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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CAMPUS DE JI-PARANÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL LARISSA PAULA FERREIRA CORILAÇO EVAPOTRANSPIRAÇÃO EM UMA ÁREA DE FLORESTA NA AMAZÔNIA OCIDENTAL POR MEIO DE PRODUTOS DE SENSORIAMENTO REMOTO E COVARIÂNCIA DOS VÓRTICES TURBULENTOS. Ji-Paraná 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

CAMPUS DE JI-PARANÁ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

LARISSA PAULA FERREIRA CORILAÇO

EVAPOTRANSPIRAÇÃO EM UMA ÁREA DE FLORESTA NA AMAZÔNIA

OCIDENTAL POR MEIO DE PRODUTOS DE SENSORIAMENTO REMOTO E

COVARIÂNCIA DOS VÓRTICES TURBULENTOS.

Ji-Paraná

2013

1

LARISSA PAULA FERREIRA CORILAÇO

EVAPOTRANSPIRAÇÃO EM UMA ÁREA DE FLORESTA NA AMAZÔNIA

OCIDENTAL POR MEIO DE PRODUTOS DE SENSORIAMENTO REMOTO E

COVARIÂNCIA DOS VÓRTICES TURBULENTOS.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Departamento de Engenharia Ambiental,

Fundação Universidade Federal de Rondônia,

Campus de Ji-Paraná, como parte dos

requisitos para obtenção do título de Bacharel

em Engenharia Ambiental.

Orientadora: Nara Luísa Reis de Andrade

Ji-Paraná

2013

2

Corilaço, Larissa Paula Ferreira

C798e

2013

Evapotranspiração em uma área de floresta amazônica ocidental por meio de produtos de sensoriamento remoto e covariância dos vórtices turbulentos / Larissa Paula Ferreira Corilaço; orientadora, Nara Luisa Reis de Andrade. -- Ji-Paraná, 2013

59 f. : 30cm

Trabalho de conclusão do curso de Engenharia Ambiental. – Universidade Federal de Rondônia, 2013

Inclui referências

1. Evapotranspiração.. 2. Sensoriamento remoto. 3. Meio ambiente – Conservação - Rondônia. 4. Mudanças climáticas, 5. Meteorologia. I. Andrade, Nara Luisa Reis de. II. Universidade Federal de Rondônia. III. Titulo

CDU 528.8(811.1)

Bibliotecária: Marlene da Silva Modesto Deguchi CRB 11/ 601

3

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

CAMPUS DE JI-PARANÁ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

TÍTULO: EVAPOTRANSPIRAÇÃO EM UMA ÁREA DE FLORESTA NA AMAZÔNIA

OCIDENTAL POR MEIO DE PRODUTOS DE SENSORIAMENTO REMOTO E

COVARIÂNCIA DOS VÓRTICES TURBULENTOS.

AUTORA: LARISSA PAULA FERREIRA CORILAÇO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso foi defendido como parte dos requisitos

para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental e aprovado pelo Departamento

de Engenharia Ambiental, Fundação Universidade Federal de Rondônia, Campus de Ji-

Paraná, no dia 18 de setembro de 2013.

______________________________________________________

Renata Gonçalves Aguiar (Membro)

Professora do Departamento de Engenharia Ambiental

Universidade Federal de Rondônia

______________________________________________________

Igor Georgios Fotopoulos (Membro)

Professor do Departamento de Engenharia Ambiental

Universidade Federal de Rondônia

______________________________________________________

Nara Luísa Reis de Andrade (Orientadora)

Professora do Departamento de Engenharia Ambiental

Universidade Federal de Rondônia

Ji-Paraná, 18 de setembro de 2013.

4

DEDICATÓRIA

Dedico à minha família.

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelas bênçãos concedidas em minha vida, principalmente

durante esta etapa de tantos desafios.

Agradeço aos meus pais, Márcio e Ana pelo amor e cumplicidade que sempre

demonstraram nos momentos difíceis dessa caminhada. Ao meu esposo Everton, por

compartilhar felicidade plena com a chegada do nosso querido Eduardo.

Gostaria também de agradecer a Professora Nara Luísa Reis de Andrade pela

orientação, e aos demais professores que contribuíram durante o período da minha

graduação.

E aos amigos com quem tive a oportunidade de conviver, em especial a

Harianne, Camila, Kismara, Douglas, Priscylla e Bruno.

6

RESUMO

A floresta amazônica é uma das principais fontes de evapotranspiração continentais e

exerce função essencial na dinâmica do clima, atuando nos processos de

desenvolvimento do ecossistema terrestre. A fim de utilizar métodos promissores de

estimativa desta variável, o presente estudo objetivou: obter valores da

evapotranspiração através de produto do satélite METEOSAT (produto Land-SAF) e;

compara-las com o satélite EOS-AM-1(produto MODIS) e com o método da

covariância dos vórtices turbulentos. Para isso, foram utilizados dados de setembro a

dezembro de 2009 e do ano de 2010 de fluxo de calor latente (LE), bem como de saldo

de radiação (Rn), temperatura do ar (T), umidade relativa do ar (UR), medidos em uma

torre micrometeorológica localizada na reserva biológica do Jaru, no sudoeste da

Amazônia.Os produtos do sistema Land-SAF demonstraram comportamento

semelhante ao da covariância dos vórtices turbulentos, principalmente nas análises

sazonais, sendo promissora sua aplicabilidade para estimativas de evapotranspiração na

região Amazônica, sendo que os valores apresentados se mostraram melhores quando

comparado ao sensor MODIS.

Palavras-chave: Floresta Amazônica, REBIO Jaru, eddy covariance.

7

EVAPOTRANSPIRATION IN AN AREA OF WEST AMAZON FOREST USING

PRODUCTS OF REMOTE SENSING AND COVARIANCE VORTICES

TURBULENT.

ABSTRACT

The Amazon rainforest is one of the main sources of continental evapotranspiration and

has vital role in climate dynamics, acting in the development processes of the terrestrial

ecosystem. In order to use promising methods for estimating this variable the present

study aimed: to obtain values of evapotranspiration from satellite METEOSAT product

(Land-SAF product) and; compare them with the satellite EOS-AM-1 (MODIS product)

and method of covariance vortices turbulent (CV). For this, we used data from

September to November 2009 and the year 2010 of latent heat flux (LE), as well as net

radiation (Rn), air temperature (T), relative humidity (RH) measured in a

micrometeorological tower in the Jaru biological Reserve in southwestern Amazonia.

Products of the Land-SAF system showed similar behavior to the eddy covariance,

especially in seasonal analysis, and promising its applicability for estimates of

evapotranspiration in the Amazon region, and the values presented proved best when

compared to MODIS.

Keywords: Amazon, REBIO Jaru, eddy covariance.

8

LISTA DE ABREVIATURAS

BOC - Balanço de Ondas Curtas

BOC - Balanço de ondas curtas

BOL - Balanço de Ondas Longas

BOL – Balanço de ondas longas

CO2 - Dióxido de Carbono

CV- Covariância dos vórtices turbulentos

DP - Desvio Padrão

E – Leste

Er – Energia emitida por um corpo

ET - Evapotranspiração

GMAO - Global modeling and assimilation Office

H - Fluxo de calor sensível

H2O – Água

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

LAI - Índice de área foliar

LE - Fluxo de calor latente

MOD16 - Produto de evapotranspiração global

N – Norte

NASA - National Aeronautics and Space Administration

NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration

P - Fotossíntese

Patm - Pressão atmosférica

Ppt – Precipitação

Ra – Radiação retransmitida pelas nuvens

REBIO Jaru - Reserva Biológica do Jaru

RMSE - Raiz do erro médio quadrático

S - Energia armazenada na biomassa e no dossel

T - Temperatura do ar

u - Velocidade do vento

UR- Umidade relativa do ar

v - Direção do vento

9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 11

1 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................... 13

1.1 MUDANÇAS NO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DA AMAZÔNIA .......................... 13

1.2 IMPORTÂNCIA DOS FLUXOS DE ENERGIA NO CLIMA ........................................ 14

1.2.1 Balanço de Energia ..................................................................................................... 15

1.2.2 Evapotranspiração ...................................................................................................... 17

1.3 MÉTODOS PARA ESTIMATIVA DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO ............................... 18

1.3 1 Medição dos fluxos de energia: covariância dos vórtices turbulentos ....................... 18

1.3.2 Medição por Sensoriamento Remoto ......................................................................... 19

2. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................... 25

2.1 ÁREA DE ESTUDO ......................................................................................................... 25

2.2 MEDIDAS DE VARIÁVEIS MICROMETEOROLÓGICAS ......................................... 27

2.3 ESTIMATIVAS DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO ............................................................. 29

2.3.1 Covariância dos vórtices turbulentos ......................................................................... 29

10

2.3.2 Produtos de Sensoriamento Remoto ........................................................................... 30

2.4 PROCESSAMENTO DOS DADOS OBTIDOS .............................................................. 34

2.4.1 Análises estatísticas dos dados ................................................................................... 36

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................. 37

3.1 CARACTERÍSTICAS MICROMETEOROLÓGICAS .................................................... 37

3.1.1. Saldo de radiação ...................................................................................................... 37

3.1.2 Umidade Relativa do Ar ............................................................................................. 38

3.1.3 Temperatura do Ar ..................................................................................................... 39

3.2 ANÁLISE DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO ...................................................................... 40

3.2.1 Falhas ......................................................................................................................... 40

3.2.2 Análise mensal e sazonal ............................................................................................ 42

3.2.3 Análise do Ciclo Diário .............................................................................................. 45

3.2.4 Análise a cada meia hora ............................................................................................ 49

3.2.5 Espacialização da evapotranspiração obtida por meio do produto Land-SAF ........... 53

3.3.6 Análise comparativa dos produtos Land-SAF e MODIS com medidas da torre

micrometeorológica ............................................................................................................. 56

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 59

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 60

11

INTRODUÇÃO

O Brasil é o país com maior biodiversidade do mundo e o conhecimento sobre a

dinâmica dessas comunidades é de grande importância para sua conservação. A maior

parte das áreas de floresta encontra-se na região amazônica, além da diversidade

biológica, esse bioma ganha destaque global pela magnitude das trocas de massa e

energia, sendo considerada a maior fonte de evapotranspiração continental, além de

atuar no equilíbrio do ciclo hidrológico (FISHER et al., 2009).

Essa região vem sofrendo mudanças no uso e ocupação do solo que consistiram

principalmente na conversão de florestas primárias para usos agrícolas (desmatamento),

resultando em perda da quantidade e qualidade da biomassa aérea, nas características

físicas e químicas do solo e na emissão de gases de efeito estufa durante as operações de

queima da floresta e, ou das pastagens (ARAÚJO et al. 2007). Estudos recentes tentam

descobrir se essas modificações podem interferir no clima trazendo prejuízos aos

ecossistemas.

Dentre as medidas úteis para acompanhar a evolução dos efeitos das ações

antrópicas sobre o meio ambiente, tem se as variáveis micrometeorológicas. A

quantificação dos componentes do balanço de energia (saldo de radiação, fluxo de calor

12

no solo, fluxo de calor sensível e fluxo de calor latente) é importante para propósitos

meteorológicos, agronômicos e hidrológicos, bem como para o planejamento da

irrigação das culturas e para uma melhor compreensão e modelagem dos processos de

troca de massa e de energia que ocorrem na superfície da terra (LIMA et al., 2010).

Para se obter esses índices é necessário aplicar técnicas matemáticas robustas de

análise com o intuito de observar, caracterizar e compreender os fenômenos

atmosféricos (VILANI, 2011).

Uma ferramenta que pode ser aplicada para conhecer o comportamento de

variáveis micrometeorológicas principalmente devido à escassez de dados

meteorológicos, além de alcançar áreas de grande dimensão em séries temporais longas

é o sensoriamento remoto, tal ferramenta vem se apresentando inovadora para

avaliações meteorológicas, proporcionando medidas com informações espacialmente

contínuas sobre superfícies vegetadas (HUANG et al., 2008). Oliveira e Moraes (2013)

utilizaram produtos do sensor MODIS (Moderate Resolution Imaging

Spectroradiometer) para uma área florestada no sudoeste da Amazônia, com o intuito de

validar variáveis do balanço de energia a partir dos dados do satélite. Ao comparar com

medidas in situ realizadas pelo sistema de covariância dos vórtices turbulentos (CV) em

torre meteorológica, em geral eles obtiveram estimativas que mostraram semelhança

entre os dos dois modelos.

A evapotranspiração é uma das variáveis essenciais ao entendimento do clima,

neste sentido, o objetivo deste trabalho foi analisar o produto de sensoriamento remoto

de estimativa de evapotranspiração do sistema Land-SAF (Land Surface Analysis

Satellite Applications Facility) e sua aplicabilidade para uma área florestada no

Sudoeste da Amazônia. Como objetivos específicos, buscou-se:

a) obter valores da evapotranspiração através de produto do satélite METEOSAT,

sistema Land-SAF;

b) verificar as características mensais e sazonais da variável ET no período de setembro

de 2009 a dezembro de 2010, utilizando dados dos sistemas Land-SAF e covariância

dos vórtices turbulentos;

c) comparar os dados de evapotranspiração (ET) obtidos pelos sistemas Land-SAF e

MODIS com os dados do CV e verificar sua aplicabilidade para a área de estudo

REBIO Jaru.

13

1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 MUDANÇAS NO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DA AMAZÔNIA

A Amazônia ocupa uma área total de mais de 6,5 milhões de km², fazendo parte

do território de nove países: Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador,

Suriname, Guiana e Guiana Francesa. Globalmente, a Amazônia contempla a maior

floresta tropical permanente do mundo (FUJISAKA et al., 1998 ). O bioma Amazônia

estende-se do oceano Atlântico às encostas orientais da Cordilheira dos Andes, até

aproximadamente 600 m de altitude, contendo parte de nove países da América do Sul,

sendo 69% dessa área pertencente ao Brasil (AB’SABER, 2003). Esta região, por

questões políticas brasileiras, é denominada Amazônia Legal, e inclui os estados: Acre,

Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, além de parte dos estados de Mato

Grosso, Tocantins e Maranhão (CECCON E MIRAMONTES, 1999).

A despeito de toda sua riqueza natural e também cultural, a acelerada expansão

da fronteira agrícola na Amazônia brasileira aumentou as áreas de florestas convertidas

de 107 ha nos anos de 1970 para 6x10

7 ha no princípio deste século, segundo dados do

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (ALVES, 2002 apud SILVA, 2006). Desde

1989, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) vem produzindo estimativas

anuais das taxas de desflorestamento da Amazônia Legal através do Projeto de

Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (PRODES), as quais se

encontram à disposição da comunidade brasileira. De acordo com os resultados do

referido projeto, entre os nove estados que compõem a Amazônia Legal, Mato Grosso,

Pará e Rondônia merecem atenção especial da comunidade científica e dos tomadores

de decisão pública brasileiros, pois são os estados que mais desmatam (LEMOS;

SILVA, 2011).

Em 1968, através do decreto nº 356 ficou estabelecido que o estado de Rondônia

pertence a Amazônia Ocidental, que se localiza no centro geográfico da Amazônia

Continental, ocupando uma área de 2.194.599 km². Essa área corresponde a 25,7% do

território brasileiro (IBGE, 2010). O Governo Federal incentivou o desenvolvimento

desta região com o intuito de integrá-la ao restante do País, de forma que nesse período

14

houve a entrada de 852.368 imigrantes na Região Norte, o que corresponde a 13% da

sua população residente em 1980, sendo que os Estados do Pará e Rondônia eram os

que atraíam o maior número de imigrantes interestaduais (43,9% e 33,0%,

respectivamente) (BRASIL, 1997). De acordo com estudo mais recente, a população da

Amazônia brasileira cresceu de 6 milhões em 1960 para 25 milhões em 2010, enquanto

a cobertura florestal na região declinou para cerca de 80% da área original

(DAVIDSON et al., 2012).

Após a intensa ocupação, as áreas florestadas da região vêm sendo substituídas

por cenários de pastagens e agricultura. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(EMBRAPA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em sua pesquisa do

projeto Terra Class, para mostrar o uso das áreas desmatadas e a problemática do

desflorestamento na Amazônia, verificaram que até 2008, cerca de 60% das áreas foram

convertidas para a pecuária (EMBRAPA; INPE, 2011 ).

Essas atividades contribuíram para o desenvolvimento e povoamento das

cidades, mas acarretaram diversos prejuízos ambientais, pois as florestas atuam para que

ocorra o equilíbrio do ecossistema, e a manutenção do clima é uma função importante

que a cobertura vegetal desempenha.

1.2 IMPORTÂNCIA DOS FLUXOS DE ENERGIA NO CLIMA

Estudos de trocas de energia entre a superfície e a atmosfera são importantes, não

só para caracterizar o microclima local, como identificar interações existentes entre elas

(GOULART, 2011). A transferência de vapor d’água para a atmosfera a partir de

superfícies vegetadas e úmidas, em especial em áreas local e globalmente importantes,

despertam crescente interesse para a compreensão da interação biosfera-atmosfera, dos

mecanismos biofísicos controladores das trocas de fluxos e da interferência do

ecossistema no microclima regional (FRAGA, 2009).

O estudo específico dos ambientes florestais é um tema complexo e pode ser

considerado um caso a parte dentro da microclimatologia. As florestas e bosques

possuem características físicas que alteram direta e indiretamente todas as variáveis

15

climáticas (radiação solar, temperatura do ar, umidade do ar, vento etc.), de forma que o

microclima do sub-bosque florestal é bastante diferenciado de uma área aberta

localizada a poucos metros de distância do mesmo (HOFMANN et al., 2010).

Os esforços atuais para definir a hidrologia das zonas úmidas requerem

estimativas temporal e espacial da evapotranspiração (ET), que é uma componente

dominante no balanço hídrico.

1.2.1 Balanço de Energia

A energia incidente na superfície que compreende a radiação direta ou difusa

(ondas curtas) aquece a superfície terrestre, e esta consequentemente irá emitir radiação

de ondas longas para atmosfera, obedecendo à Lei de Stefan-Boltzmann: “a energia

emitida por um corpo Er (Wm-2

) é proporcional a quarta potência de sua temperatura

absoluta T (K)”, conforme Equação 1.

Er= εσT4

(1)

Em que ε é a emissividade do corpo (≈1) e σ é a constante de Stefan-Boltzmann (5,67

10-8

Wm-2

K-4

). Na floresta, a emissividade é aproximadamente 0,9 (adimensional)

(AYOADE, 2007).

A fonte fundamental de energia responsável pela maior parte dos processos

físicos e biológicos na Terra é a radiação solar, é um equilíbrio entre a entrada e a saída

de elementos de um sistema. Os principais componentes para o balanço de radiação no

sistema terrestre são: superfície, atmosfera e nuvens (VAREJÃO, 2006). Segundo

estimativas realizadas por Budyko (1980), aproximadamente 55% da energia absorvida

pela superfície terrestre é consumida na evaporação e transferida a atmosfera como

calor latente (LE) de vaporização; 12% é destinado ao aquecimento do ar adjacente, por

condução e 33% emitida para o espaço.

O balanço de radiação, que é característico da superfície e que representa a

radiação líquida (Rn), é definido como sendo igual à soma do balanço de ondas curtas

(BOC) e balanço de ondas longas (BOL), segundo a Equação 2.

Rn = BOC + BOL (2)

16

Em geral o saldo de radiação é positivo durante o dia (representando uma

entrada maior do que a saída de energia, com o aquecimento do sistema solo-planta-

atmosfera) e negativo à noite (SENTELHAS; NASCIMENTO, 2003). No período

diurno o solo recebe radiação solar em forma de ondas curtas. Parte dessa radiação é

devolvida ao espaço devido ao albedo (Rs). O solo aquecido irá emitir radiação longa

(Rl) e parte será retransmitida pelas nuvens (Ra). A superfície do solo, quando aquecida,

cede energia para aquecimento do ar (H), para evaporação da água (LE), e para

aquecimento do solo (G) (ANDRADE, 2013).

No período noturno, sem a incidência do Sol, a superfície terrestre se resfria de

forma a perder mais energia em relação ao ar adjacente e o subterrâneo. Dessa forma

ocorre o balanço de energia durante a noite, é quando a Terra emite radiação longa (Rl),

e a atmosfera emite para a Terra radiação longa refletida pelas nuvens (Ra). Essa

diferença de temperatura faz o vapor d’água condensar, pois o solo estará mais frio que

o ar adjacente, assim a Terra recebe o calor latente de condensação.

No conceito de balanço de energia, a essência está na afirmação de que a

diferença entre a energia que entra e a energia que sai de um sistema é a energia captada

ou utilizada por ele. Da energia que chega à superfície da Terra, parte é utilizada para

aquecer o ambiente na forma de calor sensível (H), parte para evaporar a água na forma

de calor latente (LE), parte para aquecer a terra, fluxo de calor no solo (G), e parte é

utilizada na fotossíntese (P) (PEREIRA, 2002 apud ANDRADE, 2013). O saldo de

radiação líquida (Rn) é dado pela Equação 3.

Rn = H + LE + G + P (3)

O termo P da equação é muito pequeno em relação aos outros e normalmente é

desprezado (VAREJÃO, 2006).

Quando em ecossistemas tropicais a equação tem uma variável que contabiliza a

parte que ficará armazenada na biomassa e no dossel (S). Conforme Equação 4.

Rn = H + LE + G + S + P (4)

Dentre essas variáveis o LE é o principal componente do balanço de energia,

estudos mostram que em superfícies umedecidas, a maior parcela da Rn, é convertida

em LE, seguido pelo calor sensível (H) (ANDRADE, 2013).

17

Essa variável também representa um fator fundamental para a planta, visto que

para cada grama de matéria orgânica produzida pela planta, aproximadamente 500g de

água são absorvidos pelas raízes, transportados através do corpo da planta e perdidos

para atmosfera (TAIZ; ZEIGUER, 2006 apud WEBLER, 2011).

1.2.2 Evapotranspiração

O fluxo de calor latente (LE) é convertido em evapotranspiração, por meio da

aplicação de sua relação com o calor latente de vaporização da água. A

evapotranspiração (ET) é a somatória de dois termos: transpiração, quando a água que

penetra pelas raízes das plantas, utilizada na construção dos tecidos ou emitida pelas

folhas reintegra-se na atmosfera, e evaporação, se a água evaporada pelo terreno nu,

adjacente às plantas, por uma superfície de água ou pela superfície das folhas, quando

molhadas por chuva ou irrigação, for evaporada sem ser usada pelas plantas (KLAR,

1988).

ET representa o fluxo de água evaporada na interface Terra-atmosfera (do solo,

corpos d'água e de intercepção) e transpirada pela vegetação através dos estômatos em

suas folhas, como consequência dos processos fotossintéticos.

O estudo da ET reveste-se também de especial importância, mesmo quando são

considerados apenas aspectos puramente meteorológicos. É que o vapor d’água age

como um eficiente meio de transporte meridional de energia (calor latente), interferindo

no balanço energético em escala planetária (VAREJÃO, 2006).

A ET é uma das variáveis mais importantes no ciclo hidrológico, consistindo na

ligação entre energia, clima e disponibilidade hídrica. É um fenômeno hidrológico

multidimensional, uma vez que é afetada por variáveis climáticas como: precipitação,

velocidade do vento, razão de insolação, umidade relativa, temperatura máxima, média

e mínima (MOHAN & ARUMUGAM, 1996 apud ARAUJO et al. 2011).

Segundo RUHOFF (2011), estudar o comportamento da variabilidade sazonal

anual e inter-anual do processo de ET em biomas tropicais é indispensável para

compreender o sistema climático e hidrológico global, portanto é necessário monitorar a

ET.

18

1.3 MÉTODOS PARA ESTIMATIVA DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO

1.3 1 Medição dos Fluxos de Energia: covariância dos vórtices turbulentos

Uma das técnicas mais comuns de medidas de fluxos de massa e de energia nos

ecossistemas da Amazônia, no âmbito do projeto LBA, é o método de correlação de

vórtices turbulentos ou eddy covariance (GRACE et al., 1995; McWILLIAM et al.,

1996).

O método de correlação de vórtices turbulentos é um método matemático para

calcular fluxos turbulentos, e pode ser usado para diferentes finalidades. (BURBA;

ANDERSON, 2010).

Segundo estes autores o método é matematicamente complexo e requer uma

série de cuidados na criação e processamento de dados, mas é uma das formas mais

diretas e confiáveis para medir os fluxos de calor, água e troca de CO2, bem como de

metano e outros gases residuais. A técnica permite estudar trocas de CO2, água e

energia, avaliando as respostas da vegetação às variáveis ambientais, buscando

compreender os mecanismos de controle ao longo de diferentes escalas temporais (de

segundos a anos) e espaciais (de alguns metros até quilômetros), para aperfeiçoar

modelos que trabalham com ciclos de C e H2O (IPEF, 2013).

Tal procedimento permite determinar o fluxo vertical de H e LE, usando o

cálculo da covariância entre as flutuações da velocidade vertical do vento (' w) e das

concentrações de umidade (' q). Esses fluxos são medidos a partir do método baseado

nos vórtices que acontecem na atmosfera, e são calculados como a covariância entre

turbilhões mais aquecidos e mais úmidos gerados próximos à superfície que são

deslocados verticalmente, sendo substituídos por turbilhões menos aquecidos. Assim,

esses movimentos são responsáveis pelo transporte vertical (fluxos) das propriedades da

atmosfera, como temperatura (MOREIRA et al., 2010).

A técnica é particularmente interessante para se estudar a fisiologia do

ecossistema e quantificar como os fluxos de carbono e água são afetados pelo ambiente

e clima em diferentes escalas de tempo e espaço (IPEF, 2013).

19

1.3.2 Medição por Sensoriamento Remoto

Considerando o custo de instalação de complexos equipamentos de medição e a

escassez de recursos humanos e econômicos, novas metodologias foram desenvolvidas

para rápida obtenção de dados climatológicos, como o uso do sensoriamento remoto

(SANTOS et al., 2010).

Os satélites meteorológicos são instrumentos indispensáveis para a meteorologia

atual, seu diferencial é a extração de dados de altitude e a abrangência de áreas remotas

sobre os oceanos e continentes, contribuindo decisivamente para uma melhor

compreensão e quantificação de fenômenos e parâmetros relevantes para a previsão do

tempo e clima (CORRÊA et al., 2011).

Ainda segundo o autor supracitado a utilização desta se torna ainda mais

interessante em países que não possuem estrutura para coleta de dados de maneira

convencional. Devem investir no acompanhamento de novas missões de satélites

ambientais visando uma atualização permanente no uso de novos sensores e na análise

de oportunidades em missões nacionais e estrangeiras. Toda esta atividade é de

fundamental importância para o monitoramento de tempo e do clima e na assimilação

em modelos de previsão numérica de tempo. Além de contribuírem para fortalecer a

autonomia nacional no domínio de técnicas espaciais de observação do meio ambiente,

como para fornecer diversos serviços de utilidade pública.

Mu et al.(2007), utilizou dados de fluxo de energia obtidos por torre

meteorológica e do produto do satélite Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer

- MODIS, para estimar a ET e desta forma verificar se a utilização de sensoriamento

remoto para estimar variáveis micrometeorológicas seria viável.

Em estudo de caso para estimar a ET, Xiong e Qiu (2010), utilizaram produtos

do satélite MODIS e concluíram que é um método que pode ser aplicado sem maiores

prejuízos aos resultados e com uma diferença aceitável para determinados fins.

Outro produto de sensoriamento remoto de ET que tem sido utilizado é o do

sistema Land Surface Analysis Satellite Applications Facility (Land-SAF), projetado

para melhorar a observação dos sistemas meteorológicos. Granger (2000) utilizou em

sua pesquisa dados do sistema Landsaf para estimar a evapotranspiração na bacia do

Gediz na Turquia. Ao analisar as imagens percebeu que os meses de maior radiação e

20

menos nuvens apresentaram resultados melhores ao comparar com dados de torre

micrometeorológica. Em junho, mês de maior intensidade solar, o autor obteve dados

próximos ao da torre.

Nos itens seguintes serão apresentadas descrições detalhadas dos produtos de ET

do Land-SAF e do MODIS.

1.3.2.1 Land Surface Analysis Satellite Applications Facility – LSA SAF

A EUMETSAT opera um sistema de satélites meteorológicos para

monitoramento da atmosfera e do oceano e superfícies de terra que proporcionam dados

de satélite relacionados com o clima, imagens e produtos - 24 horas por dia, 365 dias

por ano. Esta informação é fornecida pelo Serviço Nacional de Meteorologia dos

membros da organização e Estados que cooperam na Europa, bem como outros usuários

em todo o mundo (LSA SAF, 2010).

O sistema LSA SAF busca o desenvolvimento de técnicas, produtos e algoritmos

que permitam uma utilização mais eficaz dos dados dos dois satélites (Spin-stabilised

Meteosat Second Generatio - MSG e EUMETSAT Polar System - EPS) da

EUMETSAT, relacionados com superfícies continentais, interação terra-atmosfera,

aplicações à biosfera, produtos disponíveis aproximadamente uma hora após

sensoriamento, disseminação em NRT (tempo quase real) via Eumetcast, disseminação

off-line via ftp, entre outros (LSA SAF, 2010).

Embora diretamente projetado para melhorar a observação dos sistemas

meteorológicos, as características espectrais, resolução temporal e cobertura mundial

oferecida pelo MSG e EPS permitem o seu uso em uma ampla gama de outras

aplicações, nomeadamente no âmbito das aplicações biofísicas da terra (LSA SAF,

2010).

As atividades realizadas no âmbito da SAF Terra envolvem o desenvolvimento

de produtos que são especialmente relevantes nos seguintes campos de aplicação:

previsão do Tempo e modelagem climática, que necessitam de informações detalhadas

sobre a natureza e as propriedades de terra. Gestão ambiental e uso do solo, que exigem

informações sobre o tipo de cobertura da terra e mudanças de cobertura do solo (por

exemplo, fornecido por parâmetros biofísicos ou características térmicas). Gestão de

21

riscos naturais, o que exige observações frequentes de superfícies terrestres em ambas

as bandas de energia solar e térmica, além de aplicações climatológicas e detecção de

mudanças climáticas (LSA SAF, 2010).

Atualmente os produtos SAF são derivados do Spinning Enhanced Visible and

Infrared Imager - SEVIRI/METEOSAT-8 em quatro áreas geográficas - Europa, África

do Norte, África do Sul, e América do Sul, abrangendo a maioria dos pixels de terra

pelos Satélites Meteorológicos - METEOSAT. O sensor SEVIRI encontra-se a bordo da

segunda geração de satélites METEOSAT e opera em 12 canais espectrais, nas regiões

do visível, infravermelho próximo e infravermelho termal. É capaz de obter imagens

meteorológicas a cada 15 minutos em modo nominal ou em 5 minutos em modo rápido.

O sensor oferece dados mais precisos para alimentar os modelos numéricos de

previsão do tempo, quando comparado ao seu antecessor Meteosat Visible and Infrared

Imager - MVIRI. O sensor MVIRI encontra-se a bordo da primeira geração de satélites

METEOSAT e possui três canais que operam nas regiões do visível e infravermelho

termal. O instrumento permite o imageamento contínuo a cada 30 minutos e é capaz de

obter imagens diurnas e noturnas da terra, determinar a quantidade de vapor de água

presente no topo da atmosfera, determinar temperatura do topo das nuvens e da

superfície do oceano. Ainda possui o sensor GERB encontra-se a bordo da segunda

geração de satélites METEOSAT e possui aplicação na área de climatologia, na área de

balanço de radiação. Oferece dados da radiação solar refletida e radiação termal emitida

pela terra e atmosfera (LAND- SAF, 2010).

Na abordagem atual, a evapotranspiração é estimada utilizando um modelo

simplificado SVAT impelido por produtos de radiação LSA SAF (DSSF, DSLF e AL),

bem como pelos parâmetros meteorológicos da European Centre for Medium-Range

Weather Forecasts - ECMWF. Com cobertura espacial MSG que engloba

características espectrais únicas e de precisão, com uma resolução espacial de 3 x 3 km

e 12 canais espectrais (SCHMETZ et al., 2002). O Down-Welling Surface Short-Wave

Radiation Flux (DSSF) refere-se à energia radiativa no intervalo de comprimento de

onda [0.3μm, 4.0μm] atinge a superfície da Terra por unidade de tempo e superfície. É,

essencialmente, depende do ângulo zenital, na cobertura de nuvens, e, em menor

medida, na absorção atmosférica e albedo de superfície (LAND-SAF, 2010). O Down-

22

welling Longwave Flux at the Surface (DSLF) é definido como a irradiância que atinge

a superfície a partir do infravermelho termal do espectro (4-100 mM). O produto DSLF

para sensor SEVIRI está ativado dentro da LSA SAF desde o início da Continuous

Development and Operational Phase – CDOP (LAND-SAF, 2008). E o Albedo – AL, é

baseado em informações fornecidas pelos três canais de menor comprimento de onda

(0.6μm VIS, NIR 0.8μm, 1.6μm SWIR) (CARRER et al., 2009).

O produto proveniente do satélite são imagens onde ocorre a divisão da área desejada

em pixels independentes, cada pixel é, por sua vez consideradas como sendo uma mistura

homogênea de classes, cada classe representando uma superfície de solo em particular: o solo

nu, pastagens, florestas, etc. (LAND-SAF, 2011) (FIGURA 1).

Figura 1- Demonstração da coleta de dados pelo satélite Land-SAF.

Fonte: Traduzido de Arboleda et al. (2010)

Teoricamente, a ET pode ser derivada, em tempo quase real, no tempo de

resolução de imagens de satélite MSG, na prática, a produção de ET é limitada pela

disponibilidade de dados de entrada (DSLF são gerados a cada 30 minutos).

O principal conjunto de equações usadas para derivar a ET são comuns aos

regimes Solo-Vegetação-Atmosfera - SVAT com parametrizações específicas adotadas

a partir do esquema SVAT TESSEL ECMWF (VAN DEN HURK et al., 2000), em que

algumas adaptações foram feitas para usar dados derivados de sensoriamento remoto.

O balanço de energia da superfície da vegetação é realizado a partir das classes

identificadas, apresentado nas Equações 5 e 6.

Rni = Hi + LEi + Gi (5)

23

com

Rni = (1- α) S↓ + ε(L↓ - σT4

sk,i) (6)

Nestas equações, o índice i refere-se a uma determinada classe, α e ε são,

respectivamente, albedo e emissividade, S ↓ e L↓ Downward Surface Short-wave Flux -

DSSF e o Downward Surface Long-wave Flux - DSLF, Hi e LEi são o calor sensível e

latente, Gi é o fluxo de calor no solo, Tsk,i a temperatura e σ é a constante de Stephan-

Boltzmann. Rni, S↓ e L↓ e são positivas para baixo, e enquanto que Hi, LEi e Gi são

positivos para cima.

Os fluxos de calor latente e sensível são obtidos através de uma analogia,

descrita nas Equações 7 e 8.

Lvρa

LEi = ___________ [qsat (Tsk,i)-qa (Ta)] (7)

(ra + rc )

ρa

Hi = ______[cp (Tsk,i - Ta) - gza] (8)

ra

Em que ρa é a densidade do ar, ra a resistência aerodinâmica, Ta é a temperatura do ar,

za a altura da medição dos parâmetros de ar, rc a resistência do dossel, Lv o calor latente

de vaporização (função da temperatura do ar), qa a umidade específica e qsat é a umidade

específica de saturação . A resistência do dossel é uma função da DSSF, índice de área

foliar (IAF), teor médio de água no solo descongelado (θ), déficit atmosférico de

pressão de água e uma resistência mínima estomática (rs, min).

O fluxo de calor no solo é estimado conforme Equação 9.

Gi = βi * Rni (9)

24

Nesta equação o coeficiente βi é estimado em função do índice de área foliar (IAF),

através da Modified Soil Adjusted Vegetation Index -MSAVI-(CHEHBOUNI et al.,

1996), como a seguir nas Equações 10 e 11:

βi = 0.5 * EXP(-2.13 * MSAVI i) (10)

MSAVI i= 0.88-0.78*EXP(-0.6 * LAI i) (11)

E o pixel todo (Equação 12 e 13):

LE = Σ ζi LEi (12) e H = Σ ζiHi (13)

Onde iζ é a cobertura relativa da classe no pixel.

O LE obtido, expresso em W / m2, é convertido em evapotranspiração (mm / h), por

meio de, (Equação 14), sendo o Lv, calor latente de vaporização.

ET = 3600 LE / Lv (14)

1.3.2.2 Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer – MODIS

O MODIS é um dos cinco sensores a bordo do satélite EOS-AM-1, conhecido

como Terra, um dos Sistemas de Observação da Terra da NASA (EOS/NASA). Este

sensor foi projetado para satisfazer os requerimentos de três campos de estudos

diferentes: atmosfera, oceano e terra, com bandas de resolução espectral e espacial

selecionadas para o conhecimento de diferentes necessidades observacionais e para

oferecer uma cobertura global quase diariamente (JUSTICE, 2002).

O satélite possui órbita polar, síncrona com o Sol, com resolução espacial

variando conforme as bandas (250, 500 e 1000 m) e alcance espectral de 0,4 – 14,4μm,

com um total de 36 bandas espectrais, onde cada uma está em função de um

comprimento de onda para uma determinada finalidade. As primeiras 19 bandas estão

localizadas entre 405nm a 2155nm no espectro eletroradiométrico, dentro desta faixa

estão as bandas direcionadas para a aplicação terrestre, observações oceânicas, e

medições atmosféricas, sendo que as observações da superfície terrestre são realizadas a

cada 1 ou 2 dias (BARKER et al. 1992).

25

O algoritmo da ET global desenvolvido por Mu et al.(2011) foi adaptado de

Cleugh et al. (2007) baseado na equação de Penman-Monteith (MONTEITH, 1965),

esta descrita abaixo na Equação 15.

× + × × ( − ) /

= _________________________ (15)

+ × (1 + / )

Em que LE é o fluxo de calor latente (W m-2

) e L é o calor latente de evaporação (J kg-

1); s = d( )/dT (Pa K

-1) é o coeficiente da curva que relaciona pressão de vapor ( :

Pa) com temperatura; A é a energia disponível particionada entre calor sensível (W m-2

),

calor latente e fluxo de calor no solo na superfície; ρ é a densidade do ar (kg m-3

); Cp é

o calor específico do ar (J kg-1

K-1

); enquanto rs e ra correspondem a resistência

superficial da vegetação e aerodinâmica (s m-1

); γ é a constante psicrométrica (Pa K-1

),

dada pela Equação 16.

= × × ( × ) (16)

em que Ma e Mw são as massas moleculares do ar seco e úmido, respectivamente (kg

mol-1

), e Patm é a pressão atmosférica (hPa) (MU et al., 2007).

O valor de ET é calculado como a soma da evaporação do solo úmido mais a

transpiração da vegetação. Ainda, está incluída no modelo a parcela de precipitação

interceptada pelo dossel, e os valores de ET incluem todo o ciclo diário (período diurno

e noturno).

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

O presente estudo foi realizado na Reserva Biológica do Jaru, uma unidade de

proteção integral sob a tutela do órgão ambiental do governo brasileiro, Instituto Chico

26

Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio. A unidade está localizada em

Rondônia, situada entre as latitudes "09º19'52" e 10º11'46"S e longitudes 61º'35'40" e

61º52'48 O.

A classificação da vegetação é floresta ombrófila aberta (CULF et al., 1996;

ROTTENBERGER et al., 2004), sendo comumente denominada também de floresta

tropical sazonalmente seca ou semidecidual (ROTTENBERGER et al., 2004; ROCHA

et al., 2009; COSTA et al., 2010). Apresenta cobertura vegetal com características de

terra-firme, com altura média do dossel de aproximadamente 35 m. O solo da reserva é

caracterizado como podzólico vermelho-amarelo (HODNETT et al., 1996).

O clima predominantemente na região e entorno é do tipo Aw – Clima Tropical

Chuvoso - com média climatológica da temperatura do ar durante o mês mais frio

superior a 18°C (megatérmico) e um período seco bem definido durante a estação de

estiagem (JUSTINA, 2009).

Segundo estimativas de Costa et al. (2010), a média anual da temperatura do ar

na REBIO Jaru é de 22,9ºC e a média durante as estações úmida e seca são de 20,9 e

24,9ºC, respectivamente. A temperatura do ar decresce a partir do início das primeiras

chuvas no mês de novembro, e em dezembro e janeiro, com a alta frequência das

chuvas, os valores médios diminuem para 24,8 ºC. Durante a estação seca são

encontrados os maiores valores de temperatura do ar, no mês de setembro os valores

ficam em aproximadamente 26,5 ±0,38ºC (GOMES, 2011).

Na Amazônia de um modo geral a umidade relativa do ar é elevada, e fortemente

modulada pela precipitação que apresentam valores médios de precipitação anual entre

2.000 a 2.200 mm (FISCH et al., 2007), sendo o período anual dividido sazonalmente

em 4 estações, sendo elas úmida (jan-mar), úmida-seca (abr-jun), seca (jul-set) e seca-

úmida (out-dez).

A Reserva Biológica do Jaru conta com uma torre meteorológica (FIGURA 2)

pertencente à rede de torres do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera

na Amazônia – Programa LBA, cujas coordenadas são 10°11'11,4"S e 61°52'29,9"O,

com altura aproximada de 61,5 m, em funcionamento desde 1999.

27

Figura 2. Localização da área em estudo e da torre micrometeorológica da Reserva Biológica

do Jaru (REBIO Jaru).

2.2 MEDIDAS DE VARIÁVEIS MICROMETEOROLÓGICAS

As medições dos elementos meteorológicos realizadas por sensores equipados na

torre micrometeorológica foram contínuas, durante o período de setembro de 2009 a

dezembro de 2010. As variáveis medidas foram: temperatura do ar (T) e umidade

relativa do ar (UR).

28

A ilustração do instrumento utilizado para medição destas na Figura 3 e na

Tabela 1 os elementos meteorológicos com suas respectivas unidades de medidas,

instrumentos e alturas de instalação.

Figura 3– Termohigrômetro para medida da temperatura do ar e umidade relativa do ar.

Fonte: (GOMES, 2011).

Tabela 1 - Elementos meteorológicos com suas respectivas unidades de medidas, instrumentos e alturas

dos sensores instalados na torre da REBIO Jaru.

Elemento

meteorológico

Unidade de

medida

Instrumento

Altura do

sensor

REBIO Jaru

Temperatura

°C Termohigrômetro Vaisala

(HMP35A), Helsinki,

Finlândia

61m

UR % Termohigrômetro Vaisala

(HMP35A), Helsinki,

Finlândia

61 m

Os sensores acima descritos são conectados a um sistema de aquisição de dados

(Datalogger CR10X, Campbell Scientific Instrument, Utah, USA) programado para

fazer uma leitura das medidas a cada 30 segundos e depois armazenar uma média a cada

30 minutos.

29

2.3 ESTIMATIVAS DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO

2.3.1 Covariância dos vórtices turbulentos

As medidas de fluxo de calor latente (LE) foram adquiridas através do sistema

de covariância dos vórtices turbulentos (CV) - eddy covariance. Para isso um aparelho

de alta frequência dos fluxos de superfície, que medem as flutuações na velocidade

vertical do vento, na temperatura e na densidade do vapor d’água, sendo: anemômetro

sônico tridimensional (Solent 1012R2, Gill Instruments, Lymington, UK), (FIGURA 4-

a), que mede as flutuações nas três componentes da velocidade do vento - velocidade

horizontal do vento a leste (u), velocidade horizontal do vento a norte (v) e a velocidade

vertical do vento (w), e a temperatura do ar, e analisador de gás por infravermelho de

caminho aberto (LI- 7500, LICOR Inc., Lincoln USA), (FIGURA 4-b). Estes sensores

foram conectados a um microcomputador tipo “palmtop”, que fez as leituras dos

sensores com frequência de 10,4 Hz e armazenaram os dados brutos em arquivos a cada

30 minutos.

Figura 4 - Anemômetro sônico tridimensional (a) e analisador de gás por infravermelho de caminho

aberto (b) localizados a 63,4m de altura na REBIO Jaru.

Fonte: Aguiar (2005).

As coletas foram realizadas semanalmente e os dados obtidos processados com a

rotina computacional Alteddy (ELBERS, 1998), desenvolvido pela Instituição Alterra

(Holanda), este programa estabelece uma série de correções antes de calcular os fluxos

turbulentos. O tempo de amostragem utilizado no cálculo dos fluxos foi 800 segundos,

em anuência com o que sugerem Rannik e Vesala (1999), segundo os quais, para

30

mitigar erros na estimação de fluxos turbulentos é preciso usar constantes com

frequências mais espaçadas.

Os dados do CV foram convertidos de LE (W m-2

) para ET (mm h-1

) com o

intervalo de 30 minutos (equação). Para a temperatura média utilizou-se dados medidos

na torre da REBIO Jaru equivalente ao período estudado (Equações 17 e 18).

=[2,501-0,00236(T-273,15)]106

(17)

ET*3600

ETh= _______________ (18)

em que representa o calor latente de vaporização da água, ET (W m-2

), que foi

estimado pelo CV e o ETh é a evapotranspiração horária que foi utilizada nos cálculos.

2.3.2 Produtos de Sensoriamento Remoto

2.3.2.1 Land Surface Analysis Satellite Applications Facility – Land-SAF

Foram utilizados dados do produto ET do satélite METEOSAT, dele foram

extraídos dados de setembro de 2009 a dezembro de 2010. Os arquivos da América são

identificado por “SAme” (South American continent within the Meteosat disk )

(FIGURA 5).

Figura 5- Áreas de imageamento do sistema SAF.

31

Fonte: (SAF, 2010)

Estes dados foram adquiridos gratuitamente através do sitio do sistema Land-

SAF (http://landsaf.meteo.pt/) (FIGURA 6).

Figura 6- Página principal do sítio do satélite Land-SAF.

O produto contém valores instantâneos de evapotranspiração (em mm/h), sendo

que atualmente mapas de ET são gerados com resolução temporal de 30 minutos, e

espacial de 3 x 3 km. A ET de saída é gerada no formato HDF5 e as informações

relevantes para o processamento de dados são inclusas nos atributos de ficheiros HDF5.

Este formato foi descompactado para que os dados fossem processados no programa

ILWIS.

2.3.2.2 Integrated Land and Water Information System – ILWIS

Para adquirir dados referentes a ET na REBIO Jaru, foi utilizado o software

ILWIS v. 3.7.2 (FIGURA 7), ele é um sistema de informação geográfica que realiza o

tratamento computacional de dados geográficos e armazenam a geometria e os atributos

dos dados que estão georreferenciados.

32

Figura 7- Tela principal da v. 3.7.2 ILWIS.

O software foi desenvolvido pelo International Institute for Aerospace Survey

and Earth Sciences (ITC), da Holanda. Esse programa possui uma ferramenta chamada

GEONETCast, desenvolvida como um plug-in sob ILWIS, o objetivo principal da caixa

de ferramentas é permitir que o usuário, tenha facilidade para gerenciar o fluxo de dados

de entrada e importar os dados em ambiente SIG-RS gratuito comum para posterior

análise, neste caso, utilizando a funcionalidade do ILWIS versão 3.7 ou superior. Esta

versão possui na caixa de ferramentas o toolbox, que permite a importação de várias

fontes de dados relevantes para o monitoramento ambiental por meio de uma interface

gráfica do usuário (GUI) de dados.

O GEONETCast-Toolbox fornece uma solução integrada aberta e flexível para

gerenciar o fluxo de dados EUMETCast-GEONETCast, importação de vários tipos de

imagem e os produtos dos dados e reuni-los em um SIG comum, afim de realizar o seu

processamento. Os dados divulgados pelo EUMETCast-GEONETCast são compostos

de vários formatos. Ao longo do tempo uma série de utilitários foram desenvolvidos na

Faculty of Geo-Information Science and Earth Observation of the University of Twente

- ITC para ser capaz de importar estes tipos de dados (ITC, 2011).

33

Os dados decorrentes do MSG não possuem um formato padrão, desse modo,

alguns drivers foram desenvolvidos para a leitura das imagens dos dados geoespaciais, a

exemplo do ILWIS que é uma alternativa para solução deste problema.

O programa foi utilizado para processar os produtos do satélite Land-SAF, dos

meses de setembro a dezembro de 2009 e do ano de 2010, e também para alterar seu

formato em arquivo de texto (.txt). Para a realização desse procedimento fez-se uso da

ferramenta estatística MapList Graph, os dados foram separados por mês e cada mês foi

processado separadamente, com um total de 20459 dados. Em seguida escolheu-se as

coordenadas da torre REBIO Jaru, a partir do mapa originado dos dados fornecidos e

por fim o programa gerou os valores de ET no gráfico.

2.3.2.3 Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer – MODIS

Os dados do sistema MODIS foram obtidos por meio do Land Processes

Distributed Active Archive Center - LPDAAC no sitio (https://lpdaac.usgs.gov/), sendo

especificamente utilizado para o estudo o algoritmo de evapotranspiração global

MOD16, cuja resolução espacial é de 1 x 1 km, e resolução temporal de 8 dias.

Foram baixados dados abrangendo uma área de 11 x 11 km, utilizando como

ponto central as coordenadas da torre REBIO Jaru. Como referência de escala espacial,

foi utilizada a média de 3 x 3 km (9 pixels), os pixels utilizados foram:

49,50,51,60,61,62,71,72 e 73, esta delimitação foi adotada para posteriormente ser

comparada ao do sistema Land-SAF, cuja resolução é 3 x 3 km. Os pixels escolhidos

tem como centro a torre da REBIO Jaru e abrangem áreas predominantes de floresta

ombrófila sempre verde e algumas áreas com incidência de outras coberturas do solo,

podendo ter parcelas de áreas úmidas permanentes (rio), cultura ou pastagem. Na Figura

8 está a representação dos pixels.

34

Figura 8- Distribuição das classes do produto na área da Reserva Biológica do Jaru (REBIO Jaru). Os

quadrados com linhas tracejadas representam os pixels, LEMOD1X1 representa o pixel central, onde está

localizada a torre micrometeorológica, e LEMOD representa uma área de 3x3 pixels no entorno da torre.

Fonte: ANDRADE (2013).

2.4 PROCESSAMENTO DOS DADOS OBTIDOS

Para analisar os dados a cada meia hora foram delimitadas séries temporais de 5

dias, os meses selecionados foram setembro e novembro de 2009, e março, abril, julho e

novembro de 2010. O critério para escolha foi adotar o mês que contivesse maior

35

número de dados (conforme TABELAS 3 e 4), de cada estação representando a

sazonalidade, pois alguns meses possuíam muitas falhas, assim selecionou-se séries

contínuas de cinco dias. Na Tabela 2 está o período de cinco dias analisado (dias

julianos), o total de dados fornecidos pelo Land-SAF e pelo CV e o n utilizado, sendo

que foram filtrados eventuais dados negativos e as falhas.

Tabela 2- Apresentação do total de dados contabilizados para os meses selecionados nos respectivos anos

e o n proposto.

Ano Mês Período

analisado

Total de

dados

N(SAF) N(CV)

2009 Setembro 269-273 959 193 216

2009 Novembro 311-315 1421 222 210

2010 Março 87-90 1461 239 202

2010 Abril 116-120 1398 239 200

2010 Julho 197-201 1390 237 235

2010 Novembro 321-329 1429 237 210

Para comparação com os dados do MODIS, determinou-se a ET média diária

para os dados do CV e do Land-SAF (no período de setembro a dezembro de 2009, em

que havia dados dos produtos Land-SAF e MODIS), depois foram somados de 8 em 8

dias, equivalentes aos dias correspondentes ao produto MODIS. A Equação 19 para o

CV está descrita abaixo.

Σ ETmd8

ET8dias= _______________ (19)

2

O Σ ETmd8 é o somatório da média diária durante o período de oito dias e é

dividido por 2, pois os dados foram transformados em uma média horária, mas o CV

está de 30 em 30 min o que equivale a 48 dados e assim foi preciso dividir por 2. Para o

SAF não foi preciso dividir por 2, pois já estava na unidade certa e com o MODIS

36

seguiu-se as instruções do manual do produto, então multiplicou-se o dado por 0,1 e o

dividiu por 8, resultando em médias diárias.

2.4.1 Análises Estatísticas dos Dados

Dentre as analises de estatística descritiva adotadas estão as médias mensais,

horárias e sazonais, juntamente com o desvio padrão.

Para tanto foi realizada regressão linear, extraindo-se o coeficiente de

determinação (r²), que permite avaliar o quanto o modelo reflete a variância nos dados

observados, juntamente com o coeficiente angular (b), com nível de significância de

5%. Para a obtenção da equação, as variáveis referentes ao produto Land-SAF foram

consideradas como eixo Y (modelo), e as variáveis medidas na torre, como eixo X

(real). Deste modo, b>1 representa tendência do modelo a superestimar as variáveis em

questão, e b<1, tendência a subestimar.

Em seguida, foi calculada a raiz do erro médio quadrático RMSE (root mean

square error), para a série mensal e estacional, calculado por meio da Equação 20.

(20)

Em que Ci e Mi são os valores do modelo e medidos, respectivamente, e n é o número

total de observações.

Também foi plotado o Boxplot, para a comparação dos três modelos analisados

(Land-SAF, CV e MODIS), ele foi útil para entender a distribuição dos dados das

estações e também na comparação dos três métodos aplicados para estimar a ET,

ressaltando quando existem dados discrepantes, a variância dos dados, além de

medianas.

37

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 CARACTERÍSTICAS MICROMETEOROLÓGICAS

3.1.1. Saldo de radiação

O saldo de radiação influencia diretamente na evapotranspiração, os meses com

maior intensidade solar apresentam altos valores de evapotranspiração (FIGURA 9). A

média anual de 2009 foi de 125,39±234,09 W/m² e em 2010 de 137,14±232,39 W/m².

As médias das estações em 2009 foram 126,37 W/m² na úmida, semelhante a de

GOMES (2011) que obteve uma média de radiação líquida de 136,08±192,9W/m² no

período úmido, para a mesma área estudada durante os anos de 1999 a 2010. Na úmida-

seca de 109,14 W/m², 128,81 W/m² na seca e 137,23 W/m² na seca-úmida e em 2010 os

valores obtidos foram de 121,25 W/m² na estação úmida, 143,82 W/m² na estação

úmida-seca, 130,76 W/m² na estação seca e 152,74 W/m² na estação seca-úmida.

Durante o dia os valores podem atingir em média 510,79±1,15W/m² na REBIO

Jaru (GOMES 2011) e durante o período noturno os valores são negativos, pois a

energia disponível incide exclusivamente da radiação de onda longa, que por sua vez

decorre da emissão dos gases atmosféricos e de superfícies líquidas e sólidas da Terra

(GALVÃO; FISCH, 2000 apud AGUIAR et al., 2011).

Mês

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Rn (

W/m

²)

100

110

120

130

140

150

160

170 2010

2009

Figura 9-Radiação líquida média mensal no sítio REBIO Jaru, nos anos de 2009 e 2010.

38

Utilizou-se dados do ano todo de 2009, pois ele estavam disponíveis e assim

pode-se visualizar o comportamento da Rn durante as estações do ano. Sendo que nos

meses chuvosos de janeiro a junho a radiação apresenta valores menores, devido a

menor incidência solar e no período seco de julho a dezembro os valores de Rn são altos

em relação as taxas dos meses chuvosos.

3.1.2 Umidade Relativa do Ar

Outra variável micrometeorológica relevante para a evapotranspiração é a

umidade relativa do ar, na REBIO Jaru a média anual registrada no ano de 2009 foi de

83,02%±16,21 e 79,50%±16,10 em 2010, a mesma apresentou porcentagens baixas

durante a estação seca, alcançando valores menores que 18,48% (FIGURA 9) em 2009

e 31,72% em 2010, e na estação úmida chegando a 100% nos dois anos.

Mês

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

UR

(%)

20

40

60

80

100

120 2009

2010

Figura 10-Umidade relativa do ar média mensal (±DP) no sítio REBIO Jaru, nos anos de 2009 e 2010.

Em 2010 a umidade na estação seca foi muito baixa pelo período prolongado de

seca que ocorreu e segundo Coelho et al. (2012), revelou que o evento de 2010 foi

extremamente raro , particularmente em novembro, sendo o período de retorno para este

evento estimado de 25 a 30 anos, as causas principais apontadas foram a circulação da

39

temperatura da superfície do mar atípicas no Pacífico equatorial e tropical do Atlântico

Norte, além do efeito da queima de biomassa, e aerossóis que inibiram eficiência de

precipitação sobre a região amazônica.

Este comportamento também foi relatado por Gomes (2011), em que com o

início da estação seca houve uma redução de 19% na umidade específica na REBIO

Jaru, e por Webler (2011), em sua pesquisa em uma região de pastagem próxima a

REBIO Jaru, o período que apresentou a menor média, juntamente com a menor

umidade e maior amplitude foi o mês de agosto, com valor médio de 59,54±3,29%,

sendo esse mês característico na região por apresentar os menores valores.

3.1.3 Temperatura do Ar

Assim como as variáveis supracitadas, a temperatura do ar apresenta estreita

relação com a evapotranspiração. Na análise, a temperatura do ar apresentou média

27,57±1ºC em 2010, sendo que na estação seca foram registrados os menores valores,

10,77ºC. Nesta época ocorrem os eventos de friagem, (entre maio e julho) que explicam

medidas tão distintas dos demais meses (FIGURA 10).

GOMES (2011), em seus resultados apresentou médias com pouca variação

entre as estações, durante a estação seca, a média foi de 26,2±0,46ºC e na estação

chuvosa foi de 24,75±0,33ºC.

40

Mês

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

T (

ºC)

20

22

24

26

28

30

32

34

2010

2009

Figura 11- Média mensal (±DP) da temperatura durante dos anos de 2009 e 2010, sítio REBIO

Jaru.

Em 2009 não foi apresentada a série do ano todo, pois somente alguns meses estavam

disponíveis, a média dos meses analisados foi 25,90 ºC.

3.2 ANÁLISE DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO

3.2.1 Falhas

Para realizar análises comparativas das medidas de ET pelas metodologias SAF

e CV, primeiramente foram identificadas as falhas nos dados do satélite Land-SAF e do

CV para nortear sobre a quantidade verdadeira de informações que os dois métodos

forneciam. As Tabelas 3 e 4 apresentam a porcentagem de falhas.

Tabela 3- Porcentagem de falhas nos dados do satélite Land-SAF e do sistema CV no ano de 2009.

Mês SAF CV

Set 43,8% 58,4%

Out 46,8% 10,4%

Nov 40,0% 14,7%

Dez 20,4% 45,2%

Tabela 4- Porcentagem de falhas nos dados do satélite Land-SAF e do sistema CV no ano de 2010.

41

Mês SAF CV

Jan 23,7% 95,9%

Fev 21,9% 95,4%

Mar 28,4% 81,7%

Abr 14,9% 8,1%

Mai 20,0% 54,6%

Jun 11,7% 26,9%

Jul 10,9% 7,9%

Ago 10,2% 12,15%

Set 8,1% 90,4%

Out 20,0% 92,4%

Nov 22,2% 50,2%

Dez 25,4% 100%

Em 2009, as falhas nos dados de ET do Land-SAF variaram entre 46,8% no mês

de outubro e 20,4% no mês de dezembro, sendo a média de falhas do período de

37,75% e nos dados do CV, as mesmas variaram entre 58,4% (mês de setembro) e

10,4% (mês de outubro), com média para o período de 32,18%. Em 2010, o Land-SAF

apresentou falhas entre 28,4% (março) e 8,1% (setembro), com média anual de 18,12%,

e o CV, apresentou falhas variando entre 100% (mês de dezembro) e 7,9% (mês de

julho), com média anual de 59,64%.

Observa-se um aprimoramento na disponibilidade dos dados do Land-SAF,de

2009 para 2010, possivelmente devido ao ano de 2009 ter sido o ano de implementação

do produto ET, sendo necessários ajustes no modelo, tendo o mesmo alcançado um

desempenho aceitável, se comparado com as falhas encontradas no CV.

De acordo com Imbuzeiro (2005), em torres micrometeorológicas que realizam

medidas contínuas, a existência de falhas no conjunto de dados é inerente. Tais erros

podem ser atribuídos a erros intrínsecos aos sensores ou mesmo à manutenção técnica

ou erros de coleta e armazenamento e podem variar, para diferentes áreas estudadas na

região Amazônica, em média entre 0,3 e 59%. Nesse sentido, destaca-se como uma

42

característica positiva do sistema Land-SAF o aprimoramento no desempenho de

medidas de ET.

3.2.2 Análise mensal e sazonal

Após conhecer o número de dados disponíveis para estimar a evapotranspiração,

foi feita a média mensal de setembro a dezembro do ano de 2009 (FIGURA 11),

ilustrando o comportamento dos dois modelos (Land-SAF e CV). A média da ET entre

os quatro meses foi de 5,73±0,17mm/d pelo Land-SAF e de 7,17±0,470mm/d pelo CV,

com valores que variaram de 0-0,67mm/h conforme medidas do Land-SAF e 0-2mm/h

da CV em 2009.

Mês

8 9 10 11 12

ET

(m

m/d

)

4,5

5,0

5,5

6,0

6,5

7,0

7,5

8,0

8,5 SAF

CV

Figura 12- Média mensal (±DP) da evapotranspiração do ano de 2009, estimada pelo satélite Land-SAF e

pela Covariância dos Vórtices Turbulentos (CV), sítio REBIO Jaru.

Comparando-se as estimativas o satélite apresentou melhor desempenho no mês

de outubro, pois foi o que mais se aproximou das medidas in situ.

O mesmo processo foi realizado para o ano de 2010, em que todos os meses

foram analisados (FIGURA 12). Foi verificada média anual de 5,74±0,16mm/d para o

Land-SAF e 4,35±0,41 segundo o CV. Com valores que variaram de 0-0,74mm/h

registradas pelo satélite e de 0-1mm/h pelo CV, sendo que o satélite apresentou melhor

desempenho nos meses de julho a novembro. Os dados dos meses de janeiro a março

43

(estação úmida), não apresentaram resultados satisfatórios, devido as condições

climáticas com alta precipitação, e também ao fato de existirem muitas nuvens que

acabam prejudicando a acurácia do satélite.

Mês

0 2 4 6 8 10 12

ET

(m

m/d

)

0

2

4

6

8

10

SAF

CV

Figura 13 - Média mensal (±DP) da evapotranspiração do ano de 2010, estimada pelo satélite Land-SAF

e pela Covariância dos Vórtices Turbulentos (CV), sítio REBIO Jaru.

Leopoldo et al.(1982) realizaram pesquisa em uma reserva na Amazônia com

área total de 1,3 km² para o período de 1 ano, eles estimaram a ET com o auxilio de

pluviômetros instalados na floresta, e um vertedor para medir a vazão do igarapé,

desconsideraram a evaporação da água do solo, e obtiveram uma média anual de

4,6mm/d.

Souza Filho et al. (2005), estimaram a evapotranspiração através do método da

covariância do vórtices turbulentos em uma região florestada do nordeste da Amazônia,

e constataram uma média de 2,9mm/d no período chuvoso, onde consideraram os meses

de abril e maio e 4,3mm/d para época menos chuvosa, considerando os meses de agosto

e setembro.

44

Analisando os mesmos dados do ano de 2010 do Land-SAF e do CV, arranjados

em estações (úmida, úmida-seca, seca e seca-úmida) (FIGURA 13), observa-se que a

ET a estação úmida apresentou mediana de 0,0083mm/h, e os dados variaram de 0-

0,67mm/h para o Land-SAF e 0,21mm/h, com variação de 0-1mm/h para o CV. Na

úmida-seca a mediana foi de 0,017mm/h, e variando de 0-0,74mm/h para o satélite e

mediana de 0,27mm/h, variando e 0-1mm/h pelo CV.

Para a estação seca o valor da mediana obtido para o Land-SAF foi 0,014mm/h,

variando de 0-0,38mm/h e mediana de 0,19mm/h, com variação de 0-1mm/h pelo CV,

segundo Aguiar et al. (2006) com a redução da precipitação a umidade do solo também

diminui, principalmente nas camadas superiores do solo. Desta forma, é de se esperar

uma diminuição nas taxas de evapotranspiração. E na estação seca-úmida a mediana do

satélite foi 0,013mm/h, variando de 0-0,72mm/h e do CV 0,3mm/h, variando de 0-

1mm/h.

Estação Úmida

Land-SAF CV

ET

(m

m/h

)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Estação Úmida-Seca

Land-SAF CV

ET

(m

m/h

)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

a) b)

45

Estação Seca

Land-SAF CV

ET

(m

m/h

)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Estação Seca-Úmida

Land-SAF CV

ET

(m

m/h

)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Figura 14 – Box plot comparativo entre satélite Land-SAF (SAF) e pela Covariância dos Vórtices

Turbulentos (CV), com dados de 2010. A linha central do Box plot representa a médiana do conjunto de

dados, a caixa representa o intervalo interquartil que contém 50% dos dados, e os extremos representam

valores máximo e mínimo. Dados espúrios, ou outliers, são representados como círculos pretos.

Foi observada uma tendência do Land-SAF em subestimar os valores de ET, no

entanto, as diferenças entre os valores médios tendem a diminuir na estação seca, o que

pode estar relacionado a dois fatores: i) a diminuição da cobertura de nuvens e ii) a

maior disponibilidade de dados do CV, conforme apresentado nas Tabelas 5.

3.2.3 Análise do Ciclo Diário

A partir das 6h, com a incidência da radiação solar, o saldo de radiação torna-se

positivo e crescente, atingindo seu valor máximo aproximadamente ao meio-dia, a ET

segue o mesmo padrão, sendo que o intervalo de evapotranspiração estende-se das 6h ás

18h. A média diária dos meses de setembro (a,b) e novembro de 2009 do produto do

satélite apresentaram este tipo de variação, (FIGURA 14- b, d). Setembro pertence a

estação seca, a qual observou-se melhor desempenho comparado a novembro que é um

mês de transição da seca para a estação mais úmida, os valores se enquadram entre 0,4 e

0,6mm/h para o satélite e 0,8 e 0,95mm/h para a CV no ápice da evapotranspiração

(12:00h).

Os coeficientes de determinação entre os dados ETSAF e ETcv foram 0,61 e 0,55

respectivamente em setembro e novembro de 2009 (FIGURA 15- a, c).

c) d)

46

ETCV

(mm/h)

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35

ET

SA

F (

mm

/h)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

R² =0,61

Hora

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400E

T (

mm

/h)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

Land-SAF

CV

ETCV(mm/h)

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

ET

SA

F (

mm

/h)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0R²=0,55

Hora

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

ET

(m

m/h

)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0 Land-SAF

CV

Figura 15- Diagrama de correlação e média diária da evapotranspiração (mm/h), estimada pelo satélite

Land-SAF e pela Covariância dos Vórtices Turbulentos nos meses de setembro (a,b) e novembro (c,d) de

2009.

Observou-se uma melhor aproximação do Land-SAF aos dados do CV no

período seco, possivelmente devido à diminuição de cobertura de nuvens, o que permite

melhor acurácia nas medidas do satélite. Resultados semelhantes foram observados

anteriormente quanto a aplicabilidade do produto de evapotranspiração do MODIS

(RUHOFF, 2011; ANDRADE, 2013).

c)

a)

d)

b)

47

Para o ano de 2010 (FIGURA 16) seguiu-se a mesma linha, com a escolha de

um mês representando cada estação. No mês de março os valores da ET estimada foi de

0-0,45mm/h conforme o satélite e 0-0,64mm/h pelo CV. No mês de abril o Land-SAF

apresentou valores maiores que 0,5mm/h e a CV 0,64mm/h.

Os coeficientes de determinação entre os dados ETSAF e ETcv foram 0,45 e 0,78

respectivamente em março e abril de 2010 (FIGURA 16- a, c).

Esperam-se valores altos de ET no mês de julho, porem neste ano ocorreram

eventos de baixas temperaturas, em média de 22ºC, dessa forma as variações durante o

período de atividade da ET apresentaram comportamento distinto, o Land-SAF estimou

valores até 0,27mm/h e a CV 0,4mm/h. Em novembro houve um aumento na ET pelo

satélite chegou a 0,45mm/h e pela CV 0,65mm/h, com coeficiente de determinação de

0,72.

Os coeficientes de determinação entre os dados ETSAF e ETcv foram 0,47 e 0,78

respectivamente em julho e novembro de 2010 (FIGURA 15- e, g).

ETCV(mm/h)

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

ET

SA

F (

mm

/h)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

R²=0,45

Hora

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

ET

(m

m/h

)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7Land-SAF

CV

a) b)

48

ETCV(mm/h)

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

ET

SA

F (

mm

/h)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7 R²=0,78

Hora

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

ET

(m

m/h

)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7 Land-SAF

CV

ETCV(mm/h)

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30

ET

SA

F (

mm

/h)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

R²=0,47

Hora

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

ET

(m

m/h

)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5Land-SAF

CV

d) c)

e) f)

49

ETCV(mm/h)

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

ET

SA

F (

mm

/h)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

R²=0,72

Hora

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

ET

(m

m/h

)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

Land-SAF

CV

Figura 16- Diagrama de correlação e média diária da evapotranspiração (mm/h), estimada pelo satélite

Land-SAF e pela Covariância dos Vórtices Turbulentos nos meses de março (a,b); abril (c,d); julho (e,f) e

novembro (g,h) de 2010.

De um modo geral, observou-se uma aproximação entre os dados do Land-SAF

e do CV, tanto em relação às medias quanto a variabilidade dos dados. Apresentou

correlação forte nas estações seca-úmida de 0,78 e na úmida-seca de 0,72 e moderada

nas estações úmida de 0,45 e na seca de 0,47.

3.2.4 Análise a cada meia hora

Os meses analisados setembro (FIGURA 17 - a,b) e novembro (FIGURA 17 -

c,d) de 2009, mostraram que a ET do SAF variou de 0-0,51mm/h e do CV de 0-

1,16mm/h em setembro e 0-0,67 mm/h do Land-SAF e 0-1,59mm/h da CV(FIGURA

16).

g) h)

50

ETCV(mm/h)

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

ET

SA

F (

mm

/h)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4Y=0,60x + 0,31

Dia

1 2 3 4 5

ET

(m

m/h

)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4Land-SAF

CV

ETCV(mm/h)

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8

ET

SA

F (

mm

/h)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

Y=0,65x + 0,31

Dia

1 2 3 4 5

ET

(m

m/h

)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8Land-SAF

CV

Figura 17 - Diagrama de regressão e série temporal da evapotranspiração (mm/h), estimada

pelo satélite Land-SAF (ETSAF) e pela Covariância dos Vórtices Turbulentos durante (ETCV)

durante 5 dias nos meses de setembro (a,b) e novembro (c,d) de 2009. A equação da regressão

linear (y=ax+b, em que a = coeficiente angular da reta e b = intercepção da reta).

O coeficiente angular (a) representa, nesse caso, a relação da evapotranspiração

do Land-SAF (ETSAF) e a evapotranspiração da Covariância dos Vórtices Turbulentos

(ETCV), onde a=1 representa que a ETSAF e a ETCV são iguais e o b=0 quando não existe

erro. A relação de igualdade entre os dois modelos foi de 0,60 com erro de 0,31 e 0,65

com erro de 0,31 para os meses de setembro e novembro, respectivamente.

a) b)

c) d)

51

No ano de 2010 (FIGURA 18) repetiu-se as analises de regressão e série

temporal de cinco dias para os meses de março (a,b), abril (c,d), julho(e,f) e novembro

(g,h), representando um mês de cada estação. Para o primeiro mês os valores de ET

variaram de 0-0,62mm/h do sistema Land-SAF e de 0-0,98mm/h da CV, e a relação

entre a ETSAF e a ETCV foi de 0,23 com erro de 0,29. No mês seguinte a ET do satélite

variou entre 0-0,50 e a do CV de 0-0,99 e relação entre os modelos de 0,29, com erro de

0,24. Em julho ET do produto do satélite gerou valores entre 0-0,29 e a CV de 0-0,98 e

a relação das variáveis ETSAF e a ETCV de 0,11, com erro de 0,26. E no último mês

analisado a ET do Land-SAF variou entre 0-0,53mm/h e a da CV de 0-0,99mm/h, com

relação de 0,13 entre os modelos, com erro de 0,36.

ETCV

(mm/h)

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

ET

SA

F (

mm

/h)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Y=0,23x + 0,29

Dia

1 2 3 4 5

ET

(m

m/h

)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2 Land-SAF

CV

ETCV(mm/h)

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

ET

SA

F (

mm

/h)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2Y=0,29x + 0,24

Dia

1 2 3 4 5

ET

(m

m/h

)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2Land-SAF

CV

a) b)

d) c)

52

ETCV(mm/h)

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35

ET

SA

F (

mm

/h)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2Y=0,11x + 0,26

Dia

1 2 3 4 5

ET

(m

m/h

)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2 Land-SAF

CV

ETCV(mm/h)

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

ET

SA

F (

mm

/h)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Y=0,13x + 0,36

Dia

1 2 3 4 5

ET

(m

m/h

)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2Land-SAF

CV

Figura 18- Diagrama de regressão e série temporal da evapotranspiração (mm/h), estimada pelo satélite

Land-SAF (ETSAF) e pela Covariância dos Vórtices Turbulentos durante (ETCV) durante 5 dias nos meses

de março (a,b); abril (c,d); julho (e,f) e novembro (g,h) de 2010. A equação da regressão linear (y=ax+b,

em que a = coeficiente angular da reta e b = intercepção da reta).

Vale ressaltar que, considerando as incertezas inerentes ao sistema CV, que

podem variar entre 20 e 30% (BALDOCCHI, 2008), não se pode atribuir a totalidade de

erros entre LE observado e estimado apenas à imprecisões do produto de sensoriamento

remoto em questão.

Ferreira et al.(2012), trabalharam com a variável evapotranspiração, utilizando

produtos diários agregados ao Land-SAF e encontraram valores de ET na faixa entre

0,01 e 4,21 mm/dia, concluíram que esse modelo subestima ligeiramente a ET.

e) f)

g) h)

53

3.2.5 Espacialização da evapotranspiração obtida por meio do produto Land-SAF

Todas as estimativas da ET do satélite foram visualizadas a partir do software

ILWIS, nele também foi possível observar as variações da ET no mapa gerado com os

dados do Land-SAF, de acordo com uma legenda que indica os valores da ET

relacionados a cores distintas. Na figura 19 estão as estimativas da ET dos dias

dezesseis de setembro (estação seca) e dezesseis de novembro (estação seca-úmida) de

2009 nos horários das 8h e ao 12h. No ano de 2010 (FIGURAS 20 e 21) foram

selecionados os mesmos dias do ano anterior (16), para os meses de março (estação

úmida), abril (estação úmida-seca), julho (estação seca) e novembro (estação seca-

úmida), ou seja, os mesmos meses utilizados nas análises anteriores.

A área total de cada recorte equivale a 70.112 km², sendo que o pixel referente a

localização da torre REBIO Jaru possui extensão de 9 km², a unidade da ET esta em

mm/h e varia de 0-1 de acordo com a legenda.

Ao analisar as imagens constata-se que nas primeiras horas do dia os valores da

evapotranspiração são baixos (azul) e ao meio dia ocorre um aumento (laranja) nas

estimativas. No dia 16 de setembro de 2009, o valor estimado da ET pelo satélite as 8h

foi de 0,12mm/h e as 12h 0,34mm/h, a média da radiação foi 110,61W/m², e a

temperatura em média 22,88ºC estes dados mostram que mesmo sendo em um período

seco a ET pode ser baixa, pela influencia dessas variáveis. No mês de novembro as 8h a

ET registrada foi de 0,31mm/h e as 12h 0,47mm/h , para este mês a radiação foi maior

(150,88W/m²), assim como a temperatura (23,63ºC) resultando em maiores valores de

ET.

54

Para o ano de 2010 (FIGURAS 17 e 18), no mês de março a ET medida as 8h foi

de 0,11mm/h e as 12h 0,53mm/h, a média da temperatura foi de 26,05ºC e a radiação

média em de 134,29W/m². Em abril a medida as 8h foi 0,10mm/h e as 12h 0,44mm/h, a

média da radiação foi 122,75W/m² e da temperatura 26,72ºC. A diferença entre março e

abril é visível na figura 21, são observadas através da escala das 8h, em março a

tonalidade é azul e em abril tendem a verde.

Em julho o valor as 8h horas foi de 0,09mm/h e as 12h 0,18mm/h, neste mês foi

registrada a menor média mensal da temperatura de 24,91ºC em relação as demais

médias do ano que podem ter influenciado na estimativa do satélite, pois neste período

(seca), espera-se valores altos de ET. Em novembro as 8h horas a medida equivaleu a

0,17mm/h e as 12h 0,47mm/h, este mês apresentou a maior média de radiação

(157,93W/m²) do ano de 2010, e temperatura de 25,74ºC, as escalas de cores em relação

a julho representam valores mais baixos, enquanto em novembro mais

altos.

Figura 19- Variação da evapotranspiração nos horários 8 e 12h na região do pixel onde se localiza a torre

REBIO Jaru nos dias dezesseis de setembro e dezesseis de novembro de 2009.

55

Figura 20- Variação da evapotranspiração nos horários 8 e 12h na região do pixel onde se localiza a torre

REBIO Jaru nos dias dezesseis de março e dezesseis de abril de 2010.

56

Figura 21- Variação da evapotranspiração nos horários 8 e 12h na região do pixel onde se localiza a torre

REBIO Jaru nos dias dezesseis de julho e dezesseis de novembro de 2010.m

Pode-se perceber a variação da ET a partir de diferentes usos do solo, nas

Figuras 19, 20 e 21, pois correspondem em sua maioria a áreas florestadas e de

pastagens. As árvores da Floresta Amazônica são adaptadas a sazonalidade da região,

resistindo a períodos longos de seca, pois suas raízes pivotantes são capazes de atingir o

lençol freático nas camadas inferiores do solo (NEGRÓN-JUARÉZ et al., 2007),

diferente da pastagem que são constituídas de gramíneas e atingem apenas as camadas

superiores do solo, por isso são mais suscetíveis a perdas hídricas por evaporação.

Deste modo, ao modificar o ecossistema para o uso da pecuária, acontece

principalmente o aumento do uso de energia para H e, consequentemente, o acréscimo

da temperatura do ar e a diminuição da umidade disponível no sistema, ocasionando

uma alteração no equilíbrio energético da região (WEBLER et al. 2013).

3.3.6 Análise comparativa dos produtos Land-SAF e MODIS com medidas da

torre micrometeorológica

Ao comparar os dados do Land-SAF e do MODIS em relação aos do CV, o

satélite Land-SAF apresentou resultados similares para o intervalo dos dias 257 a 361

57

do ano de 2009, conforme a Figura 22. Os valores da ET do Land-SAF variaram de

4,03-6,74mm/d, e o MODIS variou de 1,94-4,66mm/h, e as estimativas do CV de 3,56-

8,12mm/d, as medianas obtidas foram de 6,14mm/d para o Land-SAF, 6,07mm/d para o

CV e 3,72mm/d para o MODIS, as analises mostraram que os dados do Land-SAF se

comportaram de forma mais próxima aos do CV do que o MODIS.

Modelos

Land-SAF CV MODIS

ET

(m

m/d

)

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Dia

260 280 300 320 340 360

ET

(m

m/d

)

1

2

3

4

5

6

7

8

9 Land-SAF

CV

MODIS

Figura 22 - Box plot comparativo (a) e média dos meses de setembro a dezembro (b) a partir de médias

de 8 em 8 dias entre os modelos Land-SAF, Covariância dos Vórtices Turbulentos (CV) e MODIS no

intervalo dos dias 257 a 361 do ano de 2009. A linha central do Box plot representa a médiana do

conjunto de dados, a caixa representa o intervalo interquartil que contém 50% dos dados, e os extremos

representam valores máximo e mínimo. Dados espúrios, ou outliers são representados como círculos

pretos.

Andrade (2013), ao comparar a ET do produto MODIS, com dados da medidos

pela covariância dos vórtices turbulentos no sitio REBIO Jaru observou ET média de

oito dias estimada de 3,77±0,40 mm/d e medida, de 2,60±0,72 mm/d. RUHOFF (2011),

ao comparar a ET do produto MODIS com valores medidos em sete localidades da

região Amazônica, obteve média de 3,28±0,92 mm/d através do MODIS e de 3,32±0,81

mm/d pela CV.

Ruhoff (2011) concluiu que o MODIS pode capturar razoavelmente bem as

respostas da vegetação em função da variabilidade climática, podendo ser aplicado

desde escala regionais a escalas globais, com potencial significativo no monitoramento

espacial e temporal da ET.

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58

Um fator que pode influenciar nos produtos é a resolução temporal dos dois

satélites, o MODIS tem intervalo de imageamento a cada 8 dias e o Land-SAF gera

valores a cada meia hora, e, segundo Andrade (2013), a variabilidade dos dados de 8

dias e mensais do LE MODIS não se assemelhou a do LE CV possivelmente devido ao

fato do MODIS não capturar efeitos de ciclo diário e brisas (ciclos menores, de 12 e 24

horas), que são inerentes à floresta em estudo.

59

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização de sensoriamento remoto na estimativa de variáveis meteorológicas

a partir de produtos do sistema Land-SAF apresentou comportamento semelhante ao

método in situ da covariância dos vórtices turbulentos, especialmente no que diz

respeito a representação do ciclo diário. As análises diárias mostraram que o satélite

segue um padrão próximo das medidas do CV, com período de maior atividade

fotossintética nos horários das 6h as 18h e clímax às 12h, com níveis de correlações

chegando a r²=0,78 no mês de abril de 2009.

As analises feitas no ILWIS, geraram imagens que mostraram os valores da ET

do sistema Land-SAF, os dados variaram de acordo com os horários do dia (8h e 12h), e

com os meses do ano, podendo observar a sazonalidade da região.

Ao se comparar dois modelos de estimativa por sensoriamento remoto (Land-

SAF e MODIS) com as medidas in situ da covariância dos vórtices turbulentos, o Land-

SAF apresentou dados com melhor aplicabilidade para a área da REBIO Jaru no período

de setembro de 2009 a dezembro de 2010, principalmente na estação seca, o que

possivelmente pode estar relacionado com sua maior resolução temporal.

Essas medidas se mostraram como uma alternativa quando não existirem dados

disponíveis das coletas in situ, como também para áreas remotas, principalmente na

estação seca; e para o monitoramento das ações antrópicas na região.

60

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