universidade federal de alfenas - mg ii final novo.pdf · como forma de entender a história do...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS - MG
Instituto de Ciências da Natureza
Curso de Geografia Licenciatura
Jonatan Alexandre de Oliveira
HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ECONÔMICA LATINO-AMERICANA: Análises dos Encontros de Geógrafos da América Latina (EGAL), 1987 –
2011
Alfenas – MG
2013
2
Jonatan Alexandre de Oliveira
HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ECONÔMICA LATINO-AMERICANA: Análises dos Encontros de Geógrafos da América Latina (EGAL), 1987 –
2011
Trabalho de Conclusão de Curso apresentada como parte dos requisitos para obtenção do título de Licenciado em Geografia pelo Instituto de Ciências da Natureza da Universidade Federal de Alfenas- MG, sob orientação do Prof. Flamarion Dutra Alves.
Alfenas – MG 2013
3
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS....................................................................................................4
RESUMO..........................................................................................................................5
1 - INTRODUÇÃO .........................................................................................................6
2 - PROCEDIMENTOS MEDOLÓGICOS..................................................................7
3 - TEMAS DE GEOGRAFIA ECONÔMICA NOS EGAL.....................................11 3.1 - EGAL I - As Transnacionais no Espaço Brasileiro.................................................11 3.2 - EGAL II - Teorias de Localização e Concentração................................................11 3.3 - EGAL III - Articulações Entre os Sistemas Econômicos.......................................13 3.4 - EGAL IV - O Capitalismo Configurando a Malha Urbana....................................14 3.5 - EGAL V – Desenvolvimento Endógeno e Neoliberalismo....................................15 3.6 - EGAL VI - A Geografia do Comércio uma Reflexão Sobre Políticas....................16 3.7 - EGAL VII – Sistema financeiro e consumo no fim do século XX.........................17 3.8 - EGAL VIII - Reflexões Sobre a Produção do Espaço Rural e Urbano...................19 3.9 - EGAL IX - Análises Territoriais Rurais.................................................................21 3.10 - EGAL X - Meio técnico-científico-informacional no campo e na cidade............22 3.11 - EGAL XI – Globalização econômica e América Latina.......................................25 3.12 - EGAL XII - Geografia do Comércio e Flexibilidade da Tecnologia...................26 3.13 - EGAL XIII - Acordos Comerciais e mercado internacional.................................28
4 – CARACTERÍSTICAS DA EPISTEMOLOGIA DA GEOGRAFIA ECONÔMICA LATINO AMERICANA....................................................................29
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................37
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................38
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha mãe Edna Martins de Oliveira Maturo que me deu todo apoio desde o inicio do meu curso principalmente nos momentos difíceis, agradeço ao meu Orientador Flamarion Dutra Alves que teve paciência e que me ajudou á concluir este trabalho e salve os Tricolores Paulista e Gaúcho Agradeço a Deus pois sem ele eu não teria forças para essa longa jornada.
5
RESUMO A intenção desse estudo parte da necessidade de visualizar quais as bases teórico-metodológicas que constituem o pensamento latino-americano sobre os estudos da geografia econômica, nesse sentido, o objetivo do trabalho é compreender as principais temáticas publicadas dentre 1987-2011, bem como os conceitos abordados na história da geografia econômica. O trabalho tem em seu principio discutir as novas perspectivas da geografia econômica, analisando os artigos relacionados a essa temática apresentados nos Encontros de Geógrafos da América Latina (EGAL), com o objetivo de promover o desenvolvimento da geografia econômica com debates e discussões, dessa forma, essa pesquisa busca entender para qual a perspectiva da geografia econômica na América Latina.
Palavras Chaves: Geografia Econômica; América Latina; Produção do Espaço.
6
1 - INTRODUÇÃO
Analisando a perspectiva de evolução do Encontro de Geógrafos da América
Latina (EGAL), realizado entre os anos de 1987 a 2011, tem-se como objetivo do
evento promover debates, discussões, comparações e intercâmbios da produção
geográfica contemporânea entre pesquisadores das diversas instituições de ensino
latino-americana. Este evento reúne a produção científica de geógrafos do continente a
cada dois anos em diferentes países servindo para discutir a tendência e os rumos da
ciência geográfica.
Nessa pesquisa vamos dar ênfase nos trabalhos realizados em geografia
econômica apresentados no EGAL entre os anos de 1987 a 2011 nas treze edições,
como forma de entender a história do pensamento econômico na geografia em suas
diversas matrizes teóricas.
Dessa forma, serão coletados trabalhos no eixo geografia socioeconômica
delimitando a análise na geografia econômica, estes estudos tratam tanto da produção
agropecuária, industrial e comercial dialogando com a ciência econômica, ou seja,
entendendo qual base teórica serviu as pesquisas de geografia econômica.
7
2 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Utilizando bases da geografia clássica, teorética, crítica e humanística busca-se
identificar quais correntes do pensamento geográfico estão ligadas a cada artigo
selecionado nos EGAL procurando entender o contexto da história da geografia.
Para identificação dos artigos pesquisados no Encontro de Geógrafos da
América Latina, vamos utilizar o eixo socioeconômico e o sub-item geografia
econômica, verificando os artigos que trabalham com as questões econômicas
(indústria, comércio, agricultura, política econômica, teorias econômicas entre outras).
A respeito do material consultado foi realizada uma amostragem de 50% do
total de artigos publicados ao longo das treze edições, essa quantidade é significativa
para entender parte da história da geografia econômica latino-americana.
Dessa forma, a caracterização dos artigos foi feita através de nove itens
explorando o conteúdo dos trabalhos pesquisados (Quadro 1):
Quadro 1 – Características metodológicas dos artigos a serem pesquisados.
Palavras-chave País/Universidade
Conceitos utilizados Área e sub-áreas da geografia
Tipo de pesquisa Escala de análise, para estudo empírico
Método / Abordagem Escola/Corrente do Pensamento
Técnicas de pesquisa
Organização: Jonatan Alexandre de Oliveira e Flamarion Dutra Alves.
Palavras-chave:
A respeito das palavras-chave foram selecionadas de três a cinco expressões
que representam a ideia principal do artigo pesquisado.
Universidade/País:
Foi observado e catalogado a universidade e o país do autor/artigo a fim de
mapear a distribuição dos trabalhos a respeito da geografia econômica na América
Latina.
8
Conceitos:
Com a finalidade de entender os referenciais teóricos geográficos foram
coletados os conceitos mais expressivos nos trabalhos, como região, espaço, território,
rede, lugar e paisagem;
Áreas e Sub-áreas:
Foram delimitado as áreas e sub-áreas dos artigos investigados, com o objetivo
de visualizar os campos de estudo dos geógrafos, seja na geografia industrial, comércio,
transporte, agricultura etc;
Tipo de Pesquisa:
Outro ponto abordado diz respeito ao tipo de pesquisa, ou seja, se a pesquisa
foi de cunho empírico ou teórica/bibliográfica;
Escalas de Análise:
Os artigos são classificados de acordo com suas escalas de análise, analisando
se as pesquisas foram vinculadas ao local, regional, nacional ou global;
Método Científico e Escolas do Pensamento Geográfico:
As pesquisas em geografia econômica seguem um método científico, e foram
classificadas em indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico. Isso servirá
para entender em qual escola/corrente do pensamento geográfico o artigo pode ser
identificado;
Técnicas de Pesquisas:
Por fim, buscou-se verificar quais as técnicas de pesquisas adotadas nos artigos
publicados, para entender a evolução das análises dos resultados, seja por gráficos,
cartogramas, mapa, tabelas entre outros, identificando os dados utilizados nas pesquisas,
seja, eles primários ou secundários.
Dessa forma, buscará entender a evolução da geografia econômica sob várias
abordagens, lembrado Kuhn (1975):
[...] a decisão de empregar um determinado aparelho e empregá-lo de um modo específico baseia-se no pressuposto de que somente certos tipos de
9
circunstâncias ocorrerão. Existem tanto expectativas instrumentais como teóricas, que freqüentemente têm desempenhado um papel decisivo no desenvolvimento científico. (KUHN, 1975, p.86).
Assim, analisar as mudanças de cada ano dos artigos pesquisados, criando
expectativas de evolução desses trabalhos apresentados, em um papel fundamental para
o desenvolvimento da geografia econômica.
O total de artigos consultados totaliza 245 artigos ao longo das treze edições,
sendo um material significativo e representativo sobre a história da geografia econômica
latino-americana (Quadro 2)
Quadro 2 – Dados sobre o encontro de geógrafos da América Latina.
Edição
Ano Cidade País Número de artigos em Geografia Econômica
I EGAL 1987 Águas de São Pedro Brasil 1 Tema: O intercâmbio de experiências e conhecimentos científicos entre geógrafos da América Latina em quanto: a situação atual do conhecimento geográfico, a formação do geógrafo e sua atuação profissional. II EGAL 1989 Montevidéu Uruguai 6 Tema: Geografia, Poder e Planejamento III EGAL 1991 Toluca México 7 Tema: Docência e investigação em Geografia IV EGAL 1993 Mérida Venezuela 8 Tema: Ambiente e Sociedade: A geografia para o século XXI V EGAL 1995 Havana Cuba 21 Tema: Desafios e alternativas para a América Latina VI EGAL 1997 Buenos Aires Argentina 39 Tema: Globalização e economia e seu impacto sobre o ordenamento do território VII EGAL 1999 San Juan Porto Rico 8 Tema: Formas de integração regional e hemisférica VIII EGAL 2001 Santiago Chile 32 Tema: As oportunidades desafios do século XXI para a geografia latino-americana IX EGAL 2003 Mérida México 12 Tema: Reflexões e responsabilidade da geografia da América Latina para o século XX X EGAL 2005 São Paulo Brasil 49 Tema: Por uma geografia Latino-Americana: Do Labirinto da Solidão ao espaço da solidariedade XI EGAL 2007 Bogotá Colômbia 17 Tema: Geopolítica, Globalização e Mudanças Ambientais: Desafios no desenvolvimento latino-americano XII EGAL 2009 Montevidéu Uruguai 20 Tema: Caminhando em uma América Latina em transformação XIII EGAL 2011 Costa Rica San Jose 25 Tema: Estabelecendo pontes na geografia latino-americana TOTAL DE ARTIGOS: 245
Organização: Jonatan Alexandre de Oliveira e Flamarion Dutra Alves.
Nesse sentido, através de um formulário-fichamento com as variáveis
analisadas, pretende-se delinear a estrutura teórico-metodológica da geografia
econômica latino americana, dessa forma, todos os trabalhados consultados vão ser
10
fichados de acordo com as características da metodologia apresentada com o objetivo de
fazer a síntese do pensamento econômico dentro da América Latina.
11
3 - TEMAS DE GEOGRAFIA ECONÔMICA NOS EGAL 3.1 – EGAL I - As transnacionais no espaço brasileiro
As transformações do capitalismo pós-segunda guerra mundial se caracteriza
pelo seu terceiro desenvolvimento, nesse sentido, como ocorreu nos países
desenvolvidos, ou seja, acelerando as atividades transnacionais da economia urbana dos
países dependentes, dessa forma, para Cordeiro (1987), as empresas transnacionais vem
influenciando os países em desenvolvimento, desde os fins da década dos anos 50, a
revitalização e reorganização destes micro-espaços, nesse sentido, o espaço se configura
como um complexo corporativo de atividades transnacionais.
Contudo, a comunidade de negócios não é autocontida. Sua vitalidade e viabilidade são representadas pelo “Software” dos fluxos transnacionais, especialmente os de longa distancia (viagens aéreas, comunicações por telex, etc.) cuja a expansão nas ultimas décadas, vem integrado toda a rede urbana brasileira, reforçando nossa participação na aldeia global (prevista por Machuhan) (CORDEIRO, 1987, p. 2)
Cordeiro (1987) destaca a importância de entender como a rede urbana esta
sendo influenciada pelos fluxos transnacionais, dessa forma, é de nosso empenho
investigar a relativa dos pontos de controle ou centros transnacionais do espaço
brasileiro, analisando sua estrutura e seus pontos positivos e negativos dentro do espaço
urbano.
3.2 - EGAL II - Teorias de localização e concentração
A partir da abertura econômica brasileira no final da década de 1980 houve um
aumento de grandes corporações financeiras, assim, aceleraram-se as disparidades
territoriais nesse setor: “Na fase atual do capitalismo a gestão do território deriva em
grande parte dos interesses das grandes corporações, entre elas aquelas do setor
financeiro” (CORRÊA, 1989, p. 1). O forte desenvolvimento da rede bancária no Brasil
nas décadas de 1960, 1970 e 1980, levou a uma grande concentração de agências no
Estado de São Paulo, tornando-se o grande pólo financeiro do país.
12
Verificou-se, no período 1961-1985, um processo de concentração bancária que levou à redução do Número de centros de gestão, a emergência de um nítido centro metropolitano nacional, São Paulo, à criação de redes de âmbito nacional, e à ampliação do papel do Estado (CORRÊA, 1989, p. 4-5).
A respeito da atuação do Estado na gestão do território incentivando os setores
primário, secundário e terciário e novas áreas de produção e reprodução do capital, ou
seja, a desconcentração econômica, dessa forma, as implicações do estados foram
aumentando em relação as agências estaduais.
Gerber (1989) pesquisou sobre a desconcentração econômica analisando as
regiões da Argentina e como os incentivos fiscais contribuem para o desenvolvimento
das indústrias em regiões de menor valorização pelo capital, dessa forma, o Estado
contribui para o crescimento econômico através de incentivos fiscais.
Inicialmente, sólo tenían estas ventajas áreas limitadas como Tierra del Fuego y Tucumán, pero con el “Decreto 261”, se distribuyo entre un conjunto de las provincias de un sistema de incentivos de distinta graduación, donde se destacan por sus amplias ventajas, las provincias con regimenes especiales como Catamarca, La Rioja, San Juan, San Luis y Tierra de Fuego. Este sistema de desgravación fiscal de base regional, es complementario de outro conjunto de incentivos de base sectorial y de fomento a las exportaciones. (GERBER, 1989, p. 2).
O Estado argentino através de políticas de interação entre sistema fiscal e
promoção e desenvolvimento regional estimula a desconcentração industrial. Estudos
sobre a desconcentração econômica analisando as regiões argentinas discutindo o uso
incentivo fiscais para indústria entendendo a lógica da desconcentração econômica
através de estímulo do governo.
Nesse sentido, Richard (1989) estudou a delimitações do centro comercial em
cidades médias entendo as perspectivas espaciais dos lugares, fazendo um estudo em
uma escala local analisando o município de Rio Claro-SP interpretando as influencias
que o centro exerce sobre a cidade fazendo uma analise histórica sobre o centro da
cidade.
Convém ressaltar que os antigos casarões deram lugar ás repartições públicas, clinicas médicas, laboratórios de analises, quando não destruídos, substituídos por outros sus; já as residências de estilo arquitetônico mais modesto deram lugar ás lojas comerciais, pensões, com a adaptação da fachada para atender a nova exigência (RICHARD, 1989, p. 3).
Analisando esse aspecto é notório o aumento das atividades no setor terciário,
ou seja, a reorganização do centro muda a sua configuração sofre alterações com o
13
aumento do crescimento vertical no centro, dessa forma, a concentração do setor
terciário no centro das cidades médias muda organização espacial.
Essa característica, a nosso ver, registra o inicio de uma fase de expansão, e que, provavelmente, com o aumento natural das atividades no setor terciário, essa modalidade tenderá a desaparecer, promovendo um crescimento vertical mais afetivo além da absorção de novos quarteirões, com suas demolições, fazendo surgir um centro comercial com feições mais moderna (RICHARD, 1989, p. 4).
Nessa definição Richard (1989) realizou estudos sobre os impactos na região
central de Rio Claro, buscando compreender como se configurou a aglomeração e
concentração do centro de Rio Claro trabalhando com um estudo empírico do caso.
O estudo sobre o desenvolvimento de cidades médias foi bastante utilizado no
fim da década de 1980 e inicio de 1990 para Alfredo (1989) a diversificação de regiões
estão ligadas a diferentes níveis de exportações, abrangido as concepções de regiões
polarizadas e seu desenvolvimento urbano, dessa forma, o desenvolvimento de cidades
médias parte de sua estrutura interna produtiva.
Las ventejas comparativas de alomeración de hecho impiden um dessarrolo armónico del tejido hacia la periferia. Parte de los costos son: congestión del tránsito, contaminación ambiental, execeso de ruídos dificultad para el estacionamiento y carga o descarga de mercaderias. (ALFREDO, 1989, p. 7).
O desenvolvimento de cidades médias está diretamente ligada a sua localização
da geográfica, ou seja, mão-de-obra, recursos naturais e transporte, dessa forma,
percebemos que o desenvolvimento das cidades intermediarias é heterogêneo,
percebemos que no EGAL II o foco principal dos trabalhos analisados foram a respeito
de desenvolvimento regional, e dentro da geografia econômica classificamos como um
estudo da ciência regional interpretando o quadro econômico
3.3 - EGAL III – Articulações entre os sistemas econômicos
O desenvolvimento das teorias em torno do meio técnico-científico-
informacional impulsionaram a expansão do setor terciário em todo cenário nacional da
América Latina. O aprimoramento de sistemas de informações junto a grupos bancários
segundo Cordeiro (1991) deu-se a partir da criação de inúmeras agências locais, com
financiados pelos grandes pólos bancários situados em áreas metropolitanas, ou seja, a
concentração dos sistemas financeiros, tecnológicos e informacionais.
14
Analisando as áreas de influência bancárias através da localização da estrutura operacional dos maiores bancos comerciais públicos e privados do país, com sede nas regiões metropolitanas e em Brasília, podemos constatar que a maior parte da rede bancária brasileira pertence ao setor privado de capital nacional e integralmente sediado nas regiões metropolitanas. (CORDEIRO, 1991, p. 3).
Tendo em vista esse argumento podemos considerar que a maior concentração
de informações do país é influenciada pelos pólos de decisão sediado nas principais
capitais do Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Para
Cordeiro (1991) desenvolveu-se no país um modelo centralizador de informação, dessa
forma, observamos a articulação entre globalização e economia, as redes bancárias
precisam de serviços de informática, TV, sistemas de telecomunicações para auxiliar na
estrutura da de bancárias.
Essa concentração em estratos – hierarquias é percebida em outros países,
como o caso mexicano, exporto por Rozga (1991). O autor realizou um estudo sobre o
modo estruturalista da econômica mexicana mostrando a interação do sistema com o
território nacional:
Al interior describir la economia espacial de um país, es convergente em primes lugar, precisar la manera em que vemos a entender esse concepto. Al analizar diferentes definiciones de economia, coincidimos com aquellos que la entienden como la explicación de los problemas de ka organización espacial del desarrollo sócio-económico. Esta definición, es más amplia que aquellos que se refleren a la forma tradicional del estudo de las estructuras regionales de la economia del país. (ROZGA, 1993, p. 2-3).
A hierarquia urbana e o poder de decisões seguem uma lógica estrutural e com
isso as desigualdades socioespaciais e técnicas-informacionais tendem a aumentar
segundo os estudos feitos no início da década de 1990.
3.4 - EGAL IV - O Capitalismo configurando a malha urbana
Através a crescente urbanização nas décadas de 1980 e início de 1990,
tomaram conta dos debates da geografia econômica, o espaço urbano refletindo as
relações entre propriedade privada, indústrias e o capital imobiliário. Parte-se de uma
reflexão de como se formou essa estrutura e como as empresas do setor atuam no setor
urbano, assim Sposito (1993) parte da idéia que a análise da produção imobiliária
urbana coloca-se como contribuição para o entendimento dos mecanismos que dão
movimentos ao processo contínuo de reestruturação da cidade, a produção urbana esta
15
atrelada aos fluxos de capitais privados, revelando o caráter de mercadoria, que a terra
se reveste no modo capitalista de produção.
Em função das características que traduzem essas especificidades, o imóvel e na essência o resultado de uma forma de produção que a deferência das outras mercadorias, pela fixidez ou imobilidade do produto e que por outro lado, expressa a privatização de uma fração do território da cidade indissociável do imóvel. Esse aparece como uma mercadoria que ao ser transacionada no mercado, realiza a venda e compra da propriedade da terra da construção sobreposta a ela, e portanto o direito de uso/consumo desse imóvel. (SPOSITO, 1993, p. 3).
As análises sobre a especulação e o uso do território partem de uma visão de
diferentes escalas geográficas, o capital imobiliário atuando em escalas local, regional,
nacional e global, segundo Sposito (1993) podemos considerar que quanto maior a
escala maior a extensão do capital privado, ou seja, fica mais ascendente, mas para
entender esse fenômeno devemos partir de uma escala local onde fica clara a conexão
entre capital privado e território onde essa produção do espaço é um forte objeto de
estudo com restrições a respeito dessa produção, não se pode analisar o território sem
obter primeiramente os dados da renda fundiária de cada município e quanto maior a
escala maior o dificuldade de analise sobre a produção do espaço. Sposito (1993)
trabalha em uma escala regional onde verificou três cidades médias do Estado de São
Paulo (Brasil): Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Presidente Prudente.
A partir do estudo de Sposito, constata-se uma contribuição para a geografia
econômica no sentido de que a produção do território esta fortemente ligada ao sistema
capitalista, sendo o sistema imobiliário o principal agente nas cidades, em especial as
cidade médias com um alto giro de capital, essas cidades na maioria das vezes são
portadoras de uma infra-estrutura como Universidades, Indústrias, Polos Comerciais,
entre outros serviços irradiadores.
3.5 - EGAL V - Desenvolvimento endógeno e neoliberalismo
A década de 1990 se caracteriza pelos modelos de expansão e desenvolvimento
econômico neoliberal, suas características são as privatizações e mundializaçao da
economia que vem se expandindo e provocando mudanças na estrutura de um país, por
outro lado, surgem movimentos de nacionalização e crescimento endógeno. Esse
paradoxo reflete geograficamente vários modelos de utilização, organização e produção
do espaço.
16
Um país pequeno com grande concentração populacional como Cuba, tem sua
produção muito reduzida e precisa de um comércio de subsistência e desenvolvimento
de atividades como turismo para sustentar a economia e sua sociedade. A necessidade
de conseguir alguma fonte de renda para o desenvolvimento do país como, por exemplo,
o turismo internacional atrai capital para o país, mas este modelo é paradoxal no sistema
político e social, ou seja, a mundialização da economia em um sistema não globalizado.
A abertura econômica e aplicação do modelo neoliberal foi tratado por
Rodovira (1994) ao tratar dos efeitos espaciais desse sistema no território chileno:
La aplicación en Chile del proceso de incorporación a la economía mundial se tradujo en la adopción definitiva de un modelo de corte primario exportador, el que basa todas sus fuerzas y sus posibilidades en el concepto de las ventajas comparativas que posee el país para producir algunos bienes primarios y competir exitosamente en la conquista de los mercado internacionales (1995, p.1). .
A abertura no Chile proporcionou uma vantagem para os produtores rurais,
mas essa atividade agrega pouco ou nenhum valor no mercado interno e acaba por ficar
dependente do mercado de commodities. Aliado a isso, há o surgimento do
MERCOSUL, em 1994 com intuito de estreitar as relações comerciais entre os países
do Cone Sul, entrando numa lógica de globalização, mas fortalecendo suas economias
regionais.
Dessa forma, a reorganização de uma economia mundial tende a se expandir
buscando novos territórios e fontes de renda, principalmente quando este processo tem
como característica primordial a aceleração de mecanismo de internacionalização do
capital e o dinamismo dos fluxos econômicos. O desenvolvimento do MERCOSUL é o
reflexo dos trabalhos publicados na década de 1990, discutindo as vantagens do livre
comércio na América do Sul.
3.6 - EGAL VI - A geografia do comércio uma reflexão sobre suas políticas
A internacionalização do comércio exterior se espalhou rapidamente com a
globalização, muitas economias seguiram o caminho de abertura do comércio com
auxílio do desenvolvimento tecnológico contribuindo assim para o sistema capitalista da
mundializaçao (o meio técnico-científico-informacional segundo Milton Santos), mas
esse sistema gera uma competição entre as econômicas mundiais, em grande parte o
produto nacional tem que aumentar de qualidade em relação ao importado provocando
uma melhoria nos padrões de produção e técnica nos países da América Latina.
17
Com relação a proteção das econômicas nacionais frente a produtos dos países
desenvolvidos, Daher (1997) faz um estudo da administração e a gerência das cidades e
regiões que tem um forte fluxo de capital e infra-estrutura no mercado internacional,
apoiando os produtores nacionais a se unirem em políticas de protecionismo, cobrando
de juros de produtos externos.
En escenario de la globalización y del megarregionalismo de los bloques econômicos, la política regional execede necessariamente –aunque no anula- El âmbito de las políticas nacionales. Estas mismas se vem exigidas más Allá de su tracional preocupación por los desequilíbrios interregionales, desde la perspectiva de las regiones, debe propiciarse una creciente participación de estas en la política econômica y en la política internacional. La nación, a su vez, debe buscar ssu estratégia competitiva no solo en sus sectores, también em sus regiones. (DAHER, 1997, p. 2).
Percebe-se que a política de internacionalização de mercadorias pode gerar
desequilíbrios dentro do cenário regional e nacional de uma economia, a influência dos
blocos econômicos nas diferentes regiões da América Latina, União Européia, Ásia,
América do Norte e América Central, tendo diferentes níveis de desenvolvimento e
algumas economias são dependentes de exportações de produtos isso gerando uma
diminuição do crescimento do PIB.
3.7 - EGAL VII – Sistema financeiro e consumo no fim do século XX
A relação entre o crescimento do espaço urbano e o desenvolvimento de
atividades produtivas, leva em conta o conceito da formação do espaço civilizado, cada
processo de transformação na sociedade altera as relações econômicas, políticas e
sociais em ritmos e intensidades diferentes a organização do espaço urbano através do
modo de produção capitalista influência diretamente a dinâmica urbana em relação à
sociedade.
No final do século XX, por conta das inovações no setor tecnológico e a
crescente mundialização das informações, tornaram o espaço urbano o palco principal
da geografia econômica, o lugar do consumo.
O Brasil está dentro da lógica do sistema capitalista, sobressaindo o setor
financeiro por meio do movimento da mundializaçao do capital, para se ter uma leitura
do espaço produzido devemos fazer uma síntese do processo de globalização que
permite um entendimento da produção do espaço urbano e rural:
18
Os fenômenos se dão de forma abrupta, mas vem se desenvolvendo de forma historicamente agregando o novo e remodelando o velho. Tais fenômenos também não se manifestam de forma homogênea no território suas manifestações se deram em tempos diferentes. É nesse sentido que entendemos o conceito de globalização aqui, que de novo, a nosso ver, apresenta o grande volume de informações que transitam pelos mais modernos equipamentos da teleinformática. (VIDEIRA, 1999, p 3).
A integração do território da América Latina junto ao sistema-mundo se deu
pela influência dos bancos estrangeiros nas economias destes países, os bancos, objetos
recentes de estudo da ciência geográfica, são de suma importância enquanto agente
organizador do espaço, principalmente quando se tratamos de geografia econômica.
Pós-segundo guerra, o termo praticando as mesmas ações dos grandes grupos econômicos, que é sua disseminação para outros países em busca da ampliação de seu capital, dando sustentação, assim, a uma série de teses que afirmam a hegemonia do sistema financeiro mundial em detrimento do setor produtivo (isso que se refere á acumulação). (VIDEIRA, 1999, p. 4-5).
Para Videira (1999), o território se confunde com o desenvolvimento do
capitalismo no mundo, que buscam alternativas enquanto sistema de acumulação, como
ampliação de mercado, ou seja, mostra que empresas privadas estão atuando na
produção do espaço, se destacando pela entrada de capital privado em países da
América Latina, nesse sentido, os modos de consumo no mundo estão ficando de certo
modo homogêneos. A respeito disso, Ortigoza (1999), diz que um dos maiores impactos
das trocas globais na atualidade diz a respeito às mudanças nos hábitos de consumo, o
consumidor deixa de adquirir os produtos nacionais, em certo ponto em níveis inferiores
comparados aos produtos globais:
A geografia do comércio ganha importância nos estudos urbanos, pois além de buscar compreender as novas formas de comércio materializadas no espaço e seu conteúdo, ela procura, sobretudo, desvendar os véus que revestem as relações entre homens e as mercadorias. Tendo o consumo como categoria da análise do espaço urbano auxilia na interpretação das particularidades desse mundo ainda pouco decifrável. (ORTIGOZA, 1999, p. 1)
Os princípios de aceleração e alteração do consumo se iniciaram com a
mudança da sociedade (agrária – urbana / comercial – industrial / local – global), novas
necessidades de consumo foram surgindo no cenário nacional com a abertura
econômica. Empresas transnacionais foram ganhando mercado no território nacional
para suprirem as necessidades dos consumidores isso gerou a transformações do
19
consumo “com amadurecimento do capitalismo, as relações entre produção e consumo
ganharam complexidade, e muitas vezes a produção passa a determinar o consumo”
(ORTIGOZA, 1999, p. 2).
As relações de mercado consumidor são marcadas pela conexão entre indústria
e comércio, o crescimento da mundializaçao do comércio, através da mídia e
telecomunicação, a homogeneidade do consumo se relaciona com a perda de cultura, ou
já, hábitos em comum. Estes temas refletem a conjuntura econômica e social dos países
latino americanos com a consolidação da abertura aos mercados globais e sistema
financeiro.
3.8 - EGAL VIII - Reflexões sobre a produção do espaço urbano e rural
No primeiro EGAL no século XXI, entre vários assuntos tratados pela
geografia econômica se sobrepôs a questão campo-cidade ou relação urbano-rural. Cada
vez mais a localização das indústrias tendem a sair dos grandes centros urbanos,
invadindo o campo e modificando as relações de trabalho. O estudo de Borges (2001)
aponta que a localização se dá pela oferta de terrenos mais baratos, incentivos fiscais,
isenção de impostos, recursos naturais e abundância de mão-de-obra e mostra o
exemplo do Grupo Souza Cruz, “história espacial da empresa Souza Cruz que está
localizada em Uberlândia é um exemplo de antecipações espaciais, assim, entre os
migrantes gaúchos que a partir da década 1950 dirigiram-se para o sudeste paranaense
estavam numerosos produtores de fumo que já mantinham contatos com a Souza Cruz”
(BORGES, 2011, p. 2). Percebe-se o interesse de indústrias buscando recursos para se
instalar em outras regiões que oferecem recursos para a maximização dos lucros e como
consequência alterando a paisagem e as relações campo-cidade:
O desenvolvimento Industrial de Uberlândia ocorreu de forma variada, quanto ao ritmo, á origem dos investimentos e aos tipos de indústria. Vários fatores influenciaram o crescimento dessa atividade, tais como: políticas de incentivos, rede de transporte, infra-estrutura urbana, etc. A cidade além de produtora, exercendo assim, a função do centro regional do Triângulo mineiro tornou-se um grande centro comercial e o maior parque indústria da região. (BORGES, 2001, p. 2).
As indústrias procuram cidades que dêem uma infra-estrutura para se instalar
em determinada região, ou seja, “se a recursos á progresso” essa é uma das principais
características do sistema capitalista, onde as indústrias se colocam direta ou
20
indiretamente sobre a produção do espaço, para Santos (2001) a aceleração do processo
de urbanização/industrialização tem aumentando os problemas urbanos com falta de
infra-estrutura para atender todos os moradores de determinada região, estimulando a
criação de problemas sociais, dentre elas podemos destacar a falta de moradia, êxodo
rural, sub empregos.
Os níveis de modernização das empresas estão cada vez mais sofisticados,
buscando uma mão-de-obra mais qualificada e técnica, essa forma de trabalho privilegia
os mais capacitados e não atinge toda população, em especial os migrantes e a
população vinda do campo, esse conjunto de relações dentro de indústria e setores de
prestação de serviços é altamente excludente, conforme aponta Brandão Filho:.
[...] A mobilidade de força de trabalho depende das condições espaciais herdadas e novas. Portanto, os espaços periféricos, contando com menores recursos de formação educacional e profissional, estão mais expostos ao processo de exclusão dos trabalhadores, quando comparados a os seus núcleos metropolitanos, ocorrem na atual modernização, dois movimentos em duas escalas de tempos muito distintas. O movimento da técnica obedece a um movimento de tempo escalar imediato, global e presente; enquanto o movimento social necessita de uma escala de tempo mais ampla. Essa defasagem entre tempo e técnica e o tempo das adaptações da sociedade periférica ao novo patamar de acumulação resulta em segredo espacial, o modo de produção capitalista necessita em identificar diferenças regionais e locais que lhe permitam maximizar os lucros. (BRANDÃO FILHO, 2001, p. 7)
No caso do Brasil, um país exportador de grãos e commodities o há uma
preocupação com o meio ambiente por parte de segmentos da sociedade, e no início do
século XXI entrou em voga o debate de transgênicos e agrotóxicos na produção de soja.
A produção se concentra em sua maior parte no centro oeste brasileiro onde uma das
principais características é o uso de novas tecnologias na agricultura e a crescente
urbanização da região nas chamadas “cidades do agronegócio”.
No Brasil, condições políticas e econômicas favorecem a implantação de um modelo agrícola intensivo e de forte base tecnológica, voltado para a produção de grãos, a partir da década de 60. Na região do Cerrado brasileiro, os extensos chapadões savanicos, vem sendo palco dessa chamada agricultura moderna, cuja base é a produção de soja, milho e café, desde o inicio da década de 70. Passados aproximadamente 30 anos desde sua instalação, é oportuno que sejam avaliados os resultados dessa modelo de produção agrícola. (GRIESINGER, 2001, p. 1).
Dessa forma, o centro oeste brasileiro sempre foi uma região onde a agricultura
moderna se consolidou, nesse sentido, esse modelo de produção intensivo se caracteriza
21
por grandes propriedades, uso de alta tecnologia, agrotóxicos e cultivo homogêneo
segundo Griesinger (2001), O uso de agrotóxicos pode levar á contaminação do solo e
da água, ou seja, os agrotóxicos devem afetar a fauna e a flora existentes no solo, com
possíveis conseqüências sobre a fertilidade do mesmo. O estudo sobre o cerrado
brasileiro, onda a produção de grãos se destaca por ser uma das principais fontes
econômicas do país, observa-se a preocupação relacionada aos agrotóxicos.
Estas questões no campo, como a preocupação ambiental são geradas mais pela
população urbana do que propriamente vinda do campo, ou seja, a dinâmica e relações
do campo são movidas e geradas pelas demandas da cidade.
3.9 - EGAL IX - Análises territoriais rurais
O desenvolvimento da agricultura no Brasil passou por diversas etapas até
chegar em seu estágio atual, analisando as atividades agrícolas no território brasileiro
percebemos o aumento em seu nível especialização e tecnificação, adotando padrões
sofisticados no processo produtivo para competir no mercado agrícola mundial.
Entretanto, os produtores do agronegócio e agricultores em geral dependem da ajuda do
Estado para competir na economia mundial, seja pelo protecionismo fiscal, creditício ou
de infra-estrutura.
Para Stevanato (2003), é preciso que por parte do Governo Federal sejam
adotadas algumas medidas e alternativas favoráveis para os pequenos produtores, como
por exemplo, a micro região geográfica de Presidente Prudente-SP (MRGPP), onde sua
principal atividade agropecuária é a produção de leite. As disparidades entre produtores
são notórias na região, existem dois tipos de produtores na região os produtores
especializados detentores da técnica visando o aumento da produção, devido a
facilidade ao crédito e incentivos fiscais e os produtores não especializados são os que
trabalham com ferramentas ultrapassadas e não produzem o ano todo.
Sem dúvida o problema agroindustrial do leite vem enfrentando na MRGPP são muitos. Os produtores apontam aqueles que consideram principais e mais graves e sob os quais devem ser tomadas medidas, pois para ter um produto de melhor qualidade não basta investir em equipamentos modernos é necessário trabalhar em conjunto governo, indústria (pequenos, médios e grandes laticínios) e produtores, todos os elos que fazem parte da cadeia leiteira (STEVANATO, 2003, p. 15)
22
A modernização da agricultura é excludente, isso se vê desde a década de
1970, e com abertura econômica e concorrência dos outros países a única maneira de
todos os agricultores conseguirem espaço dentro do mercado consumidor seria através
da integração de todas as cadeias produtivas desde a produção até o consumo final, com
auxílio do poder público.
3.10 - EGAL X – Meio técnico-científico-informacional no campo e na cidade
Considerando que a modernização da agricultura revela, que a força do
capitalismo monopolista esta cada vez mais unificado, contraditoriamente o que ele
separou no início de seu desenvolvimento: indústria e agricultura, está sendo possível,
ou seja, as grandes propriedades rurais estão sendo adquiridas por capitalistas, dessa
forma, o monopólio sob a renda a terra estão ficando cada vez maior. Se analisar o
período pós-segunda guerra mundial houve um aceleramento dos modos de produções e
consumo, essa lógica tem proporcionando uma reconfiguração do espaço geográfico,
que a partir da unidade técnica vem se alterando a dinâmica da cultura, economia e
política.
A difusão das inovações, da mesma forma que a distribuição do crédito agrícola, a extensão rural, pesquisa técnico-científico deram-se de maneira uniforme, promovendo o desenvolvimento cada vez mais desigual do setor do país, com desastrosas conseqüências sociais e territoriais, com destaque para a generalização da proletarizaçao do trabalhador agrícola para o forte movimento do êxodo rural e o processo acelerado e caótico de urbanização (ELIAS, 2005, p. 6).
Percebe-se que os problemas relacionados a desigualdades sociais, fruto da
concentração de terra esta se consolidando cada vez mais no território brasileiro, na
medida em que as regiões não foram incorporadas pelo capital, essas estarão, por sua
vez, condenadas pelo capitalismo monopolista, esse capitalismo que se renova e sempre
está se atualizando, ou seja, pensar no capitalismo é refletir em novas tecnologias em
diversas áreas “Nesse, contexto os fixos multiplicam-se diversificam-se, renovam-se, os
fluxos se intensificam, os lugares são valorizados e especializados e a circulação se
acelera. Muda a divisão do trabalho em função da extensão de mercado”
(BERNARDES, 2005, p. 1).
É nesse sentido, que o capitalismo sempre esta se renovando e se adaptando
cada vez mais a novos espaços, esse modelo que não é homogêneo, revela as
23
desigualdades sociais dentro do território brasileiro, onde algumas regiões estão se
especializando em novas tecnologias, ou seja, mão-de-obra especializada para obtenção
de maior rendimento da produção.
Sem dúvida, os sistemas aperfeiçoados de comunicação e o fluxo de informações possibilitam a redução do tempo e redefinem a especialidade dos circuitos de produção, permitindo que a região possa acompanhar a velocidades das transformações e incorporar os elementos que facilitam sua competitividade no mercado internacional. (BERNARDES, 2005, p. 13).
Entretanto quando se fala de modernização é tratar de globalização, do
aumento das produções da incorporação de novas tecnologias na agricultura e pecuária,
essa acumulação capitalista é excludente e visa o lucro e não a produção homogênea do
espaço.
A produção do espaço esta relacionada à mobilidade de força de trabalho e sua
redistribuição espacial, nessa perspectiva “a força de trabalho é então definida como a
mercadoria que possui um homem, ou ainda o conjunto das faculdades psíquicas e
intelectuais que existe no corpo humano, na sua personalidade viva, e que se movimenta
para produzir coisas úteis” (ROCHA apud BERNARDINO, 2005. p. 5).
Com a industrialização da agricultura que contava já com suporte para produzir
máquinas, insumos, equipamentos destinados especificamente para o setor, o capital
entra no campo e o proletariado rural é à força de trabalho, consolidado em uma relação
empregado x patrão, dando uma nova dinâmica de acumulação de capital no campo.
Parcial porque se limitou a algumas regiões do País, alguns produtos específicos e a certas fases de organização da produção. Conservadora porque não rompeu com a tradicional concentração fundiária e, por fim, dolorosa porque concorreu para expulsar do campo milhares de pessoas ligadas ás atividades agropecuárias, acentuando o êxodo rural (MORO apud BERNARDINO, 2005, p.4).
O crescimento demográfico na América Latina gerou um aumento da população
urbana, essa urbanização causou diversos problemas na produção do espaço, como a
falta de infraestrutura, equipamentos urbanos, segregação socioespacial entre outros:
No entanto tal crescimento e o discurso e ele esta ligado não escondem a realidade precária das cidades que não alcançaram o mesmo nível de desenvolvimento econômico. Cidades que já foram dinâmicas econômica e politicamente no cenário regional perderam seu brilho e não alcançaram o mesmo ritmo do crescimento econômico e social fomentado pelo discurso e pelos dados econômicos da região (BACELAR, 2005, p. 5).
Os problemas mencionados acima em relação ao crescimento urbano podem
ser observados na maioria das cidades da América Latina dando ênfase no Brasil, vale
24
ressaltar a importância de investigar a pequena cidade dentro do contexto nacional
relacionando com sua perda de identidade, falta de infraestrutura no comércio,
educação, indústria entre outros.
A troca da antiga estrutura do campo pelo desenvolvimento técnico reflete
diretamente no crescimento urbano, as grandes propriedades e o capital privado vem
aumentando sua influência sobre a agricultura brasileira, em especial o crescimento do
agronegócio, gerando o êxodo rural relacionado ao aumento da população residente em
área urbana. Alguns autores como Bastos (2005), entende que esse fenômeno do
crescimento urbano, tem acelerado o setor de serviços e comércio, setor da economia
que mais emprega mão-de-obra no Brasil, assim a organização do espaço urbano torna-
se mais industrial do que comercial:
A atividade comercial sempre foi compreendida como eminentemente urbana. Continua sendo, contudo com as constantes melhorias em infra-estruturais da cidade e sua periferia privilegiada e com estradas e auto-estradas de acesso passaram a surgir novas formas de desenvolvimento no comércio. O estabelecimento de hipermercados, clube de compras e shopping-centers, com amplos estacionamentos e com inúmeros serviços de apoio. Alem de grandes galpões especializados em vender sacoleiras fogem a regra á muito reconhecida do comércio como atividade central. (BASTOS, 2005, p. 3).
Essa tendência se da ao nível de exigência de uma sociedade, a coletividade do
consumo que se instalou na sociedade brasileira, consolidando-se com a globalização e
abertura econômica, considerando que mesmo com essa infra-estrura da rede urbana
latino americana apresenta as desigualdades sociais, pois nem todos moradores de uma
cidade possuem recursos para o consumo, do circuito superior e ficam expostos ao
circuito inferior.
O sistema capitalista, esta se consolidando cada vez mais sobre o território
latino americano, nesse sentido, alguns autores publicados no EGAL de 2005 em São
Paulo, trabalharam a respeito dessas privatizações de empresas públicas.
O maior desenvolvimento da intermediação bancária se daria nas primeiras décadas do século XX, momento em que a difusão da cultura cafeeira, o assalariamento de arte da mão-de-obra agrícola e urbana aumentará a necessidade da utilização do meio monetário como forma de circulação de capitais, esta monetarização do espaço, somada ao sucesso econômico da cafeicultura exportadora é que vai dar impulso á intermediação bancária no país como um todo, e no Estado de São Paulo em particular (CONTEL, 2005, p. 2).
25
Presenciando um período no qual os avanços científicos acumulados são
excepcionalmente ricos em desenvolvimento e em aplicações em novas tecnologias,
percebe-se que a sociedade não acompanhou o desenvolvimento econômico, ou seja, em
todos os setores da sociedade não foi acompanhada pela melhoria das condições de vida
das populações:
[...] com essa difusão desigual, pois atende os reclames do mercado, isso explicaria, em parte a médicos-hospitalares nas frações mais dinâmicas do território, ao passo que os serviços banais, que não interessam aos agentes privados e que são encapados pelo Estado, se encontram mais dispersas no território (ALMEIDA, 2005, p. 9)
O capitalismo visando à maximização do lucro, não investe em setores e
regiões onde não vão obter rentabilidade, a distribuição das novas tecnologias é desigual
na América Latina e os Estados não conseguem acompanhar os efeitos da globalização,
por falta de capital resultando em privatizações de órgãos, instituições e empresas.
3.11 – EGAL XI – Globalização econômica e América Latina
O processo de mundialização do capital ocasionou sérias mudanças na
estrutura da agricultura e do espaço urbano, o capital integrou o rural e urbano e os
produtores se inseriram em linhas de créditos, financiamentos em bancos para
aperfeiçoar sua produção. O crescimento do agronegócio se reflete através de grandes
propriedades monoculturas, como o caso da soja se inserindo no mercado internacional,
a região que teve maior crescimento no Brasil foi o Centro Oeste.
A soja aparece como um dos carros chefes do agronegócio nacional. Podemos destacar seu avanço devastador sobre áreas de cerrado e particularmente o estado do Mato Grosso. Essa unidade da federação é atualmente, a maior produtora desses grãos no país e tem seu antigo domínio da pecuária e cerrado, dominados por produtores que cultivam em grandes extensões de terras e por traddings que atuam na comercialização desses grãos, para todos apoiados pelo estado nacional (FREIRE FILHO, 2007, p. 2)
Para Freire Filho (2007), a consolidação dessas áreas não elimina a busca pelo
aumento dos lucros, as práticas mais evidentes desse processo são as crescentes
mudanças de tecnologias, o conceito de agronegócio se integra com as relações
comerciais do espaço urbano, ou seja, as indústrias produtoras insumos agrícolas,
produtoras de máquinas, bancos, armazéns e prestações de serviços. As atividades que o
26
agronegócio depende se concentram no espaço urbano, dessa forma, o ambiente
agrícola se torna alta mente competitivo e a sobrevivência dos agricultores nesse
mercado esta intimamente ligada as suas possibilidade de inovações tecnológicas,
aumentando a dependência dos produtores com relação ao capital financeiro “o capital
aparece como elemento que da unidade ás atividades ligadas aos complexos
agroindustriais à compra de insumos por agricultores, por exemplo, implica de imediato
a necessidade de financiamento, nesse sentido, aparece os bancos e grandes corporações
(FREIRE FILHO, 2007, p. 6), ou seja, o produtor para crescer esta sujeito a
financiamentos que muitas vezes compromete sua produção.
3.12 - EGAL XII - Geografia do comércio e Flexibilidade da tecnologia
O desenvolvimento de empresas especializadas no território brasileiro se
consolidou com a chegada das empresas transnacionais, nesse sentido, as privatizações
das empresas de telecomunicação entram nesse contexto, dessa forma, segundo Almeida
(2009), de vinte empresas no ramo da telecomunicação cinco são nacionais, o capital
internacional consolidou no Brasil com a tecnologia, ou seja, influenciando no grau de
escolaridade, dessa forma, os trabalhadores que possuem diploma de ensino superior
não se tem tanta expressividade no mercado de trabalho, os investimento elevados em
infra-estrutura e mão-de-obra de trabalho são feitos visando a maximização do lucro,
nesse sentindo, grande parte dos trabalhadores brasileiros não se sentem satisfeitos com
o emprego.
Entretanto, os dados demonstram uma realidade um pouco diferente. A instabilidade no emprego e o alto índice de demissões (turnover) indicam algumas incoerências. Entre os operadores de telemarketing, os sentimentos mais comuns são a falta de identidade e a insatisfação com o emprego. Entre os principais problemas enfrentados pelos operadores estão os baixos salários (inferiores a 12 mil reais anuais), a pressão para o cumprimento de metas e para a redução contínua no tempo de atendimento, a necessidade de convencimento para venda de produtos e o desrespeito aos direitos profissionais. (ALMEIDA, 2009, p. 3)
A diferença de países desenvolvidos e pobres é usada como motivo para a
instalação de empresas transnacionais, ou seja, como no caso de empresas
internacionais de telecomunicações, nesse sentido, os trabalhadores brasileiros
trabalham com remuneração baixa isso reflete no desempenho de seus funcionários,
27
nesse sentido, as empresas de telecomunicações que prestam serviços ao Sistema de
Atendimento ao Consumidos (SAC), enfrentam grandes problemas relacionados a esse
atendimento, pois a falta de animo de seus funcionários reflete no atendimento.
A evolução da geografia moderna parte de um estudo sobre o materialismo
histórico, dessa forma, as teorias econômicas da geografia econômica, ou seja, Von
Thuen, Christaller, Webber e Losh impulsionaram um novo exemplo de analise ligado a
modelos matemáticos, trazendo assim um fôlego a geografia quantitativa, nesse sentido,
a geografia do comércio se associa com a geografia econômica, ou seja, modelos de
analises para o desenvolvimento das cidades.
Esse ponto também é considerado ponto inicial de analise dos estudos do Comércio e Consumo na Geografia. Christaller propunha um estudo, em que o desenvolvimento das cidades obedecia a uma lógica, que era estabelecida por uma rede urbana de comércio e serviços que se articulava no espaço, assim procurou construir um modelo de analise que servia para outras localidades como uma lei geral de analise das estruturas urbanas. (PETER, 2009, p. 3)
Nesse sentido os modelos matemáticos da geografia quantitativa são capazes
de funcionar como a síntese da realidade, dessa forma, na sociedade do consumo a
característica é um individualismo, ou seja, sejam produtores ou consumidores eles são
autônomos e reagem aos estímulos econômicos, o consumo traça leis gerais dentro de
uma cidade, dessa forma, as atividades comerciais dentro do espaço urbano se configura
de acordo com as necessidades da sociedade, a especialização de centros comercias vem
ganhando força, nesse sentido, a evolução comércio.
As relações comerciais se transformaram de forma muito ampla no século XX,
o crescimento de hipermercados, shoppings centers que se consolidam dentro do espaço
urbano devido ao crescimento da sociedade do consumo.
O terceiro grande modificador do sistema comercial no século XX é o Shopping Center, suas características de centro de compras planejado é influenciada pelas cidades jardins, que são criadas através da descentralização de cidades americanas e/ou Européias, que tinham como objetivo a desconcentração da população das grandes áreas urbanas, nos Estados Unidos, de fato isso foi muito forte nos anos 1950, com o crescimento demasiado da população a suburbanização e motorização da mesma. (PETER, 2009, p. 6)
Esse tipo de atividade comercial é de cidade de grande e médio porte para
Petter (2009), a descentralização do comercio no Brasil atende não só a lógica própria
das atividades terciárias, mas também a dinâmica residencial da população, ou seja, nem
28
todos moradores de uma cidade grande que possui essa característica comercial tem
facilidades de deslocamento para chegar aos Shoppings Centers, nesse sentido, essas
atividades comercias são para outro padrão de vida, que se afastam dos centros
tradicionais e procuram um comercio especializado para atender suas necessidades.
3.13 - EGAL XIII – Acordos Comerciais e mercado internacional
Nos último EGAL analisado diversos trabalhos trataram das relações
comerciais dos países latino-americanos, em especial o Brasil nos últimos anos. O
trabalho de Gentile (2011) mostra como o MERCOSUL está se relacionando com a
União Europeia:
El mundo ahora es diferente del de los 90 ya que la Unión Europea, sumidaen una profunda crisis y recesión, perdió gravitación internacional mientras queuno de los estados del bloque sudamericano, Brasil, se encuentra entre lasregiones del mundo con mayor expansión económica (GENTILE, 2011, p.7).
Com a crise econômica de 2008 que afetou os Estados Unidos e teve reflexos
em toda economia mundial, teve impacto também nas relações comerciais entre
Mercosul e União Europeia:
Existe una importante oposición de algunos países europeos encabezadospor Francia que alegan que la apertura de sus mercados a los productosagropecuarios del MERCOSUR con valores competitivos perjudicara suseconomías. (GENTILE, 2011, p.8).
Por fim, a América Latina tem por base o setor agropecuário como principal
atividade econômica e por conta disso tem grandes oscilações em sua balança
comercial. Mesmo com os avanços tecnológicos apresenta grande dependência de
recursos científicos, fazendo com que sua geografia econômica seja desigual
espacialmente, concentrada e atrasada em relação aos continentes europeus, asiáticos e
Estados Unidos.
29
4 – CARACTERÍSTICAS DA EPISTEMOLOGIA DA GEOGRAFIA
ECONÔMICA LATINO AMERICANA
A trajetória da geografia econômica a partir do EGAL acompanhou a evolução
da ciência geográfica no que se refere às teorias, conceitos e métodos. No final da
década de 1980, o continente sofreu muitas transformações no âmbito político e
econômico, por causa dessas mudanças foi necessário adequar as bases teóricas da
geografia com o contexto da sociedade.
Os parâmetros para interpretar as características da geografia econômica latino
americana serão: Escala de análise, Corrente da geografia, Linhas de pesquisa,
Conceitos, Técnicas de pesquisa, Áreas da geografia econômica e país do pesquisador.
Com a abertura econômica e uma maior integração regional-continental a partir
da década de 1990, as pesquisas de geografia econômica se direcionaram a enfoques
nacional e global (Gráfico 1).
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
ESCALA DE ANÁLISE, PARA ESTUDO EMPÍRICO
ESCALA DE ANÁLISE, PARA ESTUDOEMPÍRICO
Gráfico 1 – Escalas de análises nos trabalhos de geografia econômica publicados no EGAL (1987-2011).
Sobre as escalas de análises que se caracterizam por uma resolução geográfica
de processos sociais, nesse sentido, as escalas proporcionam uma geografia de análise
30
em compartimentos, os trabalhos publicados em escala Global foram predominantes e
os estudos com escala local foram menos representativos. Assim, a escala local totalizou
17,7% dos trabalhos de geografia econômica no EGAL, enquanto que as investigações
da economia global representaram 34,6% do total. Os temas foram direcionados para as
análises das mudanças ocorridas com o livre comércio, pactos e acordos comerciais,
processos de financeirização da economia entre outros:
A partir de los anos 80, y de maneira más clara em los 90, câmbios em las diferentes esferas de la sociedad incidieron para alterar las tendencias antes registradas. “En el marco de los años ochenta y tras el agotamiento del modelo de sustitucíon de importaciones, comenzó um nuevo modelo ecónomico baseado en el libre comercio y la apertura a los capitales extranjeiros (PULIDO, 1995, p. 5).
Sabe-se que a globalização se conecta junto ao livre comércio com a chegada
das empresas transnacionais em todos os países da América Latina, dessa forma,
percebemos o quanto o global se torna relevante dentro das pesquisas de geografia
econômica. Esses trabalhos sobre as consequências e contradições do capitalismo
ficaram mais evidentes na corrente crítica da geografia (Gráfico 2).
10
20
30
40
50
60
70
ESCOLA / CORRENTE DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO
ESCOLA/ CORRENTE DO PENSAMENTO
Gráfico 2 – Escola/corrente do pensamento geográfico nos trabalhos de geografia econômica publicados no EGAL (1987-2011).
Em relação às correntes do pensamento geográfico percebe-se que a tendência
da geografia econômica é reforçar seu discurso sobre a crítica ao desenvolvimento
capitalista, em relação aos modelos econômicos, as desigualdades sociais, como
31
exploração de mão-de-obra e demanda por recursos naturais. Nota-se o atrelamento
entre a geografia crítica e a geográfica econômica com os problemas relacionados ao
modo de produção de empresas.
Em relação às análises feitas sobre as escolas ou correntes do pensamento
geográfico percebe-se que não foram expressivos os trabalhos relacionados à geografia
Humanística que representaram 7% dos trabalhos consultados, nesse sentido, a
geografia Crítica foi a principal corrente representando 46,1% dos trabalhos publicados.
No entanto, a contradição entre: a tendência do capital em expandir progressivamente a produção e acumulação, exigindo uma exploração cada vez mais ampla de mão de obra e dos recursos naturais; e a tendência a diminuir ao máximo possível a quantidade de trabalho necessária para a produção de produtos tanto materiais como imateriais, diminuindo a demanda por trabalho humano e transformando, portanto boa parte da população trabalhadora em mão de obra supérflua. O que acaba por intensificar assim a exploração da mão de obra que “consegue” ter a “sorte” de poder ser explorada, e relegando à miséria e dependência assistencial uma proporção crescente de “inúteis” abandonados à própria sorte, ou à caridade esporádica de instituições filantrópicas (GUATARRI, 2011, p. 6)
Dessa forma, percebe-se a preocupação dos autores em investigar a tendência
do capital estrangeiro que vem se expandindo progressivamente na América Latina,
nesse sentido, a produção visa à maximização do lucro, ou seja, as empresas procuram o
ponto ideal que são matéria prima, mão-de-obra, transporte e mercado consumidor,
dessa forma, explorando territórios e aumentando as desigualdades sociais. A crítica aos
modelos econômicos começaram a partir das análises sobre a geografia industrial e
urbana, sendo a cidade o lugar de desenvolvimento dessas contradições (Gráfico 3).
32
Gráfico 3 - Áreas da geografia econômica nos trabalhos publicados no EGAL (1987-2011).
O processo de urbanização ocorrido no continente se consolidou pós Segunda
Guerra Mundial, com o desenvolvimento das atividades industriais seja pelo
fortalecimento das indústrias de base ou pela presença de multinacionais e
transnacionais, como por exemplo, as montadoras de automóveis. Atrelada a
industrialização surgiram diversos problemas urbanos oriundos da falta de planejamento
como favelização, subempregos e setor informal.
Os trabalhos na perspectiva da geografia industrial representaram 26,15% do
total, mesma proporção da geografia urbana. Destaca-se também os trabalhos de
geografia agrícola (ênfase no agronegócio) com 19,2% mostrando a relação dos países
latino americanos com o setor primário e as commodities.
As diversas mudanças ocorridas na história da humanidade sempre tiveram como fator condicionante o desenvolvimento de um conjunto de técnicas, que permitiram com isso novas significações para o desenvolvimento das relações sociais. As técnicas aconteciam de forma sistêmica, onde cada processo evolutivo representou uma época da história mundial. Não se trata a aqui de pensar que as técnicas se desenvolveram autonomamente, pelo contrário, foi resultado de um acúmulo historicamente produzido pela sociedade (ARAÚJO, 2007, p. 3-4)
As formas de interpretar os dados econômicos são partes importantes do
processo de investigação. Há diversas maneiras de evidenciar os fatos econômicos seja
por entrevistas, mapas, dados secundários, gráficos e tabelas (Gráfico 4).
33
0
10
20
30
40
50
60
TÉCNICAS DE PESQUISA
Gráfico 4- Técnicas de pesquisa nos trabalhos de geografia econômica publicados no EGAL (1987-2011).
Sobre as técnicas de pesquisa os autores utilizaram gráficos e tabelas como
principal ferramenta, totalizando 40% dos trabalhados. Essa técnica auxilia na melhor
caracterização e dinâmica econômica. A segunda técnica mais utilizada nos trabalhos
de geografia econômica foram os questionários representando 25,38% sendo mais
utilizado em estudos de escala local.
A respeito do teor dos trabalhos, ou seja, pesquisas teóricas-conceituais ou
empíricas-estudos de caso, na geografia econômica prevaleceram as pesquisas de
caráter pratico (Gráfico 5).
ESCALA DA ANÁLISE, PARA ESTUDO EMPÍRICO
REVISAO BIBLIOGRAFICA
ESTUDO EMPÍRICO DO CASO
34
Gráfico 5 - Escala de análise, para estudo empírico publicados nos trabalhos de geografia econômica publicados no EGAL (1987-2011).
Grande parte dos trabalhos consultados foram fundamentados em estudos
empíricos voltados para a realidade do continente, poucos trabalhos se preocuparam em
discutir as questões teóricas da geografia econômica, apenas 15% do total, enquanto os
estudos empíricos totalizaram 85%.
Esses estudos empíricos partiram da necessidade de investigar os problemas
dentro da América Latina nas transformações do espaço geográfico relacionados aos
conceitos da geografia utilizados nos trabalhos de geografia econômica (Gráfico 6)
Gráfico 6 - Conceitos Utilizados nos trabalhos de geografia econômica publicados no EGAL (1987-2011).
O conceito de rede se consolida nos trabalhos consultados nos Encontro de
Geógrafos da América Latina, se articulando com as relações entre cidades pequenas,
médias e grandes junto aos fluxos da globalização, dessa forma, o conceito de rede tem
por base a relação às alianças entre cidades, empresa, estados e países.
El proceso de globalización trajo consigo una modificación profunda en el funcionamiento del mercado mundial generando un conjunto de fenómenos nuevos a nivel mundial. Entre esos nuevos aspectos Dabat (1994) señala los siguientes: 1) La creciente unificación de los mercados financieros internacionales y nacionales en un circuito único de movilización del capital; 2) La acelerada regionalización del espacio económico mundial; 3) La generalización de las asociaciones y alianzas entre las corporaciones
35
transnacionales de diferente base nacional; y 4) Las necesidades de coordinación de las principales políticas econômicas nacionales. (AMAYA, 1996, p. 2-3)
Percebemos a influência que o conceito de rede exerce sobre as regiões do
espaço econômico mundial, ou seja, a circulação de capital com ênfase nas alianças
entre empresas transnacionais, dessa forma, o conceito geográfico mais representativo
foi o conceito de rede representando 37% dos trabalhos relacionados a geografia
econômica. Os conceitos de Lugar foi o menos representativo nas analises realizadas
representando 8,5% dos trabalhos publicados em geografia econômica, nesse sentido, a
geografia econômica pauta-se no discurso do capitalismo e globalização (Gráfico 7)
Gráficos 7 – Linhas de Pesquisa Geografia Econômica nos trabalhos de geografia econômica publicados no EGAL (1987-2011).
Em relação às correntes da geografia econômica que se integram com a
globalização e o capitalismo representando 40% dos trabalhos analisados, nesse sentido,
as análises realizadas sobre os encontros de geógrafos da América Latina mostram a
forte tendência da geografia econômica é seguir a linha de analise da globalização e
capitalismo.
Dentre os países da América Latina o Brasil foi o principal país a demonstrar
essas fortes convergências da geografia econômica e temas ligados a globalização
(gráfico 8).
36
0
5
10
15
20
25
30
35
Países da América Latina que mais publicaram trabalhos nos EGAL
Países da América Latina que mais publicaram trabalhos no EGAL
Gráfico 8 – Países da América Latina que mais publicaram trabalhos nos trabalhos de geografia econômica publicados no EGAL (1987-2011).
Percebe-se que a maior concentração dos trabalhos publicados está no Brasil
representando 24% dos trabalhos de geografia econômica entre 1987-2011, nesse
sentido, o Brasil se destaca por tem o maior numero de universidades em relação aos
outros países da América Latina, dessa forma, o Brasil realizou duas edições do EGAL
em 1987 em Rio Claro e 2005 em São Paulo.
37
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando os artigos de geografia econômica percebemos que o pensamento
econômico esta se distanciando da geografia quantitativa dos modelos econômicos,
grande parte dos artigos analisados se preocuparam em relatar a produção do espaço
geográfico, os trabalhados foram mais relacionados à globalização tema bastante
expressivo entre os artigos consultados, percebemos que os autores estão preocupados
as contradições do capitalismo em conexão com a globalização, a geografia crítica se
destaca apontando os problemas sociais de uma sociedade dependente do modo de
produção capitalista.
Constatou-se no final da década de 1990 até o último evento, uma forte
influência das teorias de Milton Santos e David Harvey, a teoria de Milton Santos se
caracteriza pelo meio técnico-científico-informacional, os circuitos superior e inferior
da economia e as questões desiguais da globalização. Os autores que utilizaram a teoria
de David Harvey deram ênfase no desenvolvimento desigual dentro da América Latina
à chegada do capital estrangeiro, ou seja, as imensas contradições do capitalismo e da
globalização.
Sobre as escalas de análises na América Latina, concluímos que parte
expressiva do trabalho parte de um estudo local delimitando sua área de estudo, sobre as
escalas de análises o local, nacional e global são as escalas que mais se destacaram
compreendemos que o pensamento econômico esta se especializando em áreas
específicas de análise, um estudo mais específico principalmente em relação a cidades
do interior dos países da América Latina.
Em relação aos conceitos utilizados percebemos que a tendência do
pensamento econômico esta se relacionando com o conceito de rede e território, nesse
sentido, pequenas cidades, médias e grandes não estão isoladas no cenário econômico e
sim interligadas sofrendo consequências diretas e indiretas dos efeitos da globalização.
Conclui-se que o pensamento econômico esta se direcionando para estudos de geografia
urbana, geografia dos transportes e logística, geografia do comércio, são essas três sub-
áreas da geografia que esta o foco da geografia econômica latino americana.
38
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMAYA. Carlos Andrés. Globalizacion, Competitividad y el Rumbo de las Ciudades Venezolanas. In: Encontro de geógrafos da América Latina, 1995, Havana. Cuba. p. 2-5. ALFREDO, Apey Gusmán. Polos de desarrollo y Ciudades Intermedias em Regiones
Exportadas. In: Encontro de Geógrafos da América Latina, 1989, Montevidéu.
Uruguai. p. 2-5.
ALMEIDA, Eliza Pinto. O Uso do Território e a Segmentação dos serviços de Saúde. .
In: Encontro de Geógrafos da América Latina, 2005, São Paulo. Brasil. p. 1-9.
ALMEIDA, Maria Castro. Metrópole e alienação - As contradições entre riqueza
técnica e pobreza social produzidas pela localização das empresas de telemarketing na
cidade de São Paulo. In: Encontro de Geógrafos da América Latina, 2011 San José.
Costa Rica. p. 2-10.
ARAÚJO, Sergiano. Globalização e Reestruturação Produtiva no Campo Cearense. In:
Encontro de geógrafos da América Latina, 2007, Bogotá. Colombia. p. 2-9.
BARBOSA, Pedro Paulo Biazzo de Casto. A Constituiçao de uma Periferia em Face da
Modernização: A Produçao de Açucar e Álcool no Brasil e as Transformações na
Região Norte. In: Encontro de geógrafos da América Latina, 2005, São Paulo.
Brasil. p. 2-29.
BACELAR, Winston Kleiber de Almeida. As Pequenas Cidades no Brasil e no
Triangulo Mineiro. In: Encontro de geógrafos da América Latina, 2005, São Paulo.
Brasil. p. 2-11.
BERNARDES, Júlia Adão. A Crise da Racionalidade Econômica: Os Novos Desafios
do Capital. In: Encontro de Geógrafos da América Latina, 2005, São Paulo. Brasil. p.
3-16.
BERNARDINO, Virgilio Manuel Pereira. Processo de Ocupaçao do Município de
Paranavaí: a Mobilidade da Força de Trabalho e a Sua Redistribuição Espacial. In:
Encontro de Geógrafos da América Latina, 2005, São Paulo. Brasil. p. 1-16.
BORGES, Viviane Custódia. O Cerrado Brasileiro além da Pecuária, Soja e da Cana-
de-Açucar, A sua Sociobiodiversidade em questão In: Encontro de Geógrafos da
América Latina, 1999, San Juan. Porto Rico. p. 7-10.
39
BORGES, Gerciana Vicente. A Representatividade Socio-Econômica da Cia de
Cigarros Souza Cruz S/A para a Cidade de Uberlândia. In: Encontro de Geógrafos da
América Latina, 2001, Santiago. Chile. p. 2-5.
BRANDÃO FILHO, José Bertoldo Brandão. Produção do Espaço e Reprodução da
força de Trabalho na Periferia da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. In: Encontro
de Geógrafos da América Latina, 2001, Santiago. Chile. p. 1-7.
BRUTTEN, Patricia Llllan. Efectos Territoriales de la Reestructuración de las Empresas
Ferroviarias em la Ciudad de Bahía Blanca. Estudo de Caso: “Estacion Coronel
Maldonado. In: Encontro de Geógrafos da América Latina, 2001, Santiago. Chile. p.
1-3.
CONTEL, Fabio Betioli. O “Chão Contra o Cifrão”: Aspectos da Privatização dos
Bancos Públicos Estaduais no Brasil. In: Encontro de Geógrafos da América Latina,
2005, São Paulo. Brasil. p. 2-12.
CORDEIRO, Helena Kohn. Os Principais Pontos de Controle da Economia
Transnacional do Espaço Brasileiro. In: Encontro de geógrafos da América Latina,
1987, Águas de São Pedro. Brasil. p. 2-39.
CORREA, Roberto Lobato. Concentração Bancaria e Centros de Gestão do Território: o
Caso do Brasil. In: Encontro de geógrafos da América Latina, 1989, Montevidéu.
Uruguai. p. 3.
DAHER, Antonio. Geomercados Y Politica Transregional. In: Encontro de Geógrafos
da America Latina, 1997, Buenos Aires. Argentina. p. 1-11
ELIAS, Denise; ARAÚJO, Sergiano. Globalização e Reestruturação Produtiva no
Campo Cearense. In: Encontro de Geógrafos da América Latina, 2005, São Paulo.
Brasil. p. 1-12.
FREIRE FILHO, Orni Luna. O Capital Financeiros, Agricultura e Urbanização em
Mato Grosso. In: Encontro de Geógrafos da América Latina, 2009, Bogotá.
Colômbia. p. 2 -6.
GENTILE, Maria Elisa. Diálogo Mercosur- Unión Europea: a la espera delacuerdo. In:
Encontro de Geógrafos da América Latina, 2011, San José. Costa Rica. p. 1-10.
GERBER, L. Y. Desconcentración Económica Y Valorización de Capital: El rol de los
incentivos. In: Encontro de Geógrafos da America Latina, 1989, Montevidéu.
Uruguai. p. 4-5
40
GRIESINGER, Marllena O. O uso de Agrotóxicos na Produção de Grãos no Cerrado
Brasileiro um Estudo de Caso. In: Encontro de Geógrafos da América Latina, 2001,
Santiago. Chile. p. 1-3.
LANGENBUCH, Juergen Richard; VIEIRA, Mirna Ligya. Caracterização e delimitação
do Centro Comercial de Rio Claro. In: Encontro de Geógrafos da América Latina,
1989, Montevidéu. Uruguai. p. 1-3
MELCHIOR, Lirian. Mobilidade do Trabalho no Contexto da Migração Internacional
Trabalhadores Nipo-Brasileiro no Japão. O Caso de Londrina-PR. In: Encontro de
Geógrafos da América Latina, 2001, Santiago. Chile. p. 1-11.
MUNOZ, Calor A. Venezuela, Regiones entre la Globalización y la Crisis. In:
Encontro de Geógrafos da America Latina, 2001, Santiago. Chile. p. 1-10.
PERREIRA, Silvia Regina. A Territorializaçao dos Equipamentos Comerciais e de
Serviços nos Sub-Centros do Jardim Bongiovani e do Conjunto Habitacional Ana
Jacinta-Presidente Prudente. In: Encontro de Geógrafos da América Latina, 2001,
Santiago. Chile. p. 3-10.
PETER, André Pinho; VIEIRA, Sidney Gonçalves. Análise do Comércio e do Consumo
Urbano através do Levantamento Teórico da Geografia do Comércio e do Consumo. In:
Encontro de Geógrafos da América Latina, 2011, San José. Costa Rica. p. 2-10.
RODOVIRA, Adriano. Efectos espaciales de la aplicación del modelo neo- liberal en
Chile. In: Encontro de Geógrafos da América Latina. Havana. Cuba, 1995.
ROZGA, Ryzard. Economia Espacial Del México: El Enfoque Estructuralista. In:
Encontro de Geógrafos da América Latina, 1991, Toluca. México. p. 2-3
ROSAS, Margarita Riffo. Corredores Bioceánicos Em El Contexto del Mercosur:
Alcances y Perspectivas. In: Encontro de Geógrafos da América Latina, 2001,
Santiago. Chile. p. 3-6
SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão. Propriedade fundiária e capital imobiliário:
Reestruturando a Cidade. In: Encontro de Geógrafos da América Latina, 1993,
Mérida. Venezuela. p. 2-7.
STEVANETO, Adriana Salas. Os Pequenos Produtores de Leite da Região de
Presidente Prudente - S.P. Brasil . In: Encontro de Geógrafos da América Latina,
2003, Mérida. México. p. 2-20.