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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC : CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período: Fevereiro/2015 a Agosto/2015 ( ) PARCIAL ( X ) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa (ao qual está vinculado o Plano de Trabalho): Tempo de resiliência das comunidades aquáticas após o corte seletivo de madeira na Amazônia Oriental Nome do Orientador: Dr. Luciano F. de Assis Montag. Nome do Co-orientador: MSc. Bruno da Silveira Prudente Titulação do Orientador: Doutor Faculdade: Faculdade de Ciências Biológicas Instituto/Núcleo: Instituto de Ciências Biológicas Laboratório: Laboratório de ecologia e conservação Título do Plano de Trabalho: Efeito da exploração madeireira de impacto reduzido na estrutura ecomorfológica das assembleias de peixes em igarapés de terra firme da Amazônia Oriental Nome do Bolsista: Laís Lobato Jacob

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC : CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC

E FAPESPA

RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período: Fevereiro/2015 a Agosto/2015 ( ) PARCIAL ( X ) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa (ao qual está vinculado o Plano de Trabalho): Tempo de resiliência das comunidades aquáticas após o corte seletivo de madeira na Amazônia Oriental Nome do Orientador: Dr. Luciano F. de Assis Montag. Nome do Co-orientador: MSc. Bruno da Silveira Prudente Titulação do Orientador: Doutor Faculdade: Faculdade de Ciências Biológicas Instituto/Núcleo: Instituto de Ciências Biológicas Laboratório: Laboratório de ecologia e conservação Título do Plano de Trabalho: Efeito da exploração madeireira de impacto reduzido na

estrutura ecomorfológica das assembleias de peixes em igarapés de terra firme da

Amazônia Oriental

Nome do Bolsista: Laís Lobato Jacob

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Introdução A Floresta Amazônica tem sido foco de inúmeras alterações antrópicas, que

ocorrem principalmente devido a atividades como agricultura, pecuária e exploração

madeireira (Darrigo et al., 2001). Esta última citada pode ser dividida em dois

principais métodos, são eles: Exploração de impacto reduzido (EIR), que consiste

em um planejamento pré e pós exploração, reduzindo os danos às florestas

residuais, e ao meio ambiente em geral; e Exploração convencional (EC), onde os

madeireiros retiram as árvores de alto valor comercial e voltam à mesma região em

intervalos de tempo cada vez mais curtos para extração das demais espécies (Putz

et al., 2001; Lentini et al., 2003; Cariello, 2008), sem nenhum planejamento a priori.

Apesar de reduzir os impactos ambientais a EIR também pode ser

considerada como uma forma de alteração indireta dos ecossistemas naturais,

principalmente o que diz respeito aos ecossistemas aquáticos de pequeno porte.

Alterações na paisagem ao longo das bacias de drenagem afetam de maneira

hierárquica a estrutura do habitat de riachos (Teoria hierárquica, O’Neill et al. 1989,

Tonn 1990), resultando em mudanças no regime hídrico, (Vieira et al., 1993),

aumento no input de sedimentos e matéria orgânica que por sua vez afeta diferentes

componentes da biodiversidade desses sistemas (Stanfield & Kilgour, 2013), como

por exemplo a estrutura ecomorfológica das assembleias de peixes (Motta &

Kotrschal, 1992).

O estudo responsável por relacionar o uso de recursos ecológicos (nicho

realizado) em determinado ambiente com as características fenotípicas (caracteres

morfológicos) de determinado táxon é chamado de ecomorfologia (Norton et al.,

1995; Peres-Neto, 1999; Teixeira & Bennemann, 2007). Em estudos

ecomorfológicos, um dos principais objetivos tem sido avaliar como a morfologia das

espécies está relacionada às características ambientais de um determinado

ambiente (Beaumord & Petrere, 1994; Wainwright, 1996; Leal, 2009), uma vez que a

morfologia das espécies nos permite inferir sobre aspectos como: capacidade de

deslocamento, estrato utilizado no ambiente, plasticidade trófica, dentre outras

características das espécies.

A estrutura ecomorfológica de uma comunidade pode ser considerada uma

importante maneira de mensurar a complexidade ecológica de um ambiente. De

acordo com a Teoria de Similaridade Limitante proposta por MacArthur & Levins

(1967) existe um limite máximo de similaridade no uso do hábitat entre espécies de

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um mesmo ambiente, ou seja, tais espécies devem apresentar diferenças mínimas

que permitam a coexistência das mesmas em um determinado ambiente. Baseado

na hipótese acima, e no fato de que alterações na estrutura do hábitat podem

requerer espécies com características morfológicas distintas para se adaptarem a

tais alterações (Winemiller, 1991; Marsh-Matthews & Matthews, 2000). O presente

estudo tem como hipótese que alterações no habitat de riacho resultante da EIR

podem resultar na homogeneização da estrutura ecomorfológica das assembleias de

peixe de riachos, uma vez que tais alterações no ambiente os tornam os

ecossistemas de riacho mais homogêneo, quanto à disponibilidade de recursos

alimentares e habitats (Casatti & Castro, 2006; Leal, 2009).

Estudos avaliando a estrutura ecomorfológica de assembleias de

peixes (Freitas et al., 2006; Casatti & Castro, 2006; Gibran, 2007; Medeiros &

Ramos, 2007; Roa-Fuentes, 2011), tem registrado inúmeras alterações na estrutura

ecomorfológica em relação a mudanças no hábitat aquático, causadas

principalmente por alterações antrópicas. Em estudos realizados em riachos da

Amazônia equatoriana as assembleias de peixes diferiram quanto a utilização do

hábitat devido a alterações no ambiente resultantes do manejo florestal, registrando

um aumento de espécies raspadoras em ambientes com perda de cobertura de

dossel (Bojsen & Barriga, 2002). Deste modo, estudos de ecomorfologia são de

grande importância na compreensão de como alterações antrópicas nos

ecossistemas de riacho, podem afetar a estruturação morfológica das comunidades

aquáticas (Breda, 2005; Goulart & Pagotto, 2010). Nesse sentido o presente trabalho

avaliou o efeito das modificações na estrutura do hábitat físico, resultante da

exploração madeireira de impacto reduzido (EIR), na estruturação ecomorfológica

das assembleias de peixes de riachos da Amazônia Oriental

Objetivo Geral O presente estudo teve como objetivo responder a seguinte pergunta: Qual o

efeito da mudança na estrutura do hábitat resultante da exploração madeireira de

impacto reduzido na estrutura ecomorfológica das assembleias de peixes de

igarapés da Amazônia Oriental?

Material e métodos Área de estudo

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A região estudada situa-se a nordeste do Estado do Pará, no município de

Paragominas, em áreas pertencentes à Empresa CIKEL Brasil Verde Madeiras

Ltda.. Esta área é delimitada pelas bacias dos rios Capim e Surubiju, com a

presença de inúmeras microbacias que drenam a região, como as dos rios Cauaxi,

Candiru-Açu, Potiritá, Água Boa, Camaoi, Timbó-Açu, Matamatá, Piriá e Uraim.

(Watrin & Rocha, 1992) (Figura 1).

Segundo a classificação de Köeppen (1948), o clima predominante na região

é do tipo “Am”, ou seja, equatorial úmido com o período de chuvas intensas entre os

meses de novembro e março e o período de seca entre os meses de maio e

setembro. A temperatura média anual na região varia de 24 a 26º C, com uma

umidade relativa do ar está entre 80 e 85%. A precipitação média anual é de 1.773

mm (Watrin & Rocha, 1992).

A cobertura vegetal na região é composta de floresta ombrófila densa de terra

firme, e em menores proporções as florestas ombrófilas densas aluviais de várzeas

(Scs, 2001; Pinheiro, 2004). O complexo de fazendas possui cerca de 209.130,54 ha

de áreas florestadas íntegras e com exploração de impacto reduzido.

Figura 1 - Localização da área de estudo: complexo de fazendas da Empresa CIKEL

Brasil Verde Madeira LTDA juntamente com os pontos de coleta amostrados em

destaque. Os círculos (▲) representam igarapés em áreas de exploração madeireira

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de impacto reduzido e as estrelas (●) representam os igarapés localizados em áreas

íntegras.

Coleta de dados A coleta do material biológico foi realizada nos anos de 2012 e 2013, entre os

meses de setembro e novembro, que consiste no período de estiagem da região. A

escolha do período do estudo foi realizada para evitar possíveis variações temporais

na estrutura das assembleias de peixes, bem como das condições ambientais.

Durante o período de estiagem também é possível obter uma maior eficiência

amostral dos dados biológicos e caracterização da estrutura do hábitat físico

(Jaramillo-Villa & Caramaschi, 2008) visto que algumas características do habitat só

são observadas nesse período. Para coleta das variáveis referentes à estrutura do

hábitat físico, bem como para a coleta do material biológico foi estabelecido uma

transecção de 150 m, também foi utilizado o protocolo de avaliação, proposto por

Peck et al. (2006) que mensurou um total de 237 variáveis ambientais.

Foram amostrados 36 igarapés no total, sendo 13 localizados em áreas

íntegras e 23 com exploração de impacto reduzido. Os exemplares foram coletados

utilizando-se de rede de mão (peneira), com 75 cm de diâmetro, e malha de 3 mm

entre nós opostos, e o esforço amostral foi padronizado em 6 horas por igarapé. Os

exemplares coletados foram fixados em formalina a 10% e em laboratório

transferidos para álcool 70% depois de 48h, para posteriormente serem depositados

na coleção ictiológica do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Belém, PA.

Biometria e Atributos Ecomorfológicos Após a coleta do material biológico, os espécimes foram levados para o

laboratório e identificados em nível de espécie para as posteriores análises.

Objetivando evitar o efeito alométrico decorrente de variações no desenvolvimento

temporal das espécies, foram selecionados apenas exemplares adultos de

tamanhos similares (Winemiller, 1991). Para avaliação das características

morfológicas foram selecionadas somente aquelas espécies que apresentaram no

mínimo cinco indivíduos nas condições acima citadas. Foram mensuradas 18

medidas morfométricas que resultaram em 12 atributos ecomorfológicos a serem

analisados (Tabelas 1 e 2). Os atributos ecomorfológicos de cada espécie foram

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calculados baseado no valor médio das medidas obtidas para cada espécie. No

caso de espécies com dimorfismo sexual (ex. Pyrrhulina sp.), foram escolhidos

somente exemplares do sexo feminino.

Para medição dos espécimes foi utilizado um paquímetro digital com 0,1 mm

de precisão, já para a obtenção dos valores das áreas, os indivíduos foram

contornados a lápis em papel milimetrado, posteriormente digitalizados, e

mensurados com o auxílio do software ImageJ (versão 1.48). Para a medida do

ângulo entre os lábios em relação ao eixo do corpo, os exemplares foram colocados

sobre um papel milimetrado e fotografados utilizando-se de uma câmera digital

posicionada a 90° do espécime, e também mensurado utilizando o software acima

citado.

Tabela 1 - Medidas Morfológicas utilizadas nos 12 atributos ecomorfológicos para a

ictiofauna do complexo de fazendas da Empresa CIKEL Brasil Verde Madeira LTDA.  

Medidas Siglas Descrições

Comprimento Padrão CP Distância da ponta da mandíbula superior até o final do pedúnculo caudal.

Altura Máxima do Corpo AMC Distância máxima vertical do dorso ao ventre do indivíduo.

Largura Máxima do Corpo LMC Maior distancia de um lado ao outro do corpo.

Comprimento do Pedúnculo Caudal CPC Distância do final da nadadeira

anal ao início da caudal.

Altura Máxima do Pedúnculo Caudal AMPC Máxima altura do pedúnculo

caudal.

Largura Máxima do Pedúnculo Caudal LMPC Máxima largura do pedúnculo

caudal.

Comprimento Máximo da Nadadeira Peitoral CMNP

Distância máxima entre as margens anterior e posterior da nadadeira peitoral.

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Altura Máxima da Nadadeira Peitoral AMNP

Distância máxima entre a base e o ápice da nadadeira peitoral, formando um eixo perpendicular à largura da nadadeira.

Altura da Linha Média Máxima ALMM

Distância vertical máxima desde a linha média até o ventre. Linha média definida como a linha imaginária que vai desde a pupila do olho e passa através do centro da última vértebra. Medida sempre na parte mais alta do peixe.

Altura da Linha Média do Olho ALMO

Distância vertical desde a região média do olho até a região ventral da cabeça.

Altura da Cabeça AC Distância vertical desde o dorso até o ventre através da pupila.

Comprimento da Cabeça CC

Distância desde a ponta da mandíbula superior até a extremidade posterior do opérculo.

Largura da Boca LB Máxima distância horizontal de lado a lado da boca totalmente aberta.

Área da Nadadeira Dorsal AND Área da nadadeira dorsal totalmente estendida.

Área do Corpo ADC Área total do corpo, excluindo a cabeça e as nadadeiras.

Áea da Nadadeira Peitoral ANP Área da nadadeira peitoral totalmente aberta.

Área da Nadadeira Caudal ANC Área da nadadeira caudal

totalmente aberta.

Ângulo Entre os Lábios e o Eixo do Corpo AELEC

Ângulo formado na direção em que a mandíbula e a maxila se tocam em relação à linha média do olho.

Tabela 2: Relação dos atributos ecomorfológicos utilizados, com as respectivas

siglas e o cálculo a partir das medidas absolutas e interpretações ecomorfológicas.

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Atributos Siglas Cálculo Interpretação

Índice de Compressão do Corpo ICC AMC/LMC

Valores elevados podem indicar o quanto os peixes são comprimidos e que preferem hábitats com menor velocidade de água (Watson & Balon, 1984).

Altura Relativa AR AMC/CP Valores baixos indicam peixes habitantes de águas rápidas (Gatz, 1979).

Comprimento Relativo do Pedúnculo Caudal CRPC CPC/CP

Quanto mais longo for o pedúnculo caudal do peixe, maior será a qualidade da sua natação, este inclui peixes bentônicos residentes em ambiente de hidrodinamismo elevado (Watson & Balon, 1984).

Índice de Compressão do Pedúnculo Caudal ICPC AMPC/LMPC

Pedúnculos comprimidos são indicadores de uma natação lenta, com baixa manobrabilidade e baixa capacidade de arrancadas rápidas (Gatz, 1979).

Índice de Achatamento Ventral IAV ALMM/AMC

Valores menores indicam peixes habitantes de ambientes com alto hidro dinamismo, podendo manter-se em sua posição espacial inclusive quando estacionário (Hora, 1930).

Área Relativa da Nadadeira Peitoral ARNP ANP/ADC

Indica tanto nadadores lentos, que utilizam suas nadadeiras peitorais para a realização de manobras ou frenagem, como de peixes habitantes de águas correntes que utilizam as nadadeiras para a natação em correnteza, ou ainda aqueles em posição estável no substrato. (Watson & Balon, 1984)

Relação do Aspecto da Nadadeira Peitoral RANP CMNP/AMNP

Valores elevados indicam nadadeiras compridas e estreitas, presentes em peixes que nadam longas distâncias (Mahon, 1984), ou espécies de peixes migratórias (Casatti & Castro, 2006).

Comprimento Relativo da Cabeça CRC CC/CP

Valores elevados podem indicar a capacidade de alimento de tamanho relativamente grande (Gatz, 1979).

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Posição Relativa dos Olhos PRO ALMO/AC

A posição dos olhos está relacionada com a predileção a hábitats verticais (Gatz, 1979); valores reduzidos indicam olhos localizados lateralmente, típico de peixes nectônicos (Watson & Balon, 1984).

Largura Relativa da Boca LRB LB/CP

Valores elevados podem indicar a capacidade de alimento de tamanho relativamente grande (Gatz, 1979).

Orientação da Boca OB °

A orientação da boca indica em que tipo de hábitat o peixe obtém seu alimento. Por exemplo, peixes com bocas ventrais alimentam-se de presas que se encontram no fundo (Gatz, 1979). Caracterizando-os da seguinte maneira: boca Inferior = entre 10° e 80°; Terminal = 90°; Superior = entre100° e 170°; Ventral= 0°. Os valores em graus foram convertidos em radianos (unidade de ângulo plano), para permitir a comparação dos atributos com unidades de natureza diferente, mas com a mesma dimensão (Hammer, 2002).

Coeficiente de Finura CF CP/√AMC*LMC

Avalia a influência do formato do corpo sobre a capacidade de natação (Ohlberger et al., 2006). Valores de 2 a 6 indicam arraste reduzido; a relação ótima para a eficiência do nado é de 4,5 (Ohlberger et al., 2006).

Área Relativa da Nadadeira Caudal ARNC ANC/ADC

Valores elevados indicam peixes que produzem impulsos fortes e rápidos, comuns na forma de nado de muitos peixes bentônicos (Webb, 1977).

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Área relativa da Nadadeira Dorsal

ARND AND/ADC

A principal função da nadadeira dorsal é estabilidade, funcionando também como leme (Gosline, 1971). Em alguns Perciformes que possuem espinhos, também facilita a geração de uma sequência de impulso (Drucker & Lauder, 2001). Em cascudos (Loricariidae), grupo que apresenta nadadeiras dorsais com áreas relativamente grandes em relação ao corpo, auxilia no equilíbrio nas curvas (E.F. Oliveira, comunicação pessoal).

Análise de dados Variáveis ambientais As variáveis ambientais mensuradas passaram por uma pré-seleção onde

incialmente foram desconsideradas todas aquelas variáveis que apresentaram valor

zero em 90% ou mais do total de amostras. As métricas também foram avaliadas

quanto coeficiente de variação, onde foram excluídas variáveis com valores

inferiores a 0,1. A sensibilidade das variáveis em distinguir a estrutura do habitat

físico entre áreas integra e manejada foi avaliada através da análise de

sobreposição dos quartis em gráficos Box-and-whiskers plots utilizando a

metodologia proposta por Barbour et al. (1996). Foram consideradas sensíveis

variáveis com nenhuma sobreposição dos interquartis ou com uma sobreposição

mínima dos interquartis mas com nenhuma sobreposição das medianas. Para

confirmar a sensibilidade das variáveis selecionadas as mesmas foram submetidas

Teste t-Student t para amostras independentes (p < 0,05).

As variáveis selecionadas foram submetidas a uma correlação de Spearman,

evitando a multicolinearidade entre elas. Em caso de variáveis correlacionadas (r2 >

0,7) foram selecionadas aquelas de maior importância na estruturação das

assembleias de peixes de riachos tropicais, segundo a literatura. Posteriormente as

variáveis foram submetidas a uma Análise de Componentes Principais (PCA)

(Legendre & Legendre, 1998) considerando como critério de parada o modelo de

Broken-Stick (Jackson, 1993) para avaliar quais das variáveis pré-selecionadas

foram mais representativas na diferenciação da estrutura do hábitat físico entre os

diferentes tratamentos.

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Ordenação no morfoespaço e agrupamentos ecomorfológicos Os dados morfométricos foram padronizados de forma a obterem média zero

e variância unitária, e submetidos a uma Análise de Componentes Principais (PCA).

A PCA foi realizada separadamente para ambientes íntegros e manejados,

possibilitando visualizar possíveis diferenças na estruturação do espaço morfológico

entre os tratamentos. Para esta análise foi utilizado o critério de parada de Broken-

Stick, e selecionada para interpretação os atributos ecomorfológicos com valores de

loadings superior a 0,7 e inferior de -0,7 (Legendre & Legendre, 1998).

As espécies também formam agrupadas de acordo com a sua similaridade

ecomorfológica através de uma análise de agrupamento baseado na Distância

Euclidiana. Posteriormente foi elaborado um dendrograma, selecionando a opção

“Group Average”, que agrupou as espécies de acordo com a similaridade entre elas

(Clarke & Gorley, 2006).

Similaridade ecomorfológica Para a análise de similaridade ecomorfológica entre áreas íntegras e

manejadas, em cada riacho amostrado os atributos ecomorfológicos foram

padronizados, ordenados em um espaço multidimensional, baseado em uma matriz

de distância euclidiana, e mensurados quanto à distância média do atributo de cada

espécie em relação ao centroide (CD). A média destes valores fornece um índice de

diversificação de nicho ou o tamanho relativo do morfoespaço ocupado por uma

assembleia de peixes (Winemiller, 1991).

Também foi calculada a distância do vizinho mais próximo (NND, por sua

sigla em inglês) entre os atributos ecomorfológicos das espécies em cada riacho. A

média do vizinho mais próximo (NND-M) corresponde a um índice de

empacotamento das espécies no morfoespaço e o desvio padrão do vizinho mais

próximo (NND-SD) fornece um índice da uniformidade do empacotamento das

espécies no morfoespaço (Montaña & Winemiller, 2010). Os índices calculados

foram avaliados em relação a sua variação entre áreas integras e manejadas

através de um teste t para amostras independentes.

Todas as análises multivariadas mencionadas acima foram realizadas

utilizando o software R versão 3.2.1 (R Development Core Team, 2013). Através dos

pacotes ade4, vegan, gclus, cluster e FactoMineR (Becker et al., 1988).

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Resultados Variáveis ambientais Na Análise de Componentes Principais (PCA) referente à variação na

estrutura habitat físico apenas o primeiro eixo (Eixo 1) foi usado na interpretação dos

dados com 35,60% de explicação (Figura 2, Tabela 3). Este eixo foi influenciado

positivamente e pelas variáveis, desvio padrão cobertura total, desvio padrão dossel

árvores pequenas, média cobertura dossel e media cobertura intermediária.

Figura 2 - Projeção das ordenação das variáveis ambientais em relação às áreas

íntegras (●) e manejadas ( ○) geradas pela Análise de Componentes Principais.

Tabela 3 – Contribuição dos dois primeiros eixos da PCA das variáveis ambientais.

Em negrito os loadings mais relevantes na interpretação dos eixos significativos.

Variáveis Ambientais Loadings Eixo 1 Eixo 2

Desvio Padrão Cobertura total 0.77 0.10 Desvio Padrão Dossel Árvores Pequenas 0.75 0.16 Média Cobertura Dossel 0.75 0.01 Media Cobertura intermed 0.70 -0.25

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Desvio Padrão Dossel+ intermed 0.64 0.50 Media Cobertura rasteira 0.59 -0.40 Media Cobertura rasteira 0.57 -0.55 pH 0.37 0.28 Proporção de Impacto Humano por Trecho (Número de Registros nas 22 Medições) no fora do plote ripário -0.39 0.38 TDS (g/L) -0.51 -0.16 Número Madeira no Leito / 100m - Classe de Tamanho 3 0.26 0.62 Autovalor 3.81 1.40 Broken-stick 3.02 2.02 Proporção da Variação 35.60 13.06 Proporção da Variação Acumulada - 48.66

Composição de Espécies

Foram amostradas 53 espécies, pertencentes a 21 famílias e seis ordens,

destas, 18 espécies pertencem à ordem Characiformes, seguido por Siluriformes

com 16 espécies. Para obtenção dos atributos ecomorfológicos foram utilizados

indivíduos pertencentes a 29 espécies, 14 famílias e cinco ordens, totalizando 145

indivíduos (Tabela 3). Dentre as espécies mensuradas, a família Cichlidae foi

representada por cinco espécies, seguida de Characidae com quatro espécies,

Lebiasinidae e Hypopomidae com três espécies cada, Trichomycteridae,

Erythrinidae, Crenuchidae e Gymnotidae com duas espécies e as demais famílias

foram representadas por apenas uma espécie cada.

Tabela 3 - Composição da ictiofauna amostrada nos 36 igarapés de áreas íntegras e

com manejo florestal, de terra firme da Amazônia Oriental.

                    Tratamento    

Táxon/Autoridade Sigla Íntegros Manejados N CHARACIFORMES

     Characidae      Bario steindachneri (Eigenmann, 1893)* 2 1 3  

Bryconops aff. Caudomaculatus (Günther, 1864)* 0   1 1  Hemigrammus cf. bellottii (Steindachner, 1882) Hem_bel 83 117 200  Hemigrammus ocellifer (Steindachner, 1882) Hem_oce 19 17 36  Hyphessobrycon heterorhabdus (Ulrey, 1894) Hyp_het 2315 4254 6569  Knodus cf. victoriae (Steindachner, 1907) Kno_vic 1 7 8  Moenkhausia cf. comma Eigenmann, 1908* 1 6 7  Moenkhausia oligolepis (Günther, 1864)* 2 7 9  

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Crenuchidae      Characidium etheostoma Cope, 1872 Cha_eth 13 48 61  

Crenuchus spilurus Günther, 1863* 1 24 25  Microcharacidium weitzmani Buckup, 1993 Mic_wei 244 440 684  

Erythrinidae      Erythrinus erythrinus (Bloch & Schneider, 1801) Ery_ery 236 245 481  

Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Hop_mal 9 18 27  Gasteropelecidae

     Carnegiella strigata (Günther, 1864)* 1 0 1  Iguanodectidae

     Iguanodectes rachovii Regan, 1912 Igu_rac 256 605   861 Lebiasinidae

     Copella arnoldi (Regan, 1912) Cop_arn 48 236 284  Nannostomus trifasciatus Steindachner, 1876 Nan_tri 16 26 42  Pyrrhulina aff. Brevis Steindachner, 1876 Pyr_Bre 367 494 861  

CYPRINODONTIFORMES      Rivulidae      Anablepsoides urophthalmus (Günther, 1866) Ana_uro 119 219 338  

GYMNOTIFORMES      Gymnotidae      Gymnotus carapo Linnaeus, 1758* 1 5 6  

Gymnotus coropinae Hoedeman, 1962 Gym_cor 89 108 197  Gymnotus sp. Gym_sp 45 42 87  

Hypopomidae      Brachyhypopomus sp"claro"* 0 4 4  

Brachyhypopomus sp. Bra_sp 99 209 308  Brachyhypopomus sp."com pontos"* 10 1 11  Hypopygus lepturus Hoedeman, 1962 Hyp_lep 12 3 15  Microsternarchus bilineatus Fernández-Yépez,

1968 Mic_bil 10 15 25  Rhamphichthyidae

     Gymnorhamphichthys petiti Géry & Vu, 1964 Gym_pet 114 182 296  Sternopygidae

     Eigenmannia sp.* 0 1 1  Sternopygus macrurus (Bloch & Schneider, 1801)* 1 0   1  

PERCIFORMES      Cichlidae      Aequidens tetramerus (Heckel, 1840) Aeq_tet 85 103 188  

Apistogramma agassizii (Steindachner, 1875) Api_aga 0 24 24  Apistogramma gr. Regani Kullander, 1980 Api_Reg 566 864 1430  Crenicichla gr. Saxatilis (Linnaeus, 1758) Cre_Sax 31 76 107  Crenecichla sp.* 1 0 1  Crenicara sp.* 2 0 2  Nannacara cf. taenia Regan, 1912 Nan_tae 9 108 117  

SILURIFORMES      Auchenipteridae      Tetranematichthys wallacei Vari & Ferraris, 2006* 1 0 1  

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Callichthyidae      Callichthys callichthys (Linnaeus, 1758)* 2 4 6  

Megalechis picta (Muller e Troschel, 1848)* 1 0   1  Megalechis thoracata (Valenciennes, 1840)* 1 1 2  

Cetopsidae      Helogenes marmoratus Günther, 1863 Hel_mar 175 211 386  

Denticetopsis epa Vari, Ferraris & de Pinna, 2005* 5 5 10  Doradidae

     Acanthodoras cataphractus (Linnaeus, 1758)* 1 0 1  Heptapteridae

     Mastiglanis cf. asopos Bockmann, 1994* 0 7 7  Pimelodella sp.* 3 3 6  Rhamdia muelleri (Günther, 1864)* 3 9 12  

Loricariidae      Farlowella platoryncha Retzer & Page, 1997 Far_pla 0 5 5  

Pseudopimelodidae    Batrochoglanis raninus (Valenciennes, 1840)* 1 2 3  

Trichomycteridae      Ituglanis amazonicus (Steindachner, 1882) Itu_ama 21 66 87  

Trichomycterus hasemani (Eigenmann, 1914) Tri_has 24 48 72  Vandelliinae

     Paracanthopoma sp. Par_sp 18 5 23  SYNBRANCHIFORMES

     Synbranchidae      Synbranchus marmoratus Bloch, 1795* 4 19 23  

N = 53 5068 8895 13963  *Espécies não utilizadas nas análises ecomorfológicas

         

Ordenação no morfoespaço e agrupamentos ecomorfológicos

Riachos de áreas com manejo florestal A análise de componentes principais (PCA) selecionou os dois primeiros eixos

para interpretação, os quais totalizaram 56,02% de explicação da variação

ecomorfológica. O primeiro eixo explicou 37,62% da variação morfológica das

espécies de ambiente com manejo florestal, sendo este influenciado negativamente

pelo atributo coeficiente de finura (CF) e positivamente pelos atributos altura relativa

(AR) e comprimento relativo da cabeça (CRC). Espécies ordenadas à esquerda

desse eixo apresentam corpo comprimido (e.g. Gymnorhamphichthys petiti,

Gymnotus cf. coropinae, Gymnotus sp.), indicando pouca eficiência no nado, pois

tiveram valor elevado no CF. As espécies ordenadas mais a direita neste eixo são

mais altas e possuem comprimento da cabeça maior em relação ao corpo (e.g.

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Aequidens tetramerus, Anablepsoides urophthalmus, Apistogramma gr. regani),

indicando que são peixes habitantes de águas lentas (Figura 2, Tabela 4).

O segundo eixo explicou 18,39% da variância dos dados, sendo

positivamente influenciado pelo Índice de compressão do corpo (ICC) e Índice de

achatamento ventral (IAV). O valor elevado destes índices agruparam espécies de

corpo comprimido e com baixo hidrodinamismo, indicando baixa capacidade de

natação, e uma preferência por ambientes com menor velocidade de correnteza

(Tabela 2).

Figura 2 - Projeção dos dois primeiros eixos da PCA para as espécies de peixes de

áreas manejadas baseada em 12 atributos ecomorfológicos.

Tabela 4 – Porcentagem de contribuição dos dois primeiros eixos da PCA dos 12 atributos ecomorfológicos das espécies de peixes analisadas em ambientes manejados e em negrito os atributos selecionados pelos loadings.

Atributo Loadings Eixo 1 Eixo 2

Índice de compressão do corpo (ICC) 0.12 0.92 Altura relativa (AR) 0.87 0.32 Comprimento relativo do pedúnculo caudal (CRPC) -0.61 0.32

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Índice de compressão do pedúnculo caudal (ICPC) 0.58 -0.37 Índice de achatamento ventral (IAV) 0.37 0.86 Área relativa da nadadeira peitoral (ARNP) 0.76 -0.21 Relação do aspecto da nadadeira peitoral (RANP) 0.48 0.19 Comprimento relativo da cabeça (CRC) 0.82 0.20 Posição relativa dos olhos (PRO) 0.10 0.18 Largura relativa da boca (LRB) 0.79 -0.32 Orientação da boca (OB) 0.01 -0.04 Coeficiente de finura (CF) -0.87 0.21 Autovalor 4.36 2.13 % de explicação 37.63 18.40 Broken-stick 3.10 2.10

Nas assembleias de peixes de riachos localizados em áreas de manejo

florestal foram verificados dois grandes agrupamentos através do dendograma com

uma distância de 0,15 (Figura 3). O primeiro grupo compreende os Gymnotiformes,

que possuem corpo alongado, ausência de nadadeiras dorsal, pélvica e caudal e

possuem coeficiente de finura maior em relação ao corpo que as demais ordens,

estas características indicam peixes com baixa capacidade de natação, habitantes

de águas preferencialmente lentas (Tabela 2), por estas características peculiares

estas espécies de diferenciaram das demais.

No segundo grupo houve muitas subdivisões, pois as suas especificidades

foram agrupadas em subgrupos deste maior, destes podemos observar um pequeno

agrupamento de dois Siluriformes de tamanho corporal e morfologia semelhantes,

que são o Paracanthopoma sp. e o Trichomycterus hasemani, estes peixes são

habitantes de águas rápidas e nadam ativamente; também observamos outro

agrupamento com apenas Characiformes, dentre eles, Knodus cf. victoriae e

Hyphessobrycon heterorhabdus, indica peixes comprimidos, habitantes de águas

lentas e com pouca capacidade de arrasto, dos demais sub grupos criados, as

espécies que os compõe possuem valores médios dos índices, com altura do corpo

semelhante, bem como nadadeiras e tamanho relativo do corpo indicando peixes

com boa capacidade de natação, podendo nadar ativamente ou manterem-se no

mesmo lugar.

Por fim a espécie Farlowella platoryncha ficou separada dos demais grupos

devido a suas características diferentes de todas as demais espécies, como por

exemplo, o Índice de Compressão do Pedúnculo Caudal, que possuiu o valor mais

baixo de todas as espécies, indicando que é uma espécie de natação lenta, com

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baixa manobrabilidade e baixa capacidade de arrancadas rápidas; ou ainda a

Orientação da Boca, que obteve os menores valores, caracterizando a espécie como

raspadora de fundo.

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Figura 3 - Dendrograma representando os três grupos sugeridos pela análise de

agrupamento para as 29 espécies de peixes de riachos de áreas com manejo

florestal analisadas no complexo de fazendas da empresa CIKEL, na Amazônia

Oriental.

Riachos Íntegros A PCA da estrutura ecomorfológica da assembleia de peixes dos riachos de

áreas íntegras também selecionou os dois primeiros eixos também utilizando como

critério de parada Broken-stick, que juntos explicaram 58,01% da variação

ecomorfológica para ambiente íntegro. O primeiro eixo explicou 37,48% da variação

ecomorfológica, influenciado negativamente pelo atributo coeficiente de finura (CF) e

positivamente pelos atributos altura relativa (AR), comprimento relativo da cabeça

(CRC) e largura relativa da boca (LRB). Espécies com valores mais a esquerda

neste eixo apresentam corpo comprimido (e.g. Gymnorhamphichthys petiti,

Gymnotus cf. coropinae e Gymnotus sp.), indicando pouca eficiência no nado,

(Tabela 2). As espécies mais a direita neste eixo apresentam boca mais larga, sendo

capazes de capturar presas relativamente grandes em relação ao seu tamanho

corporal (e.g. Helogenes marmoratus), são menos comprimidos em relação ao seu

tamanho corporal e possuem um tamanho da cabeça menor, também em relação ao

corpo (e.g. Hemigrammus cf. belottii e Nannacara cf.taenia), tais características

permitem a essas espécies habitar águas preferencialmente lentas (Figura 4, Tabela

5).

O segundo eixo da PCA explicou 20,53% da variância dos dados, sendo

influenciado de forma positiva principalmente pelo índice de compressão do corpo

(ICC) e índice de achatamento ventral (IAV). Estes índices agruparam espécies com

corpo mais comprimido e com pouco hidro dinamismo, indicando pouca capacidade

de natação, habitando ambientes com menor velocidade de correnteza, assim como

o observado em ambientes com manejo florestal (Tabela 2).

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Figura 4 - Projeção dos dois primeiros eixos da PCA para as espécies de peixes de

áreas íntegras baseada nos 12 atributos ecomorfológicos, em riachos da Amazônia

Oriental.

Tabela 5 – Porcentagem de contribuição dos dois primeiros eixos da PCA dos 12 atributos ecomorfológicos das espécies de peixes analisadas em ambientes íntegros e em negrito os atributos selecionados pelos loadings.

Atributo Loadings Eixo 1 Eixo 2

Índice de compressão do corpo (ICC) -0.01 0.93 Altura relativa (AR) 0.85 0.38 Comprimento relativo do pedúnculo caudal (CRPC) -0.56 0.42 Índice de compressão do pedúnculo caudal (ICPC) 0.51 -0.44 Índice de achatamento ventral (IAV) 0.29 0.87 Área relativa da nadadeira peitoral (ARNP) 0.76 -0.17 Relação do aspecto da nadadeira peitoral (RANP) 0.54 0.24 Comprimento relativo da cabeça (CRC) 0.85 0.28 Posição relativa dos olhos (PRO) 0.12 0.17 Largura relativa da boca (LRB) 0.83 -0.27 Orientação da boca (OB) -0.20 -0.17 Coeficiente de finura (CF) -0.88 0.19

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Autovalor 4.33 2.37 % de explicação 37.48 20.54 Broken-stick 3.10 2.10

Na assembleia de peixes dos riachos considerados íntegros foram verificados

dois grandes agrupamentos com uma distancia de aproximadamente 0,14 através

do dendograma (Figura 5). O primeiro grupo compreende os Gymnotiformes, que

possuem corpo alongado, ausência de nadadeiras dorsal, pélvica e caudal e tendo

coeficiente de finura maior em relação ao corpo que as demais ordens, indicando

pouca capacidade de natação e habitantes de águas lentas, assim como o

observado nos igarapés com manejo florestal. O restante das espécies foi agrupada

de forma geral, pois possuíam morfologia relativamente semelhante. Podemos

observar então, um agrupamento de Siluriformes composto pelo Helogenes

marmoratus, Trichomycterus hasemani e Paracanthopoma sp., indicando peixes

habitantes de águas rápidas, com capacidade de captura de presas grandes em

relação ao seu tamanho corporal e capazes de nadar ativamente (Tabela 2).

Também foi evidenciados agrupamentos entre as espécies de Characiformes

representado por Characidium etheostoma, Nannostomus trifasciatus e mais quatro

espécies, indicando peixes capazes de nadar ativamente, e com capacidade de

captura de presas pequenas em relação ao seu tamanho corporal; e outro

agrupamento observado foi o dos Characiformes: Copella arnoldi, Hemigrammus cf.

bellottii, Microcharacidium weitzmani, Pyrrhulina sp., junto com a Crenicichla gr.

saxatilis, que é Perciformes, isto pode se dar pelas semelhanças de formato de

corpo, posição da boca, altura do corpo, dentre outras características morfológicas,

os dando eficiência na capacidade de natação, tendo capacidade de nadar

ativamente, assim como capturar presas médias em relação ao tamanho de seu

corpo (Tabela 2).

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Figura 5 - Dendrograma representando os dois grupos sugeridos pela análise de

agrupamento para as 27 espécies de peixes de riachos de áreas com manejo

florestal analisadas no complexo de fazendas da empresa CIKEL, na Amazônia

Oriental.

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Similaridade ecomorfológica Em riachos de áreas íntegras índice de diversificação de nicho foi em média

de 3,11 ± 0,04, enquanto que em riachos de áreas manejadas este foi de 3,11 ±

0,03, não diferindo entre os tratamentos (gl = 34; p = 0,97). O índice de

empacotamento das espécies possuiu em média 2,61 ± 0,37 em áreas íntegras e

2,62 ± 0,35 em áreas manejadas, não diferindo (gl = 34; p = 0,98). Por fim, o Índice

de uniformidade do empacotamento apresentou em média 1,08 ± 0,17 em riachos

de áreas íntegras e 1,16 ± 0,20 em riachos com manejo florestal, e por sua vez

também não diferiu entre os tratamentos (gl = 34; p = 0,28).

Discussão Variáveis ambientais As principais mudanças na estrutura do hábitat físico entre ambientes íntegros

e manejados estiveram relacionadas à cobertura vegetal da floresta, com riachos de

áreas manejadas apresentando menor cobertura vegetal, do que riachos de áreas

íntegras. Perdas na cobertura vegetal, resultantes do manejo florestal já foram

registradas em riachos da Amazônia equatoriana por Bojsen & Barriga (2002),

também resultando em mudanças na estrutura da biodiversidade aquática. Tais

variações mostram que apesar de ser considerada uma atividade de impacto

reduzido, esta também pode afetar características estruturais dos ecossistemas de

riacho.

Composição de espécies

No trabalho de Freitas et al. (2007), também na Floresta Amazônica, foram

encontradas 28 espécies, sendo que a ordem mais abundante foi Characiformes,

com 17 espécies. No presente estudo também foi constatado que a ordem com

maior abundância de espécies foi Characiformes, corroborando o trabalho citado.

Segundo Lorion & Kennedy (2009) na região Neotropical há uma correlação

positiva entre desflorestamento e riqueza de espécies, havendo mais espécies em

ambiente degradado, uma vez que este impacto pode estar favorecendo espécies

menos sensíveis a alterações no ambiente. Contrapondo a afirmativa anterior, foi

documentado que a vegetação ripária é muito importante na manutenção da

ictiofauna de riachos (Teresa & Casatti, 2010). No presente trabalho, a riqueza de

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espécies total coletada na região, foi maior em áreas íntegra, concordando com o

trabalho de Teresa & Casatti (2010), já que em áreas íntegras a vegetação

adjacente no geral não foi afetada.

Ordenação no morfoespaço e agrupamentos ecomorfológicos Apesar das diferenças na composição de espécies entre os riachos íntegros e

manejados, os atributos que mais contribuíram para a ordenação das espécies no

morfoespaço (coeficiente de finura, altura relativa, comprimento relativo da cabeça e

largura relativa da boca) foram relativamente semelhantes entre os tratamentos.

Estes resultados nos mostram que as espécies compartilham um padrão

ecomorfológico comum entre os tratamentos, que é determinado basicamente pelo

predomínio de espécies com maio Coeficiente de Finura e Índice de Compressão do

Corpo, características que são favorecidas por ambientes com menor velocidade de

correnteza, já que espécies comprimidas tendem a não serem boas nadadoras.

Embora o manejo tenha resultado em mudanças na estrutura do habitat de riacho

tais mudanças ainda não foram suficientes para refletirem na estrutura

ecomorfologica das assembleias de peixes.

A ausência de alterações na estrutura ecomorfológica das espécies pode

estar associada à presença de uma matriz predominantemente florestada ao longo

da área estudada, que permite a presenças de uma estrutura ecomorfológica

complexa quando comparada a estudos que envolvem alterações mais profundas no

ambiente (e.g. Casatti & Castro, 2006; Leal et al., 2014), onde a similaridade da

composição da ictiofauna entre tratamentos ocorre, devido a uma simplificação do

ambiente, tornando-o mais homogêneo, e esta homogeneização é refletida na

morfologia das espécies residentes do igarapé, onde em um ambiente que sofreu

algum tipo de degradação tende a ser mais simples se comparado a um ambiente

íntegro.

Os atributos ecomorfológicos que influenciaram o agrupamento das espécies

em áreas manejadas e íntegras foram largura relativa da boca, altura relativa,

comprimento relativo da cabeça e coeficiente de finura, sendo que o mais evidenciou

a separação destes foi o último citado, caracterizando espécies com capacidade de

nado diferentes, também indicando qual a sua ocupação no espaço. Roa-Fuentes

(2011), também evidenciou o coeficiente de finura como sendo um atributo

ecomorfológico importante na estruturação das assembleias de peixes, evidenciando

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um padrão ecomorfológico comum determinado por aspectos funcionais

relacionados, ao habito e morfologia das espécies presentes nestes ambientes, tais

como menor velocidade de correnteza, favorecendo espécies com menor eficiência

de nado. O que foi corroborado no presente trabalho, uma vez que o coeficiente de

finura foi o atributo que mais influenciou na estrutura ecomorfológica das espécies.

Similaridade ecomorfológica Embora o morfoespaço ocupado pela ictiofauna não apresente diferenças

significativas entre os dois tratamentos, em áreas de manejo florestal onde houve

ocorrência de Farlowella platoryncha, o valor para morfoespaço foi elevado. É

documentado, que as espécies de peixes raspadores são mais sensíveis a

alterações na estrutura na floresta, especificamente a cobertura de dossel,

resultando em uma maior incidência de luz no igarapé, esta incidência de luz

possibilita o surgimento de algas, que por sua vez permitem uma maior abundancia

de espécies raspadoras (Casatti & Castro, 2006; Teresa & Casatti, 2010; Leal et al.,

2014).

Conclusão A Exploração de Impacto Reduzido resultou em mudanças na estrutura do

hábitat de riacho a qual esteve relacionada principalmente cobertura florestal ao

longo desses ambientes, porém, de forma indireta, já que este tipo de atividade não

ocorre na vegetação ripária. Apesar dessas alterções, não foram registradas

modificações na estrutura ecomorfologica dessas assembleias, o que pode estar

associado à manutenção de uma matriz predominantemente florestada ao longo das

áreas estudadas, que auxiliam na manutenção da diversidade das assembleias de

peixes.

No entanto é importante ressaltar que essa ausência de variação na

ecomorfologia pode estar associada à forma como as espécies foram selecionadas.

O baixo impacto da EIR, com pouca alterações na estrutura do habitat físico pode

estar relacionado a mudanças nas assembleias de peixes somente em relação às

espécies raras, as quais não puderam ser utilizadas no presente estudo por não

apresentarem uma abundancia mínima de 5 indivíduos adultos e com tamanho

similar.

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Quanto à similaridade ecomorfológica entre as espécies utilizadas no

presente trabalho, observou-se que entre os igarapés não houve uma diferença

significativa no morfoespaço ocupado, isto se deve ao objetivo do trabalho, em medir

somente as espécies mais abundantes, não utilizando a riqueza total de espécies

capturada na região, na tentativa de visualizar um padrão geral na estrutura

ecomorfológica das assembleias de peixes.

PUBLICAÇÕES Apresentação de pôster no XXI Encontro Brasileiro de Ictiologia, 1 a 6 de fevereiro de 2015 em Recife (PE). REFERÊNCIAS Barbour, M. T., B. D. S. J. Gerristsen & J. B. Stribling. 1999. Rapid bioassessment protocols for use in streams and wadeable rivers: periphyton, benthic macroinvertebrates and fish. Washington: EPA .

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DIFICULDADES: Não houve.

PARECER DO ORIENTADOR: O bolsista desenvolveu todas as atividades com bastante empenho e

responsabilidade.

DATA: 06/fevereiro/2015

_________________________________________ ASSINATURA DO ORIENTADOR