universidade federal de sergipe prÓ-reitoria de pÓs … · 2018-05-23 · universidade federal de...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA DE RECURSOS NATURAIS
PROPAGAÇÃO E CONSERVAÇÃO IN VITRO DE
ACESSOS DE JENIPAPEIRO
CAMILA SANTOS ALMEIDA
SÃO CRISTOVÃO-SE 2013
CAMILA SANTOS ALMEIDA
PROPAGAÇÃO E CONSERVAÇÃO IN VITRO DE ACESSOS
DE JENIPAPEIRO
Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação
em Biotecnologia da Universidade Federal de Sergipe
como requesito parcial à obtenção do título de Mestre
em Biotecnologia na área de concentração Biotecnologia
em Recursos Naturais.
Orientadora
Dra. Ana da Silva Lédo
SÃO CRISTÓVÃO
SERGIPE - BRASIL
2013
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
A447p
Almeida, Camila Santos Propagação e conservação in vitro de acessos de jenipapeiro /
Camila Santos Almeida ; orientadora Ana da Silva Lédo. – São Cristóvão, 2013.
70 f. : il. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia de Recursos Naturais)
– Universidade Federal de Sergipe, 2013.
1. Biotecnologia. 2. Genipa americana L. - Conservação. 3. Propragação. 4. Cultura de tecidos. I. Lédo, Ana da Silva, orient. II. Título.
CDU 606:582.936.1
À minha família e a Rodrigo
por todo amor, apoio e incentivo
Dedico
Agradecimentos especiais
A Deus por estar sempre comigo, me guiando e abençoando.
Aos meus pais, Lindinalva e Orlando, pelas oportunidades e por serem os meus maiores
exemplos de vida, amor e dignidade.
Às minhas irmãs, Lorena e Thaís, companheiras de todas as horas, pela alegria e carinho e
ao meu irmãozinho, Orlandinho, que chegou inesperadamente trazendo amor e alegria para
a vida de toda a minha família.
A Rodrigo por toda a nossa história e companheirismo manifestados em todos esses anos,
me apoiando e incentivando em todas as horas difíceis e felizes da minha vida.
Aos meus avós, Antônia e Antônio (in memorian) por todo apoio, torcida e carinho.
A todos os meus tios e primos que torceram para o meu sucesso.
À Nathy e a Lú pelo carinho e atenção que sempre me deram e por fazerem parte da minha
família.
A família Pereira, em especial aos meus sogros, por me receberem com todo carinho e por
me tornarem parte de sua família.
Aos meus amigos do Laboratório de Cultura de Tecidos da Embrapa Tabuleiros Costeiros,
Jaci, Edmário, Milena, Inácio, Kícia, Zilná, Franci, Catrine e Carol, pela amizade, boa
vontade, momentos de descontração, espírito cooperativo, apoio e torcida. Obrigado a cada
um de vocês!
Aos meus amigos da graduação, Nanda, Sylvinha, Rosana, Alisson, pela atenção,
preocupação e por sempre estarem ao meu lado.
Aos meus amigos, Ruca, Leko, Adynha, Paty, Sandra e Mab Leite, pela amizade dedicada
todo esse tempo.
À Dra. Ana Lédo da Silva, pela confiança e credibilidade e preciosas contribuições e
incentivo à realização deste trabalho
Dra. Ana Veruska Cruz da Silva, pela boa vontade em participar da banca examinadora e
por ter me dado às primeiras oportunidades ainda no período da graduação.
À Dra. Aparecida Gomes de Araujo, pela boa vontade em participar da banca examinadora
e pela amizade, sugestões científicas e ensinamentos.
A Embrapa Tabuleiros Costeiros.
A CAPES pela concessão de bolsas.
A Universidade Federal de Sergipe pelas oportunidades.
A todos aqueles que contribuíram para a realização deste trabalho, o meu sincero
agradecimento.
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS i
LISTA DE FIGURAS ii
LISTA DE TABELAS iv
LISTA DE ANEXOS vi
RESUMO vii
ABSTRACT viii
1. INTRODUÇÃO 01
2. REFERENCIAL TEÓRICO 02
2.1. Origem, ocorrência, botânica e importância do jenipapeiro 02
2.2. Recursos genéticos vegetais 04
2.3. Conservação in vitro de recursos genéticos 06
2.4. Propagação in vitro 09
2.4.1. Germinação in vitro de jenipapeiro 09
2.4.2. Embriogênese somática 11
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
13
CAPITULO 1: CONSERVAÇÃO IN VITRO POR CRESCIMENTO LENTO DE
JENIPAPEIRO
19
RESUMO 19
ABSTRACT 20
1. INTRODUÇÃO 21
2. MATERIAL E MÉTODOS 22
2.1. Material vegetal 22
2.2. Condições de cultivo 22
2.3. Conservação in vitro de acessos de jenipapeiro 22
2.3.1. Efeito do manitol na redução do crescimento in vitro de acessos de jenipapeiro 22
2.3.2. Efeito do ácido abscísico na redução do crescimento in vitro de acessos de
jenipapeiro
23
2.3.3. Efeito da concentração de sais MS e da sacarose na redução do crescimento in
vitro de acessos de jenipapeiro
23
2.4. Retomada do crescimento in vitro 23
2.4.1. Retomada do crescimento in vitro do acesso CZA proveniente de meio de
conservação com manitol
23
2.4.2. Retomada do crescimento in vitro do acesso CZA proveniente de meio de
conservação com ABA
23
2.4.3. Retomada do crescimento in vitro do acesso CZA proveniente de meio de
conservação com variações de sacarose e sais do meio MS
24
2.5. Avaliação dos experimentos 24
2.6. Delineamentos experimentais e análises estatísticas 25
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 26
3.1. Conservação in vitro de acessos de jenipapeiro 26
3.1.1. Efeito do manitol no crescimento in vitro de acessos de jenipapeiro 26
3.1.2. Efeito do ácido abscísico (ABA) no crescimento in vitro de acessos de
jenipapeiro
31
3.1.3. Efeito da concentração de sais MS e da sacarose no crescimento in vitro de
acessos de jenipapeiro
33
3.2. Retomada do crescimento in vitro 35
3.2.1. Retomada do crescimento in vitro do acesso CZA proveniente de meio de
conservação com manitol
35
3.2.2. Retomada do crescimento in vitro do acesso CZA proveniente de meio de
conservação com ABA
38
3.2.3. Retomada do crescimento in vitro do acesso CZA proveniente de meio de
conservação com variações de sacarose e sais do meio MS
41
4. CONCLUSÕES 44
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
45
CAPITULO 2: EFEITO DO MEIO DE CULTURA NA GERMINAÇÃO IN VITRO
JENIPAPEIRO
47
RESUMO 47
ABSTRACT 48
1. INTRODUÇÃO 49
2. MATERIAL E MÉTODOS 49
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 50
4. CONCLUSÕES 53
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
53
CAPITULO 3: INDUÇÃO DE EMBRIOGÊNESE SOMÁTICA EM JENIPAPEIRO 55
RESUMO 55
ABSTRACT 56
1. INTRODUÇÃO 57
2. MATERIAL E MÉTODOS 58
2.1. Material vegetal 58
2.2. Condições de cultivo 58
2.3. Indução de embriogênese somática in vitro de jenipapeiro 58
2.4. Avaliação do experimento 59
2.5. Delineamento experimental e análises estatísticas 59
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 59
4. CONCLUSÕES 66
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 66
ANEXOS 68
i
LISTA DE ABREVIATURAS
ABA Ácido abscísico
ANA Ácido naftalenoacético
BAP 6- benzilaminopurina
BAG Banco Ativo de Germoplasma
CZA Acesso de jenipapeiro Cruz das Almas
OT1 Acesso de jenipapeiro Oiteiros
SIR Acesso de jenipapeiro Siriri
MS Meio de cultura estabelecido por Murashige e Skoog (1962)
½MS Metade da concentração de sais do meio MS
¼MS Um quarto da concentração de sais do meio MS
2,4- D
Ácido 2,4- diclorofenoxiacético
ii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Escala de notas para avaliação da viabilidade de plântulas de jenipapeiro sob condições de crescimento lento
25
Figura 2 Número de folhas viáveis em plântulas do acesso CZA em função da concentração de manitol aos 150 dias de cultivo in vitro
26
Figura 3 Número de folhas viáveis em plântulas do acesso CZA em função do tempo de cultivo in vitro na presença de manitol
27
Figura 4 Comprimento da parte aérea em plântulas do acesso CZA em função da concentração de manitol aos 150 dias de cultivo in vitro
27
Figura 5 Comprimento da parte aérea em plântulas do acesso CZA em função do tempo de cultivo in vitro na presença de manitol
28
Figura 6 Número de folhas com abscisão em plântulas do acesso CZA em função da concentração de manitol aos 150 dias de cultivo in vitro
29
Figura 7 Número de folhas com abscisão em plântulas do acesso CZA em função do tempo de cultivo in vitro na presença de manitol
30
Figura 8 Viabilidade em plântulas de jenipapeiro do acesso CZA em função da concentração de manitol aos 150 dias de cultivo in vitro
30
Figura 9 Viabilidade em plântulas do acesso CZA em função do tempo de cultivo in vitro na presença de manitol
31
Figura 10 Número de folhas em plântulas do acesso CZA em função da concentração de ácido abscísico aos 150 dias de cultivo in vitro
32
Figura 11 Número de folhas com abscisão em plântulas do acesso CZA em função da concentração de ácido abscísico aos 150 dias de cultivo in vitro
33
Figura 12 Porcentagem de resposta morfogenética de explantes acesso CZA (meio de retomada de crescimento) em função da concentração de manitol (meio de conservação)
36
Figura 13 Resposta morfogenética de explantes do acesso CZA na presença de manitol (meio de conservação) e na A- ausência de BAP e B- presença de 1 mg L-1 de BAP (meio de retomada de crescimento)
37
iii
Figura 14 Resposta morfogenética de explantes de jenipapeiro do acesso CZA, na presença de ABA (meio de conservação) e na ausência de BAP (A) e presença de 1 mg L-1 de BAP (B) (meio de retomada de crescimento)
40
Figura 15 Resposta morfogenética de explantes do acesso CZA em meio com redução de sais MS (meio de conservação) e na A- ausência de BAP B- presença de 1 mg L-1 de BAP (meio de retomada do crescimento)
44
Figura 16 Germinação in vitro do acesso OIT, aos 120 dias, nos meios T1: Meio MS + 30 g L-1 de sacarose; T2: MS + 15 g L-1 de sacarose; T3: ½ MS + 30 g L-1 de sacarose; T4: ½ MS + 15 g L-1 de sacarose e T5: Água + 6,0 g L-1 de ágar
52
Figura 17 Porcentagem de plântulas normais (PPN) do acesso OIT em função do tempo de cultivo in vitro
53
Figura 18 Porcentagem de resposta morfogenética de explantes do acesso SIR em função da concentração de 2,4-D aos 120 dias de cultura in vitro. A- explante foliar; B-segmento caulinar
60
Figura 19 Porcentagem de resposta morfogenética de explantes do acesso SIR em função da concentração de BAP aos 120 dias de cultura in vitro. A- explante foliar; B- explante caulinar
62
Figura 20 Respostas morfogenéticas de explantes foliares (A-calogênese e B-organogênese indireta) e caulinares (C- calogênese e D- organogêsene direta) do acesso SIR na presença de 2,4-D e BAP
65
iv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Número de folhas (NF), comprimento da parte aérea (CPA), número de folhas com abscisão (NFA) e viabilidade da cultura (VIB) de plântulas do acesso CZA em diferentes concentrações de sais MS e de sacarose
34
Tabela 2 Número de folhas (NF), comprimento da parte aérea (CPA), número de folhas com abscisão (NFA) e viabilidade da cultura (VIB) de plântulas do acesso CZA em função do tempo de cultivo in vitro em diferentes concentrações de sais e sacarose
35
Tabela 3 Porcentagem da resposta morfogenética de explantes do acesso CZA em função da presença ou ausência de BAP (meio de retomada do crescimento)
37
Tabela 4 Valores médios da resposta morfogenética de explantes acesso CZA em função do tipo de explante e da presença e ausência de BAP (meio de retomada de crescimento) e do meio de conservação
38
Tabela 5 Porcentagem da resposta morfogenética de tipos de explantes do acesso CZA (meio de retomada de crescimento) na presença de ABA (meio de conservação)
39
Tabela 6 Porcentagem da resposta morfogenética de explantes do acesso CZA em função do ABA (meio de conservação) e do BAP (meio de retomada de crescimento)
40
Tabela 7 Valores médios da resposta morfogenética de plântulas de jenipapeiro do acesso CZA em função do tipo de explante e da presença e ausência de BAP (meio de retomada de crescimento) e do meio de conservação
41
Tabela 8 Porcentagem da resposta morfogenética de explantes do acesso CZA em função do meio de conservação e da presença ou ausência de BAP (meio de retomada do crescimento)
42
Tabela 9 Valores médios da resposta morfogenética do acesso CZA em função do tipo de explante, da presença e ausência de BAP (meio de retomada do crescimento) e do meio de conservação
43
Tabela 10
Porcentagem de plântulas normais do acesso OIT em diferentes meios de cultura aos 120 dias de cultivo in vitro
51
v
Tabela 11 Comprimento da parte aérea (CPA) de plântulas do acesso OIT em diferentes meios de cultura aos 120 dias de cultivo in vitro
51
Tabela 12 Porcentagem de resposta morfogenética de expantes do acesso SIR em função do tipo de explante e da concentração de 2,4-D
61
Tabela 13 Valores médios da porcentagem de resposta morfogenética de explantes do acesso SIR em função do tipo de explante e da concentração de BAP
63
Tabela 14 Valores médios da porcentagem de resposta organogenética de explantes foliares e caulinares do acesso SIR na ausência e na presença de BAP e 2,4-D aos 120 dias de cultivo
64
vi
LISTA DE ANEXOS
Anexo A Anexo B Anexo C Anexo D Anexo E Anexo F Anexo G Anexo H Anexo I
Resumo do quadro de análise de variância do efeito do manitol e tempo de cultivo in vitro (Tempo) no número de folhas (NF), no comprimento do ponto de início da radícula até a inserção do primeiro par de folhas (PPF), no número de folhas caídas (NFC) e vigor de plântulas de jenipapeiro do acesso CZA Resumo do quadro de análise de variância do efeito do ácido abscísico (ABA) e do tempo de cultivo in vitro (Tempo) no número de folhas (NF), no comprimento do ponto de início da radícula até a inserção do primeiro par de folhas (PPF), no número de folhas caídas (NFC) e vigor de plântulas de jenipapeiro do acesso CZA Resumo do quadro de análise de variância do efeito de variações de sais do meio MS e sacarose (MC) e do tempo de cultivo in vitro (Tempo) no número de folhas (NF), no comprimento do ponto de início da radícula até a inserção do primeiro par de folhas (PPF), no número de folhas caídas (NFC) e vigor de plântulas de jenipapeiro do acesso CZA Resumo do quadro de análise de variância da resposta morfogenética de explantes de jenipapeiro do acesso CZA na retomada do crescimento em função da concentração de manitol (MC), do BAP e do tipo de explante Resumo do quadro de análise de variância da resposta morfogenética de explantes de jenipapeiro do acesso CZA na retomada do crescimento em função da concentração do ABA (MC), do BAP e do tipo de explante Resumo do quadro de análise de variância da resposta morfogenética de explantes de jenipapeiro do acesso CZA na retomada do crescimento em função de variações de sais do meio MS e sacarose (MC), do BAP e do tipo de explante
Resumo do quadro de análise de variância da porcentagem de plântulas normais de jenipapeiro (PPN%) do acesso OIT na germinação in vitro em função de variações de sais do meio MS e sacarose (MC) e do tempo Resumo do quadro de análise de variância do comprimento da parte aérea (CPA) do acesso OIT na germinação in vitro em função de variações de sais do meio MS e sacarose (MC) aos120 dias Resumo do quadro de análise de variância da porcentagem de explantes de jenipapeiro do acesso SIR com resposta morfogenética (PRM) em função de diferentes concentrações de BAP e 2,4-D e do tipo de explante
68 68 68 69 69 69 70 70 70
vii
ALMEIDA, Camila Santos. PROPAGAÇÃO E CONSERVAÇÃO IN VITRO DE ACESSOS DE JENIPAPEIRO. 2013. 70p. (Dissertação – Mestrado em Biotecnologia em Recursos Naturais). Universidade Federal de Sergipe, São
Cristóvão, SE.
RESUMO
O jenipapeiro tem grande importância econômica tanto pela sua essência florestal, quanto pela produção de alimentos. A obtenção de protocolos de conservação é importante para a preservação de recursos genéticos. O presente trabalho teve como objetivo estabelecer protocolos de conservação in vitro de jenipapeiro, além de estudos do efeito de diferentes meios de cultura na germinação in vitro de sementes dessa espécie e do efeito de diferentes meios de cultura na indução da embriogênese somática. Os experimentos foram conduzidos no laboratório de Cultura de Tecidos de Plantas da Embrapa Tabuleiros Costeiros, SE e foram utilizadas sementes de plantas matrizes de jenipapeiro provenientes de Cruz das Almas- BA; Povoado Oiteiros- SE e Povoado Siriri- SE. No experimento de conservação foram testadas diferentes concentrações de manitol- ensaio 1; de ABA- ensaio 2; e variações do meio MS e sacarose- ensaio 3. Após 150 dias, as plântulas provenientes do meio de conservação, foram segmentadas e inoculados em meio de regeneração (MS gelificado suplementado com 30 g L-1 de sacarose, BAP (0 e 1 mg L-1) e 4,5 g L-1 de Phytagel®). Para o experimento de germinação foram testadas água destilada e diferentes variações de sais MS e sacarose. Para o experimento da embriogênese somática, plântulas com 90 dias de cultivo in vitro foram segmentadas e transferidas para um novo meio MS suplementado com 30 g L-1 de sacarose e diferentes concentrações de 2,4- Diclorofenoxiacético- 2,4-D (0; 4 e 8 mg L-1) combinadas com quatro concentrações de benzilaminopurina-BAP (0; 1; 2 e 3 mg L-1). Na etapa de conservação, o manitol nas concentrações estudadas não promoveu desaceleração do crescimento das plântulas de jenipapeiro, enquanto, o ácido abscísico promoveu a redução do número de folhas. Os meios MS e ½ da concentração de sais MS na presença de 30 g L-1 de sacarose promoveram a desaceleração do crescimento das plântulas de jenipapeiro, podendo ser recomendados para protocolos de conservação por crescimento lento. Os explantes provenientes do meio de conservação contendo manitol e ácido abscísico mantidos na presença de 1,0 mg L-1 de BAP na fase de retomada, apresentaram maior resposta morfogenética. Os explantes mantidos na fase de conservação na presença de meio MS + 30 g L-1 de sacarose e ½ MS com 15 ou 30 g L-1 de sacarose, apresentaram menor resposta morfogenética na ausência de BAP quando comparado com os demais tratamentos. Na etapa de germinação in vitro, observou-se que na ausência de sais e de sacarose houve maior porcentagem de plântulas normais e menor comprimento da parte aérea. Na etapa da embriogênese somática, a presença de 2,4-D, promoveu maior porcentagem de explantes com resposta morfogenética. O segmento caulinar promoveu maior resposta que o segmento foliar na ausência e na concentração 4 mg L-1 de 2,4-D. Além disso, a presença de BAP induziu menor resposta dessa variável para o explante caulinar e maior resposta para o explante foliar.
Palavras-chave: Genipa americana L.; crescimento mínimo; cultura de tecidos.
Comitê Orientador: Dra. Ana da Silva Lédo – Embrapa Tabuleiros Costeiros/BIOTEC-UFS (Orientadora)
viii
ALMEIDA, Camila Santos. IN VITRO PROPAGATION AND CONSERVATION OF
GENIPA ACCESSIONS. 2013. 71p. (Dissertation – Master in Biotechnology).
Federal University of Sergipe, São Cristóvão, SE.
ABSTRACT
The jenipapeiro (Genipa americana L.) has great economic importance both for its forest
essence, as the production of food. Obtaining protocols is important for conservation of
genetic resources conservation. The objectives of this study was to establish protocols for in
vitro conservation jenipapeiro, and studies of the effect of different culture media on in vitro
germination of seeds of this species and the effects of different culture media on the
induction of somatic embryogenesis from explants of this culture. The experiments were
conducted in the laboratory of Plant Tissue Culture Embrapa Coastal Tablelands, SE. To
study the in vitro conservation of plant seeds were used arrays jenipapeiro from Cruz das
Almas, Bahia; access Oiteiros, Sergipe and access Siriri, Sergipe. In the experiment of
conservation tested different concentrations of mannitol - Test 1; ABA- Test 2, and variations
of the MS and sucrose- test 3. After 150 days, the seedlings from the means of conservation,
targeted and were inoculated on regeneration medium (MS gelled supplemented with 30 g L-
1 sucrose, BAP (0 and 1 mg L-1) and 4,5 g L-1 Phytagel ®). For the germination experiment
tested distilled water and different variations of MS salts and sucrose. For the experiment of
somatic embryogenesis, seedling 90 days in vitro culture were segmented and transferred to
a new MS medium supplemented with 30 g L-1 sucrose and different concentrations of 2,4 -
2,4-D-Dichlorofenoxyacetic (0 , 4 and 8 mg L-1) combined with concentrations of four-
benzylaminopurine (BAP 0, 1, 2 and 3 mg L-1). In the stage of conservation, mannitol
concentrations studied did not promote growth slowdown seedlings jenipapeiro, while,
abscisic acid caused a reduction in the number of leaves. The means MS and ½ MS salt
concentration in the presence of 30 g L-1 sucrose promoted slowing the growth of seedlings
jenipapeiro can be recommended protocols for conservation by slow growth. The explants
from the storage medium containing mannitol and maintained abscisic acid in the presence
of 1,0 mg L-1 BAP phase of resumption showed higher morphogenetic response. Explants
kept in storage phase in the presence of MS medium + 30 g L-1 sucrose and ½ MS 15 or 30
g L-1 sucrose, had lower morphogenetic response in the absence of BAP compared with the
other treatments. In the stage of germination in vitro, it was observed that in the absence of
salts and sucrose was highest percentage of normal seedlings and lowest shoot length. In
the stage of somatic embryogenesis, the presence of 2,4-D, promoted greater percentage of
explants with morphogenetic response. The shoot segments promoted greater response
than the foliar concentration in the absence and 4 mg L-1 2,4-D. Furthermore, the presence
of BAP induced reduced response to this variable stem explants and greater response to
foliar explants.
Keywords: Genipa americana L.; minimal growth; tissue culture.
Guidance Comittee: Dra. Ana da Silva Lédo – Embrapa Coastal Tablelands/BIOTEC-UFS (Major professor)
1
1. INTRODUÇÃO
O jenipapeiro (Genipa americana L.) é uma frutífera que desperta grande interesse
econômico, tanto pela comercialização dos seus frutos que possuem diversas utilizações
(medicinal, alimentícios, cosmética, industrialização) quanto por suas características
madeireiras, utilizadas nas construções naval e civil. Essa espécie vem sendo explorada de
forma irregular, sem nenhuma medida de preservação, e é encontrada vegetando
espontaneamente em Sergipe, principalmente em áreas de Tabuleiros Costeiros e zona de
transição, onde sua preservação in situ vem sofrendo acelerado processo de erosão
genética decorrente da expansão de áreas para cultivo de outras espécies agrícolas e
pastagens.
No Brasil, essa espécie está distribuída espontaneamente em todas as regiões,
ocupando uma maior área no Nordeste. Devido a multiplicidade de usos, o jenipapeiro tem
despertado o interesse de pesquisadores e já é considerada uma frutífera entre as dez
espécies selecionadas como de altíssima prioridade pelo programa Plantas do Futuro do
CNPq/World Bank/GEF/MMA/Probio.
A Embrapa Tabuleiros Costeiros, juntamente à plataforma de recursos genéticos da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária vem intensificando ações de coleta,
caracterização e conservação de germoplasma de Jenipapeiro no estado de Sergipe e em
outros estados do país. Encontra-se em fase de enriquecimento no campo experimental de
Nossa Senhora das Dores, Sergipe, um Banco Ativo de Germoplasma de jenipapeiro. Nesse
sentido, a aplicação de técnicas de cultura de tecidos de plantas como estratégia
complementar à conservação da variabilidade genética existente e para acelerar a
multiplicação de genótipos promissores tornam-se imprescindíveis, especialmente para
espécies que não podem ter suas sementes conservadas a baixa temperatura e umidade,
como as do jenipapeiro.
A conservação in vitro por crescimento lento vem sendo utilizada com sucesso em
muitas espécies com o intuito de se manter um grande número de acessos em um espaço
reduzido, sem influência das intempéries, reduzindo o metabolismo da planta sem, no
entanto, afetar a sua viabilidade, preservando as suas características genéticas e
contribuindo com o intercâmbio de germoplasma.
O presente trabalho teve como objetivo estabelecer protocolos de conservação in vitro
de jenipapeiro, além de estudos do efeito de diferentes meios de cultura na germinação in
vitro de sementes dessa espécie e do efeito de diferentes meios de cultura na indução da
embriogênese somática.
2
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Origem, ocorrência, botânica e importância do jenipapeiro
Genipa americana L. é uma espécie pré-colombiana com origem no norte da América
do Sul, sendo também encontrada na Ámerica Central, nas Antilhas e no México (SOUZA et
al., 1996). Há indicações que o Brasil, a Ámerica Tropical, Porto Rico e a Índia são as
regiões de origem dessa espécie (XAVIER; XAVIER, 1976), onde aparece tanto sob cultivo
quanto em estado espontâneo. Ocorre em áreas com florestas abertas e de vegetação
secundária de várzeas situadas em locais temporário ou permanentemente inundados. Com
ampla distribuição pelas regiões tropicais úmidas e subtropicais da América Latina desde o
México até a Argentina, a espécie parece desenvolver-se melhor em áreas com
pluviosidade entre 1.200 a 4.000 mm e com temperaturas médias anuais entre 18 e 28°C.
No Brasil, vai do Amapá até os estados da região Sul (FAO, 1986; LORENZI, 1992).
O jenipapeiro pertence a família Rubiaceae, gênero Genipa, sendo também conhecida
popularmente como jenipa, jenipapinho, janipaba, janapabeiro, janipapo e janipapeiro
(LORENZI, 1992). Caracteriza-se como uma planta de porte arbóreo de 10 a 12 m de altura,
podendo alcançar 20 m de altura, caule reto de 60 cm de diâmetro, copa grande e
arredondada com ramos numerosos e fortes, sempre glabros, de casca lisa, espessa,
cinzento esverdeada e com manchas cinzas mais claras (BAHIA, 2012; CORREA, 1969;
CARVALHO, 1994; ESTRELLA,1995). As folhas são simples, opostas, pecioladas, e glabras
em ambas as faces, medindo de 20 a 42 cm de comprimento e de 9 a 16 cm de largura. As
inflorescências apresentam um aroma característico, ocorrem em rácimos axilares ou
terminais, com flores hermafroditas amarelo-ouro contendo 5 pétalas (PRANCE, 1975). Os
frutos são do tipo baga ovoide ou sub-globosa, medindo de 8 a 10 cm de comprimento e 6 a
7 cm de diâmetro; quando maduros apresentam casca mole, parda ou pardacento-
amarelada, cinzenta ou marrom, membranosa, fina e enrugada (CARVALHO,1994;
CORREA, 1969). A polpa é suculenta, adocicada e perfumada, com aroma característico
muito pronunciado, contendo numerosas sementes compridas, cinzento-escuras medindo
de 6 a 12 mm (POPENOE, 1974; PRANCE, 1975; SANTOS, 1978).
A primeira produção de frutos ocorre por volta dos seis anos após o plantio e os frutos
são colhidos diretamente na árvore ou no chão. O ponto de maturidade é percebido quando
o fruto muda da coloração verde para marrom. Uma árvore de 15 a 20 anos pode produzir
entre 400 a 600 frutos por colheita (BTFP, 2005).
A casca e o fruto verde de jenipapo produz, por oxidação, um corante azul escuro
solúvel em água e etanol (PENALBER et al., 1996). Apesar de haver relatos na literatura do
3
uso de jenipapo como fonte de corante azul, esse processo nunca foi explorado em relação
à sua viabilidade técnica, às melhores condições de extração e à coloração obtida (RENHE
et al., 2009).
Alguns autores supõem que existam muitas variedades de jenipapeiro (GOMES, 1989;
SANTOS, 1978). Segundo Bahia (2012), os seguintes tipos são conhecidos: jenipapo
grande, jenipapo médio e jenipapo pequeno; jenipapo com semente, jenipapo sem semente;
jenipapeiro semperflorens, jenipapo macho; jenipapo feminino. Há relatos que exista
também a variedade Caruto (Genipa caruto HBK), na Guiana e em outros países,
(CORREA, 1969) e a Genipa infudibuliformis, conhecido como jenipapeiro liso, no Espírito
Santo e no sul da Bahia, na mata pluvial atlântica de tabuleiro (LORENZI, 1992).
Por ser muito rústico, o jenipapeiro é pouco exigente, adapta-se a tipos variados de
solo, porém se desenvolve bem em solos permeáveis, profundos, bem drenados, areno-
argilosos, com pH 6,0 a 6,5 (GOMES, 1989). Adapta-se muito bem ao clima tropical, não
existindo restrições quanto a altas temperaturas, no entanto, não é recomendável o plantio
onde o inverno seja rigoroso e onde ocorra geada (XAVIER & XAVIER, 1976). A propagação
de jenipapo é realizada via sementes e vegetativamente por enxertia por borbulhia e
garfagem (CARVALHO, 1994; DANTAS et al., 2009; BAHIA, 2012).
A exploração dessa espécie é predominantemente extrativista, feita por pequenos
agricultores tradicionais e proprietários da terra, sem tecnologia e tratos culturais,
garantindo, assim, empregos no mercado informal. Ainda se desconhece, no Brasil, a
existência de pomares comerciais registrados desta frutífera (ROCHA, 2006; DANTAS et al.,
2009).
A Genipa americana L. é uma espécie de importância econômica, utilizada como
essência florestal, como produtora de alimentos e ainda serve de alimento para animais em
zonas tropicais da fauna brasileira (BAHIA, 2012). Apresenta grande demanda por parte do
mercado de frutas frescas, por se tratar de uma fruta saborosa, de baixa perecibilidade e
com excelentes qualidades nutricionais. Seus frutos são explorados no Estado Sergipe para
comercialização, principalmente para o consumo in natura (SANTOS et al., 2007). Nas
folhas são encontradas substâncias, como o ácido geniposídico e outros princípios ativos,
que inibem in vitro, tumores provocados por alguns tipos de vírus (SUZUKI et al., 2001).
Essa espécie pode ser usada na arborização urbana e é também uma boa opção para
pequenos agricultores, tanto pela madeira como pelos frutos de valor comercial (COSTA et
al., 2005). Sua madeira é amplamente usada em decorações de interiores e exteriores, na
fabricação de tacos de bilhar, formas de sapatos, fabricação de cabos de enxada, foice, nas
construções civil e naval, e marcenaria. Seu fruto, quando maduro, fornece polpa que pode
ser consumida in natura ou na forma de sucos e doces, como também na medicina caseira,
como forragem para animais e no curtimento do couro. O suco fermentado pode ser
4
processado em vinho e licor (LORENZI, 1992, POTT & POTT, 1994; FAO, 1986; UNALMED,
2011). Podem ainda ser usados a casca, a raiz, as folhas e as sementes, na medicina
popular (COSTA et al., 2005). Além disso, é uma espécie que apresenta grande potencial
econômico na recomposição de matas ciliares (XAVIER & XAVIER, 1976). O estado de São
Paulo é referência; já que utiliza o jenipapeiro como espécie promissora em modelos de
recuperação de áreas degradadas em ambientes de mata ciliar, por suportar longos
períodos sob condições de alagamento (BARBOSA et al., 1989 citado por ANDRADE et al,
2000).
Apesar do conhecimento do potencial produtivo e da adaptabilidade do jenipapeiro nas
diversas regiões tropicais, ainda são poucos os trabalhos sobre esta espécie, principalmente
em se tratando de estudos de exploração, produção e uso da sua madeira (BTFP, 2005;
LORENZI, 1992).
2.2. Recursos genéticos vegetais
A diversidade biológica ou biodiversidade é representada por todas as espécies de
plantas, animais e microrganismos, em interação com os ecossistemas e os processos
ecológicos dos quais essas espécies fazem parte. A manifestação física da biodiversidade é
representada pelos recursos genéticos, definidos como “espécies de plantas, animais e
microrganismos de valor atual ou potencial” (GOEDERT, 2007).
A conservação de recursos genéticos vegetais dos biomas tropicais é um tema de
importância mundial. Enquanto muitas espécies estão em risco de extinção nas regiões
temperadas, várias desaparecem todos os dias nos trópicos. A proteção de espécies frente
à iminente extinção é, portanto, uma questão prioritária. A conservação e o manejo da
biodiversidade, mesmo em áreas protegidas nos trópicos, constituem-se em desafios
complexos que requerem conhecimento básico sobre a distribuição e abundância de
espécies, suas interações mutualistícas, sua biologia reprodutiva e a estrutura genética de
suas populações (PARK et al., 1998).
Os recursos genéticos são parte essenciais da biodiversidade, onde é usada pelo
homem para promover o desenvolvimento sustentável da agricultura e produção de
alimentos, tratando da variabilidade genética entre as espécies de grupos de espécies de
plantas de interesse agrícola para as suas regiões de origem (variabilidade interespecífica).
Já variabilidade intraespecífica, maneja a variabilidade dentro de cada espécie, com fins de
utilização para pesquisa em melhoramento genético e em biotecnologia, podendo isso ser
chamado de “germoplasma” (GOEDERT, 2007).
A Rede Nacional de Recursos Genéticos, atualmente, mantém 383 Bancos Ativos de
Germoplasma de Plantas (BAGs), dos quais 140 pertencem ao sistema Embrapa e 243 à
5
outras instituições do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA). Destes, 52%
conservam apenas espécies exóticas, enquanto que 32% apenas espécies nativas e os
restantes 16% ambas as categorias. A alta proporção de espécies exóticas é um indicativo
da importância para alimento e agricultura no Brasil (MARIANTE et al., 2009).
Portanto, o uso de recursos genéticos, como fonte para a obtenção de novas
variedades, é fator fundamental para alcançar uma produtividade mais elevada, como
também, para as transformações tecnológicas verificadas no processo de modernização do
agronegócio. No entanto, fortalecer as iniciativas para a conservação de espécies em seus
habitats naturais e entre as populações tradicionais de agricultores e comunidades
indígenas (conservação on farm), e de forma integrada com o sistema formal de
conservação ex situ é de grande importância para objetivar esse desenvolvimento tão
esperado pelo mundo (GOEDERT, 2007).
O jenipapeiro é uma cultura perene pela qual a conservação de seus recursos
genéticos é, sobretudo, baseada em coleções de campo, devido à sua fisiologia, já que o
comportamento das mesmas durante o armazenamento é intermediário, razão pela qual não
toleram a dessecação a níveis extremamente reduzidos (CARVALHO; NASCIMENTO, 2000
citado por OLIVEIRA et al., 2011). Segundo relatos de Vieira & Gusmão (2006) as sementes
possuem período de viabilidade relativamente curto, com ausência de germinação após 60
dias de armazenamento.
Considerando o alto potencial do jenipapeiro e a necessidade de preservação de
genótipos, alguns órgãos de pesquisa registram a existência de acessos provenientes de
sementes ou vegetativamente de Genipa americana em bancos de germoplasma, como a
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária da Universidade Estadual Paulista, em
Jaboticabal (SP); a Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia, em Cruz das
Almas (BA); e a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S. A. (EBDA), em Conceição
do Almeida (BA) (CARVALHO, 1999; DONADIO, 1999; LUNA, 1999 citados por DANTAS
et al., 2009). A Embrapa Tabuleiros Costeiros mantém um BAG de Jenipapeiro desde 2009,
com 172 acessos oriundos de diversas regiões do país1. A perda de material genético
decorrente da exploração extrativista demanda o desenvolvimento de métodos de
conservação, para que se elimine o risco de extinção dos bancos naturais de germoplasma
dessa espécie.
1 Informações cedidas pela pesquisadora Dra. Ana Veruska Cruz da Silva, curadora do BAG jenipapo
da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju, SE, em 12 de novembro de 2012.
6
2.3. Conservação in vitro de recursos genéticos
A erosão genética causada pela destruição de habitats, pela seleção natural e pelos
agentes bióticos e abióticos vêm aumentando o interesse pela conservação de
germoplasma vegetal. O aumento da ameaça à diversidade das plantas está associado à
perda dos habitats pela expansão das atividades da agricultura, pecuária, indústria e
estradas (GHAZANFAR, 1998).
A cultura de tecidos, é uma ferramenta que pode auxiliar diversas áreas, como
fitopatologia, fisiologia, engenharia genética, química, citogenética, bioquímica, biologia
molecular, em estudos básicos da biologia de plantas onde abrange recentes e importantes
métodos que permitem a propagação de plantas isentas de vírus e outros patógenos
sistêmicos ou não e a geração de novos genótipos em laboratório (SOUZA et al., 2006).
Permite ainda aperfeiçoar a interação entre fatores abióticos (nutricionais, luminosos,
temperatura, etc.) e bióticos (hormonais e genéticos), resultando em plantas sadias,
vigorosas e geneticamente superiores, que podem ser multiplicadas massivamente.
As atividades de cultura de tecidos são realizadas em ambiente asséptico e com
temperatura e iluminação controladas, visando, principalmente, a otimização das respostas
aos estímulos termícos e fotoperiódico aplicados ao material in vitro, além de outros fatores
(TEIXEIRA & TORRES, 1998).
A conservação ex situ de recursos genéticos encontra nos BAGs e Coleções de
germoplasma as estruturas físicas, onde são armazenadas as amostras de material vivo,
representativas de um indivíduo, ou de vários indivíduos, na forma de sementes, plantas ou
partes da planta, tecidos ou células, para a manutenção da variabilidade genética e posterior
utilização (IBPGR, 1991).
Nos últimos anos, as técnicas de cultura in vitro para conservação em Banco de
Germoplasma foram amplamente desenvolvidas e aplicadas em mais de mil espécies,
muitas das quais oriundas regiões tropicais (LATA, 1991). Para as espécies ameaçadas de
extinção e cuja conservação por sementes não é possível, este é um método considerado
altamente promissor (HOYT, 1992). Assim, as técnicas de conservação in vitro constituem-
se em métodos valiosos para a conservação de recursos genéticos vegetais (HARDING et
al., 1997). Em alguns casos, a conservação in vitro pode ser a única estratégia para
conservar certas espécies, como no caso de plantas com sementes recalcitrantes e de difícil
propagação vegetativa por métodos convencionais (ROCA et al., 1991; FERREIRA et al.,
1998)
Cada método de conservação possui vantagens e desvantagens, sendo necessárias
estratégias complementares para uma conservação máxima da diversidade genética,
variando de acordo com cada espécie (MARTIN & PRADEEP, 2003).
7
Para a conservação de espécies no campo é necessário grandes áreas para o plantio
e proteção constante contra o ataque de pragas e patógenos. Além disso, a manutenção a
longo prazo de acessos adaptados a ambientes distintos daquele onde a coleção é mantida,
nem sempre é viável e muitas vezes se torna impossível. Por essas razões, tem-se
verificado que a conservação in vitro de certas espécies reduz os custos de manutenção e
torna o processo de conservação da coleção mais eficiente (ROCA et al., 1982 citado por
FERREIRA et al., 1998).
A conservação de plantas in vitro se baseia no cultivo das coleções em laboratório, a
partir da técnica da cultura de tecidos (GEORGE, 1996). A técnica é baseada na
totipotencialidade da célula vegetal, ou seja, na sua capacidade de, por si só, originar uma
nova planta, devido às mesmas apresentarem em seu núcleo, toda informação genética
(GRATTAPAGLIA & MACHADO, 1998). No desenvolvimento desse método, dois
procedimentos têm sido adotados: o crescimento lento – que envolve a depressão do
metabolismo das plantas – e o da supressão completa do crescimento por armazenamento
em temperaturas ultra-baixas, a criopreservação (KARTHA, 1987; PRIMROSE, 1987). A
conservação in vitro, seja em condições de crescimento mínimo ou criopreservação de eixos
embrionários isolados, ou de suas partes, é o método mais promissor para a conservação a
médio e longo prazo, respectivamente (FAIAD et al., 1998).
O crescimento lento tem sido utilizado com sucesso para conservar muitas espécies
(WITHERS & WILLIAMS, 1990). Esse método consiste em reduzir o metabolismo da planta,
aumentando ao máximo os intervalos de subcultivos ou estendendo-o indefinidamente, sem
afetar a viabilidade das plântulas. Assim há redução de mão-de-obra e o espaço físico
necessários, além de proporcionar ao melhorista acesso imediato a todo o germoplasma da
coleção (ROCA et al., 1991; GEORGE, 1996).
As culturas mantidas in vitro, pelo método de crescimento lento, são submetidas a
ambientes físico-químicos que diminuem o metabolismo e reduzem o crescimento da planta,
sem afetar a viabilidade. A diminuição da atividade metabólica pode ocorrer pela redução da
intensidade de luz ou temperatura, acréscimo de retardadores de crescimento ao meio de
cultura ou diminuição da concentração dos componentes salinos e orgânicos do meio
(WITHERS & WILLIAMS, 1998). As soluções nutritivas são compostas basicamente por
macronutrientes (N, P, Ca, K, Mg e Fe); micronutrientes (Mn, Zn, B, Cu, Cl e Mb); sacarose,
como a principal fonte de carbono; fitorreguladores; e vitaminas, cuja função principal é
servir como fonte de nitrogênio (GRAÇA & TAVARES, 2000; CALDAS et al., 1998). Durante
o cultivo in vitro, as soluções de sais e açúcares, que compõem o meio de cultura, não
exercem somente um efeito puramente nutritivo, mas também influenciam o crescimento
celular e a morfogênese por meio de propriedades osmóticas (GEORGE, 1996). Nestas
condições, a conservação de germoplasma in vitro pode ser realizada a partir de mudanças
8
no ambiente de cultivo, utilizado para promover o crescimento de células, tecidos e órgãos.
Portanto, os meios de cultivos apropriados para a conservação de germoplasma possuem
composição diferente dos demais a fim de atender o objetivo de manter os acessos nos
bancos e coleções pelo maior tempo possível entre subcultivos, sem comprometer a
sobrevivência e a integridade dos materiais.
A composição e a concentração de hormônios no meio são fatores determinantes no
crescimento e no padrão de desenvolvimento na maioria dos sistemas de cultura de tecidos
(CALDAS et al., 1998). A combinação de baixas temperaturas com a adição de reguladores
vegetais ou agentes osmóticos no meio de cultura tem sido apontada como uma alternativa
eficiente para o desenvolvimento de protocolos de conservação de germoplasma in vitro. Os
agentes osmóticos como sacarose, manitol e sorbitol, agem sobre o crescimento reduzindo
o potencial hídrico do meio de cultura e consequentemente inibindo a absorção de água e
nutrientes pelo explante (CALDAS et al., 1998; ENGELMANN, 1991; LÉDO et al., 2007).
No Brasil, protocolos de conservação in vitro por crescimento lento têm sido
estabelecidos para diversas espécies, como mandioca, batatinha, batata-doce, cará,
morango, aspargo, alho, videira (GOEDERT, 2005), cana-de-acúcar (LEMOS et al., 2002),
maracujazeiro (GONÇALVES et al., 2003; FARIA et al., 2006), batata (FORTES &
PEREIRA, 2001), abacaxi (CANTO et al., 2004), mangaba (SÁ et al., 2011; SANTOS et. al,
2011), coqueiro (MACHADO, 2012; MOURA, 2012).
A aplicação de retardantes osmóticos e inibidores de crescimento nos meios de cultura
é uma estratégia vista em muitos trabalhos. Santos et al. (2011), avaliaram o efeito da
sacarose e sorbitol na conservação in vitro por crescimento lento de mangabeira e
demonstraram eficiência na conservação de segmentos nodais dessa espécie lenhosa, na
ausência de sacarose e na presença de 10 ou 20 g L-1 de sorbitol sob condições de
crescimento lento por 120 dias. Sá et al. (2011) estudando a eficiência do manitol e do ácido
abscísico na redução do crescimento de microestacas de mangabeira observaram que na
presença de manitol, houve o decréscimo do comprimento da parte aérea, mas, aos 90 dias
de cultivo in vitro, foi observado efeito deletério do manitol nas culturas. O ácido abscísico
(0,5 mg L-1) promoveu a desaceleração do crescimento de microestacas de mangabeira.
Avaliando o efeito de diversos fatores físicos e químicos na conservação in vitro de
germoplasma de cana-de-açúcar, Lemos et al. (2002) verificaram efeito positivo da
diminuição da temperatura e da sacarose como fonte de carbono na manutenção da
viabilidade de explantes sob crescimento lento. O ácido abscísico (1 mg L-1) foi essencial
para manter os explantes em crescimento mínimo por 12 meses.
Estudando o efeito da sacarose e do sorbitol na conservação in vitro de um acesso de
Passiflora giberti N. E. Brown, Faria et al. (2006) observaram ser possível conservar, por
quatro meses, microplantas de maracujazeiro em meio de cultura MS suplementado com 10
9
ou 20 g L-1 de sorbitol, na ausência de sacarose, e mantidas sob condições de fotoperíodo
de 16 horas de luz (22 μE m-2 s-1) e temperatura de 27± 1°C. Moura (2012) observou que na
presença do manitol e sorbitol, nas concentrações 0,1; 0,2 e 0,3 M, alguns acessos de
coqueiro gigante apresentaram redução do crescimento da parte aérea. Machado (2012)
demonstrou a eficiência do manitol nas concentrações 0,1 e 0,2 M; e do ácido abscísico nas
concentrações acima de 20 μΜ na inibição do comprimento da parte aérea de acessos de
coqueiro anão .
Apesar dos resultados promissores para a conservação in vitro de algumas espécies,
não existe um protocolo padrão de conservação aplicável a todas as espécies. Os
resultados podem variar em função da espécie e da estratégia de conservação in vitro
utilizada, por isso há necessidade de desenvolver ou adaptar protocolos específicos para
cada espécie de interesse (SÁ, 2009).
A possibilidade da utilização dos métodos de conservação in vitro é atrativa tanto por
motivos econômicos quanto práticos, sendo um componente adicional importante do
tratamento de recursos genéticos e, principalmente, de espécies ameaçadas de extinção
(WITHERS & WILLIAMS, 1998).
Existem poucos trabalhos sobre o comportamento de culturas submetidas a
conservação in vitro na etapa de retomada do crescimento. Santos et al. (2010) avaliando a
capacidade de retomada de crescimento de brotações adventícias de mangabeira após
conservação, observaram que brotações adventícias mantidas na ausência de sacarose ou
na presença de 10 g L-1 de sorbitol apresentaram maior viabilidade na retomada do
crescimento aos 60 dias de cultivo.
Estudos sobre tipos e posição de explantes, meios de cultura e reguladores de
crescimento são imprescindíveis para o sucesso da técnica.
Pesquisas recentes apontam a capacidade organogénetica do jenipapeiro para
propagação in vitro (ROCHA, 2006; DANTAS et al., 2009), entretanto não foram
encontrados registros na literatura sobre estratégias de conservação in vitro por crescimento
mínimo para o jenipapeiro.
2.4. Propagação in vitro
2.4.1. Germinação in vitro de jenipapeiro
A germinação é um evento fisiológico que depende da qualidade da semente e das
condições de germinação, como o suprimento de água e oxigênio e adequação de
temperatura, luz e substrato. Essas condições de germinação ou requerimentos básicos
para germinação variam entre as espécies de plantas (SALOMÃO & SOUSA-SILVA, 2003).
10
O termo germinação pode ser considerado como a reativação metabólica ou retomada de
crescimento do embrião, resultando em uma plântula com as estruturas essenciais para seu
desenvolvimento. Informações sobre a capacidade germinativa das sementes são
importantes para a programação de atividades como a comercialização, plantio e
conservação (SALOMÃO & SOUSA- SILVA, 2003).
De acordo com o critério botânico de germinação, considera-se semente germinada
quando há protusão/extrusão de qualquer parte do embrião, notadamente a radícula. Pelo
critério de tecnologia de sementes, considera-se a semente germinada, aquela que
apresenta a emergência de uma plântula normal, com as partes aérea e radicular vigorosas
(SALOMÃO & SOUSA- SILVA, 2003)
O uso de sementes como explante tem sido indicado nos casos em que a assepsia
de outros explantes se torna inviável, além de proporcionar vantagens em relação aos
demais tipos de explantes, como o rápido crescimento e, consequentemente, a
disponibilidade de material mais rapidamente para as etapas seguintes do cultivo, bem
como a facilidade de enraizamento da cultura, visto que vigor e enraizamento adventício são
caracteristicas naturais de tecidos em estado juvenil (MORAES et al., 2007; ASSIS &
TEIXEIRA, 1998; GRATTAPAGLIA & MACHADO, 1998).
Os meios nutritivos utilizados para a cultura de células, tecidos e órgãos vegetais
fornecem as substâncias essenciais para o seu crescimento e desenvolvimento in vitro. As
mesmas vias bioquímicas e metabólicas básicas que funcionam nas plantas ex vitro, são
conservadas em material vegetal in vitro. Por isso os meios nutritivos se baseiam nas
exigências das plantas quanto aos nutrientes minerais, com algumas modificações para
atender as necessidades específicas in vitro (CALDAS et al., 1998). Estudos de meios de
cultura que favoreçam a germinação in vitro de espécies intermediárias e recalcitrantes são
importantes, tanto para maximizar a taxa de germinação como para obter plântulas
uniformes com qualidade genética e fitossanitária adequada. O suprimento adequado em
água, composição de gases e temperatura convenientes, assim como a luz, são requisitos
fundamentais para a germinação (STEIN, 2007).
Alguns fatores podem influenciar as respostas obtidas, como: tipo de meio de cultura,
concentração de sais e sacarose e reguladores de crescimento. Segundo Caldas et al.
(1998) a concentração da sacarose é um fator importante para obter crescimento ótimo,
dependendo do explante.
A obtenção de plântulas assépticas como fonte de explantes para o estabelecimento
de protocolos de propagação de plantas lenhosas tem sido aplicado a diversas espécies.
Relatos de Dantas et al. (2009) indicam êxito na germinação in vitro de sementes de
jenipapeiro em meio básico MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) e meio WPM- Wood Plant
Medium (LLOYD & McCOWN, 1981) . Lédo et al. (2008) em estudos de germinação in vitro
11
de nim indiano cultivado em dois substratos (ágar e vermiculita), na ausência e presença de
½ MS e MS, observaram que a vermiculita, na ausência de meio de cultura MS, induziu
100% de germinação. Em mangabeira a redução de sais MS beneficiou o desenvolvimento
radicular de plântulas germinadas in vitro (LÉDO et al., 2007).
2.4.2. Embriogênese somática
Embriogênese somática, adventícia ou assexual são termos usualmente empregados
para designar o processo pelo qual células haplóides ou somáticas desenvolvem-se por
meio de diferentes estádios embriogênicos, dando origem a uma planta, sem que ocorra a
fusão de gametas (WILLIAMS & MAHESWARAN, 1986). Esse processo constitui um
exemplo da expressão da totipotencialidade das células das plantas (HABERLANDT, citado
por KRIKORIAN & BERQUAM, 1969).
O padrão de desenvolvimento de um embrião somático em dicotiledôneas apresenta
muitas características morfológicas semelhantes às do embrião zigótico. Ambos são
caracterizados pela diferenciação de uma estrutura bipolar: ápice caulinar e radicular,
passando pelos estádios de desenvolvimento pró-embrionários e embrionários: globular,
codiforme, torpedo e cotiledonar (SMITH, citado por GUERRA et al., 1999). Entre as
diferenças, os embriões somáticos desenvolvem-se livres de correlações físicas, fisiológicas
e genéticas, as quais ocorrem no desenvolvimento de um embrião zigótico (ZIMMERMANN,
1993).
A embriogênese somática é um tipo de morfogênese em que, a partir de tecidos
provenientes diretamente do explante (embriogênese direta) ou de calos (embriogênese
indireta), formam-se embriões zigóticos até a formação completa da planta (BRANDÃO et
al., 2005).
Dois padrões básicos de expressão da embriogênese somática ocorrem in vitro. O
primeiro corresponde ao modelo direto, no qual os embriões somáticos originam-se dos
tecidos matrizes sem a formação de estádios intermediários de calo. O segundo padrão
corresponde ao modelo indireto no qual os embriões somáticos se formam a partir de um
calo, que apresenta células em diferentes estádios de diferenciação e, consequentemente,
com diferentes graus de determinação, as quais podem adquirir novas competências
mediadas por mensageiros químicos específicos (SHARP et al., 1980).
A grande maioria dos sistemas de embriogênese somática ocorre indiretamente
(GRATTAPAGLIA & MACHADO, 1998). A possibilidade de obtenção de um satisfatório
sistema experimental in vitro para estudos morfogenéticos e para a propagação clonal, com
a formação de calos é indesejável. A constituição cromossômica das células de um calo é
instável e a relação entre as células potencialmente meristemáticas e o total de células da
12
massa de um calo é pequena, além da falta de sincronia entre os meristemas de um calo
(HICKS, 1980; THORPE, 1980; SHERIDAN; D’AMATO, citados por GUERRA, 1989).
Dessa forma a embriogênese somática direta oferece um maior potencial para estudo
dos eventos bioquímicos e fisiológicos relacionados com a determinação. Segundo Conger
et al. (1983), a embriogênese direta é um sistema modelo para o estudo da morfologia
básica de embriões não zigóticos e da influência de fitorreguladores sobre o
desenvolvimento embrionário.
Nesse contexto, sistemas que atendem os três requisitos propostos por Williams &
Maheswaran (1986) apresentam especial interesse: 1) as células iniciais não necessitam de
desdiferenciação e são, portanto, potencialmente embriogenéticas por ocasião da
inoculação; 2) ciclos contínuos de embriogênese são possíveis; e 3) os embriões somáticos
são facilmente destacados do tecido matriz.
Independente do padrão direto ou indireto, as células-mães embriogênicas
apresentam um conjunto de características comuns ao comportamento de células
embrionárias em divisão ativa: tamanho pequeno (100 a 200 µm), conteúdo citoplasmático
denso, núcleos grandes com nucléolos proeminentes, vacúolos pequenos e presença de
grãos de amido (GUERRA et al., 1999).
Teoricamente, para a indução de calos, qualquer tecido pode ser utilizado como
explante tendo em vista a totipotência das células vegetais. Na prática, entretanto, procura-
se utilizar explantes que contenham maior proporção de tecido meristemático ou que
contenham maior capacidade de expressar totipotência (GRATTAPAGLIA & MACHADO,
1998). Segundo estes autores, explantes oriundos de tecidos jovens e com maior atividade
metabólica, são mais adequados para estimular a formação de calos.
Na embriogênese somática, in vitro ou induzida, células em diferentes estádios de
diferenciação podem ser induzidas, por estímulos ambientais ou químicos e, se
reprogramadas, adquirirem novas competências morfogenéticas (GUERRA et al., 1999). Em
geral, na maioria dos modelos de embriogênese induzida in vitro, as auxinas, em especial o
2,4-diclorofenoxiacético, são consideradas as substâncias responsáveis pelo
desencadeamento dos processos de desdiferenciação (modelo indireto) e rediferenciação
(modelo direto).
A embriogênese somática apresenta uma grande vantagem sobre os demais sistemas
de micropropagação, pois grandes quantidades de embriões podem se formar em
suspensões de células embriogênicas com mínimo de manipulação manual e espaço físico,
principais componentes do custo de uma planta micropropagada (GRATTAPAGLIA &
MACHADO, 1998).
As técnicas de micropropagação de jenipapeiro tem sido baseadas na organogênese
(ROCHA, 2006; DANTAS et al, 2009). Não existem informações na literatura sobre a
13
indução de calos embriogênicos em Genipa americana L. O estabelecimento do processo
de clonagem massal por embriogênese somática para o jenipapeiro tem grande importância
futura para a multiplicação de acessos superiores oriundos de programas de melhoramento
genético e na etapa de recuperação de acessos conservados in vitro.
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, A. C. S.; SOUZA, A. F.; RAMOS, F. N.; PEREIRA, T. S.; CRUZ, A. P. M. Germinação de sementes de jenipapo: temperatura, substrato e morfologia do desenvolvimento pós-seminal. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.35, n.3, p.609-615, 2000. ASSIS, T. F.; TEIXEIRA, S. L. Enraizamento de plantas lenhosas. In: TORRES, A.C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. (Eds.). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. v.1. Brasília: EMBRAPA Produção de Informação/ Centro Brasileiro Argentino de Biotecnologia, p.261- 296, 1998. BAHIA. Secretaria de Agricultura, Irrigação a Reforma Agrária. Jenipapo. Disponível em: <http// www.seagri.ba.gov.br/jenipapo.htm>. Acesso em: 23 de novembro de 2012. BRANDÃO, R. L.; GONÇALVES, M. C. A.; PETRILLO, C. P.; COELHO, G. T. C. P.; SCHARFFERT, R. E.; CARNEIRO, N. P.; CARNEIRO, A. A. Regeneração em cultura de tecido de cultivares de Sorghum bicolor através de organogênese. 1 ed. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2005 (Circular Técnica, 59). BTFP - BIOTRADE FACILITATION PROGRAMME. Market brief in the european union for selected natural ingredients derived from native species - Genipa americana Jagua, huito. United Nations Conference on Trade and Development, p.38, 2005. CALDAS, L. S.; HARIDASAN, P.; FERREIRA, M. E. Meios nutritivos. In: TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. (Eds.). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: EMBRAPA - SPI/ EMBRAPA - CNPH, p.87-132, 1998. CANTO, A. M. M. E.; SOUZA, F. V. D.; COSTA, M. A. C.; SOUZA, A. da S.; LEDO, C. A. da S.; CABRAL, J. R. S. Conservação in vitro de germoplasma de abacaxi tratado com paclobutrazol. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.39, n.7, p.717-720, 2004. CARVALHO, P. E. R. Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e uso da madeira. Cruz das Almas: Embraba- CNPMF; Brasília, DF: Embrapa- SPI, 1994. CONGER, B. V.; HANNING, G. E.; GRAY, D J.; MCDANIEL, J. K. Direct embryogenesis from mesophyll cells of orchardgrass. Science, v.221, n.4613, p.850- 851, 1983. CORREA, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: IBDF, v.4, p.515-519, 1969. COSTA, M. C.; ALBUQUERQUE, M. C. de F.; ALBRECHT, J. M. F.; COELHO, M. de F. B. Substratos para produção de mudas de Jenipapo (Genipa americana L.). Pesquisa Agropecuária Tropical, v.35, p.19-24, 2005.
14
DANTAS, A. C. V. L.; COSTA, M. A. P. C.; SOUZA, F. V. D.; SANTOS, R. O. S.; SANTOS, L. S. L. In: SANTOS- SEREJO, J. A.; DANTAS, J. L. L.; SAMPAIO, C. V.; COELHO, Y. S. Fruticultura Tropical: espécies regionais e exóticas. EMBRAPA, p. 275- 291, 2009. ENGELMANN, F. In vitro conservation of tropical plant germoplasma: a review. Euphytica, v.57, p.227-243, 1991. ESTRELLA, E. Plantas medicinales amazonicas: realidad y perspectivas. Manaus: TCA, p. 68, 1995. FAIAD, M. G. R.; SALOMÃO, A. N.; FERREIRA, F. R. P.; GONDIM, M. T. P.; WETZEL, M. M. V. S.; MENDES, R. A.; GOES, M. de. Manual de procedimentos para conservação de germoplasma semente em longo prazo na Embrapa. Brasília, DF: Embrapa, p. 21, 1998. FAO (Rome, Italy). Food and fruit-bearing forest species 3: examples from Latin America. p.308, 1986. FARIA, G. A.; COSTA, M. A. C.; JUNGHANS, T. G.; LEDO, C. A. da S.; SOUZA, A. da S. Efeito da sacarose e do sorbitol na conservação in vitro de Plassiflora giberti N.E. Brown. Revista Brasileira de Fruticultura, v.28, n.2, p.267-270, 2006. FERREIRA, M. E.; CALDAS, L. S.; PEREIRA, E. A. Aplicações da cultura de tecidos no melhoramento genético de plantas. In: TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. (Eds.). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: EMBRAPA - SPI/ EMBRAPA - CNPH, p.21- 43, 1998. FORTES, G. R. de L.; PEREIRA, J. E. S. Preservação in vitro da batata com ácido acetilsalicílico e duas fontes de carboidrato. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.36, n.10, p.1261-1264, 2001. GEORGE, E. F. Plant propagation by tissue culture. The technology. Edington: Exegetics, 1996. 574p. GHAZANFAR, S. A. Status of the flora and plant conservation in the Sultanate of Oman. Biological conservation, v. 85, p.275-285. 1998. GOEDERT, C. O. Histórico e avanços em recursos genéticos no Brasil. In: NASS, L. L. (Ed.). Recursos genéticos vegetais. Brasília: Embrapa, p.23-60, 2007. GOMES, R. P. Fruticultura brasileira. Nobel, ed. 8, p.278- 281, 1989. GONÇALVES, K. S.; JUNGHANS, T. G.; VIDAL, A. M. Cultivo in vitro de gemas laterais de maracujazeiro amarelo em função da temperatura. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS, 2., 2003, Porto Seguro. Anais... Cruz das Almas, 2003, 1 CD-ROM. GRAÇA, M. E. C.; TAVARES, F. R. Propagação vegetativa de espécies florestais. In: GALVÃO, A. P. M. Reflorestamento de propriedades rurais para fins produtivos e ambientais. Brasília: EMBRAPA FLORESTAS, p.175-197, 2000. GRATTAPAGLIA, D.; MACHADO, M. A. Micropropagação. In: TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. (Eds.). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. v.1. Brasília: EMBRAPA Produção de Informação/ Centro Brasileiro Argentino de Biotecnologia, p.183- 260, 1998.
15
GUERRA, M. P. Embriogênese somática em Euterpe edulis Mart. (Palmae). 1989. 233 f. Tese (Doutorado em Ciências)- Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989. GUERRA, M. P.; TORRES, A. C.; TEIXEIRA, J. B. Embriogênese somática sementes sintéticas. In: TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. (Eds.). Cultura de Tecidos e transformação genética de plantas. EMBRAPA- SPI/ EMBRAPA- CNPH, v. 2, p.533- 568, 1999. HARDING, K.; BENSON, E. E.; CLACHER, K.; Plant conservation biotechnology : an overview. Agro-Food-Industry Hi-Tech, 1997. HOYT, E. Conservação dos parentes silvestres de plantas cultivadas. Wilminton: Addison-Wesley Iberoamericana, p. 52, 1992. IBPGR. Report of the third external review of the International board for plant genetics resources. Rome: International Board for Plant Genetic Resources, p.85, 1991. KARTHA, K. K. Advances in the cryopreservation technology of plant cells and organs. In: ALLEN, N. S. (Ed.). Plant Biology, v.3, p.447-458, 1987. KRIKORIAN, A. D.; BERQUAM, D. L. Plant cell and tissue culture: the role of Haberlandt. The Botanical Review, v.35, n.1, p.59-88, 1969. LATA, A. H. In vitro conservation of tropical plant germoplasma, a review. Euphytica, v.57, p.227-43, 1991. LÉDO, A. S.; CUNHA, A. O.; ARAGÃO, W. M.; TUPINAMBÁ, E. A. Efeito da sacarose e do manitol na conservação in vitro por crescimento lento de coqueiro anão. Magistra, v.19, n.4, p.346-351, 2007. LEDO, A. S.; VIEIRA, G. S. S.; BARBOZA, S. B. S. C.; SILVA JUNIOR, J. F. Crescimento inicial de mangabeira (Hancornia speciosa Gomes) em diferentes meios de germinação in vitro. Ciência e Agrotecnologia, v.31, p.989-993, 2007. LEDO, A. S.; BLANK, A. F.; BARBOZA, S. B. S. C.; RANGEL, M. S. A.; LEDO, C. A. S. Germinação in vitro de embriões zigóticos e sementes de nim indiano (Azadirachta indica A. Juss). Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.10, p.1- 5, 2008. LEMOS, E. E. P. de; FERREIRA, M. de S.; ALENCAR, L. M. C. de; RAMALHO NETO, C. E.; ALBUQUERQUE, M. M. de. Conservação in vitro de germoplasma de cana-de-açúcar. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.37, n.10, p.1359-1364, 2002.
LLOYD, G.; McCOWN, B. Commercially feasible micropropagation of mountains laurel, Kalmia latifolia by use of shoot tip culture. Combined Proceedins International Plant Propagators Society, Washington, v.30, p.327-421, 1981. LORENZI, H. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Ed. Plantarum, p.302, 1992. MACHADO, C. A. Estratégias para conservação de acessos de coqueiro anão do BAG da Embrapa Tabuleiros Costeiros. 2012. 49 f. (Dissertação, Mestrado em Agroecossistemas). Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE.
16
MARIANTE, A. da S.; SAMPAIO, M.J.A.; INGLIS, M.C.V. The stat of Brazil´s plant genetic resources: conservation and sustainable utilization for food and agriculture. Brasília: Embrapa Techonological Information, p.236, 2009. MARTIN, K. P.; PRADEEP, A. K. Simple strategy for the in vitro conservation of Ipsea malabarica an endemic and endangered orchid of the Western Ghats of Kerala, India. Plant Cell, Tissue and Organ Culture, v.74, p.197-200, 2003. MORAES, R. M.; CALDAS, L. S.; SILVEIRA, C. E. S.; SOUZA, A. V.; BERTONI, B. W.; PEREIRA, A. M. S. Micropropagação e Banco de Germoplasma in vitro para produção e conservação de plantas nativas do Cerrado. In: PEREIRA, A. M. S. (org). Recursos genéticos e conservação de plantas medicinais do Cerrado. Ribeirão Preto, p. 185-212, 2007. MOURA, C. R. F. Conservação in vitro de embriões zigóticos e grãos de pólen de acessos de coqueiro gigante. 2012. 49 f. (Dissertação, Mestrado em Biotecnologia em Recursos Naturais). Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE. OLIVEIRA, L. M.; SILVA, E. O.; BRUNO, R. L. A.; ALVES, E. U. Períodos e ambientes de secagem na qualidade de sementes de Genipa americana L. Semina: Ciências Agrárias, v.32, n.2, p.495-502, 2011. PARK, Y. S.; BARRETT, J. D.; BONGA, J. M. Application of somatic embryogenesis in high-value clonal forestry: deployment, genetic control, and stability of cryopreserved clones. In Vitro Cellular Development Biological –Plant, v.34, p.231-239, 1998. PENALBER, T. J. de A.; SADALA, M. A. C.; CASTRO, M. S.; FARIA, L. J. G. de. Ensaios de extração e aplicação de corantes do fruto do jenipapeiro (Genipa americana). Revista Brasileira de Corantes Naturais, v.2, p.129-135, 1996. POPENOE, W. Manual of tropical and subtropical fruits. Macmillan, p. 454-456, 1974. POTT, A.; POTT, V. J. Plantas do pantanal. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal, p. 320, 1994. PRANCE, G. T. Árvores de Manaus. 17ed. Manaus: INPA, 1975. p.223-225. PRIMROSE, S. B. Modern biotechnology. Oxford: Blackwell Scientific, p.176, 1987. RENHE, I. R. T.; STRINGHETA, P. C.; SILVA, F. F.; OLIVEIRA, T. V. de. Obtenção de corante natural azul extraído de frutos de jenipapo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.44, n.6, p.649-652, 2009. ROCA, W. M.; ARIAS, D. I.; CHAVÉZ, R. Métodos de conservación in vitro del germoplasma. In: ROCA, W. M.; MROGINSKI, L. A. (Eds.). Cultivo de tejidos en la agricultura: fundamentos y aplicaciones. Cali: Centro Internacional de Agricultura Tropical, p.697-712, 1991. ROCHA, M. A. C. Morfogênese in vitro em jenipapeiro (Genipa americana L.). 2006, 66 f. (Dissertação, Mestrado em Ciências Agrárias). Universidade Federal da Bahia, Cruz das Almas, BA. SÁ, A. J. Avanços na propagação e conservação in vitro da Mangabeira (Hancornia speciosa Gomes) nativa da Região Nordeste. 2009. 67 f. (Dissertação, Mestrado em Agroecossistemas). Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE.
17
SÁ, A. J. ; LEDO, A. S.; LEDO. C. A. Conservação in vitro de microestacas de mangabeira (Hancornia speciosa Gomes). Ciência Rural, v.41, n.1, p.57-62, 2011. SALOMÃO, A. N.; SOUSA-SILVA, J. C. Germinação, análise e armazenamento de sementes. In: SALOMÃO, A. N. et al. (Eds). Germinação de sementes e produção de mudas e plantas do Cerrado. Rede de Sementes do Cerrado, p. 3-10, 2003. SANTOS, J. B. dos. Jenipapo. In: MAGALHÃES, A.; BOLDINI, M. da. G.(Eds.). Grande manual globo de agricultura, pecuária e receituário industrial. Globo, v.3, p.234-236, 1978. SANTOS, A. R. F. Variabilidade genética de jenipapo (Genipa americana L.) em área de mata ciliar do Baixo São Francisco visando a produção de sementes. 2007. 30 f. (Monografia, Graduação em Engenharia Florestal – Núcleo de Engenharia Florestal). Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE. SANTOS, M. C. Conservação in vitro de mangabeira nativa da região Nordeste do
Brasil. 2010. 55 f. (Dissertação, Mestrado em Biotecnologia em Recursos Naturais).
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE.
SANTOS, M. C.; LEDO, A. S.; LÉDO, C. A. S.; SOUZA, F. V. D.; SILVA JÚNIOR, J. F. Efeito
da sacarose e do sorbitol na conservação in vitro de segmentos nodais de mangabeira.
Revista Ciência Agronômica, v.42, n.3, p.735-741, 2011.
SHARP, W. R.; SONDAHL, M.; CALDAS, L. S.; MARAFFA, S. B. The physiology on in vitro asexual embryogenesis. Horticultural Reviews, v. 2, p. 268- 310, 1980. SOUZA, A. das G. C. de; SOUSA, N. R.; SILVA, S. E. L. da.; NUNES, C. D. M.; CANTO, A. do C.; CRUZ, L. A. Fruteiras da Amazônia. Embrapa- CPAA, 1996. 204. p. (Biblioteca Botânica Brasileira, 1). SOUZA, A. da. S.; COSTA, M. A.P. de. C.; SANTOS-SEREJO, J. A. dos.; JUNGHANS, T.G.; SOUZA, F.V.D. Introdução à cultura de tecidos de plantas. In: SOUZA, A. da S.; JUNGHANS, T.G. (Eds). Introdução à micropropagação de plantas. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. p.11-37, 2006. SOUZA, F. V. D.; JUNGHANS, T. G.; SOUZA, A. da S.; SANTOS-SEREJO, J. A. dos; COSTA, M. A. P. de C. Micropropagação. Introdução à micropropagação de plantas. Cruz das Almas. Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, p.152, 2006. STEIN, V. C.; PAIVA, R.; SOARES, F. P.; NOGUEIRA, R. C.; SILVA, L. C.; EMRICH, E. Germinação in vitro e ex vitro de Inga vera Willd. subsp. Affinis (DC.) T.D. Penn. Ciência e Agrotecnologia, v.31, n.6, p.1702-1708, 2007. SUZUKI, Y.; KONDO, K.; IKEDA, Y.; UNEMURA, K. Antithrombotic effect of geniposide and genipin in the mouse thrombosis model. Plant Medica, v.67, p.807-810, 2001. TEIXEIRA, S. L.; TORRES, A. C. Organização do Laboratório de Cultura de Tecidos de Plantas. In: TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. (Eds.). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: Embrapa-SPI/ Embrapa - CNPH, v.1, p.71- 86, 1998.
18
UNALMED. Jagua. Disponível em: <http://www.unalmed.edu.co/~lpforest/PDF/Jagua.pdf#search=%22jagua%20genipa%20americana%22>. Acesso em 16 de out. de 2011. XAVIER, M.; XAVIER, A. T. T. N. Jenipapo: espécie indígena para reflorestar. Cerrado, v. 8, n. 34, p. 20-23, 1976. WILLIAMS, E. S.; MAHESWARAN, B. Somatic embryogenesis: factors influencing coordinated behavier of cells as an embryogenic group. Annals of Botany, v.57, n.4, p.443-462, 1986. WITHERS, L. A.; WILLIAMS, J. T. Germplasm conservation in vitro and cryopreservation. In: TORRES, A. C.; CALDAS, L. S. (Eds.). Técnicas e aplicações da cultura de tecidos de plantas. Brasília: Embrapa-SPI/ Embrapa-CNPH, p.267-286, 1990. WITHERS, L. A; WILLIAMS, J. T. Conservação in vitro de recursos genéticos de plantas. In: TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. (Eds.). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: Embrapa-SPI/ Embrapa - CNPH, v.1, p.297-330, 1998. ZIMMERMANN, J. L. Somatic embryogenesis: a model for early development in higher plants. The Plant Cell, v.5, n. 10, p.1411- 1423, 1993.
19
CAPÍTULO 1 – CONSERVAÇÃO IN VITRO POR CRESCIMENTO LENTO DE JENIPAPEIRO.
RESUMO
O jenipapeiro (Genipa americana L.), espécie frutífera distribuída por vários países e comumente encontrada no Nordeste brasileiro, tem grande importância econômica, tanto pela sua essência florestal, quanto pela produção de alimentos. Este trabalho teve como objetivo estabelecer protocolos de conservação in vitro de jenipapeiro. Os experimentos foram conduzidos no laboratório de Cultura de Tecidos de Plantas da Embrapa Tabuleiros Costeiros, SE. Foram utilizadas sementes de plantas matrizes de jenipapeiro provenientes de população natural localizada em Cruz das Almas- BA (acesso CZA). As sementes foram desinfestadas e posteriormente inoculadas em meio MS com 30 g L-1 de sacarose e 4,5 g L-1 de Phytagel®. Após 90 dias de cultivo, no ensaio 1, as plântulas foram transferidas para um novo meio MS suplementado com 30 g L-1 de sacarose e diferentes concentrações de manitol (0; 5; 10; 15 e 20 g L-1). No ensaio 2, as plântulas foram transferidas para meio MS gelificado com 30 g L-1 de sacarose na presença de cinco concentrações de ABA (0; 0,5; 1,0; 2,0 e 4,0 mg L-1). No ensaio 3 foram testados cinco tratamentos: T1- Meio MS gelificado com 30 g L-1 de sacarose; T2- ½ MS com 15 g L-1 de sacarose; T3- ½ MS com 30 g L-1 de sacarose; T4- ¼ MS com 15 g L-1 de sacarose e T5- ¼ MS com 30 g L-1 de sacarose. Em todos os experimentos foi utilizado meio gelificado com 4,5 g L-1 de Phytagel®. As culturas foram avaliadas aos 60, 90, 120 e 150 dias para número de folhas, comprimento da parte aérea, número de folhas com abscisão e viabilidade das culturas. Das plântulas de jenipapeiro conservadas in vitro por 150 dias, foram obtidos segmentos nodais que foram inoculados em meio de regeneração (MS com 30 g L-1 de sacarose, BAP (0 e 1 mg L-1) e 4,5 g L-1 de Phytagel®). Na etapa de conservação, o manitol nas concentrações estudadas não promoveu desaceleração do crescimento das plântulas de jenipapeiro, enquanto, o ácido abscísico nas concentrações estudadas promoveu a redução do número de folhas. Os meios MS e ½ MS na presença de 30 g L-1 de sacarose promovem desaceleração do crescimento das plântulas de jenipapeiro, podendo ser recomendados para protocolos de conservação por crescimento lento. Explantes mantidos na presença de altas concentrações de manitol (15 e 20 g L-1) na fase de conservação e na presença de 1,0 mg L-1 de BAP no meio de retomada de crescimento apresentaram maior resposta morfogenética. Explantes mantidos nas concentrações 0,5 e 2,0 mg L-1 de ácido abscísico na presença de 1,0 mg L-1 de BAP, apresentaram maior resposta morfogenética. Os explantes mantidos na fase de conservação em meio MS + 30 g L-1 de sacarose e ½ MS com 15 ou 30 g L-1 de sacarose, apresentaram menor resposta morfogenética na ausência de BAP quando comparado com os demais tratamentos. A presença de BAP no meio de cultura induz maior resposta morfogenética e os segmentos nodais apicais, medianos e basais apresentam potencial morfogenético na fase de retomada de crescimento. Palavras-chave: Genipa americana L.; germoplasma; regulador osmótico; ácido abscísico.
20
ABSTRACT The jenipapo (Genipa americana L.), the fruit specie distributed in multiple countries and commonly found in northeastern of Brazil, has great economic importance, both for its forest essence, as the production of food. The study aimed to establish protocols for in vitro conservation of jenipapo. The experiments were conducted in the laboratory of Plant Tissue Culture Embrapa Coastal Tablelands, SE. To perform these experiments we used seeds of rip fruits of the jenipapo population from Cruz das Almas, Bahia, Brasil (acess CZA). The material was inoculated on MS culture medium with 30 g L-1 sucrose and 4,5 g L-1 Phytagel®. After 90 days of culture, the plantlets were transferred to a MS culture medium containing 30 g L-1sucrose and different concentrations of mannitol (0, 5, 10, 15 and 20 g L-1). For the second experiment the plantlets were transferred to MS culture medium containing 30 g L-1 sucrose in the presence of five concentrations of abscisc acid (0, 0,5, 1,0, 2,0 and 4,0 mg L-
1). For third experiment were evaluated five treatments: T1-gelled MS medium with 30 g L-1 sucrose, T2 ½-MS with 15 g L -1 sucrose; T3 ½-MS with 30 g L-1 sucrose, T4 ¼-MS with 15 g L-1 sucrose and T5 ¼-MS with 30 g L-1 sucrose. The explants were evaluated at 60, 90, 120 and 150 days for leaf number, shoot length, number of leaves with abscission and viability of cultures. Nodal segments were excised from the jenipapo seedlings preserved in vitro for 150 days and transferred to regeneration medium (gelled MS culture medium supplemented with 30 g L-1 sucrose and BAP 0 or 1 mg L-1). In the conservation phase, mannitol concentrations used did not cause slowing the growth of seedlings jenipapeiro while abscisic acid concentrations studied caused a reduction in the number of leaves.The MS and ½ MS salt concentration in the presence of 30 g L-1 sucrose promote slowing the growth of jenipapo seedlings and can be recommended protocols for in vitro conservation. Explants maintained in the presence of high concentrations of mannitol (15 and 20 g L-1) in the conservation phase on the recovery phase presented higher morphogenetic response in the presence of 1.0 mg L-1 of BAP. The explants maintained at levels of 0.5 and 2.0 mg L-1 of abscisic acid in the presence of 1.0 mg L-1 BAP, showed higher morphogenetic response. Explants kept in storage phase in the presence of MS medium + 30 g L-1 sucrose and ½ MS 15 or 30 g L-1
sucrose, had lower morphogenetic response in the absence of BAP compared with the other treatments. The presence of BAP in culture medium induces greater morphogenetic response and nodal segments apical, median and basal morphogenetic potential in the present phase of recovered growth. Key-words: Genipa americana L.; germplasm; osmotic regulator; abscisic acid.
21
1. INTRODUÇÃO
Genipa americana L., conhecida popularmente como jenipapo ou jenipá, é originário
da América Latina, pertence à família Rubiaceae e apresenta valor madeireiro e alimentício,
sendo explorado sem estratégias de conservação (SANTOS et al., 2011). Ocorre em vários
Estados brasileiros, dentre eles Sergipe sendo utilizado em programas de restauração de
áreas degradadas (SANTOS et al., 2007), com isso despertando interesse de estudos dessa
espécie nas mais distintas áreas.
No Brasil, essa espécie está distribuída espontaneamente em todas as regiões,
ocupando uma maior área no Nordeste. Dados recentes apontam uma área de 269,30 ha
para os estados da Bahia e Sergipe (CODEVASF, 2012). Segundo Ferreira et al. (2005) a
Genipa americana L. está entre as dez espécies selecionadas como de altíssima prioridade
pelo programa Plantas do Futuro do CNPq/World Bank/GEF/MMA/Probio, sendo
considerada uma espécie frutífera.
A Embrapa Tabuleiros Costeiros junto à plataforma de recursos genéticos da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária vem intensificando ações de coleta,
caracterização e conservação de germoplasma de Jenipapeiro, com a implantação, em
2009, de um Banco Ativo de Germoplasma de jenipapeiro no campo experimental de Nossa
Senhora das Dores, Sergipe. Nesse sentido a aplicação de técnicas de cultura de tecidos de
plantas como estratégia complementar à conservação da variabilidade genética existente e
para acelerar a multiplicação de genótipos promissores tornam-se imprescindíveis,
especialmente para espécies que não podem ter suas sementes conservadas a baixa
temperatura e umidade, como as do jenipapeiro.
As culturas mantidas in vitro, pelo método de crescimento lento, são submetidas a
ambientes físico-químicos, que diminuem o metabolismo e reduzem o crescimento da
planta, sem afetar sua viabilidade. A diminuição da atividade metabólica pode ocorrer pela
redução da intensidade de luz ou temperatura, acréscimo de retardantes de crescimento ao
meio de cultura ou diminuição da concentração dos componentes salinos e orgânicos do
meio (WITHERS & WILLIAMS, 1998).
Apesar de não existir um procedimento padrão para todos os genótipos de todas as
espécies, os sucessos obtidos têm sido animadores, e será possível desenvolver um
método adequado de crescimento lento para outras espécies que exijam menos
manipulação (WITHERS & WILLIAMS, 1998).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da concentração de sais e da sacarose
no meio de cultura MS, do manitol e do ácido abscísico na conservação in vitro do acesso
CZA de jenipapeiro.
22
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Material vegetal
Sementes extraídas de frutos maduros de acessos de jenipapeiro, de ocorrência em
população natural em Cruz das Almas, BA -CZA (12°39’10.11’’S; 39°07’19.02’’O), foram
mantidas por 24 horas em temperatura ambiente. Em seguida, foram submetidas a
assepsia em câmara de fluxo laminar sendo imersas em álcool 70% (v/v) por 60 segundos e
em solução de hipoclorito de sódio (NaOCl) com 2,5% de cloro ativo na proporção 2:1 v/v
com duas gotas de detergente por 20 minutos (ROCHA, 2006). Ao final desse tempo, foram
lavadas três vezes, em água destilada autoclavada.
Cinco sementes foram inoculadas em frascos com capacidade de 250 mL contendo 30
mL de meio de cultura MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) com 30 g L-1 de sacarose e 4,5 g
L-1 de Phytagel® para obtenção de plantas sadias por um período de 90 dias, as quais foram
utilizadas em todos os experimentos.
2.2. Condições de cultivo
A condução dos experimentos foi no Laboratório de Cultura de Tecidos de Plantas da
Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju- SE. Os meios de cultura tiveram o pH ajustado para
5,8 ± 0,1 e foram gelificados com 4,5 g L-1 de Phytagel® e submetidos a autoclavagem por
20 minutos a uma temperatura de 121 ± 1°C e pressão de 1,05 atm.
As culturas foram mantidas em sala de crescimento com temperatura controlada de 25
± 2°C, umidade relativa do ar média em torno de 70% com fotoperíodo de 12 horas de luz e
intensidade luminosa de 60 µmol m-2s-1.
2.3. Conservação in vitro de acessos de jenipapeiro
2.3.1. Efeito do manitol na redução do crescimento in vitro de acessos de jenipapeiro
Para o estudo do efeito do manitol no crescimento in vitro de jenipapeiro, plântulas
germinadas in vitro foram transferidas para o meio de conservação composto pelos sais do
meio MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) suplementado com 30 g L-1 de sacarose e
gelificado com 4,5 g L-1 de Phytagel® na presença de cinco concentrações de manitol (0; 5;
10; 15 e 20 g L-1).
23
2.3.2. Efeito do ácido abscísico na redução do crescimento in vitro de acessos de
jenipapeiro
Para o estudo do efeito do ácido abscísico (ABA) no crescimento in vitro de
jenipapeiro, plântulas germinadas in vitro foram transferidas para o meio de conservação
composto pelos sais do meio MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) suplementado com 30 g
L-1 de sacarose e gelificado com 4,5 g L-1 de Phytagel® na presença de cinco
concentrações de ABA (0; 0,5; 1,0; 2,0 e 4,0 mg L-1) .
2.3.3. Efeito da concentração de sais MS e da sacarose na redução do crescimento in
vitro de acessos de jenipapeiro
Para o estudo do efeito da concentração de sais MS e da sacarose no crescimento in
vitro de acessos de jenipapeiro, plântulas germinadas in vitro foram transferidas para cinco
meios de conservação com variações na concentrações de sais e de sacarose do meio de
cultura, sendo: T1- Meio MS + 30 g L-1 de sacarose; T2- ½ MS + 15 g L-1 de sacarose; T3-
½ MS + 30 g L-1 de sacarose; T4- ¼ MS + 15 g L-1 de sacarose; T5- ¼ MS + 30 g L-1 de
sacarose. Todos os meios foram gelificados com 4,5 g L-1 Phytagel®.
2.4. Retomada do crescimento in vitro
2.4.1. Retomada do crescimento in vitro do acesso CZA proveniente de meio de
conservação com manitol
Segmentos nodais (apical, mediano e basal) oriundos de brotações adventícias de
jenipapeiro conservadas in vitro por 150 dias na presença de diferentes concentrações de
manitol foram transferidos para o meio de crescimento.
Os explantes foram inoculados em frascos com capacidade de 250 mL, vedados com
tampa plástica contendo 30 mL de meio de cultura MS, suplementado com 0 e 1 mg L-1 de
BAP e 30 g L-1 de sacarose. Os meios foram gelificados com 4,5 g L-1 de Phytagel®.
2.4.2. Retomada do crescimento in vitro do acesso CZA proveniente de meio de
conservação com ABA
Segmentos nodais (apical, mediano e basal) de jenipapeiro conservados in vitro por
150 dias, em meio de cultura MS com diferentes combinações de ácido abscísico foram
transferidos para o meio de crescimento.
24
Os explantes foram inoculados em frascos com capacidade máxima de 250 mL,
vedados com tampa plástica contendo 30 mL de meio de cultura MS, suplementado com 0 e
1 mg L-1 de BAP e 30 g L-1 de sacarose e gelificado com 4,5 g L-1 de Phytagel®.
2.4.3. Retomada do crescimento in vitro do acesso CZA proveniente de meio de
conservação com variações de sacarose e sais do meio MS
Segmentos nodais (apical, mediano e basal) com brotações adventícias de jenipapeiro
conservados in vitro por 150 dias, em meio de cultura com diferentes variações de MS e
sacarose foram transferidos para o meio de crescimento.
Os explantes foram inoculados em frascos com capacidade máxima de 250 mL,
vedados com tampa plástica contendo 30 mL de meio de cultura MS, suplementado com 0 e
1 mg L-1 de BAP e 30 g L-1 de sacarose e gelificado com 4,5 g L-1 de Phytagel®.
2.5. Avaliação dos experimentos
As plântulas conservadas in vitro dos ensaios (2.3.1., 2.3.2. e 2.3.3.) foram avaliadas
aos 60, 90, 120 e 150 dias quanto ao comprimento da parte aérea (CPA), número de folhas
(NF), número de folhas com abscisão (NFA) e viabilidade das culturas (VIB).
A viabilidade das plântulas foi quantificada a partir de uma escala de notas (Figura 1)
adaptada de Lemos et al. (2002), onde as notas correspondem: 5- folhas e brotos
totalmente verdes; 4- início do secamento e morte das folhas; 3- secamento e morte das
folhas e dos brotos entre 30 e 50%; 2- mais de 50% de secamento e morte de folhas e
brotos e 1- folhas e brotos totalmente mortos.
Nos experimentos de retomada do crescimento (2.4.1., 2.4.2. e 2.4.3.) aos 120 dias após a
inoculação foi avaliada a porcentagem de explantes com resposta morfogenética. Foram
considerados como explantes com resposta morfogenética aqueles que apresentaram
organogênese e/ou calogênese.
25
5- folhas e brotos totalmente verdes; 4- início do secamento e morte das folhas; 3- secamento e
morte das folhas e dos brotos entre 30 e 50%; 2- mais de 50% de secamento e morte de folhas e
brotos e 1- folhas e brotos totalmente mortos.
Figura 1. Escala de notas para avaliação da viabilidade de plântulas de jenipapeiro sob
condições de crescimento lento.
2.6. Delineamentos experimentais e análises estatísticas
O delineamento experimental dos ensaios de conservação in vitro (2.3.1, 2.3.2 e
2.3.3) foi inteiramente casualizado com cinco tratamentos e quatro repetições, sendo cada
tratamento composto por vinte frascos com uma plântula/ frasco.
Para cada ensaio da retomada do crescimento (2.4.1., 2.4.2. e 2.4.3.), o
delineamento experimental foi inteiramente casualizado sendo considerados os fatores
aplicados na etapa de conservação in vitro (cinco tratamentos) combinados com três tipos
de explantes e duas concentrações de BAP (fatorial 5 x 3 x 2) totalizando 30 tratamentos
com duas repetições, sendo a parcela experimental composta por três frascos (1 explante/
frasco).
As variáveis dos ensaios de conservação in vitro contendo Manitol (2.3.1) e ABA
(2.3.2) foram submetidas à análise de variância pelo teste F e ajustadas equações de
regressão polinomial. As variáveis do ensaio de conservação in vitro contendo variações de
MS e sacarose (2.3.3) foram submetidas à análise de variância e comparadas pelo teste de
Scott Knott a 1 e 5% de probabilidade e dos ensaios da retomada do crescimento foram
submetidas à análise de variância e comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade
e ajustadas equações de regressão polinomial.
Para a análise estatística dos dados de todos os ensaios foi utilizado o programa
SISVAR (FERREIRA, 2011).
5 4 3 2 1
26
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Conservação in vitro de acessos de jenipapeiro
3.1.1. Efeito do manitol na redução do crescimento in vitro de acessos de jenipapeiro
Houve efeito significativo do manitol e do tempo de cultivo in vitro no número de
folhas, no comprimento da parte aérea, número de folhas com abscisão e viabilidade de
plântulas de jenipapeiro do acesso CZA (Anexo A).
O número de folhas variou segundo uma regressão polinomial cúbica (Figura 2). A
ausência do manitol, assim como as concentrações de 5 e 10 g L-1 apresentaram valores
bem próximos para a variável número de folhas, no entanto em 20 g L-1 desse regulador
observou-se uma maior resposta dessa variável. Com relação ao tempo de cultivo in vitro, o
número de folhas apresentou comportamento linear, havendo um acréscimo gradativo na
resposta dessa variável em função do período de permanência das plantas em meio
nutritivo (Figura 3).
Figura 2. Número de folhas viáveis em plântulas do acesso CZA em função da concentração
de manitol aos 150 dias de cultivo in vitro.
y = 0,0021x3 - 0,0585x2 + 0,3822x + 10,259 R² = 0,901*
8
8,5
9
9,5
10
10,5
11
11,5
12
0 5 10 15 20
Núm
ero
de f
olh
as
Manitol (g L-1)
27
Figura 3. Número de folhas viáveis em plântulas do acesso CZA em função do tempo de
cultivo in vitro na presença de manitol.
A adição de manitol ao meio de cultura teve efeito negativo na redução do
crescimento quanto ao comprimento da parte aérea de plântulas de jenipapeiro,
apresentando um comportamento quadrático (Figura 4), já que a ausência desse regulador
promoveu maior redução dessa variável. Entretanto, as concentrações de 15 e 20 g L-1 de
manitol apresentaram uma redução do crescimento. Estudos com concentrações mais
elevadas desse regulador osmótico são necessários para avaliar o seu efeito sobre a
redução do crescimento de plântulas de jenipapeiro.
Figura 4. Comprimento da parte aérea em plântulas do acesso CZA em função da
concentração de manitol aos 150 dias de cultivo in vitro.
y = 0,036x + 6,679 R² = 0,9877**
8
9
10
11
12
60 90 120 150
Núm
ero
de f
olh
as
Tempo de cultivo in vitro (dias)
y = -0,0063x2 + 0,1373x + 5,1024 R² = 0,7156**
5
5,1
5,2
5,3
5,4
5,5
5,6
5,7
5,8
5,9
6
0 5 10 15 20
Com
prim
ento
da p
art
e a
ére
a (
cm
)
Manitol (g L-1)
28
O manitol atua no meio de cultura removendo o excesso da água intracelular através
do gradiente osmótico, fazendo com que o crescimento da cultura ocorra de forma mais
lenta (DUMET et al., 1993). Esse regulador é utilizado com frequência na conservação in
vitro de várias espécies, como em coqueiro anão verde do Brasil de Jequi (LÉDO et al.,
2007); em batata (FORTES & PEREIRA, 2001); em mangabeira (SANTOS et al., 2011); em
coqueiro gigante (MOURA, 2012).
Entretanto, algumas fontes de carbono dependendo da concentração ou da espécie
em estudo, pode ter efeito contrário (SHIBLI et al., 2006), como o que foi observado neste
trabalho, porém se fossem utilizadas outras concentrações de manitol talvez houvesse uma
desaceleração no crescimento de jenipapeiro. Assim, fica evidenciado que as respostas da
adição de reguladores osmóticos no meio de cultura dependem da espécie (MOURA, 2012).
Possivelmente o jenipapeiro não possui mecanismos necessários para metabolizar o açúcar
álcool (manitol), como ocorre com outras espécies.
O comprimento da parte aérea em função do tempo de cultivo in vitro variou segundo
uma regressão linear (Figura 5), observando-se um acréscimo do crescimento das plântulas
com o aumento do tempo.
Figura 5. Comprimento da parte aérea em plântulas do acesso CZA em função do tempo de
cultivo in vitro na presença de manitol.
O número de folhas com abscisão variou segundo uma regressão quadrática, com
redução significativa da abscisão na presença de manitol (Figura 6). De acordo com
Rademacher (2000), os compostos que atuam inibindo o crescimento vegetal induzem
aumento de citocininas e diminuição dos níveis de etileno, por isso algumas substâncias
químicas podem interferir no processo de abscisão foliar (NEPOMUCENO et al., 2007).
y = 0,0042x + 5,0867 R² = 0,9925*
5,3
5,35
5,4
5,45
5,5
5,55
5,6
5,65
5,7
5,75
60 90 120 150
Com
prim
ento
da p
art
e a
ére
a (
cm
)
Tempo de cultivo in vitro (dias)
29
Figura 6. Número de folhas com abscisão em plântulas do acesso CZA em função da
concentração de manitol aos 150 dias de cultivo in vitro.
Na ausência do manitol, notou-se uma maior abscisão de folhas, sendo na presença
desse regulador osmótico observado menor número de folhas com abscisão e valores bem
próximos entre eles na resposta dessa variável. A redução da abscisão foliar em altas
concentrações de manitol foi observada por Sá (2009) em microestacas de mangabeira,
embora as mesmas tenham evidenciado seu efeito nocivo ao explante. Santos (2010),
estudando o efeito do manitol na conservação in vitro, observaram que concentrações de 15
e 20 g L-1 desse regulador osmótico induziram menor abscisão foliar nas plântulas de
mangabeira. A abscisão observada neste estudo, nas plântulas de jenipapeiro do acesso
CZA foi semelhante à observada por Santos (2010) em mangabeira.
O número de folhas com abscisão variou segundo uma regressão linear com
acréscimo em função do tempo de cultivo in vitro (Figura 7).
y = 0,0018x2 - 0,0478x + 0,3975 R² = 0,8281**
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
0 5 10 15 20
Núm
ero
de f
olh
as c
om
abscis
ão
Manitol (g L-1)
30
Figura 7. Número de folhas com abscisão em plântulas do acesso CZA em função do tempo
de cultivo in vitro na presença de manitol.
A viabilidade da cultura variou segundo uma regressão quadrática em função da
concentração de manitol (Figura 8) e linear para o tempo de cultivo in vitro (Figura 9). As
plântulas mantidas na presença de 20 g L-1 de manitol apresentaram maior viabilidade que
as demais. Entretanto, como todas as plântulas apresentaram viabilidade acima de 4,
indicando, segundo a escala de notas adaptada de Lemos et al. (2002), que as plântulas
mantiveram ótimo vigor na presença de manitol ao longo do tempo.
Figura 8. Viabilidade em plântulas do acesso CZA em função da concentração de manitol
aos 150 dias de cultivo in vitro.
y = 0,0032x - 0,157 R² = 0,9868**
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
60 90 120 150
Núm
ero
de f
olh
as c
om
abscis
ão
Tempo de cultivo in vitro (dias)
y = 0,0005x2 + 0,007x + 4,3568 R² = 0,9904**
4,3
4,35
4,4
4,45
4,5
4,55
4,6
4,65
4,7
4,75
0 5 10 15 20
Via
bili
dade d
a c
ultura
Manitol (g L-1)
31
Figura 9. Viabilidade em plântulas do acesso CZA em função do tempo de cultivo in vitro na
presença de manitol.
O manitol nas concentrações estudadas não promoveu desaceleração do
crescimento das plântulas de jenipapeiro, estudos com concentrações superiores a a 20 g L-
1 de manitol são necessários para avaliar o seu efeito sobre a redução do crescimento de
plântulas de jenipapeiro.
.
3.1.2 Efeito do ácido abscísico (ABA) na redução do crescimento in vitro de acessos
de jenipapeiro
Houve efeito significativo do ácido abscísico (ABA) no número de folhas e no número
de folhas com abscisão das plântulas de jenipapeiro do acesso CZA (Anexo B). O número
de folhas apresentou comportamento quadrático com gradativa redução em função do
aumento da concentração de ABA (Figura 10). Com relação ao número de folhas com
abscisão observa-se na Figura 11 que o aumento das concentrações do ABA promoveu um
acréscimo no número de folhas com abscisão.
y = -0,0071x + 5,253 R² = 0,9449**
4
4,1
4,2
4,3
4,4
4,5
4,6
4,7
4,8
60 90 120 150
Via
bili
dade d
a c
ultura
Tempo de cultivo in vitro (dias)
32
Figura 10. Número de folhas em plântulas do acesso CZA em função da concentração de
ácido abscísico aos 150 dias de cultivo in vitro.
Apesar do efeito do ABA no número de folhas e no número de folhas com abscisão,
não foi observado efeito significativo na redução do comprimento da parte aérea (cm) e na
viabilidade das plantas. Este resultado concorda com os obtidos por Machado (2012) que
relatou não existir efeito significativo entre as concentrações estudadas de ABA e o
comprimento da parte aérea de plântulas de coqueiro anão. Efeito semelhante também foi
reportado por Sá et al. (2011) no comprimento de microestacas de mangabeira, entretanto a
presença de 0,5 mg L-1 ABA promoveu boa viabilidade para a conservação in vitro de
microestacas de mangabeira por um período de 90 dias.
Apesar de não ter sido observado efeito significativo do manitol no comprimento da
parte aérea, houve uma desaceleração no crescimento de jenipapeiro, já que observou-se
uma redução considerável do número de folhas na presença do ácido abscísico.
Esse inibidor, mesmo em pequenas concentrações, pode ser fisiologicamente ativo e
desencadear vários processos, como a abscisão foliar (KERBAUY, 2004). O ABA devido a
associação com a dormência e a abscisão é sempre identificado como um inibidor, mas de
fato ele apresenta efeitos fisiológicos variados e tem ações tanto de inibição quanto
promotoras do desenvolvimento vegetal (BARRUETO CID, 2000).
y = 0,415x2 - 2,5382x + 8,5735 R² = 0,777**
4
5
6
7
8
9
10
0 1 2 3 4
Núm
ero
de f
olh
as
Ácido abscísico (mg L-1)
33
Figura 11. Número de folhas com abscisão em plântulas do acesso CZA em função da
concentração de ácido abscísico aos 150 dias de cultivo in vitro.
Não houve efeito significativo do tempo de cultivo in vitro para as variáveis
analisadas (Anexo B).
O ABA nas concentrações estudadas promoveu desaceleração do crescimento das
plântulas de jenipapeiro, podendo ser promissor para a conservação in vitro.
3.1.3 Efeito da concentração de sais MS e da sacarose na redução do crescimento in
vitro de acessos de jenipapeiro
De acordo com análise de variância houve efeito significativo das concentrações de
sais MS e sacarose para as variáveis: número de folhas, comprimento da parte aérea e
viabilidade das plântulas de jenipapeiro do acesso CZA. Não houve efeito significativo do
tempo de cultivo in vitro no comprimento da parte aérea e número de folhas com abscisão
(Anexo C).
Com relação ao número de folhas, observou-se que os tratamentos com ¼ de sais
do meio MS independente da concentração de sacarose induziu maior formação de folhas
nas plântulas e apresentaram resultados superiores aos demais tratamentos.
Os meios MS e ½ MS com 30 g L-1 de sacarose promoveram redução do crescimento
da parte aérea (Tabela 1), além de manter boa viabilidade das plântulas, segundo a escala
de notas adaptada de Lemos et al. (2002).
y = -0,0288x2 + 0,1971x + 0,0194 R² = 0,9713**
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0 1 2 3 4
Núm
ero
de f
olh
as c
om
abscis
ão
Ácido abscísico (mg L-1)
34
Tabela 1. Número de folhas (NF), comprimento da parte aérea (CPA), número de folhas com
abscisão (NFA) e viabilidade da cultura (VIB) de plântulas do acesso CZA em diferentes
concentrações de sais MS e de sacarose.
Tratamentos NF CPA (cm) NFA VIB
MS + 30 g L-1 sacarose 8,79c 4,69b 0,08a 4,10d
½ MS + 15 g L-1 sacarose 9,46c 5,37a 0,08a 4,73b
½ MS + 30 g L-1 sacarose 10,13b 4,73b 0,05a 4,44c
¼ MS + 15 g L-1 sacarose 11,00a 5,47a 0,15a 4,63b
¼ MS + 30 g L-1 sacarose 11,20a 5,12a 0,00a 4,94a
CV (%) 13,56 10,26 17,16 8,97
Médias seguidas, na mesma coluna pela mesma letra não diferem significativamente, entre si,
ao nível de 5% pelo teste de Scott Knott.
A diminuição da concentração de sais no meio de cultura induziu um maior
desenvolvimento da plântula, em comprimento da parte aérea, sendo esse efeito, contrário
ao esperado e observado para algumas espécies como estratégias de conservação in vitro
(Tabela 2). Segundo Malaurie & Borges (2001), a redução da concentração de sais minerais
e de sacarose no meio de cultura permite a manutenção de plântulas em crescimento
mínimo. Provavelmente essa ação contrária, como observado nesse trabalho, pode ser
explicada devido ao fator endógeno de cada embrião.
Dessa forma, os meios de cultura com ¼ de sais MS combinados com 15 ou 30 g L-1
de sacarose apresentam potencial para estabelecimento de protocolos de germinação in
vitro de jenipapeiro, diminuindo os custos de produção, por demandarem menor
concentração dos sais do meio MS para o rápido crescimento de plântulas de jenipapeiro
(Tabela 2).
Além disso, a diminuição dos sais promoveu maior viabilidade das plântulas, sendo
que o meio de cultura contendo ¼ MS com 30 g L-1 sacarose apresentou valor superior aos
demais tratamentos.
35
Tabela 2. Número de folhas (NF), comprimento da parte aérea (CPA), número de folhas com
abscisão (NFA) e viabilidade da cultura (VIB) de plântulas do acesso CZA em função do
tempo de cultivo in vitro em diferentes concentrações de sais e sacarose.
Tempo (dias) NF CPA (cm) NFA VIB
60 8,72c 4,916a 0,04a 4,78a
90 9,32c 4,984a 0,03a 4,64a
120 10,78b 5,127a 0,04a 4,51b
150 11,64a 5,273a 0,17a 4,33b
CV (%) 13,56 10,26 17,16 8,97
Médias na mesma coluna seguidas pela mesma letra, não diferem significativamente, entre si, ao
nível de 5% pelo teste de Scott Knott.
O tempo de cultivo in vitro influenciou significativamente o número de folhas e a
viabilidade (Anexo C). Aos 150 dias, observa-se um aumento significativo no número de
folhas com relação aos demais tempos (Tabela 2). No entanto, aos 60 e 90 dias as plântulas
de jenipapeiro do acesso CZA, apresentaram maior viabilidade que aos 120 e 150 dias.
Apesar desse decréscimo na viabilidade das plântulas, o valor mínimo dessa variável
analisada foi de 4,33 indicando, segundo a escala de notas adaptada de Lemos et al.
(2002), que no geral as plântulas mantiveram ótimo vigor ao longo dos dias de cultivo.
Os meios MS e ½ da concentração de sais MS com 30 g L-1 de sacarose
promoveram desaceleração do crescimento das plântulas de jenipapeiro.
3.2. Retomada do crecimento in vitro
3.2.1. Retomada do crescimento in vitro do acesso CZA proveniente de meio de
conservação com manitol
Houve efeito significativo isolado do meio de conservação (manitol) e da
benzilaminopurina (BAP) na retomada do crescimento in vitro dos explantes do acesso CZA
até os 120 dias de cultivo (Anexo D). Para os demais fatores e combinações de fatores não
houve efeito significativo na resposta morfogenética (Anexo D).
Explantes mantidos na ausência e na presença de altas concentrações de manitol
(15 e 20 g L-1) na fase de conservação (Figura 12) e na presença de 1,0 mg L-1 de BAP no
meio de retomada de crescimento (Tabela 3) apresentaram maior resposta morfogenética.
36
Como já relatado anteriormente, algumas fontes de carbono dependendo da concentração
ou da espécie em estudo, podem ter efeito contrário (SHIBLI et al., 2006).
Figura 12. Porcentagem de resposta morfogenética de explantes acesso CZA (meio de
retomada de crescimento) em função da concentração de manitol (meio de conservação).
O BAP é a citocinina sintética que, in vitro, proporciona melhores resultados dentre
as comercialmente disponíveis, sendo a mais utilizada em cultura de tecidos para induzir a
formação de grande número de brotos e estimular altas taxas de multiplicação
(GRATTAPAGLIA & MACHADO, 1998; CALDAS et al., 1998).
A presença de 1,0 mg L-1 de BAP foi decisiva na resposta morfogenética do acesso
CZA (Tabela 3; Figura 13), demonstrando a importância desse fitorregulador na
regeneração dessa espécie in vitro. Foi observado na presença dessa citocinina uma maior
resposta morfogenética (86,21%) dos explantes (Tabela 3).
y = 6,3097x2 - 33,14x + 107,0 R² = 0,5683**
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20
Resposta
Morf
ogenética (
%)
Manitol (g L-1)
37
Tabela 3. Porcentagem da resposta morfogenética de explantes do acesso CZA em função
da presença ou ausência de BAP (meio de retomada do crescimento).
BAP (mg L-1) Resposta morfogenética (%)
0 69,54b
1 86,21a
CV(%) 37,62
Médias seguidas pela mesma letra, não diferem significativamente, entre si, ao nível de 5% pelo teste
de Tukey.
Figura 13. Resposta morfogenética de explantes do acesso CZA na presença de manitol
(meio de conservação) e na A- ausência de BAP e B- presença de 1 mg L-1 de BAP (meio
de retomada de crescimento).
A ausência de BAP na etapa de recuperação propiciou maior resposta de explantes
com organogênese direta. Efeito contrário foi observado na presença desse regulador de
crescimento, no qual 78,9% dos explantes apresentaram resposta organogenética indireta
(Tabela 4, Figura 13).
A B
38
Tabela 4. Valores médios da resposta morfogenética de explantes acesso CZA em função
do tipo de explante e da presença e ausência de BAP (meio de retomada de crescimento) e
do meio de conservação.
Tipo de explante EOS (%) CALO (%) OD (%) OI (%)
Basal 26,67 1,67 33,33 38,33
Mediano 20 0 36,67 43,33
Apical 35 0 28,33 36,67
BAP (mg L-1) EOS (%) CALO (%) OD (%) OI (%)
0 34,45 1,1 64,45 0
1 20 0 1,1 78,9
Meio de conservação EOS (%) CALO (%) OD (%) OI (%)
0 16,67 0 36,11 47,22
5 36,11 2,78 25 36,11
10 69,44 0 13,89 16,67
15 5,56 0 44,44 50
20 8,33 0 44,44 47,22
EOS - explantes oxidados, contaminados e sem resposta; CALO - calogênese; OD -
organogênese direta; OI - organogênese Indireta;
Os tipos de explantes estudados e o manitol utilizado na fase de conservação in vitro
apresentaram respostas tanto de organogênese direta quanto indireta, entretanto, notou-se
que houve maior porcentagem de explantes com organogênese indireta para os dois fatores
analisados (Tabela 4).
3.2.2. Retomada do crescimento in vitro do acesso CZA proveniente de meio de
conservação com ABA
Houve efeito significativo do tipo de explante e da interação entre o meio de
conservação (MC) e BAP na retomada do crescimento in vitro de jenipapeiro. Não houve
39
efeito significativo do meio de conservação (ABA), do BAP e das demais interações na
resposta morforgenética (Anexo E).
Conforme a Tabela 5, o segmento apical induziu maior resposta morfogenética
(93,33%) e o segmento basal, a menor (78,34%). De modo geral, todos os explantes
apresentaram boa resposta morfogenética. Apesar efeito do ABA na desaceleração do
crescimento das plântulas, os explantes mantiveram o potencial morfogenético na etapa de
recuperação.
Tabela 5. Porcentagem da resposta morfogenética de tipos de explantes do acesso CZA
(meio de retomada de crescimento) na presença de ABA (meio de conservação).
Explantes Resposta morfogenética (%)
Basal 78,34b
Mediana 90,00ab
Apical 93,33a
CV(%) 19,11
Médias seguidas pela mesma letra, não diferem significativamente, entre si, ao nível de 5% pelo teste
de Tukey.
Considerando a resposta morfogenética dos explantes em função do ABA (no meio
de conservação) e do BAP observou-se que não houve diferença estatística entre os
explantes mantidos na presença e na ausência de BAP (Tabela 6). No entanto, os explantes
nas concentrações 0,5 e 2,0 mg L-1 de ABA na fase de conservação e subcultivados na
presença de 1,0 mg L-1 de BAP, apresentaram maior resposta morfogenética que na
ausência desse regulador. Santos (2010) observou que os explantes de mangabeira na
presença de 0,5 mg L-1 de ABA na fase de conservação apresentaram maior viabilidade na
retomada do crescimento aos 30 dias de cultivo.
40
Tabela 6. Porcentagem da resposta morfogenética de explantes do acesso CZA em função
do ABA (meio de conservação) e do BAP (meio de retomada de crescimento).
Médias seguidas pela mesma letra minúscula, na coluna ou maiúscula na linha, não diferem
significativamente, entre si, ao nível de 5% pelo teste de Tukey.
Os explantes mantidos na ausência de BAP na etapa de regeneração in vitro
apresentaram maior resposta organogenética direta (84,44%). Entretanto, os explantes na
presença de BAP apresentaram 81,12% de regeneração in vitro com resposta
organogenética indireta (Tabela 7, Figura 14). Resultado semelhante foi constatado no
ensaio da retomada do crescimento in vitro do acesso CZA proveniente de meio de
conservação com manitol (Tabela 6).
Figura 14. Resposta morfogenética de explantes de jenipapeiro do acesso CZA, na
presença de ABA (meio de conservação) e na ausência de BAP (A) e presença de 1 mg L-1
de BAP (B) (meio de retomada de crescimento).
Resposta morfogenética (%)
ABA (mg L-1)
BAP (mg L-1)
0 1
0 94,45aA 88,89aA
0,5 66,68aB 94,45aA
1,0 94,45aA 83,34aA
2,0 77,78aB 100,00aA
4,0 88,89aA 83,34aA
CV (%) 19,11
B A
41
Tabela 7. Valores médios da resposta morfogenética de plântulas de jenipapeiro do acesso
CZA em função do tipo de explante e da presença e ausência de BAP (meio de retomada de
crescimento) e do meio de conservação.
Tipo de explante EOS (%) CALO (%) OD (%) OI (%)
Basal 21,67 0 38,33 40
Mediano 10 0 45 45
Apical 6,67 1,67 55 36,67
BAP (mg L-1) EOS (%) CALO (%) OD (%) OI (%)
0 15,56 0 84,44 0
1 10 1,1 7,78 81,12
Meio de conservação EOS (%) CALO (%) OD (%) OI (%)
0 8,33 0 55,56 36,11
0,5 19,44 0 41,67 38,89
1,0 11,11 0 47,22 41,67
2,0 11,11 0 38,89 50
4,0 13,89 2,78 47,22 36,11
EOS - explantes oxidados, contaminados e sem resposta; CALO - calogênese; OD -
organogênese direta; OI - organogênese indireta;
Para os fatores, tipo de explante e meio de conservação (ABA), observou-se
respostas morfogenéticas com organogênese direta e indireta, no entanto, houve maior
porcentagem de explantes com organogênese direta (Tabela 7).
3.2.3. Retomada do crescimento in vitro do acesso CZA proveniente de meio de
conservação com variações de sacarose e sais do meio MS
Houve efeito significativo do meio de conservação (MC), do BAP e da interação MC x
BAP na retomada do crescimento in vitro de jenipapeiro (Anexo F), não havendo efeito
significativo do tipo de explante e das demais interações.
42
Conforme a Tabela 8, explantes mantidos na fase de conservação em meio MS + 30
g L-1 de sacarose e ½ MS com 15 de sacarose, apresentaram menor resposta
morfogenética na ausência de BAP quando comparado com os demais tratamentos. Estes
resultados reforçam que as plântulas mantidas em meios que induziram uma desaceleração
do crescimento na fase de conservação, apresentaram menor recuperação, sendo
necessário a adição de BAP na fase de retomada de crescimento.
Não houve diferença entre as respostas morfogenéticas dos explantes mantidos nos
diferentes meios de cultura na presença de BAP (1 mg L-1), sendo que os meios ½ MS com
30 g L-1 de sacarose e ¼ MS com 15 e 30 g L-1 de sacarose induziram 100% de resposta
morfogenética dos explantes.
Tabela 8. Porcentagem da resposta morfogenética de explantes do acesso CZA em função
do meio de conservação e da presença ou ausência de BAP (meio de retomada do
crescimento).
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna ou maiúscula na linha, não diferem
significativamente, entre si, ao nível de 5% pelo teste de Tukey.
Os meios MS com 30 g L-1 de sacarose e ½ MS com 15 e 30 g L-1 de sacarose
promoveram menor resposta morfogenética na ausência de BAP que na presença desse
regulador (Tabela 8).
A presença de 1,0 mg L-1 de BAP influenciou positivamente na retomada de crescimento in
vitro, com aumento significativo na resposta morfogenética dos explantes mantidos no meio
de cultura contendo essa citocinina (Tabela 8).
Resposta morfogenética (%)
Meio de conservação
BAP (mg L-1)
0 1
MS + 30 g L-1 sacarose 16,67cB 75,0aA
½MS + 15 g L-1 sacarose 61,11bB 94,45aA
½MS + 30 g L-1 sacarose 72,22abB 100,0aA
¼MS + 15 g L-1 sacarose 94,45aA 100,0aA
¼MS + 30 g L-1 sacarose 88,89abA 100,0aA
CV (%) 24,42
43
Tabela 9. Valores médios da resposta morfogenética do acesso CZA em função do tipo de
explante, da presença e ausência de BAP (meio de retomada do crescimento) e do meio de
conservação.
Tipo de explante EOS (%) CALO (%) OD (%) OI (%)
Basal 35 41,67 23,33 0
Mediano 28,34 43,33 28,33 0
Apical 26,67 16,67 38,33 18,33
BAP (mg L-1) EOS (%) CALO (%) OD (%) OI (%)
0 43,33 0 56,67 0
1 16,67 67,78 3,33 12,22
Meio de conservação EOS (%) CALO (%) OD (%) OI (%)
MS + 30 g L-1 sacarose 58,33 27,78 8,33 5,56
½MS + 15 g L-1 sacarose 36,11 38,89 22,22 2,78
½MS + 30 g L-1 sacarose 36,11 33,33 27,78 2,78
¼MS + 15 g L-1 sacarose 13,89 36,11 47,22 2,78
¼MS + 30 g L-1 sacarose 5,56 33,33 44,44 16,67
EOS - explantes oxidados, contaminados e sem resposta; CALO - calogênese; OD -
organogênese direta; OI - organogênese indireta;
A presença de BAP combinado com sacarose e diferentes concentrações de sais MS
no meio de cultura também promoveu uma maior resposta morfogenética de explantes com
calogênese. Na sua ausência observou-se maior número de explantes com organogênese
direta (Tabela 9, Figura 15).
O tipo de explante e o meio de conservação induziu consideravelmente a
regeneração com formação de calos e explantes com resposta organogenética direta.
44
Figura 15. Resposta morfogenética de explantes do acesso CZA em meio com redução de
sais MS (meio de conservação) e na A- ausência de BAP B- presença de 1 mg L-1 de BAP
(meio de retomada do crescimento).
Estudos posteriores deverão ser realizados para o ajuste de um meio de retomada
do crescimento que promova maior regeneração de explantes mantidos nessa condição na
etapa de conservação.
4. CONCLUSÕES
- O manitol nas concentrações estudadas não induz a desaceleração do crescimento das
plântulas de jenipapeiro;
- O ácido abscísico (0,5; 1,0; 2,0 e 4,0 mg L-1) promove a desaceleração do crescimento das
plântulas de jenipapeiro;
- Os meios MS e ½ da concentração de sais MS na presença de 30 g L-1 de sacarose
promovem desaceleração do crescimento das plântulas de jenipapeiro;
- A presença de 1 mg L-1 de BAP no meio de retomada do crescimento induz maior resposta
morfogenética em explantes de jenipapeiro oriundos de plântulas de jenipapeiro mantidas
sob crescimento lento;
A B
45
- Segmentos nodais apicais, medianos e basais apresentam potencial morfogenético na fase
de retomada de crescimento.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARRUETO CID, L. P. Introdução aos hormônios vegetais. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. 180p., 2000. CALDAS, L. S.; HARIDASAN, P.; FERREIRA, M. E. Meios nutritivos. In: TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. (Eds.). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: EMBRAPA - SPI/ EMBRAPA - CNPH, p.87-132, 1998. CODEVASF. Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba. Agricultura irrigada: fruticultura. Disponível em: <http//www.codevasf.br/produtos/fruticultura>. Acesso em 07 de outubro de 2012. DUMET, D; ENGELMANN, F.; CHABRILLANGE, N.; DUVAL, Y.; DEREUDDRE, J. Importance of source for the acquisition of tolerance to desiccation and cryopreservation of oil palm somatic embryos. Cryo-Letters, n.14, p.243-250, 1993. FERREIRA, E. G. et al. Frutíferas. In: SAMPAIO, E. V. S. B.; PAREYN, F. G. C.; FIGUEIRÔA, J. M. de; SANTOS JUNIOR, A. G. (Org.). Espécies da flora nordestina de importância econômica potencial. Recife: Associação Plantas do Nordeste, p. 49-100, 2005. FERREIRA, D. F. SISVAR: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, v.35, n.6, p.1039- 1042, 2011. FORTES, G. R. de L.; PEREIRA, J. E. S. Preservação in vitro da batata com ácido acetilsalicílico e duas fontes de carboidrato. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.36, n.10, p.1261-1264, 2001. GRATTAPAGLIA, D.; MACHADO, M. A. Micropropagação. In: TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. (Eds.). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. v.1. Brasília: EMBRAPA Produção de Informação/ Centro Brasileiro Argentino de Biotecnologia, p.183- 260, 1998. KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. Guanabara Koogan, 452 p. 2004. LÉDO, A. S.; CUNHA, A. O.; ARAGÃO, W. M.; TUPINAMBÁ, E. A. Efeito da sacarose e do manitol na conservação in vitro por crescimento lento de coqueiro anão. Magistra, v.19, n.4, p.346-351, 2007. LEMOS, E. E. P. de; FERREIRA, M. de S.; ALENCAR, L. M. C. de; RAMALHO NETO, C. E.; ALBUQUERQUE, M. M. de. Conservação in vitro de germoplasma de cana-de-açúcar. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.37, n.10, p.1359-1364, 2002. MACHADO, C. A. Estratégias para conservação de acessos de coqueiro anão do BAG
da Embrapa Tabuleiros Costeiros. 2012. 49 f. (Dissertação, Mestrado em
Agroecossistemas). Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE.
46
MALAURIE, B.; BORGES, M. Cryopreservation of coconut (Cocos nucifera L.) plumules by encapsulation/dehydration. In: INTERNATIONAL WORKSHOP ON PLANT BIOTECHNOLOGY-PLANT BREEDING AND BIOTECHNOLOGY, BIOVEG, 2001. Reports…Centro de Bioplantas, Ciego de Avila, Cuba, 2001. p.59, 2001. MOURA, C. R. F. Conservação in vitro de embriões zigóticos e grãos de pólen de acessos de coqueiro gigante. 2012. 49 f. (Dissertação, Mestrado em Biotecnologia em Recursos Naturais). Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE. MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revised medium for rapid growth and bioassays with tobacco tissue culture. Physiologia Plantarum, v.15, p.437-497, 1962. NEPOMUCENO, C. F.; RIOS, A. P. S.; QUEIROZ, S. R. O. D.; PELACANI, C. R.; SANTANA, J. R. F. Controle da abscisão foliar e morfogênese in vitro em culturas de Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan var. cebil (Griseb) Altschuh. Revista Árvore, v.31, n. 5, p. 967- 975, 2007. RADEMACHER, W. Growth retardants: effects on gibberellin biosynthesis and other metabolic pathways. Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology, v.51, p.501- 531, 2000. ROCHA, M. A. C. Morfogênese in vitro em jenipapeiro (Genipa americana L.). Dissertação (Mestrado em Ciências Agrárias), Universidade Federal da Bahia, p. 1-66, 2006. SÁ, A. J. Avanços na propagação e conservação in vitro da mangabeira (Hancornia
speciosa Gomes) nativa da região Nordeste. 2009. 67 f. (Dissertação, Mestrado em
Agroecossistemas). Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE.
SÁ, A. J.; LEDO, A. S.; LEDO. C. A. Conservação in vitro de microestacas de mangabeira (Hancornia speciosa Gomes). Ciência Rural, v.41, n.1, p.57-62, 2011. SANTOS, A. R. F. Variabilidade genética de jenipapo (Genipa americana L.) em área de mata ciliar do Baixo São Francisco visando a produção de sementes. 2007. 30 f. Monografia (Graduação em Engenharia Florestal) – Núcleo de Engenharia Florestal, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE. SANTOS, M. C. Conservação in vitro de mangabeira nativa da região Nordeste do
Brasil. 2010. 55 f. (Dissertação, Mestrado em Biotecnologia em Recursos Naturais).
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE.
SANTOS, M. C.; LEDO, A. S.; LÉDO, C. A. S.; SOUZA, F. V. D.; SILVA JÚNIOR, J. F. Efeito
da sacarose e do sorbitol na conservação in vitro de segmentos nodais de mangabeira.
Revista Ciência Agronômica, v.42, n.3, p.735-741, 2011.
SHIBLI, R. A.; SHATNAWI, M. A.; SUBAIH, W. S.; AJLOUNI, M. M. In vitro conservation and cryopreservation of plant genetic resources: a review. World Journal of Agricultural Sciences, v.2, n.4, p.372- 382, 2006. WITHERS, L. A; WILLIAMS, J. T. Conservação in vitro de recursos genéticos de plantas. In: TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. (Eds.). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: Embrapa-SPI/ Embrapa - CNPH, v.1, p.297-330, 1998.
47
CAPÍTULO 2 – EFEITO DO MEIO DE CULTURA NA GERMINAÇÃO IN VITRO JENIPAPEIRO
RESUMO
A cultura de tecidos surge como uma das ferramentas biotecnológicas de maior êxito,
envolvendo um grupo heterogêneo de técnicas que abrange métodos de propagação e
conservação de germoplasma. Apesar do conhecimento do potencial produtivo e da
adaptabilidade do jenipapeiro nas diversas regiões tropicais, ainda são poucos os trabalhos
sobre esta espécie. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes meios de
cultura na germinação in vitro de sementes de jenipapeiro. O experimento foi conduzido no
Laboratório de Cultura de Tecidos de Plantas da Embrapa Tabuleiros Costeiros, SE. Foram
utilizadas sementes de frutos maduros de jenipapeiro provenientes de população natural do
povoado Oiteiros em Nossa Senhora das Dores- SE (acesso OIT) e testadas diferentes
variações de sais MS e sacarose: T1) Meio MS + 30 g L-1 de sacarose; T2) MS + 15 g L-1 de
sacarose; T3) ½ MS + 30 g L-1 de sacarose; T4) ½ MS + 15 g L-1 de sacarose e T5) Água +
6,0 g L-1 de ágar. Os tratamentos 1, 2, 3 e 4 foram gelificados com 4,5 g L-1 de Phytagel®. O
experimento foi instalado em delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos
e quatro repetições. As plântulas foram avaliadas aos 60, 90, 120 e 150 dias e todas as
variáveis foram submetidas à análise de variância e comparadas pelo teste de Tukey a 1%
de probabilidade. Houve efeito significativo dos meios de cultura para a porcentagem de
explantes germinados in vitro, o comprimento da parte aérea e o tempo de cultivo in vitro.
Observou-se que na ausência de sais e de sacarose houve maior porcentagem de
germinação e menor comprimento da parte aérea quando comparado com os demais
tratamentos. À medida que as concentrações dos sais do meio MS foram reduzidas, houve
um acréscimo no comprimento da parte aérea e na porcentagem de germinação in vitro de
plântulas de jenipapeiro.
Palavras-chave: Genipa americana L.; propagação in vitro; cultura de tecidos
48
ABSTRACT
Tissue culture emerges as one of the most successful biotechnology techniques involving a
heterogeneous group of techniques covering methods of propagation and germplasm
conservation. Despite knowledge of the productive potential and adaptability of jenipapo in
various tropical regions, there are few studies on this species. The aim of this study was to
evaluate the effect of different culture media on in vitro germination of jenipapo seeds. The
experiment was conducted at the Laboratory of Plant Tissue Culture Embrapa Coastal
Tablelands, SE. Seeds were obtained of ripe fruit of jenipapo natural population from
Oiteiros city at Nossa Senhora do Socorro, Sergipe (acesso OIT) and tested different
variations of MS salts and sucrose: T1) MS + 30 g L-1 sucrose, T2) MS + 15 g L-1 sucrose;
T3) ½ MS + 30 g L-1 sucrose; T4) ½ MS + 15 g L-1 sucrose and T5) Water + 6.0 g L-1 agar.
Treatments 1, 2, 3 and 4 were gelled with 4.5 g L-1 Phytagel ®. The experiment was
conducted in a completely randomized design with five treatments and four replications.
Seedlings were evaluated at 60, 90, 120 and 150 days, and all variables were subjected to
analysis of variance and compared by Tukey test at 1% probability. There was a significant
effect of culture media for the percentage of sprouted explants in vitro, shoot length and time
of in vitro culture. It was observed that in the absence of salts and sucrose was higher
germination percentage and lowest shoot length compared with the other treatments. As the
concentrations of salts of MS medium were reduced, there was an increase in shoot length
and germination in vitro of jenipapo plantlets.
Key-words: Genipa americana L., in vitro propagation, tissue culture.
49
1. INTRODUÇÃO
O jenipapeiro é uma fruteira pouco exigente que adapta-se muito bem ao clima tropical
e a tipos variados de solo, sendo a exploração dessa espécie predominantemente
extrativista, feita por pequenos agricultores tradicionais e proprietários da terra, sem
tecnologia e tratos culturais. Se desconhece, no Brasil, a existência de pomares comerciais
registrados desta frutífera (ROCHA, 2006; DANTAS et al., 2009).
A germinação é um evento fisiológico que depende da qualidade da semente e das
condições de germinação. Essas condições ou requerimentos básicos para germinação
variam entre as espécies de plantas (SALOMÃO & SOUSA-SILVA, 2003; MARCOS FILHO
et al., 1987). Para isso, estudos de meios de cultura que favoreçam a germinação in vitro
são importantes para maximizar a taxa de germinação e permitir a obtenção de plântulas
sadias, vigorosas e com qualidade genética, sirvam como fonte de explante confiável para
estudos posteriores.
O uso de sementes como explante proporciona algumas vantagens em relação aos
demais tipos de explantes, como o rápido crescimento e, consequentemente, a
disponibilidade de material mais rapidamente para as etapas seguintes do cultivo, bem
como a facilidade de enraizamento da cultura, visto que vigor e enraizamento adventício são
características naturais de tecidos em estado juvenil (MORAES et al., 2007; ASSIS &
TEIXEIRA, 1998; GRATTAPAGLIA & MACHADO, 1998).
A obtenção de plântulas assépticas para o estabelecimento de protocolos de
propagação de plantas lenhosas tem sido aplicado a diversas espécies (COELHO et al.,
2001; NOGUEIRA et al., 2004; FREIRE et al., 2008; LÉDO et al., 2007; 2008) . Dessa
forma, a germinação de sementes in vitro possui relevante importância para a
micropropagação, tendo em vista a obtenção de plântulas sadias como fonte de explantes.
Técnicas de propagação in vitro bem desenvolvidas ou adaptadas para o jenipapeiro
são de grande importância para programas de conservação de recursos genéticos e
melhoramento genético dessa espécie. Portanto, o objetivo do trabalho foi avaliar diferentes
meios de cultivo para a germinação in vitro de jenipapeiro.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Sementes extraídas de frutos maduros de acessos de jenipapeiro de ocorrência em
população natural do povoado Oiteiros- SE (acesso OIT) (9°40'52.10"S; 37°05'12.45"O),
foram mantidas por 24 horas em temperatura ambiente. Em seguida, foram submetidas a
50
assepsia em câmara de fluxo laminar sendo imersas em álcool 70% (v/v) por 60 segundos e
em solução de hipoclorito de sódio (NaOCl) com 2,5% de cloro ativo na proporção 2:1 com
duas gotas de detergente por 20 minutos (ROCHA, 2006). Ao final desse tempo, foram
lavadas, três vezes, em água destilada e autoclavada.
Para estudo da germinação in vitro foram avaliados cinco meios de cultura: T1: Meio
MS + 30 g L-1 de sacarose; T2: MS + 15 g L-1 de sacarose; T3: ½ MS + 30 g L-1 de sacarose;
T4: ½ MS + 15 g L-1 de sacarose e T5: Água + 6,0 g L-1 de ágar. Os tratamentos 1, 2, 3 e 4
foram gelificados com 4,5 g L-1 de Phytagel®.
Os meios de cultura tiveram o pH ajustado para 5,8 ± 0,1 foram gelificados com
Phytagel® e submetidos a autoclavagem por 15 minutos a uma temperatura de 121 ± 1°C e
pressão de 1,05 atm. As culturas foram mantidas em sala de crescimento com temperatura
controlada de 25 ± 2°C, umidade relativa do ar média em torno de 70% com fotoperíodo de
12 horas de luz e intensidade luminosa de 60 µmol m-2s-1.
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com cinco tratamentos e
quatro repetições, sendo cada tratamento composto por vinte frascos (5 sementes/frasco). A
avaliação foi realizada a cada 30 dias durante quatro meses, sendo observada aos 120 dias
a porcentagem de plântulas normais e comprimento da parte aérea. Foi considerada como
plântula normal as que apresentaram formação de parte aérea e raiz.
As médias das variáveis foram submetidas à análise de variância e comparadas pelo
teste de Tukey a 1% de probabilidade, utilizando o programa estatístico SISVAR
(FERREIRA, 2011).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme a análise de variância houve efeito significativo dos meios de cultura para
a porcentagem de plântulas normais e para o comprimento da parte aérea (Anexos G, H).
Observou-se que na ausência de sais e no meio ½ MS com 30 g L-1 de sacarose houve
maior porcentagem de germinação de plântulas normais (Tabela 10, Figura 16).
51
Tabela 10. Porcentagem de plântulas normais do acesso OIT em diferentes meios de cultura
aos 120 dias de cultivo in vitro.
Tratamentos Plântulas normais (%)
Água + ágar 91,25a
MS + 15 g L-1 sacarose 34,02c
MS + 30 g L-1 sacarose 54,75b
½ MS + 15 g L-1 sacarose 64,13b
½ MS + 30 g L-1 sacarose 78,69a
CV (%) 21,67
Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente, entre si, ao nível de 1% pelo teste
de Tukey.
Na ausência de sais e da sacarose (meio T5) houve mais de 90% de germinação
(Tabela 10), não diferindo estatisticamente do meio composto por ½ MS + 30 g L-1 sacarose
(78%). No entanto, observou-se um menor comprimento da parte aérea dos explantes
mantidos na ausência de sais e sacarose (Tabela 11) quando comparado com o meio ½
MS com 30 g L-1 de sacarose (T3). Apesar do baixo custo proporcionado pelo meio T5 o
meio T3 também é promissor pela excelente vigor apresentado pelas plântulas (Figura 16).
Tabela 11. Comprimento da parte aérea (CPA) de plântulas do acesso OIT em diferentes
meios de cultura aos 120 dias de cultivo in vitro.
Tratamentos CPA (cm)
Água + Agar 4,54c
MS + 15 g L-1 sacarose 5,16bc
MS + 30 g L-1 sacarose 6,78ab
½MS + 15 g L-1 sacarose 5,85abc
½MS + 30 g L-1 sacarose 7,31a
CV (%) 18,84
Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente, entre si, ao nível de 1% pelo teste
de Tukey.
52
Figura 16. Germinação in vitro do acesso OIT, aos 120 dias, nos meios T1: Meio MS + 30 g
L-1 de sacarose; T2: MS + 15 g L-1 de sacarose; T3: ½ MS + 30 g L-1 de sacarose;
T4: ½ MS + 15 g L-1 de sacarose e T5: Água + 6,0 g L-1 de ágar.
Durante o cultivo in vitro, as soluções de sais e açúcares que compõem os meios de
cultura não exercem efeito puramente nutritivo, mas também influenciam o crescimento
celular e na morfogênese por meio de propriedades osmóticas (GEORGE, 1996).
Considerando que os cotilédones têm a função de armazenar substâncias de reservas até a
plântula tornar-se autotrófica (LÉDO et al., 2008), a presença de solução nutritiva no meio
externo torna-se dispensável para o crescimento inicial de plântulas de jenipapeiro
cultivadas in vitro. Provavelmente, por apresentar concentrações de nutrientes acima
daquelas requeridas para o jenipapeiro, o meio MS pode ter influenciado à germinação.
Houve efeito significativo do tempo de cultivo in vitro na porcentagem de plântulas
normais (ANEXO G). A porcentagem de explantes germinados em função do tempo de
cultivo in vitro variou segundo uma regressão linear (Figura 17), sendo observadas aos 90 e
120 dias as maiores porcentagens de germinação in vitro.
T1 T2 T3 T4 T5
53
Figura 17. Porcentagem de plântulas normais (PPN) do acesso OIT em função do tempo de
cultivo in vitro.
4. CONCLUSÕES
- A ausência de sais e de sacarose induz maior porcentagem de germinação de plântulas
normais e menor comprimento da parte aérea de plântulas do acesso OIT;
- A metade da concentração de sais MS na presença de 30 g L-1 sacarose favorece o
desenvolvimento da parte aérea das plântulas do acesso OIT;
- O tempo de cultivo in vitro influencia a porcentagem de germinação in vitro de jenipapeiro
até os 120 dias.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSIS, T. F.; TEIXEIRA, S. L. Enraizamento de plantas lenhosas. In: TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. (Eds.). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. v.1. Brasília: EMBRAPA Produção de Informação/ Centro Brasileiro Argentino de Biotecnologia, p.261- 296, 1998.
y = 0,341x + 38,98 R² = 0,9767
40
50
60
70
80
90
30 60 90 120
PP
N (
%)
Tempo (dias)
54
COELHO, M. C. F.; PINTO, J. E. B. P.; MORAIS, A. R. de; CID, L. P. B.; LAMEIRA, O. A. Germinação. Germinação de sementes de sucupira-branca [ Pterodon pubescens (Benth.) Benth.] in vitro e ex vitro. Ciência e Agrotecnologia, v.25, n.1, p.38-48, 2001. DANTAS, A. C. V. L.; COSTA, M. A. P. C.; SOUZA, F. V. D.; SANTOS, R. O. S.; SANTOS, L. S. L. In: SANTOS- SEREJO, J. A.; DANTAS, J. L. L.; SAMPAIO, C. V.; COELHO, Y. S. (Eds.). Fruticultura Tropical: espécies regionais e exóticas. EMBRAPA, p. 275-291, 2009. FERREIRA, D. F. SISVAR: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, v.35, n.6, p.1039- 1042, 2011. FREIRE, K. C. S.; MACHADO, C. A.; LEDO, A. da S.; OLIVEIRA, L. F. M. Assepsia e germinação in vitro de Moringa (Moringa oleifera Lam.). Cadernos de graduação, v.8, p.9-19, 2008. GEORGE, E. F. Plant propagation by tissue culture. The technology. Edington: Exegetics, 574p. 1996. GRATTAPAGLIA, D.; MACHADO, M. A. Micropropagação. In: TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. (Eds.). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. v.1. Brasília: EMBRAPA Produção de Informação/ Centro Brasileiro Argentino de Biotecnologia, p.183- 260, 1998. LEDO, A. S.; VIEIRA, G. S. S.; BARBOZA, S. B. S. C.; SILVA JUNIOR, J. F. Crescimento inicial de mangabeira (Hancornia speciosa Gomes) em diferentes meios de germinação in vitro. Ciência e Agrotecnologia, v.31, p.989-993, 2007. LEDO, A. da S.; BLANK, A. F.; BARBOZA, S. B. S. C.; RANGEL, M. S. A.; LEDO, C. A. S. Germinação in vitro de embriões zigóticos e sementes de nim indiano (Azadirachta indica A. Juss). Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.10, p.1- 5, 2008. MARCOS FILHO, J.; CICERO, S. M.; SILVA, W. R. Avaliação da qualidade das sementes. FEALQ, 230p. 1987. MORAES, R.M.; CALDAS, L.S.; SILVEIRA, C.E.S.; SOUZA, A.V.; BERTONI, B. W.; PEREIRA, A.M.S. Micropropagação e Banco de Germoplasma in vitro para produção e conservação de plantas nativas do Cerrado. In: PEREIRA, A.M.S. (org). Recursos genéticos e conservação de plantas medicinais do Cerrado. Ribeirão Preto, p. 185-212, 2007. NOGUEIRA, R. C.; PAIVA, R.; CASTRO, A. H. de.; VIEIRA, C. V.; ABBADE, L. C.; ALVARENGA, A. A. Germinação in vitro de murici-pequeno (Byrsonima intermedia A. Juss.). Ciência e Agrotecnologia, v.28, n 5, p.1053-1059, 2004. ROCHA, M. A. C. Morfogênese in vitro em jenipapeiro (Genipa americana L.). 2006, 66 f. (Dissertação, Mestrado em Ciências Agrárias). Universidade Federal da Bahia, Cruz das Almas, BA. SALOMÃO, A. N; SOUSA-SILVA, J. C. Germinação, análise e armazenamento de sementes. In: SALOMÃO, A. N. et al. (Eds) Germinação de sementes e produção de mudas e plantas do Cerrado. Rede de Sementes do Cerrado, p.3-10, 2003.
55
CAPÍTULO 3 – INDUÇÃO DE EMBRIOGÊNESE SOMÁTICA EM JENIPAPEIRO
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes meios de cultura na indução da embriogênese somática de explantes de jenipapeiro. O experimento foi conduzido no Laboratório de Cultura de Tecidos de Plantas da Embrapa Tabuleiros Costeiros, SE. Foram utilizadas sementes de frutos maduros de jenipapeiro provenientes de população natural do povoado Siriri, Sergipe (acesso SIR). Sementes extraídas dos frutos foram desinfestadas e posteriormente inoculadas em meio MS com 30 g L-1 de sacarose e 4,5 g L-1 de Phytagel®. Após 90 dias de cultivo, as plântulas foram segmentadas (explante caulinar e foliar) e transferidas para um novo meio MS suplementado com 30 g L-1 de sacarose e diferentes concentrações de 2,4- Diclorofenoxiacético- 2,4-D (0; 4 e 8 mg L-1) combinadas com quatro concentrações de benzilaminopurina-BAP (0; 1; 2 e 3 mg L-1). Aos 120 dias, foram avaliados a porcentagem de explantes com resposta morfogenética (PRM). O delineamento estatístico foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial 3 x 4 x 2 (três concentrações de 2,4-D combinadas com quatro concentrações de BAP e dois tipos de explantes). As médias das variáveis foram submetidas à análise de variância pelo teste F, as médias qualitativas comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância e, para variáveis quantitativas, ajustadas equações de regressão polinomial utilizando o programa estatístico SISVAR. Houve efeito significativo isolado do 2,4-D, BAP e do explante e das interações: 2,4-D x explante e BAP x explante; na porcentagem de explantes com resposta morfogenética (PRM). O aumento das concentrações de 2,4-D propiciou um acréscimo gradativo da porcentagem de explantes com resposta morfogenética. O tipo de explante utilizado também influenciou na resposta dessa variável, sendo que o segmento caulinar induziu maior resposta morfogenética que o segmento foliar na ausência e na concentração 4 mg L-1 de 2,4-D. Além desse regulador de crescimento, o BAP também influenciou significativamente na resposta morfogenética dos explantes estudados, havendo uma redução gradativa na resposta dessa variável em função do aumento das concentrações de BAP, para o explante caulinar e efeito positivo na resposta morfogenética para o explante foliar. O explante caulinar apresentou maior resposta morfogenética na presença de 2,4-D.
Palavras-chave: Genipa americana L.; organogênese; calogênese
56
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the effect of different culture media on the
induction of somatic embryogenesis from explants jenipapeiro. The experiment was
conducted at the Laboratory of Plant Tissue Culture Embrapa Coastal Tablelands, SE.
Seeds of ripe fruit of jenipapo natural population from the Siriri, Sergipe, Brazil (acess SIR).
The material was inoculated on MS medium with 30 g L-1 sucrose and 6 g L-1 Phytagel ®.
After 90 days of cultivation, the plants were segmented and transferred to a new MS medium
supplemented with 30 g L-1 sucrose and different concentrations of 2,4 -
Dichlorofenoxyacetic-2,4-D (0, 4 and 8 mg L- 1) combined with concentrations of four-
benzylaminopurine (BAP 0, 1, 2 and 3 mg L-1). At 120 days was to evaluate the percentage
of explants with morphogenetic response (PRM). The statistical design was a completely
randomized factorial 3 x 4 x 2 (three concentrations of 2,4-D combined with four
concentrations of BAP and two types of explants) averages of variables were subjected to
analysis of variance by F test means were compared by Tukey test at 5% significance level,
and for quantitative variables, equations of polynomial regression using the statistical
program SISVAR. Significant effect isolated from 2,4-D, BAP and the explant and
interactions: 2,4-D x explant; BAP x explant, 2.4-D x BAP explant percentage of explants
with morphogenetic response (PRM). Increasing concentrations of 2,4-D provided a gradual
increase percentage of explants with morphogenetic response. The type of explant used also
influence the response of this variable, with the largest stem segment induced
morphogenetic response to the foliar concentration in the absence and 4 mg L-1 2,4-D.
Besides this plant regulator, the BAP also significantly influenced the response of
morphogenetic explants studied, with a gradual reduction in the response of this variable as
a function of increasing concentrations of BAP to the stem explant and positive effect on
morphogenetic response to foliar explants. The stem explant showed greater response in the
presence of morphogenic plant regulator.
Key words: Genipa americana L.; organogenesis in vitro; callogenesis
57
1. INTRODUÇÃO
A Genipa americana L. é uma espécie indígena de importância econômica por sua
multiplicidade de uso, sendo aproveitada para diversos fins: é uma espécie utilizada como
essência florestal, como produtora de alimentos, na recomposição de matas ciliares, em
atividades medicinais e ainda para repovoamento de animais em zonas tropicais da fauna
brasileira (BAHIA, 2012). Apresenta grande demanda por parte do mercado de frutas
frescas, por se tratar de uma fruta saborosa, de baixa perecibilidade e com excelentes
qualidades nutricionais.
Usualmente o jenipapeiro tem sido propagado por sementes, entretanto estudos
preliminares indicam a possibilidade de propagação assexuada por enxertia por borbulhia e
garfagem, com predominância da via sexuada (DANTAS et al., 2009). Dessa forma, o
aprimoramento de métodos de propagação vegetativa torna-se imprescindível para a
multiplicação e a conservação da espécie.
A propagação de espécies florestais normalmente é via sementes, entretanto a
micropropagação é uma ferramenta que vem auxiliando na multiplicação de diversas
espécies. Técnicas baseadas na micropropagação de plantas podem ser empregadas com
sucesso para a obtenção massal de genótipos selecionados (THORPE & KUMAR, 1993).
O estudo de respostas morfogenéticas in vitro tem sido aplicado para diversas
espécies de importância econômica como a banana, mamão, tomate (BORGES et al.,
2005; BORGES et al., 2006; COSTA et al., 2011). A embriogênese somática tem se
mostrado importante para a micropropagação de plantas em larga escala. Essa técnica
apresenta uma grande vantagem sobre os demais sistemas de micropropagação, pois
grandes quantidades de embriões podem se formar em suspensões de células
embriogênicas com um mínimo de manipulação manual e espaço físico, principais
componentes do custo de uma planta micropropagada (GRATTAPAGLIA & MACHADO,
1998).
As técnicas de micropropagação de jenipapeiro tem sido baseadas na organogênese
(ROCHA, 2006) com o uso de cotilédones, folhas e hipocótilo na presença de reguladores
como BAP e ANA.
Não existem relatos científicos sobre a indução de calos embriogênicos em Genipa
americana L. O objetivo do presente trabalho foi o de estudar as respostas morfogenéticas
de diferentes explantes de jenipapeiro do acesso SIR submetidos a várias condições de
cultura in vitro.
58
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Material vegetal
Sementes obtidas de frutos maduros de acessos de jenipapeiro de população natural
do povoado Siriri, Sergipe (acesso SIR) (10°36'50.79"S; 37°07'36.05"O), após a extração
foram mantidas por 24 horas em temperatura ambiente. Em seguida, foram submetidas a
assepsia em câmara de fluxo laminar sendo imersas em álcool 70% (v/v) por 60 segundos e
em solução de hipoclorito de sódio (NaOCl) com 2,5% de cloro ativo na proporção 2:1 com
duas gotas de detergente por 20 minutos (ROCHA, 2006). Ao final desse tempo, foram
lavadas, três vezes, em água destilada e autoclavada.
2.2. Condições de cultivo
O experimento foi conduzido no Laboratório de Cultura de Tecidos de Plantas da
Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju- SE. Os meios de cultura com o pH ajustado para
5,8 ± 0,1 foram gelificados com Phytagel® e submetidos a autoclavagem por 15 minutos a
uma temperatura de 121 ± 1°C e pressão de 1,05 atm.
As culturas foram mantidas em sala de crescimento com temperatura controlada de 25
± 2°C, umidade relativa do ar média em torno de 70%, na ausência de luz por 90 dias e
depois transferidas para fotoperíodo de 12 horas de luz e intensidade luminosa de 60 µmol
m-2s-1.
2.3. Indução de embriogênese somática in vitro de jenipapeiro
Para o estudo da indução de embriogênese somática utilizou-se segmentos caulinares
e foliares excisados de plântulas assépticas de jenipapeiro com 90 dias de cultivo in vitro.
Os explantes foram inoculados em frascos de vidro com capacidade de 250 mL, contendo
30 mL de meio de cultura básico MS 30 g L-1 de sacarose e gelificados com 4,5 g L-1 de
Phytagel®. Foram avaliadas três concentrações de 2,4- diclorofenoxiacético- 2,4-D (0; 4 e 8
mg L-1) combinadas com quatro concentrações de benzilaminopurina-BAP (0; 1; 2 e 3 mg L-
1).
59
2.4. Avaliação do experimento
Aos 90 e 120 dias foram avaliados a porcentagem de explantes com resposta
morfogenética (PRM). Foram considerados explantes com resposta morfogenética os que
apresentaram a formação de calos friáveis com ou sem regeneração.
2.5. Delineamento experimental e análises estatísticas
O delineamento estatístico foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial 3 x 4 x
2 (três concentrações de 2,4-D combinadas com quatro concentrações de BAP e dois tipos
de explantes) totalizando 24 tratamentos com duas repetições. Cada parcela experimental
foi composta de três frascos contendo 2 explantes/frasco.
As médias das variáveis foram submetidas à análise de variância pelo teste F, e
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância e, para variáveis quantitativas,
ajustadas equações de regressão polinomial utilizando o programa estatístico SISVAR
(FERREIRA, 2011).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não foi observada, até os 120 dias a indução de calos embriogênicos nos diferentes
tratamentos testados. Verificaram-se diferentes respostas morfogenéticas como a
calogênese e a organogênese direta e indireta. Resultados semelhantes foram observados
por Ledo et al. (2002), em explantes de cupuaçuzeiro. A ausência de indução de calos
embriogênicos observada nas culturas pode estar relacionada com diversos fatores como
tipo e o estádio de desenvolvimento dos explantes, meio de cultura, reguladores de
crescimento e outros. O estádio fisiológico do explante é um fator importante, conforme
relatado por Guerra et al. (1999) e está relacionado com o número de receptores das células
responsivas para os reguladores de crescimento presentes no meio de cultura.
Houve efeito significativo isolado do 2,4-D, BAP e do explante e das interações: 2,4-
D x explante e BAP x explante; na porcentagem de explantes com resposta morfogenética
(PRM). Não houve efeito significativo para as demais combinações de fatores (Anexo I).
A porcentagem de explantes com resposta morfogenética variou segundo uma
regressão polinomial linear para o explante foliar havendo um acréscimo gradativo na
resposta dessa variável em função do aumento das concentrações de 2,4-D (Figura 18).
Para o segmento caulinar, observou-se um comportamento linear em resposta a
60
porcentagem de explantes com o aumento da resposta morfogenética em função do
aumento das concentrações de 2,4- D. Observou-se uma diferença considerável entre os
explantes foliares e caulinares na ausência do 2,4-D. Enquanto no explante foliar foi
observada 30,43% de resposta morfogenética na ausência de 2,4-D, no explante caulinar
houve 85,42% de resposta morfogenética (Figura 18, Tabela 12).
Figura 18. Porcentagem de resposta morfogenética de explantes do acesso SIR em função
da concentração de 2,4-D aos 120 dias de cultura in vitro. A - explante foliar; B-segmento
caulinar.
Conforme a Tabela 12, o tipo de explante influenciou na resposta morfogenética,
sendo o segmento caulinar responsável por uma maior resposta dessa variável quando
y = 8,4352x + 34,737 R² = 0,9535
20
40
60
80
100
0 4 8
Resposta
Morf
ogenética (
%)
2,4-D (mg L-1)
y = 1,3421x + 87,794 R² = 0,6297
80
85
90
95
100
0 4 8
Resposta
Morf
ogenética (
%)
2,4-D (mg L-1)
A
B
61
comparado com o foliar na ausência e na concentração 4 mg L-1 de 2,4-D. No entanto, na
presença de 8 mg L-1 não houve diferença estatística entre os explantes.
Tabela 12. Porcentagem de resposta morfogenética de expantes do acesso SIR em função
do tipo de explante e da concentração de 2,4-D.
Médias seguidas pela mesma letra na linha, não diferem significativamente, entre si, ao nível de 5%
pelo teste de Tukey.
O BAP influenciou significativamente na resposta morfogenética dos explantes
estudados (Figura 19). Para o explante caulinar, observou-se um comportamento
quadrático na resposta morfogenética, havendo uma pequena redução gradativa na
resposta dessa variável em função do aumento das concentrações de BAP. A sua adição ao
meio de cultura teve efeito positivo na resposta morfogenética do explante foliar, já que na
ausência dessa citocinina notou-se o desenvolvimento morfogenético de apenas 47,22%,
resultado bem inferior aos observados na presença desse regulador (Figura 19A, Tabela
13). A presença de citocinas no meio de cultura tem sido reportada por vários autores como
indutor de maior resposta morfogenética in vitro. Segundo Borges et al. (2005) a adição de
thiadizuron (TDZ) no meio de cultura promoveu maior formação de calos basais nas
cultivares de tomateiro Diva, Carmem e Thomas. Em explantes de mamoeiro, Borges et al.
(2006) obtiveram maior formação de calos friáveis e vários brotos regenerados na
presença de 1 µM TDZ.
Resposta morfogenética (%)
2,4-D (mg L-1)
Tipo de explante
Foliar Caulinar
0 30,43B 85,42A
4 77,08B 97,92A
8 97,92A 96,15A
CV (%) 28,13
62
Figura 19. Porcentagem de resposta morfogenética de explantes do acesso SIR em função
da concentração de BAP aos 120 dias de cultura in vitro. A- explante foliar; B- explante
caulinar.
O tipo e a sanidade do explante são extremamente importantes para o sucesso de
qualquer protocolo de multiplicação in vitro. Observou-se nesse estudo que houve diferença
estatística entre os explantes foliar e caulinar na ausência e na presença de BAP nas
concentrações 1 e 3 mg L-1 (Tabela 13). De modo geral, o explante caulinar apresentou
maior resposta morfogenética na ausência e presença do BAP, sendo observada de modo
geral maior resposta da variável estudada para esse tipo de explante do que o explante
foliar. Somente na concentração de 2 mg L-1 de BAP, os segmentos caulinar e foliar não
diferiram entre si. Resultados semelhantes foram observados por Borges et al. (2005) em
y = -12,295x2 + 43,472x + 47,067 R² = 0,9994
40
50
60
70
80
90
0 1 2 3
Resposta
Morf
ogenética (
%)
BAP (mg L-1)
y = -2,9729x2 + 5,1308x + 95,05 R² = 0,8607
80
85
90
95
100
0 1 2 3
Resposta
Morf
ogenética (
%)
BAP (mg L-1
A
B
63
hipocótilo de diferentes cultivares de tomateiro e por Jordan Z. (2011) em segmentos nodais
de Vasconcellea chilensis Planch quando comparado com segmentos foliares.
Tabela 13. Valores médios da porcentagem de resposta morfogenética de explantes do
acesso SIR em função do tipo de explante e da concentração de BAP.
Médias seguidas pela mesma letra na linha, não diferem significativamente, entre si, ao nível de 5%
pelo teste de Tukey.
Os explantes foliares mantidos em meio de cultura MS na presença de 2,4-D nas
concentrações 4 e 8 mg L-1 e na ausência de BAP, apresentaram maior porcentagem de
calos organogênicos (Tabela 14). No entanto, observou-se que os explantes caulinares
tiveram uma maior resposta de calos organogênicos na ausência de BAP e na ausência e
nas concentrações estudadas de 2,4-D, apresentando resultados superiores aos
observados para os explantes foliares (Tabela 14).
Resposta morfogenética (%)
BAP (mg L-1)
Tipo de explante
Foliar Caulinar
0 47,22B 94,12A
1 77,78B 100,0A
2 85,29A 90,63A
3 66,67B 84,62A
CV (%) 28,13
64
Tabela 14. Valores médios da porcentagem de resposta organogenética de explantes
foliares e caulinares do acesso SIR na ausência e na presença de BAP e 2,4-D aos 120
dias de cultivo.
Considerando a porcentagem de explantes com resposta organogenética, verificou-
se que no geral, os explantes foliares apresentam maior número de explantes com
calogênese e organogênese indireta e os segmentos caulinares maior resposta de calos e
organogênese direta (Figura 20).
Organogênese (%)
BAP (mg L-1)
Explante
Foliar Caulinar
0 15,27 37,5
1 1,39 2,79
2 0 0
3 0 0
2,4- D (mg L-1)
0 0 9,38
4 4,17 10,42
8 8,33 10,42
65
Figura 20. Respostas morfogenéticas de explantes foliares (A- calogênese e B-
organogênese indireta) e caulinares (C- calogênese e D- organogêsene direta) do acesso
SIR na presença de 2,4-D e BAP.
A capacidade apresentada por diversos explantes de jenipapeiro em formar calos,
em meio suplementado com diversos reguladores de crescimento, preconiza um estudo
mais aprofundado, como a avaliação do estádio fisiológico e dos níveis endógenos de
fitormônios nos explantes, para melhor controle da expressão morfogenética in vitro.
Estudos posteriores deverão ser conduzidos com outras concentrações de BAP e
2,4-D e outros reguladores que promovam a indução da embriogênese somática. Segundo
Barros (1999), dentre os processos de micropropagação, a embriogênese somática é,
teoricamente, a melhor opção para a propagação in vitro de frutíferas por apresentar
algumas vantagens, tais como: alta taxa de multiplicação comparada a qualquer outro
processo de propagação; produção em larga escala pela manutenção da cultura em meio
A B
C D
66
líquido; plantio direto da muda obtida via embriogênese somática sem necessidade de
enxertia, com menor custo de produção, além de a planta ser geneticamente semelhante à
planta mãe, sem as influências do porta-enxerto, como acontece com as plantas obtidas por
métodos de propagação vegetativa convencionais.
4. CONCLUSÕES
- A presença de 2,4-D e do BAP promovem maior resposta morfogenética dos explantes do
acesso SIR;
- O segmento caulinar apresenta maior calogênese na ausência de BAP e nas
concentrações estudadas de 2,4-D;
- A presença de 8 mg L-1 de 2,4-D e a ausência de BAP induz a formação de 100% de calos
organogenéticos;
- As concentrações de 2,4-D e BAP estudadas não induzem a embriogênese somática nos
explantes do acesso SIR.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAHIA. Secretaria de Agricultura, Irrigação a Reforma Agrária. Jenipapo. Disponível em: <http// www.seagri.ba.gov.br/jenipapo.htm>. Acesso em: 23 de novembro de 2012. BARROS, L. M. Embriogênese somática. Biotecnologia: ciência e desenvolvimento, v.2, n.7, p.36-39, 1999. BORGES, N. S. S.; BENBADIS, A. K.; MARCO, C. A. Respostas morfogenéticas de tomateiro cultivado in vitro. Revista Ciência Agronômica, v. 36, n.1, p. 91- 97, 2005. BORGES, N. S. S.; BENBADIS, A. K.; MARCO, C. A.; SOMBRA, J. N. S. Avaliação da descontaminação, germinação e respostas morfogenéticas do mamão cultivado in vitro (Carica papaya L.). Revista Ciência Agronômica, v. 37, n. 2, p. 308-313, 2006. COSTA, F. H. S.; PASQUAL, M.; SILVA, S. O.; SILVA, H. P. N.; AMORIM, E. P.; SANTOS-SEREJO, J. A.Poliploidização em ápices caulinares de bananeira e seus efeitos morfofisiológicos in vitro. Pesquisa agropecuária brasileira, v.46, n.8, p.805-813, 2011.
67
DANTAS, A. C. V. L.; COSTA, M. A. P. C.; SOUZA, F. V. D.; SANTOS, R. O. S.; SANTOS, L. S. L. Jenipapo. In: SANTOS- SEREJO, J. A.; DANTAS, J. L. L.; SAMPAIO, C. V.; COELHO, Y. S. (Eds.). Fruticultura Tropical: espécies regionais e exóticas. EMBRAPA, p.275- 291, 2009. FERREIRA, D. F. SISVAR: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, v. 35, n. 6, p. 1039- 1042, 2011. GRATTAPAGLIA, D.; MACHADO, M. A. Micropropagação. In: TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. (Eds.). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: EMBRAPA Produção de Informação/ Centro Brasileiro Argentino de Biotecnologia, v.1, p.183- 260,1998. GUERRA, M. P.; TORRES, A. C.; TEIXEIRA, J. B. Embriogênese somática e sementes sintéticas. In: TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. (Eds.). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: EMBRAPA-SPI/ EMBRAPA-CNPH, v.2, p.533-568, 1999. JORDAN Z, M. In vitro morphogenic responses of Vasconcellea chilensis Planch. ex A. DC (Caricaceae). Agronomía Colombiana, v. 29(3), 481-485, 2011. LEDO, A. S.; LAMEIRA, O. A.; BENBADIS, A. K. Explantes de cupuaçuzeiro submetidos a diferentes condições de cultura in vitro. Revista Brasileira de Fruticultura, v.24, n.3, p.604-607, 2002. ROCHA, M. A. C. Morfogênese in vitro em jenipapeiro (Genipa americana L.). 2006, 66 f. (Dissertação, Mestrado em Ciências Agrárias). Universidade Federal da Bahia, Cruz das Almas, BA. THORPE, T. A.; KUMAR, P. P. Cellular control of morphogenesis. In: AHUJA, M. R. (Ed.) Micropropagation of woody plants. Netherlands: Kluwer Academic, p. 11-29, 1993.
68
ANEXOS ANEXO A. Resumo do quadro de análise de variância do efeito do manitol e tempo de cultivo in vitro (Tempo) no número de folhas (NF), no comprimento do ponto de início da radícula até a inserção do primeiro par de folhas (PPF), no número de folhas caídas (NFC) e vigor de plântulas de jenipapeiro do acesso CZA.
QM
FV GL NF CPA NFA1 VIB
Manitol 4 5,9625* 2,648616** 0,114539** 0,410312**
Tempo 3 49,297292** 0,653875* 0,121307** 2,000625**
Manitol x Tempo 12 0,45875 ns 0,019682 ns 0,010289 ns 0,107396 ns
Erro 80 2,3975 0,225469 0,017478 0,084375
CV (%) 14,80 8,60 16,28 6,44 1 Dados transformados para√x+0,5; **significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; *significativo a 5% de probabilidade pelo teste F; ns- não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. ANEXO B. Resumo do quadro de análise de variância do efeito do ácido abscísico (ABA) e do tempo de cultivo in vitro (Tempo) no número de folhas (NF), no comprimento do ponto de início da radícula até a inserção do primeiro par de folhas (PPF), no número de folhas caídas (NFC) e vigor de plântulas de jenipapeiro do acesso CZA.
QM
FV GL NF CPA NFA1 VIB
ABA 4 57,891563** 0,2839 ns 0,111643** 0,46625 ns
Tempo 3 4,496667 ns 0,066456 ns 0,00324 ns 0,254167 ns
ABA x Tempo 12 3,525313 ns 0,019363 ns 0,004356 ns 0,010417 ns
Erro 80 1,927188 0,611509 0,022124 0,490625
CV (%) 21,26 14,25 18,18 16,35 1 Dados transformados para√x+0,5; **significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns- não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. ANEXO C. Resumo do quadro de análise de variância do efeito de variações de sais do meio MS e sacarose (MC) e do tempo de cultivo in vitro (Tempo) no número de folhas (NF), no comprimento do ponto de início da radícula até a inserção do primeiro par de folhas (PPF), no número de folhas caídas (NFC) e vigor de plântulas de jenipapeiro do acesso CZA.
QM
FV GL NF CPA NFA1 VIB
MC 4 20,742813** 2,528187** 0,01186 ns 2,002187**
Tempo 3 44,549167** 0,628917 ns 0,021869 ns 0,9175**
MC x Tempo 12 1,419479 ns 0,042938 ns 0,008943 ns 0,074271 ns
Erro 80 1,88 0,271191 0,016329 0,167813
CV (%) 13,56 10,26 17,16 8,97 1 Dados transformados para√x+0,5; **significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns- não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.
69
ANEXO D. Resumo do quadro de análise de variância da resposta morfogenética de explantes de jenipapeiro do acesso CZA na retomada do crescimento em função da concentração de manitol (MC), do BAP e do tipo de explante.
FV GL QM
MC 4 8398,071297**
BAP 1 3129,581482*
Explante (E) 2 1129,637040 ns
MC x BAP 4 120,354636 ns
MC x E 8 759,285190 ns
BAP x E 2 18,525927 ns
MC x BAP x E 8 342,590743 ns
Erro 30 648,174078
CV (%) 34,98
**significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; *significativo a 5% de probabilidade pelo teste F; ns- não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. ANEXO E. Resumo do quadro de análise de variância da resposta morfogenética de explantes de jenipapeiro do acesso CZA na retomada do crescimento em função da concentração do ABA (MC), do BAP e do tipo de explante.
FV GL QM
MC 4 212,812069 ns
BAP 1 462,759282 ns
Explante (E) 2 1240,664832*
MC x BAP 4 971,902819*
MC x E 8 476,727338 ns
BAP x E 2 685,087062 ns
MC x BAP x E 8 430,431968 ns
Erro 30 277,711132
CV (%) 19,11
*significativo a 5% de probabilidade pelo teste F; ns- não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. ANEXO F. Resumo do quadro de análise de variância da resposta morfogenética de explantes de jenipapeiro do acesso CZA na retomada do crescimento em função de variações de sais do meio MS e sacarose (MC), do BAP e do tipo de explante.
FV GL QM
MC 4 5143,445372**
BAP 1 11115,831482**
Explante (E) 2 615,648152 ns
MC x BAP 4 1301,062969*
MC x E 8 424,745372 ns
BAP x E 2 476,820372 ns
MC x BAP x E 8 575,232409 ns
Erro 30 384,262965
CV (%) 24,42
**significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; *significativo a 5% de probabilidade pelo teste F; ns- não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.
70
ANEXO G. Resumo do quadro de análise de variância da porcentagem de plântulas normais de jenipapeiro (PPN%) do acesso OIT na germinação in vitro em função de variações de sais do meio MS e sacarose (MC) e do tempo.
FV GL QM
MC 4 7764,083549**
Tempo 3 3574,220075**
MC x Tempo 12 99,118512 ns
Erro 60 195,685417
CV (%) 21,67
**significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns- não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. ANEXO H. Resumo do quadro de análise de variância do comprimento da parte aérea (CPA) do acesso OIT na germinação in vitro em função de variações de sais do meio MS e sacarose (MC) aos120 dias.
FV GL QM
MC 4 6,451346**
Erro 20 1,246516
CV (%) 18,84
**significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns- não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. ANEXO I. Resumo do quadro de análise de variância da porcentagem de explantes de jenipapeiro do acesso SIR com resposta morfogenética (PRM) em função de diferentes concentrações de BAP e 2,4-D e do tipo de explante.
FV GL QM
2,4-D 2 17736,884007**
BAP 3 2880,457804**
Explante (E) 1 18287,928640**
2,4-D x BAP 6 386,924481ns
2,4-D x E 2 11225,433978**
BAP x E 3 2548,532370**
2,4-D x BAP x E 6 968,582290 ns
Erro 108 450,617284
CV (%) 26,56
**significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns- não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.