universidade federal de santa catarina centro de … · rodovias estabelecem a ligação entre o...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS
CURSO DE ZOOTECNIA
CRISTIANE FONSECA MARTIN
MONITORAMENTO DE FAUNA SILVESTRE ATROPELADA NO ENTORNO DA ESTACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA DE CARIJOacuteS
FLORIANOacutePOLIS - SC 2015
2
01
5
C
RIS
TIA
NE
F
ON
SE
CA
MA
RT
IN
U
FS
C
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS
CURSO DE ZOOTECNIA
CRISTIANE FONSECA MARTIN
MONITORAMENTO DE FAUNA SILVESTRE ATROPELADA NO ENTORNO DA ESTACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA DE CARIJOacuteS
FLORIANOacutePOLIS - SC
2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS
CURSO DE ZOOTECNIA
CRISTIANE FONSECA MARTIN
MONITORAMENTO DE FAUNA SILVESTRE ATROPELADA NO ENTORNO DA ESTACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA DE CARIJOacuteS
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado
como exigecircncia para obtenccedilatildeo do Diploma de
Graduaccedilatildeo em Zootecnia da Universidade Federal
de Santa Catarina
Orientadora Proordf Drordf Lucelia Hauplit
FLORIANOacutePOLIS - SC
2015
DEDICATOacuteRIA
Este trabalho eacute dedicado agrave memoacuteria dos meus queridos pais e tambeacutem eacute dedicado ao meu amado esposo
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo imensamente ao meu Pai Jorge Mello Borges da Fonseca que
moldou meu caraacuteter me mostrou que o maior tesouro de uma pessoa eacute a eacutetica e a
honestidade que com seu exemplo amor e dedicaccedilatildeo me incentivou nos momentos
que eu mais precisei e que me permitiu seguir esse sonho Sem ele nada disso seria
possiacutevel Agradeccedilo a minha Matildee Nelcy Maria Silva Borges da Fonseca sempre
doce sempre presente na minha vida sempre me acalmando e me dando paz com
seu lindo sorriso Minha referecircncia meu porto seguro Apesar de infelizmente
ambos natildeo estarem mais aqui comigo eles deixaram um legado que eacute e sempre
seraacute eterno
Agradeccedilo muito ao meu marido amor companheiro Lloyd A Martin parte
fundamental neste processo todo que sempre acreditou em mim e impediu que eu
desistisse nos momentos mais difiacuteceis Sou imensamente grata a ele por estar
sempre ao meu lado por aguentar minha ansiedade meu cansaccedilo Por sempre me
dar seguranccedila e mostrar seu amor
Agradeccedilo imensamente a minha orientadora professora e mestre Lucelia
Hauptli por ter acreditado em mim e neste projeto por ter aceito esse desafio por
ter sempre uma palavra de incentivo por toda a sua dedicaccedilatildeo Eu natildeo teria
conseguido sem o seu apoio
Agradeccedilo a minha coorientadora de Pibic Edineacuteia Caldas Correia por ter me
escolhido para participar desse projeto por ter me ensinado tanto pela companhia
nas madrugadas procurando animais atropelados por ter aceito participar da minha
banca e por todas as oportunidades que me ofereceu
Agradeccedilo a minha amiga Marcia Oliveira por ter me ajudado nesses anos
todos por ter dividido comigo o cuidado com meus pais e com isso permitido que eu
concluiacutesse o curso
Agradeccedilo a minha amiga Vanessa T Kanaan a responsaacutevel pelo iniacutecio de tudo
isso que plantou a sementinha que me ensinou os primeiros passos nesta carreira
que escolhi
Agradeccedilo a minha amiga e colega Camila P Della que por mais de quatro
anos caminhou ao meu lado Foram anos de muito estudo muito companheirismo
muitas risadas mas tambeacutem muitas laacutegrimas muito desespero Agradeccedilo pelo
incentivo por me ouvir e compartilhar comigo sua histoacuteria
Agradeccedilo as amizades que conquistei nesses anos e que quero carregar para
a vida Ariany Maria Betacircnia Barbara Nicole Amabile Vanessa e tantos outros
Agradeccedilo aos meus orientadores na ESEC Carijoacutes Luis Otavio Rocha e
Patriacutecia P Serafini pela oportunidade de por dois anos poder fazer parte de um
projeto tatildeo importante Agradeccedilo tambeacutem a Luisa Lopes e ao Leandro Zago da Silva
por terem acordado cedo e me acompanhado em eventuais monitoramentos
Agradeccedilo ao Silvio de Souza Jr chefe da ESEC Carijoacutes pelo apoio e pela
oportunidade
Agradeccedilo ao Bioacutelogo Jorge Joseacute Cherem por ter aceito o convite de ser parte
da banca de avaliaccedilatildeo desse trabalho sua contribuiccedilatildeo seraacute engrandecedora
Agradeccedilo aos professores do departamento de Zootecnia da UFSC por terem
me passado seu conhecimento e por toda a dedicaccedilatildeo nesses anos
E por fim agradeccedilo a todas as pessoas que participaram desse processo e
que de alguma forma contribuiacuteram para essa conquista
Muito Obrigada
ldquoNatildeo eacute o mais forte que sobrevive nem o mais inteligente mas o que melhor se adapta agraves mudanccedilasrdquo
(Charles Darwin)
RESUMO
Os animais silvestres satildeo viacutetimas constantes de atropelamento por veiacuteculos automotores sendo esta a maior causa de morte destas espeacutecies Estima-se que somente no Brasil mais de 475 milhotildees sejam mortos dessa forma todos os anos Aacutereas no entorno de Unidades de Conservaccedilatildeo (UC) satildeo consideradas vulneraacuteveis pois abrigam uma grande variedade de fauna A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) localizada em Florianoacutepolis - Santa Catarina eacute uma unidade de conservaccedilatildeo federal formada por duas glebas remanescentes dos manguezais do Saco Grande e de Ratones A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e eacute margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) que estabelecem ligaccedilatildeo entre o centro da cidade e bairros do norte da ilha razatildeo pela qual o risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio A unidade abriga predadores de topo de cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) e o graxaim (Cerdocyon thous) Por estar localizada em uma capital os impactos da urbanizaccedilatildeo em seu entorno representam risco para a conservaccedilatildeo da biota ali abrigada O presente trabalho teve como objetivo monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (Gleba Ratones) e coletar informaccedilotildees para subsidiar estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade causada por atropelamentos aleacutem de alimentar o banco de dados do Projeto Malha Esse trabalho teve duraccedilatildeo de nove meses onde foram encontrados 81 animais atropelados Somente 78 animais puderam ser identificados quanto agrave classe a que pertencem e desses registramos 49 mamiacuteferos (6283) 21 aves (2692) 7 reacutepteis (897) 1 anfiacutebio (128) A espeacutecie mais frequente foi de Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com registro de 47 indiviacuteduos (6026) do total de animais identificados
PALAVRAS-CHAVE Animais silvestres mortalidade rodovia unidades de conservaccedilatildeo
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20
Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20
Figura 3 - Passagem de fauna21
Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21
Figura 5 - Manual de coleta de campo24
Figura 6 - Equipe de campo24
Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25
Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26
Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 11 - Equipe coletando dados27
Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27
Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a
classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533
Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33
Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33
Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33
Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3
rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto
de 201530
Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de
acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 201531
Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe
taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis
- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532
Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas
CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos
CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves
Silvestres
CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto
Nacional de Pesquisa Espacial
EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa
Catarina
ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
GPS - Global Positioning System
IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
KM - Quilocircmetro
N - Nuacutemero de indiviacuteduos
SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia
SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza
UC - Unidade de conservaccedilatildeo
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO14
2 OBJETIVO16
21 Objetivo Geral16
22 Objetivos Especiacuteficos16
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17
31 Unidades de Conservaccedilatildeo17
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18
33 Atropelamento de Animais Silvestres18
34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20
4 MATERIAL E MEacuteTODOS24
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30
6 CONCLUSOtildeES37
7 REFEREcircNCIAS 38
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas
regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na
preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo
decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das
cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio
de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas
glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande
e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)
Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes
correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse
ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam
consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da
avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves
(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento
especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de
cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon
thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1
Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode
representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades
de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de
proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia
humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as
estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)
Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o
monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no
levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da
UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se
1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
15
margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o
risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas
rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da
ilha
Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e
conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no
entorno da UC
16
2 OBJETIVOS
21 Objetivo Geral
Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de
Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios
para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por
atropelamentos
22 Objetivo Especiacutefico
Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior
(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de
medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional
17
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Unidades de conservaccedilatildeo
Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e
seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas
naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de
conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)
A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com
objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes
atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e
natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu
nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada
(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para
preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos
acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado
que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende
significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais
abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al
2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como
ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da
interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)
Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo
integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso
sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE
2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que
instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As
unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas
bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre
Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem
visitaccedilatildeo com esse propoacutesito
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS
CURSO DE ZOOTECNIA
CRISTIANE FONSECA MARTIN
MONITORAMENTO DE FAUNA SILVESTRE ATROPELADA NO ENTORNO DA ESTACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA DE CARIJOacuteS
FLORIANOacutePOLIS - SC
2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS
CURSO DE ZOOTECNIA
CRISTIANE FONSECA MARTIN
MONITORAMENTO DE FAUNA SILVESTRE ATROPELADA NO ENTORNO DA ESTACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA DE CARIJOacuteS
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado
como exigecircncia para obtenccedilatildeo do Diploma de
Graduaccedilatildeo em Zootecnia da Universidade Federal
de Santa Catarina
Orientadora Proordf Drordf Lucelia Hauplit
FLORIANOacutePOLIS - SC
2015
DEDICATOacuteRIA
Este trabalho eacute dedicado agrave memoacuteria dos meus queridos pais e tambeacutem eacute dedicado ao meu amado esposo
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo imensamente ao meu Pai Jorge Mello Borges da Fonseca que
moldou meu caraacuteter me mostrou que o maior tesouro de uma pessoa eacute a eacutetica e a
honestidade que com seu exemplo amor e dedicaccedilatildeo me incentivou nos momentos
que eu mais precisei e que me permitiu seguir esse sonho Sem ele nada disso seria
possiacutevel Agradeccedilo a minha Matildee Nelcy Maria Silva Borges da Fonseca sempre
doce sempre presente na minha vida sempre me acalmando e me dando paz com
seu lindo sorriso Minha referecircncia meu porto seguro Apesar de infelizmente
ambos natildeo estarem mais aqui comigo eles deixaram um legado que eacute e sempre
seraacute eterno
Agradeccedilo muito ao meu marido amor companheiro Lloyd A Martin parte
fundamental neste processo todo que sempre acreditou em mim e impediu que eu
desistisse nos momentos mais difiacuteceis Sou imensamente grata a ele por estar
sempre ao meu lado por aguentar minha ansiedade meu cansaccedilo Por sempre me
dar seguranccedila e mostrar seu amor
Agradeccedilo imensamente a minha orientadora professora e mestre Lucelia
Hauptli por ter acreditado em mim e neste projeto por ter aceito esse desafio por
ter sempre uma palavra de incentivo por toda a sua dedicaccedilatildeo Eu natildeo teria
conseguido sem o seu apoio
Agradeccedilo a minha coorientadora de Pibic Edineacuteia Caldas Correia por ter me
escolhido para participar desse projeto por ter me ensinado tanto pela companhia
nas madrugadas procurando animais atropelados por ter aceito participar da minha
banca e por todas as oportunidades que me ofereceu
Agradeccedilo a minha amiga Marcia Oliveira por ter me ajudado nesses anos
todos por ter dividido comigo o cuidado com meus pais e com isso permitido que eu
concluiacutesse o curso
Agradeccedilo a minha amiga Vanessa T Kanaan a responsaacutevel pelo iniacutecio de tudo
isso que plantou a sementinha que me ensinou os primeiros passos nesta carreira
que escolhi
Agradeccedilo a minha amiga e colega Camila P Della que por mais de quatro
anos caminhou ao meu lado Foram anos de muito estudo muito companheirismo
muitas risadas mas tambeacutem muitas laacutegrimas muito desespero Agradeccedilo pelo
incentivo por me ouvir e compartilhar comigo sua histoacuteria
Agradeccedilo as amizades que conquistei nesses anos e que quero carregar para
a vida Ariany Maria Betacircnia Barbara Nicole Amabile Vanessa e tantos outros
Agradeccedilo aos meus orientadores na ESEC Carijoacutes Luis Otavio Rocha e
Patriacutecia P Serafini pela oportunidade de por dois anos poder fazer parte de um
projeto tatildeo importante Agradeccedilo tambeacutem a Luisa Lopes e ao Leandro Zago da Silva
por terem acordado cedo e me acompanhado em eventuais monitoramentos
Agradeccedilo ao Silvio de Souza Jr chefe da ESEC Carijoacutes pelo apoio e pela
oportunidade
Agradeccedilo ao Bioacutelogo Jorge Joseacute Cherem por ter aceito o convite de ser parte
da banca de avaliaccedilatildeo desse trabalho sua contribuiccedilatildeo seraacute engrandecedora
Agradeccedilo aos professores do departamento de Zootecnia da UFSC por terem
me passado seu conhecimento e por toda a dedicaccedilatildeo nesses anos
E por fim agradeccedilo a todas as pessoas que participaram desse processo e
que de alguma forma contribuiacuteram para essa conquista
Muito Obrigada
ldquoNatildeo eacute o mais forte que sobrevive nem o mais inteligente mas o que melhor se adapta agraves mudanccedilasrdquo
(Charles Darwin)
RESUMO
Os animais silvestres satildeo viacutetimas constantes de atropelamento por veiacuteculos automotores sendo esta a maior causa de morte destas espeacutecies Estima-se que somente no Brasil mais de 475 milhotildees sejam mortos dessa forma todos os anos Aacutereas no entorno de Unidades de Conservaccedilatildeo (UC) satildeo consideradas vulneraacuteveis pois abrigam uma grande variedade de fauna A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) localizada em Florianoacutepolis - Santa Catarina eacute uma unidade de conservaccedilatildeo federal formada por duas glebas remanescentes dos manguezais do Saco Grande e de Ratones A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e eacute margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) que estabelecem ligaccedilatildeo entre o centro da cidade e bairros do norte da ilha razatildeo pela qual o risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio A unidade abriga predadores de topo de cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) e o graxaim (Cerdocyon thous) Por estar localizada em uma capital os impactos da urbanizaccedilatildeo em seu entorno representam risco para a conservaccedilatildeo da biota ali abrigada O presente trabalho teve como objetivo monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (Gleba Ratones) e coletar informaccedilotildees para subsidiar estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade causada por atropelamentos aleacutem de alimentar o banco de dados do Projeto Malha Esse trabalho teve duraccedilatildeo de nove meses onde foram encontrados 81 animais atropelados Somente 78 animais puderam ser identificados quanto agrave classe a que pertencem e desses registramos 49 mamiacuteferos (6283) 21 aves (2692) 7 reacutepteis (897) 1 anfiacutebio (128) A espeacutecie mais frequente foi de Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com registro de 47 indiviacuteduos (6026) do total de animais identificados
PALAVRAS-CHAVE Animais silvestres mortalidade rodovia unidades de conservaccedilatildeo
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20
Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20
Figura 3 - Passagem de fauna21
Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21
Figura 5 - Manual de coleta de campo24
Figura 6 - Equipe de campo24
Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25
Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26
Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 11 - Equipe coletando dados27
Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27
Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a
classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533
Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33
Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33
Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33
Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3
rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto
de 201530
Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de
acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 201531
Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe
taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis
- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532
Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas
CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos
CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves
Silvestres
CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto
Nacional de Pesquisa Espacial
EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa
Catarina
ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
GPS - Global Positioning System
IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
KM - Quilocircmetro
N - Nuacutemero de indiviacuteduos
SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia
SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza
UC - Unidade de conservaccedilatildeo
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO14
2 OBJETIVO16
21 Objetivo Geral16
22 Objetivos Especiacuteficos16
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17
31 Unidades de Conservaccedilatildeo17
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18
33 Atropelamento de Animais Silvestres18
34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20
4 MATERIAL E MEacuteTODOS24
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30
6 CONCLUSOtildeES37
7 REFEREcircNCIAS 38
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas
regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na
preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo
decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das
cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio
de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas
glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande
e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)
Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes
correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse
ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam
consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da
avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves
(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento
especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de
cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon
thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1
Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode
representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades
de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de
proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia
humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as
estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)
Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o
monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no
levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da
UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se
1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
15
margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o
risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas
rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da
ilha
Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e
conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no
entorno da UC
16
2 OBJETIVOS
21 Objetivo Geral
Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de
Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios
para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por
atropelamentos
22 Objetivo Especiacutefico
Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior
(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de
medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional
17
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Unidades de conservaccedilatildeo
Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e
seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas
naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de
conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)
A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com
objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes
atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e
natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu
nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada
(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para
preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos
acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado
que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende
significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais
abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al
2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como
ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da
interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)
Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo
integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso
sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE
2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que
instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As
unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas
bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre
Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem
visitaccedilatildeo com esse propoacutesito
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS
CURSO DE ZOOTECNIA
CRISTIANE FONSECA MARTIN
MONITORAMENTO DE FAUNA SILVESTRE ATROPELADA NO ENTORNO DA ESTACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA DE CARIJOacuteS
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado
como exigecircncia para obtenccedilatildeo do Diploma de
Graduaccedilatildeo em Zootecnia da Universidade Federal
de Santa Catarina
Orientadora Proordf Drordf Lucelia Hauplit
FLORIANOacutePOLIS - SC
2015
DEDICATOacuteRIA
Este trabalho eacute dedicado agrave memoacuteria dos meus queridos pais e tambeacutem eacute dedicado ao meu amado esposo
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo imensamente ao meu Pai Jorge Mello Borges da Fonseca que
moldou meu caraacuteter me mostrou que o maior tesouro de uma pessoa eacute a eacutetica e a
honestidade que com seu exemplo amor e dedicaccedilatildeo me incentivou nos momentos
que eu mais precisei e que me permitiu seguir esse sonho Sem ele nada disso seria
possiacutevel Agradeccedilo a minha Matildee Nelcy Maria Silva Borges da Fonseca sempre
doce sempre presente na minha vida sempre me acalmando e me dando paz com
seu lindo sorriso Minha referecircncia meu porto seguro Apesar de infelizmente
ambos natildeo estarem mais aqui comigo eles deixaram um legado que eacute e sempre
seraacute eterno
Agradeccedilo muito ao meu marido amor companheiro Lloyd A Martin parte
fundamental neste processo todo que sempre acreditou em mim e impediu que eu
desistisse nos momentos mais difiacuteceis Sou imensamente grata a ele por estar
sempre ao meu lado por aguentar minha ansiedade meu cansaccedilo Por sempre me
dar seguranccedila e mostrar seu amor
Agradeccedilo imensamente a minha orientadora professora e mestre Lucelia
Hauptli por ter acreditado em mim e neste projeto por ter aceito esse desafio por
ter sempre uma palavra de incentivo por toda a sua dedicaccedilatildeo Eu natildeo teria
conseguido sem o seu apoio
Agradeccedilo a minha coorientadora de Pibic Edineacuteia Caldas Correia por ter me
escolhido para participar desse projeto por ter me ensinado tanto pela companhia
nas madrugadas procurando animais atropelados por ter aceito participar da minha
banca e por todas as oportunidades que me ofereceu
Agradeccedilo a minha amiga Marcia Oliveira por ter me ajudado nesses anos
todos por ter dividido comigo o cuidado com meus pais e com isso permitido que eu
concluiacutesse o curso
Agradeccedilo a minha amiga Vanessa T Kanaan a responsaacutevel pelo iniacutecio de tudo
isso que plantou a sementinha que me ensinou os primeiros passos nesta carreira
que escolhi
Agradeccedilo a minha amiga e colega Camila P Della que por mais de quatro
anos caminhou ao meu lado Foram anos de muito estudo muito companheirismo
muitas risadas mas tambeacutem muitas laacutegrimas muito desespero Agradeccedilo pelo
incentivo por me ouvir e compartilhar comigo sua histoacuteria
Agradeccedilo as amizades que conquistei nesses anos e que quero carregar para
a vida Ariany Maria Betacircnia Barbara Nicole Amabile Vanessa e tantos outros
Agradeccedilo aos meus orientadores na ESEC Carijoacutes Luis Otavio Rocha e
Patriacutecia P Serafini pela oportunidade de por dois anos poder fazer parte de um
projeto tatildeo importante Agradeccedilo tambeacutem a Luisa Lopes e ao Leandro Zago da Silva
por terem acordado cedo e me acompanhado em eventuais monitoramentos
Agradeccedilo ao Silvio de Souza Jr chefe da ESEC Carijoacutes pelo apoio e pela
oportunidade
Agradeccedilo ao Bioacutelogo Jorge Joseacute Cherem por ter aceito o convite de ser parte
da banca de avaliaccedilatildeo desse trabalho sua contribuiccedilatildeo seraacute engrandecedora
Agradeccedilo aos professores do departamento de Zootecnia da UFSC por terem
me passado seu conhecimento e por toda a dedicaccedilatildeo nesses anos
E por fim agradeccedilo a todas as pessoas que participaram desse processo e
que de alguma forma contribuiacuteram para essa conquista
Muito Obrigada
ldquoNatildeo eacute o mais forte que sobrevive nem o mais inteligente mas o que melhor se adapta agraves mudanccedilasrdquo
(Charles Darwin)
RESUMO
Os animais silvestres satildeo viacutetimas constantes de atropelamento por veiacuteculos automotores sendo esta a maior causa de morte destas espeacutecies Estima-se que somente no Brasil mais de 475 milhotildees sejam mortos dessa forma todos os anos Aacutereas no entorno de Unidades de Conservaccedilatildeo (UC) satildeo consideradas vulneraacuteveis pois abrigam uma grande variedade de fauna A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) localizada em Florianoacutepolis - Santa Catarina eacute uma unidade de conservaccedilatildeo federal formada por duas glebas remanescentes dos manguezais do Saco Grande e de Ratones A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e eacute margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) que estabelecem ligaccedilatildeo entre o centro da cidade e bairros do norte da ilha razatildeo pela qual o risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio A unidade abriga predadores de topo de cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) e o graxaim (Cerdocyon thous) Por estar localizada em uma capital os impactos da urbanizaccedilatildeo em seu entorno representam risco para a conservaccedilatildeo da biota ali abrigada O presente trabalho teve como objetivo monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (Gleba Ratones) e coletar informaccedilotildees para subsidiar estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade causada por atropelamentos aleacutem de alimentar o banco de dados do Projeto Malha Esse trabalho teve duraccedilatildeo de nove meses onde foram encontrados 81 animais atropelados Somente 78 animais puderam ser identificados quanto agrave classe a que pertencem e desses registramos 49 mamiacuteferos (6283) 21 aves (2692) 7 reacutepteis (897) 1 anfiacutebio (128) A espeacutecie mais frequente foi de Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com registro de 47 indiviacuteduos (6026) do total de animais identificados
PALAVRAS-CHAVE Animais silvestres mortalidade rodovia unidades de conservaccedilatildeo
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20
Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20
Figura 3 - Passagem de fauna21
Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21
Figura 5 - Manual de coleta de campo24
Figura 6 - Equipe de campo24
Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25
Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26
Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 11 - Equipe coletando dados27
Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27
Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a
classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533
Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33
Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33
Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33
Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3
rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto
de 201530
Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de
acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 201531
Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe
taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis
- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532
Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas
CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos
CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves
Silvestres
CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto
Nacional de Pesquisa Espacial
EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa
Catarina
ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
GPS - Global Positioning System
IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
KM - Quilocircmetro
N - Nuacutemero de indiviacuteduos
SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia
SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza
UC - Unidade de conservaccedilatildeo
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO14
2 OBJETIVO16
21 Objetivo Geral16
22 Objetivos Especiacuteficos16
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17
31 Unidades de Conservaccedilatildeo17
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18
33 Atropelamento de Animais Silvestres18
34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20
4 MATERIAL E MEacuteTODOS24
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30
6 CONCLUSOtildeES37
7 REFEREcircNCIAS 38
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas
regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na
preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo
decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das
cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio
de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas
glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande
e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)
Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes
correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse
ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam
consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da
avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves
(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento
especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de
cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon
thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1
Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode
representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades
de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de
proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia
humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as
estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)
Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o
monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no
levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da
UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se
1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
15
margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o
risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas
rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da
ilha
Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e
conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no
entorno da UC
16
2 OBJETIVOS
21 Objetivo Geral
Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de
Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios
para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por
atropelamentos
22 Objetivo Especiacutefico
Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior
(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de
medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional
17
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Unidades de conservaccedilatildeo
Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e
seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas
naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de
conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)
A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com
objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes
atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e
natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu
nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada
(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para
preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos
acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado
que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende
significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais
abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al
2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como
ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da
interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)
Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo
integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso
sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE
2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que
instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As
unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas
bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre
Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem
visitaccedilatildeo com esse propoacutesito
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
DEDICATOacuteRIA
Este trabalho eacute dedicado agrave memoacuteria dos meus queridos pais e tambeacutem eacute dedicado ao meu amado esposo
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo imensamente ao meu Pai Jorge Mello Borges da Fonseca que
moldou meu caraacuteter me mostrou que o maior tesouro de uma pessoa eacute a eacutetica e a
honestidade que com seu exemplo amor e dedicaccedilatildeo me incentivou nos momentos
que eu mais precisei e que me permitiu seguir esse sonho Sem ele nada disso seria
possiacutevel Agradeccedilo a minha Matildee Nelcy Maria Silva Borges da Fonseca sempre
doce sempre presente na minha vida sempre me acalmando e me dando paz com
seu lindo sorriso Minha referecircncia meu porto seguro Apesar de infelizmente
ambos natildeo estarem mais aqui comigo eles deixaram um legado que eacute e sempre
seraacute eterno
Agradeccedilo muito ao meu marido amor companheiro Lloyd A Martin parte
fundamental neste processo todo que sempre acreditou em mim e impediu que eu
desistisse nos momentos mais difiacuteceis Sou imensamente grata a ele por estar
sempre ao meu lado por aguentar minha ansiedade meu cansaccedilo Por sempre me
dar seguranccedila e mostrar seu amor
Agradeccedilo imensamente a minha orientadora professora e mestre Lucelia
Hauptli por ter acreditado em mim e neste projeto por ter aceito esse desafio por
ter sempre uma palavra de incentivo por toda a sua dedicaccedilatildeo Eu natildeo teria
conseguido sem o seu apoio
Agradeccedilo a minha coorientadora de Pibic Edineacuteia Caldas Correia por ter me
escolhido para participar desse projeto por ter me ensinado tanto pela companhia
nas madrugadas procurando animais atropelados por ter aceito participar da minha
banca e por todas as oportunidades que me ofereceu
Agradeccedilo a minha amiga Marcia Oliveira por ter me ajudado nesses anos
todos por ter dividido comigo o cuidado com meus pais e com isso permitido que eu
concluiacutesse o curso
Agradeccedilo a minha amiga Vanessa T Kanaan a responsaacutevel pelo iniacutecio de tudo
isso que plantou a sementinha que me ensinou os primeiros passos nesta carreira
que escolhi
Agradeccedilo a minha amiga e colega Camila P Della que por mais de quatro
anos caminhou ao meu lado Foram anos de muito estudo muito companheirismo
muitas risadas mas tambeacutem muitas laacutegrimas muito desespero Agradeccedilo pelo
incentivo por me ouvir e compartilhar comigo sua histoacuteria
Agradeccedilo as amizades que conquistei nesses anos e que quero carregar para
a vida Ariany Maria Betacircnia Barbara Nicole Amabile Vanessa e tantos outros
Agradeccedilo aos meus orientadores na ESEC Carijoacutes Luis Otavio Rocha e
Patriacutecia P Serafini pela oportunidade de por dois anos poder fazer parte de um
projeto tatildeo importante Agradeccedilo tambeacutem a Luisa Lopes e ao Leandro Zago da Silva
por terem acordado cedo e me acompanhado em eventuais monitoramentos
Agradeccedilo ao Silvio de Souza Jr chefe da ESEC Carijoacutes pelo apoio e pela
oportunidade
Agradeccedilo ao Bioacutelogo Jorge Joseacute Cherem por ter aceito o convite de ser parte
da banca de avaliaccedilatildeo desse trabalho sua contribuiccedilatildeo seraacute engrandecedora
Agradeccedilo aos professores do departamento de Zootecnia da UFSC por terem
me passado seu conhecimento e por toda a dedicaccedilatildeo nesses anos
E por fim agradeccedilo a todas as pessoas que participaram desse processo e
que de alguma forma contribuiacuteram para essa conquista
Muito Obrigada
ldquoNatildeo eacute o mais forte que sobrevive nem o mais inteligente mas o que melhor se adapta agraves mudanccedilasrdquo
(Charles Darwin)
RESUMO
Os animais silvestres satildeo viacutetimas constantes de atropelamento por veiacuteculos automotores sendo esta a maior causa de morte destas espeacutecies Estima-se que somente no Brasil mais de 475 milhotildees sejam mortos dessa forma todos os anos Aacutereas no entorno de Unidades de Conservaccedilatildeo (UC) satildeo consideradas vulneraacuteveis pois abrigam uma grande variedade de fauna A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) localizada em Florianoacutepolis - Santa Catarina eacute uma unidade de conservaccedilatildeo federal formada por duas glebas remanescentes dos manguezais do Saco Grande e de Ratones A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e eacute margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) que estabelecem ligaccedilatildeo entre o centro da cidade e bairros do norte da ilha razatildeo pela qual o risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio A unidade abriga predadores de topo de cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) e o graxaim (Cerdocyon thous) Por estar localizada em uma capital os impactos da urbanizaccedilatildeo em seu entorno representam risco para a conservaccedilatildeo da biota ali abrigada O presente trabalho teve como objetivo monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (Gleba Ratones) e coletar informaccedilotildees para subsidiar estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade causada por atropelamentos aleacutem de alimentar o banco de dados do Projeto Malha Esse trabalho teve duraccedilatildeo de nove meses onde foram encontrados 81 animais atropelados Somente 78 animais puderam ser identificados quanto agrave classe a que pertencem e desses registramos 49 mamiacuteferos (6283) 21 aves (2692) 7 reacutepteis (897) 1 anfiacutebio (128) A espeacutecie mais frequente foi de Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com registro de 47 indiviacuteduos (6026) do total de animais identificados
PALAVRAS-CHAVE Animais silvestres mortalidade rodovia unidades de conservaccedilatildeo
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20
Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20
Figura 3 - Passagem de fauna21
Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21
Figura 5 - Manual de coleta de campo24
Figura 6 - Equipe de campo24
Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25
Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26
Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 11 - Equipe coletando dados27
Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27
Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a
classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533
Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33
Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33
Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33
Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3
rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto
de 201530
Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de
acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 201531
Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe
taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis
- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532
Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas
CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos
CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves
Silvestres
CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto
Nacional de Pesquisa Espacial
EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa
Catarina
ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
GPS - Global Positioning System
IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
KM - Quilocircmetro
N - Nuacutemero de indiviacuteduos
SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia
SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza
UC - Unidade de conservaccedilatildeo
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO14
2 OBJETIVO16
21 Objetivo Geral16
22 Objetivos Especiacuteficos16
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17
31 Unidades de Conservaccedilatildeo17
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18
33 Atropelamento de Animais Silvestres18
34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20
4 MATERIAL E MEacuteTODOS24
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30
6 CONCLUSOtildeES37
7 REFEREcircNCIAS 38
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas
regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na
preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo
decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das
cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio
de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas
glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande
e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)
Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes
correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse
ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam
consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da
avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves
(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento
especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de
cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon
thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1
Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode
representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades
de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de
proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia
humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as
estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)
Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o
monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no
levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da
UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se
1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
15
margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o
risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas
rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da
ilha
Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e
conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no
entorno da UC
16
2 OBJETIVOS
21 Objetivo Geral
Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de
Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios
para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por
atropelamentos
22 Objetivo Especiacutefico
Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior
(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de
medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional
17
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Unidades de conservaccedilatildeo
Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e
seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas
naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de
conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)
A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com
objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes
atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e
natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu
nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada
(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para
preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos
acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado
que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende
significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais
abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al
2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como
ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da
interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)
Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo
integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso
sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE
2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que
instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As
unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas
bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre
Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem
visitaccedilatildeo com esse propoacutesito
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo imensamente ao meu Pai Jorge Mello Borges da Fonseca que
moldou meu caraacuteter me mostrou que o maior tesouro de uma pessoa eacute a eacutetica e a
honestidade que com seu exemplo amor e dedicaccedilatildeo me incentivou nos momentos
que eu mais precisei e que me permitiu seguir esse sonho Sem ele nada disso seria
possiacutevel Agradeccedilo a minha Matildee Nelcy Maria Silva Borges da Fonseca sempre
doce sempre presente na minha vida sempre me acalmando e me dando paz com
seu lindo sorriso Minha referecircncia meu porto seguro Apesar de infelizmente
ambos natildeo estarem mais aqui comigo eles deixaram um legado que eacute e sempre
seraacute eterno
Agradeccedilo muito ao meu marido amor companheiro Lloyd A Martin parte
fundamental neste processo todo que sempre acreditou em mim e impediu que eu
desistisse nos momentos mais difiacuteceis Sou imensamente grata a ele por estar
sempre ao meu lado por aguentar minha ansiedade meu cansaccedilo Por sempre me
dar seguranccedila e mostrar seu amor
Agradeccedilo imensamente a minha orientadora professora e mestre Lucelia
Hauptli por ter acreditado em mim e neste projeto por ter aceito esse desafio por
ter sempre uma palavra de incentivo por toda a sua dedicaccedilatildeo Eu natildeo teria
conseguido sem o seu apoio
Agradeccedilo a minha coorientadora de Pibic Edineacuteia Caldas Correia por ter me
escolhido para participar desse projeto por ter me ensinado tanto pela companhia
nas madrugadas procurando animais atropelados por ter aceito participar da minha
banca e por todas as oportunidades que me ofereceu
Agradeccedilo a minha amiga Marcia Oliveira por ter me ajudado nesses anos
todos por ter dividido comigo o cuidado com meus pais e com isso permitido que eu
concluiacutesse o curso
Agradeccedilo a minha amiga Vanessa T Kanaan a responsaacutevel pelo iniacutecio de tudo
isso que plantou a sementinha que me ensinou os primeiros passos nesta carreira
que escolhi
Agradeccedilo a minha amiga e colega Camila P Della que por mais de quatro
anos caminhou ao meu lado Foram anos de muito estudo muito companheirismo
muitas risadas mas tambeacutem muitas laacutegrimas muito desespero Agradeccedilo pelo
incentivo por me ouvir e compartilhar comigo sua histoacuteria
Agradeccedilo as amizades que conquistei nesses anos e que quero carregar para
a vida Ariany Maria Betacircnia Barbara Nicole Amabile Vanessa e tantos outros
Agradeccedilo aos meus orientadores na ESEC Carijoacutes Luis Otavio Rocha e
Patriacutecia P Serafini pela oportunidade de por dois anos poder fazer parte de um
projeto tatildeo importante Agradeccedilo tambeacutem a Luisa Lopes e ao Leandro Zago da Silva
por terem acordado cedo e me acompanhado em eventuais monitoramentos
Agradeccedilo ao Silvio de Souza Jr chefe da ESEC Carijoacutes pelo apoio e pela
oportunidade
Agradeccedilo ao Bioacutelogo Jorge Joseacute Cherem por ter aceito o convite de ser parte
da banca de avaliaccedilatildeo desse trabalho sua contribuiccedilatildeo seraacute engrandecedora
Agradeccedilo aos professores do departamento de Zootecnia da UFSC por terem
me passado seu conhecimento e por toda a dedicaccedilatildeo nesses anos
E por fim agradeccedilo a todas as pessoas que participaram desse processo e
que de alguma forma contribuiacuteram para essa conquista
Muito Obrigada
ldquoNatildeo eacute o mais forte que sobrevive nem o mais inteligente mas o que melhor se adapta agraves mudanccedilasrdquo
(Charles Darwin)
RESUMO
Os animais silvestres satildeo viacutetimas constantes de atropelamento por veiacuteculos automotores sendo esta a maior causa de morte destas espeacutecies Estima-se que somente no Brasil mais de 475 milhotildees sejam mortos dessa forma todos os anos Aacutereas no entorno de Unidades de Conservaccedilatildeo (UC) satildeo consideradas vulneraacuteveis pois abrigam uma grande variedade de fauna A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) localizada em Florianoacutepolis - Santa Catarina eacute uma unidade de conservaccedilatildeo federal formada por duas glebas remanescentes dos manguezais do Saco Grande e de Ratones A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e eacute margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) que estabelecem ligaccedilatildeo entre o centro da cidade e bairros do norte da ilha razatildeo pela qual o risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio A unidade abriga predadores de topo de cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) e o graxaim (Cerdocyon thous) Por estar localizada em uma capital os impactos da urbanizaccedilatildeo em seu entorno representam risco para a conservaccedilatildeo da biota ali abrigada O presente trabalho teve como objetivo monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (Gleba Ratones) e coletar informaccedilotildees para subsidiar estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade causada por atropelamentos aleacutem de alimentar o banco de dados do Projeto Malha Esse trabalho teve duraccedilatildeo de nove meses onde foram encontrados 81 animais atropelados Somente 78 animais puderam ser identificados quanto agrave classe a que pertencem e desses registramos 49 mamiacuteferos (6283) 21 aves (2692) 7 reacutepteis (897) 1 anfiacutebio (128) A espeacutecie mais frequente foi de Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com registro de 47 indiviacuteduos (6026) do total de animais identificados
PALAVRAS-CHAVE Animais silvestres mortalidade rodovia unidades de conservaccedilatildeo
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20
Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20
Figura 3 - Passagem de fauna21
Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21
Figura 5 - Manual de coleta de campo24
Figura 6 - Equipe de campo24
Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25
Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26
Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 11 - Equipe coletando dados27
Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27
Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a
classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533
Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33
Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33
Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33
Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3
rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto
de 201530
Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de
acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 201531
Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe
taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis
- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532
Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas
CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos
CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves
Silvestres
CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto
Nacional de Pesquisa Espacial
EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa
Catarina
ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
GPS - Global Positioning System
IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
KM - Quilocircmetro
N - Nuacutemero de indiviacuteduos
SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia
SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza
UC - Unidade de conservaccedilatildeo
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO14
2 OBJETIVO16
21 Objetivo Geral16
22 Objetivos Especiacuteficos16
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17
31 Unidades de Conservaccedilatildeo17
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18
33 Atropelamento de Animais Silvestres18
34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20
4 MATERIAL E MEacuteTODOS24
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30
6 CONCLUSOtildeES37
7 REFEREcircNCIAS 38
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas
regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na
preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo
decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das
cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio
de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas
glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande
e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)
Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes
correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse
ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam
consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da
avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves
(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento
especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de
cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon
thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1
Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode
representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades
de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de
proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia
humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as
estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)
Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o
monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no
levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da
UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se
1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
15
margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o
risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas
rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da
ilha
Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e
conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no
entorno da UC
16
2 OBJETIVOS
21 Objetivo Geral
Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de
Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios
para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por
atropelamentos
22 Objetivo Especiacutefico
Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior
(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de
medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional
17
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Unidades de conservaccedilatildeo
Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e
seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas
naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de
conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)
A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com
objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes
atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e
natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu
nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada
(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para
preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos
acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado
que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende
significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais
abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al
2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como
ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da
interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)
Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo
integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso
sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE
2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que
instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As
unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas
bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre
Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem
visitaccedilatildeo com esse propoacutesito
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
muitas risadas mas tambeacutem muitas laacutegrimas muito desespero Agradeccedilo pelo
incentivo por me ouvir e compartilhar comigo sua histoacuteria
Agradeccedilo as amizades que conquistei nesses anos e que quero carregar para
a vida Ariany Maria Betacircnia Barbara Nicole Amabile Vanessa e tantos outros
Agradeccedilo aos meus orientadores na ESEC Carijoacutes Luis Otavio Rocha e
Patriacutecia P Serafini pela oportunidade de por dois anos poder fazer parte de um
projeto tatildeo importante Agradeccedilo tambeacutem a Luisa Lopes e ao Leandro Zago da Silva
por terem acordado cedo e me acompanhado em eventuais monitoramentos
Agradeccedilo ao Silvio de Souza Jr chefe da ESEC Carijoacutes pelo apoio e pela
oportunidade
Agradeccedilo ao Bioacutelogo Jorge Joseacute Cherem por ter aceito o convite de ser parte
da banca de avaliaccedilatildeo desse trabalho sua contribuiccedilatildeo seraacute engrandecedora
Agradeccedilo aos professores do departamento de Zootecnia da UFSC por terem
me passado seu conhecimento e por toda a dedicaccedilatildeo nesses anos
E por fim agradeccedilo a todas as pessoas que participaram desse processo e
que de alguma forma contribuiacuteram para essa conquista
Muito Obrigada
ldquoNatildeo eacute o mais forte que sobrevive nem o mais inteligente mas o que melhor se adapta agraves mudanccedilasrdquo
(Charles Darwin)
RESUMO
Os animais silvestres satildeo viacutetimas constantes de atropelamento por veiacuteculos automotores sendo esta a maior causa de morte destas espeacutecies Estima-se que somente no Brasil mais de 475 milhotildees sejam mortos dessa forma todos os anos Aacutereas no entorno de Unidades de Conservaccedilatildeo (UC) satildeo consideradas vulneraacuteveis pois abrigam uma grande variedade de fauna A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) localizada em Florianoacutepolis - Santa Catarina eacute uma unidade de conservaccedilatildeo federal formada por duas glebas remanescentes dos manguezais do Saco Grande e de Ratones A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e eacute margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) que estabelecem ligaccedilatildeo entre o centro da cidade e bairros do norte da ilha razatildeo pela qual o risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio A unidade abriga predadores de topo de cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) e o graxaim (Cerdocyon thous) Por estar localizada em uma capital os impactos da urbanizaccedilatildeo em seu entorno representam risco para a conservaccedilatildeo da biota ali abrigada O presente trabalho teve como objetivo monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (Gleba Ratones) e coletar informaccedilotildees para subsidiar estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade causada por atropelamentos aleacutem de alimentar o banco de dados do Projeto Malha Esse trabalho teve duraccedilatildeo de nove meses onde foram encontrados 81 animais atropelados Somente 78 animais puderam ser identificados quanto agrave classe a que pertencem e desses registramos 49 mamiacuteferos (6283) 21 aves (2692) 7 reacutepteis (897) 1 anfiacutebio (128) A espeacutecie mais frequente foi de Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com registro de 47 indiviacuteduos (6026) do total de animais identificados
PALAVRAS-CHAVE Animais silvestres mortalidade rodovia unidades de conservaccedilatildeo
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20
Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20
Figura 3 - Passagem de fauna21
Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21
Figura 5 - Manual de coleta de campo24
Figura 6 - Equipe de campo24
Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25
Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26
Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 11 - Equipe coletando dados27
Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27
Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a
classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533
Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33
Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33
Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33
Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3
rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto
de 201530
Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de
acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 201531
Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe
taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis
- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532
Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas
CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos
CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves
Silvestres
CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto
Nacional de Pesquisa Espacial
EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa
Catarina
ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
GPS - Global Positioning System
IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
KM - Quilocircmetro
N - Nuacutemero de indiviacuteduos
SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia
SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza
UC - Unidade de conservaccedilatildeo
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO14
2 OBJETIVO16
21 Objetivo Geral16
22 Objetivos Especiacuteficos16
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17
31 Unidades de Conservaccedilatildeo17
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18
33 Atropelamento de Animais Silvestres18
34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20
4 MATERIAL E MEacuteTODOS24
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30
6 CONCLUSOtildeES37
7 REFEREcircNCIAS 38
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas
regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na
preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo
decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das
cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio
de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas
glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande
e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)
Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes
correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse
ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam
consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da
avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves
(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento
especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de
cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon
thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1
Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode
representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades
de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de
proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia
humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as
estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)
Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o
monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no
levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da
UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se
1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
15
margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o
risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas
rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da
ilha
Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e
conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no
entorno da UC
16
2 OBJETIVOS
21 Objetivo Geral
Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de
Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios
para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por
atropelamentos
22 Objetivo Especiacutefico
Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior
(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de
medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional
17
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Unidades de conservaccedilatildeo
Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e
seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas
naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de
conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)
A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com
objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes
atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e
natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu
nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada
(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para
preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos
acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado
que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende
significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais
abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al
2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como
ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da
interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)
Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo
integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso
sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE
2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que
instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As
unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas
bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre
Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem
visitaccedilatildeo com esse propoacutesito
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
ldquoNatildeo eacute o mais forte que sobrevive nem o mais inteligente mas o que melhor se adapta agraves mudanccedilasrdquo
(Charles Darwin)
RESUMO
Os animais silvestres satildeo viacutetimas constantes de atropelamento por veiacuteculos automotores sendo esta a maior causa de morte destas espeacutecies Estima-se que somente no Brasil mais de 475 milhotildees sejam mortos dessa forma todos os anos Aacutereas no entorno de Unidades de Conservaccedilatildeo (UC) satildeo consideradas vulneraacuteveis pois abrigam uma grande variedade de fauna A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) localizada em Florianoacutepolis - Santa Catarina eacute uma unidade de conservaccedilatildeo federal formada por duas glebas remanescentes dos manguezais do Saco Grande e de Ratones A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e eacute margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) que estabelecem ligaccedilatildeo entre o centro da cidade e bairros do norte da ilha razatildeo pela qual o risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio A unidade abriga predadores de topo de cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) e o graxaim (Cerdocyon thous) Por estar localizada em uma capital os impactos da urbanizaccedilatildeo em seu entorno representam risco para a conservaccedilatildeo da biota ali abrigada O presente trabalho teve como objetivo monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (Gleba Ratones) e coletar informaccedilotildees para subsidiar estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade causada por atropelamentos aleacutem de alimentar o banco de dados do Projeto Malha Esse trabalho teve duraccedilatildeo de nove meses onde foram encontrados 81 animais atropelados Somente 78 animais puderam ser identificados quanto agrave classe a que pertencem e desses registramos 49 mamiacuteferos (6283) 21 aves (2692) 7 reacutepteis (897) 1 anfiacutebio (128) A espeacutecie mais frequente foi de Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com registro de 47 indiviacuteduos (6026) do total de animais identificados
PALAVRAS-CHAVE Animais silvestres mortalidade rodovia unidades de conservaccedilatildeo
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20
Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20
Figura 3 - Passagem de fauna21
Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21
Figura 5 - Manual de coleta de campo24
Figura 6 - Equipe de campo24
Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25
Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26
Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 11 - Equipe coletando dados27
Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27
Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a
classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533
Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33
Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33
Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33
Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3
rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto
de 201530
Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de
acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 201531
Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe
taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis
- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532
Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas
CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos
CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves
Silvestres
CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto
Nacional de Pesquisa Espacial
EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa
Catarina
ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
GPS - Global Positioning System
IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
KM - Quilocircmetro
N - Nuacutemero de indiviacuteduos
SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia
SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza
UC - Unidade de conservaccedilatildeo
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO14
2 OBJETIVO16
21 Objetivo Geral16
22 Objetivos Especiacuteficos16
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17
31 Unidades de Conservaccedilatildeo17
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18
33 Atropelamento de Animais Silvestres18
34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20
4 MATERIAL E MEacuteTODOS24
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30
6 CONCLUSOtildeES37
7 REFEREcircNCIAS 38
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas
regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na
preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo
decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das
cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio
de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas
glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande
e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)
Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes
correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse
ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam
consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da
avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves
(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento
especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de
cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon
thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1
Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode
representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades
de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de
proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia
humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as
estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)
Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o
monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no
levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da
UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se
1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
15
margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o
risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas
rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da
ilha
Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e
conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no
entorno da UC
16
2 OBJETIVOS
21 Objetivo Geral
Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de
Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios
para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por
atropelamentos
22 Objetivo Especiacutefico
Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior
(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de
medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional
17
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Unidades de conservaccedilatildeo
Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e
seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas
naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de
conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)
A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com
objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes
atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e
natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu
nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada
(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para
preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos
acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado
que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende
significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais
abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al
2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como
ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da
interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)
Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo
integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso
sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE
2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que
instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As
unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas
bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre
Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem
visitaccedilatildeo com esse propoacutesito
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
RESUMO
Os animais silvestres satildeo viacutetimas constantes de atropelamento por veiacuteculos automotores sendo esta a maior causa de morte destas espeacutecies Estima-se que somente no Brasil mais de 475 milhotildees sejam mortos dessa forma todos os anos Aacutereas no entorno de Unidades de Conservaccedilatildeo (UC) satildeo consideradas vulneraacuteveis pois abrigam uma grande variedade de fauna A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) localizada em Florianoacutepolis - Santa Catarina eacute uma unidade de conservaccedilatildeo federal formada por duas glebas remanescentes dos manguezais do Saco Grande e de Ratones A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e eacute margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) que estabelecem ligaccedilatildeo entre o centro da cidade e bairros do norte da ilha razatildeo pela qual o risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio A unidade abriga predadores de topo de cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) e o graxaim (Cerdocyon thous) Por estar localizada em uma capital os impactos da urbanizaccedilatildeo em seu entorno representam risco para a conservaccedilatildeo da biota ali abrigada O presente trabalho teve como objetivo monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (Gleba Ratones) e coletar informaccedilotildees para subsidiar estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade causada por atropelamentos aleacutem de alimentar o banco de dados do Projeto Malha Esse trabalho teve duraccedilatildeo de nove meses onde foram encontrados 81 animais atropelados Somente 78 animais puderam ser identificados quanto agrave classe a que pertencem e desses registramos 49 mamiacuteferos (6283) 21 aves (2692) 7 reacutepteis (897) 1 anfiacutebio (128) A espeacutecie mais frequente foi de Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com registro de 47 indiviacuteduos (6026) do total de animais identificados
PALAVRAS-CHAVE Animais silvestres mortalidade rodovia unidades de conservaccedilatildeo
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20
Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20
Figura 3 - Passagem de fauna21
Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21
Figura 5 - Manual de coleta de campo24
Figura 6 - Equipe de campo24
Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25
Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26
Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 11 - Equipe coletando dados27
Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27
Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a
classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533
Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33
Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33
Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33
Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3
rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto
de 201530
Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de
acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 201531
Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe
taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis
- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532
Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas
CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos
CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves
Silvestres
CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto
Nacional de Pesquisa Espacial
EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa
Catarina
ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
GPS - Global Positioning System
IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
KM - Quilocircmetro
N - Nuacutemero de indiviacuteduos
SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia
SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza
UC - Unidade de conservaccedilatildeo
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO14
2 OBJETIVO16
21 Objetivo Geral16
22 Objetivos Especiacuteficos16
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17
31 Unidades de Conservaccedilatildeo17
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18
33 Atropelamento de Animais Silvestres18
34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20
4 MATERIAL E MEacuteTODOS24
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30
6 CONCLUSOtildeES37
7 REFEREcircNCIAS 38
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas
regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na
preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo
decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das
cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio
de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas
glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande
e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)
Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes
correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse
ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam
consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da
avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves
(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento
especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de
cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon
thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1
Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode
representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades
de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de
proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia
humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as
estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)
Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o
monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no
levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da
UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se
1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
15
margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o
risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas
rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da
ilha
Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e
conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no
entorno da UC
16
2 OBJETIVOS
21 Objetivo Geral
Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de
Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios
para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por
atropelamentos
22 Objetivo Especiacutefico
Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior
(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de
medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional
17
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Unidades de conservaccedilatildeo
Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e
seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas
naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de
conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)
A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com
objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes
atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e
natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu
nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada
(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para
preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos
acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado
que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende
significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais
abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al
2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como
ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da
interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)
Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo
integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso
sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE
2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que
instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As
unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas
bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre
Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem
visitaccedilatildeo com esse propoacutesito
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20
Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20
Figura 3 - Passagem de fauna21
Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21
Figura 5 - Manual de coleta de campo24
Figura 6 - Equipe de campo24
Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25
Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26
Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26
Figura 11 - Equipe coletando dados27
Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27
Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a
classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533
Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33
Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33
Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33
Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3
rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto
de 201530
Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de
acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 201531
Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe
taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis
- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532
Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas
CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos
CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves
Silvestres
CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto
Nacional de Pesquisa Espacial
EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa
Catarina
ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
GPS - Global Positioning System
IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
KM - Quilocircmetro
N - Nuacutemero de indiviacuteduos
SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia
SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza
UC - Unidade de conservaccedilatildeo
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO14
2 OBJETIVO16
21 Objetivo Geral16
22 Objetivos Especiacuteficos16
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17
31 Unidades de Conservaccedilatildeo17
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18
33 Atropelamento de Animais Silvestres18
34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20
4 MATERIAL E MEacuteTODOS24
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30
6 CONCLUSOtildeES37
7 REFEREcircNCIAS 38
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas
regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na
preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo
decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das
cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio
de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas
glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande
e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)
Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes
correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse
ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam
consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da
avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves
(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento
especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de
cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon
thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1
Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode
representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades
de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de
proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia
humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as
estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)
Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o
monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no
levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da
UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se
1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
15
margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o
risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas
rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da
ilha
Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e
conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no
entorno da UC
16
2 OBJETIVOS
21 Objetivo Geral
Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de
Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios
para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por
atropelamentos
22 Objetivo Especiacutefico
Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior
(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de
medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional
17
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Unidades de conservaccedilatildeo
Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e
seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas
naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de
conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)
A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com
objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes
atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e
natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu
nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada
(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para
preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos
acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado
que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende
significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais
abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al
2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como
ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da
interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)
Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo
integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso
sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE
2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que
instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As
unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas
bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre
Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem
visitaccedilatildeo com esse propoacutesito
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3
rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto
de 201530
Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de
acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 201531
Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe
taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis
- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532
Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas
CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos
CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves
Silvestres
CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto
Nacional de Pesquisa Espacial
EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa
Catarina
ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
GPS - Global Positioning System
IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
KM - Quilocircmetro
N - Nuacutemero de indiviacuteduos
SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia
SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza
UC - Unidade de conservaccedilatildeo
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO14
2 OBJETIVO16
21 Objetivo Geral16
22 Objetivos Especiacuteficos16
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17
31 Unidades de Conservaccedilatildeo17
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18
33 Atropelamento de Animais Silvestres18
34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20
4 MATERIAL E MEacuteTODOS24
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30
6 CONCLUSOtildeES37
7 REFEREcircNCIAS 38
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas
regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na
preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo
decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das
cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio
de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas
glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande
e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)
Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes
correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse
ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam
consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da
avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves
(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento
especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de
cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon
thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1
Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode
representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades
de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de
proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia
humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as
estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)
Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o
monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no
levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da
UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se
1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
15
margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o
risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas
rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da
ilha
Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e
conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no
entorno da UC
16
2 OBJETIVOS
21 Objetivo Geral
Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de
Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios
para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por
atropelamentos
22 Objetivo Especiacutefico
Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior
(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de
medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional
17
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Unidades de conservaccedilatildeo
Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e
seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas
naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de
conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)
A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com
objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes
atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e
natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu
nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada
(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para
preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos
acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado
que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende
significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais
abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al
2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como
ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da
interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)
Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo
integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso
sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE
2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que
instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As
unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas
bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre
Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem
visitaccedilatildeo com esse propoacutesito
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas
CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos
CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves
Silvestres
CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto
Nacional de Pesquisa Espacial
EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa
Catarina
ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
GPS - Global Positioning System
IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade
KM - Quilocircmetro
N - Nuacutemero de indiviacuteduos
SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia
SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza
UC - Unidade de conservaccedilatildeo
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO14
2 OBJETIVO16
21 Objetivo Geral16
22 Objetivos Especiacuteficos16
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17
31 Unidades de Conservaccedilatildeo17
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18
33 Atropelamento de Animais Silvestres18
34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20
4 MATERIAL E MEacuteTODOS24
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30
6 CONCLUSOtildeES37
7 REFEREcircNCIAS 38
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas
regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na
preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo
decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das
cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio
de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas
glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande
e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)
Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes
correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse
ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam
consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da
avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves
(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento
especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de
cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon
thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1
Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode
representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades
de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de
proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia
humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as
estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)
Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o
monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no
levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da
UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se
1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
15
margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o
risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas
rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da
ilha
Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e
conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no
entorno da UC
16
2 OBJETIVOS
21 Objetivo Geral
Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de
Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios
para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por
atropelamentos
22 Objetivo Especiacutefico
Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior
(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de
medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional
17
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Unidades de conservaccedilatildeo
Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e
seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas
naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de
conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)
A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com
objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes
atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e
natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu
nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada
(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para
preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos
acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado
que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende
significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais
abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al
2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como
ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da
interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)
Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo
integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso
sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE
2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que
instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As
unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas
bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre
Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem
visitaccedilatildeo com esse propoacutesito
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO14
2 OBJETIVO16
21 Objetivo Geral16
22 Objetivos Especiacuteficos16
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17
31 Unidades de Conservaccedilatildeo17
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18
33 Atropelamento de Animais Silvestres18
34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20
4 MATERIAL E MEacuteTODOS24
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30
6 CONCLUSOtildeES37
7 REFEREcircNCIAS 38
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas
regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na
preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo
decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das
cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio
de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas
glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande
e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)
Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes
correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse
ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam
consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da
avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves
(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento
especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de
cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon
thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1
Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode
representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades
de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de
proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia
humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as
estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)
Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o
monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no
levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da
UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se
1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
15
margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o
risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas
rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da
ilha
Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e
conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no
entorno da UC
16
2 OBJETIVOS
21 Objetivo Geral
Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de
Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios
para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por
atropelamentos
22 Objetivo Especiacutefico
Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior
(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de
medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional
17
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Unidades de conservaccedilatildeo
Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e
seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas
naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de
conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)
A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com
objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes
atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e
natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu
nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada
(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para
preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos
acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado
que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende
significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais
abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al
2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como
ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da
interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)
Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo
integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso
sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE
2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que
instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As
unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas
bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre
Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem
visitaccedilatildeo com esse propoacutesito
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
14
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas
regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na
preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo
decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das
cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio
de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas
glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande
e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)
Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes
correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse
ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam
consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da
avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves
(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento
especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de
cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon
thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1
Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode
representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades
de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de
proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia
humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as
estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)
Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o
monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no
levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da
UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se
1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes
15
margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o
risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas
rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da
ilha
Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e
conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no
entorno da UC
16
2 OBJETIVOS
21 Objetivo Geral
Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de
Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios
para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por
atropelamentos
22 Objetivo Especiacutefico
Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior
(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de
medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional
17
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Unidades de conservaccedilatildeo
Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e
seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas
naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de
conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)
A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com
objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes
atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e
natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu
nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada
(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para
preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos
acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado
que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende
significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais
abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al
2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como
ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da
interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)
Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo
integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso
sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE
2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que
instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As
unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas
bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre
Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem
visitaccedilatildeo com esse propoacutesito
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
15
margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o
risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas
rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da
ilha
Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e
conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no
entorno da UC
16
2 OBJETIVOS
21 Objetivo Geral
Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de
Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios
para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por
atropelamentos
22 Objetivo Especiacutefico
Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior
(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de
medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional
17
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Unidades de conservaccedilatildeo
Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e
seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas
naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de
conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)
A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com
objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes
atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e
natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu
nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada
(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para
preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos
acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado
que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende
significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais
abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al
2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como
ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da
interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)
Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo
integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso
sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE
2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que
instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As
unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas
bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre
Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem
visitaccedilatildeo com esse propoacutesito
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
16
2 OBJETIVOS
21 Objetivo Geral
Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de
Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios
para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por
atropelamentos
22 Objetivo Especiacutefico
Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior
(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de
medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional
17
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Unidades de conservaccedilatildeo
Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e
seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas
naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de
conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)
A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com
objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes
atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e
natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu
nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada
(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para
preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos
acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado
que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende
significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais
abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al
2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como
ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da
interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)
Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo
integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso
sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE
2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que
instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As
unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas
bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre
Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem
visitaccedilatildeo com esse propoacutesito
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
17
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Unidades de conservaccedilatildeo
Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e
seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas
naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de
conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)
A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com
objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes
atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e
natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu
nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada
(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para
preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos
acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado
que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende
significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais
abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al
2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como
ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da
interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)
Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo
integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso
sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE
2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que
instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As
unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas
bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre
Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem
visitaccedilatildeo com esse propoacutesito
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
18
O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com
que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees
naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda
apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade
ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de
conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas
seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)
32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)
A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes
remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa
Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de
aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados
pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos
pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica
flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores
(VIEIRA et al 2014)
No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de
sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em
seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali
abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do
possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e
abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba
importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em
perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo
33 Atropelamento de animais silvestres
Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo
perceptiacutevel como o de um animal atropelado
Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees
determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a
vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
19
que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de
animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis
preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a
morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em
paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados
uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No
Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER
2014)
O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se
instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o
aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o
transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em
detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)
A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a
biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica
sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para
determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e
CADEMARTORI 2009)
Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como
migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos
ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os
principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias
podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a
longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com
isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem
diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo
construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno
dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)
Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o
habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute
catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e
DEWOOD 2009)
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
20
34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento
Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas
mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos
iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo
educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de
fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para
uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e
outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna
passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo
(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no
momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no
projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a
realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a
construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de
atropelamentos de fauna
Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo
Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
21
Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA
Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill
As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e
devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura
de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute
vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies
(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os
niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a
movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna
devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja
realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja
considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)
Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna
Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
22
Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de
diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento
sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de
incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)
Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam
selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies
monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute
alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de
atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade
muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente
haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES
BERGALLO e FREITAS 2014)
No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja
considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas
rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos
trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um
comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir
os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas
existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia
na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro
(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem
de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA
DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a
ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu
entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo
ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave
locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas
vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a
conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois
milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores
em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83
bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC
(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
23
rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam
destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na
rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para
a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
24
4 MATERIAL E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo
de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados
Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da
ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA
e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e
SC 400 que margeiam a UC
O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto
desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado
de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de
impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento
da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura
6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo
eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com
dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE
Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
25
O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total
e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo
de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada
amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos
atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS
(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do
monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais
(Figura 8)
Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
26
Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha
Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9
e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos
dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e
levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico
possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do
dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila
para o registro fotograacutefico (Figura 12)
Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto
rodovia monitorada inicial ao final do trecho
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
27
Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e
colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da
proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada
de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a
carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o
monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC
Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado
pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas
e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees
Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para
serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo
Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
28
Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente
compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise
Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a
seguinte foacutermula
Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo
O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram
oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove
comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de
comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da
interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia
diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de
Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram
analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos
iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1
= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice
3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram
estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua
crescente = 4
Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de
significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e
GOLDMAN 1999)
Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia
comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais
separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais
e totais
Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e
meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo
Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas
Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro
de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada
dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
29
auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira
de Herpetologia (SBH)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
30
5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na
taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados
No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81
animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser
identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram
diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)
O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto
Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na
Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total
Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em
trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 10 1 6 566A 451
122014 5 4 2 366A 153
012015 2 3 2 233A 058
022015 4 5 1 333A 208
032015 5 3 3 37A 115
042015 4 1 2 233A 153
052015 0 1 0 033A 058
062015 1 5 0 200A 265
072015 2 6 0 266 A
305
082015 1 2 0 100 A
100
Meacutedia 34a 31
a 16
a - -
Desvio Padratildeo 294 209 189 - -
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
31
Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto
Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se
observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo
das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs
No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias
apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de
dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre
as rodovias na taxa de atropelamento
Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres
calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de
Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de
2015
Mecircsano RODOVIA Desvio
Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia
112014 006 002 011 0063A 0043
122014 001 004 002 0023A 0015
012015 000 002 001 0010A 0010
022015 002 011 002 0050A 0052
032015 003 002 001 0020A 0010
042015 002 002 004 0026A 0012
052015 000 002 000 0006A 0012
062015 000 004 000 0013A 0023
072015 001 006 000 0023A 0032
082015 000 003 000 0030 A
0053
Meacutedia 0015a 0044
a 0021
a
Desvio Padratildeo 0020 0031 0035
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo
teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna
natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)
A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho
monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem
A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)
(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
32
sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura
16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em
seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem
sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi
possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo
puderam ser classificados
Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo
com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de
novembro de 2014 a agosto de 2015
Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio
112014 16 11 5 0 0
122014 10 5 2 2 1
012015 7 4 2 1 0
022015 10 4 3 3 0
032015 11 5 5 1 0
042015 6 4 2 0 0
052015 1 0 1 0 0
062015 6 6 0 0 0
072015 8 7 1 0 0
082015 3 3 0 0 0
Total 78 49 21 7 1
Meacutedia - 49a 21
b 07
bc 01
c
Desvio Padratildeo - 190 134 084 018
Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
33
Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de
acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no
entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa
Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015
Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado
Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
34
A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47
registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes
Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula
galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao
gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides
cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave
grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos
houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado
(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4
Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015
CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N
Mammalia Didelphimorphia
Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47
Rodentia
Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1
Caviidae Cavia sp preaacute 1
Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1
Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1
Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1
Aramides sp saracura 2
Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3
Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1
Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1
Ardeidae Butorides striata socozinho 1
Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1
Crotophaga anii anu-preto 1
Pyaia cayana alma-de-gato 1
Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2
Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1
Megascops choliba corujinha-do-mato 1
Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3
Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2
Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1
Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3
Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1
Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1
Natildeo identificados - - - - 3
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
35
Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas
pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria
dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as
maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e
SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com
velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de
reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de
pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a
visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que
normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)
No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas
(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se
inviaacutevel
As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo
em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna
mais susceptiacuteveis ao atropelamento
Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais
atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os
resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie
comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como
manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas
proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma
espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados
junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e
ALMEIDA 2010)
Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as
espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito
abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente
estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman
latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema
local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de
predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um
todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
36
que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a
criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987
O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se
tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo
pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de
pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)
Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos
sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al
(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia
de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
37
6 CONCLUSAtildeO
O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo
Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs
trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados
identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia
entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da
mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute
recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um
maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel
conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em
estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
38
REFEREcircNCIAS
ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p
BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
39
CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015
DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015
DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada Satildeo Paulo NUPAUB ndash Universidade de Satildeo Paulo 1994 163 p
FONSECA G A B K ALGER L P PINTO M ARAUacuteJO R CAVALCANTI Corredores de biodiversidade o Corredor Central da Mata Atlantica 2004 pp 47-65 In Arruda M B amp L F S N Saacute (orgs) Corredores ecoloacutegicos uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil IBAMA Brasiacutelia
FORMAN R T T Land mosaics the ecology of landscapes and regions 1995 Cambridge University Press Cambridge
GASKILL Melissa Rise in Roadkill Requires New Solutions 2013 Disponiacutevel em httpwwwscientificamericancomarticleroadkill-endangers-endangered-wildlife Acesso em 05 mai 2015
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
40
GLISTA DJ DEVAULT TL DEWOODY JA A review of mitigation measures for reducing wildlife mortality on roadways 2009 Landscape and urban planning 91 1-7
GODWIN BJ FAHRIG L How does landscape structure influence landscape connectivity 2002 Oikos 99 552-570 Disponivel em lthttp httpundeduinstructbgoodwinGoodwinOikos2002pdfgt Acesso em 09 set 2015
GRAIPEL Mauricio Eduardo SANTOS FILHO Manoel dos Reproduccedilatildeo e dinacircmica populacional de Didelphis aurita Wied-Neuwied (Mammalia Didelphimorphia) em ambiente periurbano na Ilha de Santa Catarina Sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis p65-73 19 mar 2006 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasgt Acesso em 02 ago 2015 GROOM MJ MEFFE GK HARDCOVER RC Principles of conservation biology 2006 3rd Edition Sinauer Associates779p
HANGEMUHLE Aneline CADEMARTORI Cristina Vargas Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS 389) Biodiversidade Pampeana Uruguaiana v 2 n 6 p4-10 17 mar 2009 Disponiacutevel em lthttpacszanzininetgt Acesso em 17 abr 2015
HIOJSER MP et al Wildlife-Vehicle Collision Reduction Study Report To Congress Washington FHWA 2008 Disponiacutevel em lthttp httpwwwfhwadotgovpublicationsresearchsafety0803408034pdfgt
ICMBIO ndash instituto chico mendes de conservaccedilatildeo da biodiversidade O que eacute Unidade de Conservaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwicmbiogovbrportalservicosatendimento-ao-cidadaoperguntas-frequentes-servicos161-o-que-e-unidade-de-conservacaohtmlgt Acesso em 29 abril 2015
INSTITUTO BRASILIA AMBIENTAL PROJETO RODOFAUNA Rodofauna - Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada Brasilia Governo de Brasilia 2010
LANDE R Genetics and demography in biological conservation 1998 Science 241 1455-1460
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
41
MAIA Ana Carolina Resende BAGER Alex Projeto Malha manual para equipe de campo Lavras UFLA 2013 Disponiacutevel em lthttpcbeeuflabrgt Acesso em 17 abr 2015
MCKENZIE J GOLDMAN RN The student edition of Minitab for Windows manual release 12 Belmont Addison-Wesley Longman Softcover ed 1999 592p
MELO ES amp SANTOS-FILHO M Efeitos da BR-070 na Proviacutencia Serrana de Caacuteceres Mato Grosso sobre a comunidade de vertebrados silvestres Revista Brasileira de Zoociecircncias v 9 n2 p 185-192 2007
MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-
42
ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015
ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004
RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014
- BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13
-