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CÂNCER NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA A PARTIR DO RELACIONAMENTO DO REGISTRO DE CÂNCER DE BASE POPULACIONAL E DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE MORTALIDADE CLÁUDIA FELL AMADO RECIFE 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO INTEGRADO EM SAÚDE COLETIVA

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CÂNCER NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: CARACTERIZAÇÃO

EPIDEMIOLÓGICA A PARTIR DO RELACIONAMENTO DO REGISTRO DE

CÂNCER DE BASE POPULACIONAL E DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE

MORTALIDADE

CLÁUDIA FELL AMADO

RECIFE

2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO INTEGRADO EM SAÚDE COLETIVA

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CLÁUDIA FELL AMADO

CÂNCER NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: CARACTERIZAÇÃO

EPIDEMIOLÓGICA A PARTIR DO RELACIONAMENTO DO REGISTRO DE

CÂNCER DE BASE POPULACIONAL E DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE

MORTALIDADE

Orientadora: Prof. Dra. Solange Laurentino dos Santos

RECIFE

2013

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Integrado em Saúde Coletiva, do

Centro de Ciências da Saúde da Universidade

Federal de Pernambuco como requisito parcial para

a obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva.

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RELATÓRIO DA BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE DISSERTAÇÃO DA

MESTRANDA

CLÁUDIA FELL AMADO

No dia 30 de agosto de 2013, às 9h, no Auditório do NUSP – Núcleos de Saúde

Pública da Universidade Federal de Pernambuco, os professores: Solange

Laurentino dos Santos (Doutor (a) do Departamento de Medicina Social da UFPE –

Orientador (a)) Membro Interno, Mirella Bezerra Rodrigues Vilela (Doutor(a) do

Departamento de Fonoaudiologia da UFPE) Membro Externo e Cristine Vieira do

Bonfim (Doutor(a) do Instituto de Pesquisas Sociais da FUNDAJ) Membro Interno,

componentes da Banca Examinadora, em sessão pública, arguiram o(a) mestrando

(a) Cláudia Fell Amado, sobre sua Dissertação intitulada: “Câncer na Infância e

Adolescência: caracterização epidemiológica a partir do relacionamento de RCBP e

SIM”. Ao final da arguição de cada membro da Banca Examinadora e resposta do(a)

Mestrando(a), as seguintes menções foram publicamente fornecidas.

Profa. Dra. Cristine Vieira do Bonfim __________________________________

Profa. Dra. Mirella Bezerra Rodrigues Vilela ______________________________

Profa. Dra. Solange Laurentino dos Santos ______________________________

_________________________________________

Profa. Dra. Cristine Vieira do Bonfim

_________________________________________

Profa. Dra. Mirella Bezerra Rodrigues Vilela

_________________________________________

Profa. Dra. Solange Laurentino dos Santos

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AGRADECIMENTOS Antes de tudo e de todos, a Deus... A Ele, fonte de todo bem, toda graça, toda

energia, presença viva no meu dia a dia e em tudo que e faço;

Aos meus pais, Tânia e Alberto. Mesmo depois de todos os títulos acadêmicos, ser

filha deles ainda continuará sendo o maior de todos os meus títulos, ainda

continuará sendo o melhor de todos os livros que eu já li. Aos dois, meu amor

incondicional e minha profunda gratidão, pelas palavras ditas no silêncio de cada

gesto, pelo olhar e pela mão que nunca me deixaram titubear, por me darem todos

os instrumentos para que eu pudesse caminhar sozinha, mas nunca esquecendo

meu lugar no mundo.

Ao meu irmão, Meu Filho, Paulo (ou Gustavo, se preferirem) parceiro, cúmplice,

confidente. Qualquer tentativa de descrever sua parceria e seu amor, não só durante

essa trajetória, será uma vã tentiva de encerrar nas palavras aquilo que não se

explica e nem se define. Nossa cumplicidade não é de agora. “Love you... all the

time”, meu amor infinito incondicional.

A minha cunhada linda, a Dra. Valeschka, a Gatinha, um exemplo de tantas coisas

boas, que vão desde a competência acadêmica até a aura clara. Um irmã que eu

ganhei do meu irmão, que eu ganhei da vida. Amo você.

A minha Sil querida, que mesmo sem entender nada que se passava, nunca me

deixou faltar os cuidados e o incentivo.

Aos meus familiares, mesmo os mais distantes, a torcida e as orações sempre

chegaram a mim.

A minha orientadora, Dra. Solange Laurentino, pela confiança quando me

apresentou a Epidemiologia e por ter persistido no desafio de me orientar, mesmo

diante dos meus atrapalhos, do tempo e dos meus limites.

A Professora Cristine Bonfim, pela presteza, pela disponibilidade, pela resolutividade

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com que sempre me ajudou e orientou e, sobretudo, pela competência e seriedade

no seu fazer. Seus puxões de orelha foram essenciais e as caixinhas de revisão no

Word foram fundamentais para o aprendizado;

A Conceição Oliveira, responsável pelo Sistema de Informação de Mortalidade-

Recife e a Cláudia Castro, Terezinha e Érica do Registro de Câncer de Base

Populacional de Recife, pela disponibilidade com a qual sempre me receberam,

pelos esclarecimentos e pela enorme contribuição;

Aos meus amigos... Ah, os meus amigos... Alguns de longe, outros de perto, mas

todos igualmente especiais, importantes, essenciais... De força e companheirismo

jamais vistos. Cada palavra, cada mensagem, cada gesto, cada ligação, cada olhar,

cada risada, cada choro e todo e cada momento juntos. Em dois anos foram

milhares de histórias, de idas e vindas, de amores e desamores, mas sempre na

certeza de que os laços que nos unem são fortes e eternos. Citar nomes ?? Vou me

arriscar, porque eles merecem ficar registrados aqui: Angélica, Bárbara, Biltis, Carlos

Eduardo, Daniel, Fabiana, Filipe, Érika Flora, Flávia, Isis, Juliana, Kátia, Lorena,

Mariana, Naianna, Maria Paula, Rachel, Tadeu, Tatiany, Thiago, Uelington,

Zaidiana...

Um agradecimento muito especial ao time da referência, Florinha e Juliana, pelo

amor incondicional e companheirismo nas madrugas fazendo as referências e

seguindo as velhas e boas normas da ABNT. Sem vocês não daria...

A Fabiana Padilha, a Fá, que extrapola a função de terapeuta e cuja a energia

ultrapassa a sala do consultório !! Grata pelos reiki, pelo deeksha, pelas mandalas,

pelos ouvidos sempre atentos e pelas palavras sempre tão oportunas e exatas.

Grata ao Grupo Recriar.

Ao NASF- Santo Amaro, uma equipe de trabalho como poucas, parceiras que me

deram todo o suporte necessário em minhas ausências, seguraram a onda,

emanaram energias, pensamentos positivos e nunca me deixaram faltar as velhas e

boas palavras de ânimo, Fernanda (Mala), Bethânia, Aline, Renata, Andrea, Jucyani,

Kylma, Aline Calixto, Catarina (Xuzão);

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A diretoria da Associação de Terapeutas Ocupacionais de Pernambuco (ATOPE),

nas duas últimas gestões. Estar com essa turma é ter a certeza de que sonho que

se sonha junto é sempre realidade. Trabalho em equipe a gente vê por aqui !!

Fabiana, Isis, Daniella, Adriana, Kátia, Daniele Carneiro, Andrezza, Carol Dantas,

Caroline Bezerra, Sarah, Érika, Roberta.

A toda turma do mestrado. Que turma !! Que energia !! Que discussões !! Que

parceira !! Que cumplicidade !! Fez toda diferença... Em especial à turma da

Epidemio, aos BFFs, garantia de cálculos, bioestatítisca, estudos epidemiológicos,

tudo isso regado a muuuita risada. Gustavo, Cynthia, Lorena, Livia, Luisa, Nathalia,

Carla, Suely, Manoela Gabriel, Manuela Martins, Ronaldo, Elizandra, Juliana,

Emília.

Aos professores do Programa de Pós Graduação Integrado em Saúde Coletiva, pelo

profundo respeito com o qual desenvolvem a docência e com o qual ajudam a

construir a Saúde Coletiva em Pernambuco;

A José Moreira, secretário do PPGISC, grande figura, não é Professor ?!? Grata pela

disponibilidade com a qual sempre recebeu minhas solicitações, tirou minhas

dúvidas e encaminhou os “pepinos” que surgiram no caminho.

E por fim, meu agradecimento a todos que de longe, de perto, sempre, de vez em

quando, com palavras, com gestos, com ausências ou silêncios contribuíram para a

conclusão desta etapa.

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"Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se

torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.

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RESUMO

O câncer infanto juvenil (zero a 19 anos) se constitui como um importante problema

de saúde no Brasil, sendo responsável por 0,5- 3% do total de casos de câncer e

mais de sete milhões de óbitos a cada ano. Os sistemas de informação em saúde e

os Registros de Câncer documentam e analisam os padrões de ocorrência do

câncer em crianças e adolescentes, de maneira que as ações de vigilância dessa

doença possam ser orientadas a partir de informações desses sistemas. Sendo

assim, este estudo objetiva descrever as características epidemiológicas do câncer

na infância e adolescência a partir do relacionamento do Registro de Câncer de

Base Populacional e do Sistema de Informação de Mortalidade da cidade do Recife.

Tratou-se de um estudo descritivo de corte transversal, cuja população foi composta

por crianças e adolescentes na faixa etária de zero a 19 anos completos, residentes

na cidade do Recife, com diagnóstico ou causa de óbito a neoplasia. Foi realizado o

relacionamento determinístico do Sistema de Informação de Mortalidade (2000-

2007) e do Registro de Câncer de Base Populacional (1997- 2007). Foram

calculadas as taxas de mortalidade e incidência brutas e ajustadas por idade, por

sexo e faixa etária, taxa de sobrevida e a distribuição das variáveis

sociodemográficas. A taxa de incidência ajustada foi de 156,4 por milhão. Dos 658

casos, as maiores taxas de incidência foram observadas na faixa etária de 15 a 19

anos (191,5 por milhão) no sexo feminino, com taxa ajustada de 167,5 por milhão. A

taxa de vinculação entre os bancos de dados foi de 88,9%. As taxa de mortalidade

ajustada por idade foi de 46,40 por milhão. Dos 176 óbitos, a faixa etária de 15 a 19

anos, correspondeu a uma taxa de 49,8 por milhão. O sexo masculino apresentou a

maior taxa ajustada (37,7 por milhão). A taxa de sobrevida foi de 80% após cinco

anos. O estudo mostrou a efetividade da técnica do relacionamento de banco de

dados no estudo epidemiológico do câncer, podendo ser um potente instrumento

utilizado pelo serviço de saúde do Recife como forma de monitorar, acompanhar e

nortear as ações da Vigilância do Câncer na cidade.

Palavras-chaves: Câncer. Infância. Adolescência. Estatísticas vitais. Sistemas de

Informação.

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ABSTRACT

The Children and Youth Cancer (zero to 19 years) constitutes an important health

problem in Brazil, accounting for 0.5 - 3% of all cases of cancer and more than seven

million deaths each year. Information systems in health and cancer registries

document and analyze the patterns of occurrence of cancer in children and

adolescents, so that the actions of monitoring of the disease can be targeted from

these information systems. Thus, this study aims to describe the epidemiological

characteristics of cancer in childhood and adolescence from the relationship Registry

Population-Based Cancer and Mortality Information System of the city of Recife . This

was a descriptive cross-sectional study , whose population consisted of children and

adolescents aged from zero to 19 complete years resident in the city of Recife , with

a diagnosis or cause of death was cancer . Deterministic relationship Mortality

Information System (2000-2007) and Cancer Registry Population-Based ( 1997-

2007 ) was performed . Mortality rates and crude and adjusted incidence rates were

calculated by age , by sex and age group , survival rate and the distribution of

sociodemographic variables . The adjusted incidence rate was 156.4 per million . Of

the 658 cases , the highest incidence rates were observed in the age group 15-19

years ( 191.5 per million ) in females , with adjusted rate of 167.5 per million . The

rate of binding between the databases was 88.9 % . The adjusted mortality rate by

age was 46.40 per million . Of the 176 deaths , the age group 15-19 years

corresponded to a rate of 49.8 per million . Males had a higher adjusted rate ( 37.7

per million ) . The survival rate was 80 % after five years. The study showed the

effectiveness of the technique Relationship Database in epidemiological studies of

cancer , can be a powerful tool used by health Recife service as a way to monitor,

track and guide the actions of the Cancer Surveillance in the city .

Keywords: Cancer. Childhood. Adolescence. Vital Statistics. Information Systems.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Pág.

Quadro 1 – Definição e Categorização das variáveis 34

Figura 1 – Fluxograma do linkage entre SIM e RCBP. Recife, 1997-2007. 45

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LISTA DE TABELAS

Pág.

Tabela 1 – População Padrão Mundial 35

Tabela 2 – Taxas de incidência por câncer, brutas e ajustadas por idade,

por milhão de crianças e adolescentes, segundo sexo, período de

referência. Recife-PE

40

Tabela 3 - Incidência por tipo de Câncer, valor absoluto, percentual e

ajustada por idade, por milhão de crianças adolescentes. Recife-PE

42

Tabela 4 - Incidência por tipo de câncer, segundo faixa etária, valor

absoluto e taxas por milhão de crianças e adolescentes. Recife-PE.

43

Tabela 5 - Incidência por tipo de câncer, segundo sexo , valor absoluto e

taxas ajustadas por milhão de crianças e adolescentes. Recife-PE

44

Tabela 6 – Óbitos por câncer e taxa de vinculação por ano de ocorrência.

Recife -PE.

46

Tabela 7 – Percentual de informações sobre óbitos por câncer, recuperadas

após o relacionamento dos bancos

46

Tabela 8 – Taxas de mortalidade por câncer, brutas e ajustadas por idade,

por milhão de crianças e adolescentes, segundo sexo, período de

referência. Recife-PE

48

Tabela 9 – Mortalidade por tipo de câncer, valor absoluto, percentual e

ajustada por idade, por milhão de crianças e adolescentes. Recife-PE

50

Tabela 10 - Mortalidade por tipo de câncer, segundo faixa etária, valor

absoluto e taxas por milhão de crianças e adolescentes. Recife-PE.

52

Tabela 11 – Mortalidade por tipo de câncer, segundo sexo, valor absoluto e

taxas ajustadas. Recife-PE

54

Tabela 12 - Cálculo da probabilidade de sobrevida observada pelo método

atuarial (casos incidentes de câncer de câncer em crianças e adolescentes

em Recife, Pernambuco, entre 2000-20007).

55

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACCIS – Automated Childhood Cancer Information System

CICI – Classificação Internacional do Câncer na Infância

CID-10 – Classificação Internacional das Doenças, 10ª. edição

CID-O – Classificação Internacional das Doenças para Oncologia

DO – Declaração de Óbito

EUA – Estados Unidos da América

EUROCARE - European Cancer Registry-Based Study of Survival and Care of

Cancer Patients

IARC – International Agency for Research on Cancer

IACR - International Association of Cancer Registries

IICC – International Incidence of Childhood Cancer

INCA – Instituto Nacional de Câncer

LATINFANCIA – Registro Latino-Americano de Câncer Pediátrico

NCI – National Cancer Institute

RCBP – Registro de Câncer de Base Populacional

SDO – Somente por Declaração de Óbito

SEER – Surveillance, Epidemiology and End Results

SIM – Sistema de Informação sobre Mortalidade

VM – Verificação Microscópica

SIS – Sistema de Informação em Saúde

PAPPE – Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas

SUS – Sistema Único de Saúde

OPAS – Organização Panamericana de Saúde

OMS – Organização Mundial de Saúde

CBCD – Centro Brasileiro de Classificação de Doenças

MS – Ministério da Saúde

SINASC – Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos

SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SIH – Sistema de Informação Hospitalares

SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde

DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

CONPREV – Coordenação de Prevenção e Vigilância

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

2 MARCO TEÓRICO 17

2.1 Aspectos epidemiológicos do câncer na criança e no adolescente

17

2.2 Sistema(s) de informação em Saúde no Brasil 22

2.3 A vigilância do Câncer no Brasil 26

2.4 Linkage entre bancos de dados 30

3 OBJETIVOS 32

3.1 Objetivo Geral 32

3.2 Objetivos Específicos 32

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 33

4.1 Desenho do estudo 33

4.2 Área do estudo 33

4.3 População do estudo e período de referência 33

4.4 Fonte de Dados 34

4.5 Descrição das variáveis e indicadores do estudo 34

4.6 Linkage 37

4.7 Análise dos Dados 38

4.8 Considerações Éticas 38

5 RESULTADOS 39

5.1 Incidência 39

5.2 Linkage 45

5.3 Mortalidade 47

5.4 Sobrevida 55

6 DISCUSSÃO 56

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 66

REFERÊNCIAS 67

ANEXOS 79

ANEXO A – Carta de Anuência da Prefeitura do Recife 79

ANEXO B – Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa 80

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1 INTRODUÇÃO

As neoplasias se constituem como um importante problema de saúde no

mundo, respondendo por mais de sete milhões de óbitos a cada ano, cerca de 12%

de todas as causas de morte. Estima-se que a incidência mundial tenha um

crescimento de 50% até 2020, representado por 16 milhões de casos novos de

câncer (INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER, 2010).

O câncer infanto juvenil (abaixo de 19 anos) se refere a um grupo de várias

doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que

pode ocorrer em qualquer local do organismo. Correspondem entre 2 a 3% de todos

os tumores malignos e quando comparados àqueles ocorridos em adultos, são

considerados raros (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2008).

O câncer em crianças e adolescentes não consiste em uma única entidade

patológica, mas em um espectro de diferentes neoplasias malignas, que variam

segundo tipo histológico, sítio de origem da doença, sexo, idade e raça. Essas

neoplasias diferem dos tumores dos adultos, quanto aos seus aspectos

morfológicos, comportamento clínico e localizações primárias e por isso devem ser

estudados separadamente (SMITH et al., 2010; INSTITUTO NACIONAL DE

CÂNCER, 2008). Nas crianças e adolescentes, a neoplasia, geralmente, afeta as

células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação, nos adultos, as células

epiteliais, que recobrem órgãos, são as mais afetadas. (INSTITUTO NACIONAL DE

CÂNCER, 2011; CURADO et al., 2011).

Em 1987, foi proposta pela International Agency for Research on Cancer

(IARC) uma classificação para os tumores infantis, que sofreu modificações

posteriores, até chegar à versão atual que consta da 3ª edição da Classificação

Internacional de Doenças para Oncologia (STELIAROV-FOUCHER et al, 2005).

Essa classificação é constituída por 12 categorias diagnósticas, baseadas na

morfologia, na topografia e no comportamento tumoral. É preciso ressaltar que no

Brasil, se utiliza a Classificação Internacional das Doenças (CID) que é baseada na

localização anatômica primária deste grupo de patologias.

Embora, a maioria dos estudos considere que a idade limite para a definição

do câncer na infância compreende a faixa de zero a 14 anos, outros pontos de corte

vêm sendo utilizados. Segundo recomendações da IARC, a faixa etária até os 19

anos será incluída no terceiro volume da publicação International Incidence of

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Childhood Cancer (INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER,

2013)

O desenvolvimento do câncer é multifatorial e envolve processos complexos e

prolongados relacionados a fatores genéticos, hereditários e ambientais. Em

crianças, o desenvolvimento e o crescimento são oportunidades para que os fatores

ambientais alterem os processos celulares geneticamente podendo levar ao câncer.

(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009; BUKA, KORANTENG, VARGAS, 2007;

BELSON, KINGSLEY, HOLMES, 2007). Além disso, exposição a agentes

genotóxicos e/ou infecção e modificações imunológicas principalmente no período

pré-natal, tem sido relacionadas ao aumento da incidência de câncer nessa

população, sobretudo à leucemia linfoblástica, embora os mecanismos envolvidos

ainda sejam desconhecidos (BUKA, KORANTENG, VARGAS, 2007; HOWARD et

al., 2008).

Buka, Koranteng, Vargas (2007) revisaram os fatores ambientais e genéticos

que poderiam estar relacionados ao desenvolvimento do câncer na infância,

identificando entre eles: exposição a radiações ionizantes, infecções por certos tipos

de vírus, componentes orgânicos presentes no ar advindo de motores a diesel e das

indústrias, medicamentos, alimentação e exposições ocupacionais e residenciais de

pesticidas. Aydin et. al. (2011) investigou a relação do uso de aparelho celular e o

desenvolvimento de tumor cerebral em crianças e adolescentes, no entanto a

relação não foi estatisticamente significante.

A maior parte dos estudos que investigam os fatores de risco para o

desenvolvimento do câncer em crianças e adolescentes está relacionada à leucemia

(BELSON, KINGSLEY, HOLMES, 2007; METAYER; BUFFLER, 2008; WIGLE,

TURNER, KREWSKI, 2009; WENG, et al., 2009). Kroll et al. (2011) concluiram que a

incidência da leucemia na Grã-Bretanha, em crianças pertencentes a estratos mais

carentes era maior, devido ao subdiagnóstico e ao acesso ao tratamento. Os autores

referem ainda que essas crianças estão mais propensas a morrerem por conta de

infecções, sem serem encaminhados para investigação e diagnósticos da leucemia.

Embora tipos específicos de câncer na criança e no adolescente sejam

considerados desfechos de baixa incidência, em conjunto, nesse sentido estudos

(PIÑEROS, GAMBOA, SUAREZ, 2011; CHATENOUD et al., 2010; SMITH et al.,

2010; LI et al., 2008; MITRA, SHAW, HUTCHINGS, 2012; TORRES et al., 2010)

têm sido realizados para documentar e investigar os seus padrões de ocorrência. No

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Brasil, o câncer nessa faixa etária ainda tem sido pouco explorado e estudos de

base populacional que analisam incidência, mortalidade e sobrevida podem

contribuir para o conhecimento da dinâmica das neoplasias, bem como avaliar a

assistência prestada e, ainda, direcionar as ações voltadas para esse grupo etário.

(CAMARGO et al., 2010; REIS, SANTOS, THULER, 2007; FERMAN et al., 2013).

Na cidade do Recife, os estudos epidemiológicos referentes à incidência e

mortalidade por câncer em crianças e adolescente têm utilizado os Registros de

Câncer de Base Populacional e o Sistema de Informação sobre Mortalidade,

coordenado pelo Ministério da Saúde, como importante fonte de dados. A utilização

desses sistemas se dá de forma separada, o que por vezes pode impedir o

acompanhamento longitudinal do câncer. Nesse sentido, propõe-se a utilização da

técnica de relacionamento de banco de dados de maneira a integrá-los, produzindo

um único registro com informações mais completas e que possibilitem uma melhor

análise por parte, principalmente, dos serviços de Vigilância. Tais estudos

representam um instrumento para a análise dos padrões de ocorrência e evolução

da mortalidade em diferentes populações, para avaliação indireta dos programas de

rastreamento e para identificação de grupos e localidades com maior risco de

adoecimento e óbito por câncer.

Assim, a investigação das características sociodemográficas das crianças e

adolescentes acometidas por essa doença, bem como os aspectos epidemiológicos,

podem representar informações importantes na orientação de medidas de

intervenção e controle por parte dos serviços de saúde da cidade do Recife.

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17

2 MARCO TEÓRICO

A seguir estão descritos alguns aspectos do ponto de vista teórico que

fundamentam este trabalho.

2.1 Aspectos epidemiológicos do câncer na criança e no adolescente

A situação epidemiológica do câncer pode ser descrita utilizando-se dados

como a incidência, mortalidade e sobrevida. No que se refere aos dados

relacionados à incidência, ressalta-se que algumas estimativas ainda são muito

imprecisas devido à ausência de registros nacionais de câncer em alguns países

tanto desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento. Analisar as taxas de

incidência reportadas em muitos estudos também é um desafio, considerando a falta

de uma uniformidade na definição da infância, com faixas etárias que diferem entre

países e registros (TORRES et al., 2010).

Embora o câncer seja a causa de morte por doença mais comum em crianças

no mundo desenvolvido, com a melhoria da sobrevida, a taxa de mortalidade reduziu

em 30 por milhão de crianças ao ano (STILLER et al., 2007). Desde a década de

1960, a mortalidade infantil por câncer tem declinado significativamente em países

desenvolvidos (SMITH et al, 2010; CERDA, ROMERO, WIETSTRUCK, 2008).

Tratando-se do câncer, a causa especifica do óbito, frequentemente, não é

bem caracterizada e muitas vezes faltam informações médicas, gerando

discordâncias sobre a validade das taxas de mortalidade. Segundo Welch, Black

(2002) a mortalidade por câncer deve incluir tanto os óbitos relacionados ao próprio

câncer, como também àqueles relacionados ao tratamento. Isso é atribuído ao fato

de que, o óbito no primeiro mês está mais relacionado à toxicidade da quimioterapia

do que a progressão da doença (RAY-COQUARD, 2001).

Em 1988, foi publicada a primeira grande compilação de informações sobre a

incidência de câncer na infância no mundo, The International Incidence of Childhood

Cancer (IICC) um projeto colaborativo entre o IARC e o International Association of

Cancer Registries (IACR) (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2008). Essas

informações se basearam em registros de câncer codificados de acordo como tipo

de neoplasia. Para o Brasil foram utilizadas as informações dos RCBP de São

Paulo-SP (1969-1978), Recife-PE (1967-1979) e Fortaleza-CE (1978-1980). As

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informações dos registros participantes foram apresentadas estratificadas por faixa

etária (menores de 1 ano, 1 a 4 anos, 5 a 9 anos, 10 a 14 anos) e sexo. Nas

localidades cujos registros participaram da compilação, as leucemias foram o tipo de

câncer mais incidente em praticamente todas as faixas etárias, para ambos os

sexos.

Na Europa, o projeto Automated Childhood Cancer Information (ACCIS)

apresentou uma taxa média de incidência ajustada por idade, pela população padrão

mundial de 1966, de 140 casos novos por 1.000.000 de crianças de 0-14 anos e 157

casos novos por 1.000.000 de crianças e adolescentes entre zero e 19 anos

(STELLIAROVA-FOUCHER, 2004).

Nos Estados Unidos, o estudo de Li et al (2008) com dados do Surveillance,

Epidemiology and End Results Program (SEER), abrangendo mais de 90% da

população americana, indicou que, entre 2001 e 2003, a taxa média de incidência

ajustada por idade (taxas por milhão, ajustadas pela população padrão dos Estados

Unidos, 2000) foi de 165,92 por milhão de crianças e adolescentes (0 a 19 anos),

sendo a incidência média de 174,28 por milhão no sexo masculino e 157,14 por

milhão no sexo feminino.

Em Cuba, estudo realizado por Torres et. al. (2010), relatou 1.285 novos

casos de câncer na população com idade ≤ 19 anos, correspondendo a uma

incidência de 13,9 por 100.000. Leucemias, linfomas e tumores do sistema nervoso

central composta 61,1% dos casos novos, e distribuição geográfica destes

diagnóstico grupos variou por sexo.

As crianças e adolescentes merecem especial atenção, visto que no mundo

são diagnosticados mais de 160.000 casos de câncer nessa faixa etária. No Brasil,

as estimativas de incidência para os anos de 2012 e 2013, realizadas pelo Instituto

Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), apontam a ocorrência de

11.530 casos novos de câncer em crianças e adolescentes, com exceção dos

tumores de pele não melanoma (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2008).

De acordo com estudo Chatenoud et al. ( 2010), realizado em 24 países do

mundo, que analisou as taxas de mortalidade por câncer na infância até 2007, ao

longo dos últimos 35 anos, o declínio da mortalidade para todos os cânceres tem

sido maior que 60% nos Estados Unidos, Canadá e Porto Rico.

Na União Européia, de acordo com Bosetti et al. (2010), de maneira geral,

houve um declínio acentuado da mortalidade por neoplasias nos períodos de 1990-

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1994 e 2005-2007. Entretanto, no período de 2005-2007 a mortalidade ainda

permanecia alta o Leste e no Sul da Europa.

Em áreas desenvolvidas, mais de 70% dos cânceres na infância são curados,

no entanto, apesar de alguns progressos a taxa de cura continua a ser

consideravelmente menores na América Latina, onde cânceres

infantis representaram mais de 6000 mortes em 2005 e as taxas atuais são mais que

o dobro da América do Norte. Apesar do padrão favorável em áreas desenvolvidas

nas últimas três décadas, o câncer infantil continua a representar uma importante

causa de morte no mundo (CHATENOUD et al., 2010)

Na Grã-Bretanha, as taxas de mortalidade provenientes do registro nacional

de tumores infantis foram recentemente descritas para o período de 1965 a 2004.

Considerando todas as idades, a taxa ajustada de mortalidade para o período entre

1965 e 1969, comparada com o período entre 2000 e 2004, apresentou uma

redução de 58%, passando de 75,11 a 31,38 por milhão, respectivamente (STILLER,

2007).

No Brasil, acompanhamento contínuo da incidência do câncer em nível

regional é o principal elemento na vigilância epidemiológica deste agravo. Essa

atividade é essencialmente realizada pelos registros de câncer de base populacional

(RCPB), que, no Brasil, totalizam 27 implantados (INSTITUTO NACIONAL DE

CÂNCER, 2007; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2012). Os RCPB registram

contínua e sistematicamente todos os casos novos de câncer ocorridos em uma

população e área geográfica definida. (CARMAGO et al., 2009).

Reis, Santos e Thuler (2007), com informações provenientes de 17 RCBP,

nos anos de 1991 a 2001, indicaram que as maiores taxas, ajustadas por idade,

para leucemias na infância e na adolescência foram encontradas em Natal (RN) com

3,19/100.000 para o sexo masculino, e em São Paulo (SP) com 2,13/100.000 para o

sexo feminino. As menores taxas foram observadas em João Pessoa (PB), com

1,11/100.000 e 0,33/100.000, para os sexos masculino e feminino, respectivamente.

Camargo et al. (2009) que também analisaram os Registros de Câncer de

Base Populacional (RCPB), estudaram a incidência do câncer na faixa etária de zero

a 19 anos em 14 RCBP, correspondentes a 15% da população de crianças e

adolescentes do Brasil. A população dessa faixa etária representa 38% de toda a

população brasileira. O referido estudo demonstrou que a taxa média de incidência

(ajustada pela idade por 1.000.000 de crianças e adolescentes) entre os registros foi

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de 154,3 casos por milhão, sendo as crianças de um a quatro anos a faixa etária que

apresentou maior incidência. Os principais grupos de cânceres foram a leucemia,

linfoma e tumores de sistema nervoso central. (CAMARGO et al., 2009).

No Brasil, informações sobre a mortalidade podem ser obtidas por meio de

informações dos bancos de dados de registros vitais e representam importante fonte

para construção de indicadores de saúde, mesmo nos países desenvolvidos e

industrializados, além de fornecer informações acerca do progresso na luta contra o

câncer e do acesso ao tratamento da doença no país (INSTITUTO NACIONAL DE

CÂNCER, 2008; CHATENOUD, 2010; CURADO et al., 2011).

No Brasil, dados mais recentes de Ferman et. al., (2013), apontaram que a

mortalidade diminuiu significativamente durante o período de 1979 a 2008 para

crianças com leucemia. As taxas de mortalidade por câncer de zero a 14 anos

diminuiu no Sul e Sudeste, manteve-se estável no Centro-Oeste, e aumentou no

Norte e Nordeste. O estudo demonstrou ainda que a mortalidade por câncer

declinou 1,2 a 1,6% ao ano nas regiões Sul e Sudeste.

Além dos dados de incidência e mortalidade, um dos indicadores mais

importantes para o conhecimento do cuidado adequado à criança e ao adolescente

com câncer são as taxas de sobrevida. Diferentemente do que ocorre com a

população adulta onde a prevenção primária e o diagnóstico precoce são as

ferramentas mais importantes contra o câncer, na infância e adolescência a

terapêutica tornou-se a principal estratégia contra o câncer. A sobrevida das

crianças e adolescentes com doenças malignas melhorou sensivelmente nos últimos

30 anos e isto se deve, sobretudo, à melhora e à centralização do tratamento em

instituições especializadas (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2008;

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2009).

Vários fatores estão ligados à sobrevida do câncer, como aqueles

relacionados ao paciente: sexo, idade, assim como a localização, extensão e tipo de

tumor. No entanto, aspectos ligados à organização do sistema de saúde, também

contribuem para determinar chances diferenciadas de sobrevida, uma vez que

implicam em maior ou menor facilidade e oportunidade de diagnóstico, referência

para tratamento, qualidade do tratamento e suporte social (INSTITUTO NACIONAL

DO CÂNCER, 2009)

As taxas de sobrevida podem ser obtidas por meio dos registros

populacionais, hospitalares e estudos clínicos controlados. Os registros hospitalares

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e os estudos clínicos representam somente uma parte da população selecionada,

pois dependem de padrões de encaminhamento hospitalar e critérios de

elegibilidades dos pacientes. Os estudos baseados em RCBP dão indicações quanto

à sobrevida na população coberta pelo registro como um todo e, em particular,

podem indicar a necessidade de novas orientações a serem implementadas em

larga escala (BERRINO et al., 2001).

A análise da sobrevida com informações populacionais teve início nos

Estados Unidos com o programa Surveillance, Epidemiology and End Results

(SEER) do National Cancer Institute, em 1973. Mais tarde iniciou-se o projeto

denominado European Cancer Registry-Based Study of Survival and Care of Cancer

Patients (EUROCARE) baseado em informações populacionais de toda a Europa,

sendo atualmente o maior estudo de sobrevida do câncer pediátrico (COEBERGH et

al., 2001; BERRINO et al., 2001). Este projeto englobou 30 registros de câncer em

17 países da Europa, analisando a incidência e sobrevida de 34.814 crianças entre

1978 a 1989, correspondendo a 45% do continente (MAGNANI et al, 2001). As

maiores taxas de sobrevida foram observadas nos países cujo processo de

diagnóstico era centralizado e nos quais os pacientes tiveram acesso ao tratamento

correto de acordo com um protocolo (COEBERGH et al., 2001).

Outro importante projeto para estudo da sobrevida foi o Automated Childhood

Cancer Informatioin System (ACCIS) fundado pela União Européia para coletar,

apresentar e interpretar as informações sobre incidência e sobrevida em crianças

(zero-14 anos) e adolescentes (15-19 anos). O projeto reúne informações de 80

RCBP, o que corresponde a uma cobertura de cerca de metade da população entre

zero e 14 anos e um quarto da população de 15 a 19 anos que residem nos 35

países participantes. A base populacional é de 1,3 bilhão de pessoas-ano, com

cerca de 160 mil casos novos de câncer diagnosticados entre 1970 e 2001

(STELIAROVA-FOUCHER, 2004).

O conhecimento e a análise de informações sobre qualquer tipo de agravo à

saúde são fundamentais para a tomada de decisões e elaboração de políticas. Estas

informações provêm de pesquisas e estudos epidemiológicos e, principalmente, dos

sistemas de informação em saúde e são utilizadas para a área da oncologia, assim,

é necessário compreendê-los para melhor utilizá-los.

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2.2 Sistema(s) de informação em Saúde no Brasil

O Sistema de Informação pode ser compreendido como um conjunto

integrado de pessoas e componentes informatizados que coletam e/ou recuperam,

processam, armazenam e disseminam informações destinadas a auxiliar nas

tomadas de decisões. Esses sistemas podem ser operacionais, que processam

operações relacionadas a transações e procedimentos de sistemas de arrecadação

de saúde e de educação; gerenciais, nos quais grupos de dados são processados e

transformados em informações para a gestão de serviços e os sistemas de

informação estratégicos que trabalham com informações em nível macro voltadas

para funções organizacionais, ou seja, analisam o impacto dos serviços prestados e

relacionam o custo-benefício das ações (LAUDON;LAUDON, 2004; REZENDE,

2007).

Gestores, profissionais, prestadores de serviços, instituições de ensino e

sociedade civil organizada, são atores que produzem e utilizam a informação, em

suas mais variadas tipologias e formatos, para nortear suas atividades. O

reconhecimento da importância dessa informação para subsidiar políticas nesta área

é unânime entre os vários autores. É possível afirmar que a informação é um

recurso primordial para tomada de decisão e é com ela que se pode chegar o mais

próximo possível da realidade, traçar seu perfil, detectar problemas e agir em prol da

solução. Para que todo esse processo seja otimizado, o modo de geração dessa

informação tem que ser muito bem estruturado, e quanto mais estruturado for o

processo, mais indicado se faz o uso de sistemas de informação que possam

responder às demandas e necessidades informacionais do decisor. (GUIMARÃES,

2004).

Os Sistemas de Informação em Saúde (SIS) são compreendidos como um

conjunto de componentes integrados que atuam com o objetivo de obter dados e

transformá-los em informações úteis à saúde. A informação produzida por esses

sistemas desempenha funções como: contribuir para avaliação das intervenções

seus resultados e impactos; facilitar no planejamento, supervisão, e controle de

ações e serviços; apoiar as atividades de pesquisa e produção de conhecimento;

subsidiar a educação e a promoção da saúde, entre outros (MEDRONHO, BLOCH,

LUIZ, WERNECK, 2009).

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Nesse sentido, gerar a informação se torna um processo muito mais

complexo e dinâmico, na medida em que envolve componentes tecnológicos,

econômicos, políticos, conceituais e ideológicos. A transformação de um dado bruto

em informação exige, além da análise,a divulgação e as recomendações para ações

efetivas (MELLO JORGE, LAURENTI, GOTLIEB, 2007).

No passado, as estatísticas de morbidade provinham principalmente de

serviços e programas verticais, como materno-infantil, saúde escolar, malária,

tuberculose, hanseníase e controle de poliomielite. Vários bancos de dados existiam

e refletiam o panorama e a tendência de cada evento. Havia problemas, em graus

variáveis, de cobertura e de qualidade das informações. Era também difícil

coordenar as informações por eles produzidas. As inconsistências acarretavam

baixas possibilidades de análise da situação. Consequentemente, havia grande

quantidade de dados, no entanto, não possibilitavam a geração de conhecimento

coerente e útil para subsidiar decisões (BRASIL, 2009)

Nos últimos 30 anos, esforços têm sido feitos no sentido de racionalizar o

setor Saúde no Brasil. A primeira iniciativa nessa direção surgiu com a edição da Lei

nº 6.229, de 17 de julho de 1975, que dispunha sobre a organização do Sistema

Nacional de Saúde. A lei definia para estados, territórios e Distrito Federal,

principalmente, atividades de operação de serviços de saúde. A Política Nacional de

Saúde seria formulada pelo Ministério da Saúde e aprovada pelo Conselho de

Desenvolvimento Social então existente. Na época, pouco se conseguiu de avanço,

pois no nível federal continuavam a existir múltiplas instituições promovendo ou

executando ações de saúde, em especial os Ministérios da Saúde, da Previdência

Social, da Educação e Cultura, do Interior e do Trabalho (BRASIL, 2009).

Na década de 70, o governo brasileiro, por meio do Ministério da Saúde (MS)

interessou-se em criar um sistema de informação para auxiliar as decisões junto à

área da saúde. Em 1973, foi delegada à Unidade de Planejamento, Avaliação,

Pesquisas e programas Especiais (PAPPE) em colaboração com a Organização

Panamericana de Saúde, a organização dos SIS no Brasil. No início, a produção das

informações se deu de maneira centralizado, por falta de recursos humanos e

tecnológicos no país como um todo (LAURENTI, MELLO JORGE, GOTLIEB, 2007).

Somente, em 1988 com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), os SIS

passaram por um processo gradual de descentralização, voltado para a gestão e

definição de prioridades em nível municipal (ALMEIDA, 1998).

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Cabe destacar que os sistemas de informação em saúde no Brasil registram a

experiência demográfica e de saúde no país, e portanto, configuram o que se

convencionou denominar “linha da vida”, uma vez que compreendem: o nascimento

(Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos – Sinasc), a doença (Sistema de

Informações sobre Agravos de Notificação – Sinan, Sistema de Informações

Hospitalares – SIH), e a morte (Sistema de Informação de Mortalidade – SIM)

(BRASIL, 2009).

No Brasil, são seis os SIS mais utilizados, que funcionam respeitando a

legislação do Sistema Único de Saúde (SUS) e possuem maior abrangência no

âmbito ambulatorial, hospitalar e na vigilância epidemiológica (MEDRONHO,

BLOCH, WERNECK, 2009; LAURENTI, MELLO JORGE, GOTLIEB, 2007).

2.2.1 Sistema de Informação de mortalidade (SIM)

Em 1975, com a promulgação da Lei Nº 6.229 de 30/10, que criava o Sistema

Nacional de Vigilância Epidemiológica, para o qual era essencial haver um

subsistema de informações em mortalidade. Nesse sentido, foi constituído um grupo

de trabalho que pudesse delinear as linhas desse subsistema. A primeira tarefa

consistiu em avaliar a situação dos atestados de óbito no país, tendo sido verificados

43 diferentes modelos, bem como variados fluxos de informação (MELLO JORGE,

LAURENTTI, GOTLIEB, 2007; MELLO JORGE LAURENTTI, GOTLIEB, 2009).

A partir dessa constatação, foi recomendado que deveria haver a adoção de

um modelo único de atestado de óbito para o Brasil, cuja impressão e distribuição

seria de responsabilidade do Ministério da Saúde, bem como o processamentos dos

dados (MELLO JORGE LAURENTTI, GOTLIEB, 2009).

Em junho de 1976, foi criado o Centro Brasileiro de Classificação de Doenças

(CBCD), por meio de convênio entre o MS, OPAS/OMS e USP; este muito contribuiu

com o SIM, atuando na formação do pessoal para a codificação de causas de morte,

de médicos, no sentido de dar a importância devida ao correto preenchimento dos

atestados, na sensibilização de autoridades sanitárias, para que reconhecessem a

relevância dos seus dados e na produção de material didático que objetivasse,

inclusive, a padronização de conceitos usados na área e treinamento de pessoal

especializado (MELLO JORGE, LAURENTTI, GOTLIEB, 2007).

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A DO baseia-se na nona edição da Classificação Internacional de doenças

(CID -9) do ano de 1979 até 1995 e na décima edição da CID desde 1996. Este

documento é padronizado nacionalmente e distribuído pelo Ministério da Saúde. Os

dados obtidos por meio da DO são tabulados e transcritos para um sistema

informatizado e, posteriormente, consolidados pela Secretaria de Vigilância à Saúde

(MS/SVS) que distribui em CD-ROM as informações para os gestores estaduais e

municipais. Essas informações são obtidas também na internet, pelo website do

Departamento de Informática do Sistema Única de Saúde (DATASUS) que

disponibiliza informações de mortalidade de todo o país desde 1979 (BRASIL, 2008).

Desde sua implantação, inúmeras avaliações do SIM, tanto do ponto de vista

quantitativo quanto qualitativo, vêm sendo realizadas, seja pelo Ministério da Saúde,

pelas secretarias envolvidas e também no meio acadêmico para medir o grau de

fidedignidade e as limitações das informações. Alguns parâmetros e métodos têm

sido adotados para essa avaliação, tais como abrangência, comparação com os

dados do Registro Civil, comparação com as estimativas de óbitos do IBGE e

análise do coeficiente geral de mortalidade (MELLO JORGE, LAURENTI, GOTLIEB,

2007; MELLO JORGE LAURENTI, GOTLIEB, 2009).

A melhoria e o aperfeiçoamento do SIM vêm sendo obtido gradativamente.

As variáveis com elevada presença de informações ignoradas ou não preenchidas

estão, hoje, em menor número. Na análise da mortalidade, os óbitos classificados

como mal definidos representam importante lacuna no conhecimento da distribuição

segundo causas. Constituem obstáculo para a alocação racional dos recursos de

saúde com base em perfil epidemiológico, visto que podem alterar os coeficientes de

mortalidade por doenças específicas (LAURENTI, MELLO JORGE, GOTLIEB, 2004).

A análise e a monitoramento das condições de saúde da população são

instrumentos fundamentais para uma formulação balizada das políticas de saúde e

para uma visualização global do sucesso dos projetos em curso. Embora

indicadores sintéticos de saúde sejam úteis em determinados contextos de

problemas-decisões, dispor de um elenco de índices que avaliem diferentes

dimensões do processo saúde-doença propicia gerar formulações sobre um cenário

mais completo e instigante da Saúde (LAURENTI, MELLO JORGE, GOTLIEB,

2004).

O avanço da cobertura e da qualidade do Sistema de Informação de

Mortalidade é uma das conquistas significativas na construção do Sistema Único de

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Saúde, SUS. A disponibilidade, ampla e oportuna, dos dados desses bancos

possibilita aos gestores dos diferentes níveis do sistema o uso de instrumentos

qualificados de diagnóstico e de avaliação (LAURENTI, 2008)

Na dinâmica da construção dos indicadores, as necessidades oriundas da

gestão produzem novos índices; por sua vez, a emergência e a valorização de

novos indicadores podem compelir os serviços de saúde na busca de modelos

alternativos de atenção. A implementação efetiva de uma política de promoção da

saúde, resgatando os serviços de saúde para além do tratamento da doença, pode

ser estimulada pela confrontação das atividades dos serviços com o uso e a

divulgação de indicadores de prevalência de práticas favorecedoras ou maléficas

para a saúde. Na maioria dos países, amplos inquéritos de saúde de base

populacional, que podem prover esses novos indicadores, são realizados

periodicamente, e passam a constituir parte integrante do sistema nacional de

informação em saúde. Aos fundamentais indicadores de mortalidade, revigorados

com as concepções de mortes prematuras, evitáveis e excessivas, e índices

derivados de bancos de dados de morbidade notificável, ambulatorial e hospitalar,

agregam-se mensurações de auto-avaliações da Saúde e de qualidade de vida em

saúde em suas múltiplas dimensões. (BARROS, 2004)

2.3 A vigilância do Câncer no Brasil

O Instituto Nacional de Câncer do Ministério da Saúde/MS, por meio da

Coordenação de Prevenção e Vigilância (CONPREV) é a instituição responsável

pelo desenvolvimento das ações nacionais orientadas à prevenção e ao controle do

câncer. Entre o conjunto de suas atribuições estão as atividades relacionadas à

vigilância, onde a coleta de dados de ocorrência de casos incidentes de câncer

provenientes de centros especializados os Registros de Câncer de base

Populacional, ocupa um papel fundamental (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER,

2012). Os registros de câncer têm sido utilizados como instrumento de apoio para a

formulação da Política Nacional de Atenção Oncológica e da avaliação assistencial

(INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2012).

A importância dos sistemas de informação de câncer foi evidenciada na

Resolução sobre Prevenção e Controle do Câncer, aprovada pela 58ª Assembléia

Mundial de Saúde da OMS de 2005 e reafirmada pelo Ministério da Saúde através

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da publicação da Portaria nº 2607/GM de 28 de dezembro de 2005, que instituiu com

recursos do Teto Financeiro de Vigilância em Saúde incentivo financeiro para

custeio das atividades desenvolvidas pelo Registro de Câncer de Base Populacional

(RCBP) (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2006; CAMARGO et al, 2009)

A utilização de normas e recomendações da Organização Mundial de Saúde

– OMS e pela Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer – IARC, visando

à implantação de Registros de Câncer de Base Populacional – RCBP, vem, entre

outros motivos, garantindo a qualidade e a comparabilidade das informações,

propósito de todos os organismos que se dedicam ao estudo dessa doença.

(INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2006; INSTITUTO NACIONAL DO

CÂNCER, 2008; INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2012; CAMARGO et al,

2009).

Os registros de câncer se constituem enquanto centros de armazenamento,

processamento e análise, contínua e sistematizada, de um conjunto de informações

acerca da ocorrência e das características de indivíduos com diagnóstico confirmado

de câncer. Esses registros podem ser de base populacional ou de base hospitalar, e

têm o objetivo de apoiar o monitoramento e a avaliação das ações de controle e a

pesquisa epidemiológica do câncer (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2006;

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2008; INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER,

2012, CAMARGO et al, 2009).

Os registros de câncer de base populacional têm como objetivo avaliar o

impacto do câncer em uma determinada população. Estes visam conhecer o número

de casos novos, estimar a incidência, a mortalidade e a sobrevida populacional

devida às neoplasias, assim como determinar tendências temporais nas populações

pertencentes às áreas geográficas por eles cobertas e, portanto, avaliar as medidas

de intervenção e acompanhar a morbi-mortalidade através desses indicadores

(INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2006; INSTITUTO NACIONAL DO

CÂNCER, 2012).

As principais fontes de informação sobre os casos de câncer são, geralmente,

hospitais ou centros de oncologia, porém podem envolver também clínicas

particulares, laboratórios, hospitais de apoio, sistemas de seguro saúde, programas

de rastreamento e arquivos centralizados. A utilização de todas essas fontes de

busca garantem uma alta cobertura dos casos registrados e uma boa qualidade das

informações, visto que todos os dados referentes ao paciente poderão ser colocados

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juntos em uma única ficha de registro (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2006;

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2012).

Apesar da importância desses sistemas e da variedade de fontes, registrar

casos de câncer não é uma tarefa fácil nos países em desenvolvimento,

considerando à falta de pessoal e de recursos necessários para tal propósito. Os

problemas de identificação de pacientes, abrangência na coleta e na definição de

casos na população de referência são de difícil solução e o risco de distorções pode

estar presente. (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2006; INSTITUTO

NACIONAL DO CÂNCER, 2007; INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2008,

CAMARGO et al, 2009)

O Brasil possui 27 RCBP implantados distribuídos da seguinte forma: Região

Norte: Belém (Pará), Manaus (Amazonas), Palmas (Tocantins) e Roraima; Região

Nordeste: Aracaju (Sergipe), Fortaleza (Ceará), João Pessoa (Paraíba), Natal (Rio

Grande do Norte), Recife (Pernambuco), Salvador (Bahia), Teresina (Piauí); Região

Centro-oeste: Campo Grande (Mato Grosso do Sul), Cuiabá (Mato Grosso), Goiânia

(Goiás) e Distrito Federal; Região Sudeste: Campinas, Jaú, Santos e São Paulo

(São Paulo), Vitória (Espírito Santo), Belo Horizonte e Poços de Caldas (Minas

Gerais); e Região Sul: Porto Alegre, Caxias do Sul e Passo Fundo (Rio Grande do

Sul), Curitiba (Paraná) e Florianópolis (Santa Catarina).

O RCBP de Recife foi criado em 1995 e a coleta de dados foi iniciada no ano

seguinte. De 1995 a 2002, o Registro foi coordenado pela Secretaria Estadual de

Saúde, passando para gerência e coordenação da Secretaria Municipal de Saúde do

Recife em 2003. Os dados são coletados ativamente em 21 fontes notificadoras: um

hospital especializado, três hospitais universitários, nove hospitais gerais, um

laboratório de anatomia patológica, dois serviços de hematologia, duas clínicas

oncológicas, dois serviços especializados de radioterapia e um especializado de

quimioterapia. As declarações de óbito são obtidas pelo SIM (INSTITUTO

NACIONAL DO CÂNCER, 2008).

A codificação utilizada nos RCBP é baseada na Classificação Internacional de

Doenças para Oncologia (CID-O). Para o período de 1990 a 1995, foi utilizada a

CID-O 1ª edição (CID-O1) e, para o período de 1996 a 2002, a CID-O 2ª edição

(CID-O2). Após essa codificação, o aplicativo SisBasepop (Sistema de Base

Populacional - sistema informatizado para coleta, armazenamento e análise das

informações sobre incidência do câncer oferecido pelo Instituto Nacional de Câncer -

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INCA / Ministério da Saúde - MS) converte, automaticamente, os casos incidentes de

câncer infantil (menores de 19 anos), para a CICI, segunda edição (KRAMÁROVÁ E

STILLER, 1996)

Para inclusão no sistema, são considerados casos aqueles com diagnóstico

de câncer confirmado no ano da coleta, incluindo os tumores de localização primária

malignos, “in situ” ou invasores, os de localização secundária ou metastáticos e

malignos de localização incerta, se primária ou secundária. Não são coletados

tumores benignos e aqueles de comportamento incerto se benignos ou malignos

(INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2008; INSTITUTO NACIONAL DO

CÂNCER, 2012).

Os casos devem ser confirmados por meio de exames anatomopatológicos

(histopatológicos e citopatológicos), hematológicos ou hemogramas, exploração

cirúrgica, imagem, exame clínico, necropsia ou por qualquer outro meio de

diagnóstico, desde que com o aval do médico responsável pelo paciente ou pela

informação dada e com residência comprovada na área de cobertura do RCBP. Os

casos identificados pela declaração de óbito são confrontados com os arquivos do

registro, e aqueles que não constam no registro são identificados, retornando-se à

fonte notificadora para confirmação do caso. Os casos restantes são incluídos como

casos resgatados Somente por Declaração de Óbito (SDO) (INSTITUTO NACIONAL

DO CÂNCER, 2008; INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2012)

O RCBP coleta de forma rotineira, as seguintes variáveis:

- Variáveis de identificação: nome do paciente; nome da mãe; número do

prontuário e/ou número do exame;

- Variáveis demográficas: sexo; cor da pele; data de nascimento; idade na

data do diagnóstico; profissão; endereço completo;

Variáveis referentes ao tumor: ano de diagnóstico; localização primária do

tumor; morfologia; meio de diagnóstico; extensão da doença; data do diagnóstico;

data do óbito; tipo do óbito (por câncer e por não câncer).

Uma importante preocupação na divulgação das informações dos RCBP está

na qualidade das mesmas, isto é, na avaliação dos indicadores de cobertura e

validade de um RCBP para fins de comparabilidade(INSTITUTO NACIONAL DO

CÂNCER, 2008). Os parâmetros sugeridos para os indicadores de qualidade pela

Agência Internacional de Registros de Câncer (IARC) são: percentual de casos

diagnosticados por verificação microscópica (VM) acima de 70%; e registro de casos

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30

realizado somente por SDO menor que 20% (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER,

2008; INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2012).

2.4 Linkage entre bancos de dados

A quantidade de sistemas de informação operando na implica, muitas vezes,

na fragmentação de dados, duplicidade na coleta ou coleta desnecessária de

informações, sobrecarga de profissionais, com possível impacto negativo na

credibilidade e confiabilidade desses Sistemas de Informação. Nesse sentido, a

articulação e a integração se configuram como estratégias que visam minimizar tais

problemas otimizando as informações que são geradas por esses sistemas (SILVA,

TRAVASSOS, VASCONCELOS, CAMPOS, 2006).

A disponibilidade de grandes bases de dados, informatizadas, em saúde,

tornou a técnica de relacionamento de bases de dados, também conhecida como

linkage, uma alternativa para diferentes tipos de estudos. O uso da técnica de

linkage consiste na integração ou unificação de dois ou mais banco de dados

independentes, de modo que as informações referentes a um mesmo indivíduo

possam ser pareadas (matched) e tratadas como um registro único e mais completo.

(ROCHA et al, 2011; SILVA, TRAVASSOS, VASCONCELOS, CAMPOS, 2006)

No processo de relacionamento de base de dados dois métodos são

utilizados: o determinístico e o probabilístico. No primeiro, os indivíduos de bases de

dados diferentes são identificados a partir de uma ou várias variáveis. Por exemplo,

nome, data de nascimento e data de óbito, ou até mesmo um identificador comum

como o número do cartão SUS, CPF ou RG (MORAES, DUARTE, 2009).

Tal técnica vem sendo bastante utilizada em pesquisas na área da Saúde

com diversificados propósitos: melhorar a qualidade dos dados secundários para

finalidades diferentes daquelas para as quais foram gerados, para reduzir custos na

aquisição de dados para pesquisa, melhorar o acompanhamento temporal de

eventos vitais ou mórbidos específicos, entre outros (ROCHA et al 2011;

MACHADO, 2004).

No Brasil, estudos vêm sendo desenvolvidos utilizando a técnica de

encadeamento de bancos de dados (linkage) (ROCHA et al, 2011; MACHADO,

2004, GOES, COELI, MEDRONHO,BLOCH, WERNECK, 2006; CORIOLANO, et al,

2009; SOUSA et al, 2008;). Estudo de Silva, Travassos, Vasconcelos e Campos

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31

(2006) com o objetivo de realizar uma revisão sistemática da literatura em saúde

pública sobre estudos que empregaram a referida técnica, identificou 71 publicações

referentes ao assunto. Essas publicações foram classificadas segundo seus

objetivos, a saber: relacionados ao desenvolvimento da técnica voltado para analisar

a qualidade dos dados, relacionados à área de planejamento, gestão e avaliação de

sistemas e epidemiológicos, o que demonstra que nos mais variados estudos, a

técnica tem sido utilizada com objetivos diferentes.

No caso dos estudos sobre câncer, a técnica de linkage pode se configurar

como um importante instrumento visando à melhoria da qualidade da informação,

uma vez que permite a recuperação de dados ignorados e a avaliação da

concordância do preenchimento dos dados comuns às bases.

O Canadá se mostrou precursor no uso desta técnica com experiências bem

sucedidas desde a década de 1970. O National Cancer Institute of Canada,

juntamente com o Statistics Canada, utilizaram a técnica de linkage probabilístico

entre os bancos do registro nacional de casos incidentes de câncer, com a base de

dados sobre mortalidade. O objetivo foi mostrar a técnica como uma alternativa a fim

de obter informações sobre o seguimento de pacientes em estudos de coorte

(HOWE, 1998).

No Brasil, o estudo de Peres (2011), acerca do relacionamento do RCBP de

São Paulo com bases de dados do Programa de Aprimoramento de Mortalidade

(PRO-AIM), Autorização e Procedimento de Alta Complexidade e (APAC-SAI/SUS) e

Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (FSEADE) concluiu que a técnica

de linkage tanto determinístico quanto probabilístico foi efetiva para

completar/aperfeiçoar as informações do RCBP-SP.

Nesse sentido, é necessário que estudos voltados a analisar a aplicação da

técnica de linkage junto aos sistemas de informação do câncer, sejam

desenvolvidos, de maneira a avaliar a interoperabilidade dos mesmos, analisar a

qualidade dos dados de acordo com as necessidades dos usuários, assim como as

normas, processos e condutas no âmbito dos serviços oncológicos e analisar a

distribuição quantitativa das neoplasias na população e seus fatores condicionantes,

bem como a avaliação da eficácia de intervenções realização no âmbito da

oncologia.

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32

3 OBJETIVOS

A seguir estão descritos os objetivos que nortearam o desenvolvimento deste

trabalho.

3.1 Objetivo Geral

Utilizar a técnica de linkage entre o Sistema de Informação de Mortalidade e o

Registro de Câncer de Base Populacional para o estudo do câncer, na infância e

adolescência na cidade do Recife

3.2 Objetivos Específicos

- Descrever a ocorrência e a distribuição do câncer na faixa etária do estudo

na cidade do Recife;

- Caracterizar a mortalidade por câncer na faixa etária do estudo na cidade do

Recife

- Calcular a sobrevida observada em cinco anos para os casos incidentes.

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33

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A seguir estão descritos todos os procedimentos metodológicos utilizados no

decorrer deste trabalho

4.1 Desenho do estudo

Trata-se de um estudo epidemiológico de caráter descritivo, cujas vantagens

são o baixo custo, a simplicidade analítica e o alto potencial descritivo.

(MEDRONHO, BLOCH, WERNECK 2009)

4.2 Área do estudo

O estudo foi realizado na cidade do Recife, capital de Pernambuco, situado no

litoral oriental da Região Nordeste do Brasil. A cidade é banhada pelo Oceano

Atlântico, integra a Zona Fisiográfica do Litoral e Mata do Estado de Pernambuco e

limita-se com municípios de Olinda, Paulista, Jaboatão dos Guararapes e São

Lourenço. Possui altitude média de dois metros acima do nível do mar.

O Recife possui área de 220km2, constituída por 94 bairros, delimitado a

partir do Decreto de Lei 148.452, de 26 de outubro de 1988. A Cidade é considerada

totalmente urbana, com uma população residente estimada de 1.568.636 habitantes

em 2010, com uma predominância das faixas etárias mais jovens. A população de

0 a 19 anos corresponde a 434.694 de habitantes. (SECRETARIA MUNICIPAL DE

SAÚDE DO RECIFE, 2012).

4.3 População do estudo e período de referência

Com relação à mortalidade, a população foi constituída do universo dos

indivíduos na faixa etária de 0 a 19 anos completos, de ambos os sexos, residentes

em Recife, tendo como causa básica de óbito, codificados como C00–D48, segundo

o capítulo II da 10ª Classificação Internacional de Doenças (CID-10), nos anos de

1996 e 2008, ocorridos no período entre 2000 a 2007.

No que se refere à incidência, a população constituiu-se da mesma faixa

etária e sexo, cujo diagnóstico de câncer tenha sido dado no período de 2000 a

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2007, segundo a Classificação Internacional do Câncer na Infância (KRAMÁROVÁ E

STILLER, 1996) e convertidos para a Classificação Internacional de Doenças-10ª

edição (CID-10).

4.4 Fonte de Dados

As informações referentes aos óbitos foram obtidas por meio do banco de

dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde

(SIM/MS) e as informações sobre incidência, do Registro de Câncer de Base

Populacional RCBP do Recife. As informações populacionais utilizadas como

denominadores para a estimativa de pessoa-tempo para o cálculo das taxas de

incidência e mortalidade foram provenientes da Projeção da População do Recife de

2000 a 2012, publicado pela Diretoria Geral de Vigilância em Saúde. (SECRETARIA

DE SAÚDE, 2012)

4.5 Descrição das variáveis e indicadores do estudo

A incidência e a mortalidade serão descritas segundo as variáveis abaixo:

Quadro 1 – Definição e categorização das variáveis VARIÁVEL DESCRIÇÃO

Sexo Atributo individual e essencial que confere distinção entre o masculino e o

feminino

Faixa etária Idade do indivíduo no momento do óbito, em anos (menor de 1 ano; 1 a 4

anos; 5 a 9 anos; 10 a 14 anos –15 a 19 anos)

Tipo de Câncer

(Causa Básica)

Tipo de câncer segundo a 10ª Classificação Internacional das Doenças

(Capítulo II), variando de C00.0 – D48.9

Descrição da Doença

Infantil

Tipo de câncer segundo a Classificação Internacional do Câncer na

Infância

Fonte: SIM / RCBP

4.5.1 Taxas de mortalidade e incidência

4.5.1.1 Taxa bruta – A taxa bruta por milhão de habitantes refere-se ao risco

de ocorrência de um evento (óbitos) ou casos incidentes de câncer.

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4.5.1.2 Taxa ajustada por idade – O ajuste das taxas permite eliminar (ou

minimizar) o efeito de diferenças etárias entre populações (ou na mesma população

em períodos distintos), a fim de que diferenças geográficas ou temporais não

possam ser atribuídas a diferenças na estrutura etária.

O ajuste por idade, pelo método direto, foi feito usando-se a população

padrão mundial, mesmo método utilizado nas publicações do Instituto Nacional do

Câncer para divulgação dos dados no Brasil A população padrão mundial utilizada

neste estudo foi a proposta por Segi (1960), modificada por Doll et al. (1966) e

usada nas publicações da série Internacional Cancer Incidence in Five Continents–

CI5 (Incidência de Câncer em Cinco Continentes, da IARC). Tal população baseou-

se em uma combinação das estruturas etárias de países desenvolvidos ou em

desenvolvimento.

Tabela 1 – População Padrão Mundial

Faixa etária Total

0 anos 2.400

1 – 4 anos 9.600

5 – 9 anos 10.000

10 – 14 anos 9.000

15 – 19 anos 9.000

TOTAL 40.000

Modificada por Doll et al. (1966)

Para cálculo das taxas de incidência a partir dos dados do RCBP, foram

retiradas as duplicidades de registros contidas no banco, respeitando os critérios

adotados no Manual de Rotinas e Procedimentos para RCBP do Instituto Nacional

do Câncer (2012).

4.5.2 Sobrevida

Para o cálculo das taxas de sobrevida foi utilizado método atuarial ou tábua

de vida que calcula as probabilidades de sobrevida em intervalos fixados

previamente, e o número dos expostos a risco corresponde aos pacientes vivos ao

início de cada intervalo x.

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Foi levado em consideração que o RCBP de Recife tem um seguimento

passivo das informações dos casos incidentes, assumindo-se que um indivíduo

esteja vivo até que uma notificação de morte seja encontrada. No intuito de

identificar perdas que, porventura, não tenham sido registradas, foram confrontados

os dados do RCBP e do SIM, resgatando óbitos que não constavam no registro de

câncer. Também foram excluídos do cálculo da sobrevida os casos diagnosticados

somente pela declaração de óbito (SDO). Esses casos são convencionalmente

excluídos da sobrevida, porque não é conhecida a data do diagnóstico e também por

apresentarem a pior sobrevida em relação aos outros pacientes de câncer. A não

exclusão desses casos pode enviesar as estimativas de sobrevida (SANTOS, 2009).

No cálculo das taxas de sobrevida pelo método atuarial tem-se então:

qx = probabilidade condicional de morte no intervalo x

px = probabilidade condicional de sobrevida no intervalo x

l*x = o número de expostos ao risco, no intervalo x, corrigidos de acordo com a

censura

lx = número de pessoas expostas ao risco no início do período

wx = número de pessoas perdidas de observação no intervalo x

Uma das fórmulas das funções de sobrevida é a da probabilidade de sobrevida

acumulada até o tempo x, ou S(t) é dada por:

4.5.3 Indicadores de qualidade do RCBP

Foram utilizados os seguintes indicadores de qualidade:

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Percentual de Verificação Microscópica (%VM)

Verificação microscópica dos exames histológicos, citológicos e

hematológicos. O percentual dos casos com verificação microscópica é um indicador

positivo da validade e da informação do registro. Entretanto, um alto percentual

deste indicador pode refletir o fato do RCBP basear a coleta de dados em

laboratórios de anatomia patológica, podendo indicar falta de cobertura (sub-

notificação).

Percentual Somente por Declaração de Óbito (SDO) (%SDO)

O percentual de casos notificados somente pela declaração de óbito é um

indicador de cobertura. Um baixo percentual desses casos pode indicar uma boa

cobertura do RCBP.

4.6 Linkage

As bases de dados do Registro de Câncer de Base Populacional (1997-2007)

e do Sistema de Informação de Mortalidade (2000-2007) foram relacionadas através

da técnica de linkage determinístico, realizada manualmente, de acordo com as

etapas abaixo:

- Preparação dos dados do RCBP para o linkage: O RCBP foi revisto

nominalmente para que fossem excluídas duplicidades. Os critérios de exclusão

foram baseados nas diretrizes operacionais dos Registros de Câncer de Bases

Populacional do Instituto Nacional do Câncer de 2012.

- Junção do RCBP e SIM: Foi realizada a junção das variáveis presentes em

ambos os sistemas, tendo como variável chave “nome do paciente”, comum aos dois

bancos de dados. Foram formados pares verdadeiros entre os registros dos bancos

de dados utilizados e para constatar a adequação desses pares, foram verificadas

as variáveis “nome da mãe, data de nascimento e data do óbito”.

- Padronização e formação do novo banco de dados: Após a identificação

dos pares verdadeiros, foram recuperadas as informações que se encontravam

ignoradas no RCBP e que estavam contidas no SIM: data do óbito, raça/cor,

escolaridade e endereço. Posteriormente, foi calculado o percentual de informação

recuperada nos óbitos.

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A partir da recuperação de informações e preenchimento das variáveis

ignoradas, foi constituído um novo banco de dados, resultante do linkage, para

análise da mortalidade.

Posteriormente, foram calculadas as taxas de vinculação (proporção de pares

verdadeiros) ano a ano, para posteriormente analisar-se a tendência da referida taxa

no período do estudo. Tal técnica possibilitou uma análise mais detalhada dos dados

uma vez que as informações de um banco complementaram as do outro

4.7 Análise dos Dados

Foi realizada análise descritiva dos dados, utilizado-se os softwares Epi-info

versão sete ambas produzidas pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados

Unidos (CDC) e o Microsotf Excel 2002 versão 7.0 produzido pela Microsoft

Corporation. Os anos foram agrupados em quadriênios devido a pequena

quantidade de casos e para melhor análise dos dados. Os resultados serão

apresentados em forma de tabelas e gráficos.

4.8 Considerações Éticas

Este projeto foi realizado dentro dos padrões de ética científica. Os dados

utilizados foram previamente disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde,

cujo termo de Anuência (ANEXO A) já foi concedido pela instituição. A pesquisa

utilizou dados da Secretaria de Saúde, não havendo de forma alguma, a divulgação

da identificação dos indivíduos, garantindo-se assim a confidencialidade e proteção

dos dados. Esse projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa

do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, em

novembro de 2012 (CAEE: 05892912.2.0000.5208) (ANEXO B)

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5 RESULTADOS

No que se refere aos dados de incidência do câncer em crianças e

adolescentes na cidade do Recife, provenientes do Registro de Câncer de

Base Populacional, os indicadores de qualidade para o conjunto de

informações do grupo etário de 0 a 19 anos foram de 80,0% de verificação

microscópica (%VM) e 7,75% de SDO, sendo observado, no entanto, 4,40% de

registros sem informação no item “meio de diagnóstico”.

5. 1 INCIDÊNCIA

Agrupando os anos do estudo por quadriênios, temos que as taxas de

incidência ajustadas por idade (Tabela 3) segundo sexo, apresentaram

decréscimo nos sexo masculino, de 166,1 para 124,6 por milhão, o que

também foi observada no sexo feminino onde as taxas passaram de 181,3 para

154,0 por milhão. No sexo masculino, segundo faixa etária, foi observado

decréscimo em todas as taxas brutas, sendo este maior nos menores de um

ano, passando de 186,2 (2000-2003) para 82,7 por milhão (2004-2007). No

sexo feminino, houve decréscimo em todas as faixas etárias, exceto naqueles

entre 15 a 19 anos, onde a taxa bruta aumentou de 190,0 para 278,9 por

milhão. Para ambos os sexos, as taxas brutas também apresentaram

decréscimo, exceto naqueles entre 15 a 19 anos, cujas taxas variaram de

172,8 para 209,9 por milhão. As taxas ajustadas foram de 173,7 (2000-2003)

para 139,5 por milhão (2004-2007).

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Tabela 2 – Taxas de incidência por câncer, brutas e ajustadas por idade, por milhão de crianças e adolescentes, segundo sexo, período de referência. Recife-PE

Incidência por

câncer

Taxa bruta

Ajustada

Taxa bruta

Ajustada

Taxa bruta

Ajustada Sexo Masculino Sexo Feminino Total

<1 1 – 4 5 – 9 10-14 15-19 <1 1 - 4 5 - 9 10-14 15-19 <1 1 - 4 5 – 9 10-14 15-19

2000 – 2003 186,2 194,4 167,4 140,3 155,0 166,1 232,4 224,0 165,6 130,8 190,0 181,3 209,0 208,9 166,5 135,6 172,8 173,7

2004 – 2007 82,7 157,6 113,2 98,4 139,3 124,6 63,6 190,3 80,7 96,2 278,9 154,0 73,3 173,6 97,2 97,3 209,9 139,5

Fonte: RCBP/DGVS- Secretaria de Saúde do Recife - 2000-2007

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De acordo com os dados de incidência apresentados na tabela 4, foram

registrados 658 casos de câncer na faixa etária de zero a 19 anos, nos anos de

2000 a 2007, na cidade do Recife. Do total de casos, o grupo I (leucemias)

apresentou a maior quantidade, 182 que corresponderam a 27,66%, com taxa

ajustada por idade de 43,1 por milhão, respectivamente. Em seguida, o grupo

XI (outras neoplasias malignas epiteliais e outros melanomas), totalizaram 117

casos, representando um percentual de 17,78%, com taxa ajustada por idade

de 27,7 por milhão, respectivamente.

De acordo com a incidência por tipo de câncer, segunda a faixa etária,

(tabela 5), foi observada maior quantidade de casos diagnosticados na faixa

etária de 15 a 19 anos, com um total de 227 casos, representando uma taxa de

191,5 por milhão. A incidência por tipo de câncer apresentou-se da seguinte

forma: nas faixas etárias de um a quatro, de cinco a nove e de 10 a 14 anos, foi

observada maior quantidade de casos e maiores taxas por milhão no grupo I

(leucemias), 60 (78,0), 40 (40,1) e 41 (37,9). Nos indivíduos de 15 a 19 anos,

do total de casos, 91 pertenciam ao grupo XI (outras neoplasias malignas

epiteliais e outros melanomas), com taxa de 76,8 por milhão.

No que se refere ao sexo, a incidência comportou-se da seguinte

maneira: 354 casos no sexo masculino e 304 casos no sexo feminino,

representando uma relação M/F de 1,16 meninos para cada menina. No sexo

masculino, o grupo I (leucemias) apresentou 93 casos com taxas bruta e

ajustada de 43,5 e 44,8 por milhão, respectivamente, seguidas do grupo III

(sistema nervoso central e neoplasias intracranianas e intraespinhais), com 52

casos e taxas bruta e ajustada de 24,4 e 24,8, respectivamente. No sexo

feminino, esse número foi maior no grupo XI (outras neoplasias epiteliais e

outros melanomas), com 95 (45,2 e 37,6 por milhão), seguido pelo grupo I

(leucemias) com 89 casos (42,4 e 46,1 por milhão).

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Fonte: RCBP/DGVS- Secretaria de Saúde do Recife - 2000-2007

Tabela 3 - Incidência por tipo de Câncer, valor absoluto, percentual e ajustada por idade, por milhão de crianças

adolescentes. Recife-PE

TIPO DE CÃNCER Total de casos % Taxa ajustada

I.LEUCEMIAS 182 27,67 45,0

II.LINFOMAS E NEOPLASIAS RETICULOENDOTELIAIS 67 10,18 15,1

III.SNC E MISC. DE NEOP. INTRACRANIANAS E INTRA-ESPINHAIS 103 15,65 24,8

IV.NEUROBLASTOMA E OUTROS TU. DE CEL. NERVOSAS PERIFÉRICAS 14 2,13 4,0

V.RETINOBLASTOMA 13 1,98 3,8

VI.TUMORES RENAIS 27 4,10 7,6

VII.TUMORES HEPÁTICOS 6 0,91 1,4

VIII.TUMORES ÓSSEOS MALIGNOS 38 5,78 8,1

IX.TECIDOS MOLES E OUTROS SARCOMAS EXTRA-ÓSSEOS 37 5,62 8,6

X.TU. DE CEL. GERMINATIVAS, TU. TROFOBL. E NEOP. GONADAIS 26 3,95 5,9

XI.OUTROS NEOP. MALIG. EPITELIAIS E OUTROS MELANOMAS 117 17,78 24,2

XII.OUTRAS NEOPLASIAS MALIGNAS E NÃO ESPECIFICADAS 28 4,26 6,8

TOTAL 658 100,00 156,5

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Tabela 4 - Incidência por tipo de câncer, segundo faixa etária, valor absoluto e taxas por milhão de crianças e adolescentes. Recife-PE.

TIPO DE CÂNCER Número de Casos Taxas brutas

>1 1-4 5-9 10-14 15-19 >1 1-4 5-9 10-14 15-19

I.LEUCEMIAS 4 60 40 41 34 20,9 78,0 40,1 37,9 28,7

II.LINFOMAS E NEOPLASIAS RETICULOENDOTELIAIS 1 8 18 13 27 5,2 10,4 18,1 12 22,8

III.SNC E MISC. DE NEOP. INTRACRANIANAS E INTRA-ESPINHAIS 3 25 30 21 22 15,7 32,5 30,1 19,4 18,6

IV.NEUROBLASTOMA E OUTROS TU. DE CEL. NERVOSAS PERIFÉRICAS 2 7 3 2 0 10,5 9,1 3,0 1,9 0

V.RETINOBLASTOMA 1 9 1 1 1 5,2 11,7 1 0,9 0,8

VI.TUMORES RENAIS 3 12 10 1 1 15,7 15,6 10,0 0,9 0,8

VII.TUMORES HEPÁTICOS 1 1 0 2 2 5,2 1,3 0 1,9 1,7

VIII.TUMORES ÓSSEOS MALIGNOS 0 2 6 13 17 0 2,6 6,0 12 14,3

IX.TECIDOS MOLES E OUTROS SARCOMAS EXTRA-ÓSSEOS 0 8 7 10 12 0 10,4 7,0 9,2 10,1

X.TU. DE CEL. GERMINATIVAS, TU. TROFOBL. E NEOP. GONADAIS 2 4 5 5 9 10,5 5,2 5,0 4,6 7,6

XI.OUTROS NEOP. MALIG. EPITELIAIS E OUTROS MELANOMAS 4 7 4 12 91 20,9 9,1 4,0 11,1 76,8

XII.OUTRAS NEOPLASIAS MALIGNAS E NÃO ESPECIFICADAS 4 4 6 6 8 20,9 5,2 6,0 5,5 6,8

TOTAL 27 147 131 126 227 141,2 191,2 131,45 116,3 191,5

Fonte: RCBP/DGVS- Secretaria de Saúde do Recife - 2000-2007

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Tabela 5 - Incidência por tipo de câncer, segundo sexo , valor absoluto e taxas ajustadas por milhão de crianças e adolescentes. Recife-PE

TIPOS DE CÂNCER M Taxa

Ajustada F Taxa Ajustada

I. LEUCEMIAS 93 44,8 89 46,1

II. LINFOMAS E NEOPLASIAS RETICULOENDOTELIAIS 35 16,2 32 13,9

III. SNC E MISC. DE NEOP. INTRACRANIANAS E INTRA-ESPINHAIS 52 24,8 51 26,0

IV. NEUROBLASTOMA E OUTROS TU. DE CEL. NERVOSAS PERIFÉRICAS 6 3,5 8 4,5

V. RETINOBLASTOMA 9 5,0 4 2,5

VI. TUMORES RENAIS 14 8,1 13 7,0

VII. TUMORES HEPÁTICOS 3 1,6 3 1,2

VIII. TUMORES ÓSSEOS MALIGNOS 24 10,3 14 5,8

IX. TECIDOS MOLES E OUTROS SARCOMAS EXTRA-ÓSSEOS 22 9,5 15 7,7

X. TU. DE CEL. GERMINATIVAS, TU. TROFOBL. E NEOP. GONADAIS 10 4,4 16 7,9

XI. OUTROS NEOP. MALIG. EPITELIAIS E OUTROS MELANOMAS 22 10,1 95 37,6

XII. OUTRAS NEOPLASIAS MALIGNAS E NÃO ESPECIFICADAS 14 6,4 14 7,2

TOTAL 304 144,5 354 167,5

Fonte: RCBP/DGVS- Secretaria de Saúde do Recife, 2000-2007

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5. 2 LINKAGE

Quanto ao processo de relacionamento dos bancos de dados do SIM e

do RCBP, ilustrado no fluxograma abaixo, dos 932 casos com diagnóstico de

câncer registrados no RCBP-Recife de 1997 a 2007 e dos 198 óbitos pela

mesma causa entre 2000 e 2007, foram identificados 176 pares verdadeiros,

restando 22 não pareados (11,11%), dos quais três eram de recém nascidos,

cujos casos não são captados pelo RCBP. Isso resultou em uma taxa de

vinculação de 88,9%. Constatou-se ainda que, durante o procedimento, foram

verificados alguns problemas, como: oito registros tinham lguma diferença no

nome do paciente, por possível erro de digitação, nove não tinham data de

óbito no RCBP, dois não tinham o nome da mãe e a data de óbito no RCBP,

seis tinham a data de nascimento diferente entre os bancos.

BANCO DE DADOS

DE RCBP

BANCO DE DADOS

DE SIM

Crianças e adolescentes diagnosticados

com câncer no Recife de 1997-2007

N=932

Óbitos por câncer de crianças e

adolescentes no Recife de 2000-2007

N=198

LINKAGE

176 pares

verdadeiros

22 perdas, das quais

2 óbitos de recém nascidos

(casos não captados pelo

RCBP)

Figura 1 – Fluxograma do linkage entre SIM e RCBP. Recife, 1997-2007.

Conforme a tabela abaixo que descreve os resultados da taxa de

vinculação (proporção de pares verdadeiros) derivada do pareamento de cada

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registro, houve um crescimento de 26,74% na taxa de vinculação, passando de

78,95% em 2000 para 100% em 2007.

Tabela 6 – Óbitos por câncer e taxa de vinculação por ano de ocorrência. Recife -PE.

ANO Óbitos Pares Verdadeiros

(Linkage) Taxa de Vinculação

(%)

2000 19 15 78,95

2001 31 24 77,42

2002 25 23 92,00

2003 28 26 92,86

2004 30 27 90,00

2005 20 19 95,00

2006 23 20 86,96

2007 22 22 100,00

Total 198 176 88,9

Fonte: RCBP/SIM/DGVS- Secretaria de Saúde do Recife - 1997-2007

A tabela 8 demonstra a quantidade e os percentuais de informações

recuperadas por variáveis nos pares verdadeiros após a técnica do linkage.

Antes do cruzamento dos bancos, dos 176 pares formados, 155 possuíam o

preenchimento da data do óbito no Registro de Câncer de Base Populacional,

passando para 171 pós-linkage, com recuperação de 9% de informação. Com

relação à variável raça/cor, houve recuperação de 15,3% de informação,

passando de 145 para 172 registros preenchidos. Quanto á escolaridade,

houve 39,2% de informações recuperadas, de 41 para 110 registros. Esta

variável foi a que apresentou maior quantidade de informação recuperada.

Quanto ao endereço, o preenchimento passou de 135 para 161 registros,

16,5% de recuperação da informação.

Tabela 7 – Percentual de informações sobre óbitos por câncer, recuperadas após o relacionamento dos bancos.

Variáveis Antes do linkage

Depois do linkage

Informação recuperada

(N)

Informação recuperada

(%)

Data do óbito 155 171 16 9

Raça/Cor 145 172 27 15,3

Escolaridade 41 110 69 39,2

Endereço 135 161 29 16,5

Fonte: RCBP/SIM/DGVS- Secretaria de Saúde do Recife - 1997-2007

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5.3 MORTALIDADE

No que diz respeito aos dados referentes à mortalidade após a técnica

de linkage por câncer em crianças e adolescentes, segundo sexo, faixa etária,

raça/cor, ano do óbito e distrito de residência, a tabela abaixo demonstra que a

maior parte dos casos ocorreu no sexo masculino, 95 (54%). No que diz

respeito à raça/cor, 88 casos (50%) ocorreu em indivíduos pardos e 68 (38,7%)

em indivíduos brancos. A faixa etária de 15 a 19 anos apresentou 58 casos

(33%) e nos menores de um ano, houve sete casos (4%). A idade média dos

óbitos foi de 10 anos, com desvio padrão de 6,2 anos, em ambos os sexos.

Quanto ao distrito de residência, a maior quantidade de casos foi observada no

distrito VI, 42 (23,9%) e a menor quantidade no distrito I, 12 (6,8%),

respectivamente, o maior e o menor distrito da cidade do Recife. O ano no qual

houve maior número de óbitos por câncer em crianças e adolescentes foi 2003,

27 casos (15,3%) e em 2000, houve a menor quantidade de casos, 15 (8,5%).

Agrupando os anos por quadriênios, observa-se na Tabela 12 que as

taxas de mortalidade ajustadas por idade, segundo sexo, apresentaram um

aumento nos meninos, de 40,9 para 48,3 por milhão, o que não foi observado

nas meninas, cujas taxas ajustadas apresentaram decréscimo de 42,1 para

33,6 por milhão.

No sexo masculino, ressalta-se que, comparando os dois quadriênios, a

variação entre as taxas por faixa etária foi maior nos menores de 1 ano,

passando de 82,7 (2000-2003) para 41,3 por milhão (2004-2007), sendo a

única faixa etária na qual a taxa apresentou decréscimo. No sexo feminino, a

maior variação ocorreu também na faixa etária dos menores de 1 ano, no

entanto houve um acréscimo na referida taxa de 42,2 por milhão (2000-2003)

para 84,8 por milhão (2004-2007). Ainda no sexo feminino, variação

semelhante ocorreu na faixa etária de 0 a 14 anos, havendo um decréscimo de

52,3 (2000-2003) para 18,5 por milhão (2004-2007). Para ambos os sexos, as

taxas ajustadas foram de 41,5 (2000-2003) para 41,4 por milhão (2004-2007).

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Tabela 8 – Taxas de mortalidade por câncer, brutas e ajustadas por idade, por milhão de crianças e adolescentes, segundo sexo, período de referência. Recife-PE

Mortalidade por

câncer

Taxas brutas

Ajustada

Taxas brutas

Ajustada

Taxas brutas

Ajustada Sexo Masculino Sexo Feminino Total

<1 1 – 4 5 – 9 10-14 15-19 <1 1 - 4 5 - 9 10-14 15-19 <1 1 - 4 5 – 9 10-14 15-19

2000 – 2003 82,7 35,8 47,8 25,8 48,2 40,9 21,1 37,3 41,4 52,3 43,3 42,1 41,8 36,6 44,7 39,0 45,8 41,5

2004 – 2007 41,4 45,8 54,6 32,8 61,2 48,3 21,2 47,6 28,2 18,5 43,2 33,6 31,4 46,7 41,7 27,5 52,1 41,4

Fonte: SIM/DGVS- Secretaria de Saúde do Recife - 2000-2007

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Ainda de acordo com os dados da mortalidade descritos na tabela 11,

foram registrados 176 casos de óbitos por câncer na faixa etária de 0 a 19

anos, nos anos de 2000 a 2007, na cidade do Recife. Do total de óbitos, as

neoplasias malignas do tecido linfático, hematopoético e de tecidos correlatos

apresentaram a maior quantidade, perfazendo 57 casos que corresponderam a

32,9%, com taxas de mortalidade bruta e ajustada por idade de 13,5 e 13,1 por

milhão, respectivamente. Em seguida, as neoplasias malignas dos olhos,

encéfalo e do outras partes do sistema nervoso central totalizaram 52 casos,

representando um percentual de 29,55%, com taxas ajustada por idade de

12,99.

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Fonte: SIM/DGVS- Secretaria de Saúde do Recife - 2000-2007

Tabela 9 – Mortalidade por tipo de câncer, valor absoluto, percentual e ajustada por idade, por milhão de crianças e

adolescentes. Recife-PE

TIPOS DE CÂNCER Total de

óbitos (%) Taxa ajustada

NEOPLASIA MALIGNA DE ORGÃOS DIGESTIVOS (C15-C26) 8 4,55 1,7

NEOPLASIA MALIGNA DE ORGÃOS RESPIRATÓRIOS E INTRATORÁCICOS (C30-C39) 5 2,84 1,0

NEOPLASIA MALIGNA DE OSSOS E CARTILAGENS (C40-C41) 15 8,52 3,1

NEOPLASIA MALIGNA DA PELE (C43-C44) 1 0,57 0,2

NEOPLASIA MALIGNA DO TECIDO MESOTELIAL E DE TECIDOS MOLES (C45 A C49) 4 2,27 0,8

NEOPLASIA DA MAMA (C50) 1 0,57 0,2

NEOPLASIA MALIGNA DOS ORGAOS GENITAIS FEMININOS (C51-C58) 2 1,14 0,4

NEOPLASIA MALIGNA DO TRATO URINÁRIO (C64-C68) 6 3,41 1,5

NEOPLASIA MALIGNA DOS OLHOS, ENCÉFALO E DO OUTRAS PARTES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

(C69-C72) 52 29,55 13,0

NEOPLASIA MALIGNA DA TIREÓIDE E DE OUTRAS GLANDULAS ENDÓCRINAS (C73-C75) 15 8,52 4,0

NEOPLASIA MALIGNA DE LOCALIZAÇÃO MAL DEFINIDA, SECUNDÁRIAS E DE LOCALIZAÇÕES NÃO

ESPECIFICADAS (C76-C80) 7 3,98 1,6

NEOLPASIA MALIGNA DO TECIDO LINFÁTICO, HEMATOPOÉTICO E DE TECIDOS CORRELATOS (C81-C96) 57 32,39 13,1

NEOPLASIAS BENIGNAS (D10-D36) 2 1,14 0,6

NEOPLASIAS DE COMPORTAMENTO INCERTO OU DESCONHECIDO (D37 A D48) 1 0,57 0,21

TOTAL 176 100,00 41,4

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No grupo das neoplasias malignas do tecido linfático, hematopoético e

de tecidos correlatos, do total de 57 casos, a maior parte foi das leucemias

(linfoblástica e mieloide) com 41 óbitos (71,9%), seguido dos linfomas (Hodgkin

e não-Hodgkin) com 8 casos (14%). No grupo das neoplasias malignas dos

olhos, encéfalo e do outras partes do sistema nervoso central, de um total de

52 casos, 35 (67,3%) foram de neoplasias no cérebro/encéfalo.

De acordo com a faixa etária, a distribuição da mortalidade, observada

na tabela 12, deu-se da seguinte maneira: foi observada maior quantidade de

óbitos na faixa etária de 15 a 19 anos, com um total de 59 casos,

correspondendo a uma taxa de 49,8 por milhão. A mortalidade por tipo de

câncer apresentou-se da seguinte forma: na faixa etária entre um a quatro anos

e entre cinco a nove anos, a maior quantidade de óbitos foi por neoplasias

malignas dos olhos, encéfalo e de outras partes do sistema nervoso central,

com 15, com taxas de 19,5 e 15,1 por milhão, respectivamente. Naqueles

indivíduos com idade entre 10 e 14 e entre 15 e 19, a maior quantidade de

mortes foi devida a neoplasia maligna do tecido linfático, hematopoético e de

tecidos correlatos, com 12(11,1 por milhão) e 22 (18,6 por milhão) casos,

respectivamente.

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Tabela 10 - Mortalidade por tipo de câncer, segundo faixa etária, valor absoluto e taxas por milhão de crianças e adolescentes. Recife-PE.

TIPOS DE CÂNCER

Número de Óbitos Taxas Brutas

<1 1-4 5-9 10-14 15-19 <1 1-4 5-9 10-14 15-19

NEOPLASIA MALIGNA DE ORGÃOS DIGESTIVOS (C15-C26) 0 1 0 2 5 0 1,3 0 1,9 4,2

NEOPLASIA MALIGNA DE ORGÃOS RESPIRATÓRIOS E INTRATORÁCICOS (C30-C39) 0 0 1 1 3 0 0 1 0,9 2,5

NEOPLASIA MALIGNA DE OSSOS E CARTILAGENS (C40-C41) 0 0 3 6 6 0 0 3,0 5,5 5,1

NEOPLASIA MALIGNA DA PELE (C43-C44) 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0,8

NEOPLASIA MALIGNA DO TECIDO MESOTELIAL E DE TECIDOS MOLES (C45 A C49) 0 0 1 0 3 0 0 1 0 2,5

NEOPLASIA DA MAMA (C50) 0 0 0 1 0 0 0 0 0,9 0

NEOPLASIA MALIGNA DOS ORGAOS GENITAIS FEMININOS (C51-C58) 0 0 0 0 2 0 0 0 0 1,7

NEOPLASIA MALIGNA DO TRATO URINÁRIO (C64-C68) 1 1 1 2 1 5,2 1,3 1 1,9 0,8 NEOPLASIA MALIGNA DOS OLHOS, ENCÉFALO E DO OUTRAS PARTES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

(C69-C72) 2 15 15 7 13 10,5 19,5 15,1 6,5 11,0

NEOPLASIA MALIGNA DA TIREÓIDE E DE OUTRAS GLANDULAS ENDÓCRINAS (C73-C75) 1 5 7 1 1 5,2 6,5 7,0 0,9 0,8 NEOPLASIA MALIGNA DE LOCALIZAÇÃO MAL DEFINIDA, SECUNDÁRIAS E DE LOCALIZAÇÕES NÃO

ESPECIFICADAS (C76-C80) 1 1 0 3 2 5,2 1,3 0 2,8 1,7

NEOPLASIA MALIGNA DO TECIDO LINFÁTICO, HEMATOPOÉTICO E DE TECIDOS CORRELATOS (C81-C96) 2 8 13 12 22 10,5 10,4 13,0 11,1 18,6

NEOPLASIAS BENIGNAS (D10-D36) 0 1 1 0 0 0 1,3 1 0 0

NEOPLASIAS DE COMPORTAMENTO INCERTO OU DESCONHECIDO (D37 A D48) 0 0 0 1 0 0 0 0 0,9 0

TOTAL 7 32 42 36 59 36,6 41,6 42,1 33,2 49,8

Fonte: SIM/DGVS- Secretaria de Saúde do Recife - 2000-2007

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De acordo com o sexo (tabela 13), a mortalidade comportou-se da

seguinte maneira: 96 casos no sexo masculino e 80 casos no sexo feminino,

representando uma relação M/F de 1,2 meninos para cada menina. No sexo

masculino, as neoplasias malignas dos olhos, encéfalo e do outras partes do

sistema nervoso central apresentaram maior quantidade de casos, com 34

óbitos (taxa bruta e ajustada por milhão de 15,9 e 16,6, respectivamente)

seguidas das neoplasias malignas dos olhos, encéfalo e do outras partes do

sistema nervoso central, com 30 casos, com uma taxa bruta de 14,1 por milhão

e ajustada de 13,3 por milhão. No sexo feminino, esse número foi maior nas

neoplasias malignas do tecido linfático, hematopoético e de tecidos correlatos

com 27 casos de óbitos, taxa bruta de 12,9 e ajustada de 12,8 por milhão,

seguido de 18 casos das neoplasias de olho, encéfalo e outras partes do SNC,

correspondendo a 8,6 e 9,2 por milhão de taxa bruta e ajustada,

respectivamente. .

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Tabela 11 – Mortalidade por tipo de câncer, segundo sexo, valor absoluto e taxas ajustadas. Recife-PE.

TIPO DE CÃNCER Masculino Taxas

ajustadas Feminino

Taxas ajustadas

NEOPLASIA MALIGNA DE ORGÃOS DIGESTIVOS (C15-C26) 2 0,8 6 2,6

NEOPLASIA MALIGNA DE ORGÃOS RESPIRATÓRIOS E INTRATORÁCICOS (C30-C39) 2 0,8 3 1,3

NEOPLASIA MALIGNA DE OSSOS E CARTILAGENS (C40 - C41) 9 3,7 6 2,5

NEOPLASIA MALIGNA DA PELE (C43-C44) 0 0 1 0,4

NEOPLASIA MALIGNA DO TECIDO MESOTELIAL E DE TECIDOS MOLES (C45 A C49) 2 0,8 2 0,9

NEOPLASIA DA MAMA ( C50) 0 0 1 0,4

NEOPLASIA MALIGNA DOS ORGAOS GENITAIS FEMININOS (C51-C58) 0 0 2 0,7

NEOPLASIA MALIGNA DO TRATO URINÁRIO (C64 - C68) 4 2,1 2 0,8

NEOPLASIA MALIGNA DOS OLHOS, ENCÉFALO E DO OUTRAS PARTES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

(C69 - C72) 34 16,6 18 9,2

NEOPLASIA MALIGNA DA TIREÓIDE E DE OUTRAS GLANDULAS ENDÓCRINAS (C73 - C75) 9 4,9 6 3,1

NEOPLASIA MALIGNA DE LOCALIZAÇÃO MAL DEFINIDA, SECUNDÁRIAS E DE LOCALIZAÇÕES NÃO

ESPECIFICADAS (C76 - C80) 2 1,7 5 2,5

NEOPLASIA MALIGNA DO TECIDO LINFÁTICO, HEMATOPOÉTICO E DE TECIDOS CORRELATOS (C81-C96) 30 13,3 27 12,8

NEOPLASIAS BENIGNAS (D10-D36) 1 0,5 1 0,6

NEOPLASIAS DE COMPORTAMENTO INCERTO OU DESCONHECIDO -D37 A D48 1 0,4 0 0

TOTAL 96 44,8 80 37,7

Fonte: SIM/DGVS- Secretaria de Saúde do Recife - 2000-2007

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5.4 SOBREVIDA

Para o cálculo da sobrevida foram excluídos 51 registros cuja

diagnóstico foi obtido Somente pela Declaração de Óbitos. Os resultados

relacionados à sobrevida podem ser observados na tabela abaixo.

Tabela 12 - Cálculo da probabilidade de sobrevida observada pelo método atuarial (casos incidentes de câncer de câncer em crianças e adolescentes em Recife, Pernambuco, entre 2000-20007).

Intervalo (anos) (i)

Vivo no início do intervalo

(li)

Número de óbitos no

intervalo (di)

Probabilidade condicional de morte (qi)

Probabilidade condicional

de sobrevida (px)

Probabilidade acumulada de sobrevida ao

final do intervalo S (tx)

0 - 1 anos 607 72 0,11862 0,88138 0,88138

1 - 2 anos 522 19 0,03640 0,96360 0,84930

2 - 3 anos 506 16 0,03162 0,96838 0,82245

3 - 4 anos 495 4 0,00808 0,99192 0,81580

4 - 5 anos 492 4 0,00813 0,99187 0,80917

De acordo com o método atuarial de cálculo dos elementos da

sobrevida, demonstrado na tabela acima, observa-se que, no intervalo entre 0

e 1 ano após o diagnóstico, havia 607 pacientes diagnosticados com câncer

vivos no início do intervalo, ocorreram 82 óbitos, resultando na probabilidade

de morte de 0,11862 e, consequentemente, na probabilidade de sobreviver de

0,88138 (1 – 0,11862). A sobrevida acumulada a 1 ano do diagnóstico é de

0,88138. Desta forma, tem-se que a probabilidade de um indivíduo de 0 a 19

anos com câncer estar vivo após o primeiro ano do diagnóstico é de 86%.

Observa-se que a sobrevida acumulada decai ao longo dos anos e após 5 anos

do diagnóstico é de 0,80917, o que representa 80% de probabilidade de estar

vivo após o quinto ano de diagnóstico.

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6 DISCUSSÃO

Os registros de câncer nos países em desenvolvimento são vulneráveis

a vários problemas técnicos que podem comprometer a qualidade dos dados

coletados. No entanto, desde 1990, o apoio prestado pelo governo brasileiro

tem permitido a implementação de procedimentos de controle de qualidade e

treinamento de pessoal, o que aumentou o número de RCBPs fornecendo

informações cruciais sobre a carga de câncer no Brasil (CAMARGO, et al.,

2009).

Para acompanhamento dos RCBP, o IARC propôs alguns indicadores de

qualidade. Baseado nesses indicadores, o RCBP de Recife apresentou

parâmetros de 85% de verificação microscópica e 7,1% de SDO. Embora

esses valores estejam dentro daqueles estabelecidos como adequados, o

RCBP de Recife ainda apresenta um número considerável de registros sem

informação no item “meio de diagnóstico”, o que pode superestimar o

percentual de verificação microscópica (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER,

2008). A implantação dos RCBP em diferentes regiões do Brasil demonstra a

viabilidade da criação destes tipos de registros em outros países sujeitos a

várias restrições culturais e socioeconômicos (CAMARGO et al., 2009).

O câncer em menores de 20 anos na cidade do Recife (2000-2007)

apresentou uma taxa de incidência ajustada por idade de 156 por milhão,

semelhante às observadas em regiões desenvolvidas, como nos EUA (165 por

milhão, 2001-2003). Entretanto, essa taxa foi superior em aproximadamente

20% ao observado em Shangai, China (129 por milhão, 2002-2005) e Chennai,

Índia (124 por milhão, 2001-2004), México (121 por milhão, 1996-2002) e Cuba

(139 por milhão, 2001-2003) (LI, et al., 2008; ARORA, EDEN, KAPOOR, 2009;

FAJARDO-GUTIÉRREZ, et al., 2007; TORRES et al., 2010).

De acordo com Camargo et al., (2009), no Brasil, as taxas de incidência

ajustadas apresentaram uma média de 154,3 por milhão, bem próxima daquele

apresentada em Recife. O mesmo estudo demonstrou que as taxas em Curitiba

(194 por milhão, 1998-2002), Porto Alegre (197 por milhão, 1998-2002), São

Paulo (203 por milhão, 1998-2002) e Goiânia (230,98 por milhão, 1999-2003)

foram superiores às de Recife.

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57

As variações na ocorrência do câncer podem estar relacionadas à

diferenças de renda existentes os países ao redor do mundo. (LI et al., 2008).

Sendo o maior país da América do Sul, o Brasil é composto por cinco regiões

geográficas com densidade de população, clima e socioeconômico

desigualdades, esse fatores também se refletem nas taxas de incidência do

câncer (CAMARGO et al., 2009)

Nas regiões brasileiras com maior nível socioeconômico, as taxas de

incidência apresentaram-se mais elevadas. Uma das possíveis explicações

para essas diferenças dentro da população brasileira pode ser a recente

melhoria do acesso aos cuidados de saúde e procedimentos de diagnóstico

modernos, juntamente com o estabelecimento de grupos cooperativos com

protocolo contínuo para tratamentos de leucemia aguda, tumor de Wilms, o

retinoblastoma, osteossarcoma e outros tumores raros que têm um impacto

potencial sobre o reconhecimento de tais doenças (CAMARGO et al., 2009;

PETRILLI et al., 2006).

É importante lembrar, entretanto, que existem diferenças na qualidade

dos registros populacionais de câncer no Brasil, devido ao diferenciado

processo de implantação do serviço nas regiões brasileiras. Ainda que esse

processo subestime ou superestime a magnitude das taxas, os dados

brasileiros são comparáveis aos de outros estudos que analisaram registros

dos países desenvolvidos (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2008).

O grupo de neoplasias mais incidente em Recife foi o das leucemias,

com uma taxa ajustada de 44,99 por milhão, seguido do grupo III das

neoplasias do Sistema nervoso central (SNC) cuja taxa foi de 24,81 por milhão.

Dados semelhantes foram encontrados na maior parte dos estudos nessa faixa

etária (LI et al., 2008; MITRA, SHAW, HUTCHINGS, 2012) visto que as

leucemias, os tumores de sistema nervoso central e os linfomas são os grupos

mais comuns de câncer em crianças e adolescentes.

Nos Estados Unidos entre 2001 e 2003, o percentual de casos de

leucemia foi de 26,25%, semelhante a Recife (27,66%), sendo a leucemia

linfoblástica a mais comum, o que também foi observado neste estudo.

Também no Canadá, na faixa etária de 0 a 14 anos, as leucemias foram as

mais comuns, apresentando uma taxa ajustada de 49.7 por milhão (LI et al.,

2008).

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No Brasil, de acordo com Camargo et al. (2009), a leucemia, os linfomas

e os tumores de SNC também foram os mais comuns em todos os registros,

com destaque para a cidade de Jaú que apresentou as taxas mais altas de

leucemia e linfomas, 52 e 41 por milhão, respectivamente, apontando para o

fato de que na cidade a fabricação de calçados é a principal atividade

econômica. Embora os relatórios anteriores tenham sugerido que a atividade

de sapateiro está relacionada com a leucemia nos adultos, sua associação com

a infância e adolescência continuam a ser investigados.

Com relação a idade, a faixa etária de um a quatro anos apresentou

maiores taxas de incidência para leucemia, com 78,0 por milhão. Achados

semelhantes foram encontrados no Canadá, em Cuba e na França, onde as

maiores taxas de leucemia foram de 92,1 por milhão, 53 por milhão, 73 por

milhão, respectivamente.

Embora a causa da maioria das leucemias não seja completamente

conhecida, há evidências consistentes da associação com a exposição a três

fatores de risco: radiações ionizantes, agentes alquilantes utilizados na

quimioterapia, e exposição ocupacional ao benzeno. Além disso, fatores

relacionados às características da criança ao nascimento têm sido alvos de

vários estudos. Alguns já estão bem estabelecidos como sendo fator de risco

para o desenvolvimento da leucemia como, por exemplo, a exposição

intrauterina à radiação ionizante (LINET, WACHOLDER, ZAHM, 2013).

Com relação os tumores do SNC, Terracini e Maule (2007), suscitam

que o aumento das taxas ao longo dos anos pode estar relacionado a melhoria

das tecnologias diagnósticas que tem se espalhado, principalmente com

relação aos exames de imagem, como a ressonância magnética. De acordo

com Steliarova et al., (2004), nos países desenvolvidos a incidência de tumores

do SNC são maiores, devido ao avanço nos métodos diagnósticos.

Com relação ao sexo, a incidência da cidade do Recife apresentou uma

relação de 0,8 homens para cada mulher com uma taxa ajustada por idade de

144,5 por milhão para o sexo masculino e 167,5 por milhão para o sexo

feminino. Essas taxas contrariam o que a maior parte dos estudos mostra,

onde a incidência nos meninos é maior; como na Espanha (1991-2002), França

(2000-2004), nos Estados Unidos (2001-2003) e Canadá (1992-2006). (LI ei al.,

2008; LACOUR et al., 2010; MITRA, SHOW, HUTCHINGS, 2012). A relação

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M/F encontrada no Brasil, segundo estudo de Camargo et al. (2009), também

demonstrou que na maior parte dos RCBP, a incidência foi maior no sexo

masculino.

Cabe ressaltar que o grupo das neoplasias malignas epiteliais e outros

melanomas (carcinomas), foi o terceiro com maior taxa de incidência. Embora

esse tipo de neoplasia não seja comum na faixa etária de 0 a 14 anos, o

inverso ocorreu na faixa de 15 a 19 anos, o que incrementou a taxa ajustada

por idade final. Parkin et al., (1998) apud Torres et al., 2010), relatam que em

crianças menores de 15 anos, 92% das neoplasias são não-epiteliais e

somente 8% são epiteliais. Entre as idade de 15 a 19 anos, ocorre uma

transição dessa realidade e entre os 30 e 45 anos, 80 são de neoplasias

epiteliais, podendo chegar a 90%.

Considerando os quadriênios de 2000-2003 e 2004-2007, para todas as

faixas etárias houve um decréscimo nas taxas de incidência, exceto para

aqueles de 15 a 19 anos, cujas taxas ajustadas aumentaram de 172,83 para

209,92 por milhão, no entanto, ao separar o sexo masculino do sexo feminino,

os casos em meninas, foram responsáveis por esse aumento, visto que nos

meninos, houve um decréscimo dessas taxas. De acordo com os dados do

estudo de Torres et al., (2010), também foi observado que os carcinomas

(grupo XI) apresentaram maiores taxas na faixa etária de 15 a 19 anos. Com

relação ao sexo, nos estudos de Mitra, Shaw, Hutchings (2012) e Lacour et al.,

(2010), embora ambos tenham sido realizados na faixa etária de 0 a 14 anos, a

prevalência foi maior no sexo feminino e no estudo de Li et al., (2008), com

indivíduos de 0 a 19 anos, a quantidade de casos no sexo feminino foi quase o

dobro do sexo masculino.

De maneira geral, com relação à incidência, embora diversos estudos

apontem para o aumento dessas taxas, devido à ampliação do acesso aos

meios diagnósticos, ao aperfeiçoamento dos registros de câncer, entre outros,

em Recife, ao comparar os quadriênios 2000-2003 e 2004-2007, observou-se

que ocorreu o contrário,exceto para a faixa etária de 15 a 19 anos, como dito

anteriormente. Há que se investigar os aspectos associados a isso, de maneira

a levantar hipóteses para investigação acerca da ocorrência do câncer na

cidade. Ressalta-se também que devido ao curto período do estudo, análises

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de tendências, que poderiam elucidar melhor essa questão, tornaram-se

inviáveis.

Para o aprofundamento das questões relativas ao câncer na cidade do

Recife, o estudo da mortalidade constitui-se com um importante indicador de

saúde. A técnica de linkage determinístico possibilitou a constituição de um

banco de dados mais completo e a recuperação de informações ignoradas no

Sistema de Informação de Mortalidade.

A taxa de vinculação de 88,9%, revelou um elevado percentual de

vinculação, ressaltando-se inclusive o fato de que, ao longo dos anos, a taxa foi

crescente. Esse percentual foi semelhante ao encontrado no estudo de

Drummond e Machado (2007), no estudo de Rocha et al (2011) e no de

Coriolano et al., (2009). No entanto, autores que utilizaram a mesmo técnica

encontraram taxas de vinculação inferiores às de Recife (FERREIRA, et al.,

2011; SILVA, LEITE, ALMEIDA, 2011). Observou-se também um crescimento

da taxa de vinculação ao longo dos anos, o que demonstra melhoria na

qualidade das informações (ROCHA et al, 2011).

Relacionar registros de diferentes fontes, independente da técnica de

linkage, mostra-se uma tarefa pouco trivial, pois as bases de dados são

geradas com finalidades distintas, não havendo padronização entre os campos

das variáveis ou na digitação dos dados coletados. Além disso, são frequentes

os erros de digitação e a presença de valores ignorados (CAMARGO, COELI,

2000).

A vantagem do linkage determinístico está na certeza em identificar um

par verdadeiro quando este apresenta um identificador comum ou um conjunto

de variáveis com boa qualidade de preenchimento. Outra vantagem está na

sua operacionalização, pois não há a necessidade de cálculos complexos de

probabilidade e programas específicos para combinação entre bases de dados.

TROMP et al., 2011)

Embora mais simples, fatores como erros de digitação, ausência de

preenchimento da “variável-chave” e variáveis ignoradas podem atrapalhar o

processo de relacionamentos dos bancos. Esses fatores foram observados

durante o processo de linkage determinístico, utilizado neste estudo.

Dificuldades semelhantes também foram encontradas no estudo de Rodrigues,

Oliveira e Bonfim (2011), de Reis (2006) e Coriolano et al. (2009). Tais

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dificuldades podem revelar a pouca confiabilidade das informações e restringir

o seu uso em estudos epidemiológicos e em atividades de vigilância à saúde

(ROMERO, CUNHA, 2006).

Mesmo diante dos erros de digitação e das variáveis ignoradas, foi

possível recuperar informações importantes para o estudo do câncer. As

variáveis como data do óbito, raça/cor, escolaridade e endereço puderam ser

recuperadas a partir do Sistema de Informação de Mortalidade, ou seja, a

integração com esse sistema aperfeiçoando o Registro de Câncer de base

Populacional. No processo de resgate das variáveis, mesmo com ganho de

informação de alguns campos em mais de 50% ainda persistiu um percentual

de informações ausentes.

Reconhece-se que essas limitações citadas acima estão relacionadas

àquelas dificuldades encontradas nos estudos que utilizam dados secundários,

provenientes de várias bases de dados. Nesse sentido, a técnica de linkage

apresenta mais uma vantagem a medida que os dados secundários produzidos

para ser confrontados, minimizando erros e produzindo informações diferentes

daquelas para ás quais o dados foi gerado (SILVA et al,, 2006)

A fim de minimizar falhas na digitação e a grande quantidade de

variáveis ignoradas, o que compromete a confiabilidade do banco de dados,

uma das alternativas pode ser a capacitação dos profissionais diretamente

ligados a rotina desses sistemas de informação e busca ativa nos órgãos de

origem, além da reparação dos dados incompletos (FERREIRA et al., 2011).

A partir do banco de dados gerado após o linkage, o estudo da

mortalidade revelou que no sexo masculino houve um aumento da taxa

ajustada de mortalidade de 40,9 por milhão (2000-2003) para 48,3 por milhão

(2004-2007), enquanto que no sexo feminino houve um decréscimo nas taxas

de 42,1 por milhão (2000-2003) para 33,6 por milhão (2004-2007). Para ambos

os sexos, as taxas mantiveram-se quase que inalteradas comparando-se os

dois quadriênios.

Nos Estados Unidos, foi observada uma redução das taxas de

mortalidade em menores de 20 anos de ambos o sexos no período de 1975 a

2006 (SMITH, et al., 2010). No Japão, em um estudo realizado entre 1970 e

2007 para a mesma faixa etária, houve decréscimo das taxas de mortalidade

tanto no sexo masculino quanto o feminino principalmente a partir de 1990

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(YANG et al, 2009). Em Taiwan, no período de 1980 a 2006 foi observada

estabilidade nas taxas para o sexo feminino e acréscimo nas taxas a partir de

1994, seguido de um período de estabilidade até o fim da série temporal

(CHIANG et al., 2010).

As oscilações das taxas de mortalidade por grupo etário do presente

estudo corroboram com achados da investigação realizada no período de 1977

a 2001 em Madrid, Espanha, onde se observou um incremento das taxas de

mortalidade por câncer no ultimo período do estudo (1997-2001) no sexo

masculino para as seguintes faixas etárias: um a quatro, cinco a nove anos e

10 a 14 anos (LOPEZ et al,, 2005). De acordo com dados do INCA (2008) no

período de 2001 a 2005 foi observada oscilação similar na taxas de

mortalidade por câncer segundo faixa etária.

Estudo realizado por Chatenoud et al. (2010), revelou que desde 1970

as taxas para todos os cânceres cairam de 80 para 30 por milhão (sexo

masculino) e de 60 para 20 por milhão (sexo feminino) na América do Norte e

no Japão. O mesmo estudo revelou que em países da América Latina foram

registradas taxas de 50 por milhão para meninos e 40 por milhão para

meninas, entre os anos de 2005 e 2007, semelhante às taxas registradas em

áreas mais desenvolvidas no início de 1980.

De acordo com mortalidade por tipo de câncer , o grupo das neoplasias

malignas do tecido linfático, hematopoétido e de tecidos correlatos apresentou

maiores taxas brutas e ajustadas (13,5 e 13,1 por milhão, respectivamente).

Padrões semelhantes foram observados para as leucemias, cujas taxas de

mortalidade foram de 8,1 por milhão em meninos e 5,5 por milhão na América

do Norte América e 19,8 por milhão (sexo masculino) e 16,5 por milhão(sexo

feminino) na América Latina para 2005 a 2007.

Estudo de Couto et al. (2010), constatou que a queda consistente nas

taxas de mortalidade por leucemia infantil no Brasil e os maiores decréscimos

nas regiões Sul e Sudeste foram observadas 1980-2002. Estas diminuições

apresentaram uma maior taxa de mortalidade para os meninos em comparação

com as meninas. De acordo com o mesmo estudo, a taxa de mortalidade por

leucemia no estado do Rio de Janeiro diminuiu durante 1980 e 2006 e também

foi mais acentuada no sexo masculino.

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De acordo com dados do INCA (2008), nas regiões Centro-Oeste,

Sudeste e Sul, entre 2001 a 2005, a mortalidade por câncer em crianças e

adolescentes com idade entre um e 18 anos foi registrada como a segunda

causa de mortalidade e a primeira causa de óbito por doença, correspondendo

a 7,9%, 8,1% e 9,5% de todos os óbitos, respectivamente. Já nas regiões Norte

e Nordeste, as neoplasias ocuparam a 5ª posição por causa de mortalidade e a

4a por doença, correspondendo a 6,5% e 6,9% de todos os óbitos,

respectivamente. Das neoplasias, as que mais se destacaram no Brasil foram

as leucemias (35,2% e 33,5% para o sexo masculino e feminino,

respectivamente), os tumores do SNC (22,5% e 24,2% para o sexo masculino

e feminino, respectivamente) e os de tecido linfático (10,0%) para o sexo

masculino, e osso (7,6%) para o sexo feminino.

Há muito que se considerar no estudo da mortalidade por câncer.

Correlações foram observadas entre a desigualdade social e as mudanças na

mortalidade, com diminuições mais acentuadas nas taxas de mortalidade nas

regiões brasileiras com melhores condições socioeconômicas. O status

socioeconômico tem um papel fundamental na área da saúde devido a fatores

como o acesso a serviços de saúde e centros especializados, a disponibilidade

de leitos hospitalares, a densidade médico, adesão e abandono do tratamento

e diagnóstico precoce (RIBEIRO, LOPES, CAMARGO, 2007).

As taxas de mortalidade de câncer infantil têm diminuído

significativamente nas últimas décadas e tem permanecido relativamente

constante desde 1997 (SMITH et al., 2010). Países menos desenvolvidos,

incluindo muitos países da América do Sul, tiveram resultados menos

favoráveis. No entanto, a principal limitação da análise da taxa de mortalidade

é a disponibilidade de estatísticas vitais de alta qualidade (CHATENOUD, et al.,

2010). As taxas de mortalidade devem ser analisadas com cautela, pois elas

são influenciadas pela qualidade dos dados de diagnóstico, da declaração de

óbito, das características socioeconômicas, e dos centros médicos

especializados em oncologia pediátrica disponíveis (FERMAN, et al., 2013).

Outro importante indicador para estudo da epidemiologia do câncer é a

sobrevida. Em Recife, a sobrevida acumulada após 5 anos é de 80%. Segundo

dados de nove registros do SEER do período de 1975 a 2006 foi observado

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nos Estados Unidos, aumento da probabilidade de sobrevida em 5 anos para o

câncer em menores de 15 anos de aproximadamente 60% no período de 1975

1978 para 80,6% em 1999-2002. Na faixa etária de 15 a 19 anos a sobrevida

acumulada em 5 anos foi de 67,6% e 79,4%, respectivamente para o mesmo

período (STILLER et AL., 2004).

Os resultados do ACCIS demonstraram que a sobrevida nos anos 90 na

Europa neste grupo de referência, era de 73%. A sobrevida nos países do leste

europeu (63%) foi menor que nos países do oeste (75%). Nas crianças (0-14

anos), a sobrevida no oeste do continente foi maior que no leste para todos

tipos de tumor, à exceção dos carcinomas (86% no oeste e 94% no leste).

Entre os adolescentes (15-19 anos) a sobrevida foi de 73%, sendo de 63% no

oeste e 75% no leste. Os dados mostraram mostrou ainda que houve uma

melhora substancial na sobrevida em crianças. Nos anos 70, a sobrevida em 5

anos era de 44%, nos anos 80 a mesma passou para 64%, atingindo 74% nos

anos 90. Nos adolescentes, nos anos 70, a sobrevida era de 50%, passando

para 63% nos anos 80 e para 74% nos anos 90 (STELIAROVA-FOUCHER,

2004).

Na América Latina e Caribe, vem sendo estruturado o projeto

LATINFANCIA que visa a quantificar a sobrevida do câncer na infância e suas

diferenças em grandes populações de países participantes (Argentina, Bolivia,

Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Mexico, Peru e Venezuela) e

fazer uma comparação entre as estimativas encontradas em diferentes áreas

(FERREIRA, 2010)

No Brasil, dados do RCBP de Goiânia mostraram que a sobrevida

acumulada após cinco anos no período de 1989 a 1994. Braga (2000) mostrou

que as taxas aumentaram de 35,1% (1989-90) para 73,4% (1993-94). O

aumento também foi observado para os seguintes tipos histológicos: linfomas

(67%), leucemias (27%) e tumores do SNC (39%).

Mirra et al. (2004) também realizaram estudo de sobrevida em crianças

(0-14 anos) utilizando informações do RCBP de São Paulo para o ano de 1993

e para o período de 1997/98. O estudo constatou que a probabilidade de

sobrevida acumulada até 60 meses foi de 41% para o total de pacientes de 0 a

14 anos. Não houve diferenças significativas nas probabilidades de sobrevida

acumulada, segundo sexo, faixa etária e período, no entanto, diferenças

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significativas foram observadas nas probabilidades de sobrevida acumulada

até 60 meses segundo o tipo de tumor (p<0,001). Para as leucemias, a

sobrevida foi de 41% com diferenças significativas segundo o tipo, para os

linfomas, a sobrevida foi de 66% com pior prognóstico para as crianças mais

jovens e não houve diferenças significativas na sobrevida segundo o sexo.

No Brasil, a probabilidade de sobrevida acumulada de câncer em

Goiânia para menores de 15 anos aumentou de 35,1% no período de 1989

1990, para 73,4% no período de 1993-19943,20. Em São Paulo para os

períodos de 1993 e 1997/1998 a probabilidade de sobrevida acumulada foi de

41% (MIRRA, LATORRE, VENEZIANO, 2004)

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

- A aplicação da técnica de linkage mostrou-se efetiva para o estudo da

mortalidade por câncer na criança e no adolescente, com recuperação e

complementação de informações, embora tenha havido perda de casos, em

especial de recém nascidos, que não são captados pelos RCBP. Desta forma,

recomenda-se o uso da técnica de cruzamento dos banco de dados nos

serviços de vigilância do câncer e no planejamento e avaliação das ações

voltadas para essa doença, principalmente em crianças e adolescentes.

- As informações contínuas e confiáveis a respeito de câncer em crianças e

adolescentes na cidade do Recife são muito importantes para o estudo da

etiologia e prognóstico da doença. Na cidade, há uma variação tanto das taxas

de incidência quanto das de mortalidade quando comparadas com as taxas dos

países desenvolvidos, isto é, podendo ser resultantes da instabilidade na

qualidade das informações. Embora tenha havido limitação do tempo do

estudo, impedindo análises de séries temporais.

- As informações acerca da mortalidade, bem como o estudo da sobrevivência

deve ser compreendido como um recurso importante para o planejamento em

saúde e como uma base para monitorar a eficácia das estratégias

implementadas. A adoção de estratégias de tratamento integrados devem ser

dirigidas para melhorar as taxas de mortalidade por câncer infantil na cidade do

Recife.

- As taxas de sobrevida são um dos indicadores mais importantes para o

conhecimento do cuidado adequado à criança com câncer. Na população

infantil, tanto a prevenção como o diagnóstico precoce são extremamente

difíceis. A terapêutica progrediu imensamente, tornando-se a principal

estratégia contra o câncer em crianças e adolescentes. A sobrevida da cidade

do Recife apresenta-se semelhante àquelas mostradas nos estudos realizados

pelo mundo e no próprio Brasil.

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