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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EDILENE QUIRINO NEIVA EVANGELISTA PRÁTICAS DOCENTES E O USO DAS TIC: E-PROINFO E O CURSO “REDES DE APRENDIZAGEMCUIABÁ MT 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

EDILENE QUIRINO NEIVA EVANGELISTA

PRÁTICAS DOCENTES E O USO DAS TIC:

E-PROINFO E O CURSO “REDES DE APRENDIZAGEM”

CUIABÁ – MT

2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

EDILENE QUIRINO NEIVA EVANGELISTA

PRÁTICAS DOCENTES E O USO DAS TIC:

E-PROINFO E O CURSO “REDES DE APRENDIZAGEM”

CUIABÁ-MT

2017

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EDILENE QUIRINO NEIVA EVANGELISTA

PRÁTICAS DOCENTES E O USO DAS TIC:

E-PROINFO E O CURSO “REDES DE APRENDIZAGEM”

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT como requisito para obtenção do título de Mestre em Educação. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Katia Morosov Alonso

CUIABÁ – MT 2017

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RESUMO

Este trabalho é resultado de uma pesquisa de Mestrado em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), tendo como objetivo geral compreender se o curso Redes de Aprendizagem (RA), ofertado através de formação continuada pelo Programa ProInfo Integrado, influencia ou não nas práticas pedagógicas de professores e, assim, registrar como está sendo o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na escola. Os sujeitos são 14 (quatorze) professores da Educação Básica lotados através da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (SEDUC/MT) e que, em 2014, realizaram esta formação continuada opcional em tecnologia educacional. Tal formação fora encaminhada através do Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica do Estado de Mato Grosso (CEFAPRO/MT) no polo de Tangará da Serra/MT, e o registro da realização do curso e suas respectivas atividades durante a formação foram feitos utilizando a plataforma e-ProInfo. São três os lócus da pesquisa: Escola Estadual Luiz Frutuoso da Silva – Sapezal, Escola Estadual Francisca de Souza Alencar – Nova Olímpia e Escola Estadual Vereador Bento Muniz – Tangará da Serra. É um estudo que apresenta uma abordagem qualitativa, utilizando o método exploratório-descritivo e a opção metodológica fundamenta-se nas concepções de Denzin e Lincoln (2006). Como instrumentos de coleta de dados foram realizadas as seguintes ações: análise documental utilizando o acervo do CEFAPRO/MT, aplicação de questionário às gestões das três escolas mencionadas e aos 14 (quatorze) sujeitos e, por fim, observação participante na Unidade Escolar qual atuam. O resultado da pesquisa nos revelam práticas que classificamos sob três dimensões: de uso administrativo, sendo esta a que mais se efetiva, é a mais frequente na escola, utilizada para preparação de aulas e registros no sistema SigEduca da SEDUC/MT; de usos em sala de aula ou ambientes utilizados para tal, onde o uso é registrado de forma mais individualizada, no desenvolvimento de projetos ou na utilização do Laboratório de Informática Educativa (LIED), e não como uma prática recorrente; e a última dimensão que é a tentativa de inserção da escola em contextos mais amplos, onde ela se mostra, quer ser vista e assim se faz por meio do facebook e do blog. O recurso tecnológico mais utilizado por nossos sujeitos em suas práticas pedagógicas é o Data Show, e há uma reclamação geral quanto ao Sistema Operacional LINUX instalado nos LIEDs. De acordo com as informações obtidas com a realização desta pesquisa, podemos destacar que há um caminho a ser percorrido no que se refere ao uso das TIC, sendo que a falta de formação continuada em tecnologia educacional, ou mesmo a qualidade destas oferecidas podem ser apontadas como sendo um indício do não uso, bem como apenas a presença de recursos tecnológicos na escola não garante o uso efetivo desses nas práticas docentes dos professores, embora haja um investimento por parte das políticas públicas, este não é o fator decisivo para que se efetive o uso das TIC. Palavras-Chave: ProInfo Integrado, Curso Redes de Aprendizagem, Formação Continuada, TIC: Tecnologias da Informação e Comunicação, Práticas de Professores.

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ABSTRACT This work is the result of a research of Master’s Education from Universidade Federal de Mato Grosso, having as a main objective to comprehend whether the course Redes de Aprendizagem (RA) offered by the Proinfo Integrado, through the continued training, can influence or not on the pedagogical practices of teachers and register how the use of Information and Communication Technologies is at the school. The subjects are 14 (fourteen) teachers of Elementary Education crowded through Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (SEDUC/MT), that in 2014, made the continued training with the option in educational technology. Such formation was directed by Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica do Estado de Mato Grosso (CEFAPRO/MT) in the pole of Tangará da Serra/MT, and the achievements reports of the course and it respectives activities while that formation were made using the e-Proinfo platform. The locus of research are three: Escola Estadual Luiz Frutuoso da Silva – Sapezal, Escola Estadual Francisca de Souza Alencar – Nova Olímpia e Escola Estadual Vereador Bento Muniz – Tangará da Serra. It is a study that shows a qualitative inquiry, using the exploratory-descriptive method and the methodological option is based on the Denzin and Lincoln’s conceptions (2006). As a data collecting instruments were made the following actions: documental analysis using the collection of CEPAFRO/MT, the application of questionnaires to the management of the three schools mentioned before, the 14 (fourteen) subjects and finally, the participant observation at the Unidade Escolar in which they act. The result of the research revealed some practices that we classify under three dimensions: of the administrative use, being this most effective and frequent in the school used for the planning of the classes and reports in the system SigEduca da SEDUC/MT; of classroom uses or in environments used for that, in which the use is registered in a more individual way for the development of projects or in the utilization of Laboratório de Informática Educativa (LIED) and not as a recurring practice. The last dimension, which is an attempt incorporation of the school in more extensive context, where it shows itself, wants to be seen and it is done through Facebook and the blog. The technological resource more used by our subjects in theirs pedagogical practices is Data Show and there is a general claim in terms of the operational system LINUX installed at LIEDs. According to the information obtained with the realization of this research, we can point out that exists a way to be traveled in relation to the ICT use, being that there is a lack of continued training in educational technology or even the quality offered by those technologies that can be pointed out as an hint of not use, as well as, just the presence of technological resources at the school that do not guarantee the effective use of them in the teaching practices of teachers, even though there is an investment by the public policies, which is not a decisive factor for the effective use of ICT. Keywords: ProInfo Integrado; Redes de Aprendizagem Course, Continued Training, ICT: Information and Communication Technologies; Teachers’ practices.

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DEDICATÓRIA

Ao LêTece, por sua importância educativa, de modo especial aos Professores Drs.

Kátia Morosov Alonso e Cristiano Maciel, gratidão por me proporcionarem um novo olhar

sobre a tecnologia educacional.

Às três escolas lócus da pesquisa, nossos sujeitos e todos aqueles (as) que nelas

trabalham ou estudam.

À todos que estudaram na E.E. Alair Alves Costa, localizada em Nova Módica/MG,

que encontram-se “mundo afora” em busca de seus sonhos.

À minha família: minha mãe e primeira professora, ainda lá na “roça”, dona Maria

Quirino Neiva, exemplo de fé, persistência, amor e superação; à meus irmãos Edimilson e

Lucas Quirino pelo convívio fraterno e amável; aos meus filhos Esther e Matheus Quirino

Evangelista, inspirações de amor indescritível.

À amigos muito especiais: Hellen e Hevélyn, Gê, Mariinha, Niséia, Elariana, Méry,

Vandinalva, Ireny, Geovani Negri (Jota), Aluízio e Irandi, Cleuze, prima Ana Maria, Jailda

Antunes, Edson Rodrigues, Leléia, Janinha, Anjo, Valdeci, mano Robson, Antonio Moreira,

famílias: Ceolin, Both, “Junta Bóia” e Mota, Thiago e Nayara Fogaça e Lucas Andrade.

Aos irmãos na fé da Comunidade Nossa Senhora de Fátima – Tangará da Serra/MT.

In Memoriam: meu pai, Rui Quintino Neiva que partiu de forma inesperada em

dezembro/1980; aos amados Paulo Quirino da Silva e Neusa Fogaça Rodrigues falecidos em

2016. Sinônimos de amor e saudade.

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AGRADECIMENTOS

À UFMT e ao PPGE por me oportunizar este estudo; aos professores e colegas do

Mestrado em Educação turma 2015/2017 – gratidão pelo convívio e crescimento intelectual.

À minha orientadora Professora Doutora Kátia Morosov Alonso, pela delicadeza,

generosidade e, sobretudo pelas orientações e encaminhamentos neste trajeto, muito obrigada

por entender minhas limitações, acreditar em meu potencial e me incentivar no percurso. A

beleza da sua alma, Prof.ª Kátia, não é possível de ser descrita.

À Professora Doutora Daniela da Costa Britto Pereira Lima da UFG, grata pela

atenção, cordialidade e profissionalismo. Muito agradecida pelo aceite em participar da banca,

assim como da imensa contribuição no processo da Qualificação.

Ao estimado Professor Doutor Danilo Garcia da Silva, meus sinceros agradecimentos

pela generosa e importante contribuição no encaminhamento deste trabalho. Você irradia

força, apoio, compromisso com a educação e certamente muitos “caminhantes” terão a sorte

de terem sua orientação, apoio e suporte.

Para minhas referências docentes, que me ensinaram/ensinam para além das Letras:

Ercília, Ieda Santana Oliveira, Dona Mercêdes, Geni Figueiredo, Waldinéia Lemes, Robério

Barreto, Edevamiton Oliveira, Osvaldo Rodrigues, Chico Nogueira, Antônio Francisco de

Melo, Hellen Souza, Idalina Meurer, Josete Maria Cangussú Ribeiro, Carlos Abicalil, João

Monlevade, Júlio Viana, Gilmar Soares, Henrique Lopes, Cleomar e Katia Morosov Alonso;

À Maria Aparecida da Silva (Tia Cidinha), sinônimo de desprendimento material.

Grata pelo suporte, confiança, companheirismo e possibilidade de novas leituras; você é tão

grande que é impossível te descrever;

A todos os Quirinos, Quintinos e Neivas, grata pelas orações e energias positivas;

Aos companheiros do SINTEP/MT, pelo aprendizado político e humano dirigido a

todos os Profissionais da Educação;

Aos amigos e colegas de trabalho das escolas Bento Muniz, João Batista, Jada Torres

e do CEFAPRO/MT, de modo muito especial às amigas Rosangela Moraes e Lenilda Souza

pela confiança em mim depositada como pessoa e como profissional.

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Não é sobre chegar no topo do mundo Saber que venceu

É sobre escalar e sentir Que o caminho te fortaleceu

É sobre ser abrigo E também ter morada em outros corações

E assim ter amigos contigo Em todas as situações

(Trem bala – Ana Vilela)

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 16

CAPÍTULO I - APRESENTAÇÃO DO CENÁRIO ................................................................ 21

CAPÍTULO II - POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O USO DE TECNOLOGIAS:

FORMAÇÃO DE PROFESSORES, O PROGRAMA PROINFO INTEGRADO E O CURSO

REDES DE APRENDIZAGEM ............................................................................................... 36

2.1 O HISTÓRICO DE PROGRAMAS DE FORMAÇÃO EM TECNOLOGIA

EDUCACIONAL PARA PROFESSORES NO BRASIL DE 1960 AOS DIAS

ATUAIS. ......................................................................................................................... 36

2.2 O PROGRAMA PROINFO E PROINFO INTEGRADO ............................................. 45

2.3 OS CURSOS DE FORMAÇÃO OFERTADOS ATRAVÉS DO PROGRAMA

PROINFO INTEGRADO ............................................................................................... 47

2.4 O CURSO REDES DE APRENDIZAGEM (RA)......................................................... 51

2.4.1 Organização e metodologia proposta pelo curso Redes de Aprendizagem ..................... 55

CAPÍTULO III - O CAMINHO METODOLÓGICO PERCORRIDO .................................... 61

3.1 A ABORDAGEM QUALITATIVA.............................................................................. 61

3.2 O MÉTODO EXPLORATÓRIO DESCRITIVO .......................................................... 63

3.3 OS LOCAIS DA PESQUISA ........................................................................................ 64

3.3.1 A oferta do curso Redes de Aprendizagem no ano de 2014 ........................................... 66

3.3.2 O ProInfo Integrado no polo do CEFAPRO de Tangará da Serra/MT: Análise Documental

do Período de 2008 a 2014 ............................................................................................... 68

3.3.3 Os instrumentos de coleta de dados ................................................................................. 71

3.3.4 Identificação das escolas: o lócus da pesquisa ................................................................ 73

3.3.5 Análise do questionário aplicado aos gestores: Levantamento Situacional .................... 75

3.3.6 Identificação e localização dos sujeitos........................................................................... 87

CAPITULO IV - ANÁLISE E DIMENSÃO DAS PRÁTICAS .............................................. 93

4.1 OS DADOS PESSOAIS E SOCIOECONÔMICOS DOS SUJEITOS – ITENS I E II DO

QUESTIONÁRIO............................................................................................................. 94

4.2 DADOS CULTURAIS E PEDAGÓGICOS DOS SUJEITOS .......................................... 97

4.3 DADOS RELACIONADOS AO CURSO REDES DE APRENDIZAGEM OFERTADO

PELA PLATAFORMA E-PROINFO/ E O USO DAS TIC NA ESCOLA ................... 107

4.4 OBSERVAÇÃO E RELATO DAS PRÁTICAS.............................................................. 114

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 133

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REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 140

APÊNDICES .......................................................................................................................... 144

Apêndice A – Autorização da Assessoria Pedagógica ....................................................... 145

Apêndice B – Autorização do CEFAPRO de Tangará da Serra-MT.................................. 146

Apêndice C – Autorização para pesquisa – E1................................................................... 147

Apêndice D - Autorização para pesquisa – E2 ................................................................... 148

Apêndice E - Autorização para pesquisa – E3.................................................................... 149

Apêndice F – Modelo TCLE destinado aos sujeitos.......................................................... 150

Apêndice G – Modelo de questionário aplicado aos gestores das três escolas pesquisadas151

Apêndice H – Modelo de questionário aplicado aos sujeitos ............................................ 154

Apêndice I – Formulário de Contagem de Pontos de Professores ..................................... 161

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LISTA DE QUADROS

Quadro I - Programas e ações desenvolvidos no período de 1996 a 2012 ............................... 44

Quadro II - Objetivos específicos do Curso Redes de Aprendizagem por unidade ................. 55

Quadro III - Estrutura de grades de horários proposto pelo curso RA ..................................... 58

Quadro IV - Identificação dos Lócus da pesquisa .................................................................... 65

Quadro V - Oferta dos cursos IED /TIC´s e EP em 2014......................................................... 69

Quadro VI - Oferta do curso RA em 2014. .............................................................................. 70

Quadro VII - Oferta do curso RA em 2014 .............................................................................. 76

Quadro VIII - Distribuição dos computadores no ambiente escolar. ....................................... 77

Quadro IX - Distribuição dos sujeitos por Lócus de pesquisa.................................................. 91

Quadro X - Recursos da Internet que os sujeitos mais utilizam ............................................. 101

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Aproveitamento do Curso RA/2014 no Polo do CEFAPRO/MT de Tangará da

Serra. ......................................................................................................................................... 66

Gráfico 2: Situação Funcional dos Concluintes no ano de 2016 em relação à SEDUC/MT. ... 90

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Logomarca do Programa ProInfo Integrado ............................................................. 46

Figura 2: Formação em Goiânia/GO/2008 ............................................................................... 47

Figura 3: Plataforma e-Proinfo ................................................................................................. 49

Figura 4: Divulgação dos cursos ............................................................................................... 50

Figura 5: Capa do Guia do Cursista - curso RA....................................................................... 53

Figura 6: Extensor de sinal de Internet na E2 ........................................................................... 82

Figura 7 - Informes sobre acesso ao diário eletrônico - E1 .................................................... 114

Figura 8: Professores em Horas Atividades- E1 ..................................................................... 115

Figura 9: Registro de presença utilizando tablet de uso pessoal – E2 .................................... 115

Figura 10: Registro de presença utilizando notebook pessoal – P6........................................ 116

Figura 11: Retroprojetor Multimídia ...................................................................................... 118

Figura 12: Sala de Vídeo da E1 .............................................................................................. 118

Figura 13: Computador para atividade de reforço - P7 .......................................................... 119

Figura 14: Projeto para confecção de slides- P9..................................................................... 120

Figura 15: Cartaz de divulgação de curso – E2 ...................................................................... 121

Figura 16: Impressora Epson Styllus Office – E3 ................................................................. 122

Figura 17: Atividades no LIED – E3 ...................................................................................... 124

Figura 18: Projeção de filme no LIED – E3 ........................................................................... 125

Figura 19: Cartaz de divulgação – E1..................................................................................... 127

Figura 20: Página de Facebook – E1 ...................................................................................... 127

Figura 21: Imagem de blog – E2 ............................................................................................ 128

Figura 22: Rádio Interativa – E3 ............................................................................................ 129

Figura 23: Imagem de Facebook – E3 .................................................................................... 129

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LISTA DE SIGLAS UTILIZADAS

I PND-NR I Plano Nacional de Desenvolvimento da nova República

AAE Apoio Administrativo Educacional

BM Banco Mundial

CDCE Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar

CED Centro de Ciências da Educação

CEFAPRO/MT Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação

Básica do Estado de Mato Grosso

CE/IE Comissão Especial de Informática na Educação

CENIFOR Centro de Informática Educativa

CEP Código de Endereçamento Postal

CEPAL Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe

CIED Centro de Informática Educativa

CIES Centros de Informática na Educação Superior

CIET Centros de Informática Educativa nas Escolas Técnicas Federais

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CSN Conselho de Segurança Nacional

EaD Educação a Distância

EB Educação Básica

EDUCOM Projeto Educação com Computadores

EE Escola Estadual

FHC Fernando Henrique Cardoso

MT Mato Grosso

EJA Educação de Jovens e Adultos

E-PROINFO Ambiente Colaborativo de Aprendizagem a Distância

GPE Gestão de Pessoas

HA Horas Atividades

LANTEC Laboratório de Novas Tecnologias

LêTECE Laboratório de Estudos sobre Tecnologias da Informação e Comunicação na

Educação

LIED Laboratório de Informática Educativa

MEC Ministério da Educação

NTE Núcleos de Tecnologia Educacional

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PAR Plano de Ações Articuladas

PDE Plano de Desenvolvimento da Escola

PDDE Programa Dinheiro Direto na Escola

PEIP Projeto de Estudos e Intervenção Pedagógica

PPGE Programa de Pós-Graduação em Educação

PPP Projeto Político Pedagógico

ProInfo Programa Nacional de Informática na Educação

PROINFO INTEGRADO Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia

Educacional

PRONINFE Programa Nacional de Informática Educativa

PROUCA Programa Um Computador por Aluno

RA Redes de Aprendizagem

SEDUC Secretaria de Estado de Educação

SEED Secretaria de Educação a Distância

SEI Secretaria Especial de Informática

SigEduca Sistema Integrado de Gestão Educacional

TAE Técnico Administrativo Educacional

TIC Tecnologias da Informação e Comunicação

UAB Universidade Aberta do Brasil

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

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INTRODUÇÃO

Sou profissional da educação, efetiva pela SEDUC/MT desde 02/12/1996 (20 anos)

na função de Técnico Administrativo Educacional (TAE). Neste tempo trabalhei os 12 (doze)

primeiros anos na secretaria de escolas estaduais em Tangará da Serra/MT, sendo nove anos

como TAE e três anos desempenhando a função de Secretária Escolar. Neste período pude

acompanhar a troca de máquinas de datilografia por computadores, inserção de Laboratório de

Informática Educativa (LIED) nas Unidades Escolares (UE) e implantação, por parte da

SEDUC/MT, do Sistema Integrado de Gestão Educacional (SigEduca), para trabalhos

administrativos como prestações de contas e lançamentos em diários eletrônicos.

Após este período, por 04 (quatro) anos consecutivos minha lotação de trabalho

anual fora para o LIED da Escola Estadual Vereador Bento Muniz (EEVBM), localizada no

município de Tangará da Serra/MT, compreendendo os anos de 2010 a meados de 2013, e,

neste ambiente, pude observar diferentes práticas dos professores.

A utilização do LIED, que no local e período acima exposto dispunha de 30 (trinta)

computadores e duas impressoras para uso dos alunos e dos professores, era para acesso de

jogos educativos, pesquisas, orientação para digitação em geral e, também, por muitas vezes,

esta sala era utilizada apenas como um espaço para que os alunos pudessem assistir a filmes;

então minha curiosidade inicial para o uso das TIC se deu neste espaço, ao me indagar o que

era possível fazer para melhorar ou potencializar o uso do LIED, na perspectiva de que os

alunos utilizassem as tecnologias a favor do seu aprendizado.

No decorrer do ano letivo de 2013 fui removida para o CEFAPRO/MT de Tangará

da Serra/MT, por solicitação da gestão do referido Centro; lá fui encarregada de encaminhar e

supervisionar toda a formação oferecida pelo Programa ProInfo Integrado, no ano de 2014,

nos 07 (sete) municípios que compõem o polo, sendo eles: Barra do Bugres, Campo Novo do

Parecis, Denise, Nova Olímpia, Sapezal, Porto Estrela e Tangará da Serra.

Então, com a lotação no CEFAPRO/MT e a oportunidade de percorrer várias escolas

em diferentes ambientes em virtude do acompanhamento dos cursos, minha curiosidade

inicial despertada no LIED da EE Vereador Bento Muniz sobre o uso, sobretudo das TIC e de

recursos tecnológicos no ambiente escolar por professores em suas práticas pedagógicas,

foram então se acentuando.

Assim, os últimos 05 (cinco) anos, compreendendo os anos de 2010 a 2014, foi um

período mais intenso de aproximação com alguns recursos tecnológicos utilizados por

professores, dentre eles destaco: computador de mesa e portátil, tablet, data show, TV, DVD,

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câmera fotográfica e outros, inicialmente no LIED e depois no CEFAPRO/MT

acompanhando os cursos do Programa ProInfo Integrado.

Com o ingresso no mestrado no ano de 2015, este projeto foi sendo construído no

interior do grupo de pesquisa Laboratório de Estudos sobre Tecnologias da Informação e

Comunicação na Educação (LêTECE), grupo que trabalha com tecnologias dentro do

Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) na UFMT.

A pesquisa tem como título: Práticas docentes e o uso das TIC: e-ProInfo e o curso

“Redes de Aprendizagem”, sendo que o objeto de estudo desta pesquisa refere-se à influência

ou não do Curso RA na prática docente de professores, se a formação recebida se converte

em prática no cotidiano desses professores é o objetivo geral desta pesquisa.

Dentre os autores utilizados no desenvolvimento deste trabalho, destacamos: Lévy

(1993), Thompson (2011), Castells (2003), Toschi (2010), Frozi (2012), Sancho (1998),

Echalar (2015), Lima e Batista (2016), Martino (2014), Maciel (2013), Alonso (2008) e

outros.

Com base nos autores aqui citados, apontamos conceitos e ideias de relevância para o

desenvolvimento da pesquisa e a compreensão dos dados: Lévy (1993) nos alerta para as

novas maneiras de pensar e de conviver que estão sendo elaboradas no mundo das

telecomunicações e da informática; Toschi (2010) ressalta que o uso de novas tecnologias

pelo professor deve ser entendido como um meio para mediação do conhecimento, mas para

isso o professor precisa rever seus conceitos, formas de trabalho e, acima de tudo buscar

novos conhecimentos, assim como também amplia nossa visão do uso da internet e do

computador no ambiente escolar; Martino (2014) nos traz a reflexão sobre a importância da

Internet para o mundo e para a escola; Echalar (2015) nos apresenta uma pesquisa com

professores de Goiás e destaca a importância da formação continuada em tecnologia

educacional e Lima e Batista (2016) nos apresenta e nos leva à reflexão sobre as políticas

públicas e os programas oferecidos pelo Governo Federal nos últimos tempos.

O despertar para efetivação deste estudo se constituiu na medida em que eu,

desempenhando a função de Técnica Administrativa Educacional (TAE) no LIED, e,

posteriormente, no CEFAPRO/MT de Tangará da Serra, inserida na formação de professores,

tive minha curiosidade cada vez mais acentuada sobre a ação dos docentes que realizaram a

formação continuada pelo Programa ProInfo Integrado, dentro deste, o curso Redes de

Aprendizagem (RA). Diante do exposto, o objetivo geral da nossa pesquisa é compreender se

o RA, ofertado através de formação continuada pelo Programa ProInfo Integrado, influencia

ou não nas práticas destes professores.

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Apresentamos os objetivos específicos a serem alcançados com a pesquisa:

Entender as dimensões da proposta formativa do curso Redes de Aprendizagem

(RA);

Verificar as condições tecnológicas dos espaços educativos, lócus da pesquisa;

Compreender a relação do RA com as práticas docentes dos sujeitos e sua possível

influência.

O Curso Redes de Aprendizagem, juntamente com mais três: Introdução à Educação

Digital (IED), Elaboração de Projetos (EP) e Ensinando e Aprendendo com as Tecnologias

(TIC´s) são formações disponibilizadas pelo Programa ProInfo Integrado do Governo Federal

e pertencem ao Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional

(ProInfo Integrado) e são encaminhados através do Ministério da Educação (MEC) aos

estados brasileiros.

O trabalho está organizado em quatro (04) capítulos, sendo que no primeiro

apresentamos aquilo que consideramos o cenário das tecnologias e das TIC no mundo, e como

estas influenciam a vida das pessoas e, consequentemente, o cotidiano da escola; fazemos

também uma reflexão sobre a Internet e sua importância para a comunicação. Destacamos o

papel do professor quanto ao uso de tecnologias na escola e assim reiteramos a importância da

formação continuada para que este possa incluir recursos diversos como as TIC e o LIED em

suas aulas.

O segundo capítulo desta pesquisa apresenta o título: Políticas Públicas para o uso de

Tecnologias: Formação de Professores, o Programa ProInfo Integrado e o Curso Redes de

Aprendizagem. Trazemos as políticas públicas no que se refere à formação continuada para o

uso de tecnologias nas escolas, o histórico de programas em tecnologia educacional no Brasil

a partir de 1960 até os dias atuais, o Programa ProInfo Integrado, a plataforma e-ProInfo e de

modo mais específico, o curso RA.

No terceiro capítulo trazemos a metodologia da pesquisa, informações de como

ocorreu a análise documental, a identificação e a localização dos lócus e dos sujeitos; ou seja,

é a descrição dos instrumentos de coleta de dados utilizados para a realização da pesquisa.

Neste capítulo socializamos também a análise do questionário “Levantamento Situacional”

aplicado aos gestores, e através dos dados obtidos foi possível fazer um breve retrato da

escola no aspecto estrutural, condições de acesso à Internet e outras informações relevantes

apontadas aleatoriamente pelo gestor.

O quarto capítulo refere-se ao resultado das análises e dimensão das práticas

observadas. Apresentamos os dados obtidos com o questionário aplicado aos sujeitos,

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socializando seus dados pessoais, socioeconômicos, culturais, pedagógicos e os relacionados

ao curso Redes de Aprendizagem.

Ao final do capítulo IV descrevemos a observação das práticas pedagógicas

observadas no ambiente escolar, sendo que estas foram divididas em três dimensões: De uso

administrativo, Usos em sala de aula ou ambientes utilizados para tal e Tentativa de inserção

da escola em contextos mais amplos.

No decorrer do trabalho procuramos compreender com base nas teorias, os dados

apresentados, e analisando a possibilidade de relacioná-los com algum dos três (03) objetivos

gerais do curso RA, ou com algum dos oito (oito) objetivos específicos que foram distribuídos

em três unidades conforme proposta dos autores de Brasil, 2013.

A conclusão do nosso trabalho nos aponta para a necessidade da formação

continuada em tecnologia educacional e a fragilidade das ofertadas em programas de políticas

públicas até então; que a presença de recursos e TIC na escola não são suficientes para que

práticas pedagógicas utilizando estes sejam efetivadas, e que a utilização de TIC pelos

professores da pesquisa aponta para um uso mais efetivo de trabalhados administrativos e

burocráticos em detrimento do pedagógico.

Esperamos que a pesquisa aqui apresentada possa contribuir para futuras análises de

formação continuada em tecnologia educacional para professores, visando assim agregar

valores para que práticas de professores aliadas às TIC auxiliem no processo de aprendizagem

de alunos da educação básica.

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CAPÍTULO I - APRESENTAÇÃO DO CENÁRIO

Neste primeiro capítulo apresentamos o cenário das tecnologias, entendendo este

termo como sendo as tecnologias modernas quando tratamos dele e quando citamos os

autores; em seguida, trazemos as TIC, Internet, e formação continuada em tecnologia

educacional, descrevendo seus conceitos e como interferem no processo de comunicação, na

vida das pessoas e de modo especial na educação.

Damos ênfase a necessidade da formação continuada em tecnologia educacional

frente ao perfil dos alunos inseridos em uma cultura contemporânea que exige do professor a

reflexão e a compreensão das características dessa cultura. Neste capítulo fazemos uma

reflexão dos itens apresentados, ligando-os com um dos objetivos específicos e/ou gerais do

curso RA e/ou com alguns dos dados obtidos com a aplicação dos questionários ou com a

observação realizada.1E essas ligações e comparações seguem até o quarto capítulo.

Remetendo-nos ao conceito de tecnologia, Sancho (1998, apud

MECKLENBURGER, 1990) destaca que as próprias escolas e suas respectivas salas de aula

podem ser definidas como tecnologias, criadas com finalidade de realizar tarefa educacional

para atender necessidades educacionais.

[...] As próprias escolas são uma tecnologia, uma solução à necessidade de proporcionar educação a todos os cidadãos e cidadãs de certas idades. “A escola é

uma ‘tecnologia’ da educação, no mesmo sentido em que os carros são uma

‘tecnologia’ do transporte... Como a escolaridade maciça, as salas de aula são invenções tecnológicas criadas com a finalidade de realizarem uma tarefa educacional. São um meio de organizar uma grande quantidade de pessoas para que possam aprender determinadas coisas”. (SANCHO, 1998, p. 39-40).

Mas, será que nossas escolas no atual formato pedagógico e estrutural tem

conseguido desempenhar seu papel, alcançando seu objetivo de ensinar? Essa é uma questão

que surge no decorrer da pesquisa durante as observações, no entanto é uma questão e um

problema bastante amplo e que requer pesquisas específicas, pois o foco da nossa pesquisa é o

curso RA e sua possível influência nas práticas docentes de professores. Dentre os desafios

postos no cotidiano destes professores, destacamos aqui o uso de TIC, Internet e outros

recursos tecnológicos, a fim de um uso significativo destes por parte dos alunos.

1 Não estamos afirmando que a proposta o RA seja adequada, porém como nosso trabalho trata efetivamente do curso RA, consideramos pertinente realizar tal relação.

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Desta forma, reiteramos o primeiro objetivo específico do curso RA na Unidade 1,

que (Brasil, 2013) propõe ao professor o incentivo e a reflexão, buscando compreender a

cultura de crianças e jovens, pois ao compreender os desejos e necessidades destes, será mais

fácil proporcionar-lhes o uso mais útil e significativo das tecnologias.

Mendonça (2016, apud ALMEIDA e FRANCO, 2014): “Reforçam a necessidade do

professor se reinventar e se apropriar das tecnologias para ser mais independente e produzir

aulas mais criativas”. Assim, citamos o fato dos professores procurarem pela formação

continuada como alternativa de orientação para uso de tecnologias.

No sentido de auxiliar o professor na promoção da cultura digital é que o curso RA

apresenta como primeiro objetivo geral: “Promover a análise do papel da escola e dos

professores frente à cultura digital nesta sociedade tecnificada”, Brasil (2013, p.07), pois se

torna necessário, como propõe o objetivo, analisar a função da escola e também do professor.

Sancho (1998, p.40) cita o trabalho diário dos professores quanto à tarefa de ensinar

conteúdos com o intuito de alcançar metas como sendo uma tecnologia. Destaca que: “O

conhecimento em ação provém de fontes muito diferentes e se reconstrói no contexto da

instituição, ainda que saibamos muito pouco sobre como os indivíduos utilizam o

conhecimento teórico na ação” Assim, podemos refletir sobre o objetivo geral da nossa

pesquisa quanto à influência do curso RA nas práticas docentes dos professores, da

possibilidade da teoria ser visualizada em ação.

Na realidade, a história da educação, desde os sofistas ao último projeto de utilização das Tecnologias da Informação e da Comunicação, tem um forte componente de planejamento, de intervenção, de “saber fazer”. O que os professores

fazem a cada dia de sua vida profissional para enfrentar o problema de ter de ensinar a um grupo de estudantes determinados conteúdos, durante certo tempo, com o fim de alcançar determinadas metas, é conhecimento na ação, é Tecnologia. A prática educacional existia antes da reflexão sobre a educação. (SANCHO, 1998, p.40).

Para Toschi (2010), transformações podem ocorrer a partir da forma como as

tecnologias são utilizadas, por isso sua importância na sociedade. Porém, a forma e o contexto

em que elas são utilizadas é que definirá o reflexo social e democrático.

Com essas tecnologias, o leitor passa a ser também o “usuário” que proporciona

transformações culturais, políticas econômicas importantes nas sociedades atuais. A tecnologia, dessa forma, pode ser instauradora da democracia, embora não seja em si mesma, boa ou má. Isso dependerá, segundo Lévy (1993), do uso e do contexto do uso que se fará dela. (TOSCHI, 2010, p.66).

Para Lévy: “Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no

mundo das telecomunicações e da informática” (1993, p.7). Sendo que estas estão cada vez

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mais presentes na vida das pessoas, alterando a forma de pensar e a maneira como se

relacionam. É necessário que a escola também pense sobre essas questões, visto que estes

interferem em fatores como a própria escrita, leitura e aprendizagem.

As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência depende, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem são capturados por uma informática cada vez mais avançada. Não se pode mais conceber a pesquisa científica sem uma aparelhagem complexa que distribui as antigas divisões entre experiência e teoria. Emerge, neste fim do século XX, um conhecimento por simulação que os epistemologistas ainda não inventariaram. (LÉVY, 1993, p.7).

Esta nova forma de viver e conviver, para Thompson (2011, p.58), é um espaço e um

tempo que podem ser agora experimentados simultaneamente, onde o mesmo tempo não

significa o mesmo lugar, a mesma localidade. Ainda para este autor: “A disjunção entre o

espaço e o tempo preparou o caminho para outra transformação, estreitamente relacionada

com o desenvolvimento da telecomunicação: a descoberta da simultaneidade não espacial”.

[...]. Com o advento da disjunção entre espaço e tempo trazida pela telecomunicação, a experiência de simultaneidade separou-se de seu condicionamento espacial. Tornou-se possível experimentar eventos simultâneos, apesar de acontecerem em lugares completamente distintos. Em contraste com a concretude do aqui e agora, emergiu um sentido de “agora” não mais ligado a um

determinado lugar. A simultaneidade ganhou mais espaço e se tornou finalmente global em alcance. (THOMPSON, 2011, p.59).

Thompson (2011), concordando com Lévy (1993), descreve essa nova maneira que

as pessoas estão utilizando para se comunicarem, indo além do que pode ser entendido, como

sendo feito “face a face”, ou seja, a ação foi sendo modificada e outras formas de interação

foram emergindo. Este fator tem influenciado também na formação de professores, citamos

então a oferta do curso RA que apresenta a maior parte de sua carga horária para a realização

das atividades à distância, sendo que no ambiente e-ProInfo que é onde o professor

desenvolve as atividades do curso, há também recursos destinados à interação com o

mediador e com os outros colegas de turma.

[...] Em outras palavras, o desenvolvimento dos meios de comunicação fez surgir novos tipos de “ação à distância” que se tornaram cada vez mais comuns no mundo

moderno. Enquanto nas mais antigas sociedades as ações e suas consequências eram geralmente restritas aos contextos de interação face a face e às suas circunvizinhanças, hoje é comum ver os indivíduos orientarem suas ações para outros que não partilham o mesmo ambiente espaço temporal, e com consequências que ultrapassam de muito os limites de seus contextos e localizações. (THOMPSON, 2011, p.137-138).

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No que se refere ao processo de comunicação, destacamos aqui que todos os sujeitos

da pesquisa possuem aparelho celular, sendo treze (13) modelos Smartphones, mas apenas

dois (02) professores afirmaram usar este aparelho como recurso pedagógico com seus alunos.

Assim, podemos concluir que nossos sujeitos demonstram aproximação com essa tecnologia

moderna, porém este é um recurso que pode ser explorado pelo professor em suas aulas,

utilizando-o como recurso pedagógico e incentivando seus alunos, onde o “agora” sugerido

por Thompson (2011) pode conduzir o aluno para outros lugares e espaços na busca pelo

conhecimento.

Será a comunicação fazendo parte então, não apenas da formação do professor, mas

efetivamente dentro da sala de aula, explorando assim as possibilidades de uso do aparelho

celular que tem causado polêmica e é objeto de proibição, sendo que esta opção foi marcada

por 06 (seis) dos nossos sujeitos no questionário, afirmando ser proibido seu uso com alunos

na escola em que trabalha.

Nesse contexto de mudanças e transformações, pensemos também sobre o uso das

TIC no ambiente escolar, que se encontra previsto em lei de acordo com Lima e Batista

(2015, p. 92): “A partir da CF (1988) e da LDB (1996), são elaboradas as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Educação Básica com abordagem mais ampla, inclusive a

respeito das TIC no ambiente escolar”.

Procurando uma definição para TIC, destacamos a realizada por Lima e Batista

(2015, apud BÉVORT E BELLONI, 2009) que definem como tecnologia da informação e

comunicação, as ferramentas que possibilitam e facilitam a informação, interação e

comunicação do homem com os seus pares, observando também que estas são construções e

apropriações históricas.

Um mundo de inovações e TIC se fazem presentes fora da escola, mas e dentro dela?

Como fazer para que essas tecnologias sejam utilizadas pelo professor em suas práticas e que

estas colaborem para o desenvolvimento social dos nossos alunos? Enfim, que não seja o uso

pelo uso, mas sim que os discentes possam utilizá-las em seu contexto de vida. De acordo

com Frozi (2012), o acesso às TIC fará sentido desde que estas possibilitem mais do que o

acesso, e sim o uso, a compreensão e a transformação de seu contexto a favor de quem a

utiliza.

Inserir-se na sociedade da informação não quer dizer apenas ter acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação, mas principalmente saber utilizar essas tecnologias para a busca e a seleção de informações que permitam a cada pessoa resolver os problemas do cotidiano, compreender o mundo e atuar na transformação de seu contexto, entendo o uso delas como possibilidade de uma rede de

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informações e experiências, a compreensão crítica da realidade e o desenvolvimento humano, social, cultural e educacional. (FROZI, 2012, p.16).

Com a realização da pesquisa, constatamos que o uso das TIC está presente na vida

pessoal do professor, neste sentido, citamos que eles afirmam ter acesso à internet, todos

utilizam e-mail, possuem notebook e aparelho celular smartphone; observamos também que

os professores utilizam na escola algumas TIC, porém a ênfase é para o trabalho

administrativo e burocrático; já na sala de aula, como recursos para tornar suas aulas mais

interessantes, as TIC e outros recursos tecnológicos diversos, de acordo com dados obtidos

com o questionário, também foram marcados pelos professores que afirmaram utilizar o Data

Show, Internet, LIED, TV/Vídeo, Câmera Fotográfica e Telefone Celular.

Frozi (2012, apud PORTO, 2006) declara que avanços deste tipo são necessários, e

que é preciso utilizar além dos suportes tradicionais outros recursos atuais que não eram

explorados. Assim, podemos perceber então que os professores da nossa pesquisa encontram-

se neste caminho sugerido pela autora.

É preciso avançar. É preciso ultrapassar as relações com os suportes tecnológicos, possibilitando comunicações entre os sujeitos, e destes com os suportes tradicionalmente aceitos pela escola (livros, periódicos), até os mais atuais e muitas vezes não explorados no âmbito escolar (vídeos, games, televisão, internet...). (FROZI, 2012, p.76).

Além da importância dos recursos citados por Frozi (2012) e por Sancho (1998), esta

última também ressalta a cultura web que pode auxiliar o professor em sua prática diária pela

quantidade de informação disponível, citando os jornais, revistas eletrônicas e museus. Porém,

para que seja possível ao professor realizar uma prática pedagógica assim, será necessário que

a escola disponha de recursos adequados, como um LIED em boas condições de uso, uma

Internet com boa conexão onde professores e alunos possam ter acesso no ambiente escolar,

dentre outros fatores. Além disso, citamos o fato da proibição do uso do celular na escola, que

é outra barreira a ser superada.

Atualmente, existe na rede uma infinidade de recursos desse tipo. Por exemplo, a maioria dos grandes jornais oferece uma versão eletrônica na Web; também se encontra na rede centenas de revistas eletrônicas de todos os temas, infinidade de livros completos que podem ser recuperados. Muitos mus eus dispõem de conexão à Internet para realizar visitas virtuais às exposições temporárias e às coleções. Qualquer tema que for proposto em sala de aula terá, com certeza, uma grande quantidade de informação disponível na Web. (SANCHO, 1998, p.322).

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Pensemos o uso de TIC na educação básica como sendo um campo que precisa ser

melhor ocupado por professores que ainda não se utilizam de tais recursos no

desenvolvimento de suas aulas; estes precisam ser percebidos e posteriormente adotados

mediante planejamento. De acordo com a observação realizada durante a pesquisa, ficou claro

que há a necessidade de uma apropriação por parte do professor para a integração destas em

suas práticas docentes, sendo que o uso das TIC para tarefas burocráticas e administrativas já

está acontecendo.

Atuando como profissional da educação há 19 (dezenove) anos consecutivos

trabalhando em escolas de educação básica através de lotação pela SEDUC/MT (secretaria

escolar e LIED) e por último no CEFAPRO/MT, observei que alguns professores tentam

utilizar diferentes recursos em suas aulas, como os citados anteriormente, acredito que, com

essa tentativa buscam tornar suas aulas mais atrativas e assim, motivar a aprendizagem,

conforme mencionado pelos sujeitos na análise dos dados do questionário e aqui ratificadas

por Sancho:

Já há algum tempo, para tornar a aprendizagem mais motivadora e a informação mais abrangente, os professores têm utilizado diversos recursos educacionais, tais como vídeos, recortes da imprensa, programas informáticos, v isitas, palestras etc. (SANCHO, 1998, p.322).

Assim o uso das TIC é apontado como sendo de importância frente à realidade de

inovações, destacamos aqui também o uso de mídias na educação, defendidas por Toschi

(2010) como ferramentas de mudança na quebra de paradigmas e superação de barreiras e que

sejam utilizadas como mediadoras na produção de conhecimento. A autora sugere ao

educador que este reveja seus conceitos, a maneira como trabalha, que ele busque novos

conhecimentos e construa uma identidade docente utilizando as mídias em especial o

computador e a Internet.

Falar de mídias na educação em pleno século XXI supõe, em primeira instância, um rompimento paradigmático. Cabe lembrar que as mídias, por si apenas não rompem paradigmas, elas são apenas ferramentas para essa mudança. É preciso que o docente que as utiliza faça delas um meio para mediação na produção do conhecimento. Assim vale ressaltar que o educador precisa rever seus conceitos, formas de trabalho e, acima de tudo buscar novos conhecimentos, ou seja, construir uma identidade docente que valorize a mediação do conhecimento, valendo-se das mídias, em especial computador e a internet. (TOSCHI, 2010, p.145).

Porém, para que de fato aconteça a utilização de TIC, mídias e outros recursos

tecnológicos por parte do professor, e que estes façam parte de suas práticas pedagógicas, é

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preciso refletir sobre sua identidade docente, sendo este fator decisivo no processo de

utilização. Neste sentido, a autora reitera a dificuldade que os professores apresentam em

utilizar o computador e a Internet.

Como já afirmado, a mediação pedagógica utilizando as mídias acontecerá conforme a identidade docente. Percebe-se que em muitos espaços educacionais, mesmo com as novas tecnologias da informação, ainda há educadores que não sabem utilizar o computador e a internet. Alguns não sabem sequer ligá-lo, quanto mais utilizá-lo como um meio de comunicação aliado a sua didática em sala de aula, como ferramenta de trabalho. Por isso, nem sempre a mediação pelas mídias é realizada. (TOSCHI, 2010, p.150).

Quanto ao uso do computador, treze (13) dos nossos sujeitos afirmaram utilizá-lo na

escola para planejamento, pesquisas e estudos e também para inserção no programa SigEduca

da SEDUC/MT. Diante desses dados, podemos afirmar que, a maioria dos nossos sujeitos

apresentam características de utilização presentes em sua identidade docente, e que se

potencializadas possa haver uma incidência maior de efetivação de práticas docentes em sala

de aula, até porque, do ponto de vista administrativo, o computador já está sendo usado pelos

professores.

Diante da importância da Internet citada por Sancho (1998), Frozi (2012) e Toschi

(2010) anteriormente e também apontada pelos sujeitos e pela equipe gestora dos lócus da

pesquisa, consideramos pertinente apresentar algumas informações a respeito da Internet, sua

influência e importância na vida humana, na escola e para os professores.

Um dos itens do questionário aplicado aos professores que se refere a atividades que

mais ocupam o seu tempo, a Internet foi o item mais assinalado por estes, sendo feito por onze

(11) dos sujeitos da pesquisa. Outro dado importante revelado pelos professores que se

referem à Internet é o fato de que doze (12) deles possuem acesso a ela em suas residências.

Estes dados nos remetem também ao objetivo específico um (01) da Unidade II do curso RA:

“Identificar características gerais da cultura contemporânea altamente tecnificada, também

reconhecida como cibercultura ou cultura das redes” Brasil (2013, p.08), sendo a Internet um

requisito para que se tenha acesso às redes.

As alterações que ocorreram ao longo do tempo com a presença das novas

tecnologias usando a Internet nos levam a refletir sobre a influência destas na vida humana.

Quanto à criação e desenvolvimento da Internet, Castells (2003, p.13) define que: “A história

da criação e do desenvolvimento da Internet é a história de uma aventura humana

extraordinária”. Segundo o autor, ela impulsiona as pessoas na realização de metas, superação

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de barreiras burocráticas e na subversão de valores na perspectiva de “inaugurar um mundo

novo”.

Diante da importância destacada por Castells com relação à Internet, é que

reiteramos a necessidade desta em nossas escolas. Que haja facilidade de acesso e que esteja

disponível ao professor para a realização de suas atividades administrativas e pedagógicas,

incluindo a sala de aula. A Internet, sua qualidade de acesso e seu uso foram pontos comuns

apontados pelos gestores das três unidades pesquisadas e registrados no formulário

“Levantamento Situacional”, analisado no capítulo III deste trabalho. De acordo com os dados

obtidos, destacamos que uma (01) das três (03) escolas registraram dificuldade de acesso.

No entanto, uma Internet de boa qualidade, que permita o acesso e navegação é

apenas um dos fatores importantes para a efetivação de TIC nas escolas, ela faz parte de um

conjunto de requisitos tão esperado por profissionais da educação e alunos que compõem a

escola pública; outros fatores como: melhoras na estrutura física e tecnológica, formação

continuada para professores destinada ao uso da tecnologia educacional e concretização de

políticas públicas em geral para a educação básica fazem parte dos anseios daqueles (as) que

em seu dia a dia desempenham sua função docente.

Toschi (2010) amplia nossa visão do uso da internet e do computador, e ressalta

como é relevante o uso destes no ambiente escolar na produção de conhecimentos, a autora

também os aponta como sendo um caminho no sentido de atender anseios na busca pelo novo:

A internet é um campo vasto e riquíssimo, pode-se utilizá-la como instrumento de comunicação, de pesquisa, de produção de conhecimento, utilizando sua interface ideográfica, característica das linguagens simbólicas. No computador, apresentam-se através de ícones, signos que simbolizam, de forma gráfica, objetos ou conceitos representados por uma determinada imagem. Voltar-se-ia, assim, a ter, na escola, um ambiente rico de informações, de assuntos históricos, atuais, atrativos, com capacidade de atender ao anseio natural que todo ser humano possui de buscar o novo. (TOSCHI, 2010, p. 24).

Martino (2014) também destaca a importância da Internet, e nos remete a uma visão

da necessidade desta para que não ocorra a exclusão digital, pois segundo o autor, índices

sociais e econômicos estão ligados as diferenças de conhecimento. Então indagamos: será que

a educação oferecida pelas três escolas lócus da pesquisa proporcionam a seus alunos,

conhecimentos no sentido de evitar este tipo de exclusão?

Ficar de fora aumenta as diferenças de conhecimento relacionadas com as diferenças sociais e econômicas. A exclusão digital igualmente deixa a pessoa fora de um mercado de trabalho onde o virtual e o real estão cada vez mais ligados de maneira inseparável. As medidas tomadas no sentido de diminuir a exclusão digital se

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orientam sobretudo no sentido de garantir o acesso à internet [...].(MARTINO, 2014, p.282).

Assim como Martino (2014), Rivoir (2016) afirma que a Internet é necessária para

que não haja exclusão digital. Para a autora, o uso das tecnologias representa a “porta de

acesso” a setores pessoais e profissionais, e quanto às TIC, estas podem servir como processo

de exclusão, bem como a ausência ou presença destas determina a forma de vida das pessoas.

El uso de las tecnologías se presenta como un requisito formal para acceder a diversos bienes y servicios: acceder a un empleo, (tele) trabajar desde el hogar, interactuar con el Estado, o inclusive tomar decisiones políticas a través del voto electrónico. Cada vez más la toma de decisiones se superpone a los ámbitos que generan y reproducen las TIC: la economía, la educación, la cultura, la estructura social. Por lo que la falta de acceso a las tecnologías repercute de manera directa en los beneficios económicos, sociales y culturales de las personas excluidas (Lash, 2002, Selwyn 2004, Katzman, 2010). En este sentido, la falta de acceso a las TIC puede ser considerado un “primer piso” de la “brecha digital”, lo cual es producto

fundamentalmente de la exclusión y segregación social preexistente entre los distintos grupos sociales . Robinson (2001); Finquelievich (2003); Rivoir (2009). (RIVOIR, 2016, p.31).

Assim, o uso de tecnologias, TIC, recursos tecnológicos em geral e Internet são

considerados importantes para a vida humana e para o processo pedagógico nas escolas

conforme visto até agora. Porém, para o uso efetivo destes em suas práticas pedagógicas são

necessários conhecimentos específicos do professor, e assim destacamos o papel da formação

continuada.

O cenário dos lócus da pesquisa nos aponta que estas escolas possuem TIC: LIED,

computadores em diversos ambientes, aparelhos (TV, DVD, Retroprojetor Portátil, Data

Show) e outros recursos e dispositivo; então, é preciso potencializar o uso destes nos

respectivos ambientes escolares, mas para isso será necessário proporcionar ao professor uma

formação continuada que dê conta de fomentar a apropriação do uso destas e sua importância

como instrumento pedagógico.

A perspectiva do uso mais intenso das TIC na formação de professores, e pelas escolas, carece de significação quando, como apontado por Barreto (2004), se trata de sua apropriação em sentido cultural/pedagógico amplo. A lógica da rede é, evidentemente, base para que esse movimento possa ter continuidade. Isso já fora indicado por Pretto (2002). O problema é que se persiste na mesma concepção de uso das TIC com consequências graves para os sistemas escolares. (ALONSO, 2008, p.761).

Este cenário também nos aponta proibições, falhas na estrutura física e tecnológica

dos lócus e também na formação continuada para uso de tecnologias na educação, no entanto,

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as escolas pesquisadas demonstraram ações no sentido de “se mostrarem, de se fazerem

vistas” através da rede social Facebook e também através de Blog apresentadas no capítulo IV

deste trabalho, além de outras ações como o desenvolvimento de Projetos e a utilização dos

LIED, podendo assim vislumbrar tentativa de algumas práticas utilizando TIC por parte das

escolas.

De acordo com Echalar (2015), práticas docentes estão relacionadas à formação

inicial e continuada que os professores receberam, bem como o histórico pessoal e

profissional interferem em seu exercício docente.

As práticas profissionais e pessoais dos docentes estão diretamente relacionadas aos conhecimentos em seu trabalho, bem como os valores e atitudes construídos ao longo de sua trajetória histórica enquanto sujeito social. Elas constituem a historicidade desse profissional, as contradições desse percurso, marcadas inclusive pelos modelos de formação inicial e continuada que receberam. (ECHALAR, 2015, p.85).

Neste sentido, trazemos aqui mais um objetivo específico, sendo este da Unidade 3

do curso RA que propõe: “Reconhecer o papel da escola e dos professores na formação de

sujeitos capazes de posicionar-se de modo crítico e criativo frente às profundas

transformações com as quais esta nova era de tecnificação nos desafia”. (BRASIL, 2013,

p.09).

Assim, podemos afirmar que há sim um reconhecimento por parte dos profissionais e

da comunidade escolar da importância dessas mudanças na formação desses sujeitos, mas

para que de fato este objetivo tenha possibilidade de ser alcançado, serão necessárias efetivas

ações por parte do poder público no sentido de efetivação de políticas públicas destinadas à

educação básica. A escola tem se sentido pressionada ao ser colocada para ela como objetivo,

preparar os alunos para viver na sociedade tecnológica, no entanto não são dadas as devidas

condições para que isto aconteça.

A escola tem sido vista como local em que as inovações devem-se fazer presentes para que os indivíduos sejam preparados para desempenhar seu papel social de forma eficiente. Com a tecnologia amplamente disseminada, para as mais diversas funcionalidades, a escola abarca mais esta função: preparar o indivíduo para viver numa sociedade tecnológica. Cabe à escola, porém, acompanhar as inovações em seu pleno desenvolvimento? (ECHALAR, 2015, p.104)

Segundo Echalar (2015), as práticas docentes não existem para transformar o

indivíduo, mas sim que o uso de tecnologias aconteça de forma reflexiva, que ela seja

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apreendida e transformadora, primeiramente pelo professor, assim sendo, ele será capaz de

transformar então o contexto no qual encontrar-se inserido, interligando teoria e prática.

As práticas docentes de uso de tecnologias não configuram umas práxis no sentido de uma atividade humana capaz de transformar o próprio homem; uma atividade que supera o dualismo entre teoria e prática (VÁZQUEZ, 2011). No contexto educacional, a práxis implica numa prática docente reflexiva para que o educador transforme a si mesmo e seja capaz de transformar a realidade em que está inserido. Nesta perspectiva, a tecnologia é uma produção sócio histórica inerente a toda ação humana por meio da qual é impossível extrair dos objetos técnicos a sua dimensão cultural. Assim, não se deveria dicotomizar o teórico do prático, o técnico do pedagógico, nem a prática profissional do pessoal. (ECHALAR, 2015, p.100-101).

No entanto, observamos nos últimos anos em contato com escolas da Rede Estadual

de Ensino de MT e profissionais que lá atuam, que alguns professores “adotaram” o uso das

TIC, aparelhos e dispositivos para sua vida pessoal, mas não para o exercício da docência.

De acordo com os dados obtidos com a aplicação do questionário, constatamos que a

maioria dos sujeitos possui notebook, aparelho celular smartphone com Internet, utilizam

redes sociais em geral para estudo e lazer, todos eles utilizam o e-mail para se comunicarem,

mas é como se o uso de tecnologia ficasse barrado na porta da sala de aula. Então será

necessário que estes professores deixem de ser apenas consumidores de tecnologia, mas

agregadores desta em seu trabalho docente, conforme descritos por Petter e Sambrano (2016),

Devido a isso, o professor não deve ser apenas um consumidor de tecnologia. Ele deve ser formado e incentivado a ser também produtor dela. Interessante seria se o professor, a partir dos seus conhecimentos e necessidades pedagógicas, complementasse e/ou criasse novos usos didático-pedagógicos para os dispositivos tecnológicos existentes. Isso a princípio não parece ser intuito longe de ser alcançado, porque boa parte dos professores são consumidores/usuários das tecnologias de modo geral (smartphones, controles remotos, computadores) e das redes sociais (WhatsApp; Facebook; Instagran). Isso exige apoio de infraestrutura e de pessoal à escola, formação contínua dos professores, e mudanças de cultura docente e escolar frente à inserção tecnológica. ( p.330-331).

Diante das afirmações da citação acima, nos remetemos ao segundo objetivo do

curso RA dentro da Unidade I, que apresenta como objetivo ao professor: “Iniciar-se na

experimentação pessoal de mídias sociais”, assim podemos afirmar que este objetivo foi

alcançado, pois nossos sujeitos de acordo com os dados obtidos no formulário Questionário

Aplicado aos Sujeitos afirmaram ser consumidores e usuários de tecnologias de um modo

geral em sua vida pessoal, então essa experimentação já existe.

Destacamos a importância da ação do professor quanto educador, por isso as

políticas públicas devem ser propostas no sentido de contemplar sua formação inicial e

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continuada apontadas por Frozi (2012), sendo este um agente determinante no processo

educativo, enfatizamos que é o professor quem também define até o momento, sobre o uso

(ou não) das TIC em sala de aula, porém as condições físicas e materiais das escolas aliadas a

formação são fatores determinantes para que tais práticas aconteçam.

A ação do professor é determinante no processo educativo. Qualquer po lítica pública que não contemple a formação inicial e continuada do professor está fadada ao fracasso, pois não há como desconsiderar sua relevância especialmente considerando o mundo globalizado no qual estamos inseridos. (FROZI, 2012, p.26).

Este professor carece de formação inicial e continuada que o encoraje para o uso das

tecnologias disponíveis e que estas devem ser incorporadas em suas práticas; no entanto, é

necessário então olhar a sua volta e detectar o que lhe é disponível, e realizar de forma

desafiadora um planejamento para a utilização destas. É necessária também uma

“curiosidade”, descrita por Maciel (2013),

Embora não agradando a todos, a tecnologia está posta, não retrocederá. Então, não sofra, faça dela um aliado para o sucesso de suas aulas. Contudo, isso não significa que tenhamos que nos tornar Web designers, designers instrucionais, nem profissionais da tecnologia, afinal, existem excelentes profissionais para nos auxiliar nessas etapas. No começo, olhe a tecnologia com olhos curiosos e, aos poucos, amplie seu raio de ação, busque colegas e grupos interessados, leve o universo da tecnologia para a sala de aula e depois se aproprie dela e construa, com outros colegas também curiosos, caminhos, nem sempre fáceis, mas, com certeza, mais desafiadores. (p.162).

Cerny e Espíndola (2016), destacando a formação continuada que chega até os

professores, cita o Programa ProInfo como iniciativa do Ministério da Educação, tece críticas

a partir de um estudo realizado por Cerny (2012) quando da realização de um histórico de

teses e dissertações que tratam de um modo geral dos reflexos ocorridos com a

implementação do referido programa.

Dentre os pontos elencados abaixo pelos autores, destacamos com relação à

realização da nossa pesquisa a descontinuidade das ações formativas, ressaltando inclusive

que no estado de Mato Grosso, nos anos de 2015 e 2016, não foram ofertadas via SEDUC/MT

ações formativas dirigidas a professores para o uso de tecnologias na educação, falta de

infraestrutura adequada, as condições de trabalho e a falta de contexto dos conteúdos do curso

com a área específica na qual o professor atua.

Quanto ao último item citado no parágrafo acima, destacamos dados obtidos com a

aplicação do questionário quanto ao curso de licenciatura/graduação que são um total de sete

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(07) cursos para quatorze (14) sujeitos. Assim, percebemos que o RA foi ofertado de uma

forma bem geral, sem especificidade de formação inicial, correndo o risco de que os

conteúdos não façam sentido com a área na qual o professor atua.

[...] O estudo aponta o caráter generalista dos modelos de formação, que desconsideram as características e interesses locais em um país plural; a dificuldade em prover às escolas infraestrutura adequada (aparelhos, ambientes, recursos, internet) para a implantação das transformações sugeridas nas formações e para continuidade dos processos (trans) formativos; a descontinuidade das ações, que se configuram como proposta de governo e não como plano do Estado; desconsideração das condições de trabalho - sua jornada, seus objetivos, as condições que lhe são oferecidas, a descontextualização dos conteúdos fo rmativos com a área específica. (CERNY e ESPÍNDOLA, 2016, p. 481).

Então, a análise quanto à relação direta destes programas com o aprendizado precisa

ser realizada, e como forma de contribuição, registramos com essa pesquisa como se dá a

utilização das TIC, aplicando questionário e observando a prática pedagógica de 14 (quatorze)

professores que concluíram o curso RA. A perspectiva com essa ação é de compreender se

esta formação recebida, de alguma forma influenciou esses sujeitos em suas práticas docentes,

sendo portanto o objetivo geral desta pesquisa.

Quando reafirmamos a necessidade da formação continuada para uso de tecnologia

educacional, é devido ao fato também, de que o perfil dos alunos que atualmente recebemos

em nossas escolas, apresenta características de uma geração descrita por Toschi (2010) que

vive na “Era Digital”. Para estes alunos a escola deixou de ser o único local onde se buscava

informações; eles vivenciam outro mundo fora da escola, incluindo acesso e navegação na

Internet e através destes estabelecem além de aprendizado, vínculos afetivos.

Não podemos ignorar a realidade de que nossos alunos não possuem a escola como única fonte de informação há muito tempo. Grande parte dos alunos da Era Digital chega à sala de aula com uma vasta bagagem proveniente da navegação diária, a qual tem acesso desde bem pequenos, através do mundo que atualmente chama e prende a atenção deles, o mundo dos sites, blogs, links e emotions; um mundo onde vínculos de afetividade e interação não mais dependem exclusivamente da presencialidade. (TOSCHI, 2010, p.75).

Neste sentido, o professor terá como desafio: “Reconhecer e aprender a valorizar as

aprendizagens que os jovens realizam nos ambientes de mídia social”. Brasil (2013, p.08).

Apresentado pelos autores como o segundo objetivo específico da Unidade 2, e assim

destacamos a questão do Questionário Aplicado aos Sujeitos que se refere aos motivos que

contribuíram para a decisão do cursista em frequentar o RA, sendo que onze (11) dos sujeitos

apontaram a necessidade de melhorar a qualidade de suas aulas, fazendo uso dos recursos e

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multimídias. Desta forma, podemos concluir após analisado este dado, que o professor

reconhece a necessidade de valorizar essas aprendizagens que o aluno possui, e o desafio está

em como se utilizar das mídias como ferramentas pedagógicas e como fazer para mediar esse

processo.

Maciel (2013, apud, MORAN; MASSETO; BEHRENS, 2002) destaca o papel do

professor, nesse processo mediador, e que esse profissional realize seu trabalho no sentido de

ser “ponte” para o aprendizado, sendo aqui apresentado como um facilitador, segundo Maciel

(2013),

Por mediação pedagógica, entendemos a atitude, o comportamento do professor que se coloca como um facilitador, que se apresenta com a disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e sua aprendizagem – não uma ponte estática, mas uma ponte “rolante”, que ativamente colabora para que o aprendiz chegue aos seus objetivos . (p.31).

Toschi (2010), concordando com Maciel (2013), no sentido de que o professor deve

desempenhar uma função mediadora, destaca que o trabalho docente precisa ser realizado de

forma a instigar o aluno para a construção do conhecimento, inclusive utilizando as mídias

para que tal objetivo seja alcançado.

O papel do professor deverá ser o de mediador do conhecimento, instigando os alunos no que se refere à construção do saber, dando abertura para que possam construir seus próprios conhecimentos, valendo-se das mídias como meio para a aprendizagem. (TOSCHI, 2010, p.148).

Ressaltamos que o termo “mídias sociais” é muito presente nos objetivos específicos

do curso RA, os proponentes do curso dão a estas um destaque no sentido de que deverão ser

discutidas e apropriadas pelos professores, na perspectiva de valorizá-las nas possibilidades

educativas, tanto que: “Discutir caminhos e alternativas para uma apropriação crítica e

significativas das novas mídias sociais pela escola”, Brasil (2013, p.09), é o último objetivo

específico proposto pelo curso RA, fazendo parte da Unidade 3.

Consideramos de relevância esse último objetivo específico do curso RA, não que os

outros objetivos não sejam, porém os caminhos e alternativas a serem seguidos por

professores após uma formação poderão influenciá-los de forma positiva e o objetivo é que

esta ação se materialize em práticas pedagógicas e, neste caso, a apropriação crítica e

significativa das novas mídias sociais pela escola e pelo professor é de fato um desafio a ser

enfrentado no cotidiano escolar, principalmente na sala de aula.

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Entendemos essa ação do Governo Federal do Brasil, ao disponibilizar o curso RA

pelo Programa ProInfo Integrado, como uma tentativa de aplicação de políticas educacionais

para uso de tecnologias na educação, porém a indagação se o curso conseguiu alcançar os

objetivos propostos nos motivaram para a realização desta pesquisa.

No capítulo seguinte apresentamos as informações sobre o Programa ProInfo

Integrado, a plataforma e-ProInfo, o curso Redes de Aprendizagem e seu encaminhamento no

polo do CEFAPRO de Tangará da Serra/MT.

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CAPÍTULO II - POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O USO DE TECNOLOGIAS:

FORMAÇÃO DE PROFESSORES, O PROGRAMA PROINFO INTEGRADO E O

CURSO REDES DE APRENDIZAGEM

Dentre os problemas que a escola pública brasileira apresenta, destacamos a falta de

políticas públicas eficientes na formação inicial e continuada dos professores, sendo que nesta

pesquisa tratamos da formação continuada e mais especificamente a oferecida pelo Programa

ProInfo Integrado. A pesquisa apresenta como objetivo geral, compreender se a formação

recebida através do RA, de alguma forma influenciou nossos sujeitos em suas práticas

docentes com alunos. Neste contexto, então, é que apresentamos no capítulo II um histórico

da criação e execução de programas destinados à formação de professores para o uso de

tecnologias na educação.

Analisando a necessidade da formação continuada em tecnologia educacional, é que

o Governo Federal do Brasil, dando sequência a programas educativos anteriores, lança a

reformulação do antigo Programa ProInfo que passa a ser denominado de ProInfo Integrado,

nomenclatura atual, que é o Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia

Educacional, conforme veremos no decorrer deste capítulo.

O programa citado anteriormente é ofertado pelo Ministério da Educação do Brasil

para o uso pedagógico das tecnologias na educação, mas o processo de formação de

professores para este fim, no contexto histórico nos aponta que desde o ano de 1960 esse tema

tem sido pertinente.

2.1 O HISTÓRICO DE PROGRAMAS DE FORMAÇÃO EM TECNOLOGIA

EDUCACIONAL PARA PROFESSORES NO BRASIL DE 1960 AOS DIAS ATUAIS.

Para Echalar (2015),

a partir dos contextos sociais de países como Estados Unidos e França, no final da década de 1960, nasceram o interesse e a curiosidade de pesquisadores de algumas universidades brasileiras pelo uso de tecnologia na educação. (p.24).

Assim, há pelo menos 50 (cinquenta) anos, a questão da formação de professores

para o uso de tecnologias na educação já era pensada, e no início da década de 1970 (setenta),

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dois eventos importantes foram realizados aqui no Brasil, conforme nos descreve Echalar

(2015, apud SOUZA, 1983),

Nos primeiros anos da década de 70, foram realizados dois eventos que marcam o início das discussões sobre essa temática. Em 1971, foi realizada a Primeira Conferência Nacional de Tecnologia em Educação Aplicada ao Ensino Superior (I CONTECE), no Rio de Janeiro, e um seminário sobre uso de computadores no ensino de Física, ministrado por E. Huggins (especialista da Universidade de Dartmouth), na Universidade de São Paulo (p. 24).

A autora destaca também que na década de 1970, o Brasil encontrava-se sob o

regime da ditadura militar, este fato marcou a forma como aconteceu a implantação da

política pública para a informatização do Brasil.

Esse processo de informatização tinha suas políticas controladas pela Secretaria Especial de Informática (SEI), criada mediante Decreto nº 84.067, de 02 de outubro de 1979, como órgão complementar do Conselho de Segurança Nacional. (ECHALAR, 2015, p.24).

Neste sentido, compreendemos que a preocupação não era apenas com a inserção do

uso de tecnologias na educação, mas sim, no sentido de promover uma autonomia nacional,

bem como a consolidação da indústria brasileira, com o objetivo de buscar e estimular a

informatização da sociedade brasileira.

No ano de 1981, foi realizado então o I Seminário Nacional de Informática na

Educação, e este evento é um marco das discussões e reflexões sobre o uso da informática na

educação.

Com a intenção de promover discussões sobre a temática e envolver a comunidade técnico-científica, em agosto de 1981, realizou-se o I Seminário Nacional de Informática na Educação, na Universidade de Brasília, que, segundo Moraes (1997), constitui-se no marco das discussões sobre informática na educação, envolvendo especialistas nacionais e internacionais diretamente ligados ao processo educacional. (ECHALAR, 2015, p.25).

Echalar (2015, apud BONILLA E PRETTO, 2000) informa que após a realização

deste I Seminário, foi divulgado pelo MEC um documento intitulado “Subsídios para

implantação de Informática na Educação”, sendo que este serviu de base para a criação no ano

de 1983 da (CE/IE) Comissão Especial de Informática na Educação, no âmbito da Secretaria

Especial de Informática (SEI), sendo subordinada ao Conselho de Segurança Nacional (CSN)

e também à Presidência da República.

Segundo Echalar (2015), no ano de 1982, na Universidade Federal da Bahia,

aconteceu o II Seminário Nacional de Informática na Educação, e este foi um ato importante,

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pois tivera a participação de pesquisadores da área da Educação, Informática, Psicologia e

também da Sociologia. Este seminário teve como objetivo coletar subsídios para a criação dos

centros-piloto, buscando desenvolver pesquisas relacionadas ao uso do computador na

educação.

O primeiro projeto público a tratar de Informática Educacional, Projeto Brasileiro de

Informática na Educação (EDUCOM), foi elaborado no ano de 1983, e ficou a cargo do

Centro de Informática Educativa (CENIFOR) a implementação, coordenação e supervisão

técnica do projeto. De acordo com Echalar (2015, p.26-27), o suporte financeiro e a delegação

das referidas competências foram então definidos em julho de 1984 em documento chamado

de “Protocolo de Intenções”, assinado entre as seguintes entidades: MEC SEI, CNPq e pela

fundação Centro Brasileiro de TV Educativa (FunTevê).

Quanto à política nacional neste momento, mais exatamente entre os anos 1986 a

1989, segundo Medeiros (2012, p.150), há uma ênfase na implementação das Tvs Educativas,

definição da política de EaD e capacitação de professores.

No ano de 1986 é instituído o I Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova

República no Governo Sarney, dentro deste plano destacamos as reformas do setor público:

Elaborado no Governo Sarney (1986-1989), o I Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova República (I PND-NR), instituído por meio da Lei nº 7.486, de 06/06/1986 (BRASIL, 1986), contém os primeiros indícios da tendência neoliberal que iria se sedimentar na década de 1990, tendo em vista que parte da tese de que cabe ao setor privado o papel de destaque na retomada do crescimento. O Estado retorna, portanto, às suas funções tradicionais, que são a prestação dos serviços públicos essenciais e as atividades produtivas estratégicas para o desenvolvimento nacional de longo prazo e complementares à iniciativa privada (BRASIL, 1986, s/p). Esse plano contém metas e estratégias, para as quais convergem todos os programas e os recursos definidos pelos governos: reformas do setor público, crescimento econômico e combate à pobreza. (MEDEIROS, 2012, p.150).

Do documento acima, destacamos o item que trata da educação que se refere às

tecnologias educacionais que cita o rádio, a TV, o cinema e a informática, que segundo

Medeiros (2012, p.150) são “apresentadas como amplas possibilidades de ação

complementar”. De acordo com Medeiros (2012, apud BRASIL, 1989), nesse momento, o ensino

de informática e o seu êxito nas escolas está atrelado ao desenvolvimento de programas com

qualidade didáticas e pedagógicas por professores e especialistas.

A substituição do equipamento obsoleto das emissoras educativas de rádio e televisão, e a necessidade de formação e aperfeiçoamento de seu pes soal, inscrevem-se entre as prioridades da tele-educação. O cinema educativo, que chegou a desempenhar papel relevante em alguns sistemas estaduais de ensino, carece de recuperação e desenvolvimento. A informática no ensino, por sua vez, precisa ser avaliada como instrumento de melhoria da aprendizagem. O êxito na sua utilização

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dependerá, fundamentalmente, da capacidade de professores e especialistas para desenvolver programas de comprovada qualidade didático-pedagógica, a custos competitivos com outras tecnologias. ( p. 150).

Medeiros (2012) ressalta do I PND-NR a inserção das tecnologias com fins

educativos, sendo que esta é vista como uma aliada com o objetivo de reverter o fracasso

escolar, assim, essa ação traz como possibilidades a melhora da qualidade no ensino público.

Vale ressaltar, neste documento, a presença marcante e diluída, em vários dos seus itens, da inserção das tecnologias para fins educativos. O I PND – NR traz a ideia do uso das tecnologias na educação, como possibilidades de favorecer o acesso e desenvolver uma ação complementar na reversão do fracasso escolar, melhorando a qualidade do ensino. (MEDEIROS, 2012, p.151).

Assim, segundo Medeiros (2012, p.151), “se evidencia uma clara sinalização para a

inserção das tecnologias na educação, demarcando um movimento de continuidade com as

políticas do Regime Militar (1964-1984) ”.

Ainda retratando o período de 1986-1989 para o ensino de 1º grau, destacamos as

TVs Educativas que tinham como objetivo subsidiar o trabalho dos professores; mais

especificamente no ano de 1989 as iniciativas privadas também começaram a oferecer

subsídios para a rede pública de ensino, esses programas ficaram muito conhecidos em todo o

país, conforme descrita por Medeiros (2012),

Neste período, evidencia-se um grande desenvolvimento das TV Educativas, com a intenção de introduzir na escola uma nova prática pedagógica e novas formas de linguagem, servindo como subsídio à atuação dos professores do 1º Grau. Para Castro (2005), as iniciativas privadas também começam a emergir a exemplo do Vídeo Escola, da Fundação Roberto Marinho (FRM), em parceria com o Banco do Brasil (BB), em 1989, que tinham como objetivo auxiliar o desenvolvimento de disciplinas curriculares de 1º e 2º Graus da rede pública de ensino. (p. 152).

Em concomitância, acontecem os projetos FORMAR I e FORMAR II, que foram

implementados nos anos de 1987 e 1988 e, segundo Echalar apresentavam-se com um

objetivo principal:

Preparar recursos humanos para implantação de Centros de Informática Aplicada à Educação, em três tipos de instâncias: instituições de ensino superior (CIES), escolas técnicas (CIET) e secretarias estaduais de educação (CIED). (ECHALAR, 2015, p.27).

Em outubro de 1989 foi efetivado através da Portaria Ministerial nº 549/GM o

Programa de informática Educativa (PRONINFE): “[...] O PRONINFE abrangia a formação

de professores de ensino fundamental, médio e superior, assim como a educação especial e a

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pós-graduação”. Para Echalar (2015), este programa teve como base o EDUCOM, como ação

do PRONINFE, foi realizado o FORMAR III, na cidade de Goiânia-GO, sendo que este foi

destinado a professores das diversas secretarias estaduais de educação (SEE) e também das

escolas técnicas federais.

Então, em setembro de 1990, segundo Echalar (2015, p.28), o PRONINFE fora

integrado ao Plano Nacional de Informática e Automação (PLANIN), pertencente ao

Ministério da Ciência e Tecnologia. Esta vinculação consistia na proposta de uma ação

articulada dos centros criados a partir dos projetos FORMAR. Quanto às Instituições de

Ensino Superior (CIES), estas ficaram encarregadas da pesquisa, da formação de recursos

humanos e também da supervisão dos Projetos FORMAR nas escolas públicas.

Ainda neste ano de 1990, aos CIED, que foram então criados a partir do FORMAR

III ligados às secretarias estaduais de educação, foram atribuídas às funções de acompanhar

professores e alunos das escolas públicas e também atender a comunidade que estivesse ao

seu redor. Segundo Echalar (2015, p.28), quanto aos CIET – vinculados às escolas técnicas

federais, tinham como papel neste momento: “o desenvolvimento de recursos educacionais, a

formação de recursos humanos e o suporte técnico aos laboratórios instalados nas escolas

públicas”.

Medeiros (2012, p.152) apresenta uma definição da situação política e econômica do

Brasil no período de 1985 a 1994, destacamos que nos anos de 1990 a 1992 o país estava sob

a presidência de Fernando Collor de Melo, este foi um período de aproximação com o Banco

Mundial (BM), marcado por “ampliação de medidas concretas dos ajustes estruturais,

estabilização econômica e reformas”.

No que se refere à educação, de acordo e concordando com Silva (2002), existe disposição do governo brasileiro e de parte dos ministérios para ajustar os programas setoriais às proposituras da política macroeconômica e ao modelo de desenvolvimento imposto no País. A partir de 1990, durante o Governo Collor, constata-se explícita abertura da economia, acompanhada da introdução de políticas voltadas para a privatização de empresas estatais, flexibilização dos contratos de trabalho e compressão dos gastos sociais. Para Neves (2005), há, neste período, a adesão completa à doutrina neoliberal. (MEDEIROS, 2012, p.154).

Ainda se tratando de políticas públicas para formação de professores da Educação

Básica vinculada ao uso de tecnologias no período de 1990 a 1992, Medeiros (2012, p.155)

ressalta que é uma política definida como “treinamento e atualização, apesar de apresentar-se

como prioridade, nos planos não há uma clara orientação”. A autora, citando Castro (2005),

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afirma que “essas ações ficavam sob a responsabilidade dos órgãos da estrutura básica do

MEC e de fundações e autarquias a ele vinculadas”.

No caso da utilização de recursos tecnológicos, rádio e televisão na educação, essas ações estão elencadas no programa de Radiodifusão Educativa sob a responsabilidade da Fundação Roquette Pinto, compreendendo a produção de programas para apoiar a erradicação do analfabetismo, ensino supletivo, expansão da pré-escola, qualificação profissional, melhoria do ensino fundamental e atividades desportivas . Castro (2005, p. 92). (MEDEIROS, 2012, p.155).

No ano de 1991, o MEC lançou o projeto-piloto Salto para o Futuro com a utilização

de um satélite para distribuição deste visando capacitação de professores da 1ª a 4ª série do

Ensino Fundamental e também a alunos do último ano do curso de formação de professores.

Medeiros (2012, p.156) citando Vieira (apud Castro, 2005) explica: “o Governo Collor previu

projetos de grande visibilidade, mas se constata um grande hiato entre as atividades previstas

e as ações realizadas”.

As ações do Programa Nacional de EaD tem seguimento e tem como pretensão

atingir toda a extensão territorial do Brasil, através do MEC/SEB/ e da Fundação Roquette

Pinto usando recursos tecnológicos e meios de comunicação em prol da formação de

professores da EB, conforme descrito por Medeiros (2012),

O documento Educação a Distância: Integração Nacional pela Qualidade do Ensino (BRASIL, 1992) contempla a Política e o Programa Nacional de EaD ou Teleducação, suas tendências e perspectivas. Representa o esforço em consubstanciar as iniciativas do MEC, por meio da SEB e da Fundação Roquette Pinto, o desdobramento das ações compartilhadas com as secretarias estaduais de educação e outras instituições, na utilização dos recursos tecnológicos avançados, em favor de qualidade no ensino. De acordo com esse documento, o Programa Nacional de EaD objetiva, prioritariamente, incrementar o processo de capacitação docente, com qualidade, de forma a atingir toda a extensão territorial de apoio à sala de aula, utilizando os recursos tecnológicos avançados e de grande alcance tais como: rádio, televisão e telemática, com vistas à melhoria do Ensino público. (p.156).

Porém, apesar desta pretensão e de toda a “atenção” que a educação estava

recebendo naquele momento, tendo como pano de fundo o processo de modernização do país,

as políticas educacionais não foram traçadas de forma coerente e, portanto, os objetivos não

foram alcançados. Medeiros (2012) destaca neste período o Programa Salto para o Futuro,

considerando os outros programas como pontuais:

Apesar do destaque ao papel da educação como condição fundamental para que o País alcançasse a modernidade, o governo não consegue traçar políticas educacionais coerentes, com diretrizes amplas e organizadas. Para Castro (2005), no que se refere à formação de professores a distância, os programas que surgiram foram pontuais, com destaque para o Salto para o Futuro, numa clara sinalização de

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articulação entre formação de professores e a EaD, de acordo com as recomendações da Cepal e do BM. (MEDEIROS, 2012, p. 156).

No ano de 1993, de acordo com Medeiros (2012 p. 159), foi criada a Coordenadora

Nacional de EaD ligada diretamente ao MEC, sendo que também neste período, através do

Programa Salto Para o Futuro, fora oportunizado a criação de Coordenadorias da EaD nos

estados brasileiros, com objetivos específicos de utilizar programas de formação e ações,

essas coordenadorias foram vinculadas às suas respectivas Secretarias Estaduais de Educação.

Então, o histórico das políticas e das tecnologias utilizadas na educação no Brasil de

acordo com Lima e Batista (2015, p.88) nos apontam que no ano de 1996 é que se efetivou a

criação da Secretaria de Educação a Distância (SEED) e do Programa TV Escola. Esta

secretaria, segundo as autoras, foi de relevância para o processo de formação de professores

no Brasil:

A SEED promoveu reformas importantes no campo da formação de professores da Educação Básica a Distância, além de ter implementado diversas políticas para disseminação, implementação e utilização das TIC nas escolas públicas. (LIMA E BATISTA, 2015, p.89-90).

Entre os anos de 1995 a 1998, o MEC não faz investimentos na EaD, nesse período

houve a implantação de programas específicos como é o exemplo da TV Escola que apresenta

objetivos bem definidos. Neste período, no ano de 1997, fora criado então o ProInfo, visando

o fortalecimento do ensino e aprendizagem.

No primeiro mandato de FHC (1995-1998), a SEED/MEC, conforme argumenta Preti (2005), não assume uma política para a EaD nem investe nessa modalidade. Implantou, segundo esse autor, programas focalizados para atender demandas específicas no campo educacional, como o Programa TV Escola, criado em caráter experimental em 1995, com veiculação definitiva a partir de 1996, com o objetivo de aperfeiçoar e valorizar os professores da rede pública, enriquecer o processo de ensino e aprendizagem e contribuir para elevar a qualidade da educação; e o Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo), criado em 1997, desenvolvido pela SEED/MEC, em parceria com governos estaduais e alguns municipais, visando à inserção da telemática na escola pública como ferramenta de enriquecimento do processo de ensino e aprendizagem. (MEDEIROS, 2012, p. 165).

Segundo Echalar (2015, p.29), no ano de 1997, por meio da portaria n. 522, de 9 de

abril de 1997, o governo federal, através da Secretaria de Educação a Distância (SEED) do

MEC, implantou o Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo), e quanto à

dotação orçamentária, “os custos do ProInfo estavam previstos em torno de 476 milhões de

reais somente para o biênio 1997/1998, através da capacitação e aquisição de equipamentos

[...]”.

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Entre os anos de 2003 a 2006, segundo Medeiros (2016, p.321), as políticas de

formação de professores da EB, no primeiro mandato de Lula da Silva, demonstram um

caráter centralizador através da SEED/MEC, com significativa participação de setores

conservadores da sociedade, que assumiram a mediação das reformas no campo da formação

de professores da EB, por meio das políticas de EaD e sobretudo através da UAB.

No período citado no parágrafo anterior houve a expansão da oferta de vagas na

perspectiva da formação continuada em diversos programas, e a UAB no período de 2007 a

2010 por meio da EaD como papel centralizador também se configura neste período:

Este período é marcado, de um lado, pela expansão da oferta de vagas em programas e ações focalizados, formulados pela SEB/MEC, com destaque para a Rede Nacional de Formação Continuada de Professores da EB, o Pró-Letramento, Gestar I e II, e o Programa de Formação de Professores da Educação Infantil (Proinfantil); e, de outro lado, pelo TV Escola, ProInfo, Mídias na Educação, TV na Escola e os Desafios de Hoje, e pelo Edital 01/2004, que se transforma em Pró-Licenciatura I e II, e pela UAB, formulados e operados pela SEED/MEC, que assume, sobretudo, no segundo mandato de Lula da Silva (2007-2010), a centralidade das políticas de formação de professores da EB, por meio da EaD, no contexto do PAR/PDE. (MEDEIROS, 2012, p.321).

Apresentando o objetivo de inclusão digital e social, de acordo com Lima e Batista

(2016) no ano de 2010, é lançado então o Programa Um Computador por Aluno (PROUCA),

que tem a intenção de promover inclusão digital pedagógica e colaborar para o

desenvolvimento dos processos de ensino e aprendizagem de alunos e professores das escolas

públicas brasileiras, essa ação inclui a distribuição e a utilização de computadores portáteis

chamados de laptops educacionais.

No ano de 2011, a SEED é extinta através do Decreto nº 7.480/2011. Esta secretaria

promovera reformas no que se refere à formação de professores da educação básica na

modalidade EaD, além disso, programou políticas voltadas para a disseminação,

implementação e uso de LIED, e mesmo assim, segundo Lima e Batista (2016, p.07) “a

conquista representada pela criação da SEED foi desfeita, distribuindo, diluindo e

fragmentando suas ações pelas outras Secretarias do MEC”.

No ano de 2012, o Programa Tablet Educacional, que visa o uso de tablets por

professores da rede pública foi executada através de uma ação desdobrada do ProInfo

Integrado (2007a).

No que se refere às políticas públicas, aos programas e ações para que o uso das TICs

na educação básica, Lima e Batista (2016, p.5) esclarecem: “as principais ações nesse âmbito

se apresentam com iniciativas que estão basicamente relacionadas a programas de inclusão

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digital, com foco na aquisição de equipamentos ou na formação de professores”. As autoras

nos apresentam informações em um quadro compreendendo tais ações no período de 1996 a

2012, conforme apresentado abaixo.

Quadro I - Programas e ações desenvolvidos no período de 1996 a 2012 ANO AÇÕES DESENVOLVIDAS NO PERÍODO 1996 Criação da Secretaria de Educação a Distância (SEED) 1996 Criação do Programa TV Escola 1997 Criação do Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo) 2002 Quiosque Cidadão 2005 Programa Mídias na Educação 2007 ProInfo passou a ser Programa Nacional de Tecnologia Educacional 2007 Projeto Um Computador por Aluno (UCA – Projeto Piloto) 2008 Projeto Banda Larga nas Escolas – ProInfo Integrado 2008 Programa Computador Portátil para Professores 2010 Programa Um Computador por Aluno (PROUCA) - ProInfo Integrado 2012 Extinção da SEED 2012 Instalação de Telecentros nos municípios 2012 Projeto Educação Digital MEC/ Programa Tablet Educacional - ProInfo Integrado

Fonte: Lima e Batista (2016, p.6)

No que se refere ao período acima retratado até o ano de 2012 e extendendo à

atualidade, podemos afirmar que as TIC encontram-se presentes no cotidiano das pessoas em

vários espaços, nota-se também um movimento em prol da utilização destas quanto

ferramenta pedagógica no que se refere às políticas públicas, mas com o resultado da pesquisa

e também de acordo com Lima e Batista (2016) e outros autores como Echalar (2015), Frozi

(2012), Alonso (2008), podemos afirmar a fragilidade na formação de professores para o

trabalho docente utilizando TIC.

Atualmente, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) se fazem presentes cada vez mais no dia a dia e em atividades habituais, sua presença perpassa o espaço de trabalho, lazer, familiar e está presente também no ambiente escolar. Tem-se presenciado grandes movimentos para a utilização pedagógica das TICs e, assim, políticas públicas têm sido apresentadas nesse intuito, embora se perceba muitas vezes a mera utilização técnica dos recursos e a baixa ou nenhuma formação destinada ao professor para a utilização das TICs para a formação do aluno. (LIMA e BATISTA, 2016, p.1).

Petter e Sambrano (2016), após analisar como se dá a inserção das inovações

tecnológicas e a implementação de projetos ou programas na escola brasileira, de 1980 a

2010, tece severas críticas que vão desde ao atendimento de políticas estratégicas e demanda

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mercadológica à imposição destes classificados pelas autoras como sendo feitas de cima para

baixo:

Em face do exposto acerca dos programas e projetos que incluíram e procuraram promover a incorporação das TIC nos sistemas de ensino por meio das políticas educacionais, pode-se depreender que, mesmo sendo boas as intencionalidades, alguns aspectos ainda são recorrentes desde o seu princípio. São eles: normalmente tais programas e projetos ou atendem uma política estratégica e tecnocrática, ou a uma demanda mercadológica; descontinuidade dos programas e projetos quer por falta de recursos ou por esvaziamento de interesse; o professorado fica à mercê destes projetos/projetos, normalmente impostos de cima para baixo. (PETER e SAMBRANO, 2016, p. 322).

Para Petter e Sambrano (2016), o processo de incorporação das TIC nas escolas, não

pode ser considerado apenas o fato destas estarem lá inseridas nas salas de aula e que os

professores façam uso delas, mas que, “sobretudo no sistema educacional público haja uma

política educacional que promova um projeto democrático da sociedade da informação”.

Desta forma, apresentamos aqui um histórico geral de implantação de programas e

ações no Brasil de políticas públicas que dizem respeito à formação de professores. No item

seguinte apresentamos de forma específica o programa que deu base a nossa pesquisa.

2.2 O PROGRAMA PROINFO E PROINFO INTEGRADO

Diante o cenário da implementação de políticas públicas, segundo Echalar

(2015,p.29) no que se refere ao uso de tecnologias na educação, o governo federal, no ano de

1997, implantou o Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo) através da Portaria

nº 522, de 9 de abril de 1997.

Mediante uma parceria entre as três esferas de governo: federal, estadual e

municipal, abrangendo inclusive a definição de uso de equipamentos e do apoio dos NTE é

que o ProInfo fora implantado com o objetivo que consistia na capacitação de professores,

bem como a oferta de suporte técnico para o uso efetivo de tecnologias em escolas:

Por meio de um pacto federativo, o ProInfo foi implantado em todos os estados da federação, havendo uma relação estreita entre governo federal, estados e municípios. Esse pacto visava à corresponsabilidade dos envolvidos na definição e aceite das diretrizes nacionais referentes ao uso de equipamentos e dos NTE como estruturas descentralizadas para apoio às políticas adotadas, com o objetivo de capacitar professores e oferecer suporte técnico para a integração das tecnologias às unidades escolares. (ECHALAR, 2015, p.29).

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Após 10 (dez) anos, uma nova versão deste programa foi instituída pelo Decreto nº

6.300, de 12 de dezembro de 2007, e passa a denominar-se Programa Nacional de Tecnologia

Educacional (ProInfo) que postula a integração e articulação de três componentes:

a) Instalação de ambientes tecnológicos nas escolas (laboratórios de informática com computadores, impressoras e outros equipamentos e com acesso à Internet banda larga); b) formação continuada dos professores e outros agentes educacionais para o uso pedagógico das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). c) disponibilização de conteúdos e recursos educacionais multimídia e digitais, soluções e sistemas de informação disponibilizados pelo MEC nos próprios computadores, por meio do Portal do Professor, da TV/DVD Escola etc. (BRASIL, 2013, p.5).

Nesta sequência, conforme afirma Brasil (2013, p.5), surge então o ProInfo

Integrado2, que é o Programa de formação Continuada em Tecnologia Educacional, que

apresenta como objetivo central “a inserção de tecnologias da informação e comunicação

(TIC) nas escolas públicas brasileiras”. Abaixo apresentamos a logomarca do programa.

Figura 1: Logomarca do Programa ProInfo Integrado

Fonte: http://undime-sc.org.br, 2017.

O ProInfo Integrado é um programa de formação voltada para o uso didático-

pedagógico das TIC no cotidiano escolar, sendo este articulado à distribuição dos

equipamentos tecnológicos nas escolas e à oferta de conteúdos e recursos multimídia e digitais

oferecidos pelo Portal do Professor, TV Escola, DVD Escola, Domínio Público e pelo Banco

Internacional de Objetos Educacionais.

Estudos a respeito do ProInfo tem afirmado que este programa não tem atingido seus

objetivos, conforme a pesquisa realizada por Martins e Flores (2015) utilizando publicações

sobre o ProInfo e citada por Lima e Batista (2016). As autoras afirmam que a formação de

2 O Programa pode ser contactado pelo Telefone/fax: (0XX61) 2104 8975, via e-mail: [email protected] e na internet pode ser acessado utilizando o endereço: www.mec.gov.br.

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professores tem sido insuficiente, assim como as escolas não enfatizam o uso das TIC em suas

práticas, outro fator é que o programa desde a sua criação tem priorizado a distribuição de

equipamentos e infraestrutura:

Martins e Flores (2015) realizaram uma pesquisa sobre as publicações realizadas a respeito do ProInfo e trazem uma conclusão que corrobora com a análise realizada pelo nosso estudo de que as políticas públicas para o uso das TICs na educação incentivam a sua inserção, porém, não estão alcançando seus objetivos porque indicam a insuficiência da formação dos professores e que a maioria das escolas pesquisadas não fazem uso pedagógico das TICs. Ressaltam, ainda, que os programas priorizam a aquisição de equipamentos e infraestrutura. (LIMA e BATISTA, 2016, p.15).

Portanto, assim como a formação continuada não tem sido suficiente, é que

registramos com a pesquisa, falta uso de equipamentos distribuídos pelo Governo Federal,

citando o exemplo da lousa digital na E3, os tablets devolvidos e guardados nas três escolas

pesquisadas e os LIED sendo utilizados como espaço de visualização de filmes projetados

utilizando Datashow, numa clara demonstração do quanto a formação continuada precisa ser

repensada.

2.3 OS CURSOS DE FORMAÇÃO OFERTADOS ATRAVÉS DO PROGRAMA

PROINFO INTEGRADO

O Programa ProInfo Integrado congrega um conjunto de processos formativos, com

os três cursos primeiramente ofertados: “Introdução à Educação Digital”, “Tecnologias na

Educação: Ensinando e Aprendendo com as TIC” e “Elaboração de Projetos”; estes foram

lançados em 2008 com encaminhamentos de capacitações, a exemplo da imagem abaixo, de

uma formação do ProInfo Integrado ocorrida na cidade de Goiânia/GO, a professores

formadores do Centro Oeste ligados a centros ou núcleos de formação.

Figura 2: Formação em Goiânia/GO/2008

Fonte: Acervo de Osvaldo Rodrigues de Souza, 2008.

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Cinco anos depois, mais especificamente no ano de 2013 foi lançado então o curso

"Redes de Aprendizagem". O manual Guia do Formador do Curso RA, apresenta algumas

informações no sentido de explicar a nova edição para os cursos e justificar a inclusão do

curso RA ao catálogo dos já existentes, destacando a necessidade de apropriação das TIC e a

reflexão quanto ao impacto das novas mídias sociais por parte da escola.

Na reedição que aqui se apresenta, fez-se uma nova revisão de conteúdos que contempla o contexto atual da inserção de tecnologias na escola: a ampliação do acesso e da conectividade, a disponibilidade de novos dispositivos e novas aplicações; e, por fim, a necessidade de maior ênfase na apropriação curricular das TIC e da reflexão sobre o impacto das novas mídias sociais nas Escolas. Este último aspecto levou à inclusão de mais um curso aos já existentes – o curso “Redes de

Aprendizagem”. Esse Programa cumprirá suas finalidades e objetivos em regime de cooperação e colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. (BRASIL, 2013, p.5).

Para o desenvolvimento e registro das atividades, os cursistas utilizam o ambiente

colaborativo “Plataforma e-Proinfo”, local onde o cursista possui acesso aos conteúdos

programáticos dos cursos, links e hiperlinks das atividades com: Sites, blogs, vídeos e

também espaços de interação entre os cursistas e o tutor da turma em que o cursista esteja

devidamente cadastrado e matriculado.

A descrição do e-ProInfo, segundo informações encontradas na página do MEC

consta o seguinte,

O Ambiente Colaborativo de Aprendizagem (e-Proinfo) é um ambiente virtual colaborativo de aprendizagem que permite a concepção, administração e desenvolvimento de diversos tipos de ações, como cursos a distância, complemento a cursos presenciais, projetos de pesquisa, projetos colaborativos e diversas outras formas de apoio à distância e ao processo ensino-aprendizagem. (PORTAL.MEC.GOV.BR, 2016).

Apresentamos abaixo na figura 03 a primeira visão de acesso ao fazer o login na

plataforma, mas para se obter o acesso aos conteúdos e às formações, o cursista deverá estar

matriculado e o formador já ter vinculado o mesmo ao ambiente virtual.

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Figura 3: Plataforma e-Proinfo

Fonte: http://eproinfo.mec.gov.br/eproinfo, 2017.

Apresentamos agora de forma sucinta os 03 (três) cursos primeiramente ofertados

pelo Programa ProInfo Integrado (IED, EP e TICs), descritos de acordo com os manuais

“Guia do Formador” elaborados e distribuídos pelo MEC, e logo após, o curso RA de forma

mais detalhada.

De acordo com Brasil (2008), o curso Introdução à Educação Digital (IED) possui

carga horária de 40 (quarenta) horas, e visa contribuir para a inclusão digital de profissionais

da educação, buscando familiarizá-los, motivá-los e prepará-los para a utilização significativa

de recursos de computadores (sistema operacional Linux Educacional e softwares livres) e

recursos da Internet, refletindo sobre o impacto dessas tecnologias nos diversos aspectos da

vida, da sociedade e de sua prática pedagógica.

O curso Elaboração de Projetos (EP), de acordo com Brasil (2009) é o curso com

carga horária também de 40 (quarenta) horas, este se apresenta em consonância com as

diretrizes e os objetivos do Programa ProInfo Integrado e tem como foco desenvolver

atividades que integrem as dimensões teóricas, metodológicas e práticas para que professores

e gestores escolares possam então identificar as contribuições das TIC para o

desenvolvimento de projetos na prática; apresentar o conceito de projeto com resgate histórico

relacionado ao contexto educacional e tecnológico; analisar o conceito de currículo na

perspectiva da integração com as TIC e como objetivo prático, planejar e desenvolver projetos

relacionados ao uso das TIC.

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Tecnologias na Educação: Ensinando e Aprendendo com as TIC (TIC´s) é o curso

com maior carga horária do catálogo de cursos do ProInfo Integrado, totalizando 100 (cem)

horas, e segundo Brasil (2010), este curso visa oferecer subsídios teórico-metodológicos e

práticos para que os professores e gestores em suas respectivas escolas possam então

compreender o potencial pedagógico de recursos das (TIC) no ensino e na aprendizagem, que

possam planejar estratégias de ensino e de aprendizagem, integrando os recursos tecnológicos

disponíveis e, assim, criando situações para a aprendizagem que levem os alunos à construção

de conhecimento, ao trabalho colaborativo, à criatividade e resultem efetivamente num bom

desempenho acadêmico e, por fim, utilizar as TIC nas estratégias docentes, promovendo

situações de ensino que com a finalidade de aprimorar a aprendizagem e o desempenho de

seus alunos.

De acordo com Brasil (2013), o curso Redes de Aprendizagem (RA) fora lançado em

2013 e apresenta carga horária de 40 (quarenta) horas e por ser o último, foi proposto na

perspectiva da continuidade aos conteúdos dos três primeiros cursos ofertados: “Introdução a

Educação Digital”, “Tecnologias na Educação: Ensinando e Aprendendo com as TIC” e

“Elaboração de Projetos”, sendo que os autores os citam como “desejáveis e não obrigatórios”

para o desenvolvimento do curso Redes de Aprendizagem.

Figura 4: Divulgação dos cursos

Fonte: https://ntemiracatu.wordpress.com/, 2017.

O Programa ProInfo Integrado é uma iniciativa de políticas públicas para formação e

distribuição de equipamentos, programas e LIEDs, e tem como objetivo também a formação

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dos professores que apresentam dificuldade em lidar com o novo, sendo que esta dificuldade

pode ser entendida também como um processo oriundo da formação inicial que receberam.

A implantação das TIC na educação e o investimento nessa área ocorreram recentemente, passando sempre da preocupação com equipamentos e infraestrutura para a capacitação docente. Por essa trajetória, busca e implanta programas e laboratórios de informática aliados aos núcleos de tecnologias educacionais (NTE) para o subsídio técnico e de formação continuada dos professores, que, em sua maioria, não a receberam na formação inicial e têm dificuldade de lidar com o novo, com a própria história e o contexto social. (LIMA e BATISTA, 2015, p.87).

Nesse sentido, reiteramos que a formação continuada oferecida através do ProInfo

Integrado tem se mostrado ineficiente. É necessário que os professores recebam uma

formação que lhe oportunize uma reflexão crítica quanto ao uso de TIC e a utilização destas

na prática, e que aconteça com o objetivo de proporcionar aprendizagem e conhecimento aos

alunos.

[...] A implementação das TIC pressupõe que a formação de professores seja muito rigorosa. Muito mais do que saber manipular computadores, os cursos de formação continuada deveriam oportunizar aos docentes a possibilidade de reflexão crítica sobre as TIC e a sua utilização pedagógica. Se assim não for pode-se incorrer no erro de utilizá-las como novas roupas em velhas bonecas, quando o importante seria que fossem analisadas as novas possibilidades de aprendizagem aferidas pela sua utilização. (FROZI, 2012, p. 87-88).

A seguir apresentamos informações detalhadas do curso Redes de Aprendizagem

(RA), pois a possível influência deste na prática docente de professores é o objeto de estudo

desta pesquisa.

2.4 O CURSO REDES DE APRENDIZAGEM (RA)

Para uma melhor compreensão da nomenclatura do curso, apresentamos, de acordo

com Castells (2003), o conceito de redes, onde o autor se refere a estas como uma prática

antiga, mas que ganhou vida nova através da Internet. Para o autor, as redes são consideradas

ferramentas de organização, essenciais para o atual ambiente de mudanças.

Uma rede é um conjunto de nós interconectados. A formação de redes é uma prática humana muito antiga, mas as redes ganharam vida nova em nosso tempo transformando-se em redes de informação energizadas pela internet. A rede tem vantagens extraordinárias como ferramentas de organização em virtude de sua flexibilidade e adaptabilidade inerentes, característica essencial para se sobreviver e prosperar num ambiente em rápida mutação. (CASTELLS, 2003, p.5).

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Se para Castells (2003) a rede está relacionada às mudanças, para Lévy (1993) a rede

é um instrumento técnico para se chegar ao conhecimento, então, apresenta uma série de

indagações a respeito de como se dá esse conhecimento através da rede. Em seguida,

responde a estas perguntas, observando que os usuários que a utilizam é que fazem esta rede

ter vida.

Quem ensina e quem aprende? Quem pede e quem recebe? Quem infere a partir de novos dados, conecta entre si as informações, descobre conexões? Quem percorre incansavelmente a trama labiríntica da rede? Quem simula o quê? Indivíduos? Programas agentes? Grupos conectados por groupwares? Operadores de todos os tipos. Instituições. Negociantes cavalgando entre dois mundos, passantes, coletividades transversais. Tradutores, interfaces e redes de interfaces. [...]. Porque há muito que o saber se acumula, cresce e fermenta, se altera e se estraga, funde e bifurca em uma grande rede mista, impura, fervente, que parece pensar por conta própria. (LÉVY, 1993, p.130).

Assim, falando de mudanças que podem levar ao conhecimento, destacamos a

necessidade de formação continuada para professores, e então apresentamos o curso RA, que

assim como os outros três IED, EP e TICs são ofertados de forma optativa aos profissionais

da educação.

Quanto ao guia para o desenvolvimento do RA, segundo Brasil (2013), este foi

confeccionado pelo MEC em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina, tendo

como responsável o Laboratório de Novas Tecnologias/ Centro de Ciências da Educação/

Universidade Federal de Santa Catarina (LANTEC /CED/UFSC).

O RA é disponibilizado dentro da plataforma e-ProInfo, onde se encontra todo o

material do curso disponível e local de registro de todas as atividades que os cursistas

realizam. Todo o material fica disponível à impressão para o formador e cursista.

Todo o material será disponibilizado em formato de hipertexto na forma de livro eletrônico ou e-book (abrev ação do termo inglês eletronic book e significa livro em formato digital), o formato web e também na versão para impressão. A partir desses formatos, os cursistas poderão acessar o material de estudos do curso: O Guia do Cursista e este Guia do Formador. (BRASIL, 2013, p.12).

Este curso foi escolhido como proposta de pesquisa por apresentar objetivos que nos

levam a pensar na prática do professor utilizando TIC. Na apresentação do curso, os autores

do Guia do Formador destacam os desafios que o cenário nos apresenta e as atividades

práticas que pedem estruturação e articulação com a escola e com a comunidade para o uso de

tecnologias.

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A maturidade construída nos cursos anteriores é a base para reflexões mais amplas acerca do papel da escola e dos professores frente à cultura digital, nesta sociedade altamente tecnificada. As atividades práticas também envolvem cenários mais desafiadores como estruturação de políticas na escola e articulação comunitária para uso crítico das tecnologias. Brasil (BRASIL, 2013, p.7).

Figura 5: Capa do Guia do Cursista - curso RA

Fonte: https://pt.slideshare.net/proinfoundimeparaiba/guia-do-cursista-r-a, 2017.

Porém, com a pesquisa detectamos que dos 14 (quatorze) sujeitos, apenas 03 (três)

destes realizaram outros cursos pelo Programa ProInfo Integrado, e isso é considerado um

fator de relevância em virtude da maturidade que os autores sugerem como desejáveis para

um melhor aproveitamento do RA. Porém, a não realização dos outros cursos não é

impedimento para que o professor realizasse sua inscrição e participasse da formação.

De acordo com o que nos descreve Brasil (2013), o curso RA se difere dos outros

três anteriormente ofertados devido ao convite que é feito ao cursista para experienciar a

cultura digital; em seus conteúdos aborda a questão das mídias sociais no ensino e as

atividades são propostas no sentido de que o professor as utilize no processo de

reconhecimento e valorização da aprendizagem, bem como estimula o professor a avançar nas

possibilidades educativas que estas mídias proporcionam.

Neste sentido, na unidade II, de acordo com Brasil (2013), o RA incentiva o

professor a compreender melhor as crianças e jovens que crescem rodeados de tecnologias e

que devem ser ouvidas por seus professores. Propõe ao professor que desenvolva Projetos de

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Aprendizagem com suas turmas a partir de curiosidades e interesses que surgirem a partir dos

alunos.

Entre outras atividades práticas, Brasil (2013) propõe aos cursistas que desenvolvam

um projeto de interlocução com alunos da escola em que trabalham e com alunos de outras

escolas no sentido de ampliar a rede de contatos e interações e, assim, utilizar a linguagem

como forma de aprendizado.

Então, que tal começarmos a exercitar mais profundamente essas nossas capacidades? A provocação, então, é: Realizar essa atividade/projeto não apenas com os alunos da sua escola, mas estabelecendo uma interlocução com os estudantes de outro professor, que seja de outra escola, e, de preferência, de outra cidade [...] Lembre-se de registrar o trabalho realizado e, como costume, publicá-lo em seu blog e demais instrumentos de partilha. O empenho nessa contribuição é essencial para potencializar suas aprendizagens e partilhar saberes. (BRASIL, 2013, p.55).

Considerando a sociedade em rede como um desafio permanente com cenários

complexos e uma cultura jovem diferente das gerações anteriores, o curso RA apresenta três

objetivos gerais:

I) Promover a análise do papel da escola e dos professores frente à cultura digital nesta sociedade altamente tecnificada; II) Compreender como as novas mídias sociais diversificaram as relações entre as pessoas, e em especial, como estas mudanças afetaram nossos jovens e se refletiram na sua relação com a aprendizagem e com a escola. III) Compreender o potencial educativo das mídias sociais digitais. (BRASIL, 2013, p.7).

De acordo com Brasil (2013), espera-se uma maturidade do cursista a fim de

reflexões mais amplas, explica também que as atividades práticas apresentadas no curso

propõe desafios no sentido de uso mais efetivo de tecnologias na escola. Brasil (2013, p.7)

enfatiza que: “[...] As atividades práticas também envolvem cenários mais desafiadores como

estruturação de políticas na escola e articulação comunitária para uso crítico das tecnologias”.

No entanto, com a pesquisa registramos que poucas práticas pedagógicas são

realizadas utilizando as TIC, sobressaindo por parte do professor a preocupação com o

administrativo em detrimento do pedagógico, porém, outras tentativas do uso de tecnologias

na execução de projetos também foram registradas, podendo ser indícios do início de um novo

caminho que começa a ser percorrido.

A seguir, apresentamos as três (03) unidades do curso RA com seus respectivos

objetivos específicos, a estrutura e grade de horários propostas, avaliação e certificação.

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2.4.1 Organização e metodologia proposta pelo curso Redes de Aprendizagem

De acordo com Brasil (2013) o curso Redes de Aprendizagem encontra-se dividido

em três (03) unidades conforme descritas no quadro abaixo, cada uma das unidades propostas

apresenta seus objetivos específicos, totalizando assim em oito (08).

Fonte: Elaborado pela pesquisadora mediante dados coletados em (Brasil, 2013), 2017.

Na unidade I, os autores de Brasil (2013) abordam o tema/problema classificado por

eles como “o desinteresse dos nossos alunos pelo contexto de instrução formal,

Quadro II - Objetivos específicos do Curso Redes de Aprendizagem por unidade

UNIDADE DESCRIÇÃO OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Unidade 1 Cultura

midiática e escola

1. Incentivar a reflexão e a busca da compreensão que configuram a cultura das nossas crianças e nossos jovens, de modo a nos tornar mais afins a uma atuação em conjunto com eles, sendo mais capazes de contemplar seus desejos e suas necessidades e, proporcionando, assim, um uso mais útil e significativo das tecnologias.

2. Iniciar-se na experimentação pessoal de mídias sociais.

Unidade 2 Cultura das redes:

mapeamentos fundamentais

1. Identificar características gerais da cultura contemporânea altamente tecnificada, também reconhecida como cibercultura ou cultura das redes.

2. Reconhecer e aprender a valorizar as

aprendizagens que os jovens realizam nos ambientes de mídia social.

3. Avançar na exploração das possibilidades

educativas das mídias sociais.

Unidade 3 Mídias Sociais e

Escola – Caminhos para a Cidadania

1. Reconhecer o papel da escola e dos professores na formação de sujeitos capazes de posicionar-se de modo crítico e criativo frente às profundas transformações com as quais esta nova era de tecnificação nos desafia.

2. Aprofunda-se na busca da compreensão do

potencial e do papel das novas mídias sociais para a construção de uma sociedade mais solidária e justa.

3. Discutir caminhos e alternativas para uma

apropriação crítica e significativa das novas mídias sociais pela escola.

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principalmente aqueles que entram na faixa da pré-adolescência (e daí em diante).” Assim, a

unidade I apresenta atividades e leituras no sentido de proporcionar ao professor uma melhor

compreensão dessa cultura midiática vivida e vivenciada por seus alunos.

Segundo Belloni e Gomes (2008), para as crianças e adolescentes, o uso das TIC e de

recursos tecnológicos fazem parte de sua socialização, e para compreendermos melhor a

relação entre as TIC e a educação teremos que aprender com eles que estão aptos, a melhor

maneira de utilizá-las na construção da sua formação.

Para compreender as relações entre as TIC – entendidas como processos comunicacionais – e os processos educacionais (a quem chamamos genericamente “educação”), é imprescindível aprender com os aprendentes, sujeitos dos processos de socialização, isto é, as crianças e adolescentes, simplesmente, para eles, nascidos nesta era da informática e das telecomunicações, as TIC são tão naturais quanto qualquer outro elemento de seu universo de socialização. Estão, portanto, mais aptos (que nós, adultos) a extrair delas o melhor e o pior para construir sua formação. (BELLONI e GOMES, 2008, p.723).

O tema da Unidade II busca identificar características gerais da cultura

contemporânea, que é também reconhecida como cibercultura ou também chamada de cultura

das redes. Brasil (2013, p.47-48) chama a atenção do professor para os alunos que

demonstram dominar a tecnologia, os rótulos e os apelidos que estes podem receber, pois

podem apresentar características depreciativas.

Sujeitos que apresentam maior domínio tecnológico são facilmente rotulados de “nerds”, “geeks”, “hackers”, entre outros adjetivos. Em uma análise descuidada,

poderíamos considerar tais apelidos como uma forma natural (até mesmo carinhosa) de enfatizar suas atividades técnicas . Contudo, são apelidos que contém um caráter depreciativo. (BRASIL, 2013, p.47).

A unidade propõe então desvelar um contraponto onde esses jovens possam ser

vistos como inteligentes, bem-humorados e criativos, entre outras qualidades, e assim,

alcançar mais um objetivo específico do curso ao avançar nas possibilidades educativas das

mídias sociais.

O curso RA apresenta como proposta, na Unidade III, um estudo sobre as Mídias

Sociais e como a Escola pode efetivamente se apropriar delas para seu trabalho pedagógico.

Tendo como um dos objetivos da Unidade III, o reconhecimento do papel da escola e dos

professores na formação de sujeitos, e que estes sejam capazes de posicionar-se de modo

crítico e criativo frente às profundas transformações ocorridas. Podemos afirmar de acordo

com os dados levantados pela pesquisa, que esta é uma realidade distante, o cenário atual é de

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professores que se mostram abertos à formação continuada em tecnologias, porém estes não a

recebem de forma contínua, e sim de forma muito ocasional, desta forma, os agentes públicos

a nível estadual e federal não cumprem efetivamente seu papel conforme deveriam.

Autores como Lima e Batista (2016) e Echalar (2015) afirmam que quando os

professores recebem estas formações, estas são realizadas por meio de programas pré-

estabelecidos como é o caso do ProInfo Integrado, que enfatiza mais a distribuição de

equipamentos do que a formação continuada.

Como aprofundar na busca da compreensão do potencial e do papel das novas mídias

sociais para a construção de uma sociedade mais solidária e justa, que é também proposta da

Unidade III, diante dos problemas expostos no parágrafo acima? Discutir caminhos e

alternativas para uma apropriação crítica e significativa das novas mídias sociais pela escola

tornou-se um assunto pouco discutido e encaminhado no interior das próprias escolas. Assim,

conforme observação das práticas nos lócus, professores que não se sentem “confortáveis” em

utilizar TIC de maneira geral se acomodam e seguem trabalhando de forma tradicional em

suas práticas utilizando o quadro verde ou branco, giz ou pincel e o livro didático, e os

recursos tecnológicos e TIC são utilizados em grande parte com o objetivo de cumprir tarefas

burocráticas e administrativas.

No que se refere à estrutura, segundo Brasil (2013), o RA sugere uma grade de

horários onde estão previstas entre duas a três horas semanais de estudo e prática ao longo do

curso, totalizando uma carga horária de quarenta horas (40h).

De acordo com Brasil (2013), apresentamos uma tabela proposta pelo curso, a

distribuição das unidades em dezesseis (16) semanas, a carga horária presencial de dezoito

horas (18h) e a carga horária de Educação a Distância (EaD) com vinte e duas horas (22).

Ressaltamos que a carga horária EaD proposta é maior do que a presencial, isso porque

segundo os autores: “[...] As atividades práticas também envolvem cenários mais desafiadores

como estruturação de políticas na escola e articulação comunitária para uso crítico das

tecnologias”.

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Quadro III - Estrutura de grades de horários proposto pelo curso RA

Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Unidades 1h 1h ½h 2h 2h 2h 2h 3h 3h 3h 3h 3h 3h 3h 3h AF3 Carga Horária Presencial

3h - - 3 - 2h 30m

- - 3h - - 3h - - - 3h 30m

Carga Horária EAD

2h 2h 2h - 2h - 2h 2h - 2h 2h - 2h 2h 2h -

Fonte: Brasil, 2013, p.11, 2016.

Com relação ao projeto pedagógico, é dada ênfase com proposta de mais atividades

realizadas a distância, e segundo os autores de Brasil (2013, p.9): “O Projeto Pedagógico

deste curso propõe uma metodologia flexível nas dimensões tempo e espaço, com mais

propostas de atividades à distância e/ou semipresenciais”.

A estrutura do curso apresenta uma proposta intercalando os encontros presenciais

com períodos mais longos de modo a distância para que o cursista possa então realizar suas

atividades, assim como propõe a ampliação de uma rede, visando consolidação de parceria

dentro da escola, e esta proposta é um dos diferenciais do curso RA, esta aproximação com a

comunidade escolar na qual o professor atua.

De acordo com a proposta do curso apresentada por Brasil (2013, p.11): “A primeira

unidade tem um caráter teórico-reflexivo. Já nas unidades seguintes iniciam-se intervenções

pedagógicas e será necessário tempo para articulações entre o grupo e com a comunidade

escolar”, justificando assim a proposição da carga horária a distância ser maior do que a

presencial,

Por acreditarmos na importância do diálogo na educação, planejamos a maior parte das atividades à distância em grupo e/ou propondo convidar outros colegas e gestores da escola. Os cursistas também serão instigados a ampliar a Rede de Aprendizagem de sua escola, integrando/consolidando parceiros da comunidade. (BRASIL, 2013, p.10).

De acordo com Brasil (2013, p.15), para fins de certificação, são considerados

basicamente dois itens: I - A frequência nos encontros presenciais de formação de no mínimo

75% das horas presenciais e das atividades a distância e II - o desempenho nas atividades

realizadas. Quanto ao desempenho, é sugerido ao cursista que utilize o ambiente e-ProInfo,

postando os materiais e atividades produzidas, então o formador poderá comentá-los e avaliá-

3 AF: Avaliação Final.

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los já durante o processo de produção, enfatizando o processo interativo de aprendizagem.

Assim, se tratando de avaliação, esta é proposta apenas para efeito de certificação do cursista.

Analisando a proposta do Programa ProInfo Integrado e o Curso Redes de

Aprendizagem, fazemos a seguinte indagação: será que a trajetória das políticas públicas é

favorável para a inclusão das TIC em nossas escolas públicas? Segundo Lima e Batista

(2016), alguns problemas se repetem, como a continuidade de ações, mudam os

equipamentos, mas não se altera os procedimentos de implementação, não é tornado público a

avaliação ou o monitoramento de programas, e por fim, a falta de apoio técnico para que as

escolas façam a efetivação do uso dos recursos que receberam.

Ao observar a trajetória da inclusão das tecnologias nas escolas públicas e de educação básica no Brasil, percebe-se que a trajetória das TICs tem seguido um caminho de implementação de diversos programas, que por vezes se dão como continuidade e/ou complementaridade de ações, outras vezes mudam os equipamentos, mas expressam os mesmos procedimentos para implementar, quais sejam: foco nos equipamentos e não nos processos que advirão do uso pedagógico desses equipamentos; não publicização de avaliações ou monitoramento desses programas; interposição de programas desconsiderando problemas em programas anteriores, falta de apoio técnico às escolas para a utilização dos laboratórios e equipamentos. (LIMA e BATISTA, 2016, p.8).

Ao concluirmos o capítulo II, destacamos mais duas questões, ratificadas por Echalar

(2015): que há ênfase para que formações como o curso RA aconteça em determinados

períodos, nesse sentido, a análise documental realizada para a pesquisa quanto ao número de

formações no ano de 2008 a 2014 no polo do CEFAPRO/MT, de Tangará da Serra, nos

confirma isso e é apresentada no capítulo seguinte; e a falta de avaliação para programas

como o ProInfo Integrado e os cursos que este oferece. A pesquisa: “Ecos e repercussões dos

processos formativos nas práticas docentes mediadas pelas tecnologias: a visão de professores

da rede pública de educação básica do estado de Goiás sobre os usos das tecnologias na

educação”, que resultou na publicação do livro que apresenta como título o nome dado à

pesquisa, ressalta essas duas questões acima mencionadas:

Consideramos que, se conhecermos melhor as características da formação dos professores, a dinâmica de suas aprendizagens e de suas transformações identitárias, poderemos qualificar seu processo formativo. Assim, a questão que mobiliza o presente projeto se baseia em dois aspectos que marcam as políticas públicas brasileiras para o uso das tecnologias na educação: a) a ênfase dada aos processos formativos docentes e b) a ausência de ações avaliativas de cada um dos programas propostos por tais políticas. (ECHALAR, 2015, p. 56).

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60

No capítulo seguinte, apresentamos o caminho metodológico utilizado para a

realização da pesquisa, os dados do ProInfo Integrado no período de 2008 a 2014 no polo do

CEFAPRO/MT, de Tangará da Serra, e de modo mais específico o curso RA no ano de 2014,

dessa forma, chegamos então ao lócus e aos sujeitos da pesquisa.

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CAPÍTULO III - O CAMINHO METODOLÓGICO PERCORRIDO

Neste capítulo apresentamos o percurso metodológico desta pesquisa, a forma de

organização do trabalho, a escolha dos lócus, a localização dos sujeitos e os instrumentos

utilizados para a coleta dos dados.

Descrevemos e apresentamos os dados frutos de análise documental quanto à oferta

do Programa ProInfo Integrado no polo do CEFAPRO/MT de Tangará da Serra referente ao

período de 2008 a 2014, enfatizando a oferta do curso Redes de Aprendizagem no ano de

2014.

A opção metodológica que norteia e orienta a realização desta pesquisa é Abordagem

Qualitativa, utilizando o método exploratório-descritivo com a análise qualitativa; objetivando

assim perceber a possível influência do curso RA nas práticas docentes de professores.

A busca dos dados foram obtidos por meio da aplicação de dois questionários

semiabertos, sendo um com o título de “Levantamento Situacional”, socializado aqui neste

capítulo III, dirigido à gestão das três escolas pesquisadas e o outro “Questionário Aplicado

aos Sujeitos”, dirigido ao quatorze (14) professores sujeitos da nossa pesquisa, tendo os dados

apresentados no capítulo IV juntamente com o resultado da observação participante.

3.1 A ABORDAGEM QUALITATIVA

Tendo como base, o objeto de pesquisa, que é compreender se o curso Redes de

Aprendizagem (RA), ofertado através de formação continuada pelo Programa ProInfo

Integrado, influencia ou não nas práticas pedagógicas de professores, optamos então pela

Abordagem Qualitativa baseada nas concepções de Denzin e Lincoln (2006), sendo este tipo

de abordagem aquela que permite ao pesquisador, através de um conjunto de práticas

materiais e interpretativas, observar o mundo numa perspectiva de transformação.

Assim, os objetivos específicos a serem alcançados com a pesquisa são três: I-

entender as dimensões da proposta formativa do curso Redes de Aprendizagem (RA); II-

verificar as condições tecnológicas dos espaços educativos, lócus da pesquisa e III-

compreender a relação do RA com as práticas pedagógicas dos sujeitos e sua possível

influência.

A pesquisa qualitativa é uma atividade situada que localiza o observador no mundo. Consiste em um conjunto de práticas materiais e interpretativas que dão visibilidade ao mundo. Essas práticas transformam o mundo em uma série de representações,

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incluindo as notas de campo, as entrevistas, as conversas, as fotografias, as gravações e os lembretes. (DENZIN e LINCOLN,2006, p.17).

Definida pelos autores como um campo de investigação que torna possível o estudo

do objeto em seu ambiente natural, a pesquisa qualitativa proporciona ao pesquisador uma

visão de mundo para entender o comportamento das pessoas em seu ambiente natural.

Nesse nível, a pesquisa qualitativa envolve uma abordagem naturalista, interpretativa para o mundo, o que significa que seus pesquisadores estudam as coisas em seus cenários naturais, tentando entender, ou interpretar, os fenômenos em termos dos significados que as pessoas a eles conferem. (DENZIN e LINCOLN, 2006, p.17).

Conforme Denzin e Lincoln (2006, p.20), a pesquisa qualitativa não privilegia

unicamente uma metodologia, de forma que: “A pesquisa qualitativa, como um conjunto de

atividades interpretativas, não privilegia nenhuma única prática metodológica em relação à

outra”. Ainda segundo o mesmo autor, este tipo de pesquisa pode ocorrer através de uma

variedade de materiais, assim é possível compreender os significados da rotina e dos

problemas que afetam as pessoas.

A pesquisa qualitativa envolve o estudo do uso e a coleta de uma variedad e de materiais empíricos – estudo de caso; experiência pessoal; introspecção; história de vida; entrevista; artefatos; textos e produções culturais; textos observacionais, históricos, interativos e visuais – que descrevem momentos e significados rotineiros e problemáticos na vida dos indivíduos. (DENZIN e LINCOLN, 2006, p.17).

Os pesquisadores devem conduzir a pesquisa buscando a aproximação com o objeto

de pesquisa, assim, para Denzin e Lincoln (2006, p.23): “Os pesquisadores qualitativos

ressaltam a natureza socialmente construída da realidade, a íntima relação entre o pesquisador

e o que é estudado, e as limitações situacionais que influenciam a investigação”.

Neste sentido, os autores destacam também a aproximação do pesquisador

qualitativo, por apresentar uma preocupação com o ponto de vista do indivíduo.

Tanto os pesquisadores qualitativos quanto os quantitativos preocupam-se com o ponto de vista do indivíduo. No entanto, os investigadores qualitativos imaginam que tenham condições de se aproximar mais da perspectiva do ator através da entrevista e da observação detalhadas. (DENZIN e LINCOLN, 2006, p.23).

Assim, para atender os objetivos que orientam este trabalho e responder as questões

propostas, utilizamos a pesquisa qualitativa por ser este tipo de pesquisa rica em dados

descritivos e que segundo Frozi (2012, p.44) “por ter um plano aberto e flexível e por

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focalizar a realidade de forma complexa e contextualizada, sendo, portanto, adequada para

subsidiar o que está sendo proposto”. Em seguida apresentamos a justificativa do método

utilizado.

3.2 O MÉTODO EXPLORATÓRIO DESCRITIVO

Quanto aos objetivos esta pesquisa é considerada exploratório-descritiva

apresentando análise qualitativa. A escolha pelo método exploratório se justifica pelo fato de

que este contempla os objetivos que nortearam esse estudo.

Acessando a base de teses e dissertações da Capes disponível na página:

http://bancodeteses.capes.gov.br, utilizando as palavras-chave: “Curso Redes de

Aprendizagem” e “Redes de Aprendizagem e-Proinfo, Proinfo Integrado” como fonte de

busca, não foi possível localizar trabalhos especificamente sobre o referido curso, mas sim,

vários trabalhos envolvendo o processo formativo geral sobre o Programa ProInfo e ProInfo

Integrado em diversos estados brasileiros, incluindo Mato Grosso.

Observamos com maior detalhe os trabalhos a partir de 2013, ano este em que foi

ofertado o curso Redes de Aprendizagem via plataforma e-ProInfo. Nessa, observamos

alguns trabalhos direcionados aos temas de Formação Continuada de professores, EaD, e o

processo formativo da plataforma e-ProInfo e Programa ProInfo Integrado em seu processo

formativo desde a sua criação.

Assim, esta pesquisa pode ser definida como descritivo exploratório no sentido de

que possamos apresentar os objetivos e proposta do curso, bem como através do questionário

e da observação, expor nossa visão geral do que pode ter ficado para os cursistas que possa

fazer diferença em sua prática pedagógica.

Pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis. (GIL, 2008, p.27).

Segundo Gil, (2008, p.28) as pesquisas descritivas têm como objetivo principal

descrever as características de uma determinada população ou fenômeno, bem como pode

estabelecer relações entre variáveis pesquisadas, pois poderão ser inúmeros estudos

classificados como um mesmo título e uma das características mais significativas da pesquisa

descritiva estão na utilização de técnicas padronizadas ao coletar dados.

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64

3.3 OS LOCAIS DA PESQUISA

A definição pelos locais desta pesquisa não se deu de maneira aleatória. O critério

principal foi o de localizar o maior número de professores que concluíram o curso Redes de

Aprendizagem no ano de 2014 e que estivessem lotados em uma mesma unidade escolar

pertencente à Rede Estadual de Ensino de MT no ano letivo de 2016 dentro do Polo do

CEFAPRO/MT, de Tangará da Serra.

Assim, o que se pretendia era observar um maior número de professores em uma

mesma escola que receberam como formação continuada o curso RA, e que suas práticas se

demonstrassem mais esparramadas dentro desta escola, em uma ação mais coletiva, porém,

conforme registrado no capítulo IV, tais práticas estão acontecendo de forma muito tímida.

Para a obtenção dos dados utilizamos o Sistema SigEduca da SEDUC/MT. Para

tanto, fez-se, primeiramente, uma análise da oferta dos cursos no ano de 2014, conforme

veremos detalhadamente no quadro IV localizado na página seguinte.

O segundo critério foi o de verificar se a escola oferecia condições mínimas de

recursos tecnológicos, dispositivos e outros aparelhos que pudessem ser utilizados por estes

professores. Assim, os dois critérios primeiros de seleção fora a quantidade de concluintes do

curso lotados em uma mesma escola, e se esta oferecia condições estruturais mínimas,

incluindo o funcionamento e lotação de um TAE no LIED, visto que este profissional

viabiliza o funcionamento deste ambiente educativo nas escolas.

Algumas Unidades Escolares dispunham de um número maior de concluintes ali

lotados no ano de 2016, porém estas não apresentavam condições tecnológicas mínimas para

que a pesquisa pudesse ser realizada lá. Dentre estas, citamos a falta de lotação do TAE no

LIED, Internet com sinal considerado como ruim pelo gestor, e falta de outros recursos como

computadores, Data Show, Retroprojetor etc.

Diante do exposto acima, enfatizamos que a legislação ampara e define a utilização

de TIC na Educação Básica, mas na realidade muitas destas escolas não possuem condições

de inseri-las em sua proposta curricular e no planejamento pedagógico.

Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) nº 4, de 13 de julho de 2010 (BRASIL, 2010a), define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (DCNEB). O artigo 14, em seu parágrafo 3º, define que a base nacional comum e a parte diversificada não podem ser estabelecidas como blocos distintos, mas devem ser organicamente planejadas e geridas de tal modo que as tecnologias de informação e comunicação perpassem transversalmente a proposta curricular, desde a educação infantil até o ensino médio, dando direção aos projetos político -pedagógicos; ou seja, as TIC devem fazer parte de toda a proposta curricular da

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educação básica, em todos os aspectos e propósitos. (LIMA e BATISTA, 2015, p. 92).

O primeiro contato com os gestores das unidades escolares para obtenção destes

dados, e averiguar a possibilidade da realização da pesquisa na escola na qual estão

desempenhando a função de gestores, no ano de 2016, foi realizado via telefone.

Desde o primeiro contato realizado com a gestão do CEFAPRO, de Tangará da

Serra/MT, com a Assessoria de Gestão Educacional, também de Tangará da Serra/MT, e

posteriormente com as escolas, não encontramos dificuldades com a aproximação, tampouco

com as autorizações para que a pesquisa acontecesse; tais documentos seguem anexos a esta

pesquisa.

Quanto aos gestores das escolas, estes se mostraram receptivos e atenciosos com a

pesquisa desde o primeiro contato, e seus discursos sempre foram no sentido de entenderem a

importância da formação continuada em tecnologia educacional e suas respectivas reflexões,

porém reclamam da falta de atenção da mantenedora e também do MEC para com aqueles que

se encontram “diariamente lá na escola”, segundo o gestor da E1: “Como seria bom se

pudéssemos ser ouvidos pelas autoridades, que aquilo que precisamos de fato acontecesse, e

não ficasse só no papel e que muitas vezes eles nem leem”.

Assim, ao definirmos o lócus da pesquisa, o sentimento é de aproximação concreta

com o objeto que nos motiva, e estes lócus foram assim definidos:

Quadro IV - Identificação dos Lócus da pesquisa Nome da escola Município Número de

sujeitos

E1: Escola I E.E. Francisca de Souza Alencar

Nova Olímpia/MT 04

E2: Escola II E.E. Luiz Frutuoso da Silva Sapezal / MT

09

E3: Escola III E.E. Vereador Bento Muniz Tangará da Serra/MT

01

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2016.

A E.E. Vereador Bento Muniz foi selecionada com apenas 01 (um) sujeito em

virtude da quantidade e das boas condições dos recursos tecnológicos que esta escola dispõe,

o sujeito da nossa pesquisa encontra-se desempenhando no ano letivo de 2016 a função de

Coordenador Pedagógico, sendo que esta função está contemplada na proposta do curso RA.

Brasil (2013, p.5) ao expor o objetivo central do Programa ProInfo Integrado, cita como sendo

um dos objetivos: “promover a inclusão digital dos professores e gestores das escolas públicas

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de educação básica e comunidade escolar em geral” e o coordenador pedagógico faz parte da

gestão escolar.

3.3.1 A oferta do curso Redes de Aprendizagem no ano de 2014

No Estado de Mato Grosso, a oferta dos cursos do ProInfo Integrado se deu através

da SEDUC/MT e do Centro de formação e Atualização dos Profissionais da Educação

(CEFAPRO), que foi criado em Mato Grosso pelo decreto n. 2007/97, e o CEFAPRO/MT de

Tangará da Serra foi criado pelo Governo do Estado de Mato Grosso através do Decreto Nº

6.824, de 30 de novembro de 2005.

O MEC fazia o contato inicial com a SEDUC/MT através da Superintendência de

Formação de Professores (SUFP), que designava à Coordenadoria de Formação em

Tecnologia Educacional o contato e formação com o Técnico ou o Professor Formador

lotados nos CEFAPROs de todo o estado de MT.

De acordo com o Livro de registro de certificados, consta um número de duzentos e

sessenta e três (263) inscritos para o curso Rede de Aprendizagem no ano de 2014,

distribuídos em seis (06) municípios que pertencem ao polo do CEFAPRO de Tangará da

Serra/MT: Campo Novo do Parecis, Distrito de Assari, pertencente ao município de Barra do

Bugres, Nova Olímpia, Porto Estrela, Sapezal e Tangará da Serra, sendo que o número que

consta como concluintes é de cento e setenta e dois (172) cursistas, representando um total de

cinquenta e quatro por cento (54%) de concluintes.

Gráfico 1: Aproveitamento do Curso RA/2014 no Polo do CEFAPRO/MT de Tangará da Serra.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2016.

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Então, durante a pesquisa constatamos via análise documental que existiu uma

política para a formação continuada de professores em tecnologia educacional entre os anos

de 2008 a 2014, conforme apresentado, porém o CEFAPRO de Tangará da Serra/MT, nos

anos de 2015 e 2016, não encaminhou esta formação pela plataforma e-ProInfo e nem outro

tipo de formação relacionado ao uso de tecnologias na educação; segundo a gestão, em

virtude da falta de encaminhamento por parte da SEDUC/MT.

Portanto, a observação e análise se deu com professores que realizaram o curso

Redes de Aprendizagem no ano de 2014, pois este foi o último ano em que a formação fora

realizada no referido polo.

As indagações que nos permeiam para fomentar esta pesquisa estão assim postas: se

temos uma política nacional de formação em tecnologia educacional, se temos em Mato

Grosso os CEFAPROS que fazem o encaminhamento e acompanhamento dos cursos, o que

fica ao final para estes professores que concluem um curso como este? Até que ponto uma

formação igual a esta é capaz de influenciar um professor em sua prática cotidiana com seus

alunos em sala de aula e na unidade escolar na qual atua?

Que a formação em tecnologia educacional é importante, disso não há dúvida,

porém, Echalar (2015) ressalta que não se deve perder de vista também a trajetória de vida

desse professor.

As práticas profissionais e pessoais dos docentes estão diretamente relacionadas aos conhecimentos em seu trabalho, bem como os valores e atitudes construídos ao longo de sua trajetória histórica enquanto sujeito local. Elas constituem a historicidade desse profissional, as contradições desse percurso, marcadas inclusive pelos modelos de formação inicial e continuada que receberam. (ECHALAR, 2015, p.85).

Assim, a formação continuada ofertada através do curso RA, segundo Brasil (2013)

se apresenta com aspectos visando refletir o papel dos professores e também da escola, no que

se refere à cultura digital, proporciona leituras a fim de melhorar a compreensão das mídias

sociais e compreender o quanto estas podem contribuir e influenciar nas práticas de

professores.

Esta pesquisa teve como interesse inicial o curso Redes de Aprendizagem devido aos

seus objetivos e metodologia apresentados, pois em sua proposta demonstrava vislumbrar

uma perspectiva de formação diferente das anteriores no que refere ao uso das TIC nas

formações pelo ProInfo Integrado, apresentando sugestão de aproximação com a escola nas

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atividades propostas a serem desenvolvidas no decorrer do curso, e que estas fossem

realizadas em grupo, em um processo incluindo professores e gestão escolar.

3.3.2 O ProInfo Integrado no polo do CEFAPRO de Tangará da Serra/MT: Análise

Documental do Período de 2008 a 2014

Para obtenção dos dados abaixo apresentados, analisamos, com autorização da gestão

local, os seguintes documentos: Livros Atas Para Controle de Emissão de Certificados e

Livros Atas de Resultados Finais de Cursos. Esses documentos pertencem ao acervo do

CEFAPRO/MT, de Tangará da Serra. Assim, na oportunidade registramos número de

certificações em formação continuada em tecnologia educacional realizada pelo CEFAPRO,

de Tangará da Serra/MT, no período de 2008 a 2014.

Lüdke e André (1986, p.38) nos apresentam o objetivo de uma análise documental e

reforçam a importância dos documentos como fonte de pesquisa. Segundo os autores: “A

análise documental busca identificar informações factuais nos documentos a partir de

questões ou hipóteses de interesse”.

Apresentamos uma definição de documentos, na visão de Lüdke e André, e os

autores nos apresentam também exemplos destes.

São considerados documentos “quaisquer materiais escritos que possam ser usados como fonte de informação sobre o comportamento humano” . Philips (1974, p.187). Estes incluem desde leis e regulamentos, normas, pareceres, cartas, memorandos, diários pessoais, autobiografias, jornais, revistas, discursos, roteiros de programas de rádio e televisão até livros, estatísticas e arquivos escolares. (LÜDKE e ANDRÉ, 1986, p.38).

Para os autores: “Os documentos constituem também uma fonte de onde podem ser

retiradas evidências que fundamentem afirmações e declarações do pesquisador. Representam

ainda uma fonte “natural” de informações.” Lüdke; André (1986, p.39). De acordo com a

análise documental, entre os anos de 2008 a 2011, foram ofertadas várias formações na área

de tecnologia educacional a profissionais da educação (professores, funcionários técnicos e de

apoio e gestores), dos municípios pertencentes ao polo de Tangará da Serra /MT. Os

municípios que compõem o referido polo são: Barra do Bugres, Campo Novo do Parecis,

Denise, Nova Olímpia, Porto Estrela, Sapezal e Tangará da Serra.

No período compreendendo os anos de 2008 a 2011, foram registrados 2.220 (dois

mil duzentos e vinte) certificados distribuídos entre os cursos de Informática Educacional –

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Linux Educacional (40 h), Introdução a Educação Digital (40 h), Ensinando e Aprendendo

com as Tecnologias TIC´s (100 h) e Elaboração de Projetos (40 h).

No período de 2012 e 2013 as formações não foram ofertadas, segundo a gestora do

CEFAPRO/MT, de Tangará da Serra, isto ocorreu em virtude da falta de um profissional ou

de um professor/técnico formador que encaminhasse e acompanhasse as formações.

No ano de 2014, os cursos voltaram a ser ofertados, e neste ano totalizou-se 14

(quatorze) turmas em cidades pertencentes ao Polo de Tangará da Serra/MT, destinadas a

profissionais da educação da rede pública de ensino, compreendendo as redes municipal e

estadual.

De acordo com os registros dos livros ata houve um número total de quatrocentos e

quarenta e nove (449) inscritos e duzentos e quarenta e nove (249) concluintes dos quatro

cursos ofertados conforme apresentados nos dois quadros a seguir, sendo que no quadro VI

trazemos o curso RA separado por ser este o curso de objeto de nossa pesquisa.

Quadro V - Oferta dos cursos IED /TIC´s e EP em 2014.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir de análise documental no CEFAPRO/MT de Tangará da Serra, 2016.

Nome do Curso Município Quantidade

de inscritos

Concluintes Oferta por Semestre

IED – Introdução à Educação Digital

Tangará da Serra 35 23 2014/1

IED – Introdução à Educação Digital

Tangará da Serra 34 19 2014/1

TIC´S Ensinando e Aprendendo com as

Tecnologias

Tangará da Serra 30 18 2014/1

EP - Elaboração de Projetos

Tangará da Serra 30 15 2014/1

TIC´S – Ensinando e Aprendendo com as

Tecnologias

Tangará da Serra 21 09 2014/1

IED – Introdução à Educação digital

Nova Olímpia

36 23 2014/2

Total geral 186 107

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A seguir apresentamos os dados do curso RA que foi ofertado em seis municípios

pertencentes ao CEFAPRO/MT no polo de Tangará da Serra.

Quadro VI - Oferta do curso RA em 2014.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir de análise documental no CEFAPRO/MT de Tangará da Serra, 2016.

Destacamos aqui o número de desistentes dos cursos, sendo que neste universo, no

quadro acima apresentado, duzentos (200) cursistas representam mais de quarenta e quatro

por cento (44%) do total dos inscritos, sendo este um dado importante, mas que necessita de

aprofundamento para melhor entendê-los, e a análise documental não nos oferece subsídios

para discutir tal índice.

Quanto à tutoria dos cursos, no ano de 2014, de acordo com documentos analisados e

que fazem parte do acervo do CEFAPRO, de Tangará da Serra/MT, todos os tutores

selecionados possuíam graduação e a maioria, especialização no momento da seleção. Os

documentos pessoais e de formação destes, encontram-se arquivados juntamente com os

relatórios individuais de cada turma, assim como as listas de presença dos encontros e

momentos de acompanhamento que houve entre os cursistas e o tutor.

Nome do Curso Município Quantidade

de inscritos

Concluintes Oferta por Semestre

RA - Redes de Aprendizagem

Tangará da Serra 42 15 2014/1

RA - Redes de Aprendizagem

Tangará da Serra 27 15 2014/2

RA - Redes de Aprendizagem

Tangará da Serra 28 18 2014/2

RA - Redes de Aprendizagem

Nova Olímpia

32 17 2014/2

RA - Redes de Aprendizagem

Porto Estrela

30 18 2014/2

RA - Redes de Aprendizagem

Sapezal 34 23 2014/2

RA- Redes de Aprendizagem

Campo Novo do Parecis

36 23 2014/2

RA - Redes de Aprendizagem

Distrito de Assari– Barra do Bugres

34 13 2014/2

Total geral 263 142

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Ressaltamos que, neste momento, como demonstra o quadro V, foi ofertado os três

primeiros cursos já existentes: IED, TIC´S e EP e, também, há a primeira oferta do curso

denominado Redes de Aprendizagem (RA), que foi o último a ser incluso no catálogo dos

cursos no ano de 2013.

Assim, com os dados da oferta de 2014 e seus respectivos concluintes, iniciamos

uma busca minuciosa utilizando o Sistema SigEduca da SEDUC/MT, com autorização

formalizada pela Assessoria Pedagógica de Tangará da Serra/MT, utilizando o Cadastro de

Pessoa Física (CPF) dos professores para localizá-los em sua atribuição. Assim, foi possível

pesquisar a lotação dos mesmos e constatar no ano de 2016 em quais escolas se encontravam

lotados um grupo maior destes; em seguida, apresentamos uma descrição das três escolas

lócus da pesquisa.

3.3.3 Os instrumentos de coleta de dados

O primeiro instrumento utilizado na pesquisa foi a realização da Pesquisa

Documental utilizando o acervo do CEFAPRO, de Tangará da Serra/MT, assim foi possível

definir os lócus da pesquisa e os sujeitos.

Ao chegar aos lócus da pesquisa que estão localizados em três diferentes municípios,

procuramos a gestão que já havíamos previamente contactado via telefone e que já haviam

sinalizado de forma positiva para a realização da pesquisa, e assim, a oficializamos por meio

de autorização escrita.

Desta forma, foi possível como primeira ação nos lócus, a aplicação do

“Questionário de Levantamento Situacional”, com o objetivo de obter dados com relação à

quantidade e qualidade de recursos tecnológicos disponíveis nas escolas selecionadas, sob o

ponto de vista do gestor.

O questionário oferecia também espaço para que o gestor se posicionasse e

descrevesse seus anseios com relação ao uso de TIC, recursos tecnológicos, dispositivos e

equipamentos existentes e disponíveis ao uso dos professores na escola que atua.

O segundo passo na escola foi a aproximação com os sujeitos a fim de esclarecer

sobre a pesquisa, os objetivos da mesma e a solicitação do preenchimento do TCLE – Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido.

Com a ação acima descrita, foi possível definir exatamente quem seriam os nossos

sujeitos. Foi realizada então a aplicação do formulário: “Questionário Aplicado aos Sujeitos”,

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com um tempo de 03 (três) dias para a devolução do mesmo. O professor levou o formulário

para que pudesse responder com calma e no local e horário que considerasse mais oportuno.

A última etapa dos instrumentos desta pesquisa foi a observação participante

realizada com os sujeitos da pesquisa e, também com outras atividades que a pesquisadora

pode observar no coletivo onde os sujeitos se faziam presentes ao utilizarem as TIC, recursos

tecnológicos, dispositivos e outros aparelhos em seu trabalho docente. A observação foi

realizada entre os meses de maio a julho/2016.

Usada como o principal método de investigação ou associada a outras técnicas de coleta, a observação possibilita um contato pessoal e estreito do pesquisador com o fenômeno pesquisado, o que apresenta uma série de vantagens. Em primeiro lugar, a experiência direta é sem dúvida o melhor teste de verificação da ocorrência de um determinado fenômeno. “Ver para crer”, diz o ditado popular. (LÜDKE e ANDRE, 1986, p.26).

O momento da observação foi muito importante para a pesquisa, neste processo,

pudemos verificar e registrar algumas atividades docentes diárias usando TIC e recursos

tecnológicos diversos. Assim sendo, ocorreram alguns momentos de frustrações, ao detectar a

quantidade de ações utilizando tais recursos e, também, observando que outras práticas

poderiam ser potencializadas utilizando os recursos disponíveis. Em contra partida, pudemos

registrar outras práticas realizadas por professores na execução de projetos, porém a ênfase de

uso por parte dos sujeitos encontra-se na execução das tarefas administrativas e burocráticas.

Assim, visando alcançar o objetivo geral desta pesquisa e obedecendo ao que

estabelece a metodologia escolhida, as ações executadas durante esta pesquisa foram:

I- Levantamento do Programa ProInfo Integrado e sua historicidade com foco no

curso Redes de Aprendizagem;

II- Levantamento documental da formação em tecnologia educacional ofertada

através do CEFAPRO/MT, de Tangará da Serra no período de 2008 a 2014 em

número de certificações por curso;

III- Levantamento dos cursos ofertados no ano de 2014, mais especificamente a

oferta do curso Redes de Aprendizagem e dos concluintes no ano de 2014;

IV- Identificação no sistema SigEduca/GPE da SEDUC/MT da lotação e localização

dos sujeitos no ano letivo de 2016;

V- Definição das unidades escolares e contato via telefone com os gestores para

informações básicas da situação física e tecnológica e para autorização da

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pesquisa onde foram identificados o maior número de concluintes do curso RA,

sendo tal autorização posteriormente oficializada;

VI- Aplicação de questionário semiaberto aos gestores das escolas com o título

“Levantamento Situacional” em cada uma das três Unidades Escolares onde os

sujeitos se encontram lotados neste ano de 2016, visando um registro do que a

escola possui em termos de TIC, recursos tecnológicos, dispositivos e aparelhos

em geral;

VII- Aplicação de questionário semiaberto aos 14 (quatorze) professores

pesquisados, intitulado “Questionário Aplicado aos Sujeitos”, contendo

quarenta e uma (41) questões;

VIII- Observação e registro das práticas no que se refere ao uso de TIC, recursos

tecnológicos, dispositivos e aparelhos da Unidade Escolar em que os sujeitos da

nossa pesquisa atuam.

3.3.4 Identificação das escolas: o lócus da pesquisa

Apresentamos agora uma identificação das escolas onde nossos sujeitos desenvolvem

sua função docente, trazendo informações da quantidade de alunos que estas atendem, o

número de pessoas que lá trabalham e suas funções.

A E1 - Escola Estadual Francisca de Souza Alencar4, localizada no município de

Nova Olímpia/MT, atende no ano de 2016, de acordo com informações fornecidas pela

secretaria da escola, 920 (novecentos e vinte) alunos e conta com 45 (quarenta e cinco)

professores, 21 (vinte e um) funcionários (sendo 01- um Técnico Administrativo lotado no

Laboratório de Informática) e 03 (três) coordenadores pedagógicos. Atende em três turnos:

matutino, vespertino e noturno e oferta as Modalidades de ensino: Ensino Fundamental

Regular e EJA e Ensino Médio Regular e EJA.

A E2 - Escola Estadual Luiz Frutuoso da Silva5, está localizada no município de

Sapezal/MT e, segundo informações obtidas na secretaria da escola, no ano letivo de 2016,

4 Esta Unidade Escolar encontra-se sob jurisdição da SEDUC/MT e está inscrita sob o CNPJ: 11.515.591/0001-56; encontra-se localizada a Rua 34, quadra 40 e 41 – Jardim das Oliveiras CEP: 78.370.000, município de Nova Olímpia-MT. O número do telefone da escola é (065) 3332-1816 e o e-mail institucional é [email protected]. A escola foi criada na data de 18/12/2009, o número do Decreto de Funcionamento é nº 2294; (PPP, 2011, p.06).

5 Está localizada a Avenida do Jaú esquina com a Lions Internacional, centro do município de Sapezal- MT; ela

foi criada pelo Decreto Governamental N. 2.196 de 21/10/2009, publicado no Diário Oficial de 21/10/2009,

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atende 919 (novecentos e dezenove) alunos, e conta com 39 (trinta e nove) professores e 19

(dezenove) funcionários, incluindo 01 (um) TAE lotado no LIED; oferece duas modalidades

de ensino: Ensino Fundamental e EJA para o Ensino Fundamental e Médio, funcionando nos

períodos: matutino, vespertino e noturno.

A E3 – Escola Estadual Vereador Bento Muniz6 encontra-se localizada no município

de Tangará da Serra/MT, mesmo município onde está localizado o CEFAPRO/MT, polo

Tangará da Serra, local onde se deu a pesquisa documental do nosso trabalho. A E3 atende o

Ensino Fundamental Regular nos períodos matutino e vespertino, atende a 640 (seiscentos e

quarenta alunos) e na escola encontram-se lotados 27 (vinte e sete) professores e 17

(dezessete) funcionários, tendo também, assim como as outras duas escolas citadas acima, 01

(um) TAE lotado no LIED.

A Escola Estadual Vereador Bento Muniz encontra-se como lócus de pesquisa, com

apenas um sujeito, em virtude de apresentar uma boa estrutura tecnológica, destacando a

quantidade de computadores instalados no ambiente denominado Sala de Professores e no

LIED (das três escolas é a que apresenta maior quantidade) e possuir recursos tecnológicos

que os outros dois lócus de pesquisa não apresentam, destacando uma lousa digital instalada

no LIED.

A professora que concluiu o curso RA no ano de 2014 encontra-se neste ano de 2016

desempenhando a função de Coordenadora Pedagógica. Então, esta parte da pesquisa buscará

observar como esta desenvolve sua função e como os recursos tecnológicos da E3 são

utilizados a partir da visão e da coordenação pedagógica desta professora. De acordo com

Brasil (2013, p.5), a promoção e inclusão digital dos professores e gestores das escolas de

educação básica é um dos objetivos a serem alcançados através do Programa Proinfo

Integrado, e o Coordenador Pedagógico é um componente da gestão escolar.

As três escolas onde estão inseridos nossos sujeitos são de médio porte, apresentando

no ano de 2016 o número de seiscentos e quarenta (640) a novecentos e vinte (920) alunos

matriculados.

A seguir, apresentamos o resultado dos dados obtidos com o questionário

“Levantamento Situacional”, aplicado aos gestores que apresenta o resultado da quantidade

esta escola é mantida pela SEDUC/MT (PPP, 2016, p.11) e o CNPJ é: 11.770.843/0001-93. O telefone para contato com esta escola é (065) 3383-2651 e o e-mail institucional é [email protected].

6 Encontra-se localizada a Rua José Mariano 277- N – Jardim Santiago – Tangará da Serra - MT CEP: 78.300.000. O telefone da escola é (065) 3326-7029, o e-mail institucional da escola é: [email protected]. Esta escola foi criada através do Dec. Nº 585/91 D.O. nº 20.750, tendo como mantenedora a SEDUC/MT. O CNPJ é 02.506.872/0001/51.

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dos recursos tecnológicos, dispositivos e equipamentos que estas escolas possuem, a

qualidade da internet disponível na visão dos gestores, informações sobre capacitações que os

Profissionais da Educação que trabalham na escola tenham recebido, e outras informações

sobre o trabalho da Coordenação Pedagógica no que se refere ao uso de recursos tecnológicos

e se isto está previsto no Projeto Político Pedagógico (PPP).

As informações foram obtidas através do “Levantamento Situacional” e outras

colhidas na secretaria da própria escola. Apresentando também os LIED, se houve formações

encaminhadas pela SEDUC/MT, o trabalho da Coordenação Pedagógica em cada uma das

escolas e, por fim, um breve relato do contato com a gestão.

3.3.5 Análise do questionário aplicado aos gestores: Levantamento Situacional

O questionário contém 13 (treze) perguntas distribuídas de modo objetivo e

subjetivo, e com a aplicação deste foi possível registrar a quantidade de recursos tecnológicos,

equipamentos e aparelhos que cada lócus dispõe para uso dos professores, seja em momentos

considerados de Horas - Atividades7 (HA) e, também, para uso com alunos em suas práticas.

Obtivemos também informações importantes sobre os LIED e os TAE, a qualidade da Internet

que essas escolas acessam, se a escola estava realizando algum projeto dentro da área da

tecnologia educacional, e se o uso de recursos tecnológicos está previsto no PPP.

A pergunta de número 01(um) indagava se a escola possuía recursos tecnológicos e

de multimídia, a quantidade e a origem destes, se foram disponibilizados via SEDUC/MT,

MEC, aquisição (comprados com recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola PDE - ou

Programa Dinheiro Direto na Escola PDDE) ou se foram conseguidos sob forma de doação. A

pergunta 02 (dois) refere-se à distribuição dos computadores no ambiente escolar. Os

resultados encontram-se dispostos no quadro VI a seguir:

7 De acordo com o Diário Oficial de Mato Grosso nº 26667, p.29 de 26/novembro de 2015, na portaria 416/2015/GS/SEDUC/MT, que dispõe sobre os critérios a serem adotados para atribuição de classes e/ou aulas, entende-se por horas-atividade aquelas destinadas à preparação do trabalho didático, à colaboração com a administração da escola, às reuniões pedagógicas, à articulação com a comun idade e ao aperfeiçoamento profissional de acordo com a proposta pedagógica da escola.

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Quadro VII - Oferta do curso RA em 2014

E1 E2 E3

Computador 37 – SEDUC e

MEC

25 – SEDUC e

MEC

45 – SEDUC MEC

Data Show 02 – SEDUC 03 – SEDUC e

Aquisição

04 - Aquisição

Aparelho

de DVD

03- SEDUC e MEC 02- SEDUC 01 - Aquisição

Aparelho de TV 03- Aquisição 02 – SEDUC e 02 - Aquisição

Retroprojetor Portátil Não possui 02 – MEC e

Aquisição

01 - MEC

Tablet Educacional Não possui 03 – MEC Não possui

Lousa Digital Não possui Não possui 01 - MEC

Outros Não possui Não possui 01-Retroprojetor Arthur – MEC

Fonte: Elaborado pela pesquisadora utilizando dados do questionário Levantamento Situacional, 2016.

O quadro VI nos proporciona uma visão ampliada dos recursos que todos os lócus da

pesquisa dispõem, sendo que aqui não foram discutidas as condições de conservação destes

equipamentos, porém numa observação geral e em diálogo com os gestores, são equipamentos

em boas condições de uso. Segundo os gestores, os equipamentos que não apresentam mais

condições de uso são devolvidos para a SEDUC/MT ou são retirados para outro lugar na

escola e não podem ser descartados em virtude de um documento denominado “Inventário ou

Tombamento de Bens” que cada escola possui.

Assim, de acordo com o primeiro item, todos os computadores são oriundos de

políticas de distribuição de equipamentos do MEC e SEDUC/MT, assim como os

retroprojetores, tablets e a lousa digital. Outro dado é que a escola também adquire esses

recursos, pois o termo “Aquisição” aparece várias vezes no levantamento; concluindo que a

escola não fica esperando que sejam apenas enviados através das mantenedoras, mas que

utilizam parte de seus recursos para adquiri-los.

Destacamos então, que as escolas pesquisadas possuem alguns recursos tecnológicos,

mas para o uso efetivo em suas práticas docentes, é preciso que o professor reveja sua postura,

supere sua resistência, neste sentido, a formação inicial e continuada será fundamental, já que

o perfil dos alunos que chegam às nossas escolas em muito tem superado os professores no

que se refere ao uso de TIC.

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Os recursos tecnológicos, com todas as suas ferramentas, já fazem parte das escolas. Portanto, cabe aos docentes superar sua própria resistência à tecnologia, já que os alunos chegam à escola cada vez mais bem formados tecnologicamente que os professores. (TOSCHI, 2010, p.102).

Quadro VIII - Distribuição dos computadores no ambiente escolar.

E1 E2 E3

Biblioteca Escolar 01 - 01

Secretaria 05 03 03

Coordenação Pedagógica 05 02 01

Direção 01 01 01

LIED 18 15 29

Sala dos professores 05 04 07

Articulação 01 - 01

Sala de vídeo 01 - -

Sala de recurso - - 01

Sala Multifuncional - - 01

TOTAL 37 25 45 Fonte: Dados coletados pela pesquisadora utilizando o questionário Levantamento Situacional, 2016.

No quadro VII apresentamos a distribuição dos computadores no ambiente escolar,

que estão em um número maior nos LIEDs, então nossa sugestão vai no sentido de

potencializar esse espaço educativo, visto que este é um local disponível ao professor e,

assim, práticas pedagógicas poderiam ocorrer em um número mais significativo do que aquele

que foi registrado com nossa pesquisa.

O Laboratório de Informática Educativa (LIED) é um ambiente comum às três

escolas pesquisadas, variando o número de computadores e outros recursos nestes instalados,

e o acesso à Internet. Neste sentido, a pergunta de número 03 (três) é se a escola dispõe de

Técnico em Multimeios ou outro Técnico lotado neste espaço.

Compreendemos que, não é necessária apenas a disponibilização destes LIEDs em

um determinado espaço na escola, é preciso observar a quantidade e qualidade dos aparelhos,

recursos e dispositivos ali instalados, incluindo a Internet, bem como a lotação de um Técnico

Administrativo Educacional (TAE) ou Técnico em Multimeios que possa desempenhar um

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bom trabalho dentro de atribuições específicas disponibilizadas em Portarias anuais de

atribuição por parte da SEDUC/MT.

De acordo com a Portaria 416/2015/GS/SEDUC/MT, publicada no Diário Oficial de

Mato Grosso de número 26667, do dia 26/11/2015, nas páginas 26 e 27, as Escolas Estaduais

de Mato Grosso terão direito a um TAE/Multimeios Didáticos 30 horas para atendimento nos

três turnos de funcionamento, auxiliando na organização e funcionamento dos LIEDs, sala de

vídeo, acervo de DVD, data show, projetores, notebooks, tablets, solftwares educativos e

equipamentos tecnológicos.

O TAE tem funções muito específicas a serem desempenhadas dentro da escola, e

estas constam na portaria acima citada, enfatizando que será de responsabilidade deste TAE

auxiliar os professores no trabalho mediando a utilização dos recursos tecnológicos e a prática

educativa. Um dos critérios para desempenhar tal função é que o TAE deve atualizar-se

quanto as inovações tecnológicas com ênfase nas TIC.

Estamos apresentando essas informações a respeito do TAE em virtude de que com a

observação e aproximação com os lócus de pesquisa, fora enfatizada a importância dos LIEDs

com a lotação deste profissional, tanto pelos gestores, professores e alunos.

No LIED da E1 há um TAE contratado em regime de trabalho de 30 (trinta) horas

semanais. O mesmo nos informou que cursou Ensino Médio Técnico no curso Técnico em

Informática e que faz tudo o que é possível para manter o LIED organizado e funcionando, só

não faz mais devido a carga horária ser pouca, bem como os recursos financeiros que a escola

disponibiliza também não serem muitos. Na E1, há períodos que o LIED fica fechado, pois o

TAE divide sua carga horária entre os períodos matutino, vespertino e noturno.

Na E2, o TAE é também contratado em regime de 30 (trinta) horas semanais, e este,

durante a observação, demonstrou envolvimento com as pessoas que procuravam o LIED, se

mostrando atento e dedicado ao trabalho que ali desenvolve. Acompanhava e orientava os

alunos que chegavam para realizar pesquisas ou para participar de algum projeto

desenvolvido no interior do LIED.

O TAE lotado no LIED da E3 é efetivo, com formação em Pedagogia e pós-graduado

em Neuro-psicopedagogia; sua lotação é para 30 (trinta) horas de trabalho semanal. Como

esta escola atende apenas dois períodos, que são o matutino e vespertino, então, dois dias da

semana há atendimento integral (matutino e vespertino), e os outros três dias apenas em um

período.

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Diante de tal informação, constatamos então que um TAE com 30 horas semanais de

trabalho, mesmo em uma escola que não atenda três períodos, não é suficiente para suprir

todos os dias e períodos em que a escola atende.

O TAE da E3 demonstra compromisso com o trabalho realizado no LIED, com a

escola e com o aprendizado, em geral. Apresentou-nos um projeto que desenvolvera com

alunos do I segmento da Educação de Jovens e Adultos (EJA), em fase de alfabetização em

anos anteriores. O referido projeto tinha como objetivo o de proporcionar noções básicas de

informática, ao mesmo tempo em que utilizava o computador no processo de leitura a esses

alunos, pois eles precisavam identificar os caracteres do teclado, digitar palavras ou termos,

etc. Assim, podemos afirmar, baseado nas concepções de Toschi (2010), que o computador

pode e deve ser utilizado no processo de desenvolvimento da leitura e da escrita:

[...] Nesse momento, a tecnologia pode ser uma aliada na solução de alguns problemas, por proporcionar experiências como: acesso a uma variedade de fonte de informações, exigência da escrita e da leitura como forma de comunicação – o que coloca os estudantes em constante necessidade de fazer uso destas duas ferramentas - além da possibilidade de encurtar algumas distâncias por meio do uso do blog e fóruns de discussão. O foco sai da máquina e se volta para os agentes do processo pedagógico, o professor e o aluno. Como afirma Valente (apud COSCARELLI, 2003, p.13), “O computador não é mais o instrumento que ensina o aprendiz, mas a

ferramenta com a qual o aluno desenvolve algo e, portanto, o aprendizado ocorre pelo fato de estar executando uma tarefa por intermédio do computador”. (TOSCHI, 2010, p. 76).

Além disso, o TAE da E3 relatou-nos que se emocionava com o progresso e com o

reconhecimento apresentado pelos alunos quando eles diziam que “nunca antes haviam se

aproximado de um computador, e que agora sabiam ligar, desligar e até mexer um pouco”.

Segundo o TAE, houve pouca desistência e o objetivo do curso fora alcançado, pois ao final

eles até digitavam pequenos textos.

Um fato comum entre as 03 (três) escolas é o descontentamento com o Sistema

Operacional LINUX8, sendo que a versão oferecida pelo MEC e instalada nos LIED, é motivo

de descontentamento enfatizada tanto pela gestão dos lócus, bem como pelos TAE dos LIED

que a citaram como ponto negativo. Eles citam a preferência pelo Windows por causa da

8 O Linux, da mesma forma que o Windows (Microsoft) e o Mac OS (Apple), é um sistema operacional baseado em Unix criado para desktops, mas que também é usado em servidores, smartphones, tablets e outros tipos de dispositivos, incluindo caixas bancários. Ao contrário de seus concorrentes mais famosos, o Linux não foi desenvolvido para fins comerciais e seu software e desenvolvimento são feitos em código aberto , o que significa que qualquer pessoa pode criar e distribuir aplicativos para ele. Fonte: http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2015/03/linux-tudo-o-que-voce-precisa-saber-antes-de-comecar-usar.html

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familiaridade de uso. Diante disso, apresentamos uma definição que diferencia os dois

sistemas acima citados.

A diferença mais marcante entre Linux e Windows é o fato do primeiro ser um sistema de código aberto, desenvolvido por programadores voluntários espalhados por toda internet e distribuído sob a licença pública GPL. Enquanto o Windows é software proprietário, não possui código-fonte disponível e você ainda precisa comprar uma licença para ter o direito de usá-lo.(https://www.vivaolinux.com.br/linux, 2017)

O TAE da E1 ressalta que os professores e, também, os alunos reclamam, mas ele

afirma que não há o que ele possa fazer, pois não tem autorização para trocar o sistema

operacional e instalar o Windows que, segundo ele, facilitaria muito o uso de quem procura o

LIED.

Observamos na E2 o uso de notebooks que os usuários do LIED trazem consigo.

Segundo o TAE: “Quem não gosta de usar o LINUX instalado nos computadores do LIED,

traz o seu computador”. Ele relatou que também tem dificuldades em utilizar o sistema

operacional, mas que não tem autorização para trocar para o Windows, mesmo diante de

insistentes pedidos da comunidade escolar.

O TAE da E3 também ressaltou sua dificuldade com relação ao LINUX e enfatizou:

“Isso dificulta o acesso, pois há professores que deixam de levar os alunos até o laboratório

por esse fator”. Ressaltou também que gostaria de desenvolver outros projetos igual ao que

desenvolveu em 2012, porém não o faz porque ela mesma tem muita dificuldade em usar o

sistema operacional, e fica insegura ao propor projetos e desabafa:

Não sei por que isso, se ninguém usa e nem gosta deste tal de Linux! Olhe nos notebooks e computadores que temos de uso pessoal, ninguém usa isso, fico indignada, até os técnicos que fazem manutenção quando são chamados , a gente percebe que eles têm dificuldades também, e eles também reclamam. (Relato do TAE da E3).

Quatro questões que estão no “Levantamento Situacional” foram direcionadas aos

gestores no intuito de avaliar a qualidade do acesso à internet, são as questões de números 04

(quatro) a 07 (sete) e estas foram realizadas por considerar o acesso a uma Internet de boa

qualidade como um importante instrumento educativo em nossas escolas, Sancho esclarece a

amplitude que esta nos apresenta.

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A Internet permite-nos aprender de diversas maneiras. O simples fato de ter acesso à informação de forma fortuita já é uma maneira de aprender e este é um dos usos mais comuns da rede. Um passo à frente consiste em aprender através do acesso aos dados ou à informação específica que necessitamos em uma atividade educacional. Podemos buscar informação sobre qualquer área do conhecimento e, na maioria dos casos, com o nível desejado, desde o nível escolar até o especializado. (SANCHO,1998, p. 315).

A pergunta de número 04 (quatro) é se escola dispõe de Internet. E as 03 (três)

escolas responderam que sim. A pergunta seguinte de número 05 (cinco) é a respeito da

qualidade do sinal recebido, a E1 classificou como ruim, e a E2 e E3 classificaram como boa.

Quanto a Internet na E1, há duas instaladas na escola, sendo uma disponibilizada

pelo Governo Federal, via rádio rural com antena instalada no LIED, e outra disponibilizada

pelo Governo do Estado de Mato Grosso que é utilizada pela secretaria da escola e na Sala

dos Professores, assim, a Internet que possui um acesso melhor é destinada para trabalhos

administrativos na escola.

A gestão da E1, através do Levantamento Situacional, justificou que o sinal da

Internet é considerado de péssima qualidade, e esse é o principal fator que prejudica os

professores ao tentarem preparar uma aula diferente. Segundo o gestor, toda a manutenção

fica a cargo da escola e isto é planejado dentro do PDE.

Com relação ainda ao sinal de internet recebido na E1, ouvimos do TAE esse relato:

A qualidade da internet dificulta muito o encaminhamento dos trabalhos quando os professores levam seus alunos até este espaço educativo, uma internet boa faria toda a diferença, pois os professores deixam de usar o LIED pela má qualidade mesmo, pois até para conectar demora demais e com isso perdem muito tempo. (TAE lotado no LIED da E1).

No que se referem às condições de trabalho, qualidade de Internet e uso de LIED,

nos remetemos a pesquisa retratada por Echalar (2015) com professores de Goiás, relatando a

situação de condições deste espaço em uma determinada escola naquele estado, muito

semelhante a que se encontrava a E1 no momento da pesquisa:

Percebemos que os laboratórios de informática ainda se constituem como principal espaço pra uso dos recursos tecnológicos das escolas, estando em estado precário de atualização do maquinário e de suporte técnico. Assim, estão subutilizados e, segundo relatos, deteriorando-se a cada dia. (ECHALAR, 2015, p.93-94).

A gestão da E2 informou que a escola não apresenta problemas com acesso à

Internet; durante a observação que realizamos na escola quando os professores estavam

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utilizando o LIED, ao realizarem o registro diário de presença dos alunos em sala de aula, ou

na Sala dos Professores em momentos de Horas-Atividades, estes demonstravam facilidade

no acesso, assim como não ouvimos nenhum relato de reclamação neste aspecto por parte dos

professores ou funcionários.

Há, na sala dos professores da E2, quatro computadores para serem utilizados como

suporte pedagógico; também é fornecida a eles senha da internet para uso em seus aparelhos

eletrônicos pessoais. E, pela observação, pude constatar que o registro de presença diária dos

alunos é realizado através de aparelhos de uso pessoal: celulares, tablet e também notebook,

no momento em que entram na sala de aula.

Na E2, encontra-se instaladas duas internets, sendo uma disponibilizada pela

SEDUC/MT e outra pelo Governo Federal, sendo que a manutenção é realizada, seguindo a

previsão orçamentária do PDE da E2. Registramos extensores de sinal de Internet Wi-Fi

instalados em três pontos na escola, facilitando assim, o acesso nas salas de aula.

Figura 06. Figura 6: Extensor de sinal de Internet na E2

Fonte: Acervo da pesquisadora, 2016.

A E3 muito se assemelha a E2 quanto às características de acesso à Internet, pois é

uma escola que também não apresenta problemas; há dois sinais instalados, sendo um no

LIED e outro para uso geral da secretaria, gestão e sala dos professores, local este onde se

encontram instalados 07 (sete) computadores, espaço utilizado pelos professores em

momentos de horas-atividades. Assim, das três escolas, uma delas, sendo a E1 apresenta

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dificuldades com relação ao acesso à Internet, conforme descrito no Levantamento situacional

das escolas, bem como pelo relato dos gestores.

A questão de número 07 (sete) indaga sobre a interrupção do sinal para acesso à

Internet e como este problema é resolvido: a E1 respondeu que este custo é pago com recursos

do PDE ou PDDE às empresas privadas que prestam este tipo de serviço; a E2 respondeu que

a escola contrata alguém para resolver, pois o suporte da SEDUC demora muito para fazer o

atendimento; e a E3 também respondeu que a escola também contrata alguém para resolver o

problema.

Quanto à pergunta de número 08 (oito) é se a escola realiza algum projeto que

contempla o uso de tecnologias. A E1 respondeu que sim, que desenvolve o “Projeto de

Música” e para, isto utilizam diversos recursos; A E2 desenvolve projetos que acontecem no

interior do LIED que são “Como fazer slides para apresentação de trabalhos” e “Noções de

informática para trabalhos escolares” e a E3 desenvolve o projeto de “Rádio Educativa”;

durante o período de observação registramos então o descrito pela E2 e E3, porém não foi

possível registrar nenhuma imagem do desenvolvimento do projeto da E1 em virtude da falta

de execução deste projeto durante o período de observação.

Assim, percebemos que há uma ligação entre a execução destes projetos propostos

pelas escolas com os objetivos da Unidade I do curso RA. Podemos vislumbrar nessa

proposta, uma tentativa por parte da escola em contemplar desejos e necessidades

educacionais dos alunos, oportunizando assim, a participação em projetos por livre escolha e

oportunizando em todos estes o uso de tecnologias diversas.

A questão de número 09 (nove) está relacionada com a 08 (oito) a respeito de quem

são as pessoas envolvidas nos projetos: O Projeto de Música da E1 envolve docentes e

discentes; os projetos da E2 envolvem docentes, discentes e Técnicos e o Projeto Radio

Educativa da E3, segundo o Levantamento Situacional, envolve toda a comunidade escolar

sendo que as alternativas Docentes, Discentes, Coordenadores, Diretor, Técnicos e Pais ou

responsáveis foram marcadas.

Quanto à oferta de formação pela SEDUC/MT, as perguntas de número 10 (dez) e 11

(onze) se complementam. A primeira indaga: “Se há algum tipo de formação ou capacitação

ofertada pela SEDUC/MT ou pela própria Escola que oriente e incentive os professores a

utilizar recursos tecnológicos” e a pergunta seguinte: “Caso tenha respondido sim, como

ocorre esta capacitação”. A resposta da E1 foi “não”, e completou que a SEDUC/MT deixa

muito a desejar no que se refere a isto. A resposta da E2 também foi “não”. A E3 apesar de

marcar “não”, o item “Já houve capacitação há algum tempo atrás” fora marcado, então,

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diante de tal contradição deduzimos que pode ser pelo tempo verbal empregado na pergunta

que é no tempo presente, e o gestor pretendera registrar que naquele momento nenhuma

formação estava sendo ofertada.

A pergunta de número 12 (doze) refere-se à orientação da coordenação pedagógica,

se esta contempla o uso de recursos tecnológicos e como é feita esta orientação. A resposta da

E1 é de que há as informações sobre tudo o que há disponível, e que o incentivo para o uso é

sempre realizado, assim como é solicitado um planejamento com o objetivo no momento em

que o professor vai realizar o agendamento dos recursos.

A E2 nos aponta a existência dos equipamentos, porém ressalta a necessidade de

agendamento junto ao LIED por conta da quantidade de computadores lá instalados, e que há

sempre procura. A gestora da E2 descreve que na realidade não há uma orientação passo a

passo da coordenação pedagógica para os professores, pois isso dependeria de conhecimento

pedagógico-didático de cada disciplina individualmente, só assim seria possível contribuir

com o professor neste aspecto, e que a orientação é realizada de maneira geral.

Na E3 a resposta registrada é de que há a indicação para que os usos dos recursos

fossem feitos quando necessário. Entendo por esta resposta que a gestora se refere ao termo

“quando necessário” ao uso destes recursos sem o devido planejamento. Por fim, ela descreve

que considera o uso muito importante para os alunos.

A gestora da E3 cita os recursos que a escola possui e acrescenta que, “na era da

tecnologia, é necessário aproveitar todos os recursos possíveis para que aconteça um bom

ensino” (gestora da E3).

Assim, a questão que se refere à orientação da coordenação pedagógica, e se esta

contempla o uso de recursos tecnológicos e como é feita esta orientação, por parte da

SEDUC/MT, pode ser considerada como uma ação não relevante, pois de acordo com a

portaria nº 416/2015/GS/SEDUC/MT, publicada no Diário oficial 26667 de 26/novembro de

2015, p.24, que dispõe sobre critérios a serem adotados para o procedimento de atribuição de

classes/aulas do professor, parágrafo 1º, artigo 32, no que se refere à função do Coordenador

Pedagógico, não há ação específica para o uso de tecnologias como prática pedagógica, mas

sim das seis funções deste profissional, duas delas referem-se às ações administrativas de

monitoramento a ser desenvolvida pelo coordenador junto aos professores quanto ao

preenchimento do Diário eletrônico.

Assim sendo, de acordo com a portaria acima citada, o coordenador pedagógico,

além das funções descritas na L.C nº 04, deverá: orientar a execução do diário eletrônico

(SigEscola e SIGA) e/ou portfólio da Sala de Recursos ou Multifuncionais ou do Laboratório

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de Aprendizagem, e acompanhar mediante relatórios recebidos do TAE pedagógico ou

professor em readaptação de função que assumira a função de monitoramento do Diário

Eletrônico, a execução do Diário Eletrônico (SigEscola e SIGA) e/ou portfólio da Sala de

Recursos e do laboratório de aprendizagem.

A última pergunta do questionário “Levantamento Situacional” é a de número treze

(13) e está descrita da seguinte forma: No PPP da escola está previsto o uso de recursos

tecnológicos? É observado pela coordenação se de fato tem sido feito o uso de todos os

recursos disponíveis na escola? Essa questão não foi respondida pelo gestor da E1, o mesmo

disse que o PPP encontrava-se em construção e que o computador em que o documento estava

sendo feito havia ido para o conserto e que não haveria possibilidade de responder a este

questionamento.

O relato escrito da gestora da E2 sobre a questão treze (13) e a previsão dos recursos

tecnológicos no PPP encontra-se assim registrado:

Sim, promovemos a compra e manutenção dos recursos tecnológicos porque esta é inerente a tudo e todas as profissões. Vejo algo que não pode ser visto como apenas previsto em PPP, e sim entendemos como necessidade para comunicação, informação, promoção da cidadania. O profissional que ainda não entendeu isso sofre com plateias desmotivadas nas suas aulas. (Gestora da E2).

A E3 respondeu que: “É previsto no PPP o uso tecnológico. Os nossos professores

fazem o uso constante dos recursos tecnológicos, mas temos carência ainda de aparelhos

funcionando direito”. Assim, diante das informações, notamos a fragilidade deste assunto

registrado nos PPPs das três escolas.

Apresentamos agora um breve histórico dos contatos que realizamos com as gestões

das escolas, no início do mês de maio/2016, momentos enriquecedores permeados de

informações para a nossa pesquisa.

Após este contato e coleta das devidas autorizações por parte da escola e dos

professores, deu-se então as observações na E1 e E2 que ocorreram no mês de maio/2016,

sendo uma semana contínua para cada escola. Já a E3 fora observada no mês de julho/2016, já

que no mês de junho/2016 não foi possível a observação.

No primeiro contato pessoal que fizemos com o gestor da E1, ele se dispôs a

responder o questionário “Levantamento Situacional” da escola na qual atua; demonstrou boa

vontade em nos atender, bem como deixava claro que estava disposto a colaborar e que

considerava interessante que a pesquisa ocorresse na escola, pois assim: “teriam um espaço

para registrar as dificuldades que possuem e que nunca são ouvidas por ninguém” (Gestor da

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E1). Ressaltou que na E1 toda a manutenção dos equipamentos é realizada através de recursos

oriundos do PDE e PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) e que isto tem um custo

relativamente alto, bem como os recursos tecnológicos e alguns aparelhos existentes na escola

precisam ser substituídos, destaca desde o nosso primeiro contato a qualidade ruim da

internet, que dificulta muito inclusive o trabalho administrativo, pois a secretaria da escola e a

sala dos professores dividem a mesma Internet e também cita os equipamentos do LIED que

sempre apresentam algum defeito.

A gestora da E2, num primeiro contato, se mostrou surpresa com a pesquisa, disse

que a pesquisadora era muito bem-vinda, que registrasse o que fosse necessário e se colocou à

disposição para colaborar no que fosse possível. Considerou importante o registro do trabalho,

pois, segundo ela: “A escola tenta resolver sozinha todos os problemas que aparecem,

inclusive no que se refere à compra e manutenção de recursos tecnológicos” (Gestora da E2),

ainda segundo a gestora há algumas dificuldades no sentido de cobranças mais eminentes

junto à SEDUC/MT, porém a cidade na qual a escola se localiza é longe de Cuiabá/MT e que

os custos com passagens, estadias, alimentação fica por conta do gestor, então, os problemas

são resolvidos via telefone ou e-mail.

Outro ponto a ser observado e que foi relatado pela gestora da E2, é a atuação do

presidente do CDCE (Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar) que é um professor da

Unidade Escolar, e sujeito desta pesquisa. Segundo a gestora, o presidente do CDCE sempre

ressaltou a necessidade de uma Internet com bom sinal de acesso na escola, pois isso

facilitaria em muito o trabalho administrativo da gestão e secretaria, bem como agilizaria o

trabalho de registro de presença dos alunos e o trabalho pedagógico poderia ser feito de

maneira diferente.

A gestão da E2 utilizou o questionário para identificar e descrever a situação da

escola para relatar parte da sua preocupação no que se refere ao uso de recursos tecnológicos

na escola que atua. Destaca no questionário que na escola existem professores com turmas de

projetos considerados extracurriculares, e que estes são direcionados para as TIC propondo

interatividade com alunos, e isto faz com que o professor se aproxime do aluno. Ressalta que

muitos entendem como aula diferente o fato de levar os alunos para o LIED para realizar

pesquisa, mas de acordo com seu ponto de vista, não é isso.

Segundo essa mesma gestora, acontece uma boa utilização de todos os recursos

tecnológicos, mas isso ainda não é 100% dos profissionais da E2. Cita sua experiência quando

atuou como Coordenadora Pedagógica na gestão anterior, e que não faltaram reflexões com os

outros profissionais acerca da necessidade de inovar, alternar e alterar o modo de preparar

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aulas; e isto tem que ser realizado sempre na tentativa de torná-las mais próxima dos alunos

para que as aulas sejam mais atrativas.

Por fim, descreve o grupo de professores que participou dos cursos do ProInfo

quando esses eram ofertados em 2014, e que este fator era muito positivo no sentido de somar

com a gestão ao despertarem para essa implementação dos recursos efetivamente em sala de

aula, e que não ficasse restrito somente a utilização de Datashow e pesquisas realizadas no

LIED por alunos ou, ainda, a apresentação de trabalhos. E, quanto aos professores, que não

ficasse restrito às explicações de conteúdo.

A gestora da E3 se mostrou solícita quanto à realização da pesquisa na escola,

justificou a quantidade de trabalhos burocráticos que ela realiza e repassou o “Levantamento

Situacional” para a coordenação pedagógica e o TAE lotada no LIED para que o

respondessem, solicitando a estes que nos auxiliassem no que fosse preciso, também se

colocou à disposição para quaisquer esclarecimentos ou informações. Deu-nos liberdade para

observar e registrar o que fosse necessário para o desenvolvimento da pesquisa.

Neste contato com as escolas, ficou claro por parte das gestões, que estes querem ser

ouvidos, que querem falar dos problemas da escola com alguém que não faça parte da

comunidade escolar, pois segundo eles, estes já conhecem os problemas, e se mostraram o

tempo todo solícitos com o desenvolvimento da pesquisa na escola qual atuam.

A seguir apresentamos como seu deu a identificação e localização dos sujeitos para a

efetivação da pesquisa.

3.3.6 Identificação e localização dos sujeitos

Os sujeitos foram selecionados a partir de dois critérios: primeiro, de terem sido

cursistas concluintes do Curso Redes de Aprendizagem, ofertado como formação continuada

no ano letivo de 2014, e segundo critério que estivessem lotados de forma efetiva ou

interina/contratados pela SEDUC/MT no ano de 2016, ou seja, pela rede estadual de ensino de

MT.

Sabemos então que no ano de 2014, um grupo de professores recebeu uma formação

em tecnologia educacional, mas, e então, o que aconteceu após as informações recebidas no

curso? Será que o conteúdo teórico presente no curso RA foi capaz de influenciar de alguma

maneira os sujeitos da nossa pesquisa em suas práticas pedagógicas com seus alunos?

Neste sentido, citamos o exemplo do curso “Utilizando as Mídias no Contexto

Escolar”, oferecido através do Centro de Formação dos Profissionais de Educação, Ciência e

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Tecnologia de Anápolis (Cefope), que nos é apresentado, segundo Toschi (2010), como

reflexão de teoria e prática a serem pensadas e trabalhadas durante a formação de professores

para uso de tecnologias:

Simulam-se atividades que poderiam ser desenvolvidas nas aulas com os estudantes da escola e, em seguida, o professor cursista cria sua própria atividade de acordo com as especificidades da sua sala de aula levando em conta suas necessidades e problemas de seus alunos. (TOSCHI, 2010, p. 77).

Toschi (2010, p. 77-78) enfatiza que esta formação é pensada no sentido de que o

professor se coloque no lugar do próprio aluno, assim, logo após a teoria é apresentado ao

professor a atividade prática: “No momento em que a atividade pronta é apresentada ao

professor, logo após ele ter adquirido o conhecimento técnico, ele é submetido a todos os

passos que a compõem, como se fosse o próprio aluno”, visando sempre à aprendizagem:

Esse procedimento metodológico visa colher o julgamento do professor cursista quanto à viabilidade ou não das atividades propostas, se elas estão interessantes e de acordo com o contexto trabalhado. Enfim, eles se colocam no lugar dos próprios alunos e tem sensações semelhantes às deles, colocando dessa forma o seu saber sobre o que é ou não viável de ser utilizado em sala de aula com vistas à produção do conhecimento. Conhecimento este que será utilizado na elaboração da sua própria atividade que, por sua vez, será aplicada na escola em que ele trabalha, o que possibilita a avaliar o impacto na aprendizagem dos alunos, os problemas que apresentaram, seja do ponto de vista técnico, curricular, didático ou de gestão da tecnologia, e os ajustes que se necessita para que a atividade contribua com a aprendizagem dos estudantes. (TOSCHI, 2010, p. 78).

Assim, indagações sobre o que será que estes professores responderam no

questionário e o que estes demonstram quanto ao trabalho diário utilizando as TIC, recursos

tecnológicos, dispositivos e outros aparelhos em suas aulas com seus alunos é uma motivação

a mais para a realização desta pesquisa.

Então, ao registrar práticas destes sujeitos, e também ao analisar o questionário que

os sujeitos prontamente responderam, pretende-se chegar à conclusão na tentativa de

compreender se o curso RA influenciou quanto ao uso de TIC, recursos tecnológicos,

dispositivos ou outros aparelhos, o professor em suas práticas pedagógicas cotidianas.

A proposta inicial da pesquisa seria ter como sujeitos, professores que estivessem

realizando a formação do curso Redes de Aprendizagem no ano de 2016, mas para nossa

surpresa, os cursos e nenhuma outra formação em tecnologia educacional fora encaminhada

pela SEDUC/MT nos anos de 2015 e 2016. Diante disso, tivemos então que fazer opção pelo

último período de oferta, e este aconteceu no ano de 2014.

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A não oferta dos cursos durante dois anos consecutivos, também nos revela um dado

importante e que não poderia deixar de ser aqui registrado; se a SEDUC/MT dispõe de uma

coordenadoria de formação, se existem os CEFAPROs em pleno funcionamento por todo o

estado de MT, quais as razões do não encaminhamento no que se refere a formação

continuada em tecnologia educacional para professores por dois anos consecutivos?

O segundo requisito observado é de que os sujeitos teriam que estar lotados de forma

efetiva ou interina/contratado pela SEDUC/MT neste ano de 2016, para que então fosse

possível o contato, a aplicação do questionário e a observação visando o registro de práticas.

O trabalho de identificação e localização dos cursistas concluintes do curso Redes de

Aprendizagem da oferta 2014 se deu durante os meses de janeiro a março/2016, utilizando o

sistema denominado GPE (Gestão de Pessoas) da SEDUC/MT, acessando o sistema

acompanhado do Assessor de Gestão Educacional do município de Tangará da Serra/MT. Em

outros momentos, foram coletados os dados juntamente com a diretora ou a secretária do

CEFAPRO/MT, de Tangará da Serra, em virtude da necessidade de senha, e dessa forma foi

possível a obtenção destes dados.

Foi necessário aguardar a finalização de atribuição de classes e aulas coordenada

pela SEDUC/MT para que então fosse possível a localização dos nossos sujeitos. Porém, ao

final de março, após mais uma busca, constatamos que havia profissionais interinos ou

contratados que não apareciam atribuídos neste ano letivo de 2016. A pesquisa então deu

sequência após a identificação de onde o professor se encontrava lotado no ano de 2016, para

que assim fosse possível realizar o contato com a escola e o professor que lá atua e, então, ver

a possibilidade do mesmo ser um sujeito da nossa pesquisa. A pesquisa nas escolas ocorreu

entre os meses de maio a julho de 2016.

Através do livro ata do registro de certificados do ProInfo Integrado do

CEFAPRO/MT, de Tangará da Serra, foi realizado um levantamento por turma de cada uma

das 08 (oito) do curso Redes de Aprendizagem, totalizando cento e quarenta e dois (142)

profissionais da educação que realizaram o curso.

Assim, localizamos primeiramente os concluintes, e em segundo momento

separamos os funcionários e os profissionais sem atribuição. E, por fim, filtrando para se

chegar ao número de professores efetivos ou contratados e sua respectiva lotação.

Nesse processo de seleção, oitenta (80) professores representando cinquenta e seis

por cento (56%) dos concluintes do curso RA no ano de 2014 eram nossos possíveis sujeitos.

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Gráfico 2: Situação Funcional dos Concluintes no ano de 2016 em relação à SEDUC/MT.

FONTE: Dados obtidos através do sistema GPE/SEDUC/MT.

Nesse momento, também foi possível realizar o levantamento de formação destes

professores, sua situação funcional, se efetivo ou interino e, também, o nome da escola o qual

o mesmo se encontrava trabalhando no ano de 2016. Igualmente, foi possível verificar,

através do sistema GPE, que alguns cursistas concluintes, no ano de 2016, encontravam-se em

cargo de diretor ou coordenador pedagógico, bem como se encontravam em período de

readaptação ou aposentado.

Procurando entender então se o curso Redes de Aprendizagem tem influenciado os

professores que o realizaram em suas práticas na escola, é que os sujeitos desta pesquisa

foram determinados.

Como a pesquisa pretendeu investigar práticas pedagógicas, optamos por pesquisar

professores que estão em sala de aula e também um sujeito da pesquisa que está exercendo a

função de coordenador pedagógico, assim a proposta com esse sujeito é registrar as práticas

na E3 pela visão desta coordenadora quanto ao uso de tecnologias, mesmo porque a proposta

da formação contempla a gestão das escolas, neste sentido, Toschi (2010) referenda esta

necessidade de que todos os que estão na escola necessitam de formação:

A formação continuada dos profissionais da educação (dos profes sores de um modo especial, mas também de toda a equipe gestora e pedagógica) é uma necessidade crescente. Esta formação será um respaldo para todos os membros da escola, que terão mais chances de conseguir não somente conhecer as novidades, mas também acompanhá-las de forma consciente do ponto de vista pedagógico uma vez que já se sabe o que uma determinada ferramenta oferece do ponto de vista técnico, volta -se para a mesma ferramenta com um olhar pedagógico, buscando formas de utilizá-la

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como parte integrante no processo de produção de conhecimento [...] (TOSCHI, 2010, p.76).

Os sujeitos serão identificados com a letra P, dos números 1 ao 14, e apresentamos

no quadro abaixo a distribuição deles por lócus de pesquisa:

Quadro IX.

Quadro IX - Distribuição dos sujeitos por Lócus de pesquisa E1 E2 E3

NOME DA ESCOLA

E.E. Francisca de Souza Alencar

E.E. Luiz Frutuoso da Silva

E.E. Vereador Bento Muniz

MUNICÍPIO Nova Olímpia/MT Sapezal/MT Tangará da Serra/MT SUJEITOS P1

P2 P3 P4

P5 P6 P7 P8 P9 10

P11 P12 P13

P14

Fonte: Dados organizados pela pesquisadora, 2016.

Assim, com o capítulo III apresentando a metodologia da pesquisa, socializamos os

dados que se referem ao Programa ProInfo Integrado e sua oferta no polo do CEFAPRO/MT,

de Tangará da Serra, no período de 2008 a 2014, a escolha dos lócus e dos sujeitos,

destacando aqui que a realização da nossa pesquisa em três lócus diferentes nos ampliou o

olhar do quanto as Unidades Escolares em alguns aspectos se assemelham (que querem ser

vistas e ouvidas, que toda a manutenção é feita conforme previsão no PDE e PDDE, que a

preocupação com o administrativo se sobrepõe ao uso pedagógico quanto ao uso de

tecnologias, dentre outros), mas que se difere em outros (Qualidade do acesso à Internet,

quantidade e qualidade das TIC e recursos disponíveis e outros); enfatizamos também que o

papel da gestão é imprescindível no encaminhamento das questões de uso das TIC e outros

recursos nas práticas pedagógicas com alunos.

A E3 proporcionou-nos um olhar mais específico da função de Coordenador

Pedagógico, e a importância deste para o encaminhamento do uso de tecnologias na escola.

Concluímos que mesmo que haja boa intenção por parte do professor e do coordenador, a

formação continuada para ambos é imprescindível.

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Com a aplicação do questionário “Levantamento Situacional” obtivemos

informações importantes para a pesquisa, e procuramos de maneira fiel traduzir as

informações e dados apresentados por este.

No capítulo seguinte apresentamos os dados obtidos através do questionário aplicado

aos professores e pela observação participante.

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CAPITULO IV - ANÁLISE E DIMENSÃO DAS PRÁTICAS

Esta parte da pesquisa tornou-se momentos de reflexões, e aqui buscamos traduzir os

resultados obtidos através das respostas dos questionários e, em seguida, socializar o registro

de práticas e ações durante o período de observação.

As práticas pedagógicas de professores devem levar em conta o contexto tecnológico

no qual estes se encontram inseridos. Podemos citar: uma Internet de boa qualidade

disponível, formação inicial e continuada, presença de recursos tecnológicos, dispositivos e

aparelhos em boas condições de uso certamente farão toda a diferença no momento que o

professor os utilizar no sentido de potencializar sua atividade docente.

A formação inicial e continuada dos professores é fator de relevância e, portanto,

merece destaque. A pesquisa realizada no estado de Goiás, publicada por Echalar (2015) nos

aponta que os problemas vividos naquele estado se assemelham com os de Mato Grosso,

embora seja um estado que não dispõe de centros de formação como é o caso de Mato Grosso

por meio dos CEFAPROs. As formações se apresentam com caráter instrumentalizador,

racionalista e descontínuo.

Destacamos também que um dos principais atores do processo de formação, os

professores, são muito pouco ouvidos, é preciso que estes tenham voz para dizer o que

vivenciam e o que precisam, sendo que isto também ficou registrado na pesquisa com os

professores de Goiás e ecoa por outros estados, incluindo Mato Grosso.

No que diz respeito às políticas públicas educacionais para uso de tecnologias na educação, a revisão preliminar de literatura que perquiriu teses e dissertações sobre o ProInfo (BRASIL, 1997a, 2007) indicou preocupação prevalente sobre a questão de formação de professores. No entanto, dos 47 trabalhos sobre formação de professores encontrados (num total de 105), apenas sete priorizam o ponto de vista dos professores, sendo que, dentre estes, dois tomam como sujeitos professores formadores dos NTE. Pode-se, então, afirmar que, no rol desses trabalhos, pouco tem se dado voz aos principais responsáveis pela utilização pedagógica das tecnologias nas escolas públicas brasileiras, os professores – alvo das formações propostas. (ECHALAR, 2015, p.56).

Nesse contexto, no IV capítulo apresentamos a análise dos dados dos questionários

aplicados aos professores e o registro das práticas observadas, relacionando estes dados com

os objetivos do curso RA e com bases teóricas utilizadas nesta pesquisa.

Inicialmente, trazemos a análise dos dados do “Questionário Aplicado aos Sujeitos”,

apresentando informações do perfil socioeconômico e cultural dos professores. Este

questionário foi importante para esta pesquisa, pois é ele que nos traz dados dos sujeitos que

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nos ajudam a compreender seu perfil docente, suas características quanto ao uso de TIC na

vida pessoal e na escola e a avaliação do curso RA. O questionário está divido em quatro

partes, sendo elas:

I- Dados pessoais;

II- Dados Socioeconômicos;

III- Dados culturais e pedagógicos;

IV- Dados relacionados ao curso Redes de Aprendizagem ofertada pela Plataforma

e-ProInfo/ e o uso das TIC na escola.

A seguir, socializamos os itens I e II do questionário em um mesmo item, seguidos

do III e IV separadamente e, por fim, apresentamos a observação e o relato das práticas por

nós registradas e executadas nos três diferentes lócus.

4.1 OS DADOS PESSOAIS E SOCIOECONÔMICOS DOS SUJEITOS – ITENS I E II

DO QUESTIONÁRIO

Estes dados foram organizados de uma forma geral, não citando então o número das

questões que estão no questionário, e assim apresentamos no item I a caracterização dos

nossos sujeitos quanto ao gênero, faixa etária, cor/etnia, nacionalidade, estado de origem,

local de residência, e tempo de trabalho docente.

O item II refere-se aos dados socioeconômicos e as informações quanto ao estado

civil, tipo de residência, qual a formação e instituição superior o professor frequentou, seu

vínculo empregatício, modalidade de ensino no qual atua, renda mensal em salários mínimos

e meio de transporte que utiliza para se locomoverem até o trabalho.

De acordo com os dados coletados no item I, a caracterização pessoal dos sujeitos

está assim definida como sendo onze do gênero feminino e três do masculino. Destes, três

encontram-se na faixa etária de 25 a 30 anos, oito entre 30 a 40 anos e três com mais de 40

anos de idade. De acordo com a etnia, cinco se definem brancos, seis pardo-mulatos e três se

definem negros, sendo todos brasileiros.

Pelos locais de nascimento, identificamos que a origem dos nossos sujeitos é bem

diversificada: do estado do Paraná temos dois sujeitos, sendo um da cidade de Altônia e outro

de Assis Châteaubriant; um sujeito do estado do Rio Grande do Sul, da cidade de Alegrete;

dois sujeitos são oriundos do estado de São Paulo, sendo um da Capital e outro do município

de Tupã; um de Pernambuco, da cidade de Ouricuri e nascidos no estado de Mato Grosso são

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oito sujeitos, sendo: dois de Cáceres, um de Rosário Oeste, um de Barra do Bugres, um de

Cachoeirinha, um de Nortelândia, um de Nova Olímpia e um nascido em Tangará da Serra.

Quanto ao município que reside atualmente, um reside em Tangará da Serra, três em

Nova Olímpia, nove moram em Sapezal e um em Cáceres, assim, apenas um dos sujeitos

reside em um município diferente daquele no qual trabalham.

Com relação ao tempo de trabalho docente, dois possuem menos de cinco anos de

trabalho, sete estão entre 05 e 10 anos de trabalho, quatro se encontram entre 11 e 20 anos no

trabalho de docência e um está no tempo de 21 a 30 anos de trabalho. Demonstrando assim,

uma variação quanto ao tempo de trabalho, com professores em início de carreira e um já em

fase final.

Assim, a primeira parte da análise do item I do questionário que se refere aos Dados

Pessoais dos sujeitos, a análise demonstra que a maior parte destes é do gênero feminino, que

possuem idade até os quarenta anos de idade, quanto à origem, oito são mato-grossenses e os

outros seis de outros estados brasileiros e, apenas um dos sujeitos reside em município que

não é o da escola o qual trabalham.

O tempo de função docente varia, ficando entre 02 a 30 anos de trabalho, porém para

onze destes a carreira encontra-se entre 05 a 20 anos, ou seja, a maioria são sujeitos que

possuem um tempo médio na carreira docente. Então são professores que vivenciam no

interior das escolas um período de mudanças e transformações tecnológicas que, muitas

vezes, requer uma revisão de conceitos que poderão influenciar em sua forma de trabalho,

conforme descrita por Toschi (2010), em que a autora sugere que mídias como o computador

e a Internet devem ser usados na mediação de conhecimentos. Nos objetivos gerais do curso

RA, o papel das mídias sociais como possiblidades educativas é destacado, ratificando assim a

revisão de conceitos onde recursos como a lousa, o giz e o livro didático já não são mais

suficientes.

Aqui, iniciamos a socialização do item II do questionário, e quanto ao estado civil

dos nossos sujeitos, dois são solteiros, oito casados, dois são separados/divorciados, um

define seu estado civil como união estável e um casado apenas no religioso.

Quanto ao tipo de residência, quatro moram em residência própria/não quitada, cinco

moram em residência própria/quitada e cinco residem em moradia alugada.

A formação dos sujeitos está assim definida: três possuem o Ensino Superior

Completo, oito já cursaram Especialização Latu sensu e três estão cursando Especialização

nos cursos de: Docência no Ensino Superior, Educação Especial e Arte, sendo um sujeito para

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cada curso citado. Ressaltando assim, que todos os sujeitos da pesquisa possuem formação

superior.

Quanto ao curso de graduação/licenciatura, quatro sujeitos possuem formação em

Letras, um em geografia, dois em Ciências Físicas e Biológicas, dois em Pedagogia, três em

Matemática, um em Física e um em Artes. Sendo que o curso superior destes foram realizados

nas seguintes instituições: sete foram realizados na UNEMAT, um em Universidade Privada a

Distância, quatro em universidade privada em outro estado e dois em Universidade Privada

Presencial em MT.

Sobre a situação do vínculo empregatício, sete sujeitos são efetivos com 30h

semanais, atuando na rede de ensino estadual; um é efetivo com até 60h semanais nas redes

estadual e municipal e seis são contratados com 30h ou mais de trabalho semanal na rede

estadual de ensino de MT.

Este fator de sobrecarga de um dos sujeitos com 60 (sessenta) horas de trabalho, e

também a situação dos interinos é citada por Cerny e Espíndola (2016) como sendo um dos

problemas da proposta de formação do Programa ProInfo, pois este não considera as

condições de trabalho, incluindo a jornada de trabalho. Destacamos também que o professor

contratado/interino possui um número reduzido de HA se comparada as do professor efetivo,

e isso é um fator que pode influenciar na sua prática, visto que este é o momento em que o

professor destina para o preparo de suas aulas e também para aperfeiçoar-se.

Em se tratando da modalidade na qual os sujeitos da pesquisa atuam, três trabalham

apenas no Ensino Fundamental, dois no Ensino Médio, sete atuam no Fundamental e Médio e

dois dividem sua atuação no Ensino Infantil e Fundamental, e isto pode representar um

problema, pois trabalhar em mais de uma modalidade implica ao professor desenvolvimento

de habilidades com alunos em idades e fases distintas, por exemplo, quem trabalha no Ensino

Fundamental e Médio pode ter alunos de seis a dezessete anos de idade.

Quanto à renda mensal individual um sujeito recebe até um salário mínimo, um, até

dois salários mínimos, três, até três salários mínimos, seis, até quatro salários mínimos, um,

até cinco salários mínimos e dois recebem mensalmente de R$ 4.400,00 (quatro mil e

quatrocentos reais) a R$ 6.000,00 (seis mil reais), apenas um dos sujeitos declarou receber

uma Pensão Alimentícia no valor de R$ 350,00 (trezentos e cinquenta) reais.

Entendemos essa variação salarial em virtude de que oito dos nossos sujeitos são

efetivos e os outros seis são interinos/contratados, sendo que para estes últimos a contratação

pode variar em número de classes/aulas, interferindo assim em sua renda.

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O meio de transporte utilizado pelos sujeitos para que estes possam chegar ao seu

local de trabalho foi assim respondido por eles: três se locomovem a pé/carona/bicicleta,

quatro usam transporte próprio, Motocicleta, e sete utilizam transporte próprio sendo

automóvel, assim, onze dos sujeitos possuem meios de transporte próprios.

Então, os dados do item II nos revelam que grande parte dos sujeitos são casados,

dos quatorze, nove destes possuem moradia própria, quanto à formação, todos possuem

formação superior, havendo uma variação quanto aos cursos e uma divisão de sete que

estudaram em universidade pública – UNEMAT, e sete em universidades privadas. Quanto ao

vínculo empregatício, oito se declararam efetivos/concursados e os outros seis,

interinos/contratados. Dos quatorze sujeitos, apenas um trabalha em mais de uma rede ensino,

e a maioria deles atua nos ensinos fundamental e médio concomitantemente, e que a renda

mensal varia de um salário mínimo ao ganho de Seis Mil Reais (R$ 6.000,00).

Desta forma, os itens I e II do questionário aplicado aos sujeitos nos proporcionaram

uma breve análise do perfil pessoal e socioeconômico dos nossos sujeitos, destacando que no

fator sócio econômico, 45% (quarenta e cinco por cento) destes ainda são contratados,

implicando em políticas públicas na realização de concurso público; dos quatorze (14), cinco

não possuem moradia própria, e apenas três professores declararam receber mais de R$

4.400,00 (quatro mil e quatrocentos reais) mensais, assim como também três professores se

locomovem a pé, de carona ou de bicicleta para irem trabalhar. Echalar (2015) chama atenção

para a análise de dados dessa natureza que foram socializados neste capítulo:

Consideramos necessário conhecer “[...] os indivíduos reais, sua ação e suas condições materiais de vida, tanto aquelas que eles já encontram elaboradas quanto aquelas que são resultado de sua própria ação” (MAXX; ENGELS, 2010, p.44). Daí, destacamos as reais condições de trabalho, bem como, o contexto socioeconômico dos professores. (ECHALAR, 2015, p.78).

A seguir, socializamos o item III do questionário aplicado aos sujeitos, contendo

questões de análise quanto aos dados culturais e pedagógicos dos sujeitos.

4.2 DADOS CULTURAIS E PEDAGÓGICOS DOS SUJEITOS

Este é o item III do questionário com quinze (15) perguntas, e com a análise deste foi

possível nos aproximarmos um pouco mais dos nossos sujeitos no sentido de identificar suas

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caraterísticas quanto ao uso ou não: da biblioteca escolar, de computadores, celulares, tablets,

Internet, aparelhos Smartphone e outros recursos que usam dentro e fora da sala de aula.

Toschi (2010, apud FARIA, 2006), afirma que: “cada vez mais as tecnologias

permeiam nossas ações e atividades cotidianas, influenciando a cultura social, o modo de

viver, de se relacionar, de aprender e ensinar”, assim, nesta parte do questionário, buscamos

compreender mais sobre o perfil dos nossos sujeitos e a relação de uso com os recursos acima

citados.

Assim, nos remetemos ao primeiro objetivo geral do curso RA que propõe ao

cursista refletir como “Promover a análise do papel da escola e dos professores frente à

cultura digital nesta sociedade altamente tecnificada” de acordo com Brasil (2013, p.7), pois

se o professor demonstrar familiaridade e uso com TIC e recursos tecnológicos será mais fácil

atingir este objetivo.

As questões 3.7, 3.8, 3.9 e 3.12 apresentam mais de uma resposta marcada em

virtude da variedade de itens ali dispostos, por isso, algumas respostas não fecham em

exatamente 14 (quatorze).

Esta parte do questionário inicia perguntando aos sujeitos se estes gostam de ler e

que tipo de leitura aprecia, nove responderam que leem textos que contribuem para o

planejamento de suas aulas, três responderam que raramente leem, pois não possuem muito

tempo e dois que costumam ler todos os dias livros de diversas áreas.

Com relação à biblioteca na Unidade Escolar que atuam, seis afirmam que esta existe

sim e que se encontra em boas condições de uso e oito de que a biblioteca existe na escola,

porém que esta divide o espaço com outras coisas. Reiteramos que de acordo com o

“Levantamento Situacional” respondido pelas escolas, duas das três escolas pesquisadas

dispõem de apenas um computador instalado na biblioteca, e que este é utilizado para o

trabalho administrativo no controle do acervo, e uma das escolas não possui nenhum, numa

demonstração mais uma vez de que o trabalho administrativo se sobrepõe ao pedagógico no

interior das escolas e em ambientes distintos, sendo esta característica de trabalho um dado

obtido com a realização desta pesquisa.

Quanto à frequência dos sujeitos à biblioteca, quatro responderam que a utilizam

semanalmente, um quinzenalmente, e nove eventualmente. E quanto à finalidade, dois a

utilizam para pesquisa acadêmica, dois realizam leituras por prazer, nove para preparação de

aulas, estudos pessoais e similares e um não respondeu à pergunta. Assim, podemos concluir

que a biblioteca escolar é um local utilizado por um número considerável de nossos sujeitos

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em momentos de HA que é um espaço temporal previsto na carga horária do professor efetivo

e também do contratado para preparação de suas aulas.

Assim, se houvesse uma estrutura melhor nestas bibliotecas com a presença de mais

computadores que pudessem ser utilizados por alunos e professores, poderíamos pensar em

ampliar o uso das bibliotecas, incluindo outras possibilidades de leitura como os hipertextos9

por exemplo, que podem vir da sugestão dos professores ou mesmo selecionados pelo próprio

aluno. Dessa maneira, novas práticas utilizando as TIC por parte dos professores iria aos

poucos sendo realizadas neste ambiente, deixando de ser apenas um local onde nove dos

nossos sujeitos afirmaram utilizar para preparar suas aulas.

Todos aqueles que podem ler um texto impres so não o leem da mesma forma: com a hipertextualidade, no entanto, observamos que as diferenças ainda tendem a serem maiores. A não linearidade permite ao indivíduo recortar o texto, “navegando” em

qualquer sentido: não há o certo ou o errado, são opções feitas pelo navegador. E aqui se estabelece a grande diferença entre a leitura de um texto impresso, indicado pelo professor, e a leitura de textos virtuais selecionados pelo aluno. (TOSCHI, 2010, p.40).

Ao serem perguntados se utilizam o computador na escola e para qual finalidade,

nove responderam que o utilizam diariamente, três eventualmente e dois responderam que

nunca usam. Para aqueles que usam diariamente, informaram algumas finalidades de uso:

planejamento, pesquisa para aulas e estudos em geral (pessoal e profissional) e também para

lançar conteúdos no Diário Eletrônico, sendo que esses dados nos apontam mais uma vez para

a preocupação e ação por parte do professor no que se refere ao trabalho administrativo10;

com relação ao curso RA é possível observar uma discrepância entre os objetivos do curso e

aquilo que é efetivamente o uso cotidiano desse professor quanto ao uso desses recursos

tecnológicos.

Dessa forma, trazemos para reflexão o primeiro objetivo específico do curso RA na

unidade I, e desta forma indagamos: como será possível alcançar tal objetivo se a proposta é

buscar compreender a cultura dos nossos jovens e proporcionar-lhes um uso mais útil e

9 Hipertexto, atualmente, é o texto disponibilizado pelas redes de computadores, composto por nós e conexões, que podem ser acessados aleatoriamente desde qualquer máquina (computador) e por qualquer usuário, em qualquer lugar do mundo e simultaneamente. Fonte: http://www.pucsp.br/~cimid/4lit/longhi/hipertexto.htm - Acesso em 13/03/2017 as 12:36. 10 No apêndice de letra I deste trabalho encontra-se a ficha de pontuação para atribuição de classes e/ou aulas do professor Efetivo ou Especialista na Educação. Chamamos atenção para o o ítem III letra f que atribui 5 (cinco) pontos em sua contagem o professor que tiver mantido os prazos estabelecidos pela secretaria da escola quanto ao preenchimento dos diários de classe (eletrônico).

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significativo das tecnologias, se o professor ainda não consegue ver sequer o computador

como um recurso para auxiliá- lo em suas práticas pedagógicas?

Quanto ao uso do notebook, nossos sujeitos demonstram utilizá-lo com frequência,

sendo que dois responderam que não possuem tal recurso e doze sujeitos afirmaram possuir

um, e o utilizar diariamente, e este pode ser considerado um recurso tecnológico que faz parte

do cotidiano e da cultura contemporânea do professor, podendo este de acordo com seu uso,

intervir e modificar as relações entre as pessoas descritas por Lévy (1993).

No questionário foram apresentados os meios de comunicação para que os sujeitos

pudessem identificar os que mais utilizam para se informar e se manterem atualizados. Neste

ponto do questionário, os sujeitos marcaram mais de uma opção, assim sendo, a Internet foi

citada doze vezes, a televisão cinco vezes, a revista três vezes e um sujeito não respondeu à

pergunta.

Então, de acordo com os dados, a Internet é considerada um instrumento importante

para nossos sujeitos como recurso de informação e atualização, embora o curso RA não

trabalhe isso como instrumento específico em seus objetivos. Para Toschi (2010, p. 24), a

Internet e o computador podem ser usados na produção de conhecimento, atendendo inclusive

ao anseio natural que o ser humano apresenta na busca pelo novo.

Assim, reconhecemos a importância da Internet, para a comunicação e como

instrumento que proporciona outros acessos que também podem levar ao conhecimento;

citamos aqui que duas das três escolas pesquisadas afirmam que não possuem problemas de

acesso, então, nos cabe afirmar que a presença desta não é suficiente para que práticas

significativas aconteçam no interior da escola. Pois assim sendo, estas duas escolas que

afirmaram ter acesso deveriam ter demonstrado práticas pedagógicas mais efetivas.

Quanto aos recursos da internet que os sujeitos mais utilizam, estes também

marcaram mais de uma opção, e o e-mail foi marcado 14 (quatorze) vezes, ou seja, podemos

concluir que todos os nossos sujeitos utilizam o e-mail para comunicação. Neste sentido,

Castells (2003, apud ANDERSON e TRACEY,2001; HOWARD,RAINIE e JONES, 2001;

TRACEY e ANDERSON, 2001), ao escrever sobre o tema “A realidade social da

virtualização da Internet”, afirma que esta forma de comunicação é muito expressiva na

Internet, bem como é utilizada afins de contato familiar e de trabalho, Castells (2003),

Antes de mais nada, os usos da Internet são esmagadoramente, instrumentais, e, estreitamente ligados ao trabalho, à família e à vida cotidiana. O e-mail representa mais de 85% do uso da Internet, e a maior parte desse volume relaciona-se a objetivos de trabalho, a tarefas específicas e a manutenção de contato com a família e os amigos em tempo real. (p.99).

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Ainda sobre os recursos da Internet que os sujeitos mais utilizam, apresentamos no

quadro abaixo as opções marcadas por eles.

Quadro X - Recursos da Internet que os sujeitos mais utilizam

RECURSO Quantidade de vezes em que os

sujeitos que assinalaram a opção

Redes Sociais 11

Blogs 04

Grupos de Discussão 02

Vídeos 06

Músicas 06

Jogos 03

Sites de relacionamento 04

Sites de Pesquisa Acadêmica 11

Outros: Jornal eletrônico, Sites de notícias e

Site da Seduc.

01 vez cada um

Fonte: Dados coletados pela pesquisadora utilizando o questionário Levantamento Situacional, 2016.

Mediante os dados acima, destacamos a Unidade 1 do curso RA que propõe uma

reflexão sobre a “Cultura midiática e escola”, objetivando assim a compreensão da cultura das

crianças e dos jovens nascidos na era da informática e da telecomunicação. Sob forma de

objetivo específico, também nesta unidade, é realizado um convite ao professor que ainda não

o fez, para que se inicie na experimentação pessoal de mídias sociais; neste sentido, pensamos

que para o professor não foi difícil, até porque de acordo com o resultado do questionário

aplicado aos professores, estes já possuem recursos de uso pessoal (notebooks e aparelhos

celular), bem como afirmaram utilizar com frequência a Internet, acessando redes sociais,

blogs, sites de relacionamento etc.

Assim, compreendemos que os professores demonstram aproximação com as redes e

mídias sociais, no entanto, o desafio está na atuação em sala de aula usando de forma

significativa as tecnologias e as mídias.

Perguntamos aos nossos sujeitos: exceto trabalho e estudo, quais atividades mais

ocupam seu tempo? A leitura, a televisão e passeios/viagens foram marcados cinco vezes cada

um, ouvir música e ir a festas, três vezes, ir ao cinema, duas vezes, atividades físicas, quatro

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vezes, o culto a religião, seis vezes e a Internet foi o item que mais recebeu marcações, sendo

que onze dos nossos sujeitos a assinalaram.

Ao serem perguntados se possuíam aparelho Smartphone com acesso à internet, onze

dos nossos sujeitos responderam que sim e que sempre tem Internet; um que possui, mas nem

sempre tem Internet; um também possui, mas sem acesso à Internet e apenas um dos nossos

sujeitos não possui este aparelho.

Assim, nos remetendo ao segundo objetivo geral do curso RA, que é de compreender

o potencial educativo das mídias sociais digitais e também no que propõe a unidade I do

referido curso quanto ao uso útil e significativo das tecnologias com alunos, podemos afirmar

que a maioria dos nossos sujeitos possuem recursos que podem ser utilizadas para alcançar

esses objetivos que é o aparelho celular e a Internet, assim como estes dois (celular/Internet)

são utilizados diariamente pelos alunos fora da escola.

No que se refere à utilização do aparelho celular como recurso pedagógico durante

suas aulas, cinco dos nossos sujeitos responderam que não utilizam e não permitem que seus

alunos usem; um marcou a opção que “não usam”, mas permitem que seus alunos usem de

forma pedagógica; dois responderam que “usam” e que incentivam seus alunos a utilizarem, e

seis responderam que na escola em que trabalham é proibido o uso do celular com alunos. Há

duas observações nos questionários: uma delas o sujeito anotou que “O uso para fins

pedagógicos é permitido em nossa escola, conforme Lei Estadual 10.232/2014” e outro

sujeito apontou que “O celular é permitido para fins pedagógicos e sob autorização do

professor”.

Assim, apenas dois dos nossos sujeitos afirmam utilizar o aparelho celular como

recurso em suas aulas, neste sentido então, destacamos a questão da proibição apontada de

maneira muito expressiva no questionário, sendo que este fator pode ser apontado como sendo

um possível impedimento para que o professor utilize tal recurso em suas aulas. Como o

professor poderá então explorar as potencialidades que este recurso oferece? Assim, podemos

supor que o uso pedagógico, almejando uma aprendizagem colaborativa, não encontra

condições de ser desenvolvida no interior da escola.

Chamamos atenção para outro objetivo específico do curso RA dentro da Unidade 2

que propõe: “Avançar na exploração das possibilidades educativas das mídias sociais”. Como

podemos esperar que o professor atingisse um objetivo desses, se há uma proibição explícita

conforme citada no parágrafo acima, e entre outros problemas dos quais destacamos as

condições dos LIEDs, e a precariedade na formação continuada em tecnologia educacional

oferecida pelo estado de Mato Grosso?

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Se o aparelho celular é atualmente um aparato tecnológico de uso diário de

professores e alunos, podemos classificá-lo como sendo parte da cultura contemporânea, e

assim chamamos atenção para um dos objetivos específicos do curso RA que se refere a isso,

propondo na Unidade II, de acordo com Brasil (2013) que o professor tenha condições de

identificar características gerais da cultura contemporânea altamente tecnificada.

Segundo Mamede Neves e Duarte (2008), fora realizada uma revisão de literatura

por pesquisadores da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, sobre tecnologias móveis e

aprendizagem, o trabalho aponta o potencial destes recursos e também a possibilidade de

implementação, e o resultado nos remete a uma aprendizagem colaborativa, sem proibição,

mas tentativas de inserção destas no contexto escolar.

Explorar as potencialidades destas tecnologias, experimentar o que elas têm a oferecer à escola, sobretudo no que se refere à aprendizagem ‘colaborativa’ e a

interatividade, é uma boa maneira de integrá-las ao cotidiano escolar, sem supervalorizar seu potencial. Além disso, entender a relação que crianças e jovens têm com essas tecnologias, como as utiliza e para quê, como aprendem e o que aprendem em contato com ela, ao invés de proibir seu uso na escola, pode nos ajudar a encontrar maneiras de incorporá-las, de forma mais adequada e produtiva, aos ambientes e práticas escolares. (MAMEDE NEVES e DUARTE, 2008, p. 785).

Quanto aos itens que se referem aos recursos que o professor mais utiliza em suas

aulas para torná-las mais atraentes e interessantes, o Data Show, marcado doze vezes, foi o

item que dentre os recursos disponíveis no questionário é o mais utilizado pelos professores,

seguido da Internet com oito, o Laboratório de Informática com seis, TV/Vídeo com cinco,

câmera fotográfica e Telefone Celular, ambos duas vezes. Assim, podemos perceber a

tentativa do professor em utilizar tais recursos, neste sentido, nos remetemos a Frozi (2012),

citada no capítulo I, ao ressaltar a importância da utilização destes recursos no sentido de

estabelecer a comunicação do professor com seu aluno.

Diante da afirmação dos professores apontando que já utilizam os recursos acima

elencados, destacamos da Unidade III do curso RA, o primeiro objetivo específico, segundo

Brasil (2013,p.9): “Reconhecer o papel da escola e dos professores na formação de sujeitos

capazes de posicionar-se de modo crítico frente às profundas transformações com as quais

esta nova era de tecnificação nos desafia”. Assim, esta ação pode ser avaliada como sendo

positiva, pois a inserção destes recursos em suas aulas demonstra por parte da escola e do

professor, um reconhecimento de que com essa fase de tecnificação, o uso de outros recursos

é necessário em suas práticas.

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A pergunta seguinte do questionário refere-se ao Tablet portátil e nove dos nossos

sujeitos responderam que não possuem tal recurso, apenas um possui e sempre utiliza, dois

possuem, mas nunca usam, um possui, mas usa eventualmente e um de que em sua casa há o

tablet e, às vezes, o utiliza. Portanto, de acordo com os dados, cinco dos nossos sujeitos

possuem tal aparelho, mas apenas um deles faz o uso frequente.

Neste sentido, queremos registrar que durante a pesquisa, as três escolas nos

mostraram aparelhos de tablets guardados, sendo que estes foram devolvidos pelos

professores com alegação de baixa qualidade tecnológica, e que preferiam devolver a ficarem

com um objeto sob sua responsabilidade que não os pertencia e que não proporcionava

condições mínimas de uso, esses tablets são oriundos do Programa Tablet Educacional do

MEC/ Governo Federal do Brasil criado no ano de 2012.

Ainda em 2012, o Programa Tablet Educacional sem data específica de criação, não possui ato normativo de formulação e não apresenta dados de sua implementação. Segundo o site do FNDE, esse programa visa o uso de tablets no ensino público, se dá como uma ação desdobrada do ProInfo Integrado (2007a). (LIMA e BATISTA, 2016, p.7).

Diante desta ação “desastrosa” por parte do Programa ProInfo Integrado, reiteramos

que apenas a ação de distribuição de equipamentos não é suficiente, há de se fazer o devido

acompanhamento e formação para que tais políticas tenham êxito, identificando e registrando

os prós e contras no sentido de que problemas dessa natureza não se repetissem.

O caso dos “tablets” é uma profunda falta de respeito com o dinheiro público, pois

segundo os gestores, a SEDUC/MT já fora informada e notificada do ocorrido pelas escolas,

porém nunca tomou providências. Ao conversarmos com um dos sujeitos da pesquisa que

devolveu o tablet, este nos informou que o problema não é a Internet da escola, pois em seus

aparelhos pessoais ele realizava o acesso normalmente, inclusive com o seu tablet, mas com o

disponibilizado pela escola esta ação não era possível.

Questões sobre o acesso e uso da Internet fazem parte do questionário aplicado aos

professores em razão da importância desta para a comunicação e desenvolvimento de ações

que podem proporcionar conhecimento ao aluno.

Enfatizamos que o embasamento teórico sobre a internet é apresentado no capítulo I

desta pesquisa sob a visão de Sancho (1998), afirmando que há uma infinidade de recursos

que ficam disponíveis na rede por meio da Internet, bem como a autora incentiva o professor

ao uso do computador e à aventura web com seus alunos, exemplificando visitas virtuais em

museus, por exemplo. Para Toschi (2010), a internet é um campo vasto e riquíssimo, que

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poderá ser usada como instrumento de comunicação, pesquisa e produção de conhecimento,

porém descreve que ainda há professores que não sabem utilizar um computador com

Internet, já para Castells (2003), a Internet põe em relevo a capacidade que têm as pessoas de

transcender metas e superar barreiras, e que a internet energiza e fomenta a formação de

redes.

Perguntamos aos professores se eles dispõem de acesso à Internet banda larga em sua

residência, e nove responderam que sim; dois que dividem a Internet com os vizinhos; um

disse que a Internet que tem acesso é via rádio e dois dos nossos sujeitos não possuem acesso,

ou seja, doze (12) dos nossos sujeitos possuem acesso banda larga em suas casas.

Deixamos um espaço no questionário para que o professor anotasse alguma

observação complementar que desejasse no que se refere a seus dados culturais e

pedagógicos, três dos nossos sujeitos aproveitaram esse espaço e descreveram: “Que a

qualidade da Internet na escola precisa melhorar”, “Com relação à Internet e ao uso do tablet,

eu nunca uso por não ter acesso a Internet na escola” e outro sujeito relatou: “Que em sua

residência tem sinal razoável, mas a Internet cai com frequência”.

Nesta III parte do questionário fica perceptível então que as tecnologias estão

presentes na vida dos professores. Eles também demonstram que leem, que utilizam a

biblioteca e os computadores que a escola disponibiliza, que possuem aparelhos como

computadores, celulares, a maioria com acesso à Internet, e de acordo com o questionário

demonstram também ter acesso à Internet em suas residências, porém isto não tem sido

estendido até sua prática na sala de aula; há uma distância no sentido de que utilizam esses

recursos para sua vida pessoal e trabalhos administrativos na escola cotidianamente, mas não

efetivamente em suas práticas pedagógicas com os alunos todos os dias, e sim, o que acontece

são ações isoladas e esporádicas.

A seguir, nos remetemos a mais um objetivo específico do curso RA proposto na

Unidade II por Brasil (2013, p.8): “Avançar na exploração das possibilidades educativas das

mídias sociais”, sendo que diante dos dados acima expostos, no momento é possível que este

objetivo seja alcançado em partes, pois os professores demonstram dispor de alguns recursos

necessários para isso, porém destacamos a falta de formação continuada que contemplem tal

temática, a qualidade da Internet da E1 e as reclamações expostas pelos gestores registradas

no formulário Levantamento Situacional.

Portanto, é preciso que seja dada uma maior importância destes recursos como valor

pedagógico por parte dos professores, e que a SEDUC/MT, através dos CEFAPROs, nos

momentos de encontros semanais, ofereçam formação adequada e incentivo aos professores

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para que o uso das tecnologias seja de fato efetivada, visto que o desafio está na integração

das tecnologias já utilizadas pelos professores em sua função docente.

Diante disto, reiteramos o fato de que a SEDUC/MT, nos anos de 2015 e 2016, não

encaminhou nenhum tipo de formação em tecnologia educacional. No entanto, continua

oferecendo a formação continuada semanalmente aos professores; tal formação anteriormente

denominada Sala do Educador, recebeu o nome de Projeto de Estudos e Intervenção

Pedagógica (PEIP) 11. Então, nossas indagações vão no sentido de que se há continuidade da

formação continuada, por que então a direcionada ao uso de tecnologia educacional não está

acontecendo? Por que a formação foi deixada de lado? Por que não se discute assunto de tal

relevância?

Entendemos que formações anteriormente ofertadas até o ano de 2014, citando aqui o

Programa ProInfo Integrado e o curso RA, existiram no sentido de que por parte do estado de

MT, através da SEDUC/MT, havia uma necessidade de alinhamento com as políticas a nível

nacional encaminhadas na tentativa da integração do uso das tecnologias nas práticas

pedagógicas de professores, mas porque estas foram suspensas não há pronunciamentos que

expliquem tal atitude.

Até aqui, neste item, apresentamos os dados pessoais e sócio - econômicos dos

sujeitos, assim como os dados culturais e pedagógicos que se referem à leitura, uso da

biblioteca, computador, Internet, aparelho celular, e recursos em geral que o professor utiliza

com objetivo de tornar sua aula mais atrativa.

A ideia de trabalhar com tais questões é de realizarmos um levantamento mais geral

do perfil dos professores, destacamos assim, até aqui com a análise dos dados que há um

maior comprometimento docente dos sujeitos com o setor administrativo, sendo que a

formação continuada em tecnologia educacional poderia resolver alguns desses problemas. A

seguir, passamos a apresentar a última parte do questionário aplicado aos professores que se

referem diretamente ao Curso RA.

11 A SEDUC/MT, através da Portaria Nº 161/2016/GS/SEDUC/MT publicada no Diário Oficial Nº 26758 de 14/04/2016, Página 40, Institui o Projeto de Estudos e Intervenção Pedagógica (PEIP), substituindo assim o Projeto Sala do Educador.

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4.3 DADOS RELACIONADOS AO CURSO REDES DE APRENDIZAGEM

OFERTADO PELA PLATAFORMA E-PROINFO/ E O USO DAS TIC NA ESCOLA

Antes da apresentação dos dados que se referem a última parte do questionário

aplicado aos professores, apresentamos as TIC sob à luz da legislação e também reforçando a

conceituação destas.

O uso das TIC encontra-se previsto na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), destacando

que a compreensão da tecnologia é um dos objetivos do Ensino Fundamental, modalidade de

ensino que é oferecida pelas três escolas pesquisadas. A referida lei, afirma que as TIC estão

aliadas ao desenvolvimento de aptidões na educação profissional.

Com relação às tecnologias ou TIC, a LDB nº 9.394/96 enfatiza a importância da tecnologia quando trata do ensino fundamental no artigo 32, ao apresentar, dentre outros objetivos para essa etapa, a “[…] compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade”. E, no artigo 39, afirma que, na educação profissional, as TIC, associadas

às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, dirigem-se ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. (LIMA e BATISTA, 2015, p.91).

Toschi (2010) nos apresenta uma definição para as TIC, afirmando que estas têm

transformado vários aspectos da vida humana, incluindo os educacionais:

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) são os recursos tecnológicos como a Web, os equipamentos de informática, as redes de telefonia e outros que, ligados em rede, podem garantir a potencialização da comunicação automatizada. Elas surgiram a partir da chamada Terceira Revolução Industrial - ou Revolução da Informação – e têm dado novos contornos aos aspectos sociais, econômicos, culturais, religiosos e educacionais. (TOSCHI, 2010, p. 65-66).

Mamede Neves e Duarte (2008) destacam o uso criativo e diversificado das TIC por

parte de crianças e jovens chamados de “nativos digitais”, comparando com os professores,

que segundo os autores, são imigrantes digitais.

As TIC com as quais convivemos hoje nos permitem vislumbrar o que virá a seguir, mas, certamente, muito do que ainda está para ser desenvolvido é ainda inimaginável para a maioria dos que não estão familiarizados com essa área. Porém, crianças e jovens “nativos digitais” (Prensky, 2001), os que chegaram ao mundo após a popularização dos computadores pess oais e a criação da Internet, compõem um segmento de usuários de TIC que não só faz uso corrente das mesmas como, também, antecipa o que está por vir, explora de forma criativa e diversificada tudo o que essas tecnologias têm a oferecer, ultrapassando, inclusive, os limites originalmente estabelecidos para o uso regular delas. Diferente, portanto, da imensa

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maioria dos professores que, pelas suas idades, são, em geral, imigrantes digitais. (MAMEDE GOMES e DUARTE, 2008, p.777).

Houve uma expectativa ao analisarmos a IV parte do questionário, em virtude de que

se refere de forma muito específica ao curso Redes de Aprendizagem, ao uso das TIC na

escola, os motivos que o mantiveram até o final no curso, avaliação dos conteúdos, se o curso

atendeu as necessidades e questões significativas do curso RA para o professor, até porque,

como já foi sinalizado por Lima e Batista (2016) no capítulo II, o ProInfo apresenta

problemas com relação à formação, centrando suas ações na distribuição de equipamentos e

na infraestrutura. Nesta parte, perguntamos aos professores também sobre o uso do LIED, a

oferta de capacitação para o uso de tecnologias pela SEDUC/MT e o nível de conhecimento

de informática. Esta parte do questionário está composta por onze perguntas, sendo que duas

delas nossos sujeitos marcaram mais de uma opção, sendo elas a 4.2 e 4.3.

No que se refere à informática e como os professores julgam seus conhecimentos,

11(onze) responderam que possuem noções básicas de informática, dois já realizaram alguns

cursos avançados e dominam vários programas e um só utiliza o Windows, porém conhece e

sabe utilizar outros.

Assim, percebemos que há uma “distância” entre o professor e o conhecimento de

informática que poderia levá-lo a utilizar de forma mais efetiva esse recurso em suas aulas,

situação diferente de seus alunos definidos por Toschi como: “A geração net, ou nativos

digitais, na versão de Prensky (2001), que não teme o computador e, pelo inverso, não sabe

conviver sem ele.” Toschi (2010, p.16). Portanto, os jovens da atualidade demonstram uma

maior aproximação e facilidade em manusear máquinas, se comparando com a habilidade de

seus professores. Para Toschi (2010, apud SANTAELLA, 2003),

De alguma forma, os jovens têm demonstrado maior familiaridade com as máquinas em relação a grande parte de seus professores. Têm facilidade de manuseio e entendem os meandros e a lógica das máquinas cerebrais. (p.15)

Perguntados sobre os motivos que contribuíram para a decisão em frequentar o curso

RA no ano de 2014 e as respostas foram: a necessidade de melhorar a qualidade de suas aulas,

fazendo uso dos recursos e multimídias foram marcadas onze (11) vezes; e esse é um

posicionamento muito interessante dos nossos sujeitos, pois podemos entender isso como uma

análise do professor frente à necessidade de melhorar e utilizar recursos e multimídias em

suas aulas, pois os alunos que esse professor recebe em sua sala traz consigo um

conhecimento prévio adquirido no seu cotidiano, fora da escola. Segundo o P5: “Não posso

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mais trabalhar em sala de aula como fazia há um tempo atrás, meus alunos são muito espertos,

o mundo mudou, e a escola precisa acompanhar isso, muitas vezes os meninos sabem mais do

que nós sobre tecnologias, mexem em tudo”.

Assim, o professor ao perceber que o aluno apresenta conhecimentos superiores a ele

neste quesito, se sente então na necessidade de melhorar a qualidade de suas aulas.

Ainda sobre a questão que refere-se aos motivos pelos quais os cursistas decidiram

realizar o curso RA, o segundo item que se refere ao “gosto por aprender coisas novas” foi

assinalado sete vezes. O curso tinha uma “carga horária razoável” foi marcado uma vez, e as

opções: “Todos na escola estavam fazendo, resolvi fazer também”; “Não me lembro por qual

motivo me inscrevi” e “outros motivos” não foram marcados nenhuma vez. Assim sendo, os

dois primeiros itens foram os que mais motivaram os cursistas a realizar o curso.

A opinião dos professores a respeito dos motivos que os mantiveram no curso até o

final, dez vezes foram marcadas a opção de que “o conteúdo era interessante”; quatro vezes

fora marcada a opção de que a “carga horária parecia razoável, e precisava dela no processo

de contagem de pontos” 12; oito vezes a opção “aprendia muito com as leituras e atividades”;

e os itens “meus colegas estavam concluindo”, “não queria ficar em desvantagem” e o item

“outro motivo” não foram marcados nenhuma vez.

Mas será que de fato o que nossos sujeitos procuraram eles encontraram em um

curso como o RA? Será que este é capaz de atender seus anseios e necessidades como

instrumento de formação frente à cultura digital presente em nossa sociedade, e essa

necessidade tão marcante que os professores demonstram que precisam melhorar suas aulas?

Esta indagação pôde ser respondida, pois ao serem perguntados sobre o conteúdo do

curso RA, e qual a relação deste no desenvolvimento de suas aulas na atualidade, dois sujeitos

marcaram a opção de que raramente utilizam o que aprenderam no curso; sete usam

frequentemente o que aprenderam no curso para melhorar suas aulas, porém esta afirmação

não foi registrada durante o momento da observação; dois marcaram a opção onde afirmam

que o conteúdo do curso difere do que o professor realmente precisa para preparar uma aula

interessante, e dois sujeitos afirmaram que na escola não existem muitas possibilidades para o

uso de multimídias e de recursos tecnológicos. Assim, apenas metade dos sujeitos afirmam

usar o que aprenderam no curso para melhorar suas aulas.

12 Contagem de Pontos: é o termo utilizado para o processo de seleção destinado a Profissionais da Educação efetivos e/ou interinos anualmente publicado através de Diário Oficial com origem na Secretria de Estado de Educação de Mato Grosso. Tal contagem com objetivo de inscrição e atualização anual registra a pontuação acadêmica e de cursos realizados pelo Profissional da Educação nos dois anos anteriores.

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Diante das informações acima e fazendo então uma reflexão de que, nossa pesquisa

aponta números muito expressivos de formação no período de 2008 a 2014 encaminhadas

através do CEFAPRO/MT, polo de Tangará da Serra/MT (dados disponíveis no capítulo III),

há falhas quanto à avaliação e acompanhamento após a conclusão destes cursos e seu

respectivo programa ProInfo Integrado. As formações foram realizadas, os certificados

entregues e após isso não há nenhuma outra ação no sentido de acompanhamento desses

cursistas nem tampouco nenhum tipo de avaliação quanto aos cursos oferecidos e seus

respectivos programas.

A pesquisa: “Ecos e repercussões dos processos formativos nas práticas docentes

mediadas pelas tecnologias: a visão de professores da rede pública de educação básica do

estado de Goiás sobre os usos das tecnologias na educação”, que resultou na publicação do

livro de Echalar (2015), que apresenta como título o nome dado à pesquisa, ressalta a ênfase

em processos formativos docentes e a falta de avaliação das ações e programas que propõem a

formação de professores quanto ao uso de tecnologias na educação como forma de políticas

públicas brasileiras.

Consideramos que, se conhecermos melhor as características da formação dos professores, a dinâmica de suas aprendizagens e de suas transformações identitárias, poderemos qualificar seu processo formativo. Assim, a questão que mobiliza o presente projeto se baseia em dois aspectos que marcam as políticas públicas brasileiras para o uso das tecnologias na educação: a) a ênfase dada aos processos formativos docentes e b) a ausência de ações avaliativas de cada um dos programas propostos por tais políticas. (ECHALAR, 2015, p. 56).

Desse modo, se houvessem as devidas avaliações, dados como os apresentados na

questão abaixo poderiam ser esclarecidas, tais como: se a formação auxilia um pouco, no que

ela deixa a desejar? Ou se a formação auxilia muito, como foi marcada por oito dos nossos

sujeitos, em que sentido ela o ajudou tanto?

No item 4.5 do questionário fizemos a seguinte pergunta aos cursistas: Você analisa

a formação continuada ofertada pela Plataforma e-Proinfo como ferramenta para auxiliá-lo

profissionalmente para o uso das tecnologias educacionais? Oito marcaram a opção “sim”, “a

formação auxilia um pouco”; 06 seis, sim, “a formação auxilia muito” e ninguém marcou a

opção “não, esta formação não me ajudou em nada”.

Ressaltamos que a formação oferecida através do RA de acordo com a análise do

questionário respondido pelos professores, demonstra-nos que todos os sujeitos marcaram a

opção “Sim”, divididos entre a opinião de que a formação auxilia um pouco e que auxilia

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muito, destacamos também que nenhum dos sujeitos registrou a opção “Não”, porém há um

choque nas informações no que se refere aos dados da questão abaixo.

Perguntados se já receberam capacitação encaminhada pela SEDUC/MT ou pelo

CEFAPRO para uso de recursos tecnológicos, como Retroprojetor portátil, celulares, tablets

educacionais e lousa digital, dois marcaram a opção “sim, uma única vez” e doze (12) a opção

“não, nunca recebi”. As opções “sim, mais de uma vez” e “sim, várias vezes” não foram

marcadas.

Diante deste dado, consideramos então que houve um problema na elaboração do

questionário com relação a questão acima ao exemplificarmos, tornando-se portanto inviável

a reflexão dos dados.

Refletindo a respeito desse entendimento do professor de não considerar o RA como

sendo uma capacitação, a ideia que mais se efetiva, é o fato do curso apresentar-se com um

formato teórico, com registro inclusive de questões e atividades em ambiente virtual, desta

forma, o professor não o caracteriza como capacitação para uso de recursos; ele apenas

considera se esta for realizada de forma prática, ou seja, para auxiliá-lo no manuseio de

equipamentos/recursos.

Que os sujeitos não consideram o RA como sendo uma capacitação que contribui

para o trabalho pedagógico/prático em sala de aula é um fato, no entanto, de acordo com um

dos objetivos do curso da Unidade 1 que é “Iniciar-se na experimentação pessoal de mídias

sociais”, essa ação acontece por parte dos sujeitos tanto que estes demonstram utilizar as

mídias e redes sociais, ou seja, está ocorrendo um processo de experimentação.

Ao serem perguntados se o Curso Redes de Aprendizagem atendeu suas

necessidades, oito marcaram a opção “sim”; seis a opção “Um pouco” e a opção “não”,

nenhuma marcação recebeu; sendo que estas respostas condizem com a análise da questão

4.5.

Continuando a análise dos dados que se referem ao curso RA e o seu uso quanto à

utilização de TIC, o item 4.7 faz a seguinte indagação: Dentre os objetivos gerais do curso

Redes de Aprendizagem, qual destes pontos ficou mais significativo para você? Seis dos

nossos sujeitos marcaram a opção: “A análise do papel da escola e dos professores frente à

cultura digital”; sete de que “a compreensão de como as novas mídias sociais diversificaram

as relações entre as pessoas”; e um sujeito marcou a opção “Compreensão do potencial

educativo das mídias sociais e digitais”.

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A questão acima está diretamente ligada aos três objetivos gerais do curso RA,

assim, os dois primeiros objetivos gerais foram marcados no questionário pelos cursistas de

uma forma mais incisiva.

Quanto ao LIED da escola na qual atuam, e quando este se encontra em situação de

uso: oito afirmaram que usam e sempre que é possível levam os alunos; quatro usam muito

eventualmente; um não usa porque não apresenta condições físicas/e ou tecnológicas e um

não gosta de usar por outros motivos. Este espaço educativo e seu uso deveria fazer parte de

forma mais enfática nas práticas dos professores, e a formação continuada é um item que pode

definir esse processo, influenciando assim nas práticas dos professores.

A formação do professor para que tenha uma visão ampla da sua profissão e incorpore as inovações tecnológicas, como o laboratório de informática, à sua prática é um caminho essencial, no entanto, não é o único, pois depende também das políticas educacionais, da valorização profissional do professor e de outras dimensões. Mas a formação deve considerar os processos de mudanças e municiar o professor de habilidade investigativa que permita a análise das situações educativas nas quais está atuando, e, se necessário, levá-lo à alteração de sua prática. (FARIA, 2005, p. 12).

Perguntamos aos nossos sujeitos: Qual o maior problema atualmente nas escolas que

impede que o uso de recursos tecnológicos seja mais utilizado? Três responderam que a

qualidade dos equipamentos não é boa ou sempre estão estragados; dez dos nossos sujeitos

marcaram a opção que há poucos, e há problemas em agendar, pois não são suficientes para

todos e um de que o problema com a formação continuada que não auxilia na orientação para

utilização destes recursos. A opção de que não considera importante utilizar tais recursos não

foi marcada. Assim, os sujeitos reiteram a necessidade de mais recursos na escola e que estes

apresentem condições de uso.

A penúltima pergunta do questionário é: Você sabe manusear a Lousa Digital? E

justificamos a presença desta pergunta em virtude de propagandas veiculadas pelo governo

federal de ação voltada para a distribuição da Lousa Digital13. Treze dos nossos sujeitos

marcaram a opção “não sei” e apenas um a opção de que “razoavelmente usa”, mas com

dificuldades. As opções “sim faço isso tranquilamente” e “Só uso se houver auxílio de outra

pessoa” não foram marcados. Assim, destacamos Toschi (2010), para referendar uma

formação continuada que precisa ser constante e eficiente no sentido de proporcionar o

13 De acordo com a página http://moodle.educacao.rs.gov, este equipamento é uma ferramenta que, na contemporaneidade, atende às necessidades de atualização tanto em termos tecnológicos como em pedagógicos, bem como pronto diálogo com o mundo, é a lousa digital. O potencial deste instrumento pedagógico justifica -se pela capacidade de justapor várias mídias, recursos digitais e linguagens, através de uma integração.

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conhecimento técnico e pedagógico aos professores e às equipes gestora e pedagógica da

escola.

A formação continuada dos profissionais da educação (dos professores de um modo especial, mas também de toda a equipe gestora e pedagógica) é uma necessidade crescente. Esta formação será um respaldo para todos os membros da escola, que terão mais chances de conseguir não somente conhecer as novidades, mas também acompanhá-las de forma consciente do ponto de vista pedagógico. [...] (TOSCHI, 2010, p.7).

Diante desse dado, a reflexão que fazemos é de que não basta os recursos estarem

disponíveis nas escolas. De que eles são importantes, disso não há dúvidas, porém não é

suficiente, e o exemplo da “lousa digital” acima citado nos confirma isso. Segundo Toschi,

quatro ingredientes básicos são essenciais para o uso de recursos tecnológicos nas escolas: o

computador, o software educativo, o professor capacitado e o aluno.

Viabilizar as medidas básicas para que se introduzam as tecnologias na escola, no sentido estrutural, físico, financeiro pessoal, como citado anteriormente, é imprescindível. Mais de nada adianta uma escola bem equipada se os profissionais não manipulam satisfatoriamente todos estes equipamentos, conforme afirma Valente (1993, p.1): para a implantação dos recursos tecnológicos de forma eficaz na educação são necessários quatro ingredientes básicos: o computador, o software educativo, o professor capacitado para usar o computador como meio educacional e o aluno, sendo que os quatro trabalham juntos de forma ordenada. (TOSCHI, 2010, p.75-76).

Então, destacamos aqui a importância da formação continuada que dê conta de fato

de atender as reais necessidades para que o uso das TIC e dos recursos sejam efetivados na

escola por professores em suas práticas. Relatos como o do TAE, lotado no LIED da E3, de

que “a lousa nunca é utilizada, por que os professores não sabem e porque tem medo de

estragar”, nos remetem à insegurança associada à falta de formação inicial e continuada dos

professores para uso de TIC nas escolas.

Destacamos dessa parte do questionário os dados quanto ao ponto de vista do cursista

para com o curso RA: para oito dos sujeitos o curso atendeu as expectativas, dez

consideraram que o conteúdo era interessante, sete responderam que frequentemente usam o

que aprenderam com o curso RA e seis responderam que a formação o auxiliou muito

profissionalmente para o uso de tecnologias educacionais.

Assim, podemos concluir que os professores avaliam de forma positiva o curso; que

este contribuiu sim com os sujeitos, mas, como veremos detalhadamente no item 4.4 deste

trabalho, essa contribuição se traduz em uma forma mais técnica para um uso administrativo

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das obrigações docentes, e não numa dimensão mais pedagógica, que na realidade é o que se

esperava dos sujeitos em suas práticas.

4.4 OBSERVAÇÃO E RELATO DAS PRÁTICAS

Durante a observação, pudemos constatar três dimensões do uso de tecnologias nas

escolas por parte dos nossos sujeitos que dividimos da seguinte forma:

I- Uso administrativo;

II- Usos em sala de aula ou ambientes utilizados para tal;

III- Tentativa de inserção da escola em contextos mais amplos.

A primeira dimensão quanto ao uso administrativo é a que mais preocupa os sujeitos,

principalmente no que se refere ao registro do diário de classe no Sistema SigEduca da

SEDUC/MT, sendo inclusive tal ação usada para pontuação na “contagem de pontos”,

anualmente para distribuição de classes/aulas.

Figura 7 - Informes sobre acesso ao diário eletrônico - E1

Fonte: Arquivo da pesquisadora, 2016.

Ao observarmos os sujeitos P1, P2 e P3, o que estes mais demonstram utilizar no

ambiente escolar no que se refere a recursos tecnológicos são os computadores instalados na

sala dos professores, que são cinco (05) e conectados à internet; porém, a utilização é para o

trabalho de registro nos diários eletrônicos e para preparação de aulas em momentos de HA.

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Não foi possível registrar nenhuma atividade do P4, sendo estes quatro primeiros lotados na

E1.

Figura 8: Professores em Horas Atividades- E1

Fonte: Acervo da pesquisadora, 2016.

Na foto 04, observamos o P5 realizando o registro de presenças no Diário de Classe

utilizando um tablet de uso pessoal, o mesmo informou-nos que esta é uma prática diária e

que facilitou muito para sua organização pessoal, segundo o mesmo:

Não preciso fazer tudo no papel e depois passar para o sistema, são dois trabalhos ; os alunos já sabem, chego e já faço o registro de presenças todos os dias, e isso só é possível depois da instalação dos roteadores nos corredores da escola, foi ótimo a escola ter feito isso (Sujeito da E2).

Figura 9: Registro de presença utilizando tablet de uso pessoal – E2

Fonte: Acervo da pesquisadora, 2016.

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Na descrição acima, o professor usa um tablet para auxiliá-lo no trabalho

administrativo em suas aulas e relata “ganhar tempo” com esta ação. Destacamos então que

ações como esta, deveriam também ser utilizadas para o trabalho pedagógico, conforme

exemplifica Toschi (2010), ao relatar o uso do computador também em outras tarefas

docentes. Para a autora, o professor utilizando-se de recursos disponíveis na rede terá mais

tempo para estudar e assim, aperfeiçoar sua função docente:

Usando o computador, o professor vai descobrir que trabalhos que antes consumiam muito do seu tempo, como, por exemplo, desenhar uma estrutura atômica com elétrons cuidadosamente distribuídos em suas camadas eletrônicas, montar sólidos de Platão utilizando cartolina, ou palitinhos de madeira com bolas de isopor para ressaltar os conceitos de arestas, faces e vértices, podem ser, na maioria das vezes, substituídos por softwares educativos já prontos, acessíveis na rede. Não há mais a necessidade de ter o tempo gasto com trabalho ‘braçal’, para fazer algo que já está

disponível gratuitamente na rede. Dessa forma, o professor poderá aplicar este tempo em pesquisas e estudos na internet objetivando encontrar formas diferentes de atrair seu aluno durante as aulas, utilizando recursos que alguns jovens usam em casa ou nas lan houses para conversar com seus amigos. (TOSCHI, 2010, p. 76).

Outro registro é o da P6 utilizando seu notebook pessoal para realizar o registro

diário de presença dos alunos. Segundo ela, “esta é uma prática diária, rotineira, a internet é

muito boa, então é mais prático já fazer isso todas as aulas” (Fala da P6).

Figura 10: Registro de presença utilizando notebook pessoal – P6

Fonte: Acervo da pesquisadora, 2016.

Quanto ao uso administrativo das tecnologias nas escolas, pudemos observar que há

um empenho por parte não só dos professores, mas da gestão também no sentido de que os

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prazos estabelecidos pela SEDUC/MT sejam cumpridos. Assim, nas três escolas pesquisadas,

nos ambientes denominados de Sala do Professor, há computadores com Internet para

utilização.

A seguir, apresentamos os usos em sala de aula, sendo que nosso olhar foi expandido

neste aspecto para outros espaços na escola, compreendidos por nós também como sala de

aula.

II- De usos em sala de aula

Durante a observação, pudemos registrar o uso de TIC, recursos tecnológicos e

equipamentos que os professores tentam inserir em suas aulas. Destacamos o uso de

ambientes denominados: sala de vídeo nas três escolas pesquisadas, e também o LIED

utilizado na E2 e E3, sendo que o LIED da E1, durante nossa observação, encontrava-se

desmontado devido a uma reforma que estava acontecendo em alguns ambientes da escola.

Entendemos que esse uso, ou a tentativa de uso advém de teorias e práticas que acompanham

a trajetória desse professor, conforme descrita por Frozi (2012):

A prática é reveladora de um modo de ser professor, especialmente porque através dela podem ser percebidas as teorias que a sustentam no espaço pedagógico. Teoria e prática são duas dimensões da existência humana que colaboram para a construção do profissional docente. (FROZI, 2012, p.85).

O MEC através do Programa ProInfo Integrado, encaminhou também para algumas

escolas o Projetor Multimídia14, que é um computador interativo, leve e portátil. Os

professores relataram gostar deste equipamento pela facilidade de transporte e uso.

O governo federal, por meio do MEC e do FNDE, oferece às escolas públicas a possibilidade de adquirir um computador interativo (projetor multimídia). Concebido e desenvolvido pelas universidades federais de Santa Catarina e de Pernambuco, esse computador diferencia-se por facilitar a interatividade. Ele foi desenvolvido ainda como um dispositivo leve e portátil, podendo ser levado pelos professores para as salas de aula. O equipamento é interligado aos laboratórios ProInfo e contém teclado, mouse, portas USB, porta para rede wireless e rede PLC, unidade leitora de DVD e um projetor multimídia. (WWW.FNDE.GOV.BR, 2016).

14 Informações obtidas na página http://www.fnde.gov.br

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Figura 11: Retroprojetor Multimídia

Fonte: Acervo da pesquisadora, 2016.

Nos ambientes “Sala de Vídeo”, observamos que os aparelhos de CD, DVD e TV são

utilizados pelos professores com frequência para execução de filmes e também para exposição

de aulas em forma de slides, neste caso, usando notebook e o Datashow, sendo que este

último é o aparelho mais utilizado pelos professores conforme dados obtidos com a aplicação

do questionário.

Figura 12: Sala de Vídeo da E1

Fonte: Acervo da pesquisadora, 2016.

Um projeto interessante proposto e que contempla a utilização de vários recursos e

aparelhos em sua prática, é o “Projeto de Música”. Para a execução deste projeto, segundo o

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gestor e a coordenadora pedagógica da E1, os professores utilizarão: notebook, Internet,

caixas de som, aparelhos que tocam CD e celulares dos professores e alunos, porém, durante a

observação não registramos ações práticas que se referem a este projeto, pois o mesmo

encontrava-se em fase de implementação.

Registramos uma prática da P7 ao utilizar o computador do LIED em seu horário de

HA para atendimento individualizado com o aluno para “reforço” em horário contra turno.

Assim, de acordo com Toschi (2010, p.124): “O computador deve ser encarado como mais

um recurso auxiliar de que o professor dispõe para facilitar o desenvolvimento do trabalho

pedagógico”, e é este processo que esta professora realiza neste momento com seu aluno. A

autora chama a atenção para a utilização do computador, assim como de outras tecnologias na

escola quanto ao seu valor pedagógico:

A utilização do computador no processo pedagógico, assim como o uso de qualquer tecnologia, exige do educador uma reflexão crítica. Refletir criticamente sobre o valor pedagógico do uso da Informática significa também refletir sobre as transformações da escola e repensar o futuro da educação. (TOSCHI, 2010, p.124).

Figura 13: Computador para atividade de reforço - P7

Fonte: Acervo da pesquisadora, 2016.

Outra prática registrada e observada refere-se ao desenvolvimento do projeto: “Como

fazer slides para apresentação de trabalhos”. Este projeto é desenvolvido em horário contra

turno, ou seja, fora do horário que contempla a carga horária anual do aluno; a P9 que

desenvolve o projeto, neste momento, encontra-se com os alunos reunidos no LIED da escola

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e então os orienta para o assunto em questão; então, os alunos vão desenvolvendo a atividade

no momento em que são orientados.

Figura 14: Projeto para confecção de slides- P9

Fonte: Acervo da pesquisadora, 2016.

A coordenadora pedagógica nos relatou que os alunos são receptivos a estes cursos, e

dentro das possibilidades, a escola sempre oferece, segundo ela, são poucos os alunos que

possuem um computador com Internet em suas casas, então, eles sempre aproveitam essas

oportunidades.

Diante desse relato, destacamos as duas questões citadas por Martino (2014) para o

acesso à Internet, que é a econômica para o acesso aos equipamentos e ao conhecimento.

Assim, a escola, neste momento, propicia ao aluno o acesso a estas duas coisas.

Das afirmações a respeito da Internet, uma das mais conhecidas é a ideia de que na rede o conhecimento está acessível a todos. Há duas questões relacionadas: de um lado, as questões econômicas decorrentes da necessidade e um equipamento específico para esse mergulho digital; de outro, mesmo com esses recursos, navegar no oceano de informações requer uma alfabetização digital. (MARTINO, 2014, p.282).

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Figura 15: Cartaz de divulgação de curso – E2

Fonte: Acervo da pesquisadora, 2016.

Ao observar o trabalho de um dos sujeitos da nossa pesquisa, que no ano de 2016

encontra-se desempenhando a função de coordenadora pedagógica da unidade escolar a qual

atua, percebe-se ser uma profissional ativa e atenta ao que se refere ao pedagógico da escola.

O primeiro local indicado pela P14 para o registro em nossa pesquisa foi a sala

denominada como Sala de Recursos Multifuncional15, esta sala atende 13 (treze) alunos em

horário contra turno, com atendimento de quatro horas para cada aluno, divididos em duas

horas em dois dias da semana, previamente determinados.

Registramos que a professora que atua neste espaço utiliza vários jogos instalados no

computador e, também, outros disponíveis online, que segundo a coordenadora pedagógica

auxilia no processo de aprendizagem, os alunos gostam e sentem-se motivados para visitar a

Sala Multifuncional em horários de contra turno.

Outros jogos que são utilizados e que a professora e a coordenadora fizeram questão

de nos mostrar foram: Soletrando avançado, Fono Escrita, Fono Audição e o Curso

Alfabeletrando enviados pela SEDUC/MT.

Assim, ao registrarmos o trabalho na Sala de Recursos Multifuncional, a

coordenadora pedagógica solicitou-nos que fosse registrado um fato que ela considera como

15 De acordo com a Portaria 341/2016/GS/SEDUC/MT publicada no Diário Oficial de Mato Grosso na data de 04/novembro de 2016 sob nº26894, p.71, que dispõe sobre o atendimento especial nas escolas e centros especializados e nas escolas comuns, o espaço denominado como Sala de Recurso s Multifuncional, destina-se ao atendimento de alunos da Educação Básica com Deficiência, Transtorno Global de Desenvolvimento e Altas Habilidades/Superdotação.

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grave no que se refere ao uso de dinheiro público e à distribuição de equipamentos para as

escolas.

Mostrou-nos então um recurso aparentemente novo; trata-se de uma impressora da

marca Epson Styllus Office TX 620FWD com quatro cartuchos coloridos, relatou-nos que

cada cartucho custa R$ 160,00 (cento e sessenta reais) e que, além do valor ser um problema,

outro ponto é que não se encontra com facilidade para compra, sendo necessário realizar um

pedido junto a alguma empresa que revenda tal produto, e estes podem demorar até meses

para ser entregue, outro problema que o equipamento apresenta é que quando um dos

cartuchos termina a tinta, os outros não funcionam.

Enfim, é um recurso que fisicamente está na escola, mas que apresenta dificuldades

no que se refere à manutenção, principalmente pelo custo dos cartuchos e dificuldade de

serem encontrados para reposição.

Figura 16: Impressora Epson Styllus Office – E3

Fonte: Acervo da pesquisadora, 2016.

A P14 nos levou até a Sala de Articulação16, onde registramos que há alguns recursos

que são utilizados pela professora que atende na referida sala. Esta nos relatou que não dispõe

16 A sala de Articulação, segundo informações obtidas na página www.seduc.mt.gov.br, é destinada a alunos que apresentarem defasagem idade/fase num plano de ação entre o professor regente (da sala de aula) e o professor articulador, para que juntos possam então assegurar a aquisição das capacidades que não foram adquiridas durante o período letivo corrente. O objetivo é fazer com que o aluno possa progredir, mas tendo capacidade adquirida.

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de jogos instalados no computador que utiliza para trabalhar com os alunos. Contudo, um

recurso que ela usa e considera muito positivo é o que ela denomina de “digitação”, aonde ela

individualmente vai reforçando a coordenação motora, utilizando o mouse, apresentando

também atividades de ortografia, ou seja, segundo ela: “é digitação mesmo”.

As duas professoras das salas de Recursos Multifuncional e de Articulação, usam

duas páginas e, pela observação, isso é executado de forma constante, são elas:

educarparacrescer. abril.com. br e www.imagem.eti.br.

Durante a observação, percebemos o entusiasmo dos alunos ao utilizarem as TIC. A

professora da sala de Articulação relatou que os alunos também sugerem páginas e atividades

a serem desenvolvidas através do computador, segundo ela, o jogo denominado “Batalha dos

números” ela não conhecia e foi, portanto, um dos alunos que levou a sugestão.

Neste sentido, destacamos “os jogos eletrônicos”, que poderiam ser explorados pela

E3, utilizando inclusive o LIED, pelas condições de uso que este espaço educativo apresenta.

Segundo Toschi (2010, p.95): “Atualmente, os jogos eletrônicos fazem parte do cotidiano da

maioria dos estudantes adolescentes e jovens, e esta realidade não pode ser ignorada pela

escola”. De acordo a autora, devem-se aperfeiçoar as contribuições dos jogos para a formação

dos alunos, assim, o interesse que estes trazem e que adentram com eles à escola pode ser

utilizado no seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social.

As professoras das Salas Multifuncional e de Articulação da E3, durante toda a

observação, demonstraram sintonia com a Coordenadora Pedagógica (P14) que é o sujeito da

nossa pesquisa, sendo que estes dois espaços acima citados também apresentam condições

tecnológicas que também podem ser potencializadas com o uso dos computadores e também

dos jogos ali instalados, Toschi (2010), destaca o desenvolvimento de habilidades com o uso

dos jogos:

O uso dos jogos eletrônicos na escola certamente deve ser voltado para os alunos e para a aprendizagem, como um dos recursos utilizados para o desenvolvimento de habilidades como concentração, memória, atenção e raciocínio lógico, entre outras. (TOSCHI, 2010, p. 96).

A E3 dispõe de uma Lousa Digital instalada no LIED, e isso causou-nos uma certa

ansiedade quanto pesquisadora sobre o registro de usos desta, porém durante o período de

observação, não registramos nenhum professor utilizando tal recurso. Perguntamos então ao

TAE lotado no LIED a respeito dos agendamentos, e este nos informou que o equipamento

quase não era utilizado, pensava que os professores não sabiam manuseá-la e que alguns até

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demonstravam interesse em utilizá-la, porém a falta de informação associado ao medo de

estragar se tornavam motivos para que esta não fosse utilizada por ninguém.

Diante desse dado, podemos então afirmar que os recursos disponíveis em uma

escola não são então garantia para que as práticas de professores utilizando tecnologias

aconteçam.

O LIED é também utilizado por professores e pela coordenação pedagógica para

planejamento de suas aulas no mesmo momento, durante nossa observação, a P14 visualiza

atentamente áudio e imagens para proposição de uma atividade com os alunos do I Ciclo,

composto por 3 (três) fases, enquanto alunos de outra fase desenvolvem uma atividade

utilizando os computadores do LIED sob a orientação de outra professora.

Figura 17: Atividades no LIED – E3

Fonte: Acervo da pesquisadora – 2016

Uma prática muito comum registrada, foi a utilização do LIED como um espaço de

projeção de filmes. Porém, este é um espaço educativo que dispõe de vários computadores

com acesso à Internet e que poderiam ser utilizados por outra turma na busca de informações,

pois se trata de um recurso que muito pode contribuir no processo de aprendizagem, neste

caso, a projeção de filmes poderia ser realizada em outro espaço da escola, até mesmo dentro

da própria sala de aula. Para Toschi (2010), o computador é a mídia que mais seduz os jovens,

e que este pode trazer contribuições para o ensino aprendizado dos alunos. Desta forma,

ratificamos a necessidade da utilização dos LIED utilizando os computadores quanto recursos.

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O computador, que está presente em grande parte das escolas da rede estadual de ensino em Goiás e no Brasil, é a mídia que mais tem seduzido os jovens. Sendo assim, não é possível ignorar a contribuição que pode trazer para o processo de ensino-aprendizagem. As possibilidades de busca de informação utilizando o computador, através da internet, podem ser incomensuráveis. (TOSCHI, 2010, p.67).

Registramos que a coordenação pedagógica da E3 solicita aos professores o objetivo

da atividade, o tempo, enfim, um planejamento para que isto aconteça, mas a utilização no

LIED se dá de forma muito expressiva para exposição de filmes e documentários e projeção

através do retroprojetor de imagens, sendo que essas ações nos remetem a tentativa do

professor em proporcionar, segundo ele: “uma aula diferente em um ambiente diferente”.

Echalar (2015) nos apresenta como resultado de pesquisa com professores de Goiás

dados muito parecidos com os observados no parágrafo acima quanto à utilização de

tecnologias em sala de aula:

A utilização das tecnologias pelos docentes em sala de aula se dá, em especial, como suporte às aulas expositivas com uso de vídeos (filmes, documentários, material retirado do You Tube, etc.), para projeção de imagens ou slides por meio de projetores multimídia ou ainda para apresentação de trabalhos realizados pelos alunos. [...] (ECHALAR, 2015, p.87).

Figura 18: Projeção de filme no LIED – E3

Fonte: Acervo da pesquisadora, 2016.

A P10 nos relata com entusiasmo que nunca se esquecerá da reação dos seus alunos

do I segmento do EJA ao serem levados ao LIED pela primeira vez. Segundo a professora,

eles tinham medo até de ligar o computador, pois “eles são da geração do medo de estragar” e ,

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naquele momento, a presença e o auxílio do TAE, lotado no LIED, foi muito importante. Ela

descreve entusiasmada: “Eles amaram, quando falo que vamos para o LIED ficam todos

animados”.

Ao ser indagada quanto à metodologia da aula que ela desenvolvia com eles, a P10

respondeu que faziam pesquisas sobre datas comemorativas, e aproveitavam para visualizar

imagens de lugares que eles não conheciam: “temos que ir devagar, pois eles têm muitas

dificuldades”. Segundo relato desta professora, eles comentam entre eles que agora sabem

usar computador, e para ela este é um passo pequeno, mas é o começo.

Relatou também que em outra unidade escolar que trabalhou, o LIED foi usado para

atrair alunos, segundo ela: “os alunos comentavam entre eles que a escola era boa, pois as

professoras levavam os alunos para o laboratório de informática”. (Relato da P10).

Ficou destacado neste ponto da pesquisa o uso dos LIED por alunos e professores e

ações entendidas como aulas de reforço individuais, e os trabalhos realizados nas salas de

articulação e multifuncional. Porém, na sala de aula efetivamente não foram registradas

práticas utilizando outras TIC ou recursos de forma pedagógica. Durante os momentos de

intervalo entre uma aula e outra observávamos os alunos olhando de forma rápida seus

aparelhos celulares e imediatamente os guardavam; durante o recreio, nas três escolas, a

presença destes aparelhos é constante e notória, ficando claro que é um recurso que o

professor poderá lançar mão, assim que se sentir seguro para tal.

IIII – Inserção da escola em contextos mais amplos.

Nos três lócus da pesquisa pudemos observar que há uma clara tentativa por parte

dos que ali trabalham, em inseri-la em um contexto onde ela possa ser vista, ser lembrada

como um local que não ficou para trás, que busca sua inserção no que chamamos de conceitos

mais amplos, e inserir-se e mostrar-se nas redes sociais é uma destas formas. Martino (2014)

afirma que tais redes funcionam de acordo com as ações de seus participantes, estas são ações

que levam ao fortalecimento ou não de uma determinada rede social:

As redes sociais funcionam, de um modo geral, a partir de um engajamento mútuo dos seus participantes. Esse engajamento não precisa necessariamente ser contínuo; aliás, uma das características das redes sociais é seu caráter relativamente fluido, no qual os vínculos podem se reorganizar conforme demandas, fluxos e situações; podem se fortalecer ou se enfraquecer. (MARTINO, 2014, p.276).

Assim, a página no Facebook, de acordo com o gestor da E1, é utilizada para

postagens de tudo de diferente e interessante que acontece na escola, e tem se mostrado como

uma tentativa de interação entre a escola e os alunos.

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Figura 19: Cartaz de divulgação – E1

Fonte: Acervo da pesquisadora, 2016

Figura 20: Página de Facebook – E1

Fonte: https://www.facebook.com/pages/Ee-Prof-Francisca-De-Souza-Alencar, 2016.

A E2 mantém como espaço de interação também, um blog. Nele são disponibilizados

e tornado público textos e imagens de eventos, avisos em geral de interesse coletivo da

comunidade escolar, e o profissional responsável pela manutenção do blog é o técnico lotado

no LIED. Para esta Unidade Escolar, esta tem sido uma experiência muito positiva.

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De acordo com Martino (2014, p. 281): “Originalmente pensados como um diário

pessoal, os blogs rapidamente passaram a se dedicar a temas específicos e o amadorismo da

autobiografia passou a dividir espaços com a escrita profissional”.

Figura 21: Imagem de blog – E2

Fonte: escolaluisfrutuoso. blogspot.com, 2016.

Uma atividade extraclasse utilizando TIC e outros recursos foi registrada na E3 e

refere-se ao desenvolvimento do projeto Rádio Educativa - BM, que envolve toda

comunidade escolar, inclusive os pais que são convidados a conhecer e participar do projeto.

Pudemos registrar o uso das TIC na execução do projeto e o envolvimento mais

intenso de professores e alunos. A rádio é utilizada todos os dias nos dois períodos que a

escola atende para informes, dicas e tocar músicas para entretenimento durante o momento do

intervalo.

Há uma programação diária pré-estabelecida com acompanhamento de uma

professora designada para acompanhar os alunos neste projeto. Os recursos utilizados são:

computador (onde fica tudo instalado), as músicas, vinhetas, microfones, uma mesa de som

para melhorar a qualidade do som distribuído, a internet para baixar as músicas e informações

em geral, e as caixas de som espalhadas por toda a escola.

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Assim, podemos citar o referido projeto como ponto positivo na utilização das TIC na escola.

Figura 22: Rádio Interativa – E3

Fonte: Acervo da pesquisadora, 2016.

A E3 mantém uma página ativa no Facebook e com a supervisão da P14 publica

assuntos comuns à comunidade escolar e, segundo a coordenadora, é um espaço de interação

onde são postados recados, comunicados, notícias em geral e também fotos dos eventos

realizados com a comunidade escolar.

Figura 23: Imagem de Facebook – E3

Fonte: Acervo da pesquisadora, 2016.

O uso das redes sociais é um espaço onde a escola se mostra, e nas três escolas está

voltado para divulgação e exposição de atividades que são realizadas, no entanto, não

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registramos o uso destas redes para o ensino-aprendizagem ou como ferramenta pedagógica

com os alunos, neste sentido, Echalar (2015), socializando resultados de uma pesquisa com

professores de Goiás registra:

Ao mencionar redes sociais como instrumento de mediação, um professor afirma que “o aluno aprende sem saber”, exemplificando um processo de aprendizagem

mais dinâmico e proveitoso, apresentando a percepção de uma prática pedagógica exitosa. Os professores percebem como positivos os resultados da escolha desses instrumentos de mediação, como “tornar a aula mais dinâmica” e “romper com a

monotomia” [...] (ECHALAR, 2015, p.107).

Assim, com relação às práticas observadas, as TIC de uma forma geral estão nas

escolas em diversos ambientes, portanto, registramos o uso pedagógico em poucos momentos

quanto à utilização destas efetivamente com alunos. Porém, o que se observou não foi

suficiente para afirmarmos que estas práticas estão ligadas diretamente ao curso RA, até

porque outros professores que não realizaram o curso também estão utilizando de forma

aleatória as TIC e os recursos que a escola dispõe.

Isto nos leva a refletir quanto a interesses sociais em manter a sociedade como ela é,

e a escola no decorrer dos anos tem contribuído para isso, inclusive quando ela não dá conta

das suas atribuições e termina por colocar a “culpa” no aluno. Para Toschi, a função da escola

deve concentrar-se na formação do cidadão de forma integral; com participação social, neste

sentido, chamamos atenção para um dos objetivos específicos da Unidade 3 de acordo com

Brasil (2013, p.9) que propõe ao professor: “Aprofundar-se na busca da compreensão do

potencial e do papel das novas mídias sociais para a construção de uma sociedade mais

solidária e justa”.

As tecnologias têm chegado às escolas, e conseguido nela se inserirem, ou como recurso para as tarefas administrativas, ou para formar tecnologicamente os estudantes para o mundo do trabalho, que agora é exigente e excludente. Isso não é mudar as regras do jogo. Pelo contrário, significa aceitar, até com submissão, as regras de um jogo que conserva a sociedade tal como ela é: excludente, injusta e exploradora. Com isso não se quer dizer que a escola não deva ter a preocupação de formar bons profissionais. Até no ensinar ler e escrever a escola já prepara para o trabalho! Porém, a tarefa da escola vai muito além disso, uma vez que sua função precípua é a formação do cidadão integral, cidadão partícipe da vida social, que tem o direito de viver bem, enfim, de ser feliz! A sociedade tem negado isso às pessoas. A escola, por sua vez, nem sempre questiona a vida das pessoas na sociedade e, com esta omissão, ajuda a manter a sociedade como ela é e, muitas vezes, culpa os que nela ingressam e não têm sucesso, taxando-os de difíceis, inadequados para o estudo, desinteressados e por aí vai. (TOSCHI, 2010, p. 10).

O que percebemos com a análise dos dados do questionário e da observação, é que

quando se tem alguma coisa mais específica relacionada ao uso administrativo e de

infraestrutura como a sala multifuncional e sala de articulação, essas práticas são mais

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presentes, assim como no LIED onde as práticas mesmo de uma forma mais tímida também

acontecem, porém quando observamos a sala de aula, as TIC não se convertem em práticas

pedagógicas, elas ainda não fazem efetivamente parte do cotidiano.

No capítulo IV, foi possível observar e registrar quanto ao uso das TIC e de outros

recursos, que o professor se apresenta como se estivesse realizando um ensaio para a

utilização das tecnologias, e isto é demonstrado quando este vai para outros espaços onde de

repente ele se sente mais à vontade, como os LIED, as salas de recurso e multifuncional, no

desenvolvimento de projetos e para a realização dos trabalhos burocráticos e administrativos.

O curso RA apresenta objetivos gerais e específicos bem definidos, mas muitas vezes

o próprio cursista não o considera como um curso de capacitação. Será então que o RA

encontra-se distante da realidade da escola? Será que na proposta do curso há itens que não

foram verificados pela gestão pública? Ou mesmo, será que quem elaborou e propôs este

curso na realidade tem conhecimento da realidade das escolas públicas e das condições de

trabalho oferecidas aos professores que nelas trabalham?

Assim, ao final do capítulo IV fazemos uma avaliação do Programa ProInfo

Integrado, com vistas a tudo que observamos nos lócus da pesquisa, e o que constatamos é

que as falhas do programa são visualizadas lá no chão da escola, conforme descrita por Lima

e Batista (2016),

O que se revela é uma grande preocupação com produtos e pouca preocupação com o direcionamento e acompanhamento, de forma que possa garantir que esses programas se consolidem e contribuam para a educação. Embora não tenha sido nosso foco de análise, podemos desvendar também que o processo de avaliação e até mesmo seus resultados não são apresentados e disponibilizados para que seja feito um estudo ou análise dos mesmos. (p.15).

Assim, com a observação e registro das práticas, realizamos uma reflexão destas com

os dados obtidos através do questionário, e estes dados nos apontam que houve uma boa

receptividade para com o curso e com a formação que receberam, bem como os cursistas o

avaliaram de forma positiva, demonstraram que gostaram do curso e dos conteúdos, mas

existe uma lacuna entre o resultado do questionário e a materialização em práticas, assim, o

que os sujeitos demonstraram no questionário não registramos em forma de práticas na sala de

aula.

Podemos afirmar então, que no cotidiano do professor há a tentativa constante de dar

significado para o uso de TIC e recursos tecnológicos em geral, sendo que do ponto de vista

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do uso pessoal e administrativo isso se torna visível, mas, no entanto isso ainda não se

converte em efetivas práticas em sala de aula.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Realizar uma pesquisa qualitativa, com coleta de dados a partir de práticas de

professores não é fácil, mais complicado ainda é ter como foco um curso que possui

características peculiares, bem como não possuir outros estudos ou pesquisas realizadas

especificamente sobre o referido curso. Como pesquisadora então, enfrentei esse desafio

tendo como meu objeto de investigação as práticas pedagógicas de professores, a partir da

conclusão do curso RA, e a possível influência do curso nestas práticas.

O tema escolhido tem uma complexidade por se tratar de uso das TIC na escola

pública, então procuramos mostrar como é difícil efetivar na realidade práticas pedagógicas

dentro das escolas utilizando tais tecnologias, sendo por condições estruturais e também pela

carência de formação inicial e continuada que possam de fato avançar nessas questões.

O curso apresenta-se tentando aproximar o professor da reflexão e da necessidade de

conhecer mais sobre o perfil do aluno e enfatiza o uso de recursos tecnológicos e mídias. O

material do curso RA, as leituras e atividades descritivas a serem postadas na plataforma e-

ProInfo demonstram isso, no entanto, falta uma proposta mais didática e pedagógica voltada

para a efetivação de práticas, assim com o RA observa-se um caráter efetivamente mais

técnico do que pedagógico.

As informações obtidas com esta pesquisa nos mostram um desenho da escola que

temos quando nos referimos ao uso de recursos tecnológicos, aparelhos e TIC. O que

observamos são professores que em seu fazer diário docente os utilizam de forma muito

tímida no que se referem as práticas pedagógicas em sala de aula. Pudemos observar aulas

ainda expositivas, utilizando o quadro de giz, ou quadro branco com pincel e, sobretudo, o

livro didático. Porém os sujeitos reconhecem o curso RA como importante, conforme dados

do questionário, no entanto, as práticas docentes registradas com a observação nos levam a

conclusão de que estas são muito pouco influenciadas pelo curso, demonstrando uma

distância entre o que o foi respondido nos questionários e o que se observou efetivamente na

prática.

Isso enseja um questionamento na forma pela qual esse tipo de formação tem sido

encaminhada e realizada, destacando, pois de acordo com Lima e Batista (2016), Echalar

(2015), que há falhas nas políticas públicas de encaminhamento através do Programa ProInfo

Integrado; tais falhas poderiam ser amenizadas ou extintas se o poder público legalmente

representado pelo MEC se dispusesse a dar atenção às inúmeras pesquisas realizadas sob a

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orientação de programas de pós-graduação de universidades de todo o Brasil que disponibiliza

dados, números e relatos a respeito destas formações e seus respectivos programas.

Basta consultar o banco de teses e dissertações disponibilizadas pela Capes através

do endereço; http://bancodeteses.capes.gov.br/banco-teses por exemplo, para se ter de fato

uma noção da quantidade de pesquisas relacionadas a formação de professores e programas de

formação como o ProInfo Integrado.

Não observamos apenas as práticas isoladas dos 14 (quatorze) sujeitos, mas sim, as

atividades nas 03 (três) escolas como um todo, tentando visualizar todo o contexto escolar.

Podemos afirmar que o curso influenciou a prática dos professores sim, mas até certo ponto,

visto que há um problema de gestão em nível estadual por parte da SEDUC/MT no que se

refere a uma política de estado que é equivocada, tanto do ponto de vista de encaminhamentos

como de acompanhamento das escolas no que se refere à formação continuada.

Outra questão que nos inquieta, sobretudo aqui no estado de Mato Grosso, é o fato de

que a formação continuada onde se discute semanalmente assuntos diversos referente à

educação, tem continuidade e é oferecida no ano de 2017 com o nome de PEIP através da

mantenedora SEDUC/MT e acompanhada através dos CEFAPROs, esta formação continua

acontecendo sem interrupção, no entanto a formação para o uso das tecnologias não.

A própria coleta dos dados demonstra falhas na gestão nacional e estadual, não

havendo registro dos dados dos cursos e dos respectivos concluintes registrados no ambiente

virtual e-ProInfo, sendo que este é utilizado para disponibilizar os conteúdos dos cursos,

realização das atividades e proporcionar interação entre os cursistas pares e o tutor da turma.

Quanto aos lócus da pesquisa, do ponto de vista da estrutura, ainda temos escola com

Internet denominada “via rádio” e que muito dificulta o acesso, equipamentos de má

qualidade, ou mesmo de difícil manutenção. Mas, como aceitar tais dados se existe uma

política destinada a distribuição dos equipamentos, assim como também existe desde o ano de

2008 a implantação do Programa Banda Larga nas Escolas?

Percebemos que a maneira do fazer docente diário utilizando TIC e outros recursos

se apresentam para nossos sujeitos ainda como forma de muitos desafios, e estes são

utilizados mais para o desenvolvimento de projetos, trabalhos administrativos como

preparação de aulas e registros em diários eletrônicos e também para o que nossos sujeitos

definem como “aula de reforço”. Destaco a preocupação do professor com relação ao

administrativo, e essa se sobrepõe ao pedagógico. Assim indagamos: Qual o sentido de uma

formação continuada igual a oferecida pelo Programa ProInfo Integrado? Alimentar números

na estatística? Talvez seja.

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A nível estadual, como aceitar uma política que valoriza o trabalho burocrático e

administrativo do professor, na forma de pontos que o beneficiarão em sua contagem de

pontos anual e não propõe ações pedagógicas com vistas a refletirem-se na sala de aula com

os alunos e nem tampouco faz os devidos encaminhamentos através da coordenadoria

existente com tal objetivo?

De um lado estão os profissionais que tentam se adaptar e do outro lado estão os

alunos que anseiam pela tecnologia, destaco aqui que é notável a presença muito marcante de

aparelhos celulares com os alunos das Unidades Escolares, lócus da pesquisa, mas em

nenhum momento registrei práticas docentes utilizando este recurso, mas sim um ar de

proibição para que estes não fossem utilizados. Assim, podemos afirmar que este período

definido por Lévy (2000) como sendo o da cibercultura, que é tão significativo e que tem

proporcionado transformações na vida humana, na realidade na sala de aula não tem chegado,

ou se chega é de forma muito tímida no que se refere às práticas pedagógicas de professores

utilizando TIC.

O desenvolvimento científico e tecnológico, as mídias digitais, o computador e a Internet inauguram um novo período na história da humanidade. Pierre Lévy considera que este tempo, que ele chama de cibercultura, é tão significativo para a humanidade como foi a descoberta da escrita. Outros teóricos além de Lévy também observam que o tempo atual tem feito marcas profundas na vida dos homens. (TOSCHI, 2010, p.10).

É preciso destacar também que duas das escolas onde foram realizadas a pesquisa

apresentam problemas no que se refere à quantidade e à qualidade dos recursos tecnológicos

que lhes são disponibilizados, para que de fato práticas utilizando TIC sejam efetivadas. No

entanto, a E3 que apresenta uma estrutura tecnológica mais condizente com o necessário a

efetivação de práticas pedagógicas no desenvolvimento das suas aulas com os alunos ainda é

muito tímida; o que se observou além da preocupação com as tarefas administrativas foram

ações isoladas utilizando o LIED, computadores em atendimento individualizado para aulas

de reforço e o desenvolvimento do projeto Rádio BM.

Há alguns pontos semelhantes entre as três unidades escolares que são: o LIED em

condições de uso (com exceção do LIED da E1 que se encontrava em reforma) e a lotação do

TAE para atendimento 30 horas; o sistema operacional LINUX disponibilizado pelo MEC

que foi citado pelos gestores, TAEs e gestores de forma negativa como sendo um “problema”

e a utilização de forma muito acentuada do Data Show e do Retroprojetor Multimídia.

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Durante as falas de nossos sujeitos, bem como nos dados obtidos com o questionário,

detectamos que estes demonstram se lembrar do percurso que realizaram durante o curso,

alguns até citam atividades que desenvolveram e ressaltam que carecem muito desse tipo de

formação para poder melhorar suas aulas, um dos sujeitos registrou no questionário: “nossos

alunos esperam isso de nós”. (Relato do P5).

Ao tecer um paralelo entre os três pontos que o curso Redes de Aprendizagem

apresenta como objetivo geral, podemos destacar que:

I- De acordo com Brasil (2013, p.7), com relação à “promoção da análise do papel da

escola e dos professores frente à cultura digital nesta sociedade altamente tecnificada”, a

observação nos aponta para um cenário onde os sujeitos da nossa pesquisa tem claro isso,

tanto que os problemas para o uso do LIED, a qualidade da internet e outros pontos

específicos para utilização de TIC são apontados por eles, porém em outros pontos

precisamos avançar, neste sentido, podemos citar inclusive a proibição do uso do celular pelos

alunos na sala de aula.

II- Quanto ao objetivo proposto em Brasil (2013, p.7): “Compreender como as novas

mídias diversificaram as relações entre as pessoas, e, em especial, como essas mudanças

afetaram nossos jovens e se refletiram na sua relação com a aprendizagem e com a escola,

analisamos que esta é uma questão que carece de mais observações; porém o que é possível

relatar neste momento que é notória a satisfação dos alunos quando os professores utilizam

TIC e outros recursos/equipamentos/dispositivos como instrumento de aprendizagem. As

ações e projetos registrados no LIED da E2, o registro da Rádio Educativa BM assim como os

trabalhos desenvolvidos nas Salas de Recurso e Multifuncional na E3, apontam para uma

forma de aprender muito receptiva por parte dos alunos.

III-O terceiro objetivo apresentado pelo curso em Brasil (2013, p.7) que é o de

“compreender o potencial educativo das mídias sociais digitais”, a observação é de que os

profissionais da educação têm feito um ensaio no sentido de tentar utilizar as TIC e outros

recursos tecnológicos, porém as mídias sociais digitais não são utilizadas pelas escolas como

potencial educativo.

No entanto, destacamos a tentativa das escolas pesquisadas em se fazerem vistas

através do Facebook e do Blog como tentativas positivas, porém são atividades que podem ser

potencializadas do ponto de vista pedagógico, sendo que estes recursos estão sendo utilizados

para mostrar a escola, torná-la mais visível. É um espaço onde as escolas divulgam e

comunicam algumas atividades realizadas, conforme apresentadas no capítulo IV deste

trabalho, e não como atividade educativa, conforme propõe a unidade, e que é possível ser

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proposta pelo professor através de um planejamento adequado e até mesmo através de

projetos.

Ressaltamos a importância da formação continuada, e que esta deveria ser ofertada

de maneira contínua e não ocasional; afirmamos também que a formação deveria ser

proporcionada de forma a atender a real necessidade dos professores, e que estes tivessem

liberdade para sugerir, opinar e assim terem acesso a uma formação que lhes fosse possível

potencializar os recursos que já dispõem, bem como apresentasse uma didática mais prática,

assim os professores se sentissem mais seguros na utilização de TIC e outros recursos em

geral.

O governo federal prevê a formação em tecnologia educacional para professores, e

também disponibiliza equipamentos de informática, porém estes se tornam

operacionalizadores destas políticas públicas, não participam da elaboração e tampouco

podem expressar sua opinião sobre a formação ou equipamentos recebidos.

A utilização de instrumentos tecnológicos por professores da rede pública de ensino é prevista em programas do governo federal, como por exemplo, o ProInfo, cuja implementação se baseia em ações formativas dos docentes e disponibilização de equipamentos de informática. Conforme mostra a revisão da literatura, os professores têm poucas oportunidades de apresentar suas opiniões sobre esses programas e não participam de sua elaboração, tornando-se meros executores das políticas. (ECHALAR, 2015, p.104).

Observamos que há um descompasso entre o que foi respondido nos questionários e

nas práticas observadas, pois as respostas são muito positivas com relação à formação

realizada através do RA, porém o registro de práticas durante a observação demonstra que há

ainda um caminho a ser percorrido por estas escolas quanto ao uso de TIC na sala de aula com

os alunos fazendo parte da prática do professor, e esse uso precisa ser previsto inclusive nos

PPPs, para que a coordenação pedagógica possa auxiliar os professores no sentido de planejar

e executar.

Cada um dos lócus é responsável pela manutenção dos recursos tecnológicos que

possui, e muitas vezes os recursos financeiros que recebem não são suficientes para essa

manutenção, ficando difícil a substituição destes quanto necessário; os recursos/aparelhos

enviados pelo MEC muitas vezes não demonstram ter boa qualidade (exemplo da impressora

da sala de recursos e os tablets), numa clara demonstração de descaso com o dinheiro público,

ou mesmo falta de planejamento.

Por parte da SEDUC/MT há uma coordenadoria para assuntos de tecnologia

educacional, porém esta necessita de reforço no sentido de encaminhar e acompanhar, de

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forma mais contínua o uso de tecnologias nas escolas, podendo isto ser também reflexo da

atual política nacional destinada ao uso de tecnologias na educação; destaco também que

houve reclamações por parte dos gestores dos lócus à pesquisa quanto ao sistema operacional

utilizado pela SEDUC/MT, que gera transtorno e acarreta dificuldades de ordem prática para

os professores, gestores e secretários de escolas, como no caso do registro dos PPP das

escolas e os lançamentos no Diário Eletrônico que em algumas datas fica congestionado, se

tornando difícil o acesso.

Assim, percebemos que cada sujeito da pesquisa, assim como os outros Profissionais

da Educação (TAE, Gestores) presentes no cotidiano dos lócus da pesquisa, utilizam as TIC e

os outros recursos que a escola oferece de maneira distinta. Destaco mais uma vez a

importância da formação, mas é inegável que as experiências de cada um e o próprio percurso

na vida pessoal podem determinar a maneira de como utilizá-los e referendadas por Martins e

Oliveira (2016, apud, ROSA e RAMOS, 2008): “Defendemos a ideia de que a formação

docente passa também pelas memórias, na maioria das vezes singulares, pelas experiências

vividas, comunicadas ou não, e pelas sensibilidades dos professores em formação”.

Echalar (2015, apud EVANGELISTA e SHIROMA, 2007), expressa abaixo a voz de

muitos professores que se encontram nas escolas, vivendo e vivenciando desafios, mas que

muitas vezes são “tachados” de acomodados ou resistentes às mudanças; estes estão longe de

serem empecilhos a qualquer tipo de mudança que venha beneficiar a escola pública,

inclusive realizando formações, como as ofertadas pelo Programa ProInfo Integrado, numa

demonstração de estarem abertos à formação continuada em tecnologia educacional:

Recusamo-nos a fazer eco com as críticas abs tratas daqueles que- distante dos profissionais da educação – acusam-nos seja de uma frágil formação, seja de acomodação ou mesmo de resistência às mudanças. Também não estamos de acordo com um discurso que se dissemina e se expressa nos documentos oficiais e nas políticas públicas que – paradoxalmente – considera o professor, simultaneamente, como protagonista e empecilho às reformas educacionais. (ECHALAR, 2015, p. 66).

Assim, indagações da pesquisa no que se refere às condições de trabalho e formações

oferecidas para que nossos sujeitos desempenhem seu papel de formar indivíduos frente a esta

sociedade com uma tecnologia tão presente em todos os seus setores foram respondidas.

Constatamos que a disponibilização dos equipamentos e recursos não é suficiente,

embora seja executada ao longo dos anos uma centralização do Programa ProInfo Integrado

nesta ação, e que também não basta a distribuição desses equipamentos, sendo necessário

formar e acompanhar o professor no processo de utilização.

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Quanto à formação continuada oferecida através do RA, esta não se mostrou

eficiente, pois é descontínua, não dando conta assim de influenciar totalmente os professores

no seu cotidiano em suas práticas pedagógicas, mas sim sua influência pode ser registrada no

trabalho administrativo e burocrático e em ações mais individuais com os alunos.

Quanto aos três objetivos específicos a serem alcançados com a pesquisa, realizamos

as ações no sentido de cumpri-las, assim, o primeiro deles que é: Entender as dimensões da

proposta formativa do curso Redes de Aprendizagem (RA) encontra-se enfatizado no capítulo

II, onde nosso olhar foi voltado para as políticas públicas para o uso de tecnologias. Quanto

ao segundo objetivo específico: Verificar as condições tecnológicas dos espaços educativos,

lócus da pesquisa, foi possível com o questionário “Levantamento Situacional” e com a

observação realizada nas escolas e quanto ao terceiro objetivo que consiste em Compreender a

relação do RA com as práticas pedagógicas dos sujeitos e sua possível influência, enfatizamos

esta ação ao socializarmos os dados do questionário aplicado aos sujeitos e ao descrevermos

as práticas observadas.

Portanto, de acordo com os dados, podemos afirmar que o RA influencia até certo

ponto no trabalho docente do professor e se sobressai uma dimensão mais técnica do que

pedagógica do curso, e quando ele volta para a escola isso também se expressa sob forma de

cobranças efetivamente regulamentadas, onde os registros no Diário Eletrônico precisam ser

realizados sob política de punição velada, pois se o professor não executa tal ação, no

próximo ano letivo será prejudicado em sua contagem de pontos seja efetivo ou contratado;

porém quando ele vai para sala de aula não é possível registrar a influência do RA sob forma

de práticas pedagógicas.

Tendo atuado nas secretarias de escolas, LIED e por último no CEFAPRO

acompanhando a formação em tecnologia educacional, analiso o RA como uma formação que

não deu conta de atender as necessidades dos professores; destaco que formações mais

práticas, mais técnicas também são necessárias e fazem parte do anseio dos professores, e este

é também um dos problemas que o RA apresenta, pois o que se consolidou do curso foi a

proposta teórica com o registro das atividades na plataforma e-ProInfo.

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APÊNDICES

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Apêndice A – Autorização da Assessoria Pedagógica

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Apêndice B – Autorização do CEFAPRO de Tangará da Serra-MT

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Apêndice C – Autorização para pesquisa – E1

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Apêndice D - Autorização para pesquisa – E2

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Apêndice E - Autorização para pesquisa – E3

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Apêndice F – Modelo TCLE destinado aos sujeitos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO – IE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

Caro (a) professor (a):

Eu, EDILENE QUIRINO NEIVA EVANGELISTA, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), sob matrícula 8201524, tenho o interesse na pesquisa a respeito de Práticas Docentes e o uso de tecnologias na educação básica, tal interesse se apresentou ao acompanhar o programa de formação continuada opcional da Plataforma E-PROINFO, e sobretudo o curso Redes de Aprendizagens, na ocasião de lotação no CEFAPRO de Tangará da Serra - MT; esta pesquisa é desenvolvida sob orientação da Prof.ª Dr.ª Kátia Morosov Alonso da Universidade Federal de Mato Grosso e denomina-se “Práticas Docentes e o uso das TIC: e-ProInfo e o Curso Redes de Aprendizagem”.

A pesquisa fará também um mapeamento geral dos recursos tecnológicos disponíveis na Escola que você trabalha neste ano de 2016, bem como observar sua prática pedagógica dentro das possibilidades de uso de tais recursos.

Informo que os resultados desta pesquisa serão direcionados a SEDUC/MT, na intenção de contribuir na reflexão dos Gestores desta entidade (SEDUC/MT) quanto aos recursos disponíveis e também no que se refere a avaliação de programas de formação continuada em tecnologia educacional.

Sua participação nesta pesquisa é de extrema relevância e muito bem-vinda, porém é voluntária e se você decidir não participar ou quiser desistir de continuar em qualquer momento, tem absoluta liberdade de fazê-lo.

Conto com sua preciosa atenção em participar desta pesquisa, pois assim você estará contribuindo para compreensão do tema em estudo e para a produção de conhecimento científico.

Atenciosamente: _____________________________________________________________ Edilene Quirino Neiva Evangelista (mestranda) Fone: (65) 9958-9920 [email protected] EU, Professor (a):

____________________________________________________________, tendo sido devidamente esclarecido (a), recebi uma cópia deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler, questionar e esclarecer as minhas dúvidas a respeito desta pesquisa.

__________________________________________________ Assinatura do participante ......................................................................../ (MT), ........./ MAIO /2016.

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Apêndice G – Modelo de questionário aplicado aos gestores das três escolas pesquisadas

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO – IE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

LEVANTAMENTO SITUACIONAL

Esta entrevista paz parte dos instrumentos de pesquisa utilizados por Edilene Quirino

Neiva Evangelista, aluna de Pós-Graduação em Educação do Instituto de Educação da UFMT,

com o objetivo de ampliar a pesquisa relacionada a práticas pedagógicas e o uso das TIC´s,

tendo como sujeitos professores que no ano de 2014 concluíram o curso “Redes de

Aprendizagem” ofertado através da Plataforma E-Proinfo.

Os dados aqui coletados são sigilosos e serão tratados em conjunto para efeito de

análise da pesquisa. Assim não haverá identificação por instituição pesquisada e nem dos

sujeitos participantes (professores e gestores).

O objetivo da pesquisa se atém a investigar as possíveis contribuições do curso

Redes de Aprendizagem junto a professores da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso, que

tenham recebido pela Modalidade EaD na formação continuada o Curso Redes de

Aprendizagem no ano de 2014, executado pela plataforma E-Proinfo.

EDILENE QUIRINO NEIVA EVANGELISTA

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FUNÇÃO/CARGO

1- A escola possui os recursos tecnológicos e de multimídia conforme listados abaixo?

Equipamento Não/ Sim/ Quantidade Origem Computadores ( )não ( ) sim _______ ( )Seduc ( )MEC ( )Aquisição ( )Doação Datashow ( )não ( ) sim _______ ( )Seduc ( )MEC ( )Aquisição ( ) Doação Retroprojetor portátil ( )não ( ) sim _______ ( )Seduc ( )MEC ( )Aquisição ( ) Doação Lousa Digital ( )não ( ) sim _______ ( )Seduc ( )MEC ( )Aquisição ( ) Doação Aparelhos de DVD ( )não ( ) sim _______ ( )Seduc ( )MEC ( )Aquisição ( ) Doação Aparelhos de TV ( )não ( ) sim _______ ( )Seduc ( )MEC ( )Aquisição ( ) Doação

Tablets Educacionais ( )não ( ) sim _______ ( )Seduc ( )MEC ( )Aquisição ( ) Doação Outro: ________________________ ( )Seduc ( )MEC ( )Aquisição ( ) Doação

2- Distribuição dos computadores no ambiente escolar

Biblioteca ( )não possui ( ) possui ...........unidades Coordenação ( )não possui ( ) possui ...........unidades Cozinha ( )não possui ( ) possui ...........unidades Direção ( )não possui ( )possui ...........unidades Laboratório de Informática ( )não possui ( )possui ...........unidades Sala de Recursos ( )não possui ( )possui ...........unidades Sala dos Professores ( )não possui ( )possui ...........unidades Sala Multifuncional ( )não possui ( )possui ...........unidades Secretaria ( )não possui ( )possui ...........unidades Outro: ( )não possui ( )possui ...........unidades Outro: ( )não possui ( )possui ...........unidades

3- A escola dispõe de Técnico em Multimeios ou outro Técnico lotado no LIE?

( )sim ( )não

4- A escola dispõe de Internet? ( )sim ( )não

4.1- Como é a qualidade do sinal da Internet recebida?

( ) Ótima ( ) Boa ( ) Razoável ( ) Ruim ( ) Não funciona

4.2- Como a Internet foi adquirida? Se for preciso, marque mais de uma opção. E como ela é mantida?

( ) Pelo Governo Federal ( ) Pelo Governo do Estado de MT ( )Pela própria escola

Mantida por_____________________________ Mantida por______________________________ Mantida por______________________________

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Outro:_____________________________ Mantida por______________________________ 4.3- Quando ocorre a interrupção da Internet, quem resolve o problema?

( ) O suporte contratado pela SEDUC/MT ( ) A escola contrata alguém pra resolver ( ) Algum Técnico da escola resolve ( ) Qualquer pessoa que entenda um pouco do assunto na escola tenta ajudar Outro:_____________________________________________________________

5- A Escola realiza algum projeto que contemple o uso de tecnologias?

( )sim ( )não 5.1- Se sua resposta foi sim, quem esses projetos envolvem? ( ) Docentes ( ) Discentes ( ) Coordenadores ( ) Diretor ( ) Técnicos ( ) Pais ou responsáveis por alunos ( ) Comunidade Externa ( ) Outros: _______________________

6- Há algum tipo de formação ou capacitação ofertada pela SEDUC/MT ou pela própria Escola que oriente e incentive os professores a utilizar recursos tecnológicos?

( )sim ( )não

6.1- Caso tenha respondido sim, como ocorre esta capacitação? ( ) Cursos online ( ) Cursos presenciais ( ) Cursos semipresenciais ( ) Em forma de apostilas ( ) Não existe capacitação no momento ( ) Já houve capacitação há algum tempo atrás ( ) Outro

7- Quando a coordenação pedagógica da escola orienta o planejamento, ela contempla o uso de recursos tecnológicos? Como é feita essa orientação? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________

8- No PPP da escola está previsto o uso de recursos tecnológicos? Isso tem sido observado pela coordenação se de fato tem sido feito o uso de todos os recursos disponíveis na escola? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________

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Apêndice H – Modelo de questionário aplicado aos sujeitos

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS SUJEITOS Tangará da Serra- MT 18 de Maio de 2016. Prezado professor, Sou servidora da rede pública Estadual de Mato Grosso e aluna do curso de Mestrado

em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso, na Linha de Pesquisa “Organização

Escolar, Formação e Práticas Pedagógicas” e vinculada ao Grupo de Pesquisa “Laboratório de Estudos sobre Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação (LeTECE)”, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Katia Morosov Alonso.

Minha pesquisa envolve a investigação das práticas pedagógicas e o uso das

tecnologias por parte de professores que concluíram o curso “Redes de Aprendizagem” no ano de 2014, ofertado através da Plataforma do Governo Federal E-Proinfo, na modalidade semipresencial e viabilizada através da SEDUC/MT e seus respectivos CEFAPROS.

Por essa razão, necessito de sua colaboração nessa pesquisa, respondendo o presente

questionário com sinceridade e senso crítico, pois dessa forma poderemos contribuir para o desenvolvimento de futuros cursos e formações oferecidos pelos CEFAPROs. Ressalto que não é necessário se identificar para responder ao questionário.

Agradeço antecipadamente sua colaboração, pois sem a sua ajuda, não poderia

desenvolver este estudo. Cordialmente, Edilene Quirino Neiva Evangelista

PERFIL SOCIOECONÔMICO E CULTURAL DOS PROFESSORES

I - DADOS PESSOAIS

1.1). Qual é o seu gênero? ( ) Masculino ( ) Feminino 1.2). Em que faixa etária você se encontra? ( ) Até 25 anos ( ) 25 a 30 anos ( ) 30 a 40 anos ( ) Mais de 40 anos 1.3). Qual sua cor/etnia? ( ) Branco(a) ( ) Pardo(a), Mulato(a) ( ) Negro(a) ( ) Amarelo(a) ( ) Indígena

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1.4). Qual a sua nacionalidade? ( ) Brasileiro (a) ( ) Outra. Informar: _________________________. 1.5). Onde você nasceu? Município e Estado. _____________________________________________________________ 1.6). Onde você reside atualmente? ( ) Tangará da Serra ( ) Nova Olímpia. ( ) Sapezal ( ) Em outro município de Mato Grosso. Qual? __________________________ 1.7). Qual o seu tempo de trabalho docente? ( ) Menos de 5 anos ( ) Entre 5 e 10 anos ( ) Entre 11 e 20 anos ( ) Entre 21 a 30 anos ( ) Mais de 30 anos

II – DADOS SOCIOECONÔMICOS 2.1). Qual seu estado civil? ( ) Solteiro(a). ( ) Casado(a). ( ) Separado/ divorciado ( ) Outro.______________________________________________________ 2.2) . Qual o tipo de residência em que você mora? ( ) Própria, não quitada. ( ) Própria, quitada. ( ) Moradia alugada. ( ) Residência cedida de parentes. ( ) Residência cedida de amigos. ( ) Habitação alugada coletiva: hotel, república etc. ( ) Outra situação.__________________________________________ 2.3). Qual a sua formação? ( ) Ensino Médio completo ( ) Ensino Superior incompleto ( ) Ensino Superior Completo. Qual curso? _______________________________ ( ) Especialização latu sensu completo ( ) Cursando especialização. Especificar: ________________________________ 2.4). Seu curso superior foi realizado através de qual instituição? ( ) UFMT ( ) UNEMAT ( ) Universidade Pública a distância ( ) Universidade Privada a distância

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( ) Em outro Estado em universidade privada ( ) Em outro Estado em universidade pública ( ) Em Universidade Privada presencial em MT ( ) Ainda não conluí o ensino superior 2.5). Qual o seu vínculo empregatício? ( ) Efetivo, 30 horas semanais, uma rede de ensino – só estadual ( ) Efetivo, até 60 horas semanais, duas redes estadual e municipal ( ) Interino/ contratado 30 horas ou mais ( ) Interino /contratado menos de 30 horas semanais. ( ) Atuo além da rede estadual também na rede privada. ( ) outro: ___________________________________________________ 2.6). Em qual modalidade de ensino você atua? ( ) Educação Infantil ( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Fundamental e Médio Outra: ________________________________________________________ 2.7). Qual sua renda mensal individual? ( ) Até 1 salário mínimo R$ 880,00 ( ) Até 2 salários mínimos (até R$ 1.760,00) ( ) Até 3 salários mínimos (até R$ 2.640,00) ( ) Até 4 salários mínimos (até R$ 3.520,00) ( ) Até 5 salários mínimos (até R$ 4.400,00) ( ) De R$ 4.400,00 a R$ 6.000,00 ( ) Mais de R$ 6.000,00 ( ) Pensão alimentícia ou similar. Valor atual: _____________. ( ) Benefício social governamental. Qual? ________________Qual Valor? ________ 2.8). Qual seu principal meio de transporte ou locomoção para ir ao seu local de

trabalho? ( ) A pé/carona/bicicleta ( ) Transporte coletivo ( ) Transporte próprio Motocicleta ( ) Transporte próprio automóvel

III – DADOS CULTURAIS E PEDAGÓGICOS 3.1). Gosta de ler? Que tipo de leitura aprecia? ( ) Leio textos que contribuem para o planejamento de minhas aulas ( ) Raramente leio. Não tenho muito tempo ( ) Leio revistas e jornais frequentemente ( ) Leio revistas e jornais eventualmente ( ) Costumo ler todos os dias livros de diversas áreas ( ) Leio apenas quando solicitado 3.2). Há biblioteca em sua Escola?

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( ) Sim, em boas condições de uso ( ) sim, mas é pouco utilizada e está sempre fechada ( ) Há a biblioteca que divide o espaço com outras coisas ( ) Não há biblioteca na escola que trabalho 3.3). Qual a frequência com que você utiliza a Biblioteca da escola com seus alunos? ( ) Diariamente ( ) Semanalmente ( ) Quinzenalmente ( ) Mensalmente ( ) Eventualmente 3.4). Com que finalidade você utiliza a Biblioteca? ( ) Pesquisa acadêmica ( ) Acesso à Internet ( ) Leitura por lazer ( ) Preparação de aulas, estudos pessoais e similares 3.5). Você utiliza computador da e na escola? Para qual finalidade? ( ) Sim, diariamente ( ) Sim, eventualmente ( ) Nunca Se sua resposta foi sim, para qual finalidade você usa o computador da escola?

_____________________________________________________________ 3.6). Você tem notebook? Se sim, com qual frequência você o utiliza? ( ) Não ( ) Sim, e o utilizo diariamente ( ) Sim, e o utilizo apenas eventualmente ( ) Sim, mas raramente o utilizo 3.7) de que meio de comunicação você mais se utiliza para se informar e se manter

atualizado? ( ) Rádio ( ) Jornal impresso ( ) Revista ( ) Televisão ( ) Internet ( ) Outros 3.8). Quais os recursos da Internet que você mais utiliza? ( ) E-mail ( ) Redes sociais ( ) Blogs ( ) Grupos de discussão ( ) Vídeos ( ) Músicas ( ) Jogos

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( ) Sites de entretenimento ( ) Sites de pesquisa acadêmica/científica ( ) Outros. Especificar: ___________________________________________. ( ) Não utiliza 3.9). Exceto trabalho e estudo, quais atividades mais ocupam seu tempo? ( ) Leitura ( ) Televisão ( ) Internet ( ) Cinema ( ) Teatro ( ) Dança ( ) Artes plásticas ( ) Música ( ) Atividades físicas/esportivas ( ) Passeios e viagens ( ) Festas ( ) Religião ( ) Outros 3.10). Você tem aparelho Smartphone com acesso à internet? ( ) Sim, sempre tenho internet ( ) Sim, mas nem sempre tenho internet ( ) sim, mas não tenho acesso a internet ( ) Não tenho esse tipo de aparelho Outra situação: _____________________________________________________ 3.11). Você utiliza o aparelho celular como ferramenta pedagógica durante suas aulas? ( ) Não utilizo e não permito que meus alunos usem. ( ) Eu não uso, mas permito que meus alunos usem de forma pedagógica. ( ) Eu uso e incentivo meus alunos a utilizarem. ( ) Na escola que trabalho é proibido o uso do celular com alunos. 3.12) São recursos que mais utilizo em minhas aulas para torná-las mais atraentes e

interessantes: ( ) Data show ( ) Retroprojetor portátil ( ) Internet ( ) TV, Vídeo, DVD ( ) Radio Escola ( ) Câmera fotográfica ( ) Telefone celular ( ) Laboratório de Informática ( ) Lousa Digital ( ) Outros. Quais? _______________________________________

3.13). Com relação ao aparelho de Tablet portátil? ( ) Eu tenho, e sempre uso ( ) Eu tenho, mas nunca uso

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( ) Uso eventualmente ( ) Não tenho ( ) Em minha casa há, as vezes eu uso Outros: ____________________________________________________________ 3.14). Você dispõe de acesso de internet banda larga em sua residência? ( ) Sim, em minha residência há ( ) Sim, divido com meu(s) vizinho(s) ( ) Não tenho acesso à internet em casa ( ) Sim, mas não é banda larga. Qual? __________________________________

3.15). Caso julgue necessário, faça alguma observação complementar: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________

IV- DADOS RELACIONADOS AO CURSO REDES DE APRENDIZAGEM OFERTADO PELA PLATAFORMA E-PROINFO/ E O USO DAS TIC NA ESCOLA.

4.1). Em relação a informática, como julga seus conhecimentos: ( ) Possuo noções básicas de informática ( ) Já fiz alguns cursos avançados e domino vários programas ( ) Só utilizo o Windows, porem conheço e sei utilizar outros ( ) Uso apenas o Windows pois conheço apenas ele ( ) Não gosto de informática e procuro não utilizar 4.2). Motivos que contribuíram para minha decisão em fazer o curso Redes de

Aprendizagem no ano de 2014: ( ) A necessidade de melhorar a qualidade de minhas aulas, fazendo uso dos recursos

multimídias ( ) Gosto de aprender coisas novas ( ) Todos na escola estavam fazendo, resolvi fazer também ( ) Não me lembro por qual motivo me inscrevi ( ) O curso tinha uma carga horária razoável ( ) Outros motivos 4.3) Motivos que me mantiveram no curso até o final: ( ) O conteúdo era interessante. ( ) A carga horária parecia-me razoável, e eu precisava dela para o processo de “contagem

de pontos” ( ) Aprendia muito com as leituras e atividades ( ) Meus colegas estavam concluindo, não queria ficar em desvantagem ( ) Outro motivo. Qual? _____________________________ 4.4) Com relação ao conteúdo do curso, em minhas aulas, atualmente: ( ) Raramente utilizo o que aprendi no curso ( ) Uso frequentemente o que aprendi no curso para melhorar minhas aulas ( ) O conteúdo do curso difere do que o professor realmente precisa para preparar uma aula

interessante

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( ) Na escola não existem muitas possibilidades para o uso de multimídias e de recursos tecnológicos

4.6). Você analisa a formação continuada ofertada pela plataforma E- Proinfo como

ferramenta para auxiliá-lo profissionalmente para o uso das tecnologias educacionais? ( ) Não, esta formação não me ajudou em nada ( ) Sim, a formação auxilia um pouco ( ) Sim, a formação auxilia muito 4.7) O curso Redes de Aprendizagem atendeu suas necessidades? ( ) sim ( ) Não ( ) Um pouco

4.8) Dentre os objetivos gerais do curso Redes de Aprendizagem, qual destes pontos

ficou mais significativo para você? ( ) Análise do papel da escola e dos professores frente a cultura digital ( ) Compreensão de como as novas mídias sociais diversificaram as relações entre as

pessoas ( ) Compreensão do potencial educativo das mídias sociais digitais ( ) Nenhuma das alternativas anteriores

4.10). Com relação ao Laboratório de Informática da sua escola, quando se encontra

em situação de uso: ( ) Uso, e sempre que é possível levo meus alunos ( ) Uso muito eventualmente ( ) Não uso porque não apresenta condições físicas/e ou tecnológicas ( ) Não uso porque não tem Técnico lotado naquele espaço neste ano de 2016 ( ) Não gosto de usar por outros motivos

4.11). Na sua opinião, qual o maior problema atualmente nas escolas que impedem que

o uso de recursos tecnológicos sejam mais utilizados? ( ) Qualidade dos equipamentos que não é boa ou estão sempre estragados ( ) Não considero importante utilizar tais recursos ( ) Há poucos, e há problemas em agendar pois não são suficientes para todos ( ) Problema com a formação continuada que não auxilia na orientação para utilização

destes recursos 4.12). Você sabe manusear a Lousa Digital? ( ) Não sei ( ) Sim, faço isso tranquilamente ( ) Razoavelmente, uso, mas com dificuldades ( ) Só uso se houver auxilio de outra pessoa 4.13). Você já recebeu capacitação encaminhada pela SEDUC/MT ou pelo CEFAPRO

para uso de recursos tecnológicos, como Retroprojetor portátil, celulares, tablets educacionais e lousa digital?

( ) Sim, uma única vez ( ) Sim, mais de uma vez ( ) Sim, várias vezes ( ) Não, nunca recebi

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Apêndice I – Formulário de Contagem de Pontos de Professores

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