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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO LAÍS SOUSA BARBOSA CIRCUNFERÊNCIA DO PESCOÇO COMO INDICADOR ASSOCIADO AO RISCO CARDIOVASCULAR EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM HEMODIÁLISE Vitória de Santo Antão 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO

LAÍS SOUSA BARBOSA

CIRCUNFERÊNCIA DO PESCOÇO COMO INDICADOR ASSOCIADO AO RISCO

CARDIOVASCULAR EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM HEMODIÁLISE

Vitória de Santo Antão

2015

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LAÍS SOUSA BARBOSA

CIRCUNFERÊNCIA DO PESCOÇO COMO INDICADOR ASSOCIADO AO RISCO

CARDIOVASCULAR EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM HEMODIÁLISE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Colegiado do Curso de Graduação em

Nutrição do Centro Acadêmico de Vitória da

Universidade Federal de Pernambuco em

cumprimento a requisito parcial para obtenção

do grau de Bacharel em Nutrição, sob

orientação do(a) Professor(a) Dr(a) Keila

Fernandes Dourado, e sob Coorientação de

Cláudia Mota dos Santos.

Vitória de Santo Antão

2015

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Catalogação na Fonte Sistema de Bibliotecas da UFPE. Biblioteca Setorial do CAV.

Bibliotecária Jaciane Freire Santana, CRB4-2018

B238a Barbosa, Laís Sousa.

Circunferência do pescoço como indicador associado ao risco cardiovascular em pacientes renais crônicos em hemodiálise / Laís Sousa Barbosa. Vitória de Santo Antão: O Autor, 2015.

52 folhas.; il.

Orientadora: Keila Fernandes Dourado. Coorientadora: Cláudia Mota dos Santos

TCC (Graduação) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV. Bacharelado em Nutrição, 2015.

Inclui bibliografia.

1. Avaliação Nutricional. 2. Insuficiência Renal Crônica. 3. Diálise renal. 4. Doenças cardiovasculares. I. Dourado, Keila Fernandes (Orientador). II. Santos, Cláudia Mota dos (Coorientador). III. Título.

613.2 CDD (23.ed.) BIBCAV/UFPE-080/2015

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Nome do aluno(a): Laís Sousa Barbosa

Titulo: Circunferência Do Pescoço Como Indicador Associado Ao Risco Cardiovascular Em

Pacientes Renais Crônicos Em Hemodiálise

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Graduação em Nutrição

do Centro Acadêmico de Vitória da Universidade Federal de Pernambuco em cumprimento a

requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição

Data: 20/ 07/2015

Nota:

Banca Examinadora:

Marina de Morais Vasconcelos Petribú

Eduila Maria Couto

Claudia Cabral Mota

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AGRADECIMENTOS

- Primeiramente eu agradeço ao meu pai do céu por toda a força e perseverança, sem ele eu não

conseguiria seguir em frente sem desistir do meu sonho.

- Aos meus pais eu agradeço por todo carinho, amor, incentivo, auxílio, paciência. A minha

mãe Rosete eu agradeço por ter me direcionado aos caminhos dos estudos e do amor, sem ela

eu não teria conseguido nada.

- A Professora Keila Dourado eu gostaria de agradecer pela paciência e extrema atenção e

dedicação, sim eu escolhi a melhor orientadora e a mais inteligente, muito obrigada por realizar

esse trabalho comigo e pelo conhecimento proporcionado.

- A todos da equipe do setor de hemodiálise do Hospital Barão de Lucena, especialmente a

enfermeira Nanci que me acolheu e orientou sobre o setor.

- Ao meu namorado Wellington eu agradeço pela paciência, amor, incentivo e ajuda para a

realização da escrita do trabalho. Muito obrigada por você está presente em todos os momento

da minha vida acadêmica.

- Aos pacientes que me receberam com muita gentileza e disponibilidade para a realização do

estudo.

- Aos meus amigos pelo incentivo e ajuda, especialmente, Emerson Santiago pela ajuda na

coleta, Juliana Lins, Fernanda Ribeiro, Gabi que me ajudou na correção final, Weibson pela

ajuda na realização dos bancos de dados e Danilo pela ajuda na procura dos artigos. Muito

obrigada vocês foram essencial na realização do trabalho.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ......do Centro Acadêmico de Vitória da Universidade Federal de Pernambuco em cumprimento a requisito parcial para obtenção do grau de

“Seja paciente com tudo o que não está solucionado em seu coração

E procure amar as próprias perguntas

Não procure as respostas que não poderá vivê-las

E o que importa é viver tudo

Viva as perguntas agora....

Talvez gradativamente e sem perceber

Chegue a viver algum dia distante as respostas.”

Rainer Maria Rilke

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RESUMO

Os pacientes renais crônicos são mais susceptíveis à doença cardiovascular devido ao próprio

tratamento hemodialítico e aos fatores de risco modificáveis e não modificáveis. Um dos fatores

modificáveis é a obesidade que está presente em 20% a 30% desta população, podendo ser

detectada pelos métodos antropométricos de avaliação nutricional. Um dos métodos de

avaliação nutricional é a circunferência do pescoço que é um método eficaz e simples utilizado

para verificar os fatores associados ao risco cardiovascular. O objetivo deste estudo foi analisar

a CP e sua correlação com outros parâmetros antropométricos associados ao risco

cardiovascular em pacientes renais crônicos submetidos à hemodiálise. O tipo de estudo foi

transversal e foram coletadas as variáveis referentes às condições socioeconômicas, estilo de

vida e antropometria (peso, altura, índice de massa corporal, circunferência da cintura,

circunferência do quadril, circunferência do pescoço, relação cintura-quadril e relação cintura-

estatura). Em relação às características dos pacientes e ao estilo de vida observou-se a baixa

prática de exercícios físicos, um consumo elevado de bebidas alcoólicas e a comorbidade mais

prevalente foi a hipertensão arterial sistêmica. Em relação aos parâmetros antropométricos, os

pacientes renais crônicos apresentaram risco cardiovascular elevado. O estudo analisou 40

pacientes renais crônicos com média de idade de 54,4 ± 14,7 anos, sendo 72,5% do sexo

masculino que realizavam hemodiálise no Hospital Barão de Lucena, Recife-PE. Em relação a

circunferência do pescoço (CP), houve correlação com o índice de massa corporal (IMC)

(p<0,01), a circunferência da cintura (CC) (p<0,01), a Relação cintura-estatura (RCEst)

(p<0,02). O sexo masculino e o nível socioeconômico das classes B e C presentaram associação

positiva com a CP elevada. A CP mostrou-se como um indicador promissor associado ao risco

cardiovascular, uma vez que apresentou correlações positivas com outros indicadores

antropométricos de risco, podendo assim ser recomendado a sua utilização na prática clínica.

Palavras-chave: Insuficiência renal crônica. Diálise. Avaliação nutricional. Doenças

cardiovasculares.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Estágios de critérios da função renal..................................................................16

TABELA 2 - Características gerais e estilo de vida dos pacientes renais crônicos em

hemodiálise atendidos no Hospital Barão de Lucena, Recife-PE, 2015.................................. 30

TABELA 3 – Frequência de pacientes em risco cardiovascular pelos parâmetros

antropométricos avaliados dos pacientes renais crônicos em hemodiálise atendidos no Hospital

Barão de Lucena, Recife - PE, 2015

.................................................................................................................................................. 31

TABELA 4 - Correlação entre à Circunferência do pescoço e os demais parâmetros

antropométricos de risco cardiovascular de pacientes renais crônicos em hemodiálise atendidos

no Hospital Barão de Lucena, Recife PE,

2015...........................................................................................................................................32

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEP (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa)

CC (Circunferência da Cintura)

CP (Circunferência do Pescoço)

CT (Colesterol Total)

DCV (Doenças Cardiovasculares)

DEP (Desnutrição Energética Proteica)

DM (Diabetes Mellitus)

DRC (Doença Renal Crônica)

FAV (Fístula Arteriovenosa)

HAS (Hipertensão Arterial Sistêmica)

HD (Hemodiálise)

HDLc (High Density Lipoprotein Cholesterol)

HVE (Hipertrofia de Ventrículo Esquerdo)

IC (Índice de Conicidade)

IMC (Índice de Massa Corporal)

IRC (Insuficiência Renal Crônica)

IRU (Índice de Resíduos da Ureia)

KDOQI (Kidney Disease Outcome Quality Initiative)

LDLc (Low Density Lipoprotein Cholesterol)

OMS (Organização Mundial de Saúde)

PA (Pressão Arterial)

RCEst (Razão Cintura/Estatura)

RCQ (Razão Cintura/Quadril)

RCV (Risco Cardiovascular)

SBN (Sociedade Brasileira de Nefrologia)

SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)

TCLE (Termo de Consentimento Livre Esclarecido)

TFG (Taxa de Filtração Glomerular)

TG (Triglicerídeo)

WHO (World Health Organization)

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10

2. OBJETIVOS ........................................................................................................................... 12

2.1 GERAL 12

2.2 ESPECÍFICOS ............................................................................................................................... 12

3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................... 13

4. HIPÓTESE ............................................................................................................................. 14

5. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................................. 15

5.1. DOENÇA RENAL CRÔNICA ........................................................................................................ 15

5.2. ESTADO NUTRICIONAL DE PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA EM HEMODIÁLISE .... 19

5.3. MÉTODOS ANTROPOMÉTRICOS DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E AVALIAÇÃO DO RISCO

CARDIOVASCULAR PARA PACIENTES EM HEMODIÁLISE ....................................................................... 21

5.4. RISCO CARDIOVASCULAR EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM HEMODIÁLISE .................... 23

5.5. A CIRCUNFERÊNCIA DO PESCOÇO COMO INDICADOR ASSOCIADO AO RISCO CARDIOVASCULAR

24

6. METODOLOGIA .................................................................................................................. 26

6.1. DESENHO DO ESTUDO .............................................................................................................. 26

6.3 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE .......................................................................................................... 27

6.4 AVALIAÇÕES SOCIODEMOGRÁFICA E ESTILO DE VIDA ................................................................... 27

6.5 AVALIAÇÕES ANTROPOMÉTRICAS .................................................................................................. 27

6.6 ANALÍSES ESTATÍSTICAS .................................................................................................................. 29

7. RESULTADOS ................................................................................................................................ 30

8. DISCUSSÃO .................................................................................................................................... 33

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 38

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 39

APÊNDICE A -TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .......................... 49

APÊNDICE B - CARACTERÍSTICAS DE ESTILO DE VIDA .................................................... 50

APÊNDICE C - DADOS ANTROPOMÉTRICOS .......................................................................... 51

ANEXO A - Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da fundação de hematologia

e hemoterapia. ..................................................................................................................................... 52

ANEXO B - Classificação Econômica da População ....................................................................... 53

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1. INTRODUÇÃO

O aumento das doenças crônicas não transmissíveis e o envelhecimento da população

têm colaborado para a elevação das doenças renais crônicas (DRC) que atualmente são

consideradas um problema de saúde pública (BASTO, et al.,2004).

Na doença renal crônica, a hemodiálise (HD) é o tratamento dialítico mais realizado na

atualidade (SESSO RC,2009). Segundo o censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN)

realizado no ano de 2013, cerca de 500 milhões de pessoas sofrem de problemas renais e 89,6%

dos pacientes utilizam a HD como tratamento.

Os pacientes que realizam o tratamento hemodialítico possuem maiores riscos de

apresentar doenças cardiovasculares (DCV), que é a principal causa de morbidade e

mortalidade (FRIED, et al,2 005). De acordo com a OMS,2005, os fatores de risco para DCV

são causadores de grande parte dos óbitos e patologias. Esses fatores podem ser divididos em

dois grupos: os modificáveis (BRASIL, 2006) e os não-modificáveis (LANAS et al., 2007). Os

fatores de risco modificáveis incluem o tabagismo, o etilismo, o sedentarismo, a obesidade

(OMS, 2005), a hipertensão arterial sistêmica (HAS) (MARTINS, et al., 2012), o diabetes (DM)

e os fatores de risco tradicionais nos pacientes renais crônicos de hiperfosfatemia frequentes

em pacientes que realizam hemodiálise (SBN,2006) e o hiperpatireodismo secundário presente

em pacientes DRC submetidos a hemodiálise. Os fatores de risco considerados como não-

modificáveis são aqueles de origem genética biológica, como a hereditariedade, o sexo e a idade

(LANAS, et al., 2007). Nos dias de hoje existem dois extremos que podem acometer os

pacientes com DRC a obesidade e a desnutrição.

A obesidade está presente em cerca de 20% a 30% da população em HD, sendo um dos

fatores de risco cardiovascular. Além disso, está associada ao desenvolvimento de doenças

coronarianas e outras patologias como hipertensão, diabetes e dislipidemias. (MARTINS &

CESARINO, 2005). Segundo o estudo realizado por MUTSET et al, (2007), a população com

DRC apresenta semelhança em relação a população geral de acordo com o Índice de Massa

Corporal (IMC), ou seja, conforme o IMC se eleva aumenta o risco de mortalidade.

A avaliação do risco cardiovascular de pacientes renais crônicos pode ser realizada

através da antropometria, que é um método simples e não invasivo (FERREIRA & SICHIERI

2007). Na população geral, achados indicam que a CC elevada e a inadequação em outros

índices, tais como o IMC, razão cintura/quadril (RCQ), e índice de conicidade (IC) (FURTADO

& POLANCZYK, 2007), entre outros, como a RCEst (PITANGA & LESSA 2006), e a

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circunferência do pescoço (CP) (VALLIAN et al., 2013) podem contribuir para o aumento do

risco de desenvolvimento de DCV.

Recentemente a circunferência do pescoço (CP) está sendo utilizada como uma medida

simples de ser realizada e pode, na prática clínica, ser utilizada como marcador antropométrico

relevante, capaz de estimar o risco cardiovascular. (FRIZON e BOSCAINI,2013).

A CP é um método utilizado para estimar os fatores de risco para doenças

cardiovasculares como diabetes melitus (DM), devido ao aumento da resistência da insulina

(LIMA e GLANER, 2006), HAS e dislipidemias. O aumento da CP favorece o acúmulo de

gordura no interior das artérias carótidas e facilita o aparecimento das DCV). Além disso, foi

observado, que a CP poderá ser um melhor parâmetro de risco quando comparado à gordura da

região visceral (PREIS SR, et al.,2010), devido à região superior do corpo (pescoço) liberar

uma maior quantidade de ácidos graxos livres do que a região visceral, principalmente em

indivíduos obesos. (NIELSEN, et al.,2004)

O estudo de BEN-NOUR e LAOR (2006) verificou a relação entre CP e o risco

cardiovascular em 364 indivíduos (155 homens e 209 mulheres) sem condições médicas

conhecidas e que não estavam recebendo medicamentos, os resultados demonstram a CP mais

elevada no sexo masculino e maior concentração de triglicerídeos no sexo feminino. LIMA e

GLANER(2006) afirmam que a CP aumentada além de elevar a pressão arterial e a

concentração de colesterol, eleva a resistência à insulina dificultando a captação e utilização da

glicose. Além disso, a CP apresentou correlação com a CC e o IMC em ambos os sexos dos

grupos com tolerância normal a glicose ou diabetes tipo 2 no estudo de STABE (2013) realizado

com 1053 adultos (18-60 anos).

O estudo de TIBANA (2012), realizado com 60 mulheres sedentárias no Distrito federal

entre o período de 2010 a 2011, observou que a CP elevada está relacionada diretamente com

a elevação do IMC, CC e glicemia.

Diante do exposto, fazem-se necessários estudos que comparem a CP com outros

parâmetros antropométricos de risco cardiovascular e que viabilizem a CP como indicador em

diferentes populações de risco como no caso dos pacientes renais crônicos em HD. Dessa forma,

a realização do presente estudo, contribui com a discussão sobre a utilidade e eficácia da CP

como ferramenta de avaliação de fatores associados ao risco cardiovascular em pacientes com

DRC em HD.

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2. OBJETIVOS

2.1 GERAL

Analisar a CP e sua correlação com outros parâmetros antropométricos associados ao

risco cardiovascular em pacientes renais crônicos submetidos à HD.

2.2 ESPECÍFICOS

Caracterizar a amostra quanto ao sexo, idade, comorbidades associadas, condições

socioeconômicas e estilo de vida;

Associar a CP com o sexo, comorbidades associadas, condições socioeconômicas e com

a idade, etilismo, práticas de atividade física e outros fatores de risco cardiovascular;

Correlacionar a CP com os outros parâmetros antropométricos avaliados.

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3. JUSTIFICATIVA

A CP é um indicador antropométrico promissor e de fácil realização para verificar o

risco cardiovascular em pacientes renais crônicos em HD. Assim, observa-se a necessidade de

estudos com esse novo indicador. Até o momento da realização deste trabalho não foi

encontrado nenhum estudo que avaliou CP em pacientes renais crônicos submetidos a HD.

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4. HIPÓTESE

A CP apresenta uma boa correlação com os parâmetros antropométricos utilizados para

avaliação da obesidade central e generalizada em pacientes renais crônicos submetidos à HD.

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5. REVISÃO DE LITERATURA

5.1. DOENÇA RENAL CRÔNICA

O rim é um órgão de grande magnitude na homeostase do organismo, tanto pela

quantidade de funções que exerce, como pela importância dessas funções. Algumas das suas

responsabilidades passam por regular o equilíbrio hidro-eletrolítico, o equilíbrio ácido-base, e

ainda a excreção e reabsorção de metabolitos produzidos no organismo. Os rins produzem ainda

hormônios que regulam a pressão sanguínea sistêmica e a produção de glóbulos vermelhos

(CUNNINGHAM, 2004). Além disso, a função renal permite que o organismo retenha e guarde

as substâncias de que precisa, de acordo com as suas necessidades (como a glicose e os

aminoácidos) (CUNNINGHAM, 2004).

As funções renais são diminuídas pela doença renal crônica (DRC) que progride de

forma variável e irreversível ao longo do tempo, devido a isso as terapias substutivas são

necessárias para a sobrevida dos pacientes (CHEW & DIBARTOLA, 2009).

A DRC é definida pela perda lenta, progressiva e irreversível da função renal causando

danos nos rins ou redução da taxa de filtração glomerular. A DRC é um problema de saúde

pública em todo o mundo e no Brasil a incidência de novos casos cresce em 7% ao ano

(BARROS et al, 2006).

Em 2002, a Kidney Disease Outcome Quality Initiative (KDOQI) publicou uma diretriz

sobre um novo conceito de diagnóstico da DRC que é baseada em três componentes, um

anatômico ou estrutural (marcadores de dano renal), um componente funcional e outro

temporal. Com esse novo conceito de diagnóstico, seria portador de DRC qualquer indivíduo

que possua a taxa de filtração glomerular (TFG) < 60 mL/min/1,73m2 ou a TFG > 60

mL/min/1,73m2 agregado a um dano renal, por exemplo, proteinúria em um tempo igual ou

superior a 3 meses.

Baseado nesta definição, o grupo de trabalho que desenvolveu o KDOQI propôs a

seguinte classificação para a DRC (Figura 1):

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Figura 1

Kdoqui (2002).

A Diretriz da Condução de Doença Renal Crônica da Sociedade Brasileira de Nefrologia

(2004) classifica esta enfermidade, independentemente do diagnóstico, em seis estágios tendo

como critério o nível da função normal:

Tabela 1. Estágios de critérios da função renal

Estágios Diagnóstico

1.Fase de função renal normal sem lesão

renal:

Grupo de risco para o desenvolvimento da

doença renal crônica (hipertensos, diabéticos,

diabéticos portadores de doença renal

crônica) que ainda não desenvolveram lesão

renal.

2. Fase de lesão com função renal normal As fases iniciais da lesão renal com filtração

glomerular preservada (acima de

90ml\mim\1,73m2).

3. Fase de insuficiência renal funcional ou

leve

Ocorre a perda inicial da função dos rins.

Nesta fase, os níveis de ureia e creatinina

plasmáticos ainda são normais. Os rins

conseguem manter razoável o controle do

meio interno, a filtração glomerular entre 60

e 89 ml\min\1,73m2.

4. Fase de insuficiência renal laboratorial ou

moderada

Sinais e sintomas de uremia estão presentes

de maneira discreta, o paciente mantém-se

clinicamente bem. A avaliação laboratorial

mostra quase sempre níveis elevados de ureia

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e creatina plasmáticos, a filtração glomerular

compreendido entre 30 e 59 ml\min\1,73m2.

5. Fase de insuficiência renal clinica ou

severa

O paciente apresenta disfunção renal, com

sinais e sintomas marcados de uremia. Dentre

esses, a anemia, a hipertensão arterial, o

edema, a fraqueza e os sintomas digestivos.

A taxa de filtração glomerular está entre 15 a

29ml\min\1,73m2

6. Fase terminal de insuficiência renal

crônica

É a fase onde os rins perderam o controle do

meio interno. Nessa fase, o paciente se

encontra totalmente sintomático e com

tratamentos de depurações artificiais do

sangue (diálise peritoneal, hemodiálise ou

transplante renal). Filtração glomerular

inferior a 15ml\min\1,73m2.

Os tratamentos da DRC são realizados de acordo com os estágios da doença e

capacidade dos rins de realizar a filtração glomerular. No tratamento conservador da DRC são

utilizadas medidas nefroprotetoras para pacientes que apresentem uma ou mais complicações

da doença renal no estágio inicial ou comorbidades associadas (J. BRAS .NEFROL, 2011).

As terapias de substituição renal na DRC, hemodiálise (HD), diálise peritoneal ou até

mesmo transplante, são realizadas em pacientes que atingem o último estágio da filtração

glomerular (NKF-KDOQI, 2012). A hemodiálise é a terapia mais predominante (84,5%) na

DRC (SBN, 2012). O tratamento hemodialítico é o processo de transferência de massa entre o

sangue e o líquido de diálise, modulado por uma membrana semipermeável artificial. Ou seja,

HD é um processo pelo qual um rim artificial (hemodialisador) é usado para depurar o sangue,

mas para isso é necessário um acesso que é feito através de uma pequena cirurgia

(GONÇALVES, et al., 2007).

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Nessa cirurgia, é feita a ligação interna de uma artéria com uma veia, que recebe o nome

de fístula arteriovenosa (FAV) (RIELLA, et al., 2011). As fístulas são feitas com frequência

próxima ao punho, o que aumenta muito o calibre das veias do antebraço. Se os vasos do

paciente forem muito frágeis um enxerto pode ser cirurgicamente implantado (KRAUSE et al.,

2008).

De acordo com o SIMPOI (2014), há uma expectativa que em setembro de 2015 existam

113.093 pacientes realizando hemodiálise no Brasil. Destes, cerca de 33,8% tinha hipertensão

arterial e 28,5% diabetes mellitus como causa primária da doença renal (SBN, 2013).

No mundo atualmente o número de pessoas recebendo terapia de substituição renal é

estimado em mais de 1,4 milhão, com uma incidência crescente em cerca de 8% ao ano. A

terapia bem sucedida é associada com melhora significativa da sobrevida e qualidade de vida,

além da redução de custos, em comparação com a diálise. Os custos anuais estimados no Brasil

com hemodiálise são em torno de R$ 14.000.000,00 (catorze milhões de reais).

O tratamento hemodialítico é realizado de acordo com a necessidade do paciente, em

média, três vezes por semana por um período de três a cinco horas cada sessão. Essas rotinas

do tratamento muitas vezes causam dificuldades para os pacientes manterem as suas atividades

diárias (RIELLA, 2003). Devido a isso, tanto os pacientes quanto os seus familiares apresentam,

frequentemente processos de ansiedade, cansaço e estresse, alterando sua qualidade de vida

(TAKEMOTO, et al., 2011). Em terapias com hemodiálise que não cobrem o protocolo, os

pacientes correm os riscos de desnutrição por subdiálise (FERRARI, et al., 2013).

A diálise peritoneal é realizada pela introdução de solução salina na cavidade peritoneal

que funciona como um “filtro” natural semipermeável por meio de um cateter (NKF-KDOQI,

2012), A diálise tem como vantagens preservar a função residual dos rins e estabilidade

hemodinâmica (JACOBOWSKI, 2005), esse tratamento é indicado para que o paciente renal

crônico tenha um estilo de vida mais independente e com melhor qualidade de vida.

O transplante renal é um tratamento substitutivo realizado em pacientes com

insuficiência renal crônica que tenha condições de submetesse à cirurgia e não tenha

contraindicações quanto ao uso de medicamentos imunossupressores. Essa modalidade de

terapia substitutiva proporciona melhor qualidade de vida ao paciente, quando bem orientado,

uma vez que proporciona a redução do estresse causado pelo tratamento dialítico, além de

reintegração as suas vidas cotidianas (CAMPUS, 2012).

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5.2. ESTADO NUTRICIONAL DE PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA EM

HEMODIÁLISE

A DRC, seja na fase pré-dialítica ou dialítica, impõe desafios clínicos diretamente

ligados ao estado nutricional. As alterações nutricionais em pacientes em hemodiálise devem

ser diagnosticadas e corrigidas precocemente (SEGALL et al., 2009). A Desnutrição de energia

e proteínas (DEP) é uma condição frequente nos paciente com DRC (ARAÚJO et al., 2006),

sendo um dos principais fatores de morbidade e mortalidade nos pacientes em HD.

Vários são os motivos que podem levar o paciente a desnutrição tais como, a uremia,

que ocorre devido à perda da função exócrina, provocando um estado inflamatório constante

que predispõe a esta condição. Além disso, restrições alimentares, perda de aminoácidos no

período intradialítico, anorexia, intercorrências infecciosas, distúrbios gastrointestinais,

administração de certos medicamentos favorecem anormalidades no perfil nutricional dos

pacientes (ARAÚJO et al., 2006).

O próprio tratamento hemodiálitico tem contribuído para o aparecimento da DEP. Em

cada sessão de hemodiálise são perdidos cerca de 5 a 8g de aminoácidos livres, vitaminas e

peptídeos (HEINZ et al., 2008). As perdas de proteínas durante o procedimento de HD são

pequenas, mas a reutilização dos dialisadores podem resultar em perdas maiores devido ao

aumento da permeabilidade das membranas hidrossolúveis (LASSEUR et al., 2001).

A DEP pode ocorrer em 13% a 51% dos pacientes em HD, dependendo dos critérios

adotados (VEGINE et al., 2011) como raça, comorbidades, idade, doenças cardíacas ou

hepáticas FOUQUE et al (2011) propuseram critérios para identificar o paciente com DRC

portadores de DEP. Quatro critérios nutricionais foram propostos: parâmetros bioquímicos

(nível de albumina sérica < 3,8g\dl; pré albumina sérica <30mg\dl e colesterol total <

100mg\dl); parâmetros corporais (IMC < 23kg\m2, perda de peso não intencional > 5% em 3

meses ou 10% em 6 meses, massa gorda < 10%) parâmetros da massa muscular ,diminuição da

ingestão dietética não intencional (diminuição da ingestão de energia < 25Kcal\kg\dia e\ou <

0,8\kg\dia de proteína nos últimos 2 meses). Os pacientes que apresentarem mais de um item

dos quatro critérios de classificação são considerados portador da DEP.

Na população com DRC a obesidade também está presente onde em 2002 já atingia

25% das pessoas. Assim como observado na população em geral, a prevalência de obesidade

vem aumentando na população com DRC. O IMC tem sido utilizado para verificar o sobrepeso

e obesidade nesses pacientes de modo geral, valores indicativos de sobrepeso e obesidade

avaliados pelo IMC estão presentes em cerca de 50% a 60% dos pacientes na fase não dialítica,

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40% a 60% dos pacientes em diálise peritoneal e em uma menor proporção nos pacientes em

hemodiálise (20% a 30%) (LASSEUR et al., 2001).

No estudo de TMUTSERT et al., (2007) foram observados por sete anos indivíduos

saudáveis e pacientes que tinham DRC em HD. As mortes por doenças cardiovasculares foram

maiores para o IMC entre 22,5 e 25,0 Kg/m2 em ambas as populações. Também foi observado

nesse trabalho que indivíduos com IMC baixo apresentavam risco de mortalidade duas vezes

maior do que em indivíduos com o IMC na faixa da normalidade. No entanto, foi analisado

nesse estudo que a associação do IMC e mortalidade para pacientes com DRC não foi diferente

em comparação com a população geral.

O excesso de peso possui influência positiva na sobrevida dos pacientes em

hemodiálise, no entanto o aumento do peso deverá ser de massa magra (KALANTAR-ZADEH

et al., 2005), uma vez que a adiposidade, especialmente a gordura visceral, é um fator de risco

cardiovascular para os pacientes renais crônicos, devido a associação com a hipertensão,

diabetes e doenças coronarianas (STRATTA et al., 2007).

Em resumo, o baixo peso parece estar associado a alto risco de morte e o excesso de

peso pode influenciar no risco de doenças cardiovasculares e consequentemente influenciar

também no aumento da mortalidade (BOSSOLA et al., 2010).

O tratamento hemodialítico é responsável por um cotidiano monótono e restrito, e as

atividades físicas e cotidianas se tornam limitadas após o início do tratamento, favorecendo o

sedentarismo e a deficiência funcional, fatores que refletem na qualidade de vida (LAN.

M,2002). A prática de atividade física reduz a morbimortalidade em pacientes renais crônicos

(CHEEMA BS E SINGH MA,2005).

Stack e cols (2005), demonstraram que a prática de exercícios físicos de quatro a cinco

vezes por semana reduziu em cerca de 30% o risco de morte de pacientes fisicamente ativos em

tratamento hemodialítico, quando comparados a pacientes sedentários. De acordo com essas

observações, alguns serviços de nefrologia têm estimulado pacientes renais crônicos a se

exercitarem, tanto no período interdialítico como durante as sessões de HD. A realização da

atividade física reduz a monotonia da HD, além de reduzir a pressão arterial e contribuir para a

melhor qualidade de vida para os pacientes (REBOREDO et al.,2006).

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5.3. MÉTODOS ANTROPOMÉTRICOS DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E

AVALIAÇÃO DO RISCO CARDIOVASCULAR PARA PACIENTES EM

HEMODIÁLISE

Conhecer o melhor parâmetro de avaliação nutricional para doentes renais crônicos é

necessário para identificar os pacientes que apresentem o maior risco de complicações

associados ao estado nutricional. Vários parâmetros em conjunto são utilizados para avaliar

adequadamente a condição nutricional dos pacientes com DRC, apesar de existir limitações dos

parâmetros quando utilizado individualmente (VEGINE et al., 2011).

A avaliação nutricional pode ser feita por métodos subjetivos e objetivos (KAMIMURA

et al., 2004). A antropometria é um método objetivo de avaliação nutricional que inclui medidas

simples, práticas, não invasivas, que são utilizadas para avaliar pacientes renais crônicos (NKF-

KDOQI, 2012). O peso corporal é importante para avaliar a desnutrição e as perdas de peso

ponderais graves e estão associadas a elevada morbimortalidade (CHUMLEA et al., 2003;

NKF-KDOQI, 2012). O peso seco é realizado depois da realização da hemodiálise e a partir da

avaliação dos sinais clínicos de hidratação e comportamento da pressão arterial, é um dado

imprescindível para a determinação do volume a ser retirado por ultrafiltrarão (BARBEIRO et

al.,2006).

O índice de massa corporal (IMC) oferece o cálculo relacionando as medidas de peso

corpóreo e de estatura, fundamentado no pressuposto de que toda medida de peso corpóreo que

excede os indicadores de referência deverá fornecer indicativos do excesso de gordura corporal,

no entanto, o IMC não diferencia a composição corporal. Assim, deve-se admitir que o maior

acúmulo de gordura corporal comumente leva a um aumento nas medidas do peso corporal e,

consequentemente, nos valores do IMC (GUEDES, 2006).

O primeiro trabalho que relacionou o IMC com DCV foi realizado por RABKIN et al.

(1977), intitulado “O Estudo de Manitoba”. A pesquisa consistiu no acompanhamento de 26

anos de uma coorte de 3983 homens com idade média de 30,8 anos. Os pesquisadores

verificaram que o IMC foi um excelente preditor de isquemia do miocárdio. Além de estar

relacionado com o desenvolvimento de IAM, IC e morte-súbita.

No estudo de AEKPLAKORN et al., (2006) foi verificado a relação de indicadores

antropométricos com fatores de risco cardiovascular. A amostra foi separada de acordo com o

IMC, verificou-se uma tendência crescente de CT, LDLc, TG, glicemia de jejum e PA com o

aumento do IMC.

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Além do IMC, existem outros métodos de análise da composição corporal, tais como os

perímetros de partes específicas do corpo. A circunferência da cintura (CC) é um método que

utiliza o perímetro da cintura para avaliar o acúmulo de gordura na região do abdômen. De

acordo com NATIONAL HEART, LUNG, AND BLOOD INSTITUTE et al., (1991) medidas

acima de 102 cm e 88 cm para homens e mulheres, respectivamente, podem aumentar a

probabilidade do desenvolvimento de DCV. Foram classificados como risco para doenças

metabólicas os indivíduos com CC a partir dos seguintes valores: ≥ 94 cm para homens e ≥ 80

cm, para mulheres (COOK,1988)

O índice de conicidade (IC) surgiu na década de 90, para a avaliação da obesidade e

distribuição da gordura corporal, considerando que a obesidade central, em relação à obesidade

de forma geral, apresenta maior associação com as DCV. Este índice é calculado com as

medidas do peso, da estatura e da CC (VALDEZ, 1991).

O IC realizado em indivíduos que apresentam o acúmulo de gordura na região central

do tronco, possuem a forma corporal semelhante a um duplo cone, ou seja, dois cones com a

mesma base, arranjados um sobre o outro; já os indivíduos que possuem menor acúmulo de

gordura na região central apresentariam a forma de um cilindro (PITANGA & LESSA, 2004).

YASMIN e MASCIE-TAYLOR (2000) avaliaram a associação entre diversos

indicadores antropométricos e fatores de risco cardiovascular em uma população de 276

homens e mulheres ingleses, com idade entre 40 e 69 anos. Verificou-se não apenas correlação

positiva do IC com CT e LDLc, em homens e mulheres, e negativa com HDLc, em mulheres,

mas também o IC foi o melhor indicador para associação com fatores de risco cardiovascular.

Para o IC foram adotados os pontos de corte de ≥ 1,25 e ≥ 1,18 para homens e mulheres,

respectivamente, com base no estudo de PITANGA E LESSA (2007).

A RCEst (relação cintura-estatura) é obtida pela razão da CC com a estatura (HAUN et

al., 2009). ASHWELL (2012) apontam que a RCEst é um dos melhores indicadores

antropométricos de risco cardiovascular devido a relação entre CC e obesidade central.

Wakabayashi (2012) estudou a relação entre obesidade e fatores de RCV em 17.791

indivíduos japoneses, com idade entre 35 e 70 anos e verificou que a RCEst elevada aumentou

significativamente a chance de homens e mulheres apresentarem os fatores de RCV. Os pontos

de corte foi de acordo com PITANGA E LESSA (2006), que utilizou para definição de

obesidade abdominal os valores ≥ 0,52 para homens e ≥ 0,53 para mulheres.

A RCQ (relação cintura - quadril) é considerada uma técnica antropométrica tradicional

para verificar obesidade, além disso, existe relatado que a RCQ seria o melhor preditor de

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fatores de RCV. Em um estudo de base finlandês, que avaliou 1346 indivíduos masculinos por

14 anos, a RCQ e o IMC foram diretamente associados ao desenvolvimento de eventos

coronarianos (LAKKA, 2002). Dentre os pontos de corte estabelecidos para determinar os

valores inadequados de RCQ, o mais utilizado tem sido > 0,8 para o sexo feminino e >1,0 para

o sexo feminino (PEREIRA et al., 1997).

5.4. RISCO CARDIOVASCULAR EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM

HEMODIÁLISE

A DCV é uma das principais causas de mortalidade e morbidade na população com

DRC e são responsáveis por mais de 50% das mortes de portadores de insuficiência renal

crônica terminal, principalmente nos que realizam diálise (K/DOQI et al., 2005). Dados

mostram que a DCV nos pacientes com DRC é mais elevada que na população geral (LEVINA

et al, 2003).

Os pacientes com DRC possuem elevada prevalência de coronariopatias (40%) e a

mortalidade se apresenta 10 a 20 vezes superior a população saudável, principalmente naqueles

que estão em programa de hemodiálise, sendo responsável por 50% dos óbitos em pacientes

dialíticos (LEVINA, et al., 2003)

Cerca de 90% dos pacientes com DRC apresentam hipertrofia de ventrículo esquerdo

(HVE), 35% apresentam evidência de doença isquêmica e 20% apresentam piora da

insuficiência cardíaca ou angina após um ano de seguimento (LEVINA et al., 2001).

Considerando os dados do United States Renal Data System de 2001, cerca de 40% dos 4.000

pacientes incidentes em diálise apresentavam a insuficiência cardíaca.

O estudo prospectivo de STACK no ano de 2001 com 432 pacientes apontou que 31%

apresentavam evidência de IC ao início da diálise e 25% daqueles que não tinham IC

desenvolviam este quadro em uma taxa de 7% ao ano.

As doenças coexistentes, tais como diabetes mellitus e hipertensão arterial, que causam

tanto lesão do tecido renal quanto do sistema cardiovascular, elevam a prevalência de DCV nos

pacientes com DRC, além disso existe nessa população uma alta incidência de fatores de risco

tradicionais para DCV, quais sejam dislipidemia, idade avançada e sedentarismo (J.Bras.

Nefrol, 2009).

A hiperfosfatemia é uma condição comum nos pacientes com doença renal crônica,

principalmente naqueles que realizam hemodiálise (WANG AYM, et al.,2004), No Brasil, a

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prevalência de hiperfosfatemia em 2006, segundo dados do último censo da Sociedade

Brasileira de Nefrologia, foi de 35%(SBN,2006). Estes dados são preocupantes, devido a

hiperfosfatemia está associada ao desenvolvimento de complicações cardiovasculares que são

uma das principais causas de morte nos pacientes em hemodiálise (FINN WF, et al.,2005)

O tratamento da hiperfosfatemia inclui o controle da ingestão de fósforo, do uso

adequado dos quelantes de fósforo e de diálise de boa eficiência (Nerbass FB et al.,2007) .

Sendo assim, o sucesso do tratamento depende muito da motivação e determinação dos

pacientes às modificações dietéticas e ao tratamento medicamentoso.

O hiperparatireoidismo, também é comum nos DRC e aparece precocemente quando a

taxa de filtração glomerular encontra-se entre 60-90 mL/min, como mostrado pelos níveis

séricos aumentados de paratormônio (PTH), anormalidades ósseas ao exame histopatológico e

aumento uniforme das glândulas paratireoides (Fortina F et al.,1999).

5.5. A CIRCUNFERÊNCIA DO PESCOÇO COMO INDICADOR ASSOCIADO AO RISCO

CARDIOVASCULAR

O primeiro estudo que relacionar a circunferência do pescoço (CP) com risco

cardiovascular foi conduzido por LEVINSON et al., (1993). O trabalho teve como objetivo

avaliar características antropométricas de 45 homens, com idade entre 26 e 45 anos, portadores

de apneia obstrutiva do sono, e relacioná-las entre si para avaliar risco CV. A CP foi

positivamente correlacionada com o IMC e a RCQ nesses indivíduos, mostrando indiretamente

sua relação com o risco CV.

SJOSTROM e outros autores (1995) investigaram como diferentes métodos de

avaliação de adiposidade estavam associados a fatores de risco CV em 2450 homens e mulheres

suecos, com idade média de 47 ± 5,8 (Homens) e 47 + 6,0 (Mulheres) anos. Em homens houve

correlação positiva da CP com PAS, e negativa com HDLc; nas mulheres, a CP foi

correlacionada de forma positiva com glicemia de jejum e TG, e negativamente com HDLc. A

CP foi o melhor indicador antropométrico entre os avaliados (CP, circunferência do quadril e

circunferência da coxa).

BEM-NOUN & LAOR (2006) realizaram um estudo para verificar a relação da CP com

fatores de risco para DAC em 578 homens e mulheres israelenses, com média de idade de 47,5

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± 16,2 (Homens) e 45,8 ± 15,7 (Mulheres) anos. Foram encontrados resultados bastante

satisfatórios em relação à CP: correlação positiva com a pressão arterial (PA), CT, LDLc e

glicemia de jejum, em homens e mulheres, e negativa com HDLc, em mulheres.

No estudo de PREIS et al., (2010) foi encontrado um resultado semelhante ao estudo

anteriormente citado. Foi realizado com 3307 homens e mulheres, norte americanos, com idade

média de 49,8 ± 10,7 (Homens) e 52,1 ± 9,9 (Mulheres) anos, os pesquisadores verificaram

correlação positiva da CP com glicemia de jejum, PA, e negativa com HDLc, em homens; nas

mulheres, correlação positiva com glicemia de jejum, PA, CT e LDLc, e negativa com HDLc;

após ajuste para IMC e adiposidade visceral, a CP ainda apresentou associação com fatores de

risco CV.

TIBANA et al., (2012) realizaram pesquisa na qual o principal objetivo foi comparar e

associar os fatores de risco CV e força muscular relativa em mulheres sedentárias, com valores

de CP distintos. As mulheres com valores mais elevados de CP exibiriam mais fatores de risco

CV e menor força muscular relativa, quando comparadas às mulheres que apresentam valores

menores de CP. A amostra foi composta por 60 brasileiras, com idade ≥ 18 anos. A CP foi

medida com as mulheres eretas, por meio de uma fita métrica colocada logo abaixo da

proeminência da laringe, perpendicular ao eixo do pescoço. Encontrou-se correlação positiva

com a PA; entretanto, não houve correlação com glicemia de jejum, TG e HDLc.

STABE et al., (2013) realizaram o estudo com uma população de 1053 homens e

mulheres brasileiros, com idade média de 42,7 ± 12,1 (H) e 38,1 ± 12,8 (M) anos, os

pesquisadores avaliaram a relação da CP com diversos marcadores associados à síndrome

metabólica. Foi observado que a CP estava positivamente correlacionada com TG e glicemia

de jejum, e negativamente com HDLc, em homens, não havendo correlação com PA e CT; nas

mulheres, houve correlação positiva com PA, glicemia de jejum e CT, e negativa com HDLc.

Além disso, a CP apresentou correlação significativamente positiva com outros indicadores

antropométricos: IMC e CC em homens e mulheres, e RCQ apenas nos homens.

VALLIANOU et al., (2013) conduziram um estudo para determinar a associação da CP

com diversos fatores de risco CV, além de compará-la a outros indicadores antropométricos

que possuem a mesma finalidade. Com uma população de 409 homens e mulheres escoceses,

com idade média de 46 ± 16 anos, os pesquisadores verificaram correlação da CP com todos os

fatores de risco CV analisados [PA, glicemia de jejum, CT, LDLc e TG (positiva) e HDLc

(negativa)], sendo as correlações para TG e HDLc independentes do IMC e da CC.

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Até o momento da realização desse trabalho não foi encontrado na literatura estudos

avaliando o risco cardiovascular pela CP em pacientes com DRC em tratamento hemodiálitico.

6. METODOLOGIA

6.1. DESENHO DO ESTUDO

O presente estudo foi do tipo longitudinal. Os dados foram coletados no período de abril

a maio de 2015 com 40 pacientes entre homens e mulheres, submetidos ao tratamento de

hemodiálise no Hospital Barão de Lucena localizado na cidade do Recife-PE. O Hospital Barão

de Lucena possui 76 pacientes no setor de hemodiálise, entretanto apenas 40 estavam dentro

dos critérios de elegibilidade. No primeiro contato, o paciente recebeu explicações a respeito

da pesquisa e todo o seu desenvolvimento. Foi lido o TCLE (APÊNDICE A) e somente após

sua assinatura foi iniciada a coleta de dados com a aplicação do questionário sócio-demográfico

(APÊNDICE B). Os demais dados foram coletados no final da sessão de hemodiálise

6.2 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos

da fundação de hematologia e hemoterapia do estado número 37341614.4.0000.5195 de acordo

com a Resolução no 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (ANEXO A).

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6.3 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE

Critérios de inclusão: pacientes renais crônicos de ambos os sexos com idade igual ou superior

a 18 anos.

Critérios de exclusão: pacientes amputados, com presença de edema e ascite, pacientes que

apresentam cateter provisório no pescoço, incapazes de prestar informações e que estivessem

sem acompanhantes.

6.4 AVALIAÇÕES SOCIODEMOGRÁFICA E ESTILO DE VIDA

Para a realização do questionário sócio-demográfico foram utilizados os critérios da

Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP) (ANEXO B). Também foram

observados os dados pessoais e de saúde do paciente, assim como as comorbidades presentes

(APÊNDICE B).

Na avaliação do estilo de vida primeiramente foi observado a prática e o tipo de

atividade física de acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão (2010) que recomenda a

realização de exercícios físicos de intensidade moderada durante 40 a 60 minutos de 3 a 5 vezes

por semana, o consumo de álcool foi categorizado consome e não consome. Quanto ao hábito

de fumar, foram divididos em não fumantes, ex- fumantes e fumantes de acordo com o estudo

de Silva, Sousa e Schargodsky (1998). Foram considerados fumantes aqueles pacientes que

responderam que fumam regularmente pelo menos uma vez por semana ou diariamente durante

o ano; não-fumante, o indivíduo que nunca fumou e que tenha parado de fumar há mais de 10

anos e ex-fumante aquele que não fumou no ano anterior ao estudo, mas que tenha fumado entre

um e dez anos anteriores.

6.5 AVALIAÇÕES ANTROPOMÉTRICAS

Para verificar o estado nutricional, os pacientes foram submetidos às avaliações

antropométricas após a realização da diálise, de acordo com o apêndice C. Foram coletados os

dados do peso, a altura, CC, CQ e CP para os cálculos do IMC, da RCQ, RCEst e o IC.

As avaliações antropométricas foram iniciadas com a medição do peso seco (pós-

dialítico) em quilos utilizando uma balança de marca Welmy. A altura foi medida através de

um estadiômetro de alumínio acoplado a balança, o peso e a altura foram determinados de

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acordo com a técnica padronizada por LOHMAN, et al., 1988. O diagnóstico do estado

nutricional pelo IMC foi de acordo com os valores indicados pelo World Health Organization

(WHO, 1998), para adultos e segundo a classificação de LIPSCHITZ (1994) para os idosos.

Para a determinação da CC foi utilizada a técnica descrita por LOHMAN, et al., (1988)

utilizando uma fita métrica inelástica, a medida foi realizada com a ausência de roupa na região

de interesse, o paciente estava em posição ereta, com o abdômen e os braços relaxados e as

pernas fechadas. Foi localizado o ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca. Foi

solicitado que o paciente inspire e depois expire, nesse momento foi realizada a medição. O

procedimento foi realizado 02 (duas) vezes. Foram classificados como risco para doenças

metabólicas os indivíduos com CC a partir dos seguintes valores como risco para doenças

metabólicas os indivíduos com CC a partir dos seguintes valores: ≥ 94 cm para homens e ≥ 80

cm, para mulheres (COOK,1988)

Foi realizado a Circunferência do Quadril e para a realização desta medida foi utilizado

uma fita métrica inelástica. O paciente estava em posição ereta, com o abdômen e os braços

relaxados e as pernas fechadas. A fita foi passada em volta do quadril na região glútea mais

elevada.

Após a aferição das circunferências mencionadas nos últimos parágrafos, foi calculada

a relação cintura/quadril (RCQ), a partir da divisão entre a CC e a circunferência do quadril

(LOHMAN et al., 1988). Dentre os pontos de corte estabelecidos e adotado no presente estudo

para determinar os valores inadequados de RCQ, o mais utilizado tem sido > 0,8 para o sexo

feminino e >1,0 para o sexo feminino (PEREIRA et al., 1997).

A RCEst foi obtida pela razão da CC com a estatura (HAUN et al., 2009). O cálculo do

IC foi realizado de acordo com a fórmula abaixo, utilizando o do peso, a estatura e a CC

(VALDEZ, 1991).

Em relação à RCEst foram adotados os pontos de corte obtidos em um estudo brasileiro

de PITANGA E LESSA (2006), que utilizou para definição de obesidade abdominal os valores

≥ 0,52 para homens e ≥ 0,53 para mulheres. Para o IC foram adotados os pontos de corte de ≥

1,25 e ≥ 1,18 para homens e mulheres, respectivamente, com base no estudo de PITANGA

LESSA (2007).

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A última medida analisada e que determinou a inovação deste estudo foi a CP. Para sua

aferição foi utilizado uma fita métrica inelástica posicionada na altura da cartilagem

cricotireoidea do pescoço do paciente. Em homens com proeminência, a CP foi aferida abaixo

da proeminência. Quanto ao ponto de corte da CP, utilizaram-se valores ≤ 37 cm para ausência

de risco cardiovascular e > 37 cm para risco cardiovascular em homens ou ≤34 cm para ausência

de risco cardiovascular e >34cm para risco cardiovascular em mulheres, conforme o estudo de

BEM-NOUN,et al.,(2001).

Figura 2.

Vasques et al., (2010).

6.6 ANALÍSES ESTATÍSTICAS

A construção do banco de dados foi realizada no Excel 2013 e a análise estatística

realizada no programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences, versão 13.02006;

SPSS, Inc, Chicago).

Para análise dos dados foram obtidas distribuições absolutas e percentuais e as medidas

de estatísticas: média, mediana, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo (Técnicas de

estatística descritiva). Para a comparação de proporções foi utilizado o teste de Qui-quadrado.

Para a análise de correlação entre as variáveis contínuas utilizou-se o teste de correlação de

Pearson para as variáveis paramétricas e o de Spearman para as não paramétricas. O nível de

significância utilizado no estudo foi de 5%.

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7. RESULTADOS

Foram avaliados 40 pacientes de 18 a 83 anos com idade média de 54,4 ±14,7 anos,

sendo 72,5% do sexo masculino. Esse número representou 49,3% do total dos pacientes do

programa de HD. A perda amostral foi devido a não inclusão nos critérios de elegibilidade

estabelecidos, ou seja, a utilização do cateter na região do pescoço em 30 pacientes, 3

cadeirantes e 8 internados na UTI.

A tabela 2 apresenta as características gerais e estilo de vida dos estudados, onde se

destacam a hipertensão arterial sistêmica como a comorbidade mais prevalente, abaixa prática

de atividade física e um elevado consumo de bebidas alcoólicas.

Tabela 2. Características gerais e estilo de vida dos pacientes renais crônicos em hemodiálise

atendidos no Hospital Barão de Lucena, Recife - PE, 2015.

DM: diabetes mellitus; HAS: hipertensão arterial sistêmica

Variáveis %

Sexo

Masculino 72,5

Feminino 27,5

Tempo de hemodiálise

< 1 ano 27,5

> 1ano 72,5

Comorbidades

DM 17,5

HAS 57,5

DM +HAS 25

Atividade física

Praticante 17,5

Não praticante 82,5

Etilismo

Sim 72,5

Não 27,5

Tabagismo

Sim 37,5

Não 62,5

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Na tabela 3 encontra-se a frequência de pacientes em risco cardiovascular pelos

diferentes parâmetros antropométricos avaliados. Observa-se que 40% dos pacientes

apresentaram sobrepeso/obesidade pelo IMC e percentual elevado de RCV por todos os

indicadores. O indicador que apresentou menor prevalência de RCV foi a RCQ com 47,5% dos

estudados.

Tabela 3. Frequência de pacientes em risco cardiovascular pelos parâmetros antropométricos

avaliados dos pacientes renais crônicos em hemodiálise atendidos no Hospital Barão de Lucena,

Recife - PE, 2015.

IMC: Índice de massa corporal; CC: Circunferência da cintura; RCQ: Razão cintura/quadril; RCEst: Razão

cintura/ estatura; IC: índice conicidade; CP: Circunferência do pescoço.

Variáveis %

CC

Com RCV 57,5

Sem RCV 42,5

RCQ

Com RCV 47,5

Sem RCV 52,5

RCEst

Com RCV 65

Sem RCV 35

IC

Com RCV 80

Sem RCV 20

CP

Com RCV 55

Sem RCV 45

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A correlação da CP com as demais variáveis antropométricas da pesquisa está

sintetizada na tabela 3. Foram observadas correlações significativas da CP com o IMC (p<0,01),

CC (p<0,01), RCEst (p<0,02).

Tabela 4. Correlação entre à Circunferência do pescoço e os demais parâmetros

antropométricos avaliados de pacientes renais crônicos em hemodiálise atendidos no Hospital

Barão de Lucena, Recife - PE, 2015.

(*) Teste de Pearson (**) Teste de Spearman; IMC: Índice de massa corporal; CC: Circunferência da cintura;

RCQ: Razão cintura/quadril; RCEst: Razão cintura/ estatura; IC: índice conicidade.

A CP apresentou associação com nível socioeconômico, onde a maior prevalência de

risco cardiovascular pela CP foi detectada nos indivíduos das classes B e C em comparação as

classes D e E (p< 0,05). A CP também apresentou associação com o sexo, na qual temos uma

maior prevalência de risco no sexo masculino (p< 0,05).

Variáveis Coeficiente de correlação

R P

CC 0,649 < 0,01*

RCQ 0,434 0,06**

RCEst 0,479 < 0,02*

IC 0,277 0,084*

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33

8. DISCUSSÃO

A DRC é considerada a grande epidemia deste milênio e acomete a população na fase

mais produtiva da vida. A sociedade brasileira de nefrologia (SBN, 2012) verificou que existem

92.091 pacientes em tratamento dialítico. De acordo com Simpoi (2014), há uma expectativa

que em setembro de 2015 existam 113.093 pacientes realizando hemodiálise no Brasil.

No presente estudo, cerca de 72,5% dos pacientes renais crônicos eram do sexo

masculino com média de idade de 55,0 ±16 anos, assim como, a análise da Sociedade Brasileira

de Nefrologia (2012), em que cerca de 57% dos pacientes em tratamento de terapia substitutiva

por hemodiálise no Brasil eram do sexo masculino. A prevalência da DRC nos homens ocorre

devido à maior incidência das doenças crônicas (BRASIL, 2008). Em adição, pesquisas

realizadas por Godinho TM (2006) sobre o perfil dos pacientes em tratamento dialítico

atendidos em um hospital público de Salvador/BA, relataram maior prevalência de DRC em

indivíduos com média de idade de 55,0 ±16 anos. Essa tendência foi encontrada no presente

estudo.

Com relação ao tempo de hemodiálise, verificou-se que 72,5% dos pacientes estavam

realizando o tratamento a mais de um ano. É observado que o longo tempo de hemodiálise pode

provocar incapacidades físicas, emocionais e sociais e outras comorbidades podem progredir

nos pacientes (KASUMOTA et al.,2009). O estudo de Oliveira et al., (2015) verificou que

84,1% dos pacientes em hemodiálise estavam a mais de um ano realizando o tratamento

dialítico.

As comorbidades associadas que prevaleceram no presente estudo foram HAS e DM.

De acordo com Sesso et al., (2012) a HAS e DM são as principais doenças de base da DRC no

Brasil e estão presentes em quase metade dos indivíduos que estão em tratamento dialítico. A

HAS apresentou-se como a comorbidade de maior prevalência nos pacientes renais crônicos

estudados. Achados semelhantes foram encontrados no estudo de Godinho et al., (2006) que

descreveu o perfil dos pacientes que iniciaram hemodiálise onde foi observado a prevalência

de HAS em 81% dos participantes estudados.

Não foi observado no estudo a associação da CP com a prevalência da HAS e DM.

Entretanto o estudo de Tibana et al., (2012) verificou a associação da CP com a HAS em

mulheres sedentárias, já no estudo de Preis et al., (2010) realizado com diabéticos tipo 2 e não

diabéticos, foi observado que além da HAS, a DM também apresentou associação com a CP.

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Quanto ao estilo de vida, foi observado no estudo de Reboredo et al., (2007) que, os

pacientes renais crônicos em hemodiálise possuíam diminuição da capacidade funcional, diante

disso, a atividade física é reduzida nesses pacientes, chegando a 75% a menos para pacientes

em estágio dialítico, quando comparados à população que não tem DRC (MANSUR et al,

2007). Essa tendência foi encontrada no presente estudo, uma vez que boa parte da amostra não

realiza atividades físicas. Segundo Knap et al., (2005), realizar exercícios físicos no processo

de tratamento hemodiálitico melhora a tolerância ao esforço físico e a qualidade de vida dos

pacientes, além de melhorar a efetividade da diálise.

Foi observado pelo estudo em questão um maior consumo de bebidas alcoólicas nos

pacientes renais crônicos e um menor percentual de tabagismo. Segundo Mendonça e Lima

(2008), o tabagismo e o etilismo estão relacionados à doenças de base da DRC, como a

hipertensão arterial e o diabetes, responsáveis por 66,5% dos casos estudados. Contrariamente

ao encontrado no presente estudo, em um estudo transversal realizado por Rosana e cols.,

(2011) com 36 pacientes renais crônicos em tratamento dialítico, foi observado quanto ao

consumo de bebidas alcoólicas que a grande maioria (93,8%) dos participantes não consumia

nenhum tipo de bebida alcoólica. Enquanto que no estudo de Barbosa et al., (2006) que

envolveu 102 pacientes que iniciaram tratamento dialítico em hospital universitário de São

Paulo, onde 80,4% dos pacientes referiram não ingerir nenhum tipo de bebida alcoólica.

A obesidade tem crescido em proporções epidêmicas no mundo e essa tendência está

atingindo a população renal crônica, assim como foi observado no presente estudo em que os

pacientes renais crônicos apresentaram elevada incidência de sobrepeso/obesidade. O estudo

de Stratta et al., (2007) observou que a adiposidade, especialmente a gordura visceral, tem sido

observada como um fator de RCV, além disso esse excesso de peso tem contribuído para o

aumento de HAS, DM e doenças coronarianas.

Em relação aos parâmetros antropométricos associados ao risco cardiovascular, foi

observado nos pacientes renais crônicos do estudo em questão valores elevados de IMC, CC,

IC, RCEst e CP. No estudo de Soares et al., (2013), realizado com 36 pacientes do sexo

masculino em duas clínicas de hemodiálise de Goiânia foi observado pelo IMC que 65% dos

pacientes eram eutróficos e 30% da amostra possuía excesso de peso. No estudo de Franco et

al., (2014) realizado com 66 pacientes que realizam hemodiálise em uma clínica de doenças

renais, situada em Curitiba (PR), de acordo com o IMC foi observado que 41,4% da população

estudada se situou na faixa de sobrepeso tanto para o sexo masculino quanto para o feminino.

Foi encontrado resultado semelhante no presente estudo em que ocorreu alta prevalência do

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excesso de peso e obesidade, de acordo com o IMC elevado em pacientes que realizam a

hemodiálise. Estes resultados podem ser explicados pela considerada inatividade física

observada nesta população. Muitos dos pacientes em terapia dialítica são fisicamente inativos

por razões como fadiga, anemia, doenças esquelético-musculares, dificuldade de locomoção e

fatores psicológicos (CARDOZO; VIEIRA; CAMPANELLA, 2006).

Em um estudo transversal com 344 pacientes realizado por Freitas et al., (2013), foi

verificado os fatores associados a obesidade abdominal em pacientes em HD pelo indicador CC

onde pode-se observar que 44,77% da amostra apresentava valores elevados. Em relação ao IC,

o estudo de Schneider et al., (2014), que teve como objetivo investigar associações do

percentual de gordura corporal e do IC em pacientes que realizam hemodiálise, observou um

aumento do excesso de peso e obesidade nessa população, e verificou que o percentual de

gordura corporal elevado está diretamente associado a valores do índice de conicidade elevados.

No estudo de Wakabayashi (2012) foi determinado a relação entre obesidade e fatores

de risco CV. A amostra foi composta por 17.791 indivíduos japoneses, com idade entre 35 e 70

anos. Wakabayashi verificou que a RCEst elevada aumentou significativamente a chance de

homens e mulheres apresentarem os fatores de RCV. O estudo transversal realizado por Lin,

Chih-Hsueh et al., (2007) realizado com pacientes renais crônicos observou que a RCEst foi o

melhor índice de obesidade associado com a DRC.

O indicador associado ao risco cardiovascular analisado que apresentou menor

percentual de RCV foi a RCQ. Contrariamente, no estudo de Luciano e Toigo, et al., (2014)

realizado com 30 pacientes que apresentaram algum evento cardíaco, foi observado que cerca

73,3% dos indivíduos possuíam a RCQ aumentada.

Em relação a CP o estudo de Frizon e Boscaini (2013), que analisou a CP com o RCV

e consumo alimentar, realizado com 155 adultos e observou que 54,8% da amostra apresentava

a CP aumentada. A CP e a frequência de fatores para o risco cardiovascular está diretamente

associada a hipertensão, a diabetes, as dislipidemias, ao IMC, ao CC e a RCQ aumentada. Os

autores concluíram que, a CP é um bom marcador antropométrico associado ao risco

cardiovascular.

No estudo de Stabe C. et al., (2013) realizado em 306 indivíduos com diabetes tipo 2,

demonstraram correlação positiva da CP com IMC e CC elevado em homens e mulheres.

Similarmente, no presente estudo também houve correlação da CP com o IMC e CC. Ben-Noun

e Laor (2006) analisaram a relação entre CP e alterações nos fatores de risco cardiovascular e

também observaram que o aumento da CP está correlacionado ao aumento do IMC e CC em

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homens e mulheres Em relação a RCEst, o estudo de Adume et al. (2013) realizado com 71

participantes saudáveis correlacionou a CP com outros índices de adiposidade e verificou que

a CP está fortemente correlacionada com a RCQ e fracamente com a RCEst. Esses dados da

literatura foram contrários ao presente estudo onde a RCEst apresentou correlação com a CP e

a RCQ não apresentou resultados satisfatório em relação a CP.

No atual estudo não foi encontrado a associação da CP com a RCQ e o IC. Isso deverá

ter ocorrido devido a CP verificar apenas a parte superior do corpo, diferentemente dos outros

indicadores que verifica a gordura de uma forma mais central, Contrariamente, no estudo

pioneiro feito por Levinson et al., (1993) que relacionou a CP com risco cardiovascular,

realizado com 45 homens portadores de apneia obstrutiva do sono, houve correlação positiva

entre a CP com o IMC e o RCQ, mostrando a sua relação com RCV. O estudo de Ben- Nour e

Laor (2003), que verificou a relação da circunferência do pescoço com outros fatores de risco

cardiovascular em 561 indivíduos de uma clínica de saúde da família que não tiveram as

patologias identificadas, observou significativa correlação entre a CP e a RCQ (homens, r 0.56;

Mulheres, r 0,63; cada, p 0,0001).

Com relação ao IC o estudo transversal de Christmann et al., (2014) analisou o perfil de

risco cardiovascular e o estado nutricional de 45 idosos. Foi observado que houve associação

significativa entre o IC, a CP com o estado nutricional de sobrepeso/ obesidade. Os indivíduos

com o IC aumentado também apresentaram maior elevação na CC, que poderá levar o

desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

No estudo de Frizon e Boscaini (2013), que analisou a associação da CP com o RCV,

foi observado que no sexo masculino a CP elevada representou 86,7% dos indivíduos, em

relação ao sexo feminino apenas 41,8% da amostra apresentou a CP aumentada. Tais resultados

confirmam os encontrados no presente estudo em que a CP apresentou associação com o sexo,

onde temos uma maior prevalência de risco no sexo masculino em comparação ao feminino. O

estudo de Frizon e Boscaini (2013) também demostrou maior prevalência da elevação da CP

nas classes economicamente favorecidas, assim como no atual estudo, onde a maior prevalência

de risco cardiovascular pela CP foi detectada nos indivíduos da classe B e C em relação a D e

E.

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Nos pacientes renais crônicos a retenção de líquidos é comum, devido a isso, os

parâmetros antropométricos de avaliação nutricional podem ser subestimados, no entanto a CP

é um bom indicador de risco cardiovascular nos pacientes renais crônicos devido a sua

facilidade de realização até mesmo no momento da hemodiálise (VALENZUELA et al.,2003).

No entanto a realização da CP nos pacientes renais crônicas em hemodiálise foi limitada no

presente estudo devido a utilização por vários meses do cateter do pescoço no início do

tratamento.

No estudo em questão a CP se mostrou como um bom indicador associado ao risco

cardiovascular por ser de baixo custo, fácil aferição e apresentar correlação positiva com outros

indicadores utilizados rotineiramente na determinação de risco cardiovascular podendo assim

ser recomendado a sua utilização na prática clínica, entretanto até o momento não há outros

estudos referentes a circunferência do pescoço como indicador associado ao risco

cardiovascular em pacientes renais crônicos em hemodiálise. Devido a isso, mais estudos são

necessários para se avaliar a real eficácia do indicador na determinação do risco cardiovascular

em tais pacientes.

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9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

- A comorbidade mais prevalente na população estudada foi a hipertensão arterial sistêmica.

Observou-se também a baixa prática de atividade física e um elevado consumo de bebidas

alcoólicas condizente com os achados de outros estudos.

- Um número elevado de pacientes com sobrepeso/obesidade pelo IMC e o percentual elevado

de RCV por todos os indicadores foram achados importantes do presente trabalho e relevante

para implantação de estratégias de intervenção o mais precoce possível.

- A CP parece ser um indicador associado ao risco cardiovascular promissor para pacientes

renais crônicos que realizam hemodiálise, uma vez que apresentou correlações significativas

com parâmetros antropométricos associados ao risco cardiovascular reconhecidamente

utilizados na literatura. Além disso, é um parâmetro fácil de ser realizado e pode ser verificado

nos pacientes durante a realização da hemodiálise, isso o diferencia dos demais parâmetros de

RCV.

- Pode-se observar também que valores elevados de CP parece associar-se a condição

socioeconômica das classes B e C em relação as classes D, E e ao sexo masculino.

- As limitações do presente estudo foi a presença do cateter provisório no pescoço dos pacientes

que não permite a realização da CP.

- Por não haver até o momento trabalhos envolvendo esse indicador na população estudada,

mais estudos são necessários para comprovar a real eficácia da CP como indicador

antropométrico associado ao risco cardiovascular em pacientes renais crônicos em tratamento

hemodiálitico. A realização de novos estudos também se torna interessante para propor um

ponto de corte da CP para os pacientes renais crônicos.

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APÊNDICE A -TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O presente projeto intitulado CIRCUNFERÊNCIA DO PESCOÇO COMO

INDCADOR DE RISCO CARDIOVASCULAR EM PACIÊNTES RENAS CRÔNICOS

EM HEMODIÁLISE, desenvolvido por docentes do Centro Acadêmico de Vitória da

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) tem como objetivo avaliar o risco cardiovascular

de pacientes em tratamento de hemodiálise atendidos no Hospital Barão de Lucena, Recife -

PE.

A sua participação no projeto é voluntária e, portanto, você não é obrigado (a) a fornecer

as informações e/ ou colaborar com os procedimentos de avaliação nutricional (exemplo:

aferição do peso e altura) solicitadas pela equipe do projeto. Caso decida não participar do

estudo não sofrerá nenhum dano. Esclarecemos que a qualquer tempo você poderá ter acesso

às informações, inclusive para dirimir eventuais dúvidas. Você também tem a liberdade de

retirar seu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do projeto, sem que isto

lhe traga prejuízo de qualquer natureza. Será mantido o anonimato e salvaguardada a

confidencialidade, sigilo e privacidade das informações e da pessoa. Os riscos na participação

do projeto serão mínimos como o possível constrangimento no momento das avaliações

antropométricas. Como benefícios você receberá sua avaliação nutricional completa e as

devidas orientações nutricionais necessárias. Solicito a sua autorização para publicação dos

resultados deste projeto. Para esclarecimentos de qualquer dúvida ligar para a pesquisadora

responsável, Keila Fernandes Dourado – Fone: 081 96469948.

Declaro que após convenientemente esclarecido (a) pela equipe do projeto e ter

entendido o que me foi explicado, consinto em participar do presente estudo e que autorizo a

divulgação das informações que prestarei.

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____________________________

Assinatura do entrevistado

__________________________ ___________________________

Assinatura da testemunha 1 Assinatura da testemunha 2

_________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

APÊNDICE B - CARACTERÍSTICAS DE ESTILO DE VIDA

Data da coleta: ____/_____/_____

• Dados Pessoais

1.1. Nome completo: ______________________________________________________

1.2. N° do prontuário: ______________________;

1.3. Data de nascimento: ____ / ____ / ____ Idade: _____ Sexo: (F) (M)

• Dados de Saúde

2.1. Data de admissão na HD ____ / ____ / ____.

2.2. Diagnóstico Clínico:___________________________

2.3. Tempo da Hemodiálise: _______________________

2.5. Comorbidades:

• ( ) Diabetes

• ( ) Hipertensão Arterial

• ( ) Hipotensão Arterial

• ( ) Dislipidemia

• ( ) Hipoglicemia

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• ( ) Obesidade

• ( ) Doenças cardiovasculares

• ( ) Outra (Qual? _______________________________________________)

3. O (a) Sr. (a) pratica atividade física? Sim ( ) Não ( )

4. O (a) Sr. (a) ingere bebida alcoólica?

• ( ) Consome

• ( ) Não consome

6. O (a) Sr. (a) fuma?

• ( ) Não, nunca fumei

• ( ) Ex-fumante.( Paro há mais de 10 anos)

• ( ) Fumante

APÊNDICE C - DADOS ANTROPOMÉTRICOS

Peso atual seco (kg): Altura (m): IMC: IC:

Peso Habitual (kg): CP: CC: RCQ:

RCEst:

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ANEXO A - Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da

fundação de hematologia e hemoterapia.

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ANEXO B - Classificação Econômica da População

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