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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE
DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FARMACEcircUTICAS PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS
FARMACEcircUTICAS
ESTUDO FITOQUIacuteMICO E ANTIMICROBIANO DA CASCA DO CAULE
DE Hymenaea stigonocarpa MART EX HAYNE (JATOBAacute)
GUSTAVO SANTIAGO DIMECH
RECIFE 2014
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GUSTAVO SANTIAGO DIMECH
ESTUDO FITOQUIacuteMICO E ANTIMICROBIANO DA CASCA DO CAULE
DE Hymenaea stigonocarpa MART EX HAYNE (JATOBAacute)
RECIFE 2014
Tese submetida ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Ciecircncias Farmacecircuticas do Centro de Ciecircncias da
Sauacutede da Universidade Federal de Pernambuco como
parte dos requisitos para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor
em Ciecircncias Farmacecircuticas
Aacuterea de concentraccedilatildeo Faacutermacos e medicamentos
Linha de pesquisa Obtenccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de produtos
naturais bioativos
Orientadora Profa Dra Eulaacutelia C Pde A Ximenes
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GUSTAVO SANTIAGO DIMECH
ESTUDO FITOQUIacuteMICO E ANTIMICROBIANO DA CASCA DO CAULE DE
HYMENAEA STIGONOCARPA MART EX HAYNE (JATOBAacute)
Tese submetida ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em Ciecircncias Farmacecircuticas
Aprovada em 19032014
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________________ Profa Dra Eulaacutelia Camelo Pessoa de Azevedo Ximenes (Orientador)
Universidade Federal de Pernambuco
___________________________________________________________________ Profa Dra Mocircnica Camelo Pessoa de Azevedo Albuquerque (Examinadora Interna)
Universidade Federal de Pernambuco
______________________________________________________________ Prof Dr Sebastiatildeo Joseacute de Melo (Examinador Interno)
Universidade Federal de Pernambuco
______________________________________________________________ Profa Dra Ana Catarina de Souza Lopes (Examinadora Externa)
Universidade Federal de Pernambuco
______________________________________________________________ Profa Dra Glaucia Manoella de Souza Lima (Examinadora Externa)
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof Dr Aniacutesio Brasileiro de Freitas Dourado
VICE-REITOR
Prof DrSiacutelvio Romero de Barros Marques
PROacute-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
Prof Dr Francisco de Sousa Ramos
DIRETOR DO CENTRO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE
Prof Dr Nicodemos Teles de Pontes Filho
VICE-DIRETOR DO CENTRO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE
Profa Dra Vacircnia Pinheiro Ramos
CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FARMACEcircUTICAS
Prof Dr Antocircnio Rodolfo de Faria
VICE- CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FARMACEcircUTICAS
Prof Dr Dalci Joseacute Brondani
COORDENADOR DO PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS
FARMACEcircUTICAS
Prof Dra Almir Gonccedilalves Wanderley
VICE-COORDENADORA DO PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS
FARMACEcircUTICAS
Profa Dra Ana Cristina Lima Leite
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Dedico este trabalho aos professores Salvador e Naacutegela Dimech meus pais
Por sempre me ensinarem o valor da educaccedilatildeo
A minha esposa Alba e minha filha Bruna
Para que eu possa servir de exemplo
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AGRADECIMENTOS
A Deus por sempre guiar meus passos mostrando os verdadeiros valores que
devem estar presentes na caminhada
A meus pais Salvador (In memorian) e Naacutegela meus primeiros educadores
responsaacuteveis pela minha formaccedilatildeo como pessoa
A minha esposa Alba Dimech por todo companheirismo paciecircncia e amor estando
sempre do meu lado e ajudando a superar todas as dificuldades durante esta
jornada
A minha filha Bruna Dimech por sempre proporcionar os melhores momentos da
minha vida
A minha orientadora Eulalia Ximenes por aleacutem de cumprir a sua vocaccedilatildeo como
educadora demonstar sempre amizade simpatia e um carinho a todos os seus
alunos Sua presenccedila e apoio nos momentos tristes e alegres nunca seratildeo
esquecidos
Aos professores Haroudo Saacutetiro Xavier e Alexandre Goacutees pela simpatia amizade e
suas sempre importantiacutessimas colocaccedilotildees
A equipe do Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco principalmente a Dra Ana luiacuteza Du Bocage Neta Dra Bernadete costa
e a Dra Rita de Caacutessia Arauacutejo Pereira
Ao professor Sebastiatildeo Melo pelo auxilio na tarefa de identificaccedilatildeo dos flavonoides
assim como ao professor Norberto Peporine Lopes
Ao Professor Joaacutes Lucas da Silva pela disponibilidade e ajuda na realizaccedilatildeo da
microscopia eletrocircnica na USP Satildeo Paulo
Aos professores Pedro Rolim e Terezinha Gonccedilalves e Miracy Muniz pela permissatildeo
da utilizaccedilatildeo dos equipamentos em seus laboratoacuterios
As professoras Elba Lucia Cavalcanti Amorim e Claudia Sampaio minhas
orientadoras na iniciaccedilatildeo cientiacutefica e ao professor Almir Wanderley que muito
contribuiram para minha formaccedilatildeo acadecircmica
Ao Professor Luiz Alberto Lira Soares Magda Ferreira e as professoras Karina
Randau e Rejane Pimentel pelo auxilio na execuccedilatildeo deste trabalho
Aos amigos de laboratoacuterio Amanda Lucas Tiago Leacuteo Renata George
Emmanuelle Fabio Kewdma e Tacilene
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Ao Sr Joseacute Ney e seu filho Helson Neves donos da fazenda Saco na cidade de Jati-
CE e a Miro Ao contrario do que torciacuteamos tinha em suas terras uma espeacutecie
jatobaacute diferente da estudada neste trabalho poreacutem sou grato por toda a atenccedilatildeo
Ao Sr Antocircnio Severino de Paula dono fazenda Refuacutegio na cidade de Camocim de
Satildeo Feacutelix-PE ao Sr Elisiario Souza ao meu sogro Sr Luiz Carlos Serafim e ao Sr
Cacai pelo auxiacutelio na localizaccedilatildeo e coleta da amostra de Hymenaea stigonocarpa
utilizada neste estudo
A minha tia Conceiccedilatildeo Alencar pelo apoio que fez toda a diferenccedila durante a
execuccedilatildeo deste trabalho
Aos velhos amigos Carlos Fernando Brasileiro e Eduardo Gonccedilalves (BRASA E
DUDA) por serem os grandes responsaacuteveis por plantar a ideacuteia da realizaccedilatildeo desse
Doutorado
Aos novos amigos Gibson Gomes Antocircnio Pereira e Isla Bastos por serem grandes
companheiros de bancada durante a execuccedilatildeo deste trabalho
Aos colegas da Universidade Federal Rural de Pernambuco Neves Luana
Rivonilda Eroacutetildes Reginete Walter Arlindo Erica e vaacuterios outros por todo apoio
Ao Professor Jurandi David Da Silva Farmacecircutico que me ensinou os primeiros
ldquosegredosrdquo da Microbiologia Cliacutenica
Ao Laboratoacuterio de Anaacutelises Cliacutenicas e a Comissatildeo de Controle de Infecccedilatildeo
Hospitalar do Hospital Aeronaacuteutica de Recife casa onde iniciei na arte da
microbiologia Cliacutenica
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Eacute vocecirc olhar no espelho Se sentir Um grandessiacutessimo idiota Saber que eacute humano Ridiacuteculo limitado Que soacute usa dez por cento De sua cabeccedila animal
E vocecirc ainda acredita Que eacute um doutor Padre ou policial Que estaacute contribuindo Com sua parte Para o nosso belo Quadro social
Ouro de tolo ndash Raul Seixas
Ainda que eu tivesse
o dom da profecia e
conhecesse todos os
misteacuterios e toda a
ciecircncia se natildeo
tivesse amor nada
seria
Corintios 13-2
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Aacutervore Hymenaea stigonocarpa com cerca de 20 metros de altura 27
Figura 2 - Casca do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 28
Figura 3 - Folhas de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 28
Figura 4 - Inflorescecircncia do jatobaacute do cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne)
29
Figura 5 - Vista frontal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 29
Figura 6 - Seccedilatildeo transversal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
30
Figura 7 - Seccedilatildeo longitudinal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
30
Figura 8 - Aspectos da semente de Hymenaea stigonocarpa Martex Hayne 31
Figura 9 - Aacutecido copaacutelico isolado da resina de H courbaril 32
Figura 10 - Terpeno labd-13-em-ol 15-oato de metila isolado de H courbaril 32
Figura 11 - Terpenos isolados da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo de Campinas
33
Figura 12 - Principais constituintes das resinas encontradas nas folhas da Hymenaea courbaril cariofileno (1) β-selineno (2) e α-selineno (3) 33 Figura 13 - Constituintes encontrados em menor escala das resinas das folhas da Hymenaea courbaril alfa-cubebeno (1) α-copaeno (2) beta-copaeno (3) alfa e beta-hemuleno (4a e 4b) γ-muroleno (5) delta-cadineno (6) e copacanfeno (7)
34
Figura 14 - Composto diterpecircnico identificado na resina proveniente da casca do fruto da Hymenaea courbaril aacutecido enatio-8(17)13(16)14-labdatrien-18-oico
34
Figura 15 - Compostos sesquiterpecircnicos identificados na resina proveniente da casca do fruto da Hymenaea courbaril ciclosativeno (1) β-bourbuneno (2) cariofileno (3) calareno (4) hemuleno22 Selina-4(14)-7-dieno (5) α-himacaleno (6) α-muroleno (7) 35
Figura 16 - Estruturas dos sesquiterpenos isolados das folhas de H courbaril b-cariofileno (1) e γ-muroleno (2) 36 Figura 17 - Estruturas dos diterpenos isolados das folhas e galhos de H courbaril aacutecido (13R)-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (1) aacutecido (2S13R)-213-dihidroxi-1(10)-14-ent-halimadien-18-oico (2) e aacutecido (13R)-2-oxo-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (3) 36 Figura 18 - Estruturas dos diterpenos isolados das sementes de H courbaril aacutecido (5R8S9S10R)-cleroda-313E-dien-15-oico (1) e aacutecido (5S8S9S10R)-cleroda-313E-dien-15-oico (2) 37 Figura 19 - Principais constituintes da fraccedilatildeo aacutecida da resina do tronco da Hymenaea oblongifolia aacutecido enantio-pinifoacutelico (aacutecido enantio-labd-8(20-em-1518 dioacuteico) (1) e o aacutecido guamaacuteico (aacutecido enantio-labd-8(20)13-dien-1518 dioico (2) oblongifolia 38 Figura 20 - Esqueletos estruturais do tipo laacutebdano (1) e abietano (2) e pimarano (3) da resina de Hymenaea stigonocarpa 39
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Figura 21 - sesquiterpenos isolados da fraccedilatildeo neutra das folhas de H stigonocarpa a-copaeno (1) espatulenol (2) e oacutexido de cariofileno (3)
40 Figura 22 - Diterpenos majoritaacuterios isolados da fraccedilatildeo aacutecida das folhas de H stigonocarpa caur-16-en-19-ato de metila (4) caur-15-en-19-ato de metila (5) ozato de metila (6) e isoozato de metila (7) 40 Figura 23 - Estrutura do aacutecido enantio-13-epilabdanoacuteico isolada de H parvifolia 41
Figura 24 - Estrutura da Astilbina 42
Figura 25 - Estruturas de flavonoacuteides isolados das folhas de H palustres luteolina (1) crisoeriol (2) e palstatina (3) 42
Figura 26 - Estruturas dos flavonoacuteides isolados do cerne de H courbaril taxifolina (1) e o fisetinidol (2) 43
Figura 27 - Estruturas das cumarinas isoladas das sementes de H courbaril ipomopsina (1) e hymenaina (2) 44
Figura 28 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do local de coleta das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 69
Figura 29 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do suacuteber corada com safranina e azul de astra 79
Figura 30 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do suacuteber felogecircnio feloderma e parecircnquima cortical corados com safranina e azul de astra 80
Figura 31 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando parecircnquima cortical esclerecircnquima e floema corados com safranina e azul de Astra 80 Figura 32 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com dicromato de potaacutessio para visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos fenoacutelicos 81 Figura 33 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo jovem de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos 82
Figura 34 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos 83
Figura 35 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo da presenccedila de monoterpenos e sesquiterpenos 84
Figura 36 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de triterpenos e esteroides 85
Figura 37 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
86
Figura 38 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de accedilucares
87
Figura 39 - Cromatograma do extrato etanoacutelico (B) para avaliaccedilatildeo de taninos hidrolisados
88
10
Figura 40 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de taninos condensados
89
Figura 41 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
90
Figura 42 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo aquosa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
91
Figura 43 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo acetato de etila para avaliaccedilatildeo de taninos
92
Figura 44 - Cromatogramas obtidos por CLAEndashDAD de diferentes extratos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
94
Figura 45 - Imagens da microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus ATCC-33591 tratada com diferentes concentraccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico de H Stigonocarpa
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Figura 46 - Representaccedilatildeo do meacutetodo do tabuleiro de xadrez 121
Figura 47 - Isobolograma revelando o efeito sineacutergico do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa quando associado agrave oxacilina frente agrave Staphylococcus aureus AM24 129 Figura 48 - Microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus AM 24 submetida a tratamento com oxacilina e o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa 131
Figura 49 - Histograma de distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica do triturado da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa 153
Figura 50 - Curvas de retenccedilatildeo e passagem da amostra de casca do caule de Hymenaea stigonocarpa 154
Figura 51 - Teor dos resiacuteduos secos obtidos atraveacutes dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo 159 Figura 52 ndash Cromatogramas demonstrando a da presenccedila de flavonoides e taninos nos extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule Hymenaea stiginocarpa obtidos a partir dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo 160
Figura 53 - Espectro de varredura do aacutecido gaacutelico e do extrato de Hymenaea stigonocarpa apoacutes reaccedilatildeo com Folin-Ciocalteau 161
Figura 54 - Graacutefico de pareto para efeitos padronizados do fatorial 32 162
Figura 55 - Valores de absorvacircncia da fraccedilatildeo residual do extrato de Hymenaea stigonocarpa em funccedilatildeo da quantidade de caseiacutena 163
Figura 56 - Cromatograma obtido por CLAE-DAD dos diferentes extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
166
Figura 57 - Teor de polifenois totais dos extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa obtidos atraveacutes dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo 167
Figura 58 - Espectro de Ultravioleta e espectro de massa do pico A obtido compatiacutevel com taxifolina 187
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Figura 59 - Espectro de UV e de massas dos iacuteons moleculares desprotonados do padratildeo astilbina 189
Figura 60 - Espectro de UV e de massas do pico B compatiacutevel com a astilbina (padratildeo) 190 Figura 61 - Espectro de UV e de massas do pico C compatiacutevel com o flavanonol engeletina 191 Figura 62 - Espectro de UV e de massas do pico D compatiacutevel com estereoisocircmero da astilbina 192
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Conteuacutedo de polifenois e taninos totais dos diferentes extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa 93
Tabela 2 - Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima dos extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa frente a cocos Gram-positivos 97 Tabela 3 - CIM e CBM do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa e de agentes antimicrobianos frente cepas de Staphylococcus aureus com diferentes perfis de resistecircncia 125 Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo da associaccedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaeae stigonocarpa com agentes antimicrobianos frente a cepas de Staphylococcus aureus multidroga resistes 127
Tabela 5 - Resultados dos ensaios de perda por dessecaccedilatildeo teor de extrativos e cinzas totais das amostras de Hymenaea stigonocarpa
156 Tabela 6 - Matriz do experimental do desenho aplicado para avaliar a influecircncia da quantidade de Folin concentraccedilatildeo de Carbonato e tempo de leitura sobre a resposta do meacutetodo em absorbacircncia 162
Tabela 7 - Valores meacutedios da absorvacircncia (UA) e CV obtidos para a fraccedilatildeo natildeo tanante com caseiacutena durante anaacutelise em triplicata 164 Tabela 8 - Teor de polifenois taninos e flavonoides totais nos extratos hidroalcooacutelocos de Hymenaea stigonocarpa obtidos a partir de diferentes meacutetodos 165 Tabela 9 - Valores da Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima e Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima dos extratos de Hymenaea stigonocarpa frente a cepas de bacteacuterias Gram positivas 169 Tabela 10 - Valores da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa obtido por maceraccedilatildeo frente a diferentes espeacutecies de Candida 171 Tabela 11 - Dados cromatograacuteficos e espectrofotomeacutetricos dos componentes identificados no cromatograma da fraccedilatildeo acetato de etila de Hymenaea stigonocarpa 186
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RESUMO
A raacutepida disseminaccedilatildeo dos micro-organismos multidroga resistentes induz a pesquisa por novos agentes antimicrobianos mais ativos e menos toacutexicos Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne (Fabaceae) eacute uma planta medicinal de principal ocorrecircncia no cerrado brasileiro e conhecida popularmente como Jatobaacute-do-cerrado As cascas do seu caule satildeo amplamente utilizadas em infusatildeo ou decocccedilatildeo para tratar dor de estocircmago asma bronquite uacutelceras diarreacuteia gripe e tosse Entretanto estudos fitoquiacutemicos e antimicrobianos ainda natildeo satildeo escassos O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antimicrobiana de diferentes extratos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa atraveacutes da determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima e bactericida miacutenima realizar a caracterizaccedilatildeo botacircnica e fitoquiacutemica por cromatografia de camada delgada e cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia e determinar as concentraccedilotildees dos metaboacutelitos secundaacuterios responsaacuteveis pela sua atividade e sua atividade frente a diferentes espeacutecies de Candida Aleacutem disso foi parte deste estudo a avaliaccedilatildeo da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa e agentes antimicrobianos de diferentes classes quiacutemicas a determinaccedilatildeo das alteraccedilotildees ultraestruturais decorrentes da accedilatildeo deste extrato em associaccedilatildeo bem como a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica das cascas do caule apoacutes coleta secagem e trituraccedilatildeo Este trabalho tambeacutem avaliou a influecircncia do meacutetodo de extraccedilatildeo sobre as seguintes variaacuteveis resiacuteduo seco atividade antbacteriana e concentraccedilatildeo de taninos Staphylococcus aureus mostrou ser o micro-organismo mais sensiacutevel a accedilatildeo dos extratos Tambeacutem foi observada uma forte atividade frentes as espeacutecies Candida krusei e Candida glabrata e uma atividade moderada frente as bacteacuterias Gram negativas A anaacutelise ultraestrutural deste micro-organismo demonstrou alteraccedilotildees na parede celular bem como no citoplasma decorrentes da accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico A associaccedilatildeo com agentes antimicrobianos resultou na maior parte das vezes em um efeito sineacutergico revertendo a multirresistecircncia de algumas cepas de Staphylococcus aureus meticilina resistentes O meacutetodos de extraccedilatildeo natildeo influecircnciaram a concentraccedilatildeo final de taninos assim como a atividade antibacteriana Entretanto houve diferenccedilas quanto ao resiacuteduo seco sendo esta a variavel utilizada para classificar a maceraccedilatildeo dinacircmica como o meacutetodo mais eficaz Quanto a presenccedila flavonoacuteides apoacutes fracionamento e anaacutelise por cromatografia liacutequida ultra raacutepida acoplada ao espectrocircmetro de massas fortes evidecircncias indicam a presenccedila de engeletina taxifolina astilbina e um diasteroisocircmero da astilbina Assim concluimos que o extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa tem atividade antimicrobiana sendo mais ativo frente a Staphylococcus aureus como tambeacutem a cepas de Candida krusei e Candida glabrata O modo de extraccedilatildeo mais eficiente eacute a maceraccedilatildeo dinacircmica e a associaccedilatildeo do extrato com antibioacuteticos de referecircncia leva a potencializaccedilatildeo do efeito destes Palavrasndashchave Hymenaea Staphylococcus Sinergismo Taninos Ultraestrutura
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ABSTRACT
The rapid spread of multidrug resistant microorganisms induces the search for new more active and less toxic antimicrobial agents Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne (Fabaceae) is a medicinal plant of main occurrence in the Brazilian cerrado and known popularly as Jatoba-do-cerrado Its stem peels are widely used in infusion or decoction to treat stomach pain asthma bronchitis ulcers diarrhea flu and cough However phytochemicals and antimicrobial studies are still scarce The objective of this study was to evaluate the antimicrobial activity of different extracts of the stem bark of Hymenaea stigonocarpa by determining the minimum inhibitory concentration and minimum bactericidal perform the phytochemical and botanical characterization by thin layer chromatography and high performance liquid chromatography to determine the efficiency and concentrations of secondary metabolites responsible for its activity and its activity against various Candida species In addition part of this study was to evaluate the interaction between the alcoholic extract of Hymenaea stigonocarpa and antimicrobials of different chemical classes the determination of ultrastructural changes resulting from the action of this extract in combination as well as the physico- chemical characterization of the stem bark after collection drying and grinding This study also evaluated the influence of the extraction method on the following variables dry antibacteriana activity and concentration of tannins Staphylococcus aureus was found to be the most sensitive microorganism action of the extracts Strong activity fronts the species Candida krusei and Candida glabrata and moderate activity against gram-negative bacteria was also observed The ultrastructural analysis of this microorganism showed changes in the cell wall and the cytoplasm resulting from the action of the alcoholic extract Combination with antimicrobial agents resulted in most cases a synergistic effect in reversing the multidrug resistance of some strains of methicillin resistant Staphylococcus aureus The extraction methods did not influence the final concentration of tannins as well as antibacterial activity However there were differences in dry matter which is the variable used to classify the dynamic maceration as the most effective method As the flavonoids present after fractionation and analysis coupled with mass spectrometry ultra strong evidence fast performance liquid chromatography indicated the presence of engeletina taxifolina astilbin and a diastereomer of astilbin Thus we conclude that the hydroalcoholic extract of the stem bark of Hymenaea stigonocarpa has antimicrobial activity being more active against Staphylococcus aureus as well as strains of Candida krusei and Candida glabrata The most efficient way of extracting the dynamic is mashing and extracts association with antibiotics reference leads to potentiation of the effect of these Keywords Hymenaea Staphylococcus Synergism Tannins Ultrastructure
15
SUMAacuteRIO
1 APRESENTACcedilAtildeO 2 O GEcircNERO Hymenaea ASPECTOS BOTAcircNICOS QUIacuteMICOS E FARMACOLOacuteGICOS 21 INTRODUCcedilAtildeO 211 Classificaccedilatildeo 2112 Famiacutelia Leguminosae 22 ASPECTOS BOTAcircNICOS DO GEcircNERO Hymenaea 221 Distribuiccedilatildeo do gecircnero Hymenaea 222 Estudos taxonocircmicos 223 Avaliaccedilatildeo morfoloacutegia 224 Desenvolvimento das espeacutecies 225 Descriccedilatildeo botacircnica da espeacutecie Hymenaea stigonocarpa 23 ASPECTOS QUIacuteMICOS DAS ESPEacuteCIES DO gecircnero Hymenaea 231 Terpenos identificados no gecircnero Hymenaea 2111 Hymenaea courbaril 23111 Terpenos identificados na resina do tronco 23112 terpenos identificados nas resinas das folhas 23113 terpenos identificados na resina dos frutos 23114 terpenos identificados nas folhas 23115 terpenos identificados nas cascas dos frutos 23116 substacircncias isoladas das sementes 2312 Hymenaea oblongifolia 2313 Hymenaea verrucosa 2314 Hymenaea stigonocarpa 23141 terpenos identificados nas sementes 23142 terpenos identificados nas folhas 23143 terpenos identificados no epicarpo 23144 terpenos identificados na resina do tronco 23145 terpenos identificados no alburno 232 flavonoacuteides identificados no gecircnero Hymenaea 2321 Hymenaea parvifolia 2322 Hymenaea palustres 2323 Hymenaea courbaril 2324 Hymenaea stigonocarpa 23241 flavonoacuteides identificados na casca do caule 23242 flavonoacuteides identificados no alburno 233 cumarinas identificadas no gecircnero Hymenaea 2331 Hymenaea courbaril 234 taninos relatados no gecircnero Hymenaea 2341 Hymenaea courbaril 2342 Hymenaea stigonocarpa 24 ASPECTOS FARMACOLOacuteGICOS DOS EXTRATOS OBTIDOS A PARTIR DE DIFERENTES ESPEacuteCIES DO GEcircNERO Hymenaea 241 Estudos etnofarmacologicos
20 22 22 22 23 23 24 25 25 26 27 31 31 31 32 33 34 35 37 37 38 38 38 38 39 39 41 41 41 42 42 43 43 43 44 44 44 45 45 45 45 45
16
2411 Hymenaea courbaril 2412 Hymenaea stigonocarpa 2413 Hymenaea parvifolia 242 Avaliaccedilatildeo farmacoloacutegica 2421 Hymenaea courbaril 2422 Hymenaea stigonocarpa 2423 Hymenaea martiana 2424 Hymenaea parvifolia REFEREcircNCIAS 3 CARACTERIZACcedilAtildeO BOTAcircNICA FITOQUIacuteMICA E AVALIACcedilAtildeO DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DOS EXTRATOS E FRACcedilOtildeES DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 31 INTRODUCcedilAtildeO 32 OBJETIVOS 321 Objetivo geral 322 Objetivos especiacuteficos 33 MATERIAIS E MEacuteTODOS 331 Coleta do material vegetal 332 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal 3321 Anaacutelise microscoacutepica 3322 Anaacutelise histoquiacutemica 333 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal 334 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais 3341 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais 3342 Determinaccedilatildeo de taninos totais 3343 Analise por cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE) 335 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana 3351 Preparaccedilatildeo das amostras 3352 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana in vitro 33521 Agentes antimicrobianos 33522 Micro-organismos e padronizaccedilatildeo dos inoacuteculos 33523 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (CMB) 336 anaacutelise ultraestrutural 337 anaacutelise estatiacutestica 34 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 341 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal 341 Anatomia 3412 Histoquiacutemica 34121 Avaliaccedilatildeo de Polifenoacuteis 34122 Detecccedilatildeo da presenccedila de taninos 341221 Caules jovens 341222 Caules adultos 342 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal
45 46 47 47 47 49 51 52 53 63 63 68 68 68 69 69 69 70 70 70 73 73 73 74 74 74 75 75 75 76 77 78 79 79 79 81 81 82 82 82 83
17
3421 Anaacutelise fitoquiacutemica 34211 Monoterpenos e sesquiterpenos 34212 Triterpenos e esteroacuteides 34213 Flavonoacuteides e cumarinas 34214 Accedilucares 34215 Taninos condensados e hidrolisaacuteveis 34216 Flavonoacuteides apoacutes particcedilatildeo 34217 Taninos condensados apoacutes particcedilatildeo 343 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais 3431 Determinaccedilatildeo da Curva de calibraccedilatildeo do aacutecido gaacutelico 3442 Determinaccedilatildeo do teor de polifenoacuteis e taninos totais 344 Anaacutelise por cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE-DAD) 345 Atividade antibacteriana 346 Alteraccedilotildees ultraestruturais 35 CONCLUSOtildeES REFEREcircNCIAS 4 ASSOCIACcedilAtildeO DO EXTRATO HIDROALCOOacuteLICO DA CASCA DO CAULE DE HYMENAEA STIGONOCARPA MART EX HAYNE COM AGENTES ANTIMICROBIANOS FRENTE A CEPAS DE Staphylococcus aureus RESISTENTES A METICILINA (MRSA) 41 INTRODUCcedilAtildeO 411 A evoluccedilatildeo da resistecircncia de staphylococcus aureus a agentes antimicrobianos 4111 Staphylococcus aureus resistentes a meticilina 412 Associaccedilotildees entre polifenois e agentes antimicrobianos 42 OBJETIVOS 421 Objetivo geral 422 Objetivos especiacuteficos 43 MATERIAIS E MEacuteTODOS 431 Material vegetal 432 Procedimentos extrativos 433 Determinaccedilatildeo da atividade anti- estafilocoacutecica in vitro 4331 Agentes antimicrobianos 4332 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees 4333 Micro-organismos 4334 Preparaccedilatildeo do inoacuteculo 4335 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (CMB) 4336 Avaliaccedilatildeo in vitro da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymeneae stigonocarpa com agentes antimicrobianos 434 Microscopia eletrocircnica de transmissatildeo 44 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 45 CONCLUSOtildeES
84 84 85 86 87 87 90 91 92 92 92 93 95 99 102 103 111 111 112 114 115 116 116 116 117 117 117 117 118 119 119 119 119 120 122 123 132
18
REFEREcircNCIAS 5 O EFEITO DE DIFERENTES MEacuteTODOS DE EXTRACcedilAtildeO SOBRE O RENDIMENTO CONCENTRACcedilOtildeES DE FENOacuteIS TOTAIS E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa 51 INTRODUCcedilAtildeO 52 OBJETIVOS 521 Objetivo geral 522 Objetivos especiacuteficos 53 MATERIAIS E MEacuteTODOS 531 Coleta 532 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal 5321 Anaacutelise granulomeacutetrica por tamisaccedilatildeo 5322 Determinaccedilatildeo da perda por dessecaccedilatildeo 5323 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos 5324 Determinaccedilatildeo de cinzas totais 533 Procedimentos extrativos 534 Descriccedilatildeo das teacutecnicas extrativas 5341 Maceraccedilatildeo 5342 Maceraccedilatildeo dinacircmica 5343 Utrassom 5344 Refluxo 5345 Turbo-extraccedilatildeo 5346 Infusatildeo 535 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica 536 Anaacutelises quantitativa de polifenois 5361 Determinaccedilatildeo de polifenoacuteis totais 53611 Desenho fatorial 32 53612 Preparaccedilatildeo da Soluccedilatildeo Padratildeo 5362 Determinaccedilatildeo de taninos totais 5363 Determinaccedilatildeo de flavonoides 53631 Anaacutelise por cromatografia liquida e alta eficiecircncia acoplada a detector de arranjo de Diodos (CLAE-DAD) 537 Determinaccedilatildeo da atividade antimicrobiana de H stigonocarpa Mart ex Hayne 5371 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana 53711 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees de H stigonocarpa 53712 Micro-organismos 53713 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (CMB) 5372 Determinaccedilatildeo da atividade antifungica 53721 Cepas e condiccedilotildees de cultivo 53722 Susceptibilidade antifuacutengica in vitro 538 Anaacutelise estatiacutestica 54 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
133 139 139 142 142 142 143 143 143 143 144 144 145 145 145 145 146 146 146 146 146 147 147 147 147 148 148 149 149 150 150 150 150 150 151 151 152 152 153
19
541 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal 542 Determinaccedilatildeo do rendimento 543 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica por cromatografia de camada delgada 544 Anaacutelise quantitativa dos compostos majoritaacuterios 5441 Determinaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento de polifenoacuteis totais por espectofotometria apoacutes avaliaccedilatildeo das variaveis analiacuteticas 5442 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de polifenois totais taninos e flavonoides 545 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana de H stigonocarpa Mart ex Hayne 546 Determinaccedilatildeo da atividade antifungica de H stigonocarpa Mart ex Hayne 55 CONCLUSOtildeES REFEREcircNCIAS 6 IDENTIFICACcedilAtildeO DO FLAVONOacuteIDES PRESENTES NA FRACcedilAtildeO ACETATO DE ETILA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa 61 INTRODUCcedilAtildeO 62 OBJETIVOS 621 objetivo geral 622 objetivos especiacutefico 63 MATERIAIS E MEacuteTODOS 631 Amostras 632 Solventes empregados 633 Sistema cromatografia liquida ultrarraacutepida acoplada a detector de arranjo de diodos e espectrocircmetro de massas (UFLC-DAD-EM) 634 Anaacutelise por UFLC-DAD-EM 6341 Identificaccedilatildeo dos flavonoacuteides 64 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 65 CONCLUSOtildeES REFERENCIAS
153 156 160 160 164 164 168 170 173 174 179 179 182 182 182 183 183 183 183 184 184 186 194 195
20
1 APRESENTACcedilAtildeO
Os antibioacuteticos satildeo uma das mais importantes armas no combate agraves
infecccedilotildees bacterianas No entanto ao longo das uacuteltimas deacutecadas seus benefiacutecios agrave
sauacutede estatildeo sob ameaccedila pois muitos antibioacuteticos tornaram-se cada vez menos
eficazes devido ao aparecimento de bacteacuterias resistentes (RAKHOLIYA et al 2012)
A crescente resistecircncia bacteriana principalmente associada a utilizaccedilatildeo
extensiva de agentes antimicrobianos pode resultar na existecircncia de um arsenal de
substacircncias ineficazes para combater infecccedilotildees bacterianas (HOERLLE
BRANDELLI 2009)
Devido a raacutepida disseminaccedilatildeo dos micro-organismos multidrogas resistentes
haacute uma consideraacutevel necessidade por novos agentes antimicrobianos (GIBBONS et
al 2002) tendo sido muitas plantas avaliadas natildeo somente pela atividade
antimicrobiana direta mas tambeacutem pela modificaccedilatildeo do perfil de resistecircncia ao
agente antimicrobiano (GIBBONS 2004 HEMAISWARYA et al 2008 WAGNER
ULRICH-MERZENICH 2009)
Os principais grupos de compostos com propriedades antimicrobianas
extraiacutedos de plantas incluem terpenoacuteides (TORSSEL 1989) alcaloides
(FESSENDEN 1982) polipeptiacutedios (TERRAS et al1993 ZHANG LEWIS 1997) e
substacircncias fenoacutelicas que satildeo fenoacuteis simples aacutecidos fenoacutelicos quinonas (STERN
et al 1996) flavonas flavonoacuteis e flavonoacuteides (FESSENDEN 1982) tanino
(SCALBERT 1992) e cumarinas (OrsquoKENNEDY amp THORNES 1997)
Esses metaboacutelitos secundaacuterios satildeo considerados uma fonte promissora para
a terapia antimicrobiana seja ela combinada ou natildeo podendo atuar em pontos
especiacuteficos da ceacutelula procarioacutetica e potencializar o efeito de antimicrobianos
sinteacuteticos (CHOVANOVAacute et al 2013)
Dentro deste contexto detacamos a espeacutecie Hymenaea stigonocarpa
popularmente conhecido como jatobaacute-do-cerrado Estudos fitoquiacutemicos de
Hymenaea stigonocarpa mostraram a presenccedila de terpenos e sesquiterpenos
aacutecidos graxos flavonoacuteides e taninos metaboacutelitos reconhecidos pela atividade
bioloacutegica (LANGENHEIM HALL 1983 MATUDA NETO 1985 ORSI et al 2012)
Alguns estudos etnofarmacoloacutegicos atribuem a esta espeacutecie algumas
atividades tais como fortificante anti-inflamatoacuteria e antimicrobiana (RODRIGUES
CARVALHO 2001 VILA VERDE et al 2003 SOUZA FELFILI 2006) Existindo
21
tambeacutem alguns estudos farmacoloacutegicos jaacute realizados comprovando os efeitos
citotoacutexicos antiinfamatoacuterios e antioxidantes (GUIMARAtildeES et al 2009 BRASIL et
al 2009 ORSI et al 2012 MARANHAtildeO et al 2013)
No entanto estudos sobre a atividade antimicrobiana desta espeacutecie ainda satildeo
escassos (DIMECH 2013) devido a isso este estudo teve o objetivo de avaliar a
atividade antibacteriana da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex
Hayne (Jatobaacute) frente agraves principais espeacutecies de bacteacuterias comumente causadoras
de infecccedilotildees nosocomiais Para isto esta tese foi dividida em cinco capiacutetulos
O primeiro reuacutene informaccedilotildees dos aspectos botacircnicos quiacutemicos e
farmacoloacutegicos do gecircnero Hymenaea avaliaccedilotildees que colaboram para um maior
entendimento da espeacutecie estudada
Em seguida foi realizada a caracterizaccedilatildeo botacircnica e fitoquiacutemica da casca do
caule de Hymenaea stigonocarpa como tambeacutem a determinaccedilatildeo das concentraccedilotildees
dos metaboacutelitos responsaacuteveis pela atividade antibacteriana e avaliaccedilatildeo por
cromatografia liquida de alta eficiecircncia dos extratos mais ativos
Ainda neste capiacutetulo foi determinada a espeacutecie mais suscetiacutevel aos extratos
avaliados e a classe de metaboacutelitos mais ativa baseada na avaliaccedilatildeo das
concentraccedilotildees inibitoacuterias e bactericidas miacutenimas e da analise das alteraccedilotildees
ultraestruturais atraveacutes de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
Apoacutes a determinaccedilatildeo da espeacutecie mais suscetiacutevel e do extrato mais ativo
foram avaliadas as associaccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico com agentes
antimicrobianos pertencentes a diferentes classes farmacoloacutegicas utilizadas na
rotina meacutedica Essa associaccedilatildeo visa agrave identificaccedilatildeo de possiacuteveis accedilotildees sineacutergicas
que poderiam levar tanto a reversatildeo da resistecircncia presente em algumas cepas
como a dimuiccedilatildeo da toxicidade dos agentes antimicrobianos pela utilizaccedilatildeo de
doses reduzidas
No quarto capiacutetulo foi avaliada a influecircncia de diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo
sobre a variaccedilatildeo do rendimento e do teor dos compostos majoritaacuterios do extrato
hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa variaccedilotildees que
poderiam influenciar na atividade antibacteriana Aleacutem disso foi realizada uma
otimizaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento dos taninos classe de metaboacutelitos mais
ativos quanto a accedilatildeo antibacteriana nesta espeacutecie
Concluindo foram identificados os flavonoacuteides presente na fraccedilatildeo acetato de
etila sendo sugerida a presenccedila de quatro flavonoacuteides
22
2 O GEcircNERO Hymenaea ASPECTOS BOTAcircNICOS QUIacuteMICOS E
FARMACOLOacuteGICOS
21 INTRODUCcedilAtildeO
As espeacutecies pertencentes ao gecircnero Hymenaea satildeo fornecedores de boa
madeira frutos comestiacuteveis e cascas taniacuteferas (RIZZINI 1971) As resinas de cor
amarela e avermelhada produzidas pelas aacutervores do gecircnero Hymenaea L satildeo
produtos economicamente valiosos Podem ser usadas em esculturas na fabricaccedilatildeo
de joacuteias (iacutendios preacute-colombianos jaacute utilizavam para estes fins) como cimento
incenso e ateacute quando dissolvidas em xilol no preparo de lacircminas permanentes para
microscopia (LEE amp LANGENHEIM 1975)
Conhecidas como copal sul americano satildeo utilizadas na fabricaccedilatildeo de
vernizes e com fins medicinais (LANGENHEIM et al 1973) A extraccedilatildeo ocorre por
meio do processo de sangria do tronco ou por escavaccedilatildeo do solo onde a resina se
acumula Neste gecircnero a resina pode converter-se em acircmbar sendo encontradas
resinas foacutesseis na Colocircmbia Meacutexico e Brasil (CASTELENN 2005)
211 Classificaccedilatildeo
De acordo com o Sistema de Classificaccedilatildeo de Cronquist (1988) a posiccedilatildeo
taxonocircmica do gecircnero Hymenaea obedece agrave seguinte hierarquia Divisatildeo
Magnoliophyta - cujas sementes satildeo protegidas por uma estrutura denominada fruto
Angiospermae - do grego angos - urna e sperma - semente Classe
Magnoliopsida (Dicotyledonae) - plantas com flor cujo embriatildeo (semente) conteacutem
dois ou mais cotileacutedones Subclasse Rosidae Ordem Fabales - Famiacutelia
Leguminosae - caracteriacutestica tiacutepica dessa famiacutelia eacute a ocorrecircncia do fruto do tipo
legume tambeacutem conhecido como vagem exclusivo desse grupo Subfamiacutelia
Caesalpinioideae Gecircnero Hymenaea (CARVALHO 2007)
23
2112 Famiacutelia Leguminosae
A famiacutelia Leguminosae compreende 650 gecircneros e mais de 18 mil espeacutecies
mundialmente distribuiacutedas (POLHILL RAVEN 1981) representando uma das
maiores famiacutelias de angiospermas superada apenas em nuacutemero de espeacutecies pelas
famiacutelias Orchidaceae e Asteraceae (JOLY 1998) Esta famiacutelia eacute uma das mais ricas
na flora brasileira encontrando-se representada nas vaacuterias formaccedilotildees
fitogeograacuteficas do paiacutes (RIZZINI 1971)
No bioma cerrado esta eacute a famiacutelia botacircnica que comporta o maior nuacutemero de
espeacutecies e a primeira entre as mais importantes em termos de nuacutemeros de espeacutecies
lenhosas arbustos e aacutervores (SILVA et al 2001) A famiacutelia Leguminosae se
subdivide em trecircs subfamiacutelias Mimosaceae que compreende cerca de 60 gecircneros e
3000 espeacutecies sendo a menor dentre as leguminosas Caesalpiniaceae com cerca
de 150 gecircneros e 2800 espeacutecies Fabaceae maior subfamiacutelia das leguminosas com
aproximadamente 482 gecircneros e 12000 espeacutecies (JOLY 1998 BARROSO 2002)
As plantas leguminosas apresentam um grande potencial na conservaccedilatildeo de solos
pois juntamente com a microbiota do solo fixam o nitrogecircnio atmosfeacuterico atraveacutes do
processo de nodulaccedilatildeo em suas raiacutezes (POLHILL RAVEN 1981) Aleacutem disso as
leguminosas tecircm um potencial econocircmico muito grande pois satildeo fornecedores de
alimentos atraveacutes de seus frutos medicamentos ou substacircncias medicinais
pesticidas combustiacuteveis e produtos utilizados nas induacutestrias (SCHWANTES
WEBERLING 1981)
22 ASPECTOS BOTAcircNICOS DO GEcircNERO Hymenaea
A palavra Hymenaea deriva do grego Hymenrdquo e significa deus das uniotildees
em alusatildeo agraves duas folhas (foliacuteolos) unidas caracteriacutestica das plantas deste gecircnero
O nome popular jatobaacute vem da liacutengua tupi va-atatilde-yba que significa ldquoaacutervore de fruto
durordquo (BARROSO 1991)
Ceratia foi o primeiro nome dado ao gecircnero Hymenaea descrito por Bauhin
em 1623 duas deacutecadas mais tarde PISO (1642) e MARCGRAF (1648) descreveram
o gecircnero com o nome de Jaetaiacuteba (apud LEE LANGENHEIM 1975) Meio seacuteculo
depois ainda PLUMIER (1703) (apud LEE LANGENHEIM 1975) escolheu o nome
Courbaril para esse gecircnero Apenas em 1737 Linnaeus ao se referir ao mesmo
24
gecircnero escolheu o nome Hymenaea referecircncia ao deus grego Himeneu fazendo
alusatildeo aos dois foliacuteolos pareados das folhas Muitas outras espeacutecies desse gecircnero
seriam descritas mais tarde por outros botacircnicos por exemplo HAYNE BENTHAM
HUBER DUCKE LEE e LANGENHEIM (MORENO 2009)
221 Distribuiccedilatildeo do gecircnero Hymenaea
Aproximadamente 25 espeacutecies do gecircnero Hymenaea tecircm sido descritas na
literatura como originadas do continente americano Na maioria das espeacutecies a
madeira eacute de alto valor comercial (MARTIN et al 1972) Este gecircnero eacute considerado
predominantemente neotropical com 16 espeacutecies distribuiacutedas desde o Meacutexico ateacute a
Ameacuterica do Sul
No Brasil ocorrem 13 espeacutecies (KODAMA SARTORI 2007) tanto em matas
pluviais como em matas secas tambeacutem no Meacutexico Ameacuterica Central Iacutendias
Ocidentais e quase todos os paiacuteses da Ameacuterica do Sul (CORREcircA 1984 RIZZINI
1985) sendo conhecido popularmente como jatobaacute jutaiacute ou jataiacute (LEE
LANGENHEIM 1975)
As espeacutecies mais frequentes no Brasil satildeo Hymenaea stigonocarpa Mart ex
Hayne e Hymenaea courbaril L A Hymenaea courbaril podendo ser encontrada
desde a floresta amazocircnica ateacute a floresta estacional semidecidual no sudeste do
paiacutes sob a forma de diferentes variedades (CASTELEN 2005) Jaacute a Hymenaea
stigonocarpa Mart Ex Hayne tambeacutem conhecida como jatobaacute-do-cerrado jutaiacute
jatobaacute-capo jatobaacute-de-casca-fina jitaiacute ou jutaicica ocorre na Caatinga e no Cerrado
principalmente nos estados do Piauiacute Bahia Goiaacutes Minas Gerais Mato Grosso do
Sul e Satildeo Paulo (CORREcircA 1984 LORENZI 1992)
Todas as espeacutecies deste gecircnero tecircm haacutebito arboacutereo que vatildeo desde aacutervores
com 3 metros de altura como H stigonocarpa ateacute representantes com mais de 40
metros vegetando em mata atlacircntica como H courbaril Ocorrem em uma
diversidade de habitats variando desde a mata equatorial ateacute o cerrado e a
caatinga (LEE LANGENHEIM 1975)
25
222 Estudos taxonocircmicos
Devido a denominaccedilotildees diferentes (Hymenaea e Trachylobium) houve
controveacutersias quanto agrave taxonomia inicial do gecircnero Hymenaea Lee e Langenheim
(1975) realizaram uma pesquisa comparando detalhadamente a morfologia citologia
e a quiacutemica da resina de exemplares catalogados nestes dois gecircneros e optaram
pela denominaccedilatildeo taxonocircmica Hymenaea
Poreacutem ainda satildeo necessaacuterias revisotildees taxonocircmicas para agregar categorias
infraespeciacuteficas pautadas em caracteriacutesticas morfoloacutegicas inconsistentes Como
exemplo desta falta de especificidade tem-se H stigonocarpa Hayne var
brevipetiolata N Mattos que pode ser diferenciada de sua variedade tiacutepica por
apresentar foliacuteolos relativamente menores pubescentes na face adaxial e
densamente tomentosos na face abaxial e peciacuteolos curtos e densamente
tomentosos (LEE LANGENHEIM 1975)
O estudo morfoloacutegico de placircntulas pode subsidiar os procedimentos
taxonocircmicos pois fornece numerosas caracteriacutesticas que devem contribuir com a
melhor delimitaccedilatildeo das espeacutecies Aleacutem disso pode favorecer o reconhecimento de
estruturas transitoacuterias as quais desaparecem com o desenvolvimento da planta
mas que podem ser importantes no estabelecimento das relaccedilotildees filogeneacuteticas
Tambeacutem o manejo a conservaccedilatildeo e a reconstituiccedilatildeo de florestas tropicais satildeo
beneficiados com os estudos de morfologia de placircntulas que possibilitam a
identificaccedilatildeo dos taacutexons em suas fases juvenis (FLORES BENEVIDES 1990
FERREIRA 1997)
223 Avaliaccedilatildeo morfoloacutegia
Estudos da morfologia de placircntulas em Hymenaea realizados por Flores e
Benevides (1990) e Ferreira (1997) contribuiacuteram com as descriccedilotildees de semente
germinaccedilatildeo e placircntulas para H courbaril L e H stigonocarpa Mart ex Hayne
respectivamente Poreacutem esses autores natildeo estabeleceram o valor diagnoacutestico dos
caracteres morfoloacutegicos das placircntulas de Hymenaea (KODAMA SARTORI 2007)
Segundo De Carvalho et al (2005) conhecer a biometria de frutos eacute
importante para acrescentar dados morfoloacutegicos agrave espeacutecie e suas variaccedilotildees em
diferentes locais podem ser encaradas como resultado de seleccedilatildeo e adaptaccedilatildeo das
26
espeacutecies em resposta as pressotildees do ambiente em que vivem Para Vieira e
Gusmatildeo (2008) a biometria de frutos e sementes eacute importante para a identificaccedilatildeo
da variabilidade existente nas espeacutecies nativas podendo com isso segundo Cruz et
al (2001) fornecer subsiacutedios importantes para a diferenciaccedilatildeo de espeacutecies do
mesmo gecircnero
De Carvalho et al (2005) estudaram a biometria dos frutos de jatobaacute-do-
cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne) e observaram que os frutos
apresentaram 5 a 6 sementes em meacutedia O comprimento a largura e o peso de
frutos variaram de 5 a 17 cm 30 a 67 cm e 1995 a 11006 g respectivamente
224 Desenvolvimento das espeacutecies de Hymenaea
Quanto ao desenvolvimento inicial de placircntulas alguns estudos foram
realizados com o objetivo de avaliar o desenvolvimento inicial dessa espeacutecie em
diferentes condiccedilotildees de sombreamento em viveiro Foi observado que a espeacutecie H
courbaril var stilbocarpa (Hayne) Lee amp Lang de ocorrecircncia em Matas de Galeria
apresenta aos 21 meses de idade grande plasticidade de crescimento quanto a
diferentes niacuteveis de sombreamento podendo ser utilizada na recuperaccedilatildeo dessas
matas de Galeria desde condiccedilotildees de bordas e clareiras ateacute o fechamento de dossel
(MAZZEI et al 1999)
Outra espeacutecie tambeacutem avaliada eacute H stigonocarpa que apresenta uma menor
plasticidade se comparada a espeacutecie H courbaril var stilbocarpa (Hayne) Lee amp
Lang uma vez que mostra tendecircncia de crescimento mais eficiente sob condiccedilotildees
de maior luminosidade o que coincide com a ocorrecircncia da espeacutecie em ambientes
naturais mais abertos como o cerrado (MENDONCcedilA et al 1998) Esta espeacutecie
apresenta portanto potencial para plantios a pleno sol podendo ser utilizada em
locais onde a vegetaccedilatildeo de cerrado foi removida (RAMOS et al 2004)
Ao avaliar o stress hiacutedrico a que diferentes indiviacuteduos de Hymeneae satildeo
submetidos Locosselli (2010) observou que a espeacutecie H courbaril suporta estoque
limitado de aacutegua do solo apesar destra espeacutecie apresentar raiacutezes natildeo tatildeo
profundas sendo este estresse contornado pela presenccedila de estocircmatos menores e
de raacutepido controle de abertura e fechamento
Outra espeacutecie H stignocarpa apresenta outro tipo de stress hiacutedrico por
ocorrer em regiotildees de maior irradiaccedilatildeo solar e em ambientes mais abertos
27
apresentando uma maior taxa de perda por transpiraccedilatildeo o que eacute contornado pela
existecircncia de estocircmatos maiores e de menor controle (LOCOSSELLI 2010) Aleacutem
disso foi avaliado por Gomes et al (2013) que a manifestaccedilatildeo dos eventos
reprodutivos nesta espeacutecie ocorrem em funccedilatildeo da estaccedilotildees do ano com frutificaccedilatildeo
no periacuteodo seco e floraccedilatildeo no final do periacuteodo seco e inicio do chuvoso
225 A descriccedilatildeo botacircnica da espeacutecie Hymenaea stigonocarpa
A espeacutecie avaliada no presente estudo foi Hymenaea stigonocarpa Mart ex
Hayne (Jatobaacute) pertencente ao gecircnero Hymenaea esta planta foi selecionada pois
em outras espeacutecies deste gecircnero foram isoladas vaacuterias substacircncias que
apresentaram importantes atividades farmacoloacutegicas comprovadas Aleacutem disso foi
observada uma vasta utilizaccedilatildeo popular dessa espeacutecie (SOUZA FELFILI 2006
NETO G G 2006 VILA VERDE et al 2003 RODRIGUES CARVALHO 2001)
Hymenaea stigonocarpa eacute uma aacutervore deciacutedua As aacutervores maiores atingem
dimensotildees proacuteximas de 20 m de altura e 50 cm de DAP (diacircmetro agrave altura do peito
medido a 130 m do solo) na idade adulta apresenta tronco tortuoso com fuste
curto ramificaccedilatildeo dicotocircmica e a copa baixa (Figura 1)
Figura 1 - Aacutervore Hymenaea stigonocarpa com cerca de 20
metros de altura
Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio -
Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
A casca mede ateacute 3 cm de espessura sendo a superfiacutecie da casca externa
ou ritidoma profundamente sulcada de coloraccedilatildeo pardo-avermelhada com cristas
planas e duras e a casca interna apresenta-se estratificada com listras paralelas
mais claras e escuras (Figura 2)
28
Figura 2 - Casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa Mart ex Hayne
Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
As folhas satildeo alternas compostas bifolioladas pecioladas com estiacutepulas
caducas foliacuteolos curtos peciolulados e subseacutesseis limbo com 6 cm a 235 cm de
comprimento e 35 cm a 7 cm de largura eliacuteptico a ovado-reniforme de
pergaminoso a coriaacuteceo (Figura 3) frequumlentemente com pontuaccedilotildees transluacutecidas
(CARVALHO 2007)
Figura 3 - Folhas de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PEmiddot
A Inflorescecircncia apresenta-se em cimeiro terminal bracteada com ateacute 30
flores que satildeo grandes com peacutetalas pouco excedentes ao caacutelice (Figura 4)
29
Figura 4 - Inflorescecircncia do jatobaacute do cerrado (Hymenaea stigonocarpa Martex
Hayne)
Fonte httpwwwportalsaofranciscocombralfajatobajatoba-3php
O fruto eacute um legume seco indeiscente monospeacutermico ou polispeacutermico (mais
comum) alongado aacutepice arredondado ou levemente retuso base arredondada e
margem inteira ou levemente ondulada medindo 87 cm a 20 cm de comprimento
21 cm a 65 cm de largura e 20 cm a 43 cm de espessura (Figura 5)
Figura 5 - Vista frontal do fruto de Hymenaea
stigonocarpa Mart ex Hayne
ls ndash linha de sutura pd ndash peduacutenculo Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio -
Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
A textura eacute rugosa devido agrave presenccedila de pontuaccedilotildees pequenas salientes e
arredondadas (Figura 6) Apresenta a linha de sutura proeminente circundando todo
ls
pd
30
o fruto a cor varia do marrom-claro ao marrom-escuro (quase negro) Em cada fruto
ocorrem de uma a seis sementes
Figura 6 - Seccedilatildeo longitudinal do fruto de Hymenaea
stigonocarpa Mart ex Hayne
en - endocarpo ep - epicarpo me ndash mesocarpo Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
Figura 7 - Seccedilatildeo transversal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
ar - arilo cv - cavidade do fruto en - endocarpo ep - epicarpo me - mesocarpo ls ndash linha de sutura Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
A Semente eacute globosa largo-oblonga obovada comprimida com aacutepice
arredondado ou levemente truncado e base arredondada ou afinada superfiacutecie
irregular com algumas depressotildees medindo 178 mm a 284 mm de comprimento e
93 mm a 197 mm de espessura Envolvendo as sementes haacute o arilo amarelo-
esverdeado macio fibroso-farinaacuteceo (Figura 7 e 8) com cheiro caracteriacutestico e
sabor doce constituindo a polpa (CARVALHO 2007)
cv ar
en
me ep
ls
en
mmee
ep
31
Figura 8 - Aspectos da semente de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
A semente envolvida por arilo B Semente sem arilo Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
23 ESTUDOS QUIacuteMICOS NAS ESPEacuteCIES DO gecircnero Hymenaea
Das espeacutecies de Hymenaea jaacute estudadas verifica-se que entre as classes de
compostos isoladas predominam os terpenoacuteides e flavonoacuteides Os flavonoacuteides
destacam-se como fitoalexinas que atuam na defesa das plantas (INGHAM 1982)
As espeacutecies do gecircnero Hymenaea tem predominacircncia de diterpenoacuteides baseados
nos esqueletos do labdano abietano e pimarano (FARIA et al 2004) sendo
diterpenos biciacuteclicos jaacute isolados de espeacutecies de Hymenaea como H verrucosa H
oblongifolia e H parvifolia
231 Terpenos identificados no gecircnero Hymenaea
Foram identificados terpenos em diferentes espeacutecies do gecircnero Hymenaea
2311 Hymenaea courbaril
Do gecircnero Hymenaea a espeacutecie H courbaril eacute a espeacutecie mais estudada
(NAKANO DJERASSI 1961) e a mais difundida (LANGENHEIM et al1973)
A B
32
23111 Terpenos identificados na resina do tronco
A investigaccedilatildeo da resina comercial da Hymenaea courbaril realizada por
Nakano e Djerassi (1961) levou ao isolamento de um composto diterpecircnico oleoso
denominado aacutecido copaacutelico (Figura 9)
Figura 9 - Aacutecido copaacutelico isolado da resina de H courbaril
COOH
A partir da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo
amazocircnica analisada por Langenheim et al (1973) foi isolado e identificado apoacutes
metilaccedilatildeo com diazometano um composto diterpecircnico o labd-13-em-ol 15-oato de
metila (Figura 10)
Figura 10 - terpeno labd-13-em-ol 15-oato de metila isolado de H courbaril
H
HCOOH
OH
Na avaliaccedilatildeo da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo
de Campinas (Satildeo Paulo) em 1975 Marsaioli et al isolaram os seguintes
compostos aacutecido eperua-7 13-dien-15-oico (1) aacutecido ent-labd-13-em-8beta-ol-15-
oico (2) e um composto na forma de eacutester metiacutelico apoacutes tratamento com
diazometano o ent-labdan-8beta-ol 15-oato de metila (3) (Figura 11)
13
33
Figura 11 - Terpenos isolados da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo de Campinas
23112 Terpenos identificados nas resinas das folhas
Tambeacutem em 1972 Langenheim estudando agora as resinas encontradas nas
folhas da Hymenaea courbaril constatou a presenccedila de vaacuterios compostos
sesquiterpecircnicos Foram identificados nove compostos onde o principal constituinte
foi o cariofileno (266) (1) seguido por β-selineno (184) (2) e α-selineno (176)
(3) (Figura 12)
Figura 12 - Principais constituintes das resinas encontradas nas folhas da
Hymenaea courbaril cariofileno (1) β-selineno (2) e α-selineno (3)
Os demais compostos encontrados em menor escala foram alfa-cubebeno
(1) (08) α-copaeno (2) (94) beta-copaeno (3) (57) alfa e beta-hemuleno (4a
e 4b) (57) γ-muroleno (5) (35) e delta-cadineno (6) (66) e mais um composto
natildeo identificado (34) que atraveacutes do tempo de retenccedilatildeo foi sugerido ser
copacanfeno (7) (Figura 13)
1 2 3
H H
H
COOHOH
COOMeOH
COOMe
13
1 2 3
13
15
7
15 8 15 8
aacutecido eperua-7 13-
dien-15-oico
aacutecido ent-labd-13-em-
8beta-ol-15-oico ent-labdan-8beta-ol 15-oato
de metila
34
Figura 13 ndash Constituintes encontrados em menor escala das resinas das folhas da
Hymenaea courbaril alfa-cubebeno (1) α-copaeno (2) beta-copaeno (3) alfa e
beta-hemuleno (4a e 4b) γ-muroleno (5) delta-cadineno (6) e copacanfeno (7)
23113 Terpenos identificados na resina dos frutos
Ourisson et al (1973) estudando a resina da casca do fruto da Hymenaea
courbaril isolaram quatro diterpenos biciacuteclicos os quatro compostos foram aacutecido
enatio-8(17)13(16)14-labdatrien-18-oico (1) e os outros compostos (Figura 14)
Figura 14 - Composto diterpecircnico identificado na resina proveniente da casca do
fruto da Hymenaea courbaril aacutecido enatio-8 (17)13(16)14-labdatrien-18-oico
MeOOC
18
13
16
4a 4b 5
1 2 3
H
H
H
H
6 7
H
35
Aleacutem destes compostos diterpecircnicos foram identificados compostos
sesquiterpecircnicos (Figura 15) como ciclosativeno (1) β-bourbuneno (2) cariofileno
(3) calareno (4) hemuleno22 Selina-4(14)-7-dieno (5) α-himacaleno (6) α-
muroleno (7) δ-cadileno24 Selina-4(14)-7-dieno e catorze compostos natildeo
identificados
Figura 15 - Compostos sesquiterpecircnicos identificados na resina proveniente da
casca do fruto da Hymenaea courbaril ciclosativeno (1) β-bourbuneno (2)
cariofileno (3) calareno (4) hemuleno22 Selina-4(14)-7-dieno (5) α-himacaleno (6)
α-muroleno (7)
23114 Terpenos identificados nas folhas
Em 1972 Martin et al isolaram das folhas os sesquiterpenos αndashcopaeno (1) e
α-cubebeno (2) com atividade antimicrobiana (Figura 6) Em 1986 Langenheim et
al isolaram tambeacutem das folhas da Hymenaea courbaril os sesquiterpenos β-
cariofileno e γ-muroleno (Figura 16)
H
6 7
H
H
3 4 5
1 2
H
H
36
Figura 16 - Estruturas dos sesquiterpenos isolados das folhas de H courbaril b-
cariofileno (1) e γ-muroleno (2)
1 2
Abdel-Kader et al em 2002 isolaram das folhas e galhos diterpenos do tipo
halimadieno aacutecido (13R)-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (1) aacutecido
(2S13R)-213-dihidroxi-1(10)-14-ent-halimadien-18-oico (2) e aacutecido (13R)-2-oxo-
13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (3) (Figura 17) com atividade citotoacutexica
Figura 17 - Estruturas dos diterpenos isolados das folhas e galhos de H courbaril
aacutecido (13R)-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (1) aacutecido (2S13R)-213-
dihidroxi-1(10)-14-ent-halimadien-18-oico (2) e aacutecido (13R)-2-oxo-13-hidroxi-
1(10)14-ent-halimadien-18-oico (3)
1 2 3
Das folhas galhos e do tronco foram isolados diterpenos do tipo halimadieno
(CUNNINGHAM et al 1974) os quais apresentaram atividade citotoacutexica frente a
ceacutelulas tumorais humanas de ovaacuterio linhagem A2780 (ABDEL-KADER et al 2002)
Tambeacutem foi avaliado o efeito repelente do jatobaacute a formigas por Wiemer e Hubbel
em 1983 apoacutes alguns ensaios os autores verificaram que o epoacutexido do cariofileno
era o composto responsaacutevel pela resistecircncia nessa espeacutecie de planta contra o
ataque de formigas
Barbosa et al 2007 estudando o extrato hidroacetocircnico de folhas de
Hcourbaril var stilbocarpa obtiveram apoacutes particcedilatildeo liacutequido-liacutequido com n-
2
COOH
HO
H
HOHO
COOH
H
HOO
COOH
H
13
18 18 18
14 14 14 13 13
2
HH
H
37
hexanoaacutegua uma fase orgacircnica (FO 2) e uma aquosa (FA 8) sendo
identificados os sesquiterpenos muuroladieno e patchuleno e um diterpeno
clerodacircnico
23115 Terpenos identificados nas cascas dos frutos
Aguiar et al (2010) avaliando a composiccedilatildeo quiacutemica dos oacuteleos essenciais
das cascas de frutos de Hymenaea courbaril identificaram a presenccedila de vaacuterios
terpenos Quanto agraves cascas dos frutos maduros os principais constituintes foram os
sesquiterpenos alfa-copaeno (111) espatulenol (101) e beta-selineno (82)
enquanto germacreno-D (319) beta-cariofileno (271) e biciclogermacreno
(65) foram os principais constituintes a partir de frutos verdes
Tambeacutem foram identificados a partir da casca de frutos maduros os
diterpenos aacutecido zanzibarico e aacutecido isoozico juntamente com o sesquiterpeno
caryolane-1 9β-diol sendo oprimeiro relato desse sesquiterpeno neste gecircnero
23116 Substacircncias isoladas das sementes
Em 2001 Nogueira et al isolaram das sementes diterpenos e entre eles dois
novos clerodanos (Figura 18)
Figura 18 - Estruturas dos diterpenos isolados das sementes de H courbaril aacutecido
(5R8S9S10R)-cleroda-313E-dien-15-oico (1) e aacutecido (5S8S9S10R)-
cleroda-313E-dien-15-oico (2)
1 2
Em (2013) em um estudo realizado por Dias et al quanto a composiccedilatildeo
nutricional das sementes e da polpa de H courbaril foi identificado que os
COOH COOH
38
componentes bioativos mais abundantes satildeo α-tocopherol (88637 e 99363 mgkg)
e β-sitosterol (6183 e 9109 mgkg) para o oacuteleo das sementes na poupa
respectivamente
2312 Hymenaea oblongifolia
A partir da anaacutelise da resina do tronco da Hymenaea oblongifolia Langenheim
et al (1973) verificaram que 75 da fraccedilatildeo aacutecida era constituiacuteda essencialmente
por dois compostos (Figura 19)
Figura 19 - Principais constituintes da fraccedilatildeo aacutecida da resina do tronco da
Hymenaea oblongifolia aacutecido enantio-pinifoacutelico (aacutecido enantio-labd-8(20-em-1518
dioacuteico) (1) e o aacutecido guamaacuteico (aacutecido enantio-labd-8(20)13-dien-1518 dioico (2)
COOH
HOOC
COOH
HOOC
2313 Hymenaea verrucosa
A partir da resina do tronco da Hymenaea verrucosa Langenhein et al
(1973) isolaram o aacutecido enantio-8(17)13 (16)14-labdatrien-18-ico28 anteriormente
estudado por Ourisson et al (1973)
2314 Hymenaea stigonocarpa
A resina produzida pela espeacutecie H stigonocarpa conhecida como jutaicica e
copal eacute utilizada na induacutestria de vernizes e como medicamento no tratamento de
cistite e problemas respiratoacuterios (ALMEIDA et al 1998)
23141 Terpenos identificados nas sementes
Na avaliaccedilatildeo quiacutemica da resina extraiacuteda das sementes desta planta
observou-se que ela conteacutem diterpenoacuteides que possuem esqueletos estruturais do
1 2
18 18
15 15
8 8
13
39
tipo labdano (1) abietano (2) e pimarano (3) conforme demonstrado na Figura 20
(FARIA et al 2004)
Figura 20 - Esqueletos estruturais do tipo laacutebdano (1) e abietano (2) e pimarano (3)
da resina de Hymenaea stigonocarpa
H
H
Em outro estudo Matuda et al (2005) avaliaram que as sementes do jatobaacute
apresentam alto teor de fibras totais baixo teor de proteiacutenas e lipiacutedios A fraccedilatildeo
lipiacutedica apresentou predominacircncia de 86 em aacutecidos graxos insaturados A
semente de jatobaacute mostrou-se pobre em macronutrinentes quando comparada a
leguminosas utilizadas na alimentaccedilatildeo mas o alto teor de fibras possivelmente
constituiacutedas de xiloglucanas e galactomananas pode levar ao aproveitamento
rentaacutevel destas sementes
Wiemer e Hubbel em (1983) pesquisaram o efeito repelente a formigas de
algumas espeacutecies de plantas como por exemplo o jatobaacute Apoacutes alguns ensaios os
autores verificaram que o epoacutexido do cariofileno era o composto responsaacutevel pela
resistecircncia nessa espeacutecie de planta contra o ataque de formigas
23142 Terpenos identificados nas folhas
Das folhas desta espeacutecie foram isolados dois sesquiterpenos o -cariofileno e
α-muroleno com atividade antifuacutengica e accedilatildeo repelente contra insetos
(LANGENHEIM et al 1986) jaacute relatada por Wiemer amp Hubbel em 1983
23143 Terpenos identificados no epicarpo
Foi realizada por Giacomini et al (2006) a obtenccedilatildeo do extrato hexacircnico do
epicarpo de H stigonocarpa obtendo-se uma fraccedilatildeo aacutecida (FA) e uma neutra (FN)
1 2 3
40
Cada fraccedilatildeo correspondeu a aproximadamente 50 do total do extrato hexacircnico
Foram caracterizados trecircs sesquiterpenos da fraccedilatildeo neutra a-copaeno (1) 4
espatulenol (2) 13 e oacutexido de cariofileno (3) 9 (Figura 21)
Figura 21 - sesquiterpenos isolados da fraccedilatildeo neutra das folhas de H stigonocarpa
a-copaeno (1) espatulenol (2) e oacutexido de cariofileno (3)
Na fraccedilatildeo aacutecida observou-se a presenccedila de 4 isocircmeros diterpecircnicos
majoritaacuterios caur-16-en-19-ato de metila (4) 52 caur-15-en-19-ato de metila (5)
20 ozato de metila (6) 17 e isoozato de metila (7) 9 (Figura 22) separados
por cromatografia em siacutelica-gel
Figura 22 - Diterpenos majoritaacuterios isolados da fraccedilatildeo aacutecida das folhas de H
stigonocarpa caur-16-en-19-ato de metila (4) caur-15-en-19-ato de metila (5) ozato
de metila (6) e isoozato de metila (7)
4 5
COOMe
COOMeCOOMe
COOMe
6 7
19 19
19 19
1 2 3
O HO
41
23144 Terpenos identificados na resina do tronco
Estudos realizados por Domeacutenech-carboacute et al (2009) para caracterizaccedilatildeo da
resina do tronco coletada de espeacutecies de Hymenaea stigonocarpa Mart Espeacutecies
coletadas da regiatildeo de Minas Gerais mostraram que o aacutecido eperuico e seus
isocircmeros juntos com acido copaacutelico satildeo os principais componentes da resina
estudada Outros componentes tais como aacutecido colavenico aacutecido iso-ozico e aacutecido
epi-pinifolico satildeo tambeacutem presentes na resina em menor proporccedilatildeo
23145 Terpenos identificados no alburno
O alburno foi submetido agrave extraccedilatildeo com o solvente etanol e particionado entre
o ciclohexano e acetato de etila e o extrato ciclohexacircnico foi submetido a
fracionamento A abordagem fitoquiacutemica revelou a presenccedila de esteroacuteides e
triterpenoacuteides Foram identificados cinco compostos no extrato ciclohexacircnico N-N-
dietildecanamida Hexadecanoato de metila Aacutecido hexadecanoacuteico Aacutecido 9-
octadecenoacuteico Aacutecido octadecanoacuteico (VALENTIN 2006)
Do extrato de acetato de etila foram identificados os aacutecidos oleico linoleico
estearico e palmiacutetico (MARANHAtildeO et al 2013)
A anaacutelise da resina do tronco da Hymenaea parvifolia por CLG mostrou que
62 dela era constituiacuteda por aacutecido enantio-13-epilabdanoacuteico (Figura 23) de acordo
com NORIN et al (1963)
Figura 23 - Estrutura do aacutecido enantio-13-epilabdanoacuteico isolada de H parvifolia
COOH
OH
232 Flavonoacuteides identificados no gecircnero Hymenaea
Foram identificados flavonoacuteides em diferentes espeacutecies do gecircnero Hymenaea
42
2321 Hymenaea parvifolia
Em 1999 Ishibashi et al isolaram tambeacutem da resina do tronco de Hymenaea
parvifolia o flavonoacuteide glicosilado astilbina (Figura 24)
Figura 24 - Estrutura da astilbina
2322 Hymenaea palustris
Pettit et al (2003) isolaram os flavonoacuteides do tipo luteolina (1) crisoeriol (2)
palstatina (3) entre outros das folhas de Hymenaea palustris (Figura 25) esses
compostos apresentaram potente atividade inibitoacuteria frente a patoacutegenos Gram-
negativos como a Neisseria gonorrhoeae A palstatina atua como inibidor do
crescimento de ceacutelulas leucecircmicas linfoacuteticas tipo P388
Figura 25 - Estruturas de flavonoacuteides isolados das folhas de H palustres luteolina
(1) crisoeriol (2) e palstatina (3)
1 2
OHO
OH O
OH
OH OHO
OH O
OCH3
OH
O
OOH
HO
O
O
OH
OH
OacuteCH3
OCH3
H
H
OCH3
3
43
2323 Hymenaea courbaril
Suzuki et al (2008) isolaram dois flavonoacuteides do alburno de H courbaril a
taxifolina (1) e o fisetinidol (2) ambos com atividade antioxidante (Figura 26)
Figura 26 - Estruturas dos flavonoacuteides isolados do cerne de H courbaril taxifolina
(1) e o fisetinidol (2)
1 2
2324 Hymenaea stigonocarpa
Foram identificados flavonoacuteides em diferentes partes da espeacutecie Hymenaea
stigonocarpa
23241 Flavonoacuteides identificados na casca do caule
As anaacutelises cromatograacuteficas realizadas do extrato de acetato de etila da casca
de Hymenaea stigonocarpa realizadas por Lovato e Nunes em 2007 sugeriram que
este extrato conteacutem como principal componente o flavonoacuteide astilbina
(diidroquercetina-3-O-ramnosil) O fracionamento do extrato em coluna de siacutelica
levou ao isolamento de dois flavonoacuteides dos quais o mais abundante (F3442) foi
identificado como astilbina por CCD em comparaccedilatildeo com amostra autecircntica
O espectro de infravermelho obtido para a amostra isolada corresponde
exatamente ao da amostra autecircntica O comportamento cromatograacutefico e o espectro
de infravermelho do segundo flavonoacuteide isolado (F2728) sugerem fortemente que
se trata de quercetina-3-ramnosil
Em um estudo realizado por Moulari et al em 2006 foi isolado e
caracterizado nas folhas de Harungana madagascariensis o flavonoacuteide astilbina o
OH
OHO
OH
OH
O
OH
HO
OH
OH
OH
O
44
mesmo isolado por Ishibashi et al (1999) em H parvifolia e por Lovato e Nunes
(2007) em H stigonocarpa segundo Moulari eacute a astilbina a responsaacutevel pela
atividade antibacteriana do extrato de acetato de etila de Harungana
madagascariensis
Este flavononol tambeacutem foi isolado de flores de Dimorphandra mollis Benth
(Fabaceae Caesalpinioideae) e apresentou um importante efeito inibitoacuterio sobre a
enzima mieloperoxidase enzima implicada em processos oxidativos em sistemas
bioloacutegicos (PETACCI et al 2008)
23242 Flavonoacuteides identificados no alburno
O alburno foi submetido agrave extraccedilatildeo com o solvente etanol e particionado entre
o ciclohexano e acetato de etila do extrato de acetato de etila foram identificados
quatro flavonoides Dentre os flavonoides o principal constituinte (uma flavonona) foi
identificado como hultenina os outros flavonoides identificados foram taxifolina
quercetina e 7-methoxcatequina (MARANHAtildeO et al 2013)
233 Cumarinas identificadas no gecircnero Hymenaea
Foi identificada a presenccedila de cumarinas apenas na espeacutecie Hymenaea
courbaril
2331 Hymenaea courbaril
Em 2009 Simotildees et al isolaram duas cumarinas (Figura 27) das sementes
de H courbaril com atividade antifuacutengica
Figura 27 - Estruturas das cumarinas isoladas das sementes de H courbaril
ipomopsina (1) e hymenaina (2)
1
O
OH
MeO
O O
MeO
O O
2
O OOH
MeO
O
O
OMe
OH
45
234 Taninos relatados no gecircnero Hymenaea
Foram identificados taninos em diferentes espeacutecies do gecircnero Hymenaea
2341 Hymenaea courbaril
Em estudo realizado por Caramori et al (2004) foi observado que as
sementes de H courbaril apresentam uma grande quantidade de taninos
Sasaki et al (2009) descrevem que H courbaril conteacutem compostos bioatiacutevos
tais como terpenoacuteides e accedilucares aleacutem disso haacute relatos que vaacuterios terpenoacuteides ou
compostos fenoacutelicos possuem atividade antibacteriana A casca do jatobaacute conteacutem
um grande nuacutemero de procianidinas e parece ser um bom material para investigaccedilatildeo
de sua bioatividade ela pode aliviar alguns dos sinais cliacutenicos associados com a
encefalite aleacutergica experimental (EAE) uma doenccedila desmielinizante inflamatoacuteria do
sistema nervoso central sendo os componentes ativos responsaacuteveis pela atividade
bioloacutegica as procianinas do jatobaacute
2342 Hymenaea stigonocarpa
Orsi e colaboradores (2012) descrevem no extrato metanoacutelico da casca do
caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes a anaacutelise por CLAE-DAD a ocorrecircncia de
picos com espectros de UV caracteriacutesticos de derivados de catequinas e de aacutecido
gaacutelico aleacutem da ocorrecircncia de catequinas polimeacutericas
24 ESTUDOS FARMACOLOacuteGICOS NOS EXTRATOS OBTIDOS A PARTIR DE
DIFERENTES ESPEacuteCIES DO GEcircNERO Hymenaea
241 Estudos etnofarmacoloacutegicos
Foram realizados estudos etnofarmacoloacutegicos em diferentes espeacutecies do
gecircnero Hymenaea
2411 Hymenaea courbaril
46
Segundo Martins (1989) na Amazocircnia os nativos costumam ingerir a seiva
da Hymenaea courbaril para tratamento das afecccedilotildees pulmonares devendo
entretanto fazecirc-lo em pequenas doses pois como eacute adstringente causa
constipaccedilatildeo intestinal acrescenta ainda que da casca do caule pode ser feito chaacute
pelo meacutetodo de decocccedilatildeo para lavar ferimentos e para irritaccedilotildees vaginais
A casca do ramo eacute utilizada para problemas como tosse bronquite catarro
asma e fraqueza pulmonar sendo utilizada uma colher de sopa da casca do ramo
picada em uma xiacutecara (cafeacute) de aacutegua em fervura sendo fervido durante 5 minutos e
posteriormente coado acrescentando-se uma colher (cafeacute) de accediluacutecar cristal e uma
colher (sopa) de mel de abelha Deve-se ingerir uma colher (sopa) de 1 a 3 vezes
ao dia (PANIZZA 1998)
Numa discriccedilatildeo realizada por BONTEMPO (2000) a casca em cozimento eacute
aconselhada para combater hemoptises hematuacuteria (emissatildeo de urina com sangue)
diarreacuteia disenteria coacutelicas ventosas e acrescenta que o vinho de jatobaacute retirado do
caule eacute um poderoso fortificante LEONARDI (2002) relata que o chaacute da casca eacute
bom medicamento para a proacutestata podendo ser ingerido vaacuterias vezes ao dia e a
resina pode ser aplicada em forma de emplastro sobre as partes doloridas do corpo
Veiga Juacutenior (2005) descreve que em doses elevadas o jatobaacute (H courbail) satildeo
utilizadas como expectorante e fortificante mas podem desencadear reaccedilotildees
aleacutergicas
2412 Hymenaea stigonocarpa
Em mais um levantamento realizado junto agraves comunidades rurais do sul do
Estado de Minas Gerais na microrregiatildeo do Alto Rio Grande sobre quais as
espeacutecies nativas eram utilizadas na medicina popular Contando-se com a
colaboraccedilatildeo de 13 raizeiros em campo foi descrito que a Hymenaea stigonocarpa
esteve entre as espeacutecies utilizadas na medicina popular sendo preparado como
decocto ou infuso as partes como casca e ramos mais velhos tendo indicaccedilatildeo para
bronquites tosses coqueluche adstringente e nas afecccedilotildees da bexiga e proacutestata
(RODRIGUES CARVALHO 2001)
Hymenaea stigonocarpa tambeacutem estaacute entre as principais plantas medicinais
do cerrado utilizadas pela populaccedilatildeo da cidade de Mossacircmedes estado de Goiaacutes
As principais formas de utilizaccedilatildeo da planta satildeo atraveacutes da decocccedilatildeo da casca do
47
caule resina e polpa da fruta que satildeo indicados como depurativas contra afecccedilotildees
pulmonares (VILA VERDE et al 2003) Em um levantamento etnobotacircnico que teve
como alvo comunidades do entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
e da cidade de Alto Paraiacuteso observou-se que no elenco das dez espeacutecies medicinais
mais utilizadas o jatobaacute (Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne) foi coincidente na
indicaccedilatildeo de todos os entrevistados tendo seu uso relatado como depurativo
antiinflamatoacuterio estimulante de apetite fortificante e rico em ferro (SOUZA FELFILI
2006)
Outro estudo que relatou o uso de plantas medicinais entre os habitantes do
pantanal mato-grossense a espeacutecie Hymenaea stigonocarpa Mart teve a atividade
da resina que desprende da casca do caule relatadaque quando moiacuteda e aspirada
eacute utilizada no tratamento da sinusite (NETO 2006) Quando deixada de molho
serviria para as dores de estocircmago do peito e das costas O chaacute da casca seria
utilizado nas machucaduras do corpo humano e nas fraturas Tambeacutem eacute preparado
um vinho da seiva desta espeacutecie eacute tido como fortificante
2413 Hymenaea parvifolia
Em estudo etnobotacircnico realizado na comunidade negra de Curiauacute no estado
do Amapaacute apontam que o chaacute ou xarope da casca do caule de Hymenaea parvifolia
eacute utilizado para o tratamento de tosse bronquite febre diarreacuteia desinteria coacutelicas e
asma como tambeacutem como hemostaacutetico fortificante e vermiacutefugo (SILVA 2002)
242 Avaliaccedilatildeo farmacoloacutegica
Foram realizadas avaliaccedilotildees farmacoloacutegicas em diferentes espeacutecies do
gecircnero Hymenaea
2421 Hymenaea courbaril
Varios estudos farmacoloacutegicos tambeacutem ja foram realizados comprovando o
uso popular desta espeacutecie Estudos quanto agrave toxicidade da resina da Hymenaea
courbaril relatam que ela apresenta efeito toacutexico e inibidor do apetite sobre o inseto
Spodoptera exiacutegua (STUBBLEBINE LANGENHEIN 1977)
Extratos das suas cascas apresentaram atividade moluscicida (MARSTON et
al 1996) assim como atividade in vitro anti-plasmoacutedio (KOumlHLER et al 2002)
48
Quanto aos estudos relacionados a atividades inseticida trecircs diterpenos isolados
por Aguiar (2009) dos frutos de Hymenaea courbaril aacutecido zanzibaacuterico e aacutecido
isooacutezico e o sesquiterpeno caryolano-19-diol identificado pela primeira vez nesta
espeacutecie apresentaram accedilatildeo larvicida frente ao Aedes aegypti cujos valores de CL50
foram iguais a 1485 plusmn 044 ppm e 2844 plusmn 027 ppm para frutos verdes e maduros
respectivamente (AGUIAR 2009)
Quanto agrave avaliaccedilatildeo da atividade antiinflamatoacuteria o pericarpo da planta
apresentou atividade antiinflamatoacuteria 5-lipooxigenase e accedilatildeo inibitoacuteria contra
tiroquinase (TAKAGI et al1999) e inibiccedilatildeo da pigmentaccedilatildeo induzida pela radiaccedilatildeo
UV (TAKAGI et al 2002)
Jayaprakasam et al (2007) isolou dos frutos de H courbaril o aacutecido
labdanoacutelico e espatulenol terpenos que possuem atividade antiinflamatoacuteria cuja
inibiccedilatildeo da ciclo-oxigenase II (COX II) foi da ordem de 43 e 54 para aacutecido
labdanoacutelico e espatulenol respectivamente
Em estudo realizado por Bezerra et al (2013) foi demonstado que a fraccedilatildeo
acetato de etila da casca do caule de Hymenaea courbaril apresenta potencial
atividade antioxidante miorelaxante aleacutem da anti-inflamatoacuteria jaacute anteriormente
descrita confirmando o uso popular no tratamento de doenccedilas inflamatoacuterias aeacutereas
tais como a asma natildeo sendo poreacutem determinadas os metaboacutelitos responsaacuteveis por
esta accedilatildeo
Quanto a atividade antioxidante Aguiar et al (2009) descreve a atividade do
extrato metanolico que apresentou valores de CI50 de 004 mgL Atividade tambeacutem
observada por Peixoto et al (2013) avaliando os extratos hidroalcooacutelico e metanoacutelico
das sementes polpa folha e casca de Hymenaea courbaril que apresentaram altos
teores de fenoacuteis totais e flavonoacuteides
Na avaliaccedilatildeo da atividade antimicrobiana foi observados que diterpenos
isolados das folhas de Hymenaea courbaril apresentam marcada atividade fungicida
(HUBBELL et al 1983) Esta espeacutecie tambeacutem foi descrita como capaz de tratar
infecccedilotildees urinaacuterias sendo observado em estudo realizado por CARAMORI et al
(2004) altos niacuteveis de atividade enzimaacuteticas do extrato etanoacutelico da semente
FERNANDES et al (2005) realizou uma avaliaccedilatildeo da atividade
antimicrobiana de extratos pela teacutecnica de difusatildeo em aacutegar empregando-se o
meacutetodo de difusatildeo em poccedilo e determinou a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM)
para o extratos de H courbaril mediante a utilizaccedilatildeo de estreptococos do grupo
49
mutans (EGM) e Staphylococcus sp Na concentraccedilatildeo de 25 mgmL 540 dos
Staphylococcus sp foram inibidos enquanto para os estreptococos do grupo mutans
a dose de 125mgmL foi capaz de inibir apenas 35 da populaccedilatildeo
Esses extratos apresentaram atividade frente os micro-organismos Gram-
positivos principalmente contra Staphylococcus aureus mas natildeo inibiram os micro-
organismos Gram-negativos e a Candida albicans
Resultados confirmados por GONCcedilALVES et al (2005) que tambeacutem
descrevem que o extrato hidroalcooacutelico preparado a partir da casca de planta exerce
atividade contra Staphylococcus aureus e Bacillus cereus Como tambeacutem por Aleixo
et al (2013) que demonstrou a accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico da casca frente a
isolados cliacutenicos de Staphylococcus aureus meticiclina resistente (MRSA)
apresentando uma CIM de 500microgmL
Aleixo et al (2013) ainda descreve que a associaccedilatildeo do extrato
hidroalcooacutelico de Hymenaea courbaril com o extrato de Stryphnodendron
adstringens na proporccedilatildeo de 11 levou a reduccedilatildeo da CIM para 3125microgmL
demonstrando assim a existecircncia de um efeito sineacutergico
2422 Hymenaea stigonocarpa
Extratos obtidos a partir de ciclohexano acetato de etila e metanol a partir do
alburno apresentaram grupo de compostos que se mostraram toacutexicos e com
propriedades contra cupins (Nasutitermes corniger) (SANTANA et al 2010)
Maranhatildeo et al (2013) avaliando a accedilatildeo do extrato de acetato de etila do
alburno e dos flavonoides isolados a partir desta fraccedilatildeo (hultenina quercetina
taxifolina and 7-metoxcatequina) frente agrave Nasutitermes corniger observou que todos
apresentam atividade sendo o extrato de acetato de etila mais ativo que as fraccedilotildees
isoladas natildeo existindo diferenccedilas significativas entre os diferentes flavonoides
isolados
Quanto a citotoxicidade a avaliaccedilatildeo da accedilatildeo de compostos isolados do
epicarpo de Hymenaea stigonocarpa frente a ceacutelulas tumorais humanas observou-se
que de trecircs substacircncias isoladas a partir do extrato hexacircnico do epicarpo de
Hymenea stigonocarpa caur-16-en-18-ato de metila (1) caur-15-en-18-ato de metila
(2) e caur-16-en-18-ol (3) respectivamente A substacircncia caur-16-en-18-ol foi capaz
50
de inibir significativamente o crescimento das trecircs linhagens de ceacutelulas avaliadas
H460 Colo 205 e U937 (BRASIL et al 2009)
Analisando a citotoxicidade celular dos compostos medida pela quantificaccedilatildeo
de LDH (Desidrogenase laacutetica) demonstrou-se que os compostos 1 e 2
anteriormente descritos natildeo foram capazes de induzir a liberaccedilatildeo da enzima
enquanto que o 3 foi capaz de induzir a liberaccedilatildeo de LDH nas maiores
concentraccedilotildees testadas (BRASIL et al 2009)
Guimaratildees et al (2009) avaliando a toxicidade aguda do extrato metanolico
da entrecasca de Hymenaea stigonocarpa observou que o ele natildeo produz alteraccedilotildees
comportamentais ateacute a dose de 1000mgKg poreacutem a partir desta dose os
camundongos apresentam diarreacuteia e letargia reversiacuteveis em 24h Quanto ao transito
gastrointestinal o mesmo no intestino mostrou-se aumentado enquanto o
esvaziamento gaacutestrico mostrou-se reduzido
Estudos de Orsi et al (2012) mostraram que a administraccedilatildeo por via oral de
5mgKg do extrato metanolico da casca do caule natildeo produz nenhum sinal de
toxicidade aguda em animais machos ou fecircmeas (ratos) assim como natildeo leva a
mortes nem mudanccedilas de peso corporal ou de oacutergatildeos quando avaliados por um
periacuteodo de 14 dias apoacutes a administraccedilatildeo
Guimaratildees et al (2009) avaliando a atividade antiulcerogecircnica da entrecasca
observaram que o extrato metanolico possui atividade nos modelos de uacutelcera
gaacutestrica induzida por indometacina e isquemia-reperfusatildeo e sendo portente no
modelo de ulcera gastrica induzida por etanol Tambeacutem foi observado que o extrato
metanoacutelico (obtido por maceraccedilatildeo) apresenta atividade inibitoacuteria sobre a liberaccedilatildeo
induzida de histamina a partir de mastoacutecitos (FERREIRA 2011)
Aleacutem disso outros estudos demonstram que o extrato metanoacutelico da casca
apresenta efeito antidiarreico gastroprotetor contra vaacuterios agentes ulcerogecircnicos
esse efeito gastroprotetor eacute acompanhado da prevenccedilatildeo da depleccedilatildeo de GSH e
inibiccedilatildeo da atividade de mieloperoxidase na mucosa duodenal e atividade
cicatrizante Esses efeitos observados satildeo atribuiacutedos agrave accedilatildeo antioxidante devido agrave
presenccedila de taninos condensados e flavonoides (ORSI et al 2012)
O extrato de acetato de etila do alburno mostrou tambeacutem atividade
antioxidante contra radicais DPPH sendo mais ativo quando comparado a
flavonoides isolados a partir deste mesmo extrato sendo sugerida por Maranhatildeo et
al (2013) que pode ocorrer um efeito sineacutergico entre os flavonoides presentes no
51
extrato o que explicaria essa maior atividade Mesma atividade antioxidante
observada por Peixoto et al (2013) que avaliou a atividade dos extratos
hidroalcooacutelico e metanoacutelico do fruto da Hymenaea stigonocarpa
Quanto agrave accedilatildeo antimicrobiana em estudo realizado por Valentim (2006)
utilizando o alburno de Hymenaea stigonocarpa o extrato em acetato de etila
apresentou atividade antimicrobiana pelo meacutetodo de difusatildeo em disco frente ao
Staphylococcus aureus tendo tambeacutem apresentado resultado significativo frente agrave
bacteacuteria aacutelcool-aacutecido-resistente (Mycobacterium smegmatis)
Valeriano et al (2010) avaliando a atividade antimicrobiana a partir do
alburno observaram que o extrato ciclohexanico apresentou atividade frente ao
Staphylococcus aureus confirmando os resultados de Valentin (2006) deste extrato
foram identificados os compostos hexadecanoato de metila aacutecido hexadecanoacuteico
aacutecido octadecanoacuteico e aacutecido 9-octadecenoacuteico
Novamente avaliando a accedilatildeo antimicrobiana foi preparado um extrato
etanoacutelico da casca de Hymenaea stigonocarpa que apresentou uma CIM de 250
microgmL para Staphylococcus aureus Candida krusei e Criptococcus neoformans
poreacutem natildeo apresentou atividade significativa frente agrave Pseudomonas aeruginosa e
Candida albicans CIM de 1000 microgmL aleacutem de significante atividade antioxidante
provavelmente associadas agrave presenccedila de taninos (MARQUES et al 2013)
2423 Hymenaea martiana
Foram isolados a partir do extrato etanoacutelico da casca de Hymenaea martiana
β-sitosterol-3-O-glicosiacutedeo e trecircs ramnosideos (eucrypina engelitina e astilbina) O
glicosiacutedeo eucripina causou um deslocamento dependente de concentraccedilatildeo da
curva de resposta da bradicinina (BK) do uacutetero isolados de ratas Em contraste
astilbina e engeletina causaram apenas um discreto deslocamento agrave direita do BK
(antagonismo) as contraccedilotildees induzidas (CARNEIRO et al 1993)
Em outro estudo o extrato etanoacutelico da casca do caule obtido por maceraccedilatildeo
e as fraccedilotildees hexano clorofoacutermio e acetato de etila apresentam atividade
antinociceptiva observada pelo meacutetodo das contorccedilotildees abdominais induzidas pelo
aacutecido aceacutetico possivelmente pela inibiccedilatildeo da siacutentese de prostaglandinas (SILVA et
al 2011)
52
Silva et al (2010) avaliando o extrato etanoacutelico e as fraccedilotildees hexano
clorofoacutermio e acetato de etila descreveu a existecircncia de atividade antioxidante
sendo o extrato acetato de etila o mais ativo seguido pelo extrato etanoacutelico e as
fraccedilotildees hexano e clorofoacutermio
Resultados confirmados por SILVA et al (2011) onde foi observado que o
extrato etanoacutelico da casca de Hymenaea martiana e a fraccedilatildeo de acetato de etila
obtida por particcedilatildeo apresentaram uma marcada atividade antioxidante Analises
fitoquiacutemicas demonstraram que a fraccedilatildeo etanoacutelica conteacutem polifenoacuteis flavonoides
esteroides e terpenoacuteides sendo a presenccedila de polifenoacuteis nestes extratos essencial
para essa propriedade os polifenoacuteis descritos satildeo possivelmente aacutecido cinamico
flavan-3-ol ou derivados de flavanonas
Quanto a atividade antimicrobiana os extratos aquoso butanoacutelico e
hidroalcooacutelico obtidos da casca de Hymenaea martiana apresentam atividade frente
a Cryptococcus neoformans e C gatii com CIM entre 2 a 64 microgML sendo as
fraccedilotildees etanolica e hidroalcooacutelica as mais ativas Souza et al (2010) tambeacutem
demonstraram a atividade da H martiana frente agrave dermatoacutefitos (Trichophytum
rubrum Trichophytum mentagrophytes M canis) sendo os menores valores de CIM
os obtidos a partir das fraccedilotildees aquosa e butanoacutelica nas trecircs espeacutecies estudadas
2424 Hymenaea parvifolia
Em 1999 Ishibashi et al identificaram dois dihidroflavonois rhamnosideos
isolados da casca de Hymenaea parvifolia neoastilbina e astilbina que
apresentaram efeitos inibitoacuterios sobre a caseiacutena quinase II (CK-II) de forma dose-
dependente
53
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3 CARACTERIZACcedilAtildeO BOTAcircNICA FITOQUIacuteMICA E AVALIACcedilAtildeO DA ATIVIDADE
ANTIBACTERIANA DOS EXTRATOS E FRACcedilOtildeES DA CASCA DO CAULE DE
Hymenaea stigonocarpa MART EX HAYNE
31 INTRODUCcedilAtildeO
A utilizaccedilatildeo de plantas medicinais tem suas raiacutezes fortemente ligadas agrave
cultura indiacutegena e a colonizaccedilatildeo europeia Essa influecircncia contribuiu para o
enriquecimento da cultura popular e serviu como alicerce para os estudos cientiacuteficos
(MARTINS et al 1994) Entretanto atualmente as pesquisas relacionadas agrave accedilotildees
terapecircuticas de plantas medicinais no Brasil ainda satildeo incipientes (VEIGA JUacuteNIOR
PINTO 2005) continuando a maioria das espeacutecies brasileiras sem qualquer
avaliaccedilatildeo principalmente referente agraves propriedades farmacoloacutegicas (PINTO et al
2002)
A criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Praacuteticas Integrativas e Complementares no
SUS criada pelo ministeacuterio da sauacutede em 2006 tendo como um dos focos a
fitoterapia como praacutetica terapecircutica levou ao aumento no consumo de medicamentos
a base de produtos naturais (KLEIN et al 2009)
Esse aumento tambeacutem pocircde ser associado ao fato de que as populaccedilotildees
questionam os perigos do uso irracional dos medicamentos alopaacuteticos associados a
seus custos muitas vezes dispendiosos e procuram substituiacute-los pelo uso de plantas
medicinais A comprovaccedilatildeo da accedilatildeo terapecircutica associada agrave insatisfaccedilatildeo da
populaccedilatildeo perante o sistema de sauacutede tem favorecido essa dinacircmica (TOMAZZONI
et al 2006)
A descoberta e o desenvolvimento dos processos de siacutentese a partir de
moleacuteculas isoladas de produtos naturais para a produccedilatildeo de faacutermacos culminaram
com a introduccedilatildeo no mercado de diversos medicamentos Entretanto devido aos
efeitos colaterais destas moleacuteculas sinteacuteticas e dos altos custos houve um resgate
incentivado pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede para a pesquisa e aplicaccedilatildeo de
fitoteraacutepicos (VOLAK STODOLA 1990)
As plantas tecircm uma capacidade quase ilimitada para sintetizar substacircncias
aromaacuteticas a maioria das quais satildeo fenoacuteis ou derivados oxigecircnio-substituiacutedo
(COWAN 1999) A pesquisa de novos medicamentos originados a partir de plantas
64
medicinais deve ser iniciada a partir de uma seleccedilatildeo baseada em alguns criteacuterios
Esta seleccedilatildeo pode ser baseada no conhecimento antecipado de efeitos terapecircuticos
como a pesquisa etnofarmacoloacutegica que utiliza o conhecimento preacute-existente nas
comunidades nativas por acesso a bancos de moleacuteculas disponiacuteveis ou por
pesquisa aleatoacuteria com espeacutecies existentes e disponiacuteveis em local previamente
escolhido (MARINHO 2008)
Na deacutecada de 80 em todo o mundo foram identificados 121 compostos de
origem vegetal provenientes de 95 espeacutecies os quais tecircm sido usualmente
empregados como produtos terapecircuticos nos paiacuteses ocidentais Quanto aos
medicamentos aprovados para comercializaccedilatildeo no periacuteodo de 1983-1994 6 foram
obtidos diretamente de espeacutecies vegetais 24 satildeo compostos derivados e 9
foram desenvolvidos a partir de compostos de vegetais cuja estrutura molecular
serviu como unidade precursora em processo de siacutentese (MARASCHIN e
VERPOORTE 1999)
No periacuteodo entre 2005 e 2010 um total de 19 medicamentos agrave base de
produtos naturais foram aprovados para comercializaccedilatildeo em todo o mundo entre os
quais sete satildeo classificadas como produtos naturais dez produtos naturais
semissinteacuteticos e dois como drogas derivadas de produtos naturais (MISHRA 2011)
Satildeo exemplos de medicamentos sinteacuteticos desenvolvidos a partir de
moleacuteculas oriundas do metabolismo secundaacuterio das plantas a procaiacutena cloroquina
vimblastina vincristina podofilotoxina taxol e camptotecina (PINTO et al 2002)
Dados atualizados satildeo escassos poreacutem segundo o Ministeacuterio da sauacutede
(2006) tomando como referecircncia o ano de 1996 descreve que a quarta parte dos
oito bilhotildees de doacutelares do faturamento da induacutestria farmacecircutica nacional foram
resultantes de medicamentos derivados de produtos vegetais Entretanto apenas
8 das espeacutecies botacircnicas brasileiras foram estudadas com o objetivo de obter
moleacuteculas bioativas
Apesar das vantagens relatadas anteriormente introduzir um novo
medicamento na terapecircutica eacute um processo longo e bastante oneroso Todo o
processo de pesquisa e desenvolvimento dura cerca de doze anos com
probabilidade de sucesso muito pequena (LIMA et al 2003)
As propriedades medicinais apresentadas pelas plantas se devem a
variedade e complexidade de seus metaboacutelitos Estes metaboacutelitos secundaacuterios os
quais satildeo produzidos como mecanismo de defesa dos vegetais agraves condiccedilotildees
65
ambientais e a presenccedila de micro-organismos insetos ou animais (MONTARI e
BOLZANI 2001)
Os metaboacutelitos secundaacuterios de vegetais superiores apresentam uma ampla
diversidade estrutural e distribuiccedilatildeo muito variada em vaacuterias partes da planta Por
representar uma interface quiacutemica entre a planta e o ambiente circundante sua
siacutentese eacute frequentemente influenciada por fatores relacionados agrave fisiologia da proacutepria
planta e mudanccedilas ambientais
Os metaboacutelitos secundaacuterios frequentemente estatildeo restritos a uma espeacutecie ou
gecircnero vegetal e muitas vezes podem ser ativados somente durante um
determinado estaacutegio do desenvolvimento vegetal em estaccedilotildees especiacuteficas do ano
sob condiccedilotildees de estresse ou de restriccedilatildeo hiacutedrica ou de nutrientes (LOURENCcedilO
2003 GOBBO-NETO LOPES 2007)
A pesquisa relacionada a moleacuteculas bioativas de origem vegetal constituem
uma estrateacutegia para inovaccedilatildeo farmacecircutica e competitividade neste setor tendo em
vista a singularidade estrutural das substacircncias encontradas sua importacircncia como
protoacutetipos moleculares para o desenvolvimento de novos faacutermacos e sua
perspectiva de patenteamento (OLIVEIRA 2003)
Varias atividades satildeo comprovadamente atribuiacutedas a moleacuteculas de origem
natural principalmente as obtidas a partir de plantas Sendo as atividades
antinociceptiva anti-inflamatoacuteria antioxidante anticacircncer anti-hipertensiva
antidiabeacutetica e antimicrobiana as mais frequentemente relatadas (BORGES et al
2013 ASMAWI et al 2013 LIMA et al 2012 MISHRA et al 2013)
Devido agrave raacutepida disseminaccedilatildeo dos micro-organismos multidrogas resistentes
haacute uma consideraacutevel necessidade por novos agentes antimicrobianos (GIBBONS et
al 2002)
Assim as pesquisas tecircm se intensificado no Brasil devido agrave diversidade de
espeacutecies presentes na flora brasileira e a necessidade de busca desses novos
agentes (ADEBAJO et al 1989 BRITO BRITO 1993 MIGUEL et al 1996 LIMA
2001) tendo sido assim muitas plantas avaliadas natildeo somente pela atividade
antimicrobiana direta mas tambeacutem pela modificaccedilatildeo do perfil de resistecircncia ao
agente antimicrobiano (GIBBONS 2004 HEMAISWARYA et al 2008 WAGNER
ULRICH-MERZENICH G 2009)
Um indicativo da efetividade dos mecanismos de defesa desenvolvido por
alguns vegetais eacute a reduzida ocorrecircncia de doenccedilas infecciosas em certas plantas
66
As plantas satildeo conhecidas por produzirem uma enorme variedade de moleacuteculas
com atividade antimicrobiana geralmente classificada como fitoalexinas Sua
composiccedilatildeo quiacutemica eacute diversificada apresentando terpenoacuteides glicosteroacuteides
flavonoacuteides e polifenoacuteis (HEMAISWARYA 2008)
Os principais grupos de compostos com propriedades antimicrobianas
extraiacutedos de plantas incluem terpenoacuteides (TORSSEL 1989) alcaloides
(FESSENDEN 1982) polipeptiacutedios (TERRAS et al1993 ZHANG LEWIS 1997) e
substacircncias fenoacutelicas que satildeo fenoacuteis simples aacutecidos fenoacutelicos quinonas (STERN
et al 1996) flavonas flavonoacuteis e flavonoacuteides (FESSENDEN 1982) tanino
(SCALBERT 1992) e cumarinas (OrsquoKENNEDY THORNES 1997)
Compostos isolados de plantas satildeo substacircncias cuja estrutura quiacutemica
muitas vezes apresentam grandes diferenccedilas estruturais em relaccedilatildeo aos
antibioacuteticos derivados de micro-organismos Estes agentes antimicrobianos isolados
de plantas podem agir como reguladores do metabolismo intermediaacuterio ativando ou
bloqueando reaccedilotildees enzimaacuteticas afetando diretamente as siacutenteses enzimaacuteticas seja
em niacutevel nuclear ou ribossomal ou mesmo alterando estruturas de membranas
(SINGH SHUKLA 1984)
O Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees continentais e de grande biodiversidade Os
ecossistemas brasileiros respondem pela maior variedade geneacutetica vegetal do
mundo sendo que 30 das florestas tropicais mundiais estatildeo situadas em territoacuterio
brasileiro (CECHINEL FILHO YUNES 1998) Neste sentido a pesquisa relacionada
a produtos naturais apresenta um grande potencial quanto agrave descoberta de novos
agentes terapecircuticos
Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne (Leguminosae) eacute uma planta
medicinal encontrada no cerrado brasileiro e conhecida popularmente como Jatobaacute-
do-cerrado (BATISTA 2011) As suas cascas do caule satildeo amplamente utilizados
em infusatildeo ou decocccedilatildeo para tratar a dor de estocircmago asma bronquite uacutelceras
diarreia gripe e tosse (GRANDI et al 1989 VILA-VERDE et al 2003 BIESKI et
al2012)
Recentemente foi demonstrada a atividade antidiarreacuteica e accedilatildeo contra uacutelceras
gaacutestricas e duodenais experimentais do extrato metanoacutelico da casca do caule de H
stigonocarpa (ORSI et al 2012)
Estudos fitoquiacutemicos de Hymenaea stigonocarpa mostraram a presenccedila de
terpenos e sesquiterpenos aacutecidos graxos flavonoacuteides e taninos metaboacutelitos
67
reconhecidos pela atividade bioloacutegica (LANGENHEIM HALL 1983 MATUDA
NETO 1985 ORSI et al 2012) Poreacutem poucas pesquisas tem avaliado a atividade
farmacoloacutegica de cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa e estudos sobre a sua
atividade antimicrobiana ainda satildeo escassos (DIMECH et al 2013)
68
32 OBJETIVOS
Os objetivos gerais e especiacuteficos deste estudo satildeo descritos abaixo
321 Objetivo geral
Realizar o estudo fitoquiacutemico e a caracterizaccedilatildeo botacircnica da casca do caule
de Hymenaea stigonocarpa e avaliar a atividade antibacteriana de diferentes
extratos e fraccedilotildees frente a bacteacuterias Gram-positivas e Gram-negativas
322 Objetivos especiacuteficos
Realizar a caracterizaccedilatildeo botacircnica e fitoquiacutemica do material vegetal
Avaliar a atividade antibacteriana dos extratos de Hymenaea stigonocarpa
Determinar as classes de metaboacutelitos secundaacuterios responsaacuteveis pela
atividade antibacteriana e suas concentraccedilotildees
Caracterizar por meio de CLAE-DAD os extratos mais ativos
Observar as alteraccedilotildees ultraestruturais provocadas pelo extrato mais ativo
69
33 MATERIAIS E MEacuteTODOS
Os materiais e meacutetodos deste estudo satildeo descritos a seguir
331 Coleta do material vegetal
Cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne foram
coletadas em outubro de 2009 na Fazenda Refuacutegio localizada na cidade de
Camocim de Satildeo Feacutelix (figura 28) Pernambuco (localizado latitude 8deg213000S e
longitude 35deg475670O)
A identificaccedilatildeo foi realizada pela botacircnica do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco Dra A Bocage sendo a exsicata depositada sob o nuacutemero 83563 no
Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima pertencente ao mesmo instituto
Figura 28 ndash Local da coleta das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa
Mart ex Hayne
Fonte httpnlwikipediaorgwikiBestandCamocim_de_SC3A3o_FC3A9lixpng
Na preparaccedilatildeo da mateacuteria-prima vegetal as cascas do caule foram
submetidas agrave secagem em estufa a uma temperatura de 40degC durante 72 horas
em seguida pulverizadas em moinho de martelos (Tigre ASN5) e estocada em
frascos a temperatura ambiente
332 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal
Amostras de caule jovem e maduro foram coletadas em indiviacuteduo adulto de
Hymenaea stigonocarpa ocorrendo espontaneamente em uma aacuterea do agreste no
municiacutepio de Camocim de Satildeo Feacutelix
Camocim de Satildeo Feacutelix
70
Foram coletados ramos (40 cm de comprimento com ramos jovens e
adultos) os mais expostos ao sol de um indiviacuteduo adulto As amostras foram
acondicionadas em sacos plaacutesticos mantidos em caixa de isopor contendo gelo As
amostras de caule foram fixadas em formaldeiacutedo a 40 aacutecido aceacutetico e etanol 95
(FAA 50) por 48 horas (JOHANSEN 1940)
3321 Anaacutelise microscoacutepica
Secccedilotildees transversais foram obtidas agrave matildeo livre do caule jovem e adulto e da
regiatildeo mediana do peciacuteolo As secccedilotildees foram clarificadas em soluccedilatildeo comercial de
hipoclorito de soacutedio a 50 neutralizadas em aacutecido aceacutetico numa concentraccedilatildeo de
02 lavadas em aacutegua destilada coradas com safranina e azul de astra (Bukatsch
1972) Este material foi montado em glicerina a 50 (Johansen 1940) e as
lamiacutenulas foram entatildeo fixadas Todas as anaacutelises microscoacutepicas foram realizadas
em imagens digitais obtidas sob microscoacutepio oacutetico acoplado com cacircmera digital
utilizando o programa de anaacutelise de imagens Image Tool (Wilcox et al 2002)
3322 Anaacutelise histoquiacutemica
Para a anaacutelise histoquiacutemica parte das secccedilotildees histoloacutegicas jovens e adultas
de indiviacuteduo adulto foram submetidas a reagentes tradicionais para investigaccedilatildeo
histoquiacutemica (a) dicromato de potaacutessio (GABE 1968) para compostos fenoacutelicos
totais (b) vanilina cloriacutedrica (RICCO 2002) para evidenciaccedilatildeo de taninos (c)
Reagente de Neu para evidenciaccedilatildeo de flavonoacuteides (NEU 1956)
333 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal
Cerca de 50 g de amostra oriunda da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa foi submetido agrave extraccedilatildeo exaustiva seriada por maceraccedilatildeo (12 pv) por
periacuteodos de 24 horas com solventes de polaridades crescentes (ciclohexano
acetato de etila etanol e aacutegua) Um extrato hidroalcooacutelico (EH) foi tambeacutem obtido
por maceraccedilatildeo de 60g (12 pv) em etanolaacutegua (11) Uma parte do resiacuteduo seco do
extrato hidroalcooacutelico (5g) foi particionada (11) em aacutegua (FA) e outra parte em
71
acetato de etila (FAE) Posteriormente todos os extratos foram filtrados em papel
Whatman No 1 e evaporados a 50degC sob pressatildeo reduzida com exceccedilatildeo do extrato
aquoso e fraccedilatildeo aquosa que foram liofilizados
Desta forma obtiveram-se cinco extratos Extrato ciclohexano (EC) extrato de
acetato de etila (EAE) extrato etanoacutelico (EE) extrato aquoso (EA) e extrato
hidroalcooacutelico (EH) e duas fraccedilotildees fraccedilatildeo aquosa (FA) e fraccedilatildeo acetato de etila
(FAE)
Todos os extratos foram analisados por cromatografia em camada delgada
(CCD) quanto agrave presenccedila de alcaloacuteides flavonoacuteides terpenoacuteides aacutecido gaacutelico
fenilpropanoglicosiacutedeos cumarinas taninos condensados e hidrolisaacuteveis accediluacutecares e
quinonas Para obtenccedilatildeo de soluccedilotildees com concentraccedilotildees padronizadas todos os
extratos foram solubilizados na concentraccedilatildeo de 05
Volumes de 15 μL de cada extrato EC EAE EE EA EH FA FAE foram
utilizados para a realizaccedilatildeo de cada CCD utilizando-se placas de gel de siacutelica
(Merck -105553) As anaacutelises foram realizadas a partir de diferentes sistemas de
eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv) EtOAcndashHCOOHndash
AcOHndashH2O (100 05 05 05 vv ) Et2O-tolueno-AcOH 10 (50 50 50 vv )
ToluenondashAcOEt (97 3 vv) n-BuOH-Me2CO-tampatildeo fosfato pH = 50 (40 50 10
vv) e AcOEt ndash MeOH ndash H2O (81 11 8 vv) e revelados utilizando diferentes
substacircncias (Quadro1)
Quadro 1 - Metaboacutelitos secundaacuterios pesquisados sistemas de eluiccedilatildeo e reveladores
utilizados na avaliaccedilatildeo fitoquiacutemica da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
METABOacuteLITO ELUICcedilAtildeO REVELADOR RESULTADO
POSITIVO REFEREcircNCIA
Alcaloacuteides
A Dragendorff Coloraccedilatildeo Laranja (WAGNER 1996)
Monoterpenoacuteides Sesquiterpenoacuteides e
Diterpenoacuteides B Vanilina sulfuacuterica
Coloraccedilatildeo Azul escura
(WAGNER 1996)
Triterpenoacuteides e Esteroacuteides C Liebermann
Burchard Coloraccedilatildeo rosa a
vermelho (UV) (SHARMA 1991)
72
A - EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv) B - ToluenondashAcOEt (97 3 vv) C - EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 05 05 05 vv ) D - Et2O-tolueno-AcOH 10 (50 50 50 vv ) E - n-BuOH-Me2CO-tampatildeo fosfato pH = 50 (40 50 10 vv) F - AcOEt ndash MeOH ndash H2O (81 11 8 vv) Soluccedilatildeo metanoacutelica de 2- aminoetil difenilborinato 1 e soluccedilatildeo etanoacutelica de polietilenoglicol 5
METABOacuteLITO ELUICcedilAtildeO REVELADOR RESULTADO
POSITIVO REFEREcircNCIA
Iridoacuteides
A Vanilina sulfuacuterica Coloraccedilatildeo violeta (HARBONE 1998)
Saponinas
A Anisaldeiacutedo Coloraccedilatildeo verde
escura (WAGNER 1996)
Glicosiacutedeos cardiacuteacos
F KEDD Coloraccedilatildeo Violeta
a azul-violeta (WAGNER 1996)
Cumarinas
E Anaacutelise por UV Surgimento de
fluorescecircncia azul (UV)
(WAGNER 1996)
Derivados cinacircmicos
A NEU
Surgimento de
fluorescecircncia (UV) (WAGNER 1996)
Fenilpropanoglicosiacutedeos
A NEU
Surgimento de fluorescecircncia
verde limatildeo (UV) (WAGNER 1996)
Flavonoacuteides
A NEU
Surgimento de fluorescecircncia
laranja verde e amarela (UV)
(MARKHAM 1982)
(HARBORNE 1998)
Taninos condensados A Vanilina
Cloriacutedrica
Coloraccedilatildeo vermelha
(ROBERTSON 1955)
Taninos hidrolisaacuteveis
A NEU
Negro (Visiacutevel) Fluorescecircncia azul
(UV) (NEU 1956)
Accediluacutecares
D Cloridrato de
235 Trifeniltetrazoacutelio
Coloraccedilatildeo avermelhada
(WALLENFELS 1950)
73
334 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais
A quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais foram realizados como descrito
na Farmacopeacuteia Europeacuteia como descrito a seguir
3341 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais
A Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais foi realizada de acordo com o meacutetodo de
Folin-Ciocalteu como descrito na Farmacopeacuteia Europeacuteia (2005) Os extratos e
fraccedilotildees da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa EAE EE EA EH FA FAE
foram solubilizados em etanol (10) para obtenccedilatildeo de uma concentraccedilatildeo final de
500 microgmL Cinco mililitros de cada soluccedilatildeo foram diluiacutedos para 25 ml com aacutegua
destilada Destas soluccedilotildees 2 mL foram transferidos para um balatildeo volumeacutetrico
contendo aacutegua destilada (10 ml) e depois foi adicionado 1mL do reagente de Folin-
Ciocalteu natildeo diluiacutedo sendo o volume finalmente completado para 25 mL com
Na2CO3 (10 vv)
A soluccedilatildeo foi mantida a temperatura ambiente (25ordmC) por 30 minutos quando
a absorbacircncia das amostras foi lida a 760 nm em um espectrofotocircmetro UVVis
(Evolution 60S Thermo Scientific) Aacutegua destilada foi usada como branco
A concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais foi determinada pela extrapolaccedilatildeo da
curva de calibraccedilatildeo a qual foi obtida a partir das soluccedilotildees de aacutecido gaacutelico (Sigma
Chemical Co St Louis USA) que variaram entre 20 ndash 80120583gmL A concentraccedilatildeo
polifenoacuteis totais foi calculada em triplicata foi expresso em miligramas de equivalente
de aacutecido gaacutelico por grama de amostra seca
3342 Determinaccedilatildeo de taninos totais
Com o objetivo de determinar os taninos totais 100 mg de caseiacutena (Merckreg)
foi adicionada a 10 mL de cada extrato ou fraccedilatildeo sendo a mistura homogeneizada
por 60 minutos e depois filtradas em papel de filtro Whatman No 1 O procedimento
para determinaccedilatildeo dos taninos foi similar ao descrito no item 341
O conteuacutedo de polifenoacuteis nas fraccedilotildees natildeo tanantes foi calculado pela curva
padratildeo de aacutecido gaacutelico A concentraccedilatildeo de taninos totais foi calculada como
Taninos totais = polifenois totais ndash polifenois natildeo tanantes
74
3343 Anaacutelise por Cromatografia Liquida de alta Eficiecircncia (CLAE)
Cromatogramas dos extratos e fraccedilotildees da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa que apresentaram os maiores teores de taninos e atividade
antibacteriana (EE EH e FA) foram obtidos por Cromatografia Liquida de alta
Eficiecircncia com arranjo de diodos (CLAE-DAD)
Os extratos e o padratildeo astilbina foram solubilizados em metanol para a
obtenccedilatildeo de soluccedilotildees de concentraccedilatildeo de 400 microgmL e 25microgmL respectivamente
Essas soluccedilotildees foram filtradas em membrana de politetrafluoetileno de 020 microm
(Chromafilreg) e depois adicionadas frascos acircmbar As anaacutelises foram realizadas em
equipamento CLAE-DAD (Ultimatereg 3000 Thermo Scientificreg) equipado com bomba
binaria HPG-3x00RS 3000 (RS) detector de arranjo de diodo e coletor de amostra
automaacutetico ACC-3000
As separaccedilotildees foram realizadas com uma coluna (C18) 256 x 46 mm di 5
microm (Acclaim 120 Dionexreg) equipada com (C18 4 x 3 mm di Phenomenexreg) A fase
moacutevel foi composta por aacutegua MiliQreg (eluente A) e acetonitrila (eluente B Tediareg)
ambos acidificados com 01 de soluccedilatildeo de aacutecido trifluoroaceacutetico variando de 10-
23 em 35 min para 23ndash90 em 50 min do eluente B a um fluxo de 1mLmin O
software Chromeleon 60 (Dionexreg) foi utilizado para processamento e aquisiccedilatildeo dos
dados
335 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana
A avaliaccedilatildeo da atividade antibacteriana foi realizada a partir do estudo com
diferentes estratos e fraccedilotildees
3351 Preparaccedilatildeo das amostras
Para determinaccedilatildeo da atividade antimicrobiana da casca do caule de H
stigonocarpa foram avaliados os cinco extratos ciclohexanico (EC) acetato de etila
(EAE) etanoacutelico (EE) aquoso (EA) hidroalcooacutelico (EH) e as fraccedilotildees obtidas por
particcedilatildeo do extrato Hidroalcooacutelico o de acetato de etila (FAE) e o de Aacutegua (FA)
75
3352 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana in vitro
A determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana in vitro foi realizada como descrito
a seguir
33521 Agentes antimicrobianos
O laboratoacuterio Eurofarma forneceu oxacilina ciprofloxacina teicoplanina e o
laboratoacuterio Sanofi-Aventis a polimixina B A resistecircncia foi definida para cada caso a
oxacilina (OXA MIC ge 4μgmL) ciprofloxacina (CIP MIC ge 1μgmL) teicoplanina
(TEI ge 32 μgmL) e polimixina B (POL MIC ge 8μgmL) de acordo com os criteacuterios
estabelecidos pelo Clinical Laboratory standard Institute (2012)
Os extratos EC e EAE foram solubilizados em dimetil sulfoacutexido - Tween80 -
aacutegua (118 vv) EE EAE EH FAE e FA em etanol-aacutegua (19 vv) enquanto que os
agentes antimicrobianos foram solubilizados em aacutegua As soluccedilotildees de estoque
foram esterilizados por filtraccedilatildeo atraveacutes de uma membrana Millipore com uma
porosidade de 022 microm
33522 Micro-organismos e padronizaccedilatildeo dos inoacuteculos
Bacteacuterias (n = 28) foram obtidas de culturas estoque e mantidas em nosso
laboratoacuterio (Laboratoacuterio de Fisiologia e Bioquiacutemica de Micro-organismos - LFBM) em
meio Mueller Hinton Agar sob oacuteleo mineral Para este estudo foram usadas as
seguintes cepas bacterianas isoladas de amostras cliacutenicas Staphylococcus aureus
(LFBM05 UFPEDA 01 AM 02 AM 04 AM 05 LFBM 25 AM 13 AM 18 AM 19 and
AM 21) Enterococcus faecalis (245 272 292 e 335) Klebsiella pneumoniae LFBM
01 Pseudomonas aeruginosa LFBM 01 Proteus mirabilis LFBM 01 e LFBM 02
Salmonella enterica LFBM 01 Shigella sonnei LFBM 01 e Vibrio cholera LFBM 01
Staphylococcus aureus ATCC 25923 Staphylococcus aureus ATCC 33591
Klebsiella pneumoniae ATCC 700603 Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027
Escherichia coli ATCC 25922 e Escherichia coli ATCC 35218 foram usadas como
cepas padratildeo
Esses micro-organismos foram cultivados em caldo Mueller Hinton por um
periacuteodo de 18h a 37deg C e em seguida foram cultivados em agar Mueller Hinton (AMH)
76
(Acumedia Manufacturers Baltimore USA) sendo incubados a 37∘C por 18 horas
Algumas colocircnias foram selecionadas e inoculadas em caldo Mueller Hinton
(Acumedia Manufacturers Baltimore USA) para comparaccedilatildeo da turbidez com
padrotildees 05 McFarland os quais satildeo equivalentes a contagem de aproximadamente
108 UFCmL Posteriormente essas suspensotildees bacterianas foram diluiacutedas para
obtenccedilatildeo de um inoculo de 107 UFCmL
33523 - Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo
bactericida miacutenima (CMB)
A Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (CIM) foi determinada pelo meacutetodo de
microdiluiccedilatildeo em caldo seguindo as recomendaccedilotildees estabelecidas pela Clinical
Laboratory Standards Institute (CLSI 2012) com algumas modificaccedilotildees Os ensaios
foram realizados em microplacas esteacutereis de 96 poccedilos com fundo em forma de ldquoUrdquo
Inicialmente as soluccedilotildees estoque dos extratos e agentes antimicrobianos na
concentraccedilatildeo de 2048 microgmL foram esterilizadas por filtraccedilatildeo atraveacutes de membranas
de porosidade de 022 microm milipore reg em seguida um volume de 200 microL foi
adicionado nos poccedilos de 1 a 12 da linha A Os demais poccedilos foram preenchidos
inicialmente apenas com 100 microL de caldo Mueller-Hinton
Logo apoacutes foi realizada transferecircncia de 100microL do conteuacutedo dos poccedilos da
linha A para os da linha B e assim sucessivamente ateacute a linha H sendo desprezados
os uacuteltimos 100 microL obtendo-se assim concentraccedilotildees decrescentes dos extratos
(1024 a 781 gmL)
Apoacutes a diluiccedilatildeo dos extratos e agentes antimicrobianos foi acrescido em
todos os poccedilos um volume de 5 microL dos inoacuteculo microbiano padronizado As
microplacas foram incubadas em estufa bacterioloacutegica a 37degC por 24 horas
Foi considerado crescimento total (100) na placa controle onde foi
adicionado apenas caldo Muller Hinton e os inoacuteculos A reduccedilatildeo do crescimento foi
avaliado nos orifiacutecios onde foram adicionados os extratos
Para determinar a Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima (CBM) os conteuacutedos
dos poccedilos que mostraram inibiccedilatildeo de crescimento foram semeados em MHA Apoacutes
24h de incubaccedilatildeo a 37degC o nuacutemero de micro-organismos viaacuteveis foi determinado A
CMB foi definida como a menor concentraccedilatildeo do extrato em que 999 da
77
populaccedilatildeo foram inviabilizadas Todos os experimentos foram realizados em
duplicata em dias diferentes
Apoacutes a realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo quantitativa foi realizada a determinaccedilatildeo da
viabilidade dos micro-organismos por comprovaccedilatildeo atraveacutes da adiccedilatildeo de soluccedilatildeo
aquosa a 05 de cloridrato de 235 trifeniltetrazoacutelio (TTC)
As microplacas foram novamente incubadas por mais trecircs horas a 37degC Apoacutes
esse intervalo de tempo a leitura da placa foi realizada a presenccedila de uma
coloraccedilatildeo vermelha nos poccedilos foi interpretada como prova negativa do efeito
inibitoacuterio do extrato ou seja houve crescimento bacteriano enquanto que a
ausecircncia de cor foi considerada prova positiva da accedilatildeo antimicrobiana dos extratos
A CIM foi definida como sendo a menor concentraccedilatildeo da droga antimicrobiana que
impede o crescimento visiacutevel do micro-organismo semeado
336 Anaacutelise ultraestrutural
Staphylococcus aureus ATCC 33591 na concentraccedilatildeo de 104 UFCmL foi
cultivado em caldo Muller Hinton (grupo controle) e em caldo adicionado de extrato
hidroalcooacutelico a 256 e 128 microgmL (CIM e frac12 CIM) respectivamente Apoacutes isso as
culturas foram incubadas a 37degC por 24 horas Essas culturas foram centrifugadas e
os precipitados foram fixados em paraformaldeiacutedo 4 e glutaraldeido 25 em 01
M de tampatildeo cacodilato de soacutedio (pH 72) por 4 horas a temperatura ambiente
Os precipitados foram lavados e centrifugados por 10 minutos no mesmo
tampatildeo Sendo esse procedimento repetido por trecircs vezes Posteriormente os
precipitados foram poacutes-fixados em tetroacutexido de oacutesmio 2 ferrocianeto de potaacutessio
08 e cloreto de caacutelcio 5 mM em tampatildeo cacodilato de soacutedio 01 M por 1 hora e
lavada em tampatildeo cacodilato de soacutedio
As amostras foram desidratadas utilizando gradientes de soluccedilotildees de acetona
e depois adicionadas agrave resina Epon 812 (Sigma EUA) Em seguida seccedilotildees
ultrafinas foram obtidas atraveacutes de um ultramicrotomo (Leica UC6) coradas com
acetato de uranila e citrato de chumbo e examinado em microscoacutepio eletrocircnico de
transmissatildeo Morgani-FEIreg
78
37 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA
A anaacutelise estatiacutestica foi realizada utilizando Anova one-way e teste de
comparaccedilatildeo muacuteltiplas Newman-Keuls usando o software GraphPad Prism versatildeo
50 para Windows GraphPad Software (San Diego CA) e p lt 005 foi usado como
niacutevel de significacircncia
79
34 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados obtidos neste estudo estatildeo descritos a seguir
341 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal
A descriccedilatildeo dos aspectos anatocircmicos do material vegetal eacute um importante
passo para caracterizaccedilatildeo e padronizaccedilatildeo dos espeacutecimes vegetais que servem de
mateacuteria prima para a produccedilatildeo de medicamentos Assim apoacutes avaliaccedilatildeo
farmacobotacircnica foi possiacutevel observar que o caule de Hymenaea stigonocarpa
apresentou estrutura semelhante agravequela descrita na literatura para espeacutecies do
gecircnero (WATSON DALLWITZ 2012)
3411 Anatomia
Em uma amostra do caule de Hymeneae stigonocarpa com
aproximadamente 4 mm de diacircmetro a regiatildeo da casca apresentou mais
externamente oito camadas de suacuteber (Figura 29) constituiacutedo por ceacutelulas achatadas
periclinalmente (paralelas agrave superfiacutecie do caule)
Figura 29 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo
adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do
suacuteber corada com safranina e azul de astra
SB ndash suacuteber (aumento de 400x)
Imediatamente abaixo do suacuteber foi encontrada uma faixa estreita constituiacuteda
por apenas uma camada de ceacutelulas o felogecircnio tecido indiferenciado que origina o
suacuteber para fora e a feloderme para dentro (Figura 30) A feloderme estava
constituiacuteda por duas camadas apoacutes o feloderme foi encontrado o parecircnquima
cortical com 10 camadas de ceacutelulas O conjunto destes tecidos secundaacuterios
constitui a periderme
SB
80
Figura 30 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto
de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do suacuteber
felogecircnio feloderma e parecircnquima cortical corados com
safranina e azul de astra
FG- Felogecircnio FD-Feloderme PC-Parecircnquima cortical CS- Canal secretor (aumento 100x)
Na regiatildeo da feloderme foram encontrados canais de secreccedilatildeo com
revestimento interno de ceacutelulas pequenas e achatadas periclinalmente (Figura 31)
Figura 31 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo
adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando parecircnquima
cortical esclerecircnquima e floema corados com safranina e
azul de Astra
S- Canal secretor CP ndash ceacutelulas pequenas EC ndash esclerecircnquima FL ndash Floema Aumento 100x
Mais internamente apoacutes a feloderme foram observados grupos de fibras de
esclerecircnquima em forma de feixe Apoacutes o faixa de esclerecircnquima eacute observada a
presenccedila do floema tecido responsaacutevel pela conduccedilatildeo da seiva elaborada
Foram encontradas cavidades secretoras em maior quantidade no
parecircnquima cortical de porccedilotildees jovens dos ramos se comparadas agraves porccedilotildees
adultas Em estrutura secundaacuteria o nuacutemero dessas cavidades se mostrou bastante
FG
FD PC
CS
CS ECCC
FL
CP
81
reduzido isto pode ser devido ao esmagamento de algumas dessas cavidades em
consequecircncia da pressatildeo radial exercida pelo crescimento da feloderme e da
atividade do cacircmbio
3412 Histoquiacutemica
Na analise histoquiacutemica foi realizada a avaliaccedilatildeo da presenccedila de polifenoacuteis e
taninos
34121 Avaliaccedilatildeo de Polifenoacuteis
Foi observada a ocorrecircncia de polifenoacuteis nos elementos feloderme
parecircnquima cortical e floema regiotildees coradas em marrom (Figura 32)
Figura 32 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto
de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com
dicromato de potaacutessio para visualizaccedilatildeo de regiotildees com
conteuacutedos fenoacutelicos
FG- felogecircnio FD ndash feloderme PC- Parenquima cortical EC ndash esclerecircnquima FL ndash Floema (aumento 40x)
A anaacutelise histoquiacutemica da casca do caule forneceu informaccedilotildees quanto agrave
presenccedila e localizaccedilatildeo dos compostos fenoacutelicos evidenciados pela reaccedilatildeo ao
dicromato de potaacutessio e vanilina cloriacutedrica que revelam a presenccedila de compostos
fenoacutelicos totais e taninos respectivamente
FD
FL
FG
EC
PC
82
34122 Detecccedilatildeo da presenccedila de taninos
A avaliaccedilatildeo da presenccedila de taninos foi realizada em caules jovens e adultos
341221 caules jovens
O caule jovem identificado pela presenccedila de pelo tector (figura 33) na regiatildeo
do coacutertex observamos a ocorrecircncia de taninos nos elementos feloderme
parecircnquima cortical e floema (FL) (regiotildees coradas em vermelho)
Figura 33 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo jovem de
Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina
cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos
PT- Pelo tector FG ndash felogecircnio FL ndash floema (aumento de 100x)
341222 caules adultos
Na regiatildeo do coacutertex de caule adulto (presenccedila de suacuteber) observamos a
ocorrecircncia de taninos nos elementos de felogecircnio feloderme e floema (Figura 34)
FG
FLD
FL
FLD
PT
FLD
83
Figura 34 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de
Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina
cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos
SB - Suacuteber FG ndash felogecircnio FD-feloderme FL ndash floema (aumento de 40x)
A presenccedila de taninos foi evidenciada em amostras de caule jovens e adultas
indicando a manutenccedilatildeo de sua presenccedila na estrutura no parecircnquima cortical e na
feloderme Isto indica que a produccedilatildeo de taninos eacute continuada nas ceacutelulas de
feloderme produzidas pelo felogecircnio confirmando a avaliaccedilatildeo fitoquiacutemica que
indicou a presenccedila de taninos em amostras de casca de caule
Em virtude da maior espessura de parecircnquima cortical constituiacutedo por ceacutelulas
contendo tanino em ramos mais maduros a extraccedilatildeo da casca nos mesmos implica
na possiacutevel exposiccedilatildeo do floema ao ataque de micro-organismos levando estas
ceacutelulas agrave morte aleacutem de possibilitar sua proliferaccedilatildeo ao longo dos feixes vasculares
e em casos mais extremos podendo levar agrave morte de partes da planta ou do proacuteprio
indiviacuteduo Assim a extraccedilatildeo de taninos poderia ser mais viaacutevel e eficiente atraveacutes de
podas perioacutedicas em ramos mais jovens levando a uma obtenccedilatildeo continuada de
taninos
342 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal
O rendimento obtido apoacutes a extraccedilatildeo com ciclohexano acetato de etila etanol
e aacutegua foi de 035 265 1198 e 209 respectivamente
FD
SB
FLD
FL
FG
FLD
84
A extraccedilatildeo hidroalcooacutelica levou a um rendimento de 1549 As fraccedilotildees
acetato de etila e aquosa obtidas a partir da fraccedilatildeo hidroalcooacutelica tiveram
rendimentos de 2208 e 57 respectivamente
3421 Anaacutelise fitoquiacutemica
A prospecccedilatildeo fitoquiacutemica nos extratos ciclo hexano acetato de etila etanol eacute
aacutegua atraveacutes de CCD sugere a presenccedila de flavonoacuteides accedilucares redutores
taninos condensados proantocianidinas leucoantocianidinas monoterpenos
sesquiterpenos triterpenos esteroides e cumarinas nos diferentes extratos de
Hymenaea stigonocarpa devido a avaliaccedilatildeo pelo uso de reveladores e comparaccedilatildeo
com a coloraccedilatildeo dos padrotildees
34211 Monoterpenos e sesquiterpenos
A presenccedila de monoterpenos e sesquiterpenos (natildeo diferenciados entre pelo
uso do revelador) foi identificada no extrato EC (Figura 35) a partir da visualizaccedilatildeo
de vaacuterias bandas de coloraccedilatildeo variando de violeta a azul escuro as quais foram
comparadas com a coloraccedilatildeo produzida pelo padratildeo timol (Rf = 035)
Figura 35 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo da presenccedila de
monoterpenos e sesquiterpenos
Sistema de eluiccedilatildeo Tolueno ndash AcOEt (97 3 vv) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padratildeo de Timol (Rf = 035) revelador vanilina sulfuacuterica
Rf = 035
Rf = 080
Rf = 055
Rf = 014
Rf = 004
Rf = 012
85
34212 Triterpenos e esteroacuteides
A presenccedila de triterpenos e esteroides (natildeo diferenciados entre si) foram
identificados apenas no extrato EC (Figura 36) a partir da visualizaccedilatildeo de vaacuterias
bandas de coloraccedilatildeo variando de rosa a vermelho as quais foram comparadas com
a coloraccedilatildeo produzida a partir da utilizaccedilatildeo do padratildeo de β-sitosterol (Rf 012)
Figura 36 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de triterpenos e
esteroacuteides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 05 05 05 vv ) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padratildeo de β-sitosterol (Rf = 012) revelador Liebermann Burchard
A ocorrecircncia de terpenos nas espeacutecies do gecircnero Hymenaea jaacute eacute
amplamente conhecida resinas de cor amarela e avermelhada produzidas pelas
aacutervores do gecircnero Hymenaea L satildeo descrita desde o periacuteodo dos iacutendios preacute-
colombianos devido a seu uso na fabricaccedilatildeo de joias (LEE LANGENHEIM 1975)
Dentre as espeacutecies do gecircnero Hymenaea a mais estudada eacute a Hymenaea
courbaril nela tambeacutem satildeo descritas a ocorrecircncia de terpenos em diferentes partes
da planta tais como folhas (MARTIN et al 1972 LANGENHEIM et al 1986) resina
das folhas (LANGENHEIM 1972 ABDEL-KADER et al 2002) resina do troco
(LANGENHEIM 1973 MARSAIOLI et al 1975 ABDEL-KADER et al 2002) resina
dos frutos (OURISSON et al 1973) e sementes (NOGUEIRA 2001)
Rf = 012
Rf = 086
Rf = 063
Rf = 035
Rf = 023
Rf = 007
86
Quanto agrave presenccedila de terpenos na casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa nossos resultados estatildeo de acordo com o que foi descrito por
Giacomini e colaboradores (2006) que relatam a presenccedila de terpenos isolados a
partir de extrato hexacircnico do epicarpo assim como o que relatam Domeacutenech-carboacute
e colaboradores (2009) que identificaram o aacutecido eperuico e seus isocircmeros juntos
com aacutecido copaacutelico como os principais componentes da resina da casca do caule de
Hymenaea stigonocarpa
Se analisarmos a presenccedila de terpenos nas diferentes partes da planta
podemos observar que eles satildeo de ocorrecircncia frequente nesta espeacutecie como
descrevem Faria e colaboradores (2004) Esses autores demonstram a presenccedila de
diterpenos nas sementes e Langenheim e colaboradores (1986) que descreve nas
folhas a ocorrecircncia de -cariofileno e α-muroleno sesquiterpenos com atividade
antifuacutengica e accedilatildeo repelente contra insetos
34213 Flavonoacuteides e cumarinas
Da casca do caule foram evidenciadas duas bandas nos extratos acetato de
etila (2) e etanoacutelico (2) com caracteriacutesticas de flavonoides (amarelo e laranja) de Rf
005 e 047 (Figura 37) Esta CCD tambeacutem indica a presenccedila de cumarinas Rf 098
e 093 (coloraccedilatildeo azul) nos extratos ciclohexano e acetato de etila
Figura 37 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de flavonoides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padratildeo luteolina (Rf = 047) revelador NEU
Rf = 047
Rf = 093
Rf = 098
Rf = 047
Rf = 005
87
Simotildees e colaboradores (2009) descreveram a ocorrecircncia de cumarinas em
espeacutecies do gecircnero Hymenaea Estes autores isolaram duas cumarinas a
ipomopsina e hymenaina das sementes de H courbaril ambas com atividade
antifuacutengica No entanto este eacute o primeiro relato da presenccedila de cumarinas em H
stigonocarpa
34214 Accedilucares
A presenccedila de accedilucares foi observada no extrato etanoacutelico a partir da
visualizaccedilatildeo de banda de coloraccedilatildeo avermelhada a qual foi comparada com a
coloraccedilatildeo produzida a partir da utilizaccedilatildeo dos padrotildees glicose e raminose apoacutes a
revelaccedilatildeo com 235 cloridrato de trifeniltetrazoacutelio (Figura 38) Apoacutes a comparaccedilatildeo
entre os fatores de retenccedilatildeo uma das bandas foi identificada como supostamente
glicose (Rf 053)
Figura 38 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de accedilucares
Sistema de eluiccedilatildeo n-BuOH-Me2CO-tampatildeo fosfato pH = 50 (40 50 10 vv) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padrotildees de glicose (Rf = 053) e ramnose (Rf =046) revelador 235 cloridrato de trifeniteltrazolio
34215 Taninos hidrolisaacuteveis e condensados
Nenhum tanino hidrolisado foi identificado nos extratos obtidos sendo
utilizados o aacutecido gaacutelico e o elaacutegico como padrotildees e como revelador o reagente de
Rf = 053 Rf = 053 Rf = 046
88
Neu (Figura 39) A presenccedila de taninos condensados foi identificada apoacutes revelaccedilatildeo
com vanilina cloriacutedrica (Figura 40) nos extratos de EAE EE e EA
A quantidade e o tipo de taninos sintetizados pelas plantas variam
consideravelmente dependendo da espeacutecie do cultivo do tecido e de condiccedilotildees
ambientais Geralmente a concentraccedilatildeo eacute maior em espeacutecies que prosperam em
solos agriacutecolas pobres ou de baixa calagem tal como ocorre nas regiotildees tropicais e
subtropicais (OTERO HIDALGO 2004) Aleacutem disso as concentraccedilotildees de taninos
satildeo maiores nas partes dos vegetais expostas ao sol indicando portanto uma
relaccedilatildeo entre a fase dependente de luz da fotossiacutentese com a produccedilatildeo de taninos
(HEIL et al 2002)
Tradicionalmente os taninos satildeo classificados segundo a sua estrutura
quiacutemica em dois grupos taninos hidrolisaacuteveis e taninos condensados Taninos
hidrolisaacuteveis satildeo caracterizados por um poliol central geralmente β-D-glicose cujas
funccedilotildees hidroxilas satildeo esterificadas Apoacutes a hidrolise aacutecida das ligaccedilotildees ester os
dois principais representantes gerados satildeo o aacutecido gaacutelico e o elaacutegico Os taninos
condensados proantocianidinas satildeo oligocircmeros e poliacutemeros formados pela
policondensaccedilatildeo de duas ou mais unidades flavan-3-ol e flavan-34-diol Dentre os
taninos condensados pode ser descrito outra classe as leucoantocianidinas (flavan-
34-dioacuteis) classe intermediaacuteria na via de formaccedilatildeo dos taninos condensados
(SIMOtildeES et al 2004)
Figura 39 - Cromatograma do extrato etanoacutelico (B) para
avaliaccedilatildeo de taninos hidrolisaacuteveis
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv) 1 ndash Extrato etanoacutelico P ndash aacutecido gaacutelico e elaacutegico (Rf = 053) e (Rf =060) revelador Reagente de Neu
Rf = 053
Rf = 060
89
A presenccedila de taninos condensados foi identifica nos extratos EAE EE e EA
(Figura 40) a partir da visualizaccedilatildeo de vaacuterias bandas de coloraccedilatildeo avermelhadas as
quais foram comparadas com a coloraccedilatildeo produzida a partir da utilizaccedilatildeo do padratildeo
de epicatequina (Rf 095) revelado com vanilina cloriacutedrica
Figura 40 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de taninos
condensados
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) 1 ndash extrato ciclo hexano 2 ndash extrato acetato de etila 3 ndash extrato etanoacutelico 4 ndash extrato aquoso P - padratildeo epicatequina (Rf = 095) revelador vanilina cloriacutedrica
Os taninos condensados em geral estatildeo amplamente distribuiacutedos em plantas
lenhosas Jaacute os taninos hidrolisaacuteveis natildeo satildeo frequentes neste tipo de plantas
Dentre os metaboacutelitos secundaacuterios presentes os taninos condensados perfazem
aproximadamente metade da mateacuteria seca constituindo a segunda fonte de
polifenoacuteis no reino vegetal perdendo apenas para a lignina (HAGERMAN et al
1997 ARGYROPOULOS 1999)
Nos extratos avaliados foram identificadas a presenccedila de
proantontocianidinas e leucoantocianidinas essas classes podem ser identificadas
atraveacutes da realizaccedilatildeo de cromatografia em camada delgada devido agrave diferenccedila das
suas polaridades onde as leucoantocianidinas apresentam diferente fator de
retenccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves proantociandininas apresentando uma maior migraccedilatildeo em
solventes mais polares
1 2 3 4 P
Rf = 093 Rf = 083 Rf = 075 Rf = 069
Rf = 095
90
Apoacutes a anaacutelise fitoquiacutemica nos quatro extratos obtidos atraveacutes de extraccedilatildeo
exaustiva seriada por maceraccedilatildeo o extrato hidroalcooacutelico foi obtido por maceraccedilatildeo
apoacutes a identificaccedilatildeo da maior atividade antibacteriana nos extratos que continham
maiores teores dos metaboacutelitos secundaacuterios polares
Foram identificados metaboacutelitos secundaacuterios no extrato hidroalcooacutelico (EH) e
em suas fraccedilotildees aquosa (FA) e acetato de etila (FAE)
34216 Flavonoacuteides apoacutes particcedilatildeo
Foi observada uma banda no extrato EH (Figura 41) uma delas comparada
ao padratildeo de astilbina apresentou o mesmo fator de retenccedilatildeo (Rf 028) a outra
comparada ao padratildeo luteolina apresentou tambeacutem o mesmo fator de retenccedilatildeo (Rf
060)
Figura 41 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico de
Hymenaea stigonocarpa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) 5 ndash Extrato Hidroalcooacutelico P1 ndash Padratildeo de astilbina (Rf = 060) P2 - Padratildeo luteolina (Rf = 028) revelador NEU
Avaliando a presenccedila de flavonoacuteides na casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa foram observadas duas bandas na anaacutelise por CCD uma apoacutes uso de
padrotildees apresentou o mesmo fator de retenccedilatildeo que o flavonoacuteide astilbina e a outra
Rf = 060
Rf = 060
Rf = 028
Rf = 028
P1 5 P2
91
o mesmo da luteolina A astilbina tem ocorrecircncia descrita para o gecircnero Hymenaea
sendo relatada nas espeacutecies Hymenaea parvifolia identificada na resina do caule
(ISHIBASHI et al 1999) e em Hymenaea stigonocarpa identificada na casca do
caule por espectro de infravermelho (LOVATO amp NUNES 2007)
34217 Taninos condensados apoacutes particcedilatildeo
Os taninos condensados estatildeo presentes no EH e nas fraccedilotildees FA e FAE No
FA (Figura 42) haacute presenccedila apenas de proantocianidinas (banda natildeo revelada pelo
reagente NEU que ficou retida no ponto de aplicaccedilatildeo) na fraccedilatildeo FAE haacute ocorrecircncia
de leucoantocianidinas (Figura 43) e flavonoacuteides
Na figura 42 apesar do uso do revelador Neu pode-se observar a presenccedila
de taninos condensados no ponto de aplicaccedilatildeo do cromatograma e a ausecircncia de
flavonoacuteides quando comparamos a FA e o EH Na figura 43 pode-se observar a
ausecircncia das proantocianidinas na FAE quando comparada ao EH
Figura 42 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo
aquosa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) EH ndash Extrato Hidroalcooacutelico FA ndash Fraccedilatildeo aquosa revelador de Neu
Rf = 004
Rf = 069
Rf = 047
EH FA
92
Figura 43 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo
acetato de etila para avaliaccedilatildeo de taninos
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) EH ndash Extrato Hidroalcooacutelico FAE ndash Fraccedilatildeo acetato de etila revelador vanilina cloriacutedrica
343 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais
Foram quantificados polifenoacuteis e taninos nos diferentes extratos obtidos
3431 Determinaccedilatildeo da Curva de calibraccedilatildeo do aacutecido gaacutelico
A concentraccedilatildeo polifenoacuteis totais foi determinada pela extrapolaccedilatildeo da curva
de calibraccedilatildeo (y = 01037 x + 00024 R2 = 09992) a qual foi obtida a partir das
soluccedilotildees de aacutecido gaacutelico (Sigma Chemical Co St Louis USA) que variaram entre
20ndash80120583gmL
3442 Determinaccedilatildeo do teor de polifenoacuteis e taninos totais
Utilizando a equaccedilatildeo da reta foram obtidos os valores de polifenoacuteis totais em
equivalentes miligramas de aacutecido gaacutelico por grama de resiacuteduo seco conforme
expresso na tabela 1
EH FAE
Rf = 089 Rf = 083 Rf = 074 Rf = 069
Rf = 089 Rf = 083 Rf = 074 Rf = 069
93
Tabela 1 - Conteuacutedo de polifenois e taninos totais dos diferentes
extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa
O teor de polifenois e taninos totais foi expresso em mg GAEg de resiacuteduo seco As medias marcadas com () natildeo satildeo significativamente diferentes (plt005)
O conteuacutedo de polifenois totais variou de 495 plusmn 002 a 712 plusmn 003 mg GAEg
de resiacuteduo seco Esses resultados indicam uma alta concentraccedilatildeo desses
componentes nos extratos polares Os conteuacutedos de polifenois foram ateacute cerca de
30 vezes maiores que os valores obtidos no extrato etanoacutelico da madeira de
Hymenaea stigonocarpa obtidos por Oliveira e colaboradores (2010)
344 Anaacutelise por cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE-DAD)
Os extratos e fraccedilotildees EE EH e FA com os maiores conteuacutedos de taninos
foram selecionados para serem analisados por CLAE-DAD O cromatograma desses
extratos e fraccedilotildees eacute mostrado na figura 44
Picos A B C e D presentes em todos os cromatogramas eluidos no tempo
de retenccedilatildeo 29-37 min e absorvidos em 280 nm com um braccedilo proacuteximo a 198 nm e
uma absorccedilatildeo maacutexima entre 290 e 294 nm satildeo sugestivos de derivados de
flavonoides Esses espectros estatildeo de acordo com dados da literatura (MABRY et
al 1970)
O pico B com o tempo de retenccedilatildeo de 31453 minutos foi identificado como
astilbina Essa identificaccedilatildeo foi possiacutevel devido a comparaccedilatildeo entre o espectro de
absorccedilatildeo do EE EH e EH + astilbina com absorccedilatildeo maacutexima de 2903 nm
A onda E com o tempo de retenccedilatildeo entre 39 ndash 48 min parece estar
relacionada a taninos condensados observados neste estudo na anaacutelise por CCD
ExtratosFraccedilotildees Polifenois totais Taninos totais
Ciclohexano (EC) 000 000
Acetato de etila (EAE) 663 plusmn 013 182 plusmn 017
Etanoacutelico (EE) 726 plusmn 004 276 plusmn 010
Aquoso (EA) 495 plusmn 002 146 plusmn 006
Hidroalcooacutelico (EH) 696 plusmn 009 296 plusmn 008
Aquoso (FA) 616 plusmn 003 271 plusmn 005
Acetato de etila (FAE) 712 plusmn 003 200 plusmn 004
94
Figura 44 - Cromatogramas obtidos por CLAEndashDAD de diferentes extratos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
Extrato Hidroalcooacutelico (EH) + Astilbina (98) Extrato Hidroalcooacutelico (EH) Extrato Etanoacutelico (EE) e Fraccedilatildeo Aquosa (FA) obtidos por
CLAE-DAD a 280nm Cada pico cromatograacutefico aparece com seu correspondente tempo de retenccedilatildeo Espectro de UV com padratildeo
derivado de flavonoides (A C e D) e identificado como astilbina (B)
C D B A Peak 4 100 at 2980 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1983
2902
50 at 2967 min 99984
-50 at 2993 min 99986
Peak 5 100 at 3139 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1984
1912 2905
50 at 3126 min 99977
-50 at 3152 min 99995
Peak 6 100 at 3532 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1975
1931
2939
50 at 3520 min 99658
-50 at 3545 min 99665
Peak 7 100 at 3621 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1981
19102943
50 at 3609 min 99932
-50 at 3634 min 99902
HE + Astilbina A
B
C D E
HE
EE
AF
Tempo (min)
Ab
so
rbacircn
cia
(m
AU
)
A
C D E
A B
C D E
E
B
94
95
Apenas monocircmeros e oligocircmeros ateacute tetracircmeros de catequinas e proantocianidinas
podem ser separadas e detectadas como um pico definido (ANDERSEN 2006 PARK
2012) Catequinas polimeacutericas presentes em muitos materiais vegetais natildeo resultam
em picos bem definidos Eles provocam uma deriva na linha de base e a formaccedilatildeo de
ondas caracteriacutesticas nos cromatogramas em CLAE
345 Atividade antibacteriana
Natildeo existe um consenso cientiacutefico sobre os valores de concentraccedilotildees inibitoacuterias
miacutenimas aceitaacuteveis para produtos naturais quando comparados com antibioacuteticos
padrotildees alguns autores consideram somente resultados similares aos de antibioacuteticos
enquanto outros consideram com eficaacutecia mesmo aqueles com niacuteveis de inibiccedilotildees
superiores
Sartoratto et al (2004) propocircs uma classificaccedilatildeo com base nos resultados da
CIM considerando como forte inibiccedilatildeo quando obtida para valores de CIM entre 50 e
500 microgml uma atividade moderada para valores de CIM entre 600 e 1500 microgml e
uma atividade fraca para valores acima de 1500 microgml
No presente estudo foi observado que a atividade antimicrobiana dos extratos
EC EAE EE e EA da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa frente agraves bacteacuterias
Gram negativas apresentaram atividade moderada A CIM para os extratos foi de 1024
microgmL frente agraves espeacutecies de bacilos Gram negativos avaliados
O extrato EC constituiacutedo por terpenos esteroacuteide e cumarina tambeacutem
apresentou moderada inibiccedilatildeo frente os Bacilos Gram negativos avaliados
apresentando valores de CMI de 1024 microgmL para as enterobacterias e bacteacuterias natildeo
fermentadoras Os extratos EAE EE e EA apresentando taninos e flavonoacuteides
apresentaram tambeacutem inibiccedilatildeo moderada sobre as bacteacuterias Gram negativas avaliadas
com valores de CMI de 1024microgmL para as enterobacterias e bacteacuterias natildeo
fermentadoras
Quanto agrave atividade antimicrobiana dos extratos frente agraves bacteacuterias Gram
negativas os extratos apresentaram atividade moderada em relaccedilatildeo a todas as
espeacutecies avaliadas devido a presenccedila de forte carga negativa na parede celular deste
tipo de bacteacuteria em decorrecircncia da presenccedila de lipopolissacariacutedeos (IKIGAI et
al1993) o que dificultaria a interaccedilatildeo dos compostos do extrato com o micro-
96
organismo Fato que natildeo ocorre em bacteacuterias Gram positivas pela diferenccedila na
caracteriacutestica eleacutetrica
Os extratos avaliados frente agrave Staphylococccus aureus e Enterococcus faecalis
apresentaram uma melhor atividade quando comparadas aos bacilos Gram negativos
(tabela 2)
O extrato EC obtido por extraccedilatildeo com ciclohexano constituiacutedo por terpenos
esteroacuteides e cumarina apresentou moderada atividade sobre as cepas de Saureus e
Enterococcus faecalis As CMI foram de 1024 microgmL para Enterococcus faecalis e S
aureus (Tabela 2)
Quanto ao extrato EAE obtido por extraccedilatildeo com acetato de etila como solvente e
constituiacutedo por flavonoacuteides e taninos condensados foi observado uma maior
atividade cujas CIM foram de 512 microgmL para Staphylococcus aureus e
Enterococcus faecalis (tabela 2)
O extrato EE obtido atraveacutes do uso de aacutelcool etiacutelico como liacutequido extrativo
constituiacutedo tambeacutem por flavonoacuteides e taninos condensados apresentou melhor
atividade quando comparada aos dois extratos anteriores cujos valores de CIM
variaram de 128 a 256 gmL para Staphylococcus aureus e foi 256 microgmL para
Enterococcus faecalis (tabela 2)
O extrato EA obtido a partir do uso maceraccedilatildeo utilizando aacutegua como soluccedilatildeo
extrativa foi constituiacutedo por flavonoacuteides e taninos condensados apresentou frente as
cepas avaliadas se comparada ao extrato extratos anteriormente relatados com
valores de CMB e CIM de 512 microgmL para Staphylococcus aureus
O extrato EH obtido por maceraccedilatildeo utilizando etanol aacutegua 50 vv como soluccedilatildeo
extrativa constituiacutedo por flavonoacuteides e taninos condensados natildeo apresentou diferenccedila
significativa (plt005) se comparado ao extrato EE frente agrave Staphylococcus aureus
(tabela 2)
Cepas de Staphylococcus aureus mostraram ser mais susceptiacuteveis aos extratos
EC EAE EE EA e EH sendo este micro-organismo selecionado para os estudos
posteriores
Para avaliarmos que classes de metaboacutelitos secundaacuterios poderiam apresentar
maior atividade antibacteriana frente agraves cepas de Staphylococcus aureus foram
avaliadas as fraccedilotildees FA e FAE obtidos apoacutes particcedilatildeo do extrato EH ricos em taninos
condensados e flavonoacuteides respectivamente
97
Tabela 2 - Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima dos extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa frente a cocos Gram-positivos
American Type Culture Collection ATCC Extrato Ciclohexano CE Extrato Acetato de Etila EAE Extrato Etanoacutelico EE Extrato Aquoso AE extrato
Hidroalcooacutelico HE Fraccedilatildeo Aquosa FA Fraccedilatildeo Acetato de Etila FAE oxacillina OXA Teicoplanina TEI Astilbina AST Laboratoacuterio de Fisiologia e
Bioquiacutemica de Micro-organismos LFBM natildeo determinado ND
Cocos Gram positivos Origem Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (microgmL)
EC EAE EE EA EH
FA FAE AST OXA TEI
Staphylococcus aureus ATCC 25293 ATCC 512 512 256 512 128 128 128 1024 012 ND
Staphylococcus aureus ATCC 33591 ATCC 1024 512 256 512 256 256 512 1024 64 ND
Staphylococcus aureus AM 02 Hemocultura 1024 512 256 512 256 125 512 1024 32 ND
Staphylococcus aureus AM 04 Escarro 512 512 128 128 128 128 256 1024 10 ND
Staphylococcus aureus AM 05 Sec Vaginal 512 512 512 512 128 64 512 1024 10 ND
Staphylococcus aureus UFPEDA 01 Escarro 512 512 128 512 64 64 256 1024 012 ND
Staphylococcus aureus AM 13 Hemocultura 512 512 256 512 256 125 256 1024 012 ND
Staphylococcus aureus IC 17 Secreccedilatildeo 512 512 256 512 256 256 256 1024 256 ND
Staphylococcus aureus AM 18 Hemocultura 512 512 256 512 64 64 512 1024 256 ND
Staphylococcus aureus AM 19 Hemocultura 1024 512 256 512 256 128 512 1024 16 ND
Staphylococcus aureus AM 20 Sec Traqueal 1024 512 256 512 256 256 512 1024 80 ND
Staphylococcus aureus AM 21 Sec Traqueal 1024 512 256 512 256 256 512 1024 16 ND
Enterococcus faecalis 245 Hemocultura 1024 512 256 256 256 256 512 1024 ND 80
Enterococcus faecalis 272 Hemocultura 1024 512 256 512 512 256 512 1024 ND 80
Enterococcus faecalis 292 Urina 1024 512 256 512 256 256 512 1024 ND 025
Enterococcus faecalis 335 Hemocultura 1024 512 256 512 256 256 512 1024 ND 40
98
A fraccedilatildeo FA constituiacuteda apenas por taninos condensados (figura 15)
apresentou atividade estatisticamente semelhante aos extratos EE e EH cujo valor
de CMI variou entre 64 e 256 microgmL para cepas MSSA e MRSA (tabela 2)
A fraccedilatildeo FAE rica em flavonoacuteides apresentou uma menor atividade quando
comparada a fraccedilatildeo FA para as cepas MSSA e MRSA (plt005) Os valores de CIM
variaram de 128 a 512 microgmL e 256 a 512 microgmL respectivamente (tabela 2)
Com o objetivo de avaliar a influecircncia da astilbina na atividade antibacteriana
da fraccedilatildeo FAE foi realizada uma avaliaccedilatildeo utilizando um padratildeo de astilbina com
98 de pureza Quando comparada sua resposta ao extrato FAE podemos
concluir que a atividade antimicrobiana natildeo sofre grande influencia dos flavonoacuteides
pois os valores de CMI foram de 1024microgmL na maioria das cepas estudadas tanto
para MRSA como MSSA Apesar da astilbina tambeacutem apresentar atividade
antimicrobiana pois apresentou CIM entre 512microgmL para cepas MSSA e MRSA
(tabela 2)
Apoacutes a avaliaccedilatildeo de todos os extratos obtidos a partir de diferentes extraccedilotildees
foi possiacutevel agrupar os valores de CIM obtidos frente a cepas de Staphylococcus
aureus testadas assim de acordo com a atividade dos extratos observamos a
seguinte sequecircncia de quanto os valores da CMI
Os extratos EC e EAE (apolares) constituiacutedos por terpenos esteroides e
cumarinas foram os menos ativos A atividade frente agrave Staphylococcus aureus
poreacutem eacute relatada quando avaliado o oacuteleo de capim limatildeo (Cymbopogon citrates) rico
em terpenos tais como citral geraniol e myrceno (AIEMSAARD et al 2011)
O mecanismo de accedilatildeo destas substacircncias ainda natildeo eacute completamente
entendido mas especula-se que estaacute envolvido no rompimento de constituinte
lipofiacutelicos das membranas (COWAN 1999) Os terpenos perecem ter muacuteltiplos alvos
na ceacutelula bacteriana dependendo da concentraccedilatildeo utilizada assim como da
composiccedilatildeo do extrato avaliado (AIEMSAARD et al 2011)
Atividades melhores foram obtidas poreacutem pelos extratos mais polares tais
como EA e a fraccedilatildeo FAE mas as melhores atividades foram observadas apoacutes a
avaliaccedilatildeo dos extratos EE EH e FA Avaliando os constituintes destes extratos foi
possiacutevel observar que os extratos com ausecircncia de taninos condensados foram os
menos ativos sendo os mais ativos os que continham essa classe de metaboacutelitos
99
346 Alteraccedilotildees ultraestruturais
Para esta anaacutelise foi utilizado o extrato Hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa A seleccedilatildeo deste extrato natildeo foi apenas devido a sua atividade pois o
extrato etanoacutelico e a fraccedilatildeo aquosa natildeo apresentam diferenccedilas significativas em
relaccedilatildeo a este Aleacutem da atividade antibacteriana o hidroalcooacutelico apresentou mais
faacutecil obtenccedilatildeo menor toxicidade em relaccedilatildeo ao solvente utilizado aleacutem de maior
conteuacutedo de flavonoides metaboacutelitos de grande potencial farmacoloacutegico
Quanto ao micro-organismo avaliado foi utilizada cepa padratildeo de
Staphylococcus aureus ATCC 33591 resistente a meticilina As alteraccedilotildees
provocadas na cepa Staphylococcus aureus ATCC 33591 exposta ao extrato
Hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa presente na concentraccedilatildeo inibitoacuteria
miacutenima e na metade da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima podem ser observadas na
figura 45
O tratamento na metade da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (Figura 45 D a F)
levou ao aparecimento de orifiacutecios na parede celular (OPC) a aparecircncia de parede
parcialmente digerida a esfoliaccedilatildeo na superfiacutecie bacteriana ao espessamento do
septo (ES) e exposiccedilatildeo das amostras da membrana citoplasmaacutetica
O surgimento de pequenos orifiacutecios na parede celular (OPC) ocorre devido agrave
accedilatildeo enzimas bacterianas chamadas autolisinas presentes entre os peptidoglicanos
a fim de permitir a inserccedilatildeo de novas moleacuteculas Em bacteacuterias tratadas com
determinadas classes de agentes antimicrobianos a inserccedilatildeo de peptidoglicano natildeo
acontece Assim os monoacutemeros natildeo satildeo anexados agrave extremidade crescente da
parede celular bacteriana pelas as enzimas transglicosidase e transpeptidase
ocorrendo falhas na parede celular (SANTHANA 2007)
A concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima o extrato hidroalcooacutelico (256 microgml) provocou
alteraccedilotildees em vaacuterias estruturas celulares Foram observados condensaccedilatildeo dos
ribossomos (CR) desligamento parede celular (DPC) divisatildeo anormal da ceacutelula
(DAC) espessamento dos septos (ES) assim como muacuteltiplos septos (MS) presenccedila
de celulas fantasmas (CF) (Figura 45 G a L)
Tambeacutem foram observadas paredes celulares sendo rompidas e danificadas
resultando numa libertaccedilatildeo de materiais celulares para o citoplasma
100
Figura 45 - Imagens da microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus
ATCC 33591 tratada com diferentes concentraccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico de H
stigonocarpa
Ceacutelulas natildeo tratadas (A-C) mostram parede celular (PC) ribossomos (R) e septo (S) da bacteacuteria bem distinta Tratados com extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa na metade da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (D-F) mostram formaccedilatildeo de orifiacutecios na parede celular (OPC) Mesossomos (M) e espessamento da parede celular (EPC) assim como espessamento do septo (ES) Tratados com a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (G-L) mostram condensaccedilatildeo dos ribossomos (CR) desprendimento da parede celular (DPC) espessamento (ES) e muacuteltiplos septos (MS) divisatildeo aberrante da ceacutelula (DAC) ceacutelulas fantasmas (CF) Mesossomos (M) e DNA coagulado (DC) Aumento de A B C E J e K de 30000X e de D F G H e L de 65120X
A B C
D E F
G H I
J L K
OPC OPC
S
R R
R
OPC
MS
M
OPC
C
OP
C
ES
EPC
CR CR
CR CR
DPC
ES
ES
ES
ES
DAC
DAC
S
DAS
CF
M
CR
OPC
OPC
OPC ES
MS
101
Polifenoacuteis podem ligar-se diretamente para parede celular e interferir com a
sua integridade (ZHAO 2001) A falha na inserccedilatildeo de peptidoglicano pode causar na
parede celular o surgimento desses pequenos orifiacutecios (OPC) que satildeo provocados
pelo movimento da moleacutecula de aacutegua a partir do ambiente externo para a regiatildeo
intracelular Isso ocorre devido agrave diferenccedila de pressatildeo osmoacutetica entre os dois
ambientes Se este evento prolongar pode causar a lise das bacteacuterias (SCHITTO
2006)
O espessamento da parede celular e a condensaccedilatildeo dos ribossomos (CR) em
bacteacuterias indica a presenccedila de mecanismos de defesa para manter a pressatildeo
osmoacutetica apoacutes accedilatildeo extrato hidroalcooacutelico Bacteacuterias tambeacutem produzem mais
peptidoglicano para se proteger e desenvolver mesossomos (ME) implicados com a
respiraccedilatildeo celular (SANTHANA 2007)
Alteraccedilotildees nos componentes intracelulares tais como aacutecidos nucleicos
proteiacutenas ribossomos agregados satildeo visualizadas nas figuras 45 G ndash L elas podem
sugerir a expressatildeo possiacuteveis efeitos sobre a funccedilatildeo do DNA girase (ROMANO et
Al 2013) que ficaria impedido de cumprir o sua funccedilatildeo durante a replicaccedilatildeo do
DNA O RNAm que seria liberado a partir do DNA super-enrolamento natildeo poderia
ser enrolado de volta porque a DNA girase estaria imobilizada
Assim as alteraccedilotildees citoloacutegicas observadas por TEM apoacutes o uso de
diferentes concentraccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa demonstram a sua accedilatildeo antibacteriana frente a Staphylococcus
aureus
102
35 CONCLUSOtildeES
Os resultados obtidos permitem constatar que a anaacutelise fitoquiacutemica da casca
do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart revelou a presenccedila de terpenos
esteroacuteides flavonoacuteides cumarinas e taninos condensados sendo os taninos
condensados e os flavonoacuteides os metaboacutelitos majoritaacuterios
Dentre os metaboacutelitos presentes nos extratos de Hymenaea stigonocarpa
avaliados por CLAE-DAD foram observados quatro picos correspondentes a
flavonoides um deles foi eacute sugestivo de astilbina de acordo com o tempo de
retenccedilatildeo e o espectro de UV
Quanto agrave avaliaccedilatildeo botacircnica pocircde-se observar que os siacutetios de
armazenamento dos taninos na casca do caule de Hymenaea stigonocarpa satildeo
feloderme parecircnquima cortical e floema em amostras de indiviacuteduos jovens e adultos
e que a casca do caule de ramos jovens pode servir como fonte para obtenccedilatildeo de
taninos condensados
Quanto agrave atividade antibacteriana todos os extratos obtidos apresentam
atividade moderada frente a Bacilos Gram negativos como tambeacutem a fraccedilatildeo rica em
terpenos esteroacuteides e cumarinas frente agraves bacteacuterias Gram positivas O micro-
organismo Staphylococcus aureus foi das bacteacuterias Gram positivas avaliadas a
mais suscetiacutevel agrave accedilatildeo dos extratos sendo os extratos que continham taninos
condensados os que apresentaram as melhores atividades Dentre os extratos com
maiores teores de taninos condensados a fraccedilatildeo aquosa e os extratos etanoacutelico e
hidroalcooacutelicos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas quanto agrave atividade
antibacteriana sendo o extrato hidroalcooacutelico selecionado por ser o de mais faacutecil
obtenccedilatildeo
O extrato Hidroalcooacutelico avaliado na concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima e na
metade da CIM levou a alteraccedilotildees ultraestruturais da parede celular septo e
citoplasma de Staphylococcus aureus ATCC 33591
103
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111
4 ASSOCIACcedilAtildeO DO EXTRATO HIDROALCOOacuteLICO DA CASCA DO CAULE DE
Hymenaea stigonocarpa MART EX HAYNE COM AGENTES ANTIMICROBIANOS
FRENTE A CEPAS DE Staphylococcus aureus RESISTENTES A METICILINA
(MRSA)
41 INTRODUCcedilAtildeO
Os antibioacuteticos satildeo uma das mais importantes armas no combate agraves
infecccedilotildees bacterianas No entanto ao longo das uacuteltimas deacutecadas seus benefiacutecios agrave
sauacutede estatildeo sob ameaccedila pois muitos antibioacuteticos tornaram-se cada vez menos
eficazes devido ao aparecimento de bacteacuterias resistentes (RAKHOLIYA et al 2012)
Staphylococcus aureus resistente agrave meticilina (MRSA) eacute um microrganismo
patogecircnico nosocomial de ampla disseminaccedilatildeo e a sua prevalecircncia na comunidade
tem sido tambeacutem relatada Existem publicaccedilotildees abordando o surgimento de cepas
de MRSA mostrando resistecircncia a vaacuterios outros agentes antimicrobianos Desta
forma o desenvolvimento de tal multirresistecircncia resultou em uma limitaccedilatildeo
terapecircutica e num prognoacutestico desfavoraacutevel para o paciente (CATAtildeO et al 2013)
Considerando-se o fato da resistecircncia de cepas MRSA agrave muacuteltiplas drogas
estudos que buscam avaliar as propriedades antibacterianas de plantas superiores
contra microrganismos resistentes satildeo incentivados pelos oacutergatildeos puacuteblicos de todo
mundo (MANDAL et al 2010)
O sinergismo entre agentes antimicrobianos convencionais e os compostos
bioativos de plantas eacute uma metodologia que tem sido amplamente estudada para
bloquear o desenvolvimento da multirresistecircncia A terapia com associaccedilatildeo de
drogas na maior parte das vezes eacute beneacutefica para o paciente portador de infeccedilotildees de
difiacutecil tratamento (OKOYE et al 2013) Vaacuterios estudos tecircm relatado efeitos
sineacutergicos com reduccedilatildeo significativa nas concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas (CIM)
dos antibioacuteticos resultante da combinaccedilatildeo de diferentes antibioacuteticos com diferentes
extratos brutos de plantas (ADWAN et al 2010)
Diversos estudos tecircm investigado as interaccedilotildees entre antibioacuteticos e extratos
brutos contra Staphylococcus aureus multidroga resistente (GIBBONS 2004
ROCCARO et al 2004 FUJITA et al 2005 HATANO et al 2005 KITAHARA et al
2006 BETONI et al 2006 ESIMONE et al 2006 ADWAN et al 2008 PESEWU et
al 2008)
112
A abordagem natildeo eacute exclusiva para combinaccedilotildees de extratos mas tambeacutem
combinaccedilotildees entre metaboacutelitos secundaacuterios isolados e oacuteleos essenciais com
agentes antimicrobianos (HEMAISWARYA et al 2008 WAGNER MERZENICH
2009) Aleacutem de atingir efeitos sineacutergicos associaccedilotildees de dois ou mais compostos
satildeo utilizados pelas seguintes razotildees (1) para prevenir o surgimento de cepas
resistentes (2) para diminuir a dose-toxica relacionada (3) para atingir o amplo
espectro de atividade (TAMA et al 2012)
No presente estudo foi avaliada a interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de
Hymenaea stigonocarpa e antibioacuteticos beta-lactacircmicos e fluoroquinolonas frente a
S aureus multidroga resistentes
411 A evoluccedilatildeo da resistecircncia de Staphylococcus aureus aos agentes
antimicrobianos
O gecircnero Staphylococcus pertencente agrave famiacutelia Micrococcaceae eacute composto
de 33 espeacutecies 17 das quais podem ser isoladas de amostra bioloacutegica humana Os
estafilococos satildeo geralmente encontrados na pele e em mucosas de humanos e de
outros animais (MENEGOTTO PICOLI 2007)
A utilizaccedilatildeo indiscriminada de antimicrobianos provocou um aumento no
aparecimento de cepas resistentes especialmente agravequelas isoladas nos ambientes
hospitalares (DAVIES DAVIES 2010)
Desde 1961 as cepas de Staphylococcus aureus resistentes a meticilina
(MRSA) vecircm sendo associado agraves infecccedilotildees relacionadas aos cuidados em sauacutede e
tem se tornado causa do aumento da relaccedilatildeo morbidademortalidade em pacientes
hospitalizados (MULLIGAN 1993 LIVERMORE et al 2003 SANTOS et al 2007)
Wang e Barrett (2007) relataram que os surtos de infecccedilatildeo por MRSA tecircm
sido frequentes em unidades de terapia intensiva e apresenta uma ameaccedila agrave
sobrevivecircncia de pacientes imunocomprometidos
Os primeiros relatos de surtos de infecccedilatildeo hospitalar provocadas por MRSA
foram documentados no Reino Unido que rapidamente emergiram em outros paiacuteses
da Europa sendo na ocasiatildeo isoladas no Japatildeo Estados Unidos e Austraacutelia (TARAI
et al 2013)
Na deacutecada de 80 no Japatildeo os casos de infecccedilatildeo nosocomial decorrentes de
MRSA tornaram-se um problema de sauacutede puacuteblica sendo que 50 a 70 dos casos
113
de infecccedilatildeo nosocomial causados por cepas de S aureus apresentaram resistecircncia
agrave meticilina (ANDO et al 2004) acarretando na extensa utilizaccedilatildeo de cefalosporinas
de terceira geraccedilatildeo (ITO HIRAMATSU 1998) No Reino Unido MRSA eacute o agente
etioloacutegico mais frequentemente isolado de infecccedilotildees nosocomiais e eacute responsaacutevel
por 15 das infecccedilotildees hospitalares adquiridas custando cerca de 1 bilhatildeo de libras
ao Serviccedilo Nacional de Sauacutede por ano (CEPEDA et al 2005)
O programa de vigilacircncia antimicrobiana SENTRY na Ameacuterica Latina
vinculado ao laboratoacuterio Bristol-Myers Squibb revelou um aumento na prevalecircncia de
MRSA entre infecccedilotildees estafilocoacutecicas em centros meacutedicos de 338 em 1997 para
402 em 2006 sendo esses dados fortemente influenciados por paiacuteses
especiacuteficos com 41 das cepas de MRSA coletados provenientes do Brasil (MEJIacuteA
2010)
A colonizaccedilatildeo por MRSA eacute comum tanto em pacientes hospitalizados quanto
pacientes comunitaacuterios Uma determinada populaccedilatildeo satilde pode servir como
reservatoacuterio para esse micro-organismo (DURAI et al 2010) De acordo com Witte e
MIELKE (2007) cerca de 30 da populaccedilatildeo mundial pode estar hospedando cepas
de MRSA Morita et al (2007) detectaram a presenccedila de cepas de MRSA nas
fossas nasais de 3 dos pacientes analisados
As cepas de MRSA apresentam fenoacutetipo de resistecircncia natildeo somente aos
beta-lactacircmicos mas tambeacutem a fluoroquinolonas cloranfenicol clindamicina
tetraciclina e aminoglicosiacutedeos (CLSI 2012) Os glicopeptideos vancomicina e
teicoplanina satildeo utilizados para o tratamento de infecccedilotildees causadas por MRSA no
entanto modificaccedilotildees na terapecircutica mostram-se necessaacuterias devido a intoleracircncia
por parte dos pacientes ou falha no tratamento por seleccedilatildeo de cepas resistentes A
resistecircncia de MRSA aos glicopeptideos pode estar relacionada ao espessamento
da parede celular com reduccedilatildeo da permeabilidade e da atividade autoliacutetica (THATI et
al 2011)
As cepas de MRSA estatildeo se tornando resistentes a vancomicina resultando
em trecircs cepas adicionais resistentes ao antimicrobiano S aureus vancomicina
intermediaacuterio S aureus vancomicina intermediaacuterio heterogecircneo (duas
subpopulaccedilotildees uma sensiacutevel e outra resistente a vancomicina coexistindo numa
mesma cultura) S aureus vancomicina resistente (DURAI et al 2010) As cepas de
MRSA com resistecircncia intermediaacuteria e heterogecircnea a vancomicina podem se tornar
totalmente resistentes durante infecccedilotildees persistentes em que haacute falha na resposta
114
ao tratamento com glicopeptideos com significativas mudanccedilas de fenoacutetipo
(MOORE et al 2003 TENOVER et al 2005)
A uacutenica forma de se detectar uma cepa de Staphylococcus aureus com
resistecircncia intermediaacuteria agrave vancomicina eacute por meio da anaacutelise de suas
subpopulaccedilotildees em que satildeo inoculadas diferentes diluiccedilotildees de uma suspensatildeo
bacteriana em meio de cultura soacutelido adicionado de concentraccedilotildees crescentes de
vancomicina (SANTOS et al 2007)
Melo e colaboradores (2005) relataram que na cidade de Uberlacircndia Brasil
9 de 41 pacientes portadores de cepas MRSA em tratamento com vancomicina
desenvolveram resistecircncia heterogecircnea e um dos isolados apresentou uma
Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (CIM) da ordem de 8microgmL A quantidade de cepas
MRSA tem crescido limitando as alternativas terapecircuticas para seu controle
(PESAVENTO et al 2007)
4111 Staphylococcus aureus RESISTENTES A METICILINA
Cepas de S aureus podem se tornar MRSA a partir da aquisiccedilatildeo do gene
mecA que codifica a proteiacutena ligadora de penicilina (PBP2a) presente em sua
parede celular apresentando dessa forma baixa afinidade a meticilina bem como
aos antimicrobianos betalactacircmicos (BANSAL et al 2013) Esta resistecircncia
promovida por MRSA estaacute na expressatildeo do cassete gecircnico SCCmec Esse gene eacute
definido pela combinaccedilatildeo do tipo de gene das ccrs recombinases responsaacuteveis pelo
complemento e a classe do complexo mecA (MIMICA 2011 UDO et al 2013)
O cassete gecircnico SCCmec tipos I II e III associados a infecccedilotildees
nosocomiais tecircm como caracteriacutestica a resistecircncia a muacuteltiplos antimicrobianos aleacutem
dos betalactacircmicos como os macroliacutedeos aminoglicosiacutedeos tetraciclinas
rifampicina e quinolonas (NORIEGA SEAS 2010)
Uma estrateacutegia empregada para vencer a resistecircncia bacteriana eacute a
combinaccedilatildeo de agentes antimicrobianos sendo os inibidores das beta-lactamases
satildeo administrados como co-droga Quanto a esta estrateacutegia a mais bem sucedida
que tem sido adotada para inibir as beta-lactamases eacute atraveacutes da administraccedilatildeo do
com drogas associadas a substacircncias tais como o aacutecido clavulacircnico ao sulbactam e
ao tazobactam mas a frequente utilizaccedilatildeo do clavulanato tem favorecido ao
surgimento de cepas bacterianas resistentes (WATKINS et al 2013)
115
412 Associaccedilotildees entre metaboacutelitos secundaacuterios e agentes antimicrobianos
Metaboacutelitos secundaacuterios satildeo considerados uma fonte promissora para a
terapia antimicrobiana seja ela combinada ou natildeo Vaacuterios metaboacutelitos secundaacuterios
atuam como modificadores da resistecircncia bacteriana agindo em pontos especiacuteficos
da ceacutelula procarioacutetica potencializando o efeito do antimicrobiano sinteacutetico
(CHOVANOVAacute et al 2013)
A modificaccedilatildeo no perfil da resistecircncia bacteriana apoacutes a associaccedilatildeo dos
metaboacutelitos secundaacuterios aos agentes antibacterianos pode ocorrer a partir de
diferentes mecanismos tais como a inibiccedilatildeo das bombas de efluxo (HANDZLIK et al
2013) de enzimas que degradam os antimicrobianos (SOLANKI
SELVANAYAGAM 2013) da atividade ou da produccedilatildeo de receptores que sofreram
mutaccedilotildees (HEMAISWARYA et al 2008) e aumento da permeabilidade da parede
celular permitindo que os antibioacuteticos tenham acesso a alvos citoplasmaacuteticos
(OLAJUYIGBE amp AFOLAYAN 2013)
Vaacuterios estudos comprovam que uso combinado de antibioacuteticos e polifenois
pode aumentar a atividade antimicrobiana atraveacutes de interaccedilotildees sineacutergicas
(BANSAL et al 2013)
Dentro deste contexto surge o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa espeacutecie popularmente conhecido como jatobaacute-do-cerrado que
apresenta grande concentraccedilatildeo de polifenois e comprovada atividade frente a cepas
de Staphylococcus aureus de diferentes perfis de resistecircncia
116
42 OBJETIVOS
O objetivo geral e os especiacuteficos deste estudo estatildeo descritos a seguir
421 Objetivo geral
Avaliar a interaccedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico obtido a partir da casca do caule
de Hymenaea stigonocarpa e agentes antimicrobianos frente a cepas de
Staphylococcus aureus multidroga resistentes
422 Objetivos especiacuteficos
Determinar a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida
miacutenima (CBM) do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa bem
como dos agentes antimicrobianos
Avaliar a interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa e
agentes antimicrobianos de diferentes classes frente a cepas de
Staphylococcus aureus MRSA
Observar as alteraccedilotildees ultraestruturais causadas pela associaccedilatildeo
extratoagente antimicrobiano que apresentou maior efeito sineacutergico frente agraves
cepas de Staphylococcus aureus (extrato Oxacilina)
117
43 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A seguir estatildeo descritos os materiais e meacutetodos utilizados para a realizaccedilatildeo
deste estudo
431 Material vegetal
Cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne foram
coletadas em outubro de 2009 na Fazenda Refuacutegio localizada na cidade de
Camocim de Satildeo Feacutelix Pernambuco (de latitude 8deg213000S e longitude
35deg475670O)
A identificaccedilatildeo foi realizada pela botacircnica do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco Dra A Bocage sendo a excicata depositada sob o nuacutemero 53563 no
Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima pertencente ao mesmo instituto As cascas do
caule foram submetidas agrave secagem em estufa a uma temperatura de 40degC durante
72h em seguida pulverizadas em moinho de martelos (Tigre ASN5) e estocada em
frascos a temperatura ambiente
432 Procedimentos extrativos
Cerca de 20 g de amostra triturada da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa foi submetida agrave uma extraccedilatildeo por maceraccedilatildeo em 200 mL da soluccedilatildeo
hidroalcooacutelica por um periacuteodo de 72h em frasco acircmbar e em temperatura ambiente
(23 plusmn 1 ordmC) com agitaccedilatildeo manual e ocasional a cada 12h Apoacutes este periacuteodo a
soluccedilatildeo foi filtrada em papel de filtro (Whatmann no 2)
Posteriormente o extrato foi concentrado em rota evaporador obtendo-se
assim um extrato seco que foi utilizado para avaliaccedilatildeo da atividade anti-
estafilocoacutecica
433 Determinaccedilatildeo da atividade anti- estafilocoacutecica in vitro
Para determinaccedilatildeo da atividade anti-estaficoacutecica in vitro frente foram
realizadas os procedimentos descritos a seguir
118
4331 Agentes antimicrobianos
Os agentes antimicrobianos foram selecionados com base na publicaccedilatildeo do
manual do ano de 2012 do instituto americano Clinical and Laboratory Standards
Institute (CLSI) que divide os agentes antimicrobianos em diferentes grupos de
acordo com os ensaios frente agraves diferentes espeacutecies de bacteacuterias e os siacutetios
corpoacutereos do isolamento
Neste estudo foram utilizadas cepas de Staphylococcus aureus com
diferentes perfis de resistecircncia previamente determinados por difusatildeo em meio
soacutelido desta forma foram selecionados antimicrobianos de diferentes classes para
realizaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo
Os agentes antimicrobianos penicilina oxacilina e claritromicina presentes
no grupo A satildeo indicados para os testes de rotina Aleacutem desses foram avaliados
vancomicina e linezolide pertencentes ao grupo B indicados quando os micro-
organismos satildeo resistentes aos antimicrobianos do grupo A Tambeacutem foram
avaliados agentes antimicrobianos que devem ser testados frente a cepas
endecircmicas resistentes a drogas do grupo A (grupo C) sendo entatildeo utilizados
ciprofloxacino e gentamicina
Aleacutem seguir os criteacuterios do CLSI os agentes antimicrobianos foram
selecionados de acordo com o seu mecanismo de accedilatildeo microbiano
Os agentes antimicrobianos selecionados foram β-lactacircmicos glicopeptideos
aminoglicosiacutedeos macroliacutedeos fluoroquinolonas e ozaxolidinonas Os antibioacuteticos β-
lactacircmicos e glicopeptideos inibem a siacutentese da parede celular Os aminoglicosiacutedeos
e macroliacutedeos e ozaxolidinonas inibem a siacutentese proteica sendo os
aminoglicosiacutedeos na porccedilatildeo 30S do ribossomo e os macroliacutedeos e oxazolidinonas
na porccedilatildeo 50S As fluoroquinolonas agem por inibiccedilatildeo da atividade da enzima DNA-
girase (Goodman Gilmans 2008)
Os agentes antimicrobianos foram adquiridos das seguintes empresas
Penicilina (Laboratoacuterio Teuto Brasileiro SA) oxacilina e vancomicina (Novafarma
Induacutestria Farmacecircutica) linezolida (Laboratoacuterios Pfizer LTDA) gentamicina
(Hipolabor Farmacecircutica LTDA) e claritromicina e ciprofloxacino (Eurofarma
Laboratoacuterio do Brasil LTDA)
119
4332 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees
O extrato hidroalcooacutelico (10 mg) foi pesado e solubilizado em sistema
composto de etanolaacutegua (11 vv) obtendo-se assim soluccedilatildeo estoque padronizadas
em 1024 microgmL Os agentes antimicrobianos foram solubilizados em aacutegua destilada
esterilizada de forma a obter uma soluccedilatildeo estoque de 2048 microgmL
4333 Micro-organismos
Os micro-organismos utilizados para a realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo antimicrobiana
dos extratos de Hymenaea stigonocarpa foram mantidos no Laboratoacuterio de Fisiologia
e Bioquiacutemica de Micro-organismos do Departamento de Antibioacuteticos da UFPE
Foram utilizados neste estudo os seguintes micro-organismos Staphylococcus
aureus (ATCC 25923 e ATCC 33591 LFBM13 IC17 UFPEDA 01 AM 13 AM 18
AM 19 AM 20 AM 21 e AM 24)
4334 Preparaccedilatildeo do inoacuteculo
As culturas de S aureus foram preparadas em caldo Mueller Hinton e
incubadas por 24 horas Apoacutes o periacuteodo de incubaccedilatildeo estas culturas foram
padronizadas em 108 UFCmL utilizando o tubo 05 da escala de Mac Farland e em
seguida diluiacutedas em soro fisioloacutegico a fim de obter um inoacuteculo final de 107 UFCmL
4335 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo
bactericida miacutenima (CMB)
A Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (MIC) foi determinada pelo meacutetodo de
microdiluiccedilatildeo em caldo seguindo as recomendaccedilotildees estabelecidas pela Clinical
Laboratory Standards Institute (CLSI 2012) com algumas modificaccedilotildees Os ensaios
foram realizados em microplacas esteacutereis de 96 poccedilos com fundo em forma de ldquoUrdquo
Inicialmente as soluccedilotildees estoque dos extratos e dos agentes antimicrobianos
foram esterilizadas por filtraccedilatildeo atraveacutes de membrana de porosidade de 022 microm
Miliporereg Um volume de 200 microL foi adicionado nos poccedilos de 1 a 12 referente a linha
120
A Os demais poccedilos foram preenchidos inicialmente apenas com 100 microL de caldo
Mueller-Hinton
Uma transferecircncia de 100microL foi realizada do conteuacutedo dos poccedilos da linha A
para os da linha B e assim sucessivamente ateacute a linha H sendo desprezados os
uacuteltimos 100 microL obtendo-se desta forma concentraccedilotildees decrescentes Para o extrato
foram avaliadas concentraccedilotildees de 1024 a 8 gmL e para os agentes
antimicrobianos de 2048 a 006 microgmL em placas distintas
Apoacutes a diluiccedilatildeo dos agentes antimicrobianos 5 microL das suspensotildees
bacterianas foram inoculados obtendo-se em cada poccedilo uma concentraccedilatildeo final de
104 UFCpoccedilo As microplacas foram incubadas em estufa bacterioloacutegica a 37degC por
24 horas A determinaccedilatildeo da viabilidade dos micro-organismos foi verificada atraveacutes
da adiccedilatildeo de uma soluccedilatildeo aquosa a 05 de cloridrato de 235 trifeniltetrazoacutelio
(TTC) As microplacas foram novamente incubadas por mais trecircs horas a 37degC
Apoacutes esse intervalo de tempo a leitura da placa foi realizada a presenccedila de uma
coloraccedilatildeo vermelha nos poccedilos foi interpretada como prova negativa do efeito
inibitoacuterio dos agentes antimicrobianos ou seja houve crescimento bacteriano
enquanto que a ausecircncia de cor foi considerada prova positiva da accedilatildeo
antimicrobiana dos extratos
A menor concentraccedilatildeo dos agentes antimicrobianos capaz de inibir o
crescimento visiacutevel das cepas de S aureus foi verificada e definida como
Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (CIM)
Para a Determinaccedilatildeo da Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima (CBM) as
concentraccedilotildees mais altas que a CIM foram semeadas em Mueller Hinton Agar e
incubadas por 24 horas a 37˚C
A CMB foi definida como a menor concentraccedilatildeo dos agentes antimicrobianos
em que 999 da populaccedilatildeo foram inviabilizadas Todos os experimentos foram
realizados em duplicata em dias diferentes
4336 Avaliaccedilatildeo in vitro da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymeneae
stigonocarpa com agentes antimicrobianos
O estudo da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa e os agentes antimicrobianos foi realizado de acordo com o meacutetodo do
tabuleiro de xadrez (LORIAN 1996) Para este estudos foram selecionadas as
121
cepas de Staphylococcus aureus que se apresentaram mais resistentes aos
antimicrobianos avaliados (AM 13 AM 18 AM 24 ATCC 33591)
Com base nos valores da CIM foram preparadas soluccedilotildees em caldo Mueller
Hinton do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa e dos agentes
antimicrobianos de forma a obter concentraccedilotildees de 05 ateacute 0016 da CIM e de 05 a
0002da CIM respectivamente (Figura 1) Nos poccedilos das placas de microdiluiccedilatildeo
foram pipetados 100 microL do extrato e 100 microL do agente antimicrobiano
Figura 46 ndash Representaccedilatildeo do meacutetodo do tabuleiro de xadrez
Cada poccedilo foi inoculado com 5 microL da suspensatildeo bacteriana padronizada em
107 UFCmL
A interaccedilatildeo entre os agentes antimicrobianos e o extrato hidroalcooacutelico de
Hymenaea stigonocarpa foi determinada pelo Iacutendice da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria
Fracionada (FICI) a partir da seguinte equaccedilatildeo FICI = (CIM da associaccedilatildeo do extrato
hidroalcooacutelico de H stigonocarpa com agente antimicrobianoCIM do extrato
hidroalcooacutelico de H stigonocarpa) + (CIM da associaccedilatildeo agente antimicrobiano com
extrato hidroalcooacutelico de H stigonocarpa CIM do agente antimicrobiano)
Valores do FICI le 05 foram interpretados como uma interaccedilatildeo sineacutergica total
05 lt FICI le 075 um sinergismo parcial Uma interaccedilatildeo indiferente quando os
valores do FICI foram entre 075 lt FICI le 20 e um efeito antagocircnico quando FICI foi
maior que 20 (FADLI et al 2012)
A partir dos resultados dos Iacutendices da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Fracionada
individual foram construiacutedos isobologramas (KROGSTAD MOELLERING 1991)
122
434 Determinaccedilatildeo de alteraccedilotildees ultraestruturais por microscopia eletrocircnica
de transmissatildeo
Para esta avaliaccedilatildeo foi selecionado Staphylococcus aureus cepa 24 por ser a
mais sensiacutevel a accedilatildeo das associaccedilotildees bem como a associaccedilatildeo de maior efeito
sineacutergico
Uma suspensatildeo padronizada de Staphylococcus aureus AM 24 em 107
UFCmL foi cultivadas em caldo Muller Hinton (grupo controle) e em caldo
adicionado do extrato hidroalcooacutelico a 256 microgmL (CIM) em caldo adicionado de
oxacilina 256 microgmL (CIM) e em caldo adicionado da associaccedilatildeo extrato
hidroalcooacutelico 32 microgmL e oxacilina 64 microgmL (concentraccedilotildees sineacutergicas)
As culturas foram incubadas a 37degC por 24 horas Essas culturas foram
centrifugadas e os precipitados fixados em paraformaldeiacutedo 4 e glutaraldeido 25
em 01 M de tampatildeo cacodilato de soacutedio (pH 72) por 4 horas a temperatura de 23 plusmn
1ordmC
Os precipitados foram lavados e centrifugados por 10 minutos no mesmo
tampatildeo e esse procedimento repetido por trecircs vezes Posteriormente os precipitados
foram poacutes-fixados em tetroxido de oacutesmio 2 ferrocianida de potaacutessio 08 e cloreto
de caacutelcio 5M em tampatildeo cacodilato de soacutedio 01M por 1 hora e lavada em tampatildeo
cacodilato de soacutedio
As amostras foram desidratadas utilizando gradiente de soluccedilotildees de acetona
que variou de 30 a 100 em seguida adicionadas agrave resina Epon 812 (Sigma
EUA) Em seguida seccedilotildees ultrafinas foram obtidas atraveacutes de um ultramicrotomo
(Leica UC6) coradas com uranil acetato e citrato de chumbo e examinado em
microscoacutepio eletrocircnico de transmissatildeo marca Morgani-FEIreg (Eindhoven Holanda)
123
44 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Staphylococcus aureus eacute comumente associado a infecccedilotildees hospitalares e
comunitaacuterias Atualmente medidas para controlar as infecccedilotildees por S aureus satildeo
desafiadas por um grande e continuando aumento na prevalecircncia de S aureus
resistentes a meticilina em todo mundo (ASAAD QURESHI 2013)
A maior parte da literatura mundial mostra que Staphylococcus aureus eacute um
dos principais patoacutegenos responsaacuteveis por uma seacuterie de infecccedilotildees em ambientes
hospitalares com consideraacutevel morbidade e mortalidade (VALAPERTA et al 2010)
Os valores da CIM e CBM do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa e dos agentes antimicrobianos frente agrave onze cepas de Staphylococcus
aureus estatildeo apresentados na tabela 3 O extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa mostrou atividade frente a todas as cepas de S aureus com valor de
CIM de 256 microgmL
O extrato hidroalcooacutelico eacute considerado de uma forte atividade pois de acordo
com Sartoratto e colaboradores (2004) um extrato tem uma atividade antimicrobiana
forte quando os valores da CIM estatildeo entre 50 e 500 microgmL moderada CIM entre
600 e 1500 microgmL e fraca para valores acima de 1500 microgmL
A terapia anti-MRSA eacute limitada ao uso de glicopeptideos (vancomicina
teicoplanina) oxazolidinas (linezolide) e estreptograminas (quinupristinandash
dalfopristina) (LIU et al 2011) Contudo a emergecircncia de cepas de S aureus com
resistecircncia intermediaacuteria (VISA) ou resistentes (VRSA) agrave vancomicina tem sido
descritas em todo o mundo como tambeacutem no Brasil (MIMICA et al 2006) Sendo o
primeiro caso de Staphylococcus aureus resistente agrave vancomicina descrito em junho
de 2002 nos Estados Unidos (CHANG et al 2003)
Nos uacuteltimos anos tem ocorrido um crescente interesse da comunidade
cientiacutefica pelas plantas medicinais por apresentarem potenciais terapecircuticos e
econocircmicos visados especialmente pela induacutestria farmacecircutica que realiza a
prospecccedilatildeo de novos produtos com menos efeitos indesejaacuteveis do que os faacutermacos
jaacute existentes (ROCHA et al 2013)
Todas as cepas apresentaram-se resistentes agrave penicilina com valores de CIM
variando entre 025 e 64 microgmL
As cepas de Staphylococcus aureus ATCC 25923 AM 02 AM 05 e UFPEDA
01 mostraram-se sensiacuteveis a oxacilina (MSSA) com valores de CIM iguais a 0125
124
microgmL As cepas de Staphylococcus aureus ATCC 33591 AM 13 AM 18 AM 19
AM 20 AM 21 e AM 24 foram classificadas como MRSA pois os valores de CIM
variaram de 80 e 256 microgmL
Todas as cepas de Staphylococcus aureus avaliadas neste estudo
mostraram-se sensiacuteveis agrave vancomicina cujos valores de CIM variaram de 0125 e
025 microgmL Todas as cepas apresentaram um perfil de sensibilidade a linezolida
semelhante ao da vancomicina e a CIM variou de 025 e 20 microgmL Devido agrave
sensibilidade das cepas de Staphylococcus aureus agrave vancomicina e a linezolida
estes antimicrobianos natildeo foram selecionados para a segunda parte do nosso
estudo
De acordo com o que preconiza o CLSI 2012 antibioacuteticos β-lactacircmicos
inibidores de beta-lactamase carbapenecircmicos e cefalosporinas exceto agravequelas de
uacuteltima geraccedilatildeo) poderatildeo apresentar in vitro atividade frente a cepas MRSA mas
esta atividade natildeo se confirma in vivo Diante deste fato outros beta-lactacircmicos natildeo
foram incluiacutedos neste estudo
Plantas e seus metaboacutelitos secundaacuterios satildeo uma fonte promissora para
fornecer compostos bioativos estruturalmente diversos com potencial accedilatildeo
terapecircutica incluindo antimicrobiana (COWAN et al 1999 WINK et al 2012)
Quanto agrave espeacutecie Hymenaea stigonocarpa os extratos com maiores teores
de polifenois principalmente taninos condensados foram os que apresentam maior
atividade antibacteriana (DIMECH et al 2013)
Quando foram avaliadas as Concentraccedilotildees Inibitoacuterias Miacutenimas (CIM) dos
agentes antimicrobianos que inibem a siacutentese proteica diferentes perfis de
suscetibilidade das cepas de Staphylococcus aureus foram observados quando
comparados a linezolida Embora gentamicina e claritromicina inibam a siacutentese
proteica em receptores nas porccedilotildees 30S e 50S respectivamente os siacutetios de accedilatildeo
dessas moleacuteculas nessas subunidades satildeo diferentes dos da linezolida levando a
diferentes respostas (GOODMAN GILMANS 2008)
Gentamicina apresentou-se ativa frente agraves cepas de S aureus UFPEDA 01
AM 02 AM 20 Jaacute as cepas de S aureus AM 05 ATCC 33591 ATCC 25932 AM 13
AM 18 AM 19 AM 21e AM 24 mostraram-se resistentes a gentamicina cujos valores
de CIM variaram de 025 a 256 microgmL
125
Tabela 3 ndash CIM e CBM do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa e de agentes antimicrobianos frente cepas de
Staphylococcus aureus com diferentes perfis de resistecircncia
Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima CIM concentraccedilatildeo bactericida miacutenima CBM American Type Culture Collection ATCC extrato Hidroalcooacutelico EH oxacillina OXA
ciprofloxacino CIP gentamicina GET penicillina PEN Claritromicina CLA vancomicina VAN e linezolida LIN Criteacuterio de interpretaccedilatildeo CIM Penicilina (le 012
sensiacutevel ge 025 Resistente) Oxacilina (le 20 sensiacutevel ge 40 Resistente) Ciprofloxacino (le 10 sensiacutevel ge 40 Resistente) Gentamicina (le 0125 sensiacutevel ge 025
Resistente) Claritromicina (le 20 sensiacutevel ge 80 Resistente) Vancomicina (le 20 sensiacutevel ge 160 Resistente) e Linezolide (le 40 sensiacutevel ge 80 Resistente) Fonte
(CLSI 2012)
Staphylococcus aureus
CIM CBM (microgml)
EH PEN OXA CIP GEN CLA VAN LIN
ATCC 25923 256 256 025 025 0125 025 025 025 025 025 10 10 05 05 10 10
UFPEDA 01 256 256 05 10 0125 025 025 025 0125 025 05 05 025 025 025 025
AM 02 256 256 32 64 0125 0125 025 05 0125 025 20 40 05 05 05 05
AM 05 256 256 025 05 10 025 025 05 025 025 20 20 05 05 10 10
ATCC 33591 256 256 64 64 64 128 0125 0125 20 20 2048 2048 0125 025 10 10
AM 13 256 256 32 64 256 512 64 128 64 64 2048 2048 025 025 10 10
AM 18 256 256 64 64 128 256 64 128 128 256 2048 2048 025 05 10 10
AM 19 256 256 8 16 16 128 025 05 05 05 40 80 025 05 20 20
AM 20 256 256 8 16 8 16 40 80 0125 025 2048 2048 0125 025 10 10
AM 21 256 256 16 16 16 16 40 80 05 05 2048 2048 0125 0125 10 10
AM 24 256 256 32 32 256 256 64 128 256 512 2048 4096 0125 0125 10 20
12
5
126
Todas as cepas de S aureus apresentaram-se resistentes agrave claritromicina
exceto S aureus ATCC 25923 AM 02 AM 05 UFPEDA 01 e AM 19 que mostrou
resistecircncia intermediaacuteria
Ciprofloxacino foi capaz de inibir o crescimento das cepas de S aureus ATCC
25932 UFPEDA 01 AM 02 AM 05 ATCC 33591 e AM 19 mas mostrou-se ineficaz
frente a S aureus AM 13 AM 18 AM 20 AM 21 e AM 24
Estes resultados serviram de base para selecionar as cepas de S aureus
ATCC 33591 AM 13 AM 18 E AM 24 para o proacuteximo estudo
Os valores das concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas e dos iacutendices de
concentraccedilatildeo inibitoacuteria fracionada (FICI) obtidos apoacutes associaccedilatildeo do extrato
hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa com penicilina oxacilina ciprofloxacino
claritromicina ou gentamicina frente a cepas de S aureus ATCC 33591 AM 13 AM
18 e AM 24 estatildeo apresentados na tabela 4
Concentraccedilotildees sub-inibitoacuterias do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa (le 128μgmL) aumentaram a atividade de todos os agentes
antimicrobianos frente a cepas de MRSA
A atividade sineacutergica foi observada pela reduccedilatildeo dos valores da concentraccedilatildeo
inibitoacuteria miacutenima em todas as associaccedilotildees do extrato com os agentes
antimicrobianos e pelo iacutendice da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Fracionada le 05
Vaacuterios estudos in vitro tecircm relatado efeitos sineacutergicos com reduccedilotildees
significativas nas concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas (CIM) dos antimicrobianos apoacutes
associaccedilatildeo com diversos extratos de plantas sobre cepas de Staphylococcus aureus
MRSA (ADWAN 2010 CHUNG et al 2011 AN et al 2011 CELENZA et al
2012 MACEDO 2013)
Pesquisas demonstraram agrave accedilatildeo de polifenois na potencializaccedilatildeo dos efeitos
de agentes antimicrobianos O polifenol epigalocatequina (EGCg) um tanino
condensado isolado do chaacute verde apresentou um efeito sineacutergico quando
associados agrave antibioacuteticos beta-lactacircmicos (ZHAO et al 2001) Em outro estudo Hu
e colaboradores (2002) observaram que EGCg foi capaz de inibir a penicilinase
produzida por S aureus restaurando assim a atividade antimicrobiana da penicilina
e que associaccedilatildeo de EGCg com ampicilinasulbactam foi capaz de reduzir os valores
da CIM de 16 μgmL para 4 μgmL
127
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo da associaccedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaeae stigonocarpa com agentes antimicrobianos frente a
cepas de Staphylococcus aureus multidroga resistes
Concentraccedilatildeo Fracionaacuteria Miacutenima FIC Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima CIM concentraccedilatildeo bactericida miacutenima CBM American Type Culture Collection ATCC extrato Hidroalcooacutelico EH oxacillina OXA ciprofloxacino CIP gentamicina GET penicillina PEN Claritromicina CLA vancomicina VAN e linezolide LIN Reduccedilatildeo da CIM () = 100 ndash (CIM combinado times 100 CIM)
Staphylococcus Aureus
Associaccedilatildeo CIM Individual
(microgmL) Associaccedilatildeo CIM (microgmL)
FIC Individual
FICI
Efeito
Reduccedilatildeo da CIM ()
AM 13
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 32 256 256 256 64 256 64 256 2048
128 006 64 64 64 16 128 003 128 1
050 00020 025 02500 025 02500 050 00005 050 00005
050 050 050 050 050
Sineacutergico Sineacutergico Sineacutergico Sineacutergico Sineacutergico
500 9981 750 7500 750 7500 500 9995 500 9995
AM 18
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 64 256 128 256 64 256 128 256 2048
128 006 128 05 20 32 128 10 128 20
050 00010 050 00039 00078 050 050 00078 050 00010
050 050 051 051 050
Sineacutergico Sineacutergico S parcial S parcial Sineacutergico
500 9990 500 9961 992 5000 500 9922 500 9990
AM 24
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 32 256 256 256 64 256 256 256 2048
128 006 32 64 2 32 128 0125 128 256
050 00019 0125 0250 0008 0500 050 00005 050 01250
050 038 051 050 063
Sineacutergico Sineacutergico S parcial Sineacutergico S parcial
500 9981 875 7500 9922 500 500 9995 500 8750
ATCC 33591
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 64 256 64 256 0125 256 2 256 2048
128 006 64 16 20 006 64 05 128 10
050 00010 025 02500 0008 0500 025 02500 050 00005
050 050 051 050 050
Sineacutergico Sineacutergico S parcial Sineacutergico Sineacutergico
500 9990 750 7500 992 5000 750 7500 500 9995
12
7
128
Um mecanismos da accedilatildeo proposto para explicar a interaccedilatildeo sineacutergica entre
polifenois e antibioacuteticos β-lactacircmicos frente agrave MRSA sugere que existe uma
diminuiccedilatildeo na expressatildeo de PBP2a resultando na inibiccedilatildeo da siacutentese da parede
celular bacteriana (HUA et al 2010)
Em vaacuterias associaccedilotildees foram identificadas accedilotildees sineacutergicas exceto quando
foi avaliada a interaccedilatildeo do extrato com ciprofloxacino frente agraves cepas AM 18 AM 24
e ATCC 33591 e com gentamicina frente agrave cepa AM 18 que apresentaram valores
de FICI de 051 caracterizando um sinergismo parcial Tambeacutem foi observado esse
mesmo padratildeo de interaccedilatildeo com a associaccedilatildeo do extrato com claritromicina frente a
cepa AM 24 que apresentou valor de FICI de 063
Aleacutem de uma accedilatildeo sineacutergica a associaccedilatildeo do extrato com os agentes
antimicrobianos provocou agrave reversatildeo total da resistecircncia bacteriana frente a todas as
cepas resistentes a penicilina a trecircs cepas resistentes a claritromicina (AM 13 AM
18 e ATCC 33591) a duas cepas (AM 13 e AM 14) resistentes a gentamicina e as
cepas AM 18 e ATCC 33591 resistentes a oxacilina e ciprofloxacino
respectivamente
A associaccedilatildeo que se mostrou mais sineacutergica aquela entre o extrato e a
oxacilina frente agrave cepa de Staphylococccus aureus AM 24 com FICI de 038 (figura
47) Nesta associaccedilatildeo ocorreu uma reduccedilatildeo da CIM do extrato e do agente
antimicrobiano ambos de 256 microgmL para 32 e 64 microgmL respectivamente
Hatano e colaboradores (2005) investigando a associaccedilatildeo do polifenol
theasinensina A um isolado de frutos do gecircnero Zizyphus com a oxacilina
demonstraram que embora a CIM desses polifenoacuteis tenha sido de 256 μgmL estes
fito-compostos foram capazes de reduzir os valores da oxacilina para 4 μgmL
A accedilatildeo sineacutergica entre o extrato hidroalcooacutelico e os antibioacuteticos beta-
lactacircmicos pode ocorrer devido agrave caracteriacutestica polifenoacutelica deste extrato pois
segundo Zhao et al (2001) existe uma accedilatildeo conjunta dos polifenois e agentes β-
lactacircmicos na siacutentese de peptidoglicano da parede celular
Aleacutem disso a ligaccedilatildeo direta de polifenois com a penicilinase enzima que
inativa as penicilinas inibe a atividade enzimaacutetica da bacteacuteria e protege a penicilina
da accedilatildeo antibacteriana (ROCCARO et al 2004)
129
Figura 47 - Isobolograma revelando o efeito sineacutergico do extrato
hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa quando associado agrave
oxacilina frente agrave Staphylococcus aureus AM 24
Para esta avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees ultraestruturais por microscopia eletrocircnica
de transmissatildeo foi selecionada a cepa que apresentou o melhor FICI A cepa foi
cultivada de diferentes formas sem tratamento (grupo controle) apoacutes tratamento
com o extrato na CIM (256 microgml) apoacutes tratamento com oxacilina na CIM (256
microgml) e nas doses sub-inibitoacuterias associadas de acordo com os resultados obtidos
na avaliaccedilatildeo do sinergismo 32 microgml para o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa e 64 microgml para a oxacilina
Na Figura 48 (A-D) no grupo controle pode ser observada claramente a
parede celular bem definida (PM) ribossomos (R) e os septos da bacteacuteria em divisatildeo
(S)
A concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima o extrato hidroalcooacutelico (256 microgml) provocou
alteraccedilotildees em vaacuterias estruturas celulares Em relaccedilatildeo agrave parede celular foram
visualizados trecircs distintos fases quanto agrave accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico
Primeiro o espessamento da parede celular e do septo (Figuras 48 E e F) e
divisatildeo aberrante do septo devido ao aumento da produccedilatildeo de mais peptidoglicano
Isso indica a presenccedila de mecanismos de defesa para manter a pressatildeo osmoacutetica
devido agrave accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico
Num segundo momento a formaccedilatildeo de rupturas na parede celular (Figuras 48
F e G) que ocorre devido agrave falha na accedilatildeo de enzimas bacterianas chamadas
autolisinas presentes entre os peptidoglicanos a fim de permitir a inserccedilatildeo de novas
FIC I = 038
130
moleacuteculas (SANTHANA 2007) Por fim eacute visualizado o desligamento da parede
celular (Figuras 48 G e H) a condensaccedilatildeo do ribossomo (Figuras 48 F - H) e o
rompimento da parede celular com liberaccedilatildeo de materiais celulares do citoplasma
(Figura 48 H)
Quanto agrave accedilatildeo da oxacilina (figuras 48 I - M) foi observado o espessamento e
divisatildeo anormal do septo (figuras 48 I - L) e visualizadas formaccedilatildeo de rupturas
(figura 48 I) e destacamento da parede celular (figura 48 M) poreacutem natildeo foi
observado espessamento da parede celular assim como a coagulaccedilatildeo do DNA
como no tratamento com o extrato
Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os observados por Santhana e
colaboradores (2007) que descrevem o destacamento da parede celular com
ausecircncia de coagulaccedilatildeo de DNA apoacutes tratamento com oxacilina
Essa ausecircncia de alteraccedilotildees no interior da ceacutelula pode ser explicada pelo
modo de accedilatildeo da oxacilina que inibe a enzima transpeptidase (tambeacutem chamadas
proteiacutenas de ligaccedilatildeo agrave penicilina PBP) (SCHITO 2006) fazendo com que a parede
celular das bacteacuterias torne-se mais fraca e a pressatildeo osmoacutetica subsequentemente
lise as bacteacuterias natildeo ocorrendo desta forma alteraccedilotildees estruturais no interior das
bacteacuterias
Quando analisamos os efeitos ultraestruturais da associaccedilatildeo de doses sub-
inibitoacuterias de oxacilina e o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa
podemos sugerir que o efeito sineacutergico ocorre tanto pela accedilatildeo das duas substacircncias
na parede celular (figuras 48 A - M) como o extrato apresenta accedilatildeo na coagulaccedilatildeo
do DNA em uma fase secundaacuteria agrave lise da parede celular O que natildeo ocorre quando
administramos apenas a oxacilina o que pode ser observado na figura 3M onde
visualizamos que mesmo apoacutes o destacamento da parede celular pela accedilatildeo da
oxacilina natildeo ocorre coagulaccedilatildeo no DNA da ceacutelula diferente ao que ocorreu nas
figuras 48 N a P onde pode ser visualizada a coagulaccedilatildeo apoacutes a accedilatildeo do extrato
Desta forma podemos sugerir que a associaccedilatildeo do extrato com os agentes
antimicrobianos apresenta efeitos sineacutergicos e em alguns casos aditivos por
diferentes motivos dependendo do mecanismo de accedilatildeo dos antimicrobianos
131
Ceacutelulas natildeo tratadas (A-D) mostram parede celular (PC) ribossomo (R) e septo (S) da bacteacuteria bem distintos Tratadas com extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa na concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (E-H) mostram formaccedilatildeo de orifiacutecios na
parede celular (OPC) espessamento da parede celular (EPC) assim como espessamento do septo (ES) condensaccedilatildeo do ribossomo (CR) desprendimento da parede celular (DPC) espessamento (ES) e divisatildeo aberrante do septo (DAS) Tratadas com oxacilina na concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (I-M) mostram espessamento (ES) e divisatildeo aberrante do septo (DAS) aparecimento de orifiacutecios (OPC) assim como destacamento da parede celular (DPC) Tratadas com oxacilina associada ao extrato (N ndash Q) mostram Coagulaccedilatildeo do DNA (CD) orifiacutecios (OPC) e destacamento da parede celular (DPC) Aumento de 30000X
Figura 48 - Microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus AM 24 submetida a
tratamento com oxacilina e o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa
A B C D
N O P Q
E F G H
PC
MP R
PC
MP
R
S
PC
MP
R
S
PC MP
R S
EPC MP
CR
ES
EPC
ES
CR
OPC
CD
CR ES
CR DPC
CD OPC
DPC
CD
CD
OPC CD
DAS
ES
ES
OPC DAS
OPC DPC
I J L M
OPC
DAS
J
DAS
OPC
DAS
132
45 CONCLUSOtildeES
No caso dos inibidores das subunidades 50S E 30S nos ribossomos
(Linezolide gentamicina e claritromicina) o sinergismo ocorreria pela lise da parede
celular provocada pelo extrato o que facilitaria esses agentes alcanccedilar seus siacutetios de
accedilatildeo Quanto ao ciprofloxacino aleacutem da facilitaccedilatildeo da entrada ocorreria accedilatildeo
sineacutergica na potencializaccedilatildeo da coagulaccedilatildeo do DNA
Para os inibidores da siacutentese de parede celular o sinergismo como discutido
anteriormente ocorreria pela accedilatildeo no peptidoglicano Diferenccedilas nas respostas dos
dois agentes poreacutem podem ser explicadas pelas alteraccedilotildees no sitio de accedilatildeo pois a
bacteacuteria avaliada eacute uma cepa MRSA que apresenta modificaccedilotildees na proteiacutena
ligadora de penicilina
Essa resistecircncia a oxacilina eacute associada agrave aquisiccedilatildeo de um elemento geneacutetico
moacutevel chamado SCCmec que conteacutem o gene de resistecircncia mecA (OKUMA et al
2002) O determinante mecA codifica PBP2a uma nova proteiacutena de ligaccedilatildeo agrave
penicilina com da afinidade diminuiacuteda para a oxacilina e a maioria das outras drogas
beta-lactacircmicas (TENOVER et al 2006) deste modo o sitio de accedilatildeo dos dois
agentes avaliados estaria modificado alterando a resposta de ambos
133
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139
5 O EFEITO DE DIFERENTES MEacuteTODOS DE EXTRACcedilAtildeO SOBRE O
RENDIMENTO CONCENTRACcedilOtildeES DE FENOacuteIS TOTAIS E ATIVIDADE
ANTIMICROBIANA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa
51 INTRODUCcedilAtildeO
Os fitoteraacutepicos sempre representaram uma parcela significativa no mercado de
medicamentos Dados mais recentes estimam o mercado mundial de fitoteraacutepicos
em cerca de US$ 44 bilhotildees anuais segundo a consultoria Analize and Realize
que atende algumas das maiores induacutestrias farmacecircuticas do mundo estando
este ainda em expansatildeo (DIAS et al 2013)
Apesar do Brasil apresentar um papel privilegiado no mercado mundial de
fitoteraacutepicos devido a sua extensa e diversificada flora ele natildeo tem se destacado
neste setor entre outros fatores devido a carecircncia de estudos tecnoloacutegicos capazes
de transformar plantas medicinais com potencial terapecircutico em um produto que
possa ser utilizado com exatidatildeo de dosagem garantia de eficaacutecia e seguranccedila
cliacutenica (RODRIGUES et al 2009)
A qualidade da mateacuteria-prima vegetal bem como alteraccedilotildees provenientes no
seu beneficiamento e processo extrativo tecircm grande influecircncia na composiccedilatildeo
quiacutemica das preparaccedilotildees extrativas podendo interferir na qualidade e
reprodutibilidade do produto final A padronizaccedilatildeo durante o desenvolvimento do
extrato eacute fundamental para determinar a sua utilizaccedilatildeo como mateacuteria prima para
preparaccedilotildees fitoteraacutepicas (VALANDRO et al 2007)
Para muitas espeacutecies vegetais os metaboacutelitos bioativos satildeo desconhecidos o
que natildeo se aplica agrave casca do caule de Hymenaea stigonocarpa Estudos
previamente descritos neste trabalho de tese apontam para presenccedila de compostos
fenoacutelicos principalmente taninos e flavonoides com atividade antibacteriana principal
frente a cocos Gram positivos Cepas de Staphylococcus aureus MRSA mostraram
serem sensiacuteveis aos extratos etanoacutelico hidroalcooacutelico e sua fraccedilatildeo aquosa e acetato
de etila (DIMECH et al 2013)
A extraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos em plantas eacute influenciada por sua natureza
quiacutemica pelo meacutetodo de extraccedilatildeo empregado pelo tamanho de partiacutecula da
amostra pelo tempo e condiccedilotildees de armazenamento assim como pela presenccedila de
substacircncias interferentes (SOUZA 2013)
140
Natildeo existe processo preconizado ou completamente satisfatoacuterio que seja
adequado para a extraccedilatildeo de todos os compostos fenoacutelicos ou de uma classe
especiacutefica de substacircncias fenoacutelicas em materiais de plantas Metanol etanol
acetona aacutegua acetato de etila e suas combinaccedilotildees satildeo frequentemente utilizadas
para a extraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos (NACZKA SHAHIDI 2004)
Estudos visando o estabelecimento de paracircmetros para identificaccedilatildeo
determinaccedilatildeo das propriedades fisico-quiacutemicas da materia prima vegetal assim
como o desenvolvimento de uma soluccedilatildeo extrativa padronizada satildeo escassos
(RODRIGUES et al 2009)
O objetivo de extrair compostos fenoacutelicos a partir da planta fonte eacute a
libertaccedilatildeo destes compostos a partir das estruturas vacuolares onde eles se
encontram quer pela ruptura do tecido da planta ou por um processo de difusatildeo
(ASPEacute FERNAacuteNDEZ 2011)
Quanto aos meacutetodos de extraccedilatildeo teacutecnicas como maceraccedilatildeo aquecimento sob
refluxo infusatildeo turbo-extraccedilatildeo e sonicaccedilatildeo satildeo comumente utilizados para extrair
os metabolitos bioativos da droga vegetal (ASPEacute FERNAacuteNDEZ 2011 TIWARI et al
2011)
Aleacutem da padronizaccedilatildeo das teacutecnicas extrativas detalhes teacutecnicos a respeito do
controle desses extratos tambeacutem devem ser determinados para que exista suporte
para anaacutelises de controle de qualidade dos insumos (BORELLA et al 2012) A
padronizaccedilatildeo de fitoteraacutepicos compreende tambeacutem informaccedilatildeo e controle para
garantir a composiccedilatildeo consistente de todas os materiais vegetais incluindo
operaccedilotildees analiacuteticas para identificaccedilatildeo marcadores e doseamento de princiacutepios
ativos (CHOUDHARY SEKHON 2011)
Neste contexto os taninos tecircm sido amplamente empregados como
substacircncias marcadoras para a avaliaccedilatildeo da qualidade de diversas mateacuterias-primas
vegetais utilizadas em medicamentos (SANTOS MELLO 2003)
Os principais meacutetodos para determinaccedilatildeo a concentraccedilatildeo de taninos em
materias vegetais incluem a cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE) e a
espectrofotometria (VERZA et al 2007) As anaacutelises por CLAE podem ser
empregadas tanto para detecccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de taninos hidrolisaacuteveis como para
taninos condensados Para os taninos condensados esta determinaccedilatildeo eacute limitada a
de poliacutemeros de taninos condensados de 7 a 8 unidades (SCHOFIELD et al 2001)
141
Um dos meacutetodos mais utilizados para o doseamento de polifenoacuteis eacute a
espectofotometria na qual se faz uso do reagente de Folin-Ciocalteu Neste meacutetodo
a reaccedilatildeo eacute inespeciacutefica para polifenoacuteis pois vaacuterias satildeo as substacircncias com
possibilidade de reaccedilatildeo (MAGALHAtildeES et al 2008) Uma forma de contornar essa
questatildeo eacute a adsorccedilatildeo dos taninos do meio com substratos proteacuteicos Assim o teor
de taninos (fraccedilatildeo adsorvida ao substrato) eacute calculado pela diferenccedila entre o teor de
polifenoacuteis totais e o da fraccedilatildeo polifenoacutelica natildeo-adsorvida (VERZA et al 2007)
Para otimizaccedilatildeo deste meacutetodo de doseamento a influecircncia de paracircmetros
reacionais como o volume do reagente de Folin-Ciocalteau concentraccedilatildeo da
soluccedilatildeo de carbonato de soacutedio e tempo de reaccedilatildeo devem ser determinados Estes
paracircmetros satildeo capazes de comprometer significativamente a reaccedilatildeo por exercerem
influecircncia sobre a resposta e a presenccedila de deslocamentos bato ou hipsocrocircmicos
(FERREIRA 2012)
Desta forma o presente estudo compara a capacidade de diferentes meacutetodos
para extraccedilatildeo de polifenoacuteis das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa
avaliando o desempenho de cada teacutecnica pela quantificaccedilatildeo do resiacuteduo seco da
concentraccedilatildeo de fenoacuteis totais e de taninos (metaboacutelitos ativos) e a capacidade
antibacteriana dos extratos Determinando assim a teacutecnica extrativa de melhor
desempenho e estabelecendo paracircmetros de anaacutelise que podem auxiliar na
avaliaccedilatildeo da qualidade dessa droga vegetal
142
52 OBJETIVOS
O objetivo geral e os especiacuteficos deste estudo estatildeo descritos a seguir
521 OBJETIVO GERAL
Avaliar a Influecircncia do meacutetodos de extraccedilatildeo sobre a atividade antibacteriana
rendimento e teor dos compostos majoritaacuterios do extrato hidroalcooacutelico da casca do
caule de Hymenaea stigonocarpa
522 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Realizar a caracterizaccedilatildeo fisico-quiacutemica do material vegetal
Utilizar diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo e avaliar a presenccedila de variaccedilotildees
qualitativas dos metaboacutelitos secundaacuterios presentes nos diferentes extratos
atraveacutes de anaacutelise por cromatografia de camada delgada
Analisar o meacutetodo espectofotomeacutetrico para doseamento de polifenoacuteis
presentes no extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa realizando a
otimizaccedilatildeo do meacutetodo
Determinar o rendimento e as concentraccedilotildees de polifenois taninos e
flavonoacuteides totais em cada meacutetodo utilizado
Avaliar a influecircncia dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo sobre a atividade
antimicrobiana frente a diferentes cepas de Staphylococcus aureus
Avaliar a atividade fuacutengica do extrato de melhor rendimento frente a diferentes
especies de Candida sp
143
53 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A seguir estatildeo descritos os materiais e meacutetodos utilizados para a realizaccedilatildeo
deste estudo
531 Coleta
Cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne foram
coletadas em outubro de 2009 na Fa
zenda Refuacutegio localizada na cidade de Camocim de Satildeo Feacutelix Pernambuco
(de latitude 8deg213000S e longitude 35deg475670O)
A identificaccedilatildeo foi realizada pela botacircnica do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco Dra A Bocage sendo a excicata depositada sob o nuacutemero 53563 no
Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima pertencente ao mesmo instituto
Na preparaccedilatildeo da mateacuteria-prima vegetal as cascas do caule foram
submetidas agrave secagem em estufa a uma temperatura de 40degC durante 72 horas
em seguida pulverizadas em moinho de martelos (Tigre ASN5) e estocada em
frascos a temperatura ambiente
532 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal
O material vegetal foi caracterizado atraveacutes da anaacutelise granulomeacutetrica perda
por dessecaccedilatildeo teor de extrativos e pela determinaccedilatildeo das cinzas totais para
estabelecer as caracteriacutesticas do individuo e do preparo do material vegetal que
possam influenciar avaliaccedilotildees posteriores
5321 Anaacutelise granulomeacutetrica por tamisaccedilatildeo
Amostras do material vegetal triturado (100g) foram submetidas agrave passagem
atraveacutes de tamises previamente tarados com abertura de malha de 1000 850 600
425 250 e 150microm aleacutem do coletor A tamisaccedilatildeo foi realizada durante 15 minutos em
aparelho tamisador Bertel reg calibrado para 60 vibraccedilotildees por segundo
A determinaccedilatildeo do diacircmetro meacutedio das partiacuteculas foi obtida pela curva de
distribuiccedilatildeo de retenccedilatildeo e passagem Os resultados foram expressos pela meacutedia de
144
trecircs determinaccedilotildees de acordo com o que preconiza a Farmacopeacuteia Brasileira IV
1988
5322 Determinaccedilatildeo da perda por dessecaccedilatildeo
Em pesa-filtros previamente tarados foram adicionados 20 g do material
vegetal triturado e colocados em estufa (Quimisreg) por 2 h agrave temperatura de 105 plusmn
2ordm C As amostras foram colocadas em dessecador Os pesa-filtros foram
novamente pesados em balanccedila analiacutetica (Shimadzureg) e colocados em estufa por
mais 30 min Esta operaccedilatildeo foi repetida em ciclos de uma hora ateacute peso constante
Os resultados foram expressos em percentual de perda de massa pela meacutedia de
trecircs determinaccedilotildees (Farmacopeia Brasileira 2010)
5323 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Amostras contendo 10g do material vegetal triturado foram submetidas agrave
decocccedilatildeo com 100 mL de aacutegua destilada durante 10 minutos Apoacutes resfriamento os
volumes foram reconstituiacutedos e as soluccedilotildees filtradas Cerca de 200 g das soluccedilotildees
filtradas foram colocadas em pesa-filtros previamente tarados e evaporadas agrave
secura em banho-maria com agitaccedilatildeo perioacutedica para homogeneizaccedilatildeo da amostra
As amostras foram levadas a estufa por 2 h agrave 105ordmC plusmn 2ordm C resfriadas e pesadas
Em seguida estas amostras foram colocadas em estufa por 30 min e este
procedimento repetido ateacute peso constante O teor de extrativos foi calculado pela
formula descrita abaixo
Onde TE = teor de extrativos soluacuteveis em aacutegua () g = resiacuteduo seco (g) FD = fator
de diluiccedilatildeo = 5 (pesados 20 dos 100 mL totais) m = planta seca e moiacuteda (em
gramas) ppd = perda por dessecaccedilatildeo da planta seca e moiacuteda (SOUZA et al 2010)
145
5324 Determinaccedilatildeo de cinzas totais
Amostras do material vegetal triturado (3g) pesadas analiticamente foram
transferidas para cadinhos de porcelana previamente calcinados arrefecidos e
pesados
Cada uma das amostras foi distribuiacuteda uniformemente nos cadinhos e
incineradas aumentando gradativamente para 200degC por 30min 400degC por 60
minutos e 600degC por 90 minutos Apoacutes este periacuteodo os cadinhos foram transferidos
resfriados colocados em dessecador e posteriormente pesados As percentagens
de cinzas em relaccedilatildeo ao material vegetal que foi submetido ao processo de
secagem foram calculadas Os resultados foram expressos em perda de massa
percentual pela meacutedia de trecircs determinaccedilotildees (Farmacopeacuteia Brasileira V 2010)
533 Procedimentos extrativos
Seis procedimentos extrativos (infusatildeo maceraccedilatildeo maceraccedilatildeo dinacircmica
refluxo turboextraccedilatildeo e ultrassom) foram realizados a partir de 20g da casca do
caule trituradas extraiacutedas com 200 mL de uma soluccedilatildeo de etanol aacutegua (11 vv) A
escolha deste sistema de solventes foi baseada em relatos etnofarmacoloacutegicos
Apoacutes a extraccedilatildeo as soluccedilotildees foram filtradas em papel de filtro (Whatmann no
2) e concentrado em rota evaporador obtendo-se assim seis extratos hidroalcooacutelicos
secos Infusatildeo (EI) maceraccedilatildeo (EM) maceraccedilatildeo dinacircmica (EMD) refluxo (ER)
turboextraccedilatildeo (ET) e ultrassom (EU) cujo rendimento foi calculado para cada caso
A teacutecnica extrativa mais eficiente foi determinada atraveacutes da avaliaccedilatildeo do
rendimento de resiacuteduo seco determinaccedilatildeo de taninos totais e da avaliaccedilatildeo da
atividade antibacteriana frente a cepas de Staphylococcus aureus
534 Descriccedilatildeo das teacutecnicas extrativas
5341 Maceraccedilatildeo
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida por maceraccedilatildeo durante 72h Esta soluccedilatildeo foi
preparada em frasco acircmbar a temperatura 23 plusmn 1ordmC com agitaccedilatildeo ocasional a cada
12h
146
5342 Maceraccedilatildeo dinacircmica
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida utilizando agitador magneacutetico (marca Fisatom
modelo 754A) A soluccedilatildeo foi preparada em frasco acircmbar contendo barra magneacutetica
tipo liso com anel central (14 x 76 mm) e a extraccedilatildeo se deu agrave temperatura 23 plusmn 1ordmC
Durante o processo extrativo foi aplicada uma velocidade de 300 RPM que perdurou
2 horas
5343 Ultrassom
O triturado da casca e a soluccedilatildeo extrativa foram adicionados a frasco acircmbar a
adicionados a banho de ultrassom a temperatura 23 plusmn 1ordmC sendo utilizado o
equipamento de marca Unique modelo maxiclean 1600
Natildeo foi aplicado aquecimento e o processo durou 45 minutos em frequecircncia
de 40 kHz
5344 Refluxo
O triturado da casca e a soluccedilatildeo etanol aacutegua (11 vv) foram adicionados a
um balatildeo de vidro Estes foram aquecidos em sistema de refluxo composto por uma
manta eleacutetrica (Marca Fisaton Classe 300 - Modelo 102E) como fonte de
aquecimento e balatildeo de vidro acoplado a um condensador O processo foi iniciado
apoacutes a temperatura interna de 80 ordmC e encerrado apoacutes um periacuteodo de 45 minutos
5345 Turbo-extraccedilatildeo
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida em turbo-extrator de alta rotaccedilatildeo (marca metvisa
modelo LAR 2) consistindo de trecircs ciclos de processamento de 15 min seguidos
por uma pausa de 5 minutos para evitar aquecimento
5346 Infusatildeo
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida apoacutes adiccedilatildeo da soluccedilatildeo etanol aacutegua (11 vv)
a temperatura de ebuliccedilatildeo ao material vegetal triturado em frasco acircmbar fechado
por um periacuteodo de 1 hora
147
535 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica
Um volume de 15 μL de cada extrato (EM EU EMD ET ER e EI) de
concentraccedilotildees padronizadas em 05 foi utilizado para a realizaccedilatildeo de
Cromatografia em Camada Delgada utilizando-se placas de gel de siacutelica (Macherey-
Nagelreg Ref 818 133)
Os sistemas de eluiccedilatildeo e reveladores apropriados para polifenoacuteis foram os
descritos por WAGNER amp BLADT 1996
536 Anaacutelises quantitativas de polifenoacuteis
A seguir estatildeo descritos os diferentes meacutetodos realizados
5361 Determinaccedilatildeo de polifenoacuteis totais
A determinaccedilatildeo de polifenois totais foi realizada apoacutes idealizaccedilatildeo do desenho
fatorial 32 a partir do meacutetodo estabelecido pela European Pharmacopoeia (2005)
53611 Desenho fatorial de 32
A fim de avaliar a influecircncia do reagente Folin-Ciocalteau da concentraccedilatildeo de
carbonato de soacutedio e do tempo de reaccedilatildeo sobre a concentraccedilatildeo de polifenois
presentes nos extratos obtidos por diferentes teacutecnicas foi idealizado um desenho
fatorial de 32 (Folin = 1 e 3 mL Carbonato = 10 e 20 Tempo = 10 e 20 min)
sendo adicionado 3 pontos centrais (Folin = 2 mL Carbonato = 15 Tempo = 15
min)
Cada ponto foi realizado em triplicata A variaacutevel dependente estudada foi agrave
absorbacircncia apoacutes reaccedilatildeo com o reagente de Folin-Ciocalteau que diretamente
refere-se agrave concentraccedilatildeo dos polifenois presentes na amostra A anaacutelise estatiacutestica
foi realizada por graacuteficos de paretos com auxiacutelio dos programas Microsoft Excel e
Statistica 60
O volume de reagente de Folin-Ciocalteu a concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo
carbonato de caacutelcio e o tempo de reaccedilatildeo foram os obtidos apoacutes o estudo de fatorial
32 sendo 3 ml e 10 e 25 minutos respectivamente
148
53612 Preparaccedilatildeo da Soluccedilatildeo Padratildeo
Foram pesados 25mg de aacutecido gaacutelico e estes solubilizados com 10 mL de
aacutegua destilada Esta soluccedilatildeo permaneceu sob agitaccedilatildeo durante 15 minutos para
completa solubilizaccedilatildeo Em seguida foi transferida para um balatildeo volumeacutetrico de 25
mL e o volume completado com aacutegua destilada Desta forma foi obtida uma soluccedilatildeo
padratildeo de concentraccedilatildeo 1000 microgmL
As condiccedilotildees experimentais para determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de aacutecido
gaacutelico (tempo de reaccedilatildeo volume do reagente de Folin-Ciocalteau e Concentraccedilatildeo de
carbonato de soacutedio) que foram utilizadas foram otimizadas por Ferreira (2012)
Desta soluccedilatildeo foram retiradas uma aliacutequota de 50 microL e transferida para uma
balatildeo volumeacutetrico (2 microgmL) ao qual foi adicionado 2 mL do reagente Folin
Ciocalteau 10 mL de aacutegua destilada e o volume completado para 25 mL com
soluccedilatildeo de carbonato de soacutedio a 10
A varredura em espectrofotocircmetro foi realizada apoacutes 15 minutos da adiccedilatildeo do
carbonato de soacutedio O comprimento de onda de 780 nm foi selecionado para leitura
apoacutes avaliaccedilatildeo da similaridade do espectro de UV entre a amostra e a substacircncia de
referecircncia
Previamente agrave determinaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais taninos e
flavonoides totais presentes nos extratos foram preparadas soluccedilotildees de
concentraccedilatildeo 20 30 40 50 60 70 e 80 microgmL de aacutecido gaacutelico (99 de pureza
Sigma Chemical Co St Louis USA) em aacutegua a fim de obter uma curva de
calibraccedilatildeo A absorbacircncia foi medida a 780nm Com os resultados da absorbacircncia
foi construiacuteda uma curva de calibraccedilatildeo
A leitura da absorbacircncia foi realizada em espectrofotocircmetro (marca Thermo
Scientific modelo Evolution 60S) em comprimento de onda de 780 nm A leitura foi
realizada apoacutes 30 min da adiccedilatildeo do reagente de oxirreduccedilatildeo (Folin-Ciocalteau)
O teor de polifenois foi determinado pela extrapolaccedilatildeo da curva de calibraccedilatildeo
(y = 01037 x + 00024 R2 = 09992) de aacutecido gaacutelico
5362 Determinaccedilatildeo de taninos totais
Foi realizada apoacutes avaliaccedilatildeo da fraccedilatildeo residual de polifenoacuteis na soluccedilatildeo
extrativa de Hymenaea stigonocarpa em funccedilatildeo da quantidade de caseiacutena
utilizando caseiacutena (Merck) como agente complexante
149
Aliacutequotas de 10 mL das soluccedilotildees extrativas foram misturadas separadamente
com quantidades crescentes de caseiacutena (50 150 250 350 450 e 500 mg) Esta
mistura foi submetida agrave agitaccedilatildeo durante 1 hora e em seguida filtrada A partir dos
filtrados aliacutequotas de 50 mL foram diluiacutedas para o volume de 25 mL com aacutegua
Dessas soluccedilotildees 20 mL foram adicionados a um balatildeo volumeacutetrico e adicionados
100 mL de aacutegua O volume de reagente de Folin-Ciocalteu a concentraccedilatildeo da
soluccedilatildeo carbonato de caacutelcio e o tempo de reaccedilatildeo foram os mesmos descritos para a
determinaccedilatildeo de polifenoacuteis totais apoacutes estudo fatorial 32 (seccedilatildeo 3511)
A concentraccedilatildeo de taninos totais foi obtida a partir da seguinte equaccedilatildeo
Onde TT = Concentraccedilatildeo de taninos Totais PT = concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais
e FTN = concentraccedilatildeo de polifenoacuteis na fraccedilatildeo natildeo tanante
5363 Determinaccedilatildeo de flavonoacuteides
Foram obtidos cinco niacuteveis diferentes de concentraccedilotildees (80 a 120microgmL) a
partir do padratildeo de astilbina de pureza de 99 adquirido da induacutestria Aktin
Chemicals Inc (China) Cada niacutevel de concentraccedilatildeo foi injetado no sistema
cromatograacutefico (n=3) e os valores de aacuterea maacutexima foram traccedilados contra as
concentraccedilotildees A curva foi ajustada pela regressatildeo linear atraveacutes da meacutedia das trecircs
leituras (corridas cromatograacuteficas) O teor de flavonoacuteides foi determinado entatildeo pela
extrapolaccedilatildeo da curva de calibraccedilatildeo (y = 06014 x - 05251 R2 = 09932) obtida
53631 Anaacutelise por cromatografia liquida e alta eficiecircncia acoplada a detector de
arranjo de Diodos (CLAE-DAD)
Os extratos foram solubilizados em metanol para a obtenccedilatildeo de soluccedilotildees de
concentraccedilatildeo de 400 microgMl Este concentraccedilatildeo foi selecionada apoacutes triagem previa
por gerar picos de aacutereas de valores similares as aacutereas obtidas pelas diferentes
doses de astilbina que produziram a curva de calibraccedilatildeo
Os extratos foram filtrados em membrana de politetrafluoetileno de 020 microm
(Chromafilreg) e depois adicionados frascos acircmbar As anaacutelises foram realizadas em
TT = PT - FNT
150
cromatoacutegrafo equipamento CLAE-DAD (Ultimatereg 3000 Thermo Scientificreg)
equipado com bomba binaacuteria HPG-3x00RS 3000 (RS) detector de arranjo de diodo
e coletor de amostra automaacutetico ACC-3000
As separaccedilotildees foram realizadas em uma coluna (C18) 256 x 46 mm di 5
microm (Acclaim 120 Dionexreg) equipada com (C18 4 x 3 mm di Phenomenexreg)
A fase moacutevel foi composta por aacutegua MiliQreg (eluente A) e acetonitrila (eluente
B Tediareg) ambos acidificados com 01 de soluccedilatildeo de aacutecido trifluoroaceacutetico
variando de 10-23 em 35 min para 23ndash90 em 50 min do eluente B a um fluxo
de 1mLmin
O software Chromeleon 60 (Dionexreg) foi utilizado para processamento e
aquisiccedilatildeo dos dados O teor de flavonoides em cada extrato foi determinado
utilizando a aacuterea dos picos com espectros de UV caracteriacutesticos de flavonoides
(MABRY et al 1970) obtidos no cromatograma pela extrapolaccedilatildeo da curva de
calibraccedilatildeo (y = 06014 x - 0525 R2 = 09932) obtida a partir da astilbina
537 Determinaccedilatildeo da atividade antimicrobiana de diferentes extratos
hidroalcoacuteolicos de H stigonocarpa Mart ex Hayne
A seguir satildeo descritos os meacutetodos realizados para determinaccedilatildeo da atividade
antimicrobiana
5371 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana
A etapa experimental foi realizada no Laboratoacuterio de Bioquiacutemica e Fisiologia
dos Micro-organismos do Departamento de Antibioacuteticos da UFPE
53711 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees de H stigonocarpa
Os extratos secos obtidos pelas diferentes teacutecnicas de extraccedilatildeo foram
analiticamente pesados (10 mg) e solubilizados em etanolaacutegua (19 pv) obtendo
assim soluccedilotildees estoque padronizadas de concentraccedilatildeo igual a 1000 microgmL
53712 Micro-organismos
Os micro-organismos utilizados para a realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo antimicrobiana
dos extratos de H stigonocarpa foram obtidos a partir da coleccedilatildeo de cultura do
151
Laboratoacuterio Fisiologia e Bioquiacutemica de Micro-organismos do Departamento de
Antibioacuteticos da UFPE
Foram utilizados neste estudo os seguintes micro-organismos Staphylococcus
aureus ATCC 25923 LFBM 13 LFBM 15 LFBM 16 LFBM 11 LFBM 26 LFBM 05 LFBM
28 LFBM 29 LFBM 31 e LFBM 30
53713 - Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo
bactericida miacutenima (CMB)
A concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima
(CMB) foi realizada pela mesma metodologia descrita no capitulo 2
5372 Determinaccedilatildeo da atividade antifuacutengica
Os meacutetodos para determinaccedilatildeo da atividade antifuacutengica frente a diferentes
espeacutecies de Candida estatildeo descritos a seguir
53721 Candidas e condiccedilotildees de cultivo
Quatro cepas de Candida albicans (6257 4986 4606 e 4990) trecircs de
Candida krusei (5712 4263 e 934) trecircs de Candida parapsilosis (ATCC 22019 CP
4608 e 4889) duas de Candida tropicalis (4790 e ATCC 750) e uma de Candida
glabrata (Y 6094) foram oriundas da URM coleccedilatildeo do Departamento de Micologia
do Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas da Universidade Federal de Pernambuco
As cepas foram estocadas em oacuteleo mineral a 18degC Com o objetivo de obter
um inoculo contendo de 1-5 x 106 UFCmL cada cepa foi cultivada em um tubo
contendo 20 mL de Agar Sabouraud Dextrose sendo incubada a 35deg C por dois
dias Apoacutes este periacuteodo as suspensotildees de leveduras foram preparadas em soluccedilatildeo
fisioloacutegica esterilizada e depois ajustadas a 90 de transmitacircncia a 530 nm
Diluiccedilotildees seriadas de 1100 e 120 foram realizadas para obter um inoculo final
contendo 1-5 times 103 UFCmL (LIMA-NETO et al 2012)
Testes de viabilidade e subsequente confirmaccedilatildeo taxonocircmica das
caracteriacutesticas morfoloacutegicas bioquiacutemicas e fisioloacutegicas foram realizados
152
53722 Susceptibilidade antifuacutengica in vitro
Placas de microdiluiccedilatildeo contendo diluiccedilotildees seriadas de droga foram
preparadas seguindo o que determina o protocolo CLSI M27-A3 (2008) Os extratos
foram solubilizados em dimetilsulfoxido (10) as concentraccedilotildees avaliadas variaram
de 1000 a 0487μgmL Fluconazol foi usado como droga de referecircncia nas
concentraccedilotildees entre 0125 a 64 μgmL
Os 12 primeiros poccedilos (linha vertical) das placas de microdiluiccedilatildeo receberam
100 microL das soluccedilotildees duas vezes mais concentradas dos extratos e das drogas de
referecircncia Nos outros meio padratildeo RPMI 1640 (Sigma Chemical Co St Louis MO
EUA) tamponadas a pH 70 com 0165 molL de aacutecido morfolinopropanosulfonico
(MOPS Sigma) Os extratos e o padratildeo foram diluiacutedos geometricamente seguindo
uma razatildeo 2 Em seguida todos os tubos foram inoculados com 100 microL do inoculo
final contendo 1-5 times 103 UFCmL e as microplacas incubadas a 35degC em uma
incubadora de CO2
Apoacutes 48h de incubaccedilatildeo a CIM foi lida Os valores de CIM correspondem a
mais baixa concentraccedilatildeo da droga que apresentou inibiccedilatildeo do crescimento das
leveduras Todos os testes foram realizados em triplicata
538 Anaacutelises estatiacutesticas
A anaacutelise estatiacutestica foi realizada utilizando Anova one-way e teste de
comparaccedilatildeo muacuteltiplas Newman-Keuls usando o software GraphPad Prism versatildeo
50 para Windows GraphPad Software (San Diego CA) e p lt 005 foi usado como
niacutevel de significacircncia
153
54- RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados obtidos neste estudo estatildeo descritos a seguir
541 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal
A granulometria do material triturado eacute um paracircmetro importante a ser
estabelecido pois influencia diretamente a eficiecircncia e reprodutibilidade do processo
extrativo (MIGLIATO et al 2007) Eacute um paracircmetro com o qual se pode determinar a
superfiacutecie de contato da partiacutecula disponiacutevel para interagir com o solvente o que eacute
muito utilizado na obtenccedilatildeo de preparaccedilotildees farmacecircuticas liquidas como tinturas e
extratos (SILVA JUacuteNIOR 2006)
A Farmacopeacuteia Brasileira V (2010) classifica os poacutes pela distribuiccedilatildeo
granulomeacutetrica De acordo com os paracircmetros desta publicaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo
granulomeacutetrica da casca do caule de H stigonocarpa apoacutes trituraccedilatildeo analisada no
presente trabalho pode ser classificada como poacute grosso visto que as partiacuteculas na
sua totalidade apresentaram uma granulometria superior a 1700μm e uma
quantidade inferior a 40 foram superiores a 355 μm (figura 1)
Figura 49 - Histograma de distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da casca
do caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes trituraccedilatildeo
Neste estudo o material mostrou distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica bastante
variada Os pesos obtidos das partiacuteculas apoacutes tamisaccedilatildeo em malhas de 1000 850
154
600 425 250 e 150 microm foram 3907plusmn323g 421plusmn022g 1380plusmn023g 977plusmn032g
1088plusmn094g 625plusmn073g e 1501plusmn151g respectivamente
O ponto interseccedilatildeo das curvas de retenccedilatildeo e passagem partiacuteculas passa pelo
tamanho de 734 microm (tamanho meacutedio) e a sua representaccedilatildeo graacutefica estaacute
apresentada na figura 2
Figura 50 - Curvas de retenccedilatildeo e passagem das partiacuteculas de casca do caule
de Hymenaea stigonocarpa apoacutes trituraccedilatildeo
Aleacutem do meacutetodo de trituraccedilatildeo do material vegetal outros aspectos tecircm
influecircncia direta na distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica final principalmente o teor de lignina
e de extrativos no mateacuterial vegetal Madeiras com grandes quantidades de extrativos
tendem a ser mais densas assim a quantidade de extrativos costumam variar em
torno de 3 a mais de 30 do peso seco (BOWYER et al 2003)
A reduccedilatildeo do tamanho de partiacutecula leva a um aumento da superfiacutecie de
contato entre a mateacuteria-prima e o meio de extraccedilatildeo (NORIEGA et al 2005) Poreacutem
em alguns casos poacutes de tamanho maior podem favorecer as extraccedilotildees Partiacuteculas
muito finas podem aderir agraves partiacuteculas maiores aumentando a viscosidade do meio
e criando uma barreira que impede a penetraccedilatildeo de solventes (VOIGT amp
BORNSCHEIN 1982)
734 microm
155
Eacute importante que a mateacuteria prima vegetal esteja suficientemente triturada para
que se consiga um rendimento oacutetimo no processo de extraccedilatildeo dos constituintes
quiacutemicos de interesse farmacecircutico
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira no que se refere ao teor de extrativos e
suas interrelaccedilotildees como a adsorccedilatildeodessorccedilatildeo de umidade e como a retraccedilatildeo
volumeacutetrica tecircm sido objeto de estudo por parte de diversos autores O termo
extrativo se refere a substacircncias de baixa ou meacutedia massa molecular que podem
ser extraiacutedas em aacutegua ou solventes orgacircnicos (SILVERIO et al 2006)
Buchanan (1963) afirmou que haacute uma consideraacutevel variaccedilatildeo na distribuiccedilatildeo
dos extrativos atraveacutes da madeira de uma aacutervore existindo uma variaccedilatildeo na
quantidade de material depositado atraveacutes da altura da aacutervore e entre o tronco e os
galhos
Nearn (1955) verificou que devido agrave accedilatildeo de enchimento dos extrativos
soluacuteveis em aacutegua espeacutecies com alto teor de extrativos apresentam maior
estabilidade dimensional menor umidade no ponto de saturaccedilatildeo das fibras e
umidades de equiliacutebrio mais baixas do que espeacutecies que possuam pequenas
quantidades de extrativos em sua composiccedilatildeo quiacutemica
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos eacute um meacutetodo utilizado para quantificar
constituintes extratiacuteveis da droga vegetal que pode ser considerado como uma
caracteriacutestica proacutepria de cada amostra vegetal e pode auxiliar na avaliaccedilatildeo da
qualidade dessa droga vegetal (ANTONELLI-USHIROBIRA et al 2004) assim o
valor obtido para a amostra vegetal avaliada foi de 1429plusmn167
O teor de extrativos determinado neste trabalho indica a presenccedila de
compostos hidrossoluacuteveis a quente presentes no material vegetal Muito embora natildeo
seja indicativo dos constituintes ativos o teor de extrativos representa uma teacutecnica
de faacutecil execuccedilatildeo e economicamente viaacutevel relevante por estabelecer condiccedilotildees
adicionais para controle de qualidade
A determinaccedilatildeo do teor de aacutegua residual presente nas drogas vegetais
constitui um iacutendice da qualidade de sua preparaccedilatildeo e da garantia de sua
conservaccedilatildeo (COSTA 1982 SILVA JUacuteNIOR 2006) A perda por dessecaccedilatildeo do
triturado da planta indicativo do teor de material volaacutetil do vegetal e indiretamente
da umidade residual apresentou um valor obtido na anaacutelise da casca do caule de
Hymenaea stigonocarpa de 1024 O valor encontrado nesse estudo apresenta-se
156
dentro do intervalo estabelecido pela Farmacopeacuteia Brasileira V (2010) de 8 a 14
indicando uma boa conservaccedilatildeo e uma secagem eficiente da mateacuteria prima vegetal
Esta determinaccedilatildeo eacute importante para o controle de qualidade microbioloacutegico
pois um excesso de aacutegua na droga vegetal favorece o crescimento de fungos e
bacteacuterias podendo tambeacutem levar agrave hidroacutelise de seus constituintes bioativos
(SHARAPIN 2000)
A determinaccedilatildeo de cinzas totais do triturado da casca permite a quantificaccedilatildeo
do resiacuteduo natildeo volaacutetil inorgacircnico presente nas drogas vegetais como integrante
natural destas As cinzas totais constituiacutedas principalmente por carbonatos cloretos
e diversos tipos de oacutexidos pode servir como meacutetodo para avaliar a pureza do
material detectando possiacuteveis impurezas e adulteraccedilotildees do material com compostos
inorgacircnicos (COSTA 1982 SILVA JUacuteNIOR 2006) O resultado encontrado na
determinaccedilatildeo do teor de cinzas totais nas cascas do caule de H stigonocarpa foi de
828plusmn027 Considerando que natildeo existem na Farmacopeacuteia Brasileira limites
preconizados em monografia para esta espeacutecie e que em vaacuterias delas satildeo
apresentados em ensaios de pureza valores de ateacute 10 como dentro do limite
consideramos os resultados obtidos aceitaacuteveis
Os resultados obtidos para os ensaios de perda por dessecaccedilatildeo teor de
extrativos estatildeo apresentados na tabela 5
Tabela 5 - Resultados dos ensaios de perda por dessecaccedilatildeo teor de extrativos e
cinzas totais das amostras de cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes
trituraccedilatildeo
Amostra PD plusmn dp TE plusmn dp CTplusmn dp
Triturado da casca de Hymenaea stigonocarpa
1024 plusmn 017 1429plusmn167 828plusmn027
PD ndash Perda por dessecaccedilatildeo TE ndash Teor de extrativos CT ndash Cinzas Totais dp ndash desvio padratildeo
542 Determinaccedilatildeo do rendimento
Um problema para a seleccedilatildeo dos meacutetodos de extraccedilatildeo eacute a possibilidade de
compostos de interesse apresentarem uma interaccedilatildeo significativa com a matriz
sendo necessaacuterio nestes casos um meacutetodo com elevada recuperaccedilatildeo
157
Determinadas matrizes podem reter analitos dentro de poros ou outras estruturas
(SOUZA 2013)
Uma das teacutecnicas para aumentar a recuperaccedilatildeo dos compostos de interesse
seria aumentar a temperatura do solvente pois a energia teacutermica adicionada pode
auxiliar na quebra das ligaccedilotildees da matriz e facilitar a difusatildeo do analito agrave superfiacutecie
O aumento do tempo de contato tambeacutem poderia ser outra saiacuteda para o aumento da
recuperaccedilatildeo devido a sua influecircncia na difusatildeo Deve-se avaliar poreacutem que tempos
muito longos podem promover a perda de compostos por oxidaccedilatildeo (SOUZA 2013)
A escolha de um meacutetodo em detrimento de outro eacute um ponto que deve ser bem
estudado pois uma seleccedilatildeo incorreta pode levar ao aumento do tempo de
execuccedilatildeo necessidade do uso de grande quantidade de solvente aleacutem de poder
apresentar baixa eficiecircncia na extraccedilatildeo Exemplos disso satildeo os metodos que
utilizam elevaccedilatildeo da temperatura onde substacircncias de interesse caso sejam
termicamente laacutebeis podem ser degradadas Assim deve-se considerar a
adequaccedilatildeo dos meacutetodos de extraccedilatildeo (ONG 2004) Desta forma alguns metodos
utilizados neste estudo satildeo descritos a seguir
O meacutetodo de extraccedilatildeo assistido por ultrassom envolve a forccedila de corte criada
pela implosatildeo de bolhas de cavitaccedilatildeo sobre a propagaccedilatildeo das ondas acuacutesticas no
intervalo kHz O colapso de bolhas pode produzir efeitos fiacutesicos quiacutemicos e
mecacircnicos o que resulta na ruptura das membranas bioloacutegicas para facilitar a
libertaccedilatildeo de compostos extratiacuteveis e melhorar a penetraccedilatildeo do solvente em
materiais celulares e transferecircncia de massa (DAIacute MUMPER 2010)
Uma das vantagens da extraccedilatildeo assistida por ultrassom (HSU) eacute que ela eacute uma
tecnologia potencialmente uacutetil pois natildeo necessita de instrumentos complexos e eacute
relativamente de baixo custo podendo ser usada tanto em pequena quanto em
grande escala (VINATORU 2001)
Apoacutes a obtenccedilatildeo da soluccedilatildeo extrativa e concentraccedilatildeo em rotaevaporador o
valor de rendimento obtido para o meacutetodo do ultrassom foi de 1122 (2245g)
Esta foi agrave teacutecnica que apresentou menor rendimento Aspectos como a natureza do
material e distribuiccedilatildeo da onda ultrassocircnica no liacutequido extrator podem justificar esse
menor rendimento
Amostras com grandes teores de extrativos apresentam maior estabilidade
dimensional e consequentemente maior resistecircncia a sonicaccedilatildeo Quanto agrave potecircncia
ultrassocircnica sabe-se que o maacuteximo poder eacute observado proacuteximo a superfiacutecie da
158
fonte radiante ultrassocircnica (WANG WELLER 2006) poreacutem ele diminui
proporcionalmente com aumento da distacircncia Assim os aspectos fiacutesico-quiacutemicos da
amosta estudada bem como a metodologia empregada podem ter influenciado no
reduzido rendimento desta teacutecnica
Outra teacutecnica avaliada a turbo-extraccedilatildeo apresentou um rendimento de 1296
(2593g) Estaacute teacutecnica eacute baseada na extraccedilatildeo com simultacircnea reduccedilatildeo do tamanho
de partiacutecula que eacute resultado da aplicaccedilatildeo de elevadas forccedilas de cisalhamento Essa
reduccedilatildeo draacutestica do tamanho de partiacutecula e consequente rompimento das ceacutelulas
favorece a raacutepida dissoluccedilatildeo das substacircncias ativas no liacutequido extrativo (VOIGT
1993 SONAGLIO et al 2007)
Nessas circunstacircncias a difusatildeo das substacircncias dissolvidas atraveacutes da
membrana celular fica relegada a um plano secundaacuterio resultando em extraccedilatildeo de
ateacute quase o esgotamento da droga A esse incremento da eficiecircncia somam-se a
simplicidade rapidez e versatilidade da teacutecnica que permitem a faacutecil utilizaccedilatildeo da
turboextraccedilatildeo em processamentos em pequena e meacutedia escala (HUBINGER et al
2009)
Em nosso estudo observamos que o tamanho reduzido da partiacutecula aspecto
caracteriacutestico deste meacutetodo proporciona dificuldades no processo de separaccedilatildeo da
soluccedilatildeo extrativa por filtraccedilatildeo e consequentemente perda de material Isso pode
justificar o porquecirc de um meacutetodo que leva a quase esgotamento da droga natildeo
produzir um bom rendimento
Aspectos como o aumento na temperatura podem promover uma maior
extraccedilatildeo tanto pelo aumento da solubilidade como pela taxa de transferecircncia de
massa Aleacutem disso a viscosidade e a tensatildeo superficial dos solventes satildeo
diminuiacutedas em temperaturas altas o que ajuda os solventes a atingir as matrizes de
amostras e melhoria da taxa de extraccedilatildeo (DAIacute MUMPER 2010)
Assim a teacutecnica de infusatildeo levou a um rendimento de 1377 (2755g) natildeo
apresentando diferenccedila significativa no rendimento (Plt005) quando comparado ao
meacutetodo de ultrassom
159
Figura 51 ndash Rendimentos obtidos atraveacutes dos
diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo
O meacutetodo de maceraccedilatildeo por sua natureza natildeo conduz ao esgotamento da
mateacuteria prima vegetal seja devido agrave saturaccedilatildeo do liacutequido extrator ou ao
estabelecimento de um equiliacutebrio difusional entre o meio extrator e o interior da
ceacutelula (VOIGT 2000) Desta forma para o meacutetodo de maceraccedilatildeo o rendimento foi de
1525 (3050g) Comparando este meacutetodo com os meacutetodos anteriormente
descritos o melhor rendimento da maceraccedilatildeo pode ser sugerido pela maior
influecircncia do tempo de interaccedilatildeo e difusatildeo drogasolvente o que natildeo foi observado
em meacutetodos que apenas utilizam o aumento da temperatura do solvente e
ultrassom
Meacutetodos extrativos dependem em grande parte dos fenocircmenos de difusatildeo
sendo que a agitaccedilatildeo pode influenciar na duraccedilatildeo do processo (MIGLIATO et al
2011) Baseados nesta ideia outros dois meacutetodos que empregam a agitaccedilatildeo tambeacutem
foram avaliados Um deles foi o refluxo onde ocorre o aquecimento da soluccedilatildeo ateacute agrave
ebuliccedilatildeo e o retorno dos vapores condensados para o balatildeo antes de serem
perdidas por evaporaccedilatildeo Este meacutetodo se mostrou mais eficiente com rendimento de
1775 (3550g) se comparado com as teacutecnicas anteriores Poreacutem foi observado
que o aquecimento ateacute a ebuliccedilatildeo e o refluxo do triturado durante 45min levaram a
reduccedilatildeo do tamanho das partiacuteculas que influenciou no processo de separaccedilatildeo da
soluccedilatildeo extrativa por filtraccedilatildeo Natildeo diferindo significativamente do meacutetodo de refluxo
(Plt005) a de maceraccedilatildeo dinacircmica foi o meacutetodo que apresentou o maior
rendimento 1862 (3725g)
Comparado com os outros meacutetodos podemos sugerir que sua vantagem
ocorreu pela influecircncia do agitador magneacutetico no equiliacutebrio difusional entre o meio
ULTRASSOM TURBOLISE INFUSAtildeO MACER REFLUXO MACER DIN0
1
2
3
4
Meacutetodo de extraccedilatildeo
Resiacuted
uo
seco
(g
)
160
extrator e o interior da ceacutelula assim como ruptura das membranas que aumentaram
a penetraccedilatildeo do solvente nos materiais celulares e consequentemente levaram o um
maior rendimento
543 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica por cromatografia de camada delgada
A prospecccedilatildeo fitoquiacutemica atraveacutes de cromatografia de camada delgada
(figura 52) demonstrou a presenccedila de flavonoides e taninos condensados em todos
os extratos avaliados
Figura 52 ndash Cromatogramas demonstrando a presenccedila de
flavonoides e taninos nos extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule
Hymenaea stiginocarpa obtidos a partir dos diferentes meacutetodos de
extraccedilatildeo
Placa A e B fase moacutevel EtOAc ndash HCOOH ndash ACOH ndash H2O (100111126 vv) revelador da placa A - Reagente de NEU revelador da placa B ndash Vanilina cloriacutedrica Amostras adicionadas A ndash astilbina (Padratildeo) Md ndash Extrato maceraccedilatildeo dinacircmica Me ndash Extrato maceraccedilatildeo estaacutetica (Maceraccedilatildeo) I ndash Extrato infusatildeo T ndash Extrato turbolise R ndash Extrato refluxo U ndash Extrato ultrassom e P ndash Padratildeo de epicatequina
544 Anaacutelise quantitativa dos compostos majoritaacuterios
Antes de considerar o emprego da metodologia para taninos totais os perfis
de absorccedilatildeo no UV-VIS para o padratildeo de aacutecido gaacutelico e as amostras foram
estabelecidos em espectrofotocircmetro na faixa de 400 a 900 nm apoacutes reaccedilatildeo com o
A B
161
reagente de Folin-Ciocalteu Os espectros estatildeo apresentados na figura 53 e
revelam grande similaridade entre a amostra e a substacircncia de referecircncia
confirmando a compatibilidade e permitindo eleger o comprimento de onda de 780
nm para leitura
Figura 53 - Espectro de varredura de ultravioleta do aacutecido gaacutelico e
do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa apoacutes reaccedilatildeo
com Folin-Ciocalteau
Um desenho fatorial do tipo 32 foi conduzido para determinaccedilatildeo da influecircncia
de paracircmetros reacionais mais importantes tal como o volume do reagente de Folin-
Ciocalteau a concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo de carbonato e o tempo de reaccedilatildeo sobre a
resposta do meacutetodo de doseamento (intensidade de absorccedilatildeo de 780 nm) e a
presenccedila de deslocamentos bato ou hipsocrocircmicos capazes de comprometer
significativamente o desempenho do procedimento
Os resultados demonstraram interferecircncia das variaacuteveis sobre a absorbacircncia
observada Para a resposta do meacutetodo de doseamento espectrofotomeacutetrico
(intensidade de absorvacircncia) os dados obtidos e apresentados na tabela 6 foram
analisados atraveacutes do graacutefico de paretos (figura 54)
nm
Linhas azul - aacutecido gaacutelico vermelha - Extrato hidroalcooacutelico
162
Tabela 6 - Matriz do experimental do desenho aplicado para avaliar a influecircncia da
quantidade de Folin-Ciocalteau concentraccedilatildeo de carbonato de soacutedio e tempo de
reaccedilatildeo sobre a absorbacircncia
Variaacutevel natural Variaacutevel codificada Resultados
Folin (mL)
Na2CO3 ()
Tempo (min)
Fator A Fator B Fator C Meacutedia DP CV
1 10 5 -1 -1 -1 0453 00040 001
3 10 5 1 -1 -1 0431 00060 001
1 20 5 -1 1 -1 0414 00055 001
3 20 5 1 1 -1 0422 00180 004
1 10 25 -1 -1 1 0501 00261 005
3 10 25 1 -1 1 0519 00031 001
1 20 25 -1 1 1 0485 00083 002
3 20 25 1 1 1 0503 00066 001
2 15 15 0 0 0 0487 00154 003
2 15 15 0 0 0 0475 00026 001
2 15 15 0 0 0 0488 00089 002
Variaacuteveis codificadas Fator A - Volume do reagente de Folin-Ciocalteau Fator B - Concentraccedilatildeo de Na2CO3 Fator C - Tempo de reaccedilatildeo DP ndash desvio padratildeo cv - Coeficiente de variaccedilatildeo
Figura 54 - Graacutefico de pareto para efeitos padronizados do fatorial 32
5943951
6638698
8595094
1261833
1627582
2724828
-433412
1570891
p=05
Standardized Effect Estimate (Absolute Value)
Replicat(1)
Replicat(2)
2by3
(1)Folin (mL)
1by2
1by3
(2)Na2CO3 ()
(3)Time (min)
163
O caacutelculo dos efeitos para fatores pelo graacutefico de Pareto (Figura 54)
possibilitou a observaccedilatildeo dos efeitos significativos e o seu tipo de influecircncia dobre a
resposta intensidade de absorvacircncia Considerando os termos significativos apenas
os fatores tempo e concentraccedilatildeo de carbonato de soacutedio foram significativos Natildeo foi
observada influecircncia importante para o volume do reagente de Folin-Ciocalteau
quando analisada isoladamente poreacutem houve interaccedilatildeo entre os fatores tempo e
volume de Folin-Ciocalteau
Ainda a respeito aos efeitos significativos o tempo apresentou contribuiccedilatildeo
positiva (+1570) ou seja a mudanccedila de niacutevel favorece a resposta estudada
Portanto o aumento do tempo incrementa a absorbacircncia lida Por outro lado a
concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo de carbonato de soacutedio exerceu influecircncia negativa Assim
o aumento da concentraccedilatildeo de carbonato reduz a resposta do procedimento
Com os paracircmetros determinados foi entatildeo avaliada a quantidade de agente
precipitante sobre o doseamento de taninos totais nas cascas do caule de
Hymenaea stigonocarpa
Foi avaliado o agente precipitante caseiacutena adicionado nas seguintes
quantidades 50 150 250 350 450 e 500 mg Os resultados foram expressos com a
meacutedia e desvio padratildeo A figura 55 mostra o efeito das quantidades de caseiacutena
sobre o teor de taninos totais
Figura 55 - Valores de absorbacircncia da fraccedilatildeo residual do
extrato de Hymenaea stigonocarpa em funccedilatildeo da
quantidade de caseiacutena
50 150
250
350
450
500
0
1
2
3
Caseiacutena (mg)
Teo
r d
e t
an
ino
s (
mg
g)
164
Em termos de precisatildeo intermediaacuteria os melhores resultados foram obtidos
para uma quantidade de no maacuteximo 4500 mg de caseiacutena (Tabela 7) Para
quantidades acima desse valor foram observados ausecircncia de variaccedilatildeo significativa
dos valores da absorvacircncia
Tabela 7 - Valores meacutedios da absorvacircncia (UA) obtidos para a fraccedilatildeo natildeo tanante apoacutes adiccedilatildeo de diferentes quantidades de caseiacutena durante anaacutelise (triplicata)
Quantidade de caseiacutena 1 2 3 MEacuteDIA DP CV
Sem caseiacutena 0559 0535 0538 0544 0013 0024
50mg 0424 0410 0399 0411 0013 0030
150mg 0376 0371 0385 0377 0007 0019
250mg 0320 0328 0330 0326 0005 0016
350mg 0272 0313 0318 0301 0025 0084
450mg 0275 0264 0269 0269 0006 0020
500mg 0254 0280 0264 0266 0013 0049
Repeticcedilotildees das avaliaccedilotildees das absorbacircncias 1 2 e 3 DP ndash desvio padratildeo cv - Coeficiente de variaccedilatildeo
5441 Determinaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento de polifenoacuteis totais por
espectofotometria apoacutes avaliaccedilatildeo das variaacuteveis analiacuteticas
Apoacutes a analise dos dados obtidos pelo estudo da otimizaccedilatildeo do meacutetodo de
doseamento de polifenoacuteis por espectrofotometria as variaacuteveis do meacutetodo
empregado foram volume de reagente de Folin-Ciocalteu 3 ml concentraccedilatildeo de
Carbonato de Soacutedio 10 (vv) e o tempo de reaccedilatildeo 25 minutos
Para obtenccedilatildeo da fraccedilatildeo natildeo tanante a quantidade do agente precipitante
utilizada foi de 450 mg sendo utilizada caseiacutena Merckreg purificada
5442 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de polifenois totais taninos e flavonoides
Apoacutes a avaliaccedilatildeo das variaacuteveis analiacuteticas e da determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo
residual da soluccedilatildeo extrativa das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa em
funccedilatildeo da quantidade de caseiacutena os teores de polifenois e taninos totais obtidos a
165
partir da diferentes meacutetodos de preparaccedilatildeo foram determinados e descritos na
tabela 8
Tabela 8 - Teor de polifenois taninos e flavonoides totais nos extratos
hidroalcooacutelicos de Hymenaea stigonocarpa obtidos a partir de diferentes meacutetodos
Aleacutem de polifenoacuteis e taninos totais o teor de flavonoides nos diferentes
extratos foi estimado a partir de CLAE-DAD Apoacutes a obtenccedilatildeo dos cromatogramas
dos diferentes extratos observou-se em todos eles a presenccedila de cinco picos que
foram chamados de A B C D e E (figura 56)
Os picos de A ateacute D foram identificados atraveacutes do espectro de UV com
dados da literatura (MABRY 1970) como flavonoides e assim o teor de flavonoides
totais em cada extrato foi obtido pela soma das aacutereas dos picos A B C e D atraveacutes
da equaccedilatildeo da reta
A aacuterea da banda E (TR 39-43) natildeo foi adicionada ao caacutelculo pois esta banda
estaacute relacionada agrave presenccedila de taninos condensados jaacute observados na anaacutelise por
CCD Esses taninos satildeo possivelmente catequinas polimeacutericas o que pode ser
sugerido devido ao aparecimento de deriva na linha de base e da formaccedilatildeo de
bandas caracteriacutesticas no cromatograma Apenas monoacutemeros e oligocircmeros ateacute o
tetracircmero de catequinas e proantocianidinas pode ser separado e detectado como
um pico definido (ANDERSEN MARKHAM 2006 PARK et al 2012)
Quanto ao teor de polifenois (figura 57) os extratos com maior concentraccedilatildeo
foram os obtidos por turbolise infusatildeo e maceraccedilatildeo dinacircmica com 686plusmn09
617plusmn015 e 660plusmn024 mg GAEg respectivamente natildeo havendo diferenccedila
significativa eles (Plt005) Um menor teor 543 plusmn 011 mg GAEg foi observado no
extrato obtido por maceraccedilatildeo o qual mostrou um rendimento significativo se
Extratos Polifenoacuteis totais Taninos Flavonoacuteides
Ultrassom (EU) 476 plusmn 008 140 plusmn 023 056 plusmn 005
Turbolise (ET) 686 plusmn 009 164 plusmn 027 058 plusmn 007
Infusatildeo (EI) 672 plusmn 014 175 plusmn 010 062 plusmn 003
Maceraccedilatildeo (EM) 543 plusmn 011 179 plusmn 014 060 plusmn 004
Refluxo (ER) 456 plusmn 041 164 plusmn 028 066 plusmn 006
Maceraccedilatildeo dinacircmica (EMD) 660 plusmn 024 176 plusmn 031 059 plusmn 003
166
comparado aos extratos obtidos por ultrassom e refluxo com 476 plusmn 009 e 456 plusmn
041 mg GAEg respectivamente que natildeo diferiram entre si (Plt005)
Figura 56 - Cromatograma obtido por CLAE-DAD dos diferentes extratos
hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
Extrato obtido por ultrassom (EU) Extrato obtido por turbolise (ET) Extrato obtido por infusatildeo (EI) Extrato obtido por maceraccedilatildeo (EM) Extrato obtido por refluxo (ER) e Extrato obtido por Maceraccedilatildeo dinacircmica (EMD) Espectro obtido por UV com padratildeo sugestivo de flavonoacuteides (A C and D) identificado como astilbina (B) e relacionado agrave catequinas polimeacutericas (E)
C D B
EU
ET
EI
EM
ER
EMD
D A B C E
D A B C E
D A B C E
D A B C E
D A B C E
D A B C E
Astilbina = pico B
Peak 6 100 at 3532 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1975
1931
2939
50 at 3520 min 99658
-50 at 3545 min 99665
Peak 7 100 at 3621 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1981
19102943
50 at 3609 min 99932
-50 at 3634 min 99902A Peak 4 100 at 2980 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1983
2902
50 at 2967 min 99984
-50 at 2993 min 99986
Peak 5 100 at 3139 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1984
1912 2905
50 at 3126 min 99977
-50 at 3152 min 99995
167
Figura 57 - Teor de polifenois totais dos extratos
hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
obtidos atraveacutes dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo
Tempos de extraccedilatildeo prolongados e temperatura elevada levam ao aumento
da possibilidade de oxidaccedilatildeo dos compostos fenoacutelicos o que diminuem o
rendimento de destes compostos nos extratos (DAIacute MUMPER 2010)
A reduccedilatildeo do rendimento de polifenois no meacutetodo de refluxo empregado em
nosso estudo onde o material vegetal tem contato com o solvente em temperatura
de ebuliccedilatildeo e na maceraccedilatildeo onde o contato material vegetal e solvente ocorre por
um periacuteodo de tempo estendido podem ser sugeridos pela ocorrecircncia de possiacutevel
oxidaccedilatildeo dos compostos fenoacutelicos
Uma das desvantagens do meacutetodo de extraccedilatildeo assistida por ultrassom eacute o
efeito deleteacuterio ocasional de energia de ultrassom (mais de 20 kHz) sobre os
constituintes ativos de plantas medicinais que pode levar a formaccedilatildeo de radicais
livres e consequentemente alteraccedilotildees indesejaacuteveis (TIWARI et al 2011) Aleacutem
disso um tempo de sonicaccedilatildeo prolongado (mais de 40 minutos) pode levar a
degradaccedilatildeo dos componentes ativos (ANNEGOWDA et al 2010) Desta forma a
ocorrecircncia destes efeitos pode ser sugerida para explicar o teor reduzido de
polifenois na extraccedilatildeo assistida por ultrassom
Os meacutetodos que obtiveram concentraccedilotildees estatisticamente semelhantes de
polifenois (turboacutelise infusatildeo e maceraccedilatildeo dinacircmica) parecem natildeo terem sofrido
degradaccedilatildeo de seus constituintes em decorrecircncia do tempo de extraccedilatildeo ou
temperatura de extraccedilatildeo Nessas amostras o processo ocorreu em no maacuteximo 60
minutos
TURBOLISE INFUSAtildeO MACER DIN MACER ULTRASOM REFLUXO
0
2
4
6
8
Meacutetodos de extraccedilatildeo
Po
life
no
is (
mg
GA
Eg
)
168
Quanto agrave temperatura podemos sugerir que a ocorrecircncia de temperatura de
ebuliccedilatildeo durante um periacuteodo prolongado eacute que parece induzir a degradaccedilatildeo de
polifenois dos extratos de Hymenaea stigonocarpa o que natildeo acontece no meacutetodo
de infusatildeo onde a temperatura de ebuliccedilatildeo soacute eacute alcanccedilada no inicio do processo
Diferente do que ocorreu na determinaccedilatildeo do teor de polifenois natildeo foram
observadas diferenccedilas significativas tanto em relaccedilatildeo ao teor de taninos quanto ao
de flavonoides Isso sugere que apesar da degradaccedilatildeo de alguns polifenois em
decorrecircncia do meacutetodo extrativo haacute uma ldquocompensaccedilatildeordquo entre a degradaccedilatildeo e
capacidade extrativa
Isso eacute evidenciado quando observamos alguns meacutetodos refluxo por
exemplo a pesar de degradaccedilatildeo motivada pelo aumento da temperatura esta
tambeacutem leva a uma maior capacidade extrativa Outro exemplo eacute a extraccedilatildeo
assistida por ultrassom que mesmo apresentando teores semelhantes aos outros eacute
o meacutetodo que apresenta o menor teor de absoluto de taninos e flavonoides Neste
caso o baixo rendimento de resiacuteduo seco motivado pela ineficiecircncia do ultrassom na
lise da parede celular eacute associado ao efeito da degradaccedilatildeo dos polifenois natildeo
levando a uma compensaccedilatildeo e consequentemente reduccedilatildeo do teor absoluto de
taninos e flavonoides
545 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana de H stigonocarpa Mart ex
Hayne
Com o objetivo de avaliar a influecircncia do meacutetodo de extraccedilatildeo sobre a
atividade antibacteriana do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa frente a diferentes cepas de Staphylococcus aureus foram
determinadas a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima e bactericida miacutenima dos extratos
obtidos
Staphylococcus aureus foi selecionado por ser o micro-organismo mais
susceptiacutevel ao extrato hidroalcooacutelico de acordo com estudos anteriores (DIMECH et
al 2013) Os valores das concentraccedilotildees inibitoacuterias e bactericidas miacutenimas natildeo
variaram quando correlacionadas as teacutecnicas de extraccedilatildeo utilizadas tabela 9
169
Tabela 9 - Valores da Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima e Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima dos extratos de Hymenaea stigonocarpa frente a cepas de bacteacuterias Gram positivas
CBM Concentraccedilatildeo bactericida miacutenima CIM concentaccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima OXAR Oxacilina com CIM ge 40microgmL OXA
S Oxacilina com CIM le 20microgmL
Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima Concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (microgmL)
Cepas de Staphylococcus aureus Refluxo Infusatildeo Ultrassom Turbolise Maceraccedilatildeo (estaacutetica)
Maceraccedilatildeo dinacircmica
Oxacilina (padratildeo)
Staphylococcus aureus ATCC 25923 250500 250250 250250 250250 250250 250500 01250250
Staphylococcus aureus AM 02 625125 625125 625125 625625 625625 625625 01250125
Staphylococcus aureus AM 04 500500 250500 500500 500500 500500 500500 01250250
Staphylococcus aureus AM 05 125250 250250 250250 250250 250500 250500 01250250
Staphylococcus aureus UFPEDA 01 500500 250500 250500 250500 250500 250500 01250250
Staphylococcus aureus AM 13 500500 500500 250250 250250 250500 250500 256512
Staphylococcus aureus IC 17 500500 500500 250500 250250 250500 250500 3264
Staphylococcus aureus AM 18 250250 250500 250500 250250 250500 500500 128256
Staphylococcus aureus AM 19 500500 250500 500500 500500 500500 250500 1632
Staphylococcus aureus AM 20 250250 250250 125250 250250 250500 250500 816
Staphylococcus aureus AM 21 250250 250250 125250 250250 250500 250500 1616
169
Estudos anteriores indicaram que os taninos satildeo os metaboacutelitos secundaacuterios
de Hymenaea stigonocarpa responsaacuteveis pela atividade antibacteriana (DIMECH et
al 2013) A seleccedilatildeo do meacutetodo extrativo mais eficiente foi baseada nos criteacuterios
atividade bioloacutegica frente agrave Staphylococcus aureus teor de taninos totais (metaboacutelito
secundaacuterio responsaacutevel pela accedilatildeo antibacteriana) e teor de resiacuteduo seco
Devido a natildeo terem ocorrido diferenccedilas significativas na atividade bioloacutegica e
no teor de taninos quando comparamos todos os extratos obtidos a partir dos
diferentes meacutetodos o teor de resiacuteduo seco foi o criteacuterio utilizado para determinar o
meacutetodo de maceraccedilatildeo dinacircmica como o melhor
546 Determinaccedilatildeo da atividade antifungica de H stigonocarpa Mart ex
Hayne
Aleacutem da accedilatildeo antibacteriana dos taninos observada em nosso estudo sabe-
se que eles podem apresentar atividade frente fungos Vasconcelos et al (2003)
descreve que os taninos apresentam a capacidade de inibir o crescimento de
espeacutecies de Candida devido a sua accedilatildeo na ceacutelula especialmente na membrana
celular precipitando proteiacutenas
Os dois principais agentes utilizados na terapia antifuacutengica satildeo a anfotericina
B um antibioacuteticos polienico e o fluconazol agente antifuacutengico pertencente a classe
dos azoacuteis Eles tecircm atividade especialmente contra C albicans No entanto jaacute
existem relatos de surgimento de algumas cepas de Candida albicans resistentes a
estes antifuacutengicos aleacutem disso estes apresentaram efeitos colaterais (HIRASAWA
TAKADA 2004)
Os principais mecanismos de desenvolvimento de resistecircncia das cepas em
relaccedilatildeo aos azoacuteis alteraccedilotildees no siacutetio alvo da droga (14 α-demetilase) impedindo a
sua inibiccedilatildeo que levaria a depleccedilatildeo do ergosterol e consequente formaccedilatildeo da
membrana plasmaacutetica com alteraccedilotildees na funccedilatildeo e estrutura alteraccedilatildeo na
biossiacutentese de esteroacuteis resultando na acumulaccedilatildeo de 14 α-metil fecosterol ao inveacutes
de ergosterol presenccedila de bombas de efluxo e Superexpressatildeo do siacutetio alvo (14 α-
demetilase) impedindo a reduccedilatildeo da siacutentese de ergosterol pela inibiccedilatildeo provocada
pelos azoacuteis (GHANNOUM RICE 1999)
Desta forma a descoberta de um agente antibioacutetico que seja eficaz e seguro
podem ser importantes para a erradicaccedilatildeo de ambas as cepas de Candida sensiacuteveis
e resistentes Existem vaacuterios relatos que mostram atividade antifuacutengica de produtos
170
171
naturais (RUKAYADI et al 2013 ADEME et al 2013 ALRAJHI et al 2013
SENHAJI et al 2013)
Alguns estudos realizados em espeacutecies do gecircnero Hymenaea relatam a
presenccedila de atividade antifuacutengica em diferentes extratos
Quanto agrave espeacutecie Hymenaea martiana os extratos aquoso etanoacutelico
butanoacutelico e hidroalcooacutelico da casca apresentam atividade frente agrave Cryptococcus
neoformans e C gatii com CIM entre 2 a 64 microgmL sendo as fraccedilotildees etanoacutelica e
hidroalcooacutelica as mais ativas Tambeacutem foi demonstrada a atividade da H martiana
frente agrave dermatoacutefitos (T rubrum T mentagrophytes M canis) sendo os menores
valores de CIM obtidos a partir das fraccedilotildees aquosa e butanoacutelica nas trecircs espeacutecies
estudadas Souza e colaboradores (2010)
Os valores das Concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas para o extrato
Hidroalcooacutelico e o fluconazol frente a diferentes cepas de Candida estatildeo
sumarizados na tabela 10
Tabela 10 - Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa obtido por maceraccedilatildeo dinacircmica frente a diferentes espeacutecies de
Candida
Micro-organismos Cepa Extrato
hidroalcooacutelico CIM (microgml)
FLU CIM (microgml)
Perfil sensibilidade
Candida parapsilosis ATCC 22019 250 80 S
Candida parapsilosis CP 4608 250 16 SD-D
Candida parapsilosis4889 125 20 S
Candida glabrata 6094 781 gt64 R
Candida krusei 5712 195 32 SD-D
Candida krusei 4263 195 64 R
Candida krusei 934 625 64 R
Candida tropicalis 4790 125 32 SD-D
Candida tropicalis ATCC 750 250 40 S
Candida albicans 6257 390 ND -
Candida albicans 4986 250 16 SD-D
Candida albicans 4606 250 20 S
Candida albicans 4990 250 gt64 R
CIM concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima FLU ndash Fluconazol ND Natildeo Determinado Perfil Sensiacutevel CIM le 80microgmL Sensibilidade dose-dependente 16 ndash 32 resistente CIM ge 640microgmL Extrato Hidroalcooacutelico obtido por maceraccedilatildeo dinacircmica
172
Quanto agrave atividade antifuacutengica foram empregadas cepas de diferentes perfis
de resistecircncia frente ao fluconazol
As espeacutecies que apresentaram as maiores sensibilidades de acordo com os
valores da CIM foram Candida krusei e Candida glabrata Segundo o CLSI M27-A3
(2008) os isolados de C krusei satildeo intrinsecamente resistentes ao fluconazol poreacutem
essas espeacutecies foram susceptiacuteveis ao extrato em valores ateacute cinco diluiccedilotildees
menores quando comparados agraves substacircncias de referecircncia
Aleacutem destas cepas o extrato mostrou atividade frente agrave cepa de Candida
albicans 6257 com CIM de 39 microgml como tambeacutem a Candida glabrata 6094 com
CIM de 781 microgml Com valores mais elevados da CIM mas ainda apresentando
uma consideraacutevel atividade foi observada a accedilatildeo do extrato frente agraves espeacutecies C
parapsilosis e C tropicalis com valores variando entre 125 e 250 microgml
A presente investigaccedilatildeo poreacutem representa um estudo preliminar para
atividade antifuacutengica e aponta para a necessidade de uma maior investigaccedilatildeo
bioloacutegica uma vez que Hymenaea stigonocarpa apresenta um grande potencial
farmacoloacutegico
173
55 CONCLUSOtildeES
Os resultados obtidos nos permitem concluir que a secagem do material
vegetal em estufa a 40degC durante 72h foi suficiente para obtenccedilatildeo de um triturado
com valor de perda por dissecaccedilatildeo (teor de umidade) dentro das especificaccedilotildees o
material vegetal obtido apoacutes a trituraccedilatildeo pocircde ser classificado como poacute grosso
Quanto ao rendimento de extrativos a teacutecnica que levou a obtenccedilatildeo do melhor
teor de resiacuteduo seco foi a de maceraccedilatildeo dinacircmica seguido por refluxo maceraccedilatildeo
infusatildeo turbolise e por fim extraccedilatildeo ultrassocircnica natildeo havendo diferenccedilas quanto agraves
classes de metaboacutelitos secundaacuterios identificados em funccedilatildeo do meacutetodo de extraccedilatildeo
empregado
A otimizaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento por Folin Ciocalteu para a
determinaccedilatildeo do teor de polifenois em Hymenaea stigonocarpa demonstrou que o
aumento do tempo de reaccedilatildeo da quantidade do reagente de Folin-Ciocalteu e a
adiccedilatildeo de 450mg de caseiacutena na complexaccedilatildeo com os polifenoacuteis satildeo as variaacuteveis da
metodologia de doseamento de polifenoacuteis que apresentaram contribuiccedilatildeo positiva
para o estudo
Quanto a atividade antimicrobiana natildeo houve diferenccedilas significativas nos
teores de taninos e flavonoides totais e na atividade frente a diferentes cepas de
Staphylococcus aureus em funccedilatildeo do meacutetodo de extraccedilatildeo utilizado O meacutetodo de
extraccedilatildeo mais eficiente de acordo com as variaacuteveis avaliadas foi a maceraccedilatildeo
dinacircmica devido ao maior teor de resiacuteduo seco obtido
A triagem do extrato hidroalcooacutelico obtido por maceraccedilatildeo para atividade
antifuacutengica demonstra que este extrato apresenta forte atividade frente a cepas de
Candida krusei e Candida glabrata
174
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179
6 IDENTIFICACcedilAtildeO DO FLAVONOacuteIDES PRESENTES NA FRACcedilAtildeO ACETATO DE
ETILA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa
61 INTRODUCcedilAtildeO
Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne o jatobaacute-do-cerrado apresenta
distribuiccedilatildeo homogecircnea e ocorre predominantemente em aacutereas de cerrado sendo
uma espeacutecie lenhosa tiacutepica deste bioma (PAIVA amp MACHADO 2006)
As suas cascas do caule satildeo amplamente utilizadas na medicina popular em
infusatildeo ou decocccedilatildeo para tratar a dor de estocircmago asma bronquite uacutelceras
diarreia gripe e tosse (GRANDI et al 1989 VILA-VERDE et al 2003 BIESKI et
al2012)
Estudos farmacoloacutegicos tem revelado que os extratos de Hymenaea
stigonocarpa apresentam vaacuterias atividades bioloacutegicas tais como antiulcerogecircnica
(GUIMARAtildeES 2009) inibitoacuteria sobre o crescimento das linhagens de ceacutelulas
tumorais H460 Colo 205 e U937 (BRASIL et al 2009) inibitoacuteria sobre a liberaccedilatildeo
induzida de histamina a partir de mastoacutecitos (FERREIRA 2011) antidiarreica
gastroprotetor e cicatrizante (ORSI 2012) antioxidante (MARANHAtildeO et al 2013) e
antibacteriana (DIMECH et al 2013)
Avaliaccedilotildees fitoquiacutemicas de Hymenaea stigonocarpa demonstram a presenccedila
de terpenos sesquiterpenos aacutecidos graxos flavonoacuteides e taninos metaboacutelitos
secundaacuterios reconhecidos por suas atividades bioloacutegicas (LANGENHEIM et al
1983 MATUDA amp NETTO 2005 ORSI et al 2012)
Quanto aos metaboacutelitos Hymenaea stigonocarpa mais ativos Dimech e
colaboradores (2013) descrevem que aqueles extratos e fraccedilotildees ricos em taninos
satildeo os mais ativos quanto agrave atividade antibacteriana Apesar destes apresentarem
em sua composiccedilatildeo taninos os flavonoides tambeacutem estatildeo presentes e apesar de
aparentemente natildeo influenciarem a na accedilatildeo antimicrobiana tem um grande
potencial farmacoloacutegico
Vaacuterios estudos demonstram as atividades farmacoloacutegicas jaacute atribuiacutedas aos
flavonoacuteides tais como antitromboacutetica (MILLS amp BONE 2000) anti-hipertensiva
(BLUMENTHAL 2003) antiespasmoacutedica (ROBBERS amp TYLER 2000) e antialeacutergica
(MILLS amp BONE 2000)
180
Esses efeitos estatildeo ligados agrave sua capacidade de atuar como antioxidantes e
sequestrantes de radicais livres quelando metais e interagindo com enzimas
receptores e membranas (BEHLING et al 2004)
Alguns flavonoacuteides jaacute identificados nas diferentes espeacutecies do gecircnero
Hymenaea A astilbina foi identificada na resina do tronco de Hymenaea parvifolia
(ISHIBASHI et al 1999) Pettit et al (2003) isolaram os flavonoacuteides luteolina
crisoeriol palstatina entre outros das folhas de Hymenaea palustre Lovato e Nunes
(2007) sugeriu que o extrato de acetato de etila da casca de Hymenaea
stigonocarpa conteacutem o flavonoacuteide astilbina Suzuki et al (2008) isolaram dois
flavonoacuteides do alburno de H courbaril a taxifolina e o fisetinidol e foram isolados no
alburno de Hymenaea stigonocarpa quatro flavonoides identificados como hultenina
taxifolina quercetina e 7-methoxcatequina (MARANHAtildeO et al 2013)
A anaacutelise da impressatildeo digital cromatograacutefica pode refletir o perfil quiacutemico e
tem sido amplamente aceita para avaliaccedilatildeo da qualidade e espeacutecies diferenciaccedilatildeo
(ZHANG 2012) Desta forma cromatogramas de extratos hidroalcooacutelicos da casca
do caule de Hymenaea stigonocarpa obtidos atraveacutes de CLAE-DAD por Dimech et
al (2013) sugerem a natureza polifenoacutelica desta parte da planta sugerindo a
presenccedila de catequinas polimeacutericas e relatando a partir da avaliaccedilatildeo por CCD
associada anaacutelise dos espectros de UV a presenccedila de substacircncias sugestivas de
flavonoacuteides
Com o desenvolvimento das teacutecnicas de analiacuteticas as impressotildees digitais
cromatograacuteficas que fornecem caracterizaccedilatildeo sisteacutemica de produtos agrave base de
plantas tecircm sido aceitas por muitos paiacuteses e organizaccedilotildees (LONG et al 2012)
Vaacuterios meacutetodos cromatograacuteficos tecircm sido amplamente utilizados para a
obtenccedilatildeo dessas impressotildees digitais tais como cromatografia em camada delgada
(CCD) cromatografia gasosa (CG) cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE) e
eletroforese capilar (EC) (ZHONG et al 2009 PENG et al 2011)
No entanto estes meacutetodos geralmente demandam periacuteodos de anaacutelises
longos Nos uacuteltimos anos a cromatografia liacutequida de ultrarraacutepida (UFLC) que
emprega partiacuteculas porosas submicromeacutetricas como fase estacionaacuteria tem sido
aplicada com ecircxito na raacutepida obtenccedilatildeo de perfis de produtos agrave base de plantas (OZ
2011) UFLC DAD demonstrou ser uma potente teacutecnica de impressatildeo digital
181
cromatograacutefica com as vantagens de tempo curto de anaacutelise de alta resoluccedilatildeo e um
bom desempenho de separaccedilatildeo (LONG et al 2012)
182
62 OBJETIVOS
O objetivo geral e os especiacuteficos deste estudo estatildeo descritos a seguir
621 OBJETIVO GERAL
Identificar os flavonoides presentes na fraccedilatildeo acetato de etila da casca do caule de
Hymenaea stigonocarpa atraveacutes de cromatografia liacutequida ultrarraacutepida associada a
espectrocircmetria de massas
622 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Determinar atraveacutes de Anaacutelise por cromatografia liquida ultrarraacutepida acoplada
a detector de arranjo de Diodos e espectrocircmetro de massas o perfil
cromatograacutefico e espectros de Ultravioleta (UV) do extrato acetato de etila
Sugerir atraveacutes das anaacutelises dos cromatogramas de UV dos espectros de
massas dados da literatura eou comparaccedilatildeo com o padratildeo astilbina os
flavonoides presentes na fraccedilatildeo acetato de etila
183
63 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A seguir estatildeo descritos os materiais e meacutetodos utilizados para a realizaccedilatildeo
deste estudo
631 AMOSTRAS
Fraccedilatildeo acetato de etila da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa obtida
atraveacutes do resiacuteduo seco do extrato hidroalcooacutelico (5g) particionada em aacutegua e
acetato de etila (11) e padratildeo de astilbina (98 de pureza Aktin Chemicals Inc
China)
632 SOLVENTES EMPREGADOS
Metanol (MeOH) grau HPLC (marca JT Baker) H2O deionizada (18mΩ Milli-
Q Millipore) foram utilizados como solventes Esses foram filtrados e
posteriormente desgaseificados em banho de ultrassom
633 SISTEMA CROMATOGRAFIA LIQUIDA ULTRARRAacutePIDA ACOPLADA A
DETECTOR DE ARRANJO DE DIODOS E ESPECTROcircMETRO DE MASSAS
(UFLC-DAD-EM)
A anaacutelise cromatograacutefica foi realizada em UFLC Shimadzureg Proeminence
equipado com bombas LC-20AD injetor automaacutetico modelo Sil-20A HT detector de
DAD SPD-M20A controlador CBM-20A forno para coluna CTO-20A
Aliacutequotas de 20μL das amostras (1mgml) foram injetadas via um auto injetor
com um fluxo de 10mL min em coluna analiacutetica CLC-ODS (C-18) Shimadzureg de
250 x 46 mm 5micro Os cromatogramas na regiatildeo de UV gerados pelo DAD foram
registrados em 200 a 700nm
Para a anaacutelise de massas o cromatoacutegrafo foi acoplado espectrocircmetro de
massas UltrOTOF (Bruker-daltonics Billarica USA) com ionizaccedilatildeo por IES com
monitoramento de iacuteons negativos e positivos
184
634 ANAacuteLISE POR UFLC-DAD-EM
As condiccedilotildees para UFLC-DAD foram obtidas usando um gradiente de eluiccedilatildeo
composto por aacutegua (bomba A) e MeOH (bomba B) (73) que variou de 0 min 30
B 15 min 30 B 30 min 40 B 40 min 60 B 45 min 100 B 50 min 100 B
51 min 30 B 65 min 30 B
Os cromatogramas gerados por espectro de massas foram registrados na
regiatildeo entre mz 50 e mz 1200 e os paracircmetros do espectrocircmetro de massas
listados a seguir foram mantidos os mesmos em todas as anaacutelises 1000 scans por
segundo intervalo entre espectros 2 segundos fluxo do gaacutes de secagem 80Lmin
temperatura do gaacutes de secagem 220degC pressatildeo do gaacutes de nebulizaccedilatildeo 4 bar
6341 Identificaccedilatildeo dos flavonoacuteides
Os picos cromatograacuteficos foram identificados com base em seus espectros no
UV massa acurada obtida para os iacuteons moleculares (moleacutecula protonada [M+H]+
eou moleacutecula desprotonada [M-H]-) em alta resoluccedilatildeo e tempos de retenccedilatildeo no
sistema utilizado
A utilizaccedilatildeo de cada tipo de dados obtidos e o procedimento para a
identificaccedilatildeo dos picos ocorreu conforme a necessidade As informaccedilotildees disponiacuteveis
na literatura e a obtenccedilatildeo de padrotildees no laboratoacuterio foram conduzidos
principalmente com base nos resultados de estudos fitoquiacutemicos anteriores de
Hymenaea stigonocarpa
Em estudo anterior apoacutes avaliaccedilatildeo atraveacutes de CLAE-DAD Dimech et al
(2013) sugeriu apoacutes a contaminaccedilatildeo do extrato avaliado com o padratildeo de Astilbina
onde um dos picos apresentou mesmo tempo de retenccedilatildeo aleacutem de aumento de sua
aacuterea e semelhanccedila quanto ao espectro de UV que um dos flavonoacuteides tratava-se da
astilbina
Deste modo alguns picos foram identificados por comparaccedilatildeo de tempos de
retenccedilatildeo e espectros de UV com os de padrotildees no caso a astilbina aleacutem de
posterior confirmaccedilatildeo pelas massas moleculares acuradas obtidas
Poreacutem outros soacute puderam ter sua identidade definida apoacutes anaacutelise e
comparaccedilatildeo pelas massas moleculares acuradas obtidas e espectro de UV com
aqueles jaacute relatados na literatura
185
No caso dos flavonoacuteides em que os espectros podem revelar o tipo de
flavonoacuteide (por exemplo flavona flavonol flavanona diidroflavonol chalcona) e agraves
vezes ateacute dar indiacutecios sobre o padratildeo de substituiccedilatildeo tambeacutem foram utilizados os
dados e discussotildees publicados por Gattuso et al (2006) Markham (1982) e Mabry
et al (1970)
186
64 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados que estatildeo apresentados na tabela 11 satildeo baseados nos
paracircmetros tempo de retenccedilatildeo espectro de UV espectro de massas dos iacuteons
moleculares desprotonados [M-H]- em dados da literatura e no tempo de retenccedilatildeo
do padratildeo astilbina Os picos A B C e D satildeo sugestivos de serem taxifolina (285
nm) astilbina (290 nm) engeletina (289 nm) e um estereoisocircmero da astilbina
(290nm) respectivamente
Tabela 11 - Dados cromatograacuteficos e espectrofotomeacutetricos dos componentes
identificados no cromatograma da fraccedilatildeo acetato de etila de Hymenaea
stigonocarpa
Pico Tempo de retenccedilatildeo
λmax (nm) [M-H]- (mz) Foacutermula Estrutura proposta
A 505 min 285 nm 3030878 C15H12O7 Taxifolina
B 507 min 290 nm 4491106 C21H22O11 Astilbina
C 510 min 289 nm 4331154 C21H22O10 Engeletina
D 516 min 290 nm 4491132 C21H22O11 Estereoisocircmero
de astilbina
Todos os picos apresentaram nos espectros de UV uma banda com absorccedilatildeo
maacutexima em torno de 198nm (capiacutetulo II) e um ombro com maacuteximo proacuteximo a 290nm
sinais caracteriacutesticos de flavanonois (MARKHAM 1982)
A massa molecular obtida para o composto representado pelo pico A de
tempo de retenccedilatildeo 505 min eacute similar com a massa no modo de ionizaccedilatildeo negativa
[M-H]- calculada para a taxifolina de formula molecular C15H12O7 de 3030878 mz
(figura 1) compatiacuteveis com valores descritos na literatura para taxifolina (Zhang et al
2013)
187
Figura 58 - Espectro de Ultravioleta e espectro de massa do pico A obtido
compatiacutevel com taxifolina
(1) Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 280nm espectro compatiacutevel com flavononoacuteis (MARKHAM 1982) (2) Massa do pico A no modo de ionizaccedilatildeo negativa sugestivo de taxifolina [M-H]
- 3030878
1
1
2
188
Dados obtidos anteriormente (capitulo II) sugerem ser astilbina um dos
flavonoacuteides presentes na casca do caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes
avaliaccedilatildeo por CCD e HPLC-DAD onde os tempos de retenccedilatildeo e o espectro de UV
foram idecircnticos apoacutes contaminaccedilatildeo da amostra com o padratildeo astilbina
A comparaccedilatildeo dos cromatogramas obtidos apoacutes anaacutelise com UFLC-DAD a
partir da fraccedilatildeo acetato de etila e do padratildeo astilbina confirmam esses resultados
sugerindo fortemente a presenccedila de astilbina desta fraccedilatildeo
Para a atribuiccedilatildeo da astilbina como sendo a substacircncia representada pelo
pico B (figura 3) foram comparados tempo de retenccedilatildeo (509 min) espectro de UV
(λmax 290 nm) e espectro de massas deste pico aos do padratildeo de astilbina
(C21H22O11) um flavanonol de massa molecular obtida no modo de ionizaccedilatildeo
negativa [M-H] de valor 4491132 (figura 2)
Aleacutem da semelhanccedila entre as variaacuteveis tempo de retenccedilatildeo (507 min) e
espectro de UV (λmax 290 nm) o valor da massa molecular obtida no modo de
ionizaccedilatildeo negativa [M-H]- para o pico B da fraccedilatildeo acetato de etila foi de valor
4491106 valor compatiacutevel com a astilbina
Os λmax do espectro de UV e massa no modo de ionizaccedilatildeo negativa para o
pico D tambeacutem satildeo similares aos apresentados pelo padratildeo astilbina e pico B (figura
5) todos apresentam um ombro com λmax proacuteximo a 290nm e massa molecular
compatiacutevel com o padratildeo astilbina C21H22O11 [M-H]- 4491125 Devido a diferenccedilas
no tempo de retenccedilatildeo deste pico D em relaccedilatildeo ao pico B e ao padratildeo de astilbina
utilizado sugerimos ser este um estereoisocircmero da astilbina
Quanto ao pico C (figura 4) a massa molecular obtida estaacute em conformidade
com a massa exata calculada para engeletina (C21H22O10) no modo de ionizaccedilatildeo
negativa [M-H]-- 4331154 sendo tambeacutem o espectro de UV apresentando ombro
com λmax proacuteximo a 290nm compatiacutevel com valores descritos na literatura para
engeletina (ZHANG et al 2013 MABRY et al 1970)
Os flavonoacuteides relatados neste trabalho jaacute foram descritos em espeacutecies do
gecircnero Hymenaea e em todos os casos satildeo atribuiacutedas atividades bioloacutegicas a estas
substacircncias A taxifolina foi identificada no alburno de Hymenaea courbaril (SUZUKI
et al 2008) sendo descrita por apresentar atividade antioxidante Aleacutem disso
tambeacutem foi identificada no alburno de Hymenaea stigonocarpa (MARANHAtildeO et al
2013) apresentando atividade antitermitica frente agrave Nasutitermes corniger
189
Figura 59 - Espectro de UV e de massas dos iacuteons moleculares desprotonados do
padratildeo astilbina
(1) Espectro de UV com ombro de absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 290nm e espectro de massas do no modo de ionizaccedilatildeo negativa [M-H]
- mz 4491132
1
2
190
Figura 60 - Espectro de UV e de massas do pico B compatiacutevel com a astilbina
(padratildeo)
(1)Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 290nm (2) Massa do pico B no modo de ionizaccedilatildeo negativa com o padratildeo de astilbina [M-H]
- 4491132
1
2
191
Figura 61 - Espectro de UV e de massas do pico C compatiacutevel com o flavanonol
engeletina
(1) Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 293 nm compatiacutevel com flavononoacuteis (MABRY et al 1970) (2) Massa do pico C no modo de ionizaccedilatildeo negativa sugestivo de engeletina [M-H]
- 4331154
1
2
192
Figura 62 - Espectro de UV e de massas do pico D compatiacutevel com
estereoisocircmero da astilbina
(1) Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 290nm (2) Massa do pico D no modo de ionizaccedilatildeo negativa com o padratildeo de astilbina [M-H]
- 4491132 e pico A [M-H]
-
4491106
1
2
193
A engeletina assim como a astilbina foram identificada no extrato etanoacutelico da
casca de Hymenaea martiana (CARNEIRO et al 1993) apresentando resposta
antagocircnica a accedilatildeo de bradicinina (BK) no musculo liso uterino de ratas inibindo
assim as contraccedilotildees
A presenccedila do flavononol astilbina aleacutem de ser observada na casca de H
martiana (CARNEIRO et al 1993) como descrito anteriormente tambeacutem foi
relatada na resina do tronco da espeacutecie H parvifolia (ISHIBASHI et al1999) onde foi
descrita a ocorrecircncia de um estereoisocircmero da astilbina a neoastilbina que juntos
apresentaram efeitos inibitoacuterios sobre a caseiacutena quinase II (CK-II) de forma dose-
dependente
A presenccedila de astilbina foi tambeacutem relatada em Hymenaea stigonocarpa
onde Lovato e Nunes (2007) isolaram este flavonoacuteide e o sugeriram por comparaccedilatildeo
do espectro de infravermelho com amostra autecircntica a sua presenccedila
Os dados obtidos por cromatografia liacutequida ultrarraacutepida espectros de massas
e a utilizaccedilatildeo do padratildeo astilbina associados aos relatos da ocorrecircncia desses
flavonoacuteides em diversas espeacutecies do gecircnero Hymenaea sugerem fortemente a
presenccedila de astilbina e um estereoisocircmero taxifolina e engeletina na fraccedilatildeo acetato
de etila da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa sendo este o primeiro relato
da ocorrecircncia de taxifolina engeletina e de um estereoisomero de astilbina
194
65 CONCLUSOtildeES
Os resultados obtidos permitem constatar que o cromatograma obtido por
UFLC-DAD-EM no modo de ionizaccedilatildeo negativa apresenta valores de espectro de
massas e UV caracteriacutesticos de quatro flavonoacuteides com diferentes tempos de
retenccedilatildeo (Picos A B C e D) Uma dessas substacircncias (pico A) apresenta massa
molecular obtida em conformidade com a massa no modo de ionizaccedilatildeo negativa
calculada para a taxifolina e com dados da literatura
Jaacute o pico B apresenta tempo de retenccedilatildeo dados de espectro de UV e de
massas similares ao padratildeo astilbina utilizado dados que sugerem fortemente ser
este o flavonoide astilbina
O pico C apresenta massa molecular obtida em conformidade com a massa
no modo de ionizaccedilatildeo negativa calculada para a engeletina e com dados da
literatura Como tambeacutem o pico D apresenta as mesmas caracteriacutesticas do espectro
de UV e de massas que o pico B e do padratildeo apresentando poreacutem tempo de
retenccedilatildeo diferente dados que sugerem ser este um estereoisocircmero da astilbina
195
REFEREcircNCIAS BATISTA A G ESTEVES E A DESSIMONI-PINTO N A V OLIVEIRA L G PIRES S T SANTANA R C ldquoChemical composition of jatobaacute-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart) flour and its effect on growth of ratsrdquo Alimentos e Nutriccedilatildeo Araraquara n 2 p173-180 2011 BEHLING E V SENDAtildeO M C FRANCESCATO H D C ANTUNES L M G BIANCHI M L P Flavonoacuteide quercetina aspectos gerais e accedilotildees bioloacutegicas Alimentos e Nutriccedilatildeo Araraquara Vol 15 No 3 2004 BIESKI G C SANTOS F R OLIVEIRA R M ESPINOSA M M MACEDO M ALBUQUERQUE U P MARTINS D T O ldquoEthnopharmacology of Medicinal Plants of the Pantanal Region (Mato Grosso Brazil)rdquo Evidence-based Complementary and Alternative Medicine n 2012 p1-36 2012 BLUMENTHAL M The ABC Clinical Guide to Herbs Austin American Botanical Council p239 2003 BRASIL T R ANDREAtildeO P S S MIRANDA P C M L GIACOMINI R A BORGES F V KANASHIRO M M avaliaccedilatildeo in vitro da atividade citotoacutexica frente a ceacutelulas tumorais humanas decompostos isolados do epicarpo de Hymenaea stigonocarpa In CONFICT - Congresso Fluminense de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica UENF Rio de Janeiro 2009 CARNEIRO E CALIXTO J B MONACHE F D YUNES R A Isolation Chemical Identification and Pharmacological Evaluation of Eucryphin Astilbin and Engelitin Obtained from the Bark of Hymenaea martiana Pharmaceutical Biology v31 n1 p 38-46 1993 DIMECH G S SOARES L A L FERREIRA M A DE OLIVEIRA A G V CARVALHO M D C amp XIMENES E A Phytochemical and Antibacterial Investigations of the Extracts and Fractions from the Stem Bark of Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne and Effect on Ultrastructure of Staphylococcus aureus Induced by Hydroalcoholic Extract The Scientific World Journal p1ndash8 2013 FERREIRA T L 2011 Prospecccedilatildeo de inibidores da secreccedilatildeo de histamina a partir de espeacutecies vegetais do Cerrado e da Mata Atlacircntica81p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) - Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Estadual Paulista Botucatu GRANDI T S M TRINDADE J A PINTO M J F FERREIRA L L CATELLA A C ldquoPlantas medicinais de Minas Gerais Brasilrdquo Acta Botanica Brasilica n3 p185-2241989 GUIMARAtildeES M A F PIRES R A LIMA J C S MARTINS D T O Avaliaccedilatildeo da atividade antiulcerogecircnica de Hymenaea stigonocarpa (Mart) Hayne (Caesalpinaceae) In IV simpoacutesio ibero-americano de plantas medicinais Cuiabaacute 2009
196
ISHIBASHI M ODA H MITAMURA M OKUYAMA E KOMIYAMA K KAWAGUCHI H WATANABE T ALVES SM MAEKAWA T OHTSUK K Casein Kinase II Inhibitors isolated from two Brazilian plants Hymenaea parvifolia and Wulffia baccata Bioorganic amp MedIcinal ChemIstry Letters v9 p 2157-2160 1999 LANGENHEIM J H HALL G D ldquoSesquiterpene deterrence of a leaf-tying lepidopteran Stenoma ferrocanella on Hymenaea stigonocarpa in Central Brazilrdquo Biochemical Systematics and Ecology n11 p 29ndash36 1983 LONG T YU J HUANG Y SHI Z XU L Rapid fingerprint analysis of Radix Scutellariae by UFLC-DAD Journal of Chromatografic Science v51 n10 p 939-42 2013 LOVATO G A amp NUNES D S Obtenccedilatildeo de astilbina de hymenaea stigonocarpa martius In VII Encontro de Pesquisa da UEPG Ponta Grossa 2007 MABRY T J MARKHAM K R THOMAS M B The systematic identification of flavonoids Berlin Springer-Verlag p151-154 1970 MARANHAtildeO C A PINHEIRO I O SANTANA A L B D OLIVEIRA L S NASCIMENTO M S amp BIEBER L W Antitermitic and antioxidant activities of heartwood extracts and main flavonoids of Hymenaea stigonocarpa Mart International Biodeterioration amp Biodegradation v79 p 9ndash13 2013 MATUDA T G NETTO F M Semente de jatobaacute-do-cerrado caracterizaccedilatildeo quiacutemica Ciecircncia e Tecnologia de Alimentos v25 n2 p353-357 2005 MILLS S BONE K Principles and Practice of Phytotherapy Modern Herbal Medicine New York Churchill Livingstone 200031-34 ORSI P R BONAMIN F SEVERI J A SANTOS R C VILEGAS W HIRUMA-LIMA C A DI STASI L C ldquoHymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne A Brazilian medicinal plant with gastric and duodenal anti-ulcer and antidiarrheal effects in experimental rodent modelsrdquo Journal of Ethnopharmacology n143 p81ndash90 2012 OZ F Quantitation of heterocyclic aromatic amines in ready to eat meatballs by ultra fast liquid chromatography Food Chemistry v126 p 2010ndash2016 2011 PAIVA E A S amp MACHADO S R Ontogecircnese anatomia e ultraestrutura dos nectaacuterios extraflorais de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne (Fabaceae - Caesalpinioideae) Acta Botacircnica Brasilica vol20 n2 pp 471-482 2006 PENG L WANG Y Z ZHU H B CHEN Q M Fingerprint profile of active components for Artemisia selengensis Turcz by HPLCndashPAD combined with chemometrics Food Chemistry v 125 p1064ndash1071 2011 ROBBERS J E TYLER V E Tylerrsquos Herbs of Choice ndash The Therapeutic Use of Phytomedicinals Binghamton New York Haworth Herbal Press v69 n89 2000
197
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1
GUSTAVO SANTIAGO DIMECH
ESTUDO FITOQUIacuteMICO E ANTIMICROBIANO DA CASCA DO CAULE
DE Hymenaea stigonocarpa MART EX HAYNE (JATOBAacute)
RECIFE 2014
Tese submetida ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Ciecircncias Farmacecircuticas do Centro de Ciecircncias da
Sauacutede da Universidade Federal de Pernambuco como
parte dos requisitos para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor
em Ciecircncias Farmacecircuticas
Aacuterea de concentraccedilatildeo Faacutermacos e medicamentos
Linha de pesquisa Obtenccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de produtos
naturais bioativos
Orientadora Profa Dra Eulaacutelia C Pde A Ximenes
1
2
GUSTAVO SANTIAGO DIMECH
ESTUDO FITOQUIacuteMICO E ANTIMICROBIANO DA CASCA DO CAULE DE
HYMENAEA STIGONOCARPA MART EX HAYNE (JATOBAacute)
Tese submetida ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em Ciecircncias Farmacecircuticas
Aprovada em 19032014
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________________ Profa Dra Eulaacutelia Camelo Pessoa de Azevedo Ximenes (Orientador)
Universidade Federal de Pernambuco
___________________________________________________________________ Profa Dra Mocircnica Camelo Pessoa de Azevedo Albuquerque (Examinadora Interna)
Universidade Federal de Pernambuco
______________________________________________________________ Prof Dr Sebastiatildeo Joseacute de Melo (Examinador Interno)
Universidade Federal de Pernambuco
______________________________________________________________ Profa Dra Ana Catarina de Souza Lopes (Examinadora Externa)
Universidade Federal de Pernambuco
______________________________________________________________ Profa Dra Glaucia Manoella de Souza Lima (Examinadora Externa)
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof Dr Aniacutesio Brasileiro de Freitas Dourado
VICE-REITOR
Prof DrSiacutelvio Romero de Barros Marques
PROacute-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
Prof Dr Francisco de Sousa Ramos
DIRETOR DO CENTRO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE
Prof Dr Nicodemos Teles de Pontes Filho
VICE-DIRETOR DO CENTRO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE
Profa Dra Vacircnia Pinheiro Ramos
CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FARMACEcircUTICAS
Prof Dr Antocircnio Rodolfo de Faria
VICE- CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FARMACEcircUTICAS
Prof Dr Dalci Joseacute Brondani
COORDENADOR DO PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS
FARMACEcircUTICAS
Prof Dra Almir Gonccedilalves Wanderley
VICE-COORDENADORA DO PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS
FARMACEcircUTICAS
Profa Dra Ana Cristina Lima Leite
4
Dedico este trabalho aos professores Salvador e Naacutegela Dimech meus pais
Por sempre me ensinarem o valor da educaccedilatildeo
A minha esposa Alba e minha filha Bruna
Para que eu possa servir de exemplo
5
AGRADECIMENTOS
A Deus por sempre guiar meus passos mostrando os verdadeiros valores que
devem estar presentes na caminhada
A meus pais Salvador (In memorian) e Naacutegela meus primeiros educadores
responsaacuteveis pela minha formaccedilatildeo como pessoa
A minha esposa Alba Dimech por todo companheirismo paciecircncia e amor estando
sempre do meu lado e ajudando a superar todas as dificuldades durante esta
jornada
A minha filha Bruna Dimech por sempre proporcionar os melhores momentos da
minha vida
A minha orientadora Eulalia Ximenes por aleacutem de cumprir a sua vocaccedilatildeo como
educadora demonstar sempre amizade simpatia e um carinho a todos os seus
alunos Sua presenccedila e apoio nos momentos tristes e alegres nunca seratildeo
esquecidos
Aos professores Haroudo Saacutetiro Xavier e Alexandre Goacutees pela simpatia amizade e
suas sempre importantiacutessimas colocaccedilotildees
A equipe do Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco principalmente a Dra Ana luiacuteza Du Bocage Neta Dra Bernadete costa
e a Dra Rita de Caacutessia Arauacutejo Pereira
Ao professor Sebastiatildeo Melo pelo auxilio na tarefa de identificaccedilatildeo dos flavonoides
assim como ao professor Norberto Peporine Lopes
Ao Professor Joaacutes Lucas da Silva pela disponibilidade e ajuda na realizaccedilatildeo da
microscopia eletrocircnica na USP Satildeo Paulo
Aos professores Pedro Rolim e Terezinha Gonccedilalves e Miracy Muniz pela permissatildeo
da utilizaccedilatildeo dos equipamentos em seus laboratoacuterios
As professoras Elba Lucia Cavalcanti Amorim e Claudia Sampaio minhas
orientadoras na iniciaccedilatildeo cientiacutefica e ao professor Almir Wanderley que muito
contribuiram para minha formaccedilatildeo acadecircmica
Ao Professor Luiz Alberto Lira Soares Magda Ferreira e as professoras Karina
Randau e Rejane Pimentel pelo auxilio na execuccedilatildeo deste trabalho
Aos amigos de laboratoacuterio Amanda Lucas Tiago Leacuteo Renata George
Emmanuelle Fabio Kewdma e Tacilene
6
Ao Sr Joseacute Ney e seu filho Helson Neves donos da fazenda Saco na cidade de Jati-
CE e a Miro Ao contrario do que torciacuteamos tinha em suas terras uma espeacutecie
jatobaacute diferente da estudada neste trabalho poreacutem sou grato por toda a atenccedilatildeo
Ao Sr Antocircnio Severino de Paula dono fazenda Refuacutegio na cidade de Camocim de
Satildeo Feacutelix-PE ao Sr Elisiario Souza ao meu sogro Sr Luiz Carlos Serafim e ao Sr
Cacai pelo auxiacutelio na localizaccedilatildeo e coleta da amostra de Hymenaea stigonocarpa
utilizada neste estudo
A minha tia Conceiccedilatildeo Alencar pelo apoio que fez toda a diferenccedila durante a
execuccedilatildeo deste trabalho
Aos velhos amigos Carlos Fernando Brasileiro e Eduardo Gonccedilalves (BRASA E
DUDA) por serem os grandes responsaacuteveis por plantar a ideacuteia da realizaccedilatildeo desse
Doutorado
Aos novos amigos Gibson Gomes Antocircnio Pereira e Isla Bastos por serem grandes
companheiros de bancada durante a execuccedilatildeo deste trabalho
Aos colegas da Universidade Federal Rural de Pernambuco Neves Luana
Rivonilda Eroacutetildes Reginete Walter Arlindo Erica e vaacuterios outros por todo apoio
Ao Professor Jurandi David Da Silva Farmacecircutico que me ensinou os primeiros
ldquosegredosrdquo da Microbiologia Cliacutenica
Ao Laboratoacuterio de Anaacutelises Cliacutenicas e a Comissatildeo de Controle de Infecccedilatildeo
Hospitalar do Hospital Aeronaacuteutica de Recife casa onde iniciei na arte da
microbiologia Cliacutenica
7
Eacute vocecirc olhar no espelho Se sentir Um grandessiacutessimo idiota Saber que eacute humano Ridiacuteculo limitado Que soacute usa dez por cento De sua cabeccedila animal
E vocecirc ainda acredita Que eacute um doutor Padre ou policial Que estaacute contribuindo Com sua parte Para o nosso belo Quadro social
Ouro de tolo ndash Raul Seixas
Ainda que eu tivesse
o dom da profecia e
conhecesse todos os
misteacuterios e toda a
ciecircncia se natildeo
tivesse amor nada
seria
Corintios 13-2
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Aacutervore Hymenaea stigonocarpa com cerca de 20 metros de altura 27
Figura 2 - Casca do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 28
Figura 3 - Folhas de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 28
Figura 4 - Inflorescecircncia do jatobaacute do cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne)
29
Figura 5 - Vista frontal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 29
Figura 6 - Seccedilatildeo transversal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
30
Figura 7 - Seccedilatildeo longitudinal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
30
Figura 8 - Aspectos da semente de Hymenaea stigonocarpa Martex Hayne 31
Figura 9 - Aacutecido copaacutelico isolado da resina de H courbaril 32
Figura 10 - Terpeno labd-13-em-ol 15-oato de metila isolado de H courbaril 32
Figura 11 - Terpenos isolados da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo de Campinas
33
Figura 12 - Principais constituintes das resinas encontradas nas folhas da Hymenaea courbaril cariofileno (1) β-selineno (2) e α-selineno (3) 33 Figura 13 - Constituintes encontrados em menor escala das resinas das folhas da Hymenaea courbaril alfa-cubebeno (1) α-copaeno (2) beta-copaeno (3) alfa e beta-hemuleno (4a e 4b) γ-muroleno (5) delta-cadineno (6) e copacanfeno (7)
34
Figura 14 - Composto diterpecircnico identificado na resina proveniente da casca do fruto da Hymenaea courbaril aacutecido enatio-8(17)13(16)14-labdatrien-18-oico
34
Figura 15 - Compostos sesquiterpecircnicos identificados na resina proveniente da casca do fruto da Hymenaea courbaril ciclosativeno (1) β-bourbuneno (2) cariofileno (3) calareno (4) hemuleno22 Selina-4(14)-7-dieno (5) α-himacaleno (6) α-muroleno (7) 35
Figura 16 - Estruturas dos sesquiterpenos isolados das folhas de H courbaril b-cariofileno (1) e γ-muroleno (2) 36 Figura 17 - Estruturas dos diterpenos isolados das folhas e galhos de H courbaril aacutecido (13R)-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (1) aacutecido (2S13R)-213-dihidroxi-1(10)-14-ent-halimadien-18-oico (2) e aacutecido (13R)-2-oxo-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (3) 36 Figura 18 - Estruturas dos diterpenos isolados das sementes de H courbaril aacutecido (5R8S9S10R)-cleroda-313E-dien-15-oico (1) e aacutecido (5S8S9S10R)-cleroda-313E-dien-15-oico (2) 37 Figura 19 - Principais constituintes da fraccedilatildeo aacutecida da resina do tronco da Hymenaea oblongifolia aacutecido enantio-pinifoacutelico (aacutecido enantio-labd-8(20-em-1518 dioacuteico) (1) e o aacutecido guamaacuteico (aacutecido enantio-labd-8(20)13-dien-1518 dioico (2) oblongifolia 38 Figura 20 - Esqueletos estruturais do tipo laacutebdano (1) e abietano (2) e pimarano (3) da resina de Hymenaea stigonocarpa 39
9
Figura 21 - sesquiterpenos isolados da fraccedilatildeo neutra das folhas de H stigonocarpa a-copaeno (1) espatulenol (2) e oacutexido de cariofileno (3)
40 Figura 22 - Diterpenos majoritaacuterios isolados da fraccedilatildeo aacutecida das folhas de H stigonocarpa caur-16-en-19-ato de metila (4) caur-15-en-19-ato de metila (5) ozato de metila (6) e isoozato de metila (7) 40 Figura 23 - Estrutura do aacutecido enantio-13-epilabdanoacuteico isolada de H parvifolia 41
Figura 24 - Estrutura da Astilbina 42
Figura 25 - Estruturas de flavonoacuteides isolados das folhas de H palustres luteolina (1) crisoeriol (2) e palstatina (3) 42
Figura 26 - Estruturas dos flavonoacuteides isolados do cerne de H courbaril taxifolina (1) e o fisetinidol (2) 43
Figura 27 - Estruturas das cumarinas isoladas das sementes de H courbaril ipomopsina (1) e hymenaina (2) 44
Figura 28 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do local de coleta das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 69
Figura 29 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do suacuteber corada com safranina e azul de astra 79
Figura 30 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do suacuteber felogecircnio feloderma e parecircnquima cortical corados com safranina e azul de astra 80
Figura 31 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando parecircnquima cortical esclerecircnquima e floema corados com safranina e azul de Astra 80 Figura 32 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com dicromato de potaacutessio para visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos fenoacutelicos 81 Figura 33 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo jovem de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos 82
Figura 34 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos 83
Figura 35 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo da presenccedila de monoterpenos e sesquiterpenos 84
Figura 36 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de triterpenos e esteroides 85
Figura 37 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
86
Figura 38 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de accedilucares
87
Figura 39 - Cromatograma do extrato etanoacutelico (B) para avaliaccedilatildeo de taninos hidrolisados
88
10
Figura 40 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de taninos condensados
89
Figura 41 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
90
Figura 42 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo aquosa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
91
Figura 43 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo acetato de etila para avaliaccedilatildeo de taninos
92
Figura 44 - Cromatogramas obtidos por CLAEndashDAD de diferentes extratos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
94
Figura 45 - Imagens da microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus ATCC-33591 tratada com diferentes concentraccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico de H Stigonocarpa
100
Figura 46 - Representaccedilatildeo do meacutetodo do tabuleiro de xadrez 121
Figura 47 - Isobolograma revelando o efeito sineacutergico do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa quando associado agrave oxacilina frente agrave Staphylococcus aureus AM24 129 Figura 48 - Microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus AM 24 submetida a tratamento com oxacilina e o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa 131
Figura 49 - Histograma de distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica do triturado da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa 153
Figura 50 - Curvas de retenccedilatildeo e passagem da amostra de casca do caule de Hymenaea stigonocarpa 154
Figura 51 - Teor dos resiacuteduos secos obtidos atraveacutes dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo 159 Figura 52 ndash Cromatogramas demonstrando a da presenccedila de flavonoides e taninos nos extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule Hymenaea stiginocarpa obtidos a partir dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo 160
Figura 53 - Espectro de varredura do aacutecido gaacutelico e do extrato de Hymenaea stigonocarpa apoacutes reaccedilatildeo com Folin-Ciocalteau 161
Figura 54 - Graacutefico de pareto para efeitos padronizados do fatorial 32 162
Figura 55 - Valores de absorvacircncia da fraccedilatildeo residual do extrato de Hymenaea stigonocarpa em funccedilatildeo da quantidade de caseiacutena 163
Figura 56 - Cromatograma obtido por CLAE-DAD dos diferentes extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
166
Figura 57 - Teor de polifenois totais dos extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa obtidos atraveacutes dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo 167
Figura 58 - Espectro de Ultravioleta e espectro de massa do pico A obtido compatiacutevel com taxifolina 187
11
Figura 59 - Espectro de UV e de massas dos iacuteons moleculares desprotonados do padratildeo astilbina 189
Figura 60 - Espectro de UV e de massas do pico B compatiacutevel com a astilbina (padratildeo) 190 Figura 61 - Espectro de UV e de massas do pico C compatiacutevel com o flavanonol engeletina 191 Figura 62 - Espectro de UV e de massas do pico D compatiacutevel com estereoisocircmero da astilbina 192
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Conteuacutedo de polifenois e taninos totais dos diferentes extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa 93
Tabela 2 - Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima dos extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa frente a cocos Gram-positivos 97 Tabela 3 - CIM e CBM do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa e de agentes antimicrobianos frente cepas de Staphylococcus aureus com diferentes perfis de resistecircncia 125 Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo da associaccedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaeae stigonocarpa com agentes antimicrobianos frente a cepas de Staphylococcus aureus multidroga resistes 127
Tabela 5 - Resultados dos ensaios de perda por dessecaccedilatildeo teor de extrativos e cinzas totais das amostras de Hymenaea stigonocarpa
156 Tabela 6 - Matriz do experimental do desenho aplicado para avaliar a influecircncia da quantidade de Folin concentraccedilatildeo de Carbonato e tempo de leitura sobre a resposta do meacutetodo em absorbacircncia 162
Tabela 7 - Valores meacutedios da absorvacircncia (UA) e CV obtidos para a fraccedilatildeo natildeo tanante com caseiacutena durante anaacutelise em triplicata 164 Tabela 8 - Teor de polifenois taninos e flavonoides totais nos extratos hidroalcooacutelocos de Hymenaea stigonocarpa obtidos a partir de diferentes meacutetodos 165 Tabela 9 - Valores da Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima e Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima dos extratos de Hymenaea stigonocarpa frente a cepas de bacteacuterias Gram positivas 169 Tabela 10 - Valores da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa obtido por maceraccedilatildeo frente a diferentes espeacutecies de Candida 171 Tabela 11 - Dados cromatograacuteficos e espectrofotomeacutetricos dos componentes identificados no cromatograma da fraccedilatildeo acetato de etila de Hymenaea stigonocarpa 186
13
RESUMO
A raacutepida disseminaccedilatildeo dos micro-organismos multidroga resistentes induz a pesquisa por novos agentes antimicrobianos mais ativos e menos toacutexicos Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne (Fabaceae) eacute uma planta medicinal de principal ocorrecircncia no cerrado brasileiro e conhecida popularmente como Jatobaacute-do-cerrado As cascas do seu caule satildeo amplamente utilizadas em infusatildeo ou decocccedilatildeo para tratar dor de estocircmago asma bronquite uacutelceras diarreacuteia gripe e tosse Entretanto estudos fitoquiacutemicos e antimicrobianos ainda natildeo satildeo escassos O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antimicrobiana de diferentes extratos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa atraveacutes da determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima e bactericida miacutenima realizar a caracterizaccedilatildeo botacircnica e fitoquiacutemica por cromatografia de camada delgada e cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia e determinar as concentraccedilotildees dos metaboacutelitos secundaacuterios responsaacuteveis pela sua atividade e sua atividade frente a diferentes espeacutecies de Candida Aleacutem disso foi parte deste estudo a avaliaccedilatildeo da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa e agentes antimicrobianos de diferentes classes quiacutemicas a determinaccedilatildeo das alteraccedilotildees ultraestruturais decorrentes da accedilatildeo deste extrato em associaccedilatildeo bem como a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica das cascas do caule apoacutes coleta secagem e trituraccedilatildeo Este trabalho tambeacutem avaliou a influecircncia do meacutetodo de extraccedilatildeo sobre as seguintes variaacuteveis resiacuteduo seco atividade antbacteriana e concentraccedilatildeo de taninos Staphylococcus aureus mostrou ser o micro-organismo mais sensiacutevel a accedilatildeo dos extratos Tambeacutem foi observada uma forte atividade frentes as espeacutecies Candida krusei e Candida glabrata e uma atividade moderada frente as bacteacuterias Gram negativas A anaacutelise ultraestrutural deste micro-organismo demonstrou alteraccedilotildees na parede celular bem como no citoplasma decorrentes da accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico A associaccedilatildeo com agentes antimicrobianos resultou na maior parte das vezes em um efeito sineacutergico revertendo a multirresistecircncia de algumas cepas de Staphylococcus aureus meticilina resistentes O meacutetodos de extraccedilatildeo natildeo influecircnciaram a concentraccedilatildeo final de taninos assim como a atividade antibacteriana Entretanto houve diferenccedilas quanto ao resiacuteduo seco sendo esta a variavel utilizada para classificar a maceraccedilatildeo dinacircmica como o meacutetodo mais eficaz Quanto a presenccedila flavonoacuteides apoacutes fracionamento e anaacutelise por cromatografia liacutequida ultra raacutepida acoplada ao espectrocircmetro de massas fortes evidecircncias indicam a presenccedila de engeletina taxifolina astilbina e um diasteroisocircmero da astilbina Assim concluimos que o extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa tem atividade antimicrobiana sendo mais ativo frente a Staphylococcus aureus como tambeacutem a cepas de Candida krusei e Candida glabrata O modo de extraccedilatildeo mais eficiente eacute a maceraccedilatildeo dinacircmica e a associaccedilatildeo do extrato com antibioacuteticos de referecircncia leva a potencializaccedilatildeo do efeito destes Palavrasndashchave Hymenaea Staphylococcus Sinergismo Taninos Ultraestrutura
14
ABSTRACT
The rapid spread of multidrug resistant microorganisms induces the search for new more active and less toxic antimicrobial agents Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne (Fabaceae) is a medicinal plant of main occurrence in the Brazilian cerrado and known popularly as Jatoba-do-cerrado Its stem peels are widely used in infusion or decoction to treat stomach pain asthma bronchitis ulcers diarrhea flu and cough However phytochemicals and antimicrobial studies are still scarce The objective of this study was to evaluate the antimicrobial activity of different extracts of the stem bark of Hymenaea stigonocarpa by determining the minimum inhibitory concentration and minimum bactericidal perform the phytochemical and botanical characterization by thin layer chromatography and high performance liquid chromatography to determine the efficiency and concentrations of secondary metabolites responsible for its activity and its activity against various Candida species In addition part of this study was to evaluate the interaction between the alcoholic extract of Hymenaea stigonocarpa and antimicrobials of different chemical classes the determination of ultrastructural changes resulting from the action of this extract in combination as well as the physico- chemical characterization of the stem bark after collection drying and grinding This study also evaluated the influence of the extraction method on the following variables dry antibacteriana activity and concentration of tannins Staphylococcus aureus was found to be the most sensitive microorganism action of the extracts Strong activity fronts the species Candida krusei and Candida glabrata and moderate activity against gram-negative bacteria was also observed The ultrastructural analysis of this microorganism showed changes in the cell wall and the cytoplasm resulting from the action of the alcoholic extract Combination with antimicrobial agents resulted in most cases a synergistic effect in reversing the multidrug resistance of some strains of methicillin resistant Staphylococcus aureus The extraction methods did not influence the final concentration of tannins as well as antibacterial activity However there were differences in dry matter which is the variable used to classify the dynamic maceration as the most effective method As the flavonoids present after fractionation and analysis coupled with mass spectrometry ultra strong evidence fast performance liquid chromatography indicated the presence of engeletina taxifolina astilbin and a diastereomer of astilbin Thus we conclude that the hydroalcoholic extract of the stem bark of Hymenaea stigonocarpa has antimicrobial activity being more active against Staphylococcus aureus as well as strains of Candida krusei and Candida glabrata The most efficient way of extracting the dynamic is mashing and extracts association with antibiotics reference leads to potentiation of the effect of these Keywords Hymenaea Staphylococcus Synergism Tannins Ultrastructure
15
SUMAacuteRIO
1 APRESENTACcedilAtildeO 2 O GEcircNERO Hymenaea ASPECTOS BOTAcircNICOS QUIacuteMICOS E FARMACOLOacuteGICOS 21 INTRODUCcedilAtildeO 211 Classificaccedilatildeo 2112 Famiacutelia Leguminosae 22 ASPECTOS BOTAcircNICOS DO GEcircNERO Hymenaea 221 Distribuiccedilatildeo do gecircnero Hymenaea 222 Estudos taxonocircmicos 223 Avaliaccedilatildeo morfoloacutegia 224 Desenvolvimento das espeacutecies 225 Descriccedilatildeo botacircnica da espeacutecie Hymenaea stigonocarpa 23 ASPECTOS QUIacuteMICOS DAS ESPEacuteCIES DO gecircnero Hymenaea 231 Terpenos identificados no gecircnero Hymenaea 2111 Hymenaea courbaril 23111 Terpenos identificados na resina do tronco 23112 terpenos identificados nas resinas das folhas 23113 terpenos identificados na resina dos frutos 23114 terpenos identificados nas folhas 23115 terpenos identificados nas cascas dos frutos 23116 substacircncias isoladas das sementes 2312 Hymenaea oblongifolia 2313 Hymenaea verrucosa 2314 Hymenaea stigonocarpa 23141 terpenos identificados nas sementes 23142 terpenos identificados nas folhas 23143 terpenos identificados no epicarpo 23144 terpenos identificados na resina do tronco 23145 terpenos identificados no alburno 232 flavonoacuteides identificados no gecircnero Hymenaea 2321 Hymenaea parvifolia 2322 Hymenaea palustres 2323 Hymenaea courbaril 2324 Hymenaea stigonocarpa 23241 flavonoacuteides identificados na casca do caule 23242 flavonoacuteides identificados no alburno 233 cumarinas identificadas no gecircnero Hymenaea 2331 Hymenaea courbaril 234 taninos relatados no gecircnero Hymenaea 2341 Hymenaea courbaril 2342 Hymenaea stigonocarpa 24 ASPECTOS FARMACOLOacuteGICOS DOS EXTRATOS OBTIDOS A PARTIR DE DIFERENTES ESPEacuteCIES DO GEcircNERO Hymenaea 241 Estudos etnofarmacologicos
20 22 22 22 23 23 24 25 25 26 27 31 31 31 32 33 34 35 37 37 38 38 38 38 39 39 41 41 41 42 42 43 43 43 44 44 44 45 45 45 45 45
16
2411 Hymenaea courbaril 2412 Hymenaea stigonocarpa 2413 Hymenaea parvifolia 242 Avaliaccedilatildeo farmacoloacutegica 2421 Hymenaea courbaril 2422 Hymenaea stigonocarpa 2423 Hymenaea martiana 2424 Hymenaea parvifolia REFEREcircNCIAS 3 CARACTERIZACcedilAtildeO BOTAcircNICA FITOQUIacuteMICA E AVALIACcedilAtildeO DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DOS EXTRATOS E FRACcedilOtildeES DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 31 INTRODUCcedilAtildeO 32 OBJETIVOS 321 Objetivo geral 322 Objetivos especiacuteficos 33 MATERIAIS E MEacuteTODOS 331 Coleta do material vegetal 332 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal 3321 Anaacutelise microscoacutepica 3322 Anaacutelise histoquiacutemica 333 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal 334 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais 3341 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais 3342 Determinaccedilatildeo de taninos totais 3343 Analise por cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE) 335 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana 3351 Preparaccedilatildeo das amostras 3352 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana in vitro 33521 Agentes antimicrobianos 33522 Micro-organismos e padronizaccedilatildeo dos inoacuteculos 33523 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (CMB) 336 anaacutelise ultraestrutural 337 anaacutelise estatiacutestica 34 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 341 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal 341 Anatomia 3412 Histoquiacutemica 34121 Avaliaccedilatildeo de Polifenoacuteis 34122 Detecccedilatildeo da presenccedila de taninos 341221 Caules jovens 341222 Caules adultos 342 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal
45 46 47 47 47 49 51 52 53 63 63 68 68 68 69 69 69 70 70 70 73 73 73 74 74 74 75 75 75 76 77 78 79 79 79 81 81 82 82 82 83
17
3421 Anaacutelise fitoquiacutemica 34211 Monoterpenos e sesquiterpenos 34212 Triterpenos e esteroacuteides 34213 Flavonoacuteides e cumarinas 34214 Accedilucares 34215 Taninos condensados e hidrolisaacuteveis 34216 Flavonoacuteides apoacutes particcedilatildeo 34217 Taninos condensados apoacutes particcedilatildeo 343 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais 3431 Determinaccedilatildeo da Curva de calibraccedilatildeo do aacutecido gaacutelico 3442 Determinaccedilatildeo do teor de polifenoacuteis e taninos totais 344 Anaacutelise por cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE-DAD) 345 Atividade antibacteriana 346 Alteraccedilotildees ultraestruturais 35 CONCLUSOtildeES REFEREcircNCIAS 4 ASSOCIACcedilAtildeO DO EXTRATO HIDROALCOOacuteLICO DA CASCA DO CAULE DE HYMENAEA STIGONOCARPA MART EX HAYNE COM AGENTES ANTIMICROBIANOS FRENTE A CEPAS DE Staphylococcus aureus RESISTENTES A METICILINA (MRSA) 41 INTRODUCcedilAtildeO 411 A evoluccedilatildeo da resistecircncia de staphylococcus aureus a agentes antimicrobianos 4111 Staphylococcus aureus resistentes a meticilina 412 Associaccedilotildees entre polifenois e agentes antimicrobianos 42 OBJETIVOS 421 Objetivo geral 422 Objetivos especiacuteficos 43 MATERIAIS E MEacuteTODOS 431 Material vegetal 432 Procedimentos extrativos 433 Determinaccedilatildeo da atividade anti- estafilocoacutecica in vitro 4331 Agentes antimicrobianos 4332 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees 4333 Micro-organismos 4334 Preparaccedilatildeo do inoacuteculo 4335 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (CMB) 4336 Avaliaccedilatildeo in vitro da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymeneae stigonocarpa com agentes antimicrobianos 434 Microscopia eletrocircnica de transmissatildeo 44 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 45 CONCLUSOtildeES
84 84 85 86 87 87 90 91 92 92 92 93 95 99 102 103 111 111 112 114 115 116 116 116 117 117 117 117 118 119 119 119 119 120 122 123 132
18
REFEREcircNCIAS 5 O EFEITO DE DIFERENTES MEacuteTODOS DE EXTRACcedilAtildeO SOBRE O RENDIMENTO CONCENTRACcedilOtildeES DE FENOacuteIS TOTAIS E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa 51 INTRODUCcedilAtildeO 52 OBJETIVOS 521 Objetivo geral 522 Objetivos especiacuteficos 53 MATERIAIS E MEacuteTODOS 531 Coleta 532 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal 5321 Anaacutelise granulomeacutetrica por tamisaccedilatildeo 5322 Determinaccedilatildeo da perda por dessecaccedilatildeo 5323 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos 5324 Determinaccedilatildeo de cinzas totais 533 Procedimentos extrativos 534 Descriccedilatildeo das teacutecnicas extrativas 5341 Maceraccedilatildeo 5342 Maceraccedilatildeo dinacircmica 5343 Utrassom 5344 Refluxo 5345 Turbo-extraccedilatildeo 5346 Infusatildeo 535 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica 536 Anaacutelises quantitativa de polifenois 5361 Determinaccedilatildeo de polifenoacuteis totais 53611 Desenho fatorial 32 53612 Preparaccedilatildeo da Soluccedilatildeo Padratildeo 5362 Determinaccedilatildeo de taninos totais 5363 Determinaccedilatildeo de flavonoides 53631 Anaacutelise por cromatografia liquida e alta eficiecircncia acoplada a detector de arranjo de Diodos (CLAE-DAD) 537 Determinaccedilatildeo da atividade antimicrobiana de H stigonocarpa Mart ex Hayne 5371 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana 53711 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees de H stigonocarpa 53712 Micro-organismos 53713 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (CMB) 5372 Determinaccedilatildeo da atividade antifungica 53721 Cepas e condiccedilotildees de cultivo 53722 Susceptibilidade antifuacutengica in vitro 538 Anaacutelise estatiacutestica 54 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
133 139 139 142 142 142 143 143 143 143 144 144 145 145 145 145 146 146 146 146 146 147 147 147 147 148 148 149 149 150 150 150 150 150 151 151 152 152 153
19
541 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal 542 Determinaccedilatildeo do rendimento 543 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica por cromatografia de camada delgada 544 Anaacutelise quantitativa dos compostos majoritaacuterios 5441 Determinaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento de polifenoacuteis totais por espectofotometria apoacutes avaliaccedilatildeo das variaveis analiacuteticas 5442 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de polifenois totais taninos e flavonoides 545 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana de H stigonocarpa Mart ex Hayne 546 Determinaccedilatildeo da atividade antifungica de H stigonocarpa Mart ex Hayne 55 CONCLUSOtildeES REFEREcircNCIAS 6 IDENTIFICACcedilAtildeO DO FLAVONOacuteIDES PRESENTES NA FRACcedilAtildeO ACETATO DE ETILA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa 61 INTRODUCcedilAtildeO 62 OBJETIVOS 621 objetivo geral 622 objetivos especiacutefico 63 MATERIAIS E MEacuteTODOS 631 Amostras 632 Solventes empregados 633 Sistema cromatografia liquida ultrarraacutepida acoplada a detector de arranjo de diodos e espectrocircmetro de massas (UFLC-DAD-EM) 634 Anaacutelise por UFLC-DAD-EM 6341 Identificaccedilatildeo dos flavonoacuteides 64 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 65 CONCLUSOtildeES REFERENCIAS
153 156 160 160 164 164 168 170 173 174 179 179 182 182 182 183 183 183 183 184 184 186 194 195
20
1 APRESENTACcedilAtildeO
Os antibioacuteticos satildeo uma das mais importantes armas no combate agraves
infecccedilotildees bacterianas No entanto ao longo das uacuteltimas deacutecadas seus benefiacutecios agrave
sauacutede estatildeo sob ameaccedila pois muitos antibioacuteticos tornaram-se cada vez menos
eficazes devido ao aparecimento de bacteacuterias resistentes (RAKHOLIYA et al 2012)
A crescente resistecircncia bacteriana principalmente associada a utilizaccedilatildeo
extensiva de agentes antimicrobianos pode resultar na existecircncia de um arsenal de
substacircncias ineficazes para combater infecccedilotildees bacterianas (HOERLLE
BRANDELLI 2009)
Devido a raacutepida disseminaccedilatildeo dos micro-organismos multidrogas resistentes
haacute uma consideraacutevel necessidade por novos agentes antimicrobianos (GIBBONS et
al 2002) tendo sido muitas plantas avaliadas natildeo somente pela atividade
antimicrobiana direta mas tambeacutem pela modificaccedilatildeo do perfil de resistecircncia ao
agente antimicrobiano (GIBBONS 2004 HEMAISWARYA et al 2008 WAGNER
ULRICH-MERZENICH 2009)
Os principais grupos de compostos com propriedades antimicrobianas
extraiacutedos de plantas incluem terpenoacuteides (TORSSEL 1989) alcaloides
(FESSENDEN 1982) polipeptiacutedios (TERRAS et al1993 ZHANG LEWIS 1997) e
substacircncias fenoacutelicas que satildeo fenoacuteis simples aacutecidos fenoacutelicos quinonas (STERN
et al 1996) flavonas flavonoacuteis e flavonoacuteides (FESSENDEN 1982) tanino
(SCALBERT 1992) e cumarinas (OrsquoKENNEDY amp THORNES 1997)
Esses metaboacutelitos secundaacuterios satildeo considerados uma fonte promissora para
a terapia antimicrobiana seja ela combinada ou natildeo podendo atuar em pontos
especiacuteficos da ceacutelula procarioacutetica e potencializar o efeito de antimicrobianos
sinteacuteticos (CHOVANOVAacute et al 2013)
Dentro deste contexto detacamos a espeacutecie Hymenaea stigonocarpa
popularmente conhecido como jatobaacute-do-cerrado Estudos fitoquiacutemicos de
Hymenaea stigonocarpa mostraram a presenccedila de terpenos e sesquiterpenos
aacutecidos graxos flavonoacuteides e taninos metaboacutelitos reconhecidos pela atividade
bioloacutegica (LANGENHEIM HALL 1983 MATUDA NETO 1985 ORSI et al 2012)
Alguns estudos etnofarmacoloacutegicos atribuem a esta espeacutecie algumas
atividades tais como fortificante anti-inflamatoacuteria e antimicrobiana (RODRIGUES
CARVALHO 2001 VILA VERDE et al 2003 SOUZA FELFILI 2006) Existindo
21
tambeacutem alguns estudos farmacoloacutegicos jaacute realizados comprovando os efeitos
citotoacutexicos antiinfamatoacuterios e antioxidantes (GUIMARAtildeES et al 2009 BRASIL et
al 2009 ORSI et al 2012 MARANHAtildeO et al 2013)
No entanto estudos sobre a atividade antimicrobiana desta espeacutecie ainda satildeo
escassos (DIMECH 2013) devido a isso este estudo teve o objetivo de avaliar a
atividade antibacteriana da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex
Hayne (Jatobaacute) frente agraves principais espeacutecies de bacteacuterias comumente causadoras
de infecccedilotildees nosocomiais Para isto esta tese foi dividida em cinco capiacutetulos
O primeiro reuacutene informaccedilotildees dos aspectos botacircnicos quiacutemicos e
farmacoloacutegicos do gecircnero Hymenaea avaliaccedilotildees que colaboram para um maior
entendimento da espeacutecie estudada
Em seguida foi realizada a caracterizaccedilatildeo botacircnica e fitoquiacutemica da casca do
caule de Hymenaea stigonocarpa como tambeacutem a determinaccedilatildeo das concentraccedilotildees
dos metaboacutelitos responsaacuteveis pela atividade antibacteriana e avaliaccedilatildeo por
cromatografia liquida de alta eficiecircncia dos extratos mais ativos
Ainda neste capiacutetulo foi determinada a espeacutecie mais suscetiacutevel aos extratos
avaliados e a classe de metaboacutelitos mais ativa baseada na avaliaccedilatildeo das
concentraccedilotildees inibitoacuterias e bactericidas miacutenimas e da analise das alteraccedilotildees
ultraestruturais atraveacutes de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
Apoacutes a determinaccedilatildeo da espeacutecie mais suscetiacutevel e do extrato mais ativo
foram avaliadas as associaccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico com agentes
antimicrobianos pertencentes a diferentes classes farmacoloacutegicas utilizadas na
rotina meacutedica Essa associaccedilatildeo visa agrave identificaccedilatildeo de possiacuteveis accedilotildees sineacutergicas
que poderiam levar tanto a reversatildeo da resistecircncia presente em algumas cepas
como a dimuiccedilatildeo da toxicidade dos agentes antimicrobianos pela utilizaccedilatildeo de
doses reduzidas
No quarto capiacutetulo foi avaliada a influecircncia de diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo
sobre a variaccedilatildeo do rendimento e do teor dos compostos majoritaacuterios do extrato
hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa variaccedilotildees que
poderiam influenciar na atividade antibacteriana Aleacutem disso foi realizada uma
otimizaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento dos taninos classe de metaboacutelitos mais
ativos quanto a accedilatildeo antibacteriana nesta espeacutecie
Concluindo foram identificados os flavonoacuteides presente na fraccedilatildeo acetato de
etila sendo sugerida a presenccedila de quatro flavonoacuteides
22
2 O GEcircNERO Hymenaea ASPECTOS BOTAcircNICOS QUIacuteMICOS E
FARMACOLOacuteGICOS
21 INTRODUCcedilAtildeO
As espeacutecies pertencentes ao gecircnero Hymenaea satildeo fornecedores de boa
madeira frutos comestiacuteveis e cascas taniacuteferas (RIZZINI 1971) As resinas de cor
amarela e avermelhada produzidas pelas aacutervores do gecircnero Hymenaea L satildeo
produtos economicamente valiosos Podem ser usadas em esculturas na fabricaccedilatildeo
de joacuteias (iacutendios preacute-colombianos jaacute utilizavam para estes fins) como cimento
incenso e ateacute quando dissolvidas em xilol no preparo de lacircminas permanentes para
microscopia (LEE amp LANGENHEIM 1975)
Conhecidas como copal sul americano satildeo utilizadas na fabricaccedilatildeo de
vernizes e com fins medicinais (LANGENHEIM et al 1973) A extraccedilatildeo ocorre por
meio do processo de sangria do tronco ou por escavaccedilatildeo do solo onde a resina se
acumula Neste gecircnero a resina pode converter-se em acircmbar sendo encontradas
resinas foacutesseis na Colocircmbia Meacutexico e Brasil (CASTELENN 2005)
211 Classificaccedilatildeo
De acordo com o Sistema de Classificaccedilatildeo de Cronquist (1988) a posiccedilatildeo
taxonocircmica do gecircnero Hymenaea obedece agrave seguinte hierarquia Divisatildeo
Magnoliophyta - cujas sementes satildeo protegidas por uma estrutura denominada fruto
Angiospermae - do grego angos - urna e sperma - semente Classe
Magnoliopsida (Dicotyledonae) - plantas com flor cujo embriatildeo (semente) conteacutem
dois ou mais cotileacutedones Subclasse Rosidae Ordem Fabales - Famiacutelia
Leguminosae - caracteriacutestica tiacutepica dessa famiacutelia eacute a ocorrecircncia do fruto do tipo
legume tambeacutem conhecido como vagem exclusivo desse grupo Subfamiacutelia
Caesalpinioideae Gecircnero Hymenaea (CARVALHO 2007)
23
2112 Famiacutelia Leguminosae
A famiacutelia Leguminosae compreende 650 gecircneros e mais de 18 mil espeacutecies
mundialmente distribuiacutedas (POLHILL RAVEN 1981) representando uma das
maiores famiacutelias de angiospermas superada apenas em nuacutemero de espeacutecies pelas
famiacutelias Orchidaceae e Asteraceae (JOLY 1998) Esta famiacutelia eacute uma das mais ricas
na flora brasileira encontrando-se representada nas vaacuterias formaccedilotildees
fitogeograacuteficas do paiacutes (RIZZINI 1971)
No bioma cerrado esta eacute a famiacutelia botacircnica que comporta o maior nuacutemero de
espeacutecies e a primeira entre as mais importantes em termos de nuacutemeros de espeacutecies
lenhosas arbustos e aacutervores (SILVA et al 2001) A famiacutelia Leguminosae se
subdivide em trecircs subfamiacutelias Mimosaceae que compreende cerca de 60 gecircneros e
3000 espeacutecies sendo a menor dentre as leguminosas Caesalpiniaceae com cerca
de 150 gecircneros e 2800 espeacutecies Fabaceae maior subfamiacutelia das leguminosas com
aproximadamente 482 gecircneros e 12000 espeacutecies (JOLY 1998 BARROSO 2002)
As plantas leguminosas apresentam um grande potencial na conservaccedilatildeo de solos
pois juntamente com a microbiota do solo fixam o nitrogecircnio atmosfeacuterico atraveacutes do
processo de nodulaccedilatildeo em suas raiacutezes (POLHILL RAVEN 1981) Aleacutem disso as
leguminosas tecircm um potencial econocircmico muito grande pois satildeo fornecedores de
alimentos atraveacutes de seus frutos medicamentos ou substacircncias medicinais
pesticidas combustiacuteveis e produtos utilizados nas induacutestrias (SCHWANTES
WEBERLING 1981)
22 ASPECTOS BOTAcircNICOS DO GEcircNERO Hymenaea
A palavra Hymenaea deriva do grego Hymenrdquo e significa deus das uniotildees
em alusatildeo agraves duas folhas (foliacuteolos) unidas caracteriacutestica das plantas deste gecircnero
O nome popular jatobaacute vem da liacutengua tupi va-atatilde-yba que significa ldquoaacutervore de fruto
durordquo (BARROSO 1991)
Ceratia foi o primeiro nome dado ao gecircnero Hymenaea descrito por Bauhin
em 1623 duas deacutecadas mais tarde PISO (1642) e MARCGRAF (1648) descreveram
o gecircnero com o nome de Jaetaiacuteba (apud LEE LANGENHEIM 1975) Meio seacuteculo
depois ainda PLUMIER (1703) (apud LEE LANGENHEIM 1975) escolheu o nome
Courbaril para esse gecircnero Apenas em 1737 Linnaeus ao se referir ao mesmo
24
gecircnero escolheu o nome Hymenaea referecircncia ao deus grego Himeneu fazendo
alusatildeo aos dois foliacuteolos pareados das folhas Muitas outras espeacutecies desse gecircnero
seriam descritas mais tarde por outros botacircnicos por exemplo HAYNE BENTHAM
HUBER DUCKE LEE e LANGENHEIM (MORENO 2009)
221 Distribuiccedilatildeo do gecircnero Hymenaea
Aproximadamente 25 espeacutecies do gecircnero Hymenaea tecircm sido descritas na
literatura como originadas do continente americano Na maioria das espeacutecies a
madeira eacute de alto valor comercial (MARTIN et al 1972) Este gecircnero eacute considerado
predominantemente neotropical com 16 espeacutecies distribuiacutedas desde o Meacutexico ateacute a
Ameacuterica do Sul
No Brasil ocorrem 13 espeacutecies (KODAMA SARTORI 2007) tanto em matas
pluviais como em matas secas tambeacutem no Meacutexico Ameacuterica Central Iacutendias
Ocidentais e quase todos os paiacuteses da Ameacuterica do Sul (CORREcircA 1984 RIZZINI
1985) sendo conhecido popularmente como jatobaacute jutaiacute ou jataiacute (LEE
LANGENHEIM 1975)
As espeacutecies mais frequentes no Brasil satildeo Hymenaea stigonocarpa Mart ex
Hayne e Hymenaea courbaril L A Hymenaea courbaril podendo ser encontrada
desde a floresta amazocircnica ateacute a floresta estacional semidecidual no sudeste do
paiacutes sob a forma de diferentes variedades (CASTELEN 2005) Jaacute a Hymenaea
stigonocarpa Mart Ex Hayne tambeacutem conhecida como jatobaacute-do-cerrado jutaiacute
jatobaacute-capo jatobaacute-de-casca-fina jitaiacute ou jutaicica ocorre na Caatinga e no Cerrado
principalmente nos estados do Piauiacute Bahia Goiaacutes Minas Gerais Mato Grosso do
Sul e Satildeo Paulo (CORREcircA 1984 LORENZI 1992)
Todas as espeacutecies deste gecircnero tecircm haacutebito arboacutereo que vatildeo desde aacutervores
com 3 metros de altura como H stigonocarpa ateacute representantes com mais de 40
metros vegetando em mata atlacircntica como H courbaril Ocorrem em uma
diversidade de habitats variando desde a mata equatorial ateacute o cerrado e a
caatinga (LEE LANGENHEIM 1975)
25
222 Estudos taxonocircmicos
Devido a denominaccedilotildees diferentes (Hymenaea e Trachylobium) houve
controveacutersias quanto agrave taxonomia inicial do gecircnero Hymenaea Lee e Langenheim
(1975) realizaram uma pesquisa comparando detalhadamente a morfologia citologia
e a quiacutemica da resina de exemplares catalogados nestes dois gecircneros e optaram
pela denominaccedilatildeo taxonocircmica Hymenaea
Poreacutem ainda satildeo necessaacuterias revisotildees taxonocircmicas para agregar categorias
infraespeciacuteficas pautadas em caracteriacutesticas morfoloacutegicas inconsistentes Como
exemplo desta falta de especificidade tem-se H stigonocarpa Hayne var
brevipetiolata N Mattos que pode ser diferenciada de sua variedade tiacutepica por
apresentar foliacuteolos relativamente menores pubescentes na face adaxial e
densamente tomentosos na face abaxial e peciacuteolos curtos e densamente
tomentosos (LEE LANGENHEIM 1975)
O estudo morfoloacutegico de placircntulas pode subsidiar os procedimentos
taxonocircmicos pois fornece numerosas caracteriacutesticas que devem contribuir com a
melhor delimitaccedilatildeo das espeacutecies Aleacutem disso pode favorecer o reconhecimento de
estruturas transitoacuterias as quais desaparecem com o desenvolvimento da planta
mas que podem ser importantes no estabelecimento das relaccedilotildees filogeneacuteticas
Tambeacutem o manejo a conservaccedilatildeo e a reconstituiccedilatildeo de florestas tropicais satildeo
beneficiados com os estudos de morfologia de placircntulas que possibilitam a
identificaccedilatildeo dos taacutexons em suas fases juvenis (FLORES BENEVIDES 1990
FERREIRA 1997)
223 Avaliaccedilatildeo morfoloacutegia
Estudos da morfologia de placircntulas em Hymenaea realizados por Flores e
Benevides (1990) e Ferreira (1997) contribuiacuteram com as descriccedilotildees de semente
germinaccedilatildeo e placircntulas para H courbaril L e H stigonocarpa Mart ex Hayne
respectivamente Poreacutem esses autores natildeo estabeleceram o valor diagnoacutestico dos
caracteres morfoloacutegicos das placircntulas de Hymenaea (KODAMA SARTORI 2007)
Segundo De Carvalho et al (2005) conhecer a biometria de frutos eacute
importante para acrescentar dados morfoloacutegicos agrave espeacutecie e suas variaccedilotildees em
diferentes locais podem ser encaradas como resultado de seleccedilatildeo e adaptaccedilatildeo das
26
espeacutecies em resposta as pressotildees do ambiente em que vivem Para Vieira e
Gusmatildeo (2008) a biometria de frutos e sementes eacute importante para a identificaccedilatildeo
da variabilidade existente nas espeacutecies nativas podendo com isso segundo Cruz et
al (2001) fornecer subsiacutedios importantes para a diferenciaccedilatildeo de espeacutecies do
mesmo gecircnero
De Carvalho et al (2005) estudaram a biometria dos frutos de jatobaacute-do-
cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne) e observaram que os frutos
apresentaram 5 a 6 sementes em meacutedia O comprimento a largura e o peso de
frutos variaram de 5 a 17 cm 30 a 67 cm e 1995 a 11006 g respectivamente
224 Desenvolvimento das espeacutecies de Hymenaea
Quanto ao desenvolvimento inicial de placircntulas alguns estudos foram
realizados com o objetivo de avaliar o desenvolvimento inicial dessa espeacutecie em
diferentes condiccedilotildees de sombreamento em viveiro Foi observado que a espeacutecie H
courbaril var stilbocarpa (Hayne) Lee amp Lang de ocorrecircncia em Matas de Galeria
apresenta aos 21 meses de idade grande plasticidade de crescimento quanto a
diferentes niacuteveis de sombreamento podendo ser utilizada na recuperaccedilatildeo dessas
matas de Galeria desde condiccedilotildees de bordas e clareiras ateacute o fechamento de dossel
(MAZZEI et al 1999)
Outra espeacutecie tambeacutem avaliada eacute H stigonocarpa que apresenta uma menor
plasticidade se comparada a espeacutecie H courbaril var stilbocarpa (Hayne) Lee amp
Lang uma vez que mostra tendecircncia de crescimento mais eficiente sob condiccedilotildees
de maior luminosidade o que coincide com a ocorrecircncia da espeacutecie em ambientes
naturais mais abertos como o cerrado (MENDONCcedilA et al 1998) Esta espeacutecie
apresenta portanto potencial para plantios a pleno sol podendo ser utilizada em
locais onde a vegetaccedilatildeo de cerrado foi removida (RAMOS et al 2004)
Ao avaliar o stress hiacutedrico a que diferentes indiviacuteduos de Hymeneae satildeo
submetidos Locosselli (2010) observou que a espeacutecie H courbaril suporta estoque
limitado de aacutegua do solo apesar destra espeacutecie apresentar raiacutezes natildeo tatildeo
profundas sendo este estresse contornado pela presenccedila de estocircmatos menores e
de raacutepido controle de abertura e fechamento
Outra espeacutecie H stignocarpa apresenta outro tipo de stress hiacutedrico por
ocorrer em regiotildees de maior irradiaccedilatildeo solar e em ambientes mais abertos
27
apresentando uma maior taxa de perda por transpiraccedilatildeo o que eacute contornado pela
existecircncia de estocircmatos maiores e de menor controle (LOCOSSELLI 2010) Aleacutem
disso foi avaliado por Gomes et al (2013) que a manifestaccedilatildeo dos eventos
reprodutivos nesta espeacutecie ocorrem em funccedilatildeo da estaccedilotildees do ano com frutificaccedilatildeo
no periacuteodo seco e floraccedilatildeo no final do periacuteodo seco e inicio do chuvoso
225 A descriccedilatildeo botacircnica da espeacutecie Hymenaea stigonocarpa
A espeacutecie avaliada no presente estudo foi Hymenaea stigonocarpa Mart ex
Hayne (Jatobaacute) pertencente ao gecircnero Hymenaea esta planta foi selecionada pois
em outras espeacutecies deste gecircnero foram isoladas vaacuterias substacircncias que
apresentaram importantes atividades farmacoloacutegicas comprovadas Aleacutem disso foi
observada uma vasta utilizaccedilatildeo popular dessa espeacutecie (SOUZA FELFILI 2006
NETO G G 2006 VILA VERDE et al 2003 RODRIGUES CARVALHO 2001)
Hymenaea stigonocarpa eacute uma aacutervore deciacutedua As aacutervores maiores atingem
dimensotildees proacuteximas de 20 m de altura e 50 cm de DAP (diacircmetro agrave altura do peito
medido a 130 m do solo) na idade adulta apresenta tronco tortuoso com fuste
curto ramificaccedilatildeo dicotocircmica e a copa baixa (Figura 1)
Figura 1 - Aacutervore Hymenaea stigonocarpa com cerca de 20
metros de altura
Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio -
Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
A casca mede ateacute 3 cm de espessura sendo a superfiacutecie da casca externa
ou ritidoma profundamente sulcada de coloraccedilatildeo pardo-avermelhada com cristas
planas e duras e a casca interna apresenta-se estratificada com listras paralelas
mais claras e escuras (Figura 2)
28
Figura 2 - Casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa Mart ex Hayne
Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
As folhas satildeo alternas compostas bifolioladas pecioladas com estiacutepulas
caducas foliacuteolos curtos peciolulados e subseacutesseis limbo com 6 cm a 235 cm de
comprimento e 35 cm a 7 cm de largura eliacuteptico a ovado-reniforme de
pergaminoso a coriaacuteceo (Figura 3) frequumlentemente com pontuaccedilotildees transluacutecidas
(CARVALHO 2007)
Figura 3 - Folhas de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PEmiddot
A Inflorescecircncia apresenta-se em cimeiro terminal bracteada com ateacute 30
flores que satildeo grandes com peacutetalas pouco excedentes ao caacutelice (Figura 4)
29
Figura 4 - Inflorescecircncia do jatobaacute do cerrado (Hymenaea stigonocarpa Martex
Hayne)
Fonte httpwwwportalsaofranciscocombralfajatobajatoba-3php
O fruto eacute um legume seco indeiscente monospeacutermico ou polispeacutermico (mais
comum) alongado aacutepice arredondado ou levemente retuso base arredondada e
margem inteira ou levemente ondulada medindo 87 cm a 20 cm de comprimento
21 cm a 65 cm de largura e 20 cm a 43 cm de espessura (Figura 5)
Figura 5 - Vista frontal do fruto de Hymenaea
stigonocarpa Mart ex Hayne
ls ndash linha de sutura pd ndash peduacutenculo Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio -
Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
A textura eacute rugosa devido agrave presenccedila de pontuaccedilotildees pequenas salientes e
arredondadas (Figura 6) Apresenta a linha de sutura proeminente circundando todo
ls
pd
30
o fruto a cor varia do marrom-claro ao marrom-escuro (quase negro) Em cada fruto
ocorrem de uma a seis sementes
Figura 6 - Seccedilatildeo longitudinal do fruto de Hymenaea
stigonocarpa Mart ex Hayne
en - endocarpo ep - epicarpo me ndash mesocarpo Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
Figura 7 - Seccedilatildeo transversal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
ar - arilo cv - cavidade do fruto en - endocarpo ep - epicarpo me - mesocarpo ls ndash linha de sutura Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
A Semente eacute globosa largo-oblonga obovada comprimida com aacutepice
arredondado ou levemente truncado e base arredondada ou afinada superfiacutecie
irregular com algumas depressotildees medindo 178 mm a 284 mm de comprimento e
93 mm a 197 mm de espessura Envolvendo as sementes haacute o arilo amarelo-
esverdeado macio fibroso-farinaacuteceo (Figura 7 e 8) com cheiro caracteriacutestico e
sabor doce constituindo a polpa (CARVALHO 2007)
cv ar
en
me ep
ls
en
mmee
ep
31
Figura 8 - Aspectos da semente de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
A semente envolvida por arilo B Semente sem arilo Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
23 ESTUDOS QUIacuteMICOS NAS ESPEacuteCIES DO gecircnero Hymenaea
Das espeacutecies de Hymenaea jaacute estudadas verifica-se que entre as classes de
compostos isoladas predominam os terpenoacuteides e flavonoacuteides Os flavonoacuteides
destacam-se como fitoalexinas que atuam na defesa das plantas (INGHAM 1982)
As espeacutecies do gecircnero Hymenaea tem predominacircncia de diterpenoacuteides baseados
nos esqueletos do labdano abietano e pimarano (FARIA et al 2004) sendo
diterpenos biciacuteclicos jaacute isolados de espeacutecies de Hymenaea como H verrucosa H
oblongifolia e H parvifolia
231 Terpenos identificados no gecircnero Hymenaea
Foram identificados terpenos em diferentes espeacutecies do gecircnero Hymenaea
2311 Hymenaea courbaril
Do gecircnero Hymenaea a espeacutecie H courbaril eacute a espeacutecie mais estudada
(NAKANO DJERASSI 1961) e a mais difundida (LANGENHEIM et al1973)
A B
32
23111 Terpenos identificados na resina do tronco
A investigaccedilatildeo da resina comercial da Hymenaea courbaril realizada por
Nakano e Djerassi (1961) levou ao isolamento de um composto diterpecircnico oleoso
denominado aacutecido copaacutelico (Figura 9)
Figura 9 - Aacutecido copaacutelico isolado da resina de H courbaril
COOH
A partir da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo
amazocircnica analisada por Langenheim et al (1973) foi isolado e identificado apoacutes
metilaccedilatildeo com diazometano um composto diterpecircnico o labd-13-em-ol 15-oato de
metila (Figura 10)
Figura 10 - terpeno labd-13-em-ol 15-oato de metila isolado de H courbaril
H
HCOOH
OH
Na avaliaccedilatildeo da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo
de Campinas (Satildeo Paulo) em 1975 Marsaioli et al isolaram os seguintes
compostos aacutecido eperua-7 13-dien-15-oico (1) aacutecido ent-labd-13-em-8beta-ol-15-
oico (2) e um composto na forma de eacutester metiacutelico apoacutes tratamento com
diazometano o ent-labdan-8beta-ol 15-oato de metila (3) (Figura 11)
13
33
Figura 11 - Terpenos isolados da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo de Campinas
23112 Terpenos identificados nas resinas das folhas
Tambeacutem em 1972 Langenheim estudando agora as resinas encontradas nas
folhas da Hymenaea courbaril constatou a presenccedila de vaacuterios compostos
sesquiterpecircnicos Foram identificados nove compostos onde o principal constituinte
foi o cariofileno (266) (1) seguido por β-selineno (184) (2) e α-selineno (176)
(3) (Figura 12)
Figura 12 - Principais constituintes das resinas encontradas nas folhas da
Hymenaea courbaril cariofileno (1) β-selineno (2) e α-selineno (3)
Os demais compostos encontrados em menor escala foram alfa-cubebeno
(1) (08) α-copaeno (2) (94) beta-copaeno (3) (57) alfa e beta-hemuleno (4a
e 4b) (57) γ-muroleno (5) (35) e delta-cadineno (6) (66) e mais um composto
natildeo identificado (34) que atraveacutes do tempo de retenccedilatildeo foi sugerido ser
copacanfeno (7) (Figura 13)
1 2 3
H H
H
COOHOH
COOMeOH
COOMe
13
1 2 3
13
15
7
15 8 15 8
aacutecido eperua-7 13-
dien-15-oico
aacutecido ent-labd-13-em-
8beta-ol-15-oico ent-labdan-8beta-ol 15-oato
de metila
34
Figura 13 ndash Constituintes encontrados em menor escala das resinas das folhas da
Hymenaea courbaril alfa-cubebeno (1) α-copaeno (2) beta-copaeno (3) alfa e
beta-hemuleno (4a e 4b) γ-muroleno (5) delta-cadineno (6) e copacanfeno (7)
23113 Terpenos identificados na resina dos frutos
Ourisson et al (1973) estudando a resina da casca do fruto da Hymenaea
courbaril isolaram quatro diterpenos biciacuteclicos os quatro compostos foram aacutecido
enatio-8(17)13(16)14-labdatrien-18-oico (1) e os outros compostos (Figura 14)
Figura 14 - Composto diterpecircnico identificado na resina proveniente da casca do
fruto da Hymenaea courbaril aacutecido enatio-8 (17)13(16)14-labdatrien-18-oico
MeOOC
18
13
16
4a 4b 5
1 2 3
H
H
H
H
6 7
H
35
Aleacutem destes compostos diterpecircnicos foram identificados compostos
sesquiterpecircnicos (Figura 15) como ciclosativeno (1) β-bourbuneno (2) cariofileno
(3) calareno (4) hemuleno22 Selina-4(14)-7-dieno (5) α-himacaleno (6) α-
muroleno (7) δ-cadileno24 Selina-4(14)-7-dieno e catorze compostos natildeo
identificados
Figura 15 - Compostos sesquiterpecircnicos identificados na resina proveniente da
casca do fruto da Hymenaea courbaril ciclosativeno (1) β-bourbuneno (2)
cariofileno (3) calareno (4) hemuleno22 Selina-4(14)-7-dieno (5) α-himacaleno (6)
α-muroleno (7)
23114 Terpenos identificados nas folhas
Em 1972 Martin et al isolaram das folhas os sesquiterpenos αndashcopaeno (1) e
α-cubebeno (2) com atividade antimicrobiana (Figura 6) Em 1986 Langenheim et
al isolaram tambeacutem das folhas da Hymenaea courbaril os sesquiterpenos β-
cariofileno e γ-muroleno (Figura 16)
H
6 7
H
H
3 4 5
1 2
H
H
36
Figura 16 - Estruturas dos sesquiterpenos isolados das folhas de H courbaril b-
cariofileno (1) e γ-muroleno (2)
1 2
Abdel-Kader et al em 2002 isolaram das folhas e galhos diterpenos do tipo
halimadieno aacutecido (13R)-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (1) aacutecido
(2S13R)-213-dihidroxi-1(10)-14-ent-halimadien-18-oico (2) e aacutecido (13R)-2-oxo-
13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (3) (Figura 17) com atividade citotoacutexica
Figura 17 - Estruturas dos diterpenos isolados das folhas e galhos de H courbaril
aacutecido (13R)-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (1) aacutecido (2S13R)-213-
dihidroxi-1(10)-14-ent-halimadien-18-oico (2) e aacutecido (13R)-2-oxo-13-hidroxi-
1(10)14-ent-halimadien-18-oico (3)
1 2 3
Das folhas galhos e do tronco foram isolados diterpenos do tipo halimadieno
(CUNNINGHAM et al 1974) os quais apresentaram atividade citotoacutexica frente a
ceacutelulas tumorais humanas de ovaacuterio linhagem A2780 (ABDEL-KADER et al 2002)
Tambeacutem foi avaliado o efeito repelente do jatobaacute a formigas por Wiemer e Hubbel
em 1983 apoacutes alguns ensaios os autores verificaram que o epoacutexido do cariofileno
era o composto responsaacutevel pela resistecircncia nessa espeacutecie de planta contra o
ataque de formigas
Barbosa et al 2007 estudando o extrato hidroacetocircnico de folhas de
Hcourbaril var stilbocarpa obtiveram apoacutes particcedilatildeo liacutequido-liacutequido com n-
2
COOH
HO
H
HOHO
COOH
H
HOO
COOH
H
13
18 18 18
14 14 14 13 13
2
HH
H
37
hexanoaacutegua uma fase orgacircnica (FO 2) e uma aquosa (FA 8) sendo
identificados os sesquiterpenos muuroladieno e patchuleno e um diterpeno
clerodacircnico
23115 Terpenos identificados nas cascas dos frutos
Aguiar et al (2010) avaliando a composiccedilatildeo quiacutemica dos oacuteleos essenciais
das cascas de frutos de Hymenaea courbaril identificaram a presenccedila de vaacuterios
terpenos Quanto agraves cascas dos frutos maduros os principais constituintes foram os
sesquiterpenos alfa-copaeno (111) espatulenol (101) e beta-selineno (82)
enquanto germacreno-D (319) beta-cariofileno (271) e biciclogermacreno
(65) foram os principais constituintes a partir de frutos verdes
Tambeacutem foram identificados a partir da casca de frutos maduros os
diterpenos aacutecido zanzibarico e aacutecido isoozico juntamente com o sesquiterpeno
caryolane-1 9β-diol sendo oprimeiro relato desse sesquiterpeno neste gecircnero
23116 Substacircncias isoladas das sementes
Em 2001 Nogueira et al isolaram das sementes diterpenos e entre eles dois
novos clerodanos (Figura 18)
Figura 18 - Estruturas dos diterpenos isolados das sementes de H courbaril aacutecido
(5R8S9S10R)-cleroda-313E-dien-15-oico (1) e aacutecido (5S8S9S10R)-
cleroda-313E-dien-15-oico (2)
1 2
Em (2013) em um estudo realizado por Dias et al quanto a composiccedilatildeo
nutricional das sementes e da polpa de H courbaril foi identificado que os
COOH COOH
38
componentes bioativos mais abundantes satildeo α-tocopherol (88637 e 99363 mgkg)
e β-sitosterol (6183 e 9109 mgkg) para o oacuteleo das sementes na poupa
respectivamente
2312 Hymenaea oblongifolia
A partir da anaacutelise da resina do tronco da Hymenaea oblongifolia Langenheim
et al (1973) verificaram que 75 da fraccedilatildeo aacutecida era constituiacuteda essencialmente
por dois compostos (Figura 19)
Figura 19 - Principais constituintes da fraccedilatildeo aacutecida da resina do tronco da
Hymenaea oblongifolia aacutecido enantio-pinifoacutelico (aacutecido enantio-labd-8(20-em-1518
dioacuteico) (1) e o aacutecido guamaacuteico (aacutecido enantio-labd-8(20)13-dien-1518 dioico (2)
COOH
HOOC
COOH
HOOC
2313 Hymenaea verrucosa
A partir da resina do tronco da Hymenaea verrucosa Langenhein et al
(1973) isolaram o aacutecido enantio-8(17)13 (16)14-labdatrien-18-ico28 anteriormente
estudado por Ourisson et al (1973)
2314 Hymenaea stigonocarpa
A resina produzida pela espeacutecie H stigonocarpa conhecida como jutaicica e
copal eacute utilizada na induacutestria de vernizes e como medicamento no tratamento de
cistite e problemas respiratoacuterios (ALMEIDA et al 1998)
23141 Terpenos identificados nas sementes
Na avaliaccedilatildeo quiacutemica da resina extraiacuteda das sementes desta planta
observou-se que ela conteacutem diterpenoacuteides que possuem esqueletos estruturais do
1 2
18 18
15 15
8 8
13
39
tipo labdano (1) abietano (2) e pimarano (3) conforme demonstrado na Figura 20
(FARIA et al 2004)
Figura 20 - Esqueletos estruturais do tipo laacutebdano (1) e abietano (2) e pimarano (3)
da resina de Hymenaea stigonocarpa
H
H
Em outro estudo Matuda et al (2005) avaliaram que as sementes do jatobaacute
apresentam alto teor de fibras totais baixo teor de proteiacutenas e lipiacutedios A fraccedilatildeo
lipiacutedica apresentou predominacircncia de 86 em aacutecidos graxos insaturados A
semente de jatobaacute mostrou-se pobre em macronutrinentes quando comparada a
leguminosas utilizadas na alimentaccedilatildeo mas o alto teor de fibras possivelmente
constituiacutedas de xiloglucanas e galactomananas pode levar ao aproveitamento
rentaacutevel destas sementes
Wiemer e Hubbel em (1983) pesquisaram o efeito repelente a formigas de
algumas espeacutecies de plantas como por exemplo o jatobaacute Apoacutes alguns ensaios os
autores verificaram que o epoacutexido do cariofileno era o composto responsaacutevel pela
resistecircncia nessa espeacutecie de planta contra o ataque de formigas
23142 Terpenos identificados nas folhas
Das folhas desta espeacutecie foram isolados dois sesquiterpenos o -cariofileno e
α-muroleno com atividade antifuacutengica e accedilatildeo repelente contra insetos
(LANGENHEIM et al 1986) jaacute relatada por Wiemer amp Hubbel em 1983
23143 Terpenos identificados no epicarpo
Foi realizada por Giacomini et al (2006) a obtenccedilatildeo do extrato hexacircnico do
epicarpo de H stigonocarpa obtendo-se uma fraccedilatildeo aacutecida (FA) e uma neutra (FN)
1 2 3
40
Cada fraccedilatildeo correspondeu a aproximadamente 50 do total do extrato hexacircnico
Foram caracterizados trecircs sesquiterpenos da fraccedilatildeo neutra a-copaeno (1) 4
espatulenol (2) 13 e oacutexido de cariofileno (3) 9 (Figura 21)
Figura 21 - sesquiterpenos isolados da fraccedilatildeo neutra das folhas de H stigonocarpa
a-copaeno (1) espatulenol (2) e oacutexido de cariofileno (3)
Na fraccedilatildeo aacutecida observou-se a presenccedila de 4 isocircmeros diterpecircnicos
majoritaacuterios caur-16-en-19-ato de metila (4) 52 caur-15-en-19-ato de metila (5)
20 ozato de metila (6) 17 e isoozato de metila (7) 9 (Figura 22) separados
por cromatografia em siacutelica-gel
Figura 22 - Diterpenos majoritaacuterios isolados da fraccedilatildeo aacutecida das folhas de H
stigonocarpa caur-16-en-19-ato de metila (4) caur-15-en-19-ato de metila (5) ozato
de metila (6) e isoozato de metila (7)
4 5
COOMe
COOMeCOOMe
COOMe
6 7
19 19
19 19
1 2 3
O HO
41
23144 Terpenos identificados na resina do tronco
Estudos realizados por Domeacutenech-carboacute et al (2009) para caracterizaccedilatildeo da
resina do tronco coletada de espeacutecies de Hymenaea stigonocarpa Mart Espeacutecies
coletadas da regiatildeo de Minas Gerais mostraram que o aacutecido eperuico e seus
isocircmeros juntos com acido copaacutelico satildeo os principais componentes da resina
estudada Outros componentes tais como aacutecido colavenico aacutecido iso-ozico e aacutecido
epi-pinifolico satildeo tambeacutem presentes na resina em menor proporccedilatildeo
23145 Terpenos identificados no alburno
O alburno foi submetido agrave extraccedilatildeo com o solvente etanol e particionado entre
o ciclohexano e acetato de etila e o extrato ciclohexacircnico foi submetido a
fracionamento A abordagem fitoquiacutemica revelou a presenccedila de esteroacuteides e
triterpenoacuteides Foram identificados cinco compostos no extrato ciclohexacircnico N-N-
dietildecanamida Hexadecanoato de metila Aacutecido hexadecanoacuteico Aacutecido 9-
octadecenoacuteico Aacutecido octadecanoacuteico (VALENTIN 2006)
Do extrato de acetato de etila foram identificados os aacutecidos oleico linoleico
estearico e palmiacutetico (MARANHAtildeO et al 2013)
A anaacutelise da resina do tronco da Hymenaea parvifolia por CLG mostrou que
62 dela era constituiacuteda por aacutecido enantio-13-epilabdanoacuteico (Figura 23) de acordo
com NORIN et al (1963)
Figura 23 - Estrutura do aacutecido enantio-13-epilabdanoacuteico isolada de H parvifolia
COOH
OH
232 Flavonoacuteides identificados no gecircnero Hymenaea
Foram identificados flavonoacuteides em diferentes espeacutecies do gecircnero Hymenaea
42
2321 Hymenaea parvifolia
Em 1999 Ishibashi et al isolaram tambeacutem da resina do tronco de Hymenaea
parvifolia o flavonoacuteide glicosilado astilbina (Figura 24)
Figura 24 - Estrutura da astilbina
2322 Hymenaea palustris
Pettit et al (2003) isolaram os flavonoacuteides do tipo luteolina (1) crisoeriol (2)
palstatina (3) entre outros das folhas de Hymenaea palustris (Figura 25) esses
compostos apresentaram potente atividade inibitoacuteria frente a patoacutegenos Gram-
negativos como a Neisseria gonorrhoeae A palstatina atua como inibidor do
crescimento de ceacutelulas leucecircmicas linfoacuteticas tipo P388
Figura 25 - Estruturas de flavonoacuteides isolados das folhas de H palustres luteolina
(1) crisoeriol (2) e palstatina (3)
1 2
OHO
OH O
OH
OH OHO
OH O
OCH3
OH
O
OOH
HO
O
O
OH
OH
OacuteCH3
OCH3
H
H
OCH3
3
43
2323 Hymenaea courbaril
Suzuki et al (2008) isolaram dois flavonoacuteides do alburno de H courbaril a
taxifolina (1) e o fisetinidol (2) ambos com atividade antioxidante (Figura 26)
Figura 26 - Estruturas dos flavonoacuteides isolados do cerne de H courbaril taxifolina
(1) e o fisetinidol (2)
1 2
2324 Hymenaea stigonocarpa
Foram identificados flavonoacuteides em diferentes partes da espeacutecie Hymenaea
stigonocarpa
23241 Flavonoacuteides identificados na casca do caule
As anaacutelises cromatograacuteficas realizadas do extrato de acetato de etila da casca
de Hymenaea stigonocarpa realizadas por Lovato e Nunes em 2007 sugeriram que
este extrato conteacutem como principal componente o flavonoacuteide astilbina
(diidroquercetina-3-O-ramnosil) O fracionamento do extrato em coluna de siacutelica
levou ao isolamento de dois flavonoacuteides dos quais o mais abundante (F3442) foi
identificado como astilbina por CCD em comparaccedilatildeo com amostra autecircntica
O espectro de infravermelho obtido para a amostra isolada corresponde
exatamente ao da amostra autecircntica O comportamento cromatograacutefico e o espectro
de infravermelho do segundo flavonoacuteide isolado (F2728) sugerem fortemente que
se trata de quercetina-3-ramnosil
Em um estudo realizado por Moulari et al em 2006 foi isolado e
caracterizado nas folhas de Harungana madagascariensis o flavonoacuteide astilbina o
OH
OHO
OH
OH
O
OH
HO
OH
OH
OH
O
44
mesmo isolado por Ishibashi et al (1999) em H parvifolia e por Lovato e Nunes
(2007) em H stigonocarpa segundo Moulari eacute a astilbina a responsaacutevel pela
atividade antibacteriana do extrato de acetato de etila de Harungana
madagascariensis
Este flavononol tambeacutem foi isolado de flores de Dimorphandra mollis Benth
(Fabaceae Caesalpinioideae) e apresentou um importante efeito inibitoacuterio sobre a
enzima mieloperoxidase enzima implicada em processos oxidativos em sistemas
bioloacutegicos (PETACCI et al 2008)
23242 Flavonoacuteides identificados no alburno
O alburno foi submetido agrave extraccedilatildeo com o solvente etanol e particionado entre
o ciclohexano e acetato de etila do extrato de acetato de etila foram identificados
quatro flavonoides Dentre os flavonoides o principal constituinte (uma flavonona) foi
identificado como hultenina os outros flavonoides identificados foram taxifolina
quercetina e 7-methoxcatequina (MARANHAtildeO et al 2013)
233 Cumarinas identificadas no gecircnero Hymenaea
Foi identificada a presenccedila de cumarinas apenas na espeacutecie Hymenaea
courbaril
2331 Hymenaea courbaril
Em 2009 Simotildees et al isolaram duas cumarinas (Figura 27) das sementes
de H courbaril com atividade antifuacutengica
Figura 27 - Estruturas das cumarinas isoladas das sementes de H courbaril
ipomopsina (1) e hymenaina (2)
1
O
OH
MeO
O O
MeO
O O
2
O OOH
MeO
O
O
OMe
OH
45
234 Taninos relatados no gecircnero Hymenaea
Foram identificados taninos em diferentes espeacutecies do gecircnero Hymenaea
2341 Hymenaea courbaril
Em estudo realizado por Caramori et al (2004) foi observado que as
sementes de H courbaril apresentam uma grande quantidade de taninos
Sasaki et al (2009) descrevem que H courbaril conteacutem compostos bioatiacutevos
tais como terpenoacuteides e accedilucares aleacutem disso haacute relatos que vaacuterios terpenoacuteides ou
compostos fenoacutelicos possuem atividade antibacteriana A casca do jatobaacute conteacutem
um grande nuacutemero de procianidinas e parece ser um bom material para investigaccedilatildeo
de sua bioatividade ela pode aliviar alguns dos sinais cliacutenicos associados com a
encefalite aleacutergica experimental (EAE) uma doenccedila desmielinizante inflamatoacuteria do
sistema nervoso central sendo os componentes ativos responsaacuteveis pela atividade
bioloacutegica as procianinas do jatobaacute
2342 Hymenaea stigonocarpa
Orsi e colaboradores (2012) descrevem no extrato metanoacutelico da casca do
caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes a anaacutelise por CLAE-DAD a ocorrecircncia de
picos com espectros de UV caracteriacutesticos de derivados de catequinas e de aacutecido
gaacutelico aleacutem da ocorrecircncia de catequinas polimeacutericas
24 ESTUDOS FARMACOLOacuteGICOS NOS EXTRATOS OBTIDOS A PARTIR DE
DIFERENTES ESPEacuteCIES DO GEcircNERO Hymenaea
241 Estudos etnofarmacoloacutegicos
Foram realizados estudos etnofarmacoloacutegicos em diferentes espeacutecies do
gecircnero Hymenaea
2411 Hymenaea courbaril
46
Segundo Martins (1989) na Amazocircnia os nativos costumam ingerir a seiva
da Hymenaea courbaril para tratamento das afecccedilotildees pulmonares devendo
entretanto fazecirc-lo em pequenas doses pois como eacute adstringente causa
constipaccedilatildeo intestinal acrescenta ainda que da casca do caule pode ser feito chaacute
pelo meacutetodo de decocccedilatildeo para lavar ferimentos e para irritaccedilotildees vaginais
A casca do ramo eacute utilizada para problemas como tosse bronquite catarro
asma e fraqueza pulmonar sendo utilizada uma colher de sopa da casca do ramo
picada em uma xiacutecara (cafeacute) de aacutegua em fervura sendo fervido durante 5 minutos e
posteriormente coado acrescentando-se uma colher (cafeacute) de accediluacutecar cristal e uma
colher (sopa) de mel de abelha Deve-se ingerir uma colher (sopa) de 1 a 3 vezes
ao dia (PANIZZA 1998)
Numa discriccedilatildeo realizada por BONTEMPO (2000) a casca em cozimento eacute
aconselhada para combater hemoptises hematuacuteria (emissatildeo de urina com sangue)
diarreacuteia disenteria coacutelicas ventosas e acrescenta que o vinho de jatobaacute retirado do
caule eacute um poderoso fortificante LEONARDI (2002) relata que o chaacute da casca eacute
bom medicamento para a proacutestata podendo ser ingerido vaacuterias vezes ao dia e a
resina pode ser aplicada em forma de emplastro sobre as partes doloridas do corpo
Veiga Juacutenior (2005) descreve que em doses elevadas o jatobaacute (H courbail) satildeo
utilizadas como expectorante e fortificante mas podem desencadear reaccedilotildees
aleacutergicas
2412 Hymenaea stigonocarpa
Em mais um levantamento realizado junto agraves comunidades rurais do sul do
Estado de Minas Gerais na microrregiatildeo do Alto Rio Grande sobre quais as
espeacutecies nativas eram utilizadas na medicina popular Contando-se com a
colaboraccedilatildeo de 13 raizeiros em campo foi descrito que a Hymenaea stigonocarpa
esteve entre as espeacutecies utilizadas na medicina popular sendo preparado como
decocto ou infuso as partes como casca e ramos mais velhos tendo indicaccedilatildeo para
bronquites tosses coqueluche adstringente e nas afecccedilotildees da bexiga e proacutestata
(RODRIGUES CARVALHO 2001)
Hymenaea stigonocarpa tambeacutem estaacute entre as principais plantas medicinais
do cerrado utilizadas pela populaccedilatildeo da cidade de Mossacircmedes estado de Goiaacutes
As principais formas de utilizaccedilatildeo da planta satildeo atraveacutes da decocccedilatildeo da casca do
47
caule resina e polpa da fruta que satildeo indicados como depurativas contra afecccedilotildees
pulmonares (VILA VERDE et al 2003) Em um levantamento etnobotacircnico que teve
como alvo comunidades do entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
e da cidade de Alto Paraiacuteso observou-se que no elenco das dez espeacutecies medicinais
mais utilizadas o jatobaacute (Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne) foi coincidente na
indicaccedilatildeo de todos os entrevistados tendo seu uso relatado como depurativo
antiinflamatoacuterio estimulante de apetite fortificante e rico em ferro (SOUZA FELFILI
2006)
Outro estudo que relatou o uso de plantas medicinais entre os habitantes do
pantanal mato-grossense a espeacutecie Hymenaea stigonocarpa Mart teve a atividade
da resina que desprende da casca do caule relatadaque quando moiacuteda e aspirada
eacute utilizada no tratamento da sinusite (NETO 2006) Quando deixada de molho
serviria para as dores de estocircmago do peito e das costas O chaacute da casca seria
utilizado nas machucaduras do corpo humano e nas fraturas Tambeacutem eacute preparado
um vinho da seiva desta espeacutecie eacute tido como fortificante
2413 Hymenaea parvifolia
Em estudo etnobotacircnico realizado na comunidade negra de Curiauacute no estado
do Amapaacute apontam que o chaacute ou xarope da casca do caule de Hymenaea parvifolia
eacute utilizado para o tratamento de tosse bronquite febre diarreacuteia desinteria coacutelicas e
asma como tambeacutem como hemostaacutetico fortificante e vermiacutefugo (SILVA 2002)
242 Avaliaccedilatildeo farmacoloacutegica
Foram realizadas avaliaccedilotildees farmacoloacutegicas em diferentes espeacutecies do
gecircnero Hymenaea
2421 Hymenaea courbaril
Varios estudos farmacoloacutegicos tambeacutem ja foram realizados comprovando o
uso popular desta espeacutecie Estudos quanto agrave toxicidade da resina da Hymenaea
courbaril relatam que ela apresenta efeito toacutexico e inibidor do apetite sobre o inseto
Spodoptera exiacutegua (STUBBLEBINE LANGENHEIN 1977)
Extratos das suas cascas apresentaram atividade moluscicida (MARSTON et
al 1996) assim como atividade in vitro anti-plasmoacutedio (KOumlHLER et al 2002)
48
Quanto aos estudos relacionados a atividades inseticida trecircs diterpenos isolados
por Aguiar (2009) dos frutos de Hymenaea courbaril aacutecido zanzibaacuterico e aacutecido
isooacutezico e o sesquiterpeno caryolano-19-diol identificado pela primeira vez nesta
espeacutecie apresentaram accedilatildeo larvicida frente ao Aedes aegypti cujos valores de CL50
foram iguais a 1485 plusmn 044 ppm e 2844 plusmn 027 ppm para frutos verdes e maduros
respectivamente (AGUIAR 2009)
Quanto agrave avaliaccedilatildeo da atividade antiinflamatoacuteria o pericarpo da planta
apresentou atividade antiinflamatoacuteria 5-lipooxigenase e accedilatildeo inibitoacuteria contra
tiroquinase (TAKAGI et al1999) e inibiccedilatildeo da pigmentaccedilatildeo induzida pela radiaccedilatildeo
UV (TAKAGI et al 2002)
Jayaprakasam et al (2007) isolou dos frutos de H courbaril o aacutecido
labdanoacutelico e espatulenol terpenos que possuem atividade antiinflamatoacuteria cuja
inibiccedilatildeo da ciclo-oxigenase II (COX II) foi da ordem de 43 e 54 para aacutecido
labdanoacutelico e espatulenol respectivamente
Em estudo realizado por Bezerra et al (2013) foi demonstado que a fraccedilatildeo
acetato de etila da casca do caule de Hymenaea courbaril apresenta potencial
atividade antioxidante miorelaxante aleacutem da anti-inflamatoacuteria jaacute anteriormente
descrita confirmando o uso popular no tratamento de doenccedilas inflamatoacuterias aeacutereas
tais como a asma natildeo sendo poreacutem determinadas os metaboacutelitos responsaacuteveis por
esta accedilatildeo
Quanto a atividade antioxidante Aguiar et al (2009) descreve a atividade do
extrato metanolico que apresentou valores de CI50 de 004 mgL Atividade tambeacutem
observada por Peixoto et al (2013) avaliando os extratos hidroalcooacutelico e metanoacutelico
das sementes polpa folha e casca de Hymenaea courbaril que apresentaram altos
teores de fenoacuteis totais e flavonoacuteides
Na avaliaccedilatildeo da atividade antimicrobiana foi observados que diterpenos
isolados das folhas de Hymenaea courbaril apresentam marcada atividade fungicida
(HUBBELL et al 1983) Esta espeacutecie tambeacutem foi descrita como capaz de tratar
infecccedilotildees urinaacuterias sendo observado em estudo realizado por CARAMORI et al
(2004) altos niacuteveis de atividade enzimaacuteticas do extrato etanoacutelico da semente
FERNANDES et al (2005) realizou uma avaliaccedilatildeo da atividade
antimicrobiana de extratos pela teacutecnica de difusatildeo em aacutegar empregando-se o
meacutetodo de difusatildeo em poccedilo e determinou a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM)
para o extratos de H courbaril mediante a utilizaccedilatildeo de estreptococos do grupo
49
mutans (EGM) e Staphylococcus sp Na concentraccedilatildeo de 25 mgmL 540 dos
Staphylococcus sp foram inibidos enquanto para os estreptococos do grupo mutans
a dose de 125mgmL foi capaz de inibir apenas 35 da populaccedilatildeo
Esses extratos apresentaram atividade frente os micro-organismos Gram-
positivos principalmente contra Staphylococcus aureus mas natildeo inibiram os micro-
organismos Gram-negativos e a Candida albicans
Resultados confirmados por GONCcedilALVES et al (2005) que tambeacutem
descrevem que o extrato hidroalcooacutelico preparado a partir da casca de planta exerce
atividade contra Staphylococcus aureus e Bacillus cereus Como tambeacutem por Aleixo
et al (2013) que demonstrou a accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico da casca frente a
isolados cliacutenicos de Staphylococcus aureus meticiclina resistente (MRSA)
apresentando uma CIM de 500microgmL
Aleixo et al (2013) ainda descreve que a associaccedilatildeo do extrato
hidroalcooacutelico de Hymenaea courbaril com o extrato de Stryphnodendron
adstringens na proporccedilatildeo de 11 levou a reduccedilatildeo da CIM para 3125microgmL
demonstrando assim a existecircncia de um efeito sineacutergico
2422 Hymenaea stigonocarpa
Extratos obtidos a partir de ciclohexano acetato de etila e metanol a partir do
alburno apresentaram grupo de compostos que se mostraram toacutexicos e com
propriedades contra cupins (Nasutitermes corniger) (SANTANA et al 2010)
Maranhatildeo et al (2013) avaliando a accedilatildeo do extrato de acetato de etila do
alburno e dos flavonoides isolados a partir desta fraccedilatildeo (hultenina quercetina
taxifolina and 7-metoxcatequina) frente agrave Nasutitermes corniger observou que todos
apresentam atividade sendo o extrato de acetato de etila mais ativo que as fraccedilotildees
isoladas natildeo existindo diferenccedilas significativas entre os diferentes flavonoides
isolados
Quanto a citotoxicidade a avaliaccedilatildeo da accedilatildeo de compostos isolados do
epicarpo de Hymenaea stigonocarpa frente a ceacutelulas tumorais humanas observou-se
que de trecircs substacircncias isoladas a partir do extrato hexacircnico do epicarpo de
Hymenea stigonocarpa caur-16-en-18-ato de metila (1) caur-15-en-18-ato de metila
(2) e caur-16-en-18-ol (3) respectivamente A substacircncia caur-16-en-18-ol foi capaz
50
de inibir significativamente o crescimento das trecircs linhagens de ceacutelulas avaliadas
H460 Colo 205 e U937 (BRASIL et al 2009)
Analisando a citotoxicidade celular dos compostos medida pela quantificaccedilatildeo
de LDH (Desidrogenase laacutetica) demonstrou-se que os compostos 1 e 2
anteriormente descritos natildeo foram capazes de induzir a liberaccedilatildeo da enzima
enquanto que o 3 foi capaz de induzir a liberaccedilatildeo de LDH nas maiores
concentraccedilotildees testadas (BRASIL et al 2009)
Guimaratildees et al (2009) avaliando a toxicidade aguda do extrato metanolico
da entrecasca de Hymenaea stigonocarpa observou que o ele natildeo produz alteraccedilotildees
comportamentais ateacute a dose de 1000mgKg poreacutem a partir desta dose os
camundongos apresentam diarreacuteia e letargia reversiacuteveis em 24h Quanto ao transito
gastrointestinal o mesmo no intestino mostrou-se aumentado enquanto o
esvaziamento gaacutestrico mostrou-se reduzido
Estudos de Orsi et al (2012) mostraram que a administraccedilatildeo por via oral de
5mgKg do extrato metanolico da casca do caule natildeo produz nenhum sinal de
toxicidade aguda em animais machos ou fecircmeas (ratos) assim como natildeo leva a
mortes nem mudanccedilas de peso corporal ou de oacutergatildeos quando avaliados por um
periacuteodo de 14 dias apoacutes a administraccedilatildeo
Guimaratildees et al (2009) avaliando a atividade antiulcerogecircnica da entrecasca
observaram que o extrato metanolico possui atividade nos modelos de uacutelcera
gaacutestrica induzida por indometacina e isquemia-reperfusatildeo e sendo portente no
modelo de ulcera gastrica induzida por etanol Tambeacutem foi observado que o extrato
metanoacutelico (obtido por maceraccedilatildeo) apresenta atividade inibitoacuteria sobre a liberaccedilatildeo
induzida de histamina a partir de mastoacutecitos (FERREIRA 2011)
Aleacutem disso outros estudos demonstram que o extrato metanoacutelico da casca
apresenta efeito antidiarreico gastroprotetor contra vaacuterios agentes ulcerogecircnicos
esse efeito gastroprotetor eacute acompanhado da prevenccedilatildeo da depleccedilatildeo de GSH e
inibiccedilatildeo da atividade de mieloperoxidase na mucosa duodenal e atividade
cicatrizante Esses efeitos observados satildeo atribuiacutedos agrave accedilatildeo antioxidante devido agrave
presenccedila de taninos condensados e flavonoides (ORSI et al 2012)
O extrato de acetato de etila do alburno mostrou tambeacutem atividade
antioxidante contra radicais DPPH sendo mais ativo quando comparado a
flavonoides isolados a partir deste mesmo extrato sendo sugerida por Maranhatildeo et
al (2013) que pode ocorrer um efeito sineacutergico entre os flavonoides presentes no
51
extrato o que explicaria essa maior atividade Mesma atividade antioxidante
observada por Peixoto et al (2013) que avaliou a atividade dos extratos
hidroalcooacutelico e metanoacutelico do fruto da Hymenaea stigonocarpa
Quanto agrave accedilatildeo antimicrobiana em estudo realizado por Valentim (2006)
utilizando o alburno de Hymenaea stigonocarpa o extrato em acetato de etila
apresentou atividade antimicrobiana pelo meacutetodo de difusatildeo em disco frente ao
Staphylococcus aureus tendo tambeacutem apresentado resultado significativo frente agrave
bacteacuteria aacutelcool-aacutecido-resistente (Mycobacterium smegmatis)
Valeriano et al (2010) avaliando a atividade antimicrobiana a partir do
alburno observaram que o extrato ciclohexanico apresentou atividade frente ao
Staphylococcus aureus confirmando os resultados de Valentin (2006) deste extrato
foram identificados os compostos hexadecanoato de metila aacutecido hexadecanoacuteico
aacutecido octadecanoacuteico e aacutecido 9-octadecenoacuteico
Novamente avaliando a accedilatildeo antimicrobiana foi preparado um extrato
etanoacutelico da casca de Hymenaea stigonocarpa que apresentou uma CIM de 250
microgmL para Staphylococcus aureus Candida krusei e Criptococcus neoformans
poreacutem natildeo apresentou atividade significativa frente agrave Pseudomonas aeruginosa e
Candida albicans CIM de 1000 microgmL aleacutem de significante atividade antioxidante
provavelmente associadas agrave presenccedila de taninos (MARQUES et al 2013)
2423 Hymenaea martiana
Foram isolados a partir do extrato etanoacutelico da casca de Hymenaea martiana
β-sitosterol-3-O-glicosiacutedeo e trecircs ramnosideos (eucrypina engelitina e astilbina) O
glicosiacutedeo eucripina causou um deslocamento dependente de concentraccedilatildeo da
curva de resposta da bradicinina (BK) do uacutetero isolados de ratas Em contraste
astilbina e engeletina causaram apenas um discreto deslocamento agrave direita do BK
(antagonismo) as contraccedilotildees induzidas (CARNEIRO et al 1993)
Em outro estudo o extrato etanoacutelico da casca do caule obtido por maceraccedilatildeo
e as fraccedilotildees hexano clorofoacutermio e acetato de etila apresentam atividade
antinociceptiva observada pelo meacutetodo das contorccedilotildees abdominais induzidas pelo
aacutecido aceacutetico possivelmente pela inibiccedilatildeo da siacutentese de prostaglandinas (SILVA et
al 2011)
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Silva et al (2010) avaliando o extrato etanoacutelico e as fraccedilotildees hexano
clorofoacutermio e acetato de etila descreveu a existecircncia de atividade antioxidante
sendo o extrato acetato de etila o mais ativo seguido pelo extrato etanoacutelico e as
fraccedilotildees hexano e clorofoacutermio
Resultados confirmados por SILVA et al (2011) onde foi observado que o
extrato etanoacutelico da casca de Hymenaea martiana e a fraccedilatildeo de acetato de etila
obtida por particcedilatildeo apresentaram uma marcada atividade antioxidante Analises
fitoquiacutemicas demonstraram que a fraccedilatildeo etanoacutelica conteacutem polifenoacuteis flavonoides
esteroides e terpenoacuteides sendo a presenccedila de polifenoacuteis nestes extratos essencial
para essa propriedade os polifenoacuteis descritos satildeo possivelmente aacutecido cinamico
flavan-3-ol ou derivados de flavanonas
Quanto a atividade antimicrobiana os extratos aquoso butanoacutelico e
hidroalcooacutelico obtidos da casca de Hymenaea martiana apresentam atividade frente
a Cryptococcus neoformans e C gatii com CIM entre 2 a 64 microgML sendo as
fraccedilotildees etanolica e hidroalcooacutelica as mais ativas Souza et al (2010) tambeacutem
demonstraram a atividade da H martiana frente agrave dermatoacutefitos (Trichophytum
rubrum Trichophytum mentagrophytes M canis) sendo os menores valores de CIM
os obtidos a partir das fraccedilotildees aquosa e butanoacutelica nas trecircs espeacutecies estudadas
2424 Hymenaea parvifolia
Em 1999 Ishibashi et al identificaram dois dihidroflavonois rhamnosideos
isolados da casca de Hymenaea parvifolia neoastilbina e astilbina que
apresentaram efeitos inibitoacuterios sobre a caseiacutena quinase II (CK-II) de forma dose-
dependente
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Hymenaea stigonocarpa MART EX HAYNE
31 INTRODUCcedilAtildeO
A utilizaccedilatildeo de plantas medicinais tem suas raiacutezes fortemente ligadas agrave
cultura indiacutegena e a colonizaccedilatildeo europeia Essa influecircncia contribuiu para o
enriquecimento da cultura popular e serviu como alicerce para os estudos cientiacuteficos
(MARTINS et al 1994) Entretanto atualmente as pesquisas relacionadas agrave accedilotildees
terapecircuticas de plantas medicinais no Brasil ainda satildeo incipientes (VEIGA JUacuteNIOR
PINTO 2005) continuando a maioria das espeacutecies brasileiras sem qualquer
avaliaccedilatildeo principalmente referente agraves propriedades farmacoloacutegicas (PINTO et al
2002)
A criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Praacuteticas Integrativas e Complementares no
SUS criada pelo ministeacuterio da sauacutede em 2006 tendo como um dos focos a
fitoterapia como praacutetica terapecircutica levou ao aumento no consumo de medicamentos
a base de produtos naturais (KLEIN et al 2009)
Esse aumento tambeacutem pocircde ser associado ao fato de que as populaccedilotildees
questionam os perigos do uso irracional dos medicamentos alopaacuteticos associados a
seus custos muitas vezes dispendiosos e procuram substituiacute-los pelo uso de plantas
medicinais A comprovaccedilatildeo da accedilatildeo terapecircutica associada agrave insatisfaccedilatildeo da
populaccedilatildeo perante o sistema de sauacutede tem favorecido essa dinacircmica (TOMAZZONI
et al 2006)
A descoberta e o desenvolvimento dos processos de siacutentese a partir de
moleacuteculas isoladas de produtos naturais para a produccedilatildeo de faacutermacos culminaram
com a introduccedilatildeo no mercado de diversos medicamentos Entretanto devido aos
efeitos colaterais destas moleacuteculas sinteacuteticas e dos altos custos houve um resgate
incentivado pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede para a pesquisa e aplicaccedilatildeo de
fitoteraacutepicos (VOLAK STODOLA 1990)
As plantas tecircm uma capacidade quase ilimitada para sintetizar substacircncias
aromaacuteticas a maioria das quais satildeo fenoacuteis ou derivados oxigecircnio-substituiacutedo
(COWAN 1999) A pesquisa de novos medicamentos originados a partir de plantas
64
medicinais deve ser iniciada a partir de uma seleccedilatildeo baseada em alguns criteacuterios
Esta seleccedilatildeo pode ser baseada no conhecimento antecipado de efeitos terapecircuticos
como a pesquisa etnofarmacoloacutegica que utiliza o conhecimento preacute-existente nas
comunidades nativas por acesso a bancos de moleacuteculas disponiacuteveis ou por
pesquisa aleatoacuteria com espeacutecies existentes e disponiacuteveis em local previamente
escolhido (MARINHO 2008)
Na deacutecada de 80 em todo o mundo foram identificados 121 compostos de
origem vegetal provenientes de 95 espeacutecies os quais tecircm sido usualmente
empregados como produtos terapecircuticos nos paiacuteses ocidentais Quanto aos
medicamentos aprovados para comercializaccedilatildeo no periacuteodo de 1983-1994 6 foram
obtidos diretamente de espeacutecies vegetais 24 satildeo compostos derivados e 9
foram desenvolvidos a partir de compostos de vegetais cuja estrutura molecular
serviu como unidade precursora em processo de siacutentese (MARASCHIN e
VERPOORTE 1999)
No periacuteodo entre 2005 e 2010 um total de 19 medicamentos agrave base de
produtos naturais foram aprovados para comercializaccedilatildeo em todo o mundo entre os
quais sete satildeo classificadas como produtos naturais dez produtos naturais
semissinteacuteticos e dois como drogas derivadas de produtos naturais (MISHRA 2011)
Satildeo exemplos de medicamentos sinteacuteticos desenvolvidos a partir de
moleacuteculas oriundas do metabolismo secundaacuterio das plantas a procaiacutena cloroquina
vimblastina vincristina podofilotoxina taxol e camptotecina (PINTO et al 2002)
Dados atualizados satildeo escassos poreacutem segundo o Ministeacuterio da sauacutede
(2006) tomando como referecircncia o ano de 1996 descreve que a quarta parte dos
oito bilhotildees de doacutelares do faturamento da induacutestria farmacecircutica nacional foram
resultantes de medicamentos derivados de produtos vegetais Entretanto apenas
8 das espeacutecies botacircnicas brasileiras foram estudadas com o objetivo de obter
moleacuteculas bioativas
Apesar das vantagens relatadas anteriormente introduzir um novo
medicamento na terapecircutica eacute um processo longo e bastante oneroso Todo o
processo de pesquisa e desenvolvimento dura cerca de doze anos com
probabilidade de sucesso muito pequena (LIMA et al 2003)
As propriedades medicinais apresentadas pelas plantas se devem a
variedade e complexidade de seus metaboacutelitos Estes metaboacutelitos secundaacuterios os
quais satildeo produzidos como mecanismo de defesa dos vegetais agraves condiccedilotildees
65
ambientais e a presenccedila de micro-organismos insetos ou animais (MONTARI e
BOLZANI 2001)
Os metaboacutelitos secundaacuterios de vegetais superiores apresentam uma ampla
diversidade estrutural e distribuiccedilatildeo muito variada em vaacuterias partes da planta Por
representar uma interface quiacutemica entre a planta e o ambiente circundante sua
siacutentese eacute frequentemente influenciada por fatores relacionados agrave fisiologia da proacutepria
planta e mudanccedilas ambientais
Os metaboacutelitos secundaacuterios frequentemente estatildeo restritos a uma espeacutecie ou
gecircnero vegetal e muitas vezes podem ser ativados somente durante um
determinado estaacutegio do desenvolvimento vegetal em estaccedilotildees especiacuteficas do ano
sob condiccedilotildees de estresse ou de restriccedilatildeo hiacutedrica ou de nutrientes (LOURENCcedilO
2003 GOBBO-NETO LOPES 2007)
A pesquisa relacionada a moleacuteculas bioativas de origem vegetal constituem
uma estrateacutegia para inovaccedilatildeo farmacecircutica e competitividade neste setor tendo em
vista a singularidade estrutural das substacircncias encontradas sua importacircncia como
protoacutetipos moleculares para o desenvolvimento de novos faacutermacos e sua
perspectiva de patenteamento (OLIVEIRA 2003)
Varias atividades satildeo comprovadamente atribuiacutedas a moleacuteculas de origem
natural principalmente as obtidas a partir de plantas Sendo as atividades
antinociceptiva anti-inflamatoacuteria antioxidante anticacircncer anti-hipertensiva
antidiabeacutetica e antimicrobiana as mais frequentemente relatadas (BORGES et al
2013 ASMAWI et al 2013 LIMA et al 2012 MISHRA et al 2013)
Devido agrave raacutepida disseminaccedilatildeo dos micro-organismos multidrogas resistentes
haacute uma consideraacutevel necessidade por novos agentes antimicrobianos (GIBBONS et
al 2002)
Assim as pesquisas tecircm se intensificado no Brasil devido agrave diversidade de
espeacutecies presentes na flora brasileira e a necessidade de busca desses novos
agentes (ADEBAJO et al 1989 BRITO BRITO 1993 MIGUEL et al 1996 LIMA
2001) tendo sido assim muitas plantas avaliadas natildeo somente pela atividade
antimicrobiana direta mas tambeacutem pela modificaccedilatildeo do perfil de resistecircncia ao
agente antimicrobiano (GIBBONS 2004 HEMAISWARYA et al 2008 WAGNER
ULRICH-MERZENICH G 2009)
Um indicativo da efetividade dos mecanismos de defesa desenvolvido por
alguns vegetais eacute a reduzida ocorrecircncia de doenccedilas infecciosas em certas plantas
66
As plantas satildeo conhecidas por produzirem uma enorme variedade de moleacuteculas
com atividade antimicrobiana geralmente classificada como fitoalexinas Sua
composiccedilatildeo quiacutemica eacute diversificada apresentando terpenoacuteides glicosteroacuteides
flavonoacuteides e polifenoacuteis (HEMAISWARYA 2008)
Os principais grupos de compostos com propriedades antimicrobianas
extraiacutedos de plantas incluem terpenoacuteides (TORSSEL 1989) alcaloides
(FESSENDEN 1982) polipeptiacutedios (TERRAS et al1993 ZHANG LEWIS 1997) e
substacircncias fenoacutelicas que satildeo fenoacuteis simples aacutecidos fenoacutelicos quinonas (STERN
et al 1996) flavonas flavonoacuteis e flavonoacuteides (FESSENDEN 1982) tanino
(SCALBERT 1992) e cumarinas (OrsquoKENNEDY THORNES 1997)
Compostos isolados de plantas satildeo substacircncias cuja estrutura quiacutemica
muitas vezes apresentam grandes diferenccedilas estruturais em relaccedilatildeo aos
antibioacuteticos derivados de micro-organismos Estes agentes antimicrobianos isolados
de plantas podem agir como reguladores do metabolismo intermediaacuterio ativando ou
bloqueando reaccedilotildees enzimaacuteticas afetando diretamente as siacutenteses enzimaacuteticas seja
em niacutevel nuclear ou ribossomal ou mesmo alterando estruturas de membranas
(SINGH SHUKLA 1984)
O Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees continentais e de grande biodiversidade Os
ecossistemas brasileiros respondem pela maior variedade geneacutetica vegetal do
mundo sendo que 30 das florestas tropicais mundiais estatildeo situadas em territoacuterio
brasileiro (CECHINEL FILHO YUNES 1998) Neste sentido a pesquisa relacionada
a produtos naturais apresenta um grande potencial quanto agrave descoberta de novos
agentes terapecircuticos
Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne (Leguminosae) eacute uma planta
medicinal encontrada no cerrado brasileiro e conhecida popularmente como Jatobaacute-
do-cerrado (BATISTA 2011) As suas cascas do caule satildeo amplamente utilizados
em infusatildeo ou decocccedilatildeo para tratar a dor de estocircmago asma bronquite uacutelceras
diarreia gripe e tosse (GRANDI et al 1989 VILA-VERDE et al 2003 BIESKI et
al2012)
Recentemente foi demonstrada a atividade antidiarreacuteica e accedilatildeo contra uacutelceras
gaacutestricas e duodenais experimentais do extrato metanoacutelico da casca do caule de H
stigonocarpa (ORSI et al 2012)
Estudos fitoquiacutemicos de Hymenaea stigonocarpa mostraram a presenccedila de
terpenos e sesquiterpenos aacutecidos graxos flavonoacuteides e taninos metaboacutelitos
67
reconhecidos pela atividade bioloacutegica (LANGENHEIM HALL 1983 MATUDA
NETO 1985 ORSI et al 2012) Poreacutem poucas pesquisas tem avaliado a atividade
farmacoloacutegica de cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa e estudos sobre a sua
atividade antimicrobiana ainda satildeo escassos (DIMECH et al 2013)
68
32 OBJETIVOS
Os objetivos gerais e especiacuteficos deste estudo satildeo descritos abaixo
321 Objetivo geral
Realizar o estudo fitoquiacutemico e a caracterizaccedilatildeo botacircnica da casca do caule
de Hymenaea stigonocarpa e avaliar a atividade antibacteriana de diferentes
extratos e fraccedilotildees frente a bacteacuterias Gram-positivas e Gram-negativas
322 Objetivos especiacuteficos
Realizar a caracterizaccedilatildeo botacircnica e fitoquiacutemica do material vegetal
Avaliar a atividade antibacteriana dos extratos de Hymenaea stigonocarpa
Determinar as classes de metaboacutelitos secundaacuterios responsaacuteveis pela
atividade antibacteriana e suas concentraccedilotildees
Caracterizar por meio de CLAE-DAD os extratos mais ativos
Observar as alteraccedilotildees ultraestruturais provocadas pelo extrato mais ativo
69
33 MATERIAIS E MEacuteTODOS
Os materiais e meacutetodos deste estudo satildeo descritos a seguir
331 Coleta do material vegetal
Cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne foram
coletadas em outubro de 2009 na Fazenda Refuacutegio localizada na cidade de
Camocim de Satildeo Feacutelix (figura 28) Pernambuco (localizado latitude 8deg213000S e
longitude 35deg475670O)
A identificaccedilatildeo foi realizada pela botacircnica do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco Dra A Bocage sendo a exsicata depositada sob o nuacutemero 83563 no
Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima pertencente ao mesmo instituto
Figura 28 ndash Local da coleta das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa
Mart ex Hayne
Fonte httpnlwikipediaorgwikiBestandCamocim_de_SC3A3o_FC3A9lixpng
Na preparaccedilatildeo da mateacuteria-prima vegetal as cascas do caule foram
submetidas agrave secagem em estufa a uma temperatura de 40degC durante 72 horas
em seguida pulverizadas em moinho de martelos (Tigre ASN5) e estocada em
frascos a temperatura ambiente
332 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal
Amostras de caule jovem e maduro foram coletadas em indiviacuteduo adulto de
Hymenaea stigonocarpa ocorrendo espontaneamente em uma aacuterea do agreste no
municiacutepio de Camocim de Satildeo Feacutelix
Camocim de Satildeo Feacutelix
70
Foram coletados ramos (40 cm de comprimento com ramos jovens e
adultos) os mais expostos ao sol de um indiviacuteduo adulto As amostras foram
acondicionadas em sacos plaacutesticos mantidos em caixa de isopor contendo gelo As
amostras de caule foram fixadas em formaldeiacutedo a 40 aacutecido aceacutetico e etanol 95
(FAA 50) por 48 horas (JOHANSEN 1940)
3321 Anaacutelise microscoacutepica
Secccedilotildees transversais foram obtidas agrave matildeo livre do caule jovem e adulto e da
regiatildeo mediana do peciacuteolo As secccedilotildees foram clarificadas em soluccedilatildeo comercial de
hipoclorito de soacutedio a 50 neutralizadas em aacutecido aceacutetico numa concentraccedilatildeo de
02 lavadas em aacutegua destilada coradas com safranina e azul de astra (Bukatsch
1972) Este material foi montado em glicerina a 50 (Johansen 1940) e as
lamiacutenulas foram entatildeo fixadas Todas as anaacutelises microscoacutepicas foram realizadas
em imagens digitais obtidas sob microscoacutepio oacutetico acoplado com cacircmera digital
utilizando o programa de anaacutelise de imagens Image Tool (Wilcox et al 2002)
3322 Anaacutelise histoquiacutemica
Para a anaacutelise histoquiacutemica parte das secccedilotildees histoloacutegicas jovens e adultas
de indiviacuteduo adulto foram submetidas a reagentes tradicionais para investigaccedilatildeo
histoquiacutemica (a) dicromato de potaacutessio (GABE 1968) para compostos fenoacutelicos
totais (b) vanilina cloriacutedrica (RICCO 2002) para evidenciaccedilatildeo de taninos (c)
Reagente de Neu para evidenciaccedilatildeo de flavonoacuteides (NEU 1956)
333 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal
Cerca de 50 g de amostra oriunda da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa foi submetido agrave extraccedilatildeo exaustiva seriada por maceraccedilatildeo (12 pv) por
periacuteodos de 24 horas com solventes de polaridades crescentes (ciclohexano
acetato de etila etanol e aacutegua) Um extrato hidroalcooacutelico (EH) foi tambeacutem obtido
por maceraccedilatildeo de 60g (12 pv) em etanolaacutegua (11) Uma parte do resiacuteduo seco do
extrato hidroalcooacutelico (5g) foi particionada (11) em aacutegua (FA) e outra parte em
71
acetato de etila (FAE) Posteriormente todos os extratos foram filtrados em papel
Whatman No 1 e evaporados a 50degC sob pressatildeo reduzida com exceccedilatildeo do extrato
aquoso e fraccedilatildeo aquosa que foram liofilizados
Desta forma obtiveram-se cinco extratos Extrato ciclohexano (EC) extrato de
acetato de etila (EAE) extrato etanoacutelico (EE) extrato aquoso (EA) e extrato
hidroalcooacutelico (EH) e duas fraccedilotildees fraccedilatildeo aquosa (FA) e fraccedilatildeo acetato de etila
(FAE)
Todos os extratos foram analisados por cromatografia em camada delgada
(CCD) quanto agrave presenccedila de alcaloacuteides flavonoacuteides terpenoacuteides aacutecido gaacutelico
fenilpropanoglicosiacutedeos cumarinas taninos condensados e hidrolisaacuteveis accediluacutecares e
quinonas Para obtenccedilatildeo de soluccedilotildees com concentraccedilotildees padronizadas todos os
extratos foram solubilizados na concentraccedilatildeo de 05
Volumes de 15 μL de cada extrato EC EAE EE EA EH FA FAE foram
utilizados para a realizaccedilatildeo de cada CCD utilizando-se placas de gel de siacutelica
(Merck -105553) As anaacutelises foram realizadas a partir de diferentes sistemas de
eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv) EtOAcndashHCOOHndash
AcOHndashH2O (100 05 05 05 vv ) Et2O-tolueno-AcOH 10 (50 50 50 vv )
ToluenondashAcOEt (97 3 vv) n-BuOH-Me2CO-tampatildeo fosfato pH = 50 (40 50 10
vv) e AcOEt ndash MeOH ndash H2O (81 11 8 vv) e revelados utilizando diferentes
substacircncias (Quadro1)
Quadro 1 - Metaboacutelitos secundaacuterios pesquisados sistemas de eluiccedilatildeo e reveladores
utilizados na avaliaccedilatildeo fitoquiacutemica da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
METABOacuteLITO ELUICcedilAtildeO REVELADOR RESULTADO
POSITIVO REFEREcircNCIA
Alcaloacuteides
A Dragendorff Coloraccedilatildeo Laranja (WAGNER 1996)
Monoterpenoacuteides Sesquiterpenoacuteides e
Diterpenoacuteides B Vanilina sulfuacuterica
Coloraccedilatildeo Azul escura
(WAGNER 1996)
Triterpenoacuteides e Esteroacuteides C Liebermann
Burchard Coloraccedilatildeo rosa a
vermelho (UV) (SHARMA 1991)
72
A - EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv) B - ToluenondashAcOEt (97 3 vv) C - EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 05 05 05 vv ) D - Et2O-tolueno-AcOH 10 (50 50 50 vv ) E - n-BuOH-Me2CO-tampatildeo fosfato pH = 50 (40 50 10 vv) F - AcOEt ndash MeOH ndash H2O (81 11 8 vv) Soluccedilatildeo metanoacutelica de 2- aminoetil difenilborinato 1 e soluccedilatildeo etanoacutelica de polietilenoglicol 5
METABOacuteLITO ELUICcedilAtildeO REVELADOR RESULTADO
POSITIVO REFEREcircNCIA
Iridoacuteides
A Vanilina sulfuacuterica Coloraccedilatildeo violeta (HARBONE 1998)
Saponinas
A Anisaldeiacutedo Coloraccedilatildeo verde
escura (WAGNER 1996)
Glicosiacutedeos cardiacuteacos
F KEDD Coloraccedilatildeo Violeta
a azul-violeta (WAGNER 1996)
Cumarinas
E Anaacutelise por UV Surgimento de
fluorescecircncia azul (UV)
(WAGNER 1996)
Derivados cinacircmicos
A NEU
Surgimento de
fluorescecircncia (UV) (WAGNER 1996)
Fenilpropanoglicosiacutedeos
A NEU
Surgimento de fluorescecircncia
verde limatildeo (UV) (WAGNER 1996)
Flavonoacuteides
A NEU
Surgimento de fluorescecircncia
laranja verde e amarela (UV)
(MARKHAM 1982)
(HARBORNE 1998)
Taninos condensados A Vanilina
Cloriacutedrica
Coloraccedilatildeo vermelha
(ROBERTSON 1955)
Taninos hidrolisaacuteveis
A NEU
Negro (Visiacutevel) Fluorescecircncia azul
(UV) (NEU 1956)
Accediluacutecares
D Cloridrato de
235 Trifeniltetrazoacutelio
Coloraccedilatildeo avermelhada
(WALLENFELS 1950)
73
334 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais
A quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais foram realizados como descrito
na Farmacopeacuteia Europeacuteia como descrito a seguir
3341 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais
A Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais foi realizada de acordo com o meacutetodo de
Folin-Ciocalteu como descrito na Farmacopeacuteia Europeacuteia (2005) Os extratos e
fraccedilotildees da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa EAE EE EA EH FA FAE
foram solubilizados em etanol (10) para obtenccedilatildeo de uma concentraccedilatildeo final de
500 microgmL Cinco mililitros de cada soluccedilatildeo foram diluiacutedos para 25 ml com aacutegua
destilada Destas soluccedilotildees 2 mL foram transferidos para um balatildeo volumeacutetrico
contendo aacutegua destilada (10 ml) e depois foi adicionado 1mL do reagente de Folin-
Ciocalteu natildeo diluiacutedo sendo o volume finalmente completado para 25 mL com
Na2CO3 (10 vv)
A soluccedilatildeo foi mantida a temperatura ambiente (25ordmC) por 30 minutos quando
a absorbacircncia das amostras foi lida a 760 nm em um espectrofotocircmetro UVVis
(Evolution 60S Thermo Scientific) Aacutegua destilada foi usada como branco
A concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais foi determinada pela extrapolaccedilatildeo da
curva de calibraccedilatildeo a qual foi obtida a partir das soluccedilotildees de aacutecido gaacutelico (Sigma
Chemical Co St Louis USA) que variaram entre 20 ndash 80120583gmL A concentraccedilatildeo
polifenoacuteis totais foi calculada em triplicata foi expresso em miligramas de equivalente
de aacutecido gaacutelico por grama de amostra seca
3342 Determinaccedilatildeo de taninos totais
Com o objetivo de determinar os taninos totais 100 mg de caseiacutena (Merckreg)
foi adicionada a 10 mL de cada extrato ou fraccedilatildeo sendo a mistura homogeneizada
por 60 minutos e depois filtradas em papel de filtro Whatman No 1 O procedimento
para determinaccedilatildeo dos taninos foi similar ao descrito no item 341
O conteuacutedo de polifenoacuteis nas fraccedilotildees natildeo tanantes foi calculado pela curva
padratildeo de aacutecido gaacutelico A concentraccedilatildeo de taninos totais foi calculada como
Taninos totais = polifenois totais ndash polifenois natildeo tanantes
74
3343 Anaacutelise por Cromatografia Liquida de alta Eficiecircncia (CLAE)
Cromatogramas dos extratos e fraccedilotildees da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa que apresentaram os maiores teores de taninos e atividade
antibacteriana (EE EH e FA) foram obtidos por Cromatografia Liquida de alta
Eficiecircncia com arranjo de diodos (CLAE-DAD)
Os extratos e o padratildeo astilbina foram solubilizados em metanol para a
obtenccedilatildeo de soluccedilotildees de concentraccedilatildeo de 400 microgmL e 25microgmL respectivamente
Essas soluccedilotildees foram filtradas em membrana de politetrafluoetileno de 020 microm
(Chromafilreg) e depois adicionadas frascos acircmbar As anaacutelises foram realizadas em
equipamento CLAE-DAD (Ultimatereg 3000 Thermo Scientificreg) equipado com bomba
binaria HPG-3x00RS 3000 (RS) detector de arranjo de diodo e coletor de amostra
automaacutetico ACC-3000
As separaccedilotildees foram realizadas com uma coluna (C18) 256 x 46 mm di 5
microm (Acclaim 120 Dionexreg) equipada com (C18 4 x 3 mm di Phenomenexreg) A fase
moacutevel foi composta por aacutegua MiliQreg (eluente A) e acetonitrila (eluente B Tediareg)
ambos acidificados com 01 de soluccedilatildeo de aacutecido trifluoroaceacutetico variando de 10-
23 em 35 min para 23ndash90 em 50 min do eluente B a um fluxo de 1mLmin O
software Chromeleon 60 (Dionexreg) foi utilizado para processamento e aquisiccedilatildeo dos
dados
335 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana
A avaliaccedilatildeo da atividade antibacteriana foi realizada a partir do estudo com
diferentes estratos e fraccedilotildees
3351 Preparaccedilatildeo das amostras
Para determinaccedilatildeo da atividade antimicrobiana da casca do caule de H
stigonocarpa foram avaliados os cinco extratos ciclohexanico (EC) acetato de etila
(EAE) etanoacutelico (EE) aquoso (EA) hidroalcooacutelico (EH) e as fraccedilotildees obtidas por
particcedilatildeo do extrato Hidroalcooacutelico o de acetato de etila (FAE) e o de Aacutegua (FA)
75
3352 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana in vitro
A determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana in vitro foi realizada como descrito
a seguir
33521 Agentes antimicrobianos
O laboratoacuterio Eurofarma forneceu oxacilina ciprofloxacina teicoplanina e o
laboratoacuterio Sanofi-Aventis a polimixina B A resistecircncia foi definida para cada caso a
oxacilina (OXA MIC ge 4μgmL) ciprofloxacina (CIP MIC ge 1μgmL) teicoplanina
(TEI ge 32 μgmL) e polimixina B (POL MIC ge 8μgmL) de acordo com os criteacuterios
estabelecidos pelo Clinical Laboratory standard Institute (2012)
Os extratos EC e EAE foram solubilizados em dimetil sulfoacutexido - Tween80 -
aacutegua (118 vv) EE EAE EH FAE e FA em etanol-aacutegua (19 vv) enquanto que os
agentes antimicrobianos foram solubilizados em aacutegua As soluccedilotildees de estoque
foram esterilizados por filtraccedilatildeo atraveacutes de uma membrana Millipore com uma
porosidade de 022 microm
33522 Micro-organismos e padronizaccedilatildeo dos inoacuteculos
Bacteacuterias (n = 28) foram obtidas de culturas estoque e mantidas em nosso
laboratoacuterio (Laboratoacuterio de Fisiologia e Bioquiacutemica de Micro-organismos - LFBM) em
meio Mueller Hinton Agar sob oacuteleo mineral Para este estudo foram usadas as
seguintes cepas bacterianas isoladas de amostras cliacutenicas Staphylococcus aureus
(LFBM05 UFPEDA 01 AM 02 AM 04 AM 05 LFBM 25 AM 13 AM 18 AM 19 and
AM 21) Enterococcus faecalis (245 272 292 e 335) Klebsiella pneumoniae LFBM
01 Pseudomonas aeruginosa LFBM 01 Proteus mirabilis LFBM 01 e LFBM 02
Salmonella enterica LFBM 01 Shigella sonnei LFBM 01 e Vibrio cholera LFBM 01
Staphylococcus aureus ATCC 25923 Staphylococcus aureus ATCC 33591
Klebsiella pneumoniae ATCC 700603 Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027
Escherichia coli ATCC 25922 e Escherichia coli ATCC 35218 foram usadas como
cepas padratildeo
Esses micro-organismos foram cultivados em caldo Mueller Hinton por um
periacuteodo de 18h a 37deg C e em seguida foram cultivados em agar Mueller Hinton (AMH)
76
(Acumedia Manufacturers Baltimore USA) sendo incubados a 37∘C por 18 horas
Algumas colocircnias foram selecionadas e inoculadas em caldo Mueller Hinton
(Acumedia Manufacturers Baltimore USA) para comparaccedilatildeo da turbidez com
padrotildees 05 McFarland os quais satildeo equivalentes a contagem de aproximadamente
108 UFCmL Posteriormente essas suspensotildees bacterianas foram diluiacutedas para
obtenccedilatildeo de um inoculo de 107 UFCmL
33523 - Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo
bactericida miacutenima (CMB)
A Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (CIM) foi determinada pelo meacutetodo de
microdiluiccedilatildeo em caldo seguindo as recomendaccedilotildees estabelecidas pela Clinical
Laboratory Standards Institute (CLSI 2012) com algumas modificaccedilotildees Os ensaios
foram realizados em microplacas esteacutereis de 96 poccedilos com fundo em forma de ldquoUrdquo
Inicialmente as soluccedilotildees estoque dos extratos e agentes antimicrobianos na
concentraccedilatildeo de 2048 microgmL foram esterilizadas por filtraccedilatildeo atraveacutes de membranas
de porosidade de 022 microm milipore reg em seguida um volume de 200 microL foi
adicionado nos poccedilos de 1 a 12 da linha A Os demais poccedilos foram preenchidos
inicialmente apenas com 100 microL de caldo Mueller-Hinton
Logo apoacutes foi realizada transferecircncia de 100microL do conteuacutedo dos poccedilos da
linha A para os da linha B e assim sucessivamente ateacute a linha H sendo desprezados
os uacuteltimos 100 microL obtendo-se assim concentraccedilotildees decrescentes dos extratos
(1024 a 781 gmL)
Apoacutes a diluiccedilatildeo dos extratos e agentes antimicrobianos foi acrescido em
todos os poccedilos um volume de 5 microL dos inoacuteculo microbiano padronizado As
microplacas foram incubadas em estufa bacterioloacutegica a 37degC por 24 horas
Foi considerado crescimento total (100) na placa controle onde foi
adicionado apenas caldo Muller Hinton e os inoacuteculos A reduccedilatildeo do crescimento foi
avaliado nos orifiacutecios onde foram adicionados os extratos
Para determinar a Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima (CBM) os conteuacutedos
dos poccedilos que mostraram inibiccedilatildeo de crescimento foram semeados em MHA Apoacutes
24h de incubaccedilatildeo a 37degC o nuacutemero de micro-organismos viaacuteveis foi determinado A
CMB foi definida como a menor concentraccedilatildeo do extrato em que 999 da
77
populaccedilatildeo foram inviabilizadas Todos os experimentos foram realizados em
duplicata em dias diferentes
Apoacutes a realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo quantitativa foi realizada a determinaccedilatildeo da
viabilidade dos micro-organismos por comprovaccedilatildeo atraveacutes da adiccedilatildeo de soluccedilatildeo
aquosa a 05 de cloridrato de 235 trifeniltetrazoacutelio (TTC)
As microplacas foram novamente incubadas por mais trecircs horas a 37degC Apoacutes
esse intervalo de tempo a leitura da placa foi realizada a presenccedila de uma
coloraccedilatildeo vermelha nos poccedilos foi interpretada como prova negativa do efeito
inibitoacuterio do extrato ou seja houve crescimento bacteriano enquanto que a
ausecircncia de cor foi considerada prova positiva da accedilatildeo antimicrobiana dos extratos
A CIM foi definida como sendo a menor concentraccedilatildeo da droga antimicrobiana que
impede o crescimento visiacutevel do micro-organismo semeado
336 Anaacutelise ultraestrutural
Staphylococcus aureus ATCC 33591 na concentraccedilatildeo de 104 UFCmL foi
cultivado em caldo Muller Hinton (grupo controle) e em caldo adicionado de extrato
hidroalcooacutelico a 256 e 128 microgmL (CIM e frac12 CIM) respectivamente Apoacutes isso as
culturas foram incubadas a 37degC por 24 horas Essas culturas foram centrifugadas e
os precipitados foram fixados em paraformaldeiacutedo 4 e glutaraldeido 25 em 01
M de tampatildeo cacodilato de soacutedio (pH 72) por 4 horas a temperatura ambiente
Os precipitados foram lavados e centrifugados por 10 minutos no mesmo
tampatildeo Sendo esse procedimento repetido por trecircs vezes Posteriormente os
precipitados foram poacutes-fixados em tetroacutexido de oacutesmio 2 ferrocianeto de potaacutessio
08 e cloreto de caacutelcio 5 mM em tampatildeo cacodilato de soacutedio 01 M por 1 hora e
lavada em tampatildeo cacodilato de soacutedio
As amostras foram desidratadas utilizando gradientes de soluccedilotildees de acetona
e depois adicionadas agrave resina Epon 812 (Sigma EUA) Em seguida seccedilotildees
ultrafinas foram obtidas atraveacutes de um ultramicrotomo (Leica UC6) coradas com
acetato de uranila e citrato de chumbo e examinado em microscoacutepio eletrocircnico de
transmissatildeo Morgani-FEIreg
78
37 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA
A anaacutelise estatiacutestica foi realizada utilizando Anova one-way e teste de
comparaccedilatildeo muacuteltiplas Newman-Keuls usando o software GraphPad Prism versatildeo
50 para Windows GraphPad Software (San Diego CA) e p lt 005 foi usado como
niacutevel de significacircncia
79
34 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados obtidos neste estudo estatildeo descritos a seguir
341 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal
A descriccedilatildeo dos aspectos anatocircmicos do material vegetal eacute um importante
passo para caracterizaccedilatildeo e padronizaccedilatildeo dos espeacutecimes vegetais que servem de
mateacuteria prima para a produccedilatildeo de medicamentos Assim apoacutes avaliaccedilatildeo
farmacobotacircnica foi possiacutevel observar que o caule de Hymenaea stigonocarpa
apresentou estrutura semelhante agravequela descrita na literatura para espeacutecies do
gecircnero (WATSON DALLWITZ 2012)
3411 Anatomia
Em uma amostra do caule de Hymeneae stigonocarpa com
aproximadamente 4 mm de diacircmetro a regiatildeo da casca apresentou mais
externamente oito camadas de suacuteber (Figura 29) constituiacutedo por ceacutelulas achatadas
periclinalmente (paralelas agrave superfiacutecie do caule)
Figura 29 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo
adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do
suacuteber corada com safranina e azul de astra
SB ndash suacuteber (aumento de 400x)
Imediatamente abaixo do suacuteber foi encontrada uma faixa estreita constituiacuteda
por apenas uma camada de ceacutelulas o felogecircnio tecido indiferenciado que origina o
suacuteber para fora e a feloderme para dentro (Figura 30) A feloderme estava
constituiacuteda por duas camadas apoacutes o feloderme foi encontrado o parecircnquima
cortical com 10 camadas de ceacutelulas O conjunto destes tecidos secundaacuterios
constitui a periderme
SB
80
Figura 30 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto
de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do suacuteber
felogecircnio feloderma e parecircnquima cortical corados com
safranina e azul de astra
FG- Felogecircnio FD-Feloderme PC-Parecircnquima cortical CS- Canal secretor (aumento 100x)
Na regiatildeo da feloderme foram encontrados canais de secreccedilatildeo com
revestimento interno de ceacutelulas pequenas e achatadas periclinalmente (Figura 31)
Figura 31 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo
adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando parecircnquima
cortical esclerecircnquima e floema corados com safranina e
azul de Astra
S- Canal secretor CP ndash ceacutelulas pequenas EC ndash esclerecircnquima FL ndash Floema Aumento 100x
Mais internamente apoacutes a feloderme foram observados grupos de fibras de
esclerecircnquima em forma de feixe Apoacutes o faixa de esclerecircnquima eacute observada a
presenccedila do floema tecido responsaacutevel pela conduccedilatildeo da seiva elaborada
Foram encontradas cavidades secretoras em maior quantidade no
parecircnquima cortical de porccedilotildees jovens dos ramos se comparadas agraves porccedilotildees
adultas Em estrutura secundaacuteria o nuacutemero dessas cavidades se mostrou bastante
FG
FD PC
CS
CS ECCC
FL
CP
81
reduzido isto pode ser devido ao esmagamento de algumas dessas cavidades em
consequecircncia da pressatildeo radial exercida pelo crescimento da feloderme e da
atividade do cacircmbio
3412 Histoquiacutemica
Na analise histoquiacutemica foi realizada a avaliaccedilatildeo da presenccedila de polifenoacuteis e
taninos
34121 Avaliaccedilatildeo de Polifenoacuteis
Foi observada a ocorrecircncia de polifenoacuteis nos elementos feloderme
parecircnquima cortical e floema regiotildees coradas em marrom (Figura 32)
Figura 32 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto
de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com
dicromato de potaacutessio para visualizaccedilatildeo de regiotildees com
conteuacutedos fenoacutelicos
FG- felogecircnio FD ndash feloderme PC- Parenquima cortical EC ndash esclerecircnquima FL ndash Floema (aumento 40x)
A anaacutelise histoquiacutemica da casca do caule forneceu informaccedilotildees quanto agrave
presenccedila e localizaccedilatildeo dos compostos fenoacutelicos evidenciados pela reaccedilatildeo ao
dicromato de potaacutessio e vanilina cloriacutedrica que revelam a presenccedila de compostos
fenoacutelicos totais e taninos respectivamente
FD
FL
FG
EC
PC
82
34122 Detecccedilatildeo da presenccedila de taninos
A avaliaccedilatildeo da presenccedila de taninos foi realizada em caules jovens e adultos
341221 caules jovens
O caule jovem identificado pela presenccedila de pelo tector (figura 33) na regiatildeo
do coacutertex observamos a ocorrecircncia de taninos nos elementos feloderme
parecircnquima cortical e floema (FL) (regiotildees coradas em vermelho)
Figura 33 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo jovem de
Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina
cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos
PT- Pelo tector FG ndash felogecircnio FL ndash floema (aumento de 100x)
341222 caules adultos
Na regiatildeo do coacutertex de caule adulto (presenccedila de suacuteber) observamos a
ocorrecircncia de taninos nos elementos de felogecircnio feloderme e floema (Figura 34)
FG
FLD
FL
FLD
PT
FLD
83
Figura 34 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de
Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina
cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos
SB - Suacuteber FG ndash felogecircnio FD-feloderme FL ndash floema (aumento de 40x)
A presenccedila de taninos foi evidenciada em amostras de caule jovens e adultas
indicando a manutenccedilatildeo de sua presenccedila na estrutura no parecircnquima cortical e na
feloderme Isto indica que a produccedilatildeo de taninos eacute continuada nas ceacutelulas de
feloderme produzidas pelo felogecircnio confirmando a avaliaccedilatildeo fitoquiacutemica que
indicou a presenccedila de taninos em amostras de casca de caule
Em virtude da maior espessura de parecircnquima cortical constituiacutedo por ceacutelulas
contendo tanino em ramos mais maduros a extraccedilatildeo da casca nos mesmos implica
na possiacutevel exposiccedilatildeo do floema ao ataque de micro-organismos levando estas
ceacutelulas agrave morte aleacutem de possibilitar sua proliferaccedilatildeo ao longo dos feixes vasculares
e em casos mais extremos podendo levar agrave morte de partes da planta ou do proacuteprio
indiviacuteduo Assim a extraccedilatildeo de taninos poderia ser mais viaacutevel e eficiente atraveacutes de
podas perioacutedicas em ramos mais jovens levando a uma obtenccedilatildeo continuada de
taninos
342 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal
O rendimento obtido apoacutes a extraccedilatildeo com ciclohexano acetato de etila etanol
e aacutegua foi de 035 265 1198 e 209 respectivamente
FD
SB
FLD
FL
FG
FLD
84
A extraccedilatildeo hidroalcooacutelica levou a um rendimento de 1549 As fraccedilotildees
acetato de etila e aquosa obtidas a partir da fraccedilatildeo hidroalcooacutelica tiveram
rendimentos de 2208 e 57 respectivamente
3421 Anaacutelise fitoquiacutemica
A prospecccedilatildeo fitoquiacutemica nos extratos ciclo hexano acetato de etila etanol eacute
aacutegua atraveacutes de CCD sugere a presenccedila de flavonoacuteides accedilucares redutores
taninos condensados proantocianidinas leucoantocianidinas monoterpenos
sesquiterpenos triterpenos esteroides e cumarinas nos diferentes extratos de
Hymenaea stigonocarpa devido a avaliaccedilatildeo pelo uso de reveladores e comparaccedilatildeo
com a coloraccedilatildeo dos padrotildees
34211 Monoterpenos e sesquiterpenos
A presenccedila de monoterpenos e sesquiterpenos (natildeo diferenciados entre pelo
uso do revelador) foi identificada no extrato EC (Figura 35) a partir da visualizaccedilatildeo
de vaacuterias bandas de coloraccedilatildeo variando de violeta a azul escuro as quais foram
comparadas com a coloraccedilatildeo produzida pelo padratildeo timol (Rf = 035)
Figura 35 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo da presenccedila de
monoterpenos e sesquiterpenos
Sistema de eluiccedilatildeo Tolueno ndash AcOEt (97 3 vv) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padratildeo de Timol (Rf = 035) revelador vanilina sulfuacuterica
Rf = 035
Rf = 080
Rf = 055
Rf = 014
Rf = 004
Rf = 012
85
34212 Triterpenos e esteroacuteides
A presenccedila de triterpenos e esteroides (natildeo diferenciados entre si) foram
identificados apenas no extrato EC (Figura 36) a partir da visualizaccedilatildeo de vaacuterias
bandas de coloraccedilatildeo variando de rosa a vermelho as quais foram comparadas com
a coloraccedilatildeo produzida a partir da utilizaccedilatildeo do padratildeo de β-sitosterol (Rf 012)
Figura 36 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de triterpenos e
esteroacuteides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 05 05 05 vv ) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padratildeo de β-sitosterol (Rf = 012) revelador Liebermann Burchard
A ocorrecircncia de terpenos nas espeacutecies do gecircnero Hymenaea jaacute eacute
amplamente conhecida resinas de cor amarela e avermelhada produzidas pelas
aacutervores do gecircnero Hymenaea L satildeo descrita desde o periacuteodo dos iacutendios preacute-
colombianos devido a seu uso na fabricaccedilatildeo de joias (LEE LANGENHEIM 1975)
Dentre as espeacutecies do gecircnero Hymenaea a mais estudada eacute a Hymenaea
courbaril nela tambeacutem satildeo descritas a ocorrecircncia de terpenos em diferentes partes
da planta tais como folhas (MARTIN et al 1972 LANGENHEIM et al 1986) resina
das folhas (LANGENHEIM 1972 ABDEL-KADER et al 2002) resina do troco
(LANGENHEIM 1973 MARSAIOLI et al 1975 ABDEL-KADER et al 2002) resina
dos frutos (OURISSON et al 1973) e sementes (NOGUEIRA 2001)
Rf = 012
Rf = 086
Rf = 063
Rf = 035
Rf = 023
Rf = 007
86
Quanto agrave presenccedila de terpenos na casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa nossos resultados estatildeo de acordo com o que foi descrito por
Giacomini e colaboradores (2006) que relatam a presenccedila de terpenos isolados a
partir de extrato hexacircnico do epicarpo assim como o que relatam Domeacutenech-carboacute
e colaboradores (2009) que identificaram o aacutecido eperuico e seus isocircmeros juntos
com aacutecido copaacutelico como os principais componentes da resina da casca do caule de
Hymenaea stigonocarpa
Se analisarmos a presenccedila de terpenos nas diferentes partes da planta
podemos observar que eles satildeo de ocorrecircncia frequente nesta espeacutecie como
descrevem Faria e colaboradores (2004) Esses autores demonstram a presenccedila de
diterpenos nas sementes e Langenheim e colaboradores (1986) que descreve nas
folhas a ocorrecircncia de -cariofileno e α-muroleno sesquiterpenos com atividade
antifuacutengica e accedilatildeo repelente contra insetos
34213 Flavonoacuteides e cumarinas
Da casca do caule foram evidenciadas duas bandas nos extratos acetato de
etila (2) e etanoacutelico (2) com caracteriacutesticas de flavonoides (amarelo e laranja) de Rf
005 e 047 (Figura 37) Esta CCD tambeacutem indica a presenccedila de cumarinas Rf 098
e 093 (coloraccedilatildeo azul) nos extratos ciclohexano e acetato de etila
Figura 37 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de flavonoides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padratildeo luteolina (Rf = 047) revelador NEU
Rf = 047
Rf = 093
Rf = 098
Rf = 047
Rf = 005
87
Simotildees e colaboradores (2009) descreveram a ocorrecircncia de cumarinas em
espeacutecies do gecircnero Hymenaea Estes autores isolaram duas cumarinas a
ipomopsina e hymenaina das sementes de H courbaril ambas com atividade
antifuacutengica No entanto este eacute o primeiro relato da presenccedila de cumarinas em H
stigonocarpa
34214 Accedilucares
A presenccedila de accedilucares foi observada no extrato etanoacutelico a partir da
visualizaccedilatildeo de banda de coloraccedilatildeo avermelhada a qual foi comparada com a
coloraccedilatildeo produzida a partir da utilizaccedilatildeo dos padrotildees glicose e raminose apoacutes a
revelaccedilatildeo com 235 cloridrato de trifeniltetrazoacutelio (Figura 38) Apoacutes a comparaccedilatildeo
entre os fatores de retenccedilatildeo uma das bandas foi identificada como supostamente
glicose (Rf 053)
Figura 38 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de accedilucares
Sistema de eluiccedilatildeo n-BuOH-Me2CO-tampatildeo fosfato pH = 50 (40 50 10 vv) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padrotildees de glicose (Rf = 053) e ramnose (Rf =046) revelador 235 cloridrato de trifeniteltrazolio
34215 Taninos hidrolisaacuteveis e condensados
Nenhum tanino hidrolisado foi identificado nos extratos obtidos sendo
utilizados o aacutecido gaacutelico e o elaacutegico como padrotildees e como revelador o reagente de
Rf = 053 Rf = 053 Rf = 046
88
Neu (Figura 39) A presenccedila de taninos condensados foi identificada apoacutes revelaccedilatildeo
com vanilina cloriacutedrica (Figura 40) nos extratos de EAE EE e EA
A quantidade e o tipo de taninos sintetizados pelas plantas variam
consideravelmente dependendo da espeacutecie do cultivo do tecido e de condiccedilotildees
ambientais Geralmente a concentraccedilatildeo eacute maior em espeacutecies que prosperam em
solos agriacutecolas pobres ou de baixa calagem tal como ocorre nas regiotildees tropicais e
subtropicais (OTERO HIDALGO 2004) Aleacutem disso as concentraccedilotildees de taninos
satildeo maiores nas partes dos vegetais expostas ao sol indicando portanto uma
relaccedilatildeo entre a fase dependente de luz da fotossiacutentese com a produccedilatildeo de taninos
(HEIL et al 2002)
Tradicionalmente os taninos satildeo classificados segundo a sua estrutura
quiacutemica em dois grupos taninos hidrolisaacuteveis e taninos condensados Taninos
hidrolisaacuteveis satildeo caracterizados por um poliol central geralmente β-D-glicose cujas
funccedilotildees hidroxilas satildeo esterificadas Apoacutes a hidrolise aacutecida das ligaccedilotildees ester os
dois principais representantes gerados satildeo o aacutecido gaacutelico e o elaacutegico Os taninos
condensados proantocianidinas satildeo oligocircmeros e poliacutemeros formados pela
policondensaccedilatildeo de duas ou mais unidades flavan-3-ol e flavan-34-diol Dentre os
taninos condensados pode ser descrito outra classe as leucoantocianidinas (flavan-
34-dioacuteis) classe intermediaacuteria na via de formaccedilatildeo dos taninos condensados
(SIMOtildeES et al 2004)
Figura 39 - Cromatograma do extrato etanoacutelico (B) para
avaliaccedilatildeo de taninos hidrolisaacuteveis
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv) 1 ndash Extrato etanoacutelico P ndash aacutecido gaacutelico e elaacutegico (Rf = 053) e (Rf =060) revelador Reagente de Neu
Rf = 053
Rf = 060
89
A presenccedila de taninos condensados foi identifica nos extratos EAE EE e EA
(Figura 40) a partir da visualizaccedilatildeo de vaacuterias bandas de coloraccedilatildeo avermelhadas as
quais foram comparadas com a coloraccedilatildeo produzida a partir da utilizaccedilatildeo do padratildeo
de epicatequina (Rf 095) revelado com vanilina cloriacutedrica
Figura 40 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de taninos
condensados
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) 1 ndash extrato ciclo hexano 2 ndash extrato acetato de etila 3 ndash extrato etanoacutelico 4 ndash extrato aquoso P - padratildeo epicatequina (Rf = 095) revelador vanilina cloriacutedrica
Os taninos condensados em geral estatildeo amplamente distribuiacutedos em plantas
lenhosas Jaacute os taninos hidrolisaacuteveis natildeo satildeo frequentes neste tipo de plantas
Dentre os metaboacutelitos secundaacuterios presentes os taninos condensados perfazem
aproximadamente metade da mateacuteria seca constituindo a segunda fonte de
polifenoacuteis no reino vegetal perdendo apenas para a lignina (HAGERMAN et al
1997 ARGYROPOULOS 1999)
Nos extratos avaliados foram identificadas a presenccedila de
proantontocianidinas e leucoantocianidinas essas classes podem ser identificadas
atraveacutes da realizaccedilatildeo de cromatografia em camada delgada devido agrave diferenccedila das
suas polaridades onde as leucoantocianidinas apresentam diferente fator de
retenccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves proantociandininas apresentando uma maior migraccedilatildeo em
solventes mais polares
1 2 3 4 P
Rf = 093 Rf = 083 Rf = 075 Rf = 069
Rf = 095
90
Apoacutes a anaacutelise fitoquiacutemica nos quatro extratos obtidos atraveacutes de extraccedilatildeo
exaustiva seriada por maceraccedilatildeo o extrato hidroalcooacutelico foi obtido por maceraccedilatildeo
apoacutes a identificaccedilatildeo da maior atividade antibacteriana nos extratos que continham
maiores teores dos metaboacutelitos secundaacuterios polares
Foram identificados metaboacutelitos secundaacuterios no extrato hidroalcooacutelico (EH) e
em suas fraccedilotildees aquosa (FA) e acetato de etila (FAE)
34216 Flavonoacuteides apoacutes particcedilatildeo
Foi observada uma banda no extrato EH (Figura 41) uma delas comparada
ao padratildeo de astilbina apresentou o mesmo fator de retenccedilatildeo (Rf 028) a outra
comparada ao padratildeo luteolina apresentou tambeacutem o mesmo fator de retenccedilatildeo (Rf
060)
Figura 41 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico de
Hymenaea stigonocarpa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) 5 ndash Extrato Hidroalcooacutelico P1 ndash Padratildeo de astilbina (Rf = 060) P2 - Padratildeo luteolina (Rf = 028) revelador NEU
Avaliando a presenccedila de flavonoacuteides na casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa foram observadas duas bandas na anaacutelise por CCD uma apoacutes uso de
padrotildees apresentou o mesmo fator de retenccedilatildeo que o flavonoacuteide astilbina e a outra
Rf = 060
Rf = 060
Rf = 028
Rf = 028
P1 5 P2
91
o mesmo da luteolina A astilbina tem ocorrecircncia descrita para o gecircnero Hymenaea
sendo relatada nas espeacutecies Hymenaea parvifolia identificada na resina do caule
(ISHIBASHI et al 1999) e em Hymenaea stigonocarpa identificada na casca do
caule por espectro de infravermelho (LOVATO amp NUNES 2007)
34217 Taninos condensados apoacutes particcedilatildeo
Os taninos condensados estatildeo presentes no EH e nas fraccedilotildees FA e FAE No
FA (Figura 42) haacute presenccedila apenas de proantocianidinas (banda natildeo revelada pelo
reagente NEU que ficou retida no ponto de aplicaccedilatildeo) na fraccedilatildeo FAE haacute ocorrecircncia
de leucoantocianidinas (Figura 43) e flavonoacuteides
Na figura 42 apesar do uso do revelador Neu pode-se observar a presenccedila
de taninos condensados no ponto de aplicaccedilatildeo do cromatograma e a ausecircncia de
flavonoacuteides quando comparamos a FA e o EH Na figura 43 pode-se observar a
ausecircncia das proantocianidinas na FAE quando comparada ao EH
Figura 42 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo
aquosa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) EH ndash Extrato Hidroalcooacutelico FA ndash Fraccedilatildeo aquosa revelador de Neu
Rf = 004
Rf = 069
Rf = 047
EH FA
92
Figura 43 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo
acetato de etila para avaliaccedilatildeo de taninos
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) EH ndash Extrato Hidroalcooacutelico FAE ndash Fraccedilatildeo acetato de etila revelador vanilina cloriacutedrica
343 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais
Foram quantificados polifenoacuteis e taninos nos diferentes extratos obtidos
3431 Determinaccedilatildeo da Curva de calibraccedilatildeo do aacutecido gaacutelico
A concentraccedilatildeo polifenoacuteis totais foi determinada pela extrapolaccedilatildeo da curva
de calibraccedilatildeo (y = 01037 x + 00024 R2 = 09992) a qual foi obtida a partir das
soluccedilotildees de aacutecido gaacutelico (Sigma Chemical Co St Louis USA) que variaram entre
20ndash80120583gmL
3442 Determinaccedilatildeo do teor de polifenoacuteis e taninos totais
Utilizando a equaccedilatildeo da reta foram obtidos os valores de polifenoacuteis totais em
equivalentes miligramas de aacutecido gaacutelico por grama de resiacuteduo seco conforme
expresso na tabela 1
EH FAE
Rf = 089 Rf = 083 Rf = 074 Rf = 069
Rf = 089 Rf = 083 Rf = 074 Rf = 069
93
Tabela 1 - Conteuacutedo de polifenois e taninos totais dos diferentes
extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa
O teor de polifenois e taninos totais foi expresso em mg GAEg de resiacuteduo seco As medias marcadas com () natildeo satildeo significativamente diferentes (plt005)
O conteuacutedo de polifenois totais variou de 495 plusmn 002 a 712 plusmn 003 mg GAEg
de resiacuteduo seco Esses resultados indicam uma alta concentraccedilatildeo desses
componentes nos extratos polares Os conteuacutedos de polifenois foram ateacute cerca de
30 vezes maiores que os valores obtidos no extrato etanoacutelico da madeira de
Hymenaea stigonocarpa obtidos por Oliveira e colaboradores (2010)
344 Anaacutelise por cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE-DAD)
Os extratos e fraccedilotildees EE EH e FA com os maiores conteuacutedos de taninos
foram selecionados para serem analisados por CLAE-DAD O cromatograma desses
extratos e fraccedilotildees eacute mostrado na figura 44
Picos A B C e D presentes em todos os cromatogramas eluidos no tempo
de retenccedilatildeo 29-37 min e absorvidos em 280 nm com um braccedilo proacuteximo a 198 nm e
uma absorccedilatildeo maacutexima entre 290 e 294 nm satildeo sugestivos de derivados de
flavonoides Esses espectros estatildeo de acordo com dados da literatura (MABRY et
al 1970)
O pico B com o tempo de retenccedilatildeo de 31453 minutos foi identificado como
astilbina Essa identificaccedilatildeo foi possiacutevel devido a comparaccedilatildeo entre o espectro de
absorccedilatildeo do EE EH e EH + astilbina com absorccedilatildeo maacutexima de 2903 nm
A onda E com o tempo de retenccedilatildeo entre 39 ndash 48 min parece estar
relacionada a taninos condensados observados neste estudo na anaacutelise por CCD
ExtratosFraccedilotildees Polifenois totais Taninos totais
Ciclohexano (EC) 000 000
Acetato de etila (EAE) 663 plusmn 013 182 plusmn 017
Etanoacutelico (EE) 726 plusmn 004 276 plusmn 010
Aquoso (EA) 495 plusmn 002 146 plusmn 006
Hidroalcooacutelico (EH) 696 plusmn 009 296 plusmn 008
Aquoso (FA) 616 plusmn 003 271 plusmn 005
Acetato de etila (FAE) 712 plusmn 003 200 plusmn 004
94
Figura 44 - Cromatogramas obtidos por CLAEndashDAD de diferentes extratos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
Extrato Hidroalcooacutelico (EH) + Astilbina (98) Extrato Hidroalcooacutelico (EH) Extrato Etanoacutelico (EE) e Fraccedilatildeo Aquosa (FA) obtidos por
CLAE-DAD a 280nm Cada pico cromatograacutefico aparece com seu correspondente tempo de retenccedilatildeo Espectro de UV com padratildeo
derivado de flavonoides (A C e D) e identificado como astilbina (B)
C D B A Peak 4 100 at 2980 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1983
2902
50 at 2967 min 99984
-50 at 2993 min 99986
Peak 5 100 at 3139 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1984
1912 2905
50 at 3126 min 99977
-50 at 3152 min 99995
Peak 6 100 at 3532 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1975
1931
2939
50 at 3520 min 99658
-50 at 3545 min 99665
Peak 7 100 at 3621 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1981
19102943
50 at 3609 min 99932
-50 at 3634 min 99902
HE + Astilbina A
B
C D E
HE
EE
AF
Tempo (min)
Ab
so
rbacircn
cia
(m
AU
)
A
C D E
A B
C D E
E
B
94
95
Apenas monocircmeros e oligocircmeros ateacute tetracircmeros de catequinas e proantocianidinas
podem ser separadas e detectadas como um pico definido (ANDERSEN 2006 PARK
2012) Catequinas polimeacutericas presentes em muitos materiais vegetais natildeo resultam
em picos bem definidos Eles provocam uma deriva na linha de base e a formaccedilatildeo de
ondas caracteriacutesticas nos cromatogramas em CLAE
345 Atividade antibacteriana
Natildeo existe um consenso cientiacutefico sobre os valores de concentraccedilotildees inibitoacuterias
miacutenimas aceitaacuteveis para produtos naturais quando comparados com antibioacuteticos
padrotildees alguns autores consideram somente resultados similares aos de antibioacuteticos
enquanto outros consideram com eficaacutecia mesmo aqueles com niacuteveis de inibiccedilotildees
superiores
Sartoratto et al (2004) propocircs uma classificaccedilatildeo com base nos resultados da
CIM considerando como forte inibiccedilatildeo quando obtida para valores de CIM entre 50 e
500 microgml uma atividade moderada para valores de CIM entre 600 e 1500 microgml e
uma atividade fraca para valores acima de 1500 microgml
No presente estudo foi observado que a atividade antimicrobiana dos extratos
EC EAE EE e EA da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa frente agraves bacteacuterias
Gram negativas apresentaram atividade moderada A CIM para os extratos foi de 1024
microgmL frente agraves espeacutecies de bacilos Gram negativos avaliados
O extrato EC constituiacutedo por terpenos esteroacuteide e cumarina tambeacutem
apresentou moderada inibiccedilatildeo frente os Bacilos Gram negativos avaliados
apresentando valores de CMI de 1024 microgmL para as enterobacterias e bacteacuterias natildeo
fermentadoras Os extratos EAE EE e EA apresentando taninos e flavonoacuteides
apresentaram tambeacutem inibiccedilatildeo moderada sobre as bacteacuterias Gram negativas avaliadas
com valores de CMI de 1024microgmL para as enterobacterias e bacteacuterias natildeo
fermentadoras
Quanto agrave atividade antimicrobiana dos extratos frente agraves bacteacuterias Gram
negativas os extratos apresentaram atividade moderada em relaccedilatildeo a todas as
espeacutecies avaliadas devido a presenccedila de forte carga negativa na parede celular deste
tipo de bacteacuteria em decorrecircncia da presenccedila de lipopolissacariacutedeos (IKIGAI et
al1993) o que dificultaria a interaccedilatildeo dos compostos do extrato com o micro-
96
organismo Fato que natildeo ocorre em bacteacuterias Gram positivas pela diferenccedila na
caracteriacutestica eleacutetrica
Os extratos avaliados frente agrave Staphylococccus aureus e Enterococcus faecalis
apresentaram uma melhor atividade quando comparadas aos bacilos Gram negativos
(tabela 2)
O extrato EC obtido por extraccedilatildeo com ciclohexano constituiacutedo por terpenos
esteroacuteides e cumarina apresentou moderada atividade sobre as cepas de Saureus e
Enterococcus faecalis As CMI foram de 1024 microgmL para Enterococcus faecalis e S
aureus (Tabela 2)
Quanto ao extrato EAE obtido por extraccedilatildeo com acetato de etila como solvente e
constituiacutedo por flavonoacuteides e taninos condensados foi observado uma maior
atividade cujas CIM foram de 512 microgmL para Staphylococcus aureus e
Enterococcus faecalis (tabela 2)
O extrato EE obtido atraveacutes do uso de aacutelcool etiacutelico como liacutequido extrativo
constituiacutedo tambeacutem por flavonoacuteides e taninos condensados apresentou melhor
atividade quando comparada aos dois extratos anteriores cujos valores de CIM
variaram de 128 a 256 gmL para Staphylococcus aureus e foi 256 microgmL para
Enterococcus faecalis (tabela 2)
O extrato EA obtido a partir do uso maceraccedilatildeo utilizando aacutegua como soluccedilatildeo
extrativa foi constituiacutedo por flavonoacuteides e taninos condensados apresentou frente as
cepas avaliadas se comparada ao extrato extratos anteriormente relatados com
valores de CMB e CIM de 512 microgmL para Staphylococcus aureus
O extrato EH obtido por maceraccedilatildeo utilizando etanol aacutegua 50 vv como soluccedilatildeo
extrativa constituiacutedo por flavonoacuteides e taninos condensados natildeo apresentou diferenccedila
significativa (plt005) se comparado ao extrato EE frente agrave Staphylococcus aureus
(tabela 2)
Cepas de Staphylococcus aureus mostraram ser mais susceptiacuteveis aos extratos
EC EAE EE EA e EH sendo este micro-organismo selecionado para os estudos
posteriores
Para avaliarmos que classes de metaboacutelitos secundaacuterios poderiam apresentar
maior atividade antibacteriana frente agraves cepas de Staphylococcus aureus foram
avaliadas as fraccedilotildees FA e FAE obtidos apoacutes particcedilatildeo do extrato EH ricos em taninos
condensados e flavonoacuteides respectivamente
97
Tabela 2 - Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima dos extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa frente a cocos Gram-positivos
American Type Culture Collection ATCC Extrato Ciclohexano CE Extrato Acetato de Etila EAE Extrato Etanoacutelico EE Extrato Aquoso AE extrato
Hidroalcooacutelico HE Fraccedilatildeo Aquosa FA Fraccedilatildeo Acetato de Etila FAE oxacillina OXA Teicoplanina TEI Astilbina AST Laboratoacuterio de Fisiologia e
Bioquiacutemica de Micro-organismos LFBM natildeo determinado ND
Cocos Gram positivos Origem Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (microgmL)
EC EAE EE EA EH
FA FAE AST OXA TEI
Staphylococcus aureus ATCC 25293 ATCC 512 512 256 512 128 128 128 1024 012 ND
Staphylococcus aureus ATCC 33591 ATCC 1024 512 256 512 256 256 512 1024 64 ND
Staphylococcus aureus AM 02 Hemocultura 1024 512 256 512 256 125 512 1024 32 ND
Staphylococcus aureus AM 04 Escarro 512 512 128 128 128 128 256 1024 10 ND
Staphylococcus aureus AM 05 Sec Vaginal 512 512 512 512 128 64 512 1024 10 ND
Staphylococcus aureus UFPEDA 01 Escarro 512 512 128 512 64 64 256 1024 012 ND
Staphylococcus aureus AM 13 Hemocultura 512 512 256 512 256 125 256 1024 012 ND
Staphylococcus aureus IC 17 Secreccedilatildeo 512 512 256 512 256 256 256 1024 256 ND
Staphylococcus aureus AM 18 Hemocultura 512 512 256 512 64 64 512 1024 256 ND
Staphylococcus aureus AM 19 Hemocultura 1024 512 256 512 256 128 512 1024 16 ND
Staphylococcus aureus AM 20 Sec Traqueal 1024 512 256 512 256 256 512 1024 80 ND
Staphylococcus aureus AM 21 Sec Traqueal 1024 512 256 512 256 256 512 1024 16 ND
Enterococcus faecalis 245 Hemocultura 1024 512 256 256 256 256 512 1024 ND 80
Enterococcus faecalis 272 Hemocultura 1024 512 256 512 512 256 512 1024 ND 80
Enterococcus faecalis 292 Urina 1024 512 256 512 256 256 512 1024 ND 025
Enterococcus faecalis 335 Hemocultura 1024 512 256 512 256 256 512 1024 ND 40
98
A fraccedilatildeo FA constituiacuteda apenas por taninos condensados (figura 15)
apresentou atividade estatisticamente semelhante aos extratos EE e EH cujo valor
de CMI variou entre 64 e 256 microgmL para cepas MSSA e MRSA (tabela 2)
A fraccedilatildeo FAE rica em flavonoacuteides apresentou uma menor atividade quando
comparada a fraccedilatildeo FA para as cepas MSSA e MRSA (plt005) Os valores de CIM
variaram de 128 a 512 microgmL e 256 a 512 microgmL respectivamente (tabela 2)
Com o objetivo de avaliar a influecircncia da astilbina na atividade antibacteriana
da fraccedilatildeo FAE foi realizada uma avaliaccedilatildeo utilizando um padratildeo de astilbina com
98 de pureza Quando comparada sua resposta ao extrato FAE podemos
concluir que a atividade antimicrobiana natildeo sofre grande influencia dos flavonoacuteides
pois os valores de CMI foram de 1024microgmL na maioria das cepas estudadas tanto
para MRSA como MSSA Apesar da astilbina tambeacutem apresentar atividade
antimicrobiana pois apresentou CIM entre 512microgmL para cepas MSSA e MRSA
(tabela 2)
Apoacutes a avaliaccedilatildeo de todos os extratos obtidos a partir de diferentes extraccedilotildees
foi possiacutevel agrupar os valores de CIM obtidos frente a cepas de Staphylococcus
aureus testadas assim de acordo com a atividade dos extratos observamos a
seguinte sequecircncia de quanto os valores da CMI
Os extratos EC e EAE (apolares) constituiacutedos por terpenos esteroides e
cumarinas foram os menos ativos A atividade frente agrave Staphylococcus aureus
poreacutem eacute relatada quando avaliado o oacuteleo de capim limatildeo (Cymbopogon citrates) rico
em terpenos tais como citral geraniol e myrceno (AIEMSAARD et al 2011)
O mecanismo de accedilatildeo destas substacircncias ainda natildeo eacute completamente
entendido mas especula-se que estaacute envolvido no rompimento de constituinte
lipofiacutelicos das membranas (COWAN 1999) Os terpenos perecem ter muacuteltiplos alvos
na ceacutelula bacteriana dependendo da concentraccedilatildeo utilizada assim como da
composiccedilatildeo do extrato avaliado (AIEMSAARD et al 2011)
Atividades melhores foram obtidas poreacutem pelos extratos mais polares tais
como EA e a fraccedilatildeo FAE mas as melhores atividades foram observadas apoacutes a
avaliaccedilatildeo dos extratos EE EH e FA Avaliando os constituintes destes extratos foi
possiacutevel observar que os extratos com ausecircncia de taninos condensados foram os
menos ativos sendo os mais ativos os que continham essa classe de metaboacutelitos
99
346 Alteraccedilotildees ultraestruturais
Para esta anaacutelise foi utilizado o extrato Hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa A seleccedilatildeo deste extrato natildeo foi apenas devido a sua atividade pois o
extrato etanoacutelico e a fraccedilatildeo aquosa natildeo apresentam diferenccedilas significativas em
relaccedilatildeo a este Aleacutem da atividade antibacteriana o hidroalcooacutelico apresentou mais
faacutecil obtenccedilatildeo menor toxicidade em relaccedilatildeo ao solvente utilizado aleacutem de maior
conteuacutedo de flavonoides metaboacutelitos de grande potencial farmacoloacutegico
Quanto ao micro-organismo avaliado foi utilizada cepa padratildeo de
Staphylococcus aureus ATCC 33591 resistente a meticilina As alteraccedilotildees
provocadas na cepa Staphylococcus aureus ATCC 33591 exposta ao extrato
Hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa presente na concentraccedilatildeo inibitoacuteria
miacutenima e na metade da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima podem ser observadas na
figura 45
O tratamento na metade da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (Figura 45 D a F)
levou ao aparecimento de orifiacutecios na parede celular (OPC) a aparecircncia de parede
parcialmente digerida a esfoliaccedilatildeo na superfiacutecie bacteriana ao espessamento do
septo (ES) e exposiccedilatildeo das amostras da membrana citoplasmaacutetica
O surgimento de pequenos orifiacutecios na parede celular (OPC) ocorre devido agrave
accedilatildeo enzimas bacterianas chamadas autolisinas presentes entre os peptidoglicanos
a fim de permitir a inserccedilatildeo de novas moleacuteculas Em bacteacuterias tratadas com
determinadas classes de agentes antimicrobianos a inserccedilatildeo de peptidoglicano natildeo
acontece Assim os monoacutemeros natildeo satildeo anexados agrave extremidade crescente da
parede celular bacteriana pelas as enzimas transglicosidase e transpeptidase
ocorrendo falhas na parede celular (SANTHANA 2007)
A concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima o extrato hidroalcooacutelico (256 microgml) provocou
alteraccedilotildees em vaacuterias estruturas celulares Foram observados condensaccedilatildeo dos
ribossomos (CR) desligamento parede celular (DPC) divisatildeo anormal da ceacutelula
(DAC) espessamento dos septos (ES) assim como muacuteltiplos septos (MS) presenccedila
de celulas fantasmas (CF) (Figura 45 G a L)
Tambeacutem foram observadas paredes celulares sendo rompidas e danificadas
resultando numa libertaccedilatildeo de materiais celulares para o citoplasma
100
Figura 45 - Imagens da microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus
ATCC 33591 tratada com diferentes concentraccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico de H
stigonocarpa
Ceacutelulas natildeo tratadas (A-C) mostram parede celular (PC) ribossomos (R) e septo (S) da bacteacuteria bem distinta Tratados com extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa na metade da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (D-F) mostram formaccedilatildeo de orifiacutecios na parede celular (OPC) Mesossomos (M) e espessamento da parede celular (EPC) assim como espessamento do septo (ES) Tratados com a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (G-L) mostram condensaccedilatildeo dos ribossomos (CR) desprendimento da parede celular (DPC) espessamento (ES) e muacuteltiplos septos (MS) divisatildeo aberrante da ceacutelula (DAC) ceacutelulas fantasmas (CF) Mesossomos (M) e DNA coagulado (DC) Aumento de A B C E J e K de 30000X e de D F G H e L de 65120X
A B C
D E F
G H I
J L K
OPC OPC
S
R R
R
OPC
MS
M
OPC
C
OP
C
ES
EPC
CR CR
CR CR
DPC
ES
ES
ES
ES
DAC
DAC
S
DAS
CF
M
CR
OPC
OPC
OPC ES
MS
101
Polifenoacuteis podem ligar-se diretamente para parede celular e interferir com a
sua integridade (ZHAO 2001) A falha na inserccedilatildeo de peptidoglicano pode causar na
parede celular o surgimento desses pequenos orifiacutecios (OPC) que satildeo provocados
pelo movimento da moleacutecula de aacutegua a partir do ambiente externo para a regiatildeo
intracelular Isso ocorre devido agrave diferenccedila de pressatildeo osmoacutetica entre os dois
ambientes Se este evento prolongar pode causar a lise das bacteacuterias (SCHITTO
2006)
O espessamento da parede celular e a condensaccedilatildeo dos ribossomos (CR) em
bacteacuterias indica a presenccedila de mecanismos de defesa para manter a pressatildeo
osmoacutetica apoacutes accedilatildeo extrato hidroalcooacutelico Bacteacuterias tambeacutem produzem mais
peptidoglicano para se proteger e desenvolver mesossomos (ME) implicados com a
respiraccedilatildeo celular (SANTHANA 2007)
Alteraccedilotildees nos componentes intracelulares tais como aacutecidos nucleicos
proteiacutenas ribossomos agregados satildeo visualizadas nas figuras 45 G ndash L elas podem
sugerir a expressatildeo possiacuteveis efeitos sobre a funccedilatildeo do DNA girase (ROMANO et
Al 2013) que ficaria impedido de cumprir o sua funccedilatildeo durante a replicaccedilatildeo do
DNA O RNAm que seria liberado a partir do DNA super-enrolamento natildeo poderia
ser enrolado de volta porque a DNA girase estaria imobilizada
Assim as alteraccedilotildees citoloacutegicas observadas por TEM apoacutes o uso de
diferentes concentraccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa demonstram a sua accedilatildeo antibacteriana frente a Staphylococcus
aureus
102
35 CONCLUSOtildeES
Os resultados obtidos permitem constatar que a anaacutelise fitoquiacutemica da casca
do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart revelou a presenccedila de terpenos
esteroacuteides flavonoacuteides cumarinas e taninos condensados sendo os taninos
condensados e os flavonoacuteides os metaboacutelitos majoritaacuterios
Dentre os metaboacutelitos presentes nos extratos de Hymenaea stigonocarpa
avaliados por CLAE-DAD foram observados quatro picos correspondentes a
flavonoides um deles foi eacute sugestivo de astilbina de acordo com o tempo de
retenccedilatildeo e o espectro de UV
Quanto agrave avaliaccedilatildeo botacircnica pocircde-se observar que os siacutetios de
armazenamento dos taninos na casca do caule de Hymenaea stigonocarpa satildeo
feloderme parecircnquima cortical e floema em amostras de indiviacuteduos jovens e adultos
e que a casca do caule de ramos jovens pode servir como fonte para obtenccedilatildeo de
taninos condensados
Quanto agrave atividade antibacteriana todos os extratos obtidos apresentam
atividade moderada frente a Bacilos Gram negativos como tambeacutem a fraccedilatildeo rica em
terpenos esteroacuteides e cumarinas frente agraves bacteacuterias Gram positivas O micro-
organismo Staphylococcus aureus foi das bacteacuterias Gram positivas avaliadas a
mais suscetiacutevel agrave accedilatildeo dos extratos sendo os extratos que continham taninos
condensados os que apresentaram as melhores atividades Dentre os extratos com
maiores teores de taninos condensados a fraccedilatildeo aquosa e os extratos etanoacutelico e
hidroalcooacutelicos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas quanto agrave atividade
antibacteriana sendo o extrato hidroalcooacutelico selecionado por ser o de mais faacutecil
obtenccedilatildeo
O extrato Hidroalcooacutelico avaliado na concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima e na
metade da CIM levou a alteraccedilotildees ultraestruturais da parede celular septo e
citoplasma de Staphylococcus aureus ATCC 33591
103
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4 ASSOCIACcedilAtildeO DO EXTRATO HIDROALCOOacuteLICO DA CASCA DO CAULE DE
Hymenaea stigonocarpa MART EX HAYNE COM AGENTES ANTIMICROBIANOS
FRENTE A CEPAS DE Staphylococcus aureus RESISTENTES A METICILINA
(MRSA)
41 INTRODUCcedilAtildeO
Os antibioacuteticos satildeo uma das mais importantes armas no combate agraves
infecccedilotildees bacterianas No entanto ao longo das uacuteltimas deacutecadas seus benefiacutecios agrave
sauacutede estatildeo sob ameaccedila pois muitos antibioacuteticos tornaram-se cada vez menos
eficazes devido ao aparecimento de bacteacuterias resistentes (RAKHOLIYA et al 2012)
Staphylococcus aureus resistente agrave meticilina (MRSA) eacute um microrganismo
patogecircnico nosocomial de ampla disseminaccedilatildeo e a sua prevalecircncia na comunidade
tem sido tambeacutem relatada Existem publicaccedilotildees abordando o surgimento de cepas
de MRSA mostrando resistecircncia a vaacuterios outros agentes antimicrobianos Desta
forma o desenvolvimento de tal multirresistecircncia resultou em uma limitaccedilatildeo
terapecircutica e num prognoacutestico desfavoraacutevel para o paciente (CATAtildeO et al 2013)
Considerando-se o fato da resistecircncia de cepas MRSA agrave muacuteltiplas drogas
estudos que buscam avaliar as propriedades antibacterianas de plantas superiores
contra microrganismos resistentes satildeo incentivados pelos oacutergatildeos puacuteblicos de todo
mundo (MANDAL et al 2010)
O sinergismo entre agentes antimicrobianos convencionais e os compostos
bioativos de plantas eacute uma metodologia que tem sido amplamente estudada para
bloquear o desenvolvimento da multirresistecircncia A terapia com associaccedilatildeo de
drogas na maior parte das vezes eacute beneacutefica para o paciente portador de infeccedilotildees de
difiacutecil tratamento (OKOYE et al 2013) Vaacuterios estudos tecircm relatado efeitos
sineacutergicos com reduccedilatildeo significativa nas concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas (CIM)
dos antibioacuteticos resultante da combinaccedilatildeo de diferentes antibioacuteticos com diferentes
extratos brutos de plantas (ADWAN et al 2010)
Diversos estudos tecircm investigado as interaccedilotildees entre antibioacuteticos e extratos
brutos contra Staphylococcus aureus multidroga resistente (GIBBONS 2004
ROCCARO et al 2004 FUJITA et al 2005 HATANO et al 2005 KITAHARA et al
2006 BETONI et al 2006 ESIMONE et al 2006 ADWAN et al 2008 PESEWU et
al 2008)
112
A abordagem natildeo eacute exclusiva para combinaccedilotildees de extratos mas tambeacutem
combinaccedilotildees entre metaboacutelitos secundaacuterios isolados e oacuteleos essenciais com
agentes antimicrobianos (HEMAISWARYA et al 2008 WAGNER MERZENICH
2009) Aleacutem de atingir efeitos sineacutergicos associaccedilotildees de dois ou mais compostos
satildeo utilizados pelas seguintes razotildees (1) para prevenir o surgimento de cepas
resistentes (2) para diminuir a dose-toxica relacionada (3) para atingir o amplo
espectro de atividade (TAMA et al 2012)
No presente estudo foi avaliada a interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de
Hymenaea stigonocarpa e antibioacuteticos beta-lactacircmicos e fluoroquinolonas frente a
S aureus multidroga resistentes
411 A evoluccedilatildeo da resistecircncia de Staphylococcus aureus aos agentes
antimicrobianos
O gecircnero Staphylococcus pertencente agrave famiacutelia Micrococcaceae eacute composto
de 33 espeacutecies 17 das quais podem ser isoladas de amostra bioloacutegica humana Os
estafilococos satildeo geralmente encontrados na pele e em mucosas de humanos e de
outros animais (MENEGOTTO PICOLI 2007)
A utilizaccedilatildeo indiscriminada de antimicrobianos provocou um aumento no
aparecimento de cepas resistentes especialmente agravequelas isoladas nos ambientes
hospitalares (DAVIES DAVIES 2010)
Desde 1961 as cepas de Staphylococcus aureus resistentes a meticilina
(MRSA) vecircm sendo associado agraves infecccedilotildees relacionadas aos cuidados em sauacutede e
tem se tornado causa do aumento da relaccedilatildeo morbidademortalidade em pacientes
hospitalizados (MULLIGAN 1993 LIVERMORE et al 2003 SANTOS et al 2007)
Wang e Barrett (2007) relataram que os surtos de infecccedilatildeo por MRSA tecircm
sido frequentes em unidades de terapia intensiva e apresenta uma ameaccedila agrave
sobrevivecircncia de pacientes imunocomprometidos
Os primeiros relatos de surtos de infecccedilatildeo hospitalar provocadas por MRSA
foram documentados no Reino Unido que rapidamente emergiram em outros paiacuteses
da Europa sendo na ocasiatildeo isoladas no Japatildeo Estados Unidos e Austraacutelia (TARAI
et al 2013)
Na deacutecada de 80 no Japatildeo os casos de infecccedilatildeo nosocomial decorrentes de
MRSA tornaram-se um problema de sauacutede puacuteblica sendo que 50 a 70 dos casos
113
de infecccedilatildeo nosocomial causados por cepas de S aureus apresentaram resistecircncia
agrave meticilina (ANDO et al 2004) acarretando na extensa utilizaccedilatildeo de cefalosporinas
de terceira geraccedilatildeo (ITO HIRAMATSU 1998) No Reino Unido MRSA eacute o agente
etioloacutegico mais frequentemente isolado de infecccedilotildees nosocomiais e eacute responsaacutevel
por 15 das infecccedilotildees hospitalares adquiridas custando cerca de 1 bilhatildeo de libras
ao Serviccedilo Nacional de Sauacutede por ano (CEPEDA et al 2005)
O programa de vigilacircncia antimicrobiana SENTRY na Ameacuterica Latina
vinculado ao laboratoacuterio Bristol-Myers Squibb revelou um aumento na prevalecircncia de
MRSA entre infecccedilotildees estafilocoacutecicas em centros meacutedicos de 338 em 1997 para
402 em 2006 sendo esses dados fortemente influenciados por paiacuteses
especiacuteficos com 41 das cepas de MRSA coletados provenientes do Brasil (MEJIacuteA
2010)
A colonizaccedilatildeo por MRSA eacute comum tanto em pacientes hospitalizados quanto
pacientes comunitaacuterios Uma determinada populaccedilatildeo satilde pode servir como
reservatoacuterio para esse micro-organismo (DURAI et al 2010) De acordo com Witte e
MIELKE (2007) cerca de 30 da populaccedilatildeo mundial pode estar hospedando cepas
de MRSA Morita et al (2007) detectaram a presenccedila de cepas de MRSA nas
fossas nasais de 3 dos pacientes analisados
As cepas de MRSA apresentam fenoacutetipo de resistecircncia natildeo somente aos
beta-lactacircmicos mas tambeacutem a fluoroquinolonas cloranfenicol clindamicina
tetraciclina e aminoglicosiacutedeos (CLSI 2012) Os glicopeptideos vancomicina e
teicoplanina satildeo utilizados para o tratamento de infecccedilotildees causadas por MRSA no
entanto modificaccedilotildees na terapecircutica mostram-se necessaacuterias devido a intoleracircncia
por parte dos pacientes ou falha no tratamento por seleccedilatildeo de cepas resistentes A
resistecircncia de MRSA aos glicopeptideos pode estar relacionada ao espessamento
da parede celular com reduccedilatildeo da permeabilidade e da atividade autoliacutetica (THATI et
al 2011)
As cepas de MRSA estatildeo se tornando resistentes a vancomicina resultando
em trecircs cepas adicionais resistentes ao antimicrobiano S aureus vancomicina
intermediaacuterio S aureus vancomicina intermediaacuterio heterogecircneo (duas
subpopulaccedilotildees uma sensiacutevel e outra resistente a vancomicina coexistindo numa
mesma cultura) S aureus vancomicina resistente (DURAI et al 2010) As cepas de
MRSA com resistecircncia intermediaacuteria e heterogecircnea a vancomicina podem se tornar
totalmente resistentes durante infecccedilotildees persistentes em que haacute falha na resposta
114
ao tratamento com glicopeptideos com significativas mudanccedilas de fenoacutetipo
(MOORE et al 2003 TENOVER et al 2005)
A uacutenica forma de se detectar uma cepa de Staphylococcus aureus com
resistecircncia intermediaacuteria agrave vancomicina eacute por meio da anaacutelise de suas
subpopulaccedilotildees em que satildeo inoculadas diferentes diluiccedilotildees de uma suspensatildeo
bacteriana em meio de cultura soacutelido adicionado de concentraccedilotildees crescentes de
vancomicina (SANTOS et al 2007)
Melo e colaboradores (2005) relataram que na cidade de Uberlacircndia Brasil
9 de 41 pacientes portadores de cepas MRSA em tratamento com vancomicina
desenvolveram resistecircncia heterogecircnea e um dos isolados apresentou uma
Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (CIM) da ordem de 8microgmL A quantidade de cepas
MRSA tem crescido limitando as alternativas terapecircuticas para seu controle
(PESAVENTO et al 2007)
4111 Staphylococcus aureus RESISTENTES A METICILINA
Cepas de S aureus podem se tornar MRSA a partir da aquisiccedilatildeo do gene
mecA que codifica a proteiacutena ligadora de penicilina (PBP2a) presente em sua
parede celular apresentando dessa forma baixa afinidade a meticilina bem como
aos antimicrobianos betalactacircmicos (BANSAL et al 2013) Esta resistecircncia
promovida por MRSA estaacute na expressatildeo do cassete gecircnico SCCmec Esse gene eacute
definido pela combinaccedilatildeo do tipo de gene das ccrs recombinases responsaacuteveis pelo
complemento e a classe do complexo mecA (MIMICA 2011 UDO et al 2013)
O cassete gecircnico SCCmec tipos I II e III associados a infecccedilotildees
nosocomiais tecircm como caracteriacutestica a resistecircncia a muacuteltiplos antimicrobianos aleacutem
dos betalactacircmicos como os macroliacutedeos aminoglicosiacutedeos tetraciclinas
rifampicina e quinolonas (NORIEGA SEAS 2010)
Uma estrateacutegia empregada para vencer a resistecircncia bacteriana eacute a
combinaccedilatildeo de agentes antimicrobianos sendo os inibidores das beta-lactamases
satildeo administrados como co-droga Quanto a esta estrateacutegia a mais bem sucedida
que tem sido adotada para inibir as beta-lactamases eacute atraveacutes da administraccedilatildeo do
com drogas associadas a substacircncias tais como o aacutecido clavulacircnico ao sulbactam e
ao tazobactam mas a frequente utilizaccedilatildeo do clavulanato tem favorecido ao
surgimento de cepas bacterianas resistentes (WATKINS et al 2013)
115
412 Associaccedilotildees entre metaboacutelitos secundaacuterios e agentes antimicrobianos
Metaboacutelitos secundaacuterios satildeo considerados uma fonte promissora para a
terapia antimicrobiana seja ela combinada ou natildeo Vaacuterios metaboacutelitos secundaacuterios
atuam como modificadores da resistecircncia bacteriana agindo em pontos especiacuteficos
da ceacutelula procarioacutetica potencializando o efeito do antimicrobiano sinteacutetico
(CHOVANOVAacute et al 2013)
A modificaccedilatildeo no perfil da resistecircncia bacteriana apoacutes a associaccedilatildeo dos
metaboacutelitos secundaacuterios aos agentes antibacterianos pode ocorrer a partir de
diferentes mecanismos tais como a inibiccedilatildeo das bombas de efluxo (HANDZLIK et al
2013) de enzimas que degradam os antimicrobianos (SOLANKI
SELVANAYAGAM 2013) da atividade ou da produccedilatildeo de receptores que sofreram
mutaccedilotildees (HEMAISWARYA et al 2008) e aumento da permeabilidade da parede
celular permitindo que os antibioacuteticos tenham acesso a alvos citoplasmaacuteticos
(OLAJUYIGBE amp AFOLAYAN 2013)
Vaacuterios estudos comprovam que uso combinado de antibioacuteticos e polifenois
pode aumentar a atividade antimicrobiana atraveacutes de interaccedilotildees sineacutergicas
(BANSAL et al 2013)
Dentro deste contexto surge o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa espeacutecie popularmente conhecido como jatobaacute-do-cerrado que
apresenta grande concentraccedilatildeo de polifenois e comprovada atividade frente a cepas
de Staphylococcus aureus de diferentes perfis de resistecircncia
116
42 OBJETIVOS
O objetivo geral e os especiacuteficos deste estudo estatildeo descritos a seguir
421 Objetivo geral
Avaliar a interaccedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico obtido a partir da casca do caule
de Hymenaea stigonocarpa e agentes antimicrobianos frente a cepas de
Staphylococcus aureus multidroga resistentes
422 Objetivos especiacuteficos
Determinar a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida
miacutenima (CBM) do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa bem
como dos agentes antimicrobianos
Avaliar a interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa e
agentes antimicrobianos de diferentes classes frente a cepas de
Staphylococcus aureus MRSA
Observar as alteraccedilotildees ultraestruturais causadas pela associaccedilatildeo
extratoagente antimicrobiano que apresentou maior efeito sineacutergico frente agraves
cepas de Staphylococcus aureus (extrato Oxacilina)
117
43 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A seguir estatildeo descritos os materiais e meacutetodos utilizados para a realizaccedilatildeo
deste estudo
431 Material vegetal
Cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne foram
coletadas em outubro de 2009 na Fazenda Refuacutegio localizada na cidade de
Camocim de Satildeo Feacutelix Pernambuco (de latitude 8deg213000S e longitude
35deg475670O)
A identificaccedilatildeo foi realizada pela botacircnica do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco Dra A Bocage sendo a excicata depositada sob o nuacutemero 53563 no
Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima pertencente ao mesmo instituto As cascas do
caule foram submetidas agrave secagem em estufa a uma temperatura de 40degC durante
72h em seguida pulverizadas em moinho de martelos (Tigre ASN5) e estocada em
frascos a temperatura ambiente
432 Procedimentos extrativos
Cerca de 20 g de amostra triturada da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa foi submetida agrave uma extraccedilatildeo por maceraccedilatildeo em 200 mL da soluccedilatildeo
hidroalcooacutelica por um periacuteodo de 72h em frasco acircmbar e em temperatura ambiente
(23 plusmn 1 ordmC) com agitaccedilatildeo manual e ocasional a cada 12h Apoacutes este periacuteodo a
soluccedilatildeo foi filtrada em papel de filtro (Whatmann no 2)
Posteriormente o extrato foi concentrado em rota evaporador obtendo-se
assim um extrato seco que foi utilizado para avaliaccedilatildeo da atividade anti-
estafilocoacutecica
433 Determinaccedilatildeo da atividade anti- estafilocoacutecica in vitro
Para determinaccedilatildeo da atividade anti-estaficoacutecica in vitro frente foram
realizadas os procedimentos descritos a seguir
118
4331 Agentes antimicrobianos
Os agentes antimicrobianos foram selecionados com base na publicaccedilatildeo do
manual do ano de 2012 do instituto americano Clinical and Laboratory Standards
Institute (CLSI) que divide os agentes antimicrobianos em diferentes grupos de
acordo com os ensaios frente agraves diferentes espeacutecies de bacteacuterias e os siacutetios
corpoacutereos do isolamento
Neste estudo foram utilizadas cepas de Staphylococcus aureus com
diferentes perfis de resistecircncia previamente determinados por difusatildeo em meio
soacutelido desta forma foram selecionados antimicrobianos de diferentes classes para
realizaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo
Os agentes antimicrobianos penicilina oxacilina e claritromicina presentes
no grupo A satildeo indicados para os testes de rotina Aleacutem desses foram avaliados
vancomicina e linezolide pertencentes ao grupo B indicados quando os micro-
organismos satildeo resistentes aos antimicrobianos do grupo A Tambeacutem foram
avaliados agentes antimicrobianos que devem ser testados frente a cepas
endecircmicas resistentes a drogas do grupo A (grupo C) sendo entatildeo utilizados
ciprofloxacino e gentamicina
Aleacutem seguir os criteacuterios do CLSI os agentes antimicrobianos foram
selecionados de acordo com o seu mecanismo de accedilatildeo microbiano
Os agentes antimicrobianos selecionados foram β-lactacircmicos glicopeptideos
aminoglicosiacutedeos macroliacutedeos fluoroquinolonas e ozaxolidinonas Os antibioacuteticos β-
lactacircmicos e glicopeptideos inibem a siacutentese da parede celular Os aminoglicosiacutedeos
e macroliacutedeos e ozaxolidinonas inibem a siacutentese proteica sendo os
aminoglicosiacutedeos na porccedilatildeo 30S do ribossomo e os macroliacutedeos e oxazolidinonas
na porccedilatildeo 50S As fluoroquinolonas agem por inibiccedilatildeo da atividade da enzima DNA-
girase (Goodman Gilmans 2008)
Os agentes antimicrobianos foram adquiridos das seguintes empresas
Penicilina (Laboratoacuterio Teuto Brasileiro SA) oxacilina e vancomicina (Novafarma
Induacutestria Farmacecircutica) linezolida (Laboratoacuterios Pfizer LTDA) gentamicina
(Hipolabor Farmacecircutica LTDA) e claritromicina e ciprofloxacino (Eurofarma
Laboratoacuterio do Brasil LTDA)
119
4332 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees
O extrato hidroalcooacutelico (10 mg) foi pesado e solubilizado em sistema
composto de etanolaacutegua (11 vv) obtendo-se assim soluccedilatildeo estoque padronizadas
em 1024 microgmL Os agentes antimicrobianos foram solubilizados em aacutegua destilada
esterilizada de forma a obter uma soluccedilatildeo estoque de 2048 microgmL
4333 Micro-organismos
Os micro-organismos utilizados para a realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo antimicrobiana
dos extratos de Hymenaea stigonocarpa foram mantidos no Laboratoacuterio de Fisiologia
e Bioquiacutemica de Micro-organismos do Departamento de Antibioacuteticos da UFPE
Foram utilizados neste estudo os seguintes micro-organismos Staphylococcus
aureus (ATCC 25923 e ATCC 33591 LFBM13 IC17 UFPEDA 01 AM 13 AM 18
AM 19 AM 20 AM 21 e AM 24)
4334 Preparaccedilatildeo do inoacuteculo
As culturas de S aureus foram preparadas em caldo Mueller Hinton e
incubadas por 24 horas Apoacutes o periacuteodo de incubaccedilatildeo estas culturas foram
padronizadas em 108 UFCmL utilizando o tubo 05 da escala de Mac Farland e em
seguida diluiacutedas em soro fisioloacutegico a fim de obter um inoacuteculo final de 107 UFCmL
4335 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo
bactericida miacutenima (CMB)
A Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (MIC) foi determinada pelo meacutetodo de
microdiluiccedilatildeo em caldo seguindo as recomendaccedilotildees estabelecidas pela Clinical
Laboratory Standards Institute (CLSI 2012) com algumas modificaccedilotildees Os ensaios
foram realizados em microplacas esteacutereis de 96 poccedilos com fundo em forma de ldquoUrdquo
Inicialmente as soluccedilotildees estoque dos extratos e dos agentes antimicrobianos
foram esterilizadas por filtraccedilatildeo atraveacutes de membrana de porosidade de 022 microm
Miliporereg Um volume de 200 microL foi adicionado nos poccedilos de 1 a 12 referente a linha
120
A Os demais poccedilos foram preenchidos inicialmente apenas com 100 microL de caldo
Mueller-Hinton
Uma transferecircncia de 100microL foi realizada do conteuacutedo dos poccedilos da linha A
para os da linha B e assim sucessivamente ateacute a linha H sendo desprezados os
uacuteltimos 100 microL obtendo-se desta forma concentraccedilotildees decrescentes Para o extrato
foram avaliadas concentraccedilotildees de 1024 a 8 gmL e para os agentes
antimicrobianos de 2048 a 006 microgmL em placas distintas
Apoacutes a diluiccedilatildeo dos agentes antimicrobianos 5 microL das suspensotildees
bacterianas foram inoculados obtendo-se em cada poccedilo uma concentraccedilatildeo final de
104 UFCpoccedilo As microplacas foram incubadas em estufa bacterioloacutegica a 37degC por
24 horas A determinaccedilatildeo da viabilidade dos micro-organismos foi verificada atraveacutes
da adiccedilatildeo de uma soluccedilatildeo aquosa a 05 de cloridrato de 235 trifeniltetrazoacutelio
(TTC) As microplacas foram novamente incubadas por mais trecircs horas a 37degC
Apoacutes esse intervalo de tempo a leitura da placa foi realizada a presenccedila de uma
coloraccedilatildeo vermelha nos poccedilos foi interpretada como prova negativa do efeito
inibitoacuterio dos agentes antimicrobianos ou seja houve crescimento bacteriano
enquanto que a ausecircncia de cor foi considerada prova positiva da accedilatildeo
antimicrobiana dos extratos
A menor concentraccedilatildeo dos agentes antimicrobianos capaz de inibir o
crescimento visiacutevel das cepas de S aureus foi verificada e definida como
Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (CIM)
Para a Determinaccedilatildeo da Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima (CBM) as
concentraccedilotildees mais altas que a CIM foram semeadas em Mueller Hinton Agar e
incubadas por 24 horas a 37˚C
A CMB foi definida como a menor concentraccedilatildeo dos agentes antimicrobianos
em que 999 da populaccedilatildeo foram inviabilizadas Todos os experimentos foram
realizados em duplicata em dias diferentes
4336 Avaliaccedilatildeo in vitro da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymeneae
stigonocarpa com agentes antimicrobianos
O estudo da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa e os agentes antimicrobianos foi realizado de acordo com o meacutetodo do
tabuleiro de xadrez (LORIAN 1996) Para este estudos foram selecionadas as
121
cepas de Staphylococcus aureus que se apresentaram mais resistentes aos
antimicrobianos avaliados (AM 13 AM 18 AM 24 ATCC 33591)
Com base nos valores da CIM foram preparadas soluccedilotildees em caldo Mueller
Hinton do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa e dos agentes
antimicrobianos de forma a obter concentraccedilotildees de 05 ateacute 0016 da CIM e de 05 a
0002da CIM respectivamente (Figura 1) Nos poccedilos das placas de microdiluiccedilatildeo
foram pipetados 100 microL do extrato e 100 microL do agente antimicrobiano
Figura 46 ndash Representaccedilatildeo do meacutetodo do tabuleiro de xadrez
Cada poccedilo foi inoculado com 5 microL da suspensatildeo bacteriana padronizada em
107 UFCmL
A interaccedilatildeo entre os agentes antimicrobianos e o extrato hidroalcooacutelico de
Hymenaea stigonocarpa foi determinada pelo Iacutendice da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria
Fracionada (FICI) a partir da seguinte equaccedilatildeo FICI = (CIM da associaccedilatildeo do extrato
hidroalcooacutelico de H stigonocarpa com agente antimicrobianoCIM do extrato
hidroalcooacutelico de H stigonocarpa) + (CIM da associaccedilatildeo agente antimicrobiano com
extrato hidroalcooacutelico de H stigonocarpa CIM do agente antimicrobiano)
Valores do FICI le 05 foram interpretados como uma interaccedilatildeo sineacutergica total
05 lt FICI le 075 um sinergismo parcial Uma interaccedilatildeo indiferente quando os
valores do FICI foram entre 075 lt FICI le 20 e um efeito antagocircnico quando FICI foi
maior que 20 (FADLI et al 2012)
A partir dos resultados dos Iacutendices da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Fracionada
individual foram construiacutedos isobologramas (KROGSTAD MOELLERING 1991)
122
434 Determinaccedilatildeo de alteraccedilotildees ultraestruturais por microscopia eletrocircnica
de transmissatildeo
Para esta avaliaccedilatildeo foi selecionado Staphylococcus aureus cepa 24 por ser a
mais sensiacutevel a accedilatildeo das associaccedilotildees bem como a associaccedilatildeo de maior efeito
sineacutergico
Uma suspensatildeo padronizada de Staphylococcus aureus AM 24 em 107
UFCmL foi cultivadas em caldo Muller Hinton (grupo controle) e em caldo
adicionado do extrato hidroalcooacutelico a 256 microgmL (CIM) em caldo adicionado de
oxacilina 256 microgmL (CIM) e em caldo adicionado da associaccedilatildeo extrato
hidroalcooacutelico 32 microgmL e oxacilina 64 microgmL (concentraccedilotildees sineacutergicas)
As culturas foram incubadas a 37degC por 24 horas Essas culturas foram
centrifugadas e os precipitados fixados em paraformaldeiacutedo 4 e glutaraldeido 25
em 01 M de tampatildeo cacodilato de soacutedio (pH 72) por 4 horas a temperatura de 23 plusmn
1ordmC
Os precipitados foram lavados e centrifugados por 10 minutos no mesmo
tampatildeo e esse procedimento repetido por trecircs vezes Posteriormente os precipitados
foram poacutes-fixados em tetroxido de oacutesmio 2 ferrocianida de potaacutessio 08 e cloreto
de caacutelcio 5M em tampatildeo cacodilato de soacutedio 01M por 1 hora e lavada em tampatildeo
cacodilato de soacutedio
As amostras foram desidratadas utilizando gradiente de soluccedilotildees de acetona
que variou de 30 a 100 em seguida adicionadas agrave resina Epon 812 (Sigma
EUA) Em seguida seccedilotildees ultrafinas foram obtidas atraveacutes de um ultramicrotomo
(Leica UC6) coradas com uranil acetato e citrato de chumbo e examinado em
microscoacutepio eletrocircnico de transmissatildeo marca Morgani-FEIreg (Eindhoven Holanda)
123
44 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Staphylococcus aureus eacute comumente associado a infecccedilotildees hospitalares e
comunitaacuterias Atualmente medidas para controlar as infecccedilotildees por S aureus satildeo
desafiadas por um grande e continuando aumento na prevalecircncia de S aureus
resistentes a meticilina em todo mundo (ASAAD QURESHI 2013)
A maior parte da literatura mundial mostra que Staphylococcus aureus eacute um
dos principais patoacutegenos responsaacuteveis por uma seacuterie de infecccedilotildees em ambientes
hospitalares com consideraacutevel morbidade e mortalidade (VALAPERTA et al 2010)
Os valores da CIM e CBM do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa e dos agentes antimicrobianos frente agrave onze cepas de Staphylococcus
aureus estatildeo apresentados na tabela 3 O extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa mostrou atividade frente a todas as cepas de S aureus com valor de
CIM de 256 microgmL
O extrato hidroalcooacutelico eacute considerado de uma forte atividade pois de acordo
com Sartoratto e colaboradores (2004) um extrato tem uma atividade antimicrobiana
forte quando os valores da CIM estatildeo entre 50 e 500 microgmL moderada CIM entre
600 e 1500 microgmL e fraca para valores acima de 1500 microgmL
A terapia anti-MRSA eacute limitada ao uso de glicopeptideos (vancomicina
teicoplanina) oxazolidinas (linezolide) e estreptograminas (quinupristinandash
dalfopristina) (LIU et al 2011) Contudo a emergecircncia de cepas de S aureus com
resistecircncia intermediaacuteria (VISA) ou resistentes (VRSA) agrave vancomicina tem sido
descritas em todo o mundo como tambeacutem no Brasil (MIMICA et al 2006) Sendo o
primeiro caso de Staphylococcus aureus resistente agrave vancomicina descrito em junho
de 2002 nos Estados Unidos (CHANG et al 2003)
Nos uacuteltimos anos tem ocorrido um crescente interesse da comunidade
cientiacutefica pelas plantas medicinais por apresentarem potenciais terapecircuticos e
econocircmicos visados especialmente pela induacutestria farmacecircutica que realiza a
prospecccedilatildeo de novos produtos com menos efeitos indesejaacuteveis do que os faacutermacos
jaacute existentes (ROCHA et al 2013)
Todas as cepas apresentaram-se resistentes agrave penicilina com valores de CIM
variando entre 025 e 64 microgmL
As cepas de Staphylococcus aureus ATCC 25923 AM 02 AM 05 e UFPEDA
01 mostraram-se sensiacuteveis a oxacilina (MSSA) com valores de CIM iguais a 0125
124
microgmL As cepas de Staphylococcus aureus ATCC 33591 AM 13 AM 18 AM 19
AM 20 AM 21 e AM 24 foram classificadas como MRSA pois os valores de CIM
variaram de 80 e 256 microgmL
Todas as cepas de Staphylococcus aureus avaliadas neste estudo
mostraram-se sensiacuteveis agrave vancomicina cujos valores de CIM variaram de 0125 e
025 microgmL Todas as cepas apresentaram um perfil de sensibilidade a linezolida
semelhante ao da vancomicina e a CIM variou de 025 e 20 microgmL Devido agrave
sensibilidade das cepas de Staphylococcus aureus agrave vancomicina e a linezolida
estes antimicrobianos natildeo foram selecionados para a segunda parte do nosso
estudo
De acordo com o que preconiza o CLSI 2012 antibioacuteticos β-lactacircmicos
inibidores de beta-lactamase carbapenecircmicos e cefalosporinas exceto agravequelas de
uacuteltima geraccedilatildeo) poderatildeo apresentar in vitro atividade frente a cepas MRSA mas
esta atividade natildeo se confirma in vivo Diante deste fato outros beta-lactacircmicos natildeo
foram incluiacutedos neste estudo
Plantas e seus metaboacutelitos secundaacuterios satildeo uma fonte promissora para
fornecer compostos bioativos estruturalmente diversos com potencial accedilatildeo
terapecircutica incluindo antimicrobiana (COWAN et al 1999 WINK et al 2012)
Quanto agrave espeacutecie Hymenaea stigonocarpa os extratos com maiores teores
de polifenois principalmente taninos condensados foram os que apresentam maior
atividade antibacteriana (DIMECH et al 2013)
Quando foram avaliadas as Concentraccedilotildees Inibitoacuterias Miacutenimas (CIM) dos
agentes antimicrobianos que inibem a siacutentese proteica diferentes perfis de
suscetibilidade das cepas de Staphylococcus aureus foram observados quando
comparados a linezolida Embora gentamicina e claritromicina inibam a siacutentese
proteica em receptores nas porccedilotildees 30S e 50S respectivamente os siacutetios de accedilatildeo
dessas moleacuteculas nessas subunidades satildeo diferentes dos da linezolida levando a
diferentes respostas (GOODMAN GILMANS 2008)
Gentamicina apresentou-se ativa frente agraves cepas de S aureus UFPEDA 01
AM 02 AM 20 Jaacute as cepas de S aureus AM 05 ATCC 33591 ATCC 25932 AM 13
AM 18 AM 19 AM 21e AM 24 mostraram-se resistentes a gentamicina cujos valores
de CIM variaram de 025 a 256 microgmL
125
Tabela 3 ndash CIM e CBM do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa e de agentes antimicrobianos frente cepas de
Staphylococcus aureus com diferentes perfis de resistecircncia
Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima CIM concentraccedilatildeo bactericida miacutenima CBM American Type Culture Collection ATCC extrato Hidroalcooacutelico EH oxacillina OXA
ciprofloxacino CIP gentamicina GET penicillina PEN Claritromicina CLA vancomicina VAN e linezolida LIN Criteacuterio de interpretaccedilatildeo CIM Penicilina (le 012
sensiacutevel ge 025 Resistente) Oxacilina (le 20 sensiacutevel ge 40 Resistente) Ciprofloxacino (le 10 sensiacutevel ge 40 Resistente) Gentamicina (le 0125 sensiacutevel ge 025
Resistente) Claritromicina (le 20 sensiacutevel ge 80 Resistente) Vancomicina (le 20 sensiacutevel ge 160 Resistente) e Linezolide (le 40 sensiacutevel ge 80 Resistente) Fonte
(CLSI 2012)
Staphylococcus aureus
CIM CBM (microgml)
EH PEN OXA CIP GEN CLA VAN LIN
ATCC 25923 256 256 025 025 0125 025 025 025 025 025 10 10 05 05 10 10
UFPEDA 01 256 256 05 10 0125 025 025 025 0125 025 05 05 025 025 025 025
AM 02 256 256 32 64 0125 0125 025 05 0125 025 20 40 05 05 05 05
AM 05 256 256 025 05 10 025 025 05 025 025 20 20 05 05 10 10
ATCC 33591 256 256 64 64 64 128 0125 0125 20 20 2048 2048 0125 025 10 10
AM 13 256 256 32 64 256 512 64 128 64 64 2048 2048 025 025 10 10
AM 18 256 256 64 64 128 256 64 128 128 256 2048 2048 025 05 10 10
AM 19 256 256 8 16 16 128 025 05 05 05 40 80 025 05 20 20
AM 20 256 256 8 16 8 16 40 80 0125 025 2048 2048 0125 025 10 10
AM 21 256 256 16 16 16 16 40 80 05 05 2048 2048 0125 0125 10 10
AM 24 256 256 32 32 256 256 64 128 256 512 2048 4096 0125 0125 10 20
12
5
126
Todas as cepas de S aureus apresentaram-se resistentes agrave claritromicina
exceto S aureus ATCC 25923 AM 02 AM 05 UFPEDA 01 e AM 19 que mostrou
resistecircncia intermediaacuteria
Ciprofloxacino foi capaz de inibir o crescimento das cepas de S aureus ATCC
25932 UFPEDA 01 AM 02 AM 05 ATCC 33591 e AM 19 mas mostrou-se ineficaz
frente a S aureus AM 13 AM 18 AM 20 AM 21 e AM 24
Estes resultados serviram de base para selecionar as cepas de S aureus
ATCC 33591 AM 13 AM 18 E AM 24 para o proacuteximo estudo
Os valores das concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas e dos iacutendices de
concentraccedilatildeo inibitoacuteria fracionada (FICI) obtidos apoacutes associaccedilatildeo do extrato
hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa com penicilina oxacilina ciprofloxacino
claritromicina ou gentamicina frente a cepas de S aureus ATCC 33591 AM 13 AM
18 e AM 24 estatildeo apresentados na tabela 4
Concentraccedilotildees sub-inibitoacuterias do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa (le 128μgmL) aumentaram a atividade de todos os agentes
antimicrobianos frente a cepas de MRSA
A atividade sineacutergica foi observada pela reduccedilatildeo dos valores da concentraccedilatildeo
inibitoacuteria miacutenima em todas as associaccedilotildees do extrato com os agentes
antimicrobianos e pelo iacutendice da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Fracionada le 05
Vaacuterios estudos in vitro tecircm relatado efeitos sineacutergicos com reduccedilotildees
significativas nas concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas (CIM) dos antimicrobianos apoacutes
associaccedilatildeo com diversos extratos de plantas sobre cepas de Staphylococcus aureus
MRSA (ADWAN 2010 CHUNG et al 2011 AN et al 2011 CELENZA et al
2012 MACEDO 2013)
Pesquisas demonstraram agrave accedilatildeo de polifenois na potencializaccedilatildeo dos efeitos
de agentes antimicrobianos O polifenol epigalocatequina (EGCg) um tanino
condensado isolado do chaacute verde apresentou um efeito sineacutergico quando
associados agrave antibioacuteticos beta-lactacircmicos (ZHAO et al 2001) Em outro estudo Hu
e colaboradores (2002) observaram que EGCg foi capaz de inibir a penicilinase
produzida por S aureus restaurando assim a atividade antimicrobiana da penicilina
e que associaccedilatildeo de EGCg com ampicilinasulbactam foi capaz de reduzir os valores
da CIM de 16 μgmL para 4 μgmL
127
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo da associaccedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaeae stigonocarpa com agentes antimicrobianos frente a
cepas de Staphylococcus aureus multidroga resistes
Concentraccedilatildeo Fracionaacuteria Miacutenima FIC Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima CIM concentraccedilatildeo bactericida miacutenima CBM American Type Culture Collection ATCC extrato Hidroalcooacutelico EH oxacillina OXA ciprofloxacino CIP gentamicina GET penicillina PEN Claritromicina CLA vancomicina VAN e linezolide LIN Reduccedilatildeo da CIM () = 100 ndash (CIM combinado times 100 CIM)
Staphylococcus Aureus
Associaccedilatildeo CIM Individual
(microgmL) Associaccedilatildeo CIM (microgmL)
FIC Individual
FICI
Efeito
Reduccedilatildeo da CIM ()
AM 13
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 32 256 256 256 64 256 64 256 2048
128 006 64 64 64 16 128 003 128 1
050 00020 025 02500 025 02500 050 00005 050 00005
050 050 050 050 050
Sineacutergico Sineacutergico Sineacutergico Sineacutergico Sineacutergico
500 9981 750 7500 750 7500 500 9995 500 9995
AM 18
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 64 256 128 256 64 256 128 256 2048
128 006 128 05 20 32 128 10 128 20
050 00010 050 00039 00078 050 050 00078 050 00010
050 050 051 051 050
Sineacutergico Sineacutergico S parcial S parcial Sineacutergico
500 9990 500 9961 992 5000 500 9922 500 9990
AM 24
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 32 256 256 256 64 256 256 256 2048
128 006 32 64 2 32 128 0125 128 256
050 00019 0125 0250 0008 0500 050 00005 050 01250
050 038 051 050 063
Sineacutergico Sineacutergico S parcial Sineacutergico S parcial
500 9981 875 7500 9922 500 500 9995 500 8750
ATCC 33591
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 64 256 64 256 0125 256 2 256 2048
128 006 64 16 20 006 64 05 128 10
050 00010 025 02500 0008 0500 025 02500 050 00005
050 050 051 050 050
Sineacutergico Sineacutergico S parcial Sineacutergico Sineacutergico
500 9990 750 7500 992 5000 750 7500 500 9995
12
7
128
Um mecanismos da accedilatildeo proposto para explicar a interaccedilatildeo sineacutergica entre
polifenois e antibioacuteticos β-lactacircmicos frente agrave MRSA sugere que existe uma
diminuiccedilatildeo na expressatildeo de PBP2a resultando na inibiccedilatildeo da siacutentese da parede
celular bacteriana (HUA et al 2010)
Em vaacuterias associaccedilotildees foram identificadas accedilotildees sineacutergicas exceto quando
foi avaliada a interaccedilatildeo do extrato com ciprofloxacino frente agraves cepas AM 18 AM 24
e ATCC 33591 e com gentamicina frente agrave cepa AM 18 que apresentaram valores
de FICI de 051 caracterizando um sinergismo parcial Tambeacutem foi observado esse
mesmo padratildeo de interaccedilatildeo com a associaccedilatildeo do extrato com claritromicina frente a
cepa AM 24 que apresentou valor de FICI de 063
Aleacutem de uma accedilatildeo sineacutergica a associaccedilatildeo do extrato com os agentes
antimicrobianos provocou agrave reversatildeo total da resistecircncia bacteriana frente a todas as
cepas resistentes a penicilina a trecircs cepas resistentes a claritromicina (AM 13 AM
18 e ATCC 33591) a duas cepas (AM 13 e AM 14) resistentes a gentamicina e as
cepas AM 18 e ATCC 33591 resistentes a oxacilina e ciprofloxacino
respectivamente
A associaccedilatildeo que se mostrou mais sineacutergica aquela entre o extrato e a
oxacilina frente agrave cepa de Staphylococccus aureus AM 24 com FICI de 038 (figura
47) Nesta associaccedilatildeo ocorreu uma reduccedilatildeo da CIM do extrato e do agente
antimicrobiano ambos de 256 microgmL para 32 e 64 microgmL respectivamente
Hatano e colaboradores (2005) investigando a associaccedilatildeo do polifenol
theasinensina A um isolado de frutos do gecircnero Zizyphus com a oxacilina
demonstraram que embora a CIM desses polifenoacuteis tenha sido de 256 μgmL estes
fito-compostos foram capazes de reduzir os valores da oxacilina para 4 μgmL
A accedilatildeo sineacutergica entre o extrato hidroalcooacutelico e os antibioacuteticos beta-
lactacircmicos pode ocorrer devido agrave caracteriacutestica polifenoacutelica deste extrato pois
segundo Zhao et al (2001) existe uma accedilatildeo conjunta dos polifenois e agentes β-
lactacircmicos na siacutentese de peptidoglicano da parede celular
Aleacutem disso a ligaccedilatildeo direta de polifenois com a penicilinase enzima que
inativa as penicilinas inibe a atividade enzimaacutetica da bacteacuteria e protege a penicilina
da accedilatildeo antibacteriana (ROCCARO et al 2004)
129
Figura 47 - Isobolograma revelando o efeito sineacutergico do extrato
hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa quando associado agrave
oxacilina frente agrave Staphylococcus aureus AM 24
Para esta avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees ultraestruturais por microscopia eletrocircnica
de transmissatildeo foi selecionada a cepa que apresentou o melhor FICI A cepa foi
cultivada de diferentes formas sem tratamento (grupo controle) apoacutes tratamento
com o extrato na CIM (256 microgml) apoacutes tratamento com oxacilina na CIM (256
microgml) e nas doses sub-inibitoacuterias associadas de acordo com os resultados obtidos
na avaliaccedilatildeo do sinergismo 32 microgml para o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa e 64 microgml para a oxacilina
Na Figura 48 (A-D) no grupo controle pode ser observada claramente a
parede celular bem definida (PM) ribossomos (R) e os septos da bacteacuteria em divisatildeo
(S)
A concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima o extrato hidroalcooacutelico (256 microgml) provocou
alteraccedilotildees em vaacuterias estruturas celulares Em relaccedilatildeo agrave parede celular foram
visualizados trecircs distintos fases quanto agrave accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico
Primeiro o espessamento da parede celular e do septo (Figuras 48 E e F) e
divisatildeo aberrante do septo devido ao aumento da produccedilatildeo de mais peptidoglicano
Isso indica a presenccedila de mecanismos de defesa para manter a pressatildeo osmoacutetica
devido agrave accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico
Num segundo momento a formaccedilatildeo de rupturas na parede celular (Figuras 48
F e G) que ocorre devido agrave falha na accedilatildeo de enzimas bacterianas chamadas
autolisinas presentes entre os peptidoglicanos a fim de permitir a inserccedilatildeo de novas
FIC I = 038
130
moleacuteculas (SANTHANA 2007) Por fim eacute visualizado o desligamento da parede
celular (Figuras 48 G e H) a condensaccedilatildeo do ribossomo (Figuras 48 F - H) e o
rompimento da parede celular com liberaccedilatildeo de materiais celulares do citoplasma
(Figura 48 H)
Quanto agrave accedilatildeo da oxacilina (figuras 48 I - M) foi observado o espessamento e
divisatildeo anormal do septo (figuras 48 I - L) e visualizadas formaccedilatildeo de rupturas
(figura 48 I) e destacamento da parede celular (figura 48 M) poreacutem natildeo foi
observado espessamento da parede celular assim como a coagulaccedilatildeo do DNA
como no tratamento com o extrato
Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os observados por Santhana e
colaboradores (2007) que descrevem o destacamento da parede celular com
ausecircncia de coagulaccedilatildeo de DNA apoacutes tratamento com oxacilina
Essa ausecircncia de alteraccedilotildees no interior da ceacutelula pode ser explicada pelo
modo de accedilatildeo da oxacilina que inibe a enzima transpeptidase (tambeacutem chamadas
proteiacutenas de ligaccedilatildeo agrave penicilina PBP) (SCHITO 2006) fazendo com que a parede
celular das bacteacuterias torne-se mais fraca e a pressatildeo osmoacutetica subsequentemente
lise as bacteacuterias natildeo ocorrendo desta forma alteraccedilotildees estruturais no interior das
bacteacuterias
Quando analisamos os efeitos ultraestruturais da associaccedilatildeo de doses sub-
inibitoacuterias de oxacilina e o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa
podemos sugerir que o efeito sineacutergico ocorre tanto pela accedilatildeo das duas substacircncias
na parede celular (figuras 48 A - M) como o extrato apresenta accedilatildeo na coagulaccedilatildeo
do DNA em uma fase secundaacuteria agrave lise da parede celular O que natildeo ocorre quando
administramos apenas a oxacilina o que pode ser observado na figura 3M onde
visualizamos que mesmo apoacutes o destacamento da parede celular pela accedilatildeo da
oxacilina natildeo ocorre coagulaccedilatildeo no DNA da ceacutelula diferente ao que ocorreu nas
figuras 48 N a P onde pode ser visualizada a coagulaccedilatildeo apoacutes a accedilatildeo do extrato
Desta forma podemos sugerir que a associaccedilatildeo do extrato com os agentes
antimicrobianos apresenta efeitos sineacutergicos e em alguns casos aditivos por
diferentes motivos dependendo do mecanismo de accedilatildeo dos antimicrobianos
131
Ceacutelulas natildeo tratadas (A-D) mostram parede celular (PC) ribossomo (R) e septo (S) da bacteacuteria bem distintos Tratadas com extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa na concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (E-H) mostram formaccedilatildeo de orifiacutecios na
parede celular (OPC) espessamento da parede celular (EPC) assim como espessamento do septo (ES) condensaccedilatildeo do ribossomo (CR) desprendimento da parede celular (DPC) espessamento (ES) e divisatildeo aberrante do septo (DAS) Tratadas com oxacilina na concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (I-M) mostram espessamento (ES) e divisatildeo aberrante do septo (DAS) aparecimento de orifiacutecios (OPC) assim como destacamento da parede celular (DPC) Tratadas com oxacilina associada ao extrato (N ndash Q) mostram Coagulaccedilatildeo do DNA (CD) orifiacutecios (OPC) e destacamento da parede celular (DPC) Aumento de 30000X
Figura 48 - Microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus AM 24 submetida a
tratamento com oxacilina e o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa
A B C D
N O P Q
E F G H
PC
MP R
PC
MP
R
S
PC
MP
R
S
PC MP
R S
EPC MP
CR
ES
EPC
ES
CR
OPC
CD
CR ES
CR DPC
CD OPC
DPC
CD
CD
OPC CD
DAS
ES
ES
OPC DAS
OPC DPC
I J L M
OPC
DAS
J
DAS
OPC
DAS
132
45 CONCLUSOtildeES
No caso dos inibidores das subunidades 50S E 30S nos ribossomos
(Linezolide gentamicina e claritromicina) o sinergismo ocorreria pela lise da parede
celular provocada pelo extrato o que facilitaria esses agentes alcanccedilar seus siacutetios de
accedilatildeo Quanto ao ciprofloxacino aleacutem da facilitaccedilatildeo da entrada ocorreria accedilatildeo
sineacutergica na potencializaccedilatildeo da coagulaccedilatildeo do DNA
Para os inibidores da siacutentese de parede celular o sinergismo como discutido
anteriormente ocorreria pela accedilatildeo no peptidoglicano Diferenccedilas nas respostas dos
dois agentes poreacutem podem ser explicadas pelas alteraccedilotildees no sitio de accedilatildeo pois a
bacteacuteria avaliada eacute uma cepa MRSA que apresenta modificaccedilotildees na proteiacutena
ligadora de penicilina
Essa resistecircncia a oxacilina eacute associada agrave aquisiccedilatildeo de um elemento geneacutetico
moacutevel chamado SCCmec que conteacutem o gene de resistecircncia mecA (OKUMA et al
2002) O determinante mecA codifica PBP2a uma nova proteiacutena de ligaccedilatildeo agrave
penicilina com da afinidade diminuiacuteda para a oxacilina e a maioria das outras drogas
beta-lactacircmicas (TENOVER et al 2006) deste modo o sitio de accedilatildeo dos dois
agentes avaliados estaria modificado alterando a resposta de ambos
133
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139
5 O EFEITO DE DIFERENTES MEacuteTODOS DE EXTRACcedilAtildeO SOBRE O
RENDIMENTO CONCENTRACcedilOtildeES DE FENOacuteIS TOTAIS E ATIVIDADE
ANTIMICROBIANA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa
51 INTRODUCcedilAtildeO
Os fitoteraacutepicos sempre representaram uma parcela significativa no mercado de
medicamentos Dados mais recentes estimam o mercado mundial de fitoteraacutepicos
em cerca de US$ 44 bilhotildees anuais segundo a consultoria Analize and Realize
que atende algumas das maiores induacutestrias farmacecircuticas do mundo estando
este ainda em expansatildeo (DIAS et al 2013)
Apesar do Brasil apresentar um papel privilegiado no mercado mundial de
fitoteraacutepicos devido a sua extensa e diversificada flora ele natildeo tem se destacado
neste setor entre outros fatores devido a carecircncia de estudos tecnoloacutegicos capazes
de transformar plantas medicinais com potencial terapecircutico em um produto que
possa ser utilizado com exatidatildeo de dosagem garantia de eficaacutecia e seguranccedila
cliacutenica (RODRIGUES et al 2009)
A qualidade da mateacuteria-prima vegetal bem como alteraccedilotildees provenientes no
seu beneficiamento e processo extrativo tecircm grande influecircncia na composiccedilatildeo
quiacutemica das preparaccedilotildees extrativas podendo interferir na qualidade e
reprodutibilidade do produto final A padronizaccedilatildeo durante o desenvolvimento do
extrato eacute fundamental para determinar a sua utilizaccedilatildeo como mateacuteria prima para
preparaccedilotildees fitoteraacutepicas (VALANDRO et al 2007)
Para muitas espeacutecies vegetais os metaboacutelitos bioativos satildeo desconhecidos o
que natildeo se aplica agrave casca do caule de Hymenaea stigonocarpa Estudos
previamente descritos neste trabalho de tese apontam para presenccedila de compostos
fenoacutelicos principalmente taninos e flavonoides com atividade antibacteriana principal
frente a cocos Gram positivos Cepas de Staphylococcus aureus MRSA mostraram
serem sensiacuteveis aos extratos etanoacutelico hidroalcooacutelico e sua fraccedilatildeo aquosa e acetato
de etila (DIMECH et al 2013)
A extraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos em plantas eacute influenciada por sua natureza
quiacutemica pelo meacutetodo de extraccedilatildeo empregado pelo tamanho de partiacutecula da
amostra pelo tempo e condiccedilotildees de armazenamento assim como pela presenccedila de
substacircncias interferentes (SOUZA 2013)
140
Natildeo existe processo preconizado ou completamente satisfatoacuterio que seja
adequado para a extraccedilatildeo de todos os compostos fenoacutelicos ou de uma classe
especiacutefica de substacircncias fenoacutelicas em materiais de plantas Metanol etanol
acetona aacutegua acetato de etila e suas combinaccedilotildees satildeo frequentemente utilizadas
para a extraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos (NACZKA SHAHIDI 2004)
Estudos visando o estabelecimento de paracircmetros para identificaccedilatildeo
determinaccedilatildeo das propriedades fisico-quiacutemicas da materia prima vegetal assim
como o desenvolvimento de uma soluccedilatildeo extrativa padronizada satildeo escassos
(RODRIGUES et al 2009)
O objetivo de extrair compostos fenoacutelicos a partir da planta fonte eacute a
libertaccedilatildeo destes compostos a partir das estruturas vacuolares onde eles se
encontram quer pela ruptura do tecido da planta ou por um processo de difusatildeo
(ASPEacute FERNAacuteNDEZ 2011)
Quanto aos meacutetodos de extraccedilatildeo teacutecnicas como maceraccedilatildeo aquecimento sob
refluxo infusatildeo turbo-extraccedilatildeo e sonicaccedilatildeo satildeo comumente utilizados para extrair
os metabolitos bioativos da droga vegetal (ASPEacute FERNAacuteNDEZ 2011 TIWARI et al
2011)
Aleacutem da padronizaccedilatildeo das teacutecnicas extrativas detalhes teacutecnicos a respeito do
controle desses extratos tambeacutem devem ser determinados para que exista suporte
para anaacutelises de controle de qualidade dos insumos (BORELLA et al 2012) A
padronizaccedilatildeo de fitoteraacutepicos compreende tambeacutem informaccedilatildeo e controle para
garantir a composiccedilatildeo consistente de todas os materiais vegetais incluindo
operaccedilotildees analiacuteticas para identificaccedilatildeo marcadores e doseamento de princiacutepios
ativos (CHOUDHARY SEKHON 2011)
Neste contexto os taninos tecircm sido amplamente empregados como
substacircncias marcadoras para a avaliaccedilatildeo da qualidade de diversas mateacuterias-primas
vegetais utilizadas em medicamentos (SANTOS MELLO 2003)
Os principais meacutetodos para determinaccedilatildeo a concentraccedilatildeo de taninos em
materias vegetais incluem a cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE) e a
espectrofotometria (VERZA et al 2007) As anaacutelises por CLAE podem ser
empregadas tanto para detecccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de taninos hidrolisaacuteveis como para
taninos condensados Para os taninos condensados esta determinaccedilatildeo eacute limitada a
de poliacutemeros de taninos condensados de 7 a 8 unidades (SCHOFIELD et al 2001)
141
Um dos meacutetodos mais utilizados para o doseamento de polifenoacuteis eacute a
espectofotometria na qual se faz uso do reagente de Folin-Ciocalteu Neste meacutetodo
a reaccedilatildeo eacute inespeciacutefica para polifenoacuteis pois vaacuterias satildeo as substacircncias com
possibilidade de reaccedilatildeo (MAGALHAtildeES et al 2008) Uma forma de contornar essa
questatildeo eacute a adsorccedilatildeo dos taninos do meio com substratos proteacuteicos Assim o teor
de taninos (fraccedilatildeo adsorvida ao substrato) eacute calculado pela diferenccedila entre o teor de
polifenoacuteis totais e o da fraccedilatildeo polifenoacutelica natildeo-adsorvida (VERZA et al 2007)
Para otimizaccedilatildeo deste meacutetodo de doseamento a influecircncia de paracircmetros
reacionais como o volume do reagente de Folin-Ciocalteau concentraccedilatildeo da
soluccedilatildeo de carbonato de soacutedio e tempo de reaccedilatildeo devem ser determinados Estes
paracircmetros satildeo capazes de comprometer significativamente a reaccedilatildeo por exercerem
influecircncia sobre a resposta e a presenccedila de deslocamentos bato ou hipsocrocircmicos
(FERREIRA 2012)
Desta forma o presente estudo compara a capacidade de diferentes meacutetodos
para extraccedilatildeo de polifenoacuteis das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa
avaliando o desempenho de cada teacutecnica pela quantificaccedilatildeo do resiacuteduo seco da
concentraccedilatildeo de fenoacuteis totais e de taninos (metaboacutelitos ativos) e a capacidade
antibacteriana dos extratos Determinando assim a teacutecnica extrativa de melhor
desempenho e estabelecendo paracircmetros de anaacutelise que podem auxiliar na
avaliaccedilatildeo da qualidade dessa droga vegetal
142
52 OBJETIVOS
O objetivo geral e os especiacuteficos deste estudo estatildeo descritos a seguir
521 OBJETIVO GERAL
Avaliar a Influecircncia do meacutetodos de extraccedilatildeo sobre a atividade antibacteriana
rendimento e teor dos compostos majoritaacuterios do extrato hidroalcooacutelico da casca do
caule de Hymenaea stigonocarpa
522 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Realizar a caracterizaccedilatildeo fisico-quiacutemica do material vegetal
Utilizar diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo e avaliar a presenccedila de variaccedilotildees
qualitativas dos metaboacutelitos secundaacuterios presentes nos diferentes extratos
atraveacutes de anaacutelise por cromatografia de camada delgada
Analisar o meacutetodo espectofotomeacutetrico para doseamento de polifenoacuteis
presentes no extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa realizando a
otimizaccedilatildeo do meacutetodo
Determinar o rendimento e as concentraccedilotildees de polifenois taninos e
flavonoacuteides totais em cada meacutetodo utilizado
Avaliar a influecircncia dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo sobre a atividade
antimicrobiana frente a diferentes cepas de Staphylococcus aureus
Avaliar a atividade fuacutengica do extrato de melhor rendimento frente a diferentes
especies de Candida sp
143
53 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A seguir estatildeo descritos os materiais e meacutetodos utilizados para a realizaccedilatildeo
deste estudo
531 Coleta
Cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne foram
coletadas em outubro de 2009 na Fa
zenda Refuacutegio localizada na cidade de Camocim de Satildeo Feacutelix Pernambuco
(de latitude 8deg213000S e longitude 35deg475670O)
A identificaccedilatildeo foi realizada pela botacircnica do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco Dra A Bocage sendo a excicata depositada sob o nuacutemero 53563 no
Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima pertencente ao mesmo instituto
Na preparaccedilatildeo da mateacuteria-prima vegetal as cascas do caule foram
submetidas agrave secagem em estufa a uma temperatura de 40degC durante 72 horas
em seguida pulverizadas em moinho de martelos (Tigre ASN5) e estocada em
frascos a temperatura ambiente
532 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal
O material vegetal foi caracterizado atraveacutes da anaacutelise granulomeacutetrica perda
por dessecaccedilatildeo teor de extrativos e pela determinaccedilatildeo das cinzas totais para
estabelecer as caracteriacutesticas do individuo e do preparo do material vegetal que
possam influenciar avaliaccedilotildees posteriores
5321 Anaacutelise granulomeacutetrica por tamisaccedilatildeo
Amostras do material vegetal triturado (100g) foram submetidas agrave passagem
atraveacutes de tamises previamente tarados com abertura de malha de 1000 850 600
425 250 e 150microm aleacutem do coletor A tamisaccedilatildeo foi realizada durante 15 minutos em
aparelho tamisador Bertel reg calibrado para 60 vibraccedilotildees por segundo
A determinaccedilatildeo do diacircmetro meacutedio das partiacuteculas foi obtida pela curva de
distribuiccedilatildeo de retenccedilatildeo e passagem Os resultados foram expressos pela meacutedia de
144
trecircs determinaccedilotildees de acordo com o que preconiza a Farmacopeacuteia Brasileira IV
1988
5322 Determinaccedilatildeo da perda por dessecaccedilatildeo
Em pesa-filtros previamente tarados foram adicionados 20 g do material
vegetal triturado e colocados em estufa (Quimisreg) por 2 h agrave temperatura de 105 plusmn
2ordm C As amostras foram colocadas em dessecador Os pesa-filtros foram
novamente pesados em balanccedila analiacutetica (Shimadzureg) e colocados em estufa por
mais 30 min Esta operaccedilatildeo foi repetida em ciclos de uma hora ateacute peso constante
Os resultados foram expressos em percentual de perda de massa pela meacutedia de
trecircs determinaccedilotildees (Farmacopeia Brasileira 2010)
5323 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Amostras contendo 10g do material vegetal triturado foram submetidas agrave
decocccedilatildeo com 100 mL de aacutegua destilada durante 10 minutos Apoacutes resfriamento os
volumes foram reconstituiacutedos e as soluccedilotildees filtradas Cerca de 200 g das soluccedilotildees
filtradas foram colocadas em pesa-filtros previamente tarados e evaporadas agrave
secura em banho-maria com agitaccedilatildeo perioacutedica para homogeneizaccedilatildeo da amostra
As amostras foram levadas a estufa por 2 h agrave 105ordmC plusmn 2ordm C resfriadas e pesadas
Em seguida estas amostras foram colocadas em estufa por 30 min e este
procedimento repetido ateacute peso constante O teor de extrativos foi calculado pela
formula descrita abaixo
Onde TE = teor de extrativos soluacuteveis em aacutegua () g = resiacuteduo seco (g) FD = fator
de diluiccedilatildeo = 5 (pesados 20 dos 100 mL totais) m = planta seca e moiacuteda (em
gramas) ppd = perda por dessecaccedilatildeo da planta seca e moiacuteda (SOUZA et al 2010)
145
5324 Determinaccedilatildeo de cinzas totais
Amostras do material vegetal triturado (3g) pesadas analiticamente foram
transferidas para cadinhos de porcelana previamente calcinados arrefecidos e
pesados
Cada uma das amostras foi distribuiacuteda uniformemente nos cadinhos e
incineradas aumentando gradativamente para 200degC por 30min 400degC por 60
minutos e 600degC por 90 minutos Apoacutes este periacuteodo os cadinhos foram transferidos
resfriados colocados em dessecador e posteriormente pesados As percentagens
de cinzas em relaccedilatildeo ao material vegetal que foi submetido ao processo de
secagem foram calculadas Os resultados foram expressos em perda de massa
percentual pela meacutedia de trecircs determinaccedilotildees (Farmacopeacuteia Brasileira V 2010)
533 Procedimentos extrativos
Seis procedimentos extrativos (infusatildeo maceraccedilatildeo maceraccedilatildeo dinacircmica
refluxo turboextraccedilatildeo e ultrassom) foram realizados a partir de 20g da casca do
caule trituradas extraiacutedas com 200 mL de uma soluccedilatildeo de etanol aacutegua (11 vv) A
escolha deste sistema de solventes foi baseada em relatos etnofarmacoloacutegicos
Apoacutes a extraccedilatildeo as soluccedilotildees foram filtradas em papel de filtro (Whatmann no
2) e concentrado em rota evaporador obtendo-se assim seis extratos hidroalcooacutelicos
secos Infusatildeo (EI) maceraccedilatildeo (EM) maceraccedilatildeo dinacircmica (EMD) refluxo (ER)
turboextraccedilatildeo (ET) e ultrassom (EU) cujo rendimento foi calculado para cada caso
A teacutecnica extrativa mais eficiente foi determinada atraveacutes da avaliaccedilatildeo do
rendimento de resiacuteduo seco determinaccedilatildeo de taninos totais e da avaliaccedilatildeo da
atividade antibacteriana frente a cepas de Staphylococcus aureus
534 Descriccedilatildeo das teacutecnicas extrativas
5341 Maceraccedilatildeo
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida por maceraccedilatildeo durante 72h Esta soluccedilatildeo foi
preparada em frasco acircmbar a temperatura 23 plusmn 1ordmC com agitaccedilatildeo ocasional a cada
12h
146
5342 Maceraccedilatildeo dinacircmica
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida utilizando agitador magneacutetico (marca Fisatom
modelo 754A) A soluccedilatildeo foi preparada em frasco acircmbar contendo barra magneacutetica
tipo liso com anel central (14 x 76 mm) e a extraccedilatildeo se deu agrave temperatura 23 plusmn 1ordmC
Durante o processo extrativo foi aplicada uma velocidade de 300 RPM que perdurou
2 horas
5343 Ultrassom
O triturado da casca e a soluccedilatildeo extrativa foram adicionados a frasco acircmbar a
adicionados a banho de ultrassom a temperatura 23 plusmn 1ordmC sendo utilizado o
equipamento de marca Unique modelo maxiclean 1600
Natildeo foi aplicado aquecimento e o processo durou 45 minutos em frequecircncia
de 40 kHz
5344 Refluxo
O triturado da casca e a soluccedilatildeo etanol aacutegua (11 vv) foram adicionados a
um balatildeo de vidro Estes foram aquecidos em sistema de refluxo composto por uma
manta eleacutetrica (Marca Fisaton Classe 300 - Modelo 102E) como fonte de
aquecimento e balatildeo de vidro acoplado a um condensador O processo foi iniciado
apoacutes a temperatura interna de 80 ordmC e encerrado apoacutes um periacuteodo de 45 minutos
5345 Turbo-extraccedilatildeo
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida em turbo-extrator de alta rotaccedilatildeo (marca metvisa
modelo LAR 2) consistindo de trecircs ciclos de processamento de 15 min seguidos
por uma pausa de 5 minutos para evitar aquecimento
5346 Infusatildeo
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida apoacutes adiccedilatildeo da soluccedilatildeo etanol aacutegua (11 vv)
a temperatura de ebuliccedilatildeo ao material vegetal triturado em frasco acircmbar fechado
por um periacuteodo de 1 hora
147
535 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica
Um volume de 15 μL de cada extrato (EM EU EMD ET ER e EI) de
concentraccedilotildees padronizadas em 05 foi utilizado para a realizaccedilatildeo de
Cromatografia em Camada Delgada utilizando-se placas de gel de siacutelica (Macherey-
Nagelreg Ref 818 133)
Os sistemas de eluiccedilatildeo e reveladores apropriados para polifenoacuteis foram os
descritos por WAGNER amp BLADT 1996
536 Anaacutelises quantitativas de polifenoacuteis
A seguir estatildeo descritos os diferentes meacutetodos realizados
5361 Determinaccedilatildeo de polifenoacuteis totais
A determinaccedilatildeo de polifenois totais foi realizada apoacutes idealizaccedilatildeo do desenho
fatorial 32 a partir do meacutetodo estabelecido pela European Pharmacopoeia (2005)
53611 Desenho fatorial de 32
A fim de avaliar a influecircncia do reagente Folin-Ciocalteau da concentraccedilatildeo de
carbonato de soacutedio e do tempo de reaccedilatildeo sobre a concentraccedilatildeo de polifenois
presentes nos extratos obtidos por diferentes teacutecnicas foi idealizado um desenho
fatorial de 32 (Folin = 1 e 3 mL Carbonato = 10 e 20 Tempo = 10 e 20 min)
sendo adicionado 3 pontos centrais (Folin = 2 mL Carbonato = 15 Tempo = 15
min)
Cada ponto foi realizado em triplicata A variaacutevel dependente estudada foi agrave
absorbacircncia apoacutes reaccedilatildeo com o reagente de Folin-Ciocalteau que diretamente
refere-se agrave concentraccedilatildeo dos polifenois presentes na amostra A anaacutelise estatiacutestica
foi realizada por graacuteficos de paretos com auxiacutelio dos programas Microsoft Excel e
Statistica 60
O volume de reagente de Folin-Ciocalteu a concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo
carbonato de caacutelcio e o tempo de reaccedilatildeo foram os obtidos apoacutes o estudo de fatorial
32 sendo 3 ml e 10 e 25 minutos respectivamente
148
53612 Preparaccedilatildeo da Soluccedilatildeo Padratildeo
Foram pesados 25mg de aacutecido gaacutelico e estes solubilizados com 10 mL de
aacutegua destilada Esta soluccedilatildeo permaneceu sob agitaccedilatildeo durante 15 minutos para
completa solubilizaccedilatildeo Em seguida foi transferida para um balatildeo volumeacutetrico de 25
mL e o volume completado com aacutegua destilada Desta forma foi obtida uma soluccedilatildeo
padratildeo de concentraccedilatildeo 1000 microgmL
As condiccedilotildees experimentais para determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de aacutecido
gaacutelico (tempo de reaccedilatildeo volume do reagente de Folin-Ciocalteau e Concentraccedilatildeo de
carbonato de soacutedio) que foram utilizadas foram otimizadas por Ferreira (2012)
Desta soluccedilatildeo foram retiradas uma aliacutequota de 50 microL e transferida para uma
balatildeo volumeacutetrico (2 microgmL) ao qual foi adicionado 2 mL do reagente Folin
Ciocalteau 10 mL de aacutegua destilada e o volume completado para 25 mL com
soluccedilatildeo de carbonato de soacutedio a 10
A varredura em espectrofotocircmetro foi realizada apoacutes 15 minutos da adiccedilatildeo do
carbonato de soacutedio O comprimento de onda de 780 nm foi selecionado para leitura
apoacutes avaliaccedilatildeo da similaridade do espectro de UV entre a amostra e a substacircncia de
referecircncia
Previamente agrave determinaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais taninos e
flavonoides totais presentes nos extratos foram preparadas soluccedilotildees de
concentraccedilatildeo 20 30 40 50 60 70 e 80 microgmL de aacutecido gaacutelico (99 de pureza
Sigma Chemical Co St Louis USA) em aacutegua a fim de obter uma curva de
calibraccedilatildeo A absorbacircncia foi medida a 780nm Com os resultados da absorbacircncia
foi construiacuteda uma curva de calibraccedilatildeo
A leitura da absorbacircncia foi realizada em espectrofotocircmetro (marca Thermo
Scientific modelo Evolution 60S) em comprimento de onda de 780 nm A leitura foi
realizada apoacutes 30 min da adiccedilatildeo do reagente de oxirreduccedilatildeo (Folin-Ciocalteau)
O teor de polifenois foi determinado pela extrapolaccedilatildeo da curva de calibraccedilatildeo
(y = 01037 x + 00024 R2 = 09992) de aacutecido gaacutelico
5362 Determinaccedilatildeo de taninos totais
Foi realizada apoacutes avaliaccedilatildeo da fraccedilatildeo residual de polifenoacuteis na soluccedilatildeo
extrativa de Hymenaea stigonocarpa em funccedilatildeo da quantidade de caseiacutena
utilizando caseiacutena (Merck) como agente complexante
149
Aliacutequotas de 10 mL das soluccedilotildees extrativas foram misturadas separadamente
com quantidades crescentes de caseiacutena (50 150 250 350 450 e 500 mg) Esta
mistura foi submetida agrave agitaccedilatildeo durante 1 hora e em seguida filtrada A partir dos
filtrados aliacutequotas de 50 mL foram diluiacutedas para o volume de 25 mL com aacutegua
Dessas soluccedilotildees 20 mL foram adicionados a um balatildeo volumeacutetrico e adicionados
100 mL de aacutegua O volume de reagente de Folin-Ciocalteu a concentraccedilatildeo da
soluccedilatildeo carbonato de caacutelcio e o tempo de reaccedilatildeo foram os mesmos descritos para a
determinaccedilatildeo de polifenoacuteis totais apoacutes estudo fatorial 32 (seccedilatildeo 3511)
A concentraccedilatildeo de taninos totais foi obtida a partir da seguinte equaccedilatildeo
Onde TT = Concentraccedilatildeo de taninos Totais PT = concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais
e FTN = concentraccedilatildeo de polifenoacuteis na fraccedilatildeo natildeo tanante
5363 Determinaccedilatildeo de flavonoacuteides
Foram obtidos cinco niacuteveis diferentes de concentraccedilotildees (80 a 120microgmL) a
partir do padratildeo de astilbina de pureza de 99 adquirido da induacutestria Aktin
Chemicals Inc (China) Cada niacutevel de concentraccedilatildeo foi injetado no sistema
cromatograacutefico (n=3) e os valores de aacuterea maacutexima foram traccedilados contra as
concentraccedilotildees A curva foi ajustada pela regressatildeo linear atraveacutes da meacutedia das trecircs
leituras (corridas cromatograacuteficas) O teor de flavonoacuteides foi determinado entatildeo pela
extrapolaccedilatildeo da curva de calibraccedilatildeo (y = 06014 x - 05251 R2 = 09932) obtida
53631 Anaacutelise por cromatografia liquida e alta eficiecircncia acoplada a detector de
arranjo de Diodos (CLAE-DAD)
Os extratos foram solubilizados em metanol para a obtenccedilatildeo de soluccedilotildees de
concentraccedilatildeo de 400 microgMl Este concentraccedilatildeo foi selecionada apoacutes triagem previa
por gerar picos de aacutereas de valores similares as aacutereas obtidas pelas diferentes
doses de astilbina que produziram a curva de calibraccedilatildeo
Os extratos foram filtrados em membrana de politetrafluoetileno de 020 microm
(Chromafilreg) e depois adicionados frascos acircmbar As anaacutelises foram realizadas em
TT = PT - FNT
150
cromatoacutegrafo equipamento CLAE-DAD (Ultimatereg 3000 Thermo Scientificreg)
equipado com bomba binaacuteria HPG-3x00RS 3000 (RS) detector de arranjo de diodo
e coletor de amostra automaacutetico ACC-3000
As separaccedilotildees foram realizadas em uma coluna (C18) 256 x 46 mm di 5
microm (Acclaim 120 Dionexreg) equipada com (C18 4 x 3 mm di Phenomenexreg)
A fase moacutevel foi composta por aacutegua MiliQreg (eluente A) e acetonitrila (eluente
B Tediareg) ambos acidificados com 01 de soluccedilatildeo de aacutecido trifluoroaceacutetico
variando de 10-23 em 35 min para 23ndash90 em 50 min do eluente B a um fluxo
de 1mLmin
O software Chromeleon 60 (Dionexreg) foi utilizado para processamento e
aquisiccedilatildeo dos dados O teor de flavonoides em cada extrato foi determinado
utilizando a aacuterea dos picos com espectros de UV caracteriacutesticos de flavonoides
(MABRY et al 1970) obtidos no cromatograma pela extrapolaccedilatildeo da curva de
calibraccedilatildeo (y = 06014 x - 0525 R2 = 09932) obtida a partir da astilbina
537 Determinaccedilatildeo da atividade antimicrobiana de diferentes extratos
hidroalcoacuteolicos de H stigonocarpa Mart ex Hayne
A seguir satildeo descritos os meacutetodos realizados para determinaccedilatildeo da atividade
antimicrobiana
5371 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana
A etapa experimental foi realizada no Laboratoacuterio de Bioquiacutemica e Fisiologia
dos Micro-organismos do Departamento de Antibioacuteticos da UFPE
53711 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees de H stigonocarpa
Os extratos secos obtidos pelas diferentes teacutecnicas de extraccedilatildeo foram
analiticamente pesados (10 mg) e solubilizados em etanolaacutegua (19 pv) obtendo
assim soluccedilotildees estoque padronizadas de concentraccedilatildeo igual a 1000 microgmL
53712 Micro-organismos
Os micro-organismos utilizados para a realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo antimicrobiana
dos extratos de H stigonocarpa foram obtidos a partir da coleccedilatildeo de cultura do
151
Laboratoacuterio Fisiologia e Bioquiacutemica de Micro-organismos do Departamento de
Antibioacuteticos da UFPE
Foram utilizados neste estudo os seguintes micro-organismos Staphylococcus
aureus ATCC 25923 LFBM 13 LFBM 15 LFBM 16 LFBM 11 LFBM 26 LFBM 05 LFBM
28 LFBM 29 LFBM 31 e LFBM 30
53713 - Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo
bactericida miacutenima (CMB)
A concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima
(CMB) foi realizada pela mesma metodologia descrita no capitulo 2
5372 Determinaccedilatildeo da atividade antifuacutengica
Os meacutetodos para determinaccedilatildeo da atividade antifuacutengica frente a diferentes
espeacutecies de Candida estatildeo descritos a seguir
53721 Candidas e condiccedilotildees de cultivo
Quatro cepas de Candida albicans (6257 4986 4606 e 4990) trecircs de
Candida krusei (5712 4263 e 934) trecircs de Candida parapsilosis (ATCC 22019 CP
4608 e 4889) duas de Candida tropicalis (4790 e ATCC 750) e uma de Candida
glabrata (Y 6094) foram oriundas da URM coleccedilatildeo do Departamento de Micologia
do Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas da Universidade Federal de Pernambuco
As cepas foram estocadas em oacuteleo mineral a 18degC Com o objetivo de obter
um inoculo contendo de 1-5 x 106 UFCmL cada cepa foi cultivada em um tubo
contendo 20 mL de Agar Sabouraud Dextrose sendo incubada a 35deg C por dois
dias Apoacutes este periacuteodo as suspensotildees de leveduras foram preparadas em soluccedilatildeo
fisioloacutegica esterilizada e depois ajustadas a 90 de transmitacircncia a 530 nm
Diluiccedilotildees seriadas de 1100 e 120 foram realizadas para obter um inoculo final
contendo 1-5 times 103 UFCmL (LIMA-NETO et al 2012)
Testes de viabilidade e subsequente confirmaccedilatildeo taxonocircmica das
caracteriacutesticas morfoloacutegicas bioquiacutemicas e fisioloacutegicas foram realizados
152
53722 Susceptibilidade antifuacutengica in vitro
Placas de microdiluiccedilatildeo contendo diluiccedilotildees seriadas de droga foram
preparadas seguindo o que determina o protocolo CLSI M27-A3 (2008) Os extratos
foram solubilizados em dimetilsulfoxido (10) as concentraccedilotildees avaliadas variaram
de 1000 a 0487μgmL Fluconazol foi usado como droga de referecircncia nas
concentraccedilotildees entre 0125 a 64 μgmL
Os 12 primeiros poccedilos (linha vertical) das placas de microdiluiccedilatildeo receberam
100 microL das soluccedilotildees duas vezes mais concentradas dos extratos e das drogas de
referecircncia Nos outros meio padratildeo RPMI 1640 (Sigma Chemical Co St Louis MO
EUA) tamponadas a pH 70 com 0165 molL de aacutecido morfolinopropanosulfonico
(MOPS Sigma) Os extratos e o padratildeo foram diluiacutedos geometricamente seguindo
uma razatildeo 2 Em seguida todos os tubos foram inoculados com 100 microL do inoculo
final contendo 1-5 times 103 UFCmL e as microplacas incubadas a 35degC em uma
incubadora de CO2
Apoacutes 48h de incubaccedilatildeo a CIM foi lida Os valores de CIM correspondem a
mais baixa concentraccedilatildeo da droga que apresentou inibiccedilatildeo do crescimento das
leveduras Todos os testes foram realizados em triplicata
538 Anaacutelises estatiacutesticas
A anaacutelise estatiacutestica foi realizada utilizando Anova one-way e teste de
comparaccedilatildeo muacuteltiplas Newman-Keuls usando o software GraphPad Prism versatildeo
50 para Windows GraphPad Software (San Diego CA) e p lt 005 foi usado como
niacutevel de significacircncia
153
54- RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados obtidos neste estudo estatildeo descritos a seguir
541 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal
A granulometria do material triturado eacute um paracircmetro importante a ser
estabelecido pois influencia diretamente a eficiecircncia e reprodutibilidade do processo
extrativo (MIGLIATO et al 2007) Eacute um paracircmetro com o qual se pode determinar a
superfiacutecie de contato da partiacutecula disponiacutevel para interagir com o solvente o que eacute
muito utilizado na obtenccedilatildeo de preparaccedilotildees farmacecircuticas liquidas como tinturas e
extratos (SILVA JUacuteNIOR 2006)
A Farmacopeacuteia Brasileira V (2010) classifica os poacutes pela distribuiccedilatildeo
granulomeacutetrica De acordo com os paracircmetros desta publicaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo
granulomeacutetrica da casca do caule de H stigonocarpa apoacutes trituraccedilatildeo analisada no
presente trabalho pode ser classificada como poacute grosso visto que as partiacuteculas na
sua totalidade apresentaram uma granulometria superior a 1700μm e uma
quantidade inferior a 40 foram superiores a 355 μm (figura 1)
Figura 49 - Histograma de distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da casca
do caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes trituraccedilatildeo
Neste estudo o material mostrou distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica bastante
variada Os pesos obtidos das partiacuteculas apoacutes tamisaccedilatildeo em malhas de 1000 850
154
600 425 250 e 150 microm foram 3907plusmn323g 421plusmn022g 1380plusmn023g 977plusmn032g
1088plusmn094g 625plusmn073g e 1501plusmn151g respectivamente
O ponto interseccedilatildeo das curvas de retenccedilatildeo e passagem partiacuteculas passa pelo
tamanho de 734 microm (tamanho meacutedio) e a sua representaccedilatildeo graacutefica estaacute
apresentada na figura 2
Figura 50 - Curvas de retenccedilatildeo e passagem das partiacuteculas de casca do caule
de Hymenaea stigonocarpa apoacutes trituraccedilatildeo
Aleacutem do meacutetodo de trituraccedilatildeo do material vegetal outros aspectos tecircm
influecircncia direta na distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica final principalmente o teor de lignina
e de extrativos no mateacuterial vegetal Madeiras com grandes quantidades de extrativos
tendem a ser mais densas assim a quantidade de extrativos costumam variar em
torno de 3 a mais de 30 do peso seco (BOWYER et al 2003)
A reduccedilatildeo do tamanho de partiacutecula leva a um aumento da superfiacutecie de
contato entre a mateacuteria-prima e o meio de extraccedilatildeo (NORIEGA et al 2005) Poreacutem
em alguns casos poacutes de tamanho maior podem favorecer as extraccedilotildees Partiacuteculas
muito finas podem aderir agraves partiacuteculas maiores aumentando a viscosidade do meio
e criando uma barreira que impede a penetraccedilatildeo de solventes (VOIGT amp
BORNSCHEIN 1982)
734 microm
155
Eacute importante que a mateacuteria prima vegetal esteja suficientemente triturada para
que se consiga um rendimento oacutetimo no processo de extraccedilatildeo dos constituintes
quiacutemicos de interesse farmacecircutico
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira no que se refere ao teor de extrativos e
suas interrelaccedilotildees como a adsorccedilatildeodessorccedilatildeo de umidade e como a retraccedilatildeo
volumeacutetrica tecircm sido objeto de estudo por parte de diversos autores O termo
extrativo se refere a substacircncias de baixa ou meacutedia massa molecular que podem
ser extraiacutedas em aacutegua ou solventes orgacircnicos (SILVERIO et al 2006)
Buchanan (1963) afirmou que haacute uma consideraacutevel variaccedilatildeo na distribuiccedilatildeo
dos extrativos atraveacutes da madeira de uma aacutervore existindo uma variaccedilatildeo na
quantidade de material depositado atraveacutes da altura da aacutervore e entre o tronco e os
galhos
Nearn (1955) verificou que devido agrave accedilatildeo de enchimento dos extrativos
soluacuteveis em aacutegua espeacutecies com alto teor de extrativos apresentam maior
estabilidade dimensional menor umidade no ponto de saturaccedilatildeo das fibras e
umidades de equiliacutebrio mais baixas do que espeacutecies que possuam pequenas
quantidades de extrativos em sua composiccedilatildeo quiacutemica
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos eacute um meacutetodo utilizado para quantificar
constituintes extratiacuteveis da droga vegetal que pode ser considerado como uma
caracteriacutestica proacutepria de cada amostra vegetal e pode auxiliar na avaliaccedilatildeo da
qualidade dessa droga vegetal (ANTONELLI-USHIROBIRA et al 2004) assim o
valor obtido para a amostra vegetal avaliada foi de 1429plusmn167
O teor de extrativos determinado neste trabalho indica a presenccedila de
compostos hidrossoluacuteveis a quente presentes no material vegetal Muito embora natildeo
seja indicativo dos constituintes ativos o teor de extrativos representa uma teacutecnica
de faacutecil execuccedilatildeo e economicamente viaacutevel relevante por estabelecer condiccedilotildees
adicionais para controle de qualidade
A determinaccedilatildeo do teor de aacutegua residual presente nas drogas vegetais
constitui um iacutendice da qualidade de sua preparaccedilatildeo e da garantia de sua
conservaccedilatildeo (COSTA 1982 SILVA JUacuteNIOR 2006) A perda por dessecaccedilatildeo do
triturado da planta indicativo do teor de material volaacutetil do vegetal e indiretamente
da umidade residual apresentou um valor obtido na anaacutelise da casca do caule de
Hymenaea stigonocarpa de 1024 O valor encontrado nesse estudo apresenta-se
156
dentro do intervalo estabelecido pela Farmacopeacuteia Brasileira V (2010) de 8 a 14
indicando uma boa conservaccedilatildeo e uma secagem eficiente da mateacuteria prima vegetal
Esta determinaccedilatildeo eacute importante para o controle de qualidade microbioloacutegico
pois um excesso de aacutegua na droga vegetal favorece o crescimento de fungos e
bacteacuterias podendo tambeacutem levar agrave hidroacutelise de seus constituintes bioativos
(SHARAPIN 2000)
A determinaccedilatildeo de cinzas totais do triturado da casca permite a quantificaccedilatildeo
do resiacuteduo natildeo volaacutetil inorgacircnico presente nas drogas vegetais como integrante
natural destas As cinzas totais constituiacutedas principalmente por carbonatos cloretos
e diversos tipos de oacutexidos pode servir como meacutetodo para avaliar a pureza do
material detectando possiacuteveis impurezas e adulteraccedilotildees do material com compostos
inorgacircnicos (COSTA 1982 SILVA JUacuteNIOR 2006) O resultado encontrado na
determinaccedilatildeo do teor de cinzas totais nas cascas do caule de H stigonocarpa foi de
828plusmn027 Considerando que natildeo existem na Farmacopeacuteia Brasileira limites
preconizados em monografia para esta espeacutecie e que em vaacuterias delas satildeo
apresentados em ensaios de pureza valores de ateacute 10 como dentro do limite
consideramos os resultados obtidos aceitaacuteveis
Os resultados obtidos para os ensaios de perda por dessecaccedilatildeo teor de
extrativos estatildeo apresentados na tabela 5
Tabela 5 - Resultados dos ensaios de perda por dessecaccedilatildeo teor de extrativos e
cinzas totais das amostras de cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes
trituraccedilatildeo
Amostra PD plusmn dp TE plusmn dp CTplusmn dp
Triturado da casca de Hymenaea stigonocarpa
1024 plusmn 017 1429plusmn167 828plusmn027
PD ndash Perda por dessecaccedilatildeo TE ndash Teor de extrativos CT ndash Cinzas Totais dp ndash desvio padratildeo
542 Determinaccedilatildeo do rendimento
Um problema para a seleccedilatildeo dos meacutetodos de extraccedilatildeo eacute a possibilidade de
compostos de interesse apresentarem uma interaccedilatildeo significativa com a matriz
sendo necessaacuterio nestes casos um meacutetodo com elevada recuperaccedilatildeo
157
Determinadas matrizes podem reter analitos dentro de poros ou outras estruturas
(SOUZA 2013)
Uma das teacutecnicas para aumentar a recuperaccedilatildeo dos compostos de interesse
seria aumentar a temperatura do solvente pois a energia teacutermica adicionada pode
auxiliar na quebra das ligaccedilotildees da matriz e facilitar a difusatildeo do analito agrave superfiacutecie
O aumento do tempo de contato tambeacutem poderia ser outra saiacuteda para o aumento da
recuperaccedilatildeo devido a sua influecircncia na difusatildeo Deve-se avaliar poreacutem que tempos
muito longos podem promover a perda de compostos por oxidaccedilatildeo (SOUZA 2013)
A escolha de um meacutetodo em detrimento de outro eacute um ponto que deve ser bem
estudado pois uma seleccedilatildeo incorreta pode levar ao aumento do tempo de
execuccedilatildeo necessidade do uso de grande quantidade de solvente aleacutem de poder
apresentar baixa eficiecircncia na extraccedilatildeo Exemplos disso satildeo os metodos que
utilizam elevaccedilatildeo da temperatura onde substacircncias de interesse caso sejam
termicamente laacutebeis podem ser degradadas Assim deve-se considerar a
adequaccedilatildeo dos meacutetodos de extraccedilatildeo (ONG 2004) Desta forma alguns metodos
utilizados neste estudo satildeo descritos a seguir
O meacutetodo de extraccedilatildeo assistido por ultrassom envolve a forccedila de corte criada
pela implosatildeo de bolhas de cavitaccedilatildeo sobre a propagaccedilatildeo das ondas acuacutesticas no
intervalo kHz O colapso de bolhas pode produzir efeitos fiacutesicos quiacutemicos e
mecacircnicos o que resulta na ruptura das membranas bioloacutegicas para facilitar a
libertaccedilatildeo de compostos extratiacuteveis e melhorar a penetraccedilatildeo do solvente em
materiais celulares e transferecircncia de massa (DAIacute MUMPER 2010)
Uma das vantagens da extraccedilatildeo assistida por ultrassom (HSU) eacute que ela eacute uma
tecnologia potencialmente uacutetil pois natildeo necessita de instrumentos complexos e eacute
relativamente de baixo custo podendo ser usada tanto em pequena quanto em
grande escala (VINATORU 2001)
Apoacutes a obtenccedilatildeo da soluccedilatildeo extrativa e concentraccedilatildeo em rotaevaporador o
valor de rendimento obtido para o meacutetodo do ultrassom foi de 1122 (2245g)
Esta foi agrave teacutecnica que apresentou menor rendimento Aspectos como a natureza do
material e distribuiccedilatildeo da onda ultrassocircnica no liacutequido extrator podem justificar esse
menor rendimento
Amostras com grandes teores de extrativos apresentam maior estabilidade
dimensional e consequentemente maior resistecircncia a sonicaccedilatildeo Quanto agrave potecircncia
ultrassocircnica sabe-se que o maacuteximo poder eacute observado proacuteximo a superfiacutecie da
158
fonte radiante ultrassocircnica (WANG WELLER 2006) poreacutem ele diminui
proporcionalmente com aumento da distacircncia Assim os aspectos fiacutesico-quiacutemicos da
amosta estudada bem como a metodologia empregada podem ter influenciado no
reduzido rendimento desta teacutecnica
Outra teacutecnica avaliada a turbo-extraccedilatildeo apresentou um rendimento de 1296
(2593g) Estaacute teacutecnica eacute baseada na extraccedilatildeo com simultacircnea reduccedilatildeo do tamanho
de partiacutecula que eacute resultado da aplicaccedilatildeo de elevadas forccedilas de cisalhamento Essa
reduccedilatildeo draacutestica do tamanho de partiacutecula e consequente rompimento das ceacutelulas
favorece a raacutepida dissoluccedilatildeo das substacircncias ativas no liacutequido extrativo (VOIGT
1993 SONAGLIO et al 2007)
Nessas circunstacircncias a difusatildeo das substacircncias dissolvidas atraveacutes da
membrana celular fica relegada a um plano secundaacuterio resultando em extraccedilatildeo de
ateacute quase o esgotamento da droga A esse incremento da eficiecircncia somam-se a
simplicidade rapidez e versatilidade da teacutecnica que permitem a faacutecil utilizaccedilatildeo da
turboextraccedilatildeo em processamentos em pequena e meacutedia escala (HUBINGER et al
2009)
Em nosso estudo observamos que o tamanho reduzido da partiacutecula aspecto
caracteriacutestico deste meacutetodo proporciona dificuldades no processo de separaccedilatildeo da
soluccedilatildeo extrativa por filtraccedilatildeo e consequentemente perda de material Isso pode
justificar o porquecirc de um meacutetodo que leva a quase esgotamento da droga natildeo
produzir um bom rendimento
Aspectos como o aumento na temperatura podem promover uma maior
extraccedilatildeo tanto pelo aumento da solubilidade como pela taxa de transferecircncia de
massa Aleacutem disso a viscosidade e a tensatildeo superficial dos solventes satildeo
diminuiacutedas em temperaturas altas o que ajuda os solventes a atingir as matrizes de
amostras e melhoria da taxa de extraccedilatildeo (DAIacute MUMPER 2010)
Assim a teacutecnica de infusatildeo levou a um rendimento de 1377 (2755g) natildeo
apresentando diferenccedila significativa no rendimento (Plt005) quando comparado ao
meacutetodo de ultrassom
159
Figura 51 ndash Rendimentos obtidos atraveacutes dos
diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo
O meacutetodo de maceraccedilatildeo por sua natureza natildeo conduz ao esgotamento da
mateacuteria prima vegetal seja devido agrave saturaccedilatildeo do liacutequido extrator ou ao
estabelecimento de um equiliacutebrio difusional entre o meio extrator e o interior da
ceacutelula (VOIGT 2000) Desta forma para o meacutetodo de maceraccedilatildeo o rendimento foi de
1525 (3050g) Comparando este meacutetodo com os meacutetodos anteriormente
descritos o melhor rendimento da maceraccedilatildeo pode ser sugerido pela maior
influecircncia do tempo de interaccedilatildeo e difusatildeo drogasolvente o que natildeo foi observado
em meacutetodos que apenas utilizam o aumento da temperatura do solvente e
ultrassom
Meacutetodos extrativos dependem em grande parte dos fenocircmenos de difusatildeo
sendo que a agitaccedilatildeo pode influenciar na duraccedilatildeo do processo (MIGLIATO et al
2011) Baseados nesta ideia outros dois meacutetodos que empregam a agitaccedilatildeo tambeacutem
foram avaliados Um deles foi o refluxo onde ocorre o aquecimento da soluccedilatildeo ateacute agrave
ebuliccedilatildeo e o retorno dos vapores condensados para o balatildeo antes de serem
perdidas por evaporaccedilatildeo Este meacutetodo se mostrou mais eficiente com rendimento de
1775 (3550g) se comparado com as teacutecnicas anteriores Poreacutem foi observado
que o aquecimento ateacute a ebuliccedilatildeo e o refluxo do triturado durante 45min levaram a
reduccedilatildeo do tamanho das partiacuteculas que influenciou no processo de separaccedilatildeo da
soluccedilatildeo extrativa por filtraccedilatildeo Natildeo diferindo significativamente do meacutetodo de refluxo
(Plt005) a de maceraccedilatildeo dinacircmica foi o meacutetodo que apresentou o maior
rendimento 1862 (3725g)
Comparado com os outros meacutetodos podemos sugerir que sua vantagem
ocorreu pela influecircncia do agitador magneacutetico no equiliacutebrio difusional entre o meio
ULTRASSOM TURBOLISE INFUSAtildeO MACER REFLUXO MACER DIN0
1
2
3
4
Meacutetodo de extraccedilatildeo
Resiacuted
uo
seco
(g
)
160
extrator e o interior da ceacutelula assim como ruptura das membranas que aumentaram
a penetraccedilatildeo do solvente nos materiais celulares e consequentemente levaram o um
maior rendimento
543 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica por cromatografia de camada delgada
A prospecccedilatildeo fitoquiacutemica atraveacutes de cromatografia de camada delgada
(figura 52) demonstrou a presenccedila de flavonoides e taninos condensados em todos
os extratos avaliados
Figura 52 ndash Cromatogramas demonstrando a presenccedila de
flavonoides e taninos nos extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule
Hymenaea stiginocarpa obtidos a partir dos diferentes meacutetodos de
extraccedilatildeo
Placa A e B fase moacutevel EtOAc ndash HCOOH ndash ACOH ndash H2O (100111126 vv) revelador da placa A - Reagente de NEU revelador da placa B ndash Vanilina cloriacutedrica Amostras adicionadas A ndash astilbina (Padratildeo) Md ndash Extrato maceraccedilatildeo dinacircmica Me ndash Extrato maceraccedilatildeo estaacutetica (Maceraccedilatildeo) I ndash Extrato infusatildeo T ndash Extrato turbolise R ndash Extrato refluxo U ndash Extrato ultrassom e P ndash Padratildeo de epicatequina
544 Anaacutelise quantitativa dos compostos majoritaacuterios
Antes de considerar o emprego da metodologia para taninos totais os perfis
de absorccedilatildeo no UV-VIS para o padratildeo de aacutecido gaacutelico e as amostras foram
estabelecidos em espectrofotocircmetro na faixa de 400 a 900 nm apoacutes reaccedilatildeo com o
A B
161
reagente de Folin-Ciocalteu Os espectros estatildeo apresentados na figura 53 e
revelam grande similaridade entre a amostra e a substacircncia de referecircncia
confirmando a compatibilidade e permitindo eleger o comprimento de onda de 780
nm para leitura
Figura 53 - Espectro de varredura de ultravioleta do aacutecido gaacutelico e
do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa apoacutes reaccedilatildeo
com Folin-Ciocalteau
Um desenho fatorial do tipo 32 foi conduzido para determinaccedilatildeo da influecircncia
de paracircmetros reacionais mais importantes tal como o volume do reagente de Folin-
Ciocalteau a concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo de carbonato e o tempo de reaccedilatildeo sobre a
resposta do meacutetodo de doseamento (intensidade de absorccedilatildeo de 780 nm) e a
presenccedila de deslocamentos bato ou hipsocrocircmicos capazes de comprometer
significativamente o desempenho do procedimento
Os resultados demonstraram interferecircncia das variaacuteveis sobre a absorbacircncia
observada Para a resposta do meacutetodo de doseamento espectrofotomeacutetrico
(intensidade de absorvacircncia) os dados obtidos e apresentados na tabela 6 foram
analisados atraveacutes do graacutefico de paretos (figura 54)
nm
Linhas azul - aacutecido gaacutelico vermelha - Extrato hidroalcooacutelico
162
Tabela 6 - Matriz do experimental do desenho aplicado para avaliar a influecircncia da
quantidade de Folin-Ciocalteau concentraccedilatildeo de carbonato de soacutedio e tempo de
reaccedilatildeo sobre a absorbacircncia
Variaacutevel natural Variaacutevel codificada Resultados
Folin (mL)
Na2CO3 ()
Tempo (min)
Fator A Fator B Fator C Meacutedia DP CV
1 10 5 -1 -1 -1 0453 00040 001
3 10 5 1 -1 -1 0431 00060 001
1 20 5 -1 1 -1 0414 00055 001
3 20 5 1 1 -1 0422 00180 004
1 10 25 -1 -1 1 0501 00261 005
3 10 25 1 -1 1 0519 00031 001
1 20 25 -1 1 1 0485 00083 002
3 20 25 1 1 1 0503 00066 001
2 15 15 0 0 0 0487 00154 003
2 15 15 0 0 0 0475 00026 001
2 15 15 0 0 0 0488 00089 002
Variaacuteveis codificadas Fator A - Volume do reagente de Folin-Ciocalteau Fator B - Concentraccedilatildeo de Na2CO3 Fator C - Tempo de reaccedilatildeo DP ndash desvio padratildeo cv - Coeficiente de variaccedilatildeo
Figura 54 - Graacutefico de pareto para efeitos padronizados do fatorial 32
5943951
6638698
8595094
1261833
1627582
2724828
-433412
1570891
p=05
Standardized Effect Estimate (Absolute Value)
Replicat(1)
Replicat(2)
2by3
(1)Folin (mL)
1by2
1by3
(2)Na2CO3 ()
(3)Time (min)
163
O caacutelculo dos efeitos para fatores pelo graacutefico de Pareto (Figura 54)
possibilitou a observaccedilatildeo dos efeitos significativos e o seu tipo de influecircncia dobre a
resposta intensidade de absorvacircncia Considerando os termos significativos apenas
os fatores tempo e concentraccedilatildeo de carbonato de soacutedio foram significativos Natildeo foi
observada influecircncia importante para o volume do reagente de Folin-Ciocalteau
quando analisada isoladamente poreacutem houve interaccedilatildeo entre os fatores tempo e
volume de Folin-Ciocalteau
Ainda a respeito aos efeitos significativos o tempo apresentou contribuiccedilatildeo
positiva (+1570) ou seja a mudanccedila de niacutevel favorece a resposta estudada
Portanto o aumento do tempo incrementa a absorbacircncia lida Por outro lado a
concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo de carbonato de soacutedio exerceu influecircncia negativa Assim
o aumento da concentraccedilatildeo de carbonato reduz a resposta do procedimento
Com os paracircmetros determinados foi entatildeo avaliada a quantidade de agente
precipitante sobre o doseamento de taninos totais nas cascas do caule de
Hymenaea stigonocarpa
Foi avaliado o agente precipitante caseiacutena adicionado nas seguintes
quantidades 50 150 250 350 450 e 500 mg Os resultados foram expressos com a
meacutedia e desvio padratildeo A figura 55 mostra o efeito das quantidades de caseiacutena
sobre o teor de taninos totais
Figura 55 - Valores de absorbacircncia da fraccedilatildeo residual do
extrato de Hymenaea stigonocarpa em funccedilatildeo da
quantidade de caseiacutena
50 150
250
350
450
500
0
1
2
3
Caseiacutena (mg)
Teo
r d
e t
an
ino
s (
mg
g)
164
Em termos de precisatildeo intermediaacuteria os melhores resultados foram obtidos
para uma quantidade de no maacuteximo 4500 mg de caseiacutena (Tabela 7) Para
quantidades acima desse valor foram observados ausecircncia de variaccedilatildeo significativa
dos valores da absorvacircncia
Tabela 7 - Valores meacutedios da absorvacircncia (UA) obtidos para a fraccedilatildeo natildeo tanante apoacutes adiccedilatildeo de diferentes quantidades de caseiacutena durante anaacutelise (triplicata)
Quantidade de caseiacutena 1 2 3 MEacuteDIA DP CV
Sem caseiacutena 0559 0535 0538 0544 0013 0024
50mg 0424 0410 0399 0411 0013 0030
150mg 0376 0371 0385 0377 0007 0019
250mg 0320 0328 0330 0326 0005 0016
350mg 0272 0313 0318 0301 0025 0084
450mg 0275 0264 0269 0269 0006 0020
500mg 0254 0280 0264 0266 0013 0049
Repeticcedilotildees das avaliaccedilotildees das absorbacircncias 1 2 e 3 DP ndash desvio padratildeo cv - Coeficiente de variaccedilatildeo
5441 Determinaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento de polifenoacuteis totais por
espectofotometria apoacutes avaliaccedilatildeo das variaacuteveis analiacuteticas
Apoacutes a analise dos dados obtidos pelo estudo da otimizaccedilatildeo do meacutetodo de
doseamento de polifenoacuteis por espectrofotometria as variaacuteveis do meacutetodo
empregado foram volume de reagente de Folin-Ciocalteu 3 ml concentraccedilatildeo de
Carbonato de Soacutedio 10 (vv) e o tempo de reaccedilatildeo 25 minutos
Para obtenccedilatildeo da fraccedilatildeo natildeo tanante a quantidade do agente precipitante
utilizada foi de 450 mg sendo utilizada caseiacutena Merckreg purificada
5442 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de polifenois totais taninos e flavonoides
Apoacutes a avaliaccedilatildeo das variaacuteveis analiacuteticas e da determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo
residual da soluccedilatildeo extrativa das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa em
funccedilatildeo da quantidade de caseiacutena os teores de polifenois e taninos totais obtidos a
165
partir da diferentes meacutetodos de preparaccedilatildeo foram determinados e descritos na
tabela 8
Tabela 8 - Teor de polifenois taninos e flavonoides totais nos extratos
hidroalcooacutelicos de Hymenaea stigonocarpa obtidos a partir de diferentes meacutetodos
Aleacutem de polifenoacuteis e taninos totais o teor de flavonoides nos diferentes
extratos foi estimado a partir de CLAE-DAD Apoacutes a obtenccedilatildeo dos cromatogramas
dos diferentes extratos observou-se em todos eles a presenccedila de cinco picos que
foram chamados de A B C D e E (figura 56)
Os picos de A ateacute D foram identificados atraveacutes do espectro de UV com
dados da literatura (MABRY 1970) como flavonoides e assim o teor de flavonoides
totais em cada extrato foi obtido pela soma das aacutereas dos picos A B C e D atraveacutes
da equaccedilatildeo da reta
A aacuterea da banda E (TR 39-43) natildeo foi adicionada ao caacutelculo pois esta banda
estaacute relacionada agrave presenccedila de taninos condensados jaacute observados na anaacutelise por
CCD Esses taninos satildeo possivelmente catequinas polimeacutericas o que pode ser
sugerido devido ao aparecimento de deriva na linha de base e da formaccedilatildeo de
bandas caracteriacutesticas no cromatograma Apenas monoacutemeros e oligocircmeros ateacute o
tetracircmero de catequinas e proantocianidinas pode ser separado e detectado como
um pico definido (ANDERSEN MARKHAM 2006 PARK et al 2012)
Quanto ao teor de polifenois (figura 57) os extratos com maior concentraccedilatildeo
foram os obtidos por turbolise infusatildeo e maceraccedilatildeo dinacircmica com 686plusmn09
617plusmn015 e 660plusmn024 mg GAEg respectivamente natildeo havendo diferenccedila
significativa eles (Plt005) Um menor teor 543 plusmn 011 mg GAEg foi observado no
extrato obtido por maceraccedilatildeo o qual mostrou um rendimento significativo se
Extratos Polifenoacuteis totais Taninos Flavonoacuteides
Ultrassom (EU) 476 plusmn 008 140 plusmn 023 056 plusmn 005
Turbolise (ET) 686 plusmn 009 164 plusmn 027 058 plusmn 007
Infusatildeo (EI) 672 plusmn 014 175 plusmn 010 062 plusmn 003
Maceraccedilatildeo (EM) 543 plusmn 011 179 plusmn 014 060 plusmn 004
Refluxo (ER) 456 plusmn 041 164 plusmn 028 066 plusmn 006
Maceraccedilatildeo dinacircmica (EMD) 660 plusmn 024 176 plusmn 031 059 plusmn 003
166
comparado aos extratos obtidos por ultrassom e refluxo com 476 plusmn 009 e 456 plusmn
041 mg GAEg respectivamente que natildeo diferiram entre si (Plt005)
Figura 56 - Cromatograma obtido por CLAE-DAD dos diferentes extratos
hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
Extrato obtido por ultrassom (EU) Extrato obtido por turbolise (ET) Extrato obtido por infusatildeo (EI) Extrato obtido por maceraccedilatildeo (EM) Extrato obtido por refluxo (ER) e Extrato obtido por Maceraccedilatildeo dinacircmica (EMD) Espectro obtido por UV com padratildeo sugestivo de flavonoacuteides (A C and D) identificado como astilbina (B) e relacionado agrave catequinas polimeacutericas (E)
C D B
EU
ET
EI
EM
ER
EMD
D A B C E
D A B C E
D A B C E
D A B C E
D A B C E
D A B C E
Astilbina = pico B
Peak 6 100 at 3532 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1975
1931
2939
50 at 3520 min 99658
-50 at 3545 min 99665
Peak 7 100 at 3621 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1981
19102943
50 at 3609 min 99932
-50 at 3634 min 99902A Peak 4 100 at 2980 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1983
2902
50 at 2967 min 99984
-50 at 2993 min 99986
Peak 5 100 at 3139 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1984
1912 2905
50 at 3126 min 99977
-50 at 3152 min 99995
167
Figura 57 - Teor de polifenois totais dos extratos
hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
obtidos atraveacutes dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo
Tempos de extraccedilatildeo prolongados e temperatura elevada levam ao aumento
da possibilidade de oxidaccedilatildeo dos compostos fenoacutelicos o que diminuem o
rendimento de destes compostos nos extratos (DAIacute MUMPER 2010)
A reduccedilatildeo do rendimento de polifenois no meacutetodo de refluxo empregado em
nosso estudo onde o material vegetal tem contato com o solvente em temperatura
de ebuliccedilatildeo e na maceraccedilatildeo onde o contato material vegetal e solvente ocorre por
um periacuteodo de tempo estendido podem ser sugeridos pela ocorrecircncia de possiacutevel
oxidaccedilatildeo dos compostos fenoacutelicos
Uma das desvantagens do meacutetodo de extraccedilatildeo assistida por ultrassom eacute o
efeito deleteacuterio ocasional de energia de ultrassom (mais de 20 kHz) sobre os
constituintes ativos de plantas medicinais que pode levar a formaccedilatildeo de radicais
livres e consequentemente alteraccedilotildees indesejaacuteveis (TIWARI et al 2011) Aleacutem
disso um tempo de sonicaccedilatildeo prolongado (mais de 40 minutos) pode levar a
degradaccedilatildeo dos componentes ativos (ANNEGOWDA et al 2010) Desta forma a
ocorrecircncia destes efeitos pode ser sugerida para explicar o teor reduzido de
polifenois na extraccedilatildeo assistida por ultrassom
Os meacutetodos que obtiveram concentraccedilotildees estatisticamente semelhantes de
polifenois (turboacutelise infusatildeo e maceraccedilatildeo dinacircmica) parecem natildeo terem sofrido
degradaccedilatildeo de seus constituintes em decorrecircncia do tempo de extraccedilatildeo ou
temperatura de extraccedilatildeo Nessas amostras o processo ocorreu em no maacuteximo 60
minutos
TURBOLISE INFUSAtildeO MACER DIN MACER ULTRASOM REFLUXO
0
2
4
6
8
Meacutetodos de extraccedilatildeo
Po
life
no
is (
mg
GA
Eg
)
168
Quanto agrave temperatura podemos sugerir que a ocorrecircncia de temperatura de
ebuliccedilatildeo durante um periacuteodo prolongado eacute que parece induzir a degradaccedilatildeo de
polifenois dos extratos de Hymenaea stigonocarpa o que natildeo acontece no meacutetodo
de infusatildeo onde a temperatura de ebuliccedilatildeo soacute eacute alcanccedilada no inicio do processo
Diferente do que ocorreu na determinaccedilatildeo do teor de polifenois natildeo foram
observadas diferenccedilas significativas tanto em relaccedilatildeo ao teor de taninos quanto ao
de flavonoides Isso sugere que apesar da degradaccedilatildeo de alguns polifenois em
decorrecircncia do meacutetodo extrativo haacute uma ldquocompensaccedilatildeordquo entre a degradaccedilatildeo e
capacidade extrativa
Isso eacute evidenciado quando observamos alguns meacutetodos refluxo por
exemplo a pesar de degradaccedilatildeo motivada pelo aumento da temperatura esta
tambeacutem leva a uma maior capacidade extrativa Outro exemplo eacute a extraccedilatildeo
assistida por ultrassom que mesmo apresentando teores semelhantes aos outros eacute
o meacutetodo que apresenta o menor teor de absoluto de taninos e flavonoides Neste
caso o baixo rendimento de resiacuteduo seco motivado pela ineficiecircncia do ultrassom na
lise da parede celular eacute associado ao efeito da degradaccedilatildeo dos polifenois natildeo
levando a uma compensaccedilatildeo e consequentemente reduccedilatildeo do teor absoluto de
taninos e flavonoides
545 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana de H stigonocarpa Mart ex
Hayne
Com o objetivo de avaliar a influecircncia do meacutetodo de extraccedilatildeo sobre a
atividade antibacteriana do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa frente a diferentes cepas de Staphylococcus aureus foram
determinadas a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima e bactericida miacutenima dos extratos
obtidos
Staphylococcus aureus foi selecionado por ser o micro-organismo mais
susceptiacutevel ao extrato hidroalcooacutelico de acordo com estudos anteriores (DIMECH et
al 2013) Os valores das concentraccedilotildees inibitoacuterias e bactericidas miacutenimas natildeo
variaram quando correlacionadas as teacutecnicas de extraccedilatildeo utilizadas tabela 9
169
Tabela 9 - Valores da Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima e Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima dos extratos de Hymenaea stigonocarpa frente a cepas de bacteacuterias Gram positivas
CBM Concentraccedilatildeo bactericida miacutenima CIM concentaccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima OXAR Oxacilina com CIM ge 40microgmL OXA
S Oxacilina com CIM le 20microgmL
Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima Concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (microgmL)
Cepas de Staphylococcus aureus Refluxo Infusatildeo Ultrassom Turbolise Maceraccedilatildeo (estaacutetica)
Maceraccedilatildeo dinacircmica
Oxacilina (padratildeo)
Staphylococcus aureus ATCC 25923 250500 250250 250250 250250 250250 250500 01250250
Staphylococcus aureus AM 02 625125 625125 625125 625625 625625 625625 01250125
Staphylococcus aureus AM 04 500500 250500 500500 500500 500500 500500 01250250
Staphylococcus aureus AM 05 125250 250250 250250 250250 250500 250500 01250250
Staphylococcus aureus UFPEDA 01 500500 250500 250500 250500 250500 250500 01250250
Staphylococcus aureus AM 13 500500 500500 250250 250250 250500 250500 256512
Staphylococcus aureus IC 17 500500 500500 250500 250250 250500 250500 3264
Staphylococcus aureus AM 18 250250 250500 250500 250250 250500 500500 128256
Staphylococcus aureus AM 19 500500 250500 500500 500500 500500 250500 1632
Staphylococcus aureus AM 20 250250 250250 125250 250250 250500 250500 816
Staphylococcus aureus AM 21 250250 250250 125250 250250 250500 250500 1616
169
Estudos anteriores indicaram que os taninos satildeo os metaboacutelitos secundaacuterios
de Hymenaea stigonocarpa responsaacuteveis pela atividade antibacteriana (DIMECH et
al 2013) A seleccedilatildeo do meacutetodo extrativo mais eficiente foi baseada nos criteacuterios
atividade bioloacutegica frente agrave Staphylococcus aureus teor de taninos totais (metaboacutelito
secundaacuterio responsaacutevel pela accedilatildeo antibacteriana) e teor de resiacuteduo seco
Devido a natildeo terem ocorrido diferenccedilas significativas na atividade bioloacutegica e
no teor de taninos quando comparamos todos os extratos obtidos a partir dos
diferentes meacutetodos o teor de resiacuteduo seco foi o criteacuterio utilizado para determinar o
meacutetodo de maceraccedilatildeo dinacircmica como o melhor
546 Determinaccedilatildeo da atividade antifungica de H stigonocarpa Mart ex
Hayne
Aleacutem da accedilatildeo antibacteriana dos taninos observada em nosso estudo sabe-
se que eles podem apresentar atividade frente fungos Vasconcelos et al (2003)
descreve que os taninos apresentam a capacidade de inibir o crescimento de
espeacutecies de Candida devido a sua accedilatildeo na ceacutelula especialmente na membrana
celular precipitando proteiacutenas
Os dois principais agentes utilizados na terapia antifuacutengica satildeo a anfotericina
B um antibioacuteticos polienico e o fluconazol agente antifuacutengico pertencente a classe
dos azoacuteis Eles tecircm atividade especialmente contra C albicans No entanto jaacute
existem relatos de surgimento de algumas cepas de Candida albicans resistentes a
estes antifuacutengicos aleacutem disso estes apresentaram efeitos colaterais (HIRASAWA
TAKADA 2004)
Os principais mecanismos de desenvolvimento de resistecircncia das cepas em
relaccedilatildeo aos azoacuteis alteraccedilotildees no siacutetio alvo da droga (14 α-demetilase) impedindo a
sua inibiccedilatildeo que levaria a depleccedilatildeo do ergosterol e consequente formaccedilatildeo da
membrana plasmaacutetica com alteraccedilotildees na funccedilatildeo e estrutura alteraccedilatildeo na
biossiacutentese de esteroacuteis resultando na acumulaccedilatildeo de 14 α-metil fecosterol ao inveacutes
de ergosterol presenccedila de bombas de efluxo e Superexpressatildeo do siacutetio alvo (14 α-
demetilase) impedindo a reduccedilatildeo da siacutentese de ergosterol pela inibiccedilatildeo provocada
pelos azoacuteis (GHANNOUM RICE 1999)
Desta forma a descoberta de um agente antibioacutetico que seja eficaz e seguro
podem ser importantes para a erradicaccedilatildeo de ambas as cepas de Candida sensiacuteveis
e resistentes Existem vaacuterios relatos que mostram atividade antifuacutengica de produtos
170
171
naturais (RUKAYADI et al 2013 ADEME et al 2013 ALRAJHI et al 2013
SENHAJI et al 2013)
Alguns estudos realizados em espeacutecies do gecircnero Hymenaea relatam a
presenccedila de atividade antifuacutengica em diferentes extratos
Quanto agrave espeacutecie Hymenaea martiana os extratos aquoso etanoacutelico
butanoacutelico e hidroalcooacutelico da casca apresentam atividade frente agrave Cryptococcus
neoformans e C gatii com CIM entre 2 a 64 microgmL sendo as fraccedilotildees etanoacutelica e
hidroalcooacutelica as mais ativas Tambeacutem foi demonstrada a atividade da H martiana
frente agrave dermatoacutefitos (T rubrum T mentagrophytes M canis) sendo os menores
valores de CIM obtidos a partir das fraccedilotildees aquosa e butanoacutelica nas trecircs espeacutecies
estudadas Souza e colaboradores (2010)
Os valores das Concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas para o extrato
Hidroalcooacutelico e o fluconazol frente a diferentes cepas de Candida estatildeo
sumarizados na tabela 10
Tabela 10 - Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa obtido por maceraccedilatildeo dinacircmica frente a diferentes espeacutecies de
Candida
Micro-organismos Cepa Extrato
hidroalcooacutelico CIM (microgml)
FLU CIM (microgml)
Perfil sensibilidade
Candida parapsilosis ATCC 22019 250 80 S
Candida parapsilosis CP 4608 250 16 SD-D
Candida parapsilosis4889 125 20 S
Candida glabrata 6094 781 gt64 R
Candida krusei 5712 195 32 SD-D
Candida krusei 4263 195 64 R
Candida krusei 934 625 64 R
Candida tropicalis 4790 125 32 SD-D
Candida tropicalis ATCC 750 250 40 S
Candida albicans 6257 390 ND -
Candida albicans 4986 250 16 SD-D
Candida albicans 4606 250 20 S
Candida albicans 4990 250 gt64 R
CIM concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima FLU ndash Fluconazol ND Natildeo Determinado Perfil Sensiacutevel CIM le 80microgmL Sensibilidade dose-dependente 16 ndash 32 resistente CIM ge 640microgmL Extrato Hidroalcooacutelico obtido por maceraccedilatildeo dinacircmica
172
Quanto agrave atividade antifuacutengica foram empregadas cepas de diferentes perfis
de resistecircncia frente ao fluconazol
As espeacutecies que apresentaram as maiores sensibilidades de acordo com os
valores da CIM foram Candida krusei e Candida glabrata Segundo o CLSI M27-A3
(2008) os isolados de C krusei satildeo intrinsecamente resistentes ao fluconazol poreacutem
essas espeacutecies foram susceptiacuteveis ao extrato em valores ateacute cinco diluiccedilotildees
menores quando comparados agraves substacircncias de referecircncia
Aleacutem destas cepas o extrato mostrou atividade frente agrave cepa de Candida
albicans 6257 com CIM de 39 microgml como tambeacutem a Candida glabrata 6094 com
CIM de 781 microgml Com valores mais elevados da CIM mas ainda apresentando
uma consideraacutevel atividade foi observada a accedilatildeo do extrato frente agraves espeacutecies C
parapsilosis e C tropicalis com valores variando entre 125 e 250 microgml
A presente investigaccedilatildeo poreacutem representa um estudo preliminar para
atividade antifuacutengica e aponta para a necessidade de uma maior investigaccedilatildeo
bioloacutegica uma vez que Hymenaea stigonocarpa apresenta um grande potencial
farmacoloacutegico
173
55 CONCLUSOtildeES
Os resultados obtidos nos permitem concluir que a secagem do material
vegetal em estufa a 40degC durante 72h foi suficiente para obtenccedilatildeo de um triturado
com valor de perda por dissecaccedilatildeo (teor de umidade) dentro das especificaccedilotildees o
material vegetal obtido apoacutes a trituraccedilatildeo pocircde ser classificado como poacute grosso
Quanto ao rendimento de extrativos a teacutecnica que levou a obtenccedilatildeo do melhor
teor de resiacuteduo seco foi a de maceraccedilatildeo dinacircmica seguido por refluxo maceraccedilatildeo
infusatildeo turbolise e por fim extraccedilatildeo ultrassocircnica natildeo havendo diferenccedilas quanto agraves
classes de metaboacutelitos secundaacuterios identificados em funccedilatildeo do meacutetodo de extraccedilatildeo
empregado
A otimizaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento por Folin Ciocalteu para a
determinaccedilatildeo do teor de polifenois em Hymenaea stigonocarpa demonstrou que o
aumento do tempo de reaccedilatildeo da quantidade do reagente de Folin-Ciocalteu e a
adiccedilatildeo de 450mg de caseiacutena na complexaccedilatildeo com os polifenoacuteis satildeo as variaacuteveis da
metodologia de doseamento de polifenoacuteis que apresentaram contribuiccedilatildeo positiva
para o estudo
Quanto a atividade antimicrobiana natildeo houve diferenccedilas significativas nos
teores de taninos e flavonoides totais e na atividade frente a diferentes cepas de
Staphylococcus aureus em funccedilatildeo do meacutetodo de extraccedilatildeo utilizado O meacutetodo de
extraccedilatildeo mais eficiente de acordo com as variaacuteveis avaliadas foi a maceraccedilatildeo
dinacircmica devido ao maior teor de resiacuteduo seco obtido
A triagem do extrato hidroalcooacutelico obtido por maceraccedilatildeo para atividade
antifuacutengica demonstra que este extrato apresenta forte atividade frente a cepas de
Candida krusei e Candida glabrata
174
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179
6 IDENTIFICACcedilAtildeO DO FLAVONOacuteIDES PRESENTES NA FRACcedilAtildeO ACETATO DE
ETILA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa
61 INTRODUCcedilAtildeO
Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne o jatobaacute-do-cerrado apresenta
distribuiccedilatildeo homogecircnea e ocorre predominantemente em aacutereas de cerrado sendo
uma espeacutecie lenhosa tiacutepica deste bioma (PAIVA amp MACHADO 2006)
As suas cascas do caule satildeo amplamente utilizadas na medicina popular em
infusatildeo ou decocccedilatildeo para tratar a dor de estocircmago asma bronquite uacutelceras
diarreia gripe e tosse (GRANDI et al 1989 VILA-VERDE et al 2003 BIESKI et
al2012)
Estudos farmacoloacutegicos tem revelado que os extratos de Hymenaea
stigonocarpa apresentam vaacuterias atividades bioloacutegicas tais como antiulcerogecircnica
(GUIMARAtildeES 2009) inibitoacuteria sobre o crescimento das linhagens de ceacutelulas
tumorais H460 Colo 205 e U937 (BRASIL et al 2009) inibitoacuteria sobre a liberaccedilatildeo
induzida de histamina a partir de mastoacutecitos (FERREIRA 2011) antidiarreica
gastroprotetor e cicatrizante (ORSI 2012) antioxidante (MARANHAtildeO et al 2013) e
antibacteriana (DIMECH et al 2013)
Avaliaccedilotildees fitoquiacutemicas de Hymenaea stigonocarpa demonstram a presenccedila
de terpenos sesquiterpenos aacutecidos graxos flavonoacuteides e taninos metaboacutelitos
secundaacuterios reconhecidos por suas atividades bioloacutegicas (LANGENHEIM et al
1983 MATUDA amp NETTO 2005 ORSI et al 2012)
Quanto aos metaboacutelitos Hymenaea stigonocarpa mais ativos Dimech e
colaboradores (2013) descrevem que aqueles extratos e fraccedilotildees ricos em taninos
satildeo os mais ativos quanto agrave atividade antibacteriana Apesar destes apresentarem
em sua composiccedilatildeo taninos os flavonoides tambeacutem estatildeo presentes e apesar de
aparentemente natildeo influenciarem a na accedilatildeo antimicrobiana tem um grande
potencial farmacoloacutegico
Vaacuterios estudos demonstram as atividades farmacoloacutegicas jaacute atribuiacutedas aos
flavonoacuteides tais como antitromboacutetica (MILLS amp BONE 2000) anti-hipertensiva
(BLUMENTHAL 2003) antiespasmoacutedica (ROBBERS amp TYLER 2000) e antialeacutergica
(MILLS amp BONE 2000)
180
Esses efeitos estatildeo ligados agrave sua capacidade de atuar como antioxidantes e
sequestrantes de radicais livres quelando metais e interagindo com enzimas
receptores e membranas (BEHLING et al 2004)
Alguns flavonoacuteides jaacute identificados nas diferentes espeacutecies do gecircnero
Hymenaea A astilbina foi identificada na resina do tronco de Hymenaea parvifolia
(ISHIBASHI et al 1999) Pettit et al (2003) isolaram os flavonoacuteides luteolina
crisoeriol palstatina entre outros das folhas de Hymenaea palustre Lovato e Nunes
(2007) sugeriu que o extrato de acetato de etila da casca de Hymenaea
stigonocarpa conteacutem o flavonoacuteide astilbina Suzuki et al (2008) isolaram dois
flavonoacuteides do alburno de H courbaril a taxifolina e o fisetinidol e foram isolados no
alburno de Hymenaea stigonocarpa quatro flavonoides identificados como hultenina
taxifolina quercetina e 7-methoxcatequina (MARANHAtildeO et al 2013)
A anaacutelise da impressatildeo digital cromatograacutefica pode refletir o perfil quiacutemico e
tem sido amplamente aceita para avaliaccedilatildeo da qualidade e espeacutecies diferenciaccedilatildeo
(ZHANG 2012) Desta forma cromatogramas de extratos hidroalcooacutelicos da casca
do caule de Hymenaea stigonocarpa obtidos atraveacutes de CLAE-DAD por Dimech et
al (2013) sugerem a natureza polifenoacutelica desta parte da planta sugerindo a
presenccedila de catequinas polimeacutericas e relatando a partir da avaliaccedilatildeo por CCD
associada anaacutelise dos espectros de UV a presenccedila de substacircncias sugestivas de
flavonoacuteides
Com o desenvolvimento das teacutecnicas de analiacuteticas as impressotildees digitais
cromatograacuteficas que fornecem caracterizaccedilatildeo sisteacutemica de produtos agrave base de
plantas tecircm sido aceitas por muitos paiacuteses e organizaccedilotildees (LONG et al 2012)
Vaacuterios meacutetodos cromatograacuteficos tecircm sido amplamente utilizados para a
obtenccedilatildeo dessas impressotildees digitais tais como cromatografia em camada delgada
(CCD) cromatografia gasosa (CG) cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE) e
eletroforese capilar (EC) (ZHONG et al 2009 PENG et al 2011)
No entanto estes meacutetodos geralmente demandam periacuteodos de anaacutelises
longos Nos uacuteltimos anos a cromatografia liacutequida de ultrarraacutepida (UFLC) que
emprega partiacuteculas porosas submicromeacutetricas como fase estacionaacuteria tem sido
aplicada com ecircxito na raacutepida obtenccedilatildeo de perfis de produtos agrave base de plantas (OZ
2011) UFLC DAD demonstrou ser uma potente teacutecnica de impressatildeo digital
181
cromatograacutefica com as vantagens de tempo curto de anaacutelise de alta resoluccedilatildeo e um
bom desempenho de separaccedilatildeo (LONG et al 2012)
182
62 OBJETIVOS
O objetivo geral e os especiacuteficos deste estudo estatildeo descritos a seguir
621 OBJETIVO GERAL
Identificar os flavonoides presentes na fraccedilatildeo acetato de etila da casca do caule de
Hymenaea stigonocarpa atraveacutes de cromatografia liacutequida ultrarraacutepida associada a
espectrocircmetria de massas
622 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Determinar atraveacutes de Anaacutelise por cromatografia liquida ultrarraacutepida acoplada
a detector de arranjo de Diodos e espectrocircmetro de massas o perfil
cromatograacutefico e espectros de Ultravioleta (UV) do extrato acetato de etila
Sugerir atraveacutes das anaacutelises dos cromatogramas de UV dos espectros de
massas dados da literatura eou comparaccedilatildeo com o padratildeo astilbina os
flavonoides presentes na fraccedilatildeo acetato de etila
183
63 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A seguir estatildeo descritos os materiais e meacutetodos utilizados para a realizaccedilatildeo
deste estudo
631 AMOSTRAS
Fraccedilatildeo acetato de etila da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa obtida
atraveacutes do resiacuteduo seco do extrato hidroalcooacutelico (5g) particionada em aacutegua e
acetato de etila (11) e padratildeo de astilbina (98 de pureza Aktin Chemicals Inc
China)
632 SOLVENTES EMPREGADOS
Metanol (MeOH) grau HPLC (marca JT Baker) H2O deionizada (18mΩ Milli-
Q Millipore) foram utilizados como solventes Esses foram filtrados e
posteriormente desgaseificados em banho de ultrassom
633 SISTEMA CROMATOGRAFIA LIQUIDA ULTRARRAacutePIDA ACOPLADA A
DETECTOR DE ARRANJO DE DIODOS E ESPECTROcircMETRO DE MASSAS
(UFLC-DAD-EM)
A anaacutelise cromatograacutefica foi realizada em UFLC Shimadzureg Proeminence
equipado com bombas LC-20AD injetor automaacutetico modelo Sil-20A HT detector de
DAD SPD-M20A controlador CBM-20A forno para coluna CTO-20A
Aliacutequotas de 20μL das amostras (1mgml) foram injetadas via um auto injetor
com um fluxo de 10mL min em coluna analiacutetica CLC-ODS (C-18) Shimadzureg de
250 x 46 mm 5micro Os cromatogramas na regiatildeo de UV gerados pelo DAD foram
registrados em 200 a 700nm
Para a anaacutelise de massas o cromatoacutegrafo foi acoplado espectrocircmetro de
massas UltrOTOF (Bruker-daltonics Billarica USA) com ionizaccedilatildeo por IES com
monitoramento de iacuteons negativos e positivos
184
634 ANAacuteLISE POR UFLC-DAD-EM
As condiccedilotildees para UFLC-DAD foram obtidas usando um gradiente de eluiccedilatildeo
composto por aacutegua (bomba A) e MeOH (bomba B) (73) que variou de 0 min 30
B 15 min 30 B 30 min 40 B 40 min 60 B 45 min 100 B 50 min 100 B
51 min 30 B 65 min 30 B
Os cromatogramas gerados por espectro de massas foram registrados na
regiatildeo entre mz 50 e mz 1200 e os paracircmetros do espectrocircmetro de massas
listados a seguir foram mantidos os mesmos em todas as anaacutelises 1000 scans por
segundo intervalo entre espectros 2 segundos fluxo do gaacutes de secagem 80Lmin
temperatura do gaacutes de secagem 220degC pressatildeo do gaacutes de nebulizaccedilatildeo 4 bar
6341 Identificaccedilatildeo dos flavonoacuteides
Os picos cromatograacuteficos foram identificados com base em seus espectros no
UV massa acurada obtida para os iacuteons moleculares (moleacutecula protonada [M+H]+
eou moleacutecula desprotonada [M-H]-) em alta resoluccedilatildeo e tempos de retenccedilatildeo no
sistema utilizado
A utilizaccedilatildeo de cada tipo de dados obtidos e o procedimento para a
identificaccedilatildeo dos picos ocorreu conforme a necessidade As informaccedilotildees disponiacuteveis
na literatura e a obtenccedilatildeo de padrotildees no laboratoacuterio foram conduzidos
principalmente com base nos resultados de estudos fitoquiacutemicos anteriores de
Hymenaea stigonocarpa
Em estudo anterior apoacutes avaliaccedilatildeo atraveacutes de CLAE-DAD Dimech et al
(2013) sugeriu apoacutes a contaminaccedilatildeo do extrato avaliado com o padratildeo de Astilbina
onde um dos picos apresentou mesmo tempo de retenccedilatildeo aleacutem de aumento de sua
aacuterea e semelhanccedila quanto ao espectro de UV que um dos flavonoacuteides tratava-se da
astilbina
Deste modo alguns picos foram identificados por comparaccedilatildeo de tempos de
retenccedilatildeo e espectros de UV com os de padrotildees no caso a astilbina aleacutem de
posterior confirmaccedilatildeo pelas massas moleculares acuradas obtidas
Poreacutem outros soacute puderam ter sua identidade definida apoacutes anaacutelise e
comparaccedilatildeo pelas massas moleculares acuradas obtidas e espectro de UV com
aqueles jaacute relatados na literatura
185
No caso dos flavonoacuteides em que os espectros podem revelar o tipo de
flavonoacuteide (por exemplo flavona flavonol flavanona diidroflavonol chalcona) e agraves
vezes ateacute dar indiacutecios sobre o padratildeo de substituiccedilatildeo tambeacutem foram utilizados os
dados e discussotildees publicados por Gattuso et al (2006) Markham (1982) e Mabry
et al (1970)
186
64 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados que estatildeo apresentados na tabela 11 satildeo baseados nos
paracircmetros tempo de retenccedilatildeo espectro de UV espectro de massas dos iacuteons
moleculares desprotonados [M-H]- em dados da literatura e no tempo de retenccedilatildeo
do padratildeo astilbina Os picos A B C e D satildeo sugestivos de serem taxifolina (285
nm) astilbina (290 nm) engeletina (289 nm) e um estereoisocircmero da astilbina
(290nm) respectivamente
Tabela 11 - Dados cromatograacuteficos e espectrofotomeacutetricos dos componentes
identificados no cromatograma da fraccedilatildeo acetato de etila de Hymenaea
stigonocarpa
Pico Tempo de retenccedilatildeo
λmax (nm) [M-H]- (mz) Foacutermula Estrutura proposta
A 505 min 285 nm 3030878 C15H12O7 Taxifolina
B 507 min 290 nm 4491106 C21H22O11 Astilbina
C 510 min 289 nm 4331154 C21H22O10 Engeletina
D 516 min 290 nm 4491132 C21H22O11 Estereoisocircmero
de astilbina
Todos os picos apresentaram nos espectros de UV uma banda com absorccedilatildeo
maacutexima em torno de 198nm (capiacutetulo II) e um ombro com maacuteximo proacuteximo a 290nm
sinais caracteriacutesticos de flavanonois (MARKHAM 1982)
A massa molecular obtida para o composto representado pelo pico A de
tempo de retenccedilatildeo 505 min eacute similar com a massa no modo de ionizaccedilatildeo negativa
[M-H]- calculada para a taxifolina de formula molecular C15H12O7 de 3030878 mz
(figura 1) compatiacuteveis com valores descritos na literatura para taxifolina (Zhang et al
2013)
187
Figura 58 - Espectro de Ultravioleta e espectro de massa do pico A obtido
compatiacutevel com taxifolina
(1) Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 280nm espectro compatiacutevel com flavononoacuteis (MARKHAM 1982) (2) Massa do pico A no modo de ionizaccedilatildeo negativa sugestivo de taxifolina [M-H]
- 3030878
1
1
2
188
Dados obtidos anteriormente (capitulo II) sugerem ser astilbina um dos
flavonoacuteides presentes na casca do caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes
avaliaccedilatildeo por CCD e HPLC-DAD onde os tempos de retenccedilatildeo e o espectro de UV
foram idecircnticos apoacutes contaminaccedilatildeo da amostra com o padratildeo astilbina
A comparaccedilatildeo dos cromatogramas obtidos apoacutes anaacutelise com UFLC-DAD a
partir da fraccedilatildeo acetato de etila e do padratildeo astilbina confirmam esses resultados
sugerindo fortemente a presenccedila de astilbina desta fraccedilatildeo
Para a atribuiccedilatildeo da astilbina como sendo a substacircncia representada pelo
pico B (figura 3) foram comparados tempo de retenccedilatildeo (509 min) espectro de UV
(λmax 290 nm) e espectro de massas deste pico aos do padratildeo de astilbina
(C21H22O11) um flavanonol de massa molecular obtida no modo de ionizaccedilatildeo
negativa [M-H] de valor 4491132 (figura 2)
Aleacutem da semelhanccedila entre as variaacuteveis tempo de retenccedilatildeo (507 min) e
espectro de UV (λmax 290 nm) o valor da massa molecular obtida no modo de
ionizaccedilatildeo negativa [M-H]- para o pico B da fraccedilatildeo acetato de etila foi de valor
4491106 valor compatiacutevel com a astilbina
Os λmax do espectro de UV e massa no modo de ionizaccedilatildeo negativa para o
pico D tambeacutem satildeo similares aos apresentados pelo padratildeo astilbina e pico B (figura
5) todos apresentam um ombro com λmax proacuteximo a 290nm e massa molecular
compatiacutevel com o padratildeo astilbina C21H22O11 [M-H]- 4491125 Devido a diferenccedilas
no tempo de retenccedilatildeo deste pico D em relaccedilatildeo ao pico B e ao padratildeo de astilbina
utilizado sugerimos ser este um estereoisocircmero da astilbina
Quanto ao pico C (figura 4) a massa molecular obtida estaacute em conformidade
com a massa exata calculada para engeletina (C21H22O10) no modo de ionizaccedilatildeo
negativa [M-H]-- 4331154 sendo tambeacutem o espectro de UV apresentando ombro
com λmax proacuteximo a 290nm compatiacutevel com valores descritos na literatura para
engeletina (ZHANG et al 2013 MABRY et al 1970)
Os flavonoacuteides relatados neste trabalho jaacute foram descritos em espeacutecies do
gecircnero Hymenaea e em todos os casos satildeo atribuiacutedas atividades bioloacutegicas a estas
substacircncias A taxifolina foi identificada no alburno de Hymenaea courbaril (SUZUKI
et al 2008) sendo descrita por apresentar atividade antioxidante Aleacutem disso
tambeacutem foi identificada no alburno de Hymenaea stigonocarpa (MARANHAtildeO et al
2013) apresentando atividade antitermitica frente agrave Nasutitermes corniger
189
Figura 59 - Espectro de UV e de massas dos iacuteons moleculares desprotonados do
padratildeo astilbina
(1) Espectro de UV com ombro de absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 290nm e espectro de massas do no modo de ionizaccedilatildeo negativa [M-H]
- mz 4491132
1
2
190
Figura 60 - Espectro de UV e de massas do pico B compatiacutevel com a astilbina
(padratildeo)
(1)Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 290nm (2) Massa do pico B no modo de ionizaccedilatildeo negativa com o padratildeo de astilbina [M-H]
- 4491132
1
2
191
Figura 61 - Espectro de UV e de massas do pico C compatiacutevel com o flavanonol
engeletina
(1) Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 293 nm compatiacutevel com flavononoacuteis (MABRY et al 1970) (2) Massa do pico C no modo de ionizaccedilatildeo negativa sugestivo de engeletina [M-H]
- 4331154
1
2
192
Figura 62 - Espectro de UV e de massas do pico D compatiacutevel com
estereoisocircmero da astilbina
(1) Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 290nm (2) Massa do pico D no modo de ionizaccedilatildeo negativa com o padratildeo de astilbina [M-H]
- 4491132 e pico A [M-H]
-
4491106
1
2
193
A engeletina assim como a astilbina foram identificada no extrato etanoacutelico da
casca de Hymenaea martiana (CARNEIRO et al 1993) apresentando resposta
antagocircnica a accedilatildeo de bradicinina (BK) no musculo liso uterino de ratas inibindo
assim as contraccedilotildees
A presenccedila do flavononol astilbina aleacutem de ser observada na casca de H
martiana (CARNEIRO et al 1993) como descrito anteriormente tambeacutem foi
relatada na resina do tronco da espeacutecie H parvifolia (ISHIBASHI et al1999) onde foi
descrita a ocorrecircncia de um estereoisocircmero da astilbina a neoastilbina que juntos
apresentaram efeitos inibitoacuterios sobre a caseiacutena quinase II (CK-II) de forma dose-
dependente
A presenccedila de astilbina foi tambeacutem relatada em Hymenaea stigonocarpa
onde Lovato e Nunes (2007) isolaram este flavonoacuteide e o sugeriram por comparaccedilatildeo
do espectro de infravermelho com amostra autecircntica a sua presenccedila
Os dados obtidos por cromatografia liacutequida ultrarraacutepida espectros de massas
e a utilizaccedilatildeo do padratildeo astilbina associados aos relatos da ocorrecircncia desses
flavonoacuteides em diversas espeacutecies do gecircnero Hymenaea sugerem fortemente a
presenccedila de astilbina e um estereoisocircmero taxifolina e engeletina na fraccedilatildeo acetato
de etila da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa sendo este o primeiro relato
da ocorrecircncia de taxifolina engeletina e de um estereoisomero de astilbina
194
65 CONCLUSOtildeES
Os resultados obtidos permitem constatar que o cromatograma obtido por
UFLC-DAD-EM no modo de ionizaccedilatildeo negativa apresenta valores de espectro de
massas e UV caracteriacutesticos de quatro flavonoacuteides com diferentes tempos de
retenccedilatildeo (Picos A B C e D) Uma dessas substacircncias (pico A) apresenta massa
molecular obtida em conformidade com a massa no modo de ionizaccedilatildeo negativa
calculada para a taxifolina e com dados da literatura
Jaacute o pico B apresenta tempo de retenccedilatildeo dados de espectro de UV e de
massas similares ao padratildeo astilbina utilizado dados que sugerem fortemente ser
este o flavonoide astilbina
O pico C apresenta massa molecular obtida em conformidade com a massa
no modo de ionizaccedilatildeo negativa calculada para a engeletina e com dados da
literatura Como tambeacutem o pico D apresenta as mesmas caracteriacutesticas do espectro
de UV e de massas que o pico B e do padratildeo apresentando poreacutem tempo de
retenccedilatildeo diferente dados que sugerem ser este um estereoisocircmero da astilbina
195
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1
2
GUSTAVO SANTIAGO DIMECH
ESTUDO FITOQUIacuteMICO E ANTIMICROBIANO DA CASCA DO CAULE DE
HYMENAEA STIGONOCARPA MART EX HAYNE (JATOBAacute)
Tese submetida ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em Ciecircncias Farmacecircuticas
Aprovada em 19032014
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________________ Profa Dra Eulaacutelia Camelo Pessoa de Azevedo Ximenes (Orientador)
Universidade Federal de Pernambuco
___________________________________________________________________ Profa Dra Mocircnica Camelo Pessoa de Azevedo Albuquerque (Examinadora Interna)
Universidade Federal de Pernambuco
______________________________________________________________ Prof Dr Sebastiatildeo Joseacute de Melo (Examinador Interno)
Universidade Federal de Pernambuco
______________________________________________________________ Profa Dra Ana Catarina de Souza Lopes (Examinadora Externa)
Universidade Federal de Pernambuco
______________________________________________________________ Profa Dra Glaucia Manoella de Souza Lima (Examinadora Externa)
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof Dr Aniacutesio Brasileiro de Freitas Dourado
VICE-REITOR
Prof DrSiacutelvio Romero de Barros Marques
PROacute-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
Prof Dr Francisco de Sousa Ramos
DIRETOR DO CENTRO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE
Prof Dr Nicodemos Teles de Pontes Filho
VICE-DIRETOR DO CENTRO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE
Profa Dra Vacircnia Pinheiro Ramos
CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FARMACEcircUTICAS
Prof Dr Antocircnio Rodolfo de Faria
VICE- CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FARMACEcircUTICAS
Prof Dr Dalci Joseacute Brondani
COORDENADOR DO PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS
FARMACEcircUTICAS
Prof Dra Almir Gonccedilalves Wanderley
VICE-COORDENADORA DO PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS
FARMACEcircUTICAS
Profa Dra Ana Cristina Lima Leite
4
Dedico este trabalho aos professores Salvador e Naacutegela Dimech meus pais
Por sempre me ensinarem o valor da educaccedilatildeo
A minha esposa Alba e minha filha Bruna
Para que eu possa servir de exemplo
5
AGRADECIMENTOS
A Deus por sempre guiar meus passos mostrando os verdadeiros valores que
devem estar presentes na caminhada
A meus pais Salvador (In memorian) e Naacutegela meus primeiros educadores
responsaacuteveis pela minha formaccedilatildeo como pessoa
A minha esposa Alba Dimech por todo companheirismo paciecircncia e amor estando
sempre do meu lado e ajudando a superar todas as dificuldades durante esta
jornada
A minha filha Bruna Dimech por sempre proporcionar os melhores momentos da
minha vida
A minha orientadora Eulalia Ximenes por aleacutem de cumprir a sua vocaccedilatildeo como
educadora demonstar sempre amizade simpatia e um carinho a todos os seus
alunos Sua presenccedila e apoio nos momentos tristes e alegres nunca seratildeo
esquecidos
Aos professores Haroudo Saacutetiro Xavier e Alexandre Goacutees pela simpatia amizade e
suas sempre importantiacutessimas colocaccedilotildees
A equipe do Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco principalmente a Dra Ana luiacuteza Du Bocage Neta Dra Bernadete costa
e a Dra Rita de Caacutessia Arauacutejo Pereira
Ao professor Sebastiatildeo Melo pelo auxilio na tarefa de identificaccedilatildeo dos flavonoides
assim como ao professor Norberto Peporine Lopes
Ao Professor Joaacutes Lucas da Silva pela disponibilidade e ajuda na realizaccedilatildeo da
microscopia eletrocircnica na USP Satildeo Paulo
Aos professores Pedro Rolim e Terezinha Gonccedilalves e Miracy Muniz pela permissatildeo
da utilizaccedilatildeo dos equipamentos em seus laboratoacuterios
As professoras Elba Lucia Cavalcanti Amorim e Claudia Sampaio minhas
orientadoras na iniciaccedilatildeo cientiacutefica e ao professor Almir Wanderley que muito
contribuiram para minha formaccedilatildeo acadecircmica
Ao Professor Luiz Alberto Lira Soares Magda Ferreira e as professoras Karina
Randau e Rejane Pimentel pelo auxilio na execuccedilatildeo deste trabalho
Aos amigos de laboratoacuterio Amanda Lucas Tiago Leacuteo Renata George
Emmanuelle Fabio Kewdma e Tacilene
6
Ao Sr Joseacute Ney e seu filho Helson Neves donos da fazenda Saco na cidade de Jati-
CE e a Miro Ao contrario do que torciacuteamos tinha em suas terras uma espeacutecie
jatobaacute diferente da estudada neste trabalho poreacutem sou grato por toda a atenccedilatildeo
Ao Sr Antocircnio Severino de Paula dono fazenda Refuacutegio na cidade de Camocim de
Satildeo Feacutelix-PE ao Sr Elisiario Souza ao meu sogro Sr Luiz Carlos Serafim e ao Sr
Cacai pelo auxiacutelio na localizaccedilatildeo e coleta da amostra de Hymenaea stigonocarpa
utilizada neste estudo
A minha tia Conceiccedilatildeo Alencar pelo apoio que fez toda a diferenccedila durante a
execuccedilatildeo deste trabalho
Aos velhos amigos Carlos Fernando Brasileiro e Eduardo Gonccedilalves (BRASA E
DUDA) por serem os grandes responsaacuteveis por plantar a ideacuteia da realizaccedilatildeo desse
Doutorado
Aos novos amigos Gibson Gomes Antocircnio Pereira e Isla Bastos por serem grandes
companheiros de bancada durante a execuccedilatildeo deste trabalho
Aos colegas da Universidade Federal Rural de Pernambuco Neves Luana
Rivonilda Eroacutetildes Reginete Walter Arlindo Erica e vaacuterios outros por todo apoio
Ao Professor Jurandi David Da Silva Farmacecircutico que me ensinou os primeiros
ldquosegredosrdquo da Microbiologia Cliacutenica
Ao Laboratoacuterio de Anaacutelises Cliacutenicas e a Comissatildeo de Controle de Infecccedilatildeo
Hospitalar do Hospital Aeronaacuteutica de Recife casa onde iniciei na arte da
microbiologia Cliacutenica
7
Eacute vocecirc olhar no espelho Se sentir Um grandessiacutessimo idiota Saber que eacute humano Ridiacuteculo limitado Que soacute usa dez por cento De sua cabeccedila animal
E vocecirc ainda acredita Que eacute um doutor Padre ou policial Que estaacute contribuindo Com sua parte Para o nosso belo Quadro social
Ouro de tolo ndash Raul Seixas
Ainda que eu tivesse
o dom da profecia e
conhecesse todos os
misteacuterios e toda a
ciecircncia se natildeo
tivesse amor nada
seria
Corintios 13-2
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Aacutervore Hymenaea stigonocarpa com cerca de 20 metros de altura 27
Figura 2 - Casca do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 28
Figura 3 - Folhas de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 28
Figura 4 - Inflorescecircncia do jatobaacute do cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne)
29
Figura 5 - Vista frontal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 29
Figura 6 - Seccedilatildeo transversal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
30
Figura 7 - Seccedilatildeo longitudinal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
30
Figura 8 - Aspectos da semente de Hymenaea stigonocarpa Martex Hayne 31
Figura 9 - Aacutecido copaacutelico isolado da resina de H courbaril 32
Figura 10 - Terpeno labd-13-em-ol 15-oato de metila isolado de H courbaril 32
Figura 11 - Terpenos isolados da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo de Campinas
33
Figura 12 - Principais constituintes das resinas encontradas nas folhas da Hymenaea courbaril cariofileno (1) β-selineno (2) e α-selineno (3) 33 Figura 13 - Constituintes encontrados em menor escala das resinas das folhas da Hymenaea courbaril alfa-cubebeno (1) α-copaeno (2) beta-copaeno (3) alfa e beta-hemuleno (4a e 4b) γ-muroleno (5) delta-cadineno (6) e copacanfeno (7)
34
Figura 14 - Composto diterpecircnico identificado na resina proveniente da casca do fruto da Hymenaea courbaril aacutecido enatio-8(17)13(16)14-labdatrien-18-oico
34
Figura 15 - Compostos sesquiterpecircnicos identificados na resina proveniente da casca do fruto da Hymenaea courbaril ciclosativeno (1) β-bourbuneno (2) cariofileno (3) calareno (4) hemuleno22 Selina-4(14)-7-dieno (5) α-himacaleno (6) α-muroleno (7) 35
Figura 16 - Estruturas dos sesquiterpenos isolados das folhas de H courbaril b-cariofileno (1) e γ-muroleno (2) 36 Figura 17 - Estruturas dos diterpenos isolados das folhas e galhos de H courbaril aacutecido (13R)-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (1) aacutecido (2S13R)-213-dihidroxi-1(10)-14-ent-halimadien-18-oico (2) e aacutecido (13R)-2-oxo-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (3) 36 Figura 18 - Estruturas dos diterpenos isolados das sementes de H courbaril aacutecido (5R8S9S10R)-cleroda-313E-dien-15-oico (1) e aacutecido (5S8S9S10R)-cleroda-313E-dien-15-oico (2) 37 Figura 19 - Principais constituintes da fraccedilatildeo aacutecida da resina do tronco da Hymenaea oblongifolia aacutecido enantio-pinifoacutelico (aacutecido enantio-labd-8(20-em-1518 dioacuteico) (1) e o aacutecido guamaacuteico (aacutecido enantio-labd-8(20)13-dien-1518 dioico (2) oblongifolia 38 Figura 20 - Esqueletos estruturais do tipo laacutebdano (1) e abietano (2) e pimarano (3) da resina de Hymenaea stigonocarpa 39
9
Figura 21 - sesquiterpenos isolados da fraccedilatildeo neutra das folhas de H stigonocarpa a-copaeno (1) espatulenol (2) e oacutexido de cariofileno (3)
40 Figura 22 - Diterpenos majoritaacuterios isolados da fraccedilatildeo aacutecida das folhas de H stigonocarpa caur-16-en-19-ato de metila (4) caur-15-en-19-ato de metila (5) ozato de metila (6) e isoozato de metila (7) 40 Figura 23 - Estrutura do aacutecido enantio-13-epilabdanoacuteico isolada de H parvifolia 41
Figura 24 - Estrutura da Astilbina 42
Figura 25 - Estruturas de flavonoacuteides isolados das folhas de H palustres luteolina (1) crisoeriol (2) e palstatina (3) 42
Figura 26 - Estruturas dos flavonoacuteides isolados do cerne de H courbaril taxifolina (1) e o fisetinidol (2) 43
Figura 27 - Estruturas das cumarinas isoladas das sementes de H courbaril ipomopsina (1) e hymenaina (2) 44
Figura 28 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do local de coleta das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 69
Figura 29 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do suacuteber corada com safranina e azul de astra 79
Figura 30 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do suacuteber felogecircnio feloderma e parecircnquima cortical corados com safranina e azul de astra 80
Figura 31 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando parecircnquima cortical esclerecircnquima e floema corados com safranina e azul de Astra 80 Figura 32 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com dicromato de potaacutessio para visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos fenoacutelicos 81 Figura 33 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo jovem de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos 82
Figura 34 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos 83
Figura 35 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo da presenccedila de monoterpenos e sesquiterpenos 84
Figura 36 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de triterpenos e esteroides 85
Figura 37 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
86
Figura 38 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de accedilucares
87
Figura 39 - Cromatograma do extrato etanoacutelico (B) para avaliaccedilatildeo de taninos hidrolisados
88
10
Figura 40 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de taninos condensados
89
Figura 41 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
90
Figura 42 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo aquosa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
91
Figura 43 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo acetato de etila para avaliaccedilatildeo de taninos
92
Figura 44 - Cromatogramas obtidos por CLAEndashDAD de diferentes extratos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
94
Figura 45 - Imagens da microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus ATCC-33591 tratada com diferentes concentraccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico de H Stigonocarpa
100
Figura 46 - Representaccedilatildeo do meacutetodo do tabuleiro de xadrez 121
Figura 47 - Isobolograma revelando o efeito sineacutergico do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa quando associado agrave oxacilina frente agrave Staphylococcus aureus AM24 129 Figura 48 - Microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus AM 24 submetida a tratamento com oxacilina e o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa 131
Figura 49 - Histograma de distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica do triturado da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa 153
Figura 50 - Curvas de retenccedilatildeo e passagem da amostra de casca do caule de Hymenaea stigonocarpa 154
Figura 51 - Teor dos resiacuteduos secos obtidos atraveacutes dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo 159 Figura 52 ndash Cromatogramas demonstrando a da presenccedila de flavonoides e taninos nos extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule Hymenaea stiginocarpa obtidos a partir dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo 160
Figura 53 - Espectro de varredura do aacutecido gaacutelico e do extrato de Hymenaea stigonocarpa apoacutes reaccedilatildeo com Folin-Ciocalteau 161
Figura 54 - Graacutefico de pareto para efeitos padronizados do fatorial 32 162
Figura 55 - Valores de absorvacircncia da fraccedilatildeo residual do extrato de Hymenaea stigonocarpa em funccedilatildeo da quantidade de caseiacutena 163
Figura 56 - Cromatograma obtido por CLAE-DAD dos diferentes extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
166
Figura 57 - Teor de polifenois totais dos extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa obtidos atraveacutes dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo 167
Figura 58 - Espectro de Ultravioleta e espectro de massa do pico A obtido compatiacutevel com taxifolina 187
11
Figura 59 - Espectro de UV e de massas dos iacuteons moleculares desprotonados do padratildeo astilbina 189
Figura 60 - Espectro de UV e de massas do pico B compatiacutevel com a astilbina (padratildeo) 190 Figura 61 - Espectro de UV e de massas do pico C compatiacutevel com o flavanonol engeletina 191 Figura 62 - Espectro de UV e de massas do pico D compatiacutevel com estereoisocircmero da astilbina 192
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Conteuacutedo de polifenois e taninos totais dos diferentes extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa 93
Tabela 2 - Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima dos extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa frente a cocos Gram-positivos 97 Tabela 3 - CIM e CBM do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa e de agentes antimicrobianos frente cepas de Staphylococcus aureus com diferentes perfis de resistecircncia 125 Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo da associaccedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaeae stigonocarpa com agentes antimicrobianos frente a cepas de Staphylococcus aureus multidroga resistes 127
Tabela 5 - Resultados dos ensaios de perda por dessecaccedilatildeo teor de extrativos e cinzas totais das amostras de Hymenaea stigonocarpa
156 Tabela 6 - Matriz do experimental do desenho aplicado para avaliar a influecircncia da quantidade de Folin concentraccedilatildeo de Carbonato e tempo de leitura sobre a resposta do meacutetodo em absorbacircncia 162
Tabela 7 - Valores meacutedios da absorvacircncia (UA) e CV obtidos para a fraccedilatildeo natildeo tanante com caseiacutena durante anaacutelise em triplicata 164 Tabela 8 - Teor de polifenois taninos e flavonoides totais nos extratos hidroalcooacutelocos de Hymenaea stigonocarpa obtidos a partir de diferentes meacutetodos 165 Tabela 9 - Valores da Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima e Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima dos extratos de Hymenaea stigonocarpa frente a cepas de bacteacuterias Gram positivas 169 Tabela 10 - Valores da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa obtido por maceraccedilatildeo frente a diferentes espeacutecies de Candida 171 Tabela 11 - Dados cromatograacuteficos e espectrofotomeacutetricos dos componentes identificados no cromatograma da fraccedilatildeo acetato de etila de Hymenaea stigonocarpa 186
13
RESUMO
A raacutepida disseminaccedilatildeo dos micro-organismos multidroga resistentes induz a pesquisa por novos agentes antimicrobianos mais ativos e menos toacutexicos Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne (Fabaceae) eacute uma planta medicinal de principal ocorrecircncia no cerrado brasileiro e conhecida popularmente como Jatobaacute-do-cerrado As cascas do seu caule satildeo amplamente utilizadas em infusatildeo ou decocccedilatildeo para tratar dor de estocircmago asma bronquite uacutelceras diarreacuteia gripe e tosse Entretanto estudos fitoquiacutemicos e antimicrobianos ainda natildeo satildeo escassos O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antimicrobiana de diferentes extratos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa atraveacutes da determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima e bactericida miacutenima realizar a caracterizaccedilatildeo botacircnica e fitoquiacutemica por cromatografia de camada delgada e cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia e determinar as concentraccedilotildees dos metaboacutelitos secundaacuterios responsaacuteveis pela sua atividade e sua atividade frente a diferentes espeacutecies de Candida Aleacutem disso foi parte deste estudo a avaliaccedilatildeo da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa e agentes antimicrobianos de diferentes classes quiacutemicas a determinaccedilatildeo das alteraccedilotildees ultraestruturais decorrentes da accedilatildeo deste extrato em associaccedilatildeo bem como a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica das cascas do caule apoacutes coleta secagem e trituraccedilatildeo Este trabalho tambeacutem avaliou a influecircncia do meacutetodo de extraccedilatildeo sobre as seguintes variaacuteveis resiacuteduo seco atividade antbacteriana e concentraccedilatildeo de taninos Staphylococcus aureus mostrou ser o micro-organismo mais sensiacutevel a accedilatildeo dos extratos Tambeacutem foi observada uma forte atividade frentes as espeacutecies Candida krusei e Candida glabrata e uma atividade moderada frente as bacteacuterias Gram negativas A anaacutelise ultraestrutural deste micro-organismo demonstrou alteraccedilotildees na parede celular bem como no citoplasma decorrentes da accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico A associaccedilatildeo com agentes antimicrobianos resultou na maior parte das vezes em um efeito sineacutergico revertendo a multirresistecircncia de algumas cepas de Staphylococcus aureus meticilina resistentes O meacutetodos de extraccedilatildeo natildeo influecircnciaram a concentraccedilatildeo final de taninos assim como a atividade antibacteriana Entretanto houve diferenccedilas quanto ao resiacuteduo seco sendo esta a variavel utilizada para classificar a maceraccedilatildeo dinacircmica como o meacutetodo mais eficaz Quanto a presenccedila flavonoacuteides apoacutes fracionamento e anaacutelise por cromatografia liacutequida ultra raacutepida acoplada ao espectrocircmetro de massas fortes evidecircncias indicam a presenccedila de engeletina taxifolina astilbina e um diasteroisocircmero da astilbina Assim concluimos que o extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa tem atividade antimicrobiana sendo mais ativo frente a Staphylococcus aureus como tambeacutem a cepas de Candida krusei e Candida glabrata O modo de extraccedilatildeo mais eficiente eacute a maceraccedilatildeo dinacircmica e a associaccedilatildeo do extrato com antibioacuteticos de referecircncia leva a potencializaccedilatildeo do efeito destes Palavrasndashchave Hymenaea Staphylococcus Sinergismo Taninos Ultraestrutura
14
ABSTRACT
The rapid spread of multidrug resistant microorganisms induces the search for new more active and less toxic antimicrobial agents Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne (Fabaceae) is a medicinal plant of main occurrence in the Brazilian cerrado and known popularly as Jatoba-do-cerrado Its stem peels are widely used in infusion or decoction to treat stomach pain asthma bronchitis ulcers diarrhea flu and cough However phytochemicals and antimicrobial studies are still scarce The objective of this study was to evaluate the antimicrobial activity of different extracts of the stem bark of Hymenaea stigonocarpa by determining the minimum inhibitory concentration and minimum bactericidal perform the phytochemical and botanical characterization by thin layer chromatography and high performance liquid chromatography to determine the efficiency and concentrations of secondary metabolites responsible for its activity and its activity against various Candida species In addition part of this study was to evaluate the interaction between the alcoholic extract of Hymenaea stigonocarpa and antimicrobials of different chemical classes the determination of ultrastructural changes resulting from the action of this extract in combination as well as the physico- chemical characterization of the stem bark after collection drying and grinding This study also evaluated the influence of the extraction method on the following variables dry antibacteriana activity and concentration of tannins Staphylococcus aureus was found to be the most sensitive microorganism action of the extracts Strong activity fronts the species Candida krusei and Candida glabrata and moderate activity against gram-negative bacteria was also observed The ultrastructural analysis of this microorganism showed changes in the cell wall and the cytoplasm resulting from the action of the alcoholic extract Combination with antimicrobial agents resulted in most cases a synergistic effect in reversing the multidrug resistance of some strains of methicillin resistant Staphylococcus aureus The extraction methods did not influence the final concentration of tannins as well as antibacterial activity However there were differences in dry matter which is the variable used to classify the dynamic maceration as the most effective method As the flavonoids present after fractionation and analysis coupled with mass spectrometry ultra strong evidence fast performance liquid chromatography indicated the presence of engeletina taxifolina astilbin and a diastereomer of astilbin Thus we conclude that the hydroalcoholic extract of the stem bark of Hymenaea stigonocarpa has antimicrobial activity being more active against Staphylococcus aureus as well as strains of Candida krusei and Candida glabrata The most efficient way of extracting the dynamic is mashing and extracts association with antibiotics reference leads to potentiation of the effect of these Keywords Hymenaea Staphylococcus Synergism Tannins Ultrastructure
15
SUMAacuteRIO
1 APRESENTACcedilAtildeO 2 O GEcircNERO Hymenaea ASPECTOS BOTAcircNICOS QUIacuteMICOS E FARMACOLOacuteGICOS 21 INTRODUCcedilAtildeO 211 Classificaccedilatildeo 2112 Famiacutelia Leguminosae 22 ASPECTOS BOTAcircNICOS DO GEcircNERO Hymenaea 221 Distribuiccedilatildeo do gecircnero Hymenaea 222 Estudos taxonocircmicos 223 Avaliaccedilatildeo morfoloacutegia 224 Desenvolvimento das espeacutecies 225 Descriccedilatildeo botacircnica da espeacutecie Hymenaea stigonocarpa 23 ASPECTOS QUIacuteMICOS DAS ESPEacuteCIES DO gecircnero Hymenaea 231 Terpenos identificados no gecircnero Hymenaea 2111 Hymenaea courbaril 23111 Terpenos identificados na resina do tronco 23112 terpenos identificados nas resinas das folhas 23113 terpenos identificados na resina dos frutos 23114 terpenos identificados nas folhas 23115 terpenos identificados nas cascas dos frutos 23116 substacircncias isoladas das sementes 2312 Hymenaea oblongifolia 2313 Hymenaea verrucosa 2314 Hymenaea stigonocarpa 23141 terpenos identificados nas sementes 23142 terpenos identificados nas folhas 23143 terpenos identificados no epicarpo 23144 terpenos identificados na resina do tronco 23145 terpenos identificados no alburno 232 flavonoacuteides identificados no gecircnero Hymenaea 2321 Hymenaea parvifolia 2322 Hymenaea palustres 2323 Hymenaea courbaril 2324 Hymenaea stigonocarpa 23241 flavonoacuteides identificados na casca do caule 23242 flavonoacuteides identificados no alburno 233 cumarinas identificadas no gecircnero Hymenaea 2331 Hymenaea courbaril 234 taninos relatados no gecircnero Hymenaea 2341 Hymenaea courbaril 2342 Hymenaea stigonocarpa 24 ASPECTOS FARMACOLOacuteGICOS DOS EXTRATOS OBTIDOS A PARTIR DE DIFERENTES ESPEacuteCIES DO GEcircNERO Hymenaea 241 Estudos etnofarmacologicos
20 22 22 22 23 23 24 25 25 26 27 31 31 31 32 33 34 35 37 37 38 38 38 38 39 39 41 41 41 42 42 43 43 43 44 44 44 45 45 45 45 45
16
2411 Hymenaea courbaril 2412 Hymenaea stigonocarpa 2413 Hymenaea parvifolia 242 Avaliaccedilatildeo farmacoloacutegica 2421 Hymenaea courbaril 2422 Hymenaea stigonocarpa 2423 Hymenaea martiana 2424 Hymenaea parvifolia REFEREcircNCIAS 3 CARACTERIZACcedilAtildeO BOTAcircNICA FITOQUIacuteMICA E AVALIACcedilAtildeO DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DOS EXTRATOS E FRACcedilOtildeES DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 31 INTRODUCcedilAtildeO 32 OBJETIVOS 321 Objetivo geral 322 Objetivos especiacuteficos 33 MATERIAIS E MEacuteTODOS 331 Coleta do material vegetal 332 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal 3321 Anaacutelise microscoacutepica 3322 Anaacutelise histoquiacutemica 333 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal 334 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais 3341 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais 3342 Determinaccedilatildeo de taninos totais 3343 Analise por cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE) 335 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana 3351 Preparaccedilatildeo das amostras 3352 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana in vitro 33521 Agentes antimicrobianos 33522 Micro-organismos e padronizaccedilatildeo dos inoacuteculos 33523 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (CMB) 336 anaacutelise ultraestrutural 337 anaacutelise estatiacutestica 34 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 341 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal 341 Anatomia 3412 Histoquiacutemica 34121 Avaliaccedilatildeo de Polifenoacuteis 34122 Detecccedilatildeo da presenccedila de taninos 341221 Caules jovens 341222 Caules adultos 342 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal
45 46 47 47 47 49 51 52 53 63 63 68 68 68 69 69 69 70 70 70 73 73 73 74 74 74 75 75 75 76 77 78 79 79 79 81 81 82 82 82 83
17
3421 Anaacutelise fitoquiacutemica 34211 Monoterpenos e sesquiterpenos 34212 Triterpenos e esteroacuteides 34213 Flavonoacuteides e cumarinas 34214 Accedilucares 34215 Taninos condensados e hidrolisaacuteveis 34216 Flavonoacuteides apoacutes particcedilatildeo 34217 Taninos condensados apoacutes particcedilatildeo 343 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais 3431 Determinaccedilatildeo da Curva de calibraccedilatildeo do aacutecido gaacutelico 3442 Determinaccedilatildeo do teor de polifenoacuteis e taninos totais 344 Anaacutelise por cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE-DAD) 345 Atividade antibacteriana 346 Alteraccedilotildees ultraestruturais 35 CONCLUSOtildeES REFEREcircNCIAS 4 ASSOCIACcedilAtildeO DO EXTRATO HIDROALCOOacuteLICO DA CASCA DO CAULE DE HYMENAEA STIGONOCARPA MART EX HAYNE COM AGENTES ANTIMICROBIANOS FRENTE A CEPAS DE Staphylococcus aureus RESISTENTES A METICILINA (MRSA) 41 INTRODUCcedilAtildeO 411 A evoluccedilatildeo da resistecircncia de staphylococcus aureus a agentes antimicrobianos 4111 Staphylococcus aureus resistentes a meticilina 412 Associaccedilotildees entre polifenois e agentes antimicrobianos 42 OBJETIVOS 421 Objetivo geral 422 Objetivos especiacuteficos 43 MATERIAIS E MEacuteTODOS 431 Material vegetal 432 Procedimentos extrativos 433 Determinaccedilatildeo da atividade anti- estafilocoacutecica in vitro 4331 Agentes antimicrobianos 4332 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees 4333 Micro-organismos 4334 Preparaccedilatildeo do inoacuteculo 4335 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (CMB) 4336 Avaliaccedilatildeo in vitro da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymeneae stigonocarpa com agentes antimicrobianos 434 Microscopia eletrocircnica de transmissatildeo 44 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 45 CONCLUSOtildeES
84 84 85 86 87 87 90 91 92 92 92 93 95 99 102 103 111 111 112 114 115 116 116 116 117 117 117 117 118 119 119 119 119 120 122 123 132
18
REFEREcircNCIAS 5 O EFEITO DE DIFERENTES MEacuteTODOS DE EXTRACcedilAtildeO SOBRE O RENDIMENTO CONCENTRACcedilOtildeES DE FENOacuteIS TOTAIS E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa 51 INTRODUCcedilAtildeO 52 OBJETIVOS 521 Objetivo geral 522 Objetivos especiacuteficos 53 MATERIAIS E MEacuteTODOS 531 Coleta 532 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal 5321 Anaacutelise granulomeacutetrica por tamisaccedilatildeo 5322 Determinaccedilatildeo da perda por dessecaccedilatildeo 5323 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos 5324 Determinaccedilatildeo de cinzas totais 533 Procedimentos extrativos 534 Descriccedilatildeo das teacutecnicas extrativas 5341 Maceraccedilatildeo 5342 Maceraccedilatildeo dinacircmica 5343 Utrassom 5344 Refluxo 5345 Turbo-extraccedilatildeo 5346 Infusatildeo 535 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica 536 Anaacutelises quantitativa de polifenois 5361 Determinaccedilatildeo de polifenoacuteis totais 53611 Desenho fatorial 32 53612 Preparaccedilatildeo da Soluccedilatildeo Padratildeo 5362 Determinaccedilatildeo de taninos totais 5363 Determinaccedilatildeo de flavonoides 53631 Anaacutelise por cromatografia liquida e alta eficiecircncia acoplada a detector de arranjo de Diodos (CLAE-DAD) 537 Determinaccedilatildeo da atividade antimicrobiana de H stigonocarpa Mart ex Hayne 5371 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana 53711 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees de H stigonocarpa 53712 Micro-organismos 53713 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (CMB) 5372 Determinaccedilatildeo da atividade antifungica 53721 Cepas e condiccedilotildees de cultivo 53722 Susceptibilidade antifuacutengica in vitro 538 Anaacutelise estatiacutestica 54 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
133 139 139 142 142 142 143 143 143 143 144 144 145 145 145 145 146 146 146 146 146 147 147 147 147 148 148 149 149 150 150 150 150 150 151 151 152 152 153
19
541 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal 542 Determinaccedilatildeo do rendimento 543 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica por cromatografia de camada delgada 544 Anaacutelise quantitativa dos compostos majoritaacuterios 5441 Determinaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento de polifenoacuteis totais por espectofotometria apoacutes avaliaccedilatildeo das variaveis analiacuteticas 5442 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de polifenois totais taninos e flavonoides 545 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana de H stigonocarpa Mart ex Hayne 546 Determinaccedilatildeo da atividade antifungica de H stigonocarpa Mart ex Hayne 55 CONCLUSOtildeES REFEREcircNCIAS 6 IDENTIFICACcedilAtildeO DO FLAVONOacuteIDES PRESENTES NA FRACcedilAtildeO ACETATO DE ETILA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa 61 INTRODUCcedilAtildeO 62 OBJETIVOS 621 objetivo geral 622 objetivos especiacutefico 63 MATERIAIS E MEacuteTODOS 631 Amostras 632 Solventes empregados 633 Sistema cromatografia liquida ultrarraacutepida acoplada a detector de arranjo de diodos e espectrocircmetro de massas (UFLC-DAD-EM) 634 Anaacutelise por UFLC-DAD-EM 6341 Identificaccedilatildeo dos flavonoacuteides 64 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 65 CONCLUSOtildeES REFERENCIAS
153 156 160 160 164 164 168 170 173 174 179 179 182 182 182 183 183 183 183 184 184 186 194 195
20
1 APRESENTACcedilAtildeO
Os antibioacuteticos satildeo uma das mais importantes armas no combate agraves
infecccedilotildees bacterianas No entanto ao longo das uacuteltimas deacutecadas seus benefiacutecios agrave
sauacutede estatildeo sob ameaccedila pois muitos antibioacuteticos tornaram-se cada vez menos
eficazes devido ao aparecimento de bacteacuterias resistentes (RAKHOLIYA et al 2012)
A crescente resistecircncia bacteriana principalmente associada a utilizaccedilatildeo
extensiva de agentes antimicrobianos pode resultar na existecircncia de um arsenal de
substacircncias ineficazes para combater infecccedilotildees bacterianas (HOERLLE
BRANDELLI 2009)
Devido a raacutepida disseminaccedilatildeo dos micro-organismos multidrogas resistentes
haacute uma consideraacutevel necessidade por novos agentes antimicrobianos (GIBBONS et
al 2002) tendo sido muitas plantas avaliadas natildeo somente pela atividade
antimicrobiana direta mas tambeacutem pela modificaccedilatildeo do perfil de resistecircncia ao
agente antimicrobiano (GIBBONS 2004 HEMAISWARYA et al 2008 WAGNER
ULRICH-MERZENICH 2009)
Os principais grupos de compostos com propriedades antimicrobianas
extraiacutedos de plantas incluem terpenoacuteides (TORSSEL 1989) alcaloides
(FESSENDEN 1982) polipeptiacutedios (TERRAS et al1993 ZHANG LEWIS 1997) e
substacircncias fenoacutelicas que satildeo fenoacuteis simples aacutecidos fenoacutelicos quinonas (STERN
et al 1996) flavonas flavonoacuteis e flavonoacuteides (FESSENDEN 1982) tanino
(SCALBERT 1992) e cumarinas (OrsquoKENNEDY amp THORNES 1997)
Esses metaboacutelitos secundaacuterios satildeo considerados uma fonte promissora para
a terapia antimicrobiana seja ela combinada ou natildeo podendo atuar em pontos
especiacuteficos da ceacutelula procarioacutetica e potencializar o efeito de antimicrobianos
sinteacuteticos (CHOVANOVAacute et al 2013)
Dentro deste contexto detacamos a espeacutecie Hymenaea stigonocarpa
popularmente conhecido como jatobaacute-do-cerrado Estudos fitoquiacutemicos de
Hymenaea stigonocarpa mostraram a presenccedila de terpenos e sesquiterpenos
aacutecidos graxos flavonoacuteides e taninos metaboacutelitos reconhecidos pela atividade
bioloacutegica (LANGENHEIM HALL 1983 MATUDA NETO 1985 ORSI et al 2012)
Alguns estudos etnofarmacoloacutegicos atribuem a esta espeacutecie algumas
atividades tais como fortificante anti-inflamatoacuteria e antimicrobiana (RODRIGUES
CARVALHO 2001 VILA VERDE et al 2003 SOUZA FELFILI 2006) Existindo
21
tambeacutem alguns estudos farmacoloacutegicos jaacute realizados comprovando os efeitos
citotoacutexicos antiinfamatoacuterios e antioxidantes (GUIMARAtildeES et al 2009 BRASIL et
al 2009 ORSI et al 2012 MARANHAtildeO et al 2013)
No entanto estudos sobre a atividade antimicrobiana desta espeacutecie ainda satildeo
escassos (DIMECH 2013) devido a isso este estudo teve o objetivo de avaliar a
atividade antibacteriana da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex
Hayne (Jatobaacute) frente agraves principais espeacutecies de bacteacuterias comumente causadoras
de infecccedilotildees nosocomiais Para isto esta tese foi dividida em cinco capiacutetulos
O primeiro reuacutene informaccedilotildees dos aspectos botacircnicos quiacutemicos e
farmacoloacutegicos do gecircnero Hymenaea avaliaccedilotildees que colaboram para um maior
entendimento da espeacutecie estudada
Em seguida foi realizada a caracterizaccedilatildeo botacircnica e fitoquiacutemica da casca do
caule de Hymenaea stigonocarpa como tambeacutem a determinaccedilatildeo das concentraccedilotildees
dos metaboacutelitos responsaacuteveis pela atividade antibacteriana e avaliaccedilatildeo por
cromatografia liquida de alta eficiecircncia dos extratos mais ativos
Ainda neste capiacutetulo foi determinada a espeacutecie mais suscetiacutevel aos extratos
avaliados e a classe de metaboacutelitos mais ativa baseada na avaliaccedilatildeo das
concentraccedilotildees inibitoacuterias e bactericidas miacutenimas e da analise das alteraccedilotildees
ultraestruturais atraveacutes de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
Apoacutes a determinaccedilatildeo da espeacutecie mais suscetiacutevel e do extrato mais ativo
foram avaliadas as associaccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico com agentes
antimicrobianos pertencentes a diferentes classes farmacoloacutegicas utilizadas na
rotina meacutedica Essa associaccedilatildeo visa agrave identificaccedilatildeo de possiacuteveis accedilotildees sineacutergicas
que poderiam levar tanto a reversatildeo da resistecircncia presente em algumas cepas
como a dimuiccedilatildeo da toxicidade dos agentes antimicrobianos pela utilizaccedilatildeo de
doses reduzidas
No quarto capiacutetulo foi avaliada a influecircncia de diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo
sobre a variaccedilatildeo do rendimento e do teor dos compostos majoritaacuterios do extrato
hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa variaccedilotildees que
poderiam influenciar na atividade antibacteriana Aleacutem disso foi realizada uma
otimizaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento dos taninos classe de metaboacutelitos mais
ativos quanto a accedilatildeo antibacteriana nesta espeacutecie
Concluindo foram identificados os flavonoacuteides presente na fraccedilatildeo acetato de
etila sendo sugerida a presenccedila de quatro flavonoacuteides
22
2 O GEcircNERO Hymenaea ASPECTOS BOTAcircNICOS QUIacuteMICOS E
FARMACOLOacuteGICOS
21 INTRODUCcedilAtildeO
As espeacutecies pertencentes ao gecircnero Hymenaea satildeo fornecedores de boa
madeira frutos comestiacuteveis e cascas taniacuteferas (RIZZINI 1971) As resinas de cor
amarela e avermelhada produzidas pelas aacutervores do gecircnero Hymenaea L satildeo
produtos economicamente valiosos Podem ser usadas em esculturas na fabricaccedilatildeo
de joacuteias (iacutendios preacute-colombianos jaacute utilizavam para estes fins) como cimento
incenso e ateacute quando dissolvidas em xilol no preparo de lacircminas permanentes para
microscopia (LEE amp LANGENHEIM 1975)
Conhecidas como copal sul americano satildeo utilizadas na fabricaccedilatildeo de
vernizes e com fins medicinais (LANGENHEIM et al 1973) A extraccedilatildeo ocorre por
meio do processo de sangria do tronco ou por escavaccedilatildeo do solo onde a resina se
acumula Neste gecircnero a resina pode converter-se em acircmbar sendo encontradas
resinas foacutesseis na Colocircmbia Meacutexico e Brasil (CASTELENN 2005)
211 Classificaccedilatildeo
De acordo com o Sistema de Classificaccedilatildeo de Cronquist (1988) a posiccedilatildeo
taxonocircmica do gecircnero Hymenaea obedece agrave seguinte hierarquia Divisatildeo
Magnoliophyta - cujas sementes satildeo protegidas por uma estrutura denominada fruto
Angiospermae - do grego angos - urna e sperma - semente Classe
Magnoliopsida (Dicotyledonae) - plantas com flor cujo embriatildeo (semente) conteacutem
dois ou mais cotileacutedones Subclasse Rosidae Ordem Fabales - Famiacutelia
Leguminosae - caracteriacutestica tiacutepica dessa famiacutelia eacute a ocorrecircncia do fruto do tipo
legume tambeacutem conhecido como vagem exclusivo desse grupo Subfamiacutelia
Caesalpinioideae Gecircnero Hymenaea (CARVALHO 2007)
23
2112 Famiacutelia Leguminosae
A famiacutelia Leguminosae compreende 650 gecircneros e mais de 18 mil espeacutecies
mundialmente distribuiacutedas (POLHILL RAVEN 1981) representando uma das
maiores famiacutelias de angiospermas superada apenas em nuacutemero de espeacutecies pelas
famiacutelias Orchidaceae e Asteraceae (JOLY 1998) Esta famiacutelia eacute uma das mais ricas
na flora brasileira encontrando-se representada nas vaacuterias formaccedilotildees
fitogeograacuteficas do paiacutes (RIZZINI 1971)
No bioma cerrado esta eacute a famiacutelia botacircnica que comporta o maior nuacutemero de
espeacutecies e a primeira entre as mais importantes em termos de nuacutemeros de espeacutecies
lenhosas arbustos e aacutervores (SILVA et al 2001) A famiacutelia Leguminosae se
subdivide em trecircs subfamiacutelias Mimosaceae que compreende cerca de 60 gecircneros e
3000 espeacutecies sendo a menor dentre as leguminosas Caesalpiniaceae com cerca
de 150 gecircneros e 2800 espeacutecies Fabaceae maior subfamiacutelia das leguminosas com
aproximadamente 482 gecircneros e 12000 espeacutecies (JOLY 1998 BARROSO 2002)
As plantas leguminosas apresentam um grande potencial na conservaccedilatildeo de solos
pois juntamente com a microbiota do solo fixam o nitrogecircnio atmosfeacuterico atraveacutes do
processo de nodulaccedilatildeo em suas raiacutezes (POLHILL RAVEN 1981) Aleacutem disso as
leguminosas tecircm um potencial econocircmico muito grande pois satildeo fornecedores de
alimentos atraveacutes de seus frutos medicamentos ou substacircncias medicinais
pesticidas combustiacuteveis e produtos utilizados nas induacutestrias (SCHWANTES
WEBERLING 1981)
22 ASPECTOS BOTAcircNICOS DO GEcircNERO Hymenaea
A palavra Hymenaea deriva do grego Hymenrdquo e significa deus das uniotildees
em alusatildeo agraves duas folhas (foliacuteolos) unidas caracteriacutestica das plantas deste gecircnero
O nome popular jatobaacute vem da liacutengua tupi va-atatilde-yba que significa ldquoaacutervore de fruto
durordquo (BARROSO 1991)
Ceratia foi o primeiro nome dado ao gecircnero Hymenaea descrito por Bauhin
em 1623 duas deacutecadas mais tarde PISO (1642) e MARCGRAF (1648) descreveram
o gecircnero com o nome de Jaetaiacuteba (apud LEE LANGENHEIM 1975) Meio seacuteculo
depois ainda PLUMIER (1703) (apud LEE LANGENHEIM 1975) escolheu o nome
Courbaril para esse gecircnero Apenas em 1737 Linnaeus ao se referir ao mesmo
24
gecircnero escolheu o nome Hymenaea referecircncia ao deus grego Himeneu fazendo
alusatildeo aos dois foliacuteolos pareados das folhas Muitas outras espeacutecies desse gecircnero
seriam descritas mais tarde por outros botacircnicos por exemplo HAYNE BENTHAM
HUBER DUCKE LEE e LANGENHEIM (MORENO 2009)
221 Distribuiccedilatildeo do gecircnero Hymenaea
Aproximadamente 25 espeacutecies do gecircnero Hymenaea tecircm sido descritas na
literatura como originadas do continente americano Na maioria das espeacutecies a
madeira eacute de alto valor comercial (MARTIN et al 1972) Este gecircnero eacute considerado
predominantemente neotropical com 16 espeacutecies distribuiacutedas desde o Meacutexico ateacute a
Ameacuterica do Sul
No Brasil ocorrem 13 espeacutecies (KODAMA SARTORI 2007) tanto em matas
pluviais como em matas secas tambeacutem no Meacutexico Ameacuterica Central Iacutendias
Ocidentais e quase todos os paiacuteses da Ameacuterica do Sul (CORREcircA 1984 RIZZINI
1985) sendo conhecido popularmente como jatobaacute jutaiacute ou jataiacute (LEE
LANGENHEIM 1975)
As espeacutecies mais frequentes no Brasil satildeo Hymenaea stigonocarpa Mart ex
Hayne e Hymenaea courbaril L A Hymenaea courbaril podendo ser encontrada
desde a floresta amazocircnica ateacute a floresta estacional semidecidual no sudeste do
paiacutes sob a forma de diferentes variedades (CASTELEN 2005) Jaacute a Hymenaea
stigonocarpa Mart Ex Hayne tambeacutem conhecida como jatobaacute-do-cerrado jutaiacute
jatobaacute-capo jatobaacute-de-casca-fina jitaiacute ou jutaicica ocorre na Caatinga e no Cerrado
principalmente nos estados do Piauiacute Bahia Goiaacutes Minas Gerais Mato Grosso do
Sul e Satildeo Paulo (CORREcircA 1984 LORENZI 1992)
Todas as espeacutecies deste gecircnero tecircm haacutebito arboacutereo que vatildeo desde aacutervores
com 3 metros de altura como H stigonocarpa ateacute representantes com mais de 40
metros vegetando em mata atlacircntica como H courbaril Ocorrem em uma
diversidade de habitats variando desde a mata equatorial ateacute o cerrado e a
caatinga (LEE LANGENHEIM 1975)
25
222 Estudos taxonocircmicos
Devido a denominaccedilotildees diferentes (Hymenaea e Trachylobium) houve
controveacutersias quanto agrave taxonomia inicial do gecircnero Hymenaea Lee e Langenheim
(1975) realizaram uma pesquisa comparando detalhadamente a morfologia citologia
e a quiacutemica da resina de exemplares catalogados nestes dois gecircneros e optaram
pela denominaccedilatildeo taxonocircmica Hymenaea
Poreacutem ainda satildeo necessaacuterias revisotildees taxonocircmicas para agregar categorias
infraespeciacuteficas pautadas em caracteriacutesticas morfoloacutegicas inconsistentes Como
exemplo desta falta de especificidade tem-se H stigonocarpa Hayne var
brevipetiolata N Mattos que pode ser diferenciada de sua variedade tiacutepica por
apresentar foliacuteolos relativamente menores pubescentes na face adaxial e
densamente tomentosos na face abaxial e peciacuteolos curtos e densamente
tomentosos (LEE LANGENHEIM 1975)
O estudo morfoloacutegico de placircntulas pode subsidiar os procedimentos
taxonocircmicos pois fornece numerosas caracteriacutesticas que devem contribuir com a
melhor delimitaccedilatildeo das espeacutecies Aleacutem disso pode favorecer o reconhecimento de
estruturas transitoacuterias as quais desaparecem com o desenvolvimento da planta
mas que podem ser importantes no estabelecimento das relaccedilotildees filogeneacuteticas
Tambeacutem o manejo a conservaccedilatildeo e a reconstituiccedilatildeo de florestas tropicais satildeo
beneficiados com os estudos de morfologia de placircntulas que possibilitam a
identificaccedilatildeo dos taacutexons em suas fases juvenis (FLORES BENEVIDES 1990
FERREIRA 1997)
223 Avaliaccedilatildeo morfoloacutegia
Estudos da morfologia de placircntulas em Hymenaea realizados por Flores e
Benevides (1990) e Ferreira (1997) contribuiacuteram com as descriccedilotildees de semente
germinaccedilatildeo e placircntulas para H courbaril L e H stigonocarpa Mart ex Hayne
respectivamente Poreacutem esses autores natildeo estabeleceram o valor diagnoacutestico dos
caracteres morfoloacutegicos das placircntulas de Hymenaea (KODAMA SARTORI 2007)
Segundo De Carvalho et al (2005) conhecer a biometria de frutos eacute
importante para acrescentar dados morfoloacutegicos agrave espeacutecie e suas variaccedilotildees em
diferentes locais podem ser encaradas como resultado de seleccedilatildeo e adaptaccedilatildeo das
26
espeacutecies em resposta as pressotildees do ambiente em que vivem Para Vieira e
Gusmatildeo (2008) a biometria de frutos e sementes eacute importante para a identificaccedilatildeo
da variabilidade existente nas espeacutecies nativas podendo com isso segundo Cruz et
al (2001) fornecer subsiacutedios importantes para a diferenciaccedilatildeo de espeacutecies do
mesmo gecircnero
De Carvalho et al (2005) estudaram a biometria dos frutos de jatobaacute-do-
cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne) e observaram que os frutos
apresentaram 5 a 6 sementes em meacutedia O comprimento a largura e o peso de
frutos variaram de 5 a 17 cm 30 a 67 cm e 1995 a 11006 g respectivamente
224 Desenvolvimento das espeacutecies de Hymenaea
Quanto ao desenvolvimento inicial de placircntulas alguns estudos foram
realizados com o objetivo de avaliar o desenvolvimento inicial dessa espeacutecie em
diferentes condiccedilotildees de sombreamento em viveiro Foi observado que a espeacutecie H
courbaril var stilbocarpa (Hayne) Lee amp Lang de ocorrecircncia em Matas de Galeria
apresenta aos 21 meses de idade grande plasticidade de crescimento quanto a
diferentes niacuteveis de sombreamento podendo ser utilizada na recuperaccedilatildeo dessas
matas de Galeria desde condiccedilotildees de bordas e clareiras ateacute o fechamento de dossel
(MAZZEI et al 1999)
Outra espeacutecie tambeacutem avaliada eacute H stigonocarpa que apresenta uma menor
plasticidade se comparada a espeacutecie H courbaril var stilbocarpa (Hayne) Lee amp
Lang uma vez que mostra tendecircncia de crescimento mais eficiente sob condiccedilotildees
de maior luminosidade o que coincide com a ocorrecircncia da espeacutecie em ambientes
naturais mais abertos como o cerrado (MENDONCcedilA et al 1998) Esta espeacutecie
apresenta portanto potencial para plantios a pleno sol podendo ser utilizada em
locais onde a vegetaccedilatildeo de cerrado foi removida (RAMOS et al 2004)
Ao avaliar o stress hiacutedrico a que diferentes indiviacuteduos de Hymeneae satildeo
submetidos Locosselli (2010) observou que a espeacutecie H courbaril suporta estoque
limitado de aacutegua do solo apesar destra espeacutecie apresentar raiacutezes natildeo tatildeo
profundas sendo este estresse contornado pela presenccedila de estocircmatos menores e
de raacutepido controle de abertura e fechamento
Outra espeacutecie H stignocarpa apresenta outro tipo de stress hiacutedrico por
ocorrer em regiotildees de maior irradiaccedilatildeo solar e em ambientes mais abertos
27
apresentando uma maior taxa de perda por transpiraccedilatildeo o que eacute contornado pela
existecircncia de estocircmatos maiores e de menor controle (LOCOSSELLI 2010) Aleacutem
disso foi avaliado por Gomes et al (2013) que a manifestaccedilatildeo dos eventos
reprodutivos nesta espeacutecie ocorrem em funccedilatildeo da estaccedilotildees do ano com frutificaccedilatildeo
no periacuteodo seco e floraccedilatildeo no final do periacuteodo seco e inicio do chuvoso
225 A descriccedilatildeo botacircnica da espeacutecie Hymenaea stigonocarpa
A espeacutecie avaliada no presente estudo foi Hymenaea stigonocarpa Mart ex
Hayne (Jatobaacute) pertencente ao gecircnero Hymenaea esta planta foi selecionada pois
em outras espeacutecies deste gecircnero foram isoladas vaacuterias substacircncias que
apresentaram importantes atividades farmacoloacutegicas comprovadas Aleacutem disso foi
observada uma vasta utilizaccedilatildeo popular dessa espeacutecie (SOUZA FELFILI 2006
NETO G G 2006 VILA VERDE et al 2003 RODRIGUES CARVALHO 2001)
Hymenaea stigonocarpa eacute uma aacutervore deciacutedua As aacutervores maiores atingem
dimensotildees proacuteximas de 20 m de altura e 50 cm de DAP (diacircmetro agrave altura do peito
medido a 130 m do solo) na idade adulta apresenta tronco tortuoso com fuste
curto ramificaccedilatildeo dicotocircmica e a copa baixa (Figura 1)
Figura 1 - Aacutervore Hymenaea stigonocarpa com cerca de 20
metros de altura
Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio -
Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
A casca mede ateacute 3 cm de espessura sendo a superfiacutecie da casca externa
ou ritidoma profundamente sulcada de coloraccedilatildeo pardo-avermelhada com cristas
planas e duras e a casca interna apresenta-se estratificada com listras paralelas
mais claras e escuras (Figura 2)
28
Figura 2 - Casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa Mart ex Hayne
Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
As folhas satildeo alternas compostas bifolioladas pecioladas com estiacutepulas
caducas foliacuteolos curtos peciolulados e subseacutesseis limbo com 6 cm a 235 cm de
comprimento e 35 cm a 7 cm de largura eliacuteptico a ovado-reniforme de
pergaminoso a coriaacuteceo (Figura 3) frequumlentemente com pontuaccedilotildees transluacutecidas
(CARVALHO 2007)
Figura 3 - Folhas de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PEmiddot
A Inflorescecircncia apresenta-se em cimeiro terminal bracteada com ateacute 30
flores que satildeo grandes com peacutetalas pouco excedentes ao caacutelice (Figura 4)
29
Figura 4 - Inflorescecircncia do jatobaacute do cerrado (Hymenaea stigonocarpa Martex
Hayne)
Fonte httpwwwportalsaofranciscocombralfajatobajatoba-3php
O fruto eacute um legume seco indeiscente monospeacutermico ou polispeacutermico (mais
comum) alongado aacutepice arredondado ou levemente retuso base arredondada e
margem inteira ou levemente ondulada medindo 87 cm a 20 cm de comprimento
21 cm a 65 cm de largura e 20 cm a 43 cm de espessura (Figura 5)
Figura 5 - Vista frontal do fruto de Hymenaea
stigonocarpa Mart ex Hayne
ls ndash linha de sutura pd ndash peduacutenculo Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio -
Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
A textura eacute rugosa devido agrave presenccedila de pontuaccedilotildees pequenas salientes e
arredondadas (Figura 6) Apresenta a linha de sutura proeminente circundando todo
ls
pd
30
o fruto a cor varia do marrom-claro ao marrom-escuro (quase negro) Em cada fruto
ocorrem de uma a seis sementes
Figura 6 - Seccedilatildeo longitudinal do fruto de Hymenaea
stigonocarpa Mart ex Hayne
en - endocarpo ep - epicarpo me ndash mesocarpo Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
Figura 7 - Seccedilatildeo transversal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
ar - arilo cv - cavidade do fruto en - endocarpo ep - epicarpo me - mesocarpo ls ndash linha de sutura Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
A Semente eacute globosa largo-oblonga obovada comprimida com aacutepice
arredondado ou levemente truncado e base arredondada ou afinada superfiacutecie
irregular com algumas depressotildees medindo 178 mm a 284 mm de comprimento e
93 mm a 197 mm de espessura Envolvendo as sementes haacute o arilo amarelo-
esverdeado macio fibroso-farinaacuteceo (Figura 7 e 8) com cheiro caracteriacutestico e
sabor doce constituindo a polpa (CARVALHO 2007)
cv ar
en
me ep
ls
en
mmee
ep
31
Figura 8 - Aspectos da semente de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
A semente envolvida por arilo B Semente sem arilo Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
23 ESTUDOS QUIacuteMICOS NAS ESPEacuteCIES DO gecircnero Hymenaea
Das espeacutecies de Hymenaea jaacute estudadas verifica-se que entre as classes de
compostos isoladas predominam os terpenoacuteides e flavonoacuteides Os flavonoacuteides
destacam-se como fitoalexinas que atuam na defesa das plantas (INGHAM 1982)
As espeacutecies do gecircnero Hymenaea tem predominacircncia de diterpenoacuteides baseados
nos esqueletos do labdano abietano e pimarano (FARIA et al 2004) sendo
diterpenos biciacuteclicos jaacute isolados de espeacutecies de Hymenaea como H verrucosa H
oblongifolia e H parvifolia
231 Terpenos identificados no gecircnero Hymenaea
Foram identificados terpenos em diferentes espeacutecies do gecircnero Hymenaea
2311 Hymenaea courbaril
Do gecircnero Hymenaea a espeacutecie H courbaril eacute a espeacutecie mais estudada
(NAKANO DJERASSI 1961) e a mais difundida (LANGENHEIM et al1973)
A B
32
23111 Terpenos identificados na resina do tronco
A investigaccedilatildeo da resina comercial da Hymenaea courbaril realizada por
Nakano e Djerassi (1961) levou ao isolamento de um composto diterpecircnico oleoso
denominado aacutecido copaacutelico (Figura 9)
Figura 9 - Aacutecido copaacutelico isolado da resina de H courbaril
COOH
A partir da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo
amazocircnica analisada por Langenheim et al (1973) foi isolado e identificado apoacutes
metilaccedilatildeo com diazometano um composto diterpecircnico o labd-13-em-ol 15-oato de
metila (Figura 10)
Figura 10 - terpeno labd-13-em-ol 15-oato de metila isolado de H courbaril
H
HCOOH
OH
Na avaliaccedilatildeo da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo
de Campinas (Satildeo Paulo) em 1975 Marsaioli et al isolaram os seguintes
compostos aacutecido eperua-7 13-dien-15-oico (1) aacutecido ent-labd-13-em-8beta-ol-15-
oico (2) e um composto na forma de eacutester metiacutelico apoacutes tratamento com
diazometano o ent-labdan-8beta-ol 15-oato de metila (3) (Figura 11)
13
33
Figura 11 - Terpenos isolados da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo de Campinas
23112 Terpenos identificados nas resinas das folhas
Tambeacutem em 1972 Langenheim estudando agora as resinas encontradas nas
folhas da Hymenaea courbaril constatou a presenccedila de vaacuterios compostos
sesquiterpecircnicos Foram identificados nove compostos onde o principal constituinte
foi o cariofileno (266) (1) seguido por β-selineno (184) (2) e α-selineno (176)
(3) (Figura 12)
Figura 12 - Principais constituintes das resinas encontradas nas folhas da
Hymenaea courbaril cariofileno (1) β-selineno (2) e α-selineno (3)
Os demais compostos encontrados em menor escala foram alfa-cubebeno
(1) (08) α-copaeno (2) (94) beta-copaeno (3) (57) alfa e beta-hemuleno (4a
e 4b) (57) γ-muroleno (5) (35) e delta-cadineno (6) (66) e mais um composto
natildeo identificado (34) que atraveacutes do tempo de retenccedilatildeo foi sugerido ser
copacanfeno (7) (Figura 13)
1 2 3
H H
H
COOHOH
COOMeOH
COOMe
13
1 2 3
13
15
7
15 8 15 8
aacutecido eperua-7 13-
dien-15-oico
aacutecido ent-labd-13-em-
8beta-ol-15-oico ent-labdan-8beta-ol 15-oato
de metila
34
Figura 13 ndash Constituintes encontrados em menor escala das resinas das folhas da
Hymenaea courbaril alfa-cubebeno (1) α-copaeno (2) beta-copaeno (3) alfa e
beta-hemuleno (4a e 4b) γ-muroleno (5) delta-cadineno (6) e copacanfeno (7)
23113 Terpenos identificados na resina dos frutos
Ourisson et al (1973) estudando a resina da casca do fruto da Hymenaea
courbaril isolaram quatro diterpenos biciacuteclicos os quatro compostos foram aacutecido
enatio-8(17)13(16)14-labdatrien-18-oico (1) e os outros compostos (Figura 14)
Figura 14 - Composto diterpecircnico identificado na resina proveniente da casca do
fruto da Hymenaea courbaril aacutecido enatio-8 (17)13(16)14-labdatrien-18-oico
MeOOC
18
13
16
4a 4b 5
1 2 3
H
H
H
H
6 7
H
35
Aleacutem destes compostos diterpecircnicos foram identificados compostos
sesquiterpecircnicos (Figura 15) como ciclosativeno (1) β-bourbuneno (2) cariofileno
(3) calareno (4) hemuleno22 Selina-4(14)-7-dieno (5) α-himacaleno (6) α-
muroleno (7) δ-cadileno24 Selina-4(14)-7-dieno e catorze compostos natildeo
identificados
Figura 15 - Compostos sesquiterpecircnicos identificados na resina proveniente da
casca do fruto da Hymenaea courbaril ciclosativeno (1) β-bourbuneno (2)
cariofileno (3) calareno (4) hemuleno22 Selina-4(14)-7-dieno (5) α-himacaleno (6)
α-muroleno (7)
23114 Terpenos identificados nas folhas
Em 1972 Martin et al isolaram das folhas os sesquiterpenos αndashcopaeno (1) e
α-cubebeno (2) com atividade antimicrobiana (Figura 6) Em 1986 Langenheim et
al isolaram tambeacutem das folhas da Hymenaea courbaril os sesquiterpenos β-
cariofileno e γ-muroleno (Figura 16)
H
6 7
H
H
3 4 5
1 2
H
H
36
Figura 16 - Estruturas dos sesquiterpenos isolados das folhas de H courbaril b-
cariofileno (1) e γ-muroleno (2)
1 2
Abdel-Kader et al em 2002 isolaram das folhas e galhos diterpenos do tipo
halimadieno aacutecido (13R)-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (1) aacutecido
(2S13R)-213-dihidroxi-1(10)-14-ent-halimadien-18-oico (2) e aacutecido (13R)-2-oxo-
13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (3) (Figura 17) com atividade citotoacutexica
Figura 17 - Estruturas dos diterpenos isolados das folhas e galhos de H courbaril
aacutecido (13R)-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (1) aacutecido (2S13R)-213-
dihidroxi-1(10)-14-ent-halimadien-18-oico (2) e aacutecido (13R)-2-oxo-13-hidroxi-
1(10)14-ent-halimadien-18-oico (3)
1 2 3
Das folhas galhos e do tronco foram isolados diterpenos do tipo halimadieno
(CUNNINGHAM et al 1974) os quais apresentaram atividade citotoacutexica frente a
ceacutelulas tumorais humanas de ovaacuterio linhagem A2780 (ABDEL-KADER et al 2002)
Tambeacutem foi avaliado o efeito repelente do jatobaacute a formigas por Wiemer e Hubbel
em 1983 apoacutes alguns ensaios os autores verificaram que o epoacutexido do cariofileno
era o composto responsaacutevel pela resistecircncia nessa espeacutecie de planta contra o
ataque de formigas
Barbosa et al 2007 estudando o extrato hidroacetocircnico de folhas de
Hcourbaril var stilbocarpa obtiveram apoacutes particcedilatildeo liacutequido-liacutequido com n-
2
COOH
HO
H
HOHO
COOH
H
HOO
COOH
H
13
18 18 18
14 14 14 13 13
2
HH
H
37
hexanoaacutegua uma fase orgacircnica (FO 2) e uma aquosa (FA 8) sendo
identificados os sesquiterpenos muuroladieno e patchuleno e um diterpeno
clerodacircnico
23115 Terpenos identificados nas cascas dos frutos
Aguiar et al (2010) avaliando a composiccedilatildeo quiacutemica dos oacuteleos essenciais
das cascas de frutos de Hymenaea courbaril identificaram a presenccedila de vaacuterios
terpenos Quanto agraves cascas dos frutos maduros os principais constituintes foram os
sesquiterpenos alfa-copaeno (111) espatulenol (101) e beta-selineno (82)
enquanto germacreno-D (319) beta-cariofileno (271) e biciclogermacreno
(65) foram os principais constituintes a partir de frutos verdes
Tambeacutem foram identificados a partir da casca de frutos maduros os
diterpenos aacutecido zanzibarico e aacutecido isoozico juntamente com o sesquiterpeno
caryolane-1 9β-diol sendo oprimeiro relato desse sesquiterpeno neste gecircnero
23116 Substacircncias isoladas das sementes
Em 2001 Nogueira et al isolaram das sementes diterpenos e entre eles dois
novos clerodanos (Figura 18)
Figura 18 - Estruturas dos diterpenos isolados das sementes de H courbaril aacutecido
(5R8S9S10R)-cleroda-313E-dien-15-oico (1) e aacutecido (5S8S9S10R)-
cleroda-313E-dien-15-oico (2)
1 2
Em (2013) em um estudo realizado por Dias et al quanto a composiccedilatildeo
nutricional das sementes e da polpa de H courbaril foi identificado que os
COOH COOH
38
componentes bioativos mais abundantes satildeo α-tocopherol (88637 e 99363 mgkg)
e β-sitosterol (6183 e 9109 mgkg) para o oacuteleo das sementes na poupa
respectivamente
2312 Hymenaea oblongifolia
A partir da anaacutelise da resina do tronco da Hymenaea oblongifolia Langenheim
et al (1973) verificaram que 75 da fraccedilatildeo aacutecida era constituiacuteda essencialmente
por dois compostos (Figura 19)
Figura 19 - Principais constituintes da fraccedilatildeo aacutecida da resina do tronco da
Hymenaea oblongifolia aacutecido enantio-pinifoacutelico (aacutecido enantio-labd-8(20-em-1518
dioacuteico) (1) e o aacutecido guamaacuteico (aacutecido enantio-labd-8(20)13-dien-1518 dioico (2)
COOH
HOOC
COOH
HOOC
2313 Hymenaea verrucosa
A partir da resina do tronco da Hymenaea verrucosa Langenhein et al
(1973) isolaram o aacutecido enantio-8(17)13 (16)14-labdatrien-18-ico28 anteriormente
estudado por Ourisson et al (1973)
2314 Hymenaea stigonocarpa
A resina produzida pela espeacutecie H stigonocarpa conhecida como jutaicica e
copal eacute utilizada na induacutestria de vernizes e como medicamento no tratamento de
cistite e problemas respiratoacuterios (ALMEIDA et al 1998)
23141 Terpenos identificados nas sementes
Na avaliaccedilatildeo quiacutemica da resina extraiacuteda das sementes desta planta
observou-se que ela conteacutem diterpenoacuteides que possuem esqueletos estruturais do
1 2
18 18
15 15
8 8
13
39
tipo labdano (1) abietano (2) e pimarano (3) conforme demonstrado na Figura 20
(FARIA et al 2004)
Figura 20 - Esqueletos estruturais do tipo laacutebdano (1) e abietano (2) e pimarano (3)
da resina de Hymenaea stigonocarpa
H
H
Em outro estudo Matuda et al (2005) avaliaram que as sementes do jatobaacute
apresentam alto teor de fibras totais baixo teor de proteiacutenas e lipiacutedios A fraccedilatildeo
lipiacutedica apresentou predominacircncia de 86 em aacutecidos graxos insaturados A
semente de jatobaacute mostrou-se pobre em macronutrinentes quando comparada a
leguminosas utilizadas na alimentaccedilatildeo mas o alto teor de fibras possivelmente
constituiacutedas de xiloglucanas e galactomananas pode levar ao aproveitamento
rentaacutevel destas sementes
Wiemer e Hubbel em (1983) pesquisaram o efeito repelente a formigas de
algumas espeacutecies de plantas como por exemplo o jatobaacute Apoacutes alguns ensaios os
autores verificaram que o epoacutexido do cariofileno era o composto responsaacutevel pela
resistecircncia nessa espeacutecie de planta contra o ataque de formigas
23142 Terpenos identificados nas folhas
Das folhas desta espeacutecie foram isolados dois sesquiterpenos o -cariofileno e
α-muroleno com atividade antifuacutengica e accedilatildeo repelente contra insetos
(LANGENHEIM et al 1986) jaacute relatada por Wiemer amp Hubbel em 1983
23143 Terpenos identificados no epicarpo
Foi realizada por Giacomini et al (2006) a obtenccedilatildeo do extrato hexacircnico do
epicarpo de H stigonocarpa obtendo-se uma fraccedilatildeo aacutecida (FA) e uma neutra (FN)
1 2 3
40
Cada fraccedilatildeo correspondeu a aproximadamente 50 do total do extrato hexacircnico
Foram caracterizados trecircs sesquiterpenos da fraccedilatildeo neutra a-copaeno (1) 4
espatulenol (2) 13 e oacutexido de cariofileno (3) 9 (Figura 21)
Figura 21 - sesquiterpenos isolados da fraccedilatildeo neutra das folhas de H stigonocarpa
a-copaeno (1) espatulenol (2) e oacutexido de cariofileno (3)
Na fraccedilatildeo aacutecida observou-se a presenccedila de 4 isocircmeros diterpecircnicos
majoritaacuterios caur-16-en-19-ato de metila (4) 52 caur-15-en-19-ato de metila (5)
20 ozato de metila (6) 17 e isoozato de metila (7) 9 (Figura 22) separados
por cromatografia em siacutelica-gel
Figura 22 - Diterpenos majoritaacuterios isolados da fraccedilatildeo aacutecida das folhas de H
stigonocarpa caur-16-en-19-ato de metila (4) caur-15-en-19-ato de metila (5) ozato
de metila (6) e isoozato de metila (7)
4 5
COOMe
COOMeCOOMe
COOMe
6 7
19 19
19 19
1 2 3
O HO
41
23144 Terpenos identificados na resina do tronco
Estudos realizados por Domeacutenech-carboacute et al (2009) para caracterizaccedilatildeo da
resina do tronco coletada de espeacutecies de Hymenaea stigonocarpa Mart Espeacutecies
coletadas da regiatildeo de Minas Gerais mostraram que o aacutecido eperuico e seus
isocircmeros juntos com acido copaacutelico satildeo os principais componentes da resina
estudada Outros componentes tais como aacutecido colavenico aacutecido iso-ozico e aacutecido
epi-pinifolico satildeo tambeacutem presentes na resina em menor proporccedilatildeo
23145 Terpenos identificados no alburno
O alburno foi submetido agrave extraccedilatildeo com o solvente etanol e particionado entre
o ciclohexano e acetato de etila e o extrato ciclohexacircnico foi submetido a
fracionamento A abordagem fitoquiacutemica revelou a presenccedila de esteroacuteides e
triterpenoacuteides Foram identificados cinco compostos no extrato ciclohexacircnico N-N-
dietildecanamida Hexadecanoato de metila Aacutecido hexadecanoacuteico Aacutecido 9-
octadecenoacuteico Aacutecido octadecanoacuteico (VALENTIN 2006)
Do extrato de acetato de etila foram identificados os aacutecidos oleico linoleico
estearico e palmiacutetico (MARANHAtildeO et al 2013)
A anaacutelise da resina do tronco da Hymenaea parvifolia por CLG mostrou que
62 dela era constituiacuteda por aacutecido enantio-13-epilabdanoacuteico (Figura 23) de acordo
com NORIN et al (1963)
Figura 23 - Estrutura do aacutecido enantio-13-epilabdanoacuteico isolada de H parvifolia
COOH
OH
232 Flavonoacuteides identificados no gecircnero Hymenaea
Foram identificados flavonoacuteides em diferentes espeacutecies do gecircnero Hymenaea
42
2321 Hymenaea parvifolia
Em 1999 Ishibashi et al isolaram tambeacutem da resina do tronco de Hymenaea
parvifolia o flavonoacuteide glicosilado astilbina (Figura 24)
Figura 24 - Estrutura da astilbina
2322 Hymenaea palustris
Pettit et al (2003) isolaram os flavonoacuteides do tipo luteolina (1) crisoeriol (2)
palstatina (3) entre outros das folhas de Hymenaea palustris (Figura 25) esses
compostos apresentaram potente atividade inibitoacuteria frente a patoacutegenos Gram-
negativos como a Neisseria gonorrhoeae A palstatina atua como inibidor do
crescimento de ceacutelulas leucecircmicas linfoacuteticas tipo P388
Figura 25 - Estruturas de flavonoacuteides isolados das folhas de H palustres luteolina
(1) crisoeriol (2) e palstatina (3)
1 2
OHO
OH O
OH
OH OHO
OH O
OCH3
OH
O
OOH
HO
O
O
OH
OH
OacuteCH3
OCH3
H
H
OCH3
3
43
2323 Hymenaea courbaril
Suzuki et al (2008) isolaram dois flavonoacuteides do alburno de H courbaril a
taxifolina (1) e o fisetinidol (2) ambos com atividade antioxidante (Figura 26)
Figura 26 - Estruturas dos flavonoacuteides isolados do cerne de H courbaril taxifolina
(1) e o fisetinidol (2)
1 2
2324 Hymenaea stigonocarpa
Foram identificados flavonoacuteides em diferentes partes da espeacutecie Hymenaea
stigonocarpa
23241 Flavonoacuteides identificados na casca do caule
As anaacutelises cromatograacuteficas realizadas do extrato de acetato de etila da casca
de Hymenaea stigonocarpa realizadas por Lovato e Nunes em 2007 sugeriram que
este extrato conteacutem como principal componente o flavonoacuteide astilbina
(diidroquercetina-3-O-ramnosil) O fracionamento do extrato em coluna de siacutelica
levou ao isolamento de dois flavonoacuteides dos quais o mais abundante (F3442) foi
identificado como astilbina por CCD em comparaccedilatildeo com amostra autecircntica
O espectro de infravermelho obtido para a amostra isolada corresponde
exatamente ao da amostra autecircntica O comportamento cromatograacutefico e o espectro
de infravermelho do segundo flavonoacuteide isolado (F2728) sugerem fortemente que
se trata de quercetina-3-ramnosil
Em um estudo realizado por Moulari et al em 2006 foi isolado e
caracterizado nas folhas de Harungana madagascariensis o flavonoacuteide astilbina o
OH
OHO
OH
OH
O
OH
HO
OH
OH
OH
O
44
mesmo isolado por Ishibashi et al (1999) em H parvifolia e por Lovato e Nunes
(2007) em H stigonocarpa segundo Moulari eacute a astilbina a responsaacutevel pela
atividade antibacteriana do extrato de acetato de etila de Harungana
madagascariensis
Este flavononol tambeacutem foi isolado de flores de Dimorphandra mollis Benth
(Fabaceae Caesalpinioideae) e apresentou um importante efeito inibitoacuterio sobre a
enzima mieloperoxidase enzima implicada em processos oxidativos em sistemas
bioloacutegicos (PETACCI et al 2008)
23242 Flavonoacuteides identificados no alburno
O alburno foi submetido agrave extraccedilatildeo com o solvente etanol e particionado entre
o ciclohexano e acetato de etila do extrato de acetato de etila foram identificados
quatro flavonoides Dentre os flavonoides o principal constituinte (uma flavonona) foi
identificado como hultenina os outros flavonoides identificados foram taxifolina
quercetina e 7-methoxcatequina (MARANHAtildeO et al 2013)
233 Cumarinas identificadas no gecircnero Hymenaea
Foi identificada a presenccedila de cumarinas apenas na espeacutecie Hymenaea
courbaril
2331 Hymenaea courbaril
Em 2009 Simotildees et al isolaram duas cumarinas (Figura 27) das sementes
de H courbaril com atividade antifuacutengica
Figura 27 - Estruturas das cumarinas isoladas das sementes de H courbaril
ipomopsina (1) e hymenaina (2)
1
O
OH
MeO
O O
MeO
O O
2
O OOH
MeO
O
O
OMe
OH
45
234 Taninos relatados no gecircnero Hymenaea
Foram identificados taninos em diferentes espeacutecies do gecircnero Hymenaea
2341 Hymenaea courbaril
Em estudo realizado por Caramori et al (2004) foi observado que as
sementes de H courbaril apresentam uma grande quantidade de taninos
Sasaki et al (2009) descrevem que H courbaril conteacutem compostos bioatiacutevos
tais como terpenoacuteides e accedilucares aleacutem disso haacute relatos que vaacuterios terpenoacuteides ou
compostos fenoacutelicos possuem atividade antibacteriana A casca do jatobaacute conteacutem
um grande nuacutemero de procianidinas e parece ser um bom material para investigaccedilatildeo
de sua bioatividade ela pode aliviar alguns dos sinais cliacutenicos associados com a
encefalite aleacutergica experimental (EAE) uma doenccedila desmielinizante inflamatoacuteria do
sistema nervoso central sendo os componentes ativos responsaacuteveis pela atividade
bioloacutegica as procianinas do jatobaacute
2342 Hymenaea stigonocarpa
Orsi e colaboradores (2012) descrevem no extrato metanoacutelico da casca do
caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes a anaacutelise por CLAE-DAD a ocorrecircncia de
picos com espectros de UV caracteriacutesticos de derivados de catequinas e de aacutecido
gaacutelico aleacutem da ocorrecircncia de catequinas polimeacutericas
24 ESTUDOS FARMACOLOacuteGICOS NOS EXTRATOS OBTIDOS A PARTIR DE
DIFERENTES ESPEacuteCIES DO GEcircNERO Hymenaea
241 Estudos etnofarmacoloacutegicos
Foram realizados estudos etnofarmacoloacutegicos em diferentes espeacutecies do
gecircnero Hymenaea
2411 Hymenaea courbaril
46
Segundo Martins (1989) na Amazocircnia os nativos costumam ingerir a seiva
da Hymenaea courbaril para tratamento das afecccedilotildees pulmonares devendo
entretanto fazecirc-lo em pequenas doses pois como eacute adstringente causa
constipaccedilatildeo intestinal acrescenta ainda que da casca do caule pode ser feito chaacute
pelo meacutetodo de decocccedilatildeo para lavar ferimentos e para irritaccedilotildees vaginais
A casca do ramo eacute utilizada para problemas como tosse bronquite catarro
asma e fraqueza pulmonar sendo utilizada uma colher de sopa da casca do ramo
picada em uma xiacutecara (cafeacute) de aacutegua em fervura sendo fervido durante 5 minutos e
posteriormente coado acrescentando-se uma colher (cafeacute) de accediluacutecar cristal e uma
colher (sopa) de mel de abelha Deve-se ingerir uma colher (sopa) de 1 a 3 vezes
ao dia (PANIZZA 1998)
Numa discriccedilatildeo realizada por BONTEMPO (2000) a casca em cozimento eacute
aconselhada para combater hemoptises hematuacuteria (emissatildeo de urina com sangue)
diarreacuteia disenteria coacutelicas ventosas e acrescenta que o vinho de jatobaacute retirado do
caule eacute um poderoso fortificante LEONARDI (2002) relata que o chaacute da casca eacute
bom medicamento para a proacutestata podendo ser ingerido vaacuterias vezes ao dia e a
resina pode ser aplicada em forma de emplastro sobre as partes doloridas do corpo
Veiga Juacutenior (2005) descreve que em doses elevadas o jatobaacute (H courbail) satildeo
utilizadas como expectorante e fortificante mas podem desencadear reaccedilotildees
aleacutergicas
2412 Hymenaea stigonocarpa
Em mais um levantamento realizado junto agraves comunidades rurais do sul do
Estado de Minas Gerais na microrregiatildeo do Alto Rio Grande sobre quais as
espeacutecies nativas eram utilizadas na medicina popular Contando-se com a
colaboraccedilatildeo de 13 raizeiros em campo foi descrito que a Hymenaea stigonocarpa
esteve entre as espeacutecies utilizadas na medicina popular sendo preparado como
decocto ou infuso as partes como casca e ramos mais velhos tendo indicaccedilatildeo para
bronquites tosses coqueluche adstringente e nas afecccedilotildees da bexiga e proacutestata
(RODRIGUES CARVALHO 2001)
Hymenaea stigonocarpa tambeacutem estaacute entre as principais plantas medicinais
do cerrado utilizadas pela populaccedilatildeo da cidade de Mossacircmedes estado de Goiaacutes
As principais formas de utilizaccedilatildeo da planta satildeo atraveacutes da decocccedilatildeo da casca do
47
caule resina e polpa da fruta que satildeo indicados como depurativas contra afecccedilotildees
pulmonares (VILA VERDE et al 2003) Em um levantamento etnobotacircnico que teve
como alvo comunidades do entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
e da cidade de Alto Paraiacuteso observou-se que no elenco das dez espeacutecies medicinais
mais utilizadas o jatobaacute (Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne) foi coincidente na
indicaccedilatildeo de todos os entrevistados tendo seu uso relatado como depurativo
antiinflamatoacuterio estimulante de apetite fortificante e rico em ferro (SOUZA FELFILI
2006)
Outro estudo que relatou o uso de plantas medicinais entre os habitantes do
pantanal mato-grossense a espeacutecie Hymenaea stigonocarpa Mart teve a atividade
da resina que desprende da casca do caule relatadaque quando moiacuteda e aspirada
eacute utilizada no tratamento da sinusite (NETO 2006) Quando deixada de molho
serviria para as dores de estocircmago do peito e das costas O chaacute da casca seria
utilizado nas machucaduras do corpo humano e nas fraturas Tambeacutem eacute preparado
um vinho da seiva desta espeacutecie eacute tido como fortificante
2413 Hymenaea parvifolia
Em estudo etnobotacircnico realizado na comunidade negra de Curiauacute no estado
do Amapaacute apontam que o chaacute ou xarope da casca do caule de Hymenaea parvifolia
eacute utilizado para o tratamento de tosse bronquite febre diarreacuteia desinteria coacutelicas e
asma como tambeacutem como hemostaacutetico fortificante e vermiacutefugo (SILVA 2002)
242 Avaliaccedilatildeo farmacoloacutegica
Foram realizadas avaliaccedilotildees farmacoloacutegicas em diferentes espeacutecies do
gecircnero Hymenaea
2421 Hymenaea courbaril
Varios estudos farmacoloacutegicos tambeacutem ja foram realizados comprovando o
uso popular desta espeacutecie Estudos quanto agrave toxicidade da resina da Hymenaea
courbaril relatam que ela apresenta efeito toacutexico e inibidor do apetite sobre o inseto
Spodoptera exiacutegua (STUBBLEBINE LANGENHEIN 1977)
Extratos das suas cascas apresentaram atividade moluscicida (MARSTON et
al 1996) assim como atividade in vitro anti-plasmoacutedio (KOumlHLER et al 2002)
48
Quanto aos estudos relacionados a atividades inseticida trecircs diterpenos isolados
por Aguiar (2009) dos frutos de Hymenaea courbaril aacutecido zanzibaacuterico e aacutecido
isooacutezico e o sesquiterpeno caryolano-19-diol identificado pela primeira vez nesta
espeacutecie apresentaram accedilatildeo larvicida frente ao Aedes aegypti cujos valores de CL50
foram iguais a 1485 plusmn 044 ppm e 2844 plusmn 027 ppm para frutos verdes e maduros
respectivamente (AGUIAR 2009)
Quanto agrave avaliaccedilatildeo da atividade antiinflamatoacuteria o pericarpo da planta
apresentou atividade antiinflamatoacuteria 5-lipooxigenase e accedilatildeo inibitoacuteria contra
tiroquinase (TAKAGI et al1999) e inibiccedilatildeo da pigmentaccedilatildeo induzida pela radiaccedilatildeo
UV (TAKAGI et al 2002)
Jayaprakasam et al (2007) isolou dos frutos de H courbaril o aacutecido
labdanoacutelico e espatulenol terpenos que possuem atividade antiinflamatoacuteria cuja
inibiccedilatildeo da ciclo-oxigenase II (COX II) foi da ordem de 43 e 54 para aacutecido
labdanoacutelico e espatulenol respectivamente
Em estudo realizado por Bezerra et al (2013) foi demonstado que a fraccedilatildeo
acetato de etila da casca do caule de Hymenaea courbaril apresenta potencial
atividade antioxidante miorelaxante aleacutem da anti-inflamatoacuteria jaacute anteriormente
descrita confirmando o uso popular no tratamento de doenccedilas inflamatoacuterias aeacutereas
tais como a asma natildeo sendo poreacutem determinadas os metaboacutelitos responsaacuteveis por
esta accedilatildeo
Quanto a atividade antioxidante Aguiar et al (2009) descreve a atividade do
extrato metanolico que apresentou valores de CI50 de 004 mgL Atividade tambeacutem
observada por Peixoto et al (2013) avaliando os extratos hidroalcooacutelico e metanoacutelico
das sementes polpa folha e casca de Hymenaea courbaril que apresentaram altos
teores de fenoacuteis totais e flavonoacuteides
Na avaliaccedilatildeo da atividade antimicrobiana foi observados que diterpenos
isolados das folhas de Hymenaea courbaril apresentam marcada atividade fungicida
(HUBBELL et al 1983) Esta espeacutecie tambeacutem foi descrita como capaz de tratar
infecccedilotildees urinaacuterias sendo observado em estudo realizado por CARAMORI et al
(2004) altos niacuteveis de atividade enzimaacuteticas do extrato etanoacutelico da semente
FERNANDES et al (2005) realizou uma avaliaccedilatildeo da atividade
antimicrobiana de extratos pela teacutecnica de difusatildeo em aacutegar empregando-se o
meacutetodo de difusatildeo em poccedilo e determinou a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM)
para o extratos de H courbaril mediante a utilizaccedilatildeo de estreptococos do grupo
49
mutans (EGM) e Staphylococcus sp Na concentraccedilatildeo de 25 mgmL 540 dos
Staphylococcus sp foram inibidos enquanto para os estreptococos do grupo mutans
a dose de 125mgmL foi capaz de inibir apenas 35 da populaccedilatildeo
Esses extratos apresentaram atividade frente os micro-organismos Gram-
positivos principalmente contra Staphylococcus aureus mas natildeo inibiram os micro-
organismos Gram-negativos e a Candida albicans
Resultados confirmados por GONCcedilALVES et al (2005) que tambeacutem
descrevem que o extrato hidroalcooacutelico preparado a partir da casca de planta exerce
atividade contra Staphylococcus aureus e Bacillus cereus Como tambeacutem por Aleixo
et al (2013) que demonstrou a accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico da casca frente a
isolados cliacutenicos de Staphylococcus aureus meticiclina resistente (MRSA)
apresentando uma CIM de 500microgmL
Aleixo et al (2013) ainda descreve que a associaccedilatildeo do extrato
hidroalcooacutelico de Hymenaea courbaril com o extrato de Stryphnodendron
adstringens na proporccedilatildeo de 11 levou a reduccedilatildeo da CIM para 3125microgmL
demonstrando assim a existecircncia de um efeito sineacutergico
2422 Hymenaea stigonocarpa
Extratos obtidos a partir de ciclohexano acetato de etila e metanol a partir do
alburno apresentaram grupo de compostos que se mostraram toacutexicos e com
propriedades contra cupins (Nasutitermes corniger) (SANTANA et al 2010)
Maranhatildeo et al (2013) avaliando a accedilatildeo do extrato de acetato de etila do
alburno e dos flavonoides isolados a partir desta fraccedilatildeo (hultenina quercetina
taxifolina and 7-metoxcatequina) frente agrave Nasutitermes corniger observou que todos
apresentam atividade sendo o extrato de acetato de etila mais ativo que as fraccedilotildees
isoladas natildeo existindo diferenccedilas significativas entre os diferentes flavonoides
isolados
Quanto a citotoxicidade a avaliaccedilatildeo da accedilatildeo de compostos isolados do
epicarpo de Hymenaea stigonocarpa frente a ceacutelulas tumorais humanas observou-se
que de trecircs substacircncias isoladas a partir do extrato hexacircnico do epicarpo de
Hymenea stigonocarpa caur-16-en-18-ato de metila (1) caur-15-en-18-ato de metila
(2) e caur-16-en-18-ol (3) respectivamente A substacircncia caur-16-en-18-ol foi capaz
50
de inibir significativamente o crescimento das trecircs linhagens de ceacutelulas avaliadas
H460 Colo 205 e U937 (BRASIL et al 2009)
Analisando a citotoxicidade celular dos compostos medida pela quantificaccedilatildeo
de LDH (Desidrogenase laacutetica) demonstrou-se que os compostos 1 e 2
anteriormente descritos natildeo foram capazes de induzir a liberaccedilatildeo da enzima
enquanto que o 3 foi capaz de induzir a liberaccedilatildeo de LDH nas maiores
concentraccedilotildees testadas (BRASIL et al 2009)
Guimaratildees et al (2009) avaliando a toxicidade aguda do extrato metanolico
da entrecasca de Hymenaea stigonocarpa observou que o ele natildeo produz alteraccedilotildees
comportamentais ateacute a dose de 1000mgKg poreacutem a partir desta dose os
camundongos apresentam diarreacuteia e letargia reversiacuteveis em 24h Quanto ao transito
gastrointestinal o mesmo no intestino mostrou-se aumentado enquanto o
esvaziamento gaacutestrico mostrou-se reduzido
Estudos de Orsi et al (2012) mostraram que a administraccedilatildeo por via oral de
5mgKg do extrato metanolico da casca do caule natildeo produz nenhum sinal de
toxicidade aguda em animais machos ou fecircmeas (ratos) assim como natildeo leva a
mortes nem mudanccedilas de peso corporal ou de oacutergatildeos quando avaliados por um
periacuteodo de 14 dias apoacutes a administraccedilatildeo
Guimaratildees et al (2009) avaliando a atividade antiulcerogecircnica da entrecasca
observaram que o extrato metanolico possui atividade nos modelos de uacutelcera
gaacutestrica induzida por indometacina e isquemia-reperfusatildeo e sendo portente no
modelo de ulcera gastrica induzida por etanol Tambeacutem foi observado que o extrato
metanoacutelico (obtido por maceraccedilatildeo) apresenta atividade inibitoacuteria sobre a liberaccedilatildeo
induzida de histamina a partir de mastoacutecitos (FERREIRA 2011)
Aleacutem disso outros estudos demonstram que o extrato metanoacutelico da casca
apresenta efeito antidiarreico gastroprotetor contra vaacuterios agentes ulcerogecircnicos
esse efeito gastroprotetor eacute acompanhado da prevenccedilatildeo da depleccedilatildeo de GSH e
inibiccedilatildeo da atividade de mieloperoxidase na mucosa duodenal e atividade
cicatrizante Esses efeitos observados satildeo atribuiacutedos agrave accedilatildeo antioxidante devido agrave
presenccedila de taninos condensados e flavonoides (ORSI et al 2012)
O extrato de acetato de etila do alburno mostrou tambeacutem atividade
antioxidante contra radicais DPPH sendo mais ativo quando comparado a
flavonoides isolados a partir deste mesmo extrato sendo sugerida por Maranhatildeo et
al (2013) que pode ocorrer um efeito sineacutergico entre os flavonoides presentes no
51
extrato o que explicaria essa maior atividade Mesma atividade antioxidante
observada por Peixoto et al (2013) que avaliou a atividade dos extratos
hidroalcooacutelico e metanoacutelico do fruto da Hymenaea stigonocarpa
Quanto agrave accedilatildeo antimicrobiana em estudo realizado por Valentim (2006)
utilizando o alburno de Hymenaea stigonocarpa o extrato em acetato de etila
apresentou atividade antimicrobiana pelo meacutetodo de difusatildeo em disco frente ao
Staphylococcus aureus tendo tambeacutem apresentado resultado significativo frente agrave
bacteacuteria aacutelcool-aacutecido-resistente (Mycobacterium smegmatis)
Valeriano et al (2010) avaliando a atividade antimicrobiana a partir do
alburno observaram que o extrato ciclohexanico apresentou atividade frente ao
Staphylococcus aureus confirmando os resultados de Valentin (2006) deste extrato
foram identificados os compostos hexadecanoato de metila aacutecido hexadecanoacuteico
aacutecido octadecanoacuteico e aacutecido 9-octadecenoacuteico
Novamente avaliando a accedilatildeo antimicrobiana foi preparado um extrato
etanoacutelico da casca de Hymenaea stigonocarpa que apresentou uma CIM de 250
microgmL para Staphylococcus aureus Candida krusei e Criptococcus neoformans
poreacutem natildeo apresentou atividade significativa frente agrave Pseudomonas aeruginosa e
Candida albicans CIM de 1000 microgmL aleacutem de significante atividade antioxidante
provavelmente associadas agrave presenccedila de taninos (MARQUES et al 2013)
2423 Hymenaea martiana
Foram isolados a partir do extrato etanoacutelico da casca de Hymenaea martiana
β-sitosterol-3-O-glicosiacutedeo e trecircs ramnosideos (eucrypina engelitina e astilbina) O
glicosiacutedeo eucripina causou um deslocamento dependente de concentraccedilatildeo da
curva de resposta da bradicinina (BK) do uacutetero isolados de ratas Em contraste
astilbina e engeletina causaram apenas um discreto deslocamento agrave direita do BK
(antagonismo) as contraccedilotildees induzidas (CARNEIRO et al 1993)
Em outro estudo o extrato etanoacutelico da casca do caule obtido por maceraccedilatildeo
e as fraccedilotildees hexano clorofoacutermio e acetato de etila apresentam atividade
antinociceptiva observada pelo meacutetodo das contorccedilotildees abdominais induzidas pelo
aacutecido aceacutetico possivelmente pela inibiccedilatildeo da siacutentese de prostaglandinas (SILVA et
al 2011)
52
Silva et al (2010) avaliando o extrato etanoacutelico e as fraccedilotildees hexano
clorofoacutermio e acetato de etila descreveu a existecircncia de atividade antioxidante
sendo o extrato acetato de etila o mais ativo seguido pelo extrato etanoacutelico e as
fraccedilotildees hexano e clorofoacutermio
Resultados confirmados por SILVA et al (2011) onde foi observado que o
extrato etanoacutelico da casca de Hymenaea martiana e a fraccedilatildeo de acetato de etila
obtida por particcedilatildeo apresentaram uma marcada atividade antioxidante Analises
fitoquiacutemicas demonstraram que a fraccedilatildeo etanoacutelica conteacutem polifenoacuteis flavonoides
esteroides e terpenoacuteides sendo a presenccedila de polifenoacuteis nestes extratos essencial
para essa propriedade os polifenoacuteis descritos satildeo possivelmente aacutecido cinamico
flavan-3-ol ou derivados de flavanonas
Quanto a atividade antimicrobiana os extratos aquoso butanoacutelico e
hidroalcooacutelico obtidos da casca de Hymenaea martiana apresentam atividade frente
a Cryptococcus neoformans e C gatii com CIM entre 2 a 64 microgML sendo as
fraccedilotildees etanolica e hidroalcooacutelica as mais ativas Souza et al (2010) tambeacutem
demonstraram a atividade da H martiana frente agrave dermatoacutefitos (Trichophytum
rubrum Trichophytum mentagrophytes M canis) sendo os menores valores de CIM
os obtidos a partir das fraccedilotildees aquosa e butanoacutelica nas trecircs espeacutecies estudadas
2424 Hymenaea parvifolia
Em 1999 Ishibashi et al identificaram dois dihidroflavonois rhamnosideos
isolados da casca de Hymenaea parvifolia neoastilbina e astilbina que
apresentaram efeitos inibitoacuterios sobre a caseiacutena quinase II (CK-II) de forma dose-
dependente
53
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3 CARACTERIZACcedilAtildeO BOTAcircNICA FITOQUIacuteMICA E AVALIACcedilAtildeO DA ATIVIDADE
ANTIBACTERIANA DOS EXTRATOS E FRACcedilOtildeES DA CASCA DO CAULE DE
Hymenaea stigonocarpa MART EX HAYNE
31 INTRODUCcedilAtildeO
A utilizaccedilatildeo de plantas medicinais tem suas raiacutezes fortemente ligadas agrave
cultura indiacutegena e a colonizaccedilatildeo europeia Essa influecircncia contribuiu para o
enriquecimento da cultura popular e serviu como alicerce para os estudos cientiacuteficos
(MARTINS et al 1994) Entretanto atualmente as pesquisas relacionadas agrave accedilotildees
terapecircuticas de plantas medicinais no Brasil ainda satildeo incipientes (VEIGA JUacuteNIOR
PINTO 2005) continuando a maioria das espeacutecies brasileiras sem qualquer
avaliaccedilatildeo principalmente referente agraves propriedades farmacoloacutegicas (PINTO et al
2002)
A criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Praacuteticas Integrativas e Complementares no
SUS criada pelo ministeacuterio da sauacutede em 2006 tendo como um dos focos a
fitoterapia como praacutetica terapecircutica levou ao aumento no consumo de medicamentos
a base de produtos naturais (KLEIN et al 2009)
Esse aumento tambeacutem pocircde ser associado ao fato de que as populaccedilotildees
questionam os perigos do uso irracional dos medicamentos alopaacuteticos associados a
seus custos muitas vezes dispendiosos e procuram substituiacute-los pelo uso de plantas
medicinais A comprovaccedilatildeo da accedilatildeo terapecircutica associada agrave insatisfaccedilatildeo da
populaccedilatildeo perante o sistema de sauacutede tem favorecido essa dinacircmica (TOMAZZONI
et al 2006)
A descoberta e o desenvolvimento dos processos de siacutentese a partir de
moleacuteculas isoladas de produtos naturais para a produccedilatildeo de faacutermacos culminaram
com a introduccedilatildeo no mercado de diversos medicamentos Entretanto devido aos
efeitos colaterais destas moleacuteculas sinteacuteticas e dos altos custos houve um resgate
incentivado pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede para a pesquisa e aplicaccedilatildeo de
fitoteraacutepicos (VOLAK STODOLA 1990)
As plantas tecircm uma capacidade quase ilimitada para sintetizar substacircncias
aromaacuteticas a maioria das quais satildeo fenoacuteis ou derivados oxigecircnio-substituiacutedo
(COWAN 1999) A pesquisa de novos medicamentos originados a partir de plantas
64
medicinais deve ser iniciada a partir de uma seleccedilatildeo baseada em alguns criteacuterios
Esta seleccedilatildeo pode ser baseada no conhecimento antecipado de efeitos terapecircuticos
como a pesquisa etnofarmacoloacutegica que utiliza o conhecimento preacute-existente nas
comunidades nativas por acesso a bancos de moleacuteculas disponiacuteveis ou por
pesquisa aleatoacuteria com espeacutecies existentes e disponiacuteveis em local previamente
escolhido (MARINHO 2008)
Na deacutecada de 80 em todo o mundo foram identificados 121 compostos de
origem vegetal provenientes de 95 espeacutecies os quais tecircm sido usualmente
empregados como produtos terapecircuticos nos paiacuteses ocidentais Quanto aos
medicamentos aprovados para comercializaccedilatildeo no periacuteodo de 1983-1994 6 foram
obtidos diretamente de espeacutecies vegetais 24 satildeo compostos derivados e 9
foram desenvolvidos a partir de compostos de vegetais cuja estrutura molecular
serviu como unidade precursora em processo de siacutentese (MARASCHIN e
VERPOORTE 1999)
No periacuteodo entre 2005 e 2010 um total de 19 medicamentos agrave base de
produtos naturais foram aprovados para comercializaccedilatildeo em todo o mundo entre os
quais sete satildeo classificadas como produtos naturais dez produtos naturais
semissinteacuteticos e dois como drogas derivadas de produtos naturais (MISHRA 2011)
Satildeo exemplos de medicamentos sinteacuteticos desenvolvidos a partir de
moleacuteculas oriundas do metabolismo secundaacuterio das plantas a procaiacutena cloroquina
vimblastina vincristina podofilotoxina taxol e camptotecina (PINTO et al 2002)
Dados atualizados satildeo escassos poreacutem segundo o Ministeacuterio da sauacutede
(2006) tomando como referecircncia o ano de 1996 descreve que a quarta parte dos
oito bilhotildees de doacutelares do faturamento da induacutestria farmacecircutica nacional foram
resultantes de medicamentos derivados de produtos vegetais Entretanto apenas
8 das espeacutecies botacircnicas brasileiras foram estudadas com o objetivo de obter
moleacuteculas bioativas
Apesar das vantagens relatadas anteriormente introduzir um novo
medicamento na terapecircutica eacute um processo longo e bastante oneroso Todo o
processo de pesquisa e desenvolvimento dura cerca de doze anos com
probabilidade de sucesso muito pequena (LIMA et al 2003)
As propriedades medicinais apresentadas pelas plantas se devem a
variedade e complexidade de seus metaboacutelitos Estes metaboacutelitos secundaacuterios os
quais satildeo produzidos como mecanismo de defesa dos vegetais agraves condiccedilotildees
65
ambientais e a presenccedila de micro-organismos insetos ou animais (MONTARI e
BOLZANI 2001)
Os metaboacutelitos secundaacuterios de vegetais superiores apresentam uma ampla
diversidade estrutural e distribuiccedilatildeo muito variada em vaacuterias partes da planta Por
representar uma interface quiacutemica entre a planta e o ambiente circundante sua
siacutentese eacute frequentemente influenciada por fatores relacionados agrave fisiologia da proacutepria
planta e mudanccedilas ambientais
Os metaboacutelitos secundaacuterios frequentemente estatildeo restritos a uma espeacutecie ou
gecircnero vegetal e muitas vezes podem ser ativados somente durante um
determinado estaacutegio do desenvolvimento vegetal em estaccedilotildees especiacuteficas do ano
sob condiccedilotildees de estresse ou de restriccedilatildeo hiacutedrica ou de nutrientes (LOURENCcedilO
2003 GOBBO-NETO LOPES 2007)
A pesquisa relacionada a moleacuteculas bioativas de origem vegetal constituem
uma estrateacutegia para inovaccedilatildeo farmacecircutica e competitividade neste setor tendo em
vista a singularidade estrutural das substacircncias encontradas sua importacircncia como
protoacutetipos moleculares para o desenvolvimento de novos faacutermacos e sua
perspectiva de patenteamento (OLIVEIRA 2003)
Varias atividades satildeo comprovadamente atribuiacutedas a moleacuteculas de origem
natural principalmente as obtidas a partir de plantas Sendo as atividades
antinociceptiva anti-inflamatoacuteria antioxidante anticacircncer anti-hipertensiva
antidiabeacutetica e antimicrobiana as mais frequentemente relatadas (BORGES et al
2013 ASMAWI et al 2013 LIMA et al 2012 MISHRA et al 2013)
Devido agrave raacutepida disseminaccedilatildeo dos micro-organismos multidrogas resistentes
haacute uma consideraacutevel necessidade por novos agentes antimicrobianos (GIBBONS et
al 2002)
Assim as pesquisas tecircm se intensificado no Brasil devido agrave diversidade de
espeacutecies presentes na flora brasileira e a necessidade de busca desses novos
agentes (ADEBAJO et al 1989 BRITO BRITO 1993 MIGUEL et al 1996 LIMA
2001) tendo sido assim muitas plantas avaliadas natildeo somente pela atividade
antimicrobiana direta mas tambeacutem pela modificaccedilatildeo do perfil de resistecircncia ao
agente antimicrobiano (GIBBONS 2004 HEMAISWARYA et al 2008 WAGNER
ULRICH-MERZENICH G 2009)
Um indicativo da efetividade dos mecanismos de defesa desenvolvido por
alguns vegetais eacute a reduzida ocorrecircncia de doenccedilas infecciosas em certas plantas
66
As plantas satildeo conhecidas por produzirem uma enorme variedade de moleacuteculas
com atividade antimicrobiana geralmente classificada como fitoalexinas Sua
composiccedilatildeo quiacutemica eacute diversificada apresentando terpenoacuteides glicosteroacuteides
flavonoacuteides e polifenoacuteis (HEMAISWARYA 2008)
Os principais grupos de compostos com propriedades antimicrobianas
extraiacutedos de plantas incluem terpenoacuteides (TORSSEL 1989) alcaloides
(FESSENDEN 1982) polipeptiacutedios (TERRAS et al1993 ZHANG LEWIS 1997) e
substacircncias fenoacutelicas que satildeo fenoacuteis simples aacutecidos fenoacutelicos quinonas (STERN
et al 1996) flavonas flavonoacuteis e flavonoacuteides (FESSENDEN 1982) tanino
(SCALBERT 1992) e cumarinas (OrsquoKENNEDY THORNES 1997)
Compostos isolados de plantas satildeo substacircncias cuja estrutura quiacutemica
muitas vezes apresentam grandes diferenccedilas estruturais em relaccedilatildeo aos
antibioacuteticos derivados de micro-organismos Estes agentes antimicrobianos isolados
de plantas podem agir como reguladores do metabolismo intermediaacuterio ativando ou
bloqueando reaccedilotildees enzimaacuteticas afetando diretamente as siacutenteses enzimaacuteticas seja
em niacutevel nuclear ou ribossomal ou mesmo alterando estruturas de membranas
(SINGH SHUKLA 1984)
O Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees continentais e de grande biodiversidade Os
ecossistemas brasileiros respondem pela maior variedade geneacutetica vegetal do
mundo sendo que 30 das florestas tropicais mundiais estatildeo situadas em territoacuterio
brasileiro (CECHINEL FILHO YUNES 1998) Neste sentido a pesquisa relacionada
a produtos naturais apresenta um grande potencial quanto agrave descoberta de novos
agentes terapecircuticos
Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne (Leguminosae) eacute uma planta
medicinal encontrada no cerrado brasileiro e conhecida popularmente como Jatobaacute-
do-cerrado (BATISTA 2011) As suas cascas do caule satildeo amplamente utilizados
em infusatildeo ou decocccedilatildeo para tratar a dor de estocircmago asma bronquite uacutelceras
diarreia gripe e tosse (GRANDI et al 1989 VILA-VERDE et al 2003 BIESKI et
al2012)
Recentemente foi demonstrada a atividade antidiarreacuteica e accedilatildeo contra uacutelceras
gaacutestricas e duodenais experimentais do extrato metanoacutelico da casca do caule de H
stigonocarpa (ORSI et al 2012)
Estudos fitoquiacutemicos de Hymenaea stigonocarpa mostraram a presenccedila de
terpenos e sesquiterpenos aacutecidos graxos flavonoacuteides e taninos metaboacutelitos
67
reconhecidos pela atividade bioloacutegica (LANGENHEIM HALL 1983 MATUDA
NETO 1985 ORSI et al 2012) Poreacutem poucas pesquisas tem avaliado a atividade
farmacoloacutegica de cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa e estudos sobre a sua
atividade antimicrobiana ainda satildeo escassos (DIMECH et al 2013)
68
32 OBJETIVOS
Os objetivos gerais e especiacuteficos deste estudo satildeo descritos abaixo
321 Objetivo geral
Realizar o estudo fitoquiacutemico e a caracterizaccedilatildeo botacircnica da casca do caule
de Hymenaea stigonocarpa e avaliar a atividade antibacteriana de diferentes
extratos e fraccedilotildees frente a bacteacuterias Gram-positivas e Gram-negativas
322 Objetivos especiacuteficos
Realizar a caracterizaccedilatildeo botacircnica e fitoquiacutemica do material vegetal
Avaliar a atividade antibacteriana dos extratos de Hymenaea stigonocarpa
Determinar as classes de metaboacutelitos secundaacuterios responsaacuteveis pela
atividade antibacteriana e suas concentraccedilotildees
Caracterizar por meio de CLAE-DAD os extratos mais ativos
Observar as alteraccedilotildees ultraestruturais provocadas pelo extrato mais ativo
69
33 MATERIAIS E MEacuteTODOS
Os materiais e meacutetodos deste estudo satildeo descritos a seguir
331 Coleta do material vegetal
Cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne foram
coletadas em outubro de 2009 na Fazenda Refuacutegio localizada na cidade de
Camocim de Satildeo Feacutelix (figura 28) Pernambuco (localizado latitude 8deg213000S e
longitude 35deg475670O)
A identificaccedilatildeo foi realizada pela botacircnica do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco Dra A Bocage sendo a exsicata depositada sob o nuacutemero 83563 no
Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima pertencente ao mesmo instituto
Figura 28 ndash Local da coleta das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa
Mart ex Hayne
Fonte httpnlwikipediaorgwikiBestandCamocim_de_SC3A3o_FC3A9lixpng
Na preparaccedilatildeo da mateacuteria-prima vegetal as cascas do caule foram
submetidas agrave secagem em estufa a uma temperatura de 40degC durante 72 horas
em seguida pulverizadas em moinho de martelos (Tigre ASN5) e estocada em
frascos a temperatura ambiente
332 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal
Amostras de caule jovem e maduro foram coletadas em indiviacuteduo adulto de
Hymenaea stigonocarpa ocorrendo espontaneamente em uma aacuterea do agreste no
municiacutepio de Camocim de Satildeo Feacutelix
Camocim de Satildeo Feacutelix
70
Foram coletados ramos (40 cm de comprimento com ramos jovens e
adultos) os mais expostos ao sol de um indiviacuteduo adulto As amostras foram
acondicionadas em sacos plaacutesticos mantidos em caixa de isopor contendo gelo As
amostras de caule foram fixadas em formaldeiacutedo a 40 aacutecido aceacutetico e etanol 95
(FAA 50) por 48 horas (JOHANSEN 1940)
3321 Anaacutelise microscoacutepica
Secccedilotildees transversais foram obtidas agrave matildeo livre do caule jovem e adulto e da
regiatildeo mediana do peciacuteolo As secccedilotildees foram clarificadas em soluccedilatildeo comercial de
hipoclorito de soacutedio a 50 neutralizadas em aacutecido aceacutetico numa concentraccedilatildeo de
02 lavadas em aacutegua destilada coradas com safranina e azul de astra (Bukatsch
1972) Este material foi montado em glicerina a 50 (Johansen 1940) e as
lamiacutenulas foram entatildeo fixadas Todas as anaacutelises microscoacutepicas foram realizadas
em imagens digitais obtidas sob microscoacutepio oacutetico acoplado com cacircmera digital
utilizando o programa de anaacutelise de imagens Image Tool (Wilcox et al 2002)
3322 Anaacutelise histoquiacutemica
Para a anaacutelise histoquiacutemica parte das secccedilotildees histoloacutegicas jovens e adultas
de indiviacuteduo adulto foram submetidas a reagentes tradicionais para investigaccedilatildeo
histoquiacutemica (a) dicromato de potaacutessio (GABE 1968) para compostos fenoacutelicos
totais (b) vanilina cloriacutedrica (RICCO 2002) para evidenciaccedilatildeo de taninos (c)
Reagente de Neu para evidenciaccedilatildeo de flavonoacuteides (NEU 1956)
333 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal
Cerca de 50 g de amostra oriunda da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa foi submetido agrave extraccedilatildeo exaustiva seriada por maceraccedilatildeo (12 pv) por
periacuteodos de 24 horas com solventes de polaridades crescentes (ciclohexano
acetato de etila etanol e aacutegua) Um extrato hidroalcooacutelico (EH) foi tambeacutem obtido
por maceraccedilatildeo de 60g (12 pv) em etanolaacutegua (11) Uma parte do resiacuteduo seco do
extrato hidroalcooacutelico (5g) foi particionada (11) em aacutegua (FA) e outra parte em
71
acetato de etila (FAE) Posteriormente todos os extratos foram filtrados em papel
Whatman No 1 e evaporados a 50degC sob pressatildeo reduzida com exceccedilatildeo do extrato
aquoso e fraccedilatildeo aquosa que foram liofilizados
Desta forma obtiveram-se cinco extratos Extrato ciclohexano (EC) extrato de
acetato de etila (EAE) extrato etanoacutelico (EE) extrato aquoso (EA) e extrato
hidroalcooacutelico (EH) e duas fraccedilotildees fraccedilatildeo aquosa (FA) e fraccedilatildeo acetato de etila
(FAE)
Todos os extratos foram analisados por cromatografia em camada delgada
(CCD) quanto agrave presenccedila de alcaloacuteides flavonoacuteides terpenoacuteides aacutecido gaacutelico
fenilpropanoglicosiacutedeos cumarinas taninos condensados e hidrolisaacuteveis accediluacutecares e
quinonas Para obtenccedilatildeo de soluccedilotildees com concentraccedilotildees padronizadas todos os
extratos foram solubilizados na concentraccedilatildeo de 05
Volumes de 15 μL de cada extrato EC EAE EE EA EH FA FAE foram
utilizados para a realizaccedilatildeo de cada CCD utilizando-se placas de gel de siacutelica
(Merck -105553) As anaacutelises foram realizadas a partir de diferentes sistemas de
eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv) EtOAcndashHCOOHndash
AcOHndashH2O (100 05 05 05 vv ) Et2O-tolueno-AcOH 10 (50 50 50 vv )
ToluenondashAcOEt (97 3 vv) n-BuOH-Me2CO-tampatildeo fosfato pH = 50 (40 50 10
vv) e AcOEt ndash MeOH ndash H2O (81 11 8 vv) e revelados utilizando diferentes
substacircncias (Quadro1)
Quadro 1 - Metaboacutelitos secundaacuterios pesquisados sistemas de eluiccedilatildeo e reveladores
utilizados na avaliaccedilatildeo fitoquiacutemica da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
METABOacuteLITO ELUICcedilAtildeO REVELADOR RESULTADO
POSITIVO REFEREcircNCIA
Alcaloacuteides
A Dragendorff Coloraccedilatildeo Laranja (WAGNER 1996)
Monoterpenoacuteides Sesquiterpenoacuteides e
Diterpenoacuteides B Vanilina sulfuacuterica
Coloraccedilatildeo Azul escura
(WAGNER 1996)
Triterpenoacuteides e Esteroacuteides C Liebermann
Burchard Coloraccedilatildeo rosa a
vermelho (UV) (SHARMA 1991)
72
A - EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv) B - ToluenondashAcOEt (97 3 vv) C - EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 05 05 05 vv ) D - Et2O-tolueno-AcOH 10 (50 50 50 vv ) E - n-BuOH-Me2CO-tampatildeo fosfato pH = 50 (40 50 10 vv) F - AcOEt ndash MeOH ndash H2O (81 11 8 vv) Soluccedilatildeo metanoacutelica de 2- aminoetil difenilborinato 1 e soluccedilatildeo etanoacutelica de polietilenoglicol 5
METABOacuteLITO ELUICcedilAtildeO REVELADOR RESULTADO
POSITIVO REFEREcircNCIA
Iridoacuteides
A Vanilina sulfuacuterica Coloraccedilatildeo violeta (HARBONE 1998)
Saponinas
A Anisaldeiacutedo Coloraccedilatildeo verde
escura (WAGNER 1996)
Glicosiacutedeos cardiacuteacos
F KEDD Coloraccedilatildeo Violeta
a azul-violeta (WAGNER 1996)
Cumarinas
E Anaacutelise por UV Surgimento de
fluorescecircncia azul (UV)
(WAGNER 1996)
Derivados cinacircmicos
A NEU
Surgimento de
fluorescecircncia (UV) (WAGNER 1996)
Fenilpropanoglicosiacutedeos
A NEU
Surgimento de fluorescecircncia
verde limatildeo (UV) (WAGNER 1996)
Flavonoacuteides
A NEU
Surgimento de fluorescecircncia
laranja verde e amarela (UV)
(MARKHAM 1982)
(HARBORNE 1998)
Taninos condensados A Vanilina
Cloriacutedrica
Coloraccedilatildeo vermelha
(ROBERTSON 1955)
Taninos hidrolisaacuteveis
A NEU
Negro (Visiacutevel) Fluorescecircncia azul
(UV) (NEU 1956)
Accediluacutecares
D Cloridrato de
235 Trifeniltetrazoacutelio
Coloraccedilatildeo avermelhada
(WALLENFELS 1950)
73
334 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais
A quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais foram realizados como descrito
na Farmacopeacuteia Europeacuteia como descrito a seguir
3341 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais
A Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais foi realizada de acordo com o meacutetodo de
Folin-Ciocalteu como descrito na Farmacopeacuteia Europeacuteia (2005) Os extratos e
fraccedilotildees da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa EAE EE EA EH FA FAE
foram solubilizados em etanol (10) para obtenccedilatildeo de uma concentraccedilatildeo final de
500 microgmL Cinco mililitros de cada soluccedilatildeo foram diluiacutedos para 25 ml com aacutegua
destilada Destas soluccedilotildees 2 mL foram transferidos para um balatildeo volumeacutetrico
contendo aacutegua destilada (10 ml) e depois foi adicionado 1mL do reagente de Folin-
Ciocalteu natildeo diluiacutedo sendo o volume finalmente completado para 25 mL com
Na2CO3 (10 vv)
A soluccedilatildeo foi mantida a temperatura ambiente (25ordmC) por 30 minutos quando
a absorbacircncia das amostras foi lida a 760 nm em um espectrofotocircmetro UVVis
(Evolution 60S Thermo Scientific) Aacutegua destilada foi usada como branco
A concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais foi determinada pela extrapolaccedilatildeo da
curva de calibraccedilatildeo a qual foi obtida a partir das soluccedilotildees de aacutecido gaacutelico (Sigma
Chemical Co St Louis USA) que variaram entre 20 ndash 80120583gmL A concentraccedilatildeo
polifenoacuteis totais foi calculada em triplicata foi expresso em miligramas de equivalente
de aacutecido gaacutelico por grama de amostra seca
3342 Determinaccedilatildeo de taninos totais
Com o objetivo de determinar os taninos totais 100 mg de caseiacutena (Merckreg)
foi adicionada a 10 mL de cada extrato ou fraccedilatildeo sendo a mistura homogeneizada
por 60 minutos e depois filtradas em papel de filtro Whatman No 1 O procedimento
para determinaccedilatildeo dos taninos foi similar ao descrito no item 341
O conteuacutedo de polifenoacuteis nas fraccedilotildees natildeo tanantes foi calculado pela curva
padratildeo de aacutecido gaacutelico A concentraccedilatildeo de taninos totais foi calculada como
Taninos totais = polifenois totais ndash polifenois natildeo tanantes
74
3343 Anaacutelise por Cromatografia Liquida de alta Eficiecircncia (CLAE)
Cromatogramas dos extratos e fraccedilotildees da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa que apresentaram os maiores teores de taninos e atividade
antibacteriana (EE EH e FA) foram obtidos por Cromatografia Liquida de alta
Eficiecircncia com arranjo de diodos (CLAE-DAD)
Os extratos e o padratildeo astilbina foram solubilizados em metanol para a
obtenccedilatildeo de soluccedilotildees de concentraccedilatildeo de 400 microgmL e 25microgmL respectivamente
Essas soluccedilotildees foram filtradas em membrana de politetrafluoetileno de 020 microm
(Chromafilreg) e depois adicionadas frascos acircmbar As anaacutelises foram realizadas em
equipamento CLAE-DAD (Ultimatereg 3000 Thermo Scientificreg) equipado com bomba
binaria HPG-3x00RS 3000 (RS) detector de arranjo de diodo e coletor de amostra
automaacutetico ACC-3000
As separaccedilotildees foram realizadas com uma coluna (C18) 256 x 46 mm di 5
microm (Acclaim 120 Dionexreg) equipada com (C18 4 x 3 mm di Phenomenexreg) A fase
moacutevel foi composta por aacutegua MiliQreg (eluente A) e acetonitrila (eluente B Tediareg)
ambos acidificados com 01 de soluccedilatildeo de aacutecido trifluoroaceacutetico variando de 10-
23 em 35 min para 23ndash90 em 50 min do eluente B a um fluxo de 1mLmin O
software Chromeleon 60 (Dionexreg) foi utilizado para processamento e aquisiccedilatildeo dos
dados
335 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana
A avaliaccedilatildeo da atividade antibacteriana foi realizada a partir do estudo com
diferentes estratos e fraccedilotildees
3351 Preparaccedilatildeo das amostras
Para determinaccedilatildeo da atividade antimicrobiana da casca do caule de H
stigonocarpa foram avaliados os cinco extratos ciclohexanico (EC) acetato de etila
(EAE) etanoacutelico (EE) aquoso (EA) hidroalcooacutelico (EH) e as fraccedilotildees obtidas por
particcedilatildeo do extrato Hidroalcooacutelico o de acetato de etila (FAE) e o de Aacutegua (FA)
75
3352 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana in vitro
A determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana in vitro foi realizada como descrito
a seguir
33521 Agentes antimicrobianos
O laboratoacuterio Eurofarma forneceu oxacilina ciprofloxacina teicoplanina e o
laboratoacuterio Sanofi-Aventis a polimixina B A resistecircncia foi definida para cada caso a
oxacilina (OXA MIC ge 4μgmL) ciprofloxacina (CIP MIC ge 1μgmL) teicoplanina
(TEI ge 32 μgmL) e polimixina B (POL MIC ge 8μgmL) de acordo com os criteacuterios
estabelecidos pelo Clinical Laboratory standard Institute (2012)
Os extratos EC e EAE foram solubilizados em dimetil sulfoacutexido - Tween80 -
aacutegua (118 vv) EE EAE EH FAE e FA em etanol-aacutegua (19 vv) enquanto que os
agentes antimicrobianos foram solubilizados em aacutegua As soluccedilotildees de estoque
foram esterilizados por filtraccedilatildeo atraveacutes de uma membrana Millipore com uma
porosidade de 022 microm
33522 Micro-organismos e padronizaccedilatildeo dos inoacuteculos
Bacteacuterias (n = 28) foram obtidas de culturas estoque e mantidas em nosso
laboratoacuterio (Laboratoacuterio de Fisiologia e Bioquiacutemica de Micro-organismos - LFBM) em
meio Mueller Hinton Agar sob oacuteleo mineral Para este estudo foram usadas as
seguintes cepas bacterianas isoladas de amostras cliacutenicas Staphylococcus aureus
(LFBM05 UFPEDA 01 AM 02 AM 04 AM 05 LFBM 25 AM 13 AM 18 AM 19 and
AM 21) Enterococcus faecalis (245 272 292 e 335) Klebsiella pneumoniae LFBM
01 Pseudomonas aeruginosa LFBM 01 Proteus mirabilis LFBM 01 e LFBM 02
Salmonella enterica LFBM 01 Shigella sonnei LFBM 01 e Vibrio cholera LFBM 01
Staphylococcus aureus ATCC 25923 Staphylococcus aureus ATCC 33591
Klebsiella pneumoniae ATCC 700603 Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027
Escherichia coli ATCC 25922 e Escherichia coli ATCC 35218 foram usadas como
cepas padratildeo
Esses micro-organismos foram cultivados em caldo Mueller Hinton por um
periacuteodo de 18h a 37deg C e em seguida foram cultivados em agar Mueller Hinton (AMH)
76
(Acumedia Manufacturers Baltimore USA) sendo incubados a 37∘C por 18 horas
Algumas colocircnias foram selecionadas e inoculadas em caldo Mueller Hinton
(Acumedia Manufacturers Baltimore USA) para comparaccedilatildeo da turbidez com
padrotildees 05 McFarland os quais satildeo equivalentes a contagem de aproximadamente
108 UFCmL Posteriormente essas suspensotildees bacterianas foram diluiacutedas para
obtenccedilatildeo de um inoculo de 107 UFCmL
33523 - Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo
bactericida miacutenima (CMB)
A Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (CIM) foi determinada pelo meacutetodo de
microdiluiccedilatildeo em caldo seguindo as recomendaccedilotildees estabelecidas pela Clinical
Laboratory Standards Institute (CLSI 2012) com algumas modificaccedilotildees Os ensaios
foram realizados em microplacas esteacutereis de 96 poccedilos com fundo em forma de ldquoUrdquo
Inicialmente as soluccedilotildees estoque dos extratos e agentes antimicrobianos na
concentraccedilatildeo de 2048 microgmL foram esterilizadas por filtraccedilatildeo atraveacutes de membranas
de porosidade de 022 microm milipore reg em seguida um volume de 200 microL foi
adicionado nos poccedilos de 1 a 12 da linha A Os demais poccedilos foram preenchidos
inicialmente apenas com 100 microL de caldo Mueller-Hinton
Logo apoacutes foi realizada transferecircncia de 100microL do conteuacutedo dos poccedilos da
linha A para os da linha B e assim sucessivamente ateacute a linha H sendo desprezados
os uacuteltimos 100 microL obtendo-se assim concentraccedilotildees decrescentes dos extratos
(1024 a 781 gmL)
Apoacutes a diluiccedilatildeo dos extratos e agentes antimicrobianos foi acrescido em
todos os poccedilos um volume de 5 microL dos inoacuteculo microbiano padronizado As
microplacas foram incubadas em estufa bacterioloacutegica a 37degC por 24 horas
Foi considerado crescimento total (100) na placa controle onde foi
adicionado apenas caldo Muller Hinton e os inoacuteculos A reduccedilatildeo do crescimento foi
avaliado nos orifiacutecios onde foram adicionados os extratos
Para determinar a Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima (CBM) os conteuacutedos
dos poccedilos que mostraram inibiccedilatildeo de crescimento foram semeados em MHA Apoacutes
24h de incubaccedilatildeo a 37degC o nuacutemero de micro-organismos viaacuteveis foi determinado A
CMB foi definida como a menor concentraccedilatildeo do extrato em que 999 da
77
populaccedilatildeo foram inviabilizadas Todos os experimentos foram realizados em
duplicata em dias diferentes
Apoacutes a realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo quantitativa foi realizada a determinaccedilatildeo da
viabilidade dos micro-organismos por comprovaccedilatildeo atraveacutes da adiccedilatildeo de soluccedilatildeo
aquosa a 05 de cloridrato de 235 trifeniltetrazoacutelio (TTC)
As microplacas foram novamente incubadas por mais trecircs horas a 37degC Apoacutes
esse intervalo de tempo a leitura da placa foi realizada a presenccedila de uma
coloraccedilatildeo vermelha nos poccedilos foi interpretada como prova negativa do efeito
inibitoacuterio do extrato ou seja houve crescimento bacteriano enquanto que a
ausecircncia de cor foi considerada prova positiva da accedilatildeo antimicrobiana dos extratos
A CIM foi definida como sendo a menor concentraccedilatildeo da droga antimicrobiana que
impede o crescimento visiacutevel do micro-organismo semeado
336 Anaacutelise ultraestrutural
Staphylococcus aureus ATCC 33591 na concentraccedilatildeo de 104 UFCmL foi
cultivado em caldo Muller Hinton (grupo controle) e em caldo adicionado de extrato
hidroalcooacutelico a 256 e 128 microgmL (CIM e frac12 CIM) respectivamente Apoacutes isso as
culturas foram incubadas a 37degC por 24 horas Essas culturas foram centrifugadas e
os precipitados foram fixados em paraformaldeiacutedo 4 e glutaraldeido 25 em 01
M de tampatildeo cacodilato de soacutedio (pH 72) por 4 horas a temperatura ambiente
Os precipitados foram lavados e centrifugados por 10 minutos no mesmo
tampatildeo Sendo esse procedimento repetido por trecircs vezes Posteriormente os
precipitados foram poacutes-fixados em tetroacutexido de oacutesmio 2 ferrocianeto de potaacutessio
08 e cloreto de caacutelcio 5 mM em tampatildeo cacodilato de soacutedio 01 M por 1 hora e
lavada em tampatildeo cacodilato de soacutedio
As amostras foram desidratadas utilizando gradientes de soluccedilotildees de acetona
e depois adicionadas agrave resina Epon 812 (Sigma EUA) Em seguida seccedilotildees
ultrafinas foram obtidas atraveacutes de um ultramicrotomo (Leica UC6) coradas com
acetato de uranila e citrato de chumbo e examinado em microscoacutepio eletrocircnico de
transmissatildeo Morgani-FEIreg
78
37 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA
A anaacutelise estatiacutestica foi realizada utilizando Anova one-way e teste de
comparaccedilatildeo muacuteltiplas Newman-Keuls usando o software GraphPad Prism versatildeo
50 para Windows GraphPad Software (San Diego CA) e p lt 005 foi usado como
niacutevel de significacircncia
79
34 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados obtidos neste estudo estatildeo descritos a seguir
341 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal
A descriccedilatildeo dos aspectos anatocircmicos do material vegetal eacute um importante
passo para caracterizaccedilatildeo e padronizaccedilatildeo dos espeacutecimes vegetais que servem de
mateacuteria prima para a produccedilatildeo de medicamentos Assim apoacutes avaliaccedilatildeo
farmacobotacircnica foi possiacutevel observar que o caule de Hymenaea stigonocarpa
apresentou estrutura semelhante agravequela descrita na literatura para espeacutecies do
gecircnero (WATSON DALLWITZ 2012)
3411 Anatomia
Em uma amostra do caule de Hymeneae stigonocarpa com
aproximadamente 4 mm de diacircmetro a regiatildeo da casca apresentou mais
externamente oito camadas de suacuteber (Figura 29) constituiacutedo por ceacutelulas achatadas
periclinalmente (paralelas agrave superfiacutecie do caule)
Figura 29 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo
adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do
suacuteber corada com safranina e azul de astra
SB ndash suacuteber (aumento de 400x)
Imediatamente abaixo do suacuteber foi encontrada uma faixa estreita constituiacuteda
por apenas uma camada de ceacutelulas o felogecircnio tecido indiferenciado que origina o
suacuteber para fora e a feloderme para dentro (Figura 30) A feloderme estava
constituiacuteda por duas camadas apoacutes o feloderme foi encontrado o parecircnquima
cortical com 10 camadas de ceacutelulas O conjunto destes tecidos secundaacuterios
constitui a periderme
SB
80
Figura 30 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto
de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do suacuteber
felogecircnio feloderma e parecircnquima cortical corados com
safranina e azul de astra
FG- Felogecircnio FD-Feloderme PC-Parecircnquima cortical CS- Canal secretor (aumento 100x)
Na regiatildeo da feloderme foram encontrados canais de secreccedilatildeo com
revestimento interno de ceacutelulas pequenas e achatadas periclinalmente (Figura 31)
Figura 31 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo
adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando parecircnquima
cortical esclerecircnquima e floema corados com safranina e
azul de Astra
S- Canal secretor CP ndash ceacutelulas pequenas EC ndash esclerecircnquima FL ndash Floema Aumento 100x
Mais internamente apoacutes a feloderme foram observados grupos de fibras de
esclerecircnquima em forma de feixe Apoacutes o faixa de esclerecircnquima eacute observada a
presenccedila do floema tecido responsaacutevel pela conduccedilatildeo da seiva elaborada
Foram encontradas cavidades secretoras em maior quantidade no
parecircnquima cortical de porccedilotildees jovens dos ramos se comparadas agraves porccedilotildees
adultas Em estrutura secundaacuteria o nuacutemero dessas cavidades se mostrou bastante
FG
FD PC
CS
CS ECCC
FL
CP
81
reduzido isto pode ser devido ao esmagamento de algumas dessas cavidades em
consequecircncia da pressatildeo radial exercida pelo crescimento da feloderme e da
atividade do cacircmbio
3412 Histoquiacutemica
Na analise histoquiacutemica foi realizada a avaliaccedilatildeo da presenccedila de polifenoacuteis e
taninos
34121 Avaliaccedilatildeo de Polifenoacuteis
Foi observada a ocorrecircncia de polifenoacuteis nos elementos feloderme
parecircnquima cortical e floema regiotildees coradas em marrom (Figura 32)
Figura 32 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto
de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com
dicromato de potaacutessio para visualizaccedilatildeo de regiotildees com
conteuacutedos fenoacutelicos
FG- felogecircnio FD ndash feloderme PC- Parenquima cortical EC ndash esclerecircnquima FL ndash Floema (aumento 40x)
A anaacutelise histoquiacutemica da casca do caule forneceu informaccedilotildees quanto agrave
presenccedila e localizaccedilatildeo dos compostos fenoacutelicos evidenciados pela reaccedilatildeo ao
dicromato de potaacutessio e vanilina cloriacutedrica que revelam a presenccedila de compostos
fenoacutelicos totais e taninos respectivamente
FD
FL
FG
EC
PC
82
34122 Detecccedilatildeo da presenccedila de taninos
A avaliaccedilatildeo da presenccedila de taninos foi realizada em caules jovens e adultos
341221 caules jovens
O caule jovem identificado pela presenccedila de pelo tector (figura 33) na regiatildeo
do coacutertex observamos a ocorrecircncia de taninos nos elementos feloderme
parecircnquima cortical e floema (FL) (regiotildees coradas em vermelho)
Figura 33 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo jovem de
Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina
cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos
PT- Pelo tector FG ndash felogecircnio FL ndash floema (aumento de 100x)
341222 caules adultos
Na regiatildeo do coacutertex de caule adulto (presenccedila de suacuteber) observamos a
ocorrecircncia de taninos nos elementos de felogecircnio feloderme e floema (Figura 34)
FG
FLD
FL
FLD
PT
FLD
83
Figura 34 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de
Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina
cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos
SB - Suacuteber FG ndash felogecircnio FD-feloderme FL ndash floema (aumento de 40x)
A presenccedila de taninos foi evidenciada em amostras de caule jovens e adultas
indicando a manutenccedilatildeo de sua presenccedila na estrutura no parecircnquima cortical e na
feloderme Isto indica que a produccedilatildeo de taninos eacute continuada nas ceacutelulas de
feloderme produzidas pelo felogecircnio confirmando a avaliaccedilatildeo fitoquiacutemica que
indicou a presenccedila de taninos em amostras de casca de caule
Em virtude da maior espessura de parecircnquima cortical constituiacutedo por ceacutelulas
contendo tanino em ramos mais maduros a extraccedilatildeo da casca nos mesmos implica
na possiacutevel exposiccedilatildeo do floema ao ataque de micro-organismos levando estas
ceacutelulas agrave morte aleacutem de possibilitar sua proliferaccedilatildeo ao longo dos feixes vasculares
e em casos mais extremos podendo levar agrave morte de partes da planta ou do proacuteprio
indiviacuteduo Assim a extraccedilatildeo de taninos poderia ser mais viaacutevel e eficiente atraveacutes de
podas perioacutedicas em ramos mais jovens levando a uma obtenccedilatildeo continuada de
taninos
342 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal
O rendimento obtido apoacutes a extraccedilatildeo com ciclohexano acetato de etila etanol
e aacutegua foi de 035 265 1198 e 209 respectivamente
FD
SB
FLD
FL
FG
FLD
84
A extraccedilatildeo hidroalcooacutelica levou a um rendimento de 1549 As fraccedilotildees
acetato de etila e aquosa obtidas a partir da fraccedilatildeo hidroalcooacutelica tiveram
rendimentos de 2208 e 57 respectivamente
3421 Anaacutelise fitoquiacutemica
A prospecccedilatildeo fitoquiacutemica nos extratos ciclo hexano acetato de etila etanol eacute
aacutegua atraveacutes de CCD sugere a presenccedila de flavonoacuteides accedilucares redutores
taninos condensados proantocianidinas leucoantocianidinas monoterpenos
sesquiterpenos triterpenos esteroides e cumarinas nos diferentes extratos de
Hymenaea stigonocarpa devido a avaliaccedilatildeo pelo uso de reveladores e comparaccedilatildeo
com a coloraccedilatildeo dos padrotildees
34211 Monoterpenos e sesquiterpenos
A presenccedila de monoterpenos e sesquiterpenos (natildeo diferenciados entre pelo
uso do revelador) foi identificada no extrato EC (Figura 35) a partir da visualizaccedilatildeo
de vaacuterias bandas de coloraccedilatildeo variando de violeta a azul escuro as quais foram
comparadas com a coloraccedilatildeo produzida pelo padratildeo timol (Rf = 035)
Figura 35 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo da presenccedila de
monoterpenos e sesquiterpenos
Sistema de eluiccedilatildeo Tolueno ndash AcOEt (97 3 vv) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padratildeo de Timol (Rf = 035) revelador vanilina sulfuacuterica
Rf = 035
Rf = 080
Rf = 055
Rf = 014
Rf = 004
Rf = 012
85
34212 Triterpenos e esteroacuteides
A presenccedila de triterpenos e esteroides (natildeo diferenciados entre si) foram
identificados apenas no extrato EC (Figura 36) a partir da visualizaccedilatildeo de vaacuterias
bandas de coloraccedilatildeo variando de rosa a vermelho as quais foram comparadas com
a coloraccedilatildeo produzida a partir da utilizaccedilatildeo do padratildeo de β-sitosterol (Rf 012)
Figura 36 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de triterpenos e
esteroacuteides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 05 05 05 vv ) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padratildeo de β-sitosterol (Rf = 012) revelador Liebermann Burchard
A ocorrecircncia de terpenos nas espeacutecies do gecircnero Hymenaea jaacute eacute
amplamente conhecida resinas de cor amarela e avermelhada produzidas pelas
aacutervores do gecircnero Hymenaea L satildeo descrita desde o periacuteodo dos iacutendios preacute-
colombianos devido a seu uso na fabricaccedilatildeo de joias (LEE LANGENHEIM 1975)
Dentre as espeacutecies do gecircnero Hymenaea a mais estudada eacute a Hymenaea
courbaril nela tambeacutem satildeo descritas a ocorrecircncia de terpenos em diferentes partes
da planta tais como folhas (MARTIN et al 1972 LANGENHEIM et al 1986) resina
das folhas (LANGENHEIM 1972 ABDEL-KADER et al 2002) resina do troco
(LANGENHEIM 1973 MARSAIOLI et al 1975 ABDEL-KADER et al 2002) resina
dos frutos (OURISSON et al 1973) e sementes (NOGUEIRA 2001)
Rf = 012
Rf = 086
Rf = 063
Rf = 035
Rf = 023
Rf = 007
86
Quanto agrave presenccedila de terpenos na casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa nossos resultados estatildeo de acordo com o que foi descrito por
Giacomini e colaboradores (2006) que relatam a presenccedila de terpenos isolados a
partir de extrato hexacircnico do epicarpo assim como o que relatam Domeacutenech-carboacute
e colaboradores (2009) que identificaram o aacutecido eperuico e seus isocircmeros juntos
com aacutecido copaacutelico como os principais componentes da resina da casca do caule de
Hymenaea stigonocarpa
Se analisarmos a presenccedila de terpenos nas diferentes partes da planta
podemos observar que eles satildeo de ocorrecircncia frequente nesta espeacutecie como
descrevem Faria e colaboradores (2004) Esses autores demonstram a presenccedila de
diterpenos nas sementes e Langenheim e colaboradores (1986) que descreve nas
folhas a ocorrecircncia de -cariofileno e α-muroleno sesquiterpenos com atividade
antifuacutengica e accedilatildeo repelente contra insetos
34213 Flavonoacuteides e cumarinas
Da casca do caule foram evidenciadas duas bandas nos extratos acetato de
etila (2) e etanoacutelico (2) com caracteriacutesticas de flavonoides (amarelo e laranja) de Rf
005 e 047 (Figura 37) Esta CCD tambeacutem indica a presenccedila de cumarinas Rf 098
e 093 (coloraccedilatildeo azul) nos extratos ciclohexano e acetato de etila
Figura 37 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de flavonoides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padratildeo luteolina (Rf = 047) revelador NEU
Rf = 047
Rf = 093
Rf = 098
Rf = 047
Rf = 005
87
Simotildees e colaboradores (2009) descreveram a ocorrecircncia de cumarinas em
espeacutecies do gecircnero Hymenaea Estes autores isolaram duas cumarinas a
ipomopsina e hymenaina das sementes de H courbaril ambas com atividade
antifuacutengica No entanto este eacute o primeiro relato da presenccedila de cumarinas em H
stigonocarpa
34214 Accedilucares
A presenccedila de accedilucares foi observada no extrato etanoacutelico a partir da
visualizaccedilatildeo de banda de coloraccedilatildeo avermelhada a qual foi comparada com a
coloraccedilatildeo produzida a partir da utilizaccedilatildeo dos padrotildees glicose e raminose apoacutes a
revelaccedilatildeo com 235 cloridrato de trifeniltetrazoacutelio (Figura 38) Apoacutes a comparaccedilatildeo
entre os fatores de retenccedilatildeo uma das bandas foi identificada como supostamente
glicose (Rf 053)
Figura 38 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de accedilucares
Sistema de eluiccedilatildeo n-BuOH-Me2CO-tampatildeo fosfato pH = 50 (40 50 10 vv) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padrotildees de glicose (Rf = 053) e ramnose (Rf =046) revelador 235 cloridrato de trifeniteltrazolio
34215 Taninos hidrolisaacuteveis e condensados
Nenhum tanino hidrolisado foi identificado nos extratos obtidos sendo
utilizados o aacutecido gaacutelico e o elaacutegico como padrotildees e como revelador o reagente de
Rf = 053 Rf = 053 Rf = 046
88
Neu (Figura 39) A presenccedila de taninos condensados foi identificada apoacutes revelaccedilatildeo
com vanilina cloriacutedrica (Figura 40) nos extratos de EAE EE e EA
A quantidade e o tipo de taninos sintetizados pelas plantas variam
consideravelmente dependendo da espeacutecie do cultivo do tecido e de condiccedilotildees
ambientais Geralmente a concentraccedilatildeo eacute maior em espeacutecies que prosperam em
solos agriacutecolas pobres ou de baixa calagem tal como ocorre nas regiotildees tropicais e
subtropicais (OTERO HIDALGO 2004) Aleacutem disso as concentraccedilotildees de taninos
satildeo maiores nas partes dos vegetais expostas ao sol indicando portanto uma
relaccedilatildeo entre a fase dependente de luz da fotossiacutentese com a produccedilatildeo de taninos
(HEIL et al 2002)
Tradicionalmente os taninos satildeo classificados segundo a sua estrutura
quiacutemica em dois grupos taninos hidrolisaacuteveis e taninos condensados Taninos
hidrolisaacuteveis satildeo caracterizados por um poliol central geralmente β-D-glicose cujas
funccedilotildees hidroxilas satildeo esterificadas Apoacutes a hidrolise aacutecida das ligaccedilotildees ester os
dois principais representantes gerados satildeo o aacutecido gaacutelico e o elaacutegico Os taninos
condensados proantocianidinas satildeo oligocircmeros e poliacutemeros formados pela
policondensaccedilatildeo de duas ou mais unidades flavan-3-ol e flavan-34-diol Dentre os
taninos condensados pode ser descrito outra classe as leucoantocianidinas (flavan-
34-dioacuteis) classe intermediaacuteria na via de formaccedilatildeo dos taninos condensados
(SIMOtildeES et al 2004)
Figura 39 - Cromatograma do extrato etanoacutelico (B) para
avaliaccedilatildeo de taninos hidrolisaacuteveis
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv) 1 ndash Extrato etanoacutelico P ndash aacutecido gaacutelico e elaacutegico (Rf = 053) e (Rf =060) revelador Reagente de Neu
Rf = 053
Rf = 060
89
A presenccedila de taninos condensados foi identifica nos extratos EAE EE e EA
(Figura 40) a partir da visualizaccedilatildeo de vaacuterias bandas de coloraccedilatildeo avermelhadas as
quais foram comparadas com a coloraccedilatildeo produzida a partir da utilizaccedilatildeo do padratildeo
de epicatequina (Rf 095) revelado com vanilina cloriacutedrica
Figura 40 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de taninos
condensados
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) 1 ndash extrato ciclo hexano 2 ndash extrato acetato de etila 3 ndash extrato etanoacutelico 4 ndash extrato aquoso P - padratildeo epicatequina (Rf = 095) revelador vanilina cloriacutedrica
Os taninos condensados em geral estatildeo amplamente distribuiacutedos em plantas
lenhosas Jaacute os taninos hidrolisaacuteveis natildeo satildeo frequentes neste tipo de plantas
Dentre os metaboacutelitos secundaacuterios presentes os taninos condensados perfazem
aproximadamente metade da mateacuteria seca constituindo a segunda fonte de
polifenoacuteis no reino vegetal perdendo apenas para a lignina (HAGERMAN et al
1997 ARGYROPOULOS 1999)
Nos extratos avaliados foram identificadas a presenccedila de
proantontocianidinas e leucoantocianidinas essas classes podem ser identificadas
atraveacutes da realizaccedilatildeo de cromatografia em camada delgada devido agrave diferenccedila das
suas polaridades onde as leucoantocianidinas apresentam diferente fator de
retenccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves proantociandininas apresentando uma maior migraccedilatildeo em
solventes mais polares
1 2 3 4 P
Rf = 093 Rf = 083 Rf = 075 Rf = 069
Rf = 095
90
Apoacutes a anaacutelise fitoquiacutemica nos quatro extratos obtidos atraveacutes de extraccedilatildeo
exaustiva seriada por maceraccedilatildeo o extrato hidroalcooacutelico foi obtido por maceraccedilatildeo
apoacutes a identificaccedilatildeo da maior atividade antibacteriana nos extratos que continham
maiores teores dos metaboacutelitos secundaacuterios polares
Foram identificados metaboacutelitos secundaacuterios no extrato hidroalcooacutelico (EH) e
em suas fraccedilotildees aquosa (FA) e acetato de etila (FAE)
34216 Flavonoacuteides apoacutes particcedilatildeo
Foi observada uma banda no extrato EH (Figura 41) uma delas comparada
ao padratildeo de astilbina apresentou o mesmo fator de retenccedilatildeo (Rf 028) a outra
comparada ao padratildeo luteolina apresentou tambeacutem o mesmo fator de retenccedilatildeo (Rf
060)
Figura 41 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico de
Hymenaea stigonocarpa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) 5 ndash Extrato Hidroalcooacutelico P1 ndash Padratildeo de astilbina (Rf = 060) P2 - Padratildeo luteolina (Rf = 028) revelador NEU
Avaliando a presenccedila de flavonoacuteides na casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa foram observadas duas bandas na anaacutelise por CCD uma apoacutes uso de
padrotildees apresentou o mesmo fator de retenccedilatildeo que o flavonoacuteide astilbina e a outra
Rf = 060
Rf = 060
Rf = 028
Rf = 028
P1 5 P2
91
o mesmo da luteolina A astilbina tem ocorrecircncia descrita para o gecircnero Hymenaea
sendo relatada nas espeacutecies Hymenaea parvifolia identificada na resina do caule
(ISHIBASHI et al 1999) e em Hymenaea stigonocarpa identificada na casca do
caule por espectro de infravermelho (LOVATO amp NUNES 2007)
34217 Taninos condensados apoacutes particcedilatildeo
Os taninos condensados estatildeo presentes no EH e nas fraccedilotildees FA e FAE No
FA (Figura 42) haacute presenccedila apenas de proantocianidinas (banda natildeo revelada pelo
reagente NEU que ficou retida no ponto de aplicaccedilatildeo) na fraccedilatildeo FAE haacute ocorrecircncia
de leucoantocianidinas (Figura 43) e flavonoacuteides
Na figura 42 apesar do uso do revelador Neu pode-se observar a presenccedila
de taninos condensados no ponto de aplicaccedilatildeo do cromatograma e a ausecircncia de
flavonoacuteides quando comparamos a FA e o EH Na figura 43 pode-se observar a
ausecircncia das proantocianidinas na FAE quando comparada ao EH
Figura 42 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo
aquosa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) EH ndash Extrato Hidroalcooacutelico FA ndash Fraccedilatildeo aquosa revelador de Neu
Rf = 004
Rf = 069
Rf = 047
EH FA
92
Figura 43 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo
acetato de etila para avaliaccedilatildeo de taninos
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) EH ndash Extrato Hidroalcooacutelico FAE ndash Fraccedilatildeo acetato de etila revelador vanilina cloriacutedrica
343 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais
Foram quantificados polifenoacuteis e taninos nos diferentes extratos obtidos
3431 Determinaccedilatildeo da Curva de calibraccedilatildeo do aacutecido gaacutelico
A concentraccedilatildeo polifenoacuteis totais foi determinada pela extrapolaccedilatildeo da curva
de calibraccedilatildeo (y = 01037 x + 00024 R2 = 09992) a qual foi obtida a partir das
soluccedilotildees de aacutecido gaacutelico (Sigma Chemical Co St Louis USA) que variaram entre
20ndash80120583gmL
3442 Determinaccedilatildeo do teor de polifenoacuteis e taninos totais
Utilizando a equaccedilatildeo da reta foram obtidos os valores de polifenoacuteis totais em
equivalentes miligramas de aacutecido gaacutelico por grama de resiacuteduo seco conforme
expresso na tabela 1
EH FAE
Rf = 089 Rf = 083 Rf = 074 Rf = 069
Rf = 089 Rf = 083 Rf = 074 Rf = 069
93
Tabela 1 - Conteuacutedo de polifenois e taninos totais dos diferentes
extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa
O teor de polifenois e taninos totais foi expresso em mg GAEg de resiacuteduo seco As medias marcadas com () natildeo satildeo significativamente diferentes (plt005)
O conteuacutedo de polifenois totais variou de 495 plusmn 002 a 712 plusmn 003 mg GAEg
de resiacuteduo seco Esses resultados indicam uma alta concentraccedilatildeo desses
componentes nos extratos polares Os conteuacutedos de polifenois foram ateacute cerca de
30 vezes maiores que os valores obtidos no extrato etanoacutelico da madeira de
Hymenaea stigonocarpa obtidos por Oliveira e colaboradores (2010)
344 Anaacutelise por cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE-DAD)
Os extratos e fraccedilotildees EE EH e FA com os maiores conteuacutedos de taninos
foram selecionados para serem analisados por CLAE-DAD O cromatograma desses
extratos e fraccedilotildees eacute mostrado na figura 44
Picos A B C e D presentes em todos os cromatogramas eluidos no tempo
de retenccedilatildeo 29-37 min e absorvidos em 280 nm com um braccedilo proacuteximo a 198 nm e
uma absorccedilatildeo maacutexima entre 290 e 294 nm satildeo sugestivos de derivados de
flavonoides Esses espectros estatildeo de acordo com dados da literatura (MABRY et
al 1970)
O pico B com o tempo de retenccedilatildeo de 31453 minutos foi identificado como
astilbina Essa identificaccedilatildeo foi possiacutevel devido a comparaccedilatildeo entre o espectro de
absorccedilatildeo do EE EH e EH + astilbina com absorccedilatildeo maacutexima de 2903 nm
A onda E com o tempo de retenccedilatildeo entre 39 ndash 48 min parece estar
relacionada a taninos condensados observados neste estudo na anaacutelise por CCD
ExtratosFraccedilotildees Polifenois totais Taninos totais
Ciclohexano (EC) 000 000
Acetato de etila (EAE) 663 plusmn 013 182 plusmn 017
Etanoacutelico (EE) 726 plusmn 004 276 plusmn 010
Aquoso (EA) 495 plusmn 002 146 plusmn 006
Hidroalcooacutelico (EH) 696 plusmn 009 296 plusmn 008
Aquoso (FA) 616 plusmn 003 271 plusmn 005
Acetato de etila (FAE) 712 plusmn 003 200 plusmn 004
94
Figura 44 - Cromatogramas obtidos por CLAEndashDAD de diferentes extratos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
Extrato Hidroalcooacutelico (EH) + Astilbina (98) Extrato Hidroalcooacutelico (EH) Extrato Etanoacutelico (EE) e Fraccedilatildeo Aquosa (FA) obtidos por
CLAE-DAD a 280nm Cada pico cromatograacutefico aparece com seu correspondente tempo de retenccedilatildeo Espectro de UV com padratildeo
derivado de flavonoides (A C e D) e identificado como astilbina (B)
C D B A Peak 4 100 at 2980 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1983
2902
50 at 2967 min 99984
-50 at 2993 min 99986
Peak 5 100 at 3139 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1984
1912 2905
50 at 3126 min 99977
-50 at 3152 min 99995
Peak 6 100 at 3532 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1975
1931
2939
50 at 3520 min 99658
-50 at 3545 min 99665
Peak 7 100 at 3621 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1981
19102943
50 at 3609 min 99932
-50 at 3634 min 99902
HE + Astilbina A
B
C D E
HE
EE
AF
Tempo (min)
Ab
so
rbacircn
cia
(m
AU
)
A
C D E
A B
C D E
E
B
94
95
Apenas monocircmeros e oligocircmeros ateacute tetracircmeros de catequinas e proantocianidinas
podem ser separadas e detectadas como um pico definido (ANDERSEN 2006 PARK
2012) Catequinas polimeacutericas presentes em muitos materiais vegetais natildeo resultam
em picos bem definidos Eles provocam uma deriva na linha de base e a formaccedilatildeo de
ondas caracteriacutesticas nos cromatogramas em CLAE
345 Atividade antibacteriana
Natildeo existe um consenso cientiacutefico sobre os valores de concentraccedilotildees inibitoacuterias
miacutenimas aceitaacuteveis para produtos naturais quando comparados com antibioacuteticos
padrotildees alguns autores consideram somente resultados similares aos de antibioacuteticos
enquanto outros consideram com eficaacutecia mesmo aqueles com niacuteveis de inibiccedilotildees
superiores
Sartoratto et al (2004) propocircs uma classificaccedilatildeo com base nos resultados da
CIM considerando como forte inibiccedilatildeo quando obtida para valores de CIM entre 50 e
500 microgml uma atividade moderada para valores de CIM entre 600 e 1500 microgml e
uma atividade fraca para valores acima de 1500 microgml
No presente estudo foi observado que a atividade antimicrobiana dos extratos
EC EAE EE e EA da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa frente agraves bacteacuterias
Gram negativas apresentaram atividade moderada A CIM para os extratos foi de 1024
microgmL frente agraves espeacutecies de bacilos Gram negativos avaliados
O extrato EC constituiacutedo por terpenos esteroacuteide e cumarina tambeacutem
apresentou moderada inibiccedilatildeo frente os Bacilos Gram negativos avaliados
apresentando valores de CMI de 1024 microgmL para as enterobacterias e bacteacuterias natildeo
fermentadoras Os extratos EAE EE e EA apresentando taninos e flavonoacuteides
apresentaram tambeacutem inibiccedilatildeo moderada sobre as bacteacuterias Gram negativas avaliadas
com valores de CMI de 1024microgmL para as enterobacterias e bacteacuterias natildeo
fermentadoras
Quanto agrave atividade antimicrobiana dos extratos frente agraves bacteacuterias Gram
negativas os extratos apresentaram atividade moderada em relaccedilatildeo a todas as
espeacutecies avaliadas devido a presenccedila de forte carga negativa na parede celular deste
tipo de bacteacuteria em decorrecircncia da presenccedila de lipopolissacariacutedeos (IKIGAI et
al1993) o que dificultaria a interaccedilatildeo dos compostos do extrato com o micro-
96
organismo Fato que natildeo ocorre em bacteacuterias Gram positivas pela diferenccedila na
caracteriacutestica eleacutetrica
Os extratos avaliados frente agrave Staphylococccus aureus e Enterococcus faecalis
apresentaram uma melhor atividade quando comparadas aos bacilos Gram negativos
(tabela 2)
O extrato EC obtido por extraccedilatildeo com ciclohexano constituiacutedo por terpenos
esteroacuteides e cumarina apresentou moderada atividade sobre as cepas de Saureus e
Enterococcus faecalis As CMI foram de 1024 microgmL para Enterococcus faecalis e S
aureus (Tabela 2)
Quanto ao extrato EAE obtido por extraccedilatildeo com acetato de etila como solvente e
constituiacutedo por flavonoacuteides e taninos condensados foi observado uma maior
atividade cujas CIM foram de 512 microgmL para Staphylococcus aureus e
Enterococcus faecalis (tabela 2)
O extrato EE obtido atraveacutes do uso de aacutelcool etiacutelico como liacutequido extrativo
constituiacutedo tambeacutem por flavonoacuteides e taninos condensados apresentou melhor
atividade quando comparada aos dois extratos anteriores cujos valores de CIM
variaram de 128 a 256 gmL para Staphylococcus aureus e foi 256 microgmL para
Enterococcus faecalis (tabela 2)
O extrato EA obtido a partir do uso maceraccedilatildeo utilizando aacutegua como soluccedilatildeo
extrativa foi constituiacutedo por flavonoacuteides e taninos condensados apresentou frente as
cepas avaliadas se comparada ao extrato extratos anteriormente relatados com
valores de CMB e CIM de 512 microgmL para Staphylococcus aureus
O extrato EH obtido por maceraccedilatildeo utilizando etanol aacutegua 50 vv como soluccedilatildeo
extrativa constituiacutedo por flavonoacuteides e taninos condensados natildeo apresentou diferenccedila
significativa (plt005) se comparado ao extrato EE frente agrave Staphylococcus aureus
(tabela 2)
Cepas de Staphylococcus aureus mostraram ser mais susceptiacuteveis aos extratos
EC EAE EE EA e EH sendo este micro-organismo selecionado para os estudos
posteriores
Para avaliarmos que classes de metaboacutelitos secundaacuterios poderiam apresentar
maior atividade antibacteriana frente agraves cepas de Staphylococcus aureus foram
avaliadas as fraccedilotildees FA e FAE obtidos apoacutes particcedilatildeo do extrato EH ricos em taninos
condensados e flavonoacuteides respectivamente
97
Tabela 2 - Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima dos extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa frente a cocos Gram-positivos
American Type Culture Collection ATCC Extrato Ciclohexano CE Extrato Acetato de Etila EAE Extrato Etanoacutelico EE Extrato Aquoso AE extrato
Hidroalcooacutelico HE Fraccedilatildeo Aquosa FA Fraccedilatildeo Acetato de Etila FAE oxacillina OXA Teicoplanina TEI Astilbina AST Laboratoacuterio de Fisiologia e
Bioquiacutemica de Micro-organismos LFBM natildeo determinado ND
Cocos Gram positivos Origem Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (microgmL)
EC EAE EE EA EH
FA FAE AST OXA TEI
Staphylococcus aureus ATCC 25293 ATCC 512 512 256 512 128 128 128 1024 012 ND
Staphylococcus aureus ATCC 33591 ATCC 1024 512 256 512 256 256 512 1024 64 ND
Staphylococcus aureus AM 02 Hemocultura 1024 512 256 512 256 125 512 1024 32 ND
Staphylococcus aureus AM 04 Escarro 512 512 128 128 128 128 256 1024 10 ND
Staphylococcus aureus AM 05 Sec Vaginal 512 512 512 512 128 64 512 1024 10 ND
Staphylococcus aureus UFPEDA 01 Escarro 512 512 128 512 64 64 256 1024 012 ND
Staphylococcus aureus AM 13 Hemocultura 512 512 256 512 256 125 256 1024 012 ND
Staphylococcus aureus IC 17 Secreccedilatildeo 512 512 256 512 256 256 256 1024 256 ND
Staphylococcus aureus AM 18 Hemocultura 512 512 256 512 64 64 512 1024 256 ND
Staphylococcus aureus AM 19 Hemocultura 1024 512 256 512 256 128 512 1024 16 ND
Staphylococcus aureus AM 20 Sec Traqueal 1024 512 256 512 256 256 512 1024 80 ND
Staphylococcus aureus AM 21 Sec Traqueal 1024 512 256 512 256 256 512 1024 16 ND
Enterococcus faecalis 245 Hemocultura 1024 512 256 256 256 256 512 1024 ND 80
Enterococcus faecalis 272 Hemocultura 1024 512 256 512 512 256 512 1024 ND 80
Enterococcus faecalis 292 Urina 1024 512 256 512 256 256 512 1024 ND 025
Enterococcus faecalis 335 Hemocultura 1024 512 256 512 256 256 512 1024 ND 40
98
A fraccedilatildeo FA constituiacuteda apenas por taninos condensados (figura 15)
apresentou atividade estatisticamente semelhante aos extratos EE e EH cujo valor
de CMI variou entre 64 e 256 microgmL para cepas MSSA e MRSA (tabela 2)
A fraccedilatildeo FAE rica em flavonoacuteides apresentou uma menor atividade quando
comparada a fraccedilatildeo FA para as cepas MSSA e MRSA (plt005) Os valores de CIM
variaram de 128 a 512 microgmL e 256 a 512 microgmL respectivamente (tabela 2)
Com o objetivo de avaliar a influecircncia da astilbina na atividade antibacteriana
da fraccedilatildeo FAE foi realizada uma avaliaccedilatildeo utilizando um padratildeo de astilbina com
98 de pureza Quando comparada sua resposta ao extrato FAE podemos
concluir que a atividade antimicrobiana natildeo sofre grande influencia dos flavonoacuteides
pois os valores de CMI foram de 1024microgmL na maioria das cepas estudadas tanto
para MRSA como MSSA Apesar da astilbina tambeacutem apresentar atividade
antimicrobiana pois apresentou CIM entre 512microgmL para cepas MSSA e MRSA
(tabela 2)
Apoacutes a avaliaccedilatildeo de todos os extratos obtidos a partir de diferentes extraccedilotildees
foi possiacutevel agrupar os valores de CIM obtidos frente a cepas de Staphylococcus
aureus testadas assim de acordo com a atividade dos extratos observamos a
seguinte sequecircncia de quanto os valores da CMI
Os extratos EC e EAE (apolares) constituiacutedos por terpenos esteroides e
cumarinas foram os menos ativos A atividade frente agrave Staphylococcus aureus
poreacutem eacute relatada quando avaliado o oacuteleo de capim limatildeo (Cymbopogon citrates) rico
em terpenos tais como citral geraniol e myrceno (AIEMSAARD et al 2011)
O mecanismo de accedilatildeo destas substacircncias ainda natildeo eacute completamente
entendido mas especula-se que estaacute envolvido no rompimento de constituinte
lipofiacutelicos das membranas (COWAN 1999) Os terpenos perecem ter muacuteltiplos alvos
na ceacutelula bacteriana dependendo da concentraccedilatildeo utilizada assim como da
composiccedilatildeo do extrato avaliado (AIEMSAARD et al 2011)
Atividades melhores foram obtidas poreacutem pelos extratos mais polares tais
como EA e a fraccedilatildeo FAE mas as melhores atividades foram observadas apoacutes a
avaliaccedilatildeo dos extratos EE EH e FA Avaliando os constituintes destes extratos foi
possiacutevel observar que os extratos com ausecircncia de taninos condensados foram os
menos ativos sendo os mais ativos os que continham essa classe de metaboacutelitos
99
346 Alteraccedilotildees ultraestruturais
Para esta anaacutelise foi utilizado o extrato Hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa A seleccedilatildeo deste extrato natildeo foi apenas devido a sua atividade pois o
extrato etanoacutelico e a fraccedilatildeo aquosa natildeo apresentam diferenccedilas significativas em
relaccedilatildeo a este Aleacutem da atividade antibacteriana o hidroalcooacutelico apresentou mais
faacutecil obtenccedilatildeo menor toxicidade em relaccedilatildeo ao solvente utilizado aleacutem de maior
conteuacutedo de flavonoides metaboacutelitos de grande potencial farmacoloacutegico
Quanto ao micro-organismo avaliado foi utilizada cepa padratildeo de
Staphylococcus aureus ATCC 33591 resistente a meticilina As alteraccedilotildees
provocadas na cepa Staphylococcus aureus ATCC 33591 exposta ao extrato
Hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa presente na concentraccedilatildeo inibitoacuteria
miacutenima e na metade da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima podem ser observadas na
figura 45
O tratamento na metade da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (Figura 45 D a F)
levou ao aparecimento de orifiacutecios na parede celular (OPC) a aparecircncia de parede
parcialmente digerida a esfoliaccedilatildeo na superfiacutecie bacteriana ao espessamento do
septo (ES) e exposiccedilatildeo das amostras da membrana citoplasmaacutetica
O surgimento de pequenos orifiacutecios na parede celular (OPC) ocorre devido agrave
accedilatildeo enzimas bacterianas chamadas autolisinas presentes entre os peptidoglicanos
a fim de permitir a inserccedilatildeo de novas moleacuteculas Em bacteacuterias tratadas com
determinadas classes de agentes antimicrobianos a inserccedilatildeo de peptidoglicano natildeo
acontece Assim os monoacutemeros natildeo satildeo anexados agrave extremidade crescente da
parede celular bacteriana pelas as enzimas transglicosidase e transpeptidase
ocorrendo falhas na parede celular (SANTHANA 2007)
A concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima o extrato hidroalcooacutelico (256 microgml) provocou
alteraccedilotildees em vaacuterias estruturas celulares Foram observados condensaccedilatildeo dos
ribossomos (CR) desligamento parede celular (DPC) divisatildeo anormal da ceacutelula
(DAC) espessamento dos septos (ES) assim como muacuteltiplos septos (MS) presenccedila
de celulas fantasmas (CF) (Figura 45 G a L)
Tambeacutem foram observadas paredes celulares sendo rompidas e danificadas
resultando numa libertaccedilatildeo de materiais celulares para o citoplasma
100
Figura 45 - Imagens da microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus
ATCC 33591 tratada com diferentes concentraccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico de H
stigonocarpa
Ceacutelulas natildeo tratadas (A-C) mostram parede celular (PC) ribossomos (R) e septo (S) da bacteacuteria bem distinta Tratados com extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa na metade da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (D-F) mostram formaccedilatildeo de orifiacutecios na parede celular (OPC) Mesossomos (M) e espessamento da parede celular (EPC) assim como espessamento do septo (ES) Tratados com a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (G-L) mostram condensaccedilatildeo dos ribossomos (CR) desprendimento da parede celular (DPC) espessamento (ES) e muacuteltiplos septos (MS) divisatildeo aberrante da ceacutelula (DAC) ceacutelulas fantasmas (CF) Mesossomos (M) e DNA coagulado (DC) Aumento de A B C E J e K de 30000X e de D F G H e L de 65120X
A B C
D E F
G H I
J L K
OPC OPC
S
R R
R
OPC
MS
M
OPC
C
OP
C
ES
EPC
CR CR
CR CR
DPC
ES
ES
ES
ES
DAC
DAC
S
DAS
CF
M
CR
OPC
OPC
OPC ES
MS
101
Polifenoacuteis podem ligar-se diretamente para parede celular e interferir com a
sua integridade (ZHAO 2001) A falha na inserccedilatildeo de peptidoglicano pode causar na
parede celular o surgimento desses pequenos orifiacutecios (OPC) que satildeo provocados
pelo movimento da moleacutecula de aacutegua a partir do ambiente externo para a regiatildeo
intracelular Isso ocorre devido agrave diferenccedila de pressatildeo osmoacutetica entre os dois
ambientes Se este evento prolongar pode causar a lise das bacteacuterias (SCHITTO
2006)
O espessamento da parede celular e a condensaccedilatildeo dos ribossomos (CR) em
bacteacuterias indica a presenccedila de mecanismos de defesa para manter a pressatildeo
osmoacutetica apoacutes accedilatildeo extrato hidroalcooacutelico Bacteacuterias tambeacutem produzem mais
peptidoglicano para se proteger e desenvolver mesossomos (ME) implicados com a
respiraccedilatildeo celular (SANTHANA 2007)
Alteraccedilotildees nos componentes intracelulares tais como aacutecidos nucleicos
proteiacutenas ribossomos agregados satildeo visualizadas nas figuras 45 G ndash L elas podem
sugerir a expressatildeo possiacuteveis efeitos sobre a funccedilatildeo do DNA girase (ROMANO et
Al 2013) que ficaria impedido de cumprir o sua funccedilatildeo durante a replicaccedilatildeo do
DNA O RNAm que seria liberado a partir do DNA super-enrolamento natildeo poderia
ser enrolado de volta porque a DNA girase estaria imobilizada
Assim as alteraccedilotildees citoloacutegicas observadas por TEM apoacutes o uso de
diferentes concentraccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa demonstram a sua accedilatildeo antibacteriana frente a Staphylococcus
aureus
102
35 CONCLUSOtildeES
Os resultados obtidos permitem constatar que a anaacutelise fitoquiacutemica da casca
do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart revelou a presenccedila de terpenos
esteroacuteides flavonoacuteides cumarinas e taninos condensados sendo os taninos
condensados e os flavonoacuteides os metaboacutelitos majoritaacuterios
Dentre os metaboacutelitos presentes nos extratos de Hymenaea stigonocarpa
avaliados por CLAE-DAD foram observados quatro picos correspondentes a
flavonoides um deles foi eacute sugestivo de astilbina de acordo com o tempo de
retenccedilatildeo e o espectro de UV
Quanto agrave avaliaccedilatildeo botacircnica pocircde-se observar que os siacutetios de
armazenamento dos taninos na casca do caule de Hymenaea stigonocarpa satildeo
feloderme parecircnquima cortical e floema em amostras de indiviacuteduos jovens e adultos
e que a casca do caule de ramos jovens pode servir como fonte para obtenccedilatildeo de
taninos condensados
Quanto agrave atividade antibacteriana todos os extratos obtidos apresentam
atividade moderada frente a Bacilos Gram negativos como tambeacutem a fraccedilatildeo rica em
terpenos esteroacuteides e cumarinas frente agraves bacteacuterias Gram positivas O micro-
organismo Staphylococcus aureus foi das bacteacuterias Gram positivas avaliadas a
mais suscetiacutevel agrave accedilatildeo dos extratos sendo os extratos que continham taninos
condensados os que apresentaram as melhores atividades Dentre os extratos com
maiores teores de taninos condensados a fraccedilatildeo aquosa e os extratos etanoacutelico e
hidroalcooacutelicos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas quanto agrave atividade
antibacteriana sendo o extrato hidroalcooacutelico selecionado por ser o de mais faacutecil
obtenccedilatildeo
O extrato Hidroalcooacutelico avaliado na concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima e na
metade da CIM levou a alteraccedilotildees ultraestruturais da parede celular septo e
citoplasma de Staphylococcus aureus ATCC 33591
103
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111
4 ASSOCIACcedilAtildeO DO EXTRATO HIDROALCOOacuteLICO DA CASCA DO CAULE DE
Hymenaea stigonocarpa MART EX HAYNE COM AGENTES ANTIMICROBIANOS
FRENTE A CEPAS DE Staphylococcus aureus RESISTENTES A METICILINA
(MRSA)
41 INTRODUCcedilAtildeO
Os antibioacuteticos satildeo uma das mais importantes armas no combate agraves
infecccedilotildees bacterianas No entanto ao longo das uacuteltimas deacutecadas seus benefiacutecios agrave
sauacutede estatildeo sob ameaccedila pois muitos antibioacuteticos tornaram-se cada vez menos
eficazes devido ao aparecimento de bacteacuterias resistentes (RAKHOLIYA et al 2012)
Staphylococcus aureus resistente agrave meticilina (MRSA) eacute um microrganismo
patogecircnico nosocomial de ampla disseminaccedilatildeo e a sua prevalecircncia na comunidade
tem sido tambeacutem relatada Existem publicaccedilotildees abordando o surgimento de cepas
de MRSA mostrando resistecircncia a vaacuterios outros agentes antimicrobianos Desta
forma o desenvolvimento de tal multirresistecircncia resultou em uma limitaccedilatildeo
terapecircutica e num prognoacutestico desfavoraacutevel para o paciente (CATAtildeO et al 2013)
Considerando-se o fato da resistecircncia de cepas MRSA agrave muacuteltiplas drogas
estudos que buscam avaliar as propriedades antibacterianas de plantas superiores
contra microrganismos resistentes satildeo incentivados pelos oacutergatildeos puacuteblicos de todo
mundo (MANDAL et al 2010)
O sinergismo entre agentes antimicrobianos convencionais e os compostos
bioativos de plantas eacute uma metodologia que tem sido amplamente estudada para
bloquear o desenvolvimento da multirresistecircncia A terapia com associaccedilatildeo de
drogas na maior parte das vezes eacute beneacutefica para o paciente portador de infeccedilotildees de
difiacutecil tratamento (OKOYE et al 2013) Vaacuterios estudos tecircm relatado efeitos
sineacutergicos com reduccedilatildeo significativa nas concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas (CIM)
dos antibioacuteticos resultante da combinaccedilatildeo de diferentes antibioacuteticos com diferentes
extratos brutos de plantas (ADWAN et al 2010)
Diversos estudos tecircm investigado as interaccedilotildees entre antibioacuteticos e extratos
brutos contra Staphylococcus aureus multidroga resistente (GIBBONS 2004
ROCCARO et al 2004 FUJITA et al 2005 HATANO et al 2005 KITAHARA et al
2006 BETONI et al 2006 ESIMONE et al 2006 ADWAN et al 2008 PESEWU et
al 2008)
112
A abordagem natildeo eacute exclusiva para combinaccedilotildees de extratos mas tambeacutem
combinaccedilotildees entre metaboacutelitos secundaacuterios isolados e oacuteleos essenciais com
agentes antimicrobianos (HEMAISWARYA et al 2008 WAGNER MERZENICH
2009) Aleacutem de atingir efeitos sineacutergicos associaccedilotildees de dois ou mais compostos
satildeo utilizados pelas seguintes razotildees (1) para prevenir o surgimento de cepas
resistentes (2) para diminuir a dose-toxica relacionada (3) para atingir o amplo
espectro de atividade (TAMA et al 2012)
No presente estudo foi avaliada a interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de
Hymenaea stigonocarpa e antibioacuteticos beta-lactacircmicos e fluoroquinolonas frente a
S aureus multidroga resistentes
411 A evoluccedilatildeo da resistecircncia de Staphylococcus aureus aos agentes
antimicrobianos
O gecircnero Staphylococcus pertencente agrave famiacutelia Micrococcaceae eacute composto
de 33 espeacutecies 17 das quais podem ser isoladas de amostra bioloacutegica humana Os
estafilococos satildeo geralmente encontrados na pele e em mucosas de humanos e de
outros animais (MENEGOTTO PICOLI 2007)
A utilizaccedilatildeo indiscriminada de antimicrobianos provocou um aumento no
aparecimento de cepas resistentes especialmente agravequelas isoladas nos ambientes
hospitalares (DAVIES DAVIES 2010)
Desde 1961 as cepas de Staphylococcus aureus resistentes a meticilina
(MRSA) vecircm sendo associado agraves infecccedilotildees relacionadas aos cuidados em sauacutede e
tem se tornado causa do aumento da relaccedilatildeo morbidademortalidade em pacientes
hospitalizados (MULLIGAN 1993 LIVERMORE et al 2003 SANTOS et al 2007)
Wang e Barrett (2007) relataram que os surtos de infecccedilatildeo por MRSA tecircm
sido frequentes em unidades de terapia intensiva e apresenta uma ameaccedila agrave
sobrevivecircncia de pacientes imunocomprometidos
Os primeiros relatos de surtos de infecccedilatildeo hospitalar provocadas por MRSA
foram documentados no Reino Unido que rapidamente emergiram em outros paiacuteses
da Europa sendo na ocasiatildeo isoladas no Japatildeo Estados Unidos e Austraacutelia (TARAI
et al 2013)
Na deacutecada de 80 no Japatildeo os casos de infecccedilatildeo nosocomial decorrentes de
MRSA tornaram-se um problema de sauacutede puacuteblica sendo que 50 a 70 dos casos
113
de infecccedilatildeo nosocomial causados por cepas de S aureus apresentaram resistecircncia
agrave meticilina (ANDO et al 2004) acarretando na extensa utilizaccedilatildeo de cefalosporinas
de terceira geraccedilatildeo (ITO HIRAMATSU 1998) No Reino Unido MRSA eacute o agente
etioloacutegico mais frequentemente isolado de infecccedilotildees nosocomiais e eacute responsaacutevel
por 15 das infecccedilotildees hospitalares adquiridas custando cerca de 1 bilhatildeo de libras
ao Serviccedilo Nacional de Sauacutede por ano (CEPEDA et al 2005)
O programa de vigilacircncia antimicrobiana SENTRY na Ameacuterica Latina
vinculado ao laboratoacuterio Bristol-Myers Squibb revelou um aumento na prevalecircncia de
MRSA entre infecccedilotildees estafilocoacutecicas em centros meacutedicos de 338 em 1997 para
402 em 2006 sendo esses dados fortemente influenciados por paiacuteses
especiacuteficos com 41 das cepas de MRSA coletados provenientes do Brasil (MEJIacuteA
2010)
A colonizaccedilatildeo por MRSA eacute comum tanto em pacientes hospitalizados quanto
pacientes comunitaacuterios Uma determinada populaccedilatildeo satilde pode servir como
reservatoacuterio para esse micro-organismo (DURAI et al 2010) De acordo com Witte e
MIELKE (2007) cerca de 30 da populaccedilatildeo mundial pode estar hospedando cepas
de MRSA Morita et al (2007) detectaram a presenccedila de cepas de MRSA nas
fossas nasais de 3 dos pacientes analisados
As cepas de MRSA apresentam fenoacutetipo de resistecircncia natildeo somente aos
beta-lactacircmicos mas tambeacutem a fluoroquinolonas cloranfenicol clindamicina
tetraciclina e aminoglicosiacutedeos (CLSI 2012) Os glicopeptideos vancomicina e
teicoplanina satildeo utilizados para o tratamento de infecccedilotildees causadas por MRSA no
entanto modificaccedilotildees na terapecircutica mostram-se necessaacuterias devido a intoleracircncia
por parte dos pacientes ou falha no tratamento por seleccedilatildeo de cepas resistentes A
resistecircncia de MRSA aos glicopeptideos pode estar relacionada ao espessamento
da parede celular com reduccedilatildeo da permeabilidade e da atividade autoliacutetica (THATI et
al 2011)
As cepas de MRSA estatildeo se tornando resistentes a vancomicina resultando
em trecircs cepas adicionais resistentes ao antimicrobiano S aureus vancomicina
intermediaacuterio S aureus vancomicina intermediaacuterio heterogecircneo (duas
subpopulaccedilotildees uma sensiacutevel e outra resistente a vancomicina coexistindo numa
mesma cultura) S aureus vancomicina resistente (DURAI et al 2010) As cepas de
MRSA com resistecircncia intermediaacuteria e heterogecircnea a vancomicina podem se tornar
totalmente resistentes durante infecccedilotildees persistentes em que haacute falha na resposta
114
ao tratamento com glicopeptideos com significativas mudanccedilas de fenoacutetipo
(MOORE et al 2003 TENOVER et al 2005)
A uacutenica forma de se detectar uma cepa de Staphylococcus aureus com
resistecircncia intermediaacuteria agrave vancomicina eacute por meio da anaacutelise de suas
subpopulaccedilotildees em que satildeo inoculadas diferentes diluiccedilotildees de uma suspensatildeo
bacteriana em meio de cultura soacutelido adicionado de concentraccedilotildees crescentes de
vancomicina (SANTOS et al 2007)
Melo e colaboradores (2005) relataram que na cidade de Uberlacircndia Brasil
9 de 41 pacientes portadores de cepas MRSA em tratamento com vancomicina
desenvolveram resistecircncia heterogecircnea e um dos isolados apresentou uma
Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (CIM) da ordem de 8microgmL A quantidade de cepas
MRSA tem crescido limitando as alternativas terapecircuticas para seu controle
(PESAVENTO et al 2007)
4111 Staphylococcus aureus RESISTENTES A METICILINA
Cepas de S aureus podem se tornar MRSA a partir da aquisiccedilatildeo do gene
mecA que codifica a proteiacutena ligadora de penicilina (PBP2a) presente em sua
parede celular apresentando dessa forma baixa afinidade a meticilina bem como
aos antimicrobianos betalactacircmicos (BANSAL et al 2013) Esta resistecircncia
promovida por MRSA estaacute na expressatildeo do cassete gecircnico SCCmec Esse gene eacute
definido pela combinaccedilatildeo do tipo de gene das ccrs recombinases responsaacuteveis pelo
complemento e a classe do complexo mecA (MIMICA 2011 UDO et al 2013)
O cassete gecircnico SCCmec tipos I II e III associados a infecccedilotildees
nosocomiais tecircm como caracteriacutestica a resistecircncia a muacuteltiplos antimicrobianos aleacutem
dos betalactacircmicos como os macroliacutedeos aminoglicosiacutedeos tetraciclinas
rifampicina e quinolonas (NORIEGA SEAS 2010)
Uma estrateacutegia empregada para vencer a resistecircncia bacteriana eacute a
combinaccedilatildeo de agentes antimicrobianos sendo os inibidores das beta-lactamases
satildeo administrados como co-droga Quanto a esta estrateacutegia a mais bem sucedida
que tem sido adotada para inibir as beta-lactamases eacute atraveacutes da administraccedilatildeo do
com drogas associadas a substacircncias tais como o aacutecido clavulacircnico ao sulbactam e
ao tazobactam mas a frequente utilizaccedilatildeo do clavulanato tem favorecido ao
surgimento de cepas bacterianas resistentes (WATKINS et al 2013)
115
412 Associaccedilotildees entre metaboacutelitos secundaacuterios e agentes antimicrobianos
Metaboacutelitos secundaacuterios satildeo considerados uma fonte promissora para a
terapia antimicrobiana seja ela combinada ou natildeo Vaacuterios metaboacutelitos secundaacuterios
atuam como modificadores da resistecircncia bacteriana agindo em pontos especiacuteficos
da ceacutelula procarioacutetica potencializando o efeito do antimicrobiano sinteacutetico
(CHOVANOVAacute et al 2013)
A modificaccedilatildeo no perfil da resistecircncia bacteriana apoacutes a associaccedilatildeo dos
metaboacutelitos secundaacuterios aos agentes antibacterianos pode ocorrer a partir de
diferentes mecanismos tais como a inibiccedilatildeo das bombas de efluxo (HANDZLIK et al
2013) de enzimas que degradam os antimicrobianos (SOLANKI
SELVANAYAGAM 2013) da atividade ou da produccedilatildeo de receptores que sofreram
mutaccedilotildees (HEMAISWARYA et al 2008) e aumento da permeabilidade da parede
celular permitindo que os antibioacuteticos tenham acesso a alvos citoplasmaacuteticos
(OLAJUYIGBE amp AFOLAYAN 2013)
Vaacuterios estudos comprovam que uso combinado de antibioacuteticos e polifenois
pode aumentar a atividade antimicrobiana atraveacutes de interaccedilotildees sineacutergicas
(BANSAL et al 2013)
Dentro deste contexto surge o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa espeacutecie popularmente conhecido como jatobaacute-do-cerrado que
apresenta grande concentraccedilatildeo de polifenois e comprovada atividade frente a cepas
de Staphylococcus aureus de diferentes perfis de resistecircncia
116
42 OBJETIVOS
O objetivo geral e os especiacuteficos deste estudo estatildeo descritos a seguir
421 Objetivo geral
Avaliar a interaccedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico obtido a partir da casca do caule
de Hymenaea stigonocarpa e agentes antimicrobianos frente a cepas de
Staphylococcus aureus multidroga resistentes
422 Objetivos especiacuteficos
Determinar a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida
miacutenima (CBM) do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa bem
como dos agentes antimicrobianos
Avaliar a interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa e
agentes antimicrobianos de diferentes classes frente a cepas de
Staphylococcus aureus MRSA
Observar as alteraccedilotildees ultraestruturais causadas pela associaccedilatildeo
extratoagente antimicrobiano que apresentou maior efeito sineacutergico frente agraves
cepas de Staphylococcus aureus (extrato Oxacilina)
117
43 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A seguir estatildeo descritos os materiais e meacutetodos utilizados para a realizaccedilatildeo
deste estudo
431 Material vegetal
Cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne foram
coletadas em outubro de 2009 na Fazenda Refuacutegio localizada na cidade de
Camocim de Satildeo Feacutelix Pernambuco (de latitude 8deg213000S e longitude
35deg475670O)
A identificaccedilatildeo foi realizada pela botacircnica do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco Dra A Bocage sendo a excicata depositada sob o nuacutemero 53563 no
Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima pertencente ao mesmo instituto As cascas do
caule foram submetidas agrave secagem em estufa a uma temperatura de 40degC durante
72h em seguida pulverizadas em moinho de martelos (Tigre ASN5) e estocada em
frascos a temperatura ambiente
432 Procedimentos extrativos
Cerca de 20 g de amostra triturada da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa foi submetida agrave uma extraccedilatildeo por maceraccedilatildeo em 200 mL da soluccedilatildeo
hidroalcooacutelica por um periacuteodo de 72h em frasco acircmbar e em temperatura ambiente
(23 plusmn 1 ordmC) com agitaccedilatildeo manual e ocasional a cada 12h Apoacutes este periacuteodo a
soluccedilatildeo foi filtrada em papel de filtro (Whatmann no 2)
Posteriormente o extrato foi concentrado em rota evaporador obtendo-se
assim um extrato seco que foi utilizado para avaliaccedilatildeo da atividade anti-
estafilocoacutecica
433 Determinaccedilatildeo da atividade anti- estafilocoacutecica in vitro
Para determinaccedilatildeo da atividade anti-estaficoacutecica in vitro frente foram
realizadas os procedimentos descritos a seguir
118
4331 Agentes antimicrobianos
Os agentes antimicrobianos foram selecionados com base na publicaccedilatildeo do
manual do ano de 2012 do instituto americano Clinical and Laboratory Standards
Institute (CLSI) que divide os agentes antimicrobianos em diferentes grupos de
acordo com os ensaios frente agraves diferentes espeacutecies de bacteacuterias e os siacutetios
corpoacutereos do isolamento
Neste estudo foram utilizadas cepas de Staphylococcus aureus com
diferentes perfis de resistecircncia previamente determinados por difusatildeo em meio
soacutelido desta forma foram selecionados antimicrobianos de diferentes classes para
realizaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo
Os agentes antimicrobianos penicilina oxacilina e claritromicina presentes
no grupo A satildeo indicados para os testes de rotina Aleacutem desses foram avaliados
vancomicina e linezolide pertencentes ao grupo B indicados quando os micro-
organismos satildeo resistentes aos antimicrobianos do grupo A Tambeacutem foram
avaliados agentes antimicrobianos que devem ser testados frente a cepas
endecircmicas resistentes a drogas do grupo A (grupo C) sendo entatildeo utilizados
ciprofloxacino e gentamicina
Aleacutem seguir os criteacuterios do CLSI os agentes antimicrobianos foram
selecionados de acordo com o seu mecanismo de accedilatildeo microbiano
Os agentes antimicrobianos selecionados foram β-lactacircmicos glicopeptideos
aminoglicosiacutedeos macroliacutedeos fluoroquinolonas e ozaxolidinonas Os antibioacuteticos β-
lactacircmicos e glicopeptideos inibem a siacutentese da parede celular Os aminoglicosiacutedeos
e macroliacutedeos e ozaxolidinonas inibem a siacutentese proteica sendo os
aminoglicosiacutedeos na porccedilatildeo 30S do ribossomo e os macroliacutedeos e oxazolidinonas
na porccedilatildeo 50S As fluoroquinolonas agem por inibiccedilatildeo da atividade da enzima DNA-
girase (Goodman Gilmans 2008)
Os agentes antimicrobianos foram adquiridos das seguintes empresas
Penicilina (Laboratoacuterio Teuto Brasileiro SA) oxacilina e vancomicina (Novafarma
Induacutestria Farmacecircutica) linezolida (Laboratoacuterios Pfizer LTDA) gentamicina
(Hipolabor Farmacecircutica LTDA) e claritromicina e ciprofloxacino (Eurofarma
Laboratoacuterio do Brasil LTDA)
119
4332 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees
O extrato hidroalcooacutelico (10 mg) foi pesado e solubilizado em sistema
composto de etanolaacutegua (11 vv) obtendo-se assim soluccedilatildeo estoque padronizadas
em 1024 microgmL Os agentes antimicrobianos foram solubilizados em aacutegua destilada
esterilizada de forma a obter uma soluccedilatildeo estoque de 2048 microgmL
4333 Micro-organismos
Os micro-organismos utilizados para a realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo antimicrobiana
dos extratos de Hymenaea stigonocarpa foram mantidos no Laboratoacuterio de Fisiologia
e Bioquiacutemica de Micro-organismos do Departamento de Antibioacuteticos da UFPE
Foram utilizados neste estudo os seguintes micro-organismos Staphylococcus
aureus (ATCC 25923 e ATCC 33591 LFBM13 IC17 UFPEDA 01 AM 13 AM 18
AM 19 AM 20 AM 21 e AM 24)
4334 Preparaccedilatildeo do inoacuteculo
As culturas de S aureus foram preparadas em caldo Mueller Hinton e
incubadas por 24 horas Apoacutes o periacuteodo de incubaccedilatildeo estas culturas foram
padronizadas em 108 UFCmL utilizando o tubo 05 da escala de Mac Farland e em
seguida diluiacutedas em soro fisioloacutegico a fim de obter um inoacuteculo final de 107 UFCmL
4335 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo
bactericida miacutenima (CMB)
A Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (MIC) foi determinada pelo meacutetodo de
microdiluiccedilatildeo em caldo seguindo as recomendaccedilotildees estabelecidas pela Clinical
Laboratory Standards Institute (CLSI 2012) com algumas modificaccedilotildees Os ensaios
foram realizados em microplacas esteacutereis de 96 poccedilos com fundo em forma de ldquoUrdquo
Inicialmente as soluccedilotildees estoque dos extratos e dos agentes antimicrobianos
foram esterilizadas por filtraccedilatildeo atraveacutes de membrana de porosidade de 022 microm
Miliporereg Um volume de 200 microL foi adicionado nos poccedilos de 1 a 12 referente a linha
120
A Os demais poccedilos foram preenchidos inicialmente apenas com 100 microL de caldo
Mueller-Hinton
Uma transferecircncia de 100microL foi realizada do conteuacutedo dos poccedilos da linha A
para os da linha B e assim sucessivamente ateacute a linha H sendo desprezados os
uacuteltimos 100 microL obtendo-se desta forma concentraccedilotildees decrescentes Para o extrato
foram avaliadas concentraccedilotildees de 1024 a 8 gmL e para os agentes
antimicrobianos de 2048 a 006 microgmL em placas distintas
Apoacutes a diluiccedilatildeo dos agentes antimicrobianos 5 microL das suspensotildees
bacterianas foram inoculados obtendo-se em cada poccedilo uma concentraccedilatildeo final de
104 UFCpoccedilo As microplacas foram incubadas em estufa bacterioloacutegica a 37degC por
24 horas A determinaccedilatildeo da viabilidade dos micro-organismos foi verificada atraveacutes
da adiccedilatildeo de uma soluccedilatildeo aquosa a 05 de cloridrato de 235 trifeniltetrazoacutelio
(TTC) As microplacas foram novamente incubadas por mais trecircs horas a 37degC
Apoacutes esse intervalo de tempo a leitura da placa foi realizada a presenccedila de uma
coloraccedilatildeo vermelha nos poccedilos foi interpretada como prova negativa do efeito
inibitoacuterio dos agentes antimicrobianos ou seja houve crescimento bacteriano
enquanto que a ausecircncia de cor foi considerada prova positiva da accedilatildeo
antimicrobiana dos extratos
A menor concentraccedilatildeo dos agentes antimicrobianos capaz de inibir o
crescimento visiacutevel das cepas de S aureus foi verificada e definida como
Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (CIM)
Para a Determinaccedilatildeo da Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima (CBM) as
concentraccedilotildees mais altas que a CIM foram semeadas em Mueller Hinton Agar e
incubadas por 24 horas a 37˚C
A CMB foi definida como a menor concentraccedilatildeo dos agentes antimicrobianos
em que 999 da populaccedilatildeo foram inviabilizadas Todos os experimentos foram
realizados em duplicata em dias diferentes
4336 Avaliaccedilatildeo in vitro da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymeneae
stigonocarpa com agentes antimicrobianos
O estudo da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa e os agentes antimicrobianos foi realizado de acordo com o meacutetodo do
tabuleiro de xadrez (LORIAN 1996) Para este estudos foram selecionadas as
121
cepas de Staphylococcus aureus que se apresentaram mais resistentes aos
antimicrobianos avaliados (AM 13 AM 18 AM 24 ATCC 33591)
Com base nos valores da CIM foram preparadas soluccedilotildees em caldo Mueller
Hinton do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa e dos agentes
antimicrobianos de forma a obter concentraccedilotildees de 05 ateacute 0016 da CIM e de 05 a
0002da CIM respectivamente (Figura 1) Nos poccedilos das placas de microdiluiccedilatildeo
foram pipetados 100 microL do extrato e 100 microL do agente antimicrobiano
Figura 46 ndash Representaccedilatildeo do meacutetodo do tabuleiro de xadrez
Cada poccedilo foi inoculado com 5 microL da suspensatildeo bacteriana padronizada em
107 UFCmL
A interaccedilatildeo entre os agentes antimicrobianos e o extrato hidroalcooacutelico de
Hymenaea stigonocarpa foi determinada pelo Iacutendice da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria
Fracionada (FICI) a partir da seguinte equaccedilatildeo FICI = (CIM da associaccedilatildeo do extrato
hidroalcooacutelico de H stigonocarpa com agente antimicrobianoCIM do extrato
hidroalcooacutelico de H stigonocarpa) + (CIM da associaccedilatildeo agente antimicrobiano com
extrato hidroalcooacutelico de H stigonocarpa CIM do agente antimicrobiano)
Valores do FICI le 05 foram interpretados como uma interaccedilatildeo sineacutergica total
05 lt FICI le 075 um sinergismo parcial Uma interaccedilatildeo indiferente quando os
valores do FICI foram entre 075 lt FICI le 20 e um efeito antagocircnico quando FICI foi
maior que 20 (FADLI et al 2012)
A partir dos resultados dos Iacutendices da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Fracionada
individual foram construiacutedos isobologramas (KROGSTAD MOELLERING 1991)
122
434 Determinaccedilatildeo de alteraccedilotildees ultraestruturais por microscopia eletrocircnica
de transmissatildeo
Para esta avaliaccedilatildeo foi selecionado Staphylococcus aureus cepa 24 por ser a
mais sensiacutevel a accedilatildeo das associaccedilotildees bem como a associaccedilatildeo de maior efeito
sineacutergico
Uma suspensatildeo padronizada de Staphylococcus aureus AM 24 em 107
UFCmL foi cultivadas em caldo Muller Hinton (grupo controle) e em caldo
adicionado do extrato hidroalcooacutelico a 256 microgmL (CIM) em caldo adicionado de
oxacilina 256 microgmL (CIM) e em caldo adicionado da associaccedilatildeo extrato
hidroalcooacutelico 32 microgmL e oxacilina 64 microgmL (concentraccedilotildees sineacutergicas)
As culturas foram incubadas a 37degC por 24 horas Essas culturas foram
centrifugadas e os precipitados fixados em paraformaldeiacutedo 4 e glutaraldeido 25
em 01 M de tampatildeo cacodilato de soacutedio (pH 72) por 4 horas a temperatura de 23 plusmn
1ordmC
Os precipitados foram lavados e centrifugados por 10 minutos no mesmo
tampatildeo e esse procedimento repetido por trecircs vezes Posteriormente os precipitados
foram poacutes-fixados em tetroxido de oacutesmio 2 ferrocianida de potaacutessio 08 e cloreto
de caacutelcio 5M em tampatildeo cacodilato de soacutedio 01M por 1 hora e lavada em tampatildeo
cacodilato de soacutedio
As amostras foram desidratadas utilizando gradiente de soluccedilotildees de acetona
que variou de 30 a 100 em seguida adicionadas agrave resina Epon 812 (Sigma
EUA) Em seguida seccedilotildees ultrafinas foram obtidas atraveacutes de um ultramicrotomo
(Leica UC6) coradas com uranil acetato e citrato de chumbo e examinado em
microscoacutepio eletrocircnico de transmissatildeo marca Morgani-FEIreg (Eindhoven Holanda)
123
44 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Staphylococcus aureus eacute comumente associado a infecccedilotildees hospitalares e
comunitaacuterias Atualmente medidas para controlar as infecccedilotildees por S aureus satildeo
desafiadas por um grande e continuando aumento na prevalecircncia de S aureus
resistentes a meticilina em todo mundo (ASAAD QURESHI 2013)
A maior parte da literatura mundial mostra que Staphylococcus aureus eacute um
dos principais patoacutegenos responsaacuteveis por uma seacuterie de infecccedilotildees em ambientes
hospitalares com consideraacutevel morbidade e mortalidade (VALAPERTA et al 2010)
Os valores da CIM e CBM do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa e dos agentes antimicrobianos frente agrave onze cepas de Staphylococcus
aureus estatildeo apresentados na tabela 3 O extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa mostrou atividade frente a todas as cepas de S aureus com valor de
CIM de 256 microgmL
O extrato hidroalcooacutelico eacute considerado de uma forte atividade pois de acordo
com Sartoratto e colaboradores (2004) um extrato tem uma atividade antimicrobiana
forte quando os valores da CIM estatildeo entre 50 e 500 microgmL moderada CIM entre
600 e 1500 microgmL e fraca para valores acima de 1500 microgmL
A terapia anti-MRSA eacute limitada ao uso de glicopeptideos (vancomicina
teicoplanina) oxazolidinas (linezolide) e estreptograminas (quinupristinandash
dalfopristina) (LIU et al 2011) Contudo a emergecircncia de cepas de S aureus com
resistecircncia intermediaacuteria (VISA) ou resistentes (VRSA) agrave vancomicina tem sido
descritas em todo o mundo como tambeacutem no Brasil (MIMICA et al 2006) Sendo o
primeiro caso de Staphylococcus aureus resistente agrave vancomicina descrito em junho
de 2002 nos Estados Unidos (CHANG et al 2003)
Nos uacuteltimos anos tem ocorrido um crescente interesse da comunidade
cientiacutefica pelas plantas medicinais por apresentarem potenciais terapecircuticos e
econocircmicos visados especialmente pela induacutestria farmacecircutica que realiza a
prospecccedilatildeo de novos produtos com menos efeitos indesejaacuteveis do que os faacutermacos
jaacute existentes (ROCHA et al 2013)
Todas as cepas apresentaram-se resistentes agrave penicilina com valores de CIM
variando entre 025 e 64 microgmL
As cepas de Staphylococcus aureus ATCC 25923 AM 02 AM 05 e UFPEDA
01 mostraram-se sensiacuteveis a oxacilina (MSSA) com valores de CIM iguais a 0125
124
microgmL As cepas de Staphylococcus aureus ATCC 33591 AM 13 AM 18 AM 19
AM 20 AM 21 e AM 24 foram classificadas como MRSA pois os valores de CIM
variaram de 80 e 256 microgmL
Todas as cepas de Staphylococcus aureus avaliadas neste estudo
mostraram-se sensiacuteveis agrave vancomicina cujos valores de CIM variaram de 0125 e
025 microgmL Todas as cepas apresentaram um perfil de sensibilidade a linezolida
semelhante ao da vancomicina e a CIM variou de 025 e 20 microgmL Devido agrave
sensibilidade das cepas de Staphylococcus aureus agrave vancomicina e a linezolida
estes antimicrobianos natildeo foram selecionados para a segunda parte do nosso
estudo
De acordo com o que preconiza o CLSI 2012 antibioacuteticos β-lactacircmicos
inibidores de beta-lactamase carbapenecircmicos e cefalosporinas exceto agravequelas de
uacuteltima geraccedilatildeo) poderatildeo apresentar in vitro atividade frente a cepas MRSA mas
esta atividade natildeo se confirma in vivo Diante deste fato outros beta-lactacircmicos natildeo
foram incluiacutedos neste estudo
Plantas e seus metaboacutelitos secundaacuterios satildeo uma fonte promissora para
fornecer compostos bioativos estruturalmente diversos com potencial accedilatildeo
terapecircutica incluindo antimicrobiana (COWAN et al 1999 WINK et al 2012)
Quanto agrave espeacutecie Hymenaea stigonocarpa os extratos com maiores teores
de polifenois principalmente taninos condensados foram os que apresentam maior
atividade antibacteriana (DIMECH et al 2013)
Quando foram avaliadas as Concentraccedilotildees Inibitoacuterias Miacutenimas (CIM) dos
agentes antimicrobianos que inibem a siacutentese proteica diferentes perfis de
suscetibilidade das cepas de Staphylococcus aureus foram observados quando
comparados a linezolida Embora gentamicina e claritromicina inibam a siacutentese
proteica em receptores nas porccedilotildees 30S e 50S respectivamente os siacutetios de accedilatildeo
dessas moleacuteculas nessas subunidades satildeo diferentes dos da linezolida levando a
diferentes respostas (GOODMAN GILMANS 2008)
Gentamicina apresentou-se ativa frente agraves cepas de S aureus UFPEDA 01
AM 02 AM 20 Jaacute as cepas de S aureus AM 05 ATCC 33591 ATCC 25932 AM 13
AM 18 AM 19 AM 21e AM 24 mostraram-se resistentes a gentamicina cujos valores
de CIM variaram de 025 a 256 microgmL
125
Tabela 3 ndash CIM e CBM do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa e de agentes antimicrobianos frente cepas de
Staphylococcus aureus com diferentes perfis de resistecircncia
Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima CIM concentraccedilatildeo bactericida miacutenima CBM American Type Culture Collection ATCC extrato Hidroalcooacutelico EH oxacillina OXA
ciprofloxacino CIP gentamicina GET penicillina PEN Claritromicina CLA vancomicina VAN e linezolida LIN Criteacuterio de interpretaccedilatildeo CIM Penicilina (le 012
sensiacutevel ge 025 Resistente) Oxacilina (le 20 sensiacutevel ge 40 Resistente) Ciprofloxacino (le 10 sensiacutevel ge 40 Resistente) Gentamicina (le 0125 sensiacutevel ge 025
Resistente) Claritromicina (le 20 sensiacutevel ge 80 Resistente) Vancomicina (le 20 sensiacutevel ge 160 Resistente) e Linezolide (le 40 sensiacutevel ge 80 Resistente) Fonte
(CLSI 2012)
Staphylococcus aureus
CIM CBM (microgml)
EH PEN OXA CIP GEN CLA VAN LIN
ATCC 25923 256 256 025 025 0125 025 025 025 025 025 10 10 05 05 10 10
UFPEDA 01 256 256 05 10 0125 025 025 025 0125 025 05 05 025 025 025 025
AM 02 256 256 32 64 0125 0125 025 05 0125 025 20 40 05 05 05 05
AM 05 256 256 025 05 10 025 025 05 025 025 20 20 05 05 10 10
ATCC 33591 256 256 64 64 64 128 0125 0125 20 20 2048 2048 0125 025 10 10
AM 13 256 256 32 64 256 512 64 128 64 64 2048 2048 025 025 10 10
AM 18 256 256 64 64 128 256 64 128 128 256 2048 2048 025 05 10 10
AM 19 256 256 8 16 16 128 025 05 05 05 40 80 025 05 20 20
AM 20 256 256 8 16 8 16 40 80 0125 025 2048 2048 0125 025 10 10
AM 21 256 256 16 16 16 16 40 80 05 05 2048 2048 0125 0125 10 10
AM 24 256 256 32 32 256 256 64 128 256 512 2048 4096 0125 0125 10 20
12
5
126
Todas as cepas de S aureus apresentaram-se resistentes agrave claritromicina
exceto S aureus ATCC 25923 AM 02 AM 05 UFPEDA 01 e AM 19 que mostrou
resistecircncia intermediaacuteria
Ciprofloxacino foi capaz de inibir o crescimento das cepas de S aureus ATCC
25932 UFPEDA 01 AM 02 AM 05 ATCC 33591 e AM 19 mas mostrou-se ineficaz
frente a S aureus AM 13 AM 18 AM 20 AM 21 e AM 24
Estes resultados serviram de base para selecionar as cepas de S aureus
ATCC 33591 AM 13 AM 18 E AM 24 para o proacuteximo estudo
Os valores das concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas e dos iacutendices de
concentraccedilatildeo inibitoacuteria fracionada (FICI) obtidos apoacutes associaccedilatildeo do extrato
hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa com penicilina oxacilina ciprofloxacino
claritromicina ou gentamicina frente a cepas de S aureus ATCC 33591 AM 13 AM
18 e AM 24 estatildeo apresentados na tabela 4
Concentraccedilotildees sub-inibitoacuterias do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa (le 128μgmL) aumentaram a atividade de todos os agentes
antimicrobianos frente a cepas de MRSA
A atividade sineacutergica foi observada pela reduccedilatildeo dos valores da concentraccedilatildeo
inibitoacuteria miacutenima em todas as associaccedilotildees do extrato com os agentes
antimicrobianos e pelo iacutendice da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Fracionada le 05
Vaacuterios estudos in vitro tecircm relatado efeitos sineacutergicos com reduccedilotildees
significativas nas concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas (CIM) dos antimicrobianos apoacutes
associaccedilatildeo com diversos extratos de plantas sobre cepas de Staphylococcus aureus
MRSA (ADWAN 2010 CHUNG et al 2011 AN et al 2011 CELENZA et al
2012 MACEDO 2013)
Pesquisas demonstraram agrave accedilatildeo de polifenois na potencializaccedilatildeo dos efeitos
de agentes antimicrobianos O polifenol epigalocatequina (EGCg) um tanino
condensado isolado do chaacute verde apresentou um efeito sineacutergico quando
associados agrave antibioacuteticos beta-lactacircmicos (ZHAO et al 2001) Em outro estudo Hu
e colaboradores (2002) observaram que EGCg foi capaz de inibir a penicilinase
produzida por S aureus restaurando assim a atividade antimicrobiana da penicilina
e que associaccedilatildeo de EGCg com ampicilinasulbactam foi capaz de reduzir os valores
da CIM de 16 μgmL para 4 μgmL
127
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo da associaccedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaeae stigonocarpa com agentes antimicrobianos frente a
cepas de Staphylococcus aureus multidroga resistes
Concentraccedilatildeo Fracionaacuteria Miacutenima FIC Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima CIM concentraccedilatildeo bactericida miacutenima CBM American Type Culture Collection ATCC extrato Hidroalcooacutelico EH oxacillina OXA ciprofloxacino CIP gentamicina GET penicillina PEN Claritromicina CLA vancomicina VAN e linezolide LIN Reduccedilatildeo da CIM () = 100 ndash (CIM combinado times 100 CIM)
Staphylococcus Aureus
Associaccedilatildeo CIM Individual
(microgmL) Associaccedilatildeo CIM (microgmL)
FIC Individual
FICI
Efeito
Reduccedilatildeo da CIM ()
AM 13
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 32 256 256 256 64 256 64 256 2048
128 006 64 64 64 16 128 003 128 1
050 00020 025 02500 025 02500 050 00005 050 00005
050 050 050 050 050
Sineacutergico Sineacutergico Sineacutergico Sineacutergico Sineacutergico
500 9981 750 7500 750 7500 500 9995 500 9995
AM 18
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 64 256 128 256 64 256 128 256 2048
128 006 128 05 20 32 128 10 128 20
050 00010 050 00039 00078 050 050 00078 050 00010
050 050 051 051 050
Sineacutergico Sineacutergico S parcial S parcial Sineacutergico
500 9990 500 9961 992 5000 500 9922 500 9990
AM 24
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 32 256 256 256 64 256 256 256 2048
128 006 32 64 2 32 128 0125 128 256
050 00019 0125 0250 0008 0500 050 00005 050 01250
050 038 051 050 063
Sineacutergico Sineacutergico S parcial Sineacutergico S parcial
500 9981 875 7500 9922 500 500 9995 500 8750
ATCC 33591
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 64 256 64 256 0125 256 2 256 2048
128 006 64 16 20 006 64 05 128 10
050 00010 025 02500 0008 0500 025 02500 050 00005
050 050 051 050 050
Sineacutergico Sineacutergico S parcial Sineacutergico Sineacutergico
500 9990 750 7500 992 5000 750 7500 500 9995
12
7
128
Um mecanismos da accedilatildeo proposto para explicar a interaccedilatildeo sineacutergica entre
polifenois e antibioacuteticos β-lactacircmicos frente agrave MRSA sugere que existe uma
diminuiccedilatildeo na expressatildeo de PBP2a resultando na inibiccedilatildeo da siacutentese da parede
celular bacteriana (HUA et al 2010)
Em vaacuterias associaccedilotildees foram identificadas accedilotildees sineacutergicas exceto quando
foi avaliada a interaccedilatildeo do extrato com ciprofloxacino frente agraves cepas AM 18 AM 24
e ATCC 33591 e com gentamicina frente agrave cepa AM 18 que apresentaram valores
de FICI de 051 caracterizando um sinergismo parcial Tambeacutem foi observado esse
mesmo padratildeo de interaccedilatildeo com a associaccedilatildeo do extrato com claritromicina frente a
cepa AM 24 que apresentou valor de FICI de 063
Aleacutem de uma accedilatildeo sineacutergica a associaccedilatildeo do extrato com os agentes
antimicrobianos provocou agrave reversatildeo total da resistecircncia bacteriana frente a todas as
cepas resistentes a penicilina a trecircs cepas resistentes a claritromicina (AM 13 AM
18 e ATCC 33591) a duas cepas (AM 13 e AM 14) resistentes a gentamicina e as
cepas AM 18 e ATCC 33591 resistentes a oxacilina e ciprofloxacino
respectivamente
A associaccedilatildeo que se mostrou mais sineacutergica aquela entre o extrato e a
oxacilina frente agrave cepa de Staphylococccus aureus AM 24 com FICI de 038 (figura
47) Nesta associaccedilatildeo ocorreu uma reduccedilatildeo da CIM do extrato e do agente
antimicrobiano ambos de 256 microgmL para 32 e 64 microgmL respectivamente
Hatano e colaboradores (2005) investigando a associaccedilatildeo do polifenol
theasinensina A um isolado de frutos do gecircnero Zizyphus com a oxacilina
demonstraram que embora a CIM desses polifenoacuteis tenha sido de 256 μgmL estes
fito-compostos foram capazes de reduzir os valores da oxacilina para 4 μgmL
A accedilatildeo sineacutergica entre o extrato hidroalcooacutelico e os antibioacuteticos beta-
lactacircmicos pode ocorrer devido agrave caracteriacutestica polifenoacutelica deste extrato pois
segundo Zhao et al (2001) existe uma accedilatildeo conjunta dos polifenois e agentes β-
lactacircmicos na siacutentese de peptidoglicano da parede celular
Aleacutem disso a ligaccedilatildeo direta de polifenois com a penicilinase enzima que
inativa as penicilinas inibe a atividade enzimaacutetica da bacteacuteria e protege a penicilina
da accedilatildeo antibacteriana (ROCCARO et al 2004)
129
Figura 47 - Isobolograma revelando o efeito sineacutergico do extrato
hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa quando associado agrave
oxacilina frente agrave Staphylococcus aureus AM 24
Para esta avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees ultraestruturais por microscopia eletrocircnica
de transmissatildeo foi selecionada a cepa que apresentou o melhor FICI A cepa foi
cultivada de diferentes formas sem tratamento (grupo controle) apoacutes tratamento
com o extrato na CIM (256 microgml) apoacutes tratamento com oxacilina na CIM (256
microgml) e nas doses sub-inibitoacuterias associadas de acordo com os resultados obtidos
na avaliaccedilatildeo do sinergismo 32 microgml para o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa e 64 microgml para a oxacilina
Na Figura 48 (A-D) no grupo controle pode ser observada claramente a
parede celular bem definida (PM) ribossomos (R) e os septos da bacteacuteria em divisatildeo
(S)
A concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima o extrato hidroalcooacutelico (256 microgml) provocou
alteraccedilotildees em vaacuterias estruturas celulares Em relaccedilatildeo agrave parede celular foram
visualizados trecircs distintos fases quanto agrave accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico
Primeiro o espessamento da parede celular e do septo (Figuras 48 E e F) e
divisatildeo aberrante do septo devido ao aumento da produccedilatildeo de mais peptidoglicano
Isso indica a presenccedila de mecanismos de defesa para manter a pressatildeo osmoacutetica
devido agrave accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico
Num segundo momento a formaccedilatildeo de rupturas na parede celular (Figuras 48
F e G) que ocorre devido agrave falha na accedilatildeo de enzimas bacterianas chamadas
autolisinas presentes entre os peptidoglicanos a fim de permitir a inserccedilatildeo de novas
FIC I = 038
130
moleacuteculas (SANTHANA 2007) Por fim eacute visualizado o desligamento da parede
celular (Figuras 48 G e H) a condensaccedilatildeo do ribossomo (Figuras 48 F - H) e o
rompimento da parede celular com liberaccedilatildeo de materiais celulares do citoplasma
(Figura 48 H)
Quanto agrave accedilatildeo da oxacilina (figuras 48 I - M) foi observado o espessamento e
divisatildeo anormal do septo (figuras 48 I - L) e visualizadas formaccedilatildeo de rupturas
(figura 48 I) e destacamento da parede celular (figura 48 M) poreacutem natildeo foi
observado espessamento da parede celular assim como a coagulaccedilatildeo do DNA
como no tratamento com o extrato
Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os observados por Santhana e
colaboradores (2007) que descrevem o destacamento da parede celular com
ausecircncia de coagulaccedilatildeo de DNA apoacutes tratamento com oxacilina
Essa ausecircncia de alteraccedilotildees no interior da ceacutelula pode ser explicada pelo
modo de accedilatildeo da oxacilina que inibe a enzima transpeptidase (tambeacutem chamadas
proteiacutenas de ligaccedilatildeo agrave penicilina PBP) (SCHITO 2006) fazendo com que a parede
celular das bacteacuterias torne-se mais fraca e a pressatildeo osmoacutetica subsequentemente
lise as bacteacuterias natildeo ocorrendo desta forma alteraccedilotildees estruturais no interior das
bacteacuterias
Quando analisamos os efeitos ultraestruturais da associaccedilatildeo de doses sub-
inibitoacuterias de oxacilina e o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa
podemos sugerir que o efeito sineacutergico ocorre tanto pela accedilatildeo das duas substacircncias
na parede celular (figuras 48 A - M) como o extrato apresenta accedilatildeo na coagulaccedilatildeo
do DNA em uma fase secundaacuteria agrave lise da parede celular O que natildeo ocorre quando
administramos apenas a oxacilina o que pode ser observado na figura 3M onde
visualizamos que mesmo apoacutes o destacamento da parede celular pela accedilatildeo da
oxacilina natildeo ocorre coagulaccedilatildeo no DNA da ceacutelula diferente ao que ocorreu nas
figuras 48 N a P onde pode ser visualizada a coagulaccedilatildeo apoacutes a accedilatildeo do extrato
Desta forma podemos sugerir que a associaccedilatildeo do extrato com os agentes
antimicrobianos apresenta efeitos sineacutergicos e em alguns casos aditivos por
diferentes motivos dependendo do mecanismo de accedilatildeo dos antimicrobianos
131
Ceacutelulas natildeo tratadas (A-D) mostram parede celular (PC) ribossomo (R) e septo (S) da bacteacuteria bem distintos Tratadas com extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa na concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (E-H) mostram formaccedilatildeo de orifiacutecios na
parede celular (OPC) espessamento da parede celular (EPC) assim como espessamento do septo (ES) condensaccedilatildeo do ribossomo (CR) desprendimento da parede celular (DPC) espessamento (ES) e divisatildeo aberrante do septo (DAS) Tratadas com oxacilina na concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (I-M) mostram espessamento (ES) e divisatildeo aberrante do septo (DAS) aparecimento de orifiacutecios (OPC) assim como destacamento da parede celular (DPC) Tratadas com oxacilina associada ao extrato (N ndash Q) mostram Coagulaccedilatildeo do DNA (CD) orifiacutecios (OPC) e destacamento da parede celular (DPC) Aumento de 30000X
Figura 48 - Microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus AM 24 submetida a
tratamento com oxacilina e o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa
A B C D
N O P Q
E F G H
PC
MP R
PC
MP
R
S
PC
MP
R
S
PC MP
R S
EPC MP
CR
ES
EPC
ES
CR
OPC
CD
CR ES
CR DPC
CD OPC
DPC
CD
CD
OPC CD
DAS
ES
ES
OPC DAS
OPC DPC
I J L M
OPC
DAS
J
DAS
OPC
DAS
132
45 CONCLUSOtildeES
No caso dos inibidores das subunidades 50S E 30S nos ribossomos
(Linezolide gentamicina e claritromicina) o sinergismo ocorreria pela lise da parede
celular provocada pelo extrato o que facilitaria esses agentes alcanccedilar seus siacutetios de
accedilatildeo Quanto ao ciprofloxacino aleacutem da facilitaccedilatildeo da entrada ocorreria accedilatildeo
sineacutergica na potencializaccedilatildeo da coagulaccedilatildeo do DNA
Para os inibidores da siacutentese de parede celular o sinergismo como discutido
anteriormente ocorreria pela accedilatildeo no peptidoglicano Diferenccedilas nas respostas dos
dois agentes poreacutem podem ser explicadas pelas alteraccedilotildees no sitio de accedilatildeo pois a
bacteacuteria avaliada eacute uma cepa MRSA que apresenta modificaccedilotildees na proteiacutena
ligadora de penicilina
Essa resistecircncia a oxacilina eacute associada agrave aquisiccedilatildeo de um elemento geneacutetico
moacutevel chamado SCCmec que conteacutem o gene de resistecircncia mecA (OKUMA et al
2002) O determinante mecA codifica PBP2a uma nova proteiacutena de ligaccedilatildeo agrave
penicilina com da afinidade diminuiacuteda para a oxacilina e a maioria das outras drogas
beta-lactacircmicas (TENOVER et al 2006) deste modo o sitio de accedilatildeo dos dois
agentes avaliados estaria modificado alterando a resposta de ambos
133
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139
5 O EFEITO DE DIFERENTES MEacuteTODOS DE EXTRACcedilAtildeO SOBRE O
RENDIMENTO CONCENTRACcedilOtildeES DE FENOacuteIS TOTAIS E ATIVIDADE
ANTIMICROBIANA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa
51 INTRODUCcedilAtildeO
Os fitoteraacutepicos sempre representaram uma parcela significativa no mercado de
medicamentos Dados mais recentes estimam o mercado mundial de fitoteraacutepicos
em cerca de US$ 44 bilhotildees anuais segundo a consultoria Analize and Realize
que atende algumas das maiores induacutestrias farmacecircuticas do mundo estando
este ainda em expansatildeo (DIAS et al 2013)
Apesar do Brasil apresentar um papel privilegiado no mercado mundial de
fitoteraacutepicos devido a sua extensa e diversificada flora ele natildeo tem se destacado
neste setor entre outros fatores devido a carecircncia de estudos tecnoloacutegicos capazes
de transformar plantas medicinais com potencial terapecircutico em um produto que
possa ser utilizado com exatidatildeo de dosagem garantia de eficaacutecia e seguranccedila
cliacutenica (RODRIGUES et al 2009)
A qualidade da mateacuteria-prima vegetal bem como alteraccedilotildees provenientes no
seu beneficiamento e processo extrativo tecircm grande influecircncia na composiccedilatildeo
quiacutemica das preparaccedilotildees extrativas podendo interferir na qualidade e
reprodutibilidade do produto final A padronizaccedilatildeo durante o desenvolvimento do
extrato eacute fundamental para determinar a sua utilizaccedilatildeo como mateacuteria prima para
preparaccedilotildees fitoteraacutepicas (VALANDRO et al 2007)
Para muitas espeacutecies vegetais os metaboacutelitos bioativos satildeo desconhecidos o
que natildeo se aplica agrave casca do caule de Hymenaea stigonocarpa Estudos
previamente descritos neste trabalho de tese apontam para presenccedila de compostos
fenoacutelicos principalmente taninos e flavonoides com atividade antibacteriana principal
frente a cocos Gram positivos Cepas de Staphylococcus aureus MRSA mostraram
serem sensiacuteveis aos extratos etanoacutelico hidroalcooacutelico e sua fraccedilatildeo aquosa e acetato
de etila (DIMECH et al 2013)
A extraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos em plantas eacute influenciada por sua natureza
quiacutemica pelo meacutetodo de extraccedilatildeo empregado pelo tamanho de partiacutecula da
amostra pelo tempo e condiccedilotildees de armazenamento assim como pela presenccedila de
substacircncias interferentes (SOUZA 2013)
140
Natildeo existe processo preconizado ou completamente satisfatoacuterio que seja
adequado para a extraccedilatildeo de todos os compostos fenoacutelicos ou de uma classe
especiacutefica de substacircncias fenoacutelicas em materiais de plantas Metanol etanol
acetona aacutegua acetato de etila e suas combinaccedilotildees satildeo frequentemente utilizadas
para a extraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos (NACZKA SHAHIDI 2004)
Estudos visando o estabelecimento de paracircmetros para identificaccedilatildeo
determinaccedilatildeo das propriedades fisico-quiacutemicas da materia prima vegetal assim
como o desenvolvimento de uma soluccedilatildeo extrativa padronizada satildeo escassos
(RODRIGUES et al 2009)
O objetivo de extrair compostos fenoacutelicos a partir da planta fonte eacute a
libertaccedilatildeo destes compostos a partir das estruturas vacuolares onde eles se
encontram quer pela ruptura do tecido da planta ou por um processo de difusatildeo
(ASPEacute FERNAacuteNDEZ 2011)
Quanto aos meacutetodos de extraccedilatildeo teacutecnicas como maceraccedilatildeo aquecimento sob
refluxo infusatildeo turbo-extraccedilatildeo e sonicaccedilatildeo satildeo comumente utilizados para extrair
os metabolitos bioativos da droga vegetal (ASPEacute FERNAacuteNDEZ 2011 TIWARI et al
2011)
Aleacutem da padronizaccedilatildeo das teacutecnicas extrativas detalhes teacutecnicos a respeito do
controle desses extratos tambeacutem devem ser determinados para que exista suporte
para anaacutelises de controle de qualidade dos insumos (BORELLA et al 2012) A
padronizaccedilatildeo de fitoteraacutepicos compreende tambeacutem informaccedilatildeo e controle para
garantir a composiccedilatildeo consistente de todas os materiais vegetais incluindo
operaccedilotildees analiacuteticas para identificaccedilatildeo marcadores e doseamento de princiacutepios
ativos (CHOUDHARY SEKHON 2011)
Neste contexto os taninos tecircm sido amplamente empregados como
substacircncias marcadoras para a avaliaccedilatildeo da qualidade de diversas mateacuterias-primas
vegetais utilizadas em medicamentos (SANTOS MELLO 2003)
Os principais meacutetodos para determinaccedilatildeo a concentraccedilatildeo de taninos em
materias vegetais incluem a cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE) e a
espectrofotometria (VERZA et al 2007) As anaacutelises por CLAE podem ser
empregadas tanto para detecccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de taninos hidrolisaacuteveis como para
taninos condensados Para os taninos condensados esta determinaccedilatildeo eacute limitada a
de poliacutemeros de taninos condensados de 7 a 8 unidades (SCHOFIELD et al 2001)
141
Um dos meacutetodos mais utilizados para o doseamento de polifenoacuteis eacute a
espectofotometria na qual se faz uso do reagente de Folin-Ciocalteu Neste meacutetodo
a reaccedilatildeo eacute inespeciacutefica para polifenoacuteis pois vaacuterias satildeo as substacircncias com
possibilidade de reaccedilatildeo (MAGALHAtildeES et al 2008) Uma forma de contornar essa
questatildeo eacute a adsorccedilatildeo dos taninos do meio com substratos proteacuteicos Assim o teor
de taninos (fraccedilatildeo adsorvida ao substrato) eacute calculado pela diferenccedila entre o teor de
polifenoacuteis totais e o da fraccedilatildeo polifenoacutelica natildeo-adsorvida (VERZA et al 2007)
Para otimizaccedilatildeo deste meacutetodo de doseamento a influecircncia de paracircmetros
reacionais como o volume do reagente de Folin-Ciocalteau concentraccedilatildeo da
soluccedilatildeo de carbonato de soacutedio e tempo de reaccedilatildeo devem ser determinados Estes
paracircmetros satildeo capazes de comprometer significativamente a reaccedilatildeo por exercerem
influecircncia sobre a resposta e a presenccedila de deslocamentos bato ou hipsocrocircmicos
(FERREIRA 2012)
Desta forma o presente estudo compara a capacidade de diferentes meacutetodos
para extraccedilatildeo de polifenoacuteis das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa
avaliando o desempenho de cada teacutecnica pela quantificaccedilatildeo do resiacuteduo seco da
concentraccedilatildeo de fenoacuteis totais e de taninos (metaboacutelitos ativos) e a capacidade
antibacteriana dos extratos Determinando assim a teacutecnica extrativa de melhor
desempenho e estabelecendo paracircmetros de anaacutelise que podem auxiliar na
avaliaccedilatildeo da qualidade dessa droga vegetal
142
52 OBJETIVOS
O objetivo geral e os especiacuteficos deste estudo estatildeo descritos a seguir
521 OBJETIVO GERAL
Avaliar a Influecircncia do meacutetodos de extraccedilatildeo sobre a atividade antibacteriana
rendimento e teor dos compostos majoritaacuterios do extrato hidroalcooacutelico da casca do
caule de Hymenaea stigonocarpa
522 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Realizar a caracterizaccedilatildeo fisico-quiacutemica do material vegetal
Utilizar diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo e avaliar a presenccedila de variaccedilotildees
qualitativas dos metaboacutelitos secundaacuterios presentes nos diferentes extratos
atraveacutes de anaacutelise por cromatografia de camada delgada
Analisar o meacutetodo espectofotomeacutetrico para doseamento de polifenoacuteis
presentes no extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa realizando a
otimizaccedilatildeo do meacutetodo
Determinar o rendimento e as concentraccedilotildees de polifenois taninos e
flavonoacuteides totais em cada meacutetodo utilizado
Avaliar a influecircncia dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo sobre a atividade
antimicrobiana frente a diferentes cepas de Staphylococcus aureus
Avaliar a atividade fuacutengica do extrato de melhor rendimento frente a diferentes
especies de Candida sp
143
53 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A seguir estatildeo descritos os materiais e meacutetodos utilizados para a realizaccedilatildeo
deste estudo
531 Coleta
Cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne foram
coletadas em outubro de 2009 na Fa
zenda Refuacutegio localizada na cidade de Camocim de Satildeo Feacutelix Pernambuco
(de latitude 8deg213000S e longitude 35deg475670O)
A identificaccedilatildeo foi realizada pela botacircnica do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco Dra A Bocage sendo a excicata depositada sob o nuacutemero 53563 no
Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima pertencente ao mesmo instituto
Na preparaccedilatildeo da mateacuteria-prima vegetal as cascas do caule foram
submetidas agrave secagem em estufa a uma temperatura de 40degC durante 72 horas
em seguida pulverizadas em moinho de martelos (Tigre ASN5) e estocada em
frascos a temperatura ambiente
532 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal
O material vegetal foi caracterizado atraveacutes da anaacutelise granulomeacutetrica perda
por dessecaccedilatildeo teor de extrativos e pela determinaccedilatildeo das cinzas totais para
estabelecer as caracteriacutesticas do individuo e do preparo do material vegetal que
possam influenciar avaliaccedilotildees posteriores
5321 Anaacutelise granulomeacutetrica por tamisaccedilatildeo
Amostras do material vegetal triturado (100g) foram submetidas agrave passagem
atraveacutes de tamises previamente tarados com abertura de malha de 1000 850 600
425 250 e 150microm aleacutem do coletor A tamisaccedilatildeo foi realizada durante 15 minutos em
aparelho tamisador Bertel reg calibrado para 60 vibraccedilotildees por segundo
A determinaccedilatildeo do diacircmetro meacutedio das partiacuteculas foi obtida pela curva de
distribuiccedilatildeo de retenccedilatildeo e passagem Os resultados foram expressos pela meacutedia de
144
trecircs determinaccedilotildees de acordo com o que preconiza a Farmacopeacuteia Brasileira IV
1988
5322 Determinaccedilatildeo da perda por dessecaccedilatildeo
Em pesa-filtros previamente tarados foram adicionados 20 g do material
vegetal triturado e colocados em estufa (Quimisreg) por 2 h agrave temperatura de 105 plusmn
2ordm C As amostras foram colocadas em dessecador Os pesa-filtros foram
novamente pesados em balanccedila analiacutetica (Shimadzureg) e colocados em estufa por
mais 30 min Esta operaccedilatildeo foi repetida em ciclos de uma hora ateacute peso constante
Os resultados foram expressos em percentual de perda de massa pela meacutedia de
trecircs determinaccedilotildees (Farmacopeia Brasileira 2010)
5323 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Amostras contendo 10g do material vegetal triturado foram submetidas agrave
decocccedilatildeo com 100 mL de aacutegua destilada durante 10 minutos Apoacutes resfriamento os
volumes foram reconstituiacutedos e as soluccedilotildees filtradas Cerca de 200 g das soluccedilotildees
filtradas foram colocadas em pesa-filtros previamente tarados e evaporadas agrave
secura em banho-maria com agitaccedilatildeo perioacutedica para homogeneizaccedilatildeo da amostra
As amostras foram levadas a estufa por 2 h agrave 105ordmC plusmn 2ordm C resfriadas e pesadas
Em seguida estas amostras foram colocadas em estufa por 30 min e este
procedimento repetido ateacute peso constante O teor de extrativos foi calculado pela
formula descrita abaixo
Onde TE = teor de extrativos soluacuteveis em aacutegua () g = resiacuteduo seco (g) FD = fator
de diluiccedilatildeo = 5 (pesados 20 dos 100 mL totais) m = planta seca e moiacuteda (em
gramas) ppd = perda por dessecaccedilatildeo da planta seca e moiacuteda (SOUZA et al 2010)
145
5324 Determinaccedilatildeo de cinzas totais
Amostras do material vegetal triturado (3g) pesadas analiticamente foram
transferidas para cadinhos de porcelana previamente calcinados arrefecidos e
pesados
Cada uma das amostras foi distribuiacuteda uniformemente nos cadinhos e
incineradas aumentando gradativamente para 200degC por 30min 400degC por 60
minutos e 600degC por 90 minutos Apoacutes este periacuteodo os cadinhos foram transferidos
resfriados colocados em dessecador e posteriormente pesados As percentagens
de cinzas em relaccedilatildeo ao material vegetal que foi submetido ao processo de
secagem foram calculadas Os resultados foram expressos em perda de massa
percentual pela meacutedia de trecircs determinaccedilotildees (Farmacopeacuteia Brasileira V 2010)
533 Procedimentos extrativos
Seis procedimentos extrativos (infusatildeo maceraccedilatildeo maceraccedilatildeo dinacircmica
refluxo turboextraccedilatildeo e ultrassom) foram realizados a partir de 20g da casca do
caule trituradas extraiacutedas com 200 mL de uma soluccedilatildeo de etanol aacutegua (11 vv) A
escolha deste sistema de solventes foi baseada em relatos etnofarmacoloacutegicos
Apoacutes a extraccedilatildeo as soluccedilotildees foram filtradas em papel de filtro (Whatmann no
2) e concentrado em rota evaporador obtendo-se assim seis extratos hidroalcooacutelicos
secos Infusatildeo (EI) maceraccedilatildeo (EM) maceraccedilatildeo dinacircmica (EMD) refluxo (ER)
turboextraccedilatildeo (ET) e ultrassom (EU) cujo rendimento foi calculado para cada caso
A teacutecnica extrativa mais eficiente foi determinada atraveacutes da avaliaccedilatildeo do
rendimento de resiacuteduo seco determinaccedilatildeo de taninos totais e da avaliaccedilatildeo da
atividade antibacteriana frente a cepas de Staphylococcus aureus
534 Descriccedilatildeo das teacutecnicas extrativas
5341 Maceraccedilatildeo
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida por maceraccedilatildeo durante 72h Esta soluccedilatildeo foi
preparada em frasco acircmbar a temperatura 23 plusmn 1ordmC com agitaccedilatildeo ocasional a cada
12h
146
5342 Maceraccedilatildeo dinacircmica
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida utilizando agitador magneacutetico (marca Fisatom
modelo 754A) A soluccedilatildeo foi preparada em frasco acircmbar contendo barra magneacutetica
tipo liso com anel central (14 x 76 mm) e a extraccedilatildeo se deu agrave temperatura 23 plusmn 1ordmC
Durante o processo extrativo foi aplicada uma velocidade de 300 RPM que perdurou
2 horas
5343 Ultrassom
O triturado da casca e a soluccedilatildeo extrativa foram adicionados a frasco acircmbar a
adicionados a banho de ultrassom a temperatura 23 plusmn 1ordmC sendo utilizado o
equipamento de marca Unique modelo maxiclean 1600
Natildeo foi aplicado aquecimento e o processo durou 45 minutos em frequecircncia
de 40 kHz
5344 Refluxo
O triturado da casca e a soluccedilatildeo etanol aacutegua (11 vv) foram adicionados a
um balatildeo de vidro Estes foram aquecidos em sistema de refluxo composto por uma
manta eleacutetrica (Marca Fisaton Classe 300 - Modelo 102E) como fonte de
aquecimento e balatildeo de vidro acoplado a um condensador O processo foi iniciado
apoacutes a temperatura interna de 80 ordmC e encerrado apoacutes um periacuteodo de 45 minutos
5345 Turbo-extraccedilatildeo
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida em turbo-extrator de alta rotaccedilatildeo (marca metvisa
modelo LAR 2) consistindo de trecircs ciclos de processamento de 15 min seguidos
por uma pausa de 5 minutos para evitar aquecimento
5346 Infusatildeo
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida apoacutes adiccedilatildeo da soluccedilatildeo etanol aacutegua (11 vv)
a temperatura de ebuliccedilatildeo ao material vegetal triturado em frasco acircmbar fechado
por um periacuteodo de 1 hora
147
535 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica
Um volume de 15 μL de cada extrato (EM EU EMD ET ER e EI) de
concentraccedilotildees padronizadas em 05 foi utilizado para a realizaccedilatildeo de
Cromatografia em Camada Delgada utilizando-se placas de gel de siacutelica (Macherey-
Nagelreg Ref 818 133)
Os sistemas de eluiccedilatildeo e reveladores apropriados para polifenoacuteis foram os
descritos por WAGNER amp BLADT 1996
536 Anaacutelises quantitativas de polifenoacuteis
A seguir estatildeo descritos os diferentes meacutetodos realizados
5361 Determinaccedilatildeo de polifenoacuteis totais
A determinaccedilatildeo de polifenois totais foi realizada apoacutes idealizaccedilatildeo do desenho
fatorial 32 a partir do meacutetodo estabelecido pela European Pharmacopoeia (2005)
53611 Desenho fatorial de 32
A fim de avaliar a influecircncia do reagente Folin-Ciocalteau da concentraccedilatildeo de
carbonato de soacutedio e do tempo de reaccedilatildeo sobre a concentraccedilatildeo de polifenois
presentes nos extratos obtidos por diferentes teacutecnicas foi idealizado um desenho
fatorial de 32 (Folin = 1 e 3 mL Carbonato = 10 e 20 Tempo = 10 e 20 min)
sendo adicionado 3 pontos centrais (Folin = 2 mL Carbonato = 15 Tempo = 15
min)
Cada ponto foi realizado em triplicata A variaacutevel dependente estudada foi agrave
absorbacircncia apoacutes reaccedilatildeo com o reagente de Folin-Ciocalteau que diretamente
refere-se agrave concentraccedilatildeo dos polifenois presentes na amostra A anaacutelise estatiacutestica
foi realizada por graacuteficos de paretos com auxiacutelio dos programas Microsoft Excel e
Statistica 60
O volume de reagente de Folin-Ciocalteu a concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo
carbonato de caacutelcio e o tempo de reaccedilatildeo foram os obtidos apoacutes o estudo de fatorial
32 sendo 3 ml e 10 e 25 minutos respectivamente
148
53612 Preparaccedilatildeo da Soluccedilatildeo Padratildeo
Foram pesados 25mg de aacutecido gaacutelico e estes solubilizados com 10 mL de
aacutegua destilada Esta soluccedilatildeo permaneceu sob agitaccedilatildeo durante 15 minutos para
completa solubilizaccedilatildeo Em seguida foi transferida para um balatildeo volumeacutetrico de 25
mL e o volume completado com aacutegua destilada Desta forma foi obtida uma soluccedilatildeo
padratildeo de concentraccedilatildeo 1000 microgmL
As condiccedilotildees experimentais para determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de aacutecido
gaacutelico (tempo de reaccedilatildeo volume do reagente de Folin-Ciocalteau e Concentraccedilatildeo de
carbonato de soacutedio) que foram utilizadas foram otimizadas por Ferreira (2012)
Desta soluccedilatildeo foram retiradas uma aliacutequota de 50 microL e transferida para uma
balatildeo volumeacutetrico (2 microgmL) ao qual foi adicionado 2 mL do reagente Folin
Ciocalteau 10 mL de aacutegua destilada e o volume completado para 25 mL com
soluccedilatildeo de carbonato de soacutedio a 10
A varredura em espectrofotocircmetro foi realizada apoacutes 15 minutos da adiccedilatildeo do
carbonato de soacutedio O comprimento de onda de 780 nm foi selecionado para leitura
apoacutes avaliaccedilatildeo da similaridade do espectro de UV entre a amostra e a substacircncia de
referecircncia
Previamente agrave determinaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais taninos e
flavonoides totais presentes nos extratos foram preparadas soluccedilotildees de
concentraccedilatildeo 20 30 40 50 60 70 e 80 microgmL de aacutecido gaacutelico (99 de pureza
Sigma Chemical Co St Louis USA) em aacutegua a fim de obter uma curva de
calibraccedilatildeo A absorbacircncia foi medida a 780nm Com os resultados da absorbacircncia
foi construiacuteda uma curva de calibraccedilatildeo
A leitura da absorbacircncia foi realizada em espectrofotocircmetro (marca Thermo
Scientific modelo Evolution 60S) em comprimento de onda de 780 nm A leitura foi
realizada apoacutes 30 min da adiccedilatildeo do reagente de oxirreduccedilatildeo (Folin-Ciocalteau)
O teor de polifenois foi determinado pela extrapolaccedilatildeo da curva de calibraccedilatildeo
(y = 01037 x + 00024 R2 = 09992) de aacutecido gaacutelico
5362 Determinaccedilatildeo de taninos totais
Foi realizada apoacutes avaliaccedilatildeo da fraccedilatildeo residual de polifenoacuteis na soluccedilatildeo
extrativa de Hymenaea stigonocarpa em funccedilatildeo da quantidade de caseiacutena
utilizando caseiacutena (Merck) como agente complexante
149
Aliacutequotas de 10 mL das soluccedilotildees extrativas foram misturadas separadamente
com quantidades crescentes de caseiacutena (50 150 250 350 450 e 500 mg) Esta
mistura foi submetida agrave agitaccedilatildeo durante 1 hora e em seguida filtrada A partir dos
filtrados aliacutequotas de 50 mL foram diluiacutedas para o volume de 25 mL com aacutegua
Dessas soluccedilotildees 20 mL foram adicionados a um balatildeo volumeacutetrico e adicionados
100 mL de aacutegua O volume de reagente de Folin-Ciocalteu a concentraccedilatildeo da
soluccedilatildeo carbonato de caacutelcio e o tempo de reaccedilatildeo foram os mesmos descritos para a
determinaccedilatildeo de polifenoacuteis totais apoacutes estudo fatorial 32 (seccedilatildeo 3511)
A concentraccedilatildeo de taninos totais foi obtida a partir da seguinte equaccedilatildeo
Onde TT = Concentraccedilatildeo de taninos Totais PT = concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais
e FTN = concentraccedilatildeo de polifenoacuteis na fraccedilatildeo natildeo tanante
5363 Determinaccedilatildeo de flavonoacuteides
Foram obtidos cinco niacuteveis diferentes de concentraccedilotildees (80 a 120microgmL) a
partir do padratildeo de astilbina de pureza de 99 adquirido da induacutestria Aktin
Chemicals Inc (China) Cada niacutevel de concentraccedilatildeo foi injetado no sistema
cromatograacutefico (n=3) e os valores de aacuterea maacutexima foram traccedilados contra as
concentraccedilotildees A curva foi ajustada pela regressatildeo linear atraveacutes da meacutedia das trecircs
leituras (corridas cromatograacuteficas) O teor de flavonoacuteides foi determinado entatildeo pela
extrapolaccedilatildeo da curva de calibraccedilatildeo (y = 06014 x - 05251 R2 = 09932) obtida
53631 Anaacutelise por cromatografia liquida e alta eficiecircncia acoplada a detector de
arranjo de Diodos (CLAE-DAD)
Os extratos foram solubilizados em metanol para a obtenccedilatildeo de soluccedilotildees de
concentraccedilatildeo de 400 microgMl Este concentraccedilatildeo foi selecionada apoacutes triagem previa
por gerar picos de aacutereas de valores similares as aacutereas obtidas pelas diferentes
doses de astilbina que produziram a curva de calibraccedilatildeo
Os extratos foram filtrados em membrana de politetrafluoetileno de 020 microm
(Chromafilreg) e depois adicionados frascos acircmbar As anaacutelises foram realizadas em
TT = PT - FNT
150
cromatoacutegrafo equipamento CLAE-DAD (Ultimatereg 3000 Thermo Scientificreg)
equipado com bomba binaacuteria HPG-3x00RS 3000 (RS) detector de arranjo de diodo
e coletor de amostra automaacutetico ACC-3000
As separaccedilotildees foram realizadas em uma coluna (C18) 256 x 46 mm di 5
microm (Acclaim 120 Dionexreg) equipada com (C18 4 x 3 mm di Phenomenexreg)
A fase moacutevel foi composta por aacutegua MiliQreg (eluente A) e acetonitrila (eluente
B Tediareg) ambos acidificados com 01 de soluccedilatildeo de aacutecido trifluoroaceacutetico
variando de 10-23 em 35 min para 23ndash90 em 50 min do eluente B a um fluxo
de 1mLmin
O software Chromeleon 60 (Dionexreg) foi utilizado para processamento e
aquisiccedilatildeo dos dados O teor de flavonoides em cada extrato foi determinado
utilizando a aacuterea dos picos com espectros de UV caracteriacutesticos de flavonoides
(MABRY et al 1970) obtidos no cromatograma pela extrapolaccedilatildeo da curva de
calibraccedilatildeo (y = 06014 x - 0525 R2 = 09932) obtida a partir da astilbina
537 Determinaccedilatildeo da atividade antimicrobiana de diferentes extratos
hidroalcoacuteolicos de H stigonocarpa Mart ex Hayne
A seguir satildeo descritos os meacutetodos realizados para determinaccedilatildeo da atividade
antimicrobiana
5371 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana
A etapa experimental foi realizada no Laboratoacuterio de Bioquiacutemica e Fisiologia
dos Micro-organismos do Departamento de Antibioacuteticos da UFPE
53711 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees de H stigonocarpa
Os extratos secos obtidos pelas diferentes teacutecnicas de extraccedilatildeo foram
analiticamente pesados (10 mg) e solubilizados em etanolaacutegua (19 pv) obtendo
assim soluccedilotildees estoque padronizadas de concentraccedilatildeo igual a 1000 microgmL
53712 Micro-organismos
Os micro-organismos utilizados para a realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo antimicrobiana
dos extratos de H stigonocarpa foram obtidos a partir da coleccedilatildeo de cultura do
151
Laboratoacuterio Fisiologia e Bioquiacutemica de Micro-organismos do Departamento de
Antibioacuteticos da UFPE
Foram utilizados neste estudo os seguintes micro-organismos Staphylococcus
aureus ATCC 25923 LFBM 13 LFBM 15 LFBM 16 LFBM 11 LFBM 26 LFBM 05 LFBM
28 LFBM 29 LFBM 31 e LFBM 30
53713 - Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo
bactericida miacutenima (CMB)
A concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima
(CMB) foi realizada pela mesma metodologia descrita no capitulo 2
5372 Determinaccedilatildeo da atividade antifuacutengica
Os meacutetodos para determinaccedilatildeo da atividade antifuacutengica frente a diferentes
espeacutecies de Candida estatildeo descritos a seguir
53721 Candidas e condiccedilotildees de cultivo
Quatro cepas de Candida albicans (6257 4986 4606 e 4990) trecircs de
Candida krusei (5712 4263 e 934) trecircs de Candida parapsilosis (ATCC 22019 CP
4608 e 4889) duas de Candida tropicalis (4790 e ATCC 750) e uma de Candida
glabrata (Y 6094) foram oriundas da URM coleccedilatildeo do Departamento de Micologia
do Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas da Universidade Federal de Pernambuco
As cepas foram estocadas em oacuteleo mineral a 18degC Com o objetivo de obter
um inoculo contendo de 1-5 x 106 UFCmL cada cepa foi cultivada em um tubo
contendo 20 mL de Agar Sabouraud Dextrose sendo incubada a 35deg C por dois
dias Apoacutes este periacuteodo as suspensotildees de leveduras foram preparadas em soluccedilatildeo
fisioloacutegica esterilizada e depois ajustadas a 90 de transmitacircncia a 530 nm
Diluiccedilotildees seriadas de 1100 e 120 foram realizadas para obter um inoculo final
contendo 1-5 times 103 UFCmL (LIMA-NETO et al 2012)
Testes de viabilidade e subsequente confirmaccedilatildeo taxonocircmica das
caracteriacutesticas morfoloacutegicas bioquiacutemicas e fisioloacutegicas foram realizados
152
53722 Susceptibilidade antifuacutengica in vitro
Placas de microdiluiccedilatildeo contendo diluiccedilotildees seriadas de droga foram
preparadas seguindo o que determina o protocolo CLSI M27-A3 (2008) Os extratos
foram solubilizados em dimetilsulfoxido (10) as concentraccedilotildees avaliadas variaram
de 1000 a 0487μgmL Fluconazol foi usado como droga de referecircncia nas
concentraccedilotildees entre 0125 a 64 μgmL
Os 12 primeiros poccedilos (linha vertical) das placas de microdiluiccedilatildeo receberam
100 microL das soluccedilotildees duas vezes mais concentradas dos extratos e das drogas de
referecircncia Nos outros meio padratildeo RPMI 1640 (Sigma Chemical Co St Louis MO
EUA) tamponadas a pH 70 com 0165 molL de aacutecido morfolinopropanosulfonico
(MOPS Sigma) Os extratos e o padratildeo foram diluiacutedos geometricamente seguindo
uma razatildeo 2 Em seguida todos os tubos foram inoculados com 100 microL do inoculo
final contendo 1-5 times 103 UFCmL e as microplacas incubadas a 35degC em uma
incubadora de CO2
Apoacutes 48h de incubaccedilatildeo a CIM foi lida Os valores de CIM correspondem a
mais baixa concentraccedilatildeo da droga que apresentou inibiccedilatildeo do crescimento das
leveduras Todos os testes foram realizados em triplicata
538 Anaacutelises estatiacutesticas
A anaacutelise estatiacutestica foi realizada utilizando Anova one-way e teste de
comparaccedilatildeo muacuteltiplas Newman-Keuls usando o software GraphPad Prism versatildeo
50 para Windows GraphPad Software (San Diego CA) e p lt 005 foi usado como
niacutevel de significacircncia
153
54- RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados obtidos neste estudo estatildeo descritos a seguir
541 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal
A granulometria do material triturado eacute um paracircmetro importante a ser
estabelecido pois influencia diretamente a eficiecircncia e reprodutibilidade do processo
extrativo (MIGLIATO et al 2007) Eacute um paracircmetro com o qual se pode determinar a
superfiacutecie de contato da partiacutecula disponiacutevel para interagir com o solvente o que eacute
muito utilizado na obtenccedilatildeo de preparaccedilotildees farmacecircuticas liquidas como tinturas e
extratos (SILVA JUacuteNIOR 2006)
A Farmacopeacuteia Brasileira V (2010) classifica os poacutes pela distribuiccedilatildeo
granulomeacutetrica De acordo com os paracircmetros desta publicaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo
granulomeacutetrica da casca do caule de H stigonocarpa apoacutes trituraccedilatildeo analisada no
presente trabalho pode ser classificada como poacute grosso visto que as partiacuteculas na
sua totalidade apresentaram uma granulometria superior a 1700μm e uma
quantidade inferior a 40 foram superiores a 355 μm (figura 1)
Figura 49 - Histograma de distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da casca
do caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes trituraccedilatildeo
Neste estudo o material mostrou distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica bastante
variada Os pesos obtidos das partiacuteculas apoacutes tamisaccedilatildeo em malhas de 1000 850
154
600 425 250 e 150 microm foram 3907plusmn323g 421plusmn022g 1380plusmn023g 977plusmn032g
1088plusmn094g 625plusmn073g e 1501plusmn151g respectivamente
O ponto interseccedilatildeo das curvas de retenccedilatildeo e passagem partiacuteculas passa pelo
tamanho de 734 microm (tamanho meacutedio) e a sua representaccedilatildeo graacutefica estaacute
apresentada na figura 2
Figura 50 - Curvas de retenccedilatildeo e passagem das partiacuteculas de casca do caule
de Hymenaea stigonocarpa apoacutes trituraccedilatildeo
Aleacutem do meacutetodo de trituraccedilatildeo do material vegetal outros aspectos tecircm
influecircncia direta na distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica final principalmente o teor de lignina
e de extrativos no mateacuterial vegetal Madeiras com grandes quantidades de extrativos
tendem a ser mais densas assim a quantidade de extrativos costumam variar em
torno de 3 a mais de 30 do peso seco (BOWYER et al 2003)
A reduccedilatildeo do tamanho de partiacutecula leva a um aumento da superfiacutecie de
contato entre a mateacuteria-prima e o meio de extraccedilatildeo (NORIEGA et al 2005) Poreacutem
em alguns casos poacutes de tamanho maior podem favorecer as extraccedilotildees Partiacuteculas
muito finas podem aderir agraves partiacuteculas maiores aumentando a viscosidade do meio
e criando uma barreira que impede a penetraccedilatildeo de solventes (VOIGT amp
BORNSCHEIN 1982)
734 microm
155
Eacute importante que a mateacuteria prima vegetal esteja suficientemente triturada para
que se consiga um rendimento oacutetimo no processo de extraccedilatildeo dos constituintes
quiacutemicos de interesse farmacecircutico
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira no que se refere ao teor de extrativos e
suas interrelaccedilotildees como a adsorccedilatildeodessorccedilatildeo de umidade e como a retraccedilatildeo
volumeacutetrica tecircm sido objeto de estudo por parte de diversos autores O termo
extrativo se refere a substacircncias de baixa ou meacutedia massa molecular que podem
ser extraiacutedas em aacutegua ou solventes orgacircnicos (SILVERIO et al 2006)
Buchanan (1963) afirmou que haacute uma consideraacutevel variaccedilatildeo na distribuiccedilatildeo
dos extrativos atraveacutes da madeira de uma aacutervore existindo uma variaccedilatildeo na
quantidade de material depositado atraveacutes da altura da aacutervore e entre o tronco e os
galhos
Nearn (1955) verificou que devido agrave accedilatildeo de enchimento dos extrativos
soluacuteveis em aacutegua espeacutecies com alto teor de extrativos apresentam maior
estabilidade dimensional menor umidade no ponto de saturaccedilatildeo das fibras e
umidades de equiliacutebrio mais baixas do que espeacutecies que possuam pequenas
quantidades de extrativos em sua composiccedilatildeo quiacutemica
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos eacute um meacutetodo utilizado para quantificar
constituintes extratiacuteveis da droga vegetal que pode ser considerado como uma
caracteriacutestica proacutepria de cada amostra vegetal e pode auxiliar na avaliaccedilatildeo da
qualidade dessa droga vegetal (ANTONELLI-USHIROBIRA et al 2004) assim o
valor obtido para a amostra vegetal avaliada foi de 1429plusmn167
O teor de extrativos determinado neste trabalho indica a presenccedila de
compostos hidrossoluacuteveis a quente presentes no material vegetal Muito embora natildeo
seja indicativo dos constituintes ativos o teor de extrativos representa uma teacutecnica
de faacutecil execuccedilatildeo e economicamente viaacutevel relevante por estabelecer condiccedilotildees
adicionais para controle de qualidade
A determinaccedilatildeo do teor de aacutegua residual presente nas drogas vegetais
constitui um iacutendice da qualidade de sua preparaccedilatildeo e da garantia de sua
conservaccedilatildeo (COSTA 1982 SILVA JUacuteNIOR 2006) A perda por dessecaccedilatildeo do
triturado da planta indicativo do teor de material volaacutetil do vegetal e indiretamente
da umidade residual apresentou um valor obtido na anaacutelise da casca do caule de
Hymenaea stigonocarpa de 1024 O valor encontrado nesse estudo apresenta-se
156
dentro do intervalo estabelecido pela Farmacopeacuteia Brasileira V (2010) de 8 a 14
indicando uma boa conservaccedilatildeo e uma secagem eficiente da mateacuteria prima vegetal
Esta determinaccedilatildeo eacute importante para o controle de qualidade microbioloacutegico
pois um excesso de aacutegua na droga vegetal favorece o crescimento de fungos e
bacteacuterias podendo tambeacutem levar agrave hidroacutelise de seus constituintes bioativos
(SHARAPIN 2000)
A determinaccedilatildeo de cinzas totais do triturado da casca permite a quantificaccedilatildeo
do resiacuteduo natildeo volaacutetil inorgacircnico presente nas drogas vegetais como integrante
natural destas As cinzas totais constituiacutedas principalmente por carbonatos cloretos
e diversos tipos de oacutexidos pode servir como meacutetodo para avaliar a pureza do
material detectando possiacuteveis impurezas e adulteraccedilotildees do material com compostos
inorgacircnicos (COSTA 1982 SILVA JUacuteNIOR 2006) O resultado encontrado na
determinaccedilatildeo do teor de cinzas totais nas cascas do caule de H stigonocarpa foi de
828plusmn027 Considerando que natildeo existem na Farmacopeacuteia Brasileira limites
preconizados em monografia para esta espeacutecie e que em vaacuterias delas satildeo
apresentados em ensaios de pureza valores de ateacute 10 como dentro do limite
consideramos os resultados obtidos aceitaacuteveis
Os resultados obtidos para os ensaios de perda por dessecaccedilatildeo teor de
extrativos estatildeo apresentados na tabela 5
Tabela 5 - Resultados dos ensaios de perda por dessecaccedilatildeo teor de extrativos e
cinzas totais das amostras de cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes
trituraccedilatildeo
Amostra PD plusmn dp TE plusmn dp CTplusmn dp
Triturado da casca de Hymenaea stigonocarpa
1024 plusmn 017 1429plusmn167 828plusmn027
PD ndash Perda por dessecaccedilatildeo TE ndash Teor de extrativos CT ndash Cinzas Totais dp ndash desvio padratildeo
542 Determinaccedilatildeo do rendimento
Um problema para a seleccedilatildeo dos meacutetodos de extraccedilatildeo eacute a possibilidade de
compostos de interesse apresentarem uma interaccedilatildeo significativa com a matriz
sendo necessaacuterio nestes casos um meacutetodo com elevada recuperaccedilatildeo
157
Determinadas matrizes podem reter analitos dentro de poros ou outras estruturas
(SOUZA 2013)
Uma das teacutecnicas para aumentar a recuperaccedilatildeo dos compostos de interesse
seria aumentar a temperatura do solvente pois a energia teacutermica adicionada pode
auxiliar na quebra das ligaccedilotildees da matriz e facilitar a difusatildeo do analito agrave superfiacutecie
O aumento do tempo de contato tambeacutem poderia ser outra saiacuteda para o aumento da
recuperaccedilatildeo devido a sua influecircncia na difusatildeo Deve-se avaliar poreacutem que tempos
muito longos podem promover a perda de compostos por oxidaccedilatildeo (SOUZA 2013)
A escolha de um meacutetodo em detrimento de outro eacute um ponto que deve ser bem
estudado pois uma seleccedilatildeo incorreta pode levar ao aumento do tempo de
execuccedilatildeo necessidade do uso de grande quantidade de solvente aleacutem de poder
apresentar baixa eficiecircncia na extraccedilatildeo Exemplos disso satildeo os metodos que
utilizam elevaccedilatildeo da temperatura onde substacircncias de interesse caso sejam
termicamente laacutebeis podem ser degradadas Assim deve-se considerar a
adequaccedilatildeo dos meacutetodos de extraccedilatildeo (ONG 2004) Desta forma alguns metodos
utilizados neste estudo satildeo descritos a seguir
O meacutetodo de extraccedilatildeo assistido por ultrassom envolve a forccedila de corte criada
pela implosatildeo de bolhas de cavitaccedilatildeo sobre a propagaccedilatildeo das ondas acuacutesticas no
intervalo kHz O colapso de bolhas pode produzir efeitos fiacutesicos quiacutemicos e
mecacircnicos o que resulta na ruptura das membranas bioloacutegicas para facilitar a
libertaccedilatildeo de compostos extratiacuteveis e melhorar a penetraccedilatildeo do solvente em
materiais celulares e transferecircncia de massa (DAIacute MUMPER 2010)
Uma das vantagens da extraccedilatildeo assistida por ultrassom (HSU) eacute que ela eacute uma
tecnologia potencialmente uacutetil pois natildeo necessita de instrumentos complexos e eacute
relativamente de baixo custo podendo ser usada tanto em pequena quanto em
grande escala (VINATORU 2001)
Apoacutes a obtenccedilatildeo da soluccedilatildeo extrativa e concentraccedilatildeo em rotaevaporador o
valor de rendimento obtido para o meacutetodo do ultrassom foi de 1122 (2245g)
Esta foi agrave teacutecnica que apresentou menor rendimento Aspectos como a natureza do
material e distribuiccedilatildeo da onda ultrassocircnica no liacutequido extrator podem justificar esse
menor rendimento
Amostras com grandes teores de extrativos apresentam maior estabilidade
dimensional e consequentemente maior resistecircncia a sonicaccedilatildeo Quanto agrave potecircncia
ultrassocircnica sabe-se que o maacuteximo poder eacute observado proacuteximo a superfiacutecie da
158
fonte radiante ultrassocircnica (WANG WELLER 2006) poreacutem ele diminui
proporcionalmente com aumento da distacircncia Assim os aspectos fiacutesico-quiacutemicos da
amosta estudada bem como a metodologia empregada podem ter influenciado no
reduzido rendimento desta teacutecnica
Outra teacutecnica avaliada a turbo-extraccedilatildeo apresentou um rendimento de 1296
(2593g) Estaacute teacutecnica eacute baseada na extraccedilatildeo com simultacircnea reduccedilatildeo do tamanho
de partiacutecula que eacute resultado da aplicaccedilatildeo de elevadas forccedilas de cisalhamento Essa
reduccedilatildeo draacutestica do tamanho de partiacutecula e consequente rompimento das ceacutelulas
favorece a raacutepida dissoluccedilatildeo das substacircncias ativas no liacutequido extrativo (VOIGT
1993 SONAGLIO et al 2007)
Nessas circunstacircncias a difusatildeo das substacircncias dissolvidas atraveacutes da
membrana celular fica relegada a um plano secundaacuterio resultando em extraccedilatildeo de
ateacute quase o esgotamento da droga A esse incremento da eficiecircncia somam-se a
simplicidade rapidez e versatilidade da teacutecnica que permitem a faacutecil utilizaccedilatildeo da
turboextraccedilatildeo em processamentos em pequena e meacutedia escala (HUBINGER et al
2009)
Em nosso estudo observamos que o tamanho reduzido da partiacutecula aspecto
caracteriacutestico deste meacutetodo proporciona dificuldades no processo de separaccedilatildeo da
soluccedilatildeo extrativa por filtraccedilatildeo e consequentemente perda de material Isso pode
justificar o porquecirc de um meacutetodo que leva a quase esgotamento da droga natildeo
produzir um bom rendimento
Aspectos como o aumento na temperatura podem promover uma maior
extraccedilatildeo tanto pelo aumento da solubilidade como pela taxa de transferecircncia de
massa Aleacutem disso a viscosidade e a tensatildeo superficial dos solventes satildeo
diminuiacutedas em temperaturas altas o que ajuda os solventes a atingir as matrizes de
amostras e melhoria da taxa de extraccedilatildeo (DAIacute MUMPER 2010)
Assim a teacutecnica de infusatildeo levou a um rendimento de 1377 (2755g) natildeo
apresentando diferenccedila significativa no rendimento (Plt005) quando comparado ao
meacutetodo de ultrassom
159
Figura 51 ndash Rendimentos obtidos atraveacutes dos
diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo
O meacutetodo de maceraccedilatildeo por sua natureza natildeo conduz ao esgotamento da
mateacuteria prima vegetal seja devido agrave saturaccedilatildeo do liacutequido extrator ou ao
estabelecimento de um equiliacutebrio difusional entre o meio extrator e o interior da
ceacutelula (VOIGT 2000) Desta forma para o meacutetodo de maceraccedilatildeo o rendimento foi de
1525 (3050g) Comparando este meacutetodo com os meacutetodos anteriormente
descritos o melhor rendimento da maceraccedilatildeo pode ser sugerido pela maior
influecircncia do tempo de interaccedilatildeo e difusatildeo drogasolvente o que natildeo foi observado
em meacutetodos que apenas utilizam o aumento da temperatura do solvente e
ultrassom
Meacutetodos extrativos dependem em grande parte dos fenocircmenos de difusatildeo
sendo que a agitaccedilatildeo pode influenciar na duraccedilatildeo do processo (MIGLIATO et al
2011) Baseados nesta ideia outros dois meacutetodos que empregam a agitaccedilatildeo tambeacutem
foram avaliados Um deles foi o refluxo onde ocorre o aquecimento da soluccedilatildeo ateacute agrave
ebuliccedilatildeo e o retorno dos vapores condensados para o balatildeo antes de serem
perdidas por evaporaccedilatildeo Este meacutetodo se mostrou mais eficiente com rendimento de
1775 (3550g) se comparado com as teacutecnicas anteriores Poreacutem foi observado
que o aquecimento ateacute a ebuliccedilatildeo e o refluxo do triturado durante 45min levaram a
reduccedilatildeo do tamanho das partiacuteculas que influenciou no processo de separaccedilatildeo da
soluccedilatildeo extrativa por filtraccedilatildeo Natildeo diferindo significativamente do meacutetodo de refluxo
(Plt005) a de maceraccedilatildeo dinacircmica foi o meacutetodo que apresentou o maior
rendimento 1862 (3725g)
Comparado com os outros meacutetodos podemos sugerir que sua vantagem
ocorreu pela influecircncia do agitador magneacutetico no equiliacutebrio difusional entre o meio
ULTRASSOM TURBOLISE INFUSAtildeO MACER REFLUXO MACER DIN0
1
2
3
4
Meacutetodo de extraccedilatildeo
Resiacuted
uo
seco
(g
)
160
extrator e o interior da ceacutelula assim como ruptura das membranas que aumentaram
a penetraccedilatildeo do solvente nos materiais celulares e consequentemente levaram o um
maior rendimento
543 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica por cromatografia de camada delgada
A prospecccedilatildeo fitoquiacutemica atraveacutes de cromatografia de camada delgada
(figura 52) demonstrou a presenccedila de flavonoides e taninos condensados em todos
os extratos avaliados
Figura 52 ndash Cromatogramas demonstrando a presenccedila de
flavonoides e taninos nos extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule
Hymenaea stiginocarpa obtidos a partir dos diferentes meacutetodos de
extraccedilatildeo
Placa A e B fase moacutevel EtOAc ndash HCOOH ndash ACOH ndash H2O (100111126 vv) revelador da placa A - Reagente de NEU revelador da placa B ndash Vanilina cloriacutedrica Amostras adicionadas A ndash astilbina (Padratildeo) Md ndash Extrato maceraccedilatildeo dinacircmica Me ndash Extrato maceraccedilatildeo estaacutetica (Maceraccedilatildeo) I ndash Extrato infusatildeo T ndash Extrato turbolise R ndash Extrato refluxo U ndash Extrato ultrassom e P ndash Padratildeo de epicatequina
544 Anaacutelise quantitativa dos compostos majoritaacuterios
Antes de considerar o emprego da metodologia para taninos totais os perfis
de absorccedilatildeo no UV-VIS para o padratildeo de aacutecido gaacutelico e as amostras foram
estabelecidos em espectrofotocircmetro na faixa de 400 a 900 nm apoacutes reaccedilatildeo com o
A B
161
reagente de Folin-Ciocalteu Os espectros estatildeo apresentados na figura 53 e
revelam grande similaridade entre a amostra e a substacircncia de referecircncia
confirmando a compatibilidade e permitindo eleger o comprimento de onda de 780
nm para leitura
Figura 53 - Espectro de varredura de ultravioleta do aacutecido gaacutelico e
do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa apoacutes reaccedilatildeo
com Folin-Ciocalteau
Um desenho fatorial do tipo 32 foi conduzido para determinaccedilatildeo da influecircncia
de paracircmetros reacionais mais importantes tal como o volume do reagente de Folin-
Ciocalteau a concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo de carbonato e o tempo de reaccedilatildeo sobre a
resposta do meacutetodo de doseamento (intensidade de absorccedilatildeo de 780 nm) e a
presenccedila de deslocamentos bato ou hipsocrocircmicos capazes de comprometer
significativamente o desempenho do procedimento
Os resultados demonstraram interferecircncia das variaacuteveis sobre a absorbacircncia
observada Para a resposta do meacutetodo de doseamento espectrofotomeacutetrico
(intensidade de absorvacircncia) os dados obtidos e apresentados na tabela 6 foram
analisados atraveacutes do graacutefico de paretos (figura 54)
nm
Linhas azul - aacutecido gaacutelico vermelha - Extrato hidroalcooacutelico
162
Tabela 6 - Matriz do experimental do desenho aplicado para avaliar a influecircncia da
quantidade de Folin-Ciocalteau concentraccedilatildeo de carbonato de soacutedio e tempo de
reaccedilatildeo sobre a absorbacircncia
Variaacutevel natural Variaacutevel codificada Resultados
Folin (mL)
Na2CO3 ()
Tempo (min)
Fator A Fator B Fator C Meacutedia DP CV
1 10 5 -1 -1 -1 0453 00040 001
3 10 5 1 -1 -1 0431 00060 001
1 20 5 -1 1 -1 0414 00055 001
3 20 5 1 1 -1 0422 00180 004
1 10 25 -1 -1 1 0501 00261 005
3 10 25 1 -1 1 0519 00031 001
1 20 25 -1 1 1 0485 00083 002
3 20 25 1 1 1 0503 00066 001
2 15 15 0 0 0 0487 00154 003
2 15 15 0 0 0 0475 00026 001
2 15 15 0 0 0 0488 00089 002
Variaacuteveis codificadas Fator A - Volume do reagente de Folin-Ciocalteau Fator B - Concentraccedilatildeo de Na2CO3 Fator C - Tempo de reaccedilatildeo DP ndash desvio padratildeo cv - Coeficiente de variaccedilatildeo
Figura 54 - Graacutefico de pareto para efeitos padronizados do fatorial 32
5943951
6638698
8595094
1261833
1627582
2724828
-433412
1570891
p=05
Standardized Effect Estimate (Absolute Value)
Replicat(1)
Replicat(2)
2by3
(1)Folin (mL)
1by2
1by3
(2)Na2CO3 ()
(3)Time (min)
163
O caacutelculo dos efeitos para fatores pelo graacutefico de Pareto (Figura 54)
possibilitou a observaccedilatildeo dos efeitos significativos e o seu tipo de influecircncia dobre a
resposta intensidade de absorvacircncia Considerando os termos significativos apenas
os fatores tempo e concentraccedilatildeo de carbonato de soacutedio foram significativos Natildeo foi
observada influecircncia importante para o volume do reagente de Folin-Ciocalteau
quando analisada isoladamente poreacutem houve interaccedilatildeo entre os fatores tempo e
volume de Folin-Ciocalteau
Ainda a respeito aos efeitos significativos o tempo apresentou contribuiccedilatildeo
positiva (+1570) ou seja a mudanccedila de niacutevel favorece a resposta estudada
Portanto o aumento do tempo incrementa a absorbacircncia lida Por outro lado a
concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo de carbonato de soacutedio exerceu influecircncia negativa Assim
o aumento da concentraccedilatildeo de carbonato reduz a resposta do procedimento
Com os paracircmetros determinados foi entatildeo avaliada a quantidade de agente
precipitante sobre o doseamento de taninos totais nas cascas do caule de
Hymenaea stigonocarpa
Foi avaliado o agente precipitante caseiacutena adicionado nas seguintes
quantidades 50 150 250 350 450 e 500 mg Os resultados foram expressos com a
meacutedia e desvio padratildeo A figura 55 mostra o efeito das quantidades de caseiacutena
sobre o teor de taninos totais
Figura 55 - Valores de absorbacircncia da fraccedilatildeo residual do
extrato de Hymenaea stigonocarpa em funccedilatildeo da
quantidade de caseiacutena
50 150
250
350
450
500
0
1
2
3
Caseiacutena (mg)
Teo
r d
e t
an
ino
s (
mg
g)
164
Em termos de precisatildeo intermediaacuteria os melhores resultados foram obtidos
para uma quantidade de no maacuteximo 4500 mg de caseiacutena (Tabela 7) Para
quantidades acima desse valor foram observados ausecircncia de variaccedilatildeo significativa
dos valores da absorvacircncia
Tabela 7 - Valores meacutedios da absorvacircncia (UA) obtidos para a fraccedilatildeo natildeo tanante apoacutes adiccedilatildeo de diferentes quantidades de caseiacutena durante anaacutelise (triplicata)
Quantidade de caseiacutena 1 2 3 MEacuteDIA DP CV
Sem caseiacutena 0559 0535 0538 0544 0013 0024
50mg 0424 0410 0399 0411 0013 0030
150mg 0376 0371 0385 0377 0007 0019
250mg 0320 0328 0330 0326 0005 0016
350mg 0272 0313 0318 0301 0025 0084
450mg 0275 0264 0269 0269 0006 0020
500mg 0254 0280 0264 0266 0013 0049
Repeticcedilotildees das avaliaccedilotildees das absorbacircncias 1 2 e 3 DP ndash desvio padratildeo cv - Coeficiente de variaccedilatildeo
5441 Determinaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento de polifenoacuteis totais por
espectofotometria apoacutes avaliaccedilatildeo das variaacuteveis analiacuteticas
Apoacutes a analise dos dados obtidos pelo estudo da otimizaccedilatildeo do meacutetodo de
doseamento de polifenoacuteis por espectrofotometria as variaacuteveis do meacutetodo
empregado foram volume de reagente de Folin-Ciocalteu 3 ml concentraccedilatildeo de
Carbonato de Soacutedio 10 (vv) e o tempo de reaccedilatildeo 25 minutos
Para obtenccedilatildeo da fraccedilatildeo natildeo tanante a quantidade do agente precipitante
utilizada foi de 450 mg sendo utilizada caseiacutena Merckreg purificada
5442 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de polifenois totais taninos e flavonoides
Apoacutes a avaliaccedilatildeo das variaacuteveis analiacuteticas e da determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo
residual da soluccedilatildeo extrativa das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa em
funccedilatildeo da quantidade de caseiacutena os teores de polifenois e taninos totais obtidos a
165
partir da diferentes meacutetodos de preparaccedilatildeo foram determinados e descritos na
tabela 8
Tabela 8 - Teor de polifenois taninos e flavonoides totais nos extratos
hidroalcooacutelicos de Hymenaea stigonocarpa obtidos a partir de diferentes meacutetodos
Aleacutem de polifenoacuteis e taninos totais o teor de flavonoides nos diferentes
extratos foi estimado a partir de CLAE-DAD Apoacutes a obtenccedilatildeo dos cromatogramas
dos diferentes extratos observou-se em todos eles a presenccedila de cinco picos que
foram chamados de A B C D e E (figura 56)
Os picos de A ateacute D foram identificados atraveacutes do espectro de UV com
dados da literatura (MABRY 1970) como flavonoides e assim o teor de flavonoides
totais em cada extrato foi obtido pela soma das aacutereas dos picos A B C e D atraveacutes
da equaccedilatildeo da reta
A aacuterea da banda E (TR 39-43) natildeo foi adicionada ao caacutelculo pois esta banda
estaacute relacionada agrave presenccedila de taninos condensados jaacute observados na anaacutelise por
CCD Esses taninos satildeo possivelmente catequinas polimeacutericas o que pode ser
sugerido devido ao aparecimento de deriva na linha de base e da formaccedilatildeo de
bandas caracteriacutesticas no cromatograma Apenas monoacutemeros e oligocircmeros ateacute o
tetracircmero de catequinas e proantocianidinas pode ser separado e detectado como
um pico definido (ANDERSEN MARKHAM 2006 PARK et al 2012)
Quanto ao teor de polifenois (figura 57) os extratos com maior concentraccedilatildeo
foram os obtidos por turbolise infusatildeo e maceraccedilatildeo dinacircmica com 686plusmn09
617plusmn015 e 660plusmn024 mg GAEg respectivamente natildeo havendo diferenccedila
significativa eles (Plt005) Um menor teor 543 plusmn 011 mg GAEg foi observado no
extrato obtido por maceraccedilatildeo o qual mostrou um rendimento significativo se
Extratos Polifenoacuteis totais Taninos Flavonoacuteides
Ultrassom (EU) 476 plusmn 008 140 plusmn 023 056 plusmn 005
Turbolise (ET) 686 plusmn 009 164 plusmn 027 058 plusmn 007
Infusatildeo (EI) 672 plusmn 014 175 plusmn 010 062 plusmn 003
Maceraccedilatildeo (EM) 543 plusmn 011 179 plusmn 014 060 plusmn 004
Refluxo (ER) 456 plusmn 041 164 plusmn 028 066 plusmn 006
Maceraccedilatildeo dinacircmica (EMD) 660 plusmn 024 176 plusmn 031 059 plusmn 003
166
comparado aos extratos obtidos por ultrassom e refluxo com 476 plusmn 009 e 456 plusmn
041 mg GAEg respectivamente que natildeo diferiram entre si (Plt005)
Figura 56 - Cromatograma obtido por CLAE-DAD dos diferentes extratos
hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
Extrato obtido por ultrassom (EU) Extrato obtido por turbolise (ET) Extrato obtido por infusatildeo (EI) Extrato obtido por maceraccedilatildeo (EM) Extrato obtido por refluxo (ER) e Extrato obtido por Maceraccedilatildeo dinacircmica (EMD) Espectro obtido por UV com padratildeo sugestivo de flavonoacuteides (A C and D) identificado como astilbina (B) e relacionado agrave catequinas polimeacutericas (E)
C D B
EU
ET
EI
EM
ER
EMD
D A B C E
D A B C E
D A B C E
D A B C E
D A B C E
D A B C E
Astilbina = pico B
Peak 6 100 at 3532 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1975
1931
2939
50 at 3520 min 99658
-50 at 3545 min 99665
Peak 7 100 at 3621 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1981
19102943
50 at 3609 min 99932
-50 at 3634 min 99902A Peak 4 100 at 2980 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1983
2902
50 at 2967 min 99984
-50 at 2993 min 99986
Peak 5 100 at 3139 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1984
1912 2905
50 at 3126 min 99977
-50 at 3152 min 99995
167
Figura 57 - Teor de polifenois totais dos extratos
hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
obtidos atraveacutes dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo
Tempos de extraccedilatildeo prolongados e temperatura elevada levam ao aumento
da possibilidade de oxidaccedilatildeo dos compostos fenoacutelicos o que diminuem o
rendimento de destes compostos nos extratos (DAIacute MUMPER 2010)
A reduccedilatildeo do rendimento de polifenois no meacutetodo de refluxo empregado em
nosso estudo onde o material vegetal tem contato com o solvente em temperatura
de ebuliccedilatildeo e na maceraccedilatildeo onde o contato material vegetal e solvente ocorre por
um periacuteodo de tempo estendido podem ser sugeridos pela ocorrecircncia de possiacutevel
oxidaccedilatildeo dos compostos fenoacutelicos
Uma das desvantagens do meacutetodo de extraccedilatildeo assistida por ultrassom eacute o
efeito deleteacuterio ocasional de energia de ultrassom (mais de 20 kHz) sobre os
constituintes ativos de plantas medicinais que pode levar a formaccedilatildeo de radicais
livres e consequentemente alteraccedilotildees indesejaacuteveis (TIWARI et al 2011) Aleacutem
disso um tempo de sonicaccedilatildeo prolongado (mais de 40 minutos) pode levar a
degradaccedilatildeo dos componentes ativos (ANNEGOWDA et al 2010) Desta forma a
ocorrecircncia destes efeitos pode ser sugerida para explicar o teor reduzido de
polifenois na extraccedilatildeo assistida por ultrassom
Os meacutetodos que obtiveram concentraccedilotildees estatisticamente semelhantes de
polifenois (turboacutelise infusatildeo e maceraccedilatildeo dinacircmica) parecem natildeo terem sofrido
degradaccedilatildeo de seus constituintes em decorrecircncia do tempo de extraccedilatildeo ou
temperatura de extraccedilatildeo Nessas amostras o processo ocorreu em no maacuteximo 60
minutos
TURBOLISE INFUSAtildeO MACER DIN MACER ULTRASOM REFLUXO
0
2
4
6
8
Meacutetodos de extraccedilatildeo
Po
life
no
is (
mg
GA
Eg
)
168
Quanto agrave temperatura podemos sugerir que a ocorrecircncia de temperatura de
ebuliccedilatildeo durante um periacuteodo prolongado eacute que parece induzir a degradaccedilatildeo de
polifenois dos extratos de Hymenaea stigonocarpa o que natildeo acontece no meacutetodo
de infusatildeo onde a temperatura de ebuliccedilatildeo soacute eacute alcanccedilada no inicio do processo
Diferente do que ocorreu na determinaccedilatildeo do teor de polifenois natildeo foram
observadas diferenccedilas significativas tanto em relaccedilatildeo ao teor de taninos quanto ao
de flavonoides Isso sugere que apesar da degradaccedilatildeo de alguns polifenois em
decorrecircncia do meacutetodo extrativo haacute uma ldquocompensaccedilatildeordquo entre a degradaccedilatildeo e
capacidade extrativa
Isso eacute evidenciado quando observamos alguns meacutetodos refluxo por
exemplo a pesar de degradaccedilatildeo motivada pelo aumento da temperatura esta
tambeacutem leva a uma maior capacidade extrativa Outro exemplo eacute a extraccedilatildeo
assistida por ultrassom que mesmo apresentando teores semelhantes aos outros eacute
o meacutetodo que apresenta o menor teor de absoluto de taninos e flavonoides Neste
caso o baixo rendimento de resiacuteduo seco motivado pela ineficiecircncia do ultrassom na
lise da parede celular eacute associado ao efeito da degradaccedilatildeo dos polifenois natildeo
levando a uma compensaccedilatildeo e consequentemente reduccedilatildeo do teor absoluto de
taninos e flavonoides
545 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana de H stigonocarpa Mart ex
Hayne
Com o objetivo de avaliar a influecircncia do meacutetodo de extraccedilatildeo sobre a
atividade antibacteriana do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa frente a diferentes cepas de Staphylococcus aureus foram
determinadas a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima e bactericida miacutenima dos extratos
obtidos
Staphylococcus aureus foi selecionado por ser o micro-organismo mais
susceptiacutevel ao extrato hidroalcooacutelico de acordo com estudos anteriores (DIMECH et
al 2013) Os valores das concentraccedilotildees inibitoacuterias e bactericidas miacutenimas natildeo
variaram quando correlacionadas as teacutecnicas de extraccedilatildeo utilizadas tabela 9
169
Tabela 9 - Valores da Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima e Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima dos extratos de Hymenaea stigonocarpa frente a cepas de bacteacuterias Gram positivas
CBM Concentraccedilatildeo bactericida miacutenima CIM concentaccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima OXAR Oxacilina com CIM ge 40microgmL OXA
S Oxacilina com CIM le 20microgmL
Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima Concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (microgmL)
Cepas de Staphylococcus aureus Refluxo Infusatildeo Ultrassom Turbolise Maceraccedilatildeo (estaacutetica)
Maceraccedilatildeo dinacircmica
Oxacilina (padratildeo)
Staphylococcus aureus ATCC 25923 250500 250250 250250 250250 250250 250500 01250250
Staphylococcus aureus AM 02 625125 625125 625125 625625 625625 625625 01250125
Staphylococcus aureus AM 04 500500 250500 500500 500500 500500 500500 01250250
Staphylococcus aureus AM 05 125250 250250 250250 250250 250500 250500 01250250
Staphylococcus aureus UFPEDA 01 500500 250500 250500 250500 250500 250500 01250250
Staphylococcus aureus AM 13 500500 500500 250250 250250 250500 250500 256512
Staphylococcus aureus IC 17 500500 500500 250500 250250 250500 250500 3264
Staphylococcus aureus AM 18 250250 250500 250500 250250 250500 500500 128256
Staphylococcus aureus AM 19 500500 250500 500500 500500 500500 250500 1632
Staphylococcus aureus AM 20 250250 250250 125250 250250 250500 250500 816
Staphylococcus aureus AM 21 250250 250250 125250 250250 250500 250500 1616
169
Estudos anteriores indicaram que os taninos satildeo os metaboacutelitos secundaacuterios
de Hymenaea stigonocarpa responsaacuteveis pela atividade antibacteriana (DIMECH et
al 2013) A seleccedilatildeo do meacutetodo extrativo mais eficiente foi baseada nos criteacuterios
atividade bioloacutegica frente agrave Staphylococcus aureus teor de taninos totais (metaboacutelito
secundaacuterio responsaacutevel pela accedilatildeo antibacteriana) e teor de resiacuteduo seco
Devido a natildeo terem ocorrido diferenccedilas significativas na atividade bioloacutegica e
no teor de taninos quando comparamos todos os extratos obtidos a partir dos
diferentes meacutetodos o teor de resiacuteduo seco foi o criteacuterio utilizado para determinar o
meacutetodo de maceraccedilatildeo dinacircmica como o melhor
546 Determinaccedilatildeo da atividade antifungica de H stigonocarpa Mart ex
Hayne
Aleacutem da accedilatildeo antibacteriana dos taninos observada em nosso estudo sabe-
se que eles podem apresentar atividade frente fungos Vasconcelos et al (2003)
descreve que os taninos apresentam a capacidade de inibir o crescimento de
espeacutecies de Candida devido a sua accedilatildeo na ceacutelula especialmente na membrana
celular precipitando proteiacutenas
Os dois principais agentes utilizados na terapia antifuacutengica satildeo a anfotericina
B um antibioacuteticos polienico e o fluconazol agente antifuacutengico pertencente a classe
dos azoacuteis Eles tecircm atividade especialmente contra C albicans No entanto jaacute
existem relatos de surgimento de algumas cepas de Candida albicans resistentes a
estes antifuacutengicos aleacutem disso estes apresentaram efeitos colaterais (HIRASAWA
TAKADA 2004)
Os principais mecanismos de desenvolvimento de resistecircncia das cepas em
relaccedilatildeo aos azoacuteis alteraccedilotildees no siacutetio alvo da droga (14 α-demetilase) impedindo a
sua inibiccedilatildeo que levaria a depleccedilatildeo do ergosterol e consequente formaccedilatildeo da
membrana plasmaacutetica com alteraccedilotildees na funccedilatildeo e estrutura alteraccedilatildeo na
biossiacutentese de esteroacuteis resultando na acumulaccedilatildeo de 14 α-metil fecosterol ao inveacutes
de ergosterol presenccedila de bombas de efluxo e Superexpressatildeo do siacutetio alvo (14 α-
demetilase) impedindo a reduccedilatildeo da siacutentese de ergosterol pela inibiccedilatildeo provocada
pelos azoacuteis (GHANNOUM RICE 1999)
Desta forma a descoberta de um agente antibioacutetico que seja eficaz e seguro
podem ser importantes para a erradicaccedilatildeo de ambas as cepas de Candida sensiacuteveis
e resistentes Existem vaacuterios relatos que mostram atividade antifuacutengica de produtos
170
171
naturais (RUKAYADI et al 2013 ADEME et al 2013 ALRAJHI et al 2013
SENHAJI et al 2013)
Alguns estudos realizados em espeacutecies do gecircnero Hymenaea relatam a
presenccedila de atividade antifuacutengica em diferentes extratos
Quanto agrave espeacutecie Hymenaea martiana os extratos aquoso etanoacutelico
butanoacutelico e hidroalcooacutelico da casca apresentam atividade frente agrave Cryptococcus
neoformans e C gatii com CIM entre 2 a 64 microgmL sendo as fraccedilotildees etanoacutelica e
hidroalcooacutelica as mais ativas Tambeacutem foi demonstrada a atividade da H martiana
frente agrave dermatoacutefitos (T rubrum T mentagrophytes M canis) sendo os menores
valores de CIM obtidos a partir das fraccedilotildees aquosa e butanoacutelica nas trecircs espeacutecies
estudadas Souza e colaboradores (2010)
Os valores das Concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas para o extrato
Hidroalcooacutelico e o fluconazol frente a diferentes cepas de Candida estatildeo
sumarizados na tabela 10
Tabela 10 - Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa obtido por maceraccedilatildeo dinacircmica frente a diferentes espeacutecies de
Candida
Micro-organismos Cepa Extrato
hidroalcooacutelico CIM (microgml)
FLU CIM (microgml)
Perfil sensibilidade
Candida parapsilosis ATCC 22019 250 80 S
Candida parapsilosis CP 4608 250 16 SD-D
Candida parapsilosis4889 125 20 S
Candida glabrata 6094 781 gt64 R
Candida krusei 5712 195 32 SD-D
Candida krusei 4263 195 64 R
Candida krusei 934 625 64 R
Candida tropicalis 4790 125 32 SD-D
Candida tropicalis ATCC 750 250 40 S
Candida albicans 6257 390 ND -
Candida albicans 4986 250 16 SD-D
Candida albicans 4606 250 20 S
Candida albicans 4990 250 gt64 R
CIM concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima FLU ndash Fluconazol ND Natildeo Determinado Perfil Sensiacutevel CIM le 80microgmL Sensibilidade dose-dependente 16 ndash 32 resistente CIM ge 640microgmL Extrato Hidroalcooacutelico obtido por maceraccedilatildeo dinacircmica
172
Quanto agrave atividade antifuacutengica foram empregadas cepas de diferentes perfis
de resistecircncia frente ao fluconazol
As espeacutecies que apresentaram as maiores sensibilidades de acordo com os
valores da CIM foram Candida krusei e Candida glabrata Segundo o CLSI M27-A3
(2008) os isolados de C krusei satildeo intrinsecamente resistentes ao fluconazol poreacutem
essas espeacutecies foram susceptiacuteveis ao extrato em valores ateacute cinco diluiccedilotildees
menores quando comparados agraves substacircncias de referecircncia
Aleacutem destas cepas o extrato mostrou atividade frente agrave cepa de Candida
albicans 6257 com CIM de 39 microgml como tambeacutem a Candida glabrata 6094 com
CIM de 781 microgml Com valores mais elevados da CIM mas ainda apresentando
uma consideraacutevel atividade foi observada a accedilatildeo do extrato frente agraves espeacutecies C
parapsilosis e C tropicalis com valores variando entre 125 e 250 microgml
A presente investigaccedilatildeo poreacutem representa um estudo preliminar para
atividade antifuacutengica e aponta para a necessidade de uma maior investigaccedilatildeo
bioloacutegica uma vez que Hymenaea stigonocarpa apresenta um grande potencial
farmacoloacutegico
173
55 CONCLUSOtildeES
Os resultados obtidos nos permitem concluir que a secagem do material
vegetal em estufa a 40degC durante 72h foi suficiente para obtenccedilatildeo de um triturado
com valor de perda por dissecaccedilatildeo (teor de umidade) dentro das especificaccedilotildees o
material vegetal obtido apoacutes a trituraccedilatildeo pocircde ser classificado como poacute grosso
Quanto ao rendimento de extrativos a teacutecnica que levou a obtenccedilatildeo do melhor
teor de resiacuteduo seco foi a de maceraccedilatildeo dinacircmica seguido por refluxo maceraccedilatildeo
infusatildeo turbolise e por fim extraccedilatildeo ultrassocircnica natildeo havendo diferenccedilas quanto agraves
classes de metaboacutelitos secundaacuterios identificados em funccedilatildeo do meacutetodo de extraccedilatildeo
empregado
A otimizaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento por Folin Ciocalteu para a
determinaccedilatildeo do teor de polifenois em Hymenaea stigonocarpa demonstrou que o
aumento do tempo de reaccedilatildeo da quantidade do reagente de Folin-Ciocalteu e a
adiccedilatildeo de 450mg de caseiacutena na complexaccedilatildeo com os polifenoacuteis satildeo as variaacuteveis da
metodologia de doseamento de polifenoacuteis que apresentaram contribuiccedilatildeo positiva
para o estudo
Quanto a atividade antimicrobiana natildeo houve diferenccedilas significativas nos
teores de taninos e flavonoides totais e na atividade frente a diferentes cepas de
Staphylococcus aureus em funccedilatildeo do meacutetodo de extraccedilatildeo utilizado O meacutetodo de
extraccedilatildeo mais eficiente de acordo com as variaacuteveis avaliadas foi a maceraccedilatildeo
dinacircmica devido ao maior teor de resiacuteduo seco obtido
A triagem do extrato hidroalcooacutelico obtido por maceraccedilatildeo para atividade
antifuacutengica demonstra que este extrato apresenta forte atividade frente a cepas de
Candida krusei e Candida glabrata
174
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6 IDENTIFICACcedilAtildeO DO FLAVONOacuteIDES PRESENTES NA FRACcedilAtildeO ACETATO DE
ETILA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa
61 INTRODUCcedilAtildeO
Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne o jatobaacute-do-cerrado apresenta
distribuiccedilatildeo homogecircnea e ocorre predominantemente em aacutereas de cerrado sendo
uma espeacutecie lenhosa tiacutepica deste bioma (PAIVA amp MACHADO 2006)
As suas cascas do caule satildeo amplamente utilizadas na medicina popular em
infusatildeo ou decocccedilatildeo para tratar a dor de estocircmago asma bronquite uacutelceras
diarreia gripe e tosse (GRANDI et al 1989 VILA-VERDE et al 2003 BIESKI et
al2012)
Estudos farmacoloacutegicos tem revelado que os extratos de Hymenaea
stigonocarpa apresentam vaacuterias atividades bioloacutegicas tais como antiulcerogecircnica
(GUIMARAtildeES 2009) inibitoacuteria sobre o crescimento das linhagens de ceacutelulas
tumorais H460 Colo 205 e U937 (BRASIL et al 2009) inibitoacuteria sobre a liberaccedilatildeo
induzida de histamina a partir de mastoacutecitos (FERREIRA 2011) antidiarreica
gastroprotetor e cicatrizante (ORSI 2012) antioxidante (MARANHAtildeO et al 2013) e
antibacteriana (DIMECH et al 2013)
Avaliaccedilotildees fitoquiacutemicas de Hymenaea stigonocarpa demonstram a presenccedila
de terpenos sesquiterpenos aacutecidos graxos flavonoacuteides e taninos metaboacutelitos
secundaacuterios reconhecidos por suas atividades bioloacutegicas (LANGENHEIM et al
1983 MATUDA amp NETTO 2005 ORSI et al 2012)
Quanto aos metaboacutelitos Hymenaea stigonocarpa mais ativos Dimech e
colaboradores (2013) descrevem que aqueles extratos e fraccedilotildees ricos em taninos
satildeo os mais ativos quanto agrave atividade antibacteriana Apesar destes apresentarem
em sua composiccedilatildeo taninos os flavonoides tambeacutem estatildeo presentes e apesar de
aparentemente natildeo influenciarem a na accedilatildeo antimicrobiana tem um grande
potencial farmacoloacutegico
Vaacuterios estudos demonstram as atividades farmacoloacutegicas jaacute atribuiacutedas aos
flavonoacuteides tais como antitromboacutetica (MILLS amp BONE 2000) anti-hipertensiva
(BLUMENTHAL 2003) antiespasmoacutedica (ROBBERS amp TYLER 2000) e antialeacutergica
(MILLS amp BONE 2000)
180
Esses efeitos estatildeo ligados agrave sua capacidade de atuar como antioxidantes e
sequestrantes de radicais livres quelando metais e interagindo com enzimas
receptores e membranas (BEHLING et al 2004)
Alguns flavonoacuteides jaacute identificados nas diferentes espeacutecies do gecircnero
Hymenaea A astilbina foi identificada na resina do tronco de Hymenaea parvifolia
(ISHIBASHI et al 1999) Pettit et al (2003) isolaram os flavonoacuteides luteolina
crisoeriol palstatina entre outros das folhas de Hymenaea palustre Lovato e Nunes
(2007) sugeriu que o extrato de acetato de etila da casca de Hymenaea
stigonocarpa conteacutem o flavonoacuteide astilbina Suzuki et al (2008) isolaram dois
flavonoacuteides do alburno de H courbaril a taxifolina e o fisetinidol e foram isolados no
alburno de Hymenaea stigonocarpa quatro flavonoides identificados como hultenina
taxifolina quercetina e 7-methoxcatequina (MARANHAtildeO et al 2013)
A anaacutelise da impressatildeo digital cromatograacutefica pode refletir o perfil quiacutemico e
tem sido amplamente aceita para avaliaccedilatildeo da qualidade e espeacutecies diferenciaccedilatildeo
(ZHANG 2012) Desta forma cromatogramas de extratos hidroalcooacutelicos da casca
do caule de Hymenaea stigonocarpa obtidos atraveacutes de CLAE-DAD por Dimech et
al (2013) sugerem a natureza polifenoacutelica desta parte da planta sugerindo a
presenccedila de catequinas polimeacutericas e relatando a partir da avaliaccedilatildeo por CCD
associada anaacutelise dos espectros de UV a presenccedila de substacircncias sugestivas de
flavonoacuteides
Com o desenvolvimento das teacutecnicas de analiacuteticas as impressotildees digitais
cromatograacuteficas que fornecem caracterizaccedilatildeo sisteacutemica de produtos agrave base de
plantas tecircm sido aceitas por muitos paiacuteses e organizaccedilotildees (LONG et al 2012)
Vaacuterios meacutetodos cromatograacuteficos tecircm sido amplamente utilizados para a
obtenccedilatildeo dessas impressotildees digitais tais como cromatografia em camada delgada
(CCD) cromatografia gasosa (CG) cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE) e
eletroforese capilar (EC) (ZHONG et al 2009 PENG et al 2011)
No entanto estes meacutetodos geralmente demandam periacuteodos de anaacutelises
longos Nos uacuteltimos anos a cromatografia liacutequida de ultrarraacutepida (UFLC) que
emprega partiacuteculas porosas submicromeacutetricas como fase estacionaacuteria tem sido
aplicada com ecircxito na raacutepida obtenccedilatildeo de perfis de produtos agrave base de plantas (OZ
2011) UFLC DAD demonstrou ser uma potente teacutecnica de impressatildeo digital
181
cromatograacutefica com as vantagens de tempo curto de anaacutelise de alta resoluccedilatildeo e um
bom desempenho de separaccedilatildeo (LONG et al 2012)
182
62 OBJETIVOS
O objetivo geral e os especiacuteficos deste estudo estatildeo descritos a seguir
621 OBJETIVO GERAL
Identificar os flavonoides presentes na fraccedilatildeo acetato de etila da casca do caule de
Hymenaea stigonocarpa atraveacutes de cromatografia liacutequida ultrarraacutepida associada a
espectrocircmetria de massas
622 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Determinar atraveacutes de Anaacutelise por cromatografia liquida ultrarraacutepida acoplada
a detector de arranjo de Diodos e espectrocircmetro de massas o perfil
cromatograacutefico e espectros de Ultravioleta (UV) do extrato acetato de etila
Sugerir atraveacutes das anaacutelises dos cromatogramas de UV dos espectros de
massas dados da literatura eou comparaccedilatildeo com o padratildeo astilbina os
flavonoides presentes na fraccedilatildeo acetato de etila
183
63 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A seguir estatildeo descritos os materiais e meacutetodos utilizados para a realizaccedilatildeo
deste estudo
631 AMOSTRAS
Fraccedilatildeo acetato de etila da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa obtida
atraveacutes do resiacuteduo seco do extrato hidroalcooacutelico (5g) particionada em aacutegua e
acetato de etila (11) e padratildeo de astilbina (98 de pureza Aktin Chemicals Inc
China)
632 SOLVENTES EMPREGADOS
Metanol (MeOH) grau HPLC (marca JT Baker) H2O deionizada (18mΩ Milli-
Q Millipore) foram utilizados como solventes Esses foram filtrados e
posteriormente desgaseificados em banho de ultrassom
633 SISTEMA CROMATOGRAFIA LIQUIDA ULTRARRAacutePIDA ACOPLADA A
DETECTOR DE ARRANJO DE DIODOS E ESPECTROcircMETRO DE MASSAS
(UFLC-DAD-EM)
A anaacutelise cromatograacutefica foi realizada em UFLC Shimadzureg Proeminence
equipado com bombas LC-20AD injetor automaacutetico modelo Sil-20A HT detector de
DAD SPD-M20A controlador CBM-20A forno para coluna CTO-20A
Aliacutequotas de 20μL das amostras (1mgml) foram injetadas via um auto injetor
com um fluxo de 10mL min em coluna analiacutetica CLC-ODS (C-18) Shimadzureg de
250 x 46 mm 5micro Os cromatogramas na regiatildeo de UV gerados pelo DAD foram
registrados em 200 a 700nm
Para a anaacutelise de massas o cromatoacutegrafo foi acoplado espectrocircmetro de
massas UltrOTOF (Bruker-daltonics Billarica USA) com ionizaccedilatildeo por IES com
monitoramento de iacuteons negativos e positivos
184
634 ANAacuteLISE POR UFLC-DAD-EM
As condiccedilotildees para UFLC-DAD foram obtidas usando um gradiente de eluiccedilatildeo
composto por aacutegua (bomba A) e MeOH (bomba B) (73) que variou de 0 min 30
B 15 min 30 B 30 min 40 B 40 min 60 B 45 min 100 B 50 min 100 B
51 min 30 B 65 min 30 B
Os cromatogramas gerados por espectro de massas foram registrados na
regiatildeo entre mz 50 e mz 1200 e os paracircmetros do espectrocircmetro de massas
listados a seguir foram mantidos os mesmos em todas as anaacutelises 1000 scans por
segundo intervalo entre espectros 2 segundos fluxo do gaacutes de secagem 80Lmin
temperatura do gaacutes de secagem 220degC pressatildeo do gaacutes de nebulizaccedilatildeo 4 bar
6341 Identificaccedilatildeo dos flavonoacuteides
Os picos cromatograacuteficos foram identificados com base em seus espectros no
UV massa acurada obtida para os iacuteons moleculares (moleacutecula protonada [M+H]+
eou moleacutecula desprotonada [M-H]-) em alta resoluccedilatildeo e tempos de retenccedilatildeo no
sistema utilizado
A utilizaccedilatildeo de cada tipo de dados obtidos e o procedimento para a
identificaccedilatildeo dos picos ocorreu conforme a necessidade As informaccedilotildees disponiacuteveis
na literatura e a obtenccedilatildeo de padrotildees no laboratoacuterio foram conduzidos
principalmente com base nos resultados de estudos fitoquiacutemicos anteriores de
Hymenaea stigonocarpa
Em estudo anterior apoacutes avaliaccedilatildeo atraveacutes de CLAE-DAD Dimech et al
(2013) sugeriu apoacutes a contaminaccedilatildeo do extrato avaliado com o padratildeo de Astilbina
onde um dos picos apresentou mesmo tempo de retenccedilatildeo aleacutem de aumento de sua
aacuterea e semelhanccedila quanto ao espectro de UV que um dos flavonoacuteides tratava-se da
astilbina
Deste modo alguns picos foram identificados por comparaccedilatildeo de tempos de
retenccedilatildeo e espectros de UV com os de padrotildees no caso a astilbina aleacutem de
posterior confirmaccedilatildeo pelas massas moleculares acuradas obtidas
Poreacutem outros soacute puderam ter sua identidade definida apoacutes anaacutelise e
comparaccedilatildeo pelas massas moleculares acuradas obtidas e espectro de UV com
aqueles jaacute relatados na literatura
185
No caso dos flavonoacuteides em que os espectros podem revelar o tipo de
flavonoacuteide (por exemplo flavona flavonol flavanona diidroflavonol chalcona) e agraves
vezes ateacute dar indiacutecios sobre o padratildeo de substituiccedilatildeo tambeacutem foram utilizados os
dados e discussotildees publicados por Gattuso et al (2006) Markham (1982) e Mabry
et al (1970)
186
64 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados que estatildeo apresentados na tabela 11 satildeo baseados nos
paracircmetros tempo de retenccedilatildeo espectro de UV espectro de massas dos iacuteons
moleculares desprotonados [M-H]- em dados da literatura e no tempo de retenccedilatildeo
do padratildeo astilbina Os picos A B C e D satildeo sugestivos de serem taxifolina (285
nm) astilbina (290 nm) engeletina (289 nm) e um estereoisocircmero da astilbina
(290nm) respectivamente
Tabela 11 - Dados cromatograacuteficos e espectrofotomeacutetricos dos componentes
identificados no cromatograma da fraccedilatildeo acetato de etila de Hymenaea
stigonocarpa
Pico Tempo de retenccedilatildeo
λmax (nm) [M-H]- (mz) Foacutermula Estrutura proposta
A 505 min 285 nm 3030878 C15H12O7 Taxifolina
B 507 min 290 nm 4491106 C21H22O11 Astilbina
C 510 min 289 nm 4331154 C21H22O10 Engeletina
D 516 min 290 nm 4491132 C21H22O11 Estereoisocircmero
de astilbina
Todos os picos apresentaram nos espectros de UV uma banda com absorccedilatildeo
maacutexima em torno de 198nm (capiacutetulo II) e um ombro com maacuteximo proacuteximo a 290nm
sinais caracteriacutesticos de flavanonois (MARKHAM 1982)
A massa molecular obtida para o composto representado pelo pico A de
tempo de retenccedilatildeo 505 min eacute similar com a massa no modo de ionizaccedilatildeo negativa
[M-H]- calculada para a taxifolina de formula molecular C15H12O7 de 3030878 mz
(figura 1) compatiacuteveis com valores descritos na literatura para taxifolina (Zhang et al
2013)
187
Figura 58 - Espectro de Ultravioleta e espectro de massa do pico A obtido
compatiacutevel com taxifolina
(1) Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 280nm espectro compatiacutevel com flavononoacuteis (MARKHAM 1982) (2) Massa do pico A no modo de ionizaccedilatildeo negativa sugestivo de taxifolina [M-H]
- 3030878
1
1
2
188
Dados obtidos anteriormente (capitulo II) sugerem ser astilbina um dos
flavonoacuteides presentes na casca do caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes
avaliaccedilatildeo por CCD e HPLC-DAD onde os tempos de retenccedilatildeo e o espectro de UV
foram idecircnticos apoacutes contaminaccedilatildeo da amostra com o padratildeo astilbina
A comparaccedilatildeo dos cromatogramas obtidos apoacutes anaacutelise com UFLC-DAD a
partir da fraccedilatildeo acetato de etila e do padratildeo astilbina confirmam esses resultados
sugerindo fortemente a presenccedila de astilbina desta fraccedilatildeo
Para a atribuiccedilatildeo da astilbina como sendo a substacircncia representada pelo
pico B (figura 3) foram comparados tempo de retenccedilatildeo (509 min) espectro de UV
(λmax 290 nm) e espectro de massas deste pico aos do padratildeo de astilbina
(C21H22O11) um flavanonol de massa molecular obtida no modo de ionizaccedilatildeo
negativa [M-H] de valor 4491132 (figura 2)
Aleacutem da semelhanccedila entre as variaacuteveis tempo de retenccedilatildeo (507 min) e
espectro de UV (λmax 290 nm) o valor da massa molecular obtida no modo de
ionizaccedilatildeo negativa [M-H]- para o pico B da fraccedilatildeo acetato de etila foi de valor
4491106 valor compatiacutevel com a astilbina
Os λmax do espectro de UV e massa no modo de ionizaccedilatildeo negativa para o
pico D tambeacutem satildeo similares aos apresentados pelo padratildeo astilbina e pico B (figura
5) todos apresentam um ombro com λmax proacuteximo a 290nm e massa molecular
compatiacutevel com o padratildeo astilbina C21H22O11 [M-H]- 4491125 Devido a diferenccedilas
no tempo de retenccedilatildeo deste pico D em relaccedilatildeo ao pico B e ao padratildeo de astilbina
utilizado sugerimos ser este um estereoisocircmero da astilbina
Quanto ao pico C (figura 4) a massa molecular obtida estaacute em conformidade
com a massa exata calculada para engeletina (C21H22O10) no modo de ionizaccedilatildeo
negativa [M-H]-- 4331154 sendo tambeacutem o espectro de UV apresentando ombro
com λmax proacuteximo a 290nm compatiacutevel com valores descritos na literatura para
engeletina (ZHANG et al 2013 MABRY et al 1970)
Os flavonoacuteides relatados neste trabalho jaacute foram descritos em espeacutecies do
gecircnero Hymenaea e em todos os casos satildeo atribuiacutedas atividades bioloacutegicas a estas
substacircncias A taxifolina foi identificada no alburno de Hymenaea courbaril (SUZUKI
et al 2008) sendo descrita por apresentar atividade antioxidante Aleacutem disso
tambeacutem foi identificada no alburno de Hymenaea stigonocarpa (MARANHAtildeO et al
2013) apresentando atividade antitermitica frente agrave Nasutitermes corniger
189
Figura 59 - Espectro de UV e de massas dos iacuteons moleculares desprotonados do
padratildeo astilbina
(1) Espectro de UV com ombro de absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 290nm e espectro de massas do no modo de ionizaccedilatildeo negativa [M-H]
- mz 4491132
1
2
190
Figura 60 - Espectro de UV e de massas do pico B compatiacutevel com a astilbina
(padratildeo)
(1)Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 290nm (2) Massa do pico B no modo de ionizaccedilatildeo negativa com o padratildeo de astilbina [M-H]
- 4491132
1
2
191
Figura 61 - Espectro de UV e de massas do pico C compatiacutevel com o flavanonol
engeletina
(1) Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 293 nm compatiacutevel com flavononoacuteis (MABRY et al 1970) (2) Massa do pico C no modo de ionizaccedilatildeo negativa sugestivo de engeletina [M-H]
- 4331154
1
2
192
Figura 62 - Espectro de UV e de massas do pico D compatiacutevel com
estereoisocircmero da astilbina
(1) Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 290nm (2) Massa do pico D no modo de ionizaccedilatildeo negativa com o padratildeo de astilbina [M-H]
- 4491132 e pico A [M-H]
-
4491106
1
2
193
A engeletina assim como a astilbina foram identificada no extrato etanoacutelico da
casca de Hymenaea martiana (CARNEIRO et al 1993) apresentando resposta
antagocircnica a accedilatildeo de bradicinina (BK) no musculo liso uterino de ratas inibindo
assim as contraccedilotildees
A presenccedila do flavononol astilbina aleacutem de ser observada na casca de H
martiana (CARNEIRO et al 1993) como descrito anteriormente tambeacutem foi
relatada na resina do tronco da espeacutecie H parvifolia (ISHIBASHI et al1999) onde foi
descrita a ocorrecircncia de um estereoisocircmero da astilbina a neoastilbina que juntos
apresentaram efeitos inibitoacuterios sobre a caseiacutena quinase II (CK-II) de forma dose-
dependente
A presenccedila de astilbina foi tambeacutem relatada em Hymenaea stigonocarpa
onde Lovato e Nunes (2007) isolaram este flavonoacuteide e o sugeriram por comparaccedilatildeo
do espectro de infravermelho com amostra autecircntica a sua presenccedila
Os dados obtidos por cromatografia liacutequida ultrarraacutepida espectros de massas
e a utilizaccedilatildeo do padratildeo astilbina associados aos relatos da ocorrecircncia desses
flavonoacuteides em diversas espeacutecies do gecircnero Hymenaea sugerem fortemente a
presenccedila de astilbina e um estereoisocircmero taxifolina e engeletina na fraccedilatildeo acetato
de etila da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa sendo este o primeiro relato
da ocorrecircncia de taxifolina engeletina e de um estereoisomero de astilbina
194
65 CONCLUSOtildeES
Os resultados obtidos permitem constatar que o cromatograma obtido por
UFLC-DAD-EM no modo de ionizaccedilatildeo negativa apresenta valores de espectro de
massas e UV caracteriacutesticos de quatro flavonoacuteides com diferentes tempos de
retenccedilatildeo (Picos A B C e D) Uma dessas substacircncias (pico A) apresenta massa
molecular obtida em conformidade com a massa no modo de ionizaccedilatildeo negativa
calculada para a taxifolina e com dados da literatura
Jaacute o pico B apresenta tempo de retenccedilatildeo dados de espectro de UV e de
massas similares ao padratildeo astilbina utilizado dados que sugerem fortemente ser
este o flavonoide astilbina
O pico C apresenta massa molecular obtida em conformidade com a massa
no modo de ionizaccedilatildeo negativa calculada para a engeletina e com dados da
literatura Como tambeacutem o pico D apresenta as mesmas caracteriacutesticas do espectro
de UV e de massas que o pico B e do padratildeo apresentando poreacutem tempo de
retenccedilatildeo diferente dados que sugerem ser este um estereoisocircmero da astilbina
195
REFEREcircNCIAS BATISTA A G ESTEVES E A DESSIMONI-PINTO N A V OLIVEIRA L G PIRES S T SANTANA R C ldquoChemical composition of jatobaacute-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart) flour and its effect on growth of ratsrdquo Alimentos e Nutriccedilatildeo Araraquara n 2 p173-180 2011 BEHLING E V SENDAtildeO M C FRANCESCATO H D C ANTUNES L M G BIANCHI M L P Flavonoacuteide quercetina aspectos gerais e accedilotildees bioloacutegicas Alimentos e Nutriccedilatildeo Araraquara Vol 15 No 3 2004 BIESKI G C SANTOS F R OLIVEIRA R M ESPINOSA M M MACEDO M ALBUQUERQUE U P MARTINS D T O ldquoEthnopharmacology of Medicinal Plants of the Pantanal Region (Mato Grosso Brazil)rdquo Evidence-based Complementary and Alternative Medicine n 2012 p1-36 2012 BLUMENTHAL M The ABC Clinical Guide to Herbs Austin American Botanical Council p239 2003 BRASIL T R ANDREAtildeO P S S MIRANDA P C M L GIACOMINI R A BORGES F V KANASHIRO M M avaliaccedilatildeo in vitro da atividade citotoacutexica frente a ceacutelulas tumorais humanas decompostos isolados do epicarpo de Hymenaea stigonocarpa In CONFICT - Congresso Fluminense de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica UENF Rio de Janeiro 2009 CARNEIRO E CALIXTO J B MONACHE F D YUNES R A Isolation Chemical Identification and Pharmacological Evaluation of Eucryphin Astilbin and Engelitin Obtained from the Bark of Hymenaea martiana Pharmaceutical Biology v31 n1 p 38-46 1993 DIMECH G S SOARES L A L FERREIRA M A DE OLIVEIRA A G V CARVALHO M D C amp XIMENES E A Phytochemical and Antibacterial Investigations of the Extracts and Fractions from the Stem Bark of Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne and Effect on Ultrastructure of Staphylococcus aureus Induced by Hydroalcoholic Extract The Scientific World Journal p1ndash8 2013 FERREIRA T L 2011 Prospecccedilatildeo de inibidores da secreccedilatildeo de histamina a partir de espeacutecies vegetais do Cerrado e da Mata Atlacircntica81p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) - Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Estadual Paulista Botucatu GRANDI T S M TRINDADE J A PINTO M J F FERREIRA L L CATELLA A C ldquoPlantas medicinais de Minas Gerais Brasilrdquo Acta Botanica Brasilica n3 p185-2241989 GUIMARAtildeES M A F PIRES R A LIMA J C S MARTINS D T O Avaliaccedilatildeo da atividade antiulcerogecircnica de Hymenaea stigonocarpa (Mart) Hayne (Caesalpinaceae) In IV simpoacutesio ibero-americano de plantas medicinais Cuiabaacute 2009
196
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197
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2
GUSTAVO SANTIAGO DIMECH
ESTUDO FITOQUIacuteMICO E ANTIMICROBIANO DA CASCA DO CAULE DE
HYMENAEA STIGONOCARPA MART EX HAYNE (JATOBAacute)
Tese submetida ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em Ciecircncias Farmacecircuticas
Aprovada em 19032014
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________________ Profa Dra Eulaacutelia Camelo Pessoa de Azevedo Ximenes (Orientador)
Universidade Federal de Pernambuco
___________________________________________________________________ Profa Dra Mocircnica Camelo Pessoa de Azevedo Albuquerque (Examinadora Interna)
Universidade Federal de Pernambuco
______________________________________________________________ Prof Dr Sebastiatildeo Joseacute de Melo (Examinador Interno)
Universidade Federal de Pernambuco
______________________________________________________________ Profa Dra Ana Catarina de Souza Lopes (Examinadora Externa)
Universidade Federal de Pernambuco
______________________________________________________________ Profa Dra Glaucia Manoella de Souza Lima (Examinadora Externa)
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof Dr Aniacutesio Brasileiro de Freitas Dourado
VICE-REITOR
Prof DrSiacutelvio Romero de Barros Marques
PROacute-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
Prof Dr Francisco de Sousa Ramos
DIRETOR DO CENTRO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE
Prof Dr Nicodemos Teles de Pontes Filho
VICE-DIRETOR DO CENTRO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE
Profa Dra Vacircnia Pinheiro Ramos
CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FARMACEcircUTICAS
Prof Dr Antocircnio Rodolfo de Faria
VICE- CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FARMACEcircUTICAS
Prof Dr Dalci Joseacute Brondani
COORDENADOR DO PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS
FARMACEcircUTICAS
Prof Dra Almir Gonccedilalves Wanderley
VICE-COORDENADORA DO PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS
FARMACEcircUTICAS
Profa Dra Ana Cristina Lima Leite
4
Dedico este trabalho aos professores Salvador e Naacutegela Dimech meus pais
Por sempre me ensinarem o valor da educaccedilatildeo
A minha esposa Alba e minha filha Bruna
Para que eu possa servir de exemplo
5
AGRADECIMENTOS
A Deus por sempre guiar meus passos mostrando os verdadeiros valores que
devem estar presentes na caminhada
A meus pais Salvador (In memorian) e Naacutegela meus primeiros educadores
responsaacuteveis pela minha formaccedilatildeo como pessoa
A minha esposa Alba Dimech por todo companheirismo paciecircncia e amor estando
sempre do meu lado e ajudando a superar todas as dificuldades durante esta
jornada
A minha filha Bruna Dimech por sempre proporcionar os melhores momentos da
minha vida
A minha orientadora Eulalia Ximenes por aleacutem de cumprir a sua vocaccedilatildeo como
educadora demonstar sempre amizade simpatia e um carinho a todos os seus
alunos Sua presenccedila e apoio nos momentos tristes e alegres nunca seratildeo
esquecidos
Aos professores Haroudo Saacutetiro Xavier e Alexandre Goacutees pela simpatia amizade e
suas sempre importantiacutessimas colocaccedilotildees
A equipe do Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco principalmente a Dra Ana luiacuteza Du Bocage Neta Dra Bernadete costa
e a Dra Rita de Caacutessia Arauacutejo Pereira
Ao professor Sebastiatildeo Melo pelo auxilio na tarefa de identificaccedilatildeo dos flavonoides
assim como ao professor Norberto Peporine Lopes
Ao Professor Joaacutes Lucas da Silva pela disponibilidade e ajuda na realizaccedilatildeo da
microscopia eletrocircnica na USP Satildeo Paulo
Aos professores Pedro Rolim e Terezinha Gonccedilalves e Miracy Muniz pela permissatildeo
da utilizaccedilatildeo dos equipamentos em seus laboratoacuterios
As professoras Elba Lucia Cavalcanti Amorim e Claudia Sampaio minhas
orientadoras na iniciaccedilatildeo cientiacutefica e ao professor Almir Wanderley que muito
contribuiram para minha formaccedilatildeo acadecircmica
Ao Professor Luiz Alberto Lira Soares Magda Ferreira e as professoras Karina
Randau e Rejane Pimentel pelo auxilio na execuccedilatildeo deste trabalho
Aos amigos de laboratoacuterio Amanda Lucas Tiago Leacuteo Renata George
Emmanuelle Fabio Kewdma e Tacilene
6
Ao Sr Joseacute Ney e seu filho Helson Neves donos da fazenda Saco na cidade de Jati-
CE e a Miro Ao contrario do que torciacuteamos tinha em suas terras uma espeacutecie
jatobaacute diferente da estudada neste trabalho poreacutem sou grato por toda a atenccedilatildeo
Ao Sr Antocircnio Severino de Paula dono fazenda Refuacutegio na cidade de Camocim de
Satildeo Feacutelix-PE ao Sr Elisiario Souza ao meu sogro Sr Luiz Carlos Serafim e ao Sr
Cacai pelo auxiacutelio na localizaccedilatildeo e coleta da amostra de Hymenaea stigonocarpa
utilizada neste estudo
A minha tia Conceiccedilatildeo Alencar pelo apoio que fez toda a diferenccedila durante a
execuccedilatildeo deste trabalho
Aos velhos amigos Carlos Fernando Brasileiro e Eduardo Gonccedilalves (BRASA E
DUDA) por serem os grandes responsaacuteveis por plantar a ideacuteia da realizaccedilatildeo desse
Doutorado
Aos novos amigos Gibson Gomes Antocircnio Pereira e Isla Bastos por serem grandes
companheiros de bancada durante a execuccedilatildeo deste trabalho
Aos colegas da Universidade Federal Rural de Pernambuco Neves Luana
Rivonilda Eroacutetildes Reginete Walter Arlindo Erica e vaacuterios outros por todo apoio
Ao Professor Jurandi David Da Silva Farmacecircutico que me ensinou os primeiros
ldquosegredosrdquo da Microbiologia Cliacutenica
Ao Laboratoacuterio de Anaacutelises Cliacutenicas e a Comissatildeo de Controle de Infecccedilatildeo
Hospitalar do Hospital Aeronaacuteutica de Recife casa onde iniciei na arte da
microbiologia Cliacutenica
7
Eacute vocecirc olhar no espelho Se sentir Um grandessiacutessimo idiota Saber que eacute humano Ridiacuteculo limitado Que soacute usa dez por cento De sua cabeccedila animal
E vocecirc ainda acredita Que eacute um doutor Padre ou policial Que estaacute contribuindo Com sua parte Para o nosso belo Quadro social
Ouro de tolo ndash Raul Seixas
Ainda que eu tivesse
o dom da profecia e
conhecesse todos os
misteacuterios e toda a
ciecircncia se natildeo
tivesse amor nada
seria
Corintios 13-2
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Aacutervore Hymenaea stigonocarpa com cerca de 20 metros de altura 27
Figura 2 - Casca do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 28
Figura 3 - Folhas de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 28
Figura 4 - Inflorescecircncia do jatobaacute do cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne)
29
Figura 5 - Vista frontal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 29
Figura 6 - Seccedilatildeo transversal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
30
Figura 7 - Seccedilatildeo longitudinal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
30
Figura 8 - Aspectos da semente de Hymenaea stigonocarpa Martex Hayne 31
Figura 9 - Aacutecido copaacutelico isolado da resina de H courbaril 32
Figura 10 - Terpeno labd-13-em-ol 15-oato de metila isolado de H courbaril 32
Figura 11 - Terpenos isolados da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo de Campinas
33
Figura 12 - Principais constituintes das resinas encontradas nas folhas da Hymenaea courbaril cariofileno (1) β-selineno (2) e α-selineno (3) 33 Figura 13 - Constituintes encontrados em menor escala das resinas das folhas da Hymenaea courbaril alfa-cubebeno (1) α-copaeno (2) beta-copaeno (3) alfa e beta-hemuleno (4a e 4b) γ-muroleno (5) delta-cadineno (6) e copacanfeno (7)
34
Figura 14 - Composto diterpecircnico identificado na resina proveniente da casca do fruto da Hymenaea courbaril aacutecido enatio-8(17)13(16)14-labdatrien-18-oico
34
Figura 15 - Compostos sesquiterpecircnicos identificados na resina proveniente da casca do fruto da Hymenaea courbaril ciclosativeno (1) β-bourbuneno (2) cariofileno (3) calareno (4) hemuleno22 Selina-4(14)-7-dieno (5) α-himacaleno (6) α-muroleno (7) 35
Figura 16 - Estruturas dos sesquiterpenos isolados das folhas de H courbaril b-cariofileno (1) e γ-muroleno (2) 36 Figura 17 - Estruturas dos diterpenos isolados das folhas e galhos de H courbaril aacutecido (13R)-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (1) aacutecido (2S13R)-213-dihidroxi-1(10)-14-ent-halimadien-18-oico (2) e aacutecido (13R)-2-oxo-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (3) 36 Figura 18 - Estruturas dos diterpenos isolados das sementes de H courbaril aacutecido (5R8S9S10R)-cleroda-313E-dien-15-oico (1) e aacutecido (5S8S9S10R)-cleroda-313E-dien-15-oico (2) 37 Figura 19 - Principais constituintes da fraccedilatildeo aacutecida da resina do tronco da Hymenaea oblongifolia aacutecido enantio-pinifoacutelico (aacutecido enantio-labd-8(20-em-1518 dioacuteico) (1) e o aacutecido guamaacuteico (aacutecido enantio-labd-8(20)13-dien-1518 dioico (2) oblongifolia 38 Figura 20 - Esqueletos estruturais do tipo laacutebdano (1) e abietano (2) e pimarano (3) da resina de Hymenaea stigonocarpa 39
9
Figura 21 - sesquiterpenos isolados da fraccedilatildeo neutra das folhas de H stigonocarpa a-copaeno (1) espatulenol (2) e oacutexido de cariofileno (3)
40 Figura 22 - Diterpenos majoritaacuterios isolados da fraccedilatildeo aacutecida das folhas de H stigonocarpa caur-16-en-19-ato de metila (4) caur-15-en-19-ato de metila (5) ozato de metila (6) e isoozato de metila (7) 40 Figura 23 - Estrutura do aacutecido enantio-13-epilabdanoacuteico isolada de H parvifolia 41
Figura 24 - Estrutura da Astilbina 42
Figura 25 - Estruturas de flavonoacuteides isolados das folhas de H palustres luteolina (1) crisoeriol (2) e palstatina (3) 42
Figura 26 - Estruturas dos flavonoacuteides isolados do cerne de H courbaril taxifolina (1) e o fisetinidol (2) 43
Figura 27 - Estruturas das cumarinas isoladas das sementes de H courbaril ipomopsina (1) e hymenaina (2) 44
Figura 28 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do local de coleta das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 69
Figura 29 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do suacuteber corada com safranina e azul de astra 79
Figura 30 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do suacuteber felogecircnio feloderma e parecircnquima cortical corados com safranina e azul de astra 80
Figura 31 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando parecircnquima cortical esclerecircnquima e floema corados com safranina e azul de Astra 80 Figura 32 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com dicromato de potaacutessio para visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos fenoacutelicos 81 Figura 33 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo jovem de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos 82
Figura 34 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos 83
Figura 35 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo da presenccedila de monoterpenos e sesquiterpenos 84
Figura 36 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de triterpenos e esteroides 85
Figura 37 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
86
Figura 38 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de accedilucares
87
Figura 39 - Cromatograma do extrato etanoacutelico (B) para avaliaccedilatildeo de taninos hidrolisados
88
10
Figura 40 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de taninos condensados
89
Figura 41 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
90
Figura 42 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo aquosa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
91
Figura 43 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo acetato de etila para avaliaccedilatildeo de taninos
92
Figura 44 - Cromatogramas obtidos por CLAEndashDAD de diferentes extratos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
94
Figura 45 - Imagens da microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus ATCC-33591 tratada com diferentes concentraccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico de H Stigonocarpa
100
Figura 46 - Representaccedilatildeo do meacutetodo do tabuleiro de xadrez 121
Figura 47 - Isobolograma revelando o efeito sineacutergico do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa quando associado agrave oxacilina frente agrave Staphylococcus aureus AM24 129 Figura 48 - Microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus AM 24 submetida a tratamento com oxacilina e o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa 131
Figura 49 - Histograma de distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica do triturado da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa 153
Figura 50 - Curvas de retenccedilatildeo e passagem da amostra de casca do caule de Hymenaea stigonocarpa 154
Figura 51 - Teor dos resiacuteduos secos obtidos atraveacutes dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo 159 Figura 52 ndash Cromatogramas demonstrando a da presenccedila de flavonoides e taninos nos extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule Hymenaea stiginocarpa obtidos a partir dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo 160
Figura 53 - Espectro de varredura do aacutecido gaacutelico e do extrato de Hymenaea stigonocarpa apoacutes reaccedilatildeo com Folin-Ciocalteau 161
Figura 54 - Graacutefico de pareto para efeitos padronizados do fatorial 32 162
Figura 55 - Valores de absorvacircncia da fraccedilatildeo residual do extrato de Hymenaea stigonocarpa em funccedilatildeo da quantidade de caseiacutena 163
Figura 56 - Cromatograma obtido por CLAE-DAD dos diferentes extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
166
Figura 57 - Teor de polifenois totais dos extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa obtidos atraveacutes dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo 167
Figura 58 - Espectro de Ultravioleta e espectro de massa do pico A obtido compatiacutevel com taxifolina 187
11
Figura 59 - Espectro de UV e de massas dos iacuteons moleculares desprotonados do padratildeo astilbina 189
Figura 60 - Espectro de UV e de massas do pico B compatiacutevel com a astilbina (padratildeo) 190 Figura 61 - Espectro de UV e de massas do pico C compatiacutevel com o flavanonol engeletina 191 Figura 62 - Espectro de UV e de massas do pico D compatiacutevel com estereoisocircmero da astilbina 192
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Conteuacutedo de polifenois e taninos totais dos diferentes extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa 93
Tabela 2 - Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima dos extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa frente a cocos Gram-positivos 97 Tabela 3 - CIM e CBM do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa e de agentes antimicrobianos frente cepas de Staphylococcus aureus com diferentes perfis de resistecircncia 125 Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo da associaccedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaeae stigonocarpa com agentes antimicrobianos frente a cepas de Staphylococcus aureus multidroga resistes 127
Tabela 5 - Resultados dos ensaios de perda por dessecaccedilatildeo teor de extrativos e cinzas totais das amostras de Hymenaea stigonocarpa
156 Tabela 6 - Matriz do experimental do desenho aplicado para avaliar a influecircncia da quantidade de Folin concentraccedilatildeo de Carbonato e tempo de leitura sobre a resposta do meacutetodo em absorbacircncia 162
Tabela 7 - Valores meacutedios da absorvacircncia (UA) e CV obtidos para a fraccedilatildeo natildeo tanante com caseiacutena durante anaacutelise em triplicata 164 Tabela 8 - Teor de polifenois taninos e flavonoides totais nos extratos hidroalcooacutelocos de Hymenaea stigonocarpa obtidos a partir de diferentes meacutetodos 165 Tabela 9 - Valores da Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima e Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima dos extratos de Hymenaea stigonocarpa frente a cepas de bacteacuterias Gram positivas 169 Tabela 10 - Valores da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa obtido por maceraccedilatildeo frente a diferentes espeacutecies de Candida 171 Tabela 11 - Dados cromatograacuteficos e espectrofotomeacutetricos dos componentes identificados no cromatograma da fraccedilatildeo acetato de etila de Hymenaea stigonocarpa 186
13
RESUMO
A raacutepida disseminaccedilatildeo dos micro-organismos multidroga resistentes induz a pesquisa por novos agentes antimicrobianos mais ativos e menos toacutexicos Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne (Fabaceae) eacute uma planta medicinal de principal ocorrecircncia no cerrado brasileiro e conhecida popularmente como Jatobaacute-do-cerrado As cascas do seu caule satildeo amplamente utilizadas em infusatildeo ou decocccedilatildeo para tratar dor de estocircmago asma bronquite uacutelceras diarreacuteia gripe e tosse Entretanto estudos fitoquiacutemicos e antimicrobianos ainda natildeo satildeo escassos O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antimicrobiana de diferentes extratos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa atraveacutes da determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima e bactericida miacutenima realizar a caracterizaccedilatildeo botacircnica e fitoquiacutemica por cromatografia de camada delgada e cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia e determinar as concentraccedilotildees dos metaboacutelitos secundaacuterios responsaacuteveis pela sua atividade e sua atividade frente a diferentes espeacutecies de Candida Aleacutem disso foi parte deste estudo a avaliaccedilatildeo da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa e agentes antimicrobianos de diferentes classes quiacutemicas a determinaccedilatildeo das alteraccedilotildees ultraestruturais decorrentes da accedilatildeo deste extrato em associaccedilatildeo bem como a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica das cascas do caule apoacutes coleta secagem e trituraccedilatildeo Este trabalho tambeacutem avaliou a influecircncia do meacutetodo de extraccedilatildeo sobre as seguintes variaacuteveis resiacuteduo seco atividade antbacteriana e concentraccedilatildeo de taninos Staphylococcus aureus mostrou ser o micro-organismo mais sensiacutevel a accedilatildeo dos extratos Tambeacutem foi observada uma forte atividade frentes as espeacutecies Candida krusei e Candida glabrata e uma atividade moderada frente as bacteacuterias Gram negativas A anaacutelise ultraestrutural deste micro-organismo demonstrou alteraccedilotildees na parede celular bem como no citoplasma decorrentes da accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico A associaccedilatildeo com agentes antimicrobianos resultou na maior parte das vezes em um efeito sineacutergico revertendo a multirresistecircncia de algumas cepas de Staphylococcus aureus meticilina resistentes O meacutetodos de extraccedilatildeo natildeo influecircnciaram a concentraccedilatildeo final de taninos assim como a atividade antibacteriana Entretanto houve diferenccedilas quanto ao resiacuteduo seco sendo esta a variavel utilizada para classificar a maceraccedilatildeo dinacircmica como o meacutetodo mais eficaz Quanto a presenccedila flavonoacuteides apoacutes fracionamento e anaacutelise por cromatografia liacutequida ultra raacutepida acoplada ao espectrocircmetro de massas fortes evidecircncias indicam a presenccedila de engeletina taxifolina astilbina e um diasteroisocircmero da astilbina Assim concluimos que o extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa tem atividade antimicrobiana sendo mais ativo frente a Staphylococcus aureus como tambeacutem a cepas de Candida krusei e Candida glabrata O modo de extraccedilatildeo mais eficiente eacute a maceraccedilatildeo dinacircmica e a associaccedilatildeo do extrato com antibioacuteticos de referecircncia leva a potencializaccedilatildeo do efeito destes Palavrasndashchave Hymenaea Staphylococcus Sinergismo Taninos Ultraestrutura
14
ABSTRACT
The rapid spread of multidrug resistant microorganisms induces the search for new more active and less toxic antimicrobial agents Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne (Fabaceae) is a medicinal plant of main occurrence in the Brazilian cerrado and known popularly as Jatoba-do-cerrado Its stem peels are widely used in infusion or decoction to treat stomach pain asthma bronchitis ulcers diarrhea flu and cough However phytochemicals and antimicrobial studies are still scarce The objective of this study was to evaluate the antimicrobial activity of different extracts of the stem bark of Hymenaea stigonocarpa by determining the minimum inhibitory concentration and minimum bactericidal perform the phytochemical and botanical characterization by thin layer chromatography and high performance liquid chromatography to determine the efficiency and concentrations of secondary metabolites responsible for its activity and its activity against various Candida species In addition part of this study was to evaluate the interaction between the alcoholic extract of Hymenaea stigonocarpa and antimicrobials of different chemical classes the determination of ultrastructural changes resulting from the action of this extract in combination as well as the physico- chemical characterization of the stem bark after collection drying and grinding This study also evaluated the influence of the extraction method on the following variables dry antibacteriana activity and concentration of tannins Staphylococcus aureus was found to be the most sensitive microorganism action of the extracts Strong activity fronts the species Candida krusei and Candida glabrata and moderate activity against gram-negative bacteria was also observed The ultrastructural analysis of this microorganism showed changes in the cell wall and the cytoplasm resulting from the action of the alcoholic extract Combination with antimicrobial agents resulted in most cases a synergistic effect in reversing the multidrug resistance of some strains of methicillin resistant Staphylococcus aureus The extraction methods did not influence the final concentration of tannins as well as antibacterial activity However there were differences in dry matter which is the variable used to classify the dynamic maceration as the most effective method As the flavonoids present after fractionation and analysis coupled with mass spectrometry ultra strong evidence fast performance liquid chromatography indicated the presence of engeletina taxifolina astilbin and a diastereomer of astilbin Thus we conclude that the hydroalcoholic extract of the stem bark of Hymenaea stigonocarpa has antimicrobial activity being more active against Staphylococcus aureus as well as strains of Candida krusei and Candida glabrata The most efficient way of extracting the dynamic is mashing and extracts association with antibiotics reference leads to potentiation of the effect of these Keywords Hymenaea Staphylococcus Synergism Tannins Ultrastructure
15
SUMAacuteRIO
1 APRESENTACcedilAtildeO 2 O GEcircNERO Hymenaea ASPECTOS BOTAcircNICOS QUIacuteMICOS E FARMACOLOacuteGICOS 21 INTRODUCcedilAtildeO 211 Classificaccedilatildeo 2112 Famiacutelia Leguminosae 22 ASPECTOS BOTAcircNICOS DO GEcircNERO Hymenaea 221 Distribuiccedilatildeo do gecircnero Hymenaea 222 Estudos taxonocircmicos 223 Avaliaccedilatildeo morfoloacutegia 224 Desenvolvimento das espeacutecies 225 Descriccedilatildeo botacircnica da espeacutecie Hymenaea stigonocarpa 23 ASPECTOS QUIacuteMICOS DAS ESPEacuteCIES DO gecircnero Hymenaea 231 Terpenos identificados no gecircnero Hymenaea 2111 Hymenaea courbaril 23111 Terpenos identificados na resina do tronco 23112 terpenos identificados nas resinas das folhas 23113 terpenos identificados na resina dos frutos 23114 terpenos identificados nas folhas 23115 terpenos identificados nas cascas dos frutos 23116 substacircncias isoladas das sementes 2312 Hymenaea oblongifolia 2313 Hymenaea verrucosa 2314 Hymenaea stigonocarpa 23141 terpenos identificados nas sementes 23142 terpenos identificados nas folhas 23143 terpenos identificados no epicarpo 23144 terpenos identificados na resina do tronco 23145 terpenos identificados no alburno 232 flavonoacuteides identificados no gecircnero Hymenaea 2321 Hymenaea parvifolia 2322 Hymenaea palustres 2323 Hymenaea courbaril 2324 Hymenaea stigonocarpa 23241 flavonoacuteides identificados na casca do caule 23242 flavonoacuteides identificados no alburno 233 cumarinas identificadas no gecircnero Hymenaea 2331 Hymenaea courbaril 234 taninos relatados no gecircnero Hymenaea 2341 Hymenaea courbaril 2342 Hymenaea stigonocarpa 24 ASPECTOS FARMACOLOacuteGICOS DOS EXTRATOS OBTIDOS A PARTIR DE DIFERENTES ESPEacuteCIES DO GEcircNERO Hymenaea 241 Estudos etnofarmacologicos
20 22 22 22 23 23 24 25 25 26 27 31 31 31 32 33 34 35 37 37 38 38 38 38 39 39 41 41 41 42 42 43 43 43 44 44 44 45 45 45 45 45
16
2411 Hymenaea courbaril 2412 Hymenaea stigonocarpa 2413 Hymenaea parvifolia 242 Avaliaccedilatildeo farmacoloacutegica 2421 Hymenaea courbaril 2422 Hymenaea stigonocarpa 2423 Hymenaea martiana 2424 Hymenaea parvifolia REFEREcircNCIAS 3 CARACTERIZACcedilAtildeO BOTAcircNICA FITOQUIacuteMICA E AVALIACcedilAtildeO DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DOS EXTRATOS E FRACcedilOtildeES DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 31 INTRODUCcedilAtildeO 32 OBJETIVOS 321 Objetivo geral 322 Objetivos especiacuteficos 33 MATERIAIS E MEacuteTODOS 331 Coleta do material vegetal 332 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal 3321 Anaacutelise microscoacutepica 3322 Anaacutelise histoquiacutemica 333 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal 334 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais 3341 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais 3342 Determinaccedilatildeo de taninos totais 3343 Analise por cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE) 335 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana 3351 Preparaccedilatildeo das amostras 3352 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana in vitro 33521 Agentes antimicrobianos 33522 Micro-organismos e padronizaccedilatildeo dos inoacuteculos 33523 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (CMB) 336 anaacutelise ultraestrutural 337 anaacutelise estatiacutestica 34 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 341 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal 341 Anatomia 3412 Histoquiacutemica 34121 Avaliaccedilatildeo de Polifenoacuteis 34122 Detecccedilatildeo da presenccedila de taninos 341221 Caules jovens 341222 Caules adultos 342 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal
45 46 47 47 47 49 51 52 53 63 63 68 68 68 69 69 69 70 70 70 73 73 73 74 74 74 75 75 75 76 77 78 79 79 79 81 81 82 82 82 83
17
3421 Anaacutelise fitoquiacutemica 34211 Monoterpenos e sesquiterpenos 34212 Triterpenos e esteroacuteides 34213 Flavonoacuteides e cumarinas 34214 Accedilucares 34215 Taninos condensados e hidrolisaacuteveis 34216 Flavonoacuteides apoacutes particcedilatildeo 34217 Taninos condensados apoacutes particcedilatildeo 343 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais 3431 Determinaccedilatildeo da Curva de calibraccedilatildeo do aacutecido gaacutelico 3442 Determinaccedilatildeo do teor de polifenoacuteis e taninos totais 344 Anaacutelise por cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE-DAD) 345 Atividade antibacteriana 346 Alteraccedilotildees ultraestruturais 35 CONCLUSOtildeES REFEREcircNCIAS 4 ASSOCIACcedilAtildeO DO EXTRATO HIDROALCOOacuteLICO DA CASCA DO CAULE DE HYMENAEA STIGONOCARPA MART EX HAYNE COM AGENTES ANTIMICROBIANOS FRENTE A CEPAS DE Staphylococcus aureus RESISTENTES A METICILINA (MRSA) 41 INTRODUCcedilAtildeO 411 A evoluccedilatildeo da resistecircncia de staphylococcus aureus a agentes antimicrobianos 4111 Staphylococcus aureus resistentes a meticilina 412 Associaccedilotildees entre polifenois e agentes antimicrobianos 42 OBJETIVOS 421 Objetivo geral 422 Objetivos especiacuteficos 43 MATERIAIS E MEacuteTODOS 431 Material vegetal 432 Procedimentos extrativos 433 Determinaccedilatildeo da atividade anti- estafilocoacutecica in vitro 4331 Agentes antimicrobianos 4332 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees 4333 Micro-organismos 4334 Preparaccedilatildeo do inoacuteculo 4335 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (CMB) 4336 Avaliaccedilatildeo in vitro da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymeneae stigonocarpa com agentes antimicrobianos 434 Microscopia eletrocircnica de transmissatildeo 44 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 45 CONCLUSOtildeES
84 84 85 86 87 87 90 91 92 92 92 93 95 99 102 103 111 111 112 114 115 116 116 116 117 117 117 117 118 119 119 119 119 120 122 123 132
18
REFEREcircNCIAS 5 O EFEITO DE DIFERENTES MEacuteTODOS DE EXTRACcedilAtildeO SOBRE O RENDIMENTO CONCENTRACcedilOtildeES DE FENOacuteIS TOTAIS E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa 51 INTRODUCcedilAtildeO 52 OBJETIVOS 521 Objetivo geral 522 Objetivos especiacuteficos 53 MATERIAIS E MEacuteTODOS 531 Coleta 532 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal 5321 Anaacutelise granulomeacutetrica por tamisaccedilatildeo 5322 Determinaccedilatildeo da perda por dessecaccedilatildeo 5323 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos 5324 Determinaccedilatildeo de cinzas totais 533 Procedimentos extrativos 534 Descriccedilatildeo das teacutecnicas extrativas 5341 Maceraccedilatildeo 5342 Maceraccedilatildeo dinacircmica 5343 Utrassom 5344 Refluxo 5345 Turbo-extraccedilatildeo 5346 Infusatildeo 535 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica 536 Anaacutelises quantitativa de polifenois 5361 Determinaccedilatildeo de polifenoacuteis totais 53611 Desenho fatorial 32 53612 Preparaccedilatildeo da Soluccedilatildeo Padratildeo 5362 Determinaccedilatildeo de taninos totais 5363 Determinaccedilatildeo de flavonoides 53631 Anaacutelise por cromatografia liquida e alta eficiecircncia acoplada a detector de arranjo de Diodos (CLAE-DAD) 537 Determinaccedilatildeo da atividade antimicrobiana de H stigonocarpa Mart ex Hayne 5371 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana 53711 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees de H stigonocarpa 53712 Micro-organismos 53713 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (CMB) 5372 Determinaccedilatildeo da atividade antifungica 53721 Cepas e condiccedilotildees de cultivo 53722 Susceptibilidade antifuacutengica in vitro 538 Anaacutelise estatiacutestica 54 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
133 139 139 142 142 142 143 143 143 143 144 144 145 145 145 145 146 146 146 146 146 147 147 147 147 148 148 149 149 150 150 150 150 150 151 151 152 152 153
19
541 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal 542 Determinaccedilatildeo do rendimento 543 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica por cromatografia de camada delgada 544 Anaacutelise quantitativa dos compostos majoritaacuterios 5441 Determinaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento de polifenoacuteis totais por espectofotometria apoacutes avaliaccedilatildeo das variaveis analiacuteticas 5442 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de polifenois totais taninos e flavonoides 545 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana de H stigonocarpa Mart ex Hayne 546 Determinaccedilatildeo da atividade antifungica de H stigonocarpa Mart ex Hayne 55 CONCLUSOtildeES REFEREcircNCIAS 6 IDENTIFICACcedilAtildeO DO FLAVONOacuteIDES PRESENTES NA FRACcedilAtildeO ACETATO DE ETILA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa 61 INTRODUCcedilAtildeO 62 OBJETIVOS 621 objetivo geral 622 objetivos especiacutefico 63 MATERIAIS E MEacuteTODOS 631 Amostras 632 Solventes empregados 633 Sistema cromatografia liquida ultrarraacutepida acoplada a detector de arranjo de diodos e espectrocircmetro de massas (UFLC-DAD-EM) 634 Anaacutelise por UFLC-DAD-EM 6341 Identificaccedilatildeo dos flavonoacuteides 64 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 65 CONCLUSOtildeES REFERENCIAS
153 156 160 160 164 164 168 170 173 174 179 179 182 182 182 183 183 183 183 184 184 186 194 195
20
1 APRESENTACcedilAtildeO
Os antibioacuteticos satildeo uma das mais importantes armas no combate agraves
infecccedilotildees bacterianas No entanto ao longo das uacuteltimas deacutecadas seus benefiacutecios agrave
sauacutede estatildeo sob ameaccedila pois muitos antibioacuteticos tornaram-se cada vez menos
eficazes devido ao aparecimento de bacteacuterias resistentes (RAKHOLIYA et al 2012)
A crescente resistecircncia bacteriana principalmente associada a utilizaccedilatildeo
extensiva de agentes antimicrobianos pode resultar na existecircncia de um arsenal de
substacircncias ineficazes para combater infecccedilotildees bacterianas (HOERLLE
BRANDELLI 2009)
Devido a raacutepida disseminaccedilatildeo dos micro-organismos multidrogas resistentes
haacute uma consideraacutevel necessidade por novos agentes antimicrobianos (GIBBONS et
al 2002) tendo sido muitas plantas avaliadas natildeo somente pela atividade
antimicrobiana direta mas tambeacutem pela modificaccedilatildeo do perfil de resistecircncia ao
agente antimicrobiano (GIBBONS 2004 HEMAISWARYA et al 2008 WAGNER
ULRICH-MERZENICH 2009)
Os principais grupos de compostos com propriedades antimicrobianas
extraiacutedos de plantas incluem terpenoacuteides (TORSSEL 1989) alcaloides
(FESSENDEN 1982) polipeptiacutedios (TERRAS et al1993 ZHANG LEWIS 1997) e
substacircncias fenoacutelicas que satildeo fenoacuteis simples aacutecidos fenoacutelicos quinonas (STERN
et al 1996) flavonas flavonoacuteis e flavonoacuteides (FESSENDEN 1982) tanino
(SCALBERT 1992) e cumarinas (OrsquoKENNEDY amp THORNES 1997)
Esses metaboacutelitos secundaacuterios satildeo considerados uma fonte promissora para
a terapia antimicrobiana seja ela combinada ou natildeo podendo atuar em pontos
especiacuteficos da ceacutelula procarioacutetica e potencializar o efeito de antimicrobianos
sinteacuteticos (CHOVANOVAacute et al 2013)
Dentro deste contexto detacamos a espeacutecie Hymenaea stigonocarpa
popularmente conhecido como jatobaacute-do-cerrado Estudos fitoquiacutemicos de
Hymenaea stigonocarpa mostraram a presenccedila de terpenos e sesquiterpenos
aacutecidos graxos flavonoacuteides e taninos metaboacutelitos reconhecidos pela atividade
bioloacutegica (LANGENHEIM HALL 1983 MATUDA NETO 1985 ORSI et al 2012)
Alguns estudos etnofarmacoloacutegicos atribuem a esta espeacutecie algumas
atividades tais como fortificante anti-inflamatoacuteria e antimicrobiana (RODRIGUES
CARVALHO 2001 VILA VERDE et al 2003 SOUZA FELFILI 2006) Existindo
21
tambeacutem alguns estudos farmacoloacutegicos jaacute realizados comprovando os efeitos
citotoacutexicos antiinfamatoacuterios e antioxidantes (GUIMARAtildeES et al 2009 BRASIL et
al 2009 ORSI et al 2012 MARANHAtildeO et al 2013)
No entanto estudos sobre a atividade antimicrobiana desta espeacutecie ainda satildeo
escassos (DIMECH 2013) devido a isso este estudo teve o objetivo de avaliar a
atividade antibacteriana da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex
Hayne (Jatobaacute) frente agraves principais espeacutecies de bacteacuterias comumente causadoras
de infecccedilotildees nosocomiais Para isto esta tese foi dividida em cinco capiacutetulos
O primeiro reuacutene informaccedilotildees dos aspectos botacircnicos quiacutemicos e
farmacoloacutegicos do gecircnero Hymenaea avaliaccedilotildees que colaboram para um maior
entendimento da espeacutecie estudada
Em seguida foi realizada a caracterizaccedilatildeo botacircnica e fitoquiacutemica da casca do
caule de Hymenaea stigonocarpa como tambeacutem a determinaccedilatildeo das concentraccedilotildees
dos metaboacutelitos responsaacuteveis pela atividade antibacteriana e avaliaccedilatildeo por
cromatografia liquida de alta eficiecircncia dos extratos mais ativos
Ainda neste capiacutetulo foi determinada a espeacutecie mais suscetiacutevel aos extratos
avaliados e a classe de metaboacutelitos mais ativa baseada na avaliaccedilatildeo das
concentraccedilotildees inibitoacuterias e bactericidas miacutenimas e da analise das alteraccedilotildees
ultraestruturais atraveacutes de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
Apoacutes a determinaccedilatildeo da espeacutecie mais suscetiacutevel e do extrato mais ativo
foram avaliadas as associaccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico com agentes
antimicrobianos pertencentes a diferentes classes farmacoloacutegicas utilizadas na
rotina meacutedica Essa associaccedilatildeo visa agrave identificaccedilatildeo de possiacuteveis accedilotildees sineacutergicas
que poderiam levar tanto a reversatildeo da resistecircncia presente em algumas cepas
como a dimuiccedilatildeo da toxicidade dos agentes antimicrobianos pela utilizaccedilatildeo de
doses reduzidas
No quarto capiacutetulo foi avaliada a influecircncia de diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo
sobre a variaccedilatildeo do rendimento e do teor dos compostos majoritaacuterios do extrato
hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa variaccedilotildees que
poderiam influenciar na atividade antibacteriana Aleacutem disso foi realizada uma
otimizaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento dos taninos classe de metaboacutelitos mais
ativos quanto a accedilatildeo antibacteriana nesta espeacutecie
Concluindo foram identificados os flavonoacuteides presente na fraccedilatildeo acetato de
etila sendo sugerida a presenccedila de quatro flavonoacuteides
22
2 O GEcircNERO Hymenaea ASPECTOS BOTAcircNICOS QUIacuteMICOS E
FARMACOLOacuteGICOS
21 INTRODUCcedilAtildeO
As espeacutecies pertencentes ao gecircnero Hymenaea satildeo fornecedores de boa
madeira frutos comestiacuteveis e cascas taniacuteferas (RIZZINI 1971) As resinas de cor
amarela e avermelhada produzidas pelas aacutervores do gecircnero Hymenaea L satildeo
produtos economicamente valiosos Podem ser usadas em esculturas na fabricaccedilatildeo
de joacuteias (iacutendios preacute-colombianos jaacute utilizavam para estes fins) como cimento
incenso e ateacute quando dissolvidas em xilol no preparo de lacircminas permanentes para
microscopia (LEE amp LANGENHEIM 1975)
Conhecidas como copal sul americano satildeo utilizadas na fabricaccedilatildeo de
vernizes e com fins medicinais (LANGENHEIM et al 1973) A extraccedilatildeo ocorre por
meio do processo de sangria do tronco ou por escavaccedilatildeo do solo onde a resina se
acumula Neste gecircnero a resina pode converter-se em acircmbar sendo encontradas
resinas foacutesseis na Colocircmbia Meacutexico e Brasil (CASTELENN 2005)
211 Classificaccedilatildeo
De acordo com o Sistema de Classificaccedilatildeo de Cronquist (1988) a posiccedilatildeo
taxonocircmica do gecircnero Hymenaea obedece agrave seguinte hierarquia Divisatildeo
Magnoliophyta - cujas sementes satildeo protegidas por uma estrutura denominada fruto
Angiospermae - do grego angos - urna e sperma - semente Classe
Magnoliopsida (Dicotyledonae) - plantas com flor cujo embriatildeo (semente) conteacutem
dois ou mais cotileacutedones Subclasse Rosidae Ordem Fabales - Famiacutelia
Leguminosae - caracteriacutestica tiacutepica dessa famiacutelia eacute a ocorrecircncia do fruto do tipo
legume tambeacutem conhecido como vagem exclusivo desse grupo Subfamiacutelia
Caesalpinioideae Gecircnero Hymenaea (CARVALHO 2007)
23
2112 Famiacutelia Leguminosae
A famiacutelia Leguminosae compreende 650 gecircneros e mais de 18 mil espeacutecies
mundialmente distribuiacutedas (POLHILL RAVEN 1981) representando uma das
maiores famiacutelias de angiospermas superada apenas em nuacutemero de espeacutecies pelas
famiacutelias Orchidaceae e Asteraceae (JOLY 1998) Esta famiacutelia eacute uma das mais ricas
na flora brasileira encontrando-se representada nas vaacuterias formaccedilotildees
fitogeograacuteficas do paiacutes (RIZZINI 1971)
No bioma cerrado esta eacute a famiacutelia botacircnica que comporta o maior nuacutemero de
espeacutecies e a primeira entre as mais importantes em termos de nuacutemeros de espeacutecies
lenhosas arbustos e aacutervores (SILVA et al 2001) A famiacutelia Leguminosae se
subdivide em trecircs subfamiacutelias Mimosaceae que compreende cerca de 60 gecircneros e
3000 espeacutecies sendo a menor dentre as leguminosas Caesalpiniaceae com cerca
de 150 gecircneros e 2800 espeacutecies Fabaceae maior subfamiacutelia das leguminosas com
aproximadamente 482 gecircneros e 12000 espeacutecies (JOLY 1998 BARROSO 2002)
As plantas leguminosas apresentam um grande potencial na conservaccedilatildeo de solos
pois juntamente com a microbiota do solo fixam o nitrogecircnio atmosfeacuterico atraveacutes do
processo de nodulaccedilatildeo em suas raiacutezes (POLHILL RAVEN 1981) Aleacutem disso as
leguminosas tecircm um potencial econocircmico muito grande pois satildeo fornecedores de
alimentos atraveacutes de seus frutos medicamentos ou substacircncias medicinais
pesticidas combustiacuteveis e produtos utilizados nas induacutestrias (SCHWANTES
WEBERLING 1981)
22 ASPECTOS BOTAcircNICOS DO GEcircNERO Hymenaea
A palavra Hymenaea deriva do grego Hymenrdquo e significa deus das uniotildees
em alusatildeo agraves duas folhas (foliacuteolos) unidas caracteriacutestica das plantas deste gecircnero
O nome popular jatobaacute vem da liacutengua tupi va-atatilde-yba que significa ldquoaacutervore de fruto
durordquo (BARROSO 1991)
Ceratia foi o primeiro nome dado ao gecircnero Hymenaea descrito por Bauhin
em 1623 duas deacutecadas mais tarde PISO (1642) e MARCGRAF (1648) descreveram
o gecircnero com o nome de Jaetaiacuteba (apud LEE LANGENHEIM 1975) Meio seacuteculo
depois ainda PLUMIER (1703) (apud LEE LANGENHEIM 1975) escolheu o nome
Courbaril para esse gecircnero Apenas em 1737 Linnaeus ao se referir ao mesmo
24
gecircnero escolheu o nome Hymenaea referecircncia ao deus grego Himeneu fazendo
alusatildeo aos dois foliacuteolos pareados das folhas Muitas outras espeacutecies desse gecircnero
seriam descritas mais tarde por outros botacircnicos por exemplo HAYNE BENTHAM
HUBER DUCKE LEE e LANGENHEIM (MORENO 2009)
221 Distribuiccedilatildeo do gecircnero Hymenaea
Aproximadamente 25 espeacutecies do gecircnero Hymenaea tecircm sido descritas na
literatura como originadas do continente americano Na maioria das espeacutecies a
madeira eacute de alto valor comercial (MARTIN et al 1972) Este gecircnero eacute considerado
predominantemente neotropical com 16 espeacutecies distribuiacutedas desde o Meacutexico ateacute a
Ameacuterica do Sul
No Brasil ocorrem 13 espeacutecies (KODAMA SARTORI 2007) tanto em matas
pluviais como em matas secas tambeacutem no Meacutexico Ameacuterica Central Iacutendias
Ocidentais e quase todos os paiacuteses da Ameacuterica do Sul (CORREcircA 1984 RIZZINI
1985) sendo conhecido popularmente como jatobaacute jutaiacute ou jataiacute (LEE
LANGENHEIM 1975)
As espeacutecies mais frequentes no Brasil satildeo Hymenaea stigonocarpa Mart ex
Hayne e Hymenaea courbaril L A Hymenaea courbaril podendo ser encontrada
desde a floresta amazocircnica ateacute a floresta estacional semidecidual no sudeste do
paiacutes sob a forma de diferentes variedades (CASTELEN 2005) Jaacute a Hymenaea
stigonocarpa Mart Ex Hayne tambeacutem conhecida como jatobaacute-do-cerrado jutaiacute
jatobaacute-capo jatobaacute-de-casca-fina jitaiacute ou jutaicica ocorre na Caatinga e no Cerrado
principalmente nos estados do Piauiacute Bahia Goiaacutes Minas Gerais Mato Grosso do
Sul e Satildeo Paulo (CORREcircA 1984 LORENZI 1992)
Todas as espeacutecies deste gecircnero tecircm haacutebito arboacutereo que vatildeo desde aacutervores
com 3 metros de altura como H stigonocarpa ateacute representantes com mais de 40
metros vegetando em mata atlacircntica como H courbaril Ocorrem em uma
diversidade de habitats variando desde a mata equatorial ateacute o cerrado e a
caatinga (LEE LANGENHEIM 1975)
25
222 Estudos taxonocircmicos
Devido a denominaccedilotildees diferentes (Hymenaea e Trachylobium) houve
controveacutersias quanto agrave taxonomia inicial do gecircnero Hymenaea Lee e Langenheim
(1975) realizaram uma pesquisa comparando detalhadamente a morfologia citologia
e a quiacutemica da resina de exemplares catalogados nestes dois gecircneros e optaram
pela denominaccedilatildeo taxonocircmica Hymenaea
Poreacutem ainda satildeo necessaacuterias revisotildees taxonocircmicas para agregar categorias
infraespeciacuteficas pautadas em caracteriacutesticas morfoloacutegicas inconsistentes Como
exemplo desta falta de especificidade tem-se H stigonocarpa Hayne var
brevipetiolata N Mattos que pode ser diferenciada de sua variedade tiacutepica por
apresentar foliacuteolos relativamente menores pubescentes na face adaxial e
densamente tomentosos na face abaxial e peciacuteolos curtos e densamente
tomentosos (LEE LANGENHEIM 1975)
O estudo morfoloacutegico de placircntulas pode subsidiar os procedimentos
taxonocircmicos pois fornece numerosas caracteriacutesticas que devem contribuir com a
melhor delimitaccedilatildeo das espeacutecies Aleacutem disso pode favorecer o reconhecimento de
estruturas transitoacuterias as quais desaparecem com o desenvolvimento da planta
mas que podem ser importantes no estabelecimento das relaccedilotildees filogeneacuteticas
Tambeacutem o manejo a conservaccedilatildeo e a reconstituiccedilatildeo de florestas tropicais satildeo
beneficiados com os estudos de morfologia de placircntulas que possibilitam a
identificaccedilatildeo dos taacutexons em suas fases juvenis (FLORES BENEVIDES 1990
FERREIRA 1997)
223 Avaliaccedilatildeo morfoloacutegia
Estudos da morfologia de placircntulas em Hymenaea realizados por Flores e
Benevides (1990) e Ferreira (1997) contribuiacuteram com as descriccedilotildees de semente
germinaccedilatildeo e placircntulas para H courbaril L e H stigonocarpa Mart ex Hayne
respectivamente Poreacutem esses autores natildeo estabeleceram o valor diagnoacutestico dos
caracteres morfoloacutegicos das placircntulas de Hymenaea (KODAMA SARTORI 2007)
Segundo De Carvalho et al (2005) conhecer a biometria de frutos eacute
importante para acrescentar dados morfoloacutegicos agrave espeacutecie e suas variaccedilotildees em
diferentes locais podem ser encaradas como resultado de seleccedilatildeo e adaptaccedilatildeo das
26
espeacutecies em resposta as pressotildees do ambiente em que vivem Para Vieira e
Gusmatildeo (2008) a biometria de frutos e sementes eacute importante para a identificaccedilatildeo
da variabilidade existente nas espeacutecies nativas podendo com isso segundo Cruz et
al (2001) fornecer subsiacutedios importantes para a diferenciaccedilatildeo de espeacutecies do
mesmo gecircnero
De Carvalho et al (2005) estudaram a biometria dos frutos de jatobaacute-do-
cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne) e observaram que os frutos
apresentaram 5 a 6 sementes em meacutedia O comprimento a largura e o peso de
frutos variaram de 5 a 17 cm 30 a 67 cm e 1995 a 11006 g respectivamente
224 Desenvolvimento das espeacutecies de Hymenaea
Quanto ao desenvolvimento inicial de placircntulas alguns estudos foram
realizados com o objetivo de avaliar o desenvolvimento inicial dessa espeacutecie em
diferentes condiccedilotildees de sombreamento em viveiro Foi observado que a espeacutecie H
courbaril var stilbocarpa (Hayne) Lee amp Lang de ocorrecircncia em Matas de Galeria
apresenta aos 21 meses de idade grande plasticidade de crescimento quanto a
diferentes niacuteveis de sombreamento podendo ser utilizada na recuperaccedilatildeo dessas
matas de Galeria desde condiccedilotildees de bordas e clareiras ateacute o fechamento de dossel
(MAZZEI et al 1999)
Outra espeacutecie tambeacutem avaliada eacute H stigonocarpa que apresenta uma menor
plasticidade se comparada a espeacutecie H courbaril var stilbocarpa (Hayne) Lee amp
Lang uma vez que mostra tendecircncia de crescimento mais eficiente sob condiccedilotildees
de maior luminosidade o que coincide com a ocorrecircncia da espeacutecie em ambientes
naturais mais abertos como o cerrado (MENDONCcedilA et al 1998) Esta espeacutecie
apresenta portanto potencial para plantios a pleno sol podendo ser utilizada em
locais onde a vegetaccedilatildeo de cerrado foi removida (RAMOS et al 2004)
Ao avaliar o stress hiacutedrico a que diferentes indiviacuteduos de Hymeneae satildeo
submetidos Locosselli (2010) observou que a espeacutecie H courbaril suporta estoque
limitado de aacutegua do solo apesar destra espeacutecie apresentar raiacutezes natildeo tatildeo
profundas sendo este estresse contornado pela presenccedila de estocircmatos menores e
de raacutepido controle de abertura e fechamento
Outra espeacutecie H stignocarpa apresenta outro tipo de stress hiacutedrico por
ocorrer em regiotildees de maior irradiaccedilatildeo solar e em ambientes mais abertos
27
apresentando uma maior taxa de perda por transpiraccedilatildeo o que eacute contornado pela
existecircncia de estocircmatos maiores e de menor controle (LOCOSSELLI 2010) Aleacutem
disso foi avaliado por Gomes et al (2013) que a manifestaccedilatildeo dos eventos
reprodutivos nesta espeacutecie ocorrem em funccedilatildeo da estaccedilotildees do ano com frutificaccedilatildeo
no periacuteodo seco e floraccedilatildeo no final do periacuteodo seco e inicio do chuvoso
225 A descriccedilatildeo botacircnica da espeacutecie Hymenaea stigonocarpa
A espeacutecie avaliada no presente estudo foi Hymenaea stigonocarpa Mart ex
Hayne (Jatobaacute) pertencente ao gecircnero Hymenaea esta planta foi selecionada pois
em outras espeacutecies deste gecircnero foram isoladas vaacuterias substacircncias que
apresentaram importantes atividades farmacoloacutegicas comprovadas Aleacutem disso foi
observada uma vasta utilizaccedilatildeo popular dessa espeacutecie (SOUZA FELFILI 2006
NETO G G 2006 VILA VERDE et al 2003 RODRIGUES CARVALHO 2001)
Hymenaea stigonocarpa eacute uma aacutervore deciacutedua As aacutervores maiores atingem
dimensotildees proacuteximas de 20 m de altura e 50 cm de DAP (diacircmetro agrave altura do peito
medido a 130 m do solo) na idade adulta apresenta tronco tortuoso com fuste
curto ramificaccedilatildeo dicotocircmica e a copa baixa (Figura 1)
Figura 1 - Aacutervore Hymenaea stigonocarpa com cerca de 20
metros de altura
Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio -
Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
A casca mede ateacute 3 cm de espessura sendo a superfiacutecie da casca externa
ou ritidoma profundamente sulcada de coloraccedilatildeo pardo-avermelhada com cristas
planas e duras e a casca interna apresenta-se estratificada com listras paralelas
mais claras e escuras (Figura 2)
28
Figura 2 - Casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa Mart ex Hayne
Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
As folhas satildeo alternas compostas bifolioladas pecioladas com estiacutepulas
caducas foliacuteolos curtos peciolulados e subseacutesseis limbo com 6 cm a 235 cm de
comprimento e 35 cm a 7 cm de largura eliacuteptico a ovado-reniforme de
pergaminoso a coriaacuteceo (Figura 3) frequumlentemente com pontuaccedilotildees transluacutecidas
(CARVALHO 2007)
Figura 3 - Folhas de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PEmiddot
A Inflorescecircncia apresenta-se em cimeiro terminal bracteada com ateacute 30
flores que satildeo grandes com peacutetalas pouco excedentes ao caacutelice (Figura 4)
29
Figura 4 - Inflorescecircncia do jatobaacute do cerrado (Hymenaea stigonocarpa Martex
Hayne)
Fonte httpwwwportalsaofranciscocombralfajatobajatoba-3php
O fruto eacute um legume seco indeiscente monospeacutermico ou polispeacutermico (mais
comum) alongado aacutepice arredondado ou levemente retuso base arredondada e
margem inteira ou levemente ondulada medindo 87 cm a 20 cm de comprimento
21 cm a 65 cm de largura e 20 cm a 43 cm de espessura (Figura 5)
Figura 5 - Vista frontal do fruto de Hymenaea
stigonocarpa Mart ex Hayne
ls ndash linha de sutura pd ndash peduacutenculo Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio -
Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
A textura eacute rugosa devido agrave presenccedila de pontuaccedilotildees pequenas salientes e
arredondadas (Figura 6) Apresenta a linha de sutura proeminente circundando todo
ls
pd
30
o fruto a cor varia do marrom-claro ao marrom-escuro (quase negro) Em cada fruto
ocorrem de uma a seis sementes
Figura 6 - Seccedilatildeo longitudinal do fruto de Hymenaea
stigonocarpa Mart ex Hayne
en - endocarpo ep - epicarpo me ndash mesocarpo Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
Figura 7 - Seccedilatildeo transversal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
ar - arilo cv - cavidade do fruto en - endocarpo ep - epicarpo me - mesocarpo ls ndash linha de sutura Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
A Semente eacute globosa largo-oblonga obovada comprimida com aacutepice
arredondado ou levemente truncado e base arredondada ou afinada superfiacutecie
irregular com algumas depressotildees medindo 178 mm a 284 mm de comprimento e
93 mm a 197 mm de espessura Envolvendo as sementes haacute o arilo amarelo-
esverdeado macio fibroso-farinaacuteceo (Figura 7 e 8) com cheiro caracteriacutestico e
sabor doce constituindo a polpa (CARVALHO 2007)
cv ar
en
me ep
ls
en
mmee
ep
31
Figura 8 - Aspectos da semente de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
A semente envolvida por arilo B Semente sem arilo Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
23 ESTUDOS QUIacuteMICOS NAS ESPEacuteCIES DO gecircnero Hymenaea
Das espeacutecies de Hymenaea jaacute estudadas verifica-se que entre as classes de
compostos isoladas predominam os terpenoacuteides e flavonoacuteides Os flavonoacuteides
destacam-se como fitoalexinas que atuam na defesa das plantas (INGHAM 1982)
As espeacutecies do gecircnero Hymenaea tem predominacircncia de diterpenoacuteides baseados
nos esqueletos do labdano abietano e pimarano (FARIA et al 2004) sendo
diterpenos biciacuteclicos jaacute isolados de espeacutecies de Hymenaea como H verrucosa H
oblongifolia e H parvifolia
231 Terpenos identificados no gecircnero Hymenaea
Foram identificados terpenos em diferentes espeacutecies do gecircnero Hymenaea
2311 Hymenaea courbaril
Do gecircnero Hymenaea a espeacutecie H courbaril eacute a espeacutecie mais estudada
(NAKANO DJERASSI 1961) e a mais difundida (LANGENHEIM et al1973)
A B
32
23111 Terpenos identificados na resina do tronco
A investigaccedilatildeo da resina comercial da Hymenaea courbaril realizada por
Nakano e Djerassi (1961) levou ao isolamento de um composto diterpecircnico oleoso
denominado aacutecido copaacutelico (Figura 9)
Figura 9 - Aacutecido copaacutelico isolado da resina de H courbaril
COOH
A partir da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo
amazocircnica analisada por Langenheim et al (1973) foi isolado e identificado apoacutes
metilaccedilatildeo com diazometano um composto diterpecircnico o labd-13-em-ol 15-oato de
metila (Figura 10)
Figura 10 - terpeno labd-13-em-ol 15-oato de metila isolado de H courbaril
H
HCOOH
OH
Na avaliaccedilatildeo da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo
de Campinas (Satildeo Paulo) em 1975 Marsaioli et al isolaram os seguintes
compostos aacutecido eperua-7 13-dien-15-oico (1) aacutecido ent-labd-13-em-8beta-ol-15-
oico (2) e um composto na forma de eacutester metiacutelico apoacutes tratamento com
diazometano o ent-labdan-8beta-ol 15-oato de metila (3) (Figura 11)
13
33
Figura 11 - Terpenos isolados da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo de Campinas
23112 Terpenos identificados nas resinas das folhas
Tambeacutem em 1972 Langenheim estudando agora as resinas encontradas nas
folhas da Hymenaea courbaril constatou a presenccedila de vaacuterios compostos
sesquiterpecircnicos Foram identificados nove compostos onde o principal constituinte
foi o cariofileno (266) (1) seguido por β-selineno (184) (2) e α-selineno (176)
(3) (Figura 12)
Figura 12 - Principais constituintes das resinas encontradas nas folhas da
Hymenaea courbaril cariofileno (1) β-selineno (2) e α-selineno (3)
Os demais compostos encontrados em menor escala foram alfa-cubebeno
(1) (08) α-copaeno (2) (94) beta-copaeno (3) (57) alfa e beta-hemuleno (4a
e 4b) (57) γ-muroleno (5) (35) e delta-cadineno (6) (66) e mais um composto
natildeo identificado (34) que atraveacutes do tempo de retenccedilatildeo foi sugerido ser
copacanfeno (7) (Figura 13)
1 2 3
H H
H
COOHOH
COOMeOH
COOMe
13
1 2 3
13
15
7
15 8 15 8
aacutecido eperua-7 13-
dien-15-oico
aacutecido ent-labd-13-em-
8beta-ol-15-oico ent-labdan-8beta-ol 15-oato
de metila
34
Figura 13 ndash Constituintes encontrados em menor escala das resinas das folhas da
Hymenaea courbaril alfa-cubebeno (1) α-copaeno (2) beta-copaeno (3) alfa e
beta-hemuleno (4a e 4b) γ-muroleno (5) delta-cadineno (6) e copacanfeno (7)
23113 Terpenos identificados na resina dos frutos
Ourisson et al (1973) estudando a resina da casca do fruto da Hymenaea
courbaril isolaram quatro diterpenos biciacuteclicos os quatro compostos foram aacutecido
enatio-8(17)13(16)14-labdatrien-18-oico (1) e os outros compostos (Figura 14)
Figura 14 - Composto diterpecircnico identificado na resina proveniente da casca do
fruto da Hymenaea courbaril aacutecido enatio-8 (17)13(16)14-labdatrien-18-oico
MeOOC
18
13
16
4a 4b 5
1 2 3
H
H
H
H
6 7
H
35
Aleacutem destes compostos diterpecircnicos foram identificados compostos
sesquiterpecircnicos (Figura 15) como ciclosativeno (1) β-bourbuneno (2) cariofileno
(3) calareno (4) hemuleno22 Selina-4(14)-7-dieno (5) α-himacaleno (6) α-
muroleno (7) δ-cadileno24 Selina-4(14)-7-dieno e catorze compostos natildeo
identificados
Figura 15 - Compostos sesquiterpecircnicos identificados na resina proveniente da
casca do fruto da Hymenaea courbaril ciclosativeno (1) β-bourbuneno (2)
cariofileno (3) calareno (4) hemuleno22 Selina-4(14)-7-dieno (5) α-himacaleno (6)
α-muroleno (7)
23114 Terpenos identificados nas folhas
Em 1972 Martin et al isolaram das folhas os sesquiterpenos αndashcopaeno (1) e
α-cubebeno (2) com atividade antimicrobiana (Figura 6) Em 1986 Langenheim et
al isolaram tambeacutem das folhas da Hymenaea courbaril os sesquiterpenos β-
cariofileno e γ-muroleno (Figura 16)
H
6 7
H
H
3 4 5
1 2
H
H
36
Figura 16 - Estruturas dos sesquiterpenos isolados das folhas de H courbaril b-
cariofileno (1) e γ-muroleno (2)
1 2
Abdel-Kader et al em 2002 isolaram das folhas e galhos diterpenos do tipo
halimadieno aacutecido (13R)-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (1) aacutecido
(2S13R)-213-dihidroxi-1(10)-14-ent-halimadien-18-oico (2) e aacutecido (13R)-2-oxo-
13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (3) (Figura 17) com atividade citotoacutexica
Figura 17 - Estruturas dos diterpenos isolados das folhas e galhos de H courbaril
aacutecido (13R)-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (1) aacutecido (2S13R)-213-
dihidroxi-1(10)-14-ent-halimadien-18-oico (2) e aacutecido (13R)-2-oxo-13-hidroxi-
1(10)14-ent-halimadien-18-oico (3)
1 2 3
Das folhas galhos e do tronco foram isolados diterpenos do tipo halimadieno
(CUNNINGHAM et al 1974) os quais apresentaram atividade citotoacutexica frente a
ceacutelulas tumorais humanas de ovaacuterio linhagem A2780 (ABDEL-KADER et al 2002)
Tambeacutem foi avaliado o efeito repelente do jatobaacute a formigas por Wiemer e Hubbel
em 1983 apoacutes alguns ensaios os autores verificaram que o epoacutexido do cariofileno
era o composto responsaacutevel pela resistecircncia nessa espeacutecie de planta contra o
ataque de formigas
Barbosa et al 2007 estudando o extrato hidroacetocircnico de folhas de
Hcourbaril var stilbocarpa obtiveram apoacutes particcedilatildeo liacutequido-liacutequido com n-
2
COOH
HO
H
HOHO
COOH
H
HOO
COOH
H
13
18 18 18
14 14 14 13 13
2
HH
H
37
hexanoaacutegua uma fase orgacircnica (FO 2) e uma aquosa (FA 8) sendo
identificados os sesquiterpenos muuroladieno e patchuleno e um diterpeno
clerodacircnico
23115 Terpenos identificados nas cascas dos frutos
Aguiar et al (2010) avaliando a composiccedilatildeo quiacutemica dos oacuteleos essenciais
das cascas de frutos de Hymenaea courbaril identificaram a presenccedila de vaacuterios
terpenos Quanto agraves cascas dos frutos maduros os principais constituintes foram os
sesquiterpenos alfa-copaeno (111) espatulenol (101) e beta-selineno (82)
enquanto germacreno-D (319) beta-cariofileno (271) e biciclogermacreno
(65) foram os principais constituintes a partir de frutos verdes
Tambeacutem foram identificados a partir da casca de frutos maduros os
diterpenos aacutecido zanzibarico e aacutecido isoozico juntamente com o sesquiterpeno
caryolane-1 9β-diol sendo oprimeiro relato desse sesquiterpeno neste gecircnero
23116 Substacircncias isoladas das sementes
Em 2001 Nogueira et al isolaram das sementes diterpenos e entre eles dois
novos clerodanos (Figura 18)
Figura 18 - Estruturas dos diterpenos isolados das sementes de H courbaril aacutecido
(5R8S9S10R)-cleroda-313E-dien-15-oico (1) e aacutecido (5S8S9S10R)-
cleroda-313E-dien-15-oico (2)
1 2
Em (2013) em um estudo realizado por Dias et al quanto a composiccedilatildeo
nutricional das sementes e da polpa de H courbaril foi identificado que os
COOH COOH
38
componentes bioativos mais abundantes satildeo α-tocopherol (88637 e 99363 mgkg)
e β-sitosterol (6183 e 9109 mgkg) para o oacuteleo das sementes na poupa
respectivamente
2312 Hymenaea oblongifolia
A partir da anaacutelise da resina do tronco da Hymenaea oblongifolia Langenheim
et al (1973) verificaram que 75 da fraccedilatildeo aacutecida era constituiacuteda essencialmente
por dois compostos (Figura 19)
Figura 19 - Principais constituintes da fraccedilatildeo aacutecida da resina do tronco da
Hymenaea oblongifolia aacutecido enantio-pinifoacutelico (aacutecido enantio-labd-8(20-em-1518
dioacuteico) (1) e o aacutecido guamaacuteico (aacutecido enantio-labd-8(20)13-dien-1518 dioico (2)
COOH
HOOC
COOH
HOOC
2313 Hymenaea verrucosa
A partir da resina do tronco da Hymenaea verrucosa Langenhein et al
(1973) isolaram o aacutecido enantio-8(17)13 (16)14-labdatrien-18-ico28 anteriormente
estudado por Ourisson et al (1973)
2314 Hymenaea stigonocarpa
A resina produzida pela espeacutecie H stigonocarpa conhecida como jutaicica e
copal eacute utilizada na induacutestria de vernizes e como medicamento no tratamento de
cistite e problemas respiratoacuterios (ALMEIDA et al 1998)
23141 Terpenos identificados nas sementes
Na avaliaccedilatildeo quiacutemica da resina extraiacuteda das sementes desta planta
observou-se que ela conteacutem diterpenoacuteides que possuem esqueletos estruturais do
1 2
18 18
15 15
8 8
13
39
tipo labdano (1) abietano (2) e pimarano (3) conforme demonstrado na Figura 20
(FARIA et al 2004)
Figura 20 - Esqueletos estruturais do tipo laacutebdano (1) e abietano (2) e pimarano (3)
da resina de Hymenaea stigonocarpa
H
H
Em outro estudo Matuda et al (2005) avaliaram que as sementes do jatobaacute
apresentam alto teor de fibras totais baixo teor de proteiacutenas e lipiacutedios A fraccedilatildeo
lipiacutedica apresentou predominacircncia de 86 em aacutecidos graxos insaturados A
semente de jatobaacute mostrou-se pobre em macronutrinentes quando comparada a
leguminosas utilizadas na alimentaccedilatildeo mas o alto teor de fibras possivelmente
constituiacutedas de xiloglucanas e galactomananas pode levar ao aproveitamento
rentaacutevel destas sementes
Wiemer e Hubbel em (1983) pesquisaram o efeito repelente a formigas de
algumas espeacutecies de plantas como por exemplo o jatobaacute Apoacutes alguns ensaios os
autores verificaram que o epoacutexido do cariofileno era o composto responsaacutevel pela
resistecircncia nessa espeacutecie de planta contra o ataque de formigas
23142 Terpenos identificados nas folhas
Das folhas desta espeacutecie foram isolados dois sesquiterpenos o -cariofileno e
α-muroleno com atividade antifuacutengica e accedilatildeo repelente contra insetos
(LANGENHEIM et al 1986) jaacute relatada por Wiemer amp Hubbel em 1983
23143 Terpenos identificados no epicarpo
Foi realizada por Giacomini et al (2006) a obtenccedilatildeo do extrato hexacircnico do
epicarpo de H stigonocarpa obtendo-se uma fraccedilatildeo aacutecida (FA) e uma neutra (FN)
1 2 3
40
Cada fraccedilatildeo correspondeu a aproximadamente 50 do total do extrato hexacircnico
Foram caracterizados trecircs sesquiterpenos da fraccedilatildeo neutra a-copaeno (1) 4
espatulenol (2) 13 e oacutexido de cariofileno (3) 9 (Figura 21)
Figura 21 - sesquiterpenos isolados da fraccedilatildeo neutra das folhas de H stigonocarpa
a-copaeno (1) espatulenol (2) e oacutexido de cariofileno (3)
Na fraccedilatildeo aacutecida observou-se a presenccedila de 4 isocircmeros diterpecircnicos
majoritaacuterios caur-16-en-19-ato de metila (4) 52 caur-15-en-19-ato de metila (5)
20 ozato de metila (6) 17 e isoozato de metila (7) 9 (Figura 22) separados
por cromatografia em siacutelica-gel
Figura 22 - Diterpenos majoritaacuterios isolados da fraccedilatildeo aacutecida das folhas de H
stigonocarpa caur-16-en-19-ato de metila (4) caur-15-en-19-ato de metila (5) ozato
de metila (6) e isoozato de metila (7)
4 5
COOMe
COOMeCOOMe
COOMe
6 7
19 19
19 19
1 2 3
O HO
41
23144 Terpenos identificados na resina do tronco
Estudos realizados por Domeacutenech-carboacute et al (2009) para caracterizaccedilatildeo da
resina do tronco coletada de espeacutecies de Hymenaea stigonocarpa Mart Espeacutecies
coletadas da regiatildeo de Minas Gerais mostraram que o aacutecido eperuico e seus
isocircmeros juntos com acido copaacutelico satildeo os principais componentes da resina
estudada Outros componentes tais como aacutecido colavenico aacutecido iso-ozico e aacutecido
epi-pinifolico satildeo tambeacutem presentes na resina em menor proporccedilatildeo
23145 Terpenos identificados no alburno
O alburno foi submetido agrave extraccedilatildeo com o solvente etanol e particionado entre
o ciclohexano e acetato de etila e o extrato ciclohexacircnico foi submetido a
fracionamento A abordagem fitoquiacutemica revelou a presenccedila de esteroacuteides e
triterpenoacuteides Foram identificados cinco compostos no extrato ciclohexacircnico N-N-
dietildecanamida Hexadecanoato de metila Aacutecido hexadecanoacuteico Aacutecido 9-
octadecenoacuteico Aacutecido octadecanoacuteico (VALENTIN 2006)
Do extrato de acetato de etila foram identificados os aacutecidos oleico linoleico
estearico e palmiacutetico (MARANHAtildeO et al 2013)
A anaacutelise da resina do tronco da Hymenaea parvifolia por CLG mostrou que
62 dela era constituiacuteda por aacutecido enantio-13-epilabdanoacuteico (Figura 23) de acordo
com NORIN et al (1963)
Figura 23 - Estrutura do aacutecido enantio-13-epilabdanoacuteico isolada de H parvifolia
COOH
OH
232 Flavonoacuteides identificados no gecircnero Hymenaea
Foram identificados flavonoacuteides em diferentes espeacutecies do gecircnero Hymenaea
42
2321 Hymenaea parvifolia
Em 1999 Ishibashi et al isolaram tambeacutem da resina do tronco de Hymenaea
parvifolia o flavonoacuteide glicosilado astilbina (Figura 24)
Figura 24 - Estrutura da astilbina
2322 Hymenaea palustris
Pettit et al (2003) isolaram os flavonoacuteides do tipo luteolina (1) crisoeriol (2)
palstatina (3) entre outros das folhas de Hymenaea palustris (Figura 25) esses
compostos apresentaram potente atividade inibitoacuteria frente a patoacutegenos Gram-
negativos como a Neisseria gonorrhoeae A palstatina atua como inibidor do
crescimento de ceacutelulas leucecircmicas linfoacuteticas tipo P388
Figura 25 - Estruturas de flavonoacuteides isolados das folhas de H palustres luteolina
(1) crisoeriol (2) e palstatina (3)
1 2
OHO
OH O
OH
OH OHO
OH O
OCH3
OH
O
OOH
HO
O
O
OH
OH
OacuteCH3
OCH3
H
H
OCH3
3
43
2323 Hymenaea courbaril
Suzuki et al (2008) isolaram dois flavonoacuteides do alburno de H courbaril a
taxifolina (1) e o fisetinidol (2) ambos com atividade antioxidante (Figura 26)
Figura 26 - Estruturas dos flavonoacuteides isolados do cerne de H courbaril taxifolina
(1) e o fisetinidol (2)
1 2
2324 Hymenaea stigonocarpa
Foram identificados flavonoacuteides em diferentes partes da espeacutecie Hymenaea
stigonocarpa
23241 Flavonoacuteides identificados na casca do caule
As anaacutelises cromatograacuteficas realizadas do extrato de acetato de etila da casca
de Hymenaea stigonocarpa realizadas por Lovato e Nunes em 2007 sugeriram que
este extrato conteacutem como principal componente o flavonoacuteide astilbina
(diidroquercetina-3-O-ramnosil) O fracionamento do extrato em coluna de siacutelica
levou ao isolamento de dois flavonoacuteides dos quais o mais abundante (F3442) foi
identificado como astilbina por CCD em comparaccedilatildeo com amostra autecircntica
O espectro de infravermelho obtido para a amostra isolada corresponde
exatamente ao da amostra autecircntica O comportamento cromatograacutefico e o espectro
de infravermelho do segundo flavonoacuteide isolado (F2728) sugerem fortemente que
se trata de quercetina-3-ramnosil
Em um estudo realizado por Moulari et al em 2006 foi isolado e
caracterizado nas folhas de Harungana madagascariensis o flavonoacuteide astilbina o
OH
OHO
OH
OH
O
OH
HO
OH
OH
OH
O
44
mesmo isolado por Ishibashi et al (1999) em H parvifolia e por Lovato e Nunes
(2007) em H stigonocarpa segundo Moulari eacute a astilbina a responsaacutevel pela
atividade antibacteriana do extrato de acetato de etila de Harungana
madagascariensis
Este flavononol tambeacutem foi isolado de flores de Dimorphandra mollis Benth
(Fabaceae Caesalpinioideae) e apresentou um importante efeito inibitoacuterio sobre a
enzima mieloperoxidase enzima implicada em processos oxidativos em sistemas
bioloacutegicos (PETACCI et al 2008)
23242 Flavonoacuteides identificados no alburno
O alburno foi submetido agrave extraccedilatildeo com o solvente etanol e particionado entre
o ciclohexano e acetato de etila do extrato de acetato de etila foram identificados
quatro flavonoides Dentre os flavonoides o principal constituinte (uma flavonona) foi
identificado como hultenina os outros flavonoides identificados foram taxifolina
quercetina e 7-methoxcatequina (MARANHAtildeO et al 2013)
233 Cumarinas identificadas no gecircnero Hymenaea
Foi identificada a presenccedila de cumarinas apenas na espeacutecie Hymenaea
courbaril
2331 Hymenaea courbaril
Em 2009 Simotildees et al isolaram duas cumarinas (Figura 27) das sementes
de H courbaril com atividade antifuacutengica
Figura 27 - Estruturas das cumarinas isoladas das sementes de H courbaril
ipomopsina (1) e hymenaina (2)
1
O
OH
MeO
O O
MeO
O O
2
O OOH
MeO
O
O
OMe
OH
45
234 Taninos relatados no gecircnero Hymenaea
Foram identificados taninos em diferentes espeacutecies do gecircnero Hymenaea
2341 Hymenaea courbaril
Em estudo realizado por Caramori et al (2004) foi observado que as
sementes de H courbaril apresentam uma grande quantidade de taninos
Sasaki et al (2009) descrevem que H courbaril conteacutem compostos bioatiacutevos
tais como terpenoacuteides e accedilucares aleacutem disso haacute relatos que vaacuterios terpenoacuteides ou
compostos fenoacutelicos possuem atividade antibacteriana A casca do jatobaacute conteacutem
um grande nuacutemero de procianidinas e parece ser um bom material para investigaccedilatildeo
de sua bioatividade ela pode aliviar alguns dos sinais cliacutenicos associados com a
encefalite aleacutergica experimental (EAE) uma doenccedila desmielinizante inflamatoacuteria do
sistema nervoso central sendo os componentes ativos responsaacuteveis pela atividade
bioloacutegica as procianinas do jatobaacute
2342 Hymenaea stigonocarpa
Orsi e colaboradores (2012) descrevem no extrato metanoacutelico da casca do
caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes a anaacutelise por CLAE-DAD a ocorrecircncia de
picos com espectros de UV caracteriacutesticos de derivados de catequinas e de aacutecido
gaacutelico aleacutem da ocorrecircncia de catequinas polimeacutericas
24 ESTUDOS FARMACOLOacuteGICOS NOS EXTRATOS OBTIDOS A PARTIR DE
DIFERENTES ESPEacuteCIES DO GEcircNERO Hymenaea
241 Estudos etnofarmacoloacutegicos
Foram realizados estudos etnofarmacoloacutegicos em diferentes espeacutecies do
gecircnero Hymenaea
2411 Hymenaea courbaril
46
Segundo Martins (1989) na Amazocircnia os nativos costumam ingerir a seiva
da Hymenaea courbaril para tratamento das afecccedilotildees pulmonares devendo
entretanto fazecirc-lo em pequenas doses pois como eacute adstringente causa
constipaccedilatildeo intestinal acrescenta ainda que da casca do caule pode ser feito chaacute
pelo meacutetodo de decocccedilatildeo para lavar ferimentos e para irritaccedilotildees vaginais
A casca do ramo eacute utilizada para problemas como tosse bronquite catarro
asma e fraqueza pulmonar sendo utilizada uma colher de sopa da casca do ramo
picada em uma xiacutecara (cafeacute) de aacutegua em fervura sendo fervido durante 5 minutos e
posteriormente coado acrescentando-se uma colher (cafeacute) de accediluacutecar cristal e uma
colher (sopa) de mel de abelha Deve-se ingerir uma colher (sopa) de 1 a 3 vezes
ao dia (PANIZZA 1998)
Numa discriccedilatildeo realizada por BONTEMPO (2000) a casca em cozimento eacute
aconselhada para combater hemoptises hematuacuteria (emissatildeo de urina com sangue)
diarreacuteia disenteria coacutelicas ventosas e acrescenta que o vinho de jatobaacute retirado do
caule eacute um poderoso fortificante LEONARDI (2002) relata que o chaacute da casca eacute
bom medicamento para a proacutestata podendo ser ingerido vaacuterias vezes ao dia e a
resina pode ser aplicada em forma de emplastro sobre as partes doloridas do corpo
Veiga Juacutenior (2005) descreve que em doses elevadas o jatobaacute (H courbail) satildeo
utilizadas como expectorante e fortificante mas podem desencadear reaccedilotildees
aleacutergicas
2412 Hymenaea stigonocarpa
Em mais um levantamento realizado junto agraves comunidades rurais do sul do
Estado de Minas Gerais na microrregiatildeo do Alto Rio Grande sobre quais as
espeacutecies nativas eram utilizadas na medicina popular Contando-se com a
colaboraccedilatildeo de 13 raizeiros em campo foi descrito que a Hymenaea stigonocarpa
esteve entre as espeacutecies utilizadas na medicina popular sendo preparado como
decocto ou infuso as partes como casca e ramos mais velhos tendo indicaccedilatildeo para
bronquites tosses coqueluche adstringente e nas afecccedilotildees da bexiga e proacutestata
(RODRIGUES CARVALHO 2001)
Hymenaea stigonocarpa tambeacutem estaacute entre as principais plantas medicinais
do cerrado utilizadas pela populaccedilatildeo da cidade de Mossacircmedes estado de Goiaacutes
As principais formas de utilizaccedilatildeo da planta satildeo atraveacutes da decocccedilatildeo da casca do
47
caule resina e polpa da fruta que satildeo indicados como depurativas contra afecccedilotildees
pulmonares (VILA VERDE et al 2003) Em um levantamento etnobotacircnico que teve
como alvo comunidades do entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
e da cidade de Alto Paraiacuteso observou-se que no elenco das dez espeacutecies medicinais
mais utilizadas o jatobaacute (Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne) foi coincidente na
indicaccedilatildeo de todos os entrevistados tendo seu uso relatado como depurativo
antiinflamatoacuterio estimulante de apetite fortificante e rico em ferro (SOUZA FELFILI
2006)
Outro estudo que relatou o uso de plantas medicinais entre os habitantes do
pantanal mato-grossense a espeacutecie Hymenaea stigonocarpa Mart teve a atividade
da resina que desprende da casca do caule relatadaque quando moiacuteda e aspirada
eacute utilizada no tratamento da sinusite (NETO 2006) Quando deixada de molho
serviria para as dores de estocircmago do peito e das costas O chaacute da casca seria
utilizado nas machucaduras do corpo humano e nas fraturas Tambeacutem eacute preparado
um vinho da seiva desta espeacutecie eacute tido como fortificante
2413 Hymenaea parvifolia
Em estudo etnobotacircnico realizado na comunidade negra de Curiauacute no estado
do Amapaacute apontam que o chaacute ou xarope da casca do caule de Hymenaea parvifolia
eacute utilizado para o tratamento de tosse bronquite febre diarreacuteia desinteria coacutelicas e
asma como tambeacutem como hemostaacutetico fortificante e vermiacutefugo (SILVA 2002)
242 Avaliaccedilatildeo farmacoloacutegica
Foram realizadas avaliaccedilotildees farmacoloacutegicas em diferentes espeacutecies do
gecircnero Hymenaea
2421 Hymenaea courbaril
Varios estudos farmacoloacutegicos tambeacutem ja foram realizados comprovando o
uso popular desta espeacutecie Estudos quanto agrave toxicidade da resina da Hymenaea
courbaril relatam que ela apresenta efeito toacutexico e inibidor do apetite sobre o inseto
Spodoptera exiacutegua (STUBBLEBINE LANGENHEIN 1977)
Extratos das suas cascas apresentaram atividade moluscicida (MARSTON et
al 1996) assim como atividade in vitro anti-plasmoacutedio (KOumlHLER et al 2002)
48
Quanto aos estudos relacionados a atividades inseticida trecircs diterpenos isolados
por Aguiar (2009) dos frutos de Hymenaea courbaril aacutecido zanzibaacuterico e aacutecido
isooacutezico e o sesquiterpeno caryolano-19-diol identificado pela primeira vez nesta
espeacutecie apresentaram accedilatildeo larvicida frente ao Aedes aegypti cujos valores de CL50
foram iguais a 1485 plusmn 044 ppm e 2844 plusmn 027 ppm para frutos verdes e maduros
respectivamente (AGUIAR 2009)
Quanto agrave avaliaccedilatildeo da atividade antiinflamatoacuteria o pericarpo da planta
apresentou atividade antiinflamatoacuteria 5-lipooxigenase e accedilatildeo inibitoacuteria contra
tiroquinase (TAKAGI et al1999) e inibiccedilatildeo da pigmentaccedilatildeo induzida pela radiaccedilatildeo
UV (TAKAGI et al 2002)
Jayaprakasam et al (2007) isolou dos frutos de H courbaril o aacutecido
labdanoacutelico e espatulenol terpenos que possuem atividade antiinflamatoacuteria cuja
inibiccedilatildeo da ciclo-oxigenase II (COX II) foi da ordem de 43 e 54 para aacutecido
labdanoacutelico e espatulenol respectivamente
Em estudo realizado por Bezerra et al (2013) foi demonstado que a fraccedilatildeo
acetato de etila da casca do caule de Hymenaea courbaril apresenta potencial
atividade antioxidante miorelaxante aleacutem da anti-inflamatoacuteria jaacute anteriormente
descrita confirmando o uso popular no tratamento de doenccedilas inflamatoacuterias aeacutereas
tais como a asma natildeo sendo poreacutem determinadas os metaboacutelitos responsaacuteveis por
esta accedilatildeo
Quanto a atividade antioxidante Aguiar et al (2009) descreve a atividade do
extrato metanolico que apresentou valores de CI50 de 004 mgL Atividade tambeacutem
observada por Peixoto et al (2013) avaliando os extratos hidroalcooacutelico e metanoacutelico
das sementes polpa folha e casca de Hymenaea courbaril que apresentaram altos
teores de fenoacuteis totais e flavonoacuteides
Na avaliaccedilatildeo da atividade antimicrobiana foi observados que diterpenos
isolados das folhas de Hymenaea courbaril apresentam marcada atividade fungicida
(HUBBELL et al 1983) Esta espeacutecie tambeacutem foi descrita como capaz de tratar
infecccedilotildees urinaacuterias sendo observado em estudo realizado por CARAMORI et al
(2004) altos niacuteveis de atividade enzimaacuteticas do extrato etanoacutelico da semente
FERNANDES et al (2005) realizou uma avaliaccedilatildeo da atividade
antimicrobiana de extratos pela teacutecnica de difusatildeo em aacutegar empregando-se o
meacutetodo de difusatildeo em poccedilo e determinou a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM)
para o extratos de H courbaril mediante a utilizaccedilatildeo de estreptococos do grupo
49
mutans (EGM) e Staphylococcus sp Na concentraccedilatildeo de 25 mgmL 540 dos
Staphylococcus sp foram inibidos enquanto para os estreptococos do grupo mutans
a dose de 125mgmL foi capaz de inibir apenas 35 da populaccedilatildeo
Esses extratos apresentaram atividade frente os micro-organismos Gram-
positivos principalmente contra Staphylococcus aureus mas natildeo inibiram os micro-
organismos Gram-negativos e a Candida albicans
Resultados confirmados por GONCcedilALVES et al (2005) que tambeacutem
descrevem que o extrato hidroalcooacutelico preparado a partir da casca de planta exerce
atividade contra Staphylococcus aureus e Bacillus cereus Como tambeacutem por Aleixo
et al (2013) que demonstrou a accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico da casca frente a
isolados cliacutenicos de Staphylococcus aureus meticiclina resistente (MRSA)
apresentando uma CIM de 500microgmL
Aleixo et al (2013) ainda descreve que a associaccedilatildeo do extrato
hidroalcooacutelico de Hymenaea courbaril com o extrato de Stryphnodendron
adstringens na proporccedilatildeo de 11 levou a reduccedilatildeo da CIM para 3125microgmL
demonstrando assim a existecircncia de um efeito sineacutergico
2422 Hymenaea stigonocarpa
Extratos obtidos a partir de ciclohexano acetato de etila e metanol a partir do
alburno apresentaram grupo de compostos que se mostraram toacutexicos e com
propriedades contra cupins (Nasutitermes corniger) (SANTANA et al 2010)
Maranhatildeo et al (2013) avaliando a accedilatildeo do extrato de acetato de etila do
alburno e dos flavonoides isolados a partir desta fraccedilatildeo (hultenina quercetina
taxifolina and 7-metoxcatequina) frente agrave Nasutitermes corniger observou que todos
apresentam atividade sendo o extrato de acetato de etila mais ativo que as fraccedilotildees
isoladas natildeo existindo diferenccedilas significativas entre os diferentes flavonoides
isolados
Quanto a citotoxicidade a avaliaccedilatildeo da accedilatildeo de compostos isolados do
epicarpo de Hymenaea stigonocarpa frente a ceacutelulas tumorais humanas observou-se
que de trecircs substacircncias isoladas a partir do extrato hexacircnico do epicarpo de
Hymenea stigonocarpa caur-16-en-18-ato de metila (1) caur-15-en-18-ato de metila
(2) e caur-16-en-18-ol (3) respectivamente A substacircncia caur-16-en-18-ol foi capaz
50
de inibir significativamente o crescimento das trecircs linhagens de ceacutelulas avaliadas
H460 Colo 205 e U937 (BRASIL et al 2009)
Analisando a citotoxicidade celular dos compostos medida pela quantificaccedilatildeo
de LDH (Desidrogenase laacutetica) demonstrou-se que os compostos 1 e 2
anteriormente descritos natildeo foram capazes de induzir a liberaccedilatildeo da enzima
enquanto que o 3 foi capaz de induzir a liberaccedilatildeo de LDH nas maiores
concentraccedilotildees testadas (BRASIL et al 2009)
Guimaratildees et al (2009) avaliando a toxicidade aguda do extrato metanolico
da entrecasca de Hymenaea stigonocarpa observou que o ele natildeo produz alteraccedilotildees
comportamentais ateacute a dose de 1000mgKg poreacutem a partir desta dose os
camundongos apresentam diarreacuteia e letargia reversiacuteveis em 24h Quanto ao transito
gastrointestinal o mesmo no intestino mostrou-se aumentado enquanto o
esvaziamento gaacutestrico mostrou-se reduzido
Estudos de Orsi et al (2012) mostraram que a administraccedilatildeo por via oral de
5mgKg do extrato metanolico da casca do caule natildeo produz nenhum sinal de
toxicidade aguda em animais machos ou fecircmeas (ratos) assim como natildeo leva a
mortes nem mudanccedilas de peso corporal ou de oacutergatildeos quando avaliados por um
periacuteodo de 14 dias apoacutes a administraccedilatildeo
Guimaratildees et al (2009) avaliando a atividade antiulcerogecircnica da entrecasca
observaram que o extrato metanolico possui atividade nos modelos de uacutelcera
gaacutestrica induzida por indometacina e isquemia-reperfusatildeo e sendo portente no
modelo de ulcera gastrica induzida por etanol Tambeacutem foi observado que o extrato
metanoacutelico (obtido por maceraccedilatildeo) apresenta atividade inibitoacuteria sobre a liberaccedilatildeo
induzida de histamina a partir de mastoacutecitos (FERREIRA 2011)
Aleacutem disso outros estudos demonstram que o extrato metanoacutelico da casca
apresenta efeito antidiarreico gastroprotetor contra vaacuterios agentes ulcerogecircnicos
esse efeito gastroprotetor eacute acompanhado da prevenccedilatildeo da depleccedilatildeo de GSH e
inibiccedilatildeo da atividade de mieloperoxidase na mucosa duodenal e atividade
cicatrizante Esses efeitos observados satildeo atribuiacutedos agrave accedilatildeo antioxidante devido agrave
presenccedila de taninos condensados e flavonoides (ORSI et al 2012)
O extrato de acetato de etila do alburno mostrou tambeacutem atividade
antioxidante contra radicais DPPH sendo mais ativo quando comparado a
flavonoides isolados a partir deste mesmo extrato sendo sugerida por Maranhatildeo et
al (2013) que pode ocorrer um efeito sineacutergico entre os flavonoides presentes no
51
extrato o que explicaria essa maior atividade Mesma atividade antioxidante
observada por Peixoto et al (2013) que avaliou a atividade dos extratos
hidroalcooacutelico e metanoacutelico do fruto da Hymenaea stigonocarpa
Quanto agrave accedilatildeo antimicrobiana em estudo realizado por Valentim (2006)
utilizando o alburno de Hymenaea stigonocarpa o extrato em acetato de etila
apresentou atividade antimicrobiana pelo meacutetodo de difusatildeo em disco frente ao
Staphylococcus aureus tendo tambeacutem apresentado resultado significativo frente agrave
bacteacuteria aacutelcool-aacutecido-resistente (Mycobacterium smegmatis)
Valeriano et al (2010) avaliando a atividade antimicrobiana a partir do
alburno observaram que o extrato ciclohexanico apresentou atividade frente ao
Staphylococcus aureus confirmando os resultados de Valentin (2006) deste extrato
foram identificados os compostos hexadecanoato de metila aacutecido hexadecanoacuteico
aacutecido octadecanoacuteico e aacutecido 9-octadecenoacuteico
Novamente avaliando a accedilatildeo antimicrobiana foi preparado um extrato
etanoacutelico da casca de Hymenaea stigonocarpa que apresentou uma CIM de 250
microgmL para Staphylococcus aureus Candida krusei e Criptococcus neoformans
poreacutem natildeo apresentou atividade significativa frente agrave Pseudomonas aeruginosa e
Candida albicans CIM de 1000 microgmL aleacutem de significante atividade antioxidante
provavelmente associadas agrave presenccedila de taninos (MARQUES et al 2013)
2423 Hymenaea martiana
Foram isolados a partir do extrato etanoacutelico da casca de Hymenaea martiana
β-sitosterol-3-O-glicosiacutedeo e trecircs ramnosideos (eucrypina engelitina e astilbina) O
glicosiacutedeo eucripina causou um deslocamento dependente de concentraccedilatildeo da
curva de resposta da bradicinina (BK) do uacutetero isolados de ratas Em contraste
astilbina e engeletina causaram apenas um discreto deslocamento agrave direita do BK
(antagonismo) as contraccedilotildees induzidas (CARNEIRO et al 1993)
Em outro estudo o extrato etanoacutelico da casca do caule obtido por maceraccedilatildeo
e as fraccedilotildees hexano clorofoacutermio e acetato de etila apresentam atividade
antinociceptiva observada pelo meacutetodo das contorccedilotildees abdominais induzidas pelo
aacutecido aceacutetico possivelmente pela inibiccedilatildeo da siacutentese de prostaglandinas (SILVA et
al 2011)
52
Silva et al (2010) avaliando o extrato etanoacutelico e as fraccedilotildees hexano
clorofoacutermio e acetato de etila descreveu a existecircncia de atividade antioxidante
sendo o extrato acetato de etila o mais ativo seguido pelo extrato etanoacutelico e as
fraccedilotildees hexano e clorofoacutermio
Resultados confirmados por SILVA et al (2011) onde foi observado que o
extrato etanoacutelico da casca de Hymenaea martiana e a fraccedilatildeo de acetato de etila
obtida por particcedilatildeo apresentaram uma marcada atividade antioxidante Analises
fitoquiacutemicas demonstraram que a fraccedilatildeo etanoacutelica conteacutem polifenoacuteis flavonoides
esteroides e terpenoacuteides sendo a presenccedila de polifenoacuteis nestes extratos essencial
para essa propriedade os polifenoacuteis descritos satildeo possivelmente aacutecido cinamico
flavan-3-ol ou derivados de flavanonas
Quanto a atividade antimicrobiana os extratos aquoso butanoacutelico e
hidroalcooacutelico obtidos da casca de Hymenaea martiana apresentam atividade frente
a Cryptococcus neoformans e C gatii com CIM entre 2 a 64 microgML sendo as
fraccedilotildees etanolica e hidroalcooacutelica as mais ativas Souza et al (2010) tambeacutem
demonstraram a atividade da H martiana frente agrave dermatoacutefitos (Trichophytum
rubrum Trichophytum mentagrophytes M canis) sendo os menores valores de CIM
os obtidos a partir das fraccedilotildees aquosa e butanoacutelica nas trecircs espeacutecies estudadas
2424 Hymenaea parvifolia
Em 1999 Ishibashi et al identificaram dois dihidroflavonois rhamnosideos
isolados da casca de Hymenaea parvifolia neoastilbina e astilbina que
apresentaram efeitos inibitoacuterios sobre a caseiacutena quinase II (CK-II) de forma dose-
dependente
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3 CARACTERIZACcedilAtildeO BOTAcircNICA FITOQUIacuteMICA E AVALIACcedilAtildeO DA ATIVIDADE
ANTIBACTERIANA DOS EXTRATOS E FRACcedilOtildeES DA CASCA DO CAULE DE
Hymenaea stigonocarpa MART EX HAYNE
31 INTRODUCcedilAtildeO
A utilizaccedilatildeo de plantas medicinais tem suas raiacutezes fortemente ligadas agrave
cultura indiacutegena e a colonizaccedilatildeo europeia Essa influecircncia contribuiu para o
enriquecimento da cultura popular e serviu como alicerce para os estudos cientiacuteficos
(MARTINS et al 1994) Entretanto atualmente as pesquisas relacionadas agrave accedilotildees
terapecircuticas de plantas medicinais no Brasil ainda satildeo incipientes (VEIGA JUacuteNIOR
PINTO 2005) continuando a maioria das espeacutecies brasileiras sem qualquer
avaliaccedilatildeo principalmente referente agraves propriedades farmacoloacutegicas (PINTO et al
2002)
A criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Praacuteticas Integrativas e Complementares no
SUS criada pelo ministeacuterio da sauacutede em 2006 tendo como um dos focos a
fitoterapia como praacutetica terapecircutica levou ao aumento no consumo de medicamentos
a base de produtos naturais (KLEIN et al 2009)
Esse aumento tambeacutem pocircde ser associado ao fato de que as populaccedilotildees
questionam os perigos do uso irracional dos medicamentos alopaacuteticos associados a
seus custos muitas vezes dispendiosos e procuram substituiacute-los pelo uso de plantas
medicinais A comprovaccedilatildeo da accedilatildeo terapecircutica associada agrave insatisfaccedilatildeo da
populaccedilatildeo perante o sistema de sauacutede tem favorecido essa dinacircmica (TOMAZZONI
et al 2006)
A descoberta e o desenvolvimento dos processos de siacutentese a partir de
moleacuteculas isoladas de produtos naturais para a produccedilatildeo de faacutermacos culminaram
com a introduccedilatildeo no mercado de diversos medicamentos Entretanto devido aos
efeitos colaterais destas moleacuteculas sinteacuteticas e dos altos custos houve um resgate
incentivado pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede para a pesquisa e aplicaccedilatildeo de
fitoteraacutepicos (VOLAK STODOLA 1990)
As plantas tecircm uma capacidade quase ilimitada para sintetizar substacircncias
aromaacuteticas a maioria das quais satildeo fenoacuteis ou derivados oxigecircnio-substituiacutedo
(COWAN 1999) A pesquisa de novos medicamentos originados a partir de plantas
64
medicinais deve ser iniciada a partir de uma seleccedilatildeo baseada em alguns criteacuterios
Esta seleccedilatildeo pode ser baseada no conhecimento antecipado de efeitos terapecircuticos
como a pesquisa etnofarmacoloacutegica que utiliza o conhecimento preacute-existente nas
comunidades nativas por acesso a bancos de moleacuteculas disponiacuteveis ou por
pesquisa aleatoacuteria com espeacutecies existentes e disponiacuteveis em local previamente
escolhido (MARINHO 2008)
Na deacutecada de 80 em todo o mundo foram identificados 121 compostos de
origem vegetal provenientes de 95 espeacutecies os quais tecircm sido usualmente
empregados como produtos terapecircuticos nos paiacuteses ocidentais Quanto aos
medicamentos aprovados para comercializaccedilatildeo no periacuteodo de 1983-1994 6 foram
obtidos diretamente de espeacutecies vegetais 24 satildeo compostos derivados e 9
foram desenvolvidos a partir de compostos de vegetais cuja estrutura molecular
serviu como unidade precursora em processo de siacutentese (MARASCHIN e
VERPOORTE 1999)
No periacuteodo entre 2005 e 2010 um total de 19 medicamentos agrave base de
produtos naturais foram aprovados para comercializaccedilatildeo em todo o mundo entre os
quais sete satildeo classificadas como produtos naturais dez produtos naturais
semissinteacuteticos e dois como drogas derivadas de produtos naturais (MISHRA 2011)
Satildeo exemplos de medicamentos sinteacuteticos desenvolvidos a partir de
moleacuteculas oriundas do metabolismo secundaacuterio das plantas a procaiacutena cloroquina
vimblastina vincristina podofilotoxina taxol e camptotecina (PINTO et al 2002)
Dados atualizados satildeo escassos poreacutem segundo o Ministeacuterio da sauacutede
(2006) tomando como referecircncia o ano de 1996 descreve que a quarta parte dos
oito bilhotildees de doacutelares do faturamento da induacutestria farmacecircutica nacional foram
resultantes de medicamentos derivados de produtos vegetais Entretanto apenas
8 das espeacutecies botacircnicas brasileiras foram estudadas com o objetivo de obter
moleacuteculas bioativas
Apesar das vantagens relatadas anteriormente introduzir um novo
medicamento na terapecircutica eacute um processo longo e bastante oneroso Todo o
processo de pesquisa e desenvolvimento dura cerca de doze anos com
probabilidade de sucesso muito pequena (LIMA et al 2003)
As propriedades medicinais apresentadas pelas plantas se devem a
variedade e complexidade de seus metaboacutelitos Estes metaboacutelitos secundaacuterios os
quais satildeo produzidos como mecanismo de defesa dos vegetais agraves condiccedilotildees
65
ambientais e a presenccedila de micro-organismos insetos ou animais (MONTARI e
BOLZANI 2001)
Os metaboacutelitos secundaacuterios de vegetais superiores apresentam uma ampla
diversidade estrutural e distribuiccedilatildeo muito variada em vaacuterias partes da planta Por
representar uma interface quiacutemica entre a planta e o ambiente circundante sua
siacutentese eacute frequentemente influenciada por fatores relacionados agrave fisiologia da proacutepria
planta e mudanccedilas ambientais
Os metaboacutelitos secundaacuterios frequentemente estatildeo restritos a uma espeacutecie ou
gecircnero vegetal e muitas vezes podem ser ativados somente durante um
determinado estaacutegio do desenvolvimento vegetal em estaccedilotildees especiacuteficas do ano
sob condiccedilotildees de estresse ou de restriccedilatildeo hiacutedrica ou de nutrientes (LOURENCcedilO
2003 GOBBO-NETO LOPES 2007)
A pesquisa relacionada a moleacuteculas bioativas de origem vegetal constituem
uma estrateacutegia para inovaccedilatildeo farmacecircutica e competitividade neste setor tendo em
vista a singularidade estrutural das substacircncias encontradas sua importacircncia como
protoacutetipos moleculares para o desenvolvimento de novos faacutermacos e sua
perspectiva de patenteamento (OLIVEIRA 2003)
Varias atividades satildeo comprovadamente atribuiacutedas a moleacuteculas de origem
natural principalmente as obtidas a partir de plantas Sendo as atividades
antinociceptiva anti-inflamatoacuteria antioxidante anticacircncer anti-hipertensiva
antidiabeacutetica e antimicrobiana as mais frequentemente relatadas (BORGES et al
2013 ASMAWI et al 2013 LIMA et al 2012 MISHRA et al 2013)
Devido agrave raacutepida disseminaccedilatildeo dos micro-organismos multidrogas resistentes
haacute uma consideraacutevel necessidade por novos agentes antimicrobianos (GIBBONS et
al 2002)
Assim as pesquisas tecircm se intensificado no Brasil devido agrave diversidade de
espeacutecies presentes na flora brasileira e a necessidade de busca desses novos
agentes (ADEBAJO et al 1989 BRITO BRITO 1993 MIGUEL et al 1996 LIMA
2001) tendo sido assim muitas plantas avaliadas natildeo somente pela atividade
antimicrobiana direta mas tambeacutem pela modificaccedilatildeo do perfil de resistecircncia ao
agente antimicrobiano (GIBBONS 2004 HEMAISWARYA et al 2008 WAGNER
ULRICH-MERZENICH G 2009)
Um indicativo da efetividade dos mecanismos de defesa desenvolvido por
alguns vegetais eacute a reduzida ocorrecircncia de doenccedilas infecciosas em certas plantas
66
As plantas satildeo conhecidas por produzirem uma enorme variedade de moleacuteculas
com atividade antimicrobiana geralmente classificada como fitoalexinas Sua
composiccedilatildeo quiacutemica eacute diversificada apresentando terpenoacuteides glicosteroacuteides
flavonoacuteides e polifenoacuteis (HEMAISWARYA 2008)
Os principais grupos de compostos com propriedades antimicrobianas
extraiacutedos de plantas incluem terpenoacuteides (TORSSEL 1989) alcaloides
(FESSENDEN 1982) polipeptiacutedios (TERRAS et al1993 ZHANG LEWIS 1997) e
substacircncias fenoacutelicas que satildeo fenoacuteis simples aacutecidos fenoacutelicos quinonas (STERN
et al 1996) flavonas flavonoacuteis e flavonoacuteides (FESSENDEN 1982) tanino
(SCALBERT 1992) e cumarinas (OrsquoKENNEDY THORNES 1997)
Compostos isolados de plantas satildeo substacircncias cuja estrutura quiacutemica
muitas vezes apresentam grandes diferenccedilas estruturais em relaccedilatildeo aos
antibioacuteticos derivados de micro-organismos Estes agentes antimicrobianos isolados
de plantas podem agir como reguladores do metabolismo intermediaacuterio ativando ou
bloqueando reaccedilotildees enzimaacuteticas afetando diretamente as siacutenteses enzimaacuteticas seja
em niacutevel nuclear ou ribossomal ou mesmo alterando estruturas de membranas
(SINGH SHUKLA 1984)
O Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees continentais e de grande biodiversidade Os
ecossistemas brasileiros respondem pela maior variedade geneacutetica vegetal do
mundo sendo que 30 das florestas tropicais mundiais estatildeo situadas em territoacuterio
brasileiro (CECHINEL FILHO YUNES 1998) Neste sentido a pesquisa relacionada
a produtos naturais apresenta um grande potencial quanto agrave descoberta de novos
agentes terapecircuticos
Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne (Leguminosae) eacute uma planta
medicinal encontrada no cerrado brasileiro e conhecida popularmente como Jatobaacute-
do-cerrado (BATISTA 2011) As suas cascas do caule satildeo amplamente utilizados
em infusatildeo ou decocccedilatildeo para tratar a dor de estocircmago asma bronquite uacutelceras
diarreia gripe e tosse (GRANDI et al 1989 VILA-VERDE et al 2003 BIESKI et
al2012)
Recentemente foi demonstrada a atividade antidiarreacuteica e accedilatildeo contra uacutelceras
gaacutestricas e duodenais experimentais do extrato metanoacutelico da casca do caule de H
stigonocarpa (ORSI et al 2012)
Estudos fitoquiacutemicos de Hymenaea stigonocarpa mostraram a presenccedila de
terpenos e sesquiterpenos aacutecidos graxos flavonoacuteides e taninos metaboacutelitos
67
reconhecidos pela atividade bioloacutegica (LANGENHEIM HALL 1983 MATUDA
NETO 1985 ORSI et al 2012) Poreacutem poucas pesquisas tem avaliado a atividade
farmacoloacutegica de cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa e estudos sobre a sua
atividade antimicrobiana ainda satildeo escassos (DIMECH et al 2013)
68
32 OBJETIVOS
Os objetivos gerais e especiacuteficos deste estudo satildeo descritos abaixo
321 Objetivo geral
Realizar o estudo fitoquiacutemico e a caracterizaccedilatildeo botacircnica da casca do caule
de Hymenaea stigonocarpa e avaliar a atividade antibacteriana de diferentes
extratos e fraccedilotildees frente a bacteacuterias Gram-positivas e Gram-negativas
322 Objetivos especiacuteficos
Realizar a caracterizaccedilatildeo botacircnica e fitoquiacutemica do material vegetal
Avaliar a atividade antibacteriana dos extratos de Hymenaea stigonocarpa
Determinar as classes de metaboacutelitos secundaacuterios responsaacuteveis pela
atividade antibacteriana e suas concentraccedilotildees
Caracterizar por meio de CLAE-DAD os extratos mais ativos
Observar as alteraccedilotildees ultraestruturais provocadas pelo extrato mais ativo
69
33 MATERIAIS E MEacuteTODOS
Os materiais e meacutetodos deste estudo satildeo descritos a seguir
331 Coleta do material vegetal
Cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne foram
coletadas em outubro de 2009 na Fazenda Refuacutegio localizada na cidade de
Camocim de Satildeo Feacutelix (figura 28) Pernambuco (localizado latitude 8deg213000S e
longitude 35deg475670O)
A identificaccedilatildeo foi realizada pela botacircnica do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco Dra A Bocage sendo a exsicata depositada sob o nuacutemero 83563 no
Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima pertencente ao mesmo instituto
Figura 28 ndash Local da coleta das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa
Mart ex Hayne
Fonte httpnlwikipediaorgwikiBestandCamocim_de_SC3A3o_FC3A9lixpng
Na preparaccedilatildeo da mateacuteria-prima vegetal as cascas do caule foram
submetidas agrave secagem em estufa a uma temperatura de 40degC durante 72 horas
em seguida pulverizadas em moinho de martelos (Tigre ASN5) e estocada em
frascos a temperatura ambiente
332 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal
Amostras de caule jovem e maduro foram coletadas em indiviacuteduo adulto de
Hymenaea stigonocarpa ocorrendo espontaneamente em uma aacuterea do agreste no
municiacutepio de Camocim de Satildeo Feacutelix
Camocim de Satildeo Feacutelix
70
Foram coletados ramos (40 cm de comprimento com ramos jovens e
adultos) os mais expostos ao sol de um indiviacuteduo adulto As amostras foram
acondicionadas em sacos plaacutesticos mantidos em caixa de isopor contendo gelo As
amostras de caule foram fixadas em formaldeiacutedo a 40 aacutecido aceacutetico e etanol 95
(FAA 50) por 48 horas (JOHANSEN 1940)
3321 Anaacutelise microscoacutepica
Secccedilotildees transversais foram obtidas agrave matildeo livre do caule jovem e adulto e da
regiatildeo mediana do peciacuteolo As secccedilotildees foram clarificadas em soluccedilatildeo comercial de
hipoclorito de soacutedio a 50 neutralizadas em aacutecido aceacutetico numa concentraccedilatildeo de
02 lavadas em aacutegua destilada coradas com safranina e azul de astra (Bukatsch
1972) Este material foi montado em glicerina a 50 (Johansen 1940) e as
lamiacutenulas foram entatildeo fixadas Todas as anaacutelises microscoacutepicas foram realizadas
em imagens digitais obtidas sob microscoacutepio oacutetico acoplado com cacircmera digital
utilizando o programa de anaacutelise de imagens Image Tool (Wilcox et al 2002)
3322 Anaacutelise histoquiacutemica
Para a anaacutelise histoquiacutemica parte das secccedilotildees histoloacutegicas jovens e adultas
de indiviacuteduo adulto foram submetidas a reagentes tradicionais para investigaccedilatildeo
histoquiacutemica (a) dicromato de potaacutessio (GABE 1968) para compostos fenoacutelicos
totais (b) vanilina cloriacutedrica (RICCO 2002) para evidenciaccedilatildeo de taninos (c)
Reagente de Neu para evidenciaccedilatildeo de flavonoacuteides (NEU 1956)
333 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal
Cerca de 50 g de amostra oriunda da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa foi submetido agrave extraccedilatildeo exaustiva seriada por maceraccedilatildeo (12 pv) por
periacuteodos de 24 horas com solventes de polaridades crescentes (ciclohexano
acetato de etila etanol e aacutegua) Um extrato hidroalcooacutelico (EH) foi tambeacutem obtido
por maceraccedilatildeo de 60g (12 pv) em etanolaacutegua (11) Uma parte do resiacuteduo seco do
extrato hidroalcooacutelico (5g) foi particionada (11) em aacutegua (FA) e outra parte em
71
acetato de etila (FAE) Posteriormente todos os extratos foram filtrados em papel
Whatman No 1 e evaporados a 50degC sob pressatildeo reduzida com exceccedilatildeo do extrato
aquoso e fraccedilatildeo aquosa que foram liofilizados
Desta forma obtiveram-se cinco extratos Extrato ciclohexano (EC) extrato de
acetato de etila (EAE) extrato etanoacutelico (EE) extrato aquoso (EA) e extrato
hidroalcooacutelico (EH) e duas fraccedilotildees fraccedilatildeo aquosa (FA) e fraccedilatildeo acetato de etila
(FAE)
Todos os extratos foram analisados por cromatografia em camada delgada
(CCD) quanto agrave presenccedila de alcaloacuteides flavonoacuteides terpenoacuteides aacutecido gaacutelico
fenilpropanoglicosiacutedeos cumarinas taninos condensados e hidrolisaacuteveis accediluacutecares e
quinonas Para obtenccedilatildeo de soluccedilotildees com concentraccedilotildees padronizadas todos os
extratos foram solubilizados na concentraccedilatildeo de 05
Volumes de 15 μL de cada extrato EC EAE EE EA EH FA FAE foram
utilizados para a realizaccedilatildeo de cada CCD utilizando-se placas de gel de siacutelica
(Merck -105553) As anaacutelises foram realizadas a partir de diferentes sistemas de
eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv) EtOAcndashHCOOHndash
AcOHndashH2O (100 05 05 05 vv ) Et2O-tolueno-AcOH 10 (50 50 50 vv )
ToluenondashAcOEt (97 3 vv) n-BuOH-Me2CO-tampatildeo fosfato pH = 50 (40 50 10
vv) e AcOEt ndash MeOH ndash H2O (81 11 8 vv) e revelados utilizando diferentes
substacircncias (Quadro1)
Quadro 1 - Metaboacutelitos secundaacuterios pesquisados sistemas de eluiccedilatildeo e reveladores
utilizados na avaliaccedilatildeo fitoquiacutemica da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
METABOacuteLITO ELUICcedilAtildeO REVELADOR RESULTADO
POSITIVO REFEREcircNCIA
Alcaloacuteides
A Dragendorff Coloraccedilatildeo Laranja (WAGNER 1996)
Monoterpenoacuteides Sesquiterpenoacuteides e
Diterpenoacuteides B Vanilina sulfuacuterica
Coloraccedilatildeo Azul escura
(WAGNER 1996)
Triterpenoacuteides e Esteroacuteides C Liebermann
Burchard Coloraccedilatildeo rosa a
vermelho (UV) (SHARMA 1991)
72
A - EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv) B - ToluenondashAcOEt (97 3 vv) C - EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 05 05 05 vv ) D - Et2O-tolueno-AcOH 10 (50 50 50 vv ) E - n-BuOH-Me2CO-tampatildeo fosfato pH = 50 (40 50 10 vv) F - AcOEt ndash MeOH ndash H2O (81 11 8 vv) Soluccedilatildeo metanoacutelica de 2- aminoetil difenilborinato 1 e soluccedilatildeo etanoacutelica de polietilenoglicol 5
METABOacuteLITO ELUICcedilAtildeO REVELADOR RESULTADO
POSITIVO REFEREcircNCIA
Iridoacuteides
A Vanilina sulfuacuterica Coloraccedilatildeo violeta (HARBONE 1998)
Saponinas
A Anisaldeiacutedo Coloraccedilatildeo verde
escura (WAGNER 1996)
Glicosiacutedeos cardiacuteacos
F KEDD Coloraccedilatildeo Violeta
a azul-violeta (WAGNER 1996)
Cumarinas
E Anaacutelise por UV Surgimento de
fluorescecircncia azul (UV)
(WAGNER 1996)
Derivados cinacircmicos
A NEU
Surgimento de
fluorescecircncia (UV) (WAGNER 1996)
Fenilpropanoglicosiacutedeos
A NEU
Surgimento de fluorescecircncia
verde limatildeo (UV) (WAGNER 1996)
Flavonoacuteides
A NEU
Surgimento de fluorescecircncia
laranja verde e amarela (UV)
(MARKHAM 1982)
(HARBORNE 1998)
Taninos condensados A Vanilina
Cloriacutedrica
Coloraccedilatildeo vermelha
(ROBERTSON 1955)
Taninos hidrolisaacuteveis
A NEU
Negro (Visiacutevel) Fluorescecircncia azul
(UV) (NEU 1956)
Accediluacutecares
D Cloridrato de
235 Trifeniltetrazoacutelio
Coloraccedilatildeo avermelhada
(WALLENFELS 1950)
73
334 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais
A quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais foram realizados como descrito
na Farmacopeacuteia Europeacuteia como descrito a seguir
3341 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais
A Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais foi realizada de acordo com o meacutetodo de
Folin-Ciocalteu como descrito na Farmacopeacuteia Europeacuteia (2005) Os extratos e
fraccedilotildees da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa EAE EE EA EH FA FAE
foram solubilizados em etanol (10) para obtenccedilatildeo de uma concentraccedilatildeo final de
500 microgmL Cinco mililitros de cada soluccedilatildeo foram diluiacutedos para 25 ml com aacutegua
destilada Destas soluccedilotildees 2 mL foram transferidos para um balatildeo volumeacutetrico
contendo aacutegua destilada (10 ml) e depois foi adicionado 1mL do reagente de Folin-
Ciocalteu natildeo diluiacutedo sendo o volume finalmente completado para 25 mL com
Na2CO3 (10 vv)
A soluccedilatildeo foi mantida a temperatura ambiente (25ordmC) por 30 minutos quando
a absorbacircncia das amostras foi lida a 760 nm em um espectrofotocircmetro UVVis
(Evolution 60S Thermo Scientific) Aacutegua destilada foi usada como branco
A concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais foi determinada pela extrapolaccedilatildeo da
curva de calibraccedilatildeo a qual foi obtida a partir das soluccedilotildees de aacutecido gaacutelico (Sigma
Chemical Co St Louis USA) que variaram entre 20 ndash 80120583gmL A concentraccedilatildeo
polifenoacuteis totais foi calculada em triplicata foi expresso em miligramas de equivalente
de aacutecido gaacutelico por grama de amostra seca
3342 Determinaccedilatildeo de taninos totais
Com o objetivo de determinar os taninos totais 100 mg de caseiacutena (Merckreg)
foi adicionada a 10 mL de cada extrato ou fraccedilatildeo sendo a mistura homogeneizada
por 60 minutos e depois filtradas em papel de filtro Whatman No 1 O procedimento
para determinaccedilatildeo dos taninos foi similar ao descrito no item 341
O conteuacutedo de polifenoacuteis nas fraccedilotildees natildeo tanantes foi calculado pela curva
padratildeo de aacutecido gaacutelico A concentraccedilatildeo de taninos totais foi calculada como
Taninos totais = polifenois totais ndash polifenois natildeo tanantes
74
3343 Anaacutelise por Cromatografia Liquida de alta Eficiecircncia (CLAE)
Cromatogramas dos extratos e fraccedilotildees da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa que apresentaram os maiores teores de taninos e atividade
antibacteriana (EE EH e FA) foram obtidos por Cromatografia Liquida de alta
Eficiecircncia com arranjo de diodos (CLAE-DAD)
Os extratos e o padratildeo astilbina foram solubilizados em metanol para a
obtenccedilatildeo de soluccedilotildees de concentraccedilatildeo de 400 microgmL e 25microgmL respectivamente
Essas soluccedilotildees foram filtradas em membrana de politetrafluoetileno de 020 microm
(Chromafilreg) e depois adicionadas frascos acircmbar As anaacutelises foram realizadas em
equipamento CLAE-DAD (Ultimatereg 3000 Thermo Scientificreg) equipado com bomba
binaria HPG-3x00RS 3000 (RS) detector de arranjo de diodo e coletor de amostra
automaacutetico ACC-3000
As separaccedilotildees foram realizadas com uma coluna (C18) 256 x 46 mm di 5
microm (Acclaim 120 Dionexreg) equipada com (C18 4 x 3 mm di Phenomenexreg) A fase
moacutevel foi composta por aacutegua MiliQreg (eluente A) e acetonitrila (eluente B Tediareg)
ambos acidificados com 01 de soluccedilatildeo de aacutecido trifluoroaceacutetico variando de 10-
23 em 35 min para 23ndash90 em 50 min do eluente B a um fluxo de 1mLmin O
software Chromeleon 60 (Dionexreg) foi utilizado para processamento e aquisiccedilatildeo dos
dados
335 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana
A avaliaccedilatildeo da atividade antibacteriana foi realizada a partir do estudo com
diferentes estratos e fraccedilotildees
3351 Preparaccedilatildeo das amostras
Para determinaccedilatildeo da atividade antimicrobiana da casca do caule de H
stigonocarpa foram avaliados os cinco extratos ciclohexanico (EC) acetato de etila
(EAE) etanoacutelico (EE) aquoso (EA) hidroalcooacutelico (EH) e as fraccedilotildees obtidas por
particcedilatildeo do extrato Hidroalcooacutelico o de acetato de etila (FAE) e o de Aacutegua (FA)
75
3352 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana in vitro
A determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana in vitro foi realizada como descrito
a seguir
33521 Agentes antimicrobianos
O laboratoacuterio Eurofarma forneceu oxacilina ciprofloxacina teicoplanina e o
laboratoacuterio Sanofi-Aventis a polimixina B A resistecircncia foi definida para cada caso a
oxacilina (OXA MIC ge 4μgmL) ciprofloxacina (CIP MIC ge 1μgmL) teicoplanina
(TEI ge 32 μgmL) e polimixina B (POL MIC ge 8μgmL) de acordo com os criteacuterios
estabelecidos pelo Clinical Laboratory standard Institute (2012)
Os extratos EC e EAE foram solubilizados em dimetil sulfoacutexido - Tween80 -
aacutegua (118 vv) EE EAE EH FAE e FA em etanol-aacutegua (19 vv) enquanto que os
agentes antimicrobianos foram solubilizados em aacutegua As soluccedilotildees de estoque
foram esterilizados por filtraccedilatildeo atraveacutes de uma membrana Millipore com uma
porosidade de 022 microm
33522 Micro-organismos e padronizaccedilatildeo dos inoacuteculos
Bacteacuterias (n = 28) foram obtidas de culturas estoque e mantidas em nosso
laboratoacuterio (Laboratoacuterio de Fisiologia e Bioquiacutemica de Micro-organismos - LFBM) em
meio Mueller Hinton Agar sob oacuteleo mineral Para este estudo foram usadas as
seguintes cepas bacterianas isoladas de amostras cliacutenicas Staphylococcus aureus
(LFBM05 UFPEDA 01 AM 02 AM 04 AM 05 LFBM 25 AM 13 AM 18 AM 19 and
AM 21) Enterococcus faecalis (245 272 292 e 335) Klebsiella pneumoniae LFBM
01 Pseudomonas aeruginosa LFBM 01 Proteus mirabilis LFBM 01 e LFBM 02
Salmonella enterica LFBM 01 Shigella sonnei LFBM 01 e Vibrio cholera LFBM 01
Staphylococcus aureus ATCC 25923 Staphylococcus aureus ATCC 33591
Klebsiella pneumoniae ATCC 700603 Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027
Escherichia coli ATCC 25922 e Escherichia coli ATCC 35218 foram usadas como
cepas padratildeo
Esses micro-organismos foram cultivados em caldo Mueller Hinton por um
periacuteodo de 18h a 37deg C e em seguida foram cultivados em agar Mueller Hinton (AMH)
76
(Acumedia Manufacturers Baltimore USA) sendo incubados a 37∘C por 18 horas
Algumas colocircnias foram selecionadas e inoculadas em caldo Mueller Hinton
(Acumedia Manufacturers Baltimore USA) para comparaccedilatildeo da turbidez com
padrotildees 05 McFarland os quais satildeo equivalentes a contagem de aproximadamente
108 UFCmL Posteriormente essas suspensotildees bacterianas foram diluiacutedas para
obtenccedilatildeo de um inoculo de 107 UFCmL
33523 - Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo
bactericida miacutenima (CMB)
A Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (CIM) foi determinada pelo meacutetodo de
microdiluiccedilatildeo em caldo seguindo as recomendaccedilotildees estabelecidas pela Clinical
Laboratory Standards Institute (CLSI 2012) com algumas modificaccedilotildees Os ensaios
foram realizados em microplacas esteacutereis de 96 poccedilos com fundo em forma de ldquoUrdquo
Inicialmente as soluccedilotildees estoque dos extratos e agentes antimicrobianos na
concentraccedilatildeo de 2048 microgmL foram esterilizadas por filtraccedilatildeo atraveacutes de membranas
de porosidade de 022 microm milipore reg em seguida um volume de 200 microL foi
adicionado nos poccedilos de 1 a 12 da linha A Os demais poccedilos foram preenchidos
inicialmente apenas com 100 microL de caldo Mueller-Hinton
Logo apoacutes foi realizada transferecircncia de 100microL do conteuacutedo dos poccedilos da
linha A para os da linha B e assim sucessivamente ateacute a linha H sendo desprezados
os uacuteltimos 100 microL obtendo-se assim concentraccedilotildees decrescentes dos extratos
(1024 a 781 gmL)
Apoacutes a diluiccedilatildeo dos extratos e agentes antimicrobianos foi acrescido em
todos os poccedilos um volume de 5 microL dos inoacuteculo microbiano padronizado As
microplacas foram incubadas em estufa bacterioloacutegica a 37degC por 24 horas
Foi considerado crescimento total (100) na placa controle onde foi
adicionado apenas caldo Muller Hinton e os inoacuteculos A reduccedilatildeo do crescimento foi
avaliado nos orifiacutecios onde foram adicionados os extratos
Para determinar a Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima (CBM) os conteuacutedos
dos poccedilos que mostraram inibiccedilatildeo de crescimento foram semeados em MHA Apoacutes
24h de incubaccedilatildeo a 37degC o nuacutemero de micro-organismos viaacuteveis foi determinado A
CMB foi definida como a menor concentraccedilatildeo do extrato em que 999 da
77
populaccedilatildeo foram inviabilizadas Todos os experimentos foram realizados em
duplicata em dias diferentes
Apoacutes a realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo quantitativa foi realizada a determinaccedilatildeo da
viabilidade dos micro-organismos por comprovaccedilatildeo atraveacutes da adiccedilatildeo de soluccedilatildeo
aquosa a 05 de cloridrato de 235 trifeniltetrazoacutelio (TTC)
As microplacas foram novamente incubadas por mais trecircs horas a 37degC Apoacutes
esse intervalo de tempo a leitura da placa foi realizada a presenccedila de uma
coloraccedilatildeo vermelha nos poccedilos foi interpretada como prova negativa do efeito
inibitoacuterio do extrato ou seja houve crescimento bacteriano enquanto que a
ausecircncia de cor foi considerada prova positiva da accedilatildeo antimicrobiana dos extratos
A CIM foi definida como sendo a menor concentraccedilatildeo da droga antimicrobiana que
impede o crescimento visiacutevel do micro-organismo semeado
336 Anaacutelise ultraestrutural
Staphylococcus aureus ATCC 33591 na concentraccedilatildeo de 104 UFCmL foi
cultivado em caldo Muller Hinton (grupo controle) e em caldo adicionado de extrato
hidroalcooacutelico a 256 e 128 microgmL (CIM e frac12 CIM) respectivamente Apoacutes isso as
culturas foram incubadas a 37degC por 24 horas Essas culturas foram centrifugadas e
os precipitados foram fixados em paraformaldeiacutedo 4 e glutaraldeido 25 em 01
M de tampatildeo cacodilato de soacutedio (pH 72) por 4 horas a temperatura ambiente
Os precipitados foram lavados e centrifugados por 10 minutos no mesmo
tampatildeo Sendo esse procedimento repetido por trecircs vezes Posteriormente os
precipitados foram poacutes-fixados em tetroacutexido de oacutesmio 2 ferrocianeto de potaacutessio
08 e cloreto de caacutelcio 5 mM em tampatildeo cacodilato de soacutedio 01 M por 1 hora e
lavada em tampatildeo cacodilato de soacutedio
As amostras foram desidratadas utilizando gradientes de soluccedilotildees de acetona
e depois adicionadas agrave resina Epon 812 (Sigma EUA) Em seguida seccedilotildees
ultrafinas foram obtidas atraveacutes de um ultramicrotomo (Leica UC6) coradas com
acetato de uranila e citrato de chumbo e examinado em microscoacutepio eletrocircnico de
transmissatildeo Morgani-FEIreg
78
37 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA
A anaacutelise estatiacutestica foi realizada utilizando Anova one-way e teste de
comparaccedilatildeo muacuteltiplas Newman-Keuls usando o software GraphPad Prism versatildeo
50 para Windows GraphPad Software (San Diego CA) e p lt 005 foi usado como
niacutevel de significacircncia
79
34 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados obtidos neste estudo estatildeo descritos a seguir
341 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal
A descriccedilatildeo dos aspectos anatocircmicos do material vegetal eacute um importante
passo para caracterizaccedilatildeo e padronizaccedilatildeo dos espeacutecimes vegetais que servem de
mateacuteria prima para a produccedilatildeo de medicamentos Assim apoacutes avaliaccedilatildeo
farmacobotacircnica foi possiacutevel observar que o caule de Hymenaea stigonocarpa
apresentou estrutura semelhante agravequela descrita na literatura para espeacutecies do
gecircnero (WATSON DALLWITZ 2012)
3411 Anatomia
Em uma amostra do caule de Hymeneae stigonocarpa com
aproximadamente 4 mm de diacircmetro a regiatildeo da casca apresentou mais
externamente oito camadas de suacuteber (Figura 29) constituiacutedo por ceacutelulas achatadas
periclinalmente (paralelas agrave superfiacutecie do caule)
Figura 29 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo
adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do
suacuteber corada com safranina e azul de astra
SB ndash suacuteber (aumento de 400x)
Imediatamente abaixo do suacuteber foi encontrada uma faixa estreita constituiacuteda
por apenas uma camada de ceacutelulas o felogecircnio tecido indiferenciado que origina o
suacuteber para fora e a feloderme para dentro (Figura 30) A feloderme estava
constituiacuteda por duas camadas apoacutes o feloderme foi encontrado o parecircnquima
cortical com 10 camadas de ceacutelulas O conjunto destes tecidos secundaacuterios
constitui a periderme
SB
80
Figura 30 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto
de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do suacuteber
felogecircnio feloderma e parecircnquima cortical corados com
safranina e azul de astra
FG- Felogecircnio FD-Feloderme PC-Parecircnquima cortical CS- Canal secretor (aumento 100x)
Na regiatildeo da feloderme foram encontrados canais de secreccedilatildeo com
revestimento interno de ceacutelulas pequenas e achatadas periclinalmente (Figura 31)
Figura 31 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo
adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando parecircnquima
cortical esclerecircnquima e floema corados com safranina e
azul de Astra
S- Canal secretor CP ndash ceacutelulas pequenas EC ndash esclerecircnquima FL ndash Floema Aumento 100x
Mais internamente apoacutes a feloderme foram observados grupos de fibras de
esclerecircnquima em forma de feixe Apoacutes o faixa de esclerecircnquima eacute observada a
presenccedila do floema tecido responsaacutevel pela conduccedilatildeo da seiva elaborada
Foram encontradas cavidades secretoras em maior quantidade no
parecircnquima cortical de porccedilotildees jovens dos ramos se comparadas agraves porccedilotildees
adultas Em estrutura secundaacuteria o nuacutemero dessas cavidades se mostrou bastante
FG
FD PC
CS
CS ECCC
FL
CP
81
reduzido isto pode ser devido ao esmagamento de algumas dessas cavidades em
consequecircncia da pressatildeo radial exercida pelo crescimento da feloderme e da
atividade do cacircmbio
3412 Histoquiacutemica
Na analise histoquiacutemica foi realizada a avaliaccedilatildeo da presenccedila de polifenoacuteis e
taninos
34121 Avaliaccedilatildeo de Polifenoacuteis
Foi observada a ocorrecircncia de polifenoacuteis nos elementos feloderme
parecircnquima cortical e floema regiotildees coradas em marrom (Figura 32)
Figura 32 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto
de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com
dicromato de potaacutessio para visualizaccedilatildeo de regiotildees com
conteuacutedos fenoacutelicos
FG- felogecircnio FD ndash feloderme PC- Parenquima cortical EC ndash esclerecircnquima FL ndash Floema (aumento 40x)
A anaacutelise histoquiacutemica da casca do caule forneceu informaccedilotildees quanto agrave
presenccedila e localizaccedilatildeo dos compostos fenoacutelicos evidenciados pela reaccedilatildeo ao
dicromato de potaacutessio e vanilina cloriacutedrica que revelam a presenccedila de compostos
fenoacutelicos totais e taninos respectivamente
FD
FL
FG
EC
PC
82
34122 Detecccedilatildeo da presenccedila de taninos
A avaliaccedilatildeo da presenccedila de taninos foi realizada em caules jovens e adultos
341221 caules jovens
O caule jovem identificado pela presenccedila de pelo tector (figura 33) na regiatildeo
do coacutertex observamos a ocorrecircncia de taninos nos elementos feloderme
parecircnquima cortical e floema (FL) (regiotildees coradas em vermelho)
Figura 33 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo jovem de
Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina
cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos
PT- Pelo tector FG ndash felogecircnio FL ndash floema (aumento de 100x)
341222 caules adultos
Na regiatildeo do coacutertex de caule adulto (presenccedila de suacuteber) observamos a
ocorrecircncia de taninos nos elementos de felogecircnio feloderme e floema (Figura 34)
FG
FLD
FL
FLD
PT
FLD
83
Figura 34 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de
Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina
cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos
SB - Suacuteber FG ndash felogecircnio FD-feloderme FL ndash floema (aumento de 40x)
A presenccedila de taninos foi evidenciada em amostras de caule jovens e adultas
indicando a manutenccedilatildeo de sua presenccedila na estrutura no parecircnquima cortical e na
feloderme Isto indica que a produccedilatildeo de taninos eacute continuada nas ceacutelulas de
feloderme produzidas pelo felogecircnio confirmando a avaliaccedilatildeo fitoquiacutemica que
indicou a presenccedila de taninos em amostras de casca de caule
Em virtude da maior espessura de parecircnquima cortical constituiacutedo por ceacutelulas
contendo tanino em ramos mais maduros a extraccedilatildeo da casca nos mesmos implica
na possiacutevel exposiccedilatildeo do floema ao ataque de micro-organismos levando estas
ceacutelulas agrave morte aleacutem de possibilitar sua proliferaccedilatildeo ao longo dos feixes vasculares
e em casos mais extremos podendo levar agrave morte de partes da planta ou do proacuteprio
indiviacuteduo Assim a extraccedilatildeo de taninos poderia ser mais viaacutevel e eficiente atraveacutes de
podas perioacutedicas em ramos mais jovens levando a uma obtenccedilatildeo continuada de
taninos
342 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal
O rendimento obtido apoacutes a extraccedilatildeo com ciclohexano acetato de etila etanol
e aacutegua foi de 035 265 1198 e 209 respectivamente
FD
SB
FLD
FL
FG
FLD
84
A extraccedilatildeo hidroalcooacutelica levou a um rendimento de 1549 As fraccedilotildees
acetato de etila e aquosa obtidas a partir da fraccedilatildeo hidroalcooacutelica tiveram
rendimentos de 2208 e 57 respectivamente
3421 Anaacutelise fitoquiacutemica
A prospecccedilatildeo fitoquiacutemica nos extratos ciclo hexano acetato de etila etanol eacute
aacutegua atraveacutes de CCD sugere a presenccedila de flavonoacuteides accedilucares redutores
taninos condensados proantocianidinas leucoantocianidinas monoterpenos
sesquiterpenos triterpenos esteroides e cumarinas nos diferentes extratos de
Hymenaea stigonocarpa devido a avaliaccedilatildeo pelo uso de reveladores e comparaccedilatildeo
com a coloraccedilatildeo dos padrotildees
34211 Monoterpenos e sesquiterpenos
A presenccedila de monoterpenos e sesquiterpenos (natildeo diferenciados entre pelo
uso do revelador) foi identificada no extrato EC (Figura 35) a partir da visualizaccedilatildeo
de vaacuterias bandas de coloraccedilatildeo variando de violeta a azul escuro as quais foram
comparadas com a coloraccedilatildeo produzida pelo padratildeo timol (Rf = 035)
Figura 35 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo da presenccedila de
monoterpenos e sesquiterpenos
Sistema de eluiccedilatildeo Tolueno ndash AcOEt (97 3 vv) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padratildeo de Timol (Rf = 035) revelador vanilina sulfuacuterica
Rf = 035
Rf = 080
Rf = 055
Rf = 014
Rf = 004
Rf = 012
85
34212 Triterpenos e esteroacuteides
A presenccedila de triterpenos e esteroides (natildeo diferenciados entre si) foram
identificados apenas no extrato EC (Figura 36) a partir da visualizaccedilatildeo de vaacuterias
bandas de coloraccedilatildeo variando de rosa a vermelho as quais foram comparadas com
a coloraccedilatildeo produzida a partir da utilizaccedilatildeo do padratildeo de β-sitosterol (Rf 012)
Figura 36 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de triterpenos e
esteroacuteides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 05 05 05 vv ) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padratildeo de β-sitosterol (Rf = 012) revelador Liebermann Burchard
A ocorrecircncia de terpenos nas espeacutecies do gecircnero Hymenaea jaacute eacute
amplamente conhecida resinas de cor amarela e avermelhada produzidas pelas
aacutervores do gecircnero Hymenaea L satildeo descrita desde o periacuteodo dos iacutendios preacute-
colombianos devido a seu uso na fabricaccedilatildeo de joias (LEE LANGENHEIM 1975)
Dentre as espeacutecies do gecircnero Hymenaea a mais estudada eacute a Hymenaea
courbaril nela tambeacutem satildeo descritas a ocorrecircncia de terpenos em diferentes partes
da planta tais como folhas (MARTIN et al 1972 LANGENHEIM et al 1986) resina
das folhas (LANGENHEIM 1972 ABDEL-KADER et al 2002) resina do troco
(LANGENHEIM 1973 MARSAIOLI et al 1975 ABDEL-KADER et al 2002) resina
dos frutos (OURISSON et al 1973) e sementes (NOGUEIRA 2001)
Rf = 012
Rf = 086
Rf = 063
Rf = 035
Rf = 023
Rf = 007
86
Quanto agrave presenccedila de terpenos na casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa nossos resultados estatildeo de acordo com o que foi descrito por
Giacomini e colaboradores (2006) que relatam a presenccedila de terpenos isolados a
partir de extrato hexacircnico do epicarpo assim como o que relatam Domeacutenech-carboacute
e colaboradores (2009) que identificaram o aacutecido eperuico e seus isocircmeros juntos
com aacutecido copaacutelico como os principais componentes da resina da casca do caule de
Hymenaea stigonocarpa
Se analisarmos a presenccedila de terpenos nas diferentes partes da planta
podemos observar que eles satildeo de ocorrecircncia frequente nesta espeacutecie como
descrevem Faria e colaboradores (2004) Esses autores demonstram a presenccedila de
diterpenos nas sementes e Langenheim e colaboradores (1986) que descreve nas
folhas a ocorrecircncia de -cariofileno e α-muroleno sesquiterpenos com atividade
antifuacutengica e accedilatildeo repelente contra insetos
34213 Flavonoacuteides e cumarinas
Da casca do caule foram evidenciadas duas bandas nos extratos acetato de
etila (2) e etanoacutelico (2) com caracteriacutesticas de flavonoides (amarelo e laranja) de Rf
005 e 047 (Figura 37) Esta CCD tambeacutem indica a presenccedila de cumarinas Rf 098
e 093 (coloraccedilatildeo azul) nos extratos ciclohexano e acetato de etila
Figura 37 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de flavonoides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padratildeo luteolina (Rf = 047) revelador NEU
Rf = 047
Rf = 093
Rf = 098
Rf = 047
Rf = 005
87
Simotildees e colaboradores (2009) descreveram a ocorrecircncia de cumarinas em
espeacutecies do gecircnero Hymenaea Estes autores isolaram duas cumarinas a
ipomopsina e hymenaina das sementes de H courbaril ambas com atividade
antifuacutengica No entanto este eacute o primeiro relato da presenccedila de cumarinas em H
stigonocarpa
34214 Accedilucares
A presenccedila de accedilucares foi observada no extrato etanoacutelico a partir da
visualizaccedilatildeo de banda de coloraccedilatildeo avermelhada a qual foi comparada com a
coloraccedilatildeo produzida a partir da utilizaccedilatildeo dos padrotildees glicose e raminose apoacutes a
revelaccedilatildeo com 235 cloridrato de trifeniltetrazoacutelio (Figura 38) Apoacutes a comparaccedilatildeo
entre os fatores de retenccedilatildeo uma das bandas foi identificada como supostamente
glicose (Rf 053)
Figura 38 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de accedilucares
Sistema de eluiccedilatildeo n-BuOH-Me2CO-tampatildeo fosfato pH = 50 (40 50 10 vv) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padrotildees de glicose (Rf = 053) e ramnose (Rf =046) revelador 235 cloridrato de trifeniteltrazolio
34215 Taninos hidrolisaacuteveis e condensados
Nenhum tanino hidrolisado foi identificado nos extratos obtidos sendo
utilizados o aacutecido gaacutelico e o elaacutegico como padrotildees e como revelador o reagente de
Rf = 053 Rf = 053 Rf = 046
88
Neu (Figura 39) A presenccedila de taninos condensados foi identificada apoacutes revelaccedilatildeo
com vanilina cloriacutedrica (Figura 40) nos extratos de EAE EE e EA
A quantidade e o tipo de taninos sintetizados pelas plantas variam
consideravelmente dependendo da espeacutecie do cultivo do tecido e de condiccedilotildees
ambientais Geralmente a concentraccedilatildeo eacute maior em espeacutecies que prosperam em
solos agriacutecolas pobres ou de baixa calagem tal como ocorre nas regiotildees tropicais e
subtropicais (OTERO HIDALGO 2004) Aleacutem disso as concentraccedilotildees de taninos
satildeo maiores nas partes dos vegetais expostas ao sol indicando portanto uma
relaccedilatildeo entre a fase dependente de luz da fotossiacutentese com a produccedilatildeo de taninos
(HEIL et al 2002)
Tradicionalmente os taninos satildeo classificados segundo a sua estrutura
quiacutemica em dois grupos taninos hidrolisaacuteveis e taninos condensados Taninos
hidrolisaacuteveis satildeo caracterizados por um poliol central geralmente β-D-glicose cujas
funccedilotildees hidroxilas satildeo esterificadas Apoacutes a hidrolise aacutecida das ligaccedilotildees ester os
dois principais representantes gerados satildeo o aacutecido gaacutelico e o elaacutegico Os taninos
condensados proantocianidinas satildeo oligocircmeros e poliacutemeros formados pela
policondensaccedilatildeo de duas ou mais unidades flavan-3-ol e flavan-34-diol Dentre os
taninos condensados pode ser descrito outra classe as leucoantocianidinas (flavan-
34-dioacuteis) classe intermediaacuteria na via de formaccedilatildeo dos taninos condensados
(SIMOtildeES et al 2004)
Figura 39 - Cromatograma do extrato etanoacutelico (B) para
avaliaccedilatildeo de taninos hidrolisaacuteveis
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv) 1 ndash Extrato etanoacutelico P ndash aacutecido gaacutelico e elaacutegico (Rf = 053) e (Rf =060) revelador Reagente de Neu
Rf = 053
Rf = 060
89
A presenccedila de taninos condensados foi identifica nos extratos EAE EE e EA
(Figura 40) a partir da visualizaccedilatildeo de vaacuterias bandas de coloraccedilatildeo avermelhadas as
quais foram comparadas com a coloraccedilatildeo produzida a partir da utilizaccedilatildeo do padratildeo
de epicatequina (Rf 095) revelado com vanilina cloriacutedrica
Figura 40 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de taninos
condensados
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) 1 ndash extrato ciclo hexano 2 ndash extrato acetato de etila 3 ndash extrato etanoacutelico 4 ndash extrato aquoso P - padratildeo epicatequina (Rf = 095) revelador vanilina cloriacutedrica
Os taninos condensados em geral estatildeo amplamente distribuiacutedos em plantas
lenhosas Jaacute os taninos hidrolisaacuteveis natildeo satildeo frequentes neste tipo de plantas
Dentre os metaboacutelitos secundaacuterios presentes os taninos condensados perfazem
aproximadamente metade da mateacuteria seca constituindo a segunda fonte de
polifenoacuteis no reino vegetal perdendo apenas para a lignina (HAGERMAN et al
1997 ARGYROPOULOS 1999)
Nos extratos avaliados foram identificadas a presenccedila de
proantontocianidinas e leucoantocianidinas essas classes podem ser identificadas
atraveacutes da realizaccedilatildeo de cromatografia em camada delgada devido agrave diferenccedila das
suas polaridades onde as leucoantocianidinas apresentam diferente fator de
retenccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves proantociandininas apresentando uma maior migraccedilatildeo em
solventes mais polares
1 2 3 4 P
Rf = 093 Rf = 083 Rf = 075 Rf = 069
Rf = 095
90
Apoacutes a anaacutelise fitoquiacutemica nos quatro extratos obtidos atraveacutes de extraccedilatildeo
exaustiva seriada por maceraccedilatildeo o extrato hidroalcooacutelico foi obtido por maceraccedilatildeo
apoacutes a identificaccedilatildeo da maior atividade antibacteriana nos extratos que continham
maiores teores dos metaboacutelitos secundaacuterios polares
Foram identificados metaboacutelitos secundaacuterios no extrato hidroalcooacutelico (EH) e
em suas fraccedilotildees aquosa (FA) e acetato de etila (FAE)
34216 Flavonoacuteides apoacutes particcedilatildeo
Foi observada uma banda no extrato EH (Figura 41) uma delas comparada
ao padratildeo de astilbina apresentou o mesmo fator de retenccedilatildeo (Rf 028) a outra
comparada ao padratildeo luteolina apresentou tambeacutem o mesmo fator de retenccedilatildeo (Rf
060)
Figura 41 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico de
Hymenaea stigonocarpa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) 5 ndash Extrato Hidroalcooacutelico P1 ndash Padratildeo de astilbina (Rf = 060) P2 - Padratildeo luteolina (Rf = 028) revelador NEU
Avaliando a presenccedila de flavonoacuteides na casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa foram observadas duas bandas na anaacutelise por CCD uma apoacutes uso de
padrotildees apresentou o mesmo fator de retenccedilatildeo que o flavonoacuteide astilbina e a outra
Rf = 060
Rf = 060
Rf = 028
Rf = 028
P1 5 P2
91
o mesmo da luteolina A astilbina tem ocorrecircncia descrita para o gecircnero Hymenaea
sendo relatada nas espeacutecies Hymenaea parvifolia identificada na resina do caule
(ISHIBASHI et al 1999) e em Hymenaea stigonocarpa identificada na casca do
caule por espectro de infravermelho (LOVATO amp NUNES 2007)
34217 Taninos condensados apoacutes particcedilatildeo
Os taninos condensados estatildeo presentes no EH e nas fraccedilotildees FA e FAE No
FA (Figura 42) haacute presenccedila apenas de proantocianidinas (banda natildeo revelada pelo
reagente NEU que ficou retida no ponto de aplicaccedilatildeo) na fraccedilatildeo FAE haacute ocorrecircncia
de leucoantocianidinas (Figura 43) e flavonoacuteides
Na figura 42 apesar do uso do revelador Neu pode-se observar a presenccedila
de taninos condensados no ponto de aplicaccedilatildeo do cromatograma e a ausecircncia de
flavonoacuteides quando comparamos a FA e o EH Na figura 43 pode-se observar a
ausecircncia das proantocianidinas na FAE quando comparada ao EH
Figura 42 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo
aquosa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) EH ndash Extrato Hidroalcooacutelico FA ndash Fraccedilatildeo aquosa revelador de Neu
Rf = 004
Rf = 069
Rf = 047
EH FA
92
Figura 43 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo
acetato de etila para avaliaccedilatildeo de taninos
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) EH ndash Extrato Hidroalcooacutelico FAE ndash Fraccedilatildeo acetato de etila revelador vanilina cloriacutedrica
343 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais
Foram quantificados polifenoacuteis e taninos nos diferentes extratos obtidos
3431 Determinaccedilatildeo da Curva de calibraccedilatildeo do aacutecido gaacutelico
A concentraccedilatildeo polifenoacuteis totais foi determinada pela extrapolaccedilatildeo da curva
de calibraccedilatildeo (y = 01037 x + 00024 R2 = 09992) a qual foi obtida a partir das
soluccedilotildees de aacutecido gaacutelico (Sigma Chemical Co St Louis USA) que variaram entre
20ndash80120583gmL
3442 Determinaccedilatildeo do teor de polifenoacuteis e taninos totais
Utilizando a equaccedilatildeo da reta foram obtidos os valores de polifenoacuteis totais em
equivalentes miligramas de aacutecido gaacutelico por grama de resiacuteduo seco conforme
expresso na tabela 1
EH FAE
Rf = 089 Rf = 083 Rf = 074 Rf = 069
Rf = 089 Rf = 083 Rf = 074 Rf = 069
93
Tabela 1 - Conteuacutedo de polifenois e taninos totais dos diferentes
extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa
O teor de polifenois e taninos totais foi expresso em mg GAEg de resiacuteduo seco As medias marcadas com () natildeo satildeo significativamente diferentes (plt005)
O conteuacutedo de polifenois totais variou de 495 plusmn 002 a 712 plusmn 003 mg GAEg
de resiacuteduo seco Esses resultados indicam uma alta concentraccedilatildeo desses
componentes nos extratos polares Os conteuacutedos de polifenois foram ateacute cerca de
30 vezes maiores que os valores obtidos no extrato etanoacutelico da madeira de
Hymenaea stigonocarpa obtidos por Oliveira e colaboradores (2010)
344 Anaacutelise por cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE-DAD)
Os extratos e fraccedilotildees EE EH e FA com os maiores conteuacutedos de taninos
foram selecionados para serem analisados por CLAE-DAD O cromatograma desses
extratos e fraccedilotildees eacute mostrado na figura 44
Picos A B C e D presentes em todos os cromatogramas eluidos no tempo
de retenccedilatildeo 29-37 min e absorvidos em 280 nm com um braccedilo proacuteximo a 198 nm e
uma absorccedilatildeo maacutexima entre 290 e 294 nm satildeo sugestivos de derivados de
flavonoides Esses espectros estatildeo de acordo com dados da literatura (MABRY et
al 1970)
O pico B com o tempo de retenccedilatildeo de 31453 minutos foi identificado como
astilbina Essa identificaccedilatildeo foi possiacutevel devido a comparaccedilatildeo entre o espectro de
absorccedilatildeo do EE EH e EH + astilbina com absorccedilatildeo maacutexima de 2903 nm
A onda E com o tempo de retenccedilatildeo entre 39 ndash 48 min parece estar
relacionada a taninos condensados observados neste estudo na anaacutelise por CCD
ExtratosFraccedilotildees Polifenois totais Taninos totais
Ciclohexano (EC) 000 000
Acetato de etila (EAE) 663 plusmn 013 182 plusmn 017
Etanoacutelico (EE) 726 plusmn 004 276 plusmn 010
Aquoso (EA) 495 plusmn 002 146 plusmn 006
Hidroalcooacutelico (EH) 696 plusmn 009 296 plusmn 008
Aquoso (FA) 616 plusmn 003 271 plusmn 005
Acetato de etila (FAE) 712 plusmn 003 200 plusmn 004
94
Figura 44 - Cromatogramas obtidos por CLAEndashDAD de diferentes extratos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
Extrato Hidroalcooacutelico (EH) + Astilbina (98) Extrato Hidroalcooacutelico (EH) Extrato Etanoacutelico (EE) e Fraccedilatildeo Aquosa (FA) obtidos por
CLAE-DAD a 280nm Cada pico cromatograacutefico aparece com seu correspondente tempo de retenccedilatildeo Espectro de UV com padratildeo
derivado de flavonoides (A C e D) e identificado como astilbina (B)
C D B A Peak 4 100 at 2980 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1983
2902
50 at 2967 min 99984
-50 at 2993 min 99986
Peak 5 100 at 3139 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1984
1912 2905
50 at 3126 min 99977
-50 at 3152 min 99995
Peak 6 100 at 3532 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1975
1931
2939
50 at 3520 min 99658
-50 at 3545 min 99665
Peak 7 100 at 3621 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1981
19102943
50 at 3609 min 99932
-50 at 3634 min 99902
HE + Astilbina A
B
C D E
HE
EE
AF
Tempo (min)
Ab
so
rbacircn
cia
(m
AU
)
A
C D E
A B
C D E
E
B
94
95
Apenas monocircmeros e oligocircmeros ateacute tetracircmeros de catequinas e proantocianidinas
podem ser separadas e detectadas como um pico definido (ANDERSEN 2006 PARK
2012) Catequinas polimeacutericas presentes em muitos materiais vegetais natildeo resultam
em picos bem definidos Eles provocam uma deriva na linha de base e a formaccedilatildeo de
ondas caracteriacutesticas nos cromatogramas em CLAE
345 Atividade antibacteriana
Natildeo existe um consenso cientiacutefico sobre os valores de concentraccedilotildees inibitoacuterias
miacutenimas aceitaacuteveis para produtos naturais quando comparados com antibioacuteticos
padrotildees alguns autores consideram somente resultados similares aos de antibioacuteticos
enquanto outros consideram com eficaacutecia mesmo aqueles com niacuteveis de inibiccedilotildees
superiores
Sartoratto et al (2004) propocircs uma classificaccedilatildeo com base nos resultados da
CIM considerando como forte inibiccedilatildeo quando obtida para valores de CIM entre 50 e
500 microgml uma atividade moderada para valores de CIM entre 600 e 1500 microgml e
uma atividade fraca para valores acima de 1500 microgml
No presente estudo foi observado que a atividade antimicrobiana dos extratos
EC EAE EE e EA da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa frente agraves bacteacuterias
Gram negativas apresentaram atividade moderada A CIM para os extratos foi de 1024
microgmL frente agraves espeacutecies de bacilos Gram negativos avaliados
O extrato EC constituiacutedo por terpenos esteroacuteide e cumarina tambeacutem
apresentou moderada inibiccedilatildeo frente os Bacilos Gram negativos avaliados
apresentando valores de CMI de 1024 microgmL para as enterobacterias e bacteacuterias natildeo
fermentadoras Os extratos EAE EE e EA apresentando taninos e flavonoacuteides
apresentaram tambeacutem inibiccedilatildeo moderada sobre as bacteacuterias Gram negativas avaliadas
com valores de CMI de 1024microgmL para as enterobacterias e bacteacuterias natildeo
fermentadoras
Quanto agrave atividade antimicrobiana dos extratos frente agraves bacteacuterias Gram
negativas os extratos apresentaram atividade moderada em relaccedilatildeo a todas as
espeacutecies avaliadas devido a presenccedila de forte carga negativa na parede celular deste
tipo de bacteacuteria em decorrecircncia da presenccedila de lipopolissacariacutedeos (IKIGAI et
al1993) o que dificultaria a interaccedilatildeo dos compostos do extrato com o micro-
96
organismo Fato que natildeo ocorre em bacteacuterias Gram positivas pela diferenccedila na
caracteriacutestica eleacutetrica
Os extratos avaliados frente agrave Staphylococccus aureus e Enterococcus faecalis
apresentaram uma melhor atividade quando comparadas aos bacilos Gram negativos
(tabela 2)
O extrato EC obtido por extraccedilatildeo com ciclohexano constituiacutedo por terpenos
esteroacuteides e cumarina apresentou moderada atividade sobre as cepas de Saureus e
Enterococcus faecalis As CMI foram de 1024 microgmL para Enterococcus faecalis e S
aureus (Tabela 2)
Quanto ao extrato EAE obtido por extraccedilatildeo com acetato de etila como solvente e
constituiacutedo por flavonoacuteides e taninos condensados foi observado uma maior
atividade cujas CIM foram de 512 microgmL para Staphylococcus aureus e
Enterococcus faecalis (tabela 2)
O extrato EE obtido atraveacutes do uso de aacutelcool etiacutelico como liacutequido extrativo
constituiacutedo tambeacutem por flavonoacuteides e taninos condensados apresentou melhor
atividade quando comparada aos dois extratos anteriores cujos valores de CIM
variaram de 128 a 256 gmL para Staphylococcus aureus e foi 256 microgmL para
Enterococcus faecalis (tabela 2)
O extrato EA obtido a partir do uso maceraccedilatildeo utilizando aacutegua como soluccedilatildeo
extrativa foi constituiacutedo por flavonoacuteides e taninos condensados apresentou frente as
cepas avaliadas se comparada ao extrato extratos anteriormente relatados com
valores de CMB e CIM de 512 microgmL para Staphylococcus aureus
O extrato EH obtido por maceraccedilatildeo utilizando etanol aacutegua 50 vv como soluccedilatildeo
extrativa constituiacutedo por flavonoacuteides e taninos condensados natildeo apresentou diferenccedila
significativa (plt005) se comparado ao extrato EE frente agrave Staphylococcus aureus
(tabela 2)
Cepas de Staphylococcus aureus mostraram ser mais susceptiacuteveis aos extratos
EC EAE EE EA e EH sendo este micro-organismo selecionado para os estudos
posteriores
Para avaliarmos que classes de metaboacutelitos secundaacuterios poderiam apresentar
maior atividade antibacteriana frente agraves cepas de Staphylococcus aureus foram
avaliadas as fraccedilotildees FA e FAE obtidos apoacutes particcedilatildeo do extrato EH ricos em taninos
condensados e flavonoacuteides respectivamente
97
Tabela 2 - Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima dos extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa frente a cocos Gram-positivos
American Type Culture Collection ATCC Extrato Ciclohexano CE Extrato Acetato de Etila EAE Extrato Etanoacutelico EE Extrato Aquoso AE extrato
Hidroalcooacutelico HE Fraccedilatildeo Aquosa FA Fraccedilatildeo Acetato de Etila FAE oxacillina OXA Teicoplanina TEI Astilbina AST Laboratoacuterio de Fisiologia e
Bioquiacutemica de Micro-organismos LFBM natildeo determinado ND
Cocos Gram positivos Origem Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (microgmL)
EC EAE EE EA EH
FA FAE AST OXA TEI
Staphylococcus aureus ATCC 25293 ATCC 512 512 256 512 128 128 128 1024 012 ND
Staphylococcus aureus ATCC 33591 ATCC 1024 512 256 512 256 256 512 1024 64 ND
Staphylococcus aureus AM 02 Hemocultura 1024 512 256 512 256 125 512 1024 32 ND
Staphylococcus aureus AM 04 Escarro 512 512 128 128 128 128 256 1024 10 ND
Staphylococcus aureus AM 05 Sec Vaginal 512 512 512 512 128 64 512 1024 10 ND
Staphylococcus aureus UFPEDA 01 Escarro 512 512 128 512 64 64 256 1024 012 ND
Staphylococcus aureus AM 13 Hemocultura 512 512 256 512 256 125 256 1024 012 ND
Staphylococcus aureus IC 17 Secreccedilatildeo 512 512 256 512 256 256 256 1024 256 ND
Staphylococcus aureus AM 18 Hemocultura 512 512 256 512 64 64 512 1024 256 ND
Staphylococcus aureus AM 19 Hemocultura 1024 512 256 512 256 128 512 1024 16 ND
Staphylococcus aureus AM 20 Sec Traqueal 1024 512 256 512 256 256 512 1024 80 ND
Staphylococcus aureus AM 21 Sec Traqueal 1024 512 256 512 256 256 512 1024 16 ND
Enterococcus faecalis 245 Hemocultura 1024 512 256 256 256 256 512 1024 ND 80
Enterococcus faecalis 272 Hemocultura 1024 512 256 512 512 256 512 1024 ND 80
Enterococcus faecalis 292 Urina 1024 512 256 512 256 256 512 1024 ND 025
Enterococcus faecalis 335 Hemocultura 1024 512 256 512 256 256 512 1024 ND 40
98
A fraccedilatildeo FA constituiacuteda apenas por taninos condensados (figura 15)
apresentou atividade estatisticamente semelhante aos extratos EE e EH cujo valor
de CMI variou entre 64 e 256 microgmL para cepas MSSA e MRSA (tabela 2)
A fraccedilatildeo FAE rica em flavonoacuteides apresentou uma menor atividade quando
comparada a fraccedilatildeo FA para as cepas MSSA e MRSA (plt005) Os valores de CIM
variaram de 128 a 512 microgmL e 256 a 512 microgmL respectivamente (tabela 2)
Com o objetivo de avaliar a influecircncia da astilbina na atividade antibacteriana
da fraccedilatildeo FAE foi realizada uma avaliaccedilatildeo utilizando um padratildeo de astilbina com
98 de pureza Quando comparada sua resposta ao extrato FAE podemos
concluir que a atividade antimicrobiana natildeo sofre grande influencia dos flavonoacuteides
pois os valores de CMI foram de 1024microgmL na maioria das cepas estudadas tanto
para MRSA como MSSA Apesar da astilbina tambeacutem apresentar atividade
antimicrobiana pois apresentou CIM entre 512microgmL para cepas MSSA e MRSA
(tabela 2)
Apoacutes a avaliaccedilatildeo de todos os extratos obtidos a partir de diferentes extraccedilotildees
foi possiacutevel agrupar os valores de CIM obtidos frente a cepas de Staphylococcus
aureus testadas assim de acordo com a atividade dos extratos observamos a
seguinte sequecircncia de quanto os valores da CMI
Os extratos EC e EAE (apolares) constituiacutedos por terpenos esteroides e
cumarinas foram os menos ativos A atividade frente agrave Staphylococcus aureus
poreacutem eacute relatada quando avaliado o oacuteleo de capim limatildeo (Cymbopogon citrates) rico
em terpenos tais como citral geraniol e myrceno (AIEMSAARD et al 2011)
O mecanismo de accedilatildeo destas substacircncias ainda natildeo eacute completamente
entendido mas especula-se que estaacute envolvido no rompimento de constituinte
lipofiacutelicos das membranas (COWAN 1999) Os terpenos perecem ter muacuteltiplos alvos
na ceacutelula bacteriana dependendo da concentraccedilatildeo utilizada assim como da
composiccedilatildeo do extrato avaliado (AIEMSAARD et al 2011)
Atividades melhores foram obtidas poreacutem pelos extratos mais polares tais
como EA e a fraccedilatildeo FAE mas as melhores atividades foram observadas apoacutes a
avaliaccedilatildeo dos extratos EE EH e FA Avaliando os constituintes destes extratos foi
possiacutevel observar que os extratos com ausecircncia de taninos condensados foram os
menos ativos sendo os mais ativos os que continham essa classe de metaboacutelitos
99
346 Alteraccedilotildees ultraestruturais
Para esta anaacutelise foi utilizado o extrato Hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa A seleccedilatildeo deste extrato natildeo foi apenas devido a sua atividade pois o
extrato etanoacutelico e a fraccedilatildeo aquosa natildeo apresentam diferenccedilas significativas em
relaccedilatildeo a este Aleacutem da atividade antibacteriana o hidroalcooacutelico apresentou mais
faacutecil obtenccedilatildeo menor toxicidade em relaccedilatildeo ao solvente utilizado aleacutem de maior
conteuacutedo de flavonoides metaboacutelitos de grande potencial farmacoloacutegico
Quanto ao micro-organismo avaliado foi utilizada cepa padratildeo de
Staphylococcus aureus ATCC 33591 resistente a meticilina As alteraccedilotildees
provocadas na cepa Staphylococcus aureus ATCC 33591 exposta ao extrato
Hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa presente na concentraccedilatildeo inibitoacuteria
miacutenima e na metade da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima podem ser observadas na
figura 45
O tratamento na metade da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (Figura 45 D a F)
levou ao aparecimento de orifiacutecios na parede celular (OPC) a aparecircncia de parede
parcialmente digerida a esfoliaccedilatildeo na superfiacutecie bacteriana ao espessamento do
septo (ES) e exposiccedilatildeo das amostras da membrana citoplasmaacutetica
O surgimento de pequenos orifiacutecios na parede celular (OPC) ocorre devido agrave
accedilatildeo enzimas bacterianas chamadas autolisinas presentes entre os peptidoglicanos
a fim de permitir a inserccedilatildeo de novas moleacuteculas Em bacteacuterias tratadas com
determinadas classes de agentes antimicrobianos a inserccedilatildeo de peptidoglicano natildeo
acontece Assim os monoacutemeros natildeo satildeo anexados agrave extremidade crescente da
parede celular bacteriana pelas as enzimas transglicosidase e transpeptidase
ocorrendo falhas na parede celular (SANTHANA 2007)
A concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima o extrato hidroalcooacutelico (256 microgml) provocou
alteraccedilotildees em vaacuterias estruturas celulares Foram observados condensaccedilatildeo dos
ribossomos (CR) desligamento parede celular (DPC) divisatildeo anormal da ceacutelula
(DAC) espessamento dos septos (ES) assim como muacuteltiplos septos (MS) presenccedila
de celulas fantasmas (CF) (Figura 45 G a L)
Tambeacutem foram observadas paredes celulares sendo rompidas e danificadas
resultando numa libertaccedilatildeo de materiais celulares para o citoplasma
100
Figura 45 - Imagens da microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus
ATCC 33591 tratada com diferentes concentraccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico de H
stigonocarpa
Ceacutelulas natildeo tratadas (A-C) mostram parede celular (PC) ribossomos (R) e septo (S) da bacteacuteria bem distinta Tratados com extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa na metade da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (D-F) mostram formaccedilatildeo de orifiacutecios na parede celular (OPC) Mesossomos (M) e espessamento da parede celular (EPC) assim como espessamento do septo (ES) Tratados com a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (G-L) mostram condensaccedilatildeo dos ribossomos (CR) desprendimento da parede celular (DPC) espessamento (ES) e muacuteltiplos septos (MS) divisatildeo aberrante da ceacutelula (DAC) ceacutelulas fantasmas (CF) Mesossomos (M) e DNA coagulado (DC) Aumento de A B C E J e K de 30000X e de D F G H e L de 65120X
A B C
D E F
G H I
J L K
OPC OPC
S
R R
R
OPC
MS
M
OPC
C
OP
C
ES
EPC
CR CR
CR CR
DPC
ES
ES
ES
ES
DAC
DAC
S
DAS
CF
M
CR
OPC
OPC
OPC ES
MS
101
Polifenoacuteis podem ligar-se diretamente para parede celular e interferir com a
sua integridade (ZHAO 2001) A falha na inserccedilatildeo de peptidoglicano pode causar na
parede celular o surgimento desses pequenos orifiacutecios (OPC) que satildeo provocados
pelo movimento da moleacutecula de aacutegua a partir do ambiente externo para a regiatildeo
intracelular Isso ocorre devido agrave diferenccedila de pressatildeo osmoacutetica entre os dois
ambientes Se este evento prolongar pode causar a lise das bacteacuterias (SCHITTO
2006)
O espessamento da parede celular e a condensaccedilatildeo dos ribossomos (CR) em
bacteacuterias indica a presenccedila de mecanismos de defesa para manter a pressatildeo
osmoacutetica apoacutes accedilatildeo extrato hidroalcooacutelico Bacteacuterias tambeacutem produzem mais
peptidoglicano para se proteger e desenvolver mesossomos (ME) implicados com a
respiraccedilatildeo celular (SANTHANA 2007)
Alteraccedilotildees nos componentes intracelulares tais como aacutecidos nucleicos
proteiacutenas ribossomos agregados satildeo visualizadas nas figuras 45 G ndash L elas podem
sugerir a expressatildeo possiacuteveis efeitos sobre a funccedilatildeo do DNA girase (ROMANO et
Al 2013) que ficaria impedido de cumprir o sua funccedilatildeo durante a replicaccedilatildeo do
DNA O RNAm que seria liberado a partir do DNA super-enrolamento natildeo poderia
ser enrolado de volta porque a DNA girase estaria imobilizada
Assim as alteraccedilotildees citoloacutegicas observadas por TEM apoacutes o uso de
diferentes concentraccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa demonstram a sua accedilatildeo antibacteriana frente a Staphylococcus
aureus
102
35 CONCLUSOtildeES
Os resultados obtidos permitem constatar que a anaacutelise fitoquiacutemica da casca
do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart revelou a presenccedila de terpenos
esteroacuteides flavonoacuteides cumarinas e taninos condensados sendo os taninos
condensados e os flavonoacuteides os metaboacutelitos majoritaacuterios
Dentre os metaboacutelitos presentes nos extratos de Hymenaea stigonocarpa
avaliados por CLAE-DAD foram observados quatro picos correspondentes a
flavonoides um deles foi eacute sugestivo de astilbina de acordo com o tempo de
retenccedilatildeo e o espectro de UV
Quanto agrave avaliaccedilatildeo botacircnica pocircde-se observar que os siacutetios de
armazenamento dos taninos na casca do caule de Hymenaea stigonocarpa satildeo
feloderme parecircnquima cortical e floema em amostras de indiviacuteduos jovens e adultos
e que a casca do caule de ramos jovens pode servir como fonte para obtenccedilatildeo de
taninos condensados
Quanto agrave atividade antibacteriana todos os extratos obtidos apresentam
atividade moderada frente a Bacilos Gram negativos como tambeacutem a fraccedilatildeo rica em
terpenos esteroacuteides e cumarinas frente agraves bacteacuterias Gram positivas O micro-
organismo Staphylococcus aureus foi das bacteacuterias Gram positivas avaliadas a
mais suscetiacutevel agrave accedilatildeo dos extratos sendo os extratos que continham taninos
condensados os que apresentaram as melhores atividades Dentre os extratos com
maiores teores de taninos condensados a fraccedilatildeo aquosa e os extratos etanoacutelico e
hidroalcooacutelicos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas quanto agrave atividade
antibacteriana sendo o extrato hidroalcooacutelico selecionado por ser o de mais faacutecil
obtenccedilatildeo
O extrato Hidroalcooacutelico avaliado na concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima e na
metade da CIM levou a alteraccedilotildees ultraestruturais da parede celular septo e
citoplasma de Staphylococcus aureus ATCC 33591
103
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4 ASSOCIACcedilAtildeO DO EXTRATO HIDROALCOOacuteLICO DA CASCA DO CAULE DE
Hymenaea stigonocarpa MART EX HAYNE COM AGENTES ANTIMICROBIANOS
FRENTE A CEPAS DE Staphylococcus aureus RESISTENTES A METICILINA
(MRSA)
41 INTRODUCcedilAtildeO
Os antibioacuteticos satildeo uma das mais importantes armas no combate agraves
infecccedilotildees bacterianas No entanto ao longo das uacuteltimas deacutecadas seus benefiacutecios agrave
sauacutede estatildeo sob ameaccedila pois muitos antibioacuteticos tornaram-se cada vez menos
eficazes devido ao aparecimento de bacteacuterias resistentes (RAKHOLIYA et al 2012)
Staphylococcus aureus resistente agrave meticilina (MRSA) eacute um microrganismo
patogecircnico nosocomial de ampla disseminaccedilatildeo e a sua prevalecircncia na comunidade
tem sido tambeacutem relatada Existem publicaccedilotildees abordando o surgimento de cepas
de MRSA mostrando resistecircncia a vaacuterios outros agentes antimicrobianos Desta
forma o desenvolvimento de tal multirresistecircncia resultou em uma limitaccedilatildeo
terapecircutica e num prognoacutestico desfavoraacutevel para o paciente (CATAtildeO et al 2013)
Considerando-se o fato da resistecircncia de cepas MRSA agrave muacuteltiplas drogas
estudos que buscam avaliar as propriedades antibacterianas de plantas superiores
contra microrganismos resistentes satildeo incentivados pelos oacutergatildeos puacuteblicos de todo
mundo (MANDAL et al 2010)
O sinergismo entre agentes antimicrobianos convencionais e os compostos
bioativos de plantas eacute uma metodologia que tem sido amplamente estudada para
bloquear o desenvolvimento da multirresistecircncia A terapia com associaccedilatildeo de
drogas na maior parte das vezes eacute beneacutefica para o paciente portador de infeccedilotildees de
difiacutecil tratamento (OKOYE et al 2013) Vaacuterios estudos tecircm relatado efeitos
sineacutergicos com reduccedilatildeo significativa nas concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas (CIM)
dos antibioacuteticos resultante da combinaccedilatildeo de diferentes antibioacuteticos com diferentes
extratos brutos de plantas (ADWAN et al 2010)
Diversos estudos tecircm investigado as interaccedilotildees entre antibioacuteticos e extratos
brutos contra Staphylococcus aureus multidroga resistente (GIBBONS 2004
ROCCARO et al 2004 FUJITA et al 2005 HATANO et al 2005 KITAHARA et al
2006 BETONI et al 2006 ESIMONE et al 2006 ADWAN et al 2008 PESEWU et
al 2008)
112
A abordagem natildeo eacute exclusiva para combinaccedilotildees de extratos mas tambeacutem
combinaccedilotildees entre metaboacutelitos secundaacuterios isolados e oacuteleos essenciais com
agentes antimicrobianos (HEMAISWARYA et al 2008 WAGNER MERZENICH
2009) Aleacutem de atingir efeitos sineacutergicos associaccedilotildees de dois ou mais compostos
satildeo utilizados pelas seguintes razotildees (1) para prevenir o surgimento de cepas
resistentes (2) para diminuir a dose-toxica relacionada (3) para atingir o amplo
espectro de atividade (TAMA et al 2012)
No presente estudo foi avaliada a interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de
Hymenaea stigonocarpa e antibioacuteticos beta-lactacircmicos e fluoroquinolonas frente a
S aureus multidroga resistentes
411 A evoluccedilatildeo da resistecircncia de Staphylococcus aureus aos agentes
antimicrobianos
O gecircnero Staphylococcus pertencente agrave famiacutelia Micrococcaceae eacute composto
de 33 espeacutecies 17 das quais podem ser isoladas de amostra bioloacutegica humana Os
estafilococos satildeo geralmente encontrados na pele e em mucosas de humanos e de
outros animais (MENEGOTTO PICOLI 2007)
A utilizaccedilatildeo indiscriminada de antimicrobianos provocou um aumento no
aparecimento de cepas resistentes especialmente agravequelas isoladas nos ambientes
hospitalares (DAVIES DAVIES 2010)
Desde 1961 as cepas de Staphylococcus aureus resistentes a meticilina
(MRSA) vecircm sendo associado agraves infecccedilotildees relacionadas aos cuidados em sauacutede e
tem se tornado causa do aumento da relaccedilatildeo morbidademortalidade em pacientes
hospitalizados (MULLIGAN 1993 LIVERMORE et al 2003 SANTOS et al 2007)
Wang e Barrett (2007) relataram que os surtos de infecccedilatildeo por MRSA tecircm
sido frequentes em unidades de terapia intensiva e apresenta uma ameaccedila agrave
sobrevivecircncia de pacientes imunocomprometidos
Os primeiros relatos de surtos de infecccedilatildeo hospitalar provocadas por MRSA
foram documentados no Reino Unido que rapidamente emergiram em outros paiacuteses
da Europa sendo na ocasiatildeo isoladas no Japatildeo Estados Unidos e Austraacutelia (TARAI
et al 2013)
Na deacutecada de 80 no Japatildeo os casos de infecccedilatildeo nosocomial decorrentes de
MRSA tornaram-se um problema de sauacutede puacuteblica sendo que 50 a 70 dos casos
113
de infecccedilatildeo nosocomial causados por cepas de S aureus apresentaram resistecircncia
agrave meticilina (ANDO et al 2004) acarretando na extensa utilizaccedilatildeo de cefalosporinas
de terceira geraccedilatildeo (ITO HIRAMATSU 1998) No Reino Unido MRSA eacute o agente
etioloacutegico mais frequentemente isolado de infecccedilotildees nosocomiais e eacute responsaacutevel
por 15 das infecccedilotildees hospitalares adquiridas custando cerca de 1 bilhatildeo de libras
ao Serviccedilo Nacional de Sauacutede por ano (CEPEDA et al 2005)
O programa de vigilacircncia antimicrobiana SENTRY na Ameacuterica Latina
vinculado ao laboratoacuterio Bristol-Myers Squibb revelou um aumento na prevalecircncia de
MRSA entre infecccedilotildees estafilocoacutecicas em centros meacutedicos de 338 em 1997 para
402 em 2006 sendo esses dados fortemente influenciados por paiacuteses
especiacuteficos com 41 das cepas de MRSA coletados provenientes do Brasil (MEJIacuteA
2010)
A colonizaccedilatildeo por MRSA eacute comum tanto em pacientes hospitalizados quanto
pacientes comunitaacuterios Uma determinada populaccedilatildeo satilde pode servir como
reservatoacuterio para esse micro-organismo (DURAI et al 2010) De acordo com Witte e
MIELKE (2007) cerca de 30 da populaccedilatildeo mundial pode estar hospedando cepas
de MRSA Morita et al (2007) detectaram a presenccedila de cepas de MRSA nas
fossas nasais de 3 dos pacientes analisados
As cepas de MRSA apresentam fenoacutetipo de resistecircncia natildeo somente aos
beta-lactacircmicos mas tambeacutem a fluoroquinolonas cloranfenicol clindamicina
tetraciclina e aminoglicosiacutedeos (CLSI 2012) Os glicopeptideos vancomicina e
teicoplanina satildeo utilizados para o tratamento de infecccedilotildees causadas por MRSA no
entanto modificaccedilotildees na terapecircutica mostram-se necessaacuterias devido a intoleracircncia
por parte dos pacientes ou falha no tratamento por seleccedilatildeo de cepas resistentes A
resistecircncia de MRSA aos glicopeptideos pode estar relacionada ao espessamento
da parede celular com reduccedilatildeo da permeabilidade e da atividade autoliacutetica (THATI et
al 2011)
As cepas de MRSA estatildeo se tornando resistentes a vancomicina resultando
em trecircs cepas adicionais resistentes ao antimicrobiano S aureus vancomicina
intermediaacuterio S aureus vancomicina intermediaacuterio heterogecircneo (duas
subpopulaccedilotildees uma sensiacutevel e outra resistente a vancomicina coexistindo numa
mesma cultura) S aureus vancomicina resistente (DURAI et al 2010) As cepas de
MRSA com resistecircncia intermediaacuteria e heterogecircnea a vancomicina podem se tornar
totalmente resistentes durante infecccedilotildees persistentes em que haacute falha na resposta
114
ao tratamento com glicopeptideos com significativas mudanccedilas de fenoacutetipo
(MOORE et al 2003 TENOVER et al 2005)
A uacutenica forma de se detectar uma cepa de Staphylococcus aureus com
resistecircncia intermediaacuteria agrave vancomicina eacute por meio da anaacutelise de suas
subpopulaccedilotildees em que satildeo inoculadas diferentes diluiccedilotildees de uma suspensatildeo
bacteriana em meio de cultura soacutelido adicionado de concentraccedilotildees crescentes de
vancomicina (SANTOS et al 2007)
Melo e colaboradores (2005) relataram que na cidade de Uberlacircndia Brasil
9 de 41 pacientes portadores de cepas MRSA em tratamento com vancomicina
desenvolveram resistecircncia heterogecircnea e um dos isolados apresentou uma
Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (CIM) da ordem de 8microgmL A quantidade de cepas
MRSA tem crescido limitando as alternativas terapecircuticas para seu controle
(PESAVENTO et al 2007)
4111 Staphylococcus aureus RESISTENTES A METICILINA
Cepas de S aureus podem se tornar MRSA a partir da aquisiccedilatildeo do gene
mecA que codifica a proteiacutena ligadora de penicilina (PBP2a) presente em sua
parede celular apresentando dessa forma baixa afinidade a meticilina bem como
aos antimicrobianos betalactacircmicos (BANSAL et al 2013) Esta resistecircncia
promovida por MRSA estaacute na expressatildeo do cassete gecircnico SCCmec Esse gene eacute
definido pela combinaccedilatildeo do tipo de gene das ccrs recombinases responsaacuteveis pelo
complemento e a classe do complexo mecA (MIMICA 2011 UDO et al 2013)
O cassete gecircnico SCCmec tipos I II e III associados a infecccedilotildees
nosocomiais tecircm como caracteriacutestica a resistecircncia a muacuteltiplos antimicrobianos aleacutem
dos betalactacircmicos como os macroliacutedeos aminoglicosiacutedeos tetraciclinas
rifampicina e quinolonas (NORIEGA SEAS 2010)
Uma estrateacutegia empregada para vencer a resistecircncia bacteriana eacute a
combinaccedilatildeo de agentes antimicrobianos sendo os inibidores das beta-lactamases
satildeo administrados como co-droga Quanto a esta estrateacutegia a mais bem sucedida
que tem sido adotada para inibir as beta-lactamases eacute atraveacutes da administraccedilatildeo do
com drogas associadas a substacircncias tais como o aacutecido clavulacircnico ao sulbactam e
ao tazobactam mas a frequente utilizaccedilatildeo do clavulanato tem favorecido ao
surgimento de cepas bacterianas resistentes (WATKINS et al 2013)
115
412 Associaccedilotildees entre metaboacutelitos secundaacuterios e agentes antimicrobianos
Metaboacutelitos secundaacuterios satildeo considerados uma fonte promissora para a
terapia antimicrobiana seja ela combinada ou natildeo Vaacuterios metaboacutelitos secundaacuterios
atuam como modificadores da resistecircncia bacteriana agindo em pontos especiacuteficos
da ceacutelula procarioacutetica potencializando o efeito do antimicrobiano sinteacutetico
(CHOVANOVAacute et al 2013)
A modificaccedilatildeo no perfil da resistecircncia bacteriana apoacutes a associaccedilatildeo dos
metaboacutelitos secundaacuterios aos agentes antibacterianos pode ocorrer a partir de
diferentes mecanismos tais como a inibiccedilatildeo das bombas de efluxo (HANDZLIK et al
2013) de enzimas que degradam os antimicrobianos (SOLANKI
SELVANAYAGAM 2013) da atividade ou da produccedilatildeo de receptores que sofreram
mutaccedilotildees (HEMAISWARYA et al 2008) e aumento da permeabilidade da parede
celular permitindo que os antibioacuteticos tenham acesso a alvos citoplasmaacuteticos
(OLAJUYIGBE amp AFOLAYAN 2013)
Vaacuterios estudos comprovam que uso combinado de antibioacuteticos e polifenois
pode aumentar a atividade antimicrobiana atraveacutes de interaccedilotildees sineacutergicas
(BANSAL et al 2013)
Dentro deste contexto surge o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa espeacutecie popularmente conhecido como jatobaacute-do-cerrado que
apresenta grande concentraccedilatildeo de polifenois e comprovada atividade frente a cepas
de Staphylococcus aureus de diferentes perfis de resistecircncia
116
42 OBJETIVOS
O objetivo geral e os especiacuteficos deste estudo estatildeo descritos a seguir
421 Objetivo geral
Avaliar a interaccedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico obtido a partir da casca do caule
de Hymenaea stigonocarpa e agentes antimicrobianos frente a cepas de
Staphylococcus aureus multidroga resistentes
422 Objetivos especiacuteficos
Determinar a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida
miacutenima (CBM) do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa bem
como dos agentes antimicrobianos
Avaliar a interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa e
agentes antimicrobianos de diferentes classes frente a cepas de
Staphylococcus aureus MRSA
Observar as alteraccedilotildees ultraestruturais causadas pela associaccedilatildeo
extratoagente antimicrobiano que apresentou maior efeito sineacutergico frente agraves
cepas de Staphylococcus aureus (extrato Oxacilina)
117
43 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A seguir estatildeo descritos os materiais e meacutetodos utilizados para a realizaccedilatildeo
deste estudo
431 Material vegetal
Cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne foram
coletadas em outubro de 2009 na Fazenda Refuacutegio localizada na cidade de
Camocim de Satildeo Feacutelix Pernambuco (de latitude 8deg213000S e longitude
35deg475670O)
A identificaccedilatildeo foi realizada pela botacircnica do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco Dra A Bocage sendo a excicata depositada sob o nuacutemero 53563 no
Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima pertencente ao mesmo instituto As cascas do
caule foram submetidas agrave secagem em estufa a uma temperatura de 40degC durante
72h em seguida pulverizadas em moinho de martelos (Tigre ASN5) e estocada em
frascos a temperatura ambiente
432 Procedimentos extrativos
Cerca de 20 g de amostra triturada da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa foi submetida agrave uma extraccedilatildeo por maceraccedilatildeo em 200 mL da soluccedilatildeo
hidroalcooacutelica por um periacuteodo de 72h em frasco acircmbar e em temperatura ambiente
(23 plusmn 1 ordmC) com agitaccedilatildeo manual e ocasional a cada 12h Apoacutes este periacuteodo a
soluccedilatildeo foi filtrada em papel de filtro (Whatmann no 2)
Posteriormente o extrato foi concentrado em rota evaporador obtendo-se
assim um extrato seco que foi utilizado para avaliaccedilatildeo da atividade anti-
estafilocoacutecica
433 Determinaccedilatildeo da atividade anti- estafilocoacutecica in vitro
Para determinaccedilatildeo da atividade anti-estaficoacutecica in vitro frente foram
realizadas os procedimentos descritos a seguir
118
4331 Agentes antimicrobianos
Os agentes antimicrobianos foram selecionados com base na publicaccedilatildeo do
manual do ano de 2012 do instituto americano Clinical and Laboratory Standards
Institute (CLSI) que divide os agentes antimicrobianos em diferentes grupos de
acordo com os ensaios frente agraves diferentes espeacutecies de bacteacuterias e os siacutetios
corpoacutereos do isolamento
Neste estudo foram utilizadas cepas de Staphylococcus aureus com
diferentes perfis de resistecircncia previamente determinados por difusatildeo em meio
soacutelido desta forma foram selecionados antimicrobianos de diferentes classes para
realizaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo
Os agentes antimicrobianos penicilina oxacilina e claritromicina presentes
no grupo A satildeo indicados para os testes de rotina Aleacutem desses foram avaliados
vancomicina e linezolide pertencentes ao grupo B indicados quando os micro-
organismos satildeo resistentes aos antimicrobianos do grupo A Tambeacutem foram
avaliados agentes antimicrobianos que devem ser testados frente a cepas
endecircmicas resistentes a drogas do grupo A (grupo C) sendo entatildeo utilizados
ciprofloxacino e gentamicina
Aleacutem seguir os criteacuterios do CLSI os agentes antimicrobianos foram
selecionados de acordo com o seu mecanismo de accedilatildeo microbiano
Os agentes antimicrobianos selecionados foram β-lactacircmicos glicopeptideos
aminoglicosiacutedeos macroliacutedeos fluoroquinolonas e ozaxolidinonas Os antibioacuteticos β-
lactacircmicos e glicopeptideos inibem a siacutentese da parede celular Os aminoglicosiacutedeos
e macroliacutedeos e ozaxolidinonas inibem a siacutentese proteica sendo os
aminoglicosiacutedeos na porccedilatildeo 30S do ribossomo e os macroliacutedeos e oxazolidinonas
na porccedilatildeo 50S As fluoroquinolonas agem por inibiccedilatildeo da atividade da enzima DNA-
girase (Goodman Gilmans 2008)
Os agentes antimicrobianos foram adquiridos das seguintes empresas
Penicilina (Laboratoacuterio Teuto Brasileiro SA) oxacilina e vancomicina (Novafarma
Induacutestria Farmacecircutica) linezolida (Laboratoacuterios Pfizer LTDA) gentamicina
(Hipolabor Farmacecircutica LTDA) e claritromicina e ciprofloxacino (Eurofarma
Laboratoacuterio do Brasil LTDA)
119
4332 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees
O extrato hidroalcooacutelico (10 mg) foi pesado e solubilizado em sistema
composto de etanolaacutegua (11 vv) obtendo-se assim soluccedilatildeo estoque padronizadas
em 1024 microgmL Os agentes antimicrobianos foram solubilizados em aacutegua destilada
esterilizada de forma a obter uma soluccedilatildeo estoque de 2048 microgmL
4333 Micro-organismos
Os micro-organismos utilizados para a realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo antimicrobiana
dos extratos de Hymenaea stigonocarpa foram mantidos no Laboratoacuterio de Fisiologia
e Bioquiacutemica de Micro-organismos do Departamento de Antibioacuteticos da UFPE
Foram utilizados neste estudo os seguintes micro-organismos Staphylococcus
aureus (ATCC 25923 e ATCC 33591 LFBM13 IC17 UFPEDA 01 AM 13 AM 18
AM 19 AM 20 AM 21 e AM 24)
4334 Preparaccedilatildeo do inoacuteculo
As culturas de S aureus foram preparadas em caldo Mueller Hinton e
incubadas por 24 horas Apoacutes o periacuteodo de incubaccedilatildeo estas culturas foram
padronizadas em 108 UFCmL utilizando o tubo 05 da escala de Mac Farland e em
seguida diluiacutedas em soro fisioloacutegico a fim de obter um inoacuteculo final de 107 UFCmL
4335 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo
bactericida miacutenima (CMB)
A Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (MIC) foi determinada pelo meacutetodo de
microdiluiccedilatildeo em caldo seguindo as recomendaccedilotildees estabelecidas pela Clinical
Laboratory Standards Institute (CLSI 2012) com algumas modificaccedilotildees Os ensaios
foram realizados em microplacas esteacutereis de 96 poccedilos com fundo em forma de ldquoUrdquo
Inicialmente as soluccedilotildees estoque dos extratos e dos agentes antimicrobianos
foram esterilizadas por filtraccedilatildeo atraveacutes de membrana de porosidade de 022 microm
Miliporereg Um volume de 200 microL foi adicionado nos poccedilos de 1 a 12 referente a linha
120
A Os demais poccedilos foram preenchidos inicialmente apenas com 100 microL de caldo
Mueller-Hinton
Uma transferecircncia de 100microL foi realizada do conteuacutedo dos poccedilos da linha A
para os da linha B e assim sucessivamente ateacute a linha H sendo desprezados os
uacuteltimos 100 microL obtendo-se desta forma concentraccedilotildees decrescentes Para o extrato
foram avaliadas concentraccedilotildees de 1024 a 8 gmL e para os agentes
antimicrobianos de 2048 a 006 microgmL em placas distintas
Apoacutes a diluiccedilatildeo dos agentes antimicrobianos 5 microL das suspensotildees
bacterianas foram inoculados obtendo-se em cada poccedilo uma concentraccedilatildeo final de
104 UFCpoccedilo As microplacas foram incubadas em estufa bacterioloacutegica a 37degC por
24 horas A determinaccedilatildeo da viabilidade dos micro-organismos foi verificada atraveacutes
da adiccedilatildeo de uma soluccedilatildeo aquosa a 05 de cloridrato de 235 trifeniltetrazoacutelio
(TTC) As microplacas foram novamente incubadas por mais trecircs horas a 37degC
Apoacutes esse intervalo de tempo a leitura da placa foi realizada a presenccedila de uma
coloraccedilatildeo vermelha nos poccedilos foi interpretada como prova negativa do efeito
inibitoacuterio dos agentes antimicrobianos ou seja houve crescimento bacteriano
enquanto que a ausecircncia de cor foi considerada prova positiva da accedilatildeo
antimicrobiana dos extratos
A menor concentraccedilatildeo dos agentes antimicrobianos capaz de inibir o
crescimento visiacutevel das cepas de S aureus foi verificada e definida como
Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (CIM)
Para a Determinaccedilatildeo da Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima (CBM) as
concentraccedilotildees mais altas que a CIM foram semeadas em Mueller Hinton Agar e
incubadas por 24 horas a 37˚C
A CMB foi definida como a menor concentraccedilatildeo dos agentes antimicrobianos
em que 999 da populaccedilatildeo foram inviabilizadas Todos os experimentos foram
realizados em duplicata em dias diferentes
4336 Avaliaccedilatildeo in vitro da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymeneae
stigonocarpa com agentes antimicrobianos
O estudo da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa e os agentes antimicrobianos foi realizado de acordo com o meacutetodo do
tabuleiro de xadrez (LORIAN 1996) Para este estudos foram selecionadas as
121
cepas de Staphylococcus aureus que se apresentaram mais resistentes aos
antimicrobianos avaliados (AM 13 AM 18 AM 24 ATCC 33591)
Com base nos valores da CIM foram preparadas soluccedilotildees em caldo Mueller
Hinton do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa e dos agentes
antimicrobianos de forma a obter concentraccedilotildees de 05 ateacute 0016 da CIM e de 05 a
0002da CIM respectivamente (Figura 1) Nos poccedilos das placas de microdiluiccedilatildeo
foram pipetados 100 microL do extrato e 100 microL do agente antimicrobiano
Figura 46 ndash Representaccedilatildeo do meacutetodo do tabuleiro de xadrez
Cada poccedilo foi inoculado com 5 microL da suspensatildeo bacteriana padronizada em
107 UFCmL
A interaccedilatildeo entre os agentes antimicrobianos e o extrato hidroalcooacutelico de
Hymenaea stigonocarpa foi determinada pelo Iacutendice da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria
Fracionada (FICI) a partir da seguinte equaccedilatildeo FICI = (CIM da associaccedilatildeo do extrato
hidroalcooacutelico de H stigonocarpa com agente antimicrobianoCIM do extrato
hidroalcooacutelico de H stigonocarpa) + (CIM da associaccedilatildeo agente antimicrobiano com
extrato hidroalcooacutelico de H stigonocarpa CIM do agente antimicrobiano)
Valores do FICI le 05 foram interpretados como uma interaccedilatildeo sineacutergica total
05 lt FICI le 075 um sinergismo parcial Uma interaccedilatildeo indiferente quando os
valores do FICI foram entre 075 lt FICI le 20 e um efeito antagocircnico quando FICI foi
maior que 20 (FADLI et al 2012)
A partir dos resultados dos Iacutendices da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Fracionada
individual foram construiacutedos isobologramas (KROGSTAD MOELLERING 1991)
122
434 Determinaccedilatildeo de alteraccedilotildees ultraestruturais por microscopia eletrocircnica
de transmissatildeo
Para esta avaliaccedilatildeo foi selecionado Staphylococcus aureus cepa 24 por ser a
mais sensiacutevel a accedilatildeo das associaccedilotildees bem como a associaccedilatildeo de maior efeito
sineacutergico
Uma suspensatildeo padronizada de Staphylococcus aureus AM 24 em 107
UFCmL foi cultivadas em caldo Muller Hinton (grupo controle) e em caldo
adicionado do extrato hidroalcooacutelico a 256 microgmL (CIM) em caldo adicionado de
oxacilina 256 microgmL (CIM) e em caldo adicionado da associaccedilatildeo extrato
hidroalcooacutelico 32 microgmL e oxacilina 64 microgmL (concentraccedilotildees sineacutergicas)
As culturas foram incubadas a 37degC por 24 horas Essas culturas foram
centrifugadas e os precipitados fixados em paraformaldeiacutedo 4 e glutaraldeido 25
em 01 M de tampatildeo cacodilato de soacutedio (pH 72) por 4 horas a temperatura de 23 plusmn
1ordmC
Os precipitados foram lavados e centrifugados por 10 minutos no mesmo
tampatildeo e esse procedimento repetido por trecircs vezes Posteriormente os precipitados
foram poacutes-fixados em tetroxido de oacutesmio 2 ferrocianida de potaacutessio 08 e cloreto
de caacutelcio 5M em tampatildeo cacodilato de soacutedio 01M por 1 hora e lavada em tampatildeo
cacodilato de soacutedio
As amostras foram desidratadas utilizando gradiente de soluccedilotildees de acetona
que variou de 30 a 100 em seguida adicionadas agrave resina Epon 812 (Sigma
EUA) Em seguida seccedilotildees ultrafinas foram obtidas atraveacutes de um ultramicrotomo
(Leica UC6) coradas com uranil acetato e citrato de chumbo e examinado em
microscoacutepio eletrocircnico de transmissatildeo marca Morgani-FEIreg (Eindhoven Holanda)
123
44 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Staphylococcus aureus eacute comumente associado a infecccedilotildees hospitalares e
comunitaacuterias Atualmente medidas para controlar as infecccedilotildees por S aureus satildeo
desafiadas por um grande e continuando aumento na prevalecircncia de S aureus
resistentes a meticilina em todo mundo (ASAAD QURESHI 2013)
A maior parte da literatura mundial mostra que Staphylococcus aureus eacute um
dos principais patoacutegenos responsaacuteveis por uma seacuterie de infecccedilotildees em ambientes
hospitalares com consideraacutevel morbidade e mortalidade (VALAPERTA et al 2010)
Os valores da CIM e CBM do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa e dos agentes antimicrobianos frente agrave onze cepas de Staphylococcus
aureus estatildeo apresentados na tabela 3 O extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa mostrou atividade frente a todas as cepas de S aureus com valor de
CIM de 256 microgmL
O extrato hidroalcooacutelico eacute considerado de uma forte atividade pois de acordo
com Sartoratto e colaboradores (2004) um extrato tem uma atividade antimicrobiana
forte quando os valores da CIM estatildeo entre 50 e 500 microgmL moderada CIM entre
600 e 1500 microgmL e fraca para valores acima de 1500 microgmL
A terapia anti-MRSA eacute limitada ao uso de glicopeptideos (vancomicina
teicoplanina) oxazolidinas (linezolide) e estreptograminas (quinupristinandash
dalfopristina) (LIU et al 2011) Contudo a emergecircncia de cepas de S aureus com
resistecircncia intermediaacuteria (VISA) ou resistentes (VRSA) agrave vancomicina tem sido
descritas em todo o mundo como tambeacutem no Brasil (MIMICA et al 2006) Sendo o
primeiro caso de Staphylococcus aureus resistente agrave vancomicina descrito em junho
de 2002 nos Estados Unidos (CHANG et al 2003)
Nos uacuteltimos anos tem ocorrido um crescente interesse da comunidade
cientiacutefica pelas plantas medicinais por apresentarem potenciais terapecircuticos e
econocircmicos visados especialmente pela induacutestria farmacecircutica que realiza a
prospecccedilatildeo de novos produtos com menos efeitos indesejaacuteveis do que os faacutermacos
jaacute existentes (ROCHA et al 2013)
Todas as cepas apresentaram-se resistentes agrave penicilina com valores de CIM
variando entre 025 e 64 microgmL
As cepas de Staphylococcus aureus ATCC 25923 AM 02 AM 05 e UFPEDA
01 mostraram-se sensiacuteveis a oxacilina (MSSA) com valores de CIM iguais a 0125
124
microgmL As cepas de Staphylococcus aureus ATCC 33591 AM 13 AM 18 AM 19
AM 20 AM 21 e AM 24 foram classificadas como MRSA pois os valores de CIM
variaram de 80 e 256 microgmL
Todas as cepas de Staphylococcus aureus avaliadas neste estudo
mostraram-se sensiacuteveis agrave vancomicina cujos valores de CIM variaram de 0125 e
025 microgmL Todas as cepas apresentaram um perfil de sensibilidade a linezolida
semelhante ao da vancomicina e a CIM variou de 025 e 20 microgmL Devido agrave
sensibilidade das cepas de Staphylococcus aureus agrave vancomicina e a linezolida
estes antimicrobianos natildeo foram selecionados para a segunda parte do nosso
estudo
De acordo com o que preconiza o CLSI 2012 antibioacuteticos β-lactacircmicos
inibidores de beta-lactamase carbapenecircmicos e cefalosporinas exceto agravequelas de
uacuteltima geraccedilatildeo) poderatildeo apresentar in vitro atividade frente a cepas MRSA mas
esta atividade natildeo se confirma in vivo Diante deste fato outros beta-lactacircmicos natildeo
foram incluiacutedos neste estudo
Plantas e seus metaboacutelitos secundaacuterios satildeo uma fonte promissora para
fornecer compostos bioativos estruturalmente diversos com potencial accedilatildeo
terapecircutica incluindo antimicrobiana (COWAN et al 1999 WINK et al 2012)
Quanto agrave espeacutecie Hymenaea stigonocarpa os extratos com maiores teores
de polifenois principalmente taninos condensados foram os que apresentam maior
atividade antibacteriana (DIMECH et al 2013)
Quando foram avaliadas as Concentraccedilotildees Inibitoacuterias Miacutenimas (CIM) dos
agentes antimicrobianos que inibem a siacutentese proteica diferentes perfis de
suscetibilidade das cepas de Staphylococcus aureus foram observados quando
comparados a linezolida Embora gentamicina e claritromicina inibam a siacutentese
proteica em receptores nas porccedilotildees 30S e 50S respectivamente os siacutetios de accedilatildeo
dessas moleacuteculas nessas subunidades satildeo diferentes dos da linezolida levando a
diferentes respostas (GOODMAN GILMANS 2008)
Gentamicina apresentou-se ativa frente agraves cepas de S aureus UFPEDA 01
AM 02 AM 20 Jaacute as cepas de S aureus AM 05 ATCC 33591 ATCC 25932 AM 13
AM 18 AM 19 AM 21e AM 24 mostraram-se resistentes a gentamicina cujos valores
de CIM variaram de 025 a 256 microgmL
125
Tabela 3 ndash CIM e CBM do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa e de agentes antimicrobianos frente cepas de
Staphylococcus aureus com diferentes perfis de resistecircncia
Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima CIM concentraccedilatildeo bactericida miacutenima CBM American Type Culture Collection ATCC extrato Hidroalcooacutelico EH oxacillina OXA
ciprofloxacino CIP gentamicina GET penicillina PEN Claritromicina CLA vancomicina VAN e linezolida LIN Criteacuterio de interpretaccedilatildeo CIM Penicilina (le 012
sensiacutevel ge 025 Resistente) Oxacilina (le 20 sensiacutevel ge 40 Resistente) Ciprofloxacino (le 10 sensiacutevel ge 40 Resistente) Gentamicina (le 0125 sensiacutevel ge 025
Resistente) Claritromicina (le 20 sensiacutevel ge 80 Resistente) Vancomicina (le 20 sensiacutevel ge 160 Resistente) e Linezolide (le 40 sensiacutevel ge 80 Resistente) Fonte
(CLSI 2012)
Staphylococcus aureus
CIM CBM (microgml)
EH PEN OXA CIP GEN CLA VAN LIN
ATCC 25923 256 256 025 025 0125 025 025 025 025 025 10 10 05 05 10 10
UFPEDA 01 256 256 05 10 0125 025 025 025 0125 025 05 05 025 025 025 025
AM 02 256 256 32 64 0125 0125 025 05 0125 025 20 40 05 05 05 05
AM 05 256 256 025 05 10 025 025 05 025 025 20 20 05 05 10 10
ATCC 33591 256 256 64 64 64 128 0125 0125 20 20 2048 2048 0125 025 10 10
AM 13 256 256 32 64 256 512 64 128 64 64 2048 2048 025 025 10 10
AM 18 256 256 64 64 128 256 64 128 128 256 2048 2048 025 05 10 10
AM 19 256 256 8 16 16 128 025 05 05 05 40 80 025 05 20 20
AM 20 256 256 8 16 8 16 40 80 0125 025 2048 2048 0125 025 10 10
AM 21 256 256 16 16 16 16 40 80 05 05 2048 2048 0125 0125 10 10
AM 24 256 256 32 32 256 256 64 128 256 512 2048 4096 0125 0125 10 20
12
5
126
Todas as cepas de S aureus apresentaram-se resistentes agrave claritromicina
exceto S aureus ATCC 25923 AM 02 AM 05 UFPEDA 01 e AM 19 que mostrou
resistecircncia intermediaacuteria
Ciprofloxacino foi capaz de inibir o crescimento das cepas de S aureus ATCC
25932 UFPEDA 01 AM 02 AM 05 ATCC 33591 e AM 19 mas mostrou-se ineficaz
frente a S aureus AM 13 AM 18 AM 20 AM 21 e AM 24
Estes resultados serviram de base para selecionar as cepas de S aureus
ATCC 33591 AM 13 AM 18 E AM 24 para o proacuteximo estudo
Os valores das concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas e dos iacutendices de
concentraccedilatildeo inibitoacuteria fracionada (FICI) obtidos apoacutes associaccedilatildeo do extrato
hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa com penicilina oxacilina ciprofloxacino
claritromicina ou gentamicina frente a cepas de S aureus ATCC 33591 AM 13 AM
18 e AM 24 estatildeo apresentados na tabela 4
Concentraccedilotildees sub-inibitoacuterias do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa (le 128μgmL) aumentaram a atividade de todos os agentes
antimicrobianos frente a cepas de MRSA
A atividade sineacutergica foi observada pela reduccedilatildeo dos valores da concentraccedilatildeo
inibitoacuteria miacutenima em todas as associaccedilotildees do extrato com os agentes
antimicrobianos e pelo iacutendice da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Fracionada le 05
Vaacuterios estudos in vitro tecircm relatado efeitos sineacutergicos com reduccedilotildees
significativas nas concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas (CIM) dos antimicrobianos apoacutes
associaccedilatildeo com diversos extratos de plantas sobre cepas de Staphylococcus aureus
MRSA (ADWAN 2010 CHUNG et al 2011 AN et al 2011 CELENZA et al
2012 MACEDO 2013)
Pesquisas demonstraram agrave accedilatildeo de polifenois na potencializaccedilatildeo dos efeitos
de agentes antimicrobianos O polifenol epigalocatequina (EGCg) um tanino
condensado isolado do chaacute verde apresentou um efeito sineacutergico quando
associados agrave antibioacuteticos beta-lactacircmicos (ZHAO et al 2001) Em outro estudo Hu
e colaboradores (2002) observaram que EGCg foi capaz de inibir a penicilinase
produzida por S aureus restaurando assim a atividade antimicrobiana da penicilina
e que associaccedilatildeo de EGCg com ampicilinasulbactam foi capaz de reduzir os valores
da CIM de 16 μgmL para 4 μgmL
127
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo da associaccedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaeae stigonocarpa com agentes antimicrobianos frente a
cepas de Staphylococcus aureus multidroga resistes
Concentraccedilatildeo Fracionaacuteria Miacutenima FIC Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima CIM concentraccedilatildeo bactericida miacutenima CBM American Type Culture Collection ATCC extrato Hidroalcooacutelico EH oxacillina OXA ciprofloxacino CIP gentamicina GET penicillina PEN Claritromicina CLA vancomicina VAN e linezolide LIN Reduccedilatildeo da CIM () = 100 ndash (CIM combinado times 100 CIM)
Staphylococcus Aureus
Associaccedilatildeo CIM Individual
(microgmL) Associaccedilatildeo CIM (microgmL)
FIC Individual
FICI
Efeito
Reduccedilatildeo da CIM ()
AM 13
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 32 256 256 256 64 256 64 256 2048
128 006 64 64 64 16 128 003 128 1
050 00020 025 02500 025 02500 050 00005 050 00005
050 050 050 050 050
Sineacutergico Sineacutergico Sineacutergico Sineacutergico Sineacutergico
500 9981 750 7500 750 7500 500 9995 500 9995
AM 18
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 64 256 128 256 64 256 128 256 2048
128 006 128 05 20 32 128 10 128 20
050 00010 050 00039 00078 050 050 00078 050 00010
050 050 051 051 050
Sineacutergico Sineacutergico S parcial S parcial Sineacutergico
500 9990 500 9961 992 5000 500 9922 500 9990
AM 24
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 32 256 256 256 64 256 256 256 2048
128 006 32 64 2 32 128 0125 128 256
050 00019 0125 0250 0008 0500 050 00005 050 01250
050 038 051 050 063
Sineacutergico Sineacutergico S parcial Sineacutergico S parcial
500 9981 875 7500 9922 500 500 9995 500 8750
ATCC 33591
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 64 256 64 256 0125 256 2 256 2048
128 006 64 16 20 006 64 05 128 10
050 00010 025 02500 0008 0500 025 02500 050 00005
050 050 051 050 050
Sineacutergico Sineacutergico S parcial Sineacutergico Sineacutergico
500 9990 750 7500 992 5000 750 7500 500 9995
12
7
128
Um mecanismos da accedilatildeo proposto para explicar a interaccedilatildeo sineacutergica entre
polifenois e antibioacuteticos β-lactacircmicos frente agrave MRSA sugere que existe uma
diminuiccedilatildeo na expressatildeo de PBP2a resultando na inibiccedilatildeo da siacutentese da parede
celular bacteriana (HUA et al 2010)
Em vaacuterias associaccedilotildees foram identificadas accedilotildees sineacutergicas exceto quando
foi avaliada a interaccedilatildeo do extrato com ciprofloxacino frente agraves cepas AM 18 AM 24
e ATCC 33591 e com gentamicina frente agrave cepa AM 18 que apresentaram valores
de FICI de 051 caracterizando um sinergismo parcial Tambeacutem foi observado esse
mesmo padratildeo de interaccedilatildeo com a associaccedilatildeo do extrato com claritromicina frente a
cepa AM 24 que apresentou valor de FICI de 063
Aleacutem de uma accedilatildeo sineacutergica a associaccedilatildeo do extrato com os agentes
antimicrobianos provocou agrave reversatildeo total da resistecircncia bacteriana frente a todas as
cepas resistentes a penicilina a trecircs cepas resistentes a claritromicina (AM 13 AM
18 e ATCC 33591) a duas cepas (AM 13 e AM 14) resistentes a gentamicina e as
cepas AM 18 e ATCC 33591 resistentes a oxacilina e ciprofloxacino
respectivamente
A associaccedilatildeo que se mostrou mais sineacutergica aquela entre o extrato e a
oxacilina frente agrave cepa de Staphylococccus aureus AM 24 com FICI de 038 (figura
47) Nesta associaccedilatildeo ocorreu uma reduccedilatildeo da CIM do extrato e do agente
antimicrobiano ambos de 256 microgmL para 32 e 64 microgmL respectivamente
Hatano e colaboradores (2005) investigando a associaccedilatildeo do polifenol
theasinensina A um isolado de frutos do gecircnero Zizyphus com a oxacilina
demonstraram que embora a CIM desses polifenoacuteis tenha sido de 256 μgmL estes
fito-compostos foram capazes de reduzir os valores da oxacilina para 4 μgmL
A accedilatildeo sineacutergica entre o extrato hidroalcooacutelico e os antibioacuteticos beta-
lactacircmicos pode ocorrer devido agrave caracteriacutestica polifenoacutelica deste extrato pois
segundo Zhao et al (2001) existe uma accedilatildeo conjunta dos polifenois e agentes β-
lactacircmicos na siacutentese de peptidoglicano da parede celular
Aleacutem disso a ligaccedilatildeo direta de polifenois com a penicilinase enzima que
inativa as penicilinas inibe a atividade enzimaacutetica da bacteacuteria e protege a penicilina
da accedilatildeo antibacteriana (ROCCARO et al 2004)
129
Figura 47 - Isobolograma revelando o efeito sineacutergico do extrato
hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa quando associado agrave
oxacilina frente agrave Staphylococcus aureus AM 24
Para esta avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees ultraestruturais por microscopia eletrocircnica
de transmissatildeo foi selecionada a cepa que apresentou o melhor FICI A cepa foi
cultivada de diferentes formas sem tratamento (grupo controle) apoacutes tratamento
com o extrato na CIM (256 microgml) apoacutes tratamento com oxacilina na CIM (256
microgml) e nas doses sub-inibitoacuterias associadas de acordo com os resultados obtidos
na avaliaccedilatildeo do sinergismo 32 microgml para o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa e 64 microgml para a oxacilina
Na Figura 48 (A-D) no grupo controle pode ser observada claramente a
parede celular bem definida (PM) ribossomos (R) e os septos da bacteacuteria em divisatildeo
(S)
A concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima o extrato hidroalcooacutelico (256 microgml) provocou
alteraccedilotildees em vaacuterias estruturas celulares Em relaccedilatildeo agrave parede celular foram
visualizados trecircs distintos fases quanto agrave accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico
Primeiro o espessamento da parede celular e do septo (Figuras 48 E e F) e
divisatildeo aberrante do septo devido ao aumento da produccedilatildeo de mais peptidoglicano
Isso indica a presenccedila de mecanismos de defesa para manter a pressatildeo osmoacutetica
devido agrave accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico
Num segundo momento a formaccedilatildeo de rupturas na parede celular (Figuras 48
F e G) que ocorre devido agrave falha na accedilatildeo de enzimas bacterianas chamadas
autolisinas presentes entre os peptidoglicanos a fim de permitir a inserccedilatildeo de novas
FIC I = 038
130
moleacuteculas (SANTHANA 2007) Por fim eacute visualizado o desligamento da parede
celular (Figuras 48 G e H) a condensaccedilatildeo do ribossomo (Figuras 48 F - H) e o
rompimento da parede celular com liberaccedilatildeo de materiais celulares do citoplasma
(Figura 48 H)
Quanto agrave accedilatildeo da oxacilina (figuras 48 I - M) foi observado o espessamento e
divisatildeo anormal do septo (figuras 48 I - L) e visualizadas formaccedilatildeo de rupturas
(figura 48 I) e destacamento da parede celular (figura 48 M) poreacutem natildeo foi
observado espessamento da parede celular assim como a coagulaccedilatildeo do DNA
como no tratamento com o extrato
Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os observados por Santhana e
colaboradores (2007) que descrevem o destacamento da parede celular com
ausecircncia de coagulaccedilatildeo de DNA apoacutes tratamento com oxacilina
Essa ausecircncia de alteraccedilotildees no interior da ceacutelula pode ser explicada pelo
modo de accedilatildeo da oxacilina que inibe a enzima transpeptidase (tambeacutem chamadas
proteiacutenas de ligaccedilatildeo agrave penicilina PBP) (SCHITO 2006) fazendo com que a parede
celular das bacteacuterias torne-se mais fraca e a pressatildeo osmoacutetica subsequentemente
lise as bacteacuterias natildeo ocorrendo desta forma alteraccedilotildees estruturais no interior das
bacteacuterias
Quando analisamos os efeitos ultraestruturais da associaccedilatildeo de doses sub-
inibitoacuterias de oxacilina e o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa
podemos sugerir que o efeito sineacutergico ocorre tanto pela accedilatildeo das duas substacircncias
na parede celular (figuras 48 A - M) como o extrato apresenta accedilatildeo na coagulaccedilatildeo
do DNA em uma fase secundaacuteria agrave lise da parede celular O que natildeo ocorre quando
administramos apenas a oxacilina o que pode ser observado na figura 3M onde
visualizamos que mesmo apoacutes o destacamento da parede celular pela accedilatildeo da
oxacilina natildeo ocorre coagulaccedilatildeo no DNA da ceacutelula diferente ao que ocorreu nas
figuras 48 N a P onde pode ser visualizada a coagulaccedilatildeo apoacutes a accedilatildeo do extrato
Desta forma podemos sugerir que a associaccedilatildeo do extrato com os agentes
antimicrobianos apresenta efeitos sineacutergicos e em alguns casos aditivos por
diferentes motivos dependendo do mecanismo de accedilatildeo dos antimicrobianos
131
Ceacutelulas natildeo tratadas (A-D) mostram parede celular (PC) ribossomo (R) e septo (S) da bacteacuteria bem distintos Tratadas com extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa na concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (E-H) mostram formaccedilatildeo de orifiacutecios na
parede celular (OPC) espessamento da parede celular (EPC) assim como espessamento do septo (ES) condensaccedilatildeo do ribossomo (CR) desprendimento da parede celular (DPC) espessamento (ES) e divisatildeo aberrante do septo (DAS) Tratadas com oxacilina na concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (I-M) mostram espessamento (ES) e divisatildeo aberrante do septo (DAS) aparecimento de orifiacutecios (OPC) assim como destacamento da parede celular (DPC) Tratadas com oxacilina associada ao extrato (N ndash Q) mostram Coagulaccedilatildeo do DNA (CD) orifiacutecios (OPC) e destacamento da parede celular (DPC) Aumento de 30000X
Figura 48 - Microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus AM 24 submetida a
tratamento com oxacilina e o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa
A B C D
N O P Q
E F G H
PC
MP R
PC
MP
R
S
PC
MP
R
S
PC MP
R S
EPC MP
CR
ES
EPC
ES
CR
OPC
CD
CR ES
CR DPC
CD OPC
DPC
CD
CD
OPC CD
DAS
ES
ES
OPC DAS
OPC DPC
I J L M
OPC
DAS
J
DAS
OPC
DAS
132
45 CONCLUSOtildeES
No caso dos inibidores das subunidades 50S E 30S nos ribossomos
(Linezolide gentamicina e claritromicina) o sinergismo ocorreria pela lise da parede
celular provocada pelo extrato o que facilitaria esses agentes alcanccedilar seus siacutetios de
accedilatildeo Quanto ao ciprofloxacino aleacutem da facilitaccedilatildeo da entrada ocorreria accedilatildeo
sineacutergica na potencializaccedilatildeo da coagulaccedilatildeo do DNA
Para os inibidores da siacutentese de parede celular o sinergismo como discutido
anteriormente ocorreria pela accedilatildeo no peptidoglicano Diferenccedilas nas respostas dos
dois agentes poreacutem podem ser explicadas pelas alteraccedilotildees no sitio de accedilatildeo pois a
bacteacuteria avaliada eacute uma cepa MRSA que apresenta modificaccedilotildees na proteiacutena
ligadora de penicilina
Essa resistecircncia a oxacilina eacute associada agrave aquisiccedilatildeo de um elemento geneacutetico
moacutevel chamado SCCmec que conteacutem o gene de resistecircncia mecA (OKUMA et al
2002) O determinante mecA codifica PBP2a uma nova proteiacutena de ligaccedilatildeo agrave
penicilina com da afinidade diminuiacuteda para a oxacilina e a maioria das outras drogas
beta-lactacircmicas (TENOVER et al 2006) deste modo o sitio de accedilatildeo dos dois
agentes avaliados estaria modificado alterando a resposta de ambos
133
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139
5 O EFEITO DE DIFERENTES MEacuteTODOS DE EXTRACcedilAtildeO SOBRE O
RENDIMENTO CONCENTRACcedilOtildeES DE FENOacuteIS TOTAIS E ATIVIDADE
ANTIMICROBIANA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa
51 INTRODUCcedilAtildeO
Os fitoteraacutepicos sempre representaram uma parcela significativa no mercado de
medicamentos Dados mais recentes estimam o mercado mundial de fitoteraacutepicos
em cerca de US$ 44 bilhotildees anuais segundo a consultoria Analize and Realize
que atende algumas das maiores induacutestrias farmacecircuticas do mundo estando
este ainda em expansatildeo (DIAS et al 2013)
Apesar do Brasil apresentar um papel privilegiado no mercado mundial de
fitoteraacutepicos devido a sua extensa e diversificada flora ele natildeo tem se destacado
neste setor entre outros fatores devido a carecircncia de estudos tecnoloacutegicos capazes
de transformar plantas medicinais com potencial terapecircutico em um produto que
possa ser utilizado com exatidatildeo de dosagem garantia de eficaacutecia e seguranccedila
cliacutenica (RODRIGUES et al 2009)
A qualidade da mateacuteria-prima vegetal bem como alteraccedilotildees provenientes no
seu beneficiamento e processo extrativo tecircm grande influecircncia na composiccedilatildeo
quiacutemica das preparaccedilotildees extrativas podendo interferir na qualidade e
reprodutibilidade do produto final A padronizaccedilatildeo durante o desenvolvimento do
extrato eacute fundamental para determinar a sua utilizaccedilatildeo como mateacuteria prima para
preparaccedilotildees fitoteraacutepicas (VALANDRO et al 2007)
Para muitas espeacutecies vegetais os metaboacutelitos bioativos satildeo desconhecidos o
que natildeo se aplica agrave casca do caule de Hymenaea stigonocarpa Estudos
previamente descritos neste trabalho de tese apontam para presenccedila de compostos
fenoacutelicos principalmente taninos e flavonoides com atividade antibacteriana principal
frente a cocos Gram positivos Cepas de Staphylococcus aureus MRSA mostraram
serem sensiacuteveis aos extratos etanoacutelico hidroalcooacutelico e sua fraccedilatildeo aquosa e acetato
de etila (DIMECH et al 2013)
A extraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos em plantas eacute influenciada por sua natureza
quiacutemica pelo meacutetodo de extraccedilatildeo empregado pelo tamanho de partiacutecula da
amostra pelo tempo e condiccedilotildees de armazenamento assim como pela presenccedila de
substacircncias interferentes (SOUZA 2013)
140
Natildeo existe processo preconizado ou completamente satisfatoacuterio que seja
adequado para a extraccedilatildeo de todos os compostos fenoacutelicos ou de uma classe
especiacutefica de substacircncias fenoacutelicas em materiais de plantas Metanol etanol
acetona aacutegua acetato de etila e suas combinaccedilotildees satildeo frequentemente utilizadas
para a extraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos (NACZKA SHAHIDI 2004)
Estudos visando o estabelecimento de paracircmetros para identificaccedilatildeo
determinaccedilatildeo das propriedades fisico-quiacutemicas da materia prima vegetal assim
como o desenvolvimento de uma soluccedilatildeo extrativa padronizada satildeo escassos
(RODRIGUES et al 2009)
O objetivo de extrair compostos fenoacutelicos a partir da planta fonte eacute a
libertaccedilatildeo destes compostos a partir das estruturas vacuolares onde eles se
encontram quer pela ruptura do tecido da planta ou por um processo de difusatildeo
(ASPEacute FERNAacuteNDEZ 2011)
Quanto aos meacutetodos de extraccedilatildeo teacutecnicas como maceraccedilatildeo aquecimento sob
refluxo infusatildeo turbo-extraccedilatildeo e sonicaccedilatildeo satildeo comumente utilizados para extrair
os metabolitos bioativos da droga vegetal (ASPEacute FERNAacuteNDEZ 2011 TIWARI et al
2011)
Aleacutem da padronizaccedilatildeo das teacutecnicas extrativas detalhes teacutecnicos a respeito do
controle desses extratos tambeacutem devem ser determinados para que exista suporte
para anaacutelises de controle de qualidade dos insumos (BORELLA et al 2012) A
padronizaccedilatildeo de fitoteraacutepicos compreende tambeacutem informaccedilatildeo e controle para
garantir a composiccedilatildeo consistente de todas os materiais vegetais incluindo
operaccedilotildees analiacuteticas para identificaccedilatildeo marcadores e doseamento de princiacutepios
ativos (CHOUDHARY SEKHON 2011)
Neste contexto os taninos tecircm sido amplamente empregados como
substacircncias marcadoras para a avaliaccedilatildeo da qualidade de diversas mateacuterias-primas
vegetais utilizadas em medicamentos (SANTOS MELLO 2003)
Os principais meacutetodos para determinaccedilatildeo a concentraccedilatildeo de taninos em
materias vegetais incluem a cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE) e a
espectrofotometria (VERZA et al 2007) As anaacutelises por CLAE podem ser
empregadas tanto para detecccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de taninos hidrolisaacuteveis como para
taninos condensados Para os taninos condensados esta determinaccedilatildeo eacute limitada a
de poliacutemeros de taninos condensados de 7 a 8 unidades (SCHOFIELD et al 2001)
141
Um dos meacutetodos mais utilizados para o doseamento de polifenoacuteis eacute a
espectofotometria na qual se faz uso do reagente de Folin-Ciocalteu Neste meacutetodo
a reaccedilatildeo eacute inespeciacutefica para polifenoacuteis pois vaacuterias satildeo as substacircncias com
possibilidade de reaccedilatildeo (MAGALHAtildeES et al 2008) Uma forma de contornar essa
questatildeo eacute a adsorccedilatildeo dos taninos do meio com substratos proteacuteicos Assim o teor
de taninos (fraccedilatildeo adsorvida ao substrato) eacute calculado pela diferenccedila entre o teor de
polifenoacuteis totais e o da fraccedilatildeo polifenoacutelica natildeo-adsorvida (VERZA et al 2007)
Para otimizaccedilatildeo deste meacutetodo de doseamento a influecircncia de paracircmetros
reacionais como o volume do reagente de Folin-Ciocalteau concentraccedilatildeo da
soluccedilatildeo de carbonato de soacutedio e tempo de reaccedilatildeo devem ser determinados Estes
paracircmetros satildeo capazes de comprometer significativamente a reaccedilatildeo por exercerem
influecircncia sobre a resposta e a presenccedila de deslocamentos bato ou hipsocrocircmicos
(FERREIRA 2012)
Desta forma o presente estudo compara a capacidade de diferentes meacutetodos
para extraccedilatildeo de polifenoacuteis das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa
avaliando o desempenho de cada teacutecnica pela quantificaccedilatildeo do resiacuteduo seco da
concentraccedilatildeo de fenoacuteis totais e de taninos (metaboacutelitos ativos) e a capacidade
antibacteriana dos extratos Determinando assim a teacutecnica extrativa de melhor
desempenho e estabelecendo paracircmetros de anaacutelise que podem auxiliar na
avaliaccedilatildeo da qualidade dessa droga vegetal
142
52 OBJETIVOS
O objetivo geral e os especiacuteficos deste estudo estatildeo descritos a seguir
521 OBJETIVO GERAL
Avaliar a Influecircncia do meacutetodos de extraccedilatildeo sobre a atividade antibacteriana
rendimento e teor dos compostos majoritaacuterios do extrato hidroalcooacutelico da casca do
caule de Hymenaea stigonocarpa
522 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Realizar a caracterizaccedilatildeo fisico-quiacutemica do material vegetal
Utilizar diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo e avaliar a presenccedila de variaccedilotildees
qualitativas dos metaboacutelitos secundaacuterios presentes nos diferentes extratos
atraveacutes de anaacutelise por cromatografia de camada delgada
Analisar o meacutetodo espectofotomeacutetrico para doseamento de polifenoacuteis
presentes no extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa realizando a
otimizaccedilatildeo do meacutetodo
Determinar o rendimento e as concentraccedilotildees de polifenois taninos e
flavonoacuteides totais em cada meacutetodo utilizado
Avaliar a influecircncia dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo sobre a atividade
antimicrobiana frente a diferentes cepas de Staphylococcus aureus
Avaliar a atividade fuacutengica do extrato de melhor rendimento frente a diferentes
especies de Candida sp
143
53 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A seguir estatildeo descritos os materiais e meacutetodos utilizados para a realizaccedilatildeo
deste estudo
531 Coleta
Cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne foram
coletadas em outubro de 2009 na Fa
zenda Refuacutegio localizada na cidade de Camocim de Satildeo Feacutelix Pernambuco
(de latitude 8deg213000S e longitude 35deg475670O)
A identificaccedilatildeo foi realizada pela botacircnica do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco Dra A Bocage sendo a excicata depositada sob o nuacutemero 53563 no
Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima pertencente ao mesmo instituto
Na preparaccedilatildeo da mateacuteria-prima vegetal as cascas do caule foram
submetidas agrave secagem em estufa a uma temperatura de 40degC durante 72 horas
em seguida pulverizadas em moinho de martelos (Tigre ASN5) e estocada em
frascos a temperatura ambiente
532 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal
O material vegetal foi caracterizado atraveacutes da anaacutelise granulomeacutetrica perda
por dessecaccedilatildeo teor de extrativos e pela determinaccedilatildeo das cinzas totais para
estabelecer as caracteriacutesticas do individuo e do preparo do material vegetal que
possam influenciar avaliaccedilotildees posteriores
5321 Anaacutelise granulomeacutetrica por tamisaccedilatildeo
Amostras do material vegetal triturado (100g) foram submetidas agrave passagem
atraveacutes de tamises previamente tarados com abertura de malha de 1000 850 600
425 250 e 150microm aleacutem do coletor A tamisaccedilatildeo foi realizada durante 15 minutos em
aparelho tamisador Bertel reg calibrado para 60 vibraccedilotildees por segundo
A determinaccedilatildeo do diacircmetro meacutedio das partiacuteculas foi obtida pela curva de
distribuiccedilatildeo de retenccedilatildeo e passagem Os resultados foram expressos pela meacutedia de
144
trecircs determinaccedilotildees de acordo com o que preconiza a Farmacopeacuteia Brasileira IV
1988
5322 Determinaccedilatildeo da perda por dessecaccedilatildeo
Em pesa-filtros previamente tarados foram adicionados 20 g do material
vegetal triturado e colocados em estufa (Quimisreg) por 2 h agrave temperatura de 105 plusmn
2ordm C As amostras foram colocadas em dessecador Os pesa-filtros foram
novamente pesados em balanccedila analiacutetica (Shimadzureg) e colocados em estufa por
mais 30 min Esta operaccedilatildeo foi repetida em ciclos de uma hora ateacute peso constante
Os resultados foram expressos em percentual de perda de massa pela meacutedia de
trecircs determinaccedilotildees (Farmacopeia Brasileira 2010)
5323 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Amostras contendo 10g do material vegetal triturado foram submetidas agrave
decocccedilatildeo com 100 mL de aacutegua destilada durante 10 minutos Apoacutes resfriamento os
volumes foram reconstituiacutedos e as soluccedilotildees filtradas Cerca de 200 g das soluccedilotildees
filtradas foram colocadas em pesa-filtros previamente tarados e evaporadas agrave
secura em banho-maria com agitaccedilatildeo perioacutedica para homogeneizaccedilatildeo da amostra
As amostras foram levadas a estufa por 2 h agrave 105ordmC plusmn 2ordm C resfriadas e pesadas
Em seguida estas amostras foram colocadas em estufa por 30 min e este
procedimento repetido ateacute peso constante O teor de extrativos foi calculado pela
formula descrita abaixo
Onde TE = teor de extrativos soluacuteveis em aacutegua () g = resiacuteduo seco (g) FD = fator
de diluiccedilatildeo = 5 (pesados 20 dos 100 mL totais) m = planta seca e moiacuteda (em
gramas) ppd = perda por dessecaccedilatildeo da planta seca e moiacuteda (SOUZA et al 2010)
145
5324 Determinaccedilatildeo de cinzas totais
Amostras do material vegetal triturado (3g) pesadas analiticamente foram
transferidas para cadinhos de porcelana previamente calcinados arrefecidos e
pesados
Cada uma das amostras foi distribuiacuteda uniformemente nos cadinhos e
incineradas aumentando gradativamente para 200degC por 30min 400degC por 60
minutos e 600degC por 90 minutos Apoacutes este periacuteodo os cadinhos foram transferidos
resfriados colocados em dessecador e posteriormente pesados As percentagens
de cinzas em relaccedilatildeo ao material vegetal que foi submetido ao processo de
secagem foram calculadas Os resultados foram expressos em perda de massa
percentual pela meacutedia de trecircs determinaccedilotildees (Farmacopeacuteia Brasileira V 2010)
533 Procedimentos extrativos
Seis procedimentos extrativos (infusatildeo maceraccedilatildeo maceraccedilatildeo dinacircmica
refluxo turboextraccedilatildeo e ultrassom) foram realizados a partir de 20g da casca do
caule trituradas extraiacutedas com 200 mL de uma soluccedilatildeo de etanol aacutegua (11 vv) A
escolha deste sistema de solventes foi baseada em relatos etnofarmacoloacutegicos
Apoacutes a extraccedilatildeo as soluccedilotildees foram filtradas em papel de filtro (Whatmann no
2) e concentrado em rota evaporador obtendo-se assim seis extratos hidroalcooacutelicos
secos Infusatildeo (EI) maceraccedilatildeo (EM) maceraccedilatildeo dinacircmica (EMD) refluxo (ER)
turboextraccedilatildeo (ET) e ultrassom (EU) cujo rendimento foi calculado para cada caso
A teacutecnica extrativa mais eficiente foi determinada atraveacutes da avaliaccedilatildeo do
rendimento de resiacuteduo seco determinaccedilatildeo de taninos totais e da avaliaccedilatildeo da
atividade antibacteriana frente a cepas de Staphylococcus aureus
534 Descriccedilatildeo das teacutecnicas extrativas
5341 Maceraccedilatildeo
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida por maceraccedilatildeo durante 72h Esta soluccedilatildeo foi
preparada em frasco acircmbar a temperatura 23 plusmn 1ordmC com agitaccedilatildeo ocasional a cada
12h
146
5342 Maceraccedilatildeo dinacircmica
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida utilizando agitador magneacutetico (marca Fisatom
modelo 754A) A soluccedilatildeo foi preparada em frasco acircmbar contendo barra magneacutetica
tipo liso com anel central (14 x 76 mm) e a extraccedilatildeo se deu agrave temperatura 23 plusmn 1ordmC
Durante o processo extrativo foi aplicada uma velocidade de 300 RPM que perdurou
2 horas
5343 Ultrassom
O triturado da casca e a soluccedilatildeo extrativa foram adicionados a frasco acircmbar a
adicionados a banho de ultrassom a temperatura 23 plusmn 1ordmC sendo utilizado o
equipamento de marca Unique modelo maxiclean 1600
Natildeo foi aplicado aquecimento e o processo durou 45 minutos em frequecircncia
de 40 kHz
5344 Refluxo
O triturado da casca e a soluccedilatildeo etanol aacutegua (11 vv) foram adicionados a
um balatildeo de vidro Estes foram aquecidos em sistema de refluxo composto por uma
manta eleacutetrica (Marca Fisaton Classe 300 - Modelo 102E) como fonte de
aquecimento e balatildeo de vidro acoplado a um condensador O processo foi iniciado
apoacutes a temperatura interna de 80 ordmC e encerrado apoacutes um periacuteodo de 45 minutos
5345 Turbo-extraccedilatildeo
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida em turbo-extrator de alta rotaccedilatildeo (marca metvisa
modelo LAR 2) consistindo de trecircs ciclos de processamento de 15 min seguidos
por uma pausa de 5 minutos para evitar aquecimento
5346 Infusatildeo
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida apoacutes adiccedilatildeo da soluccedilatildeo etanol aacutegua (11 vv)
a temperatura de ebuliccedilatildeo ao material vegetal triturado em frasco acircmbar fechado
por um periacuteodo de 1 hora
147
535 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica
Um volume de 15 μL de cada extrato (EM EU EMD ET ER e EI) de
concentraccedilotildees padronizadas em 05 foi utilizado para a realizaccedilatildeo de
Cromatografia em Camada Delgada utilizando-se placas de gel de siacutelica (Macherey-
Nagelreg Ref 818 133)
Os sistemas de eluiccedilatildeo e reveladores apropriados para polifenoacuteis foram os
descritos por WAGNER amp BLADT 1996
536 Anaacutelises quantitativas de polifenoacuteis
A seguir estatildeo descritos os diferentes meacutetodos realizados
5361 Determinaccedilatildeo de polifenoacuteis totais
A determinaccedilatildeo de polifenois totais foi realizada apoacutes idealizaccedilatildeo do desenho
fatorial 32 a partir do meacutetodo estabelecido pela European Pharmacopoeia (2005)
53611 Desenho fatorial de 32
A fim de avaliar a influecircncia do reagente Folin-Ciocalteau da concentraccedilatildeo de
carbonato de soacutedio e do tempo de reaccedilatildeo sobre a concentraccedilatildeo de polifenois
presentes nos extratos obtidos por diferentes teacutecnicas foi idealizado um desenho
fatorial de 32 (Folin = 1 e 3 mL Carbonato = 10 e 20 Tempo = 10 e 20 min)
sendo adicionado 3 pontos centrais (Folin = 2 mL Carbonato = 15 Tempo = 15
min)
Cada ponto foi realizado em triplicata A variaacutevel dependente estudada foi agrave
absorbacircncia apoacutes reaccedilatildeo com o reagente de Folin-Ciocalteau que diretamente
refere-se agrave concentraccedilatildeo dos polifenois presentes na amostra A anaacutelise estatiacutestica
foi realizada por graacuteficos de paretos com auxiacutelio dos programas Microsoft Excel e
Statistica 60
O volume de reagente de Folin-Ciocalteu a concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo
carbonato de caacutelcio e o tempo de reaccedilatildeo foram os obtidos apoacutes o estudo de fatorial
32 sendo 3 ml e 10 e 25 minutos respectivamente
148
53612 Preparaccedilatildeo da Soluccedilatildeo Padratildeo
Foram pesados 25mg de aacutecido gaacutelico e estes solubilizados com 10 mL de
aacutegua destilada Esta soluccedilatildeo permaneceu sob agitaccedilatildeo durante 15 minutos para
completa solubilizaccedilatildeo Em seguida foi transferida para um balatildeo volumeacutetrico de 25
mL e o volume completado com aacutegua destilada Desta forma foi obtida uma soluccedilatildeo
padratildeo de concentraccedilatildeo 1000 microgmL
As condiccedilotildees experimentais para determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de aacutecido
gaacutelico (tempo de reaccedilatildeo volume do reagente de Folin-Ciocalteau e Concentraccedilatildeo de
carbonato de soacutedio) que foram utilizadas foram otimizadas por Ferreira (2012)
Desta soluccedilatildeo foram retiradas uma aliacutequota de 50 microL e transferida para uma
balatildeo volumeacutetrico (2 microgmL) ao qual foi adicionado 2 mL do reagente Folin
Ciocalteau 10 mL de aacutegua destilada e o volume completado para 25 mL com
soluccedilatildeo de carbonato de soacutedio a 10
A varredura em espectrofotocircmetro foi realizada apoacutes 15 minutos da adiccedilatildeo do
carbonato de soacutedio O comprimento de onda de 780 nm foi selecionado para leitura
apoacutes avaliaccedilatildeo da similaridade do espectro de UV entre a amostra e a substacircncia de
referecircncia
Previamente agrave determinaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais taninos e
flavonoides totais presentes nos extratos foram preparadas soluccedilotildees de
concentraccedilatildeo 20 30 40 50 60 70 e 80 microgmL de aacutecido gaacutelico (99 de pureza
Sigma Chemical Co St Louis USA) em aacutegua a fim de obter uma curva de
calibraccedilatildeo A absorbacircncia foi medida a 780nm Com os resultados da absorbacircncia
foi construiacuteda uma curva de calibraccedilatildeo
A leitura da absorbacircncia foi realizada em espectrofotocircmetro (marca Thermo
Scientific modelo Evolution 60S) em comprimento de onda de 780 nm A leitura foi
realizada apoacutes 30 min da adiccedilatildeo do reagente de oxirreduccedilatildeo (Folin-Ciocalteau)
O teor de polifenois foi determinado pela extrapolaccedilatildeo da curva de calibraccedilatildeo
(y = 01037 x + 00024 R2 = 09992) de aacutecido gaacutelico
5362 Determinaccedilatildeo de taninos totais
Foi realizada apoacutes avaliaccedilatildeo da fraccedilatildeo residual de polifenoacuteis na soluccedilatildeo
extrativa de Hymenaea stigonocarpa em funccedilatildeo da quantidade de caseiacutena
utilizando caseiacutena (Merck) como agente complexante
149
Aliacutequotas de 10 mL das soluccedilotildees extrativas foram misturadas separadamente
com quantidades crescentes de caseiacutena (50 150 250 350 450 e 500 mg) Esta
mistura foi submetida agrave agitaccedilatildeo durante 1 hora e em seguida filtrada A partir dos
filtrados aliacutequotas de 50 mL foram diluiacutedas para o volume de 25 mL com aacutegua
Dessas soluccedilotildees 20 mL foram adicionados a um balatildeo volumeacutetrico e adicionados
100 mL de aacutegua O volume de reagente de Folin-Ciocalteu a concentraccedilatildeo da
soluccedilatildeo carbonato de caacutelcio e o tempo de reaccedilatildeo foram os mesmos descritos para a
determinaccedilatildeo de polifenoacuteis totais apoacutes estudo fatorial 32 (seccedilatildeo 3511)
A concentraccedilatildeo de taninos totais foi obtida a partir da seguinte equaccedilatildeo
Onde TT = Concentraccedilatildeo de taninos Totais PT = concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais
e FTN = concentraccedilatildeo de polifenoacuteis na fraccedilatildeo natildeo tanante
5363 Determinaccedilatildeo de flavonoacuteides
Foram obtidos cinco niacuteveis diferentes de concentraccedilotildees (80 a 120microgmL) a
partir do padratildeo de astilbina de pureza de 99 adquirido da induacutestria Aktin
Chemicals Inc (China) Cada niacutevel de concentraccedilatildeo foi injetado no sistema
cromatograacutefico (n=3) e os valores de aacuterea maacutexima foram traccedilados contra as
concentraccedilotildees A curva foi ajustada pela regressatildeo linear atraveacutes da meacutedia das trecircs
leituras (corridas cromatograacuteficas) O teor de flavonoacuteides foi determinado entatildeo pela
extrapolaccedilatildeo da curva de calibraccedilatildeo (y = 06014 x - 05251 R2 = 09932) obtida
53631 Anaacutelise por cromatografia liquida e alta eficiecircncia acoplada a detector de
arranjo de Diodos (CLAE-DAD)
Os extratos foram solubilizados em metanol para a obtenccedilatildeo de soluccedilotildees de
concentraccedilatildeo de 400 microgMl Este concentraccedilatildeo foi selecionada apoacutes triagem previa
por gerar picos de aacutereas de valores similares as aacutereas obtidas pelas diferentes
doses de astilbina que produziram a curva de calibraccedilatildeo
Os extratos foram filtrados em membrana de politetrafluoetileno de 020 microm
(Chromafilreg) e depois adicionados frascos acircmbar As anaacutelises foram realizadas em
TT = PT - FNT
150
cromatoacutegrafo equipamento CLAE-DAD (Ultimatereg 3000 Thermo Scientificreg)
equipado com bomba binaacuteria HPG-3x00RS 3000 (RS) detector de arranjo de diodo
e coletor de amostra automaacutetico ACC-3000
As separaccedilotildees foram realizadas em uma coluna (C18) 256 x 46 mm di 5
microm (Acclaim 120 Dionexreg) equipada com (C18 4 x 3 mm di Phenomenexreg)
A fase moacutevel foi composta por aacutegua MiliQreg (eluente A) e acetonitrila (eluente
B Tediareg) ambos acidificados com 01 de soluccedilatildeo de aacutecido trifluoroaceacutetico
variando de 10-23 em 35 min para 23ndash90 em 50 min do eluente B a um fluxo
de 1mLmin
O software Chromeleon 60 (Dionexreg) foi utilizado para processamento e
aquisiccedilatildeo dos dados O teor de flavonoides em cada extrato foi determinado
utilizando a aacuterea dos picos com espectros de UV caracteriacutesticos de flavonoides
(MABRY et al 1970) obtidos no cromatograma pela extrapolaccedilatildeo da curva de
calibraccedilatildeo (y = 06014 x - 0525 R2 = 09932) obtida a partir da astilbina
537 Determinaccedilatildeo da atividade antimicrobiana de diferentes extratos
hidroalcoacuteolicos de H stigonocarpa Mart ex Hayne
A seguir satildeo descritos os meacutetodos realizados para determinaccedilatildeo da atividade
antimicrobiana
5371 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana
A etapa experimental foi realizada no Laboratoacuterio de Bioquiacutemica e Fisiologia
dos Micro-organismos do Departamento de Antibioacuteticos da UFPE
53711 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees de H stigonocarpa
Os extratos secos obtidos pelas diferentes teacutecnicas de extraccedilatildeo foram
analiticamente pesados (10 mg) e solubilizados em etanolaacutegua (19 pv) obtendo
assim soluccedilotildees estoque padronizadas de concentraccedilatildeo igual a 1000 microgmL
53712 Micro-organismos
Os micro-organismos utilizados para a realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo antimicrobiana
dos extratos de H stigonocarpa foram obtidos a partir da coleccedilatildeo de cultura do
151
Laboratoacuterio Fisiologia e Bioquiacutemica de Micro-organismos do Departamento de
Antibioacuteticos da UFPE
Foram utilizados neste estudo os seguintes micro-organismos Staphylococcus
aureus ATCC 25923 LFBM 13 LFBM 15 LFBM 16 LFBM 11 LFBM 26 LFBM 05 LFBM
28 LFBM 29 LFBM 31 e LFBM 30
53713 - Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo
bactericida miacutenima (CMB)
A concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima
(CMB) foi realizada pela mesma metodologia descrita no capitulo 2
5372 Determinaccedilatildeo da atividade antifuacutengica
Os meacutetodos para determinaccedilatildeo da atividade antifuacutengica frente a diferentes
espeacutecies de Candida estatildeo descritos a seguir
53721 Candidas e condiccedilotildees de cultivo
Quatro cepas de Candida albicans (6257 4986 4606 e 4990) trecircs de
Candida krusei (5712 4263 e 934) trecircs de Candida parapsilosis (ATCC 22019 CP
4608 e 4889) duas de Candida tropicalis (4790 e ATCC 750) e uma de Candida
glabrata (Y 6094) foram oriundas da URM coleccedilatildeo do Departamento de Micologia
do Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas da Universidade Federal de Pernambuco
As cepas foram estocadas em oacuteleo mineral a 18degC Com o objetivo de obter
um inoculo contendo de 1-5 x 106 UFCmL cada cepa foi cultivada em um tubo
contendo 20 mL de Agar Sabouraud Dextrose sendo incubada a 35deg C por dois
dias Apoacutes este periacuteodo as suspensotildees de leveduras foram preparadas em soluccedilatildeo
fisioloacutegica esterilizada e depois ajustadas a 90 de transmitacircncia a 530 nm
Diluiccedilotildees seriadas de 1100 e 120 foram realizadas para obter um inoculo final
contendo 1-5 times 103 UFCmL (LIMA-NETO et al 2012)
Testes de viabilidade e subsequente confirmaccedilatildeo taxonocircmica das
caracteriacutesticas morfoloacutegicas bioquiacutemicas e fisioloacutegicas foram realizados
152
53722 Susceptibilidade antifuacutengica in vitro
Placas de microdiluiccedilatildeo contendo diluiccedilotildees seriadas de droga foram
preparadas seguindo o que determina o protocolo CLSI M27-A3 (2008) Os extratos
foram solubilizados em dimetilsulfoxido (10) as concentraccedilotildees avaliadas variaram
de 1000 a 0487μgmL Fluconazol foi usado como droga de referecircncia nas
concentraccedilotildees entre 0125 a 64 μgmL
Os 12 primeiros poccedilos (linha vertical) das placas de microdiluiccedilatildeo receberam
100 microL das soluccedilotildees duas vezes mais concentradas dos extratos e das drogas de
referecircncia Nos outros meio padratildeo RPMI 1640 (Sigma Chemical Co St Louis MO
EUA) tamponadas a pH 70 com 0165 molL de aacutecido morfolinopropanosulfonico
(MOPS Sigma) Os extratos e o padratildeo foram diluiacutedos geometricamente seguindo
uma razatildeo 2 Em seguida todos os tubos foram inoculados com 100 microL do inoculo
final contendo 1-5 times 103 UFCmL e as microplacas incubadas a 35degC em uma
incubadora de CO2
Apoacutes 48h de incubaccedilatildeo a CIM foi lida Os valores de CIM correspondem a
mais baixa concentraccedilatildeo da droga que apresentou inibiccedilatildeo do crescimento das
leveduras Todos os testes foram realizados em triplicata
538 Anaacutelises estatiacutesticas
A anaacutelise estatiacutestica foi realizada utilizando Anova one-way e teste de
comparaccedilatildeo muacuteltiplas Newman-Keuls usando o software GraphPad Prism versatildeo
50 para Windows GraphPad Software (San Diego CA) e p lt 005 foi usado como
niacutevel de significacircncia
153
54- RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados obtidos neste estudo estatildeo descritos a seguir
541 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal
A granulometria do material triturado eacute um paracircmetro importante a ser
estabelecido pois influencia diretamente a eficiecircncia e reprodutibilidade do processo
extrativo (MIGLIATO et al 2007) Eacute um paracircmetro com o qual se pode determinar a
superfiacutecie de contato da partiacutecula disponiacutevel para interagir com o solvente o que eacute
muito utilizado na obtenccedilatildeo de preparaccedilotildees farmacecircuticas liquidas como tinturas e
extratos (SILVA JUacuteNIOR 2006)
A Farmacopeacuteia Brasileira V (2010) classifica os poacutes pela distribuiccedilatildeo
granulomeacutetrica De acordo com os paracircmetros desta publicaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo
granulomeacutetrica da casca do caule de H stigonocarpa apoacutes trituraccedilatildeo analisada no
presente trabalho pode ser classificada como poacute grosso visto que as partiacuteculas na
sua totalidade apresentaram uma granulometria superior a 1700μm e uma
quantidade inferior a 40 foram superiores a 355 μm (figura 1)
Figura 49 - Histograma de distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da casca
do caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes trituraccedilatildeo
Neste estudo o material mostrou distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica bastante
variada Os pesos obtidos das partiacuteculas apoacutes tamisaccedilatildeo em malhas de 1000 850
154
600 425 250 e 150 microm foram 3907plusmn323g 421plusmn022g 1380plusmn023g 977plusmn032g
1088plusmn094g 625plusmn073g e 1501plusmn151g respectivamente
O ponto interseccedilatildeo das curvas de retenccedilatildeo e passagem partiacuteculas passa pelo
tamanho de 734 microm (tamanho meacutedio) e a sua representaccedilatildeo graacutefica estaacute
apresentada na figura 2
Figura 50 - Curvas de retenccedilatildeo e passagem das partiacuteculas de casca do caule
de Hymenaea stigonocarpa apoacutes trituraccedilatildeo
Aleacutem do meacutetodo de trituraccedilatildeo do material vegetal outros aspectos tecircm
influecircncia direta na distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica final principalmente o teor de lignina
e de extrativos no mateacuterial vegetal Madeiras com grandes quantidades de extrativos
tendem a ser mais densas assim a quantidade de extrativos costumam variar em
torno de 3 a mais de 30 do peso seco (BOWYER et al 2003)
A reduccedilatildeo do tamanho de partiacutecula leva a um aumento da superfiacutecie de
contato entre a mateacuteria-prima e o meio de extraccedilatildeo (NORIEGA et al 2005) Poreacutem
em alguns casos poacutes de tamanho maior podem favorecer as extraccedilotildees Partiacuteculas
muito finas podem aderir agraves partiacuteculas maiores aumentando a viscosidade do meio
e criando uma barreira que impede a penetraccedilatildeo de solventes (VOIGT amp
BORNSCHEIN 1982)
734 microm
155
Eacute importante que a mateacuteria prima vegetal esteja suficientemente triturada para
que se consiga um rendimento oacutetimo no processo de extraccedilatildeo dos constituintes
quiacutemicos de interesse farmacecircutico
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira no que se refere ao teor de extrativos e
suas interrelaccedilotildees como a adsorccedilatildeodessorccedilatildeo de umidade e como a retraccedilatildeo
volumeacutetrica tecircm sido objeto de estudo por parte de diversos autores O termo
extrativo se refere a substacircncias de baixa ou meacutedia massa molecular que podem
ser extraiacutedas em aacutegua ou solventes orgacircnicos (SILVERIO et al 2006)
Buchanan (1963) afirmou que haacute uma consideraacutevel variaccedilatildeo na distribuiccedilatildeo
dos extrativos atraveacutes da madeira de uma aacutervore existindo uma variaccedilatildeo na
quantidade de material depositado atraveacutes da altura da aacutervore e entre o tronco e os
galhos
Nearn (1955) verificou que devido agrave accedilatildeo de enchimento dos extrativos
soluacuteveis em aacutegua espeacutecies com alto teor de extrativos apresentam maior
estabilidade dimensional menor umidade no ponto de saturaccedilatildeo das fibras e
umidades de equiliacutebrio mais baixas do que espeacutecies que possuam pequenas
quantidades de extrativos em sua composiccedilatildeo quiacutemica
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos eacute um meacutetodo utilizado para quantificar
constituintes extratiacuteveis da droga vegetal que pode ser considerado como uma
caracteriacutestica proacutepria de cada amostra vegetal e pode auxiliar na avaliaccedilatildeo da
qualidade dessa droga vegetal (ANTONELLI-USHIROBIRA et al 2004) assim o
valor obtido para a amostra vegetal avaliada foi de 1429plusmn167
O teor de extrativos determinado neste trabalho indica a presenccedila de
compostos hidrossoluacuteveis a quente presentes no material vegetal Muito embora natildeo
seja indicativo dos constituintes ativos o teor de extrativos representa uma teacutecnica
de faacutecil execuccedilatildeo e economicamente viaacutevel relevante por estabelecer condiccedilotildees
adicionais para controle de qualidade
A determinaccedilatildeo do teor de aacutegua residual presente nas drogas vegetais
constitui um iacutendice da qualidade de sua preparaccedilatildeo e da garantia de sua
conservaccedilatildeo (COSTA 1982 SILVA JUacuteNIOR 2006) A perda por dessecaccedilatildeo do
triturado da planta indicativo do teor de material volaacutetil do vegetal e indiretamente
da umidade residual apresentou um valor obtido na anaacutelise da casca do caule de
Hymenaea stigonocarpa de 1024 O valor encontrado nesse estudo apresenta-se
156
dentro do intervalo estabelecido pela Farmacopeacuteia Brasileira V (2010) de 8 a 14
indicando uma boa conservaccedilatildeo e uma secagem eficiente da mateacuteria prima vegetal
Esta determinaccedilatildeo eacute importante para o controle de qualidade microbioloacutegico
pois um excesso de aacutegua na droga vegetal favorece o crescimento de fungos e
bacteacuterias podendo tambeacutem levar agrave hidroacutelise de seus constituintes bioativos
(SHARAPIN 2000)
A determinaccedilatildeo de cinzas totais do triturado da casca permite a quantificaccedilatildeo
do resiacuteduo natildeo volaacutetil inorgacircnico presente nas drogas vegetais como integrante
natural destas As cinzas totais constituiacutedas principalmente por carbonatos cloretos
e diversos tipos de oacutexidos pode servir como meacutetodo para avaliar a pureza do
material detectando possiacuteveis impurezas e adulteraccedilotildees do material com compostos
inorgacircnicos (COSTA 1982 SILVA JUacuteNIOR 2006) O resultado encontrado na
determinaccedilatildeo do teor de cinzas totais nas cascas do caule de H stigonocarpa foi de
828plusmn027 Considerando que natildeo existem na Farmacopeacuteia Brasileira limites
preconizados em monografia para esta espeacutecie e que em vaacuterias delas satildeo
apresentados em ensaios de pureza valores de ateacute 10 como dentro do limite
consideramos os resultados obtidos aceitaacuteveis
Os resultados obtidos para os ensaios de perda por dessecaccedilatildeo teor de
extrativos estatildeo apresentados na tabela 5
Tabela 5 - Resultados dos ensaios de perda por dessecaccedilatildeo teor de extrativos e
cinzas totais das amostras de cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes
trituraccedilatildeo
Amostra PD plusmn dp TE plusmn dp CTplusmn dp
Triturado da casca de Hymenaea stigonocarpa
1024 plusmn 017 1429plusmn167 828plusmn027
PD ndash Perda por dessecaccedilatildeo TE ndash Teor de extrativos CT ndash Cinzas Totais dp ndash desvio padratildeo
542 Determinaccedilatildeo do rendimento
Um problema para a seleccedilatildeo dos meacutetodos de extraccedilatildeo eacute a possibilidade de
compostos de interesse apresentarem uma interaccedilatildeo significativa com a matriz
sendo necessaacuterio nestes casos um meacutetodo com elevada recuperaccedilatildeo
157
Determinadas matrizes podem reter analitos dentro de poros ou outras estruturas
(SOUZA 2013)
Uma das teacutecnicas para aumentar a recuperaccedilatildeo dos compostos de interesse
seria aumentar a temperatura do solvente pois a energia teacutermica adicionada pode
auxiliar na quebra das ligaccedilotildees da matriz e facilitar a difusatildeo do analito agrave superfiacutecie
O aumento do tempo de contato tambeacutem poderia ser outra saiacuteda para o aumento da
recuperaccedilatildeo devido a sua influecircncia na difusatildeo Deve-se avaliar poreacutem que tempos
muito longos podem promover a perda de compostos por oxidaccedilatildeo (SOUZA 2013)
A escolha de um meacutetodo em detrimento de outro eacute um ponto que deve ser bem
estudado pois uma seleccedilatildeo incorreta pode levar ao aumento do tempo de
execuccedilatildeo necessidade do uso de grande quantidade de solvente aleacutem de poder
apresentar baixa eficiecircncia na extraccedilatildeo Exemplos disso satildeo os metodos que
utilizam elevaccedilatildeo da temperatura onde substacircncias de interesse caso sejam
termicamente laacutebeis podem ser degradadas Assim deve-se considerar a
adequaccedilatildeo dos meacutetodos de extraccedilatildeo (ONG 2004) Desta forma alguns metodos
utilizados neste estudo satildeo descritos a seguir
O meacutetodo de extraccedilatildeo assistido por ultrassom envolve a forccedila de corte criada
pela implosatildeo de bolhas de cavitaccedilatildeo sobre a propagaccedilatildeo das ondas acuacutesticas no
intervalo kHz O colapso de bolhas pode produzir efeitos fiacutesicos quiacutemicos e
mecacircnicos o que resulta na ruptura das membranas bioloacutegicas para facilitar a
libertaccedilatildeo de compostos extratiacuteveis e melhorar a penetraccedilatildeo do solvente em
materiais celulares e transferecircncia de massa (DAIacute MUMPER 2010)
Uma das vantagens da extraccedilatildeo assistida por ultrassom (HSU) eacute que ela eacute uma
tecnologia potencialmente uacutetil pois natildeo necessita de instrumentos complexos e eacute
relativamente de baixo custo podendo ser usada tanto em pequena quanto em
grande escala (VINATORU 2001)
Apoacutes a obtenccedilatildeo da soluccedilatildeo extrativa e concentraccedilatildeo em rotaevaporador o
valor de rendimento obtido para o meacutetodo do ultrassom foi de 1122 (2245g)
Esta foi agrave teacutecnica que apresentou menor rendimento Aspectos como a natureza do
material e distribuiccedilatildeo da onda ultrassocircnica no liacutequido extrator podem justificar esse
menor rendimento
Amostras com grandes teores de extrativos apresentam maior estabilidade
dimensional e consequentemente maior resistecircncia a sonicaccedilatildeo Quanto agrave potecircncia
ultrassocircnica sabe-se que o maacuteximo poder eacute observado proacuteximo a superfiacutecie da
158
fonte radiante ultrassocircnica (WANG WELLER 2006) poreacutem ele diminui
proporcionalmente com aumento da distacircncia Assim os aspectos fiacutesico-quiacutemicos da
amosta estudada bem como a metodologia empregada podem ter influenciado no
reduzido rendimento desta teacutecnica
Outra teacutecnica avaliada a turbo-extraccedilatildeo apresentou um rendimento de 1296
(2593g) Estaacute teacutecnica eacute baseada na extraccedilatildeo com simultacircnea reduccedilatildeo do tamanho
de partiacutecula que eacute resultado da aplicaccedilatildeo de elevadas forccedilas de cisalhamento Essa
reduccedilatildeo draacutestica do tamanho de partiacutecula e consequente rompimento das ceacutelulas
favorece a raacutepida dissoluccedilatildeo das substacircncias ativas no liacutequido extrativo (VOIGT
1993 SONAGLIO et al 2007)
Nessas circunstacircncias a difusatildeo das substacircncias dissolvidas atraveacutes da
membrana celular fica relegada a um plano secundaacuterio resultando em extraccedilatildeo de
ateacute quase o esgotamento da droga A esse incremento da eficiecircncia somam-se a
simplicidade rapidez e versatilidade da teacutecnica que permitem a faacutecil utilizaccedilatildeo da
turboextraccedilatildeo em processamentos em pequena e meacutedia escala (HUBINGER et al
2009)
Em nosso estudo observamos que o tamanho reduzido da partiacutecula aspecto
caracteriacutestico deste meacutetodo proporciona dificuldades no processo de separaccedilatildeo da
soluccedilatildeo extrativa por filtraccedilatildeo e consequentemente perda de material Isso pode
justificar o porquecirc de um meacutetodo que leva a quase esgotamento da droga natildeo
produzir um bom rendimento
Aspectos como o aumento na temperatura podem promover uma maior
extraccedilatildeo tanto pelo aumento da solubilidade como pela taxa de transferecircncia de
massa Aleacutem disso a viscosidade e a tensatildeo superficial dos solventes satildeo
diminuiacutedas em temperaturas altas o que ajuda os solventes a atingir as matrizes de
amostras e melhoria da taxa de extraccedilatildeo (DAIacute MUMPER 2010)
Assim a teacutecnica de infusatildeo levou a um rendimento de 1377 (2755g) natildeo
apresentando diferenccedila significativa no rendimento (Plt005) quando comparado ao
meacutetodo de ultrassom
159
Figura 51 ndash Rendimentos obtidos atraveacutes dos
diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo
O meacutetodo de maceraccedilatildeo por sua natureza natildeo conduz ao esgotamento da
mateacuteria prima vegetal seja devido agrave saturaccedilatildeo do liacutequido extrator ou ao
estabelecimento de um equiliacutebrio difusional entre o meio extrator e o interior da
ceacutelula (VOIGT 2000) Desta forma para o meacutetodo de maceraccedilatildeo o rendimento foi de
1525 (3050g) Comparando este meacutetodo com os meacutetodos anteriormente
descritos o melhor rendimento da maceraccedilatildeo pode ser sugerido pela maior
influecircncia do tempo de interaccedilatildeo e difusatildeo drogasolvente o que natildeo foi observado
em meacutetodos que apenas utilizam o aumento da temperatura do solvente e
ultrassom
Meacutetodos extrativos dependem em grande parte dos fenocircmenos de difusatildeo
sendo que a agitaccedilatildeo pode influenciar na duraccedilatildeo do processo (MIGLIATO et al
2011) Baseados nesta ideia outros dois meacutetodos que empregam a agitaccedilatildeo tambeacutem
foram avaliados Um deles foi o refluxo onde ocorre o aquecimento da soluccedilatildeo ateacute agrave
ebuliccedilatildeo e o retorno dos vapores condensados para o balatildeo antes de serem
perdidas por evaporaccedilatildeo Este meacutetodo se mostrou mais eficiente com rendimento de
1775 (3550g) se comparado com as teacutecnicas anteriores Poreacutem foi observado
que o aquecimento ateacute a ebuliccedilatildeo e o refluxo do triturado durante 45min levaram a
reduccedilatildeo do tamanho das partiacuteculas que influenciou no processo de separaccedilatildeo da
soluccedilatildeo extrativa por filtraccedilatildeo Natildeo diferindo significativamente do meacutetodo de refluxo
(Plt005) a de maceraccedilatildeo dinacircmica foi o meacutetodo que apresentou o maior
rendimento 1862 (3725g)
Comparado com os outros meacutetodos podemos sugerir que sua vantagem
ocorreu pela influecircncia do agitador magneacutetico no equiliacutebrio difusional entre o meio
ULTRASSOM TURBOLISE INFUSAtildeO MACER REFLUXO MACER DIN0
1
2
3
4
Meacutetodo de extraccedilatildeo
Resiacuted
uo
seco
(g
)
160
extrator e o interior da ceacutelula assim como ruptura das membranas que aumentaram
a penetraccedilatildeo do solvente nos materiais celulares e consequentemente levaram o um
maior rendimento
543 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica por cromatografia de camada delgada
A prospecccedilatildeo fitoquiacutemica atraveacutes de cromatografia de camada delgada
(figura 52) demonstrou a presenccedila de flavonoides e taninos condensados em todos
os extratos avaliados
Figura 52 ndash Cromatogramas demonstrando a presenccedila de
flavonoides e taninos nos extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule
Hymenaea stiginocarpa obtidos a partir dos diferentes meacutetodos de
extraccedilatildeo
Placa A e B fase moacutevel EtOAc ndash HCOOH ndash ACOH ndash H2O (100111126 vv) revelador da placa A - Reagente de NEU revelador da placa B ndash Vanilina cloriacutedrica Amostras adicionadas A ndash astilbina (Padratildeo) Md ndash Extrato maceraccedilatildeo dinacircmica Me ndash Extrato maceraccedilatildeo estaacutetica (Maceraccedilatildeo) I ndash Extrato infusatildeo T ndash Extrato turbolise R ndash Extrato refluxo U ndash Extrato ultrassom e P ndash Padratildeo de epicatequina
544 Anaacutelise quantitativa dos compostos majoritaacuterios
Antes de considerar o emprego da metodologia para taninos totais os perfis
de absorccedilatildeo no UV-VIS para o padratildeo de aacutecido gaacutelico e as amostras foram
estabelecidos em espectrofotocircmetro na faixa de 400 a 900 nm apoacutes reaccedilatildeo com o
A B
161
reagente de Folin-Ciocalteu Os espectros estatildeo apresentados na figura 53 e
revelam grande similaridade entre a amostra e a substacircncia de referecircncia
confirmando a compatibilidade e permitindo eleger o comprimento de onda de 780
nm para leitura
Figura 53 - Espectro de varredura de ultravioleta do aacutecido gaacutelico e
do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa apoacutes reaccedilatildeo
com Folin-Ciocalteau
Um desenho fatorial do tipo 32 foi conduzido para determinaccedilatildeo da influecircncia
de paracircmetros reacionais mais importantes tal como o volume do reagente de Folin-
Ciocalteau a concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo de carbonato e o tempo de reaccedilatildeo sobre a
resposta do meacutetodo de doseamento (intensidade de absorccedilatildeo de 780 nm) e a
presenccedila de deslocamentos bato ou hipsocrocircmicos capazes de comprometer
significativamente o desempenho do procedimento
Os resultados demonstraram interferecircncia das variaacuteveis sobre a absorbacircncia
observada Para a resposta do meacutetodo de doseamento espectrofotomeacutetrico
(intensidade de absorvacircncia) os dados obtidos e apresentados na tabela 6 foram
analisados atraveacutes do graacutefico de paretos (figura 54)
nm
Linhas azul - aacutecido gaacutelico vermelha - Extrato hidroalcooacutelico
162
Tabela 6 - Matriz do experimental do desenho aplicado para avaliar a influecircncia da
quantidade de Folin-Ciocalteau concentraccedilatildeo de carbonato de soacutedio e tempo de
reaccedilatildeo sobre a absorbacircncia
Variaacutevel natural Variaacutevel codificada Resultados
Folin (mL)
Na2CO3 ()
Tempo (min)
Fator A Fator B Fator C Meacutedia DP CV
1 10 5 -1 -1 -1 0453 00040 001
3 10 5 1 -1 -1 0431 00060 001
1 20 5 -1 1 -1 0414 00055 001
3 20 5 1 1 -1 0422 00180 004
1 10 25 -1 -1 1 0501 00261 005
3 10 25 1 -1 1 0519 00031 001
1 20 25 -1 1 1 0485 00083 002
3 20 25 1 1 1 0503 00066 001
2 15 15 0 0 0 0487 00154 003
2 15 15 0 0 0 0475 00026 001
2 15 15 0 0 0 0488 00089 002
Variaacuteveis codificadas Fator A - Volume do reagente de Folin-Ciocalteau Fator B - Concentraccedilatildeo de Na2CO3 Fator C - Tempo de reaccedilatildeo DP ndash desvio padratildeo cv - Coeficiente de variaccedilatildeo
Figura 54 - Graacutefico de pareto para efeitos padronizados do fatorial 32
5943951
6638698
8595094
1261833
1627582
2724828
-433412
1570891
p=05
Standardized Effect Estimate (Absolute Value)
Replicat(1)
Replicat(2)
2by3
(1)Folin (mL)
1by2
1by3
(2)Na2CO3 ()
(3)Time (min)
163
O caacutelculo dos efeitos para fatores pelo graacutefico de Pareto (Figura 54)
possibilitou a observaccedilatildeo dos efeitos significativos e o seu tipo de influecircncia dobre a
resposta intensidade de absorvacircncia Considerando os termos significativos apenas
os fatores tempo e concentraccedilatildeo de carbonato de soacutedio foram significativos Natildeo foi
observada influecircncia importante para o volume do reagente de Folin-Ciocalteau
quando analisada isoladamente poreacutem houve interaccedilatildeo entre os fatores tempo e
volume de Folin-Ciocalteau
Ainda a respeito aos efeitos significativos o tempo apresentou contribuiccedilatildeo
positiva (+1570) ou seja a mudanccedila de niacutevel favorece a resposta estudada
Portanto o aumento do tempo incrementa a absorbacircncia lida Por outro lado a
concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo de carbonato de soacutedio exerceu influecircncia negativa Assim
o aumento da concentraccedilatildeo de carbonato reduz a resposta do procedimento
Com os paracircmetros determinados foi entatildeo avaliada a quantidade de agente
precipitante sobre o doseamento de taninos totais nas cascas do caule de
Hymenaea stigonocarpa
Foi avaliado o agente precipitante caseiacutena adicionado nas seguintes
quantidades 50 150 250 350 450 e 500 mg Os resultados foram expressos com a
meacutedia e desvio padratildeo A figura 55 mostra o efeito das quantidades de caseiacutena
sobre o teor de taninos totais
Figura 55 - Valores de absorbacircncia da fraccedilatildeo residual do
extrato de Hymenaea stigonocarpa em funccedilatildeo da
quantidade de caseiacutena
50 150
250
350
450
500
0
1
2
3
Caseiacutena (mg)
Teo
r d
e t
an
ino
s (
mg
g)
164
Em termos de precisatildeo intermediaacuteria os melhores resultados foram obtidos
para uma quantidade de no maacuteximo 4500 mg de caseiacutena (Tabela 7) Para
quantidades acima desse valor foram observados ausecircncia de variaccedilatildeo significativa
dos valores da absorvacircncia
Tabela 7 - Valores meacutedios da absorvacircncia (UA) obtidos para a fraccedilatildeo natildeo tanante apoacutes adiccedilatildeo de diferentes quantidades de caseiacutena durante anaacutelise (triplicata)
Quantidade de caseiacutena 1 2 3 MEacuteDIA DP CV
Sem caseiacutena 0559 0535 0538 0544 0013 0024
50mg 0424 0410 0399 0411 0013 0030
150mg 0376 0371 0385 0377 0007 0019
250mg 0320 0328 0330 0326 0005 0016
350mg 0272 0313 0318 0301 0025 0084
450mg 0275 0264 0269 0269 0006 0020
500mg 0254 0280 0264 0266 0013 0049
Repeticcedilotildees das avaliaccedilotildees das absorbacircncias 1 2 e 3 DP ndash desvio padratildeo cv - Coeficiente de variaccedilatildeo
5441 Determinaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento de polifenoacuteis totais por
espectofotometria apoacutes avaliaccedilatildeo das variaacuteveis analiacuteticas
Apoacutes a analise dos dados obtidos pelo estudo da otimizaccedilatildeo do meacutetodo de
doseamento de polifenoacuteis por espectrofotometria as variaacuteveis do meacutetodo
empregado foram volume de reagente de Folin-Ciocalteu 3 ml concentraccedilatildeo de
Carbonato de Soacutedio 10 (vv) e o tempo de reaccedilatildeo 25 minutos
Para obtenccedilatildeo da fraccedilatildeo natildeo tanante a quantidade do agente precipitante
utilizada foi de 450 mg sendo utilizada caseiacutena Merckreg purificada
5442 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de polifenois totais taninos e flavonoides
Apoacutes a avaliaccedilatildeo das variaacuteveis analiacuteticas e da determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo
residual da soluccedilatildeo extrativa das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa em
funccedilatildeo da quantidade de caseiacutena os teores de polifenois e taninos totais obtidos a
165
partir da diferentes meacutetodos de preparaccedilatildeo foram determinados e descritos na
tabela 8
Tabela 8 - Teor de polifenois taninos e flavonoides totais nos extratos
hidroalcooacutelicos de Hymenaea stigonocarpa obtidos a partir de diferentes meacutetodos
Aleacutem de polifenoacuteis e taninos totais o teor de flavonoides nos diferentes
extratos foi estimado a partir de CLAE-DAD Apoacutes a obtenccedilatildeo dos cromatogramas
dos diferentes extratos observou-se em todos eles a presenccedila de cinco picos que
foram chamados de A B C D e E (figura 56)
Os picos de A ateacute D foram identificados atraveacutes do espectro de UV com
dados da literatura (MABRY 1970) como flavonoides e assim o teor de flavonoides
totais em cada extrato foi obtido pela soma das aacutereas dos picos A B C e D atraveacutes
da equaccedilatildeo da reta
A aacuterea da banda E (TR 39-43) natildeo foi adicionada ao caacutelculo pois esta banda
estaacute relacionada agrave presenccedila de taninos condensados jaacute observados na anaacutelise por
CCD Esses taninos satildeo possivelmente catequinas polimeacutericas o que pode ser
sugerido devido ao aparecimento de deriva na linha de base e da formaccedilatildeo de
bandas caracteriacutesticas no cromatograma Apenas monoacutemeros e oligocircmeros ateacute o
tetracircmero de catequinas e proantocianidinas pode ser separado e detectado como
um pico definido (ANDERSEN MARKHAM 2006 PARK et al 2012)
Quanto ao teor de polifenois (figura 57) os extratos com maior concentraccedilatildeo
foram os obtidos por turbolise infusatildeo e maceraccedilatildeo dinacircmica com 686plusmn09
617plusmn015 e 660plusmn024 mg GAEg respectivamente natildeo havendo diferenccedila
significativa eles (Plt005) Um menor teor 543 plusmn 011 mg GAEg foi observado no
extrato obtido por maceraccedilatildeo o qual mostrou um rendimento significativo se
Extratos Polifenoacuteis totais Taninos Flavonoacuteides
Ultrassom (EU) 476 plusmn 008 140 plusmn 023 056 plusmn 005
Turbolise (ET) 686 plusmn 009 164 plusmn 027 058 plusmn 007
Infusatildeo (EI) 672 plusmn 014 175 plusmn 010 062 plusmn 003
Maceraccedilatildeo (EM) 543 plusmn 011 179 plusmn 014 060 plusmn 004
Refluxo (ER) 456 plusmn 041 164 plusmn 028 066 plusmn 006
Maceraccedilatildeo dinacircmica (EMD) 660 plusmn 024 176 plusmn 031 059 plusmn 003
166
comparado aos extratos obtidos por ultrassom e refluxo com 476 plusmn 009 e 456 plusmn
041 mg GAEg respectivamente que natildeo diferiram entre si (Plt005)
Figura 56 - Cromatograma obtido por CLAE-DAD dos diferentes extratos
hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
Extrato obtido por ultrassom (EU) Extrato obtido por turbolise (ET) Extrato obtido por infusatildeo (EI) Extrato obtido por maceraccedilatildeo (EM) Extrato obtido por refluxo (ER) e Extrato obtido por Maceraccedilatildeo dinacircmica (EMD) Espectro obtido por UV com padratildeo sugestivo de flavonoacuteides (A C and D) identificado como astilbina (B) e relacionado agrave catequinas polimeacutericas (E)
C D B
EU
ET
EI
EM
ER
EMD
D A B C E
D A B C E
D A B C E
D A B C E
D A B C E
D A B C E
Astilbina = pico B
Peak 6 100 at 3532 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1975
1931
2939
50 at 3520 min 99658
-50 at 3545 min 99665
Peak 7 100 at 3621 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1981
19102943
50 at 3609 min 99932
-50 at 3634 min 99902A Peak 4 100 at 2980 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1983
2902
50 at 2967 min 99984
-50 at 2993 min 99986
Peak 5 100 at 3139 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1984
1912 2905
50 at 3126 min 99977
-50 at 3152 min 99995
167
Figura 57 - Teor de polifenois totais dos extratos
hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
obtidos atraveacutes dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo
Tempos de extraccedilatildeo prolongados e temperatura elevada levam ao aumento
da possibilidade de oxidaccedilatildeo dos compostos fenoacutelicos o que diminuem o
rendimento de destes compostos nos extratos (DAIacute MUMPER 2010)
A reduccedilatildeo do rendimento de polifenois no meacutetodo de refluxo empregado em
nosso estudo onde o material vegetal tem contato com o solvente em temperatura
de ebuliccedilatildeo e na maceraccedilatildeo onde o contato material vegetal e solvente ocorre por
um periacuteodo de tempo estendido podem ser sugeridos pela ocorrecircncia de possiacutevel
oxidaccedilatildeo dos compostos fenoacutelicos
Uma das desvantagens do meacutetodo de extraccedilatildeo assistida por ultrassom eacute o
efeito deleteacuterio ocasional de energia de ultrassom (mais de 20 kHz) sobre os
constituintes ativos de plantas medicinais que pode levar a formaccedilatildeo de radicais
livres e consequentemente alteraccedilotildees indesejaacuteveis (TIWARI et al 2011) Aleacutem
disso um tempo de sonicaccedilatildeo prolongado (mais de 40 minutos) pode levar a
degradaccedilatildeo dos componentes ativos (ANNEGOWDA et al 2010) Desta forma a
ocorrecircncia destes efeitos pode ser sugerida para explicar o teor reduzido de
polifenois na extraccedilatildeo assistida por ultrassom
Os meacutetodos que obtiveram concentraccedilotildees estatisticamente semelhantes de
polifenois (turboacutelise infusatildeo e maceraccedilatildeo dinacircmica) parecem natildeo terem sofrido
degradaccedilatildeo de seus constituintes em decorrecircncia do tempo de extraccedilatildeo ou
temperatura de extraccedilatildeo Nessas amostras o processo ocorreu em no maacuteximo 60
minutos
TURBOLISE INFUSAtildeO MACER DIN MACER ULTRASOM REFLUXO
0
2
4
6
8
Meacutetodos de extraccedilatildeo
Po
life
no
is (
mg
GA
Eg
)
168
Quanto agrave temperatura podemos sugerir que a ocorrecircncia de temperatura de
ebuliccedilatildeo durante um periacuteodo prolongado eacute que parece induzir a degradaccedilatildeo de
polifenois dos extratos de Hymenaea stigonocarpa o que natildeo acontece no meacutetodo
de infusatildeo onde a temperatura de ebuliccedilatildeo soacute eacute alcanccedilada no inicio do processo
Diferente do que ocorreu na determinaccedilatildeo do teor de polifenois natildeo foram
observadas diferenccedilas significativas tanto em relaccedilatildeo ao teor de taninos quanto ao
de flavonoides Isso sugere que apesar da degradaccedilatildeo de alguns polifenois em
decorrecircncia do meacutetodo extrativo haacute uma ldquocompensaccedilatildeordquo entre a degradaccedilatildeo e
capacidade extrativa
Isso eacute evidenciado quando observamos alguns meacutetodos refluxo por
exemplo a pesar de degradaccedilatildeo motivada pelo aumento da temperatura esta
tambeacutem leva a uma maior capacidade extrativa Outro exemplo eacute a extraccedilatildeo
assistida por ultrassom que mesmo apresentando teores semelhantes aos outros eacute
o meacutetodo que apresenta o menor teor de absoluto de taninos e flavonoides Neste
caso o baixo rendimento de resiacuteduo seco motivado pela ineficiecircncia do ultrassom na
lise da parede celular eacute associado ao efeito da degradaccedilatildeo dos polifenois natildeo
levando a uma compensaccedilatildeo e consequentemente reduccedilatildeo do teor absoluto de
taninos e flavonoides
545 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana de H stigonocarpa Mart ex
Hayne
Com o objetivo de avaliar a influecircncia do meacutetodo de extraccedilatildeo sobre a
atividade antibacteriana do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa frente a diferentes cepas de Staphylococcus aureus foram
determinadas a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima e bactericida miacutenima dos extratos
obtidos
Staphylococcus aureus foi selecionado por ser o micro-organismo mais
susceptiacutevel ao extrato hidroalcooacutelico de acordo com estudos anteriores (DIMECH et
al 2013) Os valores das concentraccedilotildees inibitoacuterias e bactericidas miacutenimas natildeo
variaram quando correlacionadas as teacutecnicas de extraccedilatildeo utilizadas tabela 9
169
Tabela 9 - Valores da Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima e Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima dos extratos de Hymenaea stigonocarpa frente a cepas de bacteacuterias Gram positivas
CBM Concentraccedilatildeo bactericida miacutenima CIM concentaccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima OXAR Oxacilina com CIM ge 40microgmL OXA
S Oxacilina com CIM le 20microgmL
Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima Concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (microgmL)
Cepas de Staphylococcus aureus Refluxo Infusatildeo Ultrassom Turbolise Maceraccedilatildeo (estaacutetica)
Maceraccedilatildeo dinacircmica
Oxacilina (padratildeo)
Staphylococcus aureus ATCC 25923 250500 250250 250250 250250 250250 250500 01250250
Staphylococcus aureus AM 02 625125 625125 625125 625625 625625 625625 01250125
Staphylococcus aureus AM 04 500500 250500 500500 500500 500500 500500 01250250
Staphylococcus aureus AM 05 125250 250250 250250 250250 250500 250500 01250250
Staphylococcus aureus UFPEDA 01 500500 250500 250500 250500 250500 250500 01250250
Staphylococcus aureus AM 13 500500 500500 250250 250250 250500 250500 256512
Staphylococcus aureus IC 17 500500 500500 250500 250250 250500 250500 3264
Staphylococcus aureus AM 18 250250 250500 250500 250250 250500 500500 128256
Staphylococcus aureus AM 19 500500 250500 500500 500500 500500 250500 1632
Staphylococcus aureus AM 20 250250 250250 125250 250250 250500 250500 816
Staphylococcus aureus AM 21 250250 250250 125250 250250 250500 250500 1616
169
Estudos anteriores indicaram que os taninos satildeo os metaboacutelitos secundaacuterios
de Hymenaea stigonocarpa responsaacuteveis pela atividade antibacteriana (DIMECH et
al 2013) A seleccedilatildeo do meacutetodo extrativo mais eficiente foi baseada nos criteacuterios
atividade bioloacutegica frente agrave Staphylococcus aureus teor de taninos totais (metaboacutelito
secundaacuterio responsaacutevel pela accedilatildeo antibacteriana) e teor de resiacuteduo seco
Devido a natildeo terem ocorrido diferenccedilas significativas na atividade bioloacutegica e
no teor de taninos quando comparamos todos os extratos obtidos a partir dos
diferentes meacutetodos o teor de resiacuteduo seco foi o criteacuterio utilizado para determinar o
meacutetodo de maceraccedilatildeo dinacircmica como o melhor
546 Determinaccedilatildeo da atividade antifungica de H stigonocarpa Mart ex
Hayne
Aleacutem da accedilatildeo antibacteriana dos taninos observada em nosso estudo sabe-
se que eles podem apresentar atividade frente fungos Vasconcelos et al (2003)
descreve que os taninos apresentam a capacidade de inibir o crescimento de
espeacutecies de Candida devido a sua accedilatildeo na ceacutelula especialmente na membrana
celular precipitando proteiacutenas
Os dois principais agentes utilizados na terapia antifuacutengica satildeo a anfotericina
B um antibioacuteticos polienico e o fluconazol agente antifuacutengico pertencente a classe
dos azoacuteis Eles tecircm atividade especialmente contra C albicans No entanto jaacute
existem relatos de surgimento de algumas cepas de Candida albicans resistentes a
estes antifuacutengicos aleacutem disso estes apresentaram efeitos colaterais (HIRASAWA
TAKADA 2004)
Os principais mecanismos de desenvolvimento de resistecircncia das cepas em
relaccedilatildeo aos azoacuteis alteraccedilotildees no siacutetio alvo da droga (14 α-demetilase) impedindo a
sua inibiccedilatildeo que levaria a depleccedilatildeo do ergosterol e consequente formaccedilatildeo da
membrana plasmaacutetica com alteraccedilotildees na funccedilatildeo e estrutura alteraccedilatildeo na
biossiacutentese de esteroacuteis resultando na acumulaccedilatildeo de 14 α-metil fecosterol ao inveacutes
de ergosterol presenccedila de bombas de efluxo e Superexpressatildeo do siacutetio alvo (14 α-
demetilase) impedindo a reduccedilatildeo da siacutentese de ergosterol pela inibiccedilatildeo provocada
pelos azoacuteis (GHANNOUM RICE 1999)
Desta forma a descoberta de um agente antibioacutetico que seja eficaz e seguro
podem ser importantes para a erradicaccedilatildeo de ambas as cepas de Candida sensiacuteveis
e resistentes Existem vaacuterios relatos que mostram atividade antifuacutengica de produtos
170
171
naturais (RUKAYADI et al 2013 ADEME et al 2013 ALRAJHI et al 2013
SENHAJI et al 2013)
Alguns estudos realizados em espeacutecies do gecircnero Hymenaea relatam a
presenccedila de atividade antifuacutengica em diferentes extratos
Quanto agrave espeacutecie Hymenaea martiana os extratos aquoso etanoacutelico
butanoacutelico e hidroalcooacutelico da casca apresentam atividade frente agrave Cryptococcus
neoformans e C gatii com CIM entre 2 a 64 microgmL sendo as fraccedilotildees etanoacutelica e
hidroalcooacutelica as mais ativas Tambeacutem foi demonstrada a atividade da H martiana
frente agrave dermatoacutefitos (T rubrum T mentagrophytes M canis) sendo os menores
valores de CIM obtidos a partir das fraccedilotildees aquosa e butanoacutelica nas trecircs espeacutecies
estudadas Souza e colaboradores (2010)
Os valores das Concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas para o extrato
Hidroalcooacutelico e o fluconazol frente a diferentes cepas de Candida estatildeo
sumarizados na tabela 10
Tabela 10 - Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa obtido por maceraccedilatildeo dinacircmica frente a diferentes espeacutecies de
Candida
Micro-organismos Cepa Extrato
hidroalcooacutelico CIM (microgml)
FLU CIM (microgml)
Perfil sensibilidade
Candida parapsilosis ATCC 22019 250 80 S
Candida parapsilosis CP 4608 250 16 SD-D
Candida parapsilosis4889 125 20 S
Candida glabrata 6094 781 gt64 R
Candida krusei 5712 195 32 SD-D
Candida krusei 4263 195 64 R
Candida krusei 934 625 64 R
Candida tropicalis 4790 125 32 SD-D
Candida tropicalis ATCC 750 250 40 S
Candida albicans 6257 390 ND -
Candida albicans 4986 250 16 SD-D
Candida albicans 4606 250 20 S
Candida albicans 4990 250 gt64 R
CIM concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima FLU ndash Fluconazol ND Natildeo Determinado Perfil Sensiacutevel CIM le 80microgmL Sensibilidade dose-dependente 16 ndash 32 resistente CIM ge 640microgmL Extrato Hidroalcooacutelico obtido por maceraccedilatildeo dinacircmica
172
Quanto agrave atividade antifuacutengica foram empregadas cepas de diferentes perfis
de resistecircncia frente ao fluconazol
As espeacutecies que apresentaram as maiores sensibilidades de acordo com os
valores da CIM foram Candida krusei e Candida glabrata Segundo o CLSI M27-A3
(2008) os isolados de C krusei satildeo intrinsecamente resistentes ao fluconazol poreacutem
essas espeacutecies foram susceptiacuteveis ao extrato em valores ateacute cinco diluiccedilotildees
menores quando comparados agraves substacircncias de referecircncia
Aleacutem destas cepas o extrato mostrou atividade frente agrave cepa de Candida
albicans 6257 com CIM de 39 microgml como tambeacutem a Candida glabrata 6094 com
CIM de 781 microgml Com valores mais elevados da CIM mas ainda apresentando
uma consideraacutevel atividade foi observada a accedilatildeo do extrato frente agraves espeacutecies C
parapsilosis e C tropicalis com valores variando entre 125 e 250 microgml
A presente investigaccedilatildeo poreacutem representa um estudo preliminar para
atividade antifuacutengica e aponta para a necessidade de uma maior investigaccedilatildeo
bioloacutegica uma vez que Hymenaea stigonocarpa apresenta um grande potencial
farmacoloacutegico
173
55 CONCLUSOtildeES
Os resultados obtidos nos permitem concluir que a secagem do material
vegetal em estufa a 40degC durante 72h foi suficiente para obtenccedilatildeo de um triturado
com valor de perda por dissecaccedilatildeo (teor de umidade) dentro das especificaccedilotildees o
material vegetal obtido apoacutes a trituraccedilatildeo pocircde ser classificado como poacute grosso
Quanto ao rendimento de extrativos a teacutecnica que levou a obtenccedilatildeo do melhor
teor de resiacuteduo seco foi a de maceraccedilatildeo dinacircmica seguido por refluxo maceraccedilatildeo
infusatildeo turbolise e por fim extraccedilatildeo ultrassocircnica natildeo havendo diferenccedilas quanto agraves
classes de metaboacutelitos secundaacuterios identificados em funccedilatildeo do meacutetodo de extraccedilatildeo
empregado
A otimizaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento por Folin Ciocalteu para a
determinaccedilatildeo do teor de polifenois em Hymenaea stigonocarpa demonstrou que o
aumento do tempo de reaccedilatildeo da quantidade do reagente de Folin-Ciocalteu e a
adiccedilatildeo de 450mg de caseiacutena na complexaccedilatildeo com os polifenoacuteis satildeo as variaacuteveis da
metodologia de doseamento de polifenoacuteis que apresentaram contribuiccedilatildeo positiva
para o estudo
Quanto a atividade antimicrobiana natildeo houve diferenccedilas significativas nos
teores de taninos e flavonoides totais e na atividade frente a diferentes cepas de
Staphylococcus aureus em funccedilatildeo do meacutetodo de extraccedilatildeo utilizado O meacutetodo de
extraccedilatildeo mais eficiente de acordo com as variaacuteveis avaliadas foi a maceraccedilatildeo
dinacircmica devido ao maior teor de resiacuteduo seco obtido
A triagem do extrato hidroalcooacutelico obtido por maceraccedilatildeo para atividade
antifuacutengica demonstra que este extrato apresenta forte atividade frente a cepas de
Candida krusei e Candida glabrata
174
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6 IDENTIFICACcedilAtildeO DO FLAVONOacuteIDES PRESENTES NA FRACcedilAtildeO ACETATO DE
ETILA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa
61 INTRODUCcedilAtildeO
Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne o jatobaacute-do-cerrado apresenta
distribuiccedilatildeo homogecircnea e ocorre predominantemente em aacutereas de cerrado sendo
uma espeacutecie lenhosa tiacutepica deste bioma (PAIVA amp MACHADO 2006)
As suas cascas do caule satildeo amplamente utilizadas na medicina popular em
infusatildeo ou decocccedilatildeo para tratar a dor de estocircmago asma bronquite uacutelceras
diarreia gripe e tosse (GRANDI et al 1989 VILA-VERDE et al 2003 BIESKI et
al2012)
Estudos farmacoloacutegicos tem revelado que os extratos de Hymenaea
stigonocarpa apresentam vaacuterias atividades bioloacutegicas tais como antiulcerogecircnica
(GUIMARAtildeES 2009) inibitoacuteria sobre o crescimento das linhagens de ceacutelulas
tumorais H460 Colo 205 e U937 (BRASIL et al 2009) inibitoacuteria sobre a liberaccedilatildeo
induzida de histamina a partir de mastoacutecitos (FERREIRA 2011) antidiarreica
gastroprotetor e cicatrizante (ORSI 2012) antioxidante (MARANHAtildeO et al 2013) e
antibacteriana (DIMECH et al 2013)
Avaliaccedilotildees fitoquiacutemicas de Hymenaea stigonocarpa demonstram a presenccedila
de terpenos sesquiterpenos aacutecidos graxos flavonoacuteides e taninos metaboacutelitos
secundaacuterios reconhecidos por suas atividades bioloacutegicas (LANGENHEIM et al
1983 MATUDA amp NETTO 2005 ORSI et al 2012)
Quanto aos metaboacutelitos Hymenaea stigonocarpa mais ativos Dimech e
colaboradores (2013) descrevem que aqueles extratos e fraccedilotildees ricos em taninos
satildeo os mais ativos quanto agrave atividade antibacteriana Apesar destes apresentarem
em sua composiccedilatildeo taninos os flavonoides tambeacutem estatildeo presentes e apesar de
aparentemente natildeo influenciarem a na accedilatildeo antimicrobiana tem um grande
potencial farmacoloacutegico
Vaacuterios estudos demonstram as atividades farmacoloacutegicas jaacute atribuiacutedas aos
flavonoacuteides tais como antitromboacutetica (MILLS amp BONE 2000) anti-hipertensiva
(BLUMENTHAL 2003) antiespasmoacutedica (ROBBERS amp TYLER 2000) e antialeacutergica
(MILLS amp BONE 2000)
180
Esses efeitos estatildeo ligados agrave sua capacidade de atuar como antioxidantes e
sequestrantes de radicais livres quelando metais e interagindo com enzimas
receptores e membranas (BEHLING et al 2004)
Alguns flavonoacuteides jaacute identificados nas diferentes espeacutecies do gecircnero
Hymenaea A astilbina foi identificada na resina do tronco de Hymenaea parvifolia
(ISHIBASHI et al 1999) Pettit et al (2003) isolaram os flavonoacuteides luteolina
crisoeriol palstatina entre outros das folhas de Hymenaea palustre Lovato e Nunes
(2007) sugeriu que o extrato de acetato de etila da casca de Hymenaea
stigonocarpa conteacutem o flavonoacuteide astilbina Suzuki et al (2008) isolaram dois
flavonoacuteides do alburno de H courbaril a taxifolina e o fisetinidol e foram isolados no
alburno de Hymenaea stigonocarpa quatro flavonoides identificados como hultenina
taxifolina quercetina e 7-methoxcatequina (MARANHAtildeO et al 2013)
A anaacutelise da impressatildeo digital cromatograacutefica pode refletir o perfil quiacutemico e
tem sido amplamente aceita para avaliaccedilatildeo da qualidade e espeacutecies diferenciaccedilatildeo
(ZHANG 2012) Desta forma cromatogramas de extratos hidroalcooacutelicos da casca
do caule de Hymenaea stigonocarpa obtidos atraveacutes de CLAE-DAD por Dimech et
al (2013) sugerem a natureza polifenoacutelica desta parte da planta sugerindo a
presenccedila de catequinas polimeacutericas e relatando a partir da avaliaccedilatildeo por CCD
associada anaacutelise dos espectros de UV a presenccedila de substacircncias sugestivas de
flavonoacuteides
Com o desenvolvimento das teacutecnicas de analiacuteticas as impressotildees digitais
cromatograacuteficas que fornecem caracterizaccedilatildeo sisteacutemica de produtos agrave base de
plantas tecircm sido aceitas por muitos paiacuteses e organizaccedilotildees (LONG et al 2012)
Vaacuterios meacutetodos cromatograacuteficos tecircm sido amplamente utilizados para a
obtenccedilatildeo dessas impressotildees digitais tais como cromatografia em camada delgada
(CCD) cromatografia gasosa (CG) cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE) e
eletroforese capilar (EC) (ZHONG et al 2009 PENG et al 2011)
No entanto estes meacutetodos geralmente demandam periacuteodos de anaacutelises
longos Nos uacuteltimos anos a cromatografia liacutequida de ultrarraacutepida (UFLC) que
emprega partiacuteculas porosas submicromeacutetricas como fase estacionaacuteria tem sido
aplicada com ecircxito na raacutepida obtenccedilatildeo de perfis de produtos agrave base de plantas (OZ
2011) UFLC DAD demonstrou ser uma potente teacutecnica de impressatildeo digital
181
cromatograacutefica com as vantagens de tempo curto de anaacutelise de alta resoluccedilatildeo e um
bom desempenho de separaccedilatildeo (LONG et al 2012)
182
62 OBJETIVOS
O objetivo geral e os especiacuteficos deste estudo estatildeo descritos a seguir
621 OBJETIVO GERAL
Identificar os flavonoides presentes na fraccedilatildeo acetato de etila da casca do caule de
Hymenaea stigonocarpa atraveacutes de cromatografia liacutequida ultrarraacutepida associada a
espectrocircmetria de massas
622 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Determinar atraveacutes de Anaacutelise por cromatografia liquida ultrarraacutepida acoplada
a detector de arranjo de Diodos e espectrocircmetro de massas o perfil
cromatograacutefico e espectros de Ultravioleta (UV) do extrato acetato de etila
Sugerir atraveacutes das anaacutelises dos cromatogramas de UV dos espectros de
massas dados da literatura eou comparaccedilatildeo com o padratildeo astilbina os
flavonoides presentes na fraccedilatildeo acetato de etila
183
63 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A seguir estatildeo descritos os materiais e meacutetodos utilizados para a realizaccedilatildeo
deste estudo
631 AMOSTRAS
Fraccedilatildeo acetato de etila da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa obtida
atraveacutes do resiacuteduo seco do extrato hidroalcooacutelico (5g) particionada em aacutegua e
acetato de etila (11) e padratildeo de astilbina (98 de pureza Aktin Chemicals Inc
China)
632 SOLVENTES EMPREGADOS
Metanol (MeOH) grau HPLC (marca JT Baker) H2O deionizada (18mΩ Milli-
Q Millipore) foram utilizados como solventes Esses foram filtrados e
posteriormente desgaseificados em banho de ultrassom
633 SISTEMA CROMATOGRAFIA LIQUIDA ULTRARRAacutePIDA ACOPLADA A
DETECTOR DE ARRANJO DE DIODOS E ESPECTROcircMETRO DE MASSAS
(UFLC-DAD-EM)
A anaacutelise cromatograacutefica foi realizada em UFLC Shimadzureg Proeminence
equipado com bombas LC-20AD injetor automaacutetico modelo Sil-20A HT detector de
DAD SPD-M20A controlador CBM-20A forno para coluna CTO-20A
Aliacutequotas de 20μL das amostras (1mgml) foram injetadas via um auto injetor
com um fluxo de 10mL min em coluna analiacutetica CLC-ODS (C-18) Shimadzureg de
250 x 46 mm 5micro Os cromatogramas na regiatildeo de UV gerados pelo DAD foram
registrados em 200 a 700nm
Para a anaacutelise de massas o cromatoacutegrafo foi acoplado espectrocircmetro de
massas UltrOTOF (Bruker-daltonics Billarica USA) com ionizaccedilatildeo por IES com
monitoramento de iacuteons negativos e positivos
184
634 ANAacuteLISE POR UFLC-DAD-EM
As condiccedilotildees para UFLC-DAD foram obtidas usando um gradiente de eluiccedilatildeo
composto por aacutegua (bomba A) e MeOH (bomba B) (73) que variou de 0 min 30
B 15 min 30 B 30 min 40 B 40 min 60 B 45 min 100 B 50 min 100 B
51 min 30 B 65 min 30 B
Os cromatogramas gerados por espectro de massas foram registrados na
regiatildeo entre mz 50 e mz 1200 e os paracircmetros do espectrocircmetro de massas
listados a seguir foram mantidos os mesmos em todas as anaacutelises 1000 scans por
segundo intervalo entre espectros 2 segundos fluxo do gaacutes de secagem 80Lmin
temperatura do gaacutes de secagem 220degC pressatildeo do gaacutes de nebulizaccedilatildeo 4 bar
6341 Identificaccedilatildeo dos flavonoacuteides
Os picos cromatograacuteficos foram identificados com base em seus espectros no
UV massa acurada obtida para os iacuteons moleculares (moleacutecula protonada [M+H]+
eou moleacutecula desprotonada [M-H]-) em alta resoluccedilatildeo e tempos de retenccedilatildeo no
sistema utilizado
A utilizaccedilatildeo de cada tipo de dados obtidos e o procedimento para a
identificaccedilatildeo dos picos ocorreu conforme a necessidade As informaccedilotildees disponiacuteveis
na literatura e a obtenccedilatildeo de padrotildees no laboratoacuterio foram conduzidos
principalmente com base nos resultados de estudos fitoquiacutemicos anteriores de
Hymenaea stigonocarpa
Em estudo anterior apoacutes avaliaccedilatildeo atraveacutes de CLAE-DAD Dimech et al
(2013) sugeriu apoacutes a contaminaccedilatildeo do extrato avaliado com o padratildeo de Astilbina
onde um dos picos apresentou mesmo tempo de retenccedilatildeo aleacutem de aumento de sua
aacuterea e semelhanccedila quanto ao espectro de UV que um dos flavonoacuteides tratava-se da
astilbina
Deste modo alguns picos foram identificados por comparaccedilatildeo de tempos de
retenccedilatildeo e espectros de UV com os de padrotildees no caso a astilbina aleacutem de
posterior confirmaccedilatildeo pelas massas moleculares acuradas obtidas
Poreacutem outros soacute puderam ter sua identidade definida apoacutes anaacutelise e
comparaccedilatildeo pelas massas moleculares acuradas obtidas e espectro de UV com
aqueles jaacute relatados na literatura
185
No caso dos flavonoacuteides em que os espectros podem revelar o tipo de
flavonoacuteide (por exemplo flavona flavonol flavanona diidroflavonol chalcona) e agraves
vezes ateacute dar indiacutecios sobre o padratildeo de substituiccedilatildeo tambeacutem foram utilizados os
dados e discussotildees publicados por Gattuso et al (2006) Markham (1982) e Mabry
et al (1970)
186
64 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados que estatildeo apresentados na tabela 11 satildeo baseados nos
paracircmetros tempo de retenccedilatildeo espectro de UV espectro de massas dos iacuteons
moleculares desprotonados [M-H]- em dados da literatura e no tempo de retenccedilatildeo
do padratildeo astilbina Os picos A B C e D satildeo sugestivos de serem taxifolina (285
nm) astilbina (290 nm) engeletina (289 nm) e um estereoisocircmero da astilbina
(290nm) respectivamente
Tabela 11 - Dados cromatograacuteficos e espectrofotomeacutetricos dos componentes
identificados no cromatograma da fraccedilatildeo acetato de etila de Hymenaea
stigonocarpa
Pico Tempo de retenccedilatildeo
λmax (nm) [M-H]- (mz) Foacutermula Estrutura proposta
A 505 min 285 nm 3030878 C15H12O7 Taxifolina
B 507 min 290 nm 4491106 C21H22O11 Astilbina
C 510 min 289 nm 4331154 C21H22O10 Engeletina
D 516 min 290 nm 4491132 C21H22O11 Estereoisocircmero
de astilbina
Todos os picos apresentaram nos espectros de UV uma banda com absorccedilatildeo
maacutexima em torno de 198nm (capiacutetulo II) e um ombro com maacuteximo proacuteximo a 290nm
sinais caracteriacutesticos de flavanonois (MARKHAM 1982)
A massa molecular obtida para o composto representado pelo pico A de
tempo de retenccedilatildeo 505 min eacute similar com a massa no modo de ionizaccedilatildeo negativa
[M-H]- calculada para a taxifolina de formula molecular C15H12O7 de 3030878 mz
(figura 1) compatiacuteveis com valores descritos na literatura para taxifolina (Zhang et al
2013)
187
Figura 58 - Espectro de Ultravioleta e espectro de massa do pico A obtido
compatiacutevel com taxifolina
(1) Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 280nm espectro compatiacutevel com flavononoacuteis (MARKHAM 1982) (2) Massa do pico A no modo de ionizaccedilatildeo negativa sugestivo de taxifolina [M-H]
- 3030878
1
1
2
188
Dados obtidos anteriormente (capitulo II) sugerem ser astilbina um dos
flavonoacuteides presentes na casca do caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes
avaliaccedilatildeo por CCD e HPLC-DAD onde os tempos de retenccedilatildeo e o espectro de UV
foram idecircnticos apoacutes contaminaccedilatildeo da amostra com o padratildeo astilbina
A comparaccedilatildeo dos cromatogramas obtidos apoacutes anaacutelise com UFLC-DAD a
partir da fraccedilatildeo acetato de etila e do padratildeo astilbina confirmam esses resultados
sugerindo fortemente a presenccedila de astilbina desta fraccedilatildeo
Para a atribuiccedilatildeo da astilbina como sendo a substacircncia representada pelo
pico B (figura 3) foram comparados tempo de retenccedilatildeo (509 min) espectro de UV
(λmax 290 nm) e espectro de massas deste pico aos do padratildeo de astilbina
(C21H22O11) um flavanonol de massa molecular obtida no modo de ionizaccedilatildeo
negativa [M-H] de valor 4491132 (figura 2)
Aleacutem da semelhanccedila entre as variaacuteveis tempo de retenccedilatildeo (507 min) e
espectro de UV (λmax 290 nm) o valor da massa molecular obtida no modo de
ionizaccedilatildeo negativa [M-H]- para o pico B da fraccedilatildeo acetato de etila foi de valor
4491106 valor compatiacutevel com a astilbina
Os λmax do espectro de UV e massa no modo de ionizaccedilatildeo negativa para o
pico D tambeacutem satildeo similares aos apresentados pelo padratildeo astilbina e pico B (figura
5) todos apresentam um ombro com λmax proacuteximo a 290nm e massa molecular
compatiacutevel com o padratildeo astilbina C21H22O11 [M-H]- 4491125 Devido a diferenccedilas
no tempo de retenccedilatildeo deste pico D em relaccedilatildeo ao pico B e ao padratildeo de astilbina
utilizado sugerimos ser este um estereoisocircmero da astilbina
Quanto ao pico C (figura 4) a massa molecular obtida estaacute em conformidade
com a massa exata calculada para engeletina (C21H22O10) no modo de ionizaccedilatildeo
negativa [M-H]-- 4331154 sendo tambeacutem o espectro de UV apresentando ombro
com λmax proacuteximo a 290nm compatiacutevel com valores descritos na literatura para
engeletina (ZHANG et al 2013 MABRY et al 1970)
Os flavonoacuteides relatados neste trabalho jaacute foram descritos em espeacutecies do
gecircnero Hymenaea e em todos os casos satildeo atribuiacutedas atividades bioloacutegicas a estas
substacircncias A taxifolina foi identificada no alburno de Hymenaea courbaril (SUZUKI
et al 2008) sendo descrita por apresentar atividade antioxidante Aleacutem disso
tambeacutem foi identificada no alburno de Hymenaea stigonocarpa (MARANHAtildeO et al
2013) apresentando atividade antitermitica frente agrave Nasutitermes corniger
189
Figura 59 - Espectro de UV e de massas dos iacuteons moleculares desprotonados do
padratildeo astilbina
(1) Espectro de UV com ombro de absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 290nm e espectro de massas do no modo de ionizaccedilatildeo negativa [M-H]
- mz 4491132
1
2
190
Figura 60 - Espectro de UV e de massas do pico B compatiacutevel com a astilbina
(padratildeo)
(1)Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 290nm (2) Massa do pico B no modo de ionizaccedilatildeo negativa com o padratildeo de astilbina [M-H]
- 4491132
1
2
191
Figura 61 - Espectro de UV e de massas do pico C compatiacutevel com o flavanonol
engeletina
(1) Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 293 nm compatiacutevel com flavononoacuteis (MABRY et al 1970) (2) Massa do pico C no modo de ionizaccedilatildeo negativa sugestivo de engeletina [M-H]
- 4331154
1
2
192
Figura 62 - Espectro de UV e de massas do pico D compatiacutevel com
estereoisocircmero da astilbina
(1) Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 290nm (2) Massa do pico D no modo de ionizaccedilatildeo negativa com o padratildeo de astilbina [M-H]
- 4491132 e pico A [M-H]
-
4491106
1
2
193
A engeletina assim como a astilbina foram identificada no extrato etanoacutelico da
casca de Hymenaea martiana (CARNEIRO et al 1993) apresentando resposta
antagocircnica a accedilatildeo de bradicinina (BK) no musculo liso uterino de ratas inibindo
assim as contraccedilotildees
A presenccedila do flavononol astilbina aleacutem de ser observada na casca de H
martiana (CARNEIRO et al 1993) como descrito anteriormente tambeacutem foi
relatada na resina do tronco da espeacutecie H parvifolia (ISHIBASHI et al1999) onde foi
descrita a ocorrecircncia de um estereoisocircmero da astilbina a neoastilbina que juntos
apresentaram efeitos inibitoacuterios sobre a caseiacutena quinase II (CK-II) de forma dose-
dependente
A presenccedila de astilbina foi tambeacutem relatada em Hymenaea stigonocarpa
onde Lovato e Nunes (2007) isolaram este flavonoacuteide e o sugeriram por comparaccedilatildeo
do espectro de infravermelho com amostra autecircntica a sua presenccedila
Os dados obtidos por cromatografia liacutequida ultrarraacutepida espectros de massas
e a utilizaccedilatildeo do padratildeo astilbina associados aos relatos da ocorrecircncia desses
flavonoacuteides em diversas espeacutecies do gecircnero Hymenaea sugerem fortemente a
presenccedila de astilbina e um estereoisocircmero taxifolina e engeletina na fraccedilatildeo acetato
de etila da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa sendo este o primeiro relato
da ocorrecircncia de taxifolina engeletina e de um estereoisomero de astilbina
194
65 CONCLUSOtildeES
Os resultados obtidos permitem constatar que o cromatograma obtido por
UFLC-DAD-EM no modo de ionizaccedilatildeo negativa apresenta valores de espectro de
massas e UV caracteriacutesticos de quatro flavonoacuteides com diferentes tempos de
retenccedilatildeo (Picos A B C e D) Uma dessas substacircncias (pico A) apresenta massa
molecular obtida em conformidade com a massa no modo de ionizaccedilatildeo negativa
calculada para a taxifolina e com dados da literatura
Jaacute o pico B apresenta tempo de retenccedilatildeo dados de espectro de UV e de
massas similares ao padratildeo astilbina utilizado dados que sugerem fortemente ser
este o flavonoide astilbina
O pico C apresenta massa molecular obtida em conformidade com a massa
no modo de ionizaccedilatildeo negativa calculada para a engeletina e com dados da
literatura Como tambeacutem o pico D apresenta as mesmas caracteriacutesticas do espectro
de UV e de massas que o pico B e do padratildeo apresentando poreacutem tempo de
retenccedilatildeo diferente dados que sugerem ser este um estereoisocircmero da astilbina
195
REFEREcircNCIAS BATISTA A G ESTEVES E A DESSIMONI-PINTO N A V OLIVEIRA L G PIRES S T SANTANA R C ldquoChemical composition of jatobaacute-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart) flour and its effect on growth of ratsrdquo Alimentos e Nutriccedilatildeo Araraquara n 2 p173-180 2011 BEHLING E V SENDAtildeO M C FRANCESCATO H D C ANTUNES L M G BIANCHI M L P Flavonoacuteide quercetina aspectos gerais e accedilotildees bioloacutegicas Alimentos e Nutriccedilatildeo Araraquara Vol 15 No 3 2004 BIESKI G C SANTOS F R OLIVEIRA R M ESPINOSA M M MACEDO M ALBUQUERQUE U P MARTINS D T O ldquoEthnopharmacology of Medicinal Plants of the Pantanal Region (Mato Grosso Brazil)rdquo Evidence-based Complementary and Alternative Medicine n 2012 p1-36 2012 BLUMENTHAL M The ABC Clinical Guide to Herbs Austin American Botanical Council p239 2003 BRASIL T R ANDREAtildeO P S S MIRANDA P C M L GIACOMINI R A BORGES F V KANASHIRO M M avaliaccedilatildeo in vitro da atividade citotoacutexica frente a ceacutelulas tumorais humanas decompostos isolados do epicarpo de Hymenaea stigonocarpa In CONFICT - Congresso Fluminense de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica UENF Rio de Janeiro 2009 CARNEIRO E CALIXTO J B MONACHE F D YUNES R A Isolation Chemical Identification and Pharmacological Evaluation of Eucryphin Astilbin and Engelitin Obtained from the Bark of Hymenaea martiana Pharmaceutical Biology v31 n1 p 38-46 1993 DIMECH G S SOARES L A L FERREIRA M A DE OLIVEIRA A G V CARVALHO M D C amp XIMENES E A Phytochemical and Antibacterial Investigations of the Extracts and Fractions from the Stem Bark of Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne and Effect on Ultrastructure of Staphylococcus aureus Induced by Hydroalcoholic Extract The Scientific World Journal p1ndash8 2013 FERREIRA T L 2011 Prospecccedilatildeo de inibidores da secreccedilatildeo de histamina a partir de espeacutecies vegetais do Cerrado e da Mata Atlacircntica81p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) - Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Estadual Paulista Botucatu GRANDI T S M TRINDADE J A PINTO M J F FERREIRA L L CATELLA A C ldquoPlantas medicinais de Minas Gerais Brasilrdquo Acta Botanica Brasilica n3 p185-2241989 GUIMARAtildeES M A F PIRES R A LIMA J C S MARTINS D T O Avaliaccedilatildeo da atividade antiulcerogecircnica de Hymenaea stigonocarpa (Mart) Hayne (Caesalpinaceae) In IV simpoacutesio ibero-americano de plantas medicinais Cuiabaacute 2009
196
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3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof Dr Aniacutesio Brasileiro de Freitas Dourado
VICE-REITOR
Prof DrSiacutelvio Romero de Barros Marques
PROacute-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
Prof Dr Francisco de Sousa Ramos
DIRETOR DO CENTRO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE
Prof Dr Nicodemos Teles de Pontes Filho
VICE-DIRETOR DO CENTRO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE
Profa Dra Vacircnia Pinheiro Ramos
CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FARMACEcircUTICAS
Prof Dr Antocircnio Rodolfo de Faria
VICE- CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FARMACEcircUTICAS
Prof Dr Dalci Joseacute Brondani
COORDENADOR DO PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS
FARMACEcircUTICAS
Prof Dra Almir Gonccedilalves Wanderley
VICE-COORDENADORA DO PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS
FARMACEcircUTICAS
Profa Dra Ana Cristina Lima Leite
4
Dedico este trabalho aos professores Salvador e Naacutegela Dimech meus pais
Por sempre me ensinarem o valor da educaccedilatildeo
A minha esposa Alba e minha filha Bruna
Para que eu possa servir de exemplo
5
AGRADECIMENTOS
A Deus por sempre guiar meus passos mostrando os verdadeiros valores que
devem estar presentes na caminhada
A meus pais Salvador (In memorian) e Naacutegela meus primeiros educadores
responsaacuteveis pela minha formaccedilatildeo como pessoa
A minha esposa Alba Dimech por todo companheirismo paciecircncia e amor estando
sempre do meu lado e ajudando a superar todas as dificuldades durante esta
jornada
A minha filha Bruna Dimech por sempre proporcionar os melhores momentos da
minha vida
A minha orientadora Eulalia Ximenes por aleacutem de cumprir a sua vocaccedilatildeo como
educadora demonstar sempre amizade simpatia e um carinho a todos os seus
alunos Sua presenccedila e apoio nos momentos tristes e alegres nunca seratildeo
esquecidos
Aos professores Haroudo Saacutetiro Xavier e Alexandre Goacutees pela simpatia amizade e
suas sempre importantiacutessimas colocaccedilotildees
A equipe do Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco principalmente a Dra Ana luiacuteza Du Bocage Neta Dra Bernadete costa
e a Dra Rita de Caacutessia Arauacutejo Pereira
Ao professor Sebastiatildeo Melo pelo auxilio na tarefa de identificaccedilatildeo dos flavonoides
assim como ao professor Norberto Peporine Lopes
Ao Professor Joaacutes Lucas da Silva pela disponibilidade e ajuda na realizaccedilatildeo da
microscopia eletrocircnica na USP Satildeo Paulo
Aos professores Pedro Rolim e Terezinha Gonccedilalves e Miracy Muniz pela permissatildeo
da utilizaccedilatildeo dos equipamentos em seus laboratoacuterios
As professoras Elba Lucia Cavalcanti Amorim e Claudia Sampaio minhas
orientadoras na iniciaccedilatildeo cientiacutefica e ao professor Almir Wanderley que muito
contribuiram para minha formaccedilatildeo acadecircmica
Ao Professor Luiz Alberto Lira Soares Magda Ferreira e as professoras Karina
Randau e Rejane Pimentel pelo auxilio na execuccedilatildeo deste trabalho
Aos amigos de laboratoacuterio Amanda Lucas Tiago Leacuteo Renata George
Emmanuelle Fabio Kewdma e Tacilene
6
Ao Sr Joseacute Ney e seu filho Helson Neves donos da fazenda Saco na cidade de Jati-
CE e a Miro Ao contrario do que torciacuteamos tinha em suas terras uma espeacutecie
jatobaacute diferente da estudada neste trabalho poreacutem sou grato por toda a atenccedilatildeo
Ao Sr Antocircnio Severino de Paula dono fazenda Refuacutegio na cidade de Camocim de
Satildeo Feacutelix-PE ao Sr Elisiario Souza ao meu sogro Sr Luiz Carlos Serafim e ao Sr
Cacai pelo auxiacutelio na localizaccedilatildeo e coleta da amostra de Hymenaea stigonocarpa
utilizada neste estudo
A minha tia Conceiccedilatildeo Alencar pelo apoio que fez toda a diferenccedila durante a
execuccedilatildeo deste trabalho
Aos velhos amigos Carlos Fernando Brasileiro e Eduardo Gonccedilalves (BRASA E
DUDA) por serem os grandes responsaacuteveis por plantar a ideacuteia da realizaccedilatildeo desse
Doutorado
Aos novos amigos Gibson Gomes Antocircnio Pereira e Isla Bastos por serem grandes
companheiros de bancada durante a execuccedilatildeo deste trabalho
Aos colegas da Universidade Federal Rural de Pernambuco Neves Luana
Rivonilda Eroacutetildes Reginete Walter Arlindo Erica e vaacuterios outros por todo apoio
Ao Professor Jurandi David Da Silva Farmacecircutico que me ensinou os primeiros
ldquosegredosrdquo da Microbiologia Cliacutenica
Ao Laboratoacuterio de Anaacutelises Cliacutenicas e a Comissatildeo de Controle de Infecccedilatildeo
Hospitalar do Hospital Aeronaacuteutica de Recife casa onde iniciei na arte da
microbiologia Cliacutenica
7
Eacute vocecirc olhar no espelho Se sentir Um grandessiacutessimo idiota Saber que eacute humano Ridiacuteculo limitado Que soacute usa dez por cento De sua cabeccedila animal
E vocecirc ainda acredita Que eacute um doutor Padre ou policial Que estaacute contribuindo Com sua parte Para o nosso belo Quadro social
Ouro de tolo ndash Raul Seixas
Ainda que eu tivesse
o dom da profecia e
conhecesse todos os
misteacuterios e toda a
ciecircncia se natildeo
tivesse amor nada
seria
Corintios 13-2
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Aacutervore Hymenaea stigonocarpa com cerca de 20 metros de altura 27
Figura 2 - Casca do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 28
Figura 3 - Folhas de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 28
Figura 4 - Inflorescecircncia do jatobaacute do cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne)
29
Figura 5 - Vista frontal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 29
Figura 6 - Seccedilatildeo transversal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
30
Figura 7 - Seccedilatildeo longitudinal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
30
Figura 8 - Aspectos da semente de Hymenaea stigonocarpa Martex Hayne 31
Figura 9 - Aacutecido copaacutelico isolado da resina de H courbaril 32
Figura 10 - Terpeno labd-13-em-ol 15-oato de metila isolado de H courbaril 32
Figura 11 - Terpenos isolados da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo de Campinas
33
Figura 12 - Principais constituintes das resinas encontradas nas folhas da Hymenaea courbaril cariofileno (1) β-selineno (2) e α-selineno (3) 33 Figura 13 - Constituintes encontrados em menor escala das resinas das folhas da Hymenaea courbaril alfa-cubebeno (1) α-copaeno (2) beta-copaeno (3) alfa e beta-hemuleno (4a e 4b) γ-muroleno (5) delta-cadineno (6) e copacanfeno (7)
34
Figura 14 - Composto diterpecircnico identificado na resina proveniente da casca do fruto da Hymenaea courbaril aacutecido enatio-8(17)13(16)14-labdatrien-18-oico
34
Figura 15 - Compostos sesquiterpecircnicos identificados na resina proveniente da casca do fruto da Hymenaea courbaril ciclosativeno (1) β-bourbuneno (2) cariofileno (3) calareno (4) hemuleno22 Selina-4(14)-7-dieno (5) α-himacaleno (6) α-muroleno (7) 35
Figura 16 - Estruturas dos sesquiterpenos isolados das folhas de H courbaril b-cariofileno (1) e γ-muroleno (2) 36 Figura 17 - Estruturas dos diterpenos isolados das folhas e galhos de H courbaril aacutecido (13R)-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (1) aacutecido (2S13R)-213-dihidroxi-1(10)-14-ent-halimadien-18-oico (2) e aacutecido (13R)-2-oxo-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (3) 36 Figura 18 - Estruturas dos diterpenos isolados das sementes de H courbaril aacutecido (5R8S9S10R)-cleroda-313E-dien-15-oico (1) e aacutecido (5S8S9S10R)-cleroda-313E-dien-15-oico (2) 37 Figura 19 - Principais constituintes da fraccedilatildeo aacutecida da resina do tronco da Hymenaea oblongifolia aacutecido enantio-pinifoacutelico (aacutecido enantio-labd-8(20-em-1518 dioacuteico) (1) e o aacutecido guamaacuteico (aacutecido enantio-labd-8(20)13-dien-1518 dioico (2) oblongifolia 38 Figura 20 - Esqueletos estruturais do tipo laacutebdano (1) e abietano (2) e pimarano (3) da resina de Hymenaea stigonocarpa 39
9
Figura 21 - sesquiterpenos isolados da fraccedilatildeo neutra das folhas de H stigonocarpa a-copaeno (1) espatulenol (2) e oacutexido de cariofileno (3)
40 Figura 22 - Diterpenos majoritaacuterios isolados da fraccedilatildeo aacutecida das folhas de H stigonocarpa caur-16-en-19-ato de metila (4) caur-15-en-19-ato de metila (5) ozato de metila (6) e isoozato de metila (7) 40 Figura 23 - Estrutura do aacutecido enantio-13-epilabdanoacuteico isolada de H parvifolia 41
Figura 24 - Estrutura da Astilbina 42
Figura 25 - Estruturas de flavonoacuteides isolados das folhas de H palustres luteolina (1) crisoeriol (2) e palstatina (3) 42
Figura 26 - Estruturas dos flavonoacuteides isolados do cerne de H courbaril taxifolina (1) e o fisetinidol (2) 43
Figura 27 - Estruturas das cumarinas isoladas das sementes de H courbaril ipomopsina (1) e hymenaina (2) 44
Figura 28 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do local de coleta das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 69
Figura 29 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do suacuteber corada com safranina e azul de astra 79
Figura 30 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do suacuteber felogecircnio feloderma e parecircnquima cortical corados com safranina e azul de astra 80
Figura 31 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando parecircnquima cortical esclerecircnquima e floema corados com safranina e azul de Astra 80 Figura 32 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com dicromato de potaacutessio para visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos fenoacutelicos 81 Figura 33 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo jovem de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos 82
Figura 34 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos 83
Figura 35 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo da presenccedila de monoterpenos e sesquiterpenos 84
Figura 36 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de triterpenos e esteroides 85
Figura 37 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
86
Figura 38 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de accedilucares
87
Figura 39 - Cromatograma do extrato etanoacutelico (B) para avaliaccedilatildeo de taninos hidrolisados
88
10
Figura 40 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de taninos condensados
89
Figura 41 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
90
Figura 42 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo aquosa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
91
Figura 43 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo acetato de etila para avaliaccedilatildeo de taninos
92
Figura 44 - Cromatogramas obtidos por CLAEndashDAD de diferentes extratos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
94
Figura 45 - Imagens da microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus ATCC-33591 tratada com diferentes concentraccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico de H Stigonocarpa
100
Figura 46 - Representaccedilatildeo do meacutetodo do tabuleiro de xadrez 121
Figura 47 - Isobolograma revelando o efeito sineacutergico do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa quando associado agrave oxacilina frente agrave Staphylococcus aureus AM24 129 Figura 48 - Microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus AM 24 submetida a tratamento com oxacilina e o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa 131
Figura 49 - Histograma de distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica do triturado da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa 153
Figura 50 - Curvas de retenccedilatildeo e passagem da amostra de casca do caule de Hymenaea stigonocarpa 154
Figura 51 - Teor dos resiacuteduos secos obtidos atraveacutes dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo 159 Figura 52 ndash Cromatogramas demonstrando a da presenccedila de flavonoides e taninos nos extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule Hymenaea stiginocarpa obtidos a partir dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo 160
Figura 53 - Espectro de varredura do aacutecido gaacutelico e do extrato de Hymenaea stigonocarpa apoacutes reaccedilatildeo com Folin-Ciocalteau 161
Figura 54 - Graacutefico de pareto para efeitos padronizados do fatorial 32 162
Figura 55 - Valores de absorvacircncia da fraccedilatildeo residual do extrato de Hymenaea stigonocarpa em funccedilatildeo da quantidade de caseiacutena 163
Figura 56 - Cromatograma obtido por CLAE-DAD dos diferentes extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
166
Figura 57 - Teor de polifenois totais dos extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa obtidos atraveacutes dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo 167
Figura 58 - Espectro de Ultravioleta e espectro de massa do pico A obtido compatiacutevel com taxifolina 187
11
Figura 59 - Espectro de UV e de massas dos iacuteons moleculares desprotonados do padratildeo astilbina 189
Figura 60 - Espectro de UV e de massas do pico B compatiacutevel com a astilbina (padratildeo) 190 Figura 61 - Espectro de UV e de massas do pico C compatiacutevel com o flavanonol engeletina 191 Figura 62 - Espectro de UV e de massas do pico D compatiacutevel com estereoisocircmero da astilbina 192
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Conteuacutedo de polifenois e taninos totais dos diferentes extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa 93
Tabela 2 - Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima dos extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa frente a cocos Gram-positivos 97 Tabela 3 - CIM e CBM do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa e de agentes antimicrobianos frente cepas de Staphylococcus aureus com diferentes perfis de resistecircncia 125 Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo da associaccedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaeae stigonocarpa com agentes antimicrobianos frente a cepas de Staphylococcus aureus multidroga resistes 127
Tabela 5 - Resultados dos ensaios de perda por dessecaccedilatildeo teor de extrativos e cinzas totais das amostras de Hymenaea stigonocarpa
156 Tabela 6 - Matriz do experimental do desenho aplicado para avaliar a influecircncia da quantidade de Folin concentraccedilatildeo de Carbonato e tempo de leitura sobre a resposta do meacutetodo em absorbacircncia 162
Tabela 7 - Valores meacutedios da absorvacircncia (UA) e CV obtidos para a fraccedilatildeo natildeo tanante com caseiacutena durante anaacutelise em triplicata 164 Tabela 8 - Teor de polifenois taninos e flavonoides totais nos extratos hidroalcooacutelocos de Hymenaea stigonocarpa obtidos a partir de diferentes meacutetodos 165 Tabela 9 - Valores da Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima e Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima dos extratos de Hymenaea stigonocarpa frente a cepas de bacteacuterias Gram positivas 169 Tabela 10 - Valores da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa obtido por maceraccedilatildeo frente a diferentes espeacutecies de Candida 171 Tabela 11 - Dados cromatograacuteficos e espectrofotomeacutetricos dos componentes identificados no cromatograma da fraccedilatildeo acetato de etila de Hymenaea stigonocarpa 186
13
RESUMO
A raacutepida disseminaccedilatildeo dos micro-organismos multidroga resistentes induz a pesquisa por novos agentes antimicrobianos mais ativos e menos toacutexicos Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne (Fabaceae) eacute uma planta medicinal de principal ocorrecircncia no cerrado brasileiro e conhecida popularmente como Jatobaacute-do-cerrado As cascas do seu caule satildeo amplamente utilizadas em infusatildeo ou decocccedilatildeo para tratar dor de estocircmago asma bronquite uacutelceras diarreacuteia gripe e tosse Entretanto estudos fitoquiacutemicos e antimicrobianos ainda natildeo satildeo escassos O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antimicrobiana de diferentes extratos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa atraveacutes da determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima e bactericida miacutenima realizar a caracterizaccedilatildeo botacircnica e fitoquiacutemica por cromatografia de camada delgada e cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia e determinar as concentraccedilotildees dos metaboacutelitos secundaacuterios responsaacuteveis pela sua atividade e sua atividade frente a diferentes espeacutecies de Candida Aleacutem disso foi parte deste estudo a avaliaccedilatildeo da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa e agentes antimicrobianos de diferentes classes quiacutemicas a determinaccedilatildeo das alteraccedilotildees ultraestruturais decorrentes da accedilatildeo deste extrato em associaccedilatildeo bem como a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica das cascas do caule apoacutes coleta secagem e trituraccedilatildeo Este trabalho tambeacutem avaliou a influecircncia do meacutetodo de extraccedilatildeo sobre as seguintes variaacuteveis resiacuteduo seco atividade antbacteriana e concentraccedilatildeo de taninos Staphylococcus aureus mostrou ser o micro-organismo mais sensiacutevel a accedilatildeo dos extratos Tambeacutem foi observada uma forte atividade frentes as espeacutecies Candida krusei e Candida glabrata e uma atividade moderada frente as bacteacuterias Gram negativas A anaacutelise ultraestrutural deste micro-organismo demonstrou alteraccedilotildees na parede celular bem como no citoplasma decorrentes da accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico A associaccedilatildeo com agentes antimicrobianos resultou na maior parte das vezes em um efeito sineacutergico revertendo a multirresistecircncia de algumas cepas de Staphylococcus aureus meticilina resistentes O meacutetodos de extraccedilatildeo natildeo influecircnciaram a concentraccedilatildeo final de taninos assim como a atividade antibacteriana Entretanto houve diferenccedilas quanto ao resiacuteduo seco sendo esta a variavel utilizada para classificar a maceraccedilatildeo dinacircmica como o meacutetodo mais eficaz Quanto a presenccedila flavonoacuteides apoacutes fracionamento e anaacutelise por cromatografia liacutequida ultra raacutepida acoplada ao espectrocircmetro de massas fortes evidecircncias indicam a presenccedila de engeletina taxifolina astilbina e um diasteroisocircmero da astilbina Assim concluimos que o extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa tem atividade antimicrobiana sendo mais ativo frente a Staphylococcus aureus como tambeacutem a cepas de Candida krusei e Candida glabrata O modo de extraccedilatildeo mais eficiente eacute a maceraccedilatildeo dinacircmica e a associaccedilatildeo do extrato com antibioacuteticos de referecircncia leva a potencializaccedilatildeo do efeito destes Palavrasndashchave Hymenaea Staphylococcus Sinergismo Taninos Ultraestrutura
14
ABSTRACT
The rapid spread of multidrug resistant microorganisms induces the search for new more active and less toxic antimicrobial agents Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne (Fabaceae) is a medicinal plant of main occurrence in the Brazilian cerrado and known popularly as Jatoba-do-cerrado Its stem peels are widely used in infusion or decoction to treat stomach pain asthma bronchitis ulcers diarrhea flu and cough However phytochemicals and antimicrobial studies are still scarce The objective of this study was to evaluate the antimicrobial activity of different extracts of the stem bark of Hymenaea stigonocarpa by determining the minimum inhibitory concentration and minimum bactericidal perform the phytochemical and botanical characterization by thin layer chromatography and high performance liquid chromatography to determine the efficiency and concentrations of secondary metabolites responsible for its activity and its activity against various Candida species In addition part of this study was to evaluate the interaction between the alcoholic extract of Hymenaea stigonocarpa and antimicrobials of different chemical classes the determination of ultrastructural changes resulting from the action of this extract in combination as well as the physico- chemical characterization of the stem bark after collection drying and grinding This study also evaluated the influence of the extraction method on the following variables dry antibacteriana activity and concentration of tannins Staphylococcus aureus was found to be the most sensitive microorganism action of the extracts Strong activity fronts the species Candida krusei and Candida glabrata and moderate activity against gram-negative bacteria was also observed The ultrastructural analysis of this microorganism showed changes in the cell wall and the cytoplasm resulting from the action of the alcoholic extract Combination with antimicrobial agents resulted in most cases a synergistic effect in reversing the multidrug resistance of some strains of methicillin resistant Staphylococcus aureus The extraction methods did not influence the final concentration of tannins as well as antibacterial activity However there were differences in dry matter which is the variable used to classify the dynamic maceration as the most effective method As the flavonoids present after fractionation and analysis coupled with mass spectrometry ultra strong evidence fast performance liquid chromatography indicated the presence of engeletina taxifolina astilbin and a diastereomer of astilbin Thus we conclude that the hydroalcoholic extract of the stem bark of Hymenaea stigonocarpa has antimicrobial activity being more active against Staphylococcus aureus as well as strains of Candida krusei and Candida glabrata The most efficient way of extracting the dynamic is mashing and extracts association with antibiotics reference leads to potentiation of the effect of these Keywords Hymenaea Staphylococcus Synergism Tannins Ultrastructure
15
SUMAacuteRIO
1 APRESENTACcedilAtildeO 2 O GEcircNERO Hymenaea ASPECTOS BOTAcircNICOS QUIacuteMICOS E FARMACOLOacuteGICOS 21 INTRODUCcedilAtildeO 211 Classificaccedilatildeo 2112 Famiacutelia Leguminosae 22 ASPECTOS BOTAcircNICOS DO GEcircNERO Hymenaea 221 Distribuiccedilatildeo do gecircnero Hymenaea 222 Estudos taxonocircmicos 223 Avaliaccedilatildeo morfoloacutegia 224 Desenvolvimento das espeacutecies 225 Descriccedilatildeo botacircnica da espeacutecie Hymenaea stigonocarpa 23 ASPECTOS QUIacuteMICOS DAS ESPEacuteCIES DO gecircnero Hymenaea 231 Terpenos identificados no gecircnero Hymenaea 2111 Hymenaea courbaril 23111 Terpenos identificados na resina do tronco 23112 terpenos identificados nas resinas das folhas 23113 terpenos identificados na resina dos frutos 23114 terpenos identificados nas folhas 23115 terpenos identificados nas cascas dos frutos 23116 substacircncias isoladas das sementes 2312 Hymenaea oblongifolia 2313 Hymenaea verrucosa 2314 Hymenaea stigonocarpa 23141 terpenos identificados nas sementes 23142 terpenos identificados nas folhas 23143 terpenos identificados no epicarpo 23144 terpenos identificados na resina do tronco 23145 terpenos identificados no alburno 232 flavonoacuteides identificados no gecircnero Hymenaea 2321 Hymenaea parvifolia 2322 Hymenaea palustres 2323 Hymenaea courbaril 2324 Hymenaea stigonocarpa 23241 flavonoacuteides identificados na casca do caule 23242 flavonoacuteides identificados no alburno 233 cumarinas identificadas no gecircnero Hymenaea 2331 Hymenaea courbaril 234 taninos relatados no gecircnero Hymenaea 2341 Hymenaea courbaril 2342 Hymenaea stigonocarpa 24 ASPECTOS FARMACOLOacuteGICOS DOS EXTRATOS OBTIDOS A PARTIR DE DIFERENTES ESPEacuteCIES DO GEcircNERO Hymenaea 241 Estudos etnofarmacologicos
20 22 22 22 23 23 24 25 25 26 27 31 31 31 32 33 34 35 37 37 38 38 38 38 39 39 41 41 41 42 42 43 43 43 44 44 44 45 45 45 45 45
16
2411 Hymenaea courbaril 2412 Hymenaea stigonocarpa 2413 Hymenaea parvifolia 242 Avaliaccedilatildeo farmacoloacutegica 2421 Hymenaea courbaril 2422 Hymenaea stigonocarpa 2423 Hymenaea martiana 2424 Hymenaea parvifolia REFEREcircNCIAS 3 CARACTERIZACcedilAtildeO BOTAcircNICA FITOQUIacuteMICA E AVALIACcedilAtildeO DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DOS EXTRATOS E FRACcedilOtildeES DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne 31 INTRODUCcedilAtildeO 32 OBJETIVOS 321 Objetivo geral 322 Objetivos especiacuteficos 33 MATERIAIS E MEacuteTODOS 331 Coleta do material vegetal 332 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal 3321 Anaacutelise microscoacutepica 3322 Anaacutelise histoquiacutemica 333 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal 334 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais 3341 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais 3342 Determinaccedilatildeo de taninos totais 3343 Analise por cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE) 335 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana 3351 Preparaccedilatildeo das amostras 3352 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana in vitro 33521 Agentes antimicrobianos 33522 Micro-organismos e padronizaccedilatildeo dos inoacuteculos 33523 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (CMB) 336 anaacutelise ultraestrutural 337 anaacutelise estatiacutestica 34 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 341 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal 341 Anatomia 3412 Histoquiacutemica 34121 Avaliaccedilatildeo de Polifenoacuteis 34122 Detecccedilatildeo da presenccedila de taninos 341221 Caules jovens 341222 Caules adultos 342 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal
45 46 47 47 47 49 51 52 53 63 63 68 68 68 69 69 69 70 70 70 73 73 73 74 74 74 75 75 75 76 77 78 79 79 79 81 81 82 82 82 83
17
3421 Anaacutelise fitoquiacutemica 34211 Monoterpenos e sesquiterpenos 34212 Triterpenos e esteroacuteides 34213 Flavonoacuteides e cumarinas 34214 Accedilucares 34215 Taninos condensados e hidrolisaacuteveis 34216 Flavonoacuteides apoacutes particcedilatildeo 34217 Taninos condensados apoacutes particcedilatildeo 343 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais 3431 Determinaccedilatildeo da Curva de calibraccedilatildeo do aacutecido gaacutelico 3442 Determinaccedilatildeo do teor de polifenoacuteis e taninos totais 344 Anaacutelise por cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE-DAD) 345 Atividade antibacteriana 346 Alteraccedilotildees ultraestruturais 35 CONCLUSOtildeES REFEREcircNCIAS 4 ASSOCIACcedilAtildeO DO EXTRATO HIDROALCOOacuteLICO DA CASCA DO CAULE DE HYMENAEA STIGONOCARPA MART EX HAYNE COM AGENTES ANTIMICROBIANOS FRENTE A CEPAS DE Staphylococcus aureus RESISTENTES A METICILINA (MRSA) 41 INTRODUCcedilAtildeO 411 A evoluccedilatildeo da resistecircncia de staphylococcus aureus a agentes antimicrobianos 4111 Staphylococcus aureus resistentes a meticilina 412 Associaccedilotildees entre polifenois e agentes antimicrobianos 42 OBJETIVOS 421 Objetivo geral 422 Objetivos especiacuteficos 43 MATERIAIS E MEacuteTODOS 431 Material vegetal 432 Procedimentos extrativos 433 Determinaccedilatildeo da atividade anti- estafilocoacutecica in vitro 4331 Agentes antimicrobianos 4332 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees 4333 Micro-organismos 4334 Preparaccedilatildeo do inoacuteculo 4335 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (CMB) 4336 Avaliaccedilatildeo in vitro da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymeneae stigonocarpa com agentes antimicrobianos 434 Microscopia eletrocircnica de transmissatildeo 44 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 45 CONCLUSOtildeES
84 84 85 86 87 87 90 91 92 92 92 93 95 99 102 103 111 111 112 114 115 116 116 116 117 117 117 117 118 119 119 119 119 120 122 123 132
18
REFEREcircNCIAS 5 O EFEITO DE DIFERENTES MEacuteTODOS DE EXTRACcedilAtildeO SOBRE O RENDIMENTO CONCENTRACcedilOtildeES DE FENOacuteIS TOTAIS E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa 51 INTRODUCcedilAtildeO 52 OBJETIVOS 521 Objetivo geral 522 Objetivos especiacuteficos 53 MATERIAIS E MEacuteTODOS 531 Coleta 532 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal 5321 Anaacutelise granulomeacutetrica por tamisaccedilatildeo 5322 Determinaccedilatildeo da perda por dessecaccedilatildeo 5323 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos 5324 Determinaccedilatildeo de cinzas totais 533 Procedimentos extrativos 534 Descriccedilatildeo das teacutecnicas extrativas 5341 Maceraccedilatildeo 5342 Maceraccedilatildeo dinacircmica 5343 Utrassom 5344 Refluxo 5345 Turbo-extraccedilatildeo 5346 Infusatildeo 535 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica 536 Anaacutelises quantitativa de polifenois 5361 Determinaccedilatildeo de polifenoacuteis totais 53611 Desenho fatorial 32 53612 Preparaccedilatildeo da Soluccedilatildeo Padratildeo 5362 Determinaccedilatildeo de taninos totais 5363 Determinaccedilatildeo de flavonoides 53631 Anaacutelise por cromatografia liquida e alta eficiecircncia acoplada a detector de arranjo de Diodos (CLAE-DAD) 537 Determinaccedilatildeo da atividade antimicrobiana de H stigonocarpa Mart ex Hayne 5371 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana 53711 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees de H stigonocarpa 53712 Micro-organismos 53713 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (CMB) 5372 Determinaccedilatildeo da atividade antifungica 53721 Cepas e condiccedilotildees de cultivo 53722 Susceptibilidade antifuacutengica in vitro 538 Anaacutelise estatiacutestica 54 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
133 139 139 142 142 142 143 143 143 143 144 144 145 145 145 145 146 146 146 146 146 147 147 147 147 148 148 149 149 150 150 150 150 150 151 151 152 152 153
19
541 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal 542 Determinaccedilatildeo do rendimento 543 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica por cromatografia de camada delgada 544 Anaacutelise quantitativa dos compostos majoritaacuterios 5441 Determinaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento de polifenoacuteis totais por espectofotometria apoacutes avaliaccedilatildeo das variaveis analiacuteticas 5442 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de polifenois totais taninos e flavonoides 545 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana de H stigonocarpa Mart ex Hayne 546 Determinaccedilatildeo da atividade antifungica de H stigonocarpa Mart ex Hayne 55 CONCLUSOtildeES REFEREcircNCIAS 6 IDENTIFICACcedilAtildeO DO FLAVONOacuteIDES PRESENTES NA FRACcedilAtildeO ACETATO DE ETILA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa 61 INTRODUCcedilAtildeO 62 OBJETIVOS 621 objetivo geral 622 objetivos especiacutefico 63 MATERIAIS E MEacuteTODOS 631 Amostras 632 Solventes empregados 633 Sistema cromatografia liquida ultrarraacutepida acoplada a detector de arranjo de diodos e espectrocircmetro de massas (UFLC-DAD-EM) 634 Anaacutelise por UFLC-DAD-EM 6341 Identificaccedilatildeo dos flavonoacuteides 64 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 65 CONCLUSOtildeES REFERENCIAS
153 156 160 160 164 164 168 170 173 174 179 179 182 182 182 183 183 183 183 184 184 186 194 195
20
1 APRESENTACcedilAtildeO
Os antibioacuteticos satildeo uma das mais importantes armas no combate agraves
infecccedilotildees bacterianas No entanto ao longo das uacuteltimas deacutecadas seus benefiacutecios agrave
sauacutede estatildeo sob ameaccedila pois muitos antibioacuteticos tornaram-se cada vez menos
eficazes devido ao aparecimento de bacteacuterias resistentes (RAKHOLIYA et al 2012)
A crescente resistecircncia bacteriana principalmente associada a utilizaccedilatildeo
extensiva de agentes antimicrobianos pode resultar na existecircncia de um arsenal de
substacircncias ineficazes para combater infecccedilotildees bacterianas (HOERLLE
BRANDELLI 2009)
Devido a raacutepida disseminaccedilatildeo dos micro-organismos multidrogas resistentes
haacute uma consideraacutevel necessidade por novos agentes antimicrobianos (GIBBONS et
al 2002) tendo sido muitas plantas avaliadas natildeo somente pela atividade
antimicrobiana direta mas tambeacutem pela modificaccedilatildeo do perfil de resistecircncia ao
agente antimicrobiano (GIBBONS 2004 HEMAISWARYA et al 2008 WAGNER
ULRICH-MERZENICH 2009)
Os principais grupos de compostos com propriedades antimicrobianas
extraiacutedos de plantas incluem terpenoacuteides (TORSSEL 1989) alcaloides
(FESSENDEN 1982) polipeptiacutedios (TERRAS et al1993 ZHANG LEWIS 1997) e
substacircncias fenoacutelicas que satildeo fenoacuteis simples aacutecidos fenoacutelicos quinonas (STERN
et al 1996) flavonas flavonoacuteis e flavonoacuteides (FESSENDEN 1982) tanino
(SCALBERT 1992) e cumarinas (OrsquoKENNEDY amp THORNES 1997)
Esses metaboacutelitos secundaacuterios satildeo considerados uma fonte promissora para
a terapia antimicrobiana seja ela combinada ou natildeo podendo atuar em pontos
especiacuteficos da ceacutelula procarioacutetica e potencializar o efeito de antimicrobianos
sinteacuteticos (CHOVANOVAacute et al 2013)
Dentro deste contexto detacamos a espeacutecie Hymenaea stigonocarpa
popularmente conhecido como jatobaacute-do-cerrado Estudos fitoquiacutemicos de
Hymenaea stigonocarpa mostraram a presenccedila de terpenos e sesquiterpenos
aacutecidos graxos flavonoacuteides e taninos metaboacutelitos reconhecidos pela atividade
bioloacutegica (LANGENHEIM HALL 1983 MATUDA NETO 1985 ORSI et al 2012)
Alguns estudos etnofarmacoloacutegicos atribuem a esta espeacutecie algumas
atividades tais como fortificante anti-inflamatoacuteria e antimicrobiana (RODRIGUES
CARVALHO 2001 VILA VERDE et al 2003 SOUZA FELFILI 2006) Existindo
21
tambeacutem alguns estudos farmacoloacutegicos jaacute realizados comprovando os efeitos
citotoacutexicos antiinfamatoacuterios e antioxidantes (GUIMARAtildeES et al 2009 BRASIL et
al 2009 ORSI et al 2012 MARANHAtildeO et al 2013)
No entanto estudos sobre a atividade antimicrobiana desta espeacutecie ainda satildeo
escassos (DIMECH 2013) devido a isso este estudo teve o objetivo de avaliar a
atividade antibacteriana da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex
Hayne (Jatobaacute) frente agraves principais espeacutecies de bacteacuterias comumente causadoras
de infecccedilotildees nosocomiais Para isto esta tese foi dividida em cinco capiacutetulos
O primeiro reuacutene informaccedilotildees dos aspectos botacircnicos quiacutemicos e
farmacoloacutegicos do gecircnero Hymenaea avaliaccedilotildees que colaboram para um maior
entendimento da espeacutecie estudada
Em seguida foi realizada a caracterizaccedilatildeo botacircnica e fitoquiacutemica da casca do
caule de Hymenaea stigonocarpa como tambeacutem a determinaccedilatildeo das concentraccedilotildees
dos metaboacutelitos responsaacuteveis pela atividade antibacteriana e avaliaccedilatildeo por
cromatografia liquida de alta eficiecircncia dos extratos mais ativos
Ainda neste capiacutetulo foi determinada a espeacutecie mais suscetiacutevel aos extratos
avaliados e a classe de metaboacutelitos mais ativa baseada na avaliaccedilatildeo das
concentraccedilotildees inibitoacuterias e bactericidas miacutenimas e da analise das alteraccedilotildees
ultraestruturais atraveacutes de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
Apoacutes a determinaccedilatildeo da espeacutecie mais suscetiacutevel e do extrato mais ativo
foram avaliadas as associaccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico com agentes
antimicrobianos pertencentes a diferentes classes farmacoloacutegicas utilizadas na
rotina meacutedica Essa associaccedilatildeo visa agrave identificaccedilatildeo de possiacuteveis accedilotildees sineacutergicas
que poderiam levar tanto a reversatildeo da resistecircncia presente em algumas cepas
como a dimuiccedilatildeo da toxicidade dos agentes antimicrobianos pela utilizaccedilatildeo de
doses reduzidas
No quarto capiacutetulo foi avaliada a influecircncia de diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo
sobre a variaccedilatildeo do rendimento e do teor dos compostos majoritaacuterios do extrato
hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa variaccedilotildees que
poderiam influenciar na atividade antibacteriana Aleacutem disso foi realizada uma
otimizaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento dos taninos classe de metaboacutelitos mais
ativos quanto a accedilatildeo antibacteriana nesta espeacutecie
Concluindo foram identificados os flavonoacuteides presente na fraccedilatildeo acetato de
etila sendo sugerida a presenccedila de quatro flavonoacuteides
22
2 O GEcircNERO Hymenaea ASPECTOS BOTAcircNICOS QUIacuteMICOS E
FARMACOLOacuteGICOS
21 INTRODUCcedilAtildeO
As espeacutecies pertencentes ao gecircnero Hymenaea satildeo fornecedores de boa
madeira frutos comestiacuteveis e cascas taniacuteferas (RIZZINI 1971) As resinas de cor
amarela e avermelhada produzidas pelas aacutervores do gecircnero Hymenaea L satildeo
produtos economicamente valiosos Podem ser usadas em esculturas na fabricaccedilatildeo
de joacuteias (iacutendios preacute-colombianos jaacute utilizavam para estes fins) como cimento
incenso e ateacute quando dissolvidas em xilol no preparo de lacircminas permanentes para
microscopia (LEE amp LANGENHEIM 1975)
Conhecidas como copal sul americano satildeo utilizadas na fabricaccedilatildeo de
vernizes e com fins medicinais (LANGENHEIM et al 1973) A extraccedilatildeo ocorre por
meio do processo de sangria do tronco ou por escavaccedilatildeo do solo onde a resina se
acumula Neste gecircnero a resina pode converter-se em acircmbar sendo encontradas
resinas foacutesseis na Colocircmbia Meacutexico e Brasil (CASTELENN 2005)
211 Classificaccedilatildeo
De acordo com o Sistema de Classificaccedilatildeo de Cronquist (1988) a posiccedilatildeo
taxonocircmica do gecircnero Hymenaea obedece agrave seguinte hierarquia Divisatildeo
Magnoliophyta - cujas sementes satildeo protegidas por uma estrutura denominada fruto
Angiospermae - do grego angos - urna e sperma - semente Classe
Magnoliopsida (Dicotyledonae) - plantas com flor cujo embriatildeo (semente) conteacutem
dois ou mais cotileacutedones Subclasse Rosidae Ordem Fabales - Famiacutelia
Leguminosae - caracteriacutestica tiacutepica dessa famiacutelia eacute a ocorrecircncia do fruto do tipo
legume tambeacutem conhecido como vagem exclusivo desse grupo Subfamiacutelia
Caesalpinioideae Gecircnero Hymenaea (CARVALHO 2007)
23
2112 Famiacutelia Leguminosae
A famiacutelia Leguminosae compreende 650 gecircneros e mais de 18 mil espeacutecies
mundialmente distribuiacutedas (POLHILL RAVEN 1981) representando uma das
maiores famiacutelias de angiospermas superada apenas em nuacutemero de espeacutecies pelas
famiacutelias Orchidaceae e Asteraceae (JOLY 1998) Esta famiacutelia eacute uma das mais ricas
na flora brasileira encontrando-se representada nas vaacuterias formaccedilotildees
fitogeograacuteficas do paiacutes (RIZZINI 1971)
No bioma cerrado esta eacute a famiacutelia botacircnica que comporta o maior nuacutemero de
espeacutecies e a primeira entre as mais importantes em termos de nuacutemeros de espeacutecies
lenhosas arbustos e aacutervores (SILVA et al 2001) A famiacutelia Leguminosae se
subdivide em trecircs subfamiacutelias Mimosaceae que compreende cerca de 60 gecircneros e
3000 espeacutecies sendo a menor dentre as leguminosas Caesalpiniaceae com cerca
de 150 gecircneros e 2800 espeacutecies Fabaceae maior subfamiacutelia das leguminosas com
aproximadamente 482 gecircneros e 12000 espeacutecies (JOLY 1998 BARROSO 2002)
As plantas leguminosas apresentam um grande potencial na conservaccedilatildeo de solos
pois juntamente com a microbiota do solo fixam o nitrogecircnio atmosfeacuterico atraveacutes do
processo de nodulaccedilatildeo em suas raiacutezes (POLHILL RAVEN 1981) Aleacutem disso as
leguminosas tecircm um potencial econocircmico muito grande pois satildeo fornecedores de
alimentos atraveacutes de seus frutos medicamentos ou substacircncias medicinais
pesticidas combustiacuteveis e produtos utilizados nas induacutestrias (SCHWANTES
WEBERLING 1981)
22 ASPECTOS BOTAcircNICOS DO GEcircNERO Hymenaea
A palavra Hymenaea deriva do grego Hymenrdquo e significa deus das uniotildees
em alusatildeo agraves duas folhas (foliacuteolos) unidas caracteriacutestica das plantas deste gecircnero
O nome popular jatobaacute vem da liacutengua tupi va-atatilde-yba que significa ldquoaacutervore de fruto
durordquo (BARROSO 1991)
Ceratia foi o primeiro nome dado ao gecircnero Hymenaea descrito por Bauhin
em 1623 duas deacutecadas mais tarde PISO (1642) e MARCGRAF (1648) descreveram
o gecircnero com o nome de Jaetaiacuteba (apud LEE LANGENHEIM 1975) Meio seacuteculo
depois ainda PLUMIER (1703) (apud LEE LANGENHEIM 1975) escolheu o nome
Courbaril para esse gecircnero Apenas em 1737 Linnaeus ao se referir ao mesmo
24
gecircnero escolheu o nome Hymenaea referecircncia ao deus grego Himeneu fazendo
alusatildeo aos dois foliacuteolos pareados das folhas Muitas outras espeacutecies desse gecircnero
seriam descritas mais tarde por outros botacircnicos por exemplo HAYNE BENTHAM
HUBER DUCKE LEE e LANGENHEIM (MORENO 2009)
221 Distribuiccedilatildeo do gecircnero Hymenaea
Aproximadamente 25 espeacutecies do gecircnero Hymenaea tecircm sido descritas na
literatura como originadas do continente americano Na maioria das espeacutecies a
madeira eacute de alto valor comercial (MARTIN et al 1972) Este gecircnero eacute considerado
predominantemente neotropical com 16 espeacutecies distribuiacutedas desde o Meacutexico ateacute a
Ameacuterica do Sul
No Brasil ocorrem 13 espeacutecies (KODAMA SARTORI 2007) tanto em matas
pluviais como em matas secas tambeacutem no Meacutexico Ameacuterica Central Iacutendias
Ocidentais e quase todos os paiacuteses da Ameacuterica do Sul (CORREcircA 1984 RIZZINI
1985) sendo conhecido popularmente como jatobaacute jutaiacute ou jataiacute (LEE
LANGENHEIM 1975)
As espeacutecies mais frequentes no Brasil satildeo Hymenaea stigonocarpa Mart ex
Hayne e Hymenaea courbaril L A Hymenaea courbaril podendo ser encontrada
desde a floresta amazocircnica ateacute a floresta estacional semidecidual no sudeste do
paiacutes sob a forma de diferentes variedades (CASTELEN 2005) Jaacute a Hymenaea
stigonocarpa Mart Ex Hayne tambeacutem conhecida como jatobaacute-do-cerrado jutaiacute
jatobaacute-capo jatobaacute-de-casca-fina jitaiacute ou jutaicica ocorre na Caatinga e no Cerrado
principalmente nos estados do Piauiacute Bahia Goiaacutes Minas Gerais Mato Grosso do
Sul e Satildeo Paulo (CORREcircA 1984 LORENZI 1992)
Todas as espeacutecies deste gecircnero tecircm haacutebito arboacutereo que vatildeo desde aacutervores
com 3 metros de altura como H stigonocarpa ateacute representantes com mais de 40
metros vegetando em mata atlacircntica como H courbaril Ocorrem em uma
diversidade de habitats variando desde a mata equatorial ateacute o cerrado e a
caatinga (LEE LANGENHEIM 1975)
25
222 Estudos taxonocircmicos
Devido a denominaccedilotildees diferentes (Hymenaea e Trachylobium) houve
controveacutersias quanto agrave taxonomia inicial do gecircnero Hymenaea Lee e Langenheim
(1975) realizaram uma pesquisa comparando detalhadamente a morfologia citologia
e a quiacutemica da resina de exemplares catalogados nestes dois gecircneros e optaram
pela denominaccedilatildeo taxonocircmica Hymenaea
Poreacutem ainda satildeo necessaacuterias revisotildees taxonocircmicas para agregar categorias
infraespeciacuteficas pautadas em caracteriacutesticas morfoloacutegicas inconsistentes Como
exemplo desta falta de especificidade tem-se H stigonocarpa Hayne var
brevipetiolata N Mattos que pode ser diferenciada de sua variedade tiacutepica por
apresentar foliacuteolos relativamente menores pubescentes na face adaxial e
densamente tomentosos na face abaxial e peciacuteolos curtos e densamente
tomentosos (LEE LANGENHEIM 1975)
O estudo morfoloacutegico de placircntulas pode subsidiar os procedimentos
taxonocircmicos pois fornece numerosas caracteriacutesticas que devem contribuir com a
melhor delimitaccedilatildeo das espeacutecies Aleacutem disso pode favorecer o reconhecimento de
estruturas transitoacuterias as quais desaparecem com o desenvolvimento da planta
mas que podem ser importantes no estabelecimento das relaccedilotildees filogeneacuteticas
Tambeacutem o manejo a conservaccedilatildeo e a reconstituiccedilatildeo de florestas tropicais satildeo
beneficiados com os estudos de morfologia de placircntulas que possibilitam a
identificaccedilatildeo dos taacutexons em suas fases juvenis (FLORES BENEVIDES 1990
FERREIRA 1997)
223 Avaliaccedilatildeo morfoloacutegia
Estudos da morfologia de placircntulas em Hymenaea realizados por Flores e
Benevides (1990) e Ferreira (1997) contribuiacuteram com as descriccedilotildees de semente
germinaccedilatildeo e placircntulas para H courbaril L e H stigonocarpa Mart ex Hayne
respectivamente Poreacutem esses autores natildeo estabeleceram o valor diagnoacutestico dos
caracteres morfoloacutegicos das placircntulas de Hymenaea (KODAMA SARTORI 2007)
Segundo De Carvalho et al (2005) conhecer a biometria de frutos eacute
importante para acrescentar dados morfoloacutegicos agrave espeacutecie e suas variaccedilotildees em
diferentes locais podem ser encaradas como resultado de seleccedilatildeo e adaptaccedilatildeo das
26
espeacutecies em resposta as pressotildees do ambiente em que vivem Para Vieira e
Gusmatildeo (2008) a biometria de frutos e sementes eacute importante para a identificaccedilatildeo
da variabilidade existente nas espeacutecies nativas podendo com isso segundo Cruz et
al (2001) fornecer subsiacutedios importantes para a diferenciaccedilatildeo de espeacutecies do
mesmo gecircnero
De Carvalho et al (2005) estudaram a biometria dos frutos de jatobaacute-do-
cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne) e observaram que os frutos
apresentaram 5 a 6 sementes em meacutedia O comprimento a largura e o peso de
frutos variaram de 5 a 17 cm 30 a 67 cm e 1995 a 11006 g respectivamente
224 Desenvolvimento das espeacutecies de Hymenaea
Quanto ao desenvolvimento inicial de placircntulas alguns estudos foram
realizados com o objetivo de avaliar o desenvolvimento inicial dessa espeacutecie em
diferentes condiccedilotildees de sombreamento em viveiro Foi observado que a espeacutecie H
courbaril var stilbocarpa (Hayne) Lee amp Lang de ocorrecircncia em Matas de Galeria
apresenta aos 21 meses de idade grande plasticidade de crescimento quanto a
diferentes niacuteveis de sombreamento podendo ser utilizada na recuperaccedilatildeo dessas
matas de Galeria desde condiccedilotildees de bordas e clareiras ateacute o fechamento de dossel
(MAZZEI et al 1999)
Outra espeacutecie tambeacutem avaliada eacute H stigonocarpa que apresenta uma menor
plasticidade se comparada a espeacutecie H courbaril var stilbocarpa (Hayne) Lee amp
Lang uma vez que mostra tendecircncia de crescimento mais eficiente sob condiccedilotildees
de maior luminosidade o que coincide com a ocorrecircncia da espeacutecie em ambientes
naturais mais abertos como o cerrado (MENDONCcedilA et al 1998) Esta espeacutecie
apresenta portanto potencial para plantios a pleno sol podendo ser utilizada em
locais onde a vegetaccedilatildeo de cerrado foi removida (RAMOS et al 2004)
Ao avaliar o stress hiacutedrico a que diferentes indiviacuteduos de Hymeneae satildeo
submetidos Locosselli (2010) observou que a espeacutecie H courbaril suporta estoque
limitado de aacutegua do solo apesar destra espeacutecie apresentar raiacutezes natildeo tatildeo
profundas sendo este estresse contornado pela presenccedila de estocircmatos menores e
de raacutepido controle de abertura e fechamento
Outra espeacutecie H stignocarpa apresenta outro tipo de stress hiacutedrico por
ocorrer em regiotildees de maior irradiaccedilatildeo solar e em ambientes mais abertos
27
apresentando uma maior taxa de perda por transpiraccedilatildeo o que eacute contornado pela
existecircncia de estocircmatos maiores e de menor controle (LOCOSSELLI 2010) Aleacutem
disso foi avaliado por Gomes et al (2013) que a manifestaccedilatildeo dos eventos
reprodutivos nesta espeacutecie ocorrem em funccedilatildeo da estaccedilotildees do ano com frutificaccedilatildeo
no periacuteodo seco e floraccedilatildeo no final do periacuteodo seco e inicio do chuvoso
225 A descriccedilatildeo botacircnica da espeacutecie Hymenaea stigonocarpa
A espeacutecie avaliada no presente estudo foi Hymenaea stigonocarpa Mart ex
Hayne (Jatobaacute) pertencente ao gecircnero Hymenaea esta planta foi selecionada pois
em outras espeacutecies deste gecircnero foram isoladas vaacuterias substacircncias que
apresentaram importantes atividades farmacoloacutegicas comprovadas Aleacutem disso foi
observada uma vasta utilizaccedilatildeo popular dessa espeacutecie (SOUZA FELFILI 2006
NETO G G 2006 VILA VERDE et al 2003 RODRIGUES CARVALHO 2001)
Hymenaea stigonocarpa eacute uma aacutervore deciacutedua As aacutervores maiores atingem
dimensotildees proacuteximas de 20 m de altura e 50 cm de DAP (diacircmetro agrave altura do peito
medido a 130 m do solo) na idade adulta apresenta tronco tortuoso com fuste
curto ramificaccedilatildeo dicotocircmica e a copa baixa (Figura 1)
Figura 1 - Aacutervore Hymenaea stigonocarpa com cerca de 20
metros de altura
Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio -
Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
A casca mede ateacute 3 cm de espessura sendo a superfiacutecie da casca externa
ou ritidoma profundamente sulcada de coloraccedilatildeo pardo-avermelhada com cristas
planas e duras e a casca interna apresenta-se estratificada com listras paralelas
mais claras e escuras (Figura 2)
28
Figura 2 - Casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa Mart ex Hayne
Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
As folhas satildeo alternas compostas bifolioladas pecioladas com estiacutepulas
caducas foliacuteolos curtos peciolulados e subseacutesseis limbo com 6 cm a 235 cm de
comprimento e 35 cm a 7 cm de largura eliacuteptico a ovado-reniforme de
pergaminoso a coriaacuteceo (Figura 3) frequumlentemente com pontuaccedilotildees transluacutecidas
(CARVALHO 2007)
Figura 3 - Folhas de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PEmiddot
A Inflorescecircncia apresenta-se em cimeiro terminal bracteada com ateacute 30
flores que satildeo grandes com peacutetalas pouco excedentes ao caacutelice (Figura 4)
29
Figura 4 - Inflorescecircncia do jatobaacute do cerrado (Hymenaea stigonocarpa Martex
Hayne)
Fonte httpwwwportalsaofranciscocombralfajatobajatoba-3php
O fruto eacute um legume seco indeiscente monospeacutermico ou polispeacutermico (mais
comum) alongado aacutepice arredondado ou levemente retuso base arredondada e
margem inteira ou levemente ondulada medindo 87 cm a 20 cm de comprimento
21 cm a 65 cm de largura e 20 cm a 43 cm de espessura (Figura 5)
Figura 5 - Vista frontal do fruto de Hymenaea
stigonocarpa Mart ex Hayne
ls ndash linha de sutura pd ndash peduacutenculo Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio -
Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
A textura eacute rugosa devido agrave presenccedila de pontuaccedilotildees pequenas salientes e
arredondadas (Figura 6) Apresenta a linha de sutura proeminente circundando todo
ls
pd
30
o fruto a cor varia do marrom-claro ao marrom-escuro (quase negro) Em cada fruto
ocorrem de uma a seis sementes
Figura 6 - Seccedilatildeo longitudinal do fruto de Hymenaea
stigonocarpa Mart ex Hayne
en - endocarpo ep - epicarpo me ndash mesocarpo Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
Figura 7 - Seccedilatildeo transversal do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
ar - arilo cv - cavidade do fruto en - endocarpo ep - epicarpo me - mesocarpo ls ndash linha de sutura Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
A Semente eacute globosa largo-oblonga obovada comprimida com aacutepice
arredondado ou levemente truncado e base arredondada ou afinada superfiacutecie
irregular com algumas depressotildees medindo 178 mm a 284 mm de comprimento e
93 mm a 197 mm de espessura Envolvendo as sementes haacute o arilo amarelo-
esverdeado macio fibroso-farinaacuteceo (Figura 7 e 8) com cheiro caracteriacutestico e
sabor doce constituindo a polpa (CARVALHO 2007)
cv ar
en
me ep
ls
en
mmee
ep
31
Figura 8 - Aspectos da semente de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne
A semente envolvida por arilo B Semente sem arilo Fonte Dimech GS Fazenda refuacutegio - Camocim de Satildeo Feacutelix ndash PE
23 ESTUDOS QUIacuteMICOS NAS ESPEacuteCIES DO gecircnero Hymenaea
Das espeacutecies de Hymenaea jaacute estudadas verifica-se que entre as classes de
compostos isoladas predominam os terpenoacuteides e flavonoacuteides Os flavonoacuteides
destacam-se como fitoalexinas que atuam na defesa das plantas (INGHAM 1982)
As espeacutecies do gecircnero Hymenaea tem predominacircncia de diterpenoacuteides baseados
nos esqueletos do labdano abietano e pimarano (FARIA et al 2004) sendo
diterpenos biciacuteclicos jaacute isolados de espeacutecies de Hymenaea como H verrucosa H
oblongifolia e H parvifolia
231 Terpenos identificados no gecircnero Hymenaea
Foram identificados terpenos em diferentes espeacutecies do gecircnero Hymenaea
2311 Hymenaea courbaril
Do gecircnero Hymenaea a espeacutecie H courbaril eacute a espeacutecie mais estudada
(NAKANO DJERASSI 1961) e a mais difundida (LANGENHEIM et al1973)
A B
32
23111 Terpenos identificados na resina do tronco
A investigaccedilatildeo da resina comercial da Hymenaea courbaril realizada por
Nakano e Djerassi (1961) levou ao isolamento de um composto diterpecircnico oleoso
denominado aacutecido copaacutelico (Figura 9)
Figura 9 - Aacutecido copaacutelico isolado da resina de H courbaril
COOH
A partir da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo
amazocircnica analisada por Langenheim et al (1973) foi isolado e identificado apoacutes
metilaccedilatildeo com diazometano um composto diterpecircnico o labd-13-em-ol 15-oato de
metila (Figura 10)
Figura 10 - terpeno labd-13-em-ol 15-oato de metila isolado de H courbaril
H
HCOOH
OH
Na avaliaccedilatildeo da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo
de Campinas (Satildeo Paulo) em 1975 Marsaioli et al isolaram os seguintes
compostos aacutecido eperua-7 13-dien-15-oico (1) aacutecido ent-labd-13-em-8beta-ol-15-
oico (2) e um composto na forma de eacutester metiacutelico apoacutes tratamento com
diazometano o ent-labdan-8beta-ol 15-oato de metila (3) (Figura 11)
13
33
Figura 11 - Terpenos isolados da resina do tronco da Hymenaea courbaril coletada na regiatildeo de Campinas
23112 Terpenos identificados nas resinas das folhas
Tambeacutem em 1972 Langenheim estudando agora as resinas encontradas nas
folhas da Hymenaea courbaril constatou a presenccedila de vaacuterios compostos
sesquiterpecircnicos Foram identificados nove compostos onde o principal constituinte
foi o cariofileno (266) (1) seguido por β-selineno (184) (2) e α-selineno (176)
(3) (Figura 12)
Figura 12 - Principais constituintes das resinas encontradas nas folhas da
Hymenaea courbaril cariofileno (1) β-selineno (2) e α-selineno (3)
Os demais compostos encontrados em menor escala foram alfa-cubebeno
(1) (08) α-copaeno (2) (94) beta-copaeno (3) (57) alfa e beta-hemuleno (4a
e 4b) (57) γ-muroleno (5) (35) e delta-cadineno (6) (66) e mais um composto
natildeo identificado (34) que atraveacutes do tempo de retenccedilatildeo foi sugerido ser
copacanfeno (7) (Figura 13)
1 2 3
H H
H
COOHOH
COOMeOH
COOMe
13
1 2 3
13
15
7
15 8 15 8
aacutecido eperua-7 13-
dien-15-oico
aacutecido ent-labd-13-em-
8beta-ol-15-oico ent-labdan-8beta-ol 15-oato
de metila
34
Figura 13 ndash Constituintes encontrados em menor escala das resinas das folhas da
Hymenaea courbaril alfa-cubebeno (1) α-copaeno (2) beta-copaeno (3) alfa e
beta-hemuleno (4a e 4b) γ-muroleno (5) delta-cadineno (6) e copacanfeno (7)
23113 Terpenos identificados na resina dos frutos
Ourisson et al (1973) estudando a resina da casca do fruto da Hymenaea
courbaril isolaram quatro diterpenos biciacuteclicos os quatro compostos foram aacutecido
enatio-8(17)13(16)14-labdatrien-18-oico (1) e os outros compostos (Figura 14)
Figura 14 - Composto diterpecircnico identificado na resina proveniente da casca do
fruto da Hymenaea courbaril aacutecido enatio-8 (17)13(16)14-labdatrien-18-oico
MeOOC
18
13
16
4a 4b 5
1 2 3
H
H
H
H
6 7
H
35
Aleacutem destes compostos diterpecircnicos foram identificados compostos
sesquiterpecircnicos (Figura 15) como ciclosativeno (1) β-bourbuneno (2) cariofileno
(3) calareno (4) hemuleno22 Selina-4(14)-7-dieno (5) α-himacaleno (6) α-
muroleno (7) δ-cadileno24 Selina-4(14)-7-dieno e catorze compostos natildeo
identificados
Figura 15 - Compostos sesquiterpecircnicos identificados na resina proveniente da
casca do fruto da Hymenaea courbaril ciclosativeno (1) β-bourbuneno (2)
cariofileno (3) calareno (4) hemuleno22 Selina-4(14)-7-dieno (5) α-himacaleno (6)
α-muroleno (7)
23114 Terpenos identificados nas folhas
Em 1972 Martin et al isolaram das folhas os sesquiterpenos αndashcopaeno (1) e
α-cubebeno (2) com atividade antimicrobiana (Figura 6) Em 1986 Langenheim et
al isolaram tambeacutem das folhas da Hymenaea courbaril os sesquiterpenos β-
cariofileno e γ-muroleno (Figura 16)
H
6 7
H
H
3 4 5
1 2
H
H
36
Figura 16 - Estruturas dos sesquiterpenos isolados das folhas de H courbaril b-
cariofileno (1) e γ-muroleno (2)
1 2
Abdel-Kader et al em 2002 isolaram das folhas e galhos diterpenos do tipo
halimadieno aacutecido (13R)-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (1) aacutecido
(2S13R)-213-dihidroxi-1(10)-14-ent-halimadien-18-oico (2) e aacutecido (13R)-2-oxo-
13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (3) (Figura 17) com atividade citotoacutexica
Figura 17 - Estruturas dos diterpenos isolados das folhas e galhos de H courbaril
aacutecido (13R)-13-hidroxi-1(10)14-ent-halimadien-18-oico (1) aacutecido (2S13R)-213-
dihidroxi-1(10)-14-ent-halimadien-18-oico (2) e aacutecido (13R)-2-oxo-13-hidroxi-
1(10)14-ent-halimadien-18-oico (3)
1 2 3
Das folhas galhos e do tronco foram isolados diterpenos do tipo halimadieno
(CUNNINGHAM et al 1974) os quais apresentaram atividade citotoacutexica frente a
ceacutelulas tumorais humanas de ovaacuterio linhagem A2780 (ABDEL-KADER et al 2002)
Tambeacutem foi avaliado o efeito repelente do jatobaacute a formigas por Wiemer e Hubbel
em 1983 apoacutes alguns ensaios os autores verificaram que o epoacutexido do cariofileno
era o composto responsaacutevel pela resistecircncia nessa espeacutecie de planta contra o
ataque de formigas
Barbosa et al 2007 estudando o extrato hidroacetocircnico de folhas de
Hcourbaril var stilbocarpa obtiveram apoacutes particcedilatildeo liacutequido-liacutequido com n-
2
COOH
HO
H
HOHO
COOH
H
HOO
COOH
H
13
18 18 18
14 14 14 13 13
2
HH
H
37
hexanoaacutegua uma fase orgacircnica (FO 2) e uma aquosa (FA 8) sendo
identificados os sesquiterpenos muuroladieno e patchuleno e um diterpeno
clerodacircnico
23115 Terpenos identificados nas cascas dos frutos
Aguiar et al (2010) avaliando a composiccedilatildeo quiacutemica dos oacuteleos essenciais
das cascas de frutos de Hymenaea courbaril identificaram a presenccedila de vaacuterios
terpenos Quanto agraves cascas dos frutos maduros os principais constituintes foram os
sesquiterpenos alfa-copaeno (111) espatulenol (101) e beta-selineno (82)
enquanto germacreno-D (319) beta-cariofileno (271) e biciclogermacreno
(65) foram os principais constituintes a partir de frutos verdes
Tambeacutem foram identificados a partir da casca de frutos maduros os
diterpenos aacutecido zanzibarico e aacutecido isoozico juntamente com o sesquiterpeno
caryolane-1 9β-diol sendo oprimeiro relato desse sesquiterpeno neste gecircnero
23116 Substacircncias isoladas das sementes
Em 2001 Nogueira et al isolaram das sementes diterpenos e entre eles dois
novos clerodanos (Figura 18)
Figura 18 - Estruturas dos diterpenos isolados das sementes de H courbaril aacutecido
(5R8S9S10R)-cleroda-313E-dien-15-oico (1) e aacutecido (5S8S9S10R)-
cleroda-313E-dien-15-oico (2)
1 2
Em (2013) em um estudo realizado por Dias et al quanto a composiccedilatildeo
nutricional das sementes e da polpa de H courbaril foi identificado que os
COOH COOH
38
componentes bioativos mais abundantes satildeo α-tocopherol (88637 e 99363 mgkg)
e β-sitosterol (6183 e 9109 mgkg) para o oacuteleo das sementes na poupa
respectivamente
2312 Hymenaea oblongifolia
A partir da anaacutelise da resina do tronco da Hymenaea oblongifolia Langenheim
et al (1973) verificaram que 75 da fraccedilatildeo aacutecida era constituiacuteda essencialmente
por dois compostos (Figura 19)
Figura 19 - Principais constituintes da fraccedilatildeo aacutecida da resina do tronco da
Hymenaea oblongifolia aacutecido enantio-pinifoacutelico (aacutecido enantio-labd-8(20-em-1518
dioacuteico) (1) e o aacutecido guamaacuteico (aacutecido enantio-labd-8(20)13-dien-1518 dioico (2)
COOH
HOOC
COOH
HOOC
2313 Hymenaea verrucosa
A partir da resina do tronco da Hymenaea verrucosa Langenhein et al
(1973) isolaram o aacutecido enantio-8(17)13 (16)14-labdatrien-18-ico28 anteriormente
estudado por Ourisson et al (1973)
2314 Hymenaea stigonocarpa
A resina produzida pela espeacutecie H stigonocarpa conhecida como jutaicica e
copal eacute utilizada na induacutestria de vernizes e como medicamento no tratamento de
cistite e problemas respiratoacuterios (ALMEIDA et al 1998)
23141 Terpenos identificados nas sementes
Na avaliaccedilatildeo quiacutemica da resina extraiacuteda das sementes desta planta
observou-se que ela conteacutem diterpenoacuteides que possuem esqueletos estruturais do
1 2
18 18
15 15
8 8
13
39
tipo labdano (1) abietano (2) e pimarano (3) conforme demonstrado na Figura 20
(FARIA et al 2004)
Figura 20 - Esqueletos estruturais do tipo laacutebdano (1) e abietano (2) e pimarano (3)
da resina de Hymenaea stigonocarpa
H
H
Em outro estudo Matuda et al (2005) avaliaram que as sementes do jatobaacute
apresentam alto teor de fibras totais baixo teor de proteiacutenas e lipiacutedios A fraccedilatildeo
lipiacutedica apresentou predominacircncia de 86 em aacutecidos graxos insaturados A
semente de jatobaacute mostrou-se pobre em macronutrinentes quando comparada a
leguminosas utilizadas na alimentaccedilatildeo mas o alto teor de fibras possivelmente
constituiacutedas de xiloglucanas e galactomananas pode levar ao aproveitamento
rentaacutevel destas sementes
Wiemer e Hubbel em (1983) pesquisaram o efeito repelente a formigas de
algumas espeacutecies de plantas como por exemplo o jatobaacute Apoacutes alguns ensaios os
autores verificaram que o epoacutexido do cariofileno era o composto responsaacutevel pela
resistecircncia nessa espeacutecie de planta contra o ataque de formigas
23142 Terpenos identificados nas folhas
Das folhas desta espeacutecie foram isolados dois sesquiterpenos o -cariofileno e
α-muroleno com atividade antifuacutengica e accedilatildeo repelente contra insetos
(LANGENHEIM et al 1986) jaacute relatada por Wiemer amp Hubbel em 1983
23143 Terpenos identificados no epicarpo
Foi realizada por Giacomini et al (2006) a obtenccedilatildeo do extrato hexacircnico do
epicarpo de H stigonocarpa obtendo-se uma fraccedilatildeo aacutecida (FA) e uma neutra (FN)
1 2 3
40
Cada fraccedilatildeo correspondeu a aproximadamente 50 do total do extrato hexacircnico
Foram caracterizados trecircs sesquiterpenos da fraccedilatildeo neutra a-copaeno (1) 4
espatulenol (2) 13 e oacutexido de cariofileno (3) 9 (Figura 21)
Figura 21 - sesquiterpenos isolados da fraccedilatildeo neutra das folhas de H stigonocarpa
a-copaeno (1) espatulenol (2) e oacutexido de cariofileno (3)
Na fraccedilatildeo aacutecida observou-se a presenccedila de 4 isocircmeros diterpecircnicos
majoritaacuterios caur-16-en-19-ato de metila (4) 52 caur-15-en-19-ato de metila (5)
20 ozato de metila (6) 17 e isoozato de metila (7) 9 (Figura 22) separados
por cromatografia em siacutelica-gel
Figura 22 - Diterpenos majoritaacuterios isolados da fraccedilatildeo aacutecida das folhas de H
stigonocarpa caur-16-en-19-ato de metila (4) caur-15-en-19-ato de metila (5) ozato
de metila (6) e isoozato de metila (7)
4 5
COOMe
COOMeCOOMe
COOMe
6 7
19 19
19 19
1 2 3
O HO
41
23144 Terpenos identificados na resina do tronco
Estudos realizados por Domeacutenech-carboacute et al (2009) para caracterizaccedilatildeo da
resina do tronco coletada de espeacutecies de Hymenaea stigonocarpa Mart Espeacutecies
coletadas da regiatildeo de Minas Gerais mostraram que o aacutecido eperuico e seus
isocircmeros juntos com acido copaacutelico satildeo os principais componentes da resina
estudada Outros componentes tais como aacutecido colavenico aacutecido iso-ozico e aacutecido
epi-pinifolico satildeo tambeacutem presentes na resina em menor proporccedilatildeo
23145 Terpenos identificados no alburno
O alburno foi submetido agrave extraccedilatildeo com o solvente etanol e particionado entre
o ciclohexano e acetato de etila e o extrato ciclohexacircnico foi submetido a
fracionamento A abordagem fitoquiacutemica revelou a presenccedila de esteroacuteides e
triterpenoacuteides Foram identificados cinco compostos no extrato ciclohexacircnico N-N-
dietildecanamida Hexadecanoato de metila Aacutecido hexadecanoacuteico Aacutecido 9-
octadecenoacuteico Aacutecido octadecanoacuteico (VALENTIN 2006)
Do extrato de acetato de etila foram identificados os aacutecidos oleico linoleico
estearico e palmiacutetico (MARANHAtildeO et al 2013)
A anaacutelise da resina do tronco da Hymenaea parvifolia por CLG mostrou que
62 dela era constituiacuteda por aacutecido enantio-13-epilabdanoacuteico (Figura 23) de acordo
com NORIN et al (1963)
Figura 23 - Estrutura do aacutecido enantio-13-epilabdanoacuteico isolada de H parvifolia
COOH
OH
232 Flavonoacuteides identificados no gecircnero Hymenaea
Foram identificados flavonoacuteides em diferentes espeacutecies do gecircnero Hymenaea
42
2321 Hymenaea parvifolia
Em 1999 Ishibashi et al isolaram tambeacutem da resina do tronco de Hymenaea
parvifolia o flavonoacuteide glicosilado astilbina (Figura 24)
Figura 24 - Estrutura da astilbina
2322 Hymenaea palustris
Pettit et al (2003) isolaram os flavonoacuteides do tipo luteolina (1) crisoeriol (2)
palstatina (3) entre outros das folhas de Hymenaea palustris (Figura 25) esses
compostos apresentaram potente atividade inibitoacuteria frente a patoacutegenos Gram-
negativos como a Neisseria gonorrhoeae A palstatina atua como inibidor do
crescimento de ceacutelulas leucecircmicas linfoacuteticas tipo P388
Figura 25 - Estruturas de flavonoacuteides isolados das folhas de H palustres luteolina
(1) crisoeriol (2) e palstatina (3)
1 2
OHO
OH O
OH
OH OHO
OH O
OCH3
OH
O
OOH
HO
O
O
OH
OH
OacuteCH3
OCH3
H
H
OCH3
3
43
2323 Hymenaea courbaril
Suzuki et al (2008) isolaram dois flavonoacuteides do alburno de H courbaril a
taxifolina (1) e o fisetinidol (2) ambos com atividade antioxidante (Figura 26)
Figura 26 - Estruturas dos flavonoacuteides isolados do cerne de H courbaril taxifolina
(1) e o fisetinidol (2)
1 2
2324 Hymenaea stigonocarpa
Foram identificados flavonoacuteides em diferentes partes da espeacutecie Hymenaea
stigonocarpa
23241 Flavonoacuteides identificados na casca do caule
As anaacutelises cromatograacuteficas realizadas do extrato de acetato de etila da casca
de Hymenaea stigonocarpa realizadas por Lovato e Nunes em 2007 sugeriram que
este extrato conteacutem como principal componente o flavonoacuteide astilbina
(diidroquercetina-3-O-ramnosil) O fracionamento do extrato em coluna de siacutelica
levou ao isolamento de dois flavonoacuteides dos quais o mais abundante (F3442) foi
identificado como astilbina por CCD em comparaccedilatildeo com amostra autecircntica
O espectro de infravermelho obtido para a amostra isolada corresponde
exatamente ao da amostra autecircntica O comportamento cromatograacutefico e o espectro
de infravermelho do segundo flavonoacuteide isolado (F2728) sugerem fortemente que
se trata de quercetina-3-ramnosil
Em um estudo realizado por Moulari et al em 2006 foi isolado e
caracterizado nas folhas de Harungana madagascariensis o flavonoacuteide astilbina o
OH
OHO
OH
OH
O
OH
HO
OH
OH
OH
O
44
mesmo isolado por Ishibashi et al (1999) em H parvifolia e por Lovato e Nunes
(2007) em H stigonocarpa segundo Moulari eacute a astilbina a responsaacutevel pela
atividade antibacteriana do extrato de acetato de etila de Harungana
madagascariensis
Este flavononol tambeacutem foi isolado de flores de Dimorphandra mollis Benth
(Fabaceae Caesalpinioideae) e apresentou um importante efeito inibitoacuterio sobre a
enzima mieloperoxidase enzima implicada em processos oxidativos em sistemas
bioloacutegicos (PETACCI et al 2008)
23242 Flavonoacuteides identificados no alburno
O alburno foi submetido agrave extraccedilatildeo com o solvente etanol e particionado entre
o ciclohexano e acetato de etila do extrato de acetato de etila foram identificados
quatro flavonoides Dentre os flavonoides o principal constituinte (uma flavonona) foi
identificado como hultenina os outros flavonoides identificados foram taxifolina
quercetina e 7-methoxcatequina (MARANHAtildeO et al 2013)
233 Cumarinas identificadas no gecircnero Hymenaea
Foi identificada a presenccedila de cumarinas apenas na espeacutecie Hymenaea
courbaril
2331 Hymenaea courbaril
Em 2009 Simotildees et al isolaram duas cumarinas (Figura 27) das sementes
de H courbaril com atividade antifuacutengica
Figura 27 - Estruturas das cumarinas isoladas das sementes de H courbaril
ipomopsina (1) e hymenaina (2)
1
O
OH
MeO
O O
MeO
O O
2
O OOH
MeO
O
O
OMe
OH
45
234 Taninos relatados no gecircnero Hymenaea
Foram identificados taninos em diferentes espeacutecies do gecircnero Hymenaea
2341 Hymenaea courbaril
Em estudo realizado por Caramori et al (2004) foi observado que as
sementes de H courbaril apresentam uma grande quantidade de taninos
Sasaki et al (2009) descrevem que H courbaril conteacutem compostos bioatiacutevos
tais como terpenoacuteides e accedilucares aleacutem disso haacute relatos que vaacuterios terpenoacuteides ou
compostos fenoacutelicos possuem atividade antibacteriana A casca do jatobaacute conteacutem
um grande nuacutemero de procianidinas e parece ser um bom material para investigaccedilatildeo
de sua bioatividade ela pode aliviar alguns dos sinais cliacutenicos associados com a
encefalite aleacutergica experimental (EAE) uma doenccedila desmielinizante inflamatoacuteria do
sistema nervoso central sendo os componentes ativos responsaacuteveis pela atividade
bioloacutegica as procianinas do jatobaacute
2342 Hymenaea stigonocarpa
Orsi e colaboradores (2012) descrevem no extrato metanoacutelico da casca do
caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes a anaacutelise por CLAE-DAD a ocorrecircncia de
picos com espectros de UV caracteriacutesticos de derivados de catequinas e de aacutecido
gaacutelico aleacutem da ocorrecircncia de catequinas polimeacutericas
24 ESTUDOS FARMACOLOacuteGICOS NOS EXTRATOS OBTIDOS A PARTIR DE
DIFERENTES ESPEacuteCIES DO GEcircNERO Hymenaea
241 Estudos etnofarmacoloacutegicos
Foram realizados estudos etnofarmacoloacutegicos em diferentes espeacutecies do
gecircnero Hymenaea
2411 Hymenaea courbaril
46
Segundo Martins (1989) na Amazocircnia os nativos costumam ingerir a seiva
da Hymenaea courbaril para tratamento das afecccedilotildees pulmonares devendo
entretanto fazecirc-lo em pequenas doses pois como eacute adstringente causa
constipaccedilatildeo intestinal acrescenta ainda que da casca do caule pode ser feito chaacute
pelo meacutetodo de decocccedilatildeo para lavar ferimentos e para irritaccedilotildees vaginais
A casca do ramo eacute utilizada para problemas como tosse bronquite catarro
asma e fraqueza pulmonar sendo utilizada uma colher de sopa da casca do ramo
picada em uma xiacutecara (cafeacute) de aacutegua em fervura sendo fervido durante 5 minutos e
posteriormente coado acrescentando-se uma colher (cafeacute) de accediluacutecar cristal e uma
colher (sopa) de mel de abelha Deve-se ingerir uma colher (sopa) de 1 a 3 vezes
ao dia (PANIZZA 1998)
Numa discriccedilatildeo realizada por BONTEMPO (2000) a casca em cozimento eacute
aconselhada para combater hemoptises hematuacuteria (emissatildeo de urina com sangue)
diarreacuteia disenteria coacutelicas ventosas e acrescenta que o vinho de jatobaacute retirado do
caule eacute um poderoso fortificante LEONARDI (2002) relata que o chaacute da casca eacute
bom medicamento para a proacutestata podendo ser ingerido vaacuterias vezes ao dia e a
resina pode ser aplicada em forma de emplastro sobre as partes doloridas do corpo
Veiga Juacutenior (2005) descreve que em doses elevadas o jatobaacute (H courbail) satildeo
utilizadas como expectorante e fortificante mas podem desencadear reaccedilotildees
aleacutergicas
2412 Hymenaea stigonocarpa
Em mais um levantamento realizado junto agraves comunidades rurais do sul do
Estado de Minas Gerais na microrregiatildeo do Alto Rio Grande sobre quais as
espeacutecies nativas eram utilizadas na medicina popular Contando-se com a
colaboraccedilatildeo de 13 raizeiros em campo foi descrito que a Hymenaea stigonocarpa
esteve entre as espeacutecies utilizadas na medicina popular sendo preparado como
decocto ou infuso as partes como casca e ramos mais velhos tendo indicaccedilatildeo para
bronquites tosses coqueluche adstringente e nas afecccedilotildees da bexiga e proacutestata
(RODRIGUES CARVALHO 2001)
Hymenaea stigonocarpa tambeacutem estaacute entre as principais plantas medicinais
do cerrado utilizadas pela populaccedilatildeo da cidade de Mossacircmedes estado de Goiaacutes
As principais formas de utilizaccedilatildeo da planta satildeo atraveacutes da decocccedilatildeo da casca do
47
caule resina e polpa da fruta que satildeo indicados como depurativas contra afecccedilotildees
pulmonares (VILA VERDE et al 2003) Em um levantamento etnobotacircnico que teve
como alvo comunidades do entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
e da cidade de Alto Paraiacuteso observou-se que no elenco das dez espeacutecies medicinais
mais utilizadas o jatobaacute (Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne) foi coincidente na
indicaccedilatildeo de todos os entrevistados tendo seu uso relatado como depurativo
antiinflamatoacuterio estimulante de apetite fortificante e rico em ferro (SOUZA FELFILI
2006)
Outro estudo que relatou o uso de plantas medicinais entre os habitantes do
pantanal mato-grossense a espeacutecie Hymenaea stigonocarpa Mart teve a atividade
da resina que desprende da casca do caule relatadaque quando moiacuteda e aspirada
eacute utilizada no tratamento da sinusite (NETO 2006) Quando deixada de molho
serviria para as dores de estocircmago do peito e das costas O chaacute da casca seria
utilizado nas machucaduras do corpo humano e nas fraturas Tambeacutem eacute preparado
um vinho da seiva desta espeacutecie eacute tido como fortificante
2413 Hymenaea parvifolia
Em estudo etnobotacircnico realizado na comunidade negra de Curiauacute no estado
do Amapaacute apontam que o chaacute ou xarope da casca do caule de Hymenaea parvifolia
eacute utilizado para o tratamento de tosse bronquite febre diarreacuteia desinteria coacutelicas e
asma como tambeacutem como hemostaacutetico fortificante e vermiacutefugo (SILVA 2002)
242 Avaliaccedilatildeo farmacoloacutegica
Foram realizadas avaliaccedilotildees farmacoloacutegicas em diferentes espeacutecies do
gecircnero Hymenaea
2421 Hymenaea courbaril
Varios estudos farmacoloacutegicos tambeacutem ja foram realizados comprovando o
uso popular desta espeacutecie Estudos quanto agrave toxicidade da resina da Hymenaea
courbaril relatam que ela apresenta efeito toacutexico e inibidor do apetite sobre o inseto
Spodoptera exiacutegua (STUBBLEBINE LANGENHEIN 1977)
Extratos das suas cascas apresentaram atividade moluscicida (MARSTON et
al 1996) assim como atividade in vitro anti-plasmoacutedio (KOumlHLER et al 2002)
48
Quanto aos estudos relacionados a atividades inseticida trecircs diterpenos isolados
por Aguiar (2009) dos frutos de Hymenaea courbaril aacutecido zanzibaacuterico e aacutecido
isooacutezico e o sesquiterpeno caryolano-19-diol identificado pela primeira vez nesta
espeacutecie apresentaram accedilatildeo larvicida frente ao Aedes aegypti cujos valores de CL50
foram iguais a 1485 plusmn 044 ppm e 2844 plusmn 027 ppm para frutos verdes e maduros
respectivamente (AGUIAR 2009)
Quanto agrave avaliaccedilatildeo da atividade antiinflamatoacuteria o pericarpo da planta
apresentou atividade antiinflamatoacuteria 5-lipooxigenase e accedilatildeo inibitoacuteria contra
tiroquinase (TAKAGI et al1999) e inibiccedilatildeo da pigmentaccedilatildeo induzida pela radiaccedilatildeo
UV (TAKAGI et al 2002)
Jayaprakasam et al (2007) isolou dos frutos de H courbaril o aacutecido
labdanoacutelico e espatulenol terpenos que possuem atividade antiinflamatoacuteria cuja
inibiccedilatildeo da ciclo-oxigenase II (COX II) foi da ordem de 43 e 54 para aacutecido
labdanoacutelico e espatulenol respectivamente
Em estudo realizado por Bezerra et al (2013) foi demonstado que a fraccedilatildeo
acetato de etila da casca do caule de Hymenaea courbaril apresenta potencial
atividade antioxidante miorelaxante aleacutem da anti-inflamatoacuteria jaacute anteriormente
descrita confirmando o uso popular no tratamento de doenccedilas inflamatoacuterias aeacutereas
tais como a asma natildeo sendo poreacutem determinadas os metaboacutelitos responsaacuteveis por
esta accedilatildeo
Quanto a atividade antioxidante Aguiar et al (2009) descreve a atividade do
extrato metanolico que apresentou valores de CI50 de 004 mgL Atividade tambeacutem
observada por Peixoto et al (2013) avaliando os extratos hidroalcooacutelico e metanoacutelico
das sementes polpa folha e casca de Hymenaea courbaril que apresentaram altos
teores de fenoacuteis totais e flavonoacuteides
Na avaliaccedilatildeo da atividade antimicrobiana foi observados que diterpenos
isolados das folhas de Hymenaea courbaril apresentam marcada atividade fungicida
(HUBBELL et al 1983) Esta espeacutecie tambeacutem foi descrita como capaz de tratar
infecccedilotildees urinaacuterias sendo observado em estudo realizado por CARAMORI et al
(2004) altos niacuteveis de atividade enzimaacuteticas do extrato etanoacutelico da semente
FERNANDES et al (2005) realizou uma avaliaccedilatildeo da atividade
antimicrobiana de extratos pela teacutecnica de difusatildeo em aacutegar empregando-se o
meacutetodo de difusatildeo em poccedilo e determinou a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM)
para o extratos de H courbaril mediante a utilizaccedilatildeo de estreptococos do grupo
49
mutans (EGM) e Staphylococcus sp Na concentraccedilatildeo de 25 mgmL 540 dos
Staphylococcus sp foram inibidos enquanto para os estreptococos do grupo mutans
a dose de 125mgmL foi capaz de inibir apenas 35 da populaccedilatildeo
Esses extratos apresentaram atividade frente os micro-organismos Gram-
positivos principalmente contra Staphylococcus aureus mas natildeo inibiram os micro-
organismos Gram-negativos e a Candida albicans
Resultados confirmados por GONCcedilALVES et al (2005) que tambeacutem
descrevem que o extrato hidroalcooacutelico preparado a partir da casca de planta exerce
atividade contra Staphylococcus aureus e Bacillus cereus Como tambeacutem por Aleixo
et al (2013) que demonstrou a accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico da casca frente a
isolados cliacutenicos de Staphylococcus aureus meticiclina resistente (MRSA)
apresentando uma CIM de 500microgmL
Aleixo et al (2013) ainda descreve que a associaccedilatildeo do extrato
hidroalcooacutelico de Hymenaea courbaril com o extrato de Stryphnodendron
adstringens na proporccedilatildeo de 11 levou a reduccedilatildeo da CIM para 3125microgmL
demonstrando assim a existecircncia de um efeito sineacutergico
2422 Hymenaea stigonocarpa
Extratos obtidos a partir de ciclohexano acetato de etila e metanol a partir do
alburno apresentaram grupo de compostos que se mostraram toacutexicos e com
propriedades contra cupins (Nasutitermes corniger) (SANTANA et al 2010)
Maranhatildeo et al (2013) avaliando a accedilatildeo do extrato de acetato de etila do
alburno e dos flavonoides isolados a partir desta fraccedilatildeo (hultenina quercetina
taxifolina and 7-metoxcatequina) frente agrave Nasutitermes corniger observou que todos
apresentam atividade sendo o extrato de acetato de etila mais ativo que as fraccedilotildees
isoladas natildeo existindo diferenccedilas significativas entre os diferentes flavonoides
isolados
Quanto a citotoxicidade a avaliaccedilatildeo da accedilatildeo de compostos isolados do
epicarpo de Hymenaea stigonocarpa frente a ceacutelulas tumorais humanas observou-se
que de trecircs substacircncias isoladas a partir do extrato hexacircnico do epicarpo de
Hymenea stigonocarpa caur-16-en-18-ato de metila (1) caur-15-en-18-ato de metila
(2) e caur-16-en-18-ol (3) respectivamente A substacircncia caur-16-en-18-ol foi capaz
50
de inibir significativamente o crescimento das trecircs linhagens de ceacutelulas avaliadas
H460 Colo 205 e U937 (BRASIL et al 2009)
Analisando a citotoxicidade celular dos compostos medida pela quantificaccedilatildeo
de LDH (Desidrogenase laacutetica) demonstrou-se que os compostos 1 e 2
anteriormente descritos natildeo foram capazes de induzir a liberaccedilatildeo da enzima
enquanto que o 3 foi capaz de induzir a liberaccedilatildeo de LDH nas maiores
concentraccedilotildees testadas (BRASIL et al 2009)
Guimaratildees et al (2009) avaliando a toxicidade aguda do extrato metanolico
da entrecasca de Hymenaea stigonocarpa observou que o ele natildeo produz alteraccedilotildees
comportamentais ateacute a dose de 1000mgKg poreacutem a partir desta dose os
camundongos apresentam diarreacuteia e letargia reversiacuteveis em 24h Quanto ao transito
gastrointestinal o mesmo no intestino mostrou-se aumentado enquanto o
esvaziamento gaacutestrico mostrou-se reduzido
Estudos de Orsi et al (2012) mostraram que a administraccedilatildeo por via oral de
5mgKg do extrato metanolico da casca do caule natildeo produz nenhum sinal de
toxicidade aguda em animais machos ou fecircmeas (ratos) assim como natildeo leva a
mortes nem mudanccedilas de peso corporal ou de oacutergatildeos quando avaliados por um
periacuteodo de 14 dias apoacutes a administraccedilatildeo
Guimaratildees et al (2009) avaliando a atividade antiulcerogecircnica da entrecasca
observaram que o extrato metanolico possui atividade nos modelos de uacutelcera
gaacutestrica induzida por indometacina e isquemia-reperfusatildeo e sendo portente no
modelo de ulcera gastrica induzida por etanol Tambeacutem foi observado que o extrato
metanoacutelico (obtido por maceraccedilatildeo) apresenta atividade inibitoacuteria sobre a liberaccedilatildeo
induzida de histamina a partir de mastoacutecitos (FERREIRA 2011)
Aleacutem disso outros estudos demonstram que o extrato metanoacutelico da casca
apresenta efeito antidiarreico gastroprotetor contra vaacuterios agentes ulcerogecircnicos
esse efeito gastroprotetor eacute acompanhado da prevenccedilatildeo da depleccedilatildeo de GSH e
inibiccedilatildeo da atividade de mieloperoxidase na mucosa duodenal e atividade
cicatrizante Esses efeitos observados satildeo atribuiacutedos agrave accedilatildeo antioxidante devido agrave
presenccedila de taninos condensados e flavonoides (ORSI et al 2012)
O extrato de acetato de etila do alburno mostrou tambeacutem atividade
antioxidante contra radicais DPPH sendo mais ativo quando comparado a
flavonoides isolados a partir deste mesmo extrato sendo sugerida por Maranhatildeo et
al (2013) que pode ocorrer um efeito sineacutergico entre os flavonoides presentes no
51
extrato o que explicaria essa maior atividade Mesma atividade antioxidante
observada por Peixoto et al (2013) que avaliou a atividade dos extratos
hidroalcooacutelico e metanoacutelico do fruto da Hymenaea stigonocarpa
Quanto agrave accedilatildeo antimicrobiana em estudo realizado por Valentim (2006)
utilizando o alburno de Hymenaea stigonocarpa o extrato em acetato de etila
apresentou atividade antimicrobiana pelo meacutetodo de difusatildeo em disco frente ao
Staphylococcus aureus tendo tambeacutem apresentado resultado significativo frente agrave
bacteacuteria aacutelcool-aacutecido-resistente (Mycobacterium smegmatis)
Valeriano et al (2010) avaliando a atividade antimicrobiana a partir do
alburno observaram que o extrato ciclohexanico apresentou atividade frente ao
Staphylococcus aureus confirmando os resultados de Valentin (2006) deste extrato
foram identificados os compostos hexadecanoato de metila aacutecido hexadecanoacuteico
aacutecido octadecanoacuteico e aacutecido 9-octadecenoacuteico
Novamente avaliando a accedilatildeo antimicrobiana foi preparado um extrato
etanoacutelico da casca de Hymenaea stigonocarpa que apresentou uma CIM de 250
microgmL para Staphylococcus aureus Candida krusei e Criptococcus neoformans
poreacutem natildeo apresentou atividade significativa frente agrave Pseudomonas aeruginosa e
Candida albicans CIM de 1000 microgmL aleacutem de significante atividade antioxidante
provavelmente associadas agrave presenccedila de taninos (MARQUES et al 2013)
2423 Hymenaea martiana
Foram isolados a partir do extrato etanoacutelico da casca de Hymenaea martiana
β-sitosterol-3-O-glicosiacutedeo e trecircs ramnosideos (eucrypina engelitina e astilbina) O
glicosiacutedeo eucripina causou um deslocamento dependente de concentraccedilatildeo da
curva de resposta da bradicinina (BK) do uacutetero isolados de ratas Em contraste
astilbina e engeletina causaram apenas um discreto deslocamento agrave direita do BK
(antagonismo) as contraccedilotildees induzidas (CARNEIRO et al 1993)
Em outro estudo o extrato etanoacutelico da casca do caule obtido por maceraccedilatildeo
e as fraccedilotildees hexano clorofoacutermio e acetato de etila apresentam atividade
antinociceptiva observada pelo meacutetodo das contorccedilotildees abdominais induzidas pelo
aacutecido aceacutetico possivelmente pela inibiccedilatildeo da siacutentese de prostaglandinas (SILVA et
al 2011)
52
Silva et al (2010) avaliando o extrato etanoacutelico e as fraccedilotildees hexano
clorofoacutermio e acetato de etila descreveu a existecircncia de atividade antioxidante
sendo o extrato acetato de etila o mais ativo seguido pelo extrato etanoacutelico e as
fraccedilotildees hexano e clorofoacutermio
Resultados confirmados por SILVA et al (2011) onde foi observado que o
extrato etanoacutelico da casca de Hymenaea martiana e a fraccedilatildeo de acetato de etila
obtida por particcedilatildeo apresentaram uma marcada atividade antioxidante Analises
fitoquiacutemicas demonstraram que a fraccedilatildeo etanoacutelica conteacutem polifenoacuteis flavonoides
esteroides e terpenoacuteides sendo a presenccedila de polifenoacuteis nestes extratos essencial
para essa propriedade os polifenoacuteis descritos satildeo possivelmente aacutecido cinamico
flavan-3-ol ou derivados de flavanonas
Quanto a atividade antimicrobiana os extratos aquoso butanoacutelico e
hidroalcooacutelico obtidos da casca de Hymenaea martiana apresentam atividade frente
a Cryptococcus neoformans e C gatii com CIM entre 2 a 64 microgML sendo as
fraccedilotildees etanolica e hidroalcooacutelica as mais ativas Souza et al (2010) tambeacutem
demonstraram a atividade da H martiana frente agrave dermatoacutefitos (Trichophytum
rubrum Trichophytum mentagrophytes M canis) sendo os menores valores de CIM
os obtidos a partir das fraccedilotildees aquosa e butanoacutelica nas trecircs espeacutecies estudadas
2424 Hymenaea parvifolia
Em 1999 Ishibashi et al identificaram dois dihidroflavonois rhamnosideos
isolados da casca de Hymenaea parvifolia neoastilbina e astilbina que
apresentaram efeitos inibitoacuterios sobre a caseiacutena quinase II (CK-II) de forma dose-
dependente
53
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63
3 CARACTERIZACcedilAtildeO BOTAcircNICA FITOQUIacuteMICA E AVALIACcedilAtildeO DA ATIVIDADE
ANTIBACTERIANA DOS EXTRATOS E FRACcedilOtildeES DA CASCA DO CAULE DE
Hymenaea stigonocarpa MART EX HAYNE
31 INTRODUCcedilAtildeO
A utilizaccedilatildeo de plantas medicinais tem suas raiacutezes fortemente ligadas agrave
cultura indiacutegena e a colonizaccedilatildeo europeia Essa influecircncia contribuiu para o
enriquecimento da cultura popular e serviu como alicerce para os estudos cientiacuteficos
(MARTINS et al 1994) Entretanto atualmente as pesquisas relacionadas agrave accedilotildees
terapecircuticas de plantas medicinais no Brasil ainda satildeo incipientes (VEIGA JUacuteNIOR
PINTO 2005) continuando a maioria das espeacutecies brasileiras sem qualquer
avaliaccedilatildeo principalmente referente agraves propriedades farmacoloacutegicas (PINTO et al
2002)
A criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Praacuteticas Integrativas e Complementares no
SUS criada pelo ministeacuterio da sauacutede em 2006 tendo como um dos focos a
fitoterapia como praacutetica terapecircutica levou ao aumento no consumo de medicamentos
a base de produtos naturais (KLEIN et al 2009)
Esse aumento tambeacutem pocircde ser associado ao fato de que as populaccedilotildees
questionam os perigos do uso irracional dos medicamentos alopaacuteticos associados a
seus custos muitas vezes dispendiosos e procuram substituiacute-los pelo uso de plantas
medicinais A comprovaccedilatildeo da accedilatildeo terapecircutica associada agrave insatisfaccedilatildeo da
populaccedilatildeo perante o sistema de sauacutede tem favorecido essa dinacircmica (TOMAZZONI
et al 2006)
A descoberta e o desenvolvimento dos processos de siacutentese a partir de
moleacuteculas isoladas de produtos naturais para a produccedilatildeo de faacutermacos culminaram
com a introduccedilatildeo no mercado de diversos medicamentos Entretanto devido aos
efeitos colaterais destas moleacuteculas sinteacuteticas e dos altos custos houve um resgate
incentivado pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede para a pesquisa e aplicaccedilatildeo de
fitoteraacutepicos (VOLAK STODOLA 1990)
As plantas tecircm uma capacidade quase ilimitada para sintetizar substacircncias
aromaacuteticas a maioria das quais satildeo fenoacuteis ou derivados oxigecircnio-substituiacutedo
(COWAN 1999) A pesquisa de novos medicamentos originados a partir de plantas
64
medicinais deve ser iniciada a partir de uma seleccedilatildeo baseada em alguns criteacuterios
Esta seleccedilatildeo pode ser baseada no conhecimento antecipado de efeitos terapecircuticos
como a pesquisa etnofarmacoloacutegica que utiliza o conhecimento preacute-existente nas
comunidades nativas por acesso a bancos de moleacuteculas disponiacuteveis ou por
pesquisa aleatoacuteria com espeacutecies existentes e disponiacuteveis em local previamente
escolhido (MARINHO 2008)
Na deacutecada de 80 em todo o mundo foram identificados 121 compostos de
origem vegetal provenientes de 95 espeacutecies os quais tecircm sido usualmente
empregados como produtos terapecircuticos nos paiacuteses ocidentais Quanto aos
medicamentos aprovados para comercializaccedilatildeo no periacuteodo de 1983-1994 6 foram
obtidos diretamente de espeacutecies vegetais 24 satildeo compostos derivados e 9
foram desenvolvidos a partir de compostos de vegetais cuja estrutura molecular
serviu como unidade precursora em processo de siacutentese (MARASCHIN e
VERPOORTE 1999)
No periacuteodo entre 2005 e 2010 um total de 19 medicamentos agrave base de
produtos naturais foram aprovados para comercializaccedilatildeo em todo o mundo entre os
quais sete satildeo classificadas como produtos naturais dez produtos naturais
semissinteacuteticos e dois como drogas derivadas de produtos naturais (MISHRA 2011)
Satildeo exemplos de medicamentos sinteacuteticos desenvolvidos a partir de
moleacuteculas oriundas do metabolismo secundaacuterio das plantas a procaiacutena cloroquina
vimblastina vincristina podofilotoxina taxol e camptotecina (PINTO et al 2002)
Dados atualizados satildeo escassos poreacutem segundo o Ministeacuterio da sauacutede
(2006) tomando como referecircncia o ano de 1996 descreve que a quarta parte dos
oito bilhotildees de doacutelares do faturamento da induacutestria farmacecircutica nacional foram
resultantes de medicamentos derivados de produtos vegetais Entretanto apenas
8 das espeacutecies botacircnicas brasileiras foram estudadas com o objetivo de obter
moleacuteculas bioativas
Apesar das vantagens relatadas anteriormente introduzir um novo
medicamento na terapecircutica eacute um processo longo e bastante oneroso Todo o
processo de pesquisa e desenvolvimento dura cerca de doze anos com
probabilidade de sucesso muito pequena (LIMA et al 2003)
As propriedades medicinais apresentadas pelas plantas se devem a
variedade e complexidade de seus metaboacutelitos Estes metaboacutelitos secundaacuterios os
quais satildeo produzidos como mecanismo de defesa dos vegetais agraves condiccedilotildees
65
ambientais e a presenccedila de micro-organismos insetos ou animais (MONTARI e
BOLZANI 2001)
Os metaboacutelitos secundaacuterios de vegetais superiores apresentam uma ampla
diversidade estrutural e distribuiccedilatildeo muito variada em vaacuterias partes da planta Por
representar uma interface quiacutemica entre a planta e o ambiente circundante sua
siacutentese eacute frequentemente influenciada por fatores relacionados agrave fisiologia da proacutepria
planta e mudanccedilas ambientais
Os metaboacutelitos secundaacuterios frequentemente estatildeo restritos a uma espeacutecie ou
gecircnero vegetal e muitas vezes podem ser ativados somente durante um
determinado estaacutegio do desenvolvimento vegetal em estaccedilotildees especiacuteficas do ano
sob condiccedilotildees de estresse ou de restriccedilatildeo hiacutedrica ou de nutrientes (LOURENCcedilO
2003 GOBBO-NETO LOPES 2007)
A pesquisa relacionada a moleacuteculas bioativas de origem vegetal constituem
uma estrateacutegia para inovaccedilatildeo farmacecircutica e competitividade neste setor tendo em
vista a singularidade estrutural das substacircncias encontradas sua importacircncia como
protoacutetipos moleculares para o desenvolvimento de novos faacutermacos e sua
perspectiva de patenteamento (OLIVEIRA 2003)
Varias atividades satildeo comprovadamente atribuiacutedas a moleacuteculas de origem
natural principalmente as obtidas a partir de plantas Sendo as atividades
antinociceptiva anti-inflamatoacuteria antioxidante anticacircncer anti-hipertensiva
antidiabeacutetica e antimicrobiana as mais frequentemente relatadas (BORGES et al
2013 ASMAWI et al 2013 LIMA et al 2012 MISHRA et al 2013)
Devido agrave raacutepida disseminaccedilatildeo dos micro-organismos multidrogas resistentes
haacute uma consideraacutevel necessidade por novos agentes antimicrobianos (GIBBONS et
al 2002)
Assim as pesquisas tecircm se intensificado no Brasil devido agrave diversidade de
espeacutecies presentes na flora brasileira e a necessidade de busca desses novos
agentes (ADEBAJO et al 1989 BRITO BRITO 1993 MIGUEL et al 1996 LIMA
2001) tendo sido assim muitas plantas avaliadas natildeo somente pela atividade
antimicrobiana direta mas tambeacutem pela modificaccedilatildeo do perfil de resistecircncia ao
agente antimicrobiano (GIBBONS 2004 HEMAISWARYA et al 2008 WAGNER
ULRICH-MERZENICH G 2009)
Um indicativo da efetividade dos mecanismos de defesa desenvolvido por
alguns vegetais eacute a reduzida ocorrecircncia de doenccedilas infecciosas em certas plantas
66
As plantas satildeo conhecidas por produzirem uma enorme variedade de moleacuteculas
com atividade antimicrobiana geralmente classificada como fitoalexinas Sua
composiccedilatildeo quiacutemica eacute diversificada apresentando terpenoacuteides glicosteroacuteides
flavonoacuteides e polifenoacuteis (HEMAISWARYA 2008)
Os principais grupos de compostos com propriedades antimicrobianas
extraiacutedos de plantas incluem terpenoacuteides (TORSSEL 1989) alcaloides
(FESSENDEN 1982) polipeptiacutedios (TERRAS et al1993 ZHANG LEWIS 1997) e
substacircncias fenoacutelicas que satildeo fenoacuteis simples aacutecidos fenoacutelicos quinonas (STERN
et al 1996) flavonas flavonoacuteis e flavonoacuteides (FESSENDEN 1982) tanino
(SCALBERT 1992) e cumarinas (OrsquoKENNEDY THORNES 1997)
Compostos isolados de plantas satildeo substacircncias cuja estrutura quiacutemica
muitas vezes apresentam grandes diferenccedilas estruturais em relaccedilatildeo aos
antibioacuteticos derivados de micro-organismos Estes agentes antimicrobianos isolados
de plantas podem agir como reguladores do metabolismo intermediaacuterio ativando ou
bloqueando reaccedilotildees enzimaacuteticas afetando diretamente as siacutenteses enzimaacuteticas seja
em niacutevel nuclear ou ribossomal ou mesmo alterando estruturas de membranas
(SINGH SHUKLA 1984)
O Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees continentais e de grande biodiversidade Os
ecossistemas brasileiros respondem pela maior variedade geneacutetica vegetal do
mundo sendo que 30 das florestas tropicais mundiais estatildeo situadas em territoacuterio
brasileiro (CECHINEL FILHO YUNES 1998) Neste sentido a pesquisa relacionada
a produtos naturais apresenta um grande potencial quanto agrave descoberta de novos
agentes terapecircuticos
Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne (Leguminosae) eacute uma planta
medicinal encontrada no cerrado brasileiro e conhecida popularmente como Jatobaacute-
do-cerrado (BATISTA 2011) As suas cascas do caule satildeo amplamente utilizados
em infusatildeo ou decocccedilatildeo para tratar a dor de estocircmago asma bronquite uacutelceras
diarreia gripe e tosse (GRANDI et al 1989 VILA-VERDE et al 2003 BIESKI et
al2012)
Recentemente foi demonstrada a atividade antidiarreacuteica e accedilatildeo contra uacutelceras
gaacutestricas e duodenais experimentais do extrato metanoacutelico da casca do caule de H
stigonocarpa (ORSI et al 2012)
Estudos fitoquiacutemicos de Hymenaea stigonocarpa mostraram a presenccedila de
terpenos e sesquiterpenos aacutecidos graxos flavonoacuteides e taninos metaboacutelitos
67
reconhecidos pela atividade bioloacutegica (LANGENHEIM HALL 1983 MATUDA
NETO 1985 ORSI et al 2012) Poreacutem poucas pesquisas tem avaliado a atividade
farmacoloacutegica de cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa e estudos sobre a sua
atividade antimicrobiana ainda satildeo escassos (DIMECH et al 2013)
68
32 OBJETIVOS
Os objetivos gerais e especiacuteficos deste estudo satildeo descritos abaixo
321 Objetivo geral
Realizar o estudo fitoquiacutemico e a caracterizaccedilatildeo botacircnica da casca do caule
de Hymenaea stigonocarpa e avaliar a atividade antibacteriana de diferentes
extratos e fraccedilotildees frente a bacteacuterias Gram-positivas e Gram-negativas
322 Objetivos especiacuteficos
Realizar a caracterizaccedilatildeo botacircnica e fitoquiacutemica do material vegetal
Avaliar a atividade antibacteriana dos extratos de Hymenaea stigonocarpa
Determinar as classes de metaboacutelitos secundaacuterios responsaacuteveis pela
atividade antibacteriana e suas concentraccedilotildees
Caracterizar por meio de CLAE-DAD os extratos mais ativos
Observar as alteraccedilotildees ultraestruturais provocadas pelo extrato mais ativo
69
33 MATERIAIS E MEacuteTODOS
Os materiais e meacutetodos deste estudo satildeo descritos a seguir
331 Coleta do material vegetal
Cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne foram
coletadas em outubro de 2009 na Fazenda Refuacutegio localizada na cidade de
Camocim de Satildeo Feacutelix (figura 28) Pernambuco (localizado latitude 8deg213000S e
longitude 35deg475670O)
A identificaccedilatildeo foi realizada pela botacircnica do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco Dra A Bocage sendo a exsicata depositada sob o nuacutemero 83563 no
Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima pertencente ao mesmo instituto
Figura 28 ndash Local da coleta das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa
Mart ex Hayne
Fonte httpnlwikipediaorgwikiBestandCamocim_de_SC3A3o_FC3A9lixpng
Na preparaccedilatildeo da mateacuteria-prima vegetal as cascas do caule foram
submetidas agrave secagem em estufa a uma temperatura de 40degC durante 72 horas
em seguida pulverizadas em moinho de martelos (Tigre ASN5) e estocada em
frascos a temperatura ambiente
332 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal
Amostras de caule jovem e maduro foram coletadas em indiviacuteduo adulto de
Hymenaea stigonocarpa ocorrendo espontaneamente em uma aacuterea do agreste no
municiacutepio de Camocim de Satildeo Feacutelix
Camocim de Satildeo Feacutelix
70
Foram coletados ramos (40 cm de comprimento com ramos jovens e
adultos) os mais expostos ao sol de um indiviacuteduo adulto As amostras foram
acondicionadas em sacos plaacutesticos mantidos em caixa de isopor contendo gelo As
amostras de caule foram fixadas em formaldeiacutedo a 40 aacutecido aceacutetico e etanol 95
(FAA 50) por 48 horas (JOHANSEN 1940)
3321 Anaacutelise microscoacutepica
Secccedilotildees transversais foram obtidas agrave matildeo livre do caule jovem e adulto e da
regiatildeo mediana do peciacuteolo As secccedilotildees foram clarificadas em soluccedilatildeo comercial de
hipoclorito de soacutedio a 50 neutralizadas em aacutecido aceacutetico numa concentraccedilatildeo de
02 lavadas em aacutegua destilada coradas com safranina e azul de astra (Bukatsch
1972) Este material foi montado em glicerina a 50 (Johansen 1940) e as
lamiacutenulas foram entatildeo fixadas Todas as anaacutelises microscoacutepicas foram realizadas
em imagens digitais obtidas sob microscoacutepio oacutetico acoplado com cacircmera digital
utilizando o programa de anaacutelise de imagens Image Tool (Wilcox et al 2002)
3322 Anaacutelise histoquiacutemica
Para a anaacutelise histoquiacutemica parte das secccedilotildees histoloacutegicas jovens e adultas
de indiviacuteduo adulto foram submetidas a reagentes tradicionais para investigaccedilatildeo
histoquiacutemica (a) dicromato de potaacutessio (GABE 1968) para compostos fenoacutelicos
totais (b) vanilina cloriacutedrica (RICCO 2002) para evidenciaccedilatildeo de taninos (c)
Reagente de Neu para evidenciaccedilatildeo de flavonoacuteides (NEU 1956)
333 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal
Cerca de 50 g de amostra oriunda da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa foi submetido agrave extraccedilatildeo exaustiva seriada por maceraccedilatildeo (12 pv) por
periacuteodos de 24 horas com solventes de polaridades crescentes (ciclohexano
acetato de etila etanol e aacutegua) Um extrato hidroalcooacutelico (EH) foi tambeacutem obtido
por maceraccedilatildeo de 60g (12 pv) em etanolaacutegua (11) Uma parte do resiacuteduo seco do
extrato hidroalcooacutelico (5g) foi particionada (11) em aacutegua (FA) e outra parte em
71
acetato de etila (FAE) Posteriormente todos os extratos foram filtrados em papel
Whatman No 1 e evaporados a 50degC sob pressatildeo reduzida com exceccedilatildeo do extrato
aquoso e fraccedilatildeo aquosa que foram liofilizados
Desta forma obtiveram-se cinco extratos Extrato ciclohexano (EC) extrato de
acetato de etila (EAE) extrato etanoacutelico (EE) extrato aquoso (EA) e extrato
hidroalcooacutelico (EH) e duas fraccedilotildees fraccedilatildeo aquosa (FA) e fraccedilatildeo acetato de etila
(FAE)
Todos os extratos foram analisados por cromatografia em camada delgada
(CCD) quanto agrave presenccedila de alcaloacuteides flavonoacuteides terpenoacuteides aacutecido gaacutelico
fenilpropanoglicosiacutedeos cumarinas taninos condensados e hidrolisaacuteveis accediluacutecares e
quinonas Para obtenccedilatildeo de soluccedilotildees com concentraccedilotildees padronizadas todos os
extratos foram solubilizados na concentraccedilatildeo de 05
Volumes de 15 μL de cada extrato EC EAE EE EA EH FA FAE foram
utilizados para a realizaccedilatildeo de cada CCD utilizando-se placas de gel de siacutelica
(Merck -105553) As anaacutelises foram realizadas a partir de diferentes sistemas de
eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv) EtOAcndashHCOOHndash
AcOHndashH2O (100 05 05 05 vv ) Et2O-tolueno-AcOH 10 (50 50 50 vv )
ToluenondashAcOEt (97 3 vv) n-BuOH-Me2CO-tampatildeo fosfato pH = 50 (40 50 10
vv) e AcOEt ndash MeOH ndash H2O (81 11 8 vv) e revelados utilizando diferentes
substacircncias (Quadro1)
Quadro 1 - Metaboacutelitos secundaacuterios pesquisados sistemas de eluiccedilatildeo e reveladores
utilizados na avaliaccedilatildeo fitoquiacutemica da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
METABOacuteLITO ELUICcedilAtildeO REVELADOR RESULTADO
POSITIVO REFEREcircNCIA
Alcaloacuteides
A Dragendorff Coloraccedilatildeo Laranja (WAGNER 1996)
Monoterpenoacuteides Sesquiterpenoacuteides e
Diterpenoacuteides B Vanilina sulfuacuterica
Coloraccedilatildeo Azul escura
(WAGNER 1996)
Triterpenoacuteides e Esteroacuteides C Liebermann
Burchard Coloraccedilatildeo rosa a
vermelho (UV) (SHARMA 1991)
72
A - EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv) B - ToluenondashAcOEt (97 3 vv) C - EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 05 05 05 vv ) D - Et2O-tolueno-AcOH 10 (50 50 50 vv ) E - n-BuOH-Me2CO-tampatildeo fosfato pH = 50 (40 50 10 vv) F - AcOEt ndash MeOH ndash H2O (81 11 8 vv) Soluccedilatildeo metanoacutelica de 2- aminoetil difenilborinato 1 e soluccedilatildeo etanoacutelica de polietilenoglicol 5
METABOacuteLITO ELUICcedilAtildeO REVELADOR RESULTADO
POSITIVO REFEREcircNCIA
Iridoacuteides
A Vanilina sulfuacuterica Coloraccedilatildeo violeta (HARBONE 1998)
Saponinas
A Anisaldeiacutedo Coloraccedilatildeo verde
escura (WAGNER 1996)
Glicosiacutedeos cardiacuteacos
F KEDD Coloraccedilatildeo Violeta
a azul-violeta (WAGNER 1996)
Cumarinas
E Anaacutelise por UV Surgimento de
fluorescecircncia azul (UV)
(WAGNER 1996)
Derivados cinacircmicos
A NEU
Surgimento de
fluorescecircncia (UV) (WAGNER 1996)
Fenilpropanoglicosiacutedeos
A NEU
Surgimento de fluorescecircncia
verde limatildeo (UV) (WAGNER 1996)
Flavonoacuteides
A NEU
Surgimento de fluorescecircncia
laranja verde e amarela (UV)
(MARKHAM 1982)
(HARBORNE 1998)
Taninos condensados A Vanilina
Cloriacutedrica
Coloraccedilatildeo vermelha
(ROBERTSON 1955)
Taninos hidrolisaacuteveis
A NEU
Negro (Visiacutevel) Fluorescecircncia azul
(UV) (NEU 1956)
Accediluacutecares
D Cloridrato de
235 Trifeniltetrazoacutelio
Coloraccedilatildeo avermelhada
(WALLENFELS 1950)
73
334 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais
A quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais foram realizados como descrito
na Farmacopeacuteia Europeacuteia como descrito a seguir
3341 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais
A Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais foi realizada de acordo com o meacutetodo de
Folin-Ciocalteu como descrito na Farmacopeacuteia Europeacuteia (2005) Os extratos e
fraccedilotildees da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa EAE EE EA EH FA FAE
foram solubilizados em etanol (10) para obtenccedilatildeo de uma concentraccedilatildeo final de
500 microgmL Cinco mililitros de cada soluccedilatildeo foram diluiacutedos para 25 ml com aacutegua
destilada Destas soluccedilotildees 2 mL foram transferidos para um balatildeo volumeacutetrico
contendo aacutegua destilada (10 ml) e depois foi adicionado 1mL do reagente de Folin-
Ciocalteu natildeo diluiacutedo sendo o volume finalmente completado para 25 mL com
Na2CO3 (10 vv)
A soluccedilatildeo foi mantida a temperatura ambiente (25ordmC) por 30 minutos quando
a absorbacircncia das amostras foi lida a 760 nm em um espectrofotocircmetro UVVis
(Evolution 60S Thermo Scientific) Aacutegua destilada foi usada como branco
A concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais foi determinada pela extrapolaccedilatildeo da
curva de calibraccedilatildeo a qual foi obtida a partir das soluccedilotildees de aacutecido gaacutelico (Sigma
Chemical Co St Louis USA) que variaram entre 20 ndash 80120583gmL A concentraccedilatildeo
polifenoacuteis totais foi calculada em triplicata foi expresso em miligramas de equivalente
de aacutecido gaacutelico por grama de amostra seca
3342 Determinaccedilatildeo de taninos totais
Com o objetivo de determinar os taninos totais 100 mg de caseiacutena (Merckreg)
foi adicionada a 10 mL de cada extrato ou fraccedilatildeo sendo a mistura homogeneizada
por 60 minutos e depois filtradas em papel de filtro Whatman No 1 O procedimento
para determinaccedilatildeo dos taninos foi similar ao descrito no item 341
O conteuacutedo de polifenoacuteis nas fraccedilotildees natildeo tanantes foi calculado pela curva
padratildeo de aacutecido gaacutelico A concentraccedilatildeo de taninos totais foi calculada como
Taninos totais = polifenois totais ndash polifenois natildeo tanantes
74
3343 Anaacutelise por Cromatografia Liquida de alta Eficiecircncia (CLAE)
Cromatogramas dos extratos e fraccedilotildees da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa que apresentaram os maiores teores de taninos e atividade
antibacteriana (EE EH e FA) foram obtidos por Cromatografia Liquida de alta
Eficiecircncia com arranjo de diodos (CLAE-DAD)
Os extratos e o padratildeo astilbina foram solubilizados em metanol para a
obtenccedilatildeo de soluccedilotildees de concentraccedilatildeo de 400 microgmL e 25microgmL respectivamente
Essas soluccedilotildees foram filtradas em membrana de politetrafluoetileno de 020 microm
(Chromafilreg) e depois adicionadas frascos acircmbar As anaacutelises foram realizadas em
equipamento CLAE-DAD (Ultimatereg 3000 Thermo Scientificreg) equipado com bomba
binaria HPG-3x00RS 3000 (RS) detector de arranjo de diodo e coletor de amostra
automaacutetico ACC-3000
As separaccedilotildees foram realizadas com uma coluna (C18) 256 x 46 mm di 5
microm (Acclaim 120 Dionexreg) equipada com (C18 4 x 3 mm di Phenomenexreg) A fase
moacutevel foi composta por aacutegua MiliQreg (eluente A) e acetonitrila (eluente B Tediareg)
ambos acidificados com 01 de soluccedilatildeo de aacutecido trifluoroaceacutetico variando de 10-
23 em 35 min para 23ndash90 em 50 min do eluente B a um fluxo de 1mLmin O
software Chromeleon 60 (Dionexreg) foi utilizado para processamento e aquisiccedilatildeo dos
dados
335 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana
A avaliaccedilatildeo da atividade antibacteriana foi realizada a partir do estudo com
diferentes estratos e fraccedilotildees
3351 Preparaccedilatildeo das amostras
Para determinaccedilatildeo da atividade antimicrobiana da casca do caule de H
stigonocarpa foram avaliados os cinco extratos ciclohexanico (EC) acetato de etila
(EAE) etanoacutelico (EE) aquoso (EA) hidroalcooacutelico (EH) e as fraccedilotildees obtidas por
particcedilatildeo do extrato Hidroalcooacutelico o de acetato de etila (FAE) e o de Aacutegua (FA)
75
3352 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana in vitro
A determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana in vitro foi realizada como descrito
a seguir
33521 Agentes antimicrobianos
O laboratoacuterio Eurofarma forneceu oxacilina ciprofloxacina teicoplanina e o
laboratoacuterio Sanofi-Aventis a polimixina B A resistecircncia foi definida para cada caso a
oxacilina (OXA MIC ge 4μgmL) ciprofloxacina (CIP MIC ge 1μgmL) teicoplanina
(TEI ge 32 μgmL) e polimixina B (POL MIC ge 8μgmL) de acordo com os criteacuterios
estabelecidos pelo Clinical Laboratory standard Institute (2012)
Os extratos EC e EAE foram solubilizados em dimetil sulfoacutexido - Tween80 -
aacutegua (118 vv) EE EAE EH FAE e FA em etanol-aacutegua (19 vv) enquanto que os
agentes antimicrobianos foram solubilizados em aacutegua As soluccedilotildees de estoque
foram esterilizados por filtraccedilatildeo atraveacutes de uma membrana Millipore com uma
porosidade de 022 microm
33522 Micro-organismos e padronizaccedilatildeo dos inoacuteculos
Bacteacuterias (n = 28) foram obtidas de culturas estoque e mantidas em nosso
laboratoacuterio (Laboratoacuterio de Fisiologia e Bioquiacutemica de Micro-organismos - LFBM) em
meio Mueller Hinton Agar sob oacuteleo mineral Para este estudo foram usadas as
seguintes cepas bacterianas isoladas de amostras cliacutenicas Staphylococcus aureus
(LFBM05 UFPEDA 01 AM 02 AM 04 AM 05 LFBM 25 AM 13 AM 18 AM 19 and
AM 21) Enterococcus faecalis (245 272 292 e 335) Klebsiella pneumoniae LFBM
01 Pseudomonas aeruginosa LFBM 01 Proteus mirabilis LFBM 01 e LFBM 02
Salmonella enterica LFBM 01 Shigella sonnei LFBM 01 e Vibrio cholera LFBM 01
Staphylococcus aureus ATCC 25923 Staphylococcus aureus ATCC 33591
Klebsiella pneumoniae ATCC 700603 Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027
Escherichia coli ATCC 25922 e Escherichia coli ATCC 35218 foram usadas como
cepas padratildeo
Esses micro-organismos foram cultivados em caldo Mueller Hinton por um
periacuteodo de 18h a 37deg C e em seguida foram cultivados em agar Mueller Hinton (AMH)
76
(Acumedia Manufacturers Baltimore USA) sendo incubados a 37∘C por 18 horas
Algumas colocircnias foram selecionadas e inoculadas em caldo Mueller Hinton
(Acumedia Manufacturers Baltimore USA) para comparaccedilatildeo da turbidez com
padrotildees 05 McFarland os quais satildeo equivalentes a contagem de aproximadamente
108 UFCmL Posteriormente essas suspensotildees bacterianas foram diluiacutedas para
obtenccedilatildeo de um inoculo de 107 UFCmL
33523 - Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo
bactericida miacutenima (CMB)
A Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (CIM) foi determinada pelo meacutetodo de
microdiluiccedilatildeo em caldo seguindo as recomendaccedilotildees estabelecidas pela Clinical
Laboratory Standards Institute (CLSI 2012) com algumas modificaccedilotildees Os ensaios
foram realizados em microplacas esteacutereis de 96 poccedilos com fundo em forma de ldquoUrdquo
Inicialmente as soluccedilotildees estoque dos extratos e agentes antimicrobianos na
concentraccedilatildeo de 2048 microgmL foram esterilizadas por filtraccedilatildeo atraveacutes de membranas
de porosidade de 022 microm milipore reg em seguida um volume de 200 microL foi
adicionado nos poccedilos de 1 a 12 da linha A Os demais poccedilos foram preenchidos
inicialmente apenas com 100 microL de caldo Mueller-Hinton
Logo apoacutes foi realizada transferecircncia de 100microL do conteuacutedo dos poccedilos da
linha A para os da linha B e assim sucessivamente ateacute a linha H sendo desprezados
os uacuteltimos 100 microL obtendo-se assim concentraccedilotildees decrescentes dos extratos
(1024 a 781 gmL)
Apoacutes a diluiccedilatildeo dos extratos e agentes antimicrobianos foi acrescido em
todos os poccedilos um volume de 5 microL dos inoacuteculo microbiano padronizado As
microplacas foram incubadas em estufa bacterioloacutegica a 37degC por 24 horas
Foi considerado crescimento total (100) na placa controle onde foi
adicionado apenas caldo Muller Hinton e os inoacuteculos A reduccedilatildeo do crescimento foi
avaliado nos orifiacutecios onde foram adicionados os extratos
Para determinar a Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima (CBM) os conteuacutedos
dos poccedilos que mostraram inibiccedilatildeo de crescimento foram semeados em MHA Apoacutes
24h de incubaccedilatildeo a 37degC o nuacutemero de micro-organismos viaacuteveis foi determinado A
CMB foi definida como a menor concentraccedilatildeo do extrato em que 999 da
77
populaccedilatildeo foram inviabilizadas Todos os experimentos foram realizados em
duplicata em dias diferentes
Apoacutes a realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo quantitativa foi realizada a determinaccedilatildeo da
viabilidade dos micro-organismos por comprovaccedilatildeo atraveacutes da adiccedilatildeo de soluccedilatildeo
aquosa a 05 de cloridrato de 235 trifeniltetrazoacutelio (TTC)
As microplacas foram novamente incubadas por mais trecircs horas a 37degC Apoacutes
esse intervalo de tempo a leitura da placa foi realizada a presenccedila de uma
coloraccedilatildeo vermelha nos poccedilos foi interpretada como prova negativa do efeito
inibitoacuterio do extrato ou seja houve crescimento bacteriano enquanto que a
ausecircncia de cor foi considerada prova positiva da accedilatildeo antimicrobiana dos extratos
A CIM foi definida como sendo a menor concentraccedilatildeo da droga antimicrobiana que
impede o crescimento visiacutevel do micro-organismo semeado
336 Anaacutelise ultraestrutural
Staphylococcus aureus ATCC 33591 na concentraccedilatildeo de 104 UFCmL foi
cultivado em caldo Muller Hinton (grupo controle) e em caldo adicionado de extrato
hidroalcooacutelico a 256 e 128 microgmL (CIM e frac12 CIM) respectivamente Apoacutes isso as
culturas foram incubadas a 37degC por 24 horas Essas culturas foram centrifugadas e
os precipitados foram fixados em paraformaldeiacutedo 4 e glutaraldeido 25 em 01
M de tampatildeo cacodilato de soacutedio (pH 72) por 4 horas a temperatura ambiente
Os precipitados foram lavados e centrifugados por 10 minutos no mesmo
tampatildeo Sendo esse procedimento repetido por trecircs vezes Posteriormente os
precipitados foram poacutes-fixados em tetroacutexido de oacutesmio 2 ferrocianeto de potaacutessio
08 e cloreto de caacutelcio 5 mM em tampatildeo cacodilato de soacutedio 01 M por 1 hora e
lavada em tampatildeo cacodilato de soacutedio
As amostras foram desidratadas utilizando gradientes de soluccedilotildees de acetona
e depois adicionadas agrave resina Epon 812 (Sigma EUA) Em seguida seccedilotildees
ultrafinas foram obtidas atraveacutes de um ultramicrotomo (Leica UC6) coradas com
acetato de uranila e citrato de chumbo e examinado em microscoacutepio eletrocircnico de
transmissatildeo Morgani-FEIreg
78
37 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA
A anaacutelise estatiacutestica foi realizada utilizando Anova one-way e teste de
comparaccedilatildeo muacuteltiplas Newman-Keuls usando o software GraphPad Prism versatildeo
50 para Windows GraphPad Software (San Diego CA) e p lt 005 foi usado como
niacutevel de significacircncia
79
34 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados obtidos neste estudo estatildeo descritos a seguir
341 Caracterizaccedilatildeo botacircnica do material vegetal
A descriccedilatildeo dos aspectos anatocircmicos do material vegetal eacute um importante
passo para caracterizaccedilatildeo e padronizaccedilatildeo dos espeacutecimes vegetais que servem de
mateacuteria prima para a produccedilatildeo de medicamentos Assim apoacutes avaliaccedilatildeo
farmacobotacircnica foi possiacutevel observar que o caule de Hymenaea stigonocarpa
apresentou estrutura semelhante agravequela descrita na literatura para espeacutecies do
gecircnero (WATSON DALLWITZ 2012)
3411 Anatomia
Em uma amostra do caule de Hymeneae stigonocarpa com
aproximadamente 4 mm de diacircmetro a regiatildeo da casca apresentou mais
externamente oito camadas de suacuteber (Figura 29) constituiacutedo por ceacutelulas achatadas
periclinalmente (paralelas agrave superfiacutecie do caule)
Figura 29 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo
adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do
suacuteber corada com safranina e azul de astra
SB ndash suacuteber (aumento de 400x)
Imediatamente abaixo do suacuteber foi encontrada uma faixa estreita constituiacuteda
por apenas uma camada de ceacutelulas o felogecircnio tecido indiferenciado que origina o
suacuteber para fora e a feloderme para dentro (Figura 30) A feloderme estava
constituiacuteda por duas camadas apoacutes o feloderme foi encontrado o parecircnquima
cortical com 10 camadas de ceacutelulas O conjunto destes tecidos secundaacuterios
constitui a periderme
SB
80
Figura 30 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto
de Hymenaea stigonocarpa mostrando a regiatildeo do suacuteber
felogecircnio feloderma e parecircnquima cortical corados com
safranina e azul de astra
FG- Felogecircnio FD-Feloderme PC-Parecircnquima cortical CS- Canal secretor (aumento 100x)
Na regiatildeo da feloderme foram encontrados canais de secreccedilatildeo com
revestimento interno de ceacutelulas pequenas e achatadas periclinalmente (Figura 31)
Figura 31 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo
adulto de Hymenaea stigonocarpa mostrando parecircnquima
cortical esclerecircnquima e floema corados com safranina e
azul de Astra
S- Canal secretor CP ndash ceacutelulas pequenas EC ndash esclerecircnquima FL ndash Floema Aumento 100x
Mais internamente apoacutes a feloderme foram observados grupos de fibras de
esclerecircnquima em forma de feixe Apoacutes o faixa de esclerecircnquima eacute observada a
presenccedila do floema tecido responsaacutevel pela conduccedilatildeo da seiva elaborada
Foram encontradas cavidades secretoras em maior quantidade no
parecircnquima cortical de porccedilotildees jovens dos ramos se comparadas agraves porccedilotildees
adultas Em estrutura secundaacuteria o nuacutemero dessas cavidades se mostrou bastante
FG
FD PC
CS
CS ECCC
FL
CP
81
reduzido isto pode ser devido ao esmagamento de algumas dessas cavidades em
consequecircncia da pressatildeo radial exercida pelo crescimento da feloderme e da
atividade do cacircmbio
3412 Histoquiacutemica
Na analise histoquiacutemica foi realizada a avaliaccedilatildeo da presenccedila de polifenoacuteis e
taninos
34121 Avaliaccedilatildeo de Polifenoacuteis
Foi observada a ocorrecircncia de polifenoacuteis nos elementos feloderme
parecircnquima cortical e floema regiotildees coradas em marrom (Figura 32)
Figura 32 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto
de Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com
dicromato de potaacutessio para visualizaccedilatildeo de regiotildees com
conteuacutedos fenoacutelicos
FG- felogecircnio FD ndash feloderme PC- Parenquima cortical EC ndash esclerecircnquima FL ndash Floema (aumento 40x)
A anaacutelise histoquiacutemica da casca do caule forneceu informaccedilotildees quanto agrave
presenccedila e localizaccedilatildeo dos compostos fenoacutelicos evidenciados pela reaccedilatildeo ao
dicromato de potaacutessio e vanilina cloriacutedrica que revelam a presenccedila de compostos
fenoacutelicos totais e taninos respectivamente
FD
FL
FG
EC
PC
82
34122 Detecccedilatildeo da presenccedila de taninos
A avaliaccedilatildeo da presenccedila de taninos foi realizada em caules jovens e adultos
341221 caules jovens
O caule jovem identificado pela presenccedila de pelo tector (figura 33) na regiatildeo
do coacutertex observamos a ocorrecircncia de taninos nos elementos feloderme
parecircnquima cortical e floema (FL) (regiotildees coradas em vermelho)
Figura 33 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo jovem de
Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina
cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos
PT- Pelo tector FG ndash felogecircnio FL ndash floema (aumento de 100x)
341222 caules adultos
Na regiatildeo do coacutertex de caule adulto (presenccedila de suacuteber) observamos a
ocorrecircncia de taninos nos elementos de felogecircnio feloderme e floema (Figura 34)
FG
FLD
FL
FLD
PT
FLD
83
Figura 34 - Fotomicrografia da casca do caule de ramo adulto de
Hymenaea stigonocarpa mostrando regiotildees coradas com vanilina
cloriacutedrica visualizaccedilatildeo de regiotildees com conteuacutedos de taninos
SB - Suacuteber FG ndash felogecircnio FD-feloderme FL ndash floema (aumento de 40x)
A presenccedila de taninos foi evidenciada em amostras de caule jovens e adultas
indicando a manutenccedilatildeo de sua presenccedila na estrutura no parecircnquima cortical e na
feloderme Isto indica que a produccedilatildeo de taninos eacute continuada nas ceacutelulas de
feloderme produzidas pelo felogecircnio confirmando a avaliaccedilatildeo fitoquiacutemica que
indicou a presenccedila de taninos em amostras de casca de caule
Em virtude da maior espessura de parecircnquima cortical constituiacutedo por ceacutelulas
contendo tanino em ramos mais maduros a extraccedilatildeo da casca nos mesmos implica
na possiacutevel exposiccedilatildeo do floema ao ataque de micro-organismos levando estas
ceacutelulas agrave morte aleacutem de possibilitar sua proliferaccedilatildeo ao longo dos feixes vasculares
e em casos mais extremos podendo levar agrave morte de partes da planta ou do proacuteprio
indiviacuteduo Assim a extraccedilatildeo de taninos poderia ser mais viaacutevel e eficiente atraveacutes de
podas perioacutedicas em ramos mais jovens levando a uma obtenccedilatildeo continuada de
taninos
342 Caracterizaccedilatildeo fitoquiacutemica do material vegetal
O rendimento obtido apoacutes a extraccedilatildeo com ciclohexano acetato de etila etanol
e aacutegua foi de 035 265 1198 e 209 respectivamente
FD
SB
FLD
FL
FG
FLD
84
A extraccedilatildeo hidroalcooacutelica levou a um rendimento de 1549 As fraccedilotildees
acetato de etila e aquosa obtidas a partir da fraccedilatildeo hidroalcooacutelica tiveram
rendimentos de 2208 e 57 respectivamente
3421 Anaacutelise fitoquiacutemica
A prospecccedilatildeo fitoquiacutemica nos extratos ciclo hexano acetato de etila etanol eacute
aacutegua atraveacutes de CCD sugere a presenccedila de flavonoacuteides accedilucares redutores
taninos condensados proantocianidinas leucoantocianidinas monoterpenos
sesquiterpenos triterpenos esteroides e cumarinas nos diferentes extratos de
Hymenaea stigonocarpa devido a avaliaccedilatildeo pelo uso de reveladores e comparaccedilatildeo
com a coloraccedilatildeo dos padrotildees
34211 Monoterpenos e sesquiterpenos
A presenccedila de monoterpenos e sesquiterpenos (natildeo diferenciados entre pelo
uso do revelador) foi identificada no extrato EC (Figura 35) a partir da visualizaccedilatildeo
de vaacuterias bandas de coloraccedilatildeo variando de violeta a azul escuro as quais foram
comparadas com a coloraccedilatildeo produzida pelo padratildeo timol (Rf = 035)
Figura 35 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo da presenccedila de
monoterpenos e sesquiterpenos
Sistema de eluiccedilatildeo Tolueno ndash AcOEt (97 3 vv) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padratildeo de Timol (Rf = 035) revelador vanilina sulfuacuterica
Rf = 035
Rf = 080
Rf = 055
Rf = 014
Rf = 004
Rf = 012
85
34212 Triterpenos e esteroacuteides
A presenccedila de triterpenos e esteroides (natildeo diferenciados entre si) foram
identificados apenas no extrato EC (Figura 36) a partir da visualizaccedilatildeo de vaacuterias
bandas de coloraccedilatildeo variando de rosa a vermelho as quais foram comparadas com
a coloraccedilatildeo produzida a partir da utilizaccedilatildeo do padratildeo de β-sitosterol (Rf 012)
Figura 36 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de triterpenos e
esteroacuteides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 05 05 05 vv ) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padratildeo de β-sitosterol (Rf = 012) revelador Liebermann Burchard
A ocorrecircncia de terpenos nas espeacutecies do gecircnero Hymenaea jaacute eacute
amplamente conhecida resinas de cor amarela e avermelhada produzidas pelas
aacutervores do gecircnero Hymenaea L satildeo descrita desde o periacuteodo dos iacutendios preacute-
colombianos devido a seu uso na fabricaccedilatildeo de joias (LEE LANGENHEIM 1975)
Dentre as espeacutecies do gecircnero Hymenaea a mais estudada eacute a Hymenaea
courbaril nela tambeacutem satildeo descritas a ocorrecircncia de terpenos em diferentes partes
da planta tais como folhas (MARTIN et al 1972 LANGENHEIM et al 1986) resina
das folhas (LANGENHEIM 1972 ABDEL-KADER et al 2002) resina do troco
(LANGENHEIM 1973 MARSAIOLI et al 1975 ABDEL-KADER et al 2002) resina
dos frutos (OURISSON et al 1973) e sementes (NOGUEIRA 2001)
Rf = 012
Rf = 086
Rf = 063
Rf = 035
Rf = 023
Rf = 007
86
Quanto agrave presenccedila de terpenos na casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa nossos resultados estatildeo de acordo com o que foi descrito por
Giacomini e colaboradores (2006) que relatam a presenccedila de terpenos isolados a
partir de extrato hexacircnico do epicarpo assim como o que relatam Domeacutenech-carboacute
e colaboradores (2009) que identificaram o aacutecido eperuico e seus isocircmeros juntos
com aacutecido copaacutelico como os principais componentes da resina da casca do caule de
Hymenaea stigonocarpa
Se analisarmos a presenccedila de terpenos nas diferentes partes da planta
podemos observar que eles satildeo de ocorrecircncia frequente nesta espeacutecie como
descrevem Faria e colaboradores (2004) Esses autores demonstram a presenccedila de
diterpenos nas sementes e Langenheim e colaboradores (1986) que descreve nas
folhas a ocorrecircncia de -cariofileno e α-muroleno sesquiterpenos com atividade
antifuacutengica e accedilatildeo repelente contra insetos
34213 Flavonoacuteides e cumarinas
Da casca do caule foram evidenciadas duas bandas nos extratos acetato de
etila (2) e etanoacutelico (2) com caracteriacutesticas de flavonoides (amarelo e laranja) de Rf
005 e 047 (Figura 37) Esta CCD tambeacutem indica a presenccedila de cumarinas Rf 098
e 093 (coloraccedilatildeo azul) nos extratos ciclohexano e acetato de etila
Figura 37 - Cromatograma dos extratos ciclohexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de flavonoides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padratildeo luteolina (Rf = 047) revelador NEU
Rf = 047
Rf = 093
Rf = 098
Rf = 047
Rf = 005
87
Simotildees e colaboradores (2009) descreveram a ocorrecircncia de cumarinas em
espeacutecies do gecircnero Hymenaea Estes autores isolaram duas cumarinas a
ipomopsina e hymenaina das sementes de H courbaril ambas com atividade
antifuacutengica No entanto este eacute o primeiro relato da presenccedila de cumarinas em H
stigonocarpa
34214 Accedilucares
A presenccedila de accedilucares foi observada no extrato etanoacutelico a partir da
visualizaccedilatildeo de banda de coloraccedilatildeo avermelhada a qual foi comparada com a
coloraccedilatildeo produzida a partir da utilizaccedilatildeo dos padrotildees glicose e raminose apoacutes a
revelaccedilatildeo com 235 cloridrato de trifeniltetrazoacutelio (Figura 38) Apoacutes a comparaccedilatildeo
entre os fatores de retenccedilatildeo uma das bandas foi identificada como supostamente
glicose (Rf 053)
Figura 38 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de accedilucares
Sistema de eluiccedilatildeo n-BuOH-Me2CO-tampatildeo fosfato pH = 50 (40 50 10 vv) 1 ndash Extrato ciclo hexano 2 ndash Extrato acetato de etila 3 ndash Extrato etanoacutelico 4 ndash Extrato aquoso P - Padrotildees de glicose (Rf = 053) e ramnose (Rf =046) revelador 235 cloridrato de trifeniteltrazolio
34215 Taninos hidrolisaacuteveis e condensados
Nenhum tanino hidrolisado foi identificado nos extratos obtidos sendo
utilizados o aacutecido gaacutelico e o elaacutegico como padrotildees e como revelador o reagente de
Rf = 053 Rf = 053 Rf = 046
88
Neu (Figura 39) A presenccedila de taninos condensados foi identificada apoacutes revelaccedilatildeo
com vanilina cloriacutedrica (Figura 40) nos extratos de EAE EE e EA
A quantidade e o tipo de taninos sintetizados pelas plantas variam
consideravelmente dependendo da espeacutecie do cultivo do tecido e de condiccedilotildees
ambientais Geralmente a concentraccedilatildeo eacute maior em espeacutecies que prosperam em
solos agriacutecolas pobres ou de baixa calagem tal como ocorre nas regiotildees tropicais e
subtropicais (OTERO HIDALGO 2004) Aleacutem disso as concentraccedilotildees de taninos
satildeo maiores nas partes dos vegetais expostas ao sol indicando portanto uma
relaccedilatildeo entre a fase dependente de luz da fotossiacutentese com a produccedilatildeo de taninos
(HEIL et al 2002)
Tradicionalmente os taninos satildeo classificados segundo a sua estrutura
quiacutemica em dois grupos taninos hidrolisaacuteveis e taninos condensados Taninos
hidrolisaacuteveis satildeo caracterizados por um poliol central geralmente β-D-glicose cujas
funccedilotildees hidroxilas satildeo esterificadas Apoacutes a hidrolise aacutecida das ligaccedilotildees ester os
dois principais representantes gerados satildeo o aacutecido gaacutelico e o elaacutegico Os taninos
condensados proantocianidinas satildeo oligocircmeros e poliacutemeros formados pela
policondensaccedilatildeo de duas ou mais unidades flavan-3-ol e flavan-34-diol Dentre os
taninos condensados pode ser descrito outra classe as leucoantocianidinas (flavan-
34-dioacuteis) classe intermediaacuteria na via de formaccedilatildeo dos taninos condensados
(SIMOtildeES et al 2004)
Figura 39 - Cromatograma do extrato etanoacutelico (B) para
avaliaccedilatildeo de taninos hidrolisaacuteveis
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv) 1 ndash Extrato etanoacutelico P ndash aacutecido gaacutelico e elaacutegico (Rf = 053) e (Rf =060) revelador Reagente de Neu
Rf = 053
Rf = 060
89
A presenccedila de taninos condensados foi identifica nos extratos EAE EE e EA
(Figura 40) a partir da visualizaccedilatildeo de vaacuterias bandas de coloraccedilatildeo avermelhadas as
quais foram comparadas com a coloraccedilatildeo produzida a partir da utilizaccedilatildeo do padratildeo
de epicatequina (Rf 095) revelado com vanilina cloriacutedrica
Figura 40 - Cromatograma dos extratos ciclo-hexano acetato de
etila etanol e aacutegua obtidos para avaliaccedilatildeo de taninos
condensados
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) 1 ndash extrato ciclo hexano 2 ndash extrato acetato de etila 3 ndash extrato etanoacutelico 4 ndash extrato aquoso P - padratildeo epicatequina (Rf = 095) revelador vanilina cloriacutedrica
Os taninos condensados em geral estatildeo amplamente distribuiacutedos em plantas
lenhosas Jaacute os taninos hidrolisaacuteveis natildeo satildeo frequentes neste tipo de plantas
Dentre os metaboacutelitos secundaacuterios presentes os taninos condensados perfazem
aproximadamente metade da mateacuteria seca constituindo a segunda fonte de
polifenoacuteis no reino vegetal perdendo apenas para a lignina (HAGERMAN et al
1997 ARGYROPOULOS 1999)
Nos extratos avaliados foram identificadas a presenccedila de
proantontocianidinas e leucoantocianidinas essas classes podem ser identificadas
atraveacutes da realizaccedilatildeo de cromatografia em camada delgada devido agrave diferenccedila das
suas polaridades onde as leucoantocianidinas apresentam diferente fator de
retenccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves proantociandininas apresentando uma maior migraccedilatildeo em
solventes mais polares
1 2 3 4 P
Rf = 093 Rf = 083 Rf = 075 Rf = 069
Rf = 095
90
Apoacutes a anaacutelise fitoquiacutemica nos quatro extratos obtidos atraveacutes de extraccedilatildeo
exaustiva seriada por maceraccedilatildeo o extrato hidroalcooacutelico foi obtido por maceraccedilatildeo
apoacutes a identificaccedilatildeo da maior atividade antibacteriana nos extratos que continham
maiores teores dos metaboacutelitos secundaacuterios polares
Foram identificados metaboacutelitos secundaacuterios no extrato hidroalcooacutelico (EH) e
em suas fraccedilotildees aquosa (FA) e acetato de etila (FAE)
34216 Flavonoacuteides apoacutes particcedilatildeo
Foi observada uma banda no extrato EH (Figura 41) uma delas comparada
ao padratildeo de astilbina apresentou o mesmo fator de retenccedilatildeo (Rf 028) a outra
comparada ao padratildeo luteolina apresentou tambeacutem o mesmo fator de retenccedilatildeo (Rf
060)
Figura 41 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico de
Hymenaea stigonocarpa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) 5 ndash Extrato Hidroalcooacutelico P1 ndash Padratildeo de astilbina (Rf = 060) P2 - Padratildeo luteolina (Rf = 028) revelador NEU
Avaliando a presenccedila de flavonoacuteides na casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa foram observadas duas bandas na anaacutelise por CCD uma apoacutes uso de
padrotildees apresentou o mesmo fator de retenccedilatildeo que o flavonoacuteide astilbina e a outra
Rf = 060
Rf = 060
Rf = 028
Rf = 028
P1 5 P2
91
o mesmo da luteolina A astilbina tem ocorrecircncia descrita para o gecircnero Hymenaea
sendo relatada nas espeacutecies Hymenaea parvifolia identificada na resina do caule
(ISHIBASHI et al 1999) e em Hymenaea stigonocarpa identificada na casca do
caule por espectro de infravermelho (LOVATO amp NUNES 2007)
34217 Taninos condensados apoacutes particcedilatildeo
Os taninos condensados estatildeo presentes no EH e nas fraccedilotildees FA e FAE No
FA (Figura 42) haacute presenccedila apenas de proantocianidinas (banda natildeo revelada pelo
reagente NEU que ficou retida no ponto de aplicaccedilatildeo) na fraccedilatildeo FAE haacute ocorrecircncia
de leucoantocianidinas (Figura 43) e flavonoacuteides
Na figura 42 apesar do uso do revelador Neu pode-se observar a presenccedila
de taninos condensados no ponto de aplicaccedilatildeo do cromatograma e a ausecircncia de
flavonoacuteides quando comparamos a FA e o EH Na figura 43 pode-se observar a
ausecircncia das proantocianidinas na FAE quando comparada ao EH
Figura 42 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo
aquosa para avaliaccedilatildeo de flavonoacuteides
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) EH ndash Extrato Hidroalcooacutelico FA ndash Fraccedilatildeo aquosa revelador de Neu
Rf = 004
Rf = 069
Rf = 047
EH FA
92
Figura 43 - Cromatograma do extrato hidroalcooacutelico e da fraccedilatildeo
acetato de etila para avaliaccedilatildeo de taninos
Sistema de eluiccedilatildeo EtOAcndashHCOOHndashAcOHndashH2O (100 11 11 26 vv ) EH ndash Extrato Hidroalcooacutelico FAE ndash Fraccedilatildeo acetato de etila revelador vanilina cloriacutedrica
343 Quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis e taninos totais
Foram quantificados polifenoacuteis e taninos nos diferentes extratos obtidos
3431 Determinaccedilatildeo da Curva de calibraccedilatildeo do aacutecido gaacutelico
A concentraccedilatildeo polifenoacuteis totais foi determinada pela extrapolaccedilatildeo da curva
de calibraccedilatildeo (y = 01037 x + 00024 R2 = 09992) a qual foi obtida a partir das
soluccedilotildees de aacutecido gaacutelico (Sigma Chemical Co St Louis USA) que variaram entre
20ndash80120583gmL
3442 Determinaccedilatildeo do teor de polifenoacuteis e taninos totais
Utilizando a equaccedilatildeo da reta foram obtidos os valores de polifenoacuteis totais em
equivalentes miligramas de aacutecido gaacutelico por grama de resiacuteduo seco conforme
expresso na tabela 1
EH FAE
Rf = 089 Rf = 083 Rf = 074 Rf = 069
Rf = 089 Rf = 083 Rf = 074 Rf = 069
93
Tabela 1 - Conteuacutedo de polifenois e taninos totais dos diferentes
extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa
O teor de polifenois e taninos totais foi expresso em mg GAEg de resiacuteduo seco As medias marcadas com () natildeo satildeo significativamente diferentes (plt005)
O conteuacutedo de polifenois totais variou de 495 plusmn 002 a 712 plusmn 003 mg GAEg
de resiacuteduo seco Esses resultados indicam uma alta concentraccedilatildeo desses
componentes nos extratos polares Os conteuacutedos de polifenois foram ateacute cerca de
30 vezes maiores que os valores obtidos no extrato etanoacutelico da madeira de
Hymenaea stigonocarpa obtidos por Oliveira e colaboradores (2010)
344 Anaacutelise por cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE-DAD)
Os extratos e fraccedilotildees EE EH e FA com os maiores conteuacutedos de taninos
foram selecionados para serem analisados por CLAE-DAD O cromatograma desses
extratos e fraccedilotildees eacute mostrado na figura 44
Picos A B C e D presentes em todos os cromatogramas eluidos no tempo
de retenccedilatildeo 29-37 min e absorvidos em 280 nm com um braccedilo proacuteximo a 198 nm e
uma absorccedilatildeo maacutexima entre 290 e 294 nm satildeo sugestivos de derivados de
flavonoides Esses espectros estatildeo de acordo com dados da literatura (MABRY et
al 1970)
O pico B com o tempo de retenccedilatildeo de 31453 minutos foi identificado como
astilbina Essa identificaccedilatildeo foi possiacutevel devido a comparaccedilatildeo entre o espectro de
absorccedilatildeo do EE EH e EH + astilbina com absorccedilatildeo maacutexima de 2903 nm
A onda E com o tempo de retenccedilatildeo entre 39 ndash 48 min parece estar
relacionada a taninos condensados observados neste estudo na anaacutelise por CCD
ExtratosFraccedilotildees Polifenois totais Taninos totais
Ciclohexano (EC) 000 000
Acetato de etila (EAE) 663 plusmn 013 182 plusmn 017
Etanoacutelico (EE) 726 plusmn 004 276 plusmn 010
Aquoso (EA) 495 plusmn 002 146 plusmn 006
Hidroalcooacutelico (EH) 696 plusmn 009 296 plusmn 008
Aquoso (FA) 616 plusmn 003 271 plusmn 005
Acetato de etila (FAE) 712 plusmn 003 200 plusmn 004
94
Figura 44 - Cromatogramas obtidos por CLAEndashDAD de diferentes extratos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
Extrato Hidroalcooacutelico (EH) + Astilbina (98) Extrato Hidroalcooacutelico (EH) Extrato Etanoacutelico (EE) e Fraccedilatildeo Aquosa (FA) obtidos por
CLAE-DAD a 280nm Cada pico cromatograacutefico aparece com seu correspondente tempo de retenccedilatildeo Espectro de UV com padratildeo
derivado de flavonoides (A C e D) e identificado como astilbina (B)
C D B A Peak 4 100 at 2980 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1983
2902
50 at 2967 min 99984
-50 at 2993 min 99986
Peak 5 100 at 3139 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1984
1912 2905
50 at 3126 min 99977
-50 at 3152 min 99995
Peak 6 100 at 3532 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1975
1931
2939
50 at 3520 min 99658
-50 at 3545 min 99665
Peak 7 100 at 3621 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1981
19102943
50 at 3609 min 99932
-50 at 3634 min 99902
HE + Astilbina A
B
C D E
HE
EE
AF
Tempo (min)
Ab
so
rbacircn
cia
(m
AU
)
A
C D E
A B
C D E
E
B
94
95
Apenas monocircmeros e oligocircmeros ateacute tetracircmeros de catequinas e proantocianidinas
podem ser separadas e detectadas como um pico definido (ANDERSEN 2006 PARK
2012) Catequinas polimeacutericas presentes em muitos materiais vegetais natildeo resultam
em picos bem definidos Eles provocam uma deriva na linha de base e a formaccedilatildeo de
ondas caracteriacutesticas nos cromatogramas em CLAE
345 Atividade antibacteriana
Natildeo existe um consenso cientiacutefico sobre os valores de concentraccedilotildees inibitoacuterias
miacutenimas aceitaacuteveis para produtos naturais quando comparados com antibioacuteticos
padrotildees alguns autores consideram somente resultados similares aos de antibioacuteticos
enquanto outros consideram com eficaacutecia mesmo aqueles com niacuteveis de inibiccedilotildees
superiores
Sartoratto et al (2004) propocircs uma classificaccedilatildeo com base nos resultados da
CIM considerando como forte inibiccedilatildeo quando obtida para valores de CIM entre 50 e
500 microgml uma atividade moderada para valores de CIM entre 600 e 1500 microgml e
uma atividade fraca para valores acima de 1500 microgml
No presente estudo foi observado que a atividade antimicrobiana dos extratos
EC EAE EE e EA da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa frente agraves bacteacuterias
Gram negativas apresentaram atividade moderada A CIM para os extratos foi de 1024
microgmL frente agraves espeacutecies de bacilos Gram negativos avaliados
O extrato EC constituiacutedo por terpenos esteroacuteide e cumarina tambeacutem
apresentou moderada inibiccedilatildeo frente os Bacilos Gram negativos avaliados
apresentando valores de CMI de 1024 microgmL para as enterobacterias e bacteacuterias natildeo
fermentadoras Os extratos EAE EE e EA apresentando taninos e flavonoacuteides
apresentaram tambeacutem inibiccedilatildeo moderada sobre as bacteacuterias Gram negativas avaliadas
com valores de CMI de 1024microgmL para as enterobacterias e bacteacuterias natildeo
fermentadoras
Quanto agrave atividade antimicrobiana dos extratos frente agraves bacteacuterias Gram
negativas os extratos apresentaram atividade moderada em relaccedilatildeo a todas as
espeacutecies avaliadas devido a presenccedila de forte carga negativa na parede celular deste
tipo de bacteacuteria em decorrecircncia da presenccedila de lipopolissacariacutedeos (IKIGAI et
al1993) o que dificultaria a interaccedilatildeo dos compostos do extrato com o micro-
96
organismo Fato que natildeo ocorre em bacteacuterias Gram positivas pela diferenccedila na
caracteriacutestica eleacutetrica
Os extratos avaliados frente agrave Staphylococccus aureus e Enterococcus faecalis
apresentaram uma melhor atividade quando comparadas aos bacilos Gram negativos
(tabela 2)
O extrato EC obtido por extraccedilatildeo com ciclohexano constituiacutedo por terpenos
esteroacuteides e cumarina apresentou moderada atividade sobre as cepas de Saureus e
Enterococcus faecalis As CMI foram de 1024 microgmL para Enterococcus faecalis e S
aureus (Tabela 2)
Quanto ao extrato EAE obtido por extraccedilatildeo com acetato de etila como solvente e
constituiacutedo por flavonoacuteides e taninos condensados foi observado uma maior
atividade cujas CIM foram de 512 microgmL para Staphylococcus aureus e
Enterococcus faecalis (tabela 2)
O extrato EE obtido atraveacutes do uso de aacutelcool etiacutelico como liacutequido extrativo
constituiacutedo tambeacutem por flavonoacuteides e taninos condensados apresentou melhor
atividade quando comparada aos dois extratos anteriores cujos valores de CIM
variaram de 128 a 256 gmL para Staphylococcus aureus e foi 256 microgmL para
Enterococcus faecalis (tabela 2)
O extrato EA obtido a partir do uso maceraccedilatildeo utilizando aacutegua como soluccedilatildeo
extrativa foi constituiacutedo por flavonoacuteides e taninos condensados apresentou frente as
cepas avaliadas se comparada ao extrato extratos anteriormente relatados com
valores de CMB e CIM de 512 microgmL para Staphylococcus aureus
O extrato EH obtido por maceraccedilatildeo utilizando etanol aacutegua 50 vv como soluccedilatildeo
extrativa constituiacutedo por flavonoacuteides e taninos condensados natildeo apresentou diferenccedila
significativa (plt005) se comparado ao extrato EE frente agrave Staphylococcus aureus
(tabela 2)
Cepas de Staphylococcus aureus mostraram ser mais susceptiacuteveis aos extratos
EC EAE EE EA e EH sendo este micro-organismo selecionado para os estudos
posteriores
Para avaliarmos que classes de metaboacutelitos secundaacuterios poderiam apresentar
maior atividade antibacteriana frente agraves cepas de Staphylococcus aureus foram
avaliadas as fraccedilotildees FA e FAE obtidos apoacutes particcedilatildeo do extrato EH ricos em taninos
condensados e flavonoacuteides respectivamente
97
Tabela 2 - Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima dos extratos e fraccedilotildees de Hymenaea stigonocarpa frente a cocos Gram-positivos
American Type Culture Collection ATCC Extrato Ciclohexano CE Extrato Acetato de Etila EAE Extrato Etanoacutelico EE Extrato Aquoso AE extrato
Hidroalcooacutelico HE Fraccedilatildeo Aquosa FA Fraccedilatildeo Acetato de Etila FAE oxacillina OXA Teicoplanina TEI Astilbina AST Laboratoacuterio de Fisiologia e
Bioquiacutemica de Micro-organismos LFBM natildeo determinado ND
Cocos Gram positivos Origem Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (microgmL)
EC EAE EE EA EH
FA FAE AST OXA TEI
Staphylococcus aureus ATCC 25293 ATCC 512 512 256 512 128 128 128 1024 012 ND
Staphylococcus aureus ATCC 33591 ATCC 1024 512 256 512 256 256 512 1024 64 ND
Staphylococcus aureus AM 02 Hemocultura 1024 512 256 512 256 125 512 1024 32 ND
Staphylococcus aureus AM 04 Escarro 512 512 128 128 128 128 256 1024 10 ND
Staphylococcus aureus AM 05 Sec Vaginal 512 512 512 512 128 64 512 1024 10 ND
Staphylococcus aureus UFPEDA 01 Escarro 512 512 128 512 64 64 256 1024 012 ND
Staphylococcus aureus AM 13 Hemocultura 512 512 256 512 256 125 256 1024 012 ND
Staphylococcus aureus IC 17 Secreccedilatildeo 512 512 256 512 256 256 256 1024 256 ND
Staphylococcus aureus AM 18 Hemocultura 512 512 256 512 64 64 512 1024 256 ND
Staphylococcus aureus AM 19 Hemocultura 1024 512 256 512 256 128 512 1024 16 ND
Staphylococcus aureus AM 20 Sec Traqueal 1024 512 256 512 256 256 512 1024 80 ND
Staphylococcus aureus AM 21 Sec Traqueal 1024 512 256 512 256 256 512 1024 16 ND
Enterococcus faecalis 245 Hemocultura 1024 512 256 256 256 256 512 1024 ND 80
Enterococcus faecalis 272 Hemocultura 1024 512 256 512 512 256 512 1024 ND 80
Enterococcus faecalis 292 Urina 1024 512 256 512 256 256 512 1024 ND 025
Enterococcus faecalis 335 Hemocultura 1024 512 256 512 256 256 512 1024 ND 40
98
A fraccedilatildeo FA constituiacuteda apenas por taninos condensados (figura 15)
apresentou atividade estatisticamente semelhante aos extratos EE e EH cujo valor
de CMI variou entre 64 e 256 microgmL para cepas MSSA e MRSA (tabela 2)
A fraccedilatildeo FAE rica em flavonoacuteides apresentou uma menor atividade quando
comparada a fraccedilatildeo FA para as cepas MSSA e MRSA (plt005) Os valores de CIM
variaram de 128 a 512 microgmL e 256 a 512 microgmL respectivamente (tabela 2)
Com o objetivo de avaliar a influecircncia da astilbina na atividade antibacteriana
da fraccedilatildeo FAE foi realizada uma avaliaccedilatildeo utilizando um padratildeo de astilbina com
98 de pureza Quando comparada sua resposta ao extrato FAE podemos
concluir que a atividade antimicrobiana natildeo sofre grande influencia dos flavonoacuteides
pois os valores de CMI foram de 1024microgmL na maioria das cepas estudadas tanto
para MRSA como MSSA Apesar da astilbina tambeacutem apresentar atividade
antimicrobiana pois apresentou CIM entre 512microgmL para cepas MSSA e MRSA
(tabela 2)
Apoacutes a avaliaccedilatildeo de todos os extratos obtidos a partir de diferentes extraccedilotildees
foi possiacutevel agrupar os valores de CIM obtidos frente a cepas de Staphylococcus
aureus testadas assim de acordo com a atividade dos extratos observamos a
seguinte sequecircncia de quanto os valores da CMI
Os extratos EC e EAE (apolares) constituiacutedos por terpenos esteroides e
cumarinas foram os menos ativos A atividade frente agrave Staphylococcus aureus
poreacutem eacute relatada quando avaliado o oacuteleo de capim limatildeo (Cymbopogon citrates) rico
em terpenos tais como citral geraniol e myrceno (AIEMSAARD et al 2011)
O mecanismo de accedilatildeo destas substacircncias ainda natildeo eacute completamente
entendido mas especula-se que estaacute envolvido no rompimento de constituinte
lipofiacutelicos das membranas (COWAN 1999) Os terpenos perecem ter muacuteltiplos alvos
na ceacutelula bacteriana dependendo da concentraccedilatildeo utilizada assim como da
composiccedilatildeo do extrato avaliado (AIEMSAARD et al 2011)
Atividades melhores foram obtidas poreacutem pelos extratos mais polares tais
como EA e a fraccedilatildeo FAE mas as melhores atividades foram observadas apoacutes a
avaliaccedilatildeo dos extratos EE EH e FA Avaliando os constituintes destes extratos foi
possiacutevel observar que os extratos com ausecircncia de taninos condensados foram os
menos ativos sendo os mais ativos os que continham essa classe de metaboacutelitos
99
346 Alteraccedilotildees ultraestruturais
Para esta anaacutelise foi utilizado o extrato Hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa A seleccedilatildeo deste extrato natildeo foi apenas devido a sua atividade pois o
extrato etanoacutelico e a fraccedilatildeo aquosa natildeo apresentam diferenccedilas significativas em
relaccedilatildeo a este Aleacutem da atividade antibacteriana o hidroalcooacutelico apresentou mais
faacutecil obtenccedilatildeo menor toxicidade em relaccedilatildeo ao solvente utilizado aleacutem de maior
conteuacutedo de flavonoides metaboacutelitos de grande potencial farmacoloacutegico
Quanto ao micro-organismo avaliado foi utilizada cepa padratildeo de
Staphylococcus aureus ATCC 33591 resistente a meticilina As alteraccedilotildees
provocadas na cepa Staphylococcus aureus ATCC 33591 exposta ao extrato
Hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa presente na concentraccedilatildeo inibitoacuteria
miacutenima e na metade da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima podem ser observadas na
figura 45
O tratamento na metade da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (Figura 45 D a F)
levou ao aparecimento de orifiacutecios na parede celular (OPC) a aparecircncia de parede
parcialmente digerida a esfoliaccedilatildeo na superfiacutecie bacteriana ao espessamento do
septo (ES) e exposiccedilatildeo das amostras da membrana citoplasmaacutetica
O surgimento de pequenos orifiacutecios na parede celular (OPC) ocorre devido agrave
accedilatildeo enzimas bacterianas chamadas autolisinas presentes entre os peptidoglicanos
a fim de permitir a inserccedilatildeo de novas moleacuteculas Em bacteacuterias tratadas com
determinadas classes de agentes antimicrobianos a inserccedilatildeo de peptidoglicano natildeo
acontece Assim os monoacutemeros natildeo satildeo anexados agrave extremidade crescente da
parede celular bacteriana pelas as enzimas transglicosidase e transpeptidase
ocorrendo falhas na parede celular (SANTHANA 2007)
A concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima o extrato hidroalcooacutelico (256 microgml) provocou
alteraccedilotildees em vaacuterias estruturas celulares Foram observados condensaccedilatildeo dos
ribossomos (CR) desligamento parede celular (DPC) divisatildeo anormal da ceacutelula
(DAC) espessamento dos septos (ES) assim como muacuteltiplos septos (MS) presenccedila
de celulas fantasmas (CF) (Figura 45 G a L)
Tambeacutem foram observadas paredes celulares sendo rompidas e danificadas
resultando numa libertaccedilatildeo de materiais celulares para o citoplasma
100
Figura 45 - Imagens da microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus
ATCC 33591 tratada com diferentes concentraccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico de H
stigonocarpa
Ceacutelulas natildeo tratadas (A-C) mostram parede celular (PC) ribossomos (R) e septo (S) da bacteacuteria bem distinta Tratados com extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa na metade da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (D-F) mostram formaccedilatildeo de orifiacutecios na parede celular (OPC) Mesossomos (M) e espessamento da parede celular (EPC) assim como espessamento do septo (ES) Tratados com a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (G-L) mostram condensaccedilatildeo dos ribossomos (CR) desprendimento da parede celular (DPC) espessamento (ES) e muacuteltiplos septos (MS) divisatildeo aberrante da ceacutelula (DAC) ceacutelulas fantasmas (CF) Mesossomos (M) e DNA coagulado (DC) Aumento de A B C E J e K de 30000X e de D F G H e L de 65120X
A B C
D E F
G H I
J L K
OPC OPC
S
R R
R
OPC
MS
M
OPC
C
OP
C
ES
EPC
CR CR
CR CR
DPC
ES
ES
ES
ES
DAC
DAC
S
DAS
CF
M
CR
OPC
OPC
OPC ES
MS
101
Polifenoacuteis podem ligar-se diretamente para parede celular e interferir com a
sua integridade (ZHAO 2001) A falha na inserccedilatildeo de peptidoglicano pode causar na
parede celular o surgimento desses pequenos orifiacutecios (OPC) que satildeo provocados
pelo movimento da moleacutecula de aacutegua a partir do ambiente externo para a regiatildeo
intracelular Isso ocorre devido agrave diferenccedila de pressatildeo osmoacutetica entre os dois
ambientes Se este evento prolongar pode causar a lise das bacteacuterias (SCHITTO
2006)
O espessamento da parede celular e a condensaccedilatildeo dos ribossomos (CR) em
bacteacuterias indica a presenccedila de mecanismos de defesa para manter a pressatildeo
osmoacutetica apoacutes accedilatildeo extrato hidroalcooacutelico Bacteacuterias tambeacutem produzem mais
peptidoglicano para se proteger e desenvolver mesossomos (ME) implicados com a
respiraccedilatildeo celular (SANTHANA 2007)
Alteraccedilotildees nos componentes intracelulares tais como aacutecidos nucleicos
proteiacutenas ribossomos agregados satildeo visualizadas nas figuras 45 G ndash L elas podem
sugerir a expressatildeo possiacuteveis efeitos sobre a funccedilatildeo do DNA girase (ROMANO et
Al 2013) que ficaria impedido de cumprir o sua funccedilatildeo durante a replicaccedilatildeo do
DNA O RNAm que seria liberado a partir do DNA super-enrolamento natildeo poderia
ser enrolado de volta porque a DNA girase estaria imobilizada
Assim as alteraccedilotildees citoloacutegicas observadas por TEM apoacutes o uso de
diferentes concentraccedilotildees do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa demonstram a sua accedilatildeo antibacteriana frente a Staphylococcus
aureus
102
35 CONCLUSOtildeES
Os resultados obtidos permitem constatar que a anaacutelise fitoquiacutemica da casca
do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart revelou a presenccedila de terpenos
esteroacuteides flavonoacuteides cumarinas e taninos condensados sendo os taninos
condensados e os flavonoacuteides os metaboacutelitos majoritaacuterios
Dentre os metaboacutelitos presentes nos extratos de Hymenaea stigonocarpa
avaliados por CLAE-DAD foram observados quatro picos correspondentes a
flavonoides um deles foi eacute sugestivo de astilbina de acordo com o tempo de
retenccedilatildeo e o espectro de UV
Quanto agrave avaliaccedilatildeo botacircnica pocircde-se observar que os siacutetios de
armazenamento dos taninos na casca do caule de Hymenaea stigonocarpa satildeo
feloderme parecircnquima cortical e floema em amostras de indiviacuteduos jovens e adultos
e que a casca do caule de ramos jovens pode servir como fonte para obtenccedilatildeo de
taninos condensados
Quanto agrave atividade antibacteriana todos os extratos obtidos apresentam
atividade moderada frente a Bacilos Gram negativos como tambeacutem a fraccedilatildeo rica em
terpenos esteroacuteides e cumarinas frente agraves bacteacuterias Gram positivas O micro-
organismo Staphylococcus aureus foi das bacteacuterias Gram positivas avaliadas a
mais suscetiacutevel agrave accedilatildeo dos extratos sendo os extratos que continham taninos
condensados os que apresentaram as melhores atividades Dentre os extratos com
maiores teores de taninos condensados a fraccedilatildeo aquosa e os extratos etanoacutelico e
hidroalcooacutelicos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas quanto agrave atividade
antibacteriana sendo o extrato hidroalcooacutelico selecionado por ser o de mais faacutecil
obtenccedilatildeo
O extrato Hidroalcooacutelico avaliado na concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima e na
metade da CIM levou a alteraccedilotildees ultraestruturais da parede celular septo e
citoplasma de Staphylococcus aureus ATCC 33591
103
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111
4 ASSOCIACcedilAtildeO DO EXTRATO HIDROALCOOacuteLICO DA CASCA DO CAULE DE
Hymenaea stigonocarpa MART EX HAYNE COM AGENTES ANTIMICROBIANOS
FRENTE A CEPAS DE Staphylococcus aureus RESISTENTES A METICILINA
(MRSA)
41 INTRODUCcedilAtildeO
Os antibioacuteticos satildeo uma das mais importantes armas no combate agraves
infecccedilotildees bacterianas No entanto ao longo das uacuteltimas deacutecadas seus benefiacutecios agrave
sauacutede estatildeo sob ameaccedila pois muitos antibioacuteticos tornaram-se cada vez menos
eficazes devido ao aparecimento de bacteacuterias resistentes (RAKHOLIYA et al 2012)
Staphylococcus aureus resistente agrave meticilina (MRSA) eacute um microrganismo
patogecircnico nosocomial de ampla disseminaccedilatildeo e a sua prevalecircncia na comunidade
tem sido tambeacutem relatada Existem publicaccedilotildees abordando o surgimento de cepas
de MRSA mostrando resistecircncia a vaacuterios outros agentes antimicrobianos Desta
forma o desenvolvimento de tal multirresistecircncia resultou em uma limitaccedilatildeo
terapecircutica e num prognoacutestico desfavoraacutevel para o paciente (CATAtildeO et al 2013)
Considerando-se o fato da resistecircncia de cepas MRSA agrave muacuteltiplas drogas
estudos que buscam avaliar as propriedades antibacterianas de plantas superiores
contra microrganismos resistentes satildeo incentivados pelos oacutergatildeos puacuteblicos de todo
mundo (MANDAL et al 2010)
O sinergismo entre agentes antimicrobianos convencionais e os compostos
bioativos de plantas eacute uma metodologia que tem sido amplamente estudada para
bloquear o desenvolvimento da multirresistecircncia A terapia com associaccedilatildeo de
drogas na maior parte das vezes eacute beneacutefica para o paciente portador de infeccedilotildees de
difiacutecil tratamento (OKOYE et al 2013) Vaacuterios estudos tecircm relatado efeitos
sineacutergicos com reduccedilatildeo significativa nas concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas (CIM)
dos antibioacuteticos resultante da combinaccedilatildeo de diferentes antibioacuteticos com diferentes
extratos brutos de plantas (ADWAN et al 2010)
Diversos estudos tecircm investigado as interaccedilotildees entre antibioacuteticos e extratos
brutos contra Staphylococcus aureus multidroga resistente (GIBBONS 2004
ROCCARO et al 2004 FUJITA et al 2005 HATANO et al 2005 KITAHARA et al
2006 BETONI et al 2006 ESIMONE et al 2006 ADWAN et al 2008 PESEWU et
al 2008)
112
A abordagem natildeo eacute exclusiva para combinaccedilotildees de extratos mas tambeacutem
combinaccedilotildees entre metaboacutelitos secundaacuterios isolados e oacuteleos essenciais com
agentes antimicrobianos (HEMAISWARYA et al 2008 WAGNER MERZENICH
2009) Aleacutem de atingir efeitos sineacutergicos associaccedilotildees de dois ou mais compostos
satildeo utilizados pelas seguintes razotildees (1) para prevenir o surgimento de cepas
resistentes (2) para diminuir a dose-toxica relacionada (3) para atingir o amplo
espectro de atividade (TAMA et al 2012)
No presente estudo foi avaliada a interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de
Hymenaea stigonocarpa e antibioacuteticos beta-lactacircmicos e fluoroquinolonas frente a
S aureus multidroga resistentes
411 A evoluccedilatildeo da resistecircncia de Staphylococcus aureus aos agentes
antimicrobianos
O gecircnero Staphylococcus pertencente agrave famiacutelia Micrococcaceae eacute composto
de 33 espeacutecies 17 das quais podem ser isoladas de amostra bioloacutegica humana Os
estafilococos satildeo geralmente encontrados na pele e em mucosas de humanos e de
outros animais (MENEGOTTO PICOLI 2007)
A utilizaccedilatildeo indiscriminada de antimicrobianos provocou um aumento no
aparecimento de cepas resistentes especialmente agravequelas isoladas nos ambientes
hospitalares (DAVIES DAVIES 2010)
Desde 1961 as cepas de Staphylococcus aureus resistentes a meticilina
(MRSA) vecircm sendo associado agraves infecccedilotildees relacionadas aos cuidados em sauacutede e
tem se tornado causa do aumento da relaccedilatildeo morbidademortalidade em pacientes
hospitalizados (MULLIGAN 1993 LIVERMORE et al 2003 SANTOS et al 2007)
Wang e Barrett (2007) relataram que os surtos de infecccedilatildeo por MRSA tecircm
sido frequentes em unidades de terapia intensiva e apresenta uma ameaccedila agrave
sobrevivecircncia de pacientes imunocomprometidos
Os primeiros relatos de surtos de infecccedilatildeo hospitalar provocadas por MRSA
foram documentados no Reino Unido que rapidamente emergiram em outros paiacuteses
da Europa sendo na ocasiatildeo isoladas no Japatildeo Estados Unidos e Austraacutelia (TARAI
et al 2013)
Na deacutecada de 80 no Japatildeo os casos de infecccedilatildeo nosocomial decorrentes de
MRSA tornaram-se um problema de sauacutede puacuteblica sendo que 50 a 70 dos casos
113
de infecccedilatildeo nosocomial causados por cepas de S aureus apresentaram resistecircncia
agrave meticilina (ANDO et al 2004) acarretando na extensa utilizaccedilatildeo de cefalosporinas
de terceira geraccedilatildeo (ITO HIRAMATSU 1998) No Reino Unido MRSA eacute o agente
etioloacutegico mais frequentemente isolado de infecccedilotildees nosocomiais e eacute responsaacutevel
por 15 das infecccedilotildees hospitalares adquiridas custando cerca de 1 bilhatildeo de libras
ao Serviccedilo Nacional de Sauacutede por ano (CEPEDA et al 2005)
O programa de vigilacircncia antimicrobiana SENTRY na Ameacuterica Latina
vinculado ao laboratoacuterio Bristol-Myers Squibb revelou um aumento na prevalecircncia de
MRSA entre infecccedilotildees estafilocoacutecicas em centros meacutedicos de 338 em 1997 para
402 em 2006 sendo esses dados fortemente influenciados por paiacuteses
especiacuteficos com 41 das cepas de MRSA coletados provenientes do Brasil (MEJIacuteA
2010)
A colonizaccedilatildeo por MRSA eacute comum tanto em pacientes hospitalizados quanto
pacientes comunitaacuterios Uma determinada populaccedilatildeo satilde pode servir como
reservatoacuterio para esse micro-organismo (DURAI et al 2010) De acordo com Witte e
MIELKE (2007) cerca de 30 da populaccedilatildeo mundial pode estar hospedando cepas
de MRSA Morita et al (2007) detectaram a presenccedila de cepas de MRSA nas
fossas nasais de 3 dos pacientes analisados
As cepas de MRSA apresentam fenoacutetipo de resistecircncia natildeo somente aos
beta-lactacircmicos mas tambeacutem a fluoroquinolonas cloranfenicol clindamicina
tetraciclina e aminoglicosiacutedeos (CLSI 2012) Os glicopeptideos vancomicina e
teicoplanina satildeo utilizados para o tratamento de infecccedilotildees causadas por MRSA no
entanto modificaccedilotildees na terapecircutica mostram-se necessaacuterias devido a intoleracircncia
por parte dos pacientes ou falha no tratamento por seleccedilatildeo de cepas resistentes A
resistecircncia de MRSA aos glicopeptideos pode estar relacionada ao espessamento
da parede celular com reduccedilatildeo da permeabilidade e da atividade autoliacutetica (THATI et
al 2011)
As cepas de MRSA estatildeo se tornando resistentes a vancomicina resultando
em trecircs cepas adicionais resistentes ao antimicrobiano S aureus vancomicina
intermediaacuterio S aureus vancomicina intermediaacuterio heterogecircneo (duas
subpopulaccedilotildees uma sensiacutevel e outra resistente a vancomicina coexistindo numa
mesma cultura) S aureus vancomicina resistente (DURAI et al 2010) As cepas de
MRSA com resistecircncia intermediaacuteria e heterogecircnea a vancomicina podem se tornar
totalmente resistentes durante infecccedilotildees persistentes em que haacute falha na resposta
114
ao tratamento com glicopeptideos com significativas mudanccedilas de fenoacutetipo
(MOORE et al 2003 TENOVER et al 2005)
A uacutenica forma de se detectar uma cepa de Staphylococcus aureus com
resistecircncia intermediaacuteria agrave vancomicina eacute por meio da anaacutelise de suas
subpopulaccedilotildees em que satildeo inoculadas diferentes diluiccedilotildees de uma suspensatildeo
bacteriana em meio de cultura soacutelido adicionado de concentraccedilotildees crescentes de
vancomicina (SANTOS et al 2007)
Melo e colaboradores (2005) relataram que na cidade de Uberlacircndia Brasil
9 de 41 pacientes portadores de cepas MRSA em tratamento com vancomicina
desenvolveram resistecircncia heterogecircnea e um dos isolados apresentou uma
Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (CIM) da ordem de 8microgmL A quantidade de cepas
MRSA tem crescido limitando as alternativas terapecircuticas para seu controle
(PESAVENTO et al 2007)
4111 Staphylococcus aureus RESISTENTES A METICILINA
Cepas de S aureus podem se tornar MRSA a partir da aquisiccedilatildeo do gene
mecA que codifica a proteiacutena ligadora de penicilina (PBP2a) presente em sua
parede celular apresentando dessa forma baixa afinidade a meticilina bem como
aos antimicrobianos betalactacircmicos (BANSAL et al 2013) Esta resistecircncia
promovida por MRSA estaacute na expressatildeo do cassete gecircnico SCCmec Esse gene eacute
definido pela combinaccedilatildeo do tipo de gene das ccrs recombinases responsaacuteveis pelo
complemento e a classe do complexo mecA (MIMICA 2011 UDO et al 2013)
O cassete gecircnico SCCmec tipos I II e III associados a infecccedilotildees
nosocomiais tecircm como caracteriacutestica a resistecircncia a muacuteltiplos antimicrobianos aleacutem
dos betalactacircmicos como os macroliacutedeos aminoglicosiacutedeos tetraciclinas
rifampicina e quinolonas (NORIEGA SEAS 2010)
Uma estrateacutegia empregada para vencer a resistecircncia bacteriana eacute a
combinaccedilatildeo de agentes antimicrobianos sendo os inibidores das beta-lactamases
satildeo administrados como co-droga Quanto a esta estrateacutegia a mais bem sucedida
que tem sido adotada para inibir as beta-lactamases eacute atraveacutes da administraccedilatildeo do
com drogas associadas a substacircncias tais como o aacutecido clavulacircnico ao sulbactam e
ao tazobactam mas a frequente utilizaccedilatildeo do clavulanato tem favorecido ao
surgimento de cepas bacterianas resistentes (WATKINS et al 2013)
115
412 Associaccedilotildees entre metaboacutelitos secundaacuterios e agentes antimicrobianos
Metaboacutelitos secundaacuterios satildeo considerados uma fonte promissora para a
terapia antimicrobiana seja ela combinada ou natildeo Vaacuterios metaboacutelitos secundaacuterios
atuam como modificadores da resistecircncia bacteriana agindo em pontos especiacuteficos
da ceacutelula procarioacutetica potencializando o efeito do antimicrobiano sinteacutetico
(CHOVANOVAacute et al 2013)
A modificaccedilatildeo no perfil da resistecircncia bacteriana apoacutes a associaccedilatildeo dos
metaboacutelitos secundaacuterios aos agentes antibacterianos pode ocorrer a partir de
diferentes mecanismos tais como a inibiccedilatildeo das bombas de efluxo (HANDZLIK et al
2013) de enzimas que degradam os antimicrobianos (SOLANKI
SELVANAYAGAM 2013) da atividade ou da produccedilatildeo de receptores que sofreram
mutaccedilotildees (HEMAISWARYA et al 2008) e aumento da permeabilidade da parede
celular permitindo que os antibioacuteticos tenham acesso a alvos citoplasmaacuteticos
(OLAJUYIGBE amp AFOLAYAN 2013)
Vaacuterios estudos comprovam que uso combinado de antibioacuteticos e polifenois
pode aumentar a atividade antimicrobiana atraveacutes de interaccedilotildees sineacutergicas
(BANSAL et al 2013)
Dentro deste contexto surge o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa espeacutecie popularmente conhecido como jatobaacute-do-cerrado que
apresenta grande concentraccedilatildeo de polifenois e comprovada atividade frente a cepas
de Staphylococcus aureus de diferentes perfis de resistecircncia
116
42 OBJETIVOS
O objetivo geral e os especiacuteficos deste estudo estatildeo descritos a seguir
421 Objetivo geral
Avaliar a interaccedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico obtido a partir da casca do caule
de Hymenaea stigonocarpa e agentes antimicrobianos frente a cepas de
Staphylococcus aureus multidroga resistentes
422 Objetivos especiacuteficos
Determinar a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida
miacutenima (CBM) do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa bem
como dos agentes antimicrobianos
Avaliar a interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa e
agentes antimicrobianos de diferentes classes frente a cepas de
Staphylococcus aureus MRSA
Observar as alteraccedilotildees ultraestruturais causadas pela associaccedilatildeo
extratoagente antimicrobiano que apresentou maior efeito sineacutergico frente agraves
cepas de Staphylococcus aureus (extrato Oxacilina)
117
43 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A seguir estatildeo descritos os materiais e meacutetodos utilizados para a realizaccedilatildeo
deste estudo
431 Material vegetal
Cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne foram
coletadas em outubro de 2009 na Fazenda Refuacutegio localizada na cidade de
Camocim de Satildeo Feacutelix Pernambuco (de latitude 8deg213000S e longitude
35deg475670O)
A identificaccedilatildeo foi realizada pela botacircnica do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco Dra A Bocage sendo a excicata depositada sob o nuacutemero 53563 no
Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima pertencente ao mesmo instituto As cascas do
caule foram submetidas agrave secagem em estufa a uma temperatura de 40degC durante
72h em seguida pulverizadas em moinho de martelos (Tigre ASN5) e estocada em
frascos a temperatura ambiente
432 Procedimentos extrativos
Cerca de 20 g de amostra triturada da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa foi submetida agrave uma extraccedilatildeo por maceraccedilatildeo em 200 mL da soluccedilatildeo
hidroalcooacutelica por um periacuteodo de 72h em frasco acircmbar e em temperatura ambiente
(23 plusmn 1 ordmC) com agitaccedilatildeo manual e ocasional a cada 12h Apoacutes este periacuteodo a
soluccedilatildeo foi filtrada em papel de filtro (Whatmann no 2)
Posteriormente o extrato foi concentrado em rota evaporador obtendo-se
assim um extrato seco que foi utilizado para avaliaccedilatildeo da atividade anti-
estafilocoacutecica
433 Determinaccedilatildeo da atividade anti- estafilocoacutecica in vitro
Para determinaccedilatildeo da atividade anti-estaficoacutecica in vitro frente foram
realizadas os procedimentos descritos a seguir
118
4331 Agentes antimicrobianos
Os agentes antimicrobianos foram selecionados com base na publicaccedilatildeo do
manual do ano de 2012 do instituto americano Clinical and Laboratory Standards
Institute (CLSI) que divide os agentes antimicrobianos em diferentes grupos de
acordo com os ensaios frente agraves diferentes espeacutecies de bacteacuterias e os siacutetios
corpoacutereos do isolamento
Neste estudo foram utilizadas cepas de Staphylococcus aureus com
diferentes perfis de resistecircncia previamente determinados por difusatildeo em meio
soacutelido desta forma foram selecionados antimicrobianos de diferentes classes para
realizaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo
Os agentes antimicrobianos penicilina oxacilina e claritromicina presentes
no grupo A satildeo indicados para os testes de rotina Aleacutem desses foram avaliados
vancomicina e linezolide pertencentes ao grupo B indicados quando os micro-
organismos satildeo resistentes aos antimicrobianos do grupo A Tambeacutem foram
avaliados agentes antimicrobianos que devem ser testados frente a cepas
endecircmicas resistentes a drogas do grupo A (grupo C) sendo entatildeo utilizados
ciprofloxacino e gentamicina
Aleacutem seguir os criteacuterios do CLSI os agentes antimicrobianos foram
selecionados de acordo com o seu mecanismo de accedilatildeo microbiano
Os agentes antimicrobianos selecionados foram β-lactacircmicos glicopeptideos
aminoglicosiacutedeos macroliacutedeos fluoroquinolonas e ozaxolidinonas Os antibioacuteticos β-
lactacircmicos e glicopeptideos inibem a siacutentese da parede celular Os aminoglicosiacutedeos
e macroliacutedeos e ozaxolidinonas inibem a siacutentese proteica sendo os
aminoglicosiacutedeos na porccedilatildeo 30S do ribossomo e os macroliacutedeos e oxazolidinonas
na porccedilatildeo 50S As fluoroquinolonas agem por inibiccedilatildeo da atividade da enzima DNA-
girase (Goodman Gilmans 2008)
Os agentes antimicrobianos foram adquiridos das seguintes empresas
Penicilina (Laboratoacuterio Teuto Brasileiro SA) oxacilina e vancomicina (Novafarma
Induacutestria Farmacecircutica) linezolida (Laboratoacuterios Pfizer LTDA) gentamicina
(Hipolabor Farmacecircutica LTDA) e claritromicina e ciprofloxacino (Eurofarma
Laboratoacuterio do Brasil LTDA)
119
4332 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees
O extrato hidroalcooacutelico (10 mg) foi pesado e solubilizado em sistema
composto de etanolaacutegua (11 vv) obtendo-se assim soluccedilatildeo estoque padronizadas
em 1024 microgmL Os agentes antimicrobianos foram solubilizados em aacutegua destilada
esterilizada de forma a obter uma soluccedilatildeo estoque de 2048 microgmL
4333 Micro-organismos
Os micro-organismos utilizados para a realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo antimicrobiana
dos extratos de Hymenaea stigonocarpa foram mantidos no Laboratoacuterio de Fisiologia
e Bioquiacutemica de Micro-organismos do Departamento de Antibioacuteticos da UFPE
Foram utilizados neste estudo os seguintes micro-organismos Staphylococcus
aureus (ATCC 25923 e ATCC 33591 LFBM13 IC17 UFPEDA 01 AM 13 AM 18
AM 19 AM 20 AM 21 e AM 24)
4334 Preparaccedilatildeo do inoacuteculo
As culturas de S aureus foram preparadas em caldo Mueller Hinton e
incubadas por 24 horas Apoacutes o periacuteodo de incubaccedilatildeo estas culturas foram
padronizadas em 108 UFCmL utilizando o tubo 05 da escala de Mac Farland e em
seguida diluiacutedas em soro fisioloacutegico a fim de obter um inoacuteculo final de 107 UFCmL
4335 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo
bactericida miacutenima (CMB)
A Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (MIC) foi determinada pelo meacutetodo de
microdiluiccedilatildeo em caldo seguindo as recomendaccedilotildees estabelecidas pela Clinical
Laboratory Standards Institute (CLSI 2012) com algumas modificaccedilotildees Os ensaios
foram realizados em microplacas esteacutereis de 96 poccedilos com fundo em forma de ldquoUrdquo
Inicialmente as soluccedilotildees estoque dos extratos e dos agentes antimicrobianos
foram esterilizadas por filtraccedilatildeo atraveacutes de membrana de porosidade de 022 microm
Miliporereg Um volume de 200 microL foi adicionado nos poccedilos de 1 a 12 referente a linha
120
A Os demais poccedilos foram preenchidos inicialmente apenas com 100 microL de caldo
Mueller-Hinton
Uma transferecircncia de 100microL foi realizada do conteuacutedo dos poccedilos da linha A
para os da linha B e assim sucessivamente ateacute a linha H sendo desprezados os
uacuteltimos 100 microL obtendo-se desta forma concentraccedilotildees decrescentes Para o extrato
foram avaliadas concentraccedilotildees de 1024 a 8 gmL e para os agentes
antimicrobianos de 2048 a 006 microgmL em placas distintas
Apoacutes a diluiccedilatildeo dos agentes antimicrobianos 5 microL das suspensotildees
bacterianas foram inoculados obtendo-se em cada poccedilo uma concentraccedilatildeo final de
104 UFCpoccedilo As microplacas foram incubadas em estufa bacterioloacutegica a 37degC por
24 horas A determinaccedilatildeo da viabilidade dos micro-organismos foi verificada atraveacutes
da adiccedilatildeo de uma soluccedilatildeo aquosa a 05 de cloridrato de 235 trifeniltetrazoacutelio
(TTC) As microplacas foram novamente incubadas por mais trecircs horas a 37degC
Apoacutes esse intervalo de tempo a leitura da placa foi realizada a presenccedila de uma
coloraccedilatildeo vermelha nos poccedilos foi interpretada como prova negativa do efeito
inibitoacuterio dos agentes antimicrobianos ou seja houve crescimento bacteriano
enquanto que a ausecircncia de cor foi considerada prova positiva da accedilatildeo
antimicrobiana dos extratos
A menor concentraccedilatildeo dos agentes antimicrobianos capaz de inibir o
crescimento visiacutevel das cepas de S aureus foi verificada e definida como
Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima (CIM)
Para a Determinaccedilatildeo da Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima (CBM) as
concentraccedilotildees mais altas que a CIM foram semeadas em Mueller Hinton Agar e
incubadas por 24 horas a 37˚C
A CMB foi definida como a menor concentraccedilatildeo dos agentes antimicrobianos
em que 999 da populaccedilatildeo foram inviabilizadas Todos os experimentos foram
realizados em duplicata em dias diferentes
4336 Avaliaccedilatildeo in vitro da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymeneae
stigonocarpa com agentes antimicrobianos
O estudo da interaccedilatildeo entre o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa e os agentes antimicrobianos foi realizado de acordo com o meacutetodo do
tabuleiro de xadrez (LORIAN 1996) Para este estudos foram selecionadas as
121
cepas de Staphylococcus aureus que se apresentaram mais resistentes aos
antimicrobianos avaliados (AM 13 AM 18 AM 24 ATCC 33591)
Com base nos valores da CIM foram preparadas soluccedilotildees em caldo Mueller
Hinton do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa e dos agentes
antimicrobianos de forma a obter concentraccedilotildees de 05 ateacute 0016 da CIM e de 05 a
0002da CIM respectivamente (Figura 1) Nos poccedilos das placas de microdiluiccedilatildeo
foram pipetados 100 microL do extrato e 100 microL do agente antimicrobiano
Figura 46 ndash Representaccedilatildeo do meacutetodo do tabuleiro de xadrez
Cada poccedilo foi inoculado com 5 microL da suspensatildeo bacteriana padronizada em
107 UFCmL
A interaccedilatildeo entre os agentes antimicrobianos e o extrato hidroalcooacutelico de
Hymenaea stigonocarpa foi determinada pelo Iacutendice da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria
Fracionada (FICI) a partir da seguinte equaccedilatildeo FICI = (CIM da associaccedilatildeo do extrato
hidroalcooacutelico de H stigonocarpa com agente antimicrobianoCIM do extrato
hidroalcooacutelico de H stigonocarpa) + (CIM da associaccedilatildeo agente antimicrobiano com
extrato hidroalcooacutelico de H stigonocarpa CIM do agente antimicrobiano)
Valores do FICI le 05 foram interpretados como uma interaccedilatildeo sineacutergica total
05 lt FICI le 075 um sinergismo parcial Uma interaccedilatildeo indiferente quando os
valores do FICI foram entre 075 lt FICI le 20 e um efeito antagocircnico quando FICI foi
maior que 20 (FADLI et al 2012)
A partir dos resultados dos Iacutendices da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Fracionada
individual foram construiacutedos isobologramas (KROGSTAD MOELLERING 1991)
122
434 Determinaccedilatildeo de alteraccedilotildees ultraestruturais por microscopia eletrocircnica
de transmissatildeo
Para esta avaliaccedilatildeo foi selecionado Staphylococcus aureus cepa 24 por ser a
mais sensiacutevel a accedilatildeo das associaccedilotildees bem como a associaccedilatildeo de maior efeito
sineacutergico
Uma suspensatildeo padronizada de Staphylococcus aureus AM 24 em 107
UFCmL foi cultivadas em caldo Muller Hinton (grupo controle) e em caldo
adicionado do extrato hidroalcooacutelico a 256 microgmL (CIM) em caldo adicionado de
oxacilina 256 microgmL (CIM) e em caldo adicionado da associaccedilatildeo extrato
hidroalcooacutelico 32 microgmL e oxacilina 64 microgmL (concentraccedilotildees sineacutergicas)
As culturas foram incubadas a 37degC por 24 horas Essas culturas foram
centrifugadas e os precipitados fixados em paraformaldeiacutedo 4 e glutaraldeido 25
em 01 M de tampatildeo cacodilato de soacutedio (pH 72) por 4 horas a temperatura de 23 plusmn
1ordmC
Os precipitados foram lavados e centrifugados por 10 minutos no mesmo
tampatildeo e esse procedimento repetido por trecircs vezes Posteriormente os precipitados
foram poacutes-fixados em tetroxido de oacutesmio 2 ferrocianida de potaacutessio 08 e cloreto
de caacutelcio 5M em tampatildeo cacodilato de soacutedio 01M por 1 hora e lavada em tampatildeo
cacodilato de soacutedio
As amostras foram desidratadas utilizando gradiente de soluccedilotildees de acetona
que variou de 30 a 100 em seguida adicionadas agrave resina Epon 812 (Sigma
EUA) Em seguida seccedilotildees ultrafinas foram obtidas atraveacutes de um ultramicrotomo
(Leica UC6) coradas com uranil acetato e citrato de chumbo e examinado em
microscoacutepio eletrocircnico de transmissatildeo marca Morgani-FEIreg (Eindhoven Holanda)
123
44 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Staphylococcus aureus eacute comumente associado a infecccedilotildees hospitalares e
comunitaacuterias Atualmente medidas para controlar as infecccedilotildees por S aureus satildeo
desafiadas por um grande e continuando aumento na prevalecircncia de S aureus
resistentes a meticilina em todo mundo (ASAAD QURESHI 2013)
A maior parte da literatura mundial mostra que Staphylococcus aureus eacute um
dos principais patoacutegenos responsaacuteveis por uma seacuterie de infecccedilotildees em ambientes
hospitalares com consideraacutevel morbidade e mortalidade (VALAPERTA et al 2010)
Os valores da CIM e CBM do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa e dos agentes antimicrobianos frente agrave onze cepas de Staphylococcus
aureus estatildeo apresentados na tabela 3 O extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa mostrou atividade frente a todas as cepas de S aureus com valor de
CIM de 256 microgmL
O extrato hidroalcooacutelico eacute considerado de uma forte atividade pois de acordo
com Sartoratto e colaboradores (2004) um extrato tem uma atividade antimicrobiana
forte quando os valores da CIM estatildeo entre 50 e 500 microgmL moderada CIM entre
600 e 1500 microgmL e fraca para valores acima de 1500 microgmL
A terapia anti-MRSA eacute limitada ao uso de glicopeptideos (vancomicina
teicoplanina) oxazolidinas (linezolide) e estreptograminas (quinupristinandash
dalfopristina) (LIU et al 2011) Contudo a emergecircncia de cepas de S aureus com
resistecircncia intermediaacuteria (VISA) ou resistentes (VRSA) agrave vancomicina tem sido
descritas em todo o mundo como tambeacutem no Brasil (MIMICA et al 2006) Sendo o
primeiro caso de Staphylococcus aureus resistente agrave vancomicina descrito em junho
de 2002 nos Estados Unidos (CHANG et al 2003)
Nos uacuteltimos anos tem ocorrido um crescente interesse da comunidade
cientiacutefica pelas plantas medicinais por apresentarem potenciais terapecircuticos e
econocircmicos visados especialmente pela induacutestria farmacecircutica que realiza a
prospecccedilatildeo de novos produtos com menos efeitos indesejaacuteveis do que os faacutermacos
jaacute existentes (ROCHA et al 2013)
Todas as cepas apresentaram-se resistentes agrave penicilina com valores de CIM
variando entre 025 e 64 microgmL
As cepas de Staphylococcus aureus ATCC 25923 AM 02 AM 05 e UFPEDA
01 mostraram-se sensiacuteveis a oxacilina (MSSA) com valores de CIM iguais a 0125
124
microgmL As cepas de Staphylococcus aureus ATCC 33591 AM 13 AM 18 AM 19
AM 20 AM 21 e AM 24 foram classificadas como MRSA pois os valores de CIM
variaram de 80 e 256 microgmL
Todas as cepas de Staphylococcus aureus avaliadas neste estudo
mostraram-se sensiacuteveis agrave vancomicina cujos valores de CIM variaram de 0125 e
025 microgmL Todas as cepas apresentaram um perfil de sensibilidade a linezolida
semelhante ao da vancomicina e a CIM variou de 025 e 20 microgmL Devido agrave
sensibilidade das cepas de Staphylococcus aureus agrave vancomicina e a linezolida
estes antimicrobianos natildeo foram selecionados para a segunda parte do nosso
estudo
De acordo com o que preconiza o CLSI 2012 antibioacuteticos β-lactacircmicos
inibidores de beta-lactamase carbapenecircmicos e cefalosporinas exceto agravequelas de
uacuteltima geraccedilatildeo) poderatildeo apresentar in vitro atividade frente a cepas MRSA mas
esta atividade natildeo se confirma in vivo Diante deste fato outros beta-lactacircmicos natildeo
foram incluiacutedos neste estudo
Plantas e seus metaboacutelitos secundaacuterios satildeo uma fonte promissora para
fornecer compostos bioativos estruturalmente diversos com potencial accedilatildeo
terapecircutica incluindo antimicrobiana (COWAN et al 1999 WINK et al 2012)
Quanto agrave espeacutecie Hymenaea stigonocarpa os extratos com maiores teores
de polifenois principalmente taninos condensados foram os que apresentam maior
atividade antibacteriana (DIMECH et al 2013)
Quando foram avaliadas as Concentraccedilotildees Inibitoacuterias Miacutenimas (CIM) dos
agentes antimicrobianos que inibem a siacutentese proteica diferentes perfis de
suscetibilidade das cepas de Staphylococcus aureus foram observados quando
comparados a linezolida Embora gentamicina e claritromicina inibam a siacutentese
proteica em receptores nas porccedilotildees 30S e 50S respectivamente os siacutetios de accedilatildeo
dessas moleacuteculas nessas subunidades satildeo diferentes dos da linezolida levando a
diferentes respostas (GOODMAN GILMANS 2008)
Gentamicina apresentou-se ativa frente agraves cepas de S aureus UFPEDA 01
AM 02 AM 20 Jaacute as cepas de S aureus AM 05 ATCC 33591 ATCC 25932 AM 13
AM 18 AM 19 AM 21e AM 24 mostraram-se resistentes a gentamicina cujos valores
de CIM variaram de 025 a 256 microgmL
125
Tabela 3 ndash CIM e CBM do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa e de agentes antimicrobianos frente cepas de
Staphylococcus aureus com diferentes perfis de resistecircncia
Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima CIM concentraccedilatildeo bactericida miacutenima CBM American Type Culture Collection ATCC extrato Hidroalcooacutelico EH oxacillina OXA
ciprofloxacino CIP gentamicina GET penicillina PEN Claritromicina CLA vancomicina VAN e linezolida LIN Criteacuterio de interpretaccedilatildeo CIM Penicilina (le 012
sensiacutevel ge 025 Resistente) Oxacilina (le 20 sensiacutevel ge 40 Resistente) Ciprofloxacino (le 10 sensiacutevel ge 40 Resistente) Gentamicina (le 0125 sensiacutevel ge 025
Resistente) Claritromicina (le 20 sensiacutevel ge 80 Resistente) Vancomicina (le 20 sensiacutevel ge 160 Resistente) e Linezolide (le 40 sensiacutevel ge 80 Resistente) Fonte
(CLSI 2012)
Staphylococcus aureus
CIM CBM (microgml)
EH PEN OXA CIP GEN CLA VAN LIN
ATCC 25923 256 256 025 025 0125 025 025 025 025 025 10 10 05 05 10 10
UFPEDA 01 256 256 05 10 0125 025 025 025 0125 025 05 05 025 025 025 025
AM 02 256 256 32 64 0125 0125 025 05 0125 025 20 40 05 05 05 05
AM 05 256 256 025 05 10 025 025 05 025 025 20 20 05 05 10 10
ATCC 33591 256 256 64 64 64 128 0125 0125 20 20 2048 2048 0125 025 10 10
AM 13 256 256 32 64 256 512 64 128 64 64 2048 2048 025 025 10 10
AM 18 256 256 64 64 128 256 64 128 128 256 2048 2048 025 05 10 10
AM 19 256 256 8 16 16 128 025 05 05 05 40 80 025 05 20 20
AM 20 256 256 8 16 8 16 40 80 0125 025 2048 2048 0125 025 10 10
AM 21 256 256 16 16 16 16 40 80 05 05 2048 2048 0125 0125 10 10
AM 24 256 256 32 32 256 256 64 128 256 512 2048 4096 0125 0125 10 20
12
5
126
Todas as cepas de S aureus apresentaram-se resistentes agrave claritromicina
exceto S aureus ATCC 25923 AM 02 AM 05 UFPEDA 01 e AM 19 que mostrou
resistecircncia intermediaacuteria
Ciprofloxacino foi capaz de inibir o crescimento das cepas de S aureus ATCC
25932 UFPEDA 01 AM 02 AM 05 ATCC 33591 e AM 19 mas mostrou-se ineficaz
frente a S aureus AM 13 AM 18 AM 20 AM 21 e AM 24
Estes resultados serviram de base para selecionar as cepas de S aureus
ATCC 33591 AM 13 AM 18 E AM 24 para o proacuteximo estudo
Os valores das concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas e dos iacutendices de
concentraccedilatildeo inibitoacuteria fracionada (FICI) obtidos apoacutes associaccedilatildeo do extrato
hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa com penicilina oxacilina ciprofloxacino
claritromicina ou gentamicina frente a cepas de S aureus ATCC 33591 AM 13 AM
18 e AM 24 estatildeo apresentados na tabela 4
Concentraccedilotildees sub-inibitoacuterias do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa (le 128μgmL) aumentaram a atividade de todos os agentes
antimicrobianos frente a cepas de MRSA
A atividade sineacutergica foi observada pela reduccedilatildeo dos valores da concentraccedilatildeo
inibitoacuteria miacutenima em todas as associaccedilotildees do extrato com os agentes
antimicrobianos e pelo iacutendice da Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Fracionada le 05
Vaacuterios estudos in vitro tecircm relatado efeitos sineacutergicos com reduccedilotildees
significativas nas concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas (CIM) dos antimicrobianos apoacutes
associaccedilatildeo com diversos extratos de plantas sobre cepas de Staphylococcus aureus
MRSA (ADWAN 2010 CHUNG et al 2011 AN et al 2011 CELENZA et al
2012 MACEDO 2013)
Pesquisas demonstraram agrave accedilatildeo de polifenois na potencializaccedilatildeo dos efeitos
de agentes antimicrobianos O polifenol epigalocatequina (EGCg) um tanino
condensado isolado do chaacute verde apresentou um efeito sineacutergico quando
associados agrave antibioacuteticos beta-lactacircmicos (ZHAO et al 2001) Em outro estudo Hu
e colaboradores (2002) observaram que EGCg foi capaz de inibir a penicilinase
produzida por S aureus restaurando assim a atividade antimicrobiana da penicilina
e que associaccedilatildeo de EGCg com ampicilinasulbactam foi capaz de reduzir os valores
da CIM de 16 μgmL para 4 μgmL
127
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo da associaccedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaeae stigonocarpa com agentes antimicrobianos frente a
cepas de Staphylococcus aureus multidroga resistes
Concentraccedilatildeo Fracionaacuteria Miacutenima FIC Concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima CIM concentraccedilatildeo bactericida miacutenima CBM American Type Culture Collection ATCC extrato Hidroalcooacutelico EH oxacillina OXA ciprofloxacino CIP gentamicina GET penicillina PEN Claritromicina CLA vancomicina VAN e linezolide LIN Reduccedilatildeo da CIM () = 100 ndash (CIM combinado times 100 CIM)
Staphylococcus Aureus
Associaccedilatildeo CIM Individual
(microgmL) Associaccedilatildeo CIM (microgmL)
FIC Individual
FICI
Efeito
Reduccedilatildeo da CIM ()
AM 13
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 32 256 256 256 64 256 64 256 2048
128 006 64 64 64 16 128 003 128 1
050 00020 025 02500 025 02500 050 00005 050 00005
050 050 050 050 050
Sineacutergico Sineacutergico Sineacutergico Sineacutergico Sineacutergico
500 9981 750 7500 750 7500 500 9995 500 9995
AM 18
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 64 256 128 256 64 256 128 256 2048
128 006 128 05 20 32 128 10 128 20
050 00010 050 00039 00078 050 050 00078 050 00010
050 050 051 051 050
Sineacutergico Sineacutergico S parcial S parcial Sineacutergico
500 9990 500 9961 992 5000 500 9922 500 9990
AM 24
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 32 256 256 256 64 256 256 256 2048
128 006 32 64 2 32 128 0125 128 256
050 00019 0125 0250 0008 0500 050 00005 050 01250
050 038 051 050 063
Sineacutergico Sineacutergico S parcial Sineacutergico S parcial
500 9981 875 7500 9922 500 500 9995 500 8750
ATCC 33591
EHPEN EHOXA EHCIP EHGEN EHCLA
256 64 256 64 256 0125 256 2 256 2048
128 006 64 16 20 006 64 05 128 10
050 00010 025 02500 0008 0500 025 02500 050 00005
050 050 051 050 050
Sineacutergico Sineacutergico S parcial Sineacutergico Sineacutergico
500 9990 750 7500 992 5000 750 7500 500 9995
12
7
128
Um mecanismos da accedilatildeo proposto para explicar a interaccedilatildeo sineacutergica entre
polifenois e antibioacuteticos β-lactacircmicos frente agrave MRSA sugere que existe uma
diminuiccedilatildeo na expressatildeo de PBP2a resultando na inibiccedilatildeo da siacutentese da parede
celular bacteriana (HUA et al 2010)
Em vaacuterias associaccedilotildees foram identificadas accedilotildees sineacutergicas exceto quando
foi avaliada a interaccedilatildeo do extrato com ciprofloxacino frente agraves cepas AM 18 AM 24
e ATCC 33591 e com gentamicina frente agrave cepa AM 18 que apresentaram valores
de FICI de 051 caracterizando um sinergismo parcial Tambeacutem foi observado esse
mesmo padratildeo de interaccedilatildeo com a associaccedilatildeo do extrato com claritromicina frente a
cepa AM 24 que apresentou valor de FICI de 063
Aleacutem de uma accedilatildeo sineacutergica a associaccedilatildeo do extrato com os agentes
antimicrobianos provocou agrave reversatildeo total da resistecircncia bacteriana frente a todas as
cepas resistentes a penicilina a trecircs cepas resistentes a claritromicina (AM 13 AM
18 e ATCC 33591) a duas cepas (AM 13 e AM 14) resistentes a gentamicina e as
cepas AM 18 e ATCC 33591 resistentes a oxacilina e ciprofloxacino
respectivamente
A associaccedilatildeo que se mostrou mais sineacutergica aquela entre o extrato e a
oxacilina frente agrave cepa de Staphylococccus aureus AM 24 com FICI de 038 (figura
47) Nesta associaccedilatildeo ocorreu uma reduccedilatildeo da CIM do extrato e do agente
antimicrobiano ambos de 256 microgmL para 32 e 64 microgmL respectivamente
Hatano e colaboradores (2005) investigando a associaccedilatildeo do polifenol
theasinensina A um isolado de frutos do gecircnero Zizyphus com a oxacilina
demonstraram que embora a CIM desses polifenoacuteis tenha sido de 256 μgmL estes
fito-compostos foram capazes de reduzir os valores da oxacilina para 4 μgmL
A accedilatildeo sineacutergica entre o extrato hidroalcooacutelico e os antibioacuteticos beta-
lactacircmicos pode ocorrer devido agrave caracteriacutestica polifenoacutelica deste extrato pois
segundo Zhao et al (2001) existe uma accedilatildeo conjunta dos polifenois e agentes β-
lactacircmicos na siacutentese de peptidoglicano da parede celular
Aleacutem disso a ligaccedilatildeo direta de polifenois com a penicilinase enzima que
inativa as penicilinas inibe a atividade enzimaacutetica da bacteacuteria e protege a penicilina
da accedilatildeo antibacteriana (ROCCARO et al 2004)
129
Figura 47 - Isobolograma revelando o efeito sineacutergico do extrato
hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa quando associado agrave
oxacilina frente agrave Staphylococcus aureus AM 24
Para esta avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees ultraestruturais por microscopia eletrocircnica
de transmissatildeo foi selecionada a cepa que apresentou o melhor FICI A cepa foi
cultivada de diferentes formas sem tratamento (grupo controle) apoacutes tratamento
com o extrato na CIM (256 microgml) apoacutes tratamento com oxacilina na CIM (256
microgml) e nas doses sub-inibitoacuterias associadas de acordo com os resultados obtidos
na avaliaccedilatildeo do sinergismo 32 microgml para o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa e 64 microgml para a oxacilina
Na Figura 48 (A-D) no grupo controle pode ser observada claramente a
parede celular bem definida (PM) ribossomos (R) e os septos da bacteacuteria em divisatildeo
(S)
A concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima o extrato hidroalcooacutelico (256 microgml) provocou
alteraccedilotildees em vaacuterias estruturas celulares Em relaccedilatildeo agrave parede celular foram
visualizados trecircs distintos fases quanto agrave accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico
Primeiro o espessamento da parede celular e do septo (Figuras 48 E e F) e
divisatildeo aberrante do septo devido ao aumento da produccedilatildeo de mais peptidoglicano
Isso indica a presenccedila de mecanismos de defesa para manter a pressatildeo osmoacutetica
devido agrave accedilatildeo do extrato hidroalcooacutelico
Num segundo momento a formaccedilatildeo de rupturas na parede celular (Figuras 48
F e G) que ocorre devido agrave falha na accedilatildeo de enzimas bacterianas chamadas
autolisinas presentes entre os peptidoglicanos a fim de permitir a inserccedilatildeo de novas
FIC I = 038
130
moleacuteculas (SANTHANA 2007) Por fim eacute visualizado o desligamento da parede
celular (Figuras 48 G e H) a condensaccedilatildeo do ribossomo (Figuras 48 F - H) e o
rompimento da parede celular com liberaccedilatildeo de materiais celulares do citoplasma
(Figura 48 H)
Quanto agrave accedilatildeo da oxacilina (figuras 48 I - M) foi observado o espessamento e
divisatildeo anormal do septo (figuras 48 I - L) e visualizadas formaccedilatildeo de rupturas
(figura 48 I) e destacamento da parede celular (figura 48 M) poreacutem natildeo foi
observado espessamento da parede celular assim como a coagulaccedilatildeo do DNA
como no tratamento com o extrato
Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os observados por Santhana e
colaboradores (2007) que descrevem o destacamento da parede celular com
ausecircncia de coagulaccedilatildeo de DNA apoacutes tratamento com oxacilina
Essa ausecircncia de alteraccedilotildees no interior da ceacutelula pode ser explicada pelo
modo de accedilatildeo da oxacilina que inibe a enzima transpeptidase (tambeacutem chamadas
proteiacutenas de ligaccedilatildeo agrave penicilina PBP) (SCHITO 2006) fazendo com que a parede
celular das bacteacuterias torne-se mais fraca e a pressatildeo osmoacutetica subsequentemente
lise as bacteacuterias natildeo ocorrendo desta forma alteraccedilotildees estruturais no interior das
bacteacuterias
Quando analisamos os efeitos ultraestruturais da associaccedilatildeo de doses sub-
inibitoacuterias de oxacilina e o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa
podemos sugerir que o efeito sineacutergico ocorre tanto pela accedilatildeo das duas substacircncias
na parede celular (figuras 48 A - M) como o extrato apresenta accedilatildeo na coagulaccedilatildeo
do DNA em uma fase secundaacuteria agrave lise da parede celular O que natildeo ocorre quando
administramos apenas a oxacilina o que pode ser observado na figura 3M onde
visualizamos que mesmo apoacutes o destacamento da parede celular pela accedilatildeo da
oxacilina natildeo ocorre coagulaccedilatildeo no DNA da ceacutelula diferente ao que ocorreu nas
figuras 48 N a P onde pode ser visualizada a coagulaccedilatildeo apoacutes a accedilatildeo do extrato
Desta forma podemos sugerir que a associaccedilatildeo do extrato com os agentes
antimicrobianos apresenta efeitos sineacutergicos e em alguns casos aditivos por
diferentes motivos dependendo do mecanismo de accedilatildeo dos antimicrobianos
131
Ceacutelulas natildeo tratadas (A-D) mostram parede celular (PC) ribossomo (R) e septo (S) da bacteacuteria bem distintos Tratadas com extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa na concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (E-H) mostram formaccedilatildeo de orifiacutecios na
parede celular (OPC) espessamento da parede celular (EPC) assim como espessamento do septo (ES) condensaccedilatildeo do ribossomo (CR) desprendimento da parede celular (DPC) espessamento (ES) e divisatildeo aberrante do septo (DAS) Tratadas com oxacilina na concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (I-M) mostram espessamento (ES) e divisatildeo aberrante do septo (DAS) aparecimento de orifiacutecios (OPC) assim como destacamento da parede celular (DPC) Tratadas com oxacilina associada ao extrato (N ndash Q) mostram Coagulaccedilatildeo do DNA (CD) orifiacutecios (OPC) e destacamento da parede celular (DPC) Aumento de 30000X
Figura 48 - Microscopia eletrocircnica de transmissatildeo da cepa de S aureus AM 24 submetida a
tratamento com oxacilina e o extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa
A B C D
N O P Q
E F G H
PC
MP R
PC
MP
R
S
PC
MP
R
S
PC MP
R S
EPC MP
CR
ES
EPC
ES
CR
OPC
CD
CR ES
CR DPC
CD OPC
DPC
CD
CD
OPC CD
DAS
ES
ES
OPC DAS
OPC DPC
I J L M
OPC
DAS
J
DAS
OPC
DAS
132
45 CONCLUSOtildeES
No caso dos inibidores das subunidades 50S E 30S nos ribossomos
(Linezolide gentamicina e claritromicina) o sinergismo ocorreria pela lise da parede
celular provocada pelo extrato o que facilitaria esses agentes alcanccedilar seus siacutetios de
accedilatildeo Quanto ao ciprofloxacino aleacutem da facilitaccedilatildeo da entrada ocorreria accedilatildeo
sineacutergica na potencializaccedilatildeo da coagulaccedilatildeo do DNA
Para os inibidores da siacutentese de parede celular o sinergismo como discutido
anteriormente ocorreria pela accedilatildeo no peptidoglicano Diferenccedilas nas respostas dos
dois agentes poreacutem podem ser explicadas pelas alteraccedilotildees no sitio de accedilatildeo pois a
bacteacuteria avaliada eacute uma cepa MRSA que apresenta modificaccedilotildees na proteiacutena
ligadora de penicilina
Essa resistecircncia a oxacilina eacute associada agrave aquisiccedilatildeo de um elemento geneacutetico
moacutevel chamado SCCmec que conteacutem o gene de resistecircncia mecA (OKUMA et al
2002) O determinante mecA codifica PBP2a uma nova proteiacutena de ligaccedilatildeo agrave
penicilina com da afinidade diminuiacuteda para a oxacilina e a maioria das outras drogas
beta-lactacircmicas (TENOVER et al 2006) deste modo o sitio de accedilatildeo dos dois
agentes avaliados estaria modificado alterando a resposta de ambos
133
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139
5 O EFEITO DE DIFERENTES MEacuteTODOS DE EXTRACcedilAtildeO SOBRE O
RENDIMENTO CONCENTRACcedilOtildeES DE FENOacuteIS TOTAIS E ATIVIDADE
ANTIMICROBIANA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa
51 INTRODUCcedilAtildeO
Os fitoteraacutepicos sempre representaram uma parcela significativa no mercado de
medicamentos Dados mais recentes estimam o mercado mundial de fitoteraacutepicos
em cerca de US$ 44 bilhotildees anuais segundo a consultoria Analize and Realize
que atende algumas das maiores induacutestrias farmacecircuticas do mundo estando
este ainda em expansatildeo (DIAS et al 2013)
Apesar do Brasil apresentar um papel privilegiado no mercado mundial de
fitoteraacutepicos devido a sua extensa e diversificada flora ele natildeo tem se destacado
neste setor entre outros fatores devido a carecircncia de estudos tecnoloacutegicos capazes
de transformar plantas medicinais com potencial terapecircutico em um produto que
possa ser utilizado com exatidatildeo de dosagem garantia de eficaacutecia e seguranccedila
cliacutenica (RODRIGUES et al 2009)
A qualidade da mateacuteria-prima vegetal bem como alteraccedilotildees provenientes no
seu beneficiamento e processo extrativo tecircm grande influecircncia na composiccedilatildeo
quiacutemica das preparaccedilotildees extrativas podendo interferir na qualidade e
reprodutibilidade do produto final A padronizaccedilatildeo durante o desenvolvimento do
extrato eacute fundamental para determinar a sua utilizaccedilatildeo como mateacuteria prima para
preparaccedilotildees fitoteraacutepicas (VALANDRO et al 2007)
Para muitas espeacutecies vegetais os metaboacutelitos bioativos satildeo desconhecidos o
que natildeo se aplica agrave casca do caule de Hymenaea stigonocarpa Estudos
previamente descritos neste trabalho de tese apontam para presenccedila de compostos
fenoacutelicos principalmente taninos e flavonoides com atividade antibacteriana principal
frente a cocos Gram positivos Cepas de Staphylococcus aureus MRSA mostraram
serem sensiacuteveis aos extratos etanoacutelico hidroalcooacutelico e sua fraccedilatildeo aquosa e acetato
de etila (DIMECH et al 2013)
A extraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos em plantas eacute influenciada por sua natureza
quiacutemica pelo meacutetodo de extraccedilatildeo empregado pelo tamanho de partiacutecula da
amostra pelo tempo e condiccedilotildees de armazenamento assim como pela presenccedila de
substacircncias interferentes (SOUZA 2013)
140
Natildeo existe processo preconizado ou completamente satisfatoacuterio que seja
adequado para a extraccedilatildeo de todos os compostos fenoacutelicos ou de uma classe
especiacutefica de substacircncias fenoacutelicas em materiais de plantas Metanol etanol
acetona aacutegua acetato de etila e suas combinaccedilotildees satildeo frequentemente utilizadas
para a extraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos (NACZKA SHAHIDI 2004)
Estudos visando o estabelecimento de paracircmetros para identificaccedilatildeo
determinaccedilatildeo das propriedades fisico-quiacutemicas da materia prima vegetal assim
como o desenvolvimento de uma soluccedilatildeo extrativa padronizada satildeo escassos
(RODRIGUES et al 2009)
O objetivo de extrair compostos fenoacutelicos a partir da planta fonte eacute a
libertaccedilatildeo destes compostos a partir das estruturas vacuolares onde eles se
encontram quer pela ruptura do tecido da planta ou por um processo de difusatildeo
(ASPEacute FERNAacuteNDEZ 2011)
Quanto aos meacutetodos de extraccedilatildeo teacutecnicas como maceraccedilatildeo aquecimento sob
refluxo infusatildeo turbo-extraccedilatildeo e sonicaccedilatildeo satildeo comumente utilizados para extrair
os metabolitos bioativos da droga vegetal (ASPEacute FERNAacuteNDEZ 2011 TIWARI et al
2011)
Aleacutem da padronizaccedilatildeo das teacutecnicas extrativas detalhes teacutecnicos a respeito do
controle desses extratos tambeacutem devem ser determinados para que exista suporte
para anaacutelises de controle de qualidade dos insumos (BORELLA et al 2012) A
padronizaccedilatildeo de fitoteraacutepicos compreende tambeacutem informaccedilatildeo e controle para
garantir a composiccedilatildeo consistente de todas os materiais vegetais incluindo
operaccedilotildees analiacuteticas para identificaccedilatildeo marcadores e doseamento de princiacutepios
ativos (CHOUDHARY SEKHON 2011)
Neste contexto os taninos tecircm sido amplamente empregados como
substacircncias marcadoras para a avaliaccedilatildeo da qualidade de diversas mateacuterias-primas
vegetais utilizadas em medicamentos (SANTOS MELLO 2003)
Os principais meacutetodos para determinaccedilatildeo a concentraccedilatildeo de taninos em
materias vegetais incluem a cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE) e a
espectrofotometria (VERZA et al 2007) As anaacutelises por CLAE podem ser
empregadas tanto para detecccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de taninos hidrolisaacuteveis como para
taninos condensados Para os taninos condensados esta determinaccedilatildeo eacute limitada a
de poliacutemeros de taninos condensados de 7 a 8 unidades (SCHOFIELD et al 2001)
141
Um dos meacutetodos mais utilizados para o doseamento de polifenoacuteis eacute a
espectofotometria na qual se faz uso do reagente de Folin-Ciocalteu Neste meacutetodo
a reaccedilatildeo eacute inespeciacutefica para polifenoacuteis pois vaacuterias satildeo as substacircncias com
possibilidade de reaccedilatildeo (MAGALHAtildeES et al 2008) Uma forma de contornar essa
questatildeo eacute a adsorccedilatildeo dos taninos do meio com substratos proteacuteicos Assim o teor
de taninos (fraccedilatildeo adsorvida ao substrato) eacute calculado pela diferenccedila entre o teor de
polifenoacuteis totais e o da fraccedilatildeo polifenoacutelica natildeo-adsorvida (VERZA et al 2007)
Para otimizaccedilatildeo deste meacutetodo de doseamento a influecircncia de paracircmetros
reacionais como o volume do reagente de Folin-Ciocalteau concentraccedilatildeo da
soluccedilatildeo de carbonato de soacutedio e tempo de reaccedilatildeo devem ser determinados Estes
paracircmetros satildeo capazes de comprometer significativamente a reaccedilatildeo por exercerem
influecircncia sobre a resposta e a presenccedila de deslocamentos bato ou hipsocrocircmicos
(FERREIRA 2012)
Desta forma o presente estudo compara a capacidade de diferentes meacutetodos
para extraccedilatildeo de polifenoacuteis das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa
avaliando o desempenho de cada teacutecnica pela quantificaccedilatildeo do resiacuteduo seco da
concentraccedilatildeo de fenoacuteis totais e de taninos (metaboacutelitos ativos) e a capacidade
antibacteriana dos extratos Determinando assim a teacutecnica extrativa de melhor
desempenho e estabelecendo paracircmetros de anaacutelise que podem auxiliar na
avaliaccedilatildeo da qualidade dessa droga vegetal
142
52 OBJETIVOS
O objetivo geral e os especiacuteficos deste estudo estatildeo descritos a seguir
521 OBJETIVO GERAL
Avaliar a Influecircncia do meacutetodos de extraccedilatildeo sobre a atividade antibacteriana
rendimento e teor dos compostos majoritaacuterios do extrato hidroalcooacutelico da casca do
caule de Hymenaea stigonocarpa
522 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Realizar a caracterizaccedilatildeo fisico-quiacutemica do material vegetal
Utilizar diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo e avaliar a presenccedila de variaccedilotildees
qualitativas dos metaboacutelitos secundaacuterios presentes nos diferentes extratos
atraveacutes de anaacutelise por cromatografia de camada delgada
Analisar o meacutetodo espectofotomeacutetrico para doseamento de polifenoacuteis
presentes no extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa realizando a
otimizaccedilatildeo do meacutetodo
Determinar o rendimento e as concentraccedilotildees de polifenois taninos e
flavonoacuteides totais em cada meacutetodo utilizado
Avaliar a influecircncia dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo sobre a atividade
antimicrobiana frente a diferentes cepas de Staphylococcus aureus
Avaliar a atividade fuacutengica do extrato de melhor rendimento frente a diferentes
especies de Candida sp
143
53 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A seguir estatildeo descritos os materiais e meacutetodos utilizados para a realizaccedilatildeo
deste estudo
531 Coleta
Cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne foram
coletadas em outubro de 2009 na Fa
zenda Refuacutegio localizada na cidade de Camocim de Satildeo Feacutelix Pernambuco
(de latitude 8deg213000S e longitude 35deg475670O)
A identificaccedilatildeo foi realizada pela botacircnica do Instituto Agronocircmico de
Pernambuco Dra A Bocage sendo a excicata depositada sob o nuacutemero 53563 no
Herbaacuterio Daacuterdano de Andrade Lima pertencente ao mesmo instituto
Na preparaccedilatildeo da mateacuteria-prima vegetal as cascas do caule foram
submetidas agrave secagem em estufa a uma temperatura de 40degC durante 72 horas
em seguida pulverizadas em moinho de martelos (Tigre ASN5) e estocada em
frascos a temperatura ambiente
532 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal
O material vegetal foi caracterizado atraveacutes da anaacutelise granulomeacutetrica perda
por dessecaccedilatildeo teor de extrativos e pela determinaccedilatildeo das cinzas totais para
estabelecer as caracteriacutesticas do individuo e do preparo do material vegetal que
possam influenciar avaliaccedilotildees posteriores
5321 Anaacutelise granulomeacutetrica por tamisaccedilatildeo
Amostras do material vegetal triturado (100g) foram submetidas agrave passagem
atraveacutes de tamises previamente tarados com abertura de malha de 1000 850 600
425 250 e 150microm aleacutem do coletor A tamisaccedilatildeo foi realizada durante 15 minutos em
aparelho tamisador Bertel reg calibrado para 60 vibraccedilotildees por segundo
A determinaccedilatildeo do diacircmetro meacutedio das partiacuteculas foi obtida pela curva de
distribuiccedilatildeo de retenccedilatildeo e passagem Os resultados foram expressos pela meacutedia de
144
trecircs determinaccedilotildees de acordo com o que preconiza a Farmacopeacuteia Brasileira IV
1988
5322 Determinaccedilatildeo da perda por dessecaccedilatildeo
Em pesa-filtros previamente tarados foram adicionados 20 g do material
vegetal triturado e colocados em estufa (Quimisreg) por 2 h agrave temperatura de 105 plusmn
2ordm C As amostras foram colocadas em dessecador Os pesa-filtros foram
novamente pesados em balanccedila analiacutetica (Shimadzureg) e colocados em estufa por
mais 30 min Esta operaccedilatildeo foi repetida em ciclos de uma hora ateacute peso constante
Os resultados foram expressos em percentual de perda de massa pela meacutedia de
trecircs determinaccedilotildees (Farmacopeia Brasileira 2010)
5323 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Amostras contendo 10g do material vegetal triturado foram submetidas agrave
decocccedilatildeo com 100 mL de aacutegua destilada durante 10 minutos Apoacutes resfriamento os
volumes foram reconstituiacutedos e as soluccedilotildees filtradas Cerca de 200 g das soluccedilotildees
filtradas foram colocadas em pesa-filtros previamente tarados e evaporadas agrave
secura em banho-maria com agitaccedilatildeo perioacutedica para homogeneizaccedilatildeo da amostra
As amostras foram levadas a estufa por 2 h agrave 105ordmC plusmn 2ordm C resfriadas e pesadas
Em seguida estas amostras foram colocadas em estufa por 30 min e este
procedimento repetido ateacute peso constante O teor de extrativos foi calculado pela
formula descrita abaixo
Onde TE = teor de extrativos soluacuteveis em aacutegua () g = resiacuteduo seco (g) FD = fator
de diluiccedilatildeo = 5 (pesados 20 dos 100 mL totais) m = planta seca e moiacuteda (em
gramas) ppd = perda por dessecaccedilatildeo da planta seca e moiacuteda (SOUZA et al 2010)
145
5324 Determinaccedilatildeo de cinzas totais
Amostras do material vegetal triturado (3g) pesadas analiticamente foram
transferidas para cadinhos de porcelana previamente calcinados arrefecidos e
pesados
Cada uma das amostras foi distribuiacuteda uniformemente nos cadinhos e
incineradas aumentando gradativamente para 200degC por 30min 400degC por 60
minutos e 600degC por 90 minutos Apoacutes este periacuteodo os cadinhos foram transferidos
resfriados colocados em dessecador e posteriormente pesados As percentagens
de cinzas em relaccedilatildeo ao material vegetal que foi submetido ao processo de
secagem foram calculadas Os resultados foram expressos em perda de massa
percentual pela meacutedia de trecircs determinaccedilotildees (Farmacopeacuteia Brasileira V 2010)
533 Procedimentos extrativos
Seis procedimentos extrativos (infusatildeo maceraccedilatildeo maceraccedilatildeo dinacircmica
refluxo turboextraccedilatildeo e ultrassom) foram realizados a partir de 20g da casca do
caule trituradas extraiacutedas com 200 mL de uma soluccedilatildeo de etanol aacutegua (11 vv) A
escolha deste sistema de solventes foi baseada em relatos etnofarmacoloacutegicos
Apoacutes a extraccedilatildeo as soluccedilotildees foram filtradas em papel de filtro (Whatmann no
2) e concentrado em rota evaporador obtendo-se assim seis extratos hidroalcooacutelicos
secos Infusatildeo (EI) maceraccedilatildeo (EM) maceraccedilatildeo dinacircmica (EMD) refluxo (ER)
turboextraccedilatildeo (ET) e ultrassom (EU) cujo rendimento foi calculado para cada caso
A teacutecnica extrativa mais eficiente foi determinada atraveacutes da avaliaccedilatildeo do
rendimento de resiacuteduo seco determinaccedilatildeo de taninos totais e da avaliaccedilatildeo da
atividade antibacteriana frente a cepas de Staphylococcus aureus
534 Descriccedilatildeo das teacutecnicas extrativas
5341 Maceraccedilatildeo
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida por maceraccedilatildeo durante 72h Esta soluccedilatildeo foi
preparada em frasco acircmbar a temperatura 23 plusmn 1ordmC com agitaccedilatildeo ocasional a cada
12h
146
5342 Maceraccedilatildeo dinacircmica
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida utilizando agitador magneacutetico (marca Fisatom
modelo 754A) A soluccedilatildeo foi preparada em frasco acircmbar contendo barra magneacutetica
tipo liso com anel central (14 x 76 mm) e a extraccedilatildeo se deu agrave temperatura 23 plusmn 1ordmC
Durante o processo extrativo foi aplicada uma velocidade de 300 RPM que perdurou
2 horas
5343 Ultrassom
O triturado da casca e a soluccedilatildeo extrativa foram adicionados a frasco acircmbar a
adicionados a banho de ultrassom a temperatura 23 plusmn 1ordmC sendo utilizado o
equipamento de marca Unique modelo maxiclean 1600
Natildeo foi aplicado aquecimento e o processo durou 45 minutos em frequecircncia
de 40 kHz
5344 Refluxo
O triturado da casca e a soluccedilatildeo etanol aacutegua (11 vv) foram adicionados a
um balatildeo de vidro Estes foram aquecidos em sistema de refluxo composto por uma
manta eleacutetrica (Marca Fisaton Classe 300 - Modelo 102E) como fonte de
aquecimento e balatildeo de vidro acoplado a um condensador O processo foi iniciado
apoacutes a temperatura interna de 80 ordmC e encerrado apoacutes um periacuteodo de 45 minutos
5345 Turbo-extraccedilatildeo
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida em turbo-extrator de alta rotaccedilatildeo (marca metvisa
modelo LAR 2) consistindo de trecircs ciclos de processamento de 15 min seguidos
por uma pausa de 5 minutos para evitar aquecimento
5346 Infusatildeo
A soluccedilatildeo extrativa foi obtida apoacutes adiccedilatildeo da soluccedilatildeo etanol aacutegua (11 vv)
a temperatura de ebuliccedilatildeo ao material vegetal triturado em frasco acircmbar fechado
por um periacuteodo de 1 hora
147
535 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica
Um volume de 15 μL de cada extrato (EM EU EMD ET ER e EI) de
concentraccedilotildees padronizadas em 05 foi utilizado para a realizaccedilatildeo de
Cromatografia em Camada Delgada utilizando-se placas de gel de siacutelica (Macherey-
Nagelreg Ref 818 133)
Os sistemas de eluiccedilatildeo e reveladores apropriados para polifenoacuteis foram os
descritos por WAGNER amp BLADT 1996
536 Anaacutelises quantitativas de polifenoacuteis
A seguir estatildeo descritos os diferentes meacutetodos realizados
5361 Determinaccedilatildeo de polifenoacuteis totais
A determinaccedilatildeo de polifenois totais foi realizada apoacutes idealizaccedilatildeo do desenho
fatorial 32 a partir do meacutetodo estabelecido pela European Pharmacopoeia (2005)
53611 Desenho fatorial de 32
A fim de avaliar a influecircncia do reagente Folin-Ciocalteau da concentraccedilatildeo de
carbonato de soacutedio e do tempo de reaccedilatildeo sobre a concentraccedilatildeo de polifenois
presentes nos extratos obtidos por diferentes teacutecnicas foi idealizado um desenho
fatorial de 32 (Folin = 1 e 3 mL Carbonato = 10 e 20 Tempo = 10 e 20 min)
sendo adicionado 3 pontos centrais (Folin = 2 mL Carbonato = 15 Tempo = 15
min)
Cada ponto foi realizado em triplicata A variaacutevel dependente estudada foi agrave
absorbacircncia apoacutes reaccedilatildeo com o reagente de Folin-Ciocalteau que diretamente
refere-se agrave concentraccedilatildeo dos polifenois presentes na amostra A anaacutelise estatiacutestica
foi realizada por graacuteficos de paretos com auxiacutelio dos programas Microsoft Excel e
Statistica 60
O volume de reagente de Folin-Ciocalteu a concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo
carbonato de caacutelcio e o tempo de reaccedilatildeo foram os obtidos apoacutes o estudo de fatorial
32 sendo 3 ml e 10 e 25 minutos respectivamente
148
53612 Preparaccedilatildeo da Soluccedilatildeo Padratildeo
Foram pesados 25mg de aacutecido gaacutelico e estes solubilizados com 10 mL de
aacutegua destilada Esta soluccedilatildeo permaneceu sob agitaccedilatildeo durante 15 minutos para
completa solubilizaccedilatildeo Em seguida foi transferida para um balatildeo volumeacutetrico de 25
mL e o volume completado com aacutegua destilada Desta forma foi obtida uma soluccedilatildeo
padratildeo de concentraccedilatildeo 1000 microgmL
As condiccedilotildees experimentais para determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de aacutecido
gaacutelico (tempo de reaccedilatildeo volume do reagente de Folin-Ciocalteau e Concentraccedilatildeo de
carbonato de soacutedio) que foram utilizadas foram otimizadas por Ferreira (2012)
Desta soluccedilatildeo foram retiradas uma aliacutequota de 50 microL e transferida para uma
balatildeo volumeacutetrico (2 microgmL) ao qual foi adicionado 2 mL do reagente Folin
Ciocalteau 10 mL de aacutegua destilada e o volume completado para 25 mL com
soluccedilatildeo de carbonato de soacutedio a 10
A varredura em espectrofotocircmetro foi realizada apoacutes 15 minutos da adiccedilatildeo do
carbonato de soacutedio O comprimento de onda de 780 nm foi selecionado para leitura
apoacutes avaliaccedilatildeo da similaridade do espectro de UV entre a amostra e a substacircncia de
referecircncia
Previamente agrave determinaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de polifenoacuteis totais taninos e
flavonoides totais presentes nos extratos foram preparadas soluccedilotildees de
concentraccedilatildeo 20 30 40 50 60 70 e 80 microgmL de aacutecido gaacutelico (99 de pureza
Sigma Chemical Co St Louis USA) em aacutegua a fim de obter uma curva de
calibraccedilatildeo A absorbacircncia foi medida a 780nm Com os resultados da absorbacircncia
foi construiacuteda uma curva de calibraccedilatildeo
A leitura da absorbacircncia foi realizada em espectrofotocircmetro (marca Thermo
Scientific modelo Evolution 60S) em comprimento de onda de 780 nm A leitura foi
realizada apoacutes 30 min da adiccedilatildeo do reagente de oxirreduccedilatildeo (Folin-Ciocalteau)
O teor de polifenois foi determinado pela extrapolaccedilatildeo da curva de calibraccedilatildeo
(y = 01037 x + 00024 R2 = 09992) de aacutecido gaacutelico
5362 Determinaccedilatildeo de taninos totais
Foi realizada apoacutes avaliaccedilatildeo da fraccedilatildeo residual de polifenoacuteis na soluccedilatildeo
extrativa de Hymenaea stigonocarpa em funccedilatildeo da quantidade de caseiacutena
utilizando caseiacutena (Merck) como agente complexante
149
Aliacutequotas de 10 mL das soluccedilotildees extrativas foram misturadas separadamente
com quantidades crescentes de caseiacutena (50 150 250 350 450 e 500 mg) Esta
mistura foi submetida agrave agitaccedilatildeo durante 1 hora e em seguida filtrada A partir dos
filtrados aliacutequotas de 50 mL foram diluiacutedas para o volume de 25 mL com aacutegua
Dessas soluccedilotildees 20 mL foram adicionados a um balatildeo volumeacutetrico e adicionados
100 mL de aacutegua O volume de reagente de Folin-Ciocalteu a concentraccedilatildeo da
soluccedilatildeo carbonato de caacutelcio e o tempo de reaccedilatildeo foram os mesmos descritos para a
determinaccedilatildeo de polifenoacuteis totais apoacutes estudo fatorial 32 (seccedilatildeo 3511)
A concentraccedilatildeo de taninos totais foi obtida a partir da seguinte equaccedilatildeo
Onde TT = Concentraccedilatildeo de taninos Totais PT = concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais
e FTN = concentraccedilatildeo de polifenoacuteis na fraccedilatildeo natildeo tanante
5363 Determinaccedilatildeo de flavonoacuteides
Foram obtidos cinco niacuteveis diferentes de concentraccedilotildees (80 a 120microgmL) a
partir do padratildeo de astilbina de pureza de 99 adquirido da induacutestria Aktin
Chemicals Inc (China) Cada niacutevel de concentraccedilatildeo foi injetado no sistema
cromatograacutefico (n=3) e os valores de aacuterea maacutexima foram traccedilados contra as
concentraccedilotildees A curva foi ajustada pela regressatildeo linear atraveacutes da meacutedia das trecircs
leituras (corridas cromatograacuteficas) O teor de flavonoacuteides foi determinado entatildeo pela
extrapolaccedilatildeo da curva de calibraccedilatildeo (y = 06014 x - 05251 R2 = 09932) obtida
53631 Anaacutelise por cromatografia liquida e alta eficiecircncia acoplada a detector de
arranjo de Diodos (CLAE-DAD)
Os extratos foram solubilizados em metanol para a obtenccedilatildeo de soluccedilotildees de
concentraccedilatildeo de 400 microgMl Este concentraccedilatildeo foi selecionada apoacutes triagem previa
por gerar picos de aacutereas de valores similares as aacutereas obtidas pelas diferentes
doses de astilbina que produziram a curva de calibraccedilatildeo
Os extratos foram filtrados em membrana de politetrafluoetileno de 020 microm
(Chromafilreg) e depois adicionados frascos acircmbar As anaacutelises foram realizadas em
TT = PT - FNT
150
cromatoacutegrafo equipamento CLAE-DAD (Ultimatereg 3000 Thermo Scientificreg)
equipado com bomba binaacuteria HPG-3x00RS 3000 (RS) detector de arranjo de diodo
e coletor de amostra automaacutetico ACC-3000
As separaccedilotildees foram realizadas em uma coluna (C18) 256 x 46 mm di 5
microm (Acclaim 120 Dionexreg) equipada com (C18 4 x 3 mm di Phenomenexreg)
A fase moacutevel foi composta por aacutegua MiliQreg (eluente A) e acetonitrila (eluente
B Tediareg) ambos acidificados com 01 de soluccedilatildeo de aacutecido trifluoroaceacutetico
variando de 10-23 em 35 min para 23ndash90 em 50 min do eluente B a um fluxo
de 1mLmin
O software Chromeleon 60 (Dionexreg) foi utilizado para processamento e
aquisiccedilatildeo dos dados O teor de flavonoides em cada extrato foi determinado
utilizando a aacuterea dos picos com espectros de UV caracteriacutesticos de flavonoides
(MABRY et al 1970) obtidos no cromatograma pela extrapolaccedilatildeo da curva de
calibraccedilatildeo (y = 06014 x - 0525 R2 = 09932) obtida a partir da astilbina
537 Determinaccedilatildeo da atividade antimicrobiana de diferentes extratos
hidroalcoacuteolicos de H stigonocarpa Mart ex Hayne
A seguir satildeo descritos os meacutetodos realizados para determinaccedilatildeo da atividade
antimicrobiana
5371 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana
A etapa experimental foi realizada no Laboratoacuterio de Bioquiacutemica e Fisiologia
dos Micro-organismos do Departamento de Antibioacuteticos da UFPE
53711 Preparaccedilatildeo das soluccedilotildees de H stigonocarpa
Os extratos secos obtidos pelas diferentes teacutecnicas de extraccedilatildeo foram
analiticamente pesados (10 mg) e solubilizados em etanolaacutegua (19 pv) obtendo
assim soluccedilotildees estoque padronizadas de concentraccedilatildeo igual a 1000 microgmL
53712 Micro-organismos
Os micro-organismos utilizados para a realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo antimicrobiana
dos extratos de H stigonocarpa foram obtidos a partir da coleccedilatildeo de cultura do
151
Laboratoacuterio Fisiologia e Bioquiacutemica de Micro-organismos do Departamento de
Antibioacuteticos da UFPE
Foram utilizados neste estudo os seguintes micro-organismos Staphylococcus
aureus ATCC 25923 LFBM 13 LFBM 15 LFBM 16 LFBM 11 LFBM 26 LFBM 05 LFBM
28 LFBM 29 LFBM 31 e LFBM 30
53713 - Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo
bactericida miacutenima (CMB)
A concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima (CIM) e concentraccedilatildeo bactericida miacutenima
(CMB) foi realizada pela mesma metodologia descrita no capitulo 2
5372 Determinaccedilatildeo da atividade antifuacutengica
Os meacutetodos para determinaccedilatildeo da atividade antifuacutengica frente a diferentes
espeacutecies de Candida estatildeo descritos a seguir
53721 Candidas e condiccedilotildees de cultivo
Quatro cepas de Candida albicans (6257 4986 4606 e 4990) trecircs de
Candida krusei (5712 4263 e 934) trecircs de Candida parapsilosis (ATCC 22019 CP
4608 e 4889) duas de Candida tropicalis (4790 e ATCC 750) e uma de Candida
glabrata (Y 6094) foram oriundas da URM coleccedilatildeo do Departamento de Micologia
do Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas da Universidade Federal de Pernambuco
As cepas foram estocadas em oacuteleo mineral a 18degC Com o objetivo de obter
um inoculo contendo de 1-5 x 106 UFCmL cada cepa foi cultivada em um tubo
contendo 20 mL de Agar Sabouraud Dextrose sendo incubada a 35deg C por dois
dias Apoacutes este periacuteodo as suspensotildees de leveduras foram preparadas em soluccedilatildeo
fisioloacutegica esterilizada e depois ajustadas a 90 de transmitacircncia a 530 nm
Diluiccedilotildees seriadas de 1100 e 120 foram realizadas para obter um inoculo final
contendo 1-5 times 103 UFCmL (LIMA-NETO et al 2012)
Testes de viabilidade e subsequente confirmaccedilatildeo taxonocircmica das
caracteriacutesticas morfoloacutegicas bioquiacutemicas e fisioloacutegicas foram realizados
152
53722 Susceptibilidade antifuacutengica in vitro
Placas de microdiluiccedilatildeo contendo diluiccedilotildees seriadas de droga foram
preparadas seguindo o que determina o protocolo CLSI M27-A3 (2008) Os extratos
foram solubilizados em dimetilsulfoxido (10) as concentraccedilotildees avaliadas variaram
de 1000 a 0487μgmL Fluconazol foi usado como droga de referecircncia nas
concentraccedilotildees entre 0125 a 64 μgmL
Os 12 primeiros poccedilos (linha vertical) das placas de microdiluiccedilatildeo receberam
100 microL das soluccedilotildees duas vezes mais concentradas dos extratos e das drogas de
referecircncia Nos outros meio padratildeo RPMI 1640 (Sigma Chemical Co St Louis MO
EUA) tamponadas a pH 70 com 0165 molL de aacutecido morfolinopropanosulfonico
(MOPS Sigma) Os extratos e o padratildeo foram diluiacutedos geometricamente seguindo
uma razatildeo 2 Em seguida todos os tubos foram inoculados com 100 microL do inoculo
final contendo 1-5 times 103 UFCmL e as microplacas incubadas a 35degC em uma
incubadora de CO2
Apoacutes 48h de incubaccedilatildeo a CIM foi lida Os valores de CIM correspondem a
mais baixa concentraccedilatildeo da droga que apresentou inibiccedilatildeo do crescimento das
leveduras Todos os testes foram realizados em triplicata
538 Anaacutelises estatiacutesticas
A anaacutelise estatiacutestica foi realizada utilizando Anova one-way e teste de
comparaccedilatildeo muacuteltiplas Newman-Keuls usando o software GraphPad Prism versatildeo
50 para Windows GraphPad Software (San Diego CA) e p lt 005 foi usado como
niacutevel de significacircncia
153
54- RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados obtidos neste estudo estatildeo descritos a seguir
541 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do material vegetal
A granulometria do material triturado eacute um paracircmetro importante a ser
estabelecido pois influencia diretamente a eficiecircncia e reprodutibilidade do processo
extrativo (MIGLIATO et al 2007) Eacute um paracircmetro com o qual se pode determinar a
superfiacutecie de contato da partiacutecula disponiacutevel para interagir com o solvente o que eacute
muito utilizado na obtenccedilatildeo de preparaccedilotildees farmacecircuticas liquidas como tinturas e
extratos (SILVA JUacuteNIOR 2006)
A Farmacopeacuteia Brasileira V (2010) classifica os poacutes pela distribuiccedilatildeo
granulomeacutetrica De acordo com os paracircmetros desta publicaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo
granulomeacutetrica da casca do caule de H stigonocarpa apoacutes trituraccedilatildeo analisada no
presente trabalho pode ser classificada como poacute grosso visto que as partiacuteculas na
sua totalidade apresentaram uma granulometria superior a 1700μm e uma
quantidade inferior a 40 foram superiores a 355 μm (figura 1)
Figura 49 - Histograma de distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da casca
do caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes trituraccedilatildeo
Neste estudo o material mostrou distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica bastante
variada Os pesos obtidos das partiacuteculas apoacutes tamisaccedilatildeo em malhas de 1000 850
154
600 425 250 e 150 microm foram 3907plusmn323g 421plusmn022g 1380plusmn023g 977plusmn032g
1088plusmn094g 625plusmn073g e 1501plusmn151g respectivamente
O ponto interseccedilatildeo das curvas de retenccedilatildeo e passagem partiacuteculas passa pelo
tamanho de 734 microm (tamanho meacutedio) e a sua representaccedilatildeo graacutefica estaacute
apresentada na figura 2
Figura 50 - Curvas de retenccedilatildeo e passagem das partiacuteculas de casca do caule
de Hymenaea stigonocarpa apoacutes trituraccedilatildeo
Aleacutem do meacutetodo de trituraccedilatildeo do material vegetal outros aspectos tecircm
influecircncia direta na distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica final principalmente o teor de lignina
e de extrativos no mateacuterial vegetal Madeiras com grandes quantidades de extrativos
tendem a ser mais densas assim a quantidade de extrativos costumam variar em
torno de 3 a mais de 30 do peso seco (BOWYER et al 2003)
A reduccedilatildeo do tamanho de partiacutecula leva a um aumento da superfiacutecie de
contato entre a mateacuteria-prima e o meio de extraccedilatildeo (NORIEGA et al 2005) Poreacutem
em alguns casos poacutes de tamanho maior podem favorecer as extraccedilotildees Partiacuteculas
muito finas podem aderir agraves partiacuteculas maiores aumentando a viscosidade do meio
e criando uma barreira que impede a penetraccedilatildeo de solventes (VOIGT amp
BORNSCHEIN 1982)
734 microm
155
Eacute importante que a mateacuteria prima vegetal esteja suficientemente triturada para
que se consiga um rendimento oacutetimo no processo de extraccedilatildeo dos constituintes
quiacutemicos de interesse farmacecircutico
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira no que se refere ao teor de extrativos e
suas interrelaccedilotildees como a adsorccedilatildeodessorccedilatildeo de umidade e como a retraccedilatildeo
volumeacutetrica tecircm sido objeto de estudo por parte de diversos autores O termo
extrativo se refere a substacircncias de baixa ou meacutedia massa molecular que podem
ser extraiacutedas em aacutegua ou solventes orgacircnicos (SILVERIO et al 2006)
Buchanan (1963) afirmou que haacute uma consideraacutevel variaccedilatildeo na distribuiccedilatildeo
dos extrativos atraveacutes da madeira de uma aacutervore existindo uma variaccedilatildeo na
quantidade de material depositado atraveacutes da altura da aacutervore e entre o tronco e os
galhos
Nearn (1955) verificou que devido agrave accedilatildeo de enchimento dos extrativos
soluacuteveis em aacutegua espeacutecies com alto teor de extrativos apresentam maior
estabilidade dimensional menor umidade no ponto de saturaccedilatildeo das fibras e
umidades de equiliacutebrio mais baixas do que espeacutecies que possuam pequenas
quantidades de extrativos em sua composiccedilatildeo quiacutemica
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos eacute um meacutetodo utilizado para quantificar
constituintes extratiacuteveis da droga vegetal que pode ser considerado como uma
caracteriacutestica proacutepria de cada amostra vegetal e pode auxiliar na avaliaccedilatildeo da
qualidade dessa droga vegetal (ANTONELLI-USHIROBIRA et al 2004) assim o
valor obtido para a amostra vegetal avaliada foi de 1429plusmn167
O teor de extrativos determinado neste trabalho indica a presenccedila de
compostos hidrossoluacuteveis a quente presentes no material vegetal Muito embora natildeo
seja indicativo dos constituintes ativos o teor de extrativos representa uma teacutecnica
de faacutecil execuccedilatildeo e economicamente viaacutevel relevante por estabelecer condiccedilotildees
adicionais para controle de qualidade
A determinaccedilatildeo do teor de aacutegua residual presente nas drogas vegetais
constitui um iacutendice da qualidade de sua preparaccedilatildeo e da garantia de sua
conservaccedilatildeo (COSTA 1982 SILVA JUacuteNIOR 2006) A perda por dessecaccedilatildeo do
triturado da planta indicativo do teor de material volaacutetil do vegetal e indiretamente
da umidade residual apresentou um valor obtido na anaacutelise da casca do caule de
Hymenaea stigonocarpa de 1024 O valor encontrado nesse estudo apresenta-se
156
dentro do intervalo estabelecido pela Farmacopeacuteia Brasileira V (2010) de 8 a 14
indicando uma boa conservaccedilatildeo e uma secagem eficiente da mateacuteria prima vegetal
Esta determinaccedilatildeo eacute importante para o controle de qualidade microbioloacutegico
pois um excesso de aacutegua na droga vegetal favorece o crescimento de fungos e
bacteacuterias podendo tambeacutem levar agrave hidroacutelise de seus constituintes bioativos
(SHARAPIN 2000)
A determinaccedilatildeo de cinzas totais do triturado da casca permite a quantificaccedilatildeo
do resiacuteduo natildeo volaacutetil inorgacircnico presente nas drogas vegetais como integrante
natural destas As cinzas totais constituiacutedas principalmente por carbonatos cloretos
e diversos tipos de oacutexidos pode servir como meacutetodo para avaliar a pureza do
material detectando possiacuteveis impurezas e adulteraccedilotildees do material com compostos
inorgacircnicos (COSTA 1982 SILVA JUacuteNIOR 2006) O resultado encontrado na
determinaccedilatildeo do teor de cinzas totais nas cascas do caule de H stigonocarpa foi de
828plusmn027 Considerando que natildeo existem na Farmacopeacuteia Brasileira limites
preconizados em monografia para esta espeacutecie e que em vaacuterias delas satildeo
apresentados em ensaios de pureza valores de ateacute 10 como dentro do limite
consideramos os resultados obtidos aceitaacuteveis
Os resultados obtidos para os ensaios de perda por dessecaccedilatildeo teor de
extrativos estatildeo apresentados na tabela 5
Tabela 5 - Resultados dos ensaios de perda por dessecaccedilatildeo teor de extrativos e
cinzas totais das amostras de cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes
trituraccedilatildeo
Amostra PD plusmn dp TE plusmn dp CTplusmn dp
Triturado da casca de Hymenaea stigonocarpa
1024 plusmn 017 1429plusmn167 828plusmn027
PD ndash Perda por dessecaccedilatildeo TE ndash Teor de extrativos CT ndash Cinzas Totais dp ndash desvio padratildeo
542 Determinaccedilatildeo do rendimento
Um problema para a seleccedilatildeo dos meacutetodos de extraccedilatildeo eacute a possibilidade de
compostos de interesse apresentarem uma interaccedilatildeo significativa com a matriz
sendo necessaacuterio nestes casos um meacutetodo com elevada recuperaccedilatildeo
157
Determinadas matrizes podem reter analitos dentro de poros ou outras estruturas
(SOUZA 2013)
Uma das teacutecnicas para aumentar a recuperaccedilatildeo dos compostos de interesse
seria aumentar a temperatura do solvente pois a energia teacutermica adicionada pode
auxiliar na quebra das ligaccedilotildees da matriz e facilitar a difusatildeo do analito agrave superfiacutecie
O aumento do tempo de contato tambeacutem poderia ser outra saiacuteda para o aumento da
recuperaccedilatildeo devido a sua influecircncia na difusatildeo Deve-se avaliar poreacutem que tempos
muito longos podem promover a perda de compostos por oxidaccedilatildeo (SOUZA 2013)
A escolha de um meacutetodo em detrimento de outro eacute um ponto que deve ser bem
estudado pois uma seleccedilatildeo incorreta pode levar ao aumento do tempo de
execuccedilatildeo necessidade do uso de grande quantidade de solvente aleacutem de poder
apresentar baixa eficiecircncia na extraccedilatildeo Exemplos disso satildeo os metodos que
utilizam elevaccedilatildeo da temperatura onde substacircncias de interesse caso sejam
termicamente laacutebeis podem ser degradadas Assim deve-se considerar a
adequaccedilatildeo dos meacutetodos de extraccedilatildeo (ONG 2004) Desta forma alguns metodos
utilizados neste estudo satildeo descritos a seguir
O meacutetodo de extraccedilatildeo assistido por ultrassom envolve a forccedila de corte criada
pela implosatildeo de bolhas de cavitaccedilatildeo sobre a propagaccedilatildeo das ondas acuacutesticas no
intervalo kHz O colapso de bolhas pode produzir efeitos fiacutesicos quiacutemicos e
mecacircnicos o que resulta na ruptura das membranas bioloacutegicas para facilitar a
libertaccedilatildeo de compostos extratiacuteveis e melhorar a penetraccedilatildeo do solvente em
materiais celulares e transferecircncia de massa (DAIacute MUMPER 2010)
Uma das vantagens da extraccedilatildeo assistida por ultrassom (HSU) eacute que ela eacute uma
tecnologia potencialmente uacutetil pois natildeo necessita de instrumentos complexos e eacute
relativamente de baixo custo podendo ser usada tanto em pequena quanto em
grande escala (VINATORU 2001)
Apoacutes a obtenccedilatildeo da soluccedilatildeo extrativa e concentraccedilatildeo em rotaevaporador o
valor de rendimento obtido para o meacutetodo do ultrassom foi de 1122 (2245g)
Esta foi agrave teacutecnica que apresentou menor rendimento Aspectos como a natureza do
material e distribuiccedilatildeo da onda ultrassocircnica no liacutequido extrator podem justificar esse
menor rendimento
Amostras com grandes teores de extrativos apresentam maior estabilidade
dimensional e consequentemente maior resistecircncia a sonicaccedilatildeo Quanto agrave potecircncia
ultrassocircnica sabe-se que o maacuteximo poder eacute observado proacuteximo a superfiacutecie da
158
fonte radiante ultrassocircnica (WANG WELLER 2006) poreacutem ele diminui
proporcionalmente com aumento da distacircncia Assim os aspectos fiacutesico-quiacutemicos da
amosta estudada bem como a metodologia empregada podem ter influenciado no
reduzido rendimento desta teacutecnica
Outra teacutecnica avaliada a turbo-extraccedilatildeo apresentou um rendimento de 1296
(2593g) Estaacute teacutecnica eacute baseada na extraccedilatildeo com simultacircnea reduccedilatildeo do tamanho
de partiacutecula que eacute resultado da aplicaccedilatildeo de elevadas forccedilas de cisalhamento Essa
reduccedilatildeo draacutestica do tamanho de partiacutecula e consequente rompimento das ceacutelulas
favorece a raacutepida dissoluccedilatildeo das substacircncias ativas no liacutequido extrativo (VOIGT
1993 SONAGLIO et al 2007)
Nessas circunstacircncias a difusatildeo das substacircncias dissolvidas atraveacutes da
membrana celular fica relegada a um plano secundaacuterio resultando em extraccedilatildeo de
ateacute quase o esgotamento da droga A esse incremento da eficiecircncia somam-se a
simplicidade rapidez e versatilidade da teacutecnica que permitem a faacutecil utilizaccedilatildeo da
turboextraccedilatildeo em processamentos em pequena e meacutedia escala (HUBINGER et al
2009)
Em nosso estudo observamos que o tamanho reduzido da partiacutecula aspecto
caracteriacutestico deste meacutetodo proporciona dificuldades no processo de separaccedilatildeo da
soluccedilatildeo extrativa por filtraccedilatildeo e consequentemente perda de material Isso pode
justificar o porquecirc de um meacutetodo que leva a quase esgotamento da droga natildeo
produzir um bom rendimento
Aspectos como o aumento na temperatura podem promover uma maior
extraccedilatildeo tanto pelo aumento da solubilidade como pela taxa de transferecircncia de
massa Aleacutem disso a viscosidade e a tensatildeo superficial dos solventes satildeo
diminuiacutedas em temperaturas altas o que ajuda os solventes a atingir as matrizes de
amostras e melhoria da taxa de extraccedilatildeo (DAIacute MUMPER 2010)
Assim a teacutecnica de infusatildeo levou a um rendimento de 1377 (2755g) natildeo
apresentando diferenccedila significativa no rendimento (Plt005) quando comparado ao
meacutetodo de ultrassom
159
Figura 51 ndash Rendimentos obtidos atraveacutes dos
diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo
O meacutetodo de maceraccedilatildeo por sua natureza natildeo conduz ao esgotamento da
mateacuteria prima vegetal seja devido agrave saturaccedilatildeo do liacutequido extrator ou ao
estabelecimento de um equiliacutebrio difusional entre o meio extrator e o interior da
ceacutelula (VOIGT 2000) Desta forma para o meacutetodo de maceraccedilatildeo o rendimento foi de
1525 (3050g) Comparando este meacutetodo com os meacutetodos anteriormente
descritos o melhor rendimento da maceraccedilatildeo pode ser sugerido pela maior
influecircncia do tempo de interaccedilatildeo e difusatildeo drogasolvente o que natildeo foi observado
em meacutetodos que apenas utilizam o aumento da temperatura do solvente e
ultrassom
Meacutetodos extrativos dependem em grande parte dos fenocircmenos de difusatildeo
sendo que a agitaccedilatildeo pode influenciar na duraccedilatildeo do processo (MIGLIATO et al
2011) Baseados nesta ideia outros dois meacutetodos que empregam a agitaccedilatildeo tambeacutem
foram avaliados Um deles foi o refluxo onde ocorre o aquecimento da soluccedilatildeo ateacute agrave
ebuliccedilatildeo e o retorno dos vapores condensados para o balatildeo antes de serem
perdidas por evaporaccedilatildeo Este meacutetodo se mostrou mais eficiente com rendimento de
1775 (3550g) se comparado com as teacutecnicas anteriores Poreacutem foi observado
que o aquecimento ateacute a ebuliccedilatildeo e o refluxo do triturado durante 45min levaram a
reduccedilatildeo do tamanho das partiacuteculas que influenciou no processo de separaccedilatildeo da
soluccedilatildeo extrativa por filtraccedilatildeo Natildeo diferindo significativamente do meacutetodo de refluxo
(Plt005) a de maceraccedilatildeo dinacircmica foi o meacutetodo que apresentou o maior
rendimento 1862 (3725g)
Comparado com os outros meacutetodos podemos sugerir que sua vantagem
ocorreu pela influecircncia do agitador magneacutetico no equiliacutebrio difusional entre o meio
ULTRASSOM TURBOLISE INFUSAtildeO MACER REFLUXO MACER DIN0
1
2
3
4
Meacutetodo de extraccedilatildeo
Resiacuted
uo
seco
(g
)
160
extrator e o interior da ceacutelula assim como ruptura das membranas que aumentaram
a penetraccedilatildeo do solvente nos materiais celulares e consequentemente levaram o um
maior rendimento
543 Prospecccedilatildeo fitoquiacutemica por cromatografia de camada delgada
A prospecccedilatildeo fitoquiacutemica atraveacutes de cromatografia de camada delgada
(figura 52) demonstrou a presenccedila de flavonoides e taninos condensados em todos
os extratos avaliados
Figura 52 ndash Cromatogramas demonstrando a presenccedila de
flavonoides e taninos nos extratos hidroalcooacutelicos da casca do caule
Hymenaea stiginocarpa obtidos a partir dos diferentes meacutetodos de
extraccedilatildeo
Placa A e B fase moacutevel EtOAc ndash HCOOH ndash ACOH ndash H2O (100111126 vv) revelador da placa A - Reagente de NEU revelador da placa B ndash Vanilina cloriacutedrica Amostras adicionadas A ndash astilbina (Padratildeo) Md ndash Extrato maceraccedilatildeo dinacircmica Me ndash Extrato maceraccedilatildeo estaacutetica (Maceraccedilatildeo) I ndash Extrato infusatildeo T ndash Extrato turbolise R ndash Extrato refluxo U ndash Extrato ultrassom e P ndash Padratildeo de epicatequina
544 Anaacutelise quantitativa dos compostos majoritaacuterios
Antes de considerar o emprego da metodologia para taninos totais os perfis
de absorccedilatildeo no UV-VIS para o padratildeo de aacutecido gaacutelico e as amostras foram
estabelecidos em espectrofotocircmetro na faixa de 400 a 900 nm apoacutes reaccedilatildeo com o
A B
161
reagente de Folin-Ciocalteu Os espectros estatildeo apresentados na figura 53 e
revelam grande similaridade entre a amostra e a substacircncia de referecircncia
confirmando a compatibilidade e permitindo eleger o comprimento de onda de 780
nm para leitura
Figura 53 - Espectro de varredura de ultravioleta do aacutecido gaacutelico e
do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea stigonocarpa apoacutes reaccedilatildeo
com Folin-Ciocalteau
Um desenho fatorial do tipo 32 foi conduzido para determinaccedilatildeo da influecircncia
de paracircmetros reacionais mais importantes tal como o volume do reagente de Folin-
Ciocalteau a concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo de carbonato e o tempo de reaccedilatildeo sobre a
resposta do meacutetodo de doseamento (intensidade de absorccedilatildeo de 780 nm) e a
presenccedila de deslocamentos bato ou hipsocrocircmicos capazes de comprometer
significativamente o desempenho do procedimento
Os resultados demonstraram interferecircncia das variaacuteveis sobre a absorbacircncia
observada Para a resposta do meacutetodo de doseamento espectrofotomeacutetrico
(intensidade de absorvacircncia) os dados obtidos e apresentados na tabela 6 foram
analisados atraveacutes do graacutefico de paretos (figura 54)
nm
Linhas azul - aacutecido gaacutelico vermelha - Extrato hidroalcooacutelico
162
Tabela 6 - Matriz do experimental do desenho aplicado para avaliar a influecircncia da
quantidade de Folin-Ciocalteau concentraccedilatildeo de carbonato de soacutedio e tempo de
reaccedilatildeo sobre a absorbacircncia
Variaacutevel natural Variaacutevel codificada Resultados
Folin (mL)
Na2CO3 ()
Tempo (min)
Fator A Fator B Fator C Meacutedia DP CV
1 10 5 -1 -1 -1 0453 00040 001
3 10 5 1 -1 -1 0431 00060 001
1 20 5 -1 1 -1 0414 00055 001
3 20 5 1 1 -1 0422 00180 004
1 10 25 -1 -1 1 0501 00261 005
3 10 25 1 -1 1 0519 00031 001
1 20 25 -1 1 1 0485 00083 002
3 20 25 1 1 1 0503 00066 001
2 15 15 0 0 0 0487 00154 003
2 15 15 0 0 0 0475 00026 001
2 15 15 0 0 0 0488 00089 002
Variaacuteveis codificadas Fator A - Volume do reagente de Folin-Ciocalteau Fator B - Concentraccedilatildeo de Na2CO3 Fator C - Tempo de reaccedilatildeo DP ndash desvio padratildeo cv - Coeficiente de variaccedilatildeo
Figura 54 - Graacutefico de pareto para efeitos padronizados do fatorial 32
5943951
6638698
8595094
1261833
1627582
2724828
-433412
1570891
p=05
Standardized Effect Estimate (Absolute Value)
Replicat(1)
Replicat(2)
2by3
(1)Folin (mL)
1by2
1by3
(2)Na2CO3 ()
(3)Time (min)
163
O caacutelculo dos efeitos para fatores pelo graacutefico de Pareto (Figura 54)
possibilitou a observaccedilatildeo dos efeitos significativos e o seu tipo de influecircncia dobre a
resposta intensidade de absorvacircncia Considerando os termos significativos apenas
os fatores tempo e concentraccedilatildeo de carbonato de soacutedio foram significativos Natildeo foi
observada influecircncia importante para o volume do reagente de Folin-Ciocalteau
quando analisada isoladamente poreacutem houve interaccedilatildeo entre os fatores tempo e
volume de Folin-Ciocalteau
Ainda a respeito aos efeitos significativos o tempo apresentou contribuiccedilatildeo
positiva (+1570) ou seja a mudanccedila de niacutevel favorece a resposta estudada
Portanto o aumento do tempo incrementa a absorbacircncia lida Por outro lado a
concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo de carbonato de soacutedio exerceu influecircncia negativa Assim
o aumento da concentraccedilatildeo de carbonato reduz a resposta do procedimento
Com os paracircmetros determinados foi entatildeo avaliada a quantidade de agente
precipitante sobre o doseamento de taninos totais nas cascas do caule de
Hymenaea stigonocarpa
Foi avaliado o agente precipitante caseiacutena adicionado nas seguintes
quantidades 50 150 250 350 450 e 500 mg Os resultados foram expressos com a
meacutedia e desvio padratildeo A figura 55 mostra o efeito das quantidades de caseiacutena
sobre o teor de taninos totais
Figura 55 - Valores de absorbacircncia da fraccedilatildeo residual do
extrato de Hymenaea stigonocarpa em funccedilatildeo da
quantidade de caseiacutena
50 150
250
350
450
500
0
1
2
3
Caseiacutena (mg)
Teo
r d
e t
an
ino
s (
mg
g)
164
Em termos de precisatildeo intermediaacuteria os melhores resultados foram obtidos
para uma quantidade de no maacuteximo 4500 mg de caseiacutena (Tabela 7) Para
quantidades acima desse valor foram observados ausecircncia de variaccedilatildeo significativa
dos valores da absorvacircncia
Tabela 7 - Valores meacutedios da absorvacircncia (UA) obtidos para a fraccedilatildeo natildeo tanante apoacutes adiccedilatildeo de diferentes quantidades de caseiacutena durante anaacutelise (triplicata)
Quantidade de caseiacutena 1 2 3 MEacuteDIA DP CV
Sem caseiacutena 0559 0535 0538 0544 0013 0024
50mg 0424 0410 0399 0411 0013 0030
150mg 0376 0371 0385 0377 0007 0019
250mg 0320 0328 0330 0326 0005 0016
350mg 0272 0313 0318 0301 0025 0084
450mg 0275 0264 0269 0269 0006 0020
500mg 0254 0280 0264 0266 0013 0049
Repeticcedilotildees das avaliaccedilotildees das absorbacircncias 1 2 e 3 DP ndash desvio padratildeo cv - Coeficiente de variaccedilatildeo
5441 Determinaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento de polifenoacuteis totais por
espectofotometria apoacutes avaliaccedilatildeo das variaacuteveis analiacuteticas
Apoacutes a analise dos dados obtidos pelo estudo da otimizaccedilatildeo do meacutetodo de
doseamento de polifenoacuteis por espectrofotometria as variaacuteveis do meacutetodo
empregado foram volume de reagente de Folin-Ciocalteu 3 ml concentraccedilatildeo de
Carbonato de Soacutedio 10 (vv) e o tempo de reaccedilatildeo 25 minutos
Para obtenccedilatildeo da fraccedilatildeo natildeo tanante a quantidade do agente precipitante
utilizada foi de 450 mg sendo utilizada caseiacutena Merckreg purificada
5442 Determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de polifenois totais taninos e flavonoides
Apoacutes a avaliaccedilatildeo das variaacuteveis analiacuteticas e da determinaccedilatildeo da fraccedilatildeo
residual da soluccedilatildeo extrativa das cascas do caule de Hymenaea stigonocarpa em
funccedilatildeo da quantidade de caseiacutena os teores de polifenois e taninos totais obtidos a
165
partir da diferentes meacutetodos de preparaccedilatildeo foram determinados e descritos na
tabela 8
Tabela 8 - Teor de polifenois taninos e flavonoides totais nos extratos
hidroalcooacutelicos de Hymenaea stigonocarpa obtidos a partir de diferentes meacutetodos
Aleacutem de polifenoacuteis e taninos totais o teor de flavonoides nos diferentes
extratos foi estimado a partir de CLAE-DAD Apoacutes a obtenccedilatildeo dos cromatogramas
dos diferentes extratos observou-se em todos eles a presenccedila de cinco picos que
foram chamados de A B C D e E (figura 56)
Os picos de A ateacute D foram identificados atraveacutes do espectro de UV com
dados da literatura (MABRY 1970) como flavonoides e assim o teor de flavonoides
totais em cada extrato foi obtido pela soma das aacutereas dos picos A B C e D atraveacutes
da equaccedilatildeo da reta
A aacuterea da banda E (TR 39-43) natildeo foi adicionada ao caacutelculo pois esta banda
estaacute relacionada agrave presenccedila de taninos condensados jaacute observados na anaacutelise por
CCD Esses taninos satildeo possivelmente catequinas polimeacutericas o que pode ser
sugerido devido ao aparecimento de deriva na linha de base e da formaccedilatildeo de
bandas caracteriacutesticas no cromatograma Apenas monoacutemeros e oligocircmeros ateacute o
tetracircmero de catequinas e proantocianidinas pode ser separado e detectado como
um pico definido (ANDERSEN MARKHAM 2006 PARK et al 2012)
Quanto ao teor de polifenois (figura 57) os extratos com maior concentraccedilatildeo
foram os obtidos por turbolise infusatildeo e maceraccedilatildeo dinacircmica com 686plusmn09
617plusmn015 e 660plusmn024 mg GAEg respectivamente natildeo havendo diferenccedila
significativa eles (Plt005) Um menor teor 543 plusmn 011 mg GAEg foi observado no
extrato obtido por maceraccedilatildeo o qual mostrou um rendimento significativo se
Extratos Polifenoacuteis totais Taninos Flavonoacuteides
Ultrassom (EU) 476 plusmn 008 140 plusmn 023 056 plusmn 005
Turbolise (ET) 686 plusmn 009 164 plusmn 027 058 plusmn 007
Infusatildeo (EI) 672 plusmn 014 175 plusmn 010 062 plusmn 003
Maceraccedilatildeo (EM) 543 plusmn 011 179 plusmn 014 060 plusmn 004
Refluxo (ER) 456 plusmn 041 164 plusmn 028 066 plusmn 006
Maceraccedilatildeo dinacircmica (EMD) 660 plusmn 024 176 plusmn 031 059 plusmn 003
166
comparado aos extratos obtidos por ultrassom e refluxo com 476 plusmn 009 e 456 plusmn
041 mg GAEg respectivamente que natildeo diferiram entre si (Plt005)
Figura 56 - Cromatograma obtido por CLAE-DAD dos diferentes extratos
hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
Extrato obtido por ultrassom (EU) Extrato obtido por turbolise (ET) Extrato obtido por infusatildeo (EI) Extrato obtido por maceraccedilatildeo (EM) Extrato obtido por refluxo (ER) e Extrato obtido por Maceraccedilatildeo dinacircmica (EMD) Espectro obtido por UV com padratildeo sugestivo de flavonoacuteides (A C and D) identificado como astilbina (B) e relacionado agrave catequinas polimeacutericas (E)
C D B
EU
ET
EI
EM
ER
EMD
D A B C E
D A B C E
D A B C E
D A B C E
D A B C E
D A B C E
Astilbina = pico B
Peak 6 100 at 3532 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1975
1931
2939
50 at 3520 min 99658
-50 at 3545 min 99665
Peak 7 100 at 3621 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1981
19102943
50 at 3609 min 99932
-50 at 3634 min 99902A Peak 4 100 at 2980 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1983
2902
50 at 2967 min 99984
-50 at 2993 min 99986
Peak 5 100 at 3139 min
-100
200
400
600
190 250 300 350 400
nm
1984
1912 2905
50 at 3126 min 99977
-50 at 3152 min 99995
167
Figura 57 - Teor de polifenois totais dos extratos
hidroalcooacutelicos da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa
obtidos atraveacutes dos diferentes meacutetodos de extraccedilatildeo
Tempos de extraccedilatildeo prolongados e temperatura elevada levam ao aumento
da possibilidade de oxidaccedilatildeo dos compostos fenoacutelicos o que diminuem o
rendimento de destes compostos nos extratos (DAIacute MUMPER 2010)
A reduccedilatildeo do rendimento de polifenois no meacutetodo de refluxo empregado em
nosso estudo onde o material vegetal tem contato com o solvente em temperatura
de ebuliccedilatildeo e na maceraccedilatildeo onde o contato material vegetal e solvente ocorre por
um periacuteodo de tempo estendido podem ser sugeridos pela ocorrecircncia de possiacutevel
oxidaccedilatildeo dos compostos fenoacutelicos
Uma das desvantagens do meacutetodo de extraccedilatildeo assistida por ultrassom eacute o
efeito deleteacuterio ocasional de energia de ultrassom (mais de 20 kHz) sobre os
constituintes ativos de plantas medicinais que pode levar a formaccedilatildeo de radicais
livres e consequentemente alteraccedilotildees indesejaacuteveis (TIWARI et al 2011) Aleacutem
disso um tempo de sonicaccedilatildeo prolongado (mais de 40 minutos) pode levar a
degradaccedilatildeo dos componentes ativos (ANNEGOWDA et al 2010) Desta forma a
ocorrecircncia destes efeitos pode ser sugerida para explicar o teor reduzido de
polifenois na extraccedilatildeo assistida por ultrassom
Os meacutetodos que obtiveram concentraccedilotildees estatisticamente semelhantes de
polifenois (turboacutelise infusatildeo e maceraccedilatildeo dinacircmica) parecem natildeo terem sofrido
degradaccedilatildeo de seus constituintes em decorrecircncia do tempo de extraccedilatildeo ou
temperatura de extraccedilatildeo Nessas amostras o processo ocorreu em no maacuteximo 60
minutos
TURBOLISE INFUSAtildeO MACER DIN MACER ULTRASOM REFLUXO
0
2
4
6
8
Meacutetodos de extraccedilatildeo
Po
life
no
is (
mg
GA
Eg
)
168
Quanto agrave temperatura podemos sugerir que a ocorrecircncia de temperatura de
ebuliccedilatildeo durante um periacuteodo prolongado eacute que parece induzir a degradaccedilatildeo de
polifenois dos extratos de Hymenaea stigonocarpa o que natildeo acontece no meacutetodo
de infusatildeo onde a temperatura de ebuliccedilatildeo soacute eacute alcanccedilada no inicio do processo
Diferente do que ocorreu na determinaccedilatildeo do teor de polifenois natildeo foram
observadas diferenccedilas significativas tanto em relaccedilatildeo ao teor de taninos quanto ao
de flavonoides Isso sugere que apesar da degradaccedilatildeo de alguns polifenois em
decorrecircncia do meacutetodo extrativo haacute uma ldquocompensaccedilatildeordquo entre a degradaccedilatildeo e
capacidade extrativa
Isso eacute evidenciado quando observamos alguns meacutetodos refluxo por
exemplo a pesar de degradaccedilatildeo motivada pelo aumento da temperatura esta
tambeacutem leva a uma maior capacidade extrativa Outro exemplo eacute a extraccedilatildeo
assistida por ultrassom que mesmo apresentando teores semelhantes aos outros eacute
o meacutetodo que apresenta o menor teor de absoluto de taninos e flavonoides Neste
caso o baixo rendimento de resiacuteduo seco motivado pela ineficiecircncia do ultrassom na
lise da parede celular eacute associado ao efeito da degradaccedilatildeo dos polifenois natildeo
levando a uma compensaccedilatildeo e consequentemente reduccedilatildeo do teor absoluto de
taninos e flavonoides
545 Determinaccedilatildeo da atividade antibacteriana de H stigonocarpa Mart ex
Hayne
Com o objetivo de avaliar a influecircncia do meacutetodo de extraccedilatildeo sobre a
atividade antibacteriana do extrato hidroalcooacutelico da casca do caule de Hymenaea
stigonocarpa frente a diferentes cepas de Staphylococcus aureus foram
determinadas a concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima e bactericida miacutenima dos extratos
obtidos
Staphylococcus aureus foi selecionado por ser o micro-organismo mais
susceptiacutevel ao extrato hidroalcooacutelico de acordo com estudos anteriores (DIMECH et
al 2013) Os valores das concentraccedilotildees inibitoacuterias e bactericidas miacutenimas natildeo
variaram quando correlacionadas as teacutecnicas de extraccedilatildeo utilizadas tabela 9
169
Tabela 9 - Valores da Concentraccedilatildeo Bactericida Miacutenima e Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima dos extratos de Hymenaea stigonocarpa frente a cepas de bacteacuterias Gram positivas
CBM Concentraccedilatildeo bactericida miacutenima CIM concentaccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima OXAR Oxacilina com CIM ge 40microgmL OXA
S Oxacilina com CIM le 20microgmL
Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima Concentraccedilatildeo bactericida miacutenima (microgmL)
Cepas de Staphylococcus aureus Refluxo Infusatildeo Ultrassom Turbolise Maceraccedilatildeo (estaacutetica)
Maceraccedilatildeo dinacircmica
Oxacilina (padratildeo)
Staphylococcus aureus ATCC 25923 250500 250250 250250 250250 250250 250500 01250250
Staphylococcus aureus AM 02 625125 625125 625125 625625 625625 625625 01250125
Staphylococcus aureus AM 04 500500 250500 500500 500500 500500 500500 01250250
Staphylococcus aureus AM 05 125250 250250 250250 250250 250500 250500 01250250
Staphylococcus aureus UFPEDA 01 500500 250500 250500 250500 250500 250500 01250250
Staphylococcus aureus AM 13 500500 500500 250250 250250 250500 250500 256512
Staphylococcus aureus IC 17 500500 500500 250500 250250 250500 250500 3264
Staphylococcus aureus AM 18 250250 250500 250500 250250 250500 500500 128256
Staphylococcus aureus AM 19 500500 250500 500500 500500 500500 250500 1632
Staphylococcus aureus AM 20 250250 250250 125250 250250 250500 250500 816
Staphylococcus aureus AM 21 250250 250250 125250 250250 250500 250500 1616
169
Estudos anteriores indicaram que os taninos satildeo os metaboacutelitos secundaacuterios
de Hymenaea stigonocarpa responsaacuteveis pela atividade antibacteriana (DIMECH et
al 2013) A seleccedilatildeo do meacutetodo extrativo mais eficiente foi baseada nos criteacuterios
atividade bioloacutegica frente agrave Staphylococcus aureus teor de taninos totais (metaboacutelito
secundaacuterio responsaacutevel pela accedilatildeo antibacteriana) e teor de resiacuteduo seco
Devido a natildeo terem ocorrido diferenccedilas significativas na atividade bioloacutegica e
no teor de taninos quando comparamos todos os extratos obtidos a partir dos
diferentes meacutetodos o teor de resiacuteduo seco foi o criteacuterio utilizado para determinar o
meacutetodo de maceraccedilatildeo dinacircmica como o melhor
546 Determinaccedilatildeo da atividade antifungica de H stigonocarpa Mart ex
Hayne
Aleacutem da accedilatildeo antibacteriana dos taninos observada em nosso estudo sabe-
se que eles podem apresentar atividade frente fungos Vasconcelos et al (2003)
descreve que os taninos apresentam a capacidade de inibir o crescimento de
espeacutecies de Candida devido a sua accedilatildeo na ceacutelula especialmente na membrana
celular precipitando proteiacutenas
Os dois principais agentes utilizados na terapia antifuacutengica satildeo a anfotericina
B um antibioacuteticos polienico e o fluconazol agente antifuacutengico pertencente a classe
dos azoacuteis Eles tecircm atividade especialmente contra C albicans No entanto jaacute
existem relatos de surgimento de algumas cepas de Candida albicans resistentes a
estes antifuacutengicos aleacutem disso estes apresentaram efeitos colaterais (HIRASAWA
TAKADA 2004)
Os principais mecanismos de desenvolvimento de resistecircncia das cepas em
relaccedilatildeo aos azoacuteis alteraccedilotildees no siacutetio alvo da droga (14 α-demetilase) impedindo a
sua inibiccedilatildeo que levaria a depleccedilatildeo do ergosterol e consequente formaccedilatildeo da
membrana plasmaacutetica com alteraccedilotildees na funccedilatildeo e estrutura alteraccedilatildeo na
biossiacutentese de esteroacuteis resultando na acumulaccedilatildeo de 14 α-metil fecosterol ao inveacutes
de ergosterol presenccedila de bombas de efluxo e Superexpressatildeo do siacutetio alvo (14 α-
demetilase) impedindo a reduccedilatildeo da siacutentese de ergosterol pela inibiccedilatildeo provocada
pelos azoacuteis (GHANNOUM RICE 1999)
Desta forma a descoberta de um agente antibioacutetico que seja eficaz e seguro
podem ser importantes para a erradicaccedilatildeo de ambas as cepas de Candida sensiacuteveis
e resistentes Existem vaacuterios relatos que mostram atividade antifuacutengica de produtos
170
171
naturais (RUKAYADI et al 2013 ADEME et al 2013 ALRAJHI et al 2013
SENHAJI et al 2013)
Alguns estudos realizados em espeacutecies do gecircnero Hymenaea relatam a
presenccedila de atividade antifuacutengica em diferentes extratos
Quanto agrave espeacutecie Hymenaea martiana os extratos aquoso etanoacutelico
butanoacutelico e hidroalcooacutelico da casca apresentam atividade frente agrave Cryptococcus
neoformans e C gatii com CIM entre 2 a 64 microgmL sendo as fraccedilotildees etanoacutelica e
hidroalcooacutelica as mais ativas Tambeacutem foi demonstrada a atividade da H martiana
frente agrave dermatoacutefitos (T rubrum T mentagrophytes M canis) sendo os menores
valores de CIM obtidos a partir das fraccedilotildees aquosa e butanoacutelica nas trecircs espeacutecies
estudadas Souza e colaboradores (2010)
Os valores das Concentraccedilotildees inibitoacuterias miacutenimas para o extrato
Hidroalcooacutelico e o fluconazol frente a diferentes cepas de Candida estatildeo
sumarizados na tabela 10
Tabela 10 - Concentraccedilatildeo Inibitoacuteria Miacutenima do extrato hidroalcooacutelico de Hymenaea
stigonocarpa obtido por maceraccedilatildeo dinacircmica frente a diferentes espeacutecies de
Candida
Micro-organismos Cepa Extrato
hidroalcooacutelico CIM (microgml)
FLU CIM (microgml)
Perfil sensibilidade
Candida parapsilosis ATCC 22019 250 80 S
Candida parapsilosis CP 4608 250 16 SD-D
Candida parapsilosis4889 125 20 S
Candida glabrata 6094 781 gt64 R
Candida krusei 5712 195 32 SD-D
Candida krusei 4263 195 64 R
Candida krusei 934 625 64 R
Candida tropicalis 4790 125 32 SD-D
Candida tropicalis ATCC 750 250 40 S
Candida albicans 6257 390 ND -
Candida albicans 4986 250 16 SD-D
Candida albicans 4606 250 20 S
Candida albicans 4990 250 gt64 R
CIM concentraccedilatildeo inibitoacuteria miacutenima FLU ndash Fluconazol ND Natildeo Determinado Perfil Sensiacutevel CIM le 80microgmL Sensibilidade dose-dependente 16 ndash 32 resistente CIM ge 640microgmL Extrato Hidroalcooacutelico obtido por maceraccedilatildeo dinacircmica
172
Quanto agrave atividade antifuacutengica foram empregadas cepas de diferentes perfis
de resistecircncia frente ao fluconazol
As espeacutecies que apresentaram as maiores sensibilidades de acordo com os
valores da CIM foram Candida krusei e Candida glabrata Segundo o CLSI M27-A3
(2008) os isolados de C krusei satildeo intrinsecamente resistentes ao fluconazol poreacutem
essas espeacutecies foram susceptiacuteveis ao extrato em valores ateacute cinco diluiccedilotildees
menores quando comparados agraves substacircncias de referecircncia
Aleacutem destas cepas o extrato mostrou atividade frente agrave cepa de Candida
albicans 6257 com CIM de 39 microgml como tambeacutem a Candida glabrata 6094 com
CIM de 781 microgml Com valores mais elevados da CIM mas ainda apresentando
uma consideraacutevel atividade foi observada a accedilatildeo do extrato frente agraves espeacutecies C
parapsilosis e C tropicalis com valores variando entre 125 e 250 microgml
A presente investigaccedilatildeo poreacutem representa um estudo preliminar para
atividade antifuacutengica e aponta para a necessidade de uma maior investigaccedilatildeo
bioloacutegica uma vez que Hymenaea stigonocarpa apresenta um grande potencial
farmacoloacutegico
173
55 CONCLUSOtildeES
Os resultados obtidos nos permitem concluir que a secagem do material
vegetal em estufa a 40degC durante 72h foi suficiente para obtenccedilatildeo de um triturado
com valor de perda por dissecaccedilatildeo (teor de umidade) dentro das especificaccedilotildees o
material vegetal obtido apoacutes a trituraccedilatildeo pocircde ser classificado como poacute grosso
Quanto ao rendimento de extrativos a teacutecnica que levou a obtenccedilatildeo do melhor
teor de resiacuteduo seco foi a de maceraccedilatildeo dinacircmica seguido por refluxo maceraccedilatildeo
infusatildeo turbolise e por fim extraccedilatildeo ultrassocircnica natildeo havendo diferenccedilas quanto agraves
classes de metaboacutelitos secundaacuterios identificados em funccedilatildeo do meacutetodo de extraccedilatildeo
empregado
A otimizaccedilatildeo do meacutetodo de doseamento por Folin Ciocalteu para a
determinaccedilatildeo do teor de polifenois em Hymenaea stigonocarpa demonstrou que o
aumento do tempo de reaccedilatildeo da quantidade do reagente de Folin-Ciocalteu e a
adiccedilatildeo de 450mg de caseiacutena na complexaccedilatildeo com os polifenoacuteis satildeo as variaacuteveis da
metodologia de doseamento de polifenoacuteis que apresentaram contribuiccedilatildeo positiva
para o estudo
Quanto a atividade antimicrobiana natildeo houve diferenccedilas significativas nos
teores de taninos e flavonoides totais e na atividade frente a diferentes cepas de
Staphylococcus aureus em funccedilatildeo do meacutetodo de extraccedilatildeo utilizado O meacutetodo de
extraccedilatildeo mais eficiente de acordo com as variaacuteveis avaliadas foi a maceraccedilatildeo
dinacircmica devido ao maior teor de resiacuteduo seco obtido
A triagem do extrato hidroalcooacutelico obtido por maceraccedilatildeo para atividade
antifuacutengica demonstra que este extrato apresenta forte atividade frente a cepas de
Candida krusei e Candida glabrata
174
REFEREcircNCIAS
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6 IDENTIFICACcedilAtildeO DO FLAVONOacuteIDES PRESENTES NA FRACcedilAtildeO ACETATO DE
ETILA DA CASCA DO CAULE DE Hymenaea stigonocarpa
61 INTRODUCcedilAtildeO
Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne o jatobaacute-do-cerrado apresenta
distribuiccedilatildeo homogecircnea e ocorre predominantemente em aacutereas de cerrado sendo
uma espeacutecie lenhosa tiacutepica deste bioma (PAIVA amp MACHADO 2006)
As suas cascas do caule satildeo amplamente utilizadas na medicina popular em
infusatildeo ou decocccedilatildeo para tratar a dor de estocircmago asma bronquite uacutelceras
diarreia gripe e tosse (GRANDI et al 1989 VILA-VERDE et al 2003 BIESKI et
al2012)
Estudos farmacoloacutegicos tem revelado que os extratos de Hymenaea
stigonocarpa apresentam vaacuterias atividades bioloacutegicas tais como antiulcerogecircnica
(GUIMARAtildeES 2009) inibitoacuteria sobre o crescimento das linhagens de ceacutelulas
tumorais H460 Colo 205 e U937 (BRASIL et al 2009) inibitoacuteria sobre a liberaccedilatildeo
induzida de histamina a partir de mastoacutecitos (FERREIRA 2011) antidiarreica
gastroprotetor e cicatrizante (ORSI 2012) antioxidante (MARANHAtildeO et al 2013) e
antibacteriana (DIMECH et al 2013)
Avaliaccedilotildees fitoquiacutemicas de Hymenaea stigonocarpa demonstram a presenccedila
de terpenos sesquiterpenos aacutecidos graxos flavonoacuteides e taninos metaboacutelitos
secundaacuterios reconhecidos por suas atividades bioloacutegicas (LANGENHEIM et al
1983 MATUDA amp NETTO 2005 ORSI et al 2012)
Quanto aos metaboacutelitos Hymenaea stigonocarpa mais ativos Dimech e
colaboradores (2013) descrevem que aqueles extratos e fraccedilotildees ricos em taninos
satildeo os mais ativos quanto agrave atividade antibacteriana Apesar destes apresentarem
em sua composiccedilatildeo taninos os flavonoides tambeacutem estatildeo presentes e apesar de
aparentemente natildeo influenciarem a na accedilatildeo antimicrobiana tem um grande
potencial farmacoloacutegico
Vaacuterios estudos demonstram as atividades farmacoloacutegicas jaacute atribuiacutedas aos
flavonoacuteides tais como antitromboacutetica (MILLS amp BONE 2000) anti-hipertensiva
(BLUMENTHAL 2003) antiespasmoacutedica (ROBBERS amp TYLER 2000) e antialeacutergica
(MILLS amp BONE 2000)
180
Esses efeitos estatildeo ligados agrave sua capacidade de atuar como antioxidantes e
sequestrantes de radicais livres quelando metais e interagindo com enzimas
receptores e membranas (BEHLING et al 2004)
Alguns flavonoacuteides jaacute identificados nas diferentes espeacutecies do gecircnero
Hymenaea A astilbina foi identificada na resina do tronco de Hymenaea parvifolia
(ISHIBASHI et al 1999) Pettit et al (2003) isolaram os flavonoacuteides luteolina
crisoeriol palstatina entre outros das folhas de Hymenaea palustre Lovato e Nunes
(2007) sugeriu que o extrato de acetato de etila da casca de Hymenaea
stigonocarpa conteacutem o flavonoacuteide astilbina Suzuki et al (2008) isolaram dois
flavonoacuteides do alburno de H courbaril a taxifolina e o fisetinidol e foram isolados no
alburno de Hymenaea stigonocarpa quatro flavonoides identificados como hultenina
taxifolina quercetina e 7-methoxcatequina (MARANHAtildeO et al 2013)
A anaacutelise da impressatildeo digital cromatograacutefica pode refletir o perfil quiacutemico e
tem sido amplamente aceita para avaliaccedilatildeo da qualidade e espeacutecies diferenciaccedilatildeo
(ZHANG 2012) Desta forma cromatogramas de extratos hidroalcooacutelicos da casca
do caule de Hymenaea stigonocarpa obtidos atraveacutes de CLAE-DAD por Dimech et
al (2013) sugerem a natureza polifenoacutelica desta parte da planta sugerindo a
presenccedila de catequinas polimeacutericas e relatando a partir da avaliaccedilatildeo por CCD
associada anaacutelise dos espectros de UV a presenccedila de substacircncias sugestivas de
flavonoacuteides
Com o desenvolvimento das teacutecnicas de analiacuteticas as impressotildees digitais
cromatograacuteficas que fornecem caracterizaccedilatildeo sisteacutemica de produtos agrave base de
plantas tecircm sido aceitas por muitos paiacuteses e organizaccedilotildees (LONG et al 2012)
Vaacuterios meacutetodos cromatograacuteficos tecircm sido amplamente utilizados para a
obtenccedilatildeo dessas impressotildees digitais tais como cromatografia em camada delgada
(CCD) cromatografia gasosa (CG) cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE) e
eletroforese capilar (EC) (ZHONG et al 2009 PENG et al 2011)
No entanto estes meacutetodos geralmente demandam periacuteodos de anaacutelises
longos Nos uacuteltimos anos a cromatografia liacutequida de ultrarraacutepida (UFLC) que
emprega partiacuteculas porosas submicromeacutetricas como fase estacionaacuteria tem sido
aplicada com ecircxito na raacutepida obtenccedilatildeo de perfis de produtos agrave base de plantas (OZ
2011) UFLC DAD demonstrou ser uma potente teacutecnica de impressatildeo digital
181
cromatograacutefica com as vantagens de tempo curto de anaacutelise de alta resoluccedilatildeo e um
bom desempenho de separaccedilatildeo (LONG et al 2012)
182
62 OBJETIVOS
O objetivo geral e os especiacuteficos deste estudo estatildeo descritos a seguir
621 OBJETIVO GERAL
Identificar os flavonoides presentes na fraccedilatildeo acetato de etila da casca do caule de
Hymenaea stigonocarpa atraveacutes de cromatografia liacutequida ultrarraacutepida associada a
espectrocircmetria de massas
622 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Determinar atraveacutes de Anaacutelise por cromatografia liquida ultrarraacutepida acoplada
a detector de arranjo de Diodos e espectrocircmetro de massas o perfil
cromatograacutefico e espectros de Ultravioleta (UV) do extrato acetato de etila
Sugerir atraveacutes das anaacutelises dos cromatogramas de UV dos espectros de
massas dados da literatura eou comparaccedilatildeo com o padratildeo astilbina os
flavonoides presentes na fraccedilatildeo acetato de etila
183
63 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A seguir estatildeo descritos os materiais e meacutetodos utilizados para a realizaccedilatildeo
deste estudo
631 AMOSTRAS
Fraccedilatildeo acetato de etila da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa obtida
atraveacutes do resiacuteduo seco do extrato hidroalcooacutelico (5g) particionada em aacutegua e
acetato de etila (11) e padratildeo de astilbina (98 de pureza Aktin Chemicals Inc
China)
632 SOLVENTES EMPREGADOS
Metanol (MeOH) grau HPLC (marca JT Baker) H2O deionizada (18mΩ Milli-
Q Millipore) foram utilizados como solventes Esses foram filtrados e
posteriormente desgaseificados em banho de ultrassom
633 SISTEMA CROMATOGRAFIA LIQUIDA ULTRARRAacutePIDA ACOPLADA A
DETECTOR DE ARRANJO DE DIODOS E ESPECTROcircMETRO DE MASSAS
(UFLC-DAD-EM)
A anaacutelise cromatograacutefica foi realizada em UFLC Shimadzureg Proeminence
equipado com bombas LC-20AD injetor automaacutetico modelo Sil-20A HT detector de
DAD SPD-M20A controlador CBM-20A forno para coluna CTO-20A
Aliacutequotas de 20μL das amostras (1mgml) foram injetadas via um auto injetor
com um fluxo de 10mL min em coluna analiacutetica CLC-ODS (C-18) Shimadzureg de
250 x 46 mm 5micro Os cromatogramas na regiatildeo de UV gerados pelo DAD foram
registrados em 200 a 700nm
Para a anaacutelise de massas o cromatoacutegrafo foi acoplado espectrocircmetro de
massas UltrOTOF (Bruker-daltonics Billarica USA) com ionizaccedilatildeo por IES com
monitoramento de iacuteons negativos e positivos
184
634 ANAacuteLISE POR UFLC-DAD-EM
As condiccedilotildees para UFLC-DAD foram obtidas usando um gradiente de eluiccedilatildeo
composto por aacutegua (bomba A) e MeOH (bomba B) (73) que variou de 0 min 30
B 15 min 30 B 30 min 40 B 40 min 60 B 45 min 100 B 50 min 100 B
51 min 30 B 65 min 30 B
Os cromatogramas gerados por espectro de massas foram registrados na
regiatildeo entre mz 50 e mz 1200 e os paracircmetros do espectrocircmetro de massas
listados a seguir foram mantidos os mesmos em todas as anaacutelises 1000 scans por
segundo intervalo entre espectros 2 segundos fluxo do gaacutes de secagem 80Lmin
temperatura do gaacutes de secagem 220degC pressatildeo do gaacutes de nebulizaccedilatildeo 4 bar
6341 Identificaccedilatildeo dos flavonoacuteides
Os picos cromatograacuteficos foram identificados com base em seus espectros no
UV massa acurada obtida para os iacuteons moleculares (moleacutecula protonada [M+H]+
eou moleacutecula desprotonada [M-H]-) em alta resoluccedilatildeo e tempos de retenccedilatildeo no
sistema utilizado
A utilizaccedilatildeo de cada tipo de dados obtidos e o procedimento para a
identificaccedilatildeo dos picos ocorreu conforme a necessidade As informaccedilotildees disponiacuteveis
na literatura e a obtenccedilatildeo de padrotildees no laboratoacuterio foram conduzidos
principalmente com base nos resultados de estudos fitoquiacutemicos anteriores de
Hymenaea stigonocarpa
Em estudo anterior apoacutes avaliaccedilatildeo atraveacutes de CLAE-DAD Dimech et al
(2013) sugeriu apoacutes a contaminaccedilatildeo do extrato avaliado com o padratildeo de Astilbina
onde um dos picos apresentou mesmo tempo de retenccedilatildeo aleacutem de aumento de sua
aacuterea e semelhanccedila quanto ao espectro de UV que um dos flavonoacuteides tratava-se da
astilbina
Deste modo alguns picos foram identificados por comparaccedilatildeo de tempos de
retenccedilatildeo e espectros de UV com os de padrotildees no caso a astilbina aleacutem de
posterior confirmaccedilatildeo pelas massas moleculares acuradas obtidas
Poreacutem outros soacute puderam ter sua identidade definida apoacutes anaacutelise e
comparaccedilatildeo pelas massas moleculares acuradas obtidas e espectro de UV com
aqueles jaacute relatados na literatura
185
No caso dos flavonoacuteides em que os espectros podem revelar o tipo de
flavonoacuteide (por exemplo flavona flavonol flavanona diidroflavonol chalcona) e agraves
vezes ateacute dar indiacutecios sobre o padratildeo de substituiccedilatildeo tambeacutem foram utilizados os
dados e discussotildees publicados por Gattuso et al (2006) Markham (1982) e Mabry
et al (1970)
186
64 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados que estatildeo apresentados na tabela 11 satildeo baseados nos
paracircmetros tempo de retenccedilatildeo espectro de UV espectro de massas dos iacuteons
moleculares desprotonados [M-H]- em dados da literatura e no tempo de retenccedilatildeo
do padratildeo astilbina Os picos A B C e D satildeo sugestivos de serem taxifolina (285
nm) astilbina (290 nm) engeletina (289 nm) e um estereoisocircmero da astilbina
(290nm) respectivamente
Tabela 11 - Dados cromatograacuteficos e espectrofotomeacutetricos dos componentes
identificados no cromatograma da fraccedilatildeo acetato de etila de Hymenaea
stigonocarpa
Pico Tempo de retenccedilatildeo
λmax (nm) [M-H]- (mz) Foacutermula Estrutura proposta
A 505 min 285 nm 3030878 C15H12O7 Taxifolina
B 507 min 290 nm 4491106 C21H22O11 Astilbina
C 510 min 289 nm 4331154 C21H22O10 Engeletina
D 516 min 290 nm 4491132 C21H22O11 Estereoisocircmero
de astilbina
Todos os picos apresentaram nos espectros de UV uma banda com absorccedilatildeo
maacutexima em torno de 198nm (capiacutetulo II) e um ombro com maacuteximo proacuteximo a 290nm
sinais caracteriacutesticos de flavanonois (MARKHAM 1982)
A massa molecular obtida para o composto representado pelo pico A de
tempo de retenccedilatildeo 505 min eacute similar com a massa no modo de ionizaccedilatildeo negativa
[M-H]- calculada para a taxifolina de formula molecular C15H12O7 de 3030878 mz
(figura 1) compatiacuteveis com valores descritos na literatura para taxifolina (Zhang et al
2013)
187
Figura 58 - Espectro de Ultravioleta e espectro de massa do pico A obtido
compatiacutevel com taxifolina
(1) Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 280nm espectro compatiacutevel com flavononoacuteis (MARKHAM 1982) (2) Massa do pico A no modo de ionizaccedilatildeo negativa sugestivo de taxifolina [M-H]
- 3030878
1
1
2
188
Dados obtidos anteriormente (capitulo II) sugerem ser astilbina um dos
flavonoacuteides presentes na casca do caule de Hymenaea stigonocarpa apoacutes
avaliaccedilatildeo por CCD e HPLC-DAD onde os tempos de retenccedilatildeo e o espectro de UV
foram idecircnticos apoacutes contaminaccedilatildeo da amostra com o padratildeo astilbina
A comparaccedilatildeo dos cromatogramas obtidos apoacutes anaacutelise com UFLC-DAD a
partir da fraccedilatildeo acetato de etila e do padratildeo astilbina confirmam esses resultados
sugerindo fortemente a presenccedila de astilbina desta fraccedilatildeo
Para a atribuiccedilatildeo da astilbina como sendo a substacircncia representada pelo
pico B (figura 3) foram comparados tempo de retenccedilatildeo (509 min) espectro de UV
(λmax 290 nm) e espectro de massas deste pico aos do padratildeo de astilbina
(C21H22O11) um flavanonol de massa molecular obtida no modo de ionizaccedilatildeo
negativa [M-H] de valor 4491132 (figura 2)
Aleacutem da semelhanccedila entre as variaacuteveis tempo de retenccedilatildeo (507 min) e
espectro de UV (λmax 290 nm) o valor da massa molecular obtida no modo de
ionizaccedilatildeo negativa [M-H]- para o pico B da fraccedilatildeo acetato de etila foi de valor
4491106 valor compatiacutevel com a astilbina
Os λmax do espectro de UV e massa no modo de ionizaccedilatildeo negativa para o
pico D tambeacutem satildeo similares aos apresentados pelo padratildeo astilbina e pico B (figura
5) todos apresentam um ombro com λmax proacuteximo a 290nm e massa molecular
compatiacutevel com o padratildeo astilbina C21H22O11 [M-H]- 4491125 Devido a diferenccedilas
no tempo de retenccedilatildeo deste pico D em relaccedilatildeo ao pico B e ao padratildeo de astilbina
utilizado sugerimos ser este um estereoisocircmero da astilbina
Quanto ao pico C (figura 4) a massa molecular obtida estaacute em conformidade
com a massa exata calculada para engeletina (C21H22O10) no modo de ionizaccedilatildeo
negativa [M-H]-- 4331154 sendo tambeacutem o espectro de UV apresentando ombro
com λmax proacuteximo a 290nm compatiacutevel com valores descritos na literatura para
engeletina (ZHANG et al 2013 MABRY et al 1970)
Os flavonoacuteides relatados neste trabalho jaacute foram descritos em espeacutecies do
gecircnero Hymenaea e em todos os casos satildeo atribuiacutedas atividades bioloacutegicas a estas
substacircncias A taxifolina foi identificada no alburno de Hymenaea courbaril (SUZUKI
et al 2008) sendo descrita por apresentar atividade antioxidante Aleacutem disso
tambeacutem foi identificada no alburno de Hymenaea stigonocarpa (MARANHAtildeO et al
2013) apresentando atividade antitermitica frente agrave Nasutitermes corniger
189
Figura 59 - Espectro de UV e de massas dos iacuteons moleculares desprotonados do
padratildeo astilbina
(1) Espectro de UV com ombro de absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 290nm e espectro de massas do no modo de ionizaccedilatildeo negativa [M-H]
- mz 4491132
1
2
190
Figura 60 - Espectro de UV e de massas do pico B compatiacutevel com a astilbina
(padratildeo)
(1)Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 290nm (2) Massa do pico B no modo de ionizaccedilatildeo negativa com o padratildeo de astilbina [M-H]
- 4491132
1
2
191
Figura 61 - Espectro de UV e de massas do pico C compatiacutevel com o flavanonol
engeletina
(1) Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 293 nm compatiacutevel com flavononoacuteis (MABRY et al 1970) (2) Massa do pico C no modo de ionizaccedilatildeo negativa sugestivo de engeletina [M-H]
- 4331154
1
2
192
Figura 62 - Espectro de UV e de massas do pico D compatiacutevel com
estereoisocircmero da astilbina
(1) Espectro de UV com um ombro com absorccedilatildeo maacutexima proacutexima a 290nm (2) Massa do pico D no modo de ionizaccedilatildeo negativa com o padratildeo de astilbina [M-H]
- 4491132 e pico A [M-H]
-
4491106
1
2
193
A engeletina assim como a astilbina foram identificada no extrato etanoacutelico da
casca de Hymenaea martiana (CARNEIRO et al 1993) apresentando resposta
antagocircnica a accedilatildeo de bradicinina (BK) no musculo liso uterino de ratas inibindo
assim as contraccedilotildees
A presenccedila do flavononol astilbina aleacutem de ser observada na casca de H
martiana (CARNEIRO et al 1993) como descrito anteriormente tambeacutem foi
relatada na resina do tronco da espeacutecie H parvifolia (ISHIBASHI et al1999) onde foi
descrita a ocorrecircncia de um estereoisocircmero da astilbina a neoastilbina que juntos
apresentaram efeitos inibitoacuterios sobre a caseiacutena quinase II (CK-II) de forma dose-
dependente
A presenccedila de astilbina foi tambeacutem relatada em Hymenaea stigonocarpa
onde Lovato e Nunes (2007) isolaram este flavonoacuteide e o sugeriram por comparaccedilatildeo
do espectro de infravermelho com amostra autecircntica a sua presenccedila
Os dados obtidos por cromatografia liacutequida ultrarraacutepida espectros de massas
e a utilizaccedilatildeo do padratildeo astilbina associados aos relatos da ocorrecircncia desses
flavonoacuteides em diversas espeacutecies do gecircnero Hymenaea sugerem fortemente a
presenccedila de astilbina e um estereoisocircmero taxifolina e engeletina na fraccedilatildeo acetato
de etila da casca do caule de Hymenaea stigonocarpa sendo este o primeiro relato
da ocorrecircncia de taxifolina engeletina e de um estereoisomero de astilbina
194
65 CONCLUSOtildeES
Os resultados obtidos permitem constatar que o cromatograma obtido por
UFLC-DAD-EM no modo de ionizaccedilatildeo negativa apresenta valores de espectro de
massas e UV caracteriacutesticos de quatro flavonoacuteides com diferentes tempos de
retenccedilatildeo (Picos A B C e D) Uma dessas substacircncias (pico A) apresenta massa
molecular obtida em conformidade com a massa no modo de ionizaccedilatildeo negativa
calculada para a taxifolina e com dados da literatura
Jaacute o pico B apresenta tempo de retenccedilatildeo dados de espectro de UV e de
massas similares ao padratildeo astilbina utilizado dados que sugerem fortemente ser
este o flavonoide astilbina
O pico C apresenta massa molecular obtida em conformidade com a massa
no modo de ionizaccedilatildeo negativa calculada para a engeletina e com dados da
literatura Como tambeacutem o pico D apresenta as mesmas caracteriacutesticas do espectro
de UV e de massas que o pico B e do padratildeo apresentando poreacutem tempo de
retenccedilatildeo diferente dados que sugerem ser este um estereoisocircmero da astilbina
195
REFEREcircNCIAS BATISTA A G ESTEVES E A DESSIMONI-PINTO N A V OLIVEIRA L G PIRES S T SANTANA R C ldquoChemical composition of jatobaacute-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart) flour and its effect on growth of ratsrdquo Alimentos e Nutriccedilatildeo Araraquara n 2 p173-180 2011 BEHLING E V SENDAtildeO M C FRANCESCATO H D C ANTUNES L M G BIANCHI M L P Flavonoacuteide quercetina aspectos gerais e accedilotildees bioloacutegicas Alimentos e Nutriccedilatildeo Araraquara Vol 15 No 3 2004 BIESKI G C SANTOS F R OLIVEIRA R M ESPINOSA M M MACEDO M ALBUQUERQUE U P MARTINS D T O ldquoEthnopharmacology of Medicinal Plants of the Pantanal Region (Mato Grosso Brazil)rdquo Evidence-based Complementary and Alternative Medicine n 2012 p1-36 2012 BLUMENTHAL M The ABC Clinical Guide to Herbs Austin American Botanical Council p239 2003 BRASIL T R ANDREAtildeO P S S MIRANDA P C M L GIACOMINI R A BORGES F V KANASHIRO M M avaliaccedilatildeo in vitro da atividade citotoacutexica frente a ceacutelulas tumorais humanas decompostos isolados do epicarpo de Hymenaea stigonocarpa In CONFICT - Congresso Fluminense de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica UENF Rio de Janeiro 2009 CARNEIRO E CALIXTO J B MONACHE F D YUNES R A Isolation Chemical Identification and Pharmacological Evaluation of Eucryphin Astilbin and Engelitin Obtained from the Bark of Hymenaea martiana Pharmaceutical Biology v31 n1 p 38-46 1993 DIMECH G S SOARES L A L FERREIRA M A DE OLIVEIRA A G V CARVALHO M D C amp XIMENES E A Phytochemical and Antibacterial Investigations of the Extracts and Fractions from the Stem Bark of Hymenaea stigonocarpa Mart ex Hayne and Effect on Ultrastructure of Staphylococcus aureus Induced by Hydroalcoholic Extract The Scientific World Journal p1ndash8 2013 FERREIRA T L 2011 Prospecccedilatildeo de inibidores da secreccedilatildeo de histamina a partir de espeacutecies vegetais do Cerrado e da Mata Atlacircntica81p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) - Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade Estadual Paulista Botucatu GRANDI T S M TRINDADE J A PINTO M J F FERREIRA L L CATELLA A C ldquoPlantas medicinais de Minas Gerais Brasilrdquo Acta Botanica Brasilica n3 p185-2241989 GUIMARAtildeES M A F PIRES R A LIMA J C S MARTINS D T O Avaliaccedilatildeo da atividade antiulcerogecircnica de Hymenaea stigonocarpa (Mart) Hayne (Caesalpinaceae) In IV simpoacutesio ibero-americano de plantas medicinais Cuiabaacute 2009
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