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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA LINHA DE PESQUISA EPIDEMIOLOGIA E POLÍTICAS DE SAÚDE
MARIANA ALVES FROTA DA COSTA
INDICADORES DE SAÚDE PERINATAL: uma análise da prematuridade e do baixo peso ao nascer no município de Niterói, RJ
RIO DE JANEIRO 2015
MARIANA ALVES FROTA DA COSTA
INDICADORES DE SAÚDE PERINATAL: uma análise da prematuridade e do baixo peso ao nascer no município de Niterói, RJ
Dissertação de Mestrado em Saúde Coletiva apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção de grau de Mestre em Saúde Coletiva. Orientadora: Profª Drª Pauline Lorena Kale.
RIO DE JANEIRO
2015
MARIANA ALVES FROTA DA COSTA
INDICADORES DE SAÚDE PERINATAL: uma análise da prematuridade e do baixo peso ao nascer no município de Niterói, RJ
Dissertação de Mestrado em Saúde Coletiva apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção de grau de Mestre em Saúde Coletiva.
Defesa em 26 de fevereiro de 2015.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________ Profª Drª PAULINE LORENA KALE – Presidente
UFRJ
___________________________________________________________ Profª Drª TÂNIA ZDENKA GUILLÉN DE TORRES – 1ª Examinadora
UFRJ
____________________________________________________________ Profª Drª SANDRA COSTA FONSECA – 2ª Examinadora
UFF
RIO DE JANEIRO
2015
DEDICATÓRIA Aos meus pais (AROLDO e ROSANGELA), que sempre buscaram o melhor para a minha educação e para a minha vida e pelo apoio incondional. Ao meu marido (THIAGO), que sempre esteve presente em todos os momentos dessa longa jornada e por dividir sua vida ao meu lado.
AGRADECIMENTOS Primeiramente gostaria de agradecer a DEUS pelo dom da minha vida, e por ter me amparado e auxiliado em todos os momentos. À minha orientadora PAULINE, que sempre esteve presente, do início ao fim, com uma palavra carinhosa, um gesto amigo e que viveu e criou comigo esta dissertação. Sem palavras para agradecer! Aos componentes da banca de defesa, que dedicarão parte de seu tempo e que contribuírão com sugestões e correções. Muito obrigada!
RESUMO
No nível individual, o baixo peso ao nascer é um biomarcador de saúde perinatal e uma
etapa intermediária de um processo causal da mortalidade infantil sendo considerado um
excelente indicador da sobrevida de um recém-nascido. Porém, há controvérsias sobre o uso da
proporção do baixo peso ao nascer como um indicador de saúde para identificar grupos
populacionais de maior risco de morbimortalidade. Uma combinação das informações sobre
idade gestacional e peso ao nascer deve ser priorizada para caracterização de risco individual e
para fins de monitoramento populacional. Foi realizada uma análise dos indicadores de saúde
perinatal de base populacional a partir das informações sobre idade gestacional e peso ao nascer
nos registros do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos do município de Niterói no
período 2000-2011. Trata-se de um estudo ecológico analítico sobre indicadores de saúde
perinatal de base populacional no município de Niterói. Os bancos de dados anuais, sem
identificação do nome da mãe e endereço de residência foram no site do DATASUS, Ministério
da Saúde. As tendências das prevalências de nascimentos pré-termo e de baixo peso ao nascer,
indicadores clássicos de monitoramento da saúde perinatal, foram de aumento de cerca de 19%
para prematuridade (< 37 semanas) e de diminuição de 1,8% para o baixo peso ao nascer (<
2.500 g) entre 2000 e 2011. As análises deste estudo propiciaram uma ampla discussão sobre a
adequação de indicadores para fins de monitoramento da saúde perinatal. Apesar da situação de
desenvolvimento do município e da redução da mortalidade infantil são preocupantes a tendência
crescente de nascimentos pré-termo e certa estabilidade ou discreta redução da proporção de
nascidos vivos pequenos e pré-termo.
DESCRITORES: Recém-nascido de baixo peso ao nascer; nascimento prematuro; peso ao
nascer; idade gestacional; indicador de risco.
ABSTRACT
At the individual level, low birth weight is a perinatal health biomarker and an intermediate
stage of a causal process of infant mortality is considered an excellent indicator of survival of
a newborn. However, there is controversy about the use of the proportion of low birth weight
as a health indicator to identify population groups at higher risk of morbidity and mortality. A
combination of the information on gestational age and birth weight should be prioritized to
characterize individual risk and for the purpose of population monitoring. An analysis of
perinatal health indicators of population-based from the information on gestational age and
birth weight in the records of Live Birth Information System of Niterói in the period 2000-
2011 was held. This is an analytical ecological study of perinatal health indicators of
population base in Niterói. Banks of annual data, without identifying the name of the mother
and home address were downloaded by the site do DATASUS, National Ministry of Health.
Trends in prevalence of preterm births and low birth weight, classic indicators of monitoring
perinatal health, were increased about 19% for preterm birth (<37 weeks) and decrease of
1.8% for the base birth weight (<2,500 g) between 2000 and 2011. the analysis of this study
provided a broad discussion about the appropriateness of indicators for monitoring purposes
perinatal health. Despite the city's development situation and reducing child mortality are
worrying the growing trend of preterm births and some stability or slight reduction in the
proportion of small live births and preterm.
KEYWORDS: low birth weight newborn; premature birth; birth weight; gestational age; risk
indicator.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1. Fatores de risco para prematuridade
Quadro 2. Fatores que influenciam o peso ao nascer
Quadro 3. Critérios de “limpeza” de bancos de dados quanto as variáveis peso ao nascer e
idade gestacional.
Figura 1. Curva de peso ao nascer, proporção do componente residual, média e desvio-padrão
do componente predominante, Niterói – Rio de Janeiro, 2000 (A) e 2001 (B).
Figura 2. Curva de peso ao nascer, proporção do componente residual, média e desvio-padrão
do componente predominante, Niterói – Rio de Janeiro, 2002 (A) e 2003 (B).
Figura 3. Curva de peso ao nascer, proporção do componente residual, média e desvio-padrão
do componente predominante, Niterói – Rio de Janeiro, 2004 (A) e 2005 (B).
Figura 4. Curva de peso ao nascer, proporção do componente residual, média e desvio-padrão
do componente predominante, Niterói – Rio de Janeiro, 2006 (A) e 2007 (B).
Figura 5. Curva de peso ao nascer, proporção do componente residual, média e desvio-padrão
do componente predominante, Niterói – Rio de Janeiro, 2008 (A) e 2009 (B).
Figura 6. Curva de peso ao nascer, proporção do componente residual, média e desvio-padrão
do componente predominante, Niterói – Rio de Janeiro, 2010 (A) e 2011 (B).
Gráfico 1. Prevalências de baixo peso ao nascer (<2.500 gramas) e de prematuridade (<37
semanas) em nascidos vivos de 2000 a 2011, Niterói, RJ.
Gráfico 2. Prevalência de nascimentos pré-termo (<37 semanas) e pós-termo (>=42 semanas)
segundo método de cálculo ou estimativa da idade gestacional, Niterói, 2011.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Características dos registros de Nascidos Vivos – Niterói, Rio de Janeiro, 2000 a 2011. Tabela 2. Frequência absoluta de preenchimento das variáveis data da última menstruação tipo de método e incompletitude da variável semana de gestação segundo método de cálculo ou estimativa da idade gestacional – Niterói, Rio de Janeiro, 2011. Tabela 3. Distribuição dos dias do mês informados na Data da Última Menstruação – Niterói, Rio de Janeiro, 2011. Tabela 4. Estatísticas sumárias do Peso ao Nascer (gramas) segundo intervalos da Idade Gestacional em semanas, Niterói, Rio de Janeiro, 2000 a 2011. Tabela 5. Estatísticas sumárias do Peso ao Nascer (gramas) segundo duração da gestação e método de cálculo e estimativa da idade gestacional - Niterói, Rio de Janeiro, 2011. Tabela 6. Nascidos vivos e componentes predominante (média e desvio-padrão) e residual da curva de distribuição do peso ao nascer por ano de nascimento Niterói – Rio de Janeiro. Tabela 7. Distribuição da frequência absoluta e proporcional dos Nascidos Vivos segundo indicadores de saúde perinatal, Niterói – RJ, 2000 a 2011. Tabela 8.
LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS
BPN – Baixo Peso ao Nascer
CEP – Comitê de Ética e Pesquisa
CIR - Crescimento Intrauterino Restrito
CNS – Conselho Nacional de Saúde
DN – Declaração de Nascido Vivo
DUM – Data da Última Menstruação
EBPN - Extremo Baixo Peso ao Nascer
EUA – Estados Unidos da América
IESC – Instituto de Estudos em Saúde Coletiva
IG – Idade Gestacional
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
MBPN - Muito Baixo Peso ao Nascer
MS – Ministério da Saúde
OMS - Organização Mundial da Saúde
PIG - Pequeno para a Idade Gestacional
PN – Peso ao Nascer
RN – Recém-Nascido
RJ – Rio de Janeiro
SINASC – Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
SIS - Sistema de Informação de Saúde
SMSDC (RJ) - Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Município do Rio de Janeiro
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
US – Ultrassonografia
APRESENTAÇÃO
As condições de atenção ao parto e nascimento vêm sendo cada vez mais discutidas nos
estudos nacionais e internacionais sobre a saúde perinatal e a prematuridade é um tema em foco.
A frequência de partos pré-termo tem apresentado diferentes tendências segundo lugar e
tempo. No Brasil, há estudos que relatam uma tendência de aumento de nascimentos pré-termo e
esses estudos serão abordados ao longo dessa dissertação.
Tanto a prematuridade quanto o Baixo Peso ao Nascer (BPN) estão associados à
mortalidade infantil. No Brasil, a taxa de mortalidade infantil apresenta uma redução ao longo
dos anos, porém, ainda encontra-se em um nível elevado dado o potencial de evitabilidade do
óbito infantil. A partir das informações sobre a Idade Gestacional (IG) e o Peso ao Nascer (PN) é
possível inferir sobre a desnutrição intrauterina que também representa um fator de risco para a
mortalidade infantil e está associada ao surgimento de doenças crônicas degenerativas ao longo
da vida.
A disponibilidade, representatividade e acurácia das informações sobre idade gestacional
e peso ao nascer são relevantes para a construção e monitoramento de indicadores de saúde
perinatal, identificando grupos populacionais de maior risco de morbimortalidade.
Para avaliar a prematuridade ao nível populacional, utiliza-se como indicador de saúde a
proporção (ou prevalência) de nascimentos pré-termo, ou seja, aquele Recém-Nascido (RN) < 37
semanas de gestação segundo a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS). Recém-
nascidos com idade gestacional inferior a 32 semanas, denominados, muito pré-termo,
representam um subgrupo de maior vulnerabilidade para morbimortalidade e sua proporção é
utilizada como indicador de saúde. Para construção de indicadores de saúde baseados no PN,
utilizam-se as proporções (ou prevalência) de crianças que nascem com BPN (< 2.500 gramas),
Muito Baixo Peso ao Nascer (MBPN) (<1.500 gramas) e Extremo Baixo Peso ao Nascer (EBPN)
(< 1.000 gramas) (OMS).
O Brasil possui um Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) de base
populacional que reúne informações epidemiológicas/clínicas maternas, do recém-nascido, do
parto e da gestação e possui vasta cobertura em território nacional. O sub-registro de nascidos
vivos é mais frequente nas regiões menos desenvolvidas do país, Norte e Nordeste. A
incompletude das informações constantes do SINASC vem diminuindo, entretanto a validade de
algumas informações, como a IG, ainda é questionável.
A IG pode ser calculada a partir de informações da Data da Última Menstruação (DUM)
ou estimada pela US (Ultrassonografia) e por exames clínicos. A DUM é um método simples de
baixo custo e recomendado pela OMS para estudos de base populacional. A US é precisa nas
primeiras 20 semanas de gestação, mas a mais utilizada é a DUM que tem limitações para o
cálculo da IG devido à memória da mãe, ao erro de preferência de dígitos e de registro. Portanto,
a validade da IG é prejudicada quer seja pelo próprio método de medida, quer seja pelo registro
dessa informação no SINASC.
Ao contrário da IG, a informação sobre o PN possui maior acurácia. O PN é mais
facilmente mensurado dado que atualmente a maioria dos partos ocorre em estabelecimentos de
saúde.
No nível individual, o BPN é um biomarcador de saúde perinatal e uma etapa
intermediária de um processo causal da mortalidade infantil sendo considerado um excelente
indicador da sobrevida de um RN. Porém, há controvérsias sobre o uso da proporção do BPN
como um indicador de saúde para identificar grupos populacionais de maior risco de
morbimortalidade. O ponto de corte de 2.500 gramas para o BPN segundo a OMS não é o mais
adequado para identificar grupos de risco em diferentes populações do mundo. Torna-se
necessário quantificar a fração populacional de maior risco perinatal, os RN pré-termo e
pequenos.
Quando possível, uma combinação das informações sobre IG e PN deve ser priorizada
para caracterização de risco individual e para fins de monitoramento populacional.
Diante do exposto, a proposta desse projeto de pesquisa é analisar os indicadores de saúde
perinatal utilizando as informações sobre idade gestacional e peso ao nascer de base populacional
no município de Niterói – RJ de 2000 a 2011, considerando-se a qualidade dessas informações.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................16
1.1 PREMATURIDADE....................................................................................................19
1.2 PESO AO NASCER.....................................................................................................23
1.2.1 Baixo Peso ao Nascer................................................................................................26
1.3 SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE NASCIDOS VIVOS.................................27
2 JUSTIFICATIVA ..........................................................................................................29
3 OBJETIVOS ..................................................................................................................31
3.1 GERAL.........................................................................................................................31
3.2 ESPECÍFICOS.............................................................................................................31
4 METODOLOGIA ..........................................................................................................32
5 RESULTADOS...............................................................................................................35
5.1 QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES.........................................................................35
5.2 DISTRIBUIÇÕES DO PESO AO NASCER POR IDADE GESTACIONAL.............39
5.3 CURVAS DE DISTRIBUIÇÃO DO PESO AO NASCER..........................................41
5.4 INDICADORES CLÁSSICOS DE SAÚDE PERINATAL.........................................43
6 DISCUSSÃO...................................................................................................................47
7 CONCLUSÃO................................................................................................................53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................54
ANEXOS............................................................................................................................61
16
1 INTRODUÇÃO
O aumento do número de nascimentos pré-termo tem sido observado no Brasil
(SILVEIRA et al., 2008, p.957), nos Estados Unidos da América (EUA), Reino Unido (BECK et
al., 2010, p.31) representando atualmente um grande desafio para a saúde perinatal (VICTORA et
al., 2011, p.42). Em 2000, considerando-se apenas os registros do Sistema de Informações sobre
Nascidos Vivos (SINASC) com informação sobre Idade Gestacional (IG), a prevalência nacional
de pré-termo foi cerca de 6,7 % alcançando em 2011, 9,8% (BRASIL, 2011). Dados do SINASC tendem a subestimar a prevalência de nascimentos pré-termo
(MATIJASEVICH et al., 2013, p.561). Baseados numa revisão de estudos nacionais com dados
primários sobre idade gestacional entre 1990 e 2012, Silveira e colaboradores calcularam um
fator de correção dos dados do SINASC (SILVEIRA et al., 2013, p.994). Após a aplicação de
fatores de correção, as prevalências nacionais de pré-termo em 2000 e 2011 foram cerca de 11%
e 12% com uma tendência de incremento anual muito discreto, inferior a 0,1% no período
analisado (MATIJASEVICH et al., 2013, p.559). Em um estudo de revisão sistemática sobre o nascimento pré-termo mundial em 2005,
África e América do Norte apresentaram as maiores prevalências, respectivamente 11,9% e
10,6%, enquanto na Europa, a magnitude foi de 6,2% refletindo, portanto, disparidades de saúde
(BECK et al., 2010, p.35). Gravidez múltipla, técnicas de reprodução assistida, maior intervenção
médica como indução do parto e cesarianas, redução da natimortalidade, podem explicar, em
parte, o aumento de nascimentos pré-termo (BECK et al., 2010, p.32; VELOSO et al., 2013, p.
98). A validade da informação sobre IG é importantíssima para classificação de prematuridade
(PEREIRA et al., 2013, p.1).
Os métodos de aferição da IG são: Data da Última Menstruação (DUM); Ultrassonografia
(US); Peso ao Nascer (PN) e Exame Físico/Clínico. O cálculo da IG baseado na DUM é o mais
simples, porém pode sofrer variações devido à duração do ciclo menstrual, ao espaçamento entre
nascimentos, à presença de sangramento consequente à implantação do óvulo fecundado e
depende da memória da mãe (PEREIRA et al., 2013, p.1). A preferência de dígitos em relação ao
dia do mês da DUM reflete problemas de lembrança (SAVITZ et al.,2002, p.1664).
17
O método baseado na DUM, devido a problemas de memória, tende a superestimar as IG
extremas levando a superestimação de pré-termo e pós-termo (PEREIRA et al., 2013, p.2). A
concordância entre o método baseado na DUM e a US para a classificação de RN pré-termo e a
termo foi razoavelmente boa (Kappa=0,72), entretanto, para a classificação de RN a termo e pós-
termo foi fraca (Kappa=0,16) (SAVITZ et al.,2002, p.1662). A subestimação de partos a termo
foi caracterizada a partir da descrição da distribuição bimodal do PN entre Recém-Nascidos (RN)
pré-termo fundamentalmente devido aos erros de registro e/ou digitação (PEARL et al., 2007,
p.50; HAGLUND, 2007 p.74).
Quanto ao exame clínico do recém-nascido para estimativa da idade gestacional, há
inadequação da maioria dos escores propostos para idades gestacionais extremas e/ou com baixo
peso ao nascer e o erro de classificação dos recém-nascidos pré-termo pode gerar problemas na
assistência neonatal e nos primeiros anos de vida da criança (MORAES e REICHENHEIM, 2000
p. 91).
Quando comparados os métodos de cálculo da IG baseados na DUM e no exame clínico
do RN, a concordância é boa entre os RN a termo, mas não entre os pré-termo e pós-termo
(MUSTAFA & DAVID, 2001, p. 20).
O método mais acurado é a US nas primeiras 20 semanas de gestação, sendo o intervalo
de 10 a 13 semanas e seis dias, considerado ideal devido à menor variabilidade do crescimento
fetal (NICE, 2008 p.14). O grau de discrepância entre a IG calculada pela DUM e pela US é
dependente de características maternas (HOFFMAN et al., 2008, p. 593).
A prevalência de nascimentos pré-termo é um importante indicador de saúde
populacional, entretanto, diferentes métodos de aferição da IG e falhas no registro da informação
podem comprometer sua interpretação. Quanto ao Peso ao Nascer (PN), observa-se uma relativa estabilidade da prevalência
nacional do Baixo Peso ao Nascer (BPN) (< 2500 gramas), 8,7% e 8,4% em, respectivamente,
1994 e 2010 (BRASIL, 2013), principalmente a partir de 2000, apesar do crescimento do número
de nascimentos pré-termo (VICTORA et al., 2011, p. 39). Uma explicação plausível para essa
tendência de estabilidade está relacionada com a redução da frequência do Crescimento
Intrauterino Restrito (CIR) (BARROS, 2008) o que equilibra o efeito negativo do aumento da
prematuridade (VICTORA et al., 2011, p. 39).
18
Observam-se direções opostas da associação entre as prevalências de BPN e
prematuridade: uma associação positiva é descrita nos EUA na década de oitenta e no Japão na
década anterior e negativa, na Finlândia e França nas décadas de oitenta e noventa (VELOSO et
al., 2013, p.92).
Apesar de o BPN representar um excelente preditor do risco de morte infantil no nível
individual, sua proporção entre os recém-nascidos no nível populacional não é um bom indicador
de saúde perinatal (WILCOX, 2001, p.1233).
Durante todo o período de 1996-2010, as proporções de BPN foram maiores nas capitais
das regiões mais desenvolvidas (Sul e Sudeste) e menores entre as regiões menos desenvolvidas
(Norte, Nordeste e Centro-Oeste) (VELOSO et al., 2013, p.93). Observa-se que o comportamento
da taxa de mortalidade infantil é o contrário em relação ao da proporção de BPN (associação
negativa) sendo denominado paradoxo do baixo peso ao nascer (WILCOX & RUSSEL, 1983,
p.316). Populações que apresentam as curvas de distribuição do PN deslocadas para esquerda
(recém-nascidos “mais leves”) apresentam a mesma forma da curva de mortalidade neonatal
específica por categorias PN (“J” invertido) de populações sem assimetria na curva de
distribuição do PN. Quando padronizadas as curvas de distribuição do PN (escore z) elas se
sobrepõem e o paradoxo do peso ao nascer se desfaz. A partir de modelagem dos dados populacionais do PN é possível estimar dois
componentes da curva de distribuição do PN: uma distribuição predominante simétrica composta
pela maioria dos recém-nascidos e outra residual que representa o restante da distribuição
(WILCOX e RUSSEL, 1983). A interpretação biológica é que os RN da distribuição
predominante são fundamentalmente a termo e os da residual RN pré-termo e pequenos, com
maior risco para morbimortalidade. Estabelecer o mesmo ponto de corte de 2.500 gramas para
caracterizar risco perinatal em populações com diferentes distribuições do PN não é, portanto,
apropriado (WILCOX, 2001, p.1235).
A proporção de RN do componente residual é considerada um bom indicador de saúde
perinatal (WILCOX, 2001, p.1235). Para construção deste indicador basta ter disponível a
informação sobre o PN que é mais completa e mais acurada do que a da IG (WILCOX, 2001,
p.1235).
19
1.1 PREMATURIDADE
O nascimento pré-termo é definido como o parto que ocorre antes de 37 semanas
completas ou 259 dias de gestação (WHO, 2011, p.5). Mundialmente é um problema relevante da
saúde perinatal devido ao impacto na morbidade e mortalidade infantis, além dos custos diretos
do setor saúde ao manejo do Nascido Vivo (NV) pré-termo fazendo-se necessária a
monitorização da proporção de nascimentos pré-termo (SILVEIRA et al., 2009, p.1267).
Eventos que levam à prematuridade ainda não são completamente compreendidos,
embora sua etiologia seja considerada multifatorial (BECK et al., 2010, p.31; BETTIOL et al.,
2010, p.58). A seguir no Quadro 1 são apresentados alguns dos fatores de risco que podem levar
a prematuridade (BETTIOL et al., 2010, p.58, SILVA et al., 2004, p.821) .
Quadro 1 – Fatores de risco para prematuridade
COMPORTAMENTAIS
Tabagismo; uso de drogas; trabalho extenuante.
MORBIDADES E
INTERCORRÊNCIAS
NA GESTAÇÃO
Infecção; hipertensão arterial sistêmica na gravidez; baixo
índice de massa corpórea.
SOCIOECONÔMICAS
E DEMOGRÁFICAS
Raça; cor; idade; escolaridade.
CARACTERÍSTICAS
REPRODUTIVAS E
GESTAÇÃO
Colo uterino curto; intervalo intrapartal; história anterior de
nascimento pré-termo e natimorto; reprodução assistida.
Fonte: BETTIOL et al., 2010, p.58, SILVA et al., 2004, p.821.
Intervenções médicas excessivas e desnecessárias como indução do parto e cesarianas
vêm contribuindo para o aumento dos nascimentos pré-termo no Brasil, embora haja controvérsia
(SILVA et al., 2004, p. 825; BARROS et al., 2008, p.396). No Brasil, a prevalência de
prematuridade vem aumentando de forma não homogênea segundo localização geográfica e IG
além das diferenças de magnitude segundo a fonte de dados utilizada.
20
Silveira et al., (2008, p. 962), em uma revisão bibliográfica sobre estudos nacionais que
utilizaram dados primários sobre a IG observaram uma tendência de aumento da prevalência de
prematuridade a partir da década de noventa, principalmente na faixa etária de 34-36 semanas, ou
seja, RN pré-termo limítrofe. Ao compararem os resultados destes estudos com aqueles obtidos a
partir dos dados do SINASC, os autores confirmaram a hipótese de subestimação da magnitude
de prematuridade com a utilização desta fonte de dados secundários. Os autores destacam que as
consequências para a mortalidade infantil são substanciais, uma vez que os RN limítrofes
apresentam risco cinco vezes maior de morrer durante o primeiro ano de vida se comparados aos
nascidos a termo (SILVEIRA et al., 2008, p.963).
A tendência crescente da prematuridade a partir dos dados do SINASC foi descrita
segundo regiões e capitais do Brasil e IG em outra publicação (SILVEIRA et al., 2009, p.1272).
De 1994 a 2005, somente as regiões Norte e Nordeste, excetuando-se as capitais, apresentaram
tendência de diminuição (SILVEIRA et al., 2009, p.1269). Os autores atribuíram este resultado à
piora da informação do SINASC, à incorporação preferencial no sistema da informação da IG de
menor risco e ao fato de as capitais do Norte e Nordeste concentrarem maternidades de alto risco
e contabilizarem maior número de nascimentos pré-termo, que poderiam estar sendo notificados
com locais de residência incorretos ou pela melhoria do preenchimento da Declaração de Nascido
Vivo (DN) (SILVEIRA et al., 2009, p.1272).
Em publicação recente, a subestimação da prevalência de prematuridade a partir dos
dados do SINASC, quando comparado aos dados de estudos nacionais com coleta primária da
informação sobre idade gestacional, foi discutida e fatores de correção foram estimados
(MATIJASEVICH et al., 2013, p.561, SILVEIRA et al., 2013, p.994). Observou-se uma
tendência crescente das estimativas da prevalência de prematuridade corrigidas, embora muito
discreta, com aumentos anuais pouco inferiores a 0,1 ponto percentual entre 2000 e 2011.
Segundo o SINASC, a prevalência de nascimentos pré-termo oscilou entre 6 e 7%, de 2000 a
2010, enquanto as estimativas corrigidas mostraram valores entre 11 e 12% nos mesmos anos
analisados. Durante todo o período, as prevalências foram sistematicamente menores na Região
Norte, seguida pelas regiões Nordeste e Centro-Oeste. Segundo os autores, a mudança do campo
relativo à IG na DN em 2011 diminuiu a subestimação dos nascimentos pré-termo: a
subestimação da prevalência passou de 4,6% para 1,8%, respectivamente em 2010 e 2011.
Silveira e colaboradores argumentam que provavelmente a coleta da informação da idade
21 gestacional em semanas de gestação exatas e não mais da forma intervalar em 2011 explica essa
modificação positiva na qualidade dos dados do SINASC (SILVEIRA et. al, 2013, p.999).
Até 2010 a informação sobre IG era intervalar e não havia identificação do método
utilizado para o seu cálculo na DN. Em 2011 foi introduzido um campo para a informação da
DUM e automaticamente após a digitação desta informação, o programa de entrada de dados
calcula a IG. Na ausência da DUM, a IG informada é preenchida na DN, devendo nessa situação
preencher outro campo da DN sobre o método utilizado para o seu cálculo, e digitada. Em 2011
circularam os modelos novo e antigo da DN. Maiores detalhes serão abordados no tópico 1.3 -
Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (introdução) e na Metodologia.
As estimativas das prevalências de nascimentos pré-termo em países em desenvolvimento
são influenciadas por uma série de fatores, como diferentes procedimentos usados para
determinar a IG, diferenças nos registros de nascimento, definições imprecisas para o nascimento
pré-termo, entre outros fatores. Essas questões fazem com que a aferição da IG e particularmente
do parto pré-termo seja difícil nestes países (GRAAFMANS et al., 2001, p.1237).
A qualidade dos dados da DUM na certidão de nascimento pode ser afetada por
dificuldades de lembrança e erros de registro, além de limitações inerentes ao método de cálculo
e à ocorrência de sangramento vaginal não menstrual confundido com um período normal
(PEARL, WIER, KAHARRAZI, 2007, p.50). Segundo Pearl, Wier, Kaharrazi (2007, p.52), a
qualidade dos dados de base populacional sobre NV norte-americanos está associada às
características maternas e dos RN. A incompletude e ausência da informação sobre DUM foram
maiores entre mães afro-americanas, mais jovens, com menor escolaridade, cobertas pelo seguro
de saúde público e que tiveram RN com BPN. A inacurácia da DUM devida à memória pode ser
verificada pelos erros de preferência de dígitos do dia do mês (principalmente a preferência pelos
dias um e quinze) também foram relatados pelos autores em consonância com outros estudos
(SAVITZ et al.,2002, p.1664; LYNCH e ZANG, 2007, p.87).
A qualidade da informação sobre a IG pode ser avaliada a partir da distribuição do PN.
Nos EUA, os registros vitais de nascimento do estado da Califórnia têm fornecido um número
suficiente de partos pré-termo permitindo detectar uma distribuição bimodal do PN entre 20-27 e
28-31 semanas de gestação (PEARL, WIER, KAHARRAZI, 2007, p.52). A segunda moda do PN
parece ser em grande parte uma questão de erro de escrita e de lembrança (PEARL, WIER,
KAHARRAZI, 2007, p.58). O erro de classificação de RN a termo com registro de IG entre 28 e
22
31 semanas de gestação também foi descrito nos registros de base populacional da Suécia, sendo
o segundo pico em torno de 3.500 gramas, peso sugestivo de RN a termo (HAGLUND, 2007,
p.74). Segundo o autor, embora este erro de classificação seja mais frequente quando baseado na
DUM do que na US, ele independe do método utilizado para o cálculo da IG e é resultante de
problemas com a qualidade dos dados.
A acurácia dos métodos utilizados para o cálculo da IG difere e tem repercussões no
indicador de saúde prevalência de prematuridade afetando tanto sua magnitude quanto tendência.
A determinação da IG pode ser baseada, por exemplo, na DUM, na US, exame físico, PN; sendo
o cálculo baseado na DUM, o método mais simples, de menor custo e o mais utilizado. Porém,
este método é falho em muitas circunstâncias, como variações no ciclo menstrual, o espaçamento
entre as gestações, sangramento de implantação e memória da mãe (PEREIRA, 2013 p.1).
Segundo Haglund (2007, p.72), a estimativa da IG realizada por meio de US é a mais
acurada e pode ser usada para avaliar a verdadeira curva de distribuição do PN. Erros nas
estimativas da IG baseada na DUM resultaram em excesso de nascimentos pós-termo em relação
às estimativas da IG baseada na US na Califórnia, EUA (PEARL, WIER & KHARRAZI, 2007,
p. 50).
Pereira e colaboradores (2013, p.2) comentam que nos países desenvolvidos e em
desenvolvimento, o uso do método baseado na DUM tende a superestimar a IG nos extremos da
gestação. A estimativa clínica da IG apresenta uma média um pouco maior e uma mediana de
uma semana mais elevada em relação à estimativa da IG baseada pela DUM (MUSTAFA &
DAVID, 2001, p. 17).
O método para o cálculo da IG pode subestimar a prevalência de partos pré-termo, como
aquele baseado na DUM ou superestimá-la como o exame clínico de Capurro (PEREIRA et al.,
2013, p. 9), enquanto erros de informação (memória, registro e digitação) tendem a superestimá-
la.
23
1.2 PESO AO NASCER
O crescimento e desenvolvimento do RN caracterizam-se por processo de aumento do
tamanho e da complexidade estrutural e pela maturação das funções. Qualquer influência adversa
durante esse processo pode ter consequências cuja magnitude depende da natureza, do tempo,
duração do evento e gravidade (OMS, 2006, p.3).
Dois indicadores brutos de crescimentos são: a duração da gestação ou IG e o PN. Um RN
é considerado BPN, se não chega a pesar 2.500 gramas. Como o crescimento é um processo
gradual, uma criança pode pesar menos que 2.500 gramas porque nasceu muito mais cedo e/ou
porque é Pequeno para a Idade Gestacional (PIG) (OMS, 2006, p.3).
As condições de saúde de RN podem ser analisadas segundo diversos parâmetros, entre
eles, o PN. Esse parâmetro é função da massa corpórea, cuja constituição é o resultado de um
processo complexo onde concorrem inúmeros fatores de origem biológica, social e ecológica
(COSTA, GOTLIEB, 1998, p.329). No Quadro 2 são apresentados fatores que influenciam o
peso ao nascer segundo Adams e colaboradores (ADAMS et.al, 2009, p.239)
Quadro 2 - Fatores que influenciam o peso ao nascer
FATORES DE RISCO PARA O BAIXO PESO AO NASCER
ENVOLVING RISCOS Fatores contextuais, stress;
SOCIOECONÔMICOS
E DEMOGRÁFICOS
Raça; cor; idade; escolaridade, situação conjugal, e nível
socioeconômico;
COMPORTAMENTAIS
E AMBIENTAIS
Uso de substâncias, nutrição, alta altitude, trabalho físico;
MÉDICOS Paridade, desfecho BPN ocorrido em gravidez anterior, gravidez
múltipla, hipertensão, infecções.
Fonte: Adaptado de ADAMS et.al, 2009, p.239.
O peso ao nascer apresenta variabilidade de valores numa mesma população e entre
populações distintas ou na mesma população em momentos diferentes. Os fatores que
determinam as diferenças do PN segundo a IG entre as populações não são necessariamente
aqueles que operam dentro de cada população. Por isso, é necessário encontrar na natureza do
24
fatores que contribuem para o crescimento e desenvolvimento antes do nascimento, tanto dentro
das populações como entre elas, e quanto pode ser corrigido por intervenções específicas (OMS,
2006, p.3).
Segundo Wilcox (2001, p.1233) os dados de PN são mais precisamente registrados e têm
acesso livre por meio de estatísticas vitais. É também um indicador extremamente poderoso de
sobrevivência de um bebê.
Sabe-se que bebês nascidos a termo com peso inferior a 2.500 gramas tem um alto risco
de mortalidade e este fato está relacionado ao CIR. A maioria de bebês com CIR nasce a termo
(WILCOX, 2001, p.1234). A enorme força desta associação com a mortalidade é considerada
como evidência de sua causalidade. A mortalidade infantil é um evento raro pelo menos nos
países desenvolvidos, por isso os estudiosos precisam de um indicador substituto mais prevalente
de risco pré-natal mais frequente (proporção de RN pequenos para a idade gestacional e pré-
termo) e o BPN serve bem esse propósito (WILCOX, 2001, p.1234).
A distribuição de PN é uma distribuição de probabilidade normal com cauda inferior
estendida. A partir de modelagem estatística do PN, considerando-se uma mistura de distribuição
de probabilidades, é possível estimar dois componentes: a componente normal da distribuição do
PN, chamada de distribuição predominante e definida pelo seu valor médio e desvio padrão,
compreendendo a maioria dos partos; o restante da distribuição de PN é denominado de
distribuição residual, compreendendo todos os nascimentos localizados na cauda inferior, o que
corresponde de 2 a 5% dos nascimentos em uma população típica (WILCOX, 2001, p.1235).
As distribuições predominante e residual fornecem informações indiretas de aspectos da
IG (WILCOX, 2001, p.1235). A distribuição predominante corresponde à distribuição de PN de
bebês nascidos em sua maior parte a termo (37 ou mais semanas completas de gestação, contadas
a partir da DUM). Em relação à distribuição residual, praticamente todos os nascimentos são pré-
termo, porém nem todos os nascimentos pré-termo estão localizados na distribuição residual. A
distribuição residual calcula o percentual de nascimentos que são pré-termo e pequenos.
As distribuições predominante e residual de PN são independentes uma da outra. Uma
exposição que afeta o crescimento fetal não necessariamente afeta também o risco de parto pré-
termo. A média da distribuição predominante pode mudar sem afetar o percentual de nascimentos
na distribuição residual. E um fator que aumenta o risco de parto pré-termo não necessariamente
25 altera o peso médio dos bebês nascidos a termo. A proporção na distribuição residual pode mudar
sem afetar a distribuição predominante (WILCOX, 2001, p.1235).
Ao se comparar populações de nascidos vivos, uma diferença na proporção de
nascimentos na distribuição residual, sugere uma maior proporção de pré-termo e PIG e que estes
representam os bebês em situação de risco maior para mortalidade infantil (WILCOX, 2001,
p.1235).
A curva da mortalidade infantil específica por PN apresenta-se como um “J” invertido e
essa representação é encontrada em todas as populações, ocorrendo também na mortalidade
neonatal e mortalidade fetal (natimorto). Nesta representação há uma mortalidade alta entre os
bebês pequenos, indicando que o aumento da mortalidade acompanha o menor PN. Porém, a
curva de mortalidade não fornece por si só uma justificativa de um critério de risco maior de
mortalidade. Um aspecto fundamental da curva da mortalidade PN específica é a constância de
sua forma (WILCOX, 2001, p.1236).
Uma característica essencial da curva de mortalidade coeficiente específica por PN torna-
se aparente somente quando essa mesma curva é considerada em relação à distribuição de PN dos
quais as proporções são derivadas (WILCOX, 2001, p.1236).
Segundo Wilcox (2001, p.1236) bebês que nascem no Colorado nascem menores em
relação aos bebês nascidos no restante do EUA, devido à altitude elevada do Colorado. Na
análise das curvas de mortalidade infantil PN específica dos dois locais, o Colorado apresentou
taxas menores para bebês pequenos e maiores para os bebês grandes. Diante disso, Wilcox (2001,
p.1236) ajustou as duas distribuições de PN para uma curva padronizada. Após o ajuste, as duas
distribuições se tornam iguais, assim como as curvas de mortalidade infantil PN específica.
Portanto, a altitude afeta o PN, mas não a mortalidade. O CIR não necessariamente aumenta o
risco de mortalidade de um bebê no nível individual – nem aumenta a proporção de bebês
pequenos com maior risco (WILCOX, 2001, p.1237).
O caso se repete em relação a mães que fumam e tiveram bebês menores. Quando se
analisa a curva de mortalidade infantil PN específica por si só evidencia-se que bebês de mães
fumantes apresentam menor mortalidade em relação a bebês de mães que não fumam. Porém,
quando há o ajuste para a curva de distribuição de PN, surge uma nova relação entre as curvas de
mortalidade. A mortalidade é maior nos bebês de mães que fumavam em toda a distribuição do
PN. O fumo na gestação apresenta dois efeitos: retarda o crescimento fetal, deslocando a
26
distribuição de PN e a curva de mortalidade para níveis mais elevados. O efeito do fumo sobre a
curva de mortalidade infantil PN específica independe do PN (WILCOX, 2001, p.1237). Quando
padronizadas as curvas de distribuição do PN (escore z) elas se sobrepõem e o paradoxo do PN
se desfaz.
A proporção de BPN é facilmente afetada por mudanças na distribuição predominante e,
portanto, não é um indicador confiável de risco (WILCOX, 2001, p.1238). Segundo Wilcox
(2001, p.1238) o parto pré-termo possui um papel importante na determinação do BPN,
entretanto, se o PN é o único dado disponível, a distribuição residual deve ser estimada. A
distribuição residual fornece uma estimativa da proporção de nascimentos pré-termo e PIG, ou
seja, os bebês de alto risco (WILCOX, 2001, p.1239).
Quando um fator externo, por exemplo, a altitude, age retardando o crescimento fetal atua
em todos os bebês e não apenas nos PIG. Ao comparar duas populações, a única diferença no PN,
que afeta diretamente a mortalidade é uma diferença na distribuição dos bebês residuais, isto é,
uma diferença na proporção de nascimentos pré-termo e PIG (WILCOX, 2001, p.1239).
1.2.1 Baixo Peso ao Nascer
O BPN é definido como aquele menor que 2.500 gramas (WHO, 2011, p.5). A
prevalência do BPN pode ser considerada um indicador do nível de saúde da população e sua
magnitude é diversa com evidentes desvantagens para os países menos desenvolvidos (CARNIEL
et. al., 2008, p.170). A prematuridade e o CIR são os mecanismos que levam ao BPN que está
associado à morbimortalidade infantil e na vida adulta (CARNIEL et. al., 2008, p.173). O Brasil tem experimentado um aumento pouco expressivo na proporção de BPN, de
7,9% em 1995 para 8,2% em 2007. Diminuindo entre 1995 e 2000 e depois aumentando até 2003
e posteriormente mantendo a proporção de BPN praticamente constante (VELOSO et. al., 2013,
p.92).
A proporção de nascimentos múltiplos aumentou de 1,84% em 1997 para 2,15 em 2010
nas capitais brasileiras e foi maior nas regiões mais desenvolvidas (Sul e Sudeste) e menor nas
regiões menos desenvolvidas (Norte, Nordeste e Centro-Oeste) (VELOSO et al., 2013, p.93). Isto
pode ter contribuído parcialmente para o aumento da proporção de BPN (VELOSO et. al., 2013,
p.98).
27
Segundo Veloso et al., (2013, p.98), o paradoxo de BPN ocorre quando as regiões mais
desenvolvidas continuam a apresentar as maiores proporções de BPN. Uma explicação parcial
para esses achados é baseada em uma proporção mais elevada de muito BPN e nascimentos
múltiplos em capitais das regiões mais desenvolvidas (VELOSO et. al., 2013, p.98).
O BPN poder ser determinado pelo parto pré-termo ou CIR ou ambos e, portanto, é
presumivelmente evitável (WILCOX, 2001, p.1234). O BPN é um sinalizador que demanda
intervenções para melhorar a sobrevivência infantil.
1.3 SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE NASCIDOS VIVOS
A saúde infantil está presente na agenda política do Brasil há várias décadas. Na década
de 1990 foi implantado nacionalmente, o SINASC (Sistema de Informações sobre Nascidos
Vivos) cujo instrumento fonte das informações é a Declaração de Nascido Vivo (DN). Este
documento individualizado e padronizado, em nível nacional, contempla dados fundamentais
para a construção de indicadores de saúde, como o PN (COSTA & GOTLIEB 1998, p.329) e a
IG. A expansão do SINASC se deu de forma gradativa e para todas as Unidades da Federação e
desde o ano de 1994 o sistema é considerado implantado (Silveira et. al., 2009, p.1268).
Os dados fornecidos pelo SINASC sobre nascimentos pré-termo têm sido criticados
(SILVEIRA et. al., 2008, p. 962). A qualidade da informação da IG no SINASC pode estar
comprometida dada a frequência de informações ignoradas (SILVEIRA et. al., 2008, p. 963) e
devido aos erros de classificação de recém-nascidos pré-termo com IG entre 34-36 semanas
considerados a termo, subestimando a prevalência de prematuridade (SILVEIRA et. al., 2008,
p.959).
A cobertura nacional do SINASC está aumentando passando de 85,5%, em 1996, para
92,1% em 2005 (VELOSO et. al., 2013, p.92). Em 2011, a cobertura nacional do SINASC
atingiu 100%, segundo dados do Consolidado do SINASC (BRASIL, 2011). Além da cobertura
há também uma melhora na qualidade dos dados do SINASC, estimulando seu uso para o
gerenciamento das ações de saúde no país.
A dificuldade na realização de estudos sobre parto pré-termo deve-se aos obstáculos
enfrentados com o uso dos dados do SINASC, pois além da subestimação da prematuridade, a IG
28
era coletada na DN em intervalos predeterminados e não em semanas completas, prejudicando as
análises estatísticas (ASSUNÇÃO et. al., 2011, p.457).
Em 2011 houve uma mudança no conteúdo da DN, com maior detalhamento das
informações coletadas. A IG foi um dos campos alterados na DN. Foi acrescentado um campo
aberto para o registro da informação em semanas de gestação e foram incorporados campos
referentes à DUM e, na ausência dessa informação, a orientação é preencher manualmente o
campo “número de semanas de gestação” e o campo seguinte “método utilizado” (exame físico,
outro método ou ignorado) (BRASIL, 2011, p.15). Quando informada a DUM, no momento de
sua digitação, o campo “semanas de gestação” é preenchido automaticamente pelo programa
computacional de entrada de dados do SINASC que simultaneamente alimenta o campo da série
histórica, no qual a IG é armazenada em intervalos definidos no modelo antigo. Este novo
modelo permite maior precisão na coleta do dado, a redefinição de estratos, além de cálculo de
medidas de tendência central (BRASIL, 2011, p.15). Em 2011, os dois modelos da DN
circularam em território nacional, segundo dados do Consolidado do SINASC (BRASIL, 2011).
29 2 JUSTIFICATIVA
Diante da transição perinatal com redução das mortalidades infantil e fetal, aumento de
nascimentos pré-termo e estabilidade da proporção de BPN torna-se necessário o monitoramento
de indicadores de saúde perinatal válidos que possam subsidiar ações de Saúde Pública. Avaliar a qualidade das informações sobre IG e PN do SINASC é um passo inicial na
construção de indicadores válidos. Em particular, para a informação sobre IG, não há muitos
estudos publicados que analisem possíveis mudanças dos indicadores de saúde calculados a partir
dos novos campos da DN, o que inspira a realização desta análise no presente estudo. O
município de Niterói foi pioneiro (1992) na implantação do SINASC (VELASCO, 1998, p.42)
cujos dados estão sendo analisados e discutidos em publicações recentes que apontam a
necessidade de investigação das tendências de prematuridade e BPN evidenciado nos estudos
descritos abaixo. Gaudêncio (2012, p.14) analisou o PN e a IG de nascidos vivos em Niterói, apresentando
conjuntamente dados relevantes sobre a prevalência da prematuridade no município. Entre os
meninos, a prevalência de nascidos pré-termo com BPN apresentou aumento de 34,2% (1996:
43,0% e 2004: 57,7%) e entre as meninas apresentou um aumento de 70,9% (1996: 33,0% e
2004: 56,4%). Ao analisar o PN segundo a IG, o estudo demonstrou uma redução nas
prevalências de MBPN e BPN entre os pré-termo e não pré-termo, evidenciando a inexistência de
RN com MBPN entre não pré-termo. A redução da prevalência de casos de MBPN foi mais
expressiva que a redução de BPN (GAUDÊNCIO, 2012, p. 14). Outro estudo realizado no município, Rozário e colaboradores (2013) demonstrou um
discreto aumento da proporção da prematuridade de 7,4% (2000) para 7,9% (2009) e o maior
incremento anual foi para os menores de 32 semanas de gestação (6,1%) (ROZÁRIO et.al., 2013,
p.144). No período de 2000 a 2009, a mediana e a média do PN apresentaram uma discreta
tendência de aumento e a proporção de BPN de queda. Não foi observado aumento da proporção
de RN de MBPN em Niterói nesse período. Diante da relevância do nascimento pré-termo para a saúde perinatal, a necessidade de
estudos epidemiológicos sobre o tema e a provável qualificação das informações sobre IG a partir
das alterações ocorridas no modelo da DN, este estudo visa identificar a população de risco
30
perinatal com ênfase na IG no município de Niterói no período 2000-2011, a partir de dados
populacionais do SINASC.
31
3 OBJETIVOS
3.1 GERAL
Analisar indicadores de saúde perinatal de base populacional a partir das informações
sobre idade gestacional e peso ao nascer nos registros do Sistema de Informações sobre Nascidos
Vivos do município de Niterói no período 2000-2011.
3.2 ESPECÍFICOS
• Descrever a qualidade das informações relacionadas à idade gestacional e ao peso ao nascer
no preenchimento da Declaração de Nascido Vivo.
• Analisar as curvas de distribuição do peso ao nascer e estimar os parâmetros dos
componentes da distribuição do peso ao nascer predominante e residual;
• Descrever a tendência da proporção de nascimentos pré-termo, do baixo peso ao nascer, do
muito baixo peso ao nascer e do extremo baixo peso ao nascer e de recém-nascidos com
maior risco de morbi-mortalidade infantil.
32
4 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo ecológico analítico sobre indicadores de saúde perinatal de base
populacional no município de Niterói – RJ, nos anos de 2000 a 2011. Este estudo está vinculado à
pesquisa “Curvas de Distribuição do peso ao nascer” aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(IESC/UFRJ) (Nº parecer 464.468/2013).
A fonte de dados é o registro de nascidos vivos do SINASC. Os bancos de dados anuais,
sem identificação do nome da mãe e endereço de residência foram cedidos pela Secretaria
Estadual de Saúde do Rio de Janeiro.
Para análise da qualidade da informação sobre IG e PN foram calculados os percentuais
anuais de incompletude destes campos considerando-se ausência de informação (campo da DN
em branco) e informação declarada ignorada. A informação sobre IG foi obtida por meio da
variável gestação (variável categórica), que agrega informação sobre idade gestacional intervalar
das DN antigas, e exata (variável contínua: semana de gestação) das DN novas e que se encontra
disponível para todo o período de análise. No ano de 2011 foi analisada a completude dos novos
campos para coleta da informação sobre idade gestacional: DUM e IG baseada por outros
métodos.
Adicionalmente, a qualidade das informações relacionadas à IG no preenchimento da DN
foi analisada por meio das distribuições do PN segundo intervalos de IG em semanas (< de 22; de
22 a 27; de 28 a 31; de 32 a 36; de 37 a 41; de 42 e mais) de 2000 a 2011 e da frequência dos dias
do mês da DUM para verificação de preferência de dígitos em 2011.
As proporções anuais de informações inconsistentes entre PN e IG foram avaliadas
segundo os critérios da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Município do Rio de
Janeiro (Rio de Janeiro, 2008) e os critérios da Secretaria de Vigilância em Saúde – Ministério da
Saúde (Quadro 3). A análise de qualidade dos dados foi realizada nas coortes originais de
nascidos vivos munícipes de Niterói de 2000 a 2011 (sem exclusões).
33
Quadro 3: Critérios de “limpeza” de bancos de dados quanto as variáveis peso ao nascer e idade gestacional. Secretaria Municipal do Rio de
Janeiro
Secretaria de Vigilância em
Saúde – Ministério da Saúde
Inconsistências entre
peso ao nascer e idade
gestacional
- < 22 semanas e > 600g
- de 22 a 27 semanas e > 1500g
-de 37 a 41 ou 42 e mais
semanas e < 1500g ou > 5500g.
- < 22 semanas e ≥1500 g
- de 22 a 27 semanas e > 2000g
- de 28 a 31 semanas e > 2700g
- de 32 a 36 semanas e > 4500g
- de 37 a 41 semanas e >6000g
Valores atípicos do peso
ao nascer
- < 400 g e
> 7000g.
Para análise dos indicadores de saúde perinatal, além da exclusão dos registros
inadequados segundo estes critérios de qualidade (“limpeza de dados”) também foram excluídos
registros de recém-nascidos gemelares das coortes originais de nascidos vivos constituindo-se
assim a população de estudo.
Os indicadores clássicos de saúde perinatal, prevalência de prematuridade (muito pré-
termo: < 32 e < pré-termos: <37 semanas de gestação) e prevalência de baixo peso ao nascer
(BPN:< 2500 gramas; MBPN: < 1500 gramas e EBPN: < 1000 gramas) foram calculados
anualmente e descritas suas tendências de 2000 a 2011. Para descrever a tendência dos
nascimentos pré-termo foi utilizada a informação da variável gestação.
As estatísticas sumárias do PN foram calculadas por intervalos de IG em semanas (< de
22; de 22 a 27; de 28 a 31; de 32 a 36; de 37 a 41; de 42 e mais) baseando-se nas informações da
variável gestação do banco de dados, comum a todo o período de análise, e da variável semana
de gestação dos registros correspondentes ao modelo novo da DN segundo o método de cálculo
ou estimativa da IG em 2011. Para essa última análise considerou-se somente registros de
nascidos vivos preenchidos apropriadamente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011, p.18): DUM
completa e outro Tipo de Método (sem concomitante preenchimento da DUM e com semana de
gestação informada). Foram calculadas as prevalências de nascimentos pré-termo (<37 semanas)
e pós-termo (≥42 semanas) baseando-se na variável semana de gestação.
34
Para as análises descritas anteriormente foram utilizados os programas computacionais
Stata 12.0 (StataCorp., College Station, Estados Unidos) e Excel (Microsoft Corp., Estados
Unidos).
Foram analisadas as curvas de distribuição do PN das coortes anuais de NV de 2000 a
2011, após a exclusão de gemelares e de registros sem informação sobre PN e do tipo de gravidez
(ignorado ou em branco) e PN atípico. Os indicadores de saúde perinatal baseados na distribuição
do peso ao nascer, propostos por Wilcox e Russel (1983), média e desvio-padrão da distribuição
predominante e a proporção de recém-nascidos da distribuição residual, foram estimados
utilizando-se o programa estatístico computacional em linguagem Fortran desenvolvido por
Wilcox e colaboradores e gentilmente disponibilizado para análise. A partir desta programação,
da teoria sobre modelagem estatística de mistura de distribuições (UMBACH e WILCOX, 1996,
p.1335) e de recursos de programação Java, foi desenvolvido pela pesquisa principal um
programa computacional amigável para leitura do banco de dados do SINASC (informação
individualizada sobre o peso ao nascer), incorporando opções para seleção de critérios de
inclusão/exclusão de registros e saídas gráficas dos resultados (KALE et. al., 2014, p.5). Foram
descritas as tendências dos parâmetros estimados pela modelagem (média e desvio-padrão do
peso ao nascer da distribuição predominante e a proporção de recém-nascidos da distribuição
residual) de 2000 a 2011.
Este projeto de pesquisa seguiu a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº
196/96 (17/12/2010) (BRASIL, 2003) e foi submetido ao CEP do IESC/UFRJ e obteve a
aprovação (Nº parecer 818.179/2014).
35
5 RESULTADOS
5.1 QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES
De 2000 a 2011, nasceram vivas 74.653 crianças de mães munícipes de Niterói, RJ. A
Tabela 1 apresenta as frequências anuais de nascimentos nas coortes originais, dos critérios de
exclusão (registros com informações faltantes, inconsistentes ou atípicas do PN e da IG e
gravidez múltipla) e da população de estudo.
Foi observada uma tendência de decréscimo do número de nascidos vivos no período
analisado: de 7.273 em 2000 para 6.139 em 2011 (Tabela 1). As proporções anuais de
incompletitude dos campos referentes às informações sobre IG e PN (campo da DN em branco
ou/e informação declarada ignorada) foram baixas, predominantemente com valores inferiores a
1%, sendo a frequência de preenchimento do campo peso ao nascer superior ao campo idade
gestacional (Tabela 1). Destaca-se um aumento da frequência de informação incompleta da IG
em 2004 (1,60%) e 2011 (1,25%). Em 2004, também foi verificado um maior percentual de
incompletitude em relação ao PN (0,22%). De 2006 a 2010, todas as DN tiveram o campo
referente ao PN preenchido e em 2011, apenas uma DN não apresentava essa informação.
Para detecção dos registros com inconsistências entre PN e IG foram aplicados e
comparados os critérios da Secretaria de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro (SMSDC) e do
Ministério da Saúde (MS). A ausência de critérios de inconsistências da SMSDC do Rio de
Janeiro específicos as IG entre 28 e 36 semanas quando comparados ao do Ministério da Saúde,
parece não ter interferido na frequência de registros inconsistentes, inferior a 1% em todos os
anos analisados para ambos os critérios (Tabela 1). Não houve inconsistência para a IG inferior a
22 semanas de gestação até 2005 pelo critério SMSDCRJ e 2006 pelo critério MS. Registros com
valores atípicos do PN segundo os critérios do Ministério da Saúde também foram inferiores a
1% no período analisado. Não houve registro de recém-nascido com peso superior a 7.000
gramas (Tabela 1). Considerando-se que não houve uma diferença expressiva entre as frequências
de registros com inconsistências entre PN e IG segundo os critérios de exclusão da SMSDCRJ e
36
MS e que valor atípico do PN é um critério apenas do MS optou-se pelos critérios de "limpeza
de dados" do MS para definição da população de estudo.
Além da ausência de informação sobre PN e IG, inconsistências entre essas duas
informações e valores atípicos de PN, gravidez múltipla também foi considerada um critério de
exclusão neste estudo. Houve um aumento de cerca de 59% de nascidos vivos gêmeos no período
analisado alcançando em 2011 2,88%. A frequência de registros anuais excluídos,
independentemente do critério, foi maior em 2011 (Tabela 1).
Após a exclusão dos registros, a população de estudo no período foi composta por 72.784
nascidos vivos. A tendência de declínio do número de NV das coortes originais (15,6%) também
foi observada na população de estudo (18,05%) ao longo dos anos.
Para análise da qualidade do preenchimento dos campos Data da Última Menstruação -
DUM e Tipo de Método – TPM (exame físico, outro método e ignorado) da coorte original em
2011 (6.139 NV) foi necessário identificar as novas e antigas DN no banco de dados.
Considerando-se que 2.820 DN apresentavam a informação sobre DUM ou TPM, presume-se que
esta seja a frequência de registros de NV com o novo modelo de DN e que o restante, 3.319
registros correspondam ao modelo antigo.
A tabela 2 apresenta as frequências dos métodos de cálculo e estimativa da IG e a
incompletitude do campo semana de gestação para DN com TPM preenchida na coorte original
de NV. Observa-se que 1.974 e 846 registros de DN apresentaram respectivamente DUM e TPM
preenchidas. Ao ser digitada a DUM, o sistema calculou e preencheu automaticamente a variável
semana de gestação do banco de dados e, portanto, a análise de completitude nessa situação não
se aplica. Entre os 846 registros com o campo TPM preenchido, predominou outro método (478)
seguido de exame físico (244) e ignorado (124) e 4,1% não apresentaram o campo semana de
gestação preenchido, em sua maioria quando a TPM era ignorada (Tabela 2).
37
Tabela 1: Características dos registros de Nascidos Vivos – Niterói, Rio de Janeiro, 2000 a 2011.
Características dos registros de Nascidos Vivos 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Total de Nascidos Vivos das Coortes originais N=7.273 N=6.629 N=6.330 N=6.149 N=6.383 N=5.975 N=5.802 N=6.025 N=5.985 N=5.993 N=5.970 N=6.139 Incompletude*a (%) Peso ao nascer N(%) 2 (0,03) 3 (0,05) 3 (0,05) 8 (0,13) 14 (0,22) 8 (0,13) 0 0 0 0 0 1(0,01)
Idade gestacional N(%) 21 (0,29) 19 (0,29) 20 (0,32) 44 (0,72) 102 (1,6) (1,60)
27 (0,45) 13 (0,22) 13 (0,22) 7 (0,12) 24 (0,40) 10 (0,16) 77 (1,25)
Inconsistências SMSDCRJ*b < 22 semanas, > 600g 0 0 0 0 0 0 2 1 2 1 6 3
22 a 27 semanas; > 1500g 3 3 1 1 4 6 0 1 2 2 0 9 37 a 41 e 42 e + semanas; < 1.500 g ou > 5.500 g
1 1 3 3 9 2 1 1 0 0 1 1
Total N (%) 4 (0,05) 4 (0,06) 4 (0,06) 4 (0,07) 13 (0,20) 8 (0,13) 3 (0,05) 3 (0,05) 4 (0,07) 3 (0,05) 7 (0,12) 13 (0,21)
Inconsistências MS*c < 22 semanas, ≥1500 g 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 2 2
22 a 27 semanas, >2000g 1 0 0 0 3 3 0 1 2 1 0 8
28 a 31 semanas, >2700g 1 0 2 1 3 4 1 1 5 2 4 9
32 a 36 semanas >4500g 1 0 0 4 0 1 0 0 0 0 0 2
37 a 41 semanas, >6000g 1 0 3 3 8 2 0 0 0 0 0 1
Total N (%) 4 (0,05) 0 (0,00) 5 (0,08) 8 (0,13) 14 (0,20) 10 (0,17) 1 (0,02) 3 (0,05) 8 (0,13) 4 (0,07) 6 (0,10) 22 (0,36) Valores atípicos do peso ao nascer*c
< 400g 2 0 1 1 1 1 5 7 5 7 9 13
> 7000g 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Total N (%) 2 (0,03) 0 (0,00) 1 (0,01) 1 (0,01) 1 (0,01) 1 (0,01) 5 (0,08) 7 (0,11) 5 (0,08) 7 (0,11) 9 (0,15) 13 (0,21)
Gravidez múltipla n (%) 132
(1,81) 122
(1,84) 123
(1,94) 119
(1,94) 131 (2,05) 98 (1,64) 132
(2,28) 141
(2,34) 114
(1,90) 135
(2,25) 154
(2,51) 172
(2,88)
Total de registros excluídos*d n (%) 146
(2,01) 130
(1,96) 140
(2,21) 129
(2,10) 152 (2,38) 106
(1,77) 139
(2,40) 152
(2,52) 130
(2,17) 161
(2,69) 186
(3,11) 298
(4,85)
Total de Nascidos Vivos da População de Estudo*d 7.127 6.499 6.190 6.020 6.231 5.869 5.663 5.873 5.855 5.832 5.784 5.841
*a registros em branco ou ignorado; *b Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Município do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, 2008)
*c Secretaria de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde; *d Excluídos registros com pelo menos um dos critérios: incompleto para peso ao nascer ou idade
gestacional, gravidez múltipla, valores atípicos do peso ao nascer e inconsistências entre peso ao nascer e idade gestacional (Ministério da Saúde).
Fonte: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – Secretaria de Estado de Saúde do RJ, 2000 – 2011.
38
Tabela 2 – Frequência absoluta de preenchimento das variáveis data da última menstruação tipo de método e incompletitude da variável semana de gestação segundo método de cálculo ou estimativa da idade gestacional – Niterói, Rio de Janeiro, 2011
Métodos de cálculo ou estimativa da idade gestacional - n0
Incompletitude da variável Semana de Gestação - n0(%)
Data da última menstruação
1.974 Não se aplica*
Tipo de método 846 35(4,1)
-Exame Físico 244 4(1,6)
-Outro Método 478 1(0,2)
-Ignorado 124 30(24,2)
Total 2.820 35(1,2)
*uma vez digitada a informação sobre a DUM o sistema computacional calcula e preenche no banco de dados a variável semana de gestação. Fonte: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – Secretaria de Estado de Saúde do RJ, 2011.
A tabela 3 apresenta a frequência absoluta dos dias da DUM, independentemente do mês
do ano. Nota-se que os dias do mês mais frequentes foram: 15 (n=135), 05 (n=125), 10 (n=109),
20 (n=107) e 25 (n=91). O dia 31, presente em 7 meses do ano, teve a menor frequência (n=18).
Tabela 3 – Distribuição dos dias do mês informados na Data da Última Menstruação – Niterói, Rio de Janeiro, 2011.
Dias do mês N0
Dias do mês N0
Dias do mês N0
01 69 12 56 23 53 02 49 13 47 24 64 03 57 14 44 25 91 04 46 15 135 26 64 05 125 16 65 27 47 06 51 17 59 28 77 07 50 18 74 29 29 08 52 19 25 30 55 09 33 20 107 31 18 10 109 21 46 ------------- ------------- 11 36 22 55 ------------- -------------
Fonte: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – Secretaria de Estado de Saúde do RJ, 2011.
Os resultados apresentados a seguir são restritos a população de estudo.
39 5.2 DISTRIBUIÇÕES DO PESO AO NASCER POR IDADE GESTACIONAL
As estatísticas sumárias anuais do peso ao nascer segundo a idade gestacional intervalar
da população de estudo de 2000 a 2011 são apresentadas na tabela 4.
Em 2000, 2004 e 2007 não foi registrado nascido vivo com idade gestacional inferior a 22
semanas de gestação. Como esperado, as tendências da média, mediana e valor máximo de peso
ao nascer são crescentes com o aumento da idade gestacional. O mesmo não ocorreu com o valor
mínimo do peso ao nascer de 2006 a 2011. Em 2007, por exemplo, o menor valor de peso ao
nascer foi 400 gramas em RN a termo entre 37 a 41 semanas de gestação e em 2011, 420 gramas
em recém-nascidos com 32 a 36 semanas de gestação. Quando comparadas as tendências das
estatísticas sumárias do PN segundo IG cronologicamente com o ano de nascimento observa-se
que na IG de 22 a 27 semanas, há uma redução da média, mediana e do valor mínimo e um
aumento do desvio-padrão de 238,99 gramas e do valor máximo do peso ao nascer entre 2000 e
2011. Para os recém-nascidos com 42 e mais semanas nota-se uma diminuição das estatísticas
sumárias do PN e para os demais recém-nascidos observa-se um aumento dos valores das
estatísticas sumárias do peso ao nascer por idade gestacional (Tabela 4).
40
Tabela 4 – Estatísticas sumárias do Peso ao Nascer (gramas) segundo intervalos da Idade Gestacional em semanas, Niterói, Rio de Janeiro, 2000 a 2011.
Idade Gestacional:
Estatísticas sumárias do Peso ao nascer
Ano de nascimento
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
<22 Média 0 478,33 520 475 0 575 1415 0 577,5 535 691,25 655
Desvio-padrão 0 79,43 . . 0 . 35,36 0 201,53 . 111,98 289,91
Mínimo 0 430 520 475 0 575 1390 0 435 535 610 450
Máximo 0 570 520 475 0 575 1440 0 720 535 850 860
Mediana 0 435 520 475 0 575 1415 0 577,5 535 652,5 655
22 a 27 Média 834,38 949,17 735,3 718,10 813,72 878,46 714,58 706,6 752,54 854,64 676,27 745,18
Desvio-padrão 238,99 424,03 300,43 270,39 267,82 338,06 147,26 173,59 239,83 319,14 191,17 245,44
Mínimo 520 485 400 425 430 485 490 505 410 485 420 490
Máximo 1470 2130 2000 1800 1780 1700 985 1175 1390 1640 1130 1524
Mediana 792,5 765 650 665 780 860 700 735 715 792,5 642,5 712,5
28 a 31 Média 1213,06 1204,9 1272,25 1335,11 1357,87 1358,37 1294,09 1371,63 1251,32 1166,62 1204,42 1303,08
Desvio-padrão 347,80 346,87 372,60 354,39 384,12 464,54 383,88 424,22 256,28 319,78 335,36 457,49
Mínimo 450 580 450 720 725 620 615 600 785 615 600 505
Máximo 2130 2180 2150 2200 2440 2685 2300 2680 1770 1840 2080 2465
Mediana 1200 1170 1205 1345 1310 1340 1190 1350 1200 1125 1120,5 1270
32 a 36 Média 2400,72 2357,6 2336,87 2348,88 2543,53 2433,81 2374,34 2451,44 2375,87 2431,59 2416,51 2553,12
Desvio-Padrão 558,68 539,63 500,93 512,04 558,61 538,68 550,94 504,61 518,52 555,38 563,37 634,44
Mínimo 650 860 815 755 1055 1050 630 910 1050 570 930 420
Máximo 4220 3910 3700 3800 4250 4055 4190 4390 4310 4450 3920 4245
Mediana 2430 2360 2350 2390 2565 2450 2370 2485 2380 2455 2435 2520
37 a 41 Média 3228,6 3218,8 3219,47 3238,35 3252,20 3244,73 3264,73 3249,91 3262,18 3257,50 3248,40 3246,06
Desvio-padrão 443,42 435,8 427,09 426,312 435,28 423,82 432,2739 439,87 440,29 438,59 443,58 447,31
Mínimo 1000 1010 1165 1530 1200 1260 1590 400 610 465 655 1090
Máximo 5040 5200 4980 4880 5300 5180 5900 5630 5210 5330 5660 5395
Mediana 3220 3200 3200 3220 3240 3230 3245,5 3230 3250 3250 3235 3230
≥42 Média 3537,5 3516,5 3306,35 3262,96 3476,71 3376,64 3507,75 3500,18 3480,66 3365,71 3365,61 3400,40
Desvio-padrão 471,875 385,82 373,42 432,38 539,45 556,28 444,05 526,18 485,27 522,49 378,5278 454,30
Mínimo 2670 2730 2715 2510 2570 2170 2270 2575 2560 2365 2732 1740
Máximo 4795 4350 4100 4165 4765 5500 4410 5335 4775 4445 4014 4410
Mediana 3460 3465 3305 3197,5 3475 3350 3472,5 3425 3512,5 3242,5 3352,5 3420
total Média 3161,4 3148,8 3144,6 3157,4 3174,6 3168,7 3182,2 3181,3 3191,2 3188,0 3179,2 3176,1
DP 532,6 530,6 529,1 539,1 543,0 529,6 548,4 532,8 540,2 535,6 541,9 546,4
Mínimo 450 430 400 425 430 485 490 400 410 465 420 420
Máximo 5040 5200 4980 5100 5300 5500 5900 5630 5210 5330 5660 5395
Mediana 3200 3180 3170 3195 3200 3200 3210 3200 3220 3215 3200 3200
Fonte: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – Secretaria de Estado de Saúde do RJ, 2000 – 2011.
Em 2011, para o cálculo da média e desvio padrão do peso ao nascer por idade gestacional
foram considerados apenas os registros com preenchimento apropriado dos campos data da
41 última menstruação, tipo de método e semana de gestação para as DN novas e gestação para
todas as DN (Tabela 5). A DUM foi o método mais utilizado para a informação sobre IG. Os
demais métodos apresentaram frequências muito baixas para alguns estratos de IG. Observa-se
maior frequência de RN pós-termo quando o método de cálculo da IG foi baseado na DUM. Os
valores médios do peso ao nascer foram superiores quando a IG foi calculada pela DUM em
relação ao total (todas as DN, modelos novo e antigo) e particularmente em relação a outro
método que inclui o US, exceto no estrato de 42 e mais semanas. A média do peso ao nascer para
RN pós-termo segundo a DUM foi menor quando comparada aos RN pós-termo com IG estimada
pelos demais métodos, excetuando-se exame físico, que apresentou apenas um registro, e total.
Tabela 5 – Estatísticas sumárias do Peso ao Nascer (gramas) segundo duração da gestação e método de cálculo e estimativa da idade gestacional - Niterói, Rio de Janeiro, 2011.
Idade DUM* Exame Físico Outro método Método ignorado Total
Gestacional n Média DP n Média DP n Média DP n Média DP n Média DP
<22 1 860,0 0,0 0 - - 1 450,0 0,0 0 - - 2 655,0 289,9 22-27 10 755,9 2.90,3 1 785,0 0,0 5 763,0 213,2 0 - - 22 745,2 245,4
28-31 18 1.382,8 5.66,0 3 1.416,7 187,6 3 928,0 232,2 2 1.482,5 236,9 53 1.303,1 457,5
32-36 152 2.788,4 6.31,4 13 2.304,3 738,8 51 2.516,0 575,8 8 2.437,5 388,3 384 2.553,1 634,4
37-41 1.606 3.277,6 4.33,7 206 3.275,7 442,6 404 3.160,0 527,2 74 3.258,7 440,7 5.263 3.246,1 447,3
≥42 101 3.375,3 4.63,4 1 3.210,0 0,0 4 3.453,0 278,5 0 - - 121 3.400,4 454,3 *DUM: Data da última menstruação Fonte: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – Secretaria de Estado de Saúde do RJ, 2011.
5.3 CURVAS DE DISTRIBUIÇÃO DO PESO AO NASCER Os gráficos das curvas de distribuição do peso ao nascer observada e esperada por
componente do primeiro (2000) e último (2011) anos analisados são apresentados na figura 1. A
distribuição observada do peso ao nascer por ano de nascimento assemelha-se a uma distribuição
normal com uma discreta assimetria à esquerda. As curvas anuais de peso ao nascer esperado
apresentam o componente predominante (área abaixo da linha de contorno verde), informando
42
médias e respectivos desvio-padrão, e o componente residual (área destacada em azul no lado
esquerdo da figura), informando a proporção de recém-nascidos vivos. O componente
predominante representa a maioria dos recém-nascidos e a distribuição do peso ao nascer segue
uma distribuição normal simétrica. Há um discreto aumento da média (2000: 3.221,3 gramas e
2011: 3.232,1 gramas), desvio-padrão (2000: 454,8 gramas e 2011: 458,7 gramas) peso ao nascer
do componente predominante e do percentual de recém-nascidos do componente residual (2000:
2,7% e 2011: 2,8%) entre 2000 e 2011 (Figura 1). As curvas de distribuição do peso ao nascer
observadas e esperadas por ano de nascimento de 2000 a 2011 são apresentadas em anexo.
Fonte: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – Secretaria de Estado de Saúde do RJ, 2000 – 2011.
Figura 1: Distribuição do peso ao nascer observada e esperada por componentes, Niterói, RJ, 2000 (gráfico esquerdo) e 2011 (gráfico direito).
Os valores dos parâmetros estimados a partir da modelagem do peso ao nascer por ano de
nascimento são apresentados na tabela 6. O ponto de truncamento que divide os componentes
predominante e residual da distribuição do peso ao nascer foi 2400,5g em quase todo o período.
Em 2005, 2010 e 2011 este valor foi 200g menor. A média do peso ao nascer para a maioria dos
recém-nascidos (componente predominante) aumentou discretamente de 2000 a 2011. O desvio-
padrão do peso ao nascer mostrou oscilações durante o período, mas de uma forma geral
diminuiu até 2010. O percentual de recém-nascidos de maior risco infantil variou de 2,7% a 3,6%
e há uma tendência de decréscimo com interrupções mais expressiva em 2008 e discretas em
2002 e 2011.
43
Tabela 6: Nascidos vivos e componentes predominante (média e desvio-padrão) e residual da curva de distribuição do peso ao nascer por ano de nascimento Niterói – Rio de Janeiro,
2011
Nascidos Vivos Ponto de truncamento
Componente Predominante Componente Residual
Peso ao nascer
Peso ao nascer (gramas) % Recém-Nascidos
Ano No (gramas) Média Desvio-Padrão
2000 7.127 2.400,5 3.221,3 454,8 2,7
2001 6.499 2.400,5 3.219,8 440,8 3,6
2002 6.190 2.400,5 3.211,5 435,7 3,4
2003 6.020 2.400,5 3.229,4 439,1 3,5
2004 6.231 2.400,5 3.241,3 448,0 3,3
2005 5.869 2.200,5 3.231,3 439,0 3,1
2006 5.663 2.400,5 3.244,9 449,2 3,4
2007 5.873 2.400,5 3.234,4 449,3 2,6
2008 5.855 2.400,5 3.248,4 447,8 3,0
2009 5.832 2.400,5 3.241,5 448,2 2,7
2010 5.784 2.200,5 3.235,1 449,0 2,7
2011 5.841 2.200,5 3.232,1 458,7 2,8
Fonte: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – Secretaria de Estado de Saúde do RJ, 2000 – 2011.
5.4 INDICADORES CLÁSSICOS DE SAÚDE PERINATAL
As tendências das prevalências de nascimentos pré-termo e de baixo peso ao nascer,
indicadores clássicos de monitoramento da saúde perinatal, foram de aumento de cerca de 19%
para prematuridade (< 37 semanas) e de diminuição de 1,8% para o baixo peso ao nascer (<
2.500 g) entre 2000 e 2011. As maiores oscilações da magnitude dos indicadores foram
observadas para prevalência de prematuridade. (Gráfico 1).
44
Fonte: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – Secretaria de Estado de Saúde do RJ, 2000 – 2011.
O aumento da prevalência de pré-termos foi de cerca de 29% entre aqueles com menos de
< 32 semanas de gestação passando de 1,0% (2000) para 1,3% (2011) (Tabela 7). Quanto à
prevalência de baixo peso ao nascer, as maiores reduções foram nos intervalo de BPN de 1.500 a
2.499g, cerca de 4%, e de 1.000 a 1.499g, 1,8%, entre 2000 e 2011 (dados não apresentados).
Observou-se um aumento de cerca de 21% da prevalência de extremo baixo peso ao nascer
(EBPN < 1.000g), de 0,5% (2000) para 0,6% (2011) (Tabela 7).
6,87,1
6,7 6,96,5 6,4 6,4 6,2
5,9 6,1 6,06,6
6,6
7,7
6,9
8,2 8,3
7,4 7,46,8
6,3 6,6 6,3
7,9
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
%
Gráfico 1: Prevalências de baixo peso ao nascer (<2.500 gramas) e de prematuridade (<37 semanas) em nascidos vivos
de 2000 a 2011, Niterói, RJ.
< 2500 gramas <37 semanas
45 Tabela 7: Distribuição da frequência absoluta e proporcional dos Nascidos Vivos segundo
indicadores de saúde perinatal, Niterói – RJ, 2000 a 2011.
Ano Nascidos vivos
Pré-termo (semanas) Baixo peso ao Nascer (gramas)
< 32 < 37 < 1000 < 1500 < 2500
n % n % n % n % n %
2000 7.127 73 1,0 472 6,6 34 0,5 55 0,8 482 6,8
2001 6.499 87 1,3 501 7,7 34 0,5 54 0,8 464 7,1
2002 6.190 71 1,1 426 6,9 38 0,6 44 0,7 413 6,7
2003 6.020 87 1,4 492 8,2 41 0,7 37 0,6 413 6,9
2004 6.231 78 1,3 516 8,3 42 0,7 43 0,7 402 6,5
2005 5.869 79 1,3 435 7,4 33 0,6 42 0,7 378 6,4
2006 5.663 81 1,4 420 7,4 38 0,7 49 0,9 361 6,4
2007 5.873 71 1,2 402 6,8 35 0,6 35 0,6 365 6,2
2008 5.855 68 1,2 370 6,3 35 0,6 44 0,8 345 5,9
2009 5.832 63 1,1 385 6,6 41 0,7 34 0,6 354 6,1
2010 5.784 68 1,2 365 6,3 39 0,7 43 0,7 346 6,0
2011 5.841 77 1,3 461 7,9 37 0,6 46 0,8 388 6,6
Total 72.784 903 1,2 5.245 7,2 447 0,6 526 0,7 4711 6,5
Fonte: SINASC – Secretaria de Estado de Saúde do RJ, 2000 – 2011.
46
As prevalências de prematuridade e pós-maturidade variaram segundo método de cálculo
ou estimativa da IG (Gráfico 2). A menor prevalência de prematuridade foi atribuída ao exame
físico (7,6%) e a maior prevalência de pós-termo (5,3%) à DUM. A prevalência de prematuridade
quando o método foi ignorado se aproxima da prevalência referente ao outro método.
*DUM: Data da última menstruação Fonte: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – Secretaria de Estado de Saúde do RJ, 2011.
9,67,6
12,811,9
7,9
5,3
0,4 0,90,0
2,1
02468
101214
DUM Exame Físico Outro método Método Ignorado Total
%
Gráfico 2: Prevalência de nascimentos pré-termo (<37 semanas) e pós-termo (>=42 semanas) segundo método de cálculo ou estimativa da idade
gestacional, Niterói, 2011.
< 37 semanas >=42 semanas
47 6 DISCUSSÃO
A redução do número de nascidos vivos em 15,6% observada nas coortes de Niterói, RJ
(2000 a 2011) superou aquela referente à Região Sudeste do Brasil (12,4%) no mesmo período
(BRASIL, 2015). A redução nacional da natalidade refletiu de maneira consistente na diminuição
do número de nascidos vivos do SINASC a partir de 1999 (SILVEIRA et. al., 2009, p.1273).
Uma progressiva melhora na cobertura e na qualidade dos dados do SINASC vem
ocorrendo em todo o país, mas ainda há problemas (MELLO JORGE et.al., 2007, p.654;
SILVEIRA et. al., 2009, p.958). No presente estudo a qualidade do preenchimento dos campos
referentes ao peso ao nascer e idade gestacional, informações relevantes para construção de
indicadores de saúde, foi avaliada quanto à completitude. De 2006 a 2010, todas as DN
apresentaram o campo peso ao nascer preenchido. Em 2011, apenas 1 registro apresentou este
campo da DN em branco. Sendo assim pode-se dizer que a completitude deste campo é excelente
(ROMERO e CUNHA, 2007, p.706). A informação sobre idade gestacional para todo o período
de análise foi avaliada pela variável gestação do banco de dados que agrega informações sobre
IG intervalar de ambos os modelos da DN: modelo antigo, a partir do campo duração da gestação
(variável categórica) e no modelo novo a partir do campo semana de gestação (variável contínua).
A proporção de incompletitude da informação sobre idade gestacional sofreu oscilações
durante o período do estudo, porém considerando-se os anos extremos do período analisado,
observa-se um aumento: 2000 (0,3%) e 2011 (1,3%). Em 2011, primeiro ano de circulação da
nova DN, a incompletitude do novo campo semana de gestação foi cerca de 4%, sendo
considerada boa, embora haja dependência quanto ao tipo de método de cálculo ou aferição da
idade gestacional: melhor para outro método que inclui US (0,2%) e pior quando o próprio
método era ignorado (cerca de 24%).
Tendências de redução da incompletitude dos campos peso ao nascer e idade gestacional
também foram relatadas em outras publicações (BARBUSCIA e RODRIGUES-JÚNIOR, 2011,
p.1194; MELLO JORGE et.al. 2007 p.654). Entretanto, Silveira e colaboradores (2009, p.1272)
alertam que a redução de informações ignoradas não é sinônimo de melhoria da qualidade da
informação, apesar de ser uma condição necessária. Estudos sobre a confiabilidade e validade das
informações vêm sendo realizados com os dados do SINASC. A informação peso ao nascer tem
apresentado maior acurácia em relação à idade gestacional (PEDRAZA, 2012, p. 2736; THEME
48
FILHA et. al., 2004; ALMEIDA et.al, 2006, p.605). No presente estudo não foram avaliadas a
confiabilidade e validade dessas informações.
Quanto aos dois grupos de critérios de inconsistências entre o peso ao nascer e idade
gestacional (SMSDVRJ e MS) verificou-se que os percentuais de registros inconsistentes foram
baixos (<0,4%) e semelhantes em todo o período analisado. Apesar dos erros poderem ser tanto
da informação do peso ao nascer quanto da idade gestacional, dada a maior acurácia da primeira
em relação à segunda, acredita-se que majoritariamente as inconsistências sejam devido aos erros
da idade gestacional.
O critério de valores atípicos de peso ao nascer (MS) foi importante para detectar
fundamentalmente valores de peso de nascidos vivos muito baixos (<400g). Romero e Cunha
discutem que o peso mínimo suficiente para que existam sinais de vida ao nascer é difícil de
estabelecer e fazem referência a Battaglia e Lubchenco (1967) que consideram o peso inferior a
500g como informação errada (BATTAGLIA e LUBCHENCO, 1967 APUD: ROMERO e
CUNHA, 2007, p.711). Além de erros de registro e/ou digitação, erros de classificação entre
natimortos e nascidos vivos (LAURENTI et. al., 2005, p.80) podem explicar valores baixos do
PN.
Os critérios para “limpeza de dados” da SMSDCRJ são importantes principalmente para
dados anteriores a 2000, pois apresentam intervalos de idade gestacional compatíveis com o
modelo vigente da DN neste período. O intervalo de 28 e 36 semanas especificamente não consta
nos dois modelos de DN mais recentes e dos critérios do Ministério da Saúde. De uma forma
geral, não houve diferença expressiva entre o percentual de registros com informações
inconsistentes dos critérios da SMSDCRJ e MS, entretanto, há necessidade de definir valores
mínimos de peso ao nascer por intervalo de semanas de gestação para evitar inconsistências como
as encontradas no presente estudo: peso mínimo de 400 gramas em RN a termo entre 37 a 41
semanas de gestação e 420 gramas em recém-nascidos com 32 a 36 semanas de gestação. A
definição de valores atípicos do peso ao nascer constante dos critérios do MS foi considerada
adequada. Os critérios de “limpeza de dados” de bases populacionais são necessários e usados
como rotina em outros países como os EUA e Suécia (PEARL, WIER, KAHARRAZI, 2007,
p.52; Haglund, 2007, p.72). Haglund (2007, p.72) usando o método de “limpeza de dados” de
49 bases populacionais de nascidos vivos na Suécia admitiu que os erros das estimativas da IG
acontecem independentemente do método de cálculo ou estimativa.
Sabe-se que um dos métodos para calcular a IG, apesar de menor complexidade e custo,
depende da lembrança da DUM. Erros de memória em relação à DUM ocorrem com mais
frequência em relação ao dia do mês e podem ser aleatórios ou sistemáticos (SAVITZ et. al.
2002, p.1664). No presente estudo, em 2011 foi verificada uma maior frequência de nascimentos
no dia 15 (n= 135) independentemente do mês, seguido do dia 05 (n= 125), dia 10 (n=109), dia
20 (n= 107) e dia 25 (n= 91). Em um estudo da Califórnia (EUA), pesquisadores avaliaram a
qualidade da informação da DUM nos registros de nascimento e encontraram erros, entre eles
erros de memória da mãe e a preferência de dígitos. Os dias da DUM encontrados no estudo
americano foram: 01, 05, 10, 15, 20, 25 e 28 (PEARL, M. WIER, M. KHARRAZI, M., 2007,
p.50). O dia 15 do mês foi relatado como o de maior preferência (LYNCH e ZHANG, 2007, p.87,
PEARL, M. WIER, M. KHARRAZI, M., 2007, p.50; SAVITZ et. al. 2002, p.1661).
De acordo com o Caderno de Atenção Básica - Atenção ao Pré-natal de Baixo Risco do
Ministério da Saúde (BRASIL, p.71) orienta-se ao profissional prenatalista que quando a DUM é
desconhecida, mas se conhece o período do mês em que ela ocorreu: se o período foi no início,
meio ou fim do mês, considera-se como DUM os dias 05, 15 e 25, respectivamente. Essa
orientação pode explicar, pelo menos parcialmente, os erros sistemáticos relatados neste estudo.
Quanto às estatísticas sumárias do peso ao nascer não foram observadas mudanças
importantes no período analisado no município de Niterói. Na década anterior, na cidade de São
Paulo, também foi observada uma certa estabilidade nas distribuições do PN com base nos dados
do SINASC (MONTEIRO et.al, 2000, p.37). Os autores comentam, entretanto, que a evolução
das distribuições do peso ao nascer guardam relação com o nível socioeconômico e que a
trajetória desfavorável do PN nos estratos de maior nível deve ser debitada, sobretudo, ao
aumento na frequência da prematuridade (MONTEIRO et.al, 2000, p.38).
As distribuições do peso ao nascer por idade gestacional também foram analisadas no
presente estudo. Recém-nascidos pré-termo de 22 a 27 semanas e pós-termo (≥42 semanas)
apresentaram uma discreta tendência de diminuição dos valores das estatísticas sumárias do PN e
para os demais recém-nascidos, observou-se uma tendência na direção oposta. Em 2011, as
estatísticas sumárias do PN segundo duração da gestação foram analisadas por método de cálculo
e estimativa da IG. O peso médio ao nascer foi superior quando o método de cálculo da
50
IG foi baseado na DUM, independentemente da duração da gestação. Este resultado suscita
novas investigações que dada à limitação de tempo não foram possíveis de realização até o
momento.
A análise dos indicadores anuais de saúde baseados na distribuição do peso ao nascer,
propostos por Wilcox e Russel (WILCOX e RUSSEL, 1983), não apresentou diferenças
expressivas ao longo do tempo em relação à média e ao desvio-padrão do peso ao nascer do
componente predominante que representa a maioria dos recém-nascidos da população de estudo.
Este resultado é semelhante ao encontrado na análise descritiva da distribuição do peso ao nascer
(sem modelagem dos dados) de toda a população de estudo discutida anteriormente, o que reforça
a interpretação biológica do componente predominante da distribuição do PN discutida
(UMBACH e WILCOX, 1996, p.1334). A assimetria à esquerda da distribuição do PN foi
verificada em todo o período de análise. Com a modelagem dos dados foi possível estimar o valor
do peso ao nascer que melhor distingue o componente predominante do restante da distribuição
do PN (componente residual). Este valor não é fixo, pode variar entre as coortes de nascimentos
de populações distintas ou numa mesma população em tempos diferentes, como foi analisado em
Niterói: prevaleceu o valor de 2.400,5g, mas no final do período esse valor diminuiu para
2.200,5g sendo acompanhado de uma redução da proporção de recém-nascidos que constituem o
componente residual (pequenos e pré-termo, de maior risco perinatal). A proporção de recém-
nascidos do componente residual em Niterói variou entre 2,6% e 3,6% no período analisado.
Segundo Wilcox (2001, p.1235), numa população típica, essa proporção está entre 2 e 5%. Em
2011, usando dados do estado do Rio de Janeiro da mesma fonte de informação (SINASC) e os
mesmos critérios de exclusão de registros, o valor do PN correspondente ao ponto de
truncamento dos componentes e a proporção de recém-nascidos do componente residual foram
semelhantes aos estimados para Niterói (KALE et.al., 2014, p.11).
Em termos gerais, a evolução dos indicadores anuais de saúde perinatal baseados na
modelagem estatística da distribuição do PN de munícipes de Niterói, se não expressam uma
discreta melhoria, pelo menos aponta para uma estabilidade. Estudos de séries históricas destes
indicadores são escassos, apesar da sua recomendação para fins de monitoramento (WILCOX,
2001, p.1239). O estudo realizado com coortes de nascidos vivos do município do Rio de Janeiro
de 2000 a 2010 mostrou uma magnitude maior da proporção de recém-nascidos do componente
residual e um aumento de uma casa decimal na proporção de recém-nascidos do componente
51 residual, passando de 3,1% para 3,2% (NASCIMENTO, 2013, p.30). Os critérios de
inconsistências entre O PN e IG e de valores atípicos do PN neste estudo foram diferentes
daqueles utilizados em munícipes de Niterói. Outro estudo nacional, em Ribeirão Preto, SP,
analisou a evolução deste indicador em coortes de nascimento de base hospitalar (excluindo-se
gemelares) de 1978/1979 e 1994 detectando um aumento de 1,9% a 3,4% (SILVA et. al., 2004,
p.822). Dada a maior complexidade de serviços de assistência perinatal em grandes centros
urbanos como Rio de Janeiro, RJ e Ribeirão Preto, SP, acredita-se que nascimentos com alto
risco de morte como recém-nascidos pré-termo e pequenos para idade gestacional consigam
nascer vivos elevando a frequência deste indicador.
Quanto aos indicadores clássicos, observou-se aumento de cerca de 19% para
prematuridade (< 37 semanas de gestação) e de redução de 1,8% na proporção de BPN (< 2.500
gramas) entre 2000 e 2011. As tendências destes indicadores clássicos em Niterói já haviam sido
descritas desde meados da década anterior (GAUDÊNCIO, 2012, p. 14). Em outro estudo com
dados do SINASC de munícipes de Niterói, entre 2000 e 2009, mesmo sem exclusão dos recém-
nascidos gemelares e “limpeza dos bancos de dados” foram descritos queda na proporção do
BPN e aumento do peso médio ao nascer, como no presente estudo (ROZÁRIO et.al., 2013,
p.138).
Segundo Silveira et. al., (2009, p.1267) o Brasil vem apresentando uma tendência de
aumento da prematuridade. Estudos como o de Ribeirão Preto, São Paulo (Silva et. al., 2004) e
Pelotas, Rio Grande do Sul (Barros et al., 2004) também têm demonstrado essa tendência. A
estimativa da proporção de prematuridade no Brasil é de 11,7%, segundo o relatório de 2012
“Born too soon” (Organização das Nações Unidas, 2013). Esse percentual coloca o Brasil no
mesmo patamar de países de baixa renda. As regiões mais desenvolvidas (Sul e Sudeste) são as
que apresentam as maiores proporções de prematuridade (12% e 12,5%, respectivamente).
A prematuridade calculada com dados do SINASC é subestimada quando comparada
àquela com dados primários e a magnitude dessa subestimação diminuiu em 2011 com a
circulação do novo modelo de DN (SILVEIRA et. al., 2013, p.994). Este fato possa explicar a
maior magnitude da prevalência de prematuridade em Niterói em 2011 sem modificar, porém a
tendência crescente deste indicador em todo o período de análise.
Cascaes e colaboradores (2008, p. 1024) relatam que algumas limitações para identificar
as tendências de prevalência da prematuridade estão relacionadas à dificuldade em estimar, de
52
forma precisa, a idade gestacional. Nesse sentido, reforça-se a vantagem do indicador proporção
de recém-nascidos do componente residual da distribuição do PN que dispensa essa informação.
Além disso, de fato, em 2011, as prevalências de pré-termo e também de pós-termo de Niterói
dependeram do método de cálculo ou estimativa da IG. Em consonância com a literatura, o
método baseado na DUM correspondeu a maior magnitude de nascimentos pós-termo quando
comparada as prevalências estimadas por outros métodos. A prevalência de pré-termo estimada
por outro método (que inclui o US) mostrou-se mais elevada do que em relação à DUM. A
identificação do método US na DN e do momento de sua realização durante a gravidez é
importante para o aprimoramento do indicador clássico de prematuridade com base nos dados
populacionais e para o estudo de tendências deste indicador. Com o aprimoramento da
informação sobre IG de base populacional o indicador prevalência de pequenos para idade
gestacional substituiria a necessidade de modelagem da distribuição do PN (WILCOX, 2001,
p.1239).
Alguns indicadores que avaliam o desenvolvimento de uma determinada região são Índice
de Gini e o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Niterói possui o maior IDH (0,837) e um
dos melhores resultados do índice de Gini do estado do RJ (0,46) (IBGE, Censo 2010). No
período de análise do presente estudo foi observada uma redução da taxa de mortalidade infantil
de gravidez única no município de Niterói passando de 14,7 para 9,6 por mil nascidos vivos
(BRASIL, 2013), apesar da tendência crescente de nascimentos pré-termo e uma certa
estabilidade ou discreta redução da proporção de nascidos vivos pequenos e pré-termo. Tais
resultados podem expressar que apesar da situação de desenvolvimento favorável e
possivelmente sua repercussão, aliada às políticas de saúde materno- infantil, na maior frequência
de sobreviventes no primeiro ano de vida, continuam nascendo de forma constante ou
discretamente ascendente, bebês de alto risco perinatal.
Como limitações do estudo destacam-se: a validade dos métodos de cálculo e aferição da
IG, a subestimação do indicador de saúde prematuridade com base no SINASC, a complexidade
da modelagem estatística para estimação de novos indicadores de saúde perinatal e a
indisponibilidade atual do programa computacional desenvolvido por Wilcox e colaboradores
para estimação de tais indicadores.
53 7 CONCLUSÃO
O SINASC mostrou ser uma importante fonte de informações de base populacional para o
monitoramento de indicadores de saúde perinatal e infantil.
Houve melhorias importantes na qualidade das informações sobre peso ao nascer e idade
gestacional, porém ainda é necessário investir em medidas que visem o aprimoramento do
Sistema de Informação como de atividades de capacitação para a melhora da coleta, registro e
digitação das informações.
Recomenda-se a “limpeza de dados” como rotina para análise de dados anteriores à
adoção do Ministério da Saúde de requisitar às secretarias de saúde das UF, a partir de 2013, a
correção dos dados inconsistentes ou atípicos do peso ao nascer e da idade gestacional digitados
na base do SINASC. Torna-se necessária, entretanto, uma revisão dos critérios de inconsistências
entre a IG e PN do MS no sentido de estabelecer valores mínimos de PN segundo IG.
Deve-se considerar a importância da informação sobre a realização de US e o momento da
gravidez no qual este foi realizado na DN.
Este estudo avaliou o SINASC num momento de transição gradual e co-circulação de
modelos da DN, e os resultados em relação às mudanças nos campos informações sobre idade
gestacional são promissores.
As análises deste estudo propiciaram uma ampla discussão sobre a adequação de
indicadores para fins de monitoramento da saúde perinatal. Apesar da situação de
desenvolvimento do município e da redução da mortalidade infantil são preocupantes a tendência
crescente de nascimentos pré-termo e certa estabilidade ou discreta redução da proporção de
nascidos vivos pequenos e pré-termo.
54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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61
ANEXO
A. B.
Figura 1. Curva de peso ao nascer, proporção do componente residual, média e desvio-padrão do componente predominante, Niterói – Rio de Janeiro,
2000 (A) e 2001 (B).
62
A. B.
Figura 2. Curva de peso ao nascer, proporção do componente residual, média e desvio-padrão do componente predominante, Niterói – Rio de Janeiro,
2002 (A) e 2003 (B).
63
A. B.
Figura 3. Curva de peso ao nascer, proporção do componente residual, média e desvio-padrão do componente predominante, Niterói – Rio de Janeiro,
2004 (A) e 2005 (B).
64
A. B.
Figura 4. Curva de peso ao nascer, proporção do componente residual, média e desvio-padrão do componente predominante, Niterói – Rio de Janeiro,
2006 (A) e 2007 (B).
65
A. B.
Figura 5. Curva de peso ao nascer, proporção do componente residual, média e desvio-padrão do componente predominante, Niterói – Rio de Janeiro,
2008 (A) e 2009 (B).