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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA “PERCEPÇÃO E JULGAMENTO DE POSTURAS HUMANAS ASSOCIADAS AO GÊNERO: UM ESTUDO COM UNIVERSITÁRIOS” LIDIANA CURVO CARTOLANO PROJETO DE PESQUISA ELABORADO POR EXIGÊNCIA DA DISCIPLINA PESQUISA EM PSICOLOGIA 5, SOB ORIENTAÇÃO DA PROFª DRª ZILDA DEL PRETTE. SÃO CARLOS 1º SEMESTRE 2004

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

“PERCEPÇÃO E JULGAMENTO DE POSTURAS HUMANAS ASSOCIADAS AO GÊNERO: UM ESTUDO COM UNIVERSITÁRIOS”

LIDIANA CURVO CARTOLANO

PROJETO DE PESQUISA ELABORADO POR EXIGÊNCIA DA DISCIPLINA PESQUISA EM PSICOLOGIA 5, SOB ORIENTAÇÃO DA PROFª DRª ZILDA DEL PRETTE.

SÃO CARLOS 1º SEMESTRE 2004

2

“O impossível é o que deixa de fazer, o que inspira medo, o que exige maior esforço,

vontade e persistência e que não existe nas coisas ou no ambiente, mas na própria pessoa

que taxa o impossível como aquilo que se tem medo de tentar, que desconhece, que não

tem inclinação para fazer, que não possui força para a luta. Se deseja sentir a realidade

de seu poder, entregue-se a empreendimentos que lhe exijam um pouco mais de

habilidade, energia e decisão. Aplique-se à realização de coisas um pouco mais difíceis.

Experimente a alegria de chegar mais além das metas comuns que as circunstâncias lhe

deparem” (Autor Desconhecido).

3

Dedicatória

Este trabalho é dedicado a todas as pessoas que de

alguma forma tenham passado pela minha vida e deixado nela

algum significado. À minha família pelo amor incondicional,

aos meus mestres que com suas tarefas diárias souberam

construir os alicerces da dimensão humana na Psicologia, aos

meus amigos pela cumplicidade e carinho e aos jovens

profissionais que, assim como eu, estão tentando construir um

futuro melhor.

SUMÁRIO

4

ABSTARCT / RESUMO................................................................................................05

INTRODUÇÃO..............................................................................................................06

MÉTODO.......................................................................................................................19

Características da Amostra...............................................................................19

Material e Instrumento......................................................................................20

Procedimento de Coleta de Dados...................................................................21

Tratamento dos Dados.......................................................................................23

DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS.............................................................................24

CONCLUSÃO................................................................................................................41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................42

ANEXO I........................................................................................................................44

ANEXO II.......................................................................................................................49

ANEXO III......................................................................................................................54

ANEXO IV......................................................................................................................59

ABSTRACT

5

This study analyzes and investigates the function of the human posture into the

non-verbal communication process.110 seniors participated, relating their perceptions

about three sets of four human postures crafts. The responses were categorized according

to the main explanatory factors: age, gender and academic course / subject. The author

conclude that there’s no influences about these factors on the perception of human

postures inside the non-verbal communication.

Key words: Non-Verbal Communication; Perception; Human Posture.

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo analisar e investigar o papel da postura

humana no processo da comunicação não-verbal. 110 estudantes universitários

participaram do estudo, relatando as suas percepções a respeito de três grupos de quatro

figuras de posturas humanas. As respostas foram categorizadas de acordo com as variáveis

investigadas no estudo: idade, gênero e área acadêmica. A autora conclui que não há

influência dessas variáveis no processo de percepção de posturas humanas dentro da

comunicação não-verbal.

Palavras-chaves: Comunicação Não-Verbal; Percepção; Postura Humana.

INTRODUÇÃO

6

Os aspectos não-verbais da comunicação humana vêm despertando grande interesse

de especialistas na área da interação social desde a década de 60 (Hargie, Saunders &

Dickson, 1994). Pesquisadores dessa área afirmam a importância de se apreciar o papel

dos processos não-verbais na comunicação, através do conhecimento dos elementos do

comportamento não-verbal. Além disso, vários autores (Argyle, 1975; Scherer & Ekman,

1982; Bull, 1983; Feldman & Rime, 1991; De Paulo, 1992) sugeriram que qualquer estudo

feito sobre os processos de comunicação, de uma forma abrangente, não deve enfocar

apenas os elementos não-verbais, mas sim, associá-los aos aspectos verbais, para se obter a

extensão de todas as formas de comunicação, uma vez que a mesma não se processa

isoladamente em seus elementos.

Todo ser vivo se comunica de uma forma ou de outra. Trocas de sons, de substâncias

químicas ou de posturas corporais, podem ser vistas como uma forma de comunicação,

desde de que essas trocas configurem uma mudança ostensiva de comportamento. É

comum, nos estudos sobre comunicação, definir que a ação de um organismo altera a

probabilidade de ocorrência do padrão de comportamento de outro organismo. Dessa

forma, não só a fala, em suas configurações e significados, mas também a linguagem do

corpo e os seus concomitantes não-verbais são considerados elementos da comunicação.

Assim toda e qualquer pista comunicacional, num contexto interpessoal, afeta o

comportamento.

Ser capaz de se comunicar para garantir adaptação ao meio e sobrevivência fez com

que o homem incorporasse, ao longo dos anos, a comunicação ao seu acervo genético.

Pode-se dizer que a comunicação animal é fruto de um “aprendizado” da espécie e que

cada indivíduo já nasce dotado dessa capacidade (Epstein, 1999).

O comportamento social humano se parece com o de primatas não-humanos em

vários sentidos, especialmente no uso da comunicação não-verbal para comunicar

emoções e atitudes interpessoais. A principal diferença é que os humanos também podem

se comunicar por meio da linguagem.

A fala é o mais complexo, apurado e caracteristicamente humano meio de

comunicação. Muito dos ruídos produzidos pelos animais comunicam apenas estados

emotivos. A fala humana é diferente, porque é aprendida, pode transmitir informação

acerca de acontecimentos exteriores e possui uma estrutura gramatical mais elaborada que

as encontradas em animais infra-humanos. Mas consiste ainda em um conjunto de técnicas

sociais aprendidas, que são usadas para influir sobre os outros (Argyle, 1974, p.57). A

7

fala, além de servir como um canal de comunicação para resolução de problemas, também

procura estabelecer e manter relações sociais.

A comunicação é vista como um objeto de investigação de várias ciências, que

envolve, no mínimo, a Sociologia, a Antropologia, a Lingüística e a Psicologia como

bases de referência. Como área multidisciplinar, necessariamente a investigação enfoca

determinados mecanismos de relacionamentos criados pelo ser humano, denominados de

processos de comunicação.

Basicamente, a comunicação humana permitiu o desenvolvimento de relações

interpessoais dentro de uma organização societária, onde existe um emissor, um receptor e

um meio. Essa comunicação acontece por meio de informações codificadas, através de

canais, como a linguagem e os gestos. Dessa forma, o processo de comunicação se

apresenta como um mecanismo de natureza psicossocial, pois existe uma participação

psicológica no sistema e uma participação social, caracterizada pela realidade da

organização societária a que pertencem o emissor e o receptor.

A participação psicológica pode ser evidenciada através da enorme complexidade de

sentimentos e ações que estão diretamente ligados às relações interpessoais. O ato de

comunicar-se está presente como meio de transmitir a compreensão desses fenômenos e

como forma de possibilitar ao homem interagir com os outros de maneira mais ou menos

adaptativa. A Psicologia, em meio a essa compreensão do comportamento humano,

apresenta-se numa posição singular dentre as ciências citadas acima.

Os estudos de Heider (1970) trouxeram muitas contribuições para a Psicologia

Social. Em Psicologia das Relações Interpessoais (p.13) cita que, “desde os primeiros

tempos, as relações interpessoais despertaram a atenção do homem, e este registrou, em

inúmeros mitos, contos populares, romances, peças e ensaios populares ou filosóficos, as

suas crenças a respeito das maneiras de ser das pessoas”. Evidencia-se no homem, uma

grande curiosidade e afinidade a respeito das relações humanas, pois esse mesmo homem

sente-se capaz de compreendê-las.

O desenvolvimento interpessoal, entendido como as alterações evolutivas na

capacidade para estabelecer e manter interações sociais simultaneamente produtivas e

satisfatórias diante de diferentes interlocutores, situações e demandas, têm sido objeto de

uma área de investigação e aplicação de conhecimento psicológico denominada de

Habilidades Sociais (Del Prette & Del Prette, 1998).

8

O amplificado reconhecimento da dimensão social dos processos de

desenvolvimento e aprendizagem tem colocado em evidência o papel das interações

sociais e da comunicação na construção do conhecimento e da subjetividade. Assim, o

desenvolvimento interpessoal vem sendo alvo de pesquisas como as conduzidas por Del

Prette e Del Prette (1998), que procuram relacionar as dificuldades interpessoais de

crianças escolares com o surgimento de dificuldades de aprendizagem (DA). Essa

correlação entre dificuldades de aprendizagem e déficit de habilidades sociais vem

gerando uma crescente preocupação com o desenvolvimento emocional e as habilidades

de relacionamento interpessoal, enquanto objetivos pertinentes à educação escolar, tanto

no ensino regular como no especial.

Outro enfoque dado nas pesquisas de Del Prette e Del Prette (1997) dentro da área

de ensino, é a promoção de interações sociais educativas (como a comunicação) entre os

alunos, mediada pelo professor em sala de aula. Em seu artigo "Habilidades Sociais do

Professor em Sala de Aula: Um Estudo de Caso", Del Prette e Dell Prete (1998) cita uma

passagem em que Coll e Colomina (1996) assinalam a importância das interações entre os

alunos. Para eles, "as interações entre os iguais contribui para o rendimento escolar e

proporciona, ainda, a aprendizagem de habilidades sociais e comportamentos necessários

para a vida adulta".

Embora o enfoque das Habilidades Sociais venha permitindo alguns

encaminhamentos para a compreensão sobre os processos de comunicação e

desenvolvimento da criança no contexto educacional, esta área, em nosso país, permanece

carente de estudos.

Voltando à multidisciplinariedade da comunicação, a Antropologia, busca estudar

os papéis da comunicação dentro de uma determinada cultura. Essa modalidade,

denominada de comunicação cultural, estende-se, portanto, em todos os procedimentos

criados pelo ser humano no sentido de preservar seu pensamento, armazenando as

informações, com vistas à sua recuperação pelo grupo social, em qualquer tempo (Sáfady,

1979).

Argyle (1976, p.110) nos mostra que “a fala é importante na maior parte do

comportamento social humano e é ela que mais distingue nossas atividades sociais da dos

animais”. Contudo, num simples encontro social, “pistas” não-verbais desempenham um

papel essencial, junto à fala, na transmissão do conteúdo informativo. Durante esse

encontro, os participantes procuram desenvolver técnicas sociais a fim de alcançar os

9

objetivos visados na interação. Tais técnicas e pistas abrangem ampla escala de níveis de

comunicação, podendo variar desde tipos de contato corporal até gestos e linguagem,

todos transmitidos em níveis completamente diferentes. Entretanto, faz-se necessário

classificar essa ampla escala de técnicas sociais, nos seus diferentes tipos e graus de

complexidade, a fim de analisarmos o comportamento social como um todo.

Como foi dito anteriormente, a principal diferença que separa o ato de comunicação

do homem do de outros animais é o uso da linguagem falada. Nesse caso, é importante

tratar o comportamento verbal não como uma entidade abstrata, mas como uma das

principais formas de comportamento social (Argyle, 1976, p.137). Usa-se a fala para fazer

e responder perguntas, obter e transmitir informações de/para outrem, relatar fatos, dar

opiniões e influir no comportamento alheio. Enfim, usa-se a fala como meio de

sustentação do processo de interação social. Todavia, quando uma pessoa fala com a outra,

ela, inevitavelmente, emite sinais não-verbais de várias maneiras, com exceção, por

exemplo, nas interações mediadas pelo telefone ou pelo computador. No caso da fala,

podemos dizer que a sua duração, o seu tom emocional, os seus erros e distúrbios (a

repetição, a gagueira, o lapso verbal, entre outros...) e a sua pronúncia, podem ser

considerados aspectos não-verbais desse tipo de comunicação.

Outro conjunto de aspectos não-verbais importante dentro da comunicação está

presente na linguagem dos gestos e sinais. Ou seja, a comunicação não-verbal ocorre

também quando se utiliza recursos do próprio corpo, excluindo-se a vocalização. Podem

ser classificados como aspectos não-verbais da comunicação: contato físico, distância

entre as pessoas (proximidade, distanciamento e orientação), aparência física, expressões

faciais, movimentos corporais (gestos), movimento dos olhos (direção do olhar, tempo de

duração do olhar...), aspectos da fala, postura corporal, entre outros.

Feyereisen e de Lannoy (1991), em seu livro "Gesture and Speech: Psychological

Investigation", examinaram e reviram as três hipóteses mais importantes que dizem

respeito aos gestos e a fala. Primeira, gestos são identificados, juntamente com a fala,

como uma linguagem corporal e, a análise da comunicação vocal e gestual é feita através

de uma perspectiva etológica. Segunda, um sistema de "comunicação não-verbal" pode ser

assumido separado da linguagem e especializado na expressão de estados afetivos e

atitudes interpessoais. Terceira, apesar de serem duas entidades distintas, gestos e fala

atuam conjuntamente em grande parte do domínio da comunicação.

10

Del Prette & Del Prette (1999, p.66) supõem cinco tipos de função para a

comunicação não-verbal:

1. Substituição da Linguagem, principalmente nos casos em que os comportamentos

não-verbais são mais expressivos do que a fala;

2. Regulação da comunicação, indicando sobre quem deve falar;

3. Apoio à comunicação verbal, quando esta se torna insuficiente em estar expressando

totalmente os sentimentos das pessoas;

4. Complementação da Linguagem, quando esta se mostra insuficiente para traduzir

detalhes;

5. Contradição da Linguagem;

A comunicação não-verbal apresenta inúmeros propósitos, que variam de acordo

com a situação em que é utilizada. Uma das propostas da comunicação não-verbal é a de

permitir a comunicação de pessoas incapacitadas, temporariamente ou não, de ouvir e

falar, através da linguagem dos sinais ou ações corporais, com o uso de movimentos dos

braços e mãos. Outro propósito é o de ser usado como complemento da linguagem falada,

tanto podendo transmitir o estado emocional da pessoa que fala, como não (em alguns

casos, o comportamento não-verbal pode estar em contradição com a mensagem verbal).

Indivíduos que experimentam algum tipo de estado emocional como ansiedade, medo,

fúria, frustração ou afeição, transmitem estes estados como parte do comportamento não-

verbal junto da linguagem falada.

O comportamento não-verbal se caracteriza também por dar ênfase a certos

conteúdos da mensagem verbal, através de movimentos do corpo que ajudam a regular o

fluxo da comunicação entre quem fala e quem escuta. Tal fato se torna claro quando

observamos duas pessoas interagindo e, de alguma forma, parece que elas sabem quando é

a vez de uma falar e da outra escutar. Também inicia e sustenta a comunicação entre os

participantes, através do fornecimento de importantes fontes de feedback.

O comportamento não-verbal tem uma considerável influência nas pessoas por

definir relações, sem fazer com que elas explicitem isso. Um exemplo clássico pode ser

observado quando um indivíduo qualquer possui intenções de dominação perante outras

pessoas de seu grupo social. Esse indivíduo possivelmente procurará aumentar o tom de

sua fala, quando dirigida a essas pessoas, escolherá uma posição de destaque num

determinado ambiente em que o grupo se encontrar, interromperá sucessivamente a fala

das outras pessoas, entre outros comportamentos.

11

Finalmente, o comportamento não-verbal ajuda a definir padrões aceitáveis de

comportamentos de acordo com o ambiente social. Desde o mais simples ambiente até o

mais elaborado, todos requerem padrões aceitáveis de conduta. Hargie, Saunders e

Dickson (1994) em "Social skills in interpersonal communication", cita Goffman (1972),

quando diz que, "quando uma pessoa se desvia desses modelos comuns de comportamento

e dessa forma, desagrada o senso social, ela é, freqüentemente, chamada para oferecer uma

desculpa ou explicação do comportamento desviado".

Essas funções do comportamento não-verbal nem sempre ocorrem isoladamente. Na

maioria das vezes, são usadas como complemento, ilustração ou ênfase, recebendo um

caráter simultâneo a outros comportamentos.

Uma das principais teorias concebidas por especialistas na área de comunicação é a

que diz que o corpo involuntariamente se comunica. E essa comunicação pode ser dada

não só através da aparência física, mas também por intermédio do movimento e da posição

na interação direta e indireta com as demais pessoas.

Assim, comunicar-se envolve a ação de estar compartilhando modos de vida,

pensamentos, atitudes e comportamentos. As pessoas se comunicam não apenas por

“instinto gregário”, mas por ajuda, consenso, admiração, amor, poder entre outros.

Entender o outro e se fazer entender faz parte da sociabilidade humana. De acordo com

Del Prette e Del Prette (1999,p.17), “praticamente todas as teorias do desenvolvimento

abordam a questão da socialização e da importância das interações e relações sociais

enquanto fatores de saúde mental e de desenvolvimento”. O interesse pela evolução do

desempenho social é relativamente antigo na Psicologia.

De acordo com Argyle (1976, p.145), a interação social consiste inteiramente de

elementos verbais e não-verbais. É necessário, entretanto, considerar os agrupamentos de

elementos, que constituem unidades de ordem mais alta com um novo significado próprio.

Por exemplo, a “cordialidade”, que consiste numa combinação de expressão facial, direção

do olhar, postura, proximidade, orientação, tom de voz, e conteúdo da fala, todos mantidos

durante um certo período de tempo. Tal padrão de elementos é gerado por uma única

atitude interpessoal e, pode ser conscientemente controlado com um estilo unitário de

comportamento. Assim, o ouvinte pode não ter percepção dos elementos separados, mas

os integra e interpreta o padrão total como uma única unidade.

Como pôde ser visto no exemplo acima, as principais categorias que compõem o

comportamento não-verbal na comunicação humana podem ser descritas pelo contato

12

físico, pela proximidade, territorialidade e orientação (proxêmica), aparência física,

expressões faciais, gestos, contato visual, aspectos da fala (duração, tonalidade, erros e

pronúncia) e postura corporal.

Analisando as principais categorias incluídas na comunicação não-verbal, podemos

destacar:

a) Contato Físico

Por fazer parte da mais primitiva experiência social que passamos quando ainda

somos bebês, utilizamos as experiências tácteis com meio de comunicação com o ambiente

que nos cerca. Existem contatos simbólicos, como palmadinhas nas costas e os vários tipos

de apertos de mão. Existem grandes diferenças através das culturas, no que se refere ao

contato corporal. Excluindo-se a família e as relações íntimas, o contato corporal é,

geralmente, adstrito às mãos (Argyle, 1974). Geralmente significa intimidade e ocorre no

começo e no fim dos encontros.

b) Proximidade e Distanciamento

Constituem uma importante relação à intimidade e à dominação. Costumamos

equiparar proximidade física com sexo, de forma que, ao vermos duas pessoas muito

juntas, imaginamo-las conspirando ou namorando. Dessa forma, as distâncias menores são

adotadas para as conversas mais íntimas, enquanto que as distâncias maiores sinalizam o

contrário. O grau normal de proximidade varia de acordo com as culturas e cada espécie

de animal apresenta uma distância social característica (Hall, 1997). A proximidade varia

segundo o cenário social. Por exemplo, os primeiros banhistas que chegam à uma praia

procuram se localizarem distanciados uns dos outros; quando o local se torna denso, as

pessoas vão permanecendo mais próximas umas das outras. Há, provavelmente, regras

culturais implícitas que decidem, por exemplo, a distância entre duas pessoas quando

envolvidas num encontro social. O limite mais baixo de proximidade se iguala ao contato

físico, enquanto o limite mais alto é estabelecido por fatores de visibilidade e audibilidade

(Hall, 1997).

c) Orientação

Em geral, pode-se dizer que as relações entre as pessoas são refletidas pelas formas

como elas se posicionam e se orientam (Argyle, 1976). Cada um exprime a sua posição no

grupo por intermédio do lugar que ocupa. A orientação assinala atitudes interpessoais,

podendo ser de competição, negociação, conversação ou cooperação.

13

d) Gestos e Nutos1

Segundo Argyle (1974, p.53), “os gestos são movimentos das mãos, dos pés ou

outras partes do corpo. Alguns destinam-se a comunicar mensagens definidas, outros são

insinuações sociais involuntárias que podem ser ou não interpretadas corretamente pelas

outras pessoas”.

Os movimentos das mãos podem, freqüentemente, demonstrar estados emocionais.

Os acenos de cabeça desempenham um papel importante na interação verbal: um aceno de

cabeça dá a outra pessoa permissão para continuar falando e pode atuar como reforço de

algum comportamento durante a interação (Argyle, 1976).

e) Expressões Faciais

Desempenham importantes papéis na interação social humana, podendo transmitir o

estado emocional da pessoa (surpresa, medo, ira, aversão, desprezo, felicidade...),

indicando atitudes em relação aos outros e, também, propiciando feedback relativo ao que

alguém esteja falando. É o principal segundo canal usado ao mesmo tempo que a fala,

podendo agir como uma metacomunicação, modificando ou criticando o que está sendo

dito ou feito no momento da interação.

A expressão emocional é inata em antropóides e macacos, que têm cerca de 13

expressões faciais (Lee, Matsumoto, Kobayashi, Krupp, Maniatis & Roberts, 1992).

Parece provável que as expressões faciais foram selecionadas como um meio de

comunicação. No homem, algumas emoções são expressas de maneira idêntica em todas

as culturas, podendo ser reconhecidas em membros de outros grupos culturais, como

demonstram diversos estudos que empregam fotografias imóveis de atores (Argyle, 1976,

p.122).

f) Movimento dos Olhos

Destaca-se como um dos principais aspectos dentro da comunicação não-verbal.

Quando se opera o contato visual entre duas pessoas, pode-se dizer que está ocorrendo um

aumento de intensidade das emoções interpessoais e do fluxo de interação.

Uma das funções dos movimentos dos olhos está no controle de canal, junto com os

acenos de cabeça eles são, nesse caso, a principal forma de fazer sinais (Argyle, 1976).

g) Aparência Física

Uma das principais maneiras pelas quais uma pessoa influencia outra é por meio da

aparência física.

1 Nutos: movimentos ou acenos com cabeça quando se consente algo;

14

Caracteriza-se por formar parte da auto-representação da pessoa. Através de seus

componentes (as roupas, o físico, o rosto, o cabelo e as mãos) torna-se uma das principais

formas de influência e manipulação em diferentes cenários sociais. Pode indicar o status

social de uma pessoa, como também o seu estado emocional.

Argyle (1976) supõe que os determinantes na manipulação voluntária da aparência

física são, em geral, as normas sociais sob a forma de usos culturais. Ou seja, as pessoas

indicam por sua aparência o grupo social a que pertencem e a aparência das mulheres

jovens é dominada pela consideração da atração sexual.

h) Aspectos Não-Verbais da Fala

Grande parte da comunicação envolvida na fala ocorre num nível não-verbal. Os

aspectos não-verbais da fala estão mais preocupados em mostrar como a fala é dita (sua

duração, seu tom emocional, seus erros e sua pronúncia) do que o que foi dito.

i) Postura Corporal

A postura corporal tem sido considerada como um elemento de grande relevância no

processo de comunicação. Pesquisas nessa área vêm desenvolvendo uma análise do papel

da postura, na tentativa de compreender os mecanismos da comunicação humana nas

interações sociais.

Em "The Dreambody in Relationships", Arnold Mindell (1987) descreve uma

relação íntima entre posturas corporais e os sonhos. Para ele, as posturas são reflexos dos

sonhos que podem ser usadas para explicar a natureza dos problemas de comunicação.

Os seres humanos são extremamente imitativos e sensíveis aos sinais corporais

alheios. As atitudes corporais de uma pessoa ressoam em outra com uma freqüência

espantosa. Em seu livro “A Comunicação Não-Verbal”, Flora Davis (1979) relata as

contribuições de Albert Scheflen para a explicação do fenômeno de ressonância na

comunicação. Para Scheflen, quando duas pessoas são amigas, em geral sentam-se

exatamente do mesmo jeito, cruzando a perna direita em cima da esquerda, por exemplo, e

as mãos entrelaçadas atrás da cabeça. Assim, quando duas pessoas estão em sintonia, há

uma tendência de se compartilhar a postura entre elas. Esse fenômeno foi identificado

como congruência postural.

A congruência pode estar relacionada com o status que a pessoa ocupa no seu meio

social. As pessoas de nível relativamente semelhante quase sempre assumem posturas

similares. Por exemplo: pessoas que apresentam alto status freqüentemente adotam

15

posturas mais relaxadas, enquanto, pessoas que apresentam baixo status freqüentemente

adotam posturas mais rígidas, formais.

Da mesma forma que a congruência expressa acordo, o contrário pode ser entendido

como distanciamento psicológico. Isso pode ocorrer com a imposição de barreiras para se

estabelecer limites. Nesse caso, ocorre a mudança da postura.

Hatfield, Cacioppo e Rapson (1994) citam em seu livro "Emotional Contagion" a

tendência automática que as pessoas têm em sincronizar e imitar expressões faciais,

posturas corporais, gestos e vocalizações de outras pessoas durante as interações. Essa

tendência se mostra intencional, incontrolável e inacessível à própria consciência.

Argumentam que, essa sincronia corporal nos permite observar os sentimentos de uma

pessoa, momento-a-momento, mesmo que ela não tenha a intenção de mostrá-los.

Mudar a postura também pode significar que a linguagem falada também mudou.

Albert Scheflen (conforme Davis, 1979) descobriu que, numa conversa, o indivíduo mexe

a cabeça e os olhos a cada grupo de sentenças, normalmente quando acaba de expor um

assunto e, quando uma grande mudança no assunto ocorre, há também um grande

movimento do corpo.

A postura tem sido entendida não apenas como um índice de caráter, mas uma

expressão em termos de atitudes do homem e de seus sentimentos em relação àqueles que

o cercam (Davis, 1979, p.102).

A postura corporal pode ser classificada em quatro principais tipos: em pé, sentado,

de cócoras e deitado. Cada um desses tipos pode ser subclassificado de acordo com a

maneira de execução, ou seja, quão relaxadas estão diferentes partes do corpo, se os braços

ou pernas estão cruzados etc. O que decide qual postura uma pessoa adotará são as

convenções culturais que governam uma situação, e os seus objetivos particulares.

De acordo com Argyle (1974, p.51), “há posturas claramente “superiores” (ou

dominadoras) e “inferiores” (ou submissas). O desejo ou intenção de dominar pode ser

sinalizado pela postura ereta, a cabeça inclinada para trás e as mãos nos quadris, por

exemplo. Também existem posturas amistosas e “hostis”.

Mediante a posição geral do corpo, pode uma pessoa revelar seu estado emotivo ou

mesmo o seu passado. A própria conformação de seus ombros pode ser indicativa de

cargas sofridas, de fúria contida ou de timidez pessoal (Davis, 1979).

16

Segundo Davis (1979, p. 102), há posturas consideradas convenientes e

inconvenientes para muitas situações sociais em nossa cultura. E de maneira bem

deliberada, pode-se transmitir uma mensagem adotando-se uma postura inadequada.

Através da postura, uma pessoa pode perceber seu status em relação aos outros e

refletir seu estado emocional. A postura pode ser vista como um aspecto da personalidade,

já que os indivíduos têm seus estilos característicos de movimento expressivo. Atitudes

positivas e negativas, assim como de persuasão podem ser expressas através da postura.

Por mais que existam inúmeras posturas conhecidas e classificadas, não é comum

uma cultura adotá-las em sua maioria. Cada cultura procura selecionar apenas um

determinado número de posturas, principalmente aquelas que melhor expressam seus

costumes. Isso implica em dizer que, embora uma postura seja considerada aceitável em

uma cultura, essa mesma postura pode ser vista como inconcebível numa outra cultura.

Por exemplo, a postura de cócoras é uma prática comum em várias partes do Oriente, em

particular no mundo árabe. Tal postura quase não é adotada na Europa. No Brasil ela

aparece com mais freqüência no norte, nordeste e interior do país, sendo dificilmente

observada no sul e sudeste (Del Prette & Del Prette, 1999).

A postura corporal, dentre os elementos do comportamento não-verbal, se

caracteriza por ser um elemento de grande facilidade de observação e interpretação.

Primeiro porque os movimentos corporais, tidos como mais ou menos arbitrários, são tão

previsíveis e, às vezes, reveladores. Segundo porque todo o corpo responde continuamente

ao desenvolvimento de qualquer contato humano.

Atentemos para um estudo realizado com estudantes universitários. Neste trabalho,

Grammer (1990) tentou verificar se sinais metacomunicativos, como a postura e o riso,

pudessem exercer alguma influência na sinalização de interesse em encontros com o sexo

oposto. Verificou-se que, em ambos os sexos, a falta de interesse foi comunicada através

de posturas "fechadas". Nota-se que, mais uma vez, a postura serviu como um auxiliar na

comunicação, neste caso, sinalizando atitudes de desinteresse.

Não é de agora que a postura vem sendo abordada em pesquisas na área de

comunicação não-verbal. Alguns estudos a têm tratado mais como um agente auxiliador na

comunicação, do que como um agente isolado. Contudo, dois estudos em especial, me

chamaram a atenção pelo enfoque diferencial dado para a postura.

O primeiro deles, se caracteriza por ser um estudo transcultural, realizado por Hall,

Chia e Wang (1996), com estudantes chineses e americanos. Este trabalho aponta para

17

diferenças significativas entre os dois grupos de estudantes, quando se focaliza o uso da

comunicação não-verbal, principalmente com as posturas e os gestos.

O segundo estudo, de uma grande importância para o presente trabalho, realizado

por Michael Argyle (1974). Argyle procurou focalizar sua atenção, mais especificamente,

na percepção que os ingleses tinham das posturas humanas. Para isso, ele mostrou quatro

figuras, cada uma com uma postura humana diferente. Com isso, ele pôde obter uma lista,

formada pelas diferentes impressões dos sujeitos, para cada figura.

A partir do momento que um indivíduo apresenta uma autoconsciência de sua

postura, esse pode ser um primeiro passo em direção a um maior conhecimento de si

mesmo. Para que isso aconteça é preciso ir mais a fundo na questão da análise da postura

humana.

Para que essa análise seja feita, é imprescindível que se saiba quem foi o observado,

quem observou e em que contextos ambos se encontravam. Como pôde ser mostrado nos

diversos exemplos ao longo do trabalho, vários fatores poderiam estar influenciando a

análise da postura, como por exemplo, o sexo da pessoa e a cultura na qual ela se encontra.

Considerando a relevância científica de se estar estudando a influência da postura

corporal dentro do processo de comunicação, uma vez que existem poucos estudos

focalizando o papel da percepção e sua transculturalidade, o presente estudo compromete-

se a investigar parte dessa influência, tomando-se como referência algumas das posturas

com relativo caráter generalista, retiradas do trabalho desenvolvido por Argyle (1974)

supra citado. Tais posturas podem ser vistas nos anexos que se seguem, denominadas

como: Figura A, Figura B, Figura C e Figura D.

A investigação planejada objetiva:

1) Verificar a percepção social de uma amostra de universitários sobre cada uma das

posturas;

2) Comparar os dados gerais obtidos na amostra brasileira, com os dados de pesquisa,

coletados no trabalho desenvolvido por Argyle (1974) com uma amostra inglesa;

3) Verificar a possível influência de fatores demográficos dos respondentes, tais como

idade, gênero e ocupação, nas percepções das posturas.

18

MÉTODO

Características da Amostra

Participaram como respondentes de nossa pesquisa, 110 universitários graduandos

de uma universidade pública do Estado de São Paulo. É importante ressaltar que toda e

qualquer participação na pesquisa foi consentida tanto pelos professores como pelos

universitários. As características gerais da amostra podem ser observadas na tabela que se

segue.

TABELA 1

19

AMOSTRA GRUPO OU FIGURA

MASCULINO FEMININO INDEFINIDO

SEXO 36 35 39

M (54) 49% 20 (55.6%) 18 (51.4%) 16 (41.0%)

F (56) 51% 16 (44.4%) 17 (48.6%) 23 (59.0%)

ÁREA DO

CURSO

Exatas (66) 60% 26 (72.2%) 29 (82.9%) 11 (28.2%)

Biológicas (36)

33%

02 (5.6%) 06 (17.1%) 28 (71.3%)

Humanas (08) 7% 08 (22.2%) - -

IDADE (ANOS)

Mínima (19) 19 19 19

Máxima (29) 29 25 28

Média (21.4) 22.0 20.8 22.4

110

D.P. (2.2) 2.7 1.7 1.9

A opção de se ter trabalhado com áreas distintas, como também sexos opostos, tem

sua justificativa no fato de que um dos objetivos primordiais da pesquisa foi o de verificar

as diferentes percepções desses participantes. Dados fidedignos só poderiam ter sido

conseguidos graças à heterogeneidade e ao número de respondentes no estudo.

Material e Instrumento

Foram utilizados cartazes do tamanho 96cm x 66cm que foram mostrados aos

respondentes durante a fase de coleta de dados. Esses cartazes continham quatro figuras

principais (Figura A, Figura B, Figura C e Figura D), onde estavam esquematizadas as

posturas que foram avaliadas no estudo.

� Figura A: indivíduo com os braços cruzados e a cabeça levemente inclinada para

cima.

� Figura B: indivíduo com pernas levemente cruzadas, com um braço apoiado na

parede e o outro na cintura.

20

� Figura C: indivíduo com a cabeça encolhida entre os ombros, com os dois braços

curvados para cima.

� Figura D: indivíduo com a cabeça inclinada para baixo, ombros rebaixados e

braços cruzados na altura da cintura.

As figuras eram providas de gênero: gravatinha, simbolizando o sexo masculino,

lacinho, simbolizando o sexo feminino e a ausência desses adornos indicando gênero

indefinido. Ao total, havia doze figuras que, distribuídas uniformemente, formavam três

grupos: Masculino (Anexo 1), Feminino (Anexo 2) e Indefinido (Anexo 3). Ou seja,

Figura A, Figura B, Figura C e Figura D para o grupo Masculino, Figura A, Figura B,

Figura C e Figura D para o grupo Feminino e Figur A, Figura B, Figura C e Figura D para

o grupo Indefinido.

Cinco folhas de respostas (Anexo 4) foram utilizadas como instrumento de coleta de

dados (uma folha de apresentação da pesquisa e coleta de dados pessoais do sujeito, uma

folha de resposta para a Figura A, uma para a Figura B, uma para a Figura C e uma para a

Figura D). Cada folha de resposta continha uma tabela, tipo Escala de Likert2 contendo

uma lista de pares de adjetivos opostos (sinônimos e antônimos). Para cada par de

adjetivos se deveria marcar o grau de concordância entre os adjetivos apresentados e a

percepção (julgamento) de cada respondente.

Para isso havia uma escala graduada entre os pares que ia de: Máximo (5), Bastante

(4), Regular (3), Pouco (2), Mínimo (1), Mínimo (-1), Pouco (-2), Regular (-3), Bastante (-

4) e Máximo (-5). Por exemplo, no caso da Figura A, os pares de adjetivos opostos na lista

se apresentavam da seguinte maneira: “Orgulhoso – Humilde”, “Compenetrado –

Desligado”, “Desconfiado – Crédulo”, “Fechado – Acessível” e “Inquieto – Quieto”. A

tabela era igual para todas as figuras, variando apenas os componentes adjetivos

(bipolares).

Como foi dito, a primeira folha de resposta continha uma breve apresentação do

propósito da pesquisa, onde era pedido para que os participantes preenchessem algumas

informações pessoais, como idade, sexo, curso e ocupação.

Este instrumento foi construído e aperfeiçoado a partir de um estudo piloto realizado

com 29 estudantes universitários da área de Biológicas de uma universidade particular do

Estado de São Paulo.

2 Ver em: Rodrigues, Assmar & Jablonsky (2000).

21

Procedimento de Coleta de Dados

Como o propósito do estudo foi o de investigar as diferenças perceptivas de cada

respondente sobre as posturas corporais, a coleta de dados foi dividida em seis etapas.

Na primeira etapa foram coletados dados de 28 graduandos (20 mulheres e 8

homens) do curso de Biologia, na qual foram mostradas as figuras do grupo Indefinido.

Na segunda etapa foram coletados dados de 24 graduandos (11 mulheres e 13

homens) de diversas áreas, como: Psicologia, Engenharia Química, Engenharia de

Produção Agroindustrial, Física, Biologia, Engenharia Civil, Pedagogia, Matemática,

Engenharia de Materiais, Engenharia Física e Ciências Sociais, na qual foram mostradas

as figuras do grupo Masculino.

Na terceira etapa foram coletados dados com 29 graduandos (14 mulheres e 15

homens) dos cursos de Matemática, Estatística e Engenharia Química, na qual foram

mostradas as figuras do grupo Feminino.

Na quarta etapa foram coletados dados de 11 graduandos (3 mulheres e 8 homens)

do curso de Física, na qual foram mostradas as figuras do grupo Indefinido.

Na quinta etapa foram coletados dados de 12 graduandos (5 mulheres e 7 homens)

dos cursos de Engenharia Civil, Física e Engenharia da Computação, na qual foram

mostradas as figuras do grupo Masculino.

E por fim, na sexta etapa foram coletados dados de 6 graduandos (3 mulheres e 3

homens) do curso de Educação Física, na qual foram mostradas as figuras do grupo

Feminino.

Com isso, foi possível avaliar as percepções que os universitários apresentavam

para com a figura representativa do mesmo sexo, para com a figura do sexo oposto e para

com a figura de sexo indefinido.

Em todas as etapas os respondentes se reuniram em salas de aula, com carteiras

suficientes para todos. Folhas de respostas eram distribuídas para cada um e era dada uma

explicação a respeito do procedimento da coleta dos dados.

A pessoa deveria percorrer por todos os pares da lista, sempre escolhendo um dos

adjetivos de cada par. Quando a primeira figura (Figura A) era colada numa parede, era

dado um tempo de 5 (cinco) minutos para que cada participante pudesse indicar na tabela

o quanto a sua impressão se aproximava de um ou outro adjetivo oposto em cada par. Por

exemplo, no caso da Figura A, se a pessoa escolhesse “Orgulhoso” deveria assinalar um

grau de concordância para o seu julgamento (máximo, bastante, regular, pouco e mínimo),

22

o que descartaria automaticamente a possibilidade de se assinalar o seu oposto, que é

“Humilde”. No intervalo entre uma figura e outra eram recolhidas as folhas de respostas

da figura anterior (que também era retirada da parede e colada a próxima figura no lugar

desta) e distribuídas as folhas de respostas da nova figura.

Terminado o tempo de exposição da última figura, eram recolhidas as folhas de

respostas, dispensando, assim, os sujeitos e agradecendo-lhes a colaboração.

Tratamento dos Dados

Primeiramente foi criada uma Tabela de Códigos, na tentativa de converter os

dados obtidos nas folhas de respostas, por números que facilitassem a avaliação estatística

dos mesmos. Na Tabela de Códigos que se segue, as variações de Sexo, Área e Figura

foram classificadas com números que iam de 1 à 3. Já para os pares adjetivos de cada

figura, foram criadas denominações que continham a primeira letra correspondente da

figura e números que variavam de 1 à 5. Dessa forma, A1 designava o par de adjetivo

Orgulhoso – Humilde, B4 correspondia ao par de adjetivo Tranqüilo – Perturbado, C5 ao

par Desleixado – Aplicado, D3 ao par Meigo – Rude e assim por diante.

TABELA 2: TABELA DE CÓDIGOS

MASCULINO = 1 SEXO

FEMININO = 2

EXATAS = 1

BIOLÓGICAS = 2 ÁREA

HUMANAS = 3

MASCULINA = 1

FEMININA = 2 FIGURA

INDEFINIDA = 3

A – A1, A2, A3, A4, A5

B – B1, B2, B3, B4, B5

ADJETIVOS

C – C1, C2, C3, C4, C5

23

D – D1, D2, D3, D4, D5

Com as respostas codificadas em números reais inteiros foi mais fácil trabalhá-las

estatisticamente através dos métodos Mann-Whitney e Kruskal-Wallis. O primeiro método

foi usado para se calcular a significância estatística das diferenças de avaliação entre

mulheres e homens e a diferença de avaliação dos adjetivos, por efeito das figuras

distintas. Já o segundo método foi usado com o objetivo de se calcular a significância

estatística das diferenças de avaliação entre as áreas.

DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS

Da Tabela 1, pode se observar que a idade dos indivíduos que avaliaram as figuras

femininas apresentou média e desvio padrão (D.P.) menores do que nos indivíduos que

avaliaram as figuras masculinas e indefinidas.

Da Avaliação das Figuras Independentemente de Sexo e Área:

Dos 20 pares de adjetivos, pode se observar que, na grande maioria, o grau que obteve o

maior percentual de apontamentos foi “Bastante”. Por outro lado, exceto para a escala do par de

adjetivos C4 (Conformado- Inconformado), os graus positivos tiveram sempre percentuais

maiores de apontamentos do que os graus negativos.

Todavia, é possível concluir que, na população de indivíduos com características

similares às dos participantes do experimento, exceto para o par de adjetivos C4, os graus

positivos das escalas apresentam percentuais de apontamentos significativamente maiores do

que os graus negativos (Ver Tabelas 3 à 22).

24

TABELA 3: Percentuais dos Graus da Escala Humilde - Orgulhoso (A1)

Percentuais dos Graus da

Escala Humilde-Orgulhoso

Humilde: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Orgulhoso: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-1-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

19

55

15

5

TABELA 4: Percentuais dos Graus da Escala Desligado-Compenetrado (A2)

Percentuais dos Graus da

Escala Desligado-Compenetrado

Desligado: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Compenetrado: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-1-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

1822

115

1315

9

TABELA 5: Percentuais dos Graus da Escala Crédulo – Desconfiado (A3)

25

Percentuais dos Graus da

Escala Crédulo-Desconfiado

Crédulo: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Desconfiado: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-1-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

3130

87556

TABELA 6: Percentuais dos Graus da Escala Acessível – Fechado (A4)

Percentuais dos Graus da

Escala Acessível-Fechado.

Acessível: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Fechado: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-1-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

16

33

1511

59

5

TABELA 7: Percentuais dos Graus da Escala Quieto - Inquieto (A5)

26

Percentuais dos Graus da

Escala Quieto-Inquieto.

Quieto: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Inquieto: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

08

26

1314

5

1215

TABELA 8: Percentuais dos Graus da Escala Atento - Displicente (B1)

Percentuais dos Graus da

Escala Atento-Displicente.

Atento: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Displicente: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

11

39

17

65565

27

TABELA 9: Percentuais dos Graus da Escala Intolerante – Tolerante (B2)

Percentuais dos Graus da

Escala Intolerante-Tolerante.

Intolerante: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Tolerante: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-1-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

2521

107

1115

TABELA 10: Percentuais dos Graus da Escala Descansado – Cansado (B3)

Percentuais dos Graus da

Escala Descansado-Cansado

Descansado: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Cansado: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

201924

7

24

TABELA 11: Percentuais dos Graus da Escala Perturbado – Tranqüilo (B4)

28

Percentuais dos Graus da

Escala Perturbado-Tranquilo.

Perturbado: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Tranquilo: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-1-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

25

45

855

TABELA 12: Percentuais dos Graus da Escala Insatisfeito – Satisfeito Consigo Mesmo (B5)

Percentuais dos Graus da Escala

Insatisfeito-Satisfeito Consigo Mesmo.

Insatisfeito: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Satisfeito: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-1-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

16

31

25

575

TABELA 13: Percentuais dos Graus da Escala Decidido – Indeciso (C1)

29

Percentuais dos Graus

da Escala Decidido-Indeciso

Decidido: -5:Máximo; -4:Bastante; -3: Regular; -2: Pouco; -1: Mínimo

Indeciso: 5:Máximo; 4:Bastante; 3: Regular; 2: Pouco; 1: Mínimo

54321-1-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

51

36

11

TABELA 14: Percentuais dos Graus da Escala Calmo – Agitado (C2)

Percentuais dos Graus

da Escala Calmo-Agitado

Calmo: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2: Pouco; -1:Mínimo

Agitado: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2: Pouco; 1:Mínimo

54321-1-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

011

30

1511

7510

13

5

TABELA 15: Percentuais dos Graus da Escala Convicto – Duvidoso (C3)

30

Percentuais dos Graus

da Escala Convicto-Duvidoso.

Convicto: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Duvidoso: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

34

46

13

6

TABELA 16: Percentuais dos Graus da Escala Inconformado - Conformado (C4)

Percentuais dos Graus

da Escala Inconformado-Conformado.

Incorfomado: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Conformado: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-1-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

08

1613

811

31

17

TABELA 17: Percentuais dos Graus da Escala Aplicado –Desleixado(C5)

31

Percentuais dos Graus

da Escala Aplicado-Desleixado.

Aplicado: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Desleixado: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-1-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0 6

1821

1317

68975

TABELA 18: Percentuais dos Graus da Escala Desinibido – Inibido (D1)

Percentuais dos Graus

da Escala Desinibido-Inibido.

Desinibido: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Inibido: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

5432-1-2-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

53

44

5

TABELA 19: Percentuais dos Graus da Escala Alegre – Triste (D2)

32

Percentuais dos Graus

da Escala Alegre-Triste.

Alegre: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Triste: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-1-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

182425

1085665

TABELA 20: Percentuais dos Graus da Escala Rude – Meigo (D3)

Percentuais dos Graus

da Escala Rude-Meigo.

Rude: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Meigo: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-4

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

24

50

27

6

33

TABELA 21: Percentuais dos Graus da Escala Desavergonhado - Envergonhado (D4)

Percentuais dos Graus da Escala

Desavergonhado-Envergonhado.

Desavergonhado: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Envergonhado: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

5432-4

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

51

44

12

TABELA 22: Percentuais dos Graus da Escala Seguro – Inseguro (D5)

Percentuais dos Graus

da Escala Seguro-Inseguro.

Seguro: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Inseguro: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-1-2-3

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

29

36

15

811

5

Da Avaliação das Figuras Segundo o Sexo dos Indivíduos:

Dos pares de adjetivos A1 à A5, B1 à B5 e C1 à C5, independentemente de se o grupo é

Masculino, Feminino ou Indefinido, é possível concluir que na população de indivíduos com

34

características similares às dos participantes do experimento, não há diferenças de avaliação /

percepção estatisticamente significativas entre mulheres e homens.

Para os pares de adjetivos D3 (Meigo – Rude), D4 (Envergonhado – Desavergonhado) e

D5 (Inseguro – Seguro), seja o grupo Masculino, Feminino ou Indefinido, é possível concluir

que na população de indivíduos com características similares às dos participantes do

experimento, há diferenças de avaliação / percepção entre mulheres e homens (-p 0.031, 0.053

e 0.036, respectivamente).

Do par de adjetivos D1 (Inibido – Desinibido), pode-se assumir que há diferenças de

avaliação entre os grupos de mulheres e homens (-p é 0.100).

Para D2 (Triste – Alegre) não há diferenças estatisticamente significativas de avaliação

entre mulheres e homens.

TABELA 23: Percentuais dos Graus da Escala Desinibido-Inibido Segundo Sexo (D1)

Percentuais dos Graus da Escala

Desinibido-Inibido segundo Sexo.

Desinibido: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Inibido: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

5432-1-2-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

SEXO

Masc

Femin

33

1520

29

35

TABELA 24: Percentuais dos Graus da Escala Rude - Meigo Segundo Sexo (D3)

Percentuais dos Graus da Escala

Rude-Meigo segundo Sexo.

Rude: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Meigo: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-4

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

SEXO

Masc

Femin7

27

17 17

23

10

TABELA 25: Percentuais dos Graus da Escala Desavergonhado - Envergonhado

Segundo Sexo (D4)

Percentuais dos Graus da Escala

Desavergonhado-Envergonhado segundo Sexo.

Desavergonhado: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Envergonhado: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

5432-4

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

SEXO

Masc

Femin

31

19

6

2025

6

36

TABELA 26: Percentuais dos Graus da Escala Seguro - Inseguro Segundo Sexo (D5)

Percentuais dos Graus da Escala

Seguro-Inseguro segundo Sexo.

Seguro: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Inseguro: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-1-2-3

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

SEXO

Masc

Femin

16

24

71312

877

Da Avaliação das Figuras Segundo a Área do Curso dos Indivíduos:

Quanto aos pares de adjetivos A1 (Orgulhoso – Humilde), A3 (Desconfiado – Crédulo)

e A5 (Inquieto – Quieto), sejam no grupo Masculino, Feminino ou Indefinido, é possível

concluir que na população de indivíduos com características similares às dos participantes do

experimento, não há diferenças de avaliação estatisticamente significativas entre as áreas dos

cursos. Para A2 (Compenetrado – Desligado), pode-se considerar que há diferenças de

avaliação entre as áreas dos cursos (-p de 0.101). Para o par A4 (Fechado – Acessível), as

diferenças de avaliação entre as áreas dos cursos são estatisticamente significativas (-p é 0.030).

Para os pares de adjetivos B1 (Displicente – Atento), B4 (Tranqüilo – Perturbado) e B5

(Satisfeito Consigo Mesmo – Insatisfeito Consigo Mesmo), sejam no grupo Masculino,

Feminino ou Indefinido, é possível concluir que na população de indivíduos com características

similares às dos participantes do experimento, não há diferenças de avaliação estatisticamente

significativas entre as áreas dos cursos. Para o par de adjetivos B3 (Cansado – Descansado), há

diferenças de avaliação entre as áreas dos cursos (p de 0.085). Para o par de adjetivos B2

(Tolerante – Intolerante), há diferenças de avaliação estatisticamente significativas entre as

áreas dos cursos (-p é 0.051).

Quanto aos pares de adjetivos C1 (Indeciso – Decidido), C3 (Duvidoso – Convicto), C4

(Conformado – Inconformado) e C5 (Desleixado – Aplicado), sejam no grupo Masculino,

37

Feminino ou Indefinido, é possível concluir que, na população de indivíduos com

características similares às dos participantes do experimento, não há diferenças de avaliação

estatisticamente significativas entre as áreas dos cursos. Para o par de adjetivos C2 (Agitado –

Calmo), há diferenças de avaliação estatisticamente significativas entre as áreas dos cursos (-p

é 0.047).

Para os pares de adjetivos D1 à D5, sejam no grupo Masculino, Feminino ou Indefinido,

é possível concluir que na população de indivíduos com características similares às dos

participantes do experimento, não há diferenças de avaliação estatisticamente significativas

entre as áreas dos cursos.

TABELA 27: Percentuais dos Graus da Escala Desligado - Compenetrado Segundo a Área (A2)

Percentuais dos Graus da Escala

Desligado-Compenetrado segundo Área

Desligado: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Compenetrado: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-1-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

ÁREA

Exatas

Biológicas

Humanas

TABELA 28: Percentuais dos Graus da Escala Acessível - Fechado Segundo a Área (A4)

38

Percentuais dos Graus da Escala

Acessível-Fechado segundo Área

Acessível: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Fechado: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-1-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

ÁREA

1

2

3

TABELA 29: Percentuais dos Graus da Escala Intolerante – Tolerante Segundo a Área (B2)

Percentuais dos Graus da Escala

Intolerante-Tolerante segundo Área

Intolerante: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Tolerante: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-1-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

ÁREA

Exatas

Biológicas

Humanas

TABELA 30: Percentuais dos Graus da Escala Descansado - Cansado Segundo a Área (B3)

39

Percentuais dos Graus da Escala

Descansado-Cansado segundo Área

Descansado: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Cansado: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

ÁREA

Exatas

Biológicas

Humanas

TABELA 31: Percentuais dos Graus da Escala Calmo - Agitado Segundo a Área (C2)

Percentuais dos Graus da Escala

Calmo-Agitado segundo Área

Calmo: -5:Máximo; -4:Bastante; -3:Regular; -2:Pouco; -1:Mínimo

Agitado: 5:Máximo; 4:Bastante; 3:Regular; 2:Pouco; 1:Mínimo

54321-1-2-3-4-5

Per

cent

ual

70

60

50

40

30

20

10

0

ÁREA

Exatas

Biológicas

Humanas

Análise do Efeito do Grupo sobre a Avaliação dos Adjetivos:

Os pares de adjetivos B4 (Tranqüilo – Perturbado) e D4 (Envergonhado –

Desavergonhado) apresentam diferenças significativas quanto ao grupo (-p de 0.081 e 0.033).

Isto é, os pares de adjetivos B4 e D4 não apresentam a mesma distribuição de freqüências de

apontamentos nos três grupos (Masculino, Feminino e Indefinido). As diferenças sobre o par de

adjetivos D1 (Inibido – Desinibido) entre os grupos são significativas (-p de 0.100).

40

As diferenças em B4 (Tranqüilo – Perturbado) correspondem especificamente às

diferenças entre os grupos Feminino e Masculino (-p de 0.049), e entre os grupos Feminino e

Indefinido (-p de= 0.065).

As diferenças em D4 (Envergonhado – Desavergonhado) correspondem especificamente

às diferenças entre os grupos Feminino e Indefinido (-p de 0.013).

As diferenças em D1 (Inibido – Desinibido) correspondem especificamente às

diferenças entre os grupos Feminino e Masculino (-p de 0.061), e entre os grupos Feminino e

Indefinido (-p 0.061).

Podemos observar que nos pares de adjetivos que apresentaram diferenças, as diferenças

ocorreram entre os grupos Masculino e Feminino ou entre os grupos Feminino e Indefinido.

CONCLUSÃO

O presente trabalho, a partir de um processo investigativo da literatura da área da

comunicação não-verbal e de uma metodologia científica, foi a campo na tentativa de se

buscar a relação da percepção da postura corporal no processo de comunicação com

possíveis variáveis que poderiam estar influenciando na avaliação das pessoas na

percepção de quatro posturas humanas, pré-definidas para o estudo. Tais variáveis

observadas numa população de universitários de uma universidade pública do estado de

São Paulo foram: sexo, idade e área acadêmica.

A partir da análise estatística dos dados e da descrição dos resultados, podemos

concluir que:

� Da avaliação das posturas independentemente de sexo e área, as pessoas tenderam

a emitir respostas similares e de graus positivos da escala para os pares de

adjetivos;

� Da avaliação das posturas segundo o sexo dos respondentes, salvo exceções, não

ocorreram diferenças de avaliação da percepção nas figuras apresentadas;

� Da avaliação das posturas segundo a área do curso dos respondentes, grande parte

das avaliações não apresentaram diferenças estatisticamente significativas;

� Da análise do efeito do grupo (gênero das figuras) sobre a avaliação dos pares de

adjetivos, podemos dizer que as diferenças apontadas nas avaliações ocorreram

entre os grupos Masculino e Feminino ou entre os grupos Feminino e Indefinido,

mas nunca entre os grupos Masculino e Indefinido;

41

A amostra representativa participante do estudo revelou que tanto homens, quanto

mulheres, independentemente de idade e área acadêmica, possuem percepções

relativamente similares quando focadas nas posturas humanas. Na maioria das avaliações

realizadas, não ocorreram diferenças estatisticamente significativas, concluindo que jovens

brasileiros, de ambos os sexos, apresentando o mesmo grau de escolaridade (3º Grau)

tendem a perceber as posturas humanas, durante o processo de comunicação, de um modo

muito singular, atribuindo-lhes significados semelhantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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42

� Epstein, I. (1993). Gramática do Poder. São Paulo: Editora Ática. � Feyereisen, P. & de Lannoy, J. D. (1991). Gestures and Speech: Psychological investigations. New York: Cambridge University Press. � Grammer, K. (1990). Strangers meet: Laughter and nonverbal signs of interest in opposite-sex encounters. Journal of Nonverbal Behavior, 14, 209-236. � Hall, C. W., Chia, R. & Wang, D. F. (1996). Nonverbal communication among American and Chinese students. Psychological Reports, 79, 419-428. � Hall, E. T. (1997). A dimensão oculta. Rio de Janeiro: Francisco Alves. � Hargies, O., Saunders, C. & Dickson, D. (1981/1994). Social skills in interpersonal communication. Londres: Brithish Library. � Hatfield, E., Cacioppo, J. T. & Rapson, R. L. (1994). Emotional Contagion. New York: Cambridge University Press. � Heider, F. (1970). Psicologia das Relações Interpessoais. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. � Lee, M. E., Matsumoto, D., Kobayashi, M., Krupp, D., Maniatis, E. F. & Roberts, W. (1992). Cultural Influences on Nonverbal Behavior in Applied Settings. Em: R. S. Feldman (Ed.)(p. 239-261).New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates. � Mindell, A. (1987). The dreambody in relationships. London: Routledge & Kegan Paul. � Rodrigues, A., Assmar, E. M. L. & Jablonsky, B. (2000). Apêndice: Mensuração de Atitudes. Psicologia Social. Petrópolis: Editora Vozes. � Sáfady, N. (1979). O Processo de Comunicação. São Paulo: Ceumar Edições. � Watzlawick, P., Beavin, J. H. & Jackson D. D. (1967). Pragmática da Comunicação Humana. São Paulo: Editora Cultrix.

43

ANEXO I FIGURAS DO GRUPO MASCULINO

44

45

46

47

48

ANEXO II FIGURAS DO GRUPO FEMININO

49

50

51

52

53

ANEXO III FIGURAS DO GRUPO INDEFINIDO

54

55

56

57

58

ANEXO IV FOLHAS DE RESPOSTAS

PESQUISA DE IMPRESSÕES SOBRE POSTURAS

Local: ________________________________________________ Sexo: ( ) M ( ) F

Idade: _____________ Ocupação: _______________________________________

Curso: _____________________________________________________________

59

Somos pesquisadores do Laboratório de Interação Social da Universidade Federal

de São Carlos. Nossa pesquisa tem como objetivo avaliar as diferenças perceptivas sobre a

postura humana no processo de comunicação e a possível influência do gênero nessa

percepção.

Vamos apresentar a você várias figuras que ilustram pessoas em diferentes

posturas. Em seguida, vamos pedir que você avalie aspectos de sua impressão diante dela.

Para isso estamos apresentando, em uma tabela, vários pares de adjetivos opostos.

Pedimos que você observe bem a figura e indique, na tabela, o quanto a sua impressão se

aproxima de um ou outro adjetivo oposto em cada par. Você deve avaliar a figura em

todos os adjetivos assinalados.

Obrigada pela sua colaboração!

FIGURA A

Máximo

(5)

Bastante

(4)

Regular

(3)

Pouco

(2)

Mínimo

(1)

Mínimo

(-1)

Pouco

(-2)

Regular

(-3)

Bastante

(-4)

Máximo

(-5)

Orgulhoso Humilde

Compenetrado Desligado

Desconfiado Crédulo

Fechado Acessível

Inquieto Quieto

61

G

FIGURA B

Máximo

(5)

Bastante

(4)

Regular

(3)

Pouco

(2)

Mínimo

(1)

Mínimo

(-1)

Pouco

(-2)

Regular

(-3)

Bastante

(-4)

Máximo

(-5)

Displicente Atento

Tolerante Intolerante

Cansado Descansado

Tranqüilo Perturbado

Satisfeito

Consigo

Mesmo

Insatisfeito

Consigo

Mesmo

62

FIGURA C

Máximo

(5)

Bastante

(4)

Regular

(3)

Pouco

(2)

Mínimo

(1)

Mínimo

(-1)

Pouco

(-2)

Regular

(-3)

Bastante

(-4)

Máximo

(-5)

Indeciso Decidido

Agitado Calmo

Duvidoso Convicto

Conformado Inconformado

Desleixado Aplicado

63

FIGURA D

Máximo

(5)

Bastante

(4)

Regular

(3)

Pouco

(2)

Mínimo

(1)

Mínimo

(-1)

Pouco

(-2)

Regular

(-3)

Bastante

(-4)

Máximo

(-5)

Inibido Desinibido

Triste Alegre

Meigo Rude

Envergonhado Desavergonhado

Inseguro Seguro