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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS – UNIFAL/MG
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CAMPUS VARGINHA/MG
JANAINA BARROS JUNQUEIRA DE CARVALHO
ANÁLISE GERENCIAL DA PROPRIEDADE CAFEEIRA SÍTIO DA
CHAPADA
VARGINHA/MG
2014
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JANAINA BARROS JUNQUEIRA DE CARVALHO
ANÁLISE GERENCIAL DA PROPRIEDADE CAFEEIRA SÍTIO DA
CHAPADA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
como parte dos requisitos para obtenção do título
de Bacharel em Ciências Econômicas pelo
Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da
Universidade Federal de Alfenas.
Orientador: Msc. João Estevão Barbosa Neto.
Varginha/MG
2014
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JANAINA BARROS JUNQUEIRA DE CARVALHO
ANÁLISE GERENCIAL DA PROPRIEDADE CAFEEIRA SÍTIO DA
CHAPADA
A Banca examinadora abaixo-assinada aprova o
trabalho de Conclusão de Curso apresentado como
parte dos requisitos para obtenção do título de
Bacharel em Ciências Econômicas pelo Instituto de
Ciências Sociais Aplicadas da Universidade
Federal de Alfenas.
Aprovada em:
Profº.
Instituição: Assinatura:
Profº.
Instituição: Assinatura:
Profº.
Instituição: Assinatura:
4
Dedico o presente trabalho a Deus pela vida e sabedoria, aos meus pais que me
proporcionaram os ensinamentos de justiça, educação e sentido de coleguismo. E a
todas as pessoas que colaboraram neste trabalho.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização
deste trabalho, a todos os professores que ao longo dos períodos cursados transmitiram
seus conhecimentos, ao Prof. Msc. João Estevão Barbosa Neto pela dedicação,
conhecimento transmitido e confiança depositada na realização deste trabalho e aos
demais funcionários da instituição de ensino que estão contribuindo nesta caminhada do
aprendizado.
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Resumo
A produção cafeeira é uma atividade importante para o desenvolvimento do país e para
o Sul de Minas, pois tem grande capacidade de gerar emprego e contribui muito com as
exportações do país, por isso vê-se necessário introduzir técnicas que permitam ao
produtor conhecer melhor sua atividade possibilitando o planejamento, o controle e a
tomada de decisão, sendo a melhor técnica, a contabilidade. Diante disso, o presente
estudo teve como objetivo identificar e analisar os fatores que influenciam no custo de
produção da produção de café da propriedade Sítio da Chapada localizada na região do
Sul de Minas através de uma análise gerencial. Para tanto, foram extraídos e analisados
dados do relatório do projeto Educampo do Sebrae referente as safras de 2009/2010,
2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013, onde foram divididos em produção e faturamento,
custos e despesas e indicadores de lucratividade. Posteriormente foi realizada uma
entrevista por pautas com o proprietário da fazenda com o intuito de melhor entender as
informações do relatório do projeto Educampo, embasando melhor os resultados do
trabalho. A partir dos resultados, verificou-se que o que mais influencia na lucratividade
da produção de café é a produtividade, o preço médio da saca e os custos atrelados ao
processo.
Palavras-chave: Análise gerencial; café; propriedade cafeeira.
Abstract
Coffee production is an important activity for the country's development and to the
south of Minas Gerais, it has great capacity to generate employment and contributed
greatly to the country's exports, so it sees as necessary to introduce techniques that
allow the producer to know better your activity enabling the planning, control and
decision making, with the best technique, accounting. Therefore, this study aimed to
identify and analyze the factors that influence the cost of production of Chapada site
owned by coffee production located in the southern region of Minas through a
management analysis. Thus, we extracted and analyzed Educampo project report data
Sebrae related crops of 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 and 2012/2013, which were
divided into production and revenues, costs and expenses and profitability indicators.
Later an interview for staves with the farm owner with the aim of better understanding
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the Educampo project report information, better basing the results of the work was
performed. From the results, it was found that what affects more coffee production
profitability is productivity, the average price of the bag and the costs linked to the
process.
Keywords: management analysis; coffee; coffee estate.
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LISTA DE GRÁFICO
Gráfico 1- Evolução das exportações de café em grão do Brasil e demais países
produtores- Safras 1900/01 – 2000/01 ........................................................................... 15
Gráfico 2- Quantidade de sacas vendidas ...................................................................... 26
Gráfico 3- Receita Bruta ................................................................................................ 27
Gráfico 4- Preço Médio da Saca .................................................................................... 27
Gráfico 5- Área Plantada e produção por área plantada ................................................. 28
Gráfico 6 - Margem Bruta ............................................................................................. 33
Gráfico 7- Margem Bruta por Saca ............................................................................... 34
Gráfico 8- Margem Líquida ............................................................................................ 34
Gráfico 9: Margem Líquida por Saca ............................................................................. 35
Gráfico 10- Lucro .......................................................................................................... 36
Gráfico 11- Lucro por saca ............................................................................................ 36
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Custos operacionais efetivos- COE ................................................................ 29
Tabela 2- Custo Operacional Total- COT ...................................................................... 31
Tabela 3- Custo Total- CT .............................................................................................. 32
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 10
1.1 Contextualização ............................................................................................................... 11
1.2 Problema de Pesquisa ........................................................................................................ 12
1.3 Objetivo geral .................................................................................................................... 12
1.4 Objetivos específicos................................................................................................... 12
1.5 Justificativa ....................................................................................................................... 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................... 14
2.1 Contexto cafeeiro brasileiro .............................................................................................. 14
2.2 Contabilidade gerencial no setor de agronegócio .............................................................. 17
2.3 Estudos já realizados ......................................................................................................... 20
3 METODOLOGIA .................................................................................................................... 23
3.1 Natureza da pesquisa ......................................................................................................... 23
3.2 Delineamento da pesquisa e instrumentos de coleta de dados .......................................... 23
3.3 Descrição da fazenda ......................................................................................................... 25
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................................. 26
4.1 Produção e faturamento ..................................................................................................... 26
4.2 Custos e despesas .............................................................................................................. 29
4.3 Indicadores de lucratividade .............................................................................................. 33
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 39
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1 INTRODUÇÃO 1.1 Contextualização
A produção cafeeira tem importância econômica para o país desde o fim do
século XVIII, quando se tornou produto de exportação. É uma atividade de relevância
socioeconômica no desenvolvimento do Brasil, com grande capacidade geradora de
empregos. Segundo Ribeiro et al. (1998), constitui um dos principais produtos agrícolas
na pauta das exportações do país, e de acordo com Bacha (1998) vem crescendo
significativamente o consumo interno do produto, visto que dados da ABIC mostra que
em 1965 foi de 8,1 milhões de sacas e em 2012 foi de 20,3 milhões de saca, ou seja, o
consumo mais que dobrou no período de 47 anos.
O país tem vantagens comparativas com relação aos outros produtores por
possuir um parque cafeeiro diverso, que produz uma grande variedade de tipos de
bebidas, destacando, de acordo com a Revista Mark Coffee Magazine (2013) a região
do Sul de Minas Gerais como sendo um dos principais produtores do país e do Estado,
por sua alta produtividade e produção de cafés especiais, representando em média 30 %
da produção brasileira e gera mais de 1,5 milhões de empregos.
Contudo, há uma crescente procura por um café de maior qualidade. Nesse
sentido, surge a necessidade de uma mudança na mentalidade dos produtores visando
atender esse exigente e competitivo mercado. E essa mudança passa não só pela
preocupação com a qualidade do produto, como também faz com que surja um processo
de adaptação de novas práticas de gestão. Os produtores que possuem um modelo de
gestão eficiente, que sabe o custo de cada saca de café agrega um valor melhor ao
produto.
Assim, é exigido do produtor alterações em suas práticas gerenciais, sendo estas
relevantes para o processo de produção e comercialização do café. E a principal
ferramenta utilizada para a tomada de decisão gerencial é a Contabilidade.
A contabilidade é introduzida no gerenciamento das propriedades agrícolas por
fornecer informações que permite o controle, o planejamento e a tomada de decisão.
Embora essa inclusão contábil não seja facilmente praticada, ela é capaz de transformar
essas propriedades em empresas com capacidade de acompanhar a evolução do setor e
ajudaria os produtores a ter uma melhor visão do seu negócio. Diante desse contexto, o
presente trabalho tem como objetivo identificar e analisar os fatores que influenciam no
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custo de produção de café da propriedade Sítio da Chapada localizada na região do Sul
de Minas por meio de uma análise gerencial.
Para tanto, foi realizado um estudo de caso, por meio da análise dos relatórios do
Projeto Educampo do Sebrae. Adicionalmente, visando dar um maior embasamento
para as informações encontradas nos relatórios, fez-se uma entrevista com o proprietário
da fazenda.
1.2 Problema de Pesquisa
Quais os fatores que influenciam no custo de produção de café?
1.3 Objetivo geral
O objetivo geral desse estudo é identificar e analisar os fatores que influenciam
no custo de produção de café da propriedade Sítio da Chapada localizada na região do
Sul de Minas por meio de uma análise gerencial.
1.4 Objetivos específicos
Realizar uma análise gerencial com o intuito de comparar o custo de
produção das lavouras desta propriedade no decorrer dos períodos
analisados identificando os principais fatores que influenciam na
composição desse custo;
Identificar os motivos de variação desses fatores;
Analisar os indicadores gerenciais no decorrer dos períodos analisados;
Identificar os determinantes da lucratividade.
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1.5 Justificativa
A produção cafeeira foi e ainda é de importância socioeconômica para o
desenvolvimento do país devido à sua significância para a economia. Na época de
colheita gera renda para milhares de agricultores. Está entre os principais produtos na
pauta das exportações do país, e seu consumo também vem crescendo dentro do próprio
país.
Devido a essa importância, é necessário que os cafeicultores conheçam os
fatores que influenciam a condução da atividade, visando sempre melhorias para
aumentarem os resultados econômicos do seu negócio. Por isso, vê-se necessário
implantar nas propriedades cafeeiras, métodos que possam ajudar nessas melhorias.
A introdução da contabilidade gerencial nessas propriedades é uma forma de
aperfeiçoar o setor e resultar em melhorias, uma vez que ela fornece informações
valiosas aos produtores, como o conhecimento de como produzir com menos custos e
como gerenciar adequadamente a propriedade, desempenhando papel importante como
ferramenta gerencial, por meio de informações que permite o controle, o planejamento e
a tomada de decisão.
Diante disso, a realização desse estudo pode proporcionar uma relevante
ferramenta de tomada de decisão por parte do administrador da propriedade agrícola em
estudo.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Contexto cafeeiro brasileiro
De acordo com a ABIC (2013) o consumo do café foi popularizado na Europa
durante o século XVII, produção vinda da Arábia. Alemães, franceses e italianos
procuravam uma maneira de desenvolver o plantio em suas colônias, uma vez que esse
tipo de cultura foi se tornando lucrativo e se estendendo por todo o mundo, ainda que
com escassez, visto que sua procura era muito maior que sua oferta.
A partir destas plantas, os holandeses iniciaram em 1699, plantios experimentais
em Java, principal ilha da Indonésia. Essa experiência de sucesso trouxe lucro,
encorajando outros países a tentar o mesmo. Pelas mãos dos colonizadores europeus, o
café chegou ao Suriname, São Domingos, Cuba, Porto Rico e Guiana e por meio das
Guianas chegou ao norte do Brasil. Desta maneira, o segredo dos árabes se espalhou por
todos os cantos do mundo (ABIC, 2013).
Segundo a ABIC (2013), foi, no início do século XVIII que essa cultura chegou
ao Brasil, mas os agricultores ainda davam mais importância à cana de açúcar que já era
cultivada anteriormente no país. Porém a substituição de um produto pelo outro não
seria difícil, visto que a demanda mundial de café só vinha aumentando e era muito
maior que a de cana de açúcar. Outro fator era a exigência de menos mão de obra, uma
vez que a cana tinha que ser replantada e o café poderiam durar entre 30 e 40 anos em
produção. Por esses motivos, o café logo ocupou o lugar da cana de açúcar e serviu-se
da base da estrutura agrícola deixada por esta.
O produto assume importância comercial para o país no fim do século XVIII,
quando ocorre a alta de preços causada pela desorganização do grande produtor que era
a colônia francesa do Haiti e se torna um produto de exportação. Diante desse contexto,
seu desenvolvimento se deu nas regiões montanhosas, onde havia abundancia de mão de
obra, porém perto dos portos para amenizar os gastos com transportes (ABIC,2013).
A economia cafeeira é uma atividade de elevada relevância socioeconômica no
desenvolvimento do Brasil. Foi, e ainda é para várias regiões produtoras uma das
atividades com maior capacidade geradora de empregos e fixadora de mão-de-obra no
campo (BACHA, 1998). Gera renda para mais de 650 mil agricultores familiares,
principalmente na época de colheita (MDA, 2013).
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De acordo com os estudos de Ribeiro et al. (1998), o café constitui em um dos
principais produtos agrícolas na pauta das exportações do Brasil. Nesse sentido, eles
citam que o café já representou cerca de 50% das exportações totais brasileiras no início
da década de 1960, em 1990 sua participação situava-se próximo a 5% e em 1994 a
receita cambial gerada pelo café na economia nacional chegou a 5,8% do total das
exportações.
De acordo com Saes e Nakazone (2004), em 2002, as exportações brasileiras
bateram o recorde de 27,9 milhões de sacas, o que representou market-share de 32%, o
maior dos últimos 12 anos.
Gráfico 1- Evolução das exportações de café em grão do Brasil e demais países produtores- Safras
1900/01 – 2000/01
Fonte: Saes e Nakazone (2002, p.8)
Segundo os últimos dados da Associação Brasileira da Indústria de Café
(ABIC), em 2011 as exportações brasileiras de café corresponderam a 31,95% da
mundial do produto e em 2012, 25,41%, sendo, o país, o principal e maior exportador
do produto do mundo. O café está em sexto lugar nas exportações do agronegócio
brasileiro, correspondendo a 7,1% em 2012 e 5,6% em 2013.
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Segundo Saes e Nakazone (2004), tendo como indicador de competitividade o
grau de inserção do produto no mercado internacional, o Brasil conquistou um espaço
significativo nos últimos dez anos. O país tem vantagens com relação aos outros
produtores por possuir um parque cafeeiro diverso, que produz uma grande variedade de
tipos de bebidas, além de estar liderando o processo de desenvolvimento tecnológico,
dando destaque para a fertirrigação e mecanização.
Para Saes e Nakazone (2004), o elemento tradicional de competitividade do café
verde é o custo de produção, e na produção do café arábica, o Brasil é o país que possui
menor custo, o qual, aliado à produtividade, tem garantido a manutenção e o
crescimento da participação no mercado internacional. Além do custo de produção,
outra variável que determina a competitividade do café é a diferenciação por qualidade.
Observa-se, então, um movimento intenso em busca de qualidade e capacitação
tecnológica em todas as regiões produtoras do país. Ainda de acordo com eles, estima-
se que o Brasil tenha condições de dominar pelo menos 20% do mercado mundial de
cafés especiais.
Tal fato demonstra que o café foi e ainda é economicamente importante para o
país no sentido da exportação tanto relacionado a quantidade quanto a qualidade. De
acordo com o MAPA (2013) o país é maior produtor e exportador mundial de café, e
segundo maior consumidor do produto.
Contudo, também é importante destacar necessidade de suprir o consumo
interno, uma vez que o Brasil, assim como produtor, também é um dos maiores
consumidores de café do mundo. De acordo com Bacha (1998), o consumo brasileiro é
o segundo maior em volume de sacas no mundo e o maior entre os países produtores. E
isso vem crescendo, visto que dados da ABIC mostram que o total consumido (inclusive
solúvel) em 1965 foi de 8,1 milhões de sacas e em 2012 foi de 20,3 milhões de saca; o
consumo mais que dobrou no período de 47 anos.
Atualmente, o parque cafeeiro é estimado em 2,3 milhões de hectares. São cerca
de 287 mil produtores que, fazendo parte de associações e cooperativas, distribuem-se
em 15 Estados: Acre, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Distrito Federal, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro,
Rondônia e São Paulo (MAPA, 2013).
Com relação ao Estado de Minas Gerais, de acordo com a revista eletrônica
Mark Coffee Magazine (2013) a cafeicultura foi inserida na região na década de 1850, e
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é o Estado brasileiro mais importante nesse tipo de produção, onde contribui com cerca
de 50% do total produzido no país. São em média 700 municípios produtores e cerca de
1,1 milhões de hectares e mais de quatro milhões de empregos. Rende para o Estado
cerca de 4 bilhões de reais, aproximadamente 25% do agronegócio mineiro.
Destaca-se, também conforme a revista, que a região do Sul de Minas Gerais é
um dos principais produtores do Estado e do país, o que proporciona relevante
influência no desenvolvimento econômico e social da região. Compreende cerca de 14
municípios e em média 30 % da produção brasileira, fato que se deve a alguns fatores
como: aptidão de clima e solo para maior produtividade e qualidade, profissionalismo
do cafeicultor, qualificação de mão de obra, organização em cooperativas etc.
Seu relevo montanhoso é ideal para essa produção, sendo mais de 28 mil
propriedades que cultivam 1,2 bilhões de covas de café, onde predominam as pequenas
e médias propriedades. Seu grande alcance social no Sul de Minas é medido pelo
emprego que oferece: mais de 1,5 milhões. A região também é conhecida pela qualidade
do produto, por ter bebidas finas (café doce e suave, com aroma acentuado e acidez
cítrica, mediamente encorpado e adstringente), fato pelo qual se deve as condições de
clima e solo favoráveis. (MARK COFFEE MAGAZINE, 2013).
2.2 Contabilidade gerencial no setor de agronegócio
Segundo Bornia (2002), custo é o gasto econômico que representa a fabricação
de um produto ou a prestação de um serviço, ele é composto pelo preço da matéria-
prima, o preço da mão-de-obra direta usada na sua produção, o preço da mão-de-obra
indireta usada para o funcionamento da empresa e o custo de amortização da maquinaria
e dos edifícios. Ao estabelecer o custo de produção, é possível determinar o preço de
venda ao público do bem em questão, e tomar decisões quanto à quando e como
produzir. Logo, a contabilização dos custos é indispensável para um bom gerenciamento
da empresa, tanto operacional quanto contábil.
Diante disso, Calderelli (1997) define contabilidade gerencial como a área de
contabilidade voltada unicamente para a administração de uma empresa. Ela fornece
todos os elementos à administração, a partir da contabilidade financeira e da
contabilidade de custos para que a gerência da empresa possa direcionar as alternativas
decisórias adequadamente ao seu potencial.
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Segundo Iudícibus (1998, p.21):
A contabilidade gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um
enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já
conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos,
na análise financeira e de balanços etc, colocados numa perspectiva diferente,
num grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e
classificação diferenciada de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em
seu processo decisório.
Numa visão geral, Padoveze (2000) fala que o gerenciamento contábil está
ligado às informações contábeis que são necessárias para controle, acompanhamento e
planejamento da empresa como um todo e utilizados pela alta administração da
companhia. Ela está relacionada ao fornecimento de informações para os
administradores, pois são eles que estão dentro da organização e que são responsáveis
pela direção e controle de suas operações. E não é diferente na propriedade rural.
Entretanto, segundo Callado e Almeida (2005), os produtores rurais enfrentam
diversos problemas estruturais para que melhor possam desenvolver suas atividades, a
exemplo das práticas contábeis e gerenciais por eles utilizadas. A administração rural no
Brasil ainda se desenvolve dentro de critérios tradicionais que apresentam um baixo
padrão de desempenho.
Segundo Crepaldi (2006), a contabilidade rural é uma das ferramentas
administrativas menos utilizadas pelos produtores brasileiros. A contabilidade rural é
vista como uma técnica complexa em sua execução, sendo conhecida apenas dentro de
suas finalidades fiscais, grande parte dos produtores não demonstra interesse por uma
aplicação gerencial, pois estão sujeitos apenas à tributação do Imposto de Renda e não
utilizam a aplicação gerencial, colocando em segundo plano toda sua contabilidade. Ele
afirma ainda que a tarefa de gerar informações gerenciais que permitam a tomada de
decisão com base em dados consistentes e reais é uma dificuldade constante para os
produtores rurais. Entre os diversos fatores que têm contribuído para isso, Crepaldi
(2006, p. 67) aponta os seguintes:
• A adaptação de sistemas estrangeiros e de Contabilidade Comercial e
Industrial, inadequados para retratar as características da agropecuária
brasileira;
• a falta de profissionais capacitados na transmissão de tecnologias
administrativas aos fazendeiros;
19
• a não inclusão da Contabilidade Rural como instrumento de políticas
governamentais agrícolas ou fiscais.
Desta forma, Callado e Almeida (2005) dizem que cabe aos profissionais
responsáveis pelas práticas contábil-gerenciais buscarem formas de adequar a
contabilidade às reais necessidades dos produtores rurais, sem que isto seja uma tarefa
dispendiosa, e gerar relatórios contábeis que possam dar subsídios suficientes para
auxiliá-los nas tomadas de decisões, a fim de que as empresas rurais possam ter uma
administração eficiente. Crepaldi (2006, p. 85), aponta a contabilidade rural como
sendo:
Um dos principais sistemas de controle e informação das empresas rurais.
Com a análise do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do
Exercício é possível verificar a situação da empresa, sob os mais diversos
enfoques, tais como análises de estrutura, de evolução, de solvência, de
garantia de capitais próprios e de terceiros, de retorno de investimentos etc.
Procópio (1996) destaca que muitos administradores rurais reconhecem a
necessidade da utilização da contabilidade, os quais reivindicam um quadro de
informações básicas para a tomada de decisões e fazendo o uso de alguns relatórios
contábeis. Todavia, os administradores analisam esses relatórios sem a adequada
consideração às informações necessárias ou o adequado conhecimento de como esses
relatórios deveriam ser interpretados.
Callado e Almeida (2005) complementam que para que isso não ocorra, torna-se
necessário a implantação de um bom sistema de custos que possibilite aos empresários
rurais, em conjunto com uma assessoria técnica, diagnosticar possíveis problemas
através da análise da composição dos custos e avaliar o rendimento da atividade
desenvolvida.
Portanto, o estudo dos custos de produção rural é um assunto relevante uma vez
que fornece ao empresário um roteiro indicativo para escolha de quais atividades devem
ser ou não incentivadas, além de possibilitar uma melhor combinação dos recursos
disponíveis para atingir melhores resultados. Ou seja, estes custos devem ser vistos
como uma forma de planejamento estratégico que permite a confrontação entre a
realidade vivida pela empresa rural e o planejamento estabelecido (CALLADO e
ALMEIDA, 2005).
Neste contexto, a contabilidade desempenha um papel importante como
ferramenta gerencial, por meio de informações que permite o controle, o planejamento e
20
a tomada de decisão, o que transformaria as propriedades rurais em empresas com
capacidade de acompanhar a evolução do setor.
É importante destacar também, que a evolução tecnológica faz com que a
agricultura se desenvolva, aumentando a produção, reduzindo custos. Mas também é de
grande relevância ter profissionais e mão de obra qualificada, para operarem nas
atividades rurais, tanto na produção como na área administrativa, visando buscar um
controle econômico-financeiro rigoroso (BORILLI et al., 2005).
Assim, conforme Sander (2005), o empresário deve deixar de lado a técnica de
controle em que as informações eram guardadas em sua memória e introduzir em sua
propriedade um controle rigoroso através de sistemas informatizados que irão
proporcionar dados exatos dos seus custos, despesas, produtividade, e que facilitarão a
sua permanência no mercado. Pois ao utilizar os controles gerenciais, o produtor rural
terá melhor conhecimento sobre sua propriedade e identificará mais facilmente os
custos, a produtividade e as demais deficiências existentes no seu “negócio”. Sendo
assim, irá trabalhar em função dos problemas identificados melhorando a qualidade,
eliminado perdas e aumentando a produtividade, sempre buscando os melhores
resultados.
Por fim, para fundamentar a importância da contabilidade rural, Fabra, Quintana
e Paiva (2006, p. 311), ressaltam que:
A economia do Brasil está baseada principalmente na agricultura e na
pecuária, por isso devemos nos preocupar com o gerenciamento de custo
nessas atividades. E para isso torna-se de suma importância a utilização da
Contabilidade Fiscal e Gerencial.
Diante da importância do setor cafeeiro para economia do país e da necessidade
dos produtores de introduzir a contabilidade em sua atividade para ter um bom modelo
de gestão, alguns estudos já foram feitos nessa área.
2.3 Estudos já realizados
Relativo ao setor de agronegócio, focando no cafeeiro, estudos na mesma linha
desse, com os objetivos de analisar gerencialmente lavouras de café, seus custos de
produção, etc. já foram realizados. Reis et al. (2001), realizaram um o estudo baseado
na teoria dos custos na região do de Sul de Minas Gerais. Foram levantados dados de 48
21
propriedades de café na safra 2002/2003, verificando que as despesas com os recursos
variáveis são as que mais oneram o custo final do café e que a cafeicultura responde à
economia de escala e, no geral, essa safra apresentou uma situação de lucro econômico.
Zuccolotto (2004) estudou a gestão de custos aplicada às culturas de café
conilon em propriedades de base familiar no estado do Espírito Santo. Ele tinha como
objetivo, identificar a área mínima a ser plantada para que a lavoura de café conilon da
propriedade de base familiar no Estado do Espírito Santo atinja o ponto de equilíbrio
operacional e obtenha Valor Presente Líquido igual a, no mínimo, zero. Diante dos
resultados, tal autor verificou que a área necessária para que a lavoura atinja o Ponto de
Equilíbrio Operacional oscilará em função das tecnologias utilizadas.
Outro estudo nessa área de agronegócio foi feito por Bliska et al. (2009), que
tinham como objetivo, o cálculo e a comparação dos custos de produção de café nas
principais regiões produtoras do Brasil. Os resultados indicam que as regiões que
apresentam maior vantagem comparativa, com relação aos custos de produção são o
Norte Novo (Cornélio Procópio) e o Norte Velho (Jacarezinho), Estado do Paraná, com
custos de produção inferiores aos observados na maior parte das outras regiões
produtoras. A seguir se destacam a região da Mogiana, no Estado de São Paulo, e o Sul
e Cerrado de Minas Gerais. Quando comparados com os resultados do levantamento de
custo de produção disponibilizado pela Companhia Nacional de Abastecimento
(CONAB) (2006), para o mesmo período, observou-se que os valores estimados neste
estudo são em geral inferiores ao da CONAB.
Nogueira et al. (2013), fizeram um estudo o qual tinha como objetivo identificar,
através da técnica de análise discriminante, as variáveis que interferem no resultado
econômico de talhões na atividade cafeeira. De acordo com o resultado da função
discriminante, apenas a variável produtividade dos talhões foi selecionada como a que
mais contribui para estimar o resultado econômico positivo ou negativo dos talhões.
Também verificou-se que a função resultante da análise discriminante pode contribuir
para o gestor da organização rural tomar decisões antecipadas em função do resultado
econômico projetado.
Oliveira e Filho (2013) fizeram uma análise em um estudo de caso da
maximização do lucro e minimização do custo no processo de conversão do café
convencional para o orgânico. Esse estudo teve como objetivo verificar a viabilidade
econômica da produção orgânica de café no sítio Terra Verde em Espírito Santo do
22
Pinhal, no Estado de São Paulo, para o processo de conversão da técnica convencional
para a orgânica. Utilizou-se a metodologia de programação linear para maximizar o
lucro e minimizar o custo de produção de café em dois cenários. O plano de conversão
passou por três fases de manejo: substituição de insumos, conversão e produção
orgânica. Os resultados mostraram que a adoção da técnica orgânica proporcionou ao
produtor lucros superiores aos do sistema convencional no final do período de
conversão, quando ocorre aumento sobre o preço da saca. Concluiu que pode ser
economicamente viável a adoção da produção orgânica na cultura do café, mas é com
extrema dependência do diferencial do preço entre o sistema convencional e o orgânico.
Assim, fica evidente a existência desses estudos que discutem os custos de
produção, gerenciamento contábil, mercado etc. na atividade cafeeira. Sendo assim, é
reforçada a importância desses estudos.
23
3 METODOLOGIA
3.1 Natureza da pesquisa
As pesquisas, quanto aos seus objetivos, se classificam como exploratória
explicativa e descritiva. Segundo Gil (1999), as pesquisas descritivas têm como objetivo
primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o
estabelecimento de relações entre as variáveis. Uma de suas características mais
significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coletas de dados.
De forma análoga, Andrade (2002) destaca que a pesquisa descritiva preocupa-
se em observar os fatos, registrá-los, classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não
interfere neles. Assim, os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não
são manipulados pelo pesquisador. Entretanto, segundo Triviños (1987), o estudo
descritivo exige do pesquisador uma delimitação precisa de técnicas, métodos, modelos,
e teorias que orientarão a coleta e interpretação dos dados, cujo objetivo é conferir
validade científica a pesquisa. A população e a amostra também devem ser delimitadas,
assim como os objetivos, os termos, as variáveis, as hipóteses e as questões de pesquisa.
Desse modo, o presente estudo se classifica como descritivo, pois busca descrever e
analisar gerencialmente os resultados de uma propriedade cafeeira.
3.2 Delineamento da pesquisa e instrumentos de coleta de dados
Considerando os procedimentos da pesquisa, o método usado foi o de pesquisa
documental e o estudo de caso.
A pesquisa documental, devido suas características, pode chegar a ser
confundida com a pesquisa bibliográfica. Gil (1999) destaca como principal diferença
entre esses tipos de pesquisa a natureza das fontes de ambas as pesquisas. A pesquisa
bibliográfica utiliza-se principalmente das contribuições de vários autores sobre
determinada temática de estudo, já a pesquisa documental baseia-se em materiais que
ainda não receberam um tratamento analítico ou que podem sem reelaborados de acordo
com o objetivo da pesquisa. Sua notabilidade é justificada no momento em que se
podem organizar informações que se encontram dispersas, conferindo-lhe uma nova
importância como fonte de consulta.
24
Segundo Silva e Grigolo (2002), esse tipo de pesquisa visa, assim, selecionar,
tratar e interpretar a informação bruta, buscando extrair dela algum sentido e introduzir-
lhe algum valor, podendo, desse modo, contribuir com a comunidade científica a fim de
que outros possam voltar a desempenhar futuramente o mesmo papel.
Nesse sentido, foram utilizados os relatórios desenvolvidos pelo projeto
Educampo Café do Sebrae, para uma análise gerencial e comparação dos custos de
produção das safras 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 do Sítio da
Chapada, propriedade localizada em Soledade de Minas, região do Sul de Minas Gerais.
Projeto esse que é realizado pelo Sebrae com o intuído de ajudar os produtores rurais a
ter uma visão melhor do seu negócio, mostrando-o todos os custos, ganhos e perdas
ocorridos por safra.
Já o estudo de caso é uma pesquisa de natureza empírica, que investiga um
determinado fenômeno, geralmente contemporâneo, dentro de um contexto real de vida,
quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto em que ele se insere não são
claramente definidas. Trata-se de uma análise aprofundada de um ou mais objetos, para
que permita o seu amplo e detalhado conhecimento (GIL, 1996; BERTO; NAKANO,
2000). Seu objetivo é aprofundar o conhecimento acerca de um problema não
suficientemente definido (MATTAR, 1996), visando estimular a compreensão, sugerir
hipóteses e questões ou desenvolver teorias.
Diante disso, foram feitos levantamentos diretamente na propriedade cafeeira
Sitio da Chapada com o intuito de identificar quais os reais fatores que influenciaram no
custo de produção das safras 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013, bem
como os motivos de suas variações, visando uma melhor conclusão da análise gerencial.
Para a obtenção dos dados exatos sobre os reais motivos das variações do custo
de produção, foi realizada uma entrevista por pautas (semi-estruturada ou semidirigida).
Gil (1999) descreve que “O tipo de entrevista por pautas apresenta certo grau de
estruturação, já que se guia por uma relação de pontos de interesse que o entrevistador
vai explorando ao longo de seu curso. As pautas devem ser ordenadas e guardar certa
relação entre si. O entrevistador faz poucas perguntas diretas e deixa o entrevistado falar
livremente, à medida que reporta às pautas assinaladas.” A entrevista foi realizada com
o proprietário da fazenda.
25
3.3 Descrição da fazenda
Sítio da Chapada, localizada em Soledade de Minas na Região do Sul de Minas
Gerais, tem como proprietários Maria José Barros Junqueira de Carvalho e Marcus
Vinícius S. de Carvalho e compreende 60 hectares. Adquirido por herança no ano de
1996 com cerca de 10 mil pés de cafés.
Hoje, com 85 mil pés, é certificada pelo Certifica Minas e pelo UTZ Certified
Good Inside, participa do projeto NUCOFFEE e também do projeto Educampo Café do
Sebrae, estando entre os 5 melhores custos de produção da Cooperativa Regional dos
Cafeicultores do Vale do Rio Verde Ltda. (COCARIVE) nos últimos 4 anos. Produz
cafés especiais através de via natural, onde os grãos são apenas lavados e separados em
grãos cereja e grãos verdes.
Participa de concursos de cafés especiais, já tendo sido premiado em primeiro
lugar no primeiro concurso estadual promovido pela EMATER MG em 2003 na
categoria Natural Empresarial. Ficou também com dois lotes entre os 20 melhores do
Cup of Excelence - LateHarvest 2012 da Brazil Specialty Coffee Association (BSCA) e
campeão do primeiro concurso da Carmo Coffees em 2012.
Destaca-se que a propriedade já se encontra com sua reserva legal averbada
perante os órgãos oficiais do governo.
26
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 Produção e faturamento
A partir dos dados coletados por meio dos relatórios gerenciais do projeto
Educampo Café do Sebrae, fez-se uma análise gerencial e comparação dos custos de
produção das safras 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013. A primeira análise
é feita a partir das variáveis relacionadas com a produção e faturamento, em seguida, é
feita uma análise dos custos e despesas incorridas na produção, e por último analisa-se
os indicadores de lucratividade. Por meio do Gráfico 2 é possível observar a quantidade
de sacas vendidas por safra.
Gráfico 2- Quantidade de sacas vendidas
Fonte: Educampo/Sebrae
É possível observar que a produção vem variando no decorrer das safras.
Destaca-se que a safra 2010/2011 foi o período em que mais produziu e com diferença
grande das outras e que a safra 2009/2010 produziu pouco diante das outras.
Uma lavoura de café tem um ano propício e um ano não à produção, ou seja, um
ano produz bem e no próximo não. A safra 2009/2010 foi um período em que a
produtividade não seria alta, mas teve uma produção muito inferior das demais e do
esperado. A safra posterior (2010/2011) que era de alta produção foi bem superior do
que a anterior e as duas próximas. A safra 2011/2012 era um ano não propicio, logo ela
produziu o esperado para o período visto as outras safras. O período 2012/2013 deveria
ter produzido mais, assim como a 2010/2011, por ser uma safra de produtividade alta. O
entrevistado Marcus Vinícius S. de Carvalho explica os motivos dessas variações:
27
Nós utilizamos o mecanismo de poda para manter as lavouras sempre no seu
melhor estado. Existe vários tipos de podas, e nessa época da safra 2009/2010
foi feito não só o esqueletamento mas uma recepta em uma lavoura mais
antiga. Você pode ver, que nas safras 2011/2012 e 2012/2013 a produção de
manteve porque nós começamos a trabalhar com poda proporcional para que
se mantivesse pelo menos a quantidade suficiente para que a fazenda não
tivesse esse desnível tão grande que teve na safra 2009/2010, logo a safra
2012/2013 onde era um ano propicio ao café e era para ter tido uma alta na
produção referente ao ano anterior, foi feito essa poda proporcional (poda de
menos lavouras) e ela não diminuiu tanto a produção como aconteceu na
2009/2010. Isso vai continuar sendo feito para manter sempre o nível da
produção e a qualidade das lavouras.
Gráfico 3- Receita Bruta
Fonte: Educampo/Sebrae
Gráfico 4- Preço Médio da Saca
Fonte: Educampo/Sebrae
Corroborando com as informações do gráfico 2, houve variação também na
receita bruta, bem como no preço médio da saca. O preço médio da saca, bem como a
quantidade de sacas produzidas corroboram para a composição da receita bruta. Na
safra 2009/2010 que teve produtividade baixa, o principal fator que colaborou com a
receita bruta foi o preço médio da saca que foi R$404,14 e essa receita foi de
R$137536,57 já na safra 2010/2011 onde a produtividade foi alta, o fator produtividade
28
contribuiu em maior proporção com a receita bruta, apesar do aumento do preço médio
da saca para R$564,49, e esta teve um aumento diante da primeira safra sendo o seu
valor R$411517,57. Nas safras 2011/2012 que mantiveram a produtividade mediana
devido aos motivos já falados, além da produtividade, o preço médio da saca também
contribuiu em boa parte na composição da receita bruta, apesar de ter diminuído em
relação à safra 2010/2011, e estas tiveram uma queda em relação a 2010/2011 e seus
valores foram respectivamente R$212491,86 e R$202971,46.
Fonte: Educampo/Sebrae
Analisando a quantidade produzida com a área plantada, verifica-se que o
território não alterou, mas a produção aumentou de forma significativa em alguns
momentos como já foi falado anteriormente. O proprietário da fazenda discorre sobre o
assunto:
A área plantada não muda, e os motivos pelos quais a produção varia são os
mesmos que eu já citei anteriormente. Só está havendo uma renovação
frequente das lavouras, principalmente devido à dificuldade de mão de obra
na época da colheita. Não se usa mais aqueles cafés com alturas grandes para
ter bastante café pois os trabalhadores não gostam de colher café assim, então
temos que estar sempre renovando as lavouras não só para que tenha uma
produtividade boa mas também para que facilite a colheita por parte da mão
de obra.
Gráfico 5- Área Plantada e produção por área plantada
29
4.2 Custos e despesas
Posteriormente, foi realizada uma análise dos componentes do custo de
produção. Nesse sentido, os custos foram divididos, de acordo com o relatório do
projeto Educampo Café do Sebrae, em Custo Operacional Efetivo (custo de todos os
recursos de produção que exigem desembolso por parte da empresa), Custo Operacional
Total (Custo Operacional Efetivo acrescido do valor da despesa com mão de obra e
depreciação das máquinas, cafezal, etc.) e Custo Total (Custo Operacional Total
acrescido da remuneração do capital). Por meio da Tabela 1 é possível observar os
custos operacionais efetivos de todas as safras analisadas.
Tabela 1- Custos operacionais efetivos- COE
Componentes do custo 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013
Administração 5.580,77 6.472,80 4.099,14 4.994,37
Educampo 0 0 767,28 607,04
Gestão técnica 333,97 1.464,49 2.536,49 0
Adubação via Solo 19.589,89 16.890,06 21.271,27 24.670,96
Adubação via Folha 1.765,95 2.237,99 2.727,46 4.706,04
Controle de Pragas e Doenças 1.014,64 2.969,59 12.033,30 12.156,92
Controle de Plantas Daninhas 1.882,51 4.835,19 5.842,14 11.998,95
Tratos Culturais 1.691,26 1.766,72 4.918,32 4.167,45
Irrigação 0 0 0 0
Colheita 54.266,05 80.081,06 66.397,38 66.477,33
Pós-Colheita 12.018,99 24.546,36 29.065,04 14.545,98
Comercialização 8.858,83 23.949,47 7.315,40 5.315,78
Formação/Renovação 0 0 54,65 0
Total do C.O.E. 107.002,86 165.213,71 157.027,87 149.640,83
Fonte: Educampo/Sebrae
Dentre os componentes desse custo, alguns se destacam por sua variação e
significância entre os períodos analisados. Na safra 2009/2010 o custo com adubação
foi de R$19589,89, na safra 2010/2011 houve uma queda de 13,8% em relação a esse
valor, já na safra 2011/2012 houve um aumento de 8,58% em relação a primeira safra e
na safra 2010/2013 também há um aumento, e foi de aproximadamente 25%. O custo
com adubação via solo, na safra de maior produtividade (2010/2011) foi menor que nos
outros períodos onde a produtividade foi menor, não tendo portanto, nenhuma relação
com a produtividade. Diante disso, o proprietário da fazenda entrevistado explica os
motivos que levaram a essa variação:
30
Por ser um insumo dolarizado, o preço do adubo tende a subir devido ao
próprio mercado de café, e muitas vezes alguns produtos que fazem parte do
adubo são importados e eles vem com preço mais alto e isso é passado pra
gente com preço maior também.
Porém, olhando os custos com controle de pragas e doenças e com controle de
plantas daninhas, observa-se que na primeira safra, que foi a de menor produtividade,
esse custo foi de R$2897,15, na segunda safra que foi a de menor produtividade esse
custo teve um aumento de 169,40% em relação a esse valor, na terceira e quarta safra,
onde a produtividade foi mediana em relação as duas primeiras, tiveram aumento de
517% e 733,78% respectivamente, o que foi explicado pelo entrevistado:
Os mesmos defensivos são utilizados para controle de pragas e doenças e
para controle de plantas daninhas (Uma planta é considerada daninha quando
nasce espontaneamente em local e momento indesejado, podendo interferir
negativamente na agricultura), e eu não estava usando um defensivo mais
caro, que seria o Verdadeiro (nome do defensivo). Produto esse realmente
bem mais caro, mas também bem mais eficaz. E nas safras onde houve o
aumento desse custo nós voltamos a utilizá-lo, por causa da orientação de um
Engenheiro Agrônomo.
Já os gastos com o pós-colheita na primeira safra que foi a de menor
produtividade foi de 12.018,99, na safra seguintes onde a produtividade foi a mais alta
houve um aumento de 47,57% em relação a esse valor, já na terceira e na última safra
onde a produção foi mediana houve aumento de 22,36% e 22,50% respectivamente em
relação a primeira safra. Nas condições brasileiras, as operações de pós-colheita do café
compreendem a separação das impurezas por vibração ou por imersão em água,
separação dos frutos em diversas fases de maturação, eliminação da casca resultando em
café cereja descascado, eliminação da mucilagem quimicamente dando o café
despolpado ou mecanicamente dando o café desmucilado e ainda a secagem direta dos
grãos que produz o café natural ou café de terreiro (CORTEZ, 2004). Marcus Vinícius
S. de Carvalho falou sobre esses custos do pós colheita em sua propriedade:
O gasto com o pós colheita são os gastos com o beneficiamento do café,
então quando há maior produção há maior gasto. Mas além de tudo tivemos
dificuldade com mão de obra para isso na safra 2011/2012.
O custo operacional efetivo pode ser definido como o custo de todos os recursos
de produção que exigem desembolso por parte da empresa para sua recomposição.
31
Corresponde apenas aos gastos efetivamente incorridos na condução da atividade, e seus
componentes foram definidos pelo relatório do projeto Educampo do Sebrae como na
tabela a cima.
Logo, com a distribuição desses custos, o custo operacional efetivo comportou
de maneira quase que esperada de acordo com a produtividade. Na primeira safra e de
menos produtividade foi o menor Custo Operacional Efetivo, na segunda safra e de
maior produtividade o COE foi o maior, e nas demais e duas ultimas, onde a
produtividade permaneceu quase que constante, não houve diferença muito
significativa.
Porém o COE por saca não comporta do mesmo jeito uma vez que a
produtividade extremamente baixa da primeira safra faz o seu COE por saca ser
extremamente alto e o contrário acontece com a segunda safra que tem a produtividade
extremamente alta, comportando do mesmo modo que o COE total apenas as duas
últimas onde a produtividade é quase constante.
Tabela 2- Custo Operacional Total- COT
Componentes do custo 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013
Custo Operacional Efetivo 107.002,86 165.213,71 157.027,87 149.640,83
Mão de Obra Familiar 20.771,45 20.588,36 13.448,03 11.285,05
Depreciação: - Benfeitorias 3.615,03 3.353,06 3.103,62 2.984,82
- Máquinas 7.115,72 6.600,06 6.109,07 5.875,24
- Irrigação 0 0 0 0
- Outros 0 0 0 0
- Lavoura 15.330,00 15.330,00 15.330,00 15.330,00
Total do C.O.T. 153.835,06 211.085,18 195.018,59 185.115,94
Fonte: Educampo/Sebrae
O custo com mão de obra familiar se comportou da seguinte maneira: na safra
2009/2010 que foi a de menor produtividade esse custo foi de R$20771,45, na safra
2010/2011 que foi a de menor produtividade houve uma redução de 0,88% em relação a
esse valor, na safra 2011/2012 e 2012/2013 onde a produtividade foi mediana também
houve uma redução e foi de 35,26% e 45,67% em relação a esse valor. O senhor
Marcus, proprietário da fazenda discorreu um pouco sobre o custo com mão de obra na
sua propriedade:
Quando a produtividade é baixa, o custo da medida (medida especifica de
café) é alto e quando a produtividade é alta o custo da medida é baixo. Na
safra 2009/2010, como houve baixa produtividade e assim a dificuldade de
32
colheita do café, o preço da medida foi alto, então, a composição do seu custo
de mão de obra familiar se deu principalmente pelo alto custo da medida. O
contrário aconteceu na safra 2010/2011, pois a alta produtividade fez com
que a medida barateasse e o custo de mão de obra familiar nesse período foi
praticamente devido à alta produção. Nas safras seguintes, a produtividade
foi constante, logo o preço da medida não é nem alto e nem baixo, portanto,
os custos com mão de obra familiar nesses dois períodos se dão devido aos
dois fatores, preço da medida e produtividade. Essa variação de acordo com
produtividade acontece porque quando a produtividade é baixa, a oferta de
mão de obra é reduzida, uma vez que o trabalhador não fica motivado a ir
trabalhar para ganhar pouco, então subindo o preço da medida, eles ficam
mais motivados e com isso conseguimos mão de obra suficiente para realizar
a colheita.
O Custo Operacional Total é composto pelo custo operacional efetivo acrescido
do valor da despesa com mão de obra e depreciação de máquinas, do cafezal, das
benfeitorias e outras depreciações de acordo com o relatório do projeto Educampo do
Sebrae na Tabela 2. Nesse caso, o que está determinando ele é praticamente o COE e a
mão de obra familiar.
Logo, o menor Custo Operacional Efetivo na primeira safra a determinou com o
menor Custo Operacional Total também, apesar de a mão de obra familiar ter sido
significativa. Nas próximas três safras, os Custos Operacional Efetivo diminuíram
pouco de uma safra para outra, e o mesmo ocorreu com os Custos Operacional Total,
apesar de a mão de obra familiar também ter sido significativa.
O COT por saca segue o mesmo seguimento do COE por saca, visto que a conta
mais significativa do COT é o COE. O COT por saca não comporta do mesmo jeito que
o COT total uma vez que a produtividade baixa da primeira safra faz o seu COT por
saca ser alto e o contrário acontece com a segunda safra que tem a produtividade alta,
comportando do mesmo modo que o COT total apenas as duas ultimas onde a
produtividade é quase constante.
Tabela 3- Custo Total- CT
Componentes do custo 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013
- Custo Operacional Total 153.835,06 211.085,18 195.018,59 185.115,94
- Remuneração do Capital:- Benfeitorias 1.911,37 1.772,86 1.640,97 1.578,16
- Máquinas 2.473,30 2.294,06 2.123,40 2.042,13
- Irrigação 0 0 0 0
- Outros 0 0 0 0
- Lavoura 4.599,00 4.599,00 4.599,00 4.599,00
Total do C.T. 162.818,73 219.751,10 203.381,97 193.335,22
Fonte: Educampo/Sebrae
33
O custo total nada mais é que a soma do Custo Operacional Total com o valor da
remuneração do capital imobilizado com a atividade como definido na tabela 3, do
relatório do projeto Educampo do Sebrae.
Após o cálculo dos custos operacionais totais, é inserida na fórmula essa
remuneração do Capital, que nesse caso, não verificou alteração de uma safra para outra
logo o Custo Total se comporta da mesma forma que o COT. A remuneração do capital
nada mais é do que a quantidade de dinheiro ganho (ou perdido) como resultado de
um investimento, e serve como medida de avaliação do seu desempenho.
O Custo Total segue a mesma linha do Custo Operacional Efetivo e do Custo
Operacional total, visto que o COT segue o COE e a conta mais significativa do CT é o
COT. O CT por saca não comporta do mesmo jeito que o CT total uma vez que a
produtividade baixa da primeira safra faz o seu CT por saca ser alto e o contrario
acontece com a segunda safra que tem a produtividade alta, comportando do mesmo
modo que o CT total apenas as duas ultimas onde a produtividade é quase constante.
4.3 Indicadores de lucratividade
O indicador analisado foi a margem bruta, que constitui a renda bruta menos
custo operacional efetivo. Ela representa quanto sobra após considerar estes custos,
conforme relatório do projeto Educando do Sebrae. Observa-se que a margem bruta,
como ainda não é deduzida todos os custos, apenas o COE, ela ainda não dá uma base
para tomada de decisão.
Gráfico 6 - Margem Bruta
Fonte: Educampo/Sebrae
34
Gráfico 7- Margem Bruta por Saca
Fonte: Educampo/Sebrae
Observa-se que na safra 2009/2010 onde houve baixa produção e valor alto com
os gastos efetivamente incorridos na condução da atividade devido a alguns possíveis
motivos já citados acima, a sua margem bruta foi de R$30560,00, ou seja, é baixa. O
contrário aconteceu na safra 2010/2011 onde a produtividade foi alta e esses custos não
tão altos, a margem bruta foi de R$246528,48. Já nas safras seguintes 2011/2012 e
2012/2013, como mantiveram a média da produção e dos custos, a margem bruta
também foi média e tiveram valores R$56880,16 e R$53330,63. O mesmo aconteceu na
margem bruta por saca, onde é só dividir a margem bruta pelo número de sacas
(produção), pois na conta renda bruta, já se considera o número de sacas.
Gráfico 8- Margem Líquida
Fonte: Educampo/Sebrae
35
Gráfico 9: Margem Líquida por Saca
Fonte: Educampo/Sebrae
A margem líquida, conforme o relatório do projeto Educando do Sebrae, é
definida como a renda bruta (valor da produção=quantidade de saca vezes o preço da
saca) menos os custos operacionais totais. Como já é deduzido mais custos sobre a
renda, já dá pra para fazer uma analisar melhor da rentabilidade da produção.
Na primeira safra, a renda com a venda da pequena produção não superou o
altíssimo custo (possíveis motivos já citados) com a mesma, o que faz a margem líquida
ser negativa, seu valor é de -R$16271,71. Na safra 2010/2011, a renda já superou os
custos, apesar de não tão baixos, e a margem liquida foi positiva a até bem significante e
seu valor foi R$200657,00. Nas duas ultimas safras, como a produtividade permaneceu
quase que constante, a renda bruta também e o COT (COE + mão de obra) também, as
margens líquidas foram constantes, e foram respectivamente R$18889,44 e
R$17855,53. O mesmo aconteceu com a margem líquida por saca, pois na renda bruta já
está sendo considerada a quantidade de sacas.
36
Gráfico 10- Lucro
Fonte: Educampo/Sebrae
Gráfico 11- Lucro por saca
Fonte: Educampo/Sebrae
O lucro é obtido subtraindo-se da renda bruta (valor da produção=quantidade de
saca vezes o preço da saca) o custo total (CT) incorrido na produção, conforme o
relatório do projeto Educampo do Sebrae.
O lucro é uma das melhores formas de análise de rentabilidade da safra e tomada
de decisão. Ele comporta da mesma maneira que a margem líquida, porque é deduzida a
mais, apenas a remuneração do capital, e que nesse caso, não verificou alteração de uma
safra para outra. Logo, há apenas uma redução dos valores encontrados na margem
líquida, mas praticamente de mantém igual nos quatros períodos.
37
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A produção de café tem importância econômica para o país desde o fim do
século XVIII, quando se tornou produto de exportação. Tem capacidade geradora de
emprego, está entre os principais produtos agrícolas na pauta das exportações do país e
seu consumo interno também é significante. A região do Sul de Minas Gerais se destaca
como sendo um dos principais produtores do país e do Estado, por sua alta
produtividade e produção de cafés especiais.
A contabilidade desempenha papel importante como ferramenta gerencial, onde,
por meio de informações permite o controle, o planejamento e a tomada de decisão,
podendo ser introduzida nesse tipo de negócio para melhor desempenho destes. Diante
disso, pretendeu-se com esse estudo, analisar gerencialmente uma propriedade de café
localizada na região do Sul de Minas Gerais.
De acordo com os resultados da pesquisa, verificou-se que o produto é de
importância econômica para o país e para a região do Sul de Minas. Observou-se
também que, apesar das dificuldades, é de grande necessidade a introdução da
contabilidade gerencial nas propriedades cafeeiras para melhor controle, planejamento e
tomada de decisão.
Especificamente sobre a análise gerencial, constatou-se que o lucro depende da
quantidade produzida, do preço médio da saca e dos custos com a produção. Nesse caso
a variação da quantidade produzida aconteceu não apenas pelo motivo que já se
esperava, que é, de ser a produção de café um ano propício e um ano não, mas também
pelos esqueletamentos feitos em partes da lavoura com o intuito de renovação da mesma
para diminuir a oscilação da produção. O esqueletamento é uma prática comum que
consiste em um tipo de poda do cafezal, o qual objetiva a renovação da lavoura.
Dentre os custos atrelados à produção, o de maior importância é o custo
operacional efetivo por estar incluso no custo operacional total e no custo total. Dentro
desses custos destacam-se os aqueles relacionados à adubação via solo, pois trata-se de
produtos importados e sujeitos à variação cambial do preço. Outro custo relevante foi
com o controle de pragas e doenças e de plantas daninhas, que tiveram suas variações
relacionadas com a troca do produto utilizado, indicada pelo agrônomo do projeto
Educampo para melhor eficiência no combate a essas pragas. E também um custo
significativo se deu com o pós-colheita que são os gastos com o beneficiamento do café
38
e teve variações tanto por causa das oscilações da quantidade produzida, mas em alguns
momentos por dificuldade de encontrar mão de obra para esse serviço.
O custo com mão de obra familiar que está incluso no custo operacional total
também foi significante, e teve sua variação ligada à oscilação da produção, onde
quando se produz bastante o custo da medida do café é baixo e quando se produz pouco
o custo da medida é alto devido à dificuldade de achar mão de obra. Observou-se com
tudo isso que para um melhor resultado deve-se fazer com que todos os custos sejam os
menores possíveis não perdendo a qualidade, e que de alguma maneira a produtividade
seja alta, pois os preços dependem de fatores exógenos.
Como sugestão para futuros estudos, propõe-se um estudo do mercado de café
onde possam ser identificados os motivos das variações de preço e como o produto
brasileiro compete no mercado internacional.
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