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Universidade Federal de Ouro Preto Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental Mestrado em Engenharia Ambiental ESTUDO COMPARATIVO DE MÉTODOS DE ANÁLISE PARA DETERMINAÇÃO DE CLORPIRIFÓS EM ÁGUAS DA ZONA RURAL DE OURO BRANCO/MG, EMPREGANDO PLANEJAMENTOS EXPERIMENTAIS MULTIVARIADOS Taciana Maria da Silveira Ouro Preto, MG Junho, 2012.

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Universidade Federal de Ouro Preto

Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Ambiental

Mestrado em Engenharia Ambiental

ESTUDO COMPARATIVO DE MÉTODOS DE ANÁLISE PARA DETERMINAÇÃO

DE CLORPIRIFÓS EM ÁGUAS DA ZONA RURAL DE OURO BRANCO/MG,

EMPREGANDO PLANEJAMENTOS EXPERIMENTAIS MULTIVARIADOS

Taciana Maria da Silveira

Ouro Preto, MG

Junho, 2012.

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Universidade Federal de Ouro Preto

Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Ambiental

Mestrado em Engenharia Ambiental

Taciana Maria da Silveira

ESTUDO COMPARATIVO DE MÉTODOS DE ANÁLISE PARA DETERMINAÇÃO

DE CLORPIRIFÓS EM ÁGUAS DA ZONA RURAL DE OURO BRANCO/MG,

EMPREGANDO PLANEJAMENTOS EXPERIMENTAIS MULTIVARIADOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Engenharia Ambiental, Universidade Federal de

Ouro Preto, como parte dos requisitos necessários para

obtenção do título: “Mestre em Engenharia Ambiental –

Área de concentração: Meio Ambiente”.

Orientadora: Profª. Dra. Gilmare Antônia da Silva

Ouro Preto, MG.

Junho, 2012.

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Catalogação: [email protected]

S581e Silveira, Taciana Maria da.

Estudo comparativo de métodos de análise para determinação de clorpirifós em águas da

zona rural de Ouro Branco/MG, empregando planejamentos experimentais multivariados

[manuscrito] / Taciana Maria da Silveira – 2012.

89f. : il. color.. graf., tabs, mapas.

Orientadora: Profª. Drª. Gilmare Antônia da Silva.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Ouro Preto. Programa de Pós-

graduação em Engenharia Ambiental.

Área de concentração: Meio Ambiente.

1. Clorpirifós - Teses. 2. Otimização multivariada – Teses. 3. LLE/LTP – Teses.

4. HS-SPME-GC/ECD – Teses. 5. Análise de resíduos – Teses. I. Universidade Federal de

Ouro Preto. II. Título.

CDU: 632.951

CDU: 669.162.16

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“Se um dia enxerguei mais longe foi porque

me apoiei nos ombros de gigantes.”

Isaac Newton

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AGRADECIMENTOS

A Deus por mais essa oportunidade em minha vida.

À minha família que mesmo distante foi presença nos momentos difíceis.

À Fundação Gorceix pela bolsa concedida.

À professora Gilmare por ter aceitado a árdua tarefa de orientar uma geógrafa.

Aos professores Maria Eliana e Antônio Augusto pelo espaço cedido.

Aos professores Maurício e Robson pelas boas conversas.

À Prefeitura Municipal de Ouro Branco, especialmente Maciel, sempre solícito.

À EMATER Ouro Branco, principalmente ao Paulo, pelas informações concedidas.

A todos os bataticultores pela receptividade.

À galerinha rock n’roll: Juca, Marília, Panetone, Getulinho, Sorriso, Paulinho, Cristão, Marise

e Harlei pelas boas risadas e bebemorações!

À Márcia pela boa companhia, sempre.

A todos do LAQUA pela convivência incrível, em especial à Renatinha pelos ensinamentos, a

Bel, Fla e Fernanda pelo abrigo em Viçosa; vou sentir muitas saudades.

A todas as caronas: Ouro Branco – Ouro Preto e Ouro Preto – Viçosa, valeu!

À Ananda, Shelen, Keila, Gleicee Luciana pela amizade, ensinamentos e bons momentos de

laboratório.

À Nathália, que também se empenhou nessa pesquisa.

Ao colega Erik pela ajuda com o ArcGis.

À Paloma, amiga querida de todas as horas, te adoro.

À Rosa e ao Edinho por me “adotarem” e suprirem minha ausência familiar.

Principalmente ao meu amor Jackson pela tolerância nos momentos de estresse, pelos finais

de semana em campo e por completar minha vida.

A todos que de alguma forma contribuíram para a realização desse trabalho: “WE SALUTE

YOU”, “IT'S A LONG WAY TO THE TOP”.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................08

LISTA DE TABELAS............................................................................................................10

LISTA DE EQUAÇÕES.........................................................................................................13

LISTA DE NOTAÇÕES.........................................................................................................14

RESUMO.................................................................................................................................16

ABSTRACT.............................................................................................................................17

1. Introdução ........................................................................................................................... 18

2. Objetivos .............................................................................................................................. 21

2.1. Geral .............................................................................................................................. 21

2.2. Específicos ..................................................................................................................... 21

3. Revisão Bibliográfica .......................................................................................................... 22

3.1. Contaminação Aquática por Agrotóxicos...................................................................... 22

3.2. Agrotóxicos: Definições e Usos .................................................................................... 23

3.3. Clorpirifós ...................................................................................................................... 24

3.4. Determinação de Clorpirifós em Água .......................................................................... 26

3.4.1. Extração Líquido-Líquido com Partição a Baixa Temperatura ............................ 27

3.4.2. Microextração em Fase Sólida .............................................................................. 28

3.4.3. Cromatografia Gasosa Acoplada à Detecção por Captura de Elétrons ................. 29

3.4.4. Cromatografia Gasosa Acoplada à Espectrometria de Massas ............................. 30

3.5. Validação Analítica ....................................................................................................... 31

3.5.1. Seletividade ........................................................................................................... 32

3.5.2. Linearidade e Faixa de Aplicação ......................................................................... 32

3.5.3. Precisão ................................................................................................................. 34

3.5.4. Exatidão................................................................................................................. 34

3.5.5. Limite de Detecção ............................................................................................... 35

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3.5.6. Limite de Quantificação ........................................................................................ 35

3.5.7. Robustez ................................................................................................................ 36

3.6. Métodos Quimiométricos .............................................................................................. 36

3.6.1. Planejamentos Experimentais ............................................................................... 37

4. Materiais e Métodos ........................................................................................................... 39

4.1. Área de Estudo .............................................................................................................. 39

4.2. Coleta ............................................................................................................................. 41

4.3. Reagentes e Solventes ................................................................................................... 42

4.4. Definições do Estudo para Determinação de Clorpirifós .............................................. 42

4.5. Avaliação das Técnicas de Extração/Pré-concentração................................................. 43

4.6. Instrumentação............................................................................................................... 46

4.7. Condições Cromatográficas ........................................................................................... 46

4.8. Validação do Método Analítico ..................................................................................... 47

4.8.1. Seletividade ........................................................................................................... 47

4.8.2. Limite de Detecção e Limite de Quantificação do Método .................................. 47

4.8.3. Linearidade do Método e Faixa de Trabalho ........................................................ 47

4.8.4. Precisão ................................................................................................................. 48

4.8.5. Exatidão................................................................................................................. 48

5. Resultados e Discussão ....................................................................................................... 49

5.1. Região de Estudo ........................................................................................................... 49

5.2. Coleta ............................................................................................................................. 51

5.3. Análises Cromatográficas .............................................................................................. 52

5.4. Estudo e Otimização da Técnica de Extração Líquido-Líquido com Partição a Baixa

Temperatura .......................................................................................................................... 54

5.5. Estudo e Otimização da Técnica de Microextração em Fase Sólida com Headspace .. 60

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5.6. Validação do Método para Determinação de Clorpirifós em Água .................................. 69

5.6.1. Seletividade ........................................................................................................... 69

5.6.2. LOD e LOQ........................................................................................................... 70

5.6.3. Linearidade e Faixa de Trabalho ........................................................................... 71

5.6.4. Precisão ................................................................................................................. 72

5.6.5. Exatidão................................................................................................................. 73

5.7. Análise das Amostras Naturais Coletadas ..................................................................... 74

6. Conclusões ........................................................................................................................... 77

7. Sugestões para Trabalhos Futuros .................................................................................... 78

8. Referências Bibliográficas ................................................................................................. 79

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Estrutura molecular do clorpirifós. .......................................................................... 25

Figura 2. Representação de uma das rotas de hidrólise do clorpirifós. Fonte: Adaptado da ref.

21. ............................................................................................................................................. 26

Figura 3. Comunidades rurais (delimitações circulares em cinza) da cidade de Ouro

Branco/MG. Fonte: ref. 62. ...................................................................................................... 40

Figura 4. Ilustração do sistema de filtração a vácuo utilizado no trabalho. ............................ 42

Figura 5. (a) Descarte inadequado de embalagens em nascente próxima à plantação; (b)

Aplicação de agrotóxico sem EPI em plantação de batata na zona rural de Ouro Branco/MG;

(c) Descarte inadequado de embalagens em matas ciliares; e (d) Exposição a agrotóxicos sem

EPI e descarte inadequado de embalagens. .............................................................................. 49

Figura 6. Localização dos pontos de coleta na zona rural de Ouro Branco/MG. O mapa foi

confeccionado utilizando o software ArcGis............................................................................ 52

Figura 7. Cromatógrafo a gás com detector por captura de elétrons utilizado nas análises

deste trabalho. ........................................................................................................................... 53

Figura 8. Cromatógrafo a gás com detecção por espectrometria de massas utilizado em

análises deste trabalho. ............................................................................................................. 54

Figura 9. Ilustração do sistema LLE-LTP empregado neste trabalho; separação das fases

imiscíveis aquosa e orgânica. ................................................................................................... 54

Figura 10. Correlação entre os valores medidos e os valores previstos pelo modelo de

regressão quadrático do planejamento Doehlert dos valores de área de clorpirifós, na extração

por LLE-LTP. ........................................................................................................................... 59

Figura 11. Gráfico de probabilidade normal do planejamento Doehlert no estudo da

otimização da extração de clorpirifós por LLE-LTP, mostrando as variáveis significativas. .. 60

Figura 12. Esquema representativo do procedimento de extração por HS-SPME. Adaptado da

ref. 41. ....................................................................................................................................... 61

Figura 13. Montagem para extração de clorpirifós em água por HS-SPME utilizado neste

trabalho. .................................................................................................................................... 62

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Figura 14. Exposição da fibra para dessorção do analito no sistema GC-ECD. ..................... 69

Figura 15. Ilustração de um dos pontos de coleta de amostra de água superficial próximo a

plantações de batata na zona rural de Ouro Branco/MG. ......................................................... 69

Figura 16. Cromatograma obtido após extração HS-SPME da amostra fortificada com

clorpirifós a 5,00 µg/L (a) seguido do cromatograma da extração HS-SPME de uma matriz de

água superficial (b).. ................................................................................................................. 70

Figura 17. Regressão do estudo da linearidade do método proposto e otimizado para análise

de clorpirifós em água. ............................................................................................................. 71

Figura 18. Faixa de trabalho obtida no processo de validação do método proposto e

otimizado para determinação de clorpirifós em água. .............................................................. 72

Figura 19. Cromatograma de clorpirifós em amostra de água natural coletada em curso

d’água da zona rural de Ouro Branco/MG, obtido por GC-ECD. ............................................ 76

Figura 20. Cromatograma de clorpirifós em amostra de água natural coletada em curso

d’água da zona rural de Ouro Branco/MG, obtido por GC-MS. .............................................. 76

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Parâmetros ANVISA e INMETRO para validação de métodos analíticos. ............ 32

Tabela 2. Planejamento fatorial completo 24, com 4 replicatas no ponto central (pc), para

investigação das variáveis experimentais do método LLE-LTP: volume de fase aquosa (mL),

volume de fase orgânica (mL), tempo de agitação (min) e concentração de eletrólito (mol/L).

Os valores em parênteses indicam os níveis decodificados. .................................................... 44

Tabela 3. Planejamento fatorial completo 24, com 4 replicatas no ponto central (pc), para

investigação das variáveis experimentais do método HS-SPME: tempo de extração (min),

temperatura de extração (°C), concentração de eletrólito (mol/L) e volume de amostra (mL).

Os valores em parênteses indicam os níveis decodificados. .................................................... 45

Tabela 4. Coordenadas geodésicas dos pontos de coleta S= Sul e W= Oeste. ........................ 51

Tabela 5. Resultados (áreas cromatográficas) dos ensaios experimentais do planejamento

fatorial completo 24, com 4 replicatas no ponto central (ensaios 17 a 20), para investigação

das variáveis experimentais do método LLE/LTP: volume de fase aquosa (mL), volume de

fase orgânica (mL), tempo de agitação (min) e concentração de eletrólito (mol/L). ............... 56

Tabela 6. Efeitos do planejamento de triagem para a avaliação dos parâmetros operacionais

LLE-LTP, na extração de clorpirifós em água (1 - volume de fase aquosa (mL), 2 - volume de

fase orgânica (mL), 3 - tempo de agitação (min) e 4 - concentração de eletrólito (mol/L)). Os

valores sublinhados indicam efeitos significativos. A última coluna corresponde aos valores

do parâmetro estatístico p, ao nível de significância de 0,05, considerando o erro puro. ........ 57

Tabela 7. Planejamento Doehlert, com quatro replicatas no ponto central (ensaios 21 a 24),

para otimização das condições experimentais da técnica LLE-LTP volume de fase aquosa

(mL), volume de fase orgânica (mL), tempo de agitação (min) e concentração de eletrólito

(mol/L), para extração de clorpirifós em água. Os valores em parênteses representam os níveis

decodificados. A última coluna corresponde aos valores de área cromatográfica de clorpirifós

obtidos para cada ponto experimental do planejamento. .......................................................... 58

Tabela 8. Condição experimental ótima apontada pelo planejamento Doehlert para extração

de clorpirifós em água por LLE-LTP. ...................................................................................... 59

Tabela 9. Resultados (áreas cromatográficas) dos ensaios experimentais do planejamento

fatorial completo 24, com 4 replicatas no ponto central (ensaios 17 a 20), para investigação

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das variáveis experimentais do método HS-SPME: tempo de extração (min), temperatura de

extração (°C), concentração de eletrólito (mol/L) e volume de amostra (mL)......................... 63

Tabela 10. Efeitos do planejamento de triagem para a avaliação dos parâmetros operacionais

HS-SPME, na extração de clorpirifós em água (1 - tempo de extração (min), 2 - temperatura

de extração (°C), 3 - concentração de eletrólito (mol/L) e 4 - volume de amostra (mL)). Os

valores sublinhados indicam efeitos significativos. A última coluna corresponde aos valores

do parâmetro estatístico p, ao nível de significância de 0,05, considerando o erro puro. ........ 64

Tabela 11. Planejamento Doehlert, com quatro replicatas no ponto central (ensaios 21 a 24),

para otimização das condições experimentais da técnica HS-SPME tempo de extração (min),

temperatura de extração (°C), volume de amostra (mL) e concentração de eletrólito (mol/L),

para extração de clorpirifós em água. Os valores em parênteses representam os níveis

decodificados. A última coluna corresponde aos valores de área cromatográfica de clorpirifós

obtidos para cada ponto experimental do planejamento. .......................................................... 65

Tabela 12. Condição experimental ótima apontada pelo planejamento Doehlert para extração

de clorpirifós em água por HS-SPME. ..................................................................................... 66

Tabela 13. Coeficientes do planejamento Doehlert para a avaliação dos parâmetros

operacionais HS-SPME, na extração de clorpirifós em água (1 - tempo de extração (min), 2 -

temperatura de extração (°C), 3 - volume de amostra (mL) e 4 - concentração de eletrólito

(mol/L)). Os valores sublinhados indicam efeitos significativos. A última coluna corresponde

aos valores do parâmetro estatístico p, ao nível de significância de 0,05, considerando a soma

quadrática dos resíduos. ............................................................................................................ 66

Tabela 14. Tabela de análise de variância para o planejamento Doehlert executado no estudo

da otimização das condições operacionais HS-SPME para determinação de clorpirifós em

água, no nível de significância de 0,05. Valores sublinhados indicam valores significativos.

FV = fonte de variância, SQ = soma quadrática, nGL = número de graus de liberdade, MQ =

média quadrática, Fcalc = valor calculado do teste F, e p = parâmetro estatístico p. .............. 68

Tabela 15. Limites de detecção e quantificação do método proposto e otimizado para

determinação de clorpirifós em água. ....................................................................................... 71

Tabela 16. Coeficientes de variação da repetitividade e precisão intermediária na avaliação da

precisão do método para determinação de clorpirifós em água................................................ 73

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Tabela 17. Porcentagens de recuperação de clorpirifós em amostras de água após análise com

o método proposto, otimizado e validado. ................................................................................ 74

Tabela 18. Resultados para análise de clorpirifós em água superficial por GC-ECD. ............ 75

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LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 ................................................................................................................................33

Equação 2.................................................................................................................................34

Equação 3 ................................................................................................................................35

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LISTA DE NOTAÇÕES

ANOVA - Tabela de Análise de Variância

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Carboxen/PDMS - Carboxen/Polidimetilsiloxano

CCD - Planejamento Composto Central

CV - Coeficiente de Variação

CWX - Carbowax

DDT - Dicloro-Difenil-Tricloroetano

DNA - Ácido Desoxirribonucléico

DVB/CARBOXEN/PDMS - Divinilbenzeno/Carboxen/Polidimetilsiloxano

EMATER- Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

EPA - Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos

EPI - Equipamento de Proteção Individual

FS - Sílica Fundida

GC-ECD - Cromatografia a Gás com Detector por Captura de Elétrons

GC-MS - Cromatografia a Gás acoplada à Espectrometria de Massas

GPS - Sistema de Posicionamento Global

HS-SPME - Microextração em Fase Sólida com Headspace

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICH - Conferência Internacional de Harmonização

INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia

LAQUA - Laboratório de Química Analítica

LD 50 - Dose letal para matar 50% de uma população

LLE-LTP - Extração Líquido-Líquido com Partição a Baixa Temperatura

LOD - Limite de Detecção

LOQ - Limite de Quantificação

MLR - Limite Máximo de Resíduos

PA - Poliacrilato

PDMS100 -Polidimetilsiloxano com espessura de 100 µm

PDMS/DVB - Polidimetilsiloxano/Divinilbenzeno

pH - Potencial Hidrogeniônico

RSD - Desvio Padrão Relativo

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RSM - Metodologia de Superfície de Resposta

SCAN -Escaneamento de Faixa de Massa

SIM - Monitoramento de Íon Específico

TCP- Tricloropiridiol

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RESUMO

Produzidos desde a década de 40, os organofosforados foram os primeiros a substituírem os

organoclorados, aos quais os insetos já apresentavam resistência. Dentre estes o clorpirifós

apresenta-se como um inseticida altamente tóxico. Devido à sua elevada lipossolubilidade é

absorvido pelo organismo humano, especialmente pela pele. Os organofosforadossão

conhecidos por induzirem ou agravarem certos problemas de saúde; assim é importante seu

monitoramento. Para a determinação de clorpirifós em amostras aquosas geralmente utiliza-se

etapas de extração/pré-concentração antes de se efetuar a quantificação. Neste trabalho,

foramavaliadas as técnicasextração líquido-líquido com partição a baixa temperatura (LLE-

LTP) e microextração em fase sólida com headspace (HS-SPME) e as técnicas de

cromatografia gasosa com detecção por captura de elétrons (GC-ECD) e cromatografia gasosa

acoplada à espectrometria de massas (GC-MS) para definição do método analítico mais

sensível, utilizando planejamentos experimentais multivariados para a otimização dos

métodos de preparo de amostra. Após a otimização, o método HS-SPME/GC-ECD foi

validado para o monitoramento de clorpirifós em cursos d’água superficiais próximos às

principais plantações de batata na zona rural de Ouro Branco/MG. Apresença de agrotóxicos,

como o clorpirifós nesses cursos d’água, foi relacionada em pesquisas anteriores aos altos

índices dos casos de hipertensão e aborto da população da zona rural. A definição dos pontos

de coleta foi feita após visitas de campo e levantamento de informações obtidas junto aos

órgãos e pessoas competentes. O planejamento fatorial completo apontou as variáveis tempo

(1)e temperatura de extração (2), volume de amostra (3) e concentração de eletrólito (4) como

importantes para o sistema;logo as mesmas foram avaliadas em mais níveis pela matriz

Doehlert.As variáveis 1, 2 e 3 foram apontadas como as que influenciam o sistema. O modelo

quadrático do planejamento Doehlert foi significativo não apresentando falta de ajuste e a

condição ótima foi definida no tempo e temperatura de extração de 60 min e 85 °C,

respectivamente, com um volume de amostra de 11 mL e 0,04 mol/L de concentração de

eletrólito. O método otimizado foi validado considerando os parâmetros seletividade,

linearidade, precisão (repetitividade e precisão intermediária), exatidão e os limites de

detecção (LOD) e quantificação (LOQ). O LOQ e LOD foram 0,76 e 2,28 µg/L,

respectivamente. O método se mostrou linear com R2 igual a 0,992. Os resultados indicaram

que o método HS-SPME/GC-ECD proposto é eficiente para a determinação de clorpirifós em

água e as análises das amostras coletadas indicaram a presença de clorpirifós em

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concentrações entre osvalores de LOD e LOQ. Os resultados desta pesquisa foram informados

à Prefeitura Municipal de Ouro Branco e órgãos competentes.

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ABSTRACT

Produced since1940, organophosphates were the first to replace the organochlorines, which

already had bug resistance. Among these chlorpyrifos presents itself as a highly toxic

insecticide. Due to its high lipossolubility it is absorbed by the human body, especially the

skin. Organophosphates are known to induce or worsen certain health problems; so it is

important its monitoring. For the determination of chlorpyrifos in aqueous samples generally

are used steps of extraction/pre-concentration before performing the measurement. In this

study it was investigated the liquid-liquid extraction technique withlow temperature partition

(LLE-LTP) and solid phase microextraction with headspace (HS-SPME) and the techniques

of gas chromatography with electron capture detection (GC- ECD) and gas chromatography

coupled to mass spectrometry (GC-MS) to define the most sensitive analytical method, using

multivariate experimental designs for the optimization of the sample preparation techniques.

After optimization, the HS-SPME/GC-ECD method was validated for the monitoring of

chlorpyrifosin surface water bodies close to the main potato fields in countryside of

OuroBranco/MG; the presence of pesticides, such as chlorpyrifos, in these streams has been

linked in previous research to the high rates of hypertension and abortion cases of the

population in rural areas. The definition of the sampling was made after field visits and

information survey obtained from the competent agencies and people. The full factorial

design showed the variables time (1) and temperature of extraction (2), sample volume (3)

and concentration of electrolyte (4) as important to the system; in this way the same ones

were evaluated in more levels by Doehlert matrix. Variables 1, 2 and 3 were identified as

those that affect the system, the quadratic modelof Doehlert design was significant not

showing lack of fit and the optimal condition was set in the time and temperature of extraction

of 60 min and 85 °C, respectively, with a volume of 11 mL and 0.04 mol/L of electrolyte

concentration. The optimized method was validated considering the parameters selectivity,

linearity, precision (repeatability and intermediate precision), accuracy and limits of detection

(LOD) and quantitation (LOQ). The LOD and LOQ were 0.76 and 2.28 µg/L, respectively.

The method was linear with R2 equal to 0.992. The results indicate that the method HS-

SPME/ECD-GC proposed is efficient for the determination of chlorpyrifos in water and the

analysis of the samples indicated the presence of chlorpyrifos in concentrations between the

values of LOD and LOQ. These results were reported to the Ouro Branco City Hall and

competent agencies.

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18

1. Introdução

A batata (Solanum tuberosum L.) está entre os alimentos mais consumidos no mundo,

sendo superada apenas pelo trigo, arroz e milho. No Brasil, condições favoráveis para o

desenvolvimento da batata são encontradas nas regiões Sul e Sudeste, onde se destacam como

maiores produtores os estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná. O estado de Minas

Gerais ocupa a liderança nacional na produção.1 - 3

O modelo de agricultura adotado no Brasil baseia-se no uso de agrotóxicos, assim,

estes compostos são empregados há bastante tempo e a partir da 2ªguerra mundial passaram a

ser mais intensamente utilizados.4 Não se pode negar que estes produtos possibilitaram o

aumento da produtividade agrícola e têm auxiliado no controle de vetores de diversas doenças

das plantas. Entretanto, seu uso desordenado e excessivo vem provocando diversos impactos

sobre o meio ambiente. Dentre os impactos ao ambiente pode-se citar a presença de resíduos

no solo, na água, no ar, nas plantas e nos animais. Apesar do desenvolvimento de técnicas

alternativas para controlar as pragas que prejudicam a bataticultura, como o uso de variedades

resistentese o controle biológico, o uso de agrotóxicos ao longo de toda área cultivada ainda é

o mais utilizado pelos produtores, que alegam que para se obter um cultivo lucrativo e

competitivo este é o método mais eficaz.2

O uso indiscriminado de agrotóxicos em plantações brasileiras é uma realidade e tal

fato não se difere do que ocorre nas plantações de batata da zona rural de Ouro Branco/MG.

Conforme informações obtidas na Secretaria de Agricultura da prefeitura da cidade de Ouro

Branco, o cultivo de batata inglesa neste município data do início do século XX.As terras de

Ouro Preto (cidade limítrofe) não eram propícias para agricultura devido à forte presença de

minerais no solo. Assim, a agricultura em geral se desenvolveu em Ouro Branco, abastecendo

a população vizinha. A cultura de batata passou a ser um dos principais cultivos e Ouro

Branco passou a se destacar na sua produção, que se tornou ciclo econômico, marcando a

cultura local; há 18 anos a cidade comemora o Festival da Batata. Segundo a Empresa de

Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) Ouro Branco (2010), atualmente cerca de

50 produtores cultivam a batata inglesa na zona rural de Ouro Branco. O plantio e colheita são

feitos durante todo o ano, se dividindo em três safras, constituindo uma prática agrícola

intensiva.

Em pesquisa realizada previamente,2 vários moradores da zona rural de Ouro Branco

relataram sintomas de exposição a agrotóxicos e dentre estes, as doenças respiratórias estão

incluídas. Em uma das comunidades, 33% da população amostrada possui algum problema

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19

relacionado a esta exposição, tais como: cefaleia, problemas visuais, hipertensão, dores nos

membros, arritmia cardíaca ou algum tipo de problema reprodutivo. Isso demonstra que a

população local provavelmente está exposta à ação e efeitos destes produtos químicos, o que

demanda uma ação urgente por parte de todos os envolvidos.

Nesse contexto, é abordada a problemática da contaminação dos cursos d’água por

agrotóxicos utilizados em plantações de batata inglesa na zona rural de Ouro Branco/MG.

Partindo do levantamento de todas as informações cabíveis por meio de visitas e aplicação de

questionário aos órgãos competentes, bataticultores e comércio local foram definidos os

procedimentos analíticos para determinação qualitativa e quantitativa do agrotóxico

clorpirifós, muito utilizado nas plantações de batata próximas aos cursos d’água das

comunidades rurais, como também foram decididos os pontos de coleta para monitoramento

do mesmo.

É importante a preservação da qualidade das águas onde a contaminação representa

risco para a população e principalmente para as futuras gerações, ressaltando que os

mananciais e nascentes na sua grande maioria estão inseridos na área rural, portanto, perto das

áreas de cultivo agrícola onde há uso intenso de agrotóxicos.5

Nas últimas décadas, com a evolução das técnicas analíticas, foi possível a detecção de

contaminação por agrotóxicos nos sistemas hídricos em níveis bastante reduzidos. Também,

já foi comprovado por diversos estudos que a presença de agrotóxicos nos sistemas hídricos

seria mais comum do que se imaginava, principalmente nos sistemas hídricos próximos de

regiões agrícolas intensivas na utilização de agrotóxicos,6 como é o caso deste trabalho.

Assim, neste trabalho, foi realizado o estudo da determinação do inseticida

organofosforado clorpirifós em água, avaliando-se diferentes técnicas de extração/pré-

concentração e determinação, a fim de apontar o método analítico mais sensível para sua

quantificação, com a aplicação de métodos multivariados de otimização, para se alcançar o

máximo desempenho das técnicas de preparo de amostra empregadas. Para o processo de

triagem foi aplicado o planejamento multivariado fatorial completo 24 e para a etapa de

construção de superfície de resposta o planejamento multivariado ou matriz Doehlert com

quatro variáveis. Os planejamentos multivariados possibilitaram a investigação de diferentes

fatores ao mesmo tempo, com um número reduzido de experimentos, e o apontamento da

condição operacional que proporcionasse a maior quantidade extraída. Foram avaliadas como

técnicas de extração a extração líquido-líquido com partição a baixa temperatura (LLE-

LTP)7e a microextração em fase sólida com headspace (HS-SPME) e, como técnicas de

determinação, a cromatografia gasosa com detecção por captura de elétrons (GC-ECD) e a

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20

cromatografia gasosa com espectrometria de massas (GC-MS). O método mais sensível foi

validado em função das figuras de mérito sensibilidade, linearidade, precisão, exatidão e os

limites de detecção (LOD) e quantificação (LOQ) e aplicado para determinação de clorpirifós

em cursos d’água próximos às principais plantações de batata das comunidades rurais de Ouro

Branco/MG.

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21

2. Objetivos

2.1. Geral

Determinar o inseticida organofosforado clorpirifós em cursos d’água próximos a

plantações de batata na zona rural de Ouro Branco/MG, por meio da avaliação de diferentes

técnicas de extração/pré-concentração de analitos e de determinação cromatográfica, com o

auxílio de métodos de otimização multivariada, e validação do método analítico apontado

como mais adequado.

2.2. Específicos

Identificar as principais plantações de batata na zona rural de Ouro Branco/MG e

agrotóxicos utilizados;

Definir os pontos de coleta e o agrotóxico a ser monitorado;

Georreferenciar os pontos de coleta e confeccionar o mapa com os dados de

amostragem;

Avaliar as técnicas de preparo de amostrasextração líquido-líquido com partição a

baixa temperatura e microextração em fase sólida para a extração/pré-concentração de

clorpirifós em água, por meio de técnicas de otimização multivariadatais como o

planejamento fatorialcompleto 24e o planejamento ou matriz Doehlert com quatro variáveis;

Validar o método analíticoselecionado, em função das figuras de mérito sensibilidade,

linearidade, precisão, exatidão e os limites de detecção (LOD) e quantificação (LOQ), para

determinação de clorpirifós em água;

Realizar coletasem campanhas diferentes (períodos sazonais distintos) a fim de

monitorar a presença de clorpirifós nas águas superficiais;

Determinar o clorpirifós nas amostras de água superficial coletadas; e

Contatar os órgãos e pessoas competentes locais acerca dos resultados obtidos para

auxílio na posterior utilização das informações adquiridas na tomada de decisões.

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22

3.Revisão Bibliográfica

3.1. Contaminação Aquática por Agrotóxicos

A água é a substância química mais abundante da matéria viva e desempenha funções

importantes como: solvente de líquidos corpóreos, meio de transporte de moléculas, regulação

térmica, ação lubrificante, atuação nas reações de hidrólise, entre outras.8

A humanidade, até háalgumas décadas, tinha a água como um bem infinito e que a

capacidade de autodepuração dos corpos também o era. Mas nas últimas décadas, o rápido

desenvolvimento industrial, o aumento do número de habitantes e da produtividade agrícola

trouxeram como consequência a preocupação com a qualidade e disponibilidade de água para

consumo humano devido à rápida degradação dos corpos d’água.8

A diminuição da qualidade de águas superficiais e consequente escassez de água

potável é atualmente uma preocupação de órgãos públicos ambientais e da saúde. Essa

diminuição pode ser causada pela presença de substâncias potencialmente tóxicas. Os

agrotóxicos organoclorados, por exemplo, destacam-se entre os principais agentes

contaminantes por apresentarem elevada persistência ambiental.9

Existem muitos agrotóxicos disponíveis para o uso comercial e apesar de trazerem

muitos benefícios, especialmente na agricultura, eles são tóxicos para os seres humanos. Em

alguns casos esses compostos são bio-acumulativos. Portanto, se faz necessário o

desenvolvimento de métodos analíticos para a determinação das diferentes classes de

agrotóxicos tanto em matrizes aquosas quanto sólidas.10

O uso de compostos agroquímicos (inseticidas, fungicidas, herbicidas, fertilizantes,

entre outros) representa um risco para a qualidade da água principalmente em áreas próximas

a regiões agrícolas, pois nestas regiões a presença desses compostos químicos nos sistemas

hídricos é muito comum, devido ao fato destas substâncias se dispersarem, principalmente

através do solo, contaminando tanto águas subterrâneas como superficiais.11

Assim, o uso de

agrotóxicos e seus possíveis efeitos à saúde humana e ao meio ambiente tornaram-se uma

grande preocupação para a comunidade científica, principalmente quando o recursohídrico

potencialmente contaminado é utilizado ou passível de utilização para consumo humano.6

Alguns trabalhos sintetizam os fatores que influenciam a dinâmica dos agrotóxicos no

ambiente12

onde mostram que é grande o grau de dificuldade na avaliação dos riscos de

contaminação de ambientes aquáticos decorrente do uso dessas substâncias. É importante

enfatizar que existe, ainda hoje, muita controvérsia com relação aos efeitos tóxicos crônicos

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dos agrotóxicos para o ser humano, principalmente quando consumidos em baixas doses ao

longo de toda uma vida. Isto indica a necessidade de desenvolver estudos sobre a presença de

resíduos dessas substâncias no ambiente, como o aquático, a fim de promover o controle

ambiental, além de se investigar seus efeitos sobre a saúde humana e do meio ambiente.12

3.2. Agrotóxicos: Definições e Usos

O novo estilo de consumo da sociedade moderna levou ao crescimento das exigências

da qualidade e quantidade de produtos disponíveis, incrementou a demanda de recursos

naturais e também a produção agrícola. A consequência foi o uso de maneira intensiva de

produtos químicos como inseticidas, fungicidas, herbicidas, fertilizantes, entre outros. O

Brasil é o terceiro maior consumidor de agrotóxicos do mundo, aplicando aproximadamente

150 mil toneladas dos mesmos por ano, o que movimenta um mercado de 1 bilhão de dólares.

É visível que praticamente toda produção agrícola em escala comercial, cujo objetivo seja

produzir intensivamente, utilize agrotóxicos no processo produtivo.13

A agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) define agrotóxico como

qualquer substância ou mistura de substâncias com a capacidade de prevenir, destruir, repelir

ou atenuar qualquer peste. São destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento

e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas nativas ou

plantadas e de outros ecossistemas e ambientes urbanos, hídricos e industriais.14

Segundo a

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a finalidade dos agrotóxicos é alterar a

composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa dos seres vivos

considerados nocivos, com as substâncias e produtos atuando como desfolhantes, dessecantes,

estimuladores e inibidores de crescimento.15

A poluição do ambiente por agrotóxicos é uma

preocupação crescente, uma vez que estes compostos de diversas naturezas químicas são

utilizados em larga escala para diferentes fins. Estes agrotóxicos alcançam as vegetações

adjacentes aos locais de aplicação, as águas e os animais que vivem no solo.13

Vários agrotóxicos são frequentemente empregados na agricultura para controle de

pragas, uma vez que contribuem para aumentar a produtividade. No entanto, resíduos desses

compostos podem permanecer em alimentos, nos solos, no ar, na água, etc., o que é bastante

prejudicial ao ser humano.16

Segundo o Manual de Vigilância da Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos17

os

agrotóxicos podem ser classificados sob diversos aspectos:

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24

(a) de acordo com o tipo ou espécie de organismo que se pretende eliminar ou

controlar;

(b) de acordo com a estrutura química das substâncias ativas; e

(c) de acordo com o grau de perigo à saúde humana que eles oferecem.

A seguir são apresentadas exemplificações dessas classificações:

Quanto ao organismo que eliminam ou controlam:

Inseticidas (insetos), herbicidas (ervas daninhas), fungicidas (fungos), raticidas

(roedores), bactericidas (bactérias), nematicidas (vermes), larvicidas (larvas), cupinicidas

(cupins), formicidas (formigas), pulguicidas (pulgas), piolhicidas (piolhos), carrapaticidas

(carrapatos), acaricidas (ácaros), molusquicidas (moluscos), avicidas (aves) e columbicidas

(pombos);

Quanto à estrutura química:

Organofosforados (e.g. clorpirifós, malationa, diclorvos, metil parationa,

emetamidofós), organoclorados (e.g. dicloro-difenil-tricloroetano(DDT), aldrinelindano),

carbamatos (e.g. aldicarb, carbaril e zectran),piretroides (e.g. deltametrina, cipermetrina,

permetrina e fenpropratina),neocotinoides (e.g. imidacloprido e tiacloprido), entre outros;

Quanto à toxicidade:

Esta classificação garante a interpretação direta do grau de perigo dos agrotóxicos à

saúde humana, facilitando ao agricultor e principalmente ao leigo interpretar a dimensão do

risco à saúde envolvida quando da utilização destes produtos. Ela é baseada na dose letal 50

(LD 50), que é um valor estatístico que determina a quantidade de agrotóxico em mg/kg de

peso corporal necessária para matar 50% da amostra populacional em estudos por

intoxicações agudas. Os valores são determinados em cobaias e extrapolados para humanos a

partir do peso. Existem quatro classes, a saber:

Classe I (rótulo vermelho) - extremamente tóxicas;

Classe II (rótulo amarelo) - altamente tóxicas;

Classe III (rótulo azul) - moderadamente tóxicas; e

Classe IV (rótulo verde) - pouco tóxicas.

3.3. Clorpirifós

Produzidos na década de 40, os organofosforados foram os primeiros a substituírem os

representantes do grupo dos organoclorados, aos quais os insetos já apresentavam

resistência.Porém, geralmente demonstram um efeito tóxico mais agudo para os seres

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humanos e outros mamíferos. O clorpirifós (tiofosfatode o,o-dietil-o-(3,5,6-tricloro-2-piridila)

- fórmula estruturalC9H11Cl3NO3PS) (Figura 1), inseticida organofosforado, é altamente

tóxico (classe II) e apresenta baixa solubilidade em água (1,39 mg/L). Devido à elevada

lipossolubilidade que apresenta é absorvido pelo organismo humano, especialmente pela pele,

além de membranas mucosas e pela via respiratória. Atua inibindo a ação da enzima

acetilcolinesterase na transmissão dos impulsos nervosos.

Figura 1. Estrutura molecular do clorpirifós.

Estudos com exposição perinatal têm demonstrado que o clorpirifós é altamente tóxico

para ratos neonatos, persistindo os efeitos até a fase adulta. Exposição a doses baixas pode

provocar toxicidade sistêmica determinando alterações no desenvolvimento das células

neurais, com respeito à síntese do DNA, diferenciação celular e sinaptogenese.18

Seu uso está registrado em mais de 900 formulações diferentes de agrotóxicos no

mundo. Dependendo da formulação e tipo de aplicação, resíduos de clorpirifós podem ser

detectáveis de meses a anos. No Brasil, a agricultura tem consumido cerca de 230 mil

toneladas deste agrotóxico por ano.19

De acordo com relatório da EPA20

, clorpirifós foi detectado em águas de superfície em

1998; os resultados apontaram concentrações abaixo de 0,1 µg/L. A meia-vida do mesmo no

solo é geralmente entre 60 e 120 dias, podendo variar de duas semanas a mais de um ano

dependendo do tipo de solo, clima e outras condições.21

Possui alto coeficiente de sorção no

solo, fator que contribui para sua persistência no ambiente. Sua concentração na água é dita

baixa em parte devido ao fato de ser geralmente pouco solúvel em água e em parte devido ao

efeito de diluição. Isto, no entanto, não exclui a possibilidade de que concentrações muito

altas venham a ocorrer após períodos chuvosos intensos, especialmente quando as áreas

próximas dos cursos d’água tenham sido recentemente tratadas com altas doses do composto.

Seu uso representa um risco para a qualidade da água principalmente em áreas

próximas a regiões agrícolas, pois nestas a presença do composto nos sistemas hídricos é

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muito comum, devido ao fato da dispersão ou lixiviação no solo, o que contamina tanto águas

subterrâneas como superficiais.11

Um dos produtos da hidrólise do clorpirifós é o 3,5,6-tricloro-2-piridiol (TCP) (Figura

2), que apresenta maior solubilidade em água do que o clorpirifós e provoca a contaminação

generalizada dos solos e ambiente aquático. Na presença de ozônio, tetróxido de dinitrogênio

e ácido perclórico, a ligação tiofosforil (P=S) pode ser oxidada a oxon (P=O). O oxons

correspondentes são muito mais tóxicos, geralmente mais potentes na inibição da

acetilcolinesterase. Além disso, o TCP também é persistente à degradação por

microrganismos.21 - 22

Outros estudos apontam quea meia-vidadoclorpirifósvariadehoras a

meses; fatores como pH influenciam nesse processo, sendo possível encontrar uma variedade

de relatos sobre a meia-vida de clorpirifós em água.22 - 28

Figura 2. Representação de uma das rotas de hidrólise do clorpirifós. Fonte: Adaptado da ref. 21.

3.4. Determinação de Clorpirifós em Água

De acordo com o guia para qualidade de água para consumo humano da EPA, a

concentração máxima aceitável de clorpirifós em água potável é de 30 µg/L.20, 29

Já a

legislação canadense estabelece que a concentração máxima aceitável de clorpirifós em água

potável é de 90 µg/L.28

No Brasil, a legislação não estabelece níveis de concentração para

clorpirifós em água.

A cromatografia gasosa (GC) é uma das técnicas mais utilizadas para identificação e

quantificação de compostos voláteis ou volatizáveis, como o clorpirifós. Destaca-se pela

TCP

Desetil Clorpirifós

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27

disponibilidade de uma gama de detectores (captura de elétrons (ECD), fotométrico de chama

(FPD), espectrometria de massas (MS), etc.) que permitem detectar agrotóxicos em geral e/ou

seus produtos de degradação em quantidades inferiores aos limites máximos de resíduos

(MLR), estabelecidos pela ANVISA.27

Entretanto, para a determinação cromatográfica de clorpirifós em amostras aquosas,

geralmente faz-se necessárias etapas de pré-concentração e extração de analitos antes de se

efetuar a quantificação. As técnicas de extração e/ou pré-concentração permitem que a análise

dos componentes de interesse se torne possível. A meta final é a obtenção de uma sub-fração

da amostra original enriquecida com as substâncias de interesse analítico, de forma que se

obtenha uma separação cromatográfica livre de interferências, com detecção adequada e um

tempo razoável de análise.26

Dentre as técnicas de extração/pré-concentração disponíveis, o clorpirifós pode ser

extraído a partir da microextração em fase sólida (SPME) ou pela extração líquido-líquido, na

modalidade com partição a baixa temperatura (LLE-LTP).7

3.4.1.Extração Líquido-Líquido com Partição a Baixa Temperatura

Recentemente, a técnica de extração líquido-líquido com partição a baixa temperatura

surgiu como uma alternativa para a extração de agrotóxicos em água e em leite. A extração se

baseia na partição dos analitos entre as fases aquosa e orgânica, decorrente da diminuição da

temperatura (-20 ºC). A vantagem do método é que os componentes da amostra são retidos na

fase aquosa enquanto os agrotóxicos são extraídos pela fase orgânica.30

A LLE apresenta as vantagens de ser simples e poder utilizar um número grande de

solventes, os quais fornecem uma ampla faixa de solubilidade e seletividade.31

Trata-se de um

procedimento analítico que pode ser utilizado para a pré-concentração de agrotóxicos

organofosforados e posterior análise destes por cromatografia.26

Uma variação da técnica de LLE foi, no passado, desenvolvida para extração de

pesticidas em plantas e matrizes animais, em que os materiais gordurosos eram separados por

precipitação em baixa temperatura. O abaixamento da temperatura a valores tão baixos como

o recomendado (-70 ºC) impedia o uso intensivo da técnica. Recentemente, foi descrito o

emprego da técnica de extração em baixa temperatura para determinação de agrotóxicos em

amostras líquidas e sólidas. A técnica aplicada em amostras líquidas consistiu na adição de

acetonitrila à amostra em uma proporção de 2:1 (v/v). Com a adição da acetonitrila é formada

uma fase única líquida contendo água e solvente, a qual é resfriada a -20 ºC para separação

das fases. Para amostras sólidas a mistura formada pela fase líquida e o material sólido é

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resfriada a -20 ºC após agitação. Com o abaixamento da temperatura, o material sólido e a

fase aquosa congelam promovendo a separação das fases. A acetonitrila, de temperatura de

congelamento igual a -46 ºC fica líquida e é retirada facilmente. Geralmente as taxas de

recuperação dos agrotóxicos ficam próximas de 90%, não sendo necessários outros processos

de purificação.32

A cromatografia em fase gasosa com detector por captura de elétrons também

pode ser utilizada em conjunto com a LLE para detecção de agrotóxicos organofosforados.33

3.4.2. Microextração em Fase Sólida

A SPME é uma microtécnica em que os processos de extração e pré-concentração de

analitos ocorrem numa escala dimensional que não é das mais usuais. O dispositivo básico de

SPME consiste de um bastão de fibra ótica de sílica fundida (FS) de 100µm de diâmetro, com

10 mm de uma extremidade recoberta com um filme fino de um polímero (e.g.

polidimetilsiloxano(PDMS), poliacrilato(PA) ou Carbowax(Cwx)) ou de um sólido

adsorvente (e.g. carvão ativo microparticulado (Carboxen)).34

Numa extração por SPME as moléculas do analito têm de se deslocar da matriz e

penetrar no recobrimento e, para isto, resistências às transferências de massa devem ser

vencidas, até que se estabeleça um equilíbrio de partição (ou de adsorção, para o caso de

recobrimentos sólidos) do analito entre a fibra e o meio que a envolve. Portanto, a teoria da

SPME baseia-se na cinética de transferência de massa entre fases e na termodinâmica que

descreve o equilíbrio de partição do analito entre elas.

Essa técnica de extração apresenta uma série de vantagens com relação à simplicidade

da amostragem, baixo custo relativo, a não utilização de solventes, maior precisão, menor

limite de detecção, reutilização da fibra e fácil automação.35

É uma técnica versátil já que a

retenção dos analitos pode ser feita na fase de vapor, ou seja, no espaço livre (headspace) em

equilíbrio sobre uma amostra sólida ou líquida ou também por imersão total da fibra em uma

amostra líquida (modo direto). A primeira modalidade é conhecida como microextração em

fase sólida em modo headspace (HS-SPME) e a segunda modalidade se denomina SPME

direta.36

São poucos os trabalhos encontrados na literatura que utilizam essa técnica para

determinação de clorpirifós em água, por ser uma das mais recentes utilizadas na extração de

agrotóxicos e por necessitar de um estudo de otimização dos vários parâmetros operacionais

que podem influenciar a extração. No entanto, a mesma vem ganhando popularidade em

muitos campos da ciência analítica para aplicação em amostras ambientais aquosas apesar de

alguns inconvenientes tais como o custo e fragilidade das fibras.37

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29

A SPME difere das outras técnicas de extração para amostras aquosas pelo menor

tempo de análise e pela não utilização de solventes, minimizando a geração de descartes e a

exposição ocupacional. Ainda, é uma técnica simples, rápida e de fácil manuseio, além da

vantagem da utilização de pequena quantidade de amostra, podendo ser aplicada a diversas

áreas, tais como a farmacêutica, ambiental, alimentícia, de aroma, forense e toxicológica;

entretanto, embora seja uma técnica versátil, as condições de extração devem ser otimizadas

para cada tipo de amostra. Neste caso, os principais parâmetros a serem avaliados são o modo

de extração (headspace ou imersão direta, no caso de amostra líquida), tipo de fibra, pH,

velocidade de agitação, força iônica do meio, temperatura e volume da amostra.38

Para o desenvolvimento do método por SPME deve-seencontrar as condições de

trabalho que assegurem o máximo desempenho. Por outro lado, quanto maior o número de

fatores a investigar em um método analítico, maior também será o número de ensaios

necessários para se chegar à conclusão sobre as melhores condições operacionais.38

3.4.3. Cromatografia Gasosa Acoplada à Detecção por Captura de Elétrons

A cromatografia gasosa é atualmente a técnica instrumental mais utilizada em análises

de agrotóxicos por sua capacidade de separação eficiente dos compostos com similaridades

estruturais e pela existência de detectores com resposta de alta seletividade. Compostos

organofosforados são usualmente analisados utilizando-se os detectores: ECD, FPD,

fotométrico de chama pulsante (PFPD) e termoiônico seletivo (TSD), também conhecido

como detector para nitrogênio e fósforo (NPD). O detector ECD identifica com muita

eficiência compostos com P, S, NO2, C=O conjugado e halogenados.39

Os compostos organohalogenados são sensíveis ao ECD por possuírem em suas

estruturas químicas átomos eletronegativos, que captam ou atraem elétrons facilmente.40

O gás de arraste que alcança o detector é ionizado por elétrons que são emitidos de

uma lâmina que contém o isótopo radioativo 63

Ni. As moléculas do analito entram no detector

e capturam alguns deles causando redução da corrente elétrica que é convertida em sinal do

detector. O detector varia a frequência dos pulsos de potencial elétrico.41

Por depender de um conjunto complexo de fatores operacionais como o tipo de fonte

radioativa, a temperatura do detector, a pureza e a vazão do gás de operação, a frequência com

que ocorrem os pulsos de polarização, etc., o ECD não é um detector de fácil operação e, por

isto, é conveniente mantê-lo pronto para análises de amostras repetitivas.

O emprego do GC-ECD é favorável para a determinação da maioria dos agrotóxicos

por sua alta sensibilidade e seletividade, sendo a confirmação da identidade do

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30

analitopodendo também ser realizada por cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de

massas.42

3.4.4. Cromatografia Gasosa Acoplada à Espectrometria de Massas

A GC-MS tem se mostrado uma técnica de alto potencial na determinação de um

elevado número de agrotóxicos. É eficiente para a quantificação e confirmação dos mesmos,

além de possuir excelente seletividade e sensibilidade. Assim, pode ser apontado que a grande

vantagem do uso dessa técnica é a possibilidade de ser confirmatória, pois cada pico pode ser

verificado através de seu espectro de massas podendo o detector ser sensível para um analito

ou um grupo de analitos de interesse.43

Os espectrômetros de massas consistem em um dispositivo capaz de classificar íons de

acordo com sua relação massa/carga (m/z), por meio do movimento destes em campos

elétrico e magnético. Com este equipamento é possível identificarátomos ou moléculas, quer

sejam das mais simples às mais complexas. Isto quer dizer que é possível se certificar do

composto que foi detectado, evitando possíveis erros de interpretação.44

A especificidade do detector MS vem da capacidade de selecionar para um

determinado composto o(s) íon(s) característico(s) ao longo do cromatograma. Os atuais

espectrômetros demassas comerciais aliados aos cromatógrafos modernos, usando colunas

capilares de alta eficiência, injetores mais eficientes na transferência da amostra para coluna,

sistemas automáticos de introdução da amostra e dotados de controle aprimorado de

temperatura e fluxo de gases permitem atingir sensibilidade para detectar quantidades

absolutas de até 0,5 pg do analito.45

Os espectrômetros de massas trabalham com íons positivos ou negativos de elementos

ou espécies moleculares em um sistema de ultra alto vácuo. A ionização da amostra é

fundamental, pois é necessário acelerar a massa no analisador que por sua vez faz a deflexão

dos íons em função da massa, da velocidade e da intensidade de campos elétrico e/ou

magnético. Existem várias técnicas de ionização, tais como: termo-ionização, plasma, impacto

de elétron e impacto de íon.46

A combinação da cromatografia gasosa coma espectrometria de massas é

relativamente simples, uma vez que as características de funcionamento do cromatógrafo a

gás são suficientemente compatíveis com a necessidade de alto vácuo do espectrômetro de

massas.47

Quando são utilizadas colunas capilares em GC é possível conectar a saída da coluna

diretamente à fonte do espectrômetro, uma vez que, em condições normais de operação, o

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31

sistema de bombeamento do espectrômetro de massas é capaz de captar todo o eluente da

coluna. Quando são utilizadas colunas recheadas, a vazão do eluente deve ser reduzida antes

da sua entrada na fonte de ionização do espectrômetro. Para isto, podem ser utilizados

divisores de fluxo, mas seu desempenho não é tão satisfatório, uma vez que podem gerar

perdas na detectabilidade.48

Quando se faz o acoplamento da cromatografia com a espectrometria de massas

obtém-se o chamado cromatograma de massas que é assim denominado por se tratar de um

cromatograma constituído de todos os íons produzidos pelo espectrômetro de massas ou

apenas pelos íons de interesse.48

3.5. Validação Analítica

A necessidade de mostrar a qualidade de medições químicas por meio de sua

comparabilidade, rastreabilidade e confiabilidade está sendo cada vez mais reconhecida e

exigida. Dados analíticos não confiáveis podem conduzir a decisões desastrosas e a prejuízos

financeiros irreparáveis. Para garantir que um novo método analítico gere informações

confiáveis e interpretáveis sobre a amostra, ele deve sofrer uma avaliação denominada

validação. A validação de um método é um processo contínuo que começa no planejamento

da estratégia analítica e continua ao longo de todo o seu desenvolvimento e transferência. Para

registro de novos produtos, todos os órgãos reguladores do Brasil e de outros países exigem a

validação da metodologia analítica e, para isso, a maioria deles tem estabelecido documentos

oficiais que são diretrizes a serem adotadas no processo de validação. Um processo de

validação bem definido e documentado oferece às agências reguladoras evidências objetivas

de que os métodos e os sistemas são adequados para o uso desejado.49

No Brasil existem duas agências credenciadas para verificar a competência dos

laboratórios de ensaios, a ANVISA e o INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial). Segundo a ANVISA “a validação deve garantir através

de estudos experimentais, que o método atenda às exigências das aplicações analíticas,

assegurando a confiabilidade dos resultados”.

Os parâmetros analíticos (Tabela 1) normalmente encontrados na validação de

métodos de separação são: seletividade, linearidade e faixa de aplicação, precisão, exatidão,

limite de detecção, limite de quantificação e robustez. Estes termos são conhecidos como

parâmetros de desempenho analítico, características de desempenho e algumas vezes, como

figuras analíticas de mérito.49

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32

Tabela 1. Parâmetros ANVISA e INMETRO para validação de métodos analíticos.

ANVISA INMETRO

Especificidade/seletividade

Intervalos da curva de calibração

Linearidade

Curva de calibração

Limite de detecção (LOD)

Limite de quantificação (LOQ)

-

Exatidão

Precisão

Repetibilidade (precisão intracorrida)

Precisão intermediária (precisão intercorrida)

Reprodutibilidade (precisão interlaboratorial)

Robustez

-

Especificidade/seletividade

Faixa de trabalho e faixa linear de trabalho

Linearidade

-

Limite de detecção (LOD)

Limite de quantificação (LOQ)

Sensibilidade (inclinação da curva)

Exatidão e tendência

Precisão

Repetitividade

Precisão intermediária

Reprodutibilidade

Robustez

Incerteza de medição

Fonte: ref. 49.

3.5.1. Seletividade

A seletividade é o primeiro passo no desenvolvimento e validação de um método

instrumental de separação e possui a capacidade de avaliar de forma inequívoca as substâncias

em exame na presença de componentes que podem interferir com a sua determinação em uma

amostra complexa. Ela garante que o pico de resposta seja exclusivamente do analito de

interesse.49

Em cromatografia, uma das formas de avaliar a seletividade é comparar o

cromatograma da matriz isenta da substância de interesse com o da matriz adicionada com

esta substância.

A matriz da amostra pode conter componentes que interferem no desempenho da

medição. Os interferentes podem aumentar ou reduzir o sinal. Se a seletividade não for

assegurada, a linearidade, a tendência e a precisão estarão seriamente comprometidas.50

3.5.2. Linearidade e Faixa de Aplicação

A linearidade corresponde à capacidade do método em fornecer resultados diretamente

proporcionais à concentração da substância em exame dentro de uma determinada faixa de

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33

aplicação. A faixa de aplicação corresponde ao intervalo entre o valor superior e inferior de

concentração da substância em exame, que atenda aos requisitos de precisão e exatidão. A

faixa de aplicação é normalmente expressa nas mesmas unidades dos resultados obtidos pelo

método e depende do uso em questão.51

Na prática, a linearidade é determinada por meio das chamadas curvas analíticas, que

são gráficos de calibração que relacionam a resposta do equipamento em função das

diferentes concentrações do analito. Para a maioria das técnicas cromatográficas, observa-se

uma relação linear de primeira ordem entre a resposta instrumental medida (eixo y – variável

dependente) e a concentração do analito (eixo x – variável independente). Essa relação produz

uma equação de regressão linear (Equação 1) que relaciona as duas variáveis x e y e gera os

coeficientes de regressão ‘a’ (inclinação da curva) e ‘b’ (interseção da curva analítica com o

eixo y, quando x = 0).

ax

A Equação 1 é válida para um intervalo determinado de concentração do analito,

independente da técnica instrumental utilizada. Também é possível calcular o coeficiente de

determinação (R2), que pode ser utilizado como um indicativo da qualidade da curva analítica,

uma vez que demonstra uma menor variação dos dados obtidos quanto mais próximo de 1 for

seu valor.49

Valores de R2

iguais ou superiores a 0,99 e 0,90 são recomendados,

respectivamente, pela ANVISA52

e pelo INMETRO.50

Assim, um coeficiente de determinação

maior que 0,999 é considerado como evidência de um ajuste ideal dos dados para a linha de

regressão linear.

A faixa de trabalho deve cobrir a faixa de concentração dos agrotóxicos para o qual o

ensaio será aplicado, na qual a concentração central deve ser, sempre que possível, a

concentração previsível nos ensaios. Os valores inferiores dos limites de detecção e

quantificação são considerados muitas vezes como a sensibilidade do método e devem ser

distinguidos do branco do método. O limite superior da faixa de trabalho depende da

limitação do sistema de resposta do equipamento, sendo que a linearidade do método deverá

ser constante em toda a extensão da faixa de trabalho.

Em relação à quantificação do analito, esta pode ser feita por meio dos seguintes

métodos: padronização externa, padronização interna, superposição da matriz e adição de

padrão.49

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34

3.5.3. Precisão

Precisão do método analítico é o grau de concordância entre resultados de medidas

independentes em torno de um valor central, efetuadas várias vezes em uma amostra

homogênea, sob condições pré-estabelecidas. É expressa em termos de desvio padrão (SD) e

desvio padrão relativo (RSD), também apresentados como coeficiente de variação (CV), o

qual pode ser calculado pela Equação 2:53

CV ( ) esvio padrão das replicatas da amostra

Média das replicatas da amostra

Em métodos de análise de traços ou impurezas são aceitos RSD de até 20%

dependendo da amostra. Uma maneira simples de melhorar a precisão é aumentar o número

de replicatas. A precisão em validação de métodos é considerada em três níveis diferentes:26

(a) Repetitividade: representa a concordância entre os resultados de medições

sucessivas de um mesmo método, efetuadas sob as mesmas condições de medição, chamadas

condições de repetitividade: mesmo procedimento, mesmo analista, mesmo instrumento

usado sob as mesmas condições, mesmo local e repetições no menor espaço de tempo

possível;49

(b) Precisão intermediária: indica o efeito das variações dentro do laboratório devido a

eventos como diferentes dias, diferentes analistas, diferentes equipamentos ou uma

combinação destes fatores. O objetivo da validação em termos da precisão intermediária é

verificar que no mesmo laboratório o método fornecerá os mesmos resultados;49

e

(c) Reprodutibilidade: representa a concordância entre os resultados das medidas de

uma mesma amostra efetuadas sob condições variadas (mudança de operador, local e

equipamentos, etc.).49

3.5.4. Exatidão

Representa o grau de concordância entre os resultados individuais encontrados em um

determinado ensaio e um valor aceitável como referência, sendo este valor obtido por uma

medição perfeita. O número de ensaios varia segundo a legislação ou diretriz adotada.49

A

ICH54

(Conferência Internacional de Harmonização) e a ANVISA52

recomendam a coleta de

dados referentes a um mínimo de nove determinações sobre um mínimo de três diferentes

concentrações. A exatidão é expressa como o percentual de resposta da quantidade conhecida

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adicionada. Na indisponibilidade de material de referência certificado a exatidão, geralmente

expressa em porcentagem, pode ser avaliada por meio dos ensaios de fortificação e

recuperação, definidos como a proporção da quantidade da substância de interesse, presente

ou adicionada na porção analítica do material teste, podendo ser calculada utilizando a

Equação 3.

( ) C C

C

Em que: C1 = concentração determinada na amostra fortificada; C2 = concentração

determinada na amostra não fortificada; e C3 = concentração usada para fortificação.

3.5.5. Limite de Detecção

O limite de detecção representa a menor concentração da substância em exame que

pode ser detectada, não necessariamente quantificada, utilizando um determinado

procedimento experimental. O LOD pode ser calculado de três maneiras diferentes: método

visual, método relação sinal-ruído (normalmente 3:1) e o método baseado em parâmetros da

curva analítica:49

(a) Método visual: utiliza a adição de concentrações mínimas e conhecidas dos

analitos em solvente de maneira que se possa distinguir os sinais, e a menor concentração

visível detectável do ativo é utilizada para determinar o LOD;

(b) Método relação sinal-ruído: comparação entre a medição dos sinais de amostras em

baixas concentrações conhecidas e um branco (matriz isenta do composto de interesse); e

(c) Método baseado em parâmetros da curva analítica: é feita uma curva analítica

utilizando a matriz contendo o composto de interesse na faixa de concentração próxima ao

limite de detecção.

3.5.6. Limite de Quantificação

O limite de quantificação representa a menor concentração da substância em exame

que pode ser medida utilizando um determinado procedimento experimental. Os critérios para

calcular o LOD podem ser adotados para calcular o LOQ, ou seja, o LOQ pode ser calculado

utilizando o método visual, o método sinal-ruído (normalmente 10:1) e o método baseado em

parâmetros da curva analítica, sendo este estatisticamente mais confiável.49

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36

3.5.7. Robustez

A robustez de um método corresponde à capacidade deste não ser afetado por uma

pequena variação em seus parâmetros. A robustez de um método cromatográfico é avaliada

pela variação dos parâmetros operacionais e a provável determinação dos seus efeitos (se

houver) sobre os resultados a serem obtidos com a metodologia. Diz-se que um método é

robusto quando ele não é afetado por uma modificação pequena e deliberada em seus

parâmetros. As mudanças introduzidas refletem as alterações que podem ocorrer quando um

método é transferido para outros laboratórios, analistas ou equipamentos.49

3.6. Métodos Quimiométricos

Com o desenvolvimento da microeletrônica e a popularização dos microcomputadores,

ocorreu um avanço significativo nas análises químicas instrumentais que possibilitou a

aquisição de maneira fácil e rápida de um grande número de dados de uma mesma amostra.

Consequentemente, o tratamento desses dados passou a exigir modelos mais complexos que

vão além dos tradicionais métodos estatísticos univariados.55

Hoje, a utilização de métodos multivariados a dados químicos está bem difundida e

aceita pela comunidade científica, consistindo uma área denominada quimiometria. A

quimiometria não é uma disciplina da matemática, mas sim da química, isto é, os problemas

que ela se propõe a resolver são de interesse e originados na química, ainda que as

ferramentas de trabalho provenham principalmente da matemática, estatística e computação.

Muita ênfase tem sido dada aos sistemas multivariados, nos quais se pode medir muitas

variáveis simultaneamente, ao se analisar uma amostra qualquer. Nesses sistemas, a

conversão da resposta instrumental no dado químico de interesse requer a utilização de

técnicas de estatística multivariada, álgebra matricial e análise numérica. Essas técnicas se

constituem no momento na melhor alternativa para a interpretação de dados e para a aquisição

do máximo de informação sobre o sistema.

As ferramentas quimiométricas empregam métodos matemáticos e estatísticos para

planejar ou selecionar experimentos de forma otimizada e para fornecer o máximo de

informação química com a análise dos dados obtidos. Atualmente a quimiometria já é

suficientemente estabelecida e de uso disseminado para que justifique sua introdução em

cursos regulares da área de química e áreas afins.56

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37

3.6.1. Planejamentos Experimentais

Com o advento da quimiometria, o uso de experimentos estatisticamente planejados

cresceu rapidamente em vários campos de pesquisa no Brasil, especialmente química,

engenharia química, engenharia de alimentos e biotecnologia. Os planejamentos

experimentais mais usados no Brasil são os fatoriais, completos ou fracionários, e os

planejamentos compostos centrais. Exemplos de utilização destes métodos são amplamente

encontrados em revistas científicas.59

A maioria dos planejamentos baseados em princípios de estatística multivariada

envolve de uma meia dúzia até varias dezenas de experimentos. É recomendável que os

experimentos sejam executados em ordem aleatória, para se obter uma estimativa confiável da

extensão do erro experimental. No entanto, químicos ou engenheiros muitas vezes trabalham

com fatores que são difíceis de variar frequentemente. Mudar os níveis desses fatores cada

vez que um experimento fosse executado poderia inviabilizar um projeto experimental ou

causar demoras inaceitáveis na obtenção de resultados. Problemas deste tipo podem ser

abordados com planejamentos do tipo lote repartido (split-plot), que permitem que variáveis

difíceis de ajustar sejam mudadas em ordem aleatória somente em blocos de experimentos,

enquanto os níveis dos fatores menos problemáticos são variados em ordem aleatória para

todos os experimentos. Este procedimento facilita os aspectos operacionais no laboratório,

mas tem seus inconvenientes. A estatística envolvida na análise dos dados é bem mais

complexa que a dos planejamentos com ensaios feitos em ordem totalmente aleatória.

Planejamentos split-plot têm sido muito empregados em estudos agrícolas para os quais, aliás,

foram inventados, o que explica a terminologia. O "lote repartido", originalmente, era um lote

de terreno. Quase todos esses estudos, porém, se limitam a fazer uma análise da variância

(ANOVA) dos dados experimentais. Para um químico, normalmente é mais interessante ir

além da ANOVA e desenvolver um modelo mostrando como os resultados da pesquisa ou as

propriedades do sistema variam em função das mudanças nos níveis dos fatores

experimentais.59

No planejamento de qualquer experimento, o primeiro passo é decidir quais são os

fatores e as respostas de interesse. Os fatores são as variáveis que o experimentador tem

condições de controlar. As respostas de interesse são as variáveis de saída do sistema as quais

se está interessado e que serão, ou não, afetadas por modificações provocadas nos

fatores.57

Dependendo do problema pode-se ter várias respostas de interesse, que talvez devam

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38

ser consideradas simultaneamente, que é o caso da análise de múltiplas respostas em

determinações cromatográficas.55, 58-59

Tendo identificado todos os fatores e respostas, a próxima etapa é definir o objetivo

que se pretende alcançar com os experimentos para que se tenha condições de escolher o

planejamento mais apropriado e a metodologia experimental (tempo, custo, etc.). Objetivos

diferentes necessitarão planejamentos diferentes.57, 60

Fatores significativos selecionados após execução de um planejamento adequado de

triagem (planejamento fatorial completo ou planejamento fatorial fracionário) podem ser

empregados em uma metodologia de análise de superfície de resposta (RSM). Dentre as RSM,

os planejamentos Doehlert e composto central (CCD), possivelmente, são os mais

utilizados.60

Planejamentos experimentais são muito úteis para otimização das condições

operacionais dos procedimentos cromatográficos e de extração. Além disso, outra

metodologia quimiométrica de otimização, que emprega algoritmo genético em conjunto com

as redes neurais artificiais (abordagem neuro-genética)55,58

, pode ser utilizada. Esta

abordagem permite a otimização de muitas respostas simultaneamente e nas situações onde

ocorre falta de ajuste do modelo de regressão linear múltipla dos planejamentos

experimentais.

Não foram encontrados na literatura investigada, até o presente momento, estudos que

utilizassem planejamentos experimentais multivariados para determinação de clorpirifós em

águautilizando as técnicas de extração/pré-concentração LLE-LTP e HS-SPME, com

separação cromatográfica e determinação empregando detector por captura de elétrons e

espectrometria de massas.

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39

4. Materiais e Métodos

4.1. Área de Estudo

O município de Ouro Branco está localizado na região central do estado de Minas

Gerais. O clima predominante é o tropical de altitude, apresentando temperatura mínima em

torno de 13 ºC no inverno, com grande estiagem e baixa umidade do ar. No verão apresenta

temperatura média em torno de 22 ºC, com altos índices pluviométricos. A vegetação divide-

se em três tipos:

(a) cerrado com vegetação rala;

(b) remanescente de Mata Atlântica; e

(c) em porções mais elevadas surgem os campos rupestres, adaptados a temperaturas

mais baixas.

As principais culturas do município são: 45,6% da área plantada de batata inglesa,

31,7% de milho, 14,3% batata baroa e 8,4% com demais culturas.61

Ouro Branco possui uma população de 35.268 habitantes, dos quais 31.608 residem na

zona urbana e 3.659 moram na zona rural.61

É constituída de diversas comunidades rurais

(Figura 3) e após as várias visitas de campo e consultas às secretarias, pessoas e órgãos

competentes do município, definiu-se as regiões e pontos de coleta alvo do monitoramento

proposto neste projeto.

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40

Figura 3. Comunidades rurais (delimitações circulares em cinza) da cidade de Ouro Branco/MG. Fonte: ref. 62.

A área de avaliação deste projeto tem importância significativa no que tange os

recursos hídricos, pois, além de fazer parte de duas bacias hidrográficas federais, bacia do Rio

Doce e bacia do Rio São Francisco, constituem importante zona de recarga hídrica local e

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41

regional. A parte leste da cidade tem seus recursos hídricos direcionados para a bacia

hidrográfica do Rio Doce, enquanto a maior porção das águas do município converge para a

bacia do São Francisco, via médio curso do rio Paraopeba.

4.2. Coleta

Os cursos d’água próximos às plantações de batata inglesa foram escolhidos, pois esta

cultura tem uma das produções agrícolas mais intensivas e predominantes na utilização de

agrotóxicos no município de Ouro Branco.

Por meio de trabalho de campo e consultas às secretarias, pessoas e órgãos

competentes do município foi possível identificar os principais bataticultores da zona rural de

Ouro Branco bem como as principais plantações de batata inglesa próximas aos cursos

d’água. Observou-se também os pontos de escoamento das precipitações, presença de mata

ciliar e declividade dos terrenos plantados para se definir os pontos de coleta das amostras de

água, georreferenciando tudo com o uso do equipamento de sistema de posicionamento global

(GPS). Posteriormente os dados do georreferenciamento foram tratados utilizando o programa

ArcGis para confecção do mapa geográfico com os pontos de coleta.

Foram selecionados 10 pontos de coleta, todos em sistemas hídricos superficiais. As

coletas foram realizadas nos meses de março e dezembro de 2011, durante o período de alta

precipitação pluviométrica, e junho, julho e agosto de 2011, durante o período de estiagem.

Intencionou-se com as coletas realizar o monitoramento de clorpirifós nos corpos d’água

avaliados, considerando períodos sazonais distintos.

Todas as coletas foram realizadas utilizando recipientes de vidro âmbar de 1 L

previamente lavados com o detergente não-iônico Extran 12,5% (v/v) com o auxílio de uma

escova, enxaguados exaustivamente com água corrente e, em seguida, enxaguados com

quantidade suficiente de água ultrapura para retirar os vestígios de água de torneira. Após esta

etapa, todas as vidrarias foram mantidas imersas, durante 24 h, em solução de ácido nítrico

(Sigma-Aldrich) 10 % (v/v) e, em seguida, enxaguadas com água ultrapura.

Antes da coleta, os frascos foram enxaguados com a própria água do manancial tendo

em vista reduzir a contaminação por fontes externas. As amostras foram coletadas no centro

do rio, tendo como referências pontes, a fim de evitar possíveis interferências das margens. A

profundidade não foi aferida por se tratar de rios de pouca profundidade. Foram coletados

990 mL de água por ponto de coleta sendo adicionados 10 mL de metanol (Mallinckrodt, grau

HPLC) para preservação das amostras. Logo após, as amostras foram armazenadas em caixas

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42

de isopor contendo gelo químico. As mesmas foram transportadas para o Laboratório de

Estudos em Quimiometria (LEQ), da Universidade Federal de Ouro Preto, sob coordenação

da professora Gilmare Antônia da Silva, e armazenadas sob refrigeração a 4 ºC. Para a

filtração das amostras foram usados filtros de diâmetro de poro de 25 e 8 µm de membrana de

celulose e filtros de 1,2 µm de fibra de vidro, em um sistema de filtração a vácuo (Figura 4), a

fim de eliminar material particulado.

Figura 4. Ilustração do sistema de filtração a vácuo utilizado no trabalho.

4.3. Reagentes e Solventes

O padrão do inseticida clorpirifós de grau de pureza 99,9% foi obtido da Supelco. Foi

preparada solução estoque individual de 1000 µg/mL de clorpirifós diluindo-se a quantidade

apropriada em acetonitrila (Tedia/HPLC-Spectro). As soluções de trabalho em concentrações

adequadas foram obtidas pela diluição da solução estoque e armazenadas a 4ºC. Nos estudos

de avaliação da força iônica utilizou-se hidrogenofosfato de sódio (Na2HPO4, Vetec PA

98,5%).

4.4. Definições do Estudo para Determinação de Clorpirifós

Para a determinação de clorpirifós em água, foram avaliadas como técnicas de preparo

de amostras a extração líquido-líquido com partição a baixa temperatura e a microextração em

fase sólida com headspace e, como técnicas de determinação, a cromatografia gasosa com

detecção por captura de elétrons e a cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de

massas.

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43

Foram realizados os planejamentos multivariados fatorial completo 24 (triagem) e a

matriz Doehlert (metodologia para construção de superfície de resposta) para o estudo e

otimização das variáveis operacionais de extração das técnicas LLE-LTP e da HS-SPME.

Para a montagem dos planejamentos e tratamento dos resultados foram utilizadas planilhas

eletrônicas para cálculos de planejamentos experimentais, disponíveis no site do Laboratório

de Quimiometria Teórica e Aplicada (LQTA) da Universidade Estadual de Campinas.62

As medidas por GC-ECD foram realizadas em parceria com a Universidade Federal de

Viçosa por meio da colaboração com os professores Antônio Augusto Neves e Maria Eliana

Lopes Ribeiro de Queiróz, responsáveis pelo Laboratório de Química Analítica (LAQUA), e

as medidas por GC-MS foram realizadas no Laboratório de Caracterização

Molecular/Espectrometria de Massas (LCM/EM) da Universidade Federal de Ouro Preto, sob

coordenação dos professores Maurício Xavier Coutrim e Robson José de Cássia Franco

Afonso.

4.5. Avaliação das Técnicas de Extração/Pré-concentração

Para a LLE-LTP foram usados frascos de vidro transparente com tampa e septo de

Teflon, de 22 mL de capacidade, sendo adicionados aos mesmos, volumes de água fortificada

com padrão de clorpirifós de acordo com o planejamento fatorial completo 24, com 4

replicatas no ponto central (pc), para investigação das variáveis operacionais do sistema

(Tabela 2). Posteriormente, foi adicionado Na2HPO4 para manter a força iônica dos ensaios

prevista no planejamento (Tabela 2). Cada solução foi mantida sob agitação contínua durante

20 s. Em seguida, foram adicionados volumes da mistura extratora acetonitrila: acetato de

etila (6,5:1,5), conforme descrito na Tabela 2. O sistema permaneceu sob agitação mecânica a

180 rpm, em mesa agitadora (Tecnical TE-420), por tempos definidos pelo planejamento

fatorial completo utilizado (Tabela 2), à temperatura de 25 ºC. Os ensaios foram feitos em

ordem aleatória no intuito de evitar erros sistemáticos e possíveis influências externas não

avaliadas. Após a agitação, os ensaios foram deixados em freezer a aproximadamente -20 ºC

por 3 h, para a separação das fases. Depois desse período, a fase orgânica foi separada da fase

aquosa; a fase orgânica foi retirada com a ajuda de uma pipeta. Os extratos armazenados em

vials foram deixados em freezer até o momento da análise cromatográfica. O procedimento

global se repetiu para ambos os planejamentos fatorial e Doehlert, que permite investigar as

variáveis que apresentaram os efeitos mais significativos no planejamento de triagem em um

número maior de níveis, de acordo com as designações deste.

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44

Tabela 2. Planejamento fatorial completo 24, com 4 replicatas no ponto central (pc), para investigação das

variáveis experimentais do método LLE-LTP: volume de fase aquosa (mL), volume de fase orgânica (mL),

tempo de agitação(min) e concentração de eletrólito (mol/L). Os valores em parênteses indicam os níveis

decodificados.

Ensaio Volume de Fase

Aquosa (mL)

Volume de Fase

Orgânica (mL)

Tempo de

Agitação (min)

Concentração de

Eletrólito (mol/L)

1 -1(4,0) -1(4,0) -1(5) -1(0)

2 1(6,0) -1(4,0) -1(5) -1(0)

3 -1(4,0) 1(6,0) -1(5) -1(0)

4 1(6,0) 1(6,0) -1(5) -1(0)

5 -1(4,0) -1(4,0) 1(15) -1(0)

6 1(6,0) -1(4,0) 1(15) -1(0)

7 -1(4,0) 1(6,0) 1(15) -1(0)

8 1(6,0) 1(6,0) 1(15) -1(0)

9 -1(4,0) -1(4,0) -1(5) 1(0,02)

10 1(6,0) -1(4,0) -1(5) 1(0,02)

11 -1(4,0) 1(6,0) -1(5) 1(0,02)

12 1(6,0) 1(6,0) -1(5) 1(0,02)

13 -1(4,0) -1(4,0) 1(15) 1(0,02)

14 1(6,0) -1(4,0) 1(15) 1(0,02)

15 -1(4,0) 1(6,0) 1(15) 1(0,02)

16 1(6,0) 1(6,0) 1(15) 1(0,02)

17pc

0(5,0) 0(5,0) 0(10) 0(0,01)

Na HS-SPME foram usados frascos de vidro de 16 mL de capacidade com tampa de

teflon e septo de silicone contendo Na2HPO4para o estudo do efeito salting out e volumes de

água fortificados com padrão de clorpirifós de acordo com o planejamento fatorial completo

utilizado (Tabela 3). Os frascos foram transferidos para um banho termostatizado (IKA-R) e o

sistema manteve-se constantemente aquecido com as temperaturas variadas de acordo com as

designações do planejamento multivariado (Tabela 3). Para as extrações empregou-se um

suporte (holder) manual (Supelco). A fibra utilizada foi definida após avaliação dos seguintes

materiais de recobrimento: polidimetilsiloxano com espessura de 100 µm (PDMS100),

polidimetilsiloxano/divinilbenzeno (PDMS/DVB), carboxen/polidimetilsiloxano

(Carboxen/PDMS) e divinilbenzeno/carboxen/polidimetilsiloxano

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45

(DVB/CARBOXEN/PDMS), todas adquiridas da Supelco. A fibra foi colocada em contato

com a fase gasosa do ensaio (headspace), com o meio sob agitação utilizando barra magnética

revestida com Teflon durante os períodos de tempo apontados pelo planejamento (Tabela 3).

Após a extração, a fibra foi retraída, retirada do frasco e, em seguida, introduzida no

cromatógrafo a gás para dessorção dos analitos durante 10 min (tempo da corrida

cromatográfica) sob fluxo do gás de arraste (N2). O procedimento global se repetiu para

ambos os planejamentos fatorial e Doehlert, de acordo com as designações deste.

Tabela 3. Planejamento fatorial completo 24, com 4 replicatas no ponto central (pc), para investigação das

variáveis experimentais do método HS-SPME: tempo de extração (min), temperatura de extração (°C),

concentração de eletrólito (mol/L) e volume de amostra (mL). Os valores em parênteses indicam os níveis

decodificados.

Ensaio Tempo de

Extração (min)

Temperatura de

Extração (°C)

Concentração de

Eletrólito (mol/L)

Volume de

Amostra (mL)

1 -1(30) -1(50) -1(0) -1(5)

2 1(60) -1(50) -1(0) -1(5)

3 -1(30) 1(80) -1(0) -1(5)

4 1(60) 1(80) -1(0) -1(5)

5 -1(30) -1(50) 1(0,04) -1(5)

6 1(60) -1(50) 1(0,04) -1(5)

7 -1(30) 1(80) 1(0,04) -1(5)

8 1(60) 1(80) 1(0,04) -1(5)

9 -1(30) -1(50) -1(0) 1(9)

10 1(60) -1(50) -1(0) 1(9)

11 -1(30) 1(80) -1(0) 1(9)

12 1(60) 1(80) -1(0) 1(9)

13 -1(30) -1(50) 1(0,04) 1(9)

14 1(60) -1(50) 1(0,04) 1(9)

15 -1(30) 1(80) 1(0,04) 1(9)

16 1(60) 1(80) 1(0,04) 1(9)

17pc

0(45) 0(65) 0(0,02) 0(7)

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46

4.6. Instrumentação

As análises cromatográficas para ambos os métodos de extração investigados foram

realizadas em um cromatógrafo a gás Shimadzu – modelo 2014, com detector por captura de

elétrons.

Foi utilizado também para comparação dos métodos de extração e avaliação do

sistema de detecção, um cromatógrafo a gás Shimadzu QP 2010S – Plus equipado com

amostrador automático e controle eletrônico de fluxo acoplado ao espectrômetro de massas.

Quando da detecção por espectrometria de massas utilizou-se um detector contendo

uma fonte de ionização por elétrons (EI – 70 eV) e um analisador de massas quadrupolo,

operado no modo de varredura linear (SCAN – 40 -500 m/z)para identificação dos compostos

e no modo de monitoramento de íons específicos (SIM). Foi monitorado o íon 314 para o

inseticida clorpirifós. O comportamento e as áreas dos picos foram avaliados utilizando o

software GC-MS Solutions - Shimadzu.

4.7. Condições Cromatográficas

No GC-ECD as separações foram realizadas em coluna capilar HP-5 (Agilent; 5%

fenil / 95% dimetilpolisiloxano com 30 m ×0,25 mm de diâmetro interno × 0,1 µm de

espessura de filme). As condições de análise cromatográfica foram: temperatura do injetor

280 ºC, temperatura do forno 150 ºC com rampa de aquecimento de 20 ºC/min até 290 ºC e

temperatura do detector de 300 ºC, vazão do gás de arraste (N2) de 1,2 mL/min e divisão de

fluxo (split) de 1:5. Para a LLE-LTPo tempo de corrida foi de 7 min e para aHS-SPME

10 min, ficando a fibra exposta durante todo o tempo da análise para dessorção completa do

analito; para a LLE-LTP o volume de injeção foi de 1 µL.

Para as análises por cromatografia com detecção por espectrometria de massas foi

empregada também uma coluna HP-5. O injetor foi mantido a 280 ºC. A temperatura do

forno foi de 50 até 280 ºC com rampa de aquecimento de 50 ºC/min até 150 ºC e de 20ºC/min

até 280 ºC; a temperatura do detector foi de 280 ºC e vazão do gás de arraste (He) foi de

1,33 mL/min sem razão de divisão de fluxo (splitless). O tempo de corrida foi de 13 min. O

GC-MS foi utilizado apenas para os extratos obtidos da LLE-LTP e confirmação do analito

nas amostras naturais.

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47

4.8. Validação do Método Analítico

Um método é validado a fim de assegurar que a metodologia é exata e precisa sobre

uma faixa específica de concentração em que uma substância será analisada. Dessa forma

foram avaliados os parâmetros seletividade, limite de detecção, limite de quantificação,

linearidade, faixa de trabalho, precisão (repetitividade e precisão intermediária) e exatidão

para determinação de clorpirifós em água superficial,de acordo com as principais agências

reguladoras (ANVISA e INMETRO).50, 52

4.8.1. Seletividade

A seletividade foi avaliada aplicando o método de extração escolhido e otimizado em

amostras de água superficial. Para essa avaliação comparou-se os cromatogramas obtidos

após a extração da matriz isenta da substância de interesse e a matriz fortificada com a

solução padrão de clorpirifós.

4.8.2. Limite de Detecção e Limite de Quantificação do Método

Os limites de detecção e quantificação do método foram determinados pela razão

sinal/ruído (S/N). Amostras de água fortificadas com o analito de interesse, em concentrações

decrescentes, foram submetidas ao procedimento de extração escolhido e otimizado. Foram

empregadas as concentrações entre 5,00 e 0,05 µg/L de clorpirifós. Foram considerados como

LOD e LOQ aquelas concentrações que produziram sinais três e 10 vezes, respectivamente,

superiores ao ruído da linha de base.

4.8.3. Linearidade do Método e Faixa de Trabalho

Amostras de água superficial foram fortificadas com clorpirifós nas concentrações de

1,67; 2,50; 5,00; 27,5; 50,0; 75,0 e 100,0 µg/Le submetidas ao processo de extração escolhido

e otimizado. Avaliou-se a linearidade pelo coeficiente de determinação obtido da curva

analítica.

O estudo da faixa de trabalho foi realizado com a construção de curva analítica

preparada pela fortificação de amostras de água superficial com clorpirifós nas concentrações

do LOQ e ~23LOQ. Cada nível de concentração foi extraído em triplicata.

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48

4.8.4. Precisão

A precisão do método estudado foi verificada em termos de repetitividade e precisão

intermediária.

A repetitividade do método de extração de clorpirifós em amostras de água superficial

foi determinada, conforme sugerido pelo INMETRO50

, realizando sete extrações idênticas do

agrotóxico na concentração equivalente a 3LOQ, segundo a metodologia otimizada,

avaliando-se o coeficiente de variação.

A precisão intermediária foi determinada avaliando-se o valor do coeficiente de

variação, obtido após análises executadas em três dias diferentes (dias 1, 3 e 5). As extrações

e análises foram feitas com sete repetições pelo mesmo analista em interdias. Para a

avaliação da precisão intermediária foram empregadas amostras fortificadas com clorpirifós

em concentrações equivalente a 3LOQ.

4.8.5. Exatidão

Para avaliar a exatidão do método foram determinadas as recuperações relativas do

analito de interesse. Os ensaios foram realizados em triplicata, empregando amostras de água

superficial fortificadas com clorpirifós em 3 concentrações 1,67; 5,00 e 16,7 µg/L (níveis

baixo, médio e alto).

As amostras foram submetidas ao método desenvolvido e otimizado e a concentração

do analito foi calculada pela equação obtida por regressão linear da curva analítica. As

recuperações relativas foram determinadas comparando-se as concentrações encontradas com

as concentrações após fortificação.

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49

5. Resultados e Discussão

5.1. Região de Estudo

Inicialmente realizou-se o levantamento de informações em entidades de Ouro

Branco/MG (Prefeitura Municipal e EMATER) sobre o cultivo de batata na zona rural da

cidade. Sabe-se que aproximadamente 50 produtores cultivam a batata inglesa em Ouro

Branco, sendo sua maior concentração na comunidade de Castiliano. O município de Ouro

Branco conta com duas bacias hidrográficas; Rio Doce e São Francisco. A maioria das

plantações encontra-se na bacia do São Francisco.

Alguns problemas enfrentados pelos órgãos municipais incluem a conscientização

sobre o uso de equipamento de proteção individual (EPI) na aplicação dos agrotóxicos pelos

bataticultores e também o descarte adequado das embalagens, encontradas inclusive em

nascentes próximas das plantações (Figura 5).

Figura 5. (a) Descarte inadequado de embalagens em nascente próxima à plantação; (b) Aplicação de agrotóxico

sem EPI em plantação de batata na zona rural de Ouro Branco/MG; (c) Descarte inadequado de embalagens em

matas ciliares; e (d) Exposição a agrotóxicos sem EPI e descarte inadequado de embalagens.

a) b)

c) d)

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50

Muitos trabalhadores rurais no município de Ouro Branco possuem baixa instrução

educacional, o que possivelmente indica uma inabilidade para o desempenho da função, uma

vez que a leitura do rótulo e o entendimento dos procedimentos de preparação e aplicação são

condições indispensáveis para o manejo e aplicação dos agrotóxicos. Ainda, na zona rural de

Ouro Branco, a população não conta com rede de abastecimento de água tratada. Dessa forma,

se utiliza os sistemas hídricos in natura como fonte de água para consumo direto. Em algumas

das plantações visitadas, as nascentes localizam-se dentro de terrenos plantados. Assim os

efeitos negativos da contaminação por agrotóxicos à saúde humana provavelmente são

potencializados pela falta de infraestrutura e de condições socioeconômicas da população

exposta à contaminação. Durante os trabalhos de campo foram relatados casos de

intoxicação, e também de mortes, que ocasionaram o afastamento de alguns produtores

contaminados do cultivo da batata inglesa.

Talvez o maior problema com relação ao agrotóxico é que na maioria dos casos o

produtor rural não usa a quantidade recomendada. Este fato pode explicar o número crescente

de doenças causadas por intoxicações por agrotóxicos no país.67

Constatou-se por meio de pesquisas anteriores2 que algumas comunidades rurais de

Ouro Branco possuem um número significativo de moradores com patologias

cardiovasculares (hipertensão) e afecções no trato respiratório; dados esses que apresentam

estreita relação com fatores como: a utilização contínua de agrotóxicos, as condições precárias

de moradia, a deficiência de saneamento básico e a dificuldade de obtenção de tratamento

médico.2 Aliado a isso, verificou-se, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, que as

comunidades rurais apresentam muitos casos de diabetes, cefaleia, perturbação visual e aborto

espontâneo, enfermidades que também tem correlação direta com a exposição da população a

agrotóxicos.2 Uma das comunidades estudadas apresentou 18% da população com

hipertensão, 12% com perturbação visual e 5% das mulheres já tiveram aborto espontâneo.2

Observando os efeitos negativos de uma potencial contaminação por agrotóxicos à

saúde da população local, este estudo pretendeu analisar a possibilidade de contaminação por

clorpirifós dos sistemas hídricos superficiais próximos às principais regiões de cultura de

batata inglesa na zona rural do município de Ouro Branco/MG. A batata inglesa em Ouro

Branco é plantada utilizando terrenos bastante inclinados e próximos a cursos d’água a fim de

favorecer a irrigação. As características geomorfológicas da região quando associadas a um

solo pobre e intemperizado favorecem a contaminação dos sistemas hídricos. A declividade

elevada favorece o processo de deflúvio superficial, enquanto a erosão do solo e a falta de

cobertura vegetal favorecem o processo de lixiviação dos agrotóxicos.

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51

5.2. Coleta

Para as análises das amostras de água superficial foram selecionados 10 pontos de

coleta, evidenciados no mapa geográfico da Figura 6, após georreferenciamento (Tabela 4),

nas seguintes comunidades que pertencem à bacia do São Francisco na cidade de Ouro

Branco/MG:

Comunidade de Campestre: a 6 km da sede, possui uma população de 122 habitantes;

Comunidade de Carreiras: a 7 km da sede municipal, liga Ouro Branco a Conselheiro

Lafaiete. Os habitantes se dividem em ocupações agrícolas ou empregos fixos na zona urbana

das duas cidades. População de 435 habitantes;

Comunidade de Castiliano: localiza-se a 9 km da sede municipal, limita-se com

Itaverava. Tem na cultura da batata seu principal fator de renda e emprego. Conta com 430

habitantes;

Comunidade de Geada: encontra-se a 7 km da sede municipal. Possui várias

plantações de batata, por consequência é nesta comunidade que reside o maior bataticultor da

cidade. O abastecimento de água provém de nascentes muitas vezes localizadas em meio às

plantações. População de 153 habitantes; e

Comunidade de João Gote: a 5 km da sede municipal, conta com uma população de

223 habitantes. O abastecimento de água se dá através de nascentes.

Tabela 4. Coordenadas geodésicas dos pontos de coleta. S= Sul e W= Oeste.

Pontos de coleta Coordenadas

1 S: ° 4’5 ” W: 4 °4 ’ ”

2 S: ° 5’ ” W: 4 °4 ’56”

3 S:20°33’09” W: 43°41’21”

4 S: 20°33’0 ” W: 4 °4 ’ 0”

5 S: ° 5’ ” W: 4 °4 ’ ”

6 S: 20°34’46” W: 4 °4 ’ 8”

7 S: ° 4’5 ” W: 4 °4 ’ 8”

8 S: ° 4’46” W: 4 °4 ’54”

9 S: 20°35’47” W: 4 °4 ’00”

10 S: ° 4’5 ” W: 43° 9’ ”

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52

Figura 6. Localização dos pontos de coleta na zona rural de Ouro Branco/MG. O mapa foi confeccionado

utilizando o software ArcGis.

Tentou-se privilegiar localidades com culturas ativas de batata. Adotou-se como

critério de seleção dos pontos de coleta a proximidade com as plantações de batata inglesa. A

fim de facilitar o acesso aos cursos d’água para a amostragem, todos os pontos escolhidos

localizaram-se abaixo de pontes.

5.3. Análises Cromatográficas

Por meio do cromatógrafo a gás com detector por captura de elétrons utilizado (Figura

7) observou-se que foi possível a identificação do pico do agrotóxico organofosforado

clorpirifós com boa relação sinal/ruído e excelente resolução.

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53

O detector por captura de elétrons apresenta alta sensibilidade aos compostos

halogenados possibilitando a quantificação eficiente do agrotóxico clorpirifós na análise

cromatográfica.64

Para identificação do composto estudado foi considerado o tempo retenção

(tR) de 7,5 min da solução padrão em matriz aquosa e a confirmação por GC-MS. O fato de se

ter trabalhado com apenas um analito isentou a análise de problemas com a coeluição de

outras espécies químicas de interesse.

Figura 7. Cromatógrafo a gás com detector por captura de elétrons utilizado nas análises deste trabalho.

O sistema GC-MS (Figura 8) não apresentou boa resposta para o clorpirifós. Os picos

não se apresentaram bem resolvidos e suas áreas possuíam valores bastante inferiores quando

comparadas àquelas obtidas por GC-ECD. Portanto, concluiu-se que este sistema não era

adequado para o estudo pretendido, sendo usado apenas para a confirmação da presença do

analito. Foram feitos testes nos modos SIM e SCAN; no modo SIM foi monitorado o íon 314

do clorpirifós, sendo este modo o único a apresentar resposta apreciável.

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54

Figura 8. Cromatógrafo a gás com detecção por espectrometria de massas utilizado em análises deste trabalho.

5.4. Estudo e Otimização da Técnica de Extração Líquido-Líquido com Partição a

Baixa Temperatura

A LLE-LTP se mostrou uma técnica rápida, simples e que não exige instrumentação

sofisticada. Todas as variáveis analisadas (volume de fase aquosa, volume de fase extratora,

concentração de eletrólito e tempo de agitação) apresentaram efeito sobre o sistema, porém,

os ensaios experimentais apresentaram respostas distintas das extrações, devido às

características inerentes a cada variável investigada.

Como a LLE-LTP se caracteriza pela partição da amostra entre duas fases imiscíveis

(Figura 9), uma fase orgânica e outra aquosa, a eficiência da extração depende da afinidade do

soluto pelo solvente de extração, da razão das fases e do número de extrações. Dessa forma as

variáveis operacionais têm efeitos distintos sobre a extração.

Figura 9. Ilustração do sistema LLE-LTP empregado neste trabalho; separação das fases imiscíveis aquosa e

orgânica.

-20 ºC

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55

Os volumes iniciais testados foram definidos em função da dinâmica do laboratório;

utilizou-se volumes de 2, 3 e 4 mL de fase aquosa e também de fase orgânica, e concentrações

de sal de 0; 0,1e 0,2 mol/L. Nessa experimentação, observou-se que nos ensaios que

apresentavam concentração de sal de 0,2 mol/L houve precipitação do mesmo, indicando que

houve supersaturação do meio. A partir destes resultados e realização de vários testes de

bancada foram definidas as novas condições para a execução do planejamento de triagem

apresentado na Tabela (item “4.5. Avaliação das Técnicas de Extração/Pré-concentração”).

Assim, neste planejamento, para as fases aquosa e orgânica foram estabelecidos os volumes

de 4, 5 e 6mL. Para o tempo de agitação foram considerados os valores de 5, 10 e 15 min a

180 rpm e, por fim, para a concentração de eletrólito foram estudados 0 (sem adição de

eletrólito); 0,01 e 0,02 mol/L.

Considerando as áreas cromatográficas obtidas de cada ensaio experimental do estudo

de triagem (Tabela 5), verificou-se que as melhores condições foram encontradas quando se

utilizou 6 mL de volume de fase aquosa e 4 mL de volume de fase orgânica.Entretanto, tais

variáveis foram também significativas em outros níveis, ou seja, outros volumes também

apresentaram boas respostas em relação às áreas de pico obtidas, sendo então todos os níveis

de volume de fase aquosa e orgânica averiguados novamente no planejamento Doehlert, com

a inclusão de mais níveis experimentais.

A adição de eletrólito é utilizada para aumentar a quantidade de analito extraída, uma

vez que a adição de sal contribui para o aumento da força iônica e influencia na solubilidade

do analito (efeito salting-out). A maior área de pico cromatográfico encontrada, que indica a

melhor condição de extração, apontou a não adição de eletrólito (Tabela 5). Porém, avaliando

as áreas dos picos consecutivos em ordem decrescente de intensidade, pôde-se observar que a

adição do eletrólito na concentração de 0,02 mol/L também apresentou resultado

adequado;em consequência disso, todas as concentrações de eletrólito estudadas no

planejamento de triagem foram novamente testadas no planejamento Doehlert.

A última variável considerada foi o tempo de agitação, que influencia cineticamente

no equilíbrio de partição entre as fases. Geralmente, quanto maior a agitação, mais rápida será

a transferência do analito da fase aquosa para a fase orgânica. Porém, um tempo muito longo

de agitação inviabiliza a dinâmica do processo. Observou-se a melhor eficiência de extração

para o clorpirifós no menor tempo de agitação, 5 min (Tabela 5). Porém, os picos com

maiores respostas para o sinal cromatográfico foram obtidos para os diferentes tempos de

agitação avaliados. Por isso, no planejamento Doehlert, esta variável foi testada em

praticamente todos os níveis avaliados na triagem, com a adição de mais alguns pontos.

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56

Tabela 5. Resultados (áreas cromatográficas) dos ensaios experimentais do planejamento fatorial completo 24,

com 4 replicatas no ponto central (ensaios 17 a 20), para investigação das variáveis experimentais do método

LLE/LTP: volume de fase aquosa (mL), volume de fase orgânica (mL), tempo de agitação (min) e concentração

de eletrólito (mol/L).

Ensaio

Volume de

Fase Aquosa

(mL)

Volume de

Fase Orgânica

(mL)

Tempo de

Agitação

(min)

Concentração de

Eletrólito (mol/L)

Área

Cromatográfica

1 4,0 4,0 5 0 132262,3

2 6,0 4,0 5 0 205054,0

3 4,0 6,0 5 0 79484,3

4 6,0 6,0 5 0 131706,9

5 4,0 4,0 15 0 110615,3

6 6,0 4,0 15 0 66587,2

7 4,0 6,0 15 0 72509,0

8 6,0 6,0 15 0 123349,1

9 4,0 4,0 5 0,02 111653,3

10 6,0 4,0 5 0,02 186212,0

11 4,0 6,0 5 0,02 77135,3

12 6,0 6,0 5 0,02 137715,9

13 4,0 4,0 15 0,02 121417,1

14 6,0 4,0 15 0,02 190347,8

15 4,0 6,0 15 0,02 86085,2

16 6,0 6,0 15 0,02 125596,2

17 5,0 5,0 10 0,01 114702,0

18 5,0 5,0 10 0,01 119966,0

19 5,0 5,0 10 0,01 121978,7

20 5,0 5,0 10 0,01 123148,0

Pela tabela de análise de variância (ANOVA) verificou-se que a regressão linear do

modelo do estudo de triagem foi significativa, mas também ocorreu falta de ajuste. Em função

do erro puro (erro aleatório) avaliado considerando as replicatas da Tabela 5, foi possível

constatar, como já feito por observação das respostas experimentais (Tabela 5),que todas as

variáveis operacionais LLE-LTP apresentaram efeitos significativos sobre o sistema (Tabela

6);assim, como já mencionado, todas foram novamente selecionadas para serem estudadas no

planejamento Doehlert, contudo em mais níveis, como descrito na Tabela 7.

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57

O planejamento Doehlert viabiliza explorar aquelas variáveis que apresentaram maior

efeito sobre o sistema em mais níveis, realizando um exame minucioso destas.

Após a execução do planejamento Doehlert (Tabela 7) foi possível concluir as

condições ótimas (Tabela 8) para a extração líquido-líquido com partição a baixa temperatura

do clorpirifós.

Tabela 6. Efeitos do planejamento de triagem para a avaliação dos parâmetros operacionais LLE-LTP, na

extração de clorpirifós em água (1 - volume de fase aquosa (mL), 2 - volume de fase orgânica (mL), 3 - tempo de

agitação (min) e 4 - concentração de eletrólito (mol/L)). Os valores sublinhados indicam efeitos significativos. A

última coluna corresponde aos valores do parâmetro estatístico p, ao nível de significância de 0,05, considerando

o erro puro.

Variáveis Efeitos

p

Média 121876,28 9×10-8

1 46925,913 0,0005

2 -36320,89 0,0016

3 -20589,64 0,017

4 14324,338 0,0582

12 3862,6625 0,5385

13 -18112,49 0,027

14 13969,338 0,0627

23 15963,913 0,0414

24 -9453,513 0,1673

34 23272,088 0,0106

124 -14712,11 0,0536

134 11438,088 0,1081

234 -20231,26 0,0181

1234 -16359,86 0,0382

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58

Tabela 7. Planejamento Doehlert, com quatro replicatas no ponto central (ensaios 21 a 24), para otimização das

condições experimentais da técnica LLE-LTP volume de fase aquosa (mL), volume de fase orgânica (mL),

tempo de agitação (min) e concentração de eletrólito (mol/L), para extração de clorpirifós em água. Os valores

em parênteses representam os níveis decodificados. A última coluna corresponde aos valores de área

cromatográfica de clorpirifós obtidos para cada ponto experimental do planejamento.

Ensaio

Tempo de

Agitação

(min)

Volume de

Fase Aquosa

(mL)

Volume de

Fase Orgânica

(mL)

Concentração de

Eletrólito (mol/L)

Área

Cromatográfica

1 1 (17) 0 (5,25) 0 (4,75) 0 (0,01) 200282,0

2 0,5 (13,5) 0,866 (6,50) 0 (4,75) 0 (0,01) 231140,9

3 0,5 (13,5) 0,289 (5,67) 0,817 (6,00) 0 (0,01) 184107,6

4 0,5 (13,5) 0,289 (5,67) 0,204 (5,06) 0,791 (0,02) 184517,8

5 -1 (3) 0 (5,25) 0 (4,75) 0 (0,01) 177302,3

6 -0,5 (6,5) -0,866 (4,00) 0 (4,75) 0 (0,01) 109363,6

7 -0,5 (6,5) -0,289 (4,83) -0,817 (3,50) 0 (0,01) 119145,8

8 -0,5 (6,5) -0,289 (4,83) -0,204 (4,44) -0,791 (0) 197568,4

9 0,5 (13,5) -0,866 (4,00) 0 (4,75) 0 (0,01) 158320,5

10 0,5 (13,5) -0,289 (4,83) -0,817 (3,50) 0 (0,01) 229105,0

11 0,5 (13,5) -0,289 (4,83) -0,204 (4,44) -0,791 (0) 172190,1

12 -0,5 (6,5) 0,866 (6,50) 0 (4,75) 0 (0,01) 269984,3

13 0 (10) 0,577 (6,08) -0,817 (3,50) 0 (0,01) 309006,9

14 0 (10) 0,577 (6,08) -0,204 (4,44) -0,791 (0) 201236,1

15 -0,5 (6,5) 0,289 (5,67) 0,817 (6,00) 0 (0,01) 122092,3

16 0 (10) -0,577 (4,42) 0,817 (6,00) 0 (0,01) 124258,3

17 0 (10) 0 (5,25) 0,61 (5,69) -0,791 (0) 177142,3

18 -0,5 (6,5) 0,289 (5,67) 0,204 (5,06) 0,791 (0,02) 193540,2

19 0 (10) -0,577 (4,42) 0,204 (5,06) 0,791 (0,02) 148737,3

20 0 (10) 0 (5,25) -0,613 (3,81) 0,791 (0,02) 206926,2

21 0 (10) 0 (5,25) 0 (4,75) 0 (0,01) 222835,3

22 0 (10) 0 (5,25) 0 (4,75) 0 (0,01) 245495,9

23 0 (10) 0 (5,25) 0 (4,75) 0 (0,01) 199701,3

24 0 (10) 0 (5,25) 0 (4,75) 0 (0,01) 215329,4

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59

Tabela 8. Condição experimental ótima apontada pelo planejamento Doehlert para extração de clorpirifós em

água por LLE-LTP.

Volume de Fase

Aquosa

Volume de Fase

Extratora

Concentração de

Eletrólito

Tempo de

Agitação

6,08 mL 3,50 mL 0,01 mol/L 10 min

Embora tenha sido possível apontar uma condição experimental com o maior valor de

área cromatográfica, a regressão quadrática do modelo obtido pelo planejamento Doehlert não

foi significativa, assim como também ocorreu falta de ajuste; ambas constatações foram

verificadas junto à tabela de análise de variância, ao nível de significância de 0,05. A Figura

10 mostra o ajuste dos valores de área de clorpirifós previstos pelo modelo de regressão

quadrático do planejamento Doehlert e os valores medidos, na extração por LLE-LTP. O

coeficiente de determinação dessa correlação foi de 0,8227.

Figura 10. Correlação entre os valores medidos e os valores previstos pelo modelo de regressão quadrático do

planejamento Doehlert dos valores de área de clorpirifós, na extração por LLE-LTP.

A Figura 11 apresenta o gráfico de probabilidade normal mostrando as variáveis que

influenciaram o sistema: o volume de fase aquosa e o volume de fase extratora; tais

constatações se basearam no fato de que estas variáveis foram as únicas que não tiveram seus

valores padronizados de efeito ajustados próximos à reta que cruza a origem dos eixos, assim,

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60

toma-se como significativos os efeitos que se apresentarem afastados da reta; quanto maior

for o afastamento, mais significativa será a influência. Tal constatação foi verificada também

considerando o teste de hipótese por meio da rejeição da hipótese nula ao se comparar os

valores dos efeitos das variáveis com os erros puros.

Figura 11. Gráfico de probabilidade normal do planejamento Doehlert no estudo da otimização da extração de

clorpirifós por LLE-LTP, mostrando as variáveis significativas.

5.5. Estudo e Otimização da Técnica de Microextração em Fase Sólida com

Headspace

A SPME apresenta vantagens importantes sobre a LLE-LTP como a não utilização de

solventes. Consiste de duas etapas distintas, a adsorção dos analitos na fase estacionária da

fibra e a posterior dessorção dos mesmos (Figura 12). Ambas as etapas devem ser otimizadas

para uma extração bem sucedida.9

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61

Figura 12. Esquema representativo do procedimento de extração por HS-SPME. Adaptado da ref. 41.

Precedendo a aplicação dos planejamentos experimentais multivariados para

otimização dos parâmetros operacionais da HS-SPME no estudo da extração de clorpirifós em

água foram realizados testes para a escolha da fibra a ser usada apenas no modo headspace,

para melhor conservação da mesma. Foram testadas as fibras PDMS 100 µm, PDMS/DVB,

Carboxen/PDMS e DVB/Carboxen/PDMS. Dentre essas, a fibra com recobrimento de

PDMS/DVB apresentou eficiência inigualável, quando da comparação dos sinais

cromatográficos originados da extração de clorpirifós alterando apenas a composição da fase

absorvente/adsorvente da fibra.

A Figura 13 mostra o sistema para extração de clorpirifós em água por HS-SPME

montado para uso neste trabalho.

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62

Figura 13. Montagem para extração de clorpirifós em água por HS-SPME utilizado neste trabalho.

Os resultados obtidos para o planejamento de triagem para avaliação da HS-SPME

(Tabela 3) na extração de clorpirifós em água são apresentados na Tabela 9. Em função dessas

respostas experimentais foi possível verificar que todas as variáveis operacionais investigadas

(tempo de extração, temperatura de extração, concentração de eletrólito e volume de amostra)

apresentaram efeito significativo sobre o sistema, tanto em função do erro puro quanto da

soma quadrática dos resíduos (erro associado ao modelo gerado), já que a regressão linear foi

significativa e o modelo não apresentou falta de ajuste, ao nível de significância de 0,05.

A Tabela 10 mostra os valores dos efeitos obtidos para o planejamento da Tabela 3.

Cabe ressaltar que, embora o valor de área cromatográfica apresentado na Tabela 9 para a

replicata de número 20 não tenha apresentado concordância com os demais valores das outras

replicatas (ensaios experimentais 17 a 19), a inclusão ou retirada da mesma em todos os

cálculos de avaliação dos resultados do planejamento de triagem não provocou mudanças na

interpretação dos dados. Logo, todas as variáveis foram novamente investigadas no

planejamento Doehlert, sendo a maioria em um maior número de níveis.

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63

Tabela 9. Resultados (áreas cromatográficas) dos ensaios experimentais do planejamento fatorial completo 24,

com 4 replicatas no ponto central (ensaios 17 a 20), para investigação das variáveis experimentais do método

HS-SPME: tempo de extração (min), temperatura de extração (ºC), concentração de eletrólito (mol/L) e volume

de amostra(mL).

Ensaio

Tempo de

Extração

(min)

Temperatura de

Extração (ºC)

Concentração de

Eletrólito (mol/L)

Volume de

Amostra

(mL)

Área

Cromatográfica

1 30 50 0 5 1424469,0

2 60 50 0 5 3367967,0

3 30 80 0 5 7409720,0

4 60 80 0 5 12510488,0

5 30 50 0,02 5 2722260,0

6 60 50 0,02 5 3538746,0

7 30 80 0,02 5 9140743,0

8 60 80 0,02 5 12035220,0

9 30 50 0 9 3074883,0

10 60 50 0 9 4024667,0

11 30 80 0 1 10616572,0

12 60 80 0 9 13958845,0

13 30 50 0,04 9 4346514,0

14 60 50 0,04 9 5442436,0

15 30 80 0,04 9 15382578,0

16 60 80 0,04 9 14664402,0

17 45 65 0,01 7 7131866,0

18 45 65 0,01 7 6970960,0

19 45 65 0,01 7 7557324,0

20 45 65 0,01 7 8969955,0

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64

Tabela 10. Efeitos do planejamento de triagem para a avaliação dos parâmetros operacionais HS-SPME, na

extração de clorpirifós em água (1 - tempo de extração (min), 2 - temperatura de extração (ºC), 3 - concentração

de eletrólito (mol/L) e 4 - volume de amostra (mL)). Os valores sublinhados indicam efeitos significativos. A

última coluna corresponde aos valores do parâmetro estatístico p, ao nível de significância de 0,05, considerando

o erro puro.

Variáveis Efeitos

p

Média 7714530,8 3×10-7

1 1928129,0 0,0086

2 8472078,3 9×10-6

3 1360661,0 0,0317

4 2420160,5 0,0033

12 726706,5 0,1754

13 -905951,8 0,1063

14 -760678,3 0,1595

23 321168,5 0,5167

24 961396,0 0,0912

34 679579,8 0,2001

124 -582108,8 0,262

134 -72626,0 0,8809

234 374372,2 0,4533

1234 -390913,5 0,4348

A Tabela 11 apresenta o planejamento Doehlert efetuado no estudo da otimização das

condições experimentais HS-SPME para extração de clorpirifós em água. São mostrados

também nessa tabela os valores de área de pico cromatográfico oriundos de cada ponto

experimental do planejamento. Assim, foi possível definir as condições operacionais nas quais

extraiu-se a maior quantidade de clorpirifós da matriz aquosa dentro do domínio experimental

avaliado (Tabela 12), o que resultará num método mais sensível, com menores limites de

detecção e quantificação.

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65

Tabela 11. Planejamento Doehlert, com quatro replicatas no ponto central (ensaios 21 a 24), para otimização das

condições experimentais da técnica HS-SPME tempo de extração (min), temperatura de extração (ºC), volume de

amostra (mL) e concentração de eletrólito (mol/L), para extração de clorpirifós em água. Os valores em

parênteses representam os níveis decodificados. A última coluna corresponde aos valores de área cromatográfica

de clorpirifós obtidos para cada ponto experimental do planejamento.Erro! Vínculo não válido.Erro! Vínculo

não válido.Erro! Vínculo não válido.Erro! Vínculo não válido.Erro! Vínculo não válido.Erro! Vínculo não

válido.Erro! Vínculo não válido.Erro! Vínculo não válido.Erro! Vínculo não válido.Erro! Vínculo não

válido.Erro! Vínculo não válido.Erro! Vínculo não válido.Erro! Vínculo não válido.Erro! Vínculo não

válido.

Ensaio

Tempo de

Extração

(min)

Temperatura de

Extração (ºC)

Volume de

Amostra

(mL)

Concentração de

Eletrólito (mol/L)

Área

Cromatográfica

1 1 (75) 0 (80) 0 (9) 0 (0,03) 16986759

2 0,5 (60) 0,866 (95) 0 (9) 0 (0,03) 16816185

3 0,5 (60) 0,289 (85) 0,817 (11) 0 (0,03) 22378043

4 0,5 (60) 0,289 (85) 0,204 (9,5) 0,791 (0,04) 15478759

5 -1 (15) 0 (80) 0 (9) 0 (0,03) 7975135

6 -0,5 (30) -0,866 (65) 0 (9) 0 (0,03) 8084621

7 -0,5 (30) -0,289 (75) 0,817(7) 0 (0,03) 11043029

8 -0,5 (30) -0,289 (75) -0,204(8,5) -0,791 (0,02) 9815048

9 0,5 (60) -0,866 (65) 0 (9) 0 (0,03) 11041115

10 0,5 (60) -0,289 (75) 0,817 (7) 0 (0,03) 14199115

11 0,5 (60) -0,289 (75) -0,204(8,5) -0,791 (0,02) 16003753

12 -0,5 (30) 0,866 (95) 0 (9) 0 (0,03) 12233811

13 0 (45) 0,577 (90) 0,817(7) 0 (0,03) 16568605

14 0 (45) 0,577 (90) -0,204 (8,5) -0,791 (0,02) 16460618

15 -0,5 (30) 0,289 (85) 0,817(11) 0 (0,03) 16460618

16 0 (45) -0,577 (70) 0,817 (11) 0 (0,03) 13469039

17 0 (45) 0 (80) 0,61 (10,5) -0,791 (0,02) 14222903

18 -0,5 (30) 0,289 (85) 0,204 (9,5) 0,791 (0,04) 16980964

19 0 (45) -0,577 (70) 0,204 (9,5) 0,791 (0,04) 17312831

20 0 (45) 0 (80) -0,613 (7,5) 0,791 (0,04) 14038803

21 0 (45) 0 (80) 0 (9) 0 (0,03) 16265798

22 0 (45) 0 (80) 0 (9) 0 (0,03) 14538189

23 0 (45) 0 (80) 0 (9) 0 (0,03) 18162996

24 0 (45) 0 (80) 0 (9) 0 (0,03) 13855223

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66

Tabela 12. Condição experimental ótima apontada pelo planejamento Doehlert para extração de clorpirifós em

água por HS-SPME.

Tempo de

extração

Temperatura de

extração

Volume de

Amostra

Concentração de

eletrólito

60 min 85 ºC 11 mL 0,04 mol/L

A Tabela 13 mostra os valores dos coeficientes obtidos para o modelo quadrático

gerado do planejamento da Tabela 11. Considerando a soma quadrática dos resíduos, ao nível

de significância de 0,05, pode ser notado que as variáveis tempo e temperatura de extração e

concentração de eletrólito apresentaram efeitos significativos na otimização.

Tabela 13. Coeficientes do planejamento Doehlert para a avaliação dos parâmetros operacionais HS-SPME, na

extração de clorpirifós em água (1 - tempo de extração (min), 2 - temperatura de extração (ºC), 3 - volume de

amostra (mL) e 4 - concentração de eletrólito (mol/L)). Os valores sublinhados indicam efeitos significativos. A

última coluna corresponde aos valores do parâmetro estatístico p, ao nível de significância de 0,05, considerando

a soma quadrática dos resíduos.

Variáveis Coeficientes

p

Média 15705551,5 1,456×10-8

1 3932212,7 0,0004897

2 3146935,6 0,0021533

3 2040055,9 0,0223045

4 1154681,0 0,1534111

11 -3224604,5 0,0512438

22 -3807513,2 0,0263388

33 1726634,1 0,233294

44 -2930,8 0,998226

12 938729,8 0,6354398

13 1357866,1 0,5411818

14 -5554680,9 0,0338645

23 1212550,4 0,584425

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67

24 -3904755,0 0,1126952

34 4581889,5 0,0691146

Geralmente, com períodos de tempo de extração mais longos, a sorção de compostos

com massa molecular mais elevada torna-se favorável, o que foi observado na execução dos

planejamentos para a extração do clorpirifós (composto com massa molecular

~350 g/mol)neste trabalho. Entretanto, é importante que esse tempo não se estenda

demasiadamente, já que pode tornar a extração onerosa e de difícil aplicação.

O aumento da temperatura de extração pode aumentar a volatilização dos compostos

com massa molecular maior, especialmente quando se trata da extração na modalidade por

headspace, que constituiu a aplicação deste trabalho,uma vez que se aumenta a pressão de

vapor dos analitos favorecendo a transferência dos mesmos da amostra para a fibra.

Quanto ao volume de amostra, maiores volumes mostraram melhores resultados para a

extração, pois mesmo embora todas as concentrações de todos os volumes estudados tenham

sido mantidas constantes, em um maior volume tem-se uma maior quantidade de analito por

unidade de volume, o que, para este trabalho, apresentou efeito positivo significativo na

eficiência de extração de clorpirifós.

Por fim, o efeito salting out (quarta variável avaliada) geralmente contribui para

aumentar a eficiência da extração, ou seja, aumentar a quantidade de analito extraída pela

fibra. Com o aumento da força iônica da solução diminui-se a solubilidade de compostos

pouco polares, forçando-os a passar para a fase de vapor. Entretanto, nas condições

experimentais avaliadas da Tabela 10 este efeito não foi significativo para melhorar a

extração, como evidenciado pelos coeficientes do modelo apresentados na Tabela 12.

Na Tabela 14 é apresentada a tabela da ANOVA gerada a partir dos dados do

planejamento experimental Doehlert (Tabela 11). Pode-se notar que a regressão foi

significativa, ao nível de significância de 0,05, e que não houve falta de ajuste do modelo

quadrático gerado.

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68

Tabela 14. Tabela de análise de variância para o planejamento Doehlert executado no estudo da otimização das

condições operacionais HS-SPME para determinação de clorpirifós em água, no nível de significância de 0,05.

Valores sublinhados indicam valores significativos. FV = fonte de variância, SQ = soma quadrática,

nGL = número de graus de liberdade, MQ = média quadrática, Fcalc = valor calculado do teste F, e

p = parâmetro estatístico p.

Análise de Variância – Modelo Quadrático

FV SQ nGL MQ Fcalc p

Regressão 2,31×1014

14 1,65×1013

6,011 0,0052

Resíduos 2,47×1013

9 2,75×1012

Falta de Ajuste 1,36×1013

4 3,40×1012

1,523 0,3238

Erro Puro 1,11×1013

5 2,23×1012

Total 2,56×1014

23

% variância explicada 90,338

% máxima de variação explicável 95,644

Cabe ainda ressaltar que, para a dessorção do analito, um tempo inicial de 5 min foi

estimado, porém observou-se que ocorria “efeito memória”, caracterizado pela dessorção

incompleta das espécies químicas sorvidas na fibra; então a fibra passou a ficar exposta

durante todo o tempo da corrida cromatográfica (10 min, como já citado), aonde se verificou a

completa dessorção do clorpirifós. A Figura 14 exibe o processo de introdução do holder no

injetor do cromatógrafo para posterior exposição da fibra para dessorção térmica da espécie

de interesse.

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69

Figura 104. Exposição da fibra para dessorção do analito no sistema GC-ECD.

5.6. Validação do Método para Determinação de Clorpirifós em Água

O método HS-SPME/GC-ECD desenvolvido foi validado e utilizado para análise de

amostras de água superficial coletadas em cursos d’água próximos a plantações de batata na

zona rural de Ouro Branco/MG, como exemplificado na Figura 15, para a determinação do

inseticida clorpirifós.

A seguir são apresentados os resultados obtidos das figuras de mérito avaliadas para

validação do método.

Figura 15. Ilustração de um dos pontos de coleta de amostra de água superficial próximo a plantações de batata

na zona rural de Ouro Branco/MG.

5.6.1. Seletividade

Para avaliar a seletividade do método de extração e análise por cromatografia

empregados foram comparados os cromatogramas obtidos pela extração de:

(a) Amostras fortificadas com o analito de interesse; e

(b) Amostras de água superficial submetidas ao método otimizado

Alguns dos cromatogramas referentes aos passos (a) e (b) supracitados estão

apresentados na Figura 16.

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70

2 4 6 8 10

0

2000000

4000000

6000000

8000000

Resp

ost

a (

mV

)

Tempo (min)

Clorpirifós

(a)

2 4 6 8 10

0

2000000

4000000

6000000

8000000

(b)

Resp

ost

a (

mV

)

Tempo (min)

Figura 11. Cromatograma obtido após extração HS-SPME da amostra fortificada com clorpirifós a 5,00 µg/L

(a), seguido do cromatograma da extração HS-SPME de uma matriz de água superficial (b).

Comparando-se os cromatogramas da Figura 16 observa-se que não há picos

coincidentes entre a matriz original e a matriz fortificada no tempo de retenção do clorpirifós;

desta forma, a resposta do analito de interesse não sofre interferência de outros componentes

da matriz. Tal resultado comprova a boa seletividade do método proposto.

5.6.2. LOD e LOQ

Os critérios para estabelecimento dos limites de detecção e quantificação do método

foram estabelecidos pelas relações sinal/ruído iguais a 3 e 10, respectivamente, por meio da

análise de concentrações decrescentes do analito. Os valores de LOD e LOQ para o método

proposto e otimizado são apresentados na Tabela 15.

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71

Tabela 15. Limites de detecção e quantificação do método proposto e otimizado para determinação de

clorpirifós em água.

LOD (µg/L) LOQ(µg/L)

Clorpirifós 0,76 2,28

O valor do limite de detecção é da ordem de µg/L (ppb), indicando a viabilidade deste

método para a determinação de quantidades em nível de traços de clorpirifós em água. Para o

analito estudado o limite de quantificação do método proposto é menor do que o limite

máximo permitido estabelecido pelas principais legislações internacionais (30 e 90 µg/L).28-

29,65 Este resultado indica que o método proposto apresenta detectabilidade adequada para

aplicação como procedimento analítico para o monitoramento do analito de interesse,

clorpirifós, em águas, por exemplo, destinadas a consumo humano.

5.6.3. Linearidade e Faixa de Trabalho

A linearidade refere-se à capacidade do método de gerar resultados linearmente

proporcionais à concentração do analito, enquadrados em uma faixa analítica específica.55

A

Figura 17 mostra a curva de regressão do estudo de linearidade, na validação do método

desenvolvido para análise de clorpirifós em água.

Figura 17. Regressão do estudo da linearidade do método proposto e otimizado para análise de clorpirifós em

água.

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72

A curva analítica da Figura 17 foi construída a partir da adição do padrão de

clorpirifós na matriz e posterior extração por HS-SPME. A linearidade foi avaliada por meio

das concentrações de 1,67; 2,50; 5,00; 27,5; 50,0; 75,0 e 100,0 µg/L. O método se mostrou

linear com coeficiente de determinação de 0,992 para o clorpirifós.

A faixa de trabalho utilizada foi de 2,28 a 38,7 µg/L. A Figura 18 apresenta a curva

analítica construída a partir da extração por HS-SPME de clorpirifós (após adição de solução

padrão) em amostras de água superficial na faixa de concentração entre 2,28 a 38,7 µg/L. O

coeficiente de determinação foi superior a 0,99, mostrando que a mesma é linear no intervalo

investigado. Foram empregados níveis de concentração mais restritos, dentro da faixa que

melhor atendesse os objetivos do trabalho, sendo o LOQ do analito o limite inferior da curva.

Figura 18. Faixa de trabalho obtida no processo de validação do método proposto e otimizado para

determinação de clorpirifós em água.

5.6.4. Precisão

A precisão do método HS-SPME otimizado foi verificada em termos de repetitividade

e precisão intermediária.

A repetitividade da extração de clorpirifós em amostras de água superficial foi

determinada, conforme sugerido pelo INMETRO,50

realizando-se sete extrações idênticas do

agrotóxico na concentração equivalente a 3LOQ, segundo a metodologia otimizada,

avaliando-se o coeficiente de variação. Foi obtido o coeficiente de variação de 10,76%

(Tabela 15) para amostras de água fortificadas com clorpirifós na concentração de

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73

0,0050 µg/L. Esse resultado demonstra boa repetitividade, uma vez que o coeficiente de

variação se encontra abaixo do recomendado. Em métodos de análise de traços ou impurezas,

são aceitos RSD de até 20%, dependendo da amostra.

A precisão intermediária foi determinada avaliando-se o valor do coeficiente de

variação obtido após análises executadas em três dias diferentes; dias 1, 3 e 5. A extração e

análise foram feitas com sete repetições pelo mesmo analista em interdias. Para a avaliação da

precisão intermediária foram empregadas amostras fortificadas com clorpirifós na

concentração equivalente a 3LOQ. O valor obtido do CV para o clorpirifós foi de 11,41%

como apresentado na Tabela 16. Este resultado está de acordo com os critérios adotados pela

agência americana United States Food and Drug Administration (US-FDA),66

que recomenda

que os resultados de CV não devem ultrapassar 15%.

Tabela 16. Coeficientes de variação da repetitividade e precisão intermediária na avaliação da precisão do

método para determinação de clorpirifós em água.

Agrotóxico Repetitividade (CV – n = 7) Precisão intermediaria (CV – n=21)

Clorpirifós 10,76% 11,41%

5.6.5. Exatidão

A exatidão do método proposto e otimizado foi avaliada pela recuperação relativa.

Amostras de água superficial foram fortificadas com o analito de interesse em 3

concentrações: 1,67; 5,00 e 16,7 µg/L. As amostras foram submetidas ao procedimento

analítico otimizado e as concentrações do analito foram calculadas por meio das equações

obtidas por regressão linear múltipla das respectivas curvas analíticas. A Tabela 17 apresenta

os valores das concentrações de fortificação de clorpirifós e as respectivas recuperações

relativas.

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74

Tabela 17. Porcentagens de recuperação de clorpirifós em amostras de água após análise com o método

proposto, otimizado e validado.

Concentração de fortificação(µg/L) Recuperação relativa(%) CV(%)

1,67 139,94 3,03

5,00 110,53 15,63

16,7 104,27 13,17

Em geral, são aceitos intervalos de recuperação entre 70 e 120%, com precisão de até

20% para a maioria dos métodos analíticos, inclusive para análise de resíduos de agrotóxicos.

Os resultados de recuperação relativa obtidos para clorpirifós estão dentro da faixa aceitável

indicando que o método proposto apresenta exatidão adequada para determinação de

clorpirifós em água, exceto no nível de fortificação de 1,67µg/L; entretanto este apresentou

CV adequado e a recuperação relativa não foi tão destoante.

5.7. Análise das Amostras Naturais Coletadas

O método otimizado e validado foi empregado para determinação de clorpirifós em

amostras de água superficial coletadas na zona rural de Ouro Branco/MG. Uma informação

importante é que para determinar se a amostra está ou não contaminada é necessário

considerar o limite de detecção do método validado e utilizado para a análise, que neste caso é

0,76 µg/L. Assim, amostras que apresentarem resultados acima do limite de detecção podem

ser consideradas contaminadas (contaminação detectável), muito embora estes valores ainda

possam estar dentro da faixa permitida pela legislação. Neste trabalho, foram apontados sinais

cromatográficos de clorpirifós nas amostras cujas áreas correspondiam a valores de

concentração entre os limites de detecção e quantificação. O método utilizado para a análise

de clorpirifós em água superficial detectou este analito, porém em níveis não quantificáveis

(Tabela 18).

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75

Tabela 18. Resultados para análise de clorpirifós em água superficial por GC-ECD.

2011

Amostra (pontos de coleta) Março Junho Julho Agosto Dezembro

1 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

2 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

3 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

4 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

5 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

6 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

7 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

8 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

9 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

10 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

Tal fato pode ser explicado uma vez que os compostos organofosforados em sistemas

hídricos podem se degradar rapidamente, embora a literatura reporte que os mesmos podem

permanecer no meio aquático natural por meses, além de possuírem alta afinidade de absorção

no solo. Também pode contribuir para esse resultado o tempo no qual as amostras ficaram

armazenadas, visto que as mesmas não foram analisadas imediatamente após a coleta por

motivos de ordem técnica.

Contudo, como já exposto, todas as 50 amostras analisadas em triplicata representando

os 10 pontos de amostragem referentes aos meses de março, junho, julho, agosto e dezembro

de 2011 apresentaram alguma contaminação não quantificável de clorpirifós, como

exemplificado na Figura 19.

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76

0 2 4 6 8 10

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

3500000

Res

po

sta

(m

V)

Tempo (min)

Clorpirifós

Figura 19. Cromatograma de clorpirifós em amostra de água natural coletada em curso d’água da zona rural de

Ouro Branco/MG, obtido por GC-ECD.

Essa informação pode ser afirmada uma vez que as amostras foram analisadas por GC-

MS, onde foi possível a confirmação da presença de clorpirifós, pela resposta cromatográfica

para o analito em questão (exemplificação na Figura 20).

Figura 20. Cromatograma de clorpirifós em amostra de água natural coletada em curso d’água da zona rural de

Ouro Branco/MG, obtido por GC-MS.

Tempo de retenção (min)

Clorpirifós

Inte

nsi

dad

e

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6. Conclusões

Clorpirifós foi selecionado nesta pesquisa em função do seu uso intensivo na cultura

de batata inglesa, principal cultivo da zona rural do município de Ouro Branco/MG.

Para sua determinação, foram comparadas duas técnicas de extração, LLE-LTP e HS-

SPME,e dois sistemas de detecção, GC-ECD e GC-MS. O método que apresentou melhor

desempenho e sensibilidade na análise de clorpirifós foi a HS-SPME com separação e

detecção por GC-ECD. Foram obtidos excelentes resultados na extração por HS-SPME que se

mostrou uma técnica simples e de alta concentração para o analito estudado; outra vantagem é

a não utilização de solventes e a reutilização da mesma fibra por diversas vezes, além de picos

bem resolvidos.

O estudo das técnicas de extração avaliadas se deu por meio dos planejamentos

experimentais multivariados; assim foi possível a investigação de diferentes fatores

operacionais ao mesmo tempo, com um número reduzido de experimentos.

Após a otimização, o método de análise proposto e otimizado foi validado

determinando-se as principais figuras de mérito. Os resultados indicaram que o método HS-

SPME com determinação por GC-ECD é bastante eficiente para a extração e determinação do

agrotóxico clorpirifós em água.

As amostras de água natural superficial coletadas próximas às plantações de batata em

Ouro Branco apresentaram contaminação de clorpirifós com concentrações entre os níveis de

detecção e quantificação do método otimizado e validado.

Os resultados do estudo proposto nessa dissertação foram apresentados à Prefeitura

Municipal de Ouro Branco e órgãos competentes para fins informativos e também porque

serão incluídos no Plano Municipal de Saneamento Ambiental em fase de implantação pela

Prefeitura Municipal.

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78

7. Sugestões para Trabalhos Futuros

O trabalho desenvolvido neste projeto pode ser tomado como base para que novos e

diferentes estudos sejam feitos para avaliar outras possíveis fontes de contaminação na

localidade e também para a determinação de outros agrotóxicos extensivamente utilizados na

cultura local de batata como o mancozebe, glifosato e paraquat, já levantados nessa pesquisa.

Ainda, pode-se utilizar o método desenvolvido para o monitoramento contínuo do clorpirifós

nos corpos d’água da zona rural de Ouro Branco/MG.

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