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“ESTUDO DE ADSORÇÃO EM SOLUÇÃO AQUOSA DE DOIS CORANTES CATIÔNICOS E DE UMA ETERAMINA USANDO BAGAÇOS DE CANA MODIFICADOS QUIMICAMENTE” Karla Aparecida Guimarães Gusmão 2011

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“ESTUDO DE ADSORÇÃO EM SOLUÇÃO AQUOSA DE DOIS

CORANTES CATIÔNICOS E DE UMA ETERAMINA USANDO

BAGAÇOS DE CANA MODIFICADOS QUIMICAMENTE”

Karla Aparecida Guimarães Gusmão

2011

Universidade Federal de Ouro Preto Programa de Pós-Graduação Engenharia ambiental

Mestrado em Engenharia Ambiental

Karla Aparecida Guimarães Gusmão

“ESTUDO DE ADSORÇÃO EM SOLUÇÃO AQUOSA DE DOIS

CORANTES CATIÔNICOS E DE UMA ETERAMINA USANDO

BAGAÇOS DE CANA MODIFICADOS QUIMICAMENTE”

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Ambiental, Universidade

Federal de Ouro Preto, como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do título: “Mestre em

Engenharia Ambiental – Área de Concentração:

Tecnologias Ambientais”

Orientador: Prof. Dr. Laurent Frédéric Gil

Ouro Preto, MG

Catalogação: [email protected]

G982e Gusmão, Karla Aparecida Guimarães. Estudo de adsorção em solução aquosa de dois corantes catiônicos e de

uma eteramina usando bagaços de cana modificados quimicamente [manuscrito] / Karla Aparecida Guimarães Gusmão – 2011. xiii, 90 f. : il., color.; graf.; tabs. Orientador: Prof. Dr. Laurent Frédéric Gil. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Núcleo de Pesquisas e Pós-graduação em

Recursos Hídricos. Programa de Pós-graduação em Engenharia Ambiental. Área de concentração: Tecnologias Ambientais. 1. Adsorção - Teses. 2. Corantes - Teses. 3. Resíduos industriais - Teses.

4. Cinética química - Teses. I. Gil, Laurent Frederic. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Título.

CDU: 628.161.2

3

I

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pela saúde, fé e

perseverança que tem me dado. A meus pais, a quem honro pelo

esforço. Os meus familiares e amigos pelo incentivo na busca de

novos conhecimentos.

II

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus por ter me permitido chegar aqui, com saúde e sem

fraquejar pelo caminho.

Agradeço a Deus pelos meus pais, José e Alda, que sempre me apoiaram e mesmo de longe

estiveram sempre presentes com suas orações e todo amor. Aos meus irmãos, Fabiano,

Kelly e Kamila pelo carinho.

Agradeço aos meus Tios Sonia e Farah, e toda família: Jamilly, André, Lucas, Maria e

Dany, pela acolhida, cuidado e incentivo.

Agradeço meu orientador, Prof. Dr. Laurent Frédéric Gil, pelos dois anos de orientação,

amizade e carinho.

A Professora Tânia, pelo carinho e por estar sempre presente e disposta a ajudar.

Ao Leandro, pela co-orientação e por todas as dúvidas esclarecidas.

Aos meus ajudantes, que me auxiliaram durante todo o projeto: Francine, Diego, Wallace e

Leonardo.

Aos meus companheiros de batalha, que me apoiaram e sempre acreditaram em um final

feliz: Kisla, Thaísa, Jussara, Bruno, Nilda, Luide e Carlúcio.

Aos amigos de Ouro Preto, Belo Horizonte e Itamarandiba pelos momentos de

descontração, mesmo que tenham sido poucos nestes dois anos. Em especial a Naty, Vá e

Simone que estiveram sempre presentes e escutando minhas lamentações e as dificuldades

encontradas pelo caminho!

A todos os professores do DEQUI, em especial aos Professores Sérgio e Cornélio pela

colaboração no decorrer do projeto.

A todos que torceram e torcem por mim,

Muito Obrigada!

III

“No fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim."

Fernando Sabino

IV

Conteúdo

Índice de Figuras......................................................................................................................... VII

Índice de Tabelas ..........................................................................................................................IX

Lista de Abreviações e Símbolos ................................................................................................... X

Resumo........................................................................................................................................XII

Abstract ...................................................................................................................................... XIII

1 Introdução ..............................................................................................................................1

2 Revisão bibliográfica ..............................................................................................................4

2.1 Contaminação dos recursos hídricos por compostos orgânicos ........................................4

2.2 O Problema dos corantes.................................................................................................4

2.2.1 Classificação dos corantes .......................................................................................6

i) Corantes ácidos ...........................................................................................................7

ii) Corantes Básicos.........................................................................................................7

iii) Corantes Diretos .....................................................................................................8

iv) Corantes Dispersos..................................................................................................8

v) Corantes Reativos .......................................................................................................9

vi) Corantes Pré- Metalizados .......................................................................................9

vii) Corantes Sulfúricos ............................................................................................... 10

viii) Corantes à Cuba .................................................................................................... 10

2.2.2 Remoção de corantes ............................................................................................ 11

2.2.3 Adsorventes alternativos na remoção de corantes .................................................. 14

2.3 As eteraminas ............................................................................................................... 16

2.3.1 Processo de flotação e as eteraminas ..................................................................... 16

2.3.2 Custo e impacto ambiental .................................................................................... 19

2.4 Bagaço de cana ............................................................................................................. 20

2.4.1 Composição .......................................................................................................... 20

2.4.2 Utilização do bagaço de cana como adsorvente ..................................................... 24

2.5 Adsorção ...................................................................................................................... 26

2.5.1 Modelos cinéticos ................................................................................................. 26

2.5.1.1 Modelo cinético de pseudo-primeira ordem ....................................................... 27

2.5.1.2 Modelo cinético de pseudo-segunda ordem........................................................ 28

2.5.1.3 Modelo cinético Elovich.................................................................................... 28

2.5.1.4 Modelo de difusão intraparticula ....................................................................... 29

2.5.2 Isotermas de adsorção ........................................................................................... 29

V

2.5.2.1 Langmuir .......................................................................................................... 30

2.5.2.2 Freundlich ......................................................................................................... 31

2.5.2.3 Tempkim .......................................................................................................... 32

3 Materiais e Métodos ............................................................................................................. 33

3.1 Materiais ...................................................................................................................... 33

3.1.1 Reagentes ............................................................................................................. 33

3.1.2 Matéria prima para materiais adsorventes .............................................................. 34

3.1.3 Adsorvatos ............................................................................................................ 34

3.2 Métodos ....................................................................................................................... 34

3.2.1 Materiais adsorventes ............................................................................................ 34

3.2.1.1 Pré- tramento .................................................................................................... 34

3.2.1.2 Modificação química com anidrido succínico (BMS2) ....................................... 35

3.2.1.3 Modificação química com dianidrido do EDTA (BME) ..................................... 36

3.2.2 Caracterização dos materiais ................................................................................. 37

i) Espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) ..................... 37

ii) Análise elementar ..................................................................................................... 37

iii) Determinação do ponto de carga zero (pHPCZ) ....................................................... 38

iv) Determinação das áreas superficiais ...................................................................... 38

3.3 Ensaios de adsorção dos corantes .................................................................................. 38

3.3.1 Estudos cinéticos................................................................................................... 39

3.3.2 Estudos do pH ....................................................................................................... 39

3.3.3 Isoterma de adsorção ............................................................................................. 40

3.3.4 Quantificação dos corantes .................................................................................... 41

3.4 Adsorção da eteramina .................................................................................................. 41

3.4.1 Estudo cinético ..................................................................................................... 41

3.4.2 Estudo pH ............................................................................................................. 42

3.4.3 Isotermas de adsorção ........................................................................................... 42

3.4.4 Quantificação da eteramina ................................................................................... 42

4 Resultados e Discussão......................................................................................................... 44

4.1 Síntese e caracterização dos materiais ........................................................................... 44

4.1.1 Caracterização de BMS2: ...................................................................................... 44

4.1.1.1 Ganho de massa e concentração de funções introduzidas: .................................. 44

4.1.1.2 Espectroscopia na região do infravermelho ........................................................ 44

4.1.2 Caracterização de BME ......................................................................................... 46

VI

4.1.2.1 Análise elementar, ganho de massa e concentração de funções introduzidas: ..... 46

4.1.3 Espectrocopia na região do infravermelho ............................................................. 47

4.1.4 Área superficial, volume e largura dos microporos ................................................ 47

4.1.5 Ponto de carga zero (pHPZC) .................................................................................. 48

4.2 Adsorção dos corantes Azul de Metileno e Violeta Cristal por BMS2 e BME ................ 49

4.2.1 Estudo cinético ..................................................................................................... 49

4.2.2 Estudo em função do pH ....................................................................................... 59

4.2.3 Isoterma de adsorção ............................................................................................. 60

4.3 Adsorção de eteramina em BMS2 e BME ..................................................................... 69

4.3.1 Estudo cinético ..................................................................................................... 69

4.3.2 Influencia do pH ................................................................................................... 75

4.3.3 Isotermas de adsorção ........................................................................................... 76

5 Conclusão ............................................................................................................................ 81

6 Referências .......................................................................................................................... 83

VII

Índice de Figuras

Figura 1.1: Estrutura dos bagaços de cana modificados, dos corantes básicos Azul de Metileno e

Violeta Cristal e da eterdiamina Flotigam 2835. .............................................................................3

Figura 2.1: Estrutura química característica de um azo corante. ......................................................6

Figura 2.2: Estrutura química do corante Índigo blue. .....................................................................6

Figura 2.3: Estrutura química do corante 9,10-Antraquinona. .........................................................6

Figura 2.4: Estrutura dos corantes básicos Azul de Metileno e Violeta Cristal.................................8

Figura 2.5 Exemplo de corante direto (I - corante Vermelho Congo) contendo grupos diazo como

grupos cromóforo (Guaratini e Zanoni, 2000). ................................................................................8

Figura 2.6: Exemplo de corante dispersivo Corante Vermelho de Lonamina KA (Guaratini e

Zanoni, 2000). ...............................................................................................................................9

Figura 2.7: Exemplo do processo de tintura de algodão com corante contendo o grupo

sulfatoetilsufona como centro reativo da molécula (Guaratini e Zanoni, 2000) ................................9

Figura 2.8: Exemplo de tintura da lã com o corante pré-metalizado cromo/corante 1:1(Guaratini e

Zanoni, 2000). ............................................................................................................................. 10

Figura 2.9: Exemplo da reação de corantes contendo grupo tiossulfato com íon sulfeto e

subsequente formação dos corantes com pontes de dissulfeto (Guaratini e Zanoni, 2000). ............ 10

Figura 2.10: Estrutura geral de um corante à cuba (Guaratini e Zanoni, 2000)............................... 11

Figura 2.11: Classificação das aminas .......................................................................................... 18

Figura 2.12: Estrutura geral de uma eterdiamina e uma eteramina................................................. 18

Figura 2.13: Formação da cadeia de celulose pela união de unidades β-D-glucose. ....................... 21

Figura 2.14: Estrutura dos principais componentes da poliose....................................................... 22

Figura 2.15: Precursores básicos da lignina .................................................................................. 23

Figura 2.16: Estrutura proposta por Nimz para a lignina. .............................................................. 23

Figura 2.17: Rota de síntese do material adsorvente BMS2. ......................................................... 25

Figura 2.18: Rota de síntese do material adsorvente BME. ........................................................... 25

Figura 2.19: Isotermas de adsorção .............................................................................................. 30

Figura 3.1: Rota sintética da modificação química do bagaço de cana com anidrido succínico. ..... 36

Figura 3.2: Rota sintética da modificação química do bagaço de cana com dianidrido de EDTA ... 37

Figura 4.1: Rota de síntese dos materiais BMS1 e BMS2. ............................................................ 44

Figura 4.2: Espectro FTIR do bagaço de cana B e bagaço de cana modificado BMS1 ................... 45

Figura 4.3: Rota de síntese dos materiais BME. ........................................................................... 46

Figura 4.4: Espectro FTIR para bagaço de cana B e bagaço de cana modificado BME ................. 47

Figura 4.5: Determinação do pHPCZ dos materiais (a) BMS2 e (b) BME. ..................................... 49

Figura 4.6: Variação da adsorção de AM e VC em BMS2 em função do tempo. .......................... 50

Figura 4.7: Variação da adsorção de AM e VC em BME em função do tempo. ............................ 50

Figura 4.8: Modelos cinéticos da adsorção do corante AM em BMS2, (a) PPO, (b) PSO e (c) EE.

.................................................................................................................................................... 52

Figura 4.9: Modelos cinéticos da adsorção do corante VC em BMS2, (a) PPO, (b) PSO e (c) EE.

.................................................................................................................................................... 53

Figura 4.10 Modelos cinéticos da adsorção do corante AM em BME, (a) PPO, (b) PSO e (c) EE.

.................................................................................................................................................... 54

VIII

Figura 4.11: Modelos cinéticos da adsorção do corante VC em BME, (a) PPO, (b) PSO e (c) EE.

.................................................................................................................................................... 55

Figura 4.12: Modelo de DIP dos corantes AM e VC em BMS2. .................................................. 58

Figura 4.13 Modelo de DIP dos corantes AM e VC em BME. ..................................................... 58

Figura 4.14: Variação da adsorção dos corantes AM e VC por BMS2 em função do pH. .............. 59

Figura 4.15: Variação da adsorção dos corantes AM e VC por BME em função do pH. ............... 60

Figura 4.16: Isotermas de adsorção para remoção de AM por BMS2, Modelos de (a) Langmuir, (b)

Freundlich e (c) Tempkim. ........................................................................................................... 62

Figura 4.17: Isotermas de adsorção para remoção de VC por BMS2, Modelos de (a) Langmuir, (b)

Freundlich e (c) Tempkim. ........................................................................................................... 63

Figura 4.18: Isotermas de adsorção para remoção de AM por BME, Modelos de Langmuir,

Freundlich e Tempkim. ................................................................................................................ 64

Figura 4.19: Isotermas de adsorção para remoção de VC por BME, Modelos de .......................... 65

Figura 4.20: Cinética de adsorção da eteramina em BMS2 e BME como tempo. .......................... 70

Figura 4.21: Modelos cinéticos da adsorção da eteramina em BMS2, (a) PPO, (b) PSO e (c) EE. 71

Figura 4.22: Modelos cinéticos da adsorção da eteramina em BME, (a) PPO, (b) PSO e (c) EE. . 72

Figura 4.23: Modelo de difusão intraparticula da eteramina em BMS2 e BME. ............................ 74

Figura 4.24: Variação da adsorção da eteramina por BMS2 e BME em função do pH. ................. 75

Figura 4.25: Isotermas de adsorção para remoção de eteramina por BMS2, Modelos de ............... 77

Figura 4.26 Isotermas de adsorção para remoção de eteramina por BME, Modelos de Langmuir,

Freundlich e Tempkim. ................................................................................................................ 78

IX

Índice de Tabelas

Tabela 4.1: Análise elementar, concentração de unidade de EDTA introduzida e ganho de

massa. .............................................................................................................................. 46

Tabela 4.2: Características superficiais dos materiais BMS2 e BME. ............................... 48

Tabela 4.3: Parâmetros cinéticos para a adsorção de AM e VC em BMS2. ...................... 56

Tabela 4.4: Parâmetros cinéticos para a adsorção de AM e VC em BME. ........................ 56

Tabela 4.5: Parâmetros cinéticos do modelo de DIP para adsorção de AM e VC em

BMS2. ............................................................................................................................. 58

Tabela 4.6: Parâmetros cinéticos do modelo de DIP para adsorção de AM e VC em BME.

........................................................................................................................................ 59

Tabela 4.7: Parâmetros das isotermas para a adsorção de AM e VC em BMS2. ............... 66

Tabela 4.8: Parâmetros das isotermas para a adsorção de AM e VC em BME. ................. 66

Tabela 4.9: Materiais adsorventes listados na literatura e suas capacidades de adsorção para

AM. ................................................................................................................................. 68

Tabela 4.10Materiais adsorventes listados na literatura e suas capacidades de adsorção para

VC. .................................................................................................................................. 69

Tabela 4.11: Parâmetros cinéticos para a adsorção da eteramina em BMS2 e BME. ........ 73

Tabela 4.12: Parâmetros cinéticos do modelo de Difusão Intrapartícula para adsorção de

eteramina em BMS2 e BME. ........................................................................................... 74

Tabela 4.13: Parâmetros das isotermas para a adsorção de eteramina em BMS2 e BME. . 79

Tabela 4.14: Tabela comparativa entre adsorventes utilizados pra adsorção de eteramina. 79

X

Lista de Abreviações e Símbolos

BMS2 – Bagaço de cana modificado com anidrido succínico

BME – Bagaço de cana modificado com dianidrido do EDTA

FTIR – Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier

RL – Fator de separação, constante adimensional

Qmax – Quantidade máxima adsorvida (mg/g)

Ce - Concentração de equilibrio (mg/L)

C0 – Concentração antes da adsorção

b – Constante de Langmuir (L/mg)

kf – Constante de Freundlich

n – Fator de heterogeneidade da isoterma de Freundlich

At e Bt – Parâmetros da isoterma de Tempkin

R2 – Coeficiente de correlação

qe - Quantidade adsorvida no equilíbrio (mg/g)

λmax – Comprimento de onda de absorbância máxima (nm)

rpm – Rotações por minuto

PPO – Modelo de pseudo-primeira ordem

PSO - Modelo cinético de pseudo-segunda ordem

DIP – Modelo de difusão intraparticula

EE – Equação de Elovich

k1 - Constante de velocidade de pseudo-primeira ordem (min-1

)

k2 - Constante de velocidade de reação de pseudo-segunda ordem (g/ mg min)

XI

α - Taxa de adsorção inicial da Equação de Elovich (mg/g h)

β – Constante da Equação de Elovich (g/mg)

kid - Constante de velocidade de difusão intrapartícula (mg/g min1/2

)

CCOOH – Concentração de funções ácido carboxílico (mmol/g)

XII

Resumo

Neste trabalho, a adsorção de corantes e de eteramina em bagaços de cana quimicamente

modificados foi estudada a fim de caracterizar os processos de adsorção, destacando a

análise de parâmetros cinéticos e de equilíbrio. O bagaço de cana que é um resíduo da

indústria agrícola foi modificado quimicamente e avaliado quanto a sua capacidade de

adsorção (ou remoção) dos corantes catiônicos Azul de Metileno (AM) e Violeta Cristal

(VC), e de uma eteramina (eterdiamina Flotigam 2835) utilizada na flotação do minério de

ferro, em soluções aquosas. Os matériais adsorventes foram obtidos por meio de

modificações químicas do bagaço com anidrido succínico (BMS2) e com dianidrido do

EDTA (BME) e foram caracterizados para confirmação das funções introduzidas e para

determinação das características superficiais, através de análise FTIR, análise elementar,

BET e pHPZC. Posteriormente os materiais foram aplicados nos testes de adsorção, em

sistemas de batelada. Os dados cinéticos foram avaliados pelos modelos de Pseudo-

primeira ordem, Pseudo-segunda ordem, Equação de Elovich e Difusão intrapartícula. Nos

estudos de cinética de adsorção dos corantes e da eteramina, os resultados apresentaram

um melhor ajuste ao modelo de Pseudo-segunda ordem, apresentando os maiores

coeficientes de correlação entre os modelos. O modelo de Difusão intraparticula,

apresentou multilineriadade, indicando que duas ou mais etapas podem ocorrer,

envolvendo mais de uma única cinética por processo. Foram utilizados os modelos de

Langmuir, Freundlich e Tempkin para avaliar a capacidade de adsorção dos corantes e da

eteramina pelos bagaços modificados, BMS2 e BME. . O modelo de Langmuir mostrou-se

o mais adequado para todos os estudos de adsorção, com valores de Qmax de 478,47 e

202,43 mg/g para AM, 1273,16 e 327,87 mg/g para VC e 869,56 e 1203,45 mg/g para a

eteramina em BMS2 e BME, respectivamente.

Palavras-chave: Adsorção, corantes catiônicos, eteramina, isoterma de adsorção, cinética

de adsorção.

XIII

Abstract

In this work the adsorption of dyes and etheramine in chemically modified bagasse was

studied. The results emphasize the kinetic and equilibrium parameters of this process.

Sugarcane bagasse is an industrial waste that has been chemically modified and evaluated

for their capacity of adsorption (or removal) of the cationic dye, Methylene Blue (MB) and

Crystal Violet (CV), and a etheramine (etherdiamine Flotigam 2835) used in reverse

flotation, in aqueous solutions. The materials adsorbent were obtained through chemical

modification of bagasse with succinic anhydride (BMS2) and EDTA dianhydride (BME)

and were characterized to confirm the functions introduced and to determine the

characteristics of the surface, by FTIR analysis, elemental analysis, BET and pHPZC.

Subsequently the materials were applied in tests of adsorption in batch systems. The

kinetic models were evaluated by the pseudo-first order, pseudo-second order, Elovich

equation and intraparticle diffusion. In kinetic studies of adsorption of dyes and

etheramine, the results showed a better fit to the model of Pseudo-second order. The

intraparticle diffusion model presented multilinerities, indicating that two or more steps

may occur, involving more than one per process kinetics. The adsorption capacity of

BMS2 and BME for dyes and etheramine had been evaluated using Langmuir, Freundlich

and Tempkin adsorption isotherms. The Langmuir’s model gave best results for all

adsorption studies, with values of Qmax of 478,47 e 202,43 mg/g for AM, 1273,16 and

327,87 mg/g for VC and 869,56 and 1203,45 mg/g for the etheramine of BMS2 and BME,

respectively.

Keywords: Adsorption, cationic dye, etheramine, sorption isotherm, sorption kinetics.

1

1 Introdução

A contaminação dos recursos hídricos pode ser apontada como um dos grandes

problemas dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Dentre as várias fontes de

contaminação, os processos industriais contribuem significativamente, devido à grande

geração de efluentes com elevada carga poluente. Os rejeitos gerados pelas indústrias tais

como os metais pesados, os corantes e os compostos orgânicos são, em geral, espécies

químicas altamente tóxicas para os solos, águas e o homem. O descarte inapropriado destes

materiais causa grande preocupação devido às alterações que provocam nas condições

naturais do meio ambiente onde são descartados (Paulino, 2008).

Neste contexto, os processos têxteis têm grande importância, pois são grandes

consumidores de água e de corantes sintéticos, gerando grandes volumes de efluente com

elevada carga orgânica e forte coloração devido à presença de corantes que não são fixados

às fibras. Pela própria natureza, os corantes são facilmente detectados a olho nu, sendo

visíveis mesmo em concentrações bastante baixas. Por este motivo, qualquer quantidade

utilizada e lançada, após o seu uso, pode causar uma mudança na coloração da água,

gerando um comprometimento do sistema aquoso (Royer, 2008). Lançamento de tais

efluentes dá cor e afeta o valor estético dos córregos. A cor interfere na penetração da luz

solar no meio aquático, retarda a fotossíntese, inibe o crescimento da biota aquática e

interfere na solubilidade de gases em corpos d’água. Além disso, descargas diretas dos

efluentes urbanos e/ou de águas residuais em ambiente natural podem causar a formação

de repartições tóxicas e cancerígenas a partir dos corantes sintéticos (Garg et al., 2004)

Vários métodos têm sido testados para a remoção de cor dos efluentes industriais, a

fim de diminuir seu impacto sobre o meio ambiente. Estes métodos incluem adsorção em

matrizes inorgânicas ou orgânicas, descoloração por foto-catálise ou processos de foto-

oxidação, degradação microbiológica, oxidação química, ozonização e coagulação. A

adsorção é um dos mais eficazes processos utilizados para a remoção de corantes, e o

carvão ativado é o adsorvente mais empregado, com grande sucesso, devido à sua grande

área superficial, estrutura microporosa e elevada capacidade de adsorção. Contudo o uso

em grande escala de carvão ativado como adsorvente eleva o custo do processo tornando-o

inviável. O custo da adsorção como método para remoção de corantes de efluentes pode

ser reduzido se o adsorvente utilizado for de baixo custo (Forgacs et al., 2004; Lata et al.,

2008).

2

A mineração também consome uma grande quantidade de água, e seu uso vem

tornando-se cada vez mais objeto da preocupação das empresas do segmento. A área de

beneficiamento consome grande parte das águas utilizadas nas indústrias minerais e

metalúrgicas.

A variedade de produtos químicos utilizados nas diversas etapas do beneficiamento

de minérios cresceu com a necessidade de aumentar a eficiência dos processos e, dentre

estes, ressaltam-se os produtos orgânicos, que são utilizados em elevadas concentrações,

como depressores, dispersantes, floculantes, coletores, espumantes, auxiliares de filtração,

dentre outros ( da Silva, 2009).

O processo de flotação é um dos métodos de concentração mais utilizados, e

destaca-se pelo alto consumo de água na mineração. Para cada tonelada de minério de ferro

processada utiliza-se, em média, 4m3 de água. Quantidades significativas de aminas

utilizadas como reagentes na flotação de minérios acabam ficando contidas na polpa do

rejeito. Esta polpa é descartada para as barragens de rejeito, e consequentemente, é uma

forma de contaminação de águas (Leal, 2010). A remoção destes produtos permite

aumentar a percentagem de água de recirculação e diminuir a contaminação nas barragens

de rejeito (da Silva, 2009).

A possibilidade de reutilização das aminas resultaria em considerável redução de

custos operacionais, além da diminuição da quantidade de reagentes liberados para o meio

ambiente. Estima-se que aproximadamente 5500 toneladas de derivados de amina sejam

usadas anualmente no Brasil em processos de flotação (Araujo et al., 2008).

Neste contexto, o presente trabalho objetivou estudar a adsorção de corantes

catiônicos e de eteramina em bagaços de cana quimicamente modificados, buscando uma

possível aplicação da adsorção em efluentes provenientes de indústrias têxteis e da flotação

reversa de minério de ferro.

Os objetivos específicos são:

Avaliar a capacidade de dois bagaços de cana modificados quimicamente, BME e

BMS2, quanto à remoção de dois corantes catiônicos, o Azul de Metileno e o

Violeta Cristal, e de uma eteramina (eterdiamina Flotigam 2835) em soluções

aquosas (Figura 1.1);

Estudar o mecanismo de adsorção envolvido nos processo de adsorção, com base

em estudos cinéticos e de equilíbrio;

Comparar os dois materiais utilizados com materiais apresentados na literatura.

3

BME

O N

O

O

N

O

O

O

O

O

Na+

Na+

Na+

_

_

_

O

O

O

O

O

O

O

O

_

_Na+

Na+

BMS2

N

S NN+

Cl

_

Azul de Metileno

Violeta Cristal

N

N

N+

Cl

_

Figura 1.1: Estrutura dos bagaços de cana modificados, dos corantes básicos Azul de

Metileno e Violeta Cristal e da eterdiamina Flotigam 2835.

[R-O-(CH2)3-NH-(CH2)3-NH4)+ CH3COO

-

Eterdiamina Flotigam 2835, R = radical alquil com 10 ou mais

átomos de carbono

4

2 Revisão bibliográfica

2.1 Contaminação dos recursos hídricos por compostos orgânicos

Ao longo de décadas, a atividade industrial tem produzido rejeitos gasosos, líquidos

e sólidos nocivos ao meio ambiente. Os processos industriais que utilizam grandes

volumes de água contribuem significativamente com a contaminação dos corpos d'água,

principalmente pela ausência de sistemas de tratamento (Freire et al., 2000).

Um dos graves problemas da sociedade brasileira é decorrente das diferentes fontes

de poluição, que atuam sobre a qualidade da água utilizada pela população, bem como

sobre a qualidade das águas necessárias à conservação ambiental dos sistemas hídricos

brasileiros.

Atualmente, um dos problemas mais sérios que afetam o meio ambiente é a

poluição química de natureza orgânica ou inorgânica, decorrente dos despejos residenciais

e industriais (Aguiar et al., 2002). Vários são os poluentes descartados nos rios, incluindo

metais pesados, óleos, pesticidas, corantes, tensoativos, entre outros (Pereira, 2008).

2.2 O Problema dos corantes

A exata origem dos corantes não é conhecida, indícios apontam que, a mais de 40000

anos, pigmentos naturais foram usados pelas primeiras civilizações humanas para

demarcação de territórios, inscrições em rochas, árvores e pintarem peles. Os corantes

naturais, extraídos de vegetais, minerais, insetos e moluscos, foram os únicos utilizados até

o século XIX.

Atualmente, os corantes sintéticos são usados extensivamente em muitos campos da

tecnologia, por exemplo, em vários ramos da indústria têxtil, do curtimento de couro em

produção de papel, em tecnologia de alimentos, em células fotoeletroquímicas, e em

colorações de cabelo (Forgacs et al., 2004).

Infelizmente, a quantidade exata de corantes produzida no mundo não é conhecida. É

estimada em mais de 10.000 toneladas por ano. Dados exatos sobre a quantidade de

corantes no ambiente também não estão disponíveis. Supõe-se que uma perda de 1-2% na

produção e 1-10% de perda no uso são uma estimativa justa. Devido à produção em grande

5

escala e a aplicação extensiva, os corantes sintéticos podem causar poluição ambiental

considerável e é um grave fator de risco a saúde (Forgacs et al., 2004).

Devido à sua importância comercial, o impacto e a toxicidade de corantes que são

liberados no ambiente têm sido amplamente estudados. Os riscos toxicológicos de corantes

sintéticos à saúde humana estão relacionados ao modo de exposição, ingestão oral,

sensibilização da pele e das vias respiratórias. O corante Azul de Metileno, por exemplo, é

o mais comumente utilizado em algodão, madeira e seda. Ele pode causar queimaduras nos

olhos e pode ser responsável por danos permanentes aos olhos dos humanos e animais. A

inalação, que pode dar origem a curtos períodos de respiração rápida ou difícil, enquanto a

ingestão pela boca produz uma sensação de ardor e pode causar náuseas, vômitos, sudorese

profunda, confusão mental e metemoglobinemia (Rafatullah et al., 2010). O corante

Violeta Cristal é também conhecido sob o nome de violeta genciana. Violeta Cristal é

nocivo por inalação, ingestão, através de contacto com a pele e também pode causar câncer

e irritação ocular grave em seres humanos (Ahmad, 2009).

A contaminação dos sistemas aquáticos por corantes provoca efeitos visuais e

organolépticos nos corpos d’água, não permitindo seu consumo ou utilização. A

contaminação por corantes promove alteração na coloração e uma diminuição da

transparência da água, o que interfere na penetração da luz solar, dificultando a

fotossíntese da vegetação aquática. Portanto, tratamento de efluentes, contendo corante, é

de interesse devido a seus impactos nocivos sobre águas receptoras e aos seres humanos.

Mesmo pouco difundidas as informações sobre os riscos da contaminação por

corantes e o impacto causado pelos seus rejeitos na qualidade da água e em ecossistemas

aquáticos, sabe-se que esses compostos podem permanecer por cerca de 50 anos na biota

terrestre e aquática, pondo em risco a estabilidade desses ecossistemas e a vida em seu

entorno (Gupta e Suhas, 2009).

Durante as últimas décadas, a descarga de efluentes industriais tem sido regulada

para minimizar esses danos ambientais. Os corantes descarregados nos efluentes têxteis

possuem estrutura complexa e origem sintética. Eles apresentam uma alta demanda

biológica de oxigênio (DBO) e uma alta estabilidade, o que torna sua degradação mais

difícil. Efluentes têxteis são significativamente menos biodegradável do que muitos outros

resíduos orgânicos, já que as estruturas dos corantes são projetadas para resistir a

condições ambientais.

6

2.2.1 Classificação dos corantes

Os corantes são classificados de acordo com a sua estrutura química, em

antraquinona, azo e indigóides. Os corantes azos representam a maioria dos corantes

sintéticos e é a classe mais utilizada nas indústrias têxteis. Em suas estruturas químicas

apresentam o grupamento –N=N–, denominados azo. A Figura 2.1 representa um corante

azo.

Os corantes indigóides são produzidos através da extração de pigmento azul de

plantas. O corante índigo sintético, usado para tingimento de jeans, é um corante indigóide

produzido a partir do ácido cloro acético e da anilina no Século XIX. Sua estrutura pode

ser observada na Figura 2.2.

Os corantes antraquinona representam a segunda classe mais utilizada depois dos

azos. Eles são derivados da estrutura 9,10-antraquinona (Figura 2.3), e a variação das cores

está relacionada pelo tipo, número e posição dos substituintes encontrados na estrutura.

Figura 2.1: Estrutura química característica de um azo corante.

Figura 2.2: Estrutura química do corante Índigo blue.

Figura 2.3: Estrutura química do corante 9,10-Antraquinona.

7

Os corantes podem ainda ser classificados de acordo com o modo de fixação da

molécula na fibra, que pode ocorrer através de quatro tipos de interações: ligações de Van

der Waals, de hidrogênio, iônicas e covalentes (Guaratini e Zanoni, 2000). As principais

classes de corantes de acordo com o modo de fixação são apresentadas a seguir:

i) Corantes ácidos

O termo corante ácido corresponde a um grande grupo de corantes solúveis em

água, portadores de um a três grupos sulfônicos (-SO3H). Estes grupos substituintes tornam

o corante solúvel em água, e têm vital importância no método de aplicação do corante em

fibras protéicas (por exemplo, lã, seda) e em fibras de poliamida sintética. No processo de

fixação, o corante previamente neutralizado (solução contendo cloreto, acetato,

hidrogenossulfato, etc.) se liga à fibra através de uma troca iônica envolvendo o par de

elétrons livres dos grupos amino e carboxilato das fibras protéicas, na forma não-

protonada. Estes corantes caracterizam-se por substâncias com estrutura química baseada

em compostos azo, antraquinona, triarilmetano, azina, xanteno, ketonimina, nitro e nitroso,

que fornecem uma ampla faixa de coloração e grau de fixação.

ii) Corantes Básicos

Também conhecidos como corantes catiônicos, são solúveis em água e capazes de

colorir a lã, o acrílico, a seda, o algodão, entre outros. Estes corantes em água fornecem

cátions coloridos, normalmente um sal de amina ou um grupo imino ionizado. Apenas o

corante barbeína (C. I. natural yellow 18) é conhecido como corante básico natural, porém

os primeiros corantes a serem sintetizados tais como a maloveína eram básicos. Esta classe

de corantes é constituída por corantes azos, antraquinona, triarilmetano, triazin, oxima, etc.

Os corantes utilizados neste trabalho, Azul de Metileno (AM) e Violeta Cristal

(VC), são corantes básicos e suas estruturas estão representadas na Figura 2.4.

8

N

S NN+

Cl

_

Azul de Metileno

Violeta Cristal

N

N

N+

Cl

_

Figura 2.4: Estrutura dos corantes básicos Azul de Metileno e Violeta Cristal

iii) Corantes Diretos

Este grupo de corantes caracteriza-se como compostos solúveis em água capazes de

tingir algodão, papel, couro e nylon. São corantes aniônicos solúveis em água e quando são

usados em solução com eletrólitos, apresentam uma alta afinidade por fibras celulósicas. A

afinidade aumenta também pela planaridade na configuração da molécula do corante ou a

dupla ligação conjugada que aumenta a adsorção do corante sobre a fibra. Esta classe de

corantes é constituída principalmente por corantes contendo mais de um grupo azo (diazo,

triazo e etc.) ou pré-transformados em complexos metálicos (Figura 2.5).

Figura 2.5 Exemplo de corante direto (I - corante Vermelho Congo) contendo grupos diazo

como grupos cromóforo (Guaratini e Zanoni, 2000).

iv) Corantes Dispersos

Constituem uma classe de corantes não iônicos insolúveis em água aplicados em

fibras de celulose e outras fibras hidrofóbicas através de dispersões aquosas aplicadas

utilizando altas temperaturas e pressão. Esta classe de corantes tem sido utilizada

principalmente para tinturas de fibras sintéticas, tais como: acetato celulose, nylon,

poliéster e poliacrilonitrila. Em geral apresentam grupos azo, antraquinona, nitro e

benzodifurano. A Figura 2.6 representa o corante dispersivo Vermelho de Lonamina KA.

9

(a)

(b)

Figura 2.6: Exemplo de corante dispersivo Corante Vermelho de Lonamina KA (Guaratini

e Zanoni, 2000).

v) Corantes Reativos

São corantes contendo um grupo eletrofílico (reativo) capaz de formar ligação

covalente. São geralmente usados em algodão ou em outras fibras celulósicas, porém

também é usado em menor extensão na lã e no nylon. Existem numerosos tipos de corantes

reativos, porém os principais contêm a função azo e antraquinona como grupos cromóforos

e os grupos clorotriazinila e sulfatoetilsulfonila como grupos reativos. Neste tipo de

corante, a reação química se processa diretamente através da substituição do grupo

nucleofílico pelo grupo hidroxila da celulose (Figura 2.7). Este grupo de corantes apresenta

como característica uma alta solubilidade em água e o estabelecimento de uma ligação

covalente entre o corante e a fibra, cuja ligação confere maior estabilidade na cor do tecido

tingido, quando comparado a outros tipos de corante em que o processo de coloração se

opera através de ligações de maior intensidade.

Figura 2.7: Exemplo do processo de tintura de algodão com corante contendo o grupo

sulfatoetilsufona como centro reativo da molécula (Guaratini e Zanoni, 2000)

vi) Corantes Pré- Metalizados

Estes corantes são caracterizados pela presença de um grupo hidroxila ou carboxila

a posição orto em relação ao cromóforo azo, permitindo a formação de complexos com

íons metálicos e são úteis principalmente para tintura de fibras protéicas e poliamida. Neste

tipo de tintura, explora-se a capacidade de interações entre o metal e os grupamentos

funcionais portadores de pares de elétrons livres, como aqueles presentes nas fibras

protéicas. Exemplos mais comuns deste grupo são os complexos estáveis de cromo:

10

corante (1:1) ou (1:2) (Figura 2.8). A desvantagem ecológica deste tipo de corante está

associada ao alto conteúdo de metal (cromo) nas águas de rejeito.

Figura 2.8: Exemplo de tintura da lã com o corante pré-metalizado cromo/corante

1:1(Guaratini e Zanoni, 2000).

vii) Corantes Sulfúricos

É uma classe de corantes que após a aplicação se caracterizam por compostos

macromoleculares com pontes de polissulfetos (-Sn-) (Figura 2.9), os quais são altamente

insolúveis em água. Estes compostos têm sido utilizados para o tingimento de algodão e de

forma limitada de fibras de poliamida, seda, couro, papel e lã. Apresentam estruturas

intermediárias e formam um grupo relativamente pequeno de corantes de baixo custo e

boas características de resistência à lavagem, tornando-os uma importante classe de

corantes. Entretanto, estes corantes usualmente apresentam resíduos altamente tóxicos.

Figura 2.9: Exemplo da reação de corantes contendo grupo tiossulfato com íon sulfeto e

subsequente formação dos corantes com pontes de dissulfeto (Guaratini e Zanoni, 2000).

viii) Corantes à Cuba

É uma grande e importante classe de corantes baseada nos índigos, tioindigóides e

antraquinóides. Eles são aplicados praticamente insolúveis em água, porém durante o

11

processo de tintura eles são reduzidos com ditionito, em solução alcalina, transformando-se

em um composto solúvel (forma leuco). Posteriormente, a subsequente oxidação pelo ar,

peróxido de hidrogênio, etc., regenera a forma original do corante sobre a fibra. Neste tipo

de corante, o grupo carbonila pode estar situado no grupo etilênico ou em subunidades

alicíclicas (Figura 2.10), onde:

n = 1 – índigo;

n = 2 – antraquinona;

n = 4 – pirantrona;

entre outros.

A maior aplicação deste tipo de corante tem sido a tintura de algodão, embora devido às

suas excelentes propriedades de fixação, outros materiais também têm sido utilizados. No

entanto, como a produção química de hidrossulfito de sódio pode causar problemas

ecológicos, o custo desta classe de corantes tem sido bastante alto.

Figura 2.10: Estrutura geral de um corante à cuba (Guaratini e Zanoni, 2000)

2.2.2 Remoção de corantes

Devido às suas propriedades e estruturas químicas, os corantes são moléculas

orgânicas recalcitrantes, resistente à digestão aeróbia, e são estáveis à luz, calor e agentes

oxidantes e, portanto, de difícil remediação uma vez lançados no ambiente aquático. A

disposição dessa água colorida em águas receptoras pode ser tóxica para a vida aquática,

pois, pode ser mutagênica e cancerígena e pode causar graves danos ao seres humanos

(Ozcan e Ozcan, 2004; Crini, 2006).

Efluentes contendo corantes da indústria têxtil são muito difíceis de tratar com

tratamento de esgoto convencional, que são a coagulação, filtração, ozonização,

oxidação, sedimentação, osmose reversa, flotação e precipitação devido a razões

econômicas (Crini, 2006).

Vários métodos, físicos, químicos e biológicos, têm sido testados para a remoção de

cor dos efluentes industriais para diminuir seu impacto sobre o meio ambiente. Estes

métodos incluem adsorção em matrizes inorgânicas ou orgânicas, processos de filtração

com membrana (nanofiltração, osmose reversa, eletrodiálise), troca iônica, descoloração

12

por foto-catálise ou processos de foto-oxidação, a decomposição microbiológica, oxidação

química, ozonização e coagulação (Crini, 2006). Entre as numerosas técnicas de remoção

de corante, a adsorção é o processo que dá os melhores resultados, pois ele pode ser usado

para remover diferentes tipos de corantes (Lata et al., 2008)

Os processos de tratamento ideais são fundamentados na operação de sistemas

físico-químicos de precipitação-coagulação, seguidos de separação por sedimentação

através de tratamento biológico via sistema de lodos ativados, apresentando uma elevada

eficiência na remoção de partículas.

A coagulação se divide em três partes: adição do coagulante dissolvido ao efluente,

agitação a uma velocidade baixa para formação de flocos ou corpos hidratados bem

definidos, e por ultimo, a agitação é encerrada permitindo a decantação dos flocos

formados. O curto tempo de residência e o baixo custo de operação tornam a coagulação

química uma técnica largamente utilizada. Algumas das limitações deste método são os

altos custos de produtos químicos para a precipitação e o ajuste de pH, problemas

associados com a remoção de água, o tratamento do lodo gerado e a alta concentração de

cátion residual que permanece no sobrenadante.

Existem muitas dificuldades na remoção biológica de cor e compostos orgânicos

dissolvidos, além do grande inconveniente do sistema ser bastante susceptível à

composição do efluente (cargas de choque), e de produzir um grande volume de lodo. A

grande variação da composição do efluente, em razão da própria variação do processo

industrial que envolve a sequência de produção e acabamento têxtil, em cujo processo é

utilizado corantes, tensoativos, espessantes e produtos químicos diversos torna o efluente

muito complexo, geralmente com altas concentrações de DBO e DQO, e com diferentes

características de biodegradação (Hassemer e Sens, 2002).

Nesse sentido, cresce o interesse em desenvolver novos tratamentos para

degradarem, de maneira satisfatória e eficaz, os compostos tidos como tóxicos e

biorrefratários. Devido a esses inconvenientes é que surgem, os processos oxidativos

avançados que são uma das alternativas mais eficazes na degradação de substratos

(Oliveira, 2006). As vantagens mais significativas deste tipo de procedimentos estão

representadas pela eficiência na degradação de compostos orgânicos tóxicos e persistentes

(ex.: corantes, compostos organoclorados), produzindo para o meio ambiente produtos

minerais inofensivos, sem a necessidade de recorrer à utilização de outros oxidantes

químicos mais energéticos e poluentes (Oliveira, 2006). Os principais POA’s incluem:

13

oxidação fotocatalítica heterogênea, tratamento com ozônio combinado com H2O2 , UVA e

ambos , sistemas H2O2/ UV, Fenton e reações foto-Fenton.

A ozonização é uma técnica que tem sido sugerida na literatura recente, como uma

potencial alternativa para a descoloração. Oferece eficiência satisfatória, apresentando um

efluente com pouca cor, baixa DQO, e adequado para ser lançado ao meio ambiente ou

retornar ao processo. Num primeiro momento, a ozonização é empregada principalmente

para quebrar as moléculas de corantes, e depois para a descoloração. O pré-tratamento com

ozônio é um método promissor de oxidação dos corantes transformando-os em

degradáveis. A ozonização, no final do tratamento, está sendo também cada vez mais

utilizada para a eliminação da cor e de outras substâncias persistentes (Hassemer e Sens,

2002).

Adsorção é um método amplamente utilizado para o tratamento de águas residuais

industriais contendo cor, metais pesados e outras impurezas orgânicas e inorgânicas. As

vantagens do processo de adsorção são por sua simplicidade de operação, baixo custo (em

comparação com outros processos de separação) e sem a formação de lodo (Chakraborty

et al., 2005). A pouca aplicação deste processo pelas indústrias está relacionada ao alto

custo de adsorventes atualmente disponíveis para fins comerciais (Lata et al., 2008). O

custo da aplicação da tecnologia de adsorção pode ser reduzido se o adsorvente é de baixo

custo (Lata et al., 2008).

O carvão ativado é geralmente o adsorvente mais utilizado para remoção de

corantes devido a sua alta capacidade de adsorção. Esta eficiência está relacionada

principalmente a sua característica estrutural, grande área superficial e estrutura

microporosa, e ao alto grau de reatividade de superfície. Entretanto, há alguns problemas

com seu uso, o alto custo e sua regeneração, que produz um pequeno efluente adicional e

resulta em uma perda de 10-15% do adsorvente e da sua capacidade de captação e,

portanto, isso aumenta as despesas operacionais.

Nos últimos anos, uma extensa pesquisa comprometeu-se a desenvolver

adsorventes alternativos e econômicos. Recentemente, vários adsorventes de baixo custo,

provenientes de agricultura resíduos ou materiais naturais, têm sido investigados

intensivamente para remoção de corante em soluções aquosas (Hameed, 2009c).

14

2.2.3 Adsorventes alternativos na remoção de corantes

Muitos pesquisadores têm investigado a utilização de substitutos baratos e

eficientes como alternativas para remover cor de águas residuais. Contudo, novos

adsorventes econômicos, facilmente disponíveis e altamente eficazes ainda são

necessários.

Uma grande variedade de suportes orgânicos e inorgânicos é relatada na literatura.

Devido à sua boa estabilidade mecânica e química, área de superfície específica elevada e

resistência à degradação microbiológica, suportes inorgânicos têm sido amplamente

aplicado em estudos de adsorção (Forgacs et al., 2004). Suportes orgânicos têm algumas

vantagens sobre inorgânicos, eles geralmente são originários de fontes renováveis ou são

resíduos ou subprodutos de processos industriais, sem qualquer valor comercial.

Dentre os materiais naturais encontram-se as argilas, que devido ao seu baixo custo,

abundância na maioria dos continentes do mundo, capacidade de sorção elevada e o

potencial de troca iônica, são bons adsorventes. Elas possuem estrutura em camadas e são

considerados como materiais de acolhimento para adsorbatos e contra-íons. O uso, como

adsorventes para as águas residuais, de outros materiais naturais siliciosos como a sílica,

fibras de vidro e perlita está a aumentar devido à sua alta abundância, fácil acesso e baixo

custo. Sua textura porosa, área superficial elevada e estabilidade mecânica também os

tornam atraentes para aplicações como adsorventes de descontaminação (Rafatullah et al.,

2010).

A adsorção de corantes catiônicos em materiais naturais, como argilas foi testada

por Eren e Afsin (2007), que investigaram a adsorção do corante violeta cristal em

sepiolite in natura e após tratamentos. Demirbas e Nas (2009) avaliaram a adsorção de

corante aniônico por sepiolite. Eren (2009) estudou a adsorção de corante catiônico em

bentonita que também é uma argila.

A acumulação e concentração de corantes de soluções aquosas pela utilização de

materiais biológicos são denominadas bioadsorção. Neste caso, a biomassa é utilizada

como adsorventes para se concentrar e remover corantes de soluções. Bioadsorção é uma

abordagem inovadora, competitiva, eficaz e barata (Rafatullah et al., 2010).

Remoção de corantes por biomassa (mortos ou vivos), fungos, algas e outras

culturas microbianas é o tema de muitas pesquisas recentes. O uso de biomassa para o

tratamento de águas residuais cresce devido à sua disponibilidade em grandes quantidades

15

a baixo custo, além de possuir um elevado potencial como adsorvente devido às suas

características físico-químicas (Rafatullah et al., 2010).

A adsorção em biomassa foi estudada por Marungrueng e Pavasant (2007) que

utilizaram algas como suportes para remoção de corantes catiônicos. Basibuyuk e Forster

(2003) utilizaram lodo ativado obtido de um sistema de tratamento de efluente municipal.

Alguns resultados indicaram que o lodo ativado é altamente poroso com área superficial

entre 40 e 140 m2/g. Granulos aeróbios, agregados de bactérias imobilizadas com grande

estrutura microbiana, foram utilizados por Sun et al. (2008) na remoção do corante

catiônico Verde Malaquita.

Os resíduos e subprodutos da agricultura e outras indústrias podem ser assumidos

como adsorventes de baixo custo devido à sua abundância na natureza e poucos requisitos

de processamento. Resíduos agrícolas sólidos tais como folhas, fibras, cascas de frutas,

sementes, materiais e resíduos das indústrias florestais como serragem e casca têm sido

utilizados como adsorventes (Rafatullah et al., 2010). Estes materiais estão disponíveis em

grandes quantidades e podem ser adsorventes potenciais devido às suas características

físico-químicas e baixo custo. Geralmente estes produtos contêm vários compostos

orgânicos (lignina, celulose e hemicelulose), com grupos polifenólicos que podem ser úteis

para adsorção de corantes, através de diferentes mecanismos (Rafatullah et al., 2010).

Resíduos industriais sólidos, como lodo, cinzas e lama vermelha são classificados

como materiais de baixo custo e grande disponibilidade e podem ser usados como

adsorventes para remoção de corantes. Muitos autores usaram a cinzas, originada em

grande quantidade em estações de energia térmica, como adsorvente para remoção de

contaminantes. Atualmente este resíduo é usado na produção de concreto e tijolo. Mas

ainda há problemas ambientais causados por sua disposição (Lin et al., 2008). A utilização

do lodo como adsorvente para remoção de poluentes industriais pode ser uma solução

ambiental e econômica. Lin et al.(2008), Ahmaruzzaman (2009) e Karagozoglu et al.

(2007) avaliaram a capacidade de adsorção do lodo na remoção de corantes catiônicos,

compostos fenólicos e outros compostos orgânicos.

Os resíduos provenientes da agroindústria e de indústrias de madeira são

amplamente estudados como materiais adsorventes alternativos para adsorção de corantes.

Os materiais utilizados podem estar na sua forma in natura, ou podem passar por

tratamentos físicos ou químicos antes dos experimentos. Muitas vezes os materiais são

convertidos em carvões ativos, outras passam por modificação química para introdução de

novas funções químicas, sempre com o intuito de aumentar a capacidade de adsorção do

16

suporte. Contudo, o uso destes materiais após modificação química, na matriz do suporte,

para remoção de poluentes ainda é pouco estudada, com poucos relatos presentes na

literatura.

Resíduos sólidos agrícolas, baratos e prontamente disponíveis, tais como turfa

(Allen et al., 2004), serragem (Garg et al., 2004; Chakraborty et al., 2005) , serragem de

pinheiro brasileiro (Royer et al., 2009) , serragem de cedro (Hamdaoui, 2006), serragem

de cinerária Prosopis (Garg et al., 2004), madeira da seringueira (Kumar e Sivanesan,

2007), resíduos de chá (Uddin et al., 2009), folhas de chá (Hameed, 2009c), cascas de

sementes de girassol (Hameed, 2008), resíduo de coco (Hameed et al., 2008), pó de cana

(Ho et al., 2005), casca de semente de abóbora (Hameed e El-Khaiary, 2008c), casca de

arroz (Mohanty et al., 2006; Hameed e El-Khaiary, 2008b), folhas de abacaxi (Hameed et

al., 2009), casca de alho (Hameed e Ahmad, 2009), fibra do tronco de palmeira (Hameed e

El-Khaiary, 2008a), kudzu, nativa da Ásia Oriental, considerada uma praga devido a

dificuldade de controlar seu creescimento (Allen et al., 2003), cascas de sementes de

girasol (Hameed, 2008), sementes de mamão (Hameed, 2009a), grama e resíduos de

jardim (Hameed, 2009b), têm sido empregados com sucesso na remoção de corantes

catiônicos de soluções aquosas.

2.3 As eteraminas

2.3.1 Processo de flotação e as eteraminas

A flotação é uma técnica de separação de misturas que consiste na introdução de

bolhas de ar a uma suspensão de partículas. Com isso, verifica-se que as partículas se

aderem às bolhas, formando uma espuma que pode ser removida da solução, separando

seus componentes de maneira efetiva.

No processo de flotação algumas partículas aderem às bolhas de ar

preferencialmente em relação a outras, pois a superfície dessas partículas é hidrofóbica,

fazendo com que a tensão superficial da água expulse a partícula e promova a adesão da

partícula na superfície da bolha de ar. Componentes de caráter hidrofílico permanecem no

meio líquido, pois, não se aderem à superfície hidrofóbica das bolhas (Venditti, 2004).

17

A flotação baseia-se na modificação de propriedades de interface, a partir da

transformação de superfícies minerais em hidrofóbicas que podem ser capturadas pelas

bolhas gasosas de ar que são introduzidas no reator. A modificação do caráter da superfície

dos materiais é possível através de materiais que possuem caráter duplo, os surfactantes.

Com a redução das reservas de alto teor em minério de ferro, os processos de

concentração tornaram-se indispensáveis para as empresas produtoras, necessitando de

produtos finais com uma qualidade mais elevada. A técnica da flotação catiônica reversa

consiste em flotar o quartzo e deprimir a hematita, em um processo de separação que

utiliza as diferentes características de superfície dos minerais. No processo de flotação

catiônica reversa do minério de ferro, o quartzo é removido pelo ar, pois a hematita é mais

abundante, o que dificulta sua remoção na espuma. A sílica é considerada inútil no

processo de beneficiamento do minério de ferro, sendo coletada através de bolhas de ar e

posteriormente descartada para barragens de rejeito (Da Silva, 2009).

Uma série de reagentes é utilizada no processo de flotação: os coletores, que levam

a partícula mineral para o leito da espuma; os espumantes, usados para gerar a espuma que

transporta o mineral para a superfície; e os depressores que evitam que determinados

minerais flutuem (Leal, 2010).

Na indústria mineral brasileira as aminas, são mais comumente utilizadas na flotação

catiônica reversa de minério de ferro, e também na flotação de Willemita e Calamina

(zinco), Pirocloro (nióbio), Calcita (carbonato de cálcio), Magnesita (carbonato de

magnésio), Silvita (cloreto de potássio) e Apatita (fosfato) (Silva, 2008). As aminas são

compostos orgânicos derivados da amônia (NH3), são classificadas como primárias,

secundárias, terciárias e quaternárias, como mostra a figura abaixo (Figura 2.11). Os

termos primária, secundária e terciária são aplicados de acordo com a quantidade de

átomos de hidrogênio da amônia que foram substituídos por grupos alquil. O quaternário

de amônio é um cátion.

18

Figura 2.11: Classificação das aminas

Os reagentes empregados na flotação apresentam de seis a vinte carbonos na cadeia;

homólogos com menos de seis carbonos não apresentam suficiente atividade superficial,

enquanto aqueles com mais de 20 carbonos tornam-se insolúveis em água, apresentado um

caráter pastoso. A presença do grupo funcional R-O-R (éter) nas eteraminas aumentam sua

solubilidade em água.

Geralmente no processo de flotação do minério, utiliza-se uma mistura de coletores.

Dois exemplos de aminas comerciais utilizadas na flotação são a eteramina e eterdiamina.

Para os ensaios de adsorção, utilizou-se uma eterdiamina produzida pela Empresa

Clariant®, eterdiamina Flotigam 2835 e sua estrutura pode ser visualizada na Figura

2.12(a). A Figura 2.12(b) apresenta ainda a estrutura geral de uma eteramina, também da

Empresa Clariant®, eteramina Flotigan EDA 3B.

Figura 2.12: Estrutura geral de uma eterdiamina e uma eteramina

[R-O-(CH2)3-NH-(CH2)3-NH4]+ CH3COO-

R = radical alquil com 10 ou mais átomos de carbono

(a)

[R-O-(CH2)3-NH3]+CH3COO-

R = radical alquil com 10 a 14 átomos de carbono

(b)

19

Assim, a flotação permite a separação seletiva entre as partículas de quartzo e os

óxidos de ferro. As aminas graxas adicionadas ao sistema são adsorvidas na superfície do

quartzo e ambos são removidos na forma de espuma do sistema. A flotação ocorre em pH

próximo a 10, onde quartzo e hematita possuem superfície carregada negativamente, e

podem adsorver a amina, embora a atração para o quartzo seja maior. Para evitar a flotação

do óxido de ferro, há a adição de um depressor, o amido (Araujo et al., 2008). Na presença

de amido, a eteramina adsorve o quartzo sobre sua superfície, tornando-o hidrofóbico e

promovendo a flotação.

2.3.2 Custo e impacto ambiental

As aminas utilizadas, no processo de flotação como agente coletor do quartzo, têm

custo elevado. O que torna o estudo da reciclagem desse reagente de fundamental

importância, possibilitando redução nos custos do processo de flotação e também à

redução do impacto ambiental das aminas.

Grande parte da amina utilizada na flotação fica retida no material flotado, o quartzo,

e são dispostos na barragem de rejeito. Uma reutilização das aminas possibilitaria uma

redução dos custos operacionais e a diminuição da quantidade de reagentes liberados para

o meio ambiente. Estima-se que aproximadamente 5500 toneladas de derivados de amina

sejam usadas anualmente no Brasil em processos de flotação (Neder, 2005). As aminas são

reagentes essenciais no processo de concentração por flotação, contudo são relativamente

caras, e chegam a representar cerca de 50% dos custos totais com reagentes no processo de

flotação (Araujo et al., 2008).

Nas barragens de rejeitos onde são descartadas, as eteraminas sofrem degradação

microbiológica após algum período (Da Silva, 2009). Dos derivados de aminas,

praticamente todos são classificados como perigosos, podendo ocasionar irritação nos

olhos e na pele. Os vapores amoniacais, se inalados, podem ocasionar náuseas ou vômitos,

e deve-se redobrar o cuidado no caso de ingestão acidental (Neder, 2005).

A remoção das aminas utilizadas na flotação pode significar a possibilidade de

reciclagem desse reagente, e a diminuição dos impactos gerados. Leal (2010) estudou a

adsorção de eteramina em diversos adsorventes, caulinita amarela, branca e rosa, carvão

ativado e zeolita beta. Segundo o autor, a utilização dos adsorventes na remoção de

20

eteramina apresenta-se como um promissor estudo, podendo ser um passo importante para

as empresas, na busca de alcançar a sustentabilidade em relação ao seu consumo de água e

aos impactos gerados pelo descarte de efluentes.

Outros autores avaliaram a adsorção e reciclagem de eteraminas, Teodoro e Leão

(2004) mostraram a possibilidade de remoção dessas aminas através da adsorção em

zeólitas seguida da dessorção dos produtos adsorvidos e seu reuso, Araujo et al. (2008)

investigaram a possibilidade de reutilização de aminas residuais provenientes do processo

de flotação de minério de ferro.

Neste contexto, a descoberta de novos e eficientes materiais adsorventes é uma

alternativa para minimização dos custos do processo de flotação e diminuição do impacto

ambiental associado ao descarte dos efluentes.

2.4 Bagaço de cana

O Brasil apresenta um grande potencial agrícola, produzindo um volume muito

grande de resíduos que, na maioria das vezes, são simplesmente descartados, fato que

também pode gerar um desequilíbrio ambiental. Neste contexto a utilização de rejeitos

agrícolas como suporte para adsorção de poluentes de efluentes, aliando-se a necessidade

de reduzir custos dos adsorventes para remoção de poluentes dos efluentes industriais,

constitui-se uma união bastante vantajosa, para o nosso país, tanto do ponto de vista

econômico quanto ambiental (Royer et al., 2009).

O bagaço de cana é o resíduo da cana após a moagem. É um material fibroso obtido

após a extração nas moendas. É um material renovável e biodegradável que contém

moléculas ricas em grupos hidroxilas que podem sofrer um grande número de

modificações químicas para a produção de novos materiais, e sua reutilização pode

minimizar problemas relacionados a seu acumulo.

2.4.1 Composição

Ao sair da moenda, o bagaço tem aproximadamente 30% da massa da cana e uma

umidade em torno de 50%. Este resíduo representa uma fonte abundante, barata e

disponível de biomassa lignínica celulósica renovável. Quimicamente, é composto de por

21

volta de 50% de celulose, 27% de hemicelulose e 23% de lignina. Mas a composição pode

variar de acordo com diversos fatores, dentre eles, o tipo de cana, o tipo de solo, as

técnicas de colheita e até o manuseio (Gurgel et al., 2009; Pereira et al., 2009).

A celulose, descoberta por Payen em 1938, é um polissacarídeo linear de alto peso

molecular constituído de um único tipo de monossacarídeo e é o principal componente da

parede celular da fibra. Em 1930 foi comprovado que a celulose era um polímero linear de

moléculas de D–glicose ligadas, onde a molécula seguinte foi girada aproximadamente

180°, resultando no monômero da celulose, a celobiose (Figura 2.13).

Figura 2.13: Formação da cadeia de celulose pela união de unidades β-D-glucose.

Algumas propriedades da celulose, tais como sua hidrofilicidade, quiralidade,

degradabilidade estão relacionadas com sua estrutura molecular. Os grupos hidroxila

(primária e secundária) são abundantes na cadeia polimérica da celulose, conferem alta

variabilidade química devido a sua reatividade, formam ligações de hidrogênio

intramolecular e intermolecular que promovem um arranjo cristalino altamente regular das

cadeias. As microfibrilas são feixes de moléculas de celulose agregadas que em conjunto

formam as fibras celulósicas, que conferem à estrutura uma alta resistência à tração e a

torna insolúvel na maioria dos solventes (Pereira, 2008).

Hemicelulose, ou polioses, é uma mistura de polímeros polissacarídeos, amorfos e

de baixo peso molecular. Os principais constituintes da poliose são as hexoses D-manose,

D-galactose, D-glicose e as pentoses D-xilose e L-arabinose (Figura 2.14). O teor e

22

proporção destes monossacarídeos variam de acordo com a espécie e conferem diferentes

características. A hemicelulose é o componente responsável pela biodegradação, absorção

de umidade e degradação térmica da fibra vegetal (Karnitz, 2007).

Figura 2.14: Estrutura dos principais componentes da poliose.

A lignina é um polímero tridimensional, e é o segundo maior componente da

matéria vegetal com a função de proporcionar rigidez e resistência. O peso molecular das

ligninas naturais são supostamente muito alto, mas é impossível determinar com exatidão

devido à inevitável degradação que ocorre quando a lignina é separada da celulose

(Karnitz, 2007).

A lignina não é uma substância química definida, mas sim uma classe de compostos

correlatos, que apresenta uma grande variação na composição química e nas propriedades.

É formada através da polimerização de três precursores primários, que são os álcoois trans-

coniferílico, álcool trans-simpílico e trans-p-cumárico (Figura 2.15). De acordo com os

núcleos aromáticos primários presentes, a lignina pode ser dividida em dois tipos: as

guaiacilas, que estão presentes nas chamadas madeiras moles (gimnospermas ou

coníferas), e as guaiacila-sirigila, encontradas nas madeiras duras (angiospermas ou

folhosas e dicotiledôneas) e nas gramíneas (monocotiledôneas e angiospermas). A Figura

2.16 representa a estrutura esquemática da lignina proposta por Nimz em 1974.

23

Figura 2.15: Precursores básicos da lignina

Figura 2.16: Estrutura proposta por Nimz para a lignina.

24

2.4.2 Utilização do bagaço de cana como adsorvente

O bagaço de cana se encaixa nas características dos adsorventes alternativos já

estudados, pois, se trata de um subproduto da agroindústria, requer poucos requisitos de

processamento, é um material de baixo custo e abundante. Estudos do uso do bagaço como

adsorvente de diversos poluentes podem ser encontrados na literatura (Ho et al., 2005;

Karnitz et al., 2007; Xing e Deng, 2009; Pereira et al., 2009).

Moléculas como a lignina (Xiao et al., 2001), a celulose (Navarro et al., 1996) ou

as polioses podem, através das suas funções hidroxilas, reagirem quimicamente e

produzirem novos materiais com novas propriedades. A modificação química dessas

macromoléculas é feita por esterificação ou eterificação introduzindo ou acrescentando, a

partir de grupos funcionais já existentes, novos grupos funcionais reativos na cadeia

molecular do suporte sólido e consequentemente, a fibra adquire várias novas propriedades

(Pereira, 2008).

A utilização do bagaço de cana modificado quimicamente, através de várias rotas

sintéticas, produzindo suportes com propriedades e capacidades distintas, foi avaliada pelo

grupo de pesquisa LQOA, da UFOP. Nosso grupo estudou a adsorção em solução aquosa

de metais pesados e oxiânions em bagaços modificados quimicamente com anidridos

cíclicos.

Bagaço de cana modificado com anidrido succínico (BMS2) (Figura 2.17) foi

avaliado quanto a sua capacidade de adsorção de metais, tais como cobre (II), cádmio (II) e

chumbo (II) (Gurgel et al., 2008), e zinco (II) (Pereira et al., 2009) e mostrou uma

capacidade máxima de adsorção de 185,2, 212,8, 416,7 e 125,0mg/g para os cátions

metálicos Cu2+

, Cd2+

, Pb2+

e Zn2+

respectivamente.

O número de funções ácido carboxílicos foi fator determinante na capacidade de

adsorção do material; segundo Gurgel et al. (2008) a eficiência de adsorção dos cátions

metálicos é proporcional ao número de grupos acido carboxílico introduzido.

25

OH

OH

O OO

piridina,

O

O

OH

OH

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

Obagaço de cana BMS1

_

_Na+

Na+

BMS2

NaHCO3

Figura 2.17: Rota de síntese do material adsorvente BMS2.

Após a modificação do bagaço de cana com dianidrido de EDTA, é possível

observar as funções, ácido carboxílico e amina terciaria introduzidas no material de

origem, o que resulta em um material (BME) com uma maior capacidade de adsorção para

os cátions testados. Karnitz et al. (2009) e Pereira et al. (2009) estudaram a capacidade de

adsorção do material BME para os cátions metálicos Cu2+

e Zn2+

e a adsorção máxima

encontrada foi de 105,3 e 66,7mg/g para os cátions metálicos Cu2+

e Zn2+

respectivamente.

A Figura 2.18 apresenta a rota de síntese do material BME, a partir do bagaço de cana.

OH

DMF, 70°C

bagaço de canaBME

NaHCO3

NO

N O

O

O

O

O

1)

2)

O N

O

O

N

O

O

O

O

O

Na+

Na+

Na+

_

_

_

Figura 2.18: Rota de síntese do material adsorvente BME.

Os materiais BMS2 e BME possuem cargas negativas devido à presença de grupos

carboxilatos. Essas cargas são capazes de interagir com a carga positiva de corantes

catiônicos e assim remove-los a partir de soluções aquosas ou efluentes por processo de

adsorção.

Devido à sua constituição, o bagaço de cana contém grupos hidroxila, podendo ser

um barato, atraente e eficaz adsorvente para a remoção de corantes em águas residuais.

Xing et al. (2010) e Xing e Deng (2009) utilizaram o bagaço modificado com o dianidrido

de EDTA, BME para a adsorção de corantes catiônicos, Azul de Metileno e Verde

Malaquita, de soluções aquosas. Estes estudos mostraram que as funções introduzidas na

matriz do bagaço resultaram em um adsorvente com alta capacidade de adsorção para

26

corantes catiônicos em soluções aquosas, ou seja, a capacidade de adsorção para os

corantes catiônicos do bagaço modificado BME é maior que para o bagaço sem

modificação química.

A remoção de corantes pelo bagaço de cana foi estudada por Saad et al. (2010), que

comparou a capacidade de adsorção do bagaço de cana sem pré-tratamento e o bagaço

tratado com ácido fosfórico. Este estudo demonstrou que os dois suportes usados

apresentaram menor eficiência adsorção em relação ao carvão ativo comercial, em

qualquer valor de pH, sendo que entre os adsorventes alternativos aquele que passou pelo

tratamento com ácido fosfórico obteve melhores resultados.

Em alguns estudos, o bagaço e outros resíduos da agricultura são convertidos em

carvões, por diversos métodos de ativação. Após a carbonização as características

superficiais do material (área superficial, distribuição, volume e diâmetro dos poros) são

modificadas, aumentando a eficiência do adsorvente (Juang et al., 2002; Royer et al., 2009;

Tsai et al., 2001).

2.5 Adsorção

A adsorção em suportes sólidos pode ser definida como o acumulo de um

determinado elemento ou substância na interface entre a superfície sólida e a solução

adjacente. A substância que é adsorvida é denominada de adsorvato e o material sobre o

qual ocorre a adsorção é o adsorvente (Atkins, 2004).

2.5.1 Modelos cinéticos

A adsorção de um soluto em um sólido é um fenômeno cuja cinética é

frequentemente complexa (Hamdaoui, 2006). O mecanismo de adsorção depende das

características físicas e/ou químicas do adsorvente, bem como do processo de transporte de

massa (Mohanty et al., 2006).

Um adsorvente ideal para o controle de poluição das águas não deve ter apenas uma

grande capacidade de adsorção, mas também uma taxa de absorção rápida (Crini e Badot,

2008). Por isso, a taxa de adsorção é outro fator importante para a seleção do material, e a

cinética de adsorção é um parâmetro importante, uma vez que fornece a taxa de velocidade

da adsorção e também informações sobre os fatores que afetam a taxa da adsorção.

27

Para investigar o mecanismo de adsorção dos corantes, quatro modelos cinéticos

foram considerados, os modelos de pseudo-primeira ordem, pseudo-segunda ordem, a

equação de Elovich e o modelo de difusão intrapartucula. Estes modelos são os mais

comumente usados para descrever a adsorção de corantes, e de outros poluentes (como

metais pesados) em adsorventes sólidos (Ozcan e Ozcan, 2004; Dogan et al., 2007; Gurgel

et al., 2009).

2.5.1.1 Modelo cinético de pseudo-primeira ordem

Quando a adsorção é precedida por difusão através de um filme, a cinética na

maioria dos casos obedece à equação de taxa de pseudo-primeira ordem de Lagergren

(Lagergren, 1898). A taxa de adsorção pode ser determinada pela equação de reação de

primeira ordem, Equação 2.1:

Na equação qe (mg/g) é a concentração do adsorvato na superfície do adsorvente no

equilíbrio, qt (mg/g) é a concentração da fase sólida em um determinado tempo, t (min) é o

tempo e k1 (min-1

) é a constante de velocidade de pseudo-primeira ordem. A integração da

Equação 2.1 com condições iniciais, qt = 0 para t = 0 e qt = qt para t = t, levam a:

Se os dados se ajustam a este modelo, um gráfico ln (qe – qt) versus t deve fornecer

uma reta com coeficiente angular -k1 e coeficiente linear ln qe.

Para relacionar a Equação 2.2 com os dados obtidos experimentalmente o termo qe

deve ser conhecido, mas em muitos casos não é, porque o processo de adsorção tende a ser

lento e a quantidade adsorvida é ainda significativamente menor do que a quantidade do

equilíbrio. Por esta razão é necessário obter a real capacidade de adsorção qe, extrapolando

os dados experimentais para t tendendo ao infinito, ou utilizar o método de tentativa e erro.

Além disso, na maioria dos casos a equação de pseudo-primeira ordem de Langergren não

se ajusta bem para toda a faixa de tempo e geralmente é aplicável apenas para os 20-30

minutos iniciais do processo de adsorção (Pino, 2005).

28

2.5.1.2 Modelo cinético de pseudo-segunda ordem

A constante de velocidade de pseudo-segunda ordem (Ho e Mckay, 1998) é

dependente a quantidade de soluto adsorvido na superfície do adsorvente e a quantidade

adsorvida no equilíbrio. O modelo de pseudo-segunda ordem pode ser representado da

seguinte forma (Equação 2.3):

Onde qe (mg/g) é a concentração do adsorbato na superfície do adsorvente no

equilíbrio, qt (mg/g) é a concentração da fase sólida em um determinado tempo, t (min) é o

tempo e k2 é a constante de velocidade de reação de pseudo-segunda ordem (g/mg min).

Integrando a Equação 2,3 nos limites de t = 0 até t = t e de qt = 0 até qt = qt, temos:

Que é a equação integrada da taxa para uma reação de segunda ordem, podendo ser

linearizanda para obter a Equação 2.5:

Se a cinética de pseudo-segunda ordem é aplicável, um gráfico (t/q) versus t, deve

mostrar uma relação linear, com coeficiente linear (1/(k2qe2)) e coeficiente angular (1/qe).

O valor da constante (k2) é obtido através do coeficiente linear da reta.

2.5.1.3 Modelo cinético Elovich

A equação de Elovich é uma equação cinética envolvendo processo de

quimiossorção (Juang e Chen, 1997). Essa equação é frequentemente validada para

sistemas em que a superfície adsorvente é heterogênea, e é formulada com:

29

Integrando esta equação para as condições limites, temos:

Onde α é a taxa de adsorção inicial (mg/g h) e β é a relação entre o grau de cobertura da

superfície e a energia de ativação envolvida na quimiossorção (g/mg).

2.5.1.4 Modelo de difusão intraparticula

Cinéticas de adsorção são normalmente controladas por diferentes mecanismos,

geralmente de difusão (Ozcan e Ozcan, 2004). A teoria de Difusão Intrapartícula (Weber e

Morris, 1963a), é derivada da Lei de Fick e assume que a difusão do filme líquido que

cerca o adsorvente é desprezível, e a Difusão Intrapartícula é a única taxa que controla as

etapas do processo de adsorção. A equação 2.8 apresenta a expressão matemática utilizada

para estudar este modelo cinético.

onde kid (mg/g.min1/2

) é a constante de velocidade de difusão intrapartícula e C é o valor da

interseção com o eixo qt.

Se a Difusão Intrapartícula está envolvida na adsorção, então um gráfico de qt

versus t1/2

resultaria em uma relação linear que permite calcular o valor de kid através da

inclinação da reta (Ozcan e Ozcan, 2004).

Esses gráficos muitas vezes apresentam multilinearidade, o que insinua que duas ou

mais etapas podem ocorrer. A primeira é a adsorção de superfície externa ou fase de

adsorção instantânea. A segunda é a fase da adsorção gradual, onde a difusão intrapartícula

é limitante e, a terceira, é a fase de equilíbrio final, onde a difusão intrapartícula começa a

reduzir a velocidade em função da baixa concentração de soluto na solução e da menor

quantidade de sítios de adsorção disponíveis (Baldissarelle, 2006).

2.5.2 Isotermas de adsorção

O objetivo desta parte é compreender a interação corante-adsorvente através da

validade dos modelos e também encontrar parâmetros que permitam a comparação,

30

interpretação e previsão dos dados de adsorção dos adsorventes testados (Hamdaoui,

2006). Os gráficos obtidos podem apresentar-se de várias formas, fornecendo informações

importantes sobre o mecanismo de adsorção. Eles mostram a relação de equilíbrio entre a

concentração na fase líquida e a concentração nas partículas adsorventes. Algumas formas

mais comuns estão apresentadas na Figura 2.19. A isoterma linear passa pela origem e a

quantidade adsorvida é proporcional à concentração do adsorbato em solução. Isotermas

convexas são favoráveis, pois grandes quantidades adsorvidas podem ser obtidas com

baixas concentrações de soluto.

Figura 2.19: Isotermas de adsorção

Várias equações de isotermas estão disponíveis e três isotermas importantes foram

aplicadas para ajustar os dados de equilíbrio deste estudo: Isoterma de Langmuir,

Freundlich e Temkin.

2.5.2.1 Langmuir

A teoria da isoterma de Langmuir assume cobertura em monocamada do adsorvato

sobre um adsorvente de superfície homogênea (Langmuir, 1918). Graficamente, a Isoterma

de Langmuir é caracterizada por um patamar. Portanto, no equilíbrio, o ponto de saturação

é atingido quando não pode mais ocorrer adsorção. A adsorção ocorre em sítios específicos

e homogêneos na superfície do adsorvente. Uma vez que uma molécula do corante ocupa

31

um sítio, não pode mais haver adsorção naquele local. A formação da monocamada

depende da suposição que as forças intermoleculares diminuem com a distância e com isso

só deve ocorrer uma única camada de soluto adsorvido (Ozcan e Ozcan, 2004).

O modelo de Langmuir é descrito através da Equação 2.9:

Onde Qmax e b são as constantes de Langmuir, que representam a capacidade

máxima de adsorção da fase sólida e a constante de energia relacionada ao calor de

adsorção, respectivamente (Mohanty et al., 2006); Ce(mg/L) e qe(mg/g) são as

concentração do adsorvato na fase líquida e sólida no equilíbrio, respectivamente.

A equação pode ser rearranjada para sua forma linear, conforma a equação 2.10:

Os valores de Qmax e b podem ser determinados a partir do intercepto e da

inclinação do plot de Ce/qe versus Ce, da equação de Langmuir linearizada.

Uma das características essenciais da isoterma de Langmuir (Langmuir, 1918) pode

ser expressa por um fator de separação, RL, que é definido como:

onde Ci é a concentração inicial do corante. O valor de RL indica se uma isoterma é

irreversível (RL= 0), favorável (0 < RL <1), linear (RL=1), ou desfavorável (RL> 1).

2.5.2.2 Freundlich

A isoterma de Freundlich (Freundlich, 1906) é uma equação empírica aplicável a

adsorção em superfícies heterogêneas e não está restrita para a formação de uma

monocamada. Sendo a superfície heterogênea, os sítios de adsorção têm energias de

adsorção diferentes e por isso nem sempre estão disponíveis. Pressupõe-se que, com o

aumento da concentração do adsorvato aumenta também a sua concentração adsorvida na

superfície do adsorvente (Allen et al., 2003; Cheng et al., 2010).

32

A expressão da isoterma de Freundlich está representada na Equação 2.12, onde qe

(mg/g) representa a quantidade de soluto na fase sólida no equilíbrio, Ce (mg/g) é a

concentração do adsorvato na fase líquida no equilíbrio, kF ((mg/g)(L/mg)1/n

) é um

indicador da capacidade de adsorção e n reflete a intensidade de adsorção de acordo com a

teoria de Freundlich, o que dá uma indicação sobre a favorabilidade da adsorção. Se o

valor de 1/n cair no intervalo de 0 a 1 indica que a adsorção é favorável (Allen et al., 2003;

Cheng et al., 2010).

Tanto kF quanto n são constantes empíricas de Freundlich obtidas através da

linearização da Equação 2.12, monstrada na equação 2.13.

Os valores de kF e 1/n são calculados pelo intercepto e a inclinação do gráfico de ln

qe versus ln Ce.

2.5.2.3 Tempkim

Tempkin e Pyzhev (1940) consideraram os efeitos de algumas interações indiretas

adsorvato / adsorvente na isoterma de adsorção e sugeriram que devido a estas interações o

calor de adsorção de todas as moléculas na camada diminuirá linearmente com a cobertura.

A isoterma de Tempkin é expressa segundo a Equação 2.14.

onde

A constante BT (L/mg) está relacionada com o calor de adsorção, AT é uma

constante da isoterma de Tempkin, b (J/mol) é a constante de energia da isoterma de

Tempkin, R (8,314 J/mol K) é a constante universal dos gases e T (K) é a temperatura.

A equação 2.14 pode ser expressa em sua forma linear como:

33

A adsorção é avaliada de acordo com a Equação 2.16. Um gráfico de qe versus

lnCe, permite determinar as constantes AT e BT através dos coeficientes linear e angular,

respectivamente.

3 Materiais e Métodos

3.1 Materiais

3.1.1 Reagentes

Utilizou-se os seguintes reagentes de pureza analítica, anidrido succínico, hidróxido

de sódio, ácido etilenodiaminotetracetico (EDTA), anidrido acético, piridina, bicarbonato

de sódio, ácido clorídrico, ácido nítrico, cloreto de amônio, hidróxido de amônio,

adquiridos da VETEC (Brasil). Os reagentes diclorometano, carbonato de sódio, acetona,

éter etílico foram adquiridos da SYNTTH (Brasil), a N,N’-dimetilformamida (DMF)

adquirida da Tedia e o etanol (95%) foi adquirido da Cinética (Brasil).

Piridina e a DMF foram previamente purificadas ates de serem utilizados e o

dianidrido de EDTA foi previamente sintetizado.

Para purificação da piridina, a mesma foi deixada sobre refluxo, em balão de fundo

redondo, por uma noite na presença de hidróxido de sódio. Após o refluxo, a piridina foi

destilada e guardada em balões contendo hidróxido de sódio, que foram lacrados para

impedir o contato com a umidade. A DMF foi purificada por destilação a pressão reduzida,

após ter sido tratada com peneira molecular durante uma noite. Após a destilação a DMF

pura foi acondicionada em frascos âmbar, lacrados pra evitar contato com a umidade.

O dianidrido de EDTA foi preparado de acordo com Karnitz (2007), utilizando o

EDTA dissódico e o anidrido acético. Dissolveu-se 50,0g de EDTA dissódico em um

béquer de 1L, com 500mL de água destilada. Gotejou-se HCl concentrado até a

precipitação do EDTA tetrácido. O precipitado foi filtrado á vácuo e lavado com etanol

95%, éter etílico e posteriormente foi seco na estufa por 2h a 105°C e esfriado no

dessecador.

Para a síntese do dianidrido de EDTA, 18,0g de EDTA tetrácido foi suspenso em

31mL de piridina anidra em uma balão de fundo redondo de 250mL, adicionou-se à

mistura 24mL de anidrido acético e acoplou-se um condensador de bolas, o sistema foi

34

mantido sob agitação e aquecimento a 65°C por 24h. Após o tempo de reação, o sólido

formado foi filtrado a vácuo e armazenado no dessecador.

3.1.2 Matéria prima para materiais adsorventes

O bagaço de cana-de-acúçar, utilizado para a produção dos materiais adsorventes

foi obtido em uma loja que produz e comercializa caldo de cana em Ouro Preto, Minas

Gerais, Brasil.

3.1.3 Adsorvatos

Os corantes catiônicos usados nos experimentos, Azul de Metileno e Violeta

Cristal, foram obtidos da Vetec - QUÍMICA FINA. As soluções foram preparadas pela

dissolução dos corantes, precisamente pesados em balança analítica, em água destilada.

Os testes de adsorção da eteramina foram realizados utilizando a eterdiamina

Flotigan 2835, produzida e distribuída pela empresa Clariant®.

3.2 Métodos

3.2.1 Materiais adsorventes

3.2.1.1 Pré- tramento

O bagaço de cana integral foi seco primeiramente à luz do sol. As fibras foram

quebradas manualmente em pequenos pedaços e depois secas em uma estufa por 24h. Em

seguida elas foram pulverizadas em moinho com anéis de tungstênio e o pó obtido foi

peneirado em um sistema de peneiras de 10, 20, 45, 60, 100 mesh. A fração de 100 mesh

foi lavada primeiramente com água destilada sob aquecimento a temperatura de 70°C,

depois com álcool etílico 95% para eliminação dos açucares residuais. Posteriormente a

fração foi lavada em um sistema de Soxhlet com hexano:etanol (1:1) durante 4h para

remover as substâncias orgânicas solúveis, tais como ácidos graxos e compostos

35

aromáticos de cadeia pequena (Gurgel et al., 2008; Pereira et al., 2009). O material foi

seco a 90°C em estufa e armazenado em dessecador, este material foi denominado de B.

3.2.1.2 Modificação química com anidrido succínico (BMS2)

A modificação foi realizada a partir da rota sintética proposta por Gurgel et al.

(2008), onde o bagaço previamente preparado, B, foi modificado com anidrido succínico

sob refluxo da piridina da seguinte forma: em um balão de fundo redondo foram

adicionados o material B, o anidrido e a piridina nas proporções de 1g para 3g para 10 mL

respectivamente e em um banho de óleo à temperatura de 120°C, deixou-se a reação em

refluxo por 24 horas. Ao termino da reação o material foi filtrado e lavado, com solução 1

molar de ácido acético em diclorometano, etanol 95%, solução de 0,01 molar de ácido

clorídrico, água destilada e por fim com etanol 95%. O bagaço modificado, denominado

BMS1, foi seco a 80°C por aproximadamente 30 minutos, e deixado em dessecador para

resfriar. Pode-se então calcular o ganho de massa do material conforme a seguinte Equação

(Eq. 3.1):

Onde, %GM é a percentagem de ganho de massa da reação, Mf é a massa de BMS1

seco (g) e Mi é a massa de B seco, (g).

A quantidade de funções ácidas introduzidas na matriz do bagaço pela reação de

succinilação foi determinada por retrotitulação (Karnitz 2007). Para tal, 100,0mg do

material BMS1 são colocados em um erlenmeyer com 100,0mL de solução de NaOH 0,01

mol/L, sob agitação durante uma hora. Decorrido o tempo de agitação, o material foi

filtrado e três alíquotas de 25,0mL da solução foram tituladas com uma solução de HCl

0,01 mol/L. A concentração das funções ácido carboxílico incorporadas no material foi

obtida pela Equação 3.2:

36

Onde, CNaOH é a concentração da solução de NaOH (mmol/L), CHCl a concentração

da solução de HCl (mmol/L), VNaOH o volume de solução de NaOH (L), VHCl o volume de

solução de HCl (L) gasto em cada titulação e M a massa (g) do material adsorvente.

O material BMS2 foi obtido pelo tratamento de BMS1 com solução aquosa

saturada de bicarbonato de sódio (NaHCO3). Após o tratamento, o material foi filtrado em

funil sinterizado, lavado excessivamente com água destilada e com etanol, e seco a 80°C e

depois armazenado em um dessecador. A rota sintética da formação dos materiais BMS1 e

BMS2 está apresentada na Figura 3.1.

OH

OH

O OO

piridina,

O

O

OH

OH

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

Obagaço de cana BMS1

_

_Na+

Na+

BMS2

NaHCO3

Figura 3.1: Rota sintética da modificação química do bagaço de cana com anidrido

succínico.

3.2.1.3 Modificação química com dianidrido do EDTA (BME)

Esta modificação foi realizada de acordo com o trabalho de Karnitz et al. (2007),

onde o material pré-tratado, B, é modificado com o dianidrido do EDTA em

dimetilformamida (DMF). Adicionou-se o bagaço, o dianidrido e a DMF na proporção de

1g para 3g e 42 mL, respectivamente, em um balão de fundo redondo e a reação se deu em

um banho de óleo a temperatura de 75°C durante 24 horas. Ao termino da reação o

material foi filtrado em funil sinterizado e lavado com DMF, água, solução saturada de

bicarbonato de sódio, água e por fim com etanol 95%. Após as lavagens, o bagaço

modificado foi seco em estufa a 100°C por 1 hora e guardado em um dessecador para

resfriar, este material foi denominado BME. A análise do ganho de massa foi feita da

mesma forma do material modificado com anidrido succínico. A rota sintética da formação

do material BME está apresentada na Figura 3.2.

37

OH

DMF, 70°C

bagaço de canaBME

NaHCO3

NO

N O

O

O

O

O

1)

2)

O N

O

O

N

O

O

O

O

O

Na+

Na+

Na+

_

_

_

Figura 3.2: Rota sintética da modificação química do bagaço de cana com dianidrido de

EDTA

3.2.2 Caracterização dos materiais

Além do cálculo de ganho de massa, e da determinação de funções carboxílicas, os

materiais produzidos foram caracterizados por análise elementar e Espectroscopia no

infravermelho, ponto de carga zero e determinação das áreas superficiais.

i) Espectroscopia no infravermelho com transformada de

Fourier (FTIR)

Os materiais adsorventes obtidos após a modificação foram submetidos à análise

em espectrômetro Nicolet modelo Impact 410. Em forma de pastilha, 1mg de amostra foi

prensada com 100mg de KBr. O espectro na região do infravermelho foi gerado entre 4000

e 400cm-1

, com resolução de 4cm-1

32 varreduras por amostra.

ii) Análise elementar

As análises dos elementos C, H, N e O foram realizadas em instrumento de análise

elementar CHNS/O da Perkin Elmer, modelo analyzer 2400, Series II.

38

iii) Determinação do ponto de carga zero (pHPCZ)

O pH de ponto de carga zero, pHPZC, para os materiais BMS2 e BME foi

determinado usando o método de titulação de massa descrito por Noh e Schwarz (1990).

Soluções de NaNO3 com valores de pH 3, 6 e 9, para BMS2 e BME foram preparadas

usando soluções de HNO3 0,1mol/L e NaOH 0,1mol/L. . De cada uma das soluções foram

retiradas 6 alíquotas de 20mL e a cada uma destas alíquotas foram adicionadas quantidades

diferentes do material a ser analisado. As percentagens em massa distintas usadas foram:

0,05, 0,1, 0,5, 1, 5, 10%. Os erlenmeyers foram agitados a velocidade constante, por 4h

para que se alcançasse o pH de equilíbrio. Após a agitação mediu-se o pH final de cada

erlenmeyer. Foram obtidos os gráficos de pH versus percentagem em massa do material,

BMS2 ou BME.

iv) Determinação das áreas superficiais

Os experimentos para calcular a área superficial, o volume e largura dos

microporos dos materiais foram realizados em adsorptômetro Quanthachorme Nova 1000,

do Laboratório de Hidrometalurgia, Escola de Minas-UFOP. Os materiais foram

previamente secos a 90°C por 3h sob alto vácuo para volatilização dos vapores de água. O

sistema foi então submetido a uma temperatura de 77K, temperatura do nitrogênio (N2)

líquido. O N2 gasoso entra em contato com a amostra e a sua pressão é aumentada

gradativamente ocorrendo então a adsorção do gás na amostra. O volume de material

adsorvido é medido após cada equilíbrio alcançado. Após a adsorção é realizada a

dessorção, sendo possível, com isso, construir uma curva de adsorção/dessorção de N2 que

permite o cálculo da área superficial, do volume e da largura dos microporos.

3.3 Ensaios de adsorção dos corantes

Após a preparação dos materiais adsorvente, foram feitos os estudos de adsorção

dos corantes catiônicos em soluções aquosas, utilizando processo de adsorção em batelada.

Avaliou-se a capacidade de adsorção dos materiais para dois corantes catiônicos, azul de

39

metileno (AM), violeta cristal (VC) em soluções aquosas. A influência do tempo, pH e a

dosagem de material na adsorção foram estudadas.

3.3.1 Estudos cinéticos

Em frascos erlenmeyers de 250,0mL, 0,0200g de bagaço de cana modificado,

foram pesadas e adicionados a um volume de 100mL de solução de corante (azul de

metileno e violeta cristal) com concentração conhecida. A seguir os frascos erlenmeyers

foram agitados, a velocidade constante de 150rpm e temperatura ambiente, por diferentes

intervalos de tempos (10, 20, 30, 45, 60, 90, 120, 180, 360, 540, 720, 1440min). Decorrido

o tempo de agitação, as amostras foram submetidas a uma centrifugação de 3600rpm por

20min para separação das fases. O sobrenadante foi retirado cuidadosamente, para que o

material depositado no fundo não provocasse interferência na análise das amostras. Eram

então realizadas as diluições necessárias e, as concentrações finais das soluções dos

corantes foram determinadas por espectrofotometria na região do UV-Vis.

A quantidade de corante adsorvido em BMS2 e BME, em cada período de tempo

foi calculada de acordo com a seguinte Equação (Eq. 3.3):

onde, qt é a quantidade de corante adsorvido (mg) por massa de material (g) no tempo t, V

é o volume da alíquota de corante utilizada (L), Ci é a concentração inicial do corante

(mg/L), Cf é a concentração do corante após a adsorção (mg/L) e M é a massa do material

utilizada (mg).

3.3.2 Estudos do pH

Para avaliar o efeito do pH na adsorção dos corantes por BMS2 e BME, massas de

20,0mg de cada material foram adicionadas a 100,0mL de solução dos corantes de

concentração conhecida, 200,0mg/L e 450,0mg/L nos estudos com BMS2 e 200,0mg/L e

300,0mg/L nos estudos com BME, para os corantes AM e VC, respectivamente. O pH da

mistura foi ajustado para valores entre 2 e 10 com soluções de HCl e NaOH (0,01 a

40

0,1mol/L). Os erlenmeryers foram mantidos sob agitação até que o tempo de equilíbrio

fosse atingido. Após agitação, as amostras foram submetidas a uma centrifugação de

3600rpm por 20min para separação das fases e a concentração final da solução foi

determinada por espectrofotometria na região do UV-Vis.

A massa de corante adsorvido em BMS2 e BME, em cada pH analisado foi

calculada de acordo com a Equação 3.3.

3.3.3 Isoterma de adsorção

Experimentos com BMS2 e BME e os corantes AM e VC foram realizados para

determinar as isotermas de adsorção. Nos estudos de adsorção do material BMS2, variou-

se a dosagem de bagaço, mantendo constante a concentração do corante, o pH da mistura e

o tempo de contato do experimento. Amostras de 15, 20, 25, 35 e 45mg e de 25, 30, 35, 40,

45, 50, 55 e 60mg de BMS2 foram usadas nos experimentos de adsorção do corante AM e

VC, respectivamente. As massas de BMS2 e BME foram adicionadas a frascos

erlenmeyers de 250mL contendo 100mL de solução de corante de concentração definida.

Os experimentos foram realizado em pH 8,0 para ambos os corantes, durante tempo

necessário para se atingir o equilíbrio. O pH foi ajustado ao valor ótimo de adsorção com

soluções de HCl e NaOH (0,01 a 0,1mol/L). Os tempos de equilíbrio usados nos

experimentos foram obtidos nos estudos cinéticos e foram 480min para AM e 1200min

para VC. A quantidade adsorvida no equilíbrio, qe (mg/g), foi calculada pela Equação 3.4:

onde Ci e Ce (mg/L) são a concentração do corante na fase líquida, inicial e no equilíbrio,

respectivamente, V (L) é o volume de solução, e M (g) e a massa de adsorvente usado.

Experimentos de adsorção foram feitos para BME e os corantes AM e VC para

determinar as isotermas de adsorção. A massa do material BME foi mantida fixa e

variaram-se as concentrações de cada corante. Massas de 20,0mg de BME foram

colocadas em frascos erlenmeyers de 250mL com 100,0mL de solução de corante de

concentrações específicas, 50 a 300mg/L para AM e de 150 a 400mg/L para VC. Os

experimentos foram realizado em pH 8,0 para ambos os corantes, sob agitação durante

41

tempo necessário para se atingir o equilíbrio. O pH foi ajustado ao valor ótimo de adsorção

com soluções de HCl e NaOH (0,01 a 0,1mol/L). Os tempos de equilíbrio usados nos

experimentos foram obtidos nos estudos cinéticos e foram 600min para AM e 900min para

VC. A quantidade adsorvida no equilíbrio, qe (mg/g), foi calculado pela Equação 3.4.

3.3.4 Quantificação dos corantes

A técnica empregada na análise das amostras provenientes dos estudos de adsorção

foi a espectrofotometria na região do UV-Vis, esta técnica permite o cálculo da

concentração das soluções a partir de uma curva de calibração (concentração em função da

absorbância) previamente construída em comprimento de onda correspondente a

absorbância máxima do corante. A construção da curva foi baseada na Lei de Lambert-

Beer, que segue a Equação 3.5:

onde, A é absorbância, ε (dm3/mol cm) é a absortividade molar, c (mol/L) é a concentração

e b (cm) é o caminho ótico (1cm).

O comprimento de onda de máxima absorbância para os corantes azul de metileno

(AM) e violeta cristal (VC) é 661nm e 584nm, respectivamente.

3.4 Adsorção da eteramina

3.4.1 Estudo cinético

Para a determinação do tempo de equilíbrio, em frascos erlenmeyers de 250mL,

25,0mg de material (BMS2 e BME) foram adicionados a 50,mL de solução 450,0mg/L de

eteramina, previamente preparada. Os frascos foram agitados em mesa agitadora a

velocidade constante, por diferentes intervalos de tempo (10, 20, 30, 45, 60, 90, 120, 150 e

200min), sem ajuste do pH. Após a agitação a mistura foi separada por centrifugação,

42

20min a 3600rpm, e a concentração residual de eteramina no sobrenadante foi quantificada

através da medida da DQO residual.

3.4.2 Estudo pH

A influencia do pH na adsorção da eteramina foi avaliada, variando o pH inicial da

mistura e mantendo constante a massa do material, a concentração da eteramina e o tempo

de agitação. Em frascos erlenmeyers de 250mL, 25,0mg de material (BMS2 e BME)

foram adicionados a 50 mL de solução de eteramina de concentração 250mg/L, então

ajustou-se o valor do pH da mistura para 2, 4, 6, 8 e 10. O pH foi ajustado com soluções de

HCl e NaOH (0,01 a 0,1mol/L). O sistema foi agitado por 180min para que o equilíbrio

fosse atingido e depois as fases foram separadas por centrifugação e a concentração no

sobrenadante foi determinada por DQO.

3.4.3 Isotermas de adsorção

Para a determinação das isotermas de adsorção, foram realizados experimentos de

adsorção variando-se a concentração inicial da concentração de eteramina e mantendo

constante tempo, massa de material e pH. Para a eteramina foi utilizada uma faixa de

concentração de 250,0 a 650,0mg/L, alíquotas de 50,0mL, 25mg do material, pH 10. O pH

foi ajustado ao valor ótimo de adsorção com soluções de HCl e NaOH (0,01 a 0,1mol/L).

O sistema foi agitado por 180min para que o equilíbrio fosse atingido e, depois a mistura

foi separada por centrifugação e a concentração do sobrenadante foi determinada por

DQO.

3.4.4 Quantificação da eteramina

A concentração de material orgânico determinado no teste de DQO está baseada no

consumo do oxidante necessário para a oxidação do material. No teste da DQO se utiliza

um oxidante forte composto por dicromato de potássio e ácido sulfúrico, juntamente com

um catalisador (íons prata), aumento de temperatura e na presença de mercúrio (este tem

função complexante e elimina cloretos). Neste teste a oxidação do material orgânico é

praticamente total para a maioria das substâncias orgânicas. A quantidade da matéria

43

oxidada expressa como equivalente em oxigênio, é proporcional à quantidade do reagente

oxidante consumido.

{CH2O} + Cr2O72-

Ag+ e calor

CO2 + Cr3+

+ H2O

A quantidade de Cromo-III que se forma é equivalente a quantidade de dicromato

reduzido, ou seja, é a quantidade equivalente à demanda química de oxigênio. Através da

técnica colorimétrica, são medidas as absorbâncias das soluções do cátion. O comprimento

de onda utilizado para a leitura, onde o Cromo-III apresenta maior absorção sem que haja

interferência do dicromato residual, é 600nm.

A demanda química de oxigênio das soluções de eteramina é determinada

utilizando-se o método calorimétrico. Assim, 2 mL da solução em questão é transferido

para frasco de reação, ao qual é adicionado 2 mL de solução de dicromato de potássio com

sulfato de mercúrio, para minimizar a interferência causada pelos cloretos, (HgSO4

0,1125mol/L ou 33,3g/L) e 3,5 mL de ácido sulfúrico concentrado contendo o catalisador

sulfato de prata (5,5g Ag2SO4/kg H2SO4). Após a adição dos reagentes, os tubos de reação

são tampados e levados para digestão, por duas horas, em termoreator mantidos a 148°C.

Após a digestão, as amostras são deixadas para resfriar e avalia-se a quantidade de cromo

reduzido (Cr III), conforme descrito no Standard Methods (APHA, 1998). As leituras das

absorbâncias são feitas a 600nm.

As concentrações de DQO das amostras analisadas são calculadas a partir de curva

de calibração construída utilizando o biftalato de potássio como padrão. Através da

equação da oxidação do biftalato de potássio deduz-se que 1mg/L de biftalato de potássio

exerce uma DQO teórica de 1,176mg O2/L. Essa relação é então usada para preparação de

diferentes soluções de padrão de DQO conhecida. Além disso, também é construída uma

curva de calibração que relaciona diversas concentrações de soluções de eteramina às suas

respectivas demandas químicas de oxigênio, para que, finalmente se calcule a concentração

de eteramina presente na amostra analisada.

44

4 Resultados e Discussão

4.1 Síntese e caracterização dos materiais

4.1.1 Caracterização de BMS2:

4.1.1.1 Ganho de massa e concentração de funções introduzidas:

OH

OH

O OO

piridina,

O

O

OH

OH

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

Obagaço de cana BMS1

_

_Na+

Na+

BMS2

NaHCO3

Figura 4.1: Rota de síntese dos materiais BMS1 e BMS2.

O bagaço de cana, após reação com anidrido succínico sob refluxo da piridina

durante 24h, produziu o bagaço modificado BMS1, de acordo com rota sintética

apresentada na Figura 4.1. Após ser lavado, filtrado e seco, pode-se calcular o ganho de

massa e a concentração das funções ácidas introduzidas. O material produzido BMS1

apresentou 89,6% de ganho de massa e 6,0mmol/g de funções ácidas.

4.1.1.2 Espectroscopia na região do infravermelho

O material BMS1 e o bagaço B foram submetidos à análise por espectroscopia na

região do infravermelho para comprovar a introdução das novas funções. A Figura 4.2

apresenta a comparação entre o material adsorvente BMS1 e o bagaço B.

Como apresentado na Figura 4.2, as maiores mudanças que podem ser relacionadas

à modificação do material com anidrido succínico nos espectros de FTIR são:

45

1. A intensificação e o aparecimento das bandas em 2970, 2929 e 2852cm-1

, que

correspondem ao estiramento assimétrico e simétrico de grupos CH2, devido a

introdução do grupo succinil;

2. O aparecimento das bandas em 1419 e 1215cm-1

, que corresponde à deformação de

grupos OH de ácidos carboxílicos fora do plano;

3. O aparecimento de três picos em 1747, 1739, 1734cm-1

, que provavelmente são

fruto de ésteres em ambientes químicos distintos, como em lignina e celulose. As

bandas em 1653 e 1655cm-1

correspondem a estiramentos do grupo C=O. A banda

em 1653cm-1

presente na lignina do bagaço foi intensificada pela succínilação

deste. As bandas em 1653 e 1655cm-1

aparecem quase sobrepostas pelas fortes

bandas de R-O-C=O-R’ também devido ao alto gral de succinilação desse material.

Figura 4.2: Espectro FTIR do bagaço de cana B e bagaço de cana modificado BMS1

46

4.1.2 Caracterização de BME

OH

DMF, 70°C

bagaço de canaBME

NaHCO3

NO

N O

O

O

O

O

1)

2)

O N

O

O

N

O

O

O

O

O

Na+

Na+

Na+

_

_

_

Figura 4.3: Rota de síntese dos materiais BME.

.

4.1.2.1 Análise elementar, ganho de massa e concentração de funções

introduzidas:

Após tratamento do bagaço B com o dianidrido de EDTA, na DMF a 75°C por 24h,

e posteriormente com solução aquosa saturada de bicarbonato de sódio, obteve-se o

material BME (Figura 4.3). Antes do tratamento do material com solução saturada de

bicarbonato de sódio, calculou-se o ganho de massa alcançado após a modificação (Tabela

4.1). Através do teor de nitrogênio dado pela análise elementar, avaliou-se a concentração

de unidades de EDTA introduzida na matriz do bagaço, após a esterificação com as

funções hidroxilas do bagaço de cana, os resultados estão apresentados na Tabela 4.1.

Observa-se um aumento considerável no teor de nitrogênio após a modificação com

o dianidrido de EDTA, com um ganho de massa significante, o que comprova a

incorporação de funções aminas no material modificado BME.

Tabela 4.1: Análise elementar, concentração de unidade de EDTA introduzida e ganho de

massa.

Material C (%) H (%) N (%) CEDTA (mmol/g) GM(%)

B 43,98 6,02 0,13 - -

BME 39,93 4,55 2,32 0,786 50,7

47

4.1.3 Espectrocopia na região do infravermelho

Os espectros do bagaço antes (B) e após modificação com dianidrido de EDTA

(BME) são mostrados na Figura 4.4. Observa-se no espectro de BME em relação ao

bagaço natural o aparecimento ou aumento de bandas fortes em 1743cm-1

, atribuída à

deformação axial de C=O de éster e em 1631cm-1

atribuída à deformação axial assimétrica

do carboxilato e em 1406cm-1

atribuída à deformação axial simétrica do carboxilato. Estas

bandas comprovam a introdução do dianidrido de EDTA e a liberação de funções

carboxilatos (Karnitz, 2007).

Figura 4.4: Espectro FTIR para bagaço de cana B e bagaço de cana modificado BME

.

4.1.4 Área superficial, volume e largura dos microporos

Por meio de modelos de sorção de gases nos materiais porosos, é possível avaliar

várias características dos sólidos porosos, como área superficial, volume e largura dos

48

poros. A obtenção destes parâmetros é importante, uma vez que tem relação com os sítios

disponíveis para adsorção.

Os parâmetros: área superficial, volume total de microporos e largura média dos

microporos foram determinados, obtendo-se resultados apresentados na Tabela 4.2.

Tabela 4.2: Características superficiais dos materiais BMS2 e BME.

Material

Superfície

Específica BET (m

2/g)

Volume dos

microporos (cm

3/kg)

Volume total

de poros (cm

3/kg)

Diâmetro médio

dos poros (Å)

BMS2 2,699 0,00127 0,01048 155,30

BME 1,458 0,00068 0,00394 108,10

4.1.5 Ponto de carga zero (pHPZC)

O ponto de carga zero (PCZ) pode ser usado para caracterizar um material

adsorvente, pois indica o pH no qual o balanço entre as cargas positivas e negativas

presentes no material é nulo.

Nos valores iniciais de pH baixos, quanto maior a quantidade de grupos carregados

negativamente, mais íons H3O+ são consumidos, o que resulta em um aumento do pH. Já

em condições mais básicas, havendo uma maior quantidade de grupos protonáveis, uma

maior quantidade de íons OH- serão consumidos, resultando em um pH final menor.

Pelos valores distintos de pHPCZ é possível dizer que os materiais possuem grupos

funcionais distintos. O valor maior de pHPCZ para BME sugere maior presença de grupos

funcionais com afinidade por íons H3O+ que BMS2. A sorção de cátions é favorecida

quando o pH da solução é maior que o pHPCZ, enquanto que a sorção de ânions é

favorecida em valores de pH menores que o pHPCZ (Srivasta et al., 2008).

Os valores de pH, para os potenciais de carga zero, para os materiais BMS2 e

BME foram respectivamente, 5,3 e 7,5, como pode ser observado pelos gráficos

apresentados na Figura 4.5.

49

0 2 4 6 8 10

2

4

6

8

10

(b)

pH

% Massa

Figura 4.5: Determinação do pHPCZ dos materiais (a) BMS2 e (b) BME.

4.2 Adsorção dos corantes Azul de Metileno e Violeta Cristal por BMS2

e BME

4.2.1 Estudo cinético

Os estudos de adsorção foram conduzidos em mesa agitadora a velocidade

constante de 150rpm. Os experimentos foram realizados variando o tempo de contato entre

a solução do corante (100mL) e a massa de material (20,0mg de BMS2 ou BME). A cada

intervalo de tempo pré-determinado, as amostras foram tratadas e os dados de absorbância

obtidos. Os ensaios foram realizados em pH natural das soluções, pH 7 para AM e pH 8

para VC.

A partir dos dados de absorbância obtidos e através da curva de calibração do

corante foi possível calcular a concentração do corante na solução após a adsorção e,

consequentemente, a quantidade de corante adsorvida em função do tempo. As Figuras 4.6

e 4.7 mostram a variação da quantidade de corante (AM e VC) adsorvido (qt) no material

(BMS2 e BME) com o tempo.

0 2 4 6 8 10

2

4

6

8

10

pH

% massa

(a)

50

Figura 4.6: Variação da adsorção de AM e VC em BMS2 em função do tempo.

Figura 4.7: Variação da adsorção de AM e VC em BME em função do tempo.

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

600

700

800

900

1000

1100

VC

qt (

mg/g

)

Tempo (min)

100

200

300

400

500

AM

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

100

150

200

250

300

350

qt (

mg/g

)

Tempo (min)

VC

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

140

150

160

170

180

190

200

AM

51

A partir das Figuras 4.6 e 4.7 pode-se obter o tempo de equilíbrio para os sistemas,

momento a partir do qual não há variação da adsorção com o tempo, ou seja, a adsorção

chega a um a valor máximo. Para o corante AM o tempo de equilíbrio encontrado foi de 8h

de agitação e 20h para o VC, em BMS2. Em BME, os tempos de equilíbrio foram 10h e

15h, respectivamente para AM e VC. Estes tempos foram usados para os ensaios em

função do pH e para os estudos das isotermas referentes a cada corante.

Os parâmetros cinéticos são necessários para determinar as melhores condições

operacionais em um processo contínuo de remoção. Para poder investigar os mecanismos

da adsorção, diferentes modelos cinéticos foram utilizados para testar os dados

experimentais. A cinética do processo de adsorção dos corantes AM e VC em BMS2 e

BME foi investigada através das equações de pseudo-primeira ordem (PPO), pseudo-

segunda ordem (PSO), equação de Elovich (EE) e difusão intrapartícula (DIP).

A partir dos dados de qt e qe, obtidos com os experimentos de adsorção, foi possível

avaliar o ajuste dos pontos aos modelos através das equações linearizadas. As Figuras 4.8 e

4.9 mostram os resultados obtidos para o material BMS2, e as Figuras 4.10 e 4.11

apresentam os resultados para o material BME.

52

Figura 4.8: Modelos cinéticos da adsorção do corante AM em BMS2, (a) PPO, (b) PSO e

(c) EE.

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

3,5

4,0

4,5

5,0

5,5

6,0

(a)

Ln

(q

e -

q t)

Tempo (min)

-200 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

(b)

t/q

(m

in g

/mg

)

Tempo (min)

0 1 2 3 4 5 6 7 8

150

200

250

300

350

400

450

(c)

qt (

mg

/g)

Ln (t) (min)

53

Figura 4.9: Modelos cinéticos da adsorção do corante VC em BMS2, (a) PPO, (b) PSO e

(c) EE.

-200 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

4,8

5,0

5,2

5,4

5,6

5,8

6,0

6,2

6,4

6,6

ln (

qe -

qt)

Tempo (min)

(a)

-200 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

t/q

(m

in g

/mg

)

Tempo (min)

(b)

2 3 4 5 6 7 8

600

700

800

900

1000

1100

1200

qt (

mg

/g)

ln (t) (min)

(c)

54

Figura 4.10 Modelos cinéticos da adsorção do corante AM em BME, (a) PPO, (b) PSO e

(c) EE.

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

ln (

qe -

qt)

Tempo (min)

(a)

-200 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

0,0

1,5

3,0

4,5

6,0

7,5

9,0

(b)

t/q

(m

in g

/mg

)

Tempo (min)

2 3 4 5 6 7 8

140

150

160

170

180

190

200

210

(c)

qt (

mg

/g)

Ln (t) (min)

55

Figura 4.11: Modelos cinéticos da adsorção do corante VC em BME, (a) PPO, (b) PSO e

(c) EE.

-200 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

0

1

2

3

4

5

6

ln (

qe -

qt)

Tempo (min)

(a)

-200 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

0

1

2

3

4

5

t/q (

min

g/m

g)

Tempo (min)

(b)

2 3 4 5 6 7 8

100

150

200

250

300

350

qt (

mg

/g)

ln (t) (min)

(c)

56

Os parâmetros cinéticos dos ajustes dos modelos estão apresentados nas Tabelas 4.3

e 4.4.

Tabela 4.3: Parâmetros cinéticos para a adsorção de AM e VC em BMS2.

AM VC

qe,exp (mg/g)

430,08

qe,exp (mg/g)

1124,99

Pseudo-primeira ordem

k1 (min-1

) 0,00127 0,00098

506,22

0,8975

qe (mg/g) 191,98

R2 0,7364

Pseudo-segunda ordem

k2 (g/ mg min) 0,0001 0,000033

1133,66

0,9984

qe (mg/g) 434,34

R2 0,9996

Equação de Elovich

α (mg/g min) 660,28 5861,43

0,0101

0,9625

β (g/mg) 0,0221

R2 0,9791

Tabela 4.4: Parâmetros cinéticos para a adsorção de AM e VC em BME.

AM VC

qe,exp (mg/g)

191,97

qe,exp (mg/g)

338,22

Pseudo-primeira ordem

k1 (min-1

) 0,0038 0,0035

qe (mg/g) 18,81 173,20

R2 0,7379 0,9513

Pseudo-segunda ordem

k2 (g/mg min) 0,0012 0.000053

qe (mg/g) 192,31 357,14

R2 1 0,9977

Equação de Elovich

α (mg/g min) 92,6x 105 31,13

β(g mg-1

) 0,11 0,018

R2 0,8913 0,9501

Entre os modelos cinéticos, o modelo de pseudo-segunda ordem foi o que

apresentou melhor ajuste. Analisando os dados das Tabelas 4.3 e 4.4 é possível observar

57

que todos os coeficientes de correlação obtidos para este modelo cinético são superiores a

0,99, indicando claramente processos de pseudo-segunda ordem.

Os valores de qe(mg/g) calculados a partir do modelo de PSO para o material

BMS2 foram 434,34 e 1133,66mg/g, para AM e VC respectivamente, valores muito

próximos aos obtidos experimentalmente nos estudos cinéticos, 430,08 e 1124,99mg/g,

para AM e VC respectivamente. A semelhança entre os valores encontrados

experimentalmente e através do modelo confirma a validade do mesmo como aquele que

melhor se ajusta aos dados experimentais. Para o material BME pode-se observar a mesma

tendência entre os valores obtidos experimentalmente e pelo modelo de PSO. Para o

corante AM os valores experimental e calculados foram 191,97 e 192,31mg/g e para o

corante VC 338,22 e 357,14mg/g, respectivamente.

O modelo de PSO também se apresentou como o melhor modelo para a adsorção de

corantes catiônicos por outros biosorventes, como na adsorção de azul de metileno em

resíduos de abacaxi (Hameed et al., 2009), e azul de metileno e violeta cristal em palha de

trigo esterificada com ácido cítrico (Gong et al., 2008).

Além dos modelos cinéticos de PPO, PSO e EE, o modelo de DIP também foi

investigado através da aplicação da Equação 8 a fim de verificar o seu envolvimento no

mecanismo de adsorção. As Figuras 4.12 e 4.13 mostram os gráficos qt versus t1/2

para os

processos de adsorção dos corantes AM e VC em SCB e BME. É possível, a partir dos

gráficos de DIP, distinguir três fases nos processos de adsorção. Estes resultados implicam

na possibilidade de os processos de adsorção envolvem mais de uma única cinética por

estágio (Guo et al., 2003). A primeira fase é uma adsorção instantânea e é provavelmente

devido a uma forte atração eletrostática entre corante e a superfície externa do adsorvente.

O segundo estágio é uma etapa de adsorção gradual, que pode ser atribuída à difusão

intraparticula das moléculas de corante através dos poros do adsorvente. A fase final

corresponde à adsorção de equilíbrio quando as moléculas de corante ocupam todos os

sítios ativos do adsorvente. Os valores de kid foram determinados a partir das inclinações

das respectivas parcelas lineares e são apresentados nas Tabelas 4.5 e 4.6. As parcelas com

maior inclinação possuem maiores valores de kid e consequentemente uma taxa de

adsorção maior por unidade de tempo. Para os corantes estudados à medida que o tempo

passa a taxa de adsorção diminui, sendo menor na etapa de equilíbrio do sistema (terceira

etapa), onde todos os sítios de adsorção já foram ocupados (Ahmad et al., 2009). Os

valores de C(mg/g) (Tabelas 4.5 e 4.6) foram calculados a partir do intercepto das porções

lineares e representa a espessura da camada de corante adsorvido no material.

58

Figura 4.12: Modelo de DIP dos corantes AM e VC em BMS2.

Figura 4.13 Modelo de DIP dos corantes AM e VC em BME.

Tabela 4.5: Parâmetros cinéticos do modelo de DIP para adsorção de AM e VC em BMS2.

AM VC

Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3

kid (mg/g h1/2

) 47,53 11,36 0,90 73,19 10,41 6,38

C (mg/g) 86,25 207,92 395,52 365,57 771,66 890,96

R2 1 0,9738 0,9706 0,9952 0,9327 0,9502

0 5 10 15 20 25 30 35 40

150

200

250

300

350

400

450

AM

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

q (

mg

/g)

t 1/2

(min0,5

)

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

140

150

160

170

180

190

qt (

mg

/g)

t (0,5)

(min0,5

)

AM

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

0 5 10 15 20 25 30 35 40

100

150

200

250

300

350

VC

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

q (

mg

/g)

t (1/2)

(min0,5

)

0 5 10 15 20 25 30 35 40

600

700

800

900

1000

1100

1200

t 1/2

(min 1/2

)

qe (

mg

/g)

VC

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

59

Tabela 4.6: Parâmetros cinéticos do modelo de DIP para adsorção de AM e VC em BME.

AM VC

Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3

kid (mg/g h1/2

) 9,55 2,79 0,13 17,56 5,71 0,61

C (mg/g) 112,70 150,48 187,33 44,86 183,86 315,31

R2 0,9815 0,9994 0,7264 0,9044 0,9518 0,9397

4.2.2 Estudo em função do pH

O pH é um importante fator controlador do processo de adsorção. Visando

encontrar o pH mais adequado para remoção dos corantes AM e VC por BMS2 e BME,

realizou-se experimentos variando o pH entre 2 e 10 e mantendo agitação durante o tempo

de equilíbrio encontrado para cada sistema corante/material. Os resultados dos

experimentos (qe versus pH) são mostrados nas Figuras 4.14 e 4.15.

Figura 4.14: Variação da adsorção dos corantes AM e VC por BMS2 em função do pH.

2 4 6 8 10

0

100

200

300

400

500

q (

mg

/g)

pH

2 4 6 8 10

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

q (

mg

/g)

pH

60

Figura 4.15: Variação da adsorção dos corantes AM e VC por BME em função do pH.

A adsorção favorável em pH básico pode ser atribuída a natureza catiônica do

corante. Em pH ácido, o excesso de íons H+ diminui a concentração das funções

carboxilatos dos materiais e aumenta a concentração da forma protonada (ácido

carboxílico) provocando uma diminuição do número de sítios com carga negativa

desfavorecendo a adsorção das moléculas carregadas positivamente dos corantes (Garg et

al., 2004). Com a elevação do pH, a valores maior que o pHPCZ dos materiais (5,3 e 7,5

para BMS2 e BME, respectivamente), o número de sítios de carga negativa na superfície

dos adsorventes aumenta e a quantidade de AM e VC adsorvido por cada material

também. Isso pode ser explicado pela interação eletrostática entre os corantes básicos com

a superfície carregada negativamente do material. O pH utilizado nos estudos das

isotermas de adsorção foi 8,0 para os todos os sistemas material/corante.

Uma tendência semelhante foi observada para a adsorção de AM em resíduos de

chá com um pH ótimo de 8,0 (Uddin et al., 2009), e em resíduos de casca de pinheiro, pH

ótimo em 8,5 (Royer et al., 2009).

4.2.3 Isoterma de adsorção

Através dos experimentos de adsorção realizados, conforme descrição na parte

experimental deste trabalho foi possível calcular a quantidade máxima de corante, AM e

VC, adsorvido no equilíbrio nos materiais BMS2 e BME. Todos os experimentos foram

realizados com o tempo de equilíbrio encontrado no estudo cinético, 8h e 20h para AM e

VC, respectivamente, em BMS2, e 10h e 15h para AM e VC, respectivamente, em BME,

2 3 4 5 6 7 8 9 10

120

140

160

180

200

220

AM

qe(m

g/g

)

pH2 3 4 5 6 7 8 9 10

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

240

VC

qe (

mg

/g)

pH

61

e um valor de pH igual a 8. O objetivo desta parte é compreender a interação corante-

adsorvente através da validade dos modelos e também encontrar parâmetros que permitam

a comparação, interpretação e previsão dos dados de adsorção dos adsorventes testados

(Hamdaoui, 2006). Várias equações de isotermas estão disponíveis e três isotermas

importantes foram aplicadas para ajustar os dados de equilíbrio deste estudo: Isoterma de

Langmuir, Freundlich e Temkin. As Figuras 4.16 e 4.17 mostram os ajustes lineares dos

modelos testados aos dados experimentais.

62

Figura 4.16: Isotermas de adsorção para remoção de AM por BMS2, Modelos de (a)

Langmuir, (b) Freundlich e (c) Tempkim.

-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

0,000

0,015

0,030

0,045

0,060

0,075

0,090

(a)C

e/q

e (

g/L

)

Ce (mg/L)

-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5

5,6

5,7

5,8

5,9

6,0

6,1

6,2

(b)

ln q

e

ln Ce

250 300 350 400 450 500

-1

0

1

2

3

4

qe(m

g/L

)

ln Ce

(c)

63

Figura 4.17: Isotermas de adsorção para remoção de VC por BMS2, Modelos de (a)

Langmuir, (b) Freundlich e (c) Tempkim.

-10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120

0,00

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

0,09

0,10

(a)C

e/q

e (

g/L

)

Ce (mg/L)

2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0

6,4

6,5

6,6

6,7

6,8

6,9

7,0

7,1

7,2

ln q

t

ln Ce

(b)

2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0

600

700

800

900

1000

1100

1200

1300

qt (

mg

/g)

ln Ce

(c)

64

Figura 4.18: Isotermas de adsorção para remoção de AM por BME, Modelos de Langmuir,

Freundlich e Tempkim.

0 50 100 150 200 250

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

Ce/q

e (

g/L

)

Ce (mg/L)

(a)

3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4

4,6

4,8

5,0

5,2

5,4

5,6

5,8

ln q

e

ln Ce

(b)

4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6 5,8

20

40

60

80

100

120

140

160

180

qe (

mg

/g)

ln Ce

(c)

65

Figura 4.19: Isotermas de adsorção para remoção de VC por BME, Modelos de

(a) Langmuir, (b) Freundlich e (c) Tempkim.

50 100 150 200 250 300

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Ce/q

e (

g/L

)

Ce (mg/L)

(a)

4,7 4,8 4,9 5,0 5,1 5,2 5,3 5,4 5,5 5,6

5,64

5,65

5,66

5,67

5,68

5,69

5,70

5,71

ln q

e

ln Ce

(b)

4,8 5,0 5,2 5,4 5,6 5,8

280

285

290

295

300

305

qe (

mg

/g)

ln Ce

(c)

66

As Tabelas 4.7 e 4.8 apresentam os valores dos coeficientes de correlação e dos

parâmetros de cada isoterma analisada para adsorção dos corantes AM e VC em BMS2 e

BME respectivamente. A partir destes dados é possível concluir que o modelo de

Langmuir se ajusta melhor as dados experimentais para ambos os corantes, pois, apresenta

valor de R2 mais próximo a 1 que os outros modelos. De acordo com o modelo de

Langmuir, quando uma molécula é adsorvida em um sítio do adsorvente, este sítio torna-se

indisponível para as demais moléculas. Assim, ocorre a saturação dos sítios e forma-se

uma monocamada de moléculas de corante. Os valores de monocamada encontrados para

cada sistema corante-material foram 478,47 mg/g para AM em BMS2, 1273,16mg/g para

VC em BMS2 e 202,419mg/g para AM em BME e 327,87mg/g para VC em BME.

Tabela 4.7: Parâmetros das isotermas para a adsorção de AM e VC em BMS2.

Langmuir Freundlich Tempkin

AM VC AM VC AM VC

Qmax (mg/g) 478,47 1273,16 Kf 301,06 483,27 AL (mg-1) 1115,18 5,22

Qmax (mmol/g) 1,68 3,42

b (L/mg) 0,59 0,18 N 9,71 4,58 B 42,36 204,76

R2 0,9992 0,9996 R2 0,9687 0,8165 R2 0,9258 0,8643

RL 0,0112 0,0122

Tabela 4.8: Parâmetros das isotermas para a adsorção de AM e VC em BME.

Langmuir Freundlich Tempkin

AM VC AM VC AM VC

Qmax (mg/g) 202,43 327,87

Kf 3,70 183,88 AL (mg-1) 0,013 2,79 Qmax (mmol/g) 0,71 0,88

b (L/ mg) 0,03 0,18 N 1,27 10,87 B 134,62 19,67

R2 0,9904 0,9996 R2 0,9411 0,8788 R2 0,9516 0,7919

RL 0,163 0,0205

O parâmetro de equilíbrio RL obtido através da isoterma de Langmuir prevê se a

adsorção é favorável ou desfavorável. Os valores de RL foram obtidos para os processos de

adsorção de AM e de VC por BMS2 e BME e encontram-se nas Tabelas 4.7 e 4.8. Como

se pode observar, os valores de RL calculados encontram-se entre 0 e 1 para todos os testes

de adsorção, o que indica que a adsorção dos corantes nos materiais estudados são

processos favoráveis.

67

Sabendo que o valor de Qmax representa o quão favorecida é a formação da

monocamada, o corante VC apresenta uma maior afinidade por ambos os materiais, BMS2

e BME, já que apresenta maiores valores de Qmax em relação ao corante AM. Para o

material BMS2 a adsorção de VC foi significativamente maior que de AM, com 3,42

mmol/g e 1,68mmol/g para VC e AM respectivamente; o que representa uma capacidade

50% maior para a adsorção de VC em relação ao AM. Para BME observa-se a mesma

tendência de afinidade por VC, porém com uma menor diferença entre os valores

encontrados. A diferença entre a capacidade de adsorção de BME para VC em relação a

AM é por volta de 20%, com uma adsorção máxima de 0,88mmol/g para VC e

0,71mmol/g para AM.

O material BMS2 apresentou uma maior capacidade de adsorção para AM e VC,

em relação à BME. Algumas características dos materiais podem justificar a diferença

entre as eficiências de remoção dos corantes pelos mesmos. Quanto ao número de funções

ácidas introduzidas após as modificações químicas, o material BMS2 apresentou

6,0mmol/g de funções ácidas, enquanto que BME com 0,786mmol/g de unidade de EDTA,

possui 2,36mmol/g de funções ácidas, considerando que cada unidade de EDTA

introduzida soma três funções ao material. Assim, é de se esperar que, por apresentar maior

número de sítios com carga negativa (funções ácidas) o material BMS2 apresente maior

capacidade de adsorção em relação à BME, para os corantes catiônicos estudados; já que

com mais cargas negativas disponíveis, mais moléculas catiônicas podem interagir se

ligando a superfície do adsorvente.

As características superficiais dos materiais estudados são distintas e também

influenciam nas capacidades de adsorção dos corantes. A superfície especifica de BMS2 é

2,699m2/g enquanto que para BME é 1,458m

2/g, assim por apresentara uma maior área

de superfície BMS2 possui maior capacidade de adsorção. A presença de microporos

influencia substancialmente as propriedades de adsorção porque a quantidade adsorvida na

superfície de macroporos é desprezível em comparação aos microporos, como BMS2

apresentou um volume de microporos de 0,00127cm3/kg, enquanto BME 0,00068cm

3/kg,

sua capacidade de adsorção tende a ser superior.

As Tabelas 4.9 e 4.10 apresentam valores de adsorção para os corantes AM e VC

encontrados na literatura. Como pode ser observado, o adsorvente BMS2 apresenta

elevada capacidade de adsorção para VC quando comparado com diversos adsorventes.

Em relação à capacidade de adsorção para AM, apenas dois suportes (El Qada et al., 2008;

Royer et al., 2009) apresentaram maior capacidade de adsorção que BMS2. Essa elevada

68

capacidade de adsorção para VC coloca BMS2 o melhor adsorvente (já produzido e

avaliado) para remoção deste corante em soluções aquosas e como um excelente

adsorvente em relação à capacidade de remoção de AM em soluções aquosas.

O material BME também apresentou uma maior capacidade adsorção para o

corante VC em relação a AM. Quando comparado a outros materiais adsorventes, BME

apresenta uma capacidade intermediária para a adsorção de AM, sendo superior a dois dos

materiais relatados (Hameed e Ahmad, 2009; Uddin et al., 2009) e em relação à adsorção de

VC, apenas um material encontrado na literatura (Chakraborty et al., 2005) apresentou uma

capacidade superior a BME.

Tabela 4.9: Materiais adsorventes listados na literatura e suas capacidades de

adsorção para AM.

Material adsorvente Qmax (mg/g) Referência

BMS2 478,47 Este trabalho

BME 202,43 Este trabalho

Casca de alho 82,64 Hameed e Ahmad

(2009)

Casca de semente de Auracaria angustifólia 252 Royer et al. (2009)

Carvão de Casca de semente de Auracaria

angustifólia 529 Royer et al. (2009)

Resíduo de chá 85,16 Uddin et al.(2009)

Carvão ativado 588 El Qada et al. (2008)

Carvão de serragem de bambu 294,14 Hameed et al. (2007)

Palha de trigo esterificada co ácido cítrico 312,50 Gong et al. (2008)

69

Tabela 4.10Materiais adsorventes listados na literatura e suas capacidades de adsorção para

VC.

Material Qmax (mg/g) Referência

BMS2 1273,16 Este trabalho

BME 327,87 Este trabalho

Palha de trigo esterificada com ácido cítrico 312,50 Gong et al. (2008)

Carvão ativado a partir de serragem 341 Chakraborty et al.

(2005)

Resíduos de casca de semente de girassol 92,59 Hameed (2008)

Carvões ativados preparados de Casca de

Arroz ativado com ácido sulfúrico 64,87

Mohanty et al.

(2006)

Carvões ativados preparados de Casca de

Arroz ativado com cloreto de zinco 61,57

Mohanty et al.

(2006)

4.3 Adsorção de eteramina em BMS2 e BME

4.3.1 Estudo cinético

A influencia do tempo de contato na remoção da eteramina foi estudada em testes

de batelada, com concentração inicial de 200mg/L, 25,0mg de BMS2 ou BME e pH

natural da solução (pH por volta de 8). A Figura 4.20 apresenta a variação da quantidade

de eteramina adsorvida por BMS2 e BME em função do tempo de contato.

70

Figura 4.20: Cinética de adsorção da eteramina em BMS2 e BME como tempo.

Observa-se que o equilíbrio de adsorção foi atingido com 120min, já que depois

deste tempo a capacidade de adsorção de BMS2 e BME não alteraram significativamente.

Assim, para se garantir a realização dos experimentos em condições de equilíbrio, os

experimentos de avaliação do pH e as isotermas de adsorção foram realizados utilizando

180min.

Leal (2010) estudou a adsorção de eteraminas em soluções aquosas usando carvão

ativo e caulinita rosa, e observou que com um tempo de contato de duas horas, o equilíbrio

de adsorção foi atingido.

A cinética do processo de adsorção da esteramina em BMS2 e BME foi investigada

através das equações de PPO, PSO, EE e DIP. A partir dos dados de qt e qe, obtidos com os

experimentos de adsorção, foi possível avaliar o ajuste dos pontos experimentais aos

modelos estudados. As Figuras 4.21 e 4.22 mostram os resultados obtidos pelo ajuste linear

dos modelos aos dados cinéticos. A Tabela 4.11 apresenta os parâmetros calculados a

partir de cada modelo estudado.

0 40 80 120 160 200 240

150

180

210

240

270

300

330

qt (

mg/g

)

Tempo (min)

BME

0 40 80 120 160 200

420

440

460

480

500

520

BMS2

71

Figura 4.21: Modelos cinéticos da adsorção da eteramina em BMS2, (a) PPO, (b) PSO e

(c) EE.

0 50 100 150 200

-1

0

1

2

3

4

5

ln (

qe -

qt)

Tempo (min)

(a)

0 50 100 150 200

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

t/q (

min

g/m

g)

Tempo (min)

(b)

2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5

420

440

460

480

500

520

qt (

mg/g

)

ln t

(c)

72

Figura 4.22: Modelos cinéticos da adsorção da eteramina em BME, (a) PPO, (b) PSO e (c)

EE.

0 50 100 150 200 250

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

6

ln (

qe -

qt)

Tempo (min)

(a)

0 50 100 150 200 250

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

Tempo (min)

t/q (

min

g/m

g)

(b)

2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5

160

180

200

220

240

260

280

300

320

340

qt (

mg/g

)

ln t

(c)

73

Tabela 4.11: Parâmetros cinéticos para a adsorção da eteramina em BMS2 e BME.

BMS2 BME

qe,exp (mg/g) =

509,47

qe,exp (mg/g) =

320,90

Pseudo-primeira ordem

k1 (min-1

) 0,026 0,031

qe (mg/g) 66,35 281,16

R2 0,8405 0,8991

Pseudo-segunda ordem

k2 (g/mg min) 0,00086 0,00017

qe (mg/g) 515,46 348,43

R2 0,9998 0,9966

Equação de Elovich

α (mg/g min) 8,42 x106 90,11

β (g/mg) 0,034 0,017

R2 0,8664 0,9469

A partir dos valores do coeficiente de correlação apresentados na Tabela 4.11 é

possível observar que tanto a adsorção da eteramina em BMS2 quanto em BME apresenta

uma cinética de pseudo-segunda ordem, uma vez que os coeficientes apresentaram valores

maiores que 0,99 e foram superiores aos encontrados pelos outros modelos. Os valores de

qe calculados através do modelo PSO e encontrados experimentalmente são,

respectivamente, 515,46 e 509,47mg/g para BMS2 e 320,90 e 348,43mg/g para BME.

Quando comparados, percebe-se que, os valores não se diferem significativamente, o que

também comprova que o modelo de PSO é o que melhor se ajusta aos dados experimentais.

Magriotis et al. (2010) que estudou a adsorção de eteraminas em diversos

adsorventes também encontrou o modelo de pseudo-segunda ordem como o que melhor se

ajustou aos dados experimentais da adsorção de eterminas em carvão ativado e caulinita.

Em muitos casos, a difusão intrapaticula é a taxa limitante do processo cinético, o

que é normalmente determinado utilizando a equação proposta por Weber e Morris (Weber

e Morris, 1963), Equação 2.8. Se a reta passa através da origem, a difusão intrapartícula é a

taxa de controle do processo. Figura 4.23 mostra as retas de qt versus t1/2

, com multi-

linearidade para a adsorção da eteramina usando BMS2 e BME, indicando que a difusão

intrapatucula não é o único mecanismo de adsorção que controla o processo (Royer et al.,

2009).

74

Figura 4.23: Modelo de difusão intraparticula da eteramina em BMS2 e BME.

O primeiro segmento linear é atribuído à difusão do filme, o transporte de

moléculas de soluto da camada limite para a superfície externa do adsorvente, sendo a

etapa mais rápida absorção. A segunda parcela corresponde ao estágio de adsorção gradual,

onde ocorre a transferência de soluto a partir da superfície exterior do adsorvente para o

interior dos poros da partícula através de um mecanismo de difusão nos poros ou difusão

intrapartícula. Nesse estágio a difusão intrapartícula é a taxa-limite (Royer et al., 2009). E a

terceira etapa representa a etapa de equilíbrio de adsorção, onde o adsorvente está saturado.

A Tabela 4.12 apresenta os valores dos parametros calculados pela equação de

difusão intrparticula. A taxa de absorção pode ser limitada pela tamanho da molécula do

adsorbato, a concentração do adsorvato e sua afinidade com a difusão, coeficiente de

adsorção do corante ácido na fase principal, a distribuição de tamanho dos poros do

adsorvente.

Tabela 4.12: Parâmetros cinéticos do modelo de Difusão Intrapartícula para adsorção de

eteramina em BMS2 e BME.

BMS2 BME

Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 1 Etapa 2

kid (mg/g h1/2

) 21,824 2,877 0,313 21,497 1,590

C (mg/g h1/2

) 352,61 477,16 504,25 97,88 296,62

R2 0,9848 0,9861 0,2158 0,9964 0,8057

2 4 6 8 10 12 14

410

420

430

440

450

460

470

480

490

500

510

qt (

mg

/g)

t(0,5)

(min0,5

)

BMS2

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

2 4 6 8 10 12 14 16

140

160

180

200

220

240

260

280

300

320

qt (

mg/g

)

t(0,5)

(min0,5

)

BME

Etapa 1

Etapa 2

75

4.3.2 Influencia do pH

A Influencia do pH na adsorção da eteramina pelos materiais BMS2 e BME foi

investigada em pH 2, 4, 6, 8 e 10, utilizando solução de eteramina 200mg/L , 25,0mg de

material BMS2 ou BME e tempo de contato de 180min. Os resultados da adsorção de

eteramina em BMS2 e BME estão apresentados na Figura 4.24.

Figura 4.24: Variação da adsorção da eteramina por BMS2 e BME em função do pH.

Em meio aquoso, as eteraminas sofrem hidrolise e a forma molecular e iônica

encontra-se em equilíbrio:

R-O-(CH2)3-NH2 + H2O R-O-(CH2)3-NH3+ + OH

-

A equação mostra que as formas molecular e iônica podem variar em função do pH

do meio. O pKa da eteramina é próximo a 10, ou seja neste pH as duas formas existem em

mesma quantidade, 50% na forma iônica e 50% na forma molecular. Em pH 8.5 a forma

iônica prevalece, enquanto que em pH a partir de 11,5 a forma molecular se encontra em

maior quantidade (Magriotis et al., 2010).

O pH do meio vai exercer grande influencia sobre o processo de adsorção da

eteramina, pois influencia tanto na superfície dos materiais, quanto na forma da eteramina,

molecular ou iônica. Os valores pHPZC dos materiais são 5,3 e 7,5, para BMS2 e BME,

2 4 6 8 10

250

300

350

400

450

500

550

600

650

qt (

mg

/g)

pH

ECB

0

100

200

300

400

500

600

700

SCB2

76

respectivamente, e acima destes valores a superfícies dos materiais estão negativamente

carregadas, o que favorece a adsorção de cátions, como a forma iônica da eteramina. Em

valores baixos de pH a eteramina encontra-se na forma iônica e a superfície dos materiais

com carga positiva, o que não favorece a adsorção devido à repulsão eletrostática. À

medida que o pH aumenta, a valores superiores ao pHPZC, o numero de sítios com carga

negativa aumentam e a interação com a forma iônica da eteramina é favorecida, o que

aumenta a capacidade de adsorção do material.

Os materiais obtiveram maior capacidade de adsorção em pH 10, onde a eteramina

encontra-se 50% na forma molecular e 50% na forma iônica e a superfície dos materiais é

altamente negativamente, e a adsorção cresce devido a interação eletrostática. Em valores

de pH acima de 10 a adsorção tende a cair uma vez que a forma molecular predominaria,

contudo não foram feitos testes com valores maiores 10 para preservar os materiais,

evitando a hidrólise das ligações e a perda das funções introduzidas.

Nos estudos de adsorção de etermainas em carvão ativo e caulinita de Leal (2010),

os resultados encontrados também refletiram que o pH ótimo de adsorção foi em pH igual

a 10, relevando a influencia da ionização da amina e da superfície do material. No processo

de flotação do minério de ferro, o pH é ajustado para a faixa de 9,5 a 10,5, onde a

superfície do quartzo é altamente negativa o que favorece a adsorção das aminas na foram

iônica, aumentando a eficiência do processo.

4.3.3 Isotermas de adsorção

As isotermas de adsorção da eteramina para os dois adsorventes foram realizadas

utilizando as melhores condições experimentais determinadas pelos estudos anteriores, ou

seja, 180min de agitação e pH 10. Variou-se a concentração inicial da solução de eteramina

e manteve fixa a massa de material (BMS2 e BME), 25,0mg. Os gráficos das Figuras 4.25

e 4.25 representam o ajuste linear dos dados experimentais aos modelos matemáticos, os

parâmetros calculados a partir de cada modelo são apresentados na Tabela 4.13.

77

Figura 4.25: Isotermas de adsorção para remoção de eteramina por BMS2, Modelos de

(a) Langmuir, (b) Freundlich e (c) Tempkim.

Os parâmetros dos modelos fornecem informações importantes sobre o mecanismo

de adsorção, as propriedades superficiais e a afinidade do adsorvente pelo adsorvato. A

partir dos dados da Tabela 4.13 observa-se que o modelo de Langmuir apresenta o maior

coeficiente de correlação, para ambos os materiais, sendo o modelo que melhor se ajusta

0 50 100 150 200 250 300

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

Ce/q

e (

g/L

)

Ce (mg/g)

(a)

3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0

6,0

6,1

6,2

6,3

6,4

6,5

6,6

6,7

ln q

e

ln Ce

(b)

3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0

400

450

500

550

600

650

700

750

800

qe (

mg

/g)

ln Ce

(c)

78

aos dados experimentais. O parâmetro de Langmuir Qmax representa a adsorção máxima da

eteramina até a saturação do material, a monocamada de adsorção. O material BME

apresentou maior capacidade de adsorção para a eteramina, com Qmax de 1203,45mg/g

enquanto BMS2 apresentou uma monocamada de 869,56 mg/g.

Figura 4.26 Isotermas de adsorção para remoção de eteramina por BME, Modelos de

Langmuir, Freundlich e Tempkim.

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

Ce/q

e (

g/L

)

Ce (mg/L)

(a)

3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0

5,6

5,8

6,0

6,2

6,4

6,6

6,8

ln q

e

ln Ce

(b)

3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0

300

400

500

600

700

800

900

qe (

mg/g

)

ln Ce

(c)

79

Para a adsorção da eteramina nos materiais, pode-se notar que os valores

encontrados nos estudos cinético e nas isotermas não são próximos, e para os dois

materiais os valores encontrados nos estudos de equilíbrio são maiores. Isso se deve a

influencia do pH no processo de adsorção, uma vez que os estudos cinéticos foram

realizados em valores de pH mais baixos (por volta de 8) e nas isotermas os valores de pH

foram ajustados para 10, onde a adsorção é mais favorecida.

Tabela 4.13: Parâmetros das isotermas para a adsorção de eteramina em BMS2 e BME.

Langmuir Freundlich Tempkin

BMS2 BME BMS2 BME BMS2 BME

Qmax (mg/g) 869,56 1203,45 Kf 156,50 56,95 AT (mg-1) 0,37 0,065

b (L/ mg) 0,030 0,0071 n 3,34 2,12 BT 175,94 272,63

R2 0,9951 0,9919 R2 0,8849 0,9158 R2 0,9085 0,9757

RL 0,143 0,413

O fator de separação (RL) encontrado a partir da equação de Langmuir foi calculado

para os dois materiais, e os resultados encontram-se na Tabela 4.13. De acordo com os

valores encontrados, a adsorção de eteramina nos dois materiais ocorre de forma favorável.

Quando comparados com outros suportes, BMS2 e BME apresentam-se como

eficientes adsorventes, para remoção de eteramina de soluções aquosas. A Tabela 4.14

relata alguns valores de adsorção máxima de eteramina encontrados, e dentre todos os

materiais relatados, BMS2 e BME apresentaram as mais elevadas capacidades de

adsorção.

Tabela 4.14: Tabela comparativa entre adsorventes utilizados pra adsorção de eteramina.

Material Qmax (mg/g) Referência

BMS2 869,56 Este trabalho

BME 1203,45 Este trabalho

Caulinita amarela 23 Magriotis et al. (2010)

Caulinita branca 33 Magriotis et al., (2010)

Caulinita rosa 34 Magriotis et al. (2010)

Carvão ativado 65 Leal (2010)

Zeólita beta 81 Leal (2010)

80

A maior eficiência do material BME na adsorção da eteramina pode ser justificada,

pela presença dos grupos amina presentes na estrutura do EDTA. Possivelmente estes

grupos agem como sítios de adsorção, interagindo com a função éter presente na

eteramina.

81

5 Conclusão

Os materiais BMS2 e BME, preparados a partir de bagaço de cana, um resíduo

agrícola importante, mostraram-se ser muito eficientes na remoção, por adsorção, dos

corantes catiônicos, azul de metileno e violeta cristal (AM e VC), e da eteramina,

eterdiamina Flotigam 2835, utilizada na flotação reversa do minério de ferro, em soluções

aquosas.

Para todos os estudos de adsorção realizados o aumento no tempo de contato entre

adsorvente e adsorbato provocou um aumento na quantidade adsorvida até o momento em

que se observou o equilíbrio de adsorção, que ocorreu quando a quantidade adsorvida não

sofreu variações significativas com o tempo. O tempo de equilíbrio de adsorção foi

encontrado para ser de 8h e 20h, 10h e 15h para AM e VC em BMS2 e BME,

respectivamente; e para a adsorção da eteramina, o tempo de equilíbrio foi de 120min em

BMS2 e em BME.

O pH se mostrou uma variável importante, que deve ser controlada para obter uma

alta eficiência no processo de remoção. Os estudos mostraram que os valores de pH ótimos

para a remoção foram: para AM e VC em BMS2 e BME – pH=8,0 e para a eteramina em

BMS2 e BME – pH=10. Na remoção dos corantes, a adsorção se mostrou mais favorável

em valores de pH superiores aos valores do pHPZC dos materiais, a partir dos quais o

número de sítios de carga negativa na superfície dos adsorventes aumenta. Para a adsorção

da eteramina a variação do pH modificou a carga superficial dos adsorventes e o grau de

dissociação da eteramina, indicando que sua adsorção depende tanto do seu grau de

dissociação em solução, quanto da carga superficial dos adsorventes.

No estudo de cinética de adsorção em BMS2 e BME, os dados se ajustaram melhor

ao modelo de pseudo-segunda ordem. Os estudos cinéticos de difusão intrapartícula

resultaram em três regiões lineares, o que sugere que a adsorção envolve mais de uma

única cinética por estágio.

A aplicação dos dados de equilíbrio obtidos experimentalmente aos modelos de

adsorção de Langmuir, Freundlich e Tempkin mostrou que os dados experimentais

encaixaram-se muito bem ao modelo de Langmuir. Isto sugere a ocorrência da adsorção

em monocamada. As capacidades máximas de adsorção para remoção de AM, VC e a

eteramina foram de 478,47, 1273,16 e 869,56mg/g, em BMS2 e 202,43, 327,87 e

1203,45mg/g em BME.

82

A diferença na remoção dos corantes nos adsorventes pode ser justificada pelos

valores de área superficial e o volume de microporos dos adsorventes, visto que estes

parâmetros são maiores para BMS2 quando comparados com BME. A maior eficiência do

material BME na adsorção da eteramina pode ser justificada, pela presença dos grupos

amina presentes na estrutura do EDTA. Possivelmente estes grupos agem como sítios de

adsorção, interagindo com a função éter presente na eteramina.

O valor de Qmax para a adsorção de AM é maior do que a maioria dos trabalhos

publicados na literatura, como casca de alho, resíduo de chá e carvão de babu. Para VC, a

capacidade máxima de adsorção encontrada para BMS2 é maior do que as outras

capacidades relatadas na literatura até o presente momento, quanto a BME, Qmax supera

materiais como carvões ativados produzidos a partir de casca de arroz e serragem, resíduos

de casca de girrasol. Para a adsorção da eteramina, BMS2 e BME mostraram-se superiores

aos outros suportes encontrados na literatura, como caulinita, zeolita e carvão ativo.

As perspectivas futuras para este trabalho são:

Estudo da eficiência dos materiais adsorventes BMS2 e BME no tratamento

de efluentes reais provenientes de indústrias têxteis.

Estudos de desorção dos corantes visando à reutilização dos materiais.

Estudos de adsorção de eteramina em efluentes reais provenientes do

processo de flotação.

Estudos de recuperação da eteramina adsorvida para sua reutilização.

83

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