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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DIRETORIA DE PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO
Nome do Bolsista: Rodrigo Marques Neto
Período: 08/10/2014 a 18/03/2015
( ) PARCIAL
( X ) FINAL
IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Título do Projeto de Pesquisa: Proposta de Modelos de Rádio Propagação para
Sistemas Fixos e Móveis na Região Amazônica Baseado em Medições.
Nome do Orientador: Prof. Dr. Fabrício José Brito Barros
Titulação do Orientador: Doutor
Faculdade: Universidade Federal do Pará
Unidade: Campus Universitário de Tucuruí
Laboratório: Laboratório de Eletromagnetismo Aplicado (LEMAG)
Título do Plano de Trabalho: Medidas de Rádio Propagação em Terrenos Mistos.
Nome do Bolsista: Rodrigo Marques Neto
Tipo de Bolsa: ( ) PIBIC/CNPq
( ) PIBIC/UFPA
( ) PIBIC/INTERIOR
( x ) PIBIC/FAPESPA
( ) PARD
( ) PARD – renovação
( ) Bolsistas PIBIC do edital CNPq 001/2007
2
1-INTRODUÇÃO
A televisão é um dos meios mais importantes de informação e esse setor da
telecomunicação passou e ainda continua passando por incontidas melhorias,
aperfeiçoamento devido ao aumento da busca por acesso a serviços digitais de
transmissão de dados. Com o surgimento da TV digital foi definido um novo formato de
comunicação baseada em tecnologia totalmente digital, transmitindo também sinais com
altíssimo ganho de qualidade de áudio e vídeo via internet, inovando o modo como às
pessoas se interagem e se comunicam. E no momento com a definição do padrão
Sistema Brasileiro de TV digital e com tecnologias a sobrevir, faz-se necessário um
estudo minucioso dos efeitos de propagação nas faixas de frequências destas tecnologias
em regiões remotas.
Quando essas regiões remotas estão situadas na região amazônica, os modelos de
propagação existentes podem não apresentar bons resultados. A maioria dos modelos
não se assemelham com as características das localidades amazônicas, atualmente são
baseados em medidas realizadas fora do Brasil em regiões de clima temperado, em
terrenos mistos do tipo: solo e oceano.
A proposta da pesquisa é realizar desenvolvimento de modelos de propagação
capazes de predizer a comunicação entre ilhas situadas nos arredores da barragem da
hidrelétrica de Tucuruí, Pará. Esses desenvolvimentos de modelos próprios de
propagação poderão ser utilizados em projetos de enlace para implantação de novas
tecnologias, redes de telefonia celular e TV Digital em regiões remotas da Amazônia.
Todavia, para realizar os experimentos de propagação do sinal e dar continuidade
no projeto de pesquisa com análise comparativa do sinal medido e simulado precisava-
se adquirir os instrumentos de medição. Com a não aquisição desses materiais não foi
possível progredir na pesquisa para a obtenção de resultados significativos e uma
possível publicação. Com isso a pesquisa limitou-se apenas no estudo teórico dos
modelos de propagação.
A execução do plano de trabalho iniciou em 08/10/2014 e terminou em 18/03/2015,
assim como a bolsa PIBIC que somente teve vigência no período anteriormente
mencionado.
2-JUSTIFICATIVA
Ultimamente, encontra-se disponibilidade em um campo vasto de novas
tecnologias de rede sem fio nos grandes centros do Brasil. Em contrapartida essas
tecnologias incessantemente estão indisponíveis em localidades remotas, e quando há
3
disponibilidade podem se tornar inviável economicamente, sendo assim para promover
uma real ampliação da propagação do sinal, serviços de cidadania e inclusão digital em
regiões com pouca infraestrutura é imprescindível estudos que apresente relações
favoráveis a soluções de telecomunicações com aplicações de teleducação,
telemedicina, TV digital, entre outros serviços.
Por esse motivo esse trabalho se fundamenta em realizações de campanhas de
medições para a evolução de modelos de rádio propagação que englobem às
características climáticas da região amazônica, o espalhamento em vegetação densa e a
utilização de terrenos mistos (Solo e rio).
Os modelos clássicos encontrado na literatura especializada estão relacionados a
campanhas de medições realizadas em regiões que apresentam características diferentes
da Amazônia. Então os valores medidos obtidos deste projeto de iniciação científica
serão utilizados em estudos para promover a implantação da TV Digital, redes de
telefonia celular 3G e 4G e redes WiMax na região amazônica de preferência em
comunidades ribeirinhas.
Inicialmente como previsto no cronograma nos três primeiros meses foi feio o Estudo
sobre o fenômeno de radio propagação em terrenos mistos. Dentro desta atividade
realizou-se estudo de modelos de propagação, no espaço livre, em áreas urbanas, rural
(vegetação), terrestre, aquática e em terrenos mistos (solo e rio).
3-OBJETIVOS
O objetivo geral do trabalho é a caracterização do canal de rádio propagação
através de campanhas de medidas.
De maneira geral o projeto tem as seguintes metas serem obtidas:
Realização de campanhas de medidas nas faixas VHF (30-300MHz),
UHF (300MHz-3GHz), SHF nas bandas S (2-4GHz) e C (4-8GHz) em terrenos mistos,
em terrenos mistos, como rio e solo, e com vegetação densa.
Determinar experimentalmente as características do canal de propagação
nas faixas de VHF, UHF e SHF em região amazônica.
Comparar os dados medidos com os modelos existentes, e assim, avaliar
se estes modelos estão adequados para a região amazônica
Produzir trabalho de conclusão de curso (TCC) de alunos do curso de
Engenharia Elétrica do Campus de Tucuruí da UFPA, assim como, dissertações de
4
mestrado no programa de pós-graduação em engenharia elétrica da universidade Federal
do Pará.
4-MÉTODO
A metodologia utilizada para a execução deste trabalho foi a busca de
conhecimento nas literaturas existentes sobre propagação no espaço livre, TV digital,
canal de rádio, modelos de propagação em áreas urbanas, rural (vegetação), terrestre,
aquática e em terrenos mistos (solo e rio). A princípio identificou-se que o modelo mais
adequado para esse trabalho foi o ITU-R P.1546-5.
Para trabalhar com esse modelo de propagação utilizou-se o computador como
ferramenta indispensável para acompanhar o plano de trabalho. O computador está
localizado no Laboratório de Eletromagnetismo (LEMAG) da Universidade Federal do
Pará no campus de Tucuruí.
5-RESULTADOS:
Como explicado no plano de trabalho (metodologia). O setup de recepção seria
adquirido com recursos do projeto intitulado “Proposta de Modelos de Rádio
Propagação para Sistemas Fixos e Móveis na Região Amazônica Baseado em
Medições” aprovado no edital da FAPESPA 007/2013 PROGRAMA PRIMEIROS
PROJETOS - PPP - FAPESPA/CNPQ.
Os recursos no valor de R$ 50.000,00 ainda não foram repassados apesar da
vigência do projeto durante os dez últimos meses.
Concluído a primeira etapa do plano de trabalho, não foi possível prosseguir o
mesmo, uma vez que não se obteve recurso para comprar equipamentos de recepção
para realizar as campanhas de medições ao redor da barragem de Tucuruí.
Neste trabalho inicialmente seguindo o plano de trabalho obteve-se bons
resultados com estudos nas literaturas sobre o fenômeno de rádio propagação em
terrenos mistos. A princípio identificou-se alguns modelos clássicos de propagação,
assim como, o modelo ITU-R P.1546-5 recomendado por abordar em uma análise
semi-empírica a propagação em terrenos mistos: água e terra. Este estudo pode ser
relatado resumidamente nos subtópicos a seguir.
Desta forma, todas as etapas relacionas aos cronogramas de atividades que
estavam diretamente ligadas a realização de campanhas de medidas não puderam ser
realizadas neste relatório Parcial.
5
5.1-PROPAGAÇÃO EM ESPAÇO LIVRE
É o caso mais simples, em que a propagação via rádio está sujeita a uma análise
determinística com situações idealizadas, no qual transmissor e receptor estão imersos
em um ambiente inseto de obstruções em qualquer direção. É uma situação idealizada,
mas é útil para dar uma perspectiva inicial dos mecanismos de propagação, pós embora
a propagação em espaço livre seja uma situação bastante particular, o seu entendimento
e cálculo são úteis para que se desenvolvam expressões mais complexas e que possam
melhor definir a propagação em diferentes ambientes e diferentes sistemas[2].
Portanto, tem-se a perda no percurso em decibéis, da seguinte forma:
44,32log20log20log10log10 10101010 kmMHzRT dfGGL
(1)
A perda de espaço livre (L), é definida pela equação de transmissão de potência
de Friis [5] a qual é a razão entre a potência transmitida e recebida, é dada por:
2
4
dGG
P
PRT
T
R
(2)
5.2-PROPAGAÇÃO SOBRE TERRA PLANA
Este modelo considera a presença da terra com uma superfície refletora plana e
perfeitamente lisa. Sendo considerado distâncias inferiores a dez quilômetros, a
curvatura da terra é frequentemente desprezada [1]. Nessa condição, o sinal transmitido
pode percorrer múltiplos caminhos até a antena receptora, podendo percorrer um
caminho direto e caminhos indiretos pela reflexão da onda no solo. A Figura 1
exemplifica o funcionamento do mecanismo, o qual considera não somente o raio direto
entre o transmissor e receptor, como também o raio refletido na superfície da terra.
6
Figura 1 - Reflexão sobre terra plana.
Adaptado: [2].
O sinal recebido é uma combinação de todas essas ondas que se propagam pelos
caminhos e chegam ao receptor. A atenuação nestes percursos individuais é dada pela
equação de espaço livre, Equação (2), e o campo resultante dependerá da diferença no
comprimento dos percursos e do coeficiente de reflexão da superfície.
A onda refletida no solo é dada por Friis na Equação (2), ponderada por um
coeficiente de reflexão no solo ρ. Este sinal refletido sofre defasamento ∆θ devido ao
caminho indireto e se for considerado uma única reflexão no solo, poderá representar a
relação entre potência recebida e transmitida em terreno plano pela Equação (3) [1].
22
14
j
RT
T
R ed
GGP
P
(3)
O coeficiente de reflexão depende de fatores como o ângulo de incidência da onda
no solo (θ) e a permissividade do solo (ε), de acordo com a lei de Snell [7]. O
coeficiente de reflexão do solo é representado pela Equação (4).
Ksen
Ksen
(4)
Onde para um meio sem perdas, K é igual a 2cos se a onda for polarizada
horizontalmente ou
2cos se a onda for polarizada verticalmente, de acordo
com as formulações generalizadas de Fresnel para ondas polarizadas horizontalmente e
na vertical [1]. Se for considerado que o valor de ρ tende para -1, reduz-se a Equação
(3) na Equação (5).
i1 i2
d1
7
22
14
j
RT
T
R ed
GGP
P
(5)
E o defasamento (∆θ), é dado pela Equação (6), em que f é a frequência do sinal
transmitido.
dtf
22
(6)
Onde, 2121 ddiid , é a diferença entre o caminho direto e o caminho
indireto. E expandindo ∆d em função da altura das antenas e da distância, a Equação (6)
pode ser reescrita na Equação (7).
11
222
d
hh
d
hhd rttr
(7)
Utilizando aproximação binomial 2
11x
x , se x for pequeno, a Equação (7)
pode ser escrita como a Equação (8). O valor modular ao quadrado da Equação (5)
podendo ser expandido na forma da Equação (9) [1].
d
hh RT
4
(8)
24cos121 2
2 sene j
(9)
Utilizando aproximação
2
sex , as Equações (5), (8) e (9) é obtida a equação
que relaciona as potências transmitidas e recebidas na Equação (10), conhecido como
método de dois raios ou terra plana [8]:
2
2
d
hhGG
P
P RTRT
T
R
(10)
A mesma pode ser expressa em dB por:
8
)log20log20log10log10(log40 1010101010 RTRTdB hhGGdL
(11)
E para antenas isotrópicas a Equação (11) é reduzida à Equação (12).
dhhL RTdB 101010 log40log20log20
(12)
É importante saliente que a equação de terra plana é válida apenas quando
RT hdhd , e pequeno. A dependência da distância é percepitível, de modo
que a potência recebida diminui quando a distância aumenta.
5.3-CAMPO ELÉTRICO
Quando se refere a estudos de eletromagnetismo para alguns sistemas,
normalmente, apresenta-se na literatura resultados em magnitude de campo elétrico
associado à onda eletromagnética em dB(μV/m). Por definição o campo elétrico é dado
por [8]:
EEmVdBE log20log10/2
(13)
Sabendo-se que a potência transmitida por uma antena transmissora produz no
ponto de recepção uma densidade de potência (S) em [W/m2] e considerando que a
antena receptora tenha uma área efetiva (Ae).
E como a densidade de potência está relacionada com o campo elétrico por:
0
2
ES 2/ mW
(14)
Onde η0 é a impedância intrínseca do meio, e separando o E, temos que:
r
r
GE
2
02 P4
(15)
Sendo assim,
9
)()(4
log10/
P4log10log10/
2
0
2
02
dBGdBWPmVdBE
GEmVdBE
rr
r
r
(16)
O valor do campo elétrico em dB(μV/m) associada a uma potência em dBm é dado
por [2]:
)()(4
log1090/2
0
10 dBGdBmPmVdBE RR
(17)
5.4-MODELO DE OKUMURA
O modelo de Okumura foi desenvolvido com base em um grande número de
medidas realizadas na região de Tóquio, em frequências na faixa de UHFe na faixa de
SHF até 1920 MHz.
O método de cálculo baseia-se na introdução de correções, obtidas graficamente,
sobre o valor da atenuação de espaço livre [2]. A expressão básica do método é
AREARTm GdhGdhGALL ,,50 (18)
Okumura não é muito aplicado na prática, devido à sua natureza gráfica. Para se
trabalhar melhor com este modelo utilizamos as expressões ajustadas por Hata.
5.4-MODELO DE OKUMURA – HATA
De modo a tornar o modelo de Okumura acessível ao uso computacional, Hata
desenvolveu relações matemáticas empíricas [10] que descrevem as informações
contidas nos gráficos dados por Okumura. Essas formulações se limitam a certas faixas
de parâmetros de entrada e são aplicáveis apenas para terrenos quase planos e são
válidas para as freqüências de 150 MHz e 1500 Mz.
As expressões matemáticas e suas faixas de aplicações são descritas
abaixo:
50 69,55 26,16log 13,82log
44,9 6,55log log
MHz T R
T
L f h a h
h d
(19)
10
Para áreas suburbanas a perda de propagação em dB é definida como:
2
50 50( ) 2 log 5,428
MHzurbano
fL L
(20)
A perda total para áreas rurais é encontrada utilizando-se a equação abaixo:
94,40log33,18log78,42
)(5050 MHzMHzurbano ffLL (21)
Vale enfatizar que o modelo de Okumura-Hata é muito semelhante com o modelo
utilizado pelo ITU-R para projetos de radiodifusão da TV digital, conforme definido
pela resolução da Anatel nº 398 [11]. Por ser um modelo bastante utilizado servirá de
base para o estudo desenvolvido neste trabalho.
5.5-MODELO ITU-R P.1546-5
O método recomendado pelo ITU-R (International Telecommunication Union –
Radiocommunication Sector) para as faixas de TV digital de UHF e VHF, através da
Recomendação ITU-R P.1546 versão 5, utilizado no Brasil desde o ano de 2006,
conforme estabelecido na Resolução nº 398 da Anatel, fornece resultados muito
semelhantes aos do método Okumura–Hata [2].
A ITU-R P.1546 baseia-se em curvas de propagação obtidas por intermédio de
medidas realizadas nos EUA e na Europa. As curvas de propagação são disponibilizadas
pela ITU em forma tabular voltada para a implementação computacional deste método
de propagação [1].
Este método foi modelado através de curvas que permitem determinar a variação da
intensidade de campo com a distância para uma dada porcentagem no tempo e
frequência para diversos valores da altura da antena transmissora (h1). Para valores que
não se encontram nas curvas a intensidade de campo pode ser obtida por interpolação ou
extrapolação.
Algumas curvas são referentes a ambientes terrestres e outras a ambientes
marítimos, sendo baseados na captação de dados em regiões com variações climáticas
de ambientes quentes e gelados. Foram levantados dados da Europa e América do
Norte. As curvas foram levantadas para uma potência efetiva irradiada (ERP) de 1 kW
(em relação à uma antena dipolo de meia onda), em frequências nominais de 100, 600 e
11
2000 MHz [10]. Esse modelo pode ser usado para estudos na faixa de frequência de 30
MHz a 3000 MHz e com distância de 1 km a 1.000 km de separação entre as antenas.
Aqui não se deseja transcrever a recomendação assim como ela está no documento
original da ITU, mas explicar, de forma sucinta e não menos interessante e
enriquecedora, o funcionamento da mesma.
5.4.1-Variabilidade Local
A variabilidade local (VL) refere-se ao comportamento da intensidade do campo
elétrico dentro de uma determinada área de cobertura de dimensões definidas, ao invés
de um determinado ponto. Para o caso de frequências nas faixas de VHF e UHF, são
usadas áreas quadradas com 500 m de lado (valor típico) [8]. Diversos fatores podem
explicar tal variação de intensidade com a posição, como por exemplo, multi-percursos,
variações do nível de vegetação, construções, variações de relevo (montanhas,
penhascos) e a própria movimentação dos terminais de comunicação[12].
Em todas as medidas que compõem a base tabular foram computadas para 50% de
VL. Ou seja, 50% da área é provavelmente coberta por uma intensidade de campo maior
do que o valor tabulado. Por exemplo, um valor de sinal predito de −60 dBm com VL
de 50% significa que em 50% da área, a potência provavelmente será superior a −60
dBm [3].
Medidas realizadas ao longo dos anos sugerem que, para áreas relativamente
pequenas (como para 500×500 m2), a distribuição de intensidade de campo pode ser
aproximada por uma distribuição log-normal [8].
5.4.2-Variabilidade Temporal
A variabilidade temporal (VT, em percentagem) fornece a fração do tempo em que
a intensidade instantânea de recepção é maior ou igual ao valor médio predito. Por
exemplo, uma intensidade de potência de −50 dBm com uma VT excedida em 1% do
tempo significa que o sinal recebido provavelmente terá potência maior ou igual a −50
dBm em 1% do tempo. Se fosse com uma VT de 50% significaria que sua intensidade é
provavelmente maior ou igual ao valor médio (−50 dBm) em 50% do tempo [3].
Portanto, quando se aumenta o valor de VT, aumenta-se também a confiabilidade
do campo predito e como consequência, o valor nominal do mesmo diminui. Ou seja,
um campo predito com uma VT de 1% tem um valor nominal superior ao campo na
mesma situação quando comparado com a predição para uma VT de 50%. Geralmente,
12
pequenas percentagens de tempo são utilizadas para a análise de interferências e não do
sinal propriamente dito. Valores de VT excedidos para altas percentagens de tempo não
são muito utilizados, por diminuírem muito o valor nominal do campo predito [3],
portanto a recomendação não é válida para valores de VT superiores a 50%.
A Figura ) apresenta as curvas de intensidade de campo em função da distância para
a frequência de 600 MHz, em percurso terrestre e para a condição da intensidade de
campo excedida em 50% das localidades para 50% do tempo.
Figura 2 - Curva de intensidade campo da Recomendação ITU-R P.1546.
Adaptado: [6].
5.4.3-Calculo da altura da antena transmissora
O modelo da recomendação ITU-R P.1546 está baseado na altura da antena
transmissora e a principal característica do modelo de propagação refere-se à
metodologia de cálculo da altura da antena transmissora. O valor de h1 determina que
-80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
100 110 120
1900ral 1900ral 1900ral 1902ral
Inte
nsi
dad
e d
e ca
mp
o (
dB
uV
/m)
for
1 k
W e
.r.p
.
Distância (km)
600 MHz, Terra, 50% tempo
h1=10
m h1=20
m h1=37.
5m h1=75
m h1=15
0m h1=30
0m
Altura da antena
transmissora.
13
curva ou curvas serão selecionadas para obter-se os valores de intensidade de campo e a
interpolação ou extrapolação porventura necessária.
Para valores de h1 entre 10m e 3000m, caso coincida com uma das oito alturas para
as quais as curvas são fornecidas, nominalmente: 10; 20; 37,5; 75; 150; 300; 600 ou
1200 m, a intensidade de campo necessária pode ser obtida diretamente das curvas
plotadas ou das tabulações associadas. Caso contrário, a intensidade de campo
necessária deve ser interpolada ou extrapolada das intensidades de campo obtidas a
partir de duas curvas usando:
Um dos parâmetros mais importantes da Recomendação ITU-R P.1546 é a altura
efetiva da antena transmissora (heff), Um dos parâmetros mais importantes da
Recomendação ITU-R P.1546 é a altura efetiva da antena transmissora (heff), definida
como a altura da antena em metros, acima do nível médio do terreno, representado na
Figura 3). A heff determina o conjunto de medidas que será utilizado para o cálculo
de cobertura em questão, é importante ressaltar que a ITU-R P.1546 não é válida para
valores de h1 inferiores a 1 m em enlaces sobre terra e inferiores a 3 m sobre água [3].
5.4.4-Enlace Inferior a 15 km sobre Terra
Dois métodos podem ser aplicados neste caso, quando se tem informações
detalhadas do relevo e quando estas informações estão indisponíveis. Mas a principio é
necessário o cálculo da altura média do relevo relativa à linha que une a base do
transmissor à base do receptor (hmedia), ilustrado na) [3]. O valor de hmedia pode assumir
valores positivos ou negativos, dependendo se está acima ou abaixo da base da antena
transmissora.
O primeiro método refere-se à situação na qual haja informações detalhadas do
perfil de relevo do terreno considerando-se, para o cálculo de hmedia, o relevo contido
entre as distancias 0.2d e d km, onde d é o comprimento total do enlace [9]. A partir
desse valor, calcula-se h1 como sendo a altura da antena (mastro da antena, ha) que está
acima ou abaixo da altura média do percurso (hmedia):
mediaa hhh 1 m (22)
14
Figura 3 – Calculo de h1 para enlaces inferiores a 15 km, com informações do relevo.
Adaptado: [1].
No caso ilustrado na
Figura 3), hmedia é negativo. Portanto, na Equação (22), h1 será igual à soma do valor
absoluto de ha e hmedia, resultando em um valor de h1 superior a ha. Caso altura média do
percurso fosse positiva, o valor de h1 seria inferior a ha.
No segundo método considera-se que não haja informações disponíveis do relevo,
com isso a Recomendação ITU-R P.1546 sugere uma estimativa baseada nas
características geográficas gerais com os dados disponíveis das alturas relativas entre o
perfil de relevo e o mastro da antena transmissora, como ilustrado na Figura ).
Entretanto, caso o comprimento do enlace seja inferior a 3 km, o valor de h1 será igual
ao valor da altura do mastro da antena ha, ou seja:
ahh 1 m, se kmd 3 (23)
Figura 4 - Calculo de h1 para percursos inferiores a 15 km, sem informações do relevo.
Adaptado: [1].
Caso o comprimento total do enlace seja superior a 3 km, estima-se o valor de hmedia
da forma mais conveniente possível, considerando o relevo contido entre as distâncias
de 3 km a 15 km (limitando-se a distância total do enlace caso este seja inferior a 15
km). Dessa maneira, obtém-se uma estimativa de hmedia para os primeiros 15 km do
relevo. A altura efetiva da antena transmissora (heff) em relação à hmedia é obtida por [3]:
15
mediaaeff hhh ,m (24)
Calcula-se, então h1 como [9]:
12/31 dhhhh aeffa ,m para kmdkm 153 (25)
Considerado d = 15 km na Equação (25), a equação reduz-se a h1 = heff. Isso mostra
que, para d = 15 km, h1 torna-se igual à altura da antena transmissora, acima da altura
média para os primeiros 15 km do enlace.
5.4.5-Enlace superior a 15 km sobre Terra
Semelhante ao caso de percursos inferiores a 15 km sem uma descrição detalhada
do relevo, estima-se a altura da antena transmissora tomando como base as informações
disponíveis. A altura da antena transmissora é definida como a altura em metros acima
do nível médio do terreno entre as distâncias de 3 km a 15 km partindo da antena
transmissora na direção da antena receptora. Esse fato pode ser observado na Figura 5).
Figura 5 - ℎ1 em percurso terrestre com distância igual ou superior a 15 km.
Adaptado: [1].
5.4.6-Enlaces sobre Água
Nessa situação, heff é a altura da antena transmissora acima do nível do mar, como
pode ser observado no segmento de reta em azul na Figura ).
16
Figura 6 - Determinação de h1 para percursos sobre a água.
Adaptado: [1].
Este modelo não é válido para valores de h1 menores do que 3 m, e um valor limite
inferior absoluto de 1 m deve ser observado [9].
5.4.7-Perda básica equivalente de transmissão
Quando necessário, a intensidade de campo elétrico pode ser expressa em termos da
perda básica equivalente de transmissão da seguinte forma:
MHzb fEL log20139 dB (26)
Onde:
Lb: perda básica de transmissão (dB)
E: intensidade de campo (dB(µV/m)) para 1 kW e.r.p.
f: frequência (MHz).
As curvas de intensidade de campo elétrico versus distância presentes na
Recomendação ITU-R P.1546 são bem aproximadas pela expressão de comparação
Okumura-Hata [9]:
17
bdhhahfE loglog55,69,44log82,13log16,682,69 121 (27)
Onde:
E: intensidade de campo (dB (µV/m)) para 1 kW e.r.p.
h1: altura efetiva da antena da estação base (m) na faixa de 30 a 200 m
h2: altura da antena da estação móvel (m) na faixa de 1 a 10 m
d: distancia (km)
a(h2) = (1.1 log ( f ) -0.7)h2 – (1.56 log ( f ) -0.8)
b = 1 para d ≤ 20 km
b = 1+(0.14+0.000187f + 0.00107 H’1)(log[0.05d])0.8
para d >20 km.
A altura efetiva da estação base h1, para pequenos percursos, é equivalente à altura
real da antena. O método fornece resultados semelhantes para percursos de até 20 Km
[2].
5.4.8-Correção de Ângulo de Visada do Terreno
No caso de percursos terrestres e quando a antena receptora estiver em uma seção
de terra em um percurso misto é possível fazer uma correção baseada no ângulo de
desobstrução do terreno ou ângulo de visada do terreno (θtca), para casos em que for
requerida uma maior precisão na predição da intensidade de campo elétrico nas
condições de recepção em áreas específicas ou se houver obstáculos relevantes ao longo
do enlace. O ângulo θtca é dado por [9]:
rtca graus , (28)
em que θ é medido em relação à linha, a partir da antena receptora, que libera
todas as obstruções do terreno na direção da antena transmissora, numa distância de até
16 km, mas não ultrapassando a antena transmissora, como ilustrado na Figura 7) [9].
O ângulo de referência (θr) da Equação (24), leva em consideração a curvatura da
Terra, que se torna importante à medida que o transmissor e o receptor se distanciam um
do outro, mostrado na Erro! Fonte de referência não encontrada.) [3]. O ângulo θr é
expresso por:
d
hhr ss
1000arctan 21 (29)
18
Onde:
h1s: altura do transmissor em relação ao nível do mar
h2s: altura do receptor em relação ao nível do mar
d: distancia entre eles (km).
Havendo a disponibilidade de informações relevantes sobre o ângulo de
desobstrução do terreno, a correção a ser adicionada à intensidade de campo é calculada
usando:
vJvJEtca ' dB (30)
onde,
fv 036,0' (31)
(32)
Sendo:
θtca: ângulo de desobstrução do terreno (graus)
f: frequência exigida (MHz).
O ângulo (θ) deve ser medido em relação à horizontal, sendo positivo se a linha que
tangencia o obstáculo está acima do horizonte e negativo caso contrário (Figura 7).
0,065v tca f
19
Figura 7 - Ângulo θ (a) positivo e (b) negativo utilizados na obtenção de θtca.
Fonte: [3].
É importante ressaltar que o ângulo θtca deve ser limitado entre 0,55° e 40º [9].
Pode-se observar a variação da correção com o θtca na Erro! Fonte de referência não
encontrada.).
PUBLICAÇÕES
Ainda não houve publicações, utilizando o método deste trabalho nesta etapa do
projeto.
ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NOS PRÓXIMOS MESES:
Não existe plano de trabalho para os próximos meses.
CONCLUSÕES:
Este trabalho apresentou brevemente os conceitos de propagação em espaço
livre, sobre o fenômeno de rádio propagação em terrenos mistos. Para a região
amazônica com uma área de densa vegetação e terrenos mistos (solo e rio) observou-se
que o modelo a princípio recomendado por abordar terrenos mistos foi o ITU-R
P.1546-5. Esse modelo pode ser usado para estudos em frequência de 30 MHz a 3000
MHz e com distância de 1 km a 1.000 km de separação entre as antenas. Esse modelo
20
apresenta curvas para as frequências de 100MHz, 600MHz e 1000MHz, variabilidade
local de 50%, percentual de tempo excedido de 1%, 10% e 50%, as alturas de antenas
transmissoras de 10 m, 20 m, 37,5 m,75 m, 150 m, 300 m, 600 m e 1200 m alturas de
antenas receptoras de 10 m para percursos marítimos e altura equivalente à altura
representativa da cobertura morfológica ao redor do local da antena receptora, sendo o
valor mínimo de 10 m, para percursos terrestres. O cálculo para os valores que não
sejam os valores nominais contidos na tabela é realizado por intermédio de
extrapolações ou interpolações logarítmicas dos valores tabulados.
Com as limitações desse projeto, a não aquisição dos instrumentos de medição não foi
possível seguir o plano de atividades e não obteve-se resultados significativos. Não foi
possível concluir a comparação dos resultados de medição com os resultados da
simulação. Portanto, com esse cenário optou-se encerrar o trabalho de pesquisa antes do
tempo estabelecido pelo plano de trabalho.
Na realidade a execução do plano de trabalho iniciou em 08/10/2014 e terminou em
18/03/2015, assim como a bolsa PIBIC que somente teve vigência no período
anteriormente mencionado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
[1] MELO, Elmo V. Desenvolvimento de ambiente computacional dedicado à
caracterização e à medição do canal rádio-móvel não–seletivo em frequência na
faixa de UHF. 2007. 149 fls. Dissertação de mestrado (Engenharia Elétrica) –
Universidade de Brasília, Brasília. 2007.
[2] CARVALHO, Johnderson N. Propagação em áreas urbanas na faixa de UHF
aplicação ao planejamento de sistemas de TV digital. 2003. 121 fls. Dissertação de
Mestrado (Engenharia Elétrica) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
PUC-Rio, Rio de Janeiro. 2003.
[3] MAYRINK, Marco A. de S. Uma nova abordagem da recomendação ITU-R
P.1546 para a predição de cobertura em enlaces curtos sobre terrenos mistos. 2005.
76 fls. Dissertação de mestrado (Engenharia Elétrica) - Universidade Federal de Minas
Gerais. Belo Horizonte. 2005.
[4] INTERNATIONAL TELECOMMUNICATION UNION. Method for point-to-area
predictions for terrestrial services in the frequency range 30 MHz to 3000 MHz. ITU-R
P.1546-5, 2013.
[5] FRIIS, H. T., A Note on a Simple Transmission Formula. Proceedings of the IRE,
volume 34, pp. 254-256, Maio 1946.
21
[6] INTERNATIONAL TELECOMMUNICATION UNION. Method for Point to Point
Predictions for Terrestrial Services in the Frequency range 30 MHz to 3000 MHz. ITU-
R P.1546-3, 2001.
[7] PEREIRA, Marcelo B. Caracterização de filmes ópticos compósitos nano-
estruturados, inomogênios ou anisotrópicos, produzidos por troca iônica e pelo
método sol-gel. Tese de doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul -
UFRGS. Porto Alegre. 2003.
[8] CAVALCANTI, João F. B. Medidas de Rádio Propagação em UHF em
Ambientes Suburbanos para TV Digital: Estudo de Cobertura para Recepção
Fixa. 2005. 135 fls. Dissertação de Mestrado (Engenharia Elétrica) - Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC-Rio, Rio de Janeiro. 2005.
[9] INTERNATIONAL TELECOMMUNICATION UNION. Method for point-to-area
predictions for terrestrial services in the frequency range 30 MHz to 3000 MHz. ITU-R
P.1546-5, 2013.
[10] Hata, M.; Empirical Formula for Propagation Loss in Land Mobile Radio Services.
IEEE Trans., VT-29, N 3, pp.317-325, 1980.
[11] ANATEL (Brasil). Anexo II da Resolução Anatel nº 398, de 7 de abril de 2005.
Recomendação ITU-R P.1546-1 - Método de previsões ponto-área para serviços
terrestres na faixa de frequências de 30 a 3000 MHz. Diário Oficial da União, Brasília,
19 abr. 2005.
[12] DA SILVA, Samara Pereira. Medidas de rádio propagação para tv digital na
cidade de belém: estudo de cobertura para recepção móvel. 2015. 125 fls. Trabalho
de conclusão de curso (Engenharia Elétrica) – Universidade Federal do Pará, Pará.
2015.
DIFICULDADES:
A princípio não houve dificuldade, mas quando foi para começar as campanhas
de medição não foi possível obter os equipamentos por falta de recurso. Com isso o
trabalho não progrediu nas etapas subsequentes.
PARECER DO ORIENTADOR:
O primeiro objetivo especifico do plano de trabalho é a realização de campanhas
de medidas nas faixas VHF (30-300MHz), UHF (300MHz-3GHz), SHF nas bandas S
22
(2-4GHz) e C (4-8GHz) em terrenos mistos, em terrenos mistos, como rio e solo, e com
vegetação densa.
Com base neste objetivo, outras metas subsequentes seriam alcançadas. No
entanto, o setup de recepção seria adquirido (como descrito no plano de trabalho) com
recursos do projeto intitulado “Proposta de Modelos de Rádio Propagação para Sistemas
Fixos e Móveis na Região Amazônica Baseado em Medições” aprovado no edital da
FAPESPA 007/2013 PROGRAMA PRIMEIROS PROJETOS - PPP -
FAPESPA/CNPQ.
Os recursos no valor de R$ 50.000,00 ainda não foram repassados apesar da
vigência do projeto durante estes dez últimos meses.
Segundo o plano de trabalho o aluno deveria cumprir as seguintes etapas:
1 - Estudo sobre o fenômeno de radio propagação em terrenos mistos e em terrenos com
vegetação densa.
2Realização de campanhas de medidas nas faixas de VHF (30-300MHz), UHF
(300MHz-3GHz), SHF nas bandas S (2-4GHz) e C (4-8GHz) em terrenos mistos e com
vegetação densa.
A etapa 1 com duração de três meses foi cumprida a medida que se estudou
alguns modelos capazes de predizer as características de propagação VHF, UHF e SHF.
A etapa 2, não foi realizada pela falta de recursos.
Acredito ser satisfatório o relatório apresentado pela bolsista que conseguiu
estudar modelos de predição. A etapa de realização de medidas não foi realizada em
virtude da dificuldade encontrada para conseguir os equipamentos necessários na
recepção do sinal digital. Fato que não possibilita a continuidade da Pesquisa.
A execução do plano de trabalho iniciou em 08/10/2014 e terminou em
18/03/2015, assim como a bolsa PIBIC que somente teve vigência no período
anteriormente mencionado.
23
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Sem informações adicionais.
DATA : _11_/_08_/2015
_________________________________________
ASSINATURA DO ORIENTADOR
____________________________________________
ASSINATURA DO ALUNO