universidade federal do cearÁ faculdade de … · de enfermagem aos períodos clínicos do parto,...
TRANSCRIPT
-
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR
FACULDADE DE FARMCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENFERMAGEM
LARA LEITE DE OLIVEIRA
CONSTRUO E VALIDAO DE HIPERMDIA EDUCATIVA SOBRE PARTO
PARA A GRADUAO EM ENFERMAGEM
FORTALEZA
2015
-
2
LARA LEITE DE OLIVEIRA
CONSTRUO E VALIDAO DE HIPERMDIA EDUCATIVA SOBRE PARTO
PARA A GRADUAO EM ENFERMAGEM
Dissertao de Mestrado apresentada ao
Programa de Ps-graduao do Departamento
de Enfermagem, da Universidade Federal do
Cear, como requisito parcial para obteno do
Ttulo de Mestre em Enfermagem.
rea de concentrao: Enfermagem na
Promoo da Sade.
Linha de pesquisa: Enfermagem no processo
de cuidar na promoo da sade.
Orientadora: Prof Dr Ana Kelve de Castro
Damasceno
FORTALEZA
2015
-
3
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao
Universidade Federal do Cear
Biblioteca de Cincias da Sade
O45c Oliveira, Lara Leite de.
Construo e validao de hipermdia educativa sobre parto para a graduao em enfermagem /
Lara Leite de Oliveira. 2015.
110 f. : il.
Dissertao (Mestrado) Universidade Federal do Cear, Faculdade de Farmcia, Odontologia
e Enfermagem, Departamento de Enfermagem, Programa de Ps-Graduao em Enfermagem,
Mestrado em Enfermagem, Fortaleza, 2015.
rea de Concentrao: Enfermagem na Promoo da Sade.
Orientao: Profa. Dra. Ana Kelve de Castro Damasceno.
1. Hipermdia. 2. Parto. 3. Educao a Distncia. 4. Tecnologia. 5. Enfermagem. I. Ttulo.
CDD 610.73678
-
4
LARA LEITE DE OLIVEIRA
CONSTRUO E VALIDAO DE HIPERMDIA EDUCATIVA SOBRE PARTO
PARA A GRADUAO EM ENFERMAGEM
Dissertao de Mestrado apresentada ao
Programa de Ps-graduao do Departamento
de Enfermagem, da Universidade Federal do
Cear, como requisito parcial para obteno do
Ttulo de Mestre em Enfermagem. rea de
concentrao: Enfermagem na Promoo da
Sade.
Aprovado em: ____/____/____
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________
Prof Dr Ana Kelve de Castro Damasceno (Orientadora)
Universidade Federal do Cear (UFC)
________________________________________________________
Prof. Dr. Priscila de Souza Aquino (1 Membro)
Universidade Federal do Cear (UFC)
_________________________________________________________
Prof Dr Rgia Christina Moura Barbosa (2 Membro)
Universidade Federal do Cear (UFC)
_________________________________________________________
Prof Dr Janana Fonseca Victor Coutinho (Suplente)
Universidade Federal do Cear (UFC)
-
5
Deus e Nossa Senhora
Aos meus pais, Joo e Eugnia
-
6
AGRADECIMENTOS
Deus e Nossa Senhora que sempre estiveram presentes em todos os momentos,
guiando meus passos e me orientado qual melhor caminho seguir para superar os obstculos
da vida, alm de me proporcionarem muitas alegrias e conquistas!
Aos meus pais, Joo Berchmans e Eugnia Leite, os quais so acima de tudo
verdadeiros amigos, sempre me apoiando e encorajando em todos os momentos de minha
vida, muito obrigada por tudo!
minha famlia, em especial minha av Neusa, quem sempre me apoiou e
uma segunda me, minha irm pela parceria de uma vida e pela linda e amada sobrinha que
me deu, a Duda.
Ao meu namorado, pelo companheirismo desses dois anos de convivncia,
obrigada pelo apoio principalmente durante o perodo em que estive em Portugal.
s minhas queridas amigas de faculdade, Tnia, Michelle, Natlia e Naianna, com
quem vivi os melhores momentos de minha graduao.
minha amiga de faculdade e parceira de mestrado Fernanda, com quem sempre
compartilhei angustias e alegrias.
Aos meus amigos e parceiros que de alguma forma contriburam com a
construo deste trabalho e sem os quais eu no teria conseguido, Eliz, Karine Bezerra,
Karine Kerla, Igor, Hellen, Raylla, Smua, Luana Caldini e Tamires. Meus amigos, muito
obrigada! A verdadeira amizade a maior riqueza de um ser humano.
Aos meus amigos de mestrado, com os quais compartilhei momentos
enriquecedores nesses dois anos de convivncia.
Ao PET-Enfermagem-UFC, por ter me proporcionado um crescimento cientfico e
pessoal indescritvel e por continuar sendo um ambiente acolhedor aos ex-petianos.
Ao Grupo de Pesquisa Enfermagem na Promoo da Sade Materna, por ter
contribudo com meu crescimento acadmico e por ter me proporcionado a oportunidade de
conviver com colegas maravilhosos.
minha orientadora Professora Dra. Ana Kelve de Castro Damasceno, pelo apoio
e incentivo de sempre, pelos conhecimentos, ateno, estmulo, pacincia e por ser um
exemplo de profissional, mulher e me. Obrigada Professora!
-
7
A todos os professores e funcionrios do Departamento de Enfermagem da
Universidade Federal do Cear, principalmente o corpo docente do Programa de Ps-
Graduao em Enfermagem, pelo apoio, dedicao e pelos grandes ensinamentos.
CAPES, pelo apoio financeiro com a manuteno da bolsa de auxlio.
Professora Dra. Maria do Cu Barbieri, pela calorosa acolhida na Universidade
do Porto, durante os 10 meses em que morei em Portugal.
Professora Dra. Alexandrina Cardoso, minha orientadora na Universidade do
Porto, pelos ensinamentos, tardes de orientaes e por ter me proporcionado a oportunidade
de conhecer a realidade da Enfermagem Obsttrica portuguesa. Obrigada Professora!
Universidade do Porto, atravs do Projeto BABEL, pela oportunidade de
realizar a mobilidade acadmica de 10 meses com bolsa de estudo.
Aos membros da banca, pela disponibilidade e contribuies relevantes para o
aprimoramento da pesquisa.
Aos enfermeiros obstetras e tcnicos de informtica que gentilmente aceitaram
participar desta pesquisa.
A todos que contriburam direta ou indiretamente para a finalizao desta
pesquisa, muito obrigada!
-
8
Para mudar o mundo, primeiro preciso
mudar a forma de nascer (Michel Odent)
-
9
RESUMO
O estudo teve como objetivo construir e validar quanto ao contedo e aparncia uma
hipermdia educativa sobre parto para a graduao em Enfermagem. Para embasar o
desenvolvimento deste estudo, adotou-se a Teoria da Interao Social de Vygotsky, que
ressalta que o conhecimento surge a partir da interao social entre no mnimo duas pessoas e
que isto torna o compartilhamento de conhecimentos possvel e facilitado. Tratou-se de uma
pesquisa metodolgica. Para realizao do estudo, seguiram-se as etapas: 1.levantamento do
contedo e planejamento dos mdulos; 2. produo das mdias e organizao das unidades
tutoriais; 3. organizao do espao do aluno, tutor e de comunicao entre eles; 4. elaborao
da hipermdia; 5. disponibilizao da hipermdia; 6. avaliao por especialistas em
Enfermagem e Informtica e implementao das sugestes propostas. Realizou-se,
inicialmente, o levantamento das produes cientficas que tratassem da temtica assistncia
de enfermagem aos perodos clnicos do parto, tendo sido includos livros didticos da rea de
obstetrcia, manuais tcnicos do Ministrio da Sade do Brasil e da Organizao Mundial de
Sade e trabalhos e artigos publicados em peridicos nacionais e internacionais. A hipermdia
construda foi intitulada Assistncia de Enfermagem aos perodos clnicos do parto,
abordando os cuidados que o profissional de enfermagem deve ter durante o trabalho de parto
e parto normal sem distcia. Na etapa de elaborao da hipermdia, foram organizados os
textos a partir das informaes levantadas na pesquisa bibliogrfica e consultada uma empresa
especialista em informtica para desenvolver o website. Para a validao de contedo e
aparncia, optou por fazer o clculo amostral com base na frmula de populao infinita,
sendo a amostra composta por 22 juzes, selecionados por meio de critrios pr-estabelecidos,
sendo 11 juzes especialistas em Enfermagem obsttrica (avaliao de contedo) e 11 juzes
especialistas em Informtica (avaliao de aparncia). A construo e a validao tcnica da
hipermdia ocorreram no perodo de julho de 2014 a janeiro de 2015. Para a coleta de dados,
foram utilizados dois instrumentos, um direcionado aos juzes especialistas em Enfermagem
obsttrica e outro para os juzes especialistas em Informtica. Para a anlise da validao da
hipermdia foi utilizado o ndice de Validade de Contedo (IVC), com ponto de corte de 0,78
e o teste binomial. As sugestes e opinies foram compiladas e descritas. A hipermdia
educativa mostrou-se como um material validado, visto que apresentou um timo IVC global
de 0,97 e significncia estatstica no teste binomial para o contedo e aparncia. Diante das
sugestes e contribuies durante o processo de validao, a hipermdia passou por
modificaes, ajustes e acrscimos a fim de torn-la mais eficaz. Acredita-se que o uso deste
material com alunos da graduao de enfermagem contribuir com a assistncia obsttrica,
tendo em vista que se constitui em uma tecnologia ilustrada capaz de favorecer o ensino-
aprendizagem sobre parto normal humanizado, bem como a qualidade da assistncia de
enfermagem parturiente.
Palavras-Chaves: Hipermdia. Parto. Educao a Distncia. Tecnologia. Enfermagem.
-
10
ABSTRACT
The study aimed to construct and validate the contents and appearance in an educational
hypermedia applying for undergraduate nursing. To support the development of this study, we
adopted the Theory of Social Interaction Vygotsky, which emphasizes that knowledge arises
from the social interaction between at least two people and this makes knowledge possible
and sharing facilitated. It was a methodological research. This study was followed by some
steps, which are: survey content and planning of the modules; production of media and
organization of tutorials units; spatial organization of the student, tutor and communication
between them; development of hypermedia; availability of hypermedia; reviewed by technical
experts in Nursing and Informatics and implementation of the proposed suggestions. The
survey of scientific production implemented initially was addressed by the theme nursing care
to clinical parturition periods, including textbooks of obstetrics, technical manuals of the
Ministry of Health of Brazil and the World Health Organisation, also works and articles
published in national and international journals. The hypermedia constructed was entitled
"Nursing Care to clinical parturition periods", addressing the care that nursing professionals
should have during labor and vaginal parturition without distorting. The texts prepared in the
hypermidia were organized from the information raised in the literature and consulted a
computer specialist company to develop the website. For the validation of content and
appearance was chosen sample calculation based on the infinite population formula. The
sample is composed of 22 judges, selected through pre-established criteria, 11 expert judges
in obstetric nursing and 11 expert computer specialists (assessment of content). The
construction and technical validation of the hypermedia occurred from July 2014 to January
2015. For data collection was utilized two instruments, which are one directed to the expert
judges in obstetric nursing and another one for specialist judges in Computer. For the analysis
of validation of hypermedia, we used the Content Validity Index (CVI) with a cutoff point of
0.78 and the binomial test. The suggestions and opinions were compiled and discussed. The
educational hypermedia proved to be a validated material, as presented a great global CVI
0.97 and statistically significant in the binomial test for content and appearance.The
suggestions and contributions, which were given during the validation process contributed to
hypermedia modifications, adjustments and additions to make it more effective. It is believed
that the use of this material with students of nursing degree will contribute to obstetric care in
order to constitutes an illustrated technology to facilitate the teaching and learning process of
humanized normal birth, favoring the quality of nursing care for parturient.
Key Words: Hypermedia. Parturition. Distance Education. Technology. Nursing.
-
11
LISTA DE ILUSTRAES
Fluxograma 1 Modelo-sntese de caminho metodolgico para construo de
hipermdias................................................................................................ 37
Fluxograma 2 Distribuio dos Mdulos segundo os contedos abordados na
hipermdia Assistncia de Enfermagem aos Perodos Clnicos do parto.. 38
Figura 01 Demonstrao da pgina inicial da Hipermdia......................................... 41
Quadro 01 Critrios para seleo dos especialistas em Enfermagem obsttrica......... 44
Quadro 02 Critrios para seleo dos especialistas em informtica............................ 45
Figura 02 Demonstrao da Pgina inicial da Hipermdia......................................... 48
Figura 03 Demonstrao da pgina da hipermdia que seleciona os possveis
papis........................................................................................................ 49
Fluxograma 3 Etapas a serem seguidas no desenvolvimento de hipermdia, com
destaque para a Etapa 1.............................................................................. 50
Quadro 03 Principais referncias para o levantamento do contedo e planejamento
dos mdulos da Hipermdia Assistncia de Enfermagem aos Perodos
Clnicos do Parto...................................................................................... 51
Fluxograma 4 Etapas a serem seguidas no desenvolvimento de hipermdia, com
destaque para a Etapa 2.............................................................................. 53
Fluxograma 5 Etapas a serem seguidas no desenvolvimento de hipermdia, com
destaque para a Etapa 3.............................................................................. 55
Fluxograma 6 Etapas a serem seguidas no desenvolvimento de hipermdia, com
destaque para a Etapa 4.............................................................................. 57
Figura 04 Demonstrao da pgina do Registro.Br................................................... 58
Figura 05 Demonstrao da Hipermdia com destaque para os menus principal e
secundrios................................................................................................ 59
Figura 06 Demonstrao da pgina de Apresentao da hipermdia......................... 60
Figura 07 Demonstrao da pgina de Boas Vindas da hipermdia........................... 60
Figura 08 Demonstrao da pgina contendo o contedo sinais que precedem o
trabalho de parto........................................................................................ 61
Figura 09 Demonstrao da pgina contendo a diviso dos mdulos da
hipermdia.................................................................................................. 62
Figura 10 Demonstrao do layout da pgina contendo os mdulos da hipermdia.. 63
Figura 11 Demonstrao da pgina contendo os tpicos da hipermdia.................... 63
-
12
Figura 12 Demonstrao da pgina contendo glossrio na
hipermdia.................................................................................................. 64
Figura 13 Demonstrao da pgina contendo hiperlink de acesso a avaliao da
aprendizagem............................................................................................. 65
Figura 14 Demonstrao da pgina contendo Material de Apoio.............................. 67
Figura 15 Demonstrao da pgina contendo hipertexto........................................... 67
Figura 16 Demonstrao da Pgina contendo links................................................... 69
Figura 17 Demonstrao da pgina contendo fotografias......................................... 70
Figura 18 Demonstrao da pgina contendo vdeos disponibilizados na
hipermdia.................................................................................................. 71
Figura 19 Demonstrao da pgina contendo vdeos disponibilizados na
hipermdia.................................................................................................. 72
Figura 20 Demonstrao da pgina contendo Exerccios.......................................... 72
Figura 21 Demonstrao da pgina de Mensagens.................................................... 73
Figura 22 Demonstrao da pgina do chat............................................................... 73
Figura 23 Demonstrao da pgina de Fruns de discusso...................................... 74
Fluxograma 7 Etapas a serem seguidas no desenvolvimento de hipermdia, com
destaque para a Etapa 5.............................................................................. 74
Fluxograma 8 Etapas a serem seguidas no desenvolvimento de hipermdia, com
destaque para a Etapa 6.............................................................................. 75
Quadro 04 Distribuio da caracterizao dos especialistas em Enfermagem
Obsttrica que validaram a hipermdia Assistncia de Enfermagem aos
Perodos Clnicos do Parto....................................................................... 77
Quadro 05 Distribuio da caracterizao dos especialistas em informtica que
validaram a hipermdia Assistncia de Enfermagem aos Perodos
Clnicos do Parto..................................................................................... 84
-
13
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Distribuio da Pontuao obtida por especialistas em Enfermagem
Obsttrica segundo critrios preestabelecidos.................................... 76
Grfico 2 Distribuio do percentual da ocupao atual dos especialistas em
Enfermagem Obsttrica...................................................................... 77
Grfico 3 Distribuio da pontuao obtida por especialistas em Informtica
segundo critrios preestabelecidos..................................................... 83
-
14
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Distribuio da avaliao da hipermdia pelos especialistas de
Enfermagem Obsttrica quanto aos objetivos...................................... 79
Tabela 2 Distribuio da avaliao da hipermdia pelos especialistas de
Enfermagem Obsttrica quanto ao contedo........................................ 80
Tabela 3 Distribuio da avaliao da hipermdia pelos especialistas de
Enfermagem Obsttrica quanto relevncia........................................ 81
Tabela 4 Distribuio da avaliao da hipermdia pelos especialistas de
Enfermagem Obsttrica quanto ao ambiente....................................... 82
Tabela 5 Distribuio da avaliao da hipermdia pelos especialistas de
informtica quanto funcionalidade, usabilidade e eficincia............. 84
Tabela 6 Distribuio da avaliao da hipermdia pelos especialistas de
informtica quanto usabilidade.......................................................... 84
Tabela 7 Avaliao da hipermdia pelos especialistas de informtica quanto
eficincia.............................................................................................. 85
-
15
SUMRIO
1 INTRODUO ................................................................................................. 16
2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 20
3 REFERNCIAL TERICO............................................................................... 21
4 REVISO DE LITERATURA........................................................................ 25
4.1 Assistncia de Enfermagem ao Parto humanizado.............................................. 25
4.2 Ambiente Virtual de Aprendizagem como facilitador do Ensino na
Enfermagem.........................................................................................................
30
5 MTODOS ........................................................................................................ 35
5.1 Tipo de estudo ..................................................................................................... 35
5.2 Local e Perodo do estudo ................................................................................... 35
5.3 Fases do estudo ................................................................................................... 36
5.3.1 Fase 1 Construo da hipermdia ..................................................................... 37
5.3.2 Fase 2 Validao da hipermdia por especialistas ............................................ 41
5.4 Aspectos ticos da pesquisa ................................................................................ 47
6 RESULTADOS E DISCUSSES..................................................................... 48
6.1 Fase 1 Construo da hipermdia ..................................................................... 49
6.2 Fase 2 Validao da hipermdia por especialistas ............................................ 75
7 CONCLUSO.................................................................................................... 87
8 LIMITAES DO ESTUDO E RECOMENDAES................................ 89
REFERNCIAS............................................................................................................... 90
GLOSSRIO.................................................................................................................... 98
APNDICES ................................................................................................................... 99
ANEXO............................................................................................................................. 108
-
16
1 INTRODUO
A ateno sade da mulher durante o ciclo gestacional permanece como um
desafio para a assistncia de Enfermagem, tanto no que se refere qualidade propriamente
dita, quanto aos princpios filosficos do cuidado, sendo ao longo da histria da humanidade,
objeto de ateno de indivduos, pesquisadores e instituies.
O ciclo gestatrio normal aquele composto por trs fases (pr-natal, parto e
puerprio), incluindo desde o momento em que a mulher tem o diagnstico de gravidez at as
primeiras seis a oito semanas aps o processo de parturio (MONTENEGRO; REZENDE
FILHO, 2011).
Destaca-se que a promoo da sade materna ainda se encontra em processo de
construo e evoluo. No que diz respeito especificamente ao parto, no transcorrer dos
tempos, foram desenvolvidas e aprimoradas diversas tcnicas, prticas e condutas de
assistncia. Atualmente algumas dessas prticas esto sendo revistas no intuito de humanizar
ao mximo o momento do parto e nascimento.
Cientificamente o parto normal definido como o processo de movimentao do
feto, da placenta e das membranas para fora do tero atravs do canal de parto, sendo dividido
em trs perodos clnicos principais: dilatao, expulso e delivramento. Vale ressaltar que
alguns autores referem ainda o quarto perodo, Greenberg. O primeiro perodo inicia-se com
as contraes uterinas dolorosas e termina com a ampliao completa da crvice. No perodo
da expulso tem-se a sada do feto. J o delivramento caracterizado pelo desprendimento da
placenta. E o perodo de Greenberg considerado o puerprio imediato (LEIFER, 2013;
MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2011).
Entretanto, o significado do parto normal humanizado vai bem mais alm de sua
definio cientfica, ele entendido como um evento fisiolgico e familiar, sendo papel do
enfermeiro assistir a mulher para que esse momento seja o mais seguro, humanizado e
prazeroso possvel (LOWDERMILK et al., 2012).
Porm, quando o parto normal no o mais seguro, para o binmio me/filho ou
mesmo para uma das partes, o parto cesrea torna-se procedimento de escolha para o desfecho
da gestao. A definio do parto cesrea, cesariana ou tomotocia : o ato cirrgico que
consiste em incisar o abdome e a parede do tero da gestante para libertar o concepto
(CUNNINGHAM et al.,2012; MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2011).
A Organizao Mundial da Sade (OMS) preconiza uma taxa de partos cesreas
de at 15%, devendo essa ser a prevalncia mxima de cesareanas em quaisquer pas do
mundo (WHO, 2009). Entretanto, o Brasil apresenta taxas bem acima do preconizado pela
-
17
OMS, sendo considerado um dos pases em desenvolvimento com as maiores taxas de partos
cesreas no mundo, 55,60%. No sistema pblico de sade, essa prevalncia de 40% e no
setor suplementar de sade as taxas de cesareanas chegam a nmeros ainda mais alarmantes,
84,60% (BRASIL, 2015).
Vale salientar que o parto cesrea apresenta distribuio desigual no pas, sendo
mais prevalente entre as mulheres com maior idade, escolaridade, primparas, com assistncia
pr-natal em servios privados, que realizaram seis ou mais consultas pr-natais e residentes
nas regies Sul, Sudeste e Centro-oeste (REBELO et al, 2010).
Com o objetivo de reduzir essas elevadas taxas de cesarianas em todo o territrio
nacional, existe o desenvolvimento de polticas e aes governamentais no mbito federal,
estadual e municipal com o intuito de estimular as gestantes para a realizao do parto
normal, bem como orientar os profissionais de sade para o incentivo dessa prtica. Dentre
essas polticas, destaca-se o Programa de Humanizao no Pr-natal e Nascimento
(PHPN/2000), o Pacto Nacional pela Reduo da Mortalidade Materna (2004), e a Rede
Cegonha (RC/2011), tendo o escopo de incentivar a realizao do parto normal, melhorar a
qualidade da assistncia ao parto e desmistificar o medo do parto normal no pas. Entretanto,
verifica-se que mesmo com a criao de todas essas polticas os ndices de realizao de
cesariana permanecem elevados.
importante frisar que essas estratgias esto contribuindo para a criao de
diversos centros de partos normais, principalmente com a implantao da Rede Cegonha em
vrias cidades brasileiras. A Rede instituda no mbito do Sistema nico de Sade e
consiste em uma rede de cuidados que visa assegurar mulher e criana, melhor assistncia
no que diz respeito a garantir um parto e nascimento seguros (BRASIL, 2011).
Diante desse novo cenrio da assistncia ao parto normal, verifica-se a
necessidade de profissionais qualificados para prestar o cuidado humanizado a mulher durante
esse perodo. O enfermeiro graduado um deles, pois est apto prestao da assistncia de
enfermagem gestante, parturiente, purpera e ao recm-nascido, podendo realizar a
execuo e a assistncia obsttrica em situao de emergncia e a execuo do parto sem
distocia, de acordo com o Decreto-Lei 94.406 de 8 de junho de 1987(BRASIL, 1987).
Embora o enfermeiro possa realizar essa assistncia ao parto, uma das
recomendaes da Rede Cegonha que essa assistncia ao parto normal de baixo risco seja
prestada pelo Enfermeiro Obstetra, haja vista tratar-se de um profissional mais preparado para
atuar junto a essas parturientes. Dessa forma, o governo vem estimulando e financiando
cursos de especializao e residncia em Enfermagem Obsttrica para capacitar cada vez mais
esses profissionais, como umas das estratgias da prpria RC (BRASIL, 2011).
-
18
Dessa forma, a necessidade de profissionais graduados e especialistas com uma
viso clnica bem apurada fundamental para que o parto normal seja assistido de forma
satisfatria e para isso indispensvel que os profissionais da sade sejam treinados e
atualizados. Assim, v-se a importncia de facilitar o processo ensino-aprendizagem de
enfermeiros no que diz respeito ao parto, pois acredita-se que capacitando esse profissional de
forma satisfatria a assistncia prestada por ele, parturiente, ser de qualidade.
Destaca-se que a formao de profissionais no Brasil sofre alguns percalos, pois
o pas possui enormes carncias educacionais, o que agravado ainda mais se considerar sua
extensa rea geogrfica. Entretanto, imprescindvel suprir as necessidades de educao de
uma sociedade que demanda cada vez mais por conhecimento (GONALVES et al., 2010).
Isso se faz necessrio principalmente porque o mercado de trabalho faz constantes
exigncias em relao competncia dos profissionais atuantes. Na Enfermagem no
diferente, pois enquanto profisso, tem se desenvolvido rapidamente em quantidade e
qualidade do conhecimento produzido, quando comparada com outras cincias (FREITAS et
al., 2012).
Assim, solicitado pelo contexto atual que os enfermeiros procurem educao e
qualificao constantemente para que possam aprimorar e atualizar seus conhecimentos e
competncias no tempo e com os mtodos adequados (DAL SASSO e SOUZA, 2006). Dessa
forma, acredita-se que haver possibilidade desses profissionais serem includos no mercado
de trabalho atual, mercado esse que exige uma forte dinmica de construo de conhecimento.
O ensino de Enfermagem no Brasil est includo nessas transformaes, foram
vrias as fases de seu desenvolvimento ao longo dos anos. A informtica e a internet
contriburam com essas mudanas que ocorreram no processo de ensino e aprendizagem. Na
dcada de 90, a Educao a Distncia (EaD) j existia, entretanto era utilizada com os cursos
por correspondncia, mas com as novas Tecnologias da Informao e Comunicao (TIC),
esse tipo de ensino se modernizou e se difundiu por todo o pas (BALBINOT et al., 2010).
Atualmente, a EaD pode ser disponibilizada de diversas formas, dentre elas
destaca-se as hipermdias, que podem apresenta-se como softwares ou Ambientes Virtuais de
Aprendizagem (AVA). Os softwares, embora tenham sua disponibilidade limitada aos
indivduos que o possuem, podem ser utilizados onde no h acesso internet, pois consistem
em programas de computadores em formato de CD-ROM. J os AVAs apresentam-se em
formato de website, onde qualquer indivduo com acesso internet poder acess-los, o que
os tornam bem mais abrangentes que os softwares (FREITAS et al., 2012).
Na Enfermagem brasileira, a EaD tem sido desenvolvida e utilizada no ensino da
graduao. Essa dinmica entendida como relevante, pois permite que os estudantes se
-
19
capacitem, interajam, conheam novas tecnologias e se insiram em uma nova realidade virtual
(CAMACHO, 2009). Os AVAs so uma importante ferramenta de apoio a esse ensino, tendo
em vista que o ambiente digital integra diferentes teorias de aprendizagem, colocando-as
juntas para assim poder aproveitar o que h de melhor em cada uma delas e enriquecer o
processo ensino-aprendizagem (ALAVARCE E PIERIN, 2011).
No Cear, a Universidade Federal vem utilizando a EaD h alguns anos, tanto
para cursos de curta durao, como para graduaes completas. No curso de Enfermagem da
referida Universidade, na disciplina Enfermagem no Processo de Cuidar da Sade Sexual e
Reprodutiva so utilizadas as seguintes hipermdias: exame fsico no pr-natal, planejamento
familiar, consulta ginecolgica e DST.
O interesse em realizar o presente estudo surgiu da vivncia da pesquisadora em
um projeto de pesquisa sobre sade materna e de uma afinidade por tecnologias,
principalmente websites.
Dessa forma, faz-se o seguinte questionamento: A hipermdia Assistncia de
Enfermagem aos Perodos Clnicos do Parto vlida como uma ferramenta de apoio no
processo de ensino-aprendizagem de alunos da graduao em Enfermagem, na viso de
especialistas de Enfermagem Obsttrica e de informtica?
Considerando que o parto normal humanizado tem sido amplamente incentivado e
que o enfermeiro/enfermeiro obstetra tem o papel de assistir e executar esse tipo de parto,
destaca-se a importncia de se ampliar o interesse na construo de tecnologias inovadoras
que abordem esse contedo para auxiliar a formao e capacitao desses enfermeiros,
formando assim, novas geraes desses profissionais.
Diante do exposto, mostra-se relevante a criao e a validao de uma hipermdia
educacional voltada para o parto, pois assim, acredita-se que haver um maior
aprofundamento dos alunos a respeito desse assunto, visto que tero maior contato com o
assunto e vivenciaro situaes de prtica simuladas atravs do AVA. Com a preparao mais
qualificada desses futuros enfermeiros, espera-se que esses profissionais estejam mais aptos,
preparados e seguros para prestar uma assistncia de Enfermagem satisfatria parturiente.
Haja vista que, o parto normal humanizado est sendo amplamente incentivado e divulgado
pelo governo e por parte da sociedade, principalmente com a criao dos centros de parto
normal e o enfermeiro tem papel de destaque nesse cenrio.
-
20
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivos Geral
Construir e validar uma hipermdia educativa sobre parto para uso na graduao em
Enfermagem.
2.2 Objetivos Especficos
Desenvolver uma tecnologia educativa (hipermdia na forma de website) sobre parto
para auxiliar o ensino da graduao em Enfermagem.
Validar o contedo e a aparncia da hipermdia junto a especialistas de Enfermagem
obsttrica.
Avaliar a funcionalidade, usabilidade e eficincia junto a especialistas de Informtica.
Verificar o grau de concordncia entre os especialistas de Enfermagem obsttrica e de
Informtica.
-
21
3 REFERENCIAL TERICO TEORIA DA INTERAO SOCIAL DE VYGOTSKY
O presente estudo adotou como referencial terico a Teoria da Interao Social ou
Construtivismo do psiclogo russo Lev Seminovitch Vygotsky (1896-1934). Esse terico teve
sua trajetria marcada pela pluralidade entre seus objetos de estudo e, mesmo falecendo muito
jovem, deixou uma grande herana cientfica. Por quase meio sculo, devido s acusaes de
ser uma pessoa idealista e por suas ideias no serem aceitas na sociedade da poca, sua obra
no teve o merecido reconhecimento. Entretanto, ficou conhecida por intermdio de alguns
colaboradores, dentre eles Alexander Romanovich Luria e Alexei Nikolaievich Leontiev, que
tanto divulgaram como tambm aprofundaram suas teorias (THOFEHRN; LEOPARDI,
2006).
A Teoria da Interao Social ou Construtivismo apresenta como foco a busca por
novas maneiras de compreenso da mente humana, tendo em vista que caractersticas
humanas da relao indivduo/ sociedade no esto presentes desde o nascimento, nem so
simplesmente resultados das presses do meio externo. Essa caracterizao humana
resultado das relaes homem e sociedade, pois quando o homem transforma o meio na busca
de atender suas necessidades bsicas, transforma a si mesmo (THOFEHRN; LEOPARDI,
2006).
Para Vygotsky a interao social consiste no elemento fundamental dentro do
processo de aprendizagem eficaz, servindo como via para a transformao das funes
elementares, as quais nascem com os indivduos, em funes psicolgicas superiores,
resultante dessa interao dialtica (WERLANG; SCHNEIDER; SILVEIRA, 2008).
De acordo com Thofehrn, Leopardi e Amestoy (2008) essas funes elementares
mencionadas por Vygotsky esto mais presentes nas crianas e animais, sendo entendidas
como as reaes involuntrias de origem biolgica e as aes reflexas de simples associao.
J em relao s funes psicolgicas superiores, so tidas como o pensamento mais
elaborado, a capacidade de planejamento, memria voluntria, imaginao, aes
conscientemente controladas e processos voluntrios.
Assim, todo homem se constitui ser humano pelas relaes que estabelece com
outros sujeitos. O sujeito no apenas ativo ou passivo, mas tambm interativo, porque
forma conhecimentos e se constitui a partir de relaes intra e interpessoais. Trata-se de um
processo que caminha do plano social para o plano individual. Em outras palavras, na troca
com outros sujeitos e consigo prprio que se vo internalizando conhecimentos, culturas,
papis e funes sociais, o que permite a formao de conhecimentos e da prpria conscincia
(NEVES; DAMIANI, 2006; THOFEHRN; LEOPARDI, 2006).
-
22
A cultura e o conhecimento adquirido fornecem ao indivduo os sistemas
simblicos de representao da realidade, ou seja, o universo de significaes que permite
construir a interpretao do mundo real. Ela d o local de negociaes no qual seus membros
esto em constante processo de recriao e reinterpretao de informaes, conceitos e
significaes (REGO, 1995).
Reforando a ideia da interao social como via para a formao do
conhecimento, Werlang, Schneider e Silveira (2008) trazem esse processo interativo como a
forma de troca de informaes entre no mnimo duas pessoas, em sentido bidirecional, sem a
obrigatoriedade de que os participantes estejam em um mesmo nvel cognitivo, sendo,
portanto, um conceito aplicvel para o processo ensino-aprendizagem. Estes autores ressaltam
ainda que, de acordo com Vygotsky, a aprendizagem se d primeiramente entre os indivduos
para ento ocorrer no espao individual do sujeito.
O conhecimento de conceitos-chave da teoria, tais como: a internalizao e a Zona
de Desenvolvimento Proximal (ZDP) necessrio para compreender o papel de interao na
abordagem de Vygotsky. A internalizao a construo interna de uma operao externa,
so internalizaes de relaes sociais e significativas, principalmente atravs da fala. A fala
um dos elementos-chave para anlise qualitativa das interaes nos chats e fruns, talvez um
dos elementos de maior significncia dentro dos ambientes de EaD (ANDRADE; VICARI,
2003).
De acordo Vygotsky (2007) h uma Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP)
que explica essa evoluo intelectual. A ZDP definida como sendo a distncia entre o nvel
de desenvolvimento real, que se costuma determinar atravs da soluo independente de
problemas, e o nvel de desenvolvimento potencial, determinado atravs da soluo de
problemas sob a orientao de um adulto ou em colaborao com companheiros mais capazes.
A ZDP se caracteriza por aquelas funes que ainda no amadureceram, mas que esto em
processo de maturao, ou seja, funes que amadurecero, mas que ainda esto em estado
embrionrio. Essas funes poderiam ser denominadas de brotos ou flores do
desenvolvimento, ao invs de frutos do desenvolvimento como so geralmente chamados
(THOFEHRN; LEOPARDI, 2006).
Assim, notria a aplicabilidade da teoria de Vygotsky dentro do cenrio do
processo de ensino-aprendizagem em sade, especialmente na Enfermagem, uma vez que as
aes dessa profisso esto imbricadas de pensamento elaborado. Esse processo comea a ser
aprendido e aplicado ainda durante o perodo de formao do aluno de graduao, quando o
conhecimento cientfico adquirido pelo estudante transforma as suas aes inconscientes e
empricas em atitudes dotadas de rigoroso planejamento, com raciocnio crtico na sua tomada
-
23
de deciso. Ademais, a interao social fator presente em todo o processo de formao e
exerccio profissional (FREITAS, 2010; THOFEHRN; LEOPARDI; AMESTOY, 2008).
Percebendo a importncia da interao professor/aluno, destaca-se a necessidade
da criao de ambientes saudveis e favorveis ao processo de ensino-aprendizagem, haja
vista que o ambiente exerce influncias considerveis nas interaes sociais. E ser nesse
ambiente interativo que se dar a formao de um profissional de Enfermagem, que dever,
dentro do exerccio profissional, reproduzir esse processo junto aquele ao qual estar
dispensando cuidado.
Nesse contexto, entende-se que a aplicabilidade dessa teoria dentro do processo
de ensino-aprendizagem mostra-se relevante, uma vez que considera o aprendiz como um
indivduo com experincia prvia e o professor aquele facilitador do aprendizado, mas que
est em constante aprendizagem. Dessa forma, estabelece-se uma importante oportunidade
para o aprendizado facilitado de ambos os indivduos, havendo assim, mesmo que de forma
diferenciada, a interao social entre estes indivduos (LOPES, 2009).
O presente estudo tem a pretenso de promover e estimular a interao, dentro do
processo de ensino/aprendizagem, entre professor e aluno, bem como entre os prprios
alunos, utilizando-se de uma tecnologia educativa e interativa. Entende-se que tal ferramenta
ir incidir na prontido para aprender, constituindo uma metodologia eficaz para a construo
do saber.
Outros autores tambm vislumbram a aplicabilidade da Teoria da Interao
Social no processo ensino/aprendizagem, relembrando que o individuo no nasce inteligente
e detentor de conhecimento e sim adquire-os a partir das interaes com o meio, sendo este
um processo contnuo (THOFEHRN; LEOPARDI, 2006).
O relacionamento eficaz entre professor/aluno durante o processo de ensino-
aprendizagem pode ser entendido e explicado pela teoria de Vygotsky, pois constitui-se de
um relacionamento interpessoal no qual possibilita a troca de conhecimento e com isso a
evoluo do pensamento elaborado. O professor responsvel por mediar o aprendizado,
fornecendo meios para que o aprendiz possa alcanar seus objetivos de forma ativa e
autnoma atravs do pensamento crtico (CLEBSCH; MORS, 2004).
Dentro dos pressupostos da teoria de Vygotsky, para que haja sucesso na
aprendizagem do aprendiz faz-se necessrio que este seja pr-ativo e tenha prontido para
aprender. Essa postura contrria aos pressupostos do ensino tradicional, uma vez que
normalmente o aluno visto como sujeito passivo dentro desse processo de aprendizagem,
isento de uma postura crtica frente s adversidades (LOPES, 2009).
-
24
Diante da nova realidade de ensino/aprendizagem e do avano tecnolgico que
permite fomentar novas estratgias de ensino, nota-se que a utilizao de espaos virtuais e
de ensino a distancia consiste em um importante meio para fomentar a pro-atividade e
autonomia do aprendiz diante de determinado conhecimento (SCHATKOSKI et al., 2007).
Diversos profissionais tm utilizado das tecnologias para auxiliar o processo de
ensino-aprendizagem e tornar o ambiente favorvel. Isso se d atravs da utilizao de
tecnologias tais como: msicas, vdeos, textos e mais recentemente hipermdias educativas.
Com isto, denota-se a presena de uma interao aluno-professor-computador, que tem sido
de extrema valia no auxilio da aprendizagem por parte do usurio. Dessa forma, crucial que
este ambiente seja o mais interativo possvel, a fim de contribuir e facilitar esse processo
tanto para o professor como para o aluno.
A avaliao da aplicao de uma hipermdia educacional junto a alunos da
disciplina de fsica forneceu forte evidncia de que o uso de tecnologias inovadoras
concomitante ao uso de aulas contextualizadas baseadas no referencial vygotskyano
contribuiu positivamente para a aprendizagem destes alunos (WERLANG; SCHNEIDER;
SILVEIRA, 2008).
Para fomentar a aplicabilidade das hipermdias dentro do ambiente de
aprendizado, Costa (2005) diz tratar-se de uma tecnologia inovadora e que est na ponta do
desenvolvimento tecnolgico, destacando-se a relao social que este produto possui com o
usurio, sendo simultaneamente instrumentos de organizao de conhecimentos e
transformando o espao de trabalho atravs da insero de formas interativas, discursivas e
didticas no processo ensino-aprendizagem.
Outros autores que consideraram a hipermdia como uma ferramenta adequada e
favorvel ao aprendizado foram Melo e Damasceno (2006), Lopes (2009), Freitas (2010),
Moraes (2011) e Frota (2012). Esses tambm utilizaram a teoria vygotskyana para
fundamentar e embasar a construo de suas hipermdias.
Diante do exposto, fica claro que a utilizao de ambientes favorveis ao
aprendizado e a construo de tecnologias que promovem maior interao social, como as
hipermdias, so ferramentas que agregam e promovem maiores efeitos positivos dentro
desse processo. Tal fato encoraja a produo desses materiais em prol no somente da
construo e avano tecnolgica e cientfica, mas tambm do aprimoramento do pensamento
crtico.
-
25
4 REVISO DE LITERATURA
4.1 Assistncia de Enfermagem ao Parto Humanizado
Com o passar dos anos, o processo de parturio tem vivenciado diversas
transformaes. Desde os primrdios da histria da humanidade, os partos eram realizados no
ambiente domiciliar por mulheres, conhecidas como parteiras, que no apresentavam
conhecimento cientfico, mas eram detentoras de um saber que lhes assegurava a confiana de
realizar partos.
No entanto, em meados do sculo XX, essa realidade passou por mudanas, em
que o processo de parturio passou a ser realizado, em sua maioria, no ambiente hospitalar,
por profissionais que tratavam esse processo normal como um processo patolgico o qual
necessitava de diversas intervenes (SODRE, 2007).
Essas intervenes se deram a partir da apurao dos conhecimentos cientficos
em obstetrcia, com a aplicao do modelo biomdico, que inegavelmente trouxeram avanos
nesse ramo, mas que, em contrapartida, alterou a definio prtica do parto e seu significado
no contexto de vida das mulheres.
Atualmente, os programas governamentais e instituies tm atuado incisivamente
na luta pelo resgate do parto natural, reconhecendo a mulher, como um agente protagonista
nesse contexto e com participao direta nas escolhas referentes ao processo do nascimento
(LIMA et al., 2012).
Considerando que o parto e o perodo ps-parto imediato so momentos de
especial vulnerabilidade, tanto para a me quanto para o recm-nascido, a assistncia prestada
sade da mulher durante esse perodo vem sendo objeto da ateno dos profissionais da
sade com vistas a amenizar a realizao de procedimentos desnecessrios, reduzindo os
danos ocasionados ao binmio me-filho e propiciando uma maior naturalidade e
humanizao ao momento do parto (BRASIL, 2011).
Assim, para que um parto seja humanizado, necessrio que a parturiente seja
respeitada em sua totalidade, alm disso, fundamental que seja garantido o seu direito de
tomada de deciso para que, dessa forma, ela participe ativamente em todo o processo de
parturio. Caso as decises e os direitos da mulher no sejam assistidos, o cuidado prestado
no poder ser classificado como humanizado (WOLFF E WALDOW, 2008).
Em 1996, a Organizao Mundial da Sade (OMS) desenvolveu uma classificao
das prticas comuns na conduo do parto normal humanizado, orientando para o que deve e
-
26
o que no deve ser feito no processo do parto. Esta classificao foi baseada em evidncias
cientficas concludas por meio de pesquisas feitas no mundo todo. Entretanto, caso haja
alguma intercorrncia ou complicao com o binmio me-filho, o parto normal pode ser
contraindicado, sendo recomendada, nessa situao, a operao cesariana para o desfecho da
gestao. Porm, preconiza-se uma taxa, desse tipo de parto de no mximo 15%, em qualquer
pas do mundo (CUNNINGHAM et al., 2012; WHO, 2009).
Porm, as taxas de cesarianas tem alcanado um crescimento substancial no
mundo todo a partir dos anos 70. Ao analisar dezenove pases industrializados da Europa,
Amrica do Norte e Oceania observou-se que em quase todos houve um crescimento
consistente das cesarianas. Este aumento de partos cesreas ainda maior em pases em
desenvolvimento, o que aponta para a necessidade de avaliar essa curva crescente deste
indicador da ateno obsttrica (CHAVES, 2014).
J no Brasil, ocorrem cerca de trs milhes de nascimentos ao ano, sendo que
46,6% destes ocorrem por via cesariana. Em 2009 foi registrado pela primeira vez que, a
proporo de cesarianas superou a proporo de partos normais no pas, alcanando o valor de
52% em 2010, um valor muito superior ao limite mximo de 15% preconizado pela
Organizao Mundial de Sade (FIOCRUZ, 2014)
Essas elevadas taxas de cesreas atuais, na sua grande maioria sem uma indicao
precisa, ocasionam severos danos ao binmio me-filho. Em um estudo realizado, 39,7% das
mulheres analisadas foram submetidas ao parto cesariano, desse grupo, 13,5% dos RN
tiveram nascimentos prematuros e 12,2% apresentaram baixo peso (SANTOS et al;, 2014).
Essa modalidade de parturio tambm mostra-se associada aos elevados ndices
de complicaes maternas, quando comparada ao parto normal, o que caracteriza um maior
risco relativo de mortalidade materna, principalmente devido ocorrncia de complicaes
hemorrgicas, infecciosas, embolia pulmonar e complicaes anestsicas, tendo em vista uma
maior exposio e consequente vulnerabilidade materna (ANDREUCCI; CECATTI, 2011).
Estudo realizado em uma maternidade pblica de Fortaleza em que foram
analisadas taxas de mortalidade materna durante o perodo de 2000 a 2008 encontrou que, do
total de bitos ocorridos, 46,8% dessas mulheres realizaram previamente a cirurgia cesariana
(HERCULANO, 2012).
Sob a perspectiva do modelo humanizado, uma das possibilidades para minimizar
a mortalidade materna seria reduzir as taxas de cesarianas com a insero de enfermeiros
obsttricos na assistncia para incentivar o parto vaginal e implantar prticas humanizadas
baseadas em evidncias cientficas (PRATA et al., 2012).
Outra estratgia com o intuito de reduzir os elevados ndices de cesreas seria
-
27
aprimorar a qualidade da assistncia ao parto e desfazer ideias errneas que acentuam o medo
das mulheres em realizar o parto normal.
Para tanto, os rgos governamentais tem proposto diversas estratgias e
programas que, ao longo dos anos, tem promovido alteraes significativas na realidade
obsttrica do pas.
Em 2000, conduzido pelo Ministrio da Sade, foi criado o Programa de
Humanizao no Pr-Natal e Nascimento (PHPN) e o Programa de Humanizao de
Hospitais, cujo objetivo primordial foi assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da
qualidade do acompanhamento pr-natal, da assistncia ao parto e puerprio e ao recm-
nascido na perspectiva dos direitos de cidadania (ANDREUCCI; CECATTI, 2011).
O PHPN preconiza a humanizao da assistncia obsttrica e neonatal como o
fator mais relevante no acompanhamento dos perodos de parto e puerprio. Na mesma tica,
foi emitida em 2003 a Poltica Nacional de Humanizao (PNH) e em 2004 a Poltica
Nacional de Humanizao da Ateno e Gesto no Sistema nico de Sade (SUS), o
Humaniza SUS. A partir disso, a humanizao na assistncia deixou de ser vista apenas como
um programa e foi reconhecida como uma poltica, em que recomendada a valorizao dos
usurios e dos profissionais em amplos aspectos, como socioculturais e emocionais,
contribuindo, assim, para uma melhoria na qualidade de atendimento e condies de trabalho
(BRASIL, 2005a).
A humanizao possui dois quesitos vitais: o primeiro refere-se ao dever das
instituies e dos profissionais de sade em minimizar o isolamento da parturiente e trat-las
com dignidade, alm de desenvolver um ambiente acolhedor para o binmio e famlia. O
segundo compreende a adoo de prticas baseadas em evidncias favorveis ao parto e
nascimento, abstendo-se de prticas intervencionistas (CARVALHO et al;, 2012).
Ainda no ano de 2004, foi institudo o Pacto Nacional pela Reduo da
Mortalidade Materna e Neonatal que objetivou articular os atores sociais, historicamente
mobilizados em torno da melhoria da qualidade de vida do binmio me-filho no combate aos
elevados ndices de mortalidade materna e neonatal no Brasil (BRASIL, 2004).
Os princpios do Pacto so: o respeito aos direitos humanos de mulheres e
crianas; a considerao das questes de gnero, dos aspectos tnicos e raciais e das
desigualdades sociais e regionais; a deciso poltica de investimentos na melhoria da ateno
obsttrica e neonatal; e a ampla mobilizao e participao de gestores e organizaes sociais
(BRASIL, 2004).
Em 2005 tambm, o Ministrio da Sade estabeleceu a Poltica Nacional de
Ateno Obsttrica e Neonatal, com a inteno de impulsionar e estender os objetivos
-
28
propostos no ano de 2004 pelo Pacto Nacional para Reduo da Mortalidade Materna e
Neonatal (BRASIL, 2005a).
Essa Poltica Nacional de Ateno Obsttrica e Neonatal defende que o princpio
de humanizao na sade da mulher deve ser compreendido por uma adeso de valores de
autonomia dos sujeitos envolvidos no processo, bem como de auxlio entre os vnculos
estabelecidos, participao coletiva no processo de gesto e direitos dos usurios. Em suma,
assegurado que o direito de acolhida da mulher e o seu recm-nascido constitui um dever dos
servios e profissionais de sade envolvidos (BRASIL, 2005a).
Recentemente, no ano de 2011, foi criada uma nova estratgia intitulada Rede
Cegonha na tentativa de humanizar as prticas nos perodos de pr-natal, parto, puerprio e
assistncia criana at 24 meses de vida, devido aos ainda existentes, elevados ndices de
mortalidade materna e neonatal, alm do intenso uso de tecnologias e intervenes
desnecessrias e muitas at sem evidncias cientficas. Portanto, tal estratgia foi criada com
objetivo principal de melhorar a qualidade da assistncia e de ampliar seu acesso (BRASIL,
2011).
Essa melhoria de acesso e qualidade de assistncia ao binmio me-filho prevista
pela Rede Cegonha realizada por meio de uma assistncia prestada de forma integral atravs
da vinculao da gestante unidade de sade, do transporte seguro e da implementao de
boas prticas na ateno ao parto e nascimento, incluindo o direito ao acompanhante no parto
por livre escolha da mulher, bem como o respeito aos requisitos necessrios para uma
assistncia individualizada com foco principal na humanizao a fim de reduzir danos
decorrentes de uma parturio inadequada (BRASIL, 2011).
No entanto, para que haja essa humanizao do parto, necessrio apoio e
envolvimento por parte de gestores e profissionais das instituies, assim como a capacitao
desse pblico. Porm, para uma implantao efetiva de humanizao do parto, faz-se
necessrio prioritariamente um maior envolvimento por parte da parturiente com o
profissional de sade, na tentativa de restituir o papel materno de forma ativa no processo de
parturio.
vlido salientar tambm que a partir da implementao da estratgia da Rede
Cegonha, foram criados vrios centros de partos naturais em todo o Brasil. A Rede instituda
no mbito do SUS e se constitui em uma rede que visa assegurar cuidados ao binmio me-
filho, promovendo uma assistncia de qualidade, parto e nascimento seguro (BRASIL, 2011).
Dentre os principais planos de cuidados estabelecidos pelo Ministrio da Sade
em 2011 com a finalidade de promover melhorias para a realidade da sade materna, pode-se
destacar, tambm, a proposta de promover uma ateno obsttrica e neonatal humanizada
-
29
baseada em evidncias cientficas com a qualificao dos profissionais de sade atuantes na
rea (BRASIL, 2011).
Essa qualificao da ateno compreende a criao e a ampliao de estruturas de
assistncia e acompanhamento das mulheres na ateno primria, nos servios de alto risco e
de urgncias obsttricas e na rede hospitalar convencional, que inclui a criao das Casa da
Gestante e do Beb e dos Centros de Parto Normal (NARCHI, 2013).
A OMS considera que o parto normal realizado pelo enfermeiro obstetra possui
uma tcnica consistentemente pautada na humanizao e nas evidncias cientficas,
respeitando os eventos fisiolgicos do nascimento e apresentando um carter menos
intervencionista (WHO, 2009).
Alm disso, o conhecimento tcnico-cientfico que esse profissional possui
possibilita a deteco e a correo precoce de qualquer intercorrncia e/ou distorcia no
trabalho de parto, garantindo sua realizao de maneira adequada pela equipe de sade e
reduzindo fortemente as chances de danos materno-fetal decorrentes do trabalho de parto
(SANTOS; RAMOS, 2012; BARBOSA et al, 2008).
Nesse mesmo contexto, considerando a persistente problemtica da questo
obsttrica, o Ministrio da Sade vem promovendo e estimulando a qualificao da
Enfermagem Obsttrica como parte da estratgia da Rede Cegonha, visando alcanar
resultados positivos entre a associao de uma criteriosa avaliao de suas condies clnicas
e obsttricas com as decises maternas sobre o processo do parto e do nascimento (BRASIL,
2011).
Reunir esforos, meditar sobre a prtica, buscar atualizao constante de novos
mtodos, firmar parcerias, fortalecer lutas de classes, contribuir com agentes de sade e com a
populao e promover mudanas no modelo de ateno so atitudes fundamentais para
valorizao e insero da Enfermagem na promoo do parto seguro, uma vez que, essa
profisso atua de forma a incentivar o parto normal, a dar suporte e a garantir parturiente
seus direitos sexuais e reprodutivos.
Em suma, considera-se imprescindvel dirigir uma assistncia obsttrica mais
simples e acessvel comunidade, proporcionando um ambiente adequado e oferecendo
profissionais com as competncias necessrias, o que implica na necessidade de criar maior
nmero de Centros de Parto Normal extra ou intra-hospitalares coordenados por Enfermeiras
Obstetras ou Obstetrizes e Enfermeiras Obstetras, profissionais que podem contribuir na
elaborao de uma rede mais efetiva de cuidados a partir da perspectiva da promoo da
sade (NARCHI, 2013).
-
30
4.2 Ambiente Virtual de Aprendizagem como facilitador do Ensino na Enfermagem
Os recursos tecnolgicos so ferramentas importantes para o gerenciamento da
assistncia e do processo ensino-aprendizagem de enfermagem, contribuindo para a
qualidade, eficcia e efetividade de suas aes (FONSECA et al., 2011).
Os tipos de tecnologia em Enfermagem podem ser dividos em: tecnologia dura,
em que utiliza-se instrumentos, normas e equipamentos tecnolgicos; tecnologia leve-dura,
quando utiliza-se de saberes estruturados (teorias, modelos de cuidado, processo de
enfermagem); e tecnologias leves, quando a implementao do cuidado necessita um
estabelecimento de relaes (vnculo, gesto de servios e acolhimento) (MERHY, 2002).
O uso de tecnologias inovadoras de informao e comunicao na educao
proporcionou grandes mudanas ao estilo educacional tradicional, promovendo novas formas
de ensinar e aprender, incentivando novos comportamentos no corpo de docentes e discentes,
alm de novas formas de relacionamento, maneiras de pensar e de produzir conhecimento
(RODRIGUES; PERES, 2013).
Dentre os produtos tecnolgicos mais utilizados pelo Homem contemporneo,
destaca-se o computador, pois, atravs dele, podemos ter acesso s inmeras utilidades, alm
de ser possvel aumentar a velocidade com que as nossas informaes so processadas,
alcanando mecanismos de grande agilidade de comunicao jamais vistos anteriormente pela
humanidade (PRADO et al., 2012).
A adeso de novas tecnologias na rea da educao permite a flexibilizao do
ensino, tornando-o mais atualizado e dinamizado e facilitando atender a todos os quesitos e
necessidades do contexto no qual o usurio encontra-se inserido.
Assim, para que sejam desenvolvidos produtos educacionais de forma adequada
voltados ao meio virtual, faz-se necessrio a criao de programas educacionais eficientes,
fazendo uso de novas tecnologias na qual sejam empregadas de forma a cumprir os objetivos
estabelecidos (RODRIGUES; PERES, 2013).
Nesse mbito, com a utilizao da informatizao nas vrias formas de
comunicao proporcionado pelas Tecnologias de Informao e Comunicao, foi
desenvolvido uma nova opo pedaggica, o ambiente virtual.
O ambiente virtual possui a capacidade de otimizar a relao entre o docente de
enfermagem e seu aluno, proporcionando um ambiente favorvel para prticas educacionais e
permitindo um diferente e inovador modo de interatividade no cotidiano do ensino de
enfermagem (PRADO et al., 2012).
-
31
necessrio que o ensino caminhe lado a lado com a informatizao a fim de
permitir um estudo extraclasse e preparar estudantes adequadamente para o campo de prtica
de forma a adquirir maior nmero de conhecimentos e habilidades para lidar com situaes
reais de maneira competente (COGO et al., 2009).
Apesar disso, destaca-se que a formao de profissionais no Brasil sofre alguns
percalos devido enormes carncias no mbito da educao, o que agravada ainda mais pela
extensa rea geogrfica do pas. Entretanto, imprescindvel suprir as necessidades
educacionais de uma sociedade que demanda cada vez mais por conhecimento
(GONALVES et al., 2010).
Isso se faz necessrio, principalmente, porque o mercado de trabalho impe
constantes exigncias em relao ao conhecimento dos profissionais atuantes. Na
Enfermagem no diferente, pois, mesmo sendo uma profisso recente, ela tem se
desenvolvido rapidamente em quantidade e qualidade do conhecimento produzido quando
comparada a outras cincias (FREITAS et al., 2012).
Assim, solicitado pelo contexto atual que os profissionais da Enfermagem
procurem educao e qualificao constantemente para que possam adquirir conhecimento e
competncias no tempo e com os mtodos adequados (DAL SASSO; SOUZA, 2006), pois
acredita-se que, dessa maneira, haver possibilidade de serem includos no mercado de
trabalho atual, o qual exige uma forte dinmica de construo de conhecimento.
Contudo, os modelos tradicionais de ensino e de acesso informao vem se
tornando obsoletos quando considerada a crescente demanda da sociedade. A educao em
sade tambm encara nos dias atuais desafios cada vez maiores movidos especialmente pelo
acelerado progresso cientfico e tecnolgico. Portanto, necessria a implementao de
metodologias complementares que atendam essa demanda.
Nesse contexto, a Modalidade de Educao a Distncia (EaD) certamente
apresenta-se como uma importante contribuio e possvel soluo para tal necessidade
(MOTA, 2011).
Na dcada de 90, a EaD j existia com os cursos por correspondncia, mas com as
novas tecnologias da informao e comunicao (TIC), esse tipo de ensino se modernizou
(BALBINOT et al., 2010).
Em 19 de dezembro de 2005 com a publicao do Decreto n 5.622, ampliou-se a
compreenso da modalidade de ensino distncia, que hoje entendida como modalidade
educacional na qual a mediao didtico-padoggica nos processos de ensino-aprendizagem
ocorre com a utilizao de meios e tecnologias de informao e comunicao com estudantes
-
32
e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (BRASIL,
2005b).
Sabe-se que a EaD tem alcanado um largo crescimento nos ltimos anos e vem
se apresentando como uma das importantes ferramentas de qualificao profissional,
sobretudo para aqueles que habitam regies longnquas e distantes e/ou cidados que
necessitam otimizar seu tempo (MOTA, 2011).
O material didtico a ser utilizado para a EaD, diferentemente do ensino
presencial, necessita ser autossuficiente, logo, deve ser construdo considerando as
caractersticas do processo ensino-aprendizado distncia (SARTORI; ROESLER, 2005).
Esses materiais didticos podem ser disponibilizados de diversas formas e
formatos de acordo com os recursos disponveis, com a necessidade dos contedos e com os
objetivos de aprendizagem.
A diversificao de mdias educacionais para a EaD, nesse sentido, de
fundamental importncia (CORRA, 2013), e, dentre as principais formas de promover a
EaD, pode-se destacar as hipermdias, que apresentam-se como Softwares ou Ambientes
Virtuais de Aprendizagem (AVA).
Os Softwares, por consistirem em programas de computadores, possuem a
limitao de uso somente para aqueles que os adquirirem. Entretanto, isso torna-se vantajoso
devido poder utiliz-los sem a necessidade de acesso internet. Por outro lado, os AVAs
estruturam-se em formato de websites nos quais qualquer indivduo com acesso internet
poder usufruir dos seus recursos, o que os tornam menos limitados que os softwares
(FREITAS et al., 2012).
Os AVAs consistem num espao dinmico, interativo e atual, mais prximo da
realidade do usurio e extremamente rico, pois permite a utilizao de diferentes recursos de
mdia que tornam o processo de ensino-aprendizagem mais criativo, interessante e poderoso
(RODRIGUES; PERES, 2013).
Segundo Alavarce e Pierin (2011), os AVAs mostram-se como uma importante
ferramenta de apoio ao ensino. Os autores consideram que o ambiente digital promove a
integrao de diferentes teorias de aprendizagem, colocando-as juntas para permitir ao usurio
usufruir dos benefcios contidos em cada uma delas e enriquecer o processo de aprendizagem.
Segundo Mercado (2007), o sucesso na EaD depende, dentre outros aspectos, de
programas bem estabelecidos, material didtico adequado ao usurio, professores qualificados
e comprometidos, alm dos recursos apropriados para facilitar a interatividade, respeitando o
contexto dos alunos a serem atendidos.
-
33
Corra (2013) considera que a metodologia de ensino, bem como todos os
elementos que compem o material didtico do ensino a distncia, devem estar aptos a ensinar
com a mesma eficincia que as atividades discentes presenciais de forma que o aluno, ao ter
acesso ao material, possa ter seus estudos efetivados de forma autnoma.
Na EaD, o material didtico assume o papel de fio condutor, j que organiza o
desenvolvimento e a dinmica de todo o processo de ensino e aprendizagem (CORRA,
2013).
Atualmente, ascendente a quantidade de companhias e instituies que
desenvolvem capacitaes de recursos humanos atravs do recurso da EaD. Alm disso,
programas no formais de ensino tem utilizado em larga escala essa modalidade de ensino
para capacitar adultos nas reas da sade (NUNES, 2009).
Informaes da Associao Brasileira de Educao a Distncia (ABEaD) mostram
a oferta de centenas de cursos a distncia em todo o Brasil, desde o Ensino Fundamental a
Ps-graduaes e formaes sequenciais (ABEaD, 2009).
Inmeros so os programas e universidades brasileiras que vem utilizando a EaD
como proposta de ensino (MARTINS; DAL SASSO, 2012).
Considerando a globalizao e sua implementao definitiva na sociedade atual,
os profissionais de sade vivenciam um constante desafio diante da inovao tecnolgica e
cientfica. Logo, devem procurar permanentemente atualizar suas habilidades tcnicas, sociais
e culturais, sempre baseados no respeito aos padres ticos que regem a sua conduta
profissional (MOTA, 2011).
Na Enfermagem brasileira, a dinmica do EaD tem sido entendida como
relevante, pois permite que os estudantes se capacitem, interajam, conheam novas
tecnologias e se insiram em uma nova realidade virtual (CAMACHO, 2009).
No ensino de graduao em enfermagem no Brasil, a EaD tem contribudo
relevantemente para docentes e discentes na avaliao de suas atividades desenvolvidas
cotidianamente, pois entende-se que seu perfil interativo possui a habilidade de redimensionar
o espao entre os diferentes membros envolvidos no processo.
Dessa forma, docentes e discentes passam a possuir uma participao mais ativa
no processo ensino-aprendizagem na medida em que interagem virtualmente nas atividades
propostas, bem como no decorrer da disciplina (SOUZA et al., 2013).
No Cear, a Universidade Federal vem utilizando o recurso da EaD para fins de
promoo de cursos de curta durao, bem como para formaes acadmicas completas. No
curso de Enfermagem da referida Universidade, a disciplina de Sade Sexual e Reprodutiva
-
34
tem utilizado as seguintes hipermdias como componentes curriculares obrigatrios em sua
grade: Exame Fsico no Pr-natal, Planejamento Familiar, Consulta Ginecolgica e DST.
Nesse contexto, notrio que a EAD uma metodologia de ensino em expanso
na Enfermagem, no Brasil e no mundo. Essa metodologia de ensino apresenta-se como uma
real possibilidade de repensar as prticas educativas. Assim sendo, entende-se a EAD como
um caminho para socializao de saberes, para democratizao dos bens culturais e tcnicos
produzidos pela sociedade e para formao continuada do profissional.
Freitas (2012) reconhece a necessidade de se realizar mais estudos que
possibilitem melhorias no processo de construo e validao de hipermdias. Tambm,
advoga que haja entre aqueles envolvidos no processo de ensino da Enfermagem um interesse
em promover a EaD e a construo de materiais de apoio didticos similares que visem
complementar, e no substituir, o mtodo tradicional de ensino.
Considerando a EaD e todas as vantagens da utilizao desse mtodo, reconhece-
se esta modalidade de ensino como um potencial colaborador na formao de profissionais de
Enfermagem qualificados, dentre eles enfermeiros obstetras com foco na humanizao do
processo de parto e nascimento.
-
35
5 METODOLOGIA
5.1 Tipo de estudo
Trata-se de uma pesquisa metodolgica, aplicada, de produo tecnolgica. Os
estudos metodolgicos referem-se ao desenvolvimento, validao e avaliao de ferramentas
e mtodos de pesquisa que possam ser empregados por outros pesquisadores (POLIT; BECK,
2011). Esse tipo de estudo foi adotado por tratar-se do processo de desenvolvimento/criao
de um novo produto, atividade ou servio, sendo o presente estudo, a construo e validao
de uma hipermdia educativa sobre parto (RODRIGUES, 2008).
Atualmente, a pesquisa metodolgica, aplicada, de produo tecnolgica est
relacionada ao desenvolvimento de novos produtos ou processos orientados s necessidades
de mercado ou soluo de problemas de interesse imediato para a sociedade
(APPOLINRIO, 2006).
A validao por parte dos juzes tem como objetivo a avaliao do material
construdo. A validade de aparncia ou de face trata-se de uma forma subjetiva de validar um
instrumento, consistindo no julgamento quanto clareza e compreenso (LOBIONDO-
WOOD; HABER, 2001).
A validade de contedo, a qual verifica se os conceitos esto representados de
modo adequado e so representativos dentro do universo de todo o produto (POLIT; BECK,
2011).
Os enfermeiros pesquisadores tem demostrado crescente interesse por pesquisas
metodolgicas, visto que atualmente h uma grande demanda por avaliaes de resultados
slidos e confiveis, testes rigorosos de intervenes e procedimentos sofisticados de
obteno de dados (POLIT; BECK, 2011).
Ressalta-se, portanto, que o produto construdo e validado neste estudo trata-se de
uma hipermdia educativa, em forma de website, sobre parto para o ensino da graduao em
Enfermagem.
5.2 Local e perodo do Estudo
A hipermdia em forma de website foi desenvolvida pela empresa: JBOnline
Comrcio e Servios de Informtica e disponibilizada no endereo eletrnico:
www.assistenciaaoparto.com.br . Esse Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)
disponibiliza acesso a seus usurios por meio de um login e uma senha individual.
http://www.assistenciaaoparto.com.br/
-
36
A construo e a validao tcnica da hipermdia ocorreram no perodo de julho
de 2014 a janeiro de 2015.
5.3 Fases do Estudo
Para o desenvolvimento de uma hipermdia necessrio seguir etapas
preestabelecidas, pois assim o pesquisador poder organizar e estruturar melhor as
informaes e os contedos, facilitando a leitura do material construdo.
O desenvolvimento de uma hipermdia deve seguir um critrio metodolgico para
que o estudo possa abranger grande quantidade de informaes e que estas estejam de
maneira organizada. Na construo de sistemas, a falta de uma metodologia pode levar ao
caos (FALKEMBACH, 2005).
No entanto, no h disponvel na literatura um modelo de construo de
hipermdia comum que seja utilizado por todos os pesquisadores e sim a adoo de caminhos,
relativamente semelhantes, trilhados por diferentes pesquisadores (FREITAS, 2010).
Por essa dificuldade em encontrar um caminho metodolgico j padronizado para
o desenvolvimento das pesquisas, muitos estudos recorrem a teses, dissertaes e artigos
cientficos para elaborar as etapas da construo de suas tecnologias, sendo essas diferentes
umas das outras, embora seus caminhos tenham certa semelhana (FREITAS, 2010; MELO E
DAMASCENO, 2006).
Diante de tantos percursos metodolgico disponveis na literatura, destaca-se o
modelo-sntese de caminho metodolgico para a construo de hipermdia, reunindo as etapas
da metodologia utilizadas por diversos autores. Esse modelo-sntese foi dividido em duas
fases: a de construo e a de validao, sendo essas, subdivididas em etapas, de acordo com a
Figura 1 a seguir (FREITAS, 2010):
-
37
Fluxograma 01: Modelo-sntese de caminho metodolgico para construo de hipermdias.
Fonte: Freitas (2010).
Dessa forma, o presente estudo optou por seguir o modelo-sntese de caminho
metodolgico citado, de acordo com as etapas descritas anteriormente e detalhadas a seguir.
5.3.1 Fase 1 - Construo da Hipermdia
A hipermdia foi construda durante os meses de julho de 2014 a janeiro de 2015, de
forma que neste perodo foi pesquisado todo o assunto a ser abordado na hipermdia, bem
como foram produzidas todas as mdias que esto contidas neste material.
Diante das etapas contidas no diagrama anterior, segue-se a descrio de cada uma
delas para o processo de construo da hipermdia sobre Assistncia de Enfermagem aos
Perodos Clnicos do Parto.
Etapa 1 - Levantamento do contedo e planejamento dos mdulos
Nesta etapa da construo da hipermdia foi realizada todo o levantamento do
contedo sobre a temtica Assistncia de Enfermagem aos Perodos Clnicos do Parto. Para
tanto, foram selecionadas produes cientficas que tratassem dessa temtica, tendo sido
includos cinco livros didticos da rea de obstetrcia, sete manuais tcnicos do Ministrio da
Sade do Brasil e da Organizao Mundial de Sade e sete trabalhos e artigos publicados em
peridicos nacionais e internacionais.
-
38
Em seguida foi criado um roteiro das aulas com os assuntos levantados e que
foram selecionados para ser discutidos e enfatizados na hipermdia.
Dando continuidade produo da hipermdia, o roteiro foi organizado em
mdulos, de forma a facilitar a aprendizagem do contedo pelos usurios. Esta organizao
permite que o usurio encontre mais facilmente o assunto de seu interesse, como tambm
permite que o contedo no se torne extenso e cansativo, tornando a hipermdia mais atrativa
para os usurios. Os assuntos abordados foram divididos, entre mdulos e tpicos, conforme
disposto no fluxograma a seguir:
Fluxograma 02 - Distribuio dos Mdulos segundo os contedos abordados na hipermdia
Assistncia de Enfermagem aos Perodos Clnicos do parto.
Fonte: Elaborado pela autora.
Alm dos quatro mdulos com seus respectivos tpicos, est disponvel para o
usurio uma lista de verificao em forma de check-list contendo o resumo do que foi
abordado em todos os mdulos, uma pgina contendo uma lista de materiais de apoio e uma
pgina contendo vdeos documentrios e simulaes, que resumem o contedo estudado.
Tambm foi includa a avaliao do aprendizado ao final de cada mdulo.
-
39
Etapa 2 - Produo das mdias e organizao das unidades tutoriais
A etapa 2 desta pesquisa consiste na produo e organizao das mdias nas
unidades tutoriais. Destaca-se que neste estudo foram utilizadas mdias dinmicas e mdias
estticas para que seja obtido um melhor aprendizado por parte dos alunos. E durante a
organizao dos mdulos da hipermdia, foram selecionados os tipos de mdias que so mais
adequadas para ilustrar cada tipo especfico de contedo.
Vale ressaltar, que o presente estudo produziu algumas mdias como, vdeos,
textos, imagens, fluxogramas dentre outras, alm de tambm utilizar mdias de fontes de
informao de domnio pblico, principalmente de livros didticos de obstetrcia e de site da
internet, sendo que estes ltimos foi verificada a procedncia dos materiais selecionados,
visando sempre o aumento da facilidade de aprendizado do participante e da interatividade da
tecnologia.
A produo das mdias em formato de fotos e vdeos foi realizada no Laboratrio
de Habilidades (LABHAB) do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do
Cear (UFC). Participaram da produo destas mdias, a pesquisadora, quatro discentes do
curso de Mestrado em Enfermagem do Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da
Universidade Federal do Cear, e a orientadora do trabalho.
Etapa 3 - Organizao de espao do aluno, do tutor e de comunicao entre eles
Durante a etapa 3 deste trabalho, foi pensado e organizado um espao do aluno,
do professor e de comunicao entre eles. Desta forma disponibilizou-se um espao na
prpria hipermdia para o aluno realizar anotaes, ressalvas, registrar suas dvidas, dentre
outras informaes, e espao para o tutor, de forma que este possa registrar pontos que devam
ser ressaltados, entrar em contato com o aluno, ou outras anotaes que julgar necessrias.
Este espao denominado nesta hipermdia de Mensagens, e s tem acesso a ele o aluno e o
professor ou tutor.
Desta forma, organizaram-se tambm espaos de comunicao entre tutores e
todos os alunos. Esses espaos foram de dois tipos: sncronos (espaos onde os participantes
ento se comunicando simultaneamente, popularmente conhecido como chat) e assncronos
(espaos onde os participantes podem deixar seus registros, na estrutura de recados e
comentrios, de forma que os outros participantes possam acessar a qualquer momento estes
registros, mais conhecidos como fruns de discusso).
-
40
Etapa 4 - Elaborao da hipermdia
A etapa 4 deste trabalho foi a elaborao da hipermdia de fato, em que tudo que
foi pensado, produzido e elaborado anteriormente (mdulos com o contedo abordado, mdias
e espao de comunicao entre os tutores e alunos) foi unido e colocado no website.
O website foi desenvolvido no Sistema de Gesto de Contedos (Content
Management System - CMS Drupal), tambm foi usado dentro do sistema Drupal: XHTML,
PHP, FLASH e outros.
Uma espcie de biblioteca tambm foi construda com documentos legais
pertinentes ao tema, bem como outros tipos de materiais didticos e disponibilizados os
hiperlinks pertinentes ao contedo trabalhado nesta estratgia didtica. Esta biblioteca tem por
finalidade disponibilizar materiais de forma mais completa e rpida e no apenas cit-los
como ocorrido no corpo do texto da hipermdia, acreditando assim fornecer uma importante
fonte de informaes e aprendizado para os alunos.
A realizao desta etapa da construo da hipermdia, contou-se com o apoio da
empresa JBOnline Comrcio e Servios de Informtica que realizou a parte tcnica da
construo da tecnologia, com a realizao do registro do domnio do website no registro Br,
com toda a postagem dos contedos relativos hipermdia, bem como com a disponibilizao
de hiperlinks e permitiram o acesso ao AVA.
Etapa 5 - Disponibilizao da hipermdia
A etapa 5 deste estudo foi a disponibilizao da hipermdia na internet. A
tecnologia foi disponibilizada no Ambiente Virtual de Aprendizagem em forma de website
Assistncia de Enfermagem aos Perodos Clnicos do Parto desenvolvido pela empresa
JBOnline Comrcio e Servios de Informtica, disponvel no endereo eletrnico:
http://www.assistenciaaoparto.com.br.
O acesso a este ambiente virtual de aprendizagem possibilitado mediante
cadastro de login e senha de cada usurio, seja ele tutor, aluno ou juiz. Esse cadastro
realizado pelo administrador ou tutor, cuja matrcula dever ser solicitada pelo usurio.
http://www.assistenciaaoparto.com.br/
-
41
Figura 01 Demonstrao da pgina inicial da Hipermdia.
Fonte: Elaborado pela autora.
Aps a finalizao da construo da hipermdia, ela est pronta para ser utilizada.
No presente estudo, a hipermdia foi utilizada para fins avaliativos, tendo sido utilizada por
enfermeiros obstetras e profissionais de informtica, cada grupo avaliando aspectos inerentes
a sua formao profissional.
5.3.2 Fase 2 Validao da Hipermdia por especialistas
ETAPA 6 - Avaliao por especialistas de Enfermagem e Informtica e implementao das
sugestes propostas
As cinco primeiras etapas foram de construo da hipermdia e para que ela seja
considerada confivel para utilizao pelos alunos, faz-se necessria a sua validao. Essa
afirmao ressaltada em um estudo que menciona a necessidade de que tecnologias
inovadoras sejam avaliadas para que se possa ter uma real noo do que se est produzindo e
o no cumprimento desta necessidade pode culminar com uma prtica profissional deficitria,
sem que se percebam as falhas e vantagens do que est sendo realizado e utilizado (LOPES,
2001).
Portanto, nesta etapa, a hipermdia foi avaliada em toda a sua extenso por
especialistas de Enfermagem obsttrica e Informtica e foram feitos ajustes aps as
-
42
consideraes dos avaliadores, assim, nessa fase as etapas anteriores do desenvolvimento da
hipermdia foram retomadas para a implementao das sugestes propostas (PINTO, 2008;
RATHKE, 2008; FIGUEIREDO, 2007; ALAVARCE, 2007).
A utilizao de uma hipermdia pode ocorrer com fins didticos, quando o usurio
buscar o ambiente com o objetivo de adquirir conhecimentos a respeito de uma temtica, ou
com fins avaliativos, quando especialistas tcnicos em diversas reas e o publico alvo
realizarem avaliaes e oferecerem sugestes tecnologia (FIGUEIREDO, 2007).
No presente estudo, a hipermdia Assistncia de Enfermagem aos Perodos
Clnicos do Parto teve sua utilizao pautada em fins avaliativos por especialistas de
Enfermagem obsttrica e especialistas de Informtica, sendo realizada a validao de
contedo e de aparncia por esses profissionais respectivamente.
Esse tipo de avaliao de fundamental importncia para a credibilidade de
tecnologias em sade e deve ser realmente realizada por experts na rea de interesse do
construto, pois somente assim ser possvel avaliar adequadamente a representatividade ou
relevncia de contedo submetido apreciao. Assim, espera-se que os especialistas se
interessem em participar de estudos de validao, visto que estes esto se tornando cada vez
mais comuns (FREITAS, 2010; JOVENTINO, 2010).
Dessa forma, tem-se a seguir o detalhamento da etapa de validao da hipermdia
em forma de website Assistncia de Enfermagem aos Perodos Clnicos do Parto.
Fase 2.1 Seleo dos Especialistas
Nessa fase, para selecionar os especialistas utilizou-se uma amostra composta por
especialistas em Enfermagem obsttrica e profissionais de informtica, sendo esta amostra do
tipo no probabilstica e intencional. Este tipo de amostra caracteriza-se pela seleo dos
participantes de pesquisa, a partir do conhecimento do pesquisador que considera os aspectos
tpicos da populao que podero constituir fonte de informao para o estudo (POLIT;
BECK, 2010).
Aqui faz-se necessrio entender o significado do termo especialista. A qualidade
de especialista consiste em possuir competncias, conhecimentos ou habilidades, ter
experincia extensa em campo especfico da prtica, ter alto nvel de desenvolvimento para
reconhecimento de padres e ser reconhecido especialista por outros. Portanto, um
especialista pode ser considerado um perito ou experto em determinado assunto e, por isso,
apto a participar de estudos de validao na qualidade de juiz, desde que seja especialista na
rea em que o pesquisador se prope investigar (FERREIRA, 1999; JASPER, 1994).
-
43
recomendvel delimitar o nmero de especialistas em estudos de validao
(PASQUALI, 1997). Porm, na literatura no h um nmero fixo e esse valor divergente em
vrios estudos. Telles Filho e Cassiani (2008) convidaram para seu processo de validao dez
especialistas: cinco de cada rea. J Lopes (2009) apresentou um total de seis, sendo trs de
cada rea. Freitas (2010) validou sua hipermdia com um total de dez, sendo sete de
Enfermagem e trs de Informtica. Moraes (2011), contou com quatro de cada rea em seu
estudo de validao.
O presente estudo optou por fazer o clculo amostral com base na frmula que
considera a proporo final dos sujeitos no tocante determinada varivel dicotmica e a
diferena mxima aceitvel dessa proporo. Com os critrios estatsticos numa proporo
mnima de 85% de concordncia com a pertinncia de cada item avaliado, admitiu-se uma
diferena de 15% nesta concordncia. Assim, o tamanho amostral foi definido conforme
calculo a seguir:
Z: coeficiente de confiana (95% - 1,96) referente tomada de deciso correta baseada
na hiptese nula (ou seja, o pesquisador est 95% confiante de que o desfecho ocorreu
naquele grupo);
P: a proporo de indivduos que concordam com a pertinncia do componente do
resultado; e
d: diferena a ser detectada: a diferena de proporo considerada aceitvel.