universidade federal da paraÍba universidade...

106
i UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LEITE DE CABRAS LEITEIRAS SUPLEMENTADAS COM ÓLEOS VEGETAIS DARKLÊ LUIZA DE SOUZA AREIA - PB FEVEREIRO 2012

Upload: truonganh

Post on 08-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

i

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LEITE DE CABRAS LEITEIRAS

SUPLEMENTADAS COM ÓLEOS VEGETAIS

DARKLÊ LUIZA DE SOUZA

AREIA - PB

FEVEREIRO 2012

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LEITE DE CABRAS LEITEIRAS

SUPLEMENTADAS COM ÓLEOS VEGETAIS

DARKLÊ LUIZA DE SOUZA

Zootecnista

AREIA - PB

FEVEREIRO 2012

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

iii

DARKLE LUIZA DE SOUZA

PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LEITE DE CABRAS LEITEIRAS

SUPLEMENTADAS COM ÓLEOS

Tese apresentada ao Programa de Doutorado

Integrado em Zootecnia da Universidade

Federal da Paraíba, Universidade Federal

Rural de Pernambuco e Universidade Federal

do Ceará como requisito parcial para obtenção

do título de Doutor (a) em Zootecnia.

Área de Concentração: Produção Animal

Comitê de Orientação:

Profª. Dra. Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga - Orientadora Principal

Profº. Dr. Ariosvaldo Nunes Medeiros – Coorientador

Profº. Dr. Marco Aurélio Delmondes Bomfim – Coorientador

AREIA - PB

FEVEREIRO 2012

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

i

Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB.

S729p Souza, Darklê Luiza de.

Produção e composição do leite de cabras leiteiras suplementadas com óleos vegetais. / Darklê Luiza de Souza. - Areia: UFPB/CCA, 2012.

105 f. : il.

Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2012.

Bibliografia. Orientadora: Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga.

1. Caprinos Leiteiros 2. Leite de Cabra – Produção 3. Leite de Cabra – Composição 4. Constituintes do leite 5. Cabras Leiteiras – Dieta – Óleos Vegetais I. Queiroga, Rita de Cássia Ramos do Egypto (Orientador) II.Título.

UFPB/CCA CDU: 636.39(043.2)

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

iv

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

v

DADOS CURRICULARES DO AUTOR

Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

de 1977, na cidade do Natal, Rio Grande do Norte, onde concluiu o ensino médio em

1995. Ingressou no Curso de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte em 1998. Quando acadêmica do Curso de Zootecnia, participou da linha de

pesquisa Métodos para Produção de Pólen Apícola e Mel no Rio Grande do Norte,

durante três meses onde coletou dados para seu trabalho de conclusão. Em 13 de maio

de 2004, formou-se em Zootecnia, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Iniciou o curso de Mestrado em Zootecnia, em março de 2005, pelo Centro de Ciências

Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, no qual foi aluna bolsista do Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, na área de

concentração de Produção Animal, submetendo-se à defesa da dissertação em 27 de

fevereiro de 2007. Em março de 2008 iniciou o curso de Doutorado em Zootecnia, pelo

Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, no qual foi bolsista da

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, na área de

concentração de Produção Animal, submetendo-se à defesa de Tese em 14 de fevereiro

de 2012.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

vi

LEMBRANÇA DA CORAGEM

Maria Dolores/Chico Xavier

Entre as lutas da existência,

Quando a estrada te pareça

Um campo de sombra espessa,

Sob tormenta a rugir

Não temas, segue adiante,

Cumpre os encargos que levas,

Lembra que a luz rompe as trevas,

Descortinando o porvir.

Nesses instantes amargos

Por maior a dor terrena,

Guarda fé que te asserena,

Não te lastimes em vão...

Nasce a rosa no espinheiro,

A estrela é glória noturna.

O ouro emerge da furna,

A fonte serve no chão.

Não pares, nem contes mágoas,

Dor que te fere ou te isola,

É sempre aula na escola

Que o céu te pede transpor.

Prossegue amando e servindo,

Ao término da jornada,

Faz-se a noite madrugada

No dia do eterno amor.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

vii

OFEREÇO

Aos amantes e praticantes da Zootecnia.

DEDICO

À minha amada mãe,

Maria Neuza de Souza, meu esteio, minha força e razão para seguir

em frente, sempre.

Ao meu amigo,

Aldivan Rodrigues Alves, exemplo de humildade e gentileza, por ter sido meu

anjo da guarda e meu companheiro nos momentos mais difíceis na

estrada da Pós-Graduação. A ele ofereço a minha

amizade sincera.

Que Deus os abençoe, sempre.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

viii

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelas graças alcançadas, por atender as minhas preces e por me dar forças

para vencer os obstáculos existentes no meu caminho.

Ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba e, em

especial, ao Curso de Pós-Graduação em Zootecnia, pela acolhida e oportunidade de

realização do curso.

Ao Instituto Federal de Alagoas – IFAL, Campus Avançado de Santana do

Ipanema por permitir o meu afastamento sempre que necessário para dar andamento ao

trabalho de Tese.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ,

pelo financiamento do projeto.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pela

concessão de bolsa durante parte do caminho acadêmico.

A minha orientadora, Profª Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga, pela

orientação, amizade e confiança.

Aos membros do comitê de orientação, Profº Ariosvaldo Nunes de Medeiros e

Marco Aurélio Delmondes Bomfim, pela orientação e considerações para realização

desse Projeto.

A minha família materna, pelo apoio.

Aos amigos considerados como família, pela confiança em mim depositada.

A Marcos Jácome, incentivador de todas as horas, pela paciência, pelo apoio

emocional que sempre me deu durante os momentos mais difíceis que passei durante o

período de adaptação fora de casa.

As minhas companheiras de experimento Mayara Sabedot e Ertha Janine pelo

companheirismo e positividade durante todo processo de execução do experimento. Em

especial, à Mayara, pois sem ela teria sido mais árdua a execução do experimento.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

ix

Aos estagiários do Setor de Caprinocultura, por terem vestido a camisa do

experimento e ter nos ajudado a tocá-lo até o final.

Ao corpo docente do PDIZ/CCA pelos conhecimentos repassados, a atenção

dispensada, pela compreensão e incentivo na superação das minhas limitações.

Em especial ao Profº Walter Esfrain Pereira pela colaboração nas análises

estatísticas deste trabalho.

Ao Profº Suedney Lima do Departamento de Veterinária, por estar sempre

disposto a colaborar durante a execução do experimento.

À Profª Fabiana Satake do Departamento de Veterinária, por disponibilizar o seu

laboratório para realizarmos as análises de enzimas do soro do plasma e sua

laboratorista Maria de Lourdes Marques de Souza pela valiosa colaboração durante a

realização das análises sanguíneas.

Ao Profº Humberto Vilar por nos abrir as portas de seu laboratório em Bananeiras

para que fosse possível realizar análises dos derivados purina.

Ao senhor Luiz Leme Medeiros por colaborar para essa pesquisa nos reservando a

produção dos óleos de Faveleira e Gergelim.

Ao coordenador do curso Severino Gonzaga Neto pela receptividade.

A secretária Maria das Graças S. C. Medeiros por atender, sempre que possível, as

minhas solicitações e pelos momentos de descontração.

Aos membros da banca examinadora, professores: Adriana Guim, Francisco

Fernando Ramos de Carvalho, Marcone Geraldo Costa e Marta Suely Madruga pelas

valiosas colaborações.

Aos amigos Verônica Meira, Leila Medeiros, Tiago Araújo, Cristina Chacon,

Cicília Maria (Cicia), Lígia Maria (Ligiazinha), Andrezza França por me estenderem a

mão e me abrigarem quando eu precisei.

Aos amigos da graduação em Zootecnia: Flávio, Juraci Marcos, Alexandre,

Ricardo, Candice, Maurício, Romildo, Jamile, Cristina... pelos momentos de

descontração no Setor de Caprinocultura-CCA/UFPB.

Aos companheiros de Pós-Graduação: Julicelly, Josimar (Magnífico), Tobyas e

Carolyny, Alda, Henrique, Regina e Rinaldo, Jussara Thelma, Sergio (Serjão), Helton

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

x

(Amigo), Leilson (Lelê), Aurinês, Geovania, Wellington, Raul, Wirton, Marcelo,

Matheus, Thadeu, Rebeca, Karla ... pela amizade e bons momentos.

Ao corpo docente do IFAL por colaborarem comigo todas as vezes que precisei

me afastar da Instituição. Em especial aos professores José Carlos, Samay, Gilberto,

Jailson e Harlisson.

A minha companheira de laboratório e instrutora de autoescola Ana Maria Cabral

o meu “muito obrigada” pelos momentos inesquecíveis de carinho e companheirismo

durante nossa temporada no LAANA.

Ao companheiro de Pós-Graduação Rinaldo pela presteza em que me socorreu

sempre que precisei de sua ajuda.

À Luana Paula e Flávio pela ajuda e companhia durante as análises laboratoriais.

À Andrezza com quem estreitei os laços de amizade, iniciados durante o período

de graduação, a construção desse trabalho, por ter dividido comigo o nervosismo de

uma defesa de qualificação e pelos momentos de descontração.

À Ana Rosa que acompanhou a construção desse material durante a época de

qualificação e para a defesa de Tese.

Aos funcionários do Setor de Caprinocultura: Jorge (Boi), Josenaldo (Índio) e

Paulo; aos funcionários do PPGZ: Jacilene, Da. Carmem e Sr. Damião; aos

Funcionários do Laboratório de Avaliação e Análise de Alimentos: José Alves, Charlys,

José Sales, Sr. Costa, Antônio (Duelo) e Roberto. O meu “muito obrigada” pelas

expressões alegres sempre ao me verem.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para o meu engrandecimento

durante a realização desta empreitada.

Obrigada!

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

xi

SUMÁRIO

Página

Listas de Tabelas ...................................................................................................... xii

Lista de Figuras ........................................................................................................ xv

Lista de Abreviaturas e Siglas .................................................................................. xvi

Resumo Geral ........................................................................................................... xviii

Abstract .................................................................................................................... xx

Considerações Iniciais .............................................................................................. 1

CAPÍTULO I – Referencial Teórico ...................................................................... 5

Referências Bibliográficas ....................................................................................... 19

CAPÍTULO II – Inclusão de óleos vegetais na dieta sobre o consumo, síntese de

proteína microbiana e utilização de nutrientes do trato total de

cabras em lactação .....................................................................

25

Resumo ..................................................................................................................... 26

Abstract .................................................................................................................... 28

Introdução ................................................................................................................ 29

Material e Métodos .................................................................................................. 31

Resultados e Discussão ............................................................................................ 39

Conclusões ............................................................................................................... 47

Referências Bibliográficas ....................................................................................... 48

CAPÍTULO III – Produção e composição do leite de cabras mestiças

suplementadas com óleo vegetal ..........................................

56

Resumo ..................................................................................................................... 57

Abstract .................................................................................................................... 59

Introdução ................................................................................................................ 60

Material e Métodos .................................................................................................. 62

Resultados e Discussão ............................................................................................ 69

Conclusões ............................................................................................................... 76

Referências Bibliográficas ....................................................................................... 77

Considerações Finais e Implicações ........................................................................ 83

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

xii

LISTAS DE TABELAS

Capítulo II

Página

Tabela 1. Composição química dos ingredientes das rações experimentais com

base na matéria seca ..............................................................................

32

Tabela 2. Composição percentual e química das rações experimentais ................

33

Tabela 3. Valores médios do perfil de ácidos graxos (% área) dos óleos vegetais

34

Tabela 4. Composição da ração efetivamente consumida por cabras leiteiras

alimentadas com diferentes fontes de óleo vegetal ...............................

40

Tabela 5. Percentual de digestibilidade aparente dos nutrientes em cabras

leiteiras alimentadas com diferentes óleos vegetais na dieta ................

41

Tabela 6. Médias e coeficiente de variação (CV) dos consumos de matéria seca

(CMS), fibra em detergente neutro (CFDN), tempos despendido em

ruminação (RUM), ingestão (ING), ócio, eficiência de alimentação de

matéria seca (EALms) e de fibra em detergente neutro (EALfdn),

eficiência de ruminação na matéria seca (ERUms) e de fibra em

detergente neutro (ERUfdn), número de mastigação merícica/dia

(MMnd) e número de bolos ruminais (NBR), em função da

suplementação lipídica na dieta de cabras leiteiras ...............................

43

Tabela 7. Valores médios dos parâmetros sanguíneos das cabras em função da

suplementação com óleos vegetais ........................................................

44

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

xiii

Tabela 8. Concentração em mmol/L, de N-uréia plasmático, conforme o horário

de coleta, após fornecimento matinal da alimentação ...........................

46

Tabela 9. Médias e coeficiente de variação (CV) para as excreções estimada de

alantoína (ALA), derivados de purina (DP), quantidades de purinas

absorvidas (PA), expressa em mmol/d, fluxo de nitrogênio

microbiano (NM) e para a eficiência microbiana (EFM) em função da

suplementação lipídica na dieta de cabras leiteiras ...............................

47

LISTAS DE TABELAS

Capítulo III

Página

Tabela 1. Composição química dos ingredientes das rações experimentais com

base na matéria seca ..............................................................................

63

Tabela 2. Composição percentual e química das rações experimentais ................

64

Tabela 3. Médias e coeficiente de variação (CV) para peso corporal inicial

(PCI), peso corporal final (PCF), consumo de matéria seca (MS),

matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em detergente

neutro (FDN), extrato etéreo (EE), carboidratos não fibrosos (CNF) e

consumo de energia por cabras alimentadas com dietas contendo

diferentes formas de suplementação lipídica .........................................

69

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

xiv

Tabela 4. Produção e composição de leite de cabras leiteiras recebendo

diferentes fontes de óleo vegetal na dieta ..............................................

70

Tabela 5. Consumo e a eficiência de utilização da energia por cabras recebendo

diferentes fontes de óleos vegetais na dieta ...........................................

74

Tabela 6. Balanço e eficiência de utilização do nitrogênio obtidos para cabras

leiteiras alimentadas com dietas apresentando diferentes fontes de

óleo vegetal ............................................................................................

75

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

xv

LISTAS DE FIGURAS

Capítulo I

Página

Figura 1. Concentração de glicose plasmática em cabras suplementadas com

dietas contendo óleo vegetal ..................................................................

45

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

xvi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALA Alantoína

ALT Alanina aminotrasferase

AST Aspartato aminotransferase

BEL Balanço de Energia Líquida

CHOT Carboidratos Totais

CNF Carboidrato Não Fibrosos

DP Derivados de Purina

EA Eficiência Alimentar

EALfdn Eficiência de Alimentação de fibra em detergente neutro

EALms Eficiência de Alimentação de matéria seca

EE Extrato Etéreo

EFM Eficiência Microbiana

ELm Energia Líquida de mantença

ELp Energia Líquida de produção

EM Energia Metabolizável

EMm Energia Metabolizável de mantença

EN Eficiência de utilização do Nitrogênio

ERUfdn Eficiência de Ruminação de fibra em detergente neutro

ERUms Eficiência de Ruminação de matéria seca

FDA Fibra em Detergente Ácido

FDN Fibra em Detergente Neutro

ING Ingestão

kl Eficiência líquida de utilização de energia metabolizável

para a produção de leite

km+p

Eficiência bruta de utilização da energia metabolizável

para a produção de leite e consumo de energia

metabolizável

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

xvii

MM Matéria Mineral

MMnd Número de Mastigação merícica/dia

MO Matéria Orgânica

MS Matéria Seca

N Nitrogênio

NBR Número de Bolos Ruminais

NDT Nutrientes Digestíveis Totais

NM Fluxo de Nitrogênio Microbiano

NUL nitrogênio Uréico no Leite

NUS Nitrogênio Uréico no Sangue

OF Óleo de Faveleira

OG Óleo de Gergelim

OM Óleo de Mamona

PA Purinas Absorvidas

PB Proteína Bruta

PCF Peso Corporal Final

PCI Peso corporal Inicial

PIDA Proteína Insolúvel em Detergente Ácido

PIDN Proteína Insolúvel em Detergente Neutro

PL Produção de Leite

PLCG 4% Produção de Leite Corrigida para 4 % de Gordura

PLCST Produção de Leite Corrigida para Sólidos Totais

RUM Ruminação

SNG Sólidos Não gordurosos

SO Sem óleo

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

xviii

RESUMO GERAL

O experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência de três

fontes diferentes de óleo vegetal na dieta de cabras leiteiras. Foram utilizados óleo de

faveleira (OF), óleo de gergelim (OG) e óleo de mamona (OM) e os resultados

comparados a uma dieta controle (SO), isenta de suplementos lipídicos. Foram

utilizadas oito cabras, mestiças, pesando em média 50 ± 5,19 kg e com 50 dias de

lactação distribuídas em quadrado latino (4x4), com quatro tratamentos e quatro

períodos, sendo cada tratamento constituído por duas parcelas. Foi avaliado o efeito da

suplementação lipídica sobre o consumo e digestibilidade aparente dos nutrientes,

comportamento ingestivo, parâmetros sanguíneos e produção de proteína microbiana.

Também foram determinadas a produção e a composição química do leite, bem como, o

consumo e eficiência energética e o balanço de nitrogênio de cabras mestiças Saanen x

Alpina Americana. As dietas foram formuladas de modo que os suplementos

contribuíssem com 4% de extrato etéreo (EE) adicional ao valor existente na dieta

controle. A suplementação lipídica aumentou o consumo efetivo de nutrientes para

matéria mineral (MM) e EE, deprimindo o consumo efetivo de carboidratos totais

(CHOT), não afetando os demais nutrientes. A inclusão de lipídios na dieta

proporcionou maior consumo de EE por parte dos animais que receberam óleo nas

dietas (P<0,05). O consumo de carboidratos não fibrosos (CNF) foi influenciado pelo

tipo de óleo incluído na dieta, tendo o óleo de mamona apresentado menor consumo de

CNF. O consumo de energia não foi influenciado pela adição de óleo na dieta. O

coeficiente de digestibilidade aparente foi melhorada com a suplementação lipídica para

matéria seca (MS), quando comparada com a dieta controle. O comportamento

ingestivo dos animais não foi influenciado pelos tratamentos experimentais. As

concentrações séricas de nitrogênio uréico, glicose, AST – aspartato aminotransferase,

ALT – alanina aminotrasferase e triglicérides não foram afetados pela suplementação

lipídica nas dietas. O óleo de mamona adicionado na base de 4% da dieta aumentou a

concentração de N-uréia no estado de jejum. A produção de proteína microbiana não foi

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

xix

influenciada (P>0,05) pelos tipos de óleo vegetal adicionado na ração. A suplementação

lipídica com óleo de mamona reduziu as produções de leite e da produção dos

constituintes do leite, exceto da produção de gordura, além de deprimir o percentual de

proteína do leite e a acidez. A dieta controle (SO) e OM promoveram reduções nos

consumos de energia líquida (EL). A eficiência líquida de utilização de energia

metabolizável foi afetada pela adição de óleo na dieta, entretanto, a eficiência bruta e o

balanço de energia líquida não foram afetados pela suplementação. A excreção de

nitrogênio no leite (g/dia) foi maior nos animais que recebiam a dieta controle, tendo os

resultados apresentados pelos animais que receberam as dietas contendo OF ou OG se

comportado igual à dieta controle enquanto que os resultados obtidos para os animais

que receberam a dieta contendo OM mostrado queda no teor de nitrogênio no leite

(P<0,05). A suplementação com os óleos estudados influi na resposta de consumo de

extrato etéreo e carboidratos não fibrosos da dieta. A adição de 4% dos óleos estudados,

na dieta de cabras em lactação, melhora a digestibilidade da matéria seca, não altera o

comportamento ingestivo e a produção de proteína microbiana. Entre os tipos de óleos

estudados, a adição de 4% de óleo de faveleira ou óleo de gergelim não causa prejuízos

ao desempenho e características do leite produzido. A adição do óleo de mamona na

dieta de cabras no período de lactação deprime a produção de leite e o teor de proteína

do leite. A adição dos óleos estudados não afeta a eficiência alimentar, a eficiência de

utilização do nitrogênio e o consumo de energia tendo, o óleo de faveleira, melhorado o

consumo de energia líquida. A eficiência de utilização da energia metabolizável é

reduzida com a adição de óleo na dieta de cabras em lactação.

Palavras-chave: eficiência alimentar, caprinos leiteiros, constituintes do leite, lipídios,

óleos vegetais

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

xx

ABSTRACT

The experiment was carried out to evaluate the influence of three different sources of

vegetable oil in dairy goat’s diets. It was used Faveleira oil (FO), Sesame oil (SO) and

Castor oil (CO) and the results compared with a diet control, (oil free ration). It were

used eight dairy goats (50 ± 5.19 kg BW) with 50 days of lactation, allocated in two 4x4 Latin

Squares Design, with four treatments, four experimental periods and four animals. The effect

of oil supplementation on intake and apparent digestibility, ingestive behavior, blood

parameters and microbial protein production were evaluated. It also were determined

the yield and chemical composition of milk, as well as intake and energy efficiency and

nitrogen balance of crossbred Saanen x Alpine American. Diets were formulated so that

the supplements contributed with 4% ether extract (EE) were added to the existing value

in the control diet. The oil addition increased the mineral matter (MM) and EE effective

intake and decreased the total carbohydrates (TCHO) effective intake, but did not affect

the other nutrients intake. The inclusion of oil in the diet promoted higher intake of EE

(P <0.05). The non-fiber carbohydrates (NFC) intake was influenced by the oil type,

being the Castor oil that showed the lowest NFC intake. Energy intake was not

influenced by the addition of oil in the diet. Apparent digestibility of dry matter was

improved by lipid supplementation when compared with the control diet. The ingestive

behavior of animals wasn’t influenced by treatments. Serum urea nitrogen, glucose,

aspartate aminotransferase (AST), alanine aminotrasferase (ALT) and triglycerides were

not affected by lipid supplementation. The CO added in 4% of the diet increased the

concentration of urea-N in the fasting state. The oil types did not affect (P>0.05) the

microbial protein production. On the other hand the CO addition reduced the milk yield

and its constituents, except to fat production, and decreased the percentage of protein

and acidity milk. The control diet and CO decreased the net energy (NE) intake. The net

efficiency of utilization of metabolizable energy was affected by the addition of oil;

however, the gross energy efficiency and net energy balance were not affected by

supplementation. Milk nitrogen excretion (g/day) was higher in animals that received

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

xxi

the control diet, and the results presented by the animals fed diets containing FO and SO

were similar to those the control diet, while the results obtained for animals fed with

diets containing CO shown decrease in milk nitrogen content (P<0.05). The

supplementation with the oils studied influences the lipid and non-fiber carbohydrates

intakes. The addition of 4% of oil improves the digestibility of dry matter in dairy goat’s

diets, but does not alter ingestive behavior and microbial protein production. Among the

oil types studied, addition of 4% FO or SO does not damage the performance and

characteristics of the milk produced. The addition of CO during lactation depresses the

milk yield and its protein content. The addition of the oils does not influence feed

efficiency, the efficiency of nitrogen utilization or in the energy intake taking the FO

improved net energy intake. The efficiency of metabolizable energy utilization is

reduced with the addition of oil in the diet of lactating dairy goats.

Keywords: dairy goats, fat, feeding efficiency, milk content, vegetable oil.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

1

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A caprinocultura no Nordeste do Brasil ainda apresenta obstáculos que

dificultam sobremaneira a sustentabilidade desse segmento, principalmente aqueles

vinculados à pequena produção. Tal fato decorre, principalmente, da pouca eficiência

dos atuais sistemas de produção praticados, bem como da pouca utilização de

tecnologias de processamento dos produtos derivados, da forma ineficaz de

gerenciamento da atividade, da insuficiente capacitação e da pouca organização dos

produtores.

A precariedade da tecnologia utilizada no Brasil, aliada a não utilização de

padrões de controle higiênico-sanitário para leite de cabra e seus derivados, têm-se

constituído como os principais entraves na agroindústria especializada em produtos

caprinos, estando à expansão deste setor vinculada à melhoria da estrutura de

comercialização e à aplicação de tecnologia adequada aos padrões de qualidade

exigidos.

Dentre as raças leiteiras mais difundidas no mundo a raça Saanen apresenta um

crescimento significativo em nosso país. Além de ser apontada como raça caprina com

maior produção leiteira, também produz excelentes mestiços. A raça Alpina

especializada na produção de leite é utilizada no cruzamento com outras raças leiteiras

por possuir pele escura, solta e flexível e as mucosas escuras o que lhe confere

características de resistência à incidência dos raios solares comuns na região semiárida,

produzindo a partir desses cruzamentos animais mestiços mais resistentes as condições

semiáridas, quando comparadas com animais puros.

A ausência de chuvas regulares na região Nordeste ocasiona estacionalidade na

produção de forragem e, consequentemente, queda de qualidade dessas forrageiras para

alimentação animal. Como alternativa para diminuir o efeito da escassez na quantidade

e qualidade das forragens, faz-se o uso da elevação da concentração energética da dieta

através do aumento do teor de carboidratos não fibrosos ou a utilização de lipídios como

forma de contornar esse problema.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

2

Sendo assim, o uso de óleos vegetais na alimentação de animais poderá vir como

agente fortalecedor da caprinocultura familiar, pois contribuirá tanto para a

suplementação alimentar dos animais na época da seca, quanto no reflorestamento da

região com conseqüente valorização do Semiárido nordestino. Além de possibilitar a

produção de leite rico em ácidos graxos insaturados, com aroma e sabor mais agradáveis

ao paladar humano. A utilização de óleos vegetais na alimentação animal vem sendo

realizada no intuito de promover mudanças físico-químicas e organolépticas, dentre

outras, na busca da produção de produtos nutracêuticos que beneficiem a saúde humana.

A valorização dos produtos caprinos através da fixação de um padrão diferenciado

de qualidade e de sua certificação regional, com a utilização de óleos vegetais na

alimentação desses animais visando um perfil lipídico do leite diferenciado do

comumente encontrado no mercado, é uma opção capaz de assegurar a expressão do

potencial dessas alternativas no Semiárido e ao mesmo tempo atuar como uma forma de

preservar os recursos da Caatinga promovendo o bem estar das populações dessa região.

Há tempos, na região semiárida do Nordeste brasileiro, é conhecido o potencial de

várias espécies nativas que são exploradas extrativistamente, sendo destruídas

sistematicamente nos últimos anos. Essa vegetação nativa apresenta importante papel

sócio-econômico para o homem no que está relacionado à alimentação humana e

animal, à medicina alternativa, bem como, o uso de frutos, cascas e raízes, dentre

outros.

A utilização de óleos vegetais de espécies nativas e/ou adaptadas à região

Semiárida, como os óleos de faveleira, gergelim e mamona veio como meio de associar

o melhoramento das características lipídicas do leite caprino e a utilização da vegetação

existente no Semiárido como alternativa para suplementação alimentar do rebanho

caprino na época de escassez de alimentos convencionais. A faveleira (Cnidosculus

quercifolius) é espécie florestal endêmica do Semiárido nordestino, rústica, de rápido

crescimento, podendo ser usada para composição de reflorestamento destinado à

recuperação de áreas degradadas. Sendo uma planta exclusiva da Caatinga onde ocorre

com elevada frequência e irregular dispersão. Suas folhas maduras e a casca da favela

servem de forragem para animais. A grande importância está em suas sementes como

produtoras de óleo alimentício na alimentação animal, além da farinha, rica em sais

minerais e principalmente proteínas. O óleo apresenta alto valor energético para o povo

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

3

podendo ser um substituto do azeite de oliva, não havendo, segundo pesquisadores,

diferença de gosto.

O interesse pelo gergelim (Sesamum indicum L.) tem sido despertado nos últimos

anos por brasileiros que buscam uma cultura alternativa para alimentação e exploração

agrícola viável, por ser um alimento de alto valor nutricional, rico em óleo e proteínas.

As sementes fornecem óleo muito rico em ácidos graxos insaturados, oléico e linoléico.

A torta é rica em proteínas e baixo teor de fibras com elevados teores de vitaminas do

grupo B e alta concentração de aminoácidos que contém enxofre, especialmente a

metionina, sendo esta concentração de duas a três vezes mais que as encontradas nas

tortas de soja, algodão e amendoim. Sua ampla adaptabilidade às condições

edafoclimáticas dos países de clima quente, bom nível de resistência à seca e facilidade

de cultivo tornam a cultura uma excelente opção para diversificação agrícola e com

amplo potencial econômico, pois suas sementes contêm óleo de elevada qualidade com

aplicações que se encontram em plena ascensão.

A mamona (Ricinus communis L.), pertencente à família Euphorbiaceae, é uma

planta de hábito arbustivo, originária da África de onde foi importada no século XVI. A

mamoneira é importante devido a sua adaptação à região Semiárida, bem como pela sua

vasta aplicação na indústria química. Esta cultura não é exclusiva da região Semiárida

sendo, também, explorada em outras regiões com excelentes resultados.

Pesquisas que avaliem a utilização de fontes de gorduras na alimentação de

animais, em especial de ruminantes, são necessárias pelo interesse que despertam por

parte dos pesquisadores em produzir alimentos de origem animal diferenciados e pela

demanda do mercado consumidor em obter tais produtos, visando a melhoria das

características físico-químicas como o aumento de ácidos graxos insaturados, assim

como as propriedades funcionais dos alimentos tornando-os cada vez mais valorizados.

Neste estudo, foi realizado um experimento de 76 dias com o objetivo de verificar

a viabilidade da inclusão dos óleos em nível de 4% na dieta de cabras leiteiras. Foram

utilizadas oito cabras mestiças Saanen x Alpina Americana lactantes, distribuídas em

um delineamento de quadrado latino (4 x 4) sendo quatro animais, quatro períodos e

quatro tratamentos representados pelos diferentes óleos vegetais na ração, sendo cada

tratamento constituído por duas parcelas. Avaliaram-se a influência da inclusão dos

óleos sobre o consumo, digestibilidade aparente da matéria seca, produção de proteína

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

4

microbiana, parâmetros sanguíneos e ruminais, produção leite, bem como, alterações na

composição físico-química e no perfil lipídico do leite de cabras leiteiras.

O Capítulo I apresenta uma breve revisão sobre a inclusão de fontes lipídicas e os

efeitos, em quantidades adequadas e em excesso, na dieta de cabras em lactação sobre a

microbiota do rúmen e o reflexo na fermentação ruminal, bem como, sobre o

metabolismo energético animal e o reflexo sobre a quantidade e qualidade do leite

produzido.

No Capítulo II, são abordados resultados da avaliação do efeito da utilização de

óleos vegetais: óleo de faveleira ou óleo de gergelim ou óleo de mamona sobre o

consumo e digestibilidade aparente dos nutrientes, comportamento ingestivo,

parâmetros sanguíneos bem como sobre a produção de proteína microbiana.

O Capítulo III apresenta resultados do efeito da utilização de diferentes óleos

vegetais sobre a produção, o consumo e eficiência energética, o balanço de nitrogênio,

bem como, a composição química e o perfil lipídico do leite, de cabras mestiças Saanen

x Alpina Americana.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

5

CAPÍTULO I

__________________________________________________________________

Referencial Teórico

PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LEITE DE CABRAS

LEITEIRAS SUPLEMENTADAS COM ÓLEOS VEGETAIS

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

6

RESUMO

O ecossistema ruminal representa um dos melhores exemplos de simbiose da natureza,

onde o animal provê o ambiente e o alimento e, a microbiota hospedada nele permite o

uso de fonte mais abundante de energia que são as fibras das forragens. Fontes de

lipídios têm sido usadas em dietas de ruminantes para aumentar a densidade energética

das dietas, além de fornecerem mais conteúdo energético prontamente disponível para

os animais. Neste contexto, esta revisão objetiva compilar informações a respeito dos

efeitos de lipídeos em quantidades adequadas e em excesso na dieta de cabras em

lactação sobre a microbiota do rúmen e o reflexo na fermentação ruminal, bem como,

sobre o metabolismo energético animal e o reflexo sobre a quantidade e qualidade de

leite produzido. Lipídeos na dieta podem promover efeitos desejáveis e indesejáveis nos

processos de fermentação. Podendo a forma como a gordura é oferecida influenciar nos

efeitos deletérios no rúmen. Porém, a influência provocada por essa interferência

depende tanto da fonte de óleo, como do nível em que é adicionada a ração, podendo,

dessa forma, exercer pouco ou nenhum efeito sobre as atividades da flora microbiana e

a fermentação ruminal, desde que sejam respeitados os limites preconizados de adição

de lipídios na matéria seca da dieta. A hidrólise dos ácidos graxos dietético esterificado,

seguido da biohidrogenação dos ácidos graxos insaturados, em conjunto com a atividade

de dessaturase intestinal e mamária, assegura suficiente fluidez de gordura do leite e

eficiência de secreção das células mamárias. No entanto, o mecanismo de captura de

ácidos graxos pela célula epitelial mamária não está bem definido.

Palavras-chave – dieta, lipídeos, cabras

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

7

ABSTRACT

The ruminal ecosystem represents one of the best examples of nature symbiosis where

the animal provides the environment and food to ruminal microbiota allowing the use of

the most abundant source of energy that are the fodder fibers. Sources of lipids have

been used in ruminant diets to increase diet energy density besides to provide more

energy content readily available to the animals. In this context, this review aims to

compile information about the effects of lipids in adequate and in excess amounts in the

diet of lactating dairy goats on ruminal microbiota and its influence on ruminal

fermetation, as well as on the energy metabolism and its effect on the amount and

quality of milk produced. Lipids in the diet may promote desirable and undesirable

effects in fermentation processes. The way how the oil is provided to the animal can

influence the deleterious effects in rumen, however this influence depends on the source

of oil as well as of the oil level which is added to ration, having little or no effect on

activity of microbial flora and ruminal fermentation, subject to compliance with the

limits recommended for oil addition in the diet dry matter. Fatty acids esterified

hydrolysis followed by biohydrogenation of unsaturated fatty acids together with the

intestinal and mammary activity desaturase ensures sufficient fluidity of fat milk and

efficiency of secretion of cells of mammary gland. However, the fatty acids capture

mechanism by the epithelial mammary cell is not well defined.

Keywords: dairy goats, fat, milk yield, vegetable oil

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

8

INTRODUÇÃO

A dieta consumida por ruminantes contém, frequentemente, apenas 2 a 4% de

lipídeos. No entanto, os lipídeos representam uma parte importante da ração para

animais ruminantes leiteiros porque eles contribuem diretamente para cerca de 50% da

gordura do leite, além de representar a fonte mais concentrada de energia de uma dieta.

Apenas pequenas quantidades de lipídeos são encontradas em forragem e sementes. No

entanto, algumas plantas (algodão, soja) possuem sementes referidas como oleaginosas

que contém mais de 20% de lipídeos (WATTIAUX e GRUMMER, 2011).

Fontes lipídicas têm sido utilizadas para aumentar a densidade energética das

dietas, visto que a gordura fornece 2,25 vezes mais conteúdo energético prontamente

disponível, por serem constituídas de grande proporção de ácidos graxos, que

representam a fonte de reserva energética mais importante para os animais (NRC,

2007). Suplementos lipídicos são usados em dietas para animais lactantes com os

objetivos de aumentar a produção de leite e reduzir a mobilização corpórea (SILVA et

al., 2007).

De acordo com Van Soest (1994), dietas para ruminantes, normalmente, contêm

baixas proporções de lipídeos devido à pequena porção de gordura presente nos

alimentos de origem vegetal. Estas características da dieta têm exigido adaptações

metabólicas e métodos para a conservação de ácidos graxos essenciais. Sendo o rúmen

intolerante a concentrações elevadas de gordura, que podem perturbar a fermentação.

Motivo pelo qual as concentrações de extrato etéreo na matéria seca da dieta de

ruminantes não deve ser superior a 7% (PALMQUIST e JENKINS, 1980; NRC, 2007).

O consumo de dietas com altos níveis de extrato etéreo (EE) pode comprometer

a ingestão de alimentos por reduzir a digestão da fibra e a taxa de passagem da digesta

pelo trato gastrintestinal, como resultado do efeito negativo da presença de gordura no

ambiente ruminal sobre o crescimento microbiano, sobretudo dos microrganismo

celulolíticos (NRC, 2001).

A utilização de gorduras na alimentação de ruminantes pode apresentar efeitos

desejáveis, como inibição da produção de metano no rúmen, inibição de bactérias

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

9

ruminais gram-positivas produtoras de amônia e, aumento na eficiência da síntese

microbiana. Entretanto, pode apresentar efeitos indesejáveis, como redução na

digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, celulose e proteína bruta (SCHAUFF

1992; PALMQUIST e JENKINS, 1980) e na relação acetato:propianato com

consequente diminuição da gordura do leite e, quando em excesso, pode reduzir a

produção de leite (PALMQUIST, 1991).

Dietas convencionais para a lactação raramente contêm mais de 3,5% de extrato

etéreo. Além disso, até 50% de volumosos e 20% de grãos extraíveis de éter podem ser

materiais ácidos não graxos na natureza. Nas folhas da planta, os principais

componentes lipídicos ácidos não graxos são ceras, cutina, pigmentos (clorofila, etc.) e

outros materiais insaponificáveis (PALMQUIST e JENKINS, 1980).

Os lipídeos utilizados em rações de animais aumentam a capacidade de absorção

de vitaminas lipossolúveis, fornecem ácidos graxos essenciais importantes para as

membranas de tecidos e atuam como precursores da regulação do metabolismo, além de

aumentar a eficiência dos animais que depositam grandes quantidades de gordura em

seus produtos (PALMQUIST e MATTOS, 2011).

Neste contexto, objetiva-se compilar informações a respeito dos efeitos de

lipídeos em quantidades adequadas e em excesso na dieta de cabras em lactação sobre a

microbiota do rúmen e o reflexo na fermentação ruminal, bem como, sobre o

metabolismo energético animal e o reflexo sobre a quantidade e qualidade de leite

produzido.

Metabolismo de lipídeos no rúmen

O ecossistema ruminal representa um dos melhores exemplos de simbiose da

natureza, onde o animal fornece o ambiente e o alimento favorável ao desenvolvimento

dos microrganismos e, estes permitem o uso da fonte mais abundante de energia que são

as fibras das forragens. De acordo com Palmquist e Jenkins (1980) os microrganismos

do rúmen modificam rapidamente e quase que completamente os lipídeos ingeridos na

dieta.

Um complexo consórcio de grupos microbianos diferentes, segundo Kamra

(2005), vive em relação simbiótica com o animal ruminante hospedeiro, agindo

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

10

sinergicamente para a bioconversão de lignocelulósicos alimentares (compostos de

lignina, polímeros de carboidratos e pequenas partes de outros compostos), em ácidos

graxos voláteis que servem como fonte de energia para os animais. A interação entre si

e com outros grupos microbianos no rúmen também é responsável pelo efeito sinérgico

na produção de ácidos graxos voláteis e proteínas microbianas no rúmen.

No rúmen ocorre extensiva hidrólise dos lipídeos esterificados da dieta, onde

triglicerídeos, galactolipídeos e fosfolipídeos, sobre a ação de enzimas secretadas pelos

microrganismos (lípases) hidrolisam gorduras para liberar ácidos graxos livres,

permitindo que a galactose e o glicerol sejam fermentados a ácidos graxos de cadeia

curta (VALADARES FILHO e PINA, 2011), os quais entram na célula bacteriana e são

fermentados a ácidos graxos voláteis (KOZLOSKI, 2002). Após a hidrólise, os ácidos

graxos insaturados podem ser posteriormente, metabolizados via biohidrogenação e

isomerização pela bactéria ruminal (STAPLES et al., 2001).

A biohidrogenação é uma estratégia desenvolvida pelos microrganismos do

rúmen para reduzir a insaturação dos ácidos graxos obtida através da adição de um íon

hidrogênio no ponto de uma dupla ligação, transformando-as em ligações simples ou

saturadas (MEDEIROS, 2007; PALMQUIST e MATTOS, 2011). O processo de

biohidrogenação é mais bem caracterizado pela biohidrogenação de ácido linoléico pela

bactéria Butyrivibrio fibrisolvens.

A quantidade e a proporção dos produtos finais da fermentação bacteriana

ruminal pode ser amplamente variável e depende principalmente da composição da

dieta e da taxa de saída da digesta do rúmen. Quando as concentrações de substratos

energéticos estão em excesso à capacidade bacteriana de captar energia em reações de

síntese, o metabolismo é dirigido no sentido de diminuir a produção e aumentar o gasto

de ATP em reações denominadas “fúteis” (KOZLOSKI, 2002). Ainda o mesmo autor

ressalta que a quantidade de ATP produzida em rotas metabólicas específicas da

fermentação é relativamente bem conhecida e pode atingir um valor no máximo de

quatro moléculas de ATP, no entanto nas condições ruminais a estimativa de

rendimento de ATP, durante a fermentação, torna-se difícil e pouco precisa.

O pH ruminal apresenta importante papel nas alterações dos lipídeos no rúmen,

onde taxas de lipólise e biohidrogenação são menores em situações de alta concentração

de carboidratos não estruturais na dieta decorrente da queda de pH (VAN NEVEL e

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

11

DEMEYER, 1996), resultando em maior escape de ácidos graxos insaturados.

Palmquist e Jenkins (1980) ressaltam que as bactérias celulolíticas, por serem as mais

afetadas pela suplementação com gordura e diminuição de pH, são os microrganismos

responsáveis pela biohidrogenação.

Além do pH, os outros fatores que estimulam a absorção dos ácidos graxos

voláteis são a alta concentração dos mesmos no líquido ruminal; a presença de butirato,

que é útil como fonte de energia para o epitélio ruminal; e o comprimento da cadeia

carbônica (o butirato é mais absorvido que o propionato e este em relação ao acetato).

Em contraste, a velocidade de passagem dos ácidos graxos voláteis para o sistema

sanguíneo ocorre em ordem inversa (acético, propiônico e butírico), ou seja, o acetato

passa em maior velocidade (LANA, 2005; TEIXEIRA, 2001).

Lana et al. (2005) verificando os efeitos da adição de óleo de soja (5% MS) e/ou

de extrato etanólico de própolis na alimentação de cabras leiteiras observaram aumento

do pH, redução do percentual de acetato e da relação acetato:propionato e aumento do

percentual de propionato no líquido ruminal para os animais que consumiram óleo de

soja. No mesmo experimento, foi observado que a concentração de amônia ruminal foi

menor e a digestibilidade da proteína bruta foi maior para os animais que receberam

óleo de soja deduzindo que a taxa de fermentação da proteína dietética foi menor,

possibilitando maior escape de proteína dietética para o intestino delgado, onde foi

digerida e seus constituintes absorvidos pelo epitélio intestinal, promovendo acréscimo

de aminoácidos na glândula mamária contribuindo para o aumento da síntese de

proteína no leite.

A energia da ração tem efeito sobre os indicadores do metabolismo protéico,

situação que tem sido bastante estudada. As mudanças na concentração sanguínea de

uréia estão correlacionadas com o conteúdo de amônia ruminal e a utilização da amônia

ruminal depende da atividade metabólica dos microganismos ruminais (CONTRERAS,

2000). O mesmo autor ressalta que os microrganismos ruminais transformam o

nitrogênio em proteína microbiana, processo que requer energia, a qual é retirada do

aporte alimentar quando em quantidade adequada.

Para Medeiros (2007), os efeitos negativos sobre a fermentação ruminal em

dietas com gordura acima do limite crítico ocorreriam devido ao efeito tóxico dos

ácidos graxos aos microrganismos e ao efeito físico pelo recobrimento das partículas

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

12

alimentares com gorduras reduzindo a superfície de contato do alimento ao ataque dos

microrganismos agentes de digestão. Segundo o autor, o efeito tóxico dos ácidos graxos

aos microrganismos é considerado preponderante. Fontes de gordura mais insaturadas

demandam maior gasto de energia pelos microrganismos do que as fontes saturadas. Em

função disso, óleos vegetais são mais tóxicos no rúmen do que outros tipos de gordura.

No entanto, alguns ácidos graxos são utilizados pelas bactérias para a síntese de

fosfolípedes que são necessários para a construção da parede celular. Os ácidos graxos

que estão livres no rúmen tendem a se aderir aos alimentos e impedem o processo

normal de fermentação, especialmente em carboidratos fibrosos (WATTIAUX e

GRUMMER, 2011).

Entretanto Maia et al. (2006), testando a inclusão de três tipos de óleos na dieta

de cabras leiteiras (5,1% de óleos de canola, arroz e soja na dieta) e LANA et al.

(2007), trabalhando com adição de níveis crescentes de óleo de soja (0; 1,5; 3,0; 4,5;

6,0; e 7,5% da matéria seca), extrato etanólico de própolis e própolis moída na

alimentação de cabras leiteiras não encontraram diferença nas ingestões de matéria seca

e matéria orgânica.

Maia et al. (2010) avaliando os efeitos da inclusão dos óleos de licuri ou

mamona em dois níveis (3% e 5%) na dieta de cabras leiteiras observaram menor

consumo de matéria seca dos animais quando suplementados com óleo de licuri,

provavelmente, segundo os autores, por esse óleo ser composto, em grande parte, por

ácidos graxos de cadeia curta e média.

A forma como a gordura é oferecida pode influir nos efeitos deletérios no

rúmen. Os ácidos graxos do grão de oleaginosas por estarem protegidos pelas estruturas

da semente são lentamente liberados durante a fermentação ruminal o que promove

biohidrogenação quase que completa, o caroço de algodão integral bem como sementes

de soja integrais tostadas podem ser incluídas na ração em uma proporção de até 15%

da matéria seca sem interferir na fermentação ruminal (PALMQUIST e MATTOS,

2011; MEDEIROS, 2007).

Para Ferreira et al. (2009) gordura inerte é uma fonte de ácidos graxos

insaturados que determina sua maior digestibilidade por ser envolvida por uma camada

de proteína (formaldeído tratado), que age como uma capa protetora, esta se mantém

relativamente inerte no rúmen em níveis normais de pH. Ocorrendo sua dissociação

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

13

completa apenas nas condições ácidas do abomaso, o que aumenta a densidade

energética da dieta sem afetar a utilização da forragem. Os ácidos graxos de gordura

protegida passam intactos pelo rúmen e chegam para serem metabolizados no intestino,

onde tem melhor aproveitamento de suas características particulares (CERVONI, 2006).

Silva et al. (2007), avaliando a inclusão de óleo de soja, sais de cálcio de ácidos

graxos de cadeia longa e grão de soja na dieta de cabras, observaram que a

suplementação lipídica proporcionou consumo de extrato etéreo (EE) superiores a dieta

controle isenta de lipídeos suplementares, o que era esperado pelos pesquisadores, pois

as dietas foram formuladas com contribuição de 4,5% de EE suplementar (6,5% na dieta

total). Neste experimento, segundo os autores, o óleo de soja promoveu menor

concentração de EE no rúmen (4% da MS ruminal), em comparação aos sais de cálcio

(7,4%) e o grão de soja (6,2%), o que sugere diferentes taxas de desaparecimento dos

materiais, decorrentes das variações no tempo de permanência do EE no rúmen. Os

autores concluíram que é possível que o óleo de soja tenha desaparecido do rúmen mais

rapidamente via fase líquida e que a natureza das outras fontes tenha contribuído para o

maior tempo de permanência, refletindo na natureza do lipídeo disponível no intestino

para absorção.

Para Maia et al. (2006) os parâmetros fermentativos do rúmen podem ser

afetados pela adição de fontes de lipídeos à dieta, porém, a influência provocada por

essa interferência vai depender tanto da fonte de óleo como do nível em que é

adicionada à ração. Os mesmos autores destacam que a maioria dos trabalhos confirma

que o uso de lipídeos exerce pouco ou nenhum efeito sobre as atividades da flora

microbiana e as características do ambiente ruminal, desde que se respeite o valor

preconizado de 7% da MS total da dieta.

Metabolismo energético do animal em lactação

Embora em quantidades menos significativas que no rúmen, ácidos graxos

voláteis (AGV) também são produzidos pela atividade fermentativa existente no

intestino grosso e ceco dos ruminantes, principalmente quando alimentados com dietas

ricas em grãos. O padrão de fermentação ruminal e, por conseqüência, a quantidade e a

proporção dos AGV produzidos pelo ruminante varia com o tipo de carboidrato

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

14

encontrado na dieta, com a forma física da dieta, com o nível de consumo, com a

freqüência de alimentação e com o uso de aditivos químicos na dieta. As proporções

molares, normalmente produzidas, são de 45 a 75% de acetato, 15 a 45% de propionato

e 11 a 13% de butirato (KOZLOSKI, 2002).

Devido ao fato dos ácidos graxos serem insolúveis no sangue, é necessário

algum mecanismo especial de transporte para sua distribuição. Este mecanismo ocorre

pela formação hepática de lipoproteínas séricas ricas em triglicerídeos e fosfolipídeos,

também conhecidas como lipoproteínas de muito baixa densidade ou VLDL. Na síntese

de VLDL, os ácidos graxos são primeiramente esterificados para formar triglicerídeos, e

estes são envolvidos em uma capa de fosfolipídeos, colesterol e proteínas específicas.

Este é essencialmente o mesmo mecanismo pelo qual os ácidos graxos são transportados

para fora dos enterócitos após a absorção pelo intestino. As VLDL do fígado são

menores do que os quilomícrons, mas possuem estrutura e função similares

(CUNNIGHAM, 2004).

Em balanço energético negativo acentuado, como em final de gestação em

ovelhas ou início da lactação em bovinos, a absorção hepática de ácidos graxos excede a

capacidade de síntese e secreção de VLDL. Isso é especialmente crítico em ruminantes,

porque esses animais têm capacidade muito limitada para secretar VLDL. Sob tais

condições, a deposição hepática de triacilgliceróis aumenta, levando à condição de

fígado gorduroso. Além disso, observa-se aumento na oxidação de ácidos graxos,

podendo ocasionar o distúrbio metabólico conhecido como cetose (PALMQUIST e

MATTOS, 2011).

Os precursores do leite entram em cada célula através da membrana basal,

enquanto os componentes do leite são ejetados através da membrana plasmática apical

(PARK e JACOBSON, 2006). Gotículas de gordura acumulam-se primeiramente no

citoplasma basal da célula e então se movem para o ápice, onde são expelidas para o

lúmen alveolar. A membrana celular comprime a base da gotícula de gordura, de forma

que a gordura se disperse no leite em pequenas gotículas, envolvidas por membranas

celulares; a gotícula frequentemente contém porções de citoplasma (CUNNINGHAN,

2004; SHENNAN e PEAKER, 2000).

Em revisão realizada por Kronfeld (1982) lê-se que a glândula mamária usa

vários precursores para os ácidos graxos do leite: acetato, ácido acetoacético e β-

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

15

hidroxibutirato (BHBA) para síntese de ácidos graxos C4 a C16; os ácidos graxos de

cadeia longa (AGCL) dos quilomícrons, das VLDL e dos ácidos graxos “livres” ligados

a albumina (AGL). Os quilomícrons derivam do trato digestivo, as VLDL do fígado e os

AGL do tecido adiposo. Quando a captura mamária de AGCL aumenta em resposta ao

maior consumo de gordura ou a mobilização, então a síntese dos ácidos graxos C4 para

C16 a partir do acetato declina, possivelmente devido ao aumento na concentração de

Acil-CoA graxo no citosol inibir a acetil-CoA caboxilase. Desta forma, a glândula

mamária (GM) parece mostrar uma preferência para AGCL sobre o acetato para síntese

da gordura do leite. Portanto, o suprimento de AGCL para a glândula determina a

proporção relativa de AGCL e acetato utilizados, assim, à eficiência de síntese de

triglicerídeos no leite.

Cunninghan (2004) afirma que de todos os componentes do leite, a gordura é a

fonte de energia mais importante sendo composta por vários lipídios, incluindo

monossacarídeos, diglicerídios, triglicerídeos, ácidos graxos livres, fosfolipídeos e

esteróides; sendo os triglicerídios os principais componentes da gordura do leite

compostos principalmente de ácidos graxos representando 97% da fração lipídica do

leite.

A biohidrogenação ruminal e a digestão no intestino influencia a eficiência de

transferência de ácidos graxos do alimento para o leite. A gordura fluida do leite é

afetada pela ação da dessaturase da glândula mamária. A enzima estearoil-CoA ou ∆9-

dessaturase (a qual introduz dupla ligação na posição 9 da cadeia de carbono) dessatura

uma grande soma de ácido esteárico (18:0) em ácido oléico (cis-9 18:1), atingindo um

índice ótimo entre o dois ácidos graxos nos traços físico-químicos do leite. A enzima

∆9-dessaturase age sobre outros substratos do mesmo modo, como por exemplo, ácido

mirístico (14:0), palmítico (16:0) e ácido vacênico (VA). Em último caso, os isômeros

cis-9, trans-11 do ácido linoléico conjugado (ácido rumênico, RA) é formado (MELE et

al., 2005). Cerca de 60 a 95% do RA encontrado na gordura do leite origina-se por meio

dessa enzima (PALMQUIST e MATTOS, 2011).

A glândula mamária (GM) possui a enzima glicerol-quinase, podendo produzir

glicerol-3-fosfato a partir de glicerol livre, para a síntese de triglicerídeos. Cerca de 70%

do glicerol necessário para síntese de triglicerídeos na GM provem da glicose

sanguínea. O acetil-CoA utilizado pela GM dos ruminantes para síntese da gordura do

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

16

leite se forma basicamente a partir do acetato captado da via sanguínea, que por sua vez,

deriva em grande parte do acetato absorvido no rúmen (GONZÁLEZ et al., 2001).

Os ácidos graxos podem ser originados do plasma (60%) ou pela síntese de novo

na GM (40%) a partir do acetato e do BHBA oriundo da fermentação ruminal

(GRUMMER, 1991). A principal via metabólica utilizada envolve duas enzimas: acetil-

CoA carboxilase e ácido graxo sintetase. A primeira é responsável pela formação do

malonil-CoA a partir do acetato e a segunda, catalisa a condensação do malonil-CoA

com acetil-CoA ou butiril-CoA, produzidos a partir do metabolismo do acetato e

BHBA, respectivamente (BARBER et al., 1997).

O propionato também pode ser indiretamente envolvido na síntese de alguns

ácidos graxos de cadeia ramificada através da incorporação de metilmalonil-CoA, seu

produto de carboxilação. Na verdade, a incorporação de metilmalonil-CoA na primeira

etapa da cadeia de alongamento resultaria em ácido graxo ante-iso. Quando

metilmalonil-CoA é incorporado durante as etapas subsequentes da cadeia de

alongamento os ácidos de cadeia ramificada são formados com um substituinte metila

em um dos átomos de carbono entre o antepenúltimo carbono e a carboxila final

(VLAEMINCK et al., 2006).

Para Bernard et al. (2009) a regulação da resposta de secreção de gordura no

leite para óleos vegetais na dieta ocorre por vários mecanismos. Alterações na expressão

mamária de genes lipogênicos importantes ou enzimas não parece ser o único ou o

principal mecanismo de regulação da secreção de ácidos graxos no leite em caprinos,

com a implicação de outros fatores incluindo a disponibilidade de substrato e/ou outras

vias metabólicas ou genes envolvidos. Além disso, resultados atuais confirmam

diferenças nas respostas da gordura do leite caprino, para óleos vegetais na dieta, e para

o a gordura do leite de vaca com evidências de que a ausência de efeitos inibitórios

sobre a lipogênese mamária nos caprinos em contraste com a bovina está relacionada

com menores reduções concomitantes na secreção de ácidos graxos sintetizados na

síntese de novo e maior saída de ácidos graxos de lipídeos circulantes no plasma.

A GM dos ruminantes não é capaz de alongar de C16:0 à C18:0 e, portanto, os

ácidos graxos de cadeia longa são originários da digestão e absorção da gordura da dieta

ou da mobilização dos ácidos graxos do tecido adiposo (CHILLIARD et al., 2001). De

acordo com Kronfeld (1982), o maior determinante da eficiência lactacional mamaria é

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

17

a captura de ácidos graxos de cadeia longa. Na GM, a síntese de novo é geralmente

limitada a ácidos graxos de cadeias curta sintetizados com participação do acetato e

BHBA; e média, sendo estes, característicos do leite não sendo possível encontrá-los em

outros tecidos (LAWSON et al., 2001; GONZÁLEZ et al., 2001). Embora a capacidade

diária total para transferência de energia para muitas espécies seja constante,

aproximadamente 125 kcal/kg peso corporal70

, as proporções de constituintes nutritivos

do leite diferem entre espécie e varia durante a lactação (JENNESS, 1986).

Schmidely (2011) estudando o efeito de dieta com baixo (45% MS) ou alto (65%

MS) percentual de concentrado combinada com a adição de soja extrusada ou semente

de canola laminada sobre o desempenho de cabras leiteiras e composição de ácidos

graxos do leite observaram que as dietas não afetaram a proporção de ácidos graxos

para C4 a C10 e que a dieta com alto percentual de concentrado aumentou o percentual

de C14:0, cis-9, cis-12, cis-15 C18:3 e o ácido graxo iso e ante-iso. Concluíram que a

alimentação com alto concentrado combinadas com a gordura na dieta pode ser usada

para modificar o perfil de ácidos graxos do leite de cabra, sem qualquer efeito negativo

sobre a produção de leite e o conteúdo de proteína e que o perfil dos isômeros trans em

relação ao total de trans C18:1 parece depender da fonte de gordura na dieta.

Bernard et al. (2005) pesquisando os mecanismos básicos da composição de

gordura do leite em resposta a diferentes fatores dietéticos suplementaram cabras

Alpinas leiteiras com duas fontes de ricas em C18 diferindo no grau de insaturação,

óleo de girassol (rico em ácido graxo oléico desprotegido da biohidrogenação ruminal) e

linhaça tratada com formaldeído (rico em ácido graxo linolênico protegido para escapar,

em parte, da biohidrogênio no rúmen), observaram que o consumo de matéria seca

diminuiu ligeiramente em resposta a ambos os suplementos de lipídeos tendo a linhaça

tratada diminuído significativamente a produção de leite aumentando a gordura contida

no leite (6,6 g/kg), a produção de gordura (6,0 g/d) e a proteína do leite (1,2 g/kg). Já

para o óleo de girassol os pesquisadores observaram que causou aumento da gordura do

leite (7,4 g/kg) e produção (13,0 g/d). Tendo o balanço energético sido positivo não

diferindo entre as diferentes dietas, com um valor médio de 760 kJ/d.

Os ácidos graxos são alongados e dessaturados por sistemas enzimáticos na

membrana do retículo endoplasmático. A dessaturação requer NADH e O2, e é feita por

um complexo constituído de uma flavoproteína, um citocromo e uma ferro-proteína

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

18

não-hemínica. Os mamíferos não têm enzimas para produzir duplas ligações além do C9

e, portanto, precisam de linoleato e linolenato em suas dietas. O araquidonato, um

precusor importante de prostaglandinas e outras moléculas sinalizadoras, é derivado do

linolenato. Vários ácidos graxos insaturados podem ser formados a partir do oleato, por

uma combinação de alongamento e dessaturação (STRYER, 1992).

Bernard et al. (2005) observaram que o percentual e C6 a C17 de ácidos graxos

saturados da gordura do leite diminuíram com a adição de lipídeos na dieta, no entanto a

percentagem e secreção de C18:0 na gordura do leite aumentou, bem como, levou a

aumento significativo de cis-9, trans-11 C18:2 devido à proteção dos ácidos graxos da

dieta contra a biohidrogenação e a síntese endógena de ácido oléico de ácido esteárico

dentro da GM.

O mecanismo de captura de ácidos graxos pela célula epitelial mamária não está

bem definido, porém, Barber et al. (1997), sugerem que os ácidos graxos ligam-se as

proteínas, localizadas na membrana plasmática, as quais podem executar papel na

captura de ácidos graxos. Segundo revisão realizada por Shennan e Peaker (2000), a

expressão de uma proteína denominada FAT (translocadora de ácido graxo) em

fibroblastos induz a captura/ligação do ácido graxo de cadeia longa. FAT, a qual é

predita para ter dois domínios de membranas envoltória, pode ser um transportador de

ácidos graxos ou um regulador de transporte de ácidos graxos.

Grummer (1991) deixa claro que a habilidade para modificar a gordura do leite

depende da eficiência pela qual os ácidos graxos são transferidos da dieta para o retículo

endoplasmático liso das células secretoras onde são esterificados. A estimativa de

eficiência de transferência é difícil de mensurar e são influenciadas por uma variedade

de fatores tais como dieta, estágio de lactação e nível de ingestão de alimentos. A

composição de ácidos graxos da dieta é muito diferente da composição de gordura do

leite. A síntese de ácidos graxos pelos microrganismos do rúmen, os ácidos graxos de

origem adiposa e os ácidos graxos da síntese de novo no tecido mamário servem para

diluir os ácidos graxos dietéticos para incorporação na gordura do leite.

Adicionalmente, dois eventos metabólicos mudam a característica dos ácidos graxos

consumido: (1) a hidrólise dos ácidos graxos dietéticos esterificados seguidos da

biohidrogenação dos ácidos graxos insaturados pelos microrganismos ruminais; (2) a

importância da atividade de dessaturase intestinal e mamária que funciona para

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

19

converter ácidos graxos saturados em ácidos graxos monoinsaturados (estearato para

oleato). Isso ajuda a hidrogenação que ocorre no rúmen e provavelmente assegura

suficiente fluidez de gordura do leite e eficiência de secreção das células mamárias.

CONCLUSÕES

Fontes de gorduras têm sido usadas em dietas de ruminantes para aumentar a

densidade energética dessas dietas, além de fornecerem mais conteúdo energético

prontamente disponível por isso representam a fonte energética de mais importância

para os animais, utilizada com o intuito de aumentar a produção leiteira e reduzir a

mobilização de reservas corpóreas. Lipídeos na dieta podem promover efeitos

desejáveis e indesejáveis nos processos de fermentação. Podendo a forma como a

gordura é oferecida influir nos efeitos deletérios no rúmen. Porém, a influência

provocada por essa interferência vai depender tanto da fonte de óleo como do nível em

que é adicionada a ração podendo exercer pouco ou nenhum efeito sobre as atividades

da flora microbiana e a fermentação ruminal, desde que se respeite o valor preconizado

de 7% da MS total da dieta. A hidrólise dos ácidos graxos dietético esterificado seguido

da biohidrogenação dos ácidos graxos insaturados em conjunto com a atividade de

dessaturase intestinal e mamária assegura suficiente fluidez de gordura do leite e

eficiência de secreção das células mamárias. No entanto o mecanismo de captura de

ácidos graxos pela célula epitelial mamária não está bem definido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBER, M.C.; CLEGG, R.A.; TRAVERS, M.T.; et al. Lipid metabolism in the

lactating mammary gland: review. Biochimica et Biophysica Acta, n. 1347, p. 101-

126, 1997.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

20

BERNARD, L.; ROUEL, J.; LEROX, C. et al. Mammary lipid metabolism and fatty

acid secretion in alpine goats fed vegetable lipids. Journal Dairy Science, n. 88, p.

1478-1489, 2005.

BERNARD, L.; BONNET, M.; LEROUX, C.; et al. Effect of sunflower-seed oil and

linseed oil on tissue lipid metabolism, gene expression, and milk fatty acid secretion in

Alpine goats fed maize silage-based diets. Journal Dairy Science, n.92, p. 6083-6094.

2009.

CERVONI, J.E. Gordura protegida na alimentação de ruminantes. nº art. 240506.

Londrina: 2006. Disponível em:

http://www.limousin.com.br/pages/artigos/vendo.asp?ID=107 Acesso: 04 jul. 2011.

CHILLIARD, Y.; FERLAY, A.; DOREAU, M. Effect of different types of forages,

animal fat or marine oils in cow’s diet on milk fat secretion and composition, especially

conjugated linoleic acid (CLA) and polyunsaturated fatty acids. Livestock Production

Science, v. 70, p. 31-48, 2001.

CONTRERAS, M.V. Indicadores do metabolismo protéico utilizados nos perfis

metabólicos de rebanhos. In: Perfil metabólico em ruminantes: seu uso em nutrição e

doenças nutricionais/Editado por Félix H. D. GONZÁLEZ et al... [et al.]. – Porto

Alegre, 2000. 108 p.;il.

CUNNINGHAM, J.G. Tratado de Fisiologia Veterinária. 3 ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2004. 579p.

FERREIRA, C.B.; SANTOS, L.A.; AGUIAR, V.A.; et al. Utilização de gordura inerte

na dieta de ruminantes. In: II Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus

Bambuí. II Jornada Científica. Outubro 2009. Acesso em 03 jul. 2011. Disponível em:

www.cefetbambui.edu.br.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

21

GONZÁLEZ ET AL, F.H.D. et al. Uso do leite para monitorar a nutrição e o

metabolismo de vacas leiteiras. Porto Alegre, 2001. 72 p.; il.

GRUMMER, R.R. Effect of feed on the composition of milk fat. Journal Dairy

Science, v. 74, p. 3244-3257, 1991.

JENNESS, R. SYMPOSIUM: SPECIES VARIATION IN MAMMARY GLAND

FUNCTION. Lactational Performance of Various Mammalian Species. Journal Dairy

Science. v.69, p. 869-885. 1986.

KAMRA, D.N. Rumen microbial ecosystem. CURRENT SCIENCE, v. 89, n.1, 10

july 2005.

KOZLOSKI, G.V. Bioquímica dos Ruminantes. Santa Maria: Ed. UFSM, 2002. 140p.

KRONFELD, D.S. Major metabolic determinants of volume, mammary efficiency and

spontaneous ketosis in dairy cows. Journal of Dairy Science, v.65, n.11, p. 2204-2212,

1982.

LANA, R.P. Nutrição e Alimentação Animal (mitos e realidades). Viçosa: UFV,

2005. 344p.

LANA, R.P.; CAMARDELLI, M.M.L.; QUEIROZ, A.C.; et al. Óleo de soja e própolis

na alimentação de cabras leiteiras. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.2, p.650-

658. 2005.

LANA, R.P.; CARMADELLI, M.M.L.; RODRIGUES, M.T.; et al. Óleo de soja e

própolis na alimentação de cabras leiteiras: consumo de matéria seca e de nutrientes e

parâmetros de fermentação ruminal. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.1, p.191-

197, 2007.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

22

LAWSON, R.E.; MOSS, A.R.; GIVENS, D.I. The role of dairy products in supplying

conjugated linoleic acid to man’s diet: a review. Nutrition Research Reviews, v.14,

p.153-172, 2001.

MAIA, F.J.; BRANCO, A.F.; MOURO, G.F.; et al. Inclusão de fontes de óleo na dieta

de cabras em lactação: digestibilidade dos nutrientes e parâmetros ruminais e

sanguíneos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.4, p. 1496-1503. 2006.

MAIA, M.O.; QUEIROGA, R.C.R.E.; MEDEIROS, A.N.; et al. Consumo,

digestibilidade de nutrientes e parâmetros sanguíneos de cabras mestiças moxotó

suplementadas com óleos de licuri ou mamona. Ciência Rural, Online. 2010.

MEDEIROS, S.R. Uso de Lipídeos na dieta de Ruminantes. Macal Nutrição Animal,

Campo Grande, 2007. (Informe Técnico)

MELE, M.; BUCCINI, A.; SERRA, A.; et al. Lipids of Goat’s Milk: Origin,

Composition and Main Sources of Variation. In: CANNAS, A.; PULINA, G. Dairy

Goats Feeding and Nutrition. Londres: British Library, 2005.

NRC – NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient Requirements of Small

Ruminants. Washington: Nat. Academic, 2007. 384p

NRC – NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requerements of dairy cattle.

7. Ed. Rev. Washington: Nat. Academy of Science, 2001. 381 p.

PALMQUIST, D.L.; JENKINS, T.C. Fat in lactation rations: review. Journal of Dairy

Science, v. 63, p. 1 - 14, 1980.

PALMQUIST, D.L. Influence of Source and Amount of dietary Fatt on Digestibility in

Lactating Cows. Journal Dairy Science, v.74, p. 1354-1360, 1991.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

23

PALMQUIST, D.L.; MATTOS, W.R.S. Metabolismo de lipídeos. In: BERCHIELLI,

T.T.; PIRES, A.V.; OLIVEIRA, S.G. Nutrição de ruminantes. – Jaboticabal: Funep,

2011. Cap. 10, p. 299-322.

PARK, C.S.; JACOBSON, N.L. Glândula mamária e lactação. In: SWENSON, M.;

REECE, W.O. Dukes: Fisiologia dos Animais Domésticos. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 2006. 926p.

TEIXEIRA, J.C. Nutrição de Ruminantes. Lavras: UFLA/FAEPE, 2001. 183p.

SCHAUFF, D.J. Effects of Feeding Lactating Dairy Cows Diets Containing Whole

Soybeans and Tallow. Journal Dairy Science, v.74, p. 1923-1935, 1992.

SCHMIDELY, Ph., ANDRADE, P.V.D. Dairy performance and milk fatty acid

composition of dairy goats fed high or low concentrate diet in combination with

soybeans or canola seed supplementation. Small Ruminant Research (2011).

SHENNAN, D. B.; PEAKER, M. Transport of milk constituents by the mammary

gland. Physiolgical Reviews, v.80, n.3, p. 925-951, 2000.

STRYER, L. Bioquímica. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992. 881 p.

STAPLES, C. Estratégias de suplementação de gordura em dietas de vacas. Simpósio

Internacional em Bovinocultura de Leite: Novos Conceitos em Nutrição/

TEIXEIRA, J.C. et al. – Lavras: UFLA – FAEPE, 2001, p. 179.

SILVA, M.M.C.; RODRIGUES, M.T.; BRANCO, R.H.; et. al. Suplementação de

lipídeos em dietas para cabras em lactação: consumo e eficiência de utilização de

nutrientes. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa-MG, v.36, n.1, p.257-267, 2007.

SILVA, M.M.C.; RODRIGUES, M.T.; RODRIGUES, C.A.F.; et al. Efeito da

suplementação de lipídios sobre a digestibilidade e os parâmetros da fermentação

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

24

ruminal em cabras leiteiras. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.1, p. 246-256,

2007.

VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2. ed. Ithaca: Comstock,

1994, 476p.

VALADARES FILHO, S. C; PINA, D.S. Fermentação ruminal. In: BERCHIELLI,

T.T.; PIRES, A.V.; OLIVEIRA, S.G. Nutrição de ruminantes. – Jaboticabal: Funep,

2011. Cap. 6, p. 161-191.

WATTIAUX, M.A.; GRUMMER, R.R. Cap. 4 - Lipid metabolism in dairy cows. In:

Dairy Essentials – Nutrition and Feeding. Babcock Institute. Acessado em 03 jul. 2011.

Disponível em: http://babcock.wisc.edu/?q=node/138

VAN NEVEL, C.J.; DEMEYER, D.I. Ifluence of pH on lipolysis and biohydrogenation

of soybean oil by rúmen contents in vitro. Reproduction, Nutrition, Development,

v.36, p. 53-63, 1996.

VLAEMINCK, B.; FIEVEZ, V.; CABRITA, A.R.J.; et al. Factors affecting odd-and

branched-chain fatty acids in milk: a review. Animal Feed Science and Technology,

n.131, p. 389-417, 2006.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

25

CAPÍTULO II

__________________________________________________________________

Inclusão de óleos vegetais na dieta sobre o consumo, síntese de proteína

microbiana e utilização de nutrientes do trato total de cabras em lactação

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

26

Inclusão de óleos vegetais na dieta sobre o consumo, síntese de proteína

microbiana e utilização de nutrientes do trato total de cabras em lactação

RESUMO

O experimento com oito cabras, mestiças, pesando em média 50 ± 5,19 kg e com 50

dias de lactação foi realizado para avaliar a influência de diferentes fontes de óleos

vegetais sobre o consumo e digestibilidade aparente dos nutrientes, comportamento

ingestivo, parâmetros sanguíneos e produção de proteína microbiana. Os tratamentos

consistiram de um grupo controle (SO), 4% de óleo de faveleira (OF), 4% óleo de

gergelim (OG) e 4% de óleo de mamona (OM), sendo a suplementação com base na

matéria seca (MS). Os dados foram analisados em delineamento quadrado latino (4x4),

com quatro tratamentos e quatro períodos, sendo cada tratamento constituído por duas

parcelas. Cada período teve duração de 19 dias (14 de adaptação dos animais às dietas e

5 para coleta de dados). Houve influência das dietas sobre o consumo efetivo de matéria

mineral (MM), extrato etéreo (EE) e carboidratos totais (CHOT). As fontes de lipídios

aumentaram os coeficientes de digestibilidade da matéria seca (MS) e matéria orgânica

(MO), proteína bruta (PB) e fibra em detergente neutro (FDN) (P<0,05), no entanto,

para extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CHOT) e carboidratos não fibrosos (CNF)

os resultados não diferiram entre si (P>0,05), quando comparados com os resultados

apresentados pelos animais que consumiram a dieta controle. O comportamento

ingestivo dos animais não foi influenciado pelos tratamentos experimentais. As

concentrações séricas de nitrogênio uréico, glicose, AST – aspartato aminotransferase,

ALT – alanina aminotrasferase e triglicérides não foram afetadas pela suplementação

lipídica nas dietas. A suplementação com óleo de mamona aumentou a concentração de

N-uréia plasmática nos animais quando em estado de jejum. A produção de proteína

microbiana não foi influenciada (P>0,05) pelos tipos de óleo vegetal adicionado na

ração. A adição de 4% dos óleos estudados, na dieta de cabras em lactação, melhora a

digestibilidade da matéria seca, não altera o comportamento ingestivo e a produção de

proteína microbiana. Dentre os quatro tratamentos não se observou diferença

significativa no que se refere a concentração sanguínea de ALT, AST, triglicerídios e

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

27

glicose. O óleo de mamona adicionado na base de 4% da dieta aumenta a concentração

de N-uréia no estado de jejum.

Palavras-chave: comportamento alimentar, lipídios, óleo vegetal

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

28

Inclusion of vegetable oil in diet on intake, microbial protein synthesis and

nutrients utilization by whole digestive tract in lactating dairy goats

ABSTRACT

The experiment was carried out to evaluate the influence of three different sources of

vegetable oil in dairy goat’s diets on intake and apparent digestibility of nutrients,

ingestive behavior, blood parameters and microbial protein synthesis. It was used

Faveleira oil (FO), Sesame oil (SO) and Castor oil (CO) and the results compared with a

diet control, oil free ration. It were used eight dairy goats (50 ± 5.19 kg BW) with 50

days of lactation, allocated in two 4x4 Latin Squares Design, with four treatments, four

experimental periods and four animals. Each period had 19 days of duration (14 for

adaptation to diets and 5 for data collection). Treatments influenced intakes of mineral

matter, ether extract and total carbohydrates effective. The lipids sources increased the

dry matter (DM), organic matter (OM), crude protein (CP) and neutral detergent fiber

(NDF) digestibility (P<0.05), however for ether extract (EE), total carbohydrates

(TCHO) and non-fiber carbohydrates (NFC) the results didn’t differ (P>0.05) when

compared with the results found to the animals that consumed the control diet. The

ingestive behavior of animals wasn’t influenced by the treatments. Serum urea nitrogen,

glucose, aspartate aminotransferase (AST), alanine aminotrasferase (ALT) and

triglycerides contents weren’t affected by the lipid supplementation. The CO added in

the diet increased the blood urea-N in the fasting state. The oil types didn’t affect

(P>0.05) the microbial protein synthesis. The addition of 4% of oil improves the

digestibility of dry matter in dairy goat’s diets, but does not alter ingestive behavior and

microbial protein synthesis. Among the four treatments wasn’t observed difference to

blood concentration of ALT, AST, triglycerides and glucose.

Keywords – fat, feeding behavior, vegetable oil

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

29

INTRODUÇÃO

A utilização de óleos vegetais na alimentação animal vem sendo realizada no

intuito de promover mudanças físico-químicas e organolépticas em seus produtos,

dentre outras, na busca da produção de produtos nutracêuticos que beneficiem a saúde

humana. Além de proporcionado aumento da densidade energética das dietas, uma vez

que os lipídios fornecem cerca de duas vezes mais conteúdo energético do que

carboidratos e proteínas representam a fonte de reserva energética mais importante para

os animais (NRC, 2007). Palmquist e Jenkins (1980) sugerem a inclusão dos lipídios em

dietas para ruminantes limitadas em até 5% da matéria seca total, visto que os

microrganismos ruminais possuem mecanismos fisiológicos para digeri-los tão

eficientemente como fazem para os carboidratos e as proteínas. Suplementos lipídicos

são usados em dietas para animais lactantes com o objetivo de aumentar a produção de

leite e reduzir a mobilização corpórea (SILVA et al., 2007).

A dieta consumida por ruminantes frequentemente contém cerca de 2% a 4% de

lipídeos. Estes contribuem para aproximadamente 50% da gordura do leite, além de

representar a fonte mais concentrada de energia de uma dieta. Apenas pequenas

quantidades de lipídeos são encontradas em forragem e sementes, no entanto, algumas

plantas como o algodão e a soja possuem em suas sementes mais de 20% de lipídeos

(WATTIAUX e GRUMMER, 2011).

Na região Semiárida do Nordeste brasileiro a vegetação nativa apresenta grande

potencial produtivo de óleos vegetais. Dentre os óleos existentes, o de Faveleira, o de

Gergelim e o de Mamona vem despertando interesse pela aplicabilidade. Essa vegetação

nativa, devido a sua multiplicidade de uso, apresenta grande valor sócio-econômico para

o homem, no tocante a alimentação humana e animal, medicina alternativa, uso de

frutos, casca e raízes, entre outros. Portanto, existe ainda a necessidade de ser mostrado

cientificamente o potencial de muitas espécies para que sejam exploradas de forma

racional, proporcionando sua fixação de maneira ordenada, bem como, a fixação do

homem na região nordestina (SILVA et al., 2000).

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

30

Ao utilizar alimentos não convencionais, devem-se levar em consideração

possíveis mudanças no comportamento animal, especialmente em relação ao consumo

de alimentos, o que é vital para a nutrição por determinar o nível de nutrientes ingeridos

e, consequentemente, a resposta animal. O estudo do comportamento ingestivo,

constituído pelos tempos de alimentação, ruminação, ócio, eficiência de alimentação e

ruminação, estabelece uma ferramenta de grande importância na avaliação de dietas,

possibilitando ajustar o manejo alimentar dos animais para obtenção de melhor

desempenho produtivo (MENDONÇA et al., 2004). Cada um desses processos é

resultado de uma complexa interação do metabolismo do animal com as propriedades

físicas e químicas da dieta (MENDES NETO et al., 2007).

De acordo com Timmermans Jr. et al. (2000), a síntese de proteína microbiana

no rúmen atende de 60 a 85% das exigências para mantença, crescimento, gestação e

lactação em ruminantes, estando diretamente relacionada à quantidade de carboidratos

fermentáveis, de proteína degrável no rúmen e de minerais (NRC, 2001).

Argôlo et al. (2010) enfatizam que a proteína microbiana sintetizada no rúmen é

a maior e mais barata fonte de proteína para os ruminantes. Em áreas onde a

disponibilidade de suplementação é escassa, o aumento da produção de proteína

microbiana por meio de um programa de arraçoamento, baseado em alimentos

concentrados regionalmente disponíveis é uma forma efetiva e sustentável para

melhoria da produtividade dos ruminantes.

A produção animal e a rentabilidade da pecuária também podem ser limitadas

por doenças metabólico-nutricionais, que têm efeitos de difícil percepção. O perfil

metabólico tem sido utilizado na avaliação do balanço nutricional dos rebanhos, uma

vez que alterações neste balanço podem influir nas concentrações de alguns metabólitos

nos fluídos biológicos, como sangue, leite, saliva e urina (GONZÁLEZ, 2000).

Neste estudo, objetivou-se avaliar o efeito da inclusão de 4% de óleos vegetais

(óleo de faveleira ou óleo de gergelim ou óleo de mamona) na dieta de cabras em

lactação sobre o consumo e digestibilidade aparente dos nutrientes, comportamento

ingestivo, parâmetros sanguíneos bem como sobre a produção de proteína microbiana.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

31

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na Unidade de Pesquisas de Pequenos Ruminantes,

pertencente à Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, no

município de Areia, Paraíba, no período de 13 de setembro a 27 de novembro de 2010.

O município de Areia está localizado na microrregião do Brejo Paraibano, com

(latitude 6°58’12”s, longitude 35°45’15”w e uma latitude de 575 m). De acordo com a

classificação climática de Gaussem, o bioclima predominante na área é o 3dth

nordestino sub-seco, com precipitação pluviométrica média anual de 1400 mm. Pela

classificação de Kopper, o clima é o tipo As’ (BRASIL, 1972), o qual se caracteriza

como quente e úmido, com chuvas de outono-inverno. A temperatura média oscila entre

21 e 26 °C, com variações mensais mínimas.

Foram utilizadas oito cabras, mestiças de Saanen x Alpina Americana,

multíparas e primíparas, com peso de 50 ± 5,19 kg e com 50 dias de lactação. Os

animais foram tratados contra endo e ectoparasitas, em seguida permaneceram alojados

em baias individuais, com piso de cimento, providas de comedouro e bebedouro, para

fornecimento da dieta total e água ad libitum.

O experimento teve duração de 76 dias, sendo composto de quatro períodos de

dezenove dias, dos quais os primeiros 14 dias de cada período foram utilizados para

adaptação dos animais às dietas experimentais e os 5 dias seguintes destinados a coleta

de dados para determinação do consumo e digestibilidade aparente dos nutrientes pela

técnica in vitro, com coleta parcial de fezes e urina, coleta do sangue e para avaliação do

comportamento ingestivo e da quantificação da produção de leite e coleta de amostras

de leite.

Os tratamentos avaliados foram:

Tratamento 1 (SO) = 0% de óleo vegetal

Tratamento 2 (OF) = adição de 4% de óleo de Faveleira na matéria seca da dieta

Tratamento 3 (OG) = adição de 4% de óleo de Gergelim na matéria seca da dieta

Tratamento 4 (OM) = adição de 4% de óleo de Mamona na matéria seca da dieta

A proporção dos ingredientes nas dietas e a composição dos alimentos e das

dietas experimentais encontram-se nas Tabelas 1 e 2, respectivamente. As dietas foram

formuladas de acordo com o NRC (2007) de modo que a proteína bruta de 0,14 e o teor

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

32

de EE do suplemento (4% na base da matéria seca) fossem mantidos constantes para

atender as exigências de cabras em lactação com produção de 2 kg/cabra/dia e 4% de

gordura de leite.

Os animais eram alimentados, na forma de mistura completa, duas vezes ao dia

logo após as ordenhas (7h30 e 16h30). Para permitir consumo voluntário trabalhou-se

com sobra de 10% do oferecido, sendo ajustada diariamente.

Tabela 1. Composição química dos ingredientes das rações experimentais com base na matéria

seca

Item Ingredientes (% MS)

Feno de tifton Milho moído Farelo de soja

Matéria Seca1 85,78 87,67 87,74

Matéria Orgânica 91,49 98,67 98,67

Matéria Mineral 8,51 1,33 1,33

Proteína Bruta 8,16 9,77 56,98

Extrato Etéreo 2,53 4,37 2,51

Fibra em Detergente Neutro2 65,35 15,65 17,33

Fibra em Detergente Ácido2 33,40 4,14 6,43

Lignina 4,79 1,81 0,76

Carboidratos Totais 80,80 84,52 33,29

Carboidratos Não Fibrosos 15,45 68,88 15,96

Proteína Insolúvel em Detergente Neutro 3,08 1,11 9,14

Proteína Insolúvel em Detergente Ácido 0,66 1,14 1,38 1 % com base na matéria natural;

2 Isenta de cinzas e proteínas

As concentrações em fibra das dietas foram mantidas constantes por meio da

oferta de feno de capim tifton (Cynodon spp.) como forrageira exclusiva e

corresponderam a 34,35% (dieta controle) e 34,19% (dietas com óleo) de FDN oriunda

da forragem. O feno de tifton foi moído em máquina tipo “DMP” (desintegrador,

moedor e picador), utilizando peneira de 10 mm, para em seguida ser misturado aos

outros ingredientes da ração experimental. A proporção volumoso:concentrado nas

dietas foi de, aproximadamente, 49:51, em matéria seca, conforme dados apresentados

na Tabela 2.

Os óleos de Faveleira e de Gergelim utilizado na confecção das rações foram

adquiridos na cidade de Várzea no Estado da Paraíba, produzido de forma artesanal e o

de Mamona, foi adquirido na Empresa Bom Brasil Óleo de Mamona Ltda. Os perfis

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

33

lipídicos dos óleos vegetais que participaram da composição das dietas estão

representados na Tabela 3.

Tabela 2. Composição percentual e química das rações experimentais

Item

Tratamento (dietas)1

SO OF OG OM

Proporções dos Ingredientes (% MS)

Feno Tifton 49,30 49,06 49,06 49,06

Milho moído 37,29 32,99 32,99 32,99

Farelo soja 10,79 11,34 11,34 11,34

Óleo de faveleira 0,00 4,00 0,00 0,00

Óleo de gergelim 0,00 0,00 4,00 0,00

Óleo de mamona 0,00 0,00 0,00 4,00

Núcleo mineral2 1,37 1,47 1,47 1,47

Calcáreo Calcítico 1,25 1,13 1,13 1,13

Composição química (%)

Matéria Seca3 86,99 87,42 87,42 87,42

Matéria Orgânica 91,91 91,96 91,96 91,96

Matéria Mineral 8,09 8,04 8,04 8,04

Proteína Bruta 13,82 13,69 13,69 13,69

Extrato Etéreo 3,15 6,97 6,97 6,97

Fibra em Detergente Neutro4 39,92 39,19 39,19 39,19

Fibra em Detergente Ácido4 18,70 18,48 18,48 18,48

Lignina 3,12 3,03 3,03 3,03

Carboidratos Totais 74,95 71,31 71,31 71,31

Carboidratos Não Fibrosos 35,02 32,12 32,12 32,12

Proteína Insolúvel em Detergente Neutro 2,92 2,91 2,91 2,91

Proteína Insolúvel em Detergente Ácido 0,90 0,86 0,86 0,86

Nutrientes Digestíveis Totais 5 61,61 69,68 69,05 69,19

Energia Metabolizável (Mcal/kg)6 2,36 2,64 2,67 2,60

1 SO = Sem óleo (controle); OF = óleo de faveleira; OG = óleo de gergelim; OM = óleo de

mamona; 2 Suplemento mineral (nutrientes/kg de suplemento): Ca = 210 g; P = 70 g; Mg = 5 g; F

= 700,00 mg; Zn = 3,010 mg; Cu = 440 mg; Mn = 1,485 mg; Co = 25 mg; Fe = 340 mg; Cr = 6,00

mg; Se = 20 mg; I = 48 mg; S = 10 g; Vit. A = 250.000,00 UI/kg; Vit. D3 = 40.000,00 UI/kg; Vit

E = 350,00 UI/kg; 3 % com base na matéria natural;

4 Isenta de cinzas e proteína;

5 Sniffen et al.,

(1992); 6 EM (Mcal/kg) = ED (Mcal/kg) * 0,86.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

34

Tabela 3. Valores médios do perfil de ácidos graxos (% área) dos óleos vegetais

Ácidos Graxos Óleos Vegetais

Faveleira Gergelim Mamona

Saturados 33,32 14,90 6,63

C6:0 (Capróico) - - 0,01

C8:0 (Caprílico) - - 0,01

C10:0 (Cáprico) - - 0,01

C16:0 (Palmítico) 21,70 9,58 2,95

C18:0 (Esteárico) 10,39 4,49 3,18

Insaturados 66,68 85,10 93,37

Monoinsaturados 1,69 36,58 79,71

C18:1 (Oléico) 1,58 36,53 7,89

C18:1 n9 cis, 12-OH (Ricinoléico) - - 71,82

Poliinsaturados 64,99 48,52 13,22

C18:2 (Linoléico) 63,87 48,18 12,38

C18:3 (Linolênico) 1,12 0,34 1,28

Os dados para consumo dos nutrientes de matéria seca (MS), matéria orgânica

(MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN),

fibra em detergente ácido (FDA), carboidratos totais (CHOT), extrato etéreo (EE) e

nutrientes digestíveis totais (NDT) foram obtidos através dos registros do alimento

oferecido e sobras e da colheita de amostras da dieta oferecida e sobras, realizada

durante os cinco últimos dias de cada período experimental. As sobras dos alimentos

foram pesadas pela manhã em sua totalidade, sendo 10%. Em cada período

experimental foram coletadas também amostras dos ingredientes das rações e dos

tratamentos. Em seguida, as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos com as

devidas identificações dos animais, tratamentos e período de coleta e em seguida

congeladas a –15 oC. Ao final de cada período foram descongeladas, homogeneizadas e

foi retirada uma amostra composta para cada animal de aproximadamente 250 gramas.

As alíquotas foram pré-secas em estufa com ventilação forçada (55 a 60 oC) por 72

horas e moídas em um moinho tipo Wiley com peneiras de malha de um milímetro.

Os ingredientes, as dietas, as sobras e as fezes foram analisados para

determinação dos teores de MS, MO, PB, EE e MM de acordo com as recomendações

descritas por Silva e Queiroz (2002). Para determinação da lignina, foi usada a

metodologia descrita por Van Soest (1967), com a utilização de ácido sulfúrico (H2SO4)

a 72%. Para determinação das frações da parede celular, fibra em detergente neutro

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

35

(FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), utilizou-se metodologia recomendada pelo

fabricante do aparelho ANKON, da Ankon Technology Corporation de acordo com a

metodologia de Van Soest et al. (1991), com modificações em relação aos sacos, em

que se utilizou sacos de TNT (tecido-não-tecido) gramatura 100 mm confeccionados no

Laboratório de Nutrição Animal e Avaliação de Alimentos – CCA/UFPB. Em todas as

amostras, a FDN e a FDA foram corrigidas para cinza e proteína, os resíduos da

digestão em detergente neutro e detergente ácido foram incinerados em mufla a 600 oC

por quatro horas, e a correção para proteína foi efetuada mediante proteína insolúvel em

detergente neutro (PIDN) e a proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA).

Para a estimativa dos carboidratos totais (CHOT) utilizou-se equação proposta

por Sniffen et al. (1992): CHOT = 100 - (%PB + %EE + %Cinzas). Os carboidratos

não fibrosos (CNF) foram estimados utilizando as equações preconizada por Hall et al.

(1999): CNF = %CHOT - %FDN, sendo a FDN corrigida para cinzas (c) e proteína (p)

(FDNcp). Na determinação da PIDN e PIDA foi empregada metodologia descrita por

Licitra et al. (1996).

O consumo de nutrientes digestíveis totais (CNDT) e percentagem de NDT foi

estimado segundo Sniffen et al. (1992): CNDT = (PB ingerida - PB fecal) + 2,25*(EE

ingerido - EE fecal) + (FDN ingerido - FDN fecal) + (CNF ingerido – CNF fecal),

obtido em ensaio de digestibilidade; %NDT = (Consumo de NDT / Consumo de

MS)*100.

A conversão dos valores de NDT das dietas para energia digestível (ED) e

energia metabolizável (EM) foi realizada através das equações descritas pelo NRC

(2001): ED (Mcal/kg) = 0,04409 * NDT (%); EM (Mcal/kg) = ED (Mcal/kg) * 0,86,

que corresponde a eficiência de utilização da ED, conforme Resende (1989).

As análises bromatológicas foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal

e Avaliação de Alimentos – CCA/UFPB.

Para determinação dos coeficientes de digestibilidade da MS, MO, PB, EE,

FDN, CHOT e CNF foram efetuadas colheitas das fezes dos animais, diretamente na

porção final do reto, a cada 26 horas, sendo em cada período de coleta realizadas no 1o,

2o, 3

o, 4

o e 5

o dia às 6:00; 9:00; 12:00; 15:00 e 18:00 horas, respectivamente. As

amostras de fezes foram armazenadas a -15 oC e posteriormente, da mesma forma que

os alimentos e sobras e foram processadas ao término de cada período experimental.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

36

A estimativa da produção fecal foi efetuada utilizando-se a fibra em detergente

neutro indigestível (FDNi) como indicador interno. As amostras de fezes, alimentos e

sobras foram incubadas in vitro em sacos de tecido tipo TNT, por um período de 240

horas (CASALI et al., 2008). A quantidade da amostra incubada foi de 0,8 g para

alimentos, sobras e fezes. O material remanescente da incubação foi submetido à

extração com detergente neutro e o resíduo considerado FDNi. Para estimativa da

produção de fezes foi utilizada a equação: Fezes (g/dia-1

) = FDNi ingerido /

concentração do FDNi nas fezes*100.

O coeficiente de digestibilidade aparente (CDA) foi calculado como descrito por

Silva e Leão (1979), onde: CDA = {[(Consumo de nutrientes (kg) – Nutriente excretado

nas fezes (kg)]}/ consumo de nutrientes (kg)*100.

As cabras foram ordenhadas manualmente, duas vezes ao dia, tendo sido

realizado o controle leiteiro através da pesagem individual do leite (kg/dia) nos cinco

dias de coleta de cada período experimental. Uma alíquota de leite da ordenha composta

do 18º dia de cada período experimental foi coletada. O leite foi primeiramente

desproteínizado com ácido tricloroacético (10 mL de leite foram misturados com 5 mL

de ácido tricloroacético a 25%), filtrado em papel-filtro, em seguida foi pipetados 1,5

mL do soro em tubos eppendorff e armazenados a -20 °C. Sendo as análises de uréia e

alantoína realizadas no filtrado para determinação de compostos nitrogenados. As

análises foram realizadas utilizando kits enzimáticos comerciais fornecidos pela

LABTEST® Sistemas para diagnóstico e as leituras foram efetuadas em

espectrofotômetro.

As observações referentes ao comportamento ingestivo dos animais foram

realizadas pelo método de varredura instantânea, no décimo quinto dia de cada período

experimental. Os animais foram observados, por observadores treinados,

estrategicamente posicionados de forma a não incomodar os animais, a cada cinco

minutos durante 22 horas para determinação do tempo despendido com alimentação,

ruminação e ócio com a utilização de cronômetro digital, registrados em formulários

previamente elaborados. No mesmo dia, foi realizada a contagem do número de

mastigação merícica MMnb (nº/bolo) e tempo gasto na ruminação de cada bolo MMtb

(seg/bolo). Para essa avaliação foram feitas as observações de três bolos ruminais em

três períodos do dia (10-12; 14-16; 19-21 horas), sendo que para análise foi utilizada a

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

37

média do número de mastigação merícica e o tempo gasto. Nos horários de ordenha

(manhã e tarde) não foram realizadas observações para avaliação do comportamento

animal.

As variáveis gramas de MS e de FDN/bolo foram obtidas dividindo-se o

consumo médio individual de cada fração pelo número de bolos ruminais por dia (em 22

horas). Para obtenção do tempo do número de bolos diários, procede-se à divisão do

tempo total de ruminação pelo tempo médio gasto na ruminação de cada bolo, descrito

anteriormente. A eficiência de alimentação e ruminação, expressa em g MS/hora e g

FDN/hora, foi obtida pela divisão do consumo médio diário de MS e FDN pelo tempo

total despendido em alimentação e/ou ruminação em 22 horas, respectivamente. As

variáveis do comportamento ingestivo foram obtidas pelas relações: EAL (gMS/h) =

CMS / TAL; ERU (gMS/h) = CMS / TRU; ERU (gFDN/h) = CFDN / TRU; onde

EAL = eficiênciade alimentação; TAL = tempo de alimentação; ERU = eficiência de

ruminação; TRU = tempo de ruminação; CMS = consumo de matéria seca; CFDN =

consumo de fibra em detergente neutro, foram obtidas conforme metodologia descrita

por Bürger et al. (2000) e Polli et al. (1996). Durante a observação noturna dos animais,

o ambiente foi mantido com iluminação artificial.

Uma amostra spot de urina foi coletada no décimo sexto dia do período, quatro

horas após a alimentação matinal. Depois de devidamente homogeneizadas e filtradas

em camadas de gaze, foram obtidas alíquotas de 10 mL das amostras que foram diluídas

em 40 mL de ácido sulfúrico 0,036 N, a fim de evitar destruição dos derivados de purina

e precipitação do ácido úrico, sendo armazenadas a -20 °C para posteriores análises de

creatinina, uréia, alantoína e ácido úrico. Uma amostra de urina pura (30 mL) foi

armazenada para determinação do nitrogênio total segundo Silva e Queiroz (2002).

As análises de alantoína, ácido úrico, xantina e hipoxantina na urina e de

alantoína no leite foram realizadas pelo método colorimétrico, conforme técnica de

Fujihara et al. (1987) descrita por Chen e Gomes (1992). O volume urinário usado para

estimar a excreção diária de derivados de purina (DP) foi obtido para cada animal,

multiplicando-se o respectivo PV pela excreção diária média de creatinina em 26,05

mg/L (FONSECA et al., 2006) e dividindo-se esse produto pela concentração de

creatinina (mg/L) na amostra spot de urina.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

38

A excreção total de DP foi calculada pela soma das quantidades de hipoxantina

e xantina, ácido úrico e alantoína excretadas na urina e da quantidade de alantoína

secretada no leite. Foram usadas as equações propostas por Belenguer et al. (2002), para

caprinos, onde a quantidade de purinas absorvidas (X mmol/d) pode ser estimada como

a excreção de derivados de purinas (Y) / taxa de recuperação de purinas (0,76),

X = Y / 0,76.

Considerando que 0,92 é a digestibilidade verdadeira das bases purinas no

duodeno e 1, 97 (mmol de bases purinas/g N) a razão entre bases purinas (164 μmol/g

MS) e o conteúdo de N (83,8 mg/g MS) na população microbiana extraída do rúmen de

cabras, Belenguer et al. (2002) propuseram a seguinte equação: NM (g/d) = X / (0,92 x

1,97). Onde X corresponde às purinas microbianas absorvidas (mmol/d).

As análises das amostras foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal e

Análise Avançada – Campus III/UFPB e no Laboratório de Análise de Alimentos e

Nutrição Animal – CCA/UFPB.

As coletas de sangue dos animais foram realizadas após a ordenha da manhã do

décimo nono dia de cada período experimental, por meio da veia jugular, sangue

suficiente para encher um tubos do tipo à vácuo vacuntainer de nove mL, identificados,

por cada animal. Após a coleta os tubos foram imediatamente colocados em centrífuga

por 15 minutos a 3500 rotações por minuto. Em seguida foram pipetados 1,5 mL do

soro em micro tubos do tipo eppendorff e armazenados a -20 ºC. Com o objetivo de

avaliar as concentrações séricas de nitrogênio uréico, glicose, AST – aspartato

aminotransferase, ALT – alanina aminotrasferase e triglicérides. A primeira coleta de

sangue foi realizada em jejum para glicose, N-uréia, AST, ALT e triglicérides e, as

demais, a cada duas horas (2, 4 e 6 horas) a partir da alimentação, totalizando 4

amostragens para concentrações plasmáticas de nitrogênio uréico e glicose. O teor de

nitrogênio uréico foi determinado considerando que a uréia plasmática contém 46% de

nitrogênio. Para as análises foram utilizados os protocolos dos kits enzimáticos

comerciais fornecidos pela LABTEST® Sistemas para diagnóstico e as leituras tomadas

em espectrofotômetro. As análises foram realizadas no laboratório de Patologia Clínica

Veterinária – CCA/UFPB.

O delineamento experimental utilizado consistiu de um quadrado latino (4x4)

quatro períodos e quatro dietas, sendo cada tratamento constituído por duas parcelas. Os

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

39

dados foram submetidos à análise de variância, utilizando o programa PROC GLM do

Statistical Analysis System (SAS, 1996), as médias dos tratamentos foram comparadas

pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. Utilizando-se o seguinte modelo

matemático:

Yijkl = μ + Qi + Ti + Pk +A(i)l + QTij + εijk

Onde: Yijk = Observação na cabra j, no período k, submetida ao tratamento i,

com i, j, k = 1, 2, 3, 4; μ = efeito geral da média; Qi é o efeito do quadrado latino, com

Q = 1,2; Ti = efeito do tratamento i, sendo i = 1, 2, 3, 4; Pk é o efeito do período k; A é

o efeito da cabra l no quadrado i com l = 1, 2, 3, 4; QT é a interação do efeito com o

quadrado latino i x tratamento j e ξijk = erro aleatório associado a cada observação

Yijkl.

Para os teores de nitrogênio uréico e glicose plasmático adotou-se o esquema de

parcelas subdivididas, no qual as dietas eram as parcelas e o tempo após a alimentação,

as subparcelas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A composição das dietas efetivamente consumida diferiu da composição das

dietas oferecidas para consumo de extrato etéreo (EE) e carboidratos totais (CHOT)

(Tabela 4). Segundo Van Soest (1994) os caprinos são animais seletivos capazes de

selecionar as partes mais nutritivas dos alimentos. No entanto, o consumo efetivo de

matéria seca não foi influenciado pela suplementação lipídica o que já era esperado uma

vez que as dietas eram oferecidas na forma de mistura completa, o que dificulta o

processo de seletividade realizado pelo animal. Tendo a composição da dieta

efetivamente consumida se apresentado superior à composição das dietas oferecidas em

todos os tratamentos.

As cabras submetidas à dieta houve controle apresentaram consumo efetivo de

EE 3,5% inferior que aquelas suplementadas com os óleos em estudo. Comportamento

esperado uma vez que reflete acentuado percentual de EE disponível nas demais dietas

devido à adição de óleo na ração.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

40

Tabela 4. Composição da ração efetivamente consumida por cabras leiteiras alimentadas com diferentes

óleos vegetais

Itens (%) Tratamentos (dietas)

1

CV (%) SO OF OG OM

Matéria Seca2 87,69 88,73 88,28 88,19 9,06

Proteína Bruta3 14,24 14,28 14,23 14,11 2,35

Extrato Etéreo3 3,50

b 7,10

a 7,29

a 7,22

a 5,09

Fibra em Detergente Neutro3 36,14 35,16 36,54 34,70 7,30

Carboidratos Totais3 74,48

a 70,59

b 70,47

b 70,72

b 0,72

Carboidratos Não Fibrosos3 38,34 35,16 36,54 34,70 6,99

Médias nas linhas seguidas por letras iguais não diferem entre si pelo teste Tukey (5%). 1SO= Sem óleo (controle); OF = Óleo de faveleira; OG = Óleo de gergelim; OM = Óleo de mamona;

2 % com base na matéria natural;

3 % com base na matéria seca.

O consumo efetivo de FDN foi inferior ao ofertado, provavelmente, devido à

suplementação com lipídios nas dietas. De acordo com Jenkins (1993) elevados teores

de lipídios, principalmente na forma de ácidos graxos insaturados, podem ocasionar

efeitos adversos sobre a fermentação da fibra, reduzindo o aproveitamento de outras

fontes de energia, a síntese de proteína microbiana e a digestão de proteínas. Os

resultados observados nesse estudo sugerem que o teor de ácidos graxos insaturados

presentes nos óleos utilizados: 66,68% no óleo de faveleira, 85,10% no óleo de gergelim

e de 93,37% no óleo de mamona, além de esse último conter a presença do ácido

ricinoléico, pode ter contribuído para a composição da dieta efetivamente consumida

para FDN ter se mostrado inferior a composição da dieta ofertada. No entanto, em

relação a PB, no presente estudo, não foi observado influência da adição lipídica sobre o

consumo efetivo de PB entre os tratamentos, tendo esse se apresentado superior ao

oferecido, indicando que os microrganismos conseguiram manter-se em equilíbrio.

Os animais que consumiram a dieta controle consumiram efetivamente mais

CHOT do que os demais, enquanto que, para os CNF a composição da dieta

efetivamente consumida foi superior a composição das dietas oferecidas em todos os

tratamentos. Para Ribeiro et al. (2009), o comportamento e hábito alimentar dos

caprinos está relacionado às suas características morfológicas e fisiológicas, para o

critério seletividade destaca-se sua maior mobilidade de lábios o que permite sua

utilização, conjuntamente, com os dentes e língua na captura e ingestão do alimento.

Os coeficientes de digestibilidade do EE, CHOT e CNF não diferiram (P>0,05),

entre os tratamentos (Tabela 5). Os resultados observados nesse estudo mostraram que a

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

41

adição de óleo melhorou o coeficiente de digestibilidade da MS, isto pode ter ocorrido

pelo menor nível energético da dieta controle, pois segundo Alves et al. (2003),

geralmente o incremento dos níveis energéticos de dietas proporciona melhoria da

digestibilidade, apresentando raros efeitos de aumento (JENKINS e JENNY, 1989).

Neste trabalho os valores dos coeficientes de digestibilidade aparente dos nutrientes, de

modo geral, foram semelhantes aos encontrados por Silva et al. (2010) que também

utilizaram a FDNi como indicador para estimar a produção de fezes de cabras

alimentadas com diferentes fontes de lipídios.

Tabela 5. Percentual de digestibilidade aparente dos nutrientes em cabras leiteiras alimentadas com

diferentes óleos vegetais na dieta

Item (%) Tratamento (dietas)

1

CV (%) SO OF OG OM

Matéria Seca 62,81b 67,99ª 68,59ª 66,88ª 4,70

Proteína Bruta 68,28b 72,91ª 74,62

ab 71,78

ab 5,74

Extrato Etéreo 74,39 74,51 77,83 73,19 7,80

Fibra em Detergente Neutro2 42,85

b 54,08

ab 51,34

ab 55,03ª 15,43

Carboidratos Totais 62,59 67,53 64,81 66,47 5,54

Carboidratos Não Fibrosos 80,36 79,84 79,27 77,43 9,43

Nutrientes Digestíveis Totais3 61,61 69,05 69,05 69,19 -

Medias com letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente (P<0,05). 1OS= Sem óleo (controle); OF = Óleo de faveleira; OG = Óleo de gergelim; OM = Óleo de mamona;

2 Isenta de cinzas e proteína;

3 Sniffen et al., (1992).

Com relação à PB e FDN, seus coeficientes de digestibilidade entre o OM e as

dietas com adição de OF e OG se mantiveram próximos, o que sugere que a inclusão

dessas fontes de óleo manteve o equilíbrio dos microrganismos ruminais. Um dos

principais efeitos da inclusão de lipídios em dietas para ruminantes é a interferência na

fermentação ruminal, que provoca redução na digestibilidade dos nutrientes,

especialmente da fibra. As dietas foram elaboradas de modo que fosse mantido o

mesmo nível de FDN, alterando apenas o teor de EE.

Os animais que receberam a dieta adicionada de OM apresentaram melhor

digestibilidade da FDN quando comparados com a dieta controle não diferindo dos

demais tratamentos. Resultado esperado devido ao óleo de mamona apresentar 72,82%

de ácido ricinoléico, que apesar de ser um ácido graxo de cadeia longa, é

monoinsaturado. A presença do ácido ricinoléico no óleo de mamona, que possui em

sua cadeia carbônica hidrofóbica uma hidroxila no C10, tornando-a menos hidrofóbica,

e assim, diminuindo sua associação com as partículas de alimento, aumentando a sua

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

42

digestibilidade. Palmquist e Mattos (2011) afirmam que ácidos graxos associam-se com

as superfícies hidrofóbicas das partículas de alimento, o que explica a baixa toxicidade

das gorduras quando o animal é alimentado com rações mais ricas em fibra. Em todos

os tratamentos deste estudo há participação de 49% de feno na MS da dieta.

Os resultados observados neste estudo corroboram com os obtidos por Schauff

(1992), que avaliaram a inclusão de grão de soja integral e sebo bovino (2,5 e 4% da

MS) na dieta de vacas, os quais constataram que a digestibilidade do FDN não foi

afetada pelas fontes lipídicas. Da mesma forma, apoiam os resultados encontrados por

Villaça et al. (1999), que avaliaram dietas suplementadas com 5% de lipídios e não

notaram alteração na digestibilidade do FDN quando a gordura foi introduzida na forma

de óleo degomado na dieta de bezerros.

Nörnberg et al. (2004), mencionam que a variação da digestibilidade da MS e de

nutrientes depende de diferentes fatores como: nível relativamente baixo de gordura na

dieta basal (3,15% neste estudo); fontes de gordura com ácidos graxos na forma

esterificada; quantidades de ácidos graxos insaturados condizentes com a capacidade de

hidrogenação dos microrganismos no rúmen; níveis adequados de FDN. Um ou mais

desses fatores podem ter contribuído para os resultados observados no presente estudo.

Os resultados observados para digestibilidade do EE corroboram com os obtidos

por Maia et al. (2010) que não verificaram alterações na digestibilidade do EE para os

animais alimentados com dietas contendo EE suplementar de 4,39% para dietas com

óleo de mamona. No entanto, a digestibilidade do EE dos tratamentos contendo 6,97%

de EE suplementar na matéria seca, nesse estudo, não diferiu da dieta controle. Mais

uma vez sugerindo que a suplementação com essas fontes de lipídios manteve o

equilíbrio dos microrganismos ruminais.

Em relação à digestibilidade da PB, para a dieta com OF foi de 72,91%

diferindo, estatisticamente, apenas da dieta controle. Os resultados apresentados nesta

pesquisa foram semelhantes aos observados por Lana et al. (2005) que, em experimento

com cabras em lactação verificaram aumento na digestibilidade da PB para os animais

que receberam óleo de soja na dieta.

Maia et al. (2010), verificaram que as dietas controle (SO) apresentaram

menores valores para digestibilidade da PB em relação aos demais tratamentos com óleo

de licuri ou mamona para digestibilidade da PB. Segundo os mesmos autores é de se

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

43

esperar que qualquer tratamento que modifique o consumo consequentemente alterará a

taxa de passagem e, por conseguinte, a digestibilidade dos nutrientes.

A adição de óleo na ração não interferiu (P>0,05) em nenhuma das variáveis

analisadas referentes ao comportamento ingestivo (Tabela 6). Os animais apresentaram

consumo médio de 1,95 kg de MS/dia e 1,14 kg de FDN/dia. Ao se computar o tempo

observou-se que os animais utilizaram 4,34 h/dia para atividade de ingestão de alimento,

6,30 h/dia para ruminação e 11,31 h/dia de ócio. O fato da suplementação com

diferentes óleos na dieta não ter afetado (P>0,05) as atividades contínuas pode ser

explicado devido às rações terem sido formuladas para serem isoprotéicas e

isoenergéticas. Os resultados observados indicam que, mesmo com a adição de óleo, o

teor de fibra das dietas foi satisfatório.

Tabela 6. Médias e coeficiente de variação (CV) dos consumos de matéria seca (CMS), fibra em

detergente neutro (CFDN), tempos despendido em ruminação (RUM), ingestão (ING), ócio,

eficiência de alimentação de matéria seca (EALms) e de fibra em detergente neutro

(EALfdn), eficiência de ruminação na matéria seca (ERUms) e de fibra em detergente neutro

(ERUfdn), número de mastigação merícica/dia (MMnd) e número de bolos ruminais (NBR),

em função da suplementação lipídica na dieta de cabras leiteiras

Item Tratamento (dietas)

1

CV2 (%)

OS OF OG OM

CMS3 (kg/dia) 2,13 1,99 1,98 1,70 15,20

CFDN3 (kg/dia) 1,24 1,16 1,18 0,99 21,23

ING (h/dia) 4,51 4,70 4,20 3,95 25,25

RUM (h/dia) 6,60 5,93 6,13 6,57 15,46

ÓCIO (h/dia) 10,89 11,38 11,53 11,48 9,83

EALms (gMS/h) 660,0 582,6 489,4 509,0 39,60

EALfdn (gFDN/h) 388,32 333,82 289,92 283,46 41,99

ERUms (gMS/h) 326,91 341,35 319,55 285,93 16,90

ERUfdn (gFDN/h) 191,92 201,73 197,91 172,95 22,90

MMnd (nº/dia) 27567 23995 25757 27822 19,80

NBR (nº/dia) 490,43 442,57 449,66 478,24 12,46 1SO = Sem óleo (controle); OF = óleo de faveleira; OG = óleo de gergelim; OM = óleo de mamona;

2CV = Coeficiente de variação;

3CMS = consumo de MS em 22 horas (kg); CFDN = consumo de FDN

em 22 horas (kg).

Estes resultados são similares aos obtidos por Carvalho et al. (2007), em que o

tempo disponibilizado para o alimentação, ruminação e ócio variou de 4 a 5 horas por

dia em cabras lactantes alimentadas com farelo de cacau ou torta de dendê. Os

resultados apresentados para ócio também foram semelhantes aos obtidos por Orr et al.

(2001), que afirmaram que o ócio pode perfazer cerca de 10 horas, com variações entre

9 e 12 horas.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

44

Segundo Van Soest (1994), o tempo de ruminação é influenciado pela natureza

da dieta e parece ser proporcional ao teor de parede celular dos volumosos. Alimentos

concentrados e fenos finamente triturados reduzem o tempo de ruminação, enquanto

volumosos com alto teor de parede celular tendem a aumentar o tempo de ruminação.

Mesmo os animais que consumiram a dieta contendo OM tendo consumido menos

FDN, a eficiência de ruminação não foi afetada. Provavelmente devido às dietas terem

sido formuladas para ter o mesmo teor de fibra e ter sido finamente moídas.

Os valores médios observados nessa pesquisa para EAL e ERU, corroboram

com os resultados encontrados por Carvalho et al. (2006) , em função de diferentes

níveis de FDN para cabras Alpinas em lactação. Os coeficientes de variação

apresentados pelas variáveis EALms e EALfdn estão de acordo com os de Fischer et al.

(2002), que observaram que o tempo gasto ingerindo foi mais variável, durante o

nictêmero, do que o tempo para ruminação.

Em relação às concentrações de alanina aminotransferase (ALT), aspartato

aminotransferase (AST), triglicerídeos, glicose e uréia no sangue de cabras em lactação

(Tabela 7) não houve diferença entre os tratamentos.

Tabela 7. Valores médios dos parâmetros sanguíneos das cabras em função da suplementação com

óleos vegetais

Item Tratamentos (dietas)

1

CV2 (%)

OS OF OG OM 3ALT (UI/L) 22,82 22,93 24,83 21,34 10,58

3AST (UI/L) 95,81 108,61 113,67 95,81 14,38

Triglicerídeos (mmol/L) 0,29 0,32 0,37 0,29 36,00

Glicose (mmol/L) 3,23 2,99 3,17 3,36 13,31

Uréia (mmol/L) 7,40 6,88 7,20 7,99 24,27 1SO = Sem óleo (controle); OF = óleo de faveleira; OG = óleo de gergelim; OM = óleo de mamona;

2CV = Coeficiente de variação;

3ALT = alanina aminotrasferase; AST = aspartato aminotransferase.

Os resultados encontrados, no presente trabalho, para as enzimas ALT e AST

estão condizentes com os observados por Mundim et al. (2007) para cabras Saanen e

Kaneco (1989). Para Zambom et al. (2006), o teor de EE da dieta pode influenciar os

níveis de triglicerídios no sangue. O que não foi observado no presente estudo, sendo

menores que aqueles encontrados por esses mesmo autores, estudando níveis de energia

nas rações de cabras Saanen. Os valores obtidos para a concentração de glicose não

foram influenciados (P>0,05) pela suplementação lipídica. A falta de variação

significativa da glicose entre os animais submetidos ao tratamento controle e dos demais

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

45

tratamentos está de acordo com o relatado por Chilliard et al. (2003), que afirmaram não

haver influência da dieta lipídica sobre este parâmetro sanguíneo. Segundo González

(2000), o nível de glicose plasmático é o indicador menos expressivo do perfil para

avaliar o estado nutricional energético, decorrente da insensibilidade da glicemia a

mudanças nutricionais e a sua sensibilidade ao stress.

Segundo Contreras (2000) a energia da ração tem efeito sobre os indicadores do

metabolismo protéico uma vez que as mudanças na concentração sanguínea de uréia

estão correlacionadas com o conteúdo de amônia ruminal e a utilização da amônia

ruminal depende da atividade metabólica dos microrganismos ruminais. Por isto, se a

ração estiver deficiente, a concentração da uréia aumenta no sangue. Os valores médios

de uréia e glicose sérica desse experimento não foram influenciados pela adição de óleo

na dieta apresentando-se de acordo com os obtidos por Maia et al. (2010).

A inclusão de óleo na dieta não influenciou a glicose plasmática nos quatro

tempos de coleta (0, 2, 4 e 6 horas após a alimentação matinal) (Figura 1). Segundo

Gagliostro e Chilliard (1992) em relação à concentração de glicose sanguínea, há

diversos mecanismos de economia desses metabólitos pelo organismo dos ruminantes

que podem explicar a manutenção da glicemia.

Figura 1. Concentração glicose plasmática de cabras em lactação suplementadas com dietas

contendo óleo vegetal.

Houve influencia da adição de óleo nas dietas sobre as concentrações de N-uréia

plasmático (Tabela 8). Entre os animais tratados com diferentes fontes de óleo vegetal,

aqueles que receberam OM ou OG na ração tiveram as maiores concentrações de N-

uréia no plasma (P<0,05), consideradas intermediárias para dieta controle e mais baixas

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

46

para OF. Em relação ao tempo de coleta, foram observados maiores concentração de N-

uréia plasmático no tempo 0, consideradas intermediárias para os tempos 4 e 6 e mais

baixas para o tempo 2. Os animais que receberam a dieta adicionada de OM

apresentaram as maiores concentrações de N-uréia no tempo 0 e os que receberam a

dieta adicionada de OF apresentaram as menores concentrações no tempo 6. A interação

tratamento x tempo de coleta não foi significativa (P = 0,76).

Tabela 8. Concentração em mmol/L, de N-uréia plasmático, conforme o horário de coleta, após o

fornecimento matinal da alimentação

Tempo (h)2

Tratamento (dietas)1

Subparcela SO OF OG OM

0 3,41 3,16 3,31 3,68 3,39 a

2 2,86 2,73 3,25 2,90 2,93 b

4 3,14 2,93 3,31 3,30 3,17 ab

6 2,75 2,58 3,25 3,45 3,01 ab

Parcela 3,04 AB 2,85 B 3,28 A 3,33 A 1SO = Sem óleo (controle); OF = óleo de faveleira; OG = óleo de gergelim; OM = óleo de mamona;

2 Horário de coleta de sangue, após o fornecimento matinal da alimentação; tempo zero, referente à coleta

de sangue antes da alimentação; Letras maiúsculas iguais na coluna não diferem estatisticamente (P >

0,05); Letras minúsculas iguais na linha não diferem estatisticamente (P > 0,05); Letras minúsculas iguais

na linha não diferem estatisticamente (P > 0,05).

Segundo Imaizumi et al. (2006), o N-uréia no plasma e no leite refletem o

conteúdo de PB da dieta, bem como a qualidade dessa proteína, pois o excesso de

amônia no rúmen vai para o fígado, através do sistema porta-hepático, para ser

convertido em uréia. Segundo Kozloski (2009), os fatores dietéticos que resultam em

aumento da absorção da amônia e/ou aminoácidos, ou que resultem em baixo consumo

de energia metabolizável, assim como todos os fatores relacionados ao animal que

determinam alta demanda por energia e/ou baixa demanda por aminoácidos para síntese

protéica, têm, como consequência o aumento da produção de uréia pelo fígado.

Resultados apresentados no Capítulo III desta tese mostram que a adição de OM

diminuiu o consumo EM.

As excreções estimadas de alantoína, derivados de purina, quantidades de

purinas absorvidas, fluxo de nitrogênio microbiano e eficiência microbiana não foram

influenciadas (P>0,05) pela suplementação com óleo vegetal na dieta de cabras em

lactação (Tabela 8). Os valores de derivados de purinas total observados neste estudo

estão condizentes com os relatados por Fonseca et al. (2006), em pesquisa na qual

avaliaram dietas contendo diferentes níveis de proteína bruta para cabras leiteiras.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

47

Tabela 9. Médias e coeficiente de variação (CV) para as excreções estimada de alantoína (ALA),

derivados de purina (DP), quantidades de purinas absorvidas (PA), expressa em mmol/d, fluxo

de nitrogênio microbiano (NM) e para a eficiência microbiana (EFM) em função da

suplementação lipídica na dieta de cabras leiteiras

Item Tratamentos (dietas)

1

CV2 (%)

OS OF OG OM

Volume urinário (L/dia) 3,85 2,64 2,83 2,86 28,07

Exc. urinária de N uréia (g/dia) 19,62 17,55 20,08 19,62 23,42

ALA urina (mmol/dia) 29,55 22,87 22,80 20,36 31,69

ALA leite (mmol/dia) 3,08 2,44 2,40 2,73 31,49

DP total (mmol/dia) 33,30 25,85 25,92 23,65 24,62

PA 43,83 34,00 34,10 31,12 27,79

NM 24,18 18,76 18,82 17,17 27,79

EFM 106,98 78,38 79,80 79,02 30,22

Medias com letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente (P<0,05). 1SO = Sem óleo (controle); OF = óleo de faveleira; OG = óleo de gergelim; OM = óleo de mamona;

2CV = Coeficiente de variação.

Embora não tenha sido observada diferença significativa (P>0,05) para variável

NM e EFM, talvez em virtude da elevada variabilidade entre os dados, os resultados

observados para a dieta com óleo de mamona proporcionou menor NM e menor EFM.

Os resultados de eficiência microbiana (em g PB/kg NDT) observados neste

experimento situaram-se entre 79,02 a 114,59 g PB/kg NDT acima daqueles observados

por Carvalho et al. (2010) e Fonseca et al. (2006) para caprinos obtidos a partir da coleta

spot de urina e, também, os valores de purinas microbianas absorvidas utilizados para

obter as eficiências foram estimados pela equação proposta por Belenguer et al. (2002),

semelhante ao deste estudo.

Andrade-Montemayor et al. (2004) relataram que a estimativa do fluxo de N-

microbiano depende principalmente da digestibilidade de purinas absorvidas no

duodeno e que a razão entre o conteúdo de N-microbiano do rúmen e purinas absorvidas

não é absoluta e pode variar de acordo com a dieta experimental.

CONCLUSÕES

A adição de 4% dos óleos estudados, na dieta de cabras em lactação, melhora a

digestibilidade da matéria seca, não altera o comportamento ingestivo e a produção de

proteína microbiana.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

48

As suplementações lipídicas estudadas não alteram as concentrações sanguíneas

de ALT, AST, triglicerídios e glicose.

O óleo de mamona adicionado na base de 4% da dieta aumenta a concentração

de N-uréia no estado de jejum.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, K.S.; CARVALHO, F.F.R.; VÉRAS, A.S.C.; et al. Níveis de energia em dietas

para ovinos Santa Inês: digestibilidade aparente. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32,

n.6, p.1963-1968, 2003.

ANDRADE-MONTEMAYOR, H.; HERNÁNDEZ, F. MADRID, J, et al. Comparison

of different models to estimate purine bases absorbed in goats. South African Journal

of Animal Science, v.34, n.5, p.28-30, 2004.

ARGÔLO, L.S.; PEREIRA, M.L.A.; DIAS, J.C.T. et al. Farelo da vagem de algaroba

em dietas para cabras lactantes: parâmetros ruminais e síntese de proteína microbiana.

Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.3, p.541-548, 2010.

BELENGUER, A.; YAÑEZ, D.; BALCELLS, J. et al. Urinary excretion of purine

derivatives and prediction of rúmen microbial outflow in goat. Livestock Production

Science, v.77, p.127-135, 2002.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Levantamento exploratório reconhecimento de

solos do estado da Paraíba. Rio de Janeiro: MA/SUDENE, 1972.669p. (boletim

Técnico, 15).

BÜRGER, P.J.; PEREIRA, J.C; QUEIRÓZ, A.C. et al. Comportamento ingestivo em

bezerros holandeses alimentados com dietas contendo diferentes níveis de concentrado.

Revista Brasileira de Zootecnia, v. 29, n.1, p. 236-242, 2000.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

49

CARVALHO, S.; RODRIGUES, M.T.; BRANCO, R.H. et al. Comportamento

ingestivo de cabras Alpinas em lactação alimentadas com dietas contendo diferentes

níveis de fibra em detergente neutro proveniente da forragem. Revista Brasileira de

Zootecnia, v.35, n.2, p.562-568, 2006.

CARVALHO, G.G.P.; PIRES, A.J.V.; SILVA, H.G.O. et al. Aspectos metodológicos

do comportamento ingestivo de cabras lactantes alimentadas com farelo de cacau e torta

de dendê. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.1, p.103-110, 2007.

CASALI, A.O.; DETMANN, E.; VALADARES FILHO, S.C. et al. Influência do

tempo de incubação e do tamanho de partículas sobre os teores de compostos

indigestíveis em alimentos e fezes bovinas obtidos por procedimentos in situ. Revista

Brasileira de Zootecnia, v.37, n.2, p.335-342, 2008.

CARVALHO, G.G.P.; GARCIA, R.; PIRES, A.J.V. et al. Balanço de nitrogênio,

concentração de uréia e síntese de proteína microbiana em caprinos alimentados com

dietas contendo cana-de-açúcar tratada com óxido de cálcio. Revista Brasileira de

Zootecnia, v.39, n.10, p.2253-2261, 2010.

CONTRERAS, M.V. Indicadores do metabolismo protéico utilizados nos perfis

metabólicos de rebanhos. In: Perfil metabólico em ruminantes: seu uso em nutrição e

doenças nutricionais/Editado por Félix H. D. GONZÁLEZ et al... [et al.]. – Porto

Alegre, 2000. 108 p.;il.

CHEN, X.B.; GOMES, M.J. Estimation of microbial protein supply to sheep and cattle

based on urinary excretion of purine derivatives – an overview of technical details.

International Feed Research Unit. Rowett Research Institute, Aberdeen, UK.

(Occasional publication). 21 p.1992.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

50

CHILLIARD, Y; FERLAY, A.; ROUEL, J. et al. Areview of nutritional and

physiological factor affecting goat milk lipid synthesis and lipolysis. Journal Dairy

Science, v. 86, p. 1751-1770, 2003.

FISCHER, V.; DESWYSEN, A.G.; DUTILLEUL, P. et al. Padrão da distribuição

nictemeral do comportamento ingestivo de vacas leiteiras, ao início e ao final da

lactação, alimentadas com dieta à base de silagem de milho. Revista Brasileira de

Zootecnia, v.31,p.2129-2138, 2002.

FONSECA, C.E.M.; VALADARES, R.F.D.; VALADARES FILHO, S.C. et al.

Estimativa da produção microbiana em cabras alimentadas com diferentes teores de

proteína na dieta. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.3, p. 1169-1177, 2006.

GAGLIOSTRO, G.A.; CHILLIARD, Y. Utilización de lipídos protegidos em la

nutrición de vacas lecheras. II. Efectos sobre La concentración plasmática de

metabolitos y hormonas, movilización de lípidos corporales y actividad metabólica Del

tejido adiposo. Revista Argentina de Producción Animal, v.12, p.17-32, 1992.

GONZÁLEZ, F.H.D. Uso do perfil metabólico para determinar o status nutricional em

gado de corte. In: GONZÁLEZ, F.H.D.; BARCELOS, J.O.; PATIÑO, H.O.; RIBEIRO,

L.A.O. Perfil metabólico em ruminantes: seu uso em nutrição e doenças nutricionais.

Porto Alegre: UFRGS, 2000. P. 63-74.

HALL, M.B.; HOOVER, W.H.; JENNINGS, J.P. et al. A method for partitioning

neutral detergent soluble carbohydrates. Journal Science Food Agriculture, London,

v.79, p.2079-2086, 1999.

IAMAIZUMI, H.; SANTOS, F.A.P.; PIRES, A.V.; et al. Fontes proteicas e de amido

com diferentes degradabilidades ruminais para alimentar vacas leiteiras. Pesquisa

Agropecuária Brasileira, v.41, n.9, p.1413-1420, set. 2006.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

51

JENKINS, T.C. Lipid metabolism in the rumen. Journal of Dairy Science, v.76, n.12,

p. 3851-3863, 1993.

JENKINS, T.C.; JENNY, B.F. Effect of hydrogenate fat on feed intake, nutrient

digestion and lactation performance of dairy cows. Journal of Dairy Science, v.72,

p.2316-2324, 1989.

KANECO, J.J. Clinical biochemistry of domestic animals. 4.ed. San Diego: Academic,

1989. 932p.

KOZLOSKI, G.V. Bioquímica dos ruminantes. – 2.ed. – Santa Maria: Ed. da UFSM,

2009. 216p.

LANA, R.P.; CAMARDELLI, M.M.L.; QUEIROZ, A.C. et al. Óleo de soja e própolis

na alimentação de cabras leiteiras. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.2, p.650-

658, 2005.

LICITRA, G.; HERNANDES, T.M.; Van SOEST, P.J. Standardization of procedures

for nitrogen fractionation of ruminant feeds. Animal Feed Science Technology, v.57,

n.11, p.347-358, 1996.

MAIA, M.O.; QUEIROGA, R.C.R.E.; MEDEIROS, A.N. et al. Consumo,

digestibilidade de nutrientes e parâmetros sanguíneos de cabras mestiças moxotó

suplementadas com óleos de licuri ou mamona. Ciência Rural, v.40, n.1, p.149-155,

Fev. 2010.

MENDES NETO, J.; CAMPOS, J.M.S.; VALADARES FFILHO, S.C. et al.

Comportamento ingestivo de novilhas leiteiras alimentadas com plopa cítrica em

substituição ao feno de capim-tifton 85. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36,n.3,

p.618-625, 2007.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

52

MENDONÇA, S. de S.; CAMPOS, J.M. de S.; VALADARES FILHO, S. de C. et al.

Comportamento ingestivo de vacas leiteiras alimentadas com dietas à base de cana-de-

açúcar ou silagem de milho. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.3, p. 723-728,

2004.

MUNDIM, A.V.; COSTA, A.S.; MUNDIM, S.A.P. et al. Influência da ordem e estágio

da lactação no perfil bioquímico sanguíneo de cabras da raça Saanen. Arquivos

Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.59, n.2, p.306-312, 2007.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrient requirement of small

ruminants. 1. ed. Washington: NAP, 2007. 362p.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrient requirements of dairy cattle.

7.ed.rev. Washington: National Academy of Science, 2001. 381p.

NÖRNBERG, J.L.; STUMPF JÚNIOR, W.; LÓPEZ, J.; et al. Valor do farelo de arroz

integral como fonte de gordura na dieta de vacas jersey na fase inicial de lactação:

digestibilidade aparente de nutrientes. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, p.2412-

2421, 2004.

ORR, R.J.S.; RUTTER, S.M.; PENNING, P.D.; ROOK, A.J. Matching grass supply to

grazing patterns for dairy cows. Grass and Forage Science, v.56, n.35, p.352-361,

2001.

PALMQUIST, D.L.; JENKINS, T.C. Fat in lactation rations: review. Journal Dairy

Science. v.63, p. 1-14, 1980.

PALMQUIST, D.L.; MATTOS, W.R.S. Metabolismo de lipídeos. In: BERCHIELLI,

T.T.; PIRES, A.V.; OLIVEIRA, S.G. Nutrição de ruminantes. – Jaboticabal: Funep,

2011. Cap. 10, p. 299-322.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

53

POLLI, V.A; RESTLE, J.; SENNA, D.B. et al. Aspectos realtivos à ruminação de

bovinos e bubalinos em regime de confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia,

v.25, n.5, p. 987-993,1996.

RESENDE, K.T. Métodos de estimativa da composição corporal e exigências

nutricionais de proteína, energia e macroelementos inorgânicos de caprinos em

crescimento. Viçosa: UFV, 1989. 130p. Tese (Doutorado em Zootecnia). Universidade

Federal de Viçosa, 1989.

RIBEIRO, V.L.; BATISTA, AM.V.; CARVALHO, F.F.R. et al. Seletividade e

composição da dieta ingerida por caprinos recebendo alimentação à vontade e restrita.

Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v.4, n.1, p.91-94, jan.-mar., 2009.

SCHAUFF, D.J. Effects of feeding lactating dairy cows diets containing soybeans and

tallow. Journal of Dairy Science, v.75, p.1923-1935, 1992.

SILVA, J.F.C.; LEÃO, M.I. Fundamentos de Nutrição dos ruminantes. Piracicaba,

Livroceres, 1979. 380p.

SILVA, M. B. R.; SOUZA, M. W.; MELO, E. C. S.; et al. Transpiração de três espécies

nativas do semi-árido em condições de campo. Atmosfera & Água. n.5, p 52, 2000.

SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de Alimentos: métodos químicos e biológicos.

Viçosa-MG: UFV, 2002. 235p.

SILVA, M.M.C.; RODRIGUES, M.T.; BRANCO, R.H.; et al. Suplementação de

lipídios em dietas para cabras em lactação: consumo e eficiência de utilização de

nutrientes. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.1, p.257-267, 2007.

SILVA, G.L.S.; SILVA, A.M.A.; NÓBREGA, G.H. et al. Consumo, digestibilidade e

produção de cabras leiteiras alimentadas com dietas contendo diferentes fontes de

lipídios. Acta Scientiarum Animal Sciences, v.32, n.1, p.000-000, 2010.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

54

SNIFFEN, C.J.; O’CONNOR, J.D.; VAN SOEST, P.J. et al. A net carbohydrate and

protein system for evaluating cattle diets: II. Carbohydrate and protein availability.

Journal of Animal Science, v.70, p.3562-3577, 1992.

STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM - SAS. User’s guide: statistics. Versão 6.12.

Cary: North Carolina State University, 1996. 956p.

TIMMERMANS JR.; JOHNSON, L.M.; HARRISON, J.H. Estimation of the flow of

microbial nitrogen using milk uric acido or allntoin. Journal Dairy Science, v.83,

p.1286-1299, 2000.

VAN SOEST, P.J. Development of a comprehensive system of feed analysis and its

applications to forages. Journal of Animal Science, v.26, n.1, p.119-128, 1967.

VAN SOEST, P.J.; RBERTSON, J.B.; LEWIS, B.A. Methods of dietary fiber, neural

detergent fiber, and nonstarch polysaccharids in relation to animal nutrition. Journal of

animla Science, v.74, p.3583-3597, 1991.

VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. Ithaca: Cornell

University Press, 1994. 476p.

VILLAÇA, M.; EZEQUIEL, J.M.B.; KRONKA, S.N. Efeito de sementes de

oleaginosas inteiras e óleo de soja sobre a digestibilidade in vitro e os padrões ruminais

de bezerros Holandeses. Revista Brasileira de Zootecnia, v.28, n.3, p. 654-659, 1999.

WATTIAUX, M.A.; GRUMMER, R.R. Cap.4 – Lipid metabolism in dairy cows. In:

Dairy Essentials – Nutritionand Feeding. Babcock Institute. Acessado em 03 jul. 2011.

Disponível em: http://babcock.wisc.edu/?q=node/138.

ZAMBOM, M.A.; ALCALDE, C.R.; MACEDO, F.A.F. et al. Ingestão, digestibilidade

das rações e parâmetros sanguíneos em cabras Saanen durante o pré-parto recebendo

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

55

rações com diferentes níveis de energia. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.4,

p.1866-1871, 2006.

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

56

CAPÍTULO III

__________________________________________________________________

Produção e composição do leite de cabras mestiças suplementadas com óleo vegetal

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

57

Produção e composição do leite de cabras mestiças suplementadas com

óleo vegetais

RESUMO

Foi avaliado, em cabras mestiças em lactação, o efeito da utilização de diferentes fontes

de óleos vegetais sobre a produção e composição química do leite. Foram utilizadas oito

cabras multíparas e primíparas com aproximadamente 50 dias de lactação, com peso,

em média, 50 ± 5,19 kg. Os tratamentos consistiram de uma dieta controle sem óleo

(OS), 4% de óleo de faveleira (OF), 4% de óleo de gergelim (OG), 4% de óleo de

mamona (OM), sendo a suplementação com base na matéria seca (MS). Os dados foram

analisados em delineamento quadrado latino (4x4), com quatro tratamentos e quatro

períodos, sendo cada tratamento constituído por duas parcelas. Cada período teve

duração de 19 dias (14 de adaptação dos animais às dietas e 5 para coleta de dados). O

consumo de extrato etéreo (EE) foi melhorado com a suplementação lipídica, todavia, o

consumo de carboidratos não fibrosos (CNF) foi afetado (P<0,05) pelo tipo de óleo

incluído na dieta, tendo o óleo de mamona apresentado menor consumo de CNF. Não

houve influência dos tratamentos sobre o consumo de energia (NDT e EM) pelos

animais. Os animais que consumiram a dieta adicionada de OM reduziram a produção

de leite e a produção dos constituintes do leite, exceto para gordura do leite. A

suplementação lipídica influenciou a composição percentual de proteína bruta (PB) e

acidez do leite. Os animais alimentados com a dieta adicionada de OF tiveram maior

CEL quando comparadas com os demais tratamentos. A adição dos tipos de óleo na

dieta deprimiram a eficiência de uso da energia metabolizável consumida para produção

de leite (kl) em relação à dieta controle, entretanto, a eficiência bruta e o balanço de

energia líquida não foram afetados pela suplementação. A excreção de nitrogênio no

leite (g/dia) foi maior nos animais que recebiam a dieta controle, tendo as dietas

contendo OF ou OG se comportado igual à dieta controle enquanto que a dieta contendo

OM deprimiu o teor de nitrogênio no leite (P<0,05). A suplementação com os óleos

estudados influi na resposta de consumo de extrato etéreo e carboidratos não fibrosos da

dieta. Entre os tipos de óleos estudados, a adição de 4% de óleo de faveleira ou óleo de

gergelim não causa prejuízos ao desempenho e características do leite produzido. A

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

58

adição do óleo de mamona na dieta de cabras no período da lactação deprime a

produção de leite e o teor de proteína do leite. A adição dos óleos estudados não afeta a

eficiência alimentar, a eficiência de utilização do nitrogênio e o consumo de energia

tendo, o óleo de faveleira, melhorado o consumo de energia líquida. A eficiência de

utilização da energia metabolizável é reduzida com a adição de óleo na dieta de cabras

em lactação.

Palavras-chave: caprinos leiteiros, constituintes do leite, óleos vegetais

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

59

Milk yield and chemical composition of crossbred dairy goats supplemented with

vegetable oil

ABSTRACT - the experiment was carried out to evaluate the influence of three

different sources of vegetable oil in dairy goat’s diets on milk yield and chemical

composition. It were used eight dairy goats (50 ± 5.19 kg BW) about 50 days of

lactation, allocated in two 4x4 Latin Squares Design, with four treatments, four

experimental periods and four animals. Each period had 19 days of duration (14 for

adaptation to diets and 5 for data collection). It was used 4% of Faveleira oil (FO), 4%

of Sesame oil (SO) and 4% of Castor oil (CO) and the results compared with a diet

control, oil free ration.The inclusion of oil in the diet promoted higher intake of EE (P

<0.05) however the non-fiber carbohydrates (NFC) intake was influenced by the oil

type, being the CO that showed the lowest NFC intake. Energy intake (TND and ME)

was not influenced by the addition of oil in the diet. The CO addition reduced the milk

yield and its constituents, except to fat production, and decreased the percentage of

protein and acidity milk. The supplementation with vegetable oil influenced the crude

protein (CP) content and acidity milk. Animals fed with diet added of FO had higher

CEL content when compared with other treatments. Addition of oil decreased the

efficiency of utilization of metabolizable energy to milk yield (kl) in relation to control

diet, however, the gross energy efficiency and net energy balance were not affected by

supplementation. Milk nitrogen excretion (g/day) was higher in animals that received

the control diet, and the results presented by the animals fed diets containing FO and SO

were similar to those the control diet, while the results obtained for animals fed with

diets containing CO shown decrease in milk nitrogen content (P<0.05). The

supplementation with the oils studied influences the EE and NFC. Among the oil types

studied, addition of 4% FO or SO does not damage the performance and characteristics

of the milk produced. The addition of CO during lactation depresses the milk yield and

its protein content. The addition of the oils does not influence feed efficiency, the

efficiency of nitrogen utilization or in the energy intake taking the FO improved net

energy intake. The efficiency of metabolizable energy utilization is reduced with the

addition of oil in the diet of lactating dairy goats.

Keywords - constituents, dairy goats, milk, vegetable oil

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

60

INTRODUÇÃO

Na busca de melhor qualidade de vida, o consumidor tem buscado cada vez mais

alimentos saudáveis. Sendo assim, informações sobre a composição e características

físico-químicas do leite caprino são essenciais para o sucesso da indústria láctea (PARK

et al., 2007). Em busca de melhor produtividade, estão sendo utilizados animais com

maior potencial genético para produção. Entretanto, estes animais exigem maior aporte

de nutrientes pela maior exigência nutricional, o que pode, em alguns casos, inviabilizar

economicamente a produção (SANTOS et al., 2011).

A suplementação com lipídios tem sido uma alternativa para aumentar o aporte

energético das dietas uma vez que fornece 2,25 vezes mais energia do que os

carboidratos. Sendo assim, o uso de óleos vegetais de plantas nativas na alimentação de

animais poderá vir como agente fortalecedor da caprinocultura familiar, contribuindo

tanto na suplementação alimentar dos animais durante os períodos de escassez de

alimentos, quanto no reflorestamento da região semiárida nordestina e, assim,

colaborando com a preservação e valorização da vegetação nativa, bem como a

vegetação exótica adaptada.

Para López et al. (2004), os lipídios têm sido utilizados como forma de aumentar

a densidade energética da dieta, sem, no entanto, alterar a relação

volumoso:concentrado. Sendo assim, as gorduras previnem desordens metabólicas e

melhoram o desempenho animal na lactação e na reprodução, e restauram ainda, a

condição corporal.

O leite caprino apresenta composição química constituída de proteínas de alto

valor biológico e ácidos graxos essenciais, além de seu conteúdo mineral e vitamínico,

representando grande importância na alimentação infantil pelas suas características de

hipoalergenicidade e digestibilidade (HAENLEIN, 2004). O consumo deste produto

vem aumentando devido à procura de seus derivados (queijo e iogurte) e aos problemas

de alergia e intolerância ao leite de vaca. Em alguns países, o leite de cabra é utilizado

quase que totalmente para elaboração de queijos.

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

61

O manejo alimentar tem sido considerado um fator preponderante na

manipulação dos componentes do leite, principalmente, sobre o conteúdo de gordura e

proteína, uma vez que esses são os ingredientes que determinam a qualidade do leite

produzido. Segundo Sanz Sampelayo et al. (2007), a variação na composição do leite é

significativa, apresentando interações importantes entre alimentos volumosos,

concentrado e óleos, em que quase todos, há presença de ácidos graxos de cadeia curta e

de cadeia longa e que a suplementação com silagem de milho ou dietas ricas em

concentrado contendo óleos vegetais aumentam acentuadamente os ácidos graxos trans

e outros ácidos graxos, além de ácidos rumênico e vacênico.

Óleos vegetais representam uma estratégia eficaz para alterar a composição de

ácidos graxos do leite caprino, com provas de que a dieta basal é um determinante

importante do metabolismo dos ácidos graxos insaturados no rúmen (BERNARD et al.,

2008). Para Palmquist e Jenkins (1980), a inclusão dos lipídeos em dietas para

ruminantes limita-se em até 5% da MS total, uma vez que os microrganismos ruminais

não possuem mecanismos fisiológicos para digestão desses nutrientes tão suficientes

como fazem para os carboidratos e as proteínas. Bomfim et al. (2009) afirmam que para

pequenos ruminantes devem ser respeitados níveis de óleo suplementar de 4% na base

da matéria seca, sendo óleos como o do algodão ou da amêndoa do dendê e,

possivelmente de coco devendo ser utilizados em níveis mais modestos de, no máximo

3% de inclusão na dieta dos animais.

O aumento na densidade energética das dietas obtidas com inclusão de lipídios,

pode apresentar vantagens tais como, redução dos efeitos negativos de altas quantidades

de concentrados, ricos em amido, sobre o ambiente ruminal. Porém, o uso de

suplementos de gorduras, pode diminuir a ingestão de alimentos e reduzir a

digestibilidade dos outros ingredientes da dieta, devido às modificações na digestão

ruminal e hidrogenação de ácidos graxos no rúmen (Doreu e Chilliard, 1997).

Dessa maneira, objetivou-se avaliar o efeito da utilização de diferentes óleos

vegetais (faveleira ou gergelim ou mamona) sobre a produção e a composição química

do leite de cabras mestiças Saanen x Alpina Americana.

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

62

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na Unidade de Pesquisas de Pequenos Ruminantes,

pertencente à Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, no

município de Areia, Paraíba, no período de 13 de setembro a 27 de novembro de 2010.

O município de Areia está localizado na microrregião do Brejo Paraibano, com

(latitude 6°58’12”s, longitude 35°45’15”w e uma latitude de 575 m). De acordo com a

classificação climática de Gaussem, o bioclima predominante na área é o 3dth

nordestino sub-seco, com precipitação pluviométrica média anual de 1400 mm. Pela

classificação de Kopper, o clima é o tipo As’ (BRASIL, 1972), o qual se caracteriza

como quente e úmido, com chuvas de outono-inverno. A temperatura média oscila entre

21 e 26 °C, com variações mensais mínimas.

Foram utilizadas oito cabras, mestiças de Saanen x Alpina Americana,

multíparas e primíparas, com peso vivo médio de 50 ± 5,19 kg, com 50 dias de lactação.

Os animais foram tratados contra endo e ectoparasitas; em seguida, permaneceram

alojados em baias individuais, com piso de cimento, providas de comedouro e

bebedouro, para fornecimento da dieta total e água ad libitum.

O experimento teve duração de 76 dias, sendo composto de quatro períodos de

dezenove dias, dos quais os primeiros 14 dias de cada período foram utilizados para

adaptação dos animais às dietas experimentais e os 5 dias seguintes destinados a coleta

de dados para determinação do consumo e digestibilidade aparente dos nutrientes pela

técnica in vitro, com coleta parcial de fezes e urina, coleta do sangue e para avaliação do

comportamento ingestivo e da quantificação da produção de leite e coleta de amostras

de leite.

Os tratamentos avaliados foram:

Tratamento 1 (SO) = 0% de óleo vegetal

Tratamento 2 (OF) = adição de 4% de óleo de Faveleira na matéria seca da dieta

Tratamento 3 (OG) = adição de 4% de óleo de Gergelim na matéria seca da dieta

Tratamento 4 (OM) = adição de 4% de óleo de Mamona na matéria seca da dieta

A proporção dos ingredientes nas dietas e a composição dos alimentos e das

dietas experimentais encontram-se nas Tabelas 1 e 2, respectivamente. As dietas foram

formuladas de acordo com o NRC (2007) de modo que a proteína bruta de 0,14 e o teor

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

63

de EE do suplemento (4% na base da matéria seca) fossem mantidos constantes para

atender as exigências de cabras em lactação com produção de 2 kg/cabra/dia e 4% de

gordura de leite.

Os animais eram alimentados, na forma de mistura completa, duas vezes ao dia

logo após as ordenhas (7h30 e 16h30). Para permitir consumo voluntário trabalhou-se

com sobra de 10% do oferecida, sendo ajustada diariamente.

Tabela 1. Composição química dos ingredientes das rações experimentação com base na matéria

seca.

Item Ingredientes (% MS)

Feno de tifton Milho moído Farelo de soja

Matéria Seca1 85,78 87,67 87,74

Matéria Orgânica 91,49 98,67 98,67

Matéria Mineral 8,51 1,33 1,33

Proteína Bruta 8,16 9,77 56,98

Extrato Etéreo 2,53 4,37 2,51

Fibra em Detergente Neutro2 65,35 15,65 17,33

Fibra em Detergente Ácido2 33,40 4,14 6,43

Lignina 4,79 1,81 0,76

Carboidratos Totais 80,80 84,52 33,29

Carboidratos Não Fibrosos 15,45 68,88 15,96

Proteína Insolúvel em Detergente Neutro 3,08 1,11 9,14

Proteína Insolúvel em Detergente Ácido 0,66 1,14 1,38 1 % com base na matéria natural;

2 Isenta de cinzas e proteínas

As concentrações em fibra das dietas foram mantidas constantes por meio da

oferta de feno de capim tifton (Cynodon spp.) como forrageira exclusiva e

corresponderam a 34,35% (dieta controle) e 34,19% (dietas com óleo) de FDN oriunda

da forragem. O feno de tifton foi moído em máquina tipo “DMP” (desintegrador,

moedor e picador), utilizando peneira de 10 mm, para em seguida ser misturado aos

outros ingredientes da ração experimental. A relação volumoso:concentrado nas dietas

foi de, aproximadamente, 49:51, em matéria seca, conforme dados apresentados na

Tabela 2.

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

64

Tabela 2. Composição percentual e química das rações experimentais.

Item

Tratamentos (dietas)1

SO OF OG OM

Proporções dos Ingredientes (% MS)

Feno Tifton 49,30 49,06 49,06 49,06

Milho moído 37,29 32,99 32,99 32,99

Farelo soja 10,79 11,34 11,34 11,34

Óleo de faveleira 0,00 4,00 0,00 0,00

Óleo de gergelim 0,00 0,00 4,00 0,00

Óleo de mamona 0,00 0,00 0,00 4,00

Núcleo mineral2 1,37 1,47 1,47 1,47

Calcáreo Calcítico 1,25 1,13 1,13 1,13

Composição química

Matéria Seca3 86,99 87,42 87,42 87,42

Matéria Orgânica 91,91 91,96 91,96 91,96

Matéria Mineral 8,09 8,04 8,04 8,04

Proteína Bruta 13,82 13,69 13,69 13,69

Extrato Etéreo 3,15 6,97 6,97 6,97

Fibra em Detergente Neutro4 39,92 39,19 39,19 39,19

Fibra em Detergente Ácido4 18,70 18,48 18,48 18,48

Lignina 3,12 3,03 3,03 3,03

Carboidratos Totais 74,95 71,31 71,31 71,31

Carboidratos Não Fibrosos 35,02 32,12 32,12 32,12

Proteína Insolúvel em Detergente Neutro 2,92 2,91 2,91 2,91

Proteína Insolúvel em Detergente Ácido 0,90 0,86 0,86 0,86

Nutrientes Digestíveis Totais 61,61 69,68 69,05 69,19

Energia Metabolizável (Mcal/kg) 2,36 2,64 2,67 2,60 1 SO = Sem óleo (controle); OF = óleo de faveleira; OG = óleo de gergelim; OM = óleo de mamona

2 Suplemento mineral (nutrientes/kg de suplemento): Ca = 210 g; P = 70 g; Mg = 5 g; F = 700,00 mg;

Zn = 3,010 mg; Cu = 440 mg; Mn = 1,485 mg; Co = 25 mg; Fe = 340 mg; Cr = 6,00 mg; Se = 20 mg;

I = 48 mg; S = 10 g; Vit. A = 250.000,00 UI/kg; Vit. D3 = 40.000,00 UI/kg; Vit E = 350,00 UI/kg 3 % com base na matéria natural;

4 Isenta de cinzas e proteína;

5 Sniffen et al., (1992);

6 EM (Mcal/kg)

= ED (Mcal/kg) * 0,86.

Os ingredientes, as dietas e as sobras foram analisados de acordo com Silva e

Queiroz (2002). Para determinação da lignina, foi usada a metodologia descrita por Van

Soest (1967), com a utilização de ácido sulfúrico (H2SO4) a 72%. Para determinação das

frações da parede celular, fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido

(FDA), utilizou-se metodologia recomendada pelo fabricante do aparelho ANKON, da

Ankon Technology Corporation, com modificação em relação aos sacos, onde foram

utilizados sacos de tecido-não-tecido (TNT – 100 g/m2), confeccionados de acordo com

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

65

a metodologia de Van Soest et al. (1991), com modificações em relação aos sacos, em

que se utilizou sacos de TNT (tecido-não-tecido) gramatura 100 mm confeccionados no

Laboratório de Nutrição Animal e Avaliação de Alimentos – CCA/UFPB. Em todas as

amostras, a FDN e a FDA foram corrigidas para cinza e proteína, os resíduos da

digestão em detergente neutro e detergente ácido foram incinerados em mufla a 600 oC

por 4 horas, e a correção para proteína foi efetuada considerando a proteína insolúvel

em detergente neutro (PIDN) e a proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA).

Para a estimativa dos carboidratos totais (CHOT) utilizou-se equação proposta

por Sniffen et al. (1992): CHOT = 100 - (%PB + %EE + %Cinzas). Os carboidratos

não fibrosos (CNF) foram estimados utilizando as equações preconizada por Hall et al.

(1999): CNF = %CHOT - %FDN, sendo a FDN corrigida para cinzas (c) e proteína (p)

(FDNcp). Na determinação da PIDN e PIDA foi empregada metodologia descrita por

Licitra et al. (1996).

O consumo de nutrientes digestíveis totais (CNDT) e percentagem de NDT foi

estimado segundo Sniffen et al. (1992): CNDT = (PB ingerida - PB fecal) + 2,25*(EE

ingerido - EE fecal) + (FDN ingerido - FDN fecal) + (CNF ingerido – CNF fecal),

obtido em ensaio de digestibilidade; %NDT = (Consumo de NDT / Consumo de

MS)*100.

A conversão dos valores de NDT das dietas para energia digestível (ED) e

energia metabolizável (EM) foi realizada através das equações descritas pelo NRC

(2001): ED (Mcal/kg) = 0,04409*NDT (%); EM (Mcal/kg) = ED (Mcal/kg) * 0,86,

que corresponde a eficiência de utilização da ED, conforme Resende (1989). Para a

conversão do NDT em energia líquida, adotou-se a equação de Moe et al. (1972), que

corresponde à energia líquida no nível de mantença, EL (Mcal/kg) = 0,0245*NDT(%)

– 0,12. As análises bromatológicas foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal

e Avaliação de Alimentos – CCA/UFPB.

Os dados de consumo foram obtidos por meio dos registros do alimento

oferecido, de sobras e da coleta de amostras da dieta e de sobras, realizada durante os

cinco dias últimos de cada período experimental. As sobras dos alimentos foram

pesadas pela manhã em sua totalidade, sendo 10% amostrados.

Ao serem coletadas, as amostras de sobras foram acondicionadas em sacos

plásticos com as devidas identificações dos animais, tratamentos e período de coleta e,

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

66

em seguida, congeladas a -15 °C. Ao final de cada período, foi retirada uma amostra

composta para cada animal de aproximadamente, 250 g. As amostras foram pré-secas

em estufa com ventilação forçada (55 a 65 °C) por 72 horas e moídas em moinho de

facas tipo Wiley com peneiras de malha de um milímetro.

A variação de peso dos animais foi avaliada por meio de pesagens efetuadas no

início e final de cada período experimental. O controle leiteiro foi realizado diariamente

através da pesagem individual, durante os cinco dias experimentais, após ordenha

manual das cabras duas vezes ao dia (07h00 e 16h00). Antes de se iniciar a ordenha, as

tetas das cabras eram higienizadas e em seguida realizado o teste da caneca de fundo

preto para diagnóstico de mastite clínica. No 1º, 3º e 5º dia do período experimental foi

realizada a colheita do leite para análises físico-químicas. A amostra colhida pela manhã

era acondicionada em ambiente refrigerado, sendo em seguida, misturada com a

amostra da ordenha da tarde, formando uma amostra composta/cabra/dia, respeitando-se

a proporção de leite produzido por turno manhã:tarde (60% e 40%), sendo colhido um

total de 200 mL (120 mL e 80 mL, manhã e trade, respectivamente). Logo após, o leite

era armazenado em recipientes de polietileno, previamente, higienizados com água

destilada e esterilizados em estufa a 105 ºC por 20 minutos, a fim de não haver

contaminação, para, assim, ser congelado a - 20 ºC.

Após cada período de coleta, o leite foi analisado no Laboratório de

Bromatologia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba. Os

procedimentos de ordenha e manipulação do leite seguiram recomendações do

Regulamento Técnico de Produção, Identidade e Qualidade do leite de cabra (Brasil,

2000).

Nas análises físico-químicas do leite foram determinados os teores de proteína,

pelo método Micro-Kjedahl (métodos AOAC, 991.20) (AOAC, 1998); extrato seco

total, por secagem até obtenção de peso constante (método AOAC, 925.23) (AOAC,

1998); lipídios, utilizando-se o lactobutirômetro de Gerber (Instituto Adolfo Lutz,

2005); e lactose (em g/100 g), pela redução de Fehling (Instituto Adolfo Lutz, 2005).

Determinaram-se ainda o índice de densidade por leitura em termolactodensímetro a 15

ºC (Instituto Adolfo Lutz, 2005) e a acidez, expressa em °D (método AOAC 947.05)

(AOAC, 1998).

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

67

A correção da produção de leite para 4% de gordura foi realizada segundo o

NRC (2001), utilizando-se a seguinte formula: LCG 4% (kg/dia) = 0,4x leite (kg/dia) +

15 x gordura (kg/dia). A correção do leite para sólidos totais foi realizada conforme

Tyrrel e Reid (1965), utilizando-se a equação: LCST = (12,3 x g de gordura) + (6,56 x

g de sólidos não gordurosos) – (0,0752 x kg de leite).

No cálculo do balanço de nitrogênio, consideraram-se as quantidades de

nitrogênio (g/dia) consumidas e excretadas no leite, fezes e urina: BN (g/dia) =

Nconsumido – Nfezes – Nurina - Nleite. A partir desses valores, procedeu-se ao cálculo

para quantificação do nitrogênio retido (NRet), descontando-se do BN o valor estimado

(AFRC, 1993) da exigência para nitrogênio basal (NEB), que considera o N endógeno

tecidual e as perdas dérmicas de N como 0,35 e 0,018 do peso metabólico,

respectivamente: NEB (g/dia) = (0,35 + 0,018) * PV0,75

. Assim, o valor de NRet foi

expresso como: NRet (g/dia) = (Nconsumido – Nfezes – Nurina – Nleite) – NEB.

Enquanto a eficiência de utilização do nitrogênio foi obtida pela divisão entre o

nitrogênio contido no leite e o nitrogênio consumido: EN = Nleite / Nconsumido.

No 16o dia do período de colheita, foram coletadas amostras spot de urina,

aproximadamente 4 horas após a alimentação, durante micção espontânea. Alíquotas de

30 mL da urina pura foram coletadas e armazenadas a -20°C para análise de análise do

N total pelo método N Kjeldahl (AOAC, 1998) e 10 mL das amostras foram diluídas em

40 mL de H2SO4 a 0,036N, estas amostras foram preparadas com pH inferior a 3 para

evitar a destruição bacteriana dos derivados de purinas urinária e a precipitação do ácido

úrico, sendo submetida à análise de creatinina, utilizando-se kit comercial (Labtest) para

estimativa do volume urinário. O volume urinário foi obtido, para cada animal,

multiplicando-se o respectivo PV pela excreção diária média de creatinina de 26,05

mg/L (FONSECA et al., 2006) e dividindo-se esse produto pela concentração de

creatinina (mg/L) na amostra spot de urina.

O consumo de energia foi calculado através da concentração energética contida

na ração e consumido pelos animais. As exigências em energia metabolizável de

mantença (EMm (kcal/dia) = 120*PV0,75

) e a energia líquida de mantença (ELm

(Mcal/dia) = 0,0777*PV0,75

) foram estimadas segundo o NRC (2007) e Cannas et al.

(2007), respectivamente. A exigência de energia líquida de produção (ELp) foi calculada

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

68

segundo equação proposta por Tyrrell e Reid (1965): ELp = PL* [(0,0929 * %gordura)

+ (0,0547 * %proteína) + (0,0395 * %lactose)].

A estimativa da eficiência líquida de utilização da energia metabolizável para a

produção de leite (kl) foi calculada pela razão entre o valor de energia do leite produzido

e o consumo de energia metabolizável total subtraído do consumo de energia para a

mantença: k l = ELp / CEM - CEMm.

A estimativa da eficiência bruta de utilização da energia metabolizável para a

produção de leite (km+p) foi feita calculando-se a razão entre a exigência líquida para a

produção de leite e o consumo de energia metabolizável total (CEM), segundo Luo et al.

(2004): km+p = (CELm + ELp) / CEM.

O balanço energético correspondeu a consumo de energia líquida (CEL) menos

a exigência de energia líquida para mantença e produção. A variação de peso dos

animais foi acompanhada por meio de pesagens efetuadas no inicio e final de cada

período experimental.

Os animais foram pesados pela manhã, imediatamente antes do fornecimento do

alimento, no início e ao final de cada período de colheita. A eficiência alimentar foi

obtida dividindo-se a PLCG 4% pela ingestão de matéria seca verificada durante o

período de colheita.

O delineamento experimental utilizado consistiu de quadrado latino (4x4),

quatro períodos e quatro dietas, sendo cada tratamento constituído por duas parcelas. Os

dados foram submetidos à análise de variância, utilizando o programa PROC GLM do

Statistical Analysis System (SAS, 1996), as médias dos tratamentos foram comparadas

pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. Utilizando-se o seguinte modelo

matemático:

Yijkl = μ Qi + Ti + Pk +A(i)l + QTij + εijk

Onde: Yijk = Observação na cabra j, no período k, submetida ao tratamento i,

com i, j, k = 1, 2, 3, 4; μ = efeito geral da média; Qi é o efeito do quadrado latino, com

Q = 1,2; Ti = efeito do tratamento i, sendo i = 1, 2, 3, 4; Pk é o efeito do período k; A é

o efeito da cabra l no quadrado i com l = 1, 2, 3, 4; QT é a interação do efeito com o

quadrado latino i x tratamento j e ξijk = erro aleatório associado a cada observação

Yijkl.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

69

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A inclusão de óleo proporcionou maior consumo de EE pelos animais que

consumiram as dietas adicionadas de óleo, o que já era esperado, pelo alto teor de

lipídios nestas dietas (6,97%) em relação ao tratamento controle (3,15%) (Tabela 3). Os

consumos de CNF foram maiores (P<0,05) para o grupo de animais que receberam a

dieta controle diferindo apenas daqueles que receberam a dieta contendo óleo de

mamona, independente da forma em que foi expresso. Provavelmente estes resultados

estejam associados ao menor CMS entre os animais que receberam a dieta controle e os

que receberam a dieta adicionada de óleo de mamona.

Tabela 3. Médias e coeficiente de variação (CV) para peso corporal inicial (PCI), peso corporal final

(PCF), consumo de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em

detergente neutro (FDN), extrato etéreo (EE), carboidratos não fibrosos (CNF) e consumo de

energia por cabras alimentadas com dietas contendo diferentes formas de suplementação

lipídica

Consumo Tratamento (dietas)

1

CV (%) SO OF OG OM

PCI 52,88 54,33 54,53 52,52 3,75

PCF 53,40 54,26 54,65 52,75 3,87

Consumo (kg/animal/dia)

MS 2,24 2,21 2,10 1,98 11,17

MO 2,07 2,03 1,93 1,83 11,13

PB 0,32 0,31 0,30 0,28 10,38

FDN 0,82 0,79 0,71 0,72 14,89

EE 0,08b 0,16ª 0,15ª 0,14ª 13,23

CNF 0,84ª 0,77ab

0,76ab

0,69b 11,70

Consumo (% peso vivo)

MS 4,20 4,08 3,88 3,80 9,64

MO 3,88 3,75 3,58 3,50 9,66

PB 0,60 0,58 0,56 0,54 8,91

FDN 1,54 1,47 1,32 1,37 13,29

EE 0,14b 0,29ª 0,28ª 0,27ª 12,54

CNF 1,59ª 1,41ab

1,42ab

1,32b 10,57

Consumo (g/kg peso metabólico)

MS 113,04 110,59 105,06 101,90 9,38

MO 104,26 101,72 96,65 93,81 9,40

PB 16,09 15,70 14,96 14,37 8,44

FDN 41,48 39,80 35,71 36,80 13,20

EE 3,87b 7,85ª 7,68ª 7,36ª 11,33

CNF 42,82ª 38,38ab

38,30ab

35,27b 10,36

Médias nas linhas seguidas por letras iguais não diferem entre si pelo teste Tukey (5%). 1SO= Sem óleo (controle); OF = Óleo de faveleira; OG = Óleo de gergelim; OM = Óleo de mamona.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

70

A suplementação lipídica reduziu o consumo de CNF pelos animais, o que já era

esperado, pois este componente dietético foi substituído pelo EE suplementar. O

consumo de CNF foi maior para o grupo de animais que receberam a dieta controle do

que para os que receberam adicional de OM em suas dietas, tendo o demais grupo não

diferido da dieta controle.

A adição de óleo na dieta não influenciou a produção de leite (kg/dia) quando

comparadas com a dieta controle, com exceção da dieta adicionada de óleo de mamona

a qual apresentou à menor PL (kg/dia). O mesmo comportamento foi observado para

PLCG 4% e PLCST (Tabela 4). Corroborando com os resultados observados para CMS,

refletindo eficiência semelhante de conversão de alimento em leite. A produção dos

constituintes do leite reflete a diferença na PL. Os resultados observados neste estudo

corroboram com aqueles observado por Queiroga et al. (2010), que adicionando 3,0 e

5,0% de óleo de mamona na dieta de cabras leiteiras encontrou a menor produção de

leite para esse tratamento.

Tabela 4. Produção e composição de leite de cabras leiteiras recebendo diferentes fontes de óleo vegetal

na dieta

Item Tratamentos (dietas)

1

CV (%) SO OF OG OM

Produção

PL (kg/dia) 2,75a 2,65

a 2,71

a 2,23

b 8,80

PLCG 4 % (kg/dia)3 2,37

a 2,36

ab 2,34

ab 1,99

b 11,48

PLCST (kg)4 2,62

a 2,53

a 2,55

a 1,98

b 12,05

Produção de constituintes do leite (g/dia)

Sólidos totais 325,60ª 309,90ª 316,29ª 238,81b 12,73

SNG 240,70ª 223,04ª 232,75ª 165,17b 15,33

Proteína 101,79a 96,95

a 101,87

a 76,99

b 10,30

Gordura 84,90 86,86 83,54 73,65 14,54

Lactose 112,57ab

111,21ab

115,86a 93,88

b 10,39

Composição do leite (%)

Sólidos totais 11,84 11,68 11,68 10,76 8,64

SNG 8,64 8,42 8,65 7,50 12,94

Proteína 3,70ab

3,67ab

3,75ª 3,45b 6,00

Gordura 3,14 3,27 3,03 3,26 9,49

Lactose 4,09 4,18 4,27 4,21 3,93

Cinzas 0,76 0,76 0,80 0,77 7,23

Acidez (g/100g) 0,13ab

0,14ª 0,13ab

0,12b 8,59

Eficiência

EA – PL/CMS (kg/kg) 1,10 1,09 1,12 1,01 15,38

Média com letras na mesma linha diferem estatisticamente (P<0,05); 1 SO = sem óleo; OF = óleo de

faveleira; OG = óleo de gergelim; OM = óleo de mamona; PL = produção de leite; PLCG = produção de

leite corrigida para gordura; PLCST = produção de leite corrigida para sólidos totais; SNG = sólidos não

gordurosos; EA = eficiência alimentar.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

71

Chilliard et al. (2003) relataram aumento no conteúdo de gordura do leite de

cabras alimentadas com diferentes tipos de óleos insaturados. Para Araújo et al. (2009),

o efeito da dieta sobre o conteúdo de gordura no leite é dependente basicamente da

quantidade e qualidade da fração fibrosa da dieta. No presente não houve influência da

adição de óleo sobre o teor de gordura do leite independente da forma como foi

expresso, provavelmente, de vido as dietas terem sido formuladas para apresentar o

mesmo teor de fibra.

A concentração e a produção diária de gordura, no presente estudo, não foram

influenciadas pelos tratamentos apresentando valores médios de 3,17% e 82,24 (g/d),

respectivamente. Esses valores são semelhantes aos relatados por Soryal et al. (2004),

que ao fornecerem diferentes níveis de concentrado a cabras Alpinas, observaram

variação e 2,38 a 3,72% nos teores de gordura. Segundo Sanz Sampelayo et al. (2007),

o percentual de gordura e proteína no leite pode aumentar se o limite da capacidade

produtiva animal já tenha sido atingida.

Mesmo tendo as dietas sido formuladas de forma a serem isoprotéicas, a

suplementação das dietas com óleo vegetal influenciou a composição de proteína do

leite (g/d), tendo os animais que receberam as dietas contendo OF ou OG apresentado

resultados igual (96,95 g/d e 101,87 g/d, respectivamente) àqueles que receberam a

dieta controle (101,79 g/d) enquanto que os animais que receberam dietas contendo OM

deprimiram a produção de proteína do leite produzido (76,99 g/d). O leite produzido

pelos animais que consumiram a dieta com OG apresentaram maior percentual de

proteína (3,75%), se apresentando diferente em relação ao leite das cabras

suplementadas com a dieta adicionada de OM (3,45 %). Já os animais que receberam as

dietas controle ou OF apresentaram resultados iguais aos leites das cabras alimentadas

com OG ou OM (3,70% e 3,67%, respectivamente). Sugerindo que, apesar da dieta ser

isoprotéica, os animais que receberam a dieta contendo OM não atingiram totalmente a

sua capacidade produtiva.

Segundo Chilliard et al. (2003), o teor de proteína do leite de cabra não se altera

em resposta a suplementação lipídica, já no presente estudo, observa-se que quando

suplementas com 4% de óleo de gergelim na MS da dieta os animais aumentaram os

teores de proteína presente no leite quando comparados com os resultados apresentados

pelos animais que receberam suplementação com óleo de mamona ou faveleira na MS

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

72

de sua dieta. Para Santos et al. (2001), quando há substituição de carboidratos

disponíveis por lipídios no rúmen, os lipídios têm efeito tóxico sobre os microrganismos

do rúmen, causando redução no crescimento microbiano e efeito sobre o transporte de

aminoácidos para a glândula mamária. Assim, o conteúdo de proteína do leite pode

diminuir com a deficiência de um ou mais aminoácidos.

De acordo com Fagan et al. (2010), o teor de proteína do leite depende do perfil

de aminoácidos absorvidos, sendo estes, reflexo da proteína metabolizável disponível no

intestino delgado. Acredita-se que, mais da metade das proteínas metabolizáveis é

composta pela proteína microbiana considerada a fonte de maior valor biológico

disponível ao ruminante. Sendo assim, a melhoria na produção de proteína microbiana é

primordial para aumentar a síntese de proteínas do leite. Os resultados observados no

presente trabalho são consequência daqueles observados para o consumo de matéria

seca, uma vez que, a produção de leite é uma consequência, dentre outros fatores, do

potencial produtivo do animal e do consumo de nutrientes oriundos da dieta.

Os valores de proteína encontrados nesse estudo foram semelhantes aos

encontrados por Fernandes et al. (2008), que observaram valores médios de 3,23% no

leite de cabras alimentadas com óleo de semente de algodão ou girassol; e por Pereira et

al. (2010), que encontraram valores médios de proteína de 3,18% quando

suplementaram cabras leiteiras com óleo de licuri ou mamona; no entanto, foram

superiores aos encontrados por Queiroga et al. (2007) no leite de cabras Saanen (2,7%).

Soryal et al. (2004) observaram variação de 2,26 a 3,35% de proteína no leite de cabras

Alpinas alimentadas com diferentes níveis de concentrado na dieta.

A produção de sólidos totais neste estudo foi semelhante aos encontrados por

Queiroga et al. (2007), (11,4%) para cabras Saanen e por Silva et al. (2010), (11,09 e

11,43%) para suplementação com sementes de faveleira ou torta de faveleira,

respectivamente, em dietas para cabras Saanen. De acordo com Araújo et al. (2009), a

produção de sólidos não gordurosos está diretamente relacionada com a produção de

sólidos totais, de gordura e de leite. Portanto, os resultados encontrados neste estudo

seguem o mesmo comportamento verificado para essas variáveis por aqueles autores.

De acordo com os limites referidos pela legislação brasileira para o leite de cabra

(BRASIL, 2000), os valores referentes ao SNG estão dentro do estabelecido que é de

8,4%.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

73

De acordo com Gozaléz et al. (2001), a lactose é um dos componentes mais

estáveis da composição química do leite e está diretamente relacionada à regulação da

pressão osmótica, de forma que maior produção de lactose determina maior produção de

leite com mesmo teor de lactose. Neste estudo, a dieta contendo óleo de mamona

deprimiu o teor de lactose (g/d) do leite em comparação aos demais tratamentos, o que

não era esperado, uma vez que a lactose é o nutriente mais estável do leite, ou seja,

menos susceptível a alterações.

Em relação à acidez (ºD), houve influência da adição de lipídios na dieta tendo o

leite produzido pelos animais que receberam a dieta com óleo de mamona apresentado-

se menos ácido, entretanto, os valores observados no presente estudo para os demais

tratamentos estão de acordo com os limites estabelecidos pela legislação vigente, que

são de 13 a 18 ºD. Portanto, as variações observadas podem estar relacionadas a

diferenças no teor dos ácidos carboxílicos e no perfil microbiológico do leite. No

entanto, foram inferiores aos encontrados por Queiroga et al. (2007), que apresentaram

valor médio de 15,2 ºD para o leite de cabras Saanen e aos encontrados por Silva et al.

(2010), cujos valores foram de 16,75 ºD e 15,66 ºD para cabras Saanen suplementadas

com semente de faveleira e torta de faveleira, respectivamente.

Os balanços de energia líquida foram positivos com relação à exigência de

mantença e produção (Tabela 5). Os animais alimentados com a dieta adicionada de

óleo de faveleira tiveram maior consumo de energia (EM e EL) quando comparadas

com os demais tratamentos. No entanto, o consumo de NDT não foi alterado pela adição

de óleo na dieta, comportamento já esperado uma vez que as dietas foram formuladas de

acordo com as recomendações do NRC (2007) em que é preconizado 5,13 Mcal/dia de

EM total e 1,419 kg/dia de NDT para cabras em lactação pesando 50 kg com produção

diária de 2 kg de leite. Esta diferença reforça o conceito postulado por Van Soest (1994)

em que os caprinos são animais seletivos capazes de selecionar as partes mais nutritivas

do alimento. Os valores deste trabalho para eficiência líquida da EM (kl) apresentaram

valores médios de 0,60, tendo a dieta controle se mostrado melhor do que as demais. A

eficiência bruta da EM (km+p) para produção de leite na foi afetada pela adição de óleo

na dieta.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

74

Tabela 5. Consumo e a eficiência de utilização da energia por cabras recebendo diferentes fontes de

óleos vegetais na dieta

Item Tratamento (dieta)

1

CV (%)2

SO OF OG OM

Exigências3

EMm (Mcal/d) 2,36 2,42 2,41 2,34

ELm (Mcal/d) 1,53 1,57 1,56 1,52

ELp (Mcal/kg leite) 1,79 1,78 1,79 1,48

Consumo4

NDT (kg/d) 1,38 1,54 1,45 1,37 10,53

EM (Mcal/d) 5,24 5,80 5,60 5,18 10,58

EL (Mcal/d) 3,14b 3,50

a 3,37

ab 3,10

b 2,92

Eficiência e Balanço Energético5

K l 0,73a 0,55

b 0,56

b 0,57

b 20,93

K m+p 0,65 0,58 0,60 0,58 11,45

BEL -0,17 0,16 -0,02 0,10 18,98

Média com letras na mesma linha diferem estatisticamente (P<0,05); 1 SO = sem óleo; OF = óleo de

faveleira; OG = óleo de gergelim; OM = óleo de mamona; 2Coeficiente de variação;

3EMm=energia

metabolizável para mantença; ELm=energia líquida para mantença e ELp=energia líquida para produção; 4NDT=Nutrientes digestíveis totais; Energia Metabolizável (EM) = EM (Mcal/d) = ED (Mcal/d) * 0,86;

EL=energia líquida; 5Kl =Eficiência líquida de utilização da energia metabolizável; Km+p = Eficiência

bruta da utilização da energia metabolizável e BEL = balanço de energia líquida.

É possível que os maiores valores encontrados para a eficiência de uso de

energia da dieta controle tenha sido um reflexo do potencial de resposta para a produção

de leite pelas cabras, o que contribuiu para uma ineficiência no uso da energia. Os

animais alimentados com as dietas com adição de OF e OG apresentaram maior

consumo de NDT, sem redução nos valores de digestibilidade das rações (Capítulo II

desta tese). A resposta na produção de leite foi correspondente, o que era esperado,

devido à maior disponibilidade de energia. Os resultados apresentados nesse estudo são

semelhantes aos encontrados por Silva et al. (2007) de 0,54 para kl e 0,64 para km+p.

Os animais alimentados com as dietas SO (controle) ou OG mesmo com os

menores valores de consumo de energia direcionaram a energia para a produção de leite,

comportamento também observado com o balanço de energia líquida (BEL), que

apresentaram valores negativos. O que corresponde a um nível crítico onde o animal

precisa dispor de suas reservas corporais para manter a produção de leite. Short e

Adams, (1988) enfatizam que a utilização da energia pelos animais é um resultado da

complexa interação entre a quantidade e a qualidade da dieta, suas reservas corporais e a

demanda do seu metabolismo e produção.

Na Tabela 6 são mostrados os valores médios obtidos para o balanço de

compostos nitrogenados (N) das dietas experimentais. O consumo de N foi semelhante

(P>0,05) entre as dietas estudadas. Não houve diferenças significativas (P>0,05) entre o

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

75

N ingerido e o N excretado nas fezes e na urina, valores estes utilizados para o cálculo

do balanço de compostos nitrogenados.

Apesar de não diferirem estatisticamente as dietas com OF e com OM

apresentaram valores positivos, revelando melhor eficiência de utilização do nitrogênio.

A excreção de nitrogênio no leite (g/dia) que foi maior nos animais que recebiam a dieta

controle, tendo as dietas contendo OF ou OG se comportado igual à dieta controle

enquanto que a dieta contendo OM deprimiu o teor de nitrogênio no leite (P<0,05), o

que provavelmente, está relacionado com a menor quantidade de leite produzida pelos

animais que recebiam a dieta com óleo de mamona. Corroborando com os resultados

observados para CMS (Tabela 3) e PL (kg/dia) (Tabela 4), refletindo a diferença na

produção leite.

Tabela 6. Balanço e eficiência de utilização do nitrogênio obtidos para cabras leiteiras alimentadas com

dietas apresentando diferentes fontes de óleo vegetal

Itens Tratamentos (dietas)

1

CV (%) SO OF OG OM

Balanço

Ingestão de N (g/dia) 51,32 50,19 47,72 44,80 9,82

N nas fezes (g/dia) 16,36 13,77 13,22 16,19 45,98

N na urina (g/dia) 17,88 16,93 20,08 19,52 23,08

N no leite (g/dia) 15,96ª 15,20ª 15,72ª 12,07b 11,54

Balanço de N (g/dia) 1,12 4,29 -1,28 -3,08 31,09

N endógeno basal (g/dia) 7,23 7,36 7,38 7,18 2,69

N retido (g/dia) -6,11 -3,07 -8,66 -10,27 30,42

Eficiência

EN – N leite/CN (g/g) 0,31 0,31 0,33 0,27 16,17

Medias com letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente (P<0,05); 1OS= Sem óleo

(controle); OF = Óleo de faveleira; OG = Óleo de gergelim; OM = Óleo de mamona; EN = eficiência de

utilização do nitrogênio; CV = coeficiente de variação.

Não foi detectada diferença no balanço de nitrogênio (BN) em g/dia entre os

diferentes óleos vegetais (P>0,05), sendo o BN negativo para os animais que receberam

as dietas adicionadas de óleo de gergelim ou mamona. No entanto, a EN mostra que os

animais alimentados com OG foram mais eficientes na utilização do nitrogênio quando

comparados com aqueles que receberam as dietas controle ou OF. Os animais que

receberam a dieta adicionada com OM foram menos eficiente na utilização do

nitrogênio para síntese de leite, apesar das dietas terem sido formuladas para serem

isoprotéicas. O que pode estar relacionado com o menor CMS e a menor PL dos animais

alimentados com essa dieta. Para Cordeiro et al. (2007) menor eficiência de utilização

de nitrogênio pode estar associada ao perfil de aminoácidos requeridos para a lactação,

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

76

pois a partir do momento que não satisfazem as exigências para produção do leite, os

aminoácidos fornecidos pela dieta e/ou pelos microrganismos ruminais são utilizados

em outras rotas metabólicas.

O nitrogênio endógeno basal (NEB) representa a exigência de nitrogênio para

manter as atividades metabólicas basais, como a renovação celular. Os mais altos

consumos de energia foram observados com a dieta adicionada de OF ou OG. Assim, os

maiores valores observados com essas dietas sugerem a possibilidade de haver maior

aproveitamento dos nutrientes para deposição e renovação das proteínas teciduais.

Apesar dos resultados observados para N retido terem sido negativos os resultados

observados para EN foram positivos indicando que eficiência na utilização do

nitrogênio para síntese de leite.

CONCLUSÕES

A suplementação com os óleos estudados influi na resposta de consumo de

extrato etéreo e carboidratos não fibrosos da dieta. Entre os tipos de óleos estudados, a

adição de 4% de óleo de faveleira ou óleo de gergelim não causa prejuízos ao

desempenho e características do leite produzido. A adição do óleo de mamona na dieta

de cabras no período da lactação deprime a produção de leite e o teor de proteína do

leite.

A adição dos óleos estudados não afeta a eficiência alimentar, a eficiência de

utilização do nitrogênio e o consumo de energia tendo, o óleo de faveleira, melhorado o

consumo de energia líquida. A eficiência de utilização da energia metabolizável é

reduzida com a adição de óleo na dieta de cabras em lactação.

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

77

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGRICULTURAL AND FOOD RESEARCH COUNCIL – AFRC. Energy and

Protein Requerements of Ruminants. Wallingford, UK: CAB international, 1993,

159p.

ARAÚJO, M.J.; MEDEIROS, A.N.; SILVA, D.S.; et al. Produção e composição do

leite de cabras Moxotó submetidas a dietas com feno de maniçoba (Manihot glaziovii

Muell Arg.). Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.10, n.4, p. 860-873,

out/dez, 2009.

ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS – AOAC. Official

Methods of Analysis. 16. ed., 4 rev., 2v, 1998.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Levantamento exploratório reconhecimento de

solos do estado da Paraíba. Rio de Janeiro: MA/SUDENE, 1972.669p. (boletim

Técnico, 15).

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Secretaria Nacional de Defesa

Agropecuária. Regulamento Técnico de Produção, Identidade e Qualidade do Leite de

Cabra. Instrução Normativa nº 37. Brasília, 2000.

BERNARD, L.; SHINGFIELD, K.J.; ROUEL, J. et al. Effect of plant oils in the diet on

performance and milk fatty acid composition in goats fed diets based on grass hay or

maize silage. British Journal of Nutrition, 101, 213-224, 2008.

BOMFIM, M.A.D.; SILVA, M.M.C.; SANTOS, S.F. dos. Potencialidades da utilização

de subprodutos da indústria de biodiesel na alimentação de caprinos e ovinos.

Tecnologia & Ciência Agropecuária, v.3, n.4, p. 15-26, dez., 2009.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

78

CANNAS, A., TEDESCHI, L.O., FOX, D.G. Prediction of metabolizable energy intake

and energy balance of goats with the Small Ruminant Nutrition System. In:

International Symposium on Energy and Protein Metabolism and Nutrition, 2nd, Vichy,

France. September 9-13, 2007. Anais. 2007. 569-570 p.

CORDEIRO, C.F.A; PEREIRA, M.L.A.; MENDONÇA, S.S. et al. Consumo e

digestibilidade total dos nutrientes e produção e composição do leite de vacas

alimentadas com teores crescentes de proteína bruta na dieta contendo cana-de-açúcar e

concentrados. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.6, p. 2118-2126, 2007.

CHILLIARD, Y.A.; FERLAY, A.; ROUEL, J. et al. A review of nutritional and

physiological factor affecting goat milk lipid synthesis and lipolysis. Journal Dairy

Science, v.86, n. 1751-1770, 2003.

DOREAU, M.; CHILLIARD, Y. Effect of ruminal or postruminal fish oil

supplementation on intake and digestion in dairy cows. Reproduction, nutrition,

development, v.37, p.113-124, 1997.

FAGAN, E.P.; JOBIM, C.C; CALIXTO JÚNIOR, M. et al. Fatores ambientais e de

manejo sobre a composição química do leite em granjas leiteiras do Estado do Paraná,

Brasil. Acta Scientiarum. Animal Sciences, v.32, n.3, p.309-316, 2010.

FERNANDES, M.F.; QUEIROGA, R.C.R.E.; MEDEIROS, A.N. et al. Características

físico-químicas e perfil lipídico do leite de cabras mestiças Moxotó alimentadas com

dietas suplementadas com óleo de semente de algodão ou de girassol. Revista

Brasileira de Zootecnia, v.37, n.4, p. 703-710, 2008.

FONSECA, C.E.M.; VALADARES, R.F.D.; VALADARES FILHO, S.C. et al.

Estimativa da produção microbiana em cabras lactantes alimentadas com diferentes

teores de proteína na dieta. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.3, p.1169-1177,

2006 (supl.).

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

79

GONZÁLEZ, F.H.D.; DURR, J.W.; FONTANELLI, R. Uso de leite para monitorar a

nutrição e metabolismo de vacas leiteiras. Porto Alegre: UFRGS, 2001. 72p.

HAENLEIN, G.F.W. Goats milk in human nutrition. Small Ruminant Research, v.51,

n.1, p. 155-163, 2004.

HALL, M.B.; HOOVER, W.H.; JENNINGS, J.P. et al. A method for partitioning

neutral detergent soluble carbohydrates. Journal Science Food Agriculture, London,

v.79, p.2079-2086, 1999.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ – IAL. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. São

Paulo: O instituto, 2005.

LICITRA, G.; HERNANDES, T.M.; Van SOEST, P.J. Standardization of procedures

for nitrogen fractionation of ruminant feeds. Animal Feed Science Technology, v.57,

n.11, p.347-358, 1996.

LÓPEZ, S.E.; LÓPEZ, J.; STUMPF JUNIOR, W. Parâmetro séricos de vacas leiteiras

na fase inicial de lactação suplementadas com diferentes fontes de gordura. Archivos

Latinoamericanos de Producción Animal, v.12, p.96-102, 2004.

LUO, J.; GOETSCH, A.L.; NSAHLAI, I.V. et al. Maintenance energy requirements of

goats: predictions based on observations of heat and recovered energy. Small

Ruminant Research, v.53, p.221-230, 2004.

MOE, P.W.; FLATT, W.P.; TYRREL, H.F. Net energy value of feeds for lactation.

Journal of Dairy Science, v.55, p.945, 1972.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrient requirement of small

ruminants. 1. ed. Washington: NAP, 2007. 362p.

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

80

NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrient Requirements of Dairy

Cattle. 7th

Revised Edition. Washington, D.C.: National Academy Press, 2001. 363p.

PALMQUIST D.L.; JENKIND, T.C. Fat in lactation rations: review. Journal Dairy

Science, v. 63, p. 1-14, 1980.

PARK, Y.W.; JUAREZ, M.; RAMOS, M.; et al. Physico-chemical characteristic of goat

and sheep milk. Small Ruminant Research, v.68, n.1-2, p.88-113, 2007.

PEREIRA, R.A.G.; OLIVEIRA, C.J.B.; MEDEIROS, A.N. et al. Physicochemical and

sensory characteristics of milk from goats supplemented with castor or licuri oil.

Journal Dairy Science, v.93, p. 456-462, 2010.

QUEIROGA, R.C.R.E.; COSTA, R.G.; BISCONTINI, T.M.B. et al. Influência do

manejo do rebanho, das condições higiênicas da ordenha e da fase de lactação na

composição química do leite de cabras Saanen. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36,

n.2, p.430-437, 2007.

QUEIROGA, R.C.R.E.; MAIA, M.O.; MEDEIROS, A.N.; et al. Produção e

composição química do leite de cabras mestiças Moxotó sob suplementação com óleo

de licuri ou de mamona. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.1, p.204-209, 2010.

RESENDE, K.T. Métodos de estimative da composição corporal e exigências

nutricionais de proteína, energia e macroelementos inorgânicos de caprinos em

crescimento. Viçosa: UFV, 1989. 130p. Tese (Doutorado em Zootecnia). Universidade

Federal de Viçosa, 1989.

SANTOS , F.L.; SILVA, M.T.C.; LANA, R.P. et al. Efeito da suplementação de

lipídios na ração sobre a produção de ácido linoléico conjugado (CLA) e a composição

da gordura do leite de vacas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.6, p. 1931-1938,

2001.

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

81

SANTOS, S.F; BOMFIM, M.A.D.; CÂNDIDO, M.J.D. et al. Efeito da casca de

mamona sobre a produção composição e ácidos graxos do leite de cabra. Archivos de

Zootecnia, v.60, n.229, p.113-122, 2011.

SANZ SAMPELAYO, M.R.; CHILLIARD, Y.; SCHMIDELY, Ph. et al. Influence of

type of diet on the fat constituents of goat and sheep milk. Small Ruminant Research,

v. 68, n.1-2, p. 42-63, 2007.

SHORT, R.E.; ADAMS, D.C. Nutritional and hormonal interrelationships in beef cattle

reproduction. Canadian Journal of Animal Science, v. 68: p.29-39, 1988.

SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de Alimentos: métodos químicos e biológicos.

Viçosa-MG: UFV, 2002. 235p.

SILVA, M.M.C.; RODRIGUES, M.T.; BRANCO, R.H. et al. Suplementação de

lipídios em dietas para cabras em lactação: consumo e eficiência de utilização de

nutrientes. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.1, p. 257-267, 2007.

SILVA, G.L.S.; SILVA, A.M.A.; NÓBREGA, G.H. et al. Consumo, digestibilidade e

produção de cabras leiteiras alimentadas com dietas contendo diferentes fontes de

lipídios. Acta Scientiarum Animal Sciences, v.35, n.1, p.47-53, 2010.

SNIFFEN, C.J.; O’CONNOR, J.D.; VAN SOEST, P.J. et al. A net carbohydrate and

protein system for evaluating cattle diets: II. Carbohydrate and protein availability.

Journal of Animal Science, v.70, p.3562-3577, 1992.

SORYAL, K.A; ZENG, S.S.; MIN, B.R. et al. Effect of feeding systems on concentrate

of goat milk e yield of Domiati cheese. Small Ruminant Research, v.54, n. 1-2, p.

121-129, 2004.

STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM - SAS. User’s guide: statistics. Versão 6.12.

Cary: North Carolina State University, 1996. 956p.

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

82

VAN SOEST, P.J. Development of a comprehensive system of feed analysis and its

applications to forages. Journal of Animal Science, v.26, n.1, p.119-128, 1967.

VAN SOEST, P.J.; RBERTSON, J.B.; LEWIS, B.A. Methods of dietary fiber, neural

detergent fiber, and nonstarch polysaccharids in relation to animal nutrition. Journal of

animla Science, v.74, p.3583-3597, 1991.

VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. Ithaca: Cornell

University Press, 1994. 476p.

TYRREL, H.F.; REID, J.T. Prediction of energy value of cow’s milk. Journal of Dairy

Science, v.48, n.9, p. 1215-1223, 1965.

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

83

CONSIDERAÇÕES FINAIS E IMPLICAÇÕES

Trabalhos que visam à utilização de fontes nutricionais alternativas para

caprinos são de grande importância para a melhoria do desempenho e da produção do

rebanho, devendo ser conduzidos dentro das condições ambientais onde os animais são

explorados e da exploração racional das espécies nativas e/ou adaptadas da região.

O presente estudo se propôs a avaliar o desempenho e a produção de leite

oriundo de cabras mestiças Saanen x Alpina Americana com importância econômica

para a região Nordeste por suas características adaptativas e produtivas, utilizando

diferentes fontes de óleo vegetal na dieta. Essa alternativa surge como meio de

incentivar os produtores da região a terem alimentos alternativos em energia para os

animais, principalmente, na época de escassez das chuvas e também um meio de

conservação das espécies nativas e adaptadas da Caatinga como forma de promover o

reflorestamento da região.

Este enfoque em se produzir leite de cabra, pode ser uma possibilidade de

melhorar a sustentabilidade dos pequenos agricultores com a exploração racional dos

recursos naturais do Semiárido Nordestino, devido este leite ser conhecidamente

utilizado como alternativa para a alimentação de crianças e adultos sensíveis ou

alérgicos ao leite de vaca. Todos estes aspectos são importantes e relevantes para

regiões semiáridas do Brasil e do mundo.

A utilização do óleo de faveleira ou gergelim pode suplementar a dieta para

cabras mestiças Saanen x Alpina Americana em lactação sem causar alterações no

desempenho dos animais. No entanto, o uso de qualquer uma dessas fontes de óleo fica

a critério do produtor dado a sazonalidade e da característica endêmica da faveleira,

bem como, pelo fato de que a cultura do gergelim na região semiárida do Nordeste

ainda não ter se tornado uma exploração de importância econômica tornando o óleo

oriundo da prensagem de suas sementes um produto de alto custo e de baixa oferta no

mercado. Apesar da mamoeira se ajustar bem com o clima e as condições de solo do

Semiárido, da vasta aplicação do óleo de mamona na indústria química e, da

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/.../files/darkle_luiza_de_souza.pdf · Darklê Luiza de Souza, filha de Maria Neuza de Souza, nascida em 13 de julho

84

propriedade exclusiva desse com a solubilidade em álcool, responsável pela menor

rancidez do óleo tornando-o mais atraente para o consumo animal, os resultados obtidos

pelo presente estudo demonstraram que o óleo de mamona na dieta de cabras em

lactação deprime o desempenho e a produção de leite quando suplementado a um nível

de 4% na matéria seca da dieta.