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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES - CCTA DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO CURSO COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS PAULO JORGE LACERDA RODRIGUES COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL NA PERSPECTIVA DA EMPRESA FAMILIAR: Estudo de Caso, SERCON - Serviços Contábeis JOÃO PESSOA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB

CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES - CCTA

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO

CURSO COMUNICAÇÃO SOCIAL

HABILITAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS

PAULO JORGE LACERDA RODRIGUES

COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL NA PERSPECTIVA DA EMPRESA

FAMILIAR: Estudo de Caso, SERCON - Serviços Contábeis

JOÃO PESSOA

2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - UFPB

PAULO JORGE LACERDA RODRIGUES

COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL NA PERSPECTIVA DA EMPRESA

FAMILIAR: Estudo de Caso, SERCON - Serviços Contábeis

Monografia apresentada à Coordenação do Curso

de Graduação em Comunicação Social

habilitação em Relações Públicas, do Centro de

Comunicação Turismo e Artes da Universidade

Federal da Paraíba, em cumprimento às

Exigências para a Obtenção do Grau de Bacharel

em Comunicação Social habilitação em Relações

Públicas.

Orientador Prof. Dr. Severino Alves de Lucena Filho

JOÃO PESSOA

2014

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PAULO JORGE LACERDA RODRIGUES

COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL NA PERSPECTIVA DA EMPRESA

FAMILIAR: Estudo de Caso, SERCON - Serviços Contábeis

Monografia apresentada à Coordenação do Curso

de Graduação em Comunicação Social

habilitação em Relações Públicas, do Centro de

Comunicação Turismo e Artes da Universidade

Federal da Paraíba, em cumprimento às

Exigências para a Obtenção do Grau de Bacharel

em Comunicação Social habilitação em Relações

Públicas.

Aprovado em ____/____/____

Resultado: ______________________

Banca Examinadora

___________________________________________

Prof. Dr. Severino Alves de Lucena Filho

Orientador

___________________________________________

Profa. Dra. Suelly Maux

Examinadora

___________________________________________

Prof. Ms. Felipe Brasileiro

Examinador

Média __________

JOÃO PESSOA

2014

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pelo dom da vida, e pela coragem para trabalhar sem questionar o

tamanho do fardo que se carrega, por estar sempre ao meu lado e me consolar e dar forças em todos os

momentos.

A meu Pai, meu Herói, Pedro (In Memorian), que mesmo já tendo partido para um plano

superior creio que esteve e está todos os dias ao meu lado dando força e incentivando a jamais desistir,

sempre puxando minha orelha, me aconselhando e torcendo pelo meu sucesso. Pai, eu sei, o senhor

não sai do meu lado nunca, e quando tem jogo do Flamengo então...

A minha Mãe, Nilma, Guerreira, Rainha, que luta todos os dias para sempre oferecer dela o

que pode em troca de minha felicidade, abrindo mão da própria saúde inclusive, para cuidar dos seus

como uma verdadeira mãe-coruja.

A minha amada Esposa Cristiane, minha companheira de luta de todos os dias, que me apoia e

me anima, a mulher que é capaz de iluminar o mais escuro dos dias com um simples sorriso (sua

marca registrada), que irradia felicidade por onde quer que ela vá, sempre pensando nos outros e

dando o melhor de si. Te amarei eternamente!

Aos meus irmãos, Carlos, Pedro e Anna, pelo apoio e amor incontestáveis, cada um do seu

jeito, claro, mas sempre por perto, ou não.

A minha família que mesmo distante, cada um no seu lar, sempre envia uma mensagem de

carinho e apoio, e está sempre disposta a apoiar e ajudar quando é preciso seja para o que for.

Aos Carvalho Fernandes, minha nova família que me adotou como a um filho, mesmo

insistindo em me chamar de “agregado”, possuem na casa de cada um a estima e a vontade de viver

ímpares. Minha Sogra Maria do Carmo, que amo como a uma mãe, minha “cunhadinha” mais linda

Clarissa, minha “irmã mais velha” Terezinha, de quem sou fã assumido e por ela farei o que for

preciso seja onde for, enfim, e a todos os Carvalho Fernandes que não cabem nessa página.

Ao meu querido Professor Severino, por todo o incentivo e perseverança, que acreditou em

mim quando fraquejei.

Aos queridos Professores Suelly Maux e Felipe Brasileiro, pelo apoio em avaliar meu

trabalho, e a todos os demais que me ajudaram a cumprir essa etapa, obrigado.

A todos os amigos que fiz durante essa jornada de quase 6 anos, entre greves e férias extras,

Romário, Manu, Karen, Rafael, Rummenig, David, Antonio, Fabíola, Maysa, Luana, obrigado pela

companhia, discussões, entendimentos e os poucos desentendimentos. Obrigado a Nayara, Cândida,

Rejane, Carol, dias divertidos tivemos, e aos mais recentes, porém não menos importantes, Babi,

Drika, Luciano, meu muito obrigado a vocês todos. Sentirei saudades!

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“No que diz respeito ao empenho, ao compromisso,

ao esforço, à dedicação, não existe meio termo. Ou

você faz uma coisa bem feita ou não faz”.

Ayrton Senna

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RESUMO

A comunicação é cada vez mais decisiva para toda e qualquer organização, por isso elas

devem prezar pela transmissão de uma boa comunicação organizacional para interação com

seus públicos. As Empresas Familiares têm uma necessidade real de aprimorar o

desenvolvimento dos fluxos de comunicação e de interação com seus públicos, pois essas

organizações atuam com influencia familiar na tomada de decisões, e isso acaba por limitar o

seu potencial de crescimento em face de uma comunicação mal estruturada. Esse trabalho

propôs a elaboração de um estudo de caso em torno da comunicação da empresa SERCON –

Serviços Contábeis Ltda. No que diz respeito ao seu público externo e interno, buscamos

identificar e estruturar os instrumentos de comunicação já utilizados pela instituição. Para

tanto, realizou-se uma coleta de dados sobre a organização, e uma pesquisa de campo com

seus colaboradores, a respeito da comunicação da empresa, sua estrutura e relação com

clientes/empresas. A partir do resultado da análise dos dados coletados, foi sugerida uma

melhoria nos instrumentos de comunicação da SERCON, buscando solucionar alguns

problemas diagnosticados. Foi sugerida ainda a realização de um Plano de Comunicação,

assim como a criação de um Setor de Comunicação na empresa, que passaria a gerir as

políticas e diretrizes da comunicação, tornando melhor a relação com seus clientes/empresas.

Palavras-chave: Comunicação Organizacional. Empresa Familiar. Instrumentos de

Comunicação. Plano de Comunicação. Público Externo e Público Interno.

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ABSTRACT

Communication is increasingly crucial for any organization, so they should cherish the

transmission of a good organizational communication to interact with their audiences. The

Family Business have a real need to enhance the development of communication flows and

interaction with their audiences, as these organizations work with family influence in decision

making, and this ultimately limits their growth potential in the face of Miscommunication

structured . This paper proposed the development of a case study about the communication of

the company SERCON – Serviços Contábeis Ltda. With regard to its external and internal

stakeholders, we seek to identify and structure the communication tools already used by the

institution. For both, there was a collection of data about the organization, and a field research

with its employees about the company's communication, its structure and relationship with

clients/companies. From the result of analyzing the data collected, it was suggested an

improvement in communication tools of SERCON, seeking to solve some problems

diagnosed. It was also suggested conducting a Communication Plan, as well as the creation of

a Department of Communication at the company, which would manage the policies and

guidelines of the communication, making a better relationship with your clients/companies.

Keywords: Organizational Communication. Family Business. Communication Tools.

Communication Plan. Internal and External Public.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Aspectos básicos do conceito de empresa familiar .............................................. 31

Figura 02 – Publicação Interna SERCON sobre Escrituração Contábil .................................. 45

Figura 03 – Tela da Caixa de Entrada de E-mail da SERCON ............................................... 46

Figura 04 – Visão da Fachada da SERCON ............................................................................ 47

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Motivação para trabalhar na SERCON .............................................................. 48

Gráfico 02 – Sobre a Missão da SERCON .............................................................................. 49

Gráfico 03 – Acesso à Internet ................................................................................................ 49

Gráfico 04 – Sobre a comunicação via E-mail da SERCON .................................................. 50

Gráfico 05 – Sobre a Fachada Externa .................................................................................... 51

Gráfico 06 – Quantos colaboradores lêem Publicação: Informativo SERCON, sobre

escrituração contábil ........................................................................................... 51

Gráfico 07 – Publicação: Informativo SERCON, sobre escrituração contábil, opinião geral

dos colaboradores. .............................................................................................. 52

Gráfico 08 – Opinião Específica dos Colaboradores sobre a Publicação, Informativo

SERCON: sobre escrituração contábil ............................................................... 53

Gráfico 09 – Sobre a estética da Publicação, Informativo SERCON: sobre escrituração

contábil (quantidade de páginas, tamanho da fonte, etc.) .................................. 53

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Dimensões e medição do grau de influência sobre a empresa ........................... 32

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12

2. METODOLOGIA ...................................................................................................... 14

2.1. DEFINIÇÃO DE MÉTODOS ..................................................................................... 14

3. COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL ............................................................... 16

3.1. COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL NO BRASIL ............................................ 18

3.2. A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL NAS

EMPRESAS ................................................................................................................. 20

3.3. NOVOS ATRIBUTOS DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL ..................... 22

3.4. ASPECTOS DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL ...................................... 25

3.4.1. Os Níveis de Comunicação Organizacional ............................................................. 26

3.4.2. Os Fluxos de Comunicação nas Organizações ........................................................ 26

3.4.3 As Redes de Comunicação Organizacional ............................................................. 27

3.5. O PAPEL DAS RELAÇÕES PÚBLICAS NAS ORGANIZAÇÕES ......................... 27

4. EMPRESAS FAMILIARES ..................................................................................... 31

4.1. CONCEITO DE EMPRESA FAMILIAR ................................................................... 31

4.2. COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL NA EMPRESA FAMILIAR .................... 33

5. ESTUDO DE CASO .................................................................................................. 41

5.1. A SERCON – SERVIÇOS CONTÁBEIS, UM BREVE HISTÓRICO ...................... 41

5.2. CULTURA ORGANIZACIONAL ............................................................................. 42

5.3. MISSÃO, VISÃO E VALORES ................................................................................. 43

5.3.1. Missão ......................................................................................................................... 43

5.3.2. Visão ............................................................................................................................ 43

5.3.3. Valores ........................................................................................................................ 43

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5.4. INSTRUMENTOS DE COMUNICAÇÃO DA SERCON – SERVIÇOS

CONTÁBEIS ............................................................................................................... 44

5.5. ANÁLISE DOS INSTRUMENTOS DE COMUNICAÇÃO DA SERCON .............. 47

5.6. ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA .................................................................. 47

5.7. CONCLUSÃO DA PESQUISA .................................................................................. 54

6. PROPOSTA DE RELAÇÕES PÚBLICAS PARA A OTIMIZAÇÃO DA

COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL NA SERCON - SERVIÇOS

CONTÁBEIS .............................................................................................................. 55

7. CONSIDERAÇÕES .................................................................................................. 57

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59

APÊNDICE ................................................................................................................ 61

Apêndice A .................................................................................................................. 62

Apêndice B .................................................................................................................. 63

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1. INTRODUÇÃO

A SERCON – Serviços Contábeis é uma Empresa Familiar, criada com o objetivo de

oferecer serviços de escrituração contábil a clientes/empresas da cidade de João Pessoa e

Região, primando pela qualidade e agilidade de seus serviços, sempre com ética profissional e

honradez.

Percebendo a oportunidade de realizar um trabalho em uma organização particular, de

cunho familiar, que possui diversos públicos e potencial para assessorar diversas empresas

com serviços contábeis, foi contatada a SERCON Serviços Contábeis, para realizarmos um

estudo sobre Comunicação Organizacional com a perspectiva de uma Empresa Familiar.

Dessa forma, além de colaborar com a organização e a formação acadêmico-profissional,

cumprimos com a exigência de construção do trabalho de conclusão do curso de

Comunicação Social, habilitação em Relações Públicas, pela Universidade Federal da Paraíba

(UFPB).

Com o crescimento e aparecimento de novas organizações destinadas ao estudo das

empresas familiares e, conforme Tillmann e Grzybovski (2007) apud Moraes Filho (2009),

por serem responsáveis pelo desenvolvimento econômico e social, pelo aumento do número

de empregos e do mercado consumidor e pela melhoria da distribuição de renda, as pesquisas

têm proporcionado uma variedade de produções relacionadas ao campo organizacional,

devido à presença maciça desses negócios no mundo todo (CASTRO et. al. (2008) apud

Moraes Filho (2009)).

Apesar do aumento vertiginoso de publicações, o referido tema, ainda apresenta

carências e muitas lacunas em diversos assuntos. Como dificuldade ao entendimento do tema,

é a ausência de unanimidade sobre o conceito de empresas familiares. Cada estudioso leva em

consideração a definição que acredita ser a melhor com base em diferentes critérios e,

conforme Cavedon e Ferraz (2003) apud. Moraes Filho (2009), a definição varia de acordo

com cada autor.

Vários pesquisadores acreditam que a preparação acadêmica e profissional do herdeiro

é fator preponderante ao êxito da sucessão familiar, mas pouca atenção é dispensada ao

relacionamento entre o pai e o filho que pode receber a melhor educação, experiência e

conhecimentos ao adequado desempenho de suas atividades, mas, se a relação com o patriarca

for conflituosa, de nada pode vir a adiantar todo o esforço dispensado ao longo de muitos

anos, comprometendo, seriamente, o êxito do processo sucessório.

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Estruturado em cinco partes, a pesquisa em questão parte da discussão teórica acerca

da temática do objeto de estudo, onde expomos os conceitos que nos deram subsídios e a

metodologia para a execução da pesquisa. Diversos autores ligados às Relações Públicas e a

Comunicação Organizacional, assim como outras disciplinas, como Administração foram

citados para o bom entendimento deste trabalho.

Na segunda parte, apresentamos abordamos o tema da comunicação organizacional,

pilar principal desse estudo, onde estão todos os dados e informações que caracterizam a

comunicação organizacional organização.

Na terceira parte, apresentamos o conceito de Empresa Familiar, no qual mostramos

embasamento teórico a respeito do tema proposto, dessa forma, pudemos conhecer

caracterizar a empresa com a qual trabalhamos, e a partir de tais informações, pudemos traçar,

a princípio, o norteamento da pesquisa em questão.

Em seguida, apresentamos a empresa Objeto de Estudo, falando sobre sua história e

como funciona seu corpo de trabalho, sua Missão, Visão, Valores, e, quais os instrumentos de

comunicação utilizados pela empresa, fazendo um estudo sobre os mesmos para detectar os

problemas existentes nos processos comunicacionais, utilizando da pesquisa de campo,

através de questionários aplicados junto aos colaboradores com o objetivo de conhecermos

suas percepções acerca da empresa.

De posse dos dados e das informações obtidas na pesquisa, obtivemos subsídios para

elaboramos um diagnóstico com as principais falhas nos instrumentos de comunicação da

organização e sugerir uma proposta de Relações Públicas para otimização da Comunicação

Organizacional na SERCON Serviços Contábeis.

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2. METODOLOGIA

Para realizar qualquer trabalho cientifico, é importante destacar as pesquisas e

métodos que servirão para direcionar a busca e a análise do conhecimento.

Metodologia, segundo Rampazzo (2005, p.73) “trata-se da linha filosófica, política ou

ideológica de um autor, pesquisador ou estudioso”. Desse modo, o método deve ser coerente e

seguir uma “linha” de pesquisa compatível com o raciocínio desenvolvido, formando assim

uma unidade lógica.

De acordo com Gil (2006, p. 26), “para que um conhecimento possa ser considerado

cientifico, torna-se necessário identificar operações mentais e técnicas que possibilitam a sua

verificação”. Sobre essa perspectiva, entende-se que o conhecimento científico descreve a

realidade de forma racional, sem que a ótica individual do pesquisador interfira de modo

direto.

Dessa maneira, pode-se afirmar que:

Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua

veracidade ou falsidade conhecida por meio da experimentação e não apenas pela

razão [...]. É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente,

formando um sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e

desconexos. Possui característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações

(hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência.

Constitui-se em um conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto

ou final, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o

desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.

(MARCONI; LAKATOS, 2001, p. 20).

Com o intuito de cumprir a proposta do presente trabalho cientifico, serão

apresentados os procedimentos metodológicos utilizados em sua elaboração.

2.1. DEFINIÇÃO DOS MÉTODOS

De acordo com Rampazzo (2005, p. 130), a monografia “segue diretrizes da

metodologia científica. Por isso [...] ela precisa de um tema bem definido, uma introdução,

um corpo de trabalho, uma conclusão e as referências bibliográficas”.

Para alcançar os fins deste trabalho, a sua metodologia apresentará uma pesquisa

exploratória, a fim de analisar as teorias que envolvem a comunicação organizacional,

constatando o resultado e aplicabilidade dessas teorias.

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Segundo Mattar (2000). A pesquisa exploratória possibilita desenvolver conceitos e

idéias, e visa prover o pesquisador de um maior conhecimento sobre o tema ou problema de

pesquisa em perspectiva. Esse modelo é apropriado para se estabelecer uma familiaridade

maior com o fenômeno estudado. Mesmo que o pesquisador já possua conhecimentos sobre o

assunto, esta pesquisa irá auxiliar na busca de novos pontos de vista.

Com base no exposto, Gil (2006, p. 43) afirma que:

A pesquisa exploratória tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e

modificar conceitos e idéias, tendo em vista, a formulação de problemas mais

precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. [...]. habitualmente

envolvem levantamento bibliográfico e documental [...] e estudos de caso.

Para complementação do trabalho, será realizado um estudo de caso sobre a empresa

SERCON – Serviços Contábeis, que foi escolhida por atuar num molde de negócio familiar,

tema desta pesquisa.

O estudo de caso é um estudo empírico que investiga um fenômeno atual dentro do

seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não

são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidencia (YIN,

1981 apud GIL, 2006, p.73)

Cesar (2012, p.4) complementa dizendo que análise de caso, ou estudo de caso, “é

uma unidade de análise, que pode ser um indivíduo, o papel desempenhado por um indivíduo

ou uma organização, um pequeno grupo, uma comunidade, ou até mesmo uma nação”.

Portanto, a utilização desse estudo profundo para análise da empresa escolhida é

imprescindível. De acordo com Mattar (2000), é um método de pesquisa exploratória, e por

isso, convém lembrar que seu objetivo é gerar hipóteses, além de possibilitar a ampliação dos

conhecimentos sobre o problema.

Para o presente estudo, o estudo de caso baseia-se na análise de dados obtidos através

da elaboração de questionários, aplicados junto aos colaboradores da empresa objeto de

estudo, além da revisão da literatura disponível em fontes primárias de informação como

livros, artigos, monografias, entre outros referentes ao assunto, que irão contribuir para a

avaliação da comunicação organizacional no ambiente da empresa familiar.

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3. COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL

Como a comunicação entre organizações é um fato ainda recente e com um escopo

teórico relativamente pequeno em relação em outras áreas, os pesquisadores ainda não

definiram um termo padronizado para defini-la. Atualmente, os termos mais utilizados são

Comunicação Empresarial, Comunicação Corporativa, Comunicação Institucional, dentre

outros.

Neste trabalho, o termo utilizado para designar a comunicação dentro de organizações

será Comunicação Organizacional. Kunsch (2003) defende o uso desse termo por achar que

ele é mais amplo, não se restringe somente às empresas e corporações, ele está presente em

ONGs, associações, sindicatos, ou seja, todas as organizações.

Torquato (2009), um dos primeiros a trabalhar com esta área no Brasil, explica o

motivo para se utilizar tal denominação:

Campanhas políticas, campanhas institucionais, tanto na esfera privada quanto na

pública, sinalizavam um novo tempo. Não havia mais sentido em se restringir a

comunicação ao exclusivo mundo das empresas. A organização – sindical,

associativa, partidária – tornou-se referência para abrigar a nova realidade. Por isso,

substitui o termo “comunicação empresarial” pelo guarda-chuva mais largo da

“comunicação organizacional. [...] Tratava-se, afinal, de reconhecer a irrefutável

realidade: a comunicação resvalava para outros terrenos e espaços, ampliando o

escopo e adicionando novos campos ao território da comunicação empresarial.

Sindicatos, federações, confederações, agremiações, escolas, clubes e partidos

políticos começavam a usar, de maneira intensa, as ferramentas da comunicação. A

área pública deu grandes avanços no sentido da profissionalização de suas estruturas

de comunicação (TORQUATO, 2009, p.26).

Portanto, devemos ressaltar que toda vez que o termo Comunicação for empregado

neste trabalho, será referência a Comunicação Organizacional, mesmo que outros autores não

utilizem este termo para defini-la.

A Comunicação Organizacional como a conhecemos hoje são advindas da Revolução

Industrial no século XIX, que ensejou rápidas e grandes transformações em todo o mundo

(Kunsch, 1997). Com a conseqüente expansão das empresas no século XIX, propiciou o

surgimento de mudanças nos relacionamentos, nos processos de produção e comercialização.

Nesse contexto, podemos sintetizar algumas causas do surgimento da Comunicação

Organizacional (TORQUATO, In. Kunsch, 1997), entre outros:

O progresso das indústrias trouxe consigo a automação, dando-se então uma

mudança radical nas relações entre empregadores e empregados;

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A divisão do trabalho e a conseqüente necessidade de maior especialização,

decorrentes da criação de unidades separadas na estrutura organizacional;

As facilidades inerentes ao regime de produção em massa passaram a exigir das

organizações maiores esforços para torná-las conhecidas e promover seus produtos

e serviços;

O desenvolvimento dos meios de comunicação de massa e das indústrias das

comunicações influenciou no comportamento das empresas, que se viram

compelidas a prestar mais informações aos seus públicos.

Esse quadro obrigaria as organizações a criarem novas formas de comunicação não só

com o público interno, mas também com seus demais públicos.

Com as mudanças ocorridas mundialmente a partir de 1989, com o fim da Guerra Fria

e com o surgimento do processo de Globalização, a Comunicação Organizacional alterou por

completo seu comportamento institucional, passando a comunicação, a ser uma área

estratégica imprescindível para ajudá-las a enxergar e detectar as oportunidades e também as

ameaças do macroambiente (KUNSCH, 1997).

Ainda segundo Kunsch (1997), o mercado da Comunicação Organizacional é bastante

promissor, sendo hoje, um campo consolidado, com órgãos de classes, numerosas prestadoras

de serviços e centenas de departamentos internos nas empresas e instituições, apesar de

muitas delas ainda não perceberem seu real valor econômico. As perspectivas da área de

Comunicação Organizacional são bastante otimistas, considerando que, com a estabilidade

econômica, o Brasil deverá receber maiores investimentos externos e o mercado interno

tenderá a se expandir, crescendo, conseqüentemente, as oportunidades de negócios dessa área

em seu próprio contexto e no conjunto da indústria das comunicações.

O termo, Comunicação Organizacional, é usado indistintamente tanto no Brasil, como

em outros países para designar o trabalho de comunicação realizado nas organizações em

geral. Nos Estados Unidos, ele é mais utilizado quando se designa para a comunicação

interna, cabendo à área de Relações Públicas como um todo, a área de comunicação externa.

Goldhaber (In. Kunsch, 1997) defende que:

“A Comunicação Organizacional é considerada como um processo dinâmico por

meio do qual as organizações se relacionam com o meio ambiente e por meio do

qual as subpartes da organização se conectam entre si. Por conseguinte, a

Comunicação Organizacional pode ser vista como o fluxo de mensagens dentro de

uma rede de relações interdependentes”.

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Kreeps (idem), outro consagrado autor norte-americano, a concebe como:

“(...) o processo pelo qual membros conseguem informações pertinentes sobre sua

organização e mudanças que nela ocorrem. A comunicação ajuda os membros da

organização, tornando-os capazes de discutirem experiências organizacionais

críticas e desenvolverem informações relevantes que desmistificam atividades

organizacionais e mudança organizacional”.

Essas duas concepções concentram-se muito mais nos aspectos de relacionamento

interno com o meio ambiente, não expressando a visão que temos aqui no Brasil de um

envolvimento de áreas.

Isso demonstra que não existe uma teoria única acerca da comunicação organizacional.

Nossa proposta é no sentido de que se adote essa expressão que, além de abranger todo o

espectro das atividades comunicacionais, apresenta maior amplitude, aplicando-se a qualquer

tipo de organização e não só àquilo que se chama “empresa”.

3.1. Comunicação Organizacional no Brasil

Por volta da década de 1970, as empresas e associações, evidentemente, já se

comunicavam. Porem, naquela época, as atividades de comunicação desenvolvidas eram

totalmente fragmentadas. “Seria prematuro imaginar que se tivesse verdadeiramente uma

Comunicação Organizacional, no sentido amplo com que é conceituada hoje em dia”

(BUENO, 2003, p.3).

Na verdade, a expressão “Comunicação Organizacional” era desconhecida àquela

época. Atividades de comunicação como a edição de publicações empresariais, a assessoria de

imprensa, a organização de eventos, a publicidade e o marketing eram desenvolvidas

isoladamente. Na maioria dos casos, estas atividades eram assumidas por departamentos e

profissionais que não possuíam vinculo algum. O resultado era uma comunicação difusa,

muitas vezes contraditória. Bueno (2003, p.4), explica que é preciso entender o contexto em

que as empresas, e o próprio país, se inseriam naquele momento: “Vivia-se em pleno regime

de exceção, e a postura empresarial se afinava, muitas vezes, com a truculência dos militares.

Não havia espaço para diálogo e participação”.

Poucas eram as empresas que classificavam as atividades de comunicação como uma

ferramenta importante. Nesse primeiro momento as publicações estavam atreladas às áreas de

Recursos Humanos. Esta fase também coincide com a implantação dos primeiros cursos de

comunicação no Brasil. Isso pode explicar o fato de se encontrar, naquele tempo, poucos

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profissionais da área nas empresas. Aqueles que ainda estavam por vir começaram a aparecer

a partir dos anos 1970. Esta década sinaliza mudanças para a cultura de comunicação das

organizações. Pouco a pouco, os profissionais começam a chegar, e a importância do mercado

de comunicação organizacional começa a ficar mais visível.

Já na década de 1980, o impulso que faltava à comunicação empresarial foi dado, e o

seu status nas organizações passou a ser, efetivamente, um campo de trabalho vantajoso,

atraindo profissionais de todas as áreas. O jornalismo empresarial e as atividades de Relações

Públicas se profissionalizaram com a chegada dos cursos de comunicação, e também pelo

regime democrático, que entrou em vigor e exigiu nova postura das organizações.

No ano de 1983, a Comtexto Comunicação e Pesquisa, que acabava de ser fundada,

realizou o I Congresso Brasileiro de Comunicação Empresarial, o primeiro a contemplar a

área como um todo, e era então instituído o Prêmio Comtexto de Comunicação Empresarial.

Poucos anos depois a ABERJE, Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, começou

a realizar seus eventos focando a comunicação em sua amplitude, e o famoso Prêmio Aberje,

que já era conhecido desde 1976, se estendeu para contemplar trabalho de comunicação que

ultrapassavam os limites do Jornalismo Empresarial.

Ainda na segunda metade da década de 1980, o grupo Rhodia lançou uma experiência

que marcou a comunicação organizacional brasileira. A Rhodia adotou a políticas “Portas

Abertas” nesse período, lançando um Plano de Comunicação Social que revolucionou a

relação empresa-sociedade. Ao mesmo tempo, criou o Departamento de Valorização do

Consumidor (DVC), com a primeira ouvidoria externa. (RHODIA, 2013)

Tratava-se de uma iniciativa pioneira no mercado, já que, antes dela, nenhuma outra

organização havia tornado público o seu projeto de comunicação. Esta atitude influenciou

outras organizações e, posicionou a comunicação organizacional como imprescindível no

processo de tomada de decisões.

Já nos anos 1990, o conceito passou a ser estratégico para as organizações, se

vinculando diretamente ao negócio, e sendo assumida por profissionais da comunicação ou do

mercado que a empresa se inseria. Esta mudança acarretou um novo perfil para a área,

demandando, planejamento, recursos, tecnologias e profissionais capacitados para exercê-la.

Da mesma forma, serviu de estímulo para as empresas criarem uma autêntica cultura de

comunicação e atendimento, o que valorizou os públicos internos e a adoção de atributos

como profissionalismo, ética, transparência, agilidade e exercício pleno da cidadania

(BUENO, 2003).

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Atualmente, esse tipo de comunicação vem evoluindo para um novo patamar,

tornando-se um membro importante do processo de inteligência organizacional. A

comunicação empresarial consegue usufruir das novas tecnologias, explorar novas mídias1, e,

sobretudo, elevar ao máximo a interface entre as empresas e a sociedade.

3.2. A Importância da Comunicação Organizacional nas Empresas

A comunicação exerce uma grande influenciam o equilíbrio, desenvolvimento e

expansão das empresas. Ao entrarmos no século XXI, a comunicação ganhou força em

praticamente todos os setores de uma organização. Nós estamos inseridos em uma era mais

sofisticada em termos de comunicação. Como a informação viaja à velocidade da luz,

resultado de avanços tecnológicos como a internet e os blogs, é perceptível que a sociedade

exige estar cada vez mais informada hoje sobre as missões, visões e valores das organizações.

Argenti (2006, p.12) apud. Mendonça (2013) afirma que “as pessoas tendem a ser mais bem

informadas sobre questões empresariais e mais céticas em relação às intenções das empresas”.

De acordo com o site Comunicação Organizacional On Line2 (2014):

A Comunicação Organizacional (Empresarial, Corporativa ou Institucional)

compreende um conjunto complexo de atividades, ações, estratégias, produtos e

processos desenvolvidos para reforçar a imagem de uma empresa ou entidade

(sindicato, órgãos governamentais, ONGs, associações, universidades etc) junto aos

seus públicos de interesse (consumidores, empregados, formadores de opinião,

classe política ou empresarial, acionistas, comunidade acadêmica ou financeira,

jornalistas etc) ou junto à opinião pública

Bahia (1995) ratifica que quando a organização constrói um canal de comunicação

com a sociedade, ela alcança especializações como Relações Públicas, Jornalismo, Marketing,

entre outras áreas, e passa a constitui um pólo de informações.

Essa rede de noticias deve compreender informações internas e externas, sugestões,

críticas e demandas de todo tipo. A rede de informações de uma empresa não pratica apenas

técnicas de comunicação. Ela permite a organização, o contato direto com seus públicos, de

forma, a saber, o que os funcionários e os consumidores pensam ou querem.

Rego (1986, p.50) ressalta a necessidade de comunicação das empresas afirmando

que:

1 Novas Mídias é um termo amplo que normalmente se refere à soma de novas tecnologias e métodos de

comunicação para se diferenciar dos canais de comunicação tradicionais como TV, radiodifusão, imprensa, etc. 2 Disponível em http://www.comunicacaoempresarial.com.br em 23/02/2014.

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“É a comunicação que proporciona a reunião das partes distintas da empresa,

produzindo as condições para um trabalho coordenado das estruturas, permitindo,

enfim, que as cúpulas empresariais atinjam as metas programadas. Ela se define

como um processo dinâmico que compreende a existência, o crescimento, a

mudança e o comportamento de toda a organização e é determinada pela

necessidade, utilidade e conveniência, tanto a parte da empresa como da parte dos

que nela estão integrados, direta ou indiretamente”.

O autor defende a idéia de que a comunicação organizacional é uma atividade

sistêmica, ou seja, uma atividade constante, e que não deve assumir apenas um papel

operacional, mas ser um fator determinante para todas as decisões da empresa.

Já Tavares (2007) apud. Mendonça (2013), observa que, a partir da evolução da

tecnologia e da existência da internet, a notícia passou a ser global. Desse modo, as empresas

passaram a entender a importância de ter uma imagem positiva e transparente perante a mídia.

Para fortalecer ou construir essa tão desejada imagem perante os públicos de interesse,

é importante divulgar objetivos, projetos, políticas e todas as ações institucionais da empresa.

Este processo ajuda a estabelecer o que a empresa é, cria uma relação de credibilidade com o

público, define o modo como as pessoas a vêem, percebem e se relacional com a empresa,

tanto interna como externamente, tornando-a uma organização com maior vantagem

competitiva.

Para a formação de uma imagem e identidade corporativas fortes e positivas, as

empresas utilizam a comunicação organizacional com os objetivos de conquistar espaço,

manter credibilidade e aceitação de produtos e ações (KUNSCH, 2003).

Cahen (1990, p.50) apud. Medonça (2013), também defende que a imagem de uma

organização é o seu maior patrimônio: “Como todo patrimônio de difícil quantificação – ou

grande demais – não deixa de, no fundo, ser um organismo vivo que requer constante

atenção”.

Entendendo que a imagem é o bem mais valioso que a empresa pode ter, conclui-se

que o trabalho da comunicação organizacional é fundamental para que a imagem da

organização seja construída de maneira transparente, vantajosa e lucrativa para todos os seus

públicos. Desse modo, é imprescindível que a empresa invista para ser bem informada e

comunicar bem, deixando de lado a idéia de que a comunicação não merece a mesma atenção

que as demais estratégias empresariais.

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3.3. Novos Atributos da Comunicação Organizacional

Atualmente, a comunicação organizacional encara um conjunto de novos atributos que

a tipificam como uma ferramenta estratégica. Ela caminha para assumir, por inteiro, a

perspectiva da chamada comunicação integrada.

Vianna (2005, p.10) conceitua a comunicação integrada como:

“Uma filosofia que busca convergir às diversas áreas da comunicação nas

organizações, respeitando as diferenças e competências dos diversos profissionais de

comunicação, e que através de uma visão estratégica procura resultar numa

comunicação sinérgica e unificada, sedimentada numa cultura organizacional

participativa e pautada em princípios éticos, que estimule a valorização do indivíduo

e as práticas de cidadania”.

Para Kunsch (1997), a comunicação integrada contribui para a sobrevivência e o

desempenho de uma organização numa realidade complexa e que se altera de forma muito

rápida.

“Hoje em dia, não é possível mais pensar em realizar uma brilhante assessoria de

imprensa, criar campanhas retumbantes ou produzir peças publicitárias impactantes

de forma isolada, sem o envolvimento de todas as subáreas da comunicação

organizacional”. (KUNSCH, 1997, p.149)

Desse modo, pode-se compreender que a comunicação integrada resulta em um

esforço conjunto das atividades de comunicação em uma empresa. A comunicação interna e a

externa devem complementar uma à outra, visando fortalecer a empresa e os seus diálogos.

Mesmo que cada atividade de comunicação tenha a sua especificidade, o planejamento deve

ser centralizado. É papel da comunicação, ordenar e integrar todas as partes de uma empresa

para enquadrá-la ao novo mercado, que vem sendo construído por clientes que buscam, cada

vez mais, conhecer as empresas além dos seus produtos e serviços. Nesse sentido, Kunsch

(2003, p.181) ressalta que essa tendência é o resultado da “[...]exigência do novo consumidor,

que procura na comunicação a racionalidade, um maior volume de informações, o máximo de

qualidade dos produtos e serviços e identidade de quem coloca algo no mercado”.

A comunicação interna e a comunicação externa são os tipos de ações mais relevantes

na estratégia da organização, pois ambas são essenciais no âmbito da empresa. É fundamental

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para os membros majoritários de uma empresa tanto a opinião dos seus colaboradores sobre o

que produzem, como a opinião do ambiente externo.

Para Bahia, (1995, p.30), a comunicação interna pode ser entendida como

“a necessidade de transmitir ao público da casa, com freqüência e clareza, o pensamento e

ação da empresa, destacando-se as posições que assumem seus dirigentes e a consciência da

função social que têm”.

Segundo Marchesi (2005 apud Justino, 2006, p.24) é de extrema importância que a

comunicação atinja cada um dos públicos que impactam diretamente nos negócios e nas

atividades da empresa:

“Nesse contexto, entendemos que os empregados e seus familiares são o público de

maior e mais consistência na avaliação da reputação da organização, por isso, não é

somente questão de estratégia do trabalho de comunicar internamente, mas também,

prioritário”.

Alvarez (2006 apud Justino, 2006, p. 25) complementa o pensamento dizendo que:

“As empresas devem valorizar o seu público interno, que vão desde os funcionários

operacionais e administrativos até os seus lideres, que muitas vezes são deixados de

lado, por dar mais importância às comunicações institucionais, mercadológicas e

administrativas, e que a Comunicação Interna deve atuar em três linhas:

envolvimento, que se trata em comunicar todos os funcionários sobre a empresa, a

concorrência e o mercado, deixando-os preparados para atender o público externo

(clientes, imprensa, acionistas, fornecedores, comunidade e governo) motivação, que

todos participem do alcance das metas e das campanhas internas e

comprometimento, valorizar o relacionamento interpessoal”.

Fora dos limites internos da empresa, a comunicação externa inclui toda veiculação de

informações emitidas pela organização para uma opinião pública. Como toda atividade de

comunicação de uma empresa, a de caráter externo tem como um dos principais objetivos

estreitar as relações empresa-públicos.

“A comunicação externa – aquela que fala com a sociedade de forma geral, e com

seus grupamentos e organizações de forma mais detalhada – é uma ferramenta a ser

utilizada para oferecer ao público subsídios e informações que contribuam para

construir uma imagem positiva da organização, que obviamente precisa estar

alicerçada na realidade, representada por bons produtos e serviços, preço justo,

atendimento digno, e assim por diante”. (MANUAL UNIMED, 2013)

Sejam em jornais, revistas, sites, relatórios, entre outros meios, a comunicação com o

público externo tem o intuito de se aproximar do cliente. Para estabelecer esse canal de

maneira satisfatória, a imprensa aparece como um caminho eficiente.

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Duarte (2003, p.89) defende que “o salto de qualidade entre a relação das empresas e a

mídia ocorreu quando os profissionais com experiências em redação e que são dispostos em

manter um diálogo entraram nas assessorias”. Desta forma, a assessoria de imprensa atua para

gerar notícias que ajudem a construir a credibilidade da empresa em vários veículos de

comunicação. Informar a opinião pública sobre o que ocorre dentro e fora da empresa, através

de um porta-voz que possa falar de maneira transparente e cuidadosa em nome da

organização.

É um equívoco pensar que as atividades de uma assessoria de comunicação devem se

limitar a simples questões de operacionalização e execução. Para Torquato (2001, p. 214):

“O bom assessor de comunicação deve ser uma executivo com as altas funções de

assessorar diretamente os níveis superiores. Ele deve formular sugestões, mostrar e

demonstrar saídas para questões complicadas, estabelecer pontes entre os dirigentes

e os meios de comunicação, criar condições para o relacionamento cordial com

editores e repórteres especializados”.

O assessor de comunicação, em sua polivalência, precisa ter noções sobre os processos

administrativos, conhecimentos sobre economia, política, sociologia, psicologia, além,

evidentemente, de técnicas de comunicação.

No campo das novas tecnologias, outro aliado da comunicação externa é a internet,

que possibilita um espaço para jornais ou revistas eletrônicas, TVs online, sites, entre outras

ferramentas.

“A internet transfere o poder para as mãos do usuário ou consumidor, que tem uma

infinidade de opções para obter, selecionar e editar, ele mesmo, as informações de

seu interesse. Isso exige maior objetividade e ainda mais transparência nas

informações ao consumidor, em particular, e à sociedade em geral, e aumenta a

vigilância da sociedade sobre as empresas. Além de mais transparência, a Internet

também exige mais agilidade das empresas na comunicação com seus diversos

públicos”. (MANUAL UNIMED, 2013)

Não há dúvida que o “poder de fogo” de muitas organizações reside hoje na

capacidade de divulgação e de mobilização pela internet. Ela tem permitido às organizações

uma exposição intensa na mídia e perante a opinião pública, viabilizando seus objetivos e sua

missão.

A internet vem sendo cada vez mais utilizada, e os números de internautas crescem

todos os dias devido à rapidez e a interatividade encontradas no canal. Assim, todas as

informações empresariais divulgadas na internet devem ser criteriosamente observadas, as

informações precisam ser transparentes e com uma linguagem adequada para cada público.

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Até porque, em grande parte dos casos hoje, o site se torna uma das principais fontes de

informação sobre aquela organização.

Alguns eventos também se tornam parte fundamental para a realização de uma

comunicação integrada. Segundo Vasconcelos (2009, p.55):

“São feiras, lançamentos, almoços, solenidades, shows e assim por diante. Em

alguns desses eventos, funcionários são convidados e na maioria a alta gerência está

presente, como representante dos interesses da empresa. Apoios e patrocínios

também são ações estratégicas relevantes, pois além de facilitarem o acesso do

funcionário aos eventos culturais e esportivos, também demonstram

responsabilidade social, gerando propaganda gratuita e reforçando as filosofias da

empresa”.

Com base nesse estudo, é possível enxergar a necessidade de a comunicação ser

integrada para o sucesso de uma organização. Todas as partes devem acontecer conjuntas,

pois um setor completa o outro, um público é responsável pela existência do outro. Quando se

forma a consciência de que investir em comunicação é importante, compreende-se que o uso

de táticas e estratégias comunicacionais agregam valor à marca e aos produtos ou serviços de

uma empresa.

As ações de comunicação são uma necessidade social para as organizações manterem

relacionamentos com todos os públicos de interesse. Essa relação com a coletividade deve ser

contínua e não pode excluir nenhum grupo, mesmo aqueles que não possam ser de interesse

imediato. A empresa precisa se mostrar disposta para suprir necessidades de cada público, e

para isso, se comunicar de forma adequada e atenciosa para atendê-los.

3.4 Aspectos da Comunicação Organizacional

Alguns aspectos da comunicação organizacional devem ser citados para que se

compreenda o sistema de comunicação nas organizações. Segundo Thayer (1976, p.132), a

estrutura da organização está diretamente relacionada ao seu processo de comunicação, como

afirma a seguir: A verdadeira estrutura da organização se caracteriza pelo padrão ou pelas

redes de fluxo de informação–decisão dentro da organização e pelos canais e redes que

descrevem sua comunicação com o meio ambiente.

Os níveis, os fluxos e as redes de comunicação organizacional são os responsáveis

pela interação da organização com os meios interno e externo.

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3.4.1 Os Níveis de Comunicação Organizacional

Os níveis de comunicação organizacional estão divididos em quatro, como estabelece

Thayer (apud KUNSCH, 1986, p.32):

“Nível intrapessoal: estuda o que se passa dentro do indivíduo enquanto este

adquire, processa e consome informações.

Nível interpessoal: analisa-se a comunicação entre indivíduos, como as pessoas se

afetam mutuamente, e assim, se regulam e se controlam uns aos outros.

Nível organizacional: trata das redes de sistemas de dados e dos fluxos que ligam

entre si os membros da organização e desta com o meio ambiente.

Nível tecnológico: o centro das atenções recai na utilização dos equipamentos

mecânicos e eletrônicos, nos programas formais para produzir, armazenar, processar,

traduzir e distribuir informações”.

São os níveis de comunicação dentro da organização que permitem que as estruturas

organizações funcionem sob os aspectos gerenciais e produtivos, alcançando suas metas e

objetivos.

3.4.2 Os Fluxos de Comunicação nas Organizações

Conforme Rego (1986) os mecanismos de comunicação em uma organização

movimentam-se, simultaneamente, em três fluxos (descendente, ascendente e lateral) e em

duas direções (vertical e horizontal), sendo que no seu ajustamento reside o equilíbrio do

sistema comunicacional.

Comunicação descendente ou vertical: a informação parte da cúpula diretiva da

organização para os subalternos. Aqui, são traduzidas as normas e as diretrizes dessa mesma

organização.

Comunicação ascendente: a informação parte dos subalternos para a cúpula diretiva da

organização. Essas informações podem ser referir a processos operativos e funcionais.

Comunicação horizontal ou lateral: a comunicação se processa entre departamentos,

seções, serviços ou pessoas situadas no mesmo plano da organização social (REGO, 1986, p.

54).

É por meio dos fluxos que as informações transmitidas no interior da organização

conseguem perpassar as diversas direções existentes nelas.

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3.4.3 As Redes de Comunicação Organizacional

Segundo Torquato (1986, p. 55), existem duas redes de comunicação, uma formal e

outra informal:

“Rede formal: são todas as manifestações oficialmente enquadradas na estrutura da

organização e legitimadas pelo poder burocrático. Exemplos: reuniões, ofícios,

circulares.

Rede informal: são as manifestações espontâneas da coletividade, como por

exemplo, os boatos, murmúrios, rumores, conversas”.

As redes informais deverão sempre ser levadas em consideração pelos profissionais da

comunicação no planejamento de seu trabalho. Ignorá-las pode ser um erro fatal. Para

Torquato (1986, p. 55), “não se deve combater nem ignorar a rede informal, porque a

oposição pode apenas encorajar o informal contra o formal”.

O mesmo autor sugere que se utilize a rede informal sobre a formal. Neste caso, ela

pode passar a ser formal dependendo da ocasião. Para Kunsch (1986, p. 35): “seu

aproveitamento se dará mediante um tratamento adequado, procurando aproveitá-la para um

crescimento da organização e não fazer dela um entrave ou prejuízo”.

É na rede informal que se encontram os líderes de opinião que, segundo Kunsch

(2003, p. 83), “sem aparecer na estrutura formal, desempenham papel importante dentro da

organização”.

Para Kreeps (apud KUNSCH, 2003, p. 83) um dos motivos para a existência da

comunicação informal é “a necessidade de os membros obterem informação sobre a

organização e como afetarão suas vidas as mudanças na mesma”.

3.5 O Papel das Relações Públicas nas Organizações

Conceituar Relações Públicas não é tarefa fácil em virtude das várias definições

encontradas no mundo. Em nosso país, a definição oficial vem da Associação Brasileira de

Relações Públicas (ABRP) que entende Relações Públicas como:

“O esforço deliberado, planificado, coeso e contínuo da alta administração, para

estabelecer e manter uma compreensão mútua entre uma organização, pública ou

privada, e seu pessoal, assim como entre essa organização e todos os grupos aos

quais está ligada, direta ou indiretamente”. (ANDRADE, 1983, p. 45)

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Nesta perspectiva, Relações Públicas lidam com as opiniões das pessoas e com os

relacionamentos de uma organização com as pessoas que estão envolvidas com ela,

ressaltando-se a sua característica de administrador.

Com as mudanças na postura das organizações frente à sociedade, em decorrência das

novas exigências estabelecidas pelas atitudes públicas, a atividade de Relações Públicas

tornou-se mais valorizada e requisitada. Pois é através dela que as organizações criam canais

de comunicação, estreitam o seu relacionamento com os seus públicos de interesse,

auscultando suas necessidades, estabelecendo vínculos e atendendo às suas exigências. Desta

forma, a compreensão mútua efetiva-se e ambos os lados se satisfazem. Lesly (1991, cap.

XIII), ratifica tal posicionamento afirmando que:

“A função dos profissionais de relações públicas é direcionar atitudes públicas de

forma tão eficaz quanto possível, no sentido de obter uma situação vantajosa, tanto

para seus clientes e empregados quanto para a sociedade dentro das quais atuam”.

Cabe ao profissional da especialidade avaliar e prognosticar o pensamento e as reações

dos públicos, direcionar atitudes e entender o que este direcionamento significa para as

diversas organizações e para a sociedade.

Compreendem-se aqui não só conhecimentos na área de comunicação como também

nas áreas de psicologia, sociologia, política, economia, dentre outras de influência.

Sabendo que tudo que as organizações fazem afeta a opinião de alguém, os

profissionais da especialidade devem entender o funcionamento da opinião pública e as

técnicas de como influenciá-la. Para entender a importância e o significado da opinião

pública, deve-se entender, primeiramente, o significado de público, conforme definição de

Andrade (2003, p. 1):

“Pessoas ou grupos organizados de pessoas, sem dependência de contatos físicos,

encarando uma controvérsia, com idéias divididas quanto à solução ou medidas a

serem tomadas frente a ela, com oportunidade para discuti-la, acompanhando e

participando do debate por intermédio dos veículos de comunicação ou da interação

pessoal”.

A opinião pública, sendo uma das bases do processo de Relações Públicas, ao lado do

comportamento coletivo, é “constituída de idéias que, por seu lado, pertencem a indivíduos e

grupo” (ANDRADE, 1983, p. 23), e mudando-se as idéias, mudam-se as atitudes. As

organizações esforçam-se para obter uma opinião pública favorável e assegurar a

confiabilidade de seus públicos sobre os produtos e serviços oferecidos por elas no mercado.

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A competitividade e os meios de comunicação de massa favorecem a preocupação dessas

organizações, em especial das empresas, com a opinião pública. É sob este aspecto de grande

relevância para as organizações que surge o trabalho de Relações Públicas. De acordo com

Fortes (2003, p. 36): “aceitando a premissa de que a opinião é poderosa, os administradores se

voltam para as Relações Públicas, visto que os programas bem-sucedidos da área provaram

ser eficazes no trabalho de formar os públicos”.

A atuação das Relações Públicas nas organizações faz-se necessária ser conjugada

com outras subáreas da comunicação, integrando o composto da comunicação constituído

pela Comunicação Institucional, Comunicação Mercadológica e Comunicação Interna.

“As Relações Públicas constituem uma das áreas da Comunicação Institucional, ao

lado de Jornalismo, da Produção Editorial, Mercadológica e do Marketing, integra o

composto da comunicação, que resultará num trabalho conjugado e interdisciplinar

(KUNSCH, 1986, p. 38)”.

Suas atividades perpassam os três tipos principais de comunicação organizacional

citados anteriormente. Na Comunicação Institucional, as Relações Públicas ao lado das

subáreas de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, usam todos os meios para construir uma

identidade da organização para a opinião pública.

A identidade corporativa diz respeito à personalidade, aos valores e às crenças

1atribuídos a uma organização, pelos seus públicos internos e externos, após todo

um trabalho desenvolvido ao longo do tempo (KUNSCH, 1997, p. 118).

Já na Comunicação Mercadológica, voltada para a comercialização, as Relações

Públicas devem agir conforme o Plano de Marketing traçado pela organização, a fim de

promover o nome e a marca de produtos. Agindo assim, as Relações Públicas contribuem para

criar, manter ou reforçar a opinião do consumidor sobre o produto e a organização. Ou seja,

criam melhores formas de relacionamento com o mercado, gerando oportunidades de vendas.

Sobre a função das Relações Públicas, no contexto do marketing, Kunsch (1986, p. 39),

afirma:

“Embora a atividade de Relações Públicas vai muito além das necessidades básicas

de marketing, com certeza uma imagem favorável ajuda os mercadizadores no

trabalho de promovem a satisfação. É neste sentido que Relações Públicas é

considerada como atividade mercadológica, e muitas vezes se relaciona ao

departamento de marketing ou é parte dele”.

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Quanto a sua atuação na Comunicação Interna, as Relações Públicas agem

conjuntamente com os departamentos de Recursos Humanos, Relações Industriais ou de

Pessoal, já que se direcionam para o público interno, os funcionários, que são considerados de

grande importância para a organização, por agirem como agentes multiplicadores de opinião.

Segundo Vasconcelos (apud KUNSCH, 1986, p. 40 e 41):

Uma das grandes preocupações das Relações Públicas, na sua tarefa junto ao público

interno, é a de conscientizá-lo, independentemente do cargo ou função que cada um

desempenha na organização, que é por eles representada, tanto interna como

externamente, cabendo-lhe, desta forma, uma fração de responsabilidade pelo grau

de influência que é exercido por todos no conjunto e através de cada um

individualmente, perante a opinião que os outros e a própria comunidade, como um

todo, venha a ter a respeito da empresa.

Desta forma, consegue-se perceber facilmente, depois do que aqui foi exposto, a

relevância do trabalho dos profissionais de Relações Públicas para qualquer organização.

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4. EMPRESAS FAMILIARES

4.1. Conceito de Empresa Familiar

Os conceitos apresentados relativos à empresa familiar são baseados no tripé

propriedade, gestão e continuidade, todos partindo do comportamento da família em relação à

empresa (Figura 1).

Figura 01 – Aspectos básicos do conceito de empresa familiar

Fonte: ZORZANELLI, Giovani (2011) Disponível em:

<http://www.administradores.com.br/artigos/administracao-e-negocios/conceito-de-empresa-familiar>

Acesso em 16/03/2014

A princípio, os autores baseavam seus estudos e definições nestas dimensões de forma

isolada, considerando uma ou outra. Todavia, até pela alteração verificada no mercado, que

forçou mudanças significativas nos modelos de gestão, inclusive das empresas familiares, os

fatores que distinguiam as estas organizações das demais, tornaram-se menos ostensivos e, em

conseqüência, os conceitos também evoluíram de definições simplistas para definições mais

complexas, multidimensionais.

Bueno, et. al. (2007), baseados em instrumentos de medição mais recentes, propostos

por Astrachan et. al. (2002) e Uhlaner (2002), propõem um conceito amplo para a empresa

familiar, sustentado por um conjunto das dimensões básicas citadas anteriormente, conforme

Quadro 01.

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Quadro 01: Dimensões e medição do grau de influência sobre a empresa

Escala F-PEC

Astrachan, Klein e Smyrnios, 2002

Escala Guttman

Uhlaner, 2002

Propriedade Poder: porcentagem de ações

pertencentes à família e de participação

da família no conselho administrativo.

Propriedade familiar da empresa

Gestão Poder: participação da família na equipe

diretiva e no conselho de administração.

Presença de familiares na gestão,

proporção de familiares na equipe

diretiva e influência da família na

estratégia da empresa.

Continuidade Presença de familiares na gestão,

proporção de familiares na equipe

diretiva e influência da família na

estratégia da empresa.

Planos para transferência da empresa à

geração seguinte.

Outras dimensões Cultura familiar Auto-reconhecimento como empresa

familiar

Fonte: Bueno et. al., (2007) apud Moraes Filho, (2009)

É com base nestas dimensões que outros autores definem a empresa familiar. Assim,

para Ulrich (1997), num sentido mais amplo, a empresa familiar se define como:

“...aquela cuja propriedade e administração – no sentido do controle sobre as

decisões operativas – estão nas mãos de uma ou mais pessoas da família. Essa

definição flexibiliza relativamente a ótica da propriedade, do controle total, para

simples controle. Inicialmente esse controle econômico era total, mas atualmente,

muitas empresas familiares, seguindo as tendências de mercado, abriram seu capital,

possibilitando a participação de terceiros, mantendo apenas o controle majoritário”.

Para Bernhoeft (1989), é "importante analisar a história e a origem da empresa desde

que esta esteja vinculada a uma família ou que mantém membros da família na administração

de seus negócios". Pelo foco da gestão, são consideradas empresas familiares aquelas

organizações que têm seus cargos diretivos ocupados pelos seus próprios membros,

escolhidos a partir de laços de sangue, da reciprocidade da confiança entre os mesmos. A

necessidade de modernização das práticas de gestão levou a certa flexibilização desse

monopólio, levando muitas empresas familiares a mesclarem seus quadros diretivos com

profissionais externos contratados, mas continuam influenciando e/ou determinando

diretamente nas decisões estratégicas, relacionadas a objetivos, diretrizes e metas da empresa.

Outro aspecto está relacionado com o desejo/possibilidade de sucessão da propriedade

para futuras gerações. Se não existe possibilidade dessa transferência, não se configura a

condição de empresa familiar. Para Lodi (1993), empresa familiar é "aquela em que a

consideração da sucessão da diretoria está ligada ao fator hereditário e onde os valores

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33

institucionais da firma se identificam com um sobrenome de família ou com a figura do

fundador".

4.2. Comunicação Organizacional na Empresa Familiar

Estudar as empresas familiares e emitir qualquer tipo de comentário sobre essas

organizações requer cautela, reflexão, senso crítico, maturidade e conhecimento, pois a

complexidade em que estão envolvidas e a importância que apresentam para o

desenvolvimento econômico e social, no âmbito nacional e mundial, são de uma magnitude,

que já se torna uma justificativa, por si só, para respeitá-las.

JONES e ROSE apud. Moraes Filho (2009) afirmam que a imagem negativa associada

às empresas familiares começou com o advento do capitalismo, no século XIX, nos Estados

Unidos, focado na abertura, na difusão de capital e na projeção econômica norte-americana

como a mais poderosa do mundo, baseada na propriedade privada e na liberdade de contrato.

As sociedades familiares ficaram conhecidas por serem antiquadas, incapazes de

sobreviver às exigências do mercado e entremeadas pelo nepotismo, fazendo com que

aproveitem pouco o potencial de recursos humanos que possuem, inclusive podendo induzir a

questionamentos a respeito de sua própria eficácia (CRAIDE et. al. (2006), apud. Moraes

Filho (2009)).

Para Castro, Morais e Crubellate apud. Moraes Filho (2009) a percepção predominante

quanto às organizações e aos conglomerados extintos de famílias brasileiras, nos últimos

anos, tem aumentado a desconfiança quanto à viabilidade de subsistência das empresas

familiares.

Considerando-se o panorama geral da empresa familiar, no Brasil e no mundo,

observa-se que, na conjuntura atual, globalizada, a estrutura de gestão moderna,

descentralizada, diverge daquela que tem, na presença do fundador, o único responsável pela

administração e pela tomada de decisão (DESCANIO; LUNARDELLI apud. Moraes Filho

(2009)) e por ter embutido, em seu escopo, duas dimensões distintas: o negócio e a família

(MAGALHÃES NETO; FREITAS, apud. Moraes Filho, 2009).

Atualmente, além das dificuldades no crescimento e no alcance de níveis de gestão

profissionais e avançados, as empresas familiares apresentam baixa expectativa de vida,

quando comparada com as não-familiares e elevadíssimo índice de mortalidade (BUENO et.

al., apud. Moraes Filho, 2009).

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O julgamento desfavorável é intensificado por diversos outros motivos, tais como: a

resistência a mudanças, a intuição predomina sobre o planejamento, as relações de trabalho

são informais, a centralização das decisões recai sobre o fundador, os interesses pessoais e

profissionais são conflitantes, além das disputas pelo poder por parte dos herdeiros que, ainda,

são responsáveis pela sobrecarga de trabalho dos executivos não pertencentes à família que

precisam realizar as tarefas dos membros que não possuem a competência e a preparação

necessárias.

BUENO et. al. apud. Moraes Filho (2009) estabelecem que os principais problemas

são: a sobreposição entre família e empresa, as dificuldades para enfrentar a crescente

internacionalização, a relutância em aceitar uma renovação organizacional, a cultura contra o

planejamento antecipado da sucessão gerencial e patrimonial, além da administração do

patrimônio familiar e a ineficácia dos órgãos de governança, principalmente, do conselho de

administração.

Para MAGALHÃES NETO e FREITAS apud. Moraes Filho, (2009), as dificuldades

na sucessão do controle e da gestão, o desprezo quanto à importância da profissionalização e

os conflitos entre os sócios são três dos principais problemas enfrentados pelas organizações

familiares, os quais são decorrentes do desconhecimento das relações existentes entre a

família e a empresa por parte dos membros envolvidos nos negócios que, por sua vez, se

constituem na principal causa do aparecimento de divergências e acabam por reduzir o seu

ciclo de vida.

BARCELOS apud. Moraes Filho (2009), enfatiza que o próprio processo de sucessão,

que representa o momento mais importante às empresas familiares, é um dos principais

fatores que contribuem para a visão de fragilidade, pois a passagem de comando de uma

pessoa para outra pode causar atritos e divergências. Eles podem ocorrer com relação a

quaisquer dos stakeholders, envolvendo a aceitação de novas formas de trabalho ou, até

mesmo, de carisma.

A cultura existente no Brasil, também, contribui ao aumento da desconfiança que a

população em geral apresenta. Queiroz (2008) recorda que trabalhar em família não é bem

visto pelos brasileiros. Com as ausências de políticas públicas direcionadas às organizações

familiares, elas costumam aproveitar sua rede de relacionamento, geralmente, com outras

empresas que apresentam características similares, para troca de experiências e ajuda, mesmo

que seja informalmente, em todos os tipos de dificuldades.

Diante da reputação e de tantas situações extremamente delicadas pelas quais as

empresas de uma ou mais famílias precisam transpassar, surgem constantemente, diversos

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questionamentos: por que elas são tão estudadas? De que maneira podem ser mais eficientes e

eficazes que os negócios não familiares? Como administrar os conflitos? O que faz alguém

empreender com outra pessoa que possui relação afetiva, sabendo que, futuramente, pode vir

a ter diversos problemas? É possível o profissionalismo se sobrepor à emoção?

Dois dos principais aspectos para se iniciarem o entendimento e o estudo das empresas

familiares são compreender a relação família e empresa, as possíveis repercussões que tal

união pode acarretar para ambos os grupos, em diferentes contextos, e o motivo pelo qual as

pesquisas vêm aumentando ao longo dos anos.

Descrever as empresas geridas e/ou de propriedade de uma ou mais famílias se torna

um desafio diante de suas peculiaridades, das situações vivenciadas que, dificilmente,

ocorrem nas organizações não familiares, do relacionamento entre os seus membros no dia-a-

dia, dos jogos de poder, dos conflitos, da politicagem e da complexidade em conseguir o

consenso entre os envolvidos.

No ambiente empresarial, não há divisão entre o papel profissional, racional e

objetivo, com o dever familiar, indissolúvel, carregado de afetividade decorrente das

respectivas histórias de vida. As organizações familiares apresentam uma forma específica de

funcionamento, quando a vida pessoal influencia a empresa que, por sua vez, se envolve com

os seus membros e se entrelaça com a sua história. (LOPES, 2008 apud. Moraes Filho,

(2009)).

As empresas que possuem parentes envolvidos em sua gestão apresentam relações

muito mais complexas, pois não se trata de meros funcionários, mas sujeitos que possuem

laços de afetividade e, quando os problemas emergem, estão em jogo não apenas a

sobrevivência organizacional, mas, sobretudo, a da própria família (CASTRO et. al., 2008).

A diferença de paradigmas é aparentemente significativa. Na família, o

relacionamento é baseado, principalmente, em aspectos afetivos; na empresa, embora não se

elimine a emoção, as palavras-chave são eficiência e eficácia, totalmente irrelevantes nos

relacionamentos familiares (BETHLEM, 1994).

Pode-se afirmar que, se uma família consegue de seus membros comportamento na

empresa de acordo com paradigmas familiares, a organização poderá ter problemas. Por outro

lado, se conseguir que seus integrantes se comportem na vida pessoal de maneira profissional,

é provável que eles se desagreguem (BETHLEM, 1994). Um dos maiores desafios está

justamente em conseguir o equilíbrio entre os dois mundos.

Queiroz (2008) acrescenta que a própria expressão “empresa familiar” é, por si só, um

paradoxo, pois nela convivem duas lógicas distintas e, às vezes, antagônicas: de um lado,

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estão os interesses da empresa, que objetiva o lucro e, assim, segue a perspectiva econômica

e, de outro, estão os interesses da família, que adota a lógica do bem comum.

O aspecto familiar associado à dinâmica empresarial confere a esse tipo de

organização um caráter especial e peculiar, o qual apresenta conseqüências positivas e

negativas, ocasionadas, preliminarmente, pela maneira como ocorre a interação entre essas

duas dimensões (MAGALHÃES NETO e FREITAS, 2003).

Posso (2006) apud. Moraes Filho (2009) realizou uma pesquisa em 17 empresas

familiares com o objetivo de formular um modelo que estima a relação intrafamiliar e, assim,

diagnosticar quais são as variáveis que mais afetam o relacionamento entre os membros da

família no ambiente empresarial e aquelas que beneficiam o sistema profissional-afetivo.

O autor concluiu que a responsabilidade diante dos compromissos com a empresa e o

respeito pela hierarquia dos demais membros da organização são as variáveis que a família

identifica como assuntos profissionais que não estão resolvidos e que não contribuem para

deteriorar as relações intrafamiliares.

Na empresa estudada por Benavides (2003) apud. Moraes Filho (2009), foi verificado

que o enorme tamanho da família, provavelmente, tem apresentado mais inconvenientes que

vantagens. Esse fato pode ser explicado pela não valorização, por parte dos participantes, de

uma adequada administração das estratégias familiares, centrando-se, unicamente, no

contexto empresarial, que não tem aproveitado o potencial e as sinergias que os seus membros

podem proporcionar.

O aumento do tamanho da família se inicia, quando adentram os filhos e os netos do

fundador, após um período em que só ele decidia tudo o que acontecia na empresa. As

gerações seguintes começam desde cedo a negociar entre si para se chegar a um consenso

sobre o adequado andamento dos negócios. O número de pessoas envolvidas nas decisões

aumenta no decorrer do tempo, crescendo, também, os confrontos e a formação de grupos

internos no poder. (PROCIANOY, (1994) apud. Moraes Filho, (2009))

Com o passar dos anos, a segunda geração questiona a tomada de decisão e o estilo de

gestão, vigentes na empresa, tidos como amadores, defasados e autoritários. A visão de

mundo, a ambição, o conhecimento acadêmico, a energia e a determinação para alçar vôos

cada vez mais altos, geralmente, formam a marca registrada dos mais jovens que colide com a

experiência, a maturidade e o prestígio dos fundadores que não aceitam, facilmente, qualquer

argumento, especialmente, de pessoas mais novas.

TILLMANN e GRZYBOVSKI (2005) apud. Moraes Filho (2009) explicam que os

membros mais velhos chegam a determinado momento da vida, em que não apresentam mais

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interesse em fazer investimentos de risco, mas estão mais dispostos em garantir a sua

estabilidade e em desfrutar os anos que lhe restam, mas há uma segunda geração que está

disposta a arriscar mais, apostando no futuro da empresa, mas nem sempre ela apresenta os

recursos financeiros necessários.

Mais prejudicial que os conflitos entre os membros da mesma geração é o impasse

causado por esses profissionais com uma diferença de idade tão acentuada, do qual os jovens

dependem para mostrar trabalho e subir na hierarquia da empresa familiar. Seja o próprio

patriarca que resiste em aceitar as idéias de quem não passou nem perto de ter a mesma

vivência que a sua, seja os funcionários antigos que não admitem receber ordens, nem a

liderança de quem conheceu ainda na infância, testemunhou seu crescimento pessoal e

profissional e agora é quem tem que ensinar como as coisas devem ser feitas.

Para Queiroz (2008), o que mais afeta o trabalho de membros não familiares é o

apadrinhamento e a afinidade maior com algumas pessoas do que com outras.

Quando as preferências e os favoritismos, antes restritos à esfera doméstica, chegam à

empresa, cria-se um clima de insegurança. Com razão, os funcionários se sentem

desmotivados, ao concorrerem a uma promoção com um integrante da família, pois duvidam

da isenção de julgamento do patrão.

A pesquisadora, também, salienta que, embora o desrespeito e o apadrinhamento não

sejam defeitos exclusivos das pequenas e médias empresas familiares brasileiras, acontece

que, em família, os limites do bom senso e da tolerância são mitigados por critérios

subjetivos.

Apesar de tantos argumentos desfavoráveis, as empresas familiares e, mais

especificamente, diante do entrelaçamento entre a organização e a família, nada parece ser

capaz de ofuscar o aumento de pesquisas e da atenção dispensada pela comunidade acadêmica

atualmente.

Para Castro et. al. (2008) apud Moares Filho (2009) as pesquisas em empresas

familiares vêm aumentando ao longo dos últimos anos, no Brasil e no mundo, propiciado pelo

interesse em compreender as particularidades e os problemas vivenciados por essas

organizações envolvidas por relações afetivas. Sob o aspecto científico, surgem

acontecimentos inerentes a esse objeto, mesclando concepções culturais e sociais, a situação

econômica e financeira, interligadas à gestão desses empreendimentos.

DAVEL e COLBARI (2003) apud. Moraes Filho (2009) explicam que a realização de

pesquisas é justificada por três motivos: as empresas familiares são predominantes em todo o

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mundo; são eficientes em termos financeiros e sociais; e, pelos relacionamentos pessoais

baseados na confiança, no comprometimento e na tomada de decisão mais rápida.

Na concepção de Sharma (2004) apud Moraes Filho (2009), a principal razão que faz

com que os estudantes realizem pesquisas acadêmicas sobre empresas familiares é explicada

pelo predomínio que se observa dessas organizações na paisagem econômica da maioria dos

países.

Para DAVEL e COLBARI (2000) apud Moraes Filho (2009), as organizações

familiares se tornam um objeto de estudo, além de multidisciplinar, de alta relevância, para se

compreender em diversos aspectos existentes pelas eras moderna e contemporânea e,

principalmente, pela condição humana, social, política e imaterial que influencia qualquer

instituição produtiva, flexível e inovadora.

A justificativa em estudá-las e expor o que elas apresentam de melhor e de diferente

em relação às demais organizações, também, se faz presente na união dos membros da

família, entrelaçados por sentimentos afetivos, a flexibilidade para se adaptarem a mudanças,

além da empresa se constituir, geralmente, uma extensão do grupo familiar, fazendo com que

seus integrantes trabalhem com mais tempo e energia.

Outra forma de aguçar a curiosidade para a realização de pesquisas na temática é

conhecer a participação familiar na condução e na obtenção de uma vantagem competitiva,

quando ocorrem casos em que a família transfere sua cultura afetiva para os negócios

(CAMPBELL et. al. (2007) apud Moraes Filho (2009)), proporcionando, assim, insights sobre

o porquê essas empresas existem e são de uma escala e de um escopo particulares.

(CHRISMAN et. al. (2005) apud Moraes Filho (2009))

As organizações familiares possuem uma longa história de interação intensiva e de

participação estável, o que contribui para o desenvolvimento de uma habilidade de alinhar

incentivos, produzir decisões em harmonia com os interesses dos indivíduos, induzindo-os a

se identificar com os seus. Geralmente, conseguem chegar a melhores consentimentos, assim

como os seus membros são mais propícios a se preocuparem com a prosperidade do negócio

do que as empresas que não são de famílias, devido à ternura, a afeição, ao amor, ao senso de

dever e à disposição ao sacrifício. (CAMPBELL et. al. (2007) apud Moraes Filho (2009)),

Contribui ao comprometimento assíduo que, geralmente, permeia as empresas

familiares, a estrutura menos rígida, o que as tornam mais sociais e humanas nas relações de

trabalho, assim como os valores e as atitudes da família (SOUZA; AMARAL, (2008) apud.

Moraes Filho, (2009)) e as relações laborais informais estabelecidas sem vínculo trabalhista.

(LIMA et. al. (2006) apud. Moraes Filho, (2009))

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Muitos negócios familiares suportam períodos de abundância e de crise econômica,

mas continuam direcionadas ao mercado, tornando-se ainda mais fortes perante situações

adversas, pois os membros da família controladora aceitam, com mais freqüência, fazer

sacrifícios e perdas em longo prazo para salvar a empresa e não fazer demissões, enquanto

que os concorrentes precisam tomar decisões que começam pela redução de custos até a

retirada do setor de origem, com o objetivo de responder, urgentemente, aos anseios de seus

acionistas (AGOSTINI, (2001) apud. Moraes Filho, (2009)).

Há diversos casos de empresas familiares que apresentam um desempenho financeiro

melhor, porque seguem estratégias diferentes das conhecidas, escolhendo-as, muitas vezes,

intuitivamente e, geralmente, as implementam bem e com sucesso, sem retiradas, reaplicando

seus lucros durante um longo período para a prospecção do empreendimento.

Na economia dos bens simbólicos, as trocas entre os agentes sociais não são evidentes

e se baseiam em uma conversão, além de serem realizadas como se fossem favores

concedidos, gentilezas, que obriga a outra parte a retribuir, pois o grupo todo compartilha essa

regra do jogo, o habitus. (QUEIROZ, 2008)

A autora ressalta que, de todos os campos que descartam a abordagem econômica,

provavelmente, no familiar o assunto “dinheiro” seja o maior tabu. Em uma família, o ato de

cobrar por um trabalho, mesmo que seja bem realizado ou, simplesmente, pedir um

empréstimo e pagá-lo posteriormente, não é bem visto e são tipos de conduta abomináveis.

Por isso em diversos negócios familiares, não há uma clara separação do patrimônio do

fundador e o da empresa.

As relações de trabalho se constituem na troca da força laboral pela contraprestação

em dinheiro, o salário, que é essencial à sua sobrevivência. Na empresa familiar, Queiroz

(2008), explica que não é assim. A recíproca não é realizada apenas com base em moeda

corrente, mas também por afeto, pela admiração e pelo respeito ao grupo.

DAVEL e COLBARI (2003) apud. Moraes Filho, (2009), afirmam que há estudos que

sustentam serem as empresas familiares mais conscientes de suas responsabilidades sociais,

em relação à comunidade na qual se inserem, e ressaltam que outro aspecto positivo é quando

permanecem como redutos de sobrevivência sociais e afetivos da atividade produtiva e

profissional, em tempos de intensificação da racionalidade instrumental e de banalização da

vida sentimental.

DAVEL e COLBARI (2000) apud. Moraes Filho, (2009), pactuam que esse fato

ocorre devido aos processos de socialização e de aprendizado serem freqüentemente

vivenciados de maneira mais humanizada nessas organizações.

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Situações como as que estão aqui contempladas demonstram a maturidade de

profissionais interligados por relações consangüíneas que conhecem uns aos outros e que

sabem divergir e debater sobre a continuidade e o retrocesso da organização. Bornholdt

(2005) apud. Moraes Filho, (2009) prossegue, ao enfatizar os processos de discussão e de

reconhecimento de suas competências e limitações, assim como as dos outros, como caminho

para que aquela capacidade possa ser conquistada pelo grupo.

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5. ESTUDO DE CASO

Os estudos de Comunicação Organizacional têm como questão de fundo a

compreensão de como a comunicação possibilita aos indivíduos organizar a vida em

sociedade, como trabalham juntas, como são criadas, mantidas e transformadas as estruturas

sociais em geral e as organizações em particular (Casali, 2009, p.66-67).

Este estudo preocupa-se em compreender a comunicação organizacional como um

processo de construção de significados compartilhados que possibilita o desenvolvimento de

atividades coordenadas para a realização de objetivos comuns a um determinado grupo social

dentro do ambiente das micro e pequenas empresas, buscando estudar como a Comunicação

Organizacional pode ser empreendida em seu dia-a-dia.

Este estudo buscará compreender como a Comunicação Organizacional ajudará no

dia-a-dia da empresa familiar, compreendendo a comunicação entre setores, e suas

ramificações, definindo e norteando a atuação dos colaboradores da empresa no ambiente

organizacional.

5.1. A SERCON – Serviços Contábeis, um breve histórico

Empresa genuinamente familiar, iniciou seus serviços no ano de 1991, em uma sala

cedida por um amigo, que acreditou na capacidade da gestora. Localizava-se no Edifício

Enterprise, próximo ao centro de João Pessoa. A empresa deu início às suas atividades com

contratos de prestação de serviços contábeis a apenas três clientes/empresas, contando com

uma contadora e um auxiliar de escritório. Inicialmente, seu planejamento era ser um

escritório de contabilidade reconhecido, mesmo com poucos colaboradores, e conceituado no

mercado local. Em pouco tempo, a empresa cresceu e no segundo ano já estava com contratos

de prestação de serviços de trinta empresas e cinco colaboradores. Neste estágio, viu-se a

necessidade de ampliar o negócio. Quatro anos se passaram e ocorreu uma grande chuva na

cidade, que por falta de escoamento na avenida, alagou toda a sede, causando um grande

prejuízo à empresa e conseqüentemente a seus clientes. Este fato fez com que o escritório de

contabilidade mudasse novamente de endereço, pois naquele momento, estavam com

aproximadamente cinqüenta contratos de prestação de serviço e oito colaboradores, ainda

trabalhando como empresa do tipo Pessoa Física, porém, devido às exigências legais, dado

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seu novo porte, foi necessária sua adequação, nascendo assim a SERCON - Serviços

Contábeis Ltda como é hoje.

Dois anos após esse acontecimento, a empresa identificou a necessidade de novamente

mudar de endereço, pois seu crescimento se tornava cada vez mais acentuado e necessitava de

um local maior e central. Nesse estágio, encontrava-se, aproximadamente, com oitenta

contratos de prestação de serviços e doze colaboradores. Foi a partir desse momento que os

setores da organização ficaram mais bem estabelecidos e distintos entre si, na nova

localização. Em 2005, no mês de maio foi finalizada a compra da sede própria, localizada na

Rua Francisca Moura nº. 427, Centro, João Pessoa - PB, onde se encontra até hoje.

No momento a empresa conta com 32 (trinta e dois) colaboradores divididos nos

setores administrativo-financeiro, fiscal, pessoal, contábil e de apoio. O setor administrativo e

financeiro é responsável por toda parte de constituição e regulamentação de empresas, entrega

de documentos, recepção, cobrança e organização do estabelecimento no geral e comporta

cinco colaboradores. O setor fiscal é responsável por toda parte de arrecadação de impostos e

declarações para órgãos públicos, nele estão presentes sete colaboradores. O setor pessoal

cuida de folhas de pagamento, demissões e admissões de funcionários e tudo o que estiver

relacionado aos direitos e deveres dos funcionários, conta com seis colaboradores. O maior

setor da empresa é o contábil que faz toda a contabilidade das empresas a quem a SERCON

presta serviços e comporta doze colaboradores ao todo, sendo dois estagiários, estudantes de

contabilidade e dois auxiliares externos que trabalham para as empresas com as quais a

SERCON possui contratos de prestação de serviços. No setor de apoio são dois funcionários,

prestadores de serviços que cuidam, um, da Informática, e outro, da limpeza geral do

escritório.

Com 23 anos de atuação no mercado, a organização é contratada por mais de 200

empresas/clientes e auxilia, voluntariamente, 50 outras.

5.2. Cultura Organizacional

A Cultura organizacional está presente em todas as organizações e instituições, é o

resultado da união da cultura dos indivíduos com a cultura presente nas instituições tornando-

se um regimento informal e muitas vezes inconsciente que conduz comportamento dos seus

integrantes.

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Conforme Chiavenato (1994):

“[…]a cultura consiste de padrões explícitos e implícitos de comportamentos

adquiridos e transmitidos ao longo do tempo e que constituem uma característica

própria de cada sociedade. Através da cultura, a sociedade impõe suas expectativas e

normas de conduta sobre os seus membros condicionando-os a se comportarem da

maneira socialmente aceitável aos seus padrões, crenças, valores, costumes e

práticas sociais.”(CHIAVENATO, 1994, Apud OLIVEIRA e CAMPELO, 2008,

p.6)

Por conseguinte que a cultura exerce uma função importante no ambiente institucional

e deve ser considerada e observada antes do desenvolvimento de qualquer ação voltada para o

público interno, caso contrário está suscetível fracasso. A cultura faz parte de nossa formação

de um modo geral, Assim como para nós, as vezes é difícil adaptar-se a uma cultura

organizacional, é difícil também promover mudanças culturais nas organizações. “Uma

mudança ao nível da cultura tem maior complexidade porque são enraizadas expressões

próprias da organização e das pessoas das quais fazem parte este contexto, ocorrendo

resistência na aceitação de crenças comuns.” (OLIVEIRA E CAMPELO, 2008, p. 6)

5.3. Missão, Visão e Valores

5.3.1. Missão

Através do domínio do conhecimento e tendência de mercado, oferecer de forma justa

e completa soluções na Escrituração Contábil, proporcionando satisfação e atendendo as

expectativas de nossos clientes, usando como ferramenta principal de gestão a tecnologia e a

parceria com fornecedores e colaboradores gerando rentabilidade.

5.3.2. Visão

Ser o melhor escritório de contabilidade do Estado da Paraíba, atuando com

dinamismo e eficiência, contribuindo para a satisfação e o sucesso dos seus clientes e

colaboradores.

5.3.3. Valores

Ética, Honestidade, Transparência, Profissionalismo, Comprometimento com seus

Clientes, Pontualidade, são nossos valores.

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5.4. Instrumentos de Comunicação da SERCON – Serviços Contábeis

Antes de apresentar os instrumentos de comunicação interna adotados pela SERCON,

será necessário apresentar o que são e a sua funcionabilidade para a comunicação interna nas

organizações.

Os instrumentos de comunicação interna são veículos dirigidos ao público interno que

se apresentam de três formas: a dirigida auxiliar, a dirigida oral e a dirigida escrita. Os meios

e veículos são também instrumentos utilizados na comunicação interna. Serão apresentados a

seguir apenas os veículos de comunicação que são utilizados na empresa, uma vez que estes

são os que têm aplicação prática, tendo em vista uma proposta de mudança e/ou otimização

deles no futuro.

Quanto à importância do uso desse tipo de veículo de comunicação pelas Relações

Públicas, Fortes (2003, p. 254), diz:

Em Relações Públicas, as programações com os públicos têm finalidades específicas

e ocupam inicialmente os veículos de comunicação dirigida, que visam “conduzir

comunicação para o público ou segmento de um público, utilizando-se da palavra

escrita”.

Fortes (2003, p. 254), divide os veículos de comunicação dirigida escrita em:

Informativos: avisos, cartazes, comunicado com a imprensa (pressrelease), encarte,

informe de reunião, insertos em barra, manifesto, sinalização escrita, teaser, volante;

Correspondências: carta, cartão-postal, circular, memorando, ofício, telegrama,

telex;

Publicações: almanaque, boletim de difusão técnica; boletim informativo, carta

informativa (newsletter); folhinha; jornal da empresa, jornal mural, magazine,

mural, revista da empresa, relatório público, balanço social, anais, caderno, livros de

empresa, programa, separata, álbum, apostila, cartilha, catálogo, digesto, folheto,

opúsculo, prospecto, revista de histórias em quadrinhos, manuais, manual de redação

e estilo, manual de identidade visual, manual de instruções, manual de integração,

manuais para recursos humanos e manual de organização;

Regulamentos: sistema de sugestões, caixa de sugestões.

Dentre aqueles que foram expostos anteriormente, pode-se destacar os utilizados

SERCON para o público interno e que serão analisados posteriormente neste trabalho.

Conforme definição de Fortes (2003, p. 255, 256 e 261):

Informativos: objetiva levar ao público a ser atingido uma comunicação exata que se

esgota assim que é emitida, não se esperando retorno da informação enviada, mas o

atendimento ao que foi solicitado ou recomendado.

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Publicações: em lapsos de tempo predeterminados, têm a intenção de transmitir aos

públicos das empresas, objetivando angariar uma opinião pública favorável.

Como suporte desses veículos tem-se os transportes:

Visual: os veículos são colocados em quadros, paredes e outros aparatos;

Físico: quando há transferência material e tangível da informação do emissor para o

receptor. Os veículos podem ser arquivados e lidos posteriormente. Exemplos:

contato pessoal, postagem, mala-direta e fax;

Virtual: apresenta como características flexibilidade, rapidez e alcance. Os veículos

são enviados virtualmente, partindo de banco de dados, podendo ser configurados

para identificar pessoas previamente cadastradas.

Fazem parte dos informativos e publicações produzidos pela SERCON – Serviços

Contábeis para o público interno:

Impresso: Publicação Interna SERCON sobre Escrituração Contábil.

Objetivo: manter os colaboradores e clientes, que também têm acesso ao informativo

quando estão no ambiente de trabalho da empresa, informados sobre assuntos relacionados à

escrituração contábil, informes, mudanças em leis fiscais, calendários de pagamentos fiscais,

dicas sobre recolhimento, informações sobre leis trabalhistas, etc.

Periodicidade: Mensal

Figura 02: Publicação Interna SERCON sobre Escrituração Contábil

Virtual: e-mail.

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Objetivo: manter os colaboradores informados sobre atualizações cadastrais de

empresas/clientes, solicitações de documentos aos clientes, controle de informação

colaborador-cliente, passar informações sobre assuntos relacionados à sua empresa, informes,

avisos sobre horários ou alguma mudança nas rotinas administrativas, etc.

Periodicidade: Diária3

Figura 03: Tela da Caixa de Entrada de E-mail da SERCON

Visual: Fachada externa.

Objetivo: identificar a SERCON – Serviços Contábeis aos clientes externos e

transeuntes, mostrar a logomarca SERCON criando uma identidade visual.

Periodicidade: Permanente

3 Cada setor da SERCON tem seu respectivo endereço de e-mail, que é utilizado diariamente, mantendo um link

com os clientes, de acordo com a necessidade de cada setor com seus clientes.

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Figura 04: Visão da Fachada da SERCON

5.5. Análise dos Instrumentos de Comunicação da SERCON

Visando analisar os instrumentos de comunicação interna da SERCON, aplicou-se

uma pesquisa de campo na empresa, com amostragem de 62,5% do universo de 32

colaboradores, o que corresponde a 20 pessoas. Apesar de não ser o universo de 100% dos

colaboradores, optou-se por ter ao menos um representante de cada setor da empresa,

incluindo a sua respectiva coordenadora.

Para a aplicação da pesquisa foi utilizado um questionário objetivo, contendo 10

questões referentes a dois aspectos: sobre a SERCON e o colaborador; e, sobre a comunicação

organizacional da SERCON na perspectiva dos colaboradores.

O questionário foi aplicado sem a presença do pesquisador, por entender que o grupo

tinha o discernimento necessário para compreender sem dificuldades as questões

apresentadas, evitando também qualquer tipo influência na obtenção dos dados.

5.6. Análise dos Dados da Pesquisa

Para a exposição dos dados da pesquisa serão apresentados gráficos comparativos do

grupo pesquisado, bem como comentários a respeito deles sob as questões abordadas no

questionário. Serão expostos todos os números colocados pelo grupo, já que o universo

pesquisado não foi de 100%, e tendo em vista uma proposta de implantação de novos

instrumentos e/ou reformulações dos que já estão sendo utilizados pela SERCON.

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Do grupo pesquisado, 60% são mulheres, e 40% homens. Todos os pesquisados têm

graduação em nível superior, ou estão em fase final de formação.

Os dados foram exportados pra a plataforma Excel e posteriormente tabulados e

apresentados em gráficos para uma melhor visualização dos resultados, estes apresentados a

seguir:

Gráfico 01 – Motivação para trabalhar na SERCON.

Fonte: Pesquisa de Campo, 2014.

Ao questionar sobre os motivos que levam os colaboradores a trabalhar na empresa,

objetivou-se conhecer um pouco mais de sua relação com o ambiente de trabalho, seus

posicionamentos e objetivos dentro da organização.

Conforme o Gráfico 01 percebe-se que 55% dos colaboradores concordam que o

ambiente de trabalho agradável e favorável ao crescimento profissional é o que mais os

motivam para trabalhar na SERCON, enquanto 20% pela satisfação no que trabalham, outros

20% pela compensação financeira, e apenas 5% pelo que a importância que empresa

representa para a sociedade.

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Gráfico 02 – Sobre a Missão da SERCON.

Fonte: Pesquisa de Campo, 2014.

Um dos aspectos abordados na pesquisa foi a Missão da empresa, por julgar ser

importante o seu conhecimento. O objetivo era saber se os colaboradores têm conhecimento

sobre a mesma.

O Gráfico 02, mostra que 75% dos colaboradores têm conhecimento da Missão da

SERCON4, enquanto 20% acham que é fortalecer a indústria, promovendo a educação

profissional, sendo que esse é um item apenas ilustrativo para a pesquisa, e 5% acham que é

promover o desenvolvimento das micro e pequenas empresas, sendo este um item subjetivo,

uma vez que a empresa tem em sua carta de clientes, empresas de todos os portes.

A partir do Gráfico 03, o levantamento dos dados buscou avaliar a comunicação

organizacional da empresa na visão dos colaboradores e a opinião deles sobre os itens

pesquisados.

Gráfico 03 – Acesso à Internet.

Fonte: Pesquisa de Campo, 2014.

4 Ver página 43, item 5.2.1. Missão

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De acordo com o Gráfico 03, 50% dos pesquisados têm acesso à Internet no ambiente

de trabalho, pois as suas funções exigem o acesso contínuo, para 45% não é necessário o uso

permanente da Internet por normalmente utilizarem uma plataforma interna para suas funções

e essa não exige conexão direta, sendo a internet utilizada apenas às vezes, enquanto que 5%

não têm acesso à Internet, por não lhe dar com ela no ambiente de trabalho.

Essa questão é pertinente à medida que só com os dados dela é que é possível analisar

um dos meios de comunicação da empresa, o e-mail (Gráfico 04).

Gráfico 04 – Sobre a comunicação via E-mail da SERCON.

Fonte: Pesquisa de Campo, 2014.

De acordo com o Gráfico 04, 21% dos colaboradores consideram como ótima a

Comunicação via E-mail, pois permitem agilidade na troca de informações com clientes e

com os outros setores, 63% consideram como Bom, por permitir agilidade, porém com a

ressalva de que às vezes há certa demora no retorno do contato, 11% consideram regular o uso

do E-mail, por que preferem o telefone para falarem com seus contatos, e 5% consideram

péssimo o uso por não facilitar em nada a comunicação empresa-cliente.

Essa questão tentou levantar o grau de satisfação dos colaboradores com esse meio,

visto que ele é considerado de suma importância pela Diretoria, porém ele foi implantando

sem nenhum tipo de análise de usabilidade.

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Gráfico 05 – Sobre a Fachada Externa

Fonte: Pesquisa de Campo, 2014.

O Gráfico 05, mostra a opinião dos colaboradores sobre a Fachada Externa da

SERCON, um dos meios de se criar identidade visual para a empresa. 10% dos colaboradores

consideram ótima, ela é bem apresentável e fácil de ler e entender, 75% consideram como

bom, com o argumento que é o mínimo que toda empresa deve ter é uma fachada de

identificação, 15% consideram regular, por achar que tanto faz o seu uso, sem considerar nada

contra ou a favor. Ninguém considerou a fachada como péssima.

Gráfico 06 – Quantos colaboradores lêem Publicação: Informativo SERCON,

sobre escrituração contábil

Fonte: Pesquisa de Campo, 2014.

O Gráfico 06 faz um levantamento sobre se os colaboradores lêem a Publicação,

Informativo SERCON: boletim sobre Escrituração Contábil, disponível a todos na recepção

da empresa. Do universo da pesquisa, 50% lêem a Publicação, 45% só lêem às vezes, e,

apenas 5% não lêem.

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Essa questão é pertinente à medida que é necessária para se fazer um levantamento

sobre a opinião dos colaboradores sobre a Publicação, visto que só aqueles que a lêem é que

são capazes de emitir sua opinião a respeito da mesma.

Com isso, o universo da pesquisa diminui de 20, para 19 colaboradores, já que um

deles respondeu que não lê a publicação, o equivalente a 5% do total pesquisado (conforme

gráfico 06).

O gráfico 07 levanta dados sobre a opinião dos colaboradores a respeito da Publicação,

Informativo SERCON, sobre Escrituração Contábil.

Gráfico 07 – Publicação: Informativo SERCON, sobre escrituração contábil,

opinião geral dos colaboradores.

Fonte: Pesquisa de Campo, 2014.

No geral, 5% dos colaboradores consideram a publicação como ótima, 16%

consideram como bom, 74% como regular, e 5% como péssimo. O gráfico 07 considerou

apenas o aspecto geral da publicação.

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Gráfico 08 – Opinião Específica dos Colaboradores sobre a Publicação,

Informativo SERCON: sobre escrituração contábil

Fonte: Pesquisa de Campo, 2014.

O gráfico 08 aponta questões específicas sobre a opinião dos colaboradores a respeito

da Publicação, Informativo SERCON: sobre escrituração contábil. 11% dos colaboradores

consideram que a publicação é de difícil compreensão, 47% acha que ela faz uso de muitos

termos técnicos, apenas 5% consideram que a leitura é simples e portanto ideal, 32%

compreendem que a publicação nem é muito simples, e nem muito rebuscada5, que é

compreensível de uma forma que todos podem entendê-la, e, 5% consideram a publicação

muito pobre, faz uso de termos muito coloquiais ou populares.

Gráfico 09 – Sobre a estética da Publicação, Informativo SERCON: sobre

escrituração contábil (quantidade de páginas, tamanho da fonte, etc.)

Fonte: Pesquisa de Campo, 2014.

5 Segundo o Dicionário InFormal, disponível em: http://www.dicionarioinformal.com.br/rebuscada/, em

16/03/2014, o termo “rebuscada” quer dizer “Muito enfeitado e acaba dificultando a compreensão”.

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Quanto à apresentação estética da Publicação, 68% consideram que não é agradável,

pois possui muita informação aliada à escrita complicada e fonte muito pequena, tornando o

texto confuso, e 32% consideram agradável, considerando que a leitura é direta e o tamanho e

quantidade de páginas, assim como a escrita é pertinente aos temas propostos normalmente na

publicação.

5.7. Conclusão da Pesquisa

Com a análise dos dados coletados na pesquisa podemos observar que a percepção dos

colaboradores da SERCON, sobre os instrumentos de comunicação usados pela organização,

é bem dividida, destacando alguns aspectos que devem ser observados como a melhoria das

mídias, a melhor utilização de cada uma, como o que noticiar na publicação, e o que seria

válido, melhorando sua estética, e também destacando-a num outro instrumento de

comunicação, como o Jornal Mural, por exemplo. A interação via e-mail também é um ponto

a ser revisto, apesar de ter sido considerado, em sua maioria, como Bom, a demora no retorno

dos contatos quando são exigidos, faz com que esse método não seja bem aproveitado,

fazendo com que os colaboradores percam tempo e acabem por utilizar de outros meios para

contatar os clientes. Estudar mecanismos para melhorar as mídias utilizadas pela empresa

seria muito favorável para uma racionalização e conseqüente agilização no contato entre

colaboradores e clientes, um estudo para a utilização das redes sociais seria interessante, visto

que esse tipo de mídia tem tido bastante alcance.

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6. PROPOSTA DE RELAÇÕES PÚBLICAS PARA A OTIMIZAÇÃO DA

COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL NA SERCON - SERVIÇOS CONTÁBEIS

Na comunicação organizacional, as Relações Públicas aparecem como importante

instrumento no alcance de resultados, mediando e implantando ações que venham favorecer a

relação entre a organização e seus públicos de interesse, usando-se, com maior ênfase, a

comunicação organizacional e a comunicação interna.

Com base nas observações feitas através da análise da pesquisa, algumas ferramentas

de comunicação interna devem ser reformuladas e outras serão propostas para a otimização da

comunicação da empresa.

Sobre a Publicação, Informativo SERCON: sobre Escrituração Contábil, observa-se

que nem todos os colaboradores têm o mesmo interesse no Informativo, apresentam algumas

divergências de opinião entre eles que acaba por deixar a publicação sem a devida

importância. Uma proposta seria dispor o Informativo num lugar melhor, mais visual, e de

fácil acesso. Para isso sugerimos a implantação de um Quadro de Avisos, por ser eficiente

instrumento de comunicação interna, sua posição, que deve ser estratégica, garante longa

permanência como veículo de comunicação organizacional.

Em face da implantação do Quadro de Avisos, faz-se necessário a sua manutenção

periódica, mantendo-o limpo e atualizado, permitindo o seu fácil acesso e fazendo com que o

mesmo seja interessante para os colaboradores da organização.

Quanto ao E-mail, é crucial nos dias de hoje que qualquer empresa se comunique com

seus clientes através dessa plataforma, mas tem se notado a cada dia o aumento no uso das

Mídias Sociais6, além da importância da empresa estar presente nas redes sociais para

monitorar os comentários que surgem sobre seu produto, empresas conectadas transmitem

melhor imagem para os consumidores contemporâneos, pois demonstram atitude de

preocupação com a opinião de seus clientes7.

Além disso, também se torna imprescindível a criação de um site próprio, onde deve

constar todas as informações relativas à SERCON, seus serviços, sua localização, além de

dicas e informações contábeis úteis para o público em geral, sem esquecer também de sua

Missão, Visão e Valores, e o histórico da empresa.

6 Disponível em http://www.labbo.com.br/blog/a-importancia-das-midias-sociais-para-empresas, acesso em

16/03/2014. 7 Idem

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56

Sobre a Fachada Externa, é inegável a sua função em relação à empresa, apesar dela

ser praticamente ignorada por seus colaboradores, não se imagina uma empresa nos dias

atuais sem ao menos uma placa com sua logo formando uma identidade visual. Para RAND,

Paul (1993) apud. Almeida, Marcelo (2006), “se no negócio da comunicação organizacional,

a „imagem é a realeza‟, a essência desta imagem, o logotipo, é a jóia da sua coroa”.

Todavia, não é só a fachada que contribui com a identidade visual da empresa, no

âmbito da SERCON, podem ser aplicadas outras formas de identidade visual, como o uso de

crachás de identificação pelos colaboradores e a utilização de placas indicativas de setor8 nas

portas e passagens da mesma.

A elaboração de um Plano Estratégico de Comunicação se faz importante, pois

analisaria profundamente todos os setores da empresa, mostrando suas carências e

necessidades, e apontando como realizar as melhorias necessárias para o melhor

funcionamento organizacional, tanto no âmbito da comunicação, mas também, e,

principalmente, no âmbito administrativo, possibilitando um melhor aproveitamento das

potencialidades da empresa.

Tem-se observado a necessidade de se iniciar um Setor de Comunicação, pois devido

ao crescimento acelerado, falta à organização a regulamentação entre setores, e uma maior

atenção às necessidades de seus públicos. A SERCON continua com planos de ampliação e

ainda existem muitas mudanças a serem implementadas, e a comunicação é o meio que

poderá nortear essas da maneira correta esse crescimento, dando uma nova roupagem ao

conceito de escritório de contabilidade na comunidade local, deixando a SERCON Serviços

Contábeis apta a enfrentar qualquer desafio.

8 Já estava em fase de implantação a utilização de placas indicativas enquanto esta pesquisa estava sendo

realizada, sendo que será necessária a reformulação delas devido a implantação sem o devido estudo para sua

aplicação.

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7. CONSIDERAÇÕES

Ao longo deste estudo verificou-se a importância da relação direta existente entre

comunicação e organização, enfatizando, neste contexto, a comunicação organizacional e seus

instrumentos no âmbito da Empresa Familiar. As Relações Públicas destacam-se pela

importância de sua função na comunicação organizacional, de modo especial, na comunicação

interna e na relação da organização com o seu público interno.

Ao estudar o funcionamento das organizações percebeu-se que elas trazem um

complexo sistema administrativo e comunicacional que lhe dão sustentabilidade. As relações

sociais existentes entre os membros de cada organização e as normas por elas estabelecidas

originam a cultura organizacional, que vem revelar a sua identidade. Como sistemas abertos,

ou seja, como organismos que se comunicam com o ambiente externo, as organizações

precisam da comunicação para se manterem vivas. Essa troca constante de informações com o

ambiente externo as forçam a necessitarem de uma estrutura comunicacional mais organizada,

planejada e pró-ativa.

A comunicação tem relevância indiscutível para as organizações. A sobrevivência

delas depende da comunicação organizacional, quando esta volta seus esforços para a

conquista de uma opinião pública positiva, por meio da comunicação institucional; procura

encantar, conquistar e fidelizar novos clientes, utilizando a comunicação mercadológica; e

conquistar a confiança do público interno, importante aliado para uma boa relação com a

sociedade, através da comunicação interna. Já o funcionamento dos processos administrativos

e produtivos da organização, depende da comunicação administrativa.

Em meio a tudo isso, levando-se em consideração a característica de empresa familiar,

por si só, mais complexas, pois além de serem empresas com objetivo de gerar lucro, elas tem

o afeto familiar como conexão, geralmente se tornando uma extensão do grupo familiar,

fazendo com que seus integrantes trabalhem com mais tempo e energia. Apesar disso, as

empresas familiares não são muito diferentes de outras organizações no que diz respeito ao

modo como a comunicação organizacional deve ser aplicada, e também aos métodos

utilizados para se ter embasamento para uma melhor comunicação organizacional.

As organizações familiares possuem uma longa história de interação intensiva e de

participação estável, o que contribui para o desenvolvimento de uma habilidade de alinhar

incentivos, produzir decisões em harmonia com os interesses dos indivíduos, induzindo-os a

se identificar com os seus. (CAMPBELL et. al. (2007) apud Moraes Filho (2009))

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Como já mencionado anteriormente, as empresas familiares costumam superar

períodos de abundância e de crise econômica, mas continuam direcionadas ao mercado,

tornando-se ainda mais fortes perante situações adversas, pois os membros da família aceitam,

com mais freqüência, fazer sacrifícios e perdas em longo prazo para salvar a empresa, não

optando por demissões, enquanto que em empresas não familiares elas precisam tomar

decisões que podem começar pela redução de custos, até a retirada do setor de origem, com o

objetivo de responder, urgentemente, aos anseios de seus acionistas (AGOSTINI, (2001)

apud. Moraes Filho, (2009)).

Durante esta pesquisa, verificou-se que a empresa objeto de estudo tem uma bem

definida estrutura, funcionando em local próprio e contando com colaboradores capacitados,

possui instrumentos de comunicação organizacional definidos, mas que necessitam de

melhorias, visto que eles não estão cumprindo sua função completamente, atingindo apenas

parte de seu público e não influenciando muito na relação empresa-cliente.

Viu-se a necessidade de ser criado um Setor de Comunicação, para que o mesmo seja

responsável pelo fortalecimento organizacional da empresa, auxiliando a Administração nas

tarefas de controle de informação e ficando credenciada a coordenar melhor a comunicação

interna e externa, facilitando o trabalho e o dia-a-dia de seus públicos.

Constatou-se na análise dos instrumentos de comunicação organizacional da

SERCON, que os veículos impressos e seus suportes vêm atingindo, apenas parcialmente,

seus propósitos. Perceber os grupos integrantes da organização e os instrumentos que os

atingem é fundamental para desenvolver uma boa comunicação interna.

Diante das constatações da pesquisa, foram propostas adequações aos veículos e

suportes da comunicação interna, de acordo com as necessidades da empresa pesquisada,

visando a sua melhoria e otimização.

Enfim, o presente estudo teve a intenção, não somente de analisar os instrumentos da

comunicação organizacional da SERCON Serviços Contábeis, no âmbito da empresa familiar,

e propor melhoria para a sua otimização, assim como servir de subsídios para estudantes e

profissionais de Relações Públicas, atentando-se para a importância dessas organizações e das

ferramentas que compõem o seu trabalho nas organizações.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A

Questionário

A – VOCÊ E A SERCON - Serviços Contábeis

1. Quais destes aspectos mais o(a) motiva a trabalhar na SERCON?

1.1. Satisfação no que eu trabalho ( )

1.2. A importância da instituição para a sociedade ( )

1.3. Ambiente de trabalho agradável e favorável para eu crescer profissionalmente ( )

1.4. Compensação financeira ( )

2. Qual dessas alternativas abaixo é a missão da SERCON? (Assinale somente uma alternativa)

2.1. Promover o desenvolvimento das micro e pequenas empresas ( )

2.2. Fortalecer a indústria, promovendo a educação profissional, a assistência técnica e tecnológica, a

produção e disseminação de informações tecnológicas ( )

2.3. Oferecer de forma justa e completa soluções na Escrituração Contábil ( )

B- COMUNICAÇÃO INTERNA

3. Você tem acesso a Internet no seu trabalho?

Sim ( ) Não ( ) Às vezes ( )

4. O que você acha da comunicação via e-mail da SERCON?

4.1- Ótimo ( ) 4.2 - Bom ( ) 4.3 - Regular ( ) 4.4 - Péssimo( )

5. O que você acha da Fachada da SERCON?

5.1- Ótimo ( ) 5.2 - Bom ( ) 5.3 - Regular ( ) 5.4 - Péssimo( )

6. Você lê a Publicação, Informativo Sercon: sobre Escrituração Contábil (boletim interno disponível

a todos os colaboradores e clientes na recepção)?

6.1 - Sim ( ) 6.2 - Não ( ) 6.3 - Às vezes

Caso a resposta seja sim, ou às vezes, responda às questões seguintes.

7. O que você acha desse informativo?

7.1- Ótimo ( ) 7.2 - Bom ( ) 7.3 - Regular ( ) 7.4 - Péssimo( )

8. O que você acha da linguagem dele? (Assinale apenas uma questão)

8.1 - Simples, portanto ideal ( ) 8.2- muito pobre, coloquial, popular. ( )

8.3 - De difícil compreensão ( ) 8.4- Faz uso de muitos termos técnicos ( )

8.5 - Nem muito simples, nem muito rebuscada, de forma que todos entendem ( )

9. O que você acha da apresentação estética e formato (quantidade de páginas, tamanho da fonte) do

Informativo Sercon?

9.1 - Agradável ( ) 9.2 - Não agradável ( )

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APÊNDICE B

Página 01: Publicação, Informativo SERCON: sobre escrituração contábil

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