacellar e Ferreira ( 1992) sugerem a tradução de Environmental

Management: Administração Orientada para a Preservação do Meio Ambiente

(ADORMA) que é utilizada no presente estudo.

Já Taylor (1 992) define Green Management como uma "concepção gerencial que

demanda comprometimento de todos os membros da corporação, do mais alto

executivo descendo até o chão de fábrica. Este conceito envolve ver a organização

como um todo, no lugar de uma coleção de pequenas entidades; gerenciar para o

sucesso de longo prazo da companhia; um comprometimento de ser a melhor;

comprometendo-se com a qúalidade em todas as atividades da organização; ouvir o

usuário/cliente de maneira próxima; manter o entusiasmo e achar soluções através

do comprometimento dos empregados; e lembrar que a companhia é parte da

comunidade". Após detalhar cada item desta definição, Taylor prossegue

acrescentando que "é uma concepção gerencial a qual recompensa a adesão: a

redução de custos e incremento de eficiência; novos conceitos de marketing; a

melhora da imagem corporativa; a oportunidades de vender novos produtos e

serviços; uma melhora da posição competitiva; a uma força de trabalho mais

dedicada e motivada; e a habil idade de influenciar a agenda para a indústria e

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Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicado ao executivo indicado como

pol íticas públicas". Taylor final iza afirmando que a Administração Orientada para a

Preservação do Meio Ambiente "não confina a si própria nas fronteiras nacionais.

Em muitos casos, as companhias devem focar a atenção nas pressões ambientais e

competitivas fora do seu mercado de casa".

Por fim Kenneth (1992) chama a atenção para a importância do fluxo de informação,

quer interno ou externo, para o sucesso na implementação da Administração

Orientada para a Preservação do Meio Ambiente. Segundo este autor, no que tange

ao fluxo interno, a informação é importante não só no sentido de baixo para cima

(bottom-up) para o conhecimento por parte da alta gerência dos perigos potenciais

existentes nas instalações ou na forma de operação, via auditorias ambientais

constantes e manifestações voluntárias dos empregados da organização, mas

também no sentido de cima para baixo (top-down), para implementação das ações

corretivas necessárias. No que tange ao fluxo externo, Kenneth lembra ainda a

importância de "mecanismos para a antecipação de leis e regulamentações

ambientais que possam afetar as operações e rentabilidade" das empresas. O'Leary

( 1991 ) sublinha esta opinião, citando vários exemplos na indústria química, e

Winters (1992) cita diversos serviços disponíveis para monitorar as tendências

relativas à questão ambiental nos Estados Unidos da América.

No intuito de encontrar as razões para este "movimento" no sentido de transformar

as empresas em "verdes e limpas", North ( 1 992) sugere que "para uma empresa a

razão pode ser um grande acidente industrial, outra pode ter experimentado a

pressão de consumidores verdes e uma terceira empresa pode ter descoberto novos

mercados. A perda de parcela de mercado para competidores verdes é um bom

incentivo para a mudança. A perspicácia que o retro-ajuste é uma maneira mais cara

de atender a regulamentação governamental que a consideração do meio ambiente

no estágio de decisão do investimento é outro ponto de início. Até mesmo as

famílias dos gerentes freqüentemente interpretam um importante papel convencendo

estes que o negócio que exerce está poluindo o meio ambiente."

28

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Já Prokop (1 992) defende a existência de "três incentivos", quais sejam: Marketing,

Responsabilidade social e Valor econômico. Segundo Prokop, a respeito do

"incentivo marketing", "os consumidores estão começando a responder aos produtos

que são ambiental mente responsáveis. Segundo o autor, pesquisas revelam que

oitenta e nove por cento dos consumidores americanos se preocupam com o

impacto dos produtos, e setenta e oito por cento pagaria mais por produtos que

fossem "ambienta/mente benignos". Citando pesquisa específica do Instituto Galiup,

o autor afirma que consumidores conscientemente compram de companhias que se

preocupam com o meio ambiente - e eles também preferem trabalhar para estas

companhias".

No que diz respeito ao "incentivo Responsabilidade Social", Prokop chama atenção

que "os investidores estão achando que precisam a lterar a forma que utilizam para

avaliar investimentos. Escolhas feitas somente com base no retorno financeiro

podem negligenciar os custos ambientais, os quais serão apresentados em algum

lugar. Entretanto, existem grandes diferenças entre companhias em environmenta/

industries (tais como l impeza de l ixos perigosos) e companhias com forte passado

de desempenho ambiental. Reconhecendo isto, green mutua/ funds baseiam suas

decisões de investimentos nas políticas sociais e ambientais das empresas. ( . . . ) As

corporações também estão achando que investir em organizações socialmente

responsáveis é uma demonstração de bom senso empresarial."

No que tange ao "incentivo Valor Econômico", Prokop afirma que "em geral, a

tendência em pol ítica ambiental é enfatizar incentivo econômico e prevenção da

poluição como oposto a redução. E as economias obtidas com o controle da

poluição podem ser substanciais. ( . . . ) Proteção ambiental é um investimento

econômico seguro. De acordo com o Congress Office af Techna/ogy Assessment,

somente o superfundo de descontaminação de sítios de l ixo tóxico nos Estados

Unidos totaliza quinhentos milhões de dólares. As empresas nos Estados Unidos

29

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gastam mais de oitenta bilhões de dólares anualmente para cumprir as

regulamentações ambientais, isto representa algo em torno de 1 ,5 a 1 ,7 por cento do

produto nacional bruto (PNB)" norte-americano.

2.3.3. O Comprometimento das Empresas

Códigos Corporativos, Princípios Diretores, Políticas Empresariais e outros

Vários princípios em relação à Administração Orientada para a Preservação do Meio

Ambiente (ADORMA) já foram enunciados por diversas entidades. Thomas (1 992)

cita o " Valdez Principies" elaborados em 1 989 após o acidente com o petroleiro

Exxon Valdez na costa do Alasca/EUA pela Coalition for Environmental/y

Responsible Economies (CERES). O autor também lembra a existência do "Business

Charter for Sustainable Developmenf' divulgado em abril de 1 991 na Second World

Industry Conference on Environmental Management pela International Chamber of

Commerce. Por último, o autor se refere ao "Responsible Care" adotado pela

indústria química americana através do Chemical Manufacture Association.

De acordo com Prokop (1 992), a Coalition for Environmental/y Responsible

Economies (CERES) foi fundada em 1989 como uma organização não-lucrativa e

possuindo como membros social investors, grupos ambiental istas e public interest

groups. Prokop explica que os "Valdez Principies", também conhecidos como "Ceres

Principies", consistem de um conjunto de dez princípios elaborados em 7 de

setembro de 1 989 . No Anexo I é transcrito o texto completo do " Valdez Principies".

Prokop cita, ainda, que em fevereiro de 1 993, "cinqüenta e duas empresas haviam

endossado os Ceres Principies". De acordo com o autor, a última delas havia sido a

vigésima maior companhia de óleo dos Estados Unidos e a primeira companhia

citada na lista das quinhentas maiores da revista Fortune a se associar àquele

30

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código de ética. Ainda segundo Prokop, o Vice-Presidente dos Estados Unidos da

América Albert Gore havia levantado a semelhança destas empresas à soldados

vestindo óculos especiais que proporcionem visão a noite "permitindo que vejam

mais do que as poucas faixas de lua visível e alcançando um espectro muito mais

amplo. Desta forma", ainda citando Albert Gore, "estas empresas estão

demonstrando sua habilidade de ver além dos estreitos indicadores econômicos de

oferta e demanda".

De acordo com Schmidheiny e BCSD (1 992), o Business Charter for Sustainable

Development, desde seu lançamento em abril de 1 991 até o início de 1992, já havia

sido endossado por 600 empresas por todo o mundo. North (46) cita o texto

completo que é transcrito no Anexo I.

Com as mesmas iniciais do Business Charter of Sustainable Development - BCSD -

existe também o Business Council for Sustainable Development que, dirigido por

Stephan Schmidheiny, o qual foi convidado por Maurice Strong para servir como

"seu principal conselheiro para a industria e negócios" para a 1992 United Nation

Conference on Environment and Development, na qual o senhor Strong era

Secretário Geral, produziu a proposta daquele setor econômico para a Conferência

consubstanciada na obra entitu lada "Changing Course: A Global Business

Perspective on Development and Environmenf' da qual se destaca a declaração

introdutória transcrita no Anexo I.

No que diz respeito ao Responsible Care, Schmidheiny e BCSD (1992) afirmam que

"as associações de indústrias qu ímicas em muitos pa íses têm concordado com o

programa Responsible Care, no sentido de promover contínuo incremento na saúde

e segurança ambiental. Tendo começado no Canadá e prosseguido nos Estados

Unidos da América, Austrália e muitos pa íses europeus, o esquema encoraja

associações a desenhar códigos de conduta em várias áreas de operação, e

3 1

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicado ao executivo indicado como

recomenda que as grandes empresas auxiliem as pequenas em melhorias

ambientais e de segurança.

Coddington ( 1993) cita os "Guiding Principies for Responsible Care", que são

transcritos: no Anexo I .

As organizações não governamentais ambientalistas costumam criticar estes

princípios/códigos expl icitados por organizações empresariais. O GreenPeace (A

MAQUIAGEM . . . 1 992) oferece a seguinte opinião:

"Desde alguns anos as empresas transnacionais se esforçam para

amenizar as denúncias da sociedade contra elas. Para neutralizar as

críticas que sofrem, estas empresas adotaram "códigos corporativos de

conduta","princípios diretores" e outras pol íticas ambientais

voluntárias". Estes códigos são exibidos como uma prova de que a

indústria é receptiva e séria diante das queixas da população. No

entanto, a análise de seus textos revela que até mesmo a retórica não

passa de maquiagem.

Entre os códigos corporativos mais importantes, se destacam o

Responsible Care, elaborado pelas associações de indústria química,

e a Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável da Câmara

Internacional de Comércio (CIC).

Ao Responsible Care aderiram todos os membros da Associação de

Fabricantes de Produtos Químicos dos Estados Unidos. Entre os

postulados do programa, figura que cada companhia real izará uma

auto-avaliação anual. Isto significa que a opinião pública não terá

acesso a estas "auto-aval iações" e sem informação é impossível

avaliar qualquer coisa. Propõe-se também o desenvolvimento de

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Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicado ao executivo indicado como

"produtos seguros", embora não exista uma definição do que seja um

"produto seguro" - inclusive muitos pesticidas são considerados

seguros por muitos integrantes do programa. Entre outras coisas, o

Responsible Care não se aplica às subsidiárias estrangeiras das

companhias que integram o programa.

Em relação à carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável

da ICC, se repetem muitos vícios das empresas que participam do

Responsible Care. A ICC promove "atividades empresariais lucrativas,

versáteis, dinâmicas e sensíveis como o motor do desenvolvimento

econômico sustentável e como forma de proporcionar os recursos

financeiros, técnicos e gerenciais que contribuam para a resolução dos

desafios ambientais."

A ICC ignora tanto a experiência dos países do Sul como as

numerosas análises demonstrativas que os recursos financeiros,

gerados através do crescimento desregulamentado, nunca

compensarão os custos gerados pela atividade agro-industrial

poluidora.

A definição da Carta da ICC sobre o "enfoque preventivo" é

reveladora, pois assinala a necessidade de se "modificar a fabricação,

comercialização ou uso de produtos, serviços ou as atividades de

acordo com a interpretação científica e técnica, com o objetivo de se

evitar a degradação ambiental grave ou irreversível."

Na realidade, a definição empresarial do principio preventivo é

exatamente o oposto do significado do princípio já aceito em várias

convenções e tratados internacionais: é necessária a adoção de

33

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medidas para a proteção do meio ambiente, mesmo com a ausência de

provas científicas" .

No que diz respeito ao Business Council of Sustainable Development, no mesmo

artigo supracitado, o GreenPeace afirma que:

"A Burson-Masteller (B-M) é a maior empresa independente de

propaganda e relações públ icas do mundo, e foi contratada pelo

Conselho Empresarial para o Desenvolvimento sustentável (BCSD)

para que, durante a ECO-92, o mundo se convença de seus bons

propósitos.( . . . )Através da B-M, o BCSD vem destinando enormes

recursos, não para impulsionar uma verdadeira mudança em favor do

meio ambiente, mas para criar uma "imagem ecológica" das empresas

transnacionais" .

Entretanto o próprio GreenPeace International (S.D.) , apesar de sublinhar sua

posição sobre estes tipos de "princípios", afirmando que os mesmos "não bastam

para garantir um futuro de desenvolvimento ambientalmente saudável e socialmente

justo. Eles também acabarão sendo adotados, ou às vezes cooptados e

corrompidos, pela indústria em novas iniciativas de maquiagem verde", afirma que

"implementados num processo dinâmico e abrangente, PODEM ajudar as pessoas a

adquirir controle sobre seu meio ambiente e suas vidas." Desta forma, o

GreenPeace reafirma alguns destes princípios "na esperança de que possam

contribuir para aumentar a capacidade de controle pela sociedade da transformação

do comportamento das empresas num esforço realmente verde." Os princípios

reafirmados pelo GreenPeace são transcritos no Anexo I .

34

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2.4. Environmental Marketing

2.4.1 Definição

De acordo com Coddington ( 1 993), "o crescimento dos negócios nos tempos

modernos tem sido amplamente gerenciado por profissionais de marketing que

dependem de pesquisa de marketing, brechas científicas e tecnológicas, controles

financeiros e de qualidade, relações de comércio e promoção para a execução de

suas missões".

o mesmo autor afirma que "hoje, porém, outro grande influenciador atua no

processo de planejamento e implantação de Marketing - o meio ambiente. Mais

especificamente" aquele autor se "refere aos impactos ambientais dos processos de

manufatura, gerência e marketing conforme medido pelos cientistas, reguladores,

pessoas comuns que são ambiental istas, investidores e o público consumidor. As

atividades de marketing que reconhecem o marketing stewardship como uma

responsabil idade no desenvolvimento dos negócios e uma oportunidade no

incremento dos mesmos" são o que Coddington chama de Environmental Marketing.

Ainda explorando o assunto, o autor sublinha que "em resposta à pressão

regulatória e ao ativismo pelo corporate environmental stewardship , alguns

negócios estão fazendo só o mínimo requerido pela lei . Tal é legalmente adequado,

mas estrategicamente regressivo. Pensando mais adiante, os administradores estão

identificando e avaliando novas oportunidades de negócios relacionados ao meio

ambiente, indo desde da prevenção da poluição e tecnolog ias mais eficientes até à

educação ambiental e promoção de produtos verdes".

3 5

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Coddington lembra ainda que aquela técnica "acrescenta o meio ambiente à mistura

de variáveis para a tomada de decisão. Mas é uma variável única, pois é

onipresente, servindo como uma tela de fundo sobre a qual todas as decisões

estratégicas são feitas. Não importa que assunto seja - projeto e desenvolvimento de

produto ou embalagem, rotulagem e propaganda, ou estratégias de promoção - o

profissional de environmental marketing leva em conta considerações sobre o meio

ambiente".

Segundo o autor, o environmental marketing "também diz respeito a uma mudança

de perspectiva. Mas é mais que isso. Demanda um novo conjunto de procedimentos

para a implementação de estratégias que incluam considerações sobre o impacto

ambiental, resultando numa mudança fundamental de como fazemos negócios".

Coddington ressalta que "para muitos consumidores, uma consideração a ltruística

sobre a contaminação e degradação do seu meio ambiente físico natural é

acompanhada de preocupações pessoais e práticas sobre o impacto ambiental

deste sobre a sua própria saúde e segurança e daqueles que amam. A elevada

natureza das ansiedades ambientais dos consumidores tornam-nas duplamente

importantes para que os profissionais de marketing exercitem extremo cuidado

quando incorporam o meio ambiente nas suas decisões sobre os negócios".

Final izando a definição, o autor comenta que os "programas de environmental

marketing devem ser gerenciados cuidadosamente, mas não defensivamente. O

environmental marketing torna possível o estabelecimento de alianças que podem

beneficiar um negócio não só em termos de credibil idade ambiental, mas ( . . . ) através

de uma ampla extensão de outras frentes de negócios. O environmental marketing

oferece enormes oportunidades".

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2.4.2. Questões Práticas

Um grande número de autores sublinha a importância do Environmental Marketing

ser precedido da implantação de uma administração orientada para a preservação

do meio ambiente. Como exemplos, pode-se citar North ( 1 992), Carson & Moulden

( 1 99 1 ) e Coddington ( 1 993) , entre outros.

Winsemius e Hahn ( 1 992) chamam a atenção sobre a necessidade, para a

implementação do Environmental Marketing, "da administração do Ciclo de Vida da

Substância", que segundo estes autores "requer das companhias, junto com seus

fornecedores e clientes, o desenvolvimento de abordagens objetivando a

manutenção do controle sobre uma substância em todas as suas aplicações através

do seu ciclo de vida, e a extensão da sua vida útil através do reuso do produto ou

reciclagem do material".

Já Simon ( 1 992) afirma que "além do impacto dos produtos em seu Ciclo de Vida, o

ambientalismo está causando o in ício de mudanças fundamentais na cadeia de

valor. De um padrão linear, começando com o projeto e terminando com o serviço, a

cadeia de valor está sendo remodelada em um processo circular de

remanufatura/reconsumo. Os lideres empresariais estão se esforçando para fechar

este loop no sentido de minimizar o lixo e emissões, mas também para manter o

valor do fluxo de lixo".

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2.4.2.1 . Logística Reversa

Coddington ( 1 993) d iscute os problemas que surgiram com a iniciativa de criação

futura nos Estados Unidos da América da obrigação do produtor recolher o lixo

gerado pelo descarte de seus produtos e embalagens, à semelhança do que existe

na Alemanha. Winsemius e Hans ( 1 992) comentam esta pol ítica recém-adotada por

Klaus Topfer, ministro do meio-ambiente alemão, chamada de

Rucknahmeverpflichtung (obrigação de retorno) afirmando que "sob esta nova

política, uma cadeia produtor/varejista na área de, por exemplo, empacotamento de

materiais ( . . . ) é obrigada a retornar caixas vazias e estabelecer um sistema reverso

de log ística para reciclar as fibras de papelão. Iniciativas simi lares têm levado

competidores tradicionais de setores de indústrias do noroeste europeu, como papel

e polpa, plásticos e automóveis, a estabelecer novas alianças ambiciosas para o

recolhimento e up-grading do l ixo".

Byrne e Deeb (1 993) propõem como solução para este problema, o conceito de

Logística Reversa, ainda conhecido como Distribuição Reversa ou Logística de

Fluxo Reverso ou Logística "Verde". Segundo estes autores, uma definição ampla

deste conceito seria: "processo de contínuo retorno de produtos e/ou materiais de

embalagem para evitar maior cOlocação de l ixo em depósitos ou crescente consumo

de energia através dos processos de incineração". De acordo com os mesmos

autores, "um exemplo tradicional de distribuição reversa é o sistema de entrega e

distribuição do leiteiro, onde as garrafas de leite são retornadas, esterilizadas e

reutilizadas repetidamente. Globalmente, a log ística reversa afeta a d istribuição de

produtos e materiais tais como: garrafas, produtos de consumo, latas de alumínio,

l ixo químico e/ou perigoso, materiais reutilizáveis de embalagens, containers de

plásticos, bens de papel e papéis de imprensa. Na maioria dos casos, produtores

implementam a log ística reversa devido aos mais altos interesses dos consumidores

em produtos "amigáveis" ao meio-ambiente ou legislação governamental". Os

38

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicado ao executivo indicado como

autores afirmam que "a logística reversa inclui as atividades de log ística que

executam redução de recursos, substituição e reutilização de materiais,bem como o

papel da log ística em gerenciamento de lixo, reciclagem, disposição de lixo e

administração de materiais perigosos".

Os autores descrevem quatro características da log ística reversa:

" i . É um processo contínuo engastado. Não é como um sistema

de uma só ocorrência - como o " recall " de produto da

indústria automobil ística ou um retorno de um equipamento

colossal conduzido pelo exército - mas um processo integrado.

i i . A logística reversa envolve um re-exame através do ciclo de

vida do produto para determinar a quantidade de energia e l ixo

consumida ou gerada por cada produto durante todos os

estágios de seu desenvolvimento. Neste sentido, uma análise

de um lugar ou planta industrial precisa ser conduzida para

medir o l ixo gerado por uma facilidade instalada ou o plano de

leiaute de uma construção, de forma que programas de

redução de lixo possam ser projetados e procedimentos de

operações re-projetados

iiL A logística reversa suporta a missão global da organização. O

gerente de logística ambiental dedicado ao desenvolvimento

de programas de log ística reversa poderá se fazer necessário.

Esta pessoa será responsável por documentar os processos

correntes, coordenar planos de log ística reversa e,

possivelmente, colocar junto um grupo multidisciplinar para

analisar, administrar e implementar o programa de log ística

reversa.

39

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iv. o movimento de log ística reversa é exigido pela grande

consciência do consumidor, por produtos "amigáveis" ao meio­

ambiente e legislação governamental . . . "

2.4.2.2. Certificação de Produtos - o Selo Verde

Carson & Moulden (1991 ) afirmam que "quer você esteja a frente da legislação ou

não, tornar seus produtos e serviços "verdes" o colocam em uma posição

competitiva mais favorável . Hoje nos Estados Unidos da América este tornar "verde"

pode ser tão simples como trocar um único elemento no conteúdo no

empacotamento do produto e, com isso, fazendo-o mais "verde" que o do seu

competidor. Mas enquanto estas mudanças podem ser um grande diferencial de

mercado, brevemente não será o suficiente" e recomendam especial atenção a

novos padrões ambientais para produtos. Neste sentido, prosseguem os autores,

"um dos mais signif icantes desenvolvimentos recentes nesta área tem sido um

sistema padronizado de aprovação de produtos verdes, conhecido como eco­

labeling. Os programas de eco-Iabeling são administrados por uma agência nacional

que foi institu ída expressamente para este propósito. Estes esquemas delineiam

uma série precisa de critérios ambientais que um produto deve obedecer, no sentido

de obter com um selo verde de aprovação, abrangendo desde a manufatura até

quanta energ ia é necessária para operação e como é descartado. O eco-Iabeling

intensiona prover informações que assistiram o consumidor na decisão de quais

bens no mercado têm um impacto ambiental reduzido. Muitos dos esquemas são

essencialmente comparativos - o produto A é melhor que o produto B - e apontam

tecnologias que são melhores ao invés da melhor. Muito embora os programas

sejam amplamente direcionados aos consumidores, considerável interesse tem sido

expresso por empresas que comercializam outros negócios".

40

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Os autores chamam atenção que "para se candidatar a um eco-/abel, um fabricante

submeterá um produto a uma organização coordenadora. Este produto é então

avaliado de acordo com os critérios estabelecidos para sua categoria de produto e

submetido a um longo e detalhado procedimento de testagem; na maioria dos países

este custo é arcado pelo fabricante. Quando o produto é aprovado, ele é premiado

com um logotipo de eco-/abel que geralmente inclui a descrição e as razões da

aprovação. O fabricante usará este logotipo no rótulo do produto e em qualquer

propaganda" .

Shewchuk ( 1 993) cita o programa governamental alemão de eco-Iabel Blue Angel

como um exemplo de sucesso. Segundo o autor, iniciado por volta de 1 977, já atinge

3000 produtos em cinqüenta e sete categorias e aparece em cinqüenta por cento

dos produtos de uso doméstico alemães e, apesar de não ser considerado perfeito,

tem o apoio do Greenpeace alemão. Shewchuk cita ainda o programa

governamental canadense Environmental Choise e o seu respectivo logotipo,

lançado em 1 988, o programa ambiental oficial do Japão - Ecomark - e ainda a

ECCO - Environmental Counse/ling and Communícatíons Ltd. - inglesa. North ( 1 992)

apresenta ainda o Environmental Mark do Nordic Counsil estabelecido em 1 989 e o

EcoLogo canadense de 1 989.

No que tange aos Estados Un idos da América, segundo Irland (1 993), existe

principalmente o Green Seal, sociedade não lucrativa que certifica produtos com

base em especificações detalhadas desenvolvidas pela própria sociedade, que se

esforce em garantir a segurança ambiental , e o Scíentific Certifícation Systems/Green

Cross, que valida propagandas feitas pelos produtores. O autor sublinha a questão

relacionada à dificuldade de certificação de um produto quando observado de forma

mais ampla, i .e. , cradle-to-grave 2.

2 em uma tradução literal do berço ao túmulo, o que significa a consideração de todo o ciclo de vida do produto/substância envolvendo a fabricação, distribuição, operação/uso e descarte no que tange aos insumos utilizados, eficiência da utilização dos mesmos e rauso/reciclagem de toda a emissão e lixo provocados nas operações anteriormente citadas

4 1

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Holzman (1 993) chama a atenção ao desenvolvimento do "Selo Verde" nacional

por parte do governo brasileiro em parceria com a Sociedade Brasileira de

Silvicultura, EMBRAPA e outras entidades para produtos exportados.

Coddington ( 1 993) Carson e Moulden ( 1991 ) citam exemplos de eco-Iabel

próprios criados por varejistas.

Via I ( 1 993) alerta para o eminente surgimento do eco-Iabel do Comunidade

Européia e como tal afetará os negócios americanos. No mesmo sentido de uma

espécie de "barreira comercial", Ferrer Jr ( 1993) chama atenção da inclusão de um

acordo específico sobre meio-ambiente no North American Free Trade Agreement -

Nafta.

North ( 1 992) alerta para o que chama de Green Trade Barriers - Barreiras Verdes

ao Comércio. Segundo este autor "os administradores já estão se defrontando com

um novo tipo de barreira comercial. As políticas e regulamentações em favor do

desenvolvimento sustentável podem se constituir em uma barreira comercial para os

produtos que não atendam os padrões ambientais dos países importadores.

Requerimentos de reciclagem de produtos ou materiais de empacotamento podem

resultar em um tal alto n ível de custos, que a vantagem do baixo custo de produção

dos países em desenvolvimento é perdida". O autor exempl ifica alguns outros

problemas que os administradores estão se confrontando em relação aos diferentes

padrões ambientais entre países:

i . As empresas de países industrializados terão que se decidir

(ou serão forçadas a se decidir pelos movimentos verdes) se

querem construir sua lucratividade sobre a vantagem

competitiva dos padrões ambientais inferiores dos países em

desenvolvimento.

42

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iL As empresas dos países em desenvolvimento deverão

encontrar um crescente número de barreiras comerciais por

seus produtos não alcançarem os rígidos padrões ambientais

dos países industrializados.

i iL As regulamentações sobre reciclagem forçarão os produtores a

recolherem seus produtos de volta e descarta-los no seu pais

de origem.

iv. As regulamentações a respeito da responsabil idade sobre

produtos variam amplamente de pais para pais. Produtos que

são proibidos em um pais, como pesticidas, ainda são

permitidos em outros países. Em adição, um produtor poderá

ser responsabilizado por futuros estragos causados por um

produto considerado não-perigoso hoje" .

Cairncross ( 1 992) sublinha a opinião que a questão verde está se tornando o

"protecionismo dos anos 90" e afirma que "a regulamentação ambiental deve, de

alguma forma, estar se tornando atrativa para as empresas. Se alguma empresa

percebe que a regulamentação esta por vir, e pode se colocar a frente da

regulamentação e desenvolver o produto e mercado e fazer toda a pesquisa e

investimento, então ela terá uma forte posição competitiva quando a regulamentação

vier de fato" e lembra que muitas indústrias estão realmente ganhando

competitividade através das regulamentações ambientais.

43

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2.4.2.3 A Questão Legal

Vários autores comentam os aspectos legais referentes ao Envíronmental Marketíng,

entre outros é possível citar Lans (1 993) e Lawrence e Colford ( 1991 ) . Coddington

( 1 993) visita também o assunto. Deste último pode-se destacar o sumário do

Federal Trade Comíssíon (FTC) Environmental Marketing Guídelines, transcrito no

Anexo I

Ainda a respeito da questão legal, Coddington ainda apresenta algumas

regulamentações e leis específicas de alguns estados norte-americanos e comenta

tentativas de auto-regulamentação ainda em andamento.

44

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2.5. Estudos Realizados Sobre o Tema

Relatório Drumwright

De acordo com Schlossberg ( 1 993) , o relatório "Social/y Responsible Organizations

Buying" do Marketing Science Institute da Universidade de Harvard, coordenado por

Minetle Drumwright, vai , para os profissionais de marketing em particular, "ao

coração" das forças diretoras que influenciam uma tendência no sentido de ter uma

mental idade verde (leaming-toward-being-green-mentality) .

A amostra do Relatório Drumwright, segundo SChlossberg, consistiu de dez

empresas com faturamento de vinte a mais de cem milhões de dólares norte­

americanos, e foram realizadas sessenta e três entrevistas em profundidade com

uma ampla variedade de profissionais destas empresas, indo desde o pessoal de

compras até pesquisa & desenvolvimento. Segundo o autor, a pesquisa se originou

da curiosidade de Drumwright a respeito do (i) uso de uma racionalidade não

econômica por profissionais na tomada de decisão no ambiente de negócios e no ( i i )

uso de propaganda responsável em termos sociais.

o autor descreve as conclusões de Drumwright em dois grandes pontos. O primeiro

seria o fato de ter encontrado um grande número de policy entrepeneur. De acordo

com o autor, Drumwright define policy entrepeneur como o campeão da causa verde

(a semelhança do conceito de Product Champion já tão utilizado em Marketing),

"geralmente não pertencendo a alta gerência das empresas, é aquele que procura

verter a empresa para um comportamento mais responsável por razões corretas,

considerando a estrutura e cultura organizacional".

45

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o segundo seria uma classificação dos hábitos de compra das organizações

pesquisadas. De acordo com o autor, Drumwright propõem a seguinte classificação:

Tipo I :

Tipo 11:

Tipo 111:

Tipo IV:

"empresas direcionadas para os ideais do empresário

fundador. A pol ítica empresarial é encorajada e o

altruísmo e a inovação estão intrinsecamente

entrelaçados na cultura organizacional . Em outras

palavras, é natural que tenham a preocupação com o

meio ambiente nos seus hábitos de compra".

"empresas que são mais resistentes a este

comportamento, mas aderiram de última hora devido ao

potencial da percepção pública adversa, que

normalmente é chamada à atenção da empresa por um

executivo médio de alguma função de relação externa".

"usualmente empresas que já sofreram o ativismo de

consumidores e se comportam reativa mente. O polícy

entrepeneur não é facilmente observável".

"estas empresas são, geralmente, a lertadas para a

causa por vendedores que lhes mostram a luz".

Por fim o autor afirma que Drumwright é de opinião que existe um potencial nas

empresas de mudarem sua Classificação em ambos os sentidos e que "empresas

que se tornaram socialmente responsáveis por razões oportunistas usualmente não

estavam se movendo realmente rápido no sentido de uma abordagem ampla" ao

nível empresarial".

46

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o que o Brasileiro Pensa da Ecologia

A pesquisa realizada por Crespo & Leitão ( 1993) com apoio do Museu de

Astronomia (MAST), Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Agência Estado e Instituto de

Estudo da Religião "trata com dois diferentes projetos que foram realizados em 1 992

e 1 993 e são apresentados em duas partes d iferentes. A primeira parte consiste de

uma pesquisa qualitativa feita com os diferentes setores envolvidos com a questão

ambientalista os quais representam alguns dos grupos formadores de opinião da

sociedade Brasileira, a segunda parte se refere a uma pesquisa nacional quando o

cidadão comum foi ouvido. Ambos os projetos objetivaram recolher informações não

só do conhecimento, comportamento e interesses no que tange ao meio-ambiente,

mas também das questões principais e tendências reinantes agora presentes na

sociedade. ( . . . ) A primeira parte, o relatório da parte qualitativa, foi idealizado para

mostrar o crescimento de uma consciência ecológica nas três últimas décadas na

opinião de pessoas muito envolvidas com a questão ambiental no Brasil . Há também

uma análise de setores que foram entrevistados quando algumas semelhanças ou

conflitos foram percebidos no que concerne a prioridades, preocupações e principais

tendências de cada grupo. Isto pode ser feito porque foram apl icados dois diferentes

tipos de questionários em cada entrevista - um geral para todos setores e um

específico com tópicos relacionados para sua área de preocupação. A partir do

momento em que foram feitas entrevistas em profundidade foram percebidas as

complexidades do assunto em termos da realidade social , econômica e política

brasileira. ( . . . ) A segunda parte apresenta primeiro o resultado de uma pesquisa

nacional sobre o que o brasileiro pensa da ecologia , onde 3650 pessoas em todo o

país foram ouvidas. Não há intenção qualquer de apresentar uma análise completa

de todas as correlações possíveis permitidas pelos dados coletados. Devido ao fato

que alguns dos achados foram bastante surpreendentes, foi realizado um teste de

coerência para verificar se os achados poderiam se suportar mutuamente. ( . . . )

47

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Apesar de não ser possível desenhar comparações entre os dois empreendimentos

devido as suas diferenças em projeto e escopo, a pesquisa qualitativa pode ser vista

como o contraponto da pesquisa nacional."

48

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Pesquisa da Price Waterhouse

Em pesquisa mais ampla feita entre maio e agosto de 1 993 entre as quinhentas

maiores empresas do país - a seleção foi feita pelo faturamento - a empresa de

auditoria Price Waterhouse incluiu questões relacionadas ao meio ambiente.

Segundo o jornal A Folha de São Paulo (QUESTÃO . . . 1 993) , a respeito da

pesquisa, afirma que o item relativo às "pressões ecológicas" apareceu em décimo

oitavo lugar e que somente duzentas das quinhentas empresas pesquisadas se

dispuseram a responder este item da pesquisa, e s6 cinqüenta informaram os

procedimentos que estão adotando em relação ao meio-ambiente.

Ainda segundo o jornal, das cinqüenta empresas que informaram os procedimentos,

1 3,9% "ainda estão estudando o tema", 1 3,9% disseram que "as questões

ambientais não afetarão as atividades da empresa", 33,3% estão "implementando

educação/conscientização", 44,4% estão realizando inspeções e revisões e 36, 1 %

"estão efetuando algum tipo de monitoramento". O jornal afirma que o fato da soma

ser superior a 1 00% se deve ao uso de respostas múltiplas.

A respeito do n ível de modificação que fizeram nos sistemas de controle e proteção

ao meio-ambiente, o jornal afirma que, das cinqüenta empresas que responderam

sobre os procedimentos, o resultado da pesquisa constatou que 58% real izaram

algum tipo de adequação, 23% não realizaram modificações e 7% apenas alteraram

a responsabilidade sobre o tema dentro da empresa.

49

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Pesquisa da Greenbridge Management Inc.

De acordo com Green ( 1 993) a empresa Greenbridge Inc. de Ontário realizou uma

pesquisa baseada na metodologia criada por Henry A. Regier e Elizabeth A.

Bronson para "quantificar o pensamento e atitudes de gerentes em relação ao meio

ambiente". Os quatro tipos de categorias criadas pela Greenbridge foram:

a) Desenvolvedor

• simplesmente não percebem valor nos fenômenos naturais;

• usam os fenômenos naturais como recurso e acrescentam valor a

eles, quanto maior o valor acrescido, mais valiosos se tornam;

• não se preocupam com a escassez e extinção de um recurso

enquanto outra matéria prima pode substituí-lo;

• percebem os recursos no seu estado puramente natural como de

pouco va lor;

• acreditam que a ciência e tecnologia serão capazes de criar novos

bens de consumo de valor a partir de matérias prima sem valor que

devem ser avaliados;

b) Conservacionista

• percebem algum valor em certos fenômenos naturais desejados, e

valor negativo naqueles que não são desejáveis;

• percebem pouco ou nenhum valor na natureza, a não ser como o

ambiente onde coisas boas e ruins acontecem;

• desejam maximizar processos naturais que produzam bens

desejados, tais como recursos (riquezas ou reservas), e provem

serviços desejados, como a assimilação de dejetos;

50

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• enfatizam o gerenciamento de recursos valiosos, pragas inoportunas,

e poluentes nocivos;

c) Verde

• vêem a raça humana como parte do eco-sistema e percebem o

sistema natural como um sistema aberto e vivo, capaz de se auto­

organizar e auto-integrar;

• percebem todas as partes de um eco-sistema saudável como

essencialmente valiosas e vêem o eco-sistema como o nosso lar

natural;

• acreditam que os seres humanos não podem gerenciar um eco­

sistema, os homens devem, todavia, gerenciar seus próprios efeitos

dentro de um eco-sistema;

• crêem que os seres humanos devem se adaptar à natureza de forma

a não danificar os processos produtivos ou reprodutivos naturais;

• pensam num comportamento humano apropriado em termos de uma

administração prudente e econômica (frugalidade);

d) Preservacionista

• crêem na santidade e mistério da natureza;

• percebem uma espécie ou um eco-sistema como possuindo um valor

inerente da dependência que os interesses humanos possam ter

sobre este objeto;

• pensam num comportamento humano apropriado em termos de

stewardship;

• percebem a ciência como uma ferramenta para fornecer luz na

história natural de fenômenos de inerente valor, de forma que estes

fenômenos possam ser protegidos;

5 1

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• acreditam que a proteção aos fenômenos naturais é um pré-requisito

para um crescimento sustentável;

• invocam, as vezes através de tribunais, um sistema de altos

principios éticos como uma restrição a qualquer abordagem

operacional de crescimento sustentável.

Segundo o autor foi pedido aos gerentes que respondessem ao questionário duas

vezes, uma na perspectiva de gerente de uma empresa e outra na perspectiva de

um cidadão do planeta. Os resultados apresentaram uma diferença entre as duas

perspectivas, demonstrando uma tendência bem maior ao final da escala quando o

gerente se punha na condição de cidadão do mundo.

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The Corporate Response to the Environmental Challenge

McKinsey & Company

Esta pesquisa foi conduzida pela empresa de consultoria Mckinsey & Company em

1 991 e foram entrevistados quatrocentos altos executivos de grandes empresas

mundiais. Alguns resultados são apresentados por Winsemius e Guntram ( 1 992) e

Winsemius e Hahn ( 1 992).

São os seguintes o resultados dispon íveis daquela pesquisa:

Os líderes empresariais admitem que a crescente consciência da sociedade em

relação aos problemas ambientais está exercendo pressões em todos os setores da

indústria, originando-se de quatro direções:

• Governos: 49% concordam que "regulamentação governamental

objetivando a meta de redução relacionada ao meio ambiente em cinqüenta

por cento, para produtos e/ou processos padrões que são críticos para a

indústria, estará em vigor pelo ano 2000";

• Clientes: 56% concordam que os "clientes irão crescentemente perguntar

o quão verde é sua empresa antes de comprar um produto";

• Competidores: 72% concordam que a "legislação ambiental tem se tornado

um fator decisivo para a local ização de plantas industriais";

• Empregados: 68% concordam que "organizações com um passado

desabonador no que tange a questão ambiental encontrarão uma

dificuldade crescente para recrutar e reter mão-de-obra de a lta qualidade".

Porém, apesar de 47% dos entrevistados considerarem que a meta de redução de

cinqüenta por cento é um objetivo realista para sua empresa, somente 39%

consideram que o aumento dos custos associado ao cumprimento desta meta

53

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poderá ser absorvido por um aumento de preços decorrente e 74% concordam

que se as empresas estrangeiras não sofrerem exigências para o cumprimento

dos mesmos padrões, a posição competitiva das empresas gerenciadas pelos

entrevistados será alterada. Ainda a respeito do aumento dos custos acarretado

pela meta de redução em cinqüenta por cento, a pesquisa verificou que o

percentual de concordância quanto a possibil idade de absorção do conseqüente

aumento de preços decresce quando se desce na pirâmide da estrutura

organizacional das empresas.

A pesquisa revelou também um "alto foco operacional" seguido pelas empresas

no trato da questão ambiental:

• 35% admitiram o foco das ações empreendidas por suas respectivas como

sendo "cumprimento das regulamentações";

• 28% "prevenção de acidentes";

• 1 5% "realçar uma imagem positiva";

• 1 3% "integração do meio-ambiente na estratégia empresarial" e

• 9% "realização de novas oportunidades de mercado".

Por fim, os dados dispon íveis da pesquisa apontam para a necessidade das

empresas assumirem um papel mais responsável no que tange ao meio-ambiente:

• 66% dos entrevistados concordam que "a maioria assuntos relacionados ao

. meio-ambiente e à segurança dos produtos serão considerados de

responsabilidade das empresas pelas leis futuras";

• 63% estão de acordo que "a indústria terá que repensar completamente

seu conceito de processo produtivo se quiser se adaptar a lucratividade em

um mundo ambientalmente consciente"; e

• 80% ratificam a opinião que "para minimizar a chance de tragédias futuras,

deve-se buscar uma parceria entre governo, indústria e academia".

54

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CAPíTULO 111

55

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Metodologia de Pesquisa

3.1 . Introdução

Este capítulo é dedicado a apresentar a metodologia utilizada no presente estudo.

Inicialmente são apresentadas as perguntas de pesquisa . Em seguida, indica-se

como foram definidas a população e a amostra utilizadas e os métodos usados na

coleta de dados. Finalmente apresenta-se a forma de anál ise dos dados e as

l imitações do estudo.

3.2. Definição das Perguntas de Pesquisa

Foram as seguintes as principais perguntas que guiaram o desenvolvimento do

estudo:

1 . Como as empresas pesquisadas comunicam sua preocupação com o

Meio Ambiente?

2. Quais práticas gerenciais são adotadas por esta empresas para dar

respaldo à preocupação ambiental ista comunicada?

3 . Como a preocupação ambiental está manifestada na estratégia das

empresas pesquisadas?

56

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3.3. Determinação da População e da Amostra

A população pesquisada no estudo foi composta de todas as empresas que fazem

e/ou fizeram uso de "inserções ecológicas" no seu composto de comunicação, i .e. ,

que já exibiram no seu mix de comunicação de marketing preocupação com a

preservação do meio ambiente.

Para o presente estudo, entende-se como composto de comunicação ou mix de

comunicação de marketing o conjunto de ferramantas composto de: propaganda

(anúncios de revista, jornal, outdoor, rádio ou televisão, anúncios em embalagens,

catálogos audiovisuais e vídeo-teipes, folhetos e volantes, cartazes, anuário,

luminosos, displays de pontos de venda, maracas, símbolos e logotipos), promoção

de vendas (concursos e brindes, amostras grátis, feiras, exposições, demonstrações,

cuponagem, remarcações, descontos, financiamentos, entretenimentos), relações

públ icas (press realize, kit para imprensa, seminários, convenções, relatório anual,

relações com a comunidade para incentivo e patrocínio de eventos, doações,

lobbying) e venda pessoal (apresentações de vendas, encontros de vendas,

programas de incentivo e mostruários).

o método de amostragem utilizado foi não probabi l ístico, definindo-se uma amostra

de conveniência e não se limitou a nenhum segmento de indústria específico.

Outrossim buscou-se que a amostra fosse a mais ampla possível , porém observando

a restrição básica da existência de "inserção ecológica" no composto de

comunicação.

Foram pesquisadas trinta empresas dos mais diversos segmentos da economia nas

regiões Sul e Sudeste do Brasil .

57

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3.4. Coleta de Dados

3.4.1 . Seleção dos Respondentes

Devido às características das informações necessárias à real ização do estudo,

optou-se por coletar os dados através de entrevistas com o mais alto executivo de

marketing e/ou de environmental management.

3.4.2. Elaboração do Instrumento de Coleta de Dados

Optou-se pela formulação de um roteiro de entrevista estruturado com perguntas

abertas e fechadas, a ser aplicado através de entrevistas diretas (pessoais e

individuais). O roteiro, cuja cópia encontra-se no Anexo 2, está dividido em seis

partes: a primeira procura avaliar o mix de comunicação de marketing; a segunda

busca conhecer os instrumentos específicos de marketing verde utilizados pela

empresa; a terceira investiga os elos verticais da cadeia de valor da empresa no que

tange à Administração Orientada Para A Preservação do Meio Ambiente (ADORMA),

tais como fornecedores e ciclo de vida das substâncias entre outros; a quarta faz o

mesmo em relação aos elos dentro da própria cadeia, Le., áreas da empresas

envolvidas com a ADORMA. Na quinta parte pesquisa-se a questão da estratégia da

empresa e a importância atribuída ao "verde" pela empresa e por sua concorrência.

58

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3.4.3. Pré-Teste do Instrumento de Coleta de Dados

A fim de verificar possíveis falhas do roteiro, aprimorar o teor das perguntas de

forma a torná-Ias mais claras ou mesmo incluir ou retirar perguntas, foi realizado o

pré-teste do questionário. Para isto foi escolhido um respondente dentro da

população estudada.

Apos o pré-teste, algumas modificações foram efetuadas no sentido de melhorar a

redação de algumas questões que permitiam dupla interpretação.

3.4.4. Método de Coleta de Dados

A apl icação do roteiro foi realizada com a presença do pesquisador, uma vez que,

devido a sua complexidade, não seria aconselhável a auto-aplicação. Com tal

procedimento, evitaram-se dúvidas ou erros devido à má interpretação das

instruções.

Após a seleção da amostra, foi providenciado o endereço e telefone dessas

empresas. De posse desses dados, as empresas foram contactadas e informadas

sobre o objetivo da entrevista, pedindo-se o nome do mais alto executivo de

marketing da empresa (Diretor de Marketing ou cargo correlato). Foram confirmados

os códigos postais e endereços e, na mesma ocasião, informou-se que estaria

sendo enviada correspondência àqueles executivos pela COPPEAD/UFRJ,

solicitando uma entrevista a ser marcada posteriormente.

Logo após o primeiro contacto, a correspondência foi efetivamente enviada às

empresas, explicando mais precisamente o objetivo da entrevista (Anexo 111) . As entrevistas foram marcadas uma semana após o envio de cada carta. De um modo

geral, as empresas foram muito receptivas.

59

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o trabalho de campo foi realizado no primeiro semestre de 1 995 na sua quase

tota lidade.

3.5. Análise dos Dados

A análise dos dados foi realizada com o auxílio de diversos equipamentos e

softwares existentes no Centro de Processamento de Dados do COPPEAD/UFRJ e

na residência do autor.

Para responder à pergunta de tese, as informações recolhidas nos questionários

foram anal isadas através de estatística descritiva, com o uso de frequências

absolutas, frequências relativas, médias e medianas.

3.6. Limitações do Estudo

Devido às características de estudo exploratório, ele apresenta l imitações que

precisam ser consideradas quando da interpretação dos resultados. Dentre as mais

relevantes, destacam-se:

1 . A não atemporalidade dos resultados obtidos. O estudo não permite inferir

muito sobre qual o caminho provável das empresas hoje entrevistadas no

que concerne à continuidade de seus programas de comunicação de cunho

ambientalista;

2. A preocupacão com o meio ambiente é bastante recente no mundo e

notadamente no Brasil - país onde a desinformação do consumidor e a

60

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defasagem gerencial das empresas instaladas ainda tornam difícil

estabelecer parâmetros que permitam definir caminhos prováveis para o

desenvolvimento da consciência ambientalista, o que, em última instância,

é o principal motivador de empresas que praticam a ADORMA.

3. A reduzida amostra utilizada, composta basicamente de empresas da

região sudeste do Brasil, embora com algumas organizações do sul do

país, fornece l imitada capacidade de generalização dos resultados obtidos.

6 1

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CAPíTULO IV

62

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Análise do Resultados

4.1 . Introdução

o estudo da ligação entre marketing e meio ambiente é, forçosamente, o estudo de

duas possíveis mentiras: o marketing, visto por muitos apenas através do estereotipo

da propaganda enganosa, e a preocupação ambiental, vista de forma negligente e

superficia l .

Muito se tem dito sobre marketing ambiental. O propósito deste estudo exploratório é

observar e descrever a comunicação de marketing com fundo ambientalista, isto é,

com inserção de tema ambienta l ista, a orientação e teor das mensagens e as

práticas desenvolvidas pelas empresas para traduzir em ações seu mix de

comunicação ambienta l .

Para tal foi desenvolvido o roteiro estruturado (Ver Anexo 111) e entrevitadas trinta

empresas que, através de seu mix de comunicação de marketing, utilizaram

mensagens com conteúdo ambientalista.

A anál ise dos resu ltados da pesquisa está dividido em três grandes grupos:

I . Discurso - Análise do Mix de Comunicação de marketing

11. Práticas Gerenciais - Administração Orientada para a Preservação do

Meio Ambiente (ADORMA)

111. Discurso versus Prática - Estratégia e Concorrência

O Grupo I tem por objetivo responder à primeira pergunta de tese : Como as

empresas pesquisadas comunicam sua preocupação com o Meio Ambiente?

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o Grupo 11 objetiva responder à segunda pergunta de tese: Quais práticas gerenciais

são adotadas para dar respaldo à preocupação ambiental ista comunicada?

Por fim. o Grupo 111 pretende responder à terceira pergunta de tese : Como a

preocupação ambiental está manifestada na estratégia das empresas pesquisadas?

64

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4.2. Resultados

4.2 . 1 Discurso - Análise do Mix de Comunicação de Marketing

4.2. 1 . 1 Análise Histórica

A comunicação é um processo que se desenvolve continuamente . Para melhor

entendê-lo é necessário acompanhar sua evolução histórica.

A partir dos dados obtidos foi possível identificar algumas características do

processo de inserção da temática ambientalista no mix de comunicação de

marketing das empresas.

A primeira observação relevante é a exístência de um hiato entre o início da

comunicação com inserções de temática ambientalista e a adoção do "conceito" de

Marketing Ambiental pela empresa (ver tabela 1 ) , isto é, até a sistematização dos

esforços de comunicação, no sentido de transmitir aos públicos-alvo ( internos e

externos) pré-definidos a preocupação, agora fundamentada, em atos e atitudes, da

empresa com a preservação do meio ambiente.

A partir dos dados amostrais pode se observar que o tempo médio de utilização da

temática ambientalista pelas empresas é de 1 1 anos (considerando o ano base de

1 995), enquanto que a adoção dos conceitos de marketing ambiental de forma

sistemática só tem início há, em média, nove anos.

A tabela 1 , a seguir, exibe a distribuição da amostra em função do tempo: a coluna 2

apresenta o número de empresas que iniciaram o processo de comunicação,

enquanto a coluna 3 exibe o número de empresas que fizeram a adoção plena nos

prazos indicados na coluna 1 .

65

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Tabela 1 : Hiato entre comunicação e adoção do Marketing Ambiental

Tempo Início da Adoção (anos) comunicação Plena

+ de 45 3,3% 3,3% (1 ) (1 )

20 a 25 3 ,3% 3,3% (1 ) (1 )

1 5 a 20 1 3,3% 0,0% 4 (O)

1 0 a 1 3 1 6,6% 1 0,0% (5) (3)

6 a 1 0 1 6,6% 0,0% (5) (O)

5 a 6 1 0,0% 1 6,6% (3) (5)

4 a 5 1 3,3% 26,6% (4) (8)

3 a 4 1 0,0% 13 ,3% (3) (4)

° até 3 1 0, 0% 20,0% (3) (6)

Não comunica 3,3% -

(1 ) Não pratica 2

Deve ser observado que duas empresas apresentaram prazos bastante distintos das

demais. Uma empresa (do ramo agropecuário) asseverou que, em função do seu

campo de atuação, procura comunicar sua preocupação com o meio ambiente desde

a sua fundação há vinte cinco anos, e sempre o fez de acordo com as

técnicas/metodologias postuladas pelo Marketing Ambiental . A outra empresa,

afirmou que "comunica sua preocupação com a preservação do meio ambiente e

pratica o marketing ambiental desde sua instalação no Brasil" há quarenta e seis

anos.

Um aspecto que deve ser ressaltado é o fato que 90% das empresas que

asseguraram praticar marketing ambiental (correspondente a 81 % da amostra) s6 o

66

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fizeram após apresentação da definição oferecida pelo entrevistador (ver questão

1 .7 , Anexo 11 1) . Nenhuma das empresas pesquisadas enunciou uma definição própria

de Marketing Ambiental .

A tabela 2, a seguir, relaciona a modificação sofrida pela ênfase do conteúdo

temático da comunicação com a preocupação ambiental da empresa e foi retirada de

Kotler (1 989). Segundo o autor, a comunicação das empresas podem perseguir os

seguintes objetivos:

Consciência: Acordar para a importância do tema

Indicação: Ser reconhecida como empresa preocupada com a questão

ambiental

Compreensão: Gerar entendimento sobre o tem

Confirmação:

Legitimação:

Rearfimar a preocupação da empresa sobre as questões ambientais

Legitimar ações de acordo com uma visão ambienta lista

Lembrança: Recordar as ações da empresa relacionadas com sua preocupação

ambiental

Tabela 2: Evolução dos objetivos de comunicação de marketing

Consciência Compreensão Legitimação Confirmação Lembrança Indicação

Quando do início da 36,67% 30,00% 20,00% 1 3,33% 16,67% 1 3,33% associação

Passado recente 66,67% 50,00% 36,67% 36,67% 30,00% 40,00%

Presente 80,00% 53,33% 46,67% 63,33% 36,67% 63,33%

Futuro 60,00% 43, 33% 50,00% 56,67% 46,67% 60,00%

67

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A tabela é bastante elucidadora no entendimento da evolução do d iscurso

ambientalista na comunicação das empresas. Quando do início da associação das

empresas com o tema, foi dado ênfase aos aspectos de consciência e compreensão.

No passado recente, as empresas prosseguiram mantendo a ênfase em consciência

e compreensão sobre o tema, mas começam também a dar alguma importância ao

aspecto indicação.

No presente, as empresas estão dando ênfase ainda em consciência e indicação,

porém sem reduzir seus esforços em compreensão, o que indica que iniciam

investimentos mais altos para confirmar sua associação com o tema. Mais ainda,

indica - segundo declarações dos entrevistados - que existem vários grupos

sociais com diferentes graus de compreensão da questão ambiental, o que impede a

centralização em uma temática específica.

No futuro planejam prosseguir focando investimentos em consciência, indicação, o

que parece apontar para um caminho onde a mensagem básica da importância do

cuidado ambiental viria acompanhada da identificação da empresa com o tema,

fechando, assim, o ciclo onde o principal aspecto seria sedimentar a imagem de

empresa preocupada com o meio ambiente. Observa-se na tabela que os demais

objetivos estão presentes em igual escala, à exceção apenas de compreensão, o

que é bastante plausível, considerando que o processo de cognição já deverá (na

percepção dos entrevistados) estar bastante adiantado.

É interessante ressaltar que, apesar de certa importância relativa dada no início do

processo aos objetivos relacionados à legitimação, estes nunca foram, segundo as

empresas pesquisadas, o alvo de priorização em termos gerais.

68

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4.2.1 .2. Objetivos

Os objetivos específicos da comunicação ambiental desenvolvida pelas empresas da

amostra estão resumidos na tabela a seguir:

Tabela 3: Objetivos específicos de comunicação das empresas

% de empresas que Objetivos indicaram esse

objetivo Apresentar uma imagem de organização preocupada com a preservação do meio ambiente e/ou informar o 66,67 público a respeito de suas ações Criar consciência sobre os benefícios da preservação do 40,00 meio ambiente Mostrar uma preocupação da organização com os aspectos sociais e/ou buscam uma diferenciação no 1 0,00 mercado. Mostrar uma imagem de empresa séria e responsável 6,66 Aproveitar a oportunidade de melhorar o seu relacionamento com fornecedores e, de certa forma, 3,33 passar uma imagem de pionerismo frente aos concorrentes Demonstrar a possibilidade da atividade econômica ( . . . ) específica do setor em que atua "( . . . ) ser exercitada de 3,33 uma forma conjunta com a preservação do meio ambiente Mostrar que a preservação do meio ambiente é responsabilidade de todos e não exclusividade dos 3,33

I governos . . "

ObselVaçao: o total supenor a 1 00% e devIdo a pOSSIbIlidade de cada empresa cItar maIs de um objetivo.

69

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4.2.1.3. Públicos-Alvo

A tabela, a seguir, apresenta os públ ico(s)-alvo a que se destinam os esforços de

comunicação com inserção ambientalista realizados pelas empresas da amostra:

Tabela 4: Públicos-alvo da comunicação com foco ambiental ista

% de empresas da Públicos - Alvo amostra que

mencionaram Públ ico Interno 73,33 Comunidade do entorno da instalação produtiva 53,33 Clientes nacionais 40,00 Imprensa 36,67 Governos e autoridades municipais 33,33 Sociedade em geral 30,00 Professores e estudantes 30,00 Governos e autoridades estaduais 30,00 Clientes internacionais 26,67 ONG's ambientalistas 23,33 Comunidade Empresarial 20,00 Comunidade Científica 20,00

: Orgãos de Controle Ambiental 20,00 Governo Federal/parlamentares 20,00 Financiadoresllnvestidores/Acionistas 1 6,67 Fornecedores 1 0, 00

- . . . ObselVaçao: o total supenor a 1 00% e devido a possibilidade de cada empresa citar mais de um

público-alvo.

É interessante observar que 73,33% da amostra mencionou o público interno como

grupo-alvo e mais da metade mencionou a comunidade do entorno da instalação

produtiva. Estranhamente nenhuma empresa da amostra afirmou ter sua rede de

distribuidores como público-alvo do seu mix de comunicação com inserção

ambiental . Entretanto, esses resultados se al inham com os objetivos de

comunicação já descritos e com a forma de implementá-los que será vista a seguir.

Foram também mencionados, com menor freqüência, os seguintes públ icos-alvo:

franqueados, formadores de opinião de forma geral (não especificaram),

70

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adolescente, pessoas entre 25 e 40 anos, entidades de classe em geral (não

especificaram), instituições internacionais (GATT, ONU etc), grupos ambiental istas

(não especificou um grupo em particular) e crianças de 8 a 1 2 anos.

Quanto à famil iaridade do(s) público(s)-alvo defin ido(s) com o tema preservação do

meio ambiente, foi obtido o seguinte resultado exposto na tabela 5, de acordo com

os respondentes:

Tabela 5: Familiaridade do Público-alvo com o tema

Públicos - Alvo % de empresas da amostra

Muito disseminado/conhecido 40,00 Medianamente disseminado/conhecido 20,00 Diferenciadamente disseminado/conhecido 23, 33 Pouco disseminado/conhecido 1 0,00 desconhece/não aval ia o assunto 6,67

Estranhamente, s6 1 0% das empresas adiantou que faz pesquisa sobre a

familiaridade do(s) público(s)-alvo sobre a preservação do meio ambiente. Foi

percebido uma certa discrepância entre comentários rea lizados pelas empresas no

que tange ao conhecimento do(s) públ ico(s)-alvo. Enquanto três empresas

asseguraram que o(s) público(s)-alvo, apesar de estar(em) bem informado(s) a

respeito das macroquestões, desconhece(m) aspectos específicos como a ecologia

urbana, uma outra empresa, ao contrário, expôs que o(s) públ ico(s)-alvo conhece(m)

bem o tema ecologia urbana. Todavia, esta ocorrência pode ser explicada por

diferentes segmentos de atuação e/ou definição de públ ico(s)-alvo d íspares. Duas

empresas salientaram que o(s) público(s)-alvo estrangeiros é(são) bem mais

famil iarizado(s) com o tema preservação do meio ambiente do que o(s) público(s)­

alvo brasileiro(s).

7 1

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Quanto a favorabilidade do(s) públ ico(s)-alvo a util ização de temática ambiental ista,

obteve-se o seguinte quadro, de acordo com os respondentes:

Tabela 6: Grau de favorabilidade ao uso da temática ambientalista

Grau de Favorabilidade % da amostra

muito favorável ao uso 76,66

mediana mente favorável 20,00

ind iferente 0,00

pouco favorável 0,00

desconhece/não avalia 3,33

Somente uma das empresas pesquisadas adiantou que faz pesquisa para avaliar a

favorabilidade do(s) públ ico(s)-alvo à inserção ambienta l ista no mix de comunicação.

A forte indicação de favorabilidade é, provavelmente, um dos motivadores dos

investimentos na associação das empresas ao tema meio ambiente, apontado

quando da análise da evolução da trajetória do conteúdo temático do composto de

comunicação das empresas.

Da análise das tabelas 5 e 6 é possível inferir que, apesar de serem bastante

favoráveis à inserção da temática ambiental no complexo de comunicação, os

diversos públicos-alvo apontadas pelas empresas necessitam de mais informações a

respeito do assunto.

72

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Por fim (questão nO. 2.2 - Anexo 111), procurou-se conhecer a segmentação utilizada

para atingir os formadores de opinião, o que permitiu a obtenção dos seguintes

resultados indicado na tabela 7 :

Tabela 7: Segmentação dos formadores de opinião

Grupos-alvo da comunicação de marketing % de respondentes

pessoas e/ou empresas influentes para gerar 46,67 cognição/conhecimento

pessoas influentes da comunidade para experimentação 40,00 e posterior utilização em testemunho

l íderes de opinião (a empresa oferece a certas pessoas 26,67 selecionadas o produto/serviço) para experimentação em condições atrativas

Todos, buscar que a comunicação crie um diálogo entre o 63,33 público-alvo e a empresa

- . . . Observaçao: o total superior a 1 00% e devido a pOSSibilidade de cada empresa citar mais de um

grupo-alvo.

A tabela permite verificar a existência da preocupação por parte das empresas da

amostra em identificar grupos de formadores de opinião, muito embora não exista

um grupo que se destaque claramente dos demais. A tabela permite, ainda, concluir

que a maior parte das empresas não deixa de buscar atingir seus públicos-alvo

como um todo, mesmo recorrendo à comunicação direcionada para os l íderes de

opinião.

4.2.1.4. Formas de Comunicação/Mídias

A tabela 8, a seguir, apresenta as ferramentas e instrumentos utilizados pelas

empresas da amostra para comunicação aos públicos-alvo externos de sua

preocupação com a preservação do meio ambiente:

73

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicado ao executivo indicado como

Tabela 8: Formas de comunicar a preocupacão com o meio ambiente

Ferramenta/instrumento % de empresas da amostra

Publicidade 60,00

Ações junto a comunidade local 53,33

Propaganda 50,00

Patrocínio de campanhas e eventos relacionados 36,67 ao meio ambiente

Prospectos e folhetos 33,33

Elaboração de vídeos 23,33

Relações com a comunidade empresarial 23,33

Patrocínio de livros sobre o meio ambiente 20,00

Patrocínio/Alianças com ONG's 20,00

Visitação à instalação produtiva 20,00

Projetos de educação do consumidor 1 6,67

Inscrição da empresa em prêmios sobre 1 0,00 performance ambiental

Utilização de temas ecológicos como apelo para 6,67 a venda direta

Utilização dos empregados como formadores 6,67 de opinião

Patrocínio de pesquisas sobre meio ambiente 3,33 (bolsas de estudo internacionais)

Trabalho de parceria com os clientes no que 3,33 tange a questões relacionadas com a preservação do meio ambiente

- . . . Observaçao. o total supenor a 1 00% e devido a possibilidade de cada empresa citar mais de uma ferramenta/instrumento

A diversidade mostra que, apesar do intenso uso de ferramentas/instrumentos

tradicionais, as empresas entrevistadas fazem uso de várias alternativas de

veiculação de sua preocupação com o meio ambiente.

74

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicado ao executivo indicado como

Dando continuidade ao entendimento da forma como as empresas comunicam sua

preocupacão ambiental , a tabela 9, a seguir, apresenta as ferramentas e

instrumentos utilizados pelas empresas da amostra para comunicação com o público

interno:

Tabela 9: Ferramental de Comunicação de Marketing Utilizado

F erramenta/instrumento % empresas da amostra

Jornal Interno - House Organ 70,00

Jornal Mural 33, 33

Eventos, Palestras e Seminários Internos 26,67

Treinamento/Cursos 26,67

Impressos e Folhetos 26,67

Vídeos internos 26,67

Ambiente (material de trabalho, cartazes, coleta seletiva 23,33 etc. )

Concursos e Jogos Internos 20,00

Envolvimento de funcionários nas ações orientadas 20,00 para a preservação do meio ambiente

Correspondência Interna (correio eletrônico, 1 0,00 memorandos etc.)

Reuniões sobre meio ambiente 1 0,00

(Unidade de) Educação Ambiental para empregados (e 6,67 seus familiares)

Outras ferramentaslinstrumentos 26,67 - . . .

Observaçao: O total supenor a 1 00% e deVido a possibilidade de cada empresa citar maiS de uma ferramenta/instrumento

A diversidade apresentada no ferramental de comunicação de marketing utilizado

pelas empresas da amostra para a comunicação ao(s) público(s)-alvo permanece

presente . Essa diversidade pode também denotar a busca de elementos novos nos

esforços de comunicação interna.

75

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicado ao executivo indicado como

Outro importante fator analisado foi o conteúdo da mensagem utilizada para associar

a imagem da empresa à preocupação ambiental, de acordo com Kottler ( 1 989) . A

tabela 1 0, a seguir, exibe os resultados encontrados.

Tabela 1 0: Formas de expressar as mensagens de conteúdo ambientalista

Formas % das Empresas

Situação cotidiana 80,00

Conhecimento Técnico 80,00

Evidência Testemunhal 73,33

Atmosfera e Imagem 60,00

Evidência Científica 50,00

Esti lo de vida 20,00

Musical 1 0,00

Símbolo de Personalidade 1 3,33

Fantasia 6,67 - . .

Observaçoes. o total supenor a 1 00% e devido a possibilidade de cada empresa citar mais de uma forma de expressão.

Destas, foram indicadas como as mais importantes: o Conhecimento Técnico, a

Situação Cotidiana, a Atmosfera e Imagem, a Evidência Testemunhal e a Evidência

Científica, em ordem decrescente de importância .

A justificativa dos respondentes para a escolha destas formas de expressar a

mensagem é a necessidade de contextual izar as questões relativas à preservação

do meio ambiente - quer no cotidiano do consumidor, quer no próprio local de

trabalho - e legitimar o conteúdo através de uma visão técnico-científica do tema.

76

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicado ao executivo indicado como

4.2.1 .4.1 . Mídias Utilizadas

As seguintes mídias são utilizadas pelas empresas pesquisadas para vincular

mensagens relativas à preservação do meio ambiente:

Tabela 1 1 : Mídias utilizadas pelas empresas

Mídias mencionadas % das empresas

Produção de revistas/jornais próprios 90,00

Exposições 86,67

Espaço em jornais de circulação regional ou mídia 76,67 diretiva

Espaço em revistas de circulação regional ou mídia 73,33 diretiva

Espaço em revistas de circulação nacional 60,00

Promoções 60,00

Feiras 60,00

Espaço em jornais de circulação nacional 60,00

Mala Direta 46,67

Televisão 46,67

Rádio 33,33

Out doors 1 0,00

Outros 26,67 - , . . .

Observaçao: o total supenor a 1 00% e devido a possibilidade de cada empresa citar mais de uma mídia.

Observando-se os primeiros itens do quadro anterior, pode-se concluir a

preocupação das empresas na definição de mídias mais próximas do(s) público(s)­

alvo já relacionados, isto é, público interno, comunidade do entorno da instalação

produtiva, imprensa e clientes.

Ainda buscando conhecer as mídias uti lizadas pelas empresas para comunicar sua

preocupação com a preservação do meio ambiente, foi indagado (vide questão n°. :

77

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicado ao executivo indicado como

2.3.3 Anexo 111) se o respondente teria mais alguma forma de comunicação ainda

não relacionada . Foram obtidas as seguintes respostas:

Em torno de setenta e sete por cento (76,67% ) das empresas pesquisadas afirmou

buscar comunicar sua preocupação com a preservação do meio ambiente através da

"atmosfera da empresa". Das restantes, uma empresa alegou que, apesar de ter

tentado inicialmente desistiu, sem apresentar justificativa.

Das quase setenta e sete por cento das empresas referidas no parágrafo acima,

quarenta por cento o fez atuando em cima da cultura organizacional (exposições,

jogos internos, treinamentos etc); aproximadamente trinta e três por cento (33,33%)

através da limpeza, jardins, preservação de matas e/ou flora e fauna ao redor da

instalação produtiva etc.; um número ao redor de dezessete por cento ( 16,67%) com

o envolvimento ostensivo dos empregados em atividades de redução de utilização e

reciclagem e dez por cento não especificou de que forma criam a atmosfera. Isto

denota mais uma vez a importãncia do caráter interno nos esforços de comunicação

das empresas em termos de preservação do meio ambiente

Mais de oitenta e três por cento das empresas (83%) afirmaram buscar comunicar

sua preocupação com o meio ambiente através de promoção/participação em

eventos temáticos. Foram citados como exemplo feira, eventos l iterários, seminários

com outras empresas, governos e universidades, simpósios, exposlçoes

fotográficas, campanhas de conscientização com distribuição de folhetos, eventos

estudantis e de caráter técnico e a própria RI092 (ou como alguns preferem

EC092), entre outros.

Foram amplamente comentados diversos projetos técnicos na área de estudo e

preservação do meio ambiente patrocinados pelas empresas na área de fauna e

flora, bem como apoio a green press (imprensa verde), existindo até mesmo uma

78

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicado ao executivo indicado como

empresa que dedica um percentual fixo do seu lucro l íquido para uma fundação

ambientalista .

Ainda em relação a outras formas de comunicação utilizadas pelas empresas

pesquisadas para expor a preocupação com a preservação do meio ambiente, foram

citadas, principalmente, distribuição de mudas e sementes (77%), publ icação de

artigos em jornais e revistas (43%), vídeos sobre preservação do meio ambiente

para os empregados e clientes (33%) e patrocínio de publicações educativas sobre

meio ambiente ( 1 0%).

Apesar de trinta por cento das empresas pesquisadas não utilizarem nenhuma outra

forma de comunicar sua preocupação com a preservação do meio ambiente além da

propaganda convencional, as seguintes formas também foram citadas:

• Visitação das instalações produtivas com acompanhamento e folheto

explicativo,

• Visita a escolas,

• Kit de material educativo,

• Distribuição de jogos temáticos,

• Publicações educativas,

• Press-Kit,

• Relatório público de desempenho ambiental,

• Edição de Manual de ecologia urbana,

• Mala direta sobre os projetos ecológicos patrocinados,

• Posters,

• Calendários temáticos,

• Publicação de mídias diretivas sobre o meio ambiente,

• Defesa da questão ambiental em entidades de classe,

• Prêmios recebidos pelo desempenho ambiental,

79

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicado ao executivo indicado como

• Camisas promocionais,

• Shows,

• Placas em regiões recuperadas pela empresa,

• Atividades esportivas ligadas ao meio ambiente,

• Peças infantis relacionadas com a questão ambiental,

• Atitude pol ítica dos l íderes da empresa,

• Educação ambiental para crianças carentes,

• Disponibilização de uma linha telefônica tool free para orientaçao sobre

solução para acidentes ecológicos .

4.2.1 .5. Mensagens

Quanto aos apelos que as mensagens podem trazer, (ver questão n°. : 2.4, Anexo 111) foram oferecidas as seguintes possibilidades para o respondente, de acordo com

KOTLER (1989):

• Racional , foca o conteúdo em que a mensagem é fundamentada (preserve a

natureza, por exemplo);

• Sensorial, foca a sensação que a mensagem traz (ex.:leva a natureza até você);

• Social, baseia-se no conteúdo social da mensagem (ex.: a empresa que busca o

melhor para a sociedade);

• Satisfação do ego, é direcionada ao indivíduo que recebe a mensagem (ex.:

produtos para pessoas muito conscientes).

Em torno de setenta e três por cento (73%) das empresas pesquisadas focam um

conteúdo social da mensagem, cinquenta por cento (50%) o apelo racional e vinte

por cento (20%) o enfoque sensorial . Somente duas empresas (6,7%) comentaram

se direcionar para o conteúdo de Satisfação do Ego. Uma das empresas

pesquisadas afirmou empreender esforços para um conteúdo emocional, opção não

80

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicado ao executivo indicado como

ofertada na pergunta . Aproximadamente trinta e seis por cento (36,7%) das

empresas pesquisadas assinalou mais de uma opção.

4.2.1 .6. Orçamento/Gastos com Marketing Ambiental

Quanto aos gastos previstos com propaganda/comunicação ambiental, sessenta por

cento (60%) das empresas pesquisadas declarou não possuir orçamento específico

para marketing ambiental, muito menos para propaganda/comunicação ambiental,

dezessete por cento ( 1 7%) afirmou possuir orçamento específico, porém não

revelaram o valor e vinte e três por cento (23%) das empresas pesquisadas forneceu

o valor do seu orçamento específico para comunicação/propaganda ambiental . Os

valores variaram de 3,4% sobre os gastos totais em propaganda a até 1 00% dos

mesmos. Em termos absolutos, os valores variaram de quarenta e cinco mil até dois

milhões de dólares americanos, apresentando uma média de seiscentos e dez mil

dólares.

Apenas vinte e três por cento (23%) das empresas pesquisadas revelaram o

montante total já gasto pela organização com marketing ambiental. Estas sete

empresas já gastaram, em média, US$ 1 .828.570 (um milhão oitocentos e vinte oito

mil e quinhentos e setenta dólares) até o presente.

8 1

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4.2.1 .7. Resultados Esperados pelas Empresas

Os resultados esperados pelas empresas pesquisadas através da

comunicação/propaganda ambiental são encontrados na tabela 1 2, a seguir:

Tabela 12: Resultados esperados com a comunicação ambiental ista

Resultados Esperados % da amostra

Melhora da imagem institucional (reconhecimento 73,33 público da preocupação da empresa com o meio ambiente)

Conscientização do público interno 1 3,33

Conscientização do público externo 1 3,33

Posicionamento da empresa, da marca e/ou produto no 1 3,33 mercado

Reconhecimento público da contribuição social da 6,67 empresa como mantenedora de projetos ecológicos

Melhorar o relacionamento com a comunidade do 6,67 entorno

Não possui targets específicos 3,33

Maior reciclagem de vasilhames 3,33 - , . . .

Observaçao. O total supenor a 1 00% e devido a possibilidade de cada empresa citar mais de um resultado esperado.

Tal resultado deixa bem claro que a grande maioria das empresas da amostra faz

uso da comunicação com inserção ambiental com o intuito de trabalhar/melhorar sua

imagem institucional. O que, de certa forma, se choca com a ênfase apresentada no

final do item 4.2.1 .2 do presente estudo.

Um terço das empresas pesquisadas não exercitam nenhuma forma de verificação

da consecução dos resultados esperados, das empresas entrevistadas apenas trinta

82

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por cento (30%) realizam pesquisas de avaliação da imagem institucional junto ao

público externo em geral, em relação a aspectos ambientais. A título de exemplo,

duas das empresas pesquisadas fazem pesquisa de avaliação da imagem junto à

comunidade ambientalista, uma junto aos empregados e outra empresa procura

avaliar a imagem da sua marca também em relação à conservação do meio

ambiente. Nenhuma das empresas pesquisadas expôs empreender pesquisa de

imagem institucional e/ou marca, no que tange à preservação do meio ambiente,

tendo como universo a comunidade(s) que habita(m) próximo da instalação

produtiva .

Um instrumento utilizado pelas empresas ( 1 0%) é a avaliação do cumprimento de

suas metas de propaganda/comunicação ambiental através da análise de clippings.

Um mesmo número de empresas o faz contabil izando o volume de procura por parte

de universidades, órgãos públicos em busca de palestras, visitas etc.

Aproximadamente sete por cento (7%) das empresas pesquisadas medem o grau de

conscientização atingido pelos empregados; percentual idêntico acompanha o

número de embalagens (vasilhames) recebidos para reciclagem.

Em menor percentual também foram citados: menor utilização de insumos no

processo produtivo devido a conscientização, número de projetos patrocinados pela

empresa devido a procura das comunidades, universidades, ONG's etc, número de

consulta de leitores de mídia diretiva, procura (audiência) por produtos (programas)

ecológicos oferecidos e reflexos em termos do comportamento em relação ao meio

ambiente da comunidade próxima à instalação produtiva (avaliação qualitativa) .

Foram, ainda, analisados pelos entrevistados os temas a seguir quanto à

importãncia e prioridade dada pelas empresas a cada tema, bem como sua

abordagem dos mesmos no mix de comunicação das empresas.

83

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicado ao executivo indicado como

A:PROTEÇÃO DA BIOSFERA B:USO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS NATURAIS C:DIMINUIÇÃO/REDUÇÃO DOS RESíDUOS DESCARTADOS D:CONSERVAÇÃO DE ENERGIA E:REDUÇÃO DE RISCOS F:PRODUTOS E SERViÇOS SEGUROS G:RESTAURAÇÃO DO MEIO AMBIENTE H :COMPROMISSO COM A COMUNIDADE I :COMPROMISSO COM OS EMPREGADOS J:COMPROMISSO COM O PÚBLICO EM GERAL K:COMPROMETIMENTO EMPRESARIAL L:PRÁTICAS GERENCIAIS M:AUDITORIA VERDE N :AVALlAÇÃO PRÉVIA O:CONTRATADOS E FORNECEDORES

Quando analisadas conjuntamente, a importância e a prioridade concedida a cada

tema, verifica-se claramente a relevância atribuída pelos respondentes aos temas

"Compromisso com a comunidade", "Comprometimento empresarial", "Compromisso

com os empregados" e "Diminuição/Redução dos resíduos descartados", bem como

a opinião de menor valor ao tema "Restauração do Meio Ambiente".

É interessante observar que não há grande contraste em relação ao uso dos temas

que, na opinião dos entrevistados, são de maior relevância (acima mencionados)

com o conteúdo do mix de comunicação, quando analisador a luz destes mesmos

temas.

Todavia, este contraste é percebido no que tange aos temas "Conservação de

energia" e "Restauração do meio ambiente", que são bastante utilizados como teor

do mix de comunicação e aos quais não é atribuída grande relevância pelos

entrevistados.

Fica claro, a partir da observação da tabela 1 3, que o tema "Auditoria Verde" não só

não é de grande relevância para os entrevistados, como tambem é muito pouco

84

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frequente no conteúdo do mix de comunicação das empresas pesquisadas. Tal fato

pode ser um indicativo daquilo que é afirmado no relatório do GreenPeace (1 992),

apresentado na revisão de literatura.

Tabela 1 3 : Importância dos temas ligados a comunicação ambiental

Tema Percentual de empresas que Prioridade Importância dada ao

Obs.:

aborda o tema no mix de dada ao tema

A

B

C

O

E

F

G

H

I

J

K

L

M

N

O

1 .Prioridade:

2. Importância:

comunicação tema (1 ) (2)

56,67 4,61 7,68

80,00 4,71 8,45

86,67 4,48 8,76

80,00 5,25 8,08

76,67 5,00 8,74

63,33 4,95 8,75

70,00 6,90 7 , 14

96,67 2,89 8,85

76,67 4,04 9, 1 5

73,33 3,80 8,71

80,00 3,68 9,04

66,67 5,52 8,70

36,67 6,64 8,07

50,00 6,50 8,40

53,33 5,94 7,89

Os entrevistados forneceram grau 1 a 1 5, sendo dado grau 1 para

a(s) prioridade(s) mais elevada(s)

Os entrevistados avaliaram a importância do tema em uma escala

onde a nota 1 0 revelava a mais alta importância e a nota 1 a mais

baixa.

85

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Por fim, aproximadamente dezessete por cento ( 1 7%) das empresas pesquisadas

possuem um departamento ou seção de marketing ambiental, porém quase sessenta

e sete por cento (67%) possui um tópico a respeito de marketing ambiental em n ível

de planejamento estratégico e setenta por cento (7%) , em n ível de estratégia de

marketing.

86

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4.2.2. Práticas Gerenciais Administração Orientada para a Preservação do Meio Ambiente (ADORMA)

Analisando, inicialmente, as principais mudanças a partir da incorporação da

preocupação com a preservação do meio ambiente, foram observados, nas

empresas pesquisadas, os seguintes fenômenos:

Tabela 14: Mudanças provocadas pela incorporação do ambientalismo às práticas gerenciais das empresas

Mudanças Declaradas % da amostra

Passaram a exercer ações externas junto a(s) 40 comunidade(s) local(is) ou sociedade como um todo no sentido de preservar o meio ambiente

Focaram suas ações no sentido de reduzir resíduos do 37 processo produtivo e incrementar o tratamento destes

Agiram sobre o processo de gestão operacional de sua 37 organização, inclusive alterando a forma de trabalho

Alteraram seus processos produtivos buscando uma 37 redução das externai idades ou mesmo uma diminuição da agressividade ao meio ambiente das mesmas

Buscaram agir sobre sua força de trabalho, no sentido 30 de sensibilizarem a mesma para a importância da preservação do meio ambiente

Operaram mudanças/alterações nos seus produtos 1 7

Empreenderam programas de fomento à reciclagem do 1 0 produto e/ou embalagem

Desenvolveram mudanças na embalagem 7

Alegaram uma mudança no "comportamento 7 arrogante" que tinham em relação às críticas oriundas de grupos organizados

- . . . Observaçao. o total supenor a 100% e devido a pOSSibilidade de cada empresa citar mais

de uma mudança.

87

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Das empresas da amostra, somente 86,7% confirmaram a existência de uma

definição clara na organização a respeito do que ela deve fazer para preservar o

meio ambiente e quais são suas responsabilidades. Destes, apenas 44,2%

asseguraram que a mesma está clara em todos os níveis da empresa. No entanto,

77% das empresas pesquisadas despendem esforços específicos no sentido de

obter não só o conhecimento, mas sim conscientizar os empregados, em todos os

n íveis da cadeia hierárquica, da importância da preservação do meio ambiente,

através dos instrumentos já mencionados.

Foi verificado que setenta por cento (70%) das empresas pesquisadas pratica ou

estimula treinamento em ADORMA, noventa por cento (90%) desenvolve

publicações internas sobre a matéria, oitenta por cento (80%) realiza campanhas

educacionais sobre o assunto e setenta por cento (70%) fomenta seminários sobre

ADORMA.

Das empresas pesquisadas, 67% estimulam ou praticam outros itens relacionados a

Administração Orientada para a Preservação do Meio Ambiente, como por exemplo:

Implantação de Sistema de Gestão Ambiental, elaboração de Auditorias ambientais,

Comitê Interno de Meio Ambiente (CIMA), premiação a fornecedores por sua

performance em relação ao meio ambiente, premiação a empregados pelo

atendimento de metas relacionadas ao meio ambiente, implementação de Unidade

de Educação Ambiental para empregados e seus familiares etc . .

No que tange ao envolvimento dos diversos setores que compõem a empresa com a

filosofia de preservação ambiental, a tabela 1 5 descreve o quadro existente,

segundo o levantamento feito:

88

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Tabela 15 : Envolvimento dos setores da empresa com ADORMA

Setores mencionados % da amostra

Produção 90

Marketing 90

Apoio/Uti lidades 80

Planejamento 73

Rec.Humanos 73

Compras 60

Financeira 50

Contabilidade 47

Sem nenhum estímulo, isto é, a opção não constava no cartão de resposta sobre o

assunto entregue ao respondente (ver questão n°. 3.5 , Anexo 1 1 1) 1 3%, das

empresas pesquisadas afirmaram que a alta administração (Presidência, Diretoria e

Conselho de Administração) estava envolvida com a filosofia de preservação

ambiental. Também foram mencionadas por duas empresas a área de P&D. Uma

construtora mencionou que sua área de vendas também estava bastante envolvida

com a filosofia de preservação do meio ambiente.

As fontes de tecnologia atualmente utilizadas pela área de P&D são as seguintes em

ordem decrescente de importância :

1 . Desenvolvimento de tecnologia própria

2. Compras de terceiro e adaptação

3. Outras fontes

4. Interação com órgãos governamentais ligados ao meio ambiente

5. Projetos de P&D multiclientes

6. Associação com ONG's ambienta listas

89

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Como outras fontes, foram citadas a matriz no exterior (cinco empresas

multinacionais) e universidades/centros de pesquisa . Uma empresa apontou que

praticava benchmark em diversas organizações possuidoras de centros de

excelência.

Em média, numa auto avaliação das próprias empresas das etapas do Ciclo de Vida

da Substância, o resultado foi o seguinte :

Tabela 16: Avaliação do desempenho ambiental das empresas e as fases do Ciclo de Vida das Substâncias

Fase do CVS Média obtida

Produção 7,75

Utilização 7,38

Distribuição 7,00

Descarte 6,25

Reciclagem 6,20

Venda 5,93

Fornecedores 5,50

Este resultado ressalta a priorizaçâo dada, no processo de implantação da

Administração Orientada para a Preservação do Meio Ambiente, ao processo

produtivo e a pouca ênfase ainda empreendida sobre os fornecedores.

Outras questões do instrumento de Pesquisa (ver questões n2. : 4.4, 4.5, 4.6 e 4.7,

Anexo 111) permitem analisar certas lacunas de ação ainda existentes na

implementação do Administração Orientada para a Preservação do Meio Ambiente

(Environmental Management). Apenas o grande número de empresas não

respondentes a estas questões já permitiria levantar a possibilidade de que o

fizeram por ainda não terem chegado ao ponto de se preocupar com os atributos

90

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relativos ao item Novos Produtos, Fornecedores e Distribuidores, bem como as

Expectativas/Exigências dos Clientes. Entretanto, a multiplicidade de setores

representados na amostra exige cautela nessa afirmacão, pois parte dessas

perguntas são mais apropriadas para empresas que trabalham com bens de

consumo.

As perguntas em questão visavam verificar qual era a preocupação das empresas

entrevistadas em relação aos seguintes atributos:

A:Reduzido consumo de Matérias-Primas e alto teor de material reciclado

B: Produção não poluidora e não tóxica

C: Não utilização de animais em testes

D: Não causar impactos em espécies protegidas

E: Baixo consumo de energia durante a produção e util ização

F: Embalagem mínima ou inexistente

G: Produto Reutilizável, com refil sempre que possível

H : Produto com vida útil prolongada, capacidade de upgrade

I : Capacidade de ser desmontado depois de usado para reutilização de

peças ou partes

J : Capacidade de remanufatura (capacidade de ser reutilizado em parte

ou no todo para produção de novos produtos e/ou serviços)

K: Descarte facilitado (com coleta após descarte planejada/executada)

9 1

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Tabela 17 : Adoção das práticas ambienta listas pela empresa em novos negócios.

NOVOS PRODUTOS NOVOS NOVOS EXIGÊNCIAS DOS OU SERViÇOS FORNECEDORES DISTRIBUIDORES CLIENTES

NE % NA I NR NE % NA I NR N E % NA I NR NC imp. NA I NR

médio médio médio média

A 1 5 71 4 1 1 6 63 3 2 1 9 2 30 6 2 20 7 2,6 1 22 - -

B 16 83 3 1 1 9 61 4 2 1 5 4 83 6 2 1 8 1 1 1 ,3 O 1 9 - -

C 2 1 00 1 9 9 1 1 00 1 1 2 16 O - 1 0 1 1 9 O - 8 22 - -

O 7 91 1 2 1 1 4 88 6 2 18 3 100 6 3 1 8 8 2,4 2 20 --

E 1 2 70 3 1 5 3 63 4 2 21 3 93 6 3 1 8 6 4,0 1 23 --

F 1 1 53 5 1 4 8 44 4 2 16 1 30 9 1 1 9 7 5,1 2 21 -

G 6 32 1 3 1 1 5 40 4 2 1 9 2 75 8 1 1 9 2 3,5 6 22 - -

H 3 73 1 5 1 2 5 72 5 2 18 2 40, 7 2 1 9 5 4,4 4 21 - -

I 6 67 1 3 1 1 4 88 7 2 17 2 90 9 1 1 8 2 6,5 5 23 - -

J 6 83 1 0 1 4 5 54 4 2 19 1 80 8 2 1 9 5 5,8 4 21 - -

K 9 55 4 1 7 4 65 5 2 1 9 2 95 8 1 1 9 5 5,4 3 22 -

NE : Numero de empresas que afirmaram observar a caractenstlca expressada pelo atributo quando do desenvolvimento de novos produtos ou serviços ou seleção de novos fornecedores ou distribuidores

% Médio: Percentual médio de produtos ou serviços , fornecedores ou distribuidores atuais que observam a característica expressada pelo atributo

NC: Número de empresas que consideram que seus clientes se preocupam com a característica quando da seleção de seus fornecedores

NA : Número de empresas que afinmaram que a característica não se aplica ao seu tipo de negócio

I . Número de empresas que tiveram suas respostas invalidadas NR : Número de empresas que não responderam ao item Imp. Média: Importância média atribuída pelos clientes à característica que o atributo expressa

de acordo com os executivos respondentes

92

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Observando-se a tabela acima, percebe-se uma mais acentuada capacidade de

controle sobre a "correção ambiental" no que tange aos produtos e serviços. Esta

capacidade de controle vai sendo flexibilizada, i . e. , se atenuando, à medida que se

refere aos fornecedores e mais ainda no que diz respeito aos distribuidores. Isto é

ressaltado pelo incremento no número de empresas que não responderam a cada

questão específica . Este número, por fim, é ainda maior quando analisadas as

expectativas/exigências dos clientes.

93

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4.2.3. Discurso versus Práticas- Estratégia e Concorrência

A primeira análise a ser feita, da mesma forma do realizado quando do exame do

discurso, é a histórica . Muito embora a intensidade como algo é adotado não possa

ser traduzida pelo tempo, certamente este diz muito sobre o comprometimento da

empresa com o meio ambiente. É o caso de uma empresa nacional do ramo têxti l

cuja preocupação com a preservação do meio ambiente acompanha a mesma desde

sua fundação há cento e quinze anos (tomando como base o ano de mil novecentos

e noventa e cinco), uma vez que seu processo de fabricação é altamente

dependente da água, a empresa buscou sempre preservar de todas as formas toda

a grande faixa de floresta no entorno de sua instalação industrial .

Outros dois casos singulares são duas empresas multinacionais, uma do ramo

qu ímico e outra do ramo de higiene e limpeza pessoal, que adotaram a preocupação

com a preservação ambiental desde sua instalação no Brasi l , há respectivamente

sessenta e cinco e quarenta e seis anos. Possivelmente este fato pode ser uma

tradução das pressões que este dois ramos de indústria já vinham sofrendo em seus

países de origem, mesmo que inicialmente insipiente, acarretaram, em empresas

pró-ativas, um comportamento diferenciado.

Analisando um quadro da distribuição da amostra a seguir em função do tempo de

in ício da preocupação com a preservação do meio ambiente (tomando-se como

base 1 995), percebe-se como moda o período entre 1 975 e 1 980, o que vai

sublinhar a proposição de Sirkis ( 1993) de tomar o ano de 1 975 como "marco inicial

de um movimento eco-pol ítico" no Brasil .

94

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Tabela 18 : Tempo decorrido desde a implantação da preocupação ambiental nas empresas da amostra (ano de referência 1995)

Tempo (anos) n°. de empresas

até 3 1

3 a 5 4

6 a 1 0 5

1 1 a 1 5 4

1 5 a 20 1 0

2 1 a 25 2

26 a 30 1

mais de 30 3

Quando especificamente questionadas a respeito do agente motivador da

preocupação com a preservação do meio ambiente, as empresas forneceram os

seguintes dados, expressos no quadro a seguir:

95

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Quadro I : Agente motivador da preocupação com a preservação do meio ambiente

Posição da matriz estrangeira 43%

Razões de cunho estratégico 37%

Preocupação com a ética nos negócios 37%

Pressão da sociedade local ou como um todo 30%

Interrelação que cultivavam com a(s) comunidade(s) 27% próxima(s) à instalação produtiva

Obrigação de adotar a preocupação com a preservação 20% do meio ambiente devido a exigências legais ou regulamentações

Apelo da temática para o incremento da imagem 20% institucional, sem se preocupar com a busca de diferenciação

Necessidade de sobrevivência do próprio negócio por 1 3% exaustão de recursos, exigências dos financiadores ou até mesmo da necessidade de aumento da eficiência

Pressão dos cl ientes 10%

Diferenciação da marca 10%

Diferenciação de produto e marca 6,7%

Importância social do papel a ser desempenhado pelas 6,7% organizações

Clientes e da sociedade 3,3%

Diferenciação do produto 3,3%

Uma empresa do ramo agropecuário expôs a 3,3% necessidade de difundir informações sobre o tema a seus associados no intuito de evitar o esgotamento dos recursos naturais, fundamentais para a manutenção do próprio negócio (o governo estadual foi importante agente fomentador desta atividade).

Simplesmente pela análise das tendências do mercado 3,3%

Decisão do proprietário 3,3% Observação. O total superior a 1 00% é devido a possibilidade de cada empresa citar mais de um

agente motivador.

96

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Do quadro acima podemos perceber que a adoção do marketing ambiental se

justifica, na maioria dos casos, no sentido de melhorar a comunicação das empresas

com a sociedade em relação à questão ambiental .

No que diz respeito aos custos após a adoção do Administração Orientada para a

Preservação do Meio Ambiente (ADORMA), estes têm sua evolução exibida no

quadro abaixo:

Quadro 11: Evolução dos custos após adoção de práticas ADORMA

Direção Intensidade

aumentaram consideravelmente

53,3% 3,3%

aumentaram

40,0%

aumento desprezível

1 0,00 %

não se alteraram

6,7%

diminuíram diminuição considerável

23,3% 0,0%

d iminuíram

20,0%

diminuição desprezível

3,3%

Uma empresa considerou que a pergunta não se aplicava, uma vez que adota

ADORMA desde o início de sua operações; duas empresas afirmaram que não

adotam ADORMA e outras duas empresas simplesmente alegaram que não

possuíam dados e/ou não avaliavam esta questão.

97

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A razão entre o contraste entre o que a literatura prega no sentido que a adoção da

ADORMA normalmente acarreta redução dos custos, e o resultado obtido pode

advir, por exemplo, de uma má apropriação de custos, isto é, uma confusão em

termos de custo fixo (amortização dos investimentos) e custo variável .

Vale ressaltar, porem, que todas as empresas que sofreram redução de custo devido

a adoção de ADORMA afirmaram que ganharam, associado a isso, vantagem

competitiva.

Através da adoção da ADORMA, o sistema de apreçamento sofreu os seguintes

impactos, como mostra o quadro a seguir:

Quadro 111: Comportamento de preços e adoção de práticas ADORMA

Direção Intensidade

aumentaram seus preços somente de produtos percebidos como

10,0% premium em termos de "correção ambiental

6,7%

todos os produtos de forma geral

3,3%

não puderam alterar seus preços

70,0%

abaixaram seus preços

3,3%

tinham seus preços tabelados na época da pesquisa

1 0,0% -

OBS. :Vale lembrar que duas empresas, I.e. 6,7%, afirmaram nao praticar ADORMA.

98

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Isto permite concluir que, aparentemente, as empresas não conseguem emprestar

um valor premium aos seus produtos ou ainda, mesmo conseguindo, não parecem

acreditar ou conseguir fazer que o consumidor pague mais por eles.

Em termos de margem, com a adoção da ADORMA, foi verificado que a mesma:

Quadro IV: Margens após a ADORMA

foi aumentada 16,7%

ficou estável 40,0%

foi reduzida 20,0%

Obs.: duas empresas não adotam ADORMA, duas não possuem levantamento e três possuíam preços tabelado na época da pesquisa)

o quadro acima não permite conclusão a respeito da remuneração do capital

investido, uma vez que foi levantada a dificuldade da apropriação correta dos

custos, conforme já mencionado.

Todavia, no que tange à reputação das empresas pesquisadas, o seguinte resultado

foi obtido:

99

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Quadro V: Reputação das empresas após introdução da ADORMA

percebem a sua reputação em relação ao meio ambiente 46,7% como sendo muito melhor que a dos seus concorrentes

percebe sua reputação como sendo melhor que a dos seus 36,7% concorrentes

percebem sua reputação em relação ao meio ambiente como 6,7% sendo iguais a de seus concorrentes

Observação: Uma empresa não respondeu a esta questão, outra declarou que exercia um monopólio de fato e uma terceira era, na época da pesquisa de campo, executora de um monopólio da União, não possuindo assim concorrentes.

o que permite concluir que, se talvez a adoção da ADORMA não tenha fornecido

uma remuneração em termos de margem, potencialmente pode se traduzir em

vantagem para a empresa a longo prazo, quer diretamente através da capitalização

desta remuneração em termos de um possível incremento do volume de vendas,

quer através de outra vantagem qualquer, como até mesmo um futuro aumento de

margem ou consolidação da imagem institucional.

Neste sentido, mais especificamente noventa por cento (90%) das empresas

pesquisadas já percebe uma ou mais vantagens competitivas em se posicionar como

uma "empresa verde". Mais da metade das empresas pesquisadas (56,7%)

afirmaram que o posicionamento da empresa como verde trouxe uma melhora da

imagem institucional. Foram também apontadas as seguintes vantagens, em ordem

decrescente de citações:

• Aumento da integração com a comunidade

• Melhora do relacionamento com a imprensa

• Liderança no Mercado/Liderança Empresarial

• Melhora do relacionamento com o cliente (cria laço de parceria)

• Bom relacionamento com as ONG's

• Incremento da capacidade técnica

100

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• Públ ico percebe a empresa como séria (ética empresarial)

• Aumento da demanda pelo produto (ou l iquidez)

• Facilidade de penetração no mercado internacional

• Redução da vulnerabilidade

• Melhora da qualidade do produto

• Redução dos custos variáveis

• Incremento da confiabil idade do público em relação a empresa

• Melhora do relacionamento com autoridades governamentais

• Aumento da identificação dos empregados com a empresa

Duas empresas (6,7%) afirmaram que a não adoção, isto sim, seria uma

desvantagem competitiva. Outras duas empresas colocaram que, apesar de não

considerarem no presente, percebem no posicionamento como verde uma grande

vantagem competitiva no futuro.

Quanto aos gastos comparativos com Pesquisa & Desenvolvimento de processos e

produtos ou serviços, foram obtidos os seguintes dados:

Quadro VI: ADORMA e P&D

considera os seus gastos muito maiores 26,7%

considera que os seus são maiores que os de seus 36,7% concorrentes

considera seus gastos iguais aos dos seus concorrentes 1 0,0%

Nenhuma das empresas pesquisadas afirmou que os seus gastos eram menores ou

muito menores que os dos seus concorrentes. Dez por cento (1 0%) das empresas

respondentes não sabiam avaliar e outros dez por cento não responderam a

pergunta. Duas empresa afirmaram não possuir concorrência, uma vez que uma se

constituía em um monopólio de fato e a outra era executora de um monopólio da

União.

1 0 1

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No que tange aos gastos na apl icação da ADORMA em relação aos concorrentes,

as empresas pesquisadas consideram:

Quadro VI I : Comparação entre o tamanho das empresas e seus concorrentes

muito maiores 6,7%

maiores 40,0%

iguais 23,3%

menores 1 0,0%

Obs.: Dez por cento das empresas da amostra não souberam responder e/ou não avaliam. Uma empresa simplesmente não respondeu e outras duas afirmaram não possuir concorrência por constituirem-se, na época da execução da pesquisa, em monopólios, quer de fato, quer legal.

Esta comparação permite concluir que as vantagens competitivas já apresentadas

estão sendo perseguidas pelas empresas através dos seus investimentos, quer em

termos de sustentação do conteúdo do seu composto de comunicação e

investimentos em P&D, quer no próprio no próprio composto, que já está sendo

traduzido, como já foi apresentado, na melhora da imagem institucional da empresa

- principal vantagem mencionada.

Foi verificado, porem, que boa parte das empresas da amostra ainda não produzem

o "estado da arte" em termos de produtos "ambientalmente corretos", uma vez que

só 56,7% das empresas da amostra afirmaram não existir substitutos verdes (ou

mais verdes) para os seus produtos atuais. Aproximadamente trinta e três por cento

(33,3%) admitiram a existência deste tipo de substituto. Duas empresas (6,7%) não

souberam avaliar e uma empresa (3,3%) não respondeu a pergunta.

102

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Em termos de restrições percebe-se dois atores básicos: de um lado o governo

impondo leis no sentido de proteger o meio ambiente e do outro lado, a própria

indústria empreendendo ações no sentido de evitar a degradação ambiental .

Verificou-se, em relação ao primeiro, que 87% das empresas pesquisadas admitiram

existir regulamentação governamental em alguns dos ramos de atuação das

mesmas, no sentido de utilizar tecnologias ambiental mente corretas, ou ainda

restringir a util ização de tecnologias nocivas ao meio ambiente. Dez por cento 1 0%

negaram a existência de regulamentação. Uma empresa não soube responder.

No entanto todas as empresa pesquisadas que admitiram a existência de

regulamentação afirmaram que a mesma focaliza principalmente o controle end af

pipe. Foram também apontados controles focados nos seguintes pontos:

Quadro VII I : Controles utilizados

Uso/transporte da matéria-prima 40,0%

Acondicionamento do produto acabado 30,0%

Manipulação do produto Acabado 30,0%

Manipulação da matéria-prima/produto inacabado 30,0%

Transporte do produto acabado 26,7%

Processo 20,0%

Ainda sobre regumanentação governamental, 70,0% das empresas pesquisadas

não tem temor que venham a ser adotadas (novas) leis (mais restritivas), porém,

dentre estas, trinta e oito por cento (38%) frisou espontaneamente que, apesar de

não temer, tem certeza da tendência de surgirem (novas) leis (mais restritivas).

Todavia 27% das empresas temem a adoção de (novas) leis (mais restritivas). Um

respondente afirmou não saber avaliar.

1 03

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Em contraste, quanto a ação das empresas, um terço (33,3%) das empresas

pesquisadas afirmou que já existe algum movimento de auto-regulamentação no

ramo de indústria que atua. Quatro destas empresas ( 13,3% da amostra) formam a

totalidade de indústrias químicas da amostra utilizada e todas citaram o Responsible

Care ou Atuação Responsável . Quatro empresas de diferentes ramos ou segmentos

(1 3,3%) afirmaram que a auto-regulamentação está em estudo. Ocorreu que outras

empresas do mesmo setor não afirmaram isto quando entrevistadas, o que sugere -

no mínimo - falta de comunicação entre os membros das indústrias em questão.

Aproximadamente setenta e três por cento (73%) das empresas pesquisadas afirmou

que não existe movimento no sentido se criar uma espécie de certificação - ECO­

LA BEL ou Selo Verde - em seu ramo de indústria. Vinte e três por cento (23%)

afirmaram o contrário. Foram citados estudos de associações internacionais e, no

â mbito brasileiro, foram mencionados estudos da Associação Brasileira de Normas

Técnicas. Uma empresa não respondeu à questão.

Noventa e três por cento (93%) das empresas pesquisadas não utiliza certificação

estrangeira em termos de correção ambiental para produtos exportados. Somente

duas empresas, uma do ramo têxtil, que faz uso de organismos certifica dores

europeus, e uma siderúrgica, que afirmou estar qualificada pela norma inglesa

BS7750, fazem uso de algum tipo de certificação. Somente cinco empresas

afirmaram estar acompanhando o desenvolvimento da IS014000.

Metade (50%) das empresas pesquisadas afirma compartilhar suas experiências

com seus concorrentes, no sentido de fazer com que a indústria como um todo

melhore sua performance ambiental. Dez por cento dizem ter ações bastante

acanhadas neste sentido e quarenta por cento não realizam nenhum tipo de ação.

1 04

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CAPíTULO V

1 05

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RESUMO, CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5.1 . Resumo do Estudo

Este estudo teve como objetivo conhecer o mix de comunicação, as práticas

gerenciais e as estratégias empresariais das empresas pesquisadas no que

concerne à preocupação com a preservação do meio ambiente.

Para tal, foi realizada uma pesquisa junto a uma amostra de conveniência de trinta

empresas, dos mais diversos segmentos econômicos, na região sul e sudeste, que,

de alguma forma, tenham expressado preocupação com a preservação ambiental no

seu mix de comunicação de marketing. O presente estudo é uma pesquisa

exploratória elaborada a partir de um roteiro estruturado com perguntas abertas e

fechadas e teve como respondentes, o executivo responsável pelas decisôes que

definem o comprometimento da empresa com o meio ambiente ou o principal

executivo de marketing das empresas pesquisadas. A coleta de dados foi efetuada,

em sua maior parte, no primeiro semestre de 1 995.

As três perguntas de tese foram:

• Como as empresas comunicam sua preocupação com o Meio

Ambiente?

• Quais práticas gerenciais são adotadas para ' dar respaldo a

preocupação ambiental ista comunicada?

• Como a preocupação ambiental está manifestada na estratégia

das empresas?

1 06

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o presente estudo permitiu concluir basicamente que o principal objetivo das

empresas pesquisadas, quando da comunicação da preocupação com a

preservação ambiental das mesmas, é obter/construir uma boa imagem institucional.

Também foi possivel inferir que as empresas pesquisadas ainda se encontram em

um estágio inicial de implementação da ADORMA, onde percebe-se que o grande

foco, no que tange às práticas gerenciais, a inda é o processo produtivo. A

comunicação da preocupação ambiental tem como principal público-alvo os

empregados das próprias empresas pesquisadas, bem como, em menor importância,

a comunidade que vive próxima da instalação produtiva .

As expectativas/exigências dos clientes no que tange à preservação ambiental ainda

não são bem conhecidas pelas empresas pesquisadas, o que talvez explique a baixa

predisposição verificada nos clientes em pagar um preço premium pela correção

ambiental dos produtos/serviços hoje ofertados, isto é, talvez as empresas ainda não

tenham conseguido oferecer um valor adicional percebido pelos cl ientes, quer em

termos do "Ciclo de Vida da Substância" do produto/serviço, quer em termos de

comunicação deste valor adicional oferecido.

Apesar de, aparentemente, as empresas pesquisadas não terem obtido a redução

de custos indicada pela l iteratura quando da implantação das práticas gerenciais de

ADORMA, os respondentes reconhecem que a preocupação ambiental forneceu

vantagem competitiva, ainda que apenas potencial, em um primeiro momento.

Por fim foi ,verificado que as empresas pesquisadas estão, em sua quase totalidade,

buscando reduzir a agressão que suas externai idades acarretam ao meio ambiente

e procurando, através do diálogo com a sociedade, aumentar a consciência a

respeito do tema.

107

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5.2. Conclusões

o presente estudo permitiu alcançar algumas conclusões em relação ao mix de

comunicação de marketing, às praticas gerenciais adotadas e às estratégias

empresariais implementadas, no sentido de buscar a preservação do meio ambiente

pelas empresas pesquisadas.

i. No que tange a primeira pergunta de "Como as empresas comunicam sua

preocupação com o Meio Ambiente?", isto é, a análise do mix de

comunicação?" foi possível auferir as seguintes conclusões:

• O principal objetivo da empresas pesquisadas, no que

concerne ao seu mix de comunicação de marketing, é

construir/melhorar sua imagem institucional .

Conforme foi verificado, quando da análise da ênfase temática da comunicação com

conteúdo ambienta lista, o objetivo de criar consciência vem aliado à intenção de

associar a imagem da organização à temática ambientalista.

• Para perseguir o objetivosupra citado foi percebido que as

empresas pesquisadas, em sua grande maioria, buscam de

antemão sensibil izar o público interno.

Posteriormente, passando a buscar sensibilizar a comunidade situada próxima à

unidade produtiva da empresa. Tal atitude parece estar associada a uma

necessidade de "arrumar a casa e o jardim" que antecede o processo de

comunicação mais amplo.

108

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ii No que concerne à segunda pergunta de tese "Quais práticas gerenciais são

adotadas para dar sustentação à preocupação ambiental ista comunicada?" foi

possível chegar as seguintes conclusões:

• No presente momento, as empresas pesquisadas buscam

adotar práticas gerenciais voltadas a preservação do meio

ambiente especialmente no processo produtivo, ainda

dando pouca ênfase na distribuição e nos fornecedores.

A percepção acima denota o estágio de implementação da Administração Orientada

para a Preservação do Meio Ambiente, ainda inicia l , nas empresas pesquisadas.

• Apesar da grande maioria das empresas pesquisadas

possuir uma definição clara a respeito do que devem fazer

para preservação do meio ambiente, a mesma é pouco

conhecida do público interno.

Esta afirmação vem corroborar O comentário acima a respeito do estágio inicial na

implementação da ADORMA, bem como melhor entender os esforços empreendidos

atualmente pelas empresas pesquisadas no sentido de sensibilizar o público interno.

iii. No que diz respeito a terceira pergunta "Como a preocupação ambiental está

manifestada na estratégia das empresas?", foi possível concluir:

• Apesar de não ter sido possível identificar um grande agente

motivador da preocupação com a preservação do meio

ambiente nas empresas pesquisadas, pode-se afirmar que

esta preocupação não foi acarretada por movimentos

populares.

109

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A explicação para tal fato provavelmente advém do contexto temporal onde esta

preocupação teve sua gênese, isto é , de acordo com os respondentes, segunda

metade da década de 70, quando no Brasil os movimentos populares eram

fortemente combatidos. Já a aplicação do Marketing Ambiental é fortemente

impulsionada pela pressão popular no final da década de oitenta início dos anos 90,

quando então, já com uma democracia consol idada no país, percebe-se uma maior

organização da sociedade civil de forma gera i .

• Apesar das empresas pesquisadas não perceberem uma

redução nos custos variáveis no que tange ao processo

produtivo, o direcionamento das estratégias empresariais no

sentido de preservar o meio ambiente é, de acordo com os

respondentes, claramente percebido como uma vantagem

competitiva.

A principal vantagem competitiva percebida é a melhora da imagem institucional -

da reputação - das empresas pesquisadas, segundo os respondentes. Na busca

desta vantagem competitiva, e de outras citadas quando da análise dos resultados,

as empresas pesquisadas, de acordo com os respondentes, têm investido bem mais

que os seus concorrentes em pesquisa e desenvolvimento de novos

produtos/serviços e tecnologia de processo produtivo e em marketing, no sentido de

comunicar esta preocupação.

• Não foi percebido pelas empresas pesquisadas pré­

disposição dos cl ientes a pagar um preço premium por

produtos e serviços ambientalmente corretos.

Analisando, a partir do fato verificado quando da análise das práticas gerenciais

adotadas, que as empresas pesquisadas desconhecem as expectativas/exigências

dos clientes, a afirmação acima pode decorrer simplemente do fato dos produtos

1 1 0

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e/ou serviços oferecidos não apresentarem aos clientes um valor adicional suficiente

para motiva-los, ou mesmo um esforço de comunição ineficiente de comunicação

deste valor adicional.

iv. Por fim, pode-se concluir que, se as empresas pesquisadas ainda não

conseguiram atingir o estado da arte em termos de d iscurso, práticas

gerenciais e estratégias empresariais, as mesmas encontram-se depreendendo

grandes esforços no sentido de se tornarem menos poluidoras e melhorarem

suas relações com a sociedade, no que tange à discussão da preservação do

meio ambiente.

1 1 1

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5.3. Sugestões

5.3.1 . Sugestões para Estudos Futuros

Esta d issertação de mestrado procurou conhecer o discurso, as práticas gerenciais e

as estratégias empresariais adotadas pelas empresas em função da preocupação

das mesmas em relação à preservação do meio ambente. O estudo foi exploratório

e, portanto, não possuiu um foco específico. Seria interessante conhecer o

comportamento da indústria por segmento econômico, isto é, a atuação por área,

como por exemplo, varejo, bancos, indústria do petróleo, indústria de mineração etc . .

O contraste entre o comportamento das empresas nos diferentes parceiros que

compõem o Mercosul, em função do incremento da preocupação com a preservação

do meio ambiente pode, também, constituir-se foco de estudo específico.

Ainda no âmbito do estudo da oferta, a pesquisa da importância e das motivações

dos decisores/líderes empresariais na adoção da Administração Orientada para a

Preservação do Meio Ambiente pode ser enfocada.

Esta dissertação de mestrado buscou, também, pesquisar a questão ambiental em

função dos seus reflexos na oferta; outro campo atraente e de muita importância na

área de Marketing Ambiental seria o estudo do consumidor. É possivel estudar o

comportamento deste dentro de alguns enfoques como, por exemplo, conhecer suas

demandas em termos de performance ambiental, quer das empresas, quer dos

produtos adquiridos/util izados ou de ambos, sua sensibilidade aos compostos de

comunicação com inserção de temática ambienta lista etc. Estes estudos poderiam

fazer uso de uma abordagem absoluta ou comparativa, seja a nível regional, cultural

ou sócio-econômico.

1 1 2

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Talvez no futuro seja interessante, também, pesquisar novamente o comportamento

da indústria como um todo - discurso, práticas gerenciais e estratégias

empresariais - de forma a conhecer a trajetória desenhada.

Por fim, é importante ressaltar a recomendação que nos próximos estudos seja

observado se existe a utilização, por parte das empresas comprometidas com a

preservação do meio ambiente, do acompanhamento de especialistas na área de

engenharia sanitária e industrial .

5.3.2. Sugestões para as Empresas

Caso se verifique a provável tendência de valorização cada vez maior do meio

ambiente pela sociedade, faz-se necessário que as empresas se preocupem em

reduzir a agressividade ao meio ambiente de suas atividades econômicas.

Para tal, devem adotar uma Administração Orientada para a Preservação do Meio

Ambiente que procure observar todo o "Ciclo de Vida da Substância" de seus

produtos e/ou serviços. Iniciando pela explicitação de definição clara na empresa do

que ela deve fazer para preservar o meio ambiente e quais suas responsabilidades,

investigando e estabelecendo altos padrões para o desempenho ambiental de seus

fornecedores, distribuidores, bem como do deu próprio processo produtivo, sem

desprezar a agressividade ambiental da utilização de seus produtos e/ou serviços,

bem como o seu descarte após uso.

A eficiente comunicação destes esforços e a sensibil ização e a educação em

relação ao tema do público interno e da comunidade próxima da instalação produtiva

1 1 3

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são importantes fatores de sustentação para a efetiva adoção da ADORMA, uma vez

que estes são fundamentais para o sucesso do processo.

No que tange aos cl ientes e mesmo à sociedade em geral, é de primordial

importância conhecer bem as suas aspirações/exigências no sentido de melhor

poder atender às expectativa dos mesmos, bem como procurar criar consciência e

fornecer informação para este público. Tal atidude permitirá à empresa usufruir não

só da melhoria de imagem, via indicação, mas de outras vantagens competitivas

fornecidas pela implementação de estratégias empresariais que busquem preservar

o meio ambiente, como a possibil idade de praticar um preço premium ou o aumento

da demanda do produto e/ou serviço, por exemplo.

Mesmo nâo verificado no presente estudo, a implementação da ADORMA costuma

fornecer também uma redução de custos nas empresas, conforme atestados em

pesquisas como a de Porter & van der Linde (1 996).

Por fim, as empresas brasileiras devem permanecer em estado de alerta no que

tange à implementação de Barreiras Verdes ao Comércio - Green Trade Barriers ­

- em termos das trocas internacionais e buscar uma comportamento pró-ativo no

que tange à legislação/regulamentação ambiental.

1 1 4

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1 2 1

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ANEXO I

122

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PRINCíPIOS E RECOMENDAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL

DOS SINDICATOS DE CONSUMIDORES

- IOCU -

Os princípios são:

"(i) Os problemas ambientais são uma genuína e séria preocupação. As

mudanças ambientais globais ameaçam a própria existência da humanidade,

estragos severos e irreversíveis no eco-sistema mundial podem talvez ocorrer

numa única geração. Muitos consumidores agora sofrem de problemas de

saúde, perda do eco-sistema e encargo econômico acarretado pela

deterioração do meio ambiente;

(i i) Muitos atores são responsáveis pela degradação do meio ambiente.

Governos locais e nacionais, indústrias, agricultura e consumidores todos

contribuíram para o problema. Apesar do impacto criado por consumidores

individuais ser pequeno, o impacto do coletivo de todos os consumidores é

significante. Parte da poluição da indústria, plantas de energia,

processamentos de lixo municipais e outras fontes podem também ser,

indiretamente, atribuída aos consumidores, cujas necessidades são atendidas

por estas atividades;

( i i i ) É a visão da 10CU que todo o consumidor tem o direito a um ambiente

saudável . Ao mesmo tempo os consumidores têm a responsabilidade de

preservar e proteger o meio ambiente;

(iv) Todos os consumidores de todos os países tem o direito de gozar um padrão

decente de bem estar material, baseado na utilização dos recursos terrestres.

Este direito deve ser estendido de forma justa e eqüitativa a todos os

consumidores agora, vivendo longe abaixo da média mundial de distribuição

1 23

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dos recursos-renda básica anual, e tal deve ser preservado nas próximas

gerações;

(v) A atuação em cima dos direitos e responsabil idades ambientais é uma

atividade básica apropriada às organizações de consumidores;

(vi) Para preservar por longo tempo o eco-sistema global, os padrões de consumo

devem ser sustentáveis. Muitos dos atuais padrões de consumo

desperdiça dores ou dos consumidores ricos nos países ricos não são

sustentáveis. Se todos os consumidores estivessem utilizando recursos

nestas taxas, o meio ambiente global seria i rreparavelmente destru ído ou os

recursos seriam rapidamente exauridos. Em um mundo com recursos fin itos e

com l imites ambientais, os consumidores do Norte terão que fazer uso menor

dos recursos mundiais, então os consumidores do Sul poderão reivindicar o

seu pleno direito da parcela da riqueza dos recursos da terra;

(vii) O nível de consumo no Norte precisa mudar de forma que os padrões de vida

possam ser mantidos ou melhorados, enquanto menos recursos são utilizados

. e menos lixo e poluição são criados. Esta transição não será fácil de ser

alcançada e o caminho hoje não está claro, mas chegou o momento das

organizações de consumidores começarem a se direcionar para esta questão;

(viii) O presente alastramento da pobreza no Sul é também uma severa ameaça ao

meio ambiente global : pessoas estão consumindo o meio ambiente

simplesmente para sobreviverem. O desenvolvimento econômico é essencial

para capacitar os consumidores do SUL a atingirem padrões de estilo de vida

sustentável também. IOCU fornece suporte para programas internacionais de

assistência que promovem uma alocação mais eqüitativa de recursos e

riquezas entre as nações;

124

Page 141: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicado ao executivo indicado como

(ix) Para alcançar níveis de consumo sustentável, os países em desenvolvimento

devem buscar caminhos de crescimento econômico que não repitam os erros

do devastamento do meio ambiente das nações industrializadas do Norte;

(x) O crescimento da população mundial faz crescer o impacto ambiental do

coletivo dos consumidores. O desenvolvimento econômico que aumenta os

padrões de vida, a educação e os avanços sociais que elevam o status da

mulher, e o acesso a informações sobre o planejamento familiar, todos

contribuem para a redução das taxas de crescimento populacional . Estas

disciplinas são questões ambientais e do consumidor para todas as nações;

(xi) Para se tornarem consumidores ambiental mente responsáveis, as pessoas

precisam de informações sobre as conecções entre suas ações e escolhas

como consumidores e a degradação do meio ambiente. Os consumidores não

são geralmente bem informados das conseqüências ambientais do consumo e

estilos de vida que escolhem;

(xii) Para alcançar o consumo ambientalmente sustentável, os consumidores

precisaram mais do que informação. Uma evolução nas atitudes sociais e

culturais também se faz necessária, de forma que a l iberdade de gozar

benefícios materiais aqui-e-agora seja temperada com um senso de divisão

de responsabilidade com o bem estar de toda a humanidade, incluindo futuras

gerações, e com responsabilidade para a integridade em longo prazo de uma

escala local para global;

(xiii) Uma chave para o consumo sustentável reside na procura de novas

definições do que os consumidores realmente necessitam consumir.

"Riqueza" deve ser definida em termos de ambas, quer na qualidade de vida,

quer na habil idade de encontrar as necessidades humanas sem a destruição

da terra durante o processo, ao invés do consumo material por si ;

125

Page 142: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicado ao executivo indicado como

(xiv) Os preços dos recursos, produtos e serviços devem incluir fatores que reflitam

o custo ambiental de sua produção. Os produtores destes bens devem ser

primariamente responsáveis por suportar os custos das fases requeridas para

a produção dos mesmos de uma forma ambientalmente sustentável. Esta

mesma responsabilidade deve aplicar-se geralmente sobre todo o ciclo de

vida do produto;

(xv) Critérios para a mlnlmlzação do l ixo e pOluição devem ser fatores

determinantes no projeto de todas as fases do ciclo de vida do produto e nas

abordagens para resolver problemas sociais, como transporte e

gerenciamento de lixo; e

(xvi) As organizações de consumidores têm um papel vital a realizar na transição

para uma sociedade sustentável. Elas devem ser fontes vitais de informações

necessárias, advogar por um futuro ambientalmente seguro, articular uma

nova definição das necessidades dos consumidores e atitudes responsáveis

da gerações presentes e por vir. Elas devem defender os interesses dos

consumidores e pressionar contra os interesses de proteção e prolongamento

do status quo. Nos melhores interesses de toda humanidade, as organizações

de consumidores devem liderar o movimento por uma sociedade mundial

sustentável" .

As recomendações para as organizações de consumidores são:

"(i) As organizações de consumidores devem promover o conceito de consumo

sustentável e incorporar considerações sobre os limites ambientais em todas

suas atividades de orientação de consumo. Esta tarefa pode ser melhor

abordada lembrando que, enquanto os consumidores querem e precisam

consumir bens e serviços, eles também querem e precisam fazê-lo sem

1 26

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destruir a capacidade da terra de sustentar a sociedade humana no processo.

As organizações de consumidores devem trabalhar para ajudar os

consumidores individuais e as nações a aprenderem como alcançar ambos os

objetivos: melhores padrões de vida e estilos de vida ecologicamente

sustentáveis; e

(i i) No perseguimento destes objetivos, IOCU fomenta as organizações de

consumidores a:

a) Educar seus membros ao extremo sobre consumo sustentável,

objetivando mudanças de atitudes e comportamento, no sentido de

selecionarem produtos ambientalmente seguros e mudanças de estilo

de vida;

b) Tornar disponível informações ambientalmente seguras sobre o

consumo de produtos e serviços, e demandar que outros também o

façam, de forma que os consumidores possam fazer escolhas

ambientalmente informados;

c) Incluir avaliações regulares e acuradas de produtos e serviços em

testes comparativos e pesquisas;

d) Representar os interesses ambientais dos consumidores em qualquer

fórum relevante, nacional ou internacional;

e) Tomar ações econômicas e políticas adequadas no suporte dos

interesses ambientais dos consumidores;

f) Cooperar com organizações ambientais e de desenvolvimento em

qualquer lugar e sempre que necessário;

1 27

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g) Advogar altos padrões ambientais de performance para produtos

indiferentemente que sejam feitos no local ou importados; e

h) Negociar com governos, fabricantes e outros para assegurar que os

produtos e serviços consumidos sejam ambiental mente seguros".

As recomendações para os governos são:

"(i) Os governos devem tomar a liderança no planejamento e

promulgação de medidas apropriadas para proteger os interesses

dos consumidores e para alcançar a transição para um consumo

sustentável. Os governos devem agir para endereçar e resolver os

problemas que os consumidores individuais, operando dentro de

um mercado de consumo, não podem efetivamente resolver. São

necessárias pol íticas que sejam, ao mesmo tempo, eficientes e

apropriadas às necessidades ambientais e que, não injustamente,

privem os direitos e o bem-estar dos consumidores;

(ii) Os governos de países desenvolvidos devem dar apoio ao Sul no

desenvolvimento de padrões de produção e consumo sustentáveis

através de ajuda financeira, transferência de tecnologias verdes, e

el iminação de barreiras de comércio;

(i i i) Para aliviar a tensão severa sobre o eco-sistema global, é vital

para as nações do Norte como para as do Sul que a pobreza de

tantos consumidores do Sul seja erradicada de forma o mais efetiva

e rápida possível . Esta saída da pobreza deve ser acompanhada

pela construção de uma economia ecologicamente sustentável e

não repetindo os erros do Norte; e

128

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(iv) Para ajudar a levar o mundo no sentido de um consumo

sustentável, a IOCU estimula os governos das nações

desenvolvidas e em desenvolvimento, Norte e Sul, a :

a) Tornarem a proteção e preservação do meio ambiente parte

integral das pol íticas de todas as agências de governo. As

políticas que lidam com Agricultura/Alimentos, Comércio,

Consumo, Educação, Energia, Saúde, Recursos Naturais,

População, Transações, Transporte, Gerenciamento de

Resíduos, e outras necessidades cívicas devem dar

adequado peso aos fatores ambientais e às necessidades

fundamentais de uma economia sustentável;

b) Suportarem pesquisa para a melhor definição das dimensões

precisas dos muitos problemas ambientais, para

desenvolvimento de tecnologias menos desperdiçadoras e

não poluidoras e para auxiliar a redefinição das verdadeiras

necessidades dos consumidores e de valores sociais que

sejam compatíveis com a perpetuação de uma sociedade

sustentável;

c) Planejarem pol íticas econômicas que efetivamente

internalizem os custos de proteção do eco-sistema nos

custos de produção de recursos, bens e serviços de

consumo, tomando o adequado cuidado que estas pol íticas

não aloquem estes custos àqueles membros da sociedade

que tenham menor possibilidade de arcar com os mesmos;

129

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d) Partilharem livremente as novas tecnologias e novos

conhecimentos adquiridos através destas pesquisas, numa

parceria global em busca de um futuro comum;

e) Promoverem a disseminação entre os consumidores de

informação acurada e compreensível sobre os problemas

ambientais, a necessidade de uma sociedade sustentável e

os direitos, responsabilidades e funções do consumidor no

movimento da sociedade no sentido desta meta;

f) Promoverem o uso de rótu los ambientalmente seguros:

regulamentação do uso de apelos ambientais em

propaganda, promoção de padronização de alegações e

símbolos ambientais, sol icitação aos comerciantes de

produtos para que providenciem informações sobre os

impactos ambientais dos produtos;

g) Promoverem a conservação de energia através de

isolamento, ajuste de eficiência, padrões para aparelhos e

veículos a motor e promoção de transporte público:

promovendo o uso dos sistemas de transporte público

urbano ou outros menos poluidores pelos consumidores, de

forma a reduzir as emissões de C02 o mais rápido possível;

h) Promoverem a agricultura sustentável através de pesquisa e

incentivos à prática de lavoura orgânica, gerência integrada

de pestes e outras novas técnicas de plantio. Severos limites

de uso pesticidas e fertilizantes químicos; vigorosamente

promovendo a conservação dos solos e preservação da

variedade das plantações;

1 30

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i) Proibirem ou restringirem severamente a produção e uso de

produtos ou substâncias prejudiciais ao meio ambiente, tais

como CFC's e Ha/ons; l imitarem ao mínimo irreduzível o uso

de substâncias toxicas como metais pesados,

po/ych/orinated bipheny/s, asbesto e pesticidas,

estabelecendo as salvaguardas necessárias para prevenir a

degradação ambiental da l iberação destes materiais tóxicos

que devem ser utilizados; fornecerem suporte à pesquisas

para desenvolver e encontrar incentivos econômicos que

estimulem o uso de alternativas menos destruidoras para

muito desses materiais; e

j) Gerenciarem os resíduos, criando programas efetivos de

prevenção à criação de lixos; estimulando a reciclagem e

coleta seletiva onde necessário (resíduos qu ímicos,

materiais orgânicos), limitando a incineração e controlando o

despejo de resíduos perigosos, tornando ilegal a venda

internacional de resíduos tóxicos. Os produtos e

empacotamentos devem reduzir o total de materiais

utilizados, então sendo reuti lizáveis, e somente sendo

reciclados como última opção".

1 3 1

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Valdez PrincipIes

Adotando estes Princípios, nós afirmamos publicamente nossa crença em que as

empresas têm uma responsabilidade pelo meio ambiente e devem conduzir os seus

negócios como responsible stewards do meio ambiente operando de uma forma a

proteger a terra. Nós acreditamos que as corporações não devem comprometer a

capacidade das próximas gerações de se auto-sustentarem.

Nós atualizaremos nossas práticas constantemente a luz dos avanços da tecnologia

e dos novos conhecimentos das ciências da saúde e meio ambiente. De forma a

colaborar com a CERES, nós promoveremos um processo dinâmico para garantir

que os Princípios sejam interpretados de uma forma que acomode mudanças

tecnológicas e realidades ambientais. Nós pretendemos tornar os progressos

consistentes e passíveis de serem medidos na implementação destes Princípios e

nos comprometemos a aplicá-los em todos os aspectos de nossas operações em

todo o mundo.

Protecão da Biosfera: Nós reduziremos e faremos contínuo progresso no sentido de

el iminar a l iberação de qualquer substância que possa causar estragos ambientais

ao ar, água, terra e seus habitantes. Nós iremos salvaguardar todos os habitantes

afetados por nossas operações e protegeremos os espaços abertos e vastidões,

enquanto preservaremos a biodiversidade.

Uso Sustentável Dos Recursos Naturais: Nós faremos uso sustentável dos recursos

naturais renováveis, tais como a água, solos e florestas. Nós conservaremos os

recursos naturais não renováveis através do uso eficiente e planejamento

cuidadoso.

1 32

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Redução e ' Colocacão de Resíduos: Nós reduziremos, e onde possível,

el iminaremos resíduos através da redução e reciclagem. Todo os resíduos serão

manuseados e alocados através de métodos seguros e responsáveis.

Conservação de Energia: Nós conservaremos energia e aumentaremos a eficiência

energética de nossas operações internas e dos bens e serviços que vendemos. Nós

faremos todos os esforços para utilizarmos fontes energéticas ambientalmente

seguras e sustentáveis.

Redução de Risco: Nós nos esforçaremos no sentido de minimizar o risco ao meio

ambiente, saúde e segurança de nossos empregados e das comunidades onde

operarmos, através de tecnologias e procedimentos de operação seguros e estando

preparados para emergências.

Produtos e Servicos Seguros: Nós reduziremos e sempre que possível eliminaremos

o uso, manufatura ou venda de produtos e serviços que acarretem estragos ao meio

ambiente ou perigo à saúde ou à segurança. Nós informaremos aos

clientes/usuários os impactos ambientais de nossos produtos e serviços e

tentaremos corrig ir o uso inseguro.

Restauracão do Meio Ambiente: Nós iremos pronta e responsavelmente corrigir

condições que causem perigo à saúde, segurança ou meio ambiente que tenhamos

causado. Dentro do máximo possível , nós iremos recompensar danos que tenhamos

provovado às pessoas ou estragos ambientais que tenhamos provocado e

restauraremos o meio ambiente.

Informando o Público: Nós informaremos de maneira oportuna todos que possam ser

afetados pela situação ocasionada pela nossa empresa que possa por em perigo a

saúde, segurança e meio ambiente. Nós procuraremos constantemente

recomendações e aconselhamento através do diálogo com pessoas das

1 33

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comunidades nas proximidades de nossas instalações. Nós não tomaremos

nenhuma ação contra empregados por reportarem incidentes ou situações perigosas

ao gerente ou às autoridades apropriadas.

Comprometimento Gerencial: Nós implementaremos esses princípios e

sustentaremos um processo que assegure que o Conselho de Administração e o

mais a lto executivo da empresa estejam plenamente informados sobre os assuntos

pertinentes ao meio ambiente e sejam plenamente responsáveis pela pOlítica

ambiental. Na seleção de nosso Conselho de Administração nós consideraremos o

comprometimento com o Meio Ambiente como um fator.

Auditorias e Relatórios: Nós conduziremos anualmente uma auto-aval iação do nosso

progresso na implementação destes Princípios. Nós daremos suporte, na hora

oportuna, à criação de procedimentos de auditoria ambiental geralmente aceitos.

Nós preencheremos anualmente o Relatório da CERES, o qual ficará disponível ao

público".

1 34

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Business Charter for Sustainable Deve/opment

"Prefácio

Nos dias de hoje é amplamente reconhecido que a proteção ao meio ambiente deve

estar entre as mais altas prioridades de todos os negócios.

No marcante relatório Our common future 3 em 1 987 a World Commission on

Environment and Oevelopment (Comissão Brundtland) enfatizou a importância da

proteção ambiental na busca do desenvolvimento sustentável .

No sentido de auxiliar as empresas a incrementar seu desempenho ambiental, a

International Chamber of Commerce estabeleceu uma força-tarefa de representantes

de negócios para criar este Business Charter of Sustainable Development. Ele

abrange principios para Environmental Management a qual, para os negócios, é um

aspecto de vital importância para o desenvolvimento sustentável .

Esta Carta assistirá os negócios na busca do seu comprometimento com o

"environmental stewardship" 4 de uma maneira completa . Ela foi formalmente

lançada em abril de 1 991 na Second World Industry Conference on Environmental

Management.

Introdução

o desenvolvimento sustentável envolve o encontro das necessidades do presente

sem comprometer a possibil idade das futuras gerações de encontrar as suas

3 o relatório Nosso Futuro Comum da Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento foi traduzido para o português e publicado pela Fundação Getúlio Vargas em 1 988

4 A expressão inglesa "stewardship" pode ser entendida como a responsabilidade do individuo de gerenciar sua vida e propriedade com o apropriado respeito aos direitos dos outros indivrduos

135

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próprias necessidades. O crescimento econômico provê as condições nas quais a

proteção do meio ambiente pode ser melhor alcançada, e a proteção ambiental ,

conjugada com outros objetivos humanos, é necessária para a obtenção de um

crescimento que seja sustentável.

Por outro lado, negócios versáteis, dinâmicos, sensíveis e lucrativos são

necessários como uma força direcionadora para um desenvolvimento econômico

sustentável e para prover recursos gerenciais, técnicos e financeiros para contribuir

para a solução dos desafios ambientais. As economias de mercado, caracterizadas

pela iniciativa empresarial, são essenciais para esta solução.

Os negócios assim compartilham a visão que esta deva ser um objetivo comum, não

um conflito entre desenvolvimento econômico e proteção do meio ambiente, para

agora e para as futuras gerações. Fazer as forças de mercado trabalharem de forma

a proteger e incrementar a qualidade do meio ambiente - com a ajuda de padrões

baseados em desempenho e o uso criterioso de instrumentos econômicos em uma

estrutura regulatória harmônica - é um dos maiores desafios que o mundo se

defronta na próxima década.

O relatório de 1 987 da World Commission on Environment and Oevelopment, Our

commom future (Nosso futuro comum), expressa o mesmo desafio e chama pela

cooperação dos negócios para atacá-lo. Neste sentido, líderes de negócios têm

tomado ações nos seus negócios individuais bem, como através da associações

setoriais e intra-setoriais.

No sentido que mais negócios juntem-se a esse esforço e que seus desempenhos

ambientais continuem a crescer, a International Chamber of Commerce, por meio

desta, exorta os negócios e suas associações que utilizem os seguintes princípios

como uma base na busca desta melhora e expressem publicamente seu apoio a

1 36

Page 153: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · de campo foi composto de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicado ao executivo indicado como

eles. Os programas individuais desenvolvidos para a implementação refletiram a

vasta diversidade em tamanho e função entre negócios.

O objetivo é que uma ampla parcela de empresários se autocomprometa a

incrementar seu desempenho ambiental de acordo com estes princípios, que

desenvolva práticas gerenciais "in loco" para a obtenção desta melhora, que avalie

seu progresso e que reportem este progresso, conforme apropriado, interna e

externamente.

Nota: o termo meio ambiente - environment - conforme utilizado neste documento

também se refere ambiental mente a aspectos relacionados com saúde, segurança e

product stewardship 5

Princípios

1 . Prioridade Corporativa: Reconhecer a Environmental Management como a

mais alta prioridade corporativa e como um determinante chave para o

desenvolvimento sustentável; estabelecer políticas, programas e práticas para as

conduções das operações de uma maneira ambiental mente segura.

2. Gerência Integrada: Integrar estas políticas, programas e práticas

completamente em cada negócio como um elemento de gerência essencial em todas

as funções.

3. Processo de Incremento: Prosseguir no aperfeiçoamento das políticas,

programas e práticas corporativas, levando em consideração os desenvolvimentos

tecnológicos, os conhecimentos científicos, as necessidades dos consumidores e as

expectativas da comunidades, considerando as regulamentações legais como um

ponto de início e aplicando os mesmos critérios ambientais internacionalmente.

5 Esta Nota consta do próprio documento. não tendo assim sido introduzida pelo tradutor

137

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4. Educacão dos Empregados: Educar, treinar e motivar os empregados para

conduzirem suas atividades de maneira ambientalmente responsável.

5. Avaliacão Prévia: Avaliar os impactos ambientais antes de começar uma

nova atividade ou empreendimento ou antes de desmontar uma instalação ou

abandonar um lugar.

6. Produtos e Servicos: Desenvolver e tornar disponível produtos e serviços que

não tenham indevido impacto ambiental e que sejam seguros para o uso proposto,

que sejam eficientes no seus consumos de energia e recursos naturais, e que

possam ser reciclados, reutilizados ou descartados de forma segura.

7. Orientacão ao Consumidor: Orientar e, onde relevante, educar o

usuário/cliente, o distribuidor e o público para o uso, transporte, armazenamento e

descarte seguros dos produtos providos e aplicar considerações similares no

oferecimento de serviços.

8. Instalacões e Operacões: Desenvolver, projetar e operar instalações e

conduzir atividades levando em consideração o uso eficiente de energia e materiais,

a utilização sustentável de recursos renováveis, a minimização de impactos

ambientais adversos e geração de resíduos e descarte seguro e responsável de

resíduos.

9. Pesquisa: Conduzir ou dar suporte a pesquisas sobre o impacto ambiental de

matérias-primas, produtos, processos, emissões e resíduos associados aos

negócios (tipo de indústria) e sobre os meios de minimização de tais impactos.

138

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10 . Abordagem Preventiva: Modificar manufatura, marketing ou uso do produto ou

serviço ou a condução das atividades, consistentemente com os conhecimentos

técnico-científicos, para prevenir séria ou irreversível degradação ambiental.

1 1 . Contratantes e Fornecedores: Promover a adoção destes princípios pelos

contratantes agindo no benefício do negócio, encorajar e, onde apropriado, requerer

melhoras nas suas práticas tornando-as consistentes com aquelas do negócio e

encorajar a mais ampla adoção destes princípios pelos fornecedores.

12 . Preparo para Emergências: Desenvolver e manter, onde existir risco

significante, planos de emergências preparados em conjunto com os serviços de

emergência, autoridades relevantes e comunidade local, reconhecendo o potencial

de impactos extra-instalações.

13 . Transferência de Tecnologia: Contribuir para a transferência de tecnologia

ambiental mente segura e métodos gerenciais entre os setores industrial e público.

14. Contribuindo para o Esforco Comum: Contribuir para o desenvolvimento de

políticas públ icas e para programas empresariais, governamentais e

intergovernamentais e iniciativas educacionais que irão intensificar a proteção e o

conhecimento do meio ambiente.

15 . Abertura para a Preocupacão: Fomentar a abertura e o diálogo com os

empregados e o público, antecipando e respondendo às suas preocupações sobre

perigos em potencial e impactos das operações, produtos, resíduos ou serviços,

incluindo aqueles extra-instalações ou de significado global.

16 . Aquiescência e Informando: Medir desempenho ambiental, conduzir

regularmente auditorias ambientais e avaliações do cumprimento das normas da

1 39

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empresa, leis e destes princlplos e periodicamente, para prover informações ao

Conselho de Administração, acionistas, empregados, autoridades e público".

l40

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Declaração introdutória da obra Changing Course: A Global Business

Perspective on Deve/opment and Environment

"Os negócios terão um papel vital para o futuro da saúde do planeta . Como líderes

empresariais, nós estamos comprometidos com o desenvolvimento sustentável, o

encontro das necessidades do presente, sem comprometer o bem-estar das futuras

gerações.

Este conceito reconhece que o crescimento econômico e a proteção ambiental estão

estreitamente ligados e que a qualidade de vida presente e futura residem no

encontro das necessidades humanas básicas, sem destruir o meio ambiente do qual

a vida depende.

Novas formas de cooperação entre governos, negócios e sociedade são necessárias

para o atingimento deste objetivo.

O crescimento econômico em todas as partes do mundo é essencial para

incrementar os meios de vida dos pobres, para sustentar crescentes populações e

eventualmente para estabil izar os n íveis populacionais. Novas tecnologias serão

necessárias para permitir o crescimento, enquanto usando energia e outros recursos

de forma mais eficiente e produzindo menos poluição.

Mercados abertos e competitivos, dentro e entre nações, encorajarão a inovação e

eficiência, e promoverão oportunidades para todos incrementarem suas condições

de vida. Mas estes mercados deverão fornecer os sinais corretos; os preços de

produtos e serviços devem incrementalmente reconhecer e refletir os custos

ambientais de sua produção, uso, reciclagem e descarte. Isto é fundamental , e será

melhor realizado por uma síntese de instrumentos econômicos projetados para

corrigir distorções e encorajar a inovação e o continuo desenvolvimento, padrões

1 4 1

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regulamentadores para dirigir o desempenho e iniciativas voluntárias do setor

privado.

As mesclas de políticas adotadas por nações individuais serão elaboradas de

acordo com as circunstâncias locais. Mas as novas regulamentações e instrumentos

econômicos devem ser harmonizados entre parceiros comerciais, enquanto

reconhecendo que os n íveis e condições de desenvolvimento variem, resultando em

diferentes necessidades e habilidades. Os governos devem conduzir as mudanças

em estágios dentro de um período razoável de tempo que permita um planejamento

realista e ciclos de investimento.

Os mercados de capitais somente impulsionarão o desenvolvimento sustentável se

eles reconhecerem valor nele, e encorajarem investimentos de longo prazo e

poupança, e se estiverem baseados em informações apropriadas para guiarem

aqueles investimentos.

As políticas e práticas de comércio devem ser abertas, oferecendo oportunidades

para todas as nações. O comércio aberto lidera o mais eficiente uso de recursos e o

desenvolvimento das economias. As preocupações com o meio ambiente

internacional devem ser tratadas através de acordos internacionais e não com o uso

de barreiras de comércio unilaterais.

O mundo está se movendo no sentido da desregulamentação, in iciativas privadas e

mercado global. Isto requer que as corporações assumam uma maior

responsabilidade social, econômica e ambiental na definiçâo de seus papéis. Nós

devemos expandir àqueles que tem uma participação em nossas operações,

incluindo não só os empregados e os acionistas, mas também fornecedores,

clientes/usuários, vizinhos, grupos de cidadãos e outros. Uma comunicação

apropriada com estes stakeholders nos auxiliará a refinar constantemente nossas

visões, estratégias e ações.

142

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o progresso na direção do desenvolvimento sustentado faz bom sentido, em termos

de negócios, porque pode criar vantagens competitivas e novas oportunidades, No

entanto requer mudanças de longo alcance nas atitudes das corporações e novas

maneiras de fazer negócio. Para se mover da visão para a realidade é necessária

forte l iderança do topo, comprometimento sustentado através de toda a corporação e

a habilidade de traduzir desafios em oportunidades. As firmas devem redigir planos

de ação claros e monitorar o progresso de forma bem próxima .

A capacidade de ser sustentável demanda que prestemos atenção em todo o ciclo

de vida de nossos produtos e para as necessidades específicas e mutantes de

nossos clientes.

As empresas que alcançarem uma eficiência cada vez maior, enquanto previnam a

poluição através de uma boa direção da casa, substituição de materiais, tecnologias

e produtos limpantes, e lutem por um uso e recuperação mais eficientes dos

recursos, podem ser chamadas de eco-eficientes.

Parceria de longo tempo entre empresas/negócios e investimento direto provê

excelentes oportunidades para a transferência de tecnologia, para o

desenvolvimento sustentado daqueles que a possuem e para aqueles que precisam

dela. O novo conceito de cooperação tecnológica baseia-se principalmente nas

iniciativas privadas, porém pode ser amplamente intensificado pelo suporte de

governos e instituições engajadas em trabalhos de desenvolvimento

intercontinentais.

Agricultura e Silvicultura, os negócios que sustentam a subsistência de quase

metade da população mundial, são constantemente influenciados pelos sinais de

mercado trabalhando contra o uso eficiente de recursos. Subsídios distorcedores à

agricultura devem ser suprimidos para refletir o custo total dos recursos renováveis.

143

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Os agricultores precisam ter acesso a direitos claros de propriedade. Os governos

devem incrementar a gerência das florestas e dos recursos d'água; isto pode ser

feito provendo os sinais de mercados e regulamentações corretos e encorajando a

propriedade privada.

Muitos países, quer industrializados ou em desenvolvimento, podem fazer muito

melhor uso das forças criativas do empresariado local ou internacional, provendo os

de mercados abertos e acessíveis, sistemas regulamentadores mais eficientes com

regras vigentes claras e eqüitativas, um sistema legal e financeiro seguro e

transparentes e uma administração eficiente.

Nós não podemos estar absolutamente certos da extensão da mudança necessária

em qualquer área para ir de encontro com as necessidades das futuras gerações.

Na h istória humana encontram-se exemplos de amplos recursos renováveis

substituídos por l imitados, porém com maior eficiência no seu uso. Nós devemos nos

mover rapidamente neste sentido, avaliando e ajustando enquanto mais

aprendemos. Este processo vai requerer esforços substanciais em educação e

treinamento, para aumentar o conhecimento e encorajar mudanças no esti lo de vida,

no sentido de formas de consumo mais sustentáveis.

Uma clara visão de futuro sustentável mobiliza as energias humanas para realizar as

mudanças necessárias, quebrando padrões familiares e estabelecidos. Com os

líderes de todas as partes da sociedade juntando esforços para traduzir a visão em

ações, a inércia será superada e a cooperação substituirá a confrontação.

Nós membros do BCSD nos comprometemos a promover esta nova parceria na

mudança do curso no sentido de nosso futuro comum".

l44

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Guiding Principies for Responsible Care

"As empresas membros da Chemical Manufactures Associations estão

comprometidas a patrocinar um contínuo esforço no sentido de obter um contínuo

incremento na responsabilidade gerencial da indústria química. Elas prometem

administrar seus negócios de acordo com os seguintes princípios:

1 . Reconhecer e responder às preocupações da comunidade sobre nossos

produtos químicos e operações.

2. Desenvolver e produzir produtos químicos que possam ser manufaturados,

transportados, usados e descartados de forma segura.

3 . Transformar considerações sobre saúde, segurança e meio ambiente em uma

prioridade em nosso planejamento para todos os produtos e processos

existentes e novos.

4. Reportar prontamente a todos os funcionários públicos, empregados,

cl ientes/usuários e o público informações sobre química relacionadas a

perigos à saúde e ao meio ambiente e recomendar medidas pró-ativas.

5. Aconselhar clientes sobre o uso seguro, transporte e descarte de produtos

q uímicos.

6. Operar nossas instalações produtivas e de facilidades de forma a proteger o

meio ambiente e a saúde e segurança de nossos empregados e do público.

7. 6

6 Foi omitido o sétimo item na referência bibliográfica

145

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8. Trabalhar com outros para resolver problemas criados no passado no

manuseio e descarte de substâncias perigosas;

9. Participar com o governo e outros na criação leis, regulamentações e padrões

responsáveis para salvaguardar a comunidade, o local de trabalho e o meio

ambiente;

1 0. Promover os princípios e práticas do Responsible Care dividindo experiências

e oferecendo ajuda a outros que produzam, manuseiem, usem, transportem

ou descartem produtos qu ímicos".

146

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Princípios reafirmados pelo Grupo GreenPeace

o Principio da Prevencão

Qualquer novo projeto deve se basear na abordagem preventiva, ou seja, uma

empresa deve ser capaz de demonstrar que seus produtos e atividades não

causarão dano. O ônus da prova não cabe à comunidade, ao público em geral ou ao

governo. Em casos de incerteza científica, a precaução deve ser o princípio

fundamental.

Producão Limpa

Os novos projetos das empresas transnacionais devem usar metodologia de

Produção Limpa. Para as atividades existentes, deve-se implementar um calendário

para a conversão à Produção Limpa .

A Prestacão de Contas ao Público

As pessoas mais afetadas pelas atividades das empresas transnacionais

devem ter voz nas decisões que se refiram a estas atividades. O respeito aos

principios de ação preventiva e de produção l impa só será conseguido por um

público ativo, com acesso às informações e ao poder de tomada de decisões.

147

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A Avaliacão Ambiental

As avaliações ambientais podem identificar o impacto ambiental e . levar a

aperfeiçoamentos ou ao abandono de projetos nocivos. Devem ser realizados por

organismos independentes em todos os casos de decisões de planejamento.

Proibicões

Não se deve permitir que nenhuma empresa transnacional possa

comercializar ou investir em resíduos, em produtos banidos ou sujeitos a sérias

restrições, em tecnologia obsoleta ou em práticas que indiquem a duplicidade de

critérios em relação à saúde, à segurança e às práticas ambientais.

Responsabilidades e Cláusulas Contratuais

Se as empresas transnacionais estiverem efetivamente decididas a promover a

proteção ao meio ambiente e às comunidades que acolherem suas atividades,

estarão dispostas a incluir este compromisso em cláusulas contratuais que possam

vigorar em qualquer país onde operem".

148

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Sumário do Federal Trade Comission (FTC) Environmental Marketing

Guidelines

"Pressupostos:

( . . . )Todos os guias do FTC são interpretações administrativas de leis

administradas pelo FTC. Consequentemente, muito embora não

sejam legalmente executáveis, provêem uma linha de conduta aos

profissionais de marketing no atendimento das requisições legais. Os

guias se aplicam à propaganda, rotulagem e outras formas de

marketing ao consumidor. Eles não antecedem leis e

regulamentações estaduais ou locais.

( . . . )

Basicamente, os guias descrevem diversas inserções, chamam

atenção àquelas que devem ser evitadas por serem enganosas, e

i lustram os tipos de afirmações qualificadoras que devem ser

adicionadas a outras inserções, no intuito de evitar a decepção do

consumidor. As inserções são seguidas de exemplos que ilustram os

pontos. Os guias explicitam princípios que se aplicam a todas as

inserções ambientais, e se referem a oito usuais inserções de

environmental marketing.

Considerações Gerais

Para qualquer inserção em propaganda, os guias do FTC especificam

que a qualquer tempo que o profissional de marketing faça inserções

ambientais objetivas - quer explícitas ou impl icitas - ela deve ser

comprovada por evidências adequadas e fidedignas. No caso de

149

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inserções ambientais, estas evidências terão que ser cientificamente

adequadas e fidedignas".

Os guias explicitam quatro outras considerações que se aplicam para todas as

inserções ambientais. Elas são:

1 . As qualificações e exposições deverão ser suficientemente

claras e proeminentes para prevenir decepção.

2. As inserções ambientais devem deixar claro se aplicam-se ao

produto, embalagem ou ao componente de um deles. As

inserções não precisam ser qualificadas em observância a

componentes menores acidentais do produto ou embalagem.

3 . As inserções ambientais não devem exagerar o atributo ou

benefício ambiental. Os profissionais de marketing devem

evitar sugerir benefrcio ambiental significante onde o benefício

seja, de fato, desprezível.

4. Uma inserção comparando atributos ambientais de um produto

com aqueles de um outro produto deve ser feita com base de

comparação suficientemente clara e deve ser comprovada.

Os guias também discutem inserções particulares de environmental marketing. Em

muitos casos, cada discursão é seguida por uma série de exemplos para i lustrar

como os princípios se aplicam a inserções específicas.

Inserções de benefícios ambientais gerais :

Em geral, inserções de benefícios ambientais gerais desqual ificados

são difíceis de serem interpretadas, e podem ter um amplo leque de

150

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significados para o consumidor. Toda mensagem expressa e material

sugerido na inserção que comunique ao consumidor uma qualidade

objetiva deve ser comprovada. Não podendo se comprovada, a

inserção ambiental deve ser evitada ou qual ificada.

Degradável. Biodegradável e Fotodegradável (Degradable,

Biodegradable e Photodegradable)

Em geral inserções não qualificadas de degradabilidade devem ser

comprovadas por evidências de que o produto irá desfazer se

completamente e retornar à natureza, isto é, decompor-se nos

elementos encontrados na natureza dentro de um período

razoavelmente curto depois do consumidor descarte se dele da

maneira habitual , Este tipo de inserção deve ser qualificada na

extensão necessária para evitar a decepção do consumidor sobre: (a)

a possibil idade do produto ou embalagem se degradar no meio

ambiente onde é usualmente descartado e (b) a extensão e taxa de

degradação.

Passivel de ser utilizado em adubacão (Compostable) :

Em geral, inserções não qual ificadas de "compostabil idade" devem

ser comprovadas por evidências de que todos os materiais do

produto ou embalagem irão desfazer em, senão fazer parte de, um

composto util izável (por exemplo: material condicionador de solos,

mulch - palha com que se protege raiz de planta recém-plantada) de

uma maneira segura e a tempo em um programa ou facilidade

apropriados, ou numa pilha ou dispositivo residencial. As inserções

de "compostabil idade" devem ser qualificadas na extensão

necessária para evitar a decepção do consumidor: ( 1 ) se facilidades

municipais para tal processo não são disponíveis para uma grande

maioria de consumidores ou comunidades onde o produto é vendido,

1 5 1

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(2) se inserções enganam o consumidor sobre os benefícios obtidos

quando o produto é descartado em um depósito de lixo, ou (3) se o

consumidor compreende mal a inserção interpretando que a

embalagem pode ser decomposta numa pilha ou d ispositivo

residencial, quando de fato isso não é possível .

Reciclável (Reciclabe) :

Em geral, um produto ou embalagem não deve ser comercializado

como reciclável, a não ser que possa ser recolhido, separado, ou

então recuperado do fluxo de l ixo sólido para ser usado na forma de

matéria-prima na manufatura ou montagem de um novo produto ou

embalagem. Inserções não qual ificadas como reciclável podem ser

feitas se todo o produto ou embalagem, incluindo componentes

acidentais, são recicláveis. Inserções sobre produtos que possuem

componentes tanto recicláveis como reciclados devem ser

apropriadamente qualificadas. Se componentes acidentais l imitam

sign ificantemente a capacidade de reciclagem do produto, a ínserção

será decepcionante. Se, devido ao tamanho ou forma, um produto

não é aceito nos programas de reciclagem, ele não deve ser

comercial izado como reciclável. Qualificação pode ser necessária

para evitar a decepção do consumidor sobre a disponibil idade

limitada dos programas de reciclagem e lugares de coleta, se lugares

de coleta para reciclagem não forem disponíveis a uma grande

maioria de consumidores ou comunidades.

Conteúdo Reciclado (Recicled Content) :

Em geral inserções de conteúdo reciclado só devem ser feitas para

materiais que tenham sido recolhidos ou extraídos de fluxo de lixo

sólido, quer durante o processo de manufatura (pré-consumo), quer

depois do consumo - lixo - (pós-consumo). Um profissional de

1 52

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propaganda deve ser capaz de comprovar que resíduos pré­

consumo, de outra maneira, teriam entrado no fluxo de l ixo sólido.

Distinções entre conteúdo pré e pós-consumo devem ser

comprovadas. Inserções não qualificadas podem ser feitas se todo o

produto ou embalagem, excluindo mínimos componentes acidentais,

forem feitos de material reciclado. Produtos ou embalagens feitos de

materiais somente parcialmente reciclados devem ser qual ificados

para indicar a quantidade, por peso, no produto ou embalagem

acabado.

Redução do uso de recursos (Source Reduction):

Em geral, inserções a respeito do produto ou embalagem ter sido

reduzido, ou ter menor peso, volume ou toxidade, devem ser

qual ificadas na extensão necessária para evitar a decepção do

consumidor em relação à quantidade reduzida e à base de

comparação.

Passível de utilizacão de reenchimento (RefitabJe) :

Em geral, inserções não qual ificadas a respeito da possibil idade de

uso de refil não devem ser feitas, a não ser que o sistema seja

provido de ( 1 ) coleta e retorno da embalagem para reenchimento ou

(2) troca de embalagem no ato da compra do novo produto. A

inserção não deve ser feita se couber ao consumidor encontrar

maneiras de reenchimento da embalagem.

Seguro eJou "amigável" em relacão à camada de Ozônio (Ozone Safe

and/or Ozone FriendJy) :

Em geral um produto não deve ser anunciado como seguro ou

"amigável" em relação à camada de ozônio ou como não contendo

CFC's se contém qualquer destruidor qu ímiCO do ozônio. Inserções

1 5 3

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sobre a redução do potencial de destruição do ozônio deve ser feitas

com adequada comprovação".

1 54

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ANEXO 11

I SS

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A Empresa Rua/Cidade/Estado/CEP Atenção Executivo(a)

Prezado Sr(a).

Rio de Janeiro, 03 de Novembro de 1 994

o Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (COPPEAD) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) está desenvolvendo um estudo sobre a questão ambiental e as empresas. A essência da presente pesquisa é conhecer o mix de comunicação de marketing, as práticas gerenciais adotadas e as estratégias empresariais empreendidas pelas empresas no intuito de preservar o meio ambiente . .

Neste sentido, solicitamos a colaboração de V.S". para esta pesquisa, concedendo-nos uma entrevista pessoal. O nosso aluno Paulo Ribeiro Daltro-Santos entrará em contato com V.S". para confirmar a data e o horário de que dispõe para nos atender. A duração estimada da entrevista é de duas horas e meia.

Salientamos que todas as informações prestadas serão tratadas de forma agregada, não permitindo a identificação individual do entrevistado e as respostas serão consideradas estritamente confidenciais.

Os resultados do presente estudo serão posteriormente enviados a V.S"., ficando à sua disposição, para consulta, os demais trabalhos desenvolvidos neste Instituto.

Agradecendo desde já a sua colaboração, despedimos-nos.

Atenciosamente,

Prof. Armando Ferreira Leite Coordenador da Pesquisa

1 56

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Rio de Janeiro, 02 de Dezembro de 1 994

A Empresa Rua/Cidade/Estado/CEP Atenção Executivo(a)

Prezado Sr(a)

Conforme combinado, estamos enviando um resumo dos tópicos a serem abordados na entrevista sobre marketing verde. Informamos que a referida entrevista objetiva coleta de dados para elaboração de uma tese de mestrado em uma das linhas de pesquisa desenvolvidas por este instituto. Caso seja de seu interesse, após a aprovação da mesma, cópia desta lhe será enviada.

i . Histórico da adoção iL Estratégias de Marketing iii. Práticas Gerenciais adotadas devido a preocupação com a preservação do meio

ambiente iv. Orientação dos investimentos que visam a redução da agressividade do processo

produtivo ao meio ambiente v. Correção ambiental dos produtos/serviços da empresa vi. Mix de comunicação de marketing com inserções ambientais

a) processo decisório de definição de conteúdo, forma, etc b) conteúdo c) público-alvo d) canais e) midias utilizadas f) gastos (poderão ser fomecidos posteriormente) e) processo de medição dos resultados f)outros.

viL Comportamento da concorrência

Desde já grato por sua atenção

Prof. Armando Leite Ferreira Coordenador da Pesquisa

157

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ANEXO 111

1 5 8

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ROTEIRO ESTRUTURADO

Estrutura Básica:

Parte I

Avaliar o Mix de Comunicação de Marketing.

Instrumentos que misturam perguntas abertas e fechadas.

Parte 1 1

Instrumentos de Marketing Verde

Mix de Marketing Novos Produtos

Parte 1 1 1

Cadeia de Valor - Elos VerticaisfADORMA

Fomecedores, Ciclo de Vida da Substância

Parte IV

Cadeia de Valor - Elos dentro da cadeia f ADORMA

Áreas da Empresa envolvidas

Parte V

Estratégia

Importância atribuída ao "verde", concorrência

1 59

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Mix de Comunicação da Empresa

Como é de seu conhecimento, existe uma crescente pressão por parte da sociedade para que as empresas adotem tecnologias que não causem danos ao meio ambiente, ou que reduzam significativamente essa possibilidade. Algumas empresas vêm se destacando como pretensas adotantes dessa conduta, mostrando-se interessadas na preservação do meio ambiente. Nosso estudo pretende levantar o interesse de empresas q ue se enquadram nesse perfil e identificar de que forma esse interesse se manifesta. Sua empresa foi selecionada por ser uma das empresas que se destacam no seu segmento de mercado.

1 .Perguntas Iniciais

1 . 1 .Quando a preocupação com a preservação ambiental foi incorporada à empresa?

1 .2.Qual(is) a(s) motivação(ções) que fizeram a empresa abraçar essa filosofia?

Regulamentação Pressões de importadores

Pressões de grupos ambientalistas Concorrência etc.

1 .3.0 que mudou em sua empresa a partir disso?

Tratamento de resíduos Empacotamento

Redesígn de produtos etc.

160

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1 .4.Quando essa decisão passou a ser comunicada ao público de forma clara?

1 .5.Existe uma definição clara na empresa do que ela deve fazer para preservar o meio ambiente e quais suas responsabilidades ?

1 .6. ls50 está claro em todos os níveis da empresa?

NÃO

Por que? E o que está sendo feito para corrigir isto?

SIM

Como isso foi obtido?

1 6 1

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1 .7.Seria correto afirmar que sua empresa pratica Marketing Verde? Em sendo, o que empresa entende por Marketing Verde? « Caso a resposta seja negativa, agradecer e aplicar somente as perguntas relativas às características da empresa e pessoais do executivo»

«oferecer a seguinte definição de Marketing Verde: "Atividade de marketing que reconhece a preservação do meio ambiente como uma responsabilidade no desenvolvimento dos negócios e uma oportunidade de incremento dos mesmos, isto é, acrescenta o meio ambiente como uma tela de fundo sobre a qual todas as estratégias empresa rias são desenvolvidas" . Obs. :stewardship = responsabilidade do indivíduo de gerenciar sua vida e propriedades com o devido respeito ao direito dos outros indivíduos»

1 . 8.Quando (a quanto tempo) a empresa incorporou o Marketing Verde à sua Estratégia de Marketing?

1 .9.Qual a origem dessa decisão? <motivos e decisor(es) de onde se originou>

1 . 1 O.Como foi identificada essa necessidade/oportunidade? <se vier da matriz, buscar a informação da matriz>

1 . 1 1 .Como essa estratégia é comunicada para a empresa (marketing interno) e para a sociedade (marketing externo)?

1 . 1 2.Em relação ao marketing interno, a experiência internacional mostra a busca de um forte comprometimento de todos na empresa com a adoção dessa filosofia. Existe na empresa preocupação em conseguir a adesão de seus funcionários? Em quais n iveis da organização? Como isto está sendo feito?

1 62

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1 . 1 3.A empresa pratica ou estimula <Entregar cartão NO.1 >

( ) Treinamento em técnicas de ADORMA - Administração Orientada para a Preservação do Meio Ambiente

( ) Campanhas Educacionais ( ) Publicações Internas ( ) Seminários ( ) Outros. Especificar : ___________________ _

163

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2.Mix de Comunicação

Iremos agora fazer algumas questões sobre o mix de comunicação de marketing da empresa.

2.1 .1dentificação do Público-alvo

2. 1 . 1 .A decisão de um plano de comunicação, compatível com a estratégia adotada, implica na identificação do público-alvo. A qual(is) público(s)-alvo é dirigido seu esforço de comunicação de marketing em relação ao meio ambiente (Marketing Verde)?

Gostaríamos agora de saber como sua empresa estuda, analisa e avalia esse público-alvo, particularmente em relação a dois fatores-chave do processo de comunicação de marketing.

2.1 .2.Familiaridade do público com o tema <Diz respeito ao quão disseminado/conhecido é o tema para o público que a campanha busca atingir>

2 . 1 .3.Favorabilidade do público ao tema <Dado o suposto grau de conhecimento do tema, quão favorável se estima que o público seja a mensagens que a ele se referenciem>

1 64

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2.2.Seleção de Canais de Comunicação

Entre os diversos grupos existentes nos públicos-alvo selecionados, qual(is) do(s) a seguir pode(m) ser considerado(s) como sendo o(s) mais importante(s) para a estratégia de marketing da empresa. <Entregar cartão No. 2>

Pessoas/empresas influentes cognição/conhecimento.

para gerar

Líderes de opinião, a empresa oferece a certas pessoas selecionadas o produto/serviço para experimentação em condições atrativas.

Pessoas influentes na comunidade para a experimentação e posterior utilização em testemunho.

Todos, buscar que a comunicação crie um diálogo entre o público-alvo e a empresa.

1 65

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2.3.0utras Formas de Comunicação

Além das formas já consideradas de comunicação, a preocupação com o meio ambiente pode ser expressa por vários outros meios. Sua empresa busca de alguma forma comunicar através de :

2.3 . 1 .Atmosfera da empresa (como ?)

2.3.2.Promoção/participação em eventos temáticos (quais?)

2.3.3.0utros (que não propaganda convencional)

166

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2.3.4.Existem, também, d iversos objetivos possíveis de serem atingidos a partir de um plano de comunicação. Dos objetivos listados, quais a empresa prioriza ou já priorizou.

Consciênci Compreensa Leg�imaçã Confirmação Lembrança Indicaçao a o o <reafirmar a <recordar a <a

<gerar <gerar <legitimar preocupação preocupação empresa

consciência compreensão açoes da da empresa da empresa ser

em relação em relação ao empresa em com o terna> com o percebida

ao tema> tema> assuntos tema:> como

que preocupad

impactem • • com o

postura em tema>

reJaçao ao tema>

Futu· ro

Hoje

Pas-sado

re-cente

Quan-do come-çou a asso-cia-ção da em-presa com o tema

167

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2.4.Tipos de Mensagem «relatar»

Dos tipos de apelos que as mensagens podem trazer qual a que melhor define a linha de comunicação da empresa? <entregar cartão No. 3>

Racional Destaca o conteúdo em que se fundamenta a mensagem. (Preservar a natureza)

Sensorial Destaca a sensação que a mensagem desperta. (Traz a natureza até você)

Social Destaca o alcance social da mensagem (A empresa que busca o melhor para a sociedade)

Satisfação do Ego Atinge o indivíduo que recebe a imagem. ( Produtos para pessoas conscientes)

1 68

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2.5.Forma de Expressar a Mensagem

2.6. 1 .Existem várias formas de expressar uma mensagem. Das abaixo listadas, qual(is) o Sr. identifica como já utilizadas por sua empresa? <Entregar cartão No.4>

( 1 ) Situação Cotidiana

( 2 ) Estilo de Vida

( 3 ) Fantasia

( 4 ) Atmosfera e Imagem

( 5 ) Musical

( 6 ) Símbolo de Personalidade

( 7 ) Conhecimento Técnico

( 8 ) Evidência Científica

( 9 ) Evidência Testemunhal

(10) Outra(s). Quais?

2.6.2.Qual(is) a(s) principal(is)?

2.6.3. Porque a empresa a(s) considera como principal(is)?

1 69

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2.6.MEDIÇÃO DE RESULTADOS

2.6.1 .De forma geral, como o Sr. resumiria os objetivos da propaganda/comunicação ambiental?

2.6.2.0uanto está previsto de gasto com propaganda/comunicação ambiental? < % sobre os gastos totais em propaganda/comunicação e valor em moeda>

2.6.3.0uais mídias são/foram utilizadas?

2.6.4.0uais os resultados esperados e como são mensurados?

1 70

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2.7.Mídia

Com relação às midias utilizadas para comunicar mensagens com inserções de questões/aspectos ambientais, o Sr. poderia indicar quais as utlizadas e o % /valor em relação aos gastos totais da empresa ? <atenção:gastos em mensagens com inserção ambiental> <Entregar cartão NO.5>

Espaço em revistas de Circulação Nacional <em relação ao total de gastos de Marketing nessa midia>

( ) Utiliza ----_% $-----

( ) Não Utiliza

Espaço em revista de circulação Regional ou Midia Diretiva <em relação ao total de gastos de Marketing nessa midia>

( ) Utiliza ----_% $,------( ) Não Utiliza

Espaço em Jomais de Circulação Nacional <em relação ao total de gastos de Marketing nessa midia>

( ) Utiliza ----_% $,------( ) Não Utiliza

Espaço em Jornais de Circulação Regional ou Midia Diretiva <em relação ao total de gastos de Marketing nessa midia>

( ) Utiliza ----_% $,------

( ) Não Utiliza

Produção de Revistas/Jornais Próprios <em relação ao total de gastos de Marketing em midia impressa>

( ) Utiliza ----_% $------( ) Não Utiliza

Mala Direta <em relação ao total de gastos de Marketing nessa midia>

( ) Utiliza ----_% $------( ) Não Utiliza

171

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Exposições <em relação ao total de gastos de Marketing nessa m ídia>

( ) Utiliza ----_% $,------

( ) Não Utiliza

Promoções <em relação ao total de gastos de Marketing>

( ) Utiliza ----_% $,-----

( ) Não Utiliza

Feiras <em relação ao total de gastos de Marketing>

( ) Utiliza ----_% $,------( ) Não Utiliza

Rádio <em relação ao total de gastos de Marketing>

( ) Utiliza ----_% $,-----( ) Não Utiliza

TV

<em relação ao total de gastos de Marketing> ( ) Utiliza % $, _____ _

( ) Não Utiliza

Out doors <em relação ao total de gastos de Marketing>

( ) Utiliza ----_% $,-----( ) Não Utiliza

Outros <em relação ao total de gastos de Marketing - nominar e dar valor percentual »

( ) Utiliza ----_% $,-----

( ) Não Utiliza

1 72

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3.A Empresa e a Estratégia de Marketing

3.1 .Em quais posturas e atitudes a empresa se baseia para sustentar a credibilidade de suas mensagens em relação ao Meio Ambiente?

3.2.Existe um de departamento/gerência/seção de marketing ambiental na empresa?

3.3.Existe o tópico Marketing Verde ou correlato em n ível de planejamento estratégico? E em n ível de estratégia de marketing?

3.4.Que cuidados têm sido tomados sobre o papel da empresa em relação a poluição e preservação do meio ambiente? Quais os passos mais importantes que a empresa já deu nesse sentido?

3.5.Quais, entre os diversos setores que compõem a empresa, já estão envolvidos com a filosofia de preservação ambiental? <Entregar cartão NO.6>

( ) Produção ( ) Apoio/Utilidades ( ) Compras ( ) Contabilidade ( ) Finançeira ( ) Planejamento ( ) Marketing ( ) Outras. Quais? ( ) Recursos humanos

3.6.Quanto já foi gasto até hoje pela empresa em Marketing Verde? <Quantificar o total dispendido, Brasil, em Marketing Verde>

1 73

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3.7.Como a área de Pesquisa & Desenvolvimento da empresa busca o know-how para o desenvolvimento de novos produtos/serviços e processos? Ordenar em ordem de importância em relação às fontes de tecnologia atualmente utilizadas. <Entregar cartão No.7>

( ) Desenvolvimento de tecnologia própria ( ) Compra de terceiros e adaptação ( ) Associação com ONG's ambientais ( ) Projetos de P&D multiclientes ( ) Interação com órgãos governamentais ligados ao meio ambiente ( ) Outras fontes, quais? ______________ _

1 74

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4.1 .0 conceito de Ciclo de Vida da Substância (CVS) é muito utilizado para possibilitar a empresa cuidar do produto desde o in ício do processo (fornecimento da matéria-prima) até o retomo através de reciciagem/re-utilizaçâo. Os seguintes fases do CVS, quais sua empresa considera e quão adiantado estão os procedimentos de controle?<Entregar cartão No.8>

( ) Fornecimento

( ) Produção

( ) Distribuição

( ) Venda

( ) Utilização

( ) Descarte

I o I 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0

E m estudo Totalmente Implantado

I I , , o I 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Em estudo Totalmente Implantado

I I , O I 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0

Em estudo Totalmente Implantado

, I 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0

Em estudo Totalmente Implantado

, , o I 2 3 4 5 6 7 8 9 ! O

Em estudo Totalmente Implantado

I , I o I 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0

Em estudo Totalmente Implantado

( ) Reciclagem/Re-utilização

I I , o I 2 3 4 5 6 7 R 9 l O

Em estudo Totalmente Implantado

1 75

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4.2.Dos seguintes temas abaixo, quais são os abordados por sua empresa na comunicação com o mercado ? Caso haja algum(ns) não incluído(s), coloque-o(s) nos espaços em branco. Coloque NA quando não se aplicar.<Entregar cartão No. 1 0>

Tema

(

) PROTEÇÃO DA BIOSFERA

) USO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS NATURAIS

) DIMINUiÇÃO/REDUÇÃO DE RESíDUOS DESCARTADOS

CONSERVAÇÃO DE ENERGIA

REDUÇÃO DE RISCOS

) PRODUTOS E SERViÇOS SEGUROS

) RESTAURAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

) COMPROMISSO COM A COMUNIDADE

) COMPROMISSO COM OS EMPREGADOS

COMPROMISSO COM O PÚBLICO EM GERAL

) COMPROMETIMENTO EMPRESARIAL

PRÁTICAS GERENCIAIS

( AUDITORIA VERDE

) AVALIAÇÃO PRÉVIA

CONTRATADOS E FORNECEDORES

176

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4.3.Quais dos seguintes tópicos a seguir são levados em consideração quando da formulação da política ambiental da empresa. Em seguida, ordene por importância atribuida pela empresa ao tópico nesse atual momento. Complementando avalie - utilizando a escala de O a 1 0 - o grau de importância que a empresa atribui ao tema.<Fornecer Cartões 1 1 (A) e 1 1 (B»

« A ordenação deve levar em conta a importância do item na atual política da empresa, já a nota deve manifestar a importância atribuída ao item independente da atual posição ocupada».

( )( ) PROTEÇÃO DA BIOSFERA

I I I 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Sem Importância Importante

( )( ) USO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS NATURAIS

o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Sem Importância Importante

( )( ) DIMINUiÇÃO/REDUÇÃO DE RESíDUOS DESCARTADOS

O I 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0

Sem Importância

( )( ) CONSERVAÇÃO DE ENERGIA

I O I 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0

Sem Importância

( )( ) REDUÇÃO DE RISCOS

I I O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0

Sem Importância

( ) ( ) PRODUTOS E SERViÇOS SEGUROS

I I I O I 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Sem Importância

( )( ) RESTAURAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

I I O I 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0

Sem Importância

Importante

Importante

Importante

Importante

Importante

1 77

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( )( ) COMPROMISSO COM A COMUNIDADE

I I o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Sem Importância Importante

( )( ) COMPROMISSO COM OS EMPREGADOS

I O I 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Sem Importância Importante

( )( ) COMPROMISSO COM O PÚBLICO EM GERAL

O I 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0

Sem Importância Importante

( )( ) COMPROMETIMENTO EMPRESARIAL

I I o I 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0

Sem Importância Importante

( )( ) PRÁTICAS GERENCIAIS

I I o I 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Sem Importância Importante

( )( ) AUDITORIA VERDE

I I o I 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0

Sem Importância Importante

( )( ) AVALIAÇÃO PRÉVIA

I I O I 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0

Sem Importância Importante

( )( ) CONTRATADOS E FORNECEDORES

I I o I 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Sem Importância Importante

1 78

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PRODUTO

4.4.Quais das seguintes características são obrigatórias quando do desenvolvimento de novos produtos/serviços pela empresa ? Indique também o percentual aproximado de produtos/serviços da empresa que possuem as características listadas.<Entregar Cartão NO. 1 2>

Utiliza NA quando a questão não se aplicar a sua indústria)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

Reduzido consumo de matérias-primas e alto teor de material reciclável.

Produção não pOluidora e não tóxica.

Não utilização de animais em testes.

Não causar impacto em espécies protegidas.

Baixo consumo de energia durante a produção e utilização.

Embalagem mínima ou inexistente.

Produto reutilizável, com refil sempre que possível.

Produto com vida útil prolongada, capacidade de upgrade.

Capacidade der ser desmontado depois de usado para reutilização de peças ou partes.

Capacidade de remanufatura (capacidade de ser re- utilizado em parte ou no todo para produção)

Descarte facilitado (com coleta após o descarte planejada/executada).

1 79

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FORNECEDORES

4.5.Quais das seguintes características são obrigatoriamente observadas quando da seleção de novos fornecedores da empresa ? Indique também o percentual aproximado de fornecedores da empresa que possuem as características listadas. <Entregar Cartão NO. 1 3>

Utiliza NA quando a questão não se aplicar a sua indústria)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

Reduzido consumo de matérias-primas e alto teor de material reciclável.

Produção não pOluidora e não tóxica.

Não utilização de animais em testes.

Não causar impacto em espécies protegidas.

Baixo consumo de energia durante a produção e utilização.

Embalagem mínima ou inexistente.

Produto reutilizável, com refil sempre que possível.

Produto com vida útil prolongada, capacidade de upgrade.

Capacidade der ser desmontado depois de usado para re-utilização de peças ou partes.

Capacidade de remanufatura (capacidade de ser reutilizado em parte ou no todo para produção)

Descarte facilitado (com coleta após o descarte planejada/executada).

1 80

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DISTRIBUIDORES

4.6.Quais das seguintes caracteristicas são obrigatoriamente observadas quando da seleção de novos distribuidores da empresa ? Indique também o percentual aproximado de distribuidores da empresa que possuem as características listadas. <Entregar Cartão NO. 1 4>

Utilizar NA quando a questão não se aplicar a sua indústria)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

( ) ( %)

Reduzido consumo de matérias-primas e alto teor de material reciclável.

Produção não poluidora e não tóxica.

Não utilização de animais em testes.

Não causar impacto em espécies protegidas.

Baixo consumo de energia durante a produção e utilização.

Embalagem mínima ou inexistente.

Produto reutilizável, com refil sempre que possível.

Produto com vida útil prolongada, capacidade de upgrade.

Capacidade der ser desmontado depois de usado para re-utilização de peças ou partes.

Capacidade de remanufatura (capacidade de ser reutilizado em parte ou no todo para produção)

Descarte facilitado (com coleta após o descarte planejada/executada).

1 8 1

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CLIENTES

4 .7.Quais das seguintes características o Sr. acredita são consideradas por seus clientes na seleção de seus fornecedores. Qual a ordem de importância que o sr. acredita que eles atribuam.<Entregar Cartão No. 1 5>

( ) (

( ) (

( ) (

( ) (

( ) (

( ) (

( ) (

( ) (

( ) (

( ) (

( ) (

)

)

)

)

)

)

)

)

)

)

)

Reduzido consumo de matérias-primas e alto teor de material reciclável.

Produção não poluidora e não tóxica.

Não utilização de animais em testes.

Não causar impacto em espécies protegidas.

Baixo consumo de energia durante a produção e utilização.

Embalagem minima ou inexistente.

Produto reutilizável, com refil sempre que possível.

Produto com vida útil prolongada, capacidade de upgrade.

Capacidade der ser desmontado depois de usado para re-utilização de peças ou partes.

Capacidade de remanufatura (capacidade de ser reutilizado em parte ou no todo para produção)

Descarte facilitado (com coleta após o descarte planejada/executada).

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5.CUSTOS. APREÇAMENTO E CONCORRÊNCIA

5.1 .0ual O impacto sofrido pelo seu sistema de custo com a adoção de práticas ADORMA?

5.2.Muitas empresas verificaram que a introdução de tecnologias e práticas ADORMA acabaram trazendo diversas vantagens competitivas sobre os concorrentes em termos de custos. Isso se verifica em sua empresa? Como?

5.3.0ual o impacto sofrido pelo seu sistema de apreçamento com a adoção de práticas ADORMA?

5.4.E o impacto sobre a margem da empresa?

5.6.Como a empresa vê sua reputação em relação ao meio ambiente relativamente a seus concorrentes?<Entregar Cartão No. 1 6>

( ) Muito melhor ( ) Melhor ( ) Igual ( ) Pior ( ) Muito Pior

5.7.A empresa percebe algum tipo de Vantagem Competitiva em relação a seus concorrentes por se posiconar como uma empresa "verde"? Oual(is)?

5.S.Como a empresa compara seus gastos em P&D para desenvolvimento de tecnologias ambientalmente corretas em relação a de seus concorrentes?<Entregar Cartão No. 1 7>

( ) Muito maior ( ) Maior ( ) Igual ( ) Menor ( ) Muito menor

1 83

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5.9.E os gastos em Marketing Verde?<Entregar Cartão NO. 1 8>

( ) Muito maior ( ) Maior ( ) Igual ( ) Menor ( ) Muito menor

5.1 O.A associação com o movimento verde empresta algum tipo de vantagem competitiva a sua empresa?

5. 1 1 .Existem substitutos verdes (mais verdes) para seus produtos atuais?

5.12.Existe regulamentação governamental em algum dos ramos de atuação de sua empresa, no sentido de utilizar tecnologias ambientalmente corretas ou restringir a utilização das tecnologias nocivas ao meio ambiente?

5.1 3.Qual o tipo de regulamentação existente?

5.14.Existe temor por parte da indústria de que venham a ser adotadas leis?

5.1 5.Existe algum movimento de auto-regulamentação em sua indústria?

5. 1 6.Existe algum movimento no sentido de criar uma espécie de certificação - Eco Label ou Selo Verde - em sua indústria? Caso positivo, qual? Há casos de utilização de certificação de organização estrangeira para produtos exportados? Caso positivo, qual?

5.1 7.Sua empresa compartilha suas experiências com seus concorrentes, no sentido de fazer com que a indústria como um todo melhore sua performance ambiental?

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DEFINiÇÕES

PROTEÇÃO DA BIOSFERA Redução e esforço continuo no sentido de eliminar a liberação de qualquer substância que possa causar estragos ambientais ao ar, água, terra e seus habitantes, buscando a tecnologia mais segura, ou mesmo fomentando a pesquisa & desenvolvimento de novas tecnologias.

USO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS NATURAIS Uso sustentável dos recursos naturais tais como a água, solos e florestas, através do uso eficiente dos mesmos, utilização de tecnologia apropriada e planejamento cuidadoso.

DIMINUiÇÃO/REDUÇÃO DE RESíDUOS DESCARTADOS Redução e, onde possivel, eliminação de residuos através do uso de tecnologias mais modernas, redução, pura e simplesmente, por utilização de processos mais eficientes, reuso e reciclagem.

CONSERVAÇÃO DE ENERGIA Conservação de energia e aumento da eficiência energética das operações internas da empresa e dos bens e serviços que comercializa, fazendo uso de fontes energéticas ambientalmente seguras e sustentáveis.

REDUÇÃO DE RISCOS Minimizaçâo do risco ao meio ambiente, saúde e segurança dos empregados e das comunidades onde opere a empresa, através de tecnologias e procedimentos de operaçâo seguros e preparo para enfrentamento de qualquer tipo de emergência que possa ocorrer.

PRODUTOS E SERViÇOS SEGUROS Eliminação do uso, manufatura ou venda de produtos e serviços que acarretem estragos no meio-ambiente ou perigo à saúde ou segurança dos usuários.

RESTAURAÇÃO DO MEIO-AMBIENTE Correção pronta e responsavelmente de condições causadas pela empresa que causem perigo à saúde, segurança ou meio ambiente.

COMPROMISSO COM A COMUNIDADE Colocação de infomações à disposição de todos que possam ser afetados por situações ocasionadas pelas atividades da empresa que possam, por ventura, por em perigo a saúde, segurança e meio ambiente dos mesmos. Buscar o constante fomento da relação e interação da empresa com a comunidade e vice-versa.

COMPROMISSO COM OS EMPREGADOS Fornecer todo o tipo de equipamentos, condições e treinamentos e cursos necessários à manutenção da segurança, saúde e meio-ambiente aos empregados e demais prestadores de serviço à empresa e empreender esforços no sentido de obter crescente participação dos empregados no que tange a segurança, saúde e preservação do meio ambiente.

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COMPROMISSO COM O PÚBLICO EM GERAL Pesquisar as preocupações do público em geral (clientes/usuários, acionistas, grupos ambientalistas, imprensa, sindicatos, agentes financiadores, órgãos reguladores etc.) com tudo que diz respeito a segurança, saúde e meio ambiente no sentido de buscar uma melhor integração e interação com o mesmo na busca do bem de todos.

COMPROMETIMENTO EMPRESARIAL COM A ADORMA - ADMINISTRAÇÃO ORIENTADA PARA A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE Demonstração clara da preocupação da empresa com o meio ambiente explicitada atraves de pol íticas ambientais e de segurança e saúde emanadas da alta gerência e que permêem fortemente toda a organização e que sejam visíveis, inclusive pelos observadores externos.

PRÁTICAS GERENCIAIS Praticar de forma integrada, em todas as funções meio e fim da organização e em todas as unidades da empresa (nacionais e internacionais), os mesmos altos padrões no trato da saúde, segurança e meio ambiente.

AUDITORIA VERDE Análise e avaliação do desempenho ambiental de uma empresa no sentido de conhecer a origem dos insumos utilizados, a eficiência da utilização dos mesmos e as externalidades produzidas, realizada por firma independente e especializada anualmente e extemporaneamente quando, por ventura, se fizer necessário.

AVALIAÇÃO PRÉVIA Avaliação dos impactos ambientais antes do in ício de uma nova atividade ou empreendimento ou mesmo antes de desmonte de uma instalação ou abandono de uma região. O ônus da prova de não interferência com o meio-ambiente cabe ao agente econômico.

CONTRATADOS E FORNECEDORES Promover a adoção dos mesmos altos padrões no trato da saúde, segurança e meio ambiente por parte dos contratados e fornecedores da empresa.

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