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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM LARA LEITE DE OLIVEIRA CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE HIPERMÍDIA EDUCATIVA SOBRE PARTO PARA A GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM FORTALEZA 2015

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  • 1

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR

    FACULDADE DE FARMCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM

    DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENFERMAGEM

    LARA LEITE DE OLIVEIRA

    CONSTRUO E VALIDAO DE HIPERMDIA EDUCATIVA SOBRE PARTO

    PARA A GRADUAO EM ENFERMAGEM

    FORTALEZA

    2015

  • 2

    LARA LEITE DE OLIVEIRA

    CONSTRUO E VALIDAO DE HIPERMDIA EDUCATIVA SOBRE PARTO

    PARA A GRADUAO EM ENFERMAGEM

    Dissertao de Mestrado apresentada ao

    Programa de Ps-graduao do Departamento

    de Enfermagem, da Universidade Federal do

    Cear, como requisito parcial para obteno do

    Ttulo de Mestre em Enfermagem.

    rea de concentrao: Enfermagem na

    Promoo da Sade.

    Linha de pesquisa: Enfermagem no processo

    de cuidar na promoo da sade.

    Orientadora: Prof Dr Ana Kelve de Castro

    Damasceno

    FORTALEZA

    2015

  • 3

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao

    Universidade Federal do Cear

    Biblioteca de Cincias da Sade

    O45c Oliveira, Lara Leite de.

    Construo e validao de hipermdia educativa sobre parto para a graduao em enfermagem /

    Lara Leite de Oliveira. 2015.

    110 f. : il.

    Dissertao (Mestrado) Universidade Federal do Cear, Faculdade de Farmcia, Odontologia

    e Enfermagem, Departamento de Enfermagem, Programa de Ps-Graduao em Enfermagem,

    Mestrado em Enfermagem, Fortaleza, 2015.

    rea de Concentrao: Enfermagem na Promoo da Sade.

    Orientao: Profa. Dra. Ana Kelve de Castro Damasceno.

    1. Hipermdia. 2. Parto. 3. Educao a Distncia. 4. Tecnologia. 5. Enfermagem. I. Ttulo.

    CDD 610.73678

  • 4

    LARA LEITE DE OLIVEIRA

    CONSTRUO E VALIDAO DE HIPERMDIA EDUCATIVA SOBRE PARTO

    PARA A GRADUAO EM ENFERMAGEM

    Dissertao de Mestrado apresentada ao

    Programa de Ps-graduao do Departamento

    de Enfermagem, da Universidade Federal do

    Cear, como requisito parcial para obteno do

    Ttulo de Mestre em Enfermagem. rea de

    concentrao: Enfermagem na Promoo da

    Sade.

    Aprovado em: ____/____/____

    BANCA EXAMINADORA

    _______________________________________________________

    Prof Dr Ana Kelve de Castro Damasceno (Orientadora)

    Universidade Federal do Cear (UFC)

    ________________________________________________________

    Prof. Dr. Priscila de Souza Aquino (1 Membro)

    Universidade Federal do Cear (UFC)

    _________________________________________________________

    Prof Dr Rgia Christina Moura Barbosa (2 Membro)

    Universidade Federal do Cear (UFC)

    _________________________________________________________

    Prof Dr Janana Fonseca Victor Coutinho (Suplente)

    Universidade Federal do Cear (UFC)

  • 5

    Deus e Nossa Senhora

    Aos meus pais, Joo e Eugnia

  • 6

    AGRADECIMENTOS

    Deus e Nossa Senhora que sempre estiveram presentes em todos os momentos,

    guiando meus passos e me orientado qual melhor caminho seguir para superar os obstculos

    da vida, alm de me proporcionarem muitas alegrias e conquistas!

    Aos meus pais, Joo Berchmans e Eugnia Leite, os quais so acima de tudo

    verdadeiros amigos, sempre me apoiando e encorajando em todos os momentos de minha

    vida, muito obrigada por tudo!

    minha famlia, em especial minha av Neusa, quem sempre me apoiou e

    uma segunda me, minha irm pela parceria de uma vida e pela linda e amada sobrinha que

    me deu, a Duda.

    Ao meu namorado, pelo companheirismo desses dois anos de convivncia,

    obrigada pelo apoio principalmente durante o perodo em que estive em Portugal.

    s minhas queridas amigas de faculdade, Tnia, Michelle, Natlia e Naianna, com

    quem vivi os melhores momentos de minha graduao.

    minha amiga de faculdade e parceira de mestrado Fernanda, com quem sempre

    compartilhei angustias e alegrias.

    Aos meus amigos e parceiros que de alguma forma contriburam com a

    construo deste trabalho e sem os quais eu no teria conseguido, Eliz, Karine Bezerra,

    Karine Kerla, Igor, Hellen, Raylla, Smua, Luana Caldini e Tamires. Meus amigos, muito

    obrigada! A verdadeira amizade a maior riqueza de um ser humano.

    Aos meus amigos de mestrado, com os quais compartilhei momentos

    enriquecedores nesses dois anos de convivncia.

    Ao PET-Enfermagem-UFC, por ter me proporcionado um crescimento cientfico e

    pessoal indescritvel e por continuar sendo um ambiente acolhedor aos ex-petianos.

    Ao Grupo de Pesquisa Enfermagem na Promoo da Sade Materna, por ter

    contribudo com meu crescimento acadmico e por ter me proporcionado a oportunidade de

    conviver com colegas maravilhosos.

    minha orientadora Professora Dra. Ana Kelve de Castro Damasceno, pelo apoio

    e incentivo de sempre, pelos conhecimentos, ateno, estmulo, pacincia e por ser um

    exemplo de profissional, mulher e me. Obrigada Professora!

  • 7

    A todos os professores e funcionrios do Departamento de Enfermagem da

    Universidade Federal do Cear, principalmente o corpo docente do Programa de Ps-

    Graduao em Enfermagem, pelo apoio, dedicao e pelos grandes ensinamentos.

    CAPES, pelo apoio financeiro com a manuteno da bolsa de auxlio.

    Professora Dra. Maria do Cu Barbieri, pela calorosa acolhida na Universidade

    do Porto, durante os 10 meses em que morei em Portugal.

    Professora Dra. Alexandrina Cardoso, minha orientadora na Universidade do

    Porto, pelos ensinamentos, tardes de orientaes e por ter me proporcionado a oportunidade

    de conhecer a realidade da Enfermagem Obsttrica portuguesa. Obrigada Professora!

    Universidade do Porto, atravs do Projeto BABEL, pela oportunidade de

    realizar a mobilidade acadmica de 10 meses com bolsa de estudo.

    Aos membros da banca, pela disponibilidade e contribuies relevantes para o

    aprimoramento da pesquisa.

    Aos enfermeiros obstetras e tcnicos de informtica que gentilmente aceitaram

    participar desta pesquisa.

    A todos que contriburam direta ou indiretamente para a finalizao desta

    pesquisa, muito obrigada!

  • 8

    Para mudar o mundo, primeiro preciso

    mudar a forma de nascer (Michel Odent)

  • 9

    RESUMO

    O estudo teve como objetivo construir e validar quanto ao contedo e aparncia uma

    hipermdia educativa sobre parto para a graduao em Enfermagem. Para embasar o

    desenvolvimento deste estudo, adotou-se a Teoria da Interao Social de Vygotsky, que

    ressalta que o conhecimento surge a partir da interao social entre no mnimo duas pessoas e

    que isto torna o compartilhamento de conhecimentos possvel e facilitado. Tratou-se de uma

    pesquisa metodolgica. Para realizao do estudo, seguiram-se as etapas: 1.levantamento do

    contedo e planejamento dos mdulos; 2. produo das mdias e organizao das unidades

    tutoriais; 3. organizao do espao do aluno, tutor e de comunicao entre eles; 4. elaborao

    da hipermdia; 5. disponibilizao da hipermdia; 6. avaliao por especialistas em

    Enfermagem e Informtica e implementao das sugestes propostas. Realizou-se,

    inicialmente, o levantamento das produes cientficas que tratassem da temtica assistncia

    de enfermagem aos perodos clnicos do parto, tendo sido includos livros didticos da rea de

    obstetrcia, manuais tcnicos do Ministrio da Sade do Brasil e da Organizao Mundial de

    Sade e trabalhos e artigos publicados em peridicos nacionais e internacionais. A hipermdia

    construda foi intitulada Assistncia de Enfermagem aos perodos clnicos do parto,

    abordando os cuidados que o profissional de enfermagem deve ter durante o trabalho de parto

    e parto normal sem distcia. Na etapa de elaborao da hipermdia, foram organizados os

    textos a partir das informaes levantadas na pesquisa bibliogrfica e consultada uma empresa

    especialista em informtica para desenvolver o website. Para a validao de contedo e

    aparncia, optou por fazer o clculo amostral com base na frmula de populao infinita,

    sendo a amostra composta por 22 juzes, selecionados por meio de critrios pr-estabelecidos,

    sendo 11 juzes especialistas em Enfermagem obsttrica (avaliao de contedo) e 11 juzes

    especialistas em Informtica (avaliao de aparncia). A construo e a validao tcnica da

    hipermdia ocorreram no perodo de julho de 2014 a janeiro de 2015. Para a coleta de dados,

    foram utilizados dois instrumentos, um direcionado aos juzes especialistas em Enfermagem

    obsttrica e outro para os juzes especialistas em Informtica. Para a anlise da validao da

    hipermdia foi utilizado o ndice de Validade de Contedo (IVC), com ponto de corte de 0,78

    e o teste binomial. As sugestes e opinies foram compiladas e descritas. A hipermdia

    educativa mostrou-se como um material validado, visto que apresentou um timo IVC global

    de 0,97 e significncia estatstica no teste binomial para o contedo e aparncia. Diante das

    sugestes e contribuies durante o processo de validao, a hipermdia passou por

    modificaes, ajustes e acrscimos a fim de torn-la mais eficaz. Acredita-se que o uso deste

    material com alunos da graduao de enfermagem contribuir com a assistncia obsttrica,

    tendo em vista que se constitui em uma tecnologia ilustrada capaz de favorecer o ensino-

    aprendizagem sobre parto normal humanizado, bem como a qualidade da assistncia de

    enfermagem parturiente.

    Palavras-Chaves: Hipermdia. Parto. Educao a Distncia. Tecnologia. Enfermagem.

  • 10

    ABSTRACT

    The study aimed to construct and validate the contents and appearance in an educational

    hypermedia applying for undergraduate nursing. To support the development of this study, we

    adopted the Theory of Social Interaction Vygotsky, which emphasizes that knowledge arises

    from the social interaction between at least two people and this makes knowledge possible

    and sharing facilitated. It was a methodological research. This study was followed by some

    steps, which are: survey content and planning of the modules; production of media and

    organization of tutorials units; spatial organization of the student, tutor and communication

    between them; development of hypermedia; availability of hypermedia; reviewed by technical

    experts in Nursing and Informatics and implementation of the proposed suggestions. The

    survey of scientific production implemented initially was addressed by the theme nursing care

    to clinical parturition periods, including textbooks of obstetrics, technical manuals of the

    Ministry of Health of Brazil and the World Health Organisation, also works and articles

    published in national and international journals. The hypermedia constructed was entitled

    "Nursing Care to clinical parturition periods", addressing the care that nursing professionals

    should have during labor and vaginal parturition without distorting. The texts prepared in the

    hypermidia were organized from the information raised in the literature and consulted a

    computer specialist company to develop the website. For the validation of content and

    appearance was chosen sample calculation based on the infinite population formula. The

    sample is composed of 22 judges, selected through pre-established criteria, 11 expert judges

    in obstetric nursing and 11 expert computer specialists (assessment of content). The

    construction and technical validation of the hypermedia occurred from July 2014 to January

    2015. For data collection was utilized two instruments, which are one directed to the expert

    judges in obstetric nursing and another one for specialist judges in Computer. For the analysis

    of validation of hypermedia, we used the Content Validity Index (CVI) with a cutoff point of

    0.78 and the binomial test. The suggestions and opinions were compiled and discussed. The

    educational hypermedia proved to be a validated material, as presented a great global CVI

    0.97 and statistically significant in the binomial test for content and appearance.The

    suggestions and contributions, which were given during the validation process contributed to

    hypermedia modifications, adjustments and additions to make it more effective. It is believed

    that the use of this material with students of nursing degree will contribute to obstetric care in

    order to constitutes an illustrated technology to facilitate the teaching and learning process of

    humanized normal birth, favoring the quality of nursing care for parturient.

    Key Words: Hypermedia. Parturition. Distance Education. Technology. Nursing.

  • 11

    LISTA DE ILUSTRAES

    Fluxograma 1 Modelo-sntese de caminho metodolgico para construo de

    hipermdias................................................................................................ 37

    Fluxograma 2 Distribuio dos Mdulos segundo os contedos abordados na

    hipermdia Assistncia de Enfermagem aos Perodos Clnicos do parto.. 38

    Figura 01 Demonstrao da pgina inicial da Hipermdia......................................... 41

    Quadro 01 Critrios para seleo dos especialistas em Enfermagem obsttrica......... 44

    Quadro 02 Critrios para seleo dos especialistas em informtica............................ 45

    Figura 02 Demonstrao da Pgina inicial da Hipermdia......................................... 48

    Figura 03 Demonstrao da pgina da hipermdia que seleciona os possveis

    papis........................................................................................................ 49

    Fluxograma 3 Etapas a serem seguidas no desenvolvimento de hipermdia, com

    destaque para a Etapa 1.............................................................................. 50

    Quadro 03 Principais referncias para o levantamento do contedo e planejamento

    dos mdulos da Hipermdia Assistncia de Enfermagem aos Perodos

    Clnicos do Parto...................................................................................... 51

    Fluxograma 4 Etapas a serem seguidas no desenvolvimento de hipermdia, com

    destaque para a Etapa 2.............................................................................. 53

    Fluxograma 5 Etapas a serem seguidas no desenvolvimento de hipermdia, com

    destaque para a Etapa 3.............................................................................. 55

    Fluxograma 6 Etapas a serem seguidas no desenvolvimento de hipermdia, com

    destaque para a Etapa 4.............................................................................. 57

    Figura 04 Demonstrao da pgina do Registro.Br................................................... 58

    Figura 05 Demonstrao da Hipermdia com destaque para os menus principal e

    secundrios................................................................................................ 59

    Figura 06 Demonstrao da pgina de Apresentao da hipermdia......................... 60

    Figura 07 Demonstrao da pgina de Boas Vindas da hipermdia........................... 60

    Figura 08 Demonstrao da pgina contendo o contedo sinais que precedem o

    trabalho de parto........................................................................................ 61

    Figura 09 Demonstrao da pgina contendo a diviso dos mdulos da

    hipermdia.................................................................................................. 62

    Figura 10 Demonstrao do layout da pgina contendo os mdulos da hipermdia.. 63

    Figura 11 Demonstrao da pgina contendo os tpicos da hipermdia.................... 63

  • 12

    Figura 12 Demonstrao da pgina contendo glossrio na

    hipermdia.................................................................................................. 64

    Figura 13 Demonstrao da pgina contendo hiperlink de acesso a avaliao da

    aprendizagem............................................................................................. 65

    Figura 14 Demonstrao da pgina contendo Material de Apoio.............................. 67

    Figura 15 Demonstrao da pgina contendo hipertexto........................................... 67

    Figura 16 Demonstrao da Pgina contendo links................................................... 69

    Figura 17 Demonstrao da pgina contendo fotografias......................................... 70

    Figura 18 Demonstrao da pgina contendo vdeos disponibilizados na

    hipermdia.................................................................................................. 71

    Figura 19 Demonstrao da pgina contendo vdeos disponibilizados na

    hipermdia.................................................................................................. 72

    Figura 20 Demonstrao da pgina contendo Exerccios.......................................... 72

    Figura 21 Demonstrao da pgina de Mensagens.................................................... 73

    Figura 22 Demonstrao da pgina do chat............................................................... 73

    Figura 23 Demonstrao da pgina de Fruns de discusso...................................... 74

    Fluxograma 7 Etapas a serem seguidas no desenvolvimento de hipermdia, com

    destaque para a Etapa 5.............................................................................. 74

    Fluxograma 8 Etapas a serem seguidas no desenvolvimento de hipermdia, com

    destaque para a Etapa 6.............................................................................. 75

    Quadro 04 Distribuio da caracterizao dos especialistas em Enfermagem

    Obsttrica que validaram a hipermdia Assistncia de Enfermagem aos

    Perodos Clnicos do Parto....................................................................... 77

    Quadro 05 Distribuio da caracterizao dos especialistas em informtica que

    validaram a hipermdia Assistncia de Enfermagem aos Perodos

    Clnicos do Parto..................................................................................... 84

  • 13

    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 Distribuio da Pontuao obtida por especialistas em Enfermagem

    Obsttrica segundo critrios preestabelecidos.................................... 76

    Grfico 2 Distribuio do percentual da ocupao atual dos especialistas em

    Enfermagem Obsttrica...................................................................... 77

    Grfico 3 Distribuio da pontuao obtida por especialistas em Informtica

    segundo critrios preestabelecidos..................................................... 83

  • 14

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Distribuio da avaliao da hipermdia pelos especialistas de

    Enfermagem Obsttrica quanto aos objetivos...................................... 79

    Tabela 2 Distribuio da avaliao da hipermdia pelos especialistas de

    Enfermagem Obsttrica quanto ao contedo........................................ 80

    Tabela 3 Distribuio da avaliao da hipermdia pelos especialistas de

    Enfermagem Obsttrica quanto relevncia........................................ 81

    Tabela 4 Distribuio da avaliao da hipermdia pelos especialistas de

    Enfermagem Obsttrica quanto ao ambiente....................................... 82

    Tabela 5 Distribuio da avaliao da hipermdia pelos especialistas de

    informtica quanto funcionalidade, usabilidade e eficincia............. 84

    Tabela 6 Distribuio da avaliao da hipermdia pelos especialistas de

    informtica quanto usabilidade.......................................................... 84

    Tabela 7 Avaliao da hipermdia pelos especialistas de informtica quanto

    eficincia.............................................................................................. 85

  • 15

    SUMRIO

    1 INTRODUO ................................................................................................. 16

    2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 20

    3 REFERNCIAL TERICO............................................................................... 21

    4 REVISO DE LITERATURA........................................................................ 25

    4.1 Assistncia de Enfermagem ao Parto humanizado.............................................. 25

    4.2 Ambiente Virtual de Aprendizagem como facilitador do Ensino na

    Enfermagem.........................................................................................................

    30

    5 MTODOS ........................................................................................................ 35

    5.1 Tipo de estudo ..................................................................................................... 35

    5.2 Local e Perodo do estudo ................................................................................... 35

    5.3 Fases do estudo ................................................................................................... 36

    5.3.1 Fase 1 Construo da hipermdia ..................................................................... 37

    5.3.2 Fase 2 Validao da hipermdia por especialistas ............................................ 41

    5.4 Aspectos ticos da pesquisa ................................................................................ 47

    6 RESULTADOS E DISCUSSES..................................................................... 48

    6.1 Fase 1 Construo da hipermdia ..................................................................... 49

    6.2 Fase 2 Validao da hipermdia por especialistas ............................................ 75

    7 CONCLUSO.................................................................................................... 87

    8 LIMITAES DO ESTUDO E RECOMENDAES................................ 89

    REFERNCIAS............................................................................................................... 90

    GLOSSRIO.................................................................................................................... 98

    APNDICES ................................................................................................................... 99

    ANEXO............................................................................................................................. 108

  • 16

    1 INTRODUO

    A ateno sade da mulher durante o ciclo gestacional permanece como um

    desafio para a assistncia de Enfermagem, tanto no que se refere qualidade propriamente

    dita, quanto aos princpios filosficos do cuidado, sendo ao longo da histria da humanidade,

    objeto de ateno de indivduos, pesquisadores e instituies.

    O ciclo gestatrio normal aquele composto por trs fases (pr-natal, parto e

    puerprio), incluindo desde o momento em que a mulher tem o diagnstico de gravidez at as

    primeiras seis a oito semanas aps o processo de parturio (MONTENEGRO; REZENDE

    FILHO, 2011).

    Destaca-se que a promoo da sade materna ainda se encontra em processo de

    construo e evoluo. No que diz respeito especificamente ao parto, no transcorrer dos

    tempos, foram desenvolvidas e aprimoradas diversas tcnicas, prticas e condutas de

    assistncia. Atualmente algumas dessas prticas esto sendo revistas no intuito de humanizar

    ao mximo o momento do parto e nascimento.

    Cientificamente o parto normal definido como o processo de movimentao do

    feto, da placenta e das membranas para fora do tero atravs do canal de parto, sendo dividido

    em trs perodos clnicos principais: dilatao, expulso e delivramento. Vale ressaltar que

    alguns autores referem ainda o quarto perodo, Greenberg. O primeiro perodo inicia-se com

    as contraes uterinas dolorosas e termina com a ampliao completa da crvice. No perodo

    da expulso tem-se a sada do feto. J o delivramento caracterizado pelo desprendimento da

    placenta. E o perodo de Greenberg considerado o puerprio imediato (LEIFER, 2013;

    MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2011).

    Entretanto, o significado do parto normal humanizado vai bem mais alm de sua

    definio cientfica, ele entendido como um evento fisiolgico e familiar, sendo papel do

    enfermeiro assistir a mulher para que esse momento seja o mais seguro, humanizado e

    prazeroso possvel (LOWDERMILK et al., 2012).

    Porm, quando o parto normal no o mais seguro, para o binmio me/filho ou

    mesmo para uma das partes, o parto cesrea torna-se procedimento de escolha para o desfecho

    da gestao. A definio do parto cesrea, cesariana ou tomotocia : o ato cirrgico que

    consiste em incisar o abdome e a parede do tero da gestante para libertar o concepto

    (CUNNINGHAM et al.,2012; MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2011).

    A Organizao Mundial da Sade (OMS) preconiza uma taxa de partos cesreas

    de at 15%, devendo essa ser a prevalncia mxima de cesareanas em quaisquer pas do

    mundo (WHO, 2009). Entretanto, o Brasil apresenta taxas bem acima do preconizado pela

  • 17

    OMS, sendo considerado um dos pases em desenvolvimento com as maiores taxas de partos

    cesreas no mundo, 55,60%. No sistema pblico de sade, essa prevalncia de 40% e no

    setor suplementar de sade as taxas de cesareanas chegam a nmeros ainda mais alarmantes,

    84,60% (BRASIL, 2015).

    Vale salientar que o parto cesrea apresenta distribuio desigual no pas, sendo

    mais prevalente entre as mulheres com maior idade, escolaridade, primparas, com assistncia

    pr-natal em servios privados, que realizaram seis ou mais consultas pr-natais e residentes

    nas regies Sul, Sudeste e Centro-oeste (REBELO et al, 2010).

    Com o objetivo de reduzir essas elevadas taxas de cesarianas em todo o territrio

    nacional, existe o desenvolvimento de polticas e aes governamentais no mbito federal,

    estadual e municipal com o intuito de estimular as gestantes para a realizao do parto

    normal, bem como orientar os profissionais de sade para o incentivo dessa prtica. Dentre

    essas polticas, destaca-se o Programa de Humanizao no Pr-natal e Nascimento

    (PHPN/2000), o Pacto Nacional pela Reduo da Mortalidade Materna (2004), e a Rede

    Cegonha (RC/2011), tendo o escopo de incentivar a realizao do parto normal, melhorar a

    qualidade da assistncia ao parto e desmistificar o medo do parto normal no pas. Entretanto,

    verifica-se que mesmo com a criao de todas essas polticas os ndices de realizao de

    cesariana permanecem elevados.

    importante frisar que essas estratgias esto contribuindo para a criao de

    diversos centros de partos normais, principalmente com a implantao da Rede Cegonha em

    vrias cidades brasileiras. A Rede instituda no mbito do Sistema nico de Sade e

    consiste em uma rede de cuidados que visa assegurar mulher e criana, melhor assistncia

    no que diz respeito a garantir um parto e nascimento seguros (BRASIL, 2011).

    Diante desse novo cenrio da assistncia ao parto normal, verifica-se a

    necessidade de profissionais qualificados para prestar o cuidado humanizado a mulher durante

    esse perodo. O enfermeiro graduado um deles, pois est apto prestao da assistncia de

    enfermagem gestante, parturiente, purpera e ao recm-nascido, podendo realizar a

    execuo e a assistncia obsttrica em situao de emergncia e a execuo do parto sem

    distocia, de acordo com o Decreto-Lei 94.406 de 8 de junho de 1987(BRASIL, 1987).

    Embora o enfermeiro possa realizar essa assistncia ao parto, uma das

    recomendaes da Rede Cegonha que essa assistncia ao parto normal de baixo risco seja

    prestada pelo Enfermeiro Obstetra, haja vista tratar-se de um profissional mais preparado para

    atuar junto a essas parturientes. Dessa forma, o governo vem estimulando e financiando

    cursos de especializao e residncia em Enfermagem Obsttrica para capacitar cada vez mais

    esses profissionais, como umas das estratgias da prpria RC (BRASIL, 2011).

  • 18

    Dessa forma, a necessidade de profissionais graduados e especialistas com uma

    viso clnica bem apurada fundamental para que o parto normal seja assistido de forma

    satisfatria e para isso indispensvel que os profissionais da sade sejam treinados e

    atualizados. Assim, v-se a importncia de facilitar o processo ensino-aprendizagem de

    enfermeiros no que diz respeito ao parto, pois acredita-se que capacitando esse profissional de

    forma satisfatria a assistncia prestada por ele, parturiente, ser de qualidade.

    Destaca-se que a formao de profissionais no Brasil sofre alguns percalos, pois

    o pas possui enormes carncias educacionais, o que agravado ainda mais se considerar sua

    extensa rea geogrfica. Entretanto, imprescindvel suprir as necessidades de educao de

    uma sociedade que demanda cada vez mais por conhecimento (GONALVES et al., 2010).

    Isso se faz necessrio principalmente porque o mercado de trabalho faz constantes

    exigncias em relao competncia dos profissionais atuantes. Na Enfermagem no

    diferente, pois enquanto profisso, tem se desenvolvido rapidamente em quantidade e

    qualidade do conhecimento produzido, quando comparada com outras cincias (FREITAS et

    al., 2012).

    Assim, solicitado pelo contexto atual que os enfermeiros procurem educao e

    qualificao constantemente para que possam aprimorar e atualizar seus conhecimentos e

    competncias no tempo e com os mtodos adequados (DAL SASSO e SOUZA, 2006). Dessa

    forma, acredita-se que haver possibilidade desses profissionais serem includos no mercado

    de trabalho atual, mercado esse que exige uma forte dinmica de construo de conhecimento.

    O ensino de Enfermagem no Brasil est includo nessas transformaes, foram

    vrias as fases de seu desenvolvimento ao longo dos anos. A informtica e a internet

    contriburam com essas mudanas que ocorreram no processo de ensino e aprendizagem. Na

    dcada de 90, a Educao a Distncia (EaD) j existia, entretanto era utilizada com os cursos

    por correspondncia, mas com as novas Tecnologias da Informao e Comunicao (TIC),

    esse tipo de ensino se modernizou e se difundiu por todo o pas (BALBINOT et al., 2010).

    Atualmente, a EaD pode ser disponibilizada de diversas formas, dentre elas

    destaca-se as hipermdias, que podem apresenta-se como softwares ou Ambientes Virtuais de

    Aprendizagem (AVA). Os softwares, embora tenham sua disponibilidade limitada aos

    indivduos que o possuem, podem ser utilizados onde no h acesso internet, pois consistem

    em programas de computadores em formato de CD-ROM. J os AVAs apresentam-se em

    formato de website, onde qualquer indivduo com acesso internet poder acess-los, o que

    os tornam bem mais abrangentes que os softwares (FREITAS et al., 2012).

    Na Enfermagem brasileira, a EaD tem sido desenvolvida e utilizada no ensino da

    graduao. Essa dinmica entendida como relevante, pois permite que os estudantes se

  • 19

    capacitem, interajam, conheam novas tecnologias e se insiram em uma nova realidade virtual

    (CAMACHO, 2009). Os AVAs so uma importante ferramenta de apoio a esse ensino, tendo

    em vista que o ambiente digital integra diferentes teorias de aprendizagem, colocando-as

    juntas para assim poder aproveitar o que h de melhor em cada uma delas e enriquecer o

    processo ensino-aprendizagem (ALAVARCE E PIERIN, 2011).

    No Cear, a Universidade Federal vem utilizando a EaD h alguns anos, tanto

    para cursos de curta durao, como para graduaes completas. No curso de Enfermagem da

    referida Universidade, na disciplina Enfermagem no Processo de Cuidar da Sade Sexual e

    Reprodutiva so utilizadas as seguintes hipermdias: exame fsico no pr-natal, planejamento

    familiar, consulta ginecolgica e DST.

    O interesse em realizar o presente estudo surgiu da vivncia da pesquisadora em

    um projeto de pesquisa sobre sade materna e de uma afinidade por tecnologias,

    principalmente websites.

    Dessa forma, faz-se o seguinte questionamento: A hipermdia Assistncia de

    Enfermagem aos Perodos Clnicos do Parto vlida como uma ferramenta de apoio no

    processo de ensino-aprendizagem de alunos da graduao em Enfermagem, na viso de

    especialistas de Enfermagem Obsttrica e de informtica?

    Considerando que o parto normal humanizado tem sido amplamente incentivado e

    que o enfermeiro/enfermeiro obstetra tem o papel de assistir e executar esse tipo de parto,

    destaca-se a importncia de se ampliar o interesse na construo de tecnologias inovadoras

    que abordem esse contedo para auxiliar a formao e capacitao desses enfermeiros,

    formando assim, novas geraes desses profissionais.

    Diante do exposto, mostra-se relevante a criao e a validao de uma hipermdia

    educacional voltada para o parto, pois assim, acredita-se que haver um maior

    aprofundamento dos alunos a respeito desse assunto, visto que tero maior contato com o

    assunto e vivenciaro situaes de prtica simuladas atravs do AVA. Com a preparao mais

    qualificada desses futuros enfermeiros, espera-se que esses profissionais estejam mais aptos,

    preparados e seguros para prestar uma assistncia de Enfermagem satisfatria parturiente.

    Haja vista que, o parto normal humanizado est sendo amplamente incentivado e divulgado

    pelo governo e por parte da sociedade, principalmente com a criao dos centros de parto

    normal e o enfermeiro tem papel de destaque nesse cenrio.

  • 20

    2 OBJETIVOS

    2.1 Objetivos Geral

    Construir e validar uma hipermdia educativa sobre parto para uso na graduao em

    Enfermagem.

    2.2 Objetivos Especficos

    Desenvolver uma tecnologia educativa (hipermdia na forma de website) sobre parto

    para auxiliar o ensino da graduao em Enfermagem.

    Validar o contedo e a aparncia da hipermdia junto a especialistas de Enfermagem

    obsttrica.

    Avaliar a funcionalidade, usabilidade e eficincia junto a especialistas de Informtica.

    Verificar o grau de concordncia entre os especialistas de Enfermagem obsttrica e de

    Informtica.

  • 21

    3 REFERENCIAL TERICO TEORIA DA INTERAO SOCIAL DE VYGOTSKY

    O presente estudo adotou como referencial terico a Teoria da Interao Social ou

    Construtivismo do psiclogo russo Lev Seminovitch Vygotsky (1896-1934). Esse terico teve

    sua trajetria marcada pela pluralidade entre seus objetos de estudo e, mesmo falecendo muito

    jovem, deixou uma grande herana cientfica. Por quase meio sculo, devido s acusaes de

    ser uma pessoa idealista e por suas ideias no serem aceitas na sociedade da poca, sua obra

    no teve o merecido reconhecimento. Entretanto, ficou conhecida por intermdio de alguns

    colaboradores, dentre eles Alexander Romanovich Luria e Alexei Nikolaievich Leontiev, que

    tanto divulgaram como tambm aprofundaram suas teorias (THOFEHRN; LEOPARDI,

    2006).

    A Teoria da Interao Social ou Construtivismo apresenta como foco a busca por

    novas maneiras de compreenso da mente humana, tendo em vista que caractersticas

    humanas da relao indivduo/ sociedade no esto presentes desde o nascimento, nem so

    simplesmente resultados das presses do meio externo. Essa caracterizao humana

    resultado das relaes homem e sociedade, pois quando o homem transforma o meio na busca

    de atender suas necessidades bsicas, transforma a si mesmo (THOFEHRN; LEOPARDI,

    2006).

    Para Vygotsky a interao social consiste no elemento fundamental dentro do

    processo de aprendizagem eficaz, servindo como via para a transformao das funes

    elementares, as quais nascem com os indivduos, em funes psicolgicas superiores,

    resultante dessa interao dialtica (WERLANG; SCHNEIDER; SILVEIRA, 2008).

    De acordo com Thofehrn, Leopardi e Amestoy (2008) essas funes elementares

    mencionadas por Vygotsky esto mais presentes nas crianas e animais, sendo entendidas

    como as reaes involuntrias de origem biolgica e as aes reflexas de simples associao.

    J em relao s funes psicolgicas superiores, so tidas como o pensamento mais

    elaborado, a capacidade de planejamento, memria voluntria, imaginao, aes

    conscientemente controladas e processos voluntrios.

    Assim, todo homem se constitui ser humano pelas relaes que estabelece com

    outros sujeitos. O sujeito no apenas ativo ou passivo, mas tambm interativo, porque

    forma conhecimentos e se constitui a partir de relaes intra e interpessoais. Trata-se de um

    processo que caminha do plano social para o plano individual. Em outras palavras, na troca

    com outros sujeitos e consigo prprio que se vo internalizando conhecimentos, culturas,

    papis e funes sociais, o que permite a formao de conhecimentos e da prpria conscincia

    (NEVES; DAMIANI, 2006; THOFEHRN; LEOPARDI, 2006).

  • 22

    A cultura e o conhecimento adquirido fornecem ao indivduo os sistemas

    simblicos de representao da realidade, ou seja, o universo de significaes que permite

    construir a interpretao do mundo real. Ela d o local de negociaes no qual seus membros

    esto em constante processo de recriao e reinterpretao de informaes, conceitos e

    significaes (REGO, 1995).

    Reforando a ideia da interao social como via para a formao do

    conhecimento, Werlang, Schneider e Silveira (2008) trazem esse processo interativo como a

    forma de troca de informaes entre no mnimo duas pessoas, em sentido bidirecional, sem a

    obrigatoriedade de que os participantes estejam em um mesmo nvel cognitivo, sendo,

    portanto, um conceito aplicvel para o processo ensino-aprendizagem. Estes autores ressaltam

    ainda que, de acordo com Vygotsky, a aprendizagem se d primeiramente entre os indivduos

    para ento ocorrer no espao individual do sujeito.

    O conhecimento de conceitos-chave da teoria, tais como: a internalizao e a Zona

    de Desenvolvimento Proximal (ZDP) necessrio para compreender o papel de interao na

    abordagem de Vygotsky. A internalizao a construo interna de uma operao externa,

    so internalizaes de relaes sociais e significativas, principalmente atravs da fala. A fala

    um dos elementos-chave para anlise qualitativa das interaes nos chats e fruns, talvez um

    dos elementos de maior significncia dentro dos ambientes de EaD (ANDRADE; VICARI,

    2003).

    De acordo Vygotsky (2007) h uma Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP)

    que explica essa evoluo intelectual. A ZDP definida como sendo a distncia entre o nvel

    de desenvolvimento real, que se costuma determinar atravs da soluo independente de

    problemas, e o nvel de desenvolvimento potencial, determinado atravs da soluo de

    problemas sob a orientao de um adulto ou em colaborao com companheiros mais capazes.

    A ZDP se caracteriza por aquelas funes que ainda no amadureceram, mas que esto em

    processo de maturao, ou seja, funes que amadurecero, mas que ainda esto em estado

    embrionrio. Essas funes poderiam ser denominadas de brotos ou flores do

    desenvolvimento, ao invs de frutos do desenvolvimento como so geralmente chamados

    (THOFEHRN; LEOPARDI, 2006).

    Assim, notria a aplicabilidade da teoria de Vygotsky dentro do cenrio do

    processo de ensino-aprendizagem em sade, especialmente na Enfermagem, uma vez que as

    aes dessa profisso esto imbricadas de pensamento elaborado. Esse processo comea a ser

    aprendido e aplicado ainda durante o perodo de formao do aluno de graduao, quando o

    conhecimento cientfico adquirido pelo estudante transforma as suas aes inconscientes e

    empricas em atitudes dotadas de rigoroso planejamento, com raciocnio crtico na sua tomada

  • 23

    de deciso. Ademais, a interao social fator presente em todo o processo de formao e

    exerccio profissional (FREITAS, 2010; THOFEHRN; LEOPARDI; AMESTOY, 2008).

    Percebendo a importncia da interao professor/aluno, destaca-se a necessidade

    da criao de ambientes saudveis e favorveis ao processo de ensino-aprendizagem, haja

    vista que o ambiente exerce influncias considerveis nas interaes sociais. E ser nesse

    ambiente interativo que se dar a formao de um profissional de Enfermagem, que dever,

    dentro do exerccio profissional, reproduzir esse processo junto aquele ao qual estar

    dispensando cuidado.

    Nesse contexto, entende-se que a aplicabilidade dessa teoria dentro do processo

    de ensino-aprendizagem mostra-se relevante, uma vez que considera o aprendiz como um

    indivduo com experincia prvia e o professor aquele facilitador do aprendizado, mas que

    est em constante aprendizagem. Dessa forma, estabelece-se uma importante oportunidade

    para o aprendizado facilitado de ambos os indivduos, havendo assim, mesmo que de forma

    diferenciada, a interao social entre estes indivduos (LOPES, 2009).

    O presente estudo tem a pretenso de promover e estimular a interao, dentro do

    processo de ensino/aprendizagem, entre professor e aluno, bem como entre os prprios

    alunos, utilizando-se de uma tecnologia educativa e interativa. Entende-se que tal ferramenta

    ir incidir na prontido para aprender, constituindo uma metodologia eficaz para a construo

    do saber.

    Outros autores tambm vislumbram a aplicabilidade da Teoria da Interao

    Social no processo ensino/aprendizagem, relembrando que o individuo no nasce inteligente

    e detentor de conhecimento e sim adquire-os a partir das interaes com o meio, sendo este

    um processo contnuo (THOFEHRN; LEOPARDI, 2006).

    O relacionamento eficaz entre professor/aluno durante o processo de ensino-

    aprendizagem pode ser entendido e explicado pela teoria de Vygotsky, pois constitui-se de

    um relacionamento interpessoal no qual possibilita a troca de conhecimento e com isso a

    evoluo do pensamento elaborado. O professor responsvel por mediar o aprendizado,

    fornecendo meios para que o aprendiz possa alcanar seus objetivos de forma ativa e

    autnoma atravs do pensamento crtico (CLEBSCH; MORS, 2004).

    Dentro dos pressupostos da teoria de Vygotsky, para que haja sucesso na

    aprendizagem do aprendiz faz-se necessrio que este seja pr-ativo e tenha prontido para

    aprender. Essa postura contrria aos pressupostos do ensino tradicional, uma vez que

    normalmente o aluno visto como sujeito passivo dentro desse processo de aprendizagem,

    isento de uma postura crtica frente s adversidades (LOPES, 2009).

  • 24

    Diante da nova realidade de ensino/aprendizagem e do avano tecnolgico que

    permite fomentar novas estratgias de ensino, nota-se que a utilizao de espaos virtuais e

    de ensino a distancia consiste em um importante meio para fomentar a pro-atividade e

    autonomia do aprendiz diante de determinado conhecimento (SCHATKOSKI et al., 2007).

    Diversos profissionais tm utilizado das tecnologias para auxiliar o processo de

    ensino-aprendizagem e tornar o ambiente favorvel. Isso se d atravs da utilizao de

    tecnologias tais como: msicas, vdeos, textos e mais recentemente hipermdias educativas.

    Com isto, denota-se a presena de uma interao aluno-professor-computador, que tem sido

    de extrema valia no auxilio da aprendizagem por parte do usurio. Dessa forma, crucial que

    este ambiente seja o mais interativo possvel, a fim de contribuir e facilitar esse processo

    tanto para o professor como para o aluno.

    A avaliao da aplicao de uma hipermdia educacional junto a alunos da

    disciplina de fsica forneceu forte evidncia de que o uso de tecnologias inovadoras

    concomitante ao uso de aulas contextualizadas baseadas no referencial vygotskyano

    contribuiu positivamente para a aprendizagem destes alunos (WERLANG; SCHNEIDER;

    SILVEIRA, 2008).

    Para fomentar a aplicabilidade das hipermdias dentro do ambiente de

    aprendizado, Costa (2005) diz tratar-se de uma tecnologia inovadora e que est na ponta do

    desenvolvimento tecnolgico, destacando-se a relao social que este produto possui com o

    usurio, sendo simultaneamente instrumentos de organizao de conhecimentos e

    transformando o espao de trabalho atravs da insero de formas interativas, discursivas e

    didticas no processo ensino-aprendizagem.

    Outros autores que consideraram a hipermdia como uma ferramenta adequada e

    favorvel ao aprendizado foram Melo e Damasceno (2006), Lopes (2009), Freitas (2010),

    Moraes (2011) e Frota (2012). Esses tambm utilizaram a teoria vygotskyana para

    fundamentar e embasar a construo de suas hipermdias.

    Diante do exposto, fica claro que a utilizao de ambientes favorveis ao

    aprendizado e a construo de tecnologias que promovem maior interao social, como as

    hipermdias, so ferramentas que agregam e promovem maiores efeitos positivos dentro

    desse processo. Tal fato encoraja a produo desses materiais em prol no somente da

    construo e avano tecnolgica e cientfica, mas tambm do aprimoramento do pensamento

    crtico.

  • 25

    4 REVISO DE LITERATURA

    4.1 Assistncia de Enfermagem ao Parto Humanizado

    Com o passar dos anos, o processo de parturio tem vivenciado diversas

    transformaes. Desde os primrdios da histria da humanidade, os partos eram realizados no

    ambiente domiciliar por mulheres, conhecidas como parteiras, que no apresentavam

    conhecimento cientfico, mas eram detentoras de um saber que lhes assegurava a confiana de

    realizar partos.

    No entanto, em meados do sculo XX, essa realidade passou por mudanas, em

    que o processo de parturio passou a ser realizado, em sua maioria, no ambiente hospitalar,

    por profissionais que tratavam esse processo normal como um processo patolgico o qual

    necessitava de diversas intervenes (SODRE, 2007).

    Essas intervenes se deram a partir da apurao dos conhecimentos cientficos

    em obstetrcia, com a aplicao do modelo biomdico, que inegavelmente trouxeram avanos

    nesse ramo, mas que, em contrapartida, alterou a definio prtica do parto e seu significado

    no contexto de vida das mulheres.

    Atualmente, os programas governamentais e instituies tm atuado incisivamente

    na luta pelo resgate do parto natural, reconhecendo a mulher, como um agente protagonista

    nesse contexto e com participao direta nas escolhas referentes ao processo do nascimento

    (LIMA et al., 2012).

    Considerando que o parto e o perodo ps-parto imediato so momentos de

    especial vulnerabilidade, tanto para a me quanto para o recm-nascido, a assistncia prestada

    sade da mulher durante esse perodo vem sendo objeto da ateno dos profissionais da

    sade com vistas a amenizar a realizao de procedimentos desnecessrios, reduzindo os

    danos ocasionados ao binmio me-filho e propiciando uma maior naturalidade e

    humanizao ao momento do parto (BRASIL, 2011).

    Assim, para que um parto seja humanizado, necessrio que a parturiente seja

    respeitada em sua totalidade, alm disso, fundamental que seja garantido o seu direito de

    tomada de deciso para que, dessa forma, ela participe ativamente em todo o processo de

    parturio. Caso as decises e os direitos da mulher no sejam assistidos, o cuidado prestado

    no poder ser classificado como humanizado (WOLFF E WALDOW, 2008).

    Em 1996, a Organizao Mundial da Sade (OMS) desenvolveu uma classificao

    das prticas comuns na conduo do parto normal humanizado, orientando para o que deve e

  • 26

    o que no deve ser feito no processo do parto. Esta classificao foi baseada em evidncias

    cientficas concludas por meio de pesquisas feitas no mundo todo. Entretanto, caso haja

    alguma intercorrncia ou complicao com o binmio me-filho, o parto normal pode ser

    contraindicado, sendo recomendada, nessa situao, a operao cesariana para o desfecho da

    gestao. Porm, preconiza-se uma taxa, desse tipo de parto de no mximo 15%, em qualquer

    pas do mundo (CUNNINGHAM et al., 2012; WHO, 2009).

    Porm, as taxas de cesarianas tem alcanado um crescimento substancial no

    mundo todo a partir dos anos 70. Ao analisar dezenove pases industrializados da Europa,

    Amrica do Norte e Oceania observou-se que em quase todos houve um crescimento

    consistente das cesarianas. Este aumento de partos cesreas ainda maior em pases em

    desenvolvimento, o que aponta para a necessidade de avaliar essa curva crescente deste

    indicador da ateno obsttrica (CHAVES, 2014).

    J no Brasil, ocorrem cerca de trs milhes de nascimentos ao ano, sendo que

    46,6% destes ocorrem por via cesariana. Em 2009 foi registrado pela primeira vez que, a

    proporo de cesarianas superou a proporo de partos normais no pas, alcanando o valor de

    52% em 2010, um valor muito superior ao limite mximo de 15% preconizado pela

    Organizao Mundial de Sade (FIOCRUZ, 2014)

    Essas elevadas taxas de cesreas atuais, na sua grande maioria sem uma indicao

    precisa, ocasionam severos danos ao binmio me-filho. Em um estudo realizado, 39,7% das

    mulheres analisadas foram submetidas ao parto cesariano, desse grupo, 13,5% dos RN

    tiveram nascimentos prematuros e 12,2% apresentaram baixo peso (SANTOS et al;, 2014).

    Essa modalidade de parturio tambm mostra-se associada aos elevados ndices

    de complicaes maternas, quando comparada ao parto normal, o que caracteriza um maior

    risco relativo de mortalidade materna, principalmente devido ocorrncia de complicaes

    hemorrgicas, infecciosas, embolia pulmonar e complicaes anestsicas, tendo em vista uma

    maior exposio e consequente vulnerabilidade materna (ANDREUCCI; CECATTI, 2011).

    Estudo realizado em uma maternidade pblica de Fortaleza em que foram

    analisadas taxas de mortalidade materna durante o perodo de 2000 a 2008 encontrou que, do

    total de bitos ocorridos, 46,8% dessas mulheres realizaram previamente a cirurgia cesariana

    (HERCULANO, 2012).

    Sob a perspectiva do modelo humanizado, uma das possibilidades para minimizar

    a mortalidade materna seria reduzir as taxas de cesarianas com a insero de enfermeiros

    obsttricos na assistncia para incentivar o parto vaginal e implantar prticas humanizadas

    baseadas em evidncias cientficas (PRATA et al., 2012).

    Outra estratgia com o intuito de reduzir os elevados ndices de cesreas seria

  • 27

    aprimorar a qualidade da assistncia ao parto e desfazer ideias errneas que acentuam o medo

    das mulheres em realizar o parto normal.

    Para tanto, os rgos governamentais tem proposto diversas estratgias e

    programas que, ao longo dos anos, tem promovido alteraes significativas na realidade

    obsttrica do pas.

    Em 2000, conduzido pelo Ministrio da Sade, foi criado o Programa de

    Humanizao no Pr-Natal e Nascimento (PHPN) e o Programa de Humanizao de

    Hospitais, cujo objetivo primordial foi assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da

    qualidade do acompanhamento pr-natal, da assistncia ao parto e puerprio e ao recm-

    nascido na perspectiva dos direitos de cidadania (ANDREUCCI; CECATTI, 2011).

    O PHPN preconiza a humanizao da assistncia obsttrica e neonatal como o

    fator mais relevante no acompanhamento dos perodos de parto e puerprio. Na mesma tica,

    foi emitida em 2003 a Poltica Nacional de Humanizao (PNH) e em 2004 a Poltica

    Nacional de Humanizao da Ateno e Gesto no Sistema nico de Sade (SUS), o

    Humaniza SUS. A partir disso, a humanizao na assistncia deixou de ser vista apenas como

    um programa e foi reconhecida como uma poltica, em que recomendada a valorizao dos

    usurios e dos profissionais em amplos aspectos, como socioculturais e emocionais,

    contribuindo, assim, para uma melhoria na qualidade de atendimento e condies de trabalho

    (BRASIL, 2005a).

    A humanizao possui dois quesitos vitais: o primeiro refere-se ao dever das

    instituies e dos profissionais de sade em minimizar o isolamento da parturiente e trat-las

    com dignidade, alm de desenvolver um ambiente acolhedor para o binmio e famlia. O

    segundo compreende a adoo de prticas baseadas em evidncias favorveis ao parto e

    nascimento, abstendo-se de prticas intervencionistas (CARVALHO et al;, 2012).

    Ainda no ano de 2004, foi institudo o Pacto Nacional pela Reduo da

    Mortalidade Materna e Neonatal que objetivou articular os atores sociais, historicamente

    mobilizados em torno da melhoria da qualidade de vida do binmio me-filho no combate aos

    elevados ndices de mortalidade materna e neonatal no Brasil (BRASIL, 2004).

    Os princpios do Pacto so: o respeito aos direitos humanos de mulheres e

    crianas; a considerao das questes de gnero, dos aspectos tnicos e raciais e das

    desigualdades sociais e regionais; a deciso poltica de investimentos na melhoria da ateno

    obsttrica e neonatal; e a ampla mobilizao e participao de gestores e organizaes sociais

    (BRASIL, 2004).

    Em 2005 tambm, o Ministrio da Sade estabeleceu a Poltica Nacional de

    Ateno Obsttrica e Neonatal, com a inteno de impulsionar e estender os objetivos

  • 28

    propostos no ano de 2004 pelo Pacto Nacional para Reduo da Mortalidade Materna e

    Neonatal (BRASIL, 2005a).

    Essa Poltica Nacional de Ateno Obsttrica e Neonatal defende que o princpio

    de humanizao na sade da mulher deve ser compreendido por uma adeso de valores de

    autonomia dos sujeitos envolvidos no processo, bem como de auxlio entre os vnculos

    estabelecidos, participao coletiva no processo de gesto e direitos dos usurios. Em suma,

    assegurado que o direito de acolhida da mulher e o seu recm-nascido constitui um dever dos

    servios e profissionais de sade envolvidos (BRASIL, 2005a).

    Recentemente, no ano de 2011, foi criada uma nova estratgia intitulada Rede

    Cegonha na tentativa de humanizar as prticas nos perodos de pr-natal, parto, puerprio e

    assistncia criana at 24 meses de vida, devido aos ainda existentes, elevados ndices de

    mortalidade materna e neonatal, alm do intenso uso de tecnologias e intervenes

    desnecessrias e muitas at sem evidncias cientficas. Portanto, tal estratgia foi criada com

    objetivo principal de melhorar a qualidade da assistncia e de ampliar seu acesso (BRASIL,

    2011).

    Essa melhoria de acesso e qualidade de assistncia ao binmio me-filho prevista

    pela Rede Cegonha realizada por meio de uma assistncia prestada de forma integral atravs

    da vinculao da gestante unidade de sade, do transporte seguro e da implementao de

    boas prticas na ateno ao parto e nascimento, incluindo o direito ao acompanhante no parto

    por livre escolha da mulher, bem como o respeito aos requisitos necessrios para uma

    assistncia individualizada com foco principal na humanizao a fim de reduzir danos

    decorrentes de uma parturio inadequada (BRASIL, 2011).

    No entanto, para que haja essa humanizao do parto, necessrio apoio e

    envolvimento por parte de gestores e profissionais das instituies, assim como a capacitao

    desse pblico. Porm, para uma implantao efetiva de humanizao do parto, faz-se

    necessrio prioritariamente um maior envolvimento por parte da parturiente com o

    profissional de sade, na tentativa de restituir o papel materno de forma ativa no processo de

    parturio.

    vlido salientar tambm que a partir da implementao da estratgia da Rede

    Cegonha, foram criados vrios centros de partos naturais em todo o Brasil. A Rede instituda

    no mbito do SUS e se constitui em uma rede que visa assegurar cuidados ao binmio me-

    filho, promovendo uma assistncia de qualidade, parto e nascimento seguro (BRASIL, 2011).

    Dentre os principais planos de cuidados estabelecidos pelo Ministrio da Sade

    em 2011 com a finalidade de promover melhorias para a realidade da sade materna, pode-se

    destacar, tambm, a proposta de promover uma ateno obsttrica e neonatal humanizada

  • 29

    baseada em evidncias cientficas com a qualificao dos profissionais de sade atuantes na

    rea (BRASIL, 2011).

    Essa qualificao da ateno compreende a criao e a ampliao de estruturas de

    assistncia e acompanhamento das mulheres na ateno primria, nos servios de alto risco e

    de urgncias obsttricas e na rede hospitalar convencional, que inclui a criao das Casa da

    Gestante e do Beb e dos Centros de Parto Normal (NARCHI, 2013).

    A OMS considera que o parto normal realizado pelo enfermeiro obstetra possui

    uma tcnica consistentemente pautada na humanizao e nas evidncias cientficas,

    respeitando os eventos fisiolgicos do nascimento e apresentando um carter menos

    intervencionista (WHO, 2009).

    Alm disso, o conhecimento tcnico-cientfico que esse profissional possui

    possibilita a deteco e a correo precoce de qualquer intercorrncia e/ou distorcia no

    trabalho de parto, garantindo sua realizao de maneira adequada pela equipe de sade e

    reduzindo fortemente as chances de danos materno-fetal decorrentes do trabalho de parto

    (SANTOS; RAMOS, 2012; BARBOSA et al, 2008).

    Nesse mesmo contexto, considerando a persistente problemtica da questo

    obsttrica, o Ministrio da Sade vem promovendo e estimulando a qualificao da

    Enfermagem Obsttrica como parte da estratgia da Rede Cegonha, visando alcanar

    resultados positivos entre a associao de uma criteriosa avaliao de suas condies clnicas

    e obsttricas com as decises maternas sobre o processo do parto e do nascimento (BRASIL,

    2011).

    Reunir esforos, meditar sobre a prtica, buscar atualizao constante de novos

    mtodos, firmar parcerias, fortalecer lutas de classes, contribuir com agentes de sade e com a

    populao e promover mudanas no modelo de ateno so atitudes fundamentais para

    valorizao e insero da Enfermagem na promoo do parto seguro, uma vez que, essa

    profisso atua de forma a incentivar o parto normal, a dar suporte e a garantir parturiente

    seus direitos sexuais e reprodutivos.

    Em suma, considera-se imprescindvel dirigir uma assistncia obsttrica mais

    simples e acessvel comunidade, proporcionando um ambiente adequado e oferecendo

    profissionais com as competncias necessrias, o que implica na necessidade de criar maior

    nmero de Centros de Parto Normal extra ou intra-hospitalares coordenados por Enfermeiras

    Obstetras ou Obstetrizes e Enfermeiras Obstetras, profissionais que podem contribuir na

    elaborao de uma rede mais efetiva de cuidados a partir da perspectiva da promoo da

    sade (NARCHI, 2013).

  • 30

    4.2 Ambiente Virtual de Aprendizagem como facilitador do Ensino na Enfermagem

    Os recursos tecnolgicos so ferramentas importantes para o gerenciamento da

    assistncia e do processo ensino-aprendizagem de enfermagem, contribuindo para a

    qualidade, eficcia e efetividade de suas aes (FONSECA et al., 2011).

    Os tipos de tecnologia em Enfermagem podem ser dividos em: tecnologia dura,

    em que utiliza-se instrumentos, normas e equipamentos tecnolgicos; tecnologia leve-dura,

    quando utiliza-se de saberes estruturados (teorias, modelos de cuidado, processo de

    enfermagem); e tecnologias leves, quando a implementao do cuidado necessita um

    estabelecimento de relaes (vnculo, gesto de servios e acolhimento) (MERHY, 2002).

    O uso de tecnologias inovadoras de informao e comunicao na educao

    proporcionou grandes mudanas ao estilo educacional tradicional, promovendo novas formas

    de ensinar e aprender, incentivando novos comportamentos no corpo de docentes e discentes,

    alm de novas formas de relacionamento, maneiras de pensar e de produzir conhecimento

    (RODRIGUES; PERES, 2013).

    Dentre os produtos tecnolgicos mais utilizados pelo Homem contemporneo,

    destaca-se o computador, pois, atravs dele, podemos ter acesso s inmeras utilidades, alm

    de ser possvel aumentar a velocidade com que as nossas informaes so processadas,

    alcanando mecanismos de grande agilidade de comunicao jamais vistos anteriormente pela

    humanidade (PRADO et al., 2012).

    A adeso de novas tecnologias na rea da educao permite a flexibilizao do

    ensino, tornando-o mais atualizado e dinamizado e facilitando atender a todos os quesitos e

    necessidades do contexto no qual o usurio encontra-se inserido.

    Assim, para que sejam desenvolvidos produtos educacionais de forma adequada

    voltados ao meio virtual, faz-se necessrio a criao de programas educacionais eficientes,

    fazendo uso de novas tecnologias na qual sejam empregadas de forma a cumprir os objetivos

    estabelecidos (RODRIGUES; PERES, 2013).

    Nesse mbito, com a utilizao da informatizao nas vrias formas de

    comunicao proporcionado pelas Tecnologias de Informao e Comunicao, foi

    desenvolvido uma nova opo pedaggica, o ambiente virtual.

    O ambiente virtual possui a capacidade de otimizar a relao entre o docente de

    enfermagem e seu aluno, proporcionando um ambiente favorvel para prticas educacionais e

    permitindo um diferente e inovador modo de interatividade no cotidiano do ensino de

    enfermagem (PRADO et al., 2012).

  • 31

    necessrio que o ensino caminhe lado a lado com a informatizao a fim de

    permitir um estudo extraclasse e preparar estudantes adequadamente para o campo de prtica

    de forma a adquirir maior nmero de conhecimentos e habilidades para lidar com situaes

    reais de maneira competente (COGO et al., 2009).

    Apesar disso, destaca-se que a formao de profissionais no Brasil sofre alguns

    percalos devido enormes carncias no mbito da educao, o que agravada ainda mais pela

    extensa rea geogrfica do pas. Entretanto, imprescindvel suprir as necessidades

    educacionais de uma sociedade que demanda cada vez mais por conhecimento

    (GONALVES et al., 2010).

    Isso se faz necessrio, principalmente, porque o mercado de trabalho impe

    constantes exigncias em relao ao conhecimento dos profissionais atuantes. Na

    Enfermagem no diferente, pois, mesmo sendo uma profisso recente, ela tem se

    desenvolvido rapidamente em quantidade e qualidade do conhecimento produzido quando

    comparada a outras cincias (FREITAS et al., 2012).

    Assim, solicitado pelo contexto atual que os profissionais da Enfermagem

    procurem educao e qualificao constantemente para que possam adquirir conhecimento e

    competncias no tempo e com os mtodos adequados (DAL SASSO; SOUZA, 2006), pois

    acredita-se que, dessa maneira, haver possibilidade de serem includos no mercado de

    trabalho atual, o qual exige uma forte dinmica de construo de conhecimento.

    Contudo, os modelos tradicionais de ensino e de acesso informao vem se

    tornando obsoletos quando considerada a crescente demanda da sociedade. A educao em

    sade tambm encara nos dias atuais desafios cada vez maiores movidos especialmente pelo

    acelerado progresso cientfico e tecnolgico. Portanto, necessria a implementao de

    metodologias complementares que atendam essa demanda.

    Nesse contexto, a Modalidade de Educao a Distncia (EaD) certamente

    apresenta-se como uma importante contribuio e possvel soluo para tal necessidade

    (MOTA, 2011).

    Na dcada de 90, a EaD j existia com os cursos por correspondncia, mas com as

    novas tecnologias da informao e comunicao (TIC), esse tipo de ensino se modernizou

    (BALBINOT et al., 2010).

    Em 19 de dezembro de 2005 com a publicao do Decreto n 5.622, ampliou-se a

    compreenso da modalidade de ensino distncia, que hoje entendida como modalidade

    educacional na qual a mediao didtico-padoggica nos processos de ensino-aprendizagem

    ocorre com a utilizao de meios e tecnologias de informao e comunicao com estudantes

  • 32

    e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (BRASIL,

    2005b).

    Sabe-se que a EaD tem alcanado um largo crescimento nos ltimos anos e vem

    se apresentando como uma das importantes ferramentas de qualificao profissional,

    sobretudo para aqueles que habitam regies longnquas e distantes e/ou cidados que

    necessitam otimizar seu tempo (MOTA, 2011).

    O material didtico a ser utilizado para a EaD, diferentemente do ensino

    presencial, necessita ser autossuficiente, logo, deve ser construdo considerando as

    caractersticas do processo ensino-aprendizado distncia (SARTORI; ROESLER, 2005).

    Esses materiais didticos podem ser disponibilizados de diversas formas e

    formatos de acordo com os recursos disponveis, com a necessidade dos contedos e com os

    objetivos de aprendizagem.

    A diversificao de mdias educacionais para a EaD, nesse sentido, de

    fundamental importncia (CORRA, 2013), e, dentre as principais formas de promover a

    EaD, pode-se destacar as hipermdias, que apresentam-se como Softwares ou Ambientes

    Virtuais de Aprendizagem (AVA).

    Os Softwares, por consistirem em programas de computadores, possuem a

    limitao de uso somente para aqueles que os adquirirem. Entretanto, isso torna-se vantajoso

    devido poder utiliz-los sem a necessidade de acesso internet. Por outro lado, os AVAs

    estruturam-se em formato de websites nos quais qualquer indivduo com acesso internet

    poder usufruir dos seus recursos, o que os tornam menos limitados que os softwares

    (FREITAS et al., 2012).

    Os AVAs consistem num espao dinmico, interativo e atual, mais prximo da

    realidade do usurio e extremamente rico, pois permite a utilizao de diferentes recursos de

    mdia que tornam o processo de ensino-aprendizagem mais criativo, interessante e poderoso

    (RODRIGUES; PERES, 2013).

    Segundo Alavarce e Pierin (2011), os AVAs mostram-se como uma importante

    ferramenta de apoio ao ensino. Os autores consideram que o ambiente digital promove a

    integrao de diferentes teorias de aprendizagem, colocando-as juntas para permitir ao usurio

    usufruir dos benefcios contidos em cada uma delas e enriquecer o processo de aprendizagem.

    Segundo Mercado (2007), o sucesso na EaD depende, dentre outros aspectos, de

    programas bem estabelecidos, material didtico adequado ao usurio, professores qualificados

    e comprometidos, alm dos recursos apropriados para facilitar a interatividade, respeitando o

    contexto dos alunos a serem atendidos.

  • 33

    Corra (2013) considera que a metodologia de ensino, bem como todos os

    elementos que compem o material didtico do ensino a distncia, devem estar aptos a ensinar

    com a mesma eficincia que as atividades discentes presenciais de forma que o aluno, ao ter

    acesso ao material, possa ter seus estudos efetivados de forma autnoma.

    Na EaD, o material didtico assume o papel de fio condutor, j que organiza o

    desenvolvimento e a dinmica de todo o processo de ensino e aprendizagem (CORRA,

    2013).

    Atualmente, ascendente a quantidade de companhias e instituies que

    desenvolvem capacitaes de recursos humanos atravs do recurso da EaD. Alm disso,

    programas no formais de ensino tem utilizado em larga escala essa modalidade de ensino

    para capacitar adultos nas reas da sade (NUNES, 2009).

    Informaes da Associao Brasileira de Educao a Distncia (ABEaD) mostram

    a oferta de centenas de cursos a distncia em todo o Brasil, desde o Ensino Fundamental a

    Ps-graduaes e formaes sequenciais (ABEaD, 2009).

    Inmeros so os programas e universidades brasileiras que vem utilizando a EaD

    como proposta de ensino (MARTINS; DAL SASSO, 2012).

    Considerando a globalizao e sua implementao definitiva na sociedade atual,

    os profissionais de sade vivenciam um constante desafio diante da inovao tecnolgica e

    cientfica. Logo, devem procurar permanentemente atualizar suas habilidades tcnicas, sociais

    e culturais, sempre baseados no respeito aos padres ticos que regem a sua conduta

    profissional (MOTA, 2011).

    Na Enfermagem brasileira, a dinmica do EaD tem sido entendida como

    relevante, pois permite que os estudantes se capacitem, interajam, conheam novas

    tecnologias e se insiram em uma nova realidade virtual (CAMACHO, 2009).

    No ensino de graduao em enfermagem no Brasil, a EaD tem contribudo

    relevantemente para docentes e discentes na avaliao de suas atividades desenvolvidas

    cotidianamente, pois entende-se que seu perfil interativo possui a habilidade de redimensionar

    o espao entre os diferentes membros envolvidos no processo.

    Dessa forma, docentes e discentes passam a possuir uma participao mais ativa

    no processo ensino-aprendizagem na medida em que interagem virtualmente nas atividades

    propostas, bem como no decorrer da disciplina (SOUZA et al., 2013).

    No Cear, a Universidade Federal vem utilizando o recurso da EaD para fins de

    promoo de cursos de curta durao, bem como para formaes acadmicas completas. No

    curso de Enfermagem da referida Universidade, a disciplina de Sade Sexual e Reprodutiva

  • 34

    tem utilizado as seguintes hipermdias como componentes curriculares obrigatrios em sua

    grade: Exame Fsico no Pr-natal, Planejamento Familiar, Consulta Ginecolgica e DST.

    Nesse contexto, notrio que a EAD uma metodologia de ensino em expanso

    na Enfermagem, no Brasil e no mundo. Essa metodologia de ensino apresenta-se como uma

    real possibilidade de repensar as prticas educativas. Assim sendo, entende-se a EAD como

    um caminho para socializao de saberes, para democratizao dos bens culturais e tcnicos

    produzidos pela sociedade e para formao continuada do profissional.

    Freitas (2012) reconhece a necessidade de se realizar mais estudos que

    possibilitem melhorias no processo de construo e validao de hipermdias. Tambm,

    advoga que haja entre aqueles envolvidos no processo de ensino da Enfermagem um interesse

    em promover a EaD e a construo de materiais de apoio didticos similares que visem

    complementar, e no substituir, o mtodo tradicional de ensino.

    Considerando a EaD e todas as vantagens da utilizao desse mtodo, reconhece-

    se esta modalidade de ensino como um potencial colaborador na formao de profissionais de

    Enfermagem qualificados, dentre eles enfermeiros obstetras com foco na humanizao do

    processo de parto e nascimento.

  • 35

    5 METODOLOGIA

    5.1 Tipo de estudo

    Trata-se de uma pesquisa metodolgica, aplicada, de produo tecnolgica. Os

    estudos metodolgicos referem-se ao desenvolvimento, validao e avaliao de ferramentas

    e mtodos de pesquisa que possam ser empregados por outros pesquisadores (POLIT; BECK,

    2011). Esse tipo de estudo foi adotado por tratar-se do processo de desenvolvimento/criao

    de um novo produto, atividade ou servio, sendo o presente estudo, a construo e validao

    de uma hipermdia educativa sobre parto (RODRIGUES, 2008).

    Atualmente, a pesquisa metodolgica, aplicada, de produo tecnolgica est

    relacionada ao desenvolvimento de novos produtos ou processos orientados s necessidades

    de mercado ou soluo de problemas de interesse imediato para a sociedade

    (APPOLINRIO, 2006).

    A validao por parte dos juzes tem como objetivo a avaliao do material

    construdo. A validade de aparncia ou de face trata-se de uma forma subjetiva de validar um

    instrumento, consistindo no julgamento quanto clareza e compreenso (LOBIONDO-

    WOOD; HABER, 2001).

    A validade de contedo, a qual verifica se os conceitos esto representados de

    modo adequado e so representativos dentro do universo de todo o produto (POLIT; BECK,

    2011).

    Os enfermeiros pesquisadores tem demostrado crescente interesse por pesquisas

    metodolgicas, visto que atualmente h uma grande demanda por avaliaes de resultados

    slidos e confiveis, testes rigorosos de intervenes e procedimentos sofisticados de

    obteno de dados (POLIT; BECK, 2011).

    Ressalta-se, portanto, que o produto construdo e validado neste estudo trata-se de

    uma hipermdia educativa, em forma de website, sobre parto para o ensino da graduao em

    Enfermagem.

    5.2 Local e perodo do Estudo

    A hipermdia em forma de website foi desenvolvida pela empresa: JBOnline

    Comrcio e Servios de Informtica e disponibilizada no endereo eletrnico:

    www.assistenciaaoparto.com.br . Esse Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)

    disponibiliza acesso a seus usurios por meio de um login e uma senha individual.

    http://www.assistenciaaoparto.com.br/

  • 36

    A construo e a validao tcnica da hipermdia ocorreram no perodo de julho

    de 2014 a janeiro de 2015.

    5.3 Fases do Estudo

    Para o desenvolvimento de uma hipermdia necessrio seguir etapas

    preestabelecidas, pois assim o pesquisador poder organizar e estruturar melhor as

    informaes e os contedos, facilitando a leitura do material construdo.

    O desenvolvimento de uma hipermdia deve seguir um critrio metodolgico para

    que o estudo possa abranger grande quantidade de informaes e que estas estejam de

    maneira organizada. Na construo de sistemas, a falta de uma metodologia pode levar ao

    caos (FALKEMBACH, 2005).

    No entanto, no h disponvel na literatura um modelo de construo de

    hipermdia comum que seja utilizado por todos os pesquisadores e sim a adoo de caminhos,

    relativamente semelhantes, trilhados por diferentes pesquisadores (FREITAS, 2010).

    Por essa dificuldade em encontrar um caminho metodolgico j padronizado para

    o desenvolvimento das pesquisas, muitos estudos recorrem a teses, dissertaes e artigos

    cientficos para elaborar as etapas da construo de suas tecnologias, sendo essas diferentes

    umas das outras, embora seus caminhos tenham certa semelhana (FREITAS, 2010; MELO E

    DAMASCENO, 2006).

    Diante de tantos percursos metodolgico disponveis na literatura, destaca-se o

    modelo-sntese de caminho metodolgico para a construo de hipermdia, reunindo as etapas

    da metodologia utilizadas por diversos autores. Esse modelo-sntese foi dividido em duas

    fases: a de construo e a de validao, sendo essas, subdivididas em etapas, de acordo com a

    Figura 1 a seguir (FREITAS, 2010):

  • 37

    Fluxograma 01: Modelo-sntese de caminho metodolgico para construo de hipermdias.

    Fonte: Freitas (2010).

    Dessa forma, o presente estudo optou por seguir o modelo-sntese de caminho

    metodolgico citado, de acordo com as etapas descritas anteriormente e detalhadas a seguir.

    5.3.1 Fase 1 - Construo da Hipermdia

    A hipermdia foi construda durante os meses de julho de 2014 a janeiro de 2015, de

    forma que neste perodo foi pesquisado todo o assunto a ser abordado na hipermdia, bem

    como foram produzidas todas as mdias que esto contidas neste material.

    Diante das etapas contidas no diagrama anterior, segue-se a descrio de cada uma

    delas para o processo de construo da hipermdia sobre Assistncia de Enfermagem aos

    Perodos Clnicos do Parto.

    Etapa 1 - Levantamento do contedo e planejamento dos mdulos

    Nesta etapa da construo da hipermdia foi realizada todo o levantamento do

    contedo sobre a temtica Assistncia de Enfermagem aos Perodos Clnicos do Parto. Para

    tanto, foram selecionadas produes cientficas que tratassem dessa temtica, tendo sido

    includos cinco livros didticos da rea de obstetrcia, sete manuais tcnicos do Ministrio da

    Sade do Brasil e da Organizao Mundial de Sade e sete trabalhos e artigos publicados em

    peridicos nacionais e internacionais.

  • 38

    Em seguida foi criado um roteiro das aulas com os assuntos levantados e que

    foram selecionados para ser discutidos e enfatizados na hipermdia.

    Dando continuidade produo da hipermdia, o roteiro foi organizado em

    mdulos, de forma a facilitar a aprendizagem do contedo pelos usurios. Esta organizao

    permite que o usurio encontre mais facilmente o assunto de seu interesse, como tambm

    permite que o contedo no se torne extenso e cansativo, tornando a hipermdia mais atrativa

    para os usurios. Os assuntos abordados foram divididos, entre mdulos e tpicos, conforme

    disposto no fluxograma a seguir:

    Fluxograma 02 - Distribuio dos Mdulos segundo os contedos abordados na hipermdia

    Assistncia de Enfermagem aos Perodos Clnicos do parto.

    Fonte: Elaborado pela autora.

    Alm dos quatro mdulos com seus respectivos tpicos, est disponvel para o

    usurio uma lista de verificao em forma de check-list contendo o resumo do que foi

    abordado em todos os mdulos, uma pgina contendo uma lista de materiais de apoio e uma

    pgina contendo vdeos documentrios e simulaes, que resumem o contedo estudado.

    Tambm foi includa a avaliao do aprendizado ao final de cada mdulo.

  • 39

    Etapa 2 - Produo das mdias e organizao das unidades tutoriais

    A etapa 2 desta pesquisa consiste na produo e organizao das mdias nas

    unidades tutoriais. Destaca-se que neste estudo foram utilizadas mdias dinmicas e mdias

    estticas para que seja obtido um melhor aprendizado por parte dos alunos. E durante a

    organizao dos mdulos da hipermdia, foram selecionados os tipos de mdias que so mais

    adequadas para ilustrar cada tipo especfico de contedo.

    Vale ressaltar, que o presente estudo produziu algumas mdias como, vdeos,

    textos, imagens, fluxogramas dentre outras, alm de tambm utilizar mdias de fontes de

    informao de domnio pblico, principalmente de livros didticos de obstetrcia e de site da

    internet, sendo que estes ltimos foi verificada a procedncia dos materiais selecionados,

    visando sempre o aumento da facilidade de aprendizado do participante e da interatividade da

    tecnologia.

    A produo das mdias em formato de fotos e vdeos foi realizada no Laboratrio

    de Habilidades (LABHAB) do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do

    Cear (UFC). Participaram da produo destas mdias, a pesquisadora, quatro discentes do

    curso de Mestrado em Enfermagem do Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da

    Universidade Federal do Cear, e a orientadora do trabalho.

    Etapa 3 - Organizao de espao do aluno, do tutor e de comunicao entre eles

    Durante a etapa 3 deste trabalho, foi pensado e organizado um espao do aluno,

    do professor e de comunicao entre eles. Desta forma disponibilizou-se um espao na

    prpria hipermdia para o aluno realizar anotaes, ressalvas, registrar suas dvidas, dentre

    outras informaes, e espao para o tutor, de forma que este possa registrar pontos que devam

    ser ressaltados, entrar em contato com o aluno, ou outras anotaes que julgar necessrias.

    Este espao denominado nesta hipermdia de Mensagens, e s tem acesso a ele o aluno e o

    professor ou tutor.

    Desta forma, organizaram-se tambm espaos de comunicao entre tutores e

    todos os alunos. Esses espaos foram de dois tipos: sncronos (espaos onde os participantes

    ento se comunicando simultaneamente, popularmente conhecido como chat) e assncronos

    (espaos onde os participantes podem deixar seus registros, na estrutura de recados e

    comentrios, de forma que os outros participantes possam acessar a qualquer momento estes

    registros, mais conhecidos como fruns de discusso).

  • 40

    Etapa 4 - Elaborao da hipermdia

    A etapa 4 deste trabalho foi a elaborao da hipermdia de fato, em que tudo que

    foi pensado, produzido e elaborado anteriormente (mdulos com o contedo abordado, mdias

    e espao de comunicao entre os tutores e alunos) foi unido e colocado no website.

    O website foi desenvolvido no Sistema de Gesto de Contedos (Content

    Management System - CMS Drupal), tambm foi usado dentro do sistema Drupal: XHTML,

    PHP, FLASH e outros.

    Uma espcie de biblioteca tambm foi construda com documentos legais

    pertinentes ao tema, bem como outros tipos de materiais didticos e disponibilizados os

    hiperlinks pertinentes ao contedo trabalhado nesta estratgia didtica. Esta biblioteca tem por

    finalidade disponibilizar materiais de forma mais completa e rpida e no apenas cit-los

    como ocorrido no corpo do texto da hipermdia, acreditando assim fornecer uma importante

    fonte de informaes e aprendizado para os alunos.

    A realizao desta etapa da construo da hipermdia, contou-se com o apoio da

    empresa JBOnline Comrcio e Servios de Informtica que realizou a parte tcnica da

    construo da tecnologia, com a realizao do registro do domnio do website no registro Br,

    com toda a postagem dos contedos relativos hipermdia, bem como com a disponibilizao

    de hiperlinks e permitiram o acesso ao AVA.

    Etapa 5 - Disponibilizao da hipermdia

    A etapa 5 deste estudo foi a disponibilizao da hipermdia na internet. A

    tecnologia foi disponibilizada no Ambiente Virtual de Aprendizagem em forma de website

    Assistncia de Enfermagem aos Perodos Clnicos do Parto desenvolvido pela empresa

    JBOnline Comrcio e Servios de Informtica, disponvel no endereo eletrnico:

    http://www.assistenciaaoparto.com.br.

    O acesso a este ambiente virtual de aprendizagem possibilitado mediante

    cadastro de login e senha de cada usurio, seja ele tutor, aluno ou juiz. Esse cadastro

    realizado pelo administrador ou tutor, cuja matrcula dever ser solicitada pelo usurio.

    http://www.assistenciaaoparto.com.br/

  • 41

    Figura 01 Demonstrao da pgina inicial da Hipermdia.

    Fonte: Elaborado pela autora.

    Aps a finalizao da construo da hipermdia, ela est pronta para ser utilizada.

    No presente estudo, a hipermdia foi utilizada para fins avaliativos, tendo sido utilizada por

    enfermeiros obstetras e profissionais de informtica, cada grupo avaliando aspectos inerentes

    a sua formao profissional.

    5.3.2 Fase 2 Validao da Hipermdia por especialistas

    ETAPA 6 - Avaliao por especialistas de Enfermagem e Informtica e implementao das

    sugestes propostas

    As cinco primeiras etapas foram de construo da hipermdia e para que ela seja

    considerada confivel para utilizao pelos alunos, faz-se necessria a sua validao. Essa

    afirmao ressaltada em um estudo que menciona a necessidade de que tecnologias

    inovadoras sejam avaliadas para que se possa ter uma real noo do que se est produzindo e

    o no cumprimento desta necessidade pode culminar com uma prtica profissional deficitria,

    sem que se percebam as falhas e vantagens do que est sendo realizado e utilizado (LOPES,

    2001).

    Portanto, nesta etapa, a hipermdia foi avaliada em toda a sua extenso por

    especialistas de Enfermagem obsttrica e Informtica e foram feitos ajustes aps as

  • 42

    consideraes dos avaliadores, assim, nessa fase as etapas anteriores do desenvolvimento da

    hipermdia foram retomadas para a implementao das sugestes propostas (PINTO, 2008;

    RATHKE, 2008; FIGUEIREDO, 2007; ALAVARCE, 2007).

    A utilizao de uma hipermdia pode ocorrer com fins didticos, quando o usurio

    buscar o ambiente com o objetivo de adquirir conhecimentos a respeito de uma temtica, ou

    com fins avaliativos, quando especialistas tcnicos em diversas reas e o publico alvo

    realizarem avaliaes e oferecerem sugestes tecnologia (FIGUEIREDO, 2007).

    No presente estudo, a hipermdia Assistncia de Enfermagem aos Perodos

    Clnicos do Parto teve sua utilizao pautada em fins avaliativos por especialistas de

    Enfermagem obsttrica e especialistas de Informtica, sendo realizada a validao de

    contedo e de aparncia por esses profissionais respectivamente.

    Esse tipo de avaliao de fundamental importncia para a credibilidade de

    tecnologias em sade e deve ser realmente realizada por experts na rea de interesse do

    construto, pois somente assim ser possvel avaliar adequadamente a representatividade ou

    relevncia de contedo submetido apreciao. Assim, espera-se que os especialistas se

    interessem em participar de estudos de validao, visto que estes esto se tornando cada vez

    mais comuns (FREITAS, 2010; JOVENTINO, 2010).

    Dessa forma, tem-se a seguir o detalhamento da etapa de validao da hipermdia

    em forma de website Assistncia de Enfermagem aos Perodos Clnicos do Parto.

    Fase 2.1 Seleo dos Especialistas

    Nessa fase, para selecionar os especialistas utilizou-se uma amostra composta por

    especialistas em Enfermagem obsttrica e profissionais de informtica, sendo esta amostra do

    tipo no probabilstica e intencional. Este tipo de amostra caracteriza-se pela seleo dos

    participantes de pesquisa, a partir do conhecimento do pesquisador que considera os aspectos

    tpicos da populao que podero constituir fonte de informao para o estudo (POLIT;

    BECK, 2010).

    Aqui faz-se necessrio entender o significado do termo especialista. A qualidade

    de especialista consiste em possuir competncias, conhecimentos ou habilidades, ter

    experincia extensa em campo especfico da prtica, ter alto nvel de desenvolvimento para

    reconhecimento de padres e ser reconhecido especialista por outros. Portanto, um

    especialista pode ser considerado um perito ou experto em determinado assunto e, por isso,

    apto a participar de estudos de validao na qualidade de juiz, desde que seja especialista na

    rea em que o pesquisador se prope investigar (FERREIRA, 1999; JASPER, 1994).

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    recomendvel delimitar o nmero de especialistas em estudos de validao

    (PASQUALI, 1997). Porm, na literatura no h um nmero fixo e esse valor divergente em

    vrios estudos. Telles Filho e Cassiani (2008) convidaram para seu processo de validao dez

    especialistas: cinco de cada rea. J Lopes (2009) apresentou um total de seis, sendo trs de

    cada rea. Freitas (2010) validou sua hipermdia com um total de dez, sendo sete de

    Enfermagem e trs de Informtica. Moraes (2011), contou com quatro de cada rea em seu

    estudo de validao.

    O presente estudo optou por fazer o clculo amostral com base na frmula que

    considera a proporo final dos sujeitos no tocante determinada varivel dicotmica e a

    diferena mxima aceitvel dessa proporo. Com os critrios estatsticos numa proporo

    mnima de 85% de concordncia com a pertinncia de cada item avaliado, admitiu-se uma

    diferena de 15% nesta concordncia. Assim, o tamanho amostral foi definido conforme

    calculo a seguir:

    Z: coeficiente de confiana (95% - 1,96) referente tomada de deciso correta baseada

    na hiptese nula (ou seja, o pesquisador est 95% confiante de que o desfecho ocorreu

    naquele grupo);

    P: a proporo de indivduos que concordam com a pertinncia do componente do

    resultado; e

    d: diferena a ser detectada: a diferena de proporo considerada aceitvel.