universidade federal de pelotas faculdade de agronomia...

109
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos Tese Aspectos genéticos envolvidos na formação de biofilme por Listeria monocytogenes avaliados por RT- qPCR em diferentes superfícies, temperaturas e tempos de contato Tatiane Kuka Valente Gandra Pelotas, 2015

Upload: others

Post on 05-May-2020

7 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel

Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos

Tese

Aspectos genéticos envolvidos na formação de biofilme por Listeria

monocytogenes avaliados por RT- qPCR em diferentes superfícies,

temperaturas e tempos de contato

Tatiane Kuka Valente Gandra

Pelotas, 2015

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

Tatiane Kuka Valente Gandra

Aspectos genéticos envolvidos na formação de biofilme por Listeria

monocytogenes avaliados por RT- qPCR em diferentes superfícies,

temperaturas e tempos de contato

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciência e Tecnologia em Alimentos.

Orientador: Prof. Dr. Wladimir Padilha da Silva

Co-orientador: Profª. Dra. Caroline Peixoto Bastos

Pelotas, 2015

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação:

Bibliotecária Daiane Schramm – CRB-10/1881

G195a Gandra, Tatiane Kuka Valente

Aspectos genéticos envolvidos na formação de biofilme por Listeria monocytogenes avaliados por RT- qPCR em diferentes superfícies, temperaturas e tempos de contato. / Tatiane Kuka Valente Gandra; Orientador: Prof. Dr. Wladimir Padilha da Silva. – Pelotas, 2015.

107f.

Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” da Universidade Federal de Pelotas

1. L. monocytogenes. 2. Biofilme. 3. Superfície. 4. locus agr; prfA.

5. Expressão gênica. I. Silva, Wladimir Padilha da; orient. II. Título. CDD 600

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

Tatiane Kuka Valente Gandra

Aspectos genéticos envolvidos na formação de biofilme por Listeria monocytogenes

avaliados por RT- qPCR em diferentes superfícies, temperaturas e tempos de

contato

Tese aprovada, como requisito parcial, para obtenção do grau de Doutorem Ciência e Tecnologia de Alimentos, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas.

Data da Defesa: 11 de maio de 2015

Banca examinadora:

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Wladimir Padilha da Silva (Orientador)

Doutor em Ciência de Alimentos pela Universidade de São Paulo

___________________________________________________________________

Profª. Dra. Caroline Peixoto Bastos (Co-orientador)

Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de

Pelotas

___________________________________________________________________

Profa. Dra. Karla Sequeira Mendonça

Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de

Pelotas

___________________________________________________________________

Profa. Dra. Marcia Magalhães Mata

Doutora em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas

___________________________________________________________________

Profa. Dra. Naciele Marini

Doutora em Fitomelhoramento pela Universidade Federal de Pelotas

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

Dedico ao meu marido Eliezer e ao meu filho Árthur. “Um sonho que se sonha só, é só um sonho... Mas um sonho que se sonha junto torna-se realidade...”

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

Agradecimentos

A Deus pela força, perseverança, sabedoria e humildade para continuar o

caminho da vida com fé.

Ao meu marido Eliezer e ao meu filho Árthur, pelo amor incondicional,

carinho, amizade, compreensão e companheirismo. Nem mesmo todas as palavras

do mundo poderiam expressar minha gratidão a vocês. Minhas razões de viver. Sem

vocês nada teria sentido...

A toda minha família, especialmente aos meus pais, Joel e Roseli, e a minha

vó Lucinda (in memorian), onde, mesmo nos momentos distantes, encontrei carinho

e segurança.

Ao meu orientador Prof. Dr. Wladimir Padilha da Silva, pela orientação, pelo

projeto e pelos conhecimentos transmitidos.

A minha co-orientadora e amiga Caroline Peixoto Bastos, pelo carinho, apoio

e grande ajuda nos protocolos do real time, e defesa.

A Naciele Marini pela imensa ajuda durante o a execução do real time e

contribuições. Sem você com certeza tudo ficaria mais difícil.

A amiga Karla pela enorme ajuda no inicio do projeto e pelas contribuições.

A Márcia pela ajuda com protocolos iniciais e contribuições.

As amigas Isabela e a Darla, minha gratidão especial por toda parceria,

companheirismo em todos os momentos e principalmente pela amizade sincera.

As amigas Angela, Massako e Patrícia pelo apoio e palavras de incentivo.

Aos colegas do Laboratório de Microbiologia de Alimentos, Ana Rita, Fábio,

Graciele, Greici, Guilherme, Janaína, Juliana, especialmente, Andréia pelo apoio nos

momentos de dúvida e Mariana pela ajuda na rotina e na molecular.

Ao Laboratório de Fitomelhoramento e ao Prof. Dr. Antônio Costa de Oliveira

pelo empréstimo do termociclador Real-Time PCR System.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul –

FAPERGS, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -

CNPq apoio financeiro ao projeto e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior – CAPES pela bolsa de estudos.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma

gota de água no mar. Mas o que seria do mar se lhe faltassem

gotas...”

(Madre Teresa de Calcutá)

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

Resumo GANDRA, Tatiane Kuka Valente. Aspectos genéticos envolvidos na formação de biofilme por Listeria monocytogenes avaliados por RT- qPCR em diferentes superfícies, temperaturas e tempos de contato. 2015. 107f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2015. A produção de biofilme por bactérias patogênicas tem importantes implicações em indústrias de alimentos e pode criar uma fonte persistente de contaminação do produto final. Os objetivos do trabalho foram avaliar a capacidade de produção de biofilme por isolados de Listeria monocytogenes, provenientes de diferentes fontes, sob diferentes condições de temperatura e avaliar a expressão dos genes do locus agr e do gene prfA durante a formação de biofilme, em distintas superfícies e sob diferentes temperaturas e tempos de contato. Os isolados de L. monocytogenes apresentaram grande variação na formação de biofilme havendo influência significativa das temperaturas testadas. Considerando as fontes de isolamento, não foram observadas diferenças significativas na produção de biofilme. Contudo, observou-se uma correlação positiva para produção de biofilme nos isolados de L. monocytogenes provenientes de alimentos e uma correlação negativa nos isolados provenientes do ambiente de processamento, para o aumento da temperatura. Não houve prevalência de um sorotipo produtor de biofilme nos isolados provenientes de alimentos. Porém, para os isolados provenientes do ambiente de processamento houve uma maior produção de biofilme pelo sorotipo 1/2c a 10ºC. O gene agrA, de L. monocytogenes, foi expresso em maiores níveis que os demais genes do locus agr, assim como o gene prfA. Os isolados produtores de biofilme apresentaram maiores níveis de expressão do locus agr, sendo que a maior diferença entre isolados produtores e não produtores de biofilme ocorreu nos genes agrBCD, havendo maior expressão destes genes por isolados produtores de biofilme. Não houve diferença na expressão do prfA entre os isolados, independente da capacidade de produção de biofilme. Os maiores níveis de expressão global do locus agr e do prfA foram observados a 37ºC e os menores níveis a 10ºC. Não foi verificada diferença na expressão do locus agr e do prfA entre os tempos 12 e 24h de contato. Os maiores níveis de expressão ocorreram em 24h, e o declínio de expressão do locus agr em 48h. Não houve diferença na expressão dos genes testados entre as superfícies avaliadas, independente da capacidade de produção de biofilme dos isolados. Pode-se verificar que L. monocytogenes, sob as temperaturas avaliadas, possui variabilidade na produção de biofilme. Observou-se que o locus agr possui um papel importante na adesão inicial e na formação de biofilme principalmente os genes agrBCD, independente da expressão do gene prfA. E verificou-se que o locus agr e o gene prfA são fortemente influenciados pela temperatura e pelo tempo de contato com a superfície, mas não pelas superfícies de contato. Palavras-Chave: L. monocytogenes; biofilme; superfície; locus agr; prfA, expressão gênica

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

Abstract

GANDRA, Tatiane Kuka Valente. Aspectos genéticos envolvidos na formação de biofilme por Listeria monocytogenes avaliados por RT- qPCR em diferentes superfícies, temperaturas e tempos de contato. 2015. 107f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2015. Biofilm production capacity by pathogenic bacteria has important implications for food industry, and can create a persistent source of contamination of final product. In this context, the objective of this study was, first, evaluate the biofilm production capacity by isolates of Listeria monocytogenes, from different sources (food and food processing environments) under different temperature conditions. Then, aimed to evaluate the expression of the genes agr locus and prfA gene during biofilm formation by isolated L. monocytogenes in different surfaces, temperatures and contact times. The isolates of L. monocytogenes showed great variation in biofilm formation with significant influence of temperatures tested. Considering the isolation of L. monocytogenes sources (food and environment), there were no significant differences in biofilm production. However, there was a positive correlation for biofilm production in isolates of L. monocytogenes from food and a negative correlation in isolates from the processing environment, when assessing the interference of temperature increase. There was no prevalence of single serotype biofilm producer in L. monocytogenes isolates from food. But for the isolates from the processing environment, there was a greater biofilm production by serotype 1/2c at 10°C. agrA gene of L. monocytogenes was expressed at higher levels than the other genes of the agr locus, as well as the prfA gene. The isolated biofilm producers had largest expression levels of the agr locus, and the biggest difference between producers isolated and non-producers of biofilm occurred in agrBCD genes with higher individual expression of these genes by of biofilm producers. On the other hand, there was no difference in the expression of prfA among the isolates, regardless of biofilm production capacity. The highest overall levels of expression of the agr locus and prfA were observed at 37ºC and lower levels at 10°C. There was no difference in the expression of agr locus and prfA between 12 and 24 hours. The highest levels of expression occurred in 24 hours, and the decline of agr locus expression in 48 hours, indicates the importance of this system in the first hours of contact. There was no difference in gene expression between the tested surfaces evaluated, indiferent of biofilm production capacity of the isolates. Thus, it can be seen that L. monocytogenes in all temperatures, have variability in biofilm production, which can have a significant effect on the persistence of these microorganisms during food processing. It was observed that the agr locus represents an important role in initial adhesion and biofilm formation in L. monocytogenes, especially agrBCD genes, independent of the expression of the prfA gene. Furthermore, it was found that the agr locus and the prfA gene are strongly influenced by temperature and time of contact with the surface, but not for the contact surfaces. Key-words: L. monocytogenes; biofilm; surface; locus agr; prfA; gene expression

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

Lista de Figuras

Figuras - Revisão da Literatura

Figura 1 - Surto de listeriose pelo consumo de maçãs caramelizadas nos EUA, em

2014. ......................................................................................................................... 22

Figura 2 - Surto de listeriose pelo consumo de melões nos EUA, em 2011. ............. 23

Figura 3 – Etapas de formação de biofilme bacteriano. ............................................ 26

Figura 4 – Diagrama esquemático do regulon do gene prfA em Listeria

monocytogenes. ........................................................................................................ 30

Figura 5 – Diagrama esquemático do locus agr em Listeria monocytogenes. .......... 31

Figuras - Manuscrito 1

Fig. 1. Média de produção de biofilme por DOA595 dos isolados e das cepas padrão

de L. monocytogenes sob diferentes temperaturas ................................................... 56

Figuras - Manuscrito 2

Fig. 1. Variação na expressão global dos genes do locus agr e do gene prfA em

isolados de L. monocytogenes durante a formação de biofilme. ............................... 72

Fig. 2. Variação na expressão dos genes do locus agr e do gene prfA nos isolados de L. monocytogenes em diferentes temperaturas durante a formação de biofilme. .................................................................................................................................. 73 Fig. 3. Variação na expressão dos genes do locus agr e do gene prfA nos isolados de L. monocytogenes em diferentes tempos de contato durante a formação de biofilme. ..................................................................................................................... 74

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

Lista de Tabelas

Tabelas - Projeto de Pesquisa

Tabela 1 – Delineamento Experimental para avaliação da capacidade de adesão .. 37

Tabela 2 – Delineamento Experimental para a avaliação da interferência do tipo de

superfície, temperatura e tempo de contato na capacidade de adesão .................... 37

Tabela 3 – Delineamento Experimental para extração de RNA, síntese de cDNA e

avaliação do perfil de expressão dos genes do locus agr por RT-qPCR .................. 38

Tabela - Manuscrito 1

Tabela 1– Fonte, sorotipo e ano de isolamento de L. monocytogenes avaliadas

quanto a capacidade de produção de biofilme .......................................................... 52

Tabelas – Manuscrito 2

Tabela 1 - Isolados de L. monocytogenes selecionados para avaliação da expressão

do locus agr e do gene prfA sob condições de formação de biofilme ....................... 66

Tabela 2 – Sequências dos oligonucleotídeos utilizados para a quantificação da

expressão do locus agr e do gene prfA em L. monocytogenes ................................. 69

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

Lista de Abreviaturas e Siglas

Ct - Threshold Cycle

agr(ABDC) - accessory gene regulator protein (ABCD) ou gene regulador acessório

das proteínas (ABCD)

AI - aço inoxidável

AIP – autoinducing peptide ou auto-indutor maduro

ANOVA - análise de variância

ATCC - American Type Culture Collection

CDC - Centers for Disease Control and Prevention

cDNA - complementary DNA ou DNA complementar

CFB – condições de formação de biofilme

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CP – condições planctônicas

DNA - desoxyribonucleic acid ou ácido desoxirribonucleico

DO - densidade ótica (DO)

DOc – ponto de corte da densidade ótica

DTA – doenças transmitidas por alimentos

ELISA - Enzyme-Linked Immunosorbent Assay

FDA - Food and Drug Administration

FAPERGS - Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul

FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz

IOC – Instituto Oswaldo Cruz

LOGUFC – logarítimo de unidades formadoras de colônia

mRNA – messenger ribonucleic acid ou ácido ribonucleico mensageiro

MS – Ministério da Saúde

NaCl – cloreto de sódio

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

NCBI - National Center for Biotechnology Information

OIE - World Organisation for Animal Health

OTICIS RIO - Observatório das Tecnologias de Informação e Comunicação em

Sistemas e Serviços de Saúde da Cidade do Rio de Janeiro

PBS – phosphate buffered saline ou salina fosfato tamponado

PCR – Polymerase Chain Reaction ou Reação em Cadeia da Polimerase

pH - potencial hidrogeniônico

prfA - positive regulatory factor A ou fator positivo de regulação A

PS - poliestireno

QR - quantificação relativa

RNA – ribonucleic acid ou Ácido Ribonucleico

RT-qPCR – Real Time Quantitative PCR ou PCR Quantitativo em Tempo Real

TSA-YE – trypticase soy agar with yeast extract ou ágar tripticase de soja acrescido

de 0,6% de extrato de levedura

TSB - tryptic soy broth ou caldo tripticase de soja

TSB-YE – tryptic soy broth with yeast extract ou caldo tripticase de soja acrescido de

0,6% de extrato de levedura

TSB-YE+G – tryptic soy broth with yeast extract 1% glucose ou caldo tripticase de

soja acrescido de 0,6% de extrato de levedura adicionado de 1% de glicose

UFC – unidades formadoras de colônia

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

Sumário

1 Introdução ........................................................................................................... 15

1.1 Hipótese .............................................................................................................. 15

1.2 Objetivo Geral ..................................................................................................... 16

1.3 Objetivos Específicos.......................................................................................... 16

2 Revisão da Literatura .......................................................................................... 17

2.1 Listeria monocytogenes ...................................................................................... 17

2.1.1 Histórico ....................................................................................................... 17

2.1.2 Classificação taxonômica ............................................................................. 18

2.1.3 Características ............................................................................................. 19

2.1.4 Reservatórios ............................................................................................... 20

2.1.5 Listeriose ...................................................................................................... 20

2.1.6 Epidemiologia ............................................................................................... 22

2.2 Biofilme ............................................................................................................... 25

2.2.1 Conceito e constituição de biofilme bacteriano ............................................ 25

2.2.2 Biofilme produzido por L. monocytogenes ................................................... 27

2.2.3 Aspectos genéticos de L. monocytogenes envolvidos na produção de

biofilme ..................................................................................................................... 29

3 Projeto de Pesquisa ............................................................................................ 33

3.1 Caracterização do Problema .............................................................................. 33

3.2 Hipótese .............................................................................................................. 35

3.3 Objetivos ............................................................................................................. 35

3.4 Material e Métodos ............................................................................................. 36

3.5 Resultados e Impactos esperados ...................................................................... 42

3.6 Apoio Financeiro ................................................................................................. 43

3.7 Cronograma de Atividades ................................................................................. 44

3.8 Referências Bibliográficas .................................................................................. 44

4 Relatório de Trabalho de Campo ........................................................................ 47

5 Manuscrito 1: Produção de biofilme por isolados de Listeria monocytogenes sob

diferentes condições de temperatura ........................................................................ 49

5.1 Resumo .............................................................................................................. 50

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

5.2 Introdução ........................................................................................................... 51

5.3 Material e Métodos ............................................................................................. 51

5.4 Resultados .......................................................................................................... 55

5.5 Discussão ........................................................................................................... 57

5.6 Agradecimentos .................................................................................................. 59

5.7 Referências ......................................................................................................... 59

6 Manuscrito 2: Quantificação dos níveis de expressão do locus agr e do gene

prfA na produção de biofilme por isolados de Listeria monocytogenes em diferentes

superfícies e condições de temperatura e tempo ...................................................... 61

6.1 Resumo .............................................................................................................. 63

6.2 Introdução ........................................................................................................... 64

6.3 Materiais e Métodos............................................................................................ 66

6.4 Resultados .......................................................................................................... 71

6.5 Discussão ........................................................................................................... 76

6.6 Agradecimentos .................................................................................................. 82

6.7 Referências ......................................................................................................... 83

7 Considerações Finais ......................................................................................... 86

Referências ............................................................................................................... 87

Apêndices.................................................................................................................. 98

Apêndice A – Avaliação da capacidade de adesão de isolados de L.

monocytogenes ...................................................................................................... 99

Apêndice B – Cultivo dos isolados de L. monocytogenes sob CFB e CP, extração

do RNA, síntese de cDNA e avaliação do perfil de expressão do locus agr e do gene

prfA por RT-qPCR ................................................................................................... 100

Apêndice C – Validação dos primers: melt curve e cálculo do slope ...................... 104

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

1 Introdução

A avaliação da capacidade de aderência e de formação de biofilme por

bactérias potencialmente patogênicas é importante para a área de medicina, para

estudos relacionados ao meio ambiente e para a indústria alimentícia (CHAVANT et

al., 2007). Nessa última, o biofilme pode criar uma fonte persistente de

contaminação ao produto final (VAN HOUDT e MICHIELS, 2010).

A produção de biofilme é um processo dinâmico e diferentes mecanismos

estão envolvidos na sua fixação e desenvolvimento (KUMAR e ANAND, 1998). São

importantes nestes mecanismos as estruturas das células bacterianas, as

características das superfícies de ligação e as condições ambientais, principalmente

o tempo e a temperatura (VAN HOUDT e MICHIELS, 2010).

Embora as condições de higiene para a produção de alimentos tenham sido

continuamente melhoradas nas indústrias de processamento, casos e surtos de

doenças transmitidas por alimentos (DTA), como listeriose, salmonelose e

intoxicações alimentares, ocasionados pelo consumo de produtos contaminados,

têm sido amplamente relatados, em especial relacionados aos produtos prontos para

o consumo. Um dos aspectos importantes para o controle das DTA, cujo

entendimento e controle efetivo tem se mostrado um grande desafio, é a formação

de biofilme associada a micro-organismos patogênicos (RODRIGUES et al., 2010).

Neste sentido, Listeria monocytogenes é uma ameaça particular à indústria de

alimentos. Possui habilidade para sobreviver por longos períodos sob condições

ambientais adversas e tolera altas concentrações de sal e valores de pH

relativamente baixos. Além disso, pode se multiplicar em temperaturas de

refrigeração e persistir em equipamentos e superfícies de plantas de

processamento, através da formação de biofilme (DI BONAVENTURA et al., 2008;

LUKINMAA et al., 2004; PIETA et al., 2014; UHITIL et al., 2004).

Entretanto, L. monocytogenes varia em sua capacidade de produzir biofilme,

o que pode ocorrer devido à supressão ou superativação de genes cujos produtos

favorecem a aderência em superfícies abióticas (FOLSOM e FRANK, 2006).

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

15

Este micro-organismo possui um extenso repertório de proteínas de

transporte e de genes regulatórios relacionados, que a capacitam para colonizar

uma ampla variedade de ecossistemas (GLASER et al., 2001; GARMYN et al.,

2012). Entre os genes presentes nesta bactéria, estão o prfA, que é um ativador

transcricional chave, regulando a maior parte da expressão de genes de virulência

conhecidos nessa bactéria, e o locus agr (gene regulador acessório), altamente

conservado, que possui ortólogos em várias bactérias Gram-positivas (AUTRET et

al., 2003; GARMYN et al., 2012; LUO et al., 2013; PASPALIARI et al., 2014). O locus

agr é composto por quatro genes co-transcritos em um operon (agrBDCA) que

codificam quatro proteínas. Quando este sistema é ativado, regula os genes que

codificam as adesinas, necessárias para a formação de biofilme (PASPALIARI et al.,

2014; TRAVIER et al., 2013; WORTHINGTON et al., 2012,).

Além disso, pesquisas têm demonstrado que a mutação de genes do locus

agr diminui a capacidade que L. monocytogenes tem em se aderir em superfícies

abióticas e produzir biofilme (RIEU et al., 2007), bem como pode afetar a sua

capacidade de causar infecção (CHANG et al., 2012; GUARIGLIA-OPEREZA et al.,

2014;. RIEDEL et al., 2009).

Desta forma, a avaliação da capacidade de produção de biofilme por micro-

organismos patogênicos e a avaliação do perfil de expressão de genes relacionados

a formação de biofilme por um patógeno como L. monocytogenes, quando

submetidos a diferentes impactos ambientais, pode permitir a ampliação do

conhecimento científico sobre alguns parâmetros que possibilitam a persistência

desse patógeno em ambientes de processamento.

1.1 Hipótese

Os níveis de expressão dos genes do locus agr (agrB, agrD,agrC e agrA) e

do gene prfA em L. monocytogenes são alterados quando as células desse micro-

organismo são submetidas a diferentes superfícies, temperaturas de incubação e,

tempos de contato em condições de formação de biofilme.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

16

1.2 Objetivo Geral

Avaliar a capacidade de produção de biofilme e verificar o perfil de

expressão dos genes do locus agr (agrB, agrD, agrC e agrA) e do gene prfA em

isolados de L. monocytogenes provenientes de fontes distintas (ambientais e

alimentos) em células crescendo em condições de formação de biofilme, sob

diferentes superfícies, temperaturas de incubação e tempos de contato.

1.3 Objetivos Específicos

- Avaliar a capacidade de adesão de isolados de L. monocytogenes provenientes de

distintas fontes (ambientais e alimentos) na região de Pelotas, RS.

- Avaliar a interferência do tipo de superfícies (aço inox e poliestireno), temperaturas

de incubação (10ºC, 20ºC e 37ºC) e tempos de contato (8h, 12h, 24h, 48h) na

capacidade de adesão de isolados selecionados de L. monocytogenes.

- Extrair RNA dos isolados de L. monocytogenes nas diferentes condições

experimentais (superfícies, temperaturas de incubação e tempos de contato) e

sintetizar cDNA.

- Verificar o perfil de expressão dos genes do locus agr e do gene prfA de isolados

de L. monocytogenes nas diferentes condições experimentais (superfícies,

temperaturas de incubação e tempos de contato).

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

2 Revisão da Literatura

2.1 Listeria monocytogenes

2.1.1 Histórico

L. monocytogenes foi descoberta por Murray em Cambridge, Inglaterra, no

ano de 1924, em uma epidemia em coelhos que apresentavam morte súbita, sendo

descrita em 1929, como agente patogênico para animais e para humanos em casos

raros (IBUSQUIZA, 2011; MURRAY et al. 1926). O primeiro diagnóstico da doença

em humanos ocorreu em um soldado apresentando meningite, no final da primeira

Guerra Mundial (BARANCELLI, 2010; ROCOURT e BUCHRIESER, 2007). Porém,

somente a partir da década de 80, L. monocytogenes emergiu como um patógeno

humano causador de listeriose associados ao consumo de alimentos (IBUSQUIZA,

2011).

No final da década de 70, a origem das infecções humanas causadas por L.

monocytogenes eram consideradas incertas. Entretanto, no início da década de 80,

o número de isolamentos desse patógeno começou a aumentar e, em 1983, o

primeiro surto de listeriose humana diretamente relacionado a uma salada de

repolho contaminada foi relatado (SCHLECH et al., 1983).

A partir daí, ocorreram uma série de surtos de listeriose em humanos, o que

permitiu estabelecer os alimentos como a principal fonte dessa doença,

caracterizando a listeriose como uma infecção de origem alimentar grave (FARBER

e PETERKIN, 1991), e L. monocytogenes tornou-se um micro-organismo

potencialmente patogênico de origem alimentar (IBUSQUIZA, 2011).

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

18

2.1.2 Classificação taxonômica

L. monocytogenes percente ao gênero Listeria, à família Listeriaceae, à

ordem Bacillales, à classe Bacilli, e ao filo Firmicute. Este gênero é composto por 17

espécies: L. aquatica, L. booriae, L. cornellensis, L. fleischmannii, L. floridensis, L.

grandensis, L. grayi, L. innocua, L. ivanovii, L. marthii, L. monocytogenes, L.

newyorkensis, L. riparia, L. rocourtiae , L. seeligeri, , L. weihenstephanensis e L.

welshimeri (DEN BAKKER et al, 2014; HALTER et al., 2013; NCBI, 2015; WELLER

et al., 2015).

Entre estas espécies, somente, L. ivanovii é patogênica para animais e L.

monocytogenes para animais e humanos (SCHMID et al., 2009), embora infecções

ocasionais por L. seeligeri, L. ivanovii, L. grayi e L. innocua em humanos já tenham

sido relatadas (BARANCELLI, 2010; ROCOURT e BUCHRIESER, 2007)

Os diversos sorotipos e linhagens da espécie L. monocytogenes podem ser

divididos de acordo com suas proteínas de superfície e conforme com suas

características genotípicas.

Baseada em proteínas de superfície (antígenos somáticos e flagelares), L.

monocytogenes pode ser subdividida em 13 sorotipos: 1/2a, 1/2b, 1/2c, 3a, 3b, 3c,

4a, 4ab, 4b, 4c, 4d, 4e, 7 (IBUSQUIZA, 2011; SEELIGER e HÖHNE, 1979;

SEELIGER e JONES, 1986). Entretanto, apesar da listeriose humana poder ser

causada por todos os sorotipos, 95% dos casos são causados pelos sorotipos 1/2a,

1/2b, 1/2c e 4b (FARBER e PETERKIN, 1991; IBUSQUIZA, 2011). Entre alimentos,

o sorotipo 1/2 é o mais frequentemente isolado (MONTERO et al., 2015).

De acordo com análises genotípicas dos genes de virulência (eletroforese de

enzima multilocus, Pulsed-Field Eletrophoresis – PFGE e ribotipagem), pode-se

agrupar L. monocytogenes em três linhagens filogenéticas: linhagem I - sorotipos

1/2b, 3b, 3c e 4b; linhagem II - sorotipos 1/2a, 1/2c e 3a; e linhagem III – sorotipos

4a e 4c. Listeriose é causada, principalmente, pela linhagem I, enquanto os isolados

da linhagem II são mais frequentemente provenientes de alimentos (BARANCELLI,

2010; IBUSQUIZA, 2011; RAGON et al., 2008).

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

19

2.1.3 Características

L. monocytogenes são bacilos Gram-positivos, com aproximadamente 0,4-

0,5μm de diâmetro e 1-2μm de comprimento, não formadores de esporos,

anaeróbicos falcultativos e móveis por flagelos peritríquios (VAZQUEZ-BOLAND et

al., 2001).

Possuem motilidade característica, em forma de “guarda-chuva”, a qual

apresenta sua expressão regulada acima de 25ºC e reprimida a 37°C, em sua

maioria (MATA et al., 2015; WAY et al., 2004; WILLIAMS et al., 2005). Entretanto,

alguns autores sugerem que a motilidade possa ser expressa em temperaturas

maiores ou iguais a 37ºC (BIGOT et al., 2005; DJORDJEVIC et al., 2002; GAMBLE e

MURIANA, 2007).

A principal característica desta bactéria é ser reconhecida como psicrotrófica,

pois possui a habilidade de se multiplicar em temperaturas de refrigeração, mesmo

em meios simples, sem grandes exigências nutricionais. Assim, é capaz de

multiplicar-se entre 2,5 a 44ºC, possuindo temperatura ótima de desenvolvimento

entre 30 a 37ºC (GERMANO e GERMANO, 2008).

O tempo de geração a 35ºC varia de minutos a horas, na dependência do

meio em que se encontra. O intervalo de pH ótimo é de 6,0 a 8,0, mas pode crescer

entre 4,1 e 9,6), o que torna essa bactéria extremamente resistente no ambiente e

de difícil controle. Pode sobreviver por mais de 100 dias a 4ºC, em concentrações

entre 10,5 a 30,5% de NaCl. Pode desenvolver-se em alimentos com atividade de

água (aw) baixa (0,83). Nos derivados cárneos, resiste ao tratamento habitual com

nitrato de sódio (120mg.kg-1) e NaCl a 3% (GERMANO e GERMANO, 2008;

SEELIGER e JONES, 1986; VÁZQUEZ-BOLAND et al., 2001).

Além disso, bioquimicamente, este micro-organismo é capaz de produzir

ácido a partir de L-rhamnose, dextrose, D-arabitol, lactose, xylitol e turanose, sendo

catalase positiva e oxidase negativa (HALTER et al., 2013).

É uma bactéria intracelular facultativa, capaz de invadir e replicar-se em

células epiteliais, hepatócitos, fibroblastos, células endoteliais e macrófagos.

Hidrolisa a esculina, é β-hemolítica e pode se desenvolver na presença de 10 a 40%

de bile (AUTRET et al., 2003; CAMARGO, 2013).

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

20

2.1.4 Reservatórios

L. monocytogenes é um micro-organismo ubíquo, encontrado em uma ampla

variedade de ecossistemas, onde podem sobreviver e multiplicar-se naturalmente,

incluindo solo, silagem, esterco, pastos, água e, como saprófita, em plantas em

decomposição (LUKINMAA et al., 2004). Além disso, podem estar presentes em

locais de processamento de alimentos, bem como em alimentos, fezes de humanos

e de animais (GERMANO e GERMANO, 2008; VÁZQUEZ-BOLAND et al., 2001).

É uma bactéria patogênica para diversas espécies de animais, além do

homem, sendo isoladas a partir de, aproximadamente, quarenta espécies de

mamíferos domésticos e selvagens, de quase vinte espécies de aves e de algumas

espécies de pescado e rãs. São relatados, também, isolamentos a partir de

artrópodes e larvas de insetos (GERMANO e GERMANO, 2008; OIE, 2014).

Em humanos, é possível se isolar esta bactéria a partir de indivíduos

assintomáticos, provavelmente, como consequência da colonização do trato

gastrointestinal. Estima-se que 1 a 10% da população sadia pode ser portadora da

bactéria (GERMANO e GERMANO, 2008).

Na indústria de alimentos L. monocytogenes é uma ameaça particular. Pode

contaminar um grande número de reservatórios presentes nas plantas

processadoras, e persistir em equipamentos e superfícies de plantas de

processamento, através da formação de biofilme (DI BONAVENTURA et al., 2008;

LUKINMAAA et al., 2004; PIETA et al., 2014; UHITIL et al., 2004). Dessa forma,

pode contaminar uma ampla variedade de alimentos por contaminação cruzada

(CAMARGO, 2013; CHEN et al., 2005 KRAMARENKO et al., 2013).

Vários estudos mostram a presença de L. monocytogenes em diversos

alimentos, como leite e derivados, carne bovina, suína, de aves, pescados,

embutidos e vegetais (CAMARGO, 2013; GERMANO e GERMANO, 2008;

KRAMARENKO et al., 2013; NALÉRIO et al, 2009; MENDONÇA et al., 2012; von

LAER et al, 2009).

2.1.5 Listeriose

A listeriose é uma doença de origem alimentar atípica, cuja maior importância

em saúde pública é sua severidade, com alta taxa de casos fatais, da ordem de 20-

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

21

30%. A maioria das infecções em humanos por L. monocytogenes é atribuída ao

consumo de alimentos contaminados (ALLERBERGER, 2007; GANDE e MURIANA,

2003; PONTELLO et al., 2012).

Possíveis explicações para o surgimento de listeriose humana de origem

alimentar como um grande problema de saúde pública incluem grandes mudanças

na produção de alimentos, processamento e distribuição, aumento do uso de

equipamentos de refrigeração como preservação primária, mudanças nos hábitos

alimentares das pessoas, em especial o uso de alimentos prontos para o consumo

(OIE, 2014).

Normalmente, a listeriose não apresenta sintomas clássicos de infecções

gastroentéricas. O período de incubação é muito variável, de um dia até 3 semanas,

embora se considere a possibilidade de ser tão longo quanto alguns meses. Na

forma gastrointestinal, este período pode ser superior a 12h, sendo desconhecida a

dose infecciosa de L. monocytogenes. A maioria das pessoas em boas condições de

saúde, sobretudo em relação ao seu estado imune, apresentam baixa probabilidade

de desenvolver sintomas da infecção (GERMANO e GERMANO, 2008; FRANCO e

LANDGRAF, 2002).

Afeta, de forma mais grave, indivíduos suscetíveis, como idosos, crianças,

recém-nascidos e imunocomprometidos (FELÍCIO et al., 2007; KIMURA, 2006).

Além disso, em mulheres grávidas, a listeriose pode ocasionar aborto espontâneo,

nascimento prematuro ou morte fetal, muitas vezes não sendo diagnosticada como a

causa destes casos (GANDHI e CHIKINDAS, 2007). As manifestações clínicas mais

comuns nos casos de listeriose são bastante severas, como meningites, encefalites,

septicemias, abortos e listeriose do recém-nascido, ocorrendo a doença nos grupos

mais propensos (JIANG et al., 2008).

Nestes grupos de risco, a doença pode se manifestar nas formas mais

graves, precedido por sintomas semelhantes aos da gripe, incluindo febre

persistente, dores musculares e dor de cabeça. Se a bactéria invadir o sistema

nervoso pode resultar em rigidez do pescoço, confusão, perda de equilíbrio ou

convulsões. Sinais gastrointestinais, caracterizados por náuseas, vômitos e diarreia,

também podem preceder as formas mais graves de listeriose (CDC 2014;

GERMANO e GERMANO, 2008).

Os métodos mais empregados para o diagnóstico de listeriose consistem no

isolamento do agente a partir do sangue e líquor dos pacientes, ou da placenta e

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

22

fetos das gestantes, em meios de cultura comuns empregados em bacteriologia,

seguidos de identificação bioquímica e/ou molecular em nível de espécie

(GERMANO e GERMANO, 2008). O tratamento empregado é a antibioticoterapia

(CDC, 2014).

2.1.6 Epidemiologia

Isolamento de L. monocytogenes, bem como surtos de listeriose têm sido

relatados em vários países, sendo sua incidência dependente de hábitos

alimentares, práticas de manipulação, uso de refrigeração e importação de alimentos

(CDC, 2014; IOC, 2014; JIANG et al. 2008, PONTELLO et al., 2012; SEIXAS et al.,

2014; UHITIL et al., 2004).

Nos Estados Unidos da América (EUA), a listeriose afeta cerca de 1.600

pessoas por ano, com cerca de 260 desses casos resultando em morte. Pelo menos

90% das pessoas que contraem infecções causadas por L. monocytogenes estão

em um grupo de risco mais elevado. Crianças e adultos saudáveis, ocasionalmente,

ficam infectados, mas eles raramente ficam gravemente doentes (CDC, 2014).

O surto mais recente de L. monocytogenes notificado para o Centers of

Disease Control and Prevention - CDC (2014) foi atribuído ao consumo de maçãs

caramelizadas pré-embaladas. Até o momento, este surto abrangeu 11 Estados, 32

pessoas ficaram doentes e 7 pessoas morreram (Figura 1) (CDC, 2014).

Figura 1 - Surto de listeriose pelo consumo de maçãs caramelizadas nos EUA, em 2014. Fonte: CDC, 2014.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

23

Em 2012, 831 surtos nos EUA foram notificados para o CDC (CDC, 2014),

porém, em 2011 ocorreu o maior surto de listeriose na história dos EUA (Figura 2),

com 147 doentes, 33 mortes, e um aborto entre os moradores de 28 estados. O

surto foi associado ao consumo de melão cultivado no Colorado (CDC, 2014).

Figura 2 - Surto de listeriose pelo consumo de melões nos EUA, em 2011. Fonte: CDC, 2014.

Alimentos prontos para o consumo, como cachorros-quentes, carnes cortadas

e pré-cozidas, são altamente suscetíveis a contaminação por L. monocytogenes. Em

2002, também nos EUA, houve um surto de L. monocytogenes em carne de peru

cozida fatiada, no qual 54 pessoas foram infectadas, com oito óbitos e três mortes

fetais. Aproximadamente 30 milhões de quilos de carne de aves foram recolhidas a

partir das plantas de processamento. Este surto levou a várias mudanças na política

da Food and Drug Administration (FDA) em relação a inspeção e manuseio de

alimentos prontos para o consumo, particularmente aqueles que são baseados em

produtos de origem animal (SCHNEIDER et al., 2014).

Um dos piores surtos de listeriose envolvendo produtos prontos para o

consumo, nos EUA, ocorreu na Carolina do Norte, em 2000. Mais de 100 pessoas

apresentaram sintomas e 21 morreram pela ingestão de cachorro-quente

contaminado com a bactéria (CDC, 2014; EVANS et al, 2004; SCHNEIDER et al.,

2014)

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

24

No Chile, em 2013, houve um grande surto de listeriose atribuído a queijo

contaminado, com 34 casos registrados, incluindo cinco mortes. Notadamente, a

capital Santiago concentrou a maioria das notificações, sendo 18 casos, dos quais 4

foram fatais (OTICIS RIO, 2014).

Em Sydney, na Austrália, também em 2013, um paciente morreu e outros dois

foram hospitalizados em estado grave, após terem sido infectados por L.

monocytogenes a partir de uma sobremesa contaminada, conhecida como

profiteroles. Segundo o Departamento de Saúde local, a sobremesa pode ter sido

fornecida para 13 hospitais públicos da cidade (OTICIS RIO, 2014).

No Brasil, os surtos e/ou casos de listeriose são sub diagnosticados e/ou sub

notificados. As autoridades não exigem a notificação dos casos dessa doença nem

em hospitais, nem em fábricas de alimentos, com exceção de fabricantes de queijos

de média e alta umidade (RIO TOTAL, 2014).

A recuperação de organismos envolvidos nos surtos, a falta de notificação e a

demora na realização de análises clínicas convencionais, bem como na intervenção

em situações de emergência, são algumas dificuldades encontradas no controle e

no estudo da listeriose no Brasil, que podem justificar a falta de dados oficiais no

país (RIO TOTAL, 2014).

Segundo o Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, L.

monocytogenes está entre os agentes etiológicos responsáveis pela meningite no

país. Entretanto, o Ministério da Saúde não relaciona o diagnóstico desta doença,

causada por L. monocytogenes, ao consumo de alimentos contaminados, ou a

possíveis surtos envolvendo este patógeno (MS, 2009).

Porém, no Brasil a presença de L. monocytogenes tem sido observada em

uma série de alimentos prontos para o consumo comercializados no país, o que

denota uma grande preocupação para a saúde pública, tendo em vista que estes

produtos não passarão por tratamento térmico antes do consumo. Entre estes

produtos estão: embutidos cárneos cozidos, como presunto, salsichas, apresuntado,

mortadela; queijos, como o minas frescal, coalho, colonial; produtos a base de

pescados; e vegetais minimamente processados (FOOD SAFETY BRAZIL, 2014).

Em relação às amostras clínicas no Brasil, um estudo do Instituto Oswaldo

Cruz (IOC) analisou a ocorrência de L. monocytogenes, em várias fontes de infecção

e vias de transmissão provenientes de diversas regiões do país. Foram analisadas

266 amostras de material clínico humano, coletadas entre 1969 e 2000 nos Estados

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

25

de Pernambuco, Bahia, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Rio de

Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul (IOC, 2014; RIO TOTAL, 2014).

Estas amostras tinham diagnóstico presuntivo para a presença de Listeria

spp., e em 245 amostras foram confirmadas a presença L. monocytogenes,

predominando os isolamentos em indivíduos com meningite e em pacientes com

septicemia. Na distribuição geográfica dos isolados, houve uma predominância

desse micro-organismo nas amostras das regiões sudeste e sul do país, com 87,8%,

e os estados do centro-oeste e nordeste apresentaram uma porcentagem de 10,9%

(IOC, 2014; RIO TOTAL, 2014).

2.2 Biofilme

2.2.1 Conceito e constituição de biofilme bacteriano

Os micro-organismos podem existir no ambiente, tanto como células

planctônicas (livres, em suspensão), como organizadas em comunidades de

diferentes graus de complexidade, associadas a superfícies diversas através da

formação de biofilme. O biofilme pode ser formado por populações desenvolvidas a

partir de uma única ou de múltiplas espécies microbianas (ANNOUS et al., 2009;

KASNOWSKI, et al., 2010).

Desta forma, pode-se definir biofilme como um ecossistema microbiano

complexo, formado por células bacterianas ligadas a um substrato, ou aderidas a

uma superfície biótica ou abiótica, ou ainda, células ligadas umas as outras. Esta

células são incorporadas numa matriz extracelular de substâncias poliméricas

produzidas por elas, e com um fenótipo alterado em relação a taxa de multiplicação

e a transcrição de genes (IBUSQUIZA, 2011).

Não há um consenso na literatura em relação a concentração bacteriana

presente em uma superfície para ser considerado um biofilme (KASNOWSKI et al.,

2010). Ronner e Wong (1993) consideram como biofilme um número de células

aderidas de 105UFC cm-2, porém, Wirtanen et al. (1996) relatam que uma

concetração bacteriana de 103UFC.cm-2 já é considerada biofilme.

Diversos fatores contribuem para a adesão inicial de uma bactéria à

determinada superfície. Dentre estes, se destacam: a genética, a virulência e a

resistência do micro-organismo; a disponibilidade de nutrientes; as propriedades

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

26

físico-químicas do material da superfície; e a presença de água (KASNOWSKI, et al.,

2010; VAN HOUDT e MICHIELS, 2010).

Segundo Annous et al. (2009) e Monroe (2007) o desenvolvimento de um

biofilme “in vitro” ocorre nas seguintes etapas (Figura 3):

1) fixação reversível de células bacterianas em uma superfície, em função do

processo de adesão ocorrer por forças de Van der Walls e por atração eletrostática;

2) ligação irreversível mediada pela formação de material extracelular;

3) formação de micro colônias e o início da maturação do biofilme;

4) a formação de um biofilme maduro, com uma estrutura tridimensional que

contém células embaladas em conjuntos com canais entre os grupos, que permitem

o transporte de água e nutrientes e a remoção de resíduos;

5) descolamento e dispersão de células planctônicas e formação de novo

biofilme.

Figura 3 – Etapas de formação de biofilme bacteriano. Fonte: Monroe, 2007.

A interação física da célula com a superfície ocorre por meio de material

extracelular de natureza polissacarídica ou proteica, produzido pela bactéria, que é

denominado matriz de glicocálix. A matriz vai fornecer condições de adesão do

peptideoglicano das bactérias Gram-positivas ou da parte externa da membrana das

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

27

Gram-negativas. Além disso, a matriz contêm partículas de proteínas, lipídeos,

fosfolipídios, carboidratos, sais minerais e vitaminas (MACEDO, 2006).

Um biofilme maduro pode levar de algumas horas até várias semanas para

desenvolver-se, dependendo das condições de seu meio ambiente e da capacidade

do micro-organismo. Fatores como o pH, difusão de oxigênio, fonte de carbono,

osmolaridade e tensões físicas, como pressão, calor e congelamento, interagem na

maturação do biofilme (ANNOUS et al., 2009).

Quando o biofilme está completamente maduro, as células presentes agem

menos como entidades individuais e mais como um sistema vivo coletivo (quorum

sensing), muitas vezes com canais para fornecer água e nutrientes para as células

na porção mais interna do biofilme. Organismos do biofilme são significativamente

mais resistentes aos estresses ambientais, as substâncias antimicrobianas e às

respostas do sistema imune do hospedeiro, do que as células planctônicas

(ANNOUS et al., 2009; KASNOWSKI et al., 2010, SAUER, 2003).

Nesta fase, o biofilme funciona com padrões de multiplicação celular

alterados, cooperação fisiológica e eficiência metabólica. Além disso, as células

localizadas em regiões diferentes do biofilme exibem diferentes padrões de

expressão gênica (COSTERTON et al., 1999; KASNOWSKI et al., 2010).

De acordo com Anwar et al (1992) e Chan (1999), o biofilme maduro consiste

em duas áreas principais: células de superfície e células incorporadas. As células de

superfície são encontradas nas regiões superiores. Estas células têm acesso a

nutrientes, oxigênio e têm pouca dificuldade de eliminar resíduos metabólicos e,

desta forma, são mais metabolicamente ativas. E as células de biofilme incorporadas

no glicocálix são metabolicamente menos ativas, devido escasso acesso a

nutrientes. No entanto, outro estudo afirmou que mais de 70% das células

incorporadas foram matabolicamente ativas, e as células encontradas no fundo do

biofilme, adjacente à superfíce originalmente colonizada, foram mais ativas (NICKEL

et al, 1985).

2.2.2 Biofilme produzido por L. monocytogenes

L. monocytogenes apresenta a capacidade de produzir biofilme em diferentes

superfícies tornando-se, com isso, uma das principais ameaças à seguridade

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

28

alimentar e uma ameaça particular na indústria de alimentos (LUKINMAA et al.,

2004, VÁZQUEZ-BOLAND et al., 2001, UHITIL et al., 2004).

Vários trabalhos demonstram que este patógeno se adere e forma biofilme

em superfícies de contato com os alimentos, como poliestireno, vidro e aço

inoxidável (DI BONAVENTURA et a, 2008; FOLSOM e FRANK, 2006; GANDE e

MURIANA, 2003).

Esta capacidade de adesão de L. monocytogenes a superfícies pode ser

significativamente aumentada pela indução de estresse ao frio, especialmente após

um longo período de exposição. A adaptação a baixas temperaturas durante a fase

de multiplicação pode influenciar a composição da parede celular e, assim, modificar

as propriedades da superfície, aumentando a hidrofobicidade das células e

facilitando a colonização em superfícies e sua persistência ambiental (SLAMA et al.,

2012).

Além da temperatura, o tempo de incubação, a tensão superficial, e a

natureza da superfície de aderência podem influenciar significativamente na

produção de biofilme por L. monocytogenes (COMBROUSE et al., 2013; NILSSON

et al., 2011).

Na literatura, destaca-se a ausência de um consenso sobre a diferença entre

a capacidade de produção de biofilme entre os sorotipos de L. monocytogenes.

Diferentes estudos enfatizam distintos sorotipos como maiores produtores de

biofilme: Borucki et al. (2003), destacam os sorotipos 1/2a e 1/2c; Djordjevic et

al.(2002 a Linhagem I - 1/2b, 4b, 3b e 4e; Kadam et al.(2013) e Nilsson et al. (2011),

sorotipo 1/2a; Lee et al. (2013), sorotipo 1/2c. Tais discrepâncias, frequentemente

encontradas nas pesquisas, podem estar relacionadas com diferenças

experimentais nos métodos utilizados para estudar biofilme (COMBROUSE et al.,

2013)

Um constituinte celular que tem sido descrito como um importante fator na

aderência inicial em superfícies e na formação de biofilme por L. monocytogenes é o

flagelo (LEMON et al., 2007). Segundo Lemon et al (2007) flagelos de L.

monocytogenes, e de outras bactérias, tem a função de aumentar a probabilidade

destes micro-organismos encontrarem uma superfície para fixação, atuam como

adesinas durante o primeiro contato com a superfície abiótica e fornecem estímulo

necessário para superar forças repulsivas que possam existir entre as bactérias e a

superfície.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

29

Way et al. (2004) e Williams et al. (2005), descrevem que a expressão do

flagelo é regulada acima de 25ºC e reprimida a 37°C, na maioria das cepas de L.

monocytogenes. Entretanto, alguns autores sugerem que esta adesão pode ocorrer

passivamente, independente do flagelo (GAMBLE e MURIANA, 2007; TRESSE et

al., 2009) ou, ainda, que algumas cepas de L. monocytogenes expressam motilidade

em temperaturas maiores ou iguais a 37ºC (BIGOT et al., 2005; DJORDJEVIC et al.,

2002; GAMBLE e MURIANA, 2007).

2.2.3 Aspectos genéticos de L. monocytogenes envolvidos na produção de biofilme

Muito se conhece com relação aos mecanismos de patogenicidade de L

monocytogenes, entretanto, ainda pouco se sabe sobre os aspectos genéticos

envolvidos na produção de biofilme por essa bactéria, e quais mecanismos estão

envolvidos neste processo (PIETA et al., 2014).

As cepas de L. monocytogenes variam em sua habilidade para produzir

biofilme, o que pode ocorrer devido à supressão ou super ativação de genes cujos

produtos conferem vantagens adaptativas como, por exemplo, a expressão de

genes relacionados à síntese de exopolissacarídeos envolvidos na produção de

biofilme. (FOLSOM e FRANK, 2006)

Este micro-organismo possui um extenso repertório de proteínas de

transporte e de genes regulatórios relacionados à sua capacidade de colonizar uma

ampla variedade de ecossistemas (GARMYN et al., 2012; GLASER et al., 2001).

Entre os genes presentes nesta bactéria, estão o prfA (fator positivo de

regulação A), que é um ativador transcricional chave, regulando a maior parte da

expressão de genes de virulência conhecidos (LUO et al., 2013), e o locus agr (gene

regulador acessório) (AUTRET et al., 2003; GARMYN et al., 2012; PASPALIARI et

al., 2014), altamente conservado, que possui ortólogos em várias bactérias Gram-

positivas (AUTRET et al., 2003).

A maioria dos genes de virulência de L. monocytogenes envolvidos nas

etapas da infecção são regulados pelo gene prfA (Figura 4). Entre eles, estão os

genes das internalinas A e B (inlA e inlB); e os genes presentes na Ilha de

Patogenicidade de Listeria 1 (LIPI-1): plcA, hlyA, mpl, actA e plcB (INSTITUT

PASTEUR, 2014).

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

30

Figura 4 – Diagrama esquemático do regulon do gene prfA em Listeria monocytogenes. Fonte: Institut Pasteur, 2014.

Evidências indicam que o gene prfA também exerce potencialmente efeitos

gerais sobre a homeostase de L. monocytogenes regulando a expressão de genes

envolvendo transportadores, enzimas metabólicas, reguladores, e proteínas de

função desconhecida (ZHOU et al., 2011).

O locus agr (Figura 5) é composto por quatro genes co-transcritos em um

operon (agrBDCA) que codificam quatro proteínas. O agrB é responsável pela

expressão de uma proteína de membrana, cuja função seria exportar o peptídeo de

agrD, que é transformado num peptídeo auto-indutor maduro (AIP). agrC (histidina

quinase) e agrA (auto-regulador) formam um sinal de transdução de um sistema de

dois componentes. Quando a concentração extracelular do AIP atinge certo limiar,

em quorum sensing, o sistema é ativado, através da detecção de agrC-agrA e

exerce efeitos reguladores sobre substratos alvo, bem como induz a sua própria

produção (auto-regulação positiva) (AUTRET et al, 2003; RIEDEL et al., 2009; RIEU

et al., 2007). O sistema ativado regula os genes que codificam as adesinas

necessárias para a formação de biofilme (PASPALIARI et al., 2014; TRAVIER et al.,

2013; WORHINGTON et al., 2012).

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

31

Figura 5 – Diagrama esquemático do locus agr em Listeria monocytogenes. As setas cinzentas indicam a orientação e o tamanho em pares de bases dos quatro genes. Os números entre parênteses indicam o tamanho dos pares de base de duas regiões intergênicas. As setas indicam as posições dos oligonucleotidos utilizados para RT-qPCR da fonte da figura e do artigo 2 da Tese. Fonte: Rieu, 2007.

Pesquisas têm demonstrado que a mutação de genes do locus agr diminui a

capacidade que L. monocytogenes tem em se aderir em superfícies abióticas e

produzir biofilme (GARMYN et al., 2012; RIEU et al., 2007), bem como pode afetar a

sua capacidade de causar infecção (CHANG et al., 2012; GUARIGLIA-OROPEZA et

al., 2014; RIEDEL et al., 2009)

Rieu et al. (2007) observaram uma diminuição de, aproximadamente, 62% no

número de células ligadas a superfícies de vidro com agrA- e agrD- mutantes, em

comparação com suas cepas parentais. Além disso, estes mutantes mostraram uma

diminuição de 33% na quantidade de formação de biofilme sobre poliestireno

durante as primeiras horas.

Riedel et al. (2009) também demonstraram que a ausência do gene agrD

pode afetar a capacidade desse micro-organismo em transcrever diversos genes de

virulência, como inlA, hlyA, actA e pclA. Neste sentido, outros autores relatam que a

supressão do gene agrA ou do agrD poderia afetar alguns genes relacionados à

virulência de L. monocytogenes, entre os quais o regulador prfA (AUTRET et al.,

2003; RIEDEL et al., 2009), bem como sugerem a participação indireta do regulador

prfA na formação de biofilme (LEMON et al., 2007; TRAVIER et al., 2013; ZHOU et

al., 2011).

No estudo conduzido por Mata et al. (2015) foi observado quantidades

significativamente maiores do gene agrB em células de L. monocytogenes aderidas

em superfície de vidro quando comparadas com as células planctônicas das

mesmas cepas. Além disso, houve influência da temperatura na expressão deste

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

32

gene, o qual apresentou maiores níveis nas células aderidas a 25°C. Entretanto, os

mesmos autores não observaram níveis significativos do gene agrD nestas mesmas

condições de aderência e temperatura avaliadas.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

3 Projeto de Pesquisa

Aspectos genéticos envolvidos na formação de biofilme por Listeria monocytogenes:

quantificação do número de transcritos dos genes do locus agr por RT-qPCR em

diferentes condições de superfície, temperaturas de incubação e tempos de contatos

Período de elaboração do projeto: 2º sem/2010 - 1ºsem/2011

3.1 Caracterização do Problema

Listeria monocytogenes é um micro-organismo ubíquo, Gram-positivo, não

esporulado e intracelular facultativo que causa a listeriose (GILBRETH et al., 2005).

Essa bactéria é encontrada naturalmente no solo, na água e como saprófita na

decomposição de plantas (LUKINMAA et al., 2004), bem como em alimentos, fezes

de humanos e de animais (VÁZQUEZ-BOLAND et al., 2001).

A listeriose é uma doença de origem alimentar atípica, cuja maior importância

em saúde pública é sua severidade, com alta taxa de casos fatais, da ordem de 20-

30% (ALLERBERGER, 2007; GANDE e MURIANA, 2003; PONTELLO et al., 2012).

A maioria das infecções em humanos por L. monocytogenes é atribuída ao consumo

de alimentos contaminados, afetando normalmente indivíduos suscetíveis como

idosos, crianças, recém nascidos e imunocomprometidos (FELÍCIO et al., 2007;

KIMURA, 2006). Além disso, em mulheres grávidas, a listeriose pode ocasionar

aborto espontâneo, nascimento prematuro ou morte fetal, muitas vezes não sendo

diagnosticada como a causa destes casos (GANDHI e CHIKINDAS, 2007). As

manifestações clínicas mais comuns nos casos de listeriose são bastante severas,

como meningites, encefalites, septicemias, abortos e listeriose do recém-nascido,

ocorrendo a doença nos grupos mais suscetíveis (JIANG et al., 2008). Normalmente,

a listeriose não apresenta sintomas clássicos de infecções gastroentéricas.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

34

L. monocytogenes pode se reproduzir em um grande número de reservatórios

presentes nas indústrias processadoras, contaminando uma ampla variedade de

alimentos (CHEN et al., 2005). Este patógeno tolera altas concentrações de sal e

valores de pH relativamente baixos, podendo se multiplicar em temperaturas de

refrigeração (VÁZQUEZ-BOLAND et al., 2001).

Além disso, L. monocytogenes apresenta a capacidade de produzir

biofilme em diferentes superfícies tornando-se com isso uma das principais

ameaças à seguridade alimentar e um perigo particular na indústria de

alimentos (LUKINMAA et al., 2004, VÁZQUEZ-BOLAND et al., 2001, UHITIL et al.,

2004).

Os micro-organismos podem existir no ambiente tanto como células

planctônicas, como comunidades em biofilme, onde se encontram ligados a uma

superfície, cercados e unidos em uma matriz predominantemente composta por

material polissacarídico (GANDHI e CHIKINDAS, 2007). Vários trabalhos

demonstram que L. monocytogenes é capaz de se aderir e produzir biofilme em

superfícies de contato com os alimentos, como poliestireno, vidro e aço inoxidável

(DI BONAVENTURA et a, 2008; FOLSOM e FRANK, 2006; GANDE e MURIANA,

2003). A formação de biofilme cria problemas à indústria alimentícia uma vez que

representa uma importante fonte de contaminação dos alimentos (DI

BONAVENTURA et al., 2008). A adesão das bactérias às superfícies é influenciada

por propriedades físico-químicas do ambiente (temperatura e pH), da superfície

(hidrofobicidade), do micro-organismo (hidrofobicidade, motilidade e

presença/ausência de flagelos), e do conteúdo de nutrientes no meio, que

influenciam a adesão nas etapas iniciais de formação de biofilme (TAKHISTOV e

GEORGE, 2004). Além disso, as cepas de L. monocytogenes variam em sua

habilidade para produzir biofilme, o que pode ocorrer devido à supressão ou super

expressão de genes cujos produtos conferem vantagens adaptativas como, por

exemplo, a expressão de genes relacionados à síntese de exopolissacarídeos

envolvidos na produção de biofilme (FOLSOM e FRANK, 2006).

Para a maioria das bactérias, incluindo L. monocytogenes, as informações

disponíveis sobre o resultado da expressão gênica durante a formação de biofilme

ainda são limitadas, embora, um crescente número de trabalhos esteja sendo

publicado sobre as mudanças na expressão gênica, especialmente durante a fase

inicial do desenvolvimento do biofilme (RIEU et al., 2007; TRÉMOULET et al., 2002).

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

35

Neste sentido, o papel do locus agr de Staphylococcus aureus é mais

estudado, entretanto, em L. monocytogenes, pouco se conhece. Não obstante, Rieu

et al. (2007) demonstrou que esse locus, composto por quatro genes (agrB, agrD,

agrC e agrA) é organizado num operon, e que a transcrição desses genes parece

ser importante, especialmente na fase inicial da formação do biofilme. Sendo assim,

a utilização da técnica de RT-qPCR, comparando células em biofilme com células

planctônicas submetidas a condições diversas, testará o papel deste locus e, desta

forma, gatilhos ambientais podem ser determinados para um padrão singular de

expressão gênica dos biofilme.

A transcrição reversa combinada à Reação em Cadeia da Polimerase (RT-

qPCR) é uma técnica in vitro utilizada para amplificar sequências definidas de RNA

mensageiro. Pode ser empregada para avaliar a presença ou a ausência de

determinado transcrito, comparar níveis de mRNAs em diferentes amostras, e para

caracterizar padrões de expressão de mRNAs. Esta técnica apresenta ótima

sensibilidade e pode ser usada para quantificar mRNA em baixos níveis, e assim,

tem se mostrado uma poderosa ferramenta na quantificação da expressão gênica

(WONG e MEDRANO, 2005).

3.2 Hipótese

O número de transcritos dos genes do locus agr (agrB, agrD, agrC e agrA) em

L. monocytogenes é alterado quando as células desse micro-organismo são

submetidas a diferentes superfícies, tempos de contato e temperaturas de

incubação, em condições de formação de biofilme.

3.3 Objetivos

Objetivo Geral

Verificar o perfil de expressão dos genes do locus agr (agrB, agrD, agrC e

agrA) em isolados de L. monocytogenes provenientes de fontes distintas (ambientais

e alimentos), em células se multiplicando em condições de formação de biofilme,

sob diferentes superfícies, temperaturas e tempos de incubação.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

36

Objetivos Específicos

- Avaliar a capacidade de adesão de isolados de L. monocytogenes provenientes de

distintas fontes (ambientais e alimentos) na região de Pelotas, RS.

- Avaliar a interferência do tipo de superfície (aço inox e polipropileno), temperaturas

de incubação (10ºC, 20ºC e 37ºC) e tempos de contato (8h, 12h, 24h, 48h) na

capacidade de adesão dos isolados selecionados de L. monocytogenes.

- Extrair RNA das cepas nas diferentes condições experimentais (superfícies,

temperaturas de incubação e tempos de contato) e sintetizar cDNA.

- Verificar o perfil de expressão dos genes do locus agr de isolados de L.

monocytogenes nas diferentes condições experimentais (superfícies, temperaturas

de incubação e tempos de contato)

3.4 Material e Métodos

O projeto será desenvolvido no Laboratório de Microbiologia de Alimentos

(DCTA/FAEM) e no Laboratório de Genômica e Fitomelhoramento (CGF/FAEM),

ambos da Universidade Federal de Pelotas.

Material

Serão selecionados isolados de L. monocytogenes provenientes de fontes

distintas (ambientais e alimentos) da região sul do Rio Grande do Sul, sorotipadas

pela FIOCRUZ (Fundação Osvaldo Cruz), e caracterizadas através de testes

bioquímicos e moleculares. A seleção dos isolados será realizada com base na

capacidade de formação de biofilme, classificando-as em não formadoras, fracas,

moderadas e fortes formadoras de biofilme, conforme descrito por Stepanovic et al.

(2007).

Os isolados armazenados a -70ºC serão recuperados e cultivados em Caldo

Tripticase de Soja acrescido de 0,6% de Extrato de Levedura (TSB-YE), a 37ºC,

sendo realizados os subcultivos sob estas mesmas condições e, sempre que

necessário, serão estriados em Ágar Cromogênio a 37ºC/48h a fim de verificar a sua

pureza. Para este estudo serão utilizados como controle positivo uma cepa padrão

ATCC de L. monocytogenes e como controles negativos para Densidade Ótica (DO)

o branco.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

37

Métodos

Delineamentos Experimentais

O experimento constará de 30 amostras iniciais decorrentes de um

delineamento inteiramente casualizado em três etapas conforme as Tabelas 1, 2 e 3.

Tabela 1 – Delineamento Experimental para avaliação da capacidade de adesão

Tratamentos Variáveis Independentes (Isolados)

Variável dependente

1 1 DO: não produtora de biofilme, fraca produtora de biofilme, moderada produtora de biofilme, forte produtora de biofilme Anova e Tukey (p<0,05)

2 2

3 3

(...) (...)

30 30

Controle Negativo(1) Controle Positivo (1)

31 32

32 tratamentos x 3 avaliações = 96 amostras x 3 repetições = 288 determinações de DO. Tabela 2 – Delineamento Experimental para a avaliação da interferência do tipo de superfície, temperatura e tempo de contato na capacidade de adesão

Tratamentos Variáveis Independentes Variável dependente

Isolados Superfície Temperaturas de Incubação

Tempos de contato

1 1 Aço inoxidável (AI)

10ºC 8h Concentração

microbiana

(LOG UFC.cm-2

) Anova e Tukey (p<0,05)

2 2 12h

3 3 20ºC

(...) (...)

Poliestireno (PS)

24h Y Y

37ºC Controle Negativo(1) Controle Positivo (1)

Y + 2

48h

(Y+2) isolados X 2superfícies X 3 temperaturas X 4 tempos x 2 repetições = (Y+2) X 48 determinações.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

38

Tabela 3 – Delineamento Experimental para extração de RNA, síntese de cDNA e avaliação do perfil de expressão dos genes do locus agr por RT-qPCR

Tratamentos Variáveis Independentes Variável dependente Isolado

s Superfícies Temperaturas

de Incubação Tempos de contato

Genes

1 2

Células sob CFB* 1 (...)

Aço inoxidável (AI) Poliestireno (PS)

10ºC 20ºC 37ºC

8h 12h 24h 48h

agrA agrB agrC agrD 16S

QR (quantificação relativa) – RT-qPCR Anova e Tukey (p<0,05)

Células sob CP* 1 (...)

2 células CP X 3 temperaturas X 4 tempos x 5 genes X 3 repetições = 360 determinações. 2 células CFB X 2 superfícies X 3 temperaturas X 4 tempos x 5 genes X 3 repetições = 720 determinações. CFB = condições de formação de biofilme; CP = condições planctônicas

Avaliações

Avaliação da capacidade de adesão de isolados de L. monocytogenes

provenientes de distintas fontes (ambientais e alimentos) na região de Pelotas,

RS.

Os isolados de L. monocytogenes serão avaliados quanto à capacidade de

adesão, a fim de associar essa característica com perfis genéticos e bioquímicos. A

metodologia proposta será padronizada de acordo com as recomendações de

Stepanovic et al. (2007), utilizando-se placas para microtitulação, com três

repetições.

Uma colônia de cada isolado será semeada em TSB-YE e incubada a 37ºC

por 24h. Em seguida, será diluída a fim de se obter uma turbidez semelhante à

escala 0,5 da escala de MacFarland, o que corresponde a, aproximadamente,

1,5x108 UFC.mL-1. Como controle, cada isolado será diluído em escala seriada

decimal até 1:10.000, e 20µL das duas últimas diluições serão semeadas pour plate,

em duplicata em ágar Tripticase de Soja acrescido de 0,6% de Extrato de Levedura

(TSA-YE) com incubação a 30ºC por 48h, para enumeração da quantidade exata

que será testada para verificação da capacidade de adesão. Após 16 a 18h de

incubação, as colônias formadas serão enumeradas e os resultados serão

expressos em UFC.20µL-1.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

39

Placas utilizadas para microtitulação (ELISA) com 96 cavidades serão

usadas para verificação de formação de biofilme pelas culturas bacterianas. As

placas utilizadas serão cobertas com uma membrana para oclusão adequada das

cavidades. Sessenta microlitros de cada uma das culturas obtidas e preparadas

previamente serão inoculadas em triplicata nas placas (20µL em cada cavidade, o

que equivale a uma inoculação por cavidade com cerca de 3,0x106 UFC.mL-1), e em

seguida cada cavidade será completada com adicionais 180µL de TSB-YE

adicionado de 1% de glicose (TSB-YE+G). Uma solução de glicose a 10% será

preparada separadamente, esterilizada por filtração, e adicionada em TSB-YE

previamente autoclavado, para atingir a concentração final de 1% (10mL da solução

de glicose a 10% em 90mL de TSB). Em cada placa, um grupo de 3 cavidades

(triplicata) será utilizado como controle negativo, inoculando-se, em cada um, 20µL

de TSB-YE e 180µL de TSB-YE+G.

Dessa forma, em cada placa serão avaliados 31 culturas e um controle

negativo. Após a inoculação de todas as culturas e meios de cultura, a placa será

fechada com sua membrana e incubada a 37ºC por 24 h.

Após o período de incubação, o conteúdo das cavidades das placas de

microtitulação será retirado e descartado, com posterior lavagem com solução

esterilizada de salinafosfato tamponado (PBS, pH 7,2), utilizando-se 300µL dessa

solução por cavidade, em 3 repetições. Essa etapa tem como objetivo remover as

células não aderidas nas placas, as quais não formaram biofilme.

Em seguida, o biofilme formado será fixado adicionando-se 150µL de

metanol em cada cavidade por 20 minutos. Posteriormente, as placas serão

invertidas para retirada do metanol adicionado e mantidas dessa forma por 18h, para

sua secagem completa. Após secagem completa, 150µL de cristal violeta serão

adicionados em cada cavidade, e as placas mantidas em temperatura ambiente por

15 minutos. Então, as placas serão lavadas em água corrente para retirada de todo

excesso de corante e secas com ar quente. Em seguida, 150µL de etanol 95% serão

adicionados em cada cavidade e as placas cobertas com suas películas e mantidas

em temperatura ambiente por 30 minutos.

Após esse tempo, a densidade óptica (DO) das soluções resultantes em

cada cavidade será mensurada por espectrofotometria a 595nm.

O resultado final de DO de cada cultura será obtido pela média entre as três

repetições realizadas. Esses resultados serão comparados com a leitura média de

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

40

DO de corte (cutt-off -DOc), que será obtido a partir dos resultados de DO das 3

repetições do controle negativo, corrigido de acordo com o desvio padrão:

DOc = média de DO controle negativo x desvio padrão controle negativo

Considerando o DOc obtido em cada placa, as leituras de DO médias

obtidas de cada uma das culturas serão comparadas e classificadas quanto a

capacidade de formação de biofilme considerando a seguinte interpretação:

DO ≤ DOc = não produtor de biofilme

DOc< DO ≤ 2DOc = fraco produtor de biofilme

2DOc< DO ≤ 4DOc = moderado produtor de biofilme

4DOc< DO = forte produtor de biofilme

Avaliação da interferência do tipo de superfície, temperatura e tempo de

contato na capacidade de adesão de isolados selecionados de L.

monocytogenes

Antes de cada utilização, os cupons de aço inox (AI) serão tratados para

remoção de eventuais micro-organismos e resíduos, que podem interferir nos

resultados. Para isso, os cupons serão inicialmente lavados com escovas de cerdas

macias, detergente neutro e água destilada. Após enxágue, mergulhados em

acetona durante 24h para remoção de resíduos de gorduras. Em seguida, os cupons

serão mergulhados em solução de NaOH 0,1 N por uma hora, enxaguados com

água destilada (3 vezes) e submetidos a banho de ultra-som por 1hora. Por fim,

antes de serem utilizados os cupons serão embalados individualmente e

esterilizados em autoclave a 121ºC por 15 min.

Os isolados serão testados em duas repetições quanto a formação de

biofilme em superfícies de AI e PS, seguindo o protocolo proposto por Rieu et al.

(2007). Para avaliação da aderência em AI, cupons de 8cm de diâmetro serão

inseridos em placas de Petri contendo TSB-YE+G, e para a avaliação da aderência

em PS, serão utilizadas placas de Petri de poliestireno. Os isolados serão

inoculados na concentração 0,5 da escala de MacFarland (1/10) seguidos de cultivo

a 37ºC, 20ºC e 10ºC por 8h, 12h, 24h e 48h. Após este período o meio de cultivo

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

41

será retirado e os cupons ou o fundo da placa lavados com 10mL PBS, por duas

vezes, para a retirada das células fracamente aderidas e submetidos a secagem a

37ºC.

Em seguida, as células aderidas serão retiradas através de esfregaço em

superfície com o auxílio de suabes esterilizados e, após, inseridos em solução salina

e homogeneizados em vórtex. Para a enumeração das células aderidas serão

realizadas diluições seriadas seguidas de espalhamento em superfície de 0,1mL de

inóculo, em duplicata, em TSA-YE por 24h a 37ºC.

Extração de RNA e sintetize de cDNA dos isolados nas diferentes condições

experimentais (superfície, temperatura de incubação e tempo de contato)

Será extraído RNA a partir de células sob condições planctônicas (CP) e sob

condições de formação de biofilme (CFB). Cada isolado será submetido a estas

duas condições (CP e CFB), em três temperaturas (37°C, 20°C e 10°C) e diferentes

tempos de incubação (8h, 12h, 24h e 48h) e ainda, sob CFB os isolados também

serão avaliados em duas superfícies (AI e PS).

O RNA será extraído e purificado com o RiboPure™-Bacteria Kit (Ambion®),

de acordo com o protocolo recomendado pelo Kit. O RNA extraído de cada amostra

será quantificado e sua pureza verificada através do cálculo da razão A260/A280 em

espectrofotômetro, com o objetivo de indicar possíveis contaminações da amostra

por proteínas e compostos fenólicos. Assim, os RNAs extraídos serão considerados

bons para a síntese de cDNA quando apresentaram pureza na razão (A260/A280) de

1,8 – 2,0.

A síntese de cDNA será realizada com o High Capacity cDNA Reverse

Transcription Kit (Applied BiosystemsTM), de acordo com as instruções do fabricante.

Validação dos primers do locus agr e do gene 16S

Os primers serão desenhados utilizando-se recursos de bioinformática a

partir de sequências obtidas do Banco de Dados do GenBank

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov), ou serão pesquisados em artigos já publicados. A

eficiência de cada par de primers será calculada utilizando-se a curva padrão de

diluição seriada de mix de cDNA (1:1; 1:5; 1:25; 1:125), como descrito no protocolo

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

42

da Applied BiosystemsTM e, tanto a validação como a avaliação da expressão, serão

realizadas em termociclador 7500 Fast Real-Time PCR System (Applied

BiosystemsTM).

Avaliação do perfil de expressão dos genes do locus agr de isolados de L.

monocytogenes nas diferentes condições experimentais (superfície,

temperatura de incubação e tempo de contato)

O perfil de expressão dos genes do locus agr e do gene referência (16S) nas

diferentes superfícies, temperaturas de incubação e tempos de contato, em CFB

(superfície com TSB-YE+G) e, em CP (microtubo com TSB-YE) será efetuada

utilizando-se a técnica de RT-qPCR.

A RT-qPCR constará de 12,5μL de SYBR Green PCR Master Mix (Applied

BiosystemsTM), 1μL do cDNA (diluído), 1,5µL de primers forward e 1,5µL reverse

(diluído em 100pMol.µL-1), e água livre de nuclease. As amostras serão colocadas

em triplicata, em placas com capacidade para 96 reações, e cobertas com adesivo

óptico. O nível de expressão gênica será calculado baseado no threshold cycle

(Ct), onde o gene 16S rRNA será utilizado como normalizador (endógeno) e,

como controle de expressão, será utilizado a Quantificação Relativa (QR) do

crescimento dos isolados sob CP.

Análise dos Resultados:

Os resultados de DO, concentrações bacterianas e as quantificações

Relativas (QR) dos isolados submetidos a diferentes condições serão comparados

por Análise de Variância (ANOVA) (p<0,05). Em seguida será aplicado o teste de

média de Tukey, para cada experimento, para verificar diferenças significativas entre

capacidade de formação de biofilme e entre as expressões gênicas,

respectivamente, utilizando o software Statistica 7.0 (STATSOFT, 2004).

3.5 Resultados e Impactos esperados

Essa proposta se caracteriza como um projeto de pesquisa científica, na

qual objetiva-se avaliar a produção de biofilme por L. monocytogenes em diferentes

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

43

superfícies, temperaturas e tempos de incubação, bem como a influência dessas

variáveis sobre o acúmulo de transcritos dos genes do locus agr, em isolados desse

micro-organismo provenientes de distintas fontes (ambientais e alimentos) no sul do

Rio Grande do Sul.

L. monocytogenes com habilidade para formação de biofilme, portanto, com

capacidade de persistirem nos ambientes das indústrias de alimentos apresentam

grande potencial para causar infecções alimentares, sendo necessária a adoção de

medidas efetivas para seu controle nas indústrias. Os resultados obtidos permitirão a

ampliação do conhecimento científico sobre alguns parâmetros que possibilitam a

persistência desse patógeno nesses ambientes, disponibilizando dados que visam

auxiliar no seu controle, através de medidas direcionadas e reconhecidas

cientificamente.

3.6 Apoio Financeiro

O projeto de tese tem apoio financeiro do Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (Processo 482524/2010-3) e da

Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul – FAPERGS

(Processo 11/1271-9)

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

44

3.7 Cronograma de Atividades

3.8 Referências Bibliográficas

ALLENBERGER, Frans. Listeria monocytogenes. In: SIMJEE, Shabbir (Org). Food Born Diseases,. New Jersey: Humana Press, 2007. p. 27-28. Disponível em: < https://books.google.com.br/books?id=ed1tNVs_xTcC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 30 nov. 2014. CHEN, Y.; ZHANG, W.; KNABEL, S. J. Multi-Virulence-Locus Sequence Typing Clarifies Epidemiology of Recent Listeriosis Outbreaks in the United States. Journal of Clinical Microbiology, v. 43, n. 10, p. 5291-5294, 2005.

Atividades Ano/Trimestre

2011 2012 2013 2014 2015

1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º/2º

Atualização Bibliográfica X X X X X X X X X X X X X X

Organização e seleção dos isolados

X X X

Padronização de protocolos para avaliação da

capacidade de formação de biofilme

X X

Avaliação da formação da capacidade de formação de

biofilme dos isolados

X X X X X

Padronização de protocolos para avaliação da

interferência do tipo de superfície, temperatura e

tempo de contato na capacidade de adesão dos

isolados

X X X

Avaliação da interferência do tipo de superfície,

temperatura e tempo de contato na capacidade de

adesão dos isolados

X X X

Extração do RNA e síntese do cDNA dos isolados sob

CP e sob CFB em diferentes superfícies, temperaturas e

tempos

X X X X

Validação dos primers e

padronização do programa de RT-qPCR

X X X

Perfil de expressão por qPCR dos isolados sob CP e

sob CFB em diferentes superfícies, temperaturas e

tempos

X X X

Testes Complementares X X

Análise dos resultados

Elaboração de Artigos e Relatórios para Publicação

X X X X

Exame de Qualificação X

Defesa de Tese X

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

45

DI BONAVENTURA, G.; PICCOLOMINI, R.; PALUDI, D.; D’ORIO, V.; VERGARA, A.; CONTER, M.; IANIERI, A. Influence of temperature on biofilm formation by Listeria monocytogenes on various food-contact surfaces: relationship with motility and cell surface hydrophobicity. Journal of Applied Microbiology, v. 104, p. 1552-1561, 2008. FELÍCIO, M. T. S.; HOGG, T.; GIBBS, P.; TEIXEIRA, P.; WIEDMANN, M. Recurrent and Sporadic Listeria monocytogenes Contamination in Alheiras Represents Considerable Diversity, Including Virulence-Attenuated Isolates. Applied and Environmental Microbiology. v. 73, n. 12, p. 3887-3895, 2007. FOLSOM, J. P.; FRANK, J. F. Chlorine Resistance of Listeria monocytogenes Biofilms and Relationship to Subtype, Cell Density, and Planktonic Cell Chlorine Resistance. Journal of Food Protection, v. 69, n. 6, p. 1292-1296, 2006. GANDE, N.; MURIANA, P. Prepackage surface pasteurization or ready-to-eat meats with a radiant heat oven for reduction of Listeria monocytogenes. Journal of Food Protection, v. 66, n. 9, p. 1623-1630, 2003. GANDHI, M.; CHIKINDAS, M. L. Listeria: A foodborne pathogen that knows how to survive. International Journal of Food Microbiology, v. 113, p. 1-15, 2007. GILBRETH, S. E.; CALL, J. E.; WALLACE, F. M.; SCOTT, V. N.; CHEN, Y.; LUCHANSKY, J. D. Relatedness of Listeria monocytogenes Isolates Recovered from Selected Ready-To-Eat Foods and Listeriosis Patients in the United States. Applied and Environmental Microbiology, v. 71, n. 12, p. 8115-8122, 2005. JIANG, L.; CHEN, J.; XU, J.; ZHANG, X.; WANG, S.; ZHAO, H.; VONGXAY, K.; FANG, W. Virulence characterization and genotypic analyses of Listeria monocytogenes isolates from food and processing environments in eastern China. International Journal of Food Microbiology, v. 121, p. 53–59, 2008. KIMURA, B. Recent Advances In the Study of the Genotypic Diversity and Ecology of Listeria monocytogenes. Microbes and Environments. v. 21, n. 2, p. 69-77, 2006. LUKINMAA, S.; AARNISALO, K.; SUIHKO, M. L.; SIITONEN, A. Diversity of Listeria monocytogenes isolates of human and food origin studied by serotyping, automated ribotyping and pulsed-field gel electrophoresis. Clinical Microbiology and Infections, v. 10, n. 6, p. 563-568, 2004. PONTELLO, M., GUAITA, A., SALA, G., MICAELA CIPOLLA, M., GATTUSO, A., SONNESSA, M., GIANFRANCESCHI, M. V. Listeria monocytogenes serotypes in human infections (Italy, 2000-2010). Annali dell'Istituto Superiore di Sanità, v. 48, n. 2, p. 146-150, 2012. RIEU, A., WEIDMANN, S., GARMYN, D., PIVETEAU, P., GUZZO, J. agr system of Listeria monocytogenes EGD-e: Role in adherence and differential expression pattern. Applied and Environmental Microbiology, p. 6125-6133, 2007.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

46

STATSOFT, Statistica 7,0 for Windows, Computer Program Manual. Tulsa: StatSoft, Inc., 2004. STEPANOVIC, S.; VUKOVIC, D.; HOLA, V.; BONAVENTURA, G.; DJUKIC, S.; IRKOVIC, I.; RUZICKA, F. Quantification of biofilm in microtiter plates: overview of testing conditions and practical recommendations for assessment of biofilm production by staphylococci Journal Compilation, 115: 891–9, 2007. TAKHISTOV, P.; GEORGE, B.Early events and pattern formation in Listeria monocytogenes biofilms. Biofilms, v. 1, p. 351–359, 2004. TRÉMOULET, F.; DUCHÉ, O.; NAMANE, A.; MARTINIE, B.; THE EUROPEAN Listeria GENOME CONSORTIUM; LABADIE, J. C. Comparison of protein patterns of Listeria monocytogenes grown in biofilm or in planktonic mode by proteomic analysis. Federation of European Microbiological Societies Microbiology Letters, v. 210, p. 25-31, 2002. UHITIL, S.; JAKSIC, S.; PETRAK, T.; MEDIC, H.; GUMHALTER-KAROLYI, L. Prevalence of Listeria monocytogenes and the other Listeria spp. in cakes in Croatia. Food Control, v. 15, n. 3, p. 213-216, 2004. VÁZQUEZ-BOLAND, J. A.; KUHN, M.; BERCHE, P.; CHAKRABORTY, T.; DOMÍNGUEZ-BERNAL, G.; GOEBEL, W.; GONZÁLEZ-ZORN, B.; WEHLAND, J.; KREFT, J. Listeria Pathogenesis and Molecular Virulence Determinants. Clinical Microbiology Reviews, v. 14, n. 3, p. 584-640, 2001. WONG, M. L. E MEDRANO, J. F. Real-time PCR for mRNA quantitation: Review. BioTechniques 39:75-85, 2005.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

4 Relatório de Trabalho de Campo

Inicialmente haviamos proposto a avaliação de 30 isolados de L.

monocytogenes a fim de verificar a capacidade de produção de biofilme em uma

única temperatura. No entanto, surgiu a possibilidade de realizarmos uma avaliação

mais ampla, incluindo outros isolados de L. monocytogenes pertencentes a

bacterioteca do Laboratório de Microbiologia de Alimentos do Departamento de

Ciência e Tecnologia Agroindustrial, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Desta forma, para o primeiro experimento, 73 isolados de L. monocytogenes

(provenientes de alimentos e de ambientes de processamento, de diferentes

sorotipos e datas de isolamento), foram avaliados quanto a capacidade de formação

de biofilme, sob 3 diferentes temperaturas de incubação (10ºC, 20ºC e 37ºC).

E, além destes isolados, também avaliou-se a capacidade de produção de

biofilme das cepas padrão L. monocytogenes ATCC 7644 sorotipo 1/2c, L.

monocytogenes Scott A sorotipo 4b, L. monocytogenes ATCC 19117 sorotipo 4d.

Optou-se por realizarmos o experimento em triplicata biológica, porém, em

duplicata técnica, conforme a metodologia descrita por Stepanovic et al. (2007) e

Djordjevic et al (2002), com adaptações (Apêndice A).

A análise dos isolados a partir dos resultados da DOA595 quanto a

classificação de produção de biofilme foi simplificada. Os isolados foram, então,

classificados em produtores e não produtores de biofilme, corrigindo o desvio padrão

a partir do cálculo:

DOc = média de DO controle negativo + (desvio padrão controle negativo)

E considerando a seguinte interpretação:

DO ≤ DOc = não produtor de biofilme

DOc ≤ DO = produtor de biofilme

Para o experimento onde se avaliou o perfil de expressão de genes de L.

monocytogenes envolvidos na formação de biofilme, selecionaram-se os isolados

baseados nos resultados da DOA595 do primeiro experimento e na concentração

bacteriana encontrada nas superfícies do segundo experimento.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

48

Foram utilizados quatro isolados de L. monocytogenes, selecionados por sua

capacidade de produzir biofilme (2 formadores de biofilme e 2 não formadores de

biofilme) e por sua origem (2 provenientes de alimentos e 2 de ambiente de

processamento) (Apêndice B).

O gene prfA, que é um regulador de virulência conhecido em L.

monocytogenes, também foi incluído neste experimento a fim de relacionar seu perfil

de expressão ao do locus agr durante a produção de biofilme nos isolados, nas

mesmas superfícies, tempos e temperaturas previstos no projeto de pesquisa.

Os primers do locus agr e do gene prfA foram baseados na literatura

publicada (FRANÇA et al, 2012; RIEU et al, 2007), e mesmo havendo referência na

avaliação do perfil de expressão destes genes foi realizada a sua validação por meio

de curvas de dissociação (Apêndice C).

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

5 Manuscrito 1: Produção de biofilme por isolados de Listeria

monocytogenes sob diferentes condições de temperatura

Manuscrito elaborado para o periódico: International Journal of Food

Microbiology.

Fator de Impacto: 3,155.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

50

Produção de biofilme por isolados de Listeria monocytogenes, sob diferentes 1 condições de temperatura 2

3

Tatiane Kuka Valente Gandraa, Darla Silveira Volcana, Isabela Schneida, Wladimir 4 Padilha da Silvaa* 5

6 a Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, 7

Universidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão, caixa postal 354, Pelotas, Rio Grande do 8 Sul, Brasil. 9

* Autor para correspondência: [email protected] (Silva, W. P.) 10

11

5.1 Resumo 12

A capacidade de produção de biofilme por bactérias patogênicas tem importantes implicações nas 13 indústrias de alimentos, onde podem criar uma fonte persistente de contaminação do produto final. 14 Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi verificar a influência de distintas condições de 15 temperatura (10ºC, 20ºC e 37ºC) na capacidade de produção de biofilme por isolados de Listeria 16 monocytogenes provenientes de diferentes fontes (alimentos, manipuladores e ambientes de 17 processamento de alimentos). Os isolados de L. monocytogenes apresentaram variação na produção 18 de biofilme, havendo influência significativa (p<0,05) das temperaturas testadas. Considerando as 19 fontes de isolamento de L. monocytogenes (alimentos, manipulador e ambiente), não foram 20 observadas diferenças significativas na capacidade de produção de biofilme (p>0,05). Contudo, 21 observou-se uma correlação r=0,99 com o aumento da temperatura para produção de biofilme nos 22 isolados provenientes de alimentos, e uma correlação r= -0,63 para o aumento da temperatura nos 23 isolados provenientes do ambiente de processamento. Com base nos valores de DOA595 pode-se 24 observar que não houve prevalência de um sorotipo produtor de biofilme entre os isolados de L. 25 monocytogenes provenientes de alimentos. Porém, para os isolados provenientes do ambiente de 26 processamento, houve uma maior produção de biofilme pelo sorotipo 1/2c a 10ºC. Dessa forma, 27 pode-se verificar que a variabilidade na produção de biofilme obtida pelos isolados de L. 28 monocytogenes, sob as temperaturas avaliadas, é crítica e denota a importância do controle da 29 temperatura nos alimentos e no ambiente de processamento a fim de evitar a persistência deste 30 micro-organismo. 31

32

Palavras-chave: temperatura, aderência, poliestireno 33

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

51

5.2 Introdução 34

35

A avaliação da capacidade de aderência e de produção de biofilme por 36 bactérias potencialmente patogênicas é importante para a área de medicina, para 37 estudos relacionados ao meio ambiente e para a indústria alimentícia (Chavant et 38 al., 2007). Nesta última, o biofilme pode criar uma fonte persistente de contaminação 39 ao produto final (Van Houdt e Michiels, 2010). 40

As bactérias formadoras de biofilme são mais resistentes a antibióticos e à 41 resposta imune do hospedeiro que as suas homólogas planctônicas. Biofilme é cada 42 vez mais reconhecido como de grande significância nas doenças humanas, estando 43 envolvidos em 80% das infecções bacterianas, incluindo infecções pulmonares, 44 colite, uretrite, conjuntivite, otite, endocardite e periodontite (Worthington et al., 45 2012). 46

Embora as condições de higiene para a produção de alimentos tenham sido 47 continuamente melhoradas nas indústrias de processamento, casos e surtos de 48 doenças como listeriose, salmonelose e intoxicações alimentares, ocasionados pelo 49 consumo de produtos contaminados, têm sido amplamente relatados, sendo ainda 50 um grande desafio o entendimento e controle efetivo de micro-organismos 51 patogênicos associados a biofilme, como Listeria monocytogenes, Salmonella spp. e 52 Staphylococcus aureus. (Rodrigues et al., 2010). 53

A produção de biofilme é um processo dinâmico e diferentes mecanismos 54 estão envolvidos na sua fixação e desenvolvimento (Kumar e Anand, 1998). São 55 importantes nestes mecanismos as estruturas das células bacterianas, como 56 flagelos, apêndices e polissacarídeos, que atuam na ligação e na colonização de 57 micro-organismos em superfícies de contato com alimentos. Bem como as 58 características das superfícies de ligação e as condições ambientais (principalmente 59 a temperatura), em especial para bactérias associadas a ambientes de 60 processamento de alimentos (Slama et al., 2012; Van Houdt e Michiels, 2010). 61

Desta forma, o objetivo deste trabalho foi verificar a influência de distintas 62 condições de temperatura na capacidade de produção de biofilme por isolados de 63 Listeria monocytogenes provenientes de diferentes fontes. 64

65

5.3 Material e Métodos 66

67

5.3.1 Isolados bacterianos 68

Setenta e seis isolados de L. monocytogenes, pertencentes à bacterioteca do 69 Laboratório de Microbiologia de Alimentos do Departamento de Ciência e Tecnologia 70 Agroindustrial, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), provenientes de 71 alimentos e de ambientes de processamento, de diferentes sorotipos e datas de 72 isolamento (Tabela 1), foram avaliados quanto a capacidade de produção de 73 biofilme sob diferentes temperaturas de incubação. E além destes, as cepas padrão 74 L. monocytogenes ATCC 7644 sorotipo 1/2c, L. monocytogenes Scott A sorotipo 4b 75 e L. monocytogenes ATCC 19117 sorotipo 4d também foram avaliadas quanto a 76 capacidade de produção de biofilme, nas mesmas condições dos isolados. 77

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

52

Tabela 1 – Fonte, sorotipo e ano de isolamento de L. monocytogenes avaliadas 78 quanto a capacidade de produção de biofilme 79

Micro-organismo

Codificação Fonte Sorotipo Ano isolamento

L. m

onocyto

genes

LA001 Superfície de carcaça ovina 4b 2001 LA002 Superfície de carcaça ovina 3c 2001 LA003 Superfície de carcaça ovina 1/2a 2001 LA004 Superfície de carcaça ovina 1/2c 2001 LA005 Superfície de carcaça ovina 4b 2001 LA006 Superfície de carcaça ovina 1/2b 2001 LA007 Superfície de carcaça ovina 1/2b 2001 LA008 Superfície de carcaça ovina 1/2c 2001 LA009 Queijo colonial 1/2c 2004 LA010 Queijo colonial 1/2b 2004 LA011 Queijo colonial 4b 2004 LA012 Queijo colonial 1/2b 2004 LA013 Queijo colonial 4b 2004 LA014 Queijo colonial 1/2c 2004 LA015 Queijo colonial 1/2b 2004 LA016 Queijo colonial 1/2b 2004 LA017 Queijo colonial 1/2c 2004 LA018 Massa-misturador embutidos 4b 2004 LA019 Massa moedor produtos cárneos 1/2c 2004 LA020 Embutido cárneo 1/2c 2004 LA021 Embutido cárneo 1/2c 2004 LA022 Embutido cárneo 1/2b 2004 LA023 Massa-misturador 1/2c 2004 LA024 Embutido cárneo 4b 2004 LA025 Embutido cárneo 1/2c 2004 LA026 Embutido cárneo 1/2b 2004 LA027 Embutido cárneo 1/2c 2004 LA028 Água de lavagem pré-chiller 1/2b 2006 LA029 Água de lavagem chiller 1/2b 2006 LA030 Carcaça de frango 1/2b 2006

LA031 Água de lavagem evisceração frango

1/2b 2006

LA032 Carcaça de frango 1/2b 2006 LA033 Frango após pré-resfriamento 1/2b 2006 LA034 Frango após evisceração 1/2b 2006 LA035 Frango após evisceração 4e 2006 LA036 Frango após pré-resfriamento 4e 2006 LA037 Frango após pré-resfriamento 1/2b 2006 LA038 Suabe cloacal de frango 4e 2006 LA039 Frango varejo 1/2a 2006 LA040 Frango varejo 1/2b 2006 LA041 Frango varejo 1/2c 2006 LA042 Frango varejo 1/2b 2006 LA043 Frango varejo 1/2a 2006 LA044 Frango varejo 1/2b 2006

LA045 Superfície de carcaça bovina após a etapa de lavagem pré-resfriamento

1/2a 2010

LA046 Superfície de carcaça bovina após a etapa de lavagem pré-resfriamento

4b 2010

LA047 Superfície de carcaça bovina após a etapa de lavagem pré-resfriamento

1/2a 2011

LA048 Superfície de carcaça bovina após a etapa de sangria

1/2a 2011

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

53

LA049 Superfície de carcaça bovina após a etapa de sangria

1/2a 2011

LA050 Superfície de carcaça bovina após a etapa de sangria

1/2a 2011

LA051 Superfície de carcaça bovina após a etapa de sangria

1/2a 2011

LA052 Superfície de carcaça bovina após a etapa de sangria

1/2a 2011

LA053 Superfície de carcaça bovina após a etapa de sangria

1/2a 2011

LS001 Moedor produtos cárneos 1/2b 2004 LS002 Misturador produtos cárneos 1/2c 2004 LS003 Caixas produtos cárneos 1/2c 2004 LS004 Carrinhos produtos cárneos 1/2c 2004 LS005 Moedor produtos cárneos 1/2c 2004 LS006 Caixas produtos cárneos 1/2c 2004 LS007 Amarrador produtos cárneos 1/2c 2004 LS008 Embutideira 1/2c 2004 LS009 Amarrador produtos cárneos 1/2c 2004 LS010 Carrinhos produtos cárneos 1/2c 2004 LS011 Manipulador (superfície mãos) 1/2c 2004 LS012 Embutideira 1/2c 2004 LS013 Escovas depenagem frango 4b 2006

LS014 Mesa separação de miúdos antes do abate de frangos

4b 2006

LS015 Estrado da mesa de transpasse de frangos

1/2b 2006

LS016 Cantos piso evisceração frango 1/2b 2006

LS017 Esteira de cortes antes do abate de frangos

1/2b 2006

LS018 Esteira de cortes final do abate de frangos

1/2b 2006

LS019 Cantos piso evisceração frangos 1/2b 2006

LS020 Dreno da sala de resfriamento frangos

1/2b 2006

LS021 Facas de corte de bovinos antes do início das atividades

1/2a 2010

LS022 Mesas das operações de corte de bovinos durante as atividades

1/2a 2010

LS023 Mesas das operações de corte de bovinos antes do inicio das atividades

1/2a 2010

80

5.3.2 Recuperação e preparo dos isolados 81

Os isolados foram recuperados em caldo Triptona de Soja (TSB, Oxoid 82 CM0129), acrescido de 0,6% de Extrato de Levedura (YE, Oxoid LP0021), com 83 incubação a 37ºC por 24h. A pureza dos mesmos foi verificada em ágar seletivo 84 para L. monocytogenes (ágar base Listeria Cromogênico, Oxoid CM1084), com 85 incubação a 37ºC por 48h. 86

Uma colônia pura de cada isolado foi semeada em ágar Triptona de Soja 87 (TSA, Oxoid CM0131), acrescido de 0,6% de Extrato de Levedura incubando-se a 88 37ºC por 24h. A partir deste cultivo, uma alíquota de cada um foi transferida para 89 tubos de ensaio contendo solução salina 0,85% (Vetec) e padronizou-se o inóculo 90 para a avaliação do biofilme, na escala 0,5 de MacFarland (Laborclin), o que 91 corresponde aproximadamente a 1,5 x 108 UFC/mL. 92

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

54

5.3.3 Efeito da temperatura na produção de biofilme 93

A produção de biofilme foi avaliada em três temperaturas de incubação, em 94 triplicata biológica e duplicata técnica, para cada um dos isolados bacterianos, 95 utilizando-se microplaca de titulação de poliestireno (PS) de 96 cavidades, conforme 96 a metodologia descrita por Stepanovic et al. (2007) e Djordjevic et al (2002), com 97 adaptações para L. monocytogenes. 98

Inóculos de 20µL com a concentração padronizada de cada micro-organismo 99 foram transferidos para três cavidades da microplaca contendo 180µL de TSB-YE 100 com 1% de glicose e incubados a 10ºC, 20ºC e 37ºC por 24h, estaticamente. Como 101 controle negativo foi utilizado TSB-YE 1% de glicose. Após este período, o meio de 102 cultura foi descartado. E cada cavidade foi lavada 3 vezes com 270µL de tampão 103 fosfato salino (PBS, pH 7,3 ± 0,2) (Laborclin) para a retirada das células 104 planctônicas, seguido de fixação com 150µL de metanol por 20min. O excesso de 105 metanol foi retirado e a microplaca contendo as células aderidas foi seca a 25ºC, por 106 18h. Após a secagem, as cavidades foram corados com 150μL de cristal violeta por 107 15min. As microplacas foram, então, lavadas com água esterilizada para retirada do 108 excesso de corante e secas com ar quente por 1h. Em seguida, foram adicionados 109 150μL de etanol 95% e, após 30 min, a densidade óptica (DO) a 595nm foi 110 mensurada por espectrofotometria, utilizando-se uma leitora de microplaca de Elisa 111 (Modelo ReadwellTouch Plate - Robonik®). 112

113

5.3.4 Cálculo da DO e análise estatística 114

O resultado final de DO de cada cultura foi obtido pela média entre as 115 repetições realizadas e comparado com a leitura média de DO de corte (cutt-off -116 DOc), que foi obtido a partir dos resultados de DO das 3 repetições do controle 117 negativo, corrigido de acordo com o desvio padrão (Stepanovic et al., 2007): 118

119

DOc = média de DO controle negativo + (desvio padrão controle negativo) 120

121

Dessa forma cada uma das culturas foram comparadas e classificadas quanto 122 a capacidade de produção de biofilme considerando a seguinte interpretação: 123

DO ≤ DOc = não produtor de biofilme 124

DOc ≤ DO = produtor de biofilme 125

126

Os resultados das DO calculados foram submetidos a análise de variância 127 ANOVA seguido do teste de média de Tukey (p<0,05). Também foram feitos 128 cálculos de correlação linear entre a DO dos isolados e as temperaturas avaliadas. A 129 análise estatística foi realizada com o auxílio do software STATISTICA 7.0 130 (STATSOFT, 2004). 131

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

55

5.4 Resultados 132

133

As médias de DO obtidas pela produção de biofilme por L. monocytogenes, 134 em diferentes temperaturas, podem ser visualizadas nas Figuras 1. 135

Em relação a L. monocytogenes, houve variação na produção de biofilme 136 entre os isolados, havendo influência significativa (p<0,05) das temperaturas 137 testadas. A produção de biofilme decresceu à medida que as temperaturas 138 diminuíram. A 37ºC, 65,8% (n=50) dos isolados produziram biofilme (A595 - 0,564 a 139 0,138); a 20ºC, 55,3% (n=42) produziram biofilme (A595 - 0,490 a 0,105); e, a 10ºC, 140 43,4% (n=33) dos isolados formaram biofilme (A595 - 0,536 a 0,067). Entretanto, 141 verificou-se que as DO médias de produção de biofilme foram significativamente 142 superiores (p<0,05) na temperatura de 37ºC quando comparadas com as médias 143 obtidas nas outras duas temperaturas testadas (20ºC e 10ºC), as quais, não 144 diferiram entre si. As cepas padrão testadas também formaram biofilme nas 3 145 temperaturas. 146

Considerando-se as fontes de isolamento de L. monocytogenes (alimentos, 147 manipulador e ambiente), não foram observadas diferenças significativas na 148 produção de biofilme (p>0,05) entre os isolados. Contudo, observou-se uma 149 correlação r=0,99 entre o aumento da temperatura e a produção de biofilme nos 150 isolados provenientes de alimentos e uma correlação r= -0,63 entre o aumento da 151 temperatura e os isolados provenientes de ambiente/manipulador da indústria de 152 alimentos. Ou seja, houve um aumento na produção de biofilme nos isolados de 153 alimentos e uma diminuição nos isolados de manipulador/ambiente com a elevação 154 da temperatura. 155

Observaram-se diferenças significativas (p<0,05) na capacidade de produção 156 de biofilme entre os isolados, havendo influência da temperatura testada. Os 157 isolados que apresentaram maior produção de biofilme foram: LA039 a 37ºC (maior 158 valor de DO) (sorotipo 1/2a), diferenciando-se significativamente de 89,45% do total 159 de isolados; LS011 a 10ºC (sorotipo 1/2c), diferenciando-se significativamente de 160 83,12%; LA008 a 20ºC (sorotipo 1/2c), diferenciando-se de 73,84%; LA035 a 37ºC 161 (sorotipo 4e), diferenciando-se de 43,46%; LA019 a 37ºC (sorotipo 1/2c), 162 diferenciando-se de 38,40%; LA041 a 37ºC e a 10ºC (sorotipo 1/2c), diferenciando-163 se de 32,07% e 18,14%, respectivamente; LS008 a 10ºC (sorotipo 1/2c), 164 diferenciando-se de 28,27%; LA036 a 37ºC (sorotipo 4e), diferenciando-se de 165 19,41%; LS010 a 10ºC (sorotipo 1/2c), diferenciando-se de 17,72% e LA043 a 37ºC 166 (sorotipo 1/2ª), diferenciando-se de 10,13%; 167

Com base nos valores de DO, pode-se observar que não houve relação entre 168 os sorotipos de L. monocytogenes isolados de alimentos e produção de biofilme. 169 Entretanto, a 10ºC, os isolados com maior capacidade de produção de biofilme, 170 pertenciam ao sorotipo 1/2c (1 proveniente de alimentos, 1 proveniente de 171 manipulador e 2 de ambiente). Considerando-se a fonte de isolamento, os isolados 172 provenientes de carcaças de frango foram os que apresentaram maior produção de 173 biofilme a 37ºC. 174

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

56

175

Fig. 1. Média de produção de biofilme por DOA595 dos isolados e das cepas padrão de L. monocytogenes sob diferentes 176 temperaturas 177

10ºC

20ºC

37ºC

LA

001

LA

002

LA

003

LA

004

LA

005

LA

006

LA

007

LA

008

LA

009

LA

010

LA

011

LA

012

LA

013

LA

014

LA

015

LA

016

LA

017

LA

018

LA

019

LA

020

LA

021

LA

022

LA

023

LA

024

LA

025

LA

026

LA

027

LA

028

LA

029

LA

030

LA

031

LA

032

LA

033

LA

034

LA

035

LA

036

LA

037

LA

038

LA

039

LA

040

LA

041

LA

042

LA

043

LA

044

LA

045

LA

046

LA

047

LA

048

LA

049

LA

050

LA

051

LA

052

LA

053

LS

001

LS

002

LS

003

LS

004

LS

005

LS

006

LS

007

LS

008

LS

009

LS

010

LS

011

LS

012

LS

013

LS

014

LS

015

LS

016

LS

017

LS

018

LS

019

LS

020

LS

021

LS

022

LS

023

AT

CC

7644

Scott

A

AT

CC

19117

Listeria monocytogenes

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

DO

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

57

5.5 Discussão 178

179

Este estudo avaliou a produção de biofilme por 76 isolados de L. 180 monocytogenes, de diferentes sorotipos e distintas fontes de isolamento. A 181 capacidade de produção de biofilme foi testada em temperaturas que podem ser 182 encontradas na natureza, em hospedeiros humanos e em diferentes etapas no 183 ambiente de processamento de alimentos. 184

A maioria dos isolados de L. monocytogenes foi capaz de produzir biofilme, 185 porém, observou-se grande variação nos níveis de produção de biofilme entre eles, 186 o que também foi descrito por outros autores (Borucki et al., 2003; Combrouse et al., 187 2013; Kadam et al., 2013; Nilsson et al., 2011). Além disso, a temperatura foi um 188 fator determinante que influenciou a produção de biofilme, pois esta aumentou 189 significativamente com a elevação da temperatura, o que corrobora os resultados de 190 outros estudos (Combrouse et al., 2013; Galvão et al.,2012; Lee et al., 2013; Nilsson 191 et al., 2011). 192

Um constituinte celular que tem sido descrito como um importante fator na 193 aderência inicial de L. monocytogenes em superfícies e na produção de biofilme é o 194 flagelo (Lemon et al., 2007) o qual, segundo os mesmos autores aumentam a 195 probabilidade dos micro-organismos encontrarem uma superfície para fixação, 196 atuam como adesinas durante o primeiro contato com a superfície abiótica e 197 fornecem estímulo necessário para superar forças repulsivas que possam existir 198 entre as bactérias e a superfície. De acordo com Way et al. (2004) e Williams et al. 199 (2005) o flagelo de L. monocytogenes apresenta sua atividade regulada acima de 200 25ºC e reprimida a 37°C, na maioria dos isolados de L. monocytogenes. Entretanto, 201 alguns autores sugerem que esta adesão pode ocorrer passivamente, independente 202 do flagelo (Tresse et al., 2009; Gamble e Muriana, 2007) ou, ainda, que alguns 203 isolados de L. monocytogenes apresentam motilidade em temperaturas maiores ou 204 iguais a 37ºC (Bigot et al., 2005; Djordjevic et al., 2002; Gamble e Muriana, 2007). 205 Assim como já foi descrito por Nilsson et al. (2011), a maior produção de biofilme 206 pelos isolados de L. monocytogenes em temperaturas mais elevadas, verificada 207 nesse estudo, pode ter sido devido a alterações nas propriedades da superfície 208 celular que são induzidas pela adaptação da bactéria. 209

Destaca-se que não houve diferença na produção de biofilme, a 37ºC, entre 210 os sorotipos dos isolados de L. monocytogenes provenientes de alimentos. Este 211 resultado é semelhante ao encontrado por Combrouse et al. (2013) que também não 212 encontraram diferenças na capacidade de produção de biofilme entre sorotipos, 213 quando avaliaram temperaturas próximas de 37ºC. Entretanto, outros autores 214 verificaram que a produção de biofilme é distinta entre os diferentes sorotipos 215 (Borucki et al., 2003; Djordjevic et al., 2002; Kadam et al., 2013; Lee et al., 2013 216 Nilsson et al., 2011). 217

Ressalta-se que quando se relacionou o sorotipo e a produção de biofilme em 218 baixas temperaturas, verificou-se que a 10ºC os isolados que mais formavam 219 biofilme pertenciam ao sorotipo 1/2c, o que também foi encontrado por Kadam et al. 220 (2013). Esse resultado é relevante, tendo em vista que esta temperatura é 221 comumente utilizada em determinados ambientes da indústria de alimentos, como 222 os de produtos de origem animal, e que sorotipo 1/2c é um dos mais frequentemente 223 encontrados em alimentos (Ragon et al., 2008). Desta forma, a maior frequência de 224 isolamento do sorotipo 1/2c em alimentos poderia ser causada pela sua capacidade 225

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

58

de produção de biofilme associada a ambientes de processamento com baixas 226 temperaturas. 227

Gamble e Muriana (2007) verificaram, de uma maneira geral, uma produção 228 de biofilme significativamente menor nos isolados de L. monocytogenes 229 provenientes de ambiente, quando comparados aos provenientes de alimentos. 230 Entretanto, neste estudo, observou-se que, apesar de haver uma baixa produção de 231 biofilme pelos isolados provenientes de ambiente, estes não apresentaram 232 diferenças significativas em relação aos isolados de alimentos. 233

A produção de biofilme por isolados provenientes de superfícies pode ser 234 aumentada com a utilização de meios ricos em nutrientes (Rodrigues et al., 2010). 235 Contudo, isto torna a produção de biofilme muito diferenciada das condições reais 236 encontradas no ambiente de processamento, pois estes são tipicamente formados 237 sob condições dinâmicas, de fluxo de nutrientes normalmente inferiores, e consistem 238 de uma variedade de espécies bacterianas. (Cruz e Fletcher, 2012). 239

Cabe ressaltar, que um dos isolados, originário de mix de superfícies das 240 mãos de manipulador (LS011), o qual foi o maior produtor de biofilme a 10ºC, foi 241 descrito como persistente em superfícies do ambiente de processamento em 242 indústrias da região sul do Rio Grande do Sul por Mendonça et al. (2012). 243

A capacidade de adesão dos isolados de L. monocytogenes a superfícies 244 pode ser significativamente aumentada após indução de estresse pelo frio, 245 especialmente após um longo período de exposição a baixas temperaturas. A 246 necessidade de adaptação a baixas temperaturas durante a fase de crescimento 247 pode influenciar a composição da parede celular e, assim, modificar as propriedades 248 da superfície, aumentando a hidrofobicidade das células e facilitando a colonização 249 em superfícies e sua persistência no ambiente (Slama et al., 2012). Portanto, além 250 da temperatura, o tempo de incubação dos isolados a baixas temperaturas pode 251 influenciar significativamente a sua capacidade de produção de biofilme (Nilsson et 252 al., 2011). Isso pode justificar o fato do isolado LS011, persistente na planta de 253 processamento, apresentar forte capacidade de produção de biofilme a 10ºC, bem 254 como a correlação negativa verificada entre as temperaturas utilizadas e os isolados 255 provenientes de manipulador/ambiente (quanto menor a temperatura maior a 256 produção de biofilme), mesmo com pouco tempo de incubação. Provavelmente, 257 estes isolados foram provenientes de ambientes com baixas temperaturas, 258 comumente encontradas na indústria alimentícia, e poderiam, assim, estar mais 259 adaptados a baixas temperaturas e promover uma melhor adesão superficial. 260

Entretanto, alguns isolados de L. monocytogenes avaliados neste estudo, e 261 que também foram relatados como persistentes por Mendonça et al. (2012), não 262 apresentaram maior capacidade de produção de biofilme, mesmo isolados de 263 ambiente, quando foram avaliados a baixas temperaturas. Estes resultados estão de 264 acordo com Djordjevick et al. (2002) e Galvão et al. (2012) que avaliaram a relação 265 entre persistência de isolados de L. monocytogenes e sua produção de biofilme 266 (respectivamente 32ºC, 25 e 37ºC), e não encontraram relação significativa. 267

Considerando que a capacidade de produção de biofilme de L. 268 monocytogenes decresceu com a temperatura, indiferente a fonte de isolamento, e 269 ao sorotipo para os isolados de alimentos, e ainda, que entre aqueles provenientes 270 de manipulador/ambiente, os isolados pertencentes ao sorotipo 1/2c produziram 271 mais biofilme a 10ºC, observa-se uma variabilidade na produção de biofilme para 272 este micro-organismo em função da temperatura. E dessa forma, denota-se a 273

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

59

importância do controle desta variável em associação a boas práticas de 274 manipulação nos alimentos e no ambiente de processamento a fim de evitar a 275 persistência deste micro-organismo. 276

277

5.6 Agradecimentos 278

279

Este estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado 280 do Rio Grande do Sul - FAPERGS (Processo 11/1271-9) e pelo Conselho Nacional 281 de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (Processo 482524/2010-3). 282 Também ao Laboratório de Zoonoses Bacterianas da Fundação Oswaldo Cruz – 283 FIOCRUZ pela sorotipagem dos isolados L. monocytogenes. 284

285

5.7 Referências 286

287

Bigot, A., Pagniez, H. Botton, E. Frehel, C. Dubail, I. Jacquet, C. Charbit, A. and Raynaud, C. 2005. 288 Role of FliF and FliI of Listeria monocytogenes in flagellar assembly and pathogenicity. Infection 289 and Immunity 73, 5530–5539. 290

Borucki, M. K., Peppin,J. D., White,D., Loge,F., Call, D. R. 2003. Variation in Biofilm Formation among 291 Strains of Listeria monocytogenes. Applied and Environmental Microbiology, 69, 7336–7342. doi 292 10.1128/AEM.69.12.7336–7342.2003. 293

Chavant, P. Gaillard-Martinie, B., Talon, R. Hébraud, . T. M. Bernardi, T. 2007. A new device for rapid 294 evaluation of biofilm formation potential by bacteria. Journal of Microbiological Methods 68, 605–295 612. 296

Combrouse, T., Sadovskaya, I., Faille, C., Kol O., Guerardel, Y. Midelet-Bourdin, G. 2013. 297 Quantification of the extracellular matrix of the biofilms of different phylogenic lineages with 298 optimization of culture conditions Journal of Applied Microbiology 114, 1120—1131. 299 doi:10.1111/jam.12127. 300

Cruz, C. D., Fletcher G. C. 2012. Assessing manufacturers’ recommended concentrations of 301 commercial sanitizers on inactivation of Listeria monocytogenes. Food Control 26, 194-199. 302

Djordjevic, D., Wiedmann, M., McLandsborough, L. A. 2002. Microtiter Plate Assay for Assessment of 303 Listeria monocytogenes Biofilm Formation. Applied and Environmental Microbiology 69, 2950–304 2958. doi: 10.1128/AEM.68.6.2950–2958.2002. 305

Galvão, N. N., Chiarini, E., Destro, M. T., Ferreira, M. A., Nero, L. A. 2012. PFGE characterisation and 306 adhesion ability of Listeria monocytogenes isolates obtained from bovine carcasses and beef 307 processing facilities. Meat Science 92, 635–643. 308

Gamble, R., Muriana, P. M. 2007. Microplate Fluorescence Assay for Measurement of the Ability of 309 Strains of Listeria monocytogenes from Meat and Meat-Processing Plants To Adhere to Abiotic 310 Surfaces. Applied and Environmental Microbiology 73, 5235–5244. doi:10.1128/AEM.00114-07. 311

Kadam, R. S., Besten, H. M. W., van der Veen, S. Zwietering, M. H., Moezelaar, R., Abee, T. 2013. 312 Diversity assessment of Listeria monocytogenes biofilm formation: Impact of growth condition, 313 serotype and strain origin. International Journal of Food Microbiology 165, 259–264. 314

Kumar, C. G. Anand, S. K. 1998. Significance of microbial biofilms in food industry: a review. 315 International Journal of Food Microbiology 42, 9–27. 316

Lee, H.Y., Chai, L.C., Pui, C.F., Mustafa, S., Cheah Y. K., Nishibuchi, M., Radu, S. 2013. Formation of 317 biofilm by Listeria monocytogenes ATCC 19112 at different incubation temperatures and 318 concentrations of sodium chloride. Brazilian Journal of Microbiology 44, 51-55. 319

Lemon, K., Higgins, D., Kolter, R., 2007. Flagellar motility is critical for Listeria monocytogenes biofilm 320 formation. Journal of Bacteriology. 189, 4418–4424. 321

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

60

Mendonça, K. S., Michael, G. B., von Laer, A. E., Menezes, D. B., Cardoso, M. R. I., W. P., Silva. 322 2012. Genetic relatedness among Listeria monocytogenes isolated in foods and food production 323 chain in southern Rio Grande do Sul, Brazil. Food Control 28, 171-177. 324

Nilsson, R. E., Ross T., Bowman, J. P. 2011. Variability in biofilm production by Listeria 325 monocytogenes correlated to strain origin and growth conditions. International Journal of Food 326 Microbiology 150, 14–24. 327

Ragon, M.; Wirth, T. Hollandt, F.; Lavenir, R.; Lecuit, M.; Le Monier, A.; Brisse, S. A new perpective on 328 Listeria monocytogenes evolution. PLOS Pathogens 4, 2008. 329

Raza, A., Sarwar, Y., Ali, A., Jamil, A., Haque, A., Haque, A. 2011. Effect of biofilm formation on the 330 excretion of Salmonella enterica serovar Typhi in feces. International Journal of Infectious 331 Diseases 15, 747-752. 332

Rodrigues, L. B., Santos, L. R., Tagliari, V. Z., Rizzo, N. N., Trenhago G., Oliveira, A. P., Goetz, F., 333 Nascimento, V. P. 2010. quantification of biofilm production on polystyrene by Listeria, Escherichia 334 coli and Staphylococcus aureus isolated from a poultry slaughterhouse. Brazilian Journal of 335 Microbiology 41, 1082-1085. 336

Seixas, R., Machado, J., Bernardo, F., Vilela, C. Oliveira, M. 2014. Biofilm Formation by Salmonella 337 Enterica Serovar 1,4,[5],12:i:- Portuguese Isolates: A Phenotypic, Genotypic, and Socio-geographic 338 Analysis. Current Microbiology 68, 670-677. 339

Slama, R. B., Bekir, K., Miladi, H., Noumi A., Bakhrouf, A. 2012. Adhesive ability and biofilm metabolic 340 activity of Listeria monocytogenes strains before and after cold stress. African Journal of 341 Biotechnology 61, 12475-12482. doi: 10.5897/AJB11.3939. 342

STATSOFT, Statistica 7,0 for Windows, Computer Program Manual. Tulsa: StatSoft, Inc., 2004. 343

Stepanovic, S., Vukovic, D., Hola, V., Di Bonaventura, G., Djukic, S., Cirkovic, I., Ruzicka, F. 2007. 344 Quantification of biofilm in microtiter plates: overview of testing conditions and practical 345 recommendations for assessment of biofilm production by staphylococci. Journal Compilation, 115, 346 891–899. 347

Tresse, O., Lebret, V., Garmyn, D., Dussurget, O., 2009. The impact of growth history and flagellation 348 on the adhesion of various Listeria monocytogenes strains to polystyrene. Can. Journal of 349 Bacteriology 55, 189–196. 350

Van Houdt, R., Michiels, C.W. 2010. Biofilm formation and the food industry, a focus on the bacterial 351 outer surface. Journal of Applied Microbiology, 1-15. doi:10.1111/j.1365-2672.2010.04756.x. 352

Way, S.S., Thompson, L., Lopes, J., Hajjar, A., Kollmann, T., Freitag, N., Wilson, C., 2004. 353 Characterisation of flagellin expression and its role in Listeria monocytogenes infection and 354 immunity. Cellular Microbiology 6, 235–242. 355

Williams, T., B. Joseph, D. Beier, W. Goebel, and M. Kuhn. 2005. Response regulator DegU of Listeria 356 monocytogenes regulates the expression of flagella- specific genes. FEMS Microbiology Letters 357 252, 287–298. 358

Worthington, R. J., Richards, J. J., Melander, C. 2012. Small molecule control of bacterial biofilms. 359 Organic e Biomolecular Chemistry 10, 7457–7474. 360

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

6 Manuscrito 2: Quantificação dos níveis de expressão do locus agr e do gene prfA na produção de biofilme por isolados de Listeria monocytogenes em diferentes superfícies e condições de temperatura e tempo

Manuscrito elaborado para o periódico: “Applied and Environmental

Microbiology (AEM)”.

Fator de Impacto: 3,952.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

62

Quantificação dos níveis de expressão do locus agr e do gene prfA na produção 1

de biofilme por isolados de Listeria monocytogenes em diferentes superfícies e 2

condições de temperatura e tempo 3

4

Título corrido: agr e prfA na formação de biofilme em L. monocytogenes 5

6

Tatiane Kuka Valente Gandraa, Darla Silveira Volcana, Naciele Marinib, Antônio Costa 7

de Oliveirac, Caroline Peixoto Bastosd, Wladimir Padilha da Silvaa* 8

9

a Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, 10

Universidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão, caixa postal 354, Pelotas, Rio Grande do Sul, 11

Brasil. 12

b Centro de Pesquisa Agropecuária de Clima Temperado, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 13

Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. 14

c Centro de Genômica e Fitomelhoramento, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal 15

de Pelotas, Campus Capão do Leão, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. 16

d Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos, Universidade Federal de Pelotas, Campus 17

Capão do Leão, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. 18

19

* Autor para correspondência: [email protected] (Silva, W. P.) 20

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

63

6.1 RESUMO 21

22

O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil de expressão dos genes do locus agr e do 23

gene prfA, durante a formação de biofilme por isolados de L. monocytogenes, em 24

distintas superfícies e sob diferentes temperaturas e tempos. O gene agrA foi expresso 25

em maiores níveis que os demais genes do locus agr, assim como o gene prfA. Os 26

isolados produtores de biofilme apresentaram maiores níveis de expressão do locus 27

agr, sendo que a maior diferença entre isolados produtores e não produtores de biofilme 28

ocorreu nos genes agrBCD, havendo maior expressão destes genes por isolados 29

produtores de biofilme. Por outro lado, não houve diferença na expressão do prfA entre 30

os isolados, independente da capacidade de produção de biofilme. Os maiores níveis 31

de expressão global do locus agr e do prfA foram observados a 37ºC e os menores 32

níveis a 10ºC. Não foi verificada diferença na expressão do locus agr e do prfA entre os 33

tempos 12 e 24h, entretanto, os maiores níveis de expressão ocorreram em 24h. Não 34

houve diferença na expressão dos genes testados entre as superfícies avaliadas, 35

independente da capacidade de produção de biofilme dos isolados. Dessa forma, pode-36

se verificar que o locus agr possui um papel importante na adesão inicial e formação de 37

biofilme em L. monocytogenes, principalmente os genes agrBCD, sendo independente 38

da expressão do gene prfA. Além disso, verificou-se que o locus agr e o gene prfA são 39

fortemente influenciados pela temperatura e pelo tempo de contato com a superfície, 40

mas não pelas superfícies de contato. 41

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

64

6.2 INTRODUÇÃO 42

43

L. monocytogenes é um micro-organismo ubíquo, Gram-positivo, não esporulado e 44

intracelular facultativo, causador da listeriose, cuja grande importância em saúde 45

pública é sua severidade, com alta taxa (20-30%) de casos fatais em grupos de risco (1, 46

2, 3). 47

Este patógeno é uma ameaça particular à indústria de alimentos. Possui habilidade 48

para sobreviver por longos períodos sob condições ambientais adversas e tolerar altas 49

concentrações de sal e valores de pH relativamente baixos. Além disso, pode se 50

multiplicar em temperaturas de refrigeração e persistir em equipamentos e superfícies 51

de plantas de processamento, através da formação de biofilme (4, 5, 6, 7). Entretanto, 52

L. monocytogenes varia em sua habilidade de formar biofilme, o que pode ocorrer 53

devido à supressão ou super ativação de genes cujos produtos conferem vantagens 54

adaptativas na aderência em superfícies abióticas (8). 55

Este micro-organismo possui um extenso repertório de proteínas de transporte e de 56

genes regulatórios relacionados à sua capacidade de colonizar uma ampla variedade 57

de ecossistemas (9, 10). Entre os genes presentes nesta bactéria, estão o prfA, que é 58

um ativador transcricional chave, regulando a maior parte da expressão de genes de 59

virulência conhecidos, e o locus agr (gene regulador acessório), altamente conservado, 60

que possui ortólogos em várias bactérias Gram-positivas (10, 11, 12, 13). O locus agr é 61

composto por quatro genes co-transcritos em um operon (agrBDCA) que codificam 62

quatro proteínas. O agrB é responsável pela expressão de uma proteína de membrana, 63

cuja função seria exportar o peptídeo de agrD, que é transformado num peptídeo auto-64

indutor maduro (AIP). agrC (histidina quinase) e agrA (auto-regulador) formam um sinal 65

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

65

de transdução de um sistema de dois componentes. Quando a concentração 66

extracelular do AIP atinge certo limiar, em quorum sensing, o sistema é ativado, através 67

da detecção de agrC-agrA e exerce efeitos reguladores sobre substratos alvo, bem 68

como induz a sua própria produção (auto-regulação positiva) (12, 14, 15). O sistema 69

ativado regula os genes que codificam as adesinas necessárias para a formação de 70

biofilme (13, 16, 17). 71

Neste sentido, pesquisas têm demonstrado que a mutação de genes do locus agr 72

diminui a capacidade que L. monocytogenes tem em se aderir em superfícies abióticas 73

e formar biofilme (14), bem como pode afetar a sua capacidade de causar infecção (15, 74

18, 19) 75

O objetivo do trabalho foi avaliar o perfil de expressão dos genes do locus agr (agrB, 76

agrD, agrC e agrA) e do gene prfA, durante a adesão inicial e formação de biofilme, por 77

isolados de L. monocytogenes em diferentes superfícies e condições de temperatura e 78

tempo. 79

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

66

6.3 MATERIAIS E MÉTODOS 80

81

Isolados de L. monocytogenes 82

Foram utilizados quatro isolados de L. monocytogenes, selecionados por sua 83

capacidade de produzir biofilme (produtor e não produtor de biofilme) e por sua origem 84

(alimento ou ambiente de processamento), os quais estão descritos na Tabela 1. Além 85

destes critérios, também foi considerado para seleção, o sorotipo dos isolados, a fim de 86

comparar diferentes sorotipos (1/2a, 1/2b e 1/2c) com diferentes capacidades de 87

produção de biofilme e um mesmo sorotipo (1/2a) classificado com diferente 88

capacidade de produção de biofilme. A seleção quanto a capacidade de produção de 89

biofilme, foi realizada a partir de 75 isolados de L. monocytogenes, pertencentes à 90

bacterioteca do Laboratório de Microbiologia de Alimentos, do Departamento de Ciência 91

e Tecnologia Agroindustrial, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), utilizando-se 92

os critérios descritos por Stepanovic et al. (20) e Djordjevic et al. (21). 93

94

Tabela 1 - Isolados de L. monocytogenes selecionados para avaliação da expressão do 95 locus agr e do gene prfA sob condições de formação de biofilme 96

Código Origem Sorotipo Classificação quanto a

produção de biofilme*

LS006 Caixa de produtos cárneos / ambiente 1/2c Não produtor

LS020 Dreno da sala de resfriamento de abatedouro de

frangos / ambiente

1/2b Produtor

LA003 Carcaça ovina / alimento 1/2a Não produtor

LA039 Frango resfriado obtido no varejo / alimento 1/2a Produtor

* Classificação segundo Stepanovic et al. 2007 (20) e Djordjevic et al. 2002 (21) 97

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

67

Recuperação e preparo dos isolados 98

Os isolados armazenados em ultrafreezer a -70ºC foram recuperados em caldo Triptona 99

de Soja (TSB, Oxoid CM0129) com 0,6% de Extrato de Levedura (YE, Oxoid LP0021), e 100

incubados a 37ºC por 24h. A pureza dos isolados foi verificada em ágar base Listeria 101

Cromogênico (Oxoid CM1084), com incubação a 37ºC por 48h. 102

Uma colônia pura de cada isolado foi semeada em ágar Triptona de Soja (TSA, Oxoid 103

CM0131) contendo 0,6% de YE, incubando-se a 37ºC por 24h. A partir deste cultivo, 104

uma alíquota de cada isolado foi transferida para tubos de ensaio contendo solução 105

salina 0,85% (Vetec), padronizando-se o inóculo para a escala 0,5 de MacFarland 106

(Laborclin), o que corresponde aproximadamente a 1,5 x 108UFC/mL. 107

108

Cultivo dos isolados sob condições de formação de biofilme (CFB) em diferentes 109

condições para avaliação da expressão gênica 110

Foram utilizados 2 tipos de superfícies: aço inox (AISI 304) - AI (cupons de 8cm de 111

diâmetro) e poliestireno - PS (placas de Petri), seguindo o protocolo proposto por Rieu 112

et al. (14), com adaptações. 113

Foram adicionados 9mL de TSB-YE 1% de glicose e 1mL do inóculo padronizado na 114

proporção1/10 em placas de Petri (com e sem cupons de AI), as quais foram incubadas 115

a 10ºC, 20ºC e 37ºC por 8h, 12h, 24h e 48h. Após o término de cada um destes 116

tempos, o meio de cultivo foi retirado, e os cupons ou a placa de Petri, foram lavados 117

duas vezes com 10mL de tampão fosfato salino (PBS, pH 7,3 ± 0,2) (Laborclin) para a 118

remoção das células não aderidas e, após, secos 18h a 37ºC. Em seguida, as células 119

aderidas foram removidas através de esfregaço em superfície com o auxílio de dois 120

suabes esterilizados, os quais foram inseridos em tubos de ensaio contendo solução 121

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

68

salina 0,85%, e homogeneizados em vórtex por 1min. Uma alíquota de 1mL foi 122

transferida para um microtubo (Eppendorf) e centrifugada a 12000rpm por 5min a 4ºC, 123

para obter a concentração celular desejada. 124

125

Cultivo dos isolados sob condições planctônicas (CP) em diferentes condições 126

para avaliação da expressão gênica 127

Cada isolado de L. monocytogenes foi submetido nas mesmas CFB (10ºC, 20ºC e 37ºC 128

por 8h, 12h, 24h e 48h), entretanto, o cultivo foi realizado em microtubo (Eppendorf) 129

contendo 900µL de TSB-YE e 100µL do inóculo padronizado na proporção 1/10. Após 130

os diferentes períodos de incubação, as células planctônicas retiradas foram 131

centrifugadas a 12000rpm por 5min a 4ºC para obter a concentração celular desejada. 132

133

Primers 134

Os oligonucleotídeos utilizados podem ser visualizados na Tabela 2. 135

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

69

Tabela 2– Sequências dos oligonucleotídeos utilizados para a quantificação da 136

expressão do locus agr e do gene prfA em L. monocytogenes 137

Gene Sequência (5’→3’) Tm teórica

(ºC)

R2

Eficiência Referência

agrA

(F) GCAAGCAGAAGAACGGATTTCCAA

(R) CGCTGTCTCAAAAAACAAGATAT

62,9

57,4 0,9885 2,17 Rieu et al. (14)

agrB

(F) CGGCAGACACAGAAAGTTTG

(R) TGCGAATGGTATTAGCAACG

60,4

58,4 0,9879 2,07 Rieu et al. (14)

agrC

(F) GGGGTCAATCGCAGGTTTTG

(R) CTTTAAGTTCGTTGGTTGCCGTA

62,4

61 0,9554 2,24 Rieu et al. (14)

agrD

(F) AAATCAGTTGGTAAATTCCTTTCTAG

(R) AATGGACTTTTTGGTTCGTATACA

58,3

57,7 0,9859 1,98 Rieu et al. (14)

prfA

(F) GGAGCATGTGGTTTAATTCG

(R) CCAACTAAATGCTGGCAACT

58,0

58,2 0,8265 1,85 França et al. (22)

16S

(F) GGTAGCCTGTTCGCTAATGA

(R) TAACCAATGGGATCCACAAG

58,1

57,9 0,873 1,84 França et al. (22)

138

Extração do RNA e síntese de cDNA 139

O mRNA foi extraído e purificado a partir de células de L. monocytogenes sob CFB e 140

sob CP, utilizando-se o RiboPure™-Bacteria Kit (Ambion), de acordo com o protocolo 141

fornecido pelo fabricante. O RNA extraído de cada amostra foi quantificado e sua 142

pureza foi verificada através do cálculo da razão A260/A280, em espectrofotômetro 143

NanoVue Version 4282 V2.0.4. Os RNAs extraídos foram utilizados para a síntese de 144

cDNA quando apresentaram pureza entre 1,8 - 2,0. A síntese de cDNA foi realizada 145

com o High Capacity cDNA Reverse Transcription Kit (Applied Biosystems), de acordo 146

com as instruções do fabricante. 147

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

70

Validação e perfil de expressão do locus agr e do gene prfA por Real-time PCR 148

(RT-qPCR) 149

A validação de cada par de primers utilizado foi avaliada por meio de curvas de 150

dissociação e a média de eficiência foi de 103 ± 15%. Tanto a validação, como a 151

avaliação da expressão, foram realizadas em termociclador 7500 Fast Real-Time PCR 152

System (Applied Biosystems), como descrito no protocolo da Applied Biosystems. 153

As amostras foram colocadas, em triplicata, em placas com capacidade para 96 154

reações, e cobertas com adesivo ótico. O nível de expressão gênica, obtido através da 155

quantificação relativa (QR), foi calculado baseado no threshold cycle (Ct) descrito por 156

Pfaffl (23), com o auxílio do 7500 software 2.0.4 (24) O gene 16S rRNA foi utilizado 157

como normalizador endógeno e, como controle de expressão, foi utilizada a expressão 158

dos isolados em CP, nos mesmos tempos e temperaturas de contato da CFB. 159

160

Análise estatística 161

A quantificação relativa (QR) foi calculada e os resultados normalizados foram 162

submetidos a ANOVA, seguido do teste de média de Tukey, com o auxílio do software 163

STATISTICA 7.0 (25), para verificar diferenças significativas (p<0,05) entre as 164

expressões gênicas dos isolados, formadores e não formadores de biofilme, 165

considerando tempos, temperaturas e superfícies sob CFB. 166

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

71

6.4 RESULTADOS 167

168

De forma geral, os genes agrA e prfA foram expressos em maiores níveis (p<0,05) que 169

os demais genes avaliados, não havendo diferença significativa (p>0,05) entre a 170

expressão destes dois genes. 171

A expressão dos genes do locus agr e do gene prfA em isolados produtores e não 172

produtores de biofilme está demonstrada na Fig. 1. Os isolados LS006 e LA003, não 173

produtores de biofilme, apresentaram menor expressão dos genes do locus agr 174

(p<0,05) em comparação aos isolados LS020 e LA039, produtores de biofilme. 175

Entretanto, o gene agrA do isolado LA003, apresentou níveis de expressão 176

semelhantes aos dos isolados produtores de biofilme (p>0,05). Além disso, não houve 177

diferença na expressão (p>0,05) dos genes agrBCD entre os isolados não formadores 178

de biofilme, os quais apresentaram níveis de expressão menores quando comparados 179

aos isolados produtores de biofilme. Da mesma forma, com relação aos isolados LS020 180

e LA039, produtores de biofilme, não houve diferença (p>0,05) entre si na expressão 181

dos genes agrBCD. 182

Não houve diferença significativa (p>0,05) na expressão do gene prfA entre os isolados, 183

independente da sua capacidade de formação de biofilme. 184

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

72

185

Fig. 1. Variação na expressão global dos genes do locus agr e do gene prfA em 186

isolados de L. monocytogenes durante a formação de biofilme. 187

188

Em relação à influência da temperatura sobre a expressão dos genes avaliados (Fig. 2), 189

pode-se observar que a 10ºC o locus agr foi menos expresso (p<0,05) do que a 37ºC 190

havendo, também, diferença significativa na expressão individual dos genes desse 191

locus, em função da temperatura (p<0,05). O agrA apresentou maior expressão 192

(p<0,05) que os demais genes do locus agr em todas as temperaturas testadas: 193

somente a 37ºC, agrA apresentou expressão semelhante ao agrB (p<0,05). Com 194

relação ao gene prfA, também se observou diferenças (p<0,05) de expressão em 195

função das temperaturas avaliadas, a 37ºC sua expressão foi superior (p<0,05) a 10ºC. 196

LS006

não produtor biofilme

LS020

produtor biofilme

LA003

não produtor biofilme

LA039

produtor biofilmeagrA agrB agrC agrD prfA

Gene

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

LOG

QR

(Q

ua

nti

fica

ção

Rel

ati

va)

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

73

197

Fig. 2. Variação na expressão dos genes do locus agr e do gene prfA nos isolados de 198

L. monocytogenes em diferentes temperaturas durante a formação de biofilme. 199

200

Além da influência da temperatura sobre a expressão global dos genes do locus agr e 201

do gene prfA, foi possível identificar diferença na expressão desses genes entre os 202

isolados de L. monocytogenes (Fig. 2). Os isolados LS006 e LA003, não formadores de 203

biofilme, apresentaram as menores médias de expressão global dos genes avaliados, 204

especialmente em baixas temperaturas. Já os isolados LS020 e LA039, produtores de 205

biofilme, apresentaram os maiores níveis de expressão, especialmente a 37ºC. 206

Entretanto, a 37ºC, não houve diferença significativa na expressão global e entre genes 207

avaliados (p>0,05) entre os isolados formadores e não formadores de biofilme. A 20ºC, 208

o isolado LA039 apresentou expressão maior que os isolados não formadores de 209

biofilme, o que não foi observado para o isolado LS020. 210

Com relação ao gene prfA, não houve influência da temperatura sobre sua expressão, 211

independente do isolado ser ou não produtor de biofilme (p>0,05). 212

agrA

agrB

agrC

agrD

prfA

LS006

10ºC 20ºC 37ºC-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5LO

G Q

R (

Qua

ntif

icaç

ão R

elat

iva)

LS020

10ºC 20ºC 37ºC

LA003

10ºC 20ºC 37ºC

LA039

10ºC 20ºC 37ºC

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

74

O tempo de contato também influenciou a expressão dos genes do locus agr e do gene 213

prfA (Fig. 3), os quais não diferiram em expressão (p>0,05) quando comparados entre si 214

nos mesmos tempos de contato. Todos os genes apresentaram maiores níveis de 215

expressão em 12 e 24h, enquanto os menores níveis foram em 48h de contato. Além 216

disso, individualmente, não houve diferença de expressão nos tempos de 12 e 24h 217

(p<0,05). 218

219

220

Fig. 3. Variação na expressão dos genes do locus agr e do gene prfA nos isolados de 221

L. monocytogenes em diferentes tempos de contato durante a formação de biofilme. 222

223

A influência do tempo de contato sobre a expressão gênica global dos genes do locus 224

agr e do gene prfA nos isolados de L. monocytogenes formadores e não formadores de 225

biofilme, também pode ser visualizada na Fig. 3. A menor expressão ocorreu no isolado 226

LS006, não formador de biofilme, em 48h de contato (p<0,05). O isolado LA003, que 227

também não produz biofilme, apresentou uma baixa expressão gênica global dos genes 228

agrA

agrB

agrC

agrD

prfA

LS006

8h 12h 24h 48h-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

LOG

QR

(Q

uant

ific

ação

Rel

ativ

a)

LS020

8h 12h 24h 48h

LA003

8h 12h 24h 48h

LA039

8h 12h 24h 48h

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

75

avaliados em 48h de contato, entretanto, não diferiu significativamente (p>0,05) da 229

expressão do isolado LS020, produtor de biofilme, nesse mesmo tempo de contato. 230

Os maiores níveis de expressão global dos genes avaliados (p<0,05) foram verificados 231

nos isolados formadores de biofilme (LS020 e LA039 - p>0,05) no tempo de 24h de 232

contato. Nos tempos de contato 8h e 12h não foram observadas diferenças na 233

expressão gênica global entre os isolados formadores e não formadores de biofilme 234

(p>0,05). Da mesma forma que a temperatura, o tempo de contato influenciou a 235

expressão do gene prfA, porém, não foram observadas diferenças significativas 236

(p>0,05) entre isolados. 237

Não houve relação entre as superfícies testadas (AI e PS) e os níveis de expressão 238

gênica (p>0,05), independente dos isolados serem ou não produtores de biofilme. 239

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

76

6.5 DISCUSSÃO 240

241

Neste estudo, avaliou-se a expressão dos genes do locus agr e do gene prfA durante a 242

adesão inicial de isolados de L. monocytogenes em duas superfícies, com temperaturas 243

e tempos de contato distintos, utilizando-se como controle, a expressão dos isolados 244

em condições planctônicas (CP), nos mesmos tempos e temperaturas de contato da 245

condição de formação de biofilme (CFB). Foram utilizados quatro isolados de L. 246

monocytogenes (dois provenientes de superfícies de processamento e dois de 247

alimentos), sendo dois não formadores de biofilme e dois formadores de biofilme. Os 248

isolados não formadores de biofilme pertenciam aos sorotipos 1/2a e 1/2c, enquanto os 249

formadores de biofilme pertenciam aos sorotipos 1/2a e 1/2b. 250

Verificou-se que houve diferença na expressão dos genes do locus agr, em especial 251

dos genes agrBCD, entre isolados produtores e não produtores de biofilme, havendo 252

maior expressão destes genes nos isolados que produzem biofilme. Desta forma, 253

sugere-se que há uma participação efetiva do locus agr, especialmente dos genes 254

agrBCD, na fase inicial de formação de biofilme por isolados de L. monocytogenes em 255

superfícies abióticas. Estes resultados corroboram outros estudos, que utilizaram cepas 256

de L. monocytogenes mutantes (agrA- e agrD-) e verificaram redução na sua 257

capacidade de formação de biofilme, em comparação com suas cepas parentais (10, 258

14, 15, 19). 259

O gene agrA apresentou o maior nível de expressão entre todos os genes avaliados, 260

principalmente a 37ºC. Já para os demais genes do locus (agrBCD) observou-se que 261

não houve diferença entre eles (p>0,05) considerando a mesma classificação do 262

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

77

isolado quanto a produção de biofilme: não houve diferença (p>0,05) entre estes genes 263

nos isolados LS020 e LA039 (produtores de biofilme), nem nos isolados LS006 e LA003 264

(p>0,05) (não produtores de biofilme). Porém, houve diferença (p<0,05) entre isolados 265

produtores e não produtores de biofilme. Rieu et al.(14), por outro lado, verificaram 266

expressão semelhante entre os genes do locus agr em isolados de L. monocytogenes 267

planctônicos e em formação de biofilme, com maior nível de expressão do agrD e 268

menor nível de expressão do agrA. A maior expressão observada para o gene agrA, 269

neste trabalho, pode ser justificada pelo estudo de Garmyn et al. (10), que sugeriram 270

que o peptídeo produzido pelo agrA, além de participar efetivamente na aderência de L. 271

monocytogenes em superfícies, também pode estar envolvido em outras funções, como 272

na regulação do transporte de nitrogênio, aminoácidos, purinas e pirimidinas e, desta 273

forma, poderia ter sua expressão mais elevada. 274

Não houve relação entre os níveis de expressão do locus agr e a origem dos isolados 275

(ambiente ou alimentos), nem com o sorotipo, embora outros estudos tenham 276

demonstrado interação entre a capacidade de formação de biofilme e diferentes 277

sorotipos de L. monocytogenes (21, 26, 27, 28, 29). Desta forma, os resultados obtidos 278

enfatizam a importância do locus agr na produção de biofilme, tendo em vista que os 279

níveis de expressão deste sistema foram relacionados diretamente com a capacidade 280

do isolado em formar biofilme e não com um sorotipo específico de L. monocytogenes, 281

como relatado pelos estudos citados anteriormente. Estes resultados corroboram 282

parcialmente o estudo de Chang et al. (19), os quais observaram regiões com genes 283

interrompidos, que incluíam genes reguladores, entre eles agrA e agrB, num grupo de 284

isolados de L. monocytogenes que apresentavam capacidade moderada de formação 285

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

78

de biofilme. Entretanto, os mesmos autores observaram, em outro grupo de isolados de 286

L. monocytogenes com baixa capacidade de formação de biofilme, a ausência ou 287

interrupção de outros genes, que não do sistema agr. Chang et al. (19) atribuem estes 288

resultados a possíveis diferenças entre linhagens ou sorotipos, diferentemente do que 289

foi observado neste estudo. 290

Outra resposta interessante observada neste estudo, foi o comportamento do gene 291

prfA, que apresentou expressão semelhante nos isolados produtores e não produtores 292

de biofilme, tendo níveis de expressão similares ao agrA. O prfA é um ativador 293

transcricional chave que regula a expressão da maior parte dos genes de virulência de 294

L. monocytogenes conhecidos (11). Alguns autores sugerem que possa haver uma 295

atividade sinérgica entre o sistema agr e o regulador prfA, através da supressão do 296

gene agrA ou do agrD, que poderia afetar alguns genes relacionados à virulência de L. 297

monocytogenes, entre os quais o regulador prfA (12, 15), tanto a 25ºC quanto a 37ºC 298

(10). Outros estudos relatam que esta combinação possa ocorrer através da 299

participação indireta do regulador prfA na formação de biofilme (17, 30, 32). Porém, 300

esta interação não foi observada neste estudo, tendo em vista que os níveis de 301

expressão do gene prfA e do locus agr, entre os isolados produtores e não produtores 302

de biofilme, foram expressos de forma diferente nas condições de estudo avaliadas. 303

Luo et al. (11) descrevem que a supressão do gene prfA poderia alterar a expressão de 304

genes reguladores envolvidos na formação de biofilme e, consequentemente, reduziria 305

a capacidade de L. monocytogenes formar biofilme. Entretanto, observou-se que a 306

expressão do prfA foi similar entre os isolados produtores e não produtores de biofilme, 307

sugerindo que, se houver interação entre o gene prfA e o locus agr durante a produção 308

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

79

de biofilme, esta esteja relacionada a expressão do agrA e não a todo sistema agr. 309

Assim, mais estudos, otimizando condições de tempo e temperatura são necessários 310

para elucidar melhor este sinergismo na formação de biofilme. 311

As variáveis temperatura e tempo apresentaram interferência sobre a expressão dos 312

genes do locus agr e do gene prfA, tanto para os isolados de L. monocytogenes 313

produtores quanto para os não produtores de biofilme. A temperatura é um importante 314

estímulo ambiental na regulação da expressão gênica de L. monocytogenes (10). Neste 315

sentido, verificou-se que os níveis de expressão do locus agr foram mais elevados a 316

37ºC, como relatado em outros estudos (7, 10, 31). O gene agrA apresentou maior 317

expressão a 37ºC, nos isolados produtores de biofilme, enquanto o agrD apresentou os 318

menores níveis de expressão a 10ºC, nos isolados não produtores de biofilme, 319

sugerindo que a temperatura é crítica na regulação de alguns genes do locus agr. 320

Muitos estudos demonstram a importância da motilidade flagelar para a formação de 321

biofilme por L. monocytogenes (31, 32, 33) e que sua expressão é regulada acima de 322

25ºC e reprimida a 37°C, na maioria das cepas deste micro-organismo (32, 33). 323

Entretanto, alguns autores verificaram que isolados de L. monocytogenes podem 324

expressar genes responsáveis pela motilidade e pela quimiotaxia em temperaturas 325

superiores ou iguais a 37ºC, podendo inclusive ser reguladas por prfA (10, 11, 21, 36, 326

37). Dessa forma, a produção de biofilme pelos isolados cujo locus agr e o prfA foram 327

expressos em níveis significativamente maiores a 37ºC, pode ter tido a participação 328

flagelar ou esta aderência inicial pode ter ocorrido passivamente, independente do 329

flagelo (38). 330

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

80

Em relação ao tempo de contato, as maiores expressões gênicas ocorreram em 24h, 331

tanto para o locus agr quanto para o gene prfA, corroborando outros estudos que 332

indicam a participação do locus agr na fase inicial de formação de biofilme por L. 333

monocytogenes (14, 11), bem como maiores níveis de expressão de prfA em L. 334

monocytogenes produtores de biofilme nas primeiras 24h (30). Assim, tendo em vista 335

que um biofilme maduro produzido por L. monocytogenes ocorre em 48h de contato 336

com a superfície (29), o declínio de expressão do locus agr em 48h observado neste 337

estudo indica a importância deste sistema nas primeiras horas de aderência, 338

principalmente entre 12h e 24h. Neste sentido, é provável que o locus agr possa 339

também regular indiretamente a expressão de pró-proteínas, ou seja, proteínas 340

precursoras necessárias para a célula se aderir a superfícies abióticas(14). 341

Apesar da expressão de fatores de virulência ser regulada a 37ºC (10) e do regulador 342

prfA ter apresentado expressão mais elevada a 37ºC, níveis de expressão desse gene 343

foram verificados em temperaturas mais baixas, tanto em isolados produtores como não 344

produtores de biofilme. Além disso, a expressão do prfA não apresentou variação nas 345

temperaturas de 37ºC e 20ºC, o que também foi encontrado por Garmyn et al (10), ao 346

avaliarem este gene, em cepas agrD mutantes, e por Pieta et al. (7), que encontraram 347

expressão do prfA em temperaturas ainda mais baixas (7ºC). 348

A adesão das bactérias às superfícies, principalmente nas etapas iniciais de formação 349

de biofilme, pode ser influenciada por propriedades físico-químicas da superfície, pelas 350

características do micro-organismo, e pelo conteúdo de nutrientes presentes no meio 351

(39). A hidrofobicidade da superfície pode afetar a taxa de adesão bacteriana, uma vez 352

que interações hidrofóbicas tendem a aumentar com o aumento da natureza não polar 353

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

81

das superfícies envolvidas (40,41). Desta maneira, as superfícies hidrofóbicas poderiam 354

favorecer a colonização pela eliminação da camada de água presente na interface 355

(40,41). Takahashi et al. (42) demonstraram uma correlação entre aderência bacteriana 356

e a formação de biofilme dependente da hidrofobicidade do material, sugerindo que 357

alterações no material de superfície poderiam ter um impacto sobre os genes 358

expressos, entre os quais estão os genes associados com a motilidade, com estruturas 359

de superfície celular, assim como genes regulatórios (19). Neste sentido, durante a 360

adesão inicial, nas condições de temperaturas utilizadas neste estudo, não foi 361

observada influência dos diferentes materiais utilizados (poliestireno e aço inox), sob a 362

expressão dos genes locus agr e do gene prfA. 363

Os resultados obtidos permitiram verificar que o locus agr possui um papel importante 364

na adesão inicial e na formação de biofilme em isolados de L. monocytogenes, 365

principalmente os genes agrBCD. A expressão do locus agr não apresentou relação 366

com a expressão do gene prfA, assim como não houve interferência do sorotipo nem da 367

origem dos isolados avaliados. Além disso, a expressão dos genes desse locus e do 368

gene prfA, são fortemente influenciados pela temperatura e pelo tempo de contato com 369

a superfície, mas não é influenciada pelas superfícies de contato que foram testadas 370

(aço inox e poliestireno). 371

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

82

6.6 AGRADECIMENTOS 372

373

Este trabalho teve apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do 374

Rio Grande do Sul - FAPERGS (Processo 11/1271-9) e do Conselho Nacional de 375

Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (Processo 482524/2010-3). 376

Agradecemos, também, ao Laboratório de Zoonoses Bacterianas da Fundação 377

Oswaldo Cruz – FIOCRUZ pela sorotipagem dos isolados de L. monocytogenes. 378

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

83

6.7 REFERÊNCIAS 379

380

1. Farber, J. M., P. I. Peterkin. 1991. Listeria monocytogenes, a food-borne pathogen. Microbioly. 381 55:476–511. 382

2. Gilbreth, S. E., J. E. Call, F. M Wallace, V. N Scott, Y. Chen, J. D. Luchansky. 2005. 383 Relatedness of Listeria monocytogenes isolates recovered from selected ready-to-eat foods and 384 listeriosis patients in the United States. Applied and Environmental Microbiolog y71: 8115-8122. 385

3. Gande, N., and P. Muriana. 2003. Prepackage surface pasteurization or ready-to-eat meats with a 386 radiant heat oven for reduction of Listeria monocytogenes. Journal of Food Protection 66: 1623-1630. 387

4. Uhitil, S., S. Jaksic, T. Petrak, H. Medic, and L. Gumhalter-Karolyi. 2004. Prevalence of Listeria 388 monocytogenes and the other Listeria spp. in cakes in Croatia. Food Control 15: 213-216. 389

5. Lukinmaa, S., K. Aarnisalo, M. L. Suihko, and A. Siitonen. 2004. Diversity of Listeria 390 monocytogenes isolates of human and food origin studied by serotyping, automated ribotyping and 391 pulsed-field gel electrophoresis. Clinical Microbiology and Infections 10: 563-568. 392

6. Di Bonaventura, G., R. Piccolomini, D. Paludi, V. D’orio, A. Vergara, M. Conter, and A. 393 Ianieri.2008. Influence of temperature on biofilm formation by Listeria monocytogenes on various food-394 contact surfaces: relationship with motility and cell surface hydrophobicity. Journal of Applied Microbiology 395 104: 1552-1561. 396

7. Pieta L., F. B. Garcia, G. P.Riboldi, L. A. Oliveira, A. P. G.Frazzon, J. Frazzon. 2014. 397 Transcriptional analysis of genes related to biofilm formation, stress-response, and virulence in Listeria 398 monocytogenes strains grown at different temperatures. Annals of Microbiology 9(35):1869-2044. 399 Doi:10.1007/s13213-014-0814-2. 400

8. Folsom, J. P., and J. F. Frank. 2006. Chlorine resistance of Listeria monocytogenes biofilms and 401 relationship to subtype, cell density, and planktonic cell chlorine resistance. Journal of Food Protection 402 69:1292-1296. 403

9. Glaser P., L. Frangeul, C. Buchrieser, C. Rusniok, A. Amendl, F. Baquero, P. Berche, H. 404 Bloecker, P. Brandt, T. Chakraborty, A. Charbit, F. Chetouani, E. Couvé, A. Daruvar, P. Dehoux, E. 405 Domann, G. Domínguez-Bernal, E. Duchaud, L. Durant, O. Dussurget, K. D. Entian, H. Fsihi, F. 406 García-del Portillo, P. Garrido, L. Gautier, W. Goebel, N. Gómez-López, T. Hain, J. Hauf, D. Jackson, 407 L. M. Jones, U. Kaerst, J. Kreft, M. Kuhn, F. Kunst, G. Kurapkat, E. Madueno, A. Maitournam, J. M. 408 Vicente, E. Ng, H. Nedjari, G. Nordsiek, S. Novella, B. Pablos, J. C. Pérez-Diaz, R. Purcell, B. 409 Remmel, M. Rose, T. Schlueter, N. Simoes, A. Tierrez, J. A. Vázquez-Boland, H. Voss, J. Wehland, 410 and P. Cossart. 2001. Comparative genomics of Listeria species. Science 294: 849–852. 411

10. Garmyn D., Y. Augagneur, L. Gal, A. Vivant, and P. Piveteau. 2012. Listeria monocytogenes 412 Differential Transcriptome Analysis Reveals Temperature-Dependent agr Regulation and Suggests 413 Overlaps with Other Regulons. Plos One7 (9): e43154. doi:10.1371/journal.pone.0043154. 414

11. Luo Q., J. Shang, X. Feng, X. Guo, L. Zhang, Q. Zhou. 2013. Prfa led to reduced biofilm 415 formation and contributedto altered gene expression patterns in biofilm-forming Listeria monocytogenes. 416 Current Microbiology67:372–378. doi 10.1007/s00284-013-0377-7. 417

12. Autret N, C. Raynaud, I. Dubail, P. Berche, and A. Charbit. 2003. Identification of the agr locus of 418 Listeria monocytogenes: role in bacterial virulence. Infect Immun 71: 4463–4471. 419

13. Paspaliari D. F., M. T. Mollerup, B. H. Kallipolitis, H. Ingmer, M. H. Larsen. 2014. Chitinase 420 expression in Listeria monocytogenes is positively regulated by the agr system. Plos One 9 (4): e95385. 421 doi: 10.1371/journal.pone.0095385. 422

14. Rieu, A., S. Weidmann, D. Garmyn, P. Piveteau, and J. Guzzo. 2007. agr system of Listeria 423 monocytogenes EGD-e: Role in adherence and differential expression pattern. Applied and Environmental 424 Microbiology 73: 6125-6133. 425

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

84

15. Riedel C. U., I. R. Monk, P. G. Casey, M. S. Waidmann, C. G. M. Gahan, and C. Hill. 2009. agrD-426 dependent quorum sensing affects biofilm formation, invasion, virulence and global gene expression 427 profiles in Listeria monocytogenes. Mol Microbiol 71: 1177–1189. doi: 10.1111/j.1365-2958.2008.06589.x. 428

16. Worthington R. J., J. J. Richards, C.Melander. 2012. Small molecule control of bacterial biofilms. 429 Organic e Biomolecular Chemistry 10: 7457-7477. 430

17. Travier L., S.Guadagnini, E. Gouin, A. Dufour, V. Chenal-Francisque, P. Cossart, J. Olivo-431 Marin, J. Ghigo, O. Disson, M. Lecuit. 2013. ActA promotes Listeria monocytogenes aggregation, 432 intestinal colonization and carriage. PLoS Pathog. 9 (1): e1003131. doi:10.1371/journal.ppat.1003131. 433

18. Guariglia-Oropeza V., R. H. Orsi, M.Wiedmann, H. Yu, K. J. Boor, C.Guldimann. 2014. 434 Regulatory network features in Listeria monocytogenes – changing the way we talk. Frontiers in Cellular 435 and Infection Microbiology 4(14): doi:10.3389/fcimb.2014.00014. 436

19. Chang Y., W. Gu, N. Fischer, L. McLandsborough. 2012. Identification of genes involved in 437 Listeria monocytogenes biofilm formation by mariner based transposon mutagenesis. Appl Microbiol 438 Biotechnol 93:2051–2062. doi 10.1007/s00253-011-3719-z. 439

20. Stepanovic, S.; Vukovic, D.; Hola, V.; Bonaventura, G.; Djukic, S.; Irkovic, I.; Ruzicka, F. 440 Quantification of biofilm in microtiter plates: overview of testing conditions and practical recommendations 441 for assessment of biofilm production by staphylococci Journal Compilation, 115: 891–9, 2007. 442

21. Djordjevic D., M. Wiedmann, and L. A. McLandsborough. 2002. Microtiter Plate Assay for 443 Assessment of Listeria monocytogenes Biofilm Formation. Applied and Environmental Microbiology 69: 444 2950–2958. doi: 10.1128/AEM.68.6.2950–2958.2002. 445

22. França A., J.C. Bento, and N. Cerca. 2012. Variability of RNA Quality Extracted from Biofilms of 446 Foodborne Pathogens Using Different Kits Impacts mRNA Quantification by qPCR. Current Microbiology 447 65: 54-59.doi: 10.1007/s00284-012-0124-5. 448

23. PFAFFL, M.W. A new mathematical model for relative quantification in real-time RT-PCR. Nucleic 449 Acids Research. v. 29, p. 2001-2007. 2001 450

24. Software 7500 2010. Version 2.0.4. for 7500 and 7500 Fast Real-Time PCR Products. Life 451 Tecnologies Corporation. 452

25. Statsoft. 2004. Statistica 7,0 for Windows, Computer Program Manual. Tulsa: StatSoft, Inc. 453

26. Borucki, M. K., J. D. Peppin, D. White, F. Loge, D. R. Call. 2003. Variation in Biofilm Formation 454 among Strains of Listeria monocytogenes. Applied and Environmental Microbiology 69: 7336–7342. doi 455 10.1128/AEM.69.12.7336–7342.2003. 456

27. Kadam, R. S., H. M. W. Besten, S. van der Veen, M. H. Zwietering, R. Moezelaar, T. Abee. 457 2013. Diversity assessment of Listeria monocytogenes biofilm formation: Impact of growth condition, 458 serotype and strain origin. International Journal of Food Microbiology 165: 259–264. 459

28. Nilsson, R. E., T. Ross, J. P. Bowman. 2011. Variability in biofilm production by Listeria 460 monocytogenes correlated to strain origin and growth conditions. International Journal of Food 461 Microbiology 150: 14–24. 462

29. Lee, H.Y., L. C. Chai, C. F. Pui, S. Mustafa, Y. K. Cheah, M. Nishibuchi, S. Radu. 2013. 463 Formation of biofilm by Listeria monocytogenes ATCC 19112 at different incubation temperatures and 464 concentrations of sodium chloride. Brazilian Journal of Microbiology 44: 51-55. 465

30. Zhou Q., F. Feng, L. Wang, X. Feng, X. Yin, Q. Luo. 2011. Virulence regulator PrfA is essential for 466 biofilm formation in Listeria monocytogenes but not in Listeria innocua. Current Microbiology 63:186–192. 467 doi 10.1007/s00284-011-9964-7. 468

31. Harmsen M., M. Lappann, S. Knochel, S. Molin. 2010. Role of extracellular dna during biofilm 469 formation by Listeria monocytogenes. Applied and Environmental Microbiology 76 (7): 2271–2279. 470 doi:10.1128/AEM.02361-09. 471

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

85

32. Lemon K., D. Higgins, R. Kolter. 2007. Flagellar motility is critical for Listeria monocytogenes 472 biofilm formation. Journal of Bacteriology. 189:4418–4424. 473

33. Tremoulet F., O. Duche , A. Namane, B. Martinie, The European Listeria Genome Consortium, 474 J.C. Labadie. 2002. Comparison of protein patterns of Listeria monocytogenes grown in biofilm or in 475 planktonic mode by proteomic analysis. FEMS Microbiology Letters 210: 25-31. 476

34. Way, S.S., L. Thompson, J. Lopes, A. Hajjar, T. Kollmann, N. Freitag, C. Wilson. 2004. 477 Characterisation of flagellin expression and its role in Listeria monocytogenes infection and immunity. 478 Cellular Microbiology 6: 235–242. 479

35. Williams, T., B. Joseph, D. Beier, W. Goebel, M. Kuhn. 2005. Response regulator DegU of 480 Listeria monocytogenes regulates the expression of flagella- specific genes. FEMS Microbiology Letters 481 252: 287–298.doi: 10.1016/j.femsle.2005.09.011. 482

36. Bigot, A., H. Pagniez, E. Botton, C. Frehel, I. Dubail, C. Jacquet, A. Charbit, C. Raynaud. 2005. 483 Role of FliF and FliI of Listeria monocytogenes in flagellar assembly and pathogenicity. Infection and 484 Immunity 73: 5530–5539. 485

37. Gamble, R., P. M. Muriana. 2007. Microplate fluorescence assay for measurement of the ability of 486 strains of Listeria monocytogenes from meat and meat-processing plants to adhere to abiotic surfaces. 487 Applied and Environmental Microbiology 73:5235–5244. doi:10.1128/AEM.00114-07. 488

38. Tresse, O., V. Lebret, D. Garmyn, O. Dussurget. 2009. The impact of growth history and 489 flagellation on the adhesion of various Listeria monocytogenes strains to polystyrene. Can. Journal of 490 Bacteriology 55: 189–196. 491

39. Takhistov, P.; B. George. 2004. Early events and pattern formation in Listeria monocytogenes 492 biofilms. Biofilms, 1(04): 351 - 359. doi:10.1017/S1479050504001504. 493

40. Zeraik A. E., M. Nitschke. 2010. Biosurfactants as agents to reduce adhesion of pathogenic 494 bacteria to polystyrene surfaces: Effects of temperature and hidrofobicity. Current Microbiology 61: 554-495 559. 496

41. Simões M., L. C Simões, M. Vieira. J. 2010. A review of current and emergent biofilm control 497 strategies. LWT - Food Science and Technology 43 (4):573-583.doi: 10.1016/j.lwt.2009.12.008. 498

42. Takahashi H. T. Suda, Y. Tanaka, B. Kimura. 2010. Cellular hydrophobicity of Listeria 499 monocytogenes involves initial attachment and biofilm formation on the surface of polyvinyl chloride. 500 Letters in Applied Microbiology 50 (6): 618-625. doi: 10.1111/j.1472-765X.2010.02842.x. 501

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

7 Considerações Finais

Ao final do estudo observou-se que há variação na capacidade de produção de

biofilme entre isolados de L. monocytogenes função da temperatura. Entre os isolados

de L. monocytogenes, a capacidade de produção de biofilme decresceu à medida que

as temperaturas diminuíram.

Não há diferença na capacidade de produção de biofilme entre isolados de L.

monocytogenes obtidos de fontes distintas (alimentos, manipulador e ambiente). Todos

os sorotipos de L. monocytogenes provenientes de alimentos apresentaram capacidade

de produção de biofilme semelhante. Entretanto, entre aqueles provenientes de

manipulador/ambiente, os isolados pertencentes ao sorotipo 1/2c produzem mais

biofilme a 10ºC.

Os resultados permitiram observar a importância do locus agr na adesão inicial e

na formação de biofilme em isolados de L. monocytogenes, principalmente dos genes

agrBCD. Cabe ressaltar que a expressão do locus agr não apresentou relação com a

expressão do gene prfA e não houve interferência do sorotipo nem da origem dos

isolados avaliados na expressão do locus agr e do gene prfA.

A expressão dos genes do locus agr e do gene prfA, é fortemente influenciada

pela temperatura e pelo tempo de contato com a superfície, mas não é influenciada

pelas superfícies de contato, aço inox e poliestireno, que foram testadas.

Como perspectiva para estudos futuros, considerando as melhores condições de

tempo e temperatura para produção de biofilme verificada com os isolados utilizados

neste estudo, podemos sugerir o aprofundamento da pesquisa partindo desta condição

otimizada, para esclarecimento do papel desempenhado por outros fatores sobre a

síntese de biofilme.

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

Referências

ALLENBERGER, Frans. Listeria monocytogenes. In: SIMJEE, Shabbir (Org). Food Born Diseases,. New Jersey: Humana Press, 2007. p. 27-28. Disponível em: < https://books.google.com.br/books?id=ed1tNVs_xTcC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 30 nov. 2014. ANNOUS, B. A.; FRATAMICO, P. M.; SMITH, J. L. Quorum Sensing in Biofilms: Why Bacteria Behave the Way They Do. Journal of Food Science, v. 74, n. 1, 2009. doi: 10.1111/j.1750-3841.2008.01022.x ANWAR, H.; STRAP, JL.; COSTERTON, I.W. Establishment of aging biofilms: possible mechanism of bacterial resistance to antimicrobial therapy. Antimicrobial Agents and Chemotherapy,v. 36, p. 1347-1351, 1992. AUTRET, N.; RAYNAUD C.; DUBAIL, I.; BERCHE, P; CHARBIT, A. Identification of the agr locus of Listeria monocytogenes: role in bacterial virulence. Infection and Immunity, v.71, p. 4463–4471, 2003. BARANCELLI, Giovana Verginia. Ocorrência e caracterização sorológica e genotípica de Listeria monocytogenes em indústrias de queijo do Estado de São Paulo. 2010. 117f. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2010. BIGOT, A.; PAGNIEZ, H.; BOTTON, E.; FREHEL, C.; DUBAIL, I.; JACQUET, C.; CHARBIT, A.;RAYNAUD, C. Role of FliF and FliI of Listeria monocytogenes in flagellar assembly and pathogenicity. Infection and Immunity, v. 73, p.5530–5539, 2005. BORUCKI, M. K.; PEPPIN, J. D.; WHITE, D.; LOGE,F.; CALL, D. R. Variation in Biofilm Formation among Strains of Listeria monocytogenes. Applied and Environmental Microbiology, v. 69, p. 7336–7342. 2003. doi 10.1128/AEM.69.12.7336–7342. CAMARGO, Anderson Carlos. Caracterização fenotípica e molecular de isolados de L. monocytogenes obtidos em uma planta de processamento de carne bovina. 2013. 85f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2013. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION – CDC. Listeria monocytogenes. Disponível em:< http://www.cdc.gov/listeria/index.html>. Acesso em: 01 de dezembro de 2014.

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

88

CHAN, Wendy Wing Yan. Wet of Viscosity on Biofilm Phenotypic Expression. 1999. 107f. Tese (Master of Science) – University of Calgary, Calgary, 1999. CHANG Y.; GU, W.; FISCHER, N.; MCLANDSBOROUGH, L. Identification of genes involved in Listeria monocytogenes biofilm formation by mariner based transposon mutagenesis. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 93, p. 2051–2062. 2012.doi 10.1007/s00253-011-3719-z. CHAVANT, P.; GAILLARD-MARTINIE, B.; TALON, R.; HÉBRAUD, T. M.; BERNARDI, T. A new device for rapid evaluation of biofilm formation potential by bacteria. Journal of Microbiological Methods, v. 68, p.605–612, 2007. CHEN, Y.; ZHANG, W.; KNABEL, S. J. Multi-Virulence-Locus Sequence Typing Clarifies Epidemiology of Recent Listeriosis Outbreaks in the United States. Journal of Clinical Microbiology, v. 43, n. 10, p. 5291-5294, 2005. COMBROUSE, T.; SADOVSKAYA, I.; FAILLE, C.; KOL O.; GUERARDEL, Y.; MIDELET-BOURDIN, G. Quantification of the extracellular matrix of the biofilms of different phylogenic lineages with optimization of culture conditions. Journal of Applied Microbiology, v. 114, p. 1120—1131, 2013. doi:10.1111/jam.12127. COSTERTON, J.W., STEWART, P.S.; GREENBERG E. P. Bacterial biofihs: a common cause of penistent infections. Science, v. 284, p. 1318-1322, 1999. CRUZ, C. D.; FLETCHER G. C. Assessing manufacturers’ recommended concentrations of commercial sanitizers on inactivation of Listeria monocytogenes. Food Control, v. 26, p. 194-199, 2012. DEN BAKKER H.C.; WARCHOCKI S.; WRIGHT E. M.; ALLRED A. F.; AHLSTROM C.; MANUEL C.S.; STASIEWICZ M. J.; BURRELL A.; ROOF S.; STRAWN L. K.; FORTES E.; NIGHTINGALE K. K.; KEPHART D.; WIEDMANN M.2. Listeria floridensis sp. nov., Listeria aquatica sp. nov., Listeria cornellensis sp. nov., Listeria riparia sp. nov. and Listeria grandensis sp. nov., from agricultural and natural environments. International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, v.64, n.6, p. 1882-1889, 2014. doi: 10.1099/ijs.0.052720-0. DI BONAVENTURA, G.; PICCOLOMINI, R.; PALUDI, D.; D’ORIO, V.; VERGARA, A.; CONTER, M.; IANIERI, A. Influence of temperature on biofilm formation by Listeria monocytogenes on various food-contact surfaces: relationship with motility and cell surface hydrophobicity. Journal of Applied Microbiology, v. 104, p. 1552-1561, 2008. DJORDJEVIC, D.; WIEDMANN, M.; MCLANDSBOROUGH, L. A. Microtiter Plate Assay for Assessment of Listeria monocytogenes Biofilm Formation. Applied and Environmental Microbiology, v. 69, p.2950–2958, 2002. doi: 10.1128/AEM.68.6.2950–2958.2002.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

89

EVANS, M. R., B. SWAMINATHAN, L. M. GRAVES, E. ALTERMANN, T. R. KLAENHAMMER, R. C. FINK, S. KERNODLE, AND S. KATHARIOU. Genetic Markers Unique to Listeria monocytogenes Serotype 4b Differentiate Epidemic Clone II (Hot Dog Outbreak Strains) from Other Lineages. Applied and Environmental Microbiology, v.70, n. 4, p. 2383–2390, 2004. FARBER, J. M.; P. I. PETERKIN. Listeria monocytogenes, a food-borne pathogen. Microbioly, v. 55, p. 476–511, 1991. FELÍCIO, M. T. S.; HOGG, T.; GIBBS, P.; TEIXEIRA, P.; WIEDMANN, M. Recurrent and Sporadic Listeria monocytogenes Contamination in Alheiras Represents Considerable Diversity, Including Virulence-Attenuated Isolates. Applied and Environmental Microbiology. v. 73, n. 12, p. 3887-3895, 2007. FOLSOM, J. P.; FRANK, J. F. Chlorine Resistance of Listeria monocytogenes Biofilms and Relationship to Subtype, Cell Density, and Planktonic Cell Chlorine Resistance. Journal of Food Protection, v. 69, n. 6, p. 1292-1296, 2006. FOOD SAFETY BRAZIL Listeria e E.coli não atormentam os brasileiros?. Disponível em:<http://foodsafetybrazil.com/listeria-e-e-coli-nao-atormentam-aos-brasileiros/#ixzz3PaI45PYh>. Acesso em: 01 de dezembro de 2014. FRANCO, Bernadete D. Gombossy de Melo; LANDGRAF, Mariza. Microbiologia dos Alimentos. São Paulo: Atheneu, 2002. 182 p. FRANÇA A.; BENTO, J.C.; CERCA, N. Variability of RNA Quality Extracted from Biofilms of Foodborne Pathogens Using Different Kits Impacts mRNA Quantification by qPCR. Current Microbiology, v. 65, p. 54-59. 2012. doi: 10.1007/s00284-012-0124-5. GALVÃO, N. N.; CHIARINI, E.; DESTRO, M. T.; FERREIRA, M. A.; NERO, L. A. PFGE characterisation and adhesion ability of Listeria monocytogenes isolates obtained from bovine carcasses and beef processing facilities. Meat Science, v. 92, p. 635–643, 2012. GAMBLE, R.; MURIANA, P. M. Microplate fluorescence assay for measurement of the ability of strains of Listeria monocytogenes from meat and meat-processing plants to adhere to abiotic surfaces. Applied and Environmental Microbiology, v. 73, p. 5235–5244, 2007. doi:10.1128/AEM.00114-07. GANDE, N.; MURIANA, P. Prepackage surface pasteurization or ready-to-eat meats with a radiant heat oven for reduction of Listeria monocytogenes. Journal of Food Protection, v. 66, n. 9, p. 1623-1630, 2003. GANDHI, M.; CHIKINDAS, M. L. Listeria: A foodborne pathogen that knows how to survive. International Journal of Food Microbiology, v. 113, p. 1-15, 2007. GARMYN D.; AUGAGNEUR, Y.; GAL, L.; VIVANT, A.; PIVETEAU, P. Listeria monocytogenes Differential Transcriptome Analysis Reveals Temperature-Dependent

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

90

agr Regulation and Suggests Overlaps with Other Regulons. Public Library of Science One7 (9): e43154, 2012. doi:10.1371/journal.pone.0043154. GERMANO, Pedro Manuel Leal; GERMANO, Maria Izabel Simões. Higiene e Vigilância Sanitária de Alimentos. Barueri: Manole, 2008. 986 p. GILBRETH, S. E.; CALL, J. E.; WALLACE, F. M.; SCOTT, V. N.; CHEN, Y.; LUCHANSKY, J. D. Relatedness of Listeria monocytogenes Isolates Recovered from Selected Ready-To-Eat Foods and Listeriosis Patients in the United States. Applied and Environmental Microbiology, v. 71, n. 12, p. 8115-8122, 2005. GLASER P.; FRANGEUL, L.; BUCHRIESER, C.; RUSNIOK, C.; AMENDL, A.; BAQUERO, F.; BERCHE, P.; BLOECKER, H.; BRANDT, P.; CHAKRABORTY, T.; CHARBIT, A.; CHETOUANI, F.; COUVÉ, E.; DARUVAR, A.; DEHOUX, P.; DOMANN, E.; DOMÍNGUEZ-BERNAL, G.; DUCHAUD, E.; DURANT, L.; DUSSURGET, O.; ENTIAN, K. D.; FSIHI, H.; GARCÍA-DEL PORTILLO, F.; GARRIDO, P.; GAUTIER, L.; GOEBEL, W.; GÓMEZ-LÓPEZ, N.; HAIN, T.; HAUF, J.; JACKSON, D.; JONES, L. M.; KAERST, U.; KREFT, J.; KUHN, M.; KUNST, F.; KURAPKAT, G.; MADUENO, E.; MAITOURNAM, A.; VICENTE, J. M.; NG, E.; NEDJARI, H.; NORDSIEK, G.; NOVELLA, S.; PABLOS, B.; PÉREZ-DIAZ, J. C.; PURCELL, R.; REMMEL, B.; ROSE, M.; SCHLUETER, T.; SIMOES, N.; TIERREZ, A.; VÁZQUEZ-BOLAND, J. A.; VOSS, H.; WEHLAND, J.; COSSART, P. Comparative genomics of Listeria species. Science, v. 294, p. 849–852, 2001. GUARIGLIA-OROPEZA V.; ORSI, R. H.; WIEDMANN, M.; YU, H.; BOOR, K. J.; GULDIMANN, C. Regulatory network features in Listeria monocytogenes – changing the way we talk. Frontiers in Cellular and Infection Microbiology, v.4, n.14, 2014. doi:10.3389/fcimb.2014.00014. HALTER E. L.; NEUHAUS K.; SCHERER, S.. Listeria weihenstephanensis sp. nov., isolated from the water plant Lemna trisulca in a freshwater pond. International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, v.63, p. 641–647, 2013. HARMSEN M.; LAPPANN, M.; KNOCHEL, S.; MOLIN, S. Role of extracellular dna during biofilm formation by Listeria monocytogenes. Applied and Environmental Microbiology, v. 76, n.7, p. 2271–2279, 2010. doi:10.1128/AEM.02361-09. IBUSQUIZA, Paula Saá. Biofilm formation by Listeria monocytogenes. Resistance to industrial biocides and crossresponse caused by adaptation to benzalkonium chloride. 2011. 262f. Tese (Doutor Europeus)- Universidad de Vigo, Vigo, 2011 INSTITUT PASTEUR. Research summary 1994 – 2006. Disponível em:< http://www.pasteur.fr/en/research/cell-biology-infection/units-groups/bacteria-cell-interactions/research/1994-2006>. Acesso em: 02 de dezembro de 2014. INSTITUTO OSWALDO CRUZ – IOC. Estudo iniciado em 1969 traça panorama da listeriose no Brasil. Disponível em:<

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

91

http://www.ioc.fiocruz.br/pages/informerede/corpo/noticia/2006/marco/20_03_06_01.htm>. Acesso em: 01 de dezembro de 2014. JIANG, L.; CHEN, J.; XU, J.; ZHANG, X.; WANG, S.; ZHAO, H.; VONGXAY, K.; FANG, W. Virulence characterization and genotypic analyses of Listeria monocytogenes isolates from food and processing environments in eastern China. International Journal of Food Microbiology, v. 121, p. 53–59, 2008. KADAM, R. S.; BESTEN, H. M. W.; VAN DER VEEN, S.; ZWIETERING, M. H.; MOEZELAAR, R.; ABEE, T. Diversity assessment of Listeria monocytogenes biofilm formation: Impact of growth condition, serotype and strain origin. International Journal of Food Microbiology, v.165, p. 259–264, 2013. KASNOWSKI, M. C.; MANTILLA, S. P. S.; OLIVEIRA, L. A. T.; FRANCO, R. M. Formação de biofilme na indústria de alimentos e métodos de validação de superficies. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, n. 14, 2010. KIMURA, B. Recent Advances In the Study of the Genotypic Diversity and Ecology of Listeria monocytogenes. Microbes and Environments. v. 21, n. 2, p. 69-77, 2006. KRAMARENKO, T.; ROASTO, M.; MEREMAE, K.; KUNINGAS, M.; POLTSAMA, P.; ELIAS, T. Listeria monocytogenes prevalence and serotype diversity in various food. Food Control, v. 30, p. 24-29, 2013. KUMAR, C. G.; ANAND, S. K. Significance of microbial biofilms in food industry: a review. International Journal of Food Microbiology, v.42, p. 9–27,1998. LEE, H.Y.; CHAI, L.C.; PUI, C.F.; MUSTAFA, S.; CHEAH Y. K.; NISHIBUCHI, M.; RADU, S. Formation of biofilm by Listeria monocytogenes ATCC 19112 at different incubation temperatures and concentrations of sodium chloride. Brazilian Journal of Microbiology, v. 44, p. 51-55, 2013. LEMON, K.; HIGGINS, D.; KOLTER, R. Flagellar motility is critical for Listeria monocytogenes biofilm formation. Journal of Bacteriology, v. 189, p. 4418–4424, 2007. LUKINMAA, S.; AARNISALO, K.; SUIHKO, M. L.; SIITONEN, A. Diversity of Listeria monocytogenes isolates of human and food origin studied by serotyping, automated ribotyping and pulsed-field gel electrophoresis. Clinical Microbiology and Infections, v. 10, n. 6, p. 563-568, 2004. LUO Q.; SHANG, J.; FENG, X.; GUO, X.; ZHANG, L.; ZHOU Q. Prfa led to reduced biofilm formation and contributed to altered gene expression patterns in biofilm-forming Listeria monocytogenes. Current Microbiology, v. 67, p.372–378, 2013. doi 10.1007/s00284-013-0377-7.

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

92

MACEDO, J. A. B. MILKNET. Biofilmes Bacterianos: uma preocupação para a Indústria de Alimentos. 18 de julho de 2006. Disponível em< http://www.milknet.com.br/?pg=artigos_tecnicos&id=7&local=1>. Acesso em 1 de dezembro de 2014. MATA, M. M.; SILVA, W. PL.; WILSON, R.; LOWE, E.; BOWMAN, J. P. Attached and Planktonic Listeria monocytogenes Global Proteomic Responses and Associated Influence of Strain Genetics and Temperature. Jounal of Proteome Research, v. 14, n. 2, p. 1161-73, 2015. MENDONÇA, K. S.; MICHAEL, G. B.; VON LAER, A. E.; MENEZES, D. B.; CARDOSO, M. R. I.; W. P., SILVA. Genetic relatedness among Listeria monocytogenes isolated in foods and food production chain in southern Rio Grande do Sul, Brazil. Food Control, v. 28, p. 171-177, 2012. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia de Vigilância Epidemiológica. Brasília – DF: 7ed, 2009. 813p. MONROE D. Looking for Chinks in the Armor of Bacterial Biofilms. Public Library of Science Biology 5(11): e307, 2007. doi: 10.1371/journal.pbio.0050307. MONTERO, D.; BODERO, M.; RIVEROS, G.; LAPIERRE, L.; GAGGERO, A.; VIDAL, R. M.; Vidal, M. Molecular epidemiology and genetic diversity of Listeria monocytogenes isolates from a wide variety of ready-to-eat foods and their relationship to clinical strains from listeriosis outbreaks in Chile. Frontiers in Microbiology, v. 6, p. 384, 2015. doi:10.3389/fmicb.2015.00384 MURRAY, E.G.D.; WEBB, R.A.; SWANN, M.B.R. A disease of rabbits characterised by a large mononuclear leucocytosis, caused by a hitherto undescribed bacillus Bacterium Monocytogenes (n.sp.). The Journal of Pathology and Bacteriology., v. 29, p. 407-409, 1926. NATIONAL CENTER FOR BIOTECHNOLOGY INFORMATION – NCBI. Taxomony Listeria. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/taxonomy/?term=listeria> . Acessoem: 01 de março de 2015. NALÉRIO, É. S.; ARAÚJO, M. R.; MENDONÇA, K. S.; BASSANI, M. T. ; SILVA, W. P. . Listeria monocytogenes: monitoramento desse perigo biológico na cadeia produtiva de frangos do sul do Rio Grande do Sul. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 29, n. 3, p. 626-630, 2009. NICKEL, J.C.; RUSEKA, I.; WRIGHT, JB.; COSTERTON J.W. Tobramycin resistance of Pseudomonas aemgzhosa cells growing as a bioh on urinary catheter material. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v. 27, p. 6-19624, 1985.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

93

NILSSON, R. E.; ROSS T., BOWMAN, J. P. Variability in biofilm production by Listeria monocytogenes correlated to strain origin and growth conditions. International Journal of Food Microbiology, v. 150, p. 14–24, 2011. OBSERVATÓRIO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM SISTEMAS E SERVIÇOS DE SAÚDE DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO - OTICIS RIO. Saúde Presente. Disponível em:< http://www.otics.org/estacoes-de-observacao/rio-saude-presente/@@search?SearchableText=listeriose>. Acesso em: 01 de dezembro de 2014. PASPALIARI D. F.; MOLLERUP, M. T.; KALLIPOLITIS, B. H.; INGMER, H.; LARSEN M. H. Chitinase expression in Listeria monocytogenes is positively regulated by the agr system. Public Library of Science One 9 (4): e95385, 2014. doi: 10.1371/journal.pone.0095385. PFAFFL, M.W. A new mathematical model for relative quantification in real-time RT-PCR. Nucleic Acids Research. v. 29, p. 2001-2007. 2001 PIETA L.; GARCIA, F. B.; RIBOLDI, G. P.; OLIVEIRA, L. A.; FRAZZON, A. P. G.; FRAZZON. J. Transcriptional analysis of genes related to biofilm formation, stress-response, and virulence in Listeria monocytogenes strains grown at different temperatures. Annals of Microbiology 9(35):1869-2044, 2014. doi:10.1007/s13213-014-0814-2. PONTELLO, M., GUAITA, A., SALA, G., MICAELA CIPOLLA, M., GATTUSO, A., SONNESSA, M., GIANFRANCESCHI, M. V. Listeria monocytogenes serotypes in human infections (Italy, 2000-2010). Annali dell'Istituto Superiore di Sanità, v. 48, n. 2, p. 146-150, 2012. RAGON, M.; WIRTH, T. HOLLANDT, F.; LAVENIR, R.; LECUIT, M.; LE MONIER, A.; BRISSE, S. A new perpective on Listeria monocytogenes evolution. Public Library of Science Pathogens 4, 2008. RAZA, A.; SARWAR, Y.; ALI, A.; JAMIL, A.; HAQUE, A.; HAQUE, A. Effect of biofilm formation on the excretion of Salmonella enterica serovar Typhi in feces. International Journal of Infectious Diseases v. 15, p. 747-752, 2011. RIEDEL C. U.; MONK, I. R.; CASEY, P. G.; WAIDMANN, M. S.; GAHAN, C. G. M.; HILL C. agrD-dependent quorum sensing affects biofilm formation, invasion, virulence and global gene expression profiles in Listeria monocytogenes. Molecular Microbiology, v. 71, p. 1177–1189, 2009. doi: 10.1111/j.1365-2958.2008.06589.x. RIEU, A.; WEIDMANN, S.; GARMYN, D.; PIVETEAU, P.; GUZZO, J. agr system of Listeria monocytogenes EGD-e: Role in adherence and differential expression pattern. Applied and Environmental Microbiology, p. 6125-6133, 2007.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

94

RIO TOTAL. Listeria no Brasil. Disponível em:< http://www.riototal.com.br/saude/saude117.htm>. Acesso em: 01 de dezembro de 2014. ROCOURT, J.; BUCHRIESER, C. The Genius Listeria e Listeria monocytogenes: Phylogenetic position, Taxonomy, and Identification. Listeria. Listeriosis, and Food Safety, 3ed, 2007. RODRIGUES, L. B.; SANTOS, L. R.; TAGLIARI, V. Z.; RIZZO, N. N.; TRENHAGO G.; OLIVEIRA, A. P.; GOETZ, F.; NASCIMENTO, V. P. quantification of biofilm production on polystyrene by Listeria, Escherichia coli and Staphylococcus aureus isolated from a poultry slaughterhouse. Brazilian Journal of Microbiology, v. 41, p. 1082-1085, 2010. RONNER, A. B., WONG, A. C. L., Biofilm development and sanitizer inactivation of Listeria monocytogenes and Salmonella typhimurium on stainless steel and buna-n rubber. Journal of food Protection, v.56, n.9, p.750-758, 1993. SAUER K. The genomics and proteomics of biofilm formation. Genome Biology, v. 4, p. 219, 2003 SCHLECH, W.F., LAVIGNE, P.M., BORTOLUSSI, R.A., ALLEN, A.C., HALDANE, E.V., WORT, A.J., HIGHTOWER, A.W., JOHNSON, S.E., KING, S.H., NICHOLLS, E.S. BROOME, C.V., Epidemic listeriosis evidence for transmission by food. The New England Journal of Medicine, v. 308, p. 203-206, 1983. SCHMID, B.,KLUMPP,J.,RAIMANN,E.,LOESSNER,M.J.,STEPHAN,R.,TASARA,T. Role of cold shock proteins in growth of Listeria monocytogenes under cold and osmotic stress conditions. Applied Environment Microbiology. v.75,p.1621-1627, 2009. SCHNEIDER, K. R.; GOODRICH-SCHNEIDER, R.; HUBBARD, M. A.; RICHARDSON, S. Preventing Foodborne Illness: Listeriosis. Disponível em:< http://edis.ifas.ufl.edu/fs102>. Acesso em: 01 de dezembro de 2014. SEELIGER, H.P.R.; HÖHNE, K. Serotyping of Listeria monocytogenes and related species. Methods Microbiology. .v13, p.31-49, 1979. SEELIGER, H. P. R.; JONES, D. Listeria. In Bergey's manual of systematic bacteriology v. 2. Baltimore: Williams & Wilkins, 1986. p. 1235-1245. SEIXAS, R.; MACHADO, J.; BERNARDO, F.; VILELA, C.; OLIVEIRA, M. Biofilm Formation by Salmonella Enterica Serovar 1,4,[5],12:i:- Portuguese Isolates: A Phenotypic, Genotypic, and Socio-geographic Analysis. Current Microbiology, v. 68, p. 670-677, 2014. SIMÕES M.; SIMÕES L. C.; VIEIRA M. J. A review of current and emergent biofilm control strategies. LWT - Food Science and Technology , v. 43, n. 4, p.573-583, 2010. doi: 10.1016/j.lwt.2009.12.008.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

95

SLAMA, R. B., BEKIR, K., MILADI, H., NOUMI A., BAKHROUF, A. Adhesive ability and biofilm metabolic activity of Listeria monocytogenes strains before and after cold stress. African Journal of Biotechnology, v. 61, p. 12475-12482, 2012. doi: 10.5897/AJB11.3939. SOFTWARE 7500, 2010. Version 2.0.4. for 7500 and 7500 Fast Real-Time PCR Products. Life Tecnologies Corporation. STATSOFT, Statistica 7,0 for Windows, Computer Program Manual. Tulsa: StatSoft, Inc., 2004. STEPANOVIC, S.; VUKOVIC, D.; HOLA, V.; BONAVENTURA, G.; DJUKIC, S.; IRKOVIC, I.; RUZICKA, F. Quantification of biofilm in microtiter plates: overview of testing conditions and practical recommendations for assessment of biofilm production by staphylococci Journal Compilation, 115: 891–9, 2007. TAKAHASHI, H.; SUDA, T.; TANAKA, Y.; KIMURA, B. Cellular hydrophobicity of Listeria monocytogenes involves initial attachment and biofilm formation on the surface of polyvinyl chloride. Letters in Applied Microbiology, v. 50, n. 6, p. 618-625, 2010. doi: 10.1111/j.1472-765X.2010.02842.x.

TAKHISTOV, P.; GEORGE, B.Early events and pattern formation in Listeria monocytogenes biofilms. Biofilms, v. 1, p. 351–359, 2004. doi:10.1017/S1479050504001504 TRAVIER L.; GUADAGNINI, S.; GOUIN, E.; DUFOUR, A.; CHENAL-FRANCISQUE, V.; COSSART, P.; OLIVO-MARIN, J.; GHIGO, J.; DISSON, O.; LECUIT M. ActA promotes Listeria monocytogenes aggregation, intestinal colonization and carriage. Public Library of Science Pathogens, 9 (1): e1003131, 2013, 2013. doi:10.1371/journal.ppat.1003131. TRÉMOULET, F.; DUCHÉ, O.; NAMANE, A.; MARTINIE, B.; THE EUROPEAN Listeria GENOME CONSORTIUM; LABADIE, J. C. Comparison of protein patterns of Listeria monocytogenes grown in biofilm or in planktonic mode by proteomic analysis. Federation of European Microbiological Societies Microbiology Letters, v. 210, p. 25-31, 2002. TRESSE, O., LEBRET, V., GARMYN, D., DUSSURGET, O. The impact of growth history and flagellation on the adhesion of various Listeria monocytogenes strains to polystyrene. Canadian Journal of Bacteriology, v. 55, p.189–196, 2009. UHITIL, S.; JAKSIC, S.; PETRAK, T.; MEDIC, H.; GUMHALTER-KAROLYI, L. Prevalence of Listeria monocytogenes and the other Listeria spp. in cakes in Croatia. Food Control, v. 15, n. 3, p. 213-216, 2004.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

96

VAN HOUDT, R.; MICHIELS, C.W. Biofilm formation and the food industry, a focus on the bacterial outer surface. Journal of Applied Microbiology, p. 1-15, 2010. doi:10.1111/j.1365-2672.2010.04756.x. VÁZQUEZ-BOLAND, J. A.; KUHN, M.; BERCHE, P.; CHAKRABORTY, T.; DOMÍNGUEZ-BERNAL, G.; GOEBEL, W.; GONZÁLEZ-ZORN, B.; WEHLAND, J.; KREFT, J. Listeria Pathogenesis and Molecular Virulence Determinants. Clinical Microbiology Reviews, v. 14, n. 3, p. 584-640, 2001. von LAER, A. E.; LIMA, A. S.; TRINDADE, P. S.; ANDRIGHETTO, C.; DESTRO, M. T.; SILVA, W. P. Characterization of Listeria monocytogenes isolated from a fresh mixed sausage processing line in Pelotas-RS by PFGE. Brazilian Journal of Microbiology, v.40, p.574 - 582, 2009 WAY, S.S.; THOMPSON, L.; LOPES, J.; HAJJAR, A.; KOLLMANN, T.; FREITAG, N.; WILSON, C. Characterisation of flagellin expression and its role in Listeria monocytogenes infection and immunity. Cellular Microbiology 6: 235–242, 2004. WELLER D.; ANDRUS A.; WIEDMANN M.; DEN BAKKER H.C. Listeria booriae sp. nov. and Listeria newyorkensis sp. nov., from food processing environments in the USA. International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, v. 65, n.1, p.286-292, 2015. doi: 10.1099/ijs.0.070839-0. WILLIAMS, T.; JOSEPH, B.; BEIER, D.; GOEBEL, W.; KUHN M. Response regulator DegU of Listeria monocytogenes regulates the expression of flagella- specific genes. Federation of European Microbiological Societies Microbiology Letters, v. 252, p. 287–298, 2005. doi: 10.1016/j.femsle.2005.09.011. WIRTANEN, G., HUSMARK, U., MATTILA-SANDHOLM, T. Microbial evaluation of the biotransfer potencial from surfaces with Bacillus biofilms after rinsing and cleaning procedures in closed food-processing systems. Journal of Food Protection, v.59, n.7, p.727-733, 1996. WONG, M. L. E MEDRANO, J. F. Real-time PCR for mRNA quantitation: Review. BioTechniques 39:75-85, 2005. WORLD ORGANISATION FOR ANIMAL HEALTH – OIE. Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals 2014: Listeria monocytogenes. Disponível em:< http://www.oie.int/international-standard-setting/terrestrial-manual/access-online/> . Acesso em: 01 de dezembro de 2014. WORTHINGTON, R. J., RICHARDS, J. J., MELANDER, C. Small molecule control of bacterial biofilms. Organic e Biomolecular Chemistry, v.10, p. 7457–7474, 2012. ZERAIK A. E.; NITSCHKE, M. Biosurfactants as agents to reduce adhesion of pathogenic bacteria to polystyrene surfaces: Effects of temperature and hidrofobicity. Current Microbiology, v. 61, p. 554-559, 2010.

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

97

ZHOU Q.; FENG, F.; WANG, L.; FENG, X.; YIN, X.; LUO Q. Virulence regulator PrfA is essential for biofilm formation in Listeria monocytogenes but not in Listeria innocua. Current Microbiology, v. 63, p. 186–192, 2011. doi 10.1007/s00284-011-9964-7.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

Apêndices

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

99

Apêndice A – Avaliação da capacidade de adesão de isolados de L. monocytogenes

A B

C D

E F

A - recuperação dos Isolados; B – isolamento e seleção; C – crescimento; D – padronização da concentração do inóculo; E – crescimento em microplaca; F – halos de formação de biofilme.

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

100

Apêndice B – Cultivo dos isolados de L. monocytogenes sob CFB e CP, extração do RNA, síntese de cDNA e avaliação do perfil de expressão do locus

agr e do gene prfA por RT-qPCR

Cultivo dos isolados em CFB

A B C

D E F

G H

I

A – Adição do meio de crescimento em AI e PS; B – adição do inóculo com concentração padronizada; C – crescimento em diferentes temperaturas e tempos sob CFB; D – PS com crescimento de L. monocytogenes; E – cupons de AI após a lavagem com PBS; F – secagem das superfícies com biofilme; G – superfície de PS com biofilme após secagem; H – retirada das células de biofilme aderidas no AI; I – solução salina com células de biofilme.

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

101

Cultivo dos isolados em CP

A B A – Crescimento de L. monocytogenes sob CP em diferentes temperaturas e tempos; B – centrifugação dos isolados para concentração bacteriana.

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

102

Extração do RNA dos isolados sob CFB e CP

A B C

D E F

G H I

J

A – concentrado de células bacterianas; B – adição de reagente para lise celular; C – adição de zircônia para lise celular; D – centrifugação; E – separação dos ácidos nucléicos; F – ácidos nucléicos separados G – RNA após a purificação; H – reagentes para tratamento com dnase e síntese de cDNA; I – adição de reagentes para a síntese de cDNA; J – síntese de cDNA.

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

103

Avaliação do perfil de expressão por RT-qPCR

A B

C D

E

A – adição dos reagentes para verificar níveis de expressão dos genes avaliados; B – preparação da microplaca para RT-qPCR; C – aplicação de adesivo optico; D – centrifugação das microplacas; E – resultado do perfil de expressão genética por RT-qPCR.

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

104

Apêndice C – Validação dos primers: melt curve e cálculo do slope

Melt Curve Gene 16S

Gene agrA

Gene agrB

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

105

Gene agrC

Gene agrD

Gene prfA

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

106

Slope e eficiência Gene 16S

Amostra cDNA

log (dilui)

valor CT em cada diluicao

1/1 0,00 13,79867

1/5 -0,70 18,24442

1/25 -1,40 17,8751

1/125 -2,10 22,69905

slope -3,767

EFICIENCIA 1,84

Gene agrA

Amostra cDNA

log (dilui)

valor CT em cada diluicao

1/1 0,00 27,07195

1/5 -0,70 28,48392

1/25 -1,40 30,921

1/125 -2,10 33,17908

slope -2,969

EFICIENCIA 2,17

Gene agrB

Amostra cDNA

log (dilui)

valor CT em cada diluicao

1/1 0,00 21,48719

1/5 -0,70 22,96197

1/25 -1,40 25,61331

1/125 -2,10 27,95884

slope -

3,157

EFICIENCIA 2,07

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia …dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/... · 2016-09-01 · Tatiane Kuka Valente Gandra Aspectos genéticos

107

Gene agrC

Amostra cDNA

log (dilui)

valor CT em cada diluicao

1/1 0,00 24,05457

1/5 -0,70 24,75768

1/25 -1,40 27,59887

1/125 -2,10 29,76826

slope -2,858

EFICIENCIA 2,24

Gene agrD

Amostra cDNA

log (dilui)

valor CT em cada diluicao

1/1 0,00 23,63125

1/5 -0,70 25,20065

1/25 -1,40 27,84953

1/125 -2,10 30,60166

-3,370

EFICIENCIA 1,98

Gene prfA

Amostra cDNA

log (dilui)

valor CT em cada diluicao

1/1 0,00 26,10425

1/5 -0,70 26,36339

1/25 -1,40 28,53453

1/125 -2,10 34,13043

slope -3,755

EFICIENCIA 1,85