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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM MESTRADO CARLA MONIQUE LOPES MOURÃO EVIDÊNCIAS PARA O CUIDADO PERIOPERATÓRIO À MULHER MASTECTOMIZADA: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA FORTALEZA 2011

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR

    FACULDADE DE FARMCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM

    PROGRAMA DE PS- GRADUAO EM ENFERMAGEM MESTRADO

    CARLA MONIQUE LOPES MOURO

    EVIDNCIAS PARA O CUIDADO PERIOPERATRIO MULHER

    MASTECTOMIZADA: REVISO INTEGRATIVA DA LITERATURA

    FORTALEZA

    2011

  • CARLA MONIQUE LOPES MOURO

    EVIDNCIAS PARA O CUIDADO PERIOPERATRIO MULHER

    MASTECTOMIZADA: REVISO INTEGRATIVA DA LITERATURA

    Dissertao submetida ao Programa de

    Ps-graduao em Enfermagem, da

    Universidade Federal do Cear, para a

    obteno do grau de Mestre em

    Enfermagem.

    rea de Concentrao: Promoo da

    Sade

    Linha de Pesquisa: Enfermagem no

    Processo de Cuidar na Promoo da

    Sade

    Orientador (a): Prof. Dra. Ana Ftima

    Carvalho Fernandes.

    FORTALEZA

    2011

  • Autorizo a reproduo e divulgao total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

    convencional ou eletrnico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

    M89e Mouro, Carla Monique Lopes

    Evidncias para o cuidado perioperatrio da mulher

    mastectomizada: reviso integrativa da literatura/ Carla Monique

    Lopes Mouro . Fortaleza, 2011.

    70 f.

    Orientador(a): Prof.(a) Dr. (a) Ana Ftima Carvalho Fernandes

    Dissertao (Mestrado) - Universidade Federal do Cear

    Programa de Ps-graduao em Enfermagem. Fortaleza, Cear.

    1. Enfermagem Perioperatria 2. Mastectomia 3. Enfermagem Baseada em Evidncias I. Fernandes, Ana Ftima Carvalho (orient.)

    II. Ttulo.

    CDD:610.73

  • CARLA MONIQUE LOPES MOURO

    EVIDNCIAS PARA O CUIDADO PERIOPERATRIO MULHER

    MASTECTOMIZADA: REVISO INTEGRATIVA DA LITERATURA

    Dissertao submetida ao Programa de Ps-graduao em Enfermagem, da

    Universidade Federal do Cear, para a obteno do ttulo de Mestre em Enfermagem.

    Aprovada em:______/ _______/______

    BANCA EXAMINADORA

    _______________________________________________

    Prof. Dra. Ana Ftima Carvalho Fernandes (orientador)

    Universidade Federal do Cear-UFC

    __________________________________________________

    Prof. Dra. Ana Karina Bezerra Pinheiro

    Universidade Federal do Cear-UFC

    ____________________________________________________

    Prof. Dra. Lcia de Ftima da Silva

    Universidade Estadual do Cear- UECE

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, pelo dom da vida, da pacincia e do esclarecimento e melhora do

    meu estado de sade. Por nunca me deixar desanimar, at nos momentos em que mais

    me senti cansada e desanimada, por nunca me deixar desistir.

    Aos meus pais, Antnio Mouro Carlos e Maria Juscileide Lopes Mouro,

    pela dedicao, por me transmitirem seus valores e incentivarem sempre com muito

    amor a nunca desistir dos meus sonhos.

    Aos meus irmos Carlos Eduardo Lopes Mouro e Francisco Mouro Lima

    Neto, por estarem ao meu lado todos os dias, me incentivando e entendendo a minha

    ausncia para a realizao desta obra.

    Ao meu namorado Daniel Mouro Landim, por sua alegria e felicidade a

    cada momento, pela ajuda sem tamanho em todos os momentos difceis, por acreditar

    que eu seria capaz.

    Aos meus amigos e companheiros de trabalho da Unidade de Terapia

    Intensiva Ps-Operatria Infantil do Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, pelo

    incentivo e pelas palavras de conforto, por me encorajarem e ajudarem sempre que

    precisei durante a realizao desta obra.

  • AGRADECIMENTO ESPECIAL

    Prof. Dra. Ana Ftima Carvalho Fernandes pelas orientaes, pela fora,

    por nunca me deixar desistir, por caminhar ao meu lado, por ser mais que uma

    orientadora e incentivadora, por estar comigo durante esses seis anos de trajetria.

    Agradeo por me fazer crescer como enfermeira e como ser humano, por meio do seu

    conhecimento. professora amiga e companheira, minha eterna gratido.

    Prof. Dra. Mria Conceio Lavinas Santos, pela coorientao, pela

    disponibilidade e pelas contribuies. Obrigada por sua pacincia, pela afetuosidade e

    por partilhar to perfeitamente seu conhecimento.

    s Prof.as Dr.as. Cristina Maria Galvo e Marta Maria Coelho Damasceno,

    pelas valiosas contribuies durante o exame geral de conhecimentos e execuo deste

    trabalho.

  • RESUMO

    MOURO, C. M. L. Evidncias para o cuidado perioperatrio da mulher

    mastectomizada: reviso integrativa da literatura. 2011. 70f. Dissertao (Mestrado)

    - Programa de Ps-Graduao em Enfermagem, Universidade Federal do Cear,

    Fortaleza, 2011.

    Trata-se de uma reviso integrativa da literatura, que teve como objetivo buscar e

    avaliar as evidncias disponveis na literatura sobre o cuidado no perodo perioperatrio

    prestado paciente submetida mastectomia. Para a seleo dos estudos, foram

    consultadas as bases de dados PUBMED, LILACS e CINAHL. A amostra constituiu-se

    de sete estudos. No foi identificado nenhum estudo nas bases de dados LILACS e

    CINAHL, sete estudos foram provenientes do PUBMED. Houve uma prevalncia de

    seis estudos (86%) com nvel de evidncia 2 e um estudo (14%) com nvel de evidncia

    3. Aps a anlise dos aspectos abordados nestes artigos, reuniu-se em uma categoria

    temtica: o manejo da dor, contendo os sete estudos. O primeiro estudo concluiu que

    uma dose de 600 mg de gabapentina administrada uma hora antes da cirurgia produz

    analgesia ps-operatria significativa aps a mastectomia total. O segundo estudo

    demonstrou que o uso do EMLA em pacientes mastectomizadas reduziu a solicitao de

    analgsicos no ps-operatrio e uma reduo da incidncia e a intensidade da dor

    crnica. No terceiro estudo no foram encontradas diferenas no manejo da dor ps-

    operatria entre 3,75 mg / ml de ropivacana e infiltrao da ferida com soluo salina

    antes da mastectomia. O quarto estudo concluiu que a administrao

    preventiva com cetoprofeno por via endovenosa (100 mg) produz maior alvio da dor

    ps-operatria em pacientes submetidas mastectomia. O quinto estudo evidenciou que

    a administrao de 8 mg de dexametasona diminui efetivamente o uso de

    analgsicos em mulheres submetidas anestesia geral para a mastectomia. O sexto

    estudo no demonstrou associao entre o ndice de xido ntrico e o desenvolvimento

    de dor crnica ps-operatria. O stimo estudo concluiu que a administrao

    perioperatria de venlafaxina reduz significativamente a incidncia de sndrome da dor

    ps-mastectomia. O estudo apresentou como limitaes o fato de que ao longo dos 10

    anos pesquisados, o nico cuidado perioperatrio da cirurgia de mastectomia

    encontrado na literatura foi relacionado ao manejo farmacolgico da dor, ademais os

    estudos analisados no mostraram uma associao entre si, visto que em cada um foi

    avaliado uma droga diferente, dificultando o consenso e a recomendao relacionada ao

    uso de frmacos para o controle/minimizao da dor. A evidncia no apresentou um

    consenso para o cuidado perioperatrio de mastectomia, pois encontrou-se uma

    diversidade de uso de frmacos para o controle da dor e em grande parte dos estudos

    existiu divergncias e diviso de opinies. Contudo, observou-se a preocupao por

    parte dos profissionais em minimizar/prevenir a dor pr, intra e ps-operatria. Desse

    modo, a enfermagem deve estar atenta, tanto atualizao dos tratamentos

    farmacolgicos no manejo da dor quanto ao desenvolvimento de futuras pesquisas

    relacionadas ao cuidado de enfermagem no perodo perioperatrio de mastectomia.

    Palavras-chave: Enfermagem perioperatria. Mastectomia. Prtica baseada em

    evidncias.

  • ABSTRACT

    MOURO, C. M. L. Evidence for the perioperative care of the mastectomized

    woman: an integrative literature review. 2011. 70p. Thesis (Master Degree) -

    Graduate Program in Nursing, Federal University of Cear, Fortaleza, 2011.

    It is an integrative literature review, which aimed to search and evaluate the available

    evidence in the literature on perioperative care provided to patients undergoing

    mastectomy. To select the studies were consulted the databases PUBMED, LILACS and

    CINAHL and the sample consisted of seven studies. No study has been identified in the

    databases LILACS and CINAHL, and all seven studies were from the PUBMED. There

    was a prevalence of 6 studies (86%) with level of evidence 2 and 1 study (14%) with

    level of evidence 3. After analyzing the issues addressed in these articles, gathered

    in atopical category: pain management, containing the seven studies. The first study

    found that a dose of 600 mg of gabapentin administered 1 h before surgery produces

    significant postoperative analgesia after total mastectomy. The second study

    showed that use of EMLA in mastectomy patientsreduced the request of

    analgesics postoperatively and a reductionin the incidence and intensity of chronic pain.

    In the study 03 found no differences in the management of postoperative pain between

    3.75 mg / ml and ropivacaine wound infiltration with saline prior to

    mastectomy. The fourth study found that preventive administration of ketoprofen

    intravenously (100 mg) produces greater relief of postoperative pain in patients

    undergoing mastectomy. The fifth study showed that administration of dexamethasone 8

    mgeffectively decreases the use of analgesics in women undergoinggeneral anesthesia

    for mastectomy. The sixth study showed no association between the index of nitric

    oxide and the development of chronic postoperative pain. The seventh study found

    that perioperative administration of venlafaxine significantly reduces the incidence

    of pain syndromeafter mastectomy. The study had limitations the fact that over the 10

    years studied, the only perioperative care of the mastectomy surgery in the literature

    was related to the pharmacological management of pain and the studies analyzed did not

    show an association between them, since in each was assessed a different drug,

    hindering consensus and recommendation regarding the use of drugs to control /

    minimize the pain. The evidence did not show a consensus for the perioperative care of

    mastectomy, because we found a diversity of use of drugs for pain control and in most

    studies there were differences and division of opinion. However, we noted the concern

    on the part of professionals to minimize / prevent pain before, during and after surgery,

    and nursing must be attentive to both the update of pharmacological treatments in pain

    management, for the development of future research related to the care of perioperative

    nursing.

    Keywords: Perioperative nursing. Mastectomy. Evidence-based practice.

  • LISTA DE FIGURAS

    1. Tipos de cncer mais incidentes, estimados para 2010, exceto pele no melanoma,

    na populao brasileira.............................................................................................13

  • LISTA DE QUADROS

    1. Exigncias para uma reviso integrativa.....................................................................30

    2. Descritores controlados utilizados, de acordo com as bases de dados

    selecionadas.....................................................................................................................33

    3. Cruzamentos realizados com descritores controlados na base de dados

    MEDLINE.......................................................................................................................35

    4. Cruzamentos realizados com descritores controlados na base de dados

    LILACS...........................................................................................................................36

    5. Cruzamentos realizados com descritores controlados na base de dados

    CINAHL..........................................................................................................................37

    6. Distribuio dos estudos includos nesta reviso integrativa, segundo ano e

    ttulo.................................................................................................................................39

    7. Descrio dos estudos includos nesta reviso integrativa, segundo delineamento de

    pesquisa, nvel de evidncia, pas de origem, idioma e tipo de

    revista...............................................................................................................................41

    8. Categorizao dos estudos sobre cuidados perioperatrios da cirurgia de mastectomia,

    segundo categoria, ttulo, autores, peridico e ano de

    publicao........................................................................................................................43

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................................ 12

    1.1 O cncer de mama ..................................................................................................... 12

    2 OBJETIVO ................................................................................................................... 22

    3 REFERENCIAL TERICO ....................................................................................... 23

    3.1 Prtica Baseada em Evidncias ................................................................................ 23

    3.2 Reviso Integrativa .................................................................................................... 25

    4 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS .............................................................. 31

    4.1 Procedimentos adotados para a seleo dos artigos ............................................... 31

    4.1.1 Seleo da pergunta da reviso ................................................................................. 31

    4.1.2 Seleo da amostra ................................................................................................... 31

    4.1.3 Categorizao dos estudos ........................................................................................ 38

    4.1.4 Avaliao dos estudos .............................................................................................. 38

    4.1.5 Discusso e interpretao dos resultados ................................................................. 38

    4.1.6 Apresentao da reviso integrativa ......................................................................... 38

    5 RESULTADOS E DISCUSSES ............................................................................... 39

    5.1 Identificao e caracterizao dos estudos analisados ........................................... 39

    5.2 Categoria temtica dos estudos analisados ............................................................. 42

    5.3 Sntese dos artigos includos ..................................................................................... 44

    5.4 Discusso e interpretao dos resultados ................................................................ 52

    6 CONCLUSO ............................................................................................................... 59

    REFERNCIAS .............................................................................................................. 61

    APNDICES .................................................................................................................... 67

    ANEXOS .......................................................................................................................... 68

  • 12

    1 INTRODUO

    Mesmo as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma

    grande realizao.

    (Martin Luther King)

    1.1 O cncer de mama

    O termo cncer utilizado genericamente para representar um conjunto de

    mais de 100 doenas, incluindo tumores malignos de diferentes localizaes. No Brasil,

    desde 2003, as neoplasias malignas constituem-se na segunda causa de morte da

    populao, representando quase 17% dos bitos de causa conhecida, notificados em

    2007, no Sistema de Informaes sobre Mortalidade (INCA, 2010).

    A incidncia do cncer cresce no Brasil, como em todo o mundo, em um

    ritmo que acompanha o envelhecimento populacional decorrente do aumento da

    expectativa de vida. o resultado direto das grandes transformaes globais das ltimas

    dcadas, que alteraram a situao da sade dos povos, pela urbanizao acelerada, pelos

    novos modos de vida e padres de consumo (INCA, 2010).

    O cncer sempre foi visto como uma doena comum em pases

    desenvolvidos e industrializados, enquanto que as doenas relacionadas com a fome, as

    infecciosas e as parasitrias, em pases em desenvolvimento. Mais da metade dos casos

    novos de cnceres reportados anualmente ocorrem em pases em desenvolvimento.

    Mesmo nos pases desenvolvidos, as classes sociais menos privilegiadas so as que

    apresentam as maiores taxas da doena (BARBOSA, 2004).

    O cncer j conhecido h alguns sculos, mas somente nas ltimas

    dcadas tornou-se um problema de sade pblica mundial, pois a sua prevalncia tem

    aumentado no contexto das doenas crnicas no transmissveis. Diversos fatores tm

    contribudo para o aumento da incidncia do cncer na populao, como: mudanas

    ambientais, urbanizao crescente e adoo de estilos de vida favorveis

    carcinognese, avanos tecnolgicos na rea da sade, aes de promoo e

    recuperao da sade que proporcionaram aumento na longevidade da populao

    (CARVALHO, 2003; INCA, 2010).

    Em 2008, a IARC/OMS estimou que ocorreriam 12,4 milhes de casos

    novos e 7,6 milhes de bitos por cncer no mundo. Destes, os mais incidentes foram o

    cncer de pulmo (1,52 milhes de casos novos), mama (1,29 milhes) e clon e reto

  • 13

    (1,15 milhes). Devido ao mau prognstico, o cncer de pulmo foi a principal causa de

    morte (1,31 milhes), seguido pelo cncer de estmago (780 mil bitos) e pelo cncer

    de fgado (699 mil bitos). Para Amrica do Sul, Central e Caribe, estimou-se em 2008

    cerca de um milho de casos novos de cncer e 589 mil bitos. Em homens, o mais

    comum foi o cncer de prstata, seguido por pulmo, estmago e clon e reto. Nas

    mulheres, o mais frequente foi o cncer de mama, seguido do colo do tero, clon e

    reto, estmago e pulmo (WORLD CANCER REPORT, 2008).

    No Brasil, o nmero de ocorrncias estimadas para o ano de 2010, vlido

    tambm para o ano de 2011, apontou 49.240 casos novos de cncer. Os tipos mais

    incidentes, exceo do cncer de pele do tipo no melanoma, foram os cnceres de

    prstata e de pulmo, no sexo masculino, e os cnceres de mama e do colo do tero, no

    sexo feminino, acompanhando o mesmo perfil da magnitude observada para a Amrica

    Latina (BRASIL, 2010).

    Em 2010, foram estimados 236.240 casos novos para o sexo masculino e

    253.030 para sexo feminino. Contabilizou-se que o cncer de pele do tipo no

    melanoma (114 mil casos novos) seria o mais incidente na populao brasileira, seguido

    pelos tumores de prstata (52 mil), mama feminina (49 mil), clon e reto (28 mil),

    pulmo (28 mil), estmago (21 mil) e colo do tero (18 mil), conforme Figura 1.

    Figura 1- Tipos de cncer mais incidentes, estimados para 2010 e 2011, exceto pele

    no-melanoma, na populao brasileira.

    Fonte: Instituto Nacional de Cncer/Ministrio da Sade (MS), 2010.

    http://www.cespe.unb.br/concursos/_antigos/2006/INCA2006/arquivos/ED__2006_MS_INCA_RES_PROV_TIT_E_RES_PROV_PROV_PRAT.PDF

  • 14

    As mamas, nos homens e nas mulheres, so idnticas at a puberdade,

    quando o estrognio e outros hormnios iniciam o desenvolvimento da mama nas

    mulheres. Em geral, esse desenvolvimento ocorre entre os 10 anos de idade e continua

    at, aproximadamente, os 16 anos de idade, embora a faixa possa variar de 9 a 18 anos.

    A mama contm o tecido glandular e ductal, juntamente com o tecido fibroso que une

    os lobos e mantm o tecido adiposo nos lobos e entre eles. Essas glndulas mamrias

    pareadas localizam-se entre a segunda e a sexta costelas sobre o msculo peitoral maior

    desde o esterno at a linha axilar mdia (SMELTZER; BARE, 2005).

    A mama percebida de diferentes modos nas vrias etapas da vida da

    mulher e, enquanto para os profissionais de sade, ela vista a partir de sua

    funcionalidade fisiolgica ou patolgica. Culturalmente, conhecida como smbolo de

    beleza e erotizao (GRADIM, 2005).

    O cncer de mama, assim como a maioria dos cnceres, integra um grupo de

    doenas conhecidas como multifatoriais, nas quais fatores etiolgicos mltiplos

    genticos e ambientais interagem, de formas variadas e ainda no totalmente

    conhecidas, para produzi-las. Esse processo de carcinognese ocorre em mltiplas e

    sucessivas etapas e pode ser desencadeado por vrias exposies. Na fase de iniciao,

    ocorrem mutaes que possibilitam alteraes do genoma e uma diviso celular mais

    rpida. Na fase de promoo, existem algumas substncias, que mesmo sem alterar o

    DNA, estimulam a diviso celular, acarretando aumento de probabilidade de mutaes

    (MOLINA; DALBEN; LUCA, 2003).

    o segundo tipo de cncer mais frequente no mundo e o mais comum entre

    as mulheres. A cada ano, cerca de 22% dos casos novos de cncer em mulheres so de

    mama. De acordo com a estimativa de incidncia de neoplasias no Brasil para 2010,

    divulgada pelo Instituto Nacional do Cncer (INCA), o nmero de casos novos de

    neoplasias mamrias esperados para o Brasil em 2010 foi de 49.240, com um risco

    estimado de 49 casos a cada 100 mil mulheres (INCA, 2010).

    Os fatores de risco relacionados vida reprodutiva da mulher (menarca

    precoce, nuliparidade, idade da primeira gestao a termo acima dos 30 anos, uso de

    anticoncepcionais orais, menopausa tardia e terapia de reposio hormonal) esto bem

    estabelecidos em relao ao desenvolvimento do cncer de mama. A idade continua

    sendo um dos mais importantes fatores de risco. As taxas de incidncia aumentam

    rapidamente at os 50 anos e, posteriormente, esse aumento ocorre de forma mais lenta.

  • 15

    Essa mudana no comportamento da taxa conhecida na literatura como

    Clemmesens hook e tem sido atribuda ao incio da menopausa. Alm desses, alguns

    estudos recentes revelam que a exposio radiao ionizante, mesmo em baixas doses,

    aumenta o risco de desenvolver cncer de mama, particularmente durante a puberdade.

    Ao contrrio do cncer do colo do tero, o cncer de mama encontra-se relacionado ao

    processo de urbanizao da sociedade, evidenciando maior risco de adoecimento entre

    mulheres com elevado status socioeconmico (ESTEVES et al., 2009).

    A amamentao, prtica de atividade fsica e alimentao saudvel, com a

    manuteno do peso corporal, esto associadas a um menor risco de desenvolver esse

    tipo de cncer (ESTEVES et al., 2009). A preveno primria dessa neoplasia ainda no

    totalmente possvel devido variao dos fatores de risco e s caractersticas genticas

    que esto envolvidas na sua etiologia. Novas estratgias de rastreamento factveis para

    pases com dificuldades oramentrias tm sido estudadas e, at o momento, a

    mamografia, para mulheres com idade entre 50 e 69 anos, recomendada como mtodo

    efetivo para deteco precoce. No Brasil, o rastreamento mamogrfico para mulheres de

    50 a 69 anos a estratgia recomendada para controle do cncer de mama (INCA,

    2010).

    As recomendaes do Ministrio da Sade para deteco precoce e

    diagnstico desse cncer so baseadas no Documento de Consenso para Controle do

    Cncer de Mama, de 2004, que considera como principais estratgias de rastreamento

    um exame mamogrfico, pelo menos a cada dois anos, para mulheres de 50 a 69 anos, e

    o exame clnico anual das mamas, para mulheres de 40 a 49 anos. Apesar de ser

    considerado um cncer de relativo bom prognstico, se diagnosticado e tratado

    oportunamente, as taxas de mortalidade por cncer de mama continuam elevadas no

    Brasil, muito provavelmente porque a doena ainda diagnosticada em estdios

    avanados. Na populao mundial, a sobrevida mdia aps cinco anos de 61%, sendo

    que para pases desenvolvidos essa sobrevida aumenta para 73%, j nos pases em

    desenvolvimento permanece em 57% (INCA, 2010).

    Os programas de rastreamento do cncer de mama tm como objetivo

    identificar mulheres assintomticas (ndulos impalpveis) ou em estgio precoce da

    doena (ndulos palpveis de at 2 cm). Desta forma, os recursos teraputicos so,

    ento, mais eficazes, permitindo tratamentos menos mutiladores e com maiores

    probabilidades de controle, resultando na diminuio da mortalidade por cncer de

    mama.

  • 16

    Atualmente, as estratgias recomendadas para o rastreamento do cncer de

    mama so o exame clnico das mamas (ECM) e a mamografia. O exame clnico da

    mama (ECM) deve ser realizado em todas as mulheres que buscam pelo servio de

    sade, independente da faixa etria, como parte do atendimento sade da mulher. Para

    as mulheres de grupos populacionais considerados de risco elevado para cncer de

    mama (com histria familiar de cncer de mama em parentes de primeiro grau),

    recomendam-se o exame clnico da mama e a mamografia, anualmente, a partir de 35

    anos. O ECM tem como objetivo a deteco da neoplasia maligna ou de qualquer outra

    patologia incidente e deve ser procedido como rotina a cada realizao do exame

    ginecolgico.

    O ECM requer momentos propeduticos obrigatrios, mesmo que elas

    aparentem normalidade simples inspeo. Dentre suas vantagens, destacam-se sua

    sensibilidade, inocuidade, baixo custo e aceitao satisfatria por parte da mulher, em

    especial o procedimento for executado por outra mulher. Uma das desvantagens do

    exame clnico que tumores menores de 2 cm de dimetro podem ser impalpveis

    (INCA, 2004).

    Quanto sensibilidade, estudos apontam variao de 57 a 83% em mulheres

    com idades entre 50 e 59 anos e em torno de 71% naquelas com idades entre 40 e 49

    anos. J a especificidade varia de 88 a 96% na faixa etria de 50 a 59 anos e entre 71 a

    84% nas que esto entre 40 e 49 anos (INCA, 2004).

    A mamografia uma tcnica de imagem da mama que pode detectar leses

    impalpveis e auxiliar no diagnstico de massas palpveis. Esse tipo de exame pode

    detectar um tumor de mama antes que este se torne clinicamente palpvel (menor que

    1cm), entretanto, apresenta limitaes e no infalvel. A taxa de resultados falso-

    negativos varia entre 5 e 10% e, em geral, maior nas mulheres mais jovens com maior

    densidade do tecido mamrio.Uma mamografia de base deve ser obtida aps os 35 anos

    de idade e em torno dos 40 anos de idade. Diversos estudos sugerem que a triagem para

    mulheres de alto risco deve comear em torno de 10 anos antes da idade do diagnstico

    do membro da famlia com cncer de mama. (HARTMANN et al., 1999).

    A mamografia no substitui o exame clnico, mas lhe serve de

    complemento, principalmente entre as mulheres com mais de 50 anos, sem histria

    familiar de cncer. A sensibilidade da mamografia varia entre 46 e 88% e dependente

    de alguns fatores como: tamanho e localizao da leso, densidade do tecido mamrio,

    idade da paciente, qualidade do exame e habilidade de interpretao do radiologista. A

  • 17

    especificidade do exame mamogrfico bastante alta, variando entre 82 e 99% (INCA,

    2004).

    As mulheres mais jovens apresentam mamas com maior quantidade de

    tecido glandular, o que torna esses rgos mais densos e firmes. Ao se aproximar da

    menopausa, o tecido mamrio vai atrofiando e sendo substitudo progressivamente por

    tecido gorduroso, at se constituir, quase que exclusivamente, de gordura e resqucios

    de tecido glandular na fase ps-menopausa. Essas mudanas de caractersticas

    promovem uma ntida diferena entre as mamas da mulher jovem e as da mulher na

    ps-menopausa (BRASIL, 2004).

    As neoplasias mamrias in situ, ou seja, no invasivas, so aqueles

    derivados das clulas epiteliais contidas nos ductos ou lbulos, no ultrapassando a

    membrana basal. classificado em dois tipos: o carcinoma ductal in situ (CDIS) e o

    carcinoma lobular in situ (CLIS), dependendo das caractersticas citolgicas e do padro

    de crescimento (MACIEL; MOURO NETTO, 2000).

    O carcinoma ductal in situ o mais comum dos dois e caracteriza-se pela

    proliferao de clulas epiteliais malignas confinadas dentro da membrana basal dos

    ductos mamrios. Houve aumento expressivo do diagnstico do CDIS nas duas ltimas

    dcadas, devido aos programas de rastreamento de cncer de mama. As opes

    teraputicas para o CDIS incluem mastectomia, exciso local combinada ou no com

    radioterapia. Nos casos de cirurgia conservadora, deve-se ter sempre a preocupao de

    obter margens cirrgicas livres, sendo este o fator mais importante para o controle local

    da doena (SALLES et al., 2007).

    O carcinoma lobular in situ caracteriza-se pela proliferao celular maligna

    nos lbulos mamrios. Em geral, um achado incidental descoberto na avaliao

    patolgica de uma bipsia mamria, e est comumente associado doena multicntrica

    e raramente ao cncer invasivo (SMELTZER; BARE, 2005).

    Os carcinomas invasores ou infiltrativos so divididos em grupos de maior

    quantidade. O carcinoma ductal invasor o tipo mais comum dos carcinomas invasores,

    representando 47% a 80% destes. As clulas malignas nestes tumores esto em grupos

    de vrios tamanhos e formas, podendo incluir estruturas glandulares separadas por

    tecido fibroso (MACIEL; MOURO NETTO, 2000).

    O carcinoma lobular o segundo de maior ocorrncia (5 a 10%) e tende a

    ser encontrado multicntrico e bilateralmente, com maior frequncia do que os outros

    tipos. Facilmente, encontrada metstase no lquido cefalorraquidiano, superfcies

  • 18

    serosas, ovrio, tero e medula ssea, quando comparado a outros cnceres de mama

    (ANGUS et al., 2007).

    O carcinoma medular representa aproximadamente 5% de todos os

    carcinomas invasores. Muitos investigadores relacionam melhor prognstico com esse

    tipo de tumor, menciona-se taxa de sobrevida de 84% em 10 anos para pacientes com

    este tumor, contrariamente a 63% das pacientes com carcinoma no medular (MACIEL;

    MOURO NETTO, 2000).

    O carcinoma mucinoso um tipo distinto de neoplasia mamria,

    caracterizado pela presena abundante de mucina extracelular. A incidncia varia de

    2,4% a 4% de todos os carcinomas invasores. Geralmente, a faixa etria compreende

    pacientes mais idosas do que aquelas portadoras de carcinoma ductal infiltrativo, sendo

    tumores de crescimento lento, mas totalmente malignos (HAES, 2003).

    O carcinoma papilfero, denominado por outros autores como carcinoma

    papilar invasivo, raro e devido sua histologia apresenta dificuldades diagnsticas.

    Atinge geralmente a regio central da mama e, frequentemente, acompanhado de

    derrame papilar. Ocorre preferencialmente na ps-menopausa e apresenta prognstico

    eficaz conforme o estdio clnico (HAES, 2003).

    A doena de Paget ou carcinoma de Paget apresenta-se semelhante a uma

    leso eczematide no complexo arolo-mamilar. As caractersticas mais evidentes dessa

    leso comprometem a pele do mamilo e da arola, frequentemente fissurada, ulcerada e

    com exsudao, a peculiaridade histolgica deste cncer o comprometimento da

    epiderme por clulas malignas. sempre necessrio realizar o diagnstico diferencial

    com o eczema areolar, que um processo atpico e/ou inflamatrio de fcil resoluo

    (XAVIER, 2008).

    O tratamento do cncer de mama multidisciplinar, envolvendo diversos

    profissionais de sade, enfermeiros, oncologistas clnicos, radioterapeutas, cirurgies

    oncolgicos, cirurgies plsticos, patologistas, radiologistas, psiquiatras e

    fisioterapeutas.

    O principal controle da doena local iniciado com a cirurgia. A era

    moderna da cirurgia teve seu incio com Halsted, em 1894. Acreditava-se que o tumor

    tinha incio na mama e, de maneira ordenada, comprometia, inicialmente, os linfonodos

    axilares mais prximos pele, depois, em direo ao pice da axila e, posteriormente,

    aos locais mais distantes. Entretanto, com a melhor compreenso do comportamento

    tumoral, os princpios propostos por Halsted foram modificando (HALSTED, 1984).

  • 19

    A tcnica cirrgica denominada mastectomia radical (Halsted), que a

    resseco de um bloco da mama, da pele sobre o tumor, e dos msculos peitoral maior e

    menor, com esvaziamento dos linfonodos axilares, apresenta atualmente poucas

    indicaes (invaso do msculo pelo tumor), apesar da baixa recidiva local, 6% a 17%

    em alguns relatos, pois dependendo do estadiamento, observou-se no ocorrer aumento

    na taxa de sobrevida. Alm do mais, associa-se a esta tcnica o linfedema crnico e a

    dificuldade de movimentao do brao (MACIEL; MOURO NETTO, 2000).

    Na atualidade, a mastectomia radical modificada (preservao do msculo

    peitoral maior e s vezes do menor, retirada da mama e dos linfonodos axilares)

    utilizada com mais frequncia nos tumores maiores que 3 a 4 cm, ou com alteraes

    mamogrficas, que impossibilitem o tratamento conservador (preservao da mama,

    ressecando-se o tumor com margem de tecido mamrio normal peritumoral e

    esvaziando-se a axila) dos carcinomas invasores (MACIEL; MOURO NETTO, 2000).

    A mastectomia simples (retirada somente da glndula mamria) efetuada

    para os carcinomas in situ, que no puderam ser submetidos ao tratamento conservador,

    com margens cirrgicas adequadas ou por contraindicaes radiolgicas, estticas e at

    por deciso da paciente.

    Para o sucesso do tratamento, fundamental ateno ao perodo

    perioperatrio que se divide em pr-operatrio, intraoperatrio e ps-operatrio. Nos

    casos especficos de mastectomia, o pr-operatrio uma fase muito importante,

    devendo haver a avaliao minuciosa do ombro e do membro superior, observando

    todos os movimentos da articulao escpulo-umeral e a existncia de algum problema

    que possa influenciar na reabilitao ps-operatria, como por exemplo: bursite,

    capsulite, artrite (ARANTES, 2003; REZENDE et al., 2006).

    A mulher dever receber informaes a respeito dos cuidados aps a

    cirurgia, orientaes e informaes sobre as diferentes etapas de recuperao, de como

    ser realizada a cirurgia, cuidados com o brao homolateral, exerccios que recuperem a

    capacidade funcional do brao e ombro, alm de informaes sobre outros tratamentos

    como quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia (REZENDE et al., 2006).

    O enfermeiro deve contribuir com a equipe multidisciplinar e seu papel

    fundamental para a reabilitao da mulher, cujo comprometimento da autoimagem pode

    resultar em traumas de ordem fsica, emocional e social que podem influenciar

    negativamente na evoluo do tratamento e comprometer a dinmica familiar.

  • 20

    Ao se abordar o cuidado, deve-se considerar que para o mesmo ocorrer, se

    faz necessrio um processo interativo, em que o profissional cuidador, no caso o

    enfermeiro, aplique alm de sua habilidade tcnica, conhecimentos, intuio e,

    sobretudo, muita sensibilidade para com o indivduo a ser cuidado. Nesta perspectiva,

    cuidar de algum com dor no significa apenas realizar tcnicas para deix-lo

    confortvel, mas, tambm, mostrar, na relao profissional/cliente, interesse,

    compaixo, afetividade e considerao com o intuito de aliviar, confortar, apoiar,

    ajudar, favorecer, promover, restabelecer e torn-lo satisfeito com o seu viver.

    A observao permite ao enfermeiro verificar aspectos comportamentais do

    paciente que so concretos e observveis, como: existncia de dor e suas caractersticas

    em termos de localizao, intensidade, descrio (aguda, lancinante, espasmdica,

    violenta), durao e recorrncia; reaes comportamentais do paciente dor: expresso

    facial: se chora; como expressa verbalmente; como a encara; como reage (tem medo,

    fica angustiado, irritvel, ou com insnias...); os fatores fisiolgicos associados: se

    manifesta taquicardia, aumento da presso arterial, taquipnia, palidez, sudorese ou

    alterao da tenso muscular (REZENDE et al., 2006).

    A Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED) atua na

    conscientizao dos profissionais da sade sobre o problema, promovendo educao

    continuada, no intuito de esclarecer sobre a abordagem do sintoma, incluindo a

    aplicao de questionrios especficos para a avaliao e mensurao da dor,

    instrumentalizando o mdico para diagnosticar o fator etiolgico nas sndromes

    dolorosas, agudas e crnicas e utilizando o exame fsico e os complementares,

    favorecendo o tratamento adequado da paciente com dor, assistindo-o para reabilitao

    funcional e psquica (INCA, 2010).

    cedio que o controle da dor deve ser uma preocupao de todos os

    profissionais, inclusive do enfermeiro. A atuao do profissional, de modo independente

    e colaborativo, compreende a identificao de queixa lgica, a caracterizao da

    experincia dolorosa em todos os seus domnios, a aferio das repercusses da dor no

    funcionamento biolgico, emocional e comportamental do indivduo, a identificao de

    fatores que contribuam para a melhora ou piora da queixa lgica, a seleo de

    alternativas de tratamento e a verificao da eficcia das teraputicas implementadas.

    Em face do contexto, vale salientar que o interesse em estudar as produes

    cientficas relacionadas ao cuidado no perioperatrio da mulher mastectomizada surgiu

    durante a durante a vida acadmica e coleta de dados para composio da monografia de

  • 21

    graduao da autora, na qual teve acesso a inmeros trabalhos cientficos que

    evidenciaram a importncia do cuidado mulher mastectomizada. O interesse em

    realizar essa investigao ampliou-se quando no se encontram publicaes

    relacionadas ao cuidado perioperatrio de mastectomia.

    A busca pelo conhecimento cientfico, no que diz respeito ao cuidado com a

    mulher mastectomizada, estreita-se quando se trata do perodo perioperatrio. Os

    trabalhos encontrados so baseados em protocolos mdicos e em nada se referem

    assistncia de enfermagem em si. Isso despertou o interesse para elaborar o presente

    estudo, j que, como se trata de paciente que apresenta uma srie de complicaes

    relacionadas com a disfuno da mama, em estado grave, na iminncia de morte, este

    encontra na mastectomia a possibilidade de cura e de retornar vida com qualidade, o

    que envolve, mais do que qualquer outra coisa, os cuidados de enfermagem, em todas as

    suas fases.

    Frente ao exposto, elaborou-se o seguinte questionamento: qual o

    conhecimento cientfico produzido, relacionado ao cuidado prestado mulher,

    submetida mastectomia no perodo perioperatrio? Para tanto, o referencial terico

    metodolgico selecionado para fundamentar a presente investigao consiste na prtica

    baseada em evidncias.

  • 22

    2 OBJETIVO

    O impossvel questo de tempo.

    (Alberto Saltiel)

    Identificar e avaliar as evidncias disponveis na literatura sobre o cuidado

    no perodo perioperatrio prestado paciente submetida mastectomia.

  • 23

    3 REFERENCIAL TERICO

    H uma grande diferena entre um fim

    sem esperana e uma esperana sem fim.

    (Miguel de Cervantes)

    3.1 Prtica Baseada em Evidncias

    A prtica baseada em evidncias (PBE) uma abordagem que envolve a

    definio de um problema, a busca e avaliao crtica das evidncias disponveis, a

    implementao das evidncias na prtica e avaliao dos resultados obtidos. A

    competncia clnica do profissional e as preferncias do cliente so aspectos tambm

    incorporados nesta abordagem, para a tomada de deciso sobre a assistncia sade

    (GALVO, 2002).

    A enfermagem baseada em evidncias no enfatiza rituais, experincia

    clnica isolada e no sistemtica, opinies infundadas e tradio como base para a

    prtica de enfermagem. Acentua a utilizao de resultados de pesquisas e na ausncia

    desses, dados obtidos de forma sistemtica, oriundos de programas de avaliao e de

    melhoria de qualidade e/ou consenso de especialistas reconhecidos e de confirmada

    experincia para comprovar a prtica (STETLER et al., 1998).

    A enfermagem baseada em evidncias envolve a explcita e criteriosa

    tomada de deciso sobre a assistncia sade para indivduos ou grupo de pacientes,

    fundamentada no consenso das evidncias mais relevantes oriundas de pesquisas e

    informaes de base de dados, respondendo s preferncias do cliente e expectativas da

    sociedade (DRIEVER, 2002).

    A enfermagem baseada em evidncias tambm pode ser definida como um

    processo que consiste em cinco etapas:

    - Formulao de questes (problemas clnicos) originrias da prtica profissional;

    - Investigao da literatura ou outros recursos relevantes de informaes na busca das

    evidncias;

    - Avaliao das evidncias (principalmente pesquisas) em relao validade,

    generalizao e transferncia;

    - Uso da melhor evidncia disponvel, habilidade clnica e as preferncias do cliente no

    planejamento e implantao do cuidado;

  • 24

    - Avaliao do enfermeiro em relao a sua prpria prtica (MCSHERRY; PROCTOR-

    CHILDS, 2001).

    Defronte ao contexto, infere-se que a utilizao de resultados de pesquisas

    um dos pilares da prtica baseada em evidncias. Assim, para a implementao desta

    abordagem na enfermagem, o enfermeiro necessita saber como obter, interpretar e

    integrar as evidncias oriundas de pesquisas para auxiliar a tomada de deciso em

    relao assistncia de enfermagem prestada ao cliente e a seus familiares.

    A origem do movimento Prtica Baseada em Evidncias (PBE) data de

    1980, quando o termo Medicina Baseada em Evidncias (MBE) emergiu como uma

    estratgia de ensino clnico na Faculdade de Medicina da Universidade McMaster

    (Canad). A MBE demarcou a mudana da prtica baseada em observao e experincia

    para uma prtica com busca sistemtica por rigorosas evidncias cientficas

    (RYCROFT-MALONE, 2006).

    A literatura indica que a implementao desta abordagem poder melhorar a

    qualidade do cuidado prestado ao paciente e minimizar custos nos servios de sade;

    entretanto, os profissionais de sade devem desenvolver habilidades para formular a

    questo clnica, buscar, avaliar e integrar as evidncias oriundas de pesquisas com os

    dados do paciente e as observaes clnicas (GALVO, 2002).

    Atualmente, os profissionais da sade deparam-se no seu dia a dia de

    trabalho com uma elevada quantidade e complexidade de informaes. Atrelado a esse

    cenrio est o tempo escasso destes profissionais. Portanto, compreende-se a

    necessidade do desenvolvimento de mtodos que proporcionem maior agilidade na

    utilizao dos resultados de pesquisa na prtica clnica.

    Segundo Whittemore & Knafl (2005), no movimento da PBE h

    necessidade de produo de mtodos de reviso de literatura, os quais permitam a

    busca, a avaliao crtica e a sntese das evidncias disponveis do tema investigado,

    dentre estes destacam a reviso sistemtica e a reviso integrativa.

  • 25

    3.2 Reviso Integrativa

    Para o desenvolvimento deste trabalho, optou-se pelo mtodo da reviso

    integrativa da literatura, de acordo com Ganong (1987). O referido autor afirma que a

    reviso integrativa parte valiosa do processo de criar e organizar um corpo da

    literatura e deve ter o mesmo nvel de clareza, rigor e replicao das pesquisas

    primrias. um mtodo de pesquisa que tem a finalidade de reunir e sintetizar o

    conhecimento cientfico j produzido sobre o tema investigado, encorajando sua

    utilizao na prtica clnica (BEYEA; NICOLL, 1998).

    A reviso integrativa uma abordagem metodolgica ampla, permitindo a

    incluso de estudos experimentais e no experimentais para uma compreenso completa

    do fenmeno analisado. Combina tambm dados da literatura terica e emprica, alm

    de incorporar um vasto leque de propsitos: definio de conceitos, reviso de teorias e

    evidncias e anlise de problemas metodolgicos de um tpico particular. A ampla

    amostra, em conjunto com a multiplicidade de propostas, deve gerar um panorama

    consistente e compreensvel de conceitos complexos, teorias ou problemas de sade

    relevantes para a enfermagem (WHITTEMORE; KNAFL, 2005).

    A reviso integrativa um dos mtodos de pesquisa utilizados na prtica

    baseada em evidncias que permite a incorporao das evidncias na prtica clnica.

    Desde 1980, a reviso integrativa relatada na literatura como mtodo de pesquisa

    (ROMAN; FRIEDLANDER, 1998).

    Consoante Benefield (2003), a reviso integrativa inclui a anlise de

    pesquisas relevantes que fornecem suporte para a tomada de deciso e melhoria da

    prtica clnica, possibilitando a sntese do estado do conhecimento de um determinado

    assunto, alm de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a

    realizao de novos estudos.

    As iniciativas na prtica baseada em evidncias tm aumentado a

    necessidade e a produo de todos os tipos de reviso literria (revises integrativa,

    sistemtica, metanlise e qualitativas). A proliferao de todos os tipos de revises de

    pesquisas durante a dcada passada tem contribudo para mtodos mais rigorosos e

    sistemticos. Mtodos explcitos e sistemticos para anlise dos dados especficos para

    uma reviso integrativa so necessrios para proteger contra vis e aperfeioar a

    preciso nas concluses (WHITTEMORE; KNAFL, 2005).

  • 26

    A reviso integrativa inclui uma diversidade de fontes de dados, na qual

    permite uma compreenso holstica do tpico de interesse. Entretanto, a combinao

    destas diversas fontes de dados um trabalho complexo e desafiador. Este mtodo de

    reviso pode, subsequentemente, desempenhar um grande papel nas iniciativas de

    prtica baseada em evidncias, retratando a complexidade inerente em todos os

    problemas de preocupao da enfermagem (WHITTEMORE; KNAFL, 2005).

    Conforme Ganong (1987), o impacto da utilizao da reviso integrativa

    ocorre no somente pelo desenvolvimento de polticas, protocolos e procedimentos, mas

    tambm pelo pensamento crtico que a prtica diria necessita. O autor pontua os passos

    para a realizao da reviso integrativa: selecionar a hiptese ou a pergunta da reviso;

    escolher a amostra a ser revisada e estudada; categorizar os estudos; avaliar os estudos;

    interpretar os resultados e apresentar a reviso ou sntese do conhecimento, conforme

    descrio a seguir.

    Primeira etapa: Selecionar a hiptese ou a pergunta da reviso

    A escolha do tema deve ser evidente e bem definida, para que a reviso seja

    completa, as variveis bem delimitadas e, consequentemente, a extrao adequada de

    dados dos estudos includos (BEYEA; NICOLL, 1998; WHITTEMORE; KNAFL,

    2005).

    A definio da pergunta norteadora a fase mais importante da reviso, pois

    determina os estudos includos, os meios adotados para a identificao e as informaes

    coletadas de cada estudo selecionado. Logo, inclui a definio dos participantes, as

    intervenes a serem avaliadas e os resultados a serem mensurados (GALVO, 2004).

    A reviso integrativa remete a tpicos abrangentes e incorpora uma srie de

    delineamento de pesquisas. O risco de o pesquisador ser sobrecarregado pelo nmero de

    estudos encontrados grande, pelo fato de rastrear um elevado nmero de estudos

    irrelevantes que posteriormente passaro por uma seleo criteriosa (EVANS, 2008).

    Segunda etapa: Escolher a amostra

    Nesta fase, determinam-se os critrios de incluso e excluso dos artigos a

    serem includos na reviso, o procedimento deve ser criterioso e transparente, com uma

    representatividade da amostra que proporcione profundidade, qualidade e confiabilidade

    das concluses finais. O ideal que ocorra a incluso de todos os artigos encontrados,

    ou a aplicao de uma seleo aleatria. Quando isso no for possvel, os critrios

    devem ser explicitados (ZANDONAI, 2010).

  • 27

    Antes do incio da busca dos estudos, o revisor deve definir as fontes de

    informao e o intervalo de tempo que ser pesquisado, ou seja, o resultado da busca

    aps a definio destes aspectos ser diretamente influenciado pela evoluo histrica

    do tema a ser investigado (BROOME, 2000).

    De acordo com Whittemore e Knafl (2005), as bases eletrnicas de dados

    so efetivas, mas h limitaes associadas ao uso de terminologia inadequada. O revisor

    deve se certificar acerca das melhores palavras-chave ou descritores controlados em

    cada uma das bases selecionadas para assegurar ampla busca dos artigos do tema

    investigado.

    Em relao s fontes de informaes da literatura que sero pesquisadas, o

    revisor deve identificar as mais apropriadas, considerando a rea de conhecimento do

    tema investigado, por exemplo, para a conduo de revises na enfermagem, devem ser

    utilizadas as bases de dados de enfermagem, da rea da sade ou literatura mdica

    (BEYEA; NICOLL, 1998).

    Terceira etapa: Categorizao dos estudos

    A conduo da reviso pode apresentar dificuldades com a obteno de

    muitos estudos na etapa de busca, desta maneira, faz-se necessria a organizao destes.

    Recomenda-se utilizar um gerenciador eletrnico, separar os estudos por tema ou de

    acordo com o delineamento de pesquisa, em pastas ou realizar anotaes sobre cada

    referncia selecionada (WHITTEMORE; KNAFL, 2005).

    A organizao dos estudos ainda pode ser procedida por meio dos pontos

    em comum e da metodologia empregada. Assim, possvel resgatar outros dados na

    mesma bibliografia encontrada e, se for necessrio, retornar s fontes de informao da

    literatura quando forem encontradas lacunas na reviso (BEYEA; NICOLL, 1998;

    WHITTMORE; KNAFL, 2005).

    A categorizao dos artigos includos na reviso deve ser realizada aps a

    organizao. imprescindvel nesta etapa a definio transparente acerca do que ser

    avaliado em cada artigo. Para direcionar a extrao de dados, deve-se utilizar um

    instrumento para padronizar as informaes que sero registradas, para que facilite o

    agrupamento dos estudos e a elaborao de tabelas com dados, proporcionando uma

    melhor avaliao crtica dos resultados evidenciados na reviso (GANONG, 1987).

    O instrumento previamente elaborado dever ser capaz de assegurar que a

    totalidade dos dados relevantes ser extrada, de minimizar o risco de incorrees na

    transcrio, de garantir preciso na checagem das informaes e servir como registro.

  • 28

    Os dados devero incluir: definio dos sujeitos, metodologia, tamanho da amostra,

    mensurao de variveis, mtodo de anlise e conceitos embasadores empregados

    (GALVO, 2004).

    Quarta etapa: Avaliao dos estudos

    Anloga anlise dos dados das pesquisas convencionais, esta fase

    demanda uma abordagem organizada para ponderar o rigor e as caractersticas de cada

    estudo. A experincia clnica do pesquisador contribui para a apurao da validade dos

    mtodos e dos resultados, alm de auxiliar na determinao de sua utilidade na prtica

    (URSI, 2005).

    Aps a categorizao dos estudos includos na reviso, o revisor executa a

    avaliao crtica e criteriosa de cada artigo e/ou de cada categoria de artigos. A anlise

    engloba tambm o delineamento de pesquisa dos estudos e a qualidade das evidncias

    encontradas.

    A Prtica Baseada em Evidncias focaliza, em contrapartida, sistemas de

    classificao de evidncias caracterizados de forma hierrquica, dependendo da

    abordagem metodolgica adotada. Para auxiliar na escolha da melhor evidncia

    possvel, prope-se uma hierarquia das evidncias, segundo o delineamento da pesquisa,

    um dos itens a serem analisados nesta fase (MELNYK; FINEOUT-OVERHOLT,

    2005):

    - Nvel 1- Evidncias provenientes de revises sistemticas ou metanlise de todos os

    relevantes ensaios clnicos randomizados controlados;

    - Nvel 2- Evidncias derivadas de pelo menos um ensaio clnico randomizado

    controlado bem delineado;

    - Nvel 3- Evidncias obtidas de ensaios clnicos bem delineados sem randomizao;

    - Nvel 4- Evidncias provenientes de estudo de coorte e de caso-controle bem

    delineados;

    - Nvel 5- Evidncias originrias de reviso sistemtica de estudos descritivos e

    qualitativos;

    - Nvel 6- Evidncias derivadas de um nico estudo descritivo ou qualitativo;

    - Nvel 7- Evidncias oriundas de opinio de autoridades e/ou relatrios de comit de

    especialistas.

  • 29

    Quinta etapa: Discusso e interpretao dos resultados

    Esta fase caracteriza-se pelo momento de interpretar os resultados

    evidenciados a partir da anlise dos artigos includos em cada categoria. possvel

    generalizar as informaes dos artigos que compem cada categoria, sempre tendo o

    cuidado de evitar falsas semelhanas entre esses e excluir evidncias pertinentes.

    preciso realizar associaes dos dados apresentados por cada artigo com a qualidade

    metodolgica destes e comparar a frequncia dos resultados positivos e negativos

    relacionados ao tema, classific-los e estruturar a apresentao da reviso

    (WHITTEMORE; KNAFL, 2005).

    A partir da interpretao e sntese dos resultados, comparam-se os dados

    evidenciados na anlise dos artigos ao referencial terico. Alm de identificar possveis

    lacunas do conhecimento, possvel delimitar prioridades para estudos futuros.

    Contudo, para proteger a validade da reviso integrativa, o pesquisador deve salientar

    suas concluses e inferncias, bem como explicitar os vieses (URSI, 2005).

    Sexta etapa: Apresentao da reviso integrativa e sntese do conhecimento

    Na etapa final da reviso, o revisor realiza a sntese dos elementos

    importantes dos artigos includos e elabora as concluses aps a anlise, discusso e

    interpretao dos resultados encontrados em cada artigo.

    Um dos mtodos para a anlise dos dados de uma pesquisa qualitativa

    relaciona-se com a variedade de achados da reviso integrativa, consiste na reduo. A

    reduo dos dados envolve a determinao de um sistema de classificao geral para o

    gerenciamento das diversas metodologias. Em princpio, os estudos devem ser divididos

    em subgrupos, de acordo com uma classificao estabelecida previamente, visando

    facilitao da anlise. Nas revises integrativas, por exemplo, a categorizao pode

    basear-se no tipo de incidncia, cronologia ou caractersticas da amostra, assim como

    em alguma classificao conceitual pr-determinada (WHITTEMORE; KNAFL, 2005).

    A etapa contgua contempla a visualizao dos dados, ou seja, a converso

    dos achados em uma forma visual de subgrupos. Os modos de visualizao podem ser

    expressos em tabelas, grficos ou quadros, nos quais possvel a comparao entre

    todos os estudos selecionados e, logo, a identificao de padres, diferenas e a

    sublocao desses tpicos como parte da discusso geral (WHITTEMORE; KNAFL,

    2005).

    Por conseguinte, apresenta-se uma tabela que exemplifica e resume as

    exigncias do relatrio da reviso integrativa.

  • 30

    Quadro 1 - Exigncias para uma reviso integrativa.

    Atividades da reviso Informaes requeridas na publicao do relatrio

    Foco da reviso Proposta e objetivo da reviso;

    Conduo racional da reviso integrativa;

    Questo norteadora da reviso.

    Estratgia de busca Levantamento nas bases de dados eletrnicas;

    Busca pelas palavras-chave e descritores;

    Resultado do processo de busca.

    Critrios de seleo Critrios de incluso e excluso na seleo dos estudos

    estabelecidos;

    Como os critrios foram utilizados para selecionar os

    estudos;

    Resultados do processo de seleo.

    Avaliao crtica Aproximao para avaliao da qualidade dos estudos;

    Critrio usado para determinar a qualidade;

    Uso do critrio;

    Resultados do processo de avaliao crtica.

    Extrao dos dados Abordagem para extrao dos dados dos estudos;

    Estratgia usada para minimizar as inadequaes de

    transcrio.

    Sntese dos dados Abordagem para a sntese dos dados;

    Mtodos especficos para a sntese dos dados.

    Como o processo foi gerenciado.

    Resultados Detalhes dos estudos e artigos includos na reviso;

    Achados e elementos fundamentais dos estudos individuais;

    Resultado do processo de sntese.

    Discusso Principais achados;

    Qualquer limitao da reviso;

    Implicaes para a prtica e pesquisas.

    Fonte: Tabela traduzida e adaptada de EVANS (2008).

  • 31

    4 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    A mente que se abre a uma nova ideia

    jamais voltar ao seu tamanho original.

    (Albert Einstein)

    4.1 Procedimentos adotados para a seleo dos artigos

    Embora os mtodos para a conduo de revises integrativas variem,

    existem padres a serem seguidos. Na operacionalizao dessa reviso, utilizaram-se as

    seguintes etapas: seleo da hiptese ou a pergunta da reviso; escolha da amostra a ser

    revisada e estudada; categorizao dos estudos; avaliao dos estudos; discusso e

    interpretao dos resultados; e apresentao da reviso ou sntese do conhecimento

    (GANONG, 1987).

    4.1.1. Seleo da pergunta da reviso

    A pergunta definida para este estudo foi: qual o conhecimento cientfico

    produzido, relacionado ao cuidado prestado mulher submetida mastectomia, no

    perodo perioperatrio?

    4.1.2. Seleo da amostra

    Para este estudo, utilizaram-se as bases de dados importantes no contexto da

    sade. Para a seleo dos artigos includos na reviso, consultaram-se as bases de dados

    eletrnicos Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (MEDLINE),

    Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) e Literatura

    Latino-americana e do Caribe em Cincias da Sade (LILACS).

    O MEDLINE uma base de dados de bibliografia especializada na rea da

    sade associada a National Library os Medicine (NLM), continha, em 2011, mais de 16

    milhes de citaes de jornais, mais de 4.800 de revistas biomdicas que remontam ao

    incio dos anos de 1950 at a atualidade. Oferece cerca de 11 milhes de registros da

    literatura biomdica, distribuda em trs sees: Index Medicus, Index Dental Literature

  • 32

    e International Nursing Index, cobrindo as reas de medicina, biomedicina,

    enfermagem, odontologia e veterinria, dentre outras (MARTINS; GOMES, 2001). O

    acesso eletrnico gratuito realizado atravs da National Library of Medicine and the

    National Institutes of Health

    (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?db=PubMed).

    O CINAHL a base de dados com publicaes e revises da rea da sade,

    dentre elas a enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, emergncia e tratamento

    alternativos, desde 1982. Inclui referncias bibliogrficas de mais de 700.000 artigos

    oriundos de mais de 650 peridicos da lngua inglesa. Alm das referncias e dos

    resumos, permite a entrada para uma extensa bibliografia referente aos artigos

    indexados. O acesso eletrnico realizado pelo CINAHL direct online service, aps

    o pagamento referente sua utilizao (http://www.ebscohost.com/cinahl/) (MENDES,

    2006).

    A base de dados LILACS produzida de forma cooperativa pelas instituies

    que integram o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informao em Cincias da

    Sade, coordenada pela Bireme. A Metodologia LILACS um componente da

    Biblioteca Virtual em Sade em contnuo desenvolvimento, constitudo de normas,

    manuais, guias e aplicativos, destinados coleta, seleo, descrio, indexao de

    documentos e gerao de bases de dados. Esta metodologia foi desenvolvida a partir de

    1982, e surgiu diante da necessidade de uma metodologia comum para o tratamento

    descentralizado da literatura cientfico-tcnica em sade, produzida na Amrica Latina e

    Caribe. Contm 605 revistas da rea de Sade, abrangendo mais de 290 mil registros. O

    acesso base de dados LILACS pode ser realizado em disco compacto LILACS/CD-

    ROM e tambm integralmente, online, pela Biblioteca Virtual em Sade

    (http://lilacs.bvsalud.org/) (CASTRO; ATALLAH, 1997).

    Para a busca dos artigos, nas bases de dados citadas, optou-se pela utilizao

    de descritores controlados, uma vez que estes so palavras-chave nas quais as bases de

    dados indexam seus artigos. Nessas bases de dados, apresenta-se uma relao de

    descritores controlados, almejando nortear e sistematizar a busca.

    Os descritores controlados relacionados ao propsito deste trabalho foram

    selecionados de acordo com a especificidade de cada banco de dados utilizada.

    http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?db=PubMedhttp://www.ebscohost.com/cinahl/http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&base=LILACS&lang=phttp://www.bireme.br/bvs/P/psystem.htmhttp://www.bireme.br/bvs/P/psystem.htmhttp://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&base=LILACS&lang=phttp://lilacs.bvsalud.org/

  • 33

    Quadro 2 - Descritores controlados utilizados, de acordo com as bases de dados

    selecionadas.

    Base de dados Descritores

    controlados

    PUBMED

    (MESH)

    Preoperative care

    Preoperative period

    Intraoperative care

    Intraoperative period

    Postoperative care

    Postoperative period

    Perioperative care

    Perioperative period

    Mastectomy

    LILACS

    (DECS)

    Cuidados pr-operatrios

    Assistncia pr-operatria

    Perodo pr-operatrio

    Cuidados intraoperatrios

    Perodo intraoperatrio

    Assistncia ps-operatria

    Assistncia no perodo ps-operatrio

    Assistncia perioperatria

    Mastectomia

    CINAHL

    (MH Exact Subject Headings)

    Preoperative care

    Preoperative period

    Intraoperative care

    Intraoperative period

    Postoperative care

    Postoperative period

    Perioperative care

    Perioperative period

    Mastectomy

  • 34

    Os critrios de incluso dos artigos selecionados para esta reviso

    integrativa foram:

    Artigos que abordaram o cuidado mulher submetida mastectomia no perodo

    perioperatrio;

    Artigos indexados nas bases de dados MEDLINE, CINAHL e LILACS;

    Artigos publicados de janeiro de 2000 a janeiro de 2010;

    Artigos publicados nos idiomas ingls, espanhol e portugus;

    Estudos realizados com seres humanos ( 18 anos).

    Optou-se por excluir as revises de literatura, editoriais e cartas. Os

    descritores foram determinados de acordo com a base de dados.

    Os artigos foram pr-selecionados quando em conformidade com a proposta

    deste estudo, sendo assim, realizou-se verificao quanto pertinncia do ttulo e

    resumo para posteriormente proceder avaliao na ntegra.

    Contudo, decidiu-se por limitar esta pesquisa aos estudos com nveis de

    evidncia, 1, 2 e 3, por se tratarem de estudos com delineamento rigoroso, conforme

    Melnyk, Fineout-Overholt (2005):

    Nvel 1- Evidncias provenientes de revises sistemticas ou metanlise de todos os

    relevantes ensaios clnicos randomizados controlados;

    Nvel 2- Evidncias derivadas de pelo menos um ensaio clnico randomizado controlado

    bem delineado;

    Nvel 3- Evidncias obtidas de ensaios clnicos bem delineados sem randomizao.

    O levantamento dos artigos nas bases de dados MEDLINE foi realizado em

    agosto de 2010. Utilizaram-se os descritores contemplados no Medical Subject

    Headings (MESH), tendo sido realizadas combinaes de duas palavras-chave.

    Acrescentaram-se ainda os seguintes limites: perodo de janeiro de 2000 a janeiro de

    2010; lnguas portuguesa, inglesa e espanhola; pesquisas realizadas com seres humanos;

    e adultos maiores de 18 anos.

  • 35

    Quadro 3 - Cruzamentos realizados com descritores controlados na base de dados

    MEDLINE

    Cruzamento com descritores

    controlados

    Nmero

    bruto

    Pr-seleo Refinamento

    Perioperative care and mastectomy 88 0 0

    Preoperative care and mastectomy 23 2 2

    Preoperative period and mastectomy 12 0 0

    Intraoperative care and mastectomy 0 0 0

    Intraoperative period and mastectomy 13 0 0

    Postoperative care and mastectomy 59 6 3

    Postoperative period and mastectomy 65 4 2

    Total 260 12 7

    Os estudos que atenderam aos critrios de incluso foram pr-selecionados

    pelo julgamento do ttulo e resumo do artigo. Aps a pr-seleo, foram analisados na

    ntegra para garantir o preenchimento dos critrios de incluso e confirmar sua seleo.

    Das 260 referncias encontradas no MEDLINE, cento e oitenta e seis se

    repetiam de acordo com cada cruzamento entre as palavras-chave, restando, ento,

    setenta de quatro referncias diferentes. Destas, trinta e oito eram de outros idiomas

    estrangeiros: doze coreanos, um grego, sete franceses, trs noruegueses, oito

    dinamarqueses, dois indianos e cinco japoneses, que foram, portanto, excludos do

    estudo. Das 36 restantes, trinta e duas eram publicados de lngua inglesa, um portugus

    e trs espanhol. Destes, dezenove foram excludos por se tratarem de descries

    cirrgicas especficas: oito abordavam a mamoplastia redutora e de aumento, dois se

    referiam prtese de silicone, um sobre retalho para reconstruo mamria, dois sobre

    tcnicas de localizao do linfonodo sentinela e seis sobre mtodos conservadores de

    cirurgia da mama (tumorectomia e quadrantectomia), restando, treze artigos, dentre os

    quais, doze continham resumos. Realizou-se, ento, a leitura e anlise dos ttulos e

    resumos das referncias, a fim de responder questo norteadora deste estudo. Das 12

    referncias analisadas, selecionaram-se sete como parte da amostra deste estudo, todas

    de lngua inglesa.

    A busca na base de dados LILACS foi procedida em julho de 2010. Aponta-

    se como desvantagem desta base de dados a impossibilidade de aplicao de limites

    pesquisa. Utilizaram-se as palavras-chave contempladas na Biblioteca Virtual em Sade

  • 36

    - Descritores em Cincias da Sade (DeCS), tendo sido realizada combinaes de duas

    palavras-chave, conforme apresentao no Quadro 4.

    Quadro 4 - Cruzamentos realizados com descritores controlados na base de dados

    LILACS

    Cruzamento com descritores

    controlados

    Nmero

    bruto

    Pr-

    seleo

    Refinamento

    Cuidados pr-operatrios and mastectomia 6 0 0

    Assistncia pr-operatria and

    mastectomia

    7 3 0

    Perodo pr-operatrio and mastectomia 6 0 0

    Cuidados intraoperatrios and

    mastectomia

    1 0 0

    Perodo intraoperatrio and mastectomia 1 0 0

    Assistncia ps-operatria and

    mastectomia

    13 0 0

    Assistncia no perodo ps-operatrio and

    mastectomia

    13 0 0

    Assistncia perioperatria and

    mastectomia

    4 0 0

    Total 51 3 0

    Das 51 referncias encontradas no LILACS, trinta e trs se repetiam de

    acordo com cada cruzamento entre as palavras-chave, restando, ento, dezoito

    referncias diferentes. Destas, onze eram artigos publicados na lngua inglesa e sete em

    espanhol. O perodo de publicao variou de 1979 a 2008, dentre os 18 artigos restantes,

    sendo que foram includos apenas artigos publicados nos ltimos dez anos, ou seja, de

    2000 a 2010, restando ento trs artigos. Destes, os trs foram excludos por se

    referirem a descries de tcnicas cirrgicas com nfase no procedimento em si, no

    restando, portanto, nenhum artigo.

    O principal destaque nessa base de dados foi a inexistncia de realizao de

    estudos com a temtica em questo. Mesmo modificando o descritor controlado, os

    artigos se repetiram na maioria dos cruzamentos. Observou-se, ento, o baixo

  • 37

    desempenho em pesquisas com alto nvel de evidncias publicados pelos pases latino-

    americanos.

    A busca na base de dados CINAHL foi realizada em setembro de 2010.

    Nessa base de dados, foram aplicados os seguintes limites: artigos publicados de janeiro

    de 1999 a dezembro de 2009; realizado com adultos do sexo feminino; nos idiomas

    portugus, ingls e espanhol. Foram procedidas s combinaes entre duas palavras-

    chave, estas contempladas no CINAHL Information Systems- Listo of Topical

    Subheadings, descritas no Quadro 5.

    Quadro 5 - Cruzamentos realizados com descritores controlados na base de dados

    CINAHL

    Cruzamentos com descritores

    controlados

    Nmero

    bruto

    Pr-

    seleo

    Refinamento

    Preoperative care and mastectomy 9 1 0

    Preoperative period and mastectomy 6 1 0

    Intraoperative care and mastectomy 1 0 0

    Intraoperative period and mastectomy 0 0 0

    Postoperative care and mastectomy 1 0 0

    Postoperative period and mastectomy 0 0 0

    Perioperative care and mastectomy 0 0 0

    Perioperative period and mastectomy 1 0 0

    Total 18 2 0

    Das 18 referncias encontradas no CINAHL, treze se repetiram de acordo

    com cada cruzamento entre as palavras-chave, restando, ento, cinco referncias

    diferentes. Destas, todas eram publicadas na lngua inglesa, contudo trs destas no

    apresentavam resumo, restando apenas dois estudos. Os dois estudos restantes no

    foram selecionados, pois abordavam o uso intraoperatrio de ultrassonografia e

    quimioterapia, no atendendo proposta do estudo, portanto, nenhum estudo foi

    selecionado neste banco de dados.

  • 38

    Ao finalizar a busca dos artigos nas trs bases de dados analisadas, a

    amostra desta reviso totalizou sete artigos para serem buscados na ntegra para anlise

    e construo da reviso integrativa.

    4.1.3. Categorizao dos estudos

    Utilizou-se um instrumento elaborado por Ursi (2005) para a coleta das

    informaes, contemplando os seguintes itens (ANEXO A):

    - Identificao da publicao (ttulo, autores, local, tipo de publicao, idioma);

    - Instituio sede do estudo (hospital universitrio, centros de pesquisa, pesquisa

    multicntrica);

    - Tipo de revista cientfica (publicaes em enfermagem geral, enfermagem oncolgica,

    publicao mdica, de outras reas da sade);

    - Delineamento metodolgico do estudo (objetivo, amostra, critrios de incluso e

    excluso, tratamento dos dados, resultados evidenciados, concluses);

    - Avaliao de rigor metodolgico (clareza na descrio da trajetria metodolgica

    empregada, identificao de limitaes ou vieses).

    4.1.4. Avaliao dos estudos

    A avaliao dos estudos consiste na anlise dos dados extrados. Foi

    realizada a categorizao, organizao e sumarizao dos dados em quadros, a anlise

    foi realizada de forma narrativa, na qual agruparam-se os achados dos estudos em uma

    categoria, posteriormente descrita.

    4.1.5. Discusso e interpretao dos resultados

    A discusso dos dados obtidos foi realizada de forma descritiva,

    possibilitando ao leitor a avaliao da aplicabilidade da reviso integrativa elaborada, de

    forma a atingir o objetivo deste mtodo.

    4.1.6. Apresentao da reviso integrativa

  • 39

    A apresentao da presente reviso contemplar informaes sobre cada

    artigo revisado, a pertinncia dos procedimentos empregados, bem como seus aspectos

    relativos ao tema abordado.

    5 RESULTADOS E DISCUSSES

    A recompensa est no fazer.

    (Charles Schulz)

    5.1 Identificao e caracterizao dos estudos analisados

    Nesta reviso integrativa, foram analisados sete artigos na ntegra, os quais

    foram adquiridos por meio dos acervos on-line, pelo servio de Comutao

    Bibliogrfica em nvel nacional e internacional, oferecido pela Biblioteca do Centro de

    Cincias da Sade da Universidade Federal do Cear.

    Ao passo que se avanou na leitura e na compreenso dos textos, os mesmo

    foram analisados segundo roteiro previamente estruturado e sistematizado do

    instrumento de coleta de dados. O Quadro 6 disponibiliza a distribuio dos estudos

    includos nesta reviso integrativa, dos quais foram selecionados sete estudos referentes

    a base de dados MEDLINE. No se obteve nenhum estudo por meio das bases de dados

    LILACS e CINAHL.

    Quadro 6 - Distribuio dos estudos includos nesta reviso integrativa, segundo ano e

    ttulo

    Estudo Ano Ttulo

    01 2009 A single dose of preoperative gabapentin for pain reduction and

    requirement of morphine after total mastectomy and axillary dissection:

    Randomized placebo-controlled double-blind trial.

    02 2000 EMLA reduces acute and chronic pain after breast surgery for cancer.

    03 2000 Preoperative ropivacaine infiltration in breast surgery.

    04 2002 Efficacy of intravenous ketoprofen for preemptive analgesia.

    05 2007 Reduction of postoperative nausea and vomiting and analgesic

    requirement with dexamethasone in women undergoing general

    anesthesia for mastectomy.

  • 40

    06 2006 The associations between severity of early postoperative pain, chronic

    postsurgical pain and plasma concentration of stable nitric oxide products

    after breast surgery.

    07 2004 Evaluation of efficacy of the perioperative administration of venlafaxine

    XR in the prevention of postmastectomy pain syndrome.

    Frente ao levantamento realizado, percebeu-se uniformizao das

    publicaes ao longo dos anos pesquisados, porm, sem nenhuma publicao em 2001,

    2003, 2005 e 2008.

    No Quadro 7, apresenta-se a relao de artigos analisados no que se refere

    ao delineamento de pesquisa, nvel de evidncia, pas de origem, idioma e tipo de

    revista em que o artigo foi publicado.

  • 41

    Quadro 7 Descrio dos estudos includos nesta reviso integrativa, segundo delineamento de pesquisa, nvel de evidncia, pas de origem,

    idioma e tipo de revista

    Estudo Delineamento de pesquisa Nvel de evidncia Pas de origem Idioma Tipo de revista

    01 Ensaio clnico randomizado controlado duplo-cego 2 ndia Ingls Mdica

    02 Ensaio clnico randomizado controlado duplo-cego 2 Grcia Ingls Anestesia

    03 Ensaio clnico randomizado controlado duplo-cego 2 Dinamarca Ingls Anestesia

    04 Ensaio clnico randomizado controlado duplo-cego 2 ndia Ingls Anestesia

    05 Ensaio clnico randomizado controlado duplo-cego 2 Japo Ingls Mastologia

    06 Ensaio clnico randomizado controlado 3 Irlanda Ingls Anestesia

    07 Ensaio clnico randomizado controlado duplo-cego 2 Estados Unidos Ingls Anestesia

  • 42

    5.2 Categoria temtica dos estudos analisados

    Para a anlise e discusso dos estudos desta reviso integrativa, os artigos

    foram agrupados em uma categoria, determinando-se a temtica em comum: o manejo

    da dor, contendo sete estudos, conforme Quadro 8.

  • 43

    Categoria N Ttulo Autor Peridico Ano

    O manejo da

    dor

    01 A single dose of preoperative gabapentin for pain reduction and requirement of morphine after total

    mastectomy and axillary dissection: Randomized placebo-controlled double-blind trial.

    GROVER, V.

    K. et al.

    J Postgrad Med 2009

    02 EMLA reduces acute and chronic pain after breast surgery for cancer. FASSOULAK

    I. A. et al.

    Regional

    Anesthesia and

    Pain Medicine

    2000

    03 Preoperative ropivacaine infiltration in breast surgery. JOHANSSON

    J. et al.

    Acta

    Anaesthesiologi

    ca Scandinavica

    2000

    04 Efficacy of intravenous ketoprofen for preemptive analgesia PRIYA, V. et

    al.

    Journal of

    Postgraduate

    Medicine

    2002

    05 Reduction of postoperative nausea and vomiting and analgesic requirement with

    dexamethasone in women undergoing general anesthesia for mastectomy.

    FUJII, Y.;

    NAKAYAMA

    M.

    The Breast

    Journal

    2007

    06 The associations between severity of early postoperative pain, chronic postsurgical pain and

    plasma concentration of stable nitric oxide products after breast surgery

    1. IONOM, G. et al.

    Anesthesia and

    Analgesia

    2006

    07 Evaluation of efficacy of the perioperative administration of venlafaxine in the prevention of

    postmastectomy pain syndrome.

    REUBEN, S.

    et al.

    Journal of Pain

    and Symptom

    Management

    2004

    Quadro 8 - Categorizao dos estudos sobre cuidados perioperatrios da cirurgia de mastectomia, segundo categoria, ttulo, autores,

    peridico e ano de publicao

  • 44

    5.3 Sntese dos artigos includos

    Mediante o resultado das buscas e a aplicao dos critrios de incluso e

    excluso, foram identificados sete estudos pertinentes. Estes estudos encontram-se

    detalhados e discutidos a seguir.

  • 45

    O MANEJO DA DOR

    Ttulo: A single dose of preoperative gabapentin for pain reduction and requirement of morphine after total mastectomy and axillary dissection: randomized placebo-controlled

    double-blind trial.

    Autor: GROVER, K.; MATHEW, P. J.; YADDANAPUDI, S.; SEHGAL, S. Fonte: J Postgrad Med Ano: 2009

    Nvel de evidncia: 2 ESTUDO 01

    Objetivos Detalhamento Metodolgico Resultado Concluso

    Investigar a segurana e a

    eficcia da administrao

    oral pr-operatria de uma

    dose nica de gabapentina

    (600 mg) sobre o consumo

    de morfina e pontuaes

    de dor no perodo ps-

    operatrio de mastectomia.

    Cinqenta mulheres agendadas

    para realizar mastectomia total e

    esvaziamento axilar, foram

    randomizados para

    receber 600 mg de gabapentina

    ou placebo por via oral 1 h antes

    da

    cirurgia. A administrao intraope

    ratrio e ps-

    operatrio foi padronizada. A dor

    ps-operatria foi avaliada em

    repouso e em movimento por

    12 horas usando a escala

    numrica (NRS). A

    morfina foi administrada,

    quando ultrapassado 30NRS.

    Desfecho primrio foi o

    consumo total de morfina.

    Quarenta e seis pacientes completaram o ensaio. O consumo

    de morfina ps-operatria foi significativamente

    menor (5,8 mg 4,2 vs 11,0 3,4, P

  • 46

    Ttulo: EMLA reduces acute and chronic pain after breast surgery for cancer

    Autor: FASSOULAKI, A.; SARANTOPOULOS, C.; MELEMENI, A.; HOGAN,

    Q.

    Fonte: Regional Anesthesia and

    Pain Medicine.

    Ano: 2000

    Nvel de evidncia: 02 ESTUDO 02

    Objetivos Detalhamento Metodolgico Resultado Concluso

    Determinar se o uso

    perioperatrio do EMLA

    (mistura euttica de

    anestsicos locais) na rea

    da mama e axila reduz

    necessidades analgsicas,

    bem como a dor aguda e

    crnica aps a

    mastectomia.

    Quarenta e seis pacientes

    agendadas para mastectomia

    receberam aleatoriamente 5 g de

    EMLA ou creme placebo na rea

    esternal 5 minutos antes da

    cirurgia, e 15 g na rea

    supraclavicular e axila ao trmino

    da cirurgia. O tratamento com

    creme EMLA (20g) ou placebo foi

    tambm aplicado diariamente nos

    4 dias aps a cirurgia.

    Na unidade de cuidados ps-

    anestsicos, a dor foi avaliada pela

    escala analgica visual (VAS) em

    repouso e em movimento nas 3, 6,

    9 e 24 horas aps a cirurgia e no

    segundo ao sexto dia do ps-

    operatrio, e foram registradas as

    necessidades de analgsicos. Trs

    meses mais tarde, os pacientes

    foram questionados quanto dor

    na parede torcica, axila ou brao,

    e se foi procedido ao uso eventual

    de analgsicos em domiclio.

    A dor aguda em repouso e em movimento difere entre os

    grupos controle e EMLA e os analgsicos consumidos

    durante as primeiras 24 horas foram os mesmos para os dois

    grupos. No entanto, o tempo para a primeira solicitao de

    analgesia foi mais longo e o consumo codena e

    paracetamol durante os segundo e o sexto dia foi menor no

    EMLA comparado ao grupo de controle. Aos trs meses de

    ps-operatrio, a dor na parede torcica, axila e a incidncia

    total e a intensidade da dor crnica foram significativamente

    menor no grupo EMLA do que no grupo de controle (P 5

    P.004, 5 P.025, 5,002 e P 5 0,003, respectivamente). O uso

    de analgsicos em casa e os efeitos colaterais no diferem

    entre os dois grupos.

    O EMLA utilizado em pacientes submetidos

    mastectomia proporcionou uma reduo de

    solicitao de analgsicos no ps-operatrio e

    uma reduo da incidncia e a intensidade da

    dor crnica.

  • 47

    Ttulo: Preoperative ropivacaine infiltration in breast surgery

    Autor: JOHANSSON, A.; AXELSON, J.; INGVAR, H.; LUTTROPP, J.; LUNDBERG,

    J.

    Fonte: Acta Anaesthesiologica Scandinavica Ano: 2000

    Nvel de evidncia: 02 ESTUDO 03

    Objetivos Detalhamento Metodolgico Resultado Concluso

    Investigar se a infiltrao pr-

    operatria com ropivacana em

    conjunto com a cirurgia de

    mama melhora o gerenciamento

    de dor ps-operatria e atenua

    nuseas e vmitos ps-

    operatrios.

    Estudo prospectivo, duplo-cego,

    randomizado, incluindo 60

    mulheres saudveis (ASA 1-2)

    atribudos a um dos dois grupos.

    Trinta pacientes receberam 0,3 ml

    / kg em soluo salina na rea a

    ser operada. Outros 30 pacientes

    receberam um volume similar de

    ropivacana a 3,75 mg / ml. A

    escala visual analgica (0-100

    mm) foi utilizado para avaliao

    da dor, nuseas e vmitos ps-

    operatrios. Se o escore foi de

    mais de 30 mm em repouso, os

    pacientes foram medicados com

    cetobemidona por via

    intravenosa como tratamento para

    a dor ps-operatria, e

    dixyrazine contra nuseas e

    vmitos. A requisio de

    analgsicos no intra e ps-

    operatrio e nuseas e vmitos

    ps-operatrios foram registrados.

    A utilizao intra-operatria de fentanil foi semelhante no

    grupo da soluo salina 8122 g vs 7628 g e no grupo

    da ropivacana. O consumo de cetobemidona ps-

    operatria de 24 horas tambm foi semelhante aos tratados

    com ropivacana (4.22.6 g vs 4.24.3 g). Nuseas e

    vmitos ps-operatrios (NVPO) ocorreram com

    freqncias semelhantes nos dois grupos. O consumo de

    dixyrazine nas 24 h foi o mesmo nos dois grupos (2,1 2,7

    mg no grupo da soluo salina em comparao a 2,4 2,8

    mg no grupo da ropivacana). Aps 6 h de recuperao,

    41% dos pacientes sofreram nuseas e 20% sofreram

    vmitos.

    No foram encontradas diferenas no manejo da dor

    ps-operatria entre 3,75 mg / ml de ropivacana e

    infiltrao da ferida com soluo salina antes da

    mastectomia. Os dados mostram necessidades

    semelhantes de analgsicos e antiemticos no ps-

    operatrio, com uma freqncia semelhante de

    NVPO.

  • 48

    Ttulo: Efficacy of intravenous ketoprofen for preemptive analgesia.

    Autor: PRIYA, V.; DIVATIA, J. V.; SAREEN, R.; UPADHYE, S. Fonte: Journal of Postgraduate

    Medicine

    Ano: 2002

    Nvel de evidncia: 02 ESTUDO 04

    Objetivos Detalhamento Metodolgico Resultado Concluso

    Determinar se a infuso

    preventiva de cetoprofeno

    intravenoso resulta no

    alvio da dor no ps-

    operatrio de cirurgia de

    mama.

    50 pacientes submetidas

    cirurgia de mama sob anestesia

    geral, foram randomizadas para

    receber 100 mg de

    cetoprofeno por via endovenosa

    30 minutos antes (Grupo I), ou

    imediatamente aps a inciso

    cirrgica (Grupo II).

    No ps-operatrio, os escores de

    dor (Escala Analgica Visual, da

    EVA) e o tempo de resgate

    analgsico foram registrados

    por um observador independente

    e cego.

    Os escores de dor foram significativamente menores

    no Grupo I, at 10 horas aps a cirurgia.

    O nmero de pacientes que necessitaram de analgesia nas

    4, 6, 8 e 10 horas foi significativamente menor no

    grupo I (0% vs 47% [P

  • 49

    Ttulo: Reduction of postoperative nausea and vomiting and analgesic requirement with dexamethasone in women undergoing general anesthesia for mastectomy

    Autor: FUJI, Y.; NAKAYAMA, M. Fonte: The Breast Journal Ano: 2007

    Nvel de evidncia: 02 ESTUDO 05

    Objetivos Detalhamento Metodolgico Resultado Concluso

    Avaliar a eficcia da

    dexametasona na reduo

    de nuseas e vmitos ps-

    operatrios (PONV) e da

    necessidade de analgsicos

    em mulheres em fase de

    anestesia geral de

    mastectomia.

    As pacientes foram alocadas

    aleatoriamente em dos trs grupos

    (n = 30 em cada) para receber por

    via intravenosa placebo ou

    dexametasona em duas doses

    diferentes (4 mg, 8 mg) no final da

    cirurgia. No ps-operatrio,

    episdios emticos e exigncia de

    analgsico foram avaliados por um

    investigador. A demografia dos

    pacientes e tipos de cirurgia no

    foi diferente entre os grupos de

    tratamento.

    A taxa de pacientes com PONV durante 0 24 horas aps a

    anestesia foi 33% com dexametasona 4 mg (p = 0,01) e 27%

    com dexametasona 8 mg (p = 0,002), em comparao com

    placebo (67%). A necessidade de indometacina para a dor

    insuportvel foi menor em pacientes que tinham recebido

    dexametasona 8 mg do que naqueles que receberam placebo

    (p = 0,001) ou dexametasona 4 mg (p = 0,034).

    Conclui-se que 8 mg de dexametasona diminui

    efetivamente NVPO e o uso de analgsicos em

    mulheres submetidas anestesia geral para a

    mastectomia.

  • 50

    Ttulo: The associations between severity of early postope