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Universidade Federal do Espírito Santo

Centro de Ciências da Saúde

Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas

Políticas Públicas e

Legislação sobre Drogas

Enfª. Camila Barcelos Vieira Mestranda do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva – UFES

Profª. Drª. Marluce Miguel de Siqueira Coordenadora Geral CEPAD-UFES/ CRR-ES

VITÓRIA

2015

O que são Políticas Públicas?

Políticas Públicas

Ações coletivas para a garantia dos direitos sociais

Expressam a construção de

ação do governo

Compromisso Público para dar conta de determinada

demanda

Como são construídas?

1º • Reconhecimento do problema

• Formulação

• Etapa em que se projetam os objetivos e se idealiza o que política irá fazer.

• Implementação

• Etapa em que a política é colocada em prática e vivemos a experiência real de concretizá-la.

• Avaliação

• Nesta etapa é avaliado se a política atingiu os objetivos traçados na fase de formulação.

• Para que uma política passe a fazer parte do nosso cotidiano, muitas vezes é necessário que existam programas e planos que possam construí-la.

• Estes planos e programas são as linhas de ação que possibilitam que a política avance além da fase de formulação e passe a fazer parte do “mundo real”.

Como são construídas?

Como são classificadas?

Políticas

Alocatórias

Políticas

Regulatórias

Promovem

recursos para

prevenção e

tratamento.

Influenciam

comportamentos e

decisões

individuais por

meio de ações

mais diretas.

Política Regulatória

Como são classificadas?

Políticas

Redução de

Demanda

Políticas

Redução de

Oferta

São ações que visam a prevenção

do uso indevido de drogas lícitas e

ilícitas, como também disponibilizar

ações assistenciais para

tratamento, recuperação e

reinserção social.

Envolvem as ações de

repressão ao tráfico das

drogas ilícitas. Por exemplo,

temos as ações de

apreensão das drogas como

maconha, cocaína, etc..

Percurso Histórico

• Inicialmente construíram seus discursos em

dispositivos de criminalização e

medicalização POLÍTICA REPRESSIVA.

• Fortemente influenciado por movimentos e

decisões internacionais A “guerra às drogas”

propagada pelos Estados Unidos.

Percurso Histórico

• Lei Seca – 1920 (EUA)

18ª Emenda à

Constituição Americana

- proibiu a fabricação, o

transporte, a venda e o

consumo de bebidas

alcoólicas no país com

justificativas morais e

de segurança.

Percurso Histórico

• 1924 – Inclusão no Código Penal Brasileiro:

• Decreto 4.294 - pena de prisão para aqueles que

vendessem ópio e seus derivados e cocaína; e,

• Decreto 14.969 - criou o “sanatório para

toxicômanos”.

Percurso Histórico

• Primeira lei proibicionista no Brasil (1830) - é

originária da Câmara Municipal do Rio de Janeiro,

que aplicava penalidades aos “negros vadios que

fossem pego fumando maconha”.

• 1890 – Código Penal Republicano - primeiro

diploma penal brasileiro, que dispôs, no artigo 159,

a proibição a algumas substâncias tidas como

“venenosas”.

Percurso Histórico

• Inércia dos governantes perante o consumo de álcool;

• Surgimento gradativo de sociedades de caráter privado que promoviam:

Educação Antialcoólica

+

Medidas Assistenciais

para alcoolistas

• Exemplos – • Liga Paulista de Profilaxia Moral e Sanitária;

• Liga Brasileira de Higiene Mental; e,

• União Brasileira Pró-Temperança.

Concepções

moralistas e

Higienistas

Percurso Histórico

Percurso Histórico

• Após o fim da Segunda Guerra Mundial: - globalização da economia globalização do „mercado das drogas‟

• A Organização das Nações Unidas (ONU) realizou três grandes convenções internacionais - Nova Iorque, 1961, e Viena, 1971, 1988;

- reafirmando a concepção internacional repressiva de combate ao uso e tráfico de drogas “war of drug”.

- o Brasil foi signatário das 3 convenções.

• 1971 – Lei nº 5.726 , que dispõe sobre medidas preventivas e repressivas ao tráfico e ao uso de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica.

- Não faz nenhuma referência ao tratamento à saúde da população usuária de drogas;

- Exceto aqueles referidos como infratores viciados, que eram internados compulsoriamente em hospitais psiquiátricos.

Percurso Histórico

• 1976 - Lei 6.368 - que dispõe sobre medidas de prevenção e

repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de substâncias

entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica.

- Amplia o leque de ações preventivas dependente;

- Forte influência da concepção médico-psiquiátrica.

• 1980 – Conselho Federal de Entorpecentes (COFEN) - responsável pela

formulação de políticas públicas para o enfrentamento das drogas.

- Privilegiou ações de repressão à produção, tráfico e consumo de

drogas;

- Algumas iniciativas nas práticas de atenção ao usuário de álcool

e outras drogas. Ex.:

- apoio a centros de referência de tratamento;

- apoio às pesquisas em prevenção na área de álcool e

outras drogas.

Percurso Histórico

• 1998 – Conselho Nacional Antidrogas (CONAD) – órgão normativo e deliberativo da Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD):

- A drogas passam a ser assunto de Segurança Nacional;

- Estrutura Militar.

• 2002 – Decreto 4.345 - Política Nacional Antidrogas

- “Narcoguerrilha”;

- Ideal de sociedade livre de do uso de drogas ilícitas.

• 2002 - Lei 10.409 –

- Tratamento multiprofissional ao dependente;

- Sempre que possível acompanhado do tratamento familiar; e,

- Indicava a redução de danos.

- Não revogou por completo a Lei 6.368/1976.

Percurso Histórico

• 2003 – Política de Atenção Integral aos Usuários de

Álcool e Outras Drogas (PAIUD) – Ministério da Saúde

PAIUD

PREVENÇÃO

PROTEÇÃO E PROMOÇÃO À

SAÚDE DE USUÁRIOS

DIRETRIZES PARA

POLÍTICA DE REDUÇÃO DE

DANOS

INTERSETO-RIALIDADE

ATENÇÃO

INTEGRAL

CONTROLE DE INTORPECEN-TES E SUBST. QUE CAUSEM DEPENDÊNCIA

MODELOS DE ATENÇÃO –

CAPS E REDES ASSISTENCIAIS

Percurso Histórico

• 2005 – Política Nacional sobre Drogas (PNAD)

ANTI SOBRE

Mudanças no cenário político

Programa de Redução de

Danos

Realinhamento do Discurso

Percurso Histórico

• 2005 – Política Nacional sobre Drogas (PNAD)

PNAD

PREVENÇÃO

TRATAMENTO/ REINSERÇÃO

SOCIAL

REDUÇÃO DE DANOS

REPRESSÃO

ENSINO E PESQUISA

Percurso Histórico

• 2005 – Política Nacional sobre Drogas (PNAD)

- Principais Diretrizes:

- atingir o ideal de construção de uma sociedade

protegida do uso de drogas;

- reconhecer o direito de toda pessoa receber tratamento

para drogadição;

- reconhecer as diferenças entre o usuário, a pessoa em

uso indevido, o dependente e o traficante;

- priorizar ações de prevenção;

- incentivar ações integradas aos setores de educação,

saúde e segurança pública;

- promover ações de redução de danos; e,

- garantir ações para reduzir a oferta de drogas no país.

Percurso Histórico

• 2005 – Câmara Especial de Políticas Públicas sobre

o Álcool (CEPPA)

- Composta por diferentes segmentos:

- órgãos governamentais;

- especialistas;

- legisladores;

- representantes da sociedade civil.

• 2007 – Decreto 6.117 – Política Nacional sobre o

Álcool

Percurso Histórico

• 2007 – Decreto 6.117 – Política Nacional sobre o

Álcool

- Dispõe sobre as medidas para redução do uso indevido

do álcool e sua associação com a violência e

criminalidade;

- Objetivo Geral:

- Estabelecer princípios que orientem estratégias para o

enfrentamento coletivo do problemas relacionados ao

álcool;

- Intersetorialidade e integralidade das ações para

redução dos danos.

- Reflete a preocupação da sociedade em relação ao uso

cada vez mais precoce dessa substância, assim como

o seu impacto negativo na saúde e na segurança.

Percurso Histórico

Política Nacional sobre o Álcool

Diagnóstico sobre o

consumo

Tratamento e

reinserção social

Campanhas de

Mobilização/ Sensibilizaçã

o

Redução de

demanda de álcool

Associação álcool e trânsito

Capacitação de

profissionais

Percurso Histórico

• 2007 – Decreto 6.117 – Política Nacional sobre o

Álcool

- É considerada bebida alcoólica aquela que contiver

0,5 grau Gay- Lussac ou mais de concentração,

incluindo preparações farmacêuticas que contenham

teor alcoólico igual ou acima de 0,5 grau Gay- Lussac.

Percurso Histórico

• 2006 – Lei 11.343

- Revogou as leis:

- Lei 6368 (1976)

- Lei 10409 (11 Jan 2002)

- Reponsabilidade Compartilhada entre Sociedade e

Estado;

- Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas Sobre

Drogas (SISNAD);

USUÁRIO/ DEPENDENTE TRAFICANTE

JUIZADOS ESPECIAIS

CRIMINAIS VARAS CRIMINAIS

COMUNS

Percurso Histórico

• 2006 – Lei 11.343

- Mas quem é o usuário?

- conforme o artigo 28, aquele que: "adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar".

- Adquirir é comprar, passar a ser proprietário;

- Guardar é ocultar, esconder, não publicar a posse;

- Ter em depósito significa manter sob controle, à disposição;

- Transportar traz a ideia de deslocamento;

- comportamento de trazer consigo é o mesmo que portar a droga.

Percurso Histórico

• 2006 – Lei 11.343

- Mas quem é o traficante?

- Art 33: “Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.”

- Para fazer a diferenciação entre usuário/dependente e traficantes é necessário analisar:

- Qual droga e que quantidade;

- Circunstâncias em que se deu a apreensão;

- Circunstâncias sociais e pessoais;

- Conduta; e,

- Antecedentes criminais.

Análise

SUBJETIVA

Percurso Histórico

• 2006 – Lei 11.343

- SISNAD – Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre

Drogas

- encarregado de coordenar as atividades relacionadas

com a prevenção do uso indevido e assistência aos

usuários, bem como a repressão do tráfico ilícito de

drogas;

- PRINCÍPIO BÁSICO: Responsabilidade compartilhada

entre Estado e Sociedade. DESCENTRALIZAÇÃO DAS

ATIVIDADES.

- Respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana.

Percurso Histórico

• 2006 – Lei 11.343

- SISNAD – Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas

- Objetivos:

I. Contribuir para a inclusão social do cidadão, tornando-o menos vulnerável a assumir comportamentos de risco para o uso indevido de drogas, tráfico e outros comportamentos relacionados;

II. promover a construção e a socialização do conhecimento sobre drogas no país;

III. promover a integração entre as políticas de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas;

IV. reprimir a produção não autorizada e o tráfico ilícito de drogas;

V. promover as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da União, Distrito Federal, Estados e Municípios.

Percurso Histórico

• 2008 – Lei 11.705

- LEI SECA

- Proíbe a venda de bebidas alcoólicas nas rodovias federais;

- Estabelece sanções administrativas e penas para motorista

que dirigir sob a influência de álcool.

Percurso Histórico

• 2008 – Lei 11.705

- LEI SECA

- Motorista que apresentasse concentração de álcool igual

ou superior a 6,0 dg/L de sangue – o que corresponde à

concentração alcoólica de 0,30 mg/L no ar alveolar

expirado (verificado no teste de etilometria) – ficou sujeito à

pena de detenção de seis meses a três anos.

Percurso Histórico

• 2013 – Resolução 432 - Conselho Nacional de

Trânsito

Acima de 0,05 mg – além

da multa, suspensão da

carteira de habilitação e

do direito de dirigir por um

ano.

A partir de 0,34 mg –

responde a processo de

crime de trânsito (seis

meses a três anos de

detenção)

Percurso Histórico

• 2010 – Decreto 7.179 – Plano Integrado de

Enfrentamento ao Crack e outras Drogas

- Desenvolver um conjunto de prevenção,

tratamento e reinserção social de usuários de

crack e outras drogas, bem como enfrentar o tráfico

em parceria com Estados, Distrito Federal,

municípios e sociedade civil, buscando a redução

da criminalidade associada ao consumo pela

população.

- Definiu, no âmbito federal, o Programa “Crack, é

possível vencer”.

Percurso Histórico

• 2010 – Decreto 7.179 – Plano Integrado de

Enfrentamento ao Crack e outras Drogas

CUIDADO - Ações para estruturar redes de atenção de saúde e de assistência social para o atendimento aos usuários de drogas e seus familiares.

AUTORIDADE - Ações para reduzir a oferta de crack e outras drogas ilícitas, pela repressão ao tráfico, crime organizado e pela garantia de condições de segurança

PREVENÇÃO - Ações para fortalecer vínculos familiares e comunitários e reduzir fatores de risco para o uso de drogas

EIXOS

Percurso Histórico

• 2010 – Decreto 7.179 – Plano Integrado de

Enfrentamento ao Crack e outras Drogas

- CUIDADO – Ações:

- Atenção ao usuário nos locais de

concentração de uso de crack;

- Atendimento especializado para o usuário;

- Opção de atendimento.

Percurso Histórico

• 2010 – Decreto 7.179 – Plano Integrado de

Enfrentamento ao Crack e outras Drogas

Percurso Histórico

• 2010 – Decreto 7.179 – Plano Integrado de

Enfrentamento ao Crack e outras Drogas

- AUTORIDADE – Ações:

- Articuladas entre as áreas: saúde,

assistência social e segurança;

- Espaços urbanos seguros: policiamento

ostensivo e articulação para revitalização de

espaços públicos e de convivência;

- Identificação e prisão de traficantes;

- Adequação da legislação.

Percurso Histórico

• 2010 – Decreto 7.179 – Plano Integrado de

Enfrentamento ao Crack e outras Drogas

- PREVENÇÃO – Ações:

- Prevenção nas escolas;

- Capacitações de profissionais;

- Disseminação contínua de informações.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, T. M. Reflexões sobre políticas de drogas no Brasil.

Ciênc. saúde coletiva [online]. v.16, n.12, pp. 4665-74. 2011.

BRASIL. Legislação e Políticas Públicas sobre Drogas. Secretaria

Nacional de Políticas sobre Drogas. Brasília, 2010.

SANTOS, J.A.T.; OLIVEIRA, M.L.F. Políticas públicas sobre álcool e

outras drogas: breve resgate histórico. J Nurs Health. Pelotas (RS),

v.1, n.2, p. 82-93. 2012.

SIQUEIRA, M.M. et al. (organização). Curso de Atualização em

crack e outras drogas com foco no judiciário, ministério público e

segurança pública: caderno 6. UFES/CCS/CEPAD: Vitória, 2014.

Contatos:

Tel. 3335-7492

Email:

[email protected]

Site:

crres.ufes.br