universidade federal de sergipe · 2017. 11. 28. · por sua disposição e colaboração no estudo...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS
DESENVOLVIMENTO DE REVESTIMENTOS EPOXíDICOS LUMINESCENTES COM BAIXA MOLHABILIDADE A ÓLEOS PARAFÍNICOS
ANDERSON MANSFIELD ANDRADE ARAUJO
São Cristóvão, Fevereiro/2012
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ANDERSON MANSFIELD ANDRADE ARAUJO
DESENVOLVIMENTO DE REVESTIMENTOS EPOXÍDICOS LUMINESCENTES COM BAIXA MOLHABILIDADE A ÓLEOS
PARAFÍNICOS
Dissertação de Mestrado apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação e Ciência e Engenharia de Materiais, para obtenção do grau de Mestre em Ciência e Engenharia de Materiais.
Área de Concentração: Caracterização, Propriedades e Desenvolvimento de Materiais.
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Andrade Macêdo
SÃO CRISTÓVÃO, SE – BRASIL
FEVEREIRO DE 2012
95
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
A663d
Araujo, Anderson Mansfield Andrade
Desenvolvimento de revestimentos epoxídicos luminescentes com baixa molhabilidade a óleos parafínicos / Anderson Mansfield Andrade Araujo. – São Cristóvão, 2012.
92 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais) – Núcleo de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais, Universidade Federal de Sergipe, 2012.
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Andrade Macêdo.
1. Revestimentos. 2. Resina epóxi. 3. Petróleo. 4. Óleos parafínicos. 5. Espectroscopia. I.Título.
CDU 665.94
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DESENVOLVIMENTO DE REVESTIMENTOS EPOXíDICOS LUMINESCENTES COM BAIXA MOLHABILIDADE A ÓLEOS PARAFÍNICOS
Anderson Mansfield Andrade Araujo
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE MATERIAIS.
Aprovada por:
_________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Andrade Macêdo
_________________________________________ Prof. Dr. Frederico Guilherme Cunha
_________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Massayoshi Ueki
São Cristóvão, SE - BRASIL
FEVEREIRO DE 2012
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Dedico este trabalho aos meus pais, que fomentaram minha formação moral e intelectual. Aos meus irmãos, por tudo que vivemos, aprendemos e superamos juntos. À minha esposa e o meu filho, que me propiciam momentos excepcionalmente inesquecíveis.
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Agradecimentos
Inicialmente gostaria de agradecer a Deus por possibilitar atingir nossos
objetivos, nos fortalecendo a cada obstáculo superado.
Ao Prof. Dr. Marcelo Macêdo, pelo entusiasmo, empenho e equilíbrio com que
me inspirou e orientou por esses sete anos.
Ao Prof. Dr. Marcelo Ueki, por nortear, com sabedoria, os caminhos a serem
trilhados.
Ao Prof. Dr. Frederico Cunha por levar ao meio científico uma visão holística do
ser humano.
Aos pesquisadores de iniciação científica Marcelo Noboro e Yvens Santos por
sues auxílios durante a realização dos experimentos.
À Prof.ª Dr. Cristina Quintella e seu aluno de iniciação científica Tiago Ferrer,
por sua disposição e colaboração no estudo interfacial.
A todos os alunos de Prof. Marcelo, que durante as reuniões semanais,
sugeriram, questionaram e dividiram seus conhecimentos.
Aos meus avós, tios, primos e amigos, por apoiar, torcer e, sobretudo, acreditar
no meu sucesso.
Aos meus irmãos Alysson e André, por participar ativamente do
desenvolvimento deste projeto.
Aos meus pais Ewerton Araujo e Helaine Mansfield, por cultuar dentre vários
valores, a ética e a educação para a formação do caráter do homem.
A minha esposa Emanuela Cecilia Sobral, por transmitir a todo momento
harmonia e serenidade, proporcionando equilíbrio em minhas decisões.
Por fim quero agradecer ao meu filho, Arthur Mansfield, por me tornar
diariamente uma pessoa cada vez mais feliz, obstinada e convicta dos meus ideais.
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SUMÁRIO
Lista de Figuras .................................. ...........................................................................i
Lista de Tabelas................................... ..........................................................................v
Resumo............................................. .............................................................................vi
Abstract........................................... ..............................................................................vii
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
1.1. Considerações Gerais ....................................................................................... 2
1.2. Objetivos ........................................................................................................... 3
1.3. Organização da dissertação.............................................................................. 4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................... ............................................................ 5
2.1. Transporte de Fluidos e Parafinação ................................................................ 6
2.2. Interação Interfacial ........................................................................................... 8
2.3. Revestimentos Epoxídicos .............................................................................. 13
2.4. Agente de Cura ............................................................................................... 15
2.4.1. Cura Epóxi/Amina .................................................................................... 16
2.5. Formação de Bolhas ....................................................................................... 20
2.6. Luminescência ................................................................................................ 22
2.7. Colorantes ....................................................................................................... 25
2.7.1. Pigmentos Fluorescentes ......................................................................... 27
2.7.1.1. Rodamina ...........................................................................................30
2.7.1.2. Cumarina............................................................................................32
3.MATERIAIS E MÉTODOS.............................. ............................................................34
3.1. Introdução ....................................................................................................... 35
98
3.1.1. Preparação do Epóxi e Epóxi-M Pigmentados ......................................... 36
3.2. Espectroscopia Raman ................................................................................... 37
3.3. Espectroscopia Fotoluminescente (PL) ........................................................... 41
3.4. Ângulo de Contato .......................................................................................... 43
3.5. Injeção de Bolhas nos Sistemas Epoxídicos ................................................... 45
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................ ................................................. 49
4.1. Análise da Espectroscopia Raman ................................................................. 49
4.1.1. Epóxi/Pigmento ........................................................................................ 49
4.1.1.1. Grau de conversão Epóxi/Pigmento ................................................... 52
4.1.1.2. Concentração Amina no Epóxi/Pigmento ........................................... 54
4.1.2. Epóxi-M/Pigmento .................................................................................... 55
4.1.2.1. Grau de Conversão Epóxi-M/Pigmento .............................................. 58
4.1.2.2. Concentração Amina no Epóxi-M/Pigmento ....................................... 59
4.2. Espectroscopia Fotoluminescente .................................................................. 60
4.2.1. Epóxi/Pigmento ........................................................................................ 61
4.2.2. Epóxi-M/Pigmento .................................................................................... 64
4.3. Ângulo de Contato .......................................................................................... 67
4.4. Avaliação da Formação de Bolhas .................................................................. 70
5. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS ...................... .................................................. 76
5.1. Introdução....................................................................................................... 76
5.2. Conclusão....................................................................................................... 76
5.3. Sugestões para Trabalhos Futuros ................................................................ 77
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................... ................................................... 79
APÊNDICE....................................................................................................................92
99
Lista de Figuras
Figura 1: Esquema representando o transporte do petróleo através de um duto submerso, o fluxo de calor e o gradiente de temperatura. ...................................... 7
Figura 2: Secção de um duto com deposição de parafina em estágio avançado [12]. ......................................................................................................................... 8
Figura 3: Ilustração da molhabilidade através do ângulo de contato. ............................ 10
Figura 4: Configurações de equilíbrio para uma gota em situações distintas de molhabilidade. E seus respectivos ângulos de contato e relações energéticas entre homogênea e heterogênea. ......................................................................... 12
Figura 5: Energia livre necessária para criar um núcleo estável para duas situações distintas [19]. ......................................................................................... 12
Figura 6: Estrutura química do anel epóxi ..................................................................... 14
Figura 7: Estrutura química do DGEBA. ........................................................................ 14
Figura 8: Estrutura química da amina cicloalifática. ...................................................... 16
Figura 9: Estágios de cura de polímeros termorrígidos [38]. ......................................... 17
Figura 10: Reação das aminas sobre o anel epóxi [47]................................................. 18
Figura 11: Comportamento teórico para descrever o fenômeno de difusão controlada sobre a mudança de constantes de velocidade cinética, em função do grau de cura durante a reação de cura de epóxi-amina [52]. ............... 19
Figura 12: Epóxi de conversão versus tempo para uma resina epóxi em duas temperaturas 22 e 50°C [52]. ...................... .......................................................... 20
Figura 13: Representação da forma de bolhas encontradas em escoamentos ascendentes. Da esquerda para direita: Geometria esférica, elipisóide e “sherical cap” [61]. ................................................................................................ 21
Figura 14: Diagrama Perrin-Jablonki com exemplos dos vários mecanismos de absorção e desexcitação. S0, S1 e S2 – estados eletrônicos singletos; T1 – estado eletrônico tripleto; [CI]-Conversão Interna; [CIS]- Cruzamento Intersistema [66]. .................................................................................................. 23
Figura 15: Diagrama de Cromaticidade CIE [78]. .......................................................... 26
Figura 16: Ilustração estrutura pigmento ....................................................................... 27
i
100
Figura 17: Três modos de excitação distintos, conforme altera a concentração de pigmento na matriz polimérica. a) Concentração abaixo da ideal; b) Concentração acima da ideal; c) Concentração ideal. .......................................... 28
Figura 18: Pigmento Fluorescente Rosa DY 215 .......................................................... 29
Figura 19: Ilustração da estrutura química do: a) Xanteno b) Rodamina. ..................... 30
Figura 20: Ilustração da estrutura química da Cumarina ............................................... 32
Figura 21: Esquema representativo para diferenciar os tipos de espalhamento, E0, estado fundamental. E1 e En estados virtuais excitados. λ0, freqüência inicial do fóton incidente. λn+1 e λn-1, frequências finais do fóton espalhado [68]. ............. 37
Figura 22: Espectrômetro RAMAN Dispersivo, modelo SENTERRA fabricado pela BRUKER ............................................................................................................... 38
Figura 23: Método de deconvolução de picos sobrepostos ........................................... 39
Figura 24: Aparato experimental para medida de fotoluminescência. Nos detalhes espectrômetro, lâmpada de Xenônio, compartimento para acomodação das amostras e fibra óptica, bem como o caminho da excitação e emissão. .............. 41
Figura 25: Aparato experimental para a medida de ângulo de contato. Nos detalhes O sistema de deposição, câmera de obtenção da gota, fonte de Luz e as mangueiras do sistema de aquecimento. ...................................................... 44
Figura 26: Sequência de imagens da deposição do petroleo sob um revestimento epoxídico. .............................................................................................................. 45
Figura 27: Aparato experimental para a injeção de Nitrogênio nas amostras de Epóxi e Epóxi-M .................................................................................................... 46
Figura 28: Cilindro de Epóxi seccionado em seis partes. .............................................. 47
Figura 29: Espectros Raman do Epóxi/pigmento tratados a 60°C por 0, ½, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas ........................................................................................................ 50
Figura 30: Espectros Raman do Epóxi/Pigmento tratados a 80°C por 0, ½, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas ........................................................................................................ 50
Figura 31: Espectros Raman do Epóxi/Pigmento tratados a 100°C por 0, ½, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas .................................................................................................... 51
Figura 32: Espectros Raman do Epóxi/Pigmento tratados a 120°C por 0, ½, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas. ................................................................................................... 51
Figura 33: Grau de conversão dos anéis epóxis em função do tempo de cura do Epóxi/Pigmento tratados a 60, 80, 100 e 120°C. .... .............................................. 53
ii
101
Figura 34: Concentração Relativa de Aminas em função do tempo de cura do Epóxi/Pigmento tratados a 60, 80, 100 e 120°C. .... .............................................. 55
Figura 35: Espectros Raman do Epóxi-M/Pigmento tratados a 60°C por 0, 1/4, 1/2, 3/2, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas ..................................................................................... 56
Figura 36: Espectros Raman do Epóxi-M/Pigmento tratados a 80°C por 0, 1/4, 1/2, 3/2, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas ..................................................................................... 56
Figura 37: Espectros Raman do Epóxi-M/Pigmento tratados a 100°C por 0,1/4, 1/2, 3/2, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas .............................................................................. 57
Figura 38: Espectros Raman do Epóxi-M/Pigmento tratados a 120°C por 0,1/4, 1/2, 3/2, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas .............................................................................. 57
Figura 39: Grau de conversão do epóxi em função do tempo de cura do Epóxi-M/pigmento tratados a 60, 80, 100 e 120°C.......... ................................................ 58
Figura 40: Concentração relativa de Aminas em função do tempo de cura do Epóxi-M/pigmento tratados a 60, 80, 100 e 120°C. .. ............................................ 60
Figura 41: Gráfico de Intensidade PL x emissão x excitação, do Epóxi com 5% do pigmento DY 215 sem tratamento térmico. ........................................................... 61
Figura 42: Intensidade PL em função do λemissão, excitados com 476 nm, para amostras de Epóxi com pigmento DY 215, tratados termicamente por 1, 2, 3, 4, 5, 6 horas; a) a 60°C, b) a 80°C, c) a 100°C, d) a 120°C. ................................. 62
Figura 43: Densidade de fótons emitidos em função do tempo de cura para os compósitos de Epóxi com 5% de pigmento, tratados a 60, 80, 100 e 120°C. ....... 63
Figura 44: Gráfico de Intensidade PL x emissão x excitação, do Epóxi-M com 5% do pigmento sem tratamento térmico. ................................................................... 64
Figura 45: Intensidade PL em função do λemissão, excitados com 476 nm, para amostras de Epóxi-M com pigmento DY 215, tratados termicamente por 1, 2, 3, 4, 5, 6 horas; a) a 60°C, b) a 80°C, c) a 100°C, d) a 120°C. ............................. 65
Figura 46: Densidade de fótons emitidos em função do tempo de cura do Epóxi-M/Pigmento tratados a 60, 80, 100 e 120°C. ........ ................................................ 66
Figura 47: Ângulo de contato em função da temperatura de cura do Epóxi e do Epóxi-M, no instante 0.64s após o contato com a superfície. ............................... 68
Figura 48: Ângulo de contato em função da temperatura de cura do Epóxi e do Epóxi-M, no instante 10.64s após o contato com a superfície. ............................. 69
Figura 49: Superfícies das secções transversais dos sistemas polimérico, com as bolhas evidenciadas em vermelho. a) Epóxi; b) Epóxi-M ...................................... 70
iii
102
Figura 50: Imagens sagitais das bolhas das resinas: a)Epóxi; b)Epóxi-M. .................... 73
Figura 51: Microscopia Óptica do Epóxi-M .................................................................... 74
iv
103
Lista de Tabelas
Tabela 1: Especificações Técnicas da Araldite GY 279 [30] ....................................... 15
Tabela 2: Especificações Técnicas do Aradur GY 2963 [30] ....................................... 16
Tabela 3: Especificações Técnicas Do Pigmento Fluorescente Rosa DY 215 [87] ....... 30
Tabela 4: Comprimentos de onda de excitação e emissão de algumas Rodaminas [67]. ....................................................................................................................... 31
Tabela 5: Comprimentos de onda de excitação e emissão de algumas Cumarinas [67, 72, 126]. ......................................................................................................... 33
Tabela 6: Taxa média de conversão do Epóxi/Pigmento, na primeira hora de tratamento térmico ................................................................................................ 54
Tabela 7: Velocidade de cura do Epóxi-M, na primeira hora de tratamento térmico ..... 59
Tabela 8: Densidade de bolhas por face das resinas .................................................... 71
Tabela 9: Diâmetro das bolhas encontradas nas resinas .............................................. 72
v
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Resumo da Tese apresentada ao P²CEM/UFS como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Mestre em Ciência e Engenharia de Materiais (M.Sc.)
DESENVOLVIMENTO DE REVESTIMENTOS EPOXÍDICOS LUMINESCENTES COM BAIXA
MOLHABILIDADE A OLÉOS PARAFÍNICOS
Anderson Mansfield Andrade Araujo
Fevereiro/2012
Orientador: Marcelo Andrade Macêdo
Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais
O presente estudo tem por finalidade desenvolver um revestimento epoxídico luminescente
com baixa interação interfacial a óleos parafínicos e com menor incidência de vazios ou
bolhas. O desenvolvimento do revestimento proposto se deu a partir de uma resina epoxídica
amplamente utilizada como revestimento de dutos pela indústria do petróleo. Inicialmente foi
adicionado ao Epóxi, um agente modificante, originando o Epóxi-M, que possui maior
estabilidade térmica, menor interação interfacial e menor a incidência de bolhas que o Epóxi.
Após selecionar um pigmento que atendesse requisitos como natureza orgânica, boa
compatibilidade com epóxi, emissão fluorescente com excitação fora do UV, bom
custo/benefício, foi adicionado aos sistemas poliméricos. Posteriormente foram realizados
tratamentos térmicos entre 60 e 120ºC por períodos entre ¼ e 6 horas, seguidos da
determinação do grau de cura, análises luminescentes, caracterização interfacial com o
petróleo e por fim a avaliação da formação de bolhas. Os resultados mostram que tratamentos
térmicos em temperaturas mais baixas por períodos mais longos demonstram ser mais
adequados para os dois sistemas poliméricos, onde é possivel obter melhor resposta
fotoluminescênte e maior grau de reticulação.
Palavras chave: luminescência, DGEBA, amina, pigmento.
vi
105
Abstract of Dissertation presented to P²CEM/UFS as part of the requirements for obtaining the
degree of Master in Materials Science and Engineering (M.Sc.)
DEVELOPMENT OF LUMINESCENT COATINGS EPOXY WITH LOW WETTABILITY TO
PARAFFINIC OIL
Anderson Mansfield Andrade Araujo
February/2012
Advisors: Marcelo Andrade Macêdo
Department: Materials Science and Engineering
The present study aims to develop a luminescent epoxy coating with low interfacial interaction
to paraffinic oils and with a lower incidence of voids or bubbles. The proposed development of
the coating occurred from an epoxy resin widely used as a coating of pipes for the oil industry.
Initially it was added to the epoxy a modifying agent, causing the Epoxy-M, causing the Epoxy-
M, which has higher thermal stability, lower interfacial interaction and lower the incidence of
bubbles that the Epoxy. After selecting a pigment that meet requirements such as organic
nature, good compatibility with epoxy, the fluorescence emission with excitation out of UV,
good cost/benefit, it was added to polymer systems. Later heat treatments were performed
between 60 and 120°C for periods between ¼ and 6 ho urs, followed by determining the rate of
cure, luminescent analysis, interfacial characterization with oil and finally the evaluation of the
formation of bubbles. The results show that Heat treatments at lower temperatures for longer
periods are shown to be most suitable for the cure of both the systems polymeric, where it is
possible to obtain better response photoluminescent and greater rate of crosslinking.
Keywords: luminescence, DGEBA, amine, pigment.
vii
1
CAPÍTULO 1
2
1. INTRODUÇÃO
1.1. Considerações Gerais
A dependência cada vez maior do petróleo e gás natural faz com que empresas
exploradoras realizem extrações em condições cada vez mais adversas, seja em
temperaturas muito baixas, como a exploração no Ártico, ou em águas profundas,
como no Pré-Sal. A descoberta de jazidas petrolíferas sob o solo oceânico brasileiro
exige soluções técnicas viáveis e eficientes para sua exploração.
Os dutos submarinos estão sujeitos às correntes marítimas que oscilam de
temperatura constantemente, alterando termodinamicamente as condições de
escoamento do duto. Em águas profundas esse problema é agravado, uma vez que as
condições de pressão e temperatura não são ideais para o transporte do fluido.
Um fluido ao escoar no interior de um duto sofre uma determinada perda de
energia, denominada perda de carga, atribuída ao atrito do fluido com as paredes
internas do duto. Quanto maior a rugosidade da tubulação maior é a turbulência do
escoamento, logo maior será a perda de carga. Esse problema é agravado pela
deterioração ocasionada pelos fluidos corrosivos extraídos junto com o petróleo.
O desenvolvimento de novos materiais para sistemas de revestimento tenta
solucionar ou amenizar os problemas, contudo requer a compreensão das relações
estrutura/propriedade desses materiais. Apesar de algumas propriedades do
revestimento só serem obtida experimentalmente, é possível estimar seu
comportamento geral, antes da síntese, facilitando substancialmente o projeto do novo
revestimento [1,2].
3
1.2. Objetivos
O principal objetivo desta dissertação é contribuir para o desenvolvimento de
revestimentos epoxídicos luminescentes com baixa interação interfacial e baixa
densidade de vazios ou bolhas, que possam ser aplicadas a dutos de transporte de
petróleo.
O enfoque na luminescência pode ser empregado numa possível inspeção de
duto via pig instrumentado, detectando imperfeições, desgastes e vida útil do
revestimento. Esse revestimento pode ser mais facilmente identificado, uma vez que
materiais fotoativos possuem melhor resposta à excitação luminosa.
A baixa interação interfacial é buscada com a finalidade de reduzir tanto a
deposição de parafinas quanto o desgaste pelo atrito com o petróleo. Isso poderá
prolongar o período entre uma inspeção e outra, reduzindo custos e evitando paradas
no fornecimento.
A existência de bolhas ou vazios em qualquer estrutura tende a fragilizar esse
material, portanto reduzir sua incidência eleva o desempenho mecânico geral em sua
aplicação. Contudo, as modificações realizadas na resina não devem comprometer as
propriedades físicas e químicas que atribuem seu alto desempenho quando usado
como revestimento. Portanto, a alteração da resina será acompanhada através de
técnicas apropriadas para cada situação.
Os objetivos específicos são:
→ Selecionar um pigmento orgânico e fluorescente compatível com o epóxi, que
possua máxima excitação fora do UV e tenha boa relação custo/beneficio;
→ Compreender a dispersão e o comportamento luminescente entre
epóxi/pigmento ao ser tratado termicamente;
→ Avaliar a formação de bolhas no revestimento;
→ Determinar o tempo e a temperatura que agregue melhor relação
fluorescência/grau de cura do epóxi;
→ Verificar a reação entre o agente modificante e a resina epóxi pigmentada;
4
→ Correlacionar tempo de cura, temperatura de cura e molhabilidade a óleos
parafínicos.
1.3. Organização da dissertação
Esta dissertação é composta por em sete capítulos e um apêndice, onde estão
descritos a síntese do compósito, os estudos relacionados à cura, luminescência,
formação de bolhas e molhabilidade. A mesma está disposta da seguinte maneira:
→ O segundo capítulo apresenta uma revisão bibliográfica do trabalho,
expondo a relevância tecnológica e propriedades fundamentais dos
polímeros e dos pigmentos. Aborda, também, as técnicas envolvidas na
parte experimental deste trabalho;
→ O terceiro capítulo expõe a metodologia usada na obtenção e caracterização
do polímero;
→ O quarto capítulo apresenta e discute os resultados da síntese e das
caracterizações realizadas, bem como, proposições teóricas sobre o
comportamento do polímero;
→ O quinto capítulo expõe as contribuições do presente trabalho dentro dos
objetivos propostos;
→ O sexto capítulo sugere propostas de futuros trabalhos que poderão dar
continuidade ao projeto;
→ O sétimo e último apresenta as referências bibliográficas consultadas
durante o desenvolvimento do trabalho;
→ O apêndice apresenta as principais participações em conferências,
produções científicas e técnicas.
5
CAPÍTULO 2
6
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Transporte de Fluidos e Parafinação
A produção de petróleo e gás natural em campos offshore requer a utilização de
redes submarinas de escoamento que interligam as plataformas de extração e as
estações de estocagem em terra. Devido ao relevo submarino da costa brasileira,
grande parte destes sistemas operam sob lâminas de água superiores a 1000 metros.
Recentemente em Tupi, próximo a bacia de Santos, foram encontrados reservatórios a
mais de 2000 metros de lâmina de água e a mais 4000 metros do leito oceânico [3].
O petróleo bruto é uma mistura complexa, composto predominantemente por
hidrocarbonetos como parafinas, naftenos, asfaltenos e, em menor quantidade,
derivados orgânicos sulfurados, nitrogenados, oxigenados e organometálicos [4]. As
parafinas são compostos químicos constituídos de alcanos, de fórmula molecular
CnH2n+2, onde n é o número de carbonos presentes na molécula [5].
Os sistemas de transporte de petróleo são frequentemente operados em
condições severas, nas quais elevadas pressões e trocas térmicas entre o fluido e a
água do mar propiciam o acúmulo de parafinas nas paredes internas dos dutos.
A formação de depósitos parafínicos em dutos de petróleo é um problema
comum enfrentado na exploração em águas profundas [5]. Ocorre pela alteração
termodinâmica que modifica os parâmetros de solubilidade da parafina presente no
petróleo. O fenômeno envolve principalmente hidrocarbonetos saturados de cadeia
linear e alto peso molecular. O tamanho da cadeia tem papel relevante nos aspectos
físicos dos hidrocarbonetos, em geral, quanto maior a cadeia parafínica, maior é sua
temperatura de cristalização [6]. Portanto, facilitando sua precipitação e deposição em
condições mais amenas.
O surgimento do estado sólido no petróleo está associado ao desequilíbrio de
fases dos compostos parafínicos e às condições fluido-dinâmicas de escoamento.
Portanto, a parafinação é uma função das características intrínsecas do petróleo e das
7
condições de escoamento, como pressão, velocidade e principalmente temperatura.
[7].
Assim que o petróleo deixa o reservatório e escoa pelo duto, devido à falta de
isolamento térmico, passa a perder de calor para o meio, provocando mudanças em
seu comportamento reológico [8].
A Figura 1 ilustra a perda de calor durante o transporte de petróleo num duto em
águas profundas. A existência de uma grande diferença de temperatura entre o
petróleo produzido (60-80°C) e a água do mar (~10°C ), gera um fluxo de calor do duto
para o oceano [9]. Como o equilíbrio térmico não pode ser atingido, considerando as
dimensões envolvidas e o fluxo intermitente do petróleo, por toda a extensão do duto
haverá temperaturas diferentes. A associação de dois gradientes de temperatura
atuantes num duto, um radial e outro axial, indica que quanto menor o diâmetro e mais
longo o duto menor será a temperatura no seu interior e, consequentemente, haverá
maior deposição de parafina.
Figura 1: Esquema representando o transporte do petróleo através de um duto submerso, o fluxo de calor e o gradiente de temperatura.
A solubilidade da parafina é função inversa da temperatura, por isso, ao atingir
baixas temperaturas, formam-se cristais parafínicos. Essa temperatura é chamada de
Temperatura de Início do Aparecimento de Cristais – TIAC e é uma característica
8
intrínseca de cada petróleo. Na Bacia de Santos e no Recôncavo Baiano, por exemplo,
já foram medidas TIACs correspondentes a 20 e 35°C, respectivamente [10].
Alguns modelos teóricos são capazes de estimar a deposição de parafina e sua
taxa de deposição, em função do tempo e das posições axiais de um duto [11]. O
gradiente radial de temperatura, gerado pela diferença de temperatura entre a parede
do tubo e o petróleo, altera a concentração de cristais de parafina radialmente. Esse
gradiente de massa promove um fluxo de deposição parafínico para a superfície
interna do duto.
A parafinação reduz a área transversal por onde o petróleo flui (Figura 2). Em
consequência disso há o aumento da pressão que gera a necessidade de maior
potência de bombeio. Em casos extremos, a deposição leva ao entupimento ou até
mesmo o rompimento do duto.
Figura 2: Secção de um duto com deposição de parafina em estágio avançado [12].
2.2. Interação Interfacial
A precipitação e deposição de parafina envolvem, respectivamente, os
processos de nucleação e crescimento de cristais. Embora o inicio desses fenômenos
devessem ocorrer ao atingir a temperatura de fusão Tf, constata-se sua ocorrência em
temperaturas superiores e inferiores a Tf, a depender do mecanismo de solidificação.
9
Os dois principais mecanismos de solidificação a partir de um fluido são a nucleação
homogênea e a nucleação heterogênea.
A nucleação homogênea ocorre quando um sólido é formado a partir de um
líquido quimicamente, estruturalmente e energeticamente homogêneo, sem a
existência de um corpo externo preferencial. Na prática, é questionável sua ocorrência
devido às impurezas contidas em todo material, principalmente quando considerada as
inúmeras variáveis na composição do petróleo, transportado nas linhas de produção.
Os átomos de um líquido estão em constante agitação e eventualmente se
orientam formando pequenos cristais. Caso o líquido esteja acima da Tf, o cristal se
separa e volta à fase líquida. Caso o líquido esteja abaixo de Tf, o cristal pode se
tornar estável termodinamicamente e continuar a crescer [13].
Sugere-se que os primeiros cristais formados sejam esféricos, por possuir
geometria energeticamente menor que outras formas. A energia livre de Gibbs ∆GrHom
necessária para formar um cristal de raio r é [14]:
[Eq. 1]
onde
σOP é a Energia Interfacial Óleo/Parafina;
∆T é a Temperatura de Super Resfriamento [T-Tf];
L é o Calor Latente;
Tf é a Temperatura de Fusão.
A nucleação heterogênea ocorre quando um sólido é formado a partir de sítios
preferências de crescimento como sedimentos, bolhas, impurezas e paredes internas
de dutos. Os cristais são formados em torno do agente nucleante, devido à
molhabilidade ou afinidade química cristal/nucleante [15].
10
O efeito da molhabilidade pode ser observado no espalhamento espontâneo de
uma gota sobre uma superfície. Num estado de equilíbrio, a parafina depositada sobre
o substrato possui geometria de calota esférica (Figura 3). A estabilidade mecânica é
obtida quando as três energias superficiais nas interfaces de separação, duto/óleo σDO,
parafina/duto σPD e óleo/parafina σOP, em seu ponto de interseção, estão em
equilíbrio.
Figura 3: Ilustração da molhabilidade através do ângulo de contato.
É possível relacionar o ângulo de contato θ com as tensões interfaciais de cada
região σDO, σPD, σOP no ponto de intersecção [16]. Young e Dupré observaram esse
comportamento em 1805 e 1869, respectivamente, e concluíram que, em equilíbrio, a
resultante das tensões interfaciais deve ser nula e pode ser expressa pela equação
[17], [18]:
[Eq. 2]
O ângulo de contato é inversamente proporcional à tensão interfacial de um
líquido que molha a superfície, ou seja, quanto maior o ângulo de contato menor a
capacidade do líquido em molhar o substrato sólido, ou da parafina depositar no duto.
11
A nucleação heterogênea é responsável pela solidificação em quase todas as
situações práticas. Pois a energia livre ∆GrHet necessária para formar a nucleação
heterogênea de raio r, é menor que a energia de nucleação homogênea, e é dada por
[14]:
[Eq. 3]
Portanto, a relação entre a energia livre da nucleação heterogênea e da
homogênea, difere pelo fator:
[Eq. 4]
Como o ângulo de molhamento θ varia entre 0° e 180°, a função f( θ) assumirá
valores entre 0 e 1. Quando esse coeficiente for igual a zero, a energia livre necessária
para o fenômeno ocorrer também será zero, ou seja, a interação parafina/duto σPD
será máxima. No outro caso limite (θ = 180°), que corresponde à situação ideal
buscado num duto, esse coeficiente é igual a 1. Portanto, a energia de ativação
necessária para ocorrer a nucleação heterogênea será igual à homogênea, não
havendo interação parafina/duto σPD.
Na prática, esses limites não podem ser alcançados. Portanto, a energia de
ativação para a nucleação heterogênea sempre será menor que a da homogênea. A
Figura 4 representa cinco casos distintos de molhamento com suas respectivas
relações entre energia livre de nucleação homogênea e heterogênea.
12
Figura 4: Configurações de equilíbrio para uma gota em situações distintas de molhabilidade. A baixo seus respectivos ângulos de contato e as relações energéticas entre a nucleação homogênea e
heterogênea.
Outra consequência da diferença energética entre os dois processos de
nucleação está representada na Figura 5, onde é possível observar a relação entre
energia livre pra o surgimento do núcleo e o seu raio. O valor máximo da energia livre
corresponde à formação do raio crítico rc, essa energia é maior na nucleação
homogênea do que na heterogênea. O raio crítico do núcleo é atingido ao agrupar
moléculas que proporciona estabilidade ao cristal [13].
Figura 5: Energia livre necessária para criar um núcleo estável para duas situações distintas [19].
13
2.3. Revestimentos Epoxídicos
Os revestimentos antiaderentes e anticorrosivos são extremamente importantes
para o transporte do petróleo, pois além de prolongar a vida útil do duto, reduz
depósitos parafínicos. Apesar da indústria utilizar diversos tipos de revestimentos, os
mais utilizados são os poliméricos como: PTFE (Teflon), epóxi, fenólicos, poliuretanos
e PEAD (polietileno de alta densidade) [20, 21]. Em geral, os revestimentos
apresentam superfícies quimicamente inertes, com baixas energias superficiais (<100
mN/m) [22].
Os polímeros, que compõe boa parte dos revestimentos, são macromoléculas
compostas por um ou mais grupos de repetição (meros), unidos por ligações
covalentes [23]. Sua baixa condutividade elétrica e térmica deve-se a natureza desse
tipo de ligação [24, 25].
Dentre diversas resinas existentes, destacam-se as epoxídicas, desenvolvidas
pela companhia Devoe-Raynnlods em 1947, desde então têm sido assunto de
inúmeras patentes e trabalhos técnicos [26]. O interesse pelo epóxi deve-se aos seus
diversificados agentes de cura, que proporcionam à resina uma grande variedade de
reações químicas, resultando em diferentes propriedades mecânicas, físicas e
químicas [23, 26]. Essa característica possibilita seu uso numa infinidade de
aplicações, desde revestimento interno de dutos, pisos industriais, pranchas de surfe
até tintas anticorrosivas.
O anel epóxi, também conhecido como oxirano, é constituído de um átomo de
oxigênio ligado, ciclicamente, a dois átomos de carbono por ligações covalentes
simples (Figura 6). Devido à alta reatividade, o anel epóxi pode reagir com
endurecedores de diferentes naturezas. A reatividade do anel está associada à tensão
exercida sob as ligações químicas, que facilitam sua abertura. Isto ocorre porque os
ângulos das ligações no anel epoxídico são de 61,5°, portanto, menor que a tendência
natural de 109,5° de um carbono tetraédrico, ou de 110° das ligações do oxigênio nos
éteres de cadeia aberta [27].
14
Figura 6: Estrutura química do anel epóxi
Uma das resinas epóxi mais utilizadas comercialmente é o Diglicidil Éter de
Bisfenol A (DGEBA), ilustrada na Figura 7, obtida a partir da reação do Bisfenol A (2,2-
bis(4-hidroxifenil)propano) com a epicloroidrina (1-cloro-2,3-epóxi propano) [28, 23]. O
alto desempenho característico dessa resina é atribuído à união de elementos com
características intrínsecas relevantes, como o Bisfenol-A que fornece rigidez e
resistência térmica; o ligante éter que proporciona resistência química; e pelo grupo
epóxi que atribui propriedades adesivas e/ou reativas com uma ampla variedade de
agentes químicos de cura [26, 29].
Figura 7: Estrutura química do DGEBA.
O coeficiente “n” é determinado pela razão entre o DGEBA e o endurecedor.
Seu valor estima o peso molecular, a extensão da rede polimérica e a rigidez do
sistema, alterando as propriedades da resina à medida que a cura prossegue.
Na presente pesquisa foi utilizado Araldite, composta pelo DGEBA, dentre as
principais propriedades destacam-se a baixa cristalização, a fácil processabilidade por
sua baixa viscosidade, a boa propriedade mecânica e relevante resistência química
(Tabela 1).
15
Tabela 1: Especificações Técnicas da Araldite GY 279 [30]
Propriedades
Viscosidade 25°C (ISO 12058-1) 800-1500 mPa.s
Aspecto visual Líquido Claro
Densidade a 25°C (ISO 1675) 1.12 g/cm3
Cor (Gardner, ISO 4630) ≤ 2
Ponto de Fulgor (Pensky Martens, ISO 2719) ≥ 200 °C
Índice epóxi (ISO 3001) 4,80 – 5,15 [eq/Kg]
2.4. Agente de Cura
Parte dos polímeros necessitam da inclusão de endurecedores para o inicio da
polimerização. Nas resinas epoxídicas são utilizados os agentes catalíticos, divididos
em alcalinos e ácidos. Nos agentes alcalinos incluem-se as bases de Lewis,
poliaminas, aminas primárias e secundárias, e outros compostos contendo nitrogênio.
Nos agentes de cura ácidos incluem-se os ácidos de Lewis, fenóis, ácido carboxílico e
anidrido [31]. As propriedades finais do polímero podem ser alteradas mudando a
natureza do agente reticulador [32].
Os revestimentos de proteção, com formulação a base de epóxi, em geral são
reticulados com aminas cicloalifáticas (Figura 8) [33]. As aminas alifáticas são
conhecidas como supressoras da fluorescência dos hidrocarbonetos aromáticos [34,
35]. As aminas aumentam a capacidade de doar elétrons na ordem R3N > R2NH >
RNH2 [36]. Logo, pode-se esperar a redução da intensidade de fluorescência
intrínseca do DGEBA à medida que prossegue a cura [34].
16
Figura 8: Estrutura química da amina cicloalifática.
O Aradur é composto predominante por aminas cicloalifáticas e poliaminas,
possui baixa viscosidade e reatividade, boa resistência química, alto brilho e seus
anéis cíclicos reduzem a volatilidade comum das aminas (Tabela 2).
Tabela 2: Especificações Técnicas do Aradur GY 2963 [30]
Propriedades
Viscosidade 25°C 30-70 mPa.s
Tempo de Gelificação (250g a 23°C) 40 min
Concentração de Amina 325-350 mg KOH/g
Cor (Gardner, ISO 4630) ≤ 2
2.4.1. Cura Epóxi/Amina
Ao ser misturada ao epóxi, a amina migra para sítios de reação ao redor do
monômero (Figura 9.a). Em seguida as moléculas se unem aumentando linearmente a
rede polimérica (Figura 9.b). Ao aumentar a densidade de ramificações, o fluido
assume um comportamento viscoelástico, governado pela cinética de Arrhenius. O
sistema passa de um líquido viscoso a um gel elástico [37]; etapa conhecida como
gelificação (Figura 9.c). Após essa fase, as ligações cruzadas se multiplicam,
reduzindo a mobilidade do sistema e a reação prossegue a taxas cada vez mais
baixas. Ao alcançar a máxima reticulação, as ligações cruzadas elevam o módulo da
elasticidade e a vitrificação é atingida (Figura 9.d). As ligações cruzadas podem ser
17
controladas através da temperatura, do tempo de cura e da concentração de
endurecedor.
Figura 9: Estágios de cura de polímeros termorrígidos [38].
Inicialmente, a reação do grupo epóxi com uma amina primária produz uma
hidroxila e uma amina secundária (Figura 10). Esta amina secundária, por sua vez,
pode reagir com outro grupo epóxi produzindo uma amina terciária e mais uma
hidroxila. As aminas primárias têm a capacidade de reagir duas vezes mais rápido que
as aminas secundárias [39].
As hidroxilas, formadas durante a abertura do anel oxirano, aceleram a reação
epóxi/amina, resultando em um comportamento típicamente autocatalítico [32]. Com
uma probabilidade extremamente baixa, as hidroxilas podem reagir com o anel oxirano
gerando um éter, contudo essa reação só ocorre quando toda a amina se extinguiu e
ainda existe anéis epóxi, portanto ela é comumente desprezada [41-46].
18
Figura 10: Reação das aminas sobre o anel epóxi [47].
A cura de um polímero pode ocorrer em diferentes temperaturas e tempos, este
último deve ser longo o suficiente para toda a reticulação possível ocorra. Contudo,
para garantir a cura máxima e evitar mudanças de propriedades durante o uso da
resina, são utilizados tratamentos térmicos, onde a resina é exposta a altas
temperaturas por períodos pré-estabelecidos [48, 23].
Vários autores propuseram modelos teóricos para compreender a cinética de
cura da resina epóxi e o efeito da difusão molecular sob essa reação. [49, 50]. Na
Figura 11 pode ser visto o resultado de dois deste modelos, em ambos a difusão reduz
a medida que a cura prossegue. No modelo de Cole-Poehlein a curva continua
apresenta um comportamento tipicamente Gaussiano, já o de Fournier et al,
representado pela tracejada, possui redução monotônica. Esse comportamento é
atribuido ao aumento da rigidez, que reduz a mobilidade, consequentemente a
probabilidade do epóxi reagir com a amina e assim prosseguir a cura. O resultado é
uma cura incompleta, necessitando elevar a energia de ativação com auxilio da
temperatura [29].
19
Figura 11: Comportamento dos modelos teóricos para descrever o fenômeno da difusão controlada sobre a mudança das constantes de velocidade cinética, em função do grau de cura durante a reação
de cura de epóxi-amina [52].
O desempenho e propriedades como desgaste, dureza, resistência à flexão,
compressão e módulo de elasticidade, dos revestimentos epóxi dependem do grau de
reticulação, portanto têm sido criados modelos para monitorar as reações de
reticulação de epóxi/amina [33, 54-57].
Com a obtenção de alguns parâmetros cinéticos, adquiridos experimentalmente,
é possível simular a reticulação do epóxi durante todo o tempo de cura. A Figura 12
aborda o comportamento de cura sob duas temperaturas 50 e 70°C, através de dados
experimentais e equações algébricas. A simulação teórica (linhas tracejadas)
superestima o grau de cura, quando comparado aos dados experimentais (pontos) e
seus ajustes de curva (linhas continuas) [52]. Esse comportamento ocorre devido a
simulação teórica desprezar a difusão molecular. Portanto atingir o máximo grau de
reticulação é um ideal improvável de ocorrer.
20
Figura 12: Epóxi de conversão versus tempo para uma resina epóxi em duas temperaturas de cura 22 e 50°C [52].
2.5. Formação de Bolhas
O processo de obtenção de resinas e compósitos, no qual se adiciona agentes
de cura, cargas, pigmentos ou outro modificante qualquer, apresenta problemas de
formação de vazios ou bolhas seja na superfície ou no seu interior. Em geral, a
necessidade de homogeneizar um sistema com auxilio de agitação mecânica aumenta
esse problema. Essa formação deve-se, em geral, ao aprisionamento de ar durante
sua formulação. Contudo pode ser causados por absorção de umidade e/ou pelo
processamento inadequado, tais como pressões baixas ou temperaturas elevadas [53]
[58].
21
Resinas com presença de vazios, principalmente os provenientes da absorção
de água, tendem a reduzir ainda mais suas propriedades quando aquecidas (>100°C),
pois o vapor cria pressões internas capazes de propagar trincas a partir das bolhas.
Quando a temperatura é elevada antes da cura se concretizar, as bolhas
provenientes da absorção de umidade tendem a aumentar de tamanho ou até mesmo
criar novas bolhas [59].
Além da quantidade de vazios, outros fatores como distribuição, localização,
geometria e dimensão, influenciam no comportamento mecânico dos polímeros [60].
Os vazios agem como concentradores de tensões, sendo responsáveis pela redução
da resistência ao cisalhamento interlaminar, compressão, tração, dentre outra
propriedades mecânicas [60]. Portanto, a inibição ou redução da formação de vazios é
extremamente importante para o desempenho mecânico das resinas.
Em geral, a eliminação de bolhas dos sistemas multifásicos ocorre através do
seu escoamento até a superfície. As bolhas podem apresentar diferentes
configurações geométricas tais como esferas, elipsóides e bolhas do tipo spherical cap
(bolha com forma de boné), conforme Figura 13. O formato está associado à
velocidade com que a bolha se desloca ascendentemente. Esta, por sua vez, depende
das dimensões das bolhas e das propriedades do líquido. Em geral, nos líquidos
viscosos ou com altas tensões superficiais, as bolhas se deslocam lentamente com
trajetória retilínea e sua geometria é mais esférica. Nos líquidos menos viscosos ou
com baixas tensões superficiais, as bolhas se deslocam aleatoriamente e assumem
forma spherical cap, quanto maior a velocidade [61].
Figura 13: Representação da forma de bolhas encontradas em escoamentos ascendentes. Da esquerda para direita: Geometria esférica, elipisóide e “sherical cap” [61].
22
2.6. Luminescência
A primeira observação de um fenômeno luminescente ocorreu em 1887, pelo
químico polonês Bronisław Radziszewski, durante um estudo da reação de LOFINA
com Oxigênio. No ano seguinte o físico alemão Eihard Wiedemann criou o termo e o
atribuiu aos fenômenos luminosos não condicionados ao aumento da temperatura [62].
O termo luminescência é bastante genérico, o qual engloba várias energias de
excitação: Triboluminescência, Radioluminescência, Quimiluminescência,
Eletroluminescência e Fotoluminescência [63]. Esta última emite ondas
eletromagnéticas, usualmente na região do visível, proveniente do retorno ao estado
fundamental após uma excitação luminosa [64]. Ela pode ser classificada de acordo
com a magnitude do tempo de retardo entre os eventos de absorção e emissão.
Quando a emissão ocorre em intervalo de tempo muito curto, define-se como
fluorescência, diferindo assim da fosforescência onde este intervalo de tempo é mais
longo [65].
A Figura 14 representa um diagrama parcial dos níveis de energia, conhecido
como diagrama Jablonski, para uma molécula fotoluminescente típica. É utilizado para
visualizar as possíveis transições eletrônicas, resultante da excitação eletrônica e seu
retorno ao estado fundamental. A excitação promove uma molécula do estado
fundamental S0 para um dos níveis vibracionais dos estados excitados singletos S1 ou
S2. Uma molécula excitada pode retornar a estados menos energéticos pela
combinação de processos radiativos (fluorescência e fosforescência) e/ou não
radiativos (relaxamento vibracional, conversão interna, cruzamento intersistemas e
supressão).
23
Figura 14: Diagrama Perrin-Jablonki com exemplos dos vários mecanismos de absorção e desexcitação. S0, S1 e S2 – estados eletrônicos singletos; T1 – estado eletrônico tripleto; [CI]-Conversão Interna; [CIS]-
Cruzamento Intersistema [66].
As desativações não radiativas, representadas por faixas sinuosas, envolvem
uma série a perda de energia por uma série de etapas consecutivas, onde a energia é
convertida em calor através de colisões com outras moléculas. Os principais processos
não radiativos são [66]:
• Relaxação Vibracional (RV) → a molécula migra para níveis menos
excitados, sem mudar de estado eletrônico;
• Conversão Interna (CI) → a molécula passa do estado excitado para o
fundamental S1→S0 ou T1→S0, sem a alteração da multiplicidade do spin;
• Cruzamento Intersistema (CIS) → a molécula sofre uma mudança na
orientação de spin, alterando a multiplicidade, seguido de uma transição
entre estados excitados S1→T1;
• Supressão (Quenching) → a molécula em seu estado excitado, através
de colisões com algum outro componente da solução, retorna ao seu
estado fundamental. A concentração do agente supressor deve ser
24
suficientemente alta para que aumente a probabilidade de colisões entre
o supressor e as espécies excitadas, durante o tempo de vida do
excitado.
Sabe-se empiricamente que a fluorescência é favorecida pela rigidez da
estrutura molecular, pois a flexibilidade provoca aumento da taxa de conversão interna,
facilitando a desativação não radiativa. Polímeros com baixa transição vítrea, em geral,
têm o processo de desativação não radiativa predominante. A intensidade da
fluorescência, na maioria das moléculas, é reduzida com o aumento da temperatura,
pois eleva a freqüência de colisões, provocando maior probabilidade de desativação
não radiativa [68].
Outro aspecto responsável pela redução da fluorescência é a absorção
secundária, que ocorre quando a radiação de emissão superpõe à absorção. A
absorção pode ser proveniente da própria matéria excitante ou de seu solvente.
Os processos de desativação radiativa são analiticamente importantes, e se
diferenciam pelos mecanismos de retorno ao estado fundamental, são eles:
Fluorescência → o elétron de valência pode regressar diretamente dos níveis
vibracionais dos estados S1 ou S2 para estado fundamental S0. O retorno ocorre, na
ordem de 10-10 a 10-7s, convertendo a energia em radiação (menor tempo e maior
intensidade).
Fosforescência → após o cruzamento intersistemas para o estado tripleto, onde
a molécula passa de S1→T1. A mesma sofre uma nova transição T1→S0, onde ocorre a
emissão fosforescente. Nesse retorno a elétron pode encontrar vários estados
metaestáveis Tn, por isso seu período luminescente é maior, na ordem 10-6 a 1s [69].
Em ambos os casos a molécula pode retornar a qualquer nível vibracional do
estado S0. Como observado na Figura 14, o retorno ao estado fundamental na
fosforescência parte de estados menos energéticos que na fluorescência, de forma
que as bandas de emissão fosforescentes possuem comprimentos de onda maiores do
25
que as bandas de emissão fluorescentes [70, 71]. Apesar disso, tanto a fluorescência
quanto a fosforescência irão apresenta comprimentos de onda de emissão maior que o
de excitação, comportamento conhecido como Desvio de Stokes.
λExcitação < λEmissão
[Eq. 5]
2.7. Colorantes
Colorantes são pigmentos e corantes que, quando aplicados num outro material,
alteram sua cor. Em geral, se distinguem de acordo com a solubilidade no meio que
são aplicados, os pigmentos são insolúveis e os corantes solúveis [73]. A menor
solubilidade e maior estabilidade dos pigmentos devem-se às suas estruturas
reticulares, que possuem forças intermoleculares atrativas mais intensas que as
estruturas reticulares dos corantes [74]. A solubilidade pode ser determinada pela
interação existente entre as moléculas do colorante e do polímero. Portanto, um
colorante pode atuar como pigmento para um polímero e como corante para outro [75].
Os corantes apresentam alta solubilidade, elevada absorção luminosa e não
reduz a transparência de suas matrizes portadoras. Contudo, sua solubilidade permite
que os mesmos migrem para a superfície do material, causando mudanças na
coloração do produto e, ainda, podendo sublimar e manifestar toxicidade. Já os
pigmentos não migram, não sublimam, são mais baratos, apresentam baixa toxicidade,
porém são geralmente abrasivos, difíceis de dispersar e reduzem a transparência da
matriz polimérica [75, 76].
Eles podem ser retidos na matriz por adsorção, solução, retenção mecânica ou
por ligações químicas iônicas ou covalentes [73]. Alguns colorantes podem apresentar
propriedades peculiares, como é o caso luminescência, alguns materiais são capazes
de absorver e então emitir luz em um fenômeno chamado de fotoluminescência [77].
Além de atribuir cor, os corantes e pigmentos são capazes de aumentar a resistência
26
mecânica e aderência, reduzir a fotodegradação e conferir propriedades anticorrosivas
às matrizes poliméricas [78].
Em comparação com inorgânicos, pigmentos orgânicos geralmente possuem
baixo peso específico, maior superfície, maior transparência, cores mais intensas,
maior preço, embora não seja necessariamente mais caro para usar. Porém possuem
baixa resistência à luz e a produtos químicos, não suportam altas temperaturas de
processamento e são mais suscetíveis a migração [79].
A grande diversidade de cores e propriedades dos pigmentos orgânicos se deve
à ampla gama de suas estruturas químicas, em geral todos eles possuem anéis
benzênicos em sua composição [79]. Pigmentos com estruturas similares,
normalmente, apresentam comportamentos semelhantes, portanto sua classificação e
estimativa de desempenho são feitas de acordo com sua natureza química.
Os métodos e as informações padrões para a determinação de uma cor são
normatizados pela CIE, Comission Internationale de l'Éclairge, desde 1931, com
apenas algumas alterações e acréscimos desde então. O sistema CIE utiliza três
coordenadas para descrever uma cor, chamados valores tristimulares e designado X,
Y e Z (Figura 15) [80].
Figura 15: Diagrama de Cromaticidade CIE [81].
27
2.7.1. Pigmentos Fluorescentes
Os pigmentos fluorescentes além de refletir sua própria cor, são capazes de
converter a luz incidente em outro comprimento de onda e voltar a emiti-lo. Portanto a
cor observada numa superfície fluorescente é a combinação de luz refletida e emitida,
assim, as cores aparentam maior intensidade.
O termo pigmento é confuso, uma vez que, por definição, um pigmento é um
corante, orgânico ou inorgânico, insolúvel em qualquer tipo de solvente. Com poucas
exceções, as cores fluorescentes são realmente pigmentos, são compostos sólidos de
corantes fluorescentes cobertos de resinas sintéticas transparentes entre 2 e 5 µm
(Figura 16) [82]. Os materiais portadores são geralmente compostos por polímeros
como formaldeídos, poliésteres, sulfonamidas e poliamidas acrílicas.
Figura 16: Ilustração estrutura pigmento
Os portadores são os principais responsáveis pelo desempenho inferior dos
pigmentos fluorescentes quando comparados aos não fluorescentes. Uma vez que os
polímeros estão mais susceptíveis à degradação ao calor e a luz.
Pigmentos fluorescentes possuem, em sua grande maioria, máxima emissão
quando excitados na região do ultravioleta [83, 84]. Contudo, materiais poliméricos
quando expostos à radiação ultravioleta tende a sofrer a fotodegradação. A radiação
pode atuar nos orbitais eletrônicos dos átomos, portanto, nas ligações interatômicas,
alterando a estrutura de materiais orgânicos [85]. A radiação ultravioleta é capaz de
28
quebrar ligações entre os átomos de carbono e produzir radicais, acelerando a taxa de
oxidação dos polímeros [86]. Portanto, é necessário que o pigmento selecionado
possua excitação máxima numa região onde não comprometa a integridade da resina.
Para que o compósito possua máxima emissão luminescente é necessário que,
dentre outros fatores, que o pigmento esteja na concentração ideal. Isso ocorre
quando há uma densidade de pigmento suficientemente elevada, que não impeça a luz
excitante atingir camadas mais internas e nem que a luz emitida seja absorvida pelas
próprias moléculas. Em concentrações pequenas, a baixa emissão deve-se à
escassez de centros luminescentes. Em altas, além de só as camadas mais
superficiais serem excitadas, parte da excitação reabsorvida, conforme exemplificado
na Figura 17. A quantidade ideal de pigmento para que o compósito apresente máxima
resposta fluorescente é definida em torno de 5% [82].
Figura 17: Três modos de excitação distintos, conforme altera a concentração de pigmento na matriz polimérica. a) Concentração abaixo da ideal; b) Concentração acima da ideal; c) Concentração ideal.
29
O meio no qual o pigmento está disperso tem papel extremamente relevante na
intensidade da fluorescência emitida. O aumento da rigidez do solvente eleva a
resposta luminescente, pois a redução da energia cinética do sistema diminui as
colisões e os períodos rotacionais moleculares [70, 87].
Uma fonte muito eficiente de obtenção de luminescência são as terras raras,
devido ao arranjo espacial de seus íons e a natureza das interações entre seus orbitais
[88]. A China é responsável por 93% da produção mundial de terras raras, contudo,
nos últimos anos vem reduzindo cada vez mais a quota de exportação desse material
[86]. Portanto uma alternativa é a utilização de corantes orgânicos que, por possuírem
uma síntese muito difundida e relativamente simples, estão à disposição em
abundância e com bom custo/benefício. Nos orgânicos, a fluorescência é comumente
encontrada em compostos contendo grupos aromáticos funcionais com transições
eletrônicas de baixa energia. Compostos contendo estruturas alifáticas e carbonilas
alicíclicas também podem apresentar fluorescência, contudo em menor incidência que
nos sistemas aromáticos [68].
O colorante utilizado na presente pesquisa foi o Pigmento Fluorescente Rosa
DY 215, fabricado pela Dyelux, recomendado e adquirido através da Maxepoxi LTDA
a distribuidora da Huntsman no Brasil (Figura 18). A tabela 3 trás algumas
propriedades do pigmento, que é composto predominantemente por Rodaminas e
Cumarinas. Portanto nas secções seguintes serão realizadas uma breve descrição
desses cromóforos.
Figura 18: Pigmento Fluorescente Rosa DY 215
30
Tabela 3: Especificações Técnicas Do Pigmento Fluorescente Rosa DY 215 [90]
Propriedades
Peso específico 1,65 g/cm3
Ponto de decomposição 220°C
Índice de refração a luz 1,7
Granulometria (Distribuição Granulométrica) 95% < 5 µm
Fineza Hegman 6,5 a 7,0 H
2.7.1.1. Rodamina
As rodaminas pertencem à família dos xantenos por derivarem de anéis
tricíclicos substituído por uma ponte de oxigênio conhecida como anel xanteno (Figura
19.a). Ao substituir grupo amina NH2 nas posições 2 e 7 desse anel, forma-se a
Rodamina (Figura 19.b) [91]. São fluoróforos importantes devido ao seu alto
rendimento quântico, na ordem de 80 a 95%. Isso deve-se à baixa interconversão de
sistema para estados tripletos, alta absorvidade molar e pela sua estabilidade em pH
entre 4 e 10 [69, 93, 94].
Figura 19: Ilustração da estrutura química do: a) Xanteno b) Rodamina.
31
O rendimento quântico da rodamina depende da rigidez do grupo amina,
quando a flexibilidade estrutural é suprimida o rendimento quântico é máximo. Nos
casos onde o grupo amina tende a rotacionar, a doação de elétrons para o esqueleto
xatênico reduz consideravelmente a intensidade fluorescente [51].
Diversos segmentos utilizam as rodaminas, desde biotecnologia para a
marcação fluorescente ou detecção de moléculas isoladas, passando por
medicamentos, utilizados em imagens celulares, ou até de animais vivos em pesquisa
pré-clínica. A Tabela 4 apresenta os comprimentos de onda de excitação e emissão de
algumas das rodaminas mais utilizadas comercialmente.
Tabela 4: Comprimentos de onda de excitação e emissão de algumas rodaminas [67].
Excitação (nm) Emissão (nm)
Rodamina 123 511 534
Rodamina 5 GLD 470 656
Rodamina 6 G 526 555
Rodamina B 540 625
Rodamina B 200 523-557 595
Rodamina B Extra 550 605
Rodamina B B 540 580
Rodamina B G 540 572
Rodamina WT 530 555
Sulfo Rodamina G Extra 470 570
32
2.7.1.2. Cumarina
As cumarinas são benzo-derivados da pirona, pertencente da classe dos
compostos fenólicos, encontrados principalmente em plantas. Apesar de sua
ocorrência na natureza, a cumarina pode ser sintetizada em laboratório desde 1868
quando o químico inglês Sir Willian Henry Perkin realizou o procedimento pela primeira
vez.
Suas propriedades espectroscópicas têm sido amplamente estudadas,
principalmente, devido à sua aplicação nos campos dos fármacos, medicina, física,
química e biologia [95, 96, 97, 98].
A estrutura química das cumarinas possibilita uma infinidade de alterações, as
quais fornecem outras classes de compostos com novas propriedades, sendo
luminescência uma das mais estudadas [96, 98, 99, 10]. Em geral, tendem a
apresentar estados excitados de alta energia Sn+1 próximos de um estado excitado de
menor energia S1, levando à mistura ou inversão de estados. Esse comportamento
eletrônico aumenta as propriedades luminescentes, podendo ser ainda mais favorecida
pelas características do solvente [99].
As propriedades luminescentes das cumarinas podem ser alteradas através da
inclusão de substituintes no anel cumarínico, como a inclusão de um receptor de
elétrons na posição 3 e de doador na posição 7 da Figura 20 [99, 100].
Figura 20: Ilustração da estrutura química da Cumarina
33
As propriedades luminescentes desses compostos são sensíveis a variações de
temperatura [96, 102] e pressão [103]. Em geral, os estudos evidenciam mudança no
comprimento de onda do máximo de emissão e supressão da fluorescência, com o
aumento da temperatura [104].
A Tabela 5 apresenta o comprimento de onda de excitação e emissão de
algumas das principais cumarinas utilizadas comercialmente.
Tabela 5: Comprimentos de onda de excitação e emissão de algumas cumarinas [67, 72, 128].
Excitação (nm) Emissão (nm)
Curamina 402 443
Curamina 151 400 505
Curamina 120 365-380 430-460
7- Hidroxicuramina 355 450
Curamina-Phalloidin 385 470
Cumarina 6 420 510
34
CAPÍTULO 3
35
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Introdução
A atividade experimental iniciou-se com a obtenção do epóxi e de sua aditivação
com agente modificante, o Epóxi-M, patenteado por Macêdo, et al., 2009 [105]. Esse
material está em estudo contínuo e já demonstrou sua eficácia térmica e interfacial no
trabalho de Valência S., 2009 [106]. As amostras utilizadas nesse trabalho foram
produzidas no Laboratório de Preparação de Materiais (LPCM), do Departamento de
Física da Universidade Federal de Sergipe.
O procedimento experimental e as técnicas de caracterização utilizadas neste
estudo seguiram a cronologia do fluxograma abaixo e estão descritas detalhadamente
nas seções seguintes.
Obtenção do Epóxi e Epóxi-M
Reação de Cura
Espectroscopia Raman
Espectroscopia Fotoluminescente
Injeção de bolhas
Análise de Microscopia
Óptica
Ângulo de Contato
Adição do Pigmento DY 215
36
3.1.1. Preparação do Epóxi e Epóxi-M Pigmentados
A resina epóxi foi preparada através da mistura dos reagentes Araldite GY 279
e a Aradur GY2963, ambos fabricados pela Huntsman. Os reagentes foram
misturados estequiometricamente sob a proporção de 3 partes de Araldite para 1
parte de Aradur e homogeneizados por 10 minutos num agitador magnético, a
temperatura de 25°C, obtendo o que chamaremos de Ep óxi.
Para a obtenção do epóxi modificado, ou apenas Epóxi-M, é adicionado ao
EPÓXI ao fim de sua agitação, um agente modificante e em seguida é mais uma vez
homogeneizado por 5 minutos num agitador magnético.
Com o intuito de fornecer ao Epóxi e ao Epóxi-M propriedades luminescentes,
foi utilizado o Pigmento Fluorescente Rosa DY 215, fabricado pela Dyelux, adquirido
pela Maxepoxi LTDA, uma distribuidora da Huntsman no Brasil.
Uma vez obtido o Epóxi e o Epóxi-M, foi adicionado gradativamente o pigmento
DY 215, na concentração de 5% em relação à massa, e homogeneizados com o
agitador magnético por aproximadamente 2 minutos até que todo o pigmento fosse
disperso.
Em seguida, 1,25 g do Epóxi/Pigmento foi depositado em 32 lâminas de
microscópio lisas e a mesma massa de Epóxi-M/Pigmento foi depositado em 40
lâminas lisas de microscópio, formando finas camadas com 0,5 mm de espessura.
Uma amostra de cada resina foi curada a temperatura ambiente (~20ºC). As
demais passaram por tratamentos térmicos distintos num forno da Nova Ética, sob as
seguintes condições:
→ Epóxi/Pigmento, com temperaturas de 60, 80, 100, 120°C e por períodos
de 1/2, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas.
→ Epóxi-M/Pigmento, com temperaturas de 60, 80, 100, 120°C e por
períodos de 1/4, 2/3, 1/2, 3/2, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas.
Imediatamente após serem retiradas do forno, as amostras seguiram para as
análises de espectroscopia Raman.
37
3.2. Espectroscopia Raman
O efeito Raman foi previsto teoricamente através da teoria quântica, em 1923
pelo físico austríaco Adolf Smekal, contudo, somente cinco anos depois, o físico
indiano Chandrasekhara Venkata Raman realizou a primeiras observações e
descrições sobre o fenômeno [107, 108]. Utilizando uma lâmpada de mercúrio para
excitar as amostras, Chandrasekhara notou que radiação visível interagia com a
matéria, de modo tal modo que a luz espalhada possuía freqüência diferente da
incidente. A freqüência da radiação espalhada dependia da estrutura química da
molécula responsável pelo espalhamento [109].
A espectroscopia Raman utiliza um laser de radiação monocromática visível ou
IR - próximo de alta potência para irradiar a amostra. Um espectrômetro extremamente
sensível capta a radiação espalhada. O feixe com energia hλ0 excita uma molécula de
um estado fundamental E0 para um estado excitado En. No retorno ao estado
fundamental a molécula pode emitir um radiação com frequência da radiação incidente
(λ0=λn), chamado de espalhamento elástico (espalhamento Rayleigh). Quando a
freqüência da radiação espalhada for menor que a radiação de excitação (λ0>λ1),
indica um espalhamento Raman Stokes. Caso contrário, ou seja, freqüência da
radiação espalhada for maior que a radiação de excitação seja maior (λ0<λ1),
chamamos um espalhamento Raman anti-Stokes (Figura 21).
Figura 21: Esquema representativo para diferenciar os tipos de espalhamento, E0, estado fundamental. E1 e En estados virtuais excitados. λ0, freqüência inicial do fóton incidente. λn+1 e λn-1, frequências finais do
fóton espalhado [68].
38
Normalmente um material possui vários modos vibracionais, devido à diversidade
de ligações químicas. As freqüências vibracionais de uma molécula dependem da
natureza do movimento, massa dos átomos, geometria da molécula, natureza das
ligações química e ambiente químico/físico. A intensidade da radiação espalhada é
convertida num gráfico em função de sua energia, expressa em número de onda (cm-
1). Cada espécie química apresenta um espectro Raman único, com picos bem
definidos característicos de suas ligações químicos. A intensidade radiante de uma
banda Raman depende, dentre outros aspectos, de polarização da molécula, da
intensidade da fonte e da concentração do grupo ativo [111].
As análises de espectrocopia Raman foram realizadas nas amostras de
Epóxi/Pigmento e Epóxi-M/Pigmento a temperatura ambiente, imediatamente após
cada tratamento térmico. Utilizou-se um Espectrômetro RAMAN Dispersivo com
software OPUS 6.5, modelo SENTERRA fabricado pela BRUKER, localizado no
Núcleo de Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade Federal de Sergipe
(Figura 22). As medidas foram realizadas no intervalo de 440-1800 cm-1, com
resolução espectral de 3 a 5 cm-1, por um laser de 775 nm com potência de 100mW,
com aumento focal de 20 vezes, tempo de integração 10 s, 10 coadições e abertura de
laser de 2 mm.
Figura 22: Espectrômetro RAMAN Dispersivo, modelo SENTERRA fabricado pela BRUKER
39
Apartir dos espectros Raman é possivel determinar o grau de reticulação dos
sistemas epóxi formulados. Contudo, a região do espectro correspondente ao anel
epóxi apresenta sobreposições de picos e não é recomendável sua utilização
aleatoriamente. Portanto é necessário realizar uma deconvolução na faixa espectral
correspondente, identificando a intensidade real do epóxi. O procedimento está
descrito na secção seguinte.
3.2.1. Deconvolução de Picos
Num espectro Raman, é comum ocorrer sobreposições de picos, elas
dependem posição, intensidade, largura, forma e numero de bandas existentes numa
mesma faixa espectral. Nesses casos é utilizado deconvolução, por tratar-se de um
artifício utilizado para aumentar a informação espectral de uma região. Contudo não
deve ser usado excessivamente, pois pode causar distorções do espectro. Deve ser
usada em bandas cujas larguras sejam suficientemente maiores que a resolução
espectral do equipamento [110]. A deconvolução foi realizada na região atribuída ao
anel epóxi em todos aos espectros Raman do Epóxi/Pigmento e do Epóxi-M/Pigmento
(Figura 23). Uma vez determinada a intensidade real do pico do epóxi,
consequentemente a concentração de anéis epóxis, foi calculado o grau de reticulação
dos sistemas poliméricos através do método exposto na seção posterior.
Figura 23: Método de deconvolução de picos sobrepostos
1220 1230 1240 1250 1260 1270 1280
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Inte
nsid
ade
(u.a
.)
Número de Onda (cm -1)
Espectro Original Ajuste de Curva Pico 1 Deconvolucionado Pico 2 Deconvolucionado
3.2.2. Grau de Reticulação Através da Espectroscopia Raman
A modelagem cinética do
polimerização, pode ser abordado
[112].
A abordagem mecanicista utiliza
reações elementares de cura
as espécies químicas presentes
equações diferenciais simultâneas, que d
componente envolvido na reação.
Essas equações são
velocidade de todas as reações
complexo e exige a medida de
do esforço computacional
difusionais são relevantes no processo
A abordagem semiempírica
identificação dos principais
desses grupos é medidas e
polimerização do epóxi/amina, é estabelecido avaliando a concetração do anel
sua redução indica conversão em aminas secundárias e hidroxílas.
De posse da intensidade real de epóxi contid
poliméricos tratados termicamente, foi determinado o
determina o nível de cura
113].
Onde :
Iepoxi(0) corresponde
Iepoxi(t) corresponde à
Grau de Reticulação Através da Espectroscopia Raman
cinética do processo de cura, como em qualquer
pode ser abordado de duas maneiras: ou mecanicista
mecanicista utiliza-se do conhecimento detalhado
de cura de cada processo. Assim saldos popula
químicas presentes no sistema são estimados atravé
simultâneas, que descreve a evolução
na reação.
Essas equações são solucionadas numericamente, desde que
todas as reações elementares sejam conhecidas.
a medida de diferentes propriedades a cada etapa da reação
computacional especialmente quando reações paralelas e fenômenos
são relevantes no processo [52].
semiempírica é um método mais simples, fundamentado na
dos principais grupos funcionais característicos da reação.
idas e avaliada constatemente ao longo da cura. Na
/amina, é estabelecido avaliando a concetração do anel
sua redução indica conversão em aminas secundárias e hidroxílas.
De posse da intensidade real de epóxi contida em cada um dos sistemas
poliméricos tratados termicamente, foi determinado o grau de conversão
cura num determinado instante t, apartir da
corresponde à intensidade do pico de epóxi no instante zero;
corresponde à intensidade do pico de epóxi num dado instante t.
40
Grau de Reticulação Através da Espectroscopia Raman
, como em qualquer reação de
mecanicista ou semi-empírica
conhecimento detalhado das taxas e
populacionais de todas
estimados através de um conjunto de
escreve a evolução horária de cada
, desde que as constantes de
Este é um processo
cada etapa da reação. Além
reações paralelas e fenômenos
mais simples, fundamentado na
característicos da reação. A intensidade
ao longo da cura. Na
/amina, é estabelecido avaliando a concetração do anel oxirano,
sua redução indica conversão em aminas secundárias e hidroxílas.
em cada um dos sistemas
de conversão α, que
equação 6 [52, 112,
[Eq. 6]
intensidade do pico de epóxi no instante zero;
intensidade do pico de epóxi num dado instante t.
3.3. Espectroscopia Fotoluminescente (PL)
A espectroscopia fotoluminescente é uma importante técnica para a
caracterização eletrônica e estrutural da molécula. Também chamada de PL
Photoluminescence, utiliza
próximo como fonte excitante e analisa a
O espectrofluorimetro utiliza dois sistemas conjuntamente, ambos de
esquema da Figura 24
monocromadores que permite a seleção dos comprimentos de onda que incidirão
sobre a amostra. O segundo é um espectrômetro que capta a fluorescência emitida
pela amostra por meio de lentes e fibra óptica.
Figura 24: Aparato experimental para medida de fotoluminescência. Nos detalhes espectrômetro, lâmpada de Xenônio, compartimento para acomodação das amostras e fibra óptica, bem como o
Fotoluminescente (PL)
A espectroscopia fotoluminescente é uma importante técnica para a
caracterização eletrônica e estrutural da molécula. Também chamada de PL
, utiliza radiação do ultravioleta próximo até o infravermelho
próximo como fonte excitante e analisa a luminescência emitida.
O espectrofluorimetro utiliza dois sistemas conjuntamente, ambos de
4. O primeiro é uma fonte de excitação as
que permite a seleção dos comprimentos de onda que incidirão
sobre a amostra. O segundo é um espectrômetro que capta a fluorescência emitida
pela amostra por meio de lentes e fibra óptica.
Aparato experimental para medida de fotoluminescência. Nos detalhes espectrômetro, lâmpada de Xenônio, compartimento para acomodação das amostras e fibra óptica, bem como o
caminho da excitação e emissão.
41
A espectroscopia fotoluminescente é uma importante técnica para a
caracterização eletrônica e estrutural da molécula. Também chamada de PL,
próximo até o infravermelho
O espectrofluorimetro utiliza dois sistemas conjuntamente, ambos descritos no
. O primeiro é uma fonte de excitação associada à
que permite a seleção dos comprimentos de onda que incidirão
sobre a amostra. O segundo é um espectrômetro que capta a fluorescência emitida
Aparato experimental para medida de fotoluminescência. Nos detalhes espectrômetro, lâmpada de Xenônio, compartimento para acomodação das amostras e fibra óptica, bem como o
42
Os espectros de emissão são obtidos com objetivo de compreender o
comportamento luminescente do compósito epóxi-pigmento após o tratamento térmico.
A presente técnica excita elétrons da banda de valência para a banda de condução.
Parte da energia absorvida é perdida através de transições não-radioativas para um
estado excitado mais estável. Durante o retorno ao estado fundamental ocorre a
emissão de luz com comprimento de onda maior do que o inicial [114].
A caracterização óptica foi realizada no Departamento de Física da
Universidade Federal de Sergipe, através das análises luminescentes obtidas com o
uso do espectrofluorímetro (ISS PC1 TM) dotado de uma lâmpada de Xenônio de alta
pressão, com potência de 300 W. As amostras foram excitadas com comprimentos de
onda de 300 a 550 nm, com intervalo de 5 nm. A emissão foi captada por uma lente e
transportada via fibra óptica até um espectrômetro (Ocean Optics, HR2000) conectado
ao computador.
Parte dos dados coletados foi convertida em gráficos em três dimensões, onde
é possível compreender as representações gráficas de espectros de emissão e
excitação dos sistemas avaliados.
Um método complementar de avaliação utiliza a integração da intensidade de
emissão sobre o intervalo espectral total no espectro de emissão, obtendo o Fluxo
Integrado de Fótons (∆Φ) e suas respectivas informações. Os valores dos fluxos de
fótons integrados das amostras foram determinados integrando-se a intensidade de
emissão sobre o intervalo espectral total no espectro de emissão.
�� � � ����
�
[Eq. 7]
43
3.4. Ângulo de Contato
O comportamento entre dois fluidos ou um fluido e um sólido é resultado das
interações intermoleculares existentes entre os fluidos ou o fluido/sólido. Portanto, sua
avaliação auxilia na caracterização de superfícies e interações fluidos/substratos [115].
As interações intermoleculares são originadas por forças eletrostáticas atrativas (de
longo alcance) e/ou repulsivas (de curto alcance) entre as moléculas [116].
Existem algumas técnicas para medir a tensão interfacial numa superfície,
dentre elas as mais relevantes são: a técnica do capilar (capillary rise technique), a
técnica das placas Wilhelmy, a técnica do anel de Nouy e a técnica do peso da gota
[117, 118, 119].
Contudo, o método da gota na superfície é um dos mais populares por ser um
método absoluto, onde a interface não é perturbada durante o experimento, e por
possuir um arranjo experimental bastante simples. Ele consiste na visualização do
contorno de uma gota de um líquido sobre a superfície estudada. O contorno é
determinado pelo equilíbrio entre as forças adesivas do líquido/sólido, que tendem a
espalhar a gota, e as forças coesivas do líquido, que tendem a deixá-la esférica.
O equipamento, esquematizado na Figura 25, é composto por:
→ Um sistema de aquecimento controlado eletricamente por um termostato;
→ Uma seringa de deposição, com agulha desenvolvida para reduzir
problemas de capilaridade e descontinuidade;
→ Uma lâmpada;
→ Uma câmera de vídeo ligada ao computador que processa as imagens;
→ Uma interface de aquisição, tratamento e avaliação de dados.
44
Figura 25: Aparato experimental para a medida de ângulo de contato. Nos detalhes O sistema de deposição, câmera de obtenção da gota, fonte de Luz e as mangueiras do sistema de aquecimento.
A avaliação da molhabilidade foi realizada no Lablaser no Instituto de Química
da Universidade Federal da Bahia, através da interação interfacial estática
petróleo/Epóxi/Pimento e petróleo/Epóxi-M/Pigmento. No tensiômetro Oca 15 plus da
DataPhysics®, foi utilizado o método da gota na superfície, utilizando como fluido o
petróleo parafinado extraído do poço de número de identificação 1329, localizado em
Carmópolis-SE. Durante o ensaio o petróleo foi aquecido a 65ºC ± 2ºC, temperatura
necessária para reduzir a viscosidade a níveis capazes fluir pela agulha e ser capaz de
realizar da medida. A captura e avaliação da superfície da gota foi efetuada pelo
sistema de imagem de vídeo automática e do programa Oca 10/ Oca 20 do aparelho.
O ângulo foi calculado nos sistemas poliméricos curados a temperatura
ambiente e nos tratados termicamente por 6 horas. A medida foi realizada a
temperatura ambiente, em dois instantes após a deposição. O primeiro, no instante
0,64 segundos após o contato da gota com a superfície, representado na Figura 26.g.
O segundo foi realizado no instante 10,64 segundo, onde a gota atinge um maior
estado de equilíbrio, Figura 26.j.
45
Figura 26: Sequência de imagens da deposição do petroleo sob um revestimento epoxídico.
3.5. Injeção de bolhas nos sistemas Epoxídicos
Foi desenvolvido um experimento para criar bolhas no interior da resina, de
maneira que o volume de gás injetado seja o mesmo nos dois sistemas poliméricos.
Ele consiste na injeção de Nitrogênio no interior da resina sem cura e na avaliação
posterior da quantidade, dimensão e geometria das bolhas geradas. O experimento,
esquematizado na Figura 27, é composto de:
a) Duas agulhas com 0,7 mm de diâmetro por 2,5 mm de comprimento;
b) Dois tubos de Teflon com 12 cm de comprimento, 6 cm de diâmetro externo e
2,55 cm de diâmetro interno;
c) Mangueiras de silicone de 5 mm de diâmetro;
d) Uma conexão de vidro em “T” de 6 mm;
e) Uma base de sustentação e duas garras;
f) Um cilindro de Nitrogênio.
a) b) c) d) e)
f) g) h) i) j)
46
Figura 27: Aparato experimental para a injeção de Nitrogênio nas amostras de Epóxi e Epóxi-M
O Epóxi e o Epóxi-M, usados no experimento, foram preparados
simultaneamente com o mesmo procedimento descrito na Secção 3.1.1, com exceção
da homogeneização e adição de pigmento, procedimentos com maior surgimento de
bolhas. A agitação magnética foi realizada com baixa velocidade de rotação, a fim de
eliminar o vórtice de ar que introduz bolhas no interior da resina. Contudo, o período de
rotação foi estendido suficientemente (~10 min) para homogeneizar todos os
reagentes.
As resinas ainda líquidas foram colocadas nos tubos de Teflon e, em seguida,
o Nitrogênio foi injetado, através das agulhas, com vazão de 470 ml/min por 30
segundos. O sistema permaneceu em repouso por 48 horas, tempo necessário para
ocorrer parte da cura e retiradas das amostras de resina dos moldes sem
deformações.
Os corpos de prova foram cortados em seis secções, conforme a Figura 28.
Cada face das secções 2, 3, 4, 5 foi lixada e polida com lixa d’água 2000, para a
retirada de imperfeições e facilitar visualização do perfil da bolha. Em seguida, foram
analisadas com um microscópio óptico BX51 da Olympus. As extremidades das
47
amostras 1 e 6 não foram analisadas, devido a densidade de bolhas serem distintas
das demais secções
Figura 28: Cilindro de Epóxi seccionado em seis partes.
48
CAPÍTULO 4
49
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Análise da Espectroscopia Raman
A caracterização inicial dos sistemas poliméricos desenvolvidos foi feita a partir
da análise dos espectros Raman. A abordagem do conjunto de espectros das
amostras de Epóxi/Pigmento e Epóxi-M/Pigmento foram divididos em duas secções
4.1.1 e 4.1.2.
4.1.1. Epóxi/Pigmento
Os espectros Raman (Figuras 29, 30, 31, 32) mostraram mudanças na estrutura
molecular do polímero em função do tratamento térmico. Os picos de maior relevância
foram identificados e atribuídos aos seus respectivos grupos funcionais, fornecendo os
atributos necessários para a determinação do grau de reticulação.
A análise quantitativa dos picos só possui relevância após a normalização dos
espectros por um pico constante e invariável durante toda a reação de cura. Portanto,
utilizou-se o pico em 1614 cm-1, correspondente ao Fenil, por possui boa amplitude e
ser estável à medida que a cura avança [119].
Para o monitoramento da cura foi usado o pico correspondente ao anel epóxi,
situado em torno de 1259 cm-1 [120, 121]. Durante o processo de cura, o anel epóxi é
consumido pela reação com as aminas e a intensidade desse pico é reduzida.
Em todos os espectros, independente do tratamento térmico, é perceptível
contribuições em 1259 cm-1, indicando a presença de anéis epóxi. Por mais longo o
tempo ou mais alta a temperatura, não é possível que todo o epóxi seja consumido
devido à redução da mobilidade molecular [52].
50
6 0 0 7 0 0 8 0 0 9 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 1 2 0 0 1 3 0 0 1 4 0 0 1 5 0 0 1 6 0 0
6 h5 h4 h3 h2 h1 h1 /2 h
0 h
In
tens
idad
e (u
.a.)
N ú m e ro d e O n d a (c m -1 )
Figura 29: Espectros Raman do Epóxi/pigmento tratados a 60°C por 0, ½, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas
6 0 0 7 0 0 8 0 0 9 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 1 2 0 0 1 3 0 0 1 4 0 0 1 5 0 0 1 6 0 0
6 h5 h4 h3 h2 h1 h
1 /2 h
0 h
Inte
nsid
ade
(u.a
.)
N ú m e ro d e O n d a (c m -1)
Figura 30: Espectros Raman do Epóxi/Pigmento tratados a 80°C por 0, ½, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas
51
600 700 800 90 0 100 0 1100 12 00 1300 1400 1500 1600
6 h5 h4 h3 h2 h1 h
1 /2 h
0 h
In
tens
idad
e (u
.a.)
N ú m e ro d e O n d a (cm -1)
Figura 31: Espectros Raman do Epóxi/Pigmento tratados a 100°C por 0, ½, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas
600 700 80 0 900 1000 1100 12 00 1300 1400 150 0 1600
6 h5 h4 h3 h2 h1 h
1 /2 h
0 h
Inte
nsid
ade
(u.a
.)
N ú m e ro d e O n d a (cm -1)
Figura 32: Espectros Raman do Epóxi/Pigmento tratados a 120°C por 0, ½, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas.
52
O pico situado em 1310 cm-1 é atribuído ao ligante éter. Por estar presente na
estrutura química do DGEBA, pode ser identificado em todos os espectros Raman,
independente do tratamento térmico [122].
A formação de novos éteres, a partir da hidroxila e do epóxi, possui baixa
probabilidade de ocorrência, portanto o pico correspondente tende a permanecer
inalterado. Salvo os casos onde as aminas tenham sido totalmente eliminadas do
sistema [41-46].
A 60ºC e 80°C, apesar de flutuações, houve pouca mu dança de intensidade,
indicando a não ocorrência da eterificação. Em 100ºC e 120°C, tratadas por 4, 5 e 6
horas de cura, a intensidade aumentou substancialmente, podendo ser atribuído à
eliminação das aminas.
4.1.1.1. Grau de conversão Epóxi/Pigmento
Para melhor compreensão dos resultados obtidos através do Raman, foi
calculado o grau de conversão do epóxi (α). O procedimento foi explanado no 3.3.2,
corresponde à porcentagem dos anéis epóxi convertidos em hidroxilas e aminas de
maior grau, através da quebra da ligação C─O do anel (Figura 33).
A temperatura tem a capacidade de acelerar a reação de cura. Em 60ºC a cura
ocorreu mais lentamente, porém progressiva por todo o período de cura, chegando ao
final das 6 horas a 81% de reticulação, o maior valor alcançado em todas as
temperaturas. A 80ºC e a 100ºC apesar de inicialmente terem curas mais rápidas, o
restante do tratamento ocorreu a taxas relativamente pequenas. Entretanto a 120ºC,
após 2 horas de tratamento térmico a reação estabilizou-se não havendo o
prosseguimento da cura.
53
0 1 2 3 4 5 6-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
60°C 80°C 100°C 120°C
G
rau
de c
onve
rsão
(%
)
Tempo de Cura (h)
Figura 33: Grau de conversão dos anéis epóxis em função do tempo de cura do Epóxi/Pigmento
tratados a 60, 80, 100 e 120°C.
A Taxa de Conversão (TC) pode ser encontrada através do coeficiente angular
de cada secção das curvas. Portanto, aplicando a Equação 8 nas curvas da Figura 29,
foram encontrados os valores de TC para a primeira hora de tratamento em cada
temperatura de cura (Tabela 5).
� �� �
[Eq.8]
54
Os resultados mostram que na primeira hora de tratamento térmico, é o período
de maior atividade reacional. Nas horas seguintes, a cura prossegue lentamente ou
atinge a estabilidade.
Inicialmente a taxa de conversão foi proporcional a temperatura, atingido
reticulação de 59, 65, 63 e 70% para as respectivas temperaturas 60, 80, 100, 120°C.
Tabela 6: Taxa média de conversão do Epóxi/Pigmento, na primeira hora de tratamento térmico
Temperatura (°C) Taxa Média d e Conversão (%/h) 60 58,7 80 65,5
100 63,2 120 69,6
4.1.1.2. Concentração Amina no Epóxi/Pigmento
Como resultado da reação epóxi/amina, a concentração de amina e,
consequentemente, seu pico no espectro Raman diminuem à medida que a cura se
processa [123].
É interessante compreender o comportamento de redução da concentração de
aminas. Devido ao fato delas serem compostos polares, sua presença na superfície do
revestimento pode agir como agente facilitador de nucleação da parafina.
De acordo com Varsanyi, o pico próximo de 1000 cm-1, em espectros Raman, é
atribuído ao grupo amina [124]. A redução da intensidade dos picos das aminas reduz
conforme a cura avança (Figura 34). Para as temperaturas de 60, 80 e 100°C a
concentração passa a ser constante a partir de 4 horas, assumindo valores em torno
de 38, 22 e 4%, respectivamente.
Para temperatura de 120°C a redução de amina é extr emamente rápida, após
uma hora sua concentração é próxima de 3%. Essa redução abrupta pode ser
55
atribuída à taxa de conversão extremamente alta, já que após 30 minutos atinge à
reticulação máxima. Contudo, é possível que parte da amina tenha evaporado,
atingindo níveis tão baixos que cessa a reação, o que poderia justificar sua reticulação
não ultrapassar 70% durante as 6 horas de tratamento.
0 1 2 3 4 5 6-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
Con
cent
raçã
o de
Am
inas
(%
)
Tempo de Cura (h)
60°C 80°C 100°C 120°C
Figura 34: Concentração Relativa de Aminas em função do tempo de cura do Epóxi/Pigmento tratados a 60, 80, 100 e 120°C.
4.1.2. Epóxi-M/Pigmento
Com pode ser observado nos espectros das Figuras 35, 36, 37 e 38, a região
atribuída ao éter permaneceu constante a 60°C. Em 8 0°C e 120°C sofreu algumas
variações sutis, mas apenas a 100°C, a partir de 2h , pode ser notado um aumento
relevante em sua intensidade.
Em todas as temperaturas a intensidade do anel epóxi reduziu à medida que os
tempos de cura se prolongaram, contudo essa redução foi mais acentuada a partir de
80°C.
56
6 0 0 7 0 0 8 0 0 9 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 1 2 0 0 1 3 0 0 14 0 0 1 5 0 0 1 6 0 0
6 h5 h4 h3 h2 h1 h
0 ,5h
0 ,75 h
0 ,25 h
0 h
In
tens
idad
e (u
.a.)
N ú m e ro d e O n d a (c m -1)
Figura 35: Espectros Raman do Epóxi-M/Pigmento tratados a 60°C por 0, 1/4, 1/2, 3/2, 1, 2, 3, 4, 5 e 6
horas
60 0 7 00 800 9 00 1 000 1100 12 00 1 300 140 0 15 00 160 0
3 /4 h
2 h3 h
0 h
1 /4h
1 /2h
1 h
4 h5 h6 h
Inte
nsid
ade
(u.a
.)
N ú m e ro d e O n d a (cm -1)
Figura 36: Espectros Raman do Epóxi-M/Pigmento tratados a 80°C por 0, 1/4, 1/2, 3/2, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas
57
60 0 7 0 0 8 0 0 9 0 0 1 00 0 1 1 0 0 1 2 0 0 13 0 0 1 4 0 0 1 5 0 0 1 60 0
5 h6 h
4 h3 h2 h1 h
3 /4 h
1 /4 h1 /2 h
0 h
In
tens
idad
e (u
.a.)
N ú m e ro d e O n d a (cm -1)
Figura 37: Espectros Raman do Epóxi-M/Pigmento tratados a 100°C por 0,1/4, 1/2, 3/2, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas
6 0 0 7 0 0 8 0 0 9 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 1 2 0 0 1 3 0 0 1 4 0 0 1 5 0 0 1 6 0 0
6 h5 h4 h3 h2 h1 h
3 /4 h1 /2 h
1 /4 h
0 h
Inte
nsid
ade
(u.a
.)
N ú m e ro d e O n d a (c m -1)
Figura 38: Espectros Raman do Epóxi-M/Pigmento tratados a 120°C por 0,1/4, 1/2, 3/2, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas
58
4.1.2.1. Grau de Conversão Epóxi-M/Pigmento
A partir da intensidade real dos picos correspondentes aos anéis epóxis dos
espectros Raman das Figuras 35, 36, 37 e 38 foram calculados os graus de reticulação
de cada tratamento térmico (Figura 39). As curvas atingiram um platô de cura após
aproximadamente 2 horas, com exceção de 60°C, onde ocorreu uma cura continua
pelas 6 horas de tratamento, atingindo ao final do tratamento valores superiores às
demais temperaturas.
Ao analisar os valores médios do máximo grau de conversão ao final de 6 horas
de tratamento térmico do grupo de amostras de Epóxi e Epóxi-M observa-se que
alcançaram valores em torno de 77 e 79%, respectivamente. Diante dos dados
referentes ao grau de reticulação alcançados pelas duas resinas, é possível constatar
que curas por longos períodos de exposição a baixa temperatura pode levar a um
maior grau de reticulação que curtos tempos a altas temperaturas.
0 1 2 3 4 5 6-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Tempo de Cura (h)
Gra
u de
Con
vers
ão (
%)
60°C 80°C 100°C 120°C
Figura 39: Grau de conversão do epóxi em função do tempo de cura do Epóxi-M/pigmento tratados a 60, 80, 100 e 120°C.
59
É possível notar que a presença do modificador acentuou influência da
temperatura sobre taxa de cura (Tabela 6). Quando comparado o Epóxi-M ao Epóxi,
percebe-se que a 60ºC a velocidade de cura reduziu, enquanto a 120ºC a velocidade
aumentou.
Tabela 7: Taxa média de conversão do Epóxi-M, na primeira hora de tratamento térmico
Temperatura (°C) Taxa Média de Conversão (%/h) 60 50,5 80 64,4
100 70,3 120 78,5
4.1.2.2. Concentração Amina no Epóxi-M/Pigmento
Como esperado, o pico atribuído à amina reduziu à medida que os tempos e
temperaturas aumentaram. E assim como ocorrido no Epóxi, essa redução é mais
dependente da temperatura que do tempo de cura.
Como pode ser observado na Figura 40, a 60 e 80°C redução da amina no
Epóxi-M atingiu valores de 28 e 12%, enquanto no Epóxi, esses valores foram de 38 e
22%, respectivamente. Como ambos atingiram graus de reticulação muito próximos, é
possível que ou a amina esteja reagindo com o modificador, ou que a redução da
viscosidade provocada pelo modificador esteja facilitando a evaporação da amina.
Nas demais temperaturas, a 100 e a 120°C, após 1h de tratamento, as
concentrações de amina atingiram valores em torno de 1%. Isso justifica o limiar de
cura atingido nessas temperaturas após uma hora.
60
0 1 2 3 4 5 6-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110Epóxi-M com 5% de Pigmento da Maxepoxi
60°C 80°C 100°C 120°C
Con
cent
raçã
o de
Am
inas
(%
)
Tempo de Cura (h)
Figura 40: Concentração relativa de Aminas em função do tempo de cura do Epóxi-M/pigmento tratados a 60, 80, 100 e 120°C.
4.2. ESPECTROSCOPIA FOTOLUMINESCENTE
Nesta seção serão expostos e discutidos resultados, os quais fazem parte do
estudo das propriedades luminescentes dos sistemas Epóxi e Epóxi-M dopados com
pigmento. Para melhor compreensão do comportamento luminescente causados pelas
interações Epóxi/Pigmento e Epóxi-M/Pigmento, os resultados obtidos serão
abordados separadamente.
61
4.2.1. Epóxi/Pigmento
Os detalhes do comportamento, inerentes à fotoluminescência, estão expostos
na Figura 41. Um grande desvio de Stokes pode ser observado, uma vez que o epóxi-
pigmento foi excitado numa região de 300 a 550 nm e a emissão resultante na região
de 600 a 680 nm com o pico centrado em 625 nm. O compósito apresentou a máxima
emissão quando excitado com 476nm. Portanto foi o comprimento usado para excitar
as amostras tratadas termicamente.
Figura 41: Gráfico de Intensidade PL x emissão x excitação, do Epóxi com 5% do pigmento DY 215 sem tratamento térmico.
A Figura 42 mostra o comportamento fotoluminescente do epóxi-pigmento sob
diferentes tratamentos térmicos, ao seres excitados com λexcitação=476 nm. Na amostra
tratada a 60°C é possível constatar uma tendência s util, no decorrer do tempo, do
comprimento de onda de emissão migrar para o vermelho, nas demais temperaturas
de cura o deslocamento foi para o laranja. As intensidades de emissão reduziram a
62
medida que os tempos de cura foram prolongados. A redução foi mais acentuada
conforme aumentou a temperatura de cura. Este fenômeno pode estar associado às
diferentes fases ou formas estáveis do pigmento, nas faixas de temperatura. A
supressão luminescente e a alteração da posição do máximo emitido estão associados
à temperatura e já foram constatados em outros trabalhos [96, 102].
Figura 42: Intensidade PL em função do λemissão, excitados com 476 nm, para amostras de Epóxi com pigmento DY 215, tratados termicamente por 1, 2, 3, 4, 5, 6 horas; a) a 60°C, b) a 80°C, c) a 100°C, d ) a
120°C.
550 575 600 625 650 675 700 725 7500
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
In
tens
idad
e P
L (u
.a.)
de Emissão (nm)
1h 2h 3h 4h 5h 6h
550 575 600 625 650 675 700 725 7500
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12 1h 2h 3h 4h 5h 6h
de Emissão (nm)
Inte
nsid
ade
PL
(u.a
.)
550 575 600 625 650 675 700 725 7500
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
In
tens
idad
e P
L (u
.a.)
de Emissão (nm)
1h 2h 3h 4h 5h 6h
a) b)
c) d)
550 575 600 625 650 675 700 725 7500,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Inte
nsid
ade
PL
(u.a
.)
de Emissão (nm)
1h 2h 3h 4h 5h 6h
λ
λ λ
λ
63
Cada curva da Figura 42 foi integrada obtendo o fluxo integrado de fótons
emitido (∆Φ) para cada amostra através da Equação 7. De acordo com a Figura 43, a
elevação da temperatura de cura fez com que a fluorescência reduzisse de intensidade
conforme aumentavam os períodos de sua cura.
0 1 2 3 4 5 61
2
3
4
5
6
7
8
F
luxo
Inte
grad
o de
Fót
ons
(u.a
.)
Tempo de Cura (h)
60°C 80°C 100°C 120°C
Figura 43: Densidade de fótons emitidos em função do tempo de cura para os compósitos de Epóxi com 5% de pigmento, tratados a 60, 80, 100 e 120°C.
Durante o processo de cura, a amina, além de reagir com o anel epóxi, pode
reagir com o oxigênio presente em sua atmosfera de cura, originando nitratos e nitritos.
A oxidação é favorecida pelo aumento da temperatura e pode ser evidenciado pela
coloração rubra adquirida pela resina. Já foi relatado na literatura que o nitrito tem a
capacidade de suprimir a fluorescência de compostos rodamínicos [129], cumarínicos
[129], dentre outros fluoróforos [40, 92, 132-135]. Por esse motivo, a redução da
fluorescência foi maior em temperaturas de cura mais elevadas.
Após ser tratado termicamente por uma hora a 60°C, o Epóxi/pigmento
fluorescência apresentou um pequeno aumento da intensidade da fluorescência,
64
contudo, nas horas seguintes de sua cura, a intensidade reduziu progressivamente, a
taxas cada vez menores, até atingir 58% da inicial. Nas demais temperaturas de cura,
80, 100 e 120°C, ao fim das 6 horas de tratamento t érmico, o Epóxi/Pigmento atingiu
intensidades PL de 42, 36 e 24% em relação à inicial, respectivamente.
4.2.2. EPÓXI-M/PIGMENTO
Os grupos de amostras com agente modificador apresentaram o melhor
comportamento luminescente. O espectro PL de emissão e excitação do Epóxi-
M/Pigmento assemelha-se com o do epóxi tradicional (Figura 44). Porém, a máxima
emissão do polímero modificado situou-se em 621 nm e sua intensidade cerca de 17%
maior que a obtida no epóxi tradicional. Nos comprimentos de onda acima de 500 nm,
intensidade fotoluminescente do epóxi modificado também foi significativamente
superior.
Figura 44: Gráfico de Intensidade PL x emissão x excitação, do Epóxi-M com 5% do pigmento sem tratamento térmico.
65
O comportamento luminescente nos diferentes processos de cura, observado na
Figura 45, não alterou o comprimento de onda de emissão, permanecendo constante
em 620 nm. Contudo as intensidades PL reduziram conforme se alteram as
temperaturas. Após uma hora a 60°C, a intensidade P L do Epóxi-M/Pigmento sofreu
uma redução de 16% em relação à amostra sem tratamento térmico, nas cinco horas
seguintes se manteve constante. Nas demais temperaturas, 80, 100 e 120°C, a
redução ocorreu gradativamente à medida que os tempos de cura aumentaram
.
Figura 45: Intensidade PL em função do λemissão, excitados com 476 nm, para amostras de Epóxi-M com pigmento DY 215, tratados termicamente por 1, 2, 3, 4, 5, 6 horas; a) a 60°C, b) a 80°C, c) a 100°C, d ) a
120°C.
550 575 600 625 650 675 700 725 7500
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
1h 2h 3h 4h 5h 6h
de Emissão (nm)
Inte
nsid
ade
PL
(u.a
.)
550 575 600 625 650 675 700 725 7500
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Inte
nsid
ade
PL
(u.a
.)
de Emissão (nm)
1h 2h 3h 4h 5h 6h
550 575 600 625 650 675 700 725 7500
1
2
3
4
5
6
de Emissão (nm)
Inte
nsid
ade
PL
(u.a
.)
1h 2h 3h 4h 5h 6h
550 575 600 625 650 675 700 725 7500,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Inte
nsid
ade
PL
(u.a
.)
de Emissão (nm)
1h 2h 3h 4h 5h 6h
a) b)
d) c)
λ λ
λ λ
66
Utilizando as curvas de intensidade PL por λemissão da Figura 45, foi calculado o
Fluxo Integrado de Fótons (∆Φ) de cada tratamento térmico e convertido num único
gráfico, exposto na Figura 46.
0 1 2 3 4 5 61
2
3
4
5
6
7
8
Flu
xo In
tegr
ado
de F
óton
s (u
.a.)
Tempo de Cura (h)
60°C 80°C 100°C 120°C
Figura 46: Densidade de fótons emitidos em função do tempo de cura do Epóxi-M/Pigmento tratados a 60, 80, 100 e 120°C.
Assim como ocorrido no Epóxi tradicional o tratamento em temperaturas
elevadas reduziu rapidamente a intensidade da fluorescência, atingindo limiares
conforme aumentavam os períodos de cura. A elevação da temperatura de cura
aumenta a energia cinética e a mobilidade das moléculas do sistema, portanto além de
ampliar probabilidade de interação amina/pigmento, as colisões são energeticamente
maiores.
A supressão da fluorescência está associada à reação entre a Rodamina e a
Cumarina, presentes no pigmento, e o nitrito, proveniente da oxidação da amina.
67
Como a supressão foi menor nos compostos contendo o agente modificante, é
possível que o mesmo esteja inibindo o processo de oxidativo das aminas.
4.3. Ângulo de Contato
As superfícies dos revestimentos poliméricos são passiveis de alterações
morfológicas ao serem expostas a temperaturas e tempos distintos. Isso é uma
consequência direta da tendência da cura e rearranjo de cadeias poliméricas na
superfície do polímero, que busca uma maior estabilidade em função das condições
térmicas [125].
O ângulo de contato inicial, medido 0,64s após o contato entre o petróleo e a
superfície, no Epóxi/Pigmento curado a temperatura ambiente foi de 109,5º. Para a
amostra curada a 60ºC/6h houve uma pequena elevação do ângulo de contato seguido
de uma redução progressiva a medida que a temperatura cura mais altas, até atingir o
mesmo ângulo que a amostra sem tratamento térmico (Figura 47).
No Epóxi-M/Pigmento curado a temperatura ambiente, o ângulo de contato foi
de 112º. Apesar das flutuações nos valores do ângulo de contato, a medida que a
temperatura de tratamento se elevou, o Epóxi modificado apresentou redução da
molhabilidade atingindo, a 120ºC, o melhor ângulo de contato, com o valor de 118º.
Essa tendência foi verificada e descrita nas resinas sem pigmentos por Valência S.
2009 e patenteado por Macêdo M. et al 2009 junto ao INPI com o título "Processo de
Fabricação de Compósitos Antiaderentes à Óleos Parafínicos e/ou Asfaltênicos", de nº
1101282-0. Esse comportamento é atribuído a maior estabilidade térmica presente no
Epóxi-M, o que reduz a degradação e oxidação da superfície do revestimento [105,
106].
68
20 40 60 80 100 12090
95
100
105
110
115
120
125
130
Âng
ulo
de C
onta
to (
º)
Temperatura de Cura (ºC)
Epóxi Epóxi-M
Figura 47: Ângulo de contato em função da temperatura de cura do Epóxi e do Epóxi-M, no instante 0.64s após o contato com a superfície.
Após 10 segundos da primeira medida de ângulo de contato, foi realizada uma
segunda medida e apesar dos valores muito menores que o inicial, o comportamento
geral foi semelhante. O ângulo do epóxi curado a temperatura ambiente foi de 39º,
atinge seu máximo quando tratado a 60ºC e volta a reduzir à medida que a
temperatura de cura se eleva, até atingir seu valor mínimo de 37º a 120ºC.
Comportamento oposto ao encontrado no Epóxi-M, que com a elevação da
temperatura aumenta o ângulo de contato (Figura 48).
69
20 40 60 80 100 12020
30
40
50
60
70
Â
ngul
o de
Con
tato
(º)
Temperatura de Cura (ºC)
Epóxi Epóxi-M
Figura 48: Ângulo de contato em função da temperatura de cura do Epóxi e do Epóxi-M, no instante 10.64s após o contato com a superfície.
70
4.4. Avaliação da formação de bolhas
A avaliação da formação das bolhas se deu através da análise superficial das
faces polidas, obtidas a partir dos cilindros de Epóxi e Epóxi-M. Apesar de algumas
faces partirem de um mesmo corte transversal, suas superfícies não apresentam as
mesmas condições de formação de bolhas. Pois a espessura do corte tem cerca de
seis vezes o diâmetro das bolhas encontradas. Portanto não é equivocado, nem
redundante estudar duas faces de uma mesma secção.
A superfície polida evidencia a presença dos vazios ou bolhas, podendo ser
observados macroscopicamente. Como pode ser visto na Figura 49, o Epóxi tem maior
incidência de bolhas.
Figura 49: Superfícies das secções transversais dos sistemas polimérico, com as bolhas evidenciadas em vermelho. a) Epóxi; b) Epóxi-M
a) b)
71
Em cada superfície estudada, o Epóxi teve em média 4,15 bolhas/cm2. O Epóxi-
M apresentou menos da metade de valor, com apenas 2,125 bolhas/cm2 por superfície
(Tabela 8). Como o volume de Nitrogênio injetado foi o mesmo nos dois sistemas e o
Epóxi-M apresenta menos vazios que o epóxi, indica que a presença do modificante
facilita eliminação de bolhas. A eliminação de bolhas de um sistema é atribuída, dentre
outros fatores, à redução da viscosidade e ao tamanho das bolhas [61].
Tabela 8: Densidade de bolhas por face das resinas
Nº de Bolhas/cm 2
(Epóxi)
Nº de Bolhas/cm 2
(Epóxi-M)
Face 1 4,5 1,6
Face 2 4,5 1,8
Face 3 4,3 2,5
Face 4 3,7 1,8
Face 5 3,3 2,3
Face 6 2,5 2,7
Face 7 4,9 0,8
Face 8 5,5 3,5
Média Geral 4,15 2,125
Desvio Padrão 0,89 0,76
Com o auxilio de microscópio óptico foi medido o diâmetro de dez bolhas de
cada resina. É possível constatar o maior diâmetro dos vazios presentes no epóxi sem
modificador. Os vazios gerados no interior do epóxi possuem diâmetro médio de 234,5
µm. No epóxi-M o diâmetro médio das bolhas é de 206,5 µm (Tabela 9).
72
Tabela 9: Diâmetro das bolhas encontradas nas resinas
Epóxi
Diâmetro (µm)
Epóxi-M
Diâmetro (µm)
Bolha 1 210 215
Bolha 2 290 220
Bolha 3 210 225
Bolha 4 240 210
Bolha 5 185 180
Bolha 6 210 190
Bolha 7 270 190
Bolha 8 220 220
Bolha 9 280 215
Bolha 10 230 200
Média Geral 234,5 206,5
Desvio Padrão 34,84 15,45
Possivelmente as bolhas sejam formadas igualmente nas duas resinas, mas a
menor viscosidade da resina modificada facilita a eliminação das bolhas com
diâmetros superiores a 225 µm. As bolhas com essa dimensão representam 50% das
bolhas presentes no epóxi, próximo do valor da eficiência de eliminação de bolhas do
Epóxi-M de 53%. Desconsiderando todos os vazios com diâmetros superiores a
225µm do epóxi, e calculando sua media geral, encontra-se o valor de 207 µm,
extremamente próximo da media do Epóxi-M, de 206,5 µm. Portanto as bolhas com
diâmetro reduzido não são capazes de serem eliminadas, pois seu empuxo não supera
a resistência gerada pela viscosidade.
Como o Epóxi-M possui menor incidência de bolhas, é provável que durante a
eliminação, suas bolhas possuam maior velocidade ascendente, o que geraria bolhas
com geometria mais elíptica. Contudo a visualização sagital das bolhas mostra sua
forma perfeitamente esférica tanto no Epóxi-M quanto no Epóxi (Figura 50). O longo
período de cura (cerca de 24h) provavelmente permitiu com que as bolhas
retornassem à geometria de menor energia.
73
Figura 50: Imagens sagitais das bolhas das resinas: a)Epóxi; b)Epóxi-M.
Algumas evidências indicam que o modificante esteja agindo como um
tensoativo, criando uma emulsão entre epóxi e modificante. Emulsões com partículas
da fase dispersa maiores que 1 µm, apresentam aparência branca leitosa, devido à
difusão da luz ao atingir os sistemas esféricos [126]. Essa aparência é a mesma
apresentada pelo Epóxi após a adição do agente modificante, que migra do aspecto
transparente para o translúcido esbranquiçado.
As imagens microscópicas evidenciam partículas com formas esféricas bem
definidas, com larga distribuição de tamanhos no interior do Epóxi-M. As gotículas,
provavelmente do modificante, possuem diâmetro entre 1 e 10 µm (Figura 51).
O sistema bifásico criado (epóxi/modificante) é termodinamicamente estável,
pois, no decorrer da cura, a fase dispersa não é formada novamente. Indicando que a
interação interfacial epóxi/modificante é relativamente pequena, sem a necessidade de
outro agente emulsificante para a estabilização da emulsão. A fase dispersa pode
alterar a viscosidade da emulsão, nos casos onde há a redução da viscosidade a
eliminação de bolhas é facilitada [127].
a) b)
74
Figura 51: Microscopia Óptica do Epóxi-M
a) b)
75
CAPÍTULO 5
76
5. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
5.1. INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta a discussão final dos resultados obtidos, com enfoque
nas principais propriedades obtidas na dopagem do Epóxi e Epóxi-M com o pigmento
fluorescente. Também são expostas as vantagens do epóxi modificado sobre o epóxi
tradicional, bem como a causa desse comportamento. Serão sugeridos trabalhos
complementares para a continuidade do presente estudo.
5.2. CONCLUSÃO
As análises de espectroscopia Raman evidenciam que tanto o Epóxi/Pigmento
quanto Epóxi-M/Pigmento atingiram níveis de reticulação semelhantes, diferenciando-
se pela taxa de reticulação. A presença do modificante acentua o efeito da temperatura
sobre a resina, evidenciando ainda mais a dependência térmica da reação de cura. Na
primeira hora de cura, em baixas temperaturas (60ºC), a taxa de reticulação média do
Epóxi-M/Pigmento diminuiu cerca de 10% em relação ao Epóxi/Pigmento. Em
temperaturas mais elevadas, como 100 e 120ºC, a taxa de reticulação média do
modificado aumentou 7% e 9%, respectivamente, em relação ao não modificado.
As análises luminescentes mostram que a intensidade PL do Epóxi-M/Pigmento
é cerca de 17% maior que a do Epóxi/Pigmento, ambos sem tratamentos térmicos.
Nos dois sistemas poliméricos, a medida que os tratamentos térmicos se tornam mais
intensos, a intensidade luminescente reduz. Esse comportamento pode ser atribuído à
presença de nitritos, conhecidos pela supressão da fluorescência na Cumarina e
Rodamina. Os nitritos são formados pela reação entre a amina e o oxigênio, quando
expostos a altas temperaturas e/ou por tempos prolongados. Contundo, a presença do
agente modificante no Epóxi-M/Pigmento inibiu a oxidação da amina quando tratado a
60ºC. Nas demais temperaturas, a reação ocorreu em menor intensidade que no
Epóxi/Pigmento, proporcionando ao revestimento modificado maior intensidade
luminescente. O melhor desempenho óptico do composto polimérico modificado pode
77
reduzir a fotodegradação, uma vez que mais fótons serão reemitidos ao invés de
interagir com as ligações interatômicas.
O estudo sobre a molhabilidade apresentou um comportamento conhecido do
Epóxi-M. Quando curado a temperatura ambiente, a resina modificada possui menor
ângulo de contato com o petróleo parafínico do que a resina tradicional. No Epóxi-
M/Pigmento, a medida que a temperatura de cura aumenta a interação interfacial com
o petróleo diminui, comportamento contrário ao encontrado no epóxi sem aditivo, onde
a molhabilidade aumenta comitantemente com a temperatura de cura.
A partir dos estudos sobre a formação de bolhas é possível identificar a
capacidade do Epóxi-M de eliminá-las parcialmente do seu interior, reduzindo pela
metade sua presença quando comparado com Epóxi tradicional. As bolhas que
permaneceram no Epóxi-M apresentam volume 30% menor que as bolhas não
eliminadas no Epóxi. Essas características, que provavelmente devem elevar a
resistência mecânica, podem ser associadas à redução da viscosidade pela formação
de uma emulsão entre o modificante e a resina. A emulsão criada é estável
termodinamicamente, pois, ao longo da cura, o dispersante não se agrega gerando
uma nova fase.
Os resultados obtidos das resinas estudadas, associados a outras
caracterizações, podem vir a contribuir para o desenvolvimento de um revestimento
fotoidentificável de desgaste, com baixa interação interfacial com o petróleo parafinado
e menor formação de bolhas.
5.3. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
A utilização de revestimentos em dutos de exploração requer alto desempenho
mecânico, portanto é de suma importância o estudo sobre propriedades mecânicas do
epóxi modificado.
Realizar um estudo reométrico para, dentre outros fatores, confirmar a indicação
de que o agente modificante altera a viscosidade do polímero.
78
Realizar a cura dos sistemas poliméricos numa atmosfera não oxidante, dessa
forma, seria evitada a reação da amina com o oxigênio, consequentemente, não
formando nitritos. Averiguar-se-ia se os nitritos são responsáveis pela supressão da
fluorescência.
Realizar análises de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) nas amostras,
com a finalidade de avaliar a dispersão do pigmento na matriz polimérica. Determinar
com maior exatidão as dimensões da fase dispersa da emulsão criada pelo aditivo no
Epóxi-M.
79
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40, pp. 1009, 1993.
92
APÊNDICE
PRODUÇÃO CIENTÍFICA, TÉCNICA E PARTICIPAÇÕES EM CON GRESSOS
→ ANDERSON MANSFIELD , Y. P. SANTOS, M. A. MACÊDO. “Influence of heat
treatment on fluorescent epoxy resin”. Journal of Superconductivity and Novel
Magnetism. Submetido para publicação.
→ MACÊDO, M. A., MANSFIELD ANDERSON , MANSFIELD ANDRÉ, VALÊNCIA
S. L. “Processo de Fabricação de Compósitos Antiaderentes a Óleos Parafínicos
e/ou Asfaltênicos". BRA, Patente nº 1101282-0. 2009 – 2011.
→ Encontro Nacional de Física da Matéria Condensada. “Variation of the cure
kinetics of epoxy resin”. ANDERSON MANSFIELD , MARCELO ANDRADE
MACÊDO. Foz do Iguaçu-PR. 2011.
→ 20th Latin American Symposium on Solid Physics (SLAFES XX). “Influence of
heat treatment on fluorescent epoxy resin”. Y. P. SANTOS, ANDERSON
MANSFIELD , M. A. MACÊDO. Salinas de Maragogi-AL. 2011.
→ 20th Latin American Symposium on Solid Physics (SLAFES XX). “Physical
properties of epoxy resin thermally activated”. ANDERSON MANSFIELD ; Y. P.
SANTOS, M. A. MACÊDO. Salinas de Maragogi-AL. 2011.
→ 20th Latin American Symposium on Solid Physics (SLAFES XX). “Study of
physical properties of the composite epoxy-F2O3”. A. P. S. BOMFIM, ANDERSON
MANSFIELD ; M. A. MACÊDO. Salinas de Maragogi-AL. 2011.
→ 19° Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciências dos Materiais (CBECiMat). “A
influencia do Óxido de Ferro no processo de cura da resina Epóxi”. ANDERSON
MANSFIELD ; NOBORO, M. M.; SANTOS, P. Y.; MACÊDO, M. A. Campos do
Jordão-SP.2010.