universidade federal de campina grande centro de saÚde e ... · centro de saÚde e tecnologia...

42
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL UNIDADE ACADÊMICA DE ENGENHARIA FLORESTAL CAMPUS DE PATOS POTENCIALIDADES DA CAATINGA SOB A ÓTICA DE AGRICULTORES DE MUNICÍPIOS DO SERTÃO PARAIBANO PATOS-PARAIBA-BRASIL 2014

Upload: phungkhue

Post on 08-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

UNIDADE ACADÊMICA DE ENGENHARIA FLORESTAL

CAMPUS DE PATOS

POTENCIALIDADES DA CAATINGA SOB A ÓTICA DE AGRICULTORES

DE MUNICÍPIOS DO SERTÃO PARAIBANO

PATOS-PARAIBA-BRASIL

2014

2

CLAUDIA DA SILVA FERREIRA

POTENCIALIDADES DA CAATINGA SOB A ÓTICA DE AGRICULTORES

DE MUNICÍPIOS DO SERTÃO PARAIBANO

Monografia apresentada à Universidade Federal

de Campina Grande, Campus de Patos/PB, para a

obtenção do Grau de Engenheira Florestal.

Orientadora: Prof. MsC. Alana Candeia de Melo.

Patos – Paraíba – Brasil

2014

3

CLAUDIA DA SILVA FERREIRA

POTENCIALIDADES DA CAATINGA NA PERCEPÇÃO DE AGRICULTORES

DE MUNICÍPIOS DO SERTÃO PARAIBANO

Monografia apresentada à Universidade Federal

de Campina Grande, Campus de Patos/PB, para a

obtenção do Grau de Engenheira Florestal.

APROVADA em: ____/______/______.

Profa. ALANA CANDEIA DE MELO (UAEF/UFCG)

Orientadora

Prof. Dra. IVONETE ALVES BAKKE (UAEF/UFCG)

1ª Examinadora

Prof. Dr. GILVAN JOSÉ CAMPELO DOS SANTOS (UAEF/UFCG)

2º Examinador

4

Patos – Paraíba – Brasil

2014

AGRADECIMENTOS

“Tudo que um sonho precisa para ser realizado é alguém

que acredite que ele possa ser realizado” (Roberto

Shinyashik)

Com essa mensagem agradeço a minha orientadora “MEU ANJO DA GUARDA”

Alana Candeia de Melo, primeiramente por ter se interessado em orientar o meu trabalho, em

segundo lugar por ter me passado segurança da minha aptidão para a realização desta

monografia ensinando-me a ser mais paciente e confiante.

Ainda com essa mensagem agradeço aos meus pais Antônio e Lindete e a todos os

meus irmãos Lucia, Claudio, Carlos, Antoniel, Charles, como também agradece a minha

cunhada Maria Thereza pela ajuda na execução deste trabalho e a todos os meus familiares,

que vivenciaram comigo alegrias e tristezas desse processo, demostrando todo o seu amor.

A todos os meus professores da Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal pelos

momentos de aprendizagem em especial aqueles professores que adquiri um carinho todo

especial durante a minha trajetória: Gilvan, Isaac, Ivonete, Alana; a todos os funcionários do

Campus de Patos, em especial, aos meus dois amores Ednalva e Ivanice meu muito obrigado.

A Lena por todos os momentos de desabafo na sua cantina.

Durantes todos esses anos ‘e foram muitos”, fiz amigos preciosos os quais de longe ou

de perto estarão comigo durante toda a minha vida; uns já terminaram outros desistiram,

outros irão fica mais um pouquinho para, como eu, realizar os seus sonhos de serem

ENGENHEIROS OU ENGENHEIRAS FLORESTAIS: Gilmar, Djailson Júnior , Talytta,

Lyane, Simone, Edjane, Thiago, Bianca, Quezia, Marilia, Tibério, Cesar, Arthu, Franzer,

Rafaela, Tabata, kidy, Ikalo, Alexsandro, Tamires,

E agradeço aos meus amigos Adriana (amor), Andreia, Daniela, Izabella, Meylene,

Cida, Nanita, Suelio, Marcos, Elane, Mariana, Gilson, pela amizade construída e por esta ao

meu lado nos meus momentos mais difíceis.

A todos que fazem parte da minha vida e contribuíram de alguma forma para execução

desse meu sonho, mais que não foram citados meu muito obrigada. AMO VOCÊS.

5

FERREIRA, Claudia da Silva. Potencialidades da Caatinga sobe a ótica de agricultores

de municípios do sertão paraibano. 2014. Monografia (Graduação) Curso de Engenharia

Florestal. CSTR/UFCG, Patos-PB, 2014.

RESUMO

O bioma Caatinga é de domínio exclusivamente brasileiro, cuja vegetação se apresenta em

grupos de árvores e arbustos espontâneos, densos, baixos, de aspecto seco, algumas espécies

dotadas de espinhos, de folhas pequenas e caducifólias durante a estação seca, que protegem

as plantas contra a desidratação pelo calor e vento. Por sua aparência e pelo modelo de

exploração a que vem sendo submetido ao longo dos séculos, no imaginário popular é

considerado um bioma pobre. Apesar de ser considerado um bioma pobre, a Caatinga

apresenta potencialidades que se traduzem em fonte de sobrevivência para significativa

parcela da população do semiárido nordestino. Com base nesses pressupostos foi

desenvolvido o estudo sobre Potencialidades da Caatinga na percepção de agricultores de

municípios do sertão paraibano, cujo objetivo é avaliar o nível de percepção que agricultores

do sertão paraibano possui com relação as potencialidades do bioma Caatinga. A pesquisa é

de natureza qualitativa, fundamentada em um aporte teórico e de registro fotográfico, além da

coleta de informações por meio de um questionário; os sujeitos pesquisados foram vinte e

cinco agricultores que residem no sertão paraibano. Desse estudo pode-se concluir que a

Caatinga ainda representa fonte de sobrevivência para os habitantes da área por ela abrangida,

que ela está bastante degradada e que, apesar de dos agricultores reconhecerem as

potencialidades da Caatinga, observa-se o descrédito dos agricultores com as políticas

direcionadas para esse bioma, considerando que 18% acreditam que é preciso que o governo

invista nesta região; os estudos realizados e apontam que uma das alternativas para mitigar o

efeito de todo o processo de exploração porque tem passado a Caatinga é o manejo florestal

sustentado e que é preciso um eficiente serviço de extensão para que se possa trabalhar com o

homem do campo em todas as suas dimensões e, dessa forma, mudar a atual realidade do

bioma caatinga.

Palavras-chave: Bioma. Exploração. Potencialidade. Nordeste. Semiárido.

6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 7

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 8

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO BIOMA CAATINGA .............................................. 8

2.2 INTERFERÊNCIAS ANTRÓPICAS NA CAATINGA ...................................... 10

2.3 POTENCIALIDADES DA CAATINGA ............................................................ 12

2.3.1 Potencial forrageiro da Caatinga ...................................................................... 13

2.3.2 Potencial madeireiro da Caatinga ...................................................................... 14

2.3.3 Potencial medicinal da Caatinga ...................................................................... 15

2.3.4 Diversificação do uso da Caatinga ..................................................................... 15

3 METODOLOGIA ................................................................................................... 19

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ................................................................ 19

3.2 SUJEITOS DA PESQUISA ................................................................................... 20

3.3 INSTRUMENTO DA PESQUISA ........................................................................ 20

3.4 COLETA DE DADOS ........................................................................................... 20

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 22

5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 34

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 36

ANEXO

7

1 INTRODUÇÃO

O bioma Caatinga é característico da Região Nordeste do Brasil. Sua extensão

coincide com a região semiárida e é o único bioma exclusivamente brasileiro. O termo

Caatinga significa mata branca ou mata cinzenta e esses termos decorrem da paisagem

esbranquiçada ou cinzenta apresentada pela vegetação durante a estação seca (prolongada),

quando a maioria das plantas perdem as folhas e os troncos tornam-se esbranquiçados e secos.

O bioma Caatinga ocupa 11% do território nacional e ocupa uma área de

aproximadamente 850.000km². Engloba parte dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio

Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte do norte de Minas

Gerais (Região Sudeste).

Esse bioma ao longo de centenas de anos de ocupação, em decorrência do modelo de

exploração adotado (insustentável), fez com que Caatinga esteja bastante degradada, sendo

sua condição considerada bastante frágil. Apesar de ser considerado um bioma pobre, a

Caatinga apresenta potencialidades que se traduzem em fonte de sobrevivência para

significativa parcela da população do semiárido nordestino.

Entretanto, desde a colonização do país vem sofrendo forte pressão antrópica, seja

pela ocupação dos solos pela agricultura, pela pecuária ou pela exploração da vegetação. Esse

modelo insustentável tem contribuído para reduzir a biodiversidade biológica, cujos efeitos

tem se revertido contra o próprio homem. Observa-se que é significativa a perda de sua

diversidade e que não se registram políticas públicas efetivas em sua defesa.

Por ser considerado um bioma pobre, por centenas de anos assiste-se a sua intensa

degradação. Entretanto, apesar das suas características socioeconômicas, a região onde ocorre

a Caatinga registra-se uma elevada densidade populacional.

Nesse contexto, justifica-se a realização de um trabalho que estude a percepção que

agricultores têm a respeito das potencialidades da Caatinga, considerando que essa é a

alternativa de fonte de sobrevivência desde épocas remotas.

A pesquisa privilegiou a abordagem qualitativa e foi utilizado como instrumento de

coleta de dados/informações, um questionário aplicado a vinte e cinco agricultores de cinco

municípios da microrregião de Patos.

O objetivo desse trabalho foi avaliar o nível de percepção que agricultores do sertão

paraibano possui com relação as potencialidades do bioma Caatinga.

8

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO BIOMA CAATINGA

O termo Caatinga origina-se do tupi e quer dizer “mata branca” ou “mata cinzenta”. É

um bioma característico do território brasileiro localizado na região Nordeste do Brasil, cuja

extensão coincide com a região denominada semiárido. A área da Caatinga, segundo Queiroz

(2009), é de, aproximadamente, 850.000 km.

Para Drumond (2012), como a Caatinga é um tipo de vegetação constituída

especialmente de árvores e arbustos de pequeno porte, folhas miúdas e caducifólias e que

passa por pelo menos seis meses de estiagem ao ano, alguns mecanismos de adaptação foram

desenvolvidos como espinhos, folhas pequenas e caducifólias, mecanismos que reduzem a

transpiração excessiva. A vegetação herbácea é temporária e presente apenas no período

chuvoso.

Sob a vegetação de Caatinga, os solos são geralmente rasos e, às vezes, com

afloramentos rochosos. Em geral, a temperatura é alta, com baixos índices pluviométricos,

marcada pela irregularidade na distribuição das chuvas no tempo e no espaço. Seus índices

pluviométricos são bastante irregulares, variando de 250 a 1.000 mm por ano e, geralmente,

concentradas de dois a três meses. Devido à proximidade do Equador, as temperaturas médias

são elevadas em torno de 27°C, embora as médias das temperaturas máximas raramente

ultrapassem 40ºC, com precipitações médias anuais em torno de 500 mm, com insolação

média de 2.800 horas.ano-1, e evaporação em torno de 2.000 mm.ano-1. Essas características

bioedafoclimáticas são determinantes para as áreas de domínio das Caatingas.

Totalmente coberto pela vegetação de Caatinga, o semiárido brasileiro é um dos mais

densamente povoados do mundo e, em função das adversidades climáticas, associadas aos

outros fatores históricos, geográficos e políticos que remontam centenas de anos, abriga a

parcela mais pobre da população do país (DRUMOND, 2012).

Alves et.al., (2008), afirmam que a Caatinga é um ecossistemas rico em variedades a

fauna e flora e que apresenta muitas espécies endêmicas. A vegetação da Caatinga é

predominantemente composta de um estrato arbóreo ou arbustivos arbóreo (QUEIROZ,

2009).

9

Para Guiletti et.al. (2004), o bioma Caatinga é um dos biomas brasileiros mais

desvalorizados, fato decorrente da crença que a Caatinga possui uma diversidade muito baixa

e plantas, sem espécies endêmicas e bastante modificada pelas ações antrópicas.

A vegetação da Caatinga é uma das mais exploradas, por ser fonte de renda para a

maioria da população que habita na região semiárida brasileira. Encontra-se, portanto,

submetida sob forte pressão antrópico.

Na área coberta pelo bioma Caatinga ocorre um fenômeno conhecido como “seca”

que se caracteriza pela irregularidade na distribuição dos totais de chuvas de ano para ano e

em intervalos de dez a vinte anos, caem para menos da metade da média, às vezes durante três

a cinco anos seguidos (VELLOSO et.al., 2002).

Maia (2004) citado por Roque (2009, p.11-12) conceitua a Caatinga como:

A vegetação heterogênea quanto aos aspectos fisionômicos e florísticos e

apresenta alta resistência à seca, em virtude de possuir diferentes mecanismo

que minimizam os efeitos da falta de chuvas na região. Essa resistência é

proporcionada pela presença de adaptação adquiridas pelas plantas do

semiárido ao longo do tempo, tais como: xilopódios, raízes tuberosas e

superficiais, caules suculentos e clorofilados, folhas pequenas e caducas,

ciclo vital curto e sementes dormentes.

Para Roque (2008), a Caatinga é plural, heterogênea e diversificada.

Considerando outras florestas secas do mundo nas mesma condições

ambientais, a Caatinga possui um patrimônio biológicos bastante

diversificado, cm ocorrência de espécies endêmicas e uma riqueza

inestimável de espécies vegetais e animais. Destaca-se por ser o único bioma

exclusivamente brasileiro (BRASIL, 2002) e abranger uma área

relativamente extensa, apresentando várias fisionomias de acordo com as

características ambientais locais, assumindo ora a fisionomia de uma floresta

arbórea ora de estrato arbustivo-herbáceo.

Para Velloso et.al. (2002), o bioma Caatinga, apesar de suas condições severas,

apresenta uma surpreendente diversidade de ambientes, constituindo-se numa variedade de

tipos vegetacionais, em geral, caducifólia, xerófila e, por vezes, espinhosa, que variam em

função dos tipos de solos e da disponibilidade de água.

Dos biomas brasileiros, a Caatinga é a quarta formação vegetacional do Brasil, após a

Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica (IBGE, 2004). Apesar dessa posição, é o bioma mais

negligenciado apesar de sempre ter sido um dos mais ameaçados. Velloso et.al. (2002)

10

reconhece que há necessidade de se conserva os sistemas naturais do bioma Caatinga porém

o conhecimento científico a seu respeito ainda é insuficiente. Alves, Araújo e Nascimento

(2009), defendem que a Caatinga apresenta uma imensa variedade de vida e um acentuado

grau de endemismo, mas ainda precisa ser estudada mais detalhadamente para suprir as

carências de informações atualizadas sobre esse bioma. Os autores acrescentam, ainda, que a

falta de dados atualizados e estudos contínuos prejudicam a conservação ambiental da

Caatinga.

A área de domínio do clima semiárido, segundo a UFSC (2011) corresponde à

vegetação da Caatinga, isto é, no Sertão, Cariri, Curimataú, Seridó, recobrindo em 65% o

território. Tal vegetação é apresentada por xerófilas, cactáceas, caducifólias e aciculifoliadas.

Pode ser dividida em hiperxerófila – áreas mais secas como Cariri, Seridó e Curimataú - ou

hipoxerófila nas proximidades do Agreste e no Sertão. Algumas espécies são: xiquexique,

mandacaru, macambira, baraúnas, aroeira, angico, umbuzeiro, juazeiros e outros.

Grande parte da vegetação da Caatinga foi degradada ao longo do tempo, para a

ocupação do solo com o algodão, milho e ainda com o pasto, para a criação do gado, principal

atividade econômica. Pode-se encontrar a Caatinga nos Cariris, Curimataú, no Seridó e no

Sertão da Paraíba (UFSC, 2011, p. 18).

2.2 INTERFERÊNCIAS ANTRÓPICAS NA CAATINGA

O processo de ocupação do Nordeste brasileiro teve seu início a partir do litoral e se

interiorizou a partir d desenvolvimento das atividades extrativistas e da produção agrícola

voltada para a exportação (pau Brasil, algodão, cana de açúcar). No século XVII ocorreu o

processo de ocupação do interior (sertão, pelo gado, e das fazendas e currais dos bois). Essa

forma de ocupação teve como consequência mediata o desmatamento da vegetação (

Caatinga).

A Caatinga tem sido ocupada desde o período colonial com o regime de sesmarias e o

sistema de capitanias hereditárias, criando-se condições para a concentração fundiária.

As alterações da Caatinga tiveram início com o processo de colonização do

Brasil, sendo ocupada inicialmente para explorar as riquezas naturais

existentes, e posteriormente, a implantação da pecuária bovina, associada a

práticas agrícolas rudimentares. Ao longo do tempo, outras formas de uso da

terra foram sendo adotadas, diversificação da agricultura, da pecuária,

aumento da extração de lenha para produção de carvão e caça, dentre outros.

11

(ALBUQUERQUE; ANDRADE; (2002); LEAL et.al., (2003) apud. ALVES

et.al., (2010).

Para Feitoza (2004), o bioma Caatinga tem estrutura funcional própria, dinâmica e

autorreguladora. Porém, a dinâmica reguladora de seus sistemas naturais vem sendo alteradas

em consequências das ações do homem. Os efeitos das condições climáticas e das práticas

inadequadas de uso do solo e dos demais recursos naturais têm contribuído para acelerar a

modificação da paisagem natural, cujos efeitos mais perceptíveis são a perda da

biodiversidade, o esgotamento dos recursos naturais e a formação de núcleos de

desertificação.

Melo (1998) afirma que a expansão da pecuária desde meados do século XVII, com

interiorização por meio da pecuária, ampliou as áreas de pastagens e para que isso ocorresse,

houve corte de árvores e a utilização do fogo. Essas atividades, por sua vez, foram

responsáveis por transformações irreversíveis na Caatinga.

As atividades agropecuárias se constituem em atividades profundamente

modificadoras do bioma Caatinga. O superpastoreio dos gados bovinos, caprinos e ovinos,

pela do pastejo modifica a composição da flora, tanto do estrato arbóreo, quanto do arbustivo

e herbáceo. A prática da agricultura itinerante, caracterizada pelo desmatamento e queimadas

desordenadas, também tem contribuído para a modificação dos estratos arbóreos, arbustivos e

herbáceos da Caatinga. Melo (1998) ratifica que a exploração da vegetação da Caatinga tem

contribuído significativamente para causar danos à vegetação lenhosa da Caatinga.

Segundo Santana & Souto (2006), as áreas da Caatinga estão a cada ano sofrendo

ação antrópica, com altos números de degradação, resultando na redução da biodiversidade

(fauna e flora). Sampaio (1995) apud Santana & Souto (2006), acrescenta que a região

semiárida possui um longo histórico de perturbação, provocada principalmente pelo

estabelecimento do modelo de pecuária, agricultura, mineração desde as faces primeiras do

processo de colonização.

Ab`Saber (1977), acrescenta que os processos de degradação ambiental estão cada vez

mais visíveis, mostrando as suas consequências em relação à perda da fertilidade dos solos e

da sua biodiversidade. Associado as particularidades naturais do semiárido, as formas de uso

do solo que vem ocorrendo aos longos dos anos favorece um círculo vicioso de degradação,

onde a erosão causa a diminuição da capacidade de retenção de agua pelos solos, perda de

biomassa e nutrientes. Com a redução da cobertura vegetal, a radiação intensifica o

ressecamento do solo e a erosão acelera ainda mais, com o consequente aumento da aridez.

12

Nesse processo, a ação do homem tem desempenhado papel relevante, porque desenvolve e

acelera as consequências por meio de práticas inadequadas de uso dos recursos naturais.

A vegetação da Caatinga é uma das mais exploradas, por ser fonte de renda para a

população tanto na zona rural como na urbana. Como já evidenciado por alguns autores, o uso

insustentável dos seus solos, seja pela agricultura, seja pela pecuária, ou pela exploração da

vegetação tem contribuído ara a escassez ou desaparecimento de algumas espécies. Estima-se

que cerca de 70% da Caatinga já se encontram alterados pelo homem, e somente 0,28% de

sua área se encontram protegida em forme de unidades de conservação (ARAÚJO, 2007).

Leal et.al., (2005), indicam técnicas rudimentares como a coivara, como potenciais

causas para agravar a degradação ambiental no semiárido nordestino, porque além de queimar

a vegetação também queima os minerais do solo e os microorganismos, dificultando a sua

regeneração. O uso dos recursos naturais no espaço do semiárido tem se pautado por

concepções imediatistas norteadas por um modelo de desenvolvimento e de organização

socioeconômica que não privilegia a valorização das potencialidades naturais.

2.3 POTENCIALIDADES DA CAATINGA

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2002), o bioma Caatinga é

exclusivamente brasileiro, ocupa cerca de 10% do território nacional (844.453 km²) e abrange

em parte ou no todo, os estados do Ceara, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Rio

Grande do Norte e Piauí, além de pequenas áreas do Maranhão e Minas Gerais.

Antigamente acreditava-se que a Caatinga seria o resultado da degradação

de formações vegetais mais exuberantes como a mata atlântica ou floresta

amazônica. Esse pensamento sempre produziu a falsa ideia que o bioma

seria homogêneo, com biota pobre em espécies e em endemismos, estando

pouco alterada ou ameaçada, desde a colonização do Brasil. Entretanto,

estudos apontam a Caatinga como rica em biodiversidade, endemismo e

bastante heterogênea, como também pode ser considerado um bioma

extremamente atacado (Alves et.al., (2007) apud ALVES (2010).

Euclides da Cunha em seu livro os Sertões (2002, p.35) retrata a Caatinga de uma

forma poética, entretanto dramática.

A Caatinga afoga; abrevia-lhe o olhar; ajude-o e estonteia-o; enlaça-o na

trama espinescente e não o atrai; expulsa-o com as folhas urticantes, com

espinhos e com gravetos instalados em lanças e desdobra-se-lhe na frente

13

em léguas em léguas imutável no aspecto desolado; árvores sem folhas de

galhos estorcidos e secos, revoltos, entre cruzados, apontado rijamente no

espaço ou estirando-os flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso,

de tortura da flora agonizante...”

A Caatinga, segundo Mendes (1977), guarda um grande número de plantas e animais

que são utilizados pelo homem mesmo antes do período colonial. A população que reside

nessa região semiárida utiliza plantas nativas que produzem óleo, cera, borracha, resina,

forragem, madeira, tanino, fármacos, cosméticos, perfumes, fibras e frutos. Para Albuquerque

(2001), estudos realizados sobre a Caatinga revelou que além da importância biológica, o

bioma Caatinga também dispõe de um significativo potencial econômico, as espécies de

excelente uso como forragens, frutíferas e medicinais.

2.3.1 Potencial forrageiro da Caatinga

A vegetação da Caatinga e formada por arvores e arbustos de pequenos porte, em sua

maioria caducifólias. Segundo Araújo Filho e Silva (1994), existem dois tipos principais de

Caatinga na paisagem semiárida: o arbustivo arbóreo (dominante no sertão) e arbóreo (ocorre

principalmente nas encostas das serras e nos vales dos rios).

Segundo Lima et.al., (1987), a Caatinga é importante para a sobrevivência dos

produtores de baixa renda que dependem da pecuária para sua sobrevivência. Na região

semiárida a produção de alimentos para o rebanho representa, provavelmente o maior desafio

que enfrenta a atividade pecuária, devido principalmente as instabilidades climáticas, que

tornam o cultivo de forragens numa atividade de alto risco, além de competir com a

agricultura tradicional.

Peter (1922) citado por Pinto, Cavalcante e Andrade (2006) afirma que a vegetação

lenhosa constitui a mais importante fonte de forragem para os rebanhos do sertão nordestino

compondo até 90% a dieta de ruminantes domésticos, principalmente na época da estação

seca. Para viabilizar a produção animal sem perdas significativas da biodiversidade e do

potencial produtivo, é imprescindível a conveniente manipulação e manejo de extensas áreas

da Caatinga. Para tanto, faz-se necessário a realização de estudos para que se tenha o

conhecimento adequado das características de produção de fitomassa e o valor nutritivo das

plantas (ARAUJO E CARVALHO, 1977).

14

Damasceno (2007), ao estudar a composição bromatológica de forragem de diferentes

espécies da Caatinga paraibana em altitudes diferentes encontrou oito famílias, representadas

por quatorze espécies. As espécie arbustivas – arbóreas de potencial forrageiro foram as

seguintes: aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão); umbuzeiro (Spondias tuberosa);

imburana (Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.Gillet); catingueira (Caesalpinia

pyramidalis Tul.); jucá (Caesalpinia ferrea); mororó (Bauhinia cheilantha); feijão bravo

(Capparis flexuosa (L.) L); mofumbo (Combretum cf. leprosum Mart.); faveleira

(Cnidoscolus quercifolius Pohl); maniçoba (Manihot glaziovi); angico (Anadenanthera

colubrina); jurema preta (Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir); jurema branca (Piptadenia

stipulacea(Benth.) Ducke) e juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart).

2.3.2 Potencial madeireiro da Caatinga

A conservação da biodiversidade a Caatinga e fundamental, pois esta desempenha o

importante papel socioeconômico para a região. O bioma Caatinga precisa ser manejado de

forma sustentável porque, segundo Chiang (2004) citado por Leal et.al. (2005), a sua

conservação e responsável pela restauração da fertilidade e proteção dos solos e contribui

ainda, com a fixação de CO2 da atmosfera, por meio da fotossíntese, fixando na matéria

lenhosa na forma de carbono.

Ramos (2007) defende que no nordeste brasileiro, o semiárido destaca-se como o

principal responsável pelo fornecimento do amplo conjunto de produtos florestais, sendo que

o bioma Caatinga figura como o principal fornecedor de matéria prima da região, exercendo,

portanto, uma relevante função social e econômica especialmente para as comunidades rurais

(CNRBC, 2004).

Segundo Seyffarth (2012),

a Caatinga e o bioma semiárido mais biodiverso do mundo, sendo

extremamente diverso em espécies animais, vegetais em paisagem e, sobe o

ponto de vista genético. Também muito rico é o conhecimento tradicional

associado a esta biodiversidade, que pode ser explorada para seu uso

sustentável e para o desenvolvimento sustentável regional.

Para Seyffarth (2012), a Caatinga tem identificadas 932 espécies vegetais, sendo 318

endêmicas. Existem doze tipos de vegetação na Caatinga, que vão das mais abertas

(arbustivas e arbustivas-arbóreas), até as mais florestais como as florestas.

15

O estoque madeireiro da Caatinga é baixo quando comparado a outros biomas, e pode

variar dependendo das condições edafoclimáticas (DRUMOND, 2012). Algumas espécies são

de grande importância econômica, especialmente para os agricultores da região como é o caso

do umbu (Spondias tuberosa), angico (Anadenanthera colubrina); braúna do sertão

(Schinopsis brasiliensis); aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão); sabiá (Mimosa

caesalpinifolia); ipê-roxo (tabebuia mupetginosa); imburana (Commiphora leptophloeos

(Mart.) J.B.Gillet); dentre outras (DRUMOND, 2012).

Apesar da rica diversidade da Caatinga, a utilização de seus recursos se fundamenta

em processos meramente extrativista, sem a perspectiva de um manejo sustentável,

observando-se perdas irreparáveis na diversidade florística e faunística (DRUMOND, 2000).

Para Silva et.al., (1998) e Soares et.al., (1999), a dependência da população e de

alguns setores da economia nordestina como polos cerâmicos e indústrias de cal tem como

fonte de energia correspondente a um valor entre 30 a 50% da energia primaria. A lenha e o

carvão vegetal representam 60% de toda a energia utilizada para cozinhar alimentos no

nordeste (TEIXEIRA, 2002).

Nascimento (2007) destaca que as espécies lenhosas da vegetação da Caatinga são

extraídas para diversas finalidades, podendo-se destacar a produção de combustível (carvão e

lenha), artesanato, instrumentos de trabalho e a construção de casas e cercas.

2.3.3 Potencial medicinal da Caatinga

As plantas medicinais da Caatinga desempenham uma função importante, pois são

formas de preparar remédios. Cientistas, segundo Albuquerque (2010), reconhecm que na

Caatinga existem cerca de 400 espécies utilizadas medicinalmente para diferentes problemas

de saúde.

Algumas plantas ativas da Caatinga merecem especial atenção, porque estão sofrendo

forte pressão extrativista, devido a sua grande utilidade e seu valor comercial. Albuquerque

(2010) indica uma relação de espécies da Caatinga que usualmente são utilizadas pelas

comunidades da região: aroeira; angico; cumaru; juazeiro; mororó; catingueira; jatobá

mulungu e quixaba, dentre outros.

2.3.4 Diversificação do uso da Caatinga

16

Segundo Maciel e Silva (sd), a região de ocorrência de Caatinga, a sobrevivência de

muitas famílias é garantida pela exploração de produtos madeireiros fundamentais para a

geração de empregos e renda para a população e com grande potencial econômico, se

explorados em escala pelas indústrias químicas, farmacêuticas e de alimentos. Além de disso,

há um enorme potencial para a geração de renda em atividades como ecoturismo e uso

sustentável da biodiversidade.

Pereira (2000), afirma que devido a extensão e a importância econômica-ecológica da

Caatinga, para a população do semiárido, bem como o nível de degradação a que o bioma está

submetido, justifica-se a preocupação com a biodiversidade da Caatinga, tornando necessária

a realização de estudos que forneçam conhecimento para implementação de projetos de

conservação da Caatinga.

O Sertão paraibano (Figura 1) está inteiramente inserido na zona do Polígono das

Secas que, segundo Moura et.al., (2007), apesar de sua grande extensão, prevalece o clima

BSh de Koppen, que tem como característica ser bem quente (Figura 2). Nessa área registra-

se forte insolação, baixa nebulosidade, altas médias térmicas, com temperatura média anual de

24 a 26ºC. Na região de acordo com Reis (1976); Malvezzi, (2007); Silva, Santos e Tabarelli

(2008), citados por Araújo (2010), as precipitações são irregulares, variam de 250 a

800mm/ano; a umidade relativa do ar registra média de 50% (MOURA, et.al.,, 2007); o

balanço hídrico da região é negativo, em virtude do alto índice de evaporação, em torno de

3000 mm/ano (MALVEZZI , 2007 apud ARAÚJO 2010).

17

Figura 1 – Divisão do Estado da Paraíba em Mesorregiões – Fonte IBGE

Figura 2 – Localização da Região semiárida

As chuvas, nesta região sertaneja, ocorrem em um período de 2 a 3 meses e, muitas

vezes ocorrem de forma torrencial. Nesse sentido, quando os solos estão expostos, em virtude

dos níveis elevados de desmatamento, expostos à intensa insolação ou no período chuvoso, ao

elevado escoamento superficial; esse processo acentuo a erosão, carregando os nutrientes para

os reservatórios de água, provocando o assoreamento (REIS, 1976 citado por ARAÚJO,

2010).

O bioma Caatinga é o principal ecossistema do Sertão Paraibano (DAMM E FARIAS,

2006 APUD Araújo, 2010). Para Malvezzi (2007) apud Araujo (2010) o estabelecimento do

cenário de vegetação desta região depende diretamente da ocorrência ou não de chuva. No

período chuvoso predomina a paisagem verde e no período seco a paisagem é cinzenta,

fazendo jus à origem tupi do seu nome, que quer dizer mata branca (MALVEZZI, 2007 apud

ARAÚJO,2010).

Para Melo Filho e Souza (2006), a vegetação do Sertão Paraibano – a Caatinga -

compõe-se de espécies xerófilas, lenhosas, caducifólias, em geral espinhosas, com ocorrência

de plantas suculentas e afilas, de padrão tanto arbóreo como arbustivo

18

Barbosa (2006) destaca que as atividades humanas têm contribuído para degradar de

forma acentuada os recursos naturais refletindo o modelo de desenvolvimento econômico

adotado ao longo das ocupações. Esse modelo tem contribuído para a formação de condições

socioeconômicas vulneráveis, além de extensas áreas degradadas.

Os processos de exploração da agricultura na sua grande parte de sequeiro têm

contribuído para produzir impactos ambientais cada vez mais profundos. Dentre as atividades

que mais potencializam a degradação, destacam-se além da agricultura, o uso do solo, a

pecuária extensiva e semiextensiva e a exploração dos recursos florestais da Caatinga que ao

longo dos anos vêm causando profundas transformações, tanto no domínio geobotânico

(redução da diversidade) quanto no domínio morfoclimático (aumento do índice aridez), no

semiárido paraibano acelerando processos naturais que desencadeiam formação de núcleos de

degradação. (ALVES; SOUZA & NASCIMENTO, 2009).

19

3 METODOLOGIA

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

O presente estudo foi realizado com vinte e cinco agricultores que residem nas zonas

rurais de municípios localizados no sertão do estado da Paraíba. Os agricultores residem nos

municípios de Patos (sete), Santa Luzia (cinco), Santa Terezinha (quatro), Água Branca (três),

Cacimba de Areia (três), Malta (três). Foram contempladas três microrregiões (Figura 3). De

acordo Moreira (1988), os municípios integram a região geográfica do Sertão Paraibano.

Figura 3 - Localização do município de Patos, Santa Terezinha, Cacimba de Areia e Quixaba – Seridó Ocidental.

Fonte: (IBGE, 2010)

O estudo privilegiou a abordagem qualitativa. Segundo Minayo (2010, p.57), o

método qualitativo “é o que se aplica ao estudo das crenças, das percepções e das opiniões

produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus

artefatos e a se mesmo, sentem e pensam”.

Santa Luzia

20

Na abordagem qualitativa Gerhartt e Silveira (2009), procura-se explicar o porquê das

coisas, exprimindo o que convém ser feito, mais não se quantificam os valores e as trocas

simbólicas nem se submetem a prova de fatos, pois os dados analisados são não- métricos e se

valem de diferentes abordagem.

3.2 SUJEITOS DA PESQUISA

Os sujeitos desta pesquisa foram vinte e cinco agricultores que residem no sertão

paraibano. A coleta de informações ocorreu através de um questionário. Para que estes fossem

aplicados a autora solicitou a colaboração de colegas do curso de Engenharia Florestal e de

professores do seu ambiente de trabalho, que residem em outros municípios e que conhecem

moradores da zona rural. Ao todo foram distribuídos 40 (quarenta) questionários com seis

colegas sendo que foram respondidos vinte e cinco. A distribuição geográfica foi a seguinte.

MUNICÍPIO MICRORREGIÃO NÚMERO

RESPONDENTES

Patos Patos 7

Quixaba Patos 5

Santa Terezinha Patos 4

Malta Sousa 3

Cacimba de Areia Patos 3

Água Branca Teixeira 3

TOTAL 25

3.3 INSTRUMENTO DA PESQUISA

Como instrumento para coleta de dados foi utilizado um questionário com vinte três

questões, sendo dezessete questões objetivas e seis questões abertas. O questionário foi

estruturado em três aspectos: 1) aspectos demográficos; 2) habitação e 3) exploração da terra.

Para Oliveira (2007), o questionário é difundido como uma técnica para obtenção de

dados que o pesquisador deseja registrar. Geralmente os questionários tem como principal

atividade descrever as características de uma pessoa ou grupo social.

3.4 COLETA DE DADOS

21

Quanto ao procedimento de coleta de dados, o questionário foi aplicado no período de

julho a agosto de 2014. Como já esclarecido, autora deste trabalho solicitou a colaboração de

colegas do curso de Engenharia Florestal e colegas de trabalho, tendo orientando-os para que

explicasse aos respondentes que se tratava apenas de uma pesquisa acadêmica.

Vale ressaltar que os questionários foram aplicados nos finais de semana e sempre na

casa dos agricultores, ou seja, na zona rural. O questionário foi respondido de forma

individual e coletiva, o questionário foi entregue em final de semana e recolhido oito dias

depois. Houve a restituição de 62, 5% dos questionários.

22

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os agricultores que participaram como sujeitos deste trabalho residem em seis cidades

que se localizam em quatro microrregiões distintas, mas que apresentam características

socioeconômicas e ambientais que guardam entre se muitas semelhanças.

Todos os seis municípios Patos, Santa Luzia, Santa Terezinha, Malta, Cacimba de

Areia e Água Branca, estão localizados em áreas inseridas no semiárido nordestino. A

mesorregião do Sertão paraibano localiza-se no interior do estado da Paraíba, em que

predomina o clima BSh (semiárido), segundo a classificação de Koppen, submetida a uma

estação chuvosa curta (3 a 4 meses) e uma estação de estiagem prolongada (8 a 9 meses). De

forma cíclica, a região é submetida a um fenômeno natural denominado “seca”, que consiste,

segundo Silveira et..al., (2006), “em uma condição física transitória caracterizada pela

escassez de água associada a períodos extremos reduzida precipitação mais ou menos longos,

com repercussões negativas e significativas nas atividades socioeconômicas”.

A vegetação predominante na região é a Caatinga, que segundo Melo (2004),

apresenta-se como uma formação arbórea e arbustiva em que quase todas as espécies perdem

as folhas como meio para sobreviver em períodos de longa estiagem.

Em termos de público alcançado, obteve-se a participação de 25 agricultores, a qual

incluiu respondentes com idade na faixa etária de 43 a 75 anos, sendo todos do sexo

masculino, que moram em propriedades rurais dos municípios de Patos, Santa Luzia, Água

Branca, Cacimba de Areia, Santa Terezinha e Malta.

Por meio da análise dos questionários verificou-se que com relação aos aspectos

demográficos, o número de pessoas que moram nas propriedades varia de dois a nove

membros, sendo que a média situa-se em torno de três membros. Essa informação evidencia

que as famílias numerosas no meio rural estão diminuindo. Outra informação coletada por

meio do questionário é que 47% de algum membro da família mora fora de casa e,

normalmente, na cidade sede do próprio município.

Dos agricultores participantes da pesquisa, 94% responderam que sempre moraram

naquela propriedade e apenas 6% vieram de outras. Quando indagados sobre a relação com a

propriedade, 58% são donos, 29,4% são herdeiros e 12,6% são trabalhadores assalariados.

23

Como forma de avaliar a qualidade de vida dos entrevistados, foram elaboradas

questões relacionadas às condições de moradia, mas diretamente sobre o tipo de material que

a casa é construída, o tipo de fogão e se a propriedade tem energia. Das opções fornecidas,

todos responderam que as casas são de alvenaria. Com relação ao tipo de fogão utilizado, as

respostas foram as seguintes: fogão à lenha (53%); fogão à gás (94%); à carvão (71%) e,

apenas 13% possuem fogão elétrico. Estes dados traduzem, a priori, a importância da

vegetação da Caatinga para os sujeitos da pesquisa. Apesar de g94% possuírem fogão à gás,

o número de fogões que usam lenha e carvão é bem expressivo. E, por último, foi respondido

que em todas as propriedades há energia elétrica. Sem dúvida, a energia elétrica na zona rural

é um fator muito importante, indispensável, pois serve para a iluminação, refrigeração, para

impulsionar motores e máquinas, etc. É pertinente assinalar que nos últimos anos tem sido

adotado como política tanto do poder público federal como estadual, a eletrificação de todas

as propriedades rurais. Essa medida tem promovido melhoria da qualidade de vida da

população porque, além de permitir que de usufrua de equipamentos elétricos que facilitam a

vida doméstica e confere melhor qualidade de vida (televisão, geladeira, forno elétrico,

ventilador, antenas parabólicas, ferro elétrico), também ajuda nas atividades agrícolas, a

exemplo da irrigação e da utilização de forrageiras.

Na sequência procurou-se identificar a forma como ocorre a exploração da terra. Ao

serem indagados o que plantam nas respectivas propriedades, as respostas pela ordem de

produtos foram as seguintes: milho, feijão, frutas, verduras, batata doce, algodão, gerimum,

palma e quiabo.

Melo (1998), em trabalho realizado na Microrregião de Patos, que está inserida na

Mesorregião do Sertão paraibano, constatou que nas grandes e médias propriedades

desenvolvia-se a pecuária e, nas pequenas a atividade de lavoura. Na pequena propriedade, de

acordo com dados do IBGE (Agência de Patos-PB), a utilização dos imóveis rurais é voltada

para o cultivo de milho, feijão, algodão herbáceo, algodão arbóreo, arroz e batata doce (na sua

grande maioria de sequeiro). Encontra-se também um pequeno criatório doméstico e modesta

área de pastagem. Neste estudo, percebe-se que o milho e o feijão continuam sendo os

principais produtos cultivados.

Vale destacar que a cultura do algodão arbóreo já foi a principal exploração agrícola

do sertão paraibano, por ser a cultura que melhor se adapta às condições edafo-climáticas da

região. No entanto, devido a presença devastadora do bicudo na região, aliado ao baixo poder

aquisitivo do produtor rural, a carência de insumos na época oportuna, a ausência de

sementes selecionadas de algodão, os anos de escassez de chuvas e ao baixo preço do produto

24

no mercado, a sua produção praticamente foi erradicada nos últimos anos, gerando,

consequentemente, redução da área cultivada.

Quando questionados se existem árvores nas suas propriedades, todos os entrevistados

responderam que existe. Apesar dessa resposta, observa-se por meio de registro fotográfico

que a quantidade de árvore nas propriedades é pequena. O estrato arbóreo da vegetação tem

sido acentuadamente alterado e, isso tem resultado em extensas áreas cobertas por um estrato

herbáceo e, em outra, solos desnudos de vegetação (Fotos, 1, 2, 3 e 4).

Foto 1 – Aspecto da vegetação em uma propriedade rural no município

de Santa Luzia em que predomina o estrato herbáceo (Fonte: Claudia

Ferreira ) (Data: 22 de agosto de 2014)

25

As paisagens acima refletem o modelo de exploração que vem sendo utilizado ao

longo dos anos. A exploração da vegetação da Caatinga é feita de forma predatória, uma vez

Foto 2 – Aspecto da vegetação em uma propriedade rural no município

de Cacimba de Areia em que predominam os três estratos (arbóreo,

arbustivo e herbáceo e presença de cactáceas (Fonte: Claudia Ferreira )

(Data: 22 de agosto de 2014)

Foto 3 – Aspecto da vegetação em uma propriedade rural no município

de Água Branca que reflete o elevado grau de degradação (Fonte:

Claudia Ferreira ) (Data: 20 de agosto de 2014)

Foto 4 – Aspecto da vegetação em uma propriedade rural no município

de Malta com manchas de solos muito degradados (Fonte: Claudia

Ferreira ) (Data: 22 de agosto de 2014)

26

que a mesma é considerada, por alguns produtores rurais, como um empecilho ao

desenvolvimento das atividades agropecuárias. Por isso mesmo, muitas vezes utiliza-se o

produto da atividade para reduzir os custos de preparo do solo nas atividades agropecuárias.

Na realidade, o que se observa, é que o homem utiliza a vegetação da Caatinga e não

lhe dá o devido valor. A falta de tradição no manejo dos recursos florestais associado à

carência de informações técnicas e econômicas não permitem o desenvolvimento de técnicas,

dirigidas principalmente ao pequeno e médio produtor rural, contribuindo assim, para a baixa

produtividade da formação florestal da Caatinga.

Foi perguntado aos entrevistados qual a áreas das suas propriedades e, percebe-se que

as mesmas estão caracterizadas como minifúndios. As áreas variam de dois a seis hectares,

sendo que a maior parte se enquadra na classe de cinco a seis hectares (Gráfico 1)

Gráfico 1 – Distribuição das propriedades segundo os entrevistados (ha), de acordo com a

área

6

5

4

2

Segundo o Estatuto da Terra os minifúndios correspondem a toda propriedade inferior

ao módulo fiscal1 fixado para a região em que se localiza e para o tipo de exploração em que

nela ocorre. Os minifúndios possuem quase sempre menos de 50 hectares de extensão,

embora sua média seja de 20 hectares. Eles correspondem atualmente a cerca de 72% do total

1 Trata-se de uma unidade de medida de área (expressa em hectares) fixada diferentemente para cada município, uma vez que leva em conta as particularidades locais como (art. 50, Lei 4.504/64): o tipo de exploração predominante no município (hortifrutigranjeira, cultura permanente, cultura temporária, pecuária ou florestal); a renda obtida com esta exploração predominante; outras explorações existentes no município que, embora não predominantes, sejam expressivas em função da renda ou da área utilizada; e o conceito de propriedade familiar (art 4º, II, Lei 4.504/64).

35%

12%

29%

24%

Área (ha)

27

dos imóveis rurais do país, embora ocupem apenas cerca de 12% da área total desses imóveis

(BRASIL, 1964)

Aos serem questionados se retiram algum produto da vegetação da Caatinga, 71% dos

respondentes responderam que sim e o 29% responderam que não. Os que responderam que

retiram produtos da vegetação indicaram os seguintes produtos: lenha, frutas, pastagem,

verduras (Quadro 2).

Gráfico 2 – Produtos retirados da Caatinga, segundo os entrevistados

Lenha

Frutas

Pastagem

Verduras

Estas respostas mostra o equívoco dos agricultores ao confundirem árvores perenes

(silviculturais) com frutíferas e verduras. Para o homem do campo, neste caso, o que importa

é o que ele pode explorar das suas terras. Mesmo considerando esse equívoco, implicitamente

os respondentes estão reconhecendo que o bioma Caatinga é fonte de sobrevivência para eles

e suas famílias, bem como para os animais que eles conseguem criar.

Drumond et.al. (2000, p. 5) assim se referem ao modelo de exploração da Caatinga:

Hoje, a utilização da Caatinga ainda se fundamenta em processos

meramente extrativistas para obtenção de produtos de origens pastoril,

agrícola e madeireiro. A exploração agrícola, com práticas de agricultura

itinerante que constam do desmatamento e da queimada desordenados, tem

modificado tanto o estrato herbáceo com o o arbustivo-arbóreo. E, por

último, a exploração madeireira que já tem causado mais danos à vegetação

lenhosa da Caatinga do que a própria agricultura migratória.

53%

24%

18%

24%

28

A utilização desse modelo extrativista predatório, segundo Dumond s.al. (2000) se

fazem sentir principalmente sobre os naturais renováveis da Caatinga. Já são observadas

perdas irrecuperáveis da diversidade florística e faunística, aceleração do processo de erosão e

declínio da fertilidade do solo e da qualidade da água pela sedimentação. No que se refere à

vegetação, pode-se afirmar que acima de 80% da Caatinga são sucessionais, cerca de 40%

são mantidos em estado pioneiro de sucessão secundária e a desertificação já se faz presente

em, aproximadamente, 15% da área. Apesar de já passados quatorze anos dessas afirmações,

por meio do registro fotográfico (Foto 5), pode-se constatar que essa realidade se faz presente

nas áreas estudadas

Apesar de se utilizar os produtos da Caatinga, inclusive com retorno econômico,

observa-se que nas propriedades rurais, geralmente considera-se que as “melhores áreas” são

aquelas totalmente desprovidas de vegetação, comprometendo muitas vezes as reservas legais.

Até os dias atuais não existe preocupação em fazer a utilização racional, preferindo-se na

maioria das vezes, o corte raso de toda a vegetação. Por isso é que se encontram áreas

extensamente desmatadas, pois a vegetação é considerada um entrave para o desenvolvimento

da agricultura e da pecuária. Não se evidencia interesse na preservação do meio ambiente e

em sua recuperação, mesmo nas áreas com sintomas de degradação.

Outra questão tratada no questionário objetivou avaliar o conhecimento dos

respondentes como era praticada a agricultura no passado. Esta foi uma pergunta aberta e as

Foto 5 – Aspecto da Caatinga em uma propriedade rural no município

de Patos que evidenciam perdas da diversidade floristica e faunística

(Fonte: Claudia Ferreira ) (Data: 22 de agosto de 2014)

29

respostas foram as seguintes: “com queimadas” (24%); “muito lucrativa” (29%); “cultura do

algodão” (12%); “menos agressiva” (18%); “agricultura familiar” (18%); “com muitas

dificuldades” (12%). As respostas ilustram que esse segmento da economia local e regional

(agricultura de auto-consumo) sempre foi tratado de forma secundária e sem o devido respeito

aos aspectos ambientais. Normalmente para a prática da agricultura, segundo Melo (1998) é

antecedida pelo corte da vegetação. Já a expansão da pecuária a partir de meados do século

XVII, ampliou as áreas de pastagem por meio dos cortes das árvores e pelo fogo para que

pudessem crescer gramíneas novas. A prática da devastação de grandes espaços da Caatinga,

pelas queimadas, fez realmente aumentar as áreas de pastagem, mas provocou transformações

irreversíveis nesse ecossistema. O superpastoreio de caprinos, ovinos, bovinos e outros

herbívoros tem modificados as composições florísiticas do estrato herbáceo, quer pela época,

quer pela pressão do pastejo. A exploração agrícola, com práticas de agricultura itinerante que

constam do desmatamento e da queimada desdordenados, tem modificado tanto o estrato

herbáceo como o arbustivo-arbóreo (MELO, 1998).

Foi efetuada uma questão relacionada ao uso da vegetação na propriedade, mas

especificamente se ocorre desmatamento nas propriedades. 71% respoderam que não mais

ocorre desmatamento, enquanto 29% dos entrevistados responderam que ainda ocorre. Para

Sampaio; Araújo; Sampaio (2005) citados por Soares (2012), a degradação da terra pela

agricultura é apontada como uma das principais causas da degradação dos solos. No

semiárido nordestino, por exemplo, a vegetação nativa arbustiva e arbórea da Caatinga é

desmatada e substituída por pastos herbáceos ou culturas de ciclo curto. O descobrimento do

solo favorece o processo de erosão. O cultivo continuado, com a retirada dos produtos

agrícolas e sem reposição dos nutrientes retirados, leva à perda da fertilidade (Foto 6).

Foto 6 – Aspecto da Caatinga em uma propriedade rural no município

de Santa Terezinha que evidenciam perdas da fertilidade dos solos

(Fonte: Claudia Ferreira ) (Data: 22 de agosto de 2014)

30

Nunes s.al. (2009) corroboram com o que tem sido explicado sobre o modelo de

exploração de agricultura adotado no bioma Caatinga. Normalmente o modelo de agricultura

é itinerante ou migratória, ou seja, o agricultor desmata, queima por um período de dois anos

e a área é então deixada em repouso para a recuperação de sua capacidade produtiva, o que

nos dias de hoje não é alcançado, em virtude da utilização dessas áreas como pasto, não

permitindo o repouso necessário a sua recuperação.

Segundo Araújo Filho (2003) as ações antrópicas em regiões semiáridas brasileiras

estão associadas a três atividades: 1) agricultura – desmatamento e queimada; 2) pecuária –

extensiva, com sobrepastejo; e 3) silvicultura – extração de madeira sem reposição. Os

impactos são retratados nas Foto 7 e 8

.

Foto 7 – Modelo de exploração inadequado da Caatinga. Município de

Santa Terezinha (Fonte: Claudia Ferreira ) (Data: 22 de agosto de 2014)

31

Araújo Filho (2003) acrescenta ainda, que as consequências das ações antrópicas sobre

o bioma Caatinga são: degradação generalizada dos ecossistemas, perdas da biodiversidade

animal e vegetal, erosão dos solos, assoreamento dos mananciais e perda da resiliência.

Com a finalidade de identificar o nível de conhecimentos dos entrevistados e

identificar que espécies ocorrem com mais frequência nas propriedades, foi indagado quais as

plantas que existem nas propriedades. O resultado está ilustrado no Gráfico 3

Gráfico 3 – Espécies que ocorrem nas propriedades, segundo os entrevistados

0102030405060708090

100

Jure

ma

pre

ta

Jure

ma

bra

nca

Um

bu

ran

a

Jucá

Pin

hão

Per

eiro

Mar

mel

eiro

Juaz

eiro

Mu

lun

gu

An

gico

Fave

la

Mo

fum

bo

Alg

aro

ba

Vel

ame

Cra

ibei

ra

Euca

lipto

s

Co

qu

eiro

Fru

tífe

ras

A indicação das spécies vegetais retrata o alto nível de antropização que ocorre nas

propriedades estudadas. Primeiro, pela composição com predomínio da jurema preta em todas

elas, seguida da ocorrência da algaroba, uma espécie exótica, introduzida na região para dar

suporte forrageiro para os animais e que na atualidade sofre algumas restrições por parte dos

agricultores, dentre elas, por ser uma espécie que requer quantidade de água superior às

nativas. A jurema preta, para Maia (2004); Araújo Filho e Carvalho (1996) citados por

Azevedo (2011), por sua vez, é colonizadora de áreas em estado de degradação e de grande

potencial como regeneradora de solos erodidos, indicadora de sucessão secundária

progressiva ou de recuperação, quando é praticamente a única espécie lenhosa presente, com

tendência à escassez ao longo do processo, com redução drástica do número de indivíduos.

Foto 8 – Modelo de exploração da Caatinga em área de declividade

acentuada. Município de Santa Terezinha (Fonte: Claudia Ferreira )

(Data: 22 de agosto de 2014)

32

Portanto, ressalva-se que as áreas estão intensamente antropizadas. Outro aspecto está

relacionado à ocorrência de frutíferas evidenciando substituição da vegetação nativa.

Para saber a percepção dos respondentes com relação ao nível de cobertura vegetal das

suas propriedades, foi perguntado se a vegetação é suficiente, pouca ou muito pouca. Os

resultados foram os seguintes: 3547% responderam que é suficiente, 47% que é pouca e 18%

que é muito pouca. As respostas mostram que a vegetação é bastante escassa, considerando

que 65% responderam que é muito pouca e pouca. Apesar dessa constatação, 76,5%

responderam que conseguem obter lucro com a vegetação e 23,5% que não obtêm qualquer

lucro.

Para melo (1998), cortada ou desmatada para qualquer finalidade, a preocupação com

a Caatinga refere-se a quanto tempo é necessário para que a mesma se regenere naturalmente.

Devido à carência de pesquisas no setor florestal, especialmente no que se refere à

regeneração da Caatinga, a única afirmação coerente que se pode fazer é que, se a vegetação

for derrubada somente para a extração de madeira e os toros forem deixados no lugar (corte

seletivo), a regeneração ocorrerá mais rapidamente do que se a área fosse totalmente deixada

sem vegetação lenhosa (corte raso e broca), para fins agrícolas.

As formas de auferir lucros com a vegetação da Caatinga ocorre pela exploração para

carvão e lenha, prioritariamente. Sendo, portanto, uma renda complementar, os agricultores

(88%) defendem que a vegetação ajuda na agricultura. Vale destacar que além do aspecto

financeiro, a ajuda ocorre também pela função ambiental que a vegetação representa (proteção

dos solos, biodiversidade, equilíbrio hídrico, dentre outros).

Quando questionados com relação à fauna que ocorre nas propriedades, os

respondentes listaram somente animais domésticos. Os animais constam no Gráfico 4. Apenas

12% responderam que não têm animais nas suas propriedades.

Gráfico 4 – Animais que ocorrem nas propriedades, segundo os entrevistados.

33

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Ovinos Caprinos Bovinos Cavalos Suinos Jumento

Títu

lo d

o E

ixo

Todas as espécies citadas pelos respondentes ocorrem na região estudada, compondo a

biodiversidade de nativas ou exóticas ou introduzidas e cultivadas visando a subsistência e

geração de renda. Entretanto, percebe-se a pouca ou nenhuma valorização de espécies da

fauna silvestre que ocorrem na Mesorregião do Sertão Paraibano.

Para Drumond (2002, p. 16),

a fauna da Caatinga é pobre em espécies e em número de animais por

espécie, porém rica em endemismo; em espécies migratórias; em animais de

hábitos noturnos e com adaptações fisiológicas. A heterogeneidade

ambiental associada à singularidade de certos locais permite supor a

possibilidade de a fauna de invertebrados da Caatinga ser riquíssima em

diversidade e endemismo. Porém, o conhecimento do grupo ainda é pequeno

para uma quantificação. Os insetos, as abelhas, as formigas e os cupins são

os representantes mais estudados, onde a apifauna da Caatinga está

representada por cerca de 190 espécies, sendo registrada uma predominância

de abelhas raras e elevado percentual de endemismo.

Apesar da relação citada pelos respondentes, 76% disseram que sabiam que algumas espécies

já haviam desaparecido e 24% não têm esse conhecimento do desaparecimento de espécies animais.

Diante do que até então foi questionado, procurou-se saber a opinião dos respondentes sobre a

composição da Caatinga no que concerne à fauna e flora. Nesta resposta, 88% responderam que a

Caatinga é rica e 12% que é pobre.

Quando provocados a fazerem sugestões para aumentar o número de árvores em suas

propriedades, as respostas foram variadas: “plantar mais árvores” (24%); “aumento das chuvas” (24%;

“aumentar o número de mão de obra na propriedade” (12%); “preservar a vegetação à margem dos

rios e não desmatar” (24%) e “maior incentivo por parte do governo” (18%).

Observa-se pelas respostas que as alternativas indicadas envolvem ações variadas,

desde as relacionadas ao manejo (plantar árvores), maior apoio aos pequenos agricultores para

34

que haja mão de obra para trabalhar a terra, até a orientação adequada para manejo dos

recursos (preservação da mata ciliar) e, prioritariamente, a adoção de políticas públicas no

sentido de efetivar ações para esse importante bioma (incentivo por parte do governo).

Uma alternativa para mitigar o efeito de todo o processo de exploração porque tem

passado a Caatinga é o manejo florestal sustentado. O Manejo atende aos objetivos de

produção e conservação. Além disso, aproveita ao máximo os recursos existentes nas

propriedades que são a vegetação nativa e a mão de obra. Tendo em vista que o manejo se

baseia na produtividade da vegetação nativa,,a atividade de produção não incorre em riscos,

uma vez que essa vegetação é própria da região e está plenamente adaptada ao ambiente . Por

outro lado, de acordo com os estudos da Rede de Manejo Florestal da Caatinga, segundo Silva

(sd) que demonstraram um alto grau de conservação da diversidade florestal bem como de

diversos outros grupos biológicos em áreas de manejo florestal comercial, as áreas manejada

contribuirão ainda mais com a conservação da biodiversidade

5 CONCLUSÕES

O bioma Caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro que ao longo dos séculos tem

sido palco de um modelo insustentável dos seus solos e demais recursos naturais. Associado a

esse fator surge a imagem de um local pobre e seco. É perceptível que a exploração da

caatinga no semiárido paraibano e nordestino é uma questão que pouco interesse tem

despertado nos organismos públicos, infelizmente, talvez por se tratar de uma região pouco

influente política e economicamente no Estado.

Torna-se clara a necessidade de conceber políticas de desenvolvimento rural para as

regiões abrangidas por este importante bioma, levando-se em conta o problema social,

econômico e ambiental.

Do ponto de vista da biodiversidade é um bioma rico, embora venha perdendo essa

riqueza ao longo dos séculos. As atividades primárias – agricultura, pecuária e extração do

componente vegetal – são fatores determinantes para intensificar os níveis de degradação,

sendo localizadas em algumas áreas núcleos de desertificação.

Apesar dessa aparente fragilidade, durante séculos a Caatinga tem sido fonte de

sobrevivência de milhões de nordestinos. Especificamente na área estudada, pode-se retirar

algumas conclusões:

1. Há um intenso processo de degradação ambiental, especificamente relacionado à

cobertura vegetal, degradação dos solos e desaparecimento de espécies da fauna e

da flora;

35

2. O número de pessoas que habita a zona rural está diminuindo ao longo dos anos e

isso representa a falta de condições para conviver com um meio tão inóspito;

3. Da Caatinga são retirados os produtos que garantem a sobrevivência daqueles que

nela habitam;

4. Apesar de reconhecerem as potencialidades da caatinga, pelas vagas respostas,

observa-se o descrédito dos agricultores com as políticas direcionadas para esse

bioma, considerando que 18% acreditam que é preciso que o governo invista nesta

região;

5. Estudos vêm sendo realizados e apontam que uma das alternativas para mitigar o

efeito de todo o processo de exploração porque tem passado a Caatinga é o manejo

florestal sustentado;

6. É preciso um eficiente serviço de extensão para que se possa trabalhar com o

homem do campo em todas as suas dimensões e, dessa forma, mudar a atual

realidade do bioma caatinga.

36

REFERÊNCIAS

AB`SÁBER, A. N.. O Domínio morfoclimático semi-árido das caatingas brasileiras.

Geomorfologia. 1977, 43: 1-39.

ALVES, J. J.; ARAÚJO, M.M. de & NASCIMENTO, Sebastiana Santos do Nascimento.

Degradação da caatinga: uma investigação Ecogeográfica. Caatinga (Mossoró,Brasil),

v.22, n3, p 126-135, julho/setembro 2009.

ALBUQUERQUE, U. P. Plantas com potencial alimentício em evidência. In: IHU ON-

LINE Revista do Instituto Humanitas Unisinos Nº 389 - Ano XII - 23/04/2012 - ISSN

1981-8769

ALVES, J. J. Geoecologia da caatinga no semi-árido do Nordeste brasileiro.CLIMEP:

Climatologia e Estudos da Paisagem, Rio Claro, v.2, n.1, p. 58-71, 2010.

ALVES, J. J. A.; ARAUJO, M. A. de; NASCIMENTO, S. S do. Degradação da caatinga: uma

investigação ecogeográfica. Caatinga (Mossoró,Brasil), v.22, n3, p 126-135, julho/setembro,

2009. Disponível em <www.ufersa.edu.br/caatinga>. Acesso em 22. ago. 2014

ARAÚJO, I.R. Uso e degradação dos recursos naturais no semiárido brasileiro: estudo na

microbacia hidrográfica do Rio Farinha /PB. Patos-PB CSTR: UFCG, 2010.

ARAÚJO, L.V.C. Composição florística, fitossociológica e influência dos solos na

estrutura da vegetação em uma área de caatinga no semi-árido paraibano. 2007. 121f.

Tese doutorado – Universidade Federal da Paraíba, Areia, PB, 2007.

ARAÚJO FILHO, J. A. Manipulação da vegetação lenhosa da caatinga para fins pastoris.

In: SIMPÓSIO NORDESTINO DE ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES, 3, 1990, João

Pessoa: SNPA, 2003, p. 81-93.

37

ARAUJO FILHO, J. A.; CARVALHO, F. C. Desenvolvimento sustentável da

caatinga. Sobral, CE: EMBRAPA – CNPC, 1997. 19P (EMBRAPA – CNPC. Circular

Técnica, 13)

ARAÚJO FILHO, J.A.; SILVA, N.L. Manipulação da vegetação lenhosa da Caatinga

para fins pastoris. Sobral: Embrapa-CNPC, 18p. (Embrapa-CNPC. Circular técnica, 11).

1994.

AZEVÊDO, S. M. A. Crescimento de plântulas de jurema preta (Mimosa tenuiflora

(Willd) Poiret) em solos de áreas degradadas da Caatinga. Dissertação de Mestrado.

Universidade Federal de Campina Grande: UFCG: Patos-PB, 2011.

BARBOSA, M.P. Estudo da Degradação Ambiental e das Vulnerabilidades Agrícolas

Frente aos Desastres ENOS no Semi-árido Paraibano. Projeto de Pesquisa (CNPq

480480/01-0). Campina Grande: UFCG, 2003

BRASIL, Congresso Nacional. Lei Nº. 4504, de 30 de novembro de 1964. Dispõe sobre o

Estatuto de Terras e dá outras providências. Brasília: 1964.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente 2002. Avaliações e ações prioritárias para a

conservação da biodiversidade da caatinga. Universidade Federal de Pernambuco.

Fundação de apoio ao desenvolvimento. Consewation Internacional do Brasil. Fundação

Biodwersitas, EMBRAPA (Semi – Árido/ MMA/ SBF, Brasília).

CUNHA, E. Os Sertões. 14.ed. Três: São Paulo, 2002.

DAMASCENO, M. M. Composição bromatológica de forragem de espécies arbóreas da

caatinga paraibana em diferentes altitudes. Dissertação de Mestrado. UFCG: Patos-PB,

2007.

DRUMOND, Marcos A. Et Al. Estratégias para o uso sustentável da biodiversidade da

Caatinga. In: Workshop Avaliação para a conservação, utilização sustentável e repartição

de benefícios de biodiversidade do bioma Caatinga. Petrolina, Pernambuco, 2000.

_____. Bioma rico em diversidades. In: IHU ON-LINE Revista do Instituto Humanitas

Unisinos Nº 389 - Ano XII - 23/04/2012 - ISSN 1981-8769

CNRBC (Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Caatinga). 2004. Cenários para o

bioma Caatinga. CNRBC, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, Recife,

Brasil.

FEITOZA, M.O.M. 2004. Diversidade e caracterização fitossociológica do componente

herbáceo em áreas de caatinga do nordeste do Brasil. Dissertação de Mestrado.

Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE, 2004

GERHARDT, T. A. e SILVEIRA, D. T. (org.). Métodos de Pesquisa. Universidade Aberta

do Brasil: UFRG. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

GIULIETTI, A.M., et al.. Diagnóstico da vegetação nativa do bioma Caatinga. In: J.M.C.

Silva, M. Tabarelli, M.T. Fonseca & L.V. Lins (orgs.). Biodiversidade da Caatinga: áreas e

38

ações prioritárias para a conservação. pp. 48-90. Ministério do Meio Ambiente, Brasília,

2004.

IBGE. 2004. Mapa de Biomas do Brasil, primeira aproximação. Rio de Janeiro:IBGE.

Acessível em ftp://ftp.ibge.gov.br/Cartas_e_Mapas/Mapas_Murais/. Acesso em 25.agos. 2014

LEAL, I. R; SILVA, J. M. C. Da; TABARELLI, M. & LACHER JR.T. E. Mudando o curso

da conservação da biodiversidade na Caatinga do Nordeste do Brasil. Megadiversidade.

Volume 1. Nº 1, Julho 2005.

LIMA, M.A,; FERNANDES, A.P.M.; SILVA, M.A. et al. Avaliação de forrageiras nativas e

cultivadas em área de caatinga no sertão de Pernambuco. Revista Brasileira de Zootecnia, v.

16, n. 6, p. 517-531, 1987.

MACIEL, G. K. F. & SILVA, F. M. da. Uso sustentável da Caatinga: guia prático para um

manejo mais sustentável da caatinga. Disponível em

http://luciogalvao.files.wordpress.com/2011/12/caatinga-cartilha-uso-sustentavel.pdf. Acesso

em 23. ago. 2014.

MELO, A. C. de. Geografia dos Combustíveis Lenhosos na Microrregião de Patos –

Paraíba. Dissertação de Mestrado. Recife-PE: UFPE, 1998. 197p.

MELO, A. S. T. de. Desertificação: Etimologia, Conceitos, Causas e Indicadores. Revista do

UNIPÊ: João Pessoa: UNIPE, 2 (2): p21-35, 1998.

MELO FILHO, J. F. de; SOUZA, A. L. V. O manejo e a conservação do solo no semi-árido

baiano: desafios para a sustentabilidade. In: Revista Bahia Agrícola, v.7, n.3, Nov.2006.

Disponível em: <http://www.seagri.ba.gov.br/pdf/socioeconomia04_v7n3.pdf> Acesso: 23

ago. 2014.

MENDES, B. V. Biodiversidade e desenvolvimento sustentável do semi-árido. Fortaleza:

SEMAGE, 108p. 1997.

MINAYO, M. C. D (org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes,

2010.

MOREIRA. E. de R. F. Mesorregiões e Microrregiões da Paraíba: delimitação e

caracterização. João Pessoa: GARPLAN, 1998.

MOURA, M.S. B.; BRITO, L.T.de L. & GAMA, G.F.B. Potencialidades da água de chuva

no semi-árido brasileiro. Petrolina, PE: Embrapa Semi-árido, 2007. 181p. il. 37-59pp.

NASCIMENTO, V. T. do. Construções rurais e conservação da biodiversidade. In: Cadernos

de Cultura e Ciência. Universidade Regional do Cariri; URCA, Vol. 2, Nº 2, 2007.

NUNES, L. A. P. L.; ARAÚJO FILHO, J. A.; HOLANDA JÚNIOR, E. V. & MENEZES, R.

Í. Q. Impacto da queimada e de enleiramento de resíduos orgânicos em atributos biológicos de

solo sob Caatinga no semiárido nordestino. Caatinga (Mossoró, Brasil), v.22, n.1, p.131-

140, janeiro/março de 2009.

39

OLIVEIRA, S. L. Tratado de metodologia científica: Projetos de Pesquisas, TGI, TCC,

monografias, dissertações e teses. 10.ed. São Paulo: Pioneira, 2007.

PEREIRA, I. M.. Levantamento florístico do estrato arbustivo-arbóreo e análise da

estrutura fitossociológica de ecossistema de caatinga sob diferentes níveis de antropismo.

2000. 70 p. (Dissertacao de Mestrado). Universidade Federal da Paraiba, Joao Pessoa, 2000.

QUEIROZ, L. P. de. Leguminosas da caatinga. Feira de Santana: Universidade Estadual de

Feira de Santana: Royal Botanic Gardens, Kew: Associação Plantas do Nordeste, 2009.

RAMOS, M. A. Plantas usadas como combustíveis na caatinga: é possível o uso sustentável?

Universidade Regional do Cariri – URCA, Cadernos de Cultura e Ciência. Vol. 2- Nº 2,

2007.

ROQUE, A. A. Diversidade florística do Seridó potiguar. In: FREIRE, Eliza M. Xavier

(Org.). Recursos naturais das caatingas: uma visão multidisciplinar. Natal: EDUFRN,

2009.

SAMPAIO, E. V. S. B. Pesquisa Botânica Nordestina: progresso e perspectivas. Sociedade

Botânica do Brasil. Seção Regional de Pernambuco, Recive, 1995.

SANTANA, J. A. da S.; SOUTO, J. S. Diversidade e estrutura fitossociológica da caatinga na

estação ecológica do Seridó-RN. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v.6, n.2, p.232-

242, 2006.

SEYFFARTH, J. A. Semiárido, o bioma mais diverso do mundo. In: IHU ON-LINE

Revista do Instituto Humanitas Unisinos Nº 389 - Ano XII - 23/04/2012 - ISSN 1981-8769.

SILVA, P. S.; SOLANGE, E.; PAREYN, F. G.Consumo de energéticos florestais do setor

domiciliar no Estado de Pernambuco. Recife: PNUD/FAO/IBAMA/Governo de

Pernambuco, 1998. 39p.

SILVA, J.A. da. Avaliação do estoque lenhoso. Inventário Florestal do Estado da Paraíba.

PNUD/FAO/IBAMA/BRA/87-007. João Pessoa, 1994.

SOARES, D. B. Degradação ambiental no semiárido pernambucano : contribuição ao

estudo da desertificação. Dissertação de Mestrado. Recife-PE: UFPE, 2012.

SOARES, D.G, et al. Rendimento de dois tipos de fornos de carvoejamento no sertão

pernambucano: Estudo de caso. Publicação aceita no quadro do boletim técnico Projeto

GEF caatinga. 1999. Disponível em:

http://www.plantasdonordeste.org/belgica/belgica/arq_site/Anexo_publica_carvao.pdf.

Acesso em 20. ago.2014.

TEIXEIRA, D. Estado de la información sobre madera para energia. In: FAO. Estado de

la información forestal en Brasil.Santiago: Organización de las Naciones Unidas para la

Agricultura y la Alimentación. Comisión Europea. Volume 3. 2002

40

Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre

Desastres. Atlas brasileiro de desastres naturais 1991 a 2010: volume Paraíba /Centro

Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Florianópolis: CEPED UFSC, 2011.

VELOSO, A. G. et al. Ecorregiões Propostas para o Bioma caatinga. VELOSO, A. L.;

SAMPAIO, E.V.S.B.; PAREYN, F. G. C. (ed.) Recife: Associação de plantas de

Nordeste. Instituto de Conservação Ambiental The Nature Conservancy do Brasil, 2002.

ANEXO – QUESTIONÁRIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

UNIDADE ACADÊMICA DE ENGENHARIA FLORESTAL

Entrevistador: ...............................................................................................................................

Data: .........../............../2014

Sítio/Comunidade: .......................................................................................................................

I – ASPECTOS DEMOGRÁFICOS

1.1 Número de pessoas que moram na propriedade: ........................ pessoas.

1.2 Idade do respondente ________________ Sexo: ( ) M ( ) F

1.3 Alguma pessoa da família mora fora de casa ? ( ) Sim ( ) Não

1.4 No caso de sim, onde? ___________________________

1.5 Procedência da família:

( ) Sempre morou nesta propriedade

( ) Veio de outra propriedade

( ) Veio da cidade

1.6 Trabalha à terra como?

( ) Proprietário ( ) Rendeiro

( ) Posseiro ( ) Herdeiro

( ) Meeiro ( ) Outros

41

II – HABITAÇÃO

2.1 Tipo de Habitação:

( ) Taipa ( )Alvenaria

( ) Madeira ( ) Taipa+ Alvenaria

( ) Outros:

..................................................................................................................................................

2.2 Tipo de Fogão:

( ) Lenha ( ) Gás

( ) Carvão ( ) Elétrico

( ) Outro____________________

2.3 Tem energia Elétrica? ( ) Sim ( ) Não

III - EXPLORAÇÃO DA TERRA

3.1 O que planta no roçado?

.......................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

3.2 Existem árvores na propriedade? ( ) Sim ( ) Não

3.3 Se tem vegetação, qual a área da propriedade ocupada com essa vegetação?

.........................................

3.4 Utiliza algum produto retirado da vegetação? ( ) sim ( ) não

3.5 Se sim, que tipo de produtos?

.......................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

3.6 Como era a agricultura no passado?

.......................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

3.7 Ainda ocorre desmatamento na propriedade? ( ) sim ( ) não

3.8 Quais as espécies de plantas que ainda existem na propriedade:

.......................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

3.9 A vegetação que existe é: ( ) suficiente ( ) pouca ( ) muito pouca

3.10 A vegetação traz algum lucro para você? ( ) sim ( ) não

3.11 A presença da vegetação: ( ) prejudica ( ) ajuda na agricultura

42

3.12 Quais são os animais que existem na propriedade:

.......................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

3.13 Você tem conhecimento do desaparecimento de alguma espécie de animal?

( ) sim ( ) não

3.14 Para você, a Caatinga (animais e vegetais) é: ( ) rica ( ) pobre

3.15 O que você sugere para aumentar a área com vegetação na sua propriedade?

.......................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

Obrigada!

Claudia Ferreira