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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO–UFMT FACULDADE DE ECONOMIA- FE DEPARTAMENTO DE ECONOMIA QUAL É O DETERMINANTE DA EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA MATOGROSSENSE NO PERÍODO 2001/2007: PRODUÇÃO AGRÍCOLA OU PECUÁRIA? José da Silveira Melo CUIABÁ –MT SETEMBRO/2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO–UFMT FACULDADE DE ECONOMIA- FE DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

QUAL É O DETERMINANTE DA EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA MATOGROSSENSE NO PERÍODO 2001/2007: PRODUÇÃO

AGRÍCOLA OU PECUÁRIA?

José da Silveira Melo

CUIABÁ –MT SETEMBRO/2009

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José da Silveira Melo

QUAL É O DETERMINANTE DA EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA MATOGROSSENSE NO PERÍODO 2001/2007: PRODUÇÃO

AGRÍCOLA OU PECUÁRIA?

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso como requisito para obtenção do título de Mestre em Agronegócios e Desenvolvimento Regional, no Programa de Pós-Graduação em Agronegócios e Desenvolvimento Regional.

Profº. Orientador(a): Dr. Arturo A. Z. Zavala

CUIABÁ – MT

SETEMBRO/2009

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Melo, J. S. Dissertação: Qual é o determinante da expansão da fronteira agrícola

matogrossense, no período de 2001/2007: Produção Agrícola ou Pecuária?/José da Silveira Melo, Cuiabá: FE, 2009.

p. 112; 21 cm

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JOSE DA SILVEIRA MELO

QUAL É O DETERMINANTE DA EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA MATOGROSSENSE NO PERÍODO 2001/2007: PRODUÇÃO AGRÍCOLA OU PECUÁRIA?

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso como requisito para obtenção do título de Mestre em Agronegócios e Desenvolvimento Regional, no Programa de Pós-Graduação em Agronegócios e Desenvolvimento Regional.

Defesa Publica em: 25 de Setembro de 2.009 ( x ) Aprovado ( ) Reprovado COMISSÃO EXAMINADORA _______________________________________________________ Examinador Externo: Prof. Dr. Écio de Faria Costa Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) _______________________________________________________ Examinador Interno: Prof. Dr. Lazaro Camilo Recompensa Joseph Faculdade de Economia (UFMT) _______________________________________________________ Orientador : Prof. Dr. Arturo Alejandro Zavala Zavala Faculdade de Economia (UFMT)

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha esposa e meus filhos que sempre me apoiaram,

estiveram presentes e acreditaram em meu potencial, me incentivando na

busca de novas realizações.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida, pelos meus familiares, pelos meus amigos e meus professores pela sabedoria, força, proteção, inspiração, saúde e por todas as bênçãos que derramou sobre mim durante toda a minha existência;

Aos meus pais, Antonio Costa Melo (in memorian) e Mercedes da Silveira Melo, por todo

o apoio, dedicação, amor e por acreditarem em mim durante toda a minha vida, o meu mais profundo agradecimento;

Aos meus irmãos por todo apoio e atenção dedicados a mim; Aos meus amigos, muito mais do que colegas de curso, por todo carinho, amor,

companheirismo, pela alegria e pela espontaneidade na troca de informações e materiais numa rara demonstração de amizade e solidariedade;

Ao meu orientador Profº Dr. Arturo pelo incentivo e presteza no auxílio às atividades e

discussões sobre o andamento e normatização desta dissertação, mas sobretudo pela amizade e paciência.

E a todos que de uma maneira ou de outra, foram instrumentos de conhecimentos,

experiência, e colaboraram para o feliz êxito e conclusão do curso.

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“A preocupação com o homem e seu destino deve ser o principal interesse de toda pesquisa científica. Nunca a esqueça em meio a seus diagramas e equações”.

Albert Einstein

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LISTAS DE ABREVIATURAS

COOPERCOL- Cooperativa de colonização

DETER - Detecção do Desmatamento em Tempo Real

ECO 92 – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EMC – Estratégia Mundial para Conservação

FBC – Fundação Brasil Central

FPM – Fundo de Participação dos Municípios

FUNBIO - Fundo Brasileiro para a Biodiversidade

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

ISA – Instituto Socioambiental

ONU- Organização das Nações Unidas

PAM – Produção Agrícola Municipal

PIN – Programa de Integração Nacional

PPM- Pesquisa Pecuária Municipal

PRODES – Programa de Cálculo e Desflorestamento da Amazônia

SAD- Sistema de Alerta de Desmatamento

SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente

SEPLAN – Secretaria Estado de Planejamento e Coordenação Geral

SIDRA – Sistema IBGE de Recuperação Automática

UA – Unidade de Alocação Animal

WWF- World Wildlife Fund

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................15

2. MATO GROSSO E A EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA .................................20

2.1. HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO RECENTE DO ESTADO DE MATO GROSSO ..................................20 2.1.1 Os militares e o surto desenvolvimentista ...................................................................26 2.1.2 Os latifúndios agropecuários ......................................................................................27 2.1.3 A divisão do Mato Grosso ..........................................................................................28 2.1.4 Os primeiros projetos de colonização .........................................................................28 2.1.5 Propriedades de diferentes tamanhos .........................................................................29

2.2. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL SEGUNDO A ECONOMIA ECOLÓGICA ...........................31 2.2.1 Sustentabilidade Forte vs. Fraca ................................................................................32 2.2.2 Economia Ecológica vs Economia do Meio Ambiente .................................................33

3 – O AGRONEGÓCIO EM MATO GROSSO ......................................................................37 3.1 – PRODUÇÃO DE ALGODÃO HERBÁCEO ..............................................................................37 3.2 – PRODUÇÃO DE CANA DE AÇÚCAR ...................................................................................40 3.3 – PRODUÇÃO DE MILHO (1ª E 2ª SAFRA) .............................................................................42 3.4 – PRODUÇÃO DE SOJA EM GRÃO ........................................................................................44 3.5 – PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA .......................................................................................46

4 – O PROBLEMA DO DESMATAMENTO ..........................................................................50 4.1 - DESMATAMENTO POR CORTE RASO ..................................................................................57 4.2 O DESMATAMENTO POR DEGRADAÇÃO FLORESTAL ...........................................................57

5- METODOLOGIA.................................................................................................................59

5.1 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................................59 5.1.1 Área de Estudo ...........................................................................................................59 5.1.2 Fontes de Dados .........................................................................................................61 5.1.2.1 Dados da Produção Agrícola Municipal do IBGE: ..................................................61 5.1.2.2 Dados da Produção Pecuária Municipal do IBGE: ..................................................61

5.2 METODOLOGIA ..................................................................................................................62 5.2.1 Tipo de pesquisa .........................................................................................................62

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...........................................................................................66

6.1 CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS...................................................................................66 6.2 ANÁLISE DE RELAÇÃO CAUSAL ..........................................................................................70 6.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS ...............................................................................................73

7. CONSIDERACÕES FINAIS ................................................................................................77

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................79

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TABELAS Tabela 1 - Evolução da área de Produção de Algodão em caroço (2001-2007), em Hectares .............38

Tabela 2 - Evolução da área plantada de Cana de Açúcar (2001-2007), em hectares ..........................41

Tabela 3 - Evolução da área de Produção de Milho (2001-2007), em hectares ...................................43

Tabela 4 - Evolução da área de Produção de Soja (2001-2007), em hectares ......................................45

Tabela 5. Evolução da área de Pastagem para o rebanho bovino (2001-2007), em hectares ................46

Tabela 6– Incremento do desmatamento em Mato Grosso de 2001-2007 ...........................................50

Tabela 7 - Principais Atividades agrícolas para fins comerciais de Mato Grosso ................................61

Tabela 8 - Atividade Pecuária (Bovinos) de Mato Grosso .................................................................62

Tabela 9 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias em Mato Grosso

.........................................................................................................................................................66

Tabela 10 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião

do Norte de Mato Grosso ..................................................................................................................67

Tabela 11 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião

do Nordeste de Mato Grosso .............................................................................................................68

Tabela 12 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião

do Sudoeste de Mato Grosso .............................................................................................................68

Tabela 13 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião

do Centro Sul de Mato Grosso ..........................................................................................................69

Tabela 14 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na

microrregião do Sudeste de Mato Grosso ..........................................................................................69

Tabela 15 – Relação entre o Desmatamento e Atividades do Agronegócio por Mesorregião usando o

teste VAR Grander Causality/Block Exogenety Wald Test ................................................................71

Tabela 16 – Relação entre o Desmatamento e Atividades do Agronegócio por Município usando o

teste VAR Grander Causality/Block Exogenety Wald Test ................................................................71

Tabela 17 – Comparativo da evolução das atividades agropecuária em relação ao Desmate em Mato

Grosso ..............................................................................................................................................72

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GRÁFICOS

Gráfico 1 - Distribuição da Produção de Algodão Herbáceo por Mesorregião em Mato Grosso .........39

Gráfico 2 - Evolução da área de Produção de Algodão Herbáceo em Mato Grosso comparativo com a

produção do Brasil ............................................................................................................................39

Gráfico 3 - Distribuição da área de Produção de Cana de Açúcar por Mesorregião em Mato Grosso..41

Gráfico 4 - Evolução da área de Produção de Cana de Açúcar em Mato Grosso comparativo com a

área de produção do Brasil ...............................................................................................................42

Gráfico 5 - Distribuição da área da Produção de Milho por Mesorregião em Mato Grosso.................43

Gráfico 6 - Evolução da área da Produção de Milho em Mato Grosso comparativo com a produção do

Brasil.................................................................................................................................................43

Gráfico 7 - Distribuição da área de Produção de Soja por Mesorregião em Mato Grosso ...................45

Gráfico 8 - Evolução da Produção de Soja em Mato Grosso comparativo com a produção do Brasil ..46

Gráfico 9- Distribuição da área de pastagem do Rebanho Bovino Mesorregião em Mato Grosso .......47

Gráfico 10 - Evolução da área de criação de Rebanho Bovino em Mato Grosso comparativo com a

produção do Brasil ............................................................................................................................47

Gráfico 11- Distribuição da área desmatada por Mesorregião em Mato Grosso ................................51

Gráfico 12- Evolução da área de desmatamento em Mato Grosso comparativo com a produção do

Brasil.................................................................................................................................................51

Gráfico 13 – Relação entre o Desmatamento e principais atividades produtivas em MT .....................70

Gráfico 14 – Evolução percentual das principais atividades agropecuária e do desmatamento em MT

.........................................................................................................................................................72

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FIGURAS

Figura 1 - Municípios brasileiros que indicaram desmatamento, com destaque para a Amazônia Legal,

o Arco do Desmatamento e a BR-163 - Brasil - 2002 ..........................................................52

Figura 2- Distribuição do desmatamento em áreas de florestas no Estado de Mato Grosso .................58

Figura 3 – Localização geográfica do estado de Mato Grosso ............................................................59

Figura 4 - Arco do desmatamento na Amazônia legal ........................................................................60

Figura 5 – Distribuição das principais produtos por Mesorregiões no Estado de Mato Grosso. ...........75

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RESUMO

O controle do desflorestamento na região amazônica tem sido nas últimas décadas um

grande desafio à humanidade. Suas conseqüências têm aberto inúmeras discussões e gerado a

mobilização do Governo, comunidade científica e sociedade civil. Partindo desse pressuposto,

o trabalho teve como objetivo analisar, se as variações das atividades produtivas do

agronegócio exerceram efeito positivo ou direto sobre o desmatamento. E ainda, identificar

qual foi a atividade ou atividades responsáveis pela expansão da fronteira agrícola nos

municípios do estado de Mato Grosso no período de 2001 a 2007. O estudo fundamenta-se na

abordagem do desenvolvimento sustentável (economia ecológica). Os resultados

evidenciaram que a expansão da fronteira agrícola permitiu que alguns municípios de Mato

Grosso se tornassem exportadoras de produtos primários para mercados nacionais e

internacionais. Por exemplo, a soja é a commodity importante para o País, assim como os

produtos: algodão, álcool, açúcar e milho e a pecuária; no entanto, não deveria ser visto como

a principal solução da economia do país, e principalmente na região amazônica. No presente

estudo observou-se que as atividades produtivas de Soja, Milho e Pecuária estão, de alguma

forma, relacionadas com o desmatamento do Estado de Mato Grosso. No entanto é bem

possível que não exista um único agente ou atividade econômica responsável pelo

desmatamento no estado, mas sim um conjunto de fatores, como: política de ocupação do

território, atividades agropecuária, abertura de estradas entre outras que poderiam ser melhor

investigadas.

Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável; produção agropecuária; desmatamento.

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ABSTRACT

The control of deforestation in the Amazon region in recent decades has been a great

challenge to humanity. Its consequences have opened numerous discussions and generated the

mobilization of government, scientific community and civil society. Based on this

assumption, the study aimed to examine if the variation of the productive activities of

agribusiness exerted a positive effect on direct or deforestation. And yet, was to identify

which activity or activities responsible for expanding the agricultural frontier in the

municipalities of Mato Grosso from 2001 to 2007. The study is based on the approach to

sustainable development (ecological economics). The results showed that the expansion of

agricultural expansion has allowed some municipalities of Mato Grosso to become exporters

of primary products for domestic and international markets. For example, the soy is an

important commodity for the country, as well as products: cotton, alcohol, sugar and corn and

cattle, however, should not be seen as the leading solution of its economy, especially in the

region Amazon. In the present study showed that the productive activities of Soybean, Corn

and Livestock are somehow related to deforestation of Mato Grosso. However it is quite

possible that there is a single agent or economic activity responsible for deforestation in the

state, but rather a set of factors, such as politics of land use, agricultural activities, opening of

roads and others that could be better investigated.

Keywords: Sustainable Development, agricultural production, deforestation

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema determinar a relação das atividades produtivas

agrícolas e pecuárias com o desmatamento da cobertura vegetal do Estado de Mato Grosso, o

qual está localizado na Região Centro Oeste Brasileira, que faz parte da Amazônia Legal. Na

década dos 40, existiram intentos de se promover o desenvolvimento e progresso para o país

que enfrentava um momento de crise política e econômica. Uma dessas propostas

governamentais para o desenvolvimento do país foi a chamada “Marcha para o Oeste” (ISA,

2003) que vislumbrava promover o desenvolvimento e a modernização da região Centro-

Oeste através da expansão e reprodução ampliada do capital, ou seja, um desenvolvimento

pautado na agregação de valores capitalistas aos seus recursos naturais, o objetivo era de

ampliar os núcleos habitacionais nessas regiões aproveitando melhor os recursos praticamente

inexplorados dentro das próprias fronteiras políticas.

Dentro desta proposta governamental de desenvolvimento do país, fica uma

preocupação que surge nas últimas décadas: a sustentabilidade da região. Será que só o

crescimento econômico e a extinção dos recursos naturais são políticas adequadas para a

Região do Centro-Oeste?

A preocupação no Brasil sobre a sustentabilidade do meio ambiente vem sendo

intensa, já em 1992 o Brasil foi sede da Conferência sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, conhecida como ECO 92, nela acordou-se

entre os países participantes, a constituição de uma agenda de compromissos. No Brasil, a

mesma foi denominada de Agenda 21. Um dos pontos estratégicos consistiu na gestão

sustentável do Cerrado.

Mato Grosso não fica longe dessa preocupação e através do governo de Mato Grosso

foi elaborado o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso – MT + 20 em 2006, que

contempla ações de conservação ambiental visando alcançar ao longo do horizonte de tempo

do Plano, até 2026, o desenvolvimento sustentável do Estado. No Plano, o conceito de

desenvolvimento sustentável tem três grandes pilares, articulados e complementares: a

competitividade, condição para a inserção da região na dinâmica econômica nacional e

mundial; a melhoria das condições de vida e redução das desigualdades sociais - como o

grande objetivo de qualquer esforço de desenvolvimento; e a conservação ambiental, para

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garantir a sustentabilidade da grande riqueza natural do Estado e contribuir para a qualidade

de vida da população, assegurando-a como herança para as gerações futuras.

Sendo o Estado de Mato Grosso parte da Amazônia Legal e situado geográfica e

economicamente na Região Centro-Oeste, apresenta três grandes biomas distintos: Floresta,

Cerrado e o Pantanal. O crescimento da economia do Estado foi realizado, num primeiro

momento, por intermédio da pecuária e, em seguida, através dos cultivos da soja, milho, cana

de açúcar e algodão, todos de maneira comercial. A soja é geralmente associada ao cultivo de

Milho, e atualmente representa um dos elementos propulsores da economia do Estado. O

progresso tecnológico permitiu a incorporação de novas áreas de cultivo, uma dinâmica de

ocupação do espaço regional, combinando desmatamento com novas atividades produtivas.

Esta dinâmica de crescimento econômico no estado de Mato Grosso tem gerado grandes

preocupações com questões ambientais.

A ocupação e o uso dos cerrados ao longo das últimas décadas em Mato Grosso

vincularam-se à expansão da fronteira agrícola e, esta, por sua vez, à produção de grãos

destinada à exportação (agronegócio), sobretudo, a soja, implementada através do

desmatamento, da adoção de tecnologias intensivas em capital e em insumos físico-químicos

e, particularmente, com baixa utilização de mão-de-obra. Essa expansão causou grandes

pressões sobre os ecossistemas ao provocar desmatamentos e queimadas, erosão e

compactação dos solos, contaminação da água por agrotóxicos, poluição dos recursos hídricos

e redução do número de peixes dos rios e lagos.

Nesse contexto, a economia de Mato Grosso vem se caracterizando pela

predominância da produção agropecuária e, com maior abrangência, pela dinâmica do

agronegócio, que opera com padrões internacionais de qualidade. O atrativo da economia do

Estado não está no valor baixo da terra, mas sim nos elevados índices de produtividade, que já

se igualam ou até ultrapassam os melhores do mundo, graças à combinação de solo, clima,

disponibilidade de água e, naturalmente, tecnologias.

Logo, em uma perspectiva estritamente econômica, a contribuição do agronegócio

para o crescimento do PIB de Mato Grosso vem sendo acentuada. Esse fenômeno aconteceu

fortemente na década de 90 e adentrou o Século XXI, sobretudo, conforme dito

anteriormente, por meio da produção de soja. Entretanto, não contabilizado nos índices de

crescimento, pode ser mostrado também o elevado e ascendente desmatamento no Estado.

Onde a atividade agropecuária tem provocado grandes impactos socioambientais,

como o processo de desmatamento da sua cobertura vegetal. Processo que na Amazônia legal

como um todo, segundo a literatura especializada, Falesi e Veiga (1986), Castro (2004),

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Margulis (2003), Young e Fausto (1998), e Barros et alli (2003), é causado principalmente

por atividades como a pecuária extensiva e a agricultura em larga escala voltada à produção

de grãos.

Diante disso, surge uma grande preocupação que se desdobra num questionamento

central para o desenvolvimento desta pesquisa, qual seja, saber se as atividades produtivas no

agronegócio: Soja, Milho, Cana de Açúcar, Algodão e a criação de Bovinos estão

correlacionadas direta e positiva com o processo de desmatamento em curso nos municípios

que compõem o estado de Mato Grosso, que possui grandes áreas de terras incluídas no rol

das áreas que apresentam maiores concentrações de focos de desmatamento, no denominado

“arco do desmatamento” (IBGE, 2007). Sendo assim, a questão que se pretende analisar no

decorrer desta pesquisa é: a variação da área de produção agropecuária (Cana de Açúcar,

Algodão, milho, soja e pecuária) exerceu efeito positivo ou direto sobre o desmatamento?

Com esse questionamento objetiva-se, de maneira geral, analisar os efeitos das

atividades produtivas no agronegócio (produção de álcool, algodão, milho, soja e carne

bovina) como uma nova face da expansão da frente pioneira, tem influenciado o

desmatamento da região de Mato Grosso.

E de maneira mais específica, objetiva-se analisar, se as variações das atividades

produtivas do agronegócio exerceram efeito positivo ou direto sobre o desmatamento? E

ainda, identificar qual foi à atividade ou atividades responsáveis pela expansão da fronteira

agrícola nos municípios do estado de Mato Grosso no período de 2001 a 2007.

Dessa forma, parte-se da hipótese que exista correlação positiva ou direta entre a produção

de Algodão, cana de açúcar, milho, soja e pecuária sobre o desmatamento nos municípios de

Mato Grosso, no período de 2001/2007 e ainda que a produção de Soja e criação de bovinos

sejam as principais atividades do Agronegócio matogrossense, responsáveis pela expansão da

fronteira agrícola.

A presente pesquisa utilizou uma metodologia de caráter analítico-descritiva com uma

abordagem qualitativa, pautada na utilização de procedimentos que buscaram coletar,

minuciosamente, dados quantitativos e qualitativos acerca das atividades produtivas agrícolas

e pecuárias realizadas nas 5 mesorregiões do estado de Mato Grosso, permitindo, com isso, a

identificação do papel dessas atividades no processo de remoção da sua cobertura vegetal.

Os procedimentos metodológicos foram adotados em quatro etapas complementares entre

si.

A primeira etapa, consistiu num levantamento e análise bibliográfica para conhecer a

literatura sobre as principais atividades agropecuárias praticadas no estado de Mato Grosso,

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identificando de que maneira elas vem sendo discutida. Além disso, buscando realizar uma

atualização teórica que permita a execução de uma análise mais totalizante dos processos

sociais que determinaram o surgimento dessa atividade, bem como, suas respectivas

conseqüências socioambientais.

A segunda etapa foi composta pelo levantamento dos dados secundários, junto ao

INPE - DETER a fim de quantificar e identificar as áreas de desmatamento nos 141

municípios do estado de Mato Grosso no período de 2001 a 2007.

Posteriormente, levando em consideração o relatório apresentado pelo IICA (2006),

onde se apresentam os principais produtos do agronegócio Brasileiro em 2005, se encontrou

que Mato Grosso é destacado pela produção de cinco das principais atividades (álcool (anidro

e hidratado), algodão, milho, soja e carne bovina) resultando desta forma em crescimento

econômico, tanto na produção interna, quanto na pauta de exportação. Para isto, se buscou

junto ao IBGE – Sidra os dados da produção Agrícola e pecuária objeto deste trabalho, afim

também de quantificar e identificar as áreas de produção agropecuária nos municípios

matogrossense, no período em estudo.

Ainda de forma complementar, foi realizada a coleta de dados junto aos anuários

estatísticos da SEPLAN, devido a sua forma de apresentação agrupada em Microrregiões e

Mesorregiões dos dados.

A terceira etapa da utilização dos procedimentos metodológicos consistiu num

momento de produção. A partir dos dados secundários obtidos Junto ao INPE, IBGE e

SEPLAN, foram calculados os coeficientes de Pearson, afim de identificar a relação entre as

atividades agropecuárias e o desmatamento nos 141 municípios de Mato Grosso. Na busca da

confirmação dos resultados obtidos no primeiro teste, foi calculado o índice de Fator, e para

tal foi utilizado o método multivariado de análise de Fator e em seguida foi realizada a análise

de relação causal (método de cointegração) e para tal foi utilizado o método de Johansen.

Por fim, a última etapa, foi constituída pela análise dos resultados obtidos ao longo da

pesquisa, bem como, a sua sistematização no formato do presente trabalho.

Esta pesquisa foi estruturada em sete capítulos. Neste primeiro capítulo é apresentado

a introdução da pesquisa.

O segundo capítulo consiste numa discussão teórica sobre o processo de ocupação do

território matogrossense, que determinou o surgimento das atividades agrícolas e pecuária de

forma empresarial nos municípios de Mato Grosso, que vem influenciando a remoção da sua

cobertura vegetal através do desmatamento. Este capítulo foi construído a partir de um breve

histórico da recente ocupação de Mato Grosso, para entender a produção e apropriação do

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espaço pelo capital e ainda a partir de conceitos de desenvolvimento sustentável focando a

economia ecológica. Utilizou-se, também, o conceito de Amazônia Legal enquanto um espaço

de “fronteira” (SAWYER, 1983; BECKER, 1997), produzido, especificamente, pelas

“frentes”(SAWYER, 1983), que tem causado grandes impactos socioambientais nos

municípios do Estado de Mato Grosso, levando-o a se localizar entre as áreas que concentram

maiores focos de desmatamento, que compõem o denominado “arco do desmatamento”.

O terceiro capítulo refere-se à espacialização das atividades do cultivo do algodão

herbáceo, cana-de-açúcar, milho, soja em grão e criação de bovinos nas mesorregiões de Mato

Grosso, em que é mostrado a representação da produção agrícola e pecuária na economia do

estado em relação à produção nacional. Além disso, mostra-se como está distribuída a

produção agrícola e pecuária nas mesorregiões do estado de mato grosso.

O quarto capítulo consiste em fazer uma breve reflexão sobre a problemática do

desmatamento neste estado, diante da globalização e da crescente demanda de grãos e carnes,

pelos mercados nacionais e internacionais.

No quinto capítulo são apresentadas as metodologias do trabalho, inicialmente é

apresentada a área de estudo composta pelos 141 municípios do estado de Mato Grosso,

agrupados em 5 mesorregiões e ainda a fonte dos dados. Foi utilizada a pesquisa quantitativa

e uma complementar qualitativa.

No Sexto, são apurados os resultados com auxilio das ferramentas estatísticas e

econométricas tais como o software Excell, Minitab e do EVIEWS V. 5.1.0 e posteriormente

é realizada a discussão dos resultados de forma quantitativa interpretando os resultados

apurados pelo coeficiente de Pearson, método multivariado de análise de Fator e a análise de

relação causal (método de cointegração) método de Johansen.

Por fim, concluí-se trabalho ressaltando a importância de se considerar as atividades

agrícolas e pecuária como sendo fator de determinação da intensa pressão sobre as áreas

florestadas dos municípios, por meio do desmatamento voltado para a produção de grãos e

carnes com fins comerciais.

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2. MATO GROSSO E A EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA

2.1. Histórico de ocupação recente do estado de Mato Grosso

Não obstante, o Estado de Mato Grosso ter uma história de ocupação complexa, pode-se

dizer que este surge no cenário brasileiro a partir do avanço da frente pioneira paulista, em

meados do século XX. Primeiro provocou a ocupação no norte do Paraná e depois extravasou

para o sul do antigo estado do Mato Grosso com a pecuária de corte e em seguida, nos anos

60, com a entrada de gaúchos e paranaenses que se dedicavam à cultura do trigo e da soja

(IPEA/KRONKA, 1997).

Segundo o ISA (2003, p.05) a evolução do processo de ocupação do território

matogrossense tem início nos anos de 1940: Essa história começou nos anos 1940, quando o presidente Getúlio Vargas criou a Marcha para Oeste. O objetivo era desbravar uma parte do Brasil, até então desconhecida e isolada do contexto nacional, e realizar obras de infra-estrutura para permitir sua ocupação por não-índios e integrar economicamente o Centro-Oeste ao Norte e Sul do país.

Ainda o ISA (2003, p.05), complementa dizendo que o processo de ocupação de Mato

Grosso se dá inicialmente pela região leste do Estado:

A partir de 1946, a FBC começou a se instalar na região leste do Mato Grosso e iniciou-se o trabalho dos irmãos Villas Boas, indigenistas, integrantes da Expedição Roncador-Xingu. A missão dos Villas Boas era contatar grupos indígenas que vivessem nos locais onde seriam implementados os núcleos de desenvolvimento e levá-los para outros lugares. Essa missão se estendeu pela década de 1950 e início dos anos 1960 e foi acompanhada por uma forte campanha para demarcar e proteger as Terras Indígenas da região. Doze anos depois, em 1964, era criado o Parque Indígena do Xingu.

No período 1950-1985, a evolução do processo de ocupação do território

matogrossense foi intensa. A partir de uma ocupação extremamente rarefeita, vigente no

início da década de 50, num período de 35 anos o número de estabelecimentos rurais cresceu

mais de 15 vezes, com apropriação privada de novos 30,8 milhões de ha (mais de quatro

vezes o estoque inicial).

Com base em dados do IBGE pode-se verificar que a taxa de ocupação do território

estadual elevou-se de 7,8%, em 1950, para 18,6%, em 1970, atingindo 42,9% da extensão

territorial no final do período (1985).

A intensificação do processo de ocupação, ocorrida pós anos 70, conforme analisado,

deveu-se em grande parte pela intervenção governamental dirigida à Amazônia e ao Centro-

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Oeste, que induziu o avanço da fronteira agrícola no Estado e nas regiões, bem como dos

processos econômicos correlatos.

No entanto, a forma e a dinâmica desse processo não podem ser atribuídas

exclusivamente aos resultados da intervenção estatal, já que no avanço da fronteira agrícola

estão envolvidos, em distintos momentos, diferentes agentes sociais sob relações sociais de

produção também diferenciadas, interagindo com diferentes formas de apropriação do espaço

e disponibilidade de recursos naturais.

Além disso, o processo de apropriação de terras pelo capital privado, sendo

sensível, com maior ou menor intensidade, aos estímulos derivados de decisões/intervenções

governamentais explícitas, é também sobre determinado pela divisão inter-regional do

trabalho do país e pelas condições vigentes no mercado mundial.

Muitos estudos realizados sobre a expansão da fronteira agrícola nas regiões Norte e

Centro-Oeste do país, revelam a complexidade das forças e interesses sociais envolvidos no

processo. Ponto comum nestes estudos é a compreensão de que a fronteira é, basicamente,

uma “área potencial”, considerada como um espaço que oferece condições à expansão de

atividades econômicas e múltiplas possibilidades de desenvolvimento.

Neste contexto SAWYER (1983), argumenta que a expansão das atividades

agropecuárias ocorre num espaço onde os mercados de fatores, de terras e de produtos

funcionam, pelo menos potencialmente.

Já, BECKER (1997), destaca o caráter original do processo de expansão da fronteira

no espaço da “Amazônia Legal” brasileira, ressaltando a dinâmica extremamente acelerada

em que se sucedem as inovações neste espaço e a urbanização que acompanha o processo de

interiorização das atividades produtivas.

Sem recorrer a simplificações demasiadas de um processo que se manifesta

extremamente complexo, com base nos diversos estudos realizados, algumas generalizações

podem ser feitas sobre a expansão dessas áreas de fronteira, em relação aos movimentos que

ocorrem a nível dos espaços incorporados.

Muitos autores, dentre eles SAWYER (op.cit.), no interior desse espaço há surtos de

atividades, denominadas frentes, que avançam ou se retraem, em resposta às mudanças de

seus elementos determinantes. Essas frentes, segundo o autor referido, podem ser englobadas

em quatro categorias:

“frente de agricultura comercial, impulsionada por mercados do núcleo

dinâmico da economia e afetadas por políticas de incentivo e pela expansão da

infra-estrutura”;

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”frente de agricultura de subsistência ou camponesa moldada pela dinâmica

demográfica e por fatores econômicos e sociais decorrentes do estilo de

desenvolvimento prevalecente”;

”frente especulativa com atividades objetivando ganhos especulativos, tornados

possíveis, em grande parte, por políticas de ocupação de áreas novas”;

”frentes de pecuária extensiva e rudimentar”.

No âmbito do Estado de Mato Grosso e também da região Centro-Oeste, pode-se

reconhecer as frentes apontadas por SAWYER, destacando-se que, em Mato Grosso, a

diversidade de ecossistemas existentes foi também um elemento definidor das formas de

apropriação estabelecidas, na medida em que induziu a adoção de determinados sistemas de

produção, pelo lado das potencialidades ou das restrições do ambiente natural.

Sob uma base natural diversificada, a organização das frentes de expansão fez

surgir um conjunto variado de formas de apropriação do espaço agrário, tornando-se estas

também responsáveis pela transformação da paisagem natural do Estado. Essa transformação

implicou, não somente, na organização de um setor primário dinâmico, baseado numa gama

variada de produtos (extrativos vegetais, agrícolas, pecuários etc.), mas também num leque de

impactos sócio-econômicos e ambientais de natureza e intensidade diversas.

A perda de posição da atividade pecuária em pastagem nativa para a atividade de

lavoura e, ao mesmo tempo, a expansão das tecnologias modernas de produção - em especial,

pastagens cultivadas - em detrimento dos sistemas extensivos tradicionais.

A pecuária tradicional, ao longo dos anos, demonstrou ser uma atividade com elevada

capacidade de inserção no contexto das potencialidades econômicas e ecológicas do Mato

Grosso, embora sem promover o crescimento populacional e o surgimento de um mercado

interno importante.A viabilização das frentes de expansão pecuária tradicional esteve atrelada,

historicamente, à conjunção de três fatores básicos: especulação imobiliária, obtenção de

créditos facilitados e boa rentabilidade face à baixa inversão de capital, necessária à

manutenção da atividade.

Embora esses fatores cumpram ainda um papel importante na viabilização desse

modo de ocupação, ao longo da última década, a capitalização do setor tem diminuído a

capacidade de sustentação econômica da exploração pecuária tradicional. Além disso, não

dispondo mais dos recursos favorecidos de programas como os da SUDAM, a rentabilidade

da atividade tende a ser mais dependente da intensificação do uso de capital, dados os ajustes

necessários à inserção da pecuária no processo de modernização, imposto pela

internacionalização dos mercados.

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Diante desse quadro, é provável que a pecuária extensiva continue a sustentar um

ritmo de crescimento significativo, apoiando-se nas áreas de expansão de fronteira e

incorporando áreas anteriormente ocupadas por atividades agrícolas tradicionais, mas

inviáveis do ponto de vista econômico, como se constata pelo processo de “pecuarização”

ocorrido em muitas das áreas destinadas a assentamentos de agricultores no Estado.

A expansão pecuária trazem consigo um rastro de profundas alterações no ambiente

natural. Organizadas por grandes empreendedores, essas frentes, na maior parte das vezes,

promovem extensos desmatamentos. Além disso, na medida que avança o processo de

modernização da pecuária no meio rural, as atividades extensivas tendem a perder

competitividade, o que as força a adotar processos produtivos mais intensivos e, portanto,

mais agressivos ao meio ambiente. É o caso da melhoria da capacidade de suporte das

pastagens, valendo-se da implantação de pastagens cultivadas, que substituem a riqueza da

biodiversidade dos ecossistemas florestais e dos cerrados por paisagens homogêneas, onde

dominam as pastagens do gênero Brachiária. Ressalte-se também a execução de obras para

atenuar a influência “negativa” do regime hídrico dos rios (como exemplo a construção de

diques em algumas fazendas do pantanal sul matogrossense).

A pecuária extensiva dos pantanais tem uma feição diferenciada, constituindo-se

numa atividade econômica tradicional do Estado desde o início de sua ocupação. Pouco

alterou as condições primitivas onde se instalou, ou seja, manteve em grande parte a

constituição original do meio natural e não adensou a população, via constituição de núcleos

urbanos significativos ou geração de empregos no meio rural.

Os pantanais, por possuírem pastagem nativa em abundância e estarem sujeitos a

inundações freqüentes, oferecem fortes restrições a outros tipos de ocupação, sendo

apropriados inteiramente pela pecuária extensiva. Cabe ressaltar que as pastagens naturais

apresentam, no entanto, baixa capacidade de suporte animal (cabeças/ha), sendo necessárias

grandes extensões de área para se efetivar a atividade de maneira rentável.

Assim, a viabilização desse tipo de ocupação vem se apoiando na constituição de

grandes fazendas, onde a disponibilidade do fator terra a baixo preço, é determinante, assim

como a pouca utilização de capital na condução da atividade. Entretanto, na medida em que as

condições de mercado passem a exigir da pecuária ganhos de produtividade, a estabilidade da

pecuária extensiva de pantanal tende a ser afetada.

A expansão da agricultura manifesta uma forma de apropriação do espaço mais

diversificada, diferenciando-se entre agricultura tradicional, com base na unidade familiar e

agricultura empresarial (principalmente soja/milho), que se estende até a implantação de

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unidades agro-industriais voltadas para o processamento de matéria-prima local (basicamente

cana-de-açúcar, soja, algodão, milho e carnes).

No entanto, a diversificação das explorações é ainda pouco significativa, tendo

ocorrido, num primeiro momento, o monocultivo da soja, com destaque para o uso intensivo

de capital (pacotes tecnológicos).

Paralelamente ao desenvolvimento da sojicultura, desenvolveu-se a pecuária de

corte, conduzida por pecuaristas de médio e grande porte, com baixo uso de técnicas

modernas.

De maneira geral, a agricultura empresarial localizou-se nas áreas planas dos

cerrados, cujos solos são potencialmente de boa qualidade. A pecuária, além de estar também

neste tipo de ambiente, tende a ocupar áreas mais antigas, anteriormente exploradas pela

agricultura tradicional, ou expande-se para a região de fronteira de ocupação, em áreas onde

as condições ecológicas, e/ou o fator distância (fretes), são desfavoráveis à grande empresa de

exploração agrícola.

O desenvolvimento e a viabilização de apropriação sustentam-se, por um lado, nas

próprias transformações derivadas do processo de internacionalização e modernização da

agricultura matogrossense e por outro, na estabilização, em um certo patamar, das relações de

interdependência e complementaridade entre os diversos tipos de agentes econômicos

envolvidos.

Isso não quer dizer que o processo de ajuste e estabilização seja necessariamente

harmônico ou o mais “adequado”. Ao contrário, pressupõe relações de subordinação entre os

agentes, gerando desequilíbrios sociais, por vezes significativos, podendo-se citar o exemplo

do surgimento de “bóias frias” nas regiões produtoras de cana.

Esse modelo de ocupação, na medida em que privilegia a agropecuária de caráter

empresarial e as cadeias agro-industriais associadas aos produtos de mercado externo (soja,

cana-de-açúcar e carnes) tende a adequar-se às normas e padrões determinados pelos

mercados nacionais e internacionais, inclusive quanto à mitigação dos impactos ambientais

derivados.

Além disso, o monocultivo da soja tem se desenvolvido às expensas de grandes

áreas de um ecossistema de extrema importância, os cerrados, cuja biodiversidade desaparece

em ritmo acelerado. As regiões dos conhecidos chapadões são as que mais se deterioram.

Providas de extensas áreas planas, facilmente mecanizáveis, com solos de bom potencial

agrícola, essas áreas vêem suas paisagens ser totalmente homogeneizadas, com base em um

único cultivo agrícola. Nessas áreas, são desrespeitados alguns princípios básicos da

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preservação ambiental, como é o caso da manutenção das matas ciliares e a manutenção da

integridade das áreas de cabeceira das drenagens (pode-se citar o exemplo da realização de

obras de drenagem das áreas de cabeceira, situadas ao longo da BR-163, entre os municípios

de Nova Mutum e Lucas do Rio Verde).

Finalmente, como conseqüências do processo de modernização e

agroindustrialização da agricultura, tem-se os riscos do surgimento de novas pragas e doenças

nas lavouras (como exemplo o nematóide do cisto da soja) e o lançamento de efluentes

contaminantes nos corpos d’água, pelos processos industriais.

A agricultura familiar, por sua vez, predomina em áreas de colonização ou

ocupação espontânea (assentamentos de trabalhadores rurais), organizando-se em torno da

produção de culturas tradicionais (arroz, feijão, milho e mandioca), da pequena pecuária, da

produção leiteira e secundariamente, de algumas poucas culturas comerciais (café, cacau,

banana e algodão). Trata-se de uma agropecuária caracterizada pelo modesto uso de insumos

e técnicas modernas, muitas vezes direcionadas praticamente à subsistência da unidade

familiar.

Desde o final da década de 1980, inúmeros projetos de assentamentos de

trabalhadores sem-terra vêm sendo localizados nas áreas de florestas e de transição, ao norte

do Estado. Além das condições de fertilidade dos solos não serem as mais adequadas, a

ausência de uma infra-estrutura viária e de apoio à produção (armazenagem, crédito, escolas

etc.), específicas para esse tipo de agricultura, somente faz aumentar os condicionantes

desfavoráveis à sua viabilização. Resultado disso é a forte tendência à descapitalização dos

pequenos produtores, tendo como conseqüência última, a sua expropriação e a pecuarização

da área e reconcentração fundiária.

O MMA (2007, p.04) diagnostica que: Do ponto de vista ambiental, os sistemas de produção utilizados, baseados na exploração diversificada de pequenas extensões de terra, praticamente sem fazer uso de técnicas de manejo do solo, além do excessivo número de produtores instalados nessas áreas (em relação à sua capacidade de suporte), provocam degradação dos solos e intensos desmatamentos, com sérias conseqüências sobre os ecossistemas locais.

E ainda o MMA (2007, p.04) conclui que: A exploração madeireira, por sua vez, acompanha as frentes de abertura de novas áreas, vinculadas a colonização/assentamentos ou a grandes empreendimentos pecuários, nas regiões florestais do extremo norte do Estado, no ambiente de transição para a Floresta Amazônica. As regiões florestais localizadas na porção sul do Estado já se encontram excessivamente exploradas, não se verificando atividade madeireira significativa. Em alguns casos, no entanto, a atividade madeireira assume o caráter principal, associada a um organizado setor agro-industrial (complexo de serrarias e unidades moveleiras).

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O setor madeireiro confere forte dinamismo às regiões onde se instala, seja pela

agregação de grandes contingentes populacionais (cidades e empregos) ou pela movimentação

de um grande volume de recursos financeiros. No entanto, dado o próprio caráter do

extrativismo florestal, a sustentabilidade da atividade madeireira tende a ser limitada pelo

esgotamento do recurso florestal. Não se observa, pelo menos em escala significativa,

resultados satisfatórios quanto a modelos não predatórios de exploração do potencial

madeireiro do Estado.

A exploração madeireira ainda se apóia em formas tradicionais, onde se destaca o

corte puro e simples da vegetação, com aproveitamento apenas das espécies nobres e queima

das demais, ou no corte seletivo de espécies nobres dentro do maciço florestal.

Os impactos ambientais advindos da exploração madeireira são drásticos. No caso dos

cortes sistemáticos da vegetação, o que se tem é a supressão total da biodiversidade, e no caso

do corte seletivo, um grau de perturbação ambiental ainda não devidamente avaliado.

Apesar de a soja ser o vetor mais recente da degradação ambiental no estado de Mato

Grosso, o passivo ambiental da região já existia. Está associado à história de ocupação do

estado de Mato Grosso, marcada pelos projetos da Superintendência de Desenvolvimento da

Amazônia (Sudam), criada em 1966, pelos projetos de colonização do Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e de empresas particulares.

O resultado foi a intensa especulação de terras, desencadeada com força na década de

1960, e o incentivo ao desenvolvimento agrícola e pecuário, sem qualquer tipo de cuidado

ambiental, o que gerou um quadro de expressiva degradação ambiental. Para se ter uma idéia,

dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que a área desmatada no

Mato Grosso passou de 920 mil hectares em 1975 para 6 milhões de hectares, em 1983 e em

2000 para 146 milhões de hectares, já em 2007 esses números se elevaram para 201 milhões

de hectares.

2.1.1 Os militares e o surto desenvolvimentista

Logo após o golpe militar de 1964, o presidente Castelo Branco instituiu a Operação

Amazônia, estratégia que visava introduzir um modelo de desenvolvimento econômico na

região amazônica, com base em obras de infra-estrutura – como a abertura de rodovias - e em

incentivos fiscais e créditos à iniciativa privada. Entre as diretrizes estabelecidas, merece

destaque a criação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), que

seria a partir daquele momento e até o final dos anos 1980 o principal norteador da ocupação

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da região a leste do Xingu por grandes projetos agropecuários. Extinta em fevereiro de 2001

sob uma enxurrada de denúncias de desvio de dinheiro público, acaba de ser recriada, em

novas bases, pelo governo Lula.

No relatório do MMA (2007, p.06) pode-se perceber que os ciclos de expansão e

modernização da economia do Estado de Mato Grosso deve-se em parte ao “Programa de

Colonização Dirigida” implementado na década de 70: A política de integração nacional adotada nos anos 70, num esforço para garantir mecanismos fiscais e financeiros que o capacitassem a abrir fronteiras de acumulação, a serem ocupadas através de ajustes negociados entre empresas estatais, multinacionais e nacionais ( “Programa de Colonização Dirigida”).

Se até a década de 1950, grande parte das áreas de floresta amazônica e de cerrados no

norte do estado do Mato Grosso estava bem preservada e praticamente intacta, já nos anos

1960 a estratégia do governo federal de intensificar a ocupação na região, gerou os primeiros

desmatamentos no leste e norte do Estado.

A ocupação da região das nascentes do Rio Xingu - e do norte do Mato Grosso – não

se restringe, no entanto, aos grandes empreendimentos agropecuários. O outro eixo da

estratégia de ocupação e desenvolvimento da região foi a política de colonização, que era

dirigida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e contava com

incentivos fiscais da Sudam para projetos privados de colonização. Essas iniciativas foram

implementadas nas décadas de 1970 e 1980, destinadas ao assentamento de pequenos

produtores do sul, à produção de lavouras alimentares (arroz, milho e mandioca) e ao

desenvolvimento da pecuária bovina. Os projetos de colonização, principalmente os de caráter

privado, tornaram-se marcos importantes na formação de cidades.

2.1.2 Os latifúndios agropecuários

Apesar de todos os programas governamentais de desenvolvimento do Estado de Mato

Grosso estarem de uma forma ou de outra associados ao estímulo ao latifúndio agropecuário,

a política empreendida pela Sudam foi a principal responsável pelo avanço da fronteira

agrícola e das grandes propriedades rurais nos municípios mato-grossenses.

O FBOMS (2005, p.05) relata que uma das conseqüências do avanço da fronteira

agrícola é o latifúndio: Uma das conseqüências do processo de expansão da fronteira agrícola na região Centro-Oeste e Norte é a concentração fundiária, de renda e dos sistemas produtivos - grandes fazendas de gado e monoculturas mecanizadas (caso da soja) - com a subordinação dos padrões culturais e produtivos das comunidades locais e regionais, ao padrão conduzido pelos novos atores sociais, de modo geral imigrantes de outras

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regiões, com acesso a capital e tecnologia. Este processo tem levado ao aumento do deslocamento de pequenos colonos, em razão de conflitos sociais ou da compra de lotes, resultando em novas fronteiras locais e acrescido desmatamento.

Os Programas de ocupação funcionavam basicamente por meio de financiamentos

concedidos pelo governo para empresas que estavam dispostas a ocupar e produzir na região

leste e norte do Mato Grosso, tendo como enfoque principal a criação de gado. Para se ter

uma idéia, a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, uma ONG formada

por empresas privadas, que presta serviços ao Funbio e à ONU, revela que até 1985 foram

aprovados pela Sudam 950 projetos em toda a Amazônia. Desses, 631 eram de pecuária.

Além disso, 44% dos créditos da Sudam eram destinados a essa atividade, somando US$ 700

milhões até 1985.

Outra questão é o tamanho médio das fazendas beneficiadas pela Sudam que era de

24.000 hectares. No total, o governo financiou a compra de 8,4 milhões de hectares de terras

em toda a Amazônia. A região leste do Mato Grosso, que compreende as bacias dos rios do

Xingu e do Araguaia foi a que recebeu os maiores incentivos concedidos.

2.1.3 A divisão do Mato Grosso

De acordo com a FAMATO -Federação da Agricultura do Estado do Mato Grosso, a

grande importância da Sudam como financiadora do desenvolvimento agropecuário no Estado

se tornaria ainda maior a partir do ano de 1977, quando se iniciou a formação do pólo

produtor de commodities agrícolas, no norte mato-grossense. Nessa ocasião aconteceu a

divisão territorial e administrativa do antigo estado do Mato Grosso, dando origem ao estado

de Mato Grosso do Sul. Diante da necessidade de ocupação das regiões do Médio-Norte e do

Norte Mato-grossense estimula uma presença maior daquele órgão federal, bem como de

outros programas federais, como o PoloAmazônia, o PoloCentro, o PoloNoroeste, o Programa

de Integração Nacional (PIN), além da Sudam e da Supreintendência de Desenvolvimento do

Centro-Oeste (Sudeco). O Governo Federal viabilizou ainda a construção da rodovia BR-163,

fator decisivo para a formação de cidades como Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e

Sinop, localizadas no médio norte de Mato Grosso.

2.1.4 Os primeiros projetos de colonização

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Segundo Suzuki(2002), o gaúcho Carlos Mazurek foi um dos pioneiros na ocupação

do leste e norte matogrossense pelos projetos de colonização. Os primeiros colonizadores

chegaram em Canarana, uma agrovila em 1976, para garantir o “futuro digno” que não

poderia dar a seus filhos no Rio Grande do Sul, devido à pouca quantidade e ao alto preço da

terra, à falta de crédito e à expansão dos grandes latifúndios sobre as pequenas propriedades.

Ainda segundo Suzuki (2002), os pioneiros relatam que no início da vida no Mato Grosso foi

bem mais difícil do que imaginavam.

A infra-estrutura na região permaneceu extremamente precária de 1972, quando foi

inaugurada a primeira agrovila do Projeto Canarana, até o início dos anos 1980, quando o

governo do Mato Grosso asfaltou quase toda a estrada ligando Canarana a Barra do Garças.

Essa situação se repetia em projetos de colonização da região, conforme revela o

Suzuki(2002) em seu artigo Mato Grosso: na frente de ocupação, a determinação histórica do

espaço. Segundo ele, de 1974 a 1980, duas mil famílias gaúchas foram para a região de Água

Boa (MT). Destas, apenas 35% tiveram sucesso e permaneceram ali - o que é considerada

uma boa média, acima dos 20% a 25% previstos para esse tipo de empreendimento. A

organização dos trabalhadores rurais e pequenos proprietários do Rio Grande do Sul em torno

das cooperativas era um padrão de colonização na região. O grande atrativo eram os lotes de

400 hectares que recebiam. No Rio Grande do Sul o tamanho médio da pequena propriedade

era de 2,5 hectares. É o que a Federação da Agricultura do Mato Grosso classifica de

“migração por reserva de valor”, ou seja, com o dinheiro obtido com a venda das terras no sul,

os agricultores podiam comprar extensões até 100 vezes maiores no centro-oeste.

2.1.5 Propriedades de diferentes tamanhos

Tendo em vista ao modelo de ocupação adotado no estado de Mato Grosso, verifica-se

uma discrepância entre o tamanho das propriedades da região e o de domínios rurais

existentes no Sul e Sudeste do país. Conforme estabelece a lei 8629/93, também chamada de

Lei Agrária ou Noonon, a classificação de uma propriedade é feita de acordo com a

quantidade de módulos fiscais de que dispõe, cujo tamanho mínimo varia em cada região do

país. No norte do Mato Grosso, um módulo fiscal pode ser de até 90 hectares. De um até

quatro módulos, a propriedade é pequena; superior a quatro módulos até quinze módulos, é

classificada como média propriedade. A diferença é que um módulo fiscal no Sul e Sudeste

gira em torno de 20 hectares. Ou seja, enquanto uma propriedade média em São Paulo ou no

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Rio Grande do Sul não passa de 300 hectares, a propriedade pequena no Mato Grosso chega a

quase 400 hectares.

No nordeste Matogrossense, os projetos privados de colonização administrado pela

Coopercol foram implementados inicialmente pelo projeto Canarana, e quase

simultaneamente a Coopercol comprou mais cerca de 122 mil hectares de terras para a

implementação dos projetos Água Boa I e II, Canarana II e III, Garapu, Vale Serra Azul e

Areões. O sucesso obtido pelos colonos pioneiros não se repetiu com os que vieram depois,

relata Suzuki(2002). É que não houve o apoio necessário por parte da colonizadora, que jogou

para os novos colonos os custos da infra-estrutura básica dos projetos. Além disso, não se

repetiu o incentivo expressivo do governo federal. Empobrecidos e com dívidas dos

empréstimos, a maioria dos colonos desistiu do projeto, voltando para suas terras de origem

ou tornando-se assalariados nas cidades e áreas próximas.

Esses modelos de projeto estavam associados à colonização oficial. Contudo, logo

após a implementação de Canarana, o governo fez concessões em grandes extensões de terra,

na forma de glebas, para projetos de empresas privadas de colonização, que vendiam lotes de

vários tamanhos. Isso acabou estimulando a concentração de terras, já que, muitas vezes, os

pequenos produtores não conseguiam alavancar sua produção e acabavam vendendo seus

lotes para os grandes proprietários. De acordo com o ISA(2003, p.07), um dos fatores que

levaram alguns projetos de colonização a não darem certo, foi a questão do tamanho da

propriedade rural. Este fator fica bem mais evidente no artigo “O Xingu na mira da Soja”,

veja o relato: No final da década de 1970, os projetos de colonização, muitos deles mal sucedidos, já começavam a ser pressionados pelos grandes empreendimentos agropecuários da região, que buscavam comprar novas áreas para a sua expansão, contando ainda com os financiamentos concedidos pela Sudam. Segundo Carlos Mazurek, um dos pioneiros na região, os pequenos e médios produtores só conseguiram adquirir terras até 1977, pelo projeto governamental Pro-Terra. Depois disso, qualquer novo imigrante acabava se dedicando ao comércio, pela impossibilidade de comprar terras frente à expansão dos latifúndios. Mazurek afirma que até o financiamento na década de 1980 foi dificultado para os produtores menores, uma vez que os recursos eram direcionados

Neste diapasão, vem todos os demais projetos de colonização implementado no norte

do estado Mato Grosso.

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2.2. Desenvolvimento sustentável segundo a economia ecológica

Partindo do princípio que desenvolvimento seja o processo inicialmente concomitante

à fase de crescimento (em um organismo, uma instituição, ...), que mesmo após haver cessado

de crescer, caracteriza-se por: (a) ter capacidade permanente de articulações seletivas por

meio de adaptações e adequações em relação aos meios (interno e externo) que lhe são

pertinentes, (b) apresentar capacidade gradativa de sustentabilidade e ser capaz de favorecer

o desenvolvimento do contexto em que está inserido, por meio de dinâmicas sinérgicas.

Verifica-se que até o final dos anos 70, a questão ambiental no processo de crescimento

econômico foi negligenciada tanto pelos formuladores da política econômica quanto pela

academia. O grande desafio de conciliar crescimento econômico com sustentabilidade

ambiental é a proposição do conceito de desenvolvimento sustentável, no entanto suas

definições e interpretações sejam várias e desprovidas de consenso.

O conceito de desenvolvimento sustentável foi lançado em 1987 pela World

Commission on Environment and Development no Relatório Brundtland. Entretanto: O

conceito de desenvolvimento sustentável é um conceito normativo que surgiu com o nome de

ecodesenvolvimento no início da década de 1970, como cita Romeiro (2003). Esse conceito

sugere a busca de um crescimento econômico eficiente e racional, que respeita as pessoas e os

limites do meio ambiente. De acordo com Silva (2008, p.125) ecodesenvolvimento é definido

como um: processo criativo de transformação do meio com a ajuda de técnicas ecologicamente prudentes, concebidas em função das potencialidades desse meio, impedindo o desperdício inconsiderado dos recursos, e cuidando para que estes sejam empregados na satisfação das necessidades de todos os membros da sociedade, dada a diversidade dos meios naturais e dos contextos culturais.

Neste sentido, pode-se afirmar que as estratégias serão múltiplas e só poderão ser

concebidas a partir de um espaço endógeno das populações consideradas. Mas, percebe-se

que ele somente é alcançado por uma sociedade, mediante o planejamento de longo prazo e a

conseqüente implementação de ações econômicas, políticas e sociais que garantam o

atendimento das demandas das gerações presentes sem comprometer as das gerações futuras.

Em outras palavras, para Silva(2008, p.132) o desenvolvimento sustentável: É o processo político, participativo que integra a sustentabilidade econômica, ambiental, espacial, social e cultural, sejam elas coletivas ou individuais, tendo em vista o alcance e a manutenção da qualidade de vida, seja nos momentos de disponibilização de recursos, seja nos períodos de escassez, tendo como perspectivas a cooperação e a solidariedade entre os povos e as gerações.

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Portanto, o desenvolvimento sustentável exige uma equação que não permite a

concentração ou o mau uso dos recursos naturais e humanos, uma vez que estes são

imprescindíveis na busca de resultados eficientes e eficazes do crescimento econômico.

2.2.1 Sustentabilidade Forte vs. Fraca

Do ponto de vista conceitual a produção visando o desenvolvimento sustentável é

caracterizada pelas correntes da economia do meio ambiente e economia ecológica. Na

abordagem da economia do meio ambiente, que tem raízes na economia neoclássica, o

conceito de desenvolvimento sustentável é conhecido como sustentabilidade fraca, uma vez

que os recursos naturais não representam um limite absoluto à expansão econômica, no longo

prazo. À luz dessa visão, o consumo do capital natural pode ser irreversível e por isso não se

pode basear em preços vigentes devido aos inúmeros impactos que o meio ambiente sofre.

Uma saída para este impasse é a adoção principalmente de instrumentos de mercado através

da eliminação do caráter público dos bens naturais e da definição do direito de propriedades

sobre eles (Coase), da valoração ambiental da degradação ou poluição dos recursos naturais -e

conseqüentemente a implementação da cobrança de taxas pela degradação praticada (Pigou)-,

e a minimização dos custos totais dos agentes econômicos, incluindo os custos de controle de

poluição e a quantia a ser gasta com o pagamento de taxas por poluir (“poluição ótima”)

(MAY, LUSTOSA & VINHA, 2003).

Neste contexto Romeiro(2003, p.01) diz que: “O que seria uma economia da

sustentabilidade é visto como um problema, em última instância, de alocação intertemporal

de recursos entre consumo e investimento por agentes econômicos racionais, cujas

motivações são fundamentalmente maximizadoras de utilidade”. Por oportuno, a

racionalidade dos agentes econômicos neoclássicos se fundamenta na presença de informação

plena, por supor a existência de mercados que naturalmente se equilibram e, naturalmente, por

explicar a conduta humana a partir das ações de indivíduo maximizador de satisfação, entre

outras.

Por outro lado, segundo a abordagem da economia ecológica, o conceito de

desenvolvimento sustentável é conhecido como sustentabilidade forte, ou seja, o crescimento

é limitado pela escassez dos recursos naturais, pois a economia internaliza os custos

ambientais, e o processo científico e tecnológico é visto como fundamental para aumentar a

eficiência na utilização dos recursos naturais, não podendo ser superado apenas por meio de

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progresso tecnológico. Esta corrente faz uso do conceito termodinâmico de entropia. Mais

especificamente, conforme Ferreira (2004, p. 36): 1. Função termodinâmica do estado, associada à organização espacial e energética das partículas de um sistema, e cuja variação, numa transformação desse sistema, é medida pela integral do quociente da quantidade infinitesimal do calor trocado reversivelmente entre o sistema e o exterior pela temperatura absoluta do sistema. 2. Medida da quantidade de desordem dum sistema.

O trabalho de Nicholas Georgescu Roegen, por oportuno, foi o pioneiro na aplicação

desse conceito na análise econômica (MAY, LUSTOSA & VINHA, 2003).

Daly(1991) ressalta que, para a abordagem da economia ecológica, o

desenvolvimento sustentável se realiza desde que, a escala da economia esteja dentro da

capacidade de suporte dos ecossistemas. Diz ainda que, para os economistas ecológicos a

economia do homem passou da fase em que o fator limitante para o crescimento econômico

era o capital produzido pelo ser humano, para uma em que o fator limitante é o capital natural

remanescente.

Para Romeiro, Keydon & Leonardi (2001), referir-se ao desenvolvimento sustentável

significa abandonar os supostos discutíveis do crescimento sem limites, tão caro à tradição de

pensar dos economistas (e daqueles que os consultam). Portanto, qualificar o

desenvolvimento sustentável significa reduzir os graus de liberdade do processo econômico,

sujeitando-o a condicionamentos ecológicos, procurando simultaneamente torná-lo mais

eqüitativo e socialmente justo.

2.2.2 Economia Ecológica vs Economia do Meio Ambiente

Contrastando a economia ecológica e a economia do meio ambiente, Muller (2007)

ressalta que, para a economia do meio ambiente a sustentabilidade envolve algum grau de

conservação do capital natural, pois este tem fim e, de muitas formas é frágil. Já os

ecologistas vêm argumentando que a preservação das condições de bem-estar das gerações

futuras pode depender, de forma crucial, de tal conservação, visto que um uso inadequado do

capital natural pode anular a possibilidade de que seja sustentável o desenvolvimento de uma

sociedade. Sob esse entendimento, o desenvolvimento sustentável se pauta pela

sustentabilidade forte.

Nesse sentido, para Muller (2007), segundo abordagem do documento “Estratégia

Mundial para a Conservação” (EMC), o desenvolvimento sustentável é basicamente

conservacionista, uma vez que sua preocupação volta-se principalmente para os impactos

antrópicos sobre todos os seres vivos. Em particular, o foco do EMC é basicamente o

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ecossistema global, embora ressalte que está no funcionamento do sistema econômico a

origem dos principais problemas que atualmente afetam o ecossistema global. Por outro lado,

o enfoque do Our Common Future, não está voltado à preservação da natureza, mas sim ao

funcionamento do sistema econômico. A economia é vista como dependendo

fundamentalmente dos recursos naturais fornecidos pelo ecossistema global, bem como da

capacidade deste de suportar a agressão promovida pela humanidade e de assimilar os

resíduos e a poluição, resultantes dos processos de produção e de consumo.

Portanto, a partir da discussão da necessidade de implementação do desenvolvimento

sustentável enquanto política pública em Mato Grosso, analisar atividades produtivas como

parte do modelo de desenvolvimento para o Estado se reveste de elevada importância, visto

que, os aspectos sociais e ambientais também se constituem em importantes elementos a

serem incorporados na dinâmica econômica. Para que isso se concretize, por lógico, é preciso

que a produção esteja alicerçada nos preceitos do desenvolvimento sustentável.

Segundo esse entendimento, o fluxo de recursos naturais de baixa entropia (inputs),

experimenta transformações na produção, bem como no consumo, voltando à natureza sob a

forma de resíduos (outputs) para a acumulação ou para ingresso em ciclos biogeoquímicos

através da energia solar, e finalmente, retorna a fazer parte de estruturas de baixa entropia,

podendo, dessa forma, novamente ser úteis à economia. Trata-se, portanto, de um conceito

meramente físico, onde se constata o reconhecimento explícito do papel da entropia, visto que

os materiais utilizados não podem ser totalmente reciclados e, além disso, nesse processo e à

luz dessa compreensão, a energia não é reciclada (DALY, 1991).

Sob esse prisma, é importante a discussão levantada pelos economistas ecológicos

sobre o tamanho do subsistema econômico em relação ao ecossistema total, uma vez que há

indícios que a atual escala é insustentável. A razão disso é que a economia é um subsistema

aberto inserido em um sistema total finito e fechado, contradizendo o relatório Brundtland,

assinalando que para o alcance do tal almejado desenvolvimento sustentável se necessitaria do

crescimento da economia mundial da ordem de cinco a dez vezes. Em síntese, pode-se

constatar que o tamanho da economia em relação ao ecossistema total é outro fator a ser

considerado na busca do crescimento com sustentabilidade. Dessa forma, tudo está baseado

numa escala ótima, mas definir qual seria esta escala ótima é a grande questão (DALY, 1991).

Existem atualmente duas definições sobre a escala ótima: uma é puramente

antropocêntrica, que entende que deve haver crescimento até o ponto em que os benefícios

marginais (humanos) se igualem aos custos marginais, enquanto a outra é biocêntrica: o

tamanho ótimo do nicho humano seria menor que o ótimo do ponto de vista antropocêntrico.

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Ambas, contudo, concordam que esse “ótimo” busca a sustentabilidade, ou seja, buscam

escalas de produção que respeitem os limites do ecossistema. Destarte, para se atingir a

sustentabilidade é necessária uma “redução da escala da economia humana que não tem

precedentes nos tempos modernos”, conforme menciona Daly (1991).

A economia ecológica ressalta que há três políticas para se alcançar os seguintes

objetivos, segundo Daly (1991): alocação ótima (enquanto instrumento dos preços relativos -

objetivo de eficiência), a distribuição ótima (enquanto instrumentos de distribuição da renda e

da riqueza atuam - objetivo da eqüidade), e a escala ótima (enquanto instrumento, atualmente

inexistente, de controle do uso de throughputs, isto é, um instrumento de limitação de

população e/ou limitação do uso per capta de recursos naturais - objetivo de sustentabilidade).

De acordo com os preceitos da Economia Neoclássica, na visão do “Ótimo de Pareto”

a população pode dobrar ou diminuir pela metade, ainda assim o mercado continuará

alocando otimamente os recursos entre os seus usos alternativos, no entanto, não há quem

argumente que em função do problema da eficiência os custos da injustiça deveriam ser

internalizados nos preços. Ainda neste tocante, pode-se perceber que juntamente com outras

razões, os preços certos e ajustados estão levando, por exemplo, ao desaparecimento da

biodiversidade, dada a presente escala da economia, excessivamente grande e ainda crescente.

Para os economistas ecológicos, conforme abordado, essa dimensão do subsistema em

relação ao ecossistema total está na escala ótima, e a atividade humana em nível

suficientemente baixo, de forma a não destruir o funcionamento automático dos sistemas que

sustentam a vida, evitando forçá-los a ingressar no domínio da administração humana. Ainda

que a “mão invisível” dos ecossistemas é auto-regulável, não acontece o mesmo com a mão

invisível do mercado, uma vez que se realize a alocação, não se tem condição de determinar

nem a escala, nem a distribuição ótima. Cabe à economia limitar a macroeconomia em escala

tal que a “mão invisível” possa funcionar ao máximo em ambos os domínios.

Para Daly (1991), a definição de sustentabilidade em termos biofísicos e tratá-los

então, utilizando modelos neoclássicos, como uma restrição à maximização da utilidade,

evidencia ser mais simples e concreto. No entanto, percebe-se que o grau de limitação dos

ecossistemas dependerá do grau de substitutibilidade na produção entre capital produzido pelo

homem e recursos naturais. A visão neoclássica acredita em uma substitutibilidade quase

perfeita entre capital e recursos, enquanto a visão ecológica acredita que estes são

basicamente complementares, com uma possibilidade muito restrita de substituição marginal.

Neste sentido, a economia ecológica considera a restrição ao uso de recursos naturais

como condição à manutenção da sustentabilidade como muito comprometedora, uma vez que

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capitais e recursos naturais são fatores complementares e, desta forma, a falta de um (recursos

naturais) limita radicalmente a produtividade do outro. Ao contrário, se os fatores podem ser

substituídos mutuamente sem problemas, então a falta de um não diminui a produtividade do

outro. Assim, no caso de substitutibilidade perfeita, não existe qualquer possibilidade de que

algum dos fatores seja limitante. Já no caso de complementaridade, o fator em menor

suprimento torna-se limitante, neste caso, o capital natural.

Os ecologistas entendem ainda que, o capital natural é o estoque que permite o fluxo

de recursos naturais: de que serve as produções agropecuárias sem o cerrado, a floresta

amazônica, a qualidade do solo? Parece evidenciado que se entra em uma nova era na qual o

capital natural remanescente é o fator limitante do crescimento.

Diante disso: “A lógica econômica nos orienta no sentido de maximizar a

produtividade e aumentar o suprimento do fator limitante. Uma das maneiras de maximizar a

produtividade do capital é adotar tecnologias que utilizem intensamente os recursos naturais,

sacrificando, assim, a produtividade desses recursos”, conforme observa Daly (1991, p.25),

sendo os recursos naturais, o novo fator limitante.

Baseando-se em Daly (1991), pode-se dizer que o desenvolvimento sustentável

contempla uma lógica econômica (mercados, regulações e competitividade), uma lógica de

equidade (moral, justiça e solidariedade) e uma lógica de sustentabilidade (ecossistemas,

biosfera). Lógicas essas que na prática requerem negociações de ordem política, ou seja,

acordos sobre como se pode viver juntos nessa diversidade de interesses, visões do presente e

aspirações em relação ao futuro.

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3 – O AGRONEGÓCIO EM MATO GROSSO

A partir dos anos 50 o agronegócio brasileiro e em especial o matogrossense passou

por diversas transformações orientadas pela modernização do campo. Neste viés Oliveira

(2003) afirma que a industrialização deu-se no campo, formando uma unidade contraditória

com a indústria, isso posto devido a transformação do capitalista em também latifundiário. A

expansão da fronteira agrícola em direção ao oeste do território nacional, trouxe para Mato

Grosso agricultores oriundos principalmente do Sul do Brasil.

O agronegócio matogrossense, nas ultimas décadas tem se destacado na produção de

algodão, soja, milho, cana de açúcar e na produção de Carne bovina, contribuindo desta forma

para as exportações brasileiras.

É bom frisar que a produção matogrossense assim como a nacional não cresceu apenas

como resultado da expansão da área cultivada. Houve também um grande aumento na

produtividade brasileira, devido a uma rápida e eficiente difusão de tecnologia, incluindo

sementes, agroquímicos, fertilizantes e outros insumos para cultivo.

Neste diapasão vale ressaltar que enquanto o aumento de produtividade alivia a

pressão sobre a terra, produz também efeitos negativos sobre o emprego de mão-de-obra rural.

Além disto, más práticas de preparação das plantações causam erosão e degradam a qualidade

do solo. Agrotóxicos comumente usados para controlar pragas, doenças e ervas invasoras

podem causar impactos ao meio ambiente, contaminando o solo e a água, bem como para a

saúde humana, se os métodos preventivos não forem cuidadosamente utilizados.

3.1 – Produção de Algodão herbáceo

A produção de algodão herbáceo no Brasil concentrava-se nas regiões Sul, Sudeste e

Nordeste até o início da década de 90. Em meados da década de 90, há um significativo

desenvolvimento da cultura do algodão herbáceo de forma empresarial no cerrado.

Portanto, a produção de Algodão surge como alternativa para rotação com a soja,

sendo assim, os produtores do Centro-Oeste detentores de grandes áreas de plantações de soja,

viram no algodão uma grande oportunidade de negócios. A segunda metade da década de 90

significou um marco na migração da cultura do algodoeiro, das áreas tradicionalmente

produtoras, tais como o nordeste, para o cerrado brasileiro. Segundo o IBGE(2008) a Região

Centro-Oeste responde por 84% da produção brasileira de algodão, tendo o estado de Mato

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Grosso como maior produtor brasileiro.

O sucesso da cultura do algodoeiro no cerrado matogrossense tem sido impulsionado

pelas condições de clima favorável, terras planas, que permitem mecanização total da lavoura,

programas de incentivo à cultura implementada pelos estados da região e, sobretudo, o uso

intensivo de tecnologias modernas. Este último aspecto tem feito com que o cerrado brasileiro

detenha as mais altas taxas de produtividades na cultura do algodoeiro no Brasil e no mundo,

em áreas não irrigadas.

A Embrapa tem sido uma importante parceira na aventura do algodão no cerrado

através da geração e transferência de tecnologias. A cada ano, vêm sendo lançadas pelo

menos dois novos tipos de sementes e sendo desenvolvidos novos sistemas de produção e de

manejo integrado de pragas e doenças, visando atender a uma demanda crescente por novas

tecnologias.

O presente sistema de produção de algodoeiro no cerrado que a Embrapa está

disponibilizando, resulta da necessidade dos clientes, de acesso imediato a informações

precisas sobre temas que envolvem toda a cadeia produtiva do algodoeiro no cerrado.

Constitui-se em uma contribuição a mais e espera-se que seja de grande utilidade para o

desenvolvimento da cultura do algodoeiro nesta região e de grande importância para o

agronegócio brasileiro.

A plantação de algodão herbáceo no estado de Mato Grosso está concentrada nas

Mesorregiões Norte e Sudeste, com mais de 90% da área plantada do Estado, o que representa

em mais de 520.000 hectares em 2007.

Tabela 1 - Evolução da área de Produção de Algodão em caroço (2001-2007), em Hectares 2001 % 2003 % 2005 % 2007 % Brasil 875.107 100,0 712.556 100 1.258.308 100 1.125.256 100 Mato Grosso 412.315 47,1 290.531 40,8 482.391 38,3 560.838 49,8 Mesorregião Norte 178.953 43,4 93.085 32,0 206.477 42,8 269.686 48,1 Nordeste 30.262 7,3 30.720 10,6 28.757 6,0 32.323 5,8 Sudoeste 3.480 0,8 51 0,0 1.566 0,3 2.568 0,5 Centro-Sul 3.918 1,0 3.250 1,1 3.620 0,8 4.200 0,7 Sudeste 195.702 47,5 163.425 56,3 241.971 50,2 252.061 44,9

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE (2008)

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Gráfico 1 - Distribuição da Produção de Algodão Herbáceo por Mesorregião em Mato Grosso

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE(2008)

Dessa forma, é possível verificar que a participação na plantação de Algodão

Herbáceo do estado de Mato Grosso em relação ao Brasil, tem aumentado em quase 3% no

período de 2001/2007. No entanto, fica evidenciada uma significativa oscilação na área de

cultivo do algodão, chegando a quase 10% de um período pra outro, sugerindo que a cultura,

ainda continua sendo usada, como alternativa para rotação com a soja.

Gráfico 2 - Evolução da área de Produção de Algodão Herbáceo em Mato Grosso comparativo com a produção do Brasil Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE

Mato Grosso ocupa, atualmente, a primeira posição em área cultivada, produção e

produtividade de Algodão em caroço no Brasil. O estado contribuiu com 49,8% da produção

nacional em 2007, sendo que de 93% desta produção esta concentrada nas Microrregiões

Norte e Sudeste.

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Mato Grosso é uma das mais importantes áreas de expansão da cultura do algodão

herbáceo no Brasil. Ao comparar a área de produção e produtividade pode-se observar que a

área de produção de algodão em MT passa de 412.315 hectares e uma produção de 1.252.376

toneladas em 2001, passou a cultivar 560.838 hectares, com uma produção de 2.204.457

toneladas em 2007. Conforme dados do IBGE (2008) a produtividade cresceu 29,4% no

período, passando de 3.037 kg/ha em 2001 para 3.930 kg/ha na safra 2007, enquanto que a

evolução da área plantada cresceu no patamar de 36,02% no período de 2001 a 2007.

3.2 – Produção de Cana de Açúcar

A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) é a principal cultura utilizada no Brasil

para a produção de álcool e açúcar sendo que 50% da área localizada no estado de São Paulo

(AGRIANUAL, 2001).

Mato Grosso que em 2007 detém aproximadamente 2,73% da produção nacional de

cana de açúcar, vem crescendo no cenário Brasileiro no cultivo da cana-de-açúcar. Esse

cultivo por ser relativamente fácil de ser implantado e manejado, com baixo custo, podendo

atingir rendimentos de massa verde superiores a 120 t/ha. ano (União dos produtores de

bioenergia (udop), 2008), tem atraído o interesse de muitos produtores no estado. Na região

sudoeste de Mato Grosso, municípios como Lambari D’Oeste, Mirassol D’Oeste, Barra dos

Bugres, Denise e Tangara da Serra que possuem usinas sucroalcoleiras, representam em torno

de 58% da área plantada no estado e ainda em crescimento (Cooperb, 2008).

Para o cultivo da cana-de-açúcar é necessária a realização de inúmeras operações de

preparo de solo, como a utilização de arados, grades pesadas e subsoladores além de um

grande tráfego de tratores e implementos que causam a degradação da estrutura do solo para a

efetuação do plantio (CEDDIA et al., 1999).

Esse preparo intensificado do solo para o cultivo da cana, segundo Cerri et al. (1991)

causa modificação na estrutura do solo, afetando a aeração, a retenção de água e

consequentemente a disponibilidade de água para as plantas, causando um declínio na

produtividade da lavoura e a busca por novas áreas de terras.

Este declínio na produção foi constatado por DIAS (2001) quando testou alguns

métodos de preparo de solo e percebeu que a diminuição das técnicas de preparo resultou no

aumento da produtividade.

Para GOES (2005) saber e quantificar as propriedades do solo auxilia na formação de

bases sustentáveis para a produtividade, já que, conhecer essas propriedades é essencial para a

tomada de decisões para o preparo e manejo adequado do solo.

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Tabela 2 - Evolução da área plantada de Cana de Açúcar (2001-2007), em hectares 2001 % 2003 % 2005 % 2007 %

Brasil 4.957.897 100,0 5.371.020 100,0 5.805.518 100,0 7.080.920 100,0

Mato Grosso 166.510 3,4 196.684 3,7 205.961 3,5 219.217 3,1

Mesorregião

Norte 31.105 18,7 35.538 18,1 42.049 20,4 51.509 23,5

Nordeste 5.630 3,4 5.062 2,6 5.584 2,7 6.900 3,1

Sudoeste 96.955 58,2 115.086 58,5 113.673 55,2 126.175 57,6

Centro-Sul 11.773 7,1 13.924 7,1 15.118 7,3 7.239 3,3

Sudeste 21.047 12,6 27.074 13,8 29.537 14,3 27.394 12,5 Fonte: elaborado pelo autor com base em dados do IBGE (2008)

Devido à abundância de terras cultiváveis, Mato Grosso entra no cenário nacional na

produção de Álcool Hidratado e Anidro além do Açúcar, produtos derivados da cana de

açúcar. O estado contribuiu com 2,73% da produção nacional em 2007, sendo que 81% desta

produção esta concentrada nas Microrregiões Sudoeste e Norte, vale ressaltar que a

mesorregião sudoeste mantém uma participação de 58% da área plantada no estado, enquanto

que a região Norte expandiu sua participação na área de cultivo de cana-de-açúcar em 4%.

Gráfico 3 - Distribuição da área de Produção de Cana de Açúcar por Mesorregião em Mato Grosso Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE

Ao analisar o comportamento do cultivo da cana-de-açúcar no estado de Mato Grosso em

relação ao cultivo nacional, pode-se verificar que a participação do estado no período de 2001 a

2007 ficou entre 3% e 4%, demonstrando uma evolução muito parecida com a produção Nacional.

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Gráfico 4 - Evolução da área de Produção de Cana de Açúcar em Mato Grosso comparativo com a área de produção do

Brasil Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE

Mato Grosso tem de expandido no cultivo da cana de açúcar nos últimos anos. De

166.510 hectares em 2001, passou a cultivar 219.217 hectares em 2007, tendo desta forma a

evolução da área plantada em 31,65% no período de 2001 a 2007, observou-se que a produção

maior encontra-se na região sudeste com mais do 50% da produção total em Mato Grosso.

3.3 – Produção de Milho (1ª e 2ª Safra)

A evolução da produção de milho em Mato Grosso, também corrobora a hipótese da

rentabilidade do milho em partes da Região de fronteira Agrícola. Como mostram os dados da

Tabela 3, o crescimento da Produção do milho em Mato Grosso, concentra-se nas

Microrregiões: Parecis, Alto Teles Pires, Primavera e Rondonópolis, que respondem pela

maior parte do crescimento do cultivo do milho neste estado ou seja 76,95%, provocando o

avanço da fronteira agrícola. Vale ressaltar que em 2007 a 1ª Safra do milho ocupou uma área

de 674.772 hectares, enquanto que a 2ª safra ou safrinha reutilizou a área de 975.699 hectares

utilizada no cultivo da soja e mesmo da 1ª safra do milho de verão, portanto o plantio da

safrinha não deve ser entendido como expansão de área cultiváveis no estado.

Além do estado participar 12% do cultivo de milho nacional, pode-se verificar que

ainda há uma tendência de crescimento, de acordo com os dados apresentados nos últimos

anos. As taxas médias de crescimento do cultivo do milho no estado de Mato Grosso entre

2001 e 2007 foi de 207,34%, enquanto foi de apenas 11,61% no plano nacional. Como

demonstrado na Tabela 3 a seguir:

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Tabela 3 - Evolução da área de Produção de Milho (2001-2007), em hectares 2001 % 2003 % 2005 % 2007 %

Brasil 12.335.175 100,0 12.965.678 100,0 11.549.425 100,0 13.767.431 100,0 Mato Grosso 536.420 4,3 880.623 6,8 1.043.815 9,0 1.648.671 12,0

Mesorregião

Norte 314.423 58,6 613.390 69,7 762.638 73,1 1.217.718 73,9

Nordeste 44.030 8,2 52.703 6,0 41.647 4,0 56.633 3,4

Sudoeste 30.960 5,8 34.098 3,9 31.497 3,0 40.145 2,4

Centro-Sul 18.689 3,5 23.482 2,7 32.883 3,2 28.309 1,7

Sudeste 128.318 23,9 156950 17,8 175150 16,8 305866 18,6 Fonte: IBGE (2008)

Gráfico 5 - Distribuição da área da Produção de Milho por Mesorregião em Mato Grosso Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE

Gráfico 6 - Evolução da área da Produção de Milho em Mato Grosso comparativo com a produção do Brasil Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE

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A produção de milho na região Norte, teve um significativo crescimento no período de

2001/2007, chegando a 73,9% da produção total deste estado em 2007, contra os 58,6% que a

região tinha em 2001, enquanto que a mesorregião Sudeste teve um recuo de 5,3% na

participação da produção matogrossense deste cultivo no mesmo período (ver tabela 3). Este

crescimento de produção se dá pela reutilização das áreas de cultivo da soja e não pela

expansão de novas áreas cultivadas.

3.4 – Produção de Soja em Grão

A soja aparece com importância no cenário mundial a partir do século XIX na China.

No Brasil, o cultivo da soja se expandiu a partir da década de 1950, como sendo a alternativa

de verão mais interessante para suceder ao trigo plantado no inverno. Na década de 1970,

consolidou-se como a principal cultura agrícola do país. Àquela época, mais de 80% da

produção nacional se concentrava na Região Sul, onde a planta encontrou condições

climáticas e de solo similares às de sua região de origem (sudeste dos Estados Unidos).

Portanto a transformação das lavouras de subsistência e de culturas diversificadas,

junto a uma grande maioria de pequenos e médios produtores do Noroeste gaúcho, em

culturas modernas de trigo, com forte uso de máquinas, implementos agrícolas, insumos

químicos em geral, levou a um determinado desenvolvimento do agronegócios que, para se

viabilizar efetivamente, necessitava de uma alternativa no verão. A cultura da soja veio

exatamente preencher esta lacuna já nos anos de 1960 no Brasil.

Segundo Pasin (2004 p.197) foi na década de 1980 que a soja chegou ao Centro-Oeste,

e foi primeira plantada em terras do estado de Mato Grosso do Sul. Com a obtenção de

variações mais adaptadas ao cerrado, avançou na direção norte, expandindo sua área cultivada

na velocidade permitida pela competitividade do produto, limitada pela distância dos centros

consumidores. A Soja por tratar-se de uma commodity, o preço no mercado de destino é o

fator determinante da viabilidade da plantação, e os grandes diferenciais nessa questão são a

produtividade do cultivo, as quais foram o solo e os custos dos insumos: terra, implementos

agrícolas, mão-de-obra e custos de transporte.

O que deu força ao plantio de soja no cerrado brasileiro, foi os investimentos em

infra-estrutura logística como: concessões de ferrovias e arrendamentos portuários, realizados

pelo governo federal em meados dos anos 1990. Já no final da década de 1990, o

estabelecimento de rotas alternativas para escoar a produção permitiu uma expansão ainda

maior da cultura, especialmente nas propriedades situadas no norte de Mato Grosso. Sendo

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que em 2001, o estado tornou-se o maior exportador da oleaginosa do Brasil, posição que

ostenta até os dias de hoje, com exceção do ano de 2003, em que foi temporariamente

superado pelo Paraná.

Ainda segundo a Pasin(2004, p.198) os principais componentes do sucesso da soja

mato-grossense foram os seguintes:

a abundância de terras férteis em topografia suave (favorável à mecanização); as persistentes pesquisas que, através de sucessivos cruzamentos, levaram à obtenção de sementes mais adaptados ao clima e ao solo da região; a disponibilidade de mão-de-obra barata; os incentivos oficiais à agricultura; e os ganhos em eficiência na cadeia de transporte do produto.

O Crescimento da produção da soja no estado de Mato Grosso no período de 2001 a

2007, foi de mais de 60% enquanto que o crescimento da produção nacional ficou em 53%

(tabela 4).

Tabela 4 - Evolução da área de Produção de Soja (2001-2007), em hectares

2001 % 2003 % 2005 % 2007 %

Brasil 13.985.099 100,0 18.524.769 100,0 22.948.874 100,0 20.565.279 100,0

Mato Grosso 3.121.353 22,3 4.413.271 23,8 6.106.654 26,6 5.075.079 24,7

Mesorregião

Norte 2.052.824 65,8 2.888.932 65,5 3.970.615 65,0 3.426.391 67,5

Nordeste 224.183 7,2 395.185 9,0 651.648 10,7 522.986 10,3

Sudoeste 25.137 0,8 39.201 0,9 96.401 1,6 75.960 1,5

Centro-Sul 33.433 1,1 58.115 1,3 94.545 1,5 54.609 1,1 Sudeste 785.776 25,2 1.031.838 23,4 1.293.445 21,2 995.133 19,6

Fonte: IBGE (2008)

Gráfico 7 - Distribuição da área de Produção de Soja por Mesorregião em Mato Grosso Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE

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Gráfico 8 - Evolução da Produção de Soja em Mato Grosso comparativo com a produção do Brasil Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE

A produção de Soja no estado de Mato Grosso em 2007, encontra-se concentrada com

aproximadamente de 67,5% na região Norte e 10,3% na região Nordeste, portanto mais de

77% da produção de soja do estado encontra-se dentro do arco de desmatamento da Amazônia

Legal, deve se destacar também que existe uma concentração da produção de Soja de 19,6%

na região Sudeste. Como é observada na tabela 4.

3.5 – Produção de Carne Bovina

Além do uso do solo, as evidências sobre a evolução do rebanho bovino no Mato

grosso também corrobora a hipótese da rentabilidade da pecuária em partes da Região de

fronteira Agrícola. Como mostram os dados da Tabela 5, o crescimento do rebanho bovino

em Mato Grosso, onde as Mesorregiões Norte e Nordeste, respondeu pela maior parte do

crescimento do rebanho bovino neste estado, sugerindo uma expansão da fronteira pecuária

em direção ao norte. No período 2001-2007, por exemplo, 100% do crescimento do rebanho

de Mato Grosso, 63% ocorreu nas duas Mesorregiões do Arco do Desmatamento – Norte e

Nordeste, (nas outras Mesorregiões de fronteira já consolidada houve um crescimento bem

menor ou seja 37%). As taxas médias de crescimento do rebanho bovino no estado de Mato

Grosso entre 2001 e 2007 foi de 29%, por exemplo, foram de 42,0% (Norte-MT), 35,0%

(Nordeste-MT), 18% (Sudoeste-MT), 19% (Centro-Sul MT) e 2% (Sudeste-MT), enquanto

foi de apenas 13% no plano nacional.

Tabela 5. Evolução da área de Pastagem para o rebanho bovino (2001-2007), em hectares 2.001 % 2.003 % 2.005 % 2.007 %

Brasil 176.388.726 100,0 195.551.576 100,0 207.156.696 100,0 199.752.014 100,0

Mato Grosso 19.921.615 11,3 24.613.718 12,6 26.651.500 12,9 25.683.031 12,9

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Mesorregião

Norte 7.457.971 37,4 9.384.573 38,1 10.712.771 40,2 10.598.322 41,3 Nordeste 4.179.662 21,0 5.049.854 20,5 5.518.462 20,7 5.655.003 22,0 Sudoeste 3.488.496 17,5 4.387.567 17,8 4.569.816 17,1 4.130.003 16,1 Centro-Sul 2.405.213 12,1 3.006.020 12,2 3.209.216 12,0 2.862.465 11,1

Sudeste 2.390.273 12,0 2.785.704 11,3 2.641.235 9,9 2.437.238 9,5 Fonte: IBGE (2008)

Gráfico 9- Distribuição da área de pastagem do Rebanho Bovino Mesorregião em Mato Grosso Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE

Gráfico 10 - Evolução da área de criação de Rebanho Bovino em Mato Grosso comparativo com a produção do Brasil Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE

Segundo estudos realizados por (Castro, 2004), o crescimento do rebanho bovino se

deu em parte às custas de desmatamentos e em parte pelo processo de intensificação. Ainda,

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por meio de regressões, analisou-se a relação entre expansão da área desmatada e o

crescimento do rebanho bovino (em unidades de animal). Essas regressões foram feitas em

termos de variações nas densidades. Os resultados mostraram que para o período 1970/95, o

aumento de uma unidade de animal por hectare significou um aumento médio de 1,2 pontos

percentuais na taxa de desmatamento em relação à área do município. O resultado interessante

é a comparação dos valores entre 1985/95 e 1970/85: o coeficiente reduziu-se à menos da

metade entre os dois períodos (de 1,26 para 0,53), sugerindo um forte processo de

intensificação. Para cada UA (unidade animal) por hectare, foram reduzidos os percentuais de

desmatamento no município necessários para comportá-lo (de 1,24% para 0,53%).

Desta forma segundo Schneider et al., (2000) , até meados da década de 80 mostrava-

se que a pecuária tradicional não tinha desempenho financeiro satisfatório com o uso de

tecnologia tradicional. Só era positiva se houvessem incentivos fiscais, ganhos especulativos

com a terra, ou uma favorável relação preço do gado/insumos. Na década de 90 começou-se a

indicar a viabilidade da pequena pecuária leiteira (com taxas de retorno de 12%) e da pecuária

de corte em pastagens reformadas (taxas de 12-21%). Mais recentemente, confirmou-se taxas

de retorno muito baixas em pecuária extensiva tradicional (3-5%), e 9% para pequena

produção leiteira próxima a estradas.

Na mesma linha, algumas simulações de Hecht, Norgaard e Possio (1988) indicavam

que a pecuária “moderna” seria viável somente em condições muito especiais. A suspeita é

que os grandes fazendeiros buscam não incentivos para o gado, mas para outros objetivos: a

pecuária é praticamente isenta de imposto de renda, o gado é uma garantia de posse sobre a

terra, a floresta em pé ainda é considerada improdutiva, e existem incentivos e créditos

subsidiados para a pecuária.

Alguns estudos têm sugerido, contrariamente, não apenas a viabilidade financeira da

pecuária na Amazônia (por exemplo, Young & Fausto, 1998), como também argüido em

favor de uma série de fatores que não são captados nos modelos que tentam estimar taxas de

retorno “teóricas” da atividade. Num dos livros provavelmente mais abrangentes a respeito,

Faminow (1998) argumenta que muitos dos estudos são inconsistentes com a prática

observada: os modelos econômicos em geral admitem tecnologias fixas, o que é muito

inadequado para a Amazônia; quase nunca incorporam as óbvias diferenças nos sistemas de

produção – leiteira, corte, e múltiplo – que implicam estruturas do gado, processamento e

comercialização, investimentos, custos e receitas, enfim, economias completamente distintas.

Faminow (1998, p.27) sugere ainda diversas vantagens adicionais da pecuária em

relação a outros usos do solo, tais como:

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· ainda que conhecida, o gado é uma óbvia forma de garantir a posse da terra, o que é uma prioridade absoluta na fronteira como já visto;

· em relação à agricultura, principalmente às culturas temporárias, o risco da atividade é baixíssimo em termos de mercados, de comercialização, de preços dos produtos (a despeito da leve tendência de queda, o preço da carne tem crescido em relação ao das principais culturas agrícolas), das condições climáticas e de pragas;

· também em relação à agricultura, a pecuária demanda menores investimentos iniciais e apresenta retornos num período muito menor;

· o gado é uma forma de capital líquido, facilmente transacionável; · o transporte é relativamente fácil; · a atividade tem baixíssima demanda por mão-de-obra; · a pecuária é ótima para tapear todo tipo de fiscalização (ao contrário da terra

plantada); · no caso dos pequenos produtores, há benefícios indiretos, como outros produtos

animais, a tração, a adubação, além da venda da madeira, que vale também para os grandes;

· no caso dos grandes proprietários, existe o poder político e cultural de ser um grande latifundiário/fazendeiro.

Até o momento, a experiência vem apontando as enormes dificuldades de se manejar o

gado na região, mas ao mesmo tempo também o enorme aprendizado, com mudanças de

técnicas de manejo de gado, de pastagens, e de tecnologias. A intensificação e a

especialização podem trazer altos retornos, mas demandam longos períodos de tempo, o que

pode explicar horizontes de planejamento também dilatados. Isto sugere que a despeito da

ânsia “acadêmica” de se obter resultados conclusivos sobre os processos dos desmatamentos e

a sua economia, os agentes estão ainda numa fase (bastante) inicial da curva de aprendizado,

com os números atuais não refletindo mais do que uma pequena tendência. A experiência do

oeste americano aponta no sentido semelhante ao que aqui se delineia, qual seja, o fracasso

econômico inicial não estanca a expansão da fronteira, mas acelera a adaptação técnica e

gerencial.

Vai ficando evidente, ao mesmo tempo, que os agentes locais vêm se profissiona-

lizando rapidamente por força dos próprios mercados cada vez mais competitivos, e que

portanto há uma inexorável tendência de intensificação dos sistemas e aumento generalizado

de eficiência produtiva. Os sistemas de pecuária intensiva sempre pareceram economicamente

viáveis em todos os estudos: uma possível explicação para a pecuária extensiva são os lucros

por hectare muito baixos, o que força a produção em larga escala. Isto ficou claro numa das

análises econômicas bastante pormenorizadas a que tivemos acesso na pesquisa de campo.

As novas tecnologias de produção certamente irão resultar de misturas de iniciativas

de pecuaristas inovadores com resultados de pesquisa da EMBRAPA e de outras agências

internacionais; e os custos de transporte dependerão do fôlego do governo de investir na

provisão de infra-estrutura, em particular de estradas, conforme contemplado principalmente

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pelo Programa Avança Brasil. O efeito da crescente urbanização da Amazônia sobre a

pecuária permanece largamente desconhecido, e faltam análises.

Para concluir, cabe a pergunta crucial se mesmo com o aumento da densidade

(intensificação), novas áreas precisarão ainda ser incorporadas? Nossa percepção é a de que

vai se manter a tendência de aceleração do crescimento do gado e da área de pastagens. A

pressão pela crescente expansão da fronteira pecuária decorrerá não só da dinâmica da própria

pecuária, que fica cada vez mais rentável e consolidada, conquistando além dos mercados

locais os mercados do Sul e externos, mas também da pressão da fronteira agrícola. Os

últimos trabalhos do Banco Mundial em parceria como IMAZON sugerem que há barreiras

naturais à expansão da pecuária e da fronteira agrícola. Esta fronteira está dada

principalmente pelos altíssimos índices pluviométricos nas áreas coincidentes e ao redor do

“coração” da floresta densa, que estão cada vez mais próximos.

4 – O PROBLEMA DO DESMATAMENTO A globalização e crescente demanda de grãos, carnes e produtos extraídos da natureza

(floresta) para atender a necessidade de exportações brasileira têm provocado mudanças

substancias no campo econômico e social da região amazônica.

A Amazônia Legal perdeu cerca de 143,1 mil km2 de cobertura vegetal (florestas) no

período de 2000 a 2007, segundo estimativas do INPE (2008). A região é uma das últimas

reservas de floresta nativa do globo terrestre, contempla quase dois terços das florestas ainda

existentes no mundo e sua área representa em torno de 40% do território brasileiro. Os estados

da Amazônia Legal concentram 33,9% da produção nacional de soja e algo em torno de

33,2% do rebanho de gado bovino brasileiro (IBGE, 2008). Cerca de 13,5% da produção

mineral do país é extraída da região, com destaque para os minérios de ferro, alumínio, ouro,

níquel e bauxita. Do total de toras de madeira exploradas no Brasil, os estados da Amazônia

Legal responderam com 81,4% desse volume, cerca de 14,6 milhões de m3 (IBGE, 2008).

Tabela 6– Incremento do desmatamento em Mato Grosso de 2001-2007, em hectares 2001 % 2003 % 2005 % 2007 %

Brasil 1.816.500 100,0 2.515.100 100,0 1.879.300 100,0 1.001.000 100,0 Mato Grosso 715.500 39,4 1.080.640 43,0 852.370 45,4 257.800 25,8

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Mesorregião

Norte 466.090 65,1 833.640 77,1 664.180 77,9 205.490 79,7 Nordeste 160.560 22,4 179.760 16,6 141.280 16,6 41.490 16,1

Sudoeste 64.260 9,0 50.000 4,6 27.790 3,3 6.440 2,5

Centro-Sul 23.480 3,3 15.640 1,4 16.170 1,9 4.050 1,6 Sudeste 1.110 0,2 1.600 0,1 2.950 0,3 330 0,1

Fonte: IBGE (2008)

Gráfico 11- Distribuição da área desmatada por Mesorregião em Mato Grosso Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE

Gráfico 12- Evolução da área de desmatamento em Mato Grosso comparativo com a produção do Brasil Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE

Sendo assim é possível que não exista uma força principal que impulsione ou que

explique sozinha o desmatamento em Mato Grosso. As causas são várias e decorrem de uma

combinação sofisticada de diversas variáveis e fatores. Kaimowitz e Angelsen (1998), por

exemplo, sugerem em relação à interação entre os diversos agentes que “na prática, a

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interação entre os distintos agentes freqüentemente torna impossível separar os impactos

causados por cada um e sua importância relativa. Pecuaristas e madeireiros muitas vezes

facilitam a entrada de pequenos colonos em áreas de florestas, os fazendeiros se dedicam a

alguma atividade madeireira para financiar a expansão agrícola, e pecuaristas seguem

pequenos colonos e fazendeiros em áreas de fronteira agrícola”.

Para melhor visualização da área de estudo da incidência da problemática do

desmatamento no território matogrossense, traz se o mapa 01, para que se possa visualizar as

fronteiras da Amazônia legal, o arco do desmatamento e a BR-163, a qual vários

pesquisadores, atribui como sendo uma das principais causas do desmatamento em Mato

Grosso.

Figura 1 - Municípios brasileiros que indicaram desmatamento, com destaque para a Amazônia Legal, o Arco do Desmatamento e a BR-163 - Brasil - 2002

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2002.

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Na década de 70 e até princípio dos anos 80, a agricultura de exportação no cerrado

diminuiu a demanda por mão-de-obra. A concentração de terras no Sul/Sudeste empurrou os

pequenos fazendeiros e colonos para a fronteira, provocando um crescimento no preço da

terra que só parou com a explosão da taxa de juros real no fim dos anos 80. A razão

arrendamento/preço da terra caiu continuamente (especulação e demanda por ativos físicos).

A crise econômica (custo oportunidade da mão-de-obra mais baixo) incentivou o sonho do

Eldorado do Norte (garimpos). Os prefeitos, por sua vez, fizeram (e ainda fazem) de tudo para

atrair migrantes, madeireiros e fazendeiros, única forma de aumentar o ICMS, o FPM, e

eventualmente seus votos: crédito e infra-estrutura que viabilizariam estes agentes vêm

depois, mas apenas eventualmente.

A dinâmica dos desmatamentos é diferente entre os estados da Amazônia, que tem

suas políticas fundiárias e históricos de ocupação distintos. O processo dos desmatamentos

em Rondônia, caracterizado pela ocupação de pequenos colonos, é bastante distinto dos

ocorrentes no Pará e no Mato Grosso. É diferente também em relação à localização ao longo

do arco do desmatamento, dependendo principalmente do grau de consolidação da fronteira –

isto é, da distância aos mercados, da existência de mão-de-obra e de infra-estrutura,

particularmente de estradas, da disponibilidade de terras devolutas em relação às privadas – e

também do tipo de vegetação (e portanto da existência de madeiras comercializáveis).

Em formações pioneiras e campinaranas, por exemplo, a participação dos grandes

desmatamentos é literalmente zero. De acordo com dados do INPE, nas florestas ombrófilas

densa e aberta, os desmatamentos maiores que 500 hectares não chegam a representar 20 por

cento, enquanto que aqueles menores que 50 hectares representam cerca de 50 por cento. Mas

na região de contato, que é coincidente com o Arco, os desmatamentos maiores que 500

hectares representam um terço do total, enquanto que a contribuição dos desmatamentos

menores que 15 hectares tem caído continuamente até representar hoje menos que 5 por cento.

Os dados de desmatamento do INPE para o período 2001-2007 indicam um aparente

crescimento da participação dos pequenos colonos nos desmatamentos totais. No entanto não

é possível inferir isto com os dados do INPE que não detectam áreas menores que 6 hectares e

que não são cumulativos. Mesmo assim, como os dados não foram publicados na íntegra,

nossa reação inicial é a de que este crescimento em princípio não parece significativo, não

muda a importância capital dos grandes pecuaristas, e não altera as lógicas e interações entre

os diversos agentes. Os dados disponíveis tampouco qualificam se foram desmatamentos em

áreas já consolidadas (desmatamentos autorizados) ou se em áreas sem ocupação antrópica.

De qualquer forma, o processo de posterior compra e concentração da posse da terra

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definitivamente não se altera em função de um ligeiro crescimento da participação relativa

dos pequenos desmatamentos.

Do ponto de vista econômico, a expansão da fronteira pode ser explicada i) pela

pressão causada pela expansão da atividade agropecuária, ii) pela existência de agentes com

custos de oportunidade bastante diferenciados, que geram uma ocupação aonde os direitos de

propriedade evoluem gradualmente até a consolidação da posse e titulação da terra, e iii) pela

visão de curtíssimo prazo dos primeiros agentes, que tem todo o incentivo de minerar o mais

rapidamente possível a base de recursos naturais (Schneider, 1995). Com o amadurecimento

da fronteira, fazendeiros de médio e grande porte compram as terras ocupadas pelos primeiros

ocupantes, cobrindo seus próprios custos de oportunidade. O acesso dos primeiros agentes é

em grande medida viabilizado pela atividade madeireira que, ainda que não contribua

diretamente para os desmatamentos, termina por ser um importante vilão do processo. Os

desmatamentos causados pelos grandes proprietários em áreas já consolidadas, que hoje

respondem pela maior parte dos desmatamentos na Amazônia, obedecem menos a uma lógica

de ocupação de fronteira e mais àquela de capitalistas que decidem investir na expansão de

suas atividades.

O processo de "abertura de novas frentes" depende portanto inicialmente de um

casamento entre dois principais atores: de um lado os madeireiros e de outro os trabalhadores

rurais e agricultores despossuídos. Estes últimos são exatamente os agentes que tem menores

custos de oportunidade. Os madeireiros necessitam da escassa mão-de-obra nas regiões

distantes onde a madeira é abundante, as terras não tem dono, e a fiscalização (de todo tipo) é

inexistente. Estes trabalhadores são atraídos às vezes com a promessa de futuros

assentamentos privados, às vezes se incorporam ao pequeno contingente de trabalhadores do

setor, ou simplesmente se instalam nestas distantes fronteiras iniciando uma prática de

agricultura de subsistência, que depende totalmente da chamada "mineração de nutrientes"

oferecidos pela base de recursos naturais da floresta. E iniciam assim uma conhecida trajetória

de sobrevivência extremamente penosa e ao mesmo tempo destruidora do meio ambiente.

Estes agentes, entretanto, têm uma contribuição cada vez menor nos desmatamentos totais da

Amazônia.

A partir da penetração inicial em terras devolutas, inicia-se um processo de aquisição e

consolidação de direitos de propriedade, assunto por sua vez intimamente ligado à evolução

do mercado de terras. Este mesmo processo vai se dar em terras já demarcadas e/ou com um

maior grau de "apropriação". Em ambos os casos, os direitos de propriedade na fronteira só

podem ser assegurados com a ocupação física da terra. Esta ocupação nos momentos iniciais

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obviamente é mais importante do que qualquer eventual documento de posse. A grande

incerteza sobre a posse da terra e a perspectiva de uma eventual titulação posterior, mesmo

que decorrente de uma invasão e ocupação violenta, induz a existência de exércitos de

grileiros e posseiros, agentes especializados em ocupar terras e garantir sua posse até uma

eventual legalização, muitas vezes financiados por grandes madeireiros e latifundiários. Estes

grileiros freqüentemente incentivam as invasões de terras por pequenos colonos para depois

comprá- las novamente, o que lhes garantirá a futura titulação.

No caso dos projetos de assentamento, os colonos podem ficar na mesma terra por

alguns anos, e somente mais tarde vender seus lotes, dependendo das condições de produção

(voltada para a subsistência) e do apoio do INCRA. Este apoio inclui não apenas uma ajuda

direta através de cestas básicas por um período de até três anos e o financiamento a fundo

perdido da pequena produção, mas também a titulação da terra. Ainda que teoricamente estas

terras não sejam comercializáveis nos primeiros anos, há uma evidente pressão pela revenda.

Entre os principais determinantes da rotatividade estão menos a perda da fertilidade e mais o

fato de que, com o tempo, a posse da terra fica mais segura.

De qualquer forma, uma boa parte das terras de assentamento do INCRA são distantes

e de acesso apenas parcial durante o ano. Mesmo com crédito facilitado, muitos colonos não

agüentam e migram, vendendo seus pequenos lotes (50-100 ha). Sendo de difícil acesso, estas

terras são vendidas por preços muito baixos a grandes fazendeiros, que tem condições de

esperar o avanço da fronteira para eventualmente iniciar algum tipo de atividade. Fica de todo

modo difícil de entender, ou de aceitar como justa, a lógica do INCRA quando assenta esta

gente em terras totalmente improdutivas e distantes. Não há como descartar interesses

políticos e econômicos no sentido de perpetuar o processo que principia com uma fachada

social mas que termina por passar a titularidade de terras para grandes fazendeiros e

pecuaristas, concentrando a posse.

Entre a primeira ocupação de uma terra florestada e a titulação desta terra em cartório

já convertida em pasto, pode haver um aumento de mais de cem vezes no valor da terra. Do

ponto de vista econômico este processo especulativo se origina na característica de livre

acesso das terras originalmente desocupadas (devolutas ou não). Quando os direitos de

propriedade não são bem definidos, o horizonte de planejamento dos agentes diminui

enormemente, de modo que as perdas com a mineração do capital natural não se incorporam

em suas decisões (lucros) no curto prazo. Isto quer dizer que há uma maior pressão por

desmatamentos.

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Quanto a este processo, Kaimowitz & Angelsen (op.cit.) sugerem que “as florestas

podem ser desmatadas além do ponto onde os benefícios correntes líquidos são zero (solução

de um regime de propriedade privada) por pelo menos três motivos: i) as florestas são

desmatadas até o ponto em que o valor presente líquido da terra vale zero. Mesmo que o lucro

seja negativo nos primeiros anos, o progresso tecnológico, novas estradas, etc., vão fazê- lo

rentável no futuro; ii) a floresta é desmatada para capturar um lucro esperado através de venda

futura, um fenômeno parecido com o observado na bolsa de valores (“rational bubbles”); iii)

em situações com poucos atores competindo pela terra florestada, o desmatamento de um

agente afeta os custos dos outros agentes, alguns grupos podem ter o incentivo de “espremer

os outros” desmatando o máximo possível”.

Este processo violento, em grande medida ilegal, de conversão de florestas em

propriedades particulares tituladas não seria possível sem a “generosa” concessão fraudulenta

de títulos de propriedade e a corrupção generalizada no mercado de terras. Este assunto foi

discutido pessoalmente com procuradores de alguns Ministérios Públicos Estaduais da região

que reconheceram ser este não apenas um dos pontos cruciais em todo o processo de

ocupação de terras na Amazônia, mas também ser ele o mais extraordinariamente complexo

de se reverter.

Os próprios MPs sentem-se incapacitados de deslanchar operações que possam

minimamente ameaçar as práticas estabelecidas. O fato é que inúmeras terras hoje tituladas

poderiam ser legalmente contestadas, pois a transformação de terras devolutas em terras

privadas com títulos reconhecidos em cartórios depende da prévia revisão do histórico de

titularidade da terra, o que simplesmente não é feito pelos cartórios na esmagadora maioria

das vezes.

A despeito da ocorrência deste processo especulativo em larga medida como

conseqüência da corrupção e das fraudes cartoriais, a percentagem de área cultivada sem

direitos de propriedade tem diminuído substancialmente, sugerindo que os novos

desmatamentos tem se dado mais em áreas já consolidadas e em terras privadas. Além disto, a

demanda por direitos de propriedade pode também estar diminuindo na nova fronteira, como

também atesta a forte tendência decrescente do preço das terras, enfraquecendo a especulação.

A evolução do mercado de terras em Mato Grosso reflete diretamente o próprio

processo dos desmatamentos na região. A possibilidade de ganhos de capital com a compra e

venda de terras promove potencialmente uma corrida pela posse, e o desmatamento é a

principal forma de se garantir direitos de propriedade.

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4.1 - Desmatamento por corte raso

Entre as mais diferentes causas do desmatamento na Amazônia brasileira, e

principalmente no Estado de Mato Grosso, a principal tem sido a conversão de florestas em

pastagens extensivas para a criação de gado (Margulis, 2003, Alencar et al., 2004), sobretudo

quando associadas à situação fundiária menos clara ou sem controle. Neste início de Século

XXI, ainda é possível verificar que mais de 70% do desmatamento na região resultam da

formação de pastagens. O processo de desmatamento por corte raso é aquele que resulta na

remoção completa da cobertura florestal em um curto intervalo de tempo. Nesse processo, a

cobertura florestal é totalmente removida e substituída por outras coberturas e usos (agrícola,

pastagem, urbano, hidroelétricas, etc.). O processo normalmente se inicia antes ou durante o

período chuvoso que precede o corte de fato da floresta com o que é localmente denominado

de “brocagem”. É o corte com foice ou machado das árvores menores e, principalmente, das

lianas (cipós), para facilitar o corte das árvores de maior porte que se dará na próxima fase.

Durante a estação chuvosa essas plantas se degradam e com isso evita-se acidentes na fase de

corte propriamente dito. As árvores de maior porte são derrubadas com motosserras no início

da estação seca.

Fica a biomassa no solo, que é queimada basicamente entre julho e setembro. No final

desse processo pode-se ou não agregar a biomassa remanescente em leiras para queimas

subseqüentes. Forma-se a pastagem por semeadura de gramíneas africanas, que se dão bem na

Amazônia porque resistem ao fogo. Esse foi o processo mais comum na região durante as

décadas de 80 e 90.

Processo de desmatamento por corte raso, denominado “corte e queima”, em que toda

a vegetação é derrubada e queimada em pouco tempo.

4.2 O Desmatamento por degradação florestal

O desmatamento por degradação, consiste no mesmo processo de desflorestamento

anterior, entretanto neste sistema as árvores de maior valor econômico são extraídas antes dos

procedimentos de limpeza por queimadas. Sendo assim, primeira etapa deste tipo de

desmatamento dar-se-á pela retirada das madeiras nobres. Logo na seqüência o capim é

plantado, e ao mesmo tempo que ocorre o desmatamento, levando um certo tempo para

crescer. No ano seguinte o gado e a pecuária entram na floresta, enquanto ela ainda não

desapareceu. Após plantação do capim e a alocação do rebanho nesta área, inicia-se a

primeira queimada, com o objetivo de limpar a vegetação rasteira e dar lugar ao pasto. Com

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este procedimento, algumas árvores de porte menor vão morrerem, as outras sobreviverão até

a segunda queimada, quando o processo estará devidamente completado e só restará o capim

necessário à atividade agropecuária. Devido à resolução espacial das imagens de satélites e do

tempo que este processo dura – geralmente mais de 3 anos - é difícil indicar a existência de

degradação antes que o corte atinja 50% do processo. Nas sessões que seguem são definidos

os processos de desmatamento detectados pelo DETER e apresentados exemplos de padrões

identificados e confirmados com dados de campo, de corte raso e degradação florestal

progressiva, com diferentes intensidades.

Regiões Críticas De 2003 a 2005, a região Centro-Norte(conf. Mapa abaixo) foi a região com maior

participação (42%) no desmatamento em Mato Grosso. Em uma situação intermediária

aparecem as regiões Noroeste (18%), Extremo Norte (16%) e Nordeste (12%). Por último, as

outras regiões possuem áreas menores de remanescentes florestais e o desmatamento foi

proporcionalmente bem menor [Sudoeste(6%), Sudeste (5%) e Sul (2%)] (Tabela 6). Com

base no SAD(Sistema de Alerta de Desmatamento), as regiões mais afetadas pelo

desmatamento no período de agosto de 2005 a julho de 2006 são Centro Norte, Extremo

Norte e Nordeste (Figura 02).

Figura 2 - Distribuição do desmatamento em áreas de florestas no Estado de Mato

Grosso Fonte: SEMA-MT (2006)

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5- METODOLOGIA

5.1 Materiais e métodos

5.1.1 Área de Estudo A área de estudo e teste da metodologia situa-se no estado de Mato Grosso que ocupa

uma área de 906.806 Km2 dentro do Brasil, corresponde a aproximadamente 18,2% da

Amazônia Legal, localiza-se a oeste do Meridiano de Greemwich a sul da Linha do Equador

com fuso horário de -4 horas em relação a hora mundial GMT. No Brasil, o estado faz parte

da região Centro-Oeste pela divisão do IBGE, e pela divisão geoeconômica faz parte da

Região geoeconomica Anazonica do Brasil ao centro-norte, e também da região

geoeconomica centro-sul ao centro-sul. O estado de Mato Grosso faz fronteiras com os

estados de Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Pará, Amazonas, Rondonia e um país, a

Bolívia. Conforme figura 3 abaixo:

Figura 3 – Localização geográfica do estado de Mato Grosso Fonte: IBGE

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O estado de Mato Grosso tem mostrado altas taxas de desflorestamento, chegando à

perdas de frações consideráveis da cobertura florestal (Alves,1999). Como pode ser observado

no mapa 4 abaixo, uma grande parte do território matogrossense se encontra inserida no arco

do desmatamento, principalmente as regiões Norte e Nordeste:

Figura 4 - Arco do desmatamento na Amazônia legal Fonte: MMA, 2002

A ocupação desta região se deu à partir dos anos 50 e com maior intensidade nos anos

60 e 70 quando da abertura da BR-364 como eixo de penetração e criação de políticas

governamentais de incentivo a colonização, resultando em grandes fluxos migratórios,

provenientes principalmente do sul do país (Becker, 1997). O tipo de ocupação predominante,

é o dos assentamentos estabelecidos pelo INCRA, permeado por áreas de grandes e médios

estabelecimentos rurais e de ocupação espontânea. A pecuária é a principal atividade

desenvolvida na região, que também inclui áreas de agricultura de subsistência e culturas de

Arroz e milho.

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5.1.2 Fontes de Dados

O segundo procedimento de pesquisa utilizado neste trabalho foi à obtenção de

informações de fontes secundárias (levantamento de dados), que, sintetizadas e analisadas,

traçaram o panorama das principais atividades agrícola e pecuária nos municípios do Estado

de Mato Grosso.

Os dados foram obtidos junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral (SEPLAN) e Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais (INPE).

5.1.2.1 Dados da Produção Agrícola Municipal do IBGE:

Os dados do IBGE, foram usados para caracterizar a produtividade agrícola por hectare na

área de estudo. As informações utilizadas nesta dissertação referem-se às áreas de produção

da Cana de açúcar, algodão, Milho e Soja(em hectare) anualmente nos municípios de Mato

Grosso, durante o período de 2001 e 2007. Estas variáveis foram pesquisadas pela Produção

Agrícola Municipal – PAM e faz parte do banco de dados agregados, disponível no Sistema

IBGE de Recuperação Automática - SIDRA (IBGE, 2008).

A área de produção de Algodão em caroço refere-se à área colhida em hectares no

município na data de referência da pesquisa, assim como à área de produção Cana de

Açúcar, produção de Milho e a produção de Soja (IBGE, 2008). Estas informações foram

usadas como indicadores da expansão ou retração das áreas de cultivo do Algodão, Cana de

Açúcar, Milho e Soja.

Tabela 7 - Principais Atividades agrícolas para fins comerciais de Mato Grosso Variável Descrição Unidade Fonte Algodão Herbáceo

Hectares IBGE - PAM Cana de Açúcar Milho 1ª e 2ª Safra Soja Em grão

Fonte: Elaborada pelo autor

5.1.2.2 Dados da Produção Pecuária Municipal do IBGE:

Dados obtidos do IBGE, foram usados para caracterizar a evolução da pecuária na área

de estudo. As informações utilizadas neste trabalho referem-se a área de pastagens com a

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alocação do efetivo do rebanho bovino (cabeças) estimado anualmente para os municípios do

Mato Grosso, durante o período entre 2001 e 2007. Esta variável foi pesquisada pela

Produção da Pecuária Municipal – PPM e faz parte do banco de dados agregados, disponível

no Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA (IBGE, 2008).

O efetivo do rebanho bovino refere-se ao número total de cabeças de bovinos existentes

no município na data de referência da pesquisa, considerando o gado comum ou de raça,

independentemente do sexo e idade, em todas as categorias do rebanho (IBGE, 2008), a qual

foi transformada para área de pastagens, com utilização de uma UA(média) de 1 cabeça por

hectare para todos os município de Mato Grosso. Estas informações foram usadas como

indicadores do aumento ou diminuição da área de pastagens (plantadas) preenchida com a

criação do rebanho bovino.

Tabela 8 - Atividade Pecuária (Bovinos) de Mato Grosso

Variável Descrição Unidade Fonte

Bovinos Área de Pastagens Plantadas e natural

Hectares IBGE - PPM

Fonte: Elaborada pelo autor

5.2 Metodologia Estatística

A metodologia utilizada no desenvolvimento desse trabalho pode ser dividida em três

etapas principais. A primeira, refere à aquisição e à manipulação inicial dos dados; a segunda

e a terceira, referem-se respectivamente, ao tratamento e análise dos dados coletados,

referente a área do desmatamento e a área de cultivo das principais atividades agropecuárias

realizadas no estado de Mato Grosso no período de 2001 a 2007.

5.2.1 Tipo de pesquisa Os objetivos desta pesquisa são atingidos com a utilização da pesquisa quantitativa e

uma complementar qualitativa.

A pesquisa quantitativa, segundo Richardson (1999) é caracterizada pelo emprego

tanto nas modalidades de coleta de informações quanto no tratamento destas por meios

estatísticos desde as mais simples, como percentual, média, desvio-padrão, ás mais

complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão, entre outras.

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Com a finalidade de analisar a existência de associação linear entre o desmatamento e

os tipos de produção em estudo (Algodão, Bovino, Cana de Açúcar, Milho e Soja) será

necessário do uso coeficiente de correlação de Pearson, considerando como elementos as

microrregiões e os anos 2001 até 2007, após com a finalidade de identificar como se encontra

o desmatamento em cada região se aplicará o mesmo coeficiente.

As fórmulas para o cálculo da correlação de Pearson serão feitas através de:

( 1 )

Em que, segundo Martins (1999), o coeficiente de correlação apresenta algumas

características importantes: primeiro é adimensional; segundo indica se a correlação é perfeita

e positiva será igual a (+1) e se for perfeita mas negativa, então o coeficiente será igual a (- 1);

e por fim se não existir correlação linear perfeita, os valores estarão entre -1 e 1.

Ainda, segundo Hill et al.(2003), se a correlação for igual a 0, isto significa que não

existe qualquer correlação entre as variáveis. Enquanto que dentro desse intervalo, existem

diferentes níveis de correlação, conforme apresentado a seguir: a) 0 a 0,2 ou -0,2: Correlação muito fraca;

b) 0,2 a 0,4 ou -0,2 a -0,4: Correlação baixa ou fraca;

c) 0,4 a 0,6 ou -0,4 a -0,6: Correlação moderada;

d) 0,6 a 0,8 ou -0,6 a -0,8: Correlação boa ou forte;

e) 0,8 a 1 ou -0,8 a -1: Correlação muito boa ou quase perfeita.

Para realização dos cálculos foi utilizado o pacote Excel 2007. Nesse mesmo contexto

um teste para identificar conjuntamente o comportamento das variáveis e analisar se os

resultados de coeficiente de Pearson são os mais adequados é a utilização do método de

Análise de Fator, que é um método multivariado.

Para Ferreira (1996), os métodos estatísticos multivariados são estudados a partir de

um conjunto de muitas variáveis, onde os dados são coletados ou mensurados. Para analisar

os dados coletados existem alguns objetivos de técnicas multivariadas:

• Redução de dados ou simplificação estrutural;

• Ordenação e agrupamento;

• Investigação da dependência entre variáveis;

• Predição de uma ou mais variáveis com base na observação de outras variáveis.

Em BARROSO (2003), esta técnica possibilita saber o quanto cada fator está

associado a cada variável e o conjunto de fatores explica a variabilidade total dos dados

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originais. A análise fatorial possibilita trabalhar com um número reduzido de variáveis sem

perda significativa de informações. Um dos métodos mais utilizados baseia-se na análise de

componentes principais, sendo que neste método não há pressuposição da normalidade dos

dados. Na técnica multivariada, a análise fatorial via método das componentes principais tem

o intuito de resumir o padrão de correlação entre as variáveis e muitas vezes é possível chegar

a um conjunto de variáveis que não sejam correlacionadas umas com as outras.

Algebricamente, os componentes principais são combinações lineares das variáveis originais.

Segundo Ferreira (1996), a técnica de análise de fatores com o propósito essencial de

descrever, se possível, as relações de covariância entre diversas variáveis em função de

poucas, não observáveis, quantidades aleatórias denominadas de fatores. Sob o modelo de

fatores cada variável resposta é representada por uma função linear de uma pequena

quantidade de fatores comuns, não observáveis, e de uma simples variável latente específica.

Os fatores comuns geram as covariâncias entre as variáveis observadas e os termos

específicos contribuem somente para as variâncias de suas respostas relacionadas. Os

coeficientes dos fatores comuns não são restritos a condição de ortogonalidade, o que confere

generalidade, apesar de se exigir normalidade dos dados e a determinação, a priori, do número

de fatores.

Supondo que o sistema multivariado consiste de “p” resposta descritas pelas “p”

variáveis observáveis aleatórias X1, X2, ... , Xp. Assumindo que o vetor de observações

multivariadas X possui média µ e covariância Σ, então, o modelo de fatores pressupõe que o

vetor X é linearmente dependente de algumas poucas variáveis não observáveis F1, F2, ..., Fm

chamadas de fatores comuns, e “p” fontes de variações adicionais ε1, ε2, ..., εp chamadas de

erro ou de fatores específicos. O modelo de fatores pode ser especificado por:

Considerando a notação matricial

O interessante desta metodologia é evidenciar o grau de associação entre os fatores

em estudo, para a elaboração computacional será considerada o software Minitab 15.0.

Até esta parte estar-se-á conseguindo identificar que tipo de produção em estudo esta

relacionada ou associada ao desmatamento, é evidente que esta pesquisa busca descobrir qual

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tipo de produção afeta ou estimula ao desmatamento no estado de Mato Grosso. Para isto, será

considerado o método de cointegração, a idéia da aplicação desta metodologia é identificar se

historicamente o desmatamento tem um comportamento parecido com algum tipo de

produção importante de Mato Grosso, isto é, se o desmatamento cresce é porque algum fator

de produção cresce quase na mesma proporção. Uma definição apresentada por Da Mata

(2005), afirma que duas ou mais series estão cointegradas se elas se movimentam

conjuntamente ao longo do tempo e que as diferencias entre elas são estáveis, isto é, são

estacionarias, mesmo que cada serie tenha um componente de tendência estocástica e seja por

tanto não estacionária.

A idéia é aplicar o método de Johansen que utiliza o modelo de vetor autorregressivo

(VAR) a qual permite obter o teste de causalidade, a qual se caracteriza por determinar que

variável endógena pudesse considerar-se como exógena, com a finalidade afirmar que essa

variável exógena está explicando à outra que é endógena. Para rodar o método de Johansen

será utilizado o pacote econométrico EVIEWS V. 5.1

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6. RESULTADOS

Neste trabalho utilizam-se informações contidas no banco de dados (PRODES -INPE),

do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – SIDRA (PAM e PPM) e Secretaria

de Estado de Planejamento e Coordenação Geral (SEPLAN). Serão consideradas as atividades

de produção de Algodão, Cana de Açúcar, Milho, Soja e Pecuária sobre o desmatamento nos

municípios de Mato Grosso.

Os dados que constam neste trabalho foram obtidos no INPE (áreas desmatadas por

hectares nos ano de 2001 a 2007) e IBGE e SEPLAN (área de produção de Algodão, Cana de

Açúcar, Milho e Soja; e atividade pecuária (área de Pastagens), no período de 2001 e 2007).

Na análise de correlação de Pearson, a variável dependente é a área desmatada por hectares

nos 141 municípios de Mato Grosso, agrupadas em Mesorregiões, e as variáveis

independentes: a área de produção em hectare das atividades de cultivo de Algodão, Cana de

Açúcar, Milho, Soja e criação Pecuária em área de pastagens entre 2001 a 2007.

6.1 Correlação entre as variáveis Para esta da pesquisa foi considerado o coeficiente de Pearson em seu conjunto, obtendo a Tabela 9. Tabela 9 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias

em Mato Grosso Desmatamento Algodão Cana Milho Soja Bovino

Período 2001-2004 0,31916 -0,06208 0,934859 0,902293 0,969922 Período 2001-2005 0,336331 -0,06322 0,906615 0,874551 0,948883 Período 2001-2006 0,321457 -0,05879 0,809903 0,785735 0,863226

Período 2001-2007 0,284689 -0,05868 0,641066 0,747347 0,805864 Fonte: Base de dados da pesquisa

Pode-se observar nesta tabela que se considerarmos a linha de desmatamento o Milho,

Soja e Bovino, estão fortemente correlacionados com o desmatamento em Mato Grosso, neste

viés pode-se dizer que o algodão possui uma fraca correlação com o desmatamento e a cana

de açúcar possui uma correlação muito fraca, ficando muito próximo de zero.

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Com a finalidade de aprofundar mais um pouco o estudo sobre esta correlação, se

considerou as tabelas a seguir que é uma medição do comportamento do desmatamento frente

as principais atividades agropecuárias em cada uma das 05 Mesorregião do Estado de Mato

Grosso.

Tabela 10 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião do Norte de Mato Grosso

Desmatamento Algodão Cana Milho Soja Bovino

Período 2001-2004 -0,00389 0,803814 0,988065 0,986537 0,986435 Período 2001-2005 -0,11312 0,545975 0,634801 0,4869 0,629128 Período 2001-2006 -0,1398 -0,09887 0,038042 -0,11166 0,033007

Período 2001-2007 -0,4771 -0,43994 -0,44967 -0,17865 -0,16078 Fonte: Base de dados da pesquisa

Segundo esta tabela pode-se observar que no período 2001 a 2007, na região norte de

Mato Grosso, não existe nenhuma atividade agropecuária que poderia ser responsável pelo

desmate na região. Fato este muito estranho, pois toda a literatura indica que a região norte do

estado é uma das regiões que mais tem desmatado no Brasil nesta última década. Numa busca

investigatória, afim de esclarecer tal fato, passou-se a efetuar novos cálculos de correlação

avaliando períodos mais curtos, para isto, optou-se em excluir o ano de 2007 da base de

cálculos para a mesorregião Norte de Mato Grosso, realizou a analise de correlação apenas do

período de 2001 a 2006, os resultados conforme demonstrado na tabela acima, passaram a

apontar para uma correlação muito fraca entre o desmatamento e as atividades agropecuárias

do milho e bovinos. Excluindo-se os dados dos anos 2006 e 2007, portanto levando em

consideração tão somente os dados de 2001 a 2005, como é apresentado na tabela acima, estes

passaram a apontar para uma correlação moderada para as atividades Cana de Açúcar e Soja e

uma correlação forte para as atividades Milho e Bovinos. Diante dos resultados alcançados,

resolveu-se excluir também os dados de 2005, passando a realizar a análise de correlação do

período de 2001 a 2004, onde os resultados apontaram para uma correlação muito boa ou

quase perfeita para as atividades Cana de Açúcar, Milho, Soja, Bovinos e o desmatamento.

No intuito, de evidenciar a tendência apresentada na tabela acima, onde foi estudado a

Mesorregião Norte do Estado de Mato Grosso, foi realizado os mesmos procedimentos para

as demais regiões do estado.

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Tabela 11 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião do Nordeste de Mato Grosso

Desmatamento Algodão Cana Milho Soja Bovino

Período 2001-2004 -0,24838 -0,80016 0,180324 0,236126 0,477852 Período 2001-2005 0,222295 -0,77254 0,263058 -0,55517 -0,30026 Período 2001-2006 0,877707 -0,64149 0,193644 -0,55851 -0,55801

Período 2001-2007 0,474129 -0,78527 -0,38524 -0,53204 -0,64965 Fonte: Base de dados da pesquisa

A partir desta tabela para o período 2001 a 2007, pode-se indicar que apenas a

atividade algodão está moderadamente correlacionada ao desmate na região, enquanto que as

demais atividades estão cedendo área para outras atividades produtivas, exercendo assim uma

pressão pela desaceleração do desmatamento na região. Nessa mesma tabela, onde são

analisados os dados do período 2001 a 2006, percebe-se que a atividade produtiva algodão

nesta região está fortemente correlacionada com o desmatamento, enquanto que o milho está

correlacionado com o desmate de forma muito fraca e as demais atividades não possui relação

positiva com o desmatamento. Para o período de 2001 a 2005, somente as atividades algodão

e milho existem com uma relação positiva com o desmatamento na região Nordeste, no

entanto esta correlação e bastante fraca. Para o período 2001 a 2004, pode-se observar que as

atividades Milho, Soja e Bovinos apresentam correlação fraca/moderada em relação ao

desmatamento na região.

Tabela 12 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias

na Mesorregião do Sudoeste de Mato Grosso Desmatamento Algodão Cana Milho Soja Bovino

Período 2001-2004 0,362952 -0,97941 -0,89108 -0,89387 -0,9903 Período 2001-2005 0,157975 -0,72372 -0,24995 -0,97563 -0,83755 Período 2001-2006 0,150048 -0,68582 0,113931 -0,93898 -0,70477

Período 2001-2007 -0,1268 -0,82853 -0,43229 -0,8542 -0,47187 Fonte: Base de dados da pesquisa

A partir desta tabela no período 2001 a 2007, pode-se indicar que nenhuma variável

esta relacionada ao desmate na região. Considerando o período 2001 a 2006, pode-se indicar

que apenas algodão e milho possui correlação positiva com o desmate na região, mas em

níveis muito fraco. Para o período 2001 a 2005, observa-se que apenas a área de cultivo de

algodão possui correlação positiva com o desmate na região, em níveis muito fracos. Já para o

período 2001 a 2004, pode-se evidenciar que a produção de algodão está relacionada ao

desmate da região.

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Tabela 13 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião do Centro Sul de Mato Grosso

Desmatamento Algodão Cana Milho Soja Bovino

Período 2001-2004 0,409417 -0,68994 -0,25463 -0,41805 -0,62879 Período 2001-2005 0,357031 -0,69301 -0,36622 -0,47812 -0,65737 Período 2001-2006 0,38693 0,012748 -0,4654 -0,53967 -0,65635

Período 2001-2007 -0,04558 0,641977 -0,37352 -0,15073 -0,30973 Fonte: Base de dados da pesquisa

Na região Centro Sul de Mato Grosso no período 2001-2007, pode se observar que a

produção de Cana de Açúcar esta relacionada linearmente com o desmatamento,

correlacionada de forma positiva e forte. Os dados para período 2001-2006, pode se observar

que a produção de Algodão e Cana de Açúcar esta relacionada linearmente com o

desmatamento, correlacionada de forma fraca e muito fraca respectivamente. No período

2001-2005 na presente tabela, pode-se observar que apenas a área de cultivo de algodão

possui correlação positiva com o desmate na região, em níveis fracos. Já para o período 2001-

2004, pode-se dizer que também apenas a área de cultivo de algodão possui correlação

positiva com o desmate na região, mas em níveis moderados.

Tabela 14 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na mesorregião do Sudeste de Mato Grosso Desmatamento Algodão Cana Milho Soja Bovino

Período 2001-2004 0,121817 0,330753 0,239217 0,334858 0,468728 Período 2001-2005 0,512051 0,569022 0,596718 0,643113 0,380578 Período 2001-2006 0,51068 0,489182 0,198232 0,610723 0,386788

Período 2001-2007 -0,1164 0,274289 -0,56199 0,526484 0,534756 Fonte: Base de dados da pesquisa

Considerando a tabela acima, tomando por base os dados do período 2001 a 2007, pode-se

observar que as atividades Soja e Bovinos estão relacionadas com o desmate da região

sudeste, a um nível moderado, enquanto que a atividade Cana de Açúcar está relacionada com

o desmate da região ao nível de correlação fraca. Para o período 2001 a 2006, aponta que

todas as atividades agrícolas estejam relacionadas com o desmate da região sudeste, sendo

que o algodão e cana se relacionam a um nível moderado e a soja a um nível forte e ainda a

cultura do milho se relaciona a um nível muito fraco, enquanto que a atividade pecuária esta

relacionada com o desmate da região ao nível de correlação fraca. Considerando o período

2001 a 2005, na tabela é possível analisar que todas as atividades agrícolas estão relacionadas

com o desmate da região sudeste, a um nível moderado/forte, enquanto que a atividade

pecuária esta relacionada com o desmate da região ao nível de correlação fraca. Para o

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período 2001 a 2004, pode-se observar que todas as atividades produtivas Algodão, Cana de

Açúcar, milho, Soja e a Produção de Bovino estão relacionadas com o desmatamento ao nível

bastante fraco/moderado, isto é, não muito correlacionado.

Com a finalidade de comprovar que a produção de Algodão e da Cana de Açúcar não

esta relacionada ao desmatamento, foi considerada o Método Multivariado de Análise de

Fator, que graficamente apresenta o seguinte resultado:

2,52,01,51,00,50,0-0,5-1,0

2,0

1,5

1,0

0,5

0,0

-0,5

-1,0

-1,5

Primeiro Fator

Segu

ndo

Fa

tor

DesmatamentoBovino

SojaMilho

Cana

Algodão

Gráfico 13 – Relação entre o Desmatamento e principais atividades produtivas em MT Fonte: Base de dados da pesquisa

Observe-se no gráfico que a produção de Cana de Açúcar não vai no mesmo sentido

que o desmatamento, enquanto que a produção de Bovino, Milho, Soja encontram-se no

mesmo sentido que o desmatamento em Mato Grosso, o algodão vai no mesmo sentido mas

de uma maneira mais lenta, esta proposta coincide com os resultados apresentados na tabela 9.

Uma pergunta ficaria no ar, qual de eles se relaciona majoritariamente ao

desmatamento?

6.2 Análise de relação causal Nesta parte será usado o método de cointegração considerando o método de Johansen,

os resultados a seguinte metodologia se apresentam a continuação:

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Tabela 15 – Relação entre o Desmatamento no período de 2001-2007 e Atividades do Agronegócio por Mesorregião usando o teste VAR Grander Causality/Block Exogenety Wald Test

Fonte: Base de dados da pesquisa

Considerando a tabela 15, pode-se constatar que a produção de Cana de Açúcar em

definitiva não explica o desmatamento no estado de Mato Grosso no período em análise,

também é possível identificar que o crescimento da produção Bovina assim como da produção

de Soja são dois fatores que influenciam no desmatamento no estado de Mato Grosso, além

disso pode-se constatar que a produção de Milho também exerce alguma influência sobre o

desmatamento em Mato Grosso, mais isto em menor escala que a produção Bovina e da Soja,

ainda em menor escala encontra-se a produção de Algodão. Confirmando-se desta forma o

indicativo apontado no gráfico 13 e na tabela 9 por Messoregião.

Tabela 16 – Relação entre o Desmatamento no período de 2001-2007e Atividades do Agronegócio por Município usando o teste VAR Grander Causality/Block Exogenety Wald Test

Fonte: Base de dados da pesquisa

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Quando se faz uma avaliação mais ampla do problema e se avalia por Município, se

observa que o algodão não é muito responsável pelo desmatamento de Mato Grosso, isto é

devido a que esse tipo de produção é mais concentrado em certas regiões e não esta muito

disperso, em quanto a cana observa-se que é mais disperso mas em pequenas áreas, já as

outras três produções são de caráter mais extensiva.

Tabela 17 – Comparativo da evolução das atividades agropecuária em relação ao Desmate em Mato Grosso

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Algodão 257.762 412.315 328.050 290.531 470.780 482.391 392.408 560.838 Cana 135.029 166.510 176.750 196.684 206.829 205.961 202.182 219.217 Milho 562.582 536.420 723.135 880.623 941.125 1.043.815 1.079.980 1.648.671 Soja 2.906.648 3.121.353 3.818.231 4.413.271 5.279.928 6.106.654 5.822.867 5.075.079 Bovinos 18.924.532 19.921.615 22.183.695 24.613.718 25.918.998 26.651.500 26.064.332 25.683.031 Desmate 650.000 715.500 990.610 1.080.640 1.237.590 852.370 322.630 257.800

Fonte: Elaborada pelo Autor com base em dados do IBGE (SIDRA)

Ao observar a tabela acima, verifica-se que as atividades Cana de açúcar, Milho e

Bovinos tiveram um crescimento linear no período de 2001 a 2007, bem diferenciado do

comportamento do desmatamento que cresce acentuadamente no período de 2001 a 2004, e

no período de 2005 a 2007 tem uma desaceleração no incremento do desmatamento também

bastante acentuado, a qual pode ser atribuída às políticas governamentais implementadas em

2003 a nível federal e 2006 a nível estadual.

Ao observar os números da soja, pode-se verificar que existe uma semelhança ao

comportamento dos números do desmatamento, no entanto apresenta uma pequena defasagem

temporal. Já o cultivo do algodão, não assemelha com nenhuma das atividades produtivas

estudadas, demonstrando muitas oscilações no período, como pode ser observado no gráfico

abaixo.

Gráfico 14 – Evolução percentual das principais atividades agropecuária e do desmatamento em MT Fonte: Base de dados da pesquisa

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6.3 Análise dos resultados

Uma problemática que sofre o Estado de Mato Grosso é o aumento do Desmatamento

para fins agropecuários, o grande dilema é sempre quem seja o responsável, que tipo de

produção de alguma forma estimula as queimadas e o desmatamento.

No presente trabalho se obteve como resultado importante que a produção de Cana de

Açúcar e Algodão, que são duas importantes produções do Estado de Mato Grosso, de alguma

forma, não são as responsáveis pelo incremento no desmatamento em Mato Grosso.

Não obstante, ficou constatado com as técnicas estatísticas que as produções de Milho,

Soja, e Bovino de alguma forma afetam o crescimento do desmatamento na região.

Quando se avalia a Mesorregião Norte do Estado, é possível afirmar que nenhuma das

atividades produtivas estudadas, exercem pressão sobre o desmatamento nesta região. Por

tratar de uma região que encontra-se no arco do desmatamento, que existem uma atividade

produtiva bastante intensa. Resolve-se refazer os cálculos, utilizando apenas os dados de 2001

a 2006, com o argumento de que houve uma redução muito grande no incremento no

desmatamento do ano de 2007, a análise dos dados sem 2007 evidenciou que apenas as

atividades produtivas Milho e pecuária estava relacionando com o desmatamento da região

mas ainda assim de forma muito fraca.

Tendo em vista que no ano de 2006, também havia apresentada um acentuada taxa de

redução no incremento do desmatamento de 2005 para 2006, passa a analisar somente o

período de 2001 a 2005, retirando os dados de 2006.

Ao analisar este novo período, os resultados apontam que somente a atividade

produtiva algodão não está relacionada com o desmatamento da região Norte.

Portanto, como os resultados do período 2001 a 2005 apontam no sentido contrario aos

apontados no período de 2001 a 2007, passa-se a investigar os motivos que levaram a este

novo resultado.

A primeira e importante informação obtida, foi que diante dos alarmantes índices de

desmatamento na região amazônica, no período de 2000 a 2002 e início de 2003, o Governo

Federal cria um Grupo Permanente de Trabalho Interministerial para a redução dos índices de

desmatamento da Amazônia Legal, através do Decreto de N° 3 de Julho de 2003, o qual passa

a implementar o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia.

No entanto, tais medidas só começam a surtir efeitos em Mato Grosso a partir de 2005,

quando pode-se notar uma redução acentuada da taxa de desmatamento, ficando próximo de

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31% em relação ao ano anterior. Pode-se observar que essa tendência na redução do

desmatamento, continuou em ritmo acelerado nos anos seguintes 2006 e 2007.

Outra relevante intervenção foi em 2006, quando o governo do estado de Mato Grosso

coloca em ação o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso MT + 20, que busca regularizar

a ocupação do solo Matogrossense e implementa medidas de preservação do meio ambiente.

Com tais medidas e intensificação do combate ao desmatamento, através da

fiscalização estadual e federal, houve redução do desmatamento em níveis bem maior que a

redução apresentada nas atividades produtivas, desta forma os resultados apresentados nos

anos 2005, 2006 e 2007 foram retirados nas analises por Mesorregião.

Quando se avalia a Mesorregião Nordeste não houve evidencias para identificar

alguma produção que possa registrar como motivador pelo crescimento do desmatamento. O

mesmo acontece com a Mesorregião de Sudoeste.

Na Mesorregião Centro Sul, observa-se que a produção de cana de açúcar é aquele que

registrou como motivador pelo crescimento do desmatamento na região.

Quando se avalia a Mesorregião Sudeste, se constatou que a produção de Soja e de

Bovino são os responsáveis pelo crescimento do desmatamento da região.

Diante dos resultados apresentados com a utilização dos Métodos coeficiente de

correlação de Pearson e o método de Analise de Fator, foi possível identificar que tipo de

produção em estudo esta relacionada ou associada ao desmatamento.

No entanto, é evidente que esta pesquisa, buscou descobrir qual tipo de produção afeta

ou estimula ao desmatamento no estado de Mato Grosso. Para tanto, passou a realizar a

aplicação do método de cointegração, o qual apresentou resultados dos quais foram possíveis

inferir, se historicamente o desmatamento tem um comportamento parecido com algum tipo

de produção importante de Mato Grosso, isto é, se o desmatamento cresce é porque algum

fator de produção cresce quase na mesma proporção.

Com a finalidade de investigar efetivamente quem é o responsável do desmatamento,

com a análise de cointegração se constatou que a produção de soja, milho e bovinos é quem

esta estimulando ao desmatamento no Estado de Mato Grosso no período 2001 a 2007.

Desta forma, é possível visualizar a distribuição da responsabilidade do desmatamento

por Mesorregiões em Mato Grosso, conforme apresentado na figura 5 abaixo:

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Figura 5 – Distribuição das principais produtos por Mesorregiões no Estado de Mato Grosso.

Fonte: Base de dados da pesquisa

Na mesorregião Norte do estado de Mato Grosso, concentra a maior área de floresta

do estado, desta forma ficou evidenciada que as atividades produtivas Soja, Milho e Bovinos,

são as atividades que exercem diretamente pressão sob o desmatamento na região.

Na mesorregião Nordeste do estado de Mato Grosso, onde possui uma das maiores

reservas indígenas do estado, em área que concentra a maior parte das florestas da região e

que o restante da região é composta de cerrado, os resultados ali apresentados, não apontam

nenhuma ação da atividade produtiva sobre o desmatamento.

Na mesorregião Sudoeste do estado, por ser um região já aberta a mais tempo, não

houve grande incidência de desmatamentos no período em estudo, portanto os resultados

apurados neste período também não apontam nenhuma ação da atividade produtiva sobre o

desmatamento nesta região.

Já na Mesorregião Centro-Sul do estado de Mato Grosso, foi possível identificar uma

forte ação da atividade produtiva Cana de Açúcar sobre o desmatamento da região. Vale

ressaltar que nesta região, já quase não possui mais florestas nativa.

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Por fim, na mesorregião Sudeste do estado de Mato Grosso, os resultados apontam que

as atividades produtiva bovino e soja são as responsáveis pelo desmatamento na região.

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7. CONSIDERACÕES FINAIS

Dentre relevantes atividades produtivas praticadas nos municípios de Mato Grosso

(Sojicultura, Canavieira, algodoeira e Pecuária), a pesquisa buscou encontrar causas do

desmatamento. Em outras palavras, investigou-se se a variação, entre 2001 e 2007, na área de

produção de cada dessas atividades, provocou ou não efeitos positivos ou diretos sobre o

desmatamento nos municípios mato-grossenses, no período de 2001 a 2007. Com base nos

indicadores de desmatamento de Mato Grosso dos anos mais recentes, as hipóteses

formuladas foram que a natureza dessas influências é positiva ou direta. As evidências

amostrais, efetivamente, revelaram que a hipótese (o efeito da alta variação na área de

produção de soja sobre o desmatamento) revelou ser significativa, como demonstrado nas

tabelas 9 e 33.

Do ponto de vista empírico, esse resultado foi obtido graças à expansão da agricultura

e vendas de sementes de soja no estado de mato-grossense nos anos mais recentes, enquanto a

produção bovino, cresceu bastante no periodo entre 2001 a 2007, exibindo desempenho muito

acima dos padrões convencionais, que coloca o Estado como um dos mais importantes no

cenário nacional. Salienta-se que, ao sabor dessa dinâmica, as áreas desmatadas foram

ocupadas inicialmente com pastagens, assegurando à pecuária a condição de atividade

predominante no uso e ocupação de terras novas, com expressivo crescimento das áreas de

pastagens plantadas, refletindo a grande evolução do rebanho bovino em Mato Grosso. Esta

expansão da pecuária nas terras do Estado deve ter sido impulsionada pela demanda do

mercado externo (nacional e inernacional) que, conforme as evidências amostrais deste estudo

sugerem, exercem influência indireta sobre o aumento do desmatamento, restringindo, em

função disso, a presença de indicadores de desenvolvimento sustentável da economia

agropecuária do Estado.

Portanto, a expansão da pecuária mato-grossense nos últimos anos está relacionada à

dinâmica do mercado nacional e internacional, além das características da estrutura fundiária

do Estado, moldadas pela presença de número expressivo de latifúndios que, por seu turno,

define escala produtiva causadora de degradações ambientais. Essa escala, muito

provavelmente, é incompatível com a capacidade de sustentação do ecossistema total,

atuando, desse modo, como fator limitante para o crescimento e o desenvolvimento

econômico de Mato Grosso, conforme preceitua a economia ecológica. Assim, para se atingir

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a sustentabilidade da pecuária bem como de outras relevantes atividades para a economia do

Estado, seria necessária a implementação de uma política agrícola diferenciada, contemplando

as suas características geográficas, ambientais, econômicas e sociais.

Contudo, os resultados econométricos tenham apontado a Pecuária e a produção de

Soja e Milho, como os principais responsáveis pelo desmatamento em Mato Grosso no

período de 2001 a 2007, não se deve omitir que a produção de Cana de Açúcar e a de algodão,

também devem ser responsabilizadas pelo desmatamento, pois, se, de um lado, a conversão

em pastos de áreas dos três ecossistemas existentes no Estado (cerrado, florestas e pantanal),

ao implicar em crescimento econômico, de outro lado, a posterior conversão desses pastos em

atividades agrícolas, implica que a atividade canavieira e a algodoeira também causam, do

ponto de vista funcional, efeitos sobre o desmatamento e queimadas. Essa conversão molda e

define relevantes caracteres do crescimento ora sendo praticado na economia agropecuária

mato-grossense. Esses caracteres se particularizam pela acentuada presença de sérios

impactos sobre o meio ambiente físico e social, com destaque para as mudanças climáticas,

degradação do solo, diminuição da biodiversidade, dentre outros. Ratificando essa inferência,

com foco no cenário amazônico do País, Margulis (2001) descreve que o principal fator do

desmatamento é a pecuária, pois afirma que sem a conversão inicial do solo da Amazônia em

pastagens é impossível se plantar soja, algodão herbáceo, milho e até mesmo a cana de

açúcar.

No entanto este estudo, indica que a produção de soja, Milho e Pecuária se relacionam

de forma direta e positiva com o desmatamento do Estado de Mato Grosso, mas que é bem

possível que não existe um único agente ou atividade econômica responsável pelo

desmatamento no estado de mato grosso, mas sim um conjunto de fatores, como política de

ocupação do território, atividades agropecuária, abertura de estradas entre outras que

necessitam serem melhores investigadas. Ainda pode-se estudar a influência dos preços dos

produtos ou commodity no avanço da fronteira agrícola. Afinal o que explica o desmatamento

da região Amazônica?

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ANEXOS

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Tabela A - Quantidade produzida, valor da Produção, área plantada e área colhida da lavoura temporária Variavel = Área Plantada (hectare) Lavoura temporária = Soja(em grão) Período = 2000 até 2007

Município 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Acorizal - MT - - - - - - - - Água Boa - MT 10.383 15.691 17.395 32.577 44.800 50.000 48.000 26.770 Alta Floresta - MT - 300 200 600 117 810 1.015 - Alto Araguaia - MT 15.000 15.000 20.600 26.300 31.409 40.048 34.555 13.978 Alto Boa Vista - MT - - - 500 1.270 1.200 1.000 1.500 Alto Garças - MT 56.077 70.000 69.000 85.780 79.000 90.000 92.000 71.000 Alto Paraguai - MT 2.470 2.800 5.180 5.038 8.460 6.660 8.140 6.690 Alto Taquari - MT 61.000 57.000 63.000 65.000 85.000 80.000 69.000 44.449 Apiacás - MT - - - 10 - - - - Araguaiana - MT 770 600 - - 600 - - - Araguainha - MT - - - - - 527 300 - Araputanga - MT - - - - - - - - Arenápolis - MT 120 - - 500 500 500 1.000 - Aripuanã - MT - - - 10 - - - - Barão de Melgaço - MT - - - - - - - - Barra do Bugres - MT - - - 250 2.473 5.127 3.906 2.500 Barra do Garças - MT 2.200 2.400 3.000 6.193 14.103 17.611 19.878 14.516 Bom Jesus do Araguaia - MT - 660 4.000 9.000 7.000 25.000 18.000 24.900 Brasnorte - MT 52.660 65.000 78.200 95.000 118.090 159.139 140.000 83.000 Cáceres - MT - - - - 520 3.000 3.483 3.000 Campinápolis - MT - - - 690 730 300 - - Campo Novo do Parecis - MT 291.070 283.000 300.000 320.186 325.882 343.301 350.000 298.000 Campo Verde - MT 95.000 75.000 118.501 130.720 150.600 161.206 147.200 120.000 Campos de Júlio - MT 110.000 125.923 152.162 174.379 197.951 214.915 229.943 152.157 Canabrava do Norte - MT - 400 1.700 3.000 9.000 12.000 9.000 3.500 Canarana - MT 35.000 41.250 53.000 69.880 95.000 110.117 89.759 80.000

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Carlinda - MT - - 240 301 281 90 - - Castanheira - MT - - - - - - - - Chapada dos Guimarães - MT 5.116 1.650 5.346 8.208 12.022 16.000 17.859 7.950 Cláudia - MT 300 2.990 4.500 9.656 13.758 38.046 28.500 15.000 Cocalinho - MT 290 1.742 150 5.891 8.560 4.000 1.950 450 Colíder - MT 400 - - - 330 330 400 200 Colniza - MT - - - - - - - - Comodoro - MT 4.620 7.700 8.500 10.000 19.917 40.000 48.940 44.000 Confresa - MT - - - - - - - - Conquista D'Oeste - MT - - - - 1.600 1.640 1.500 500 Cotriguaçu - MT - - - - - - - - Cuiabá - MT - - - - - - - - Curvelândia - MT - - - 40 70 70 400 - Denise - MT - - - - - - - - Diamantino - MT 200.000 202.000 220.542 259.327 290.410 300.000 276.000 276.660 Dom Aquino - MT 25.255 25.395 28.050 29.800 33.000 33.000 30.360 26.500 Feliz Natal - MT 350 1.000 2.500 2.434 14.600 24.022 34.379 42.000 Figueirópolis D'Oeste - MT - - - - - - - - Gaúcha do Norte - MT 8.550 6.000 - 12.000 22.000 27.762 30.000 37.000 General Carneiro - MT 36.450 36.000 36.000 36.083 50.506 68.848 38.155 50.600 Glória D'Oeste - MT - - - 77 171 17 - - Guarantã do Norte - MT - - 500 900 1.320 1.500 560 350 Guiratinga - MT 49.250 43.000 49.660 49.660 57.350 67.410 63.000 59.500 Indiavaí - MT - - - - - - - - Ipiranga do Norte - MT - - - - - 140.264 140.000 120.000 Itanhangá - MT - - - - - 46.000 43.000 34.480 Itaúba - MT 1.800 3.500 3.373 6.500 10.245 22.580 17.300 16.800 Itiquira - MT 118.500 113.500 136.000 142.000 175.000 200.480 163.000 180.000 Jaciara - MT 23.500 19.500 23.550 25.200 25.800 37.300 31.450 24.300 Jangada - MT 405 550 300 1.000 700 300 250 300 Jauru - MT - - - - - - - - Juara - MT - 150 - - - - - - Juína - MT - - - 46 46 700 400 - Juruena - MT - - - - - - - - Juscimeira - MT 14.270 15.000 15.000 22.460 31.200 35.840 30.464 31.670 Lambari D'Oeste - MT 13 264 500 312 740 1.805 2.850 1.700 Lucas do Rio Verde - MT 160.000 175.000 180.000 200.500 216.237 221.906 224.420 215.535 Luciára - MT - - - - 200 - - - Marcelândia - MT - 200 500 1.500 3.610 4.000 4.000 3.400 Matupá - MT 50 1.700 2.500 3.028 3.915 4.632 2.000 1.400 Mirassol d'Oeste - MT - - - 800 1.550 1.500 500 1.350 Nobres - MT 4.300 2.550 3.000 5.010 2.500 29.590 12.860 6.000 Nortelândia - MT 5.981 7.525 11.876 11.460 13.514 16.576 14.696 11.091

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Nossa Senhora do Livramento - MT - - - - - - - - Nova Bandeirantes - MT - - - - - - - - Nova Brasilândia - MT - - 190 180 2.970 1.500 1.200 - Nova Canaã do Norte - MT - 300 300 1.200 2.490 3.000 4.220 3.200 Nova Guarita - MT - 200 300 1.350 1.886 6.000 2.000 2.000 Nova Lacerda - MT 800 480 480 4.500 5.000 1.360 1.100 7.000 Nova Marilândia - MT 10.500 10.924 11.293 13.858 14.450 17.040 12.430 6.000 Nova Maringá - MT 14.000 15.020 24.810 46.000 35.240 61.625 63.580 50.224 Nova Monte Verde - MT - - - - - - - - Nova Mutum - MT 175.500 160.000 195.000 245.045 297.120 333.780 329.242 310.000 Nova Nazaré - MT - - 710 2.860 4.000 2.620 2.000 1.230 Nova Olímpia - MT - - - - - - - - Nova Santa Helena - MT - - 677 - 350 1.100 2.000 1.500 Nova Ubiratã - MT 85.200 57.669 123.150 126.911 160.946 193.135 226.026 205.557 Nova Xavantina - MT 16.000 18.000 20.000 26.912 36.250 36.000 26.416 20.000 Novo Horizonte do Norte - MT - - - - - - - - Novo Mundo - MT - 1.000 2.200 3.175 6.509 5.427 2.430 2.000 Novo Santo Antônio - MT - - - - - - - - Novo São Joaquim - MT 127.105 27.680 58.200 68.100 78.250 80.000 60.000 57.000 Paranaíta - MT - 300 526 1.000 1.532 848 500 - Paranatinga - MT 6.085 13.450 20.235 33.532 58.000 71.520 47.000 42.000 Pedra Preta - MT 42.244 29.607 40.000 36.000 37.500 38.288 37.500 34.000 Peixoto de Azevedo - MT - 200 700 1.550 2.730 3.010 1.000 800 Planalto da Serra - MT - 300 2.000 4.800 8.500 2.800 5.000 350 Poconé - MT - - - - 340 300 - - Pontal do Araguaia - MT - - - - - - - - Ponte Branca - MT - - - - 400 420 420 - Pontes e Lacerda - MT - - - 17 640 4.950 4.000 3.700 Porto Alegre do Norte - MT 18 - - 1.370 6.050 7.300 9.884 3.900 Porto dos Gaúchos - MT 1.500 2.800 7.000 8.000 31.975 47.001 30.800 28.950 Porto Esperidião - MT - - - 5 - 280 260 260 Porto Estrela - MT - 180 220 - 726 1.060 1.300 1.100 Poxoréo - MT 35.000 35.000 37.450 45.400 48.000 51.000 40.800 39.800 Primavera do Leste - MT 170.000 183.000 220.000 251.500 262.680 278.189 220.000 200.000 Querência - MT 14.400 21.200 27.000 48.330 80.000 115.716 145.000 145.000 Reserva do Cabaçal - MT - - - - - - - - Ribeirão Cascalheira - MT - - 6.000 4.640 5.500 15.000 9.500 6.500 Ribeirãozinho - MT 7.140 7.300 7.500 10.700 12.000 12.000 12.500 8.940 Rio Branco - MT - - - - - 121 150 -

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Rondolândia - MT - - - - - - - - Rondonópolis - MT 49.500 42.000 55.000 54.550 68.383 68.300 69.000 59.000 Rosário Oeste - MT 600 1.500 200 200 3.600 4.500 1.600 1.600 Salto do Céu - MT - - - 740 560 500 500 - Santa Carmem - MT 4.752 9.729 17.477 25.958 34.787 59.221 38.700 30.960 Santa Cruz do Xingu - MT - - - 1.000 2.000 6.000 6.500 3.200 Santa Rita do Trivelato - MT - 65.000 84.700 90.000 120.120 129.670 157.710 144.000 Santa Terezinha - MT 70 70 70 700 - 4.000 2.500 2.500 Santo Afonso - MT 100 484 - - 600 720 550 1.200 Santo Antônio do Leste - MT - 94.490 94.400 110.000 120.268 130.634 125.100 113.000 Santo Antônio do Leverger - MT 2.647 8.000 2.698 17.811 24.360 28.879 17.723 16.778 São Félix do Araguaia - MT - - - 3.542 3.500 18.650 14.150 10.500 São José do Povo - MT - - - - - - - - São José do Rio Claro - MT 32.000 35.537 66.056 51.585 66.793 79.642 83.262 71.599 São José do Xingu - MT 500 - - - 6.500 6.500 6.000 6.000 São José dos Quatro Marcos - MT - - - - 470 1.400 1.550 1.500 São Pedro da Cipa - MT - - - - - - - - Sapezal - MT 209.560 243.406 293.052 322.584 347.150 376.877 367.350 324.600 Serra Nova Dourada - MT - - - - 5.300 7.000 - - Sinop - MT 12.000 20.000 30.000 38.400 84.495 130.326 115.000 80.000 Sorriso - MT 360.000 390.000 475.000 523.000 547.867 582.356 597.858 543.000 Tabaporã - MT 1.500 6.000 9.252 12.400 39.200 69.914 87.000 52.200 Tangará da Serra - MT 27.650 24.213 30.000 32.500 45.000 71.061 55.000 48.000 Tapurah - MT 81.000 133.555 190.000 219.000 260.800 108.706 97.813 112.274 Terra Nova do Norte - MT - 300 700 1.700 3.287 4.390 2.324 1.395 Tesouro - MT 12.200 13.000 15.000 15.000 26.650 29.000 29.000 24.357 Torixoréu - MT 6.620 6.474 7.000 6.910 8.000 8.689 9.231 7.039 União do Sul - MT - - 160 175 1.500 5.615 6.000 3.800 Vale de São Domingos - MT - - - - - 1.130 - 1.550 Várzea Grande - MT - - - - - - - - Vera - MT 9.307 21.100 23.000 30.000 71.547 81.535 98.366 70.000 Vila Bela da Santíssima Trindade - MT - - - - 500 4.450 7.450 6.800 Vila Rica - MT - - - - 1.000 2.000 2.000 2.520

Fonte: IBGE Produção Agrícola Municipal (2008)

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Fonte: IBGE – PAM (2008)

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Fonte: IBGE – PAM(2008)

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Fonte: IBGE- PAM ( 2008 )

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Tabela E – Efetivo do Rebanho Bovino/área de pastagem plantada/nativo Variavel = Área Plantada Pastagem (hectare) Criação de Bovinos Período = 2000 até 2007

Município 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Acorizal - MT 60.178 32.000 32.901 39.750 42.912 51.162 43.189 40.154

Água Boa - MT 380.866 351.920 419.348 394.386 390.597 388.200 420.325 417.360

Alta Floresta - MT 519.887 539.676 569.134 657.834 723.871 753.434 732.246 748.572

Alto Araguaia - MT 158.185 140.838 157.099 196.314 195.175 188.549 159.073 158.284

Alto Boa Vista - MT 92.023 59.444 74.785 83.839 82.125 93.410 101.432 102.963

Alto Garças - MT 96.971 70.000 73.449 73.650 59.733 61.967 57.636 58.210

Alto Paraguai - MT 57.342 52.898 54.529 71.148 78.517 77.822 71.476 58.916

Alto Taquari - MT 37.182 30.000 34.770 34.200 30.048 26.163 25.577 25.500

Apiacás - MT 75.580 84.382 103.307 127.063 176.485 198.253 199.950 196.569

Araguaiana - MT 230.918 203.800 196.008 247.859 268.740 283.538 253.453 264.056

Araguainha - MT 22.160 23.717 30.444 25.394 27.388 26.409 28.487 27.399

Araputanga - MT 191.117 204.508 209.775 223.590 230.244 210.274 196.063 190.415

Arenápolis - MT 41.831 36.770 39.694 43.644 40.732 38.954 36.231 42.674

Aripuanã - MT 226.161 155.185 214.870 232.176 319.447 393.136 430.864 389.132

Barão de Melgaço - MT 139.520 129.529 136.114 155.828 153.520 148.390 150.251 153.144

Barra do Bugres - MT 208.982 211.358 223.932 236.047 253.106 247.365 214.046 220.845

Barra do Garças - MT 398.230 403.230 441.788 452.195 468.378 476.019 420.030 419.710 Bom Jesus do Araguaia - MT - 13.907 46.092 96.010 95.639 103.193 139.038 144.036

Brasnorte - MT 243.168 255.000 302.671 334.729 348.602 352.826 319.608 308.852

Cáceres - MT 636.517 710.000 735.756 892.348 943.577 995.076 932.083 832.292

Campinápolis - MT 167.277 186.138 205.994 231.653 244.838 251.844 240.571 230.732 Campo Novo do Parecis - MT 42.841 43.666 37.586 34.374 37.055 37.587 35.615 43.154

Campo Verde - MT 109.481 100.000 114.439 125.995 119.458 125.047 78.995 73.299

Campos de Júlio - MT 8.750 10.836 11.224 13.924 16.028 13.895 16.757 14.567 Canabrava do Norte - MT 144.621 139.894 163.327 159.800 182.673 207.630 223.738 174.903

Canarana - MT 297.241 320.553 323.236 347.071 347.630 322.125 321.926 359.521

Carlinda - MT 157.428 185.617 209.540 250.425 252.874 243.997 220.403 236.604

Castanheira - MT 226.099 243.208 277.504 282.014 336.207 374.457 363.007 334.125 Chapada dos Guimarães - MT 110.112 110.112 129.843 149.657 158.209 163.866 158.862 147.504

Cláudia - MT 43.600 45.788 50.814 49.708 47.372 43.056 43.062 42.201

Cocalinho - MT 273.169 271.169 294.987 326.825 371.649 364.900 349.291 371.092

Colíder - MT 311.607 322.679 345.341 378.416 401.578 384.443 345.081 320.921

Colniza - MT - 32.138 47.013 81.043 96.960 152.714 197.001 217.796

Comodoro - MT 315.354 236.751 247.294 280.000 273.485 281.244 279.036 280.809

Confresa - MT 173.369 184.569 203.240 294.887 351.045 368.361 409.500 369.014

Conquista D'Oeste - MT - 41.696 38.499 36.978 53.673 59.299 54.557 51.014

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Cotriguaçu - MT 38.492 42.175 64.354 83.259 116.894 142.009 187.381 208.111

Cuiabá - MT 90.000 88.452 89.790 102.989 101.965 111.375 114.932 109.783

Curvelândia - MT - 33.904 37.650 51.321 51.483 50.206 49.302 49.628

Denise - MT 65.334 65.334 66.004 69.348 70.132 74.206 68.217 68.367

Diamantino - MT 74.699 83.303 83.363 89.629 87.709 90.751 91.211 82.330

Dom Aquino - MT 83.984 83.984 95.007 101.875 96.220 99.327 99.440 86.279

Feliz Natal - MT 11.780 15.066 13.401 11.130 9.980 11.291 14.158 13.022 Figueirópolis D'Oeste - MT 113.377 105.000 120.671 138.826 127.599 127.426 124.301 119.215

Gaúcha do Norte - MT 130.357 145.498 174.936 177.863 188.471 197.711 190.000 173.979

General Carneiro - MT 111.245 113.249 118.497 118.374 112.784 127.917 105.379 107.577

Glória D'Oeste - MT 71.711 85.231 91.687 102.114 107.605 99.977 87.002 89.991 Guarantã do Norte - MT 181.512 225.227 266.874 264.479 274.929 266.670 257.250 278.219

Guiratinga - MT 114.694 116.000 131.978 147.766 140.155 133.897 134.662 134.311

Indiavaí - MT 47.934 52.565 55.719 57.112 58.910 66.548 59.202 58.201

Ipiranga do Norte - MT - - - - - 28.000 11.728 17.639

Itanhangá - MT - - - - - 11.000 15.977 32.137

Itaúba - MT 168.813 126.337 127.600 140.107 145.273 141.865 124.402 125.289

Itiquira - MT 269.022 242.000 276.825 306.634 254.261 233.092 216.124 227.324

Jaciara - MT 90.890 84.784 91.074 84.537 72.944 73.076 67.834 67.701

Jangada - MT 39.950 36.927 51.494 59.781 59.945 65.132 61.325 49.777

Jauru - MT 140.000 156.000 186.520 205.257 201.039 192.782 174.394 178.414

Juara - MT 720.717 740.776 789.300 874.413 919.964 915.161 894.127 813.217

Juína - MT 410.863 428.941 472.639 509.494 533.199 564.408 533.595 532.901

Juruena - MT 91.124 91.758 106.560 96.083 108.428 129.756 153.971 162.012

Juscimeira - MT 152.347 137.160 164.598 157.099 154.622 150.660 135.886 142.449

Lambari D'Oeste - MT 96.000 115.024 112.419 141.636 147.503 152.205 139.965 121.704 Lucas do Rio Verde - MT 27.537 25.044 24.762 20.501 17.044 15.456 15.543 27.789

Luciára - MT 26.862 28.000 31.007 44.446 39.086 41.963 40.452 39.709

Marcelândia - MT 118.530 128.154 159.457 177.208 189.350 197.548 188.273 180.850

Matupá - MT 93.303 127.156 131.129 166.740 176.826 183.994 192.345 189.892

Mirassol d'Oeste - MT 99.496 111.777 131.780 142.329 150.361 142.745 140.453 139.907

Nobres - MT 71.500 74.222 78.743 103.007 98.266 104.346 103.196 94.624

Nortelândia - MT 46.626 49.105 52.881 54.972 49.302 47.487 47.988 42.071 Nossa Senhora do Livramento - MT 105.083 101.083 116.018 176.184 167.322 174.517 128.671 162.333 Nova Bandeirantes - MT 88.346 119.375 149.150 169.984 201.877 252.525 294.286 344.010

Nova Brasilândia - MT 94.178 94.142 97.152 145.532 138.589 142.093 141.871 141.984 Nova Canaã do Norte - MT 262.182 312.392 334.398 363.283 392.884 397.974 386.629 366.890

Nova Guarita - MT 84.352 89.811 111.232 120.549 135.224 138.587 134.439 122.602

Nova Lacerda - MT 74.300 152.381 139.204 142.244 157.342 161.727 148.376 157.096

Nova Marilândia - MT 73.645 83.276 86.229 97.564 100.147 100.300 91.692 85.492

Nova Maringá - MT 52.156 61.876 75.325 78.593 77.908 78.871 81.237 73.753

Nova Monte Verde - MT 167.380 198.941 244.739 260.536 301.039 336.538 341.268 339.766

Nova Mutum - MT 139.072 98.275 114.384 109.244 112.335 104.897 114.637 133.776

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Nova Nazaré - MT - 49.311 63.913 65.756 60.633 64.979 74.906 69.775

Nova Olímpia - MT 59.334 59.696 68.063 68.619 68.619 69.591 67.890 65.407 Nova Santa Helena - MT - 121.782 123.609 125.500 136.037 126.536 132.624 123.246

Nova Ubiratã - MT 19.086 24.403 31.324 30.500 39.619 31.666 47.299 69.465

Nova Xavantina - MT 222.513 243.970 274.800 276.594 270.929 283.373 259.140 254.307 Novo Horizonte do Norte - MT 60.000 66.948 78.794 82.672 93.279 94.294 86.808 84.552

Novo Mundo - MT 92.773 124.842 195.662 249.277 294.515 319.661 317.643 306.634 Novo Santo Antônio - MT - 4.115 10.025 13.687 14.292 18.646 19.427 21.453 Novo São Joaquim - MT 219.145 173.415 194.713 202.218 216.561 236.388 223.960 236.999

Paranaíta - MT 133.136 133.136 181.332 224.165 288.117 320.394 331.603 328.432

Paranatinga - MT 316.497 355.926 409.852 454.784 473.473 483.383 473.577 473.760

Pedra Preta - MT 249.009 249.009 263.093 278.002 261.201 256.786 252.459 252.519 Peixoto de Azevedo - MT 107.540 157.545 157.436 202.584 254.839 276.046 269.599 262.222

Planalto da Serra - MT 66.804 80.447 88.205 104.072 119.674 106.167 86.738 79.435

Poconé - MT 290.761 290.761 346.468 384.281 417.280 403.935 385.646 374.293 Pontal do Araguaia - MT 94.859 97.319 106.501 104.083 125.706 132.965 112.940 108.065

Ponte Branca - MT 22.110 22.617 26.458 27.593 29.298 27.514 24.522 24.689

Pontes e Lacerda - MT 536.457 545.936 544.916 610.898 639.389 657.876 619.661 553.688 Porto Alegre do Norte - MT 76.929 85.651 84.636 92.556 103.320 108.558 109.405 104.723 Porto dos Gaúchos - MT 97.069 107.935 127.745 145.554 150.807 161.964 139.224 151.777

Porto Esperidião - MT 284.511 338.859 410.628 493.669 496.594 514.515 495.563 465.265

Porto Estrela - MT 73.000 76.930 93.118 98.371 116.081 105.864 104.426 99.854

Poxoréo - MT 241.572 260.000 291.903 304.610 300.752 300.907 291.289 284.249 Primavera do Leste - MT 66.956 52.934 54.778 56.291 54.519 55.591 52.681 66.074

Querência - MT 160.348 176.841 193.611 186.611 167.497 153.584 193.743 201.808 Reserva do Cabaçal - MT 24.200 28.660 28.917 28.611 31.574 31.614 29.978 29.074 Ribeirão Cascalheira - MT 204.396 205.471 223.964 256.637 267.939 263.773 262.167 270.710

Ribeirãozinho - MT 22.403 22.685 24.118 26.690 28.816 26.660 27.059 27.851

Rio Branco - MT 47.139 50.555 54.814 58.272 58.287 61.404 53.598 47.608

Rondolândia - MT - 135.983 165.094 202.185 219.936 235.381 268.169 262.871

Rondonópolis - MT 293.374 293.374 310.952 319.369 310.484 298.862 287.518 288.209

Rosário Oeste - MT 162.979 143.171 180.414 232.587 228.658 237.490 214.953 203.321

Salto do Céu - MT 127.903 123.068 134.723 156.314 151.897 146.466 125.757 119.250

Santa Carmem - MT 26.685 32.114 33.299 25.437 27.426 30.611 32.313 38.441 Santa Cruz do Xingu - MT - 14.039 89.504 101.939 92.887 96.942 109.536 108.192 Santa Rita do Trivelato - MT - 20.139 28.028 28.938 27.429 26.175 24.416 24.940

Santa Terezinha - MT 112.819 96.399 98.349 131.605 145.228 171.116 165.941 188.158

Santo Afonso - MT 60.728 65.295 65.532 85.906 90.258 80.942 76.641 80.600 Santo Antônio do Leste - MT - 57.337 57.337 52.040 53.277 49.185 48.733 46.375 Santo Antônio do Leverger - MT 411.000 425.000 409.191 387.621 412.535 435.424 411.175 409.452

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São Félix do Araguaia - MT 240.179 206.346 233.162 199.428 209.728 196.450 221.932 229.005

São José do Povo - MT 51.738 55.677 62.688 64.107 66.305 64.914 61.090 58.091 São José do Rio Claro - MT 63.260 78.134 80.107 86.125 84.421 87.336 85.617 88.332

São José do Xingu - MT 369.232 364.954 325.943 347.494 348.287 362.992 357.789 333.172 São José dos Quatro Marcos - MT 154.707 146.000 154.787 178.592 187.972 187.855 173.621 173.406

São Pedro da Cipa - MT 15.337 14.297 15.951 19.492 18.310 17.482 14.377 13.125

Sapezal - MT 43.576 36.382 39.329 38.156 36.320 40.842 38.586 37.896 Serra Nova Dourada - MT - 4.616 13.219 17.738 17.124 16.632 51.874 51.080

Sinop - MT 61.941 59.014 58.572 61.597 61.000 61.771 58.365 66.879

Sorriso - MT 63.135 68.000 66.723 62.908 65.148 57.829 62.666 71.226

Tabaporã - MT 103.111 118.729 132.873 149.752 168.959 169.103 179.476 180.852

Tangará da Serra - MT 249.779 205.533 283.980 303.683 298.238 290.822 275.406 264.609

Tapurah - MT 92.215 106.000 125.197 127.397 99.179 49.199 77.478 60.736 Terra Nova do Norte - MT 193.700 201.000 213.596 245.272 287.288 291.127 257.627 244.779

Tesouro - MT 64.096 63.006 78.056 84.400 82.588 83.122 80.978 78.378

Torixoréu - MT 106.250 117.623 123.547 129.229 137.648 130.328 126.524 127.655

União do Sul - MT 19.432 20.787 23.531 33.149 39.288 40.268 39.354 35.275 Vale de São Domingos – MT - 27.385 66.542 87.230 72.597 79.155 86.376 77.204

Várzea Grande - MT 16.930 16.930 19.463 20.439 25.834 27.138 26.314 21.031

Vera - MT 24.590 25.330 27.533 21.209 17.537 22.525 18.133 18.478 Vila Bela da Santíssima Trindade - MT 515.000 585.000 648.701 807.827 863.079 890.100 872.290 839.469

Vila Rica - MT 355.129 334.573 401.479 426.580 526.000 594.661 616.151 646.150

Fonte: IBGE Pesquisa Pecuária Municipal

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Fonte: INPE (Prodes Digital)

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Tabela G - Divisão, político - administrativa, lei e data de criação dos municípios, área e localização geográfica - MT/2000.

Código Municípios

Data Lei Área

Criação Número Geográfica km² Capital (km)

Total Estadual 909.939,09

1 MR 488.153

1 1 MR 129.783,48

1 1 1 Aripuanã 31/12/43 545 62.859,26 992,30

1 1 2 Brasnorte 05/09/86 5047 11.885,45 567,80

1 1 3 Castanheira 04/07/88 5320 3.678,68 768

1 1 4 Cotriguaçu 20/12/91 5912 8.938,39 920,30

1 1 5 Colniza 26/11/98 7.064 - 1.044,10

1 1 6 Juína 09/05/82 4456 26.351,89 724,50

1 1 7 Juruena 04/07/88 5313 3.368,81 880,30

1 1 8 Rondolândia 28/01/98 6.984 12.701,00 1.133,00

1 2 MR 54.723,88

1 2 1 Alta Floresta 18/12/79 4.157 9.310 757,10

1 2 2 Apiacás 06/07/88 5.322 20.630 964,10

1 2 3 Carlinda 31/12/95 9.100/95 2.426,90 727,10

1 2 4 Nova Bandeirantes 20/12/91 5.903 9.601 980,10

1 2 5 Nova Monte Verde 20/12/91 5.915 7.898 919,60

1 2 6 Paranaíta 13/05/86 5.004 4.857 806,10

1 3 MR 42.191,00

1 3 1 Colider 18/12/79 3.746 4.026,00 617,10

1 3 2 Guarantã do Norte 13/05/86 5.008 2.440,00 690,60

1 3 3 Matupá 04/07/88 5.317 7.213,00 665,60

1 3 4 Nova Canaã do Norte 13/05/86 4.997 4.951,00 665,10

1 3 5 Nova Guarita 19/12/91 5.899 1.114,00 667,10

1 3 6 Novo Mundo 31/12/95 9.100/95 5.887,00 720,60

1 3 7 Peixoto de Azevedo 13/05/86 4.999 14.384,00 661,60

1 3 8 Terra Nova do Norte 13/05/86 4.995 2.176,00 617,10

1 4 MR 63.738,00

1 4 1 Campo Novo do Parecis 04/07/88 5.315 15.308,00 384,50

1 4 2 Campos de Júlio 31/12/95 9.100/95 6.773,00 710

1 4 3 Comodoro 13/05/86 5.000 22.252,00 656,60

1 4 4 Diamantino 24/10/1818 C. Régia 1811 5.713,00 199,60

1 4 5 Sapezal 31/12/95 9.100/95 13.692,00 480

1 5 MR 46.760,00

1 5 1 Juara 23/09/81 4.349 22.610,00 628,30

1 5 2 Nova Maringá 19/12/91 5.878 9.488,00 391,60

1 5 3 Novo Horizonte do Norte 13/05/86 5.013 897,00 595,30

1 5 4 Porto dos Gaúchos 11/11/73 1.945 755,00 576,30

1 5 5 São José do Rio Claro 20/12/79 4.161 4.511,00 315,60

1 5 6 Tabaporã 20/12/91 5.913 8.499,00 643,20

1 6 MR 54.053,00

1 6 1 Lucas do Rio Verde 04/07/88 5.318 3.927,00 332,40

1 6 2 Nobres 11/11/63 1.943 3.894,00 142

1 6 3 Nova Mutum 04/07/88 5.321 13.003,00 242,10

1 6 4 Nova Ubiratã 31/12/95 9.100/95 12.737,00 487,70

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1 6 5 Santa Rita do Trivelato 28/12/99 7.234 - 357

1 6 6 Sorriso 13/05/86 5.002 8.902,00 393,20

1 6 7 Tapurah 04/07/88 5.316 11.590,00 387,30

1 7 MR 49.696,00

1 7 1 Claúdia 04/07/88 5.319 3.596,00 578,20

1 7 2 Feliz Natal 31/12/95 9.100/95 11.988,00 500,05

1 7 3 Itaúba 13/05/86 5.005 6.215,00 568,10

1 7 4 Marcelândia 13/05/86 4.992 13.044,00 703,20

1 7 5 Nova Santa Helena 28/01/98 6.982 - 592,10

1 7 6 Santa Carmem 19/12/91 5.897 4.003,00 493,50

1 7 7 Sinop 17/12/79 4.156 3.142,00 472,40

1 7 8 União do Sul 31/12/95 9.100/95 4.721,00 645,70

1 7 9 Vera 13/05/86 5.003 2.987,00 458,50

1 8 MR 47.208,00

1 8 1 Gaúcha do Norte 31/12/95 9.100/95 16.958,00 534

1 8 2 Nova Brasilândia 11/02/91 5.878 3.560,00 194,60

1 8 3 Paranatinga 17/12/79 4.155 24.267,00 368,80

1 8 4 Planalto da Serra 20/12/91 5.905 2.423,00 253,80

2 MR 176.943,00

2 1 MR 81.855,00

2 1 1 Alto Boa Vista 19/12/91 5.849 6.038,00 1.063,50

2 1 2 Bom Jesus do Araguaia 29/09/99 7.174 - 1.027,90

2 1 3 Canabrava do Norte 19/12/91 5.896 3.494,00 1.132,50

2 1 4 Confresa 20/12/91 5.808 5.484,00 1.165,50

2 1 5 Luciara 11/11/63 1.940 4.291,00 1.166,50

2 1 6 Novo Santo Antônio 29/09/99 7.173 - 1.118,00

2 1 7 Porto Alegre do Norte 13/05/86 5.010 3.933,00 1.127,50

2 1 8 Ribeirão Cascalheira 03/05/88 5.267 12.655,00 877,60

2 1 9 Santa Cruz do Xingú 28/12/99 7.232 - 1.221

2 1 10 Santa Terezinha 04/03/80 4.177 5.739,00 1.313,50

2 1 11 São Felix do Araguaia 13/05/76 3.689 19.513,00 1.143

2 1 12 São José do Xingu 20/12/91 5.904 13.164,00 1.158

2 1 13 Serra Nova Dourada 29/09/99 7.172 - 1.046

2 1 14 Vila Rica 13/05/86 5.001 7.544,00 1.260,50

2 2 MR 59.971,00

2 2 1 Água Boa 27/12/79 4.166 11.470,00 720,30

2 2 2 Campinápolis 13/05/86 4.994 5.829,00 577,60

2 2 3 Canarana 26/12/79 4.165 10.871,00 822,70

2 2 4 Nova Nazaré 28/12/99 7.235 - 798,70

2 2 5 Nova Xavantina 03/03/80 4.176 5.566,00 635

2 2 6 Novo São Joaquim 13/05/86 5.007 8.659,00 504,60

2 2 7 Querência 19/12/91 5.895 17.576,00 912,70

2 2 8 Santo Antônio do Leste 28/01/98 6.983 - 367,90

2 3 MR 35.117,00

2 3 1 Araguaiana 13/05/86 5.006 6.393,00 554,50

2 3 2 Barra do Garças 08/07/13 121 9.172,00 500,50

2 3 3 Cocalinho 13/05/86 5.009 19.552,00 747,50

3 MR 74.339,00

3 1 MR 31.313,00

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3 1 1 Conquista D'Oeste 28/12/99 7.233 - 538,90

3 1 2 Pontes e Lacerda 29/12/79 4.167 14.747,00 442,90

3 1 3 Nova Lacerda 31/12/95 9.100/95 4.387,00 444,00

3 1 4 Vale de São Domingos 28/12/99 7.231 - 443

3 1 5 Vila Bela Sta. Trindade 19/03/1752 4.014 12.179,00 521,10

3 2 MR 24.798,00

3 2 1 Barra do Bugres 31/12/43 360 5.716,00 159,60

3 2 2 Denise 06/05/82 4.453 1.212,00 203,20

3 2 3 Nova Olímpia 13/05/86 4.996 1.449,00 198,20

3 2 4 Porto Estrela 19/12/91 5.901 2.054,00 198,40

3 2 5 Tangará da Serra 13/05/76 3.687 14.367,00 238,80

3 3 MR 18.228,00

3 3 1 Araputanga 14/12/79 4.153 1.602,00 330,60

3 3 2 Figueirópolis D'Oeste 13/05/86 5.015 897,00 376,90

3 3 3 Glória D'Oeste 20/12/91 5.911 942,00 303,70

3 3 4 Indiavaí 13/05/86 4.998 599,00 357,40

3 3 5 Jauru 20/12/79 4.164 1.210,00 400,60

3 3 6 Lambarí D'Oeste 20/12/91 5.913 1.706,00 326,90

3 3 7 Mirassol D'Oeste 14/05/76 3.698 1.039,00 288,60

3 3 8 Porto Esperidião 13/05/86 5.018 5.834,00 317,40

3 3 9 Reserva do Cabaçal 13/05/86 5.011 1.409,00 386,10

3 3 10 Rio Branco 13/12/79 4.151 378,00 342,40

3 3 11 Salto do Céu 13/12/79 4.152 1.337,00 357,50

3 3 12 São José dos Quatro Marcos 14/12/79 4.154 1.275,00 302,60

4 MR 98.596,10

4 1 MR 6.195,10

4 1 1 Alto Paraguai 16/12/53 709 2.059,90 214,10

4 1 2 Arenápolis 15/12/53 704 416,20 249,50

4 1 3 Nova Marilândia 19/12/91 5.900 1.495,00 261,30

4 1 4 Nortelândia 16/12/53 712 1.339,00 244,30

4 1 5 Santo Afonso 20/12/91 5.909 885,00 266,30

4 2 MR 10.687,00

4 2 1 Acorizal 12/12/53 691 857,00 58,70

4 2 2 Jangada 11/09/88 5.051 1.136,00 72,60

4 2 3 Rosário Oeste 31/12/1843 8 8.694,00 124,00

4 3 MR 28.010,00

4 3 1 Chapada dos Guimarães 15/12/53 701 6.494,00 62,80

4 3 2 Cuiabá 8/4/1726 Lei. Prov.1722 3.225,00 0

4 3 3 Nossa Senhora do Livramento 21/05/1883 593 5.332,00 32,30

4 3 4 Santo Antonio do Leverger 10/3/1890 1.023 12.009,00 34,00

4 3 5 Várzea Grande 29/09/1848 126 950,00 7

4 4 MR 53.704,00

4 4 1 Barão de Melgaço 12/12/53 690 11.612,00 128,70

4 4 2 Curvelândia 28/01/98 6.981 - 269

4 4 3 Cáceres 28/06/1850 8 24.966,00 209,70

4 4 4 Poconé 25/10/1831 C. Régia 17.126,00 94,80

5 MR 71.907,63

5 1 MR 10.318,00

5 1 1 Campo Verde 04/07/88 5.314 4.785,00 127,40

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5 1 2 Primavera do Leste 13/05/86 5.014 5.533,00 230,40

5 2 MR 26.930,00

5 2 1 Araguainha 11/11/63 1.946 684,00 462,30

5 2 2 General Carneiro 13/12/63 2.051 3.640,00 441,10

5 2 3 Guiratinga 25/09/29 145-38 5.020,00 315,70

5 2 4 Pontal do Araguaia 20/02/91 5.907 2.730,00 518,50

5 2 5 Ponte Branca 01/12/53 652 687,00 493,20

5 2 6 Poxoréo 26/10/38 208 6.908,00 290,60

5 2 7 Ribeirãozinho 20/12/91 5.910 622,00 464,70

5 2 8 Tesouro 10/12/53 664 4.206,00 366,60

5 2 9 Torixoréu 10/12/53 665 2.433,00 560,90

5 3 MR 24.058,50

5 3 1 Dom Aquino 22/12/58 1.196 2.182,00 142,20

5 3 2 Itiquira 01/12/53 656 8.837,00 347,70

5 3 3 Jaciara 20/12/58 1.188 1.801,00 142,70

5 3 4 Juscimeira 10/12/89 4.148 2.244,50 156,10

5 3 5 Pedra Preta 13/05/76 3.688 3.907,00 234,50

5 3 6 Rondonópolis 10/12/53 666 4.259,00 211,70

5 3 7 São José do Povo 04/06/76 3.733 485,00 261,70

5 3 8 São Pedro da Cipa 19/12/91 5.906 343,00 148,80

5 4 MR 10.601,13

5 4 1 Alto Araguaia 26/10/38 208 5.417,24 418,10

5 4 2 Alto Garças 10/12/53 660 3.740,76 357,30

5 4 3 Alto Taquari 13/05/86 4.993 1.443,13 482,20

Fonte: AMM-Associação Matogrossense dos Municípios, 2000.

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Tabela H - Distribuição da cobertura dos Municípios de MT – Área Total, Área de Floresta, Área de Não Floresta, Hidrografia e Área desflorestadas até 2007

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Figura A - Mapa de Mato Grosso com a localização dos municípios com Pressão Alta, Media e Baixa de Desmatamento em 2007.

Fonte: SEMA- MT (2007)