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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE ZOOTECNIA CRISTIANE FONSECA MARTIN MONITORAMENTO DE FAUNA SILVESTRE ATROPELADA NO ENTORNO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE CARIJÓS FLORIANÓPOLIS - SC 2015 2015 CRISTIANE FONSECA MARTIN UFSC

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS

CURSO DE ZOOTECNIA

CRISTIANE FONSECA MARTIN

MONITORAMENTO DE FAUNA SILVESTRE ATROPELADA NO ENTORNO DA ESTACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA DE CARIJOacuteS

FLORIANOacutePOLIS - SC 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS

CURSO DE ZOOTECNIA

CRISTIANE FONSECA MARTIN

MONITORAMENTO DE FAUNA SILVESTRE ATROPELADA NO ENTORNO DA ESTACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA DE CARIJOacuteS

FLORIANOacutePOLIS - SC

2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS

CURSO DE ZOOTECNIA

CRISTIANE FONSECA MARTIN

MONITORAMENTO DE FAUNA SILVESTRE ATROPELADA NO ENTORNO DA ESTACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA DE CARIJOacuteS

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado

como exigecircncia para obtenccedilatildeo do Diploma de

Graduaccedilatildeo em Zootecnia da Universidade Federal

de Santa Catarina

Orientadora Proordf Drordf Lucelia Hauplit

FLORIANOacutePOLIS - SC

2015

DEDICATOacuteRIA

Este trabalho eacute dedicado agrave memoacuteria dos meus queridos pais e tambeacutem eacute dedicado ao meu amado esposo

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo imensamente ao meu Pai Jorge Mello Borges da Fonseca que

moldou meu caraacuteter me mostrou que o maior tesouro de uma pessoa eacute a eacutetica e a

honestidade que com seu exemplo amor e dedicaccedilatildeo me incentivou nos momentos

que eu mais precisei e que me permitiu seguir esse sonho Sem ele nada disso seria

possiacutevel Agradeccedilo a minha Matildee Nelcy Maria Silva Borges da Fonseca sempre

doce sempre presente na minha vida sempre me acalmando e me dando paz com

seu lindo sorriso Minha referecircncia meu porto seguro Apesar de infelizmente

ambos natildeo estarem mais aqui comigo eles deixaram um legado que eacute e sempre

seraacute eterno

Agradeccedilo muito ao meu marido amor companheiro Lloyd A Martin parte

fundamental neste processo todo que sempre acreditou em mim e impediu que eu

desistisse nos momentos mais difiacuteceis Sou imensamente grata a ele por estar

sempre ao meu lado por aguentar minha ansiedade meu cansaccedilo Por sempre me

dar seguranccedila e mostrar seu amor

Agradeccedilo imensamente a minha orientadora professora e mestre Lucelia

Hauptli por ter acreditado em mim e neste projeto por ter aceito esse desafio por

ter sempre uma palavra de incentivo por toda a sua dedicaccedilatildeo Eu natildeo teria

conseguido sem o seu apoio

Agradeccedilo a minha coorientadora de Pibic Edineacuteia Caldas Correia por ter me

escolhido para participar desse projeto por ter me ensinado tanto pela companhia

nas madrugadas procurando animais atropelados por ter aceito participar da minha

banca e por todas as oportunidades que me ofereceu

Agradeccedilo a minha amiga Marcia Oliveira por ter me ajudado nesses anos

todos por ter dividido comigo o cuidado com meus pais e com isso permitido que eu

concluiacutesse o curso

Agradeccedilo a minha amiga Vanessa T Kanaan a responsaacutevel pelo iniacutecio de tudo

isso que plantou a sementinha que me ensinou os primeiros passos nesta carreira

que escolhi

Agradeccedilo a minha amiga e colega Camila P Della que por mais de quatro

anos caminhou ao meu lado Foram anos de muito estudo muito companheirismo

muitas risadas mas tambeacutem muitas laacutegrimas muito desespero Agradeccedilo pelo

incentivo por me ouvir e compartilhar comigo sua histoacuteria

Agradeccedilo as amizades que conquistei nesses anos e que quero carregar para

a vida Ariany Maria Betacircnia Barbara Nicole Amabile Vanessa e tantos outros

Agradeccedilo aos meus orientadores na ESEC Carijoacutes Luis Otavio Rocha e

Patriacutecia P Serafini pela oportunidade de por dois anos poder fazer parte de um

projeto tatildeo importante Agradeccedilo tambeacutem a Luisa Lopes e ao Leandro Zago da Silva

por terem acordado cedo e me acompanhado em eventuais monitoramentos

Agradeccedilo ao Silvio de Souza Jr chefe da ESEC Carijoacutes pelo apoio e pela

oportunidade

Agradeccedilo ao Bioacutelogo Jorge Joseacute Cherem por ter aceito o convite de ser parte

da banca de avaliaccedilatildeo desse trabalho sua contribuiccedilatildeo seraacute engrandecedora

Agradeccedilo aos professores do departamento de Zootecnia da UFSC por terem

me passado seu conhecimento e por toda a dedicaccedilatildeo nesses anos

E por fim agradeccedilo a todas as pessoas que participaram desse processo e

que de alguma forma contribuiacuteram para essa conquista

Muito Obrigada

ldquoNatildeo eacute o mais forte que sobrevive nem o mais inteligente mas o que melhor se adapta agraves mudanccedilasrdquo

(Charles Darwin)

RESUMO

Os animais silvestres satildeo viacutetimas constantes de atropelamento por veiacuteculos automotores sendo esta a maior causa de morte destas espeacutecies Estima-se que somente no Brasil mais de 475 milhotildees sejam mortos dessa forma todos os anos Aacutereas no entorno de Unidades de Conservaccedilatildeo (UC) satildeo consideradas vulneraacuteveis pois abrigam uma grande variedade de fauna A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) localizada em Florianoacutepolis - Santa Catarina eacute uma unidade de conservaccedilatildeo federal formada por duas glebas remanescentes dos manguezais do Saco Grande e de Ratones A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e eacute margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) que estabelecem ligaccedilatildeo entre o centro da cidade e bairros do norte da ilha razatildeo pela qual o risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio A unidade abriga predadores de topo de cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) e o graxaim (Cerdocyon thous) Por estar localizada em uma capital os impactos da urbanizaccedilatildeo em seu entorno representam risco para a conservaccedilatildeo da biota ali abrigada O presente trabalho teve como objetivo monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (Gleba Ratones) e coletar informaccedilotildees para subsidiar estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade causada por atropelamentos aleacutem de alimentar o banco de dados do Projeto Malha Esse trabalho teve duraccedilatildeo de nove meses onde foram encontrados 81 animais atropelados Somente 78 animais puderam ser identificados quanto agrave classe a que pertencem e desses registramos 49 mamiacuteferos (6283) 21 aves (2692) 7 reacutepteis (897) 1 anfiacutebio (128) A espeacutecie mais frequente foi de Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com registro de 47 indiviacuteduos (6026) do total de animais identificados

PALAVRAS-CHAVE Animais silvestres mortalidade rodovia unidades de conservaccedilatildeo

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20

Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20

Figura 3 - Passagem de fauna21

Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21

Figura 5 - Manual de coleta de campo24

Figura 6 - Equipe de campo24

Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25

Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26

Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 11 - Equipe coletando dados27

Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27

Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a

classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533

Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33

Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33

Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33

Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3

rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto

de 201530

Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de

acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 201531

Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe

taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis

- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532

Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas

CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos

CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves

Silvestres

CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto

Nacional de Pesquisa Espacial

EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa

Catarina

ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

GPS - Global Positioning System

IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

KM - Quilocircmetro

N - Nuacutemero de indiviacuteduos

SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia

SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza

UC - Unidade de conservaccedilatildeo

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO14

2 OBJETIVO16

21 Objetivo Geral16

22 Objetivos Especiacuteficos16

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17

31 Unidades de Conservaccedilatildeo17

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18

33 Atropelamento de Animais Silvestres18

34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20

4 MATERIAL E MEacuteTODOS24

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30

6 CONCLUSOtildeES37

7 REFEREcircNCIAS 38

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas

regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na

preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo

decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das

cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio

de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas

glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande

e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)

Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes

correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse

ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam

consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da

avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves

(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento

especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de

cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon

thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1

Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode

representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades

de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de

proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia

humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as

estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)

Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o

monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no

levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da

UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se

1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

15

margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o

risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas

rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da

ilha

Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e

conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no

entorno da UC

16

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de

Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios

para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por

atropelamentos

22 Objetivo Especiacutefico

Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior

(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de

medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional

17

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

31 Unidades de conservaccedilatildeo

Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e

seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas

naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de

conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)

A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com

objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes

atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e

natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu

nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada

(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para

preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos

acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado

que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende

significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais

abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al

2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como

ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da

interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)

Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo

integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso

sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE

2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As

unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas

bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre

Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem

visitaccedilatildeo com esse propoacutesito

18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

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MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015

42

ROCHA Vlamir J et al Haacutebito alimentar do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Carnivora Canidae) em aacuterea de mosaico de vegetaccedilatildeo nativa e exoacutetica no Sul do Brasil Revista Brasileira de Zoologia Curitiba v 25 n 4 p1-2 dez 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-81752008000400003ampscript=sci_arttextgt Acesso em 12 out 2015

ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004

RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014

  • BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS

CURSO DE ZOOTECNIA

CRISTIANE FONSECA MARTIN

MONITORAMENTO DE FAUNA SILVESTRE ATROPELADA NO ENTORNO DA ESTACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA DE CARIJOacuteS

FLORIANOacutePOLIS - SC

2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS

CURSO DE ZOOTECNIA

CRISTIANE FONSECA MARTIN

MONITORAMENTO DE FAUNA SILVESTRE ATROPELADA NO ENTORNO DA ESTACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA DE CARIJOacuteS

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado

como exigecircncia para obtenccedilatildeo do Diploma de

Graduaccedilatildeo em Zootecnia da Universidade Federal

de Santa Catarina

Orientadora Proordf Drordf Lucelia Hauplit

FLORIANOacutePOLIS - SC

2015

DEDICATOacuteRIA

Este trabalho eacute dedicado agrave memoacuteria dos meus queridos pais e tambeacutem eacute dedicado ao meu amado esposo

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo imensamente ao meu Pai Jorge Mello Borges da Fonseca que

moldou meu caraacuteter me mostrou que o maior tesouro de uma pessoa eacute a eacutetica e a

honestidade que com seu exemplo amor e dedicaccedilatildeo me incentivou nos momentos

que eu mais precisei e que me permitiu seguir esse sonho Sem ele nada disso seria

possiacutevel Agradeccedilo a minha Matildee Nelcy Maria Silva Borges da Fonseca sempre

doce sempre presente na minha vida sempre me acalmando e me dando paz com

seu lindo sorriso Minha referecircncia meu porto seguro Apesar de infelizmente

ambos natildeo estarem mais aqui comigo eles deixaram um legado que eacute e sempre

seraacute eterno

Agradeccedilo muito ao meu marido amor companheiro Lloyd A Martin parte

fundamental neste processo todo que sempre acreditou em mim e impediu que eu

desistisse nos momentos mais difiacuteceis Sou imensamente grata a ele por estar

sempre ao meu lado por aguentar minha ansiedade meu cansaccedilo Por sempre me

dar seguranccedila e mostrar seu amor

Agradeccedilo imensamente a minha orientadora professora e mestre Lucelia

Hauptli por ter acreditado em mim e neste projeto por ter aceito esse desafio por

ter sempre uma palavra de incentivo por toda a sua dedicaccedilatildeo Eu natildeo teria

conseguido sem o seu apoio

Agradeccedilo a minha coorientadora de Pibic Edineacuteia Caldas Correia por ter me

escolhido para participar desse projeto por ter me ensinado tanto pela companhia

nas madrugadas procurando animais atropelados por ter aceito participar da minha

banca e por todas as oportunidades que me ofereceu

Agradeccedilo a minha amiga Marcia Oliveira por ter me ajudado nesses anos

todos por ter dividido comigo o cuidado com meus pais e com isso permitido que eu

concluiacutesse o curso

Agradeccedilo a minha amiga Vanessa T Kanaan a responsaacutevel pelo iniacutecio de tudo

isso que plantou a sementinha que me ensinou os primeiros passos nesta carreira

que escolhi

Agradeccedilo a minha amiga e colega Camila P Della que por mais de quatro

anos caminhou ao meu lado Foram anos de muito estudo muito companheirismo

muitas risadas mas tambeacutem muitas laacutegrimas muito desespero Agradeccedilo pelo

incentivo por me ouvir e compartilhar comigo sua histoacuteria

Agradeccedilo as amizades que conquistei nesses anos e que quero carregar para

a vida Ariany Maria Betacircnia Barbara Nicole Amabile Vanessa e tantos outros

Agradeccedilo aos meus orientadores na ESEC Carijoacutes Luis Otavio Rocha e

Patriacutecia P Serafini pela oportunidade de por dois anos poder fazer parte de um

projeto tatildeo importante Agradeccedilo tambeacutem a Luisa Lopes e ao Leandro Zago da Silva

por terem acordado cedo e me acompanhado em eventuais monitoramentos

Agradeccedilo ao Silvio de Souza Jr chefe da ESEC Carijoacutes pelo apoio e pela

oportunidade

Agradeccedilo ao Bioacutelogo Jorge Joseacute Cherem por ter aceito o convite de ser parte

da banca de avaliaccedilatildeo desse trabalho sua contribuiccedilatildeo seraacute engrandecedora

Agradeccedilo aos professores do departamento de Zootecnia da UFSC por terem

me passado seu conhecimento e por toda a dedicaccedilatildeo nesses anos

E por fim agradeccedilo a todas as pessoas que participaram desse processo e

que de alguma forma contribuiacuteram para essa conquista

Muito Obrigada

ldquoNatildeo eacute o mais forte que sobrevive nem o mais inteligente mas o que melhor se adapta agraves mudanccedilasrdquo

(Charles Darwin)

RESUMO

Os animais silvestres satildeo viacutetimas constantes de atropelamento por veiacuteculos automotores sendo esta a maior causa de morte destas espeacutecies Estima-se que somente no Brasil mais de 475 milhotildees sejam mortos dessa forma todos os anos Aacutereas no entorno de Unidades de Conservaccedilatildeo (UC) satildeo consideradas vulneraacuteveis pois abrigam uma grande variedade de fauna A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) localizada em Florianoacutepolis - Santa Catarina eacute uma unidade de conservaccedilatildeo federal formada por duas glebas remanescentes dos manguezais do Saco Grande e de Ratones A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e eacute margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) que estabelecem ligaccedilatildeo entre o centro da cidade e bairros do norte da ilha razatildeo pela qual o risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio A unidade abriga predadores de topo de cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) e o graxaim (Cerdocyon thous) Por estar localizada em uma capital os impactos da urbanizaccedilatildeo em seu entorno representam risco para a conservaccedilatildeo da biota ali abrigada O presente trabalho teve como objetivo monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (Gleba Ratones) e coletar informaccedilotildees para subsidiar estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade causada por atropelamentos aleacutem de alimentar o banco de dados do Projeto Malha Esse trabalho teve duraccedilatildeo de nove meses onde foram encontrados 81 animais atropelados Somente 78 animais puderam ser identificados quanto agrave classe a que pertencem e desses registramos 49 mamiacuteferos (6283) 21 aves (2692) 7 reacutepteis (897) 1 anfiacutebio (128) A espeacutecie mais frequente foi de Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com registro de 47 indiviacuteduos (6026) do total de animais identificados

PALAVRAS-CHAVE Animais silvestres mortalidade rodovia unidades de conservaccedilatildeo

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20

Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20

Figura 3 - Passagem de fauna21

Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21

Figura 5 - Manual de coleta de campo24

Figura 6 - Equipe de campo24

Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25

Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26

Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 11 - Equipe coletando dados27

Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27

Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a

classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533

Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33

Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33

Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33

Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3

rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto

de 201530

Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de

acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 201531

Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe

taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis

- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532

Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas

CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos

CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves

Silvestres

CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto

Nacional de Pesquisa Espacial

EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa

Catarina

ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

GPS - Global Positioning System

IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

KM - Quilocircmetro

N - Nuacutemero de indiviacuteduos

SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia

SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza

UC - Unidade de conservaccedilatildeo

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO14

2 OBJETIVO16

21 Objetivo Geral16

22 Objetivos Especiacuteficos16

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17

31 Unidades de Conservaccedilatildeo17

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18

33 Atropelamento de Animais Silvestres18

34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20

4 MATERIAL E MEacuteTODOS24

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30

6 CONCLUSOtildeES37

7 REFEREcircNCIAS 38

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas

regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na

preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo

decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das

cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio

de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas

glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande

e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)

Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes

correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse

ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam

consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da

avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves

(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento

especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de

cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon

thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1

Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode

representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades

de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de

proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia

humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as

estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)

Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o

monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no

levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da

UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se

1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

15

margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o

risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas

rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da

ilha

Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e

conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no

entorno da UC

16

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de

Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios

para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por

atropelamentos

22 Objetivo Especiacutefico

Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior

(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de

medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional

17

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

31 Unidades de conservaccedilatildeo

Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e

seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas

naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de

conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)

A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com

objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes

atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e

natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu

nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada

(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para

preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos

acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado

que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende

significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais

abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al

2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como

ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da

interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)

Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo

integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso

sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE

2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As

unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas

bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre

Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem

visitaccedilatildeo com esse propoacutesito

18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p

BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010

39

CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009

DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES Monitoramento e mitigaccedilatildeo de atropelamento de fauna 2015 1 ed Brasiacutelia Estrada Verde 2012 64 p Disponiacutevel em lthttpwwwdnitgovbrmeio-ambientecolecao-estrada-verdemonitoramento-e-mitigacao-de-atropelamento-de-faunapdfgt Acesso em 02 abr 2015

DESCIO Fernando et al Combate a atropelamentos da fauna silvestre nas vias puacuteblicas que atravessam o Parque Estadual da Cantareira 2010 Disponiacutevel em lthttpiflorestalspgovbrgt Acesso em 05 mai 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS

CURSO DE ZOOTECNIA

CRISTIANE FONSECA MARTIN

MONITORAMENTO DE FAUNA SILVESTRE ATROPELADA NO ENTORNO DA ESTACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA DE CARIJOacuteS

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado

como exigecircncia para obtenccedilatildeo do Diploma de

Graduaccedilatildeo em Zootecnia da Universidade Federal

de Santa Catarina

Orientadora Proordf Drordf Lucelia Hauplit

FLORIANOacutePOLIS - SC

2015

DEDICATOacuteRIA

Este trabalho eacute dedicado agrave memoacuteria dos meus queridos pais e tambeacutem eacute dedicado ao meu amado esposo

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo imensamente ao meu Pai Jorge Mello Borges da Fonseca que

moldou meu caraacuteter me mostrou que o maior tesouro de uma pessoa eacute a eacutetica e a

honestidade que com seu exemplo amor e dedicaccedilatildeo me incentivou nos momentos

que eu mais precisei e que me permitiu seguir esse sonho Sem ele nada disso seria

possiacutevel Agradeccedilo a minha Matildee Nelcy Maria Silva Borges da Fonseca sempre

doce sempre presente na minha vida sempre me acalmando e me dando paz com

seu lindo sorriso Minha referecircncia meu porto seguro Apesar de infelizmente

ambos natildeo estarem mais aqui comigo eles deixaram um legado que eacute e sempre

seraacute eterno

Agradeccedilo muito ao meu marido amor companheiro Lloyd A Martin parte

fundamental neste processo todo que sempre acreditou em mim e impediu que eu

desistisse nos momentos mais difiacuteceis Sou imensamente grata a ele por estar

sempre ao meu lado por aguentar minha ansiedade meu cansaccedilo Por sempre me

dar seguranccedila e mostrar seu amor

Agradeccedilo imensamente a minha orientadora professora e mestre Lucelia

Hauptli por ter acreditado em mim e neste projeto por ter aceito esse desafio por

ter sempre uma palavra de incentivo por toda a sua dedicaccedilatildeo Eu natildeo teria

conseguido sem o seu apoio

Agradeccedilo a minha coorientadora de Pibic Edineacuteia Caldas Correia por ter me

escolhido para participar desse projeto por ter me ensinado tanto pela companhia

nas madrugadas procurando animais atropelados por ter aceito participar da minha

banca e por todas as oportunidades que me ofereceu

Agradeccedilo a minha amiga Marcia Oliveira por ter me ajudado nesses anos

todos por ter dividido comigo o cuidado com meus pais e com isso permitido que eu

concluiacutesse o curso

Agradeccedilo a minha amiga Vanessa T Kanaan a responsaacutevel pelo iniacutecio de tudo

isso que plantou a sementinha que me ensinou os primeiros passos nesta carreira

que escolhi

Agradeccedilo a minha amiga e colega Camila P Della que por mais de quatro

anos caminhou ao meu lado Foram anos de muito estudo muito companheirismo

muitas risadas mas tambeacutem muitas laacutegrimas muito desespero Agradeccedilo pelo

incentivo por me ouvir e compartilhar comigo sua histoacuteria

Agradeccedilo as amizades que conquistei nesses anos e que quero carregar para

a vida Ariany Maria Betacircnia Barbara Nicole Amabile Vanessa e tantos outros

Agradeccedilo aos meus orientadores na ESEC Carijoacutes Luis Otavio Rocha e

Patriacutecia P Serafini pela oportunidade de por dois anos poder fazer parte de um

projeto tatildeo importante Agradeccedilo tambeacutem a Luisa Lopes e ao Leandro Zago da Silva

por terem acordado cedo e me acompanhado em eventuais monitoramentos

Agradeccedilo ao Silvio de Souza Jr chefe da ESEC Carijoacutes pelo apoio e pela

oportunidade

Agradeccedilo ao Bioacutelogo Jorge Joseacute Cherem por ter aceito o convite de ser parte

da banca de avaliaccedilatildeo desse trabalho sua contribuiccedilatildeo seraacute engrandecedora

Agradeccedilo aos professores do departamento de Zootecnia da UFSC por terem

me passado seu conhecimento e por toda a dedicaccedilatildeo nesses anos

E por fim agradeccedilo a todas as pessoas que participaram desse processo e

que de alguma forma contribuiacuteram para essa conquista

Muito Obrigada

ldquoNatildeo eacute o mais forte que sobrevive nem o mais inteligente mas o que melhor se adapta agraves mudanccedilasrdquo

(Charles Darwin)

RESUMO

Os animais silvestres satildeo viacutetimas constantes de atropelamento por veiacuteculos automotores sendo esta a maior causa de morte destas espeacutecies Estima-se que somente no Brasil mais de 475 milhotildees sejam mortos dessa forma todos os anos Aacutereas no entorno de Unidades de Conservaccedilatildeo (UC) satildeo consideradas vulneraacuteveis pois abrigam uma grande variedade de fauna A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) localizada em Florianoacutepolis - Santa Catarina eacute uma unidade de conservaccedilatildeo federal formada por duas glebas remanescentes dos manguezais do Saco Grande e de Ratones A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e eacute margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) que estabelecem ligaccedilatildeo entre o centro da cidade e bairros do norte da ilha razatildeo pela qual o risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio A unidade abriga predadores de topo de cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) e o graxaim (Cerdocyon thous) Por estar localizada em uma capital os impactos da urbanizaccedilatildeo em seu entorno representam risco para a conservaccedilatildeo da biota ali abrigada O presente trabalho teve como objetivo monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (Gleba Ratones) e coletar informaccedilotildees para subsidiar estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade causada por atropelamentos aleacutem de alimentar o banco de dados do Projeto Malha Esse trabalho teve duraccedilatildeo de nove meses onde foram encontrados 81 animais atropelados Somente 78 animais puderam ser identificados quanto agrave classe a que pertencem e desses registramos 49 mamiacuteferos (6283) 21 aves (2692) 7 reacutepteis (897) 1 anfiacutebio (128) A espeacutecie mais frequente foi de Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com registro de 47 indiviacuteduos (6026) do total de animais identificados

PALAVRAS-CHAVE Animais silvestres mortalidade rodovia unidades de conservaccedilatildeo

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20

Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20

Figura 3 - Passagem de fauna21

Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21

Figura 5 - Manual de coleta de campo24

Figura 6 - Equipe de campo24

Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25

Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26

Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 11 - Equipe coletando dados27

Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27

Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a

classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533

Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33

Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33

Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33

Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3

rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto

de 201530

Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de

acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 201531

Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe

taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis

- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532

Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas

CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos

CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves

Silvestres

CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto

Nacional de Pesquisa Espacial

EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa

Catarina

ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

GPS - Global Positioning System

IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

KM - Quilocircmetro

N - Nuacutemero de indiviacuteduos

SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia

SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza

UC - Unidade de conservaccedilatildeo

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO14

2 OBJETIVO16

21 Objetivo Geral16

22 Objetivos Especiacuteficos16

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17

31 Unidades de Conservaccedilatildeo17

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18

33 Atropelamento de Animais Silvestres18

34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20

4 MATERIAL E MEacuteTODOS24

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30

6 CONCLUSOtildeES37

7 REFEREcircNCIAS 38

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas

regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na

preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo

decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das

cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio

de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas

glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande

e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)

Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes

correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse

ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam

consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da

avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves

(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento

especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de

cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon

thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1

Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode

representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades

de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de

proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia

humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as

estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)

Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o

monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no

levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da

UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se

1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

15

margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o

risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas

rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da

ilha

Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e

conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no

entorno da UC

16

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de

Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios

para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por

atropelamentos

22 Objetivo Especiacutefico

Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior

(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de

medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional

17

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

31 Unidades de conservaccedilatildeo

Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e

seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas

naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de

conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)

A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com

objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes

atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e

natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu

nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada

(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para

preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos

acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado

que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende

significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais

abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al

2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como

ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da

interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)

Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo

integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso

sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE

2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As

unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas

bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre

Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem

visitaccedilatildeo com esse propoacutesito

18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

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DEDICATOacuteRIA

Este trabalho eacute dedicado agrave memoacuteria dos meus queridos pais e tambeacutem eacute dedicado ao meu amado esposo

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo imensamente ao meu Pai Jorge Mello Borges da Fonseca que

moldou meu caraacuteter me mostrou que o maior tesouro de uma pessoa eacute a eacutetica e a

honestidade que com seu exemplo amor e dedicaccedilatildeo me incentivou nos momentos

que eu mais precisei e que me permitiu seguir esse sonho Sem ele nada disso seria

possiacutevel Agradeccedilo a minha Matildee Nelcy Maria Silva Borges da Fonseca sempre

doce sempre presente na minha vida sempre me acalmando e me dando paz com

seu lindo sorriso Minha referecircncia meu porto seguro Apesar de infelizmente

ambos natildeo estarem mais aqui comigo eles deixaram um legado que eacute e sempre

seraacute eterno

Agradeccedilo muito ao meu marido amor companheiro Lloyd A Martin parte

fundamental neste processo todo que sempre acreditou em mim e impediu que eu

desistisse nos momentos mais difiacuteceis Sou imensamente grata a ele por estar

sempre ao meu lado por aguentar minha ansiedade meu cansaccedilo Por sempre me

dar seguranccedila e mostrar seu amor

Agradeccedilo imensamente a minha orientadora professora e mestre Lucelia

Hauptli por ter acreditado em mim e neste projeto por ter aceito esse desafio por

ter sempre uma palavra de incentivo por toda a sua dedicaccedilatildeo Eu natildeo teria

conseguido sem o seu apoio

Agradeccedilo a minha coorientadora de Pibic Edineacuteia Caldas Correia por ter me

escolhido para participar desse projeto por ter me ensinado tanto pela companhia

nas madrugadas procurando animais atropelados por ter aceito participar da minha

banca e por todas as oportunidades que me ofereceu

Agradeccedilo a minha amiga Marcia Oliveira por ter me ajudado nesses anos

todos por ter dividido comigo o cuidado com meus pais e com isso permitido que eu

concluiacutesse o curso

Agradeccedilo a minha amiga Vanessa T Kanaan a responsaacutevel pelo iniacutecio de tudo

isso que plantou a sementinha que me ensinou os primeiros passos nesta carreira

que escolhi

Agradeccedilo a minha amiga e colega Camila P Della que por mais de quatro

anos caminhou ao meu lado Foram anos de muito estudo muito companheirismo

muitas risadas mas tambeacutem muitas laacutegrimas muito desespero Agradeccedilo pelo

incentivo por me ouvir e compartilhar comigo sua histoacuteria

Agradeccedilo as amizades que conquistei nesses anos e que quero carregar para

a vida Ariany Maria Betacircnia Barbara Nicole Amabile Vanessa e tantos outros

Agradeccedilo aos meus orientadores na ESEC Carijoacutes Luis Otavio Rocha e

Patriacutecia P Serafini pela oportunidade de por dois anos poder fazer parte de um

projeto tatildeo importante Agradeccedilo tambeacutem a Luisa Lopes e ao Leandro Zago da Silva

por terem acordado cedo e me acompanhado em eventuais monitoramentos

Agradeccedilo ao Silvio de Souza Jr chefe da ESEC Carijoacutes pelo apoio e pela

oportunidade

Agradeccedilo ao Bioacutelogo Jorge Joseacute Cherem por ter aceito o convite de ser parte

da banca de avaliaccedilatildeo desse trabalho sua contribuiccedilatildeo seraacute engrandecedora

Agradeccedilo aos professores do departamento de Zootecnia da UFSC por terem

me passado seu conhecimento e por toda a dedicaccedilatildeo nesses anos

E por fim agradeccedilo a todas as pessoas que participaram desse processo e

que de alguma forma contribuiacuteram para essa conquista

Muito Obrigada

ldquoNatildeo eacute o mais forte que sobrevive nem o mais inteligente mas o que melhor se adapta agraves mudanccedilasrdquo

(Charles Darwin)

RESUMO

Os animais silvestres satildeo viacutetimas constantes de atropelamento por veiacuteculos automotores sendo esta a maior causa de morte destas espeacutecies Estima-se que somente no Brasil mais de 475 milhotildees sejam mortos dessa forma todos os anos Aacutereas no entorno de Unidades de Conservaccedilatildeo (UC) satildeo consideradas vulneraacuteveis pois abrigam uma grande variedade de fauna A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) localizada em Florianoacutepolis - Santa Catarina eacute uma unidade de conservaccedilatildeo federal formada por duas glebas remanescentes dos manguezais do Saco Grande e de Ratones A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e eacute margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) que estabelecem ligaccedilatildeo entre o centro da cidade e bairros do norte da ilha razatildeo pela qual o risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio A unidade abriga predadores de topo de cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) e o graxaim (Cerdocyon thous) Por estar localizada em uma capital os impactos da urbanizaccedilatildeo em seu entorno representam risco para a conservaccedilatildeo da biota ali abrigada O presente trabalho teve como objetivo monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (Gleba Ratones) e coletar informaccedilotildees para subsidiar estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade causada por atropelamentos aleacutem de alimentar o banco de dados do Projeto Malha Esse trabalho teve duraccedilatildeo de nove meses onde foram encontrados 81 animais atropelados Somente 78 animais puderam ser identificados quanto agrave classe a que pertencem e desses registramos 49 mamiacuteferos (6283) 21 aves (2692) 7 reacutepteis (897) 1 anfiacutebio (128) A espeacutecie mais frequente foi de Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com registro de 47 indiviacuteduos (6026) do total de animais identificados

PALAVRAS-CHAVE Animais silvestres mortalidade rodovia unidades de conservaccedilatildeo

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20

Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20

Figura 3 - Passagem de fauna21

Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21

Figura 5 - Manual de coleta de campo24

Figura 6 - Equipe de campo24

Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25

Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26

Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 11 - Equipe coletando dados27

Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27

Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a

classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533

Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33

Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33

Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33

Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3

rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto

de 201530

Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de

acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 201531

Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe

taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis

- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532

Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas

CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos

CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves

Silvestres

CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto

Nacional de Pesquisa Espacial

EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa

Catarina

ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

GPS - Global Positioning System

IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

KM - Quilocircmetro

N - Nuacutemero de indiviacuteduos

SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia

SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza

UC - Unidade de conservaccedilatildeo

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO14

2 OBJETIVO16

21 Objetivo Geral16

22 Objetivos Especiacuteficos16

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17

31 Unidades de Conservaccedilatildeo17

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18

33 Atropelamento de Animais Silvestres18

34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20

4 MATERIAL E MEacuteTODOS24

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30

6 CONCLUSOtildeES37

7 REFEREcircNCIAS 38

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas

regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na

preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo

decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das

cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio

de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas

glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande

e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)

Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes

correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse

ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam

consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da

avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves

(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento

especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de

cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon

thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1

Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode

representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades

de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de

proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia

humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as

estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)

Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o

monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no

levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da

UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se

1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

15

margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o

risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas

rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da

ilha

Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e

conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no

entorno da UC

16

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de

Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios

para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por

atropelamentos

22 Objetivo Especiacutefico

Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior

(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de

medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional

17

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

31 Unidades de conservaccedilatildeo

Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e

seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas

naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de

conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)

A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com

objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes

atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e

natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu

nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada

(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para

preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos

acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado

que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende

significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais

abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al

2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como

ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da

interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)

Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo

integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso

sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE

2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As

unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas

bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre

Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem

visitaccedilatildeo com esse propoacutesito

18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p

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39

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AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo imensamente ao meu Pai Jorge Mello Borges da Fonseca que

moldou meu caraacuteter me mostrou que o maior tesouro de uma pessoa eacute a eacutetica e a

honestidade que com seu exemplo amor e dedicaccedilatildeo me incentivou nos momentos

que eu mais precisei e que me permitiu seguir esse sonho Sem ele nada disso seria

possiacutevel Agradeccedilo a minha Matildee Nelcy Maria Silva Borges da Fonseca sempre

doce sempre presente na minha vida sempre me acalmando e me dando paz com

seu lindo sorriso Minha referecircncia meu porto seguro Apesar de infelizmente

ambos natildeo estarem mais aqui comigo eles deixaram um legado que eacute e sempre

seraacute eterno

Agradeccedilo muito ao meu marido amor companheiro Lloyd A Martin parte

fundamental neste processo todo que sempre acreditou em mim e impediu que eu

desistisse nos momentos mais difiacuteceis Sou imensamente grata a ele por estar

sempre ao meu lado por aguentar minha ansiedade meu cansaccedilo Por sempre me

dar seguranccedila e mostrar seu amor

Agradeccedilo imensamente a minha orientadora professora e mestre Lucelia

Hauptli por ter acreditado em mim e neste projeto por ter aceito esse desafio por

ter sempre uma palavra de incentivo por toda a sua dedicaccedilatildeo Eu natildeo teria

conseguido sem o seu apoio

Agradeccedilo a minha coorientadora de Pibic Edineacuteia Caldas Correia por ter me

escolhido para participar desse projeto por ter me ensinado tanto pela companhia

nas madrugadas procurando animais atropelados por ter aceito participar da minha

banca e por todas as oportunidades que me ofereceu

Agradeccedilo a minha amiga Marcia Oliveira por ter me ajudado nesses anos

todos por ter dividido comigo o cuidado com meus pais e com isso permitido que eu

concluiacutesse o curso

Agradeccedilo a minha amiga Vanessa T Kanaan a responsaacutevel pelo iniacutecio de tudo

isso que plantou a sementinha que me ensinou os primeiros passos nesta carreira

que escolhi

Agradeccedilo a minha amiga e colega Camila P Della que por mais de quatro

anos caminhou ao meu lado Foram anos de muito estudo muito companheirismo

muitas risadas mas tambeacutem muitas laacutegrimas muito desespero Agradeccedilo pelo

incentivo por me ouvir e compartilhar comigo sua histoacuteria

Agradeccedilo as amizades que conquistei nesses anos e que quero carregar para

a vida Ariany Maria Betacircnia Barbara Nicole Amabile Vanessa e tantos outros

Agradeccedilo aos meus orientadores na ESEC Carijoacutes Luis Otavio Rocha e

Patriacutecia P Serafini pela oportunidade de por dois anos poder fazer parte de um

projeto tatildeo importante Agradeccedilo tambeacutem a Luisa Lopes e ao Leandro Zago da Silva

por terem acordado cedo e me acompanhado em eventuais monitoramentos

Agradeccedilo ao Silvio de Souza Jr chefe da ESEC Carijoacutes pelo apoio e pela

oportunidade

Agradeccedilo ao Bioacutelogo Jorge Joseacute Cherem por ter aceito o convite de ser parte

da banca de avaliaccedilatildeo desse trabalho sua contribuiccedilatildeo seraacute engrandecedora

Agradeccedilo aos professores do departamento de Zootecnia da UFSC por terem

me passado seu conhecimento e por toda a dedicaccedilatildeo nesses anos

E por fim agradeccedilo a todas as pessoas que participaram desse processo e

que de alguma forma contribuiacuteram para essa conquista

Muito Obrigada

ldquoNatildeo eacute o mais forte que sobrevive nem o mais inteligente mas o que melhor se adapta agraves mudanccedilasrdquo

(Charles Darwin)

RESUMO

Os animais silvestres satildeo viacutetimas constantes de atropelamento por veiacuteculos automotores sendo esta a maior causa de morte destas espeacutecies Estima-se que somente no Brasil mais de 475 milhotildees sejam mortos dessa forma todos os anos Aacutereas no entorno de Unidades de Conservaccedilatildeo (UC) satildeo consideradas vulneraacuteveis pois abrigam uma grande variedade de fauna A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) localizada em Florianoacutepolis - Santa Catarina eacute uma unidade de conservaccedilatildeo federal formada por duas glebas remanescentes dos manguezais do Saco Grande e de Ratones A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e eacute margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) que estabelecem ligaccedilatildeo entre o centro da cidade e bairros do norte da ilha razatildeo pela qual o risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio A unidade abriga predadores de topo de cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) e o graxaim (Cerdocyon thous) Por estar localizada em uma capital os impactos da urbanizaccedilatildeo em seu entorno representam risco para a conservaccedilatildeo da biota ali abrigada O presente trabalho teve como objetivo monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (Gleba Ratones) e coletar informaccedilotildees para subsidiar estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade causada por atropelamentos aleacutem de alimentar o banco de dados do Projeto Malha Esse trabalho teve duraccedilatildeo de nove meses onde foram encontrados 81 animais atropelados Somente 78 animais puderam ser identificados quanto agrave classe a que pertencem e desses registramos 49 mamiacuteferos (6283) 21 aves (2692) 7 reacutepteis (897) 1 anfiacutebio (128) A espeacutecie mais frequente foi de Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com registro de 47 indiviacuteduos (6026) do total de animais identificados

PALAVRAS-CHAVE Animais silvestres mortalidade rodovia unidades de conservaccedilatildeo

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20

Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20

Figura 3 - Passagem de fauna21

Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21

Figura 5 - Manual de coleta de campo24

Figura 6 - Equipe de campo24

Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25

Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26

Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 11 - Equipe coletando dados27

Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27

Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a

classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533

Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33

Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33

Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33

Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3

rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto

de 201530

Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de

acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 201531

Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe

taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis

- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532

Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas

CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos

CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves

Silvestres

CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto

Nacional de Pesquisa Espacial

EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa

Catarina

ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

GPS - Global Positioning System

IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

KM - Quilocircmetro

N - Nuacutemero de indiviacuteduos

SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia

SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza

UC - Unidade de conservaccedilatildeo

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO14

2 OBJETIVO16

21 Objetivo Geral16

22 Objetivos Especiacuteficos16

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17

31 Unidades de Conservaccedilatildeo17

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18

33 Atropelamento de Animais Silvestres18

34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20

4 MATERIAL E MEacuteTODOS24

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30

6 CONCLUSOtildeES37

7 REFEREcircNCIAS 38

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas

regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na

preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo

decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das

cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio

de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas

glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande

e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)

Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes

correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse

ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam

consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da

avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves

(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento

especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de

cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon

thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1

Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode

representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades

de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de

proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia

humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as

estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)

Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o

monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no

levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da

UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se

1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

15

margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o

risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas

rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da

ilha

Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e

conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no

entorno da UC

16

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de

Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios

para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por

atropelamentos

22 Objetivo Especiacutefico

Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior

(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de

medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional

17

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

31 Unidades de conservaccedilatildeo

Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e

seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas

naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de

conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)

A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com

objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes

atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e

natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu

nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada

(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para

preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos

acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado

que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende

significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais

abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al

2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como

ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da

interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)

Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo

integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso

sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE

2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As

unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas

bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre

Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem

visitaccedilatildeo com esse propoacutesito

18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p

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39

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muitas risadas mas tambeacutem muitas laacutegrimas muito desespero Agradeccedilo pelo

incentivo por me ouvir e compartilhar comigo sua histoacuteria

Agradeccedilo as amizades que conquistei nesses anos e que quero carregar para

a vida Ariany Maria Betacircnia Barbara Nicole Amabile Vanessa e tantos outros

Agradeccedilo aos meus orientadores na ESEC Carijoacutes Luis Otavio Rocha e

Patriacutecia P Serafini pela oportunidade de por dois anos poder fazer parte de um

projeto tatildeo importante Agradeccedilo tambeacutem a Luisa Lopes e ao Leandro Zago da Silva

por terem acordado cedo e me acompanhado em eventuais monitoramentos

Agradeccedilo ao Silvio de Souza Jr chefe da ESEC Carijoacutes pelo apoio e pela

oportunidade

Agradeccedilo ao Bioacutelogo Jorge Joseacute Cherem por ter aceito o convite de ser parte

da banca de avaliaccedilatildeo desse trabalho sua contribuiccedilatildeo seraacute engrandecedora

Agradeccedilo aos professores do departamento de Zootecnia da UFSC por terem

me passado seu conhecimento e por toda a dedicaccedilatildeo nesses anos

E por fim agradeccedilo a todas as pessoas que participaram desse processo e

que de alguma forma contribuiacuteram para essa conquista

Muito Obrigada

ldquoNatildeo eacute o mais forte que sobrevive nem o mais inteligente mas o que melhor se adapta agraves mudanccedilasrdquo

(Charles Darwin)

RESUMO

Os animais silvestres satildeo viacutetimas constantes de atropelamento por veiacuteculos automotores sendo esta a maior causa de morte destas espeacutecies Estima-se que somente no Brasil mais de 475 milhotildees sejam mortos dessa forma todos os anos Aacutereas no entorno de Unidades de Conservaccedilatildeo (UC) satildeo consideradas vulneraacuteveis pois abrigam uma grande variedade de fauna A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) localizada em Florianoacutepolis - Santa Catarina eacute uma unidade de conservaccedilatildeo federal formada por duas glebas remanescentes dos manguezais do Saco Grande e de Ratones A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e eacute margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) que estabelecem ligaccedilatildeo entre o centro da cidade e bairros do norte da ilha razatildeo pela qual o risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio A unidade abriga predadores de topo de cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) e o graxaim (Cerdocyon thous) Por estar localizada em uma capital os impactos da urbanizaccedilatildeo em seu entorno representam risco para a conservaccedilatildeo da biota ali abrigada O presente trabalho teve como objetivo monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (Gleba Ratones) e coletar informaccedilotildees para subsidiar estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade causada por atropelamentos aleacutem de alimentar o banco de dados do Projeto Malha Esse trabalho teve duraccedilatildeo de nove meses onde foram encontrados 81 animais atropelados Somente 78 animais puderam ser identificados quanto agrave classe a que pertencem e desses registramos 49 mamiacuteferos (6283) 21 aves (2692) 7 reacutepteis (897) 1 anfiacutebio (128) A espeacutecie mais frequente foi de Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com registro de 47 indiviacuteduos (6026) do total de animais identificados

PALAVRAS-CHAVE Animais silvestres mortalidade rodovia unidades de conservaccedilatildeo

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20

Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20

Figura 3 - Passagem de fauna21

Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21

Figura 5 - Manual de coleta de campo24

Figura 6 - Equipe de campo24

Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25

Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26

Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 11 - Equipe coletando dados27

Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27

Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a

classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533

Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33

Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33

Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33

Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3

rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto

de 201530

Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de

acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 201531

Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe

taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis

- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532

Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas

CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos

CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves

Silvestres

CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto

Nacional de Pesquisa Espacial

EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa

Catarina

ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

GPS - Global Positioning System

IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

KM - Quilocircmetro

N - Nuacutemero de indiviacuteduos

SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia

SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza

UC - Unidade de conservaccedilatildeo

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO14

2 OBJETIVO16

21 Objetivo Geral16

22 Objetivos Especiacuteficos16

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17

31 Unidades de Conservaccedilatildeo17

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18

33 Atropelamento de Animais Silvestres18

34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20

4 MATERIAL E MEacuteTODOS24

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30

6 CONCLUSOtildeES37

7 REFEREcircNCIAS 38

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas

regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na

preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo

decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das

cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio

de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas

glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande

e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)

Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes

correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse

ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam

consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da

avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves

(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento

especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de

cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon

thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1

Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode

representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades

de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de

proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia

humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as

estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)

Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o

monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no

levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da

UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se

1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

15

margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o

risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas

rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da

ilha

Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e

conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no

entorno da UC

16

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de

Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios

para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por

atropelamentos

22 Objetivo Especiacutefico

Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior

(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de

medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional

17

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

31 Unidades de conservaccedilatildeo

Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e

seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas

naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de

conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)

A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com

objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes

atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e

natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu

nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada

(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para

preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos

acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado

que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende

significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais

abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al

2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como

ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da

interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)

Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo

integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso

sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE

2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As

unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas

bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre

Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem

visitaccedilatildeo com esse propoacutesito

18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

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39

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ldquoNatildeo eacute o mais forte que sobrevive nem o mais inteligente mas o que melhor se adapta agraves mudanccedilasrdquo

(Charles Darwin)

RESUMO

Os animais silvestres satildeo viacutetimas constantes de atropelamento por veiacuteculos automotores sendo esta a maior causa de morte destas espeacutecies Estima-se que somente no Brasil mais de 475 milhotildees sejam mortos dessa forma todos os anos Aacutereas no entorno de Unidades de Conservaccedilatildeo (UC) satildeo consideradas vulneraacuteveis pois abrigam uma grande variedade de fauna A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) localizada em Florianoacutepolis - Santa Catarina eacute uma unidade de conservaccedilatildeo federal formada por duas glebas remanescentes dos manguezais do Saco Grande e de Ratones A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e eacute margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) que estabelecem ligaccedilatildeo entre o centro da cidade e bairros do norte da ilha razatildeo pela qual o risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio A unidade abriga predadores de topo de cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) e o graxaim (Cerdocyon thous) Por estar localizada em uma capital os impactos da urbanizaccedilatildeo em seu entorno representam risco para a conservaccedilatildeo da biota ali abrigada O presente trabalho teve como objetivo monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (Gleba Ratones) e coletar informaccedilotildees para subsidiar estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade causada por atropelamentos aleacutem de alimentar o banco de dados do Projeto Malha Esse trabalho teve duraccedilatildeo de nove meses onde foram encontrados 81 animais atropelados Somente 78 animais puderam ser identificados quanto agrave classe a que pertencem e desses registramos 49 mamiacuteferos (6283) 21 aves (2692) 7 reacutepteis (897) 1 anfiacutebio (128) A espeacutecie mais frequente foi de Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com registro de 47 indiviacuteduos (6026) do total de animais identificados

PALAVRAS-CHAVE Animais silvestres mortalidade rodovia unidades de conservaccedilatildeo

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20

Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20

Figura 3 - Passagem de fauna21

Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21

Figura 5 - Manual de coleta de campo24

Figura 6 - Equipe de campo24

Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25

Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26

Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 11 - Equipe coletando dados27

Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27

Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a

classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533

Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33

Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33

Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33

Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3

rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto

de 201530

Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de

acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 201531

Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe

taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis

- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532

Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas

CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos

CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves

Silvestres

CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto

Nacional de Pesquisa Espacial

EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa

Catarina

ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

GPS - Global Positioning System

IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

KM - Quilocircmetro

N - Nuacutemero de indiviacuteduos

SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia

SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza

UC - Unidade de conservaccedilatildeo

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO14

2 OBJETIVO16

21 Objetivo Geral16

22 Objetivos Especiacuteficos16

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17

31 Unidades de Conservaccedilatildeo17

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18

33 Atropelamento de Animais Silvestres18

34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20

4 MATERIAL E MEacuteTODOS24

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30

6 CONCLUSOtildeES37

7 REFEREcircNCIAS 38

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas

regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na

preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo

decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das

cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio

de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas

glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande

e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)

Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes

correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse

ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam

consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da

avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves

(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento

especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de

cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon

thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1

Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode

representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades

de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de

proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia

humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as

estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)

Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o

monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no

levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da

UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se

1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

15

margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o

risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas

rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da

ilha

Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e

conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no

entorno da UC

16

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de

Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios

para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por

atropelamentos

22 Objetivo Especiacutefico

Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior

(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de

medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional

17

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

31 Unidades de conservaccedilatildeo

Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e

seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas

naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de

conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)

A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com

objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes

atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e

natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu

nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada

(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para

preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos

acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado

que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende

significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais

abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al

2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como

ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da

interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)

Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo

integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso

sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE

2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As

unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas

bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre

Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem

visitaccedilatildeo com esse propoacutesito

18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

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39

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RESUMO

Os animais silvestres satildeo viacutetimas constantes de atropelamento por veiacuteculos automotores sendo esta a maior causa de morte destas espeacutecies Estima-se que somente no Brasil mais de 475 milhotildees sejam mortos dessa forma todos os anos Aacutereas no entorno de Unidades de Conservaccedilatildeo (UC) satildeo consideradas vulneraacuteveis pois abrigam uma grande variedade de fauna A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) localizada em Florianoacutepolis - Santa Catarina eacute uma unidade de conservaccedilatildeo federal formada por duas glebas remanescentes dos manguezais do Saco Grande e de Ratones A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e eacute margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) que estabelecem ligaccedilatildeo entre o centro da cidade e bairros do norte da ilha razatildeo pela qual o risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio A unidade abriga predadores de topo de cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) e o graxaim (Cerdocyon thous) Por estar localizada em uma capital os impactos da urbanizaccedilatildeo em seu entorno representam risco para a conservaccedilatildeo da biota ali abrigada O presente trabalho teve como objetivo monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (Gleba Ratones) e coletar informaccedilotildees para subsidiar estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade causada por atropelamentos aleacutem de alimentar o banco de dados do Projeto Malha Esse trabalho teve duraccedilatildeo de nove meses onde foram encontrados 81 animais atropelados Somente 78 animais puderam ser identificados quanto agrave classe a que pertencem e desses registramos 49 mamiacuteferos (6283) 21 aves (2692) 7 reacutepteis (897) 1 anfiacutebio (128) A espeacutecie mais frequente foi de Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com registro de 47 indiviacuteduos (6026) do total de animais identificados

PALAVRAS-CHAVE Animais silvestres mortalidade rodovia unidades de conservaccedilatildeo

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20

Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20

Figura 3 - Passagem de fauna21

Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21

Figura 5 - Manual de coleta de campo24

Figura 6 - Equipe de campo24

Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25

Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26

Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 11 - Equipe coletando dados27

Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27

Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a

classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533

Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33

Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33

Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33

Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3

rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto

de 201530

Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de

acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 201531

Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe

taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis

- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532

Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas

CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos

CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves

Silvestres

CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto

Nacional de Pesquisa Espacial

EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa

Catarina

ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

GPS - Global Positioning System

IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

KM - Quilocircmetro

N - Nuacutemero de indiviacuteduos

SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia

SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza

UC - Unidade de conservaccedilatildeo

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO14

2 OBJETIVO16

21 Objetivo Geral16

22 Objetivos Especiacuteficos16

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17

31 Unidades de Conservaccedilatildeo17

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18

33 Atropelamento de Animais Silvestres18

34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20

4 MATERIAL E MEacuteTODOS24

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30

6 CONCLUSOtildeES37

7 REFEREcircNCIAS 38

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas

regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na

preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo

decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das

cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio

de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas

glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande

e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)

Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes

correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse

ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam

consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da

avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves

(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento

especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de

cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon

thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1

Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode

representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades

de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de

proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia

humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as

estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)

Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o

monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no

levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da

UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se

1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

15

margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o

risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas

rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da

ilha

Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e

conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no

entorno da UC

16

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de

Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios

para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por

atropelamentos

22 Objetivo Especiacutefico

Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior

(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de

medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional

17

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

31 Unidades de conservaccedilatildeo

Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e

seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas

naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de

conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)

A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com

objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes

atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e

natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu

nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada

(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para

preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos

acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado

que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende

significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais

abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al

2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como

ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da

interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)

Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo

integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso

sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE

2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As

unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas

bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre

Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem

visitaccedilatildeo com esse propoacutesito

18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Placa de sinalizaccedilatildeo na SC 402 20

Figura 2 - Passagem aeacuterea de fauna20

Figura 3 - Passagem de fauna21

Figura 4 - Viaduto integrado a paisagem21

Figura 5 - Manual de coleta de campo24

Figura 6 - Equipe de campo24

Figura 7 - Trajeto percorrido no monitoramento sistemaacutetico25

Figura 8 - Orientaccedilatildeo das fotografias digitais26

Figura 9 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 10 - Animal atropelado na rodovia26

Figura 11 - Equipe coletando dados27

Figura 12 - Carcaccedila com placa de identificaccedilatildeo27

Figura 13 - Carcaccedila de Caiman latirostris27 Figura 14 - Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de acordo com a

classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

Florianoacutepolis ndash SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201533

Figura 15 - Carcaccedila de mamiacutefero atropelado33

Figura 16 - Carcaccedila de ave atropelada33

Figura 17 - Carcaccedila de reacuteptil atropelado33

Figura 18 - Carcaccedila de anfiacutebio atropelado33

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3

rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto

de 201530

Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de

acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 201531

Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe

taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis

- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532

Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas

CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos

CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves

Silvestres

CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto

Nacional de Pesquisa Espacial

EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa

Catarina

ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

GPS - Global Positioning System

IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

KM - Quilocircmetro

N - Nuacutemero de indiviacuteduos

SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia

SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza

UC - Unidade de conservaccedilatildeo

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO14

2 OBJETIVO16

21 Objetivo Geral16

22 Objetivos Especiacuteficos16

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17

31 Unidades de Conservaccedilatildeo17

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18

33 Atropelamento de Animais Silvestres18

34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20

4 MATERIAL E MEacuteTODOS24

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30

6 CONCLUSOtildeES37

7 REFEREcircNCIAS 38

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas

regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na

preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo

decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das

cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio

de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas

glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande

e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)

Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes

correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse

ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam

consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da

avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves

(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento

especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de

cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon

thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1

Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode

representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades

de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de

proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia

humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as

estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)

Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o

monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no

levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da

UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se

1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

15

margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o

risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas

rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da

ilha

Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e

conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no

entorno da UC

16

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de

Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios

para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por

atropelamentos

22 Objetivo Especiacutefico

Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior

(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de

medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional

17

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

31 Unidades de conservaccedilatildeo

Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e

seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas

naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de

conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)

A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com

objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes

atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e

natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu

nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada

(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para

preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos

acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado

que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende

significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais

abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al

2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como

ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da

interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)

Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo

integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso

sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE

2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As

unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas

bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre

Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem

visitaccedilatildeo com esse propoacutesito

18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p

BAGER Alex Ecologia de Estradas alternativa para diminuiccedilatildeo de impactos ambientais 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwihuunisinosbrentrevistasecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bager507081-ecologia-de-estradas-alternativa-para-diminuicao-de-impactos-ambientais-entrevista-especial-com-alex-bagergt Acesso em 08 abr 2015 BAGER Alex SCHITTINI Ana E B ICMBio apoia accedilotildees para prevenir atropelamentos da fauna depoimento Brasilia ICMBio 2014 Entrevista concedida a Ivanna Brito BECKMANN J P et al Safe Passages Highways Wildlife and Habitat Connectivity Island PressWashington v 92 n 5 p1140-1141 jan 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwresearchgatenetpublication259928268_Safe_Passages_Highways_Wildlife_and_Habitat_Connectivity_by_J_P_Beckmann_A_P_Clevenger_M_P_Huijser_J_A_Hiltygt Acesso em 5 out 2015 BUENO Cecilia ALMEIDA Paulo Jose A L de Sazonalidade de atropelamentos e os padrotildees de movimentos em mamiacuteferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora) Revista Brasileira de Zoociecircncias Rio de Janeiro p219-226 2010

39

CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em 3

rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto

de 201530

Tabela 2- Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres calculada de

acordo com projeto malha em 3 rodovias estaduais de Florianoacutepolis - SC no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 201531

Tabela 3- Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo com a classe

taxonocircmica em 3 rodovias no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis

- SC no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 201532

Tabela 4- Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 201534

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas

CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos

CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves

Silvestres

CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto

Nacional de Pesquisa Espacial

EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa

Catarina

ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

GPS - Global Positioning System

IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

KM - Quilocircmetro

N - Nuacutemero de indiviacuteduos

SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia

SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza

UC - Unidade de conservaccedilatildeo

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO14

2 OBJETIVO16

21 Objetivo Geral16

22 Objetivos Especiacuteficos16

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17

31 Unidades de Conservaccedilatildeo17

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18

33 Atropelamento de Animais Silvestres18

34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20

4 MATERIAL E MEacuteTODOS24

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30

6 CONCLUSOtildeES37

7 REFEREcircNCIAS 38

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas

regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na

preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo

decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das

cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio

de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas

glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande

e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)

Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes

correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse

ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam

consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da

avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves

(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento

especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de

cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon

thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1

Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode

representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades

de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de

proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia

humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as

estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)

Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o

monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no

levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da

UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se

1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

15

margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o

risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas

rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da

ilha

Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e

conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no

entorno da UC

16

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de

Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios

para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por

atropelamentos

22 Objetivo Especiacutefico

Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior

(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de

medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional

17

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

31 Unidades de conservaccedilatildeo

Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e

seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas

naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de

conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)

A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com

objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes

atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e

natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu

nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada

(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para

preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos

acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado

que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende

significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais

abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al

2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como

ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da

interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)

Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo

integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso

sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE

2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As

unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas

bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre

Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem

visitaccedilatildeo com esse propoacutesito

18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

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MUHLE Rita Paradeda Accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental em unidades de conservaccedilatildeo estaduais do Rio Grande do Sul 2012 40 f Monografia (Especializaccedilatildeo) - Curso de Diversidade e Conservaccedilatildeo de Fauna Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2012 OLIVEIRA Doraci Ramos de Levantamento de animais silvestres atropelados nas rodovias PR 218 e PR 182 regiatildeo Noroeste do Paranaacute 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbgt Acesso em 08 abr 2015 PRADA Cristiana de Santis Atropelamento de vertebrados silvestres em uma regiatildeo fragmentada do nordeste do estado de Satildeo Paulo quantificaccedilatildeo do impacto e anaacutelises de fatores envolvidos 2004 147 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Federal de Satildeo Carlos Satildeo Carlos 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwprocarnivorosorgbrpdfsdissertacao_cristiana_pradapdfgt Acesso em 10 out 2015 PRIMACK Richard B RODRIGUES Efraim Biologia da Conservaccedilatildeo Londrina Graacutefica Editora Midiograf 2001 REZINI Josias Alan Atropelamento de mamiacuteferos e rodovias do leste dos estados do Paranaacute e Santa Catarina sul do Brasil 2010 60 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Ciecircncias Bioloacutegias Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbr8080dspacebitstreamhandle188423940Rezini JA 2010 Atropelamento de mamiferos em rodovias do leste dos estados do Parana e Santa Catarina sul do Brasil SECpdfsequence=1ampisAllowed=y Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005gt Acesso em 16 out 2015

42

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  • BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

CBEE - Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas

CBRO ndash Comitecirc Brasileiro de Registros Ornitoloacutegicos

CEMAVE ndash Centro Nacional de Pesquisa e Conservaccedilatildeo de Aves

Silvestres

CPTECINPE ndash Centro de Previsatildeo de Tempo e Estudos Climaacuteticos Instituto

Nacional de Pesquisa Espacial

EPAGRI ndash Empresa de Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa

Catarina

ESEC Carijoacutes ndash Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

GPS - Global Positioning System

IBRAM - Instituto Brasiacutelia Ambiental

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

KM - Quilocircmetro

N - Nuacutemero de indiviacuteduos

SBH ndash Sociedade Brasileira de Herpetologia

SNUC ndash Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza

UC - Unidade de conservaccedilatildeo

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO14

2 OBJETIVO16

21 Objetivo Geral16

22 Objetivos Especiacuteficos16

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17

31 Unidades de Conservaccedilatildeo17

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18

33 Atropelamento de Animais Silvestres18

34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20

4 MATERIAL E MEacuteTODOS24

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30

6 CONCLUSOtildeES37

7 REFEREcircNCIAS 38

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas

regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na

preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo

decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das

cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio

de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas

glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande

e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)

Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes

correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse

ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam

consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da

avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves

(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento

especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de

cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon

thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1

Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode

representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades

de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de

proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia

humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as

estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)

Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o

monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no

levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da

UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se

1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

15

margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o

risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas

rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da

ilha

Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e

conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no

entorno da UC

16

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de

Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios

para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por

atropelamentos

22 Objetivo Especiacutefico

Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior

(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de

medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional

17

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

31 Unidades de conservaccedilatildeo

Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e

seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas

naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de

conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)

A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com

objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes

atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e

natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu

nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada

(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para

preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos

acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado

que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende

significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais

abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al

2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como

ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da

interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)

Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo

integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso

sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE

2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As

unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas

bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre

Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem

visitaccedilatildeo com esse propoacutesito

18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

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39

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SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO14

2 OBJETIVO16

21 Objetivo Geral16

22 Objetivos Especiacuteficos16

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA17

31 Unidades de Conservaccedilatildeo17

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)18

33 Atropelamento de Animais Silvestres18

34 Alternativas para Reduzir Taxas de Atropelamento20

4 MATERIAL E MEacuteTODOS24

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 30

6 CONCLUSOtildeES37

7 REFEREcircNCIAS 38

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas

regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na

preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo

decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das

cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio

de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas

glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande

e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)

Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes

correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse

ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam

consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da

avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves

(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento

especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de

cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon

thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1

Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode

representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades

de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de

proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia

humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as

estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)

Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o

monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no

levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da

UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se

1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

15

margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o

risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas

rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da

ilha

Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e

conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no

entorno da UC

16

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de

Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios

para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por

atropelamentos

22 Objetivo Especiacutefico

Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior

(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de

medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional

17

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

31 Unidades de conservaccedilatildeo

Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e

seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas

naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de

conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)

A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com

objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes

atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e

natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu

nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada

(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para

preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos

acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado

que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende

significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais

abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al

2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como

ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da

interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)

Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo

integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso

sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE

2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As

unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas

bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre

Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem

visitaccedilatildeo com esse propoacutesito

18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

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14

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil possui uma enorme riqueza bioloacutegica espalhada em diversas

regiotildees As unidades de conservaccedilatildeo de flora e fauna foram criadas para auxiliar na

preservaccedilatildeo dessa riqueza principalmente em aacutereas urbanas pois a intervenccedilatildeo

decorrente do aumento populacional e consequentemente o crescimento das

cidades eacute uma realidade que natildeo pode ser ignorada A Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

(ESEC Carijoacutes) eacute uma unidade de conservaccedilatildeo (UC) federal localizada no municiacutepio

de Florianoacutepolis no estado de Santa Catarina A unidade eacute formada por duas

glebas as quais se constituem em remanescentes dos manguezais do Saco Grande

e do Ratones e ecossistemas associados num total de 760 hectares (ICMBIO2015)

Os remanescentes de manguezal protegidos pela ESEC Carijoacutes

correspondem apenas a uma parcela da aacuterea original ocupada por esse

ecossistema (37 no caso do manguezal do Ratones) contudo abrigam

consideraacutevel biodiversidade especialmente de fauna Em levantamento recente da

avifauna da unidade de conservaccedilatildeo foram registradas 227 espeacutecies de aves

(VIEIRA 2014) Quanto aos demais grupos de fauna natildeo existe levantamento

especiacutefico no entanto sabe-se que a unidade abriga alguns predadores de topo de

cadeia como o jacareacute-de-papo amarelo (Caiman latirostris) o graxaim (Cerdocyon

thous) a lontra (Lontra longicaudis) e a aacuteguia-pescadora (Pandion haeliaetus)1

Qualquer dano que venha a ocorrer nesse tipo de ecossistema pode

representar um risco muito alto para a preservaccedilatildeo da biota ali abrigada Unidades

de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como uma ilha de

proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da interferecircncia

humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010) Eacute sabido que as

estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE amp CADEMARTORI 2009)

Na estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes) um trabalho que vise o

monitoramento de atropelamento na Gleba Ratones teria grande importacircncia no

levantamento de danos agrave fauna uma vez que esta representa 90 do territoacuterio da

UC e abriga um ecossistema mais preservado A Gleba Ratones encontra-se

1 Observados na Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes

15

margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o

risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas

rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da

ilha

Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e

conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no

entorno da UC

16

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de

Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios

para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por

atropelamentos

22 Objetivo Especiacutefico

Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior

(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de

medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional

17

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

31 Unidades de conservaccedilatildeo

Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e

seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas

naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de

conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)

A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com

objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes

atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e

natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu

nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada

(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para

preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos

acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado

que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende

significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais

abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al

2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como

ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da

interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)

Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo

integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso

sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE

2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As

unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas

bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre

Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem

visitaccedilatildeo com esse propoacutesito

18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

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15

margeada por trecircs rodovias estaduais (SC-400 SC-401 e SC-402) razatildeo pela qual o

risco de atropelamento por veiacuteculos automotores eacute constante e diaacuterio jaacute que essas

rodovias estabelecem a ligaccedilatildeo entre o centro de Florianoacutepolis e bairros do norte da

ilha

Eacute de fundamental importacircncia traccedilar um mapeamento de aacutereas criacuteticas e

conhecer a dinacircmica de atropelamentos para minimizar a perda fauniacutestica no

entorno da UC

16

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de

Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios

para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por

atropelamentos

22 Objetivo Especiacutefico

Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior

(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de

medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional

17

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

31 Unidades de conservaccedilatildeo

Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e

seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas

naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de

conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)

A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com

objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes

atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e

natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu

nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada

(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para

preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos

acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado

que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende

significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais

abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al

2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como

ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da

interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)

Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo

integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso

sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE

2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As

unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas

bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre

Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem

visitaccedilatildeo com esse propoacutesito

18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

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  • BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13

16

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Monitorar a fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de

Carijoacutes Gleba Ratones e coletar de informaccedilotildees visando agrave geraccedilatildeo de subsiacutedios

para estabelecer estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da mortalidade acarretada por

atropelamentos

22 Objetivo Especiacutefico

Coletar dados gerados para integrar o banco de dados de um projeto maior

(Projeto Malha) para fins de comparaccedilatildeo de distintas aacutereas no paiacutes e adoccedilatildeo de

medidas de mitigaccedilatildeo em esfera nacional

17

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

31 Unidades de conservaccedilatildeo

Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e

seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas

naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de

conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)

A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com

objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes

atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e

natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu

nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada

(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para

preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos

acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado

que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende

significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais

abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al

2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como

ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da

interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)

Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo

integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso

sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE

2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As

unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas

bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre

Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem

visitaccedilatildeo com esse propoacutesito

18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

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17

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

31 Unidades de conservaccedilatildeo

Uma Unidade de Conservaccedilatildeo (UC) eacute conceituada como espaccedilo territorial e

seus recursos ambientais incluindo as aacuteguas jurisdicionais com caracteriacutesticas

naturais relevantes legalmente instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico com objetivos de

conservaccedilatildeo e limites definidos sob regime especial de administraccedilatildeo ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteccedilatildeo (ICMBIO 2015)

A ideia de criaccedilatildeo de aacutereas protegidas eacute uma estrateacutegia bem antiga com

objetivo de conservaccedilatildeo da fauna e flora e proteccedilatildeo de espaccedilos com importantes

atributos ecoloacutegicos Alguns desses espaccedilos promovem a interaccedilatildeo entre homem e

natureza mas natildeo permite que esses locais sejam habitados Esse conceito surgiu

nos Estados Unidos om o intuito de proteccedilatildeo da vida selvagem ameaccedilada

(DIEGUES 1994) Essa eacute em termos globais a estrateacutegia mais utilizada para

preservar amostras significativas de espaccedilos naturais Entretanto os conhecimentos

acumulados nas uacuteltimas deacutecadas na aacuterea da biologia da conservaccedilatildeo tecircm indicado

que a real efetividade dessas aacutereas para a conservaccedilatildeo da biodiversidade depende

significativamente de accedilotildees voltadas agrave conservaccedilatildeo em escalas espaciais mais

abrangentes do que os limites das mesmas (FORMAN 1995 FONSECA et al

2004) Unidades de conservaccedilatildeo inseridas em periacutemetros urbanos funcionam como

ilhas de proteccedilatildeo da vida selvagem e satildeo fundamentais para minimizar parte da

interferecircncia humana sobre os ambientes naturais (DESCIO et al 2010)

Existem dois grupos de unidades de conservaccedilatildeo as unidades de proteccedilatildeo

integral cujo uacutenico objetivo eacute a proteccedilatildeo agrave natureza e as unidades de uso

sustentaacutevel que permitem o uso sustentaacutevel de parte de seus recursos (MUHLE

2012) Essa divisatildeo estaacute descrita pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC As

unidades de proteccedilatildeo integral satildeo formadas por parques nacionais reservas

bioloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas monumentos naturais e refuacutegios de vida silvestre

Estaccedilotildees ecoloacutegicas tem um importante papel na educaccedilatildeo ambiental e soacute permitem

visitaccedilatildeo com esse propoacutesito

18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

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18

O Brasil eacute um paiacutes imenso e com uma grande diversidade e isso faz com

que tenha uma responsabilidade maior ainda na proteccedilatildeo das grandes regiotildees

naturais E essas regiotildees incluem a Amazocircnia Pantanal e Caatinga e ainda

apresenta dois hotspots (aacuterea prioritaacuteria para conservaccedilatildeo de alta biodiversidade

ameaccedilada no mais alto grau) a Mata Atlacircntica e o Cerrado As unidades de

conservaccedilatildeo tecircm papel fundamental na conquista desse objetivo somente com elas

seraacute possiacutevel preservar o que ainda resta (RYLANDS e BRANDON 2005)

32 Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes (ESEC Carijoacutes)

A ESEC Carijoacutes foi criada em 1987 com o objetivo de proteger importantes

remanescentes de manguezais e ecossistemas de transiccedilatildeo na ilha de Santa

Catarina Eacute considerada uma unidade de proteccedilatildeo integral Em sua aacuterea de

aproximadamente 750 hectares estatildeo protegidos os sistemas estuarinos formados

pelas bacias hidrograacuteficas de Saco Grande e Ratones Nos ecossistemas protegidos

pela ESEC Carijoacutes encontram-se mais de quinhentas espeacutecies de animais A rica

flora e a grande diversidade aquaacutetica alimentam animais de niacuteveis troacuteficos superiores

(VIEIRA et al 2014)

No caso da ESEC Carijoacutes em funccedilatildeo de suas reduzidas dimensotildees e de

sua localizaccedilatildeo em uma capital de estado os impactos advindos da urbanizaccedilatildeo em

seu entorno podem representar um seacuterio risco para a preservaccedilatildeo da biota ali

abrigada razatildeo pela qual devem ser monitorados e mitigados na medida do

possiacutevel A Gleba Ratones representa cerca de 90 da aacuterea total da unidade e

abriga ambientes mais conservados do que a gleba Saco Grande sendo uma gleba

importante para fins de monitoramento sistemaacutetico uma vez que se encontra em

perigo iminente devido agrave urbanizaccedilatildeo

33 Atropelamento de animais silvestres

Segundo Carvalho e Pereira (2014) nenhum impacto ecoloacutegico eacute tatildeo

perceptiacutevel como o de um animal atropelado

Estudos mostram que o atropelamento de animais silvestres possui padrotildees

determinados pelo entorno da aacuterea de atropelamento tendo como referecircncia a

vegetaccedilatildeo o clima e os haacutebitos das diferentes espeacutecies (OLIVEIRA 2011) Eacute sabido

19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

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19

que as estradas causam diversos impactos ao meio ambiente e o atropelamento de

animais silvestres pode reduzir a populaccedilatildeo de determinadas espeacutecies a niacuteveis

preocupantes (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) Nas uacuteltimas deacutecadas a

morte de vertebrados terrestres por atropelamento superou a morte pela caccedila em

paiacuteses de raacutepido desenvolvimento e por isso os atropelamentos satildeo considerados

uma ameaccedila real agrave biodiversidade (HENGEMUHLE e CADEMARTORI 2009) No

Brasil satildeo mais de 475 milhotildees de animais silvestres atropelados por ano (BAGER

2014)

O aumento da populaccedilatildeo urbana e tambeacutem das induacutestrias que procuram se

instalar nas aacutereas urbanas e perifeacutericas das grandes cidades tem causado o

aumento dos atropelamentos em rodovias Aleacutem disso haacute o fato de que todo o

transporte de alimentos e produtos no Brasil eacute feito por meio rodoviaacuterio em

detrimento ao transporte ferroviaacuterio e hidroviaacuterio (DESCIO et al 2010)

A chamada fauna de estrada pode ter diversas funccedilotildees como indicar a

biodiversidade local ensinar sobre comportamento de deslocamento dinacircmica

sazonal de espeacutecies presentes no entorno Esses dados satildeo muito importantes para

determinar niacutevel de conservaccedilatildeo de aacutereas protegidas (HENGEMUHLE e

CADEMARTORI 2009)

Animais atravessam estradas para suprir diversas necessidades como

migraccedilatildeo busca por alimento e ocupaccedilatildeo de territoacuterio e ficam diariamente expostos

ao risco iminente do atropelamento (OLIVEIRA 2011) Segundo Bager (2012) os

principais impactos para a biodiversidade local causados por estradas e rodovias

podem ser agudos (destruiccedilatildeo imediata do habitat) ou crocircnicos (consequecircncias a

longo prazo) As rodovias tendem a aumentar em fluxo e em nuacutemero de pistas e com

isso o impacto eacute tambeacutem aumentado Contudo estudos mostram que existem

diferenccedilas significativas no impacto ambiental das rodovias quando estas satildeo

construiacutedas tendo em mente a existecircncia da fauna silvestre que habita o entorno

dessas construccedilotildees (GASKILL 2013)

Estradas satildeo necessaacuterias mas eacute inegaacutevel que elas afetam diretamente o

habitat da fauna silvestre O traacutefego de veiacuteculos em estradas geralmente eacute

catastroacutefico para populaccedilotildees inteiras que habitam seu entorno (GLISTA DEVAULT e

DEWOOD 2009)

20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

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20

34 Alternativas para reduzir taxas de atropelamento

Segundo o Instituto Brasiacutelia Ambiental (2010) diferentes medidas

mitigadoras podem ser usadas em conjunto para minimizar o problema de altos

iacutendices de animais atropelados em estradas redutores de velocidade sinalizaccedilatildeo

educaccedilatildeo ambiental manejo da paisagem no entorno da estrada e passagem de

fauna Dessas algumas objetivam educar os motoristas e com isso contribuir para

uma mudanccedila de haacutebito (por exemplo placas redutores de velocidade) (Figura 1) e

outras servem para mudar os haacutebitos dos animais como as passagens de fauna

passagens aeacutereas viadutos de fauna elevados cercas ou alambrados de conduccedilatildeo

(Figuras 2 e 3) O ideal seria que houvesse planejamento preacutevio para que no

momento da construccedilatildeo da rodovia essas medidas jaacute estivessem incluiacutedas no

projeto Isso tornaria a medida mitigadora estrutural mais econocircmica Mas a

realidade eacute que de modo geral essas medidas somente satildeo pensadas apoacutes a

construccedilatildeo da rodovia o que demanda o diagnoacutestico dos pontos criacuteticos de

atropelamentos de fauna

Figura 1 - Placa de sinalizaccedilatildeo localizada na rodovia Figura 2 ndash Passagem aeacuterea de fauna instalada SC 402 localizada em frente agrave ESEC Carijoacutes no Condomiacutenio Siacutetio Anhanguera em Satildeo Paulo

Fonte Cristiane Martin Fonte wwwecoventurecombr

21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

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39

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21

Figura 3 ndash Passagem inferior de fauna em UtahUSA

Fonte httptranswildallianceorgtransportationBill

As passagens de fauna reestabelecem a conectividade entre ambientes e

devem ser projetadas para que sejam funcionais e natildeo somente uma mera estrutura

de conexatildeo entre dois ambientes (ABRA 2012) (Figura 4) Essa conectividade eacute

vital para a sobrevivecircncia de vaacuterias populaccedilotildees e permite o fluxo das espeacutecies

(GODWIN e FAHRIG 2002) Essas estruturas servem tambeacutem para aumentar os

niacuteveis de dispersatildeo e promover a viabilidade da populaccedilatildeo pois possibilitam a

movimentaccedilatildeo da fauna silvestre (CORLATTI et al 2009) As passagens de fauna

devem favorecer diferentes grupos fauniacutesticos para que a medida mitigatoacuteria seja

realmente eficiente Para que isso ocorra eacute importante que o tipo de passagem seja

considerado assim como a escala de conectividade (BECKMANN et al 2011)

Figura 4 ndash Viaduto integrado agrave paisagem localizado na Holanda que serve como passagem de fauna

Fonte httpspaisagismolegalwordpresscomcategoryviadutos

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

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42

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ROSA A O MAUHS J Atropelamento de animais silvestres na rodovia RS-040 Caderno de Pesquisa Seacuterie Biologia Santa Cruz do Sul v 16 n 1 p 35-42 janjun 2004

RYLANDS Anthony B BRANDON Katrina Unidades de conservaccedilatildeo brasileiras Megadiversidade v 1 n 1 p 27-35 2005 SASSI CM et al Survey of road-killed wild animals in stretch of the highway BR482 Arq Bras Med Vet Zootec Belo Horizonte v 65 n 6 p 1883-1886 dez 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-09352013000600041amplng=ptampnrm=isogt acesso em 16 ago 2015 SIGRIST Tomas Aves do Brasil Oriental Vinhedo Avis Brasilis 2007 448 p SIGRIST Tomas Mamiacuteferos do Brasil Vinhedo Avis Brasilis 2012 448 p SILVA JUacuteNIOR Carlos Alberto da MIGATTA Ciacutentia Sanches CARVALHO Mauro Medeiros de Aspectos relacionados agrave mitigaccedilatildeo dos impactos sobre a fauna em empreendimentos rodoviaacuterios do DNIT VIEIRA Bianca et al Birds of Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes southern Brazil Check List (Satildeo Paulo Online) v 10 p 1110 ndash 1122 2014

  • BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13

22

Existem muitas medidas mitigadoras sendo implantadas com o objetivo de

diminuir o nuacutemero de atropelamentos mas eacute necessaacuterio que haja um monitoramento

sistemaacutetico para analisar a efetividade dessas medidas Essa seria uma maneira de

incorporar essas mudanccedilas na legislaccedilatildeo ambiental (SILVA JUNIOR et al 2014)

Tambeacutem eacute necessaacuterio muito estudo para que as aacutereas prioritaacuterias sejam

selecionadas de forma efetiva Se natildeo houver dados populacionais das espeacutecies

monitoramento dos animais atropelados e anaacutelises de viabilidade dificilmente seraacute

alcanccedilado o objetivo de implementaccedilatildeo de medidas que diminuam o nuacutemero de

atropelamentos Haacute no Brasil e no caso especiacutefico na regiatildeo sul uma diversidade

muito grande de espeacutecies de mamiacuteferos aves reacutepteis e anfiacutebios mas infelizmente

haacute muito pouca informaccedilatildeo e conhecimento sobre suas populaccedilotildees (ALVES

BERGALLO e FREITAS 2014)

No desenvolvimento dos sistemas de mitigaccedilatildeo eacute muito importante que seja

considerada tanto a conectividade de habitat quanto a absortividade dos sistemas

rodoviaacuterios A ecologia de estradas eacute um novo campo e tem desenvolvido muitos

trabalhos importantes mas ainda satildeo escassos os estudos que fazem um

comparativo entre o antes e depois da implementaccedilatildeo de medidas visando reduzir

os atropelamentos Sem esses estudos eacute impossiacutevel avaliar a sua eficaacutecia mas

existem medidas com baixo grau de complexidade que certamente possuem eficaacutecia

na reduccedilatildeo das mortes de animais por atropelamento tais como tubos de bueiro

(tambeacutem chamados de tuacutenel de anfiacutebios) passagem de fauna inferiores passagem

de fauna superiores e uso de barreiras junto com passagens de fauna (GLISTA

DEVAULT e DEWOOD 2009) Existe uma conexatildeo entre a ecologia de estradas e a

ecologia de paisagens que integra as estradas e rodovias agrave paisagem do seu

entorno Essa conectividade deve ser considerada no planejamento de construccedilatildeo

ou ampliaccedilatildeo de uma estrada ou rodovia objetivando diminuir os entraves agrave

locomoccedilatildeo da fauna local (ABRA 2012) A ecologia de estradas possui duas

vertentes interligadas e que natildeo podemos apartar a seguranccedila do usuaacuterio e a

conservaccedilatildeo da biodiversidade (BECKMANN et al 2010) Aconteceram quase dois

milhotildees de acidentes envolvendo mamiacuteferos de grande porte e veiacuteculos automotores

em 2007 somente nos Estados Unidos O prejuiacutezo causado foi proacuteximo a U$ 83

bilhotildees (HUIJSER et al 2008) No Brasil nos anos de 2007 a 2010 o PAC

(Programa de Aceleraccedilatildeo ao Crescimento) implantou 45337 km de obras

23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

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23

rodoviaacuterias A previsatildeo eacute de que nos anos seguintes mais de R$ 334 bilhotildees sejam

destinados para ampliar a rede rodoviaacuteria brasileira sem contar os investimentos na

rede ferroviaacuteria Eacute fundamental e urgente que essa ampliaccedilatildeo alcance as metas para

a conservaccedilatildeo da biodiversidade (ABRA 2012)

24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

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24

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na cidade de Florianoacutepolis - SC Brasil no periacuteodo

de novembro de 2014 a agosto de 2015 totalizando nove meses de coleta de dados

Foi realizado monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre no entorno da

ESEC Carijoacutes de forma sistemaacutetica de acordo com metodologia padronizada (MAIA

e BAGER 2013) Foram percorridas trecircs rodovias estaduais a SC 401 SC 402 e

SC 400 que margeiam a UC

O meacutetodo empregado foi baseado no Projeto Malha (Figura 5) projeto

desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da

Universidade Federal de LavrasMG Este projeto visa criar um processo integrado

de coleta armazenamento anaacutelise e proposiccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo de

impactos de empreendimentos lineares (estradas e rodovias) sobre o atropelamento

da fauna silvestre As amostragens foram realizadas pela equipe de campo (Figura

6) em dias especiacuteficos duas vezes na semana terccedila-feira e quinta-feira salvo

eventuais alteraccedilotildees com iniacutecio ao nascer do sol determinado de acordo com

dados de previsotildees de institutos como CPTECINPE

Figura 5 ndash Manual de coleta de campo Figura 6 ndash Equipe de campo do projeto junto agrave viatura desenvolvido pelo CBEE do ICMBio

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

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25

O trajeto previamente definido (Figura 7) possuiacutea 195 km de extensatildeo total

e foi percorrido a velocidade aproximada de 50 kmhora com um observador a bordo

de viatura oficial da ESEC Carijoacutes conduzida por servidor da UC Em cada

amostragem o trekking percorrido bem como as coordenadas dos locais dos

atropelamentos (em UTM 22J Datum WGS84) foram registrados em aparelho GPS

(Garmin Montana 650) Foram registrados ainda os horaacuterios de iniacutecio e fim do

monitoramento e no local do atropelamento foram tiradas cinco fotografias digitais

(Figura 8)

Figura 7 ndash Trajeto do monitoramento sistemaacutetico mostrando a ESEC Carijoacutes e as rodovias do entorno

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

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39

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26

Figura 8 ndash Orientaccedilatildeo das fotos digitais segundo o Projeto Malha

Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

No momento em que o observador detectava um animal atropelado (Figura 9

e 10) o motorista parava o veiacuteculo e dava iniacutecio ao procedimento para a coleta dos

dados (Figura 11) Caso o animal estivesse na pista era retirado com seguranccedila e

levado ao acostamento O espeacutecime era identificado ateacute o menor niacutevel taxonocircmico

possiacutevel e uma placa com data identificaccedilatildeo e nuacutemero (01 para o primeiro animal do

dia 02 para o segundo e assim sucessivamente) era colocada ao lado da carcaccedila

para o registro fotograacutefico (Figura 12)

Figura 9 ndash Ave atropelada em Figura 10 ndash Sentido do monitoramento que eacute realizado do ponto

rodovia monitorada inicial ao final do trecho

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Fonte cbeeuflabrportalimgsimagesCMS

27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

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27

Figura 11 ndash Coleta de dados de animal Figura 12 ndash Animal atropelado com placa de identificaccedilatildeo atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

Apoacutes a coleta de todos os dados o animal era removido do acostamento e

colocado nas margens deste a fim de evitar o registro repetido de dados quando da

proacutexima amostragem Caso o animal encontrado fosse de espeacutecie rara ameaccedilada

de topo de cadeia (Figura 13) ou a identificaccedilatildeo natildeo fosse possiacutevel no momento a

carcaccedila era recolhida e encaminhada ao laboratoacuterio para registro Apoacutes o

monitoramento os dados coletados eram salvos no servidor de arquivos da ESEC

Carijoacutes e tambeacutem inseridos em um diretoacuterio interativo (Google Drive) disponibilizado

pelo Projeto Malha onde foram organizados de forma que fotografias coordenadas

e trekkings ficassem em arquivos distintos para facilitar a busca de informaccedilotildees

Tambeacutem foram criadas trecircs planilhas uma para ser levada a campo e duas para

serem preenchidas dentro do diretoacuterio interativo

Figura 13 ndash Caiman latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) atropelado com placa de identificaccedilatildeo

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

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28

Os dados inseridos no diretoacuterio mencionado eram imediatamente

compartilhados com a equipe do CBEE para anaacutelise

Foram comparados os dados de atropelamento nos trecircs trechos utilizando a

seguinte foacutermula

Taxa de atropelamento = animais atropeladosextensatildeo da rodoviatempo

O tempo foi definido como o mecircs e as coletas foram semanais Logo foram

oito coletasmecircs (duas coletas semanais) Ao longo de nove meses foram nove

comparaccedilotildees (meses) dos trecircs trechos (rodovias) Foi usado modelo analiacutetico de

comparaccedilatildeo total mecircs contra mecircs comparaccedilatildeo total entre trechos aleacutem da

interaccedilatildeo mecircs x trecho O modelo analiacutetico incluiu fases da lua e temperatura meacutedia

diaacuteria como possiacuteveis covariaacuteveis Onde os dados foram cedidos pela Empresa de

Pesquisa Agropecuaacuteria e Extensatildeo Rural de Santa Catarina ndash Epagri e foram

analisados e comparados com os dias de monitoramento Foram estabelecidos

iacutendices para viabilizar a anaacutelise estatiacutestica em relaccedilatildeo a temperatura onde Iacutendice 1

= temperatura menor que 21ordm C iacutendice 2= temperaturas entre 21ordm C e 24ordm C iacutendice

3 = temperatura maior que 24ordmC Em relaccedilatildeo agraves fases da lua tambeacutem foram

estabelecidos iacutendices onde lua cheia = 1 lua minguante =2 lua nova = 3 e lua

crescente = 4

Os dados foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia utilizando niacutevel de

significacircncia de 5 realizados com o programa estatiacutestico Minitab (MCKENZIE e

GOLDMAN 1999)

Outros dados de interesse foram submetidos agrave anaacutelise de variacircncia

comparaccedilatildeo do nuacutemero total de animais atropelados e nuacutemero total de animais

separados por classe taxonocircmica em relaccedilatildeo ao nuacutemero de atropelamentos mensais

e totais

Espeacutecies de aves e mamiacuteferos foram identificadas com auxiacutelio de bioacutelogos e

meacutedicos veterinaacuterios da ESEC Carijoacutes e do Cemave com base no guia de campo

Aves do Brasil Oriental e no livro Mamiacuteferos do Brasil ambos de autoria de Tomas

Sigrist A identificaccedilatildeo das aves foi de acordo com a sistemaacutetica do Comitecirc Brasileiro

de Registros Ornitoloacutegicos (CBRO) 2014 e a de mamiacuteferos conforme a Lista Anotada

dos Mamiacuteferos do Brasil Para identificaccedilatildeo de reacutepteis e anfiacutebios contou-se com o

29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

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29

auxiacutelio do bioacutelogo Ivo Ghizzoni Jr que usou a sistemaacutetica da Sociedade Brasileira

de Herpetologia (SBH)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

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30

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As covariaacuteveis temperatura meacutedia diaacuteria e as fases da lua natildeo influenciaram na

taxa de atropelamentos e nuacutemero total e meacutedia mensal de animais atropelados

No periacuteodo total de avaliaccedilatildeo que foram nove meses foram encontrados 81

animais atropelados em 55 dias de amostragem sendo que 78 puderam ser

identificados quanto agrave classe taxonocircmica As comparaccedilotildees entre rodovias e meses

em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de animais atropelados (Tabela 1) natildeo mostraram

diferenccedilas entre rodovias e meses e nem correlaccedilatildeo entre os dois fatores (Pgt005)

O nuacutemero total de animais natildeo eacute o paracircmetro de mensuraccedilatildeo indicado pelo Projeto

Malha o correto eacute fazer a relaccedilatildeo entre coletas extensatildeo de rodovia resultando na

Taxa de Atropelamento poreacutem serve como forma de visualizaccedilatildeo do N total

Tabela 1 ndash Nuacutemero total e meacutedia mensal de animais silvestres atropelados em

trecircs rodovias estaduais no entorno da ESEC Carijoacutes em Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano RODOVIA N total de animais Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 10 1 6 566A 451

122014 5 4 2 366A 153

012015 2 3 2 233A 058

022015 4 5 1 333A 208

032015 5 3 3 37A 115

042015 4 1 2 233A 153

052015 0 1 0 033A 058

062015 1 5 0 200A 265

072015 2 6 0 266 A

305

082015 1 2 0 100 A

100

Meacutedia 34a 31

a 16

a - -

Desvio Padratildeo 294 209 189 - -

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

31

Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

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Na Tabela 2 estaacute apresentada a taxa de atropelamento de acordo com o Projeto

Malha comparando as rodovias mecircs contra mecircs e o periacuteodo total Tambeacutem natildeo se

observam diferenccedilas significativas entre a taxa de atropelamento na comparaccedilatildeo

das trecircs rodovias no periacuteodo total e na comparaccedilatildeo entre estas em mecircs contra mecircs

No periacuteodo total a comparaccedilatildeo das meacutedias da taxa de atropelamento entre rodovias

apresentou um valor de P=008 Ou seja eacute possiacutevel que com uma maior coleta de

dados (trecircs anos por exemplo) acarretando num maior N ocorram diferenccedilas entre

as rodovias na taxa de atropelamento

Tabela 2 ndash Comparaccedilatildeo da taxa de atropelamento de animais silvestres

calculada de acordo com Projeto Malha em trecircs rodovias estaduais de

Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de

2015

Mecircsano RODOVIA Desvio

Padratildeo SC 401 SC 402 SC 400 Meacutedia

112014 006 002 011 0063A 0043

122014 001 004 002 0023A 0015

012015 000 002 001 0010A 0010

022015 002 011 002 0050A 0052

032015 003 002 001 0020A 0010

042015 002 002 004 0026A 0012

052015 000 002 000 0006A 0012

062015 000 004 000 0013A 0023

072015 001 006 000 0023A 0032

082015 000 003 000 0030 A

0053

Meacutedia 0015a 0044

a 0021

a

Desvio Padratildeo 0020 0031 0035

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas iguais na mesma linha natildeo diferem entre si pelo

teste Tukey (Pgt005) Meacutedias seguidas de letras maiuacutesculas iguais na mesma coluna

natildeo diferem entre si pelo teste Tukey (Pgt005)

A comparaccedilatildeo entre os grupos taxonocircmicos em niacutevel de classe por trecho

monitorado (Tabela 3) tambeacutem pode ser observado na Figura 14 em percentagem

A anaacutelise dos dados mostra que a classe mais vitimada foi a de mamiacuteferos (6283)

(Figura 15) sendo significativamente superior (Plt0001) aos reacutepteis e anfiacutebios e

32

sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

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sendo similar agrave classe das aves As aves vieram em seguida com 2692 (Figura

16) no nuacutemero total de atropelamento natildeo sendo diferente das demais classes Em

seguida vieram os reacutepteis (897) (Figura 17) e anfiacutebios (128) (Figura 18) poreacutem

sem diferenccedilas entre si Trecircs outros animais foram encontrados poreacutem natildeo foi

possiacutevel identificaacute-los quanto agrave classe taxonocircmica Por esse motivo eles natildeo

puderam ser classificados

Tabela 3 ndash Nuacutemero total e meacutedia de animais atropelados de acordo

com a classe taxonocircmica em trecircs rodovias no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa Catarina no periacuteodo de

novembro de 2014 a agosto de 2015

Mecircsano Total Mamiacutefero Ave Reacuteptil Anfiacutebio

112014 16 11 5 0 0

122014 10 5 2 2 1

012015 7 4 2 1 0

022015 10 4 3 3 0

032015 11 5 5 1 0

042015 6 4 2 0 0

052015 1 0 1 0 0

062015 6 6 0 0 0

072015 8 7 1 0 0

082015 3 3 0 0 0

Total 78 49 21 7 1

Meacutedia - 49a 21

b 07

bc 01

c

Desvio Padratildeo - 190 134 084 018

Meacutedias seguidas de letras minuacutesculas diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste Tukey (Plt0001)

33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

34

A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

38

REFEREcircNCIAS

ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p

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39

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33

Figura 14 ndash Percentagem de atropelamento de fauna silvestre de

acordo com a classe taxonocircmica identificada em trecircs rodovias no

entorno da Estaccedilatildeo Ecoloacutegica de Carijoacutes Florianoacutepolis Santa

Catarina no periacuteodo de novembro de 2014 a agosto de 2015

Figura 15 ndash Mamiacutefero atropelado Figura 16 ndash Ave atropelada

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Figura 17 ndash Reacuteptil atropelado Figura 18 ndash Anfiacutebio atropelado

Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes Fonte Arquivo ESEC Carijoacutes

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A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

35

Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

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REFEREcircNCIAS

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A espeacutecie mais vitimada foi Didelphis aurita (gambaacute-de-orelha-preta) com 47

registros (6026) e foi a mais atingida quando considerada todas as classes

Aramides sp(saracura) Caiman latirostris (jacareacute -do -papo -amarelo) e Gallinula

galeata (frango-drsquoaacutegua-comum) foram registradas por trecircs vezes Pertencentes ao

gecircnero Aramides duas espeacutecies satildeo comuns na regiatildeo monitorada a Aramides

cajaneus (saracura-trecircs-potes) e a Aramides saracura (saracura-do-mato) Devido agrave

grande semelhanccedila entre elas e ao grau de destruiccedilatildeo da carcaccedila em alguns casos

houve dificuldade de identificaccedilatildeo exata da espeacutecie O uacutenico anfiacutebio registrado

(128) foi Scinax granulatus (ratilde roncadora) conforme Tabela 4

Tabela 4 ndash Registros de atropelamento de novembro de 2014 a agosto de 2015

CLASSE ORDEM FAMIacuteLIA ESPEacuteCIE NOME POPULAR N

Mammalia Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis aurita gambaacute-de-orelha-preta 47

Rodentia

Echimyidae Myocastor coypus ratatildeo-do-banhado 1

Caviidae Cavia sp preaacute 1

Falconiformes Falconidae Milvago chimango gaviatildeo-chimango 1

Milvago chimachima gaviatildeo- carrapateiro 1

Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-trecircs-potes 1

Aramides sp saracura 2

Gallinula galeata frango-d lsquoaacutegua-comum 3

Passeriformes Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha azul 1

Aves Pelecaniformes Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada 1

Ardeidae Butorides striata socozinho 1

Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco 1

Crotophaga anii anu-preto 1

Pyaia cayana alma-de-gato 1

Galiformes Cracidae Ortalis guttata aracuatilde 2

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira 1

Megascops choliba corujinha-do-mato 1

Natildeo identificado Natildeo identificado Natildeo identificado natildeo identificado 3

Squamata Teiidae Tupinambis merianae Teiuacute 2

Reptilia Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedii dormideira-cinzenta 1

Crocodilya Alligatoridae Caiman latirostris jacareacute-de-papo-amarelo 3

Testudines Chelidae Hydromedusa tectifera caacutegado-pescoccedilo-de-cobra 1

Amphibia Anura Hylidae Scinax granulatus ratilde-roncadora 1

Natildeo identificados - - - - 3

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Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

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REFEREcircNCIAS

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  • BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13

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Como visto anteriormente 6283 das carcaccedilas encontradas e identificadas

pertenciam a animais da classe Mammalia Esse dado somente corrobora a maioria

dos resultados encontrados na literatura que mostram que mamiacuteferos e aves satildeo as

maiores viacutetimas (SASSI et al 2013 PRADA 2004 ROSA e MAUHS 2004 MELO e

SANTOS FILHO 2007) O fato de o monitoramento ter sido feito de carro com

velocidade aproximada de 50 kmhora pode ter colaborado para que o nuacutemero de

reacutepteis e anfiacutebios fosse tatildeo pouco significante jaacute que a visualizaccedilatildeo de espeacutecies de

pequeno porte pode ter sido prejudicada O monitoramento a peacute facilita a

visualizaccedilatildeo de espeacutecies de pequeno porte e de carcaccedilas natildeo visiacuteveis em funccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo do entorno da estrada e isso ajuda o registro de reacutepteis e anfiacutebios que

normalmente satildeo de difiacutecil visualizaccedilatildeo (HANGEMUHLE e CADEMARTORI 2009)

No entanto dada agrave extensatildeo do trajeto e as caracteriacutesticas das rodovias amostradas

(intenso traacutefego de veiacuteculos a alta velocidade) o monitoramento a peacute torna-se

inviaacutevel

As aves atropeladas (21 indiviacuteduos 2692 do total de atropelamentos) satildeo

em sua maioria espeacutecies de voo curto e proacuteximo ao solo caracteriacutestica que as torna

mais susceptiacuteveis ao atropelamento

Didelphis aurita (gambaacute de orelha preta) com 47 registros foi a espeacutecie mais

atingida quando consideradas todas as classes Esse resultado confirma os

resultados encontrados por Bueno e Almeida (2010) e Rezini (2010) Eacute uma espeacutecie

comum na regiatildeo podendo ser encontrada em diversos ambientes como

manguezais restingas interior da floresta atlacircntica e tambeacutem em aacutereas urbanizadas

proacuteximas a terrenos baldios (GRAIPEL e SANTOS FILHO 2006) Por ser uma

espeacutecie sinantroacutepica comumente eacute atraiacuteda por restos de comida e lixo deixados

junto agraves rodovias o que facilitaria sua vulnerabilidade a atropelamentos (BUENO e

ALMEIDA 2010)

Bager (2003) esclarece que mais preocupante nos atropelamentos satildeo as

espeacutecies raras e as que apresentam status de conservaccedilatildeo preocupante ou as muito

abundantes e consequentemente mais vulneraacuteveis a atropelamentos No presente

estudo em nove meses de monitoramento registramos trecircs indiviacuteduos de Caiman

latirostris (jacareacute-do-papo-amarelo) predador de topo de cadeia no ecossistema

local Eacute amplamente documentado que o grau de conservaccedilatildeo das populaccedilotildees de

predadores de topo eacute um importante indicador da sauacutede do ecossistema como um

todo (PRIMACK e RODRIGUES 2001 GROOM et al 2006) E importa mencionar

36

que a proteccedilatildeo da populaccedilatildeo de Caiman latirostris foi uma das motivaccedilotildees para a

criaccedilatildeo da ESEC Carijoacutes em 1987

O elevado nuacutemero de indiviacuteduos da espeacutecie Didelphis aurita a despeito de se

tratar de espeacutecie comum e em situaccedilatildeo de conservaccedilatildeo pouco preocupante natildeo

pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

pequenos vertebrados e na dispersatildeo de sementes (ROCHA et al 2008)

Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

sistemaacuteticos Esse resultado confirma os resultados encontrados por Cherem et al

(2007) e natildeo eacute considerado um resultado surpreendente devido agrave baixa ocorrecircncia

de mamiacuteferos de grande porte na regiatildeo

37

6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

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REFEREcircNCIAS

ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p

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CARVALHO Alex Silva de PEREIRA Luciana Guedes Anaacutelise espaccedilo-temporal da distribuiccedilatildeo de hotspots de atropelamento de fauna em uma rodovia localizada na regiatildeo amazocircnica brasileira In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras 2014 p 6 - 10 CHEREM Jorge J et al Mamiacuteferos de meacutedio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina sul do Brasil Biotemas Florianoacutepolis v 3 n 20 p81-96 set 2007 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufscbrindexphpbiotemasarticleview2067518831gt Acesso em 10 out 2015 CORLATTI Luca HACKLAtildeNDER Klaus FREY-ROOS Fredy Ability of Wildlife Overpasses to Provide Connectivity and Prevent Genetic Isolation Conservation Biology v 23 n 3 p548-556 jun 2009

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pode ser menosprezado pois essa espeacutecie exerce papel fundamental no controle de

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Mamiacuteferos de grande porte natildeo foram registrados nos monitoramentos

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6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

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identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

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  • BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p13

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6 CONCLUSAtildeO

O monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Estaccedilatildeo

Ecoloacutegica de Carijoacutes Gleba Ratones mostrou que natildeo houve diferenccedila entre os trecircs

trechos percorridos na taxa de atropelamento Do total de 78 animais atropelados

identificados 49 eram mamiacuteferos (6283) o que representou a maior ocorrecircncia

entre as demais classes taxonocircmicas Logo as estrateacutegias de mitigaccedilatildeo da

mortalidade devem ser definidas com maior dedicaccedilatildeo aos mamiacuteferos Eacute

recomendado que o trabalho de monitoramento seja contiacutenuo e estendido por um

maior periacuteodo em anos para que se tenha um maior N Dessa forma seraacute possiacutevel

conhecer melhor a situaccedilatildeo para que se tenha subsiacutedios para se pensar em

estrateacutegias para empreendimentos jaacute em execuccedilatildeo e tambeacutem para o futuro

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REFEREcircNCIAS

ABRA Fernanda Delborgo Monitoramento e avaliaccedilatildeo das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no municiacutepio de Brotas Satildeo Paulo 2012 72 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Ecologia Instituto de Biociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis4141134tde-21012013-095242pt-brphpgt Acesso em 7 set 2015 ALVES Aline Gaglia BERGALLO Helena de Godoy FREITAS Simone Rodrigues de Identificando aacutereas prioritaacuterias para aplicaccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo In ROAD ECOLOGY BRAZIL 2014 Lavras Anais Lavras CBEE 2014 p 13 ndash 17 BAGER Alex Repensando as medidas mitigadoras impostas aos empreendimentos rodoviaacuterios associados a unidades de conservaccedilatildeo ndash um estudo de caso In Aacutereas Protegidas Conservaccedilatildeo no Acircmbito do Cone Sul Alex Bager - Pelotas ediccedilatildeo do editor 2003 223 p

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