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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS CAMPUS POÇOS DE CALDAS RODRIGO JOSÉ SIQUEIRA DE PAIVA PRODUÇÃO DE CARVÃO ATIVADO A PARTIR DE RESÍDUOS DE PET PARA ADSORÇÃO DE CONTAMINANTES ORGÂNICOS EM MEIO AQUOSO Poços de Caldas/MG 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

CAMPUS POÇOS DE CALDAS

RODRIGO JOSÉ SIQUEIRA DE PAIVA

PRODUÇÃO DE CARVÃO ATIVADO A PARTIR DE RESÍDUOS DE PET PARA

ADSORÇÃO DE CONTAMINANTES ORGÂNICOS EM MEIO AQUOSO

Poços de Caldas/MG

2014

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RODRIGO JOSÉ SIQUEIRA DE PAIVA

PRODUÇÃO DE CARVÃO ATIVADO A PARTIR DE RESÍDUOS DE PET PARA

ADSORÇÃO DE CONTAMINANTES ORGÂNICOS EM MEIO AQUOSO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Universidade Federal de

Alfenas, Campus de Poços de Caldas-MG,

como parte das exigências para obtenção do

título de Engenheiro Químico.

Orientadora: Cínthia Soares de Castro.

Poços de Caldas/MG

2014

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Sumário

RESUMO.................................................................................................................... iv

ABSTRACT ................................................................................................................. v

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 6

2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 7

2.1. Objetivo geral ................................................................................................. 7

2.2. Objetivos específicos ..................................................................................... 7

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 8

3.1. Carvão ativado ............................................................................................... 8

3.1.1. Precursores ............................................................................................. 9

3.1.2. Produção de Carvão Ativado ................................................................... 9

3.2. Adsorção ...................................................................................................... 10

3.3. Politereftalato de etileno (PET) .................................................................... 11

3.4. Produção de carvão ativado a partir de resíduos de PET ............................ 11

3.5. Modelo de Langmuir..................................................................................... 12

4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 13

4.1. Preparação dos carvões ativados ................................................................ 13

4.2. Ensaios de adsorção .................................................................................... 15

4.3. Cinética de adsorção.................................................................................... 15

4.4. Isotermas de adsorção ................................................................................. 16

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 18

5.1. Curva padrão de azul de metileno ............................................................... 18

5.2. Cinética de adsorção.................................................................................... 19

5.3. Isotermas de adsorção ................................................................................. 20

5.4. Tratamento dos dados ................................................................................. 25

6. CONCLUSÃO .................................................................................................. 27

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 28

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iv

RESUMO

O avanço tecnológico traz consigo uma série de problemas ambientais. Rejeitos

industriais, como resíduos de PET (politereftalato de etileno), devem ser tratados de

maneira ambientalmente correta. A produção de carvão ativado a partir de resíduos

PET pode ser uma alternativa interessante, visto que todo material com alto teor de

carbono é capaz de se converter em carvão ativado. O carvão ativado é um dos

principais adsorventes comerciais. A ativação química do carvão, utilizada nesse

estudo, consiste na impregnação de agentes ativantes sobre o material precursor,

com posterior carbonização a temperaturas superiores a 400° C, dependendo do

agente utilizado. No presente estudo, foram avaliados diferentes agentes ativantes

(ZnCl2 e K2CO3) e duas temperaturas de ativação (600 e 800oC). Os carvões obtidos

foram avaliados quanto à capacidade de adsorção, utilizando azul de metileno (AM)

como molécula modelo. As isotermas de adsorção foram ajustadas segundo modelo

de Langmuir. Todos os carvões preparados, assim como o resíduo de PET sem

nenhum tratamento, foram capazes de adsorver AM em meio aquoso. Entretanto, os

carvões ativados apresentaram uma capacidade de adsorção bastante superior em

relação ao resíduo. O carvão ativado preparado usando K2CO3 e ativado na

temperatura de 800oC foi o material que apresentou a maior capacidade de

adsorção de AM. A produção de carvão ativado a partir de resíduos de PET pode

ser uma alternativa promissora para as indústrias produtoras desse polímero, dando

uma destinação nobre para o resíduo e gerando um produto com maior valor

agregado.

Palavras-chave: Resíduos PET, carvão ativado, ativação química, modelo de

Langmuir, azul de metileno.

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v

ABSTRACT

The technological advancement brings with it a number of environmental problems.

Industrial wastes, such as PET (polyethylene terephthalate) wastes, should be

treated in the correct way. The production of activated carbon from PET wastes can

be an interesting alternative, since all materials with high carbon content can be used

as raw material for activated carbon production. The activated carbon is one of the

most important commercial adsorbents. The chemical activation of the carbon, used

in this work, occurs through impregnation of activating agents of the precursor

material with subsequent carbonization at temperatures greater than 400°C,

depending on the agent used. In the present study, different activating agents were

evaluated (ZnCl2 e K2CO3) and two activating temperatures were also evaluated (600

and 800°C). The carbons were evaluated in the adsorption of organic contaminants

from aqueous medium, methylene blue was used as a model molecule. The

adsorption isotherms were adjusted according the Langmuir’s model. All the

prepared carbons as well as the PET waste were able to adsorb methylene blue from

aqueous medium. However, the activated carbons showed a much higher adsorption

capacity compared to the waste. The activated carbon prepared with K2CO3 and

activated at the temperature of 800°C revealed to present the highest adsorption

capacity. The production of activated carbons from PET wastes may become a

promising alternative for PET producing industries, which gives a noble destination to

the waste and also generates a high value added product.

Keywords: PET wastes, activated carbon, chemical activation, Langmuir’s model,

methylene blue.

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1. INTRODUÇÃO

Em contrapartida ao avanço tecnológico dos últimos anos, a problemática

ambiental tem se tornado cada vez mais frequente, devido a diversos fatores:

indústrias dos mais variados segmentos podem apresentar um grande potencial

poluidor; a falta de um controle mais rígido na emissão de CO dos automóveis; o

tratamento inadequado de esgotos domésticos em inúmeras regiões; a troca de

materiais retornáveis por descartáveis, como as garrafas PET; grande emprego de

pesticidas na agricultura (ABATE, 2003).

Atualmente, o PET é um dos termoplásticos mais produzidos no mundo. Suas

aplicações variam em fibras têxteis, embalagens, filmes biorientados e polímeros de

engenharia. Além disso, este é um dos polímeros mais presentes nos resíduos

sólidos urbanos, principalmente por apresentar uma longa vida útil (ROMÃO et al.,

2009). Dessa forma, encontrar soluções para uma destinação aos resíduos de PET

é um grande desafio. A produção de carvão ativado a partir desse resíduo pode ser

uma forma tanto ambientalmente como economicamente viável (ESFANDIARI,

2012).

O carvão ativado (CA) é um dos adsorventes mais utilizados nas indústrias e

no tratamento de efluentes, devido a sua estrutura porosa bem desenvolvida

(RAMOS, 2009). Portanto, torna-se interessante estudar diferentes formas de

produção de CA a partir de resíduos PET.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

O presente trabalho foi realizado com o objetivo principal de sintetizar carvão

ativado a partir de resíduos de PET gerados na empresa M&G Fibras e Resinas,

localizada no município de Poços de Caldas – MG.

2.2. Objetivos específicos

Os objetivos específicos foram a avaliação de diferentes agentes ativantes e

temperaturas de ativação na síntese dos carvões e a avaliação da capacidade de

adsorção de contaminantes orgânicos em meio aquoso a fim de avaliar o potencial

de utilização desses materiais para o tratamento de efluentes. Assim, o carvão

ativado sintetizado poderá ser utilizado no processo de tratamento de efluentes da

própria indústria geradora do resíduo.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Carvão ativado

Carvões ativados são adsorventes com uma estrutura porosa interna bem

desenvolvida e acessível. Além disso, apresentam uma grande área superficial

(RODRÍGUEZ-REINOSO, 1989). A Figura 1 esquematiza a estrutura de um CA:

Figura 1. Estrutura de um carvão ativado

Em relação ao tamanho dos poros, a IUPAC (International Union of Pure and

Applied Chemistry) define:

Micro poro: diâmetro do poro menor que 2 nm;

Meso poro: diâmetro do poro entre 2 e 50 nm;

Macro poro: diâmetro do poro maior que 50 nm.

Além dessa definição, os poros podem ser definidos como abertos ou fechados. Os

fechados são inativos a um fluxo de líquidos e gases, porém influenciam na massa

específica do material. Os abertos podem ter diversas classificações, como “cegos” e

interconectados; cilíndricos, afunilados e irregulares (RODRÍGUEZ-REINOSO, 1989).

Os poros “cegos” são aqueles que possuem apenas uma abertura. Já os interligados

se conectam e acabam por apresentar mais de uma abertura. Os cilíndricos, afunilados e

irregulares se diferenciam por suas formas. Além disso, a superfície, quando irregular, pode

ser considerada, também como um poro (RODRÍGUEZ-REINOSO, 1989).

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Dentre algumas das aplicações do CA, pode-se destacar seu emprego na

remoção de contaminantes em líquidos e gases. Além disso, é utilizado no

tratamento de efluentes, com a função de reduzir a quantidade de matéria orgânica

(RAMOS, 2009).

3.1.1. Precursores

Praticamente todo material com alto teor de carbono pode ser convertido em

CA com grande área superficial e poroso (SCHETTINO JUNIOR, 2004).

Os principais precursores do CA são o carvão mineral e a madeira.

Ultimamente, outros materiais têm ganhado importância na produção de CA, como é

o caso de resíduos lignocelulósicos como casca de coco e casca de arroz

(PEREIRA et al., 2008), além de rejeitos de café (RAMOS, 2009).

Algumas vantagens de se produzir CA a partir de resíduos agrícolas são a

minimização de problemas ambientais e a transformação de rejeitos em um produto

de maior valor agregado, tornando, assim, uma alternativa econômica interessante

(PEREIRA et al., 2008).

Além de resíduos agrícolas, resíduos industriais também vêm sendo

estudados como precursores de CA. Um exemplo disso é o resíduo da produção de

PET (ESFANDIARI et al., 2012).

3.1.2. Produção de Carvão Ativado

A produção de CA pode se dar por meio de dois diferentes métodos, ativação

química ou física.

A ativação química envolve a impregnação de agentes ativantes, como ácido

fosfórico, carbonato de cálcio e cloreto de zinco, sobre o precursor. Então, ocorre a

carbonização a temperaturas superiores a 400°C.

Nesse processo, são liberados compostos voláteis, como H2, CO2, CO, CH4,

Cl2 entre outros, dependendo do agente ativante utilizado. Isso faz com que alguns

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poros sejam formados na estrutura do material. A parte do agente ativante não

volatilizada é removida por meio de solução ácida ou básica, expondo a estrutura

porosa do carvão ativado (CLAUDINO, 2003).

A ativação física consiste em duas etapas: pirólise e ativação propriamente

dita. A pirólise é realizada em temperatura de cerca de 800°C em atmosfera inerte

(ESFANDIARI, 2012). Nesse processo, são liberados compostos voláteis como CO2,

CO, CH4 e H2. Após liberadas essas substâncias, ocorre a formação de uma massa

de carbono fixa e uma estrutura porosa primária que favorece a ativação posterior

(CLAUDINO, 2003).

A ativação consiste em submeter o material carbonizado a reações

secundárias, com o intuito de promover o aumento da área superficial e,

consequentemente, da porosidade do CA. Normalmente, essas reações envolvem

gases contendo oxigênio, como H2O, CO2 ou a mistura dos dois. Esses gases se

comportam como agentes oxidantes moderados na faixa de temperatura de 800°C a

1000°C e os poros são, então, criados (CLAUDINO, 2003).

3.2. Adsorção

Entende-se por adsorção o fenômeno transferência de massa, em que há

retenção de moléculas em superfícies de partículas sólidas. Essa retenção ocorre

por interações entre os chamados adsorventes e adsorvatos (SCHETTINO JUNIOR,

2004).

A adsorção pode ser física ou química. A adsorção física ou fisissorção ocorre

em qualquer sistema sólido-gás à mesma temperatura e a interação entre

adsorvente e adsorvato é muito fraca quando comparado à quimissorção, do tipo

forças de Van der Waals. Nesse tipo de adsorção, pode ocorrer formação de

multicamadas nas paredes do sólido (SCHETTINO JUNIOR, 2004).

Na adsorção química ou quimissorção, a interação entre o adsorvente e o

adsorvato é mais forte, da ordem de uma ligação química. Nesse caso, para existir a

quimissorção, é necessário que exista uma afinidade entre elementos para formar a

ligação. Além disso, ocorre a formação de apenas uma camada na parede do sólido

(SCHETTINO JUNIOR, 2004).

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3.3. Politereftalato de etileno (PET)

O politereftalato de etileno, o PET, é um polímero termoplástico, com

estrutura parcialmente alifática e aromática, semicristalino, membro da família dos

poliésteres (SOARES JUNIOR, 2010), conforme mostra a Figura 2:

Figura 2. Estrutura química do PET

O PET foi desenvolvido, em 1941, por dois químicos britânicos, John Rex

Whinfield e James Tennant Dickson. Contudo, sua fabricação em grande escala se

deu no início da década de 1950 nos EUA e Europa, sendo utilizado principalmente

no setor têxtil. A partir de 1970, o PET começou a ser utilizado na fabricação de

embalagens (SOARES JUNIOR, 2010).

As aplicações do PET são variadas e podem ser definidas de acordo com

suas propriedades. Nos dias de hoje, o PET é utilizado em fibras têxteis e filmes,

garrafas, bandejas, reforço de pneus e plásticos de engenharia (SOARES JUNIOR,

2010).

3.4. Produção de carvão ativado a partir de resíduos de PET

Atualmente, as formas mais comuns de se eliminar os resíduos de PET são a

incineração e a reciclagem. Entretanto, a produção de CA a partir desse tipo de

resíduo pode ser considerada favorável, visto que este precursor apresenta alto teor

de carbono, em torno de 62,5% em massa (LASZLO et al., 2001).

Alguns trabalhos na literatura demonstram a viabilidade de produção de

carvão ativado a partir de resíduos de PET (ESFANDIARI et al., 2012; BRATEK et

al., 2013). Bratek (2013) estudou a preparação de carvão ativado de resíduos de

PET utilizando o método de ativação física com CO2. Foram avaliadas as

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temperaturas de ativação de 900, 925 e 940°C e os tempos de processamento de 4,

5, 6 e 8 h. A caracterização dos materiais revelou que os carvões produzidos são

predominantemente microporosos e que as propriedades texturais dos materiais

podem ser moldadas variando-se as condições de ativação. Nesse trabalho, foram

produzidos materiais com elevada área específica, atingindo 1830 m2/g para a

amostra ativada a 900°C por 5 h.

3.5. Modelo de Langmuir

O modelo de Langmuir foi desenvolvido em 1916 e se baseia nas seguintes

considerações:

- formação de apenas uma monocamada de adsorvato na superfície do sólido

adsorvente;

- a adsorção ocorre em sítios localizados, sem interação entre as moléculas

adsorvidas;

- os sítios de adsorção presentes na superfície do sólido são idênticos e

energeticamente equivalentes (MARSH & RODRÍGUEZ-REINOSO, 2006).

A isoterma de Langmuir é bastante utilizada para analisar o comportamento

da adsorção no equilíbrio de um determinado sistema fluido-sólido. Ela é dada pela

Equação 1:

(1)

em que qeq (mg g-1)é a quantidade adsorvida no equilíbrio; qmáx (mg g-1) é a

capacidade máxima de adsorção; KL é a constante de Langmuir e Ceq (mg L-1) é a

concentração do adsorvato no equilíbrio (DEMIRBAS, 2008).

A equação linearizada do modelo de Langmuir é expressa da seguinte forma:

(2)

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Preparação dos carvões ativados

As amostras de resíduo PET foram fornecidas pela empresa M&G Fibras e

Resinas, localizada em Poços de Caldas – MG e a preparação dos carvões ativados

a partir destes resíduos foi realizada no Laboratório de Catálise do Departamento de

Engenharia Química da UFSCAR, em São Carlos – SP.

A síntese dos carvões ativados foi feita utilizando o método de ativação

química, avaliando-se diferentes agentes ativantes (K2CO3 e ZnCl2) e duas

temperaturas de ativação (600 e 800ºC). Ao se utilizar K2CO3, são liberados alguns

gases, como CO2 e CO e, no caso, do ZnCl2, liberado o Cl2. Quando esses gases

são liberados, são formados poros no material, por isso, a utilização desses agentes

como ativadores.

Para a produção dos carvões ativados, o resíduo de PET foi inicialmente

impregnado com os agentes ativantes, K2CO3 (Isofar) ou ZnCl2 (Isofar). Os agentes

ativantes (5 g) foram dissolvidos em 25 mL de água destilada e colocados em um

béquer em contato com 5 g do resíduo. As misturas foram aquecidas a 80°C, com o

auxílio de um agitador magnético com aquecimento, sob agitação, até a secagem

dos materiais. Os sólidos obtidos foram então colocados em estufa a 110°C por 24

horas e posteriormente ativados em um forno tubular (Figura 3).

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Figura 3. Forno tubular vertical utilizado na preparação das amostras de CA.

Na produção do carvão ativado com ZnCl2, denominado CA-Zn, o resíduo de

PET, previamente impregnado com ZnCl2, foi colocado em um reator tubular de

quartzo e levado ao forno para ativação. Foi utilizada uma rampa de aquecimento de

10°C min-1 até 600°C, permanecendo nessa temperatura por 2 horas, sob atmosfera

inerte de N2 (fluxo de 100 mL min-1).

Para o resíduo impregnado com K2CO3, foram avaliadas duas temperaturas

de ativação no forno, 600 e 800°C, a efeito de comparação, com tempo de

permanência de 2 h. Os carvões obtidos serão denominados CAK-600 e CAK-800.

As demais condições foram as mesmas descritas para a produção do CA-Zn.

Após a ativação no forno, todas as amostras foram lavadas com água

destilada para a remoção dos agentes ativantes e desobstrução dos poros dos

carvões. A lavagem foi realizada até a neutralização do pH da água de lavagem e as

amostras foram secas em estufa a 110oC por 24 h.

Para fins de comparação, preparou-se uma amostra do resíduo apenas

pirolisado em cadinhos de porcelana que foram colocados em uma mufla, no

Laboratório Multiusuário II da UNIFAL, campus Poços de Caldas – MG. A rampa de

aquecimento utilizada foi de 10oC min-1 até a temperatura de 300oC, por 2 h, em

atmosfera de ar.

A Tabela 1 apresenta os parâmetros avaliados na preparação das amostras

de carvão:

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Tabela 1. Agentes ativantes, tempo e temperatura de ativação avaliados na

produção dos carvões ativados.

Materiais Agente Temperatura Tempo de

ativante de ativação ativação

CA-Zn ZnCl2 600°C 2h

CAK-600 K2CO3 600°C 2h

CAK-800 K2CO3 800°C 2h

4.2. Ensaios de adsorção

Os carvões ativados sintetizados foram avaliados quanto à capacidade de

adsorção de contaminantes orgânicos em meio aquoso. O corante orgânico

catiônico azul de metileno (AM), comumente utilizado como molécula modelo, foi o

escolhido para os ensaios de adsorção do presente estudo (Figura 4).

Figura 4. Representação estrutural do azul de metileno.

A concentração de AM na solução aquosa foi monitorada medindo-se a

absorbância da solução em um Espectrofotômetro de UV-VIS (Hach DR 2800), no

comprimento de onda de 665 nm, localizado no Laboratório Multiusuário I da

UNIFAL, campus Poços de Caldas – MG. Dessa forma, para transformar os dados

de absorbância em concentração de AM, foi necessário construir uma curva padrão

de AM. Foram preparadas soluções de diferentes concentrações do corante e, em

seguida, foram medidas suas respectivas absorbâncias no espectrofotômetro,

gerando uma curva com ajuste linear.

4.3. Cinética de adsorção

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Com o objetivo de determinar o tempo necessário para atingir o equilíbrio de

adsorção, foi feita uma cinética de adsorção de AM na presença do carvão CA-Zn.

Para isso, 10 mg do carvão foram pesados em reatores do tipo batelada de 20 mL

de capacidade volumétrica. Em seguida, adicionou-se 10 mL de solução de AM na

concentração de 250 mg L-1. Foi utilizado um reator para cada tempo de adsorção.

Os tempos avaliados foram: 15, 30, 45, 60, 90, 120 e 150 min. Atingido o tempo

determinado, as suspensões foram centrifugadas para a separação do carvão e a

concentração de AM na solução sobrenadante foi analisada por Espectrofotometria

na região UV-VIS. A maior parte desse procedimento foi realizada no Laboratório

Multiusuário I da UNIFAL, campus Poços de Caldas – MG. Somente a centrifugação

foi realizada no Laboratório Multiusuário II do mesmo prédio.

4.4. Isotermas de adsorção

Após a determinação do tempo de equilíbrio, foi possível construir isotermas

de adsorção de AM pelas amostras preparadas de CA. Os experimentos de

adsorção foram realizados em reatores do tipo batelada. Foram pesados 10 mg dos

adsorventes que foram colocados em contato com 10 mL das soluções de diferentes

concentrações de azul de metileno (25, 50, 100, 200, 250 e 500 mg L-1), mantidas

sob agitação magnética por 90 min, à temperatura ambiente. Vale ressaltar que esse

tempo foi determinado a partir dos resultados dos experimentos de cinética de

adsorção, deixando um período de tempo suficiente para que os sistemas de

carvão/adsorvato entrem em equilíbrio.

Em seguida, a suspensão foi filtrada para a separação do carvão ativado e a

absorbância da solução foi monitorada utilizando um Espectrofotômetro de

UV-Visível. Com o auxílio de uma curva padrão de AM foi possível encontrar as

concentrações de equilíbrio de azul de metileno (Ceq).

A quantidade de azul de metileno adsorvida por unidade de massa do

adsorvente qeq (mg g-1) foi calculada utilizando a Equação 3.

(3)

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em que Co (mg L-1) e Ceq (mg L-1) representam as concentrações inicial e no

equilíbrio da solução, respectivamente, V (L) o volume de solução e m (g) a massa

do material adsorvente.

Todos procedimentos para a construção das isotermas foram realizados no

Laboratório Multiusuário I da UNIFAL, campus Poços de Caldas – MG.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 5 apresenta as fotografias do resíduo puro, resíduo pirolisado e do

carvão ativado, respectivamente:

(a) (b) (c)

Figura 5. Resíduo de PET (a), resíduo pirolisado (b) e CA-Zn (c).

É possível observar a modificação da coloração das amostras após o

tratamento térmico. O resíduo, de coloração cinza claro (Fig. 5-a) se torna preto

durante a pirólise (Fig. 5-b) e ativação (Fig. 5-c).

5.1. Curva padrão de azul de metileno

A Figura 6 apresenta a curva padrão de AM. De acordo com a Lei de

Lambert-Beer, um gráfico da absorbância versus concentração possui relação

crescente e linear para concentrações diluídas do soluto (SKOOG et al., 2006).

Pode-se observar que a curva padrão obtida para as soluções de AM, com

concentrações variando entre 1 e 10 mg L-1, apresenta um ajuste linear de

R2 = 0,984.

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Figura 6. Curva padrão de azul de metileno.

A equação da reta (y = 0,1092x + 0,0377) foi utilizada para converter os

dados de absorbância obtidos por Espectrofotometria de UV-Vis em concentração

de AM mostrados nas curvas de cinética de adsorção e isotermas de adsorção.

5.2. Cinética de adsorção

Com o objetivo de determinar o tempo necessário para atingir o equilíbrio de

adsorção, foi feita uma cinética de adsorção de AM utilizando o carvão CA-Zn.

A adsorção de AM em função do tempo é mostrada na Figura 7:

y = 0,1092x + 0,0377 R² = 0,984

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 2 4 6 8 10 12

Ab

sorb

ânci

a

Concentração (mg L-1)

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Figura 7. Cinética de adsorção para AM (concentração inicial de AM: 250 mg L-1, massa de

CA-Zn: 10 mg, volume de solução: 10 mL).

Pode-se observar que, a partir de cerca de 90 min, a concentração de AM não

se altera de maneira pronunciada, sugerindo que o equilíbrio de adsorção tenha sido

atingido. Dessa forma, esse tempo foi escolhido para a obtenção das isotermas de

adsorção que estão apresentadas a seguir.

5.3. Isotermas de adsorção

Os diferentes carvões preparados a partir do resíduo de PET, bem como o

resíduo sem nenhum tratamento, foram avaliados quanto à capacidade de adsorção

de AM em meio aquoso com o objetivo de investigar o potencial desses materiais

para o tratamento de água.

A Figura 8 apresenta a isoterma de adsorção do corante AM na presença do

resíduo de PET puro:

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

0 20 40 60 80 100 120 140 160

Co

nce

ntr

ação

(m

g L-1

)

Tempo (min)

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Figura 8. Isoterma de adsorção de AM na presença do resíduo de PET

(qeq = quantidade de AM adsorvida por grama de adsorvente; Ceq = concentração de AM na

solução, após ter sido atingido o equilíbrio de adsorção).

Pode-se observar que o resíduo de PET é capaz de remover AM do meio

aquoso por adsorção, mesmo sem nenhum tipo de tratamento prévio. O resíduo

apresenta uma capacidade de adsorção de aproximadamente 100 mg de AM por

grama de resíduo.

A isoterma de adsorção de AM na presença do resíduo após a pirólise em

mufla é apresentada na Figura 9:

Figura 9. Isoterma de adsorção de AM na presença do resíduo pirolisado em mufla.

0

20

40

60

80

100

120

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

q e

q (

mg

g-1)

C eq (mg L-1)

0

20

40

60

80

100

120

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

q e

q (

mg

g-1)

C eq (mg L-1)

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A comparação das isotermas obtidas para o resíduo (Fig. 8) e resíduo

pirolisado (Fig. 9) indica que esses materiais têm capacidade semelhante de

remoção do corante e que o tratamento térmico não influenciou de maneira

expressiva na capacidade de adsorção do resíduo.

A Figura 10 apresenta a isoterma de adsorção para o CA-Zn:

Figura 10. Isoterma de adsorção de AM na presença do CA-Zn.

Pode-se observar que o CA-Zn apresenta uma elevada capacidade de

adsorção de AM (de cerca de 250 mg de AM/g de carvão) quando comparado ao

resíduo puro e resíduo pirolisado (de aproximadamente 100 mg de AM/g de

resíduo). Isso se deve provavelmente ao aumento da porosidade do carvão criada

durante o processo de ativação no forno, aumentando a superfície de contato

disponível para a adsorção.

A remoção de AM em água foi também estudada na presença dos carvões

preparados utilizando K2CO3 como agente ativante.

A isoterma de adsorção para o CAK-600 é apresentada na Figura 11:

0

100

200

300

400

500

600

0 100 200 300

q e

q (

mg

g-1)

C eq (mg L-1)

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Figura 11. Isoterma de adsorção de AM na presença do CAK-600.

É possível constatar que a utilização de K2CO3 (Fig. 11) leva à produção de

um carvão com maior capacidade de adsorção de AM (cerca de 400 mgAM/gcarvão)

em relação ao carvão preparado com ZnCl2 (Fig. 10). Importante ressaltar que esse

material foi ativado na mesma temperatura que o CA-Zn (600°C).

É bastante conhecido da literatura que o uso de agentes ativantes diferentes

leva à formação de carvões com propriedades físico-químicas distintas, gerando

materiais com grupos funcionais de superfície e propriedades texturais também

diferentes (área, volume de poros, volume de micro e mesoporos). Essas

propriedades estão fortemente relacionadas com a capacidade de adsorção de um

determinado contaminante em um fluido (MARSH, 2006).

Com o objetivo de investigar a influência da temperatura de ativação do

carvão sobre a adsorção do corante, foi preparada uma amostra com K2CO3, ativada

em uma temperatura superior de 800oC. Os resultados estão apresentados na

Figura 12.

0

100

200

300

400

500

600

0 100 200 300 400 500 600

q e

q (

mg

g-1)

C eq (mg L-1)

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Figura 12. Isoterma de adsorção para CAK-800.

Pode-se observar que a temperatura de ativação tem influência sobre a

capacidade de adsorção dos carvões produzidos com K2CO3. A elevação da

temperatura de 600 para 800°C levou a um aumento pronunciado na adsorção de

AM (Fig.12). Além disso, observa-se que o CAK-800 apresenta uma elevada

capacidade de adsorção, de aproximadamente 500 mgAM/gcarvão.

Além dos carvões preparados a partir dos resíduos de PET, foi realizado um

ensaio de adsorção, utilizando CA Comercial (Dinâmica). Sua isoterma está

representada na figura 13:

0 100 200 300 400 500 600 700

0

100

200

300

400

500

600

q eq (m

g A

M g

-1

carv

ão)

Ceq (mg L-1

)

Figura 13. Isoterma de adsorção para o CA Comercial (Dinâmica).

0

100

200

300

400

500

600

0 100 200 300 400 500

q e

q (

mg

g-1)

C eq (mg L-1)

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Em relação ao CA Comercial (Dinâmica), os CAK-600 e o CAK-800

apresentam uma capacidade de adsorção bastante superior e o CA-Zn, um pouco

inferior.

Em relação a outros trabalhos, Pereira et al. (2008) prepara CA a partir da

casca de café, utilizando FeCl3.9H2O como agente ativante em três diferentes

temperaturas de ativação. Para uma temperatura de 280°C, o CA apresentou uma

capacidade de adsorção de 70 mgAM/gcarvão.

Ramos (2009) preparou CA a partir do defeito preto, verde, ardido (PVA) do

café, utilizando como agente ativante ZnCl2, utilizado também nesse trabalho.

Porém, a temperatura de ativação utilizada por Ramos (2009), foi de 500°C. A

capacidade máxima encontrada foi de 102 mgAM/gcarvão.

Schettino Junior (2004) utilizou a casca de arroz para preparar CA. O NaOH

foi o agente ativante escolhido para a ativação, que foi testada em três diferentes

temperaturas: 600, 700, 800°C. Porém, ele não estudou a capacidade de adsorção

de AM em seu CA.

Em relação a CAs produzidos a partir de resíduos PET, Bratek (2013)

preparou o CA por ativação física e testou diferentes temperaturas e tempos de

ativação. Em seu estudo, utilizou 4-clorofenol (4-cf) como molécula modelo e

encontrou uma capacidade máxima de adsorção de menos de 4 mmol4-cf/gcarvão.

Esfandiari (2012) também preparou CA a partir de resíduos PET por ativação

química. No entanto, não foi realizado ensaios de adsorção, apenas testes na

superfície do material.

5.4. Tratamento dos dados

Os dados experimentais foram satisfatoriamente ajustados segundo o modelo

de Langmuir (SHMAL, 2011). Os parâmetros de Langmuir para adsorção de AM nos

adsorventes estudados estão apresentados na Tab. 2.

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Tabela 2. Parâmetros de Langmuir para adsorção de AM nos materiais avaliados.

Amostra *qmáx **kL R2

Resíduo Puro 113,6 0,024 0,975

Resíduo Pirolisado 105,3 0,029 0,970

CA-Zn 270,3 0,183 0,996

CAK-600 434,8 0,071 0,983

CAK-800 526,3 2,714 0,999 *q máx= capacidade máxima de adsorção; **KL= constante de Langmuir.

Na literatura, são encontrados valores de referência para adsorção de AM

com carvões ativados produzidos a partir de diferentes precursores. Ramos (2009)

descreve a síntese de CA produzidos a partir do defeito PVA do café. Além disso,

faz uma comparação com o CA comercial (Dinâmica). A capacidade máxima de

adsorção (qmáx) do CA-PVA foi de 102 mg de AM/g de CA, enquanto para o CA-

comercial foi de 100 mg de AM/g de CA.

Comparando os resultados encontrados por Ramos (2009), é possível afirmar

que os carvões preparados a partir de resíduos de PET apresentam uma

capacidade de adsorção bastante elevada.

A constante de Langmuir (KL) está relacionada à adsortividade do adsorvato.

Para a maioria das amostras, ela se comportou de forma muito similar, sugerindo

que os carvões preparados apresentam afinidades semelhantes à molécula do

adsorvato (AM). Apenas para o CAK-800, o KL apresentou um valor bastante

superior. Para um melhor entendimento dessa discrepância, seria necessário um

estudo mais aprofundado, realizado através das propriedades químicas do carvão.

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6. CONCLUSÃO

Pode-se afirmar que é possível produzir carvão ativado a partir de resíduos de

PET. Essa pode ser uma alternativa interessante para as indústrias produtoras

desse polímero, visto que essas empresas dariam uma destinação nobre a um

resíduo industrial, além de gerar um produto de alto valor agregado. O carvão

produzido poderia ser utilizado como adsorvente no tratamento de efluentes líquidos

ou gasosos gerados em seus próprios processos industriais.

Os experimentos de adsorção revelaram que o resíduo de PET pode ser

utilizado diretamente como adsorvente de AM em água, mesmo sem nenhum tipo de

tratamento prévio. A pirólise do resíduo causa a decomposição térmica do material e

modifica a coloração da amostra, porém, não altera de maneira pronunciada a

capacidade de remoção do corante.

Por outro lado, a produção de carvões ativados a partir do resíduo de PET

aumenta consideravelmente a capacidade de adsorção, sendo que o agente ativante

K2CO3 gera um adsorvente mais eficiente na remoção do contaminante em relação

ao ZnCl2. Além disso, o aumento da temperatura de ativação de 600 para 800oC

aumenta ainda mais a capacidade de adsorção das amostras preparadas com

K2CO3.

É importante ressaltar que, para a produção comercial dos CAs preparados, é

necessária uma avaliação dos custos dos agentes ativantes bem como o custo

energético do processo de produção. Por exemplo, o acréscimo de 200°C na

temperatura de ativação quando é utilizado K2CO3 pode não ser compensatória,

caso o CAK-600 seja tão bom adsorvente quanto o CAK-800 em um determinado

processo.

A escolha do agente ativante (K2CO3 ou ZnCl2) também deve ser baseada em

seus custos.

O CA Comercial (Dinâmica) apresenta uma capacidade máxima de adsorção

próxima de 300 mgAM/gcarvão, inferior as do CAK-600 e do CAK-800. A utilização

desse tipo de CA comercialmente deve estar relacionada ao custo.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Ramos, P.H.; Guerreiro, M.C.; Resende, E.C.; Gonçalves, M. Produção e caracterização de carvão ativado produzido a partir do defeito preto, verde, ardido (PVA) do café. Química Nova, Vol. 32, No. 5. São Paulo, 2009. Rodríguez-Reinoso, F. An Overview of Methods for Characterization of Activated Carbons. Pure & Appl. Chem., Vol. 61, No. 11, PP. 1859-1866. Great Britain, 1989. Romão, W.; Spinacé, M.A.S.; Paoli, M.A. PET: Uma Revisão Sobre os Processos de Síntese, Mecanismos de Degradação e sua Reciclagem. Polímeros: Ciência e Tecnologia, Vol. 19, No. 2, p. 121-132. Instituto de Química, Unicamp, 2009. Schettino Junior, M.A. Ativação Química do Carvão de Casca de Arroz Utilizando NaOH. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Física do Centro de Ciências Exatas da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Física, na área de concentração de Física da Matéria Condensada. Vitória, 2004. Schmal, M. Catálise Heterogênea. Synergia, Rio de Janeiro, 2011. Skoog; West; Holler; Crouch. Fundamentos de Química Analítica. Tradução da 8ª edição norte-americana. Editora Thompson, São Paulo – SP, 2006. Soares Júnior, A.B. Produção do Poli (tereftalato de etileno) Modificado com Glicerol e Derivados. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2010.