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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
NÚCLEO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DESENVOLVIMENTO RURAL
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – AMAZÔNIA ORIENTAL
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
MARCELA IRIS GABBAY
AVALIAÇÃO DA SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR COM BACTÉRIA PROBIÓTICA
NO CRESCIMENTO E SANIDADE DE Arapaima gigas EM SISTEMA DE
RECIRCULAÇÃO DE ÁGUA.
BELÉM
2012
MARCELA IRIS GABBAY
AVALIAÇÃO DA SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR COM BACTÉRIA PROBIÓTICA
NO CRESCIMENTO E SANIDADE DE Arapaima gigas EM SISTEMA DE
RECIRCULAÇÃO DE ÁGUA.
Dissertação apresentado para obtenção do grau
de mestre em Ciência Animal. Programa de
Pós- Graduação em Ciência Animal, Núcleo
de Ciências Agrárias e Desenvolvimento
Rural, Universidade Federal do Pará. Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária Amazônia
Oriental. Universidade Federal Rural da
Amazônia.
Área de concentração: Ecologia Aquática e
Aquicultura.
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Yudi Fujimoto
BELÉM
2012
MARCELA IRIS GABBAY
AVALIAÇÃO DA SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR COM BACTÉRIA PROBIÓTICA
NO CRESCIMENTO E SANIDADE DE Arapaima gigas EM SISTEMA DE
RECIRCULAÇÃO DE ÁGUA.
Dissertação apresentado para obtenção do grau de
mestre em Ciência Animal. Programa de Pós-
Graduação em Ciência Animal, Núcleo de Ciências
Agrárias e Desenvolvimento Rural, Universidade
Federal do Pará. Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária- Amazônia Oriental. Universidade
Federal Rural da Amazônia.
Área de concentração: Ecologia Aquática e Aquicultura.
Data da aprovação: Belém: 29/03/2012
Banca Examinadora
Prof. Dr. Rodrigo Yudi Fuijimoto (Orientador)
Embrapa, Tabuleiros Costeiros, Aracajú
Prof. Dr. Raimundo Aderson Lobão de Souza
Universidade Federal Rural de Amazônia (UFRA)
Prof. Dr. Carlos Alberto Martins Cordeiro
Universidade Federal do Pará (UFPA - Bragança)
AGRADECIMENTOS
Ao professor Rodrigo Yudi Fujimoto, meu exemplo profissional, agradeço pela orientação,
oportunidade, amizade, ensinamentos e confiança na execução deste projeto, assim como sua
ajuda incansável na minha vida acadêmica.
Aos colaboradores da UFSC, em especial ao professor Mauricio Laterça pela oportunidade da
realização do treinamento no laboratório de camarões marinhos. E a paciência dos
supervisores Adolfo Jatobá, Bruno Correa e José Mourino, pelas minhas inconstantes
atrapalhadas de informações.
Ao professor Carlos Cordeiro pelas apostilas, livros fornecidos e incentivos ao termino desse
trabalho. E ao espaço cedido para o preparo do bolinho de pirarucu realizado pelos alunos
Jhon Gomes e Alan Brito.
Aos meus colegas de laboratório Higo Abe, Joel, Fabricio Ramos, Jhon Gomes,Josiane,
Henrique Malta, Adjalbas Marinho, Adones,Valéria e Natalino pela ajuda nas intermináveis
coletas microbiológicas, biometrias e incansáveis coletas sanguíneas . Em especial Joel e
Mariane pela carinho para com meus alevinos de pirarucu. E aos voluntários Renan, Fabiano
e Carolina Aviz.
A minha família: em especial minha mãe/tia Eglantina Bastos, tio José Ribeiro, irmãos
William e Robson pelo apoio, carinho, compreensão e por me incentivarem a continuar
estudando e progredindo. Amo vocês!
Ao meu fiel e confidente amigo/irmão Carlos Nedson pelo companheirismo, apoio, conselhos,
sincera amizade, paciência nos melhores e piores momentos desta caminhada.
As amigas Roberta e Ivonete pelas noites de diversão.
Ao Sr. João Menandro Abdon Afair, proprietário da piscicultura canta Galo pela doação dos
alevinos.
A Capes pela concessão da bolsa
A Universidade Federal do Pará campus de Bragança, em nome da professora Iracilda
Sampaio pelos contatos fornecidos e ajuda no transporte dos alevinos.
Aos vigilantes pelas companhias aos fins de semana e madrugadas.
A todos aqueles que direta e indiretamente ajudaram na realização deste sonho.
RESUMO
As bactérias acido lácticas tem se destacado por desempenhar efeitos benéficos ao hospedeiro,
entre eles destacam-se a ativação no sistema imunológico, desempenho zootécnico e
eficiência alimentar. O objetivo deste trabalho foi selecionar e a avaliar bactérias
potencialmente probiótica no crescimento e sanidade de Arapaima gigas. A primeira etapa foi
o isolamento e seleção de bactérias com potencial probiótico a partir de 10 juvenis de A. gigas
sendo submetidas a testes in vitro de inibição de patógenos bacterianos conhecidos para
aquicultura, e a segunda etapa consistiu em testes in vivo avaliando a colonização do trato
intestinal pela cepa bacteriana e sua relação com a hematologia. A cepa com melhor halo de
inibição foi identificada com o kit API50 CH como Lactobacillus paracasei (99.9%). Para
avaliação in vivo, os animais foram alimentados durante 120 dias com dieta contendo somente
leite estéril (T1), dieta controle sem bactéria (T2), dieta com 105 L. paracasei (T3) e dieta
com 106 L. paracasei(T4). Após este período os peixes foram submetidos três tratamentos:
injeção intraperitoneal com Aeromonas hydrophila, injeção de solução salina e peixes não
injetados. Ao final de 24 horas de desafio foi observado elevada mortalidade dos peixes
pertencentes ao grupo T3, T4 em relação ao T1. Os resultados nos permite concluir que a cepa
utilizada nos testes in vivo não influenciou o desempenho zootécnico, além de ser ineficaz na
proteção contra a infecção por Aeromonas.
Palavras - chave: Probiótico. Patógenos. Lactobacillus paracasei.
ABSTRACT
The lactic acid bacteria has become known for playing host to the beneficial effects, among
them stand out from the activation of the immune system, animal performance and feed
efficiency. The objective of this work was to select potentially probiotic bacteria and to assess
the growth and health of Arapaima gigas. The first step was the isolation and selection of
potential probiotic bacteria from 10 juvenile A. gigas being subjected to in vitro inhibition of
bacterial pathogens known to aquaculture, and the second step consisted of evaluating the in
vivo intestinal tract colonization by the bacterial strain and its relation to hematology. The
best strain with inhibition zone was identified with the CH API50 kit as Lactobacillus
paracasei (99.9%). For in vivo evaluation, the animals were fed for 120 days with a diet
containing only sterile milk (T1), diet control without bacteria (T2), diet with 105 L. paracasei
(T3) and diet with 106 L. paracasei (T4). After this period the fish underwent three
treatments: intraperitoneal injection with Aeromonas hydrophila, injection of saline and non-
injected fish. Within 24 hours of challenge high mortality was observed fish belonging to the
group T3, T4, with respect to T1. The results allow us to conclude that the strain used in in
vivo tests did not influence the growth performance, and be ineffective in protecting against
infection by Aeromonas.
Key words: Probiotic. Pathogens. Lactobacillus paracasei.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 07
2. OBJETIVOS....................................................................................................................... 09
2.1. GERAL............................................................................................................................. 09
2.2. ESPECÍFICOS ................................................................................................................. 09
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 10
3.1 CULTIVO DE PIRARUCU ............................................................................................. 10
3.2 BACTÉRIAS ACIDO LÁCTICA .................................................................................... 12
4 ISOLAMENTO E SELEÇÃO DE BACTÉRIAS ÁCIDO LÁCTICAS COM
POTENCIAL PROBIÓTICO PARA PIRARUCU............................................................ 15
4.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 17
4.2 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 18
4.3 RESULTADO E DISCUSSÃO ........................................................................................ 21
4.4 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 23
4.5 BIBLIOGRAFIA CITADA .............................................................................................. 23
5 DESEMPENHO ZOOTÉCNICO DE Arapaima gigas SUPLEMENTADOS COM
Lactobacillus paracasei E DESAFIADOS COM Aeromonas hydrophila......................... 26
5.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 28
5.2 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 29
5.3 RESULTADOS ................................................................................................................ 32
5.4 DISCUSSÃO..................................................................................................................... 38
5.5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 41
5.6 BIBLIOGRAFIA CITADA .............................................................................................. 41
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 44
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 45
7
1 INTRODUÇÃO
O pescado é uma importante fonte de nutrientes de alto valor biológico e baixos níveis
calóricos que tem demandado crescimento do mercado mundial. Para suprir as exigências
crescentes do mercado consumidor por proteína de alta qualidade tem sido estimulado o
crescimento da Aquicultura .
Esse crescimento tem intensificado os sistemas de criação, expondo continuamente os
peixes a alterações na qualidade de água e á intensivas praticas de manejo - manuseio
excessivo, transporte e adensamento (CHAGAS et al. 2009). Estas situações quando não
monitoradas e controladas permitem a invasão de agentes patogênicos, devido à maior
concentração de animais por unidade de espaço se comparado com o ambiente natural, devido
ao desequilíbrio da tríade patógeno - hospedeiro - ambiente (TORANZO et al. 2004).
A invasão de agentes patogênicos (bactérias, vírus, parasitas) são responsáveis por
grandes perdas no sistema de criação intensiva, por se proliferarem de forma rápida
(TORANZO et al. 2004). Com intuito de minimizar essas perdas são utilizados antibióticos,
porém, o uso comumente desses produtos no controle de doenças tem provocado o
desenvolvimento de bactérias resistentes e acúmulo de resíduos nos tecidos de peixes
comercializados (MORIARTY, 1999; BALCAZAR et al. 2006).
Alternativamente, a utilização de bactérias ácida láticas (BAL) como probiótico para
melhorar as funções biológicas de vários organismos aquáticos tais quais peixes e camarões
tem se mostrado como ferramenta promissora (SALINAS et al. 2005; BUGLIONE et al.
2008; WANG; LI; LIN, 2008).
As BAL estão presentes no intestino da maioria dos animais desempenhando efeito
sobre o sistema imunológico, que através de diferentes mecanismos enviam sinais que ativam
para células epiteliais e células imunológicas alterando a composição da mucosa intestinal
(PERDIGÓN; FULLER; RAYA, 2001).
Embora, seja uma importante ferramenta o isolamento e identificação de BAL como
probióticas de espécies nativas (especialmente na região amazônica) é incipiente.
A falta de desenvolvimento tecnológico para espécies nativas, tanto de seu manejo
nutricional, reprodutivo e sanitário; quanto os altos custos das rações são fatores identificados
que atravancam também a Aquicultura na região Amazônica (FARIA, 2008). No entanto, esse
quadro pode ser revertido, pois a região apresenta significativas vantagens, como grande
diversidade de espécies aquícolas, temperatura elevada, disponibilidade hídrica e oferta de
matérias - primas.
8
Dentre as principais espécies nativas utilizadas para a Aquicultura no norte do Brasil,
existe uma alta aceitação no mercado, para o tambaqui (Colossoma macropomum), curimatá
(Prochilodus nigricans), matrinxã (Brycon amazonicus) e o pirarucu (Arapaima gigas)
(FARIA, 2008; OSTRENSKY; BOEGER; CHAMMAS, 2008; ULRICH, 1986).
A aplicação de tecnologia apropriada de cultivo de pirarucu em ambientes controlados
se apresenta como uma opção ecológica, econômica e socialmente viável (REBAZA;
REBAZA; TABOADA, 2005). Embora importante esta espécie carece de informações devido
a falta de conhecimento de aspectos nutricionais, da biologia reprodutiva, sanitária e da
adaptabilidade em cativeiro.
O presente estudo busca contribuir com novas informações tecnológicas para espécie
nativa Arapaima gigas, no aspecto que melhorem o desempenho sanitário e desempenho
zootécnico no cultivo através da utilização de bactérias ácido lácticas probióticas incorporadas
na dieta alimentar.
9
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Avaliar bactérias com potencial probiótico sobre o aspecto sanitário de Arapaima
gigas em sistema de recirculação de água
2.2 ESPECÍFICOS
- Avaliar a sanidade dos pirarucus alimentados com probióticos pelas análises hematológicas
e parasitológicas.
- Avaliar o desempenho de pirarucus suplementados com o probiótico através de índices
zootécnicos como ganho de peso, taxa de crescimento específico, conversão alimentar e fator
de condição;
- Avaliar a sobrevivência dos pirarucus após desafio com Aeromonas hydrophila.
Esta dissertação foi dividida em dois artigos redigidos conforme normas das revistas.
Os artigos serão submetidos a revista Acta amazônica.
10
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 CULTIVO DE PIRARUCU
A espécie Arapaima gigas é amplamente distribuída na bacia Amazônica,
compreendida desde a Guyana até o Peru. Sendo popularmente conhecida como “pirarucu” no
Brasil e “Paiche” no Peru, é considerado o maior peixe de escamas de água doce do planeta.
Há registros na literatura da captura de exemplares com dois a três metros de comprimento e
mais de 200 quilos de peso total (ALFARO; BOCANEGRA; GARCIA, 1999).
Entre as características peculiares que despertam o interesse no cultivo desta espécie
temos: carne de coloração rósea e desprovida de espinhos, habilidade de respiração aérea
suportando alta densidade, e adaptação em condições de cultivo podendo chegar até 10 kg no
primeiro ano (ALFARO; BOCANEGRA; GARCIA, 1999; ONO; HALVERSON; KUBTIZA,
2004).
Sua alimentação no ambiente natural caracteriza-se basicamente de pequenos peixes
na proporção de 8 a 10 % de seu peso vivo quando jovem e 6% quando adulto. Tem
preferência por Callictidae e Loricariidae (acari-bodó e os cascudos), no entanto, aceitam
muito bem alimentação com tilápias e outros itens como moluscos e crustáceos (ALFARO;
BOCANEGRA; GARCIA, 1999; IMBIRIBA, 2001; FILHO, 2003; BORGHETTI; SILVA,
2008).
A criação comercial de pirarucu exige cuidado intensivo e só é viável com uso de
ração, que dever ser de boa qualidade e alto valor proteico. No entanto, por ser carnívoro há
necessidade de que os peixes sejam treinados.
Cavero e Fonseca (2008) descrevem a estratégia do condicionamento alimentar para
esta espécie sendo comumente praticado a de dietas iniciais a base de alimento vivo
(zooplâncton e artêmias) e de transição gradual de ingredientes na ração (TGIR), usadas em
peixes carnívoros para facilitar a aceitação de ração seca. Sendo recomendável usar o
alimento vivo para peixes menores (até 10 cm de comprimento) e o TGIR para animais
maiores (acima de 10 cm). Esses autores também recomendam o nível de proteína na ração,
onde para recria (até 200g) considera que a ração utilizada deve possuir um nível mínimo de
40% de proteína bruta e deve ser ofertada a 7% da biomassa total do viveiro. Enquanto que
para engorda (acima de 200g de peso e 35 cm comprimento) a ração deve conter 40% de
proteína bruta com o nível mínimo em quantidade equivalente a 5% da biomassa total do
tanque.
O cultivo do pirarucu apresenta vantagens adicionais como não manifestar
11
canibalismo, ser resistente ao manuseio e apresentam excelente taxa de sobrevivência
praticamente 100% (BARD; IMBIRIBA, 1986; IMBIRIBA 1991; PEREIRA- FILHO, 2003;
ROUBACH, 2010).
Os dados publicados em sua maioria descrevem a criação do pirarucu na forma
extensiva utilizando peixes forrageiros como alimento (AGUILAR et al. 2007) e intensiva
com ração extrusada. Tal qual, demonstrado por Pereira - Filho et al. (2003), no qual avaliou
o desempenho do pirarucu em cultivo intensivo, utilizando 85 peixes com 133,3± 1,3g,
estocados em dois viveiros de 120m2
(com densidade 1 peixe/3m2), obtendo após 12 meses de
cultivo peso médio de 7,0± 1,1 Kg e comprimento total de 88,2±6,4 cm, mostrando o grande
potencial desta espécie para piscicultura intensiva na Amazônia.
Já o crescimento do pirarucu em tanques rede de pequeno volume (1m3) na densidade
2 peixes/m3, apresenta uma biomassa sustentável de até 29 kg. No entanto, sendo viável até
período de juvenil (1kg de peso individual), pois acima desse período o crescimento pode ser
comprometido tendo em vista que esta espécie cresce bastante em um curto espaço de tempo
(CAVERO et al. 2003).
O uso desta espécie em sistema de circulação de água é pouco relatado, a pesquisa
mais recente foi realizada por Scorvo Filho et al. (2004), que demonstraram a criação de
pirarucu em tanques de alvenaria de 186m3
(com densidade de 0,96 peixes/m3) em estufa e
sistema fechado de circulação de água alimentados com ração extrusada, obtendo assim
desempenho satisfatório em termos de crescimento em peso e em comprimento (Inicialmente
134,04±20,74 g de peso e 26,53±1,32 cm de comprimento, e ao final 7.917,20 kg± 963,55 g e
96,78±3,23 cm), conversão alimentar aparente (CA= 2,64) e sobrevivência (100%).
Embora na literatura descreva o pirarucu como uma espécie resistente, diferentes tipos
de parasitos foram identificados infectando-os, resultando em elevada mortalidade.
Os parasitas são os maiores causadores de infecções em peixes cultivados, resultando
em grandes perdas econômicas, uma vez que retardam o crescimento e ocasionam grandes
mortalidades de peixes. Embora no Brasil, não se tenha uma estimativa dessas perdas é fato
que se tenha a preocupação de avaliar o impacto dos parasitos em populações de peixes
nativos (CAVERO; FONSECA, 2008; ARAÚJO et al. 2009; SCHALCH; DIAS; ONAKA,
2009).
Para Araújo et al. (2009) todas as fases do desenvolvimento de pirarucu esta
susceptível ao parasitismo, no entanto, o período de alevinagem é mais critico, uma vez que
nessa fase de vida o sistema imune, em desenvolvimento, apresenta pouca capacidade de
respostas as ações dos parasitas, normalmente presentes no ambiente aquático.
12
Este mesmo autor relata que durante o cultivo intensivo de 3.400 alevinos de A. gigas
(Estação de Piscicultura Experimental da Coordenação de Pesquisas em Aquacultura
CPAC/INPA - Manaus) foi observado sinais de infecção nas brânquias e pele, sendo 19,7%
por Dawestrema (Dactylogyridae), 23,5 % por bactérias e 1,0% por Trichodina (Protozoa).
Resultando na mortalidade 1.250 alevinos devido o excesso de matéria orgânica e/ou após
transporte.
Estudos recentes descrevem Dawestrema sp., Trichodina sp., Acantocephala,
Branchiura (Argulus sp.) como parasitas mais freqüentes encontrados em juvenis de A. gigas
(CAVERO; FONSECA, 2008). Capillostrongyloides arapaime sp.n foi descrito recentemente
como uma nova espécie de nematóide isolado de cecos pilóricos (SANTOS; MORAVEC;
VENTURIERE, 2008).
Cavero et al. (2003), verificaram que pirarucus parasitados por Dawestrema sp
apresentaram elevadas taxas de mortalidade principalmente quando ocorria grande
adensamento de peixes.
Araújo et al. (2009) estudando esta espécie concluíram que o parasitismo por
Monogenoidae D. cycloancistroides e D. cicloancistrium, reduz os níveis plasmáticos de
proteínas totais e cloreto, acompanhado de um aumento nos níveis de glicemia, hemoglobina,
concentração de hemoglobina corpuscular (CHCM), números de leucócitos e linfócitos.
Os elevados índices de parasitismo em alevinos de pirarucu tem resultado em
mortalidades na região Amazônia. Estes índices quase sempre estão relacionado a ausência de
manejo ictioparasitário nas pisciculturas e as praticas de manejo, sendo necessários
tratamentos alternativos aos quimioterápicos para o combate de parasitas nesta espécie, para
assim diminuir os prejuízos nas pisciculturas.
Desta forma, o pirarucu torna-se candidato ao estudo que melhore os aspectos
sanitários, de crescimento e sobrevivência dessa espécie frente a probióticos adicionados a
dieta.
3.2 BACTÉRIAS ACIDO LÁCTICAS
As bactérias ácido lácticas são um conjunto de bactérias gram positivas, não
esporulada, em forma de cocos ou bastonetes, anaeróbias ou aerotolerantes, catalase negativa
(RINGO; GATESOUPE,1999). Produzem o acido láctico como produto principal do
metabolismo. São empregadas na indústria de alimentos, em produtos farmacêuticos e
também como aditivos em ração animal, sendo que algumas espécies colonizam o intestino do
homem e animais (SANDERS, 1993).
13
São comumente utilizadas em probióticos para animais terrestres, e alguns trabalhos
relatam o seu uso em espécies aquáticas (AJITHA et al. 2004 ;VIERA, 2006; JATOBÁ,2006;
SOUZA,2007; FRANCO,2009; MOURINO,2010). Pertencem a este grupo os Lactobacillus
spp., Streptococcus spp.,Carnobacterium spp. e Leuconostoc spp., entre outros, podendo ser
encontrados na microbiota intestinal de peixes saudáveis.
Muitos estudos têm sido conduzidos com o intuito de mostrar o efeito positivo da
utilização de probióticos na produção de peixes. Embora estas não sejam dominantes na
microbiota intestinal de organismos aquáticos, várias tentativas têm sido relatadas no intuito
de induzir uma dominância artificial destes microrganismos nestes animais (GATESOUPE,
1999).
Assim Sugita et al. (2002) e Vine et al. (2004) sugerem que é essencial conhecer a
origem bacteriana, sendo preferível o uso de cepas isoladas de animais saudáveis, por
apresentarem maior segurança (não patogênica).Elas devem ser capaz de expressar suas
atividades benéficas no corpo do hospedeiro e sobreviver ao trato gastrointestinal (aos ácidos
clorídrico e biliar e às enzimas pancreáticas) e ter boa adesividade às células do intestino,
colonizando-o.
Outro aspecto importante na seleção de cepas candidatas ao uso como probiótico são
suas propriedade tecnológicas. Estas devem apresentar rápido crescimento in vitro, fácil
manipulação, boas condições de produção industrial e sobreviver no produto final
conservando suas funções (PANCHENIAK, 2005). Testes de antagonismos frente a
patógenos também são utilizados para selecionar potenciais bactérias probióticas (VINE et al.
2004; VAZQUEZ et al. 2005).
Os benefícios empregados aos probióticos adicionados a dieta são capacidade de inibir
o crescimento de bactérias patogênicas através da competição de nutrientes e espaço da flora
intestinal através da produção de compostos antimicrobianos/ bactericinas, como a nisina, a
lactocidina, a diplococcina, a bulgaricina e a reuterina que possuem intensa atividade de
inibição tanto sobre as bactérias gram positivas como as gram negativas. (FULLER, 1989;
GATESSOUPE 1999; BRIZUELA; SERRANO; PERÉZ, 2001; PEREIRA, 2007).
Estudos sobre o melhoramento imunológico de organismos aquáticos são descritos por
Jatobá et al. (2008), obtendo no final de quatorze dias um maior número total de eritrócitos,
trombócitos, leucócitos, linfócitos, neutrófilos e monócitos, em tilápia alimentadas com
Lactobacillus plantarum submetidas à injeção de Enterococcus durans.
Em outro estudo Piccietti et al. (2009) avaliaram o uso de Lactobaccilus delbruckii
ssp. (suspensas em artêmia e rotíferos em uma concentração de 1,0 x 105 UFC/g
-1)
14
administrada a larvas e pós-larvas de Dicentrarchus labrax (robalo) sobre os efeitos no
desenvolvimento e na diferenciação ao tecido linfóide associado ao intestino (GALT),
constatou um maior aumento das células T e granulócitos na mucosa intestinal, comprovando
que a alimentação precoce com dieta suplementada com o probiótico estimula o sistema
imunológico das larvas de robalo.
Robertson et al. (2000), avaliaram o uso de Carnobacterium sp. como probiótico em
salmão do atlântico (Salmo salar L) e truta arco iris (Oncorhynchus mykiss), no qual foi
suspensa no óleo de peixe na proporção de 5 x107
células/g-1
(inoculado na ração). Após 14
dias verificaram que a alimentação com probiótico permaneceu viável no trato
gastrointestinal, sendo eficaz na redução quando submetido ao desafio com Aeromonas
salmonicida, Vibri ordalii e Yersinia ruckeri.
Além dos benefícios contra bactérias patogênicas, os estudos com probióticos tem
demonstrado viabilidade no controle de parasitas metazoários, induzindo a ativação do
sistema imunológico (OLIVEIRA; RIBEIRO; GOMES, 2008; GALLIANA et al. 2009).
Galliana et al. (2009) avaliando o efeito dos probióticos elaborados com S. cereviseae,
S. boulardii e B. cereus var. toyoi após infecção de larvas de Haemonchus contortus em
ovinos, verificaram que S. cereviseae mostrou-se potencial para utilização no controle deste
nematóide.
Estudos sobre a utilização de probióticos no controle de parasitas intestinais
(nematóides) em peixes ainda é desconhecido.
Outros benefícios gerados pelos probióticos são relatados por Ghosh, Sinhá e Sahu
(2007), no que observaram o efeito da suplementação do probiótico de Bacillus subtilis
isolado de Cirrhinus mrigala na dieta nas concentrações (5 x 108 células g-
2, 5 x 10
7 células
g-2, 5 x 10
6 células g
-1 e 5 x 10
5 células g
-1) sobre o desempenho reprodutivo de quatro
espécies de peixes ornamentais (Poecilia reticulata, Poecilia sphenops, Xiphophorus helleri e
Xiphophorus maculatus). Os resultados mostraram que o probiótico melhorou o desempenho
reprodutivo em termos de maior índice gonadossomático, fecundidade e a sobrevivência das
espécies.
Neste contexto, a utilização de bactérias acido lácticas na forma de tratamento pode
ser importante para obtenção de peixes saudáveis e com qualidade.
15
4 ISOLAMENTO E SELEÇÃO DE BACTÉRIAS ÁCIDO LÁCTICAS COM
POTENCIAL PROBIÓTICO PARA PIRARUCU.
Marcela Iris GABBAY1, Mauricio Laterça, MARTINS
2, Adolfo Bezerra JATOBÁ
3, Bruno Correa SILVA
4, José
Luiz Pedreira MOURIÑO4, Rodrigo Yudi FUJIMOTO
1.
1Laboratório de Ictioparasitologia e Piscicultura , Universidade Federal do Pará campus de Bragança. Leandro Ribeiro s/n.
2 Laboratório AQUOS – Sanidade de Organismos Aquáticos, Departamento de Aquicultura , Universidade Federal de Santa
Catarina.
3 Instituto Federal Catarinense, Câmpus Araquari, Br-208, Km 27
4Laboratório de Camarões marinhos , Universidade Federal de Santa Catarina, Servidão dos coroas s/n (fundos).Barra da
lagoa.
1E-mail: [email protected]
Resumo
O objetivo deste trabalho foi isolar e selecionar bactérias ácido lácticas (BAL) do trato
intestinal de Arapaima gigas. Foram utilizados 10 A. gigas (com 37,4 ± 1,4 cm e peso médio
de 417,4 ± 59,4 g) provenientes do Projeto Pacu. Os alevinos foram aclimatados por período
de 10 dias em tanques cilíndricos e sacrificados posteriormente para a retirada asséptica do
trato intestinal que foi semeado em meio MRS ágar e incubados a 35 ºC por 24 horas. Estas
foram enviadas ao laboratório de Camarões Marinhos para a realização do teste in vitro. Após
o crescimento das colônias, realizou-se a coloração em gram para confirmar a morfologia de
Lactobacillus e posteriormente a inibição frente a patógenos. A inibição foi determinada pelo
o diâmetro do halo de crescimento bacteriano produzido ao redor do disco de ágar contendo
(BAL). Além da inibição foi avaliado o desempenho da cepa no leite e sua viabilidade na
ração. As cepas selecionadas no teste in vitro como potenciais probióticas foram identificadas
como Lactobacillus paracasei ssp paracase e Lactobacillus delbrueckii ssp delbrueckii. O
crescimento da bactéria L. paracasei no leite apresentou melhor resposta em 90g. L-1
com
uma concentração mínima de 3,4x108
UFC/mL -1
. Para as demais concentrações apresentaram
contagens semelhantes 30g. L-1
(1,7x108 UFC/mL
-1) e 60g. L
-1 (1,6 x10
8 UFC/mL
-1). O
crescimento desta na ração foi de 2,7 x107
UFC/ g-1
.
Palavras- chave: Arapaima gigas, seleção in vitro, Lactobacillus.
Isolation and selection of lactic acid bacteria with potential probiotic for Arapaima gigas.
16
Abstract
The objetive of this study to isolate and select lactic acid bactéria (LAB) of the intestinal tract
of Arapaima gigas. We used 10 A. gigas (37.4± 1.4 cm and average weigtht of 417.4±59.4 g)
from the project Pacu. The fry were acclimated 10 days in cylindrical tanks and sacrificed for
aseptic removal of the intestinal tract that was sown in MRS agar medium and incubated at 35
°C for 24 hours. These were sent to the laboratory for the marine Cameroon testing in vitro.
After growth of the colonies was held in gram staining to confirm the morphology of
Lactobacillus and later inhibition against pathogens. The inhibition was determined by the
diameter of the halo produced bacterial growth around the disc agar containing
(LAB).Addition of inhibition was evaluated the performance of the strain in the milk and
viability in the ration. The strains were selected as the in vitro test been identified as potential
probiotic Lactobacillus paracasei ssp paracasei, Lactobacillus delbrueckii ssp delbrueckii.
The growth of bacteria L. paracasei no milk showed better response in 90g.L-1
with a
minimum concentration of 3,4 x108 UFC/mL
-1. For the other concentrations showed similar
counts 30g.L-1
(1,7 x108 UFC/mL
-1) and 60g.L
-1 (1,6 x10
8 UFC/mL
-1). The growth of the was
2,7x107
UFC/g-1
.
Keywords: Arapaima gigas, in vitro selection, Lactobacillus.
17
4.1 INTRODUÇÃO
A demanda crescente do mercado mundial por proteínas de alta qualidade tem
estimulado o crescimento da Aquicultura. Esse crescimento ocorre através do aumento das
áreas de produção e intensificação no sistema de criação expõe os peixes a diversas variações
ambientais provocando um desequilíbrio da tríade patógenos-hospedeiro-ambiente que pode
favorecer a invasão de patógenos (vírus, bactéria e parasitas) e o desenvolvimento de alguma
enfermidade resultando em perdas na produção (Toranzo et al. 2004).
Para o controle de enfermidades, vários recursos são utilizados, em especial, agentes
químicos com funções antimicrobianas (antibióticos). Porém, o uso desses produtos tem
resultado no desenvolvimento de cepas resistentes e acúmulo de resíduos nos tecidos dos
peixes comercializados, além de ser uma fonte de poluição (Fuller, 1992; Moriarty, 1999;
Balcazar et al. 2006).
Uma alternativa ao uso de antibióticos é a utilização de probióticos que podem
favorecer o crescimento dos animais cultivados e reduzir de agentes patogênicos,
minimizando o uso de agentes químicos, como antibióticos, favorecendo de uma aquicultura
sustentável (Iranto e Austin 2002).
O uso de probióticos na aquicultura é recente e tem mostrado resultados promissores
para peixes e larvas de crustáceos (Planas e Cunha 1999). Os benefícios descritos dos
probióticos adicionados à dieta são: melhora nos índices zootécnicos como maior
produtividade, aumento no ganho de peso e melhor conversão alimentar, além da redução da
colonização intestinal por agentes patogênicos.
Para tilápia do nilo foi observado o efeito probiótico do Lactobacillus plantarum
através da inibição in vitro, capacidade da cepa alterar a microbiota intestinal, aumento no
número de leucócitos totais, assim como aumento do ganho em peso, eficiência alimentar e
produtividade (Jatobá et al. 2008; 2011).
18
Embora, seja uma ferramenta importante, a utilização de bactérias ácido lácticas
isoladas de espécies nativas da Amazônia, são desconhecidos.
Entre as principais espécies nativas utilizadas para a aquicultura no norte do Brasil,
existe uma alta aceitação no mercado, para o tambaqui (Colossoma macropomum) e o
pirarucu (Arapaima gigas) (Faria 2008; Ostrensky et al. 2008; Ulrich 1986). O pirarucu é um
peixe endêmico da Amazônia apresentando características que o torna grande interesse para
piscicultura como seu excelente ganho de peso (em torno de 10 kg no primeiro ano), carne
desprovida de espinhos, rusticidade, alto rendimento de carcaça (em torno de 57%) e alto
valor comercial da carne (Imbiriba 2001; Soares e Noronha 2007).
A aplicação de tecnologia apropriada de cultivo de pirarucu em ambientes controlados
se apresenta como uma opção ecológica, econômica e socialmente viável (Rebaza et al.
2005). Embora importante esta espécie careça de informações devido a falta de conhecimento
de aspectos nutricionais, da biologia reprodutiva, sanitária e da adaptabilidade em cativeiro.
O presente estudo teve como objetivo isolar e selecionar cepas de bactérias acido
lácticas do trato intestinal de Arapaima gigas com potencial probiótico.
4.2 MATERIAIS E MÉTODOS
O isolamento e seleção das bactérias ácido láctica com potencial probiótico foram
realizados em duas etapas. As amostras foram coletadas no laboratório de Microbiologia da
Universidade Federal do Pará (UFPA) e enviadas ao setor de microbiologia do Laboratório de
Camarões Marinhos da Universidade Federal de Santa Catarina, para realização da seleção in
vitro.
Material biológico e isolamento
Dez juvenis saudáveis de Arapaima gigas (37,4±1,4 cm de comprimento e peso médio
417,4±59,4g) provenientes do projeto Pacu (Mato grosso do sul), foram aclimatados por 10
19
dias em tanques cilíndricos de 310 L, no laboratório de Recurso Pesqueiros e Agronegócios
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFPA-Campus Belém).
Os peixes foram lavados com álcool 70% e sacrificados por choque térmico
(resfriamento em mistura de gelo e água) e eviscerados na posição ventral para extração dos
fragmentos intestinais. Após a extração dos fragmentos do intestino, as amostras foram
maceradas em gral de porcelana e diluídos em solução salina estéril 0,65%, sendo
posteriormente semeados em meio de cultura Agar MRS (Man Rogosa Sharpe) de acordo
com Jatobá et al. (2008).
As amostras foram incubadas por 48 h a 35 ºC e enviadas para o laboratório de
camarões marinhos.
Inibição frente à patógenos
A inibição do crescimento de patógeno foi efetuado por meio do método de Tagg e Mc
Given (1971) adaptado por Ramirez et al. (2006).Bactérias ácido lácticas recém crescidas em
meio MRS (35 ºC por 24 h) foram semeadas em placas de de ágar MRS e incubadas a 35 ºC
por 48 h. Após esse período foram retirados três discos (0,8cm de diâmetro) da placa Agar
com cepas BAL, sendo estes discos sobrepostos em meio de cultura Agar Triptona de soja
(TSA) com duas repetições cada, recém semeados com um dos seguintes patógenos
(Aeromonas hydrophila ATCC7966, Pseudomonas aeroginosa ATCC 27853, Enterococcus
durans ATCC 19492, Escherichia coli D363, Staphylococcus aureus ATCC25923,
Micrococcus luteus A270 e Aeromonas hydrophila CPQBA 228-08 DRM, isolada por Silva
et al. (2012), sendo incubadas a 30 ºC por 24 h.
A inibição do crescimento patogênico foi determinada, pelo diâmetro do halo de
inibição de crescimento bacteriano produzido ao redor do disco de Agar contendo as BAL.
20
Avaliação bacteriana no meio de cultura alternativo
A bactéria com os melhores halos de inibição foi selecionada para verificar seu
desempenho em diferentes concentrações de leite (desnatado Molico) para posterior aspersão
na ração (Ramirez et al. 2006).
As BAL recém semeadas em meio MRS (24h a 35º C) foi inoculada (1mL,
representava 10% do volume final) em três concentrações (1) 30g de leite por litro de água,
(2) 60g. L-1
e (3) 90g. L-1
, ambas as concentrações com 20g. L-1
de açúcar, com duas
repetições cada, incubadas a 35 ºC por 48 h. Após este período foi realizado diluição seriada
(fator 1:10) em solução salina estéril 0,65% NaCl das bactérias semeadas em placa para
contagem das unidades formadoras de colônias (UFC).
Avaliação da bactéria na ração
A bactéria ácido láctica (BAL) foi cultivada na concentração determinada na etapa
anterior, nesta etapa a ração foi aspergida em leite (Molico). 100 ml.kg-1
de ração (Guabi -
Pirá 40% de proteína bruta extrusada). Após aspersão a ração foi acondicionada em bandejas
hermeticamente fechadas e incubadas em estufa a 35 °C por 24 horas, para posterior secagem
a 30 °C por 24 horas.
Um grama da amostra foi macerada em gral de porcelana com 1mL de solução salina
estéril, sendo realizada cinco diluições seriadas com fator de 1:10 (Madigan; Martinko;
Parker, 2004). Sendo essas diluições (10-4
- 10-8
) semeadas em meio Agar MRS e incubadas
em estufa a 35 ºC por 48 h para verificação a concentração das BAL na ração, e para verificar
a viabilidade destas bactérias na dieta.
A identificação das cepas foi realizada por meio de provas bioquímicas com o kit API
50 CHB através de fermentação de carboidratos,
21
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Isolamento de bactérias ácido lácticas
Nesta etapa foram isoladas vinte e seis cepas destas, nove não resistiram nas condições
laboratoriais, treze foram descartadas pelo crescimento lento. E quatro cepas (cocos e
estreptococcos positivos) foram selecionadas para o teste in vitro. Estes dados diferem ao
observado por Mouriño (2010), ao qual isolou in vitro 41 cepas de bactérias de
Pseudoplatystoma sp para se obter uma cepa com potencial probiótico.
Inibição in vitro frente à patógenos
Das sete cepas patogênicas, apenas a Staphylococcus aureus (S.A) e a Aeromonas
hydrophila (AH2) não foram inibidas por nenhuma bactéria probiótica (tabela 1). Este dado
difere dos descritos por Robertson et al. (2000), utilizando Carnobacterium sp. relataram
inibição in vitro para A. hydrophila e mais seis patógenos (A. salmonicida, Flavobacterium
psychrophilum, Photobacterium damselae subsp. piscicida, Streptococcus milleri, Vibrio
anguillarum e V. ordalii).
Tabela 1. Média dos halos inibição em mm.
Cepas E. Coli M.L E.D P.A A.H S.A
A27 0 13 12 12 10 0
A31 12 14 0 16 11 0
A25 15 0 0 15 11 0
A30 0 0 0 9 10 0
(A.H.) Aeromonas hydrophila; (P.A.) Pseudomonas aeroginosa; (E.D.) Enterococcus durans,
(E.C.) Escherichia coli, (S.A.) Staphylococcus aureus, (M.L.) Micrococcus luteus.
A identificação das cepas foi realizada por meio de provas bioquímicas como:
Lactobacillus paracasei ssp paracasei com 99,9% de precisão (A27), um Lactobacillus
delbrueckii ssp delbrueckii com 62,7% de precisão (A30) e dois Lactobacillus delbrueckii ssp
delbrueckii com 52,2% de precisão (A25, A31).Não foi encontrado registro de patogenicidade
desta cepa para peixes.
22
É importante para o desenvolvimento de um probiótico efetivo, para qualquer sistema
de produção de organismos aquáticos, a identificação de probiontes que seriam normalmente
encontrados no ambiente aquático e no trato intestinal, considerando a complexidade de
relações entre hospedeiro e habitat (Verschuere, et al. 2000). Nossos achados, também
corroboram com os descritos por Picchietti et al. (2009) isolando do intestino de adultos de
robalo europeu Dicentrarchus labrax , nos gêneros encontrados.
A cepa Lactobacillus paracasei (A27), foi utilizada para o experimento de colonização
do trato intestinal de pirarucu, através da suplementação na dieta, por apresentar o melhor
halo de inibição.
O uso de algumas espécies de Lactobacillus como probiótico, tem mostrado a
capacidade de competir com uma série importante de bactérias patogênicas, como
Escherichia coli e Salmonella typhimurium.
Os Lactobacillus aderem-se fortemente a parede intestinal, inibindo o crescimento de
bactérias indesejáveis com substancias produzidas durante a fermentação como os ácidos
lático e acético (Vazquez et al. 2005).
Avaliação bacteriana em meio alternativo
O crescimento da bactéria Lactobacillus paracasei no leite apresentou melhor resposta
em 90g. L-1
com uma concentração mínima de 3,4x108
UFC/mL -1
. As demais concentrações
apresentaram contagens semelhantes (Tabela 2).
Tabela 2. Resultado das contagens das diferentes concentrações de leite desnatado.
Concentração de Leite desnatado UFC
Leite desnatado (30 g.L-1
) 1,7 x108
Leite desnatado (60 g.L-1
) 1,6 x108
Leite desnatado (90 g.L-1
) 3,4 x108
23
Avaliação da bactéria na ração
Na aquicultura, a dose de probiótico normalmente varia de 106-10
UFC/g de ração (Nayak,
2010). A viabilidade da BAL na dieta esta relacionado a concentração (numero de unidade
formadoras de colônia por grama de ração) na dieta, assim como o tempo que estas bactérias
se mantém vivas na mesma.
Na presente pesquisa evidenciou-se a contagem previa da bactéria a ácido láctica na
ração suplementada com a bactéria probiótica Lactobacillus paracasei de 5,65 x106
UFC/ g-1
.
Os resultados obtidos no teste de viabilidade da ração permite a estocagem da ração após a
adição da BAL por um período de mínimo de 13 dias.
CONCLUSÃO
O Lactobacillus paracasei ssp paracasei (A27), mostrou a capacidade de inibicão in
vitro e viabilidade na dieta.
AGRADECIMENTOS
A CAPES pela bolsa de estudo concedida.
4.4 BIBLIOGRAFIA CITADA
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26
5 DESEMPENHO ZOOTÉCNICO DE Arapaima gigas SUPLEMENTADOS COM
Lactobacillus paracasei E DESAFIADOS COM Aeromonas hydrophila.
Marcela Iris GABBAY1, Mauricio Laterça, MARTINS
2, Adolfo Bezerra JATOBÁ
3, Bruno Correa SILVA
4, José
Luiz Pedreira MOURIÑO4, Rodrigo Yudi FUJIMOTO
1.
1Laboratório de Ictioparasitologia e Piscicultura , Universidade Federal do Pará campus de Bragança. Leandro Ribeiro s/n.
2 Laboratório AQUOS – Sanidade de Organismos Aquáticos, Departamento de Aquicultura , Universidade Federal de Santa
Catarina.
3 Instituto Federal Catarinense, Câmpus Araquari, Br-208, Km 27
4Laboratório de Camarões marinhos , Universidade Federal de Santa Catarina, Servidão dos coroas s/n (fundos).Barra da
lagoa.
1E-mail: [email protected]
Resumo
As bactérias ácido lácticas tem se destacado por desempenhar efeitos benéficos ao hospedeiro,
entre eles destacam-se a ativação do sistema imunológico, desempenho zootécnico eficiência
alimentar. Assim, o objetivo desta pesquisa foi verificar o efeito de Lactobacillus paracasei
isolada do trato intestinal de juvenis de pirarucu sobre a sanidade e desempenho zootécnico de
Arapaima gigas. Um total de 96 indivíduos foram submetidos a 4 tratamentos alimentar por
120 dias com dieta controle e suplementadas com probiótico. Os tratamentos consistiram em
tratamento T1(ração inoculado com leite estéril), T2 (ração controle/sem bactéria), T3 e T4
ração com diferentes concentrações de L. paracasei. Foram avaliados os parâmetros
hematológicos nos tempos 90 e 120 dias, foi observado aumento de glicose, hemoglobina e
eritrócito. Após 120 dias de alimentação foi realizado um desafio com Aeromonas hydrophila
injetada intraperitoneal. Ao final de 24 horas de desafio foi observado elevada mortalidade
dos peixes pertencentes ao grupo de probiótico seguidos dos alimentados com ração com leite
estéril e grupo controle (dieta sem bactéria). Os resultados nos permite concluir que a cepa L.
paracasei não influenciou o desempenho zootécnico dos juvenis de pirarucu, além de ser
ineficaz na proteção contra a infecção por Aeromonas.
Palavras-chave: Pirarucu, sangue, sobrevivência.
Abstract
The lactic acid bacteria has become known for playing host to the beneficial effects, among
them stand out from the activation of the immune system, growth performance feed
27
efficiency. The objective of this research was to investigate the effect of Lactobacillus
paracasei isolated from the intestinal tract of juvenile arapaima on the health and growth
performance of Arapaima gigas. A total of 96 subjects underwent four dietary treatments for
120 days with control diet and supplemented with probiotics. The treatments were T1 (feed
inoculated with sterile milk), T2 (control diet / no bacteria), T3 and T4 diets containing
different concentrations of L. paracasei. Hematological parameters were evaluated in 90 days
and 120 days, we observed increased glucose, hemoglobin and erythrocytes. After 120 days
of feeding was carried out a challenge with Aeromonas hydrophila injected intraperitoneally.
Within 24 hours of challenge high mortality was observed fish belonging to the group
followed by the probiotic fed with sterile milk and the control group (without bacteria diet).
The results allow us to conclude that the strain L. paracasei did not influence the growth
performance of juvenile bass, as well as being ineffective in protecting against infection by
Aeromonas.
Keywords: Pirarucu, blood, survival.
28
5.1 INTRODUÇÃO
O uso de bactérias ácido lácticas como probióticos vem despertando interesse no
sistema de produção brasileiro, devido a produtividade natural, que é complementada com o
uso destes micro-organismos na ração (Franco, 2009). A utilização como probiótico deve-se a
capacidade destas inibir o crescimento de bactérias patogênicas pela produção de compostos
antibacterianos (Fuller, 1989) e de favorecer o crescimento dos animais cultivados (Irianto e
Austin, 2002).
Apesar de algumas cepas de bactérias láticas colonizarem o intestino de peixes, elas
não são dominantes na microbiota intestinal nativa dos mesmos. Embora possa ocorrer
colonização do trato digestório via alimento artificial combinado com cepas ácido láticas, o
número dessas bactérias tende a diminuir bastante ou desaparecer pouco tempo depois de
cessado o fornecimento do probiótico. Devido ao fato de não serem naturalmente encontradas
no trato digestivo destas espécies (Ringo & Gatesoupe, 1998).
Contudo, há relatos bem sucedidos do emprego de diversas bactérias ácido láticas na
aquicultura (Joborn et al., 1997; Nikoskelainen et al., 2001), sendo necessários maiores
estudos quanto à relação custo-benefício e viabilidade do seu uso.
A utilização de cepas bacterianas isoladas de espécies nativas da Amazônia é
desconhecida. Entre as espécies cultivadas destacam-se o pirarucu e o tambaqui.
O pirarucu (Arapaima gigas), peixe da família Arapaimidae é nativo da bacia Amazônica
(Ferraris, 2003), apresenta respiração aérea obrigatória facilitando sua criação em ambientes
com baixa disponibilidade de oxigênio (Salvo-Souza &Val, 1990). Entre as características
peculiares que despertam o interesse no cultivo desta espécie temos: carne de coloração rósea
e desprovida de espinhos, habilidade de respiração aérea suportando alta densidade, e
adaptação em condições de cultivo podendo chegar até 10 kg no primeiro ano (Alfaro;
Bocanegra; Garcia, 1999; Ono; Halverson ; Kubtiza, 2004).
Embora com tais peculiaridades, os criadores de pirarucu enfrentam sérios problemas
com a mortalidade súbita nas alevinagens e nas engordas, devido a infestações por diferentes
parasitos, muitos deles já identificados, sendo de suma importância. Porém poucos trabalhos
visam a prevenção, o controle e possível tratamento dessas enfermidades (Pereira Filho;
Roubach, 2010).
Assim o presente estudo busca contribuir com novas informações tecnológicas para
espécie nativa de A. gigas, no aspecto que melhorem o desempenho sanitário e desempenho
29
zootécnico no cultivo através da utilização de bactérias ácido lácticas probióticas incorporadas
na dieta alimentar.
5.2 MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado (DIC) no
laboratório de Ictioparasitologia e Piscicultura, localizado na UFPA campus de Bragança.
Foram usados 96 juvenis de pirarucu doados pela piscicultura Canta Galo (Bahia), sendo estes
transportados para o laboratório em sacos com oxigênio e aclimatados por 15 dias em tanque
circular com capacidade de 5000L e aeração constante. Após este período os alevinos foram
distribuídos em quatro tratamentos (T1, T2, T3 e T4). Sendo o T1 administrado a ração sem
probiótico, mas suplementada com leite estéril, T2 sem probiótico (controle) e os demais (T3
e T4) com diferentes concentrações da bactéria probiótica suplementadas com a ração
inoculadas em leite nas seguintes concentrações 105,10
6 UFC/g.
Os alevinos foram distribuídos em quatro tanques de 5000L em sistema de recirculação
de água, na densidade de 24 peixes. Os peixes foram marcados individualmente com chip
eletrônico da marca Animalltag®, sendo considerados então cada indivíduo como uma
repetição. Eles foram previamente acondicionados a ração Guabi – Pirá 40% proteína bruta
com 5% do peso vivo, durante 15 dias anteriormente aos testes.
A duração do experimento foi de quatro meses. Sendo que anteriormente ao ensaio e
nos tempos 30, 60, 90 e 120 dias após o inicio do experimento, os peixes foram pesados e
medidos (comprimento total e padrão).
Manejo de alimentação e qualidade de água
Os peixes foram alimentados quatro vezes por dia (8:00, 11:00,14:00 e 18:00) na
proporção recomendada por Crescêncio et al. (2005), sendo ajustada conforme a biometria
mensal.
Durante o experimento foram avaliados o pH (com aparelho Quimis® Q-400BC/BD),
oxigênio dissolvido e temperatura (com aparelho OXYGEN METER LT Lutron DO-5519),
condutividade semanalmente e quinzenalmente foi monitorada a amônia total (com aparelho
HANNA Range HI 93715).
Dieta alimentar e inoculação com probiótico
Em experimento prévio foram isolados de dez pirarucus, vinte e seis cepas de bactérias
e a partir de testes in vitro foi selecionada uma cepa com potencial probiótico identificada
bioquimicamente como sendo Lactobacillus paracasei (ver seleção capítulo I). A partir dessa
30
seleção a bactéria foi replicada em meio MRS broth e incubada a 35 ºC por 24 h, sendo
posteriormente inoculada no leite para crescimento e incubada nas mesmas condições e
aspergida na ração.
A dieta comercial (Guabi - Pirá com 40 % de PB) foi suplementada através da
aspersão de L. paracasei em leite de acordo com os tratamentos mencionado anteriormente.
As dietas foram mantidas em estufa 35 ºC por 24 horas, para o crescimento bacteriano e
secagem da ração e posteriormente armazenadas em refrigerador a 4 ºC durante o ensaio.
A ração inoculada com o probiótico foi preparada semanalmente sendo acondicionada
em sacos plásticos e conservada em refrigerador a 4°C durante o período experimental.
Também foi avaliado a viabilidade das células bacterianas na ração durante o armazenamento.
Para tanto, um grama da amostra foi macerada em gral de porcelana com 1mL de solução
salina estéril, sendo realizada cinco diluições seriadas com fator de 1:10 (Madigan; Martinko;
Parker, 2004) e semeadas em placa com meio MRS incubadas a 35 ºC por 48 horas para
contagem das UFC.
Desempenho zootécnico
Para análises de desempenho zootécnico foram realizadas quatro biometrias (conforme
mencionado acima). A partir da obtenção dos dados de peso e comprimento foram
determinados os parâmetros de ganho de peso, taxa de crescimento específico e fator de
condição. O ganho de peso dos peixes foi calculado pela diferença entre os resultados de peso
final e inicial dos peixes de cada tratamento. Para determinação da taxa de crescimento
específico foi utilizada a seguinte equação: TCE= 100 x (In peso final - ln peso inicial / dias
de experimento). Para o fator de condição foi utilizado os dados de comprimento total e peso,
sendo estes transformados em log neperiano e posteriormente calculado a equação da reta. De
posse desses dados foram obtidos os valores de peso esperado. Em seguida foram estimados o
fator de condição relativo de cada indivíduo por meio da relação: Kr= peso observado/peso
esperado, recomendado por Lima-Júnior et al. (2002).
Avaliação microbiológica
No inicio e final do experimento, foram dissecados o trato intestinal de dois pirarucus
por unidade experimental, para contagem das Unidades Formadoras de Colônias. Os tratos
foram macerados e diluídos serialmente em fator de 1:10 em solução salina estéril 0,65%, as
31
amostras foram semeadas em meio MRS e incubadas por 48 horas a 35 ºC.
Parâmetros hematológicos
Nos tempo 60 e 120, dez peixes foram anestesiados com óleo de cravo e retirados de
cada unidade experimental para a coleta 1 ml de sangue por punção dos vasos caudais com
auxilio de seringa e agulha esterilizadas e com anticoagulante EDTA 5%. O sangue foi então
realocados em eppendorf de 1ml para então proceder as seguintes analises: glicemia,
hematócrito, contagem total de eritrócitos, proteínas, hemoglobina.
Para tanto, uma alíquota foi utilizada para realização da analise de glicemia utilizando
o aparelho de medição de glicemia PRETIGE IQ 50. O hematócrito foi avaliado pelo método
de microhematócrito segundo metodologia de Goldenfarb et al. (1971), após obtenção de
hematócrito, foi obtido a proteína plasmática total utilizando um refratômetro da marca
Quimis®. Do eppendorf 10µl de sangue foram diluídos em 1ml de solução isotônica para
posterior contagem total de eritrócitos em câmara de Neubauer.
Com o restante de sangue foi analisada a hemoglobina com auxilio do contador
automáticos de células aparelho CELM 500 e CELM 550.
Parâmetros endoparasitológicos
Anteriormente ao ensaio e ao final, 10 peixes de cada tratamento foram sacrificados
com benzocaina possibilitando a coleta das amostras. As amostras para analises de
endoparasitas foram extraídas de cecos pilóricos e do intestino. Para tanto, os conteúdos
raspados foram montados em lâminas e lamínulas e analisados microscópica com auxilio de
microscópio e estereomicroscópio. Quando presentes estes seriam fixados, quantificados e
identificados ao menor táxon possível de acordo com Thatcher (2006).
Desafio com Aeromonas hydrophila
A cepa patogênica utilizada para esta etapa foi fornecida previamente pelo Laboratório
de camarões marinhos, sendo esgotada em placa de petri contendo meio de cultura TSA. Em
seguida uma colônia da bactéria foi inoculada em meio de caldo BHI (Brain heart Infusion) e
incubada a 30 ºC por 24 horas. Após o crescimento a cultura foi diluída em série (1:10) até a
diluição 10-8
, sendo semeada em TSA para contagem total de unidades formadoras de colônia
(UFC) do inóculo.
Para infecção experimental, o inóculo crescido em BHI a 30 ºC por 24 horas foi
centrifugada por 30 minutos a 1800 g. O sobrenadante foi descartado e o pellet suspenso em
32
solução salina estéril 0,65%, a suspensão se manteve 1,6 x107 UFC/mL
-1.
Após 120 dias de alimentação com L. paracasei, 48 juvenis de pirarucu restantes
foram utilizados para o desafio com Aeromonas. Para tanto, quatro peixes de cada unidade
experimental foram distribuídos aleatoriamente em três tanques com capacidade de 5000L e
submetidos a três tratamentos. Os tratamentos consistiram em peixes não injetados, injetados
com solução salina estéril, e injetados com 1mL de 1,6 x107 UFC/mL
-1 de Aeromonas para
cada individuo.
Ao término das injeções foram realizadas observações a cada 2 horas e avaliadas os
sintomas externos e a sobrevivência dos peixes durante 36 horas. Após este período os peixes
sobreviventes de cada tratamento foram sacrificados e coletados amostras do rim, coração
fígado e cérebro em condições assépticas para o re - isolamento da bactéria patogênica em
meio de cultura TSA.
Análises estatísticas
Os dados obtidos foram analisados no programa Bio Estat 5.0, realizou-se o teste de
normalidade com base nos desvios e verificação dos outlier, após a obtenção dos resultados
foi submetido analise de variância (um critério), e sendo o F significativo foi realizado o teste
Tukey (p=0,05) para comparação de médias. Os resultados estão apresentados como media ±
desvio padrão.
5.3 RESULTADOS
Durante o período experimental a temperatura se manteve em 27,2±0,08 ºC, o
oxigênio dissolvido da água em 6,61±0,08 mg/L, o pH em 5,35±0,05, condutividade em
514,4±0,4 e amônia total em 2,3±0,1mg, permanecendo dentro dos valores recomendados
para espécie (Cavero, 2002).
Nas analises parasitológicas não foram encontrados parasitas internos e externos,
confirmando que os todos os peixes empregados no estudo estavam saudáveis.
O número médio das unidades formadoras de colônia (UFC) de bactérias no trato
intestinal dos pirarucus alimentados com probiótico inicialmente de foi de (1.27x104 e 6.80
x104) para peixes alimentados com probiótico 10
5 e 5.26x10
5 5.50x10
5 contagens finais para
peixes alimentados com probiótico 106
(Tabela 1).
A UFC nas as dietas suplementadas com L. paracasei apresentaram contagem
semelhantes 5,65x106 para T3 e 6,98x10
6 para T4.
33
Neste estudo não foi verificado diferença significativa no ganho de peso e fator de
condição e taxa de crescimento especifico entre o controle e os tratamentos (Tabela 2).
Quanto aos parâmetros hematológicos, os peixes suplementados com L. paracasei
(10-6
) apresentaram maior valores de glicose e hemoglobina no tempo 120 dias em relação ao
grupo controle, enquanto que no tempo 60 dias foi observado aumento de eritrócito quando
comparados com o grupo controle (Tabela 3).
O desafio com Aeromonas por inoculação intraperitoneal resultou em letargia, inchaço
no local da aplicação da injeção e hemorragia nas nadadeiras peitorais, enquanto que os
órgãos internos (fígado e baço) apresentaram-se inchaço quando comparado com o grupo
controle (Figura 1).
Figura1. Alevino de pirarucu com inchaço no local da aplicação após injeção com Aeromonas
(A), em destaque órgão interno de peixes injetados com Aeromonas (B) e peixes injetados
com solução salina (C). Fonte: A autora, 2011.
As amostras do trato intestinal semeadas em TSA dos peixes não injetados e injetados
com solução salina não apresentaram crescimento de bactérias detectáveis, enquanto que os
peixes desafiados apresentaram colônias com coloração castanha e formato redondo,
semelhante a Aeromonas usada no desafio. Os esfregaços, corados pelo método gram,
confirmaram bastonetes gram negativos.
Neste estudo observou-se mortalidades elevada sendo que após 24 horas de desafio
experimental observou-se maior mortalidade nos indivíduos alimentados anteriormente com
34
leite estéril (3), seguidos dos alimentados com L. paracasei (2 peixes do T3 e 2 peixes do
T4,n: 4), e o grupo controle (1). Peixes injetados com solução salina estéril e do grupo
controle não apresentaram mortalidade (Tabela 4).
Em relação aos parâmetros sanguíneos após desafio com Aeromonas não foi
observado diferença significativa em relação aos peixes injetados com Aeromonas (Tabela 5).
Tabela 1. Contagem de bactérias acido lácticas no trato intestinal de pirarucus alimentados
com L. paracasei no início e após 120 dias de experimento.
Tratamento Contagem de bactérias ácido lácticas (UFCg-1)
Inicial Final
Leite 3.55E+03 1.00E+05
Controle 5.03E+05 2.00E+04
probiótico 105 1.27E+04 6.80E+04
probiótico 106 5.26E+05 5.50E+05
35
Tabela 2. Valores de ganho de peso (GP em g), taxa de crescimento especifico (TCE em % dia), fator de condição obtidos de juvenis de pirarucu
contendo diferentes concentrações de probióticos nos tempos 30 e 90 dias.
TRATAMENTOS DESEMPENHO
GP TCE Kr GP TCE Kr
LEITE 234±67 2.75±0.59 1.00±0.01 LEITE 239.17±99 0.97±0.36 0.99±0.01 CONTROLE 247±62 2.77±0.47 1.00±0.01 CONTROLE 269.66±72 1.13±0.17 1.00±0.01 30 dias PROBIOTICO 105
247±83 2.73±0.46 0.99±0.02 90 dias
PROBIOTICO 105
292.58±97
1.14±0.29 0.98±0.02
PROBIÓTICO 106
247±89 2.70±0.60
1.00±0.02 PROBIÓTICO
106 238.44±88
1.02±0.26
0.99±0.02
F tempo
0.01531ns 0.0612ns 0.2850ns F
Tratamento 1.3358ns
1.1381ns 1.2367ns
36
Tabela 3. Valores de ganho de peso (GP em g), taxa de crescimento especifico (TCE em % dia), fator de condição, glicose, hemoglobina,
hematócrito, proteína e eritrócito obtidos de juvenis de pirarucu contendo diferentes concentrações de probióticos nos tempos 60 e 120 dias de
experimento.
60 dias
TRATAMENTOS DESEMPENHO
GP (g) TCE (%) KR
GLICOSE (mg.dL-1)
HEMOGL (g.100 ml)
HEMATOCR (%)
PROT (mg.mL-
1)
ERITÓRCIT (x106 µL-1)
LEITE 254±69 1.51±0.31 0.99±0.03
59.62±35
14.31±2.41 33.84±3.96 5.05± 0.39 1.6263 a
CONTROLE 236±96 1.40±0.44 1.00±0.01
55.87±13
15.30±2.04 31.21±3.59 5.31±0.40 1.5775 a
PROBIOTICO 105 259±77 1.55±0.20 1.00±0.01
47.75±14
14.38±1.62 31.09±3.69 5.07±0.45 1.6311 a
PROBIÓTICO 106 209±93
1.27±0.47 0.99±0.01
48.62±18
15.98±1.44 33.84±13.3 5.06±0.53 3.798 b
F tratamento 1.3756ns 2.0411ns 0.2850ns 1.8003ns 1.1576ns 0.4325ns 1.3838ns 4,2752*
120 dias
TRATAMENTOS DESEMPENHO GLICOSE
HEMOGL HEMATOCR PROT ERITÓRCIT
GP (g) TCE (%) KR (mg.dL-1) (g.100 ml) (%) (mg.mL-
1) (x106 µL-1)
LEITE 414±221 1.39±0.20 100.±0.01 136 a 13.1917 a 31.08±8.60 5.04±0.77 3.31±0.89
CONTROLE 506±123 1.44±0.18 1.00±0.01 133 a 15.3071 a 32.61±4.15 5.25±5.22 3.10±0.82
PROBIOTICO 105 475±135 1.29±0.20 0.98±0.01 132 a 15.9692 a 34.30±3.95 5.22±0.36 3.16±0.95
PROBIÓTICO 106 448±159 1.39±0.37 0.99±0.01 240 b 18.7688 b 34.15±4.33 5.21±0.31 3.03±1.19
F tratamento 0.8722ns 1.9815ns 1.2518ns 6.23** 10.58** 1.2873ns 0.4906ns 0.1928ns
Valores média ± desvio padrão desempenho de alevinos de pirarucu alimentados com L. paracasei, ração com leite estéril e ração sem bactéria
(controle). Letras minúsculas nos diferentes tempos de amostragem indicam diferença significativa por ANOVA e teste Tukey (p<0.05)
* indica diferença entre os tratamentos em um determinando tempo de amostragem pelo teste Tukey (p< 0,05).
37
Tabela 4. Mortalidade de peixes injetados com Aeromonas , injetados com solução salina e não injetados (grupo controle).
Tratamentos
Injeção Aeromonas
Injeção solução salina
Não injetados
leite 3 16 16 controle 2 16 16 probiótico 105 2 15 16 probiótico 106 1 15 16
Tabela 5. Parâmetros sanguíneos de juvenis de pirarucu alimentados com L. paracasei e submetidos a injeções de Aeromonas hydrophila,
solução salina estéril e não injetados (controle).
Tratamentos Glicose
(mg.dL-1
) Hematócrito
(%)
Proteína
(mg.mL-
1)
Hemoglobina (g.100 ml)
Eritrócito
(x106 µL-1)
Dieta com leite e peixes injetados com Aeromonas 46.0±17 35.37±6.78 4.10±0.61 11.51±4.60 5.26±2.62
Deita controle e peixes injetados com Aeromonas 55.40±16 34.37±7.90 4.43±0.53 13.37±3.72 4.27±1.08
Dieta com probiótico 105 e injetados com Aeromonas 45.0±13 31.24±5.26 4.47±0.63 13.45±4.30 5.33±1.91
Dieta com probiótico 106
e injetados com Aeromonas 49.60±22 30.50±9.97 4.26±0.84 12.37±2.79 4.63±1.73
F 0.3481ns 0.3052ns 0.9151ns 0.2751ns 0.3547ns
Dieta leite e peixes injetados com SSE 75.80±23 33.30±1.78 4.92±0.09 14.12±0.88 2.66±2.51
Dieta controle e peixes injetados com SSE 74.00±11 34.10±1.96 4.95±0.07 14.50±1.00 3.33±2.10
Dieta com probiótico 105 e peixes injetados com SSE 61.00±11 34.70±3.43 4.98±0.09 14.16±1.34 3.24±2.96
Dieta com probiótico 106 e peixes injetados com SSE 62.20±10 32.70±3.43 4.89±0.18 13.28±0.98 2.81±2.47
F 0.9763ns 0.8291ns 0.5263ns 1.1749ns 0.8330ns
Dieta leite e peixes e não injetados 224±126 34.85±4.79 5.46±0.36 14.52±1.88 7.31±3.67
Dieta controle e peixes e não injetados 187±104 29.78±6.39 5.78±0.76 13.82±0.43 5.22±1.78
Dieta probiótico105 e peixes e não injetados 173±76 30.20±9.43 6.02±0.61 13.56±2.10 4.87±2.51
Dieta probiótico106 e peixes e não injetados 236±120 38.20±3.66 5.34±0.37 12.92±2.72 4.98±2.91
F 0.3722ns 1.9396ns 1.5423ns 2.0960ns 0.8418ns
38
5.4 DISCUSSÃO
É conhecido que as bactérias ácido lácticas não são numericamente dominantes na
microbiota gastrointestinal de peixes sob condições normais (Ringo e Gatesoupe, 1998).
Contudo, a manipulação da microbiota intestinal através da administração de probióticos tem
constituído um valioso mecanismo para aumentar o crescimento dos peixes, considerando-se
assim promissores para utilização na Aquicultura (Nikoskelainen et al. 2001; Jatobá et al.
2008; Franco, 2009).
Meurer et al. (2006) e Suzer et al. (2008), não observaram incremento para ganho de
peso em tilápias alimentadas, durante 30 dias, com Saccharomyces cerevisiae em Sparus
aurata alimentados com Lactobacillus ssp., respectivamente. Eles atribuem esses resultados
as boas condições de manejo (nutricionais e sanitárias) nos quais os peixes encontravam-se,
onde muitas vezes não são constatados efeitos da inclusão de probióticos sobre o desempenho
do hospedeiro (Lima et al. 2003).
Este resultado foi semelhante ao de Vendrel et al. (2008), em truta arco-íris
(Oncorhynchus mykiss) alimentados durante 30 dias com Leuconostoc mesenteroides e
Lactobacillus plantarum desafiados com Lactococcus garvieae, justificando que o ganho de
peso não foi significativo devido ao curto período de estudo.
Estudos conduzidos por Hernandez et al. (2010), também não constataram melhora no
desempenho de crescimento e ganho de peso em Poecilopsis gracilis alimentados por 11
semanas com 0,7 x108
UFC/ml-1
de Lactobacillus casei (obtidas a partir do produto comercial
Yakult). No entanto, os autores evidenciaram uma tendência de melhores valores para o
crescimento no grupo probiótico, sendo justificado pelos valores observados de proteínas e de
lipídios proporcionando à melhora da nutrição.
Contrariamente aos resultados de Jatobá (2008), que constatou melhor ganho de peso
(7,1%) de tilápias do Nilo utilizando L. plantarum na dieta alimentar, sendo atribuído a
melhora da eficiência alimentar (13,6%) resultante da presença do probiótico mostrando
assim o seu potencial.
A melhoria de crescimento pelo o uso de probiótico pode estar relacionada com a
melhora da nutrição (El-Haroun et al. 2006), pois algumas cepas probióticas podem atuar
como uma fonte suplementar de alimento e sua atividade no trato intestinal pode ser uma
fonte de nutrientes essenciais (Balcazar et al. 2006).
O valor da glicose (240 mg.dL) e hemoglobina (18.7 g.dL) encontrado para o pirarucu
alimentados com L. paracasei no tempo 120 dias nesta pesquisa foi mais que o dobro
observado por Drumond et al. (2010), para alevinos da mesma espécie cultivados em sistema
39
semi intensivo, não é possível afirmar, nesse caso, se a hiperglicemia é ou não uma vantagem
para a manutenção do animal. Porém a diferença na taxa de glicose e hemoglobina nos peixes
alimentados com L. paracasei pode ser atribuída a diferentes situações estressantes.
Vários autores observaram valores glicêmicos em situações estressantes sofrendo
alterações aumentando e retornando aos valores anteriores a exposição ao estresse em 24
horas (Krieger-Azzolini et al. 1998; apud Nomura (2001), Mazeuad et al. 1997; e Carneiro &
Urbinati 1998).
Contrariamente ao observado por Jatobá et al.(2008) em que tilápias alimentadas com
L. plantarum e submetidos a infecção de Enterococcus durans não mostraram diferenças nas
taxas para glicose, hematócrito e eritrócitos. A não alteração nas taxas indicou que os peixes
sofreram o mesmo efeito do estresse provocado pelo manejo das injeções.
De acordo com Gomez & Balcazar (2008), para se obter um resultado desejado na
alteração dos parâmetros hemato-imunológicos os probióticos devem alcançar concentrações
elevadas dentro do trato intestinal.
A contagem de bactérias no trato intestinal dos pirarucus alimentados com probiótico
foram considerados valores baixos comparados com os obtidos por Jatobá et al.(2008) onde a
colonização por L. plantarum em tilápias foi de aproximadamente 106 UFC.mL
-1,verificando
a capacidade de diminuir o número de bactérias do gênero Pseudomonas. Os valores
encontrados no presente estudo podem ser considerados insuficientes para produzir efeito para
espécie estudada.
Na aquicultura, a dose de probiótico normalmente varia de 106-10
UFC/g de ração
(Nayak, 2010). A viabilidade do probiótico na dieta esta relacionado a concentração (numero
de unidade formadoras de colônia por grama de ração) na dieta, assim como o tempo que
estas bactérias se mantem vivas na mesma.
Son et al. (2009) utilizando L. plantarum constataram melhoria de crescimento e
resposta imune para garoupa (Epinephelus coioides) eficaz com dose de 108
UFC/Kg de ração
em comparação com 106 e 10
10 UFC/Kg de ração. Na presente pesquisa as médias das dietas
suplementadas com L. paracasei apresentaram contagem 5,65x106 para T3 e 6,98x10
6,
provavelmente consideradas baixas já que não mostraram diferença no desempenho
zootécnico.
De acordo com Veschuere et al. (2000) o critério mais importante que deve ser
estabelecido na utilização e seleção de bactérias probióticas é a colonização do trato intestinal,
devido as bactérias possuírem tolerância aos acido biliares e possuírem capacidade de adesão
epitélio intestinal (Nikoskelainen et al. 2001).
40
Após 24 horas de desafio experimental com Aeromonas hydrophila foi constatado a
mortalidade elevada nos animais injetados intraperitoneal com Aeromonas , observou-se
maior mortalidade nos indivíduos alimentados anteriormente com leite estéril (3 peixes),
seguidos dos alimentados com L. paracasei 105
(2 peixes) L. paracasei 105 (2 peixes) e um
peixe do grupo controle. Peixes injetados com solução salina e o grupo controle não
apresentaram mortalidade.
Contrariando os resultados de Mouriño (2010), que observou maior índice de
mortalidade de surubim hibrido (Pseudoplatystoma corruscans x P. fasciatum), em todos os
tratamentos, porém os animais tratados com bactéria ácido láctica Weissella cibaria e 0,5% de
inulina apresentaram mortalidade significativamente inferior (20%) do que os animais do
grupo não suplementado e suplementado com L. plantarum e 0,5% de inulina.
O autor justifica essa mortalidade inferior no tratamento com W. cibariae e 0,5% de
inulina ao aumento do número de anticorpos presentes no soro sanguíneo, aumento de
neutrófilo, linfócitos e monócitos circulantes que melhoraram significativamente a resposta de
defesa em peixes frente a infecção bacteriana.
A contagem bacteriana no trato intestinal de surubim hibrido foi de 4.67 ±0.85,
enquanto que neste trabalho foi de (1.27x104 e 6.80x10
4) para peixes alimentados com
probiótico 105 5.26x10
5 e final 5.50x10
5 e para probiótico 10
6.
Robertson et al. (2000), avaliaram o uso de Carnobacterium sp. como probiótico em
salmão do atlântico (Salmo salar L) e truta arco iris (Oncorhynchus mykiss), no qual foi
suspensa no óleo de peixe na proporção de 5 x107
células/g-1
(inoculado na ração). Após 14
dias verificaram que a alimentação com probiótico permaneceu viável no trato
gastrointestinal, sendo eficaz na redução quando submetido ao desafio com Aeromonas
salmonicida, Vibri ordalii e Yersinia ruckeri.
No presente estudo a mortalidade constatada nos peixes alimentados com L. paracasei
pode estar relacionada com a baixa concentração dessa cepa bacteriana verificada no trato
intestinal. Os parâmetros hematológicos analisados após desafio com Aeromonas não mostrou
diferença significativa entre os tratamentos, confirmando a não proteção da cepa utilizada
como potencial probiótico para juvenis de pirarucu.
41
5.5 CONCLUSÃO
A cepa Lactobacillus paracasei isolada do intestino de pirarucu e suplementada na
dieta dos juvenis não influenciou o desempenho zootécnico.
A utilização de Lactobacillus paracasei não foi eficiente na proteção e sobrevivência
dos juvenis de pirarucu após desafio com Aeromonas.
5.6 BIBLIOGRÁFIA CITADA
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível selecionar cepas bacterianas de alevinos de pirarucu com resultados
satisfatórios “in vivo”, porém os testes “in vivo” foram dificultados pela quantidade
insuficientes de alevinos de pirarucu para o ensaio experimental, o que restringiu a utilização
de uma única cepa (Lactobacillus paracasei) que suplementada a dieta dos juvenis não
influenciou o desempenho zootécnico. Sendo também considerada ineficaz na proteção e
sobrevivência dos juvenis de pirarucu após desafio com injeção intraperitoneal de Aeromonas.
Embora esta cepa não tenha melhorado o desempenho zootécnico e proteção contra
Aeromonas, os resultados obtidos neste trabalho devem servir para o aprimoramento da
metodologia do uso de bactérias acido lácticas com a mesma cepa e/ou com as demais cepas
isolada para determinar as melhores estratégias que possibilitem a re-colonização destas no
trato intestinal de pirarucu e visem a melhora da saúde animal. E posteriormente utilizar cepas
patogênicas isoladas de pirarucus doentes para o desafio.
45
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