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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO JULIANA KÉSSIA BARBOSA SOARES IMPACTO DO LEITE DE CABRA SOBRE A ONTOGENIA REFLEXA, SOMÁTICA E O CRESCIMENTO PONDERAL EM RATOS João Pessoa 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO

JULIANA KÉSSIA BARBOSA SOARES

IMPACTO DO LEITE DE CABRA SOBRE A ONTOGENIA REFLEXA, SOMÁTICA E O

CRESCIMENTO PONDERAL EM RATOS

João Pessoa 2009

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JULIANA KÉSSIA BARBOSA SOARES

IMPACTO DO LEITE DE CABRA SOBRE A ONTOGENIA REFLEXA, SOMÁTICA E O

CRESCIMENTO PONDERAL EM RATOS

Dissertação apresentada ao colegiado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba, para obtenção do grau de Mestre em Nutrição

Orientador(a): Prof.ª Dr.ª Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga Prof.ª Dr.ª Maria do Carmo Medeiros

João Pessoa 2009

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S676 Soares, Juliana Késsia Barbosa.

Impacto do leite de cabra sobre a ontogenia reflexa, somática, e o crescimento ponderal em ratos / Juliana Késsia Barbosa Soares.- João Pessoa, 2009.

108p. Orientadores: Rita de Cássia Ramos do Egypto

Queiroga, Maria do Carmo Medeiros Dissertação (Mestrado) – UFPB/CCS 1. Nutrição Animal. 2. Leite de Cabra -

enriquecimento. 3. Ácido Linoléico Conjugado (CLA) . 4. Ratos – consumo – leite de cabra.

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JULIANA KÉSSIA BARBOSA SOARES

IMPACTO DO LEITE DE CABRA SOBRE A ONTOGENIA REFLEXA, SOMÁTICA E O CRESCIMENTO PONDERAL EM RATOS

Aprovada em: 27 de fevereiro de 2009

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga

Orientador(a) (DN/CCS - Universidade Federal da Paraíba)

_________________________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maria do Carmo Medeiros

Orientador(a) (DN/CCS - Universidade Federal de Pernambuco)

_________________________________________________________________________ Profa. Dra. Tereza Helena Cavalcanti Vasconcelos

Membro interno (DN/CCS - Universidade Federal da Paraíba)

_________________________________________________________________________ Profa. Dra. Debora Catarine Nepomuceno de Pontes Pessoa

Membro externo (DN/CCS - Universidade Federal de Pernambuco)

_________________________________________________________________________

Profa. Dra. Maria da Conceição Rodrigues Gonçalves

Suplente interno (DN/CCS - Universidade Federal da Paraíba)

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por sempre iluminar os nossos caminhos e nos

auxiliar na superação de todos os obstáculos, nos instruindo para possibilitar a concretização

dos nossos sonhos e objetivos.

Aos meus pais Roberto e Neves, exemplo de sabedoria e fortaleza diante de todos os

obstáculos, meus grandes incentivadores.

Ao meu marido Alexandre, pelo apoio e a paciência suportando minha ausência

À minha filha Letícia Beathriz, presente de Deus, força maior!

Às professoras Rita de Cássia e Maria do Carmo, grandes amigas em todos os momentos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, me conduzindo e me fortalecendo em todos os momentos, tirando de dentro de mim uma

força desconhecida, me proporcionado felicidade e me presenteando com a conclusão deste

trabalho.

A Roberto e Neves, meus pais, que me incentivaram em todos os momentos de minha vida,

presença constante em cada conquista.

À Alexandre Moreira, companheiro e incentivador. Obrigada pelo apoio!

À Letícia Beathriz, minha filha, todo meu amor!

À minha grande amiga Maria Elieidy Gomes de Oliveira, que por muitas vezes me escutou e me

incentivou no início deste trabalho.

A minha tia Maria Eunice Barbosa da Silva, seu marido Osmar Elias da Silva e seus filhos Omar e

Osmar Filho, pelo acolhimento durante este trabalho. Obrigada!

À minha tia Mônica Barbosa pelas orações e sinceridade.

Aos meus avós, por participarem da minha educação e pelo carinho.

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À Profa. Rita de Cássia Ramos E. Queiroga, pela orientação durante toda minha vida acadêmica,

pela amizade e pelo apoio em todas as dificuldades para realização deste trabalho. Além de tudo,

mais uma vez, pela confiança!

À Profa. Maria do Carmo Medeiros, uma pessoa maravilhosa que eu tive oportunidade de conhecer

e meu grande apoio neste trabalho. Meus aplausos na arte de orientar e pesquisar. Minha eterna

gratidão e amizade.

À professora Francisca Martins Bion pelos conselhos e amizade.

À Lucia Maria Pires pela colaboração na realização da estatística.

À professora Débora Catarine Pessoa, pelo carinho e cuidado demonstrado comigo durante todo o

trabalho e por ter aceitado participar da avaliação desta dissertação.

À professora Tereza Helena Cavalcanti Vasconcelos por ter aceitado participar da avaliação desta

dissertação.

À coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição Maria da Conceição

Rodrigues Gonçalves por ter aceitado participar da avaliação desta dissertação.

Aos funcionários do curso de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição Sr. Carlos e Sr. Marcos pela

atenção dispensada.

Aos professores do Mestrado, pelos ensinamentos e incentivos transmitidos.

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Aos meus colegas de turma, bons momentos passamos juntos.

Aos funcionários da UFPE, Ana França, José Paulino e Edeones França pelo exemplo de vida e

profissionalismo.

As estagiárias, Danielle Ferreira, Dione Lins, E’lida Barbosa e Lívia Valença que me auxiliaram

na manutenção e bem estar dos animais.

A todos os meus familiares e amigos que direta ou indiretamente contribuíram para esta pesquisa.

A Embrapa Caprinos, beneficiando todos os brasileiros com o apoio financeiro para pesquisas

direcionadas as nossas necessidades e pela bolsa concedida, auxiliando a realização deste trabalho.

Ao coordenador e pesquisador da Embrapa, Marco Aurélio Delmondes Bomfim, pelo apoio

financeiro e preocupação com a pesquisa.

Ao CNPq pelo apoio financeiro.

A todos que por algum momento pararam para ler ou ouvir o meu trabalho, torcendo para que tudo

terminasse bem.

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“Bom mesmo é ir à luta com determinação,

abraçar a vida com paixão,

perder com classe

e vencer com ousadia.

Porque o mundo pertence a quem se atreve

e a vida é muito pra ser insignificante...”

(Charles Chaplin)

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RESUMO

O leite de cabra é fonte do ácido linoléico conjugado, um ácido graxo que é produzido a partir

da bio-hidrogenação no rumem desses animais. Sabendo que os ácidos graxos são constituintes

estruturais das membranas celulares, cumprem funções energéticas e de reserva metabólica e

tornam-se indispensáveis para a formação do sistema nervoso central, esse estudo investigou os

efeitos da oferta de 7% de diferentes tipos de lipídios inseridos na dieta de ratas Wistar durante

a gestação e a lactação divididos em três grupos: óleo de soja (GS), óleo de coco (GC) e gordura

do leite de cabra enriquecida com o CLA (GLC). Observou-se a ontogenia reflexa e somática, o

comprimento da cauda e o ganho de peso de 54 ratos lactentes. Os reflexos estudados foram:

Preensão Palmar (PP), Recuperação Postural de Decúbito (RD), Aversão ao Precipício (AP),

Aversão Ao precipício pelas Vibrissas (APV), Geotaxia Negativa (GN) Resposta ao Susto (RS)

e Recuperação do Decúbito em Queda Livre (RDQL). As características somáticas estudadas

foram: Abertura do Pavilhão Auricular (APA), Abertura do Conduto Auditivo (ACA), Erupção

dos Dentes Incisivos Inferiores (EII), Erupção dos Dentes Incisivos Superiores (EIS) e Abertura

dos Olhos (AO). O GLC apresentou um maior ganho de peso, comprimento da cauda (p<0,001)

e antecipação na maturação dos reflexos: PP, RD, AP, GN, RS e RDQL em relação ao GS. O

GLC mostrou-se antecipado em relação ao GC nos seguintes reflexos: APV, PP, RD, AP, GN e

RS. O GLC demonstrou antecipação em todas as características somáticas em relação ao GS e

GC (p<0,001). Os neonatos do GC apresentaram retardo no APA e AO (p<0,001) em relação

ao GS. Com o estudo concluiu-se que a oferta do leite de cabra enriquecido com CLA ofertada a

ratas Wistar durante a gestação e lactação disponibilizou uma variedade de ácidos graxos que

possibilitou ao organismo da rata mãe ofertar pela placenta e através do leite materno os ácidos

graxos necessários ao desenvolvimento dos filhotes.

Palavras-chave: CLA, leite de cabra; ratos, gestação, lactação.

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ABSTRACT

The goat milk is a source of conjugated linoleic acid, a fatty acid that is produced from

biohydrogenation in the rumen of these animals. Knowing that the fatty acids are structural

components of cell membranes, energy functions and meet the reserve metabolic and become

indispensable for the formation of the central nervous system, this study investigated the effects

of 7% of supply of different types of lipids included in the diet of Wistar rats during pregnancy

and lactation divided in three groups: soybean oil (SOG), coconut oil (COG) and goat milk fat

enriched with CLA (GMG). This study investigated a reflex ontogeny and somatic of 54 infants

rats. The reflex indexes were: Palmar Grasp (PG), Righting Reflex (RR), Cliff Avoidance (CA),

Vibrissae Placing (VP), Negative Geotaxis (NG), Auditory Startle (AS) and Free Fall Righting

(FFR). The somatic maturation indexes were: Auricle Opening (AO), Auditory Canal Opening

(ACO), Low Incisor Eruption (LIE), Upper Incisor Eruption (UIE) and Eye Opening (EO).The

GMG had a greater weight gain, length of tail (p <0.001), early maturation of the reflexes: PG,

RR, CA, NG, AS and FFR then the SOG. GMG showed early maturation on the reflexes: PG,

RR, CA, NG and AS then the COG. The GLC showed anticipation in all somatic features then

the SOG and COG (p <0.001). The COG offspring had delayed in somatic maturation: AO and

EO then the GMG (p <0.001). In the study concluded that the supply of goat's milk enriched

with CLA offered to Wistar rats during pregnancy and lactation provided a variety of fatty acids

that body has to offer by the mother rat placenta and through breast milk fatty acids necessary to

the development of offspring.

Key-words: CLA, goat milk, rats, pregnancy, lactation.

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LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1 - Composição das dietas experimentais............................................................. 33

Capítulo 2:

Tabela 1 - Composição das dietas experimentais.............................................................

75

Tabela 2 - Perfil de ácidos graxos das diferentes fontes lipídicas....................................

75

Tabela 3 - Maturação reflexa (mediana do dia) de ratos lactentes cujas mães receberam dieta contendo 7% de óleo de soja (n=18), óleo de coco (n=12) e a gordura do leite de cabra (n=24) durante a gestação e a lactação............................................................................................................

83

Tabela 4 - Maturação somática (mediana do dia) de ratos lactentes cujas mães receberam dieta contendo 7% de óleo de soja (n=18), óleo de coco (n=12) e a gordura do leite de cabra (n=24) durante a gestação e a lactação............................................................................................................

83

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LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1 – Procedimento para avaliação do reflexo de Preensão Palmar

(PP)....................................................................................................................

35

Figura 2 – Procedimento para avaliação do reflexo de Recuperação de Decúbito

(RD)...................................................................................................................

35

Figura 3 – Procedimento para avaliação do reflexo de Aversão ao Precipício pelas

vibrissas (EPV)..................................................................................................

36

Figura 4 – Procedimento para avaliação do reflexo de Aversão ao Precipício

(AP)....................................................................................................................

36

Figura 5 – Procedimento para avaliação do reflexo de Geotaxia Negativa (GN)............... 36

Figura 6 – Procedimento para avaliação do reflexo de Resposta ao Susto (RS)................. 37

Figura 7 – Procedimento para avaliação do reflexo da Recuperação de Decúbito em

Queda Livre (RDQL).........................................................................................

37

Figura 8 – Procedimento para avaliação das características da maturação física: A –

Erupção dos Dentes Incisivos; B - Abertura do Pavilhão Auricular; C -

Abertura dos Olhos; D – Abertura do Conduto Auditivo;.................................

39

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Capítulo 1:

Figura 1 – Caminho da síntese ruminal endógena do ácido rumênico (C18:2 cis-9,

trans-11 CLA) em vacas leiteiras......................................................................

54

Capítulo 2:

Gráfico 1 –

Gráfico 2 –

Ganho de peso de ratos Wistar lactentes cujas mães receberam ração

contendo 7% de óleo de soja (n=18), óleo de coco (n=12) e a gordura do leite

de cabra (n=24)..................................................................................................

Comprimento da cauda de ratos Wistar lactentes cujas mães receberam ração

contendo 7% de óleo de soja (n=18), óleo de coco (n=12) e a gordura do leite

de cabra (n=24)..................................................................................................

82

82

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACA - Abertura do Conduto Auditivo

AG – Ácidos Graxos

AG E– Ácidos Graxos Essenciais

AGPI - Ácidos Graxos Poli-insaturados

AGV - Ácidos Graxos Voláteis

AIN- American Institute of Nutrition

AO - Abertura dos Olhos

AP - Aversão ao Precipício

APA - Abertura do Pavilhão Auricular

APV - Aversão ao Precipício pelas Vibrissas

AR - Ácido Rumênico

AV - Ácido Vacênico

CC - Comprimento da Cauda

CLA – Conjugated Linoleic Ácid

DHA – Ácido Docosahexaenóico

EII - Erupção dos Dentes Incisivos Inferiores

EIS - Erupção dos Dentes Incisivos Superiores

GC - Grupo Óleo de Coco

GLC - Grupo Leite de Cabra

GN - Geotaxia Negativa

GS - Grupo Óleo de Soja

GV - Gordura Visceral

HDL - High Density Lipid

LDL - Low Density Lipid

OLETF - Otsuka Long-Evans Tokushima Fatty Rats

PGE - Prostaglandina

PN - Pós- Natal

PP - Preensão Palmar

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RDQL - Recuperação do Decúbito em Queda Livre

RD - Recuperação Postural de Decúbito

RS - Resposta ao Susto

VLDL – Very Low Density Lipid

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SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 18

2 REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................................... 20

2.1 Importância de uma boa alimentação................................................................................. 20

2.2 O leite de cabra na alimentação.......................................................................................... 21

2.3 Alimentos funcionais.......................................................................................................... 23

2.4 Importância dos ácidos graxos no desenvolvimento cerebral............................................. 28

3 METODOLOGIA................................................................................................................ 31

3.1 Delineamento experimental, animais e dietas..................................................................... 31

3.11 Experimento 1: Coleta de amostras de leite de cabra....................................................... 31

3.1.2 Experimento 2: Eficácia do alimento in vivo (ratos)....................................................... 32

3.3 Análises Estatísticas............................................................................................................ 39

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 40

Capítulo 1: Artigo de Revisão................................................................................................

ÁCIDO LINOLÉICO CONJUGADO: IMPLICAÇÕES NA NUTRIÇÃO

46

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................

2 METODOLOGIA..................................................................................................................

49

50

3 ORIGEM DO ÁCIDO LINOLÉICO CONJUGADO............................................................ 50

4 FONTES DE ÁCIDO LINOLÉICO CONJUGADO............................................................. 51

5 METABOLISMO DO LIPÍDEO NO RÚMEN..................................................................... 52

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6 ÁCIDO LINOLÉICO CONJUGADO E COMPOSIÇÃO CORPORAL.............................. 55

7 DOENÇAS CARDIOVASCULARES.................................................................................. 56

8 ÁCIDO LINOLÉICO CONJUGADO E RESISTÊNCIA A INSULINA............................. 57

9 ÁCIDO LINOLÉICO CONJUGADO E CÂNCER.............................................................. 59

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS........................................................................................................................ 62

Capítulo 2: Artigo...................................................................................................................

EFEITOS DO LEITE DE CABRA ENRIQUECIDO COM O ÁCIDO LINOLÉICO CONJUGADO SOBRE O DESENVOLVIMENTO REFLEXO E SOMÁTICO, EM

RATOS

69

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 72

2 METODOLOGIA.................................................................................................................. 73

3 RESULTADOS...................................................................................................................... 76

4 DISCUSSÃO......................................................................................................................... 77

5 CONCLUSÃO....................................................................................................................... 81

REFERÊNCIAS........................................................................................................................ 84

APÊNDICE............................................................................................................................... 87

ANEXOS.................................................................................................................................. 106

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1 INTRODUÇÃO

Os ácidos graxos (AG) são constituintes estruturais das membranas celulares,

cumprem funções energéticas e de reservas metabólicas, participam da formação de

hormônios e sais biliares (VALENZUELA; NIETO, 2003) e devem estar presentes na dieta,

em quantidades adequadas.

No cérebro, os lipídios equivalem a cerca de 60% do seu peso seco, dos quais 40%

correspondem a ácidos graxos poli-insaturados (AGPI). Os AGPI têm função primariamente

estrutural (VALENZUELA; NIETO, 2003). O processo morfogênico do cérebro se

caracteriza por sucessivas etapas, incluindo neurogênese, migração neural, apoptoses

seletivas, sinaptogênese, finalizando com a mielinização. Essas etapas sequenciais dão forma

e funcionalidade ao tecido cerebral (MORGANE et al., 1993). A deficiência de alguns ácidos

graxos essenciais (AGE), como o ácido docosahexaenoico (DHA), pode alterar a composição

das membranas sinápticas, afetando as funções dos receptores da membrana neuronal, canais

iônicos e enzimáticos (HORNSTRA, 2002).

Em humanos, a maturação do sistema nervoso central tem início na fase intra-uterina e

persiste até os primeiros anos de vida pós-natal (MARTINEZ, 1992). O processo

morfogênico, diretamente associado à função cerebral, torna a nutrição materna essencial,

durante a gestação e a lactação, para o desenvolvimento de neonatos, pois há aumento

funcional e bioquímico das demandas de AGPI (XIANG et al., 1999; KOLETZKO et al.,

2001).

Distúrbios nesta etapa podem alterar intensamente os eventos ontogenéticos

sequenciais, com efeito variado sobre o sistema nervoso em formação (DOBBING, 1970;

MORGANE et al., 1993; LYNCH; SMART; DOBBING, 1975). Assim sendo, considera-se a

fase inicial na qual ocorre rápido crescimento cerebral, como o período crítico do

desenvolvimento (SMART; DOBBING, 1971). Nesta fase, os ácidos graxos são de

fundamental importância, razão pela qual a literatura registra estudos relacionando-os com o

desenvolvimento neural, principalmente o n-3 e o n-6; porém, pouco se sabe sobre o

mecanismo de ação do ácido linoleico conjugado nesta etapa, tampouco sobre o papel do leite de

cabra, tão rico neste ácido graxo.

O ácido linoleico conjugado (CLA) é um ácido graxo e pode ser encontrado em

diferentes formas moleculares (C18:2); os isômeros mais comuns são cis-9, trans-11 e trans-

10, cis-12 (DELMONTE et al., 2004). São encontrados em carnes e, principalmente, na

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19

gordura do leite dos ruminantes, como consequência da ação microbiana das bactérias

presentes no rúmen desses animais (OH et al., 2003). Pesquisas demonstram que o CLA

auxilia no tratamento de vários tipos de câncer, bem como contribui para a perda de peso, na

obesidade (LEE et al., 2005; WANG; JONES, 2004; WANG et al., 2006). Recentemente, sua

suplementação em dietas experimentais demonstrou trazer benefícios ao sistema nervoso

central (SNC) (NAKANISHI et al., 2003; SIKORSKI; HEBERT; SWAIN, 2008;

HAENLEIN, 2004).

De forma geral, os benefícios do leite de cabra em relação ao de vaca estão

relacionados ao maior ganho de peso, altura e mineralização esquelética, em ratos e humanos

(PARK; MAHONEY; HENDRICKS, 1986); a síndromes de malabsorção, estimulando a

absorção de zinco e ferro e prevenindo a anemia; e à melhor utilização da gordura, reduzindo

os níveis de colesterol, sem alteração nos níveis de triglicerídeos, HDL, TGO e TGP

(ALFEREZ et al., 2001). Recente publicação demonstra em ratos que o leite de cabra pode

reduzir os níveis de colesterol sérico, estimulando sua excreção biliar (LOPEZ-ALIAGA et

al., 2005).

O leite de cabra tem sua importância associada não somente ao aspecto qualitativo,

como alimento, mas também a uma forte inserção social, uma vez que a Região Nordeste,

onde se concentra mais de 90% do efetivo caprino do Brasil é a que apresenta o menor índice

de desenvolvimento humano no país. Portanto, a validação de propriedades funcionais no leite

de cabra poderia não apenas causar um impacto positivo para aqueles consumidores que

buscam este tipo de alimento, mas também para populações que retiram o seu sustento da

caprinocultura.

Com esta pesquisa, objetivou-se avaliar o impacto do leite de cabra enriquecido com o

ácido linoleico conjugado, investigando a ontogenia reflexa e somática em ratos neonatos,

tendo em vista a grande importância deste alimento para o agronegócio brasileiro.

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20

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Importância de uma boa alimentação

O consumo alimentar vem mudando nos últimos tempos, com uma maior prevalência

na utilização de gorduras saturadas, açúcares simples, e uma redução no consumo de frutas,

cereais, vegetais e fibras; portanto, aumentando o risco de doenças cardiovasculares e

obesidade (BERMUDEZ; TUCKER, 2003). Miranda et al. (2003), preconizam a necessidade

de orientação adequada no que se refere à introdução de novos alimentos, na dieta. Aspectos

objetivos e subjetivos estão interligados com as mudanças do consumo alimentar, como

reflexo da ascensão econômica e melhoria do poder aquisitivo, independente da cultura. As

práticas alimentares contemporâneas são influenciadas pela tecnologia da indústria de

alimentos e pelos meios de comunicação, que exercem uma forte influência nas mudanças dos

hábitos alimentares, preocupando os profissionais de saúde, já que essas modificações

dietéticas são responsáveis pelo aumento da morbidade de muitas patologias (GARCIA,

2003).

Vários fatores têm sido relacionados ao aparecimento de doenças no organismo

humano, dentre eles a herança familiar, o fumo, o sedentarismo e o estresse. Entretanto, a

alimentação é talvez um dos mais importantes, pela estreita relação entre o alimento e a saúde

(GARCIA, 2003).

Além da relação com as doenças crônicas, há fortes evidências também do papel da

dieta em melhorar o desempenho mental e físico, retardar o processo de envelhecimento,

auxiliar na perda de peso, na resistência às doenças, entre outros.

Atualmente, há uma tendência acentuada de buscar alternativas de estilos de vida que

acarretem benefícios à saúde e à qualidade de vida. E, mais do que nunca, as pesquisas e os

estudos estão mostrando o quanto é importante o papel de certos alimentos na saúde humana

e, extrapolando, na própria vida. Orientar as pessoas a consumiu o alimento mais adequado,

em quantidade e qualidade, tem sido uma constante em trabalhos científicos (MORAES;

COLLA, 2006).

O consumo de alimentos ricos em gordura vem aumentando durante as últimas

décadas. A associação entre o consumo de alimentos e o risco de doenças coronarianas

tornou-se um tópico importante de discussão (BERNER, 1993). Em geral, os efeitos

negativos são atribuídos às altas concentrações de colesterol sanguíneo, derivado do consumo

dos ácidos graxos saturados presentes nesses alimentos. De qualquer maneira, o tipo de ácido

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21

graxo deve ser considerado com relação aos efeitos aterogênicos, já que os triglicerídeos não

produzem esses efeitos (DURING et al., 2000).

2.2 O leite de cabra na alimentação

Nos dias atuais, o consumo de leite de cabra tem se intensificado, por suas qualidades

nutritivas e ação benéfica no organismo, no que se refere à prevenção de determinadas

patologias (WILLIAMS, 2000). Acresce o fato de que o rebanho caprino se adapta com

facilidade a condições adversas de solo, clima e alimentação e sua criação não requer grandes

investimentos técnicos e cuidados especiais. Além disso, a criação de caprinos oferece um

rápido retorno dos investimentos.

Devido a esses fatos, vários países investem na criação de caprinos, como é o caso da

França, que introduziu o leite de cabra na indústria, de forma técnica e organizada,

conquistando uma grande parcela de consumidores deste alimento.

Este novo campo de produção abre uma frente de trabalho para os produtores de leite,

com reflexos benéficos na nutrição das populações. Contudo, segundo Haenlein (2004) os

efeitos biomédicos do consumo deste alimento ainda não são muito conhecidos.

Em relação ao Brasil, a caprinocultura vem despertando o interesse de muitos

produtores e está embasada na exploração de raças caprinas exóticas. No entanto, na questão

referente ao melhoramento genético, o Brasil ainda é dependente de outros países

(GONÇALVES et al., 2002).

No Nordeste, a inserção da caprinocultura leiteira é dificultada por alguns problemas,

como é o caso da alimentação, reduzida qualitativa e quantitativamente na época de estiagem,

o que afeta a qualidade do leite e, em consequência, sua aceitação no mercado consumidor

(PEREIRA et al., 2005).

A produção de leite caprino, no Brasil, é de 22.000 litros por dia, e a Região Nordeste

representa 45,4% desse qualitativo. O leite fluido corresponde a 93% das vendas, o leite em

pó, 4%, queijos, doces e iogurtes, 3%, demonstrando que esse alimento aos poucos vai

ocupando um lugar no consumo, gerando renda e emprego para a população rural (COSTA,

2007).

O Nordeste, apesar de ser uma região com um rebanho caprino numeroso, apresenta

um baixo índice produtivo, pelas técnicas de criação ainda pouco desenvolvidas e pelas

condições adversas do clima e da alimentação natural. Entretanto, com a implementação do

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Programa do Leite da Paraíba houve um aumento significante na produção do leite de cabra

(PIMENTA FILHO; SARMENTO; RIBEIRO, 2004).

Cattaneo et al. (2006) afirmam que o enriquecimento com óleo de peixe na

alimentação das cabras aumentou a quantidade de ácidos graxos poli-insaturados no colostro

do leite caprino, evidenciando a forte relação dietética com sua composição.

Fernández et al. (2004) mencionam que a glicina, associada à dieta da cabra, antes e

durante o período de lactação, aumenta significativamente o rendimento e a qualidade dos

ácidos graxos de cadeia curta no leite, porém não altera a composição química do alimento.

A leptina é uma proteína responsável pela regulação da gordura nos tecidos. Os obesos

apresentam uma resistência a essa proteína, o que dificulta a perda de peso. O leite de cabra

possui essa proteína, mas sua quantidade está diretamente relacionada com o parto, reduzindo

após esse período (WHITLEY et al., 2005).

O CLA é um nutriente presente na gordura do leite, com várias atuações benéficas ao

organismo: anticarcinogênica, antiaterogênica, antilipogênica, com propriedades

imunossupressivas (WILLIAMS, 2000). A quantidade de CLA na composição do leite de

cabra varia conforme o estado nutricional do animal e a época do ano (TSIPLAKOU;

MOUNTZOURIS; ZERVAS, 2006).

Está demonstrado que o leite de cabra é rico em triglicerídeo de cadeia média e

promove a diminuição das concentrações de colesterol plasmático, em animais (ALFEREZ et

al., 2001).

Os oligossacarídeos presentes no leite humano atuam como pré-bióticos, prevenindo

infecções em bebês, a partir da produção de bifidobactérias pela flora intestinal, agindo na

imunidade do organismo. Com base nessas informações, foi realizado um estudo para

verificar a presença de oligossacarídeos nos diferentes tipos de leite: de cabras, vacas e

ovelhas, tendo sido encontrada uma prevalência desse nutriente no leite de cabra, além de

novas estruturas de oligossacarídeos. Com isso, o leite caprino é considerado uma fonte

natural de oligossacarídeos, com base em sua composição e sua concentração (MARTÍN-

DIANA et al., 2003).

Embora o rebanho bovino seja o mais representativo na pecuária nacional, tanto para o

corte como para a produção de leite, a pecuária de caprinos constitui atividade promissora no

panorama atual do desenvolvimento econômico brasileiro, desempenhando um importante

papel socioeconômico nas regiões semi-áridas, por proporcionar renda direta, além de

representar uma excelente fonte alimentar. O incremento desta cultura deve-se principalmente

às ações conjuntas de instituições de pesquisa, governos e associações de criadores,

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programadas com o objetivo de fomentar o potencial leiteiro do rebanho e melhorar o

desempenho da indústria de laticínios (QUEIROGA, 2004).

Objetivando estudar os benefícios deste leite em ratos, uma pesquisa investigou o

consumo de leite caprino e bovino e biodisponibilidade de cálcio e fósforo no organismo de

animais que apresentavam anemia ferropriva. O leite de cabra obteve melhores resultados em

relação ao leite bovino, havendo uma deposição significativa de cálcio no fêmur (CAMPOS et

al., 2007).

Daddaoua et al. (2006) investigaram a ação dos pré-bióticos presentes no leite de cabra

em ratos que apresentavam colite. Os animais, suplementados com 500 mg/(kg/d) de leite de

cabra, durante seis dias, apresentaram diminuição da anorexia, menor perda de peso e

diminuição da extensão das lesões necróticas, comparados com o grupo controle.

Lopez-Aliaga et al. (2005) demonstraram, em modelo animal (ratos), que o consumo

de leite caprino estimulou a excreção biliar, reduziu os níveis de colesterol sérico e de

triglicerídeos.

Ratos Wistar com anemia ferropriva nutricional foram submetidos a suplementação de

cálcio, juntamente com o consumo de leite de cabra e de vaca avaliando a deposição do zinco

em seu organismo. Observou-se que a suplementação de cálcio favoreceu a metabolização do

zinco em todos os grupos, havendo uma maior deposição nos tecidos do grupo anêmico que

consumiu o leite de cabra, provavelmente devido à presença deste mineral no alimento

(DIAZ-CASTRO et al., 2009).

Animais (ratos) anêmicos, com deficiência de ferro, receberam, durante duas semanas,

dietas contendo leite caprino e leite bovino, além da suplementação de ferro, com o objetivo

de investigar sua biodisponibilidade no organismo. Nos animais que receberam leite caprino

houve redução significativa da anemia (ALFEREZ et al., 2006).

Com base nesses fatores, o leite de cabra está sendo considerado um alimento com

potencialidade funcional e sua inserção na alimentação pode trazer benefícios à saúde.

2.3 Alimentos funcionais

Um alimento pode ser considerado funcional se for demonstrado que o mesmo afetar

beneficamente uma ou mais funções-alvo no organismo, além de possuir os adequados efeitos

nutricionais, de maneira que seja tanto relevante para o bem-estar e a saúde quanto para a

redução do risco de uma doença (ROBERFROID, 2000). Os alimentos funcionais são capazes

de combinar produtos comestíveis de alta flexibilidade com moléculas biologicamente ativas,

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como estratégia para consistentemente corrigir distúrbios metabólicos (WALZEM, 2004),

resultando em redução dos riscos de doenças e manutenção da saúde (ANJO, 2004).

Os alimentos funcionais se caracterizam por oferecer vários benefícios à saúde, além

do valor nutritivo inerente à sua composição química, podendo desempenhar um papel

potencialmente benéfico na redução do risco de doenças crônico-degenerativas (NEUMANN

et al., 2000; TAIPINA; FONTS; COHEN, 2002).

Os alimentos e ingredientes funcionais podem ser classificados de dois modos: quanto

à fonte, de origem vegetal ou animal, ou quanto aos benefícios que oferecem, atuando em seis

áreas do organismo: no sistema gastrointestinal; no sistema cardiovascular; no metabolismo

de substratos; no crescimento, no desenvolvimento e diferenciação celular; no comportamento

das funções fisiológicas e como antioxidantes (SOUZA; SOUZA; MAIA, 2003).

Uma expressiva variedade de produtos tem sido caracterizada como alimentos

funcionais, incluindo componentes que podem afetar inúmeras funções corpóreas, relevantes

tanto para o estado de bem-estar e saúde como para a redução do risco de doenças. Esta classe

de compostos pertence à nutrição e não à farmacologia, merecendo uma categoria própria, que

não inclua suplementos alimentares, seu papel em relação às doenças na maioria dos casos,

está mais concentrado na redução dos riscos do que na prevenção (MORAES; COLLA,

2006).

Os alimentos funcionais apresentam as seguintes características: devem ser alimentos

convencionais, consumidos na dieta normal/usual; constituídos por componentes naturais,

algumas vezes em elevada concentração ou presentes em alimentos que normalmente não os

supririam; ter efeitos positivos além do valor básico nutritivo, que pode aumentar o bem-estar

e a saúde e/ou reduzir o risco de ocorrência de doenças, promovendo benefícios à saúde, bem

como aumentar a qualidade de vida, incluindo os desempenhos físico, psicológico e

comportamental; a alegação da propriedade funcional deve ter embasamento científico; pode

ser um alimento natural ou um alimento no qual um componente tenha sido removido; pode

ser um alimento em que a natureza de um ou mais componentes tenha sido modificada; um

alimento no qual a bioatividade de um ou mais componentes tenha sido modificada

(ROBERFROID, 2000).

Por sua vez, o nutracêutico é um alimento ou parte de um alimento que proporciona

benefícios médicos e de saúde, incluindo a prevenção e/ou tratamento de doenças. Os

nutracêuticos podem incluir desde os nutrientes isolados, suplementos dietéticos na forma de

cápsulas e dietas até os produtos beneficamente projetados, produtos herbais e alimentos

processados, tais como cereais, sopas e bebidas (KWAK; JUKES, 2001; ROBERFROID,

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2000; HUNGENHOLTZ; SMID, 2002; ANDLAUER; FÜRST, 2002). Vários nutracêuticos

podem ser produzidos através de métodos fermentativos com o uso de microrganismos

considerados como GRAS (Generally Recognized as Safe). Os nutracêuticos podem ser

classificados como fibras dietéticas, ácidos graxos poli-insaturados, proteínas, peptídios,

aminoácidos ou cetoácidos, minerais, vitaminas antioxidantes e outros antioxidantes

(glutationa, selênio) (ANDLAUER; FÜRST, 2002).

O alvo dos nutracêuticos é significativamente diferente daquele dos alimentos

funcionais, por várias razões: enquanto a prevenção e o tratamento de doenças (apelo médico)

são relevantes para os nutracêuticos, apenas a redução do risco da doença, e não a prevenção e

o tratamento estão envolvidos com os alimentos funcionais; enquanto os nutracêuticos

incluem suplementos dietéticos e outros tipos de alimentos, os alimentos funcionais devem

estar na forma de um alimento comum (KWAK; JUKES, 2001).

Kruger e Mann (2003) definem os ingredientes funcionais como um grupo de

compostos que acarretam benefícios à saúde, como as alicinas presentes no alho, os

carotenoides e flavonoides encontrados em frutas e vegetais, os glucosinolatos presentes nos

vegetais crucíferos, os ácidos graxos poli-insaturados em óleos vegetais e óleo de peixe. Estes

ingredientes podem ser consumidos juntamente com os alimentos dos quais são provenientes,

os alimentos considerados funcionais, ou individualmente, como nutracêuticos. Devem ter

adequado perfil de segurança, para o consumo humano. Mas, não devem acarretar risco de

toxicidade ou efeitos adversos, como algumas drogas medicinais (BAGCHI; PREUSS;

KEHRER, 2004).

O consumo excessivo de gordura, principalmente a saturada, de origem animal ou

vegetal, é um fator preponderante no desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Os

artigos sobre a qualidade da gordura por muito tempo se concentraram nos efeitos adversos

dos ácidos graxos saturados e ácidos graxos insaturados trans sobre os teores de colesterol

circulante. No entanto, várias evidências sugerem que os ácidos graxos específicos têm efeitos

benéficos à saúde humana e podem contribuir para a prevenção de muitas doenças crônicas

(LEE et al., 2005; BERTOLINO et al., 2006).

O CLA vem sendo considerado um desses ácidos graxos. Os diferentes tipos de CLA

são produzidos naturalmente por bactérias que hidrogenam e isomerizam os ácidos graxos no

estômago de animais ruminantes. Há diferentes formas isoméricas de CLA (BANNI, 2002),

que foi descoberto por Pariza e Hargreaves (1985), quando investigavam os componentes

carcinogênicos de bifes grelhados.

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O isômero mais comum na natureza é o CLA cis-9, trans-11. Na dieta humana, os

CLA estão presentes na gordura do leite e em carnes derivadas de animais ruminantes, em que

representam de 0,5 a 2% dos ácidos graxos. Mais de 70% do CLA presente nesses alimentos

está na forma do isômero cis-9, trans-11. Em contraste, o CLA produzido quimicamente e

comercializado como suplementação dietética é uma mistura de isômeros, normalmente

contendo 40% de cis-9, trans-11, 40% de trans-10, cis-12 e 20% de outros isômeros (Mc

LEOD et al., 2004).

Diferente do ácido linoleico, o CLA pode apresentar doze diferentes isômeros,

dependendo da localização das duplas ligações e de sua isomeria geométrica (KELLY, 2001).

A distinção dos isômeros é importante, uma vez que os mesmos podem apresentar diferentes

atividades in vivo (RALOFF, 2001). As duplas ligações no CLA podem estar localizadas nas

posições C8 e C10; C9 e C11; C10 e C12 ou C11 e C13, originando assim a designação do

dieno conjugado. Cada uma das duplas ligações pode estar na configuração cis ou trans ou

nas diversas combinações cis-trans nas moléculas (ROCHE et al., 2001).

A concentração de CLA em leite humano foi determinada (n = 14) entre 3 dias e 10

meses após o parto. A concentração total variou de 2,23 a 5,43 mg/g de gordura e em 57% das

amostras o isômero cis-9, trans-11 correspondeu a uma faixa de 83 a 100%. Não foi

verificado nenhum efeito estatístico significativo entre o teor de CLA e o tempo de coleta do

leite, após o parto (MASTERS; McGUIRE; McGUIRE, 1999). A variação na quantidade

total de CLA e do isômero 9-cis,11-trans em leite humano deve-se, provavelmente, à variação

na ingestão de CLA, já que humanos não sintetizam esta molécula (LAWSON; MOSS;

GIVENS, 2001).

No Brasil, Bomfim et al. (2006), suplementando a dieta de cabras leiteiras com óleo de

soja, observaram um aumento superior a 140% na concentração de CLA, além de maiores

teores de ácidos graxos poli-insaturados (aumento do n-6, sem alteração significativa no n-3)

e essenciais, com redução daqueles saturados na gordura do leite, sem qualquer prejuízo para

o valor nutritivo ou sensorial do leite.

Roche et al. (2001), em estudo com animais, observaram que a ingestão do CLA

promoveu efeitos positivos sobre os fatores de risco relacionados com doenças

cardiovasculares, reduzindo o colesterol plasmático, os níveis de triacilgliceróis e melhorando

a sensibilidade à insulina. Porém, Nestel, Fujii e Allen (2006) observaram, em ratos

diabéticos, suplementados com CLA (cis-9, trans-11), que não houve redução da

aterosclerose aórtica.

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O CLA não influencia o metabolismo dos ácidos graxos apenas no tecido adiposo, mas

também no fígado, um órgão que desempenha um importante papel no controle da

homeostase lipídica. Esses efeitos foram observados em estudos em animais (ratos e

ramsters), diminuindo os níveis de ácidos graxos armazenados nesses tecidos (RAHMAN et

al., 2001).

Pesquisa realizada por Soel et al. (2007), constatou que dietas contendo os isômeros

do CLA cis-9, trans-11 e trans-10, os cis-12 inibiram igualmente a metástase de células

cancerígenas do cólon in vivo, porém in vitro apenas o isômero cis-9, trans-11 demonstrou a

mesma ação.

O efeito dos isômeros do CLA foi avaliado no desenvolvimento de hipertensão em

ratos OLETF (Otsuka Long-Evans Tokushima Fatty Rats) com hiperfagia, que se tornaram

obesos, desenvolvendo hiperlipidemia, diabetes e hipertensão. Os ratos foram suplementados,

durante 3 semanas, com 0,5% do isômero CLA cis-9,trans-11 e 0,5% do isômero CLA trans-

10,cis-12. Os resultados evidenciaram que o isômero CLA trans-10,cis-12 pode suprimir o

desenvolvimento da hipertensão em ratos OLETF. Houve um aumento de peso e de pressão

sistólica sanguínea no início da obesidade, mas no grupo CLA trans-10,cis-12 o aumento da

pressão sanguínea e do tecido adiposo abdominal foi significativamente reduzido. Além disso,

a relativa expressão no RNAm de angiotensinogênio e de leptina (adipocitoquinas) foi

suprimida com CLA trans-10,cis-12, no tecido adiposo (NAGAO et al., 2003).

Alasnier et al. (2002) tentaram esclarecer como o CLA atua sobre o sistema nervoso

central, considerando que sua incorporação no cérebro de ratos tem sido detectada em baixas

concentrações. Contudo, a suplementação com CLA em camundongos, durante a gestação e a

lactação, reduz significativamente a concentração de prostaglandinas (PGE2) no cérebro dos

filhotes, um efeito que parece permanecer até a fase adulta (NAKANISHI et al. 2003).

Quando em excesso, as prostaglandinas provocam danos oxidativos neuronais, como morte

apoptótica (WILLIAMS; DUBOIS, 1996).

Sikorski, Hebert e Swain (2008), em estudo no sistema nervoso central de ratos,

constataram que a suplementação com o CLA (0,5%), durante 24 dias, reduziu

significativamente a angiogênese no cerebelo, controlando o crescimento de tumores

cerebrais.

O mecanismo de ação do CLA parece incluir modulação de formação de ácidos

graxos, bem como regulação dos genes que codificam enzimas conhecidas na modulação do

metabolismo de macronutrientes (BELURY, 2002).

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Outro efeito associado ao CLA é a redução da deposição de gordura, importante na

medida em que este acúmulo desempenha um papel chave no desenvolvimento da síndrome

metabólica, um distúrbio associado à resistência à insulina, que aumenta o risco de doenças

cardiovasculares.

A principal forma de CLA, o C18:2 – cis-9, trans-11, pode ser produzida diretamente

pela hidrogenação bacteriana no rúmen ou pela ação da enzima delta-9 dessaturase do co-

produto ácido vacênico (C18:1, trans-11) na maioria dos tecidos de mamíferos, incluindo o

homem. Estudos conduzidos em uma variedade de modelos animais, dos quais os ratos são os

mais sensíveis, têm demonstrado efeitos benéficos sobre a composição corporal (perda de

massa gorda), atenuação de câncer e doenças cardiovasculares, sensibilidade à insulina e

diabetes e sobre a função imune (WAHLE; HEYS; ROTONDO, 2004).

Associado a isto, Huth (2006), em estudo clínico, demonstrou que o consumo de

produtos lácteos como parte de uma dieta saudável pode contribuir também para reduzir a

pressão sanguínea normal e alta em humanos.

Em relação ao efeito do CLA sobre as características do alimento, Jones, Shungfield e

Konen (2005) avaliaram características químicas, físicas e sensoriais de produtos derivados

do leite de vaca enriquecido com ácido linoleico conjugado e concluíram que é possível a

produção destes alimentos com satisfatórias características de estocagem e sensoriais;

contudo, não existem trabalhos mais detalhados com leite de cabra.

Com destacados benefícios, os alimentos ricos nesse nutriente poderão ser

introduzidos na alimentação diária da população, podendo ser considerados alimentos

funcionais, por seu importante papel na prevenção de patologias, concomitante à adoção de

outros hábitos saudáveis.

2.4 Importância dos ácidos graxos no desenvolvimento cerebral

Os ácidos graxos são constituintes estruturais das membranas celulares, cumprem

funções energéticas e de reserva metabólica, além de formarem hormônios e sais biliares

(VALENZUELA; NIETO, 2003). Dentro da diversidade dos AG, existem aqueles que o

organismo tem capacidade de sintetizar; porém outros o organismo não sintetiza e por isso são

denominados ácidos graxos essenciais e devem estar em quantidades suficientes na dieta,

como os ácidos linolênico e linoleico.

No cérebro, os lipídios correspondem a cerca de 60% do peso seco, dos quais 40% são

de ácidos graxos poli-insaturados (AGPI). Os AGPI têm função primariamente estrutural

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(VALENZUELA; NIETO, 2003). O processo morfogênico do cérebro se caracteriza por

sucessivas etapas, incluindo neurogênese, migração neural, apoptoses seletivas,

sinaptogênese, finalizando com a mielinização. Essas etapas sequenciais dão forma e

funcionalidade ao tecido cerebral (MORGANE et al., 1993). A deficiência de alguns AGE,

como o DHA, pode alterar a composição das membranas sinápticas, afetando as funções dos

receptores da membrana neuronal, canais iônicos e enzimáticos (HORNSTRA, 2002).

A maturação do sistema nervoso central tem início na fase intrauterina e persiste até os

primeiros anos de vida pós-natal, em humanos (MARTINEZ, 1992). O processo morfogênico,

diretamente associado à função cerebral, torna a nutrição materna essencial, durante a

gestação e lactação, para o desenvolvimento de neonatos, pois há aumento funcional e

bioquímico das demandas de AGPI (XIANG et al., 1999; KOLETZKO et al., 2001).

Tendo em vista esses fatores, a dieta materna, antes da concepção, é de grande

importância, já que determina o tipo de ácido graxo que se acumulará no tecido fetal

(GONZALES, 2002; SCHMEITS et al., 1999). O transporte dos AGE é realizado através da

placenta e são depositados no cérebro e retina do concepto. Além disso, ocorre um acúmulo

simultâneo nas glândulas mamárias durante esta fase (HAYAT; AL-SUGHAYER; AFZAL,

1999).

Com a diminuição da idade gestacional, aumenta a imaturidade de certos tecidos, entre

eles o cérebro. Dessa forma, a oferta desses ácidos graxos poli-insaturados em quantidades

adequadas é primordial, principalmente para os grupos mais vulneráveis em apresentar a

deficiência desses elementos, sendo o leite humano, indiscutivelmente, o alimento mais

indicado durante os primeiros meses de vida (VALENZUELA; NIETO, 2003).

Após o nascimento, o lactente continua incapaz de sintetizar os AG, devido à

imaturidade hepática. Porém a placenta é substituída pelo leite materno como meio de oferta

dos AG (GAETE; ATALAH, 1999).

Durante a lactação, a mãe continua a oferecer o aporte de AG. Os neonatos mais

vulneráveis para desenvolver deficiência de AG são os recém-nascidos pré-termo e os

alimentados com fórmulas industrializadas, sem a presença desses ácidos graxos. Os AG são

essenciais em prematuros com pouca reserva lipídica. Pela limitada reserva calórica, os mesmos

deverão mobilizar parte dos ácidos graxos para atender suas necessidades quando o aporte

exógeno for inadequado. Isso poderá ocasionar transtornos, como: crescimento inadequado,

dermatites, aumento da susceptibilidade às infecções, entre outros (CORRIA, 2001).

É importante ressaltar que os eventos do crescimento e desenvolvimento do cérebro

ocorrem de acordo com uma sequência temporal e geneticamente programada (MORGANE et

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al., 1993; CLANDINI, 1999; SOMOGY et al., 1998). Na fase rápida de desenvolvimento do

sistema nervoso, este se torna mais vulnerável às manipulações dietéticas, pois os eventos

neste período ocorrem em grande velocidade (DOBBING, 1970). Distúrbios nesta etapa

podem alterar intensamente os eventos ontogenéticos sequênciais, com efeito variado sobre o

sistema nervoso em formação (DOBBING, 1970; MORGANE et al., 1993; LYNCH;

SMART; DOBBING, 1975). Assim, o período inicial do desenvolvimento, no qual ocorre

rápido crescimento cerebral, constitui o período crítico (SMART; DOBBING, 1971).

As diferentes regiões cerebrais desenvolvem-se de forma não homogênea

(MORGANE et al., 1993). Conforme os tipos celulares, a duração e o período de tempo em

que a divisão celular ocorre diferem os padrões de divisão celular (MORGANE, 1978). No

rato, os processos de divisão celular no hipocampo estão completos no 6º dia pós-natal, ao

passo que em outras regiões, como o cerebelo, continuam por um período mais prolongado,

até 16 ou 17 dias pós-natal (MORGANE et al., 1978). Segundo Smart e Dobbing (1971),

neste período a vulnerabilidade do sistema nervoso a um insulto é máxima. No rato, esta fase

compreende desde o nascimento até os 21 dias de idade e na criança, até aproximadamente 3

anos.Portanto, alterações nos processos de desenvolvimento terão consequências variadas,

dependendo do período de ocorrência, de sua duração e da evolução ontogenética da espécie

animal (MORGANE et al., 1978).

Com isso, podemos concluir que a nutrição materna é fundamental para o

desenvolvimento da prole, razão porque se reveste de importância primordial investigar

alguns aspectos relativos à oferta dos alimentos nesta fase, bem como suas conseqüências no

desenvolvimento dos neonatos.

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3 METODOLOGIA

3.1 Delineamento experimental, animais e dietas

O estudo faz parte de um projeto construído em dois experimentos: o primeiro

realizado por pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias)

Caprinos, visando estabelecer a suplementação lipídica adequada às cabras, para obtenção de

uma concentração satisfatória de CLA no leite (BOMFIM et al., 2006); o segundo

experimento, realizado na UFPE, em ensaios experimentais (em ratos), oferecendo uma ração

contendo a gordura do leite de cabra como fonte lipídica, para avaliar o seu impacto no

desenvolvimento cerebral de ratos neonatos.

3.1.1 Experimento 1: Coleta de amostras de leite de cabra

Dieta da Cabra:

A Embrapa Caprinos realizou avaliações preliminares (BOMFIM et al., 2006),

utilizando oito cabras leiteiras da raça Saanen, com aproximadamente 60 dias de lactação, em

um delineamento em quadrado latino 4 x 4 duplicado. As cabras receberam na dieta o óleo de

soja como fonte de ácidos graxos poli-insaturados, com o objetivo de aumentar o teor de

ácido graxo linoléico conjugado na gordura do leite. A dieta com adição de óleo de soja foi

balanceada, para apresentar 4 % de extrato etéreo. A dieta-controle foi formulada à base de

milho e farelo de soja, sem adição de óleo de soja.

Após constatação de que o óleo de soja aumenta significativamente o teor de CLA no

leite caprino, o ensaio foi repetido, com cabras recebendo óleo de soja, no Setor de

Caprinocultura do Campus de Bananeiras – UFPB, sendo o leite, após desnate, transportado

sob refrigeração e utilizado na fabricação da dieta experimental.

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3.1.2 Experimento 2: Eficácia do alimento in vivo (ratos)

Animais

Fêmeas primíparas, com idade de aproximadamente 20 semanas e peso de 250 ± 50 g

foram utilizadas para obtenção dos ratos lactentes. Foram mantidas três fêmeas para cada

macho; durante o acasalamento, os animais foram mantidos no biotério de criação, até

confirmação da prenhez e, após, as ratas prenhez foram alojadas em gaiolas-maternidade

individuais de polipropileno (60 cm de comprimento, 50 cm de largura e 22 cm de altura), em

condições-padrão: ar condicionado à temperatura de 22 ± 1oC, com ciclo claro-escuro (12 h;

início da fase clara às 6:00 h), umidade de ± 65%, recebendo ração e água ad libitum, desde o

primeiro dia de gestação até o final da lactação. Foram padronizadas ninhadas de 6 filhotes

(preferencialmente machos) e o desmame realizado aos 21 dias pós-natal.

Foram utilizados 54 ratos neonatos da linhagem Wistar, provenientes do Biotério do

Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O protocolo

experimental segue as recomendações do National Institute of Health (USA) e foi analisado e

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal do Laboratório de Tecnologia

Farmacêutica da Universidade Federal da Paraíba – Brasil (Cepa no 0210/07).

Dietas experimentais

De acordo com suas respectivas dietas, foram constituídos três grupos de animais: o

grupo óleo de soja (GS), o óleo de coco (GC) e o leite de cabra (GLC). As dietas foram

formuladas para ratas gestantes e lactantes, de acordo com as recomendações do American

Institute of Nutrition (AIN-93G) (REEVES; NIELSEN; FAHEY, 1993); elaboradas pela

empresa Rhoster e armazenadas sob refrigeração. Foram oferecidas diariamente, em

quantidade suficiente para manter o consumo ad libitum. A ração foi oferecida aos animais

logo após a confirmação da fecundação, e mantida até o final da lactação. A composição

centesimal das dietas está descrita na tabela 1.

A partir do 1º dia de vida, os neonatos foram pesados diariamente, sendo o dia do

nascimento considerado o dia zero.

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Ontogenia Reflexa

O aparecimento dos reflexos foi pesquisado diariamente, no horário entre 12 e 14

horas, do 1º ao 21º dia pós-natal, até sua consolidação ou desaparecimento, quando a resposta

reflexa esperada se repetia por três dias consecutivos, considerando a resposta do 1º dia. Os

reflexos pesquisados, descritos a seguir, seguiram o modelo experimental estabelecido por

Smart e Dobbing (1971), para o rato, e, anteriormente, por Fox (1965), para o camundongo.

Foram avaliados os seguintes reflexos: Preensão Palmar (PP), Recuperação Postural de

Decúbito (RD), Aversão ao Precipício pelas Vibrissas (APV), Aversão ao Precipício (AP),

Geotaxia Negativa (GN), Resposta ao Susto (RS) e Recuperação do Decúbito em Queda Livre

(RDQL). O tempo máximo de observação considerado foi de 10 segundos.

Tabela 1 – Composição das dietas experimentais.

Grupos Ingredientes (g/kg) GS GC GLC Caseína* 190,0 190,0 190,0

Mix Minerais 35,0 35,0 35,0

Mix Vitaminas 10,0 10,0 10,0

Celulose 50,0 50,0 50,0

Amido 540,0 540,0 540,0

Sacarose 100,0 100,0 100,0

Óleo de Soja 70,0 0,0 0,0

Óleo de Coco 0,0 70,0 0,0

Gord. Leite de Cabra 0,0 0,0 70,0

L-Cistina 3,0 3,0 3,0

Colina

TBHQ

Calorias Totais (Kcal)

2,5

0,014

3962,0

2,5

0,014

3962,0

2,5

0,014

3962,0

*91% de proteína; GS: Grupo óleo de soja; GC: grupo óleo de coco;

GLC: grupo leite de cabra.

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Procedimentos:

a) Preensão Palmar (PP) – utilizando-se um bastonete metálico com aproximadamente 5 cm

de comprimento por 1mm de diâmetro, fazia-se uma leve percussão na palma da pata

dianteira esquerda ou direita de cada animal. A resposta era considerada positiva se

houvesse flexão rápida dos artelhos, após duas tentativas. (Figura 1)

b) Recuperação Postural de Decúbito (RPD) – Colocava-se o rato em decúbito dorsal sobre

uma superfície plana e lisa, observava-se a eventual resposta de retorno ao decúbito

ventral. A resposta era considerada positiva quando o animal assumia o decúbito ventral,

apoiado sobre as quatro patas. (Figura 2)

c) Aversão ao Precipício pelas Vibrissas (EPV) – O rato era suspenso pela cauda, de tal

forma que suas vibrissas tocavam lentamente a borda de uma superfície plana. A resposta

era considerada positiva quando o animal colocava as duas patas anteriores sobre a mesa e

realizava movimentos de marcha, associados com extensão de tronco. (Figura 3)

d) Aversão ao Precipício (AP) – Colocava-se o animal com as patas dianteiras na

extremidade de uma superfície plana e alta (mesa), de maneira que ele detectava o

precipício. A resposta era considerada positiva quando o animal se deslocava para um dos

lados e caminhava em sentido contrário à borda, caracterizando a aversão ao precipício.

(Figura 4)

e) Geotaxia Negativa (GN) – O animal era colocado no centro de uma rampa, com a cabeça

no sentido decrescente. A rampa, com 45º de inclinação, era constituída de uma superfície

(prancheta medindo 34 x 24 cm) revestida com papel antiderrapante (papel crepon). A

resposta era considerada positiva quando o animal girava o corpo, num ângulo de 180º,

posicionando a cabeça em sentido ascendente. (Figura 5)

f) Resposta ao Susto (RS) – O animal era submetido a um barulho súbito, produzido pela

percussão de um bastão de madeira sobre um recipiente (6 cm de diâmetro x 1,5 cm de

altura) metálico, a uma distância aproximada de 10 cm. A resposta era considerada

positiva quando ocorria uma retração das patas anteriores e posteriores, com imobilização

rápida e involuntária do corpo do animal. (Figura 6)

g) Recuperação do Decúbito em Queda Livre (RDQL) – Segurava-se o animal pelas quatro

patas, com o dorso voltado para baixo, a uma altura de 30 cm, previamente medida com

uma régua. Soltava-se o animal e observava-se sua queda livre sobre um leito de espuma

sintética (30 x 12 cm). A resposta era considerada positiva quando o animal recuperava o

decúbito durante a queda livre caindo na superfície apoiado sobre as quatro patas. (Figura

7)

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Figura 1 – Procedimento para avaliação do reflexo de Preensão Palmar (PP) (BARROS, 1999).

Figura 2 - Procedimento para avaliação do reflexo de Recuperação de Decúbito (RD) (BARROS, 1999).

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Figura 3 – Procedimento para avaliação do reflexo de Aversão ao Precipício pela Vibrissas (APV) (BARROS,

1999).

Figura 4 – Procedimento para avaliação do reflexo de Aversão ao Precipício (AP) (BARROS, 1999).

Figura 5 – Procedimento para avaliação do reflexo de Geotaxia Negativa (GN) (BARROS, 1999).

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Figura 6 - Procedimento para avaliação do reflexo de Resposta ao Susto (RS) (BARROS, 1999).

Figura 7 – Procedimento para avaliação do reflexo da Recuperação de Decúbito em Queda Livre

(RDQL) (BARROS, 1999).

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Indicadores de Maturação Somática

Foram observados diariamente, até sua maturação, a partir do primeiro dia pós-natal:

a) Abertura do Pavilhão Auricular (APA) – Normalmente, o animal nasce com o pavilhão

auditivo dobrado; portanto, o pavilhão auricular aberto foi considerado no dia em que a

dobra foi desfeita. Nesta avaliação, a maturação foi considerada positiva quando os dois

pavilhões estavam desdobrados. (Figura 8)

b) Abertura do Conduto Auditivo (ACA) – Ao nascimento, o conduto auditivo encontra-se

fechado. Considerou-se madura a ACA no dia em que o orifício auricular podia ser

visualizado. Nesta avaliação a maturação foi considerada positiva quando os condutos,

direito e esquerdo, encontravam-se abertos. (Figura 8)

c) Erupção dos Dentes Incisivos Superiores (EIS) – Registrou-se o dia em que foi observado

a erupção dos dentes incisivos superiores. Era considerada resposta positiva quando

ambos estavam expostos. (Figura 8)

d) Erupção dos Dentes Incisivos Inferiores (EII) – Registrou-se o dia em que foi observado a

erupção dos dentes incisivos inferiores. Era considerada resposta positiva quando ambos

estavam expostos. (Figura 8)

e) Abertura dos Olhos (AO) – No rato, os olhos encontram-se totalmente encobertos pelas

pálpebras, durante algum tempo pós-natal. A resposta foi considerada positiva quando os

dois condutos, direito e esquerdo, encontravam-se abertos, com presença de movimento

reflexo das pálpebras. (Figura 8)

f) Comprimento da Cauda (CC) – O animal era colocado sobre uma régua milimetrada,

sendo a cauda delicadamente mantida bem estendida, desde a base até a extremidade.

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Figura 8 – Procedimento para avaliação das características da maturação física: A – Erupção dos Dentes

Incisivos; B - Abertura do Pavilhão Auricular; C - Abertura dos Olhos; D – Abertura do Conduto

Auditivo; (BARROS, 1999).

3.2 Análises estatísticas

Para as análises estatísticas da ontogenia reflexa e somática, foi utilizada a análise de

variância e o teste de Kruskal-Wallis One Way para a comparação dos grupos. Para o restante

dos dados foi aplicado o teste de medidas repetidas Two Way Anova, todos a 5% de

probabilidade. Para a realização das análises estatísticas foi utilizado o programa Sigma Stat.

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Capítulo 1: Artigo de Revisão

ÁCIDO LINOLEICO CONJUGADO: IMPLICAÇÕES NA NUTRIÇÃO

CONJUGATED LINOLEIC ACID: IMPLICATIONS ON NUTRITION

Juliana Késsia Barbosa Soares1

Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga1

Maria do Carmo Medeiros2

Renata Ângela Guimarães Pereira3

Marco Aurélio Delmondes Bomfim 4

1 Programa de Pós-Graduação em Ciência da Nutrição, Centro de Ciências da Saúde,

Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil.

2 Programa de Pós-Graduação em Ciência da Nutrição, Centro de Ciências da Saúde,

Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil.

3 Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, Centro de Ciências Agrárias, Universidade

Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil.

4 Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (EMBRAPA Caprinos), Sobral, Ceará.

Periódico Indexado: Ciência & Saúde Coletiva

Endereço eletrônico para correspondência:

[email protected]

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RESUMO

Revisão da literatura científica utilizando artigos científicos disponíveis nos bancos de dados da

Medline (National Library of Medicine, Estados Unidos), Lilacs (Literatura Latino-Americana

e do Caribe em Ciências da Saúde), Scielo (Scientific Electronic Library Online, Periódicos

Científicos Brasileiros) e Science Direct objetivando investigar a origem do ácido linoléico

conjugado, suas fontes, suas propriedades fisiológicas, bioquímicas e histológicas, avaliando,

em alguns casos, a ação dos seus isômeros separadamente e suas implicações nas alterações

metabólicas dos lipídeos e da glicose. Foi também investigado o papel deste ácido na

composição corporal e sua atuação na presença de tumores, considerando os inúmeros estudos

relatando suas implicações em diferentes patologias, visando estabelecer a melhor inserção

deste ácido graxo na alimentação. O ácido linoleico conjugado é produzido diretamente pela

hidrogenação bacteriana no rúmen ou pela ação de enzimas específicas e é constituído de uma

mistura de isômeros posicionais e geométricos do ácido linoleico (C18:2, cis-9, cis-12 ácido

octadecadienóico), com um sistema de duplas ligações conjugadas. As pesquisas demonstraram

que alguns desses isômeros apresentam, em animais e humanos, propriedades

anticarcinogênicas, antioxidantes, auxiliam na sensibilidade à insulina, nas doenças

coronarianas, controlando a aterosclerose e o peso corporal. Devido à variação dos resultados e

às diferentes concentrações utilizadas nas pesquisas, faz-se necessário o desenvolvimento de

mais estudos, a fim de esclarecer os reais mecanismos de ação e possibilitar uma melhor

avaliação da hipótese de aumento da lipólise e/ou redução da lipogênese. Tais pesquisas

possibilitarão avaliar melhor os efeitos deste ácido graxo nas diversas patologias metabólicas

crônicas. Além disso, há necessidade de maiores investigações de alimentos ricos nesse

nutriente, tornando o seu consumo acessível e seguro a toda a população.

Palavras-chave: CLA, metabolismo de lipídeo; alimento funcional

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ABSTRACT

Review of scientific literature available in scientific articles using the databases of Medline

(National Library of Medicine, USA), Lilacs (Literatura Latino-American and Caribbean

Health Sciences), Scielo (Scientific Electronic Library Online, Brazilian scientific journals)

Science Direct targeting and investigating the source of conjugated linoleic acid, their sources,

their physiological properties, biochemical and histological assessing in some cases, the action

of its enantiomers separately and its implications for metabolic changes of lipids and glucose.

Looking understand also its role in body composition and its performance in the presence of

tumors, considering the numerous studies reporting their implications in different conditions to

establish the best integration of this fatty acid in food. The conjugated linoleic acid is produced

directly by bacterial hydrogenation in the rumen or the action of specific enzymes and consists

of a mixture of positional and geometric isomers of linoleic acid (C18: 2, cis-9, cis-12 acid

octadecadienóico) with a system of conjugated double bonds. Polls have shown that some of

these isomers offered the experimental animals and human to fight the cancer, properties

antioxidants, helped in reducing the sensitivity to insulin in controlling the disease coronary

atherosclerosis and the control of body weight. Due to the variation of results and different

concentrations used in the research, it is necessary to develop further studies to clarify the

actual mechanisms of action, and enable better evaluation of the hypothesis of increased

lipolysis and / or reduction of lipogenesis. Such research will be better assess the effects of this

fatty acid in several chronic metabolic diseases. Moreover, there is need for further

investigation of foods rich in nutrients, making their consumption accessible and safe for the

whole population.

Key words: CLA, lipid metabolism; funcional food

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1 Introdução

O ácido linoleico conjugado (CLA) tem sido objeto de crescentes investigações desde

a sua descoberta por Pariza e Hargraves (1985)1, quando investigavam os componentes

carcinogênicos de bifes grelhados. Desde então, suas propriedades benéficas à saúde humana

vêm sendo exaustivamente discutidas. Muitos estudos, principalmente ensaios em animais,

demonstram que isômeros isolados do CLA, bem como o seu mix, têm propriedades

funcionais diferenciadas, atuando assim em situações específicas.

Na maioria dos tecidos de mamíferos, incluindo o homem, a principal forma de CLA,

C18:2 – cis-9, trans-11 pode ser produzida diretamente pela hidrogenação bacteriana no

rúmen ou pela ação da enzima delta-9 dessaturase do co-produto ácido vacênico (C18:1,

trans-11). O CLA constitui uma mistura de isômeros posicionais e geométricos do ácido

linoleico (C18:2, cis-9, cis-12 ácido octadecadienoico), com um sistema de duplas ligações

conjugadas, encontradas principalmente em produtos de ruminantes2. É um micro nutriente da

gordura de ruminantes e apresenta isômeros que caracterizam o produto como alimento

funcional3, por apresentar propriedades anticarcinogênicas e antioxidantes, além de estimular

o sistema imunológico e proteger contra a aterosclerose4.

Estudos têm demonstrado os efeitos benéficos deste alimento sobre a composição

corporal (perda de massa gorda), atenuação de câncer e doenças cardiovasculares, na

sensibilidade à insulina e diabetes e sobre a função imune em uma variedade de modelos

animais, sendo os ratos os mais sensíveis.5,6,7,8

O CLA tem ação anti-inflamatória e pode aliviar colites, pela ativação do

peroxissomo receptor (PPAR)9,10,11, sendo preferencialmente incorporado nos fosfolipídeos da

membrana celular11; têm ação no armazenamento e metabolismo lipídico, além de aumentar o

gasto energético, auxiliando na perda de peso6,12. O CLA tem uma ação antiaterogênica,

alterando a resistência insulínica, consequentemente auxiliando no controle da diabetes13, e

demonstra atuar no lipídeo plasmático, em homens14.

Frequentemente vem sendo utilizada, nas dietas caprinas e bovinas, a adição de

lipídios, os quais interferem na composição lipídica do leite. Essa adição pode aumentar a

concentração no leite, porém ainda são poucos os estudos que relatam esta concentração de

CLA na gordura do leite, principalmente de cabra. Schmidely et al. (2002)15 e Chilliard et al.

(2003)16 sugerem que o metabolismo mamário destes ácidos graxos difere entre cabras e

vacas, o que pode, possivelmente, levar à formação de ácidos graxos distintos.

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Algumas estratégias têm sido utilizadas no intuito de reduzir as alterações que ocorrem

no ambiente ruminal sobre os lipídios dietéticos insaturados, de forma que possam ser

incorporados diretamente no leite, obtendo-se o aumento da concentração de ácidos graxos

insaturados e poli-insaturados, entre eles o CLA e seus isômeros.

O presente trabalho objetivou fazer uma revisão da literatura científica recente sobre a

origem do CLA, suas fontes, bem como suas propriedades fisiológicas, bioquímicas e

histológicas, avaliando, em alguns casos, a ação dos seus isômeros separadamente e suas

implicações nas alterações metabólicas dos lipídeos e da glicose. Além disto, procurou-se

entender seu papel na composição corporal e sua atuação na presença de tumores,

considerando os inúmeros estudos relatando suas implicações em diferentes patologias,

visando estabelecer a melhor inserção deste ácido graxo na alimentação.

2 Metodologia

A revisão bibliográfica foi feita em artigos científicos disponíveis nos bancos de dados da

Medline (National Library of Medicine, Estados Unidos), Lilacs (Literatura Latino-Americana

e do Caribe em Ciências da Saúde), Scielo (Scientific Electronic Library Online, Periódicos

Científicos Brasileiros) e Science Direct. Utilizou-se as seguintes palavras-chave: CLA and

body composition, CLA and cancer, CLA and milk, CLA and glucose metabolism, CLA in

human, CLA in rats.

No desenvolvimento do presente trabalho foram incluídos ensaios in vivo, realizados com

animais e humanos, e ensaios in vitro, realizados com cultura de células de animais e de

humanos.

3 Origem do Ácido Linoleico Conjugado

Parodi (1977)17 foi o primeiro a identificar o C18:2 cis-9, trans-11 como um ácido

graxo com um par de duplas ligações conjugadas, na gordura do leite. Ácido linoleico

conjugado (CLA) é um termo utilizado para descrever um grupo de ácidos linoleicos com

uma isomeria geométrica diferenciada. Os ruminantes têm a capacidade de fermentar

estruturas vegetais como a celulose, que não são digeríveis por outros mamíferos, e convertê-

las em energia, incluindo a produção do isômero do CLA cis-9 trans-11, também denominado

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ácido rumênico5. Existem, em média, 28 formas isoméricas diferentes de CLA, dependendo

da localização das duplas ligações e de sua isomeria geométrica18,19. A distinção dos isômeros

é importante, uma vez que eles podem apresentar diferentes atividades in vivo20. As duplas

ligações no CLA podem estar localizadas nas posições C8 e C10; C9 e C11; C10 e C12 ou

C11 e C13, originando assim a designação do dieno conjugado. Cada uma das duplas ligações

pode estar na configuração cis ou trans ou nas diversas combinações cis-trans nas

moléculas21.

Dentre as bactérias existentes no rúmen inclui-se a Butyrivibrio fibrosolvens22. Como

ela, várias outras espécies possuem lípases capazes de hidrolisar as ligações éster dos ácidos

graxos e, portanto, produzir CLA, entre elas a Lactobacillus casei e a Lactobacillus

acidophilus23.

As condições de alimentação dos animais, assim como o tipo e a concentração dos

ácidos graxos presentes determinam quais bactérias ruminais serão predominantes no rúmen,

favorecendo a produção de CLA23. A síntese nos tecidos tem início quando o ácido graxo

C18:1 sofre dessaturação pela enzima Δ9-dessaturase, presente na glândula mamária e no

tecido adiposo24.

4 Fontes de Ácido Linoleico Conjugado

A fonte predominante de CLA em dietas humanas é constituída pelo leite e os

produtos derivados do leite de ruminantes; é encontrado também na gordura da carne desses

animais25. Nos Estados Unidos, os produtos derivados do leite fornecem aproximadamente

70% de CLA e os da carne cerca de 25% 26. Valores similares, em diferentes alimentos, foram

relatados em outros países27.

O isômero mais comum na natureza é o CLA cis-9- trans-11. Na gordura do leite e

nas carnes derivadas de animais ruminantes, eles representam de 0,5 a 2% dos ácidos graxos.

Mais de 70% do CLA nesses alimentos está na forma do isômero cis-9, trans-11. A maioria

do CLA consumido na dieta de humanos provém de alimentos como leites, queijos, iogurtes e

carnes5.

Em contraste, o CLA produzido quimicamente e comercializado como suplementação

dietética é uma mistura de isômeros, normalmente contendo 40% de cis-9, trans-11, 40% de

trans-10, cis-12 e 20% de outros isômeros 28. A concentração de CLA no leite humano e em

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fórmulas infantis foi determinada. As amostras (n = 14) foram coletadas entre 3 dias e 10

meses após o parto e congeladas. A concentração total de CLA variou de 2,23 a 5,43 mg/g de

gordura e em 57% das amostras o isômero cis-9, trans-11 correspondeu a uma faixa de 83 a

100%29. A variação na quantidade total de CLA e do isômero cis-9, trans-11 em leite humano

deve-se provavelmente à maior ou menor ingestão de CLA, já que humanos não sintetizam

esta molécula30.

Jones et al. (2005)31 estudaram as características químicas, físicas e sensoriais do leite

de vaca, queijos e manteiga enriquecidos com ácido linoleico conjugado. Foram avaliados a

composição físico-química, o perfil de ácidos graxos, as características organolépticas como

sabor, textura, além das condições de estocagem desses produtos. Os autores concluíram que

é possível a produção destes alimentos sem que suas características sensoriais sejam

modificadas pela estocagem.

No Brasil, Bomfim et al. (2006)32, suplementando a dieta de cabras leiteiras com óleo

de soja, observaram um aumento maior que 140% na concentração de CLA, além de maiores

teores de ácidos graxos poli-insaturados e essenciais, com redução daqueles saturados na

gordura do leite, sem qualquer prejuízo para o valor nutritivo ou sensorial deste alimento.

5 Metabolismo do Lipídeo no Rúmen

A dieta de vacas e cabras em lactação contém de 4 a 5% de gordura, predominando os

ácidos graxos de cadeias poli-insaturadas (PUFAs), como os ácidos linoleico e linolênico,

fornecidos principalmente pelos concentrados e forragens dietéticos, respectivamente. Após a

chegada dos lipídios dietéticos no rúmen, inicia-se o processo de hidrólise das ligações ésteres

dos triglicerídeos, dos fosfolipídios e dos glicolipídios. O glicerol liberado é utilizado para

produção de ácidos graxos voláteis (AGV), entretanto, as bactérias não são capazes de utilizar

os ácidos graxos para produção de energia32. A extensão desta hidrólise dos lipídios dietéticos

no rúmen é geralmente elevada, em torno de 50% para óleos de origem animal33 e de 85%

para óleos vegetais 34,35.

A bio-hidrogenação dos Pufas ocorre também no rúmen e este processo utiliza

primeiro os ácidos graxos livres. Alguns estudos in vitro e in vivo examinaram a bio-

hidrogenação do rúmen35,36,. Algumas espécies de bactérias do rúmen capazes de realizar as

reações de bio-hidrogenação, têm sido identificadas, bem como a sua forma de atuação. Kemp

e Lander (1984)37 classificaram as bactérias do rúmen envolvidas na biohidrogenação em

dois grupos: um grupo de bactérias A, que podem hidrogenar os Pufas com 18 carbonos a

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ácido graxo trans 18:1, com pequena quantidade de outros isômeros, e as bactérias do grupo

B, que são apenas algumas espécies, com capacidade de hidrogenar ácido graxo trans 18:1 a

ácido esteárico35. Entretanto, pesquisa recente identificou uma cadeia de bactérias específicas

que processa a bio-hidrogenação completa dos Pufas a 18:038.

Na etapa inicial da bio-hidrogenação ruminal dos ácidos linoleico e linolênico ocorre

uma isomerização da dupla ligação cis-12 a configuração trans-11, tendo por resultado um

ácido graxo dienoico ou trienoico conjugado (Figura 1). Em seguida, ocorre uma redução da

dupla ligação cis-9, resultando no ácido vacênico (AV) (C18:2 trans-11). Consequentemente,

o ácido rumênico é um intermediário, formado somente durante a bio-hidrogenação do ácido

linoleico39. A conversão do ácido rumênico (AR - C18:2 cis-9 trans-11) a ácido vacênico (AV

- C18:1 trans-11) é catalisada por uma redutase. Na figura 1, o AV é mostrado como um

intermediário da bio-hidrogenação dos ácidos linoleico e linolênico.

A etapa final da bio-hidrogenação envolve mais uma redução do ácido vacênico,

produzindo o ácido esteárico (C18:0). Essa redução é geralmente a etapa limitante, havendo

assim um frequente acúmulo de ácidos graxos trans no rúmen36.

Uma grande quantidade de C18:1 trans e de isômeros do CLA é produzida durante a

biohidrogenação e ainda não há explicação para esse processo39. Sabe-se que os lipídios

insaturados inibem as bactérias ruminais Gram-positivas (fermentadoras obrigatórias de

aminoácidos) e estimulam aquelas produtoras de propionato, causando decréscimo na relação

acetato:propionato40. O aumento da proporção molar de propionato leva à redução da

produção de acetato e butirato41.

A isomerase é a enzima-chave que catalisa a etapa, introduzindo o sistema de dupla

ligação conjugada. Entretanto, esta enzima tem sido estudada somente em algumas espécies

de bactérias ruminais. A isomerase produzida pela Butyrivibrio fibrisolvens é um enzima

particularmente limitado à membrana bacteriana da célula e tem uma exigência para o sistema

dieno cis-9, cis-12 e grupo carboxílico livre42,43. Se a isomerização inicial envolver a dupla

ligação cis-12, então uma dupla conjugada cis-9, trans-11 é produzida; caso seja a cis-9, então

a dupla conjugada trans-10, cis-12 é produzida. A maioria das bactérias do rúmen é capaz de

realizar esta isomerização, produzindo principalmente ácido vacênico do ácido linoleico.

Entretanto, Kim et al. (2002)44 demonstraram, recentemente, que a bactéria Megasphaera

elsdenii YJ-4, presente no rúmen, produz predominantemente um isômero do CLA (C18:2

trans-10, cis-12) e apenas uma pequena quantidade de ácido rumênico, quando confrontada

com o ácido linoléico.

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Rúmen

Glândula Mamária

Ácido Linolênico Ácido Linoleico 18:3 cis-9, cis-12, cis-15 18 :2 cis-9, cis-12

18:3 cis-9, trans-11, cis-15 Ácido Rumênico cis-9, trans-11 CLA

Ácido Rumênico cis-9, trans-11 CLA

Δ9-dessaturase

18:2 trans-11, cis-15 Ácido Vacênico 18:1 trans-11

Ácido Vacênico 18:1 trans-11

Ácido Esteárico 18:0

Figura 1 - Caminho da síntese ruminal endógena do ácido rumênico (C18:2 cis-9,

trans-11 CLA) em vacas leiteiras. Os caminhos para a bio-hidrogenação dos

ácidos linoleico e linolênico que chegam a ácido vacênico (C18:1 trans-11) são

mostrados na síntese endógena do rúmen e, pela ação da Δ9-dessaturase, na

glândula mamária. Adaptado de Bauman e Lock (2006)39.

Várias outras espécies possuem lipases capazes de hidrolisar as ligações éster dos

ácidos graxos e, portanto, produzir CLA, entre elas as produzidas pelos Lactobacillus casei e

pelos Lactobacillus acidophilus23.

Palmquist et al. (2005)38 revelam que o tipo de dieta consumida pelos animais parece

facilitar o processo da bio-hidrogenação, pois as mudanças produzidas por indução na

alimentação podem alterar este processo. Dieta com alto teor de concentrado diminui o pH

ruminal, sendo também um fator que pode resultar na inibição da bio-hidrogenação dos Pufas,

provocando um acúmulo de trans C18:145.

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6 Ácido Linoleico Conjugado e Composição Corporal

A partir das evidências científicas de que o CLA teria ação na redução da gordura

corporal em modelos animais, alguns estudos foram conduzidos com voluntários humanos.

Os achados poderiam contribuir no combate à obesidade, bem como no controle de fatores

relacionados à síndrome metabólica.

Foi demonstrado que o CLA atua no metabolismo da gordura corporal pela ação de

enzimas envolvidas no armazenamento e mobilização do tecido adiposo, em camundongos e

ratos consumindo este ácido graxo. Essa suplementação acarretou também uma redução da

atividade de lipases lipoproteicas e aumento da lipólise, pela ação do palmitol carnitina acil-

transferase em vários tecidos, causando aumento generalizado na mobilização e oxidação

lipídica, com consequente redução do percentual lipídico corporal46,47,48.

Gaullier et al. (2004)49 avaliaram a composição corporal, mineralização óssea,

percentual de massa magra e índice de massa corpórea, além de parâmetros bioquímicos de

134 indivíduos suplementados com CLA durante doze meses. Os resultados constataram

redução do colesterol total e LDL, não havendo alteração nos triglicerídeos e HDL colesterol,

ocorrendo também uma diminuição no percentual de massa gorda, reforçando a influência

dessa suplementação no auxílio à perda de peso.

Por outro lado, estudo clínico realizado com homens e mulheres fisicamente ativos,

em pequena escala (10 por grupo), consumindo 1,8 g/d de uma mistura de CLA, por doze

semanas, tendo o grupo placebo consumido óleo de oliva, não observou nenhuma mudança no

peso corporal, ao final deste período. Ocorreu apenas uma diminuição de 4% no percentual

de massa gorda, comparado com o grupo controle 6,50.

A dosagem responsiva do CLA relacionada com o percentual de massa gorda foi

investigada em indivíduos com sobrepeso, suplementadas com 1,7, 3,4, 5,1 e 6,8 g/d de uma

mistura de CLA, por doze semanas. O índice de massa gorda foi significativamente menor

nos que consumiram 3,4 e 6,8 g/d não sendo observada alteração no ganho de peso. Tudo

indica que a ingestão de 3,8 g/d da mistura de CLA, durante doze semanas, seria suficiente

para reduzir a massa gorda em pessoas que apresentassem sobrepeso e obesidade6.

Em estudo similar com homens obesos suplementados com 4,2 g/d de CLA houve

uma diminuição na circunferência abdominal, sugerindo uma redução na gordura visceral51.

Outra pesquisa com 17 mulheres saudáveis suplementadas com 3,9 g/d de CLA não constatou

alteração na composição corporal, em comparação com o grupo controle52,53.

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Smedman e Vessby (2001)54 determinaram os efeitos da suplementação de 4,2 g/d na

composição corporal e ganho de peso em homens e mulheres, observando redução de 1,1% no

percentual de gordura corporal, comparado com o grupo controle. Estudo similar, com

homens obesos suplementados com 4,2 g/d de CLA, evidenciou diminuição no diâmetro

abdominal, sugerindo uma redução na gordura visceral.

Todavia, em homens de meia idade (n=14), portadores de obesidade androide, a

suplementação de 4,2g de CLA/dia (cis-9, trans-11 e o trans-10, cis-12) reduziu a gordura

sagital abdominal, após quatro semanas51. Em estudo mais recente sobre o efeito do CLA na

composição corporal, o metabolismo de 54 indivíduos obesos foi investigado em processo de

novo ganho de peso. O autor acreditava que, pelo fato de o CLA reduzir indiretamente a

captação de AG pelos adipócitos, pela redução da atividade da LPL, assim como da

dessaturase esteroil-CoA , o que na verdade pode ocorrer é um efeito bloqueador no ganho de

tecido adiposo, e não a sua redução pelo aumento da lipólise, como se pensava até então.

Assim, primeiramente os indivíduos (n=54) foram submetidos a uma dieta restrita em calorias

(+900 kcal), por três semanas, para que houvesse perda de peso significativa. Posteriormente,

foram submetidos a suplementação com CLA (1,8 ou 3,6 g/dia), cis-9, trans-11 e trans-10,

cis-12 predominantemente, por treze semanas, verificando- se então diminuição na

recuperação da gordura corporal pelo aumento da massa magra e, consequentemente do gasto

energético de repouso55.

7 Doenças Cardiovasculares

A incidência de obesidade, paralelamente às dislipidemias, vem crescendo em todo o

mundo, aumentando os riscos de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 56,57. É fato,

demonstrado experimentalmente, que a ingestão excessiva de ácidos graxos saturados está

diretamente associada com o aumento do colesterol plasmático, sendo comumente

recomendada a diminuição da ingestão destas gorduras58.

Os efeitos do consumo de ácidos graxos poli-insaturados, bem como dos

monoinsaturados vêm sendo bastante estudados, devido às ações benéficas ao organismo. Esta

constatação do efeito destes ácidos graxos sobre a nutrição e saúde humanas sugere que a

redução quantitativa no consumo de lipídios, por si só pode não ser efetiva na proteção contra

distúrbios metabólicos. Por outro lado, podem ser mais efetivas as alterações qualitativas no

perfil lipídico da dieta, ou seja, aumento na concentração de ácidos graxos com reconhecido

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papel protetor e redução no consumo daqueles que podem resultar em um impacto negativo

sobre a saúde humana.

Estudo recente demonstrou efeitos benéficos associados com o consumo de CLA na

redução de fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como

redução de colesterol e triacilgliceróis plasmáticos e o aumento da secreção do colesterol

biliar7. Nestel et al. (2006)59 constataram redução de processos ateroscleróticos em animais

diabéticos, suplementados com CLA (cis-9, trans-11): embora não tenha havido redução da

aterosclerose aórtica, houve diminuição significativa do HDL colesterol.

O CLA influencia o metabolismo dos ácidos graxos apenas nos tecidos adiposo e

hepático. Esses efeitos foram observados em estudos em animais (ratos e ramsters),

modificando ou diminuindo os níveis de ácidos graxos armazenados nesses tecidos60,61,63.

O efeito dos isômeros do CLA foi avaliado no desenvolvimento de hipertensão em

ratos OLETF (Otsuka Long-Evans Tokushima Fatty Rats) com hiperfagia, que se tornaram

obesos, desenvolvendo hiperlipidemia, diabetes e hipertensão. Os ratos foram suplementados,

durante 3 semanas, com 0,5% do isômero CLA cis-9,trans-11 e 0,5% do isômero CLA trans-

10,cis-12. Os resultados evidenciaram que o isômero CLA trans-10,cis-12 pode suprimir o

desenvolvimento da hipertensão, em ratos OLETF. Houve um aumento de peso e de pressão

sistólica sanguínea no início da obesidade, mas no grupo CLA trans-10,cis-12 o aumento da

pressão sanguínea e do tecido adiposo abdominal foram significativamente reduzidos. Além

disso, a relativa expressão no RNAm de angiotensinogênio e de leptina (adipocitoquinas) foi

suprimida com CLA trans-10, cis-12, no tecido adiposo63.

8 Ácido Linoleico Conjugado e Resistência à Insulina

As mudanças no estilo de vida observadas a partir da segunda metade do século XX,

que incluem alterações nos hábitos alimentares e adoção de vida sedentária, contribuíram para

o aumento da frequência de dislipidemia, obesidade, diabetes e hipertensão. A ocorrência

concomitante de todas estas alterações, associada a um quadro de resistência insulínica,

compõem a chamada síndrome metabólica, que acentua o aumento do risco de

desenvolvimento de doenças cardiovasculares severas64.

A exata natureza dos mecanismos implicados nas alterações lipoproteicas da síndrome

de resistência insulínica ainda não está totalmente esclarecida, porém a hiperinsulinemia tem

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papel central neste processo, visto que está implicada na modulação de enzimas-chave do

metabolismo lipídico65.

As condições que cursam com a hiperinsulinemia, em geral, estão associadas à

chamada tríade lipídica: aumento moderado de triglicerídeos, redução do HDL-colesterol e

presença de níveis aumentados de LDL. No adipócito, a resistência insulínica causa aumento

na liberação de ácidos graxos livres, enquanto no fígado determina menor supressão na

síntese de VLDL. O resultado desse processo é a liberação de um excesso de partículas de

VLDL-colesterol, ricas em triglicerídeos, que, por sua vez, geram uma cascata de eventos de

troca que culminam com a redução nos níveis de HDL. Outras alterações, tais como a redução

da ação da lipase lipoproteica e o aumento da ação da lipase hepática, são também necessárias

para a completa expressão fenotípica da tríade lipídica, contribuindo para a transformação de

LDL em partículas de menor diâmetro e maior densidade, e ainda para a manutenção de um

estado de lipemia pós-prandial, com a circulação de lipoproteínas remanescentes ricas em

colesterol66.

Estudos em animais indicam que, além do CLA apresentar efeitos positivos sobre os

fatores de risco relacionados com doenças cardiovasculares, reduzindo o colesterol plasmático

e os níveis de triacilgliceróis, também melhora a sensibilidade à insulina21.

Pesquisas recentes indicam que os tecidos adiposos produzem citocinas inflamatórias

bem como hormônios como a leptina e adiponectina, envolvidas na regulação do metabolismo

energético, sugerindo que o tecido adiposo tem um importante papel na homeostase

energética67,68. O aumento na formação das citocinas inflamatórias atribuídas ao tecido

adiposo em pessoas obesas pode explicar o maior risco da diabetes e doenças cardiovasculares

nesses indivíduos. O processo inflamatório induzido pelo aumento das citocinas aumenta a

lipólise e a resistência insulínica. Os mecanismos pelos quais o CLA atua na lipólise e na

resistência insulínica ainda são controversos. Pesquisas sugerem que o CLA reduz os níveis

plasmáticos de leptina secretados nos adipócitos, em ratos diabéticos Zucker, em

camundongos não diabéticos e com diabetes tipo 2, atuando na sinalização hipotalâmica69.

Outra pesquisa, realizada com humanos que receberam 3,9 g/d do mix de CLA,

constatou um aumento de 20% na insulina plasmática, comparado com o grupo controle e, em

homens obesos com síndrome metabólica houve um aumento na insulina plasmática, em

comparação com o grupo placebo70.

Outra explicação para a ação do CLA sobre a resistência insulínica seria sua atuação

na redução da gordura visceral, tendo em vista que a resistência insulínica estaria diretamente

associada a este fator. Porém, ratos da linhagem Zucker suplementados com CLA, durante

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oito semanas, apresentaram uma diminuição no tamanho dos adipócitos e uma maior

sensibilidade à insulina, comparado com o grupo controle71.

9 Ácido Linoleico Conjugado e Câncer

O número de casos de câncer de mama no Brasil vem aumentando. É o segundo tipo

de câncer mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres. A cada ano, cerca de

22% dos casos novos de câncer em mulheres são de mama, em segundo lugar está o câncer do

colo do útero com aproximadamente 500 mil casos novos por ano, no mundo. A incidência de

câncer de colo do útero torna-se mais evidente na faixa etária de 20 a 29 anos e o risco

aumenta rapidamente até atingir seu pico geralmente na faixa etária de 45 a 49 anos72.

Com relação ao câncer de próstata, no Brasil, o risco estimado é de 52 casos novos a

cada 100 mil homens, por ano. Além desses, o câncer de cólon e reto é a terceira causa mais

comum de câncer no mundo, em ambos os sexos, e a segunda causa, em países

desenvolvidos. Os cânceres de pele e leucemias em crianças também apresentam elevada

incidência, no Brasil e no mundo72. Dada a atualidade do tema e o visível esforço de

pesquisadores na prevenção e cura desses diferentes tipos de câncer, estudos procuram

evidenciar compostos e medicamentos que auxiliem no combate a essa patologia. A utilização

de isômeros do CLA tem sido citada em diversos estudos, no combate à carcinogênese. Várias

pesquisas indicam a mistura de isômeros do CLA auxilia no controle ao crescimento de

inúmeros tipos de tumores5,8,73,74.

Recentemente, isômeros purificados do CLA tornaram-se objeto de pesquisas, através

da suplementação na dieta, indicando que cada isômero apresenta efeitos diferenciados no

combate a diversos tipos de tumores e no metabolismo lipídico. Essa suplementação mostrou

ter efeito em tumores mamários, cutâneos, do cólon, e de porções do estômago, em diferentes

tipos de animais74,75,76,77. Estes efeitos variam de acordo com a concentração dos isômeros do

CLA na suplementação; no caso, foi de 0,05 a 1% da dieta oferecida. Em humanos, essa

concentração pode ser obtida através de suplementação ou com uma mudança significativa no

consumo diário de alimentos ricos em CLA. Em alguns estudos, o tipo de gordura contida na

dieta não apresentou efeitos inibitórios sobre a absorção do CLA78.

Estudo relacionou o consumo de leite com a diminuição de câncer de mama79. Um

estudo de coorte por mais de seis anos investigou 941 pacientes que tiveram câncer de mama,

sendo aplicado um questionário de frequência alimentar, para observar o consumo de

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alimentos que continham CLA (leite, manteiga, carnes e queijos). Os resultados

demonstraram uma fraca, porém positiva relação entre risco de câncer de mama e consumo

desses alimentos80,81.

Em pesquisa realizada em ratos, Soel et al. (2007)82 observaram que dietas contendo

os isômeros do CLA cis-9, trans-11 e trans-10, cis-12, inibiram igualmente a metástase de

células cancerígenas do colon in vivo, porém, in vitro, apenas o isômero cis-9, trans-11

demonstrou a mesma ação.

Mandir e Goodlad (2008)83 investigaram os efeitos dos isômeros do CLA, o cis-9,

trans-11 e o trans-10, cis-12, isoladamente e um mix de ambos, sobre o desenvolvimento de

pólipos intestinais e o peso de porções intestinais em ratos Apc Min/+. O isômero cis-9, trans-

11 promoveu diminuição do número de pólipos e preservação do diâmetro do órgão.

Meng et al. (2008)84 estudaram, em ratos trangênicos ErbB2, a ação de isômeros do

CLA na inibição de tumor mamário. A dieta dos animais foi suplementada, durante quatro

semanas, na concentração de 0.5% trans-10, cis-12. O isômero do CLA estimulou o

crescimento de tumores mamários em 30% e aumentou o aparecimento de novos tumores, de

11% para 82%, comparado com o grupo controle. Porém, quando essa suplementação foi

iniciada na 21ª semana de vida, os tumores apareceram precocemente, diminuindo o período

total de vida desses animais, de 46 para 39 semanas. Uma suplementação de 10 a 14

semanas, ou de 21 para 25 semanas de vida, temporariamente acelerou o desenvolvimento

tumoral, porém períodos mais longos de suplementação não demonstraram efeitos

significativos sobre os tumores mamários. A aceleração no desenvolvimento tumoral nessas

condições experimentais foi associada com o aumento da fosforilação do receptor de insulina

IGF-I, bem como da sinalização através da ação da proteína kinase sobre a atividade

mitogênica.

O 2-Amino-1-methyl-6-phenylimidazol[4,5-b]pyridine (PhIP) é um potente mutante e

carcinogênico derivado de carnes cozidas a altas temperaturas que influenciam no surgimento

de tumores mamários e de próstata, quando oferecidos a ratos fêmeas e machos. Câncer de

próstata induzido por PhIP aumentou a frequência do aparecimento desse tipo de tumor, em

ratos Big Blue. Suplementados com 1% da mistura de CLA (w/w), por uma semana, esses

animais apresentaram uma diminuição de 38% na mutação85.

Estas observações estimulam os pesquisadores a intensificar os estudos sobre a

possibilidade de utilização do CLA como prevenção de tumores na próstata. Por outro lado,

foi observado, em ratos inoculados com um hormônio indutor do câncer de próstata (R-3327-

AT-1), um significativo aumento no volume tumoral, comparado com o grupo controle, sem

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contudo apresentar inibição no crescimento e desenvolvimento desse tipo de tumor86. Esse

achado sugere um aumento na tumorgênese com a administração do CLA, contrastando com a

maioria dos achados indicando efeitos antitumorais em animais.

Considerações Finais

As diferentes ações do CLA e seus isômeros no organismo ocorrem de formas

diversas, porém, o percentual de ingestão diária desse ácido graxo ainda não está definido por

completo. Várias dúvidas ainda permanecem com relação aos reais efeitos do CLA na

modificação da composição corporal em humanos, na resistência insulínica e no câncer. Além

disso, sua dose responsiva, bem como a toxicidade e suas implicações em longo prazo, não

estão definidas.

Deste modo, faz-se necessário o desenvolvimento de mais pesquisas que, entre outras

coisas, avaliem os efeitos do CLA em humanos, tendo em vista que os estudos em animais

experimentais são maioria, a fim de esclarecer os reais mecanismos de ação e possibilitar uma

melhor avaliação da hipótese de aumento da lipólise e/ou redução da lipogênese. Tais

pesquisas possibilitarão avaliar melhor os efeitos desse AG no metabolismo energético e no

combate ao aparecimento de diversas patologias metabólicas crônicas, bem como seu uso com

segurança e eficácia nas prescrições relacionadas à melhoria da composição corporal, como

agente funcional.

A redução na gordura corporal, apesar de discreta, foi constatada em muitos estudos.

Levando em consideração que o acúmulo de gordura está diretamente relacionado com os

riscos de doenças cardiovasculares e síndrome metabólica, por menor que seja a contribuição

do CLA será benéfica à saúde de pessoas nessas condições.

Essa abordagem é de importância para viabilizar a comercialização desses produtos,

aumentando o acesso e a aceitação da população a novos tipos de alimentos. Contudo, há

necessidade de trabalhos mais detalhados utilizando carnes, leite e seus derivados

enriquecidos com CLA.

Sabendo que as concentrações desse composto nas carnes, nos leites e em seus

derivados não são suficientes para que os efeitos fisiológicos sejam atingidos, seria necessária

a suplementação deste ácido graxo na alimentação humana. Para isso, faz-se necessário que

os alimentos enriquecidos com CLA possam ser comercializados, tornando-se acessíveis à

população em geral.

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Capítulo 2: Artigo

EFEITOS DO LEITE DE CABRA ENRIQUECIDO COM ÁCIDO LINOLEICO CONJUGADO SOBRE O DESENVOLVIMENTO REFLEXO E SOMÁTICO, EM RATOS

EFECTS OF GOAT MILK ENRICHED WITH LINOLEIC CONJUGATED ACID ON REFLEX AND SOMATIC ONTOGENY IN RAT

Juliana Késsia Barbosa Soares1

Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga1

Maria do Carmo Medeiros2

Marco Aurélio Delmondes Bomfim3

Debora Catarine Nepomuceno de Pontes Pessoa2

E´lida de Andrade Barbosa4

Livia Valença Correia4

Dione Lins4

1 Mestranda bolsista da Embrapa do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil. 2 Programa de Pós-Graduação em Ciência da Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil. 3 Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa Caprinos), Sobral, Ceará. 4 Estudantes bolsistas de iniciação científica (CNPq) e Embrapa do curso de graduação em Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil.

Periódico indexado: Nutritional Neuroscience

Endereço eletrônico para correspondência:

[email protected]

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RESUMO O leite de cabra é fonte de diferentes ácidos graxos, elementos indispensáveis para a formação

do sistema nervoso central. O estudo investigou os efeitos da oferta de 7% de diferentes tipos

de lipídios inseridos na dieta de ratas Wistar durante a gestação e a lactação divididos em três

grupos: óleo de soja (GS), óleo de coco (GC) e gordura do leite de cabra enriquecida com

CLA (GLC). Observou-se a ontogenia reflexa e somática, o comprimento da cauda e o ganho

de peso de 54 ratos lactentes. Os reflexos estudados foram: Preensão Palmar (PP),

Recuperação Postural de Decúbito (RD), Aversão ao Precipício (AP), Aversão Ao precipício

pelas Vibrissas (APV), Geotaxia Negativa (GN), Resposta ao Susto (RS) e Recuperação do

Decúbito em Queda Livre (RDQL). As características somáticas estudadas foram: Abertura

do Pavilhão Auricular (APA), Abertura do Conduto Auditivo (ACA), Erupção dos Dentes

Incisivos Inferiores (EII), Erupção dos Dentes Incisivos Superiores (EIS) e Abertura dos

Olhos (AO). O GLC apresentou um maior ganho de peso, comprimento da cauda (p<0,001) e

antecipação na maturação dos reflexos: PP, RD, AP, GN, RS e RDQL em relação ao GS. O

GLC mostrou-se antecipado em relação ao GC nos seguintes reflexos: APV, PP, RD, AP, GN

e RS. O GLC demonstrou antecipação em todas as características somáticas em relação ao GS

e GC (p<0,001). Os neonatos do GC apresentaram retardo no APA e AO (p<0,001) em

relação ao GS. Concluiu-se que a ingestão do leite de cabra enriquecido com CLA, por ratas

Wistar, durante a gestação e lactação, disponibilizou uma variedade de ácidos graxos no

organismo da rata mãe, possibilitando-lhe ofertar pela placenta e através do leite, os ácidos

graxos necessários ao desenvolvimento dos filhotes.

Palavras-chave: CLA, leite de cabra, ratos, desenvolvimento.

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ABSTRACT

The goat milk is a source of differents fatty acids. Knowing that the fatty acids are

indispensable for the formation of the central nervous system, this study investigated the

effects of 7% of supply of different types of lipids included in the diet of Wistar rats during

pregnancy and lactation divided in three groups: soybean oil (SOG), coconut oil (COG) and

goat milk fat enriched with CLA (GMG). This study investigated a reflex ontogeny and

somatic of 54 infants rats. The reflex indexes were: Palmar Grasp (PG), Righting reflex (RR),

Cliff Avoidance (CA), Vibrissae Placing (VP), Negative Geotaxis (NG), Auditory Startle

(AS) and Free Fall Righting (FFR). The somatic maturation indexes were: Auricle Opening

(AO), Auditory Canal Opening (ACO), Low Incisor Eruption (LIE), Upper Incisor Eruption

(UIE) and Eye Opening (EO).The GMG had a greater weight gain, length of tail (p <0.001),

early maturation of the reflexes: PG, RR, CA, NG, AS and FFR then the SOG. GMG showed

early maturation on the reflexes: PG, RR, CA, NG and AS then the COG. The GLC showed

anticipation in all somatic features then the SOG and COG (p <0.001). The COG offspring

had delayed in somatic maturation: AO and EO then the GMG (p <0.001). In the study

concluded that the supply of goat's milk enriched with CLA offered to Wistar rats during

pregnancy and lactation provided a variety of fatty acids that body has to offer by the mother

rat placenta and through breast milk fatty acids necessary to the development of offspring.

Key-words: CLA, goat milk, rats, development.

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1 Introdução

Os ácidos graxos (AG) são constituintes estruturais das membranas celulares,

cumprem funções energéticas e de reserva metabólica. Dentre estes, destacam-se os ácidos

graxos essenciais que participam da formação de hormônios e sais biliares, os quais devem

fazer parte diariamente da dieta, em quantidades adequadas (Valenzuela e Nieto, 2003).

Em humanos, a maturação do sistema nervoso central tem início na fase intra-uterina e

persiste até os primeiros anos de vida pós-natal (Martinez 1992). O processo morfogênico,

diretamente associado à função cerebral, torna a nutrição materna essencial, durante a

gestação e lactação, para o desenvolvimento de neonatos, pois há aumento funcional e

bioquímico das demandas de ácidos graxos poli-insaturados (Xiang et al. 1999; Koletzko et

al. 2001).

No rato, esta maturação ocorre a partir do 16º dia pré-natal e durante todo o aleitamento.

Nesta fase, qualquer estímulo do meio ambiente, ou intrínseco, pode alterar intensamente os

eventos ontogenéticos sequenciais, com efeito variado sobre o sistema nervoso em formação

(Dobbing 1970; Morgane et al. 1993; Lynch et al. 1975). Assim, o período inicial do

desenvolvimento, no qual ocorre rápido crescimento cerebral, é considerado o período crítico

do desenvolvimento rápido (Smart e Dobbing 1971).

Sabe-se que a qualidade, como também a quantidade de ácidos graxos presentes na

dieta materna são de fundamental importância para o desenvolvimento da prole. Estudos têm

sido encontrados na literatura especializada, relacionando este efeito principalmente aos poli-

insaturados n-3 e n-6 (Amuskivar et al. 2000; Saste et al. 1998), porém, pouco foi encontrado

com relação ao ácido linoleico conjugado (CLA). CLA é o termo utilizado para descrever um

grupo de ácidos linoleicos com uma isomeria geométrica diferenciada. Os diferentes tipos de

CLA são produzidos naturalmente por bactérias que hidrogenam e isomerizam os ácidos

graxos no estômago de animais ruminantes. Essa etapa é denominada bio-hidrogenação e nela

ocorre a produção de uma grande quantidade de C18:1 trans e de isômeros do CLA, um

processo ainda sem explicação para esse processo (Bauman e Lock 2006). Sabe-se apenas que

os lipídios insaturados inibem as bactérias ruminais Gram-positivas (fermentadoras

obrigatórias de aminoácidos). Existem, em média, 28 formas isoméricas diferentes de CLA

(Banni 2002), descoberto primeiramente por Pariza e Hargreaves (1985), quando

investigavam os componentes carcinogênicos de bifes grelhados.

Os isômeros mais comuns encontrados na natureza são cis-9, trans-11 e trans-10, cis-

12 (Steinhart et al. 2003; Delmonte et al. 2004). Na dieta humana, o CLA é consumido na

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gordura do leite e em carnes derivadas de animais ruminantes, em que representa de 0,5 a 2%

dos ácidos graxos presentes (McLeod et al. 2004). Estes isômeros são encontrados

principalmente na gordura do leite dos ruminantes, como consequência da ação microbiana

das bactérias presentes no rúmen desses animais (Oh et al. 2003). Pesquisas demonstram uma

potencialidade funcional desse ácido graxo, contribuindo para a redução do peso corporal

(Wang e Jones 2004; Wang et al. 2006).

Pesquisa recente tenta esclarecer o mecanismo de ação do CLA no sistema nervoso

central, considerando que sua incorporação no cérebro de ratos tem sido detectada em baixas

concentrações (Alasnier et al. 2002). Contudo, a suplementação em camundongos (3% de

CLA), durante a gestação e a lactação, demonstrou uma ação benéfica, reduzindo a produção

de prostaglandinas e contribuindo para a diminuição dos danos oxidativos (Nakanishi et al.

2003). Sikorski et al. (2008), suplementando ratos com o CLA (0,5%), durante 24 dias,

observaram redução significante na angiogênese no cerebelo. Porém, essas interações ainda

não foram completamente elucidadas.

Sabendo que o leite de cabra é de grande importância para o agronegócio brasileiro

objetivou-se, neste estudo, avaliar o impacto deste leite, enriquecido com CLA, sobre a

maturação reflexa, somática e o desenvolvimento ponderal, em ratos neonatos.

2 Metodologia

Coleta da amostra do leite de cabra

A suplementação da dieta caprina utilizando óleo de soja aumenta significativamente o

teor de CLA no leite desses animais, podendo chegar a 140% (Bomfim et al. 2006). Baseado

neste estudo, cabras da raça Saanen, provenientes do Campus de Zootecnia de

Bananeiras/UFPB, receberam suplementação de 4%,durante 10 dias. A ordenha foi processada,

o leite obtido desnatado e a porção lipídica utilizada para confecção da dieta experimental.

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Animais

Fêmeas primíparas, com idade de aproximadamente 20 semanas e peso de 250 ± 50 g

foram utilizadas para obtenção dos ratos lactentes. Foram mantidas três fêmeas para cada

macho; durante o acasalamento, os animais permaneceram no biotério de criação, até

confirmação de prenhes e após, as ratas prenhas foram alojadas em gaiolas-maternidade

individuais de polipropileno (60 cm de comprimento, 50 cm de largura e 22 cm de altura), em

condições-padrão: ar condicionado à temperatura de 22 ± 1oC, com ciclo claro-escuro (12 h;

início da fase clara às 6:00 h), umidade de ± 65%, recebendo ração e água ad libitum, do

primeiro dia de gestação até o final da lactação. Foram padronizadas ninhadas de 6 filhotes

(preferencialmente machos) e o desmame realizado aos 21 dias pós-natal.

Foram utilizados 54 ratos neonatos da linhagem Wistar, provenientes do Biotério do

Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O protocolo

experimental seguiu as recomendações do National Institute of Health (USA) e foi analisado e

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal do Laboratório de Tecnologia

Farmacêutica da Universidade Federal da Paraíba – Brasil (Cepa no 0210/07).

Dietas

Os nutrientes das dietas experimentais contendo óleo de soja (GS), óleo de coco (GC) e

gordura de leite de cabra enriquecido com CLA (GLC) foram selecionados com base nas

recomendações do American Institute of Nutrition (AIN-93G) (Reeves et al. 1993), e as dietas

confeccionadas pela empresa Rhoster, sendo fornecidas aos animais do primeiro dia de

gestação até o final da lactação. A composição centesimal das dietas está descrita na tabela 1.

Peso Corporal dos Neonatos

A partir do 1º dia de vida, os neonatos foram pesados diariamente, sendo o dia do

nascimento considerado o dia zero. O peso corporal das gestantes e das lactantes foi aferido

semanalmente.

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Tabela 1 – Composição das dietas experimentais.

Grupos Ingredientes (g/kg) GS GC GLC Caseína* 190,0 190,0 190,0

Mix Minerais 35,0 35,0 35,0

Mix Vitaminas 10,0 10,0 10,0

Celulose 50,0 50,0 50,0

Amido 540,0 540,0 540,0

Sacarose 100,0 100,0 100,0

Óleo de Soja 70,0 0,0 0,0

Óleo de Coco 0,0 70,0 0,0

Gord. Leite de Cabra 0,0 0,0 70,0

L-Cistina 3,0 3,0 3,0

Colina

TBHQ

Calorias Totais (Kcal)

2,5

0,014

3962,0

2,5

0,014

3962,0

2,5

0,014

3962,0

*91% de proteína; GS: Grupo óleo de soja; GC: grupo óleo de coco;

GLC: grupo leite de cabra.

Tabela 2 – Perfil de ácidos graxos das diferentes fontes lipídicas.

ÁCIDOS GRAXOS

ÓLEO DE SOJA ÓLEO DE COCO LEITE DE CABRA

C 4:0 0,00 0,00 3,12 C 6:0 0,00 0,50 3,65 C 8:0 0,00 9,95 2,73 C 10:0 0,00 7,90 9,39 C 12:0 0,00 50,63 4,93 C 14:0 0,10 18,10 8,65 C 16:0 10,6 8,26 24,48 C 18:0 3,80 3,07 12,42 C 18:1 23,0 4,65 4,94 C 18:2 52,4 0,80 0,82

C18:2 (CLA)* 0,00 0,00 1,16 C 18:3 8,90 0,31 0,42 C 20:0 0,40 0,00 0,13

Adaptado de : ÁGUILA et al., 2005; MACLEOD et al., 2009; QUEIROGA, 2004; BOMFIM et al., 2000. * CLA : ácido linoleico conjugado.

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Ontogenia Reflexa e Somática

Os reflexos foram pesquisados diariamente, entre 12 e 14 horas, do 2º dia ao 21º dia

pós-natal, até sua consolidação ou desaparecimento, quando a resposta reflexa esperada se

repetia por três dias consecutivos, considerando a resposta do 1º dia. Os reflexos pesquisados,

descritos a seguir, seguiram o modelo experimental estabelecido por Smart e Dobbing (1971),

para o rato. Foram avaliados os seguintes reflexos: Preensão Palmar (PP), Recuperação

Postural de Decúbito (RPD), Aversão ao Precipício pelas Vibrissas (APV), Aversão ao

Precipício (AP), Geotaxia Negativa (GN), Resposta ao Susto (RS) e Recuperação do Decúbito

em Queda Livre (RDQL). O tempo máximo de observação considerado foi de 10 segundos.

Os Indicadores de Maturação Somática pesquisados foram: Abertura do Pavilhão

Auricular (APA), Abertura do Conduto Auditivo (ACA), Erupção dos Dentes Incisivos

Inferiores e Superiores (EII e EIS), Abertura dos Olhos (AO) e Comprimento da Cauda (CC).

Análises Estatísticas

Para as análises estatísticas da ontogenia reflexa e somática, foram utilizados a análise

de variância e o teste de Kruskal-Wallis One Way para a comparação dos grupos. Para o

restante dos dados foi utilizado o teste de medidas repetidas Two Way Anova, todos a 5% de

probabilidade. Para a realização das análises estatísticas foi utilizado o software Sigma Stat.

3 Resultados O peso corporal dos neonatos cujas mães (ratas) foram alimentadas com a gordura do

leite de cabra enriquecida com o CLA (a partir da suplementação com óleo de soja da ração

de cabras da raça Saanen), foi significantemente maior em relação aos animais cujas mães

receberam na dieta, como fonte lipídica, o óleo de soja (p<0,001) e o óleo de coco (p<0,05).

Comparando-se o peso corporal dos filhotes dos outros dois grupos, consumindo os óleos de

soja e de coco, pode-se observar uma maior evolução no desenvolvimento corporal dos

neonatos cujas mães consumiram dieta contendo óleo de coco (p<0,05) ao final da última

semana de lactação. (Gráfico 1)

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Com relação à evolução do comprimento da cauda dos lactentes, durante toda a

lactação, o grupo cujas mães consumiram a gordura do leite de cabra apresentaram

comprimento maior em relação ao grupo consumindo óleo de soja (p<0,001) e óleo de coco

(p<0,001). O grupo cujas mães consumiram óleo de coco apresentaram uma evolução

significativamente maior (p<0,05) em relação ao grupo consumindo óleo de soja aos 7 e 21

dias de experimento. (Gráfico 2)

A maturação dos reflexos: Preensão Palmar (PP), Recuperação Postural de Decúbito

(RD), Aversão ao Precipício (AP), Geotaxia Negativa (GN) e Resposta ao Susto (RS) e

Recuperação do Decúbito em Queda Livre (RDQL) mostrou-se antecipada nos ratos lactentes

cujas mães receberam a gordura do leite de cabra na dieta em relação ao grupo cujas mães

consumiram óleo de soja (p<0,001). O mesmo efeito foi observado em relação ao grupo

consumindo dieta contendo óleo de coco no desenvolvimento dos seguintes reflexos: Preensão

Palmar (PP), Recuperação Postural de Decúbito (RD), Aversão ao Precipício pelas Vibrissas

(APV), Aversão ao Precipício (AP), Geotaxia Negativa (GN) e Resposta ao Susto (RS)

(p<0,001). (Tabela 2)

A antecipação no aparecimento da maturação somática do grupo cujas mães

consumiram gordura de leite de cabra foi significativa em relação ao grupo consumindo óleo de

soja e de coco, nas seguintes características físicas: Abertura do Pavilhão Auricular (APA),

Abertura do Conduto Auditivo (ACA), Erupção dos Dentes Incisivos Inferiores (EII), Erupção

dos Dentes Incisivos Superiores (EIS) e Abertura dos Olhos (AO) (p<0,001). O grupo de

neonatos cujas mães foram alimentadas com dieta contendo óleo de coco como fonte lipídica

apresentou retardo na Abertura do Pavilhão Auricular (APA) e na Abertura dos Olhos (AO),

comparado ao grupo tratado com óleo de soja (p<0,001). (Tabela 3)

4 Discussão

O leite de cabra é um alimento de suma importância para o agronegócio brasileiro,

pois além de suas qualidades nutritivas, constitui também uma forma de inserção social, uma

vez que a Região Nordeste do Brasil, onde está concentrados mais de 90% do efetivo caprino,

é a que apresenta o menor índice de desenvolvimento humano no País.

A raça caprina Saanen, utilizada neste estudo, foi escolhida por se adaptar muito bem

às condições climáticas do Nordeste, sendo considerada produtora leiteira (Santos 2003). Na

alimentação desses animais foi adicionado, como fonte lipídica, o óleo de soja, por se tratar de

um óleo predominantemente poli-insaturado, fornecendo substrato para a bio-hidrogenação no

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rúmen e possibilitando o aumento do teor de CLA no leite (Bauman e Lock 2006). Pesquisa

realizada por Bomfim et al. (2000), suplementando a ração de cabras da raça Saanen com este

tipo de óleo, constatou um aumento de cerca de 140% de CLA, no leite. Outro aspecto levado

em consideração foi a utilização de óleo de soja como fonte lipídica-padrão para a dieta de

roedores, fornecendo os ácidos graxos essenciais (n-3 e n-6) indispensáveis ao crescimento e

desenvolvimento desses animais, como também a fonte proteica (a caseína comercial),

garantindo o aporte deste nutriente (Reeves et al. 1993).

Contrariamente ao óleo de soja, o óleo de coco foi escolhido por ser fonte lipídica de

ácidos graxos predominantemente saturados e por sua deficiência em relação aos ácidos

graxos essenciais; a partir daí, pode-se investigar como essas diferentes fontes lipídicas

influenciam na maturação reflexa e somática dos animais em experimentação (ratos).

Até o momento, há escassez, na literatura, de estudos experimentais oferecendo este

tipo de leite (leite de cabra enriquecido com CLA) a ratos. No entanto, há estudos

experimentais utilizando ratos tratados com dietas contendo leite de cabra e de vaca,

suplementadas com ferro e cálcio (Alferez et al. 2006; Diaz-Castro et al. 2009). Estes autores

demonstraram que há maior absorção destes minerais nos animais submetidos ao consumo do

leite de cabra.

Com relação ao peso corporal, a literatura evidencia a influência do CLA sobre o peso

corporal, em ratos e humanos. Essa relação foi observada por Hayashi et al. (2007), quando

investigaram os efeitos da suplementação do mix de isômeros do CLA (25 g/kg) sobre o

metabolismo lipídico e a composição corporal, em ratos lactentes da linhagem Wistar. No 15º

dia pós-parto, observaram uma redução de 21% no crescimento dos filhotes. Os autores

atribuíram esses resultados à diminuição de triglicerídeos de cadeia média no leite materno,

tendo em vista que o CLA reduziu a síntese de ácidos graxos atuando nas enzimas lipolíticas

(6-fosfato desidrogenase e 6-fosfatogluconato desidrogenase).

Estudo realizado por Ringseis et al. (2004), utilizando ratas da linhagem Sprague-

Dawley submetidas a dieta contendo óleo de girassol suplementada com 14,7 g/kg do mix de

CLA, durante a gestação e a lactação, observou uma diminuição no peso corporal dos filhotes,

no 17º dia de lactação, e aumento da mortalidade pós-natal. Os autores atribuíram este fato, à

menor concentração de triglicerídeos encontrada no leite das lactantes.

Chin et al. (1994) investigando os efeitos da suplementação do CLA (0,25% e 0,5%)

sobre o desenvolvimento e crescimento em ratos, durante a gestação e/ou lactação,

observaram um aumento no ganho de peso dos filhotes no período pós-natal (10º dia de

lactação). Após o desmame, nos animais que continuaram recebendo a suplementação ocorreu

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maior eficácia alimentar em relação ao grupo controle. Esses resultados se assemelham aos

do presente estudo, em relação ao maior ganho de peso dos neonatos cujas mães consumiram

gordura de leite de cabra enriquecida com CLA, durante todo o aleitamento.

Em relação ao desenvolvimento, achados na literatura indicam em geral uma

associação entre dietas utilizando quantidades e qualidades diferentes de lipídeos e o

desenvolvimento reflexo e somático.

Assim, Saste et al. (1998), estudando ratos tratados com dietas contendo óleo de peixe

e óleo de milho nos mesmos teores (10%), durante a gestação e todo o aleitamento,

encontraram retardo na maturação do reflexo ao susto e o tempo de condução maior na via

auditiva do tronco cerebral. Pode se atribuir este atraso no grupo alimentado com óleo de

peixe ao efeito negativo no processo da mielinização.

Anselmo et al. (2006, 2008) investigaram a maturação reflexa e somática de ratos

neonatos cujas mães foram expostas ao campo eletromagnético e à desnutrição, durante a

gestação, utilizando o modelo experimental da Dieta Básica Regional (DBR) (Teodósio et al.

1990). Observaram retardo na maturação reflexa e somática desses animais atribuindo esses

resultados à desnutrição prévia da mãe (gestação) e à exposição ao campo eletromagnético.

Neste contexto, é oportuno ressaltar que os resultados encontrados no presente

trabalho diferem dos encontrados por Anselmo et al. (2006, 2008). Porém, apesar do período

experimental (gestação e lactação) ter sido similar e os autores utilizarem o modelo de Smart

e Dobbing (1971), nos dois trabalhos os animais foram expostos ao campo eletromagnético e

à desnutrição, o que tornou sua metodologia distinta da adotada no presente estudo.

A composição lipídica das dietas de Anselmo et al. (2006, 2008) foi diferente da

utilizada no presente estudo. Estes autores utilizaram diferentes tipos de lipídios diretamente

na dieta dos ratos, enquanto, no presente estudo, a manipulação lipídica da dieta ocorreu na

ração oferecida às cabra e posteriormente, o lipídio extraído do leite foi empregado na dieta

dos ratos. Torna-se difícil estabelecer comparação entre os resultados presentes e os daqueles

autores. Para Smart e Dobbing (1971), a maturação reflexa indica a maturação do sistema

nervoso central na fase de desenvolvimento, no parecimento dos reflexos. Com base nesta

consideração e na literatura, os resultados do presente estudo poderiam indicar um

desenvolvimento precoce do Sistema Nervoso Central, nesta fase.

Wainwright et al. (1997) demonstraram, em camundongos alimentados com dieta

carente em ácidos graxos n-3, retardo nos indicadores de maturação somática, como, por

exemplo, na abertura dos olhos. Os autores atribuíram este retardo à necessidade deste ácido

graxo para a formação das membranas plasmáticas cerebrais.

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Resultado semelhante foi observado neste estudo, no grupo que consumiu o óleo de

coco, que contém gordura predominantemente saturada e deficiente em ácidos graxos

essenciais.

Outro estudo foi realizado com mulheres lactantes recebendo diferentes

suplementações de CLA durante 9 dias, 2 g/dia de um mix de CLA, 2 g/dia de óleo de

girassol, 4 g/dia do mix de isômeros do CLA e um outro grupo recebendo apenas 4 g/dia de

óleo de girassol. Não foi observado aumento do consumo de leite pelas crianças, porém foi

constatada uma redução no teor lipídico do leite materno e aumento no teor de CLA nos

grupos suplementados com este composto (Mosley et al. 2007).

Analisando a composição centesimal das gorduras utilizadas neste estudo, em relação

aos ácidos graxos, foram observadas diferenças. A gordura do leite de cabra apresentou uma

variedade de todos os tipos de ácidos graxos, inclusive poli-insaturados essenciais precursores

dos ácidos graxos de cadeia longa, como, por exemplo, o ácido docosahexaenoico (DHA); o

óleo de coco contém ácidos graxos predominantemente saturados e é deficiente em ácidos

graxos essenciais; o óleo de soja é rico em ácidos graxos poli-insaturados, especialmente o

DHA, e pobre em saturado. (Tabela 2)

Levando em consideração a importância dos ácidos graxos essenciais para a formação

do sistema nervoso central (Saste et al. 1998) e dos ácidos graxos monoinsaturados e

saturados para a formação da mielina (Lutz e Duran 1994; Salvati et al. 1996) a dieta

contendo CLA em sua composição no presente estudo, também promoveria uma maior

disponibilidade desses diferentes ácidos graxos na gordura do leite da cabra. Esse consumo,

possivelmente, possibilita uma adequada utilização destes nutrientes pelo organismo da rata-

mãe, conduzindo pela placenta e através do leite materno os ácidos graxos necessários ao

crescimento e desenvolvimento dos filhotes.

A oferta desses ácidos graxos necessários para o desenvolvimento cerebral dos

neonatos, através da mãe, provavelmente possibilitou a antecipação do aparecimento da

maturação reflexa e somática, como também um desenvolvimento corporal diferenciado

desses animais, com relação aos demais.

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5 Conclusão

Os achados deste estudo sugerem que a oferta de leite de cabra enriquecido com CLA

pela adição de óleo de soja na ração caprina aumenta o peso corporal, o comprimento da

cauda, antecipa o aparecimento dos reflexos e dos indicadores de maturação somática, em

ratos neonatos cujas mães receberam a dieta experimental durante a gestação e a lactação, em

comparação com ratos que consumiram óleo de soja e de coco como fonte lipídica.

Desta maneira, o leite de cabra enriquecido com CLA, causou um impacto positivo no

crescimento e desenvolvimento dos neonatos estudados, coerentes com os dados da literatura.

Em síntese, este trabalho tem o propósito de contribuir para um maior conhecimento do

importante papel dos lipídeos dietéticos no desenvolvimento do sistema nervoso, através da

ingestão de leite de cabra enriquecido com CLA, bem como da possível utilização deste leite

como alimento funcional.

Pesquisas futuras com este alimento, seriam favoráveis para elucidas o impacto deste

leite em humanos e a inserção deste alimento na indústria, facilitaria o consumo da população

e beneficiaria o agronegócio em nossa Região.

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Gráfico 1 – Ganho de peso de ratos Wistar lactentes cujas mães receberam ração contendo 7% de óleo de soja (n=18), óleo de coco (n=12) e a gordura do leite de cabra (n=24). *: p<0,05; **: p<0,001. a: significante em relação ao grupo com óleo de soja; b: significante em relação ao grupo com óleo de coco;

Gráfico 2 – Comprimento da cauda de ratos Wistar lactentes cujas mães receberam ração contendo 7% de óleo de soja (n=18), óleo de coco (n=12) e a gordura do leite de cabra (n=24). *: p<0,05; **: p<0,001. a: significante em relação ao grupo com óleo de soja; b: significante em relação ao grupo com óleo de coco;

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Tabela 3 - Maturação reflexa (mediana do dia) de ratos lactentes cujas mães receberam ração contendo 7% de óleo de soja (n=18), óleo de coco (n=12) e a gordura do leite de cabra (n=24) durante a gestação e a lactação.

GRUPOS GS GC GLC

Md (Q1-Q2) Md (Q1-Q2) Md (Q1-Q2) MATURAÇÃO

REFLEXA n(18) n(12) n(24)

PP 6,5 (5-9) 9 (8-11) 4 (3-8) a**,b**

RP 4 (3-6) 5,5 (2-10) 3 (1-6) a**,b**

AP 6 (3-9) 6 (2-9) 4 (1-6) a**,b**

APV 9,5 (8-11) 10 (7-11) 9 (6-11) b*

GN 14 (7-11) 14 (8-14) 10 (7-12) a*,b*

RS 12 (11-13) 13 (12-15) 10,5 (9-13) a**,b**

RDQL 18 (15-20) 17 (14-18) 16 (13-17) a* PP: preensão palmar; RP: retificação postural; AP: aversão ao precipício; APV: aversão ao precipício por vibrissas; GN: geotaxia negativa; RS: resposta ao susto; RDQL: retificação de decúbito durante a queda livre; Md: mediana; Q1: menor valor; Q2: maior; *: p<0,05; **: p<0,001. a: significante em relação ao grupo com óleo de soja; b: significante em relação ao grupo com óleo de coco;

Tabela 4 - Maturação somática (mediana do dia) de ratos lactentes cujas mães receberam ração contendo 7% de óleo de soja (n=18), óleo de coco (n=12) e a gordura do leite de cabra (n=24) durante a gestação e a lactação.

GRUPOS GS GC GLC

Md (Q1-Q2) Md (Q1-Q2) Md (Q1-Q2) MATURAÇÃO

SOMATICO n(18) n(12) n(24)

APA 3 (2-3) b* 4 (3-4) 2 (1-3) a*, b*

ACA 12 (11-13) 13 (12-15) 10 (9-13) a**, b**

AO 14 (13-14) b* 15 (14-16) 13 (11-14) a**, b**

EIS 9,5 (8-11) 10 (9-11) 8 (6-9) a**,b**

EII 11 (9-13) 12 (10-13) 10 (8-11) a*,b** APA: aparecimento do pavilhão auricular; ACA: aparecimento do conduto auricular; AO: abertura dos olhos; EIS: erupção dos dentes incisivos superiores; EII: erupção dos dentes incisivos inferiores; Md: mediana; Q1: menor valor; Q2: maior; *: p<0,05; **: p<0,001; a: significante em relação ao grupo com óleo de soja; b: significante em relação ao grupo com óleo de coco.

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APÊNDICE

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Medeiros, M.C.; et al.

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HHHHistória da Distória da Distória da Distória da Dieta Básica Regional (DBRieta Básica Regional (DBRieta Básica Regional (DBRieta Básica Regional (DBR)))) ---- um um um um modelo experimental de desmodelo experimental de desmodelo experimental de desmodelo experimental de desnutriçãonutriçãonutriçãonutrição

History of History of History of History of Regional Basic DRegional Basic DRegional Basic DRegional Basic Dietietietiet (R (R (R (RBBBBD)D)D)D) ---- a dietary model of a dietary model of a dietary model of a dietary model of

experimental malnutritionexperimental malnutritionexperimental malnutritionexperimental malnutrition

Maria do Carmo Medeiros1111****, Naíde Regueira Teodósio1����, Débora Catarine Nepomuceno Pessoa1, Francisca Martins Bion1, Juliana Késsia Barbosa Soares2, Edigleide Maria Figueiroa Barreto1, Elizabeth Nascimento1.

RESUMORESUMORESUMORESUMO

Revisão cronológica, por década, dos artigos publicados em revistas nacionais e internacionais, teses, livros e congressos, ao longo dos últimos 30 anos, através da literatura disponível no banco de dados da Medline (National Library of Medicine, Estados Unidos), Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde e Scielo (Scientific Electronic Library Online, Periódicos Científicos Brasileiros), em que foi utilizada como modelo experimental de desnutrição a “Dieta Básica Regional” (DBR). O trabalho teve como objetivo analisar a evolução histórica dos trabalhos utilizando a DBR, desde o seu surgimento até a atualidade. Esta dieta se caracteriza por ser multideficiente em nutrientes e foi elaborada com base em inquérito de consumo alimentar da população da Zona da Mata Sul de Pernambuco realizado na década de 60. A DBR produz, no rato, um tipo de desnutrição semelhante ao marasmo prevalente na Região, naquela época. A partir deste modelo experimental é possível reproduzir as conseqüências da desnutrição na composição corporal, no desenvolvimento fisiológico e neurológico de ratos de diferentes idades, em condições experimentais diversas. Apesar de ter sido adaptada na década de 70, este modelo experimental de desnutrição continua sendo utilizado por diversos pesquisadores para reproduzir as condições alimentares desta população. Contudo, mudanças econômico-sociais e educacionais, um maior acesso aos serviços sociais e de saúde, melhoria no poder aquisitivo da população acarretaram modificações no consumo de alimentos, a chamada transição alimentar e nutricional, que justifica a realização de estudos acurados para conhecer o novo perfil alimentar da população nordestina brasileira. PALAVRAPALAVRAPALAVRAPALAVRASSSS----CHAVECHAVECHAVECHAVE: Desnutrição, dieta experimental, ratos. 1111Departamento de Nutrição, Universidade Federal de Pernambuco. R. Prof. Nelson Chaves, s/n, Cidade Universitária, 50.670-901, Recife/PE. 2222Departamento de Nutrição, Universidade Federal da Paraíba. ****Autor correspondente.

Revisão

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NEUROBIOLOGIA, NEUROBIOLOGIA, NEUROBIOLOGIA, NEUROBIOLOGIA, 71( 4 ) out./dez., 2008

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ABSTRACTABSTRACTABSTRACTABSTRACT A chronological review of national and international articles published, theses, books and conferences per decade over the last 30 years was realized. The available literature was found in the Medline database (National Library of Medicine, United States), Lilacs (Literature Latin American and Caribbean Health Sciences, Scielo (Scientific Electronic Library Online, Brazilian scientific journals). All works used as a malnutrition experimental model the “Regional Basic Diet” (RBD). The objective was to establish the historical aspect of works that used DBR since its creation until the present. RBD is deficient in nutrients, it causes in rats malnutrition and was based on food consumption of Pernambuco´s Zona da Mata population in the sixty decade. The researchers were from this experimental model that simulates the consequences of malnutrition in body composition, physiological and neurological development in rats of different ages used in different experimental conditions. Despite having been adapted in the seventy decade, this experimental model of malnutrition is still used by many researchers to reproduce the conditions of this population nutrition. However, education and economic changes, increased access to social services and health. Improvement in the purchasing condition of the population entailed changes in food consumption, leading to nutritional transition, which justifies the execution of future studies to find out the new profile food of the brazilian Northeast population. KEYKEYKEYKEYWWWWORDSORDSORDSORDS: Malnutrition, experimental diet, rats.

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO O perfil nutricional de um indivíduo pode ser definido a partir da disponibilidade e da utilização de nutrientes para obtenção da energia de que ele necessita, em nível celular. Assim, o estado nutricional do indivíduo é considerado normal quando a oferta de nutrientes, advindos da alimentação, corresponde às necessidades meta-bólicas normais. Quando ocorre um desequilíbrio nutricional, esta disponibilidade se torna insuficiente para atender à demanda do organismo. A partir daí, se instala um quadro favorável ao surgimento de doenças carenciais, sendo a desnutrição uma das mais estudadas (5). Um suprimento nutricional adequado é imprescindível para a manutenção do crescimento em todos os sistemas orgânicos, como também para o desenvolvimento de suas respectivas funções (25). Embora os princípios gerais de crescimento sejam aplicáveis às diversas espécies, a disponibi-lidade e a utilização de nutrientes interferem no padrão de divisão celular, determinado geneti-camente (16,25).

No homem, a desnutrição nos primeiros anos de vida pode ter conseqüências devastadoras sobre os sistemas orgânicos, pois durante esta fase da vida, o desenvolvimento é rápido (25) e as necessidades calóricas e nutricionais são maiores (8). Tais conseqüências podem ser irreversíveis dependendo da magnitude e da duração da agressão e dos fatores ambientais impostos aos indivíduos (25). É possível haver seqüelas, mesmo após período de recuperação nutricional (4). HISTÓRIA DA DHISTÓRIA DA DHISTÓRIA DA DHISTÓRIA DA DIETA BÁSICA REGIONALIETA BÁSICA REGIONALIETA BÁSICA REGIONALIETA BÁSICA REGIONAL Em meados da década de 60, pesqui-sadores do então Instituto de Nutrição da Univer-sidade Federal de Pernambuco (UFPE) realizaram um estudo nas áreas norte e sul da Zona da Mata de Pernambuco, nos municípios de Água Preta,

Catende, São Lourenço da Mata e Primavera, objetivando avaliar o estado nutricional de 918 famílias para as quais a desnutrição constituía um problema de saúde pública. A avaliação nutricional

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incluiu dados antropométricos, inquérito de consumo alimentar e sobre doenças carenciais,

parasitoses intestinais e testes bioquímicos. A partir dos resultados deste inquérito, que verificou a quantidade média dos alimentos mais consumidos por pessoa/dia, foram elaboradas, a princípio, duas dietas básicas regionais experimentais, para camundongos, com os mesmos componentes, em

quantidades praticamente iguais, exceto quanto à adição de milho e batata doce (Tabela 1 e 2). As dietas apresentaram a seguinte proporção entre seus componentes: feijão mulatinho 1, farinha de mandioca 2,86, charque 0,43, milho 0,59 e batata doce 1,26. As dietas foram calculadas de modo

que somente diferissem entre si quanto ao teor de proteína, como está descrito nas tabelas 1 e 2 (6,7,11).

Dois fisiologistas do Instituto de Nutrição, Nelson Ferreira de Castro Chaves e Naíde Regueira Teodósio, preocupados com as repercussões do consumo da DBR na população do Nordeste do Brasil, iniciaram suas investigações em animais experimentais.

Primeiramente, um estudo experimental foi realizado para obter uma dieta, denominada Dieta Básica Regional (DBR), que reproduzisse, no rato, carências dietéticas qualitativa e quantitativamente prevalentes na Região. A partir deste inquérito, Teodósio et al. (39) selecionaram os alimentos com uma ou algumas das seguintes características: maior consumo, maior freqüência, menores oscilações de oferta de mercado, menor custo e/ou serem preferencialmente incluídos na refeição mais substancial. O consumo médio per capita dos alimentos selecionados foi registrado em gramas: feijão mulatinho (Phaseolus vulgaris) 37,1; charque 13,9; batata doce (Iponaea batatas) 32,0; farinha de mandioca (Manihot esculenta) 67,4. Estes alimentos foram cozidos, dessecados em estufa a 60-70ºC e moídos, com exceção da mandioca.

A composição da DBR após redução da umidade está descrita na tabela 3. Comparada à dieta padrão, a DBR revela-se deficitária no teor e qualidade das proteínas, calorias, gordura, vitaminas e minerais. Seus aminoácidos são extremamente limitantes (39). Pesquisadores internacionais (14,25,38) apresentavam os resultados de seus estudos acerca da influência da desnutrição protéica sobre o crescimento e desenvolvimento do Sistema Nervoso (25). Estudos foram então desenvolvidos (12,39) e os resultados se assemelhavam aos encontrados por estes pesquisadores. O ponto comum do desenho experimental: todos os estudos foram realizados em animais submetidos à desnutrição, sobretudo protéica. Estes e outros resultados de diversos pesquisadores do Instituto de Nutrição, já a esta altura transformado em Departamento de Nutrição, permitiram classificar a DBR como um modelo experimental de desnutrição, pois esta provoca, no rato, um tipo de desnutrição similar ao marasmo prevalecente na Região (9,39). Sua aplicação foi além, a DBR deixou de ser identificada como uma realidade apenas inerente à população da Zona da Mata Sul de Pernambuco, para ser consolidada como um modelo experimental de desnutrição. O consumo da DBR seguramente produzirá deficiências nutricionais no organismo, permitindo que se instalem seqüelas irreversíveis, em conse-qüência da agressão ambiental, e que se torne uma realidade vivenciada não apenas por esta população, mas por qualquer outra submetida às mesmas privações. Com base na relevância deste modelo, foram selecionados estudos cronologicamente categorizados, enfatizando as repercussões da desnutrição causada pela DBR, bem como suas implicações no crescimento e desenvolvimento dos diversos sistemas fisiológicos de animais experi-mentais.

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Tabela 1.Tabela 1.Tabela 1.Tabela 1. Composição da DBR inicialmente utilizada com milho e balanceada.

ConstituintesConstituintesConstituintesConstituintes Quant. (gQuant. (gQuant. (gQuant. (g)))) Prot. (%)Prot. (%)Prot. (%)Prot. (%) Carb. (%)Carb. (%)Carb. (%)Carb. (%) Gord. (%)Gord. (%)Gord. (%)Gord. (%) Sais (%)Sais (%)Sais (%)Sais (%) Fibra (%)Fibra (%)Fibra (%)Fibra (%) CaloriasCaloriasCaloriasCalorias Feijão

Mulatinho 18,69 4,39 8,28 0,27 0,77 0,33 53,11

Farinha de Mandioca

53,54 0,85 44,75 0,18 0,62 1,25 184,02

Charque 8,08 2,84 - 1,02 0,56 - 20,54 Milho (fubá) 11,11 0,99 9,29 0,16 0,07 0,14 42,56 Óleo de Algodão

6,56 - - 6,56 - - 59,04

Minerais 2,02 - - - 2,02 - - Total 100,00 9,07 62,32 8,19 4,04 1,72 359,27

Coutinho (11). Tabela 2.Tabela 2.Tabela 2.Tabela 2. Composição da DBR inicialmente utilizada com batata doce e balanceada.

ConstituintesConstituintesConstituintesConstituintes Quant. (gQuant. (gQuant. (gQuant. (g)))) Prot. (%)Prot. (%)Prot. (%)Prot. (%) Carb. (%)Carb. (%)Carb. (%)Carb. (%) Gord. (%)Gord. (%)Gord. (%)Gord. (%) Sais (%)Sais (%)Sais (%)Sais (%) Fibra (%)Fibra (%)Fibra (%)Fibra (%) CaloriasCaloriasCaloriasCalorias Feijão

Mulatinho 16,41 3,86 7,27 0,24 0,68 0,29 46,68

Farinha de Mandioca

47,01 0,75 39,30 0,16 0,54 1,10 161,64

Charque 7,09 2,49 - 0,89 0,49 - 17,97 Batata Doce 20,62 0,34 16,18 0,05 0,42 0,84 66,53 Óleo de Algodão

6,87 - - 6,87 - - 61,83

Minerais 2,00 - - - 2,00 - - Total 100,00 7,44 62,75 8,21 4,13 2,23 354,65

Coutinho (11). Tabela 3.Tabela 3.Tabela 3.Tabela 3. Composição da DBR atualmente utilizada.

ConstituintesConstituintesConstituintesConstituintes Quant. (gQuant. (gQuant. (gQuant. (g)))) Prot. (%)Prot. (%)Prot. (%)Prot. (%) Carb. (%)Carb. (%)Carb. (%)Carb. (%) Gord. (%)Gord. (%)Gord. (%)Gord. (%) Sais (%)Sais (%)Sais (%)Sais (%) Fibra (%)Fibra (%)Fibra (%)Fibra (%) CaloriasCaloriasCaloriasCalorias Feijão

Mulatinho 18,34 3,99 10,66 0,24 0,57 1,09 60,76

Farinha de Mandioca

64,81 0,84 48,59 0,12 0,43 5,64 198,80

Charque Deseng.

3,74 2,74 0,43 0,06 0,06 - 14,57

Gordura da Charque

0,35 - - 0,35 - - 3,15

Batata Doce 12,76 0,30 9,99 0,03 0,20 0,48 58,87 Total 100,00100,00100,00100,00 7,877,877,877,87 69,6769,6769,6769,67 0,950,950,950,95 1,261,261,261,26 7,217,217,217,21 336,15336,15336,15336,15

Teodósio et al.(39).

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Medeiros, M.C.; et al.

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MMMMATERIAIS ATERIAIS ATERIAIS ATERIAIS EEEE MÉTODOS MÉTODOS MÉTODOS MÉTODOS A revisão bibliográfica foi feita em artigos científicos disponíveis nos bancos de dados da Medline (National Library of Medicine, Estados Unidos), Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e Scielo (Scientific Electronic Library Online, Periódicos Científicos Brasileiros). Foram utilizados os seguintes descri-tores para rastrear os artigos: regional basic diet, malnutrition regional model, RBD, DBR, dieta Nordeste. A revisão abrangeu trabalhos dos anos de 1987 a 2007 (tabela 4), totalizando 26 artigos científicos e um capítulo de livro. Procedeu-se uma organização cronológica, por década, dos artigos, com o objetivo de possibilitar uma análise da evolução histórica dos trabalhos com DBR, desde o seu surgimento até a atualidade. Além dos trabalhos publicados aqui citados, a DBR foi também objeto de estudo de 12 teses, 139 trabalhos apresentados em congressos, 39 dissertações e uma prova de título. Trabalhos pTrabalhos pTrabalhos pTrabalhos publicados nos anos 70 ublicados nos anos 70 ublicados nos anos 70 ublicados nos anos 70 O primeiro estudo sobre o modelo experimental DBR foi realizado na década de 70, por Coutinho et al. (11), que identificaram, pela primeira vez, a relação entre os problemas nutricionais da população do Nordeste e a ocorrência elevada de doença infecciosa. A partir de então, Teodósio et al. (39), idealizaram a DBR a partir de inquéritos populacionais com os principais alimentos consumidos pela população nordestina e realizaram um estudo experimental, na década de 90, que será abordado posteriormente, com o objetivo de verificar os efeitos dessa dieta sobre o crescimento e saúde dos animais. A partir dos seus resultados, obteve-se a dieta experimental DBR como um modelo capaz de provocar a desnutrição grave em animais, com as mesmas características da desnutrição marasmática (39).

Trabalhos pTrabalhos pTrabalhos pTrabalhos publicados nos anos 80ublicados nos anos 80ublicados nos anos 80ublicados nos anos 80 Os trabalhos com a DBR incluem a utilização dessa dieta em animais para avaliar diversos parâmetros em diferentes sistemas, seja a dieta aplicada na fase adulta, na lactação ou na gestação (esses últimos correspondendo aos períodos de crescimento e desenvolvimento). Os primeiros estudos com a DBR foram então realizados na década de 80 (15,18,37). Guedes et al. (15), investigaram a propa-gação da depressão alastrante cortical (DAC) em animais submetidos à desnutrição pela DBR durante os períodos de gestação, lactação, e gestação e lactação, consumindo a DBR somente na vida adulta e DBR suplementada na gestação e lactação. Verificaram que os ratos adultos que foram tratados somente na gestação, somente na lactação ou na gestação e lactação, apresentaram aumento da velocidade de propagação da DAC em relação aos animais bem nutridos. A suplementação da DBR com lipídeos, vitaminas e minerais (mas não com proteína) não preveniu o aparecimento deste efeito facilitador, durante os períodos da gestação e lactação. Esses achados sugerem que podem ocorrer alterações induzidas pela DBR no início da vida, evidenciando um importante efeito da defi-ciência protéica na DAC.

Lapa et al. (18) avaliaram o efeito da adição da aflatoxina B1 em 48 ratos Sprague Dawley machos, desmamados aos 21 dias de idade, alimentados ou não com DBR. Os animais do grupo experimental receberam as seguintes dietas: Básica Regional do Nordeste Brasileiro (DBR, com 9,07% de proteínas) e dieta à base de caseína comercial (10 e 20%) acrescida de 5 mg da aflatoxina B1/kg de ração. Os animais do grupo controle receberam dietas idênticas às do grupo experimental, todavia, sem adição da referida toxina. Os grupos experimentais apresentaram alterações significativas nos parâmetros estudados (peso corporal, ingestão alimentar, protéica e da AFB1), sobretudo os animais submetidos à depleção protéica (DBR e 10% de caseína), em relação aos respectivos controles.

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Trabalhos publicTrabalhos publicTrabalhos publicTrabalhos publicados nos anos 90ados nos anos 90ados nos anos 90ados nos anos 90 Na década de 90, Teodósio et al. (39) avaliaram, em ratos albinos, a potencialidade nutricional da DBR. Foi utilizada, como controle, uma dieta balanceada com 22% de caseína. Na DBR se determinou a relação NDpcal%, estimando-se as vitaminas a partir de dados da literatura. Comprovou-se que a DBR não era uma dieta balanceada, e sim uma dieta deficiente em certos nutrientes, sobretudo, em proteínas (7,8%). A curva ponderal dos ratos que receberam a dieta foi severamente afetada, acentuando-a com a idade, com relação ao grupo controle. Não foram observadas diferenças com relação ao sexo dos filhotes e nas ratas lactantes, os pesos do fígado e do diafragma foram muito baixos e acompanharam o peso corporal. O peso relativo do encéfalo aumentou paralelamente à acentuação do déficit ponderal. As fêmeas prenhas que consumiram a DBR apresentaram menor ganho de peso e ingestão de alimentos. Ao que parece, são desencadeados, pelo organismo, mecanismos de poupança para proteger o encéfalo. Este quadro geral de alterações do desenvolvimento provocadas pelo consumo da DBR a necessidade de implementar a investigação dos mecanismos a elas subjacentes. Ainda neste período, Andrade et al. (2) demonstraram que a qualidade da proteína dietética utilizada na suplementação da DBR era crítica para reverter os efeitos sobre a DAC. Assim, utilizaram 58 animais, distribuídos em 3 grupos experimentais e tratados com suas respectivas dietas durante a gestação e lactação: Grupo 1, os animais foram alimentados com a DBR, contendo um teor normal de proteína mista, predominantemente de origem vegetal (22%), a partir dos alimentos que compõem a DBR; grupo 2, os animais foram submetidos à mesma condição experimental do grupo 1 (teor normal de proteína), mais suplementação total de lipídeos, vitaminas e minerais; o grupo 3 recebeu a DBR suplementada tal como no grupo 2 e com teor elevado de proteína para 22%, por adição de caseína

comercial, proteína de alto valor biológico. Após o desmame, todos os grupos foram tratados com dieta padrão, semelhante ao controle. Os animais cujas mães foram alimentadas com as dietas dos grupos 1 e 2 apresentaram velocidade de propagação da DAC significantemente maior e peso corporal e cerebral mais baixo ainda do que o grupo controle. No grupo 3, as mães que receberam a DBR suplementada com caseína, apresentaram velocidade de propagação da DAC, peso corporal e cerebral similares ao grupo controle. Os autores concluíram que a qualidade da proteína dietética deve ser levada em consideração nos programas de suplementação alimentar, especialmente para crianças. Coutinho et al. (12) desenvolveram um estudo objetivando verificar os indicadores nutritivos da proteína em ratos suíços albinos infectados com Schistossoma mansoni. A curva de crescimento, o consumo do alimento, a absorção protéica, o ganho do peso, a relação da eficiência da proteína e a relação líquida da proteína foram os parâmetros investigados. Os ratos alimentados com a DBR apresentaram uma perda acentuada de peso, uma menor absorção do alimento e da proteína, um ganho mais lento do peso do corpo e taxas mais baixas da utilização da proteína, quando comparados com os que receberam caseína. Os resultados indicaram que as diferenças entre os ratos infectados e os não infectados não foram consistentes.

Ferreira et al. (13) estudaram a absorção intestinal da proteína em ratos albinos suíços desnutridos com Schistossoma mansoni agudo. Foram comparados ratos desnutridos infectados e não infectados, juntamente com o grupo controle alimentado com uma dieta equilibrada. Os coefi-cientes de absorção da proteína foram determi-nados pela quantidade de nitrogênio total presente nas fezes, durante cinco dias consecutivos, que terminaram no 63o dia da experimentação (fase aguda do Schistossoma mansoni). O nitrogênio metabólico fecal foi determinado após a administração de uma dieta não protéica e

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calculado aplicando uma regressão linear. Os re-sultados apontam para uma absorção reduzida da proteína em ratos não infectados alimentados com a DBR, em comparação aos ratos da dieta controle (caseína). A infecção com Schistossoma mansoni não teve aparentemente nenhum efeito na absorção intestinal da proteína, em ratos nutridos. Entretanto, a infecção parece interferir na absorção da proteína, em animais desnutridos. Os autores destacaram também algumas vantagens em usar o método de regressão linear para determinar o nitrogênio metabólico fecal.

Lago et al. (17) analisaram os efeitos da DBR na expectativa de vida e no crescimento de 23 ratos Sprague Dawley, cujas mães foram alimentadas com a DBR, desde a fecundação. No desmame, os animais foram alimentados com a mesma dieta da mãe, sendo o peso registrado semanalmente até a morte. Estes animais foram comparados com 20 ratos cujas mães receberam uma dieta controle equilibrada (22% de proteína). Diferenças relacionadas ao sexo não foram detectadas entre os grupos, a curva de crescimento foi similar para ambos os sexos. Os pontos críticos de aceleração e retardo da taxa de crescimento não foram definidos. A sobrevivência, no grupo DBR diminuiu até os 75 dias de idade e ficou inalterada entre os 75 e 450 dias de vida. Dos 459 aos 589 dias ocorreram mortes sucessivas. Os ratos do grupo controle sobreviveram até 860 dias de vida. Os dados indicam a necessidade de melhorar o padrão básico de alimentos da Região, para impedir, entre outras adversidades, uma expectativa de vida baixa para a população do Nordeste.

Rocha-de-Melo e Guedes (36) avaliaram, em ratas que consumiam a DBR, qual a semana gestacional mais vulnerável ao fenômeno da DAC. Foram estudados 166 filhotes Wistar de ambos os sexos, obtidos de 33 ninhadas. As ratas foram submetidas a curtos episódios (1, 2 e 3 semanas) de restrição nutricional, submetidas à DBR, durante a lactação. Seus filhotes foram então avaliados com relação ao desenvolvimento corporal e ao peso encefálico. Quando os ratos atingiram a vida

adulta, a susceptibilidade para apresentar o fenômeno de DAC foi avaliada, através de registros eletrofisiológicos do córtex cerebral. A DAC foi provocada, a cada 20 minutos, pela administração de KCl (2%) por 1 minuto, no local do córtex frontal, e sua ocorrência foi monitorada em dois locais na região parietal através de registros do eletrocorticograma. Quando comparados ao grupo controle ( ratos alimentados com dieta comercial - 23% de proteína), os ratos precocemente desnutridos apresentaram déficits no ganho de peso corporal e encefálico (10% a 60% e 3% a 15%, respectivamente), assim como aumento na velo-cidade de propagação da DAC (10% a 20%). Esses efeitos foram diretamente relacionados com a duração da restrição dietética maternal, os filhotes desnutridos por duas ou três semanas apresentaram uma maior intensidade nas mudanças de peso e velocidade de propagação da DAC, quando comparados aos ratos desnutridos por uma semana. Os efeitos da restrição dietética de uma semana sobre a DAC foram menos evidentes em ratos desnutridos durante a segunda semana de lactação e mais evidentes nos ratos que receberam a DBR durante a 3a semana de lactação. Os resul-tados indicam que episódios curtos de desnutrição durante o período de lactação podem afetar o ganho de peso corporal e encefálico, assim como a susceptibilidade à DAC durante a vida adulta. Os dados também sugerem que a 3a semana de lactação é o período durante o qual o cérebro é mais vulnerável à desnutrição, com relação aos efeitos observados na DAC.

Pinheiro et al. (32) analisaram a influência da DBR, uma dieta cariogênica e uma dieta controle, na prevalência de cárie de molares de sessenta ratos (Ratus norvegicus albinus, linhagem Wistar) de ambos os sexos, com idades de 30 e 60 dias. Foram analisados, nos molares desses animais, a prevalência e a profundidade de pene-tração das lesões de cárie que cada dieta produziu. Os animais com 60 dias que receberam a mesma dieta tiveram 87,6% de cárie de esmalte, 15,8% de cárie levemente dentinária, 0,8% de cárie moderadamente dentinária e não tiveram cárie do tipo amplamente dentina.

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Trabalhos pTrabalhos pTrabalhos pTrabalhos publicados de 2000 atublicados de 2000 atublicados de 2000 atublicados de 2000 até o presenteé o presenteé o presenteé o presente O período de 2000 a 2007 constitui o de maior produção de trabalhos utilizando a DBR, começando com os de Pinheiro et al. (33) e Pessoa et al. (31), ambos em 2000. Pinheiro et al. (33) analisaram a influência do flúor na prevalência de cárie nos molares de 30 ratos, que consumiram, de acordo com o respectivo grupo: a DBR, a dieta cariogênica 2000a e a dieta padrão (Labina). Os resultados foram comparados com resultados anteriores de um estudo de prevalência de cárie em 60 ratos, usando as mesmas dietas, porém sem a adição de 1ppm de flúor na água consumida por esses animais. Em ambos os experimentos, os animais foram mantidos em biotério por 60 dias; após esse período, foram sacrificados por inalação de éter sulfúrico e os segmentos maxilares e mandibulares retirados. Os molares foram seccio-nados no plano sagital médio-distal e a seguir corados conforme a técnica descrita por Van Reen e Cotton e analisados em microscópio estereoscópio. A leitura das cáries foi feita de acordo com a classificação de Keys modificada. A análise dos resultados foi baseada na prevalência das lesões de cárie: no grupo que recebeu 1ppm de flúor na água consumida houve uma diminuição estatisticamente significativa na prevalência de cárie, em relação ao grupo que consumiu a dieta cariogênica 2000a (de 99,2% para 85,8%), não foi constatada a mesma significância estatística no grupo que recebeu a DBR (de 75,8% para 69,16%). Pessoa et al. (31) verificaram os efeitos acumulativos do consumo da DBR, em longo prazo, sobre o desempenho da gestação e lactação em três gerações consecutivas de ratos Sprague Dawley. Os animais foram distribuídos em 3 grupos: DBR; controle (Labina 8% caseína) e padrão (22% de caseína). Primíparas foram fertilizadas por ratos com 120 dias e sua prole constituiu a 1a geração. Gerações consecutivas foram obtidas pelo produto de gerações prévias. Em relação aos respectivos grupos-controle, os dados do grupo alimentado com DBR foram os seguintes:

diminuição da taxa de concepção, declínio gradual de peso corporal na gestação e redução do número de filhotes; a perda de peso de ratos lactentes foi agravada nas gerações consecutivas; ratos descendentes dessas gerações apresentaram baixo peso ao nascer, baixo ganho de peso e maiores valores de taxa de mortalidade e imaturidade severa aos 21 dias de vida. Os autores concluíram que o modelo de dieta experimental provou ser válido em termos de propiciar informações para estudos futuros sobre a relação entre qualidade x quanti-dade de proteína da dieta. Subsídios que poderão embasar decisões sobre programas de alimentação suplementar para comunidades carentes. Uma análise comparativa dos aspectos morfométricos do Schistossoma mansoni em ratos adultos (do sexo feminino e masculino) nutridos (alimentação de laboratório - Nutrilab) e desnutri-dos (DBR) foi realizada por Neves et al. (26). Os autores relataram sua preocupação com o fato de o Schistossoma mansoni ser uma doença muito difundida no mundo, constituindo uma das infecções mais importantes do helminto. Imagens tomográficas e análise morfométrica oral e ventral e do tegumento foram obtidas pelo microscópio confocal. Os espécimes masculinos desnutridos apresentaram valores morfométricos menores (comprimento e largura) do sistema reprodutivo e da espessura do tegumento, em relação ao grupo controle. A superfície dorsal dos tubérculos grandes era distribuída de forma desigual, mas se manteve agrupada e plana. Nenhuma diferença morfo-métrica foi encontrada no ovo uterino nas parasitas fêmeas de ambos os grupos, indicando que o status nutritivo inadequado do hospedeiro tem exerce influência negativa, principalmente no sistema re-produtivo e no desenvolvimento somático topo-gráfico do Schistossoma mansoni adulto masculino, induzindo algumas alterações na estrutura do parasita. Monteiro et al. (24) investigaram os efeitos da desnutrição induzida pela DBR sobre a pressão sanguínea de repouso e a sensibilidade barorreflexa em ratos conscientes. Os ratos Wistar desnutridos

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Medeiros, M.C.; et al.

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foram obtidos da prole de mães alimentadas com DBR durante o acasalamento e gestação (grupo 1) ou durante a lactação e um período de 10 dias após o desmame (grupo 2). Aos 90 dias de idade, apenas os ratos do grupo 2 pesavam significativamente menos que os ratos controle, nascidos de mães alimentadas com dieta comercial padrão durante a gestação e lactação. A pressão arterial média e a taxa cardíaca de ambos os grupos foram comparáveis às do controle. Este estudo mostrou que, após um período prolongado de recuperação nutricional, a pressão arterial de repouso e a sensibilidade barorreflexa de ambos os desnutridos pós e pré-natal foram similares às do controle. A redução do peso corporal e a tendência ao aumento do reflexo de taquicardia no grupo 2 podem sugerir que este tipo de desnutrição materna durante a lactação é mais crítico do que durante a gestação. Paixão et al. (29) avaliaram o número de néfrons, a hemodinâmica renal e a morfometria glomerular em ratos submetidos à dieta DBR. Foram avaliados 3 grupos de ratos Wistar machos: 1 - alimentado com dieta padrão durante o acasalamento, a gestação e a lactação (controle); 2 - alimentado com DBR durante o acasalamento e a gestação e 3 – alimentado com DBR durante o acasalamento, a gravidez e a lactação. Na idade adulta os animais foram anestesiados e mensuradas a pressão arterial média e a hemodinâmica renal. Os autores observaram: no grupo 2, quando comparado com o controle, peso renal e corporal inalterados, deficiência de néfrons, elevada pressão arterial média, hipertrofia glomerular e vaso-constrição renal; no grupo 3, a mesma deficiência de néfrons e pressão arterial semelhante ao grupo 2, porém, baixo peso renal e corporal e nenhuma hipertrofia glomerular. Os autores concluíram que as alterações induzidas pela desnutrição intrauterina foram compatíveis com o desenvolvimento da doença renal crônica.

Pinheiro et al. (34) determinaram os efeitos da DBR sobre a prevalência de cáries no 3o molar de ratos de ambos os sexos, com idade de 23 dias.

Os animais foram divididos em 6 grupos, cada um com 10 ratos. Três grupos receberam suas respectivas dietas por 30 e três por 60 dias (DBR, uma dieta cariogênica 2000a e uma dieta padrão de laboratório Labina), ao final dos quais foram analisadas a prevalência e penetração da cárie no 3o molar. Os resultados demonstraram que 35,7% do grupo alimentado, por 30 dias, com DBR, desenvolveu cáries; no grupo alimentado com a mesma dieta, por 60 dias, essa proporção foi de 83,4%. Quanto ao grupo alimentado com dieta cariogênica, (72,5% alimentados por 30 dias e 77,5% alimentados por 60 dias) foi constatada a presença de cáries. Quanto à profundidade das cáries, não ocorreu diferenças significativas entre o grupo alimentado com DBR e o grupo com dieta cariogênica. Os autores sugerem que deve ser estudada uma forma de compensar o efeito cariogênico da DBR na população que só dispõe desse tipo de dieta como forma de alimento. Oliveira et al. (27) utilizaram técnicas morfométricas para estudar os parâmetros morfológicos do Schistossoma mansoni adulto macho e fêmea em amostras obtidas de ratos suíços Webster albinos desnutridos, em comparação com parasitas obtidos de ratos infectados bem nutridos. Os animais desnutridos foram alimentados com DBR e comparados com ratos controle que rece-biam dieta comercial. Os animais foram infectados aos 75 dias de vida, com 80 cercárias. Foram examinados 100 machos e 60 fêmeas de cada grupo (desnutrido e controle), usando sistemas de análises de imagem. Os seguintes parâmetros morfométricos foram estudados: largura e com-primento corporal, ventosas orais e ventrais, número e área dos lobos testiculares, largura e compri-mento do ovário e ovos uterinos. Diferenças significativas foram detectadas na largura e comprimento corporal, nos parâmetros das ventosas, largura dos ovos uterinos, comprimento do ovário e área dos lobos testiculares, com menores valores para os ratos desnutridos. Os autores concluem que o estado nutricional do hospedeiro tem influência negativa sobre o parasita

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adulto, S. mansoni, provavelmente devido à indis-ponibilidade de nutrientes essenciais para o parasita (34). Marinho et al. (20) avaliaram o efeito da desnutrição neonatal sobre os parâmetros morfo-lógicos e morfométricos do cólon descendente, em ratos adultos. 12 ratos neonatos machos da linhagem Wistar foram distribuídos em dois grupos, de acordo com a dieta materna. Durante a lactação, foi oferecida ração com teor protéico de 23% (grupo controle) e de 8% (grupo desnutrido). Ao desmame, todos os animais receberam dieta padrão (23% de proteína). Após 67 dias, os animais foram sacrificados e o cólon retirado, para análise quantitativa dos neurônios. A desnutrição neonatal diminuiu o número de neurônios no cólon descendente (15,07 ± 1,11) em relação ao grupo controle (18,56 ± 1,01), na idade adulta. Assim, a desnutrição precoce pode acarretar alterações duradouras no plexo mioentérico do cólon. Mendonça et al. (21) investigaram, em 90 ratas Wistar, das quais foram obtidos 15 filhotes, os efeitos da desnutrição sobre a distribuição de astrócitos de duas regiões hipotalâmicas, o núcleo supraquiasmático, um marcador circadiano, e o núcleo medial pré-óptico. Ratos controles foram obtidos de mães que receberam dieta padrão comercial desde a gestação, e os grupos expe-rimentais desnutridos foram obtidos a partir de mães que receberam DBR desde o início da gestação (DG) e desde o início da lactação (DL). Após o desmame, os filhotes receberam a mesma dieta ofertada às mães, ad libitum. Os animais foram analisados entre 30 e 33 dias ou 60 e 63 dias de vida. Secções coronais do cérebro (50 microm) foram processadas, para visualização da proteína fibrilar glial ácida (GFAP)-imunoreativa. Comparados aos animais controle, ambos os grupos desnutridos, aos 30 e 60 dias, apresentaram redução no número de GFAP-immunoreativa, astrocitos mp no Sistema Nervoso Central (SNC). O total de área GFAP-imunoreativa no núcleo supraquiasmático (SCN) do grupo gestação difere do grupo controle em ambas as idades analisadas.

A expressão GFAP, quando mensurada por den-sidade óptica relativa exibiu uma redução de 50-60% na área pré-óptica medial (MPA), em ambos os grupos desnutridos, comparados com o controle. Os resultados sugerem que a desnutrição na vida precoce leva a alteração na gliogênese ou proliferação de células gliais em ambos os núcleos, sendo estas alterações maiores no MPA. Mecanismos de plasticidade compen-satória na expressão GFAP parecem ser desenvolvidos no processo de diferenciação dos astrócitos no SCN, especialmente quando a desnutrição é instalada na lactação. Prazeres et al. (35) analisaram os efeitos do exercício físico sobre o crescimento corporal e desenvolvimento de órgãos, em ratos jovens desnutridos e recuperados. Foram estudados 40 ratos Wistar, machos, submetidos a diferentes tratamentos. Na primeira etapa, todos os animais foram submetidos à desnutrição com a DBR, por 30 dias, e, na segunda, que durou até os 105 dias, metade dos animais foram recuperados nutrício-nalmente com a dieta caseína. O exercício físico (natação livre, 1 h/diária, seis vezes por semana) foi realizado na segunda etapa, com 10 animais recuperados e 10 desnutridos. Os resultados revelaram que o exercício físico em animais desnutridos reduz o consumo alimentar, o peso absoluto do coração, pesos absoluto e relativo do cérebro, o que não acontece com os animais recuperados; tanto a desnutrição como o exercício físico reduzem o peso corporal dos animais, o Coeficiente de Eficácia Alimentar, o comprimento da cauda, o peso absoluto da tíbia. A dieta e o exercício interagiram, aumentando o peso relativo do cérebro dos animais desnutridos, em relação aos recuperados. Os autores concluíram que o exercício aplicado aos animais recuperados nutricionalmente tende a ser benéfico e, nos animais desnutridos, o efeito é negativo. Sugerem que este modelo (DBR) merece novas investigações, em que se deve considerar a idade, a duração, a intensidade, a freqüência, os protocolos, bem como os parâmetros bioquímicos.

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Almeida et al. (1) avaliaram a influência da desnutrição pela DBR sobre a mielinização do nervo óptico. Foram utilizados filhotes de ratos Wistar Albinos, submetidos à desnutrição no período de lactação (mães submetidas à dieta DBR), desde o primeiro até o 21o dia pós-natal. A ultraestrutura do nervo óptico foi avaliada nos dias 8, 13, 21, 30 e 60 pós-natal. A ninhada, ao desmame, continuou submetida à dieta até os 60 dias de vida. A micros-copia eletrônica revelou que, no 8o dia, o processo de mielinização não tinha ainda se iniciado em nenhum grupo; no 13o dia, diferentes estágios de mielinização foram observados e, no grupo experimental, o nervo óptico mostrou feixes de axônios não organizados e espaços vazios. O nervo óptico do controle aos 21 dias exibiu axônios com bainha de mielina completamente desenvolvida, enquanto os desnutridos tinham muitos axônios iniciando a mielinização com alterações anormais (estas alterações estavam presentes no desnutrido, aos 30 e 60 dias). A análise quantitativa evidenciou diferença estatisti-camente significante entre o grupo controle e o desnutrido, quando comparou o percentual de axônios mielinizados, axônios com alterações anormais da mielina e axônios não mielinizados. A área da mielina foi significativamente menor nos desnutridos, quando comparada com os controles e elevado percentual de extensas fibras não mielinizadas foram encontradas nos desnutridos. Os resultados mostram que a desnutrição precoce provocada pela DBR afeta permanentemente a organização e mielinização do nervo óptico, indicando danos na transmissão nervosa e, pro-vavelmente, disfunção na habilidade visual. Paixão et al. (28) investigaram se o soro de rato Wistar com desnutrição pré-natal induzida por DBR pode alterar a proliferação das células musculares lisas da aorta e a artéria renal na cultura. O soro foi obtido do sangue de ratos controle e desnutridos pré-natal, aos 90 dias de vida. As células musculares lisas foram cultivadas em meio de cultura e o número de células foi contado ao 3o, 6o e 8o dias de cultura. O peso ao

nascer dos ratos machos e fêmeas desnutridos foi 25% e 46% menor, respectivamente, que seus correspondentes do grupo controle. No 8o dia de cultura o número de células musculares lisas da aorta no soro de ratos machos e fêmeas desnutridos, bem como a de células musculares lisas da artéria renal no soro de ratos fêmeas desnutridos foram maiores que no soro dos ratos controle. A incorporação de Timidina foi maior nas células musculares lisas da aorta, incubadas por seis dias, no soro de ratos machos e fêmeas desnutridos. A densidade das células musculares lisas da aorta foi maior que a das células da artéria renal. Os autores concluem que a desnutrição produz soro com propriedades alteradas que podem afetar a proliferação das células musculares lisas e contribuir para a doença arterosclerótica. Vilela et al. (40) investigaram, em 28 filho-tes de ratas Wistar, os efeitos da desnutrição sobre as principais estruturas do sincronismo do sistema circadiano: núcleo supraquiasmático, folheto intergeniculado talâmico, tratos retino hipotalâmico e gênico hipotalâmico. Em sua metodologia, os ratos controle eram nascidos de mães alimentadas com dieta comercial, desde a gestação, e os ratos desnutridos nascidos de mães alimentadas com DBR, desde a gestação ou durante o período de lactação. Após o desmame, os ratos foram alimentados com a mesma dieta materna e analisados nos dias 27, 30-33 e 60-63. As secções do cérebro foram processadas, para visualizar a imunoreatividade nos terminais liberadores de neuropeptídio Y do SNC, que foram marcados após injeções traço intraoculares. O marcador de Nissl foi usado para acessar limites citoarquitetônicos do SNC e células da retina. Foi realizada a análise do número, morfologia e densidade das células. Comparando os animais desnutridos aos nutridos, a superfície retinal total foi reduzida e a distribuição topográfica de células da retina do gânglio foi alterada, com mudanças em sua densidade. Alterações foram também observadas nas dimen-sões do SNC, em ratos desnutridos durante a gestação e durante a lactação no primeiro e

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segundo mês pós-natal, bem como na porção do SNC ocupada pelas projeções da retina, no grupo desnutrido, durante a gestação, entre os dias 30 e 33, mas não no trato gênico hipotalâmico, contendo NPY. Alterações foram também detec-tadas nas dimensões do SNC, em um e dois meses pós-natal, assim como na parcela de núcleo supraquiasmático hipotalâmico ocupada pela entrada retinal, no grupo de mães alimentadas com dieta deficiente desde a gestação, nos dias 30-33, mas não no conteúdo de NPY gênico-lohipotalâmico. Os resultados sugerem uma maior vulnerabilidade (diferencial) na desnutrição precoce das estruturas envolvidas na regulação dos ritmos circadianos. Montenegro et al. (22) estudaram a influência da diatermia de ondas curtas pulsadas e do campo magnético sobre a atividade fagocítica e o índice de aderência de macrófagos peritoniais de ratos desnutridos durante o período de desenvolvimento do sistema imune e posteriormente submetidos à recuperação nutricional. Foram utilizados 24 ratos, Wistar, machos, com idades entre 60 e 90 dias, cujas mães foram desnutridas durante a lactação. Após o desmame, os filhotes foram submetidos a recuperação nutricional, alimentados com dieta comercial. Os animais foram divididos em 5 grupos e submetidos à irradiação; 30 Hz; 50 Hz e 430 HZ e 60 HZ (CM). Após a irradiação, os animais foram submetidos a cirurgia, com uma incisão na membrana peritonial, e foi aspirado todo o líquido proveniente do peritônio. A cultura dos macrófagos provenientes do peritônio foi submetida à irradiação, por 1 hora. Os autores constataram aumento no índice de aderência celular, nos grupos experimentais de 30 e 50 Hz, e no campo magnético de 60 Hz. Quanto à atividade fagocitária, apresentou-se diminuída também nos mes-mos grupos. Os autores chamam a atenção, para o fato de que, uma vez que os macrófagos de animais desnutridos e recuperados mostraram responder a essas irradiações e que as mesmas são largamente utilizadas como recurso terapêutico, através da diatermia por ondas curtas, nas intervenções fisioterapêuticas, os achados poderão auxiliar na escolha da modulação da diatermia de

ondas curtas, particularmente quando aplicada em população humana que tenha histórico de desnutrição pregressa.

Lima et al. (19) determinaram a prevalência de cárie e o crescimento ponderal e corporal de ratos (Rattus norvegicus albinus Wistar) utilizando a Dieta Básica Regional Modificada, acrescida ou não de flúor. Foram estudados 60 ratos, do sexo masculino, com 23 dias de idade, divididos aleato-riamente em cinco grupos. Durante 120 dias, receberam os seguintes tratamentos: grupo A, dieta controle (Labina) e água destilada; grupo B, dieta experimental (DBR Modificada) e água destilada; grupo C, DBR Modificada e água fluoretada (1 pprn); grupo D, DBR Modificada, leite de cabra e água fluoretada (1 pprn); grupo E, DBR Modificada, leite de vaca e água fluoretada (1 pprn). Os grupos D e E apresentaram menores percentuais de cárie, quando comparados ao grupo C, confirmando assim o efeito protetor da caseína. Os animais que consumiram as dietas experimentais obtiveram um crescimento ponderal e corporal menor do que os alimentados com a dieta controle, porém com resultados muito próximos a esta considerando-se então a DBR Modificada menos hipoprotéica do que a DBR tradicional.

Costa-Cruz et al. (10) avaliaram a Depressão Alastrante da Atividade Elétrica Cortical (DAC) em 95 ratos adultos Wistar que se torna- ram epilépticos pela administração do agonísta muscarínico pilocarpina (350mg/kg); também foi indu-zida hiperglicemia com 60 mg/kg de estrep-tozotocina (STZ), via i.p.. Foram estudados grupos de animais tratados com apenas uma dessas drogas, além do grupo controle, no qual se utilizou solução salina e tampão citrato. A pilocarpina, em alguns casos, não bloqueou a propagação da DAC, ao passo que a STZ não induziu este bloqueio. Em animais desnutridos precocemente, os efeitos da STZ atenuaram a DAC, o mesmo efeito não foi observado com a pilocarpina. O tratamento com ambas as drogas não potencializou seus efeitos de redução individual sobre a propagação da DAC, independente do estado nutricional

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Medeiros, M.C.; et al.

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precoce dos animais. Estes resultados observados sobre ratos tratados com ambas as drogas, separadamente, confirmam suas ações prejudicadas sobre a propagação da DAC. Indicam também que uma nutrição prévia é mais efetiva em modificar os

efeitos da STZ sobre a DAC, em comparação aos efeitos da pilocarpina. Semelhantes efeitos foram observados em ratos adultos, indicando que a desnutrição precoce modifica responsivamente os efeitos aqui descritos.

Tabela 4.Tabela 4.Tabela 4.Tabela 4. Efeitos da DBR em animais em diferentes estudos experimentais. ReferênciaReferênciaReferênciaReferência Condição Condição Condição Condição

ExperimentalExperimentalExperimentalExperimental Animal/SexoAnimal/SexoAnimal/SexoAnimal/Sexo DuraçãoDuraçãoDuraçãoDuração AvaliaçãoAvaliaçãoAvaliaçãoAvaliação EfeEfeEfeEfeitositositositos

Silva et al. 1987 (37)

DBR, dieta. comercial vs. caseína

Sprague-Dawley (M e F)

121-143 e 420-540 dias

Veloc. condução nervo ciático

DBR: redução veloc. condução nervo ciático

Guedes et al 1987(15)

DBR gest./adulto vs DBR/adultos vs DBR supl. gest. + lact.

Sprague-Dawley (F e M)

Gest. e/ou lact., fase adulto

Veloc. prop. DAC.

DBR gest./adulto DBR/adultos, DBR supl. Gest. + lact. aumento veloc. DAC.

Teodósio et al. 1990 (39)

DBR vs. caseína Sprague-Dawley (F e filhotes)

Gest. e lact. Desenvolv., peso do cérebro, fígado e diafragma.

DBR: redução peso corporal e órgãos, aumento do peso do encéfalo e mortalidade neo-natal.

Andrade et al. 1990 (2)

DBR, DBR + supl. Protéica (animal ou vegetal) vs caseína

Wistar (M e F) Gest. + lact. Veloc. prop. DAC; p.c.

DBR supl. proteína vegetal: aumento da veloc. prop. DAC, p.c. e cerebral menor; DBR supl. Proteína animal: veloc. de prop. DAC, p. c. e cerebral similar ao controle.

Coutinho et al. 1992 (12)

DBR + S. Mansoni vs dieta comercial

Sprague Dawley (M)

pós-desmame curva ponderal e eficiência protéica

DBR redução de p.c., e ingestão alimentar e baixa eficiência protéica e ganho em peso

Rocha-de-Melo et al. 1997 (36)

DBR vs. dieta comercial.

Wistar (M e F)

1ª., 2ª. e 3ª semana de gestação

P.c., e cerebral e velocidade da DAC.

DBR: redução p.c., cerebral e aumentou DAC.

Lago et al. 1997 (17)

DBR, dieta comercial vs. caseína

Sprague-Dawley (F e filhotes)

Longevidade. Curva de cresc. DBR: redução da sobrevivência, alteração no cresc. e aumento da mortalidade.

Pinheiro et al. 1999 (33)

DBR, dieta cariogênica vs. dieta comercial.

Wistar (F e M)

30 e 60 dias Análise de lesões de cárie nos molares.

DBR + dieta cariogênica: alteração de cárie de esmalte e dentina.

Pessoa et al. 2000 (31)

DBR, Labina vs. caseína.

Sprague-Dawley (F)

Gerações consecutivas

Desempenho na gest. e lact.

DBR redução do p.c. gestantes e filhotes, no de nascimentos e taxa de concepção e aumento da taxa de mortalidade.

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ReferênciaReferênciaReferênciaReferência Condição Condição Condição Condição ExperimentalExperimentalExperimentalExperimental

Animal/SexoAnimal/SexoAnimal/SexoAnimal/Sexo DuraçãoDuraçãoDuraçãoDuração AvAvAvAvaliaçãoaliaçãoaliaçãoaliação EfeitosEfeitosEfeitosEfeitos

Monteiro et al. 2001 (24)

DBR vs. dieta comercial.

Wistar (F e M)

Gest. e lact. e 10 dias pós-natal.

PA e SBR PA e SBR similares, mais crítica durante lact.

Paixão et al. 2001 (30)

DBR vs. dieta comercial

Wistar (M) Acasalamentogest. e lact.

N o néfrons, hemodinâmica renal e morfometria glomerular

DBR – deficiências de nefrons, elevada PA, hipertrofia glomerula e vaso constricção renal.

Mendonça et al. 2004 (21)

DBR vs. dieta comercial

Wistar (F e M)

Gest. e lact. Distribuição astócitos no hipotálamo

DBR - Alterações na gliogênese e proliferação de células gliais.

Almeida et al. 2005 (1)

DBR vs. dieta comercial

Wistar (F e M)

0 - 60 dias Mielinização do nervo óptico

DBR - desorganização na mielinização do nervo óptico

Vilela et al. 2005 (40)

DBR vs. dieta comercial

Wistar (F e M)

Gest. e lact. e cresc.

Imunoreatividade, marcador de Nissl, morfologia e densidade celular

DBR – alterações estruturas dos ciclos circadianos e dimensões e densidade no SNC.

Costa-Cruz et al. 2006 (10)

DBR + pilo. ou estreptoz.a vs. dieta comercial

Wistar (F e filhotes)

Gest. e lact. Veloc. de prop. da DAC.

DBR + pilo. ou estreptoz. redução da veloc. de prop. da DAC.

Anselmo et al. 2006 (3)

DBR e/ou caseína sem CEM vs com CEM.

Wistar (Filhotes)

Gest. Ontogenia reflexa DBR e DBR + CEM - retardo maturação reflexa.

Paixão et al. 2007 (30)

DBR + sobrecarga de glicose vs. dieta comercial.

Wistar (M)

Pré-natal; 90 dias No néfrons, vol. Glomerular e hemodinâmica renal

DBR com sobrecarga renal, alteração PA, fluxo sanguíneo, filtração glomerular e no de néfrons.

Monte-Silva et al. 2007 (23)

DBR e/ou Eletroest. periférica de 2-60 Hz vs. dieta comercial

Wistar (F e M)

Pós-natal 7-28 dias.

Velocidade de propagação da DAC

DBR - elevada veloc. de prop. da DAC; redução da DAC no grupo eletroest. (2-60HZ).

M: masculino; F: feminino; CEM: campo eletromagnético 60Hz (senoidal, intensidade de 3µT); PA: pressão arterial. Veloc.: velocidade; prop.: propagação; DAC: depressão alastrante da atividade elétrica cortical; Gest: gestação; Lact: lactação; eletroest.: eletroestimulação; pilo.:pilocarpina; STZ: estreptozotocina; desenvolv. desenvolvimento; cresc.: crescimento; suplem.: suplementação; lip.: lipídeo; vit.: vitamina; DC: dieta cariogênica; SNC: sistema nervoso central; SBR: sensibilidade barorreflexa; pc: peso corporal;

CCCCOMENTÁRIOSOMENTÁRIOSOMENTÁRIOSOMENTÁRIOS

Este modelo dietético pode ser utilizado em experimentos de larga escala e contribuiu para o estudo dos mecanismos fisiológicos, das respostas funcionais, metabólicas e do sistema nervoso a estas deficiências dietéticas, contribuindo, sem

dúvida, para a solução dos problemas alimentares em nosso meio.

Os desenhos experimentais encontrados na literatura, são bastante variados e, em alguns, os animais são submetidos a dieta inadequada durante o período de desenvolvimento, gestação e lactação; o número de ninhadas aleitadas é bastante variado; em outros desenhos, somente a partir do desmame

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Medeiros, M.C.; et al.

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os animais recebem as dietas deficientes e em algumas dessas condições experimentais, a dieta é severamente restrita em quantidade e qualidade, ou em ambas, objetivando induzir a um estado de deficiência durante os períodos críticos de desenvolvimento. Salvo raras exceções, as altera-ções quantitativas de alimentos e/ou nutrientes introduzidas nas dietas refletem, com fidedignidade, a inadequação dietética observada nas dietas alimentares deficitárias, características dos seg-mentos populacionais de baixa renda que vivem nas áreas de desnutrição endêmica.

CONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAIS

As pesquisas realizadas com o modelo experimental da DBR foram muito importantes no estudo da nutrição e do ponto de vista fisio-patológico por retratar o estado nutricional de uma população, em um dado momento.

Por outro lado, é preciso reconhecer que as condições socioeconômicas da população da Zona da Mata Sul mudaram: o acesso aos serviços de saúde e educação, aos programas assistenciais e, principalmente, o padrão alimentar da população também foi modificado, dando surgimento à transição nutricional com decréscimo da desnu-trição e aumento significativo da obesidade e sobrepeso por conseqüência, do modo de vida seguido atualmente por aquelas populações, conforme dados preliminares da “III Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição e do Inquérito sobre Doenças Crônicas e Agravos Não-Transmissíveis no Estado de Pernambuco: prevalência e fatores de riscos”.

Em função da prevalência da desnutrição nos países em desenvolvimento é importante que continuem a ser realizados trabalhos experimentais. No entanto, é necessário conhecer o novo perfil alimentar da população nordestina como subsídio para elaboração de uma nova dieta que corres-ponda à realidade atual do consumo alimentar da região e possa embasar a realização de outros estudos para avaliar sua adequação e as conse-qüências de sua administração, em modelos experimentais.

AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS A todos os docentes, técnicos e estudantes do Depto. de Nutrição/UFPE, que de alguma forma, direta ou indireta, contribuíram para a elaboração deste manuscrito. Dedicamos esta revisão aos Professores eméritos: Naíde Regueira Teodósio (in memoriam)����, Eridan de Medeiros Coutinho, Nelson Ferreira de Castro Chaves (in memoriam), idealistas e pioneiros no campo do ensino, pesquisa e extensão desta instituição. RRRREFERÊNCIASEFERÊNCIASEFERÊNCIASEFERÊNCIAS 1. Almeida MF, Silveira AC, Guedes RCA, Hakoc JN, Martinez AM. Quantitative ultrastructural evidence of myelin malformation in optic nerves of rats submitted a multideficient diet. Nutr Neurosc 2005; 8(2): 91-9. 2. Andrade AFD, Guedes RCA, Teodósio NR, Enhanced rate os cortical spreading depression due to malnutrition: prevention by dietary protein supple-mentation. Braz J Med Biol Res 1990;23:889-893. 3. Anselmo CWSF, Santos AAA, Freire CMA, Ferreira LMP, Cabral-Filho JE, Catanho, MTJA, Medeiros MC, Influence of a 60Hz, 3mT, electromagnetic field on the reflex maturation of wistar rats offspring from mothers fed a regional basic diet during pregnancy, Nutr Neurosc 2006; 9(5/6):201-6. 4. Barreto-Medeiros JM, Feitosa EG, Magalhães K, Cabral-Filho JE, Manhaes-de-Castro FM. Malnutrition during Brain Growth Spurt Alters the Effect of Fluoxetine on Aggressive Behavior in Adult Rats Nutritional Neuroscience, Inglaterra, 2004;7: 49-52. 5. Batista-Filho M Lima EJ da C, Costa MFTV, Andrade-Lima H de, Martins MH de S, Bazante MO, Nascimento JS, Dantas LY de S, Madruga MFL,Vieira R, Reis FM, Martins GC, Varela RM,

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