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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS Bolsista: Ana Kely Lima Nobre Orientador: Prof. Dr. Horácio Antunes de Sant’Ana Júnior LEVANTAMENTO DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NO MARANHÃO São Luís MA 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA

CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

Bolsista: Ana Kely Lima Nobre

Orientador: Prof. Dr. Horácio Antunes de Sant’Ana Júnior

LEVANTAMENTO DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NO MARANHÃO

São Luís – MA

2013

2

_________________________________________

Ana Kely de Lima Nobre

Bolsista

_________________________________________

Prof. Dr. Horácio Antunes de Sant’Ana Júnior

Orientador

LEVANTAMENTO DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NO MARANHÃO

Relatório apresentado ao Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação Científica

– PIBIC, na Universidade Federal do

Maranhão.

São Luís – MA

2013

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RESUMO

O relatório em questão visa fazer um apanhado e análise dos conflitos socioambientais mais

recentes no Maranhão levando em consideração a crescente instalação de grandes

empreendimentos e de que forma estes afetam os grupos sociais locais. Para isso buscamos,

por meio de informações veiculadas na imprensa e pela internet fazer uma análise dos

conflitos socioambientais, considerando o conjunto dos sujeitos envolvidos. As informações

utilizadas compõem o banco de dados sobre conflitos socioambientais do grupo de estudos:

Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA).

Palavras-chave: Conflitos socioambientais. Grandes empreendimentos. Grupos sociais

locais. Maranhão.

4

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------- 05

2 OBJETIVOS ------------------------------------------------------------------------------------------09

2.1 Objetivo Geral -------------------------------------------------------------------------------------- 09

2.2 Objetivos Específicos ------------------------------------------------------------------------------ 09

3 METODOLOGIA ----------------------------------------------------------------------------------- 10

4 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS ----------------------------------------------------- 11

5 RESULTADOS -------------------------------------------------------------------------------------- 12

6 CONCLUSÃO --------------------------------------------------------------------------------------- 20

REFERÊNCIAS --------------------------------------------------------------------------------------- 21

5

1 INTRODUÇÃO

O presente relatório tem como objetivo sistematizar os trabalhos desenvolvidos no

período de duração parcial da bolsa de pesquisa PIBIC/UFMA dando continuidade aos

processos de análise dos noticiários realizados pela bolsista anterior e que, de fato,

contribuíram de forma bastante significativa no que se refere à qualidade e quantidade dos

materiais apurados durante a investigação. A mudança quanto à titular da bolsa provém do

fato de que a bolsista antecedente concluiu sua graduação em janeiro de 2013. A nova bolsista

deu início às suas atividades em fevereiro deste mesmo ano, orientada pelo plano de trabalho

que se intitula “Levantamento de conflitos socioambientais no Maranhão”. Assim sendo, o

mesmo está sendo produzido para uma avaliação acerca do plano de trabalho que está

vinculado à pesquisa Projetos de Desenvolvimento e Conflitos Socioambientais no

Maranhão, realizada pelo grupo de estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio

Ambiente (GEDMMA).

Esse projeto aperfeiçoou o banco de dados fazendo uma divisão mais apurada no

campo das pesquisas visando ter uma melhor visibilidade e acompanhamento dos conflitos

ocorridos no estado do Maranhão, para que este seja uma fonte de informações para futuros

pesquisadores do projeto, assim como outros interessados na temática. O plano de trabalho

objetiva fazer um levantamento de conflitos socioambientais decorrentes da crescente

implantação de grandes projetos de desenvolvimento no estado do Maranhão. Nesta pesquisa,

buscamos identificar os tipos de projetos de desenvolvimento e as consequências

socioambientais a partir de suas implantações. Nesse sentido, percebemos que os mesmos

provocam grandes impactos negativos nos grupos sociais que residem na mesma área em que

buscam se instalar por dependerem dos recursos naturais lá existentes, visto que são a fonte

principal de sobrevivência para suas famílias. Outro problema gerado por esses projetos é que

os moradores atingidos muitas vezes são obrigados a deixar suas moradias por ocuparem

lugares almejados por tais empreendimentos. Mas muitos deles, diante dessas situações, se

mobilizam e formam movimentos de resistência para não saírem do local, caracterizando,

como muito autores denominam conflitos sociais que, em algumas vezes, se desenvolvem

para conflitos ambientais. Dessa forma, podem ser caracterizados, conforme Leite Lopes

(2004) como “conflitos socioambientais”.

6

Mediante tais situações, tendo em vista as diferentes concepções em relação ao

meioambientee aqueles que compõem a sociedade, segundo Acselrad, são derivadas dos

sentidos distintos que os grupos sociais possuem em relação à natureza:

Os objetos que constituem o “ambiente” não são redutíveis a meras quantidades de

matéria e energia, pois eles são culturais e históricos: os rios para as comunidades

indígenas não apresentam o mesmo sentido que para as empresas geradoras de

hidroeletricidade; a diversidade biológica cultivada pelos pequenos produtores não

traduz a mesma lógica que a biodiversidade valorizada pelos capitais

biotecnológicos etc. (ACSELRAD, 2004, p. 07)

Diante de tal consideração, podemos perceber, explicitamente, que são os diferentes

usos do meio ambiente que se relacionam diretamente com as diferentes concepções da

relação homem e natureza. Além disso, observa-se que, dentre esses conflitos, os grupos

sociais locais lutam pela sua área de moradia e uso por questão de sobrevivência, pois são

fundamentais para poder garantir o sustento de suas famílias. E como o que está em questão é

a natureza, ela é o cerne dos conflitos, de modo que Acselrad considera, “assim é que no

processo de sua reprodução as sociedades se confrontem a diferentes projetos de uso e

significação de seus recursos ambientais. Ou seja, o uso destes recursos é como sublinhava

Georgescu-Roegen, sujeito a conflitos entre distintos projetos, sentidos e fins” (ACSELRAD,

2004, p. 08). Em outras palavras, podemos dizer que todas essas situações se configuram

como um conflito ambiental. Conforme Acselrad afirma:

Os conflitos ambientais são, portanto, aqueles envolvendo grupos sociais com

modos diferentes de apropriação, uso e significação do território, tendo origem

quando pelo menos um dos grupos tem a continuidade das formas sociais de

apropriação do meio que desenvolvem ameaçadas por impactos indesejáveis -

transmitidos pelo solo, água, ar ou sistemas vivos – decorrentes do exercício das

práticas de outros grupos (ACSELRAD, 2004, p. 26).

Consoante Acserald, os conflitos ambientais gerados por disputa de “apropriação do

mundo material”, podem ser desenvolvidos tanto por controle do território, ou seja, “pelo

acesso e uso dos recursos naturais decorrente da dificuldade de se definir a propriedade sobre

os recursos” (ACSELRAD, 2004, p. 18), assim como, atrelados a essa questão, outras práticas

sociais podem causar, também, “impactos indesejáveis” ao meio ambiente, o que gera

“conflitos por distribuição de externalidade”1, isto é, conflitos em que “o desenvolvimento de

1 Na ciência econômica, externalidade pode ser definida como aqueles fatores que não entram no cálculo do

processo produtivo, como, por exemplo, os efluentes líquidos e gasosos de um empreendimento industrial ou

fertilizantes e herbicidas que atingem cursos d’agua em função de sua utilização na agricultura, fazendo com que

os ganhos do processo produtivo sejam mantidos privadamente, pelos empreendedores, e seus custos ambientais

sejam socializados (MARTÍNEZ ALIER, 2007).

7

uma atividade comprometa a possibilidade de outras práticas se manterem” (ACSELRAD,

2004, p. 25), este se daria pelos efeitos causados pelas práticas sociais.

Dentre os grandes projetos instalados no Maranhão está o Projeto Grande Carajás, instalado

no sudeste do estado do Pará e o oeste do Maranhão com o objetivo principal de garantir a

exploração e comercialização das gigantescas jazidas de minério de ferro localizas na Serra de

Carajás, no Pará, o que levou o estado a implantar a infraestrutura para que pudesse ser feita a

exploração e o escoamento da produção mineral, além de outras produções, assim como os de

outros estados vizinhos. Compôs esse projeto a construção da Estrada de Ferro Carajás (EFC),

do complexo portuário de São Luís, da Hidrelétrica de Tucuruí e de um vasto conjunto de

estradas de rodagem. Mais recentemente, se articulam a esse conjunto de empreendimentos de

infraestrutura, a Hidrelétrica de Estreito e a Termelétrica do Porto do Itaqui, entre outros.

Em decorrência dessas implantações que partiram de iniciativas governamentais e

privadas, surgiram consequências socioambientais que atingiram diretamente o modo de vida

de populações locais nas áreas envolvidas.

Com base na Constituição Federal de 1988, na legislação ambiental brasileira e na

legislação referente a direitos territoriais de quilombolas e indígenas, muitos destes povos e

grupos sociais reivindicam seus direitos, intensificando conflitos socioambientais. Conflitos

estes que são baseados no confronto a um modelo neodesenvolvimentista que, mesmo

incorporando noções como “desenvolvimento sustentável, sustentabilidade, responsabilidade

social e ambiental”, causa grandes impactos socioambientais.

Considerando tais aspectos, a realização desta pesquisa objetiva fazer um levantamento

de conflitos socioambientais decorrentes da crescente implantação de grandes projetos de

desenvolvimento no estado do Maranhão. Buscamos, também, identificar os tipos de projetos

de desenvolvimento e as consequências socioambientais causadas a partir de suas

implantações. Para isso, buscamos informações veiculadas na imprensa e pela internet.

O presente relatório é dividido em 7 itens. No item 1 apresentamos a introdução. No item

2 apresentamos os objetivos geral e específicos. No item 3, apresentamos a metodologia da

pesquisa. No item 4, apresentamos os procedimentos experimentais. No item 5, apresentamos

os resultados obtidos no decorrer da pesquisa. Neste item, informamos o quantitativo de

notícias coletadas na pesquisa, expomos algumas destas notícias procurando sistematizar o

8

conteúdo conforme foram registradas no banco de dados. Partindo dessas exposições fizemos

as análises e discussões do assunto.

Por fim, no item 6 apresentamos a conclusão, destacamos os principais pontos

desenvolvidos na pesquisa e também algumas direções tomadas atualmente acerca da

temática. No final, no item 7 apresentamos as referências.

9

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Identificar, acompanhar e analisar conflitos socioambientais no Maranhão decorrentes

de projetos de desenvolvimento instalados a partir do final da década de 1970 e atualmente,

em vias de instalação.

2.2 Objetivos específicos

Aprofundar os estudos teóricos sobre: modelos e projetos de desenvolvimento,

questões socioambientais, conflitos, populações tradicionais, legislação

ambiental;

Participar da criação e alimentação permanente do banco de dados sobre

conflitos socioambientais no Maranhão do GEDMMA;

Acompanhar e registrar o noticiário sobre conflitos socioambientais veiculado

nos principais jornais publicados em São Luís e pela internet, desde 2007, para

mapear os principais projetos de desenvolvimentos, mapear as áreas de

incidência e identificar os tipos de conflitos socioambientais;

Levantar panfletos, relatórios, documentos, diagnósticos, laudos, páginas

eletrônicas produzidos pelos diferentes agentes sociais envolvidos em conflitos

socioambientais.

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3 METODOLOGIA

Para que se fizesse cumprir o objetivo designado, fez-se necessário, realizar alguns

procedimentos:

Revisão bibliográfica

Acompanhamento e registro do noticiário sobre conflitos socioambientais

veiculados na imprensa local e pela internet para levantamento e mapeamento

dos principais projetos de desenvolvimento e principais conflitos

socioambientais no Maranhão;

Levantamento e arquivamento de panfletos, relatórios, documentos,

diagnósticos, laudos, páginas eletrônicas produzidos pelos diferentes agentes

sociais envolvidos em conflitos socioambientais.

11

4 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

A pesquisa desenvolvida tem seu foco em noticiários de jornais impressos e/ou

páginas eletrônicas que tratam de questões de conflitos socioambientais. Dentre outras,

tivemos como fonte, as seguintes páginas eletrônicas:

- http://jornalpequeno.com.br/,

- http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/,

-http://www.prma.mpf.gov.br,

- http://blog-do-pedrosa.blogspot.com,

- www.justicanostrilhos.org,

- http://imirante.globo.com/,

- www.oimparcial.com.br,

http://alexandre-pinheiro.blogspot.com.br/,

http://forumcarajas.org.br/.

A seleção das notícias é feita de acordo com a temática proposta pela pesquisa, ou

seja, considerando as notícias que tratam de conflitos socioambientais atualmente existentes

entre grandes empreendimentos e grupos sociais locais, assim como, outros conflitos

socioambientais no Maranhão.

O procedimento de registro das notícias no banco de dados do GEDMMA é feito com

o registro dos conteúdos nos seguintes campos na página eletrônica:

REGIONAL/MICRORREGIÃO; MUNICÍPIO; DATA DA NOTÍCIA; TIPO DO

CONFLITO; FONTE DA NOTÍCIA; TÍTULO DA NOTÍCIA; RESUMO DA NOTÍCIA;

NOTÍCIA.

12

5 RESULTADOS

Atendendo ao plano de trabalho, iremos analisar questões mais recentes como

violações de direitos humanos em conflitos agrários, reação dos moradores afetados pela

Vale com a duplicação da estrada de ferro Carajás, grandes impactos causados ao meio

ambiente ocasionados por áreas devastadas no Porto do Itaqui, conflitos entre os índios Awá

e a Vale, problemas ocasionados pela derrubada de árvores frutíferas por parte da Suzano,

conflitos entre líderes quilombolas e plantadores de Soja, o aumento da violência no campo,

sobre a Resex Tauá Mirim e a questão das aldeias indígenas que buscam apoio para produzir

e evitar invasões. Sendo todos esses problemas, consequências do período em que

começaram às instalações de grandes empreendimentos no Maranhão, isto é, a década de

1970.Nesta pesquisa, observamos através dos noticiários divulgados nos jornais locais e nas

páginas eletrônicas que foram bastante divulgadas notícias que tratam de conflitos

socioambientais, sendo que algumas delas difundidas por mais de uma fonte. Na maioria dos

noticiários que tratam de conflitos socioambientais, observou-se também que os mesmos são

gerados em decorrência da implantação de grandes empreendimentos e ou por questões de

apropriação de grandes latifundiários, em alguns casos, por proprietários que cultivam a

monocultura.

Nesse período, observamos também, que a população atingida, de acordo com os

noticiários, tem reivindicado com maior frequência seus direitos diante dos órgãos públicos.

Diante disso, é notório perceber a incidência do maior número de divulgação nos principais

jornais locais e pelas páginas eletrônicas que tratam acerca dessas questões. Com isso,

pressupõe-se, que essas divulgações são motivadas devido a maior procura por parte da

população atingida em reivindicar seus direitos.

Esta pesquisa, conforme informamos anteriormente, iniciou-se no mês de agosto de 2011.

Mas, apesar da pesquisa ter início no referido mês não se esgota e nem se limita a esse

período, pois ao longo da pesquisa foi observado que alguns noticiários tratavam de conflitos

que vinham desde o ano de 2007, período em que diferentes empreendimentos foram

instalados ou iniciaram a instalação no Estado do Maranhão. Além disso, os conflitos

continuam ocorrendo ao decorrer da pesquisa. No entanto, é importante ressaltar que, embora

alguns conflitos se arrastem de anos anteriores ao início da pesquisa, iremos nos focar no

período de janeiro de 2013 a julho de 2013.

13

Outro ponto a se destacar, é que resolvemos, por questões práticas, para facilitar a

compreensão, explicação da pesquisa e para analisarmos e discutirmos o assunto, selecionar

apenas 10 notícias, cujos conteúdos foram sistematizados conforme registrados no banco de

dados. Ressaltamos que, embora os conflitos tenham ocorrido nas diferentes microrregiões do

estado, não deixam de ter algumas semelhanças entre si. A seguir as notícias selecionadas:

1- LOCAL: Maranhão, Microrregião: São Luís, Município: Bacabeira

Data da notícia: 03.01.13

Fonte: http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/2013/01/moradores-de-area-

da-refinaria-premium.html

Resumo da notícia: “Moradores de área da Refinaria Premium, denunciam violações de

Direitos Humanos. Foi realizada no dia 17 de dezembro, na cidade de a segunda audiência

Pública para tratar da situação de conflito agrário envolvendo 500 famílias da comunidade

Santa Quitéria, localizada em frente ao local onde há uma remota promessa de construção da

Refinaria Premium, da Petrobrás. Mais de mil pessoas participaram da audiência. Moradores

denunciaram constantes violações de direitos humanos e a escandalosa especulação

imobiliária por parte de pessoas interessadas na mina de ouro que se tornou o negócio.

Segundo a comunidade, o Sr. Hernesto Vieira com a conivência da polícia militar, tem se

apresentado como representante de uma empresa que seria proprietária da área e causado

pânico entre a população, fazendo derrubadas de casas, tocando fogo, proibindo qualquer

reforma e ameaçando de morte os moradores. Ao final da audiência uma comissão, formada

por advogados e lideranças locais, se dirigiram até a comarca de Rosário onde foram

recebidos pela juíza Rosângela Macieira que manifestou interesse de uma resolução pacífica,

pedindo aos advogados que informem sobre qualquer abuso e atos de violência praticados

contra os moradores”.

2- LOCAL: Vila Maranhão, Maracanã e adjacências

Data da notícia: 18.01.13

Fonte: http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/2013/01/carta-aberta-dos-

moradores-de-vila.html

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Resumo da notícia: “Carta aberta dos moradores de Vila Maranhão e Maracanã afetados pela

vale à sociedade maranhense. Moradores da Vila Maranhão, Maracanã e adjacências

denunciam através dessa carta a violação do direito de ir e vir e a acentuação de riscos à

integridade física dos mesmos devido ao prolongamento do túnel de acesso aos bairros

referidos. O prolongamento desse túnel faz parte da obra de duplicação da Estrada de Ferro

Carajás, preste a ser realizada pela mineradora VALE que, sem consultar as comunidades

afetadas, pretende prolongar em vez de ampliar o túnel existente, que já os causa tantos

problemas. Sendo assim, solicitam à VALE a garantia do direito de ir e vir em segurança

através da ampliação do túnel ou construção de um viaduto, que por sua vez, alegou não

poder fazer por questões técnicas. Para duplicar a ferrovia a empresa faz uso da engenharia

mais avançada, porém não dispõe da mesma quando se trata de garantir o bem estar, a

segurança e os direitos das comunidades que afeta!”

3- LOCAL: Porto do Itaqui

Data da notícia: 24.02.2013

Fonte: http://jornalpequeno.com.br/edicao/2013/02/24/area-de-mangue-equivalente-a-13-

campos-de-futebol-deve-ser-devastada-no-porto-do-itaqui/

Resumo da notícia: “Área de mangue equivalente a 13 campos de futebol deve ser devastada

no Porto do Itaqui. ONG afirma que impactos ao meio ambiente são incalculáveis. Uma

área de mangue, de pouco mais de 13 hectares, o equivalente a 13 campos de futebol, deve ser

devastada para dar lugar a pátios de armazenagem na retroárea dos berços 104 e 105, do Porto

do Itaqui. Pelo serviço, a Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) poderá

pagar o montante de pouco mais de R$ 4 milhões. Outro grave problema é que, junto com os

manguezais, peixes, caranguejos e camarões tendem a ser eliminados. Com isso, pescadores e

ribeirinhos que se utilizam destas espécies para consumo próprio e como fonte de renda, serão

diretamente afetados. Segundo Milton Dias, existem alternativas para evitar a eliminação do

ecossistema. 'O problema é que o modelo de desenvolvimento só visa lucro, então o que sai

mais barato e é mais rápido de fazer é priorizado.”

15

4- LOCAL: São Luís

Data da notícia: 26.02.13

Fonte: http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/2013/02/mpf-pede-

cumprimento-de-acordo-feito.html

Resumo da notícia: “MPF pede cumprimento de acordo feito pela Vale e Ibama por impactos da EFC. O

Ministério Público Federal no Maranhão (MPF-MA) pediu o cumprimento imediato do acordo feito na Justiça

Federal com a Vale, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Fundação Cultural Palmares por causa dos

diversos problemas no licenciamento ambiental e execução da duplicação da Estrada de Ferro Carajás (EFC).

O acordo, homologado por sentença da Justiça Federal no ano passado, foi realizado depois que o MPF-MA

moveu ação civil pública pedindo a revisão do estudo ambiental da obra, que estava impactando as

comunidades de Santa Rosa dos Pretos e Monge Belos, na região de Itapecuru (MA). Pelo acordo, a Vale

ficou obrigada a realizar a recuperação dos corpos hídricos impactados pelas obras, controlar o volume de som

e poeira e fazer levantamento da situação de saúde da população, porém, até o momento, a empresa não

comprovou a implementação de nenhuma das medidas acordadas. A Vale, através de nota, informou

que vem cumprindo com as obrigações assumidas e que aguarda intimação da Justiça Federal

para mostrar a evolução do cumprimento dessas obrigações.

5- LOCAL: Reserva do Gurupi, no Maranhão

Data da notícia: 28.02.13

Fonte: http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/2013/02/para-os-awa-guaja-

trem-da-vale-e-o.html

Resumo da notícia: “Para os Awá-Guajá, trem da Vale é o “barulho do terror”. Uma das tribos mais

ameaçadas do mundo, os AwáGuajá não conheciam os brancos até recentemente. Mas na

reserva do Gurupi, no Maranhão, o impacto do pólo minerador-exportador põe em risco o

modo de vida dos índios que atualmente ocupam três áreas no Maranhão: a Terra Indígena

Alto Turiaçu, a Terra Indígena Awá e a Terra Indígena Carú. As aldeias mais próximas da

ferrovia estão na Terra Indígena Carú. São as aldeias Awá e Tiracambú, distantes cerca de

1,1 km e 1,7 km da ferrovia, respectivamente. Além do ruído que espanta a caça e causa

medo às crianças, os Awá-Guajá convivem com desmatamento e a exploração ilegal de

madeira no território invadido pela chegada de migrantes atraídos pelos grandes

16

empreendimentos econômicos na região. Em 2007, a Vale renovou o Acordo de Cooperação

firmado com a Funai para atender as necessidades e demandas das Terras Indígenas Carú,

Awá e Alto Turiaçu. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, o acordo – que tem

vigência até 2016 – tem o objetivo de atender a especificidade cultural dos índios Awá.

6- LOCAL: Povoado Trecho Seco município de Cidelândia

Data da notícia: 04.04.13

Fonte:http://www.forumcarajas.org.br/

Resumo da notícia: “MA: Suzano derruba árvores frutíferas para proteger plantação de

eucalipto. Moradores do povoado Trecho Seco município de Cidelândia estão indignados com

uma decisão da empresa prestadora de serviço a Suzano e é a responsável por cuidar da

fazenda de eucalipto. Desde o início da semana dois tratores estão derrubando uma grande

plantação de árvores frutíferas que fica no terreno entre o quintal das casas e a plantação de

eucalipto. O gerente administrativo da empresa que presta serviço a Suzano, dona da

plantação de eucalipto, disse que são os moradores que estão dentro dos limites da área da

empresa. E que o serviço não vai parar”.

7- LOCAL: região do Baixo Parnaíba, nos limites do município de Brejo (a 408km de

São Luís).

Data da notícia: 27.02.13

Fonte: http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/2013/02/ma-deputado-federal-

denuncia-ameacas.html

Resumo da notícia: “MA: Deputado federal denuncia ameaças a líder quilombola no Baixo

Parnaíba. O deputado federal Domingos Dutra denunciou o desmatamento de Áreas de

Preservação Permanente na região do Baixo Parnaíba, nos limites do município de Brejo (a

408km de São Luís) e também as ameaças de morte sofridas por uma liderança camponesa do

Quilombo Depósito, localizado na referida região. Segundo o deputado, plantadores de soja

que hoje ocupam a região são responsáveis pelo desmatamento e pela ameaça ao líder

quilombola.”

8- LOCAL: Município de Codó

17

Data da notícia: 02.04.13

Fonte: http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/2013/04/incrama-discute-

conflitos-agrarios-na.html

Resumo da notícia: Fetaema denuncia o aumento da violência no campo. O líder sindical rural

Chico Miguel, presidente da Fetaema está preocupado com o aumento da violência no meio

rural maranhense. Ele vem reunindo com todo o colegiado da entidade e os pólos sindicais

para importantes avaliações sobre questões inerentes a problemática e buscando informações

bem precisas da assessoria jurídica. Os conflitos pela posse da terra tomaram uma ampla

dimensão no município de Codó com sérios riscos de confrontos, uma vez que as autoridades

policiais fecham os olhos para jagunços a serviço de políticos e ainda perseguem

trabalhadores e trabalhadoras rurais de áreas quilombolas. Apesar das denúncias dos conflitos

registrados em Codó, o Incra simplesmente e até vergonhosamente não intervém para

desapropriação e regularização de várias áreas, o que é da sua responsabilidade. A não ser que

por ingerências políticas venha fazendo vistas grossas.”

9- LOCAL: Resex Tauá-Mirim

Data da notícia: 19.04.13

Fonte da notícia: http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/2013/04/resex-taua-mirim-

e-federacao-das.html

Resumo da notícia: “Resex Tauá-Mirim e Federação das Indústrias do Estado do Maranhão.

A Secretaria de Industria e Comercio do Estado do Maranhão depois de se queimar com a não

implantação da refinaria premium manobra com a Fiema que diz representar a classe

industrial maranhense. O que está por trás das manobras da Secretaria e da Fiema é a

especulação imobiliária e a intolerância de determinados setores políticos e econômicos do

Maranhão que não aceitam a existência de comunidades tradicionais lutando para se

manterem em suas terras enquanto estas terras podiam ser vendidas, mineradas ou servirem de

cenário para a construção de condomínios privados.”

10- LOCAL: Amarante do Maranhão, À margem das terras indígenas Governador e

Arariboia.

18

Data da notícia: 06.04.13

Fonte da notícia: http://www.forumcarajas.org.br/

Resumo da notícia: “Maranhão: Aldeias buscam soluções para sair da miséria Índios querem

apoio para produzir e evitar invasões. As terras indígenas Arariboia e Governador são

praticamente coladas. Separados por um minúsculo povoado, índios gaviões e guajajaras

ocupam uma área de 4.552 km quadrados, a maior em extensão e em população indígena do

Maranhão. A posse das terras, no entanto, não garante a tranquilidade nas aldeias. A área é

permanentemente invadida por madeireiros, que entregam as árvores a serrarias, ou para

serem queimadas em fornos de carvão ou de indústrias de municípios vizinhos”.

No geral, embora seja um relatório que justifica a renovação da bolsa e fazendo uma

análise partindo desses noticiários, podemos concluir que grande parte dos conflitos gerados

decorre de grandes empreendimentos que visam se instalar em áreas onde existem povoados

há décadas ou séculos. Os habitantes desses povoados, por morarem em locais que

consideram de sua propriedade pelo tempo de moradia, mas cuja posse legal normalmente é

instável, são molestados para que deixem o local por tais empreendedores. Outro problema

também constatado é que, em alguns casos os conflitos se arrastam porque povos e grupos

sociais tentam manter seu modo de vida, como terras indígenas, de quilombo ou unidades de

conservação, tendo a posse de suas terras reconhecidas legalmente, mas, mesmo assim, são

desrespeitados por empreendedores. Como podemos citar aqueles que vivem em áreas de

preservação legal, no caso de povos indígenas, que vivem ameaçados por invasores que

buscam desregradamente apoderarem-se de recursos madeireiros, provocando desmatamentos

e comprometendo a sobrevivência física e cultural dos povos localizados em suas terras.

A leitura feita dos noticiários nos permite classificar os conflitos em três tipos: conflitos por

território, conflitos por externalidade e conflitos por território e externalidade. O conflito por

território se configura quando uma determinada comunidade busca manter-se numa localidade

onde vive há vários anos e, neste local, mantém relacionamentos sociais e laços culturais.

Mas, muitas vezes, são obrigados a deixarem suas moradias para dar espaço para os diversos

tipos de empreendimentos que visam instalar-se no local em que moram. Tal conflito pode ser

exemplificado nas notícias1,8, 9 e 10.

19

No caso de conflitos que se configuram por externalidade, temos aqueles que se

caracterizam em determinados conflitos quando alguns empreendimentos comprometem de

alguma forma, a qualidade de vida de uma comunidade. Isto é, as práticas investidas por tais

empreendimentos afetam negativamente a reprodução social, cultural ou religiosa de um

povo. Por exemplo, os grandes empreendimentos podem inviabilizar o cultivo de uma

produção agrícola familiar, a pesca em pequena escala, o abastecimento de água de uma

determinada comunidade, ou até mesmo, podem afetar a reprodução de um povo, no caso dos

indígenas. Este pode ser verificado nas notícias 2, 3, 4 e 5.

No entanto, é importante ressaltar que, embora muitas vezes esses tipos de conflitos

ocorram separadamente, também pode ocorrer de forma conjunta, ou seja, eles podem ocorrer

associadamente tanto por territorialidade como por externalidade. Tais como nas notícias 6 e

7.

20

6 CONCLUSÃO

Nesta pesquisa, embora os resultados sejam parciais, devido ao andamento das

pesquisas em constante processo, os conflitos continuam e está sendo dada continuidade ao

levantamento e mapeamento de conflitos já existentes. Em relação às notícias, outro aspecto

relevante foi que, nesses últimos meses houve um crescente aumento de conflitos

relacionados a impactos causados pelos grandes projetos, assim como, entre comunidades

tradicionais e latifundiários no interior do estado. As mobilizações observadas se devem,

conforme os noticiários indicam à população agir em defesa de seus direitos, principalmente

as comunidades atingidas, aquelas que são diretamente impactadas por tais empreendimentos,

os quais tiram dos moradores locais o único meio de sobrevivência, os recursos naturais

utilizados pelos grupos sociais. Consequentemente, mobilizam-se como forma de resistência

aos grandes empreendimentos que estão instalados, em processo de implantação ou em via de

instalação no estado. No processo, o trabalho continua sendo desenvolvido buscando notícias

nos principais jornais impressos e/ou páginas eletrônicas.

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7 REFERÊNCIAS

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