universidade federal do espírito santo centro de ciências exatas
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Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Ciências Exatas
Programa de Pós-Graduação em Química
Adulteração de óleo diesel e determinação do tamanho de gota de emulsões
DANYELLE ALVES DA CUNHA
Dissertação de Mestrado em Química
Vitória 2016
Danyelle Alves da Cunha
Adulteração de óleo diesel e determinação do tamanho de gota de emulsões
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Química do Centro de
Ciências Exatas da Universidade Federal
do Espírito Santo como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre em
Química, na área de Química Analítica.
Orientador: Prof. Dr. Lúcio Leonel
Barbosa
Vitória
2016
Adulteração de óleo diesel e determinação do tamanho de gota de emulsões
Danyelle Alves da Cunha
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química da
Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial para a obtenção
do título de Mestre em Química.
Aprovado em 08 de março de 2016 por:
__________________________________________ Prof. Dr. Lúcio Leonel Barbosa
Universidade Federal do Espírito Santo Orientador
__________________________________________ Prof. Dr. Valdemar Lacerda Júnior
Universidade Federal do Espírito Santo
__________________________________________ Prof. Dra. Vanya Marcia Duarte Pasa
Universidade Federal de Minas Gerais
Universidade Federal do Espírito Santo Vitória, 08 de março de 2016
Dedico este trabalho a minha família e a todas as pessoas que me incentivaram e me ajudaram a alcançar essa importante conquista.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus por tudo, pois sem Ele nada disso seria possível.
Agradeço aos meus pais pelo apoio, amor, carinho e paciência ao longo de toda a
minha vida tanto pessoal quanto acadêmica.
Agradeço a toda minha família por todo apoio e carinho.
Agradeço aos meus amigos do laboratório de RMN.
Agradeço ao meu professor orientador, Dr. Lúcio Leonel Barbosa, pelo apoio,
paciência e por tudo que me ensinou.
Agradeço a todos os meus amigos que me apoiaram e tiveram paciência.
Agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para realização deste trabalho.
“Confia-Lhe todas as vossas preocupações, porque Ele
tem cuidado de vós. (...) O Deus de toda graça, que vos
chamou em Cristo à sua eterna glória, depois que
tiverdes padecido um pouco, vos aperfeiçoará, vos
tornará inabaláveis, vos fortificará. A Ele o poder na
eternidade! Amém.”
I Pedro 5: 7, 11
Lista de Figuras
Figura 1. Exemplo de triglicerídeo ............................................................................. 26
Figura 2. Matérias-primas utilizadas para produção de biodiesel (perfil nacional). ... 30
Figura 3. Representação esquemática da transesterificação de triglicerídeos,
produzindo glicerol e biodiesel .................................................................................. 32
Figura 4. Etapas envolvidas na reação de transesterificação de triglicerídeos ......... 33
Figura 5. Hidrólise dos ésteres alquílicos. ................................................................. 33
Figura 6. Matérias-primas utilizadas para produção de biodiesel (Perfil Nacional)
(ANP) ........................................................................................................................ 34
Figura 7. Ilustração do efeito causado nos momentos magnéticos nucleares pela
aplicação do campo B0 – adaptado ........................................................................... 40
Figura 8. Sequência de pulsos CPMG – adaptado ................................................... 42
Figura 9. Curvas de decaimento do sinal normalizado com o tempo para
experimentos de CPMG para os óleos Diesel D1 (a), D2 (b), D3 (c) e D4 (d) sem a
adição do adulterante (querosene). É possível observar um comportamento
exponencial da intensidade do sinal normalizado com o tempo para todas as
amostras.................................................................................................................... 45
Figura 10. Curvas de decaimento da amplitude normalizada obtida por CPMG para o
adulterante querosene. É possível observar um comportamento exponencial da
intensidade do sinal normalizado pelo tempo............................................................ 46
Figura 11. Correlação entre o tempo de relaxação transversal (T2) e o percentual de
adulterante do diesel D1 (a), D2 (b), D3 (c) e D4 (d). A adição de adulterante
provoca alterações apreciáveis nas características relaxométricas, o que permite
detectar a adulteração do combustível por meio de T2. ............................................ 47
Figura 12. Espectros de Infravermelho do diesel D1 (a), D2 (b), D3 (c) e D4 (d) sem
a adição do adulterante e com adição de adulterante querosene (e) para a faixa
espectral de 4000-650 cm-1, com resolução de 4 cm-1 e 16 varreduras a temperatura
ambiente.................................................................................................................... 49
Figura 13. Espectros de frações de petróleo com temperatura de ebulição na faixa
do diesel. Fração 1 (a), 2 (b), 3 (c), 4 (d) obtidos na faixa de 4000-650 cm-1 a
temperatura ambiente, com resolução de 4 cm-1 e 16 varreduras. .......................... 50
Figura 14. Espectros dos quatro óleos diesel comerciais adulterados com
percentuais de querosene variando entre 5% e 100%: D1 (a), D2 (b), D3 (c), D4 (d).
A variação da porcentagem de adulterante entre 5% e 100% provocou alteração na
transmitância para a banda de absorção em número de onda 1746 cm-1. A Figura
inserida em cada gráfico destaca a expansão e redução de transmitância com o
aumento do percentual de adulterante para 1746 cm-1. ............................................ 51
Figura 15. Correlação da adulteração com a transmitância percentual após as
adulterações do óleo diesel com o querosene (a) e Correlação da transmitância
percentual com o tempo de relaxação transversal para os diesel D1, D2, D3 e D4
após as adulterações do óleo diesel com o querosene na faixa de 5% a 100% (b).. 52
Figura 16. Espectro da fração de petróleo na faixa do óleo diesel adulterada com
percentuais de querosene variando entre 10%, 30%, 60%, 90% e 100%. A variação
da porcentagem de adulterante provocou alteração na transmitância para a banda
de absorção em número de onda 1458 cm-1. A Figura inserida em cada gráfico
destaca a expansão e redução de transmitância com o aumento do percentual de
adulterante para 1458 cm-1. ...................................................................................... 52
Figura 17. Curvas de decaimento da amplitude normalizada obtida por CPMG para o
adulterante querosene. É possível observar um comportamento exponencial da
intensidade do sinal normalizado pelo tempo............................................................ 54
Figura 18. Correlação entre o tempo de relaxação transversal (T2) e o percentual de
adulterante do diesel D1 (a), D2 (b), D3 (c) e D4 (d). A adição de adulterante
provoca alterações apreciáveis nas características relaxométricas, o que permite
detectar a adulteração do combustível por meio de T2. ............................................ 55
Figura 19. Correlação das 4 curvas de relação entre as porcentagens de adulterante
com seus respectivos valores de T2 após as adulterações do óleo diesel com óleo
residual de fritura ....................................................................................................... 56
Figura 20. Espectros de Infravermelho do óleo residual para a faixa espectral de
4000-650 cm-1, com resolução de 4 cm-1 e 16 varreduras a temperatura ambiente. 57
Figura 21. Espectros dos quatro óleos diesel comerciais adulterados com
percentuais de óleo residual variando entre 5% e 100%: D1 (a), D2 (b), D3 (c), D4
(d). A variação da porcentagem de adulterante entre 5% e 100% provocou alteração
na transmitância para as bandas de absorção em números de onda 1746 cm-1 e
1160 cm-1. ................................................................................................................. 58
Figura 22. Correlação da adulteração com a transmitância percentual após as
adulterações do óleo diesel com óleo residual de fritura (a) e correlação da
transmitância percentual com o tempo de relaxação transversal para os diesel D1,
D2, D3 e D4 após as adulterações do óleo diesel com óleo residual na faixa de 5% a
100% (b) .................................................................................................................... 59
Figura 23. Curvas de decaimento da amplitude normalizada obtida por CPMG para o
adulterante óleo vegetal. É possível observar um comportamento exponencial da
intensidade do sinal normalizado pelo tempo............................................................ 60
Figura 24. Correlação entre o tempo de relaxação transversal (T2) e o percentual de
adulterante do diesel D1 (a), D2 (b), D3 (c) e D4 (d). A adição de adulterante
provoca alterações apreciáveis nas características relaxométricas, o que permite
detectar a adulteração do combustível por meio de T2. ............................................ 61
Figura 25. Correlação das 4 curvas de relação entre as porcentagens de adulterante
com seus respectivos valores de T2 após as adulterações do óleo diesel com óleo
vegetal de soja .......................................................................................................... 62
Figura 26. Espectros de Infravermelho do óleo vegetal para a faixa espectral de
4000-650 cm-1, com resolução de 4 cm-1 e 16 varreduras a temperatura ambiente. 63
Figura 27. Espectros dos quatro óleos diesel comerciais adulterados com
percentuais de óleo lvegetal variando entre 5% e 100%: D1 (a), D2 (b), D3 (c), D4
(d). A variação da porcentagem de adulterante entre 5% e 100% provocou alteração
na transmitância para as bandas de absorção em números de onda 1746 cm-1 e
1160 cm-1. ................................................................................................................. 64
Figura 28. Correlação da adulteração com a transmitância percentual após as
adulterações do óleo diesel com óleo vegetal (a) e correlação da transmitância
percentual com o tempo de relaxação transversal para os diesel D1, D2, D3 e D4
após as adulterações do óleo diesel com óleo vegetal na faixa de 5% a 100% (b) .. 65
Lista de Tabelas
Tabela 1. Composição química do petróleo .............................................................. 19
Tabela 2. Classificação do petróleo em relação ao seu grau API ............................. 20
Tabela 3. Frações de petróleo e seus respectivos pontos de ebulição (°C) .............. 21
Tabela 4. Vantagens do uso do biodiesel (KNOTHE) ............................................... 31
Tabela 5. Tempos de relaxação transversal T2 e transmitância percentual para as
amostras de validação e suas respectivas conformidades ....................................... 53
Tabela 6. Viscosidade e densidade médias do óleo diesel comercial e do óleo
residual ...................................................................................................................... 54
Tabela 7. Tempos de relaxação transversal T2 e transmitância percentual para as
amostras de validação e suas respectivas conformidades ....................................... 59
Tabela 8. Tempos de relaxação transversal T2 e transmitância percentual para as
amostras de validação e suas respectivas conformidades ....................................... 65
Lista de Abreviaturas e Siglas
A/O – Emulsão do Tipo Água em Óleo
API – American Petroleum Institute
ASTM – American Society for Testing and Materials
CPMG – Carr-Purcel-Maiboom-Gill
DTG – Distribuição do Tamanho de Gota
FID –Free Induction Decay (Decaimento de Indução Livre)
HC – Hidrocarbonetos
MIR – Medium Infrared (região do infravermelho médio)
NS – Número de Scans
O/A – Emulsão do Tipo Óleo em Água
P180 – Duração do Pulso de 180º
P90 – Duração do Pulso de 90º
PEV – Ponto de Ebulição Verdadeiro
r.f – Radiofrequência
RD – Relaxation Delay (Tempo de Espera para o Reinício da Sequência de Pulsos)
RMN – Ressonância Magnética Nuclear
SI – Número de Pontos na Curva
UV-VIS – Espectroscopia do Ultravioleta e Visível
Resumo
O petróleo pode ser definido como uma mistura complexa de hidrocarbonetos
e compostos que contém S, O, N e metais. Durante o processo de produção ocorre
a formação de emulsões de água em óleo (A/O) ou óleo em água (O/A). Esses tipos
de emulsões são prejudiciais uma vez que elevam a viscosidade, reduzem a taxa de
drenagem e podem propiciar a precipitação de cristais parafínicos e agregados de
asfaltenos. As precipitações destes compostos interferem nas linhas de produção,
pois se depositam nas tubulações diminuindo seu diâmetro interno e elevando os
custos da produção. A indústria exige um petróleo isento de água a fim de diminuir
os riscos de corrosão e, consequentemente, diminuição os custos de produção.
Logo, o acompanhamento desses sistemas por meio da determinação da
distribuição do tamanho de gota (DTG) é indispensável. A partir do refino do óleo
cru, são obtidos produtos derivados do petróleo, tais como GLP (gás de cozinha),
querosene, gasolina, óleo diesel, entre outros. O óleo diesel é um destilado médio,
uma vez que o ponto de ebulição varia entre 125ºC e 328ºC. Este destilado possui
extrema importância como combustível no transporte rodoviário brasileiro, liderando
o ranking do consumo de combustíveis no setor rodoviário no Brasil. Dessa forma, a
adulteração deste combustível é crescente e são adicionados a este óleo, produtos
como a querosene, biodiesel e óleos residuais, uma vez que possuem boa
miscibilidade. Dentre as técnicas mais utilizadas para o estudo deste óleo destaca-
se a espectrometria de infravermelho, espectrometria de massas e a ressonância
magnética nuclear (RMN) de alta resolução. No entanto, estudos envolvendo
adulteração de diesel por RMN de baixo campo ainda não haviam sido publicados.
Este estudo objetiva verificar por RMN de baixo campo a adulteração de óleo diesel
e também a determinação do diâmetro de gota de emulsões de água/diesel e
água/biodiesel.
Palavras-chave: Óleo diesel, adulteração, emulsão, RMN de baixo campo.
Abstract
Crude oil can be defined as a complex mixture of hydrocarbons and compounds
containing S, O, N, and metals in its composition. During the production process
occurs the formation of water in oil emulsions (W / O) or oil in water (O / W). These
types of emulsions are harmful since they increase viscosity, reduce drainage rate
and can promote the precipitation of paraffin crystals and asphaltene aggregates.
Precipitation of these compounds interferes the production lines, since they are
deposited in the tubing, decreasing its inner diameter and increasing production
costs. The industry requires oil free of water to reduce the risks of corrosion and,
consequently, reduced manufacturing costs. Therefore, the monitoring of such
systems by determining the droplet size distribution (DTG) is indispensable. From the
refining of crude oil, are obtained derived petroleum products such as LPG (cooking
gas), kerosene, gasoline, diesel oil, among others. The diesel oil is a middle distillate,
since the boiling point varies between 125ºC and 328ºC. This distillate has utmost
importance as a fuel in the Brazilian road transport, leading the ranking of fuel
consumption in the road sector in Brazil. Thus, the adulteration of this fuel is crescent
and are added, to this oil, products such as kerosene, biodiesel and residual oils,
since they have good miscibility. Among the most widely used techniques for the
study of this oil there is the infrared spectroscopy, mass spectrometry and nuclear
magnetic resonance (NMR) High resolution. However, studies involving diesel
adulteration by Low field - NMR had not been published yet. This study aims to verify
by low field-NMR adulteration of diesel and also to determine the droplet size of
emulsions water / diesel and water / biodiesel.
Keywords: Diesel oil, adulteration, emulsion, low field NMR
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 17
1.1. PETRÓLEO .................................................................................................. 19
1.1.1. Derivados ............................................................................................. 21
1.1.2. Combustíveis ....................................................................................... 22
1.2. DIESEL ........................................................................................................ 22
1.3. ADULTERANTES......................................................................................... 24
1.3.1. Querosene ............................................................................................ 24
1.3.2. Óleo Vegetal ......................................................................................... 26
1.3.3. Biodiesel ............................................................................................... 28
1.3.1.1. Transesterificação .............................................................................. 31
1.3.4. Óleo Residual ....................................................................................... 34
1.4. EMULSÕES ................................................................................................. 35
1.5. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR ................................................... 38
1.5.1. Fundamentos ....................................................................................... 38
1.5.1.1. Relaxação Transversal ................................................................... 41
1.6. OBJETIVOS ....................................................................................................... 42
1.6.1. OBJETIVO GERAL ................................................................................... 42
1.6.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 42
2. METODOLOGIA ................................................................................................. 42
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 44
3.1. ADULTERAÇÕES ........................................................................................ 44
3.1.1. Adulteração com querosene............................................................... 45
3.1.2. Adulteração com óleo residual ........................................................... 53
3.1.3. Adulteração com óleo vegetal ............................................................ 60
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 66
1. INTRODUÇÃO
A partir do refino do óleo cru, são obtidos produtos derivados do petróleo, tais como
GLP (gás de cozinha), querosene, gasolina, óleo diesel, entre outros. Estes são
produzidos a partir da destilação do óleo e se diferenciam pelo ponto de ebulição de
cada um. O óleo diesel, por exemplo, possui ponto de ebulição entre 125ºC e 328ºC
e, consequentemente, faz parte dos destilados médios [1]. Este óleo, assim como a
gasolina, possui extrema importância no transporte rodoviário brasileiro, tanto que
em 2014 chega a liderar o ranking do consumo de combustíveis no setor rodoviário
com cerca de 47% [2].
Para ser comercializado, todo e qualquer combustível deve obedecer uma série de
parâmetros e especificações impostos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natura e Biocombustíveis (ANP), tais como aspecto, coloração, ponto de fulgor,
viscosidade, entre outros. Tais parâmetros deverão ser determinados de acordo com
os métodos de ensaio oficiais, os quais também são abordados na resolução nº 50
de 23.12.2013 [3]. Dentre essas especificações se encontra o teor de biodiesel
presente no óleo que foi estabelecido pela Lei n° 13.033, de 24 de setembro de
2014, onde todo o diesel comercializado no Brasil a partir de 1º de novembro de
2014, contém 7% (v/v) de biodiesel [4].
Atrelado ao consumo, o índice de não conformidades do óleo diesel, no Brasil, que
havia decrescido entre os anos de 2010 e 2011, tornou a crescer entre 2012 e 2013
[5]. É importante ressaltar que não conformidades são características e propriedades
do óleo diesel diferentes daquelas estabelecidas na resolução nº 50, de 23 de
dezembro de 2013, estabelecida pela ANP, dentre elas se destacam o aspecto do
combustível, seu ponto de fulgor, teor de biodiesel, entre outros. No entanto, essas
não conformidades, principalmente quando provindas da adulteração do óleo,
provocam danos quase que irreparáveis no automóvel, tais como falhas repentinas
no motor, dificuldades na partida, aumento no consumo de combustível e, aumento
na emissão de materiais particulados e gases de exaustão [6].
Dentre as técnicas mais utilizadas para o estudo de petróleo e combustíveis estão
as seguintes: espectroscopia na região do infravermelho, espectrometria de massas
e ressonância magnética nuclear (RMN) de alta resolução e baixo campo. A RMN é
uma técnica espectroscópica em que os núcleos quando irradiados com
radiofrequência em um campo magnético absorvem energia em uma frequência
específica [7] [8]. Esse tipo de espectroscopia se refere à resposta de núcleos
atômicos a campos magnéticos, uma vez que na presença de um campo magnético
externo, o núcleo atômico precessiona em torno da direção do campo externo.
Quando estes núcleos magnéticos interagem com os campos magnéticos externos,
sinais mensuráveis são produzidos [7] [9]. A RMN permite inúmeras aplicações na
indústria petrolífera tanto para caracterização de reservatórios quanto as
propriedades físicas e químicas dos fluídos e na determinação de características
petrofísicas como porosidade e permeabilidade. A RMN de logging (perfilagem)
fornece informações sobre o perfil do poço e é muito útil para detectar reservas de
petróleo e estimar seu volume. A RMN de baixo campo é capaz de estimar a
viscosidade do óleo, a porosidade do poço, além de determinar o tipo de óleo
presente no poço [10].
A técnica de RMN no domínio do tempo é uma técnica de análise rápida, não é
destrutiva e que não requer preparação prévia da amostra. Na área de petróleo a
técnica tem sido usada no estudo de fluidos de reservatório [11] [12] [13], teor de
água em misturas bifásicas [14], teor de óleo em sementes oleaginosas com
potencial p/ geração de biodiesel [15] [16], destilados de petróleo [17], a técnica
pode ser acoplada a outros equipamentos para investigações “in situ” [18] [19] [20].
A literatura apresenta diversas técnicas utilizadas para a análise do diesel, tais como
espectroscopia na região do infravermelho [21] [22] [23] [24] e ultravioleta visível
[25], espectrometria de massas [26] [27] [28], espectrofluometria [6] [29] e a
ressonância magnética, principalmente, de alto campo [30] [31].
No entanto, de acordo com uma vasta busca em bases de pesquisa, estudos
visando a quantificação da adulteração de diesel por RMN de baixo campo não
haviam sido publicados até o desenvolvimento deste trabalho de pesquisa. Dessa
forma, a realização desse estudo tem como finalidade contribuir para difusão da
técnica para análise do teor de adulteração de óleo diesel com querosene, óleo
residual e óleo vegetal assim como para determinar a distribuição de tamanho de
gota de emulsões.
1.1. PETRÓLEO
O petróleo é constituído, basicamente, de uma mistura hidrocarbonetos e pequenas
quantidades de nitrogênio, enxofre e oxigênio. A Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP) o define como todo e qualquer hidrocarboneto
líquido em seu estado natural, a exemplo do óleo cru e condensado, segundo a Lei
nº 9.478 de 6 de agosto de 1997 [32]. Tais hidrocarbonetos são compostos
orgânicos formados por carbono e hidrogênio, classificados em aromáticos, os quais
apresentam ao menos um anel benzênico, saturados ou parafínicos, os quais são
constituídos apenas por ligações simples, constituindo cadeias lineares, ramificadas
ou cíclicas e, por fim, insaturados, os quais apresentam ao menos uma ligação dupla
ou tripla entre carbonos [33]. Além disso, o petróleo possui em sua composição uma
pequena porcentagem de compostos não-hidrocarbonetos, tais como nitrogenados,
sulfurados, oxigenados, metálicos, resinas e asfaltenos.
Além de carbono e hidrogênio, o elemento mais abundante no petróleo é o enxofre,
que se encontra na forma de sulfetos, benzotiofeno, polissulfetos, entre outros. Já os
compostos nitrogenados se encontram na forma de piridinas, pirróis, porfirinas, entre
outros. As resinas e os asfaltenos são semelhantes, no entanto é importante
ressaltar que esse último não se dissolve no petróleo, ou seja, permanece na forma
coloidal, já as resinas são altamente solúveis [33] [34]. De acordo com a tabela 1, é
possível notar que a maior parte da composição do petróleo é de hidrocarbonetos
parafínicos, seguida de aromáticos e, por fim, resinas e asfaltenos. Estes últimos,
possuem altos teores de carbono e hidrogênio, além de enxofre, nitrogênio e
oxigênio em sua composição [33].
Tabela 1. Composição química do petróleo
Parafinas normais 60%
Aromáticos 30%
Resinas e Asfaltenos 10%
Óleos obtidos de diferentes reservatórios possuem características distintas, tais
como coloração, densidade, viscosidade, entre outros. Uma das formas mais
utilizadas para classificar o petróleo é por meio de um índice adimensional, que
expressa a densidade deste óleo, chamado de grau API, desenvolvido pela
American Petroleum Institute é obtido a partir da seguinte expressão [35]:
Eq.
1
A American Petroleum Institute (API) classifica os óleos de acordo com sua
densidade volumétrica da seguinte maneira:
Tabela 2. Classificação do petróleo em relação ao seu grau API
Classificação Grau API
Leve > 31,1
Médio 22,3 – 31,1
Pesado 10,0 – 22,3
Extrapesado < 10,0
Outra forma de classificar petróleo é de acordo com a sua constituição, onde pode-
se ter as seguintes categorias de compostos químicos: parafínicos, parafínico-
naftênicos, naftênico, aromático intermediário, aromático-naftênico e aromático-
asfáltica. Na primeira classe se encontram os óleos leves de baixa viscosidade, com
75% ou mais de parafinas e teor de resinas e asfaltenos menor que 10%. Já na
segunda, tem-se os óleos com viscosidade moderada, teor de resinas e asfaltenos
entre 5 e 15% e, teor de naftênicos entre 25 e 40%. Na classe naftênica, se
enquadram os óleos com baixo teor de enxofre e com mais de 70% de naftênicos.
Na classe aromática intermediária, se enquadram os óleos pesados com 10 a 30%
de asfaltenos e resinas, teor de enxofre acima de 1% e mais de 50% de
hidrocarbonetos a aromáticos. Já na classe aromático-naftênica estão os óleos
derivados dos óleos parafínicos e parafínico-naftênico, com mais de 35% de resinas
e asfaltenos e teor de enxofre entre 0,4 e 1%. Por fim, nas classe aromático-asfáltica
se enquadram os óleos com teor de enxofre entre 1 e 9% e alto teor de resinas e
asfaltenos [33].
1.1.1. Derivados
A formação dos derivados do petróleo ocorre por meio do refino do óleo cru. Tal
processo consiste na separação do óleo cru em frações ou derivados, os quais são
separados e convertidos em produtos finais. As principais formas de separação do
petróleo em diferentes frações de hidrocarbonetos são a destilação atmosférica e
destilação a vácuo [34] [35]. Inicialmente, ocorre o processo de dessalgação do óleo
cru, onde são retirados sais que podem acarretar corrosão e incrustações em
diversos equipamentos. Tal processo consiste na mistura do óleo com água para
que ocorra a dissolução dos sais e, logo depois, a água é retirada do petróleo por
meio de processos de separação e desemulsificação que visa a quebra de emulsões
água/óleo e separação faz fases água e óleo [34].
Após a retirada do sal do óleo cru, este último é introduzido numa coluna de
destilação atmosférica a qual possibilita obter diversos grupos de hidrocarbonetos
(“cortes”) em decorrência do ponto de ebulição dos compostos químicos. As frações
mais leves, ou seja, com baixos pontos de ebulição, se condensam e são coletadas
no topo da coluna, enquanto as frações mais pesadas seguem para a coluna de
destilação à vácuo. Geralmente, ocorrem quatro retiradas na lateral da coluna, as
frações obtidas são encaminhadas a uma torre de stripping, onde é injetado vapor a
fim de separar os compostos mais leves dos mais pesados e ambos retornam a
coluna de destilação [34] [35]. Os produtos obtidos na destilação atmosférica estão
descritos na tabela 3, bem como seus respectivos pontos de ebulição.
Tabela 3. Frações de petróleo e seus respectivos pontos de ebulição (°C)
Frações Temperatura de ebulição (°C)
Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) < 40
Gasolina 40 – 175
Querosene 175 – 235
Gasóleo Leve 235 – 305
Gasóleo Pesado 305 – 400
Lubrificantes 400 – 510
Resíduo > 510
As frações mais pesadas da destilação atmosférica seguem para a destilação a
vácuo. O vácuo é apenas uma forma de reduzir os pontos de ebulição das frações
pesadas, com aumento da pressão, e permitir a separação a temperaturas menores
sem que ocorra o craqueamento térmico. Os produtos obtidos no vácuo são
encaminhados para unidades de craqueamento, a fim de transformá-los em
derivados de maior valor [34]
1.1.2. Combustíveis
Os dois principais produtos do refino do petróleo são a gasolina e o óleo diesel,
devido ao alto consumo no setor rodoviário. A gasolina é um dos mais importantes
combustíveis, sendo que a produção atingiu 26,5% e o consumo correspondeu a
32,1% do total de derivados de petróleo no Brasil em 2014 [5]. A gasolina é uma
mistura complexa, constituída principalmente por hidrocarbonetos contendo de 5 a
10 carbonos e com ponto de ebulição entre 40 e 175°C [33]. De acordo com a ANP a
gasolina pode ser classificada em gasolina comum e premium, ambas podem ser
classificadas em tipo 'A' (com ou sem aditivos), quando o combustível é obtido
diretamente das refinarias e, tipo ‘C’ (com ou sem aditivos), quando o combustível
obtido das refinarias contém etanol, no teor estabelecido pela legislação [36] [37].
1.2. DIESEL
O óleo diesel pode ser comercializado como rodoviário ou marítimo. Onde o primeiro
pode ser classificado como:
• Óleo diesel A - combustível obtido por meio do refino, sem adição de
biodiesel.
• Óleo diesel B - combustível obtido por meio do refino, com adição de
biodiesel, no teor estabelecido pela legislação.
Quanto ao teor de enxofre presente, os dois tipos de óleos podem receber a
denominação óleo diesel A S10 e B S10, para combustíveis com teor de enxofre
máximo de 10 mg/kg, ou diesel A S500 e B S500, para combustíveis com teor de
enxofre máximo de 500 mg/kg. A comercialização do óleo diesel B S10 é obrigatória
para uso nos municípios e regiões metropolitanas, já o óleo diesel B S 500 é
obrigado para todo território nacional, exceto nos municípios e regiões
metropolitanas [3].
Com o intuito de suprir o expressivo consumo, a produção de óleo diesel tem
sido crescente. De acordo com o Boletim Eletrônico nº 88, emitido pela ANP, em
janeiro de 2015, com dados de novembro de 2014, a produção total (rodoviário e
não-rodoviário) deste óleo se destacou, chegando a valores maiores que 4,2 milhões
de m3, ao passo que a produção da gasolina A não passou de 2,5 milhões de m3, no
entanto, neste mesmo período, o Brasil importou cerca de 895 mil m3 [38]. Com isso
a dependência externa (porcentagem importação líquida/Vendas) em relação ao
óleo diesel foi de 18,0%, já a gasolina A foi de 4,8% [38]. É notório, portanto, que a
produção atual de óleo diesel no Brasil não é suficiente para suprir o consumo deste
combustível, assim o aumento na produção de óleo diesel se torna imprescindível.
Atrelado ao consumo, o índice de não conformidades do óleo diesel, no Brasil, que
havia decrescido entre os anos de 2010 e 2011, tornou a crescer entre 2011 e 2012.
Já o ano de 2014 apresentou 2,59%, um decréscimo em relação ao ano de 2013
(2,9%) [5]. É importante ressaltar que não conformidades são características do óleo
discrepantes daquelas estabelecidas na resolução nº 50, de 23 de dezembro de
2013, emitida pela ANP. No entanto, essas não conformidades, principalmente
quando provindas da adulteração do óleo, provocam danos quase que irreparáveis
no automóvel, tais como falhas repentinas no motor, dificuldades na partida,
aumento no consumo de combustível e, aumento na emissão de materiais
particulados e gases de exaustão [29].
Gaydou e colaboradores testaram a capacidade de detectar a adulteração de
blendas de óleo diesel/biodiesel com óleo vegetal por NIR (4430-10000 cm-1 com
resolução de 4 cm-1) e MIR (650-4000 cm-1 com resolução de 4 cm-1),
simultaneamente ou de forma isolada, e complementar tais informações com
técnicas quimiométricas. Em determinadas concentrações, as técnicas isoladas
obtiveram êxito ao detectar adulteração, no entanto, sua utilização simultânea possui
grande potencial ao ser atrelada ao uso da quimiometria [22]. Por outro lado,
Fernandes e colaboradores avaliaram o uso da faixa entre a região visível e NIR,
separada e simultaneamente, para determinar o teor de biodiesel em blendas de
diesel/biodiesel utilizando, ainda, modelos quimiométricos. A concentração de
biodiesel variou entre 5% e 50% (v/v) e a banda utilizada foi em torno de 530 nm. Os
resultados mostram que é possível determinar biodiesel no diesel quando as duas
regiões são analisadas [25].
Já Corgonzinho e colaboradores desenvolveram um método analítico para identificar
e quantificar óleo residual em amostras de diesel com 2% de biodiesel (B2)
utilizando espectrofluometria (340-800nm) com métodos quimiométricos. A
adulteração foi feita na faixa entre 0,5% e 25% com incrementos de 0,5% de óleo
residual. O estudo obteve êxito e a técnica associada com a quimiometria pôde
classificar as amostras B2 puras, adulteradas, o óleo diesel puro e quantificar o óleo
residual nas amostras [6]. Por outro lado, Dyvia e colaboradores desenvolveram
uma metodologia para determinar a porcentagem de fração de querosene (v/v) em
diesel, por meio da fluorescência de excitação-emissão e modelos multivariados de
calibração. A concentração das frações (v/v) de querosene adicionadas ao diesel
variaram de 0% a 100%, no entanto, o método não obteve êxito ao identificar o
querosene nas amostras com porcentagens entre 1% e 10% [39].
1.3. ADULTERANTES
1.3.1. Querosene
Querosene pode ser definido como uma mistura de hidrocarbonetos derivado do
petróleo obtido por meio do refino do óleo cru, cujo ponto de ebulição varia de 175°C
e 235°C, e, portanto, menos volátil que a gasolina. Além de pertencer a classe dos
destilados médios, este destilado possui de 10 a 12 carbonos e tem como principais
usos iluminação e combustível [1] [34]. Uma especiação completa individual dos
hidrocarbonetos de destilados médios não é possível devido ao número estimado da
cadeia carbônica destas frações. É importante ressaltar que óleos crus parafínicos
dão origem a frações de querosene de ótima qualidade, além de extremamente
estáveis. Devido a sua alta estabilidade, não são necessários aditivos com o intuito
de aumentar a qualidade do destilado.
De acordo com Speight, a constituição deste destilado pode incluir n-dodecanos
(C12H26), alquil benzenos, naftalenos e derivados. A composição química deste
combustível depende de sua matéria-prima, ou seja, do óleo cru o qual o originou,
mas no geral consiste em 20 a 60% de compostos alifáticos, 20 a 60% de naftenos e
mais de 1% de compostos insaturados [1]. A comunidade científica utiliza o n-
decano com a escolha mais popular para representar a estrutura do querosene.
Querosene é primordialmente utilizado como combustível na indústria de aviação
civil e militar. Combustíveis de aviação civil e militar são bastante similares em sua
composição química, exceto por distintos aditivos acrescentados a cada um [40].
Para obter a temperatura de ebulição de um derivado do petróleo como o
querosene, é necessário que a amostra de óleo cru passe por um processo de
destilação, a qual é considerada um método destrutivo e demorado (40 a 60 minutos
por análise). Dessa forma, técnicas como infravermelho médio e próximo têm sido
consideradas como uma alternativa, uma vez que se trata de técnicas rápidas e não-
destrutivas. Chung e colaboradores desenvolveram um estudo utilizando tais
técnicas, e o auxílio de modelos quimiométricos, com o intuito de prever a
temperatura de destilação de amostras de querosene. Onde os resultados de
temperatura obtidos pelo querosene obtiveram ótimas correlações com o método
ASTM D86 [41].
Além disso, por ser um dos adulterantes de óleo diesel mais utilizado na Ásia, o
querosene tem sido bastante estudado com essas aplicações. Dyvia e
colaboradores desenvolveram uma metodologia para determinar a porcentagem de
fração de querosene (v/v) em diesel, por meio da fluorescência de excitação-
emissão e modelos multivariados de calibração. A concentração das frações (v/v) de
querosene adicionadas ao diesel variaram de 0% a 100%, no entanto, o método não
obteve êxito ao identificar o querosene nas amostras com porcentagens entre 1% e
10% [39]. Já Roy desenvolveu um estudo a fim de detectar a adulteração de
petróleo e óleo diesel com querosene, onde tal detecção ocorre por meio da
variação do índice de refração das amostras. Os resultados obtidos foram bastantes
satisfatórios, no entanto os mesmos foram muito sensíveis quanto a pequenas
variações de temperatura [42].
1.3.2. Óleo Vegetal
Óleo vegetal faz parte da classe dos lipídeos e pode ser definido como um produto
natural obtido por meio da condensação de uma molécula de glicerol com três de
ácido graxo, ou seja, constituído de uma mistura de triglicerídeos. Estes se
distinguem das gorduras uma vez que estas são sólidos, enquanto os óleos são
líquidos. Tal solidez ocorre devido ao alto teor de ácidos graxos saturados, diferente
dos óleos os quais possuem baixo teor de ácidos graxos saturados e, portanto,
maior concentração de insaturados [43] [44].
Os triglicerídeos possuem ácidos graxos em sua constituição, onde estes se
diferenciam por meio do tamanho da cadeia carbônica, orientação, posição e
número de duplas ligações presentes em sua estrutura. Além disso, a cadeia
carbônica pode possuir substituintes, tais como grupos metila e hidroxila os quais
alteram as propriedades físico-químicas dos óleos vegetais [44]. Na figura 1, está
representado um exemplo de triglicerídeo.
Figura 1. Exemplo de triglicerídeo
Em 1900, a companhia Otto demonstrou, em Paris, o funcionamento de um protótipo
de motor a diesel movido a óleo de amendoim, onde tal experiência foi
extremamente bem-sucedida [45]. No entanto, tais óleos quando utilizados como
combustíveis, causam diversos danos ao motor, devido a suas propriedades físico-
químicas, tais como baixa volatilidade e alta viscosidade, quando comparados com
combustíveis derivados do petróleo. Tais propriedades acarretam problemas para o
motor, tais como acumulo de óleo no bico injetor, carbono depositado na câmara de
combustão e emissão de poluentes devido a combustão incompleta do combustível
[46] [47].
Altin e colaboradores realizaram estudos a fim de determinar a possibilidade de
utilizar óleos vegetais como combustível em motores Diesel com sistema de injeção
direta, quatro tempos e cilindro único. Inicialmente, foram determinadas as
propriedades físico-químicas de 6 tipos de óleos vegetais, tais como, óleo de
girassol, algodão, soja, milho, papoula de ópio e canola. A partir daí compararam os
dados obtidos com as propriedades do óleo diesel, onde foi possível observar que
os óleos vegetais possuíam densidade e viscosidade bem acima das obtidas para o
óleo diesel. Foram realizados também, testes de performance do motor e emissão
de gases de exaustão. A partir dos resultados obtidos, foi possível afirmar que a
emissão de particulados com os óleos vegetais é maior que o uso do diesel, no
entanto, a emissão de NO2 é menor. Já em relação a performance do motor, os
resultados foram satisfatórios, no entanto, é necessário adaptar o motor para
receber esse tipo de combustível, uma vez que os tais óleos possuem propriedades
desfavoráveis a sua aplicação tais como, alta densidade e baixo número de cetano
[47].
Já Wagner e colaboradores investigaram a performance do motor com inalterados
resíduos de óleo de soja adicionados a óleo diesel e querosene, onde os
percentuais de óleo variaram de 15% a 50%. Tais testes foram realizados em três
veículos diferentes onde foram analisados a potência e torque através de uma faixa
de RPMs. Em um dos veículos (Jeep 2006) notou-se um pequeno decréscimo na
potência e no torque quando comparado ao desempenho com óleo diesel, no
entanto, nas misturas com 30%, obteve-se uma melhora percentual em relação a
utilização do derivado do petróleo. Já o segundo veículo (Mercedes 1999) também
apresentou um decréscimo na performance quando comparado ao óleo diesel, já
para 30% tal veículo apresentou a mesma performance tanto quando o óleo vegetal
é utilizado quanto o óleo diesel. Por fim, no último veículo (Mercedes 1984), os
decréscimos mais significantes ocorreram para acréscimos entre 40 e 50%. Dessa
forma, tal estudo demonstrou que há potencial para o uso de óleo vegetais como
combustível, no entanto, devido a suas propriedades físico-químicas os mesmos
pode acarretar problemas aos motores e, portanto, devem ocorrer adaptações nos
motores para que estes sejam preparados para o tipo de combustível [48].
Paiva e colaboradores estudaram a performance de um espectrofotômetro de
infravermelho próximo portátil para determinar o teor de biodiesel em amostras de
diesel/biodiesel e quantificar a adulteração dessas blendas com óleo vegetal. As
concentrações de biodiesel e óleo variaram entre 0 e 15% (v/v) Os espectros foram
obtidos no ultra-compacto esepectrofotômetro de infravermelho próximo numa faixa
de 950 a 1650nm, tais dados foram interpretados por meio de modelos
quimiométricos e, comparados com espectros obtidos por um espectofotômetro na
região de infravermelho próximo com transformada de Fourier, na faixa de 800 a
2500nm. Os resultados obtidos demonstraram plena concordância entre ambos os
espectrofotômetros, onde ambos foram capazes de quantificar o teor de biodiesel e
de óleo vegetal nas blenas diesel/biodiesel [49].
Já Oliveira e colaboradores desenvolveram um estudo a fim de determinar a
qualidade de blendas diesel/biodiesel e verificar a adulteração de blendas com 2 e
5% de biodiesel em diesel, ou seja, B2 e B5, com óleo de soja, ricínio e palmeira. Tal
estudo foi realizado com infravermelho próximo com transformada de Fourier (FT) e
espectroscopia FT-Raman e a realização de modelos quimiométricos. A
concentração de óleo vegetal nas amostras variou de 0 a 5% (m/m), onde as
análises no infravermelho próximo ocorreram resolução de 8 cm-1 e 16 scans para
cada espectro e, no Raman com resolução de 4 cm-1 e 128 scans. Os resultados
obtidos mostraram que ambas as técnicas são eficientes na detecção da
adulteração de blendas diesel/biodiesel e determinaram o teor de biodiesel em
diesel, onde todas as amostras estavam de acordo com a legislação brasileira [50].
Dessa forma, uma maneira encontrada para diminuir a viscosidade dos óleos
vegetais, é a transesterificação dos mesmos, obtendo assim o biodiesel, o qual
possui características bem semelhantes ao diesel.
1.3.3. Biodiesel
De acordo com a resolução nº 45, de 25 de agosto de 2014 da Agência Nacional do
Petróleo (ANP), é um combustível composto com longa cadeia de alquil ésteres de
ácidos graxos, obtido a partir da transesterificação ou esterificação de matérias
graxas de óleos vegetais ou de gorduras animais conforme a especificação contida
na mesma resolução [51]. De acordo com o Balanço Energético Nacional, com 2014
como ano base, divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a produção
deste biocombustível, no Brasil, chegou a 3.419.838m3 em 2014, superando a do
ano anterior que alcançou 2.917.000 m3. Assim como a produção,
consequentemente, o consumo deste combustível é cada vez maior, principalmente
no setor rodoviário [2]. A utilização do biodiesel como combustível e alternativa ao
diesel foi regulamentada a partir da Lei nº. 11.097, publicada em 13 de janeiro de
2005, que o introduziu na matriz energética brasileira.
A produção e o uso deste combustível propiciam o desenvolvimento de uma fonte
energética sustentável sob os aspectos: ambiental, econômico e social. O biodiesel
é um substituto natural do diesel, porém, por ser completamente miscível com o óleo
diesel, em qualquer proporção, o biodiesel apresenta vantagens quando comparado
com o derivado do petróleo, entre elas está o fato de ser proveniente de matérias-
primas renováveis, biodegradável, proporciona a redução das principais emissões
presentes nos gases de exaustão, além de possuir maior ponto de fulgor e excelente
lubricidade ao diesel [52]. Devido a essas vantagens, foi estabelecido pelo Conselho
Nacional de Política Energética Brasileiro, a partir de 2010, estabeleceu que o óleo
diesel comercializado em todo o Brasil deveria conter 5% de biodiesel, aumentando
essa porcentagem em novembro de 2014 para 7% [4].
A resolução nº 45, de 25.8.2014, emitida pela ANP, estabelece a seguinte definição
de misturas entre óleo diesel e biodiesel: mistura óleo diesel/biodiesel – BX –
combustível comercial composto de (100-X)% em volume de óleo diesel, conforme
especificação da ANP, e X% em volume do biodiesel. Logo, o biodiesel B50, por
exemplo, possui 50% de biodiesel e 50% de óleo diesel [51].
O reflexo do elevado consumo do biodiesel pode ser visto no Anuário Estatístico de
2015, emitido pela ANP onde as principais oleaginosas utilizadas na formação de
biodiesel, tiveram um aumento crescente em sua produção, ao longo dos anos. E
segundo mesmo anuário, o óleo de soja foi a principal matéria-prima utilizada na
produção de biodiesel, no Brasil. Em segundo lugar, aparece a gordura animal com
cerca de 19,80% da produção. Tais dados são representados na Figura 2.
Figura 2. Matérias-primas utilizadas para produção de biodiesel (perfil nacional).
Este combustível pode ser obtido de diversas formas, tais como esterificação e
transesterificação, sendo que está última é a mais utilizada. A primeira consiste
numa reação de um ácido graxo e um álcool, na presença de um catalisador ácido.
Já a segunda, é definida como uma reação de triglicerídeos com alcoóis primários,
na presença de um catalisador básico [53]. Porém, como em qualquer reação, a
conversão do óleo vegetal em biodiesel não é 100%, ou seja, no produto final é
possível conter pequenas quantidades de triglicerídeos, ou até mesmo impurezas.
Dessa forma, foi definido pela ANP que este biocombustível deve conter, no mínimo,
96,5% em massa de ésteres metílicos [51].
Diversos tipos de óleos vegetais são utilizados como matéria-prima na produção de
biodiesel, tais como soja, mamona, canola, dendê, girassol e amendoim, entre
outros. Além disso, gorduras de animais e óleos residuais de fritura também podem
originar este biocombustível [54]. Dessa forma, o biodiesel é uma mistura de alquil
ésteres de cadeia linear longa de ácidos graxos, o qual pode ser obtido por meio de
diferentes entre triglicerídeos de óleos vegetais ou gorduras com álcoois de cadeia
curta, como metanol e etanol. O primeiro deles é bastante utilizado na produção
deste biocombustível em escala comercial, por ser mais reativo e,
consequentemente, demandar menor tempo de reação. Já o segundo, apesar de ser
menos tóxico e renovável, possui uma grande desvantagem em relação ao metanol,
[VALOR]%
[VALOR]%
[VALOR]%
[VALOR]%
Óleo de soja Óleo de algodão Gordura animal Outros materiais graxos
uma vez que promove maior dispersão da glicerina no biodiesel, o que dificulta a sua
separação e compromete a qualidade do biocombustível [55].
O biodiesel demonstra diversas vantagens quando comparado com outros
combustíveis, tais como o óleo diesel (Tabela 4).
Tabela 4. Vantagens do uso do biodiesel (KNOTHE)
Benefícios Uso de biodiesel
Ambientais
Originado de fontes renováveis (óleos vegetais,
gorduras animais e óleos usados), é considerado,
portanto, um combustível biodegradável. Além de
reduzir a emissão de gases prejudiciais ao meio
ambiente.
Econômicos
Redução na utilização de petróleo para produção de
óleo diesel. Além de repor a lubricidade que foi
perdida ao diminuir a quantidade de enxofre presente
no óleo diesel.
1.3.1.1. Transesterificação
A principal forma de obtenção de biodiesel é a transesterificação, na qual este
biocombustível é produzido por meio da reação de triglicerídeos com um álcool de
cadeia curta, na presença de um catalisador básico. É importante ressaltar que,
além do biodiesel, esta reação gera como subproduto o glicerol, o qual possui valor
comercial agregado. A Figura 3 ilustra a reação de transesterificação para a
obtenção do biodiesel, onde é possível observar que a distribuição dos ácidos
graxos, encontrados no óleo utilizado como matéria-prima, permanece conservada
[56].
Figura 3. Representação esquemática da transesterificação de triglicerídeos, produzindo glicerol e
biodiesel
A reação de transesterificação é ocorre em três etapas consecutivas e reversíveis,
onde intermediários, tais como diglicerídeos e monoglicerídeos (reações I e II da
figura 3), são formados. A partir da estequiometria da reação, é possível observar
que a equação requer três mols do monoálcool para cada mol de triglicerídeo. Dessa
forma, para que a reversibilidade das reações I, II e III (Figura 3) ocorra, é
necessário um excesso de álcool, a fim de promover um aumento no rendimento em
monoálcoois [57]. Além disso, é possível observar que, a partir da estequiometria da
reação de transesterificação, conforme a figura 3, a relação entre o biodiesel
formado e a glicerina é, portanto, 3:1 [56].
Figura 4. Etapas envolvidas na reação de transesterificação de triglicerídeos
É de extrema importância que a reação ocorra livre umidade, uma vez que pode
levar a hidrólise dos ésteres sintetizados a ácidos graxos livres (Figura 5). Além
disso, também pode ocorrer a reação dos triglicerídeos com a água e uma maior
quantidade de ácidos graxos livres serem formados [52].
Figura 5. Hidrólise dos ésteres alquílicos.
Uma vez que a reação necessita da ação de um catalisador, é importante frisar que
os mais utilizados, nas reações de transesterificação, são as bases de Brønsted,
onde os principais exemplos são os hidróxidos e alcóxidos de metais alcalinos. É
importante ressaltar que, durante a reação, ocorre a formação de um sistema
(I)
(II)
(III)
bifásico com uma fase não polar constituída de ésteres de ácidos graxos (biodiesel)
e outra mais densa composta por glicerol e outros resíduos.
1.3.4. Óleo Residual
Segundo Parente (2003), os óleos residuais podem ser obtidos por meio de frituras
de óleos vegetais, onde os principais estabelecimentos responsáveis por sua
produção, além do consumo residencial, são lanchonetes, cozinhas industriais e
comerciais, indústrias alimentícias e esgotos municipais, uma vez que a população
não é incentivada a realizar o descarte correto desse tipo de resíduo [55].
Atualmente, o óleo vegetal residual é destinado, principalmente, a fabricação de
sabão e a produção de biodiesel. De acordo com os boletins mensais de 2015,
emitidos pela ANP, é possível observar que o uso de óleo de fritura na produção de
biodiesel ainda é baixo (em torno de 0,4%) quando comparado com o óleo de soja
(em torno de 74%) para o mesmo fim, como pode ser observado na figura 6 [5].
Figura 6. Matérias-primas utilizadas para produção de biodiesel (Perfil Nacional) (ANP)
A fritura consiste no processo de aquecimento do óleo vegetal a temperaturas entre
160 e 220°C por longos períodos de tempo [58]. Após tal processo, o produto obtido
possui propriedades físico-químicas distintas do óleo inicial, onde tais mudanças
envolvem aumento na viscosidade, no calor específico, no teor de compostos
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
0,0%
0,1%
0,2%
0,3%
0,4%
0,5%
0,6%
0,7%
0,8%
jul-15 ago-15 set-15 out-15 nov-15
Óle
o d
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ja
Óle
o d
e Fr
itu
ra
Óleo de soja Óleo de Fritura
saturados e aumento na acidez, além de mudança na coloração, a qual tende a ficar
mais intensa [58] [59].
Diversos estudos têm sido realizados acerca do uso de óleos de fritura na produção
de biodiesel. Em um deles, UZUN e colaboradores realizaram um estudo a fim de
otimizar as condições de reação de transesterificação com catalizador alcalino, para
isso foram investigados os efeitos da alteração de parâmetros como concentração e
tipo de catalizador, tempo de reação, temperatura de reação e purificação, onde os
resultados foram comparados com a ASTM D6751 e EN 14214. De acordo com os
resultados obtidos, as condições otimizadas foram 0,5% de NaOH em relação a
quantidade de óleo residual, 30 minutos de reação a 50°C, a proporção de 7,5:1 de
metanol pra óleo e a purificação com água destilada quente. Nessas condições,
obteve-se cerca de 96% de conversão de óleo de fritura em óleo biodiesel [60].
1.4. EMULSÕES
Atrelado ao alto interesse da indústria em compreender as propriedades físico-
químicas do petróleo, bem como imensas tentativas em simular as condições deste
óleo durante o processo de perfuração e obtenção do mesmo, surgiu o interesse em
compreender a influência das emulsões do óleo com água e compreender a
influência destas emulsões nas propriedades do óleo [61]. Além do setor petrolífero,
o estudo de emulsões também pode ser aplicado na indústria alimentícia e
farmacêutica [62] [63]. Pode ser definido como emulsão uma mistura de dois líquidos
imiscíveis, na qual a fase dispersa se encontra em forma de gotas na fase contínua.
Geralmente, é um sistema instável o qual, ao longo do tempo, tende a se separar
instantaneamente, formando assim, um sistema bifásico novamente.
A água emulsionada no petróleo, geralmente, é proveniente do próprio reservatório
no qual o óleo se encontra ou de processor de recuperação. Na etapa de produção,
os líquidos sofrem diversas formas de cisalhamento, o que proporciona a formação
de emulsões. Tais emulsões possuem gotas com diâmetros que variam entre 1 e
1000μm. Geralmente, as emulsões possuem tanto uma fase polar, referente a água
presente no meio, e outra fase polar, referente ao óleo presente na emulsão.
Quando as emulsões são referentes ao petróleo, estas são classificadas em três
grupos de acordo com a fase contínua e dispersa, são eles: A/O, água como fase
dispersa em óleo, O/A, óleo como fase dispersa e na fase contínua e, por fim
emulsões múltiplas, as quais possuem líquido dentro das gotas emulsionadas, como
por exemplo, como (O/A/O ou A/O/A) [64].
No setor petrolífero, tais emulsões não são favoráveis para qualidade do petróleo,
uma vez que alteram as propriedades do mesmo, tais como condutividade elétrica,
opacidade, além do aumento da viscosidade do óleo, o que provoca aumento nos
custos de produção do mesmo. Além disso, por apresentar altos teores de sulfatos,
cloretos e carbonatos, a água presente no óleo durante a produção é responsável
por causar corrosão de dutos, incrustações devido ao alto teor de sais insolúveis,
deposição de compostos orgânicos como asfaltenos e parafinas e, formação de
hidratos [65]. No entanto, é importante ressaltar que o óleo cru possui, em sua
composição, compostos que proporcionam a estabilização natural destas emulsões,
são eles: asfaltenos, resinas e ácidos naftênicos.
Compostos solúveis nas duas fases da emulsão agem como surfactantes ou
emulsificantes, pois possuem uma parte hidrofílica, solúvel em água, e outra parte
hidrofóbica, solúvel no óleo. Por possuírem tal estrutura, tais compostos tendem a se
concentrar na superfície da gota, ou seja, na interface entre óleo e água, o que leva
a estabilização da gota. Portanto, quanto maior a quantidade desses tensoativos na
composição do óleo, mais estáveis serão as emulsões [64].
Existem alguns mecanismos de estabilização de emulsões, onde o principal fator
que influencia nesta estabilidade é a formação de uma película na superfície da
gota, proveniente da alta concentração de surfactantes nesta região, onde estes
impedem a união das gotas e, consequentemente, a separação de fases. Tais
mecanismos são classificados como: repulsão eletrostática, repulsão estérica, por
partículas, entre outros. A primeira ocorre devido a presença de estabilizantes
iônicos o que leva a repulsão entre eles e, consequentemente, a repulsão entre as
gotas dispersas na fase contínua e a estabilização das gotas. Já na segunda, a
parte hidrofílica dos emulsificantes se liga a água presente na gota, enquanto a parte
hidrofóbica se liga ao óleo, o que proporciona a formação de uma película que
impede a aproximação das gotas entre si. Por fim, na terceira, alguns emulsificantes
naturais sólidos atuam como estabilizantes, onde estes se localizam na interface da
gota e da fase contínua e, consequentemente, quanto menor o diâmetro da
partícula, maior será a concentração das mesmas e maior a estabilidade fornecida
[64] [66].
Devido a influência das emulsões nas propriedades físico-químicas do óleo
envolvido, o conhecimento do tamanho das gotas das emulsões é de extrema
importância na compreensão do sistema. O tamanho médio das gotas, por exemplo,
é um parâmetro muito importante na determinação das propriedades da emulsão,
porém duas gotas com o mesmo tamanho médio podem exibir comportamentos
distintos devido a diferença na distribuição do tamanho de gota (DTG) dessas
emulsões [67]. A DTG é representada num gráfico, gaussiana, de probabilidade que
correlaciona o tamanho das gotas com a frequência com que elas se encontram na
emulsão, onde as gotas podem ter tamanhos semelhantes ou distintos entre si.
A partir do estudo da DTG é possível obter uma série de informações a nível micro e
macroscópico do sistema, uma vez que permite acompanhar e controlar os efeitos
do mecanismo da emulsão, bem como estabilidade da mesma. Geralmente, a DTG
de uma emulsão pode ser considerada polidispersa, ou seja, possui gotas de
tamanhos diferentes entre si, porém, tal diferença pode ser minimizada ao controlar
fatores como agentes emulsificantes, temperatura, nível de turbulência, tempo de
cisalhamento, presença de sólidos e, porcentagem de fase dispersa. Propriedades
como viscosidade, são dependentes do tamanho das gotas, onde quanto menor a
gota (com tamanhos homogêneos) maior será a viscosidade da emulsão, porém, se
a DTG for polidispersa, menor será a viscosidade, uma vez que as gotas maiores
podem se unir e levar a separação das fases [68].
Moradi e colaboradores realizaram um estudo a fim de avaliar o efeito da salinidade
na distribuição do tamanho de gota das emulsões por micrografia óptica. As
emulsões foram sintetizadas com óleo cru, com teor de asfaltenos em torno de
1,3%, água de reservatório (considerada com 100% de salinidade), as porcentagens
de salinidade foram de 1, 10 e 50% a partir da diluição em água destilada e, obtidas
por meio do Ultra Turrax 25 a 6000rpm por 3 minutos. A partir dos resultados
obtidos, depreende-se que as emulsões são mais estáveis em baixos níveis de
compostos iônicos, demonstrando a importância da composição da emulsão em sua
estabilidade [67].
Kantzas e colaboradores estudaram a viscosidade de emulsões de óleos pesados e
betume com água. A fim de compreender o comportamento destas emulsões a
diferentes temperaturas, bem como suas propriedades, tais como viscosidade, teor
de solvente e de água, estas foram analisas na RMN de baixo campo, onde foram
obtidos seus respectivos valores de T2 e correlacionados com alguns algoritmos. De
acordo com os resultados obtidos, o estudo foi extremamente satisfatório, no entanto
o autor deixa claro que são necessários mais estudos para melhores resultados [69].
Em seu estudo, Johns avaliou a aplicação da ressonância magnética nuclear de
campo pulsado a fim de quantificar a distribuição do tamanho de gota. Tal
quantificação foi feita por meio de medidas da própria difusão das emulsões. A partir
dos resultados obtidos, foi possível observar que a RMN possui grande potencial no
estudo das emulsões, principalmente no que diz respeito a difusão destas [70].
1.5. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR
1.5.1. Fundamentos
Com o intuito de explicar o experimento de Stern e Gerlach, onde estes verificaram
que um determinado feixe de átomos, quando exposto a um campo magnético, é
desviado de acordo com a orientação do campo, Pauli (1924) sugeriu a existência
de núcleos magnéticos. Já em 1945, Bloch, Purcell e colaboradores, na tentativa de
obterem melhores resultados nas medidas dos momentos magnéticos nucleares,
observaram sinais de absorção de radiofrequência (r.f). Packard e alguns
assistentes substituíram a água por etanol e registraram três sinais, devido aos
núcleos H, com intensidades nas proporções 3:2:1, correspondentes a molécula
CH3–CH2–OH, porém, importantes avanços foram feitos após a introdução de
técnicas de pulsos r.f [71].
A espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN) se fundamenta na
absorção seletiva de ondas de r.f quando amostras são submetidas a campo
magnético. Apenas são sensíveis ao RMN, amostras com núcleos magnéticos pois
estes se comportam como imãs devido ao spin nuclear, onde este se trata de uma
propriedade intrínseca de cada núcleo. O número quântico de momento angular (I)
define se a molécula possui ou não propriedade magnética, onde o fenômeno de
RMN acontece apenas em núcleos com I diferente de zero. O momento angular
também define a quantidade de níveis de energia para determinado núcleo, a qual é
determinada por 2I + 1 [71].
Núcleos com spin ½ possuem distribuição esférica e carga uniforme, o que facilita a
obtenção de espectros e resultados mais claros e limpos. Núcleos com spins
maiores que ½ possuem distribuição heterogênea de carga, o que leva a um
momento quadrupolo, o que torna os espectros obtidos mais complexos. Dessa
forma, os núcleos com I = ½ são os mais utilizados na RMN, principalmente, o H1
devido a sua alta abundância na atmosfera [71]. O momento angular, gerado pelo
spin nuclear, também é considerado uma propriedade intrínseca do núcleo, o qual
pode ser definido de acordo com a seguinte expressão:
Eq. 2
Onde h é a constante de Planck. A orientação de L também pode ser quantizada,
onde suas componentes são determinadas pelo número quântico direcional mI.
Considerando eixo z como referência, temos:
Eq. 3
Para núcleos com I = ½, temos 2 níveis de energia, com estados energéticos das
componentes Lz: α e β com mz iguais a + ½ e – ½, respectivamente. Além do
momento angular, o spin também confere ao núcleo magnetismo, provocando assim
o surgimento do momento magnético nuclear , o qual está diretamente ligado ao
momento angular e a constante magnetogírica do núcleo, como pode ser visto
abaixo [71]:
Eq. 4
Os núcleos de uma amostra, quando não estão submetidos a um campo magnético
externo (B0), possuem orientação aleatória e são degenerados, onde se encontram
no mesmo estado de energia e, consequentemente, não distinção entre os estados
α e β. No entanto, quando a amostra é submetida a um campo magnético externo,
tal degenerescência é quebrada e dando origem a dois estados de energia α e β,
resultando assim na interação entre o campo B0 e o momento magnético de cada
núcleo presente na amostra. Para os núcleos de 1H, estes serão orientados no
mesmo sentido ou no sentido contrário ao campo externo. A separação dos estados
de energia α e β, após a aplicação do campo, é denominada efeito Zeeman, onde a
partir da diferença de energia entre amos os estados, permite observar as transições
do spin [71].
Figura 7. Ilustração do efeito causado nos momentos magnéticos nucleares pela aplicação do
campo B0 – adaptado
A diferença de energia entre os estados α e β, pode ser calculada por meio da
equação 4. A partir daí, depreende-se que o estado α possui menor energia que o
estado β e, portanto, mais estável. Dessa forma, por ser o estado mais estável, os
spins estarão concentrados em maior quantidade no estado α e, consequentemente,
estes spins estarão orientados no mesmo sentido que o campo magnético aplicado
(B0), gerando assim uma magnetização resultante denominada M0. Como pode ser
observado na equação 5, a diferença de energia entre esses estados é diretamente
proporcional ao valor do campo, ou seja, quanto maior o campo aplicado maior será
a diferença de energia entre os estados α e β.
Além disso, a interação entre o momento magnético nuclear ( ) e , confere ao
movimento de rotação aos spins, em forma de cone, em torno do campo aplicado,
onde tal movimento é conhecido como precessão. A frequência com que esse
movimento ocorre, é conhecida como frequência de Larmor, a qual é diretamente
ligada a constante magnetogírica e B0, como pode ser visto na equação x, abaixo:
Eq. 5
Portanto, depreende-se que há transição de spin quando a precessão nuclear e a
radiação estão em ressonância. A fim de que ocorra transferência de energia para o
sistema de spins, é necessário um campo magnético oscilante (B1). A mesma bobina
que aplica o campo B1, é responsável detectar o sinal da amostra que se dá no
plano transversal xy [71].
1.5.1.1. Relaxação Transversal
O processo de relaxação transversal ocorre devido ao desaparecimento da
magnetização, no plano transversal, governada pela constante de tempo T2,
denominado tempo de relaxação transversal. Tal processo se trata de uma perda de
coerência de fase entre os momentos magnéticos de cada núcleo durante o
movimento de precessão, sem alterar a energia do sistema [71]. A não
homogeneidade do campo ao longo da amostra, provoca diferença de intensidade
de B0 e, consequentemente, a diferença na precessão dos spins o que ocasiona o
surgimento de um tempo de relaxação efetivo (T2*) e menor que o verdadeiro T2.
A fim de diminuir esse efeito, utiliza-se o método de CPMG (Carr-Purcell-Maiboom-
Gill), a qual consiste na aplicação de um pulso de 90°, o qual transfere a
magnetização do eixo longitudinal (eixo z) para o plano transversal, seguido de
pulsos de 180° aplicados n vezes a fim de refocalizar o sinal e, a partir daí, obter o
surgimento de ecos de spin após um tempo T2. Este tempo T2 é necessário para que
os spins percam a fase que tinha no início e a recuperem na formação de um eco. O
esquema da sequência, pode ser observado na figura 8.
Figura 8. Sequência de pulsos CPMG – adaptado
1.6. OBJETIVOS
1.6.1. OBJETIVO GERAL
Verificar por RMN de baixo campo a adulteração de óleo diesel e o diâmetro de gota
de emulsões água/diesel e água/biodiesel.
1.6.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar a adulteração do óleo diesel por RMN de baixo campo.
Comparar os resultados obtidos na RMN de baixo campo e Infravermelho
médio.
Determinar o tamanho de gota de emulsões água/diesel e água/biodiesel
2. METODOLOGIA
Para realização deste estudo, foram selecionadas e coletadas amostras de diesel
comercial em postos de combustíveis da Grande Vitória. Após a aquisição, foram
adicionados adulterantes, tais como biodiesel, querosene e óleo residual ao
combustível. Logo depois, as amostras puras de óleo diesel comercial foram
analisadas por Ressonância Magnética Nuclear (RMN) de baixo campo. As
amostras também foram analisadas por espectroscopia na região do infravermelho a
fim de comparar com os resultados obtidos na RMN. Além disso, a intensidade do
sinal de frações oriundas da destilação do petróleo foi prevista a fim de comparar
com as amostras do óleo diesel comercial.
A região espectral do infravermelho abrange a faixa de números de onda entre
12800 a 10cm-1. O espectro infravermelho é dividido em três faixas: infravermelho
próximo (NIR), médio (MIR) e distante (FIR). Para obtenção dos resultados neste
trabalho foi utilizado o infravermelho médio, uma vez que esta é a técnica padrão
definida pela resolução nº 50 de 23.12.2013, para determinar o teor de biodiesel em
óleo diesel pelo método NBR 15568 [3]. Foram elaboradas amostras binárias a partir
de adições de percentuais crescentes de biodiesel, querosene e óleo residual ao
diesel coletado. As proporções utilizadas compreenderam uma faixa de
concentração de 0 a 100% de adulterantes no diesel. Os espectros foram obtidos na
faixa de 4000-650 cm-1, a temperatura ambiente, com resolução de 4 cm-1 e 32
varreduras [21] [22] [23].
Tais adulterantes foram adicionados numa taxa de 5 em 5% ao óleo diesel, ou seja,
a primeira amostra não teve adulterante, a segunda possuiu 5%, a terceira 10% e
assim sucessivamente. Para cada porcentagem de adulterante no óleo foram
obtidas diferentes curvas de T2, onde ao final dos ensaios pudemos relacionar
valores de T2 com os valores de porcentagem de adulterantes. Após realizados os
ensaios no RMN de baixo campo, as amostras foram analisadas no MIR onde foi
possível obter uma relação entre a intensidade das bandas e a porcentagem de
adulterantes. A partir disso foi possível obter uma relação intensidade do sinal
versus porcentagem de adulterantes. Consequentemente, foi possível obter uma
relação entre os valores de T2 e a intensidade do sinal obtido no MIR. É importante
destacar que as bandas onde é possível identificar tanto o óleo diesel quanto o
biodiesel será na região de 2750 a 3000cm-1, onde houve uma sobreposição dos
sinais. Tal absorção é referente as ligações C-H, no entanto, a maior diferença
observada está no intervalo de 1700-1750 cm-1 (C꞊O), e por volta de 1100 a 1350
cm-1 (provavelmente referente O꞊C-(OR)) [22]
Quanto ao preparo das emulsões, estas foram feitas com base nas massas das
fases (óleo diesel e água). Com os líquidos em contato, o homogeneizador
mecânico Ultra Turrax T25 digital foi utilizado para promover a mistura das fases. É
importante salientar que antes da pesagem do óleo diesel para síntese das
emulsões, o óleo contido em um recipiente plástico foi agitado manualmente a fim de
homogeneizar o sistema. Durante o cisalhamento o recipiente de plástico foi movido
vagarosamente em todas as direções a fim de fazer com que o cisalhamento fosse o
mesmo em todo o sistema. A faixa de cisalhamento utilizada foi de 100-5000 rpm
num período de até 3 minutos. As emulsões foram preparadas imediatamente antes
da análise, com o objetivo de não proporcionar a separação de fases ou mudança
significativa nas DTG’s nas análises em duplicatas e triplicatas [72].
Antes de qualquer medida num RMN de baixo campo, foi necessário calibrar o
equipamento ajustando a frequência de ressonância. Assim, foram utilizadas
massas de aproximadamente 30g de água destilada, deixadas no equipamento por
cerca de 5 minutos a fim de alcançar o equilíbrio térmico no espectrômetro. A
sequência de CPMG foi utilizada a fim de medir o T2 tanto da água quanto do óleo
diesel comercial e os adulterantes. Nesta sequência para calibração, os parâmetros
utilizados para água foram: NS 4, número de ecos (NECH) de 32768, RD 15s e TAU
200µs. Para os óleos e para a faixa de adulteração com todos os adulterantes, foram
utilizados os seguintes parâmetros: NS 4, número de ecos (NECH) de 20480, RD 8s
e TAU 200µs. Com os resultados do CPMG, o programa WinFit® foi utilizado a fim
de determinar T2 das amostras por meio de um ajuste monoexponencial no
decaimento. O preparo das emulsões água/biodiesel seguiu o mesmo procedimento
para água/óleo diesel, conforme citado acima [72]. Após o procedimento de
calibração e as medidas com água destilada e os óleos diesel e biodiesel, a técnica
de DROPTRIG foi aplicada.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. ADULTERAÇÕES
Óleo diesel comercial de quatro bandeiras (denominadas D1, D2, D3 e D4) foram
estudados por ressonância magnética nuclear no domínio do tempo (DT-NMR) para
determinar o tempo de relaxação transversal (T2). A Figura 9 mostra as curvas de
decaimento exponencial da intensidade normalizada com o tempo para
experimentos de CPMG. A partir das Figs. 9(a)-(d) obteve-se os valores de T2 dos
quatro óleos diesel comercial fazendo ajuste monoexponencial pelo programa
WinFit®. Os resultados mostraram variações nos tempos de relaxação de 0,66s para
o diesel D1, 0,68s para D2, 0,65s para D3 e 0,67s para D4.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 90.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
Inte
nsid
ad
e N
orm
aliza
da
Tempo (s)
Diesel D1 (a)
0 1 2 3 4 5 6 70,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ad
e N
orm
aliza
da
Tempo (s)
Diesel D2 (b)
0 1 2 3 4 5 6 70,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ad
e N
orm
aliza
da
(c)
Tempo (s)
Diesel D3
0 1 2 3 4 5 6 70,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0In
ten
sid
ad
e N
orm
aliza
da
(d)
Tempo (s)
Diesel D4
Figura 9. Curvas de decaimento do sinal normalizado com o tempo para experimentos de CPMG
para os óleos Diesel D1 (a), D2 (b), D3 (c) e D4 (d) sem a adição do adulterante (querosene). É
possível observar um comportamento exponencial da intensidade do sinal normalizado com o tempo
para todas as amostras
3.1.1. Adulteração com querosene
O adulterante (querosene) também foi analisado por relaxometria a fim de compará-
lo com os quatro tipos do combustível. A Figura 10 mostra o mesmo perfil de
decaimento da intensidade do sinal com o tempo discutido na Fig. 9, no entanto, o
valor de T2 do querosene é 1,3s. Tal valor é bastante distinto dos valores
observados para os quatro tipos de óleo diesel. Isso é justificado pelo ponto final de
ebulição do querosene que é 235 °C e do óleo diesel 328 °C [1], assim o diesel
apresenta em sua composição uma distribuição de compostos químicos com baixa
mobilidade molecular, o que explica porque o T2 do diesel é menor que do
querosene. Assim, a diferença em T2 do combustível e adulterante é suficiente o
bastante para detectar quantitativamente a adulteração do combustível.
0 1 2 3 4 5 6 70,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade N
orm
aliz
ada
Tempo (s)
Figura 10. Curvas de decaimento da amplitude normalizada obtida por CPMG para o adulterante
querosene. É possível observar um comportamento exponencial da intensidade do sinal normalizado
pelo tempo.
A partir das curvas de decaimento para dezesseis amostras de cada óleo diesel
adulterado com querosene obteve-se os tempos de relaxação (T2) por meio do
software WinFit®. A Fig. 11 (a)-(d) mostra a correlação dos valores de T2 e o
percentual de adulterante onde verifica-se que a adição de adulterante provoca
apreciáveis alterações na mobilidade molecular dos prótons o que reflete na
variação linear crescente de T2 (0.74-1.34s para D1; 0.72-1.34s para D2; 0.65-1.34s
para D3 e 0.74-1.34s para D4) com a porcentagem de adulterante. Os valores de T2
das amostras adulteradas foram maiores que o diesel puro e menores que o
querosene. Conclui-se que os valores de T2 permitiram detectar de maneira rápida
(aproximadamente 1 minuto) e não-destrutiva a adulteração de distintos óleos diesel
comercial.
0 20 40 60 80 100 1200,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4
T2 (
s)
Querosene (% m/m)
R2 = 0,99 (a)
0 20 40 60 80 100 120
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4(b)
T2 (
s)
Querosene (% m/m)
R2 = 0,98
0 20 40 60 80 100 120
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4(c)
T2 (
s)
Querosene (% m/m)
R2 = 0,99
0 20 40 60 80 100 120
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4(d)
T2 (
s)
Querosene (% m/m)
R2 = 0,99
Figura 11. Correlação entre o tempo de relaxação transversal (T2) e o percentual de adulterante do
diesel D1 (a), D2 (b), D3 (c) e D4 (d). A adição de adulterante provoca alterações apreciáveis nas
características relaxométricas, o que permite detectar a adulteração do combustível por meio de T2.
A regressão linear das quatro curvas apresentadas anteriormente, isto é, Figs.
11(a)-(d) permitiu obter e propor a seguinte expressão matemática para detectar
adulteração de diesel por relaxometria (RMN-DT):
Eq. 6
O coeficiente da correlação (R2) obtido na regressão linear foi 0,96 e o desvio
padrão do coeficiente angular e linear foram 0,000016 e 0,00851, respectivamente.
A fim de validar a metodologia proposta para detecção de adulteração do
combustível por RMN no domínio do tempo, então analisou-se os quatro óleos diesel
e o querosene no infravermelho médio (MIR), o que permitiu obter os resultados
apresentados nas Figs. 12 (a)-(e). De acordo com a literatura, as bandas
características do óleo diesel estão na região de 3000-2700 cm-1, referente ao
estiramento C-H, 1450 cm-1 referente ao dobramento CH3/CH2, no entanto, o
querosene também apresenta essas bandas. Logo, a forma de diferenciar o óleo
diesel do querosene é observar as bandas referentes ao biodiesel que é adicionado
para formulação do diesel comercializado para transporte rodoviário. Estas bandas
estão nas seguintes regiões: 1746 cm-1 referente à carbonila (C=O) e 1160 cm-1
referente a ligação C-O, ambos presentes no biodiesel [22] [41], pois como pode ser
observado na Figura 13, onde foram analisadas frações de petróleo na faixa de
temperatura do diesel, obtidas por destilação pela ASTM D-2892, tais bandas não
são encontradas. Porém, o querosene não apresenta a banda em 1746 cm-1, logo a
maneira mais eficiente de observar adulteração de diesel por querosene é
justamente nesta banda. É importante ressaltar que as amostras das frações
possuem T2 bem semelhantes ao diesel comercial. Tal semelhança também pode
ser observada ao comparar as figuras 12 e 13, uma vez que (exceto pela banda em
1746 cm-1) as frações de petróleo e o diesel comercial, apresentam espectros bem
semelhantes entre si. Dessa forma, é possível afirmar que a concentração (7% v/v)
de biodiesel no diesel comercial não altera o valor de T2 do mesmo. Portanto,
conclui-se que as alterações nos valores de T2 são inerentes das adições do
adulterante querosene ao diesel comercial.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110
(a)
T (
%)
(cm-1)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110(b)
T (
%)
(cm-1)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110(c)
T (
%)
(cm-1)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110(d)
T (
%)
(cm-1)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 50040
50
60
70
80
90
100
110(e)
T (
%)
(cm-1)
Figura 12. Espectros de Infravermelho do diesel D1 (a), D2 (b), D3 (c) e D4 (d) sem a adição do
adulterante e com adição de adulterante querosene (e) para a faixa espectral de 4000-650 cm-1, com
resolução de 4 cm-1
e 16 varreduras a temperatura ambiente.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 50040
50
60
70
80
90
100T
(%
)
(cm-1)
(c)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 50040
50
60
70
80
90
100
T (
%)
(cm-1)
(d)
Figura 13. Espectros de frações de petróleo com temperatura de ebulição na faixa do diesel. Fração
1 (a), 2 (b), 3 (c), 4 (d) obtidos na faixa de 4000-650 cm-1
, a temperatura ambiente, com resolução de
4 cm-1 e 16 varreduras.
Na Figura 14 é possível observar os espectros MIR de transmitância (T) contra
número de onda (-1). Verifica-se que o aumento da porcentagem de querosene na
mistura provoca aumento da transmitância percentual e, portanto, uma diminuição
na intensidade da banda em 1746cm-1. Dessa forma, é possível detectar a
adulteração por meio da variação na intensidade da referida banda.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110
Diesel
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
60%
70%
80%
90%
Querosene
T (
%)
(cm-1)
(b)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110
T (
%)
(cm-1)
Diesel
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
%40
45%
50%
60%
70%
80%
90%
Querosene
(c)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110
T (
%)
(cm-1)
Diesel
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
60%
70%
80%
90%
Querosene
(d)
Figura 14. Espectros dos quatro óleos diesel comerciais adulterados com percentuais de querosene
variando entre 5% e 100%: D1 (a), D2 (b), D3 (c), D4 (d). A variação da porcentagem de adulterante
entre 5% e 100% provocou alteração na transmitância para a banda de absorção em número de onda
1746 cm-1
. A Figura inserida em cada gráfico destaca a expansão e redução de transmitância com o
aumento do percentual de adulterante para 1746 cm-1
.
A partir dos dados obtidos, relacionou-se a transmitância da banda em 1746 cm-1
com a porcentagem do adulterante adicionado ao diesel (Fig. 15a). Como esperado,
os quatro óleos possuíram tendências lineares semelhantes, mudando linearmente a
transmitância com a porcentagem de querosene. A partir daí, foi possível obter uma
relação entre a transmitância e o T2 de cada óleo (Fig. 15b), garantindo, portanto, a
detecção da adulteração por RMN de baixo campo ao ser comparada com uma
técnica padrão (MIR).
0 20 40 60 80 10092
93
94
95
96
97
98
99
100
101
D1
D2
D3
D4
Tra
nsm
itâ
ncia
(%
)
Querosene (% m/m)
R2 = 0,96
(a)
92 94 96 98 1000,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4
D1
D2
D3
D4
T2 (
s)
Transmitância (%)
R2 = 0,91
(b)
Figura 15. Correlação da adulteração com a transmitância percentual após as adulterações do óleo
diesel com o querosene (a) e Correlação da transmitância percentual com o tempo de relaxação
transversal para os diesel D1, D2, D3 e D4 após as adulterações do óleo diesel com o querosene na
faixa de 5% a 100% (b)
Com o intuito de confirmar os dados obtidos, foram adicionadas porcentagens (10%,
30%, 60% e 90%) de querosene nas frações de petróleo na faixa do óleo diesel. De
acordo com a Fig. 16, é possível observar na banda em 1458 cm-1 (referente ao
dobramento CH3/CH2) que à medida que o adulterante é adicionado a intensidade
da banda diminui e, consequentemente, a transmitância percentual aumenta até o
valor máximo do querosene. Provando assim, que a detecção não é influenciada
pela concentração do biodiesel, uma vez que a fração de petróleo não possui a
referida banda.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 100040
50
60
70
80
90
100
110
T (
%)
(cm-1)
Fraction 2
10%
30%
60%
90%
Kerosene
Figura 16. Espectro da fração de petróleo na faixa do óleo diesel adulterada com percentuais de querosene variando entre 10%, 30%, 60%, 90% e 100%. A variação da porcentagem de adulterante
provocou alteração na transmitância para a banda de absorção em número de onda 1458 cm-1
. A Figura inserida em cada gráfico destaca a expansão e redução de transmitância com o aumento do
percentual de adulterante para 1458 cm-1
.
Além disso, seis amostras de óleo diesel foram coletadas em diferentes postos de
gasolina, de acordo com Tabela 5. Em seguida, as amostras foram analisadas por
RMN e IV e foi possível verificar variações T2 de 0,66s a 0,58s e transmitância entre
91,17% e 91,83%. Estes resultados levaram à conclusão de que as amostras estão
em conformidade, ou seja, elas não estão adulteradas desde que valores de T2 e
transmitância foram inferiores aos detectados após a adulteração com querosene.
Tabela 5. Tempos de relaxação transversal T2 e transmitância percentual para as amostras de
validação e suas respectivas conformidades
Amostras T2 (s) T (%) Situação
D5 0,66 91,47 Conforme
D6 0,66 91,17 Conforme
D7 0,60 91,49 Conforme
D8 0,62 91,83 Conforme
D9 0,63 91,83 Conforme
D10 0,59 91,79 Conforme
3.1.2. Adulteração com óleo residual
O óleo residual também foi analisado pelo RMN de baixo campo a fim de compará-lo
com os quatro tipos de óleos diesel comerciais coletados. A Figura 17 mostra o
mesmo perfil de decaimento da intensidade do sinal com o tempo discutido na Fig.
9, no entanto, o valor de T2 do óleo residual de soja é 0,14s, o qual se mostra
bastante distinto dos valores observados para os quatro tipos de óleo diesel. Isso é
justificado pela diferença de viscosidade entre o adulterante e o combustível
coletado, como pode ser visto na tabela 6. Assim o óleo residual apresenta em sua
composição uma distribuição de compostos químicos com baixa mobilidade
molecular, o que explica porque o T2 do óleo residual é menor que do diesel. Assim,
a diferença em T2 do combustível e adulterante é suficiente o bastante para detectar
quantitativamente a adulteração do combustível.
0 1 2 3 4 5 6 70,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade N
orm
aliz
ada
Tempo (s)
Figura 17. Curvas de decaimento da amplitude normalizada obtida por CPMG para o adulterante
querosene. É possível observar um comportamento exponencial da intensidade do sinal normalizado
pelo tempo.
Tabela 6. Viscosidade e densidade médias do óleo diesel comercial e do óleo residual
Amostras Viscosidade (mm2/s) Densidade (g/cm3)
Óleo diesel 3,543 0,836
Óleo residual 52,238 0,9161
A partir das curvas de decaimento das dezesseis amostras de cada óleo diesel
adulterado com óleo residual de fritura foram obtidos os tempos de relaxação (T2). A
Fig. 18 (a)-(d) mostra a correlação dos valores de T2 e o percentual de adulterante
onde foi possível observar que a adição de adulterante provoca apreciáveis
alterações na mobilidade molecular dos prótons o que reflete na variação linear
decrescente de T2 (0,74-0,14s para D1; 0,72-0,14s para D2; 0,65-0,14s para D3 e
0,74-0,14s para D4) com a porcentagem de adulterante, onde os valores de T2 das
amostras adulteradas foram menores que dos óleos diesel iniciais e maiores que do
óleo residual. Dessa forma, é possível afirmar que a partir dos valores de T2, as
análises por RMN de baixo campo permitiram detectar de maneira rápida
(aproximadamente 1 minuto) e não-destrutiva a adulteração de distintos óleos diesel
comercial com óleo residual de fritura doméstica.
0 20 40 60 80 1000,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
T2 (
s)
Óleo Residual (% m/m)
(a)Diesel D1
R2 = 0,99
0 20 40 60 80 1000,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
T2 (
s)
Óleo Residual (% m/m)
Diesel D2
R2 = 0,99
(b)
0 20 40 60 80 1000,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
T2 (
s)
Óleo Residual (% m/m)
R2 = 0,99
Diesel D3(c)
0 20 40 60 80 1000,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
T2 (
s)
Óleo Residual (% m/m)
R2 = 0,99
Diesel D4(d)
Figura 18. Correlação entre o tempo de relaxação transversal (T2) e o percentual de adulterante do
diesel D1 (a), D2 (b), D3 (c) e D4 (d). A adição de adulterante provoca alterações apreciáveis nas
características relaxométricas, o que permite detectar a adulteração do combustível por meio de T2.
Tais correlações foram agrupadas e correlacionadas entre si, como pode ser visto
na figura 19, a fim de se obter a regressão linear das quatro curvas apresentadas
anteriormente, isto é, Figs. 18(a)-(d). A partir daí, foi possível obter uma expressão
matemática para detectar adulteração de diesel com óleo residual por relaxometria
(RMN-DT):
Eq. 7
O coeficiente da correlação (R2) obtido na regressão linear foi 0,99 e o desvio
padrão do coeficiente angular e linear foram 0,000073 e 0,00379, respectivamente.
0 20 40 60 80 1000,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
D1
D2
D3
D4
T2 (
s)
Óleo Residual (% m/m)
R2 = 0,99
Figura 19. Correlação das 4 curvas de relação entre as porcentagens de adulterante com seus
respectivos valores de T2 após as adulterações do óleo diesel com óleo residual de fritura
A fim de comparar e validar a metodologia proposta para detecção de adulteração
do combustível por RMN no domínio do tempo, os quatro óleos diesel e o óleo
residual foram analisados no infravermelho médio (MIR), como pode ser visto nas
figuras 12 e 20. De acordo com a literatura, as bandas características do óleo
residual de fritura estão na região de 3000-2700 cm-1, referente ao estiramento C-H,
1746cm-1 referente à carbonila (C=O), 1450 cm-1 referente ao dobramento CH3/CH2
e 1160 cm-1 referente a ligação C-O. Para este estudo, foram utilizadas as bandas
em 1746 cm-1 e em 1160cm-1, pois a intensidade de tais bandas no óleo residual é
bem maior que no óleo diesel comercial [22] [41].
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110
Tra
nsm
itância
(%
)
(cm-1)
Figura 20. Espectros de Infravermelho do óleo residual para a faixa espectral de 4000-650 cm-1
, com
resolução de 4 cm-1
e 16 varreduras a temperatura ambiente.
Já na figura 21 (a)-(d) é possível observar os espectros MIR de transmitância (T)
contra número de onda (-1), para as amostras com adição de percentuais de
adulterante nos quatro óleos diesel comerciais. É possível observar que à medida
que a porcentagem de adulterante na mistura aumenta, ocorre um decréscimo na
transmitância percentual e, portanto, um aumento na intensidade das bandas em
1746cm-1 e em 1160cm-1. Dessa forma, é possível detectar a adulteração por meio
da variação na intensidade das referidas bandas.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110T
ransm
itância
(%
)
(cm-1)
Diesel
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
60%
70%
80%
90%
Óleo Residual
(a)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110
Tra
nsm
itância
(%
)
(cm-1)
Diesel
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
60%
70%
80%
90%
Óleo Residual
(b)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110
Tra
nsm
itâ
ncia
(%
)
(cm-1)
Diesel
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
60%
70%
80%
90%
Óleo Residual
(c)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110
Tra
nsm
itâ
ncia
(%
)
(cm-1)
Diesel
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
60%
70%
80%
90%
Óleo Residual
(d)
Figura 21. Espectros dos quatro óleos diesel comerciais adulterados com percentuais de óleo
residual variando entre 5% e 100%: D1 (a), D2 (b), D3 (c), D4 (d). A variação da porcentagem de
adulterante entre 5% e 100% provocou alteração na transmitância para as bandas de absorção em
números de onda 1746 cm-1
e 1160 cm-1
.
A partir dos dados obtidos, a transmitância da banda em 1746 cm-1 foi
correlacionada com a porcentagem do adulterante adicionado ao diesel (Fig. 22a).
Como esperado, os quatro óleos possuíram tendências lineares semelhantes,
mudando linearmente a transmitância com a porcentagem de óleo residual. A partir
daí, foi possível obter uma relação entre a transmitância e o T2 de cada óleo (Fig.
22b), garantindo, portanto, a detecção da adulteração por RMN de baixo campo ao
ser comparada com uma técnica padrão (MIR).
0 20 40 60 80 100
40
50
60
70
80
90
100
D1
D2
D3
D4
Tra
nsm
itância
(%
)
Óleo Residual (% m/m)
Model Exponential
Equation y = y0 + A*exp(R0*x)
Reduced Chi-Sq
r
0,80112
Adj. R-Square 0,99667
Value Standard Error
Concatenated D
ata
y0 18,50996 2,01303
Concatenated D
ata
A 73,78811 1,85583
Concatenated D
ata
R0 -0,01182 5,3851E-4
R2 = 0,99
(a)
100 90 80 70 60 50 40
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
Diesel 1
Diesel 2
Diesel 3
Diesel 4
T2 (
s)
Transmitância (% m/m)
(b)R
2 = 0,98
Figura 22. Correlação da adulteração com a transmitância percentual após as adulterações do óleo
diesel com óleo residual de fritura (a) e correlação da transmitância percentual com o tempo de
relaxação transversal para os diesel D1, D2, D3 e D4 após as adulterações do óleo diesel com óleo
residual na faixa de 5% a 100% (b)
Além disso, seis amostras de óleo diesel foram coletadas em diferentes postos de
gasolina, de acordo com Tabela 7. Em seguida, as amostras foram analisadas por
RMN e IV e foi possível verificar variações T2 de 0,66s a 0,58s e transmitância entre
91,17% e 91,83%. Estes resultados levaram à conclusão de que as amostras estão
em conformidade, ou seja, elas não estão adulteradas desde que valores de T2 e
transmitância foram superiores aos detectados após a adulteração com óleo
residual.
Tabela 7. Tempos de relaxação transversal T2 e transmitância percentual para as amostras de
validação e suas respectivas conformidades
Amostras T2 (s) T (%) Situação
D5 0,66 91,47 Conforme
D6 0,66 91,17 Conforme
D7 0,60 91,49 Conforme
D8 0,62 91,83 Conforme
D9 0,63 91,83 Conforme
D10 0,59 91,79 Conforme
3.1.3. Adulteração com óleo vegetal
O óleo vegetal foi analisado pelo RMN de baixo campo a fim de compará-lo com os
quatro tipos de óleos diesel comerciais coletados. A Figura 23 mostra o mesmo perfil
de decaimento da intensidade do sinal com o tempo discutido na Fig. 9, no entanto,
o valor de T2 do óleo vegetal de soja é em torno de 0,14s, o qual se mostra, assim
como o óleo residual, bastante distinto dos valores observados para os quatro tipos
de óleos diesel comercial. Isso é justificado pela diferença de viscosidade entre o
adulterante e o combustível coletado. Isso ocorre devido a diferença de composição
entre os combustíveis e o adulterante, pois este último apresenta em sua
composição uma distribuição de compostos químicos com baixa mobilidade
molecular, o que explica porque o T2 do óleo vegetal é menor que do diesel. Dessa
forma, assim como para o óleo residual, a diferença em T2 do combustível e
adulterante é suficiente o bastante para detectar quantitativamente a adulteração do
combustível.
0 1 2 3 4 5 6 70,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade N
orm
aliz
ada
Tempo (s)
Figura 23. Curvas de decaimento da amplitude normalizada obtida por CPMG para o adulterante óleo
vegetal. É possível observar um comportamento exponencial da intensidade do sinal normalizado
pelo tempo.
A partir das curvas de decaimento das dezesseis amostras de cada óleo diesel
adulterado com óleo vegetal foram obtidos os tempos de relaxação (T2). A Fig.
24(a)-(d) mostra a correlação dos valores de T2 e o percentual de adulterante onde
foi possível observar que a adição de adulterante provoca apreciáveis alterações na
viscosidade da mistura o que reflete na variação linear decrescente de T2 (0,74-
0,14s para D1; 0,72-0,14s para D2; 0,65-0,14s para D3 e 0,74-0,14s para D4) com a
porcentagem de adulterante, onde os valores de T2 das amostras adulteradas foram
menores que dos óleos diesel iniciais e maiores que do óleo vegetal. Dessa forma, é
possível afirmar que a partir dos valores de T2, as análises por RMN de baixo campo
permitiram detectar de maneira rápida (aproximadamente 1 minuto) e não-destrutiva
a adulteração de distintos óleos diesel comercial com óleo vegetal.
0 20 40 60 80 100
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
T2 (
s)
Óleo Vegetal (% m/m)
(a)
R2 = 0,99
0 20 40 60 80 100
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
T2 (
s)
Óleo Vegetal (% m/m)
R2 = 0,99
(b)
0 20 40 60 80 100
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
T2 (
s)
Óleo Vegetal (% m/m)
R2 = 0,99
(c)
0 20 40 60 80 100
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
T2 (
s)
Óleo Vegetal (% m/m)
(d)
R2 = 0,99
Figura 24. Correlação entre o tempo de relaxação transversal (T2) e o percentual de adulterante do
diesel D1 (a), D2 (b), D3 (c) e D4 (d). A adição de adulterante provoca alterações apreciáveis nas
características relaxométricas, o que permite detectar a adulteração do combustível por meio de T2.
Tais correlações foram agrupadas e correlacionadas entre si, como pode ser visto
na figura 25, a fim de se obter a regressão linear das quatro curvas apresentadas
anteriormente, isto é, Figs. 24(a)-(d). A partir daí, foi possível obter uma expressão
matemática para detectar adulteração de diesel com óleo vegetal por relaxometria
(RMN-DT):
Eq. 8
O coeficiente da correlação (R2) obtido na regressão linear foi 0,98 e o desvio
padrão do coeficiente angular e linear foram 0,0000106 e 0,00548, respectivamente.
0 20 40 60 80 100
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7 D1
D2
D3
D4
T2 (
s)
Óleo Vegetal (% m/m)
R2 = 0,98
Figura 25. Correlação das 4 curvas de relação entre as porcentagens de adulterante com seus
respectivos valores de T2 após as adulterações do óleo diesel com óleo vegetal de soja
A fim de comparar e validar a metodologia proposta para detecção de adulteração
do combustível por RMN no domínio do tempo, os quatro óleos diesel e o óleo
vegetal foram analisados no infravermelho médio (MIR), como pode ser visto nas
figuras 12 e 26. De acordo com a literatura, as bandas características do óleo
vegetal estão na região de 3000-2700 cm-1, referente ao estiramento C-H, 1746cm-1
referente à carbonila (C=O), 1450 cm-1 referente ao dobramento CH3/CH2 e 1160
cm-1 referente a ligação C-O. Para este estudo, foram utilizadas as bandas em 1746
cm-1 e em 1160cm-1, pois a intensidade de tais bandas no óleo vegetal é bem maior
que no óleo diesel comercial [22] [41].
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110
Tra
nsm
itância
(%
)
(cm-1)
Figura 26. Espectros de Infravermelho do óleo vegetal para a faixa espectral de 4000-650 cm-1
, com
resolução de 4 cm-1
e 16 varreduras a temperatura ambiente.
Já na figura 27(a)-(d) é possível observar os espectros MIR de transmitância (T)
contra número de onda (-1), para as amostras com adição de percentuais de
adulterante nos quatro óleos diesel comerciais. É possível observar que à medida
que a porcentagem de adulterante na mistura aumenta, ocorre um decréscimo na
transmitância percentual e, portanto, um aumento na intensidade das bandas em
1746cm-1 e em 1160cm-1. Dessa forma, é possível detectar a adulteração por meio
da variação na intensidade das referidas bandas.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110T
ransm
itância
(%
)
(cm-1)
Diesel
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
60%
70%
80%
90%
Óleo Residual
(a)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110
Tra
nsm
itância
(%
)
(cm-1)
Diesel
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
60%
70%
80%
90%
Óleo Residual
(b)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110
Tra
nsm
itâ
ncia
(%
)
(cm-1)
Diesel
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
60%
70%
80%
90%
Óleo Residual
(c)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
40
50
60
70
80
90
100
110
Tra
nsm
itâ
ncia
(%
)
(cm-1)
Diesel
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
60%
70%
80%
90%
Óleo Residual
(d)
Figura 27. Espectros dos quatro óleos diesel comerciais adulterados com percentuais de óleo
lvegetal variando entre 5% e 100%: D1 (a), D2 (b), D3 (c), D4 (d). A variação da porcentagem de
adulterante entre 5% e 100% provocou alteração na transmitância para as bandas de absorção em
números de onda 1746 cm-1
e 1160 cm-1
.
A partir dos dados obtidos, a transmitância da banda em 1746 cm-1 foi
correlacionada com a porcentagem do adulterante adicionado ao diesel (Fig. 28a).
Como esperado, os quatro óleos possuíram tendências lineares semelhantes,
mudando linearmente a transmitância com a porcentagem de óleo vegetal. A partir
daí, foi possível obter uma relação entre a transmitância e o T2 de cada óleo (Fig.
28b), garantindo, portanto, a detecção da adulteração por RMN de baixo campo ao
ser comparada com uma técnica padrão (MIR).
0 20 40 60 80 100
40
50
60
70
80
90
100
D1
D2
D3
D4
Tra
nsm
itâ
ncia
(%
)
Óleo Vegetal (% m/m)
R2 = 0,97
(a)
100 90 80 70 60 50 40
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
D1
D2
D3
D4
T2 (
s)
Óleo Vegetal (% m/m)
(b)
R2 = 0,96
Figura 28. Correlação da adulteração com a transmitância percentual após as adulterações do óleo
diesel com óleo vegetal (a) e correlação da transmitância percentual com o tempo de relaxação
transversal para os diesel D1, D2, D3 e D4 após as adulterações do óleo diesel com óleo vegetal na
faixa de 5% a 100% (b)
Além disso, seis amostras de óleo diesel foram coletadas em diferentes postos de
gasolina, de acordo com Tabela 8. Em seguida, as amostras foram analisadas por
RMN e IV e foi possível verificar variações T2 de 0,66s a 0,58s e transmitância entre
91,17% e 91,83%. Estes resultados levaram à conclusão de que as amostras estão
em conformidade, ou seja, elas não estão adulteradas desde que valores de T2 e
transmitância foram superiores aos detectados após a adulteração com óleo vegetal.
Tabela 8. Tempos de relaxação transversal T2 e transmitância percentual para as amostras de
validação e suas respectivas conformidades
Amostras T2 (s) T (%) Situação
D5 0,66 91,47 Conforme
D6 0,66 91,17 Conforme
D7 0,60 91,49 Conforme
D8 0,62 91,83 Conforme
D9 0,63 91,83 Conforme
D10 0,59 91,79 Conforme
REFERÊNCIAS
1. SPEIGHT, J. G. Handbook of Petroleum Product Analysis. 1ª. ed. New
Jersey: John Wiley & Sons, 2002.
2. EPE. Balanço Energético Nacional 2015: Ano base 2014. Rio de Janeiro: EPE,
2015.
3. ANP. Resolução nº 50, de 23.12.2013 - Diário Oficial da República
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