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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS “ESTUDO SOBRE A PROFISSIONALIZAÇÃO DO PRESO NO SISTEMA PENITENCIÁRIO DO EST ADO DO PARANÁ” CURITIBA 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁSETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

“ESTUDO SOBRE A PROFISSIONALIZAÇÃO DO PRESO NO SISTEMAPENITENCIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ”

CURITIBA2007

ALEXANDRE PADILHA PAINHAS

“ESTUDO SOBRE A PROFISSIONALIZAÇÃO DO PRESO NO SISTEMAPENITENCIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ”

Trabalho apresentado à Coordenação de Pós -Graduação da Universidade Federal do Paraná, tendocomo objetivo o preenchimento do pré -requisito paraobtenção do título de Especialista em GestãoPenitenciária Problemas e desafios.

Orientadora: Professora Doutora Cristina MariaKurowski.

CURITIBA2007

ii

DEDICATÓRIA

Primeiramente a Deus que me abriu as portas para realização deste

estudo, e a todos que por esta porta aberta, participaram de forma, direta ou

indireta, contribuindo para a realização deste trabalho.

Dedico este trabalho a minha venerada mãe que sempre me incentivou

aos estudos e me ensinou a acreditar nas coisas que faço.

Faço também a minha homenagem in memorian a meu querido e

saudoso pai que, ensinou-me a ser homem digno, e me estimulou a estudar e

trabalhar, sendo o meu padrão de honestidade.

Agradeço a Honório Bortolini pela confiança depositada e auxílio

prestado.

Agradeço aos funcionários da DIPRO em especial aos colegas Roberto,

Dezinho, e Herus, pelas muitas contribuições a este trabalho.

Agradeço a minha querida esposa Suely, que sempre companheira, muito

contribuiu, para que eu pudesse realizá-lo.

Agradeço a Dayanne minha filha, que incentivou a me esforçar neste

trabalho, com seu esmero nos estudos que resultam sempre em excelentes notas.

Agradeço a meu filho Rafael, que como obra -prima de Deus, nasceu

durante a realização deste curso, estimulando -me, para que eu pudesse com o

presente, demonstrar-lhe dedicação, respeito, trabalho digno, e que devemos

acreditar no que fazemos.

Agradeço a minha orientadora, Professora Doutora Cristina Maria Kurowski,

pelo acompanhamento e revisão de estudo, sem a qual este trabalho não teria sido

concluído.

iii

Pela manhã semeia a tua semente, e à

tarde não retires a tua mão, porque tu não

sabes qual prosperará: se esta, se aquela,

ou se ambas igualmente serão boas.

Eclesiastes : Cap.11– 6.

iv

SUMÁRIO

LISTAS DE ABREVIATURAS E OU SIGLAS ................................ .......................... VILISTA DE TABELAS ................................ ................................ .............................. VIIILISTA DE FIGURAS ................................ ................................ ................................ . IXRESUMO................................ ................................ ................................ .................... X1 - INTRODUÇÃO ................................ ................................ ................................ .....12 - BREVE HISTÓRICO PENITENCIÁRIO ................................ ............................... 2

2.1 ASSOCIANDO EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE E A PENA APLICADA ................. 3

2.2 CONCEPÇÃO DE ALGUNS MODELOS PENITENCIÁRIOS............................... 4

2.3 O SISTEMA PENITENCIÁRIO NORTE AMERICANO................................ ..........5

2.4 SISTEMA DE POLÍTICA PENITENCIÁRIA BRASILEIRO................................ .....7

2.5 O DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL................................. ............8

2.6 O DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO PARANAENSE................................ .......9

2.6.1 ORGANOGRAMA DO DEPEN PR................................. ................................ ..10

3 - O PORQUÊ DO TRABALHO NA PENITENCIÁRIA ................................ ...........12

3.1 A IMPORTANCIA DO TRABALHO NO SISTEMA PENAL................................ ..12

3.2 AMPARO LEGAL AO TRABALHO PRISIONAL ................................ ................ 14

4 - PROFISSIONALIZAÇÃO DOS PRESOS NO PARANÁ ................................ .....15

4.1 SETORES ESPECIALIZADOS NA PROFISSIONALIZAÇÃO DO PRESO .........15

4.2 CLASSIFICAÇÃO E NORMAS PARA FUNCIONAMENTO DE CANTEIROS....17

4.3 PROCEDIMENTO PARA IMPLANTAÇÃO DE CANTEIROS DE EMPRESAS

COOPERADAS................................ ................................ ................................ ..19

4.3.1 CLASSIFICAÇÃO DE CANTEIROS PARA EFEITOS DE SEGURANÇA ........20

4.4 CRITÉRIOS PARA IMPLANTE DE PRESO EM CANTEIROS DE TRABALHO .20

4.5 TRANSFERÊNCIA OU DESIMPLANTE................................ .............................. 21

4.6 PROCEDIMENTO DO CONTROLE DE REGISTROS E RELATÓRIOS............21

4.7 INCENTIVO AO ESTUDO REMISSÃO PENAL PELO ESTUDO ........................ 22

4.8 REMISSÃO PENAL PELO TRABALHO ................................ .............................. 22

4.9 FORMAS DE REMUNERAÇÃO................................ ................................ ..........23

4.10 REGIMES DE CUMPRIMENTO DE PENA ................................ ....................... 24

v

4.10.1 CCC - CASA DE CUSTÓDIA DE CURITIBA................................ .................. 24

4.10.2 CCL – CASA DE CUSTÓDIA DE LONDRINA................................ ................ 25

4.10.3 PEF - PENITENCIARIA ESTADUAL DE FOZ DO IGUAÇU........................... 26

4.10.4 COT - CENTRO DE OBSERVAÇÃO CRIMINOLOGICA E TRIAGEM ...........27

4.10.5 PCE - PENITENCIÁRIA ESTADUAL DE PIRAQUARA................................ ..27

4.10.6 CDRPQA - CENTRO DE DETENÇÃO E RESSOCIALIZAÇÃO DE

PIRAQUARA ................................ ................................ ................................ .............28

4.10.7 CMP - COMPLEXO MÉDICO PENAL ................................ ............................ 29

4.10.8 PEL – PENITENCIÁRIA ESTADUAL DE LONDRINA ................................ ....30

4.10.9 PEM – PENITENCIÁRIA ESTADUAL DE MARINGÁ................................ .....31

4.10.10 PEPG - PENITENCIÁRIA ESTADUAL DE PONTA GROSSA ..................... 32

4.10.11 RAPG – REGIME SEMI-ABERTO DE PONTA GROSSA ............................ 32

4.10.12 PFP – PENITENCIÁRIA FEMININA DO PARANÁ................................ .......33

4.10.13 PFA - PENITENCIÁRIA FEMININA DE REGIME SEMI-ABERTO DO

PARANÁ................................ ................................ ................................ .................... 34

4.10.14 CPA - COLÔNIA PENAL AGRÍCOLA................................ ........................... 35

4.10.15 CDRSJP - CENTRO DE DETENÇÃO PROVISÓRIA DE SÃO JOSÉ DOS

PINHAIS ................................ ................................ ................................ .................... 36

4.10.16 PIC – PENITENCIÁRIA INDUSTRIAL DE CASCAVEL............................... 37

4.10.17 PIG – PENITENCIÁRIA INDUSTRIAL DE GUARAPUAVA .......................... 38

5 - PERFIL PROFISSIONAL DO PRESO NO DEPEN/PR ................................ .......40

5.1 DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE PROFISSÃO E TRABALHO DOS

PRESOS ................................ ................................ ................................ ............40

5.2 ALGUNS PROBLEMAS ENTRE EMPRESAS E O SISTEMA PENAL ............... 42

6 - CONCLUSÃO ................................ ................................ ................................ .....44

vi

LISTAS DE ABREVIATURAS e ou SIGLAS

CCC - Casa de Custódia de Curitiba

CCL - Casa de Custódia de Londrina

CDPSJP - Centro de Detenção Provisória de São José dos Pinhais

CDRLDA - Centro de Detenção e Ressocialização de Londrina

CDRPQA - Centro de Detenção e Ressocialização de Piraquara

CMP - Complexo Médico Penal

CNPCP - Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciário

CNPCP - Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária

COT - Centro de Observação Criminológica e Triagem

CPA - Colônia Penal Agrícola

CRAGPV - Centro de Regime Semi-Aberto de Guarapuava

CTC - Conselho de Classificação e Tratamento

DEPEN/MJ - Departamento Penitenciário Nacional

DEPEN/PR - Departamento Penitenciário do Estado do Paraná

DIPRO - Divisão de Produção

FUPEN - Fundo Penitenciário

INFOPEN - Sistema de Informações Penitenciárias do Ministério da Justiça

LEP - Lei de Execução Penal

PCC - Primeiro comando da capital

PCTA - Patronato Penitenciário de Curitiba

PEC - Penitenciária Central do Estado

PEF - Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu

PEL - Penitenciária Estadual de Londrina

PEM - Penitenciária Estadual de Maringá

PEP - Penitenciária Estadual de Piraquara

PEPG - Penitenciária Estadual de Ponta Grossa

PFA - Penitenciária Feminina Regime Se mi-Aberto

PFP - Penitenciária Feminina do Paraná

PFP - Penitenciária Feminina do Paraná

PIC - Penitenciária Industrial de Cascavel

PIG - Penitenciária Industrial de Guarapuava

vii

PLDA - Patronato Penitenciário de Londrina

RAPG - Regime Semi Aberto de Ponta Grossa

SEJU - Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania

SPR - Sistema Paranaense de Informações Penitenciárias

VEP - Vara de Execuções Penais

viii

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - EXPLOSÃO DA POPULAÇÃO CARCERÁRIA NORTE AMERICANA. ..6

TABELA 2 - COMPARAÇÃO DE GASTOS SOCIAIS E CARCERÁRIOS .................. 6

TABELA 3 - OCUPAÇÃO E CANTEIROS NA CCC ................................ ................. 25

TABELA 4 - CANTEIROS CCL ................................ ................................ ................ 25

TABELA 5 - CANTEIROS PEF................................ ................................ ................. 26

TABELA 6 - CANTEIRO COT ................................ ................................ .................. 27

TABELA 7 - CANTEIROS PCE ................................ ................................ ................ 28

TABELA 8 - CANTEIRO CDRPQA................................ ................................ ...........29

TABELA 9 - CANTEIRO CMP ................................ ................................ ................. 30

TABELA 10 - CANTEIROS PEL. ................................ ................................ ............... 30

TABELA 11 - CANTEIROS PEM ................................ ................................ ............... 31

TABELA 12 - CANTEIROS PEPG................................ ................................ .............32

TABELA 13 - CANTEIROS RAPG ................................ ................................ ............32

TABELA 14 - CANTEIROS PECÚLIO PFP ................................ ............................... 33

TABELA 15 - CANTEIROS EMPRESA PFP ................................ ............................. 34

TABELA 16 - CANTEIRO PFA................................ ................................ .................. 34

TABELA 17 - CANTEIROS PECÚLIO CPA................................ ............................... 35

TABELA 18 - CANTEIROS CDRSJP ................................ ................................ ........36

TABELA 19 - CANTEIROS PIC................................ ................................ ................. 37

TABELA 20 - DISTRIBUIÇÃO DOS CANTEIROS - PIG ................................ ...........38

TABELA 21 - DISTRIBUIÇÃO DOS CANTEIROS - CRAGPV ................................ ..38

TABELA 22 - DISTRIBUIÇÃO DOS CANTEIROS - CDRLDA................................ ...39

TABELA 23 - DISTRIBUIÇÃO DOS CANTEIROS - PEP ................................ ..........39

TABELA 24 - PERFIL PROFISSIONAL ÚLTIMOS 06 ANOS. ................................ ...40

TABELA 25 - NÚMERO DE CANTEIROS, NÚMEROS DE PRESOS OCUPADOS. 41

TABELA 26 - PERFIL PROCESSUAL DOS PRESOS ................................ .............. 43

ix

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – ORGANOGRAMA DO DEPEN. ................................ ............................ 11

FIGURA 2 – FOTO UNIDADE CCC ................................ ................................ ..........24

FIGURA 3 - FOTO CCL ................................ ................................ ........................... 25

FIGURA 4 - FOTO PEF................................ ................................ ............................. 26

FIGURA 5 - FOTO PCE ................................ ................................ ............................ 27

FIGURA 6 - FOTO CDRPQA ................................ ................................ .................... 28

FIGURA 7- FOTO CMP................................ ................................ ............................. 29

FIGURA 8 - FOTO PEL ................................ ................................ ............................. 30

FIGURA 9 - FOTO PEM ................................ ................................ ............................ 31

FIGURA 10 - FOTO PEPG................................ ................................ ........................ 32

FIGURA 11 - FOTO PFP................................ ................................ ........................... 33

FIGURA 12 - FOTO CDPSJP................................ ................................ .................... 36

FIGURA 13 - FOTO PIC................................ ................................ ............................ 37

FIGURA 14 - FOTO PIG ................................ ................................ ........................... 38

FIGURA 15 - PEP ................................ ................................ ................................ .....39

x

RESUMO

O presente estudo, tem por objetiv o, tratar a questão de como funciona aprofissionalização da mão de obra carcerária, no Estado do Paraná, muitos dosproblemas que são encontrados em torno disto, procura -se encaixar aonde seencontra o preso dentro da sociedade, e analisa -se padrões provenientes demodelos penitenciários adotados pela sociedade norte -americana. Portanto todas asunidades penitenciárias em funcionamento do estado do Paraná estão abrangidas,com todos os seus canteiros de trabalho, e quantos presos estão em atividadelaborativa. É abordada a concepção do atual modelo penitenciário adotado naAmérica do norte, pois o sistema penitenciário brasileiro teve muita semelhança comos primeiros padrões norte-americanos, e provavelmente deve continuar seguindo -o.O presente estudo está elaborado dentro da linha de pensamento de que, deve -seno mínimo, qualificar profissionalmente o preso. Uma vez que a prisão sendo umperíodo transitório e que, ao menos dentre suas funções, trate o preso, objetivandoa sua qualificação profissional, para quando houver seu retorno a liberdade, nãoreincida no crime. Portanto, a passagem pelo sistema penitenciário, deve se dar deforma a evitar um entra e sai contínuo, para que a sensação da liberdade sejaduradoura e o preso seja profissiona lizado, fato que contribuirá com a diminuição dareincidência.

Palavras Chave: qualificar o preso, sistema penitenciário, profissionalização.

1 - INTRODUÇÃO

“Lá sem ocupação, sem nada para distraí -lo, a espera e na incerteza do

momento em que será libertado [o prisioneiro] passa longas horas ansiosas,

trancado em pensamentos que se apresentam ao espírito de todos os culpados”.

FOUCAULT (1997, p. 103).

O trabalho para o preso, é algo que vai além de obter recursos financeiros, é

a possibilidade de obter sustento, sem precisar lançar mão de recursos do mundo

do crime para sobreviver, também é uma forma de ocupar a mente e manter -se com

saúde intelectual, portanto deve -se neste espaço de tempo em que se encontra

preso, ser capacitado, a fim de tor nar-se mão de obra qualificada. Por esta razão

foi procurado neste trabalho, apresentar como o sistema penitenciário paranaense

está tratando este assunto, dentro do regime fechado e do regime semi -aberto, são

abordados problemas e dificuldades, encon tradas na qualificação e

profissionalização, da mão de obra prisional, e a importância do trabalho como

ferramenta de ressocialização do preso.

Enfatiza-se a necessidade da existência do trabalho dentro do sistema

penitenciário, visando tanto a necessid ade existencial que o preso passa no cárcere,

e que influência passa a ter o trabalho sobre ele, apresenta -se um panorama,

sobre a atual estrutura voltada a profissionalização do preso, dentro de cada

unidade prisional, os regulamentos, focando -se na profissionalização da mão de

obra como uma das principais tarefas da penitenciária, preparando e qualificando o

preso para seu retorno a vida em liberdade, que é para onde o preso que está em

sua custódia retornará.

2

2 - BREVE HISTÓRICO PENITENCIÁRIO

O desenvolvimento e a formação das sociedades, sua forma de

pensamento, bem como de subsistência determinaram os modelos de punição

adotados.

O cárcere é criado pela sociedade, e com ela vem coexistindo desde sua

formação, porém tem sofrido modificações em alguns de seus objetivos, ao longo de

sua história, até o século XVIII, os réus não eram condenados especificamente a

perda da liberdade, algumas oportunidades as sanções eram através de

enforcamento, da fogueira na qual se agonizava até a morte, e outros castigos

físicos, o suplício faz correlacionar o tipo de ferimento físico, a qualidade, a

intensidade, procurava-se “adequar o tempo dos sofrimentos com a gravidade do

crime” FOUCAULT (1997, p. 31), não existia a preocupação com a recuperação da

pessoa do infrator.

A partir do século XVIII, a prisão se modifica, historiadores identificam a

origem da prisão moderna nas celas eclesiásticas, que estimulavam a reflexão em

torno do pecado cometido, CARVALHO FILHO (2000, p. 22). Nota -se que a forma

atual de punição, a prisão do infrator, em uma penitenciária, com o intuito de

recuperá-lo para o convívio em sociedade, é um degrau que a humanidade

conseguiu alcançar, não que o modelo vigente de penitenciária seja a forma de

punição justa e ideal, mas tendo em vista o que diz respeito, as inescrupulosas

penalidades, aplicadas ao corpo dos transgressores até o século XVIII, com raras

exceções, houve elaboração de leis consultando -se o povo, ou visando bem estar

dos desfavorecidos.

Os antigos soberanos, muitas v ezes aplicavam uma punição exemplar, para

que toda a comunidade fosse sensibilizada. “Ocorrências como assassinato e o

roubo prejudicam toda a comunidade, enquanto as execuções ordenadas pelo

príncipe só afetam uns poucos indivíduos isolados” MAQUIAVEL (2006, p. 101).

Neste momento que a sociedade está atravessando, talvez pelo alto custo de

manutenção da estrutura penitenciária, ou pelas freqüentes rebeliões muitas vezes

patrocinadas pelo crime organizado, ou pelo mau funcionamento da estrutura

penitenciária atual, questiona-se sobre as formas e os métodos de punição para

com a pessoa infratora, assim como quando houve uma modificação da forma de

3

punir, existiu este questionamento, “a medida da pena e que utilidade poderia ter o

castigo e em que medida reparar o mal feito à sociedade” FOUCAULT (1997, p.78),

a discussão em torno disto é fundamental, pois toda mudança precede debates e

questionamentos, assim como anteriormente houve mudança, visando a suavização

e evolução do sistema punitivo, que cul minou com o término dos castigos cruéis com

o corpo do infrator, como as antigas penas que eram aplicadas nos condenados

como pena de esquartejamento e morte na fogueira, e resultou no sistema hoje

executado.

Maior parte dos estados brasileiros, sofre c om as suas prisões super

lotadas. Ouvir que sistema penitenciário está falido é uma constante, pois vive

um momento caótico. O desejável seria que a forma de punir evoluísse, pois ainda

não se vislumbra, que haja como conceber forma de punição hone sta e justa

simultaneamente, sem uma elevada e necessária evolução da sociedade, que trate

principalmente as causas e não apenas das conseqüências, com meios finais e

punitivos.

É de se esperar que com uma evolução da própria civilização, haja até

mesmo uma possível eliminação do aparato penitenciário criado por ela, do contrário

ainda que haja aperfeiçoamento dos equipamentos de vigilância carcerários, da

mais alta tecnologia, que podem até mesmo ser adquiridos, com custo relativamente

baixo, em qualquer loja de eletrônica.

2.1 ASSOCIANDO EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE E A PENA APLICADA

Devido o infrator das leis, que são criadas pela própria sociedade, seguir

para dentro das penitenciárias, cabe refletir também o significado de sociedade.

Para alguns estudiosos da sociologia significa, “um conjunto de pessoas

que compartilham propósitos, preocupações e costumes, e que interagem entre si

constituindo uma comunidade”. 1

Entende-se também por definição de sociedade pessoas de várias nações

unidas por tradições, crenças ou valores políticos e culturais comuns, também são

1 http://p.wikipedia.org//wiki/sociedade

4

chamadas de sociedades (Judaico -Cristã, Oriental, Ocidental). Quando usado nesse

contexto, o termo age como meio de comparar duas ou mais "sociedades" cujos

membros representativos representam visões de mundo alternativas, competidoras e

conflitantes.

A evolução da sociedade, é possível ser dividida em três etapas gerais de

evolução. Tais são a selvageria, a barbárie, e a civil ização, cada uma das quais

dividida em três idades: a inferior, a média e a superior.

Há correlação com modos particulares de organização social e conteúdos

especiais da visão do mundo e do corpo de crenças e valores, e cada qual com sua

forma de punição, muitas delas encaravam a punição como uma forma de dar

exemplo aos demais para que não infligissem as suas leis, cada sociedade

constituída, tem uma forma de punir o infrator, sendo que “a grandeza das penas

deve ser relativa ao estado da própria nação” BECCARIA (2005, p. 124).

Levando-se em conta que, em sociedades que precederam a atual não se

puniam os infratores da mesma maneira, e que atualmente os presos voltam à

própria sociedade que os isolou no cárcere, após cumprirem a punição imposta. E

considerando a massa de criminosos que tem continuamente aumentado, constata -

se que existe a necessidade de não mais se esquecer estes presos, como

aconteceu em outros momentos da história da humanidade, quando eram enviados

ao cumprimento de pena em masmorr as, ou sofriam com a aplicação de castigos

corporais, “O local onde o réu aguardava a sua sentença eram calabouços, locais

em ruínas, conventos abandonados e locais sem condições de humanizar ninguém ”

FERREIRA (2001, p. 19) .

Portanto, visando diminuir não apenas a reincidência pena, mas o retorno

deste preso à liberdade, como também a sua aceitação nela, é necessário que o

preso, que fora absorvido pelo sistema penitenciário retorne, ao menos

profissionalmente capacitado.

2.2 CONCEPÇÃO DE ALGUNS MODELOS PENITENCIÁRIOS

Os principais modelos de penitenciária norte -americanos, que mais

influenciaram o padrão penitenciário adotado no Brasil, são fundamentais para

entendimento, do funcionamento do mesmo, e o estudo da profissionalização dentro

5

do sistema penitenciário paranaense, também como a função que o trabalho exerce

na vida do preso, dentro da instituição penitenciária.

Dois principais modelos históricos, norte -americanos, de sistema

penitenciário, são Filadélfia e Auburn.

No modelo Auburniano, o preso ficava trancado em cela individual durante a

noite, o trabalho e as refeições eram em comum, mas sob a regra do silêncio

absoluto.

No regime de Filadélfia existe o isolamento absoluto, “os muros são a

punição do crime; a cela põe o detento em presen ça de si mesmo; ele é forçado a

ouvir sua consciência”. FOUCAULT (1997, p.102).

Nos dois sistemas penitenciários de correção, o preso é recluso em um

ambiente de isolamento, no qual além da presença do silêncio, existe a presença do

trabalho, que se torna grande aliado do preso, com o qual ele pode passar a

preencher todo o tempo durante o dia, faço lembrar que nos dois sistemas apesar de

suas diferenças, existem pontos em comum, um deles é a presença do silêncio e do

trabalho.

2.3 O SISTEMA PENITENCIÁRIO NORTE-AMERICANO

Devido a estes dois modelos históricos, Filadélfia e Auburn terem sido

originados nos Estados Unidos, influenciaram países, é importante saber e

acompanhar a política penal norte -americana, haja vista seu poder de influência.

Conclui-se através da análise de dados que, o sistema de insegurança social

implantado nos Estados unidos, e que por eles é oferecido ao mundo, triplicou seus

encarcerados nos últimos quinze anos.

“É um fenômeno sem precedentes nem comparação em qualquer soc iedade

democrática“ WACQUANT (2001, p.81).

6

Tabela 1 - EXPLOSÃO DA POPULAÇÃO CARCERÁRIA NORTE AMERICANA 2.

Tipo de Unidade 1975 1980 1985 1990 1995

Casas de Detenção 138.800 182.288 256.615 405.320 507.044Penitenciárias 240.593 315.974 480.568 739.980 1.078.357Total 379.393 498.262 737.1863 1.145.300 1.585.401Taxa crescimento 31,3% 47,9% 55,4% 38,4%

No tocante economia, a América do Norte é uma das maiores e mais

poderosas expressões mundiais, porém o estado n orte americano passa nova

redução do nível de vida das famílias. “Devido adoção de uma política de corte de

auxílios financeiros às famílias mais pobres, pois o valor monetário das verbas e

sua acessibilidade diminuem pesadamente, pois passa por reforma da assistência

social, o que por conseqüência pode aumentar o número de pessoas e famílias sem

teto, assim como o de indigentes e doentes que não recebem tratamento“

WACQUANT (2003, p. 48). Ao contrário dos gastos com as populações mais

necessitadas, o programa do ítem penitenciário, é o que possui maior expansão.

Tabela 2 - COMPARAÇÃO DE GASTOS SOCIAIS E CARCERÁRIOS 3

Tipo de gasto 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1993Encarceramento 6,9 9,0 11,8 15,8 20,3 26,1 31,5 31,9Assistência Social 10,9 12,1 13,4 14,3 15,5 17,1 20,4 20,3Auxílio alimentar 9,6 11,7 13,3 13,5 14,4 17,7 24,9 26,3

“Apesar dos escândalos devido aos maus -tratos à mão-de-obra dos

prisioneiros, as prisões privadas retornaram ao cenário penal no rte americano, e

disputam um mercado crescente e milionário, de exploração de mão -de-obra do

preso, é interessante que a atual política de combate ao crime, dá indicativos que

multiplica a população carcerária, cujo custo é estimado em vinte e dois mil dó lares

ano por prisioneiro” WACQUANT (2003, p. 89), neste mercado consiste a disputa

2 Bureau of Justice Statistics, Sourcebook of Criminal justice Statistics, 1996, Washington Printing

Office, 1997, p3 e 25.3 Em milhões de dólares, K. Maguire e A L. Pastore (org.) Sourcebook of Criminal Justice Statistics

1996, Washington, Government Printing Offic e, 1997, p. 3 e Comittee on Ways and Means, 1996

Green Book, Washington Printing Office, 1997, p 459, p. 861.

7

bem como existência das empresas de encarceramento. A análise de dados é de

importância fundamental ao tratar -se de políticas públicas.

2.4 SISTEMA DE POLÍTICA PENITENCIÁRIA BRASILEIRO

O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária - CNPCP, é o

primeiro na hierarquia dos órgãos de execução penal 4, portanto ao descrever sobre

o sistema penitenciário, deve-se ressaltar, dentre suas atribuições, à proposição de

diretrizes de políticas criminais quanto à prevenção do delito, administração da

justiça Criminal e execução das penas de medidas de segurança.

Tem como princípios norteadores: O respeito à vida e à dignidade da

pessoa humana; A concepção do Direito Penal com o última instância de controle

social; A valorização da criatividade na busca de alternativas à prisão; A articulação

e harmonização dos órgãos que compõem o sistema de justiça criminal; O absoluto

respeito à legalidade e aos direitos humanos na atuação do aparato repressivo do

Estado; A humanização do sistema de justiça criminal; O comprometimento com a

qualidade na prestação do serviço, para incremento da eficiência e da racionalidade

do sistema de justiça criminal.

A preocupação em profissionalizar a mão de obra do servidor penitenciário,

está presente e posta em prática quando , através de programas de formação e

aperfeiçoamento, a escola penitenciária nacional vem estimulando a criação de

escolas penitenciárias locais. Outra preocupação visando o bem c omum do sistema

penitenciário nacional é a norma para elaboração de projetos e celebração de

convênios, visando à construção, ampliação e reforma de estabelecimentos penais,

sua conceituação e classificação, e as regras para elaboração de projetos

arquitetônicos.

4 Disponível em http://www.mj.gov.br/cnpcp/historico.htm

8

2.5 O DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL.

Órgão integrante do Ministério da Justiça, que deve apoiar administrativa e

financeiramente ao CNPCP, está estabelecido que dentre suas atribuições está a

qualificação do pessoal penitenciário, que deve ser executada através de programas

de formação e aperfeiçoamento, competência esta que tem sido exercida, cito o

presente curso de pós-graduação em gestão penitenciária para os servidores

penitenciários, que visa especializar o profissional que trabalha dentro do sistema

penitenciário, que não teria sido executado, sem custeamento do Ministério da

Justiça - DEPEN/MJ, abaixo outras competências:

a) Planejar e coordenar a política penitenciária nacional;

b) Acompanhar a fiel aplicação das normas de execução pena l em todo

o território nacional;

c) Inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabelecimentos e

serviços penais;

d) Assistir tecnicamente as unidades federativas na implementação dos

princípios e regras da execução penal;

e) Colaborar com as unidades federativas, mediante convênios, na

implantação de estabelecimentos e serviços penais;

f) Colaborar com as unidades federativas na realização de cursos de

formação de pessoal penitenciário e de ensino profissionalizante do

condenado e do internado.

Através de convênios, colabora com as unidades penitenciárias estaduais,

como por exemplo o Sistema de Informações penitenciárias - “INFOPEN” 5, trata-se

de um sistema de informações, destinado ao cadastro nacional de estabelecimentos

penitenciários, que é mantido atualizado pe los respectivos gestores estaduais, com

informações estratégicas, cobrindo dados referentes aos estabelecimentos, desde

recursos humanos, logísticos, e financeiros, e dados sobre a população

encarcerada.

O Ministério da Justiça, através do DEPEN/MJ, fome nta este sistema,

doando tanto o sistema, quanto os computadores para utilização do mesmo, e o tem

5 Disponível em http://www.mj.gov.br/infopen.

9

feito em âmbito nacional, assim também cumpre seu papel, procurando evoluir

tecnologicamente em suas ações, inclusive, quando estes recursos chegam à

unidade penitenciária valoriza o trabalho do funcionário, que desta forma tem não

apenas um computador, mas também uma atitude pró -ativa do órgão penitenciário

maior, o que é muito importante.

2.6 O DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO PARANAENSE

O Departamento Penitenciário Paranaense - DEPEN/PR, está vinculado a

Secretaria De Estado Da Justiça E Da Cidadania - SEJU. Sendo o órgão

responsável estadual, pela administração da execução da pena, a ele compete: 6

a) Supervisão e a coordenação dos estabelecimentos penais e demais

órgãos componentes do Sistema Penitenciário;

b) A inspeção diária e extraordinária dos estabelecimentos penais e

demais órgãos componentes do Sistema Penitenciário;

c) Convocação de diretores da área técnica e de pessoal lotado nos

estabelecimentos penais e demais órgãos componentes do Sistema

Penitenciário;

d) A realização de cursos de formação e reciclagem de pessoal

penitenciário;

e) Disciplinamento da lotação dos estabelecimentos penais de forma a

propiciar a ressocialização e a melhoria de vida da população

confinada;

f) Desempenho de outras atividades correlatas.

Portanto, o DEPEN/PR através de suas unidades penitenciárias é o

responsável pelo tratamento penal neste estado, e o executa através dos seguintes

tipos de regime de detenção, regime fechado, em regime semi -aberto e regime

aberto.

6 Disponível em http://www.pr.gov.br/depen/downloads/rg_depen.pdf

10

Atualmente o DEPEN/PR, faz a gestão de vinte e uma unidades prisionais,

sendo quatro unidades penitenciarias de regime semi -aberto, quinze de regime

fechado, e duas unidades de regime -aberto, são os Patronatos.

Existe um Patronato em Curitiba e outro em Londrina. O atendimento nas

cidades em que não há um Patronato para fazê -lo, é feito através do programa Pró -

Egresso. Existe no Paraná um total de trinta e cinco, servem para que o Egresso

não tenha que arcar com o custo de um deslocamento grande, e muitas vezes de

custo alto, até a cidade que possua um patronato para atendê -lo.

Os Patronatos são unidades que, desenvolvem, supervisionam e prestam a

infra-estrutura necessária para o funcionamento dos Programas Pró -Egresso. Os

programas, beneficiam egressos de instituições penitenciárias, ou que cumpram

pena em liberdade.

As penas alternativas são meios eficientes de minimizar a reincidência

criminal, e desafogar o sistema carcerário.

Os Patronatos, assim como os Pró -Egressos, contam com uma equipe

multidisciplinar, encarregada de prestar ao egresso toda assistência necessária à

sua reinserção social, compondo -se das seguintes áreas Jurídica, Serviço Social,

Psicologia, e o serviço de Integração ao mercado de trabalho.

As penas de serviço comunitário, são fiscalizadas pelo Patronato. O

condenado em regime aberto, sujeito deve a cada prestação de serviço, pegar o

comprovante e apresentá-lo ao Patronato, que acompanhará o andamento do

cumprimento de sua prestação de serviço. Quando estiver cumprida integralmente, o

Patronato informará ao juiz o cumprimento pelo condenado da pena imposta.

2.6.1 Organograma do DEPEN /PR.

O organograma atual do DEPEN entrou em vigência em cinco de outubro de

1995, quando então existiam apenas de z unidades penitenciárias sob sua tutela.

Apesar de não constarem no cronograma do DEPEN/PR, estão em

funcionamento vinte e duas unidades penitenciárias, sendo dois patronatos

penitenciários, quatro unidades de regime semi -aberto, dos quais um para mulhe res

e três masculinos, e dezesseis de regime fechado, destas uma se destina ao cárcere

11

feminino, possui alojado dentro destas unidades penitenciárias um total de 10569

presos, contagem de presos extraída em 13/06/2007 (SPR) 7.

A abertura de novas unidades penitenciárias é uma necessidade constatada

devido à superlotação que existe dentro das delegacias, vez que estas não são

criadas para isto, portanto, não possuem estrutura para efetuar a execução da pena

e confinar grande número de presos por grande qua ntidade de tempo.

FIGURA 1 – ORGANOGRAMA do DEPEN.

FONTE: GRUPO DE APOIO E PLANEJAMENTO - GAP/DEPEN.

7 FONTE SPR, Sistema Paranaense de Informações Penitenciárias.

12

3 - O PORQUÊ DO TRABALHO NA PENITENCIÁRIA

Um dos motivos da necessidade do trabalho dentro do cárcere, é a uxiliar de

forma fundamental na reinserção profissional do preso a sociedade. Além disto,

tradicionalmente é desta forma que o pai de família consegue o seu próprio

sustento, bem como o de sua prole.

3.1 A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO NO SISTEMA PENAL

É certo que o trabalho permite tanto o sustento, desde o sobreviver, até a

realização pessoal e profissional.

Visto pelo ângulo existencial, o trabalho é, sobretudo, fonte de sentido para a

vida humana. Obviamente, há casos de pessoas que não têm a necessidade de

emprego para gerar seu sustento, devido fortuna proveniente de herança ou mesmo

riqueza pessoal acumulada, possivelmente nestes casos pode -se dar sentido a vida

de outras maneiras, que não são objeto de estudo na presente pesquisa. O trabalho

além de ser uma forma de atribuir sentido à vida, é também uma inegável forma de

orgulho, é, inclusive, referência social. Quando uma pessoa apresenta -se a um

grupo que se queira causar boa impressão, logo informa no que trabalha, e qual é

sua atividade.

Muitas pessoas, logo após se aposentarem, morrem. Outras, adquirem

doenças como a depressão, devido ao tédio a que são submetidas, então é grande

a importância do trabalho ao viver cotidiano do ser humano.

Devido ao trabalho ser algo de importância primordial no p rocesso de

formação e disciplinar da pessoa, pode e deve ser também uma ferramenta de

reinserção social, é de grande importância vincular a ocupação do trabalho ao viver

do preso. A LEP incentiva o preso ao trabalho, quando oferece remissão da pena,

imposta ao preso de acordo com os dias trabalhados.

A forma de subsistência do homem, exige que ele se adeque ao sistema de

regras imposto pela sociedade a qual pertence. Na infância, começa a freqüentar

sistemas escolares, nos quais tem sua inteligência con dicionada através de livros e

professores, há sempre a necessidade de corresponder com obrigações impostas.

Nesta fase, as instituições escolares, podem se valer de métodos subliminares de

13

manipulação, através de filmes que são utilizados para estimular pessoas, a

alcançar objetivos.

“O sentido da vida humana, sempre foi correlato a alguma de suas

atividades. Importante salientar -se que, o homem que perde o seu trabalho perde

ao mesmo tempo, o sentido fundamental da vida, que é comum a todos ” (SCHAFF,

p. 107). Constatado o fato que o sentido da vida humana sempre foi correlato a

alguma de suas atividades, fica evidente que a atividade criminosa, também para o

homem criminoso pode ser uma forma de atribuir sentido a sua vida ao fato de que

o indivíduo que, exercendo atividade criminosa que dela provêm seu sustento, ao

cair em uma instituição penitenciária que a ele oferece o aprendizado de uma

atividade profissional, a qual pode atribuir sentido a sua vida, bem como o seu

sustento, poderia, portanto, dar fim a sua vida no mundo criminoso, mudando, desta

maneira, o sentido de sua vida.

Importante notar que no momento em que o preso se encontra detido em

uma penitenciária, a instituição não ofereça a este a mínima possibilidade da

participação em atividades criminosas, concomitante a isto, neste momento a

penitenciária ofereça ao preso uma profissão, de acordo com as suas aptidões, é

claro, que será por ele aprendida, e dominada, além de manter a sua mente

ocupada, de forma que no momento em que não p uder mais se valer de recursos do

“mundo do crime”, como forma de subsistência, possa conquistar seu sustento com

a profissão aprendida na penitenciária em que cumpriu pena, o que deverá dar

suporte a ele e sentido a sua vida, e não aumentar o seu potenci al para atividades

criminosas como acontece freqüentemente.

A penitenciária, enfim, dever servir para o que foi criada, que é fazer a

transição desta fase da vida do preso, oferecendo a ele a sua nova atividade,

profissionalizando-o, mantendo-o ocupado laborativamente com uma atividade

profissional, que lhe dará novo norte a sua vida, sendo que esta, agora é uma

atividade que é necessária, atual, reconhecida, e aceita pelas regras da sociedade,

que tem sofrido muito com a violência causada pela crim inalidade, que tem causado

vitimas, independente de classe social.

14

3.2 AMPARO LEGAL AO TRABALHO PRISIONAL

Uma vez que “o espírito da lei é sempre no sentido de apostar na

recuperação da pessoa” ROBERTO DA SILVA (2001, p. 26). Devido ao alto valor

que o trabalho exerce, atrelado ao conjunto de um princípio de valores, e visando

proteger a exploração da mão de obra carcerária, este assunto foi amplamente

tratado dentro da LEP – Lei de Execução Penal, estabelecendo seus critérios. É

visto como dever, dando-lhe condição de dignidade humana, terá finalidade

educativa e produtiva, a importância de que através do trabalho ele reflita. Todavia,

o trabalho é também um direito do preso, estabelecido no artigo 41, inciso II da LEP.

Consta que “na atribuição do trabalho, deverá ser levada em conta a

habilidade, a condição pessoal, as necessidades futuras do preso, bem como as

oportunidades oferecidas pelo mercado .” (ART. 32 LEP)

A lei que regula o funcionamento dos presídios e o trabalho dos presos, é

clara quando previne a exploração desenfreada e o puro desejo de lucro dos

empresários. Ela define que “a jornada normal de trabalho não será inferior a seis,

nem superior a oito horas, bem como o descanso nos domingos e feriados .” (ART 33

LEP), e continua no Parágrafo único deste mesmo artigo. “ Poderá ser atribuído

horário especial de trabalho aos presos designados para os serviços de

conservação e manutenção do estabelecimento penal ”.

“O trabalho poderá ser gerenciado por fundação, ou empresa pública, com

autonomia administrativa, e objetiva a formação profissional do condenado” (ART. 34

LEP). Nessa hipótese, cabe a entidade a supervisão da produção, com critérios e

métodos empresariais, encarregarem -se de sua comercialização e suportar

despesas, inclusive, pagamento de remuneração adequada .

Desta forma, a Lei coíbe a exploração desumana da mão de obra

carcerária, porém, entende que o Estado, por si só, é incapaz de estruturar

profissionalmente um preso sob sua custódia e projetá -lo no mercado de trabalho

sem a participação da sociedade neste segmento. É necessário participação dos

empresários, ainda que precisem e visem lucro, portanto, deve ser administrado e

vigiado pelo próprio estado, desta forma, o empresariado tem lucro e o estado

atende esta sua missão, através da capacitação profissional do preso.

15

4 - PROFISSIONALIZAÇÃO DOS PRESOS NO PARANÁ

A atividade de profissionalizar a mão de obra carcerária, demanda

conhecimento, portanto, não pode ser desenvolvida de forma amadora, e envolve

setores especializados nesta função.

4.1 SETORES ESPECIALIZADOS NA PROFISSIONALIZAÇÃO DO PRESO

O setor responsável pela normatização, de funcionamento dos canteiros de

trabalho dentro do DEPEN/PR é a DIPRO – Divisão De Produção, está

representada dentro das unidades penit enciárias através da DIOQ – Divisão De

Ocupação E Qualificação, que por sua vez dentro da unidade se divide em três

segmentos, são eles:

Seção de educação e qualificação é encarregada de administrar os cursos

profissionalizantes, oferecidos pelas empre sas ou pelo estado, e o de educação

geral;

Seção de serviços internos, que administra a faxina geral realizada na

unidade penitenciária, atividades de preparação do pátio para dias de visita, tanto

antes das visitas adentrarem e a limpeza após sua saída , a limpeza e o preparo da

área de visita íntima, cujo uso é destinado aos presos de bom comportamento

carcerário. Todas as atividades de faxina são vistoriadas pelos agentes

penitenciários;

Seção de produção e laborterapia, administra o funcionamento do s

canteiros dentro da unidade penitenciária, cabendo a este setor fiscalizar o trabalho

do preso, se faltou ao seu trabalho e lançar as informações cadastrando no SPR -

Sistema De Informações Penitenciárias, os dias trabalhados, bem como as faltas ao

canteiro de trabalho, as quais, influenciarão posteriormente, no cálculo da remissão

penal;

Quando a unidade penitenciária precisar criar um canteiro de trabalho,

deve fazê-lo através da DIOQ, que por sua vez solicita a DIPRO através de ofício,

informando a quantidade de vagas necessárias, e com a devida justificativa, a

DIPRO por sua vez, solicita a aprovação da criação do canteiro ao Coordenador do

DEPEN, que pede informações ao FUPEN – Fundo Penitenciário, se existe

16

orçamento para custear o canteiro de tra balho, levando em conta, entre outros

critérios, o número de presos que este vai precisar.

O FUPEN é o setor que, dentro do DEPEN/PR, faz o repasse de recursos

financeiros para custear o pagamento de pecúlio, além de custear a instalação de

canteiros de pecúlio, custeia também reformas dentro das unidades penitenciarias.

O Programa de cursos profissionalizantes existe de maneira informal, pois,

não consta do organograma formal do DEPEN/PR, este setor não está ligado a

DIPRO, porém, tem como função procu rar entidades que possam oferecer

treinamentos e cursos profissionalizantes ao preso, estes cursos geralmente

possuem custo elevado e deve -se levar em consideração que quando o preso

participar de um curso e não praticar a atividade aprendida, torna -se apenas um

conhecimento, que fatalmente não terá grande proveito, pois, o mesmo não pode

praticá-la, havendo desperdício de recursos.

Este programa também não está vinculado a ESPEN – Escola Penitenciária,

que por sua vez tem por função capacitar os servido res do DEPEN, com cursos

oferecidos aos servidores penitenciários, visando o profissionalismo e a preparação

para o trabalho penitenciário.

A DIOQ tem por competência dentro da unidade penitenciária, supervisionar

a escolarização em nível de primeiro e de segundo graus, através do ensino

supletivo, cujas aulas são ministradas por professores da Secretaria de Estado da

Educação. Também supervisiona o acompanhamento de cursos profissionalizantes

executados por entidades especializadas, nos estabelecimentos penais; Repassa

sistematicamente à Secretaria de Estado da Educação, as informações qualitativas e

quantitativas sobre o ensino nos estabelecimentos penais; A proposição de normas

e procedimentos que visem facilitar a rotina educacional nos estabelecimento s

penais; A formulação de políticas e diretrizes educacionais que visem a

racionalização e otimização de recursos humanos e materiais existentes nos

estabelecimentos penais; O assessoramento amplo ao Coordenador do DEPEN/PR

na área educacional, bem como ao s diretores de estabelecimentos penais.

Toda atividade desenvolvida pela DIPRO e pela DIOQ está informatizada,

através do SPR - Sistema De Informações Penitenciárias, a importância deste

sistema é extrema e significativa, de forma que todas unidades pe nitenciárias e os

setores destas estejam integradas dentro dele, caso, durante execução da pena, o

17

preso seja transferido de presídio, independentemente da cidade aonde se localize

dentro do estado do Paraná, poderá ser consultado e administrado todo o seu

histórico de comportamento prisional, inclusive, sua assiduidade ao canteiro, os dias

em que ele faltou, a unidade na qual ele já esteve. Portanto, através deste sistema,

se saberá em cada presídio o dia em que o preso trabalhou, e através desta

integração, será processada automaticamente a folha de pagamento dos presos,

encaminhada ao FUPEN que faz os devidos pagamentos.

Com a integração obtida entre os módulos deste sistema de informações, o

setor jurídico pode consulta -lo ao solicitar remissões penais, pois os dias em que

o preso já trabalhou estarão lançados neste sistema.

4.2 CLASSIFICAÇÃO E NORMAS PARA FUNCIONAMENTO DE CANTEIROS

Os canteiros de trabalho são classificados em quatro tipos: C anteiros de

produção; Canteiros de manutenção; Canteiros de artesanatos; Canteiros de

empresas cooperadas.

Canteiros de produção:8 a administração é efetuada pelas próprias unidades

penitenciárias, através da Divisão de Ocupação e Qualificação - DIOQ, os presos

implantados neste canteiro recebem pecúlio e re missão penal, nestes pode–se

valer para cálculo de remissão inclusive os feriados e finais de semana, desde que

o preso tenha trabalhado nestes dias.

Os canteiros de produção se subdividem em:

a) Canteiro de Produção Agrícola e Hortifrutigranjeiros;

b) Canteiros de Produção Industrial;

c) Canteiros de Produção da Pecuária.

Canteiros de manutenção, são administrados pelas unidades penitenciárias,

e utilizam os serviços de mão-de-obra de presos para atividades de manutenção da

própria Unidade Penal. Neste canteiro o preso recebe a remissão penal bem como

pecúlio mensal.

8 Normas gerais para canteiros de trabalho depen/200 5.

18

Subdividem-se em:

a) Canteiros de serviços de manutenção predial, onde os presos,

realizam serviços de manutenção e reparos em paredes, pintura de

paredes;

b) Canteiros de serviços de Cozinha, atualmente estes canteiros de

cozinha estão desativados devido a alimentação ter sido terceirizada,

portanto as atividades que eram desenvolvidas nele foram extintas do

quadro de profissões que os presos aprendiam e praticavam durante

sua vida carcerária;

c) Canteiros de serviços de limpeza: São canteiros de trabalho com

equipes destinadas à execução dos serviços gerais de limpeza e

higiene.

d) Canteiros de Serviços Gerais: serviços de controle interno, como

conhece-se a chamadoria, que consistem em um pres o gritar o nome

de outro que está no pátio, que tenha algum atendimento técnico, por

parte da clínica médica, ou do Jurídico, segurança ou outro serviço

técnico.

Canteiros de artesanatos: Nestes canteiros o trabalho resulta na

confecção de produtos e artigos artesanais com resultado econômico. Geralmente

são atividades que o preso já tinha prévio conhecimento, pois, não passam por

nenhum curso para aprender a criar artesanatos.

Os presos desenvolvem no interior das unidades penais, a confecção de

rede de pesca, cestos, tapeçarias, confecção de enfeites como miniatura de barcos

de madeira, abajures e artesanatos em geral.

Por tratar-se de atividade rentável o preso não recebe pecúlio do DEPEN,

recebe sim, a remissão de pena de acordo com os dias tra balhados, porém não

conta remissão durante os finais de semana nem feriados. A unidade penitenciária

não pode ter acima de dez por cento do total de seus presos, nestes canteiros,

inclusive, o DEPEN, não se responsabiliza por qualquer tipo de comercializ ação que

possa haver do artesanato produzido.

19

A forma que o preso utiliza para comercializar sua mercadoria, é repassar

a sua produção para o algum familiar que se responsabilizará pela comercialização

da mesma.

Canteiros de empresas cooperadas, são os canteiros de produção,

operacionalizados mediante condições previamente acordadas através de Termos

de Cooperação firmados entre a SEJU/DEPEN e órgãos públicos e/ou empresas da

iniciativa privada, estabelecendo-se as condições para utilização da mão -de-obra de

presos, das instalações e de equipamentos, bem como da entrada e saída de

insumos e produtos, e que geram receita em forma de taxa de administração e de

ocupação das instalações internas, revertida ao Fundo Penitenciário do Paraná -

FUPEN.

4.3 PROCEDIMENTO PARA IMPLANTAÇÃO DE CANTEIROS TRABALHO DE

EMPRESAS COOPERADAS

Para a implantação de canteiros de trabalho de empresas cooperadas

nos estabelecimentos penais, todos os interessados em utilizar a mão -de-obra de

presos do Sistema Penitenciário do Paran á devem primeiramente preencher a

proposta para firmar Termo de 9Cooperação e encaminhar à DIPRO/DEPEN,

anexando toda documentação exigida (original ou cópia autenticada). A

DIPRO/DEPEN encaminhará a proposta para a Unidade respectiva, visando

análise e manifestação.

A Direção da unidade penitenciária deverá analisar a proposta emitindo

parecer conclusivo sobre a conveniência e oportunidade da implantação do canteiro.

Disponibilizar o espaço físico para o canteiro de trabalho a ser implantado, bem

como o quantitativo de presos previsto na proposta. Devolver a proposta à DIPRO

para as devidas providências.

O trabalho nos canteiros de produção de interesse de terceiros terá, como

contrapartida financeira das empresas cooperadas, o correspondente a ce nto e vinte

e cinco por cento do salário mínimo vigente no País, por preso implantado, se a

jornada diária de trabalho for não inferior a seis e nem superior a oito horas, ou

9 Disponível em www.pr.gov.br/depen

20

proporcionalmente às horas trabalhadas ou tarefas executadas. Conforme o

estabelecido no respectivo Termo de Cooperação, sendo que setenta e cinco por

cento serão destinados aos presos pelos serviços prestados, vinte e cinco por cento

serão destinados ao FUPEN, a título de taxa de administração da mão -de-obra.

O trabalho nos canteiros externos, de interesse de terceiros, realizados por

presos em regime semi-aberto, a contrapartida financeira das empresas é cem por

cento do salário mínimo vigente no País, por preso implantado, se a jornada diária

de trabalho não for inferior a seis nem superior a oito horas, ou trabalho realizado,

conforme estabelecido no Termo de Cooperação, sendo: setenta e cinco por cento

destinado ao pagamento de presos pelos serviços prestados, e vinte e cinco por

cento destinado ao FUPEN, a título de taxa de adm inistração da mão-de-obra.

4.3.1 Classificação de Canteiros para Efeitos de Segurança

Segurança máxima: Localizados em área interna do presídio.

Segurança média: Localizados em área externa do prédio intra muros.

Segurança mínima: Localizados em área externa d o prédio

4.4 CRITÉRIOS PARA IMPLANTE DE PRESO EM CANTEIROS DE TRABALHO

Faz-se necessária reunião da Comissão Técnica de Classificação – CTC, da

unidade penitenciária, esta de acordo com a Lei nº 7210, de 11.07.84, após reunião

dela se realiza o implante inic ial e/ou eventual transferência de presos em canteiros

de trabalho, que somente se dará mediante sua avaliação e classificação, sua

composição é feita pelos seguintes membros:

I - Diretor do Estabelecimento, na qualidade de presidente;

II - Chefe de Segurança e Disciplina;

III - Um Psiquiatra;

IV - Um Psicólogo;

V - Um assistente Social;

VI - Uma Pedagoga;

VII - Representante da Gerência Operacional;

VIII - Secretária.

21

Após avaliação e classificação dos presos, serão indicados aq ueles aptos a

trabalhar, com orientações gerais sobre o tipo de canteiro de trabalho, que

subsidiará a sua implantação inicial ou eventual transferência, conforme a legislação

pertinente.

Para efeito de avaliação considerar -se-á diversos fatores, dentre os quais,

bom comportamento, facilidade de relacionamento, aptidão, assiduidade, higiene

pessoal, condições físicas e saúde, estar matriculado e freqüentando a escola,

tempo de permanência na Unidade Penitenciária.

Os presos em tratamento psiquiátrico cum prindo Medida de Segurança e

presos em tratamento clínico que cumprem reclusão, deverão ser avaliados também

pela Terapia Ocupacional.

4.5 TRANSFERÊNCIA OU DESIMPLANTE

O preso pode solicitar sua transferência de canteiro de trabalho, desde que

obedeça aos critérios de organização das normas estabelecidas. Para ser

transferido deve estar trabalhando no canteiro de trabalho no mínimo a três meses, e

haja constatação de inaptidão e ou desinteresse pessoal. Também pode ser

desimplantado se houver solicitação do res ponsável do canteiro com a devida

justificativa e exposição dos motivos que o levou a solicitar o seu desimplante, ou

ainda, por motivos de ordem interna atendendo interesses da administração, ou, se

houver três faltas não justificadas. O preso é desimpl antado do canteiro também

quando é transferido ou tenha alcançado progressão de regime. O desimplante dar -

se-á no momento da remoção.

4.6 PROCEDIMENTO DO CONTROLE DE REGISTROS E RELATÓRIOS

A DIOQ, realiza o controle e registro das entradas e utilização de in sumos e

matérias-primas, bem como a saída de produtos ou horas de serviços prestados

para autorizar as suas entradas e saídas, respeitando -se as normas de segurança e

sempre obedecendo aos critérios de horário estabelecidos para entrada e saída de

materiais.

22

4.7 INCENTIVO AO ESTUDO REMISSÃO PENAL PELO ESTUDO

É concedida a remissão da pena pelo efetivo estudo, e fundamentado pela

Lei de Execução Penal, artigo 126. O estado do Paraná também se vale deste

recurso de benefício. (PORTARIA – 1ª E 2ª VEP 11/2004) fo i considerado por esta

portaria de que cabe remissão por estudo para detento que freqüentar a escola, de

educação regular, ou curso profissionalizante, sob a direção ou coordenação do

DEPEN, e estabelece que a cada dezoito horas -aula o preso aluno recebera a

remição correspondente a um dia de sua pena.

Estabelece também que, cursos com carga horária inferiores a dezoito horas

não dão direito a este benefício, mas, a carga horária é somada a de outros cursos

realizados.

Caso o preso esteja trabalhando, ele pode pedir a remissão de pena pelo

trabalho e também a remissão de pena pelo estudo.

4.8 REMISSÃO PENAL PELO TRABALHO

De conformidade com o art. 33 da Lei de Execução Penal, a jornada diária

de trabalho não será inferior a seis horas, nem superior a oito hora s, salvo nos casos

em que a remuneração seja proporcional às horas trabalhadas ou tarefas

executadas, conforme ajustado no respectivo termo de cooperação.

Nos canteiros de produção por termo de cooperação, a folha de freqüência

e horas trabalhadas deverá ser elaborada mensalmente pela empresa cooperada,

fechando-se no último dia de cada mês, devendo ser enviada à DIOQ da unidade

penitenciária até o segundo dia útil do mês subseqüente.

Nos canteiros de produção e manutenção das unidades, a folha de

freqüência e horas trabalhadas deverá ser elaborada mensalmente pela DIOQ da

unidade penitenciária, fechando-se no último dia de cada mês.

As unidades penitenciárias, deverão enviar os relatórios mensais das

atividades e resultados obtidos pelos canteiros de tra balho à DIPRO, para registro e

acompanhamento das atividades, distribuição e/ou promoção dos excedentes de

produção, até o quinto dia do mês subseqüente. Cada canteiro de trabalho, deverá

23

registrar os insumos e matérias -primas utilizadas, bem como as hor as de utilização

de máquinas e equipamentos.

4.9 FORMAS DE REMUNERAÇÃO

As formas de remuneração pagas ao preso pelo trabalho prestado são,

pecúlio, o valor do pecúlio é de cinqüenta reais, que é pago pelo estado e por

salário mínimo, ou produção que são a s opções de pagamento das empresas.

Por produção, nesta forma de pagamento a empresa cooperada se

comprometerá, desde que disponibilizada a mão -de-obra para o canteiro, conforme

estabelecido em ordem de serviço e/ou termo de cooperação, a efetuar o

pagamento do valor da cota de produção, que não poderá ser inferior ao valor do

pecúlio mensal em vigência.

O trabalho dos presos implantados nos canteiros de produção e de

manutenção das unidades penais será remunerado através do pagamento de

pecúlio, considerando as folhas de pagamento e horas trabalhadas elaboradas em

cada canteiro de trabalho, de conformidade com os valores estabelecidos pelo

Conselho Diretor Penitenciário do Paraná.

Para realizar o pagamento, deverá ser providenciada pela penitenciária

através de uma conta, em nome do FUPEN – “Conta Pecúlio”, que será específica

para receber créditos referentes a pagamento de Pecúlio. A movimentação da

referida conta deverá ser realizada pelo Diretor ou Vice -Diretor da unidade

penitenciária.

As empresas ou órgãos contratantes dos canteiros de produção farão o

pagamento mediante boleto bancário, no valor correspondente à folha de

pagamento emitida pela DIPRO, de conformidade com as informações de

freqüência, horas trabalhadas ou produção de cada canteiro, bem como as taxas do

FUPEN, até o dia vinte de cada mês subseqüente.

O FUPEN não se responsabilizará pela utilização de quaisquer outros

recursos para pagamento aos presos, senão os créditos de acordo com as folhas e

valores de pagamento de pecúlio.

24

4.10 UNIDADES PENITENCIÁRIAS E REGIMES DE CUMPRIMENTO DE PENA

As penitenciárias são classificadas de acordo com o regime de pena que

elas executam.

Existem três tipos de regimes penais, fechado, aberto e semi -aberto, nos

quais o DEPEN/PR executa suas atividades.

A penitenciária destina-se ao condenado à reclusão em regime fechado.

A Colônia Penal Agrícola, Industrial e similar destina -se ao cumprimento de

pena em regime semi-aberto.

A Casa do Albergado, destina -se ao cumprimento da pena privativa de

liberdade, em regime aberto, e da pena de limitação de final de semana.

No estado do Paraná não existe nenhuma casa do albergado, porém, quem

executa a execução penal do regime aberto é o Patronato Penitenciário, sendo uma

em Curitiba, outra em Londrina, nas cidades aond e não existem Patronatos esta

função é exercida pelo programa pró -egresso, são ao todo trinta e cinco pró

egressos em funcionamento.

Após pesquisa constatou-se que o sistema penitenciário possui um total de

3270, presos implantados nos canteiros de trabalh o de suas unidades penitenciárias

porém conta com 10569 presos distribuídos em suas unidades conforme data final

de pesquisa em 13/07/2007 10. A seguir breve panorama e distribuição de canteiros

de trabalho.

4.10.1 CCC - Casa De Custódia De Curitiba

Estabelecimento penal de segurança máxima, destinado a presos

provisórios do sexo masculino. Inaugurada em 07 de agosto de 2002, capacidade

para 410 presos, alojava 493 em 13/06/2007.

FIGURA 2 – FOTO UNIDADE CCC

10 Conforme pesquisa no SPR – Sistema de Informações Penitenciárias.

25

TABELA 3 – OCUPAÇÃO E CANTEIROS NA CCC

Canteiros Pecúlio Empresa ArtesanatoBarbearia 1Biblioteca 2Conservação 1Conservação Externa 1Lavanderia 1Limpeza Higienização 5Artesanato 38G.L. Eletro (solda em peças eletrônicas) 87Total Geral de presos Trabalhando 136

Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

Esta Unidade foi projetada, conforme padrões de prisões norte -americanos, e

destinada para confinar presos provisórios, o único canteiro de iniciativa privada que

existe em funcionamento. A empresa GL Eletrônicos instalou um canteiro de linha de

montagem de componentes para placa de circuito eletrônico, antes de trabalhar

neste canteiro o preso é treinado para o serviço, e recebe uma apostila de

montagem.

4.10.2 CCL – CASA DE CUSTÓDIA DE LONDRINA

Estabelecimento penal de segurança máxima, destinado a presos

provisórios do sexo masculino. A capacidade é para 288 presos, foi Inaugurada em

20/11/2001 em 13/07/2007 estava com 382 presos.

Tabela 4 - Canteiros CCL

FIGURA 3 - FOTO CCL

Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

Canteiros Pecúlio ArtesanatoBiblioteca 1Barbearia 2Manutenção 2Manutenção Externa 1Faxina 10Faxina Externa 1Serviços Gerais 2Artesanato 16Total de presos trabalhando 35

26

4.10.3 PEF - PENITENCIARIA ESTADUAL DE FOZ DO IGUAÇU

A Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu, inaugurada em 19 de julho de

2002, construída nos moldes de uma prisão norte americana, destina -se a presos do

sexo masculino que cumprem pena em regime fechado. Sua capacidade é para 480

presos, em 13/07/2007 alojava em suas in stalações 535 presos.

FIGURA 4 - FOTO PEF

Tabela 5 - Canteiros PEF

Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

Canteiros Pecúlio Empresa ArtesanatoFaxina 12Barbearia 2Biblioteca 3Conservação-Manutenção 5Horta 2Lavanderia 5Artesanato 41Cedro (artesanato em garrafas plásticas) 03Bandolin (confecções) 02Pro luvas (confecções) 14Sinapse indústria e comércio (artesanato em alumínio) 25Têxtil Unique (confecções) 05Super top bolas 10Total de presos trabalhando 129

27

4.10.4 COT - Centro de Observação Criminológica e Triagem

É um estabelecimento penal destinado à triagem de presos que ingressam no

Sistema Penitenciário do Estado. Realiza avaliações técnicas e entrevistas de

triagem nas áreas: social, psicológica, saúde e jurídica, com sistema de

identificação, com capacidade máxima para 70 presos, foi inaugurado em fevereiro

de 1987.

Tabela 6 - Canteiro COT

Canteiros PecúlioCozinha 03Faxina 02Total de presos trabalhando 05

Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

4.10.5 PCE – Penitenciária Central do Estado

Estabelecimento penal de segurança máxima, destinado a presos

condenados do sexo masculino que cumprem pena em regime fechado, com

capacidade de lotação para 1400 presos foi inaugurada em 1º de dezembro de 1954

alojando em 13/07/2007 o total de 1489 presos em suas instalações.

FIGURA 5 - FOTO PCE

28

Tabela 7 - Canteiros PCE

4.10.6 CDRPQA - CENTRO DE DETENÇÃO E RESSOCIALIZAÇÃO DE

PIRAQUARA

Em 19 de junho de 2006 foi inaugurado o Centro de Detenção e

Ressocialização de Piraquara.Trata-se de uma unidade penitenciária de regime

fechado e de segurança máxima, para presos condenados e do sexo masculino. A

capacidade é para alojar 960 presos em 13/07/2007 alojava 858 presos em suas

instalações.

FIGURA 6 - FOTO CDRPQA

Canteiros Pecúlio Empresa ArtesanatoAlfaiataria 4Barbearia Interna 3Caldeira 1Conservação 15Cozinha 10Faxina 37Marcenaria 4Rouparia 1Serviços Gerais internos 9Fabrica de detergentes 3Araceli S (bolas) 26Corol (bolas) 8Empório Giramundo (peças de espuma) 6Risotolândia (horta) 4Sfera (bolas) 221Artesanato 24Total de presos trabalhando 376Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

29

Tabela 8 - Canteiro CDRPQA

Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

4.10.7 CMP - COMPLEXO MÉDICO PENAL

O Complexo Médico-Penal do Paraná - CMP é um estabelecimento penal de

regime fechado, destinado aos presos do sexo masculino e feminino, provisórios,

condenados por medida de segurança e/ou que necessitam de tratamento

psiquiátrico e ambulatorial.

O antigo Manicômio Judiciário foi inaugurado em 31 de janeiro de 1969,

mudando sua designação para Complexo Médico -Penal do Paraná em 21 de

dezembro de 1993. Capac idade para 350 presos.Além de se uma unidade para

ambos os sexos esta Unidade possui 03 diretores, são eles, um Diretor Geral um

diretor administrativo, e um Diretor Clínico.

FIGURA 7- FOTO CMP

Canteiros Pecúlio Empresa ArtesanatoAlmoxarifado 1Barbearia 5Distribuição de Alimentos (refeição aos presos) 29Elétrica 2Enfermaria 2Escola 2Fábrica de Uniformes 23Faxina 29Hidráulica 2Lavanderia 6Manutenção Interna 7Rouparia 4Editora Orionita (trabalho gráfico) 10Gl. Eletro (Solda e conserto em peças eletrônicas). 34Artesanato 4Total de presos trabalhando 160

30

Tabela 9 - Canteiro CMP

Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

4.10.8 PEL – PENITENCIÁRIA ESTADUAL DE LONDRINA

Localizada em Londrina, é estabelecimento penitenciário de segurança

máxima, destinado a presos de sexo masculino cumprindo pena de prisão em

regime fechado. Inaugurada em 25 de janeiro de 1994, com capacidade máxima

para 504 presos alojando 549 presos em 13/07/2007.

FIGURA 8 - FOTO PEL

Tabela 10 - Canteiros PEL.

Canteiros PecúlioBarbearia 2Faxina 12Serviços gerais 3Total de presos trabalhando 17Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

Canteiro PecúlioAlmoxarifado 02Barbearia 12Horta 4Lavanderia 11Tratamento CPA 06Manutenção interna masculina 100Manutenção externa masculina 4Manutenção Hospital 4Manutenção interna feminina 20Cozinha 12Total de presos trabalhando 175

31

4.10.9 PEM – PENITENCIÁRIA ESTADUAL DE MARINGÁ

Esta Unidade Penal do Paraná está localizada em Maringá, cidade incluída

entre as que possuem o melhor padrão de vida do Brasil.

Estabelecimento de segurança máxima, destinado a presos do sexo

masculino que cumprem pena em regime fechado, possui capacidade para 360

presos, alojando 366 presos em 13/07/2007.

FIGURA 9 - FOTO PEM

Tabela 11 - Canteiros PEM

Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

Canteiros Pecúlio EmpresaAlfabetização 2Barbearia 4Biblioteca 2Cozinha 12Digitação de textos em braile 7Faxina 40Faxina – área externa 11Gravação de livros com fala humana 2Horta 10Jardinagem 3Lavanderia 6Manutenção 2Material Eletrônico 4Parlatório 6Produção em alto relevo (etiquetas) 5Reciclagem de lixo 9Restauração de livros 20Bazanella 5Ferreira & Scheffer 27Total de presos trabalhando 177

32

4.10.10 PEPG - PENITENCIÁRIA ESTADUAL DE PONTA GROSSA

Inaugurada em 27 de maio de 2003, a Penitenciária Estadual de Ponta

Grossa, foi construída nos moldes de uma prisão americana, destina -se a presos do

sexo masculino que cumprem pena em regime fechado, capacidade total 410 presos

alojando 407 presos em 13/07/2007.

FIGURA 10 - FOTO PEPG

Tabela 12 - Canteiros PEPG

Canteiros Pecúlio EmpresaLavanderia 8Barbearia 2Faxina geral 2C. P. Schmidt (grampo, prendedores de roupa) 44Fujiwara (calçado e luvas) 92Total de presos trabalhando 148Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

4.10.11 RAPG – REGIME SEMI-ABERTO DE PONTA GROSSA

Estabelecimento Penal de segurança média, destinado a presos do sexo

masculino, em cumprimento da pena, gozando do benefício do regime semi -aberto.

Criado em 05 de outubro de 2004, funcionando no mesmo terreno da

Penitenciária Estadual de Ponta Grossa – PEPG e tem capacidade para 90 presos

alojando em 13/07/2007 um total de 117 presos. Tabela 13 - Canteiros RAPG

Canteiros Pecúlio EmpresaBarbearia 1Faxina 2Jardinagem 10C.P. Schimidt (Grampos de roupa) 35IAPAR agricultura 20Ocupação de presos por canteiro 68Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

33

4.10.12 PFP – PENITENCIÁRIA FEMININA DO PARANÁ

Localizada em Piraquara, unidade penal de segurança máxima, é destinada

às presas provisórias e condenadas. Inaugurada em 13 de maio de 1970 sua

capacidade é para 340 presas, com 307 presas alojadas em 13/07/2007.

FIGURA 11 - FOTO PFP

A unidade possui também uma creche para dar atendimento aos filhos das

presas, a fim de evitar que as crianças fiquem junto com as mães nas celas, local

totalmente impróprio para elas.

Em 1983 foi utilizado o espaço da capela para essa finalidade , porém em

1990 foi construído local próprio para o alojamento, contendo área de lazer,

brinquedos, jardim e playground.

Esta unidade possui muitas presas que são mães, e tem filhos recém

nascidos, e por este motivo foi criado o canteiro de berçário que e xiste nesta

unidade penal, é a única unidade dentro do sistema que possui este canteiro de

trabalho.

Tabela 14- Canteiros pecúlio PFP

Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

Canteiros PecúlioCostura 1Cozinha 6Creche 24Fábrica de fraldas 4Fábrica de uniformes 20Faxina 17Lavanderia 4Rouparia 2Salão de beleza 1Serigrafia 4Total de presas trabalhando 83

34

Tabela 15 -Canteiros empresa PFP

Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

Com um canteiro de trabalho inaugurado em 13/06/1997, a BEMATECH,

é a firma instalada a mais tempo dentro do sistema penitenciário do Paraná,

inclusive ela é a empresa que mais absorve a mão de obra dos ex -presidiários que

saem do sistema penal, uma vez que já a treinou dentro do sistema, colaborando

assim com o regresso do ex -presidiário a sociedade e colaborando assim também

com a diminuição da taxa de reincidência criminal na sociedade.

4.10.13 PFA - Penitenciária Feminina de Regime Semi -Aberto do Paraná

Localizada em Curitiba, caracteriza -se como estabelecimento penal

destinada a presas do sexo feminino, em regime semi-aberto, possui capacidade de

para 106 presas, alojando 112 presas em 13/07/2007, foi inaugurada em 10 de

junho de 1986.

Tabela 16 - Canteiro PFA

Canteiros Pecúlio Empresa ArtesanatoCozinha 2Limpeza 47Artesanato 8Tecpar 7Total de presas trabalhando 64

Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

Canteiros EmpresaAnav (bolsas) 2Anav (tecelagem) 2ACV (confeção) 2Cardoso e Siqueira 3Bematech (componentes eletrônicos) 12Box’s home (caixas de papelão para presente) 5Rb industria 11Decosil (confecção) 14Naturali dacor (decoração) 13Nova Centric (confecção) 18Total de presas trabalhando 82

35

4.10.14 CPA - COLÔNIA PENAL AGRÍCOLA

Estabelecimento Penal de segurança média, destinado a presos do sexomasculino, em regime semi-aberto, localizado em Piraquara/Pr. Com capacidadepara 900 presos e alojando 1380 presos em 13/07/2007. Tabela 17 - Canteiros Pecúlio CPA

Canteiros Pecúlio Artesanato Empresas Lavanderia 2Serviços Gerais 296Serraria 19Fabrica de Colchões 2Tipografia 10Cotolengo 23Manutenção Depen 13Tv educativa 2Rouparia 2Ovinocultura 3Marcenaria 4Jardinagem 7Hidráulica 9Faxina geral 72Fabrica cadeira de roda 7Elétrica 4Distribuição de alimentos 19Conservação geral 16Chamadoria 10Barbearia 3Almoxarifado 4Vacaria 9Artesanato 99Adiva bolas 1Alphaterra (plantações) 2Anav fabricação de bolsas 5Ângelo isfer 7Araceli Silveira (bolas) 12Chico Mendes 6Flexiv fábrica de móveis 5Geni J.J. esportes 4KMK construções (artefatos de concreto 8M N Olaria (Fabrica de tijolos) 14Prefeitura de Piraquara 27Risotolância alimentação(Viveiro) 9Sabor alimentos (horta) 4Serrana Vitória 7Total de presos trabalhando 736Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

36

4.10.15 CDPSJP - Centro de Detenção Provisória de São José dos Pinhais

Inaugurado na data de 21 de dezembro de 2005, o Centro de Detenção

Provisória de São José dos Pinhais - CDRSJP, localizado na cidade de Piraquara,

na região Metropolitana de Curitiba, sua capacidade operacional é de 960 presos e

continha 850 presos em 13/07/2007.

É uma unidade penitenciária de regime fechado, e de segurança máxima,

destinada ao recolhimento de presos que aguardam julgamento .

FIGURA 12 - FOTO CDPSJP

Tabela 18 - Canteiros CDPSJP

Fonte: SPR - Sistema de informações penitenc iárias em 13/07/2007.

Canteiros Pecúlio Empresa ArtesanatoBolas Avante Brasil 32Campelo Grampos 9Artesanato 62Faxina geral 17Barbearia 4Conservação e manutenção 5Total de presos trabalhando 129

37

4.10.16 PIC – PENITENCIÁRIA INDUSTRIAL DE CASCAVEL

A Penitenciária Industrial de Cascavel - PIC inaugurada em 22/02/2002 é

estabelecimento penitenciário destinado a presos condenados do sexo masculino,

em regime fechado com capacidade pa ra 360 presos, em 13/07/2007 continha 334

presos em suas dependências.

FIGURA 13 - FOTO PIC

Tabela 19 - Canteiros PIC

Canteiros Pecúlio Empresa ArtesanatoLavanderia 8Barbearia 1Biblioteca 1Faxina geral 14Cristalvel sacolas 67Fos fábrica de bolas 116Artesanatos geral 08Total de presos trabalhando 215

Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

A arquitetura desta unidade facilita a instalação de canteiros de trabalho, o

que facilita no processo de profissionalização o que favorece melhores condições

para sua reintegração à sociedade.

38

4.10.17 PIG – PENITENCIÁRIA INDUSTRIAL DE GUARAPUAVA

Primeira Penitenciária Industrial do País, destinada a presos condenados do

sexo masculino, em regime fechado. Foi inaugurada em 12 de novembro de 1999,

localizada no município de Guarapuava, distante 265 km de Curitiba possui

capacidade para abrigar até 240 presos, abrigava 220 presos em 13/07/2007.

FIGURA 14 - FOTO PIG

Tabela 20 – Distribuição dos canteiros - PIG

Canteiros Pecúlio EmpresaFaxina geral 14Lavanderia 08Barbearia 01Fujiwara (calçados e luvas) 103Total de presos trabalhando 126

Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

4.10.18 CRAGPV – CENTRO DE REGIME SEMI -ABERTO DE GUARAPUAVA

Destinado para recolhimento de presos do regime semi-aberto, foi

inaugurado em 14/02/2007, com capacidade para alojar 324 presos, alojando 107

presos em suas dependências em 13/07/2007.

Tabela 21 -Distribuição dos canteiros - CRAGPV

Canteiros Pecúlio EmpresaBarbearia 1Faxina 3Cozinha 10Lavanderia 4Manutenção 3Fujiwara 37Guaraçu 7Total de presos trabalhando 65Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

39

4.10.19 CDRLDA – Centro de Regime semi Aberto de Londrina

Destinado para recolhimento de presos do regime fechado, foi inaugurado

em 14/02/2007, com capacidade para alojar 960 presos abrigava 850 presos em

13/07/2007.

Tabela 22 -Distribuição dos canteiros - CDRLDA

Canteiros Pecúlio EmpresaBarbearia 3Faxina enfermaria 1Faxina geral 24Manutenção interna 2Maxi Paper 82Total de presos trabalhando 112

Fonte: SPR - Sistema de informações penitenciárias em 13/07/2007.

4.10.20 PEP – Penitenciária Estadual do Paraná.

Destinado para recolhimento de presos do regime fechado, foi inaugurado

em 16/04/2002, com capacidade para alojar 543 presos condenados alojava 717

presos em 13/07/2007.

Tabela 23 - Distribuição dos canteiros - PEP

Canteiros Pecúlio Empresa ArtesanatoConservação 3Fabrica de Uniformes 20Faxina geral 20Lavanderia 3Cp Schmidt (grampos de roupa) 110Sfera (industria de bolas) 72Artesanato 4Total de presos trabalhando 232

Fonte: SPR - Sistema de informações peni tenciárias em 13/07/2007.

FIGURA 15 - PEP

40

5 - PERFIL PROFISSIONAL DO PRESO NO DEPEN/PR

As unidades penitenciárias procuram adequar o espaço físico destinado aos

canteiros de trabalho, sem se descuidar da questão da segurança, com as rotinas

que dizem respeito a profissionalização e a educação do preso, que envolvem

grande movimentação de presos dentro dos corredores da penitenciária. Porém, a

atividade de profissionalização é de suma importância, e, não pode nunca, deixar de

ser realizada, pois, “o mais seguro, mas o mais difícil meio de prevenir os delitos, é

aperfeiçoar a educação” BECCARIA(2005, p. 122).

5.1 DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE PROFISSÃO E TRABALHO DOS PRESOS

Este processo de profissionalização, também precisa estar em sintonia com

a realidade de aprendizado do preso, e em sintonia com o mercado de trabalho

atual, visando este enquadramento, é preciso conhecer -se o perfil do preso.

Na tabela abaixo, tem-se o perfil profissional dos presos dentro do sistema

penitenciário paranaense.

TABELA 24 - PERFIL PROFISSIONAL ÚLTIMOS 06 ANOS.

PROFISSÕES DOS PRESOS 2001 2002 2003 2004 2005 2006Da Agricultura 741 906 783 808 910 890Do Comércio 550 732 828 909 968 960Da Construção Civil 1298 2057 2260 2799 2966 2963Da Mecânica 307 493 525 573 566 596Serviços 1175 1599 1959 2033 2071 2706Da indústria 782 738 695 936 925 962T O T A L 4853 6525 7050 8058 8406 9077FONTE GAP/DEPEN – 2006

41

GRÁFICO 1 - PERFIL PROFISSIONAL EM 2006

0

20

40

60

80

100

1°Trim

2°Trim

3°Trim

4°Trim

LesteOesteNorte

FONTE GAP/DEPEN – 2006

Com os dados apresentados acima, aufere -se a informação de que a mão de

obra, no setor principalmente informal no segmento de serviços, constituído por

artesões, e vendedores ambula ntes, juntamente com operários da construção civil,

constituem o maior número de presos.

Estes segmentos profissionais, também são os que possuem o perfil da mão

de obra aonde a mão de obra possui baixo grau de estudo, bem como baixa

qualificação profissional, o que influência diretamente no ganho, uma vez que,

quanto mais bem qualificado, melhor é a possibilidade de renda ganha pelo

profissional.

TABELA 25 - NÚMERO DE CANTEIROS, NÚMEROS DE PRESOS OCUPADOS.

VAGAS CANTEIROS 2002 2003 2004 2005 2006Manutenção 115 124 119 118 129Ocupação 1210 1179 960 1059 1003Produção 23 33 33 23 31Ocupação 305 334 492 209 319Convênio 76 53 71 98 91Ocupação 1490 205 1657 2440 2092Artesanato 06 09 10 12 15Ocupação 104 185 181 173 160FONTE GAP/DEPEN – 2006

Comércio11%

ConstruçãoCivil32%

Mecânica7%

Serviços29%

Indústria11%

Agricultura10% Agricultura

ComércioConstrução CivilMecânicaServiçosIndústria

42

5.2 ALGUNS PROBLEMAS ENTRE EMPRESAS E O SISTEMA PENAL

O Sistema Penitenciário do Paraná, oferece diversos atrativos para as

empresas que o procuram, dentre os quais, não há necessidade de pagar impostos,

como o fundo de garantia por tempo de serviço, nem mesmo água, luz, paga -se

apenas uma pequena taxa de utilização do espaço cedido pela unidade penal,

porém, mesmo assim, ao passar dos anos foi constatado que poucas empresas

permaneceram desenvolvendo atividades, um destes m otivos é porque muitas

empresas procuram a farta e barata mão de obra do sistema penal estão próximas

da falência, ou enfrentando diversos problemas no seu segmento de mercado.

O sistema penitenciário, por sua vez, também oferece alguns problemas às

empresas, dentre os quais, a sempre constante possibilidade de uma rebelião, a

grande rotatividade de sua mão de obra, que pode causar a quebra de

produtividade, pois, se determinado preso pertencente a sua mão de obra, for

elemento chave da mesma e tiver q ue abandonar a sua linha de produção, seja por

motivo de transferência ou mesmo pelo término de sua pena, terá de treinar novo

preso o substitua.

Todas as mercadorias e produtos que adentrarem ou saírem do presídio

devem passar por rigorosa vistoria da seg urança, o que é necessário para evitar a

entrada de telefones celular, que muitas vezes são utilizados para realização de

pedido de seqüestros, extorsões ameaças e outras atividades criminosas, drogas ou

armas que podem causar distúrbio na carceragem, e u ma série de outros problemas

como fugas, rebeliões e pedidos de seqüestros, por isto a necessidade de rígida

revista.

Outra situação problemática, é que a empresa deve estar preparada para

enfrentar ao entrar para o sistema penitenciário, é a questão da sazonalidade, pois

se a mesma ficar uma época do ano sem produzir dentro do sistema penal, pode

perder toda a sua linha de produção, pois, os presos que a compõe, ao ficarem

parados, sem trabalhar e sem remuneração, procuram outras atividades laborativas,

pois, também ficam sem a sua remissão penal, o que lhes é prejudicial, portanto,

procuram outra atividade.

Uma situação que foi identificada, nos canteiros de pecúlio, é que as estes

canteiros poderiam receber uma nomenclatura padronizada, visto que em a lgúns, o

43

preso realiza tarefa idêntica que outro, as vezes na mesma unidade, realizam a

mesma tarefa porém estão implantados em setores de nomenclatura diferente, como

ocorre muitas vezes com a faxina, a conservação, e a manutenção, e em alguns

casos mesmo a cozinha, que atualmente não funciona com a função de cozinhar

alimentos, geralmente os presos deste canteiro, apenas entregam as marmitas de

almoço, janta ou café da manhã, e a limpeza do ambiente de coleta das marmitas,

acompanhados por agentes peniten ciários.

A seguir, perfil processual dos presos, onde se visualiza a taxa de

reincidência criminal.

TABELA 26 - PERFIL PROCESSUAL DOS PRESOS

SITUAÇÃO CRIMINAL 2002 2003 2004 2005 2006Primários 3686 3538 4346 4382 5002Reincidentes 1975 2168 2472 2501 2387Provisórios 640 1129 991 1252 1411Medidas de segurança 224 215 249 271 277Total 6525 7050 7808 8406 9077FONTE GAP/DEPEN – 1º SEMESTRE 2006

Da tabela acima aufere-se que independente do aumento de vagas

ofertadas pelo sistema penitenciário, com a inauguração de novas unidades

prisionais, existe estabilidade no perfil processual.

Os presos que estão sob medida de segurança, não podem ser

enquadrados como criminosos, devido serem considerados incapazes e por isto sã o

internados, os presos provisórios são os que ainda não receberam a condenação, e

podem após julgamento tornarem -se ou primários ou reincidentes.

44

6 - CONCLUSÃO

A sociedade tem necessidade que diminua a própria violência de que se

torna a cada dia mais vítima, logo, deve procurar também se proteger disto. Uma

das maneiras que pode tomar uma atitude em seu próprio favor, pode ser também

através da conscientização de que uma possível sensibilização proveniente da

iniciativa privada, no que concerne a profissionalização, que seria muito útil bem

recebida.

O problema é que parte das vezes em que uma empresa que faz uso mão

de obra prisional disponível, está prestes a falir, e não encontra -se muito bem

financeiramente. Devido a isto recorre ao siste ma penal, logo, não subsiste por

muito tempo e, após instalada, as empresas precisam ser fechadas.

Para que haja uma profissionalização significativa por parte da iniciativa

privada, deve-se mudar esta concepção, uma vez que o sistema penal é questão

social, que seja procurado, e aproveitado também por empresas sólidas, e estáveis.

Dentre as empresas instaladas atualmente no sistema penitenciário

destaca-se a BEMATECH, que muito contribuí com a profissionalização e

ressocialização do preso, esta empresa encontra-se instalada há dez anos dentro da

Penitenciária Feminina do Paraná, e tem continuamente treinado os presos que

trabalham em seu canteiro, e continuamente os contrata para trabalhar em sua

fábrica fora da penitenciária, uma vez que já estão por e la capacitados para isto.

A iniciativa privada e também não pode sobreviver apenas de ações

voluntárias de benevolência, portanto para melhorar este quadro, de

profissionalização da mão de obra penitenciária, deveria considerar -se os benefícios

e as condições que o sistema penitenciário oferece, pois, se caso os atuais

benefícios não estimulam o empresariado, de organizações sólidas e estabelecidas,

a procurá-lo, possivelmente é o momento de se discutir com as entidades

governamentais, as não governamentai s e com a iniciativa privada, para que isto

melhore, e se obter maior êxito o possível dentro desta tarefa, que o sistema

penitenciário tem como função, a reinserção social do preso.

45

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas , 5ª ed. São Paulo, Quartier Latin doBrasil, 2005.

CARVALHO FILHO , F. Luís. A Prisão, São Paulo, Publifolha, 200

FERREIRA, E. Raimundo, Manual, São Paulo, Edições Loyola, 2001

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. 25ª ed. Petrópolis: Vozes. 1997.

KUEHNE, Maurício. Lei de Execução penal & Legislação complementar, 4ª ed.Curitiba, Juruá. 2002.

MAQUIAVEL, Nicolau, O Príncipe, Coleção a obra prima de cada autor, São Paulo,Martin claret, 2006.

SCHAFF, Adam. Mudanças na formação cultural da sociedade . 4ª ed. São Paulo,Editora da UNESP, 1995.

SILVA, Roberto Da. O que as empresas podem fazer pela reabilitação do preso,São Paulo, Instituto Ethos, 2001

WACQUANT, Loic. Punir Os Pobres - A nova Gestão da Miséria nos Estadosunidos. 2ª ed. Rio de Janeiro. Revan. 2003

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