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AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DE PRÁTICAS NÃO CONVENCIONAIS ATENDIDOS NO HOSPITAL DE MEDICINA ALTERNATIVA, GOIÂNIA/GO. Júlia Martins Ulhôa RESUMO O objetivo do presente trabalho foi avaliar o nível de satisfação de pacientes que utilizam as Práticas Não convencionais oferecidas pelo Hospital de Medicina Alternativa com o intuito de demonstrar a eficácia das mesmas. O Hospital fica em Goiânia, Goiás e atende a pacientes do Sistema Único de Saúde utilizando Práticas Não convencionais. As atividades desenvolvidas nesse hospital ultrapassam as barreiras do Estado de Goiás sendo uma referência nacional. O levantamento do perfil e nível de satisfação dos pacientes foi realizado através da aplicação de questionário. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, de campo, com abordagem quantitativa e qualitativa. Foram entrevistados 136 pacientes. Os resultados apresentaram que 55,1% dos pacientes entrevistados cursaram o ensino médio completo e dentre esses, 15,4% possuem o ensino superior completo; 25,7% possuem renda de até um salário mínimo (R$380,00) e 20,6% ganham acima de quatro salários mínimos (R$1500,00); 96,3% são não fumantes, 82,4% não bebem e 52,2% praticam atividade física. A homeopatia foi a prática mais utilizada (41,1%); constatou-se que 31% dos pacientes entrevistados procuram pelo atendimento por estarem buscando alternativas depois de um tratamento convencional sem resultado satisfatório. Dos entrevistados, 93,4% relataram se sentir melhor após o início do tratamento no Hospital, refletindo um nível de satisfação de 95,6% quanto à eficácia do tratamento e mais de 96% quanto ao atendimento médico, dados que provam a eficácia das Práticas da Medicina não convencional. Assim, temos um exemplo real que comprova as expectativas teóricas da possibilidade de um tratamento mais humano e eficaz. PALAVRAS-CHAVE: Medicina Não Convencional, Eficácia, Terapias Integrativas e Complementares. EVALUATION OF THE SATISFACTION’S LEVEL OF THE USERS OF NON CONVENTIONAL PRACTICES IN THE ALTERNATIVE MEDICINE HOSPITAL, GOIÂNIA/GO. ABSTRACT The aim of this work was to evaluate the level of satisfaction of pacients who use the Non Conventional Practices offered by the Alternative Medicine Hospital with the objective to show their effectiveness. The Hospital is located in Goiânia, Goiás and serves the Unique System of Health‟s patients using Non Conventional Practices. The activities developed in this Hospital exceed the barriers of the Estate of Goiás being a national reference. The survey of the patients‟ profile and satisfaction level was realized through a questionnaire applying. This work is about a transversal, describing, field study with quantity and qualifying approach. 136 patients were interviewed. The results presented that 55,1% of patients interviewed did the full High School degree and among these, 15,4% have the full College degree; 25,7% has an income of until a minimum salary (R$380,00) and 20,6% earn more than 4 minimum salaries (R$1500,00); 96,3% are nonsmokers, 82,4% don‟t drink and 52,5% practice physical activities. The homeopathy was the most used practice (41,1%); it was established that 31% of interviewed patients look for the service due to looking for alternatives after conventional treatments without satisfactory results. 93,4%of

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AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DE PRÁTICAS NÃO CONVENCIONAIS ATENDIDOS NO HOSPITAL DE MEDICINA ALTERNATIVA,

GOIÂNIA/GO.

Júlia Martins Ulhôa

RESUMO

O objetivo do presente trabalho foi avaliar o nível de satisfação de pacientes que utilizam as Práticas Não convencionais oferecidas pelo Hospital de Medicina Alternativa com o intuito de demonstrar a eficácia das mesmas. O Hospital fica em Goiânia, Goiás e atende a pacientes do Sistema Único de Saúde utilizando Práticas Não convencionais. As atividades desenvolvidas nesse hospital ultrapassam as barreiras do Estado de Goiás sendo uma referência nacional. O levantamento do perfil e nível de satisfação dos pacientes foi realizado através da aplicação de questionário. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, de campo, com abordagem quantitativa e qualitativa. Foram entrevistados 136 pacientes. Os resultados apresentaram que 55,1% dos pacientes entrevistados cursaram o ensino médio completo e dentre esses, 15,4% possuem o ensino superior completo; 25,7% possuem renda de até um salário mínimo (R$380,00) e 20,6% ganham acima de quatro salários mínimos (R$1500,00); 96,3% são não fumantes, 82,4% não bebem e 52,2% praticam atividade física. A homeopatia foi a prática mais utilizada (41,1%); constatou-se que 31% dos pacientes entrevistados procuram pelo atendimento por estarem buscando alternativas depois de um tratamento convencional sem resultado satisfatório. Dos entrevistados, 93,4% relataram se sentir melhor após o início do tratamento no Hospital, refletindo um nível de satisfação de 95,6% quanto à eficácia do tratamento e mais de 96% quanto ao atendimento médico, dados que provam a eficácia das Práticas da Medicina não convencional. Assim, temos um exemplo real que comprova as expectativas teóricas da possibilidade de um tratamento mais humano e eficaz.

PALAVRAS-CHAVE: Medicina Não Convencional, Eficácia, Terapias Integrativas e

Complementares.

EVALUATION OF THE SATISFACTION’S LEVEL OF THE USERS OF NON CONVENTIONAL PRACTICES IN THE ALTERNATIVE MEDICINE HOSPITAL,

GOIÂNIA/GO.

ABSTRACT

The aim of this work was to evaluate the level of satisfaction of pacients who use the Non Conventional Practices offered by the Alternative Medicine Hospital with the objective to show their effectiveness. The Hospital is located in Goiânia, Goiás and serves the Unique System of Health‟s patients using Non Conventional Practices. The activities developed in this Hospital exceed the barriers of the Estate of Goiás being a national reference. The survey of the patients‟ profile and satisfaction level was realized through a questionnaire applying. This work is about a transversal, describing, field study with quantity and qualifying approach. 136 patients were interviewed. The results presented that 55,1% of patients interviewed did the full High School degree and among these, 15,4% have the full College degree; 25,7% has an income of until a minimum salary (R$380,00) and 20,6% earn more than 4 minimum salaries (R$1500,00); 96,3% are nonsmokers, 82,4% don‟t drink and 52,5% practice physical activities. The homeopathy was the most used practice (41,1%); it was established that 31% of interviewed patients look for the service due to looking for alternatives after conventional treatments without satisfactory results. 93,4%of

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the interviewed people related that felt better after the beginning of the treatment in the Hospital reflexiting a level of satisfaction of 95,6% according to the effectiviness of the treatment and more 96% in relation to medical service, data that prove the effectiveness of the practices of Non Conventional Medicine. Therefore, we have a real example that proves the theoretical expectations of the possibility of a more human and effective treatment. Key words: Non Conventional Medicine, Effectiveness, Complementary and Integrative Therapies.

1 INTRODUÇÃO

A medicina homeopática, a medicina chinesa e a ayurvédica são

medicinas que constituem modelos médicos próprios, tanto em relação ao seu corpo

teórico como à sua metodologia prática o que lhes permite abordar o homem na sua

totalidade. Há também as práticas médicas como, por exemplo, a fitoterapia, as

abordagens psicoterapêuticas e as terapias de manipulação, que apesar de não

constituírem uma medicina completa mostram-se eficazes na cura de determinadas

patologias (BELLAVITE, 2002).

Esses sistemas terapêuticos diferentes do vigente ou reconhecido como

“oficial” (o que é um erro, pois esse termo se refere a uma “medicina de Estado”), são

considerados como medicinas e práticas alternativas, dentre outros fatores, por serem

frequentemente praticadas em substituição ou em oposição à medicina convencional; por

serem procuradas quando os tratamentos convencionais falham; por serem geralmente

originadas de culturas diferentes da racionalidade científica ocidental; não fazerem parte

das principais instituições (universidades, serviços sanitários nacionais conselhos

nacionais de pesquisa) (BELLAVITE, 2002).

As práticas não convencionais são alvo de preconceito científico e sem

uma análise mais profunda, acabam não podendo fornecer toda a gama de recursos

sanitários que seu potencial permite (BELLAVITE, 2002). Porém, há sinais de uma

aceitação progressiva por parte das instituições oficiais e da comunidade científica.

Diversos trabalhos sobre medicinas não convencionais vêm sendo publicados em

revistas científicas internacionais, além de novas revistas que se interessam por esse

campo e banco de dados internacionais (BARNES et al., 1999, apud BELLAVITE, 2002) .

O enfoque holístico à saúde faz com que as práticas médicas não

convencionais sejam atrativas para muitos, dentre suas características positivas incluem-

se: diversidade e flexibilidade, acessibilidade em muitas partes do mundo, ampla

aceitação em muitas populações de países em desenvolvimento, aumento da

popularidade em países desenvolvidos, um custo comparativo relativamente baixo e uma

crescente importância econômica. Porém apresenta também desafios para seu

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desenvolvimento que devem ser superados: diferentes graus de reconhecimento pelos

governos, falta de evidência científica em relação à eficácia de muitas de suas terapias,

dificuldades de proteção dos conhecimentos indígenas de Medicina Tradicional e o

problema de assegurar seu uso correto devido as práticas serem desenvolvidas dentro

de distintos contextos culturais, em diferentes regiões e o praticante poder ter uma

história cultural e filosófica que difere radicalmente da originária da terapia, o que pode

provocar problemas de interpretação e, consequentemente, de aplicação (OMS, 2002).

Por isso faz-se necessário regulamentar tais práticas, a fim de uniformizá-

las e oficializá-las, para que se tornem cada vez mais acessíveis, seguras e eficazes.

Desde o final da década de 70, com a criação do Programa de Medicina

Tradicional que objetivava a formulação de políticas na área, a Organização Mundial de

Saúde (OMS) vêm incentivando a formulação e implementação de políticas públicas para

o uso adequado das PNC nos sistemas de saúde dos seus Estados Membros e estudos

científicos para melhor conhecimento da eficácia e segurança dessas práticas,

otimizando seu papel na redução dos índices de mortalidade e morbidade. Na Estratégia

sobre Medicina Tradicional 2002-2005, a OMS define seu papel em relação às PNC e

desenvolve estratégias ideais para tratar os temas associados à política, segurança,

eficácia, qualidade, acesso e uso racional das PNC (OMS, 2002).

No Brasil, o desenvolvimento da Política Nacional de Práticas Integrativas

e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS), envolve justificativas de

natureza política, técnica, econômica, social e cultural, atendendo às necessidades de se

aprimorar as PNC já desenvolvidas na rede pública de muitos Estados e municípios,

principalmente a Acupuntura, a Homeopatia, a Fitoterapia, a Medicina Antroposófica e a

Crenoterapia, além de implementá-las nos serviços públicos de saúde que ainda não

oferecem tais práticas, disponibilizando opções de prevenção e tratamento aos usuários

do SUS e, consequentemente, aumentando o acesso e a melhoria de seus serviços. A

PNPIC já é resultado do incentivo da OMS em favor do uso das PNC nos sistemas de

saúde juntamente com a medicina convencional (BRASIL, 2006).

Um movimento de legitimação das PNC de medicina no SUS e sua oferta

à população na rede básica é uma estratégia promissora de enriquecimento e ampliação

do coeficiente de integralidade nas práticas do SUS (TESSER E LUZ, 2000), ampliando

as opções de tratamento, democratizando a medicina e possibilitando que as pessoas

sejam mais bem cuidadas.

Em Goiânia, Goiás, o Hospital de Medicina Alternativa (HMA) possui

médicos especialistas em homeopatia, acupuntura e fitoterapia Ayurvédica, que atendem

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através do Sistema Único de Saúde (SUS) a população de Goiânia e região

metropolitana.

O HMA trabalha há 20 anos (desde 1988) com a saúde integral dos

pacientes, oferecendo atendimento holístico, com prevenção da saúde e palestras

educativas. A unidade de saúde é uma referência no estado de Goiás e no Brasil, pois

promove maior qualidade de vida à população com o tratamento das pessoas enfermas,

contribuindo para a recuperação da saúde através das PNC oferecidas.

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o nível de

satisfação de pacientes que utilizam as práticas não convencionais oferecidas pelo HMA,

com o intuito de demonstrar a eficácia das mesmas.

2 METODOLOGIA

O levantamento do perfil e nível de satisfação dos pacientes que fazem

uso das PNC oferecidas pelo HMA em Goiânia – GO, foi realizado através da aplicação

de questionário aos pacientes no próprio Hospital, enquanto aguardavam a consulta. O

projeto foi submetido ao Comitê de Ética do Conselho de Ensino e Pesquisa da

Universidade Federal de Goiás (CoEP/ UFG) e aprovado. Trata-se de um estudo

transversal, descritivo, de campo, com abordagem quantitativa e qualitativa.

Foram entrevistados 136 pacientes em cinco dias diferentes 16, 17, 18, 22

e 23 de abril de 2008, resultando numa média de aproximadamente 27 pacientes por dia.

Os pacientes foram selecionados de maneira aleatória e a população

estudada foi composta por pessoas de ambos os sexos, independente de faixa etária,

cor, classe ou grupo social. Os grupos vulneráveis incluídos na pesquisa, constituído por

pessoas menores de 18 anos e idosos analfabetos ou incapacitados, tiveram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado por seus responsáveis.

Foram excluídos do estudo os pacientes que não quiserem participar da

pesquisa, os que estavam consultando no HMA pela primeira vez e os demais grupos

vulneráveis e legalmente incapazes, como portadores de perturbação mental ou doença

mental e indivíduos em substancial diminuição em sua capacidade de consentimento.

Os dados obtidos foram inseridos e analisados no programa EPI INFO vs.

3.4.3., no Microsoft Office Excel 2003 e Microsoft Office World 2003.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Dados dos pacientes

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Dos 136 pacientes atendidos pelo HMA que participaram do estudo a

maioria é mulher. A média de idade dos usuários foi de 41 anos. 56,6% dos pacientes

estavam na faixa etária entre 31 a 60 anos e 22,1% estavam acima de 60 anos (Tabela

1).

Tabela 1: Distribuição dos usuários do HMA selecionados para o estudo em função do

sexo e faixa etária – Goiânia (GO), Abril de 2008.

GRUPOS ETÁRIOS (em

anos)

SEXO E NÚMERO TOTAL

Feminino Masculino

Absoluto

%

Absoluto % Absoluto %

< 20 7 5,1 3 2,2 10 7,4

20├┤30 14 10,3 5 3,7 19 14

30 ┤ 40 22 16,2 4 2,9 26 19,1

40 ┤ 50 21 15,4 4 2,9 25 18,4

50 ┤ 60 23 16,9 3 2,2 26 19,1

60 ┤65 10 7,4 3 2,2 13 9,6

> 65 13 9,6 4 2,9 17 12,5

Total 110 80,9 26 19,1 136 100

Em um estudo realizado por Silva (2003) sobre a utilização de fitoterápicos

nas unidades de atenção a saúde da família em Maracanaú (CE) observou-se que 85,4%

da população estudada eram do sexo feminino, ou seja, as mulheres buscam

atendimento médico com maior frequência do que os homens. Campello (2001) diz não

apresentar nada de extraordinário esse fato, tendo em vista o universo do serviço público

de saúde, onde predominam pacientes do sexo feminino o que pode estar relacionado às

concepções socioculturais que impõem ao homem não ser facultado a definir-se como

doente, o que os leva a dedicar menos tempo com o cuidado de sua saúde e a postergar

sua ida ao médico quando doente, ao contrário das mulheres que são ditas mais frágeis e

mais sensíveis às doenças (CANESQUI, 1992 apud SILVA, 2003).

Há uma relação entre o aumento da idade e a busca de terapias não

convencionais, primeiro porque com o passar dos anos os problemas de saúde começam

aparecer e consequentemente a busca por tratamento. Segundo, devido ao fato de o uso

das plantas medicinais ser parte da herança cultural da humanidade e, portanto, uma

prática bem difundida e aceita pelos pacientes mais velhos, demonstrado também por

estudos realizados por Sanfélix (2001) e Amorim (1999) apud Silva (2003). Observa-se

também, que em faixas etárias maiores que 40 anos, as pessoas são mais resistentes a

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mudanças, tendendo à preservação dos seus costumes e crenças quanto à eficiência das

PNC que utilizam e por isso as utilizam em maiores proporções (SILVA, 2003).

O maior índice de pessoas entrevistadas mora em Goiânia (60,3%),

seguida de Aparecida de Goiânia (27,9%), devido o Hospital estar situado em Goiânia e

próximo à cidade de Aparecida de Goiânia. 11,8% moram em outras cidades. Apenas

dois pacientes entrevistados moram fora do estado de Goiás, um em Nova Xavantina –

Mato Grosso e outro em Riacho Fundo II – Distrito Federal (Gráfico 1 e 2).

7,4%

1,5%

2,9%

60,3%

27,9%

Goiânia

Aparecida de Goiânia

Porangatu

Anápolis

Outras Gráfico 1 – Distribuição dos pacientes por cidade onde residem.

1,5%

98,5%

Goiás

Outros

Gráfico 2 – Distribuição dos pacientes por Estado onde moram.

Para motivar o deslocamento das pessoas que moram distante do

Hospital, em outras cidades e até em outros estados, supõe-se que o tratamento seja

satisfatório e/ou desperte confiança em sua eficácia. A falta de alternativas terapêuticas

nessas localidades também pode ser um fator contribuinte para essa motivação.

Dos pacientes entrevistados, observou-se que uma grande quantidade de

pessoas escolarizadas e até com formação superior frequentam o hospital (Gráfico 4).

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6,6%

13,2% 13,2%11,8%

27,9%

11,8%

15,4%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Nº de pacientes

Grau de escolaridade

Série1 9 18 18 16 38 16 21

nenhuma

escolarida

de

1ª a 4ª

série

5ª a 8ª

série

M édio

incomplet

o

M édio

completo

Superior

incomplet

o

Superior

completo

Gráfico 4 – Distribuição dos pacientes entrevistados quanto ao Grau de Escolaridade.

De acordo com Costa e Fachinni (1997) apud Silva (2003), o maior uso do

sistema público é realizado pela população com menor nível de escolaridade. No entanto,

os dados desmistificam essa ideia, uma vez que o segundo maior índice dessa categoria

são de pacientes que possuem ensino superior completo e 55,1%, mais da metade das

pessoas, cursaram o ensino médio completo. O que pode justificar esse fato é que

provavelmente pessoas com maior nível de escolaridade estão mais abertas ao uso dos

PNC.

Foi observado que os pacientes que possuem ensino superior completo,

apesar de terem as maiores rendas entre a população estudada, optaram por buscar

um hospital público para se tratar, fato esse que demonstra o interesse crescente da

clientela de classe média pelas PNC oferecidas por serviços públicos, fato observado

também por Campello (2001).

Os pacientes com renda de até um salário mínimo (R$380,00) são em

maior número (25,7%), porém, os que ganham acima de R$1500,00 ou quatro salários

mínimos (20,6%) estão presentes também em grande número (Gráfico 5).

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25,7%

13,2% 14% 14%12,5%%

20,6%

0

5

10

15

20

25

30

35

de p

acie

nte

s

até

R$380,00

entre

R$381,00

R$600,00

entre

R$601,00

R$900,00

entre

R$901,00

R$1200,00

entre

R$1201,00

R$1500,00

mais de

R$1500,00

Renda Familiar

Mensal

Gráfico 5 – Distribuição dos pacientes quanto à Renda Familiar Mensal.

Esses dados reforçam a suposição de que, não são apenas pessoas de

baixa renda que procuram PNC como forma de tratamento, o segundo maior índice é de

pessoas com renda acima de quatro salários mínimos.

Os clientes do HMA são provenientes, em sua maioria, das classes

popular e média. Percebe-se significativo aumento de pacientes de classe média nos

ambulatórios de serviço público que antes frequentavam os consultórios particulares,

mas que, segundo Campello (2001), vêm tendo dificuldades em pagar as consultas,

cada vez mais onerosas para essa faixa da população. Isto reflete, em parte, as

dificuldades econômico-sociais, pelas quais vêm passando. Por outro lado, a procura

do HMA também por pessoas de alta escolaridade e classe média, demonstra a

qualidade e eficácia dos seus serviços e por ser o único hospital de Goiânia e região

que oferece terapias não convencionais e gratuitamente.

Os dados de escolaridade versus renda familiar mensal estão de acordo

com Costa e Fachinni (1997) apud Silva (2003) que dizem que o nível de escolaridade

está relacionado com o nível econômico das pessoas que participam da pesquisa.

Dos entrevistados, 45,6% dos pacientes (n=62) frequentam o Hospital a

mais de três anos, demonstrando a aceitação e confiança no tratamento pelos mesmos.

A maioria frequenta a mais de 9 meses (Gráfico 6).

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11%7,4%

11,8% 11,8% 12,5%

45,6%

0

10

20

30

40

50

60

70

nº de pacientes

Tempo

Série1 15 10 16 16 17 62

até 6

meses

de 6

meses a 9

de 9

meses a 1

de 1 ano a

2 anos

de 2 anos

a 3 anos

mais de 3

anos

Gráfico 6 – Distribuição dos entrevistados quanto ao tempo que freqüentam o HMA.

Apenas 3% dos pacientes tinham ido ao Hospital uma vez no último ano, os

outros se distribuem entre duas, três e quatro vezes de forma semelhante devido o tempo de retorno ao médico. No HMA o retorno se dá mais frequentemente de seis em seis meses, quatro em quatro ou três em três meses. Os pacientes que foram mais de sete vezes somam 14,8%, sendo que 7,4% foram de vinte a cinquenta vezes (Gráfico 7).

Gráfico 7 – Distribuição das respostas dos usuários em relação à

pergunta: “nos últimos 12 meses, quantas vezes utilizou os serviços do HMA”?

Os pacientes que foram mais de sete vezes ao HMA são os que utilizam

tratamento com acupuntura que exige do paciente frequência de uma, duas ou três vezes

por semana.

No caso da fitoterapia e da homeopatia o retorno em média de 6 em 6

meses, permite ao médico acompanhar a evolução do paciente mais de perto, podendo

averiguar as melhoras ou se for o caso mudar de medicamento na busca por uma terapia

ideal ou, ainda, suspender a medicação. O convívio frequente entre médico e paciente

3%

24,4% 21,5% 23%

5,2% 8,1% 7,4% 7,4%

0 5

10 15 20 25 30 35

Nº de pacientes

1 2 3 4 5 6 de 7 a 15 de 20 a

50 Nº de v ezes

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aumenta gradativamente a intimidade e o nível de confiança entre eles, o que contribui

para o bom desenvolvimento do tratamento. Esses fatos são também observados por

Campello (2001).

3.2 A saúde dos pacientes

Em relação aos hábitos de vida dos pacientes, a minoria fuma (Gráfico 8)

ou ingere bebida alcoólica (Gráfico 9). Uma pequena maioria pratica atividade física

(Gráfico 10).

3,7%

96,3%

Fumantes

Não-Fumantes

Gráfico 8 – Distribuição dos pacientes quanto ao hábito de fumar.

0,7%

82,4%

16,9%

Bebem

Não-bebem

Não mencionado

Gráfico 9 – Distribuição dos pacientes quanto ao hábito de beber.

52,2%47,8%

Praticam

Não-Praticam

Gráfico 10 – Distribuição dos pacientes quanto ao hábito de praticar atividade física.

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Esses dados sugerem que as pessoas que procuram tratamentos não

convencionais são mais conscientes quanto aos prejuízos do cigarro e da bebida

alcoólica, visto que uma minoria faz uso dessas substâncias.

Quanto à prática de exercícios, os entrevistados ficaram divididos quase

que igualmente entre os que praticam e os que não praticam. Uma maior porcentagem

dos que praticam pode sugerir juntamente com os dados citados acima que os pacientes

que frequentam o HMA possuem hábitos de vida mais salutares.

A Homeopatia se apresentou como o serviço mais utilizado entre os

pacientes que participarem do estudo (41,1%), seguido da Fitoterapia (40,6%) e da

Acupuntura (13,9%), como podemos visualizar no (Gráfico 11).

4,4%13,9%

40,6%

41,1%

Homeopatia

Fitoterapia

Acupuntura

Nutrição

Gráfico 11 – Distribuição dos pacientes quanto ao uso dos serviços oferecidos pelo HMA.

Uma boa parte dos entrevistados não sabia responder qual o tipo de

serviço que utilizavam, confundindo bastante a fitoterapia com a homeopatia. Dúvida

sanada quando perguntava-se aos mesmos a forma de apresentação do medicamento

que estavam usando, se era em pó, se havia combinação de plantas, se era líquido e

tomado em dose única, enfim ou o nome do médico que os atendia. Induzindo-nos a

pensar que os pacientes não estão bem informados e esclarecidos quanto ao tipo e

forma do tratamento.

O fato de a Homeopatia ter obtido o maior percentual de utilização é

motivado pelo fechamento do laboratório de manipulação de fitoterápicos que tem no

Hospital. Algumas das plantas medicinais utilizadas no serviço são cultivadas no Horto

Medicinal da unidade e não são encontradas nas farmácias de manipulação de Goiânia,

pois não são validadas cientificamente. Os medicamentos prescritos eram manipulados

na farmácia e disponibilizados de forma gratuita para os pacientes (GOIÁS, sd).

Interditada desde 2006, 80% dos medicamentos produzidos na farmácia de fitoterapia,

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provinham de matérias-primas do próprio horto da unidade. Com a farmácia de

fitoterápicos interditada, muitos pacientes ficam sem o medicamento por não terem

condições de comprá-lo, o que pode ter refletido na preferência em buscar

A associação de práticas terapêuticas também foi observada: 15 dos

entrevistados utilizam homeopatia e fitoterapia, ou já utilizaram um e agora fazem uso do

outro; 10 utilizam a homeopatia junto com a acupuntura e 14 a fitoterapia com a

acupuntura. Para realizar o tratamento com acupuntura, os pacientes têm de ser

encaminhados pelos médicos homeopatas ou fitoterapeutas que os acompanham no

HMA, sendo esse um dos motivos pelos quais o número de pacientes que utilizam a

acupuntura é menor. Além de o mesmo paciente ser atendido de duas a três vezes por

semana e o número de médicos acupunturistas e a estrutura física da sala de acupuntura

não comportar um número muito grande de pacientes.

Os sintomas mais freqüentes nos pacientes que procuram o Hospital são

gastrite, depressão e alergia, seguidos de problemas na coluna e bronquite de um total

de aproximadamente 67 sintomas citados; devido a esse elevado número de sintomas a

Tabela 2 os apresenta agrupados por sistemas. 10% dos pacientes buscaram o HMA

visando a prevenção, para aumentar a imunidade, para melhorar a vitalidade, entre

outros motivos; um entrevistado disse tratar-se com homeopatia desde bebê.

Tabela 2: Distribuição dos pacientes quanto ao grupo de sintomas que os fizeram

procurar o HMA.

Sintomas relacionados à/ao

Nº de pacientes (%)

Sistema musculoesquelético

26 10,2

Doenças reumáticas 33 13,0

Doenças dermatológicas 5 2,0

Sistema cardiovascular 21 8,3

Sistema digestivo 30 11,8

Sistema hormonal 7 2,8

SNC 67 26,4

Sistema respiratório 22 8,7

Sistema renal 6 2,4

Outros 37 14,6

Total 254 100

Nota: um paciente pode ter citado mais de um sintoma, por isso a somatória ficou acima de 136 .

Estes dados referentes aos sintomas estão de acordo aos citados por

Campello (2001), onde aponta que os pacientes que buscam os serviços de homeopatia

da rede pública do município do Rio de Janeiro, a maioria sofre de patologias que se

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manifestam e/ou progridem há bastante tempo, quer por seu caráter de cronicidade, quer

por seu caráter de raridade e difícil resolução.

Dos participantes da pesquisa 90,4% fazem uso de medicamento

prescrito pelos médicos do HMA (Gráfico 12). Os que não estão utilizando ou foram

curados, ou estão de alta do uso do medicamento.

0,7%8,8%

90,4% Sim

Não

Não Mencionado

Gráfico 12 – Se os pacientes estão usando medicamento prescrito pelo médico do HMA.

De acordo com o Gráfico 13, dos medicamentos utilizados o tipo mais

frequente é o homeopático (53,5%), seguido do fitoterápico (46,5%), o que condiz com os

dados dos serviços mais utilizados. Aproximadamente 6% utilizam medicamento

homeopático e fitoterápico concomitantemente. Nenhum entrevistado mencionou a

prescrição de medicamento convencional, floral ou outros pelos médicos do HMA.

0%0%0%

46,5%

53,5%

Homeopático Fitoterápico Floral Alopático Outros

Gráfico 13 – Tipos de medicamentos prescritos pelos médicos do HMA utilizados pelo

pacientes.

A maioria dos pacientes, 66,9%, notou uma melhora significativa após o

início do uso do medicamento, 14% disseram ter sido curado (Gráfico 14).

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2,2%

13,2%

66,9%

14%

0,7% 2,9%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Nº de pacientes

Melhora

Série1 3 18 91 19 1 4

Não houve

melhora

Pouca

melhora

Melhora

Significati

va

Houve

cura

Não

observei

Não

menciona

do

Gráfico 14 - Nível de melhora dos pacientes após o início do uso do medicamento.

Como alguns dos pacientes apresentam múltiplos problemas de saúde, na

hora de responderem ao questionário quanto ao nível de melhora, os dados podem não

ter sido tão fidedignos, uma vez que pode ter havido cura de um sintoma e uma melhora

significativa de outro; ou pouca melhora de outro. Mesmo assim, podemos observar com

esses dados a eficácia dos medicamentos homeopáticos e fitoterápicos.

Quando comparado o nível de melhora dos pacientes com o tipo de

medicamento que utilizam, se homeopático ou fitoterápico, a distribuição dos pacientes

entre as opções de nível de melhora foram similares, não havendo destaque de uma

terapêutica sobre a outra quanto aos benefícios aos sujeitos da pesquisa.

3.3 A satisfação dos pacientes

Quando questionados quanto ao porquê da opção de escolher o HMA para

se tratar, 70 pacientes responderam ter optado pelos serviços do HMA depois da

indicação de parentes ou amigos; 63 optaram porque estão buscando alternativas depois

de um tratamento convencional sem resultado satisfatório; 36 por acreditar no método de

tratamento; ressaltando que o mesmo paciente pode ter declarado mais de um motivo

(Tabela 3).

Tabela 3 - Motivos pelos quais os pacientes optaram pelos serviços do HMA

Motivos pelos quais os pacientes optaram pelos serviços do HMA

Nº de pacientes

(%)

Indicação de parentes/amigos 70 34,5

Orientação médica 10 4,9

Localização/ facilidade de acesso 8 3,9

Por ser gratuito 11 5,4

Por acreditar no método de tratamento 36 17,7

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Pela atenção no atendimento 5 2,5

Por estar buscando alternativas depois de um tratamento convencional sem resultado satisfatório

63 31

Total 203 100

Nota: O paciente pode ter escolhido mais de uma opção

O grande número de sujeitos que buscam o hospital por indicação de

pessoas próximas, mostra o grau de satisfação dos pacientes que recomendam o

Hospital e as PNC. O elevado nível de busca por alternativas terapêuticas revela a

insatisfação dos pacientes após tentativas frustradas junto às práticas convencionais de

medicina. Este fato é muito marcante no discurso dos pacientes: sua história terapêutica

“alopática” é caracterizada por uma diversidade de descontentamentos, frustrações,

incômodos (CAMPELLO, 2001).

Dos pacientes que participaram da pesquisa, 97,8% confiam nos serviços

de que usufruem, nenhum entrevistado respondeu que não confia (Gráfico 16).

97,8%

2,2%

0

20

40

60

80

100

120

140

Série1 133 3

Sim Em parte Não

Gráfico 16 – Distribuição das respostas dos pacientes em relação à pergunta: “confia na

eficácia do serviço de que usufrui”?

Dos entrevistados, 93,4% obtiveram melhora das morbidades que

apresentavam (Gráfico 17).

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29,4%

64%

2,9%0,0%

2,9%0,8%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Série1 40 87 4 0 4 1

MelhorBem

melhor

Igual

antesPior

Não sei

dizeroutros

Gráfico 17 – Como os pacientes se sentem após o início do tratamento.

O elevado número de pacientes que confiam no tratamento está

intimamente relacionado aos resultados positivos e eficientes observados no depoimento

da maioria dos entrevistados. Ou seja, essa cofiança é proveniente da vivência e da

observação das melhoras pessoais. É importante salientar que nenhum paciente nesse

estudo se sentiu pior ou não confia no tratamento, esse dado revela que os

medicamentos adotados além de eficazes não apresentam, ou apresentam poucas,

reações adversas.

Quanto ao tratamento médico, 96,3% acharam o tratamento bom. Ninguém

achou o tratamento ruim (Gráfico 18). Esses dados são relevantes uma vez que a

satisfação do paciente em relação ao médico facilita a adesão ao tratamento por

proporcionar um ambiente de confiança e entrega.

96,3%

2,9% 0,7%0

20

40

60

80

100

120

140

Série1 131 4 1

Bom Regular RuimNão

Mencionado

Gráfico 18 – O que os pacientes acham do tratamento médico do HMA.

Algumas declarações quanto ao porquê da satisfação com o atendimento

médico:

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“A médica é competente, atenciosa e o remédio deu resultado”.

(Identificação (Id) nº 2)

“O médico é humano, atencioso.” (Id nº3)

“O médico investigou todas as minhas características”. (Id nº11)

“Trata como um todo”. (Id nº15)

“Investiga a vida do paciente e o medicamento é dose única”. (Id nº20)

“Dá liberdade de expôr, escuta. Passa confiança”. (Id nº44)

“O médico se preocupa com o paciente, investiga a doença e aconselha”.

(Id nº78)

“O médico é atencioso e acertou o medicamento”. (Id nº107)

“Deixa o paciente falar o que está sentindo, não receita logo de cara” (Id

nº118)

“Atencioso, carinhoso, procura a cura pro paciente, melhor que particular,

dão amor”. (Id nº120)

“O médico é atencioso e faz perguntas que outros médicos

não fazem, não importa com o tempo, quer saber da sua história.” (Id nº122)

“O atendimento é diferente, personalizado, mais tempo de consulta, sem

pressão.” (Id nº128)

Dentre os fatores positivos mais citados em relação às consultas está a

atenção dos médicos. Segundo Campello (2001), a valorização do médico atencioso está

intimamente ligada à investigação mais aprofundada de aspectos subjetivos da vida do

paciente (como seus medos, angústias, aflições, sensibilidades, maneira individual de

sofrer) e não somente ao aspecto da gentileza e da amabilidade do médico. A postura do

médico perante seu paciente, ouvindo, permitindo que ele fale de si, perguntando não

apenas sobre seus sintomas físicos, mas também sobre suas angústias, seus medos,

etc., é percebida por seus clientes como um sincero interesse por seu paciente, pelo

restabelecimento de sua saúde e não somente pelo diagnóstico de uma patologia.

Na maioria dos ambulatórios dos serviços públicos de saúde, a ênfase se

dá no diagnóstico de uma doença, em detrimento da valorização dos sofrimentos, das

dúvidas, das aflições do paciente, não havendo espaço para o sujeito doente falar, se

sentir acolhido realmente. Os médicos que praticam a biomedicina não são,

necessariamente, indiferentes ao sujeito-paciente, que têm diante de si. Acontece que

não dispõem de tempo (principalmente nos ambulatórios de serviço público), nem de

preparo, para lidar com as queixas que não tenham um substrato anátomo-patológico

(mesmo que microscópico, genético) identificado (CAMPELLO, 2001).

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Como foi observado no presente estudo, as PNC estudadas lidam de uma

forma melhor com essa questão do atendimento médico, uma vez que seu conceito de

saúde/doença é mais amplo – a doença desenvolve-se inicialmente no interior do

organismo e têm influência emocional, mental e espiritual de quem é acometido por ela.

Para auxiliar o paciente, então, o médico tem de ter um conhecimento global de seu

cliente, estimulando seu relato e investigando os fatores desencadeantes de seus

sentimentos, suas vulnerabilidades sendo interpretado por esse como uma atenção

especial, um sentimento de estar sendo verdadeiramente cuidado. Essa postura dos

médicos das PNC, mostra-se diferente da biomedicina que adota, numa postura derivada

do positivismo, uma divisão rígida entre sujeito e objeto, em que quanto maior a distância

emocional do paciente, maior a objetividade (QUEIROZ, 2000).

A maioria das pessoas (87,5%) ficou na consulta entre 11 a 45 minutos

(Gráfico 19). Dos sujeitos que disseram ficar na consulta de 11 a 20 minutos, 37 gostam

do tratamento médico considerando-o bom. Isso indica que não é apenas o tempo de

consulta que importa, uma vez que esse tempo é relativamente curto, mas sim a atenção

e interesse do médico em auxiliar o indivíduo.

1,5%

28,7%

31,6%

27,2%

5,9%3,7%

1,5%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Nº de pacientes

Tempo

Série1 2 39 43 37 8 5 2

até 10

min

de 11 a

20 min

de 21 a

30 min

de 31 a

45 min

de 46 a

60 min

mais de

1 hora

não

mencio

Gráfico 19 – Distribuição dos pacientes quanto ao tempo que ficaram na consulta.

Alguns entrevistados relataram que a primeira consulta com o médico

geralmente é mais demorada, durando cerca de uma hora; os retornos normalmente

duram menos tempo, de 15 a 45 minutos devido o médico já conhecer bem o paciente,

tendo de tomar nota apenas dos novos dados percebidos ou novos acontecimentos.

O nível de satisfação dos entrevistados em relação às PNC que utilizam no

Hospital é maior que 95% (Gráfico 20).

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95,6%

3,7% 0,7%0

20

40

60

80

100

120

140

Série1 130 5 1

Sim Em parte Não Não mencionado

Gráfico 20 – Satisfação dos pacientes quanto ao método terapêutico de que usufruem.

O nível de satisfação entre as terapêuticas utilizadas é homogêneo, sem

destaques. Dos que tratam com Acupuntura todos estão satisfeitos, dos que tratam com

homeopatia quatro estão „em parte‟ e com fitoterapia dois.

Quando questionados do porquê de estarem satisfeitos, os pacientes

falavam da evolução do seu quadro clínico e abaixo segue-se alguns dos depoimentos

mais marcantes:

“Quando estava com dengue hemorrágica fui no HDT e queriam amputar minha perna,

aí tratei no HMA e minha perna ficou boa. Me sinto bem com os medicamentos

homeopáticos”. (Id nº35)

“Diminuiu as dores diárias que eu sentia. Na medicina convencional não obtive

melhora, fiz duas cirurgias e continuei sentindo dor”. (Paciente com hérnia de disco - Id

nº48)

“É a longo prazo, mas surte efeito gradativamente, é melhor que tomar antibiótico e

antiinflamatório. Os outros medicamentos tratam uma coisa e adoece outra”. (Id nº49)

“Porque melhorei, tô movimentando o braço e o inchaço das mãos acabou”. (Paciente

com reumatismo - Id nº52)

“Melhorei da bronquite, durmo bem agora, tusso menos, quase não tenho mais falta de

ar, antes era internada sempre, agora não mais”. (Id nº61)

“Curou a asma. Os remédios não fazem mal e vejo resultado, os alopáticos prejudicam

outras coisas, o homeopático só traz benefício”. (Id nº68)

“Pela melhora que obtive. Não estava andando, não sentia a perna, perdi o movimento

da mão, ia operar; tratei quatro meses e melhorei, não operei e já ando, o braço

movimenta normal. Me curei da alergia”. (Paciente com hérnia de disco - Id nº70)

“A tireóide está controlada, não tenho mais dor no corpo pela fibromialgia, a hérnia

está estabilizada; estou trabalhando e estudando depois de quatro anos de cama. Os

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medicamentos que tomava engordavam e como eram muitos ficava dopada”.

(Paciente com fibromialgia, hérnia de disco, tendinite, hipotireoidismo e enxaqueca - Id

nº71)

“Porque é um tratamento natural e trata também o lado emocional. O medicamento

não é ingerido continuamente. Houve melhora da rinite e as crises de pânico

acabaram.” (Id nº77)

“Porque voltei a menstruar e até engravidei”. (Paciente tratada e curada da amenorréia

- Id nº99)

“Trata a causa e não o problema. É eficaz. O atendimento por ser público é

maravilhoso. A alergia melhorou. Na alopatia o remédio não trata a causa da

enxaqueca e ataca o fígado, o estômago.” (Id nº101)

“Melhorou a dor nas pernas, na coluna, a dor de cabeça. Fico mais animada, alerta. O

câncer tá controlado”. (Paciente com dor nas pernas e câncer de pele - Id nº103)

“As dores diminuíram e estou controlando para não ter Diabetes. Tomei muito

antibiótico e comecei a dar artrose, osteoporose”. (Id nº105)

“As dores de cabeça diminuíram muito, quando tenho é rapidinho, nem preciso tomar

medicamento com a acupuntura”. (Id nº115)

“Tava tratando com fisioterapia e neurologista e não estava dando resultado. Antes

andava apoiando nas paredes e agora, depois do tratamento, já até corro devagar”.

(Paciente com ataxia e seis pinos na coluna, trata com fitoterapia e acupuntura - Id

nº116)

“Fiz ressonância magnética e tava tomando medicamento de tarja preta e não estava

resolvendo nada, agora melhorei 90%. Tinha de me tratar e não tomar medicamento

pra dormir”. (Paciente tratando dor de cabeça - Id nº118)

“Têm proporcionado melhora física, emocional. Estou começando a me sentir viva,

estava me sentindo morta. Tô mais tolerante, menos ansiosa. Estava tomando

medicamento pra dormir e me sentindo mal”. (Paciente com nervosismo, ansiedade e

insônia - Id nº120)

Podemos observar nesses depoimentos a eficácia das terapêuticas

aplicadas o que, consequentemente, gera satisfação aos usuários. Casos considerados

cirúrgicos que se solucionaram com as PNC, curas de depressão e outros sintomas

controlados retratam a melhora de pessoas que muitas vezes sem esperança, ou já

cansadas de tal sofrimento, encontram novas formas de tratamento que lhes

proporcionam maior bem-estar e mais facilidade para viver.

Alguns pacientes procuram as PNC por desejarem um tratamento mais

“natural”, “menos agressivo”, um remédio que não causa transtornos ao organismo. O

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medicamento, como o grande “chamariz” para a terapêutica homeopática, é um motivo

tanto correlato às noções de tratamento natural, menos agressivo, quanto relacionado

àqueles que desistem do tratamento biomédico por uma série de frustrações e

aborrecimentos (CAMPELLO, 2001), isso se aplica também à fitoterapia. Esses dados

confirmam as palavras de Hanhemann quanto à forma de tratamento alopática.

O médico atencioso, juntamente com o remédio que não faz mal e as

melhoras dos sintomas são os elementos mais valorizados pelos entrevistados.

Dos 136 entrevistados 98,5% indicariam a forma de tratamento que

utilizam, 0,7% não indicaria - o paciente em questão apesar de confiar na eficácia do

tratamento acredita que devido às particularidades de cada indivíduo talvez a terapêutica

não funcione tão bem em outra pessoa. Uma pessoa não mencionou se indicaria (Gráfico

21). Esse resultado espelha a satisfação dos usuários em relação a seus tratamentos.

98,5%

0,7%0,7%

Sim

Não

Não mencionado

Gráfico 21 – Distribuição das respostas dos entrevistados em relação à pergunta: “você

indicaria essa forma de tratamento a um amigo ou parente”?

4 CONCLUSÃO

Com os dados apresentados podemos concluir que não são apenas

pessoas de baixa escolaridade e renda que procuram as PNC em serviço público para

se tratar. A procura do HMA também por pessoas de alta escolaridade e classe média

demonstra a qualidade e eficácia dos seus serviços, além de ser o único hospital de

Goiânia e região que oferece tratamento por meio de PNC através do SUS.

A pesquisa nos possibilitou também averiguar que os pacientes possuem

hábitos de vida mais saudáveis.

A homeopatia foi a prática mais utilizada, em parte devido à falta de

fornecimento dos medicamentos fitoterápicos pelo HMA, uma vez que a farmácia de

manipulação do hospital estava fechada. A maioria dos entrevistados sofre de patologias

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que se manifestam e/ou progridem há bastante tempo, quer por seu caráter de

cronicidade, quer por seu caráter de raridade e difícil resolução; o que indica que

doenças crônicas não estão ligadas a uma predominância de pessoas mais velhas uma

vez que a idade média dos pacientes é de 41 anos.

Constatou-se que um considerável número dos pacientes entrevistados,

31%, estavam no HMA buscando alternativas depois de um tratamento convencional sem

resultado satisfatório.

Dos entrevistados, 93,4% relataram se sentir melhor após o início do

tratamento no Hospital, refletindo um nível de satisfação de 95,6%. Esse elevado nível de

satisfação dos pacientes que utilizam as PNC oferecidas pelo HMA se deve à terapêutica

menos agressiva e eficaz e ao atendimento médico diferenciado (atenção, acolhimento).

Assim, temos próximo a nós, em Goiânia – GO, um exemplo real que

comprova as expectativas teóricas da possibilidade de um tratamento mais humano e

eficaz.

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