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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS CURSO DE AGRONOMIA PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE COUVE FLOR CV. SHARON SUBMETIDA A FONTES E DOSES DE BORO ANGELO ANTONIO CADORE SINOP-MT Março-2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS

CURSO DE AGRONOMIA

PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE COUVE FLOR CV. SHARON

SUBMETIDA A FONTES E DOSES DE BORO

ANGELO ANTONIO CADORE

SINOP-MT

Março-2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS

CURSO DE AGRONOMIA

PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE COUVE FLOR CV. SHARON

SUBMETIDA A FONTES E DOSES DE BORO

ANGELO ANTONIO CADORE

MÁRCIO ROGGIA ZANUZO

LAURINDA MARA DA PENHA RIBEIRO

SINOP-MT

Março-2016

Trabalho de Conclusão de Curso

(TCC) apresentado ao Curso de

Agronomia ICAA/CUS/UFMT, como

parte das exigências para obtenção do

Grau de Bacharel em Agronomia .

Dedicatória

Primeiramente a Deus por conceder saúde e perseverança ao longo dessa jornada. Em segundo momento, agradecer a Universidade Federal de Mato Grosso, pois sem

ela eu não estaria realizando esse trabalho. Agradeço também o grande Profº Drº Márcio Roggia Zanuzo, que com paciência e

confiança esteve disponível a me orientar ao longo desse trabalho. Agradeço também Laurinda Mara Ribeiro, que com muito carinho cedeu a área a se

realizar a experimentação, e concedeu seu tempo a me auxiliar ao longo dessa jornada. Agradeço aos meus amigos, irmãos e companheiros que de alguma forma

colaboraram com essa conquista; São eles Pedro Freitas, Gentil Netto, Matheus Baptista, Pablo Groeler, Glaudencir Siqueira e Gabriel Andrade.

Ao meu pai Juares e minha mãe Solange, pelo incentivo financeiro, por todo amor e

dedicação que sempre teve comigo. E também a minha namorada Paula Oliveira que me segurou as rédeas, auxiliando nessa conquista.

Agradecer também ao acolhimento de Eronides Santana Freitas, que por três anos

me acolheu em sua residência, com muita alegria e disposição. Agradecer também a todos os professores que me auxiliaram a formar uma base

sólida de conhecimento e vivência. Agradecer a todos os amigos que tomaram uma cerveja nos bares da cidade, esses

que não podiam ficar de fora. A todos que, de alguma forma, contribuíram para a conclusão deste trabalho fica o

meu MUITO OBRIGADO

SUMÁRIO RESUMO .............................................................................................................................. 6

ABSTRACT .......................................... ................................................................................ 7

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 8

2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................ ...................................................................10

2.1. Aspectos gerais do cultivo da Couve-flor ........................................................10

2.2. Estádios fenológicos da cultura ......................................................................11

2.3. Nutrição e adubação da cultura .....................................................................11

2.4. O boro ............................................................................................................12

2.4.1. Boro no solo .............................................................................................12

2.4.2 Boro na planta ...........................................................................................15

3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................ ...................................................................17

3.1. Localização e caracterização climática da área experimental .........................17

3.2. Instalação e condução do experimento ..........................................................18

3.3. Delineamento experimental ............................................................................19

3.4. Características avaliadas ................................................................................20

3.4.1. Massa fresca da inflorescência ................................................................20

3.4.2. Densidade específica da inflorescência ...................................................20

3.4.3. Produtividade total ...................................................................................20

3.4.4. Produtividade comercial ...........................................................................20

3.4.5. Compacidade de cabeça ..........................................................................20

3.4.6. Distúrbios fisiológicos e nutricionais .........................................................21

3.4.7. Ciclo médio ..............................................................................................21

3.4.8. Classificação por classe ...........................................................................21

3.4.9. Classificação por categoria ou tipo ...........................................................21

3.4.10. Análise estatística ..................................................................................22

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................... .............................................................23

5. CONCLUSÃO ...................................... ............................................................................32

6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................... ..............................................................33

ÍNDÍCE DE TABELAS

Tabela 1. Classificação por diâmetro de cabeças .................................................................21

Tabela 2. Classificação por Categoria ou tipo proposto pelo HortiBrasil – Programa Horti &

Futri Padrão (1999). .............................................................................................................22

Tabela 3. Interpretação da correlação de Pearson. ..............................................................22

Tabela 4 Resumo da análise de variância e médias para as variáveis quantitativas e

qualitativas (Fcal); MFI (Massa fresca da inflorescência); PT (Produtividade total); PC

(Produtividade Comercial); DC (Diâmetro da cabeça); DFI (Deformação da Inflorescência);

DEI (Densidade específica da Inflorescência) e CM (Ciclo médio). ......................................23

Tabela 5. Classificação cultivares de acordo com HORTIBRASIL - Programa Horti & Futri

Padrão (1999).Sinop, UFMT, 2015. ......................................................................................27

Tabela 6. Tabela de correlação de Pearson (R) para as variáveis. ......................................28

ÍNDÍCE DE FIGURAS

Figura 1 : Mancha vinho (A e B) e riceness (C) (grão de arroz) em couve-flor “Sharon”. Fonte

Ribeiro, L.M. (2014) ..............................................................................................................16

Figura 2. Localização da área experimental .........................................................................17

Figura 3. - Precipitação, temperatura máxima (T máx.), mínima (T mín.) e média (T méd.),

dia a dia, durante o experimento,1 º Estádio (0-30dias ), 2º Estádio (30-60 dias), 3º Estádio

(60-90 dias ), 4º Estádio (90-120 dias) .................................................................................18

Figura 4. Croqui do delineamento experimetal .....................................................................20

Figura 5. Doses de Boro em função da massa fresca da Inflorescência (MFI)(A),

produtividade total (PT)(B) e Diâmetro da cabeça (DC)(C). ..................................................25

Figura 6. Desdobramento da interação entre fonte e doses de Boro para a massa fresca da

inflorescência (MFI). .............................................................................................................25

Figura 7. - Classificação cultivares de acordo com HORTIBRASIL - Programa Horti & Futri

Padrão (1999).Sinop, UFMT, 2015 .......................................................................................29

Figura 8. Variáveis qualitativas em função das doses de boro. (A) Grão de arroz na

inflorescência; (B) Defeitos de ordem climático (C) Incidência de Haste oco - IHC; (D)

Browing; (E) Podridão e (F) Folha necrosada . .....................................................................30

Figura 9. Porcentagem de incidência de haste oca IHO em função da fonte de boro. ..........31

RESUMO

O boro desempenha um papel fundamental na produção da couve-flor. Neste estudo avaliou-se a produtividade e qualidade da couve-flor cv. Sharon submetida a diferentes fontes e doses de boro. O delineamento utilizado foi de blocos casualizados (DBC) em esquema fatorial 4x2 em parcelas subdivida com três repetições, totalizando 24 parcelas. Cada parcela constituída de 9 plantas no espaçamento de 0,90 x 0,8 m. Os tratamentos constituíram de duas fontes de boro (Bórax e Ácido Bórico) e quatro doses de boro (0, 2, 4 e 6 kg ha-1). Foram avaliados massa fresca da inflorescência (MFI), produtividade total (PT), produtividade comercial (PC), diâmetro da cabeça DC), deformação da inflorescência (DI), densidade específica da inflorescência (DEI), ciclo médio (CM), além da classificação da inflorescência por categoria, classe e tonalidade. Para a cultivar sharon a fonte de boro não influência no crescimento e desenvolvimento como MFI, PT, PC, DC, DI, DEI e CM. Já as doses de boro proporcionaram maiores acúmulos de MFI, PT, PC, e DC. A MFI não foi influenciada pelas fontes de boro, com valores de 0,412 e 0,498kg planta-¹ para o ácido bórico e bórax respectivamente, e o valor máximo de MFI de 0,755 kg planta-¹ foi obtido com 6 kg ha-1 de boro. A PT não foi influenciada pelas fontes de boro, com valores de 5,77 e 6,97 ton ha-¹ para o ácido bórico e bórax respectivamente, e valor máximo de PT de 10,56 ton ha-¹ foi obtido com 6 kg ha-1 de boro. A PC não foi influenciada pelas fontes de boro, com valores de 4,68 e 5,74 ton ha-¹ para o ácido bórico e bórax respectivamente, e valor máximo da PC de 8,17 ton ha-¹ foi obtido com 6 kg ha-1 de boro. O DC não foi influenciado pelas fontes de boro, com valores de 11,54 e 14,64 cm para o ácido bórico e bórax respectivamente, e valor máximo de 15,29 cm foi obtido com 6 kg ha-1 de boro.

O uso de bórax reduz a incidência de haste oca em couve-flor cv. Sharon em 16,10%.

Palavra-chave: Brassica oleracea var. Botrytis, ácido bórico, haste oca, bórax

ABSTRACT

Boron is crucial in the production of cauliflower. This study aimed to evaluated the productivity and quality of cauliflower cv. Sharon subjected to different sources and boron doses. The design was a randomized block design (RBD) in 4x2 factorial design in subdivided plots with three replications, totaling 24 installments. , Each portion consists of 9 plants spaced 0,90 x 0,8m. Treatments consisted of two sources of boron (Borax and Boric Acid) and four boron doses (0, 2, 4 and 6 kg ha-1). They were evaluated fresh weight of inflorescence (MFI), total productivity (PT), commercial productivity (PC), head diameter (DC) ,; inflorescence deformation (DI), specific density of the inflorescence (DEI), average cycle (CM), and the inflorescence rating category, class and tonality. The Sharon cultivate has no influence the source of boron on the growth and development as MFI, PT, PC, DC, DI, DEI and CM. The boron doses provided greater accumulation of MFI, PT, PC and DC. The MFI was not influenced by the boron source, with values of 0.412 and 0,498kg plant-¹ for boric acid and borax, respectively, and the maximum value of MFI 0.755 kg plant-¹ was obtained with 6 kg ha-1 of boron . PT was not affected by boron sources, with values of 5.77 and 6.97 t / ha-¹ for boric acid and borax, respectively, and maximum PT value of 10.56 tons / ha-¹ was obtained 6 kg ha-1 of boron. The PC was not influenced by the boron source, with values of 4.68 and 5.74 t / ha-¹ for boric acid and borax, respectively, and maximum value of PC 8.17 ton / ha-¹ was obtained 6 kg ha-1 of boron. The DC was not influenced by boron sources, with values of 11.54 and 14.64 cm for boric acid and borax, respectively, and a maximum of 15.29 cm was obtained with 6 kg ha-1 of boron.

Keyword: Brassica oleracea var. Botrytis, boric acid, hollow rod Borax

8

1.INTRODUÇÃO

A couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis), pertencente a família das Brassicas.

Sua parte comestível é composta de uma inflorescência imatura, podendo ter sua coloração

variando de branca, creme, verde, alaranjada e arroxeada (MAY et al., 2007; FILGUEIRA,

2008). É uma cultura que ainda vez ganhando espação em no território brasileiro, graças ao

melhoramento genético que está conseguindo trazer estes materiais para cultivo em regiões

quentes como Norte, Nordeste e Centro-oeste, porem ainda apresenta alguns efeitos

indesejáveis tais como: má qualidade na formação da inflorescência principalmente em

regiões com grande amplitude térmicas e maior suscetibilidade à deficiência de boro, o

melhoramento genético ainda não elucidou.

O cultivo da Couve-flor ainda está restrito a algumas regiões, como Sul e Sudeste,

com cerca de 94,5% da produção nacional, a região Centro-oeste entra com apenas 2,56%

da produção nacional, e destes apenas 1% é produzida na região norte do estado do Mato

Grosso. (IBGE, 2011).

As brássicas são caracterizadas como plantas exigentes em fertilidade e a

produtividade da cultura está intimamente ligada a adubação química, onde destacam-se os

macro nutrientes: nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, enxofre e magnésio e entre os

micronutrientes, o micronutriente B (boro)(May et al. 2007), tem trazido importantes

discussões a respeito do aspecto qualitativo e do rendimento da cultura. Em geral nos solos

brasileiros o boro é encontrado em baixas concentrações e para o cultivo de brássicas em

geral faz-se necessário a adubação com boro a fim de suprir a demanda da planta para que

se tenha um bom crescimento e desenvolvimento.

Uma recorrente questão vem sendo investiga, associação de um distúrbio fisiológico

caracterizados por áreas necróticas no interior da medula que compõem os floretes da

inflorescência conhecido como haste oca com relação as doses de boro. Segundo

Gupta (1983) esse distúrbio ocorre em função das elevadas doses de nitrogênio, porém

Batal et al. (1997) contradiz essa informação ,dizendo que o boro tem sim relação com haste

oca. A deficiência de boro ocasiona modificações em sua coloração à tornando-a mais

escura, reduzindo o tamanho da cabeça, e sendo pouco compactas, perdendo aspectos

comerciais do produto (FILGUEIRA, 1982).

O boro é um micro-nutriente escasso em solos do Cerrado, contudo existem fatores

que afetam sua disponibilidade no solo e dificulta sua absorção e distribuição do B na

planta, onde se incluem caracteristicas físico-químicas do solo, dose e método de

aplicação, e a interação do boro com outros nutrientes (GUPTA, 1993). Condições de alta

pluviosidade, podem afetar a a sua disponibilidade, pois este nutriente é passível de perda

por lixiviação, principalmente em solos com baixo teor de argila. Quando o solo se encontra

9

na faixa de pH entre 5,0 e 7,0 ocorre sua maior disponibilidade. Em condições de estresse

hidríco ocorre o aparecimento acelarado de sintomas de deficiência, que tendem a

desaparecer a níveis adequados de umidade no solo. Isso ocorre, pois a matéria orgânica é

importante fonte de B, quando associada a baixa umidade do solo, a sua decomposição

dessa diminui, reduzindo o fornecimento de boro para o solo. Da mesma forma, a taxa de

crescimento de raízes dimínui, levando a um menor índice de absorção de nutrientes

(LOPES, 1991).

Para YAMADA et al (2000). existem dois ponto de discussão sobre o boro, sendo :

(1) que seria estreita a faixa entre deficiência e toxicidade de boro na planta e (2) que o boro

aplicado no solo seria facilmente lixiviado

A adubação boratada tem grande influência na sua produtividade, principalmente em

couve-flor devido ao grande numero de primórdios florais, pois o boro participa de vários

processos, entre eles o alongamento e a divisão celular (SHELP, 1993).

A relação entre fonte e doses de boro a ser utilizada pela cultura ainda são

escassas, somente em regiões onde a cultura é estabelecida conseguiram a calibração

necessária para o seu cultivo, porém em regiões como a Centro-Oeste onde o tipo de solo

relacionada com condições climáticas faz-se necessária a calibração em função das doses e

também das fontes a serem utilizadas para performance a campo e também para padrão

comercial dos materiais.

Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar doses e fontes de boro no cultivo da

couve-flor cv. Sharon sua influência nos parâmetros quantitativos e qualitativos da cultura.

10

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Aspectos gerais do cultivo da Couve-flor

Dentre as principais hortaliças cultivadas no Brasil, a couve-flor (Brassica oleracea

var. botrytis), é uma variedade espécie B. oleracea, pertencente ao gênero Brassica, à

família Brassicaceae, à ordem Brassicales, classe Magnoliopsida, divisão Magnoliophyta e

reino Plantae. (VIDIGAL & PEREITA, 2007). Onde está entre as quinze mais importantes na

alimentação humana. Possui folhas alongadas, com limbo elíptico, raízes concentradas na

profundidade de 20 cm em função do sistema de cultivo. A parte comestível é composta por

uma inflorescência imatura inserida sobre um caule curto, podendo ter coloração branca,

creme, amarela, e mais recentemente roxa e verde. ( MAY et al. 2007) ). Onde esta família

botânica abrange o maior número de culturas oleráceas, ocorrendo no Brasil com sete

gêneros e cerca de cinquenta espécies (SOUZA;LORENZI,2005) como exemplo o agrião

d'água, brócolis , couve-chinesa, couve-comum, couve-de-bruxelas, couve-rábano,

mostarda, nabo, rabanete, rábano, repolho, rúcula.

Com cerca de 93% de água, é considerada boa fonte de potássio com 286 mg por

100g, fósforo (188 mg em 100 g) e vitaminas A (85 UI em 100 g), B (150 mcg em 100 g) e

C( 72 mg em 100 g), além de possuir poucas calorias (30 calorias em 100 g) e muita fibra, o

que atende aos anseios de uma parcela significativa da população preocupada com a

saúde. Apresenta propriedades mineralizante, fortificante, oxidante e, graças ao elevado

conteúdo de cálcio (123mg em 100 g), é importante na boa formação dos ossos (MAMBREU

et al., 2007).

A couve-flor é cultivada desde a antiguidade no Oriente médio, mas somente a partir

do século XII a cultura começou a se difundir por outras partes do mundo, chegando no

Brasil e sendo difundida nas regiões sul e sudeste, destacando-se nos estados de : São

Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas gerais, Paraná e Santa Catarina. ( MAY et

al. 2007)

Sendo uma cultura de grande importância para agricultura familiar , pois pode ser

cultivado em pequenas áreas tendo uma lucratividade significativa e devido a necessidade

de mão-de-obra braçal representada principalmente na fase de colheita .

No cenário mundial, a China encontra-se como o maior produtor mundial de couve-

flor, seguida da Índia, Espanha, Itália e França (FAO, 2009). O cultivo da couve-flor ainda

está restrito a algumas regiões, como Sul e Sudeste, com cerca de 94,5% da produção

nacional, a região Centro-oeste entra com apenas 2,56% da produção nacional, e destes

apenas 1% é produzida na região norte do estado do Mato Grosso. (IBGE, 2011).

Tendo sua origem definida em clima temperado, onde se definia como uma cultura

de outono-inverno, sendo necessário temperaturas amenas ou frias para formar suas

11

inflorescência com caráter comercial. Mas devido ao melhoramento genético foram obtidas

cultivares adaptadas ao clima tropical, possibilitando então o seu cultivo o ano todo. A

cultura tem seu maior potencial produtivo na faixa de 14 – 20 °C, temperaturas muito

inferiores podem causar injurias como o congelamento dos ramos, e temperaturas

superiores a 25°C podem causar sua má formação .(MAY et al., 2007). Em relação a

necessidade de água, Tavares (2000), cita que à aplicação de uma lâmina variando de 20 a

25 mm de água por semana é considerada ideal para a cultura.

A produção da couve-flor depende de uma série de fatores que vão limitar a

produção, tais como, tipo de solo, clima, cultivares, práticas de manejo cultural, incidência

de pragas e doenças. Estes fatores podem comprometer a produção agrícola, então se deve

analisar constantemente com está sendo o manejo desses itens, pois eles podem

comprometer a produtividade (ALCARDE et al., 1998),

O Híbrido Sharon utilizado possui como características alto nível de resistência à

podridão negra das crucíferas (Xanthomonas campestris pv. campestris) e boa resistência

ao transporte. Inflorescência de granulação média, coloração branca, e peso médio de 0,9 a

1,2 kg. Adaptado para o cultivo no fim da primavera/ verão. O ciclo é de 90 a 100 dias.

2.2. Estádios fenológicos da cultura

Segundo May et al.(2007) o cultivo pode ser dividido em quatro estádios de

desenvolvimento , sendo eles:

1º estádio: de 0-30 dias, onde compreende o crescimento inicial após a emergência

até a emissão de 5 a 7 folhas definitivas.

2º estádio: de 30-60 dias, fase onde ocorre a expansão das folhas.

3º estádio: de 60-90 dias, onde se inicia a formação dos primórdios florais e das

folhas externas.

4º estádio: de 90-120 dias, onde ocorre o processo de desenvolvimento da

inflorescência até o ponto de colheita.

O segundo e o terceiro estádio são de suma importância para garantir um produto

final de qualidade, pois são eles que definem como vai ocorrer o comportamento final da

inflorescência, e nesse momento é formado o corpo estrutural de folhas e flores.

2.3. Nutrição e adubação da cultura

A couve-flor é uma hortaliça exigente em questão de solo, onde se desenvolve bem

em solos argilo-arenosos, bem drenados, profundos e com teor de matéria orgânica entre

2,5 e 3,0%. Não apresentando bom desenvolvimento em solos ácidos, sendo pouco

tolerante à acidez e ao alumínio, exigindo pH entre 6,0 e 6,8. Tanto a calagem quanto à

12

adubação são fundamentais para sistemas que buscam altas produtividades.

Recomendando-se o processo de calagem anteriormente ao processo de aração do local de

cultivo. Em relação ao aspecto de fertilidade do solo recomenda-se elevar a saturação por

bases (V%) a 80%, e o teor de magnésio a um mínimo de 9 mmolc dm-3 (TRANI & RAIJ,

1997).

O sucesso de uma adubação depende de uma série de fatores, diretos e indiretos

ligados a prática de fertilização. Os fatores diretos são classificados como: qualidade dos

fertilizantes, solo, recomendação equilibrada qualitativa e quantitativa, época e local de

aplicação e a uniformidade de aplicação. Já os fatores indiretos são : umidade , solo,

preparo adequado do solo, espaçamento, combate às ervas daninhas, pragas e moléstias,

pois são fatores que podem dificultar a maximização no aproveitamento dos fertilizantes. (

ALCARDE, 1998).

No processo de fertilização, do cultivo se indica a associação de adubação orgânica

aliada a adubação química, onde os valores podem variar de acordo com a análise de solo

da área a ser cultivada. Com relação à adubação orgânica se indica 40 a 60 t ha-1 de esterco

bovino curtido, ou 10 a 20 t ha-1 de esterco de aves curtido. Já a adubação química procede

da seguinte maneira, sendo adicionados 3 a 4 kg ha-1 de B e 30 a 60 kg ha-1 de enxofre (S).

A recomendação de adubação de cobertura é de 150 a 200 kg ha-1 de N e 60 a 120 kg ha-1

de K2O, parcelando a aplicação em quatro vezes, aos 15, 30, 45 e 60 dias após o

transplantio. (TRANI et al.1997).

O potássio e o nitrogênio são os macro nutrientes que mais influenciam no processo

produtivo da cultura, embora o enxofre e o cálcio apresentam significativos resultados. No

caso de solos com deficiência de enxofre se recomenda a aplicação de 30 a 60 kg ha-1. O

nitrogênio é fundamental, pois ele agrega um rápido desenvolvimento vegetativo e um vigor

maior as plantas, e está diretamente ligado com o desenvolvimento da inflorescência, assim

como o fósforo e magnésio.(MAY et al.,2007)

2.4. O boro

2.4.1. Boro no solo

A deficiência de B e Zinco (Zn) está entre as mais frequentes nos solos

brasileiros. Alguns fatores influenciam a disponibilidade do B no solo, como as condições

climáticas, teor de matéria orgânica e o pH do solo (POTAFOS, 1996).

O boro se compreende como o principal micronutriente na cultura da couve-flor, pois

ele está relacionado a vários processos fisiológicos, bioquímicos e anatômicos

(GOLDBACK, 1997) da planta, que são afetados no caso de sua deficiência, ele participa no

transporte de açucares, síntese da parede celular, lignificação, estrutura da parede celular,

metabolismo de carboidratos, metabolismo de RNA, respiração, metabolismo de AIA,

13

metabolismo de fenólicos, metabolismo de ascorbato e integridade da membrana

plasmática. Entre todas essas funções, duas são bem definidas: síntese da parede celular e

integridade da membrana plasmática (ACKMAK E ROMHELD , 1998).

O transporte do boro é realizado via xilema, onde sua distribuição depende da perda

de água por transpiração, realizada com mais intensidade pelas folhas. Sendo assim, o

fluxo de boro é mais intenso para as folhas, entretanto as folhas não necessitam de alta

demanda do micronutriente, ao contrário das inflorescências que são altamente

dependentes. Por este motivo o boro em algumas espécies é considerado um elemento

imóvel, pois outros órgãos que transpiram menos não recebem o nutriente e sua mobilidade

é muito limitada no floema (SHELP et al., 1995).

A absorção do boro pelas plantas depende somente da sua concentração na solução

do solo. Está por sua vez depende das reações de adsorção do boro ao seus agentes

adsorvente existentes no solo, que são eles minerais de argila, óxidos de ferro e alumínio, a

matéria orgânica, hidróxido de magnésio e carbonato de cálcio. O teor de adsorção do boro

pode variar de acordo com a temperatura, umidade, pH, e teor de materiais adsorvente.

Com o aumento de pH sua taxa de adsorção aumenta, dificultando então sua

disponibilidade.(GOLDBERG,1993). Em pH 8 sua taxa de adsorção é máxima. (GOLDBERG

E GLAUBIG, 1985).

CATANI et al. (1971), trabalhando com amostras de solos do horizonte B de

Latossolo Vermelho Escuro e de Podzólico Vermelho Amarelo, observou que a adsorção de

boro aumentava com a concentração de boro da solução e com o aumento do pH.

CORREA et al. (1985), estudando a resposta de mudas de cafeeiro à aplicação de

boro em dois latossolos, um argiloso (75% argila) e outro arenoso (11% argila), chegaram a

conclusões muito interessantes do ponto de vista prático: (1) a capacidade de adsorção

depende da textura do solo, ou seja, quanto maior o teor de argila maior a adsorção; (2) a

absorção de B pelas raízes do cafeeiro se deu em função do teor de B em equilíbrio na

solução (ao redor de 0,6-0,8 ppm) e não do adsorvido pelo solo.

Yamada et al.(2000) analisando os trabalho de CORREA et al. (1985) CATANI et al.

(1971) conclui que : (1) As doses de boro aplicadas no solo não são suficientes ; (2) a

disponibilidade de boro é influenciada pelas taxas de adsorção com os coloides do solo; (3)

a taxa de adsorção do boro no solo se correlaciona com os teores de argila e o pH; (4) e

ainda são necessários estudos sobre a recomendação de adubação boratada.

Normalmente a absorção de boro ocorre na forma de ácido bórico (H3BO3) e

provavelmente como ânion borato (B(OH)), tanto por via foliar como via radicular, por meio

do fluxo de massa. Em decorrência dessa absorção passiva, podem ocorrer situações em

que quantidades tóxicas são absorvidas pela planta, quando o teor do nutriente na solução é

alto, mas sua toxidez não é tão grave quanto sua deficiência (DECHEN et al., 2007).

14

Bórax e ácido bórico são as duas principais fontes do micronutriente, onde o bórax

apresenta 11% de B, e o ácido bórico apresenta 17% de B, onde podem ser aplicados na

cova de plantio ou por meio da adubação foliar. Em solos arenosos se recomenda aplicar de

2 a 4 kg ha-1, já em solos argilosos recomenda-se 2 a 8 kg ha-1. May et. al. (2007) Na

aplicação deve se manter muito cuidado, já que as quantidades aplicadas são muito

pequenas, e deve se levar em consideração que o nível ótimo e o nível de toxidez são muito

próximos. Em caso de aplicação foliar deve-se parcelar em três vezes, uma na fase de

produção de mudas, e mais duas subsequentes uma aos 15 dias e a outra aos 30 dias após

o transplante das mudas, onde a dosagem recomendada para ácido bórico é 1g l-1, e para

bórax 2g l-1.Deve-se procurar a aplicação de ácido bórico devido sua maior solubilidade já

que o, bórax apresenta baixa solubilidade a temperatura ambiente. (MAY et al., 2007).

Na literatura a relatos que alguns fatores podem comprometer a disponibilidade de B

sendo elas altas pluviosidades e a ausência de umidade no solo. Quando se a excesso de

pluviosidades pode ocorrem o processo de lixiviação no nutriente, isso se agrava ainda mais

em solos arenosos. Já a baixa umidade reduz a absorção de B e reduz a taxa de

crescimento do sistema radicular, comprometendo a absorção dos nutrientes de maneira

geral. (LOPES, 1991). A transpiração é um dos principais fatores para a absorção de B

pois já é evidenciado que este elemento se assimila por fluxo de massa. Em regiões áridas

predominam solos com elevados teores de B, então se deve dosar o volume de irrigação a

níveis adequados para reduzir a absorção de B, para não ocorrer a absorção excessiva

podendo se elevar a níveis tóxicos para a planta. (Nable et al., 1997).

Entretanto estas duas teoria sobre a aplicação em excesso de B, primeiro onde

existe uma faixa de deficiência e toxidade muito pequena, e a segunda onde o B aplicado

em excesso seria facilmente lixiviado.(Yamada, 2000). Segundo Chapman et al. (1997)

evidencia que não há evidências que comprovem a ideia da faixa estreita entre deficiência e

toxidez de boro. Assim como o que de fato comprova a disponibilidade de boro na solução

do solo é a adsorção e não a lixiviação (CATANIET et al., 1971; RIBEIRO & BRAGA, 1974;

CORREA et al., 1985; GOLDBERG, 1997).

Power e Woods (1997) mostra que a absorção de potássio(k) está correlacionada

com os teores de B, na sua ausência quase não ocorre sua absorção, então muitos casos

de deficiência aparente de K podem estar relacionadas a escassez de boro. Isto se deve ao

fato que o K participa diretamente das células guardas responsáveis pelo fechamento e

abertura estomática o que controla toda a transpiração e como consequência a translocação

do boro. O B tem papel importante no transporte de K e fósforo (P) através das membranas,

então casos de deficiência de P e K podem ser reflexos da deficiência de B.

15

2.4.2 Boro na planta

O Boro desempenha uma importante função na produção da couve-flor, pois a

deficiência desse nutriente causa mudanças bioquímicas, fisiológicas e anatômicas nas

plantas. Incluindo alterações na produção de compostos metabólicos, atividades

enzimáticas, na estrutura das paredes celulares, e no funcionamento e integridade das

membranas (Goldback, 1997).

Devido a desordens nutricionais de B a planta também pode apresentar folhas

pequenas, mais grossas e quebradiças, folhas espessas, deformadas ou retorcidas, clorose,

fendilhamento das nervuras das folhas jovens, crescimento apical restrito, necrose apical,

encurtamento de entrenós, brotação lateral, tecidos descoloridos, bronzeamento dos botões

florais e maior suscetibilidade a doenças na inflorescência, sendo que geralmente os

sintomas iniciam-se nas folhas mais novas (FILHO, 2008).

Um dos principais distúrbios fisiológicos presentes nas couve-flor é o chamado

bronzeamento, sendo causado pela alta incidência de radiação solar sobre a inflorescência.

Uma maneira prática de se evitar esse distúrbio é utilizar as próprias folhar como proteção,

fazendo o amarrio ou a quebra de duas folhas sobre a inflorescência. Lembrando que uma

das características desejáveis são cabeças compactas com coloração branca. Porém em

regiões de clima úmido, essa prática favorece o aparecimento de apodrecimento, pois

devido a cobertura se forma uma câmara úmida que favorece o aparecimento de doenças

fúngicas e bacterianas. (MAY et al., 2007).

A haste oca se apresenta como uma anomalia interna no caule, se apresentando de

forma imperceptível externamente, onde a inflorescência pode se apresentar bronzeada ou

não. A haste oca é influenciada pelas altas temperaturas, humidade, nitrogênio e pelo B

(SHATTUCK e SHELP 1987 ; Batal et al., 1997). Embora a maioria dos trabalhos realizados

com esses nutrientes são contraditórios e escassos em condições tropicais.

De acordo com classificação da cultivar de couve-flor pelo do programa

HORTI&FRUTI Padrão (1999) são divididos em defeitos leves (imperfeições pequenas que

não afetam a qualidade e as características gerais das cultivares e defeitos graves sendo

aqueles que inviabilizam o consumo ou a comercialização do produto. Onde os defeitos

graves são causados por elevadas temperaturas: a) Pilosidade (“Riceness” = “grão de

arroz”): caracterizada pela abertura das flores da cabeça, dando uma aparência semelhante

a pelos; b) Mancha Vinho (presença de antocianina): manchas rosadas sobre a

inflorescência de couve-flor semelhante à cor de vinho; c) Folha (brácteas) na cabeça:

emergência de folhas na parte interna da inflorescência.

16

Figura 1 : Mancha vinho (A e B) e riceness (C) (grão de arroz) em couve-flor “Sharon”. Fonte Ribeiro, L.M. (2014)

17

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Localização e caracterização climática da área experimental

O experimento foi realizado na Chácara “Santa Luzia”, localizada na Estrada

Adalgisa no município de Sinop, situada nas seguintes coordenadas geográficas, 11º50’53”

de latitude sul e a 55º38’57” de longitude oeste, com altitude em relação ao nível do mar de

384 metros, ilustrada na figura 1.

Figura 2. Localização da área experimental

O clima predominante na região é o clima tropical com estação seca, sendo

classificado por Köppen-Geiger como Aw, épocas secas bem definidas, caracterizado pela

presença de duas estações: chuvosa (entre outubro a abril) e outra seca (de maio a

setembro), e pela pequena amplitude térmica anual, com médias mensais oscilando entre

24º C e 27º C, sendo os meses de setembro e outubro os mais quentes com temperaturas

máximas ao redor de 36º C (DIAS, 2007).

As informações sobre as temperaturas máximas, médias e mínimas e os valores de

pluviosidade do local seguem na figura abaixo:

18

1/3/2015 1/4/2015 1/5/2015 1/6/2015 1/7/2015

Tem

pera

tura

(ºC

)

0

10

20

30

40

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

0

20

40

60

80

Temperatura MediaTemperatura MaxinaTemperatura MininaPrecipitação

I II IV III

Figura 3. - Precipitação, temperatura máxima (T máx.), mínima (T mín.) e média (T méd.), dia a dia, durante o experimento,1 º Estádio (0-30dias ), 2º Estádio (30-60 dias), 3º Estádio (60-90 dias ), 4º Estádio (90-120 dias)

3.2. Instalação e condução do experimento

O estudo foi conduzido em solo caracterizado como Latossolo Vermelho-

Amarelo (LVA), típico argiloso (informações obtidas através de analise antiga da

propriedade). Inicialmente foram coletadas amostras de solo de forma homogênea e

distribuídas ao longo da área do experimento, com a finalidade de se determinar as

características químicas do solo, obtendo-se os resultados para as posteriores

recomendações de calagem e fertilização. As amostras foram coletas na profundidade de 0-

20 cm, onde ao análise química apresentou: pH em CaCl2 = 4,8; MO = 21,3 g dm-3; P = 2,7

mg dm-3; K= 34 mg.dm-3; Ca = 1,6 mmolc dm-3; Mg = 0,7 mmolc dm-3; B= 0,26 mg.dm-3 ;

H+Al= 3,5 mmolc dm-3; SB = 2,4 mmolc dm-3; V% = 40,6. Com base na analise de solo foi

realizada a correção conforme recomendação de Trani & Raij, (1997).

19

O revolvimento do solo foi realizado com o auxílio de uma enxada rotativa com

aplicação prévia de calcário dolomítico ( CaO 45 % e MgO 10%) na quantidade de 2,8 ton

há-¹ para fins de elevar a saturação de base a 70%.

Sementes de couve-flor “Sharon” foram semeadas no dia 22/02/2015 em bandejas

de poliestireno expandido de 128 células com substrato comercial VIVATTO®. As bandejas

foram acondicionadas em casa de vegetação com plástico de polietileno de 150µm anti-UV-

A e UV-B até os 33 dias quando atingiram de 5 a 6 folhas verdadeiras. As mudas foram

transplantadas no espaçamento de 0,9 x 0, 80 m. Cada parcela foi constituída por 9

plantas. Para fins de análise a parcela útil foi de 7.2 m² totalizando 216 plantas. A adubação

de plantio constitui da aplicação de 42g planta-1 do formulado 4-30-16 +Zn. Para a aplicação

da adubação de cobertura foram utilizados 160 kg ha-1 de N; 60 kg ha-1 de K2O, na forma de

uréia e cloreto de potássio parcelado em quatro épocas distintas, aos 15, 30, 45 e 60 dias

após o transplante. Para o efeito do estudo com fontes e doses de Boro foram utilizados

como fonte o ácido bórico e o bórax nas doses de 0; 2; 4 e 6kg ha-¹ e ambos aplicados

durante o transplante da cultura. A adubação de plantio e cobertura foi a mesma

recomendada por Trani & Raij (1997) com a aplicação de molibdênio foliar 0,1 g L-1 na fase

de mudas, e uma segunda aplicação aos 45 DAT. A aplicação de boro foi realizada 10 DAT,

dissolvendo as fontes em água e posteriormente feita a adubação no entorno das plantas.

Após o transplante das mudas as mesmas foram irrigadas diariamente com

aplicação de 5mm pelo sistema de gotejamento pressurizado.

O manejo de plantas daninhas foi realizado por meio de capinas manuais. O controle

fitossanitário de pragas e doenças foi realizado por meio de aplicação de inseticidas( Decis

25 EC, Malathion 500 CE, Sultox, Evidence 700 WG) e fungicidas (Cerconil, Supera) de

acordo com os produtos registrados pelo Ministério da Agricultura (AGROFIT, 2011).

A colheita foi realizada á medida que as cabeças atingiram o ponto ideal de

colheita, isto é, cabeças compactas com botões florais ainda unidos.

3.3. Delineamento experimental

O delineamento experimental utilizado foi em DBC em subparcelas divido nas fonte

e subdividido nas doses de B com 3 repetições, totalizando 24 parcelas . As fontes foram

ácido bórico e bórax na concentração de 17 e 11% de B. As doses foram constituídas por

0, 2, 4 e 6kg ha-¹de boro.

20

Figura 4. Croqui do delineamento experimetal

3.4. Características avaliadas

3.4.1. Massa fresca da inflorescência

A massa fresca foi mensurada aferindo-se o peso fresco da cabeça com o

auxilio de uma balança semi-analítica no momento da colheita. O resultado foi expresso em

kg de massa fresca.

3.4.2. Densidade específica da inflorescência

Massa fresca da inflorescência dividida pelo seu volume. Onde a massa foi

medida com o auxilio de uma balança semi-analitíca, e o volume mensurado com o auxilio

de um recipiente graduado em mililitros(ml). O resultado foi expresso em g cm³ .

3.4.3. Produtividade total

A produtividade total foi mensurada a partir da obtenção do peso fresco

multiplicando-se pela quantidade de plantas distribuídas por hectare. O resultado foi

expresso em ton há-1 .

�� � ��. º�� ��/������/1000

3.4.4. Produtividade comercial

A produtividade comercial foi mensurada pela subtração de inflorescências com

defeitos sobre a produtividade total.

3.4.5. Compacidade de cabeça

Foi mensurada pela divisão entre o diâmetro transversal (cm) e o diâmetro

longitudinal (cm) de acordo com caixeta et al. (2000). O resultado demonstra uma razão que

quanto mais próxima de 1 mais uniformes são as cabeças e compactas.

21

3.4.6. Distúrbios fisiológicos e nutricionais

Os distúrbios fisiológicos correlacionados a temperatura elevada foram observados

como indicativo de não adaptabilidade ao clima ocorrido neste período, sendo estes:

pilosidade, folha na cabeça e mancha vinho.

Já os distúrbios nutricionais relacionados ao micro nutriente B foram observados

como indicativo da deficiência do elemento, sendo observados e quantificados a presença

destes, sendo eles : haste oca, podridão parda, podridão da inflorescência, e a queima de

borda das folhas externas .

3.4.7. Ciclo médio

O ciclo médio foi estimado levando em consideração a data de transplanta das

mudas em relação a data de colheita das inflorescências.

3.4.8. Classificação por classe

A classificação por classe foi baseada de acordo com o programa Horti&fruti (1999).

Segue abaixo o descritivo quanto a classe conforme a tabela 1.

Tabela 1. Classificação por diâmetro de cabeças

Classe Maior diâmetro transversal, em mm

1 Menor que 100

2 Maior ou igual a 100 menor que 130

3 Maior ou igual a 130 menor que 150 4 Maior ou igual a 150 menor que 170 5 Maior ou igual a 170 menor que 190

6 Maior ou igual a 190 menor que 210

7 Maior ou igual a 210 menor que 230 8 Maior ou igual a 230

Fonte: Programa Horti & Fruti Padrão (1999)

3.4.9. Classificação por categoria ou tipo

Após a classificação por classe, a qualidade da couve-flor é mensurada pela

ocorrência de defeitos graves e leves, associados à tonalidade da coloração tais

características compõe a classificação por categoria.

22

Tabela 2. Classificação por Categoria ou tipo proposto pelo HortiBrasil – Programa Horti & Futri Padrão (1999).

Categoria Extra I II III

Defeitos Graves Limite de Tolerância de Defeitos (%)

Podridão 0 1 2 5

Dano Profundo 0 1 5 20

Impurezas 0 2 10 50

Passada 0 0 5 20

Outros Graves 0 1 10 50

Total Graves 0 2 10 50

Total Leves 2 10 20 100

Total Geral 2 10 20 100

3.4.10. Análise estatística

Todos os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (teste F) e as

médias comparadas pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade para as variáveis

quantitativas e quando significativo os dados foram submetidos a análise de regressão. Para

as variedades qualitativas foram utilizados o teste do χ² (Qui-quadrado) com

p<(0,05),utilizando-se o programa estatístico Sisvar® (Ferreira,2011).

Para a correlação de Pearson, foi utilizada coeficiente a com p<(0,05), utilizando-se o

programa estatístico SPSS, adotando-se como parâmetro a tabela abaixo.

Tabela 3. Interpretação da correlação de Pearson. Valor de r2 Interpretação 0,00 a 0,19 Uma correlação bem fraca 0,20 a 0,39 Uma correlação fraca 0,40 a 0,69 Uma correlação moderada 0,70 a 0,89 Uma correlação forte 0,90 a 1,00 Uma correlação muito forte

23

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Não houve diferença significativa para fonte entre as variáveis analisadas porém

houve diferença significativa para dose (MFI, PT, PC e DC) e a interação entre Fonte x dose

(MFI e PC) (Tabela 4).

Tabela 4 Resumo da análise de variância e médias para as variáveis quantitativas e qualitativas (Fcal); MFI (Massa fresca da inflorescência); PT (Produtividade total); PC (Produtividade Comercial); DC (Diâmetro da cabeça); DFI (Deformação da Inflorescência); DEI (Densidade específica da Inflorescência) e CM (Ciclo médio).

Tratamentos MFI PT PC DC DIF DEI CM

Kg t.ha-1 t.ha-1 cm % g.cm-3 Dias

Acido Bórico 0,412a 5,77a 4,68a 11,54a 0,88a 0,92a 119,89a

Bórax 0,498a 6,97a 5,74a 14,64a 0,88a 0,93a 122,53a

0 kg ha-1 B 0,186 * 2,61* 1,89* 10,18* 0,86 NS 0,95NS 121,11NS

2 kg ha-1 B 0,341 4,77 3,96 11,83 0,89 0,91 121,99

4 kg ha-1 B 0,538 7,53 6,82 15,27 0,87 0,88 121,55

6 kg ha-1 B 0,755 10,56 8,17 15,29 0,89 0,94 120,19

F x D 0,036* 0,056 NS 0,014* 0,714NS 0,712 NS 0,342 NS 0,401 NS

Bloco 0,914 NS 0,938 NS 0,881 NS 0,828NS 0604 NS 0,294 NS 0,805 NS

CV1(%) 6,16 12,13 12,13 12,45 13,4 4,6 5,0

CV2(%) 3,93 8,1 8,1 8,7 9,12 6,14 2,75 NS: Não significativo pelo teste de regressão (p<0,05); ** Significativo pelo teste de regressão (p<0,05); Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo Teste de Scott knott, a 5% de probabilidade.

A MFI não foi influenciada pelas fontes de boro com valores de 0,412 e 0,498kg

planta-¹ para o ácido bórico e bórax respectivamente (Tabela 4). Torres et al. (2014)

estudando a adaptação da cultivar sharon para as condições de latossolo vermelho amarelo

e utilizando como fonte de boro o ácido bórico em Uberaba (MG) obtiveram para a massa

fresca o valor de 0,335kg planta-¹. Outros autores como Gonçalves et al. (2013) em

Umuarama (PR) também com o uso do ácido bórico verificaram valores de 0,417kg planta-¹.

Morais Junior et al. (2012) em Ipameri-GO encontraram valores médios de 1,54kg planta-¹.

Porém, Monteiro et al. (2010) em Jaboticabal (SP) encontraram valores de 1,06kg planta-¹

utilizando-se como fonte o bórax. Todavia, a discrepância nos valores são influências

diretamente de fatores bióticos e abióticos visto que cada região de cultivo apresenta

condições climáticas e edáficas que influenciam o comportamento fisiológico e a expressão

24

do potencial genético da espécie. Apesar de não ter havido diferença entre as fontes

utilizadas, os resultados mostram uma prevalência de incremento na massa fresca quando

se utiliza como fonte o Bórax. Em relação a dose de boro para a MFI na figura 5-A observa-

se uma regressão linear (Y= 0,16+0,09x R²= 0,99) com a máxima dose de 6kg há-¹

mostrando que independente da fonte a ser utilizada existe uma proporcionalidade direta da

massa fresca em função da adição de boro ao solo. Pizetta et al. (2005) trabalhando com

doses de boro também verificaram para a cultivar Júlia o mesmo comportamento com

máxima de 6kg há-¹ mostrando que o Boro é um fator responsivo quanto a produtividade

para a couve-flor. Apesar de ter um efeito linear para dose houve interação entre fonte e as

doses de boro estudadas mostrada na figura 6. Pode-se observar que na figura 6 à dose de

4kg há-¹ foi a dose onde houve a diferença entres fonte de boro e a dose analisadas. Em

relação as fontes o bórax foi o que resultou em maior incremento de MFI com valores

próximos a 0,7kg planta-¹ e o ácido bórico de 0,3kg planta-¹. Para ambos não houve um

ajuste de regressão significativo que expresse o comportamento observado. Já nas doses

de 0, 2 e 6 kg há-¹ ambos não apresentaram diferenças na MFI.

(A)

Doses

0 2 4 6

(kg

pla

nta-1

)

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

Y = 0,16 + 0,09x; R2 = 0,99MFI

(B)

Doses

0 2 4

( t

h-1)

0

2

4

6

8

10

12

PT Y = 2,37 + 1,33x; R2 = 0,99

25

Figura 5. Doses de Boro em função da massa fresca da Inflorescência (MFI)(A), produtividade total (PT)(B) e Diâmetro da cabeça (DC)(C).

Doses (kg.ha-1)

0 2 4 6

MF (kg

.pla

nta-1

)

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

Ac. boricoBorax

Figura 6. Desdobramento da interação entre fonte e doses de Boro para a massa fresca da inflorescência (MFI).

Em relação a PT, as fontes de boro não influenciaram significativamente este

parâmetro avaliado com valores de 5,77 e 6,97 ton ha-¹ para ácido bórico e bórax

respectivamente (tabela 4). Morais Junior et al. (2012) e Torres et al. (2014) obtiveram

produtividade total de 30,64 e 6,70 ton há-¹ utilizando-se como fonte o ácido bórico. Outros

26

autores como Monteiro et al. (2010) trabalhando com a mesma cultivar porém como fonte o

bórax encontraram valores de 21,25 ton há-¹. Em relação a dose de boro, houve um ajuste

de regressão linear demonstrado pela equação (Y= 2,37+1,33X; R²= 0,99) (Figura 5-B). Isso

demonstra que a máxima produtividade total é alcançada com a dose de 6kg há-¹.

Aplicando-se a correlação de Pearson observa-se uma fraca correlação negativa com a

dose (tabela 6).

Um dos parâmetros que devem ser levados em consideração na cultura da couve-

flor é o diâmetro de cabeça (DC), pois este participa diretamente da classificação comercial

o que agrega valor comercial do produto.

Em relação ao DC, as fontes de boro não influenciaram esse parâmetro (Tabela 4).

Os valores foram de 11,54 e 14,64 para o ácido bórico e bórax respectivamente. Monteiro et

al. (2010) verificaram para a cultivar Sharon DC médio de 26,37cm utilizando como fonte o

bórax. Já Morais Junior et al. (2012) e Torres et al. (2014) utilizando como fonte o ácido

bórico verificaram o DC médio de 21,91 e 12,62 respectivamente. Independentemente da

fonte o DC foi influenciado pelas doses de boro. Observando a figura 5-C observa-se um

efeito linear no incremento do DC em função do incremento na dose de boro expresso pela

equação (y= 9,12+0,87x R²=0,96).

Em couve-flor, um dos parâmetros buscado na qualidade comercial de sua

inflorescência é sua compacidade, ou seja, onde observa-se os floretes ainda unidos e

perfazendo uma uniformidade de cabeça que é expressa pela deformação da inflorescência

(DIF). A DIF é a razão entre o diâmetro transversal com o longitudinal onde o resultado

expresso deve ser próximo a 1 o que mostra que a compacidade da cabeça é praticamente

perfeita onde assume-se um circulo perfeito. Segundo Caixeta et al. (2000) valores acima de

0,88 são aceitáveis para todos os cultivares.

Em nosso estudo as fontes, doses e a interação entre ambos não

influenciaram nesse parâmetro (tabela 3). Para as fontes os valores foram de 0,88 % e para

as doses variou de 0,86 a 0,89%. Analisando a correlação de Pearson, houve para a fonte

de ácido bórico uma correlação negativa fraca (-0,033) e para o bórax uma correlação fraca

(0,031) (Tabela 6).

Outro parâmetro mensurado foi a densidade específica da inflorescência

(DEI). A DEI é uma relação entre a massa e o volume. Essa medida como a DIF auxiliam o

produtor na tomada de decisão durante a colheita das mesmas. Em nosso estudo as fontes,

doses de boro e a interação não foram significativas. Em relação as doses, o ácido bórico e

o bórax apresentaram valores de 0,932 e 0,93 g cm³-¹ respectivamente. Já para as doses

variou de 0,88 a 0,95. Para a DEI valores mais próximos a 1 mostra que as inflorescências

são compactas e firmes. Aplicando-se a correlação de Pearson para os dois fatores

observa-se uma fraca correlação entre a DIF e DI para o ácido bórico (0,042) e para o bórax

27

(-0,054), porém não significativa para ambos (tabela 6). Esperava que houvesse uma forte

correlação entre estes fatores mostrando que a dose e o cultivar respondem diferentemente

durante seu crescimento e desenvolvimento.

Para a classificação das cabeças de couve-flor, foram levado em consideração

diâmetro transversal da cabeça, deformação da cabeça ((divisão entre o maior diâmetro (X)

pela medida de menor diâmetro (Y)), categoria (danos graves e leves) e tonalidade

(coloração, branca, creme ou amarela) da cabeça, seguindo recomendações do Programa

Horti&Fruti Padrão (1999) (Tabela 2).

Tabela 5. Classificação cultivares de acordo com HORTIBRASIL - Programa Horti & Futri Padrão (1999).Sinop, UFMT, 2015.

Fonte

Classificação das cabeças

Classe* Categoria Tonalidade

Acido Bórico

0 2 III 0

2 1 III 0

4 1 III 0

6 2 III 0

Bórax

0 2 III 0

2 3 III 0

4 3 III 0

6 5 III 0

Classe= 8= diâmetro de cabeça maior que 230mm, 7= diâmetro de cabeça maior 210 e menor que 230mm, 6= diâmetro de cabeça maior 190menor que 210 mm, 5= diâmetro da cabeça maior 170 e menor 190mm, 4=diâmetro de cabeça maior 150 e menor que 170 mm, 3=diâmetro da cabeça maior 130 e menor que 150mm, 2=diâmetro da cabeça maior que100 e menor que 130 mm; 1=diâmetro da cabeça menor que 100mm; extra= isentas de defeitos ou dentro da porcentagem aceitável. Tonalidade: 0= coloração creme de cabeça; 100= coloração branca de cabeça. Os percentuais de cada categoria em relação aos níveis de danos são ilustrados na tabela 1.

A tabela 5 mostra a classificação das inflorescências em função da fonte e doses de

boro. Quanto maior o valor do número maior é o material obtido no campo. Observando

entre as fontes, onde utilizou o ácido bórico, as doses de 0 e 2kg há-¹ foram onde obteve-se

a maior classificação comercial com enquadramento na classe 2. Nas demais doses, a

classificação ficou como classe 1. Já para o bórax a dose de 6kg há-¹ alcançou a classe

comercial 5 seguido das doses de 2 e 4kg há-¹ para a classe 3 e a dose de 0kg há-¹ com a

classe comercial 2. Observando a figura 6, pode-se notar que em função da fonte utilizada

a maior porcentagem de inflorescências colhidas estão na classe 3 e 4 com destaque para a

fonte bórax com valores de 16,7% e 20 % respectivamente. Monteiro et al. 2010, avaliando

28

o desempenho de híbridos de couve-flor de verão, verificou que as inflorescências

pertenciam a classe 8, demonstrando resultados superiores ao estudado.

Tabela 6. Tabela de correlação de Pearson (R) para as variáveis.

FONTE CM MF DX DY DIF DI PT Doses

AC.BÓRICO

CM 1 -0,493** -0,511** -0,492** -0,053 -0,104 -0,024 0,151

MF -0,493** 1 0,931** 0,926** 0,214 0,014 -0,056 -0,153

DX -0,511** 0,931** 1 0,956** 0,132 -0,052 -0,004 -0,201

DY -0,492** 0,926** 0,956** 1 0,400** -0,040 -0,023 -0,215

DIF -0,053 0,214 0,132 0,400** 1 0,042 -0,029 -0,033

DI -0,104 0,014 -0,052 -0,040 0,042 1 0,002 -0,074

PT -0,024 -0,056 -0,004 -0,023 -0,029 0,002 1 -0,049

DOSES 0,151 -0,153 -0,201 -0,215 -0,033 -0,074 -0,049 1

BÓRAX

CM 1 -0,498** -0,316* -0,528** 0,073 0,137 -0,123 0,071

MF -0,498** 1 0,265* 0,953** 0,205 -0,451** 0,323* 0,424**

DX -0,316* 0,265* 1 0,267* -0,529** -0,096 0,381** 0,302*

DY -0,528** 0,953** 0,267* 1 0,259* -0,367** 0,290* 0,422**

DIF 0,073 0,205 -0,529** 0,259* 1 -0,054 -0,040 0,031

DI 0,137 -0,451** -0,096 -0,367** -0,054 1 0,008 -0,073

PT -0,123 0,323* 0,381** 0,290* -0,040 0,008 1 0,361**

DOSES 0,071 0,424** 0,302* 0,422** 0,031 -0,073 0,361** 1

*p˂0,05; **p˂0,01

Podemos observar que plantas que receberam ácido bórico como fonte de

adubação boratada apresentaram-se com diâmetros de inflorescência menor que as plantas

que receberam bórax. Os dados vêm a demonstrar a preferência do uso do bórax como

fonte de boro para a cultura da couve-flor. Zanuzo et al. (2013) trabalhando com o

desempenho agronômico de cultivares de couve-flor verificaram valores de classificação

comercial para os materiais (Verona 184; Veneza; Verona 284; First Snow; Saara; Luna F1;

Piracicaba Precoce e Quatro Estações) com os respectivos enquadramentos : Verona 184,

Verona 284, Veneza, Luna F1, First Snow e Saara pertencentes à categoria Extra. Já as

cultivares Piracicaba e Quatro Estações apresentaram classificação inferior na categoria III.

Em relação a categoria temos que independente da fonte e doses utilizadas o híbrido

sharon foi enquadrado na categoria III, se apresentando com os níveis máximos de defeitos

graves aceitáveis devido a presença de mancha vinho, pilosidade, haste oca e folha na

cabeça, em estudo Monteiro et al. 2010 apresenta resultados satisfatórios, onde o hibrido

sharon não apresenta defeitos, e pertence então a classe extra e com tonalidade branca.

Para a tonalidade, tanto para dose como fonte utilizada a tonalidade ficou como creme, ou

29

seja, 0, que pode ser influenciada por altos índices de irradiação solar, causando o

bronzeamento.(MAY et al., 2007).

Figura 7. - Classificação cultivares de acordo com HORTIBRASIL - Programa Horti & Futri Padrão (1999).Sinop, UFMT, 2015

Na figura abaixo (figura 8) são apresentados os dados qualitativos da couve-flor em função das doses e fontes de boro.

(A)

Doses (kg.ha-1)0 2 4 6

(%)

0

20

40

60

80

100

120

NãoSIM

79,30%

20,70%

5,70% 3,10% 12,90%

87,10% 96,90% 94,30%

Teste X2 = 0,110

(B)

Doses (kg.ha-1)0 2 4 6

(%)

0

20

40

60

80

100

120

Teste X2 = 0,397

51,70%

48,30%

28,60% 34,40% 32,30%

67,70% 65,60% 71,40%

NãoSIM

1 2 34

56

78

63,1%

12,3% 12,3%

4,6%4,6%

1,5%1,5%

0,0%

35,0%

8,3%16,7% 20,0%

3,3% 8,3%5,0%

3,3%

Classe

AC.BORICO BORAX

30

(C)

Doses (kg.ha-1)0 2 4 6

(%)

0

20

40

60

80

100

120

Teste X2 = 0,023NãoSIM

3,40%

96,60%

100,00%

90,60% 80,60%

19,40%

9,40%

(D)

Doses (kg.ha-1)

0 2 4 6

(%)

0

20

40

60

80

100

120

Teste X2 = 0,227NãoSIM

55,20%

48,20%

25,70% 21,90% 30,70%

67,70% 71,10% 74,30%

(E)

Doses (kg.ha-1)0 2 4 6

(%)

0

20

40

60

80

100

120

Teste X2 = 0,300NãoSIM

72,40%

27,60% 17,10%

9,40% 22,60%

77,40% 90,60% 82,90%

(F)

Doses (kg.ha-1)0 2 4 6

(%)

0

20

40

60

80

100

120

Teste X2 = 0,292

48,30%

51,70%

31,40% 46,90% 48,40%

51,60% 53,10% 68,60%

NãoSIM

Figura 8. Variáveis qualitativas em função das doses de boro. (A) Grão de arroz na inflorescência; (B) Defeitos de ordem climático (C) Incidência de Haste oco - IHC; (D) Browing; (E) Podridão e (F) Folha necrosada .

Analisando a figura 8, observamos que para grão de arroz na inflorescência, defeitos

de ordem climática; bronwing, podridão e folha necrosada as doses de boro não apresentam

diferenças significativas. Já para incidência de haste oca (figura 8-C) houve efeito

significativo da dose em função da presença de haste oca. A maior incidência foi verificada

na dose de 2kg ha-¹ (100%) e a menor incidência na dose de 6kg ha-¹ 80,60 %). Outros

autores como Mello et al. 2009 trabalhando com doses de boro de 3kg ha-¹ e seu

parcelamento na cultivar Sharon observaram uma redução na IHO de 88% em relação ao

tratamento controle. Nesse estudo, os dados mostram que a IHO não está somente

relacionada a adubação de boro e que outros fatores, possivelmente condições climáticas

tem efeito aditivo sobre esses resultados.

Em relação a fonte de boro utilizada, a fonte bórax foi a que apresentou reduzida

quantidade de haste oca em relação a fonte ácido bórico, com valor de 83,90% como mostra

a figura 9.

31

(C)

AC.BORICO BORAX

(%)

0

20

40

60

80

100

Teste X2 = 0,001NÃOSIM

100,00%

16,10%

83,90%

Figura 9. Porcentagem de incidência de haste oca IHO em função da fonte de boro.

32

5. CONCLUSÃO

A fonte de boro não interfere nas variáveis quantitativas.

A dose de boro interfere diretamente na MFI, PT, PC e DC da couve-flor.

A fonte de boro mostrou-se ser promissora para a redução de haste oca, porém ainda

apresenta alto indicie de haste oca, provavelmente devido a condições climáticas.

33

6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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