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i UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CAMPUS II - AREIA CURSO DE AGRONOMIA DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS NÍVEL DE INFESTAÇÃO E CONTROLE DE CUPINS DE PASTAGENS NO MUNICÍPIO DE AREIA-PB FLAVIANO DE SOUTO LEITE AREIA-PB SETEMBRO/2013

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i

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

CAMPUS II - AREIA

CURSO DE AGRONOMIA

DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS

NÍVEL DE INFESTAÇÃO E CONTROLE DE CUPINS DE PASTAGENS NO

MUNICÍPIO DE AREIA-PB

FLAVIANO DE SOUTO LEITE

AREIA-PB

SETEMBRO/2013

ii

NÍVEL DE INFESTAÇÃO E CONTROLE DE CUPINS DE PASTAGENS NO

MUNICÍPIO DE AREIA-PB

AREIA-PB

SETEMBRO/2013

iii

FLAVIANO DE SOUTO LEITE

NÍVEL DE INFESTAÇÃO E CONTROLE DE CUPINS DE PASTAGENS NO

MUNICÍPIO DE AREIA-PB

Orientador: Prof. Dr. Jacinto de Luna Batista

AREIA-PB

SETEMBRO/2013

T

Trabalho de conclusão de curso

apresentado como requisito para

obtenção do título de Engenheiro

Agrônomo pelo curso de

Agronomia da Universidade

Federal da Paraíba.

iv

Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da

Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB.

L533n Leite, Flaviano de Souto.

Nível de infestação e controle de cupins de pastagens no município de Areia-PB. / Flaviano de Souto Leite. - Areia: UFPB/CCA, 2013.

35 f. : il.

Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Agronomia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2013.

Bibliografia.

Orientador(a): Jacinto de Luna Batista.

1. Cupim de montículo – Controle de praga 2. Infestação de Cupim – Areia-PB 3. Syntermes – Gênero de cupim I. Batista, Jacinto de Luna (Orientador) II. Título.

UFPB/CCA CDU: 595.731(813.3)

v

vi

DEDICATÓRIA

DEDICO

A Deus pela força, auxilio e

orientação na minha vida. A toda minha

família, especialmente meu avô Joaquim

Miguel de Souto (Joaquim Chico) “in

memorian”, minha mãe Maria Pereira de

Souto Leite e a meus sobrinhos Fabrynna

Ferreira Marques Leite, Pedro Henrique

Ferreira Marques Leite e Isabela Ferreira

Marques Leite, pelo apoio e dedicação

prestados a mim em toda minha vida até

hoje.

vii

AGRADECIMENTOS

A Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) e Universidade Federal da

Paraíba (CCA/UFPB) pela minha formação de Engenheiro Agrônomo e enorme contribuição,

ensinamentos e lições na minha vida.

A todos os funcionários do CCA/UFPB especialmente aos senhores Ronaldo Santos,

Solongenilson Gomes de Oliveira, Inaldo Gomes de Oliveira Primo por toda a disposição a

ajuda quando necessário no desempenho das atividades acadêmicas, também toda a equipe do

restaurante universitário pelo empenho nos preparos das alimentações ali fornecidas.A

Evilásio Andrade da cantina do SINTESP pelas conversas, distrações e confiança em mim

depositada.

A todos os professores que passaram pela minha formação, especialmente Juliano

Fabricante, Francisco de Assis Pereira Ramos, Jacinto de Luna Batista, Lourival Ferreira

Cavalcante, Joaquim Malheiros, Kelly Gomes, Lilian Margarete, Márcia Eugênia, Rejane

Maria, Leonaldo Alves de Andrade, Fernando Guilherme e Ivandro de França pela maneira

como ministram suas disciplinas passando, a meu ver um bom conhecimento ao alunado.

Ao meu orientador Dr. Jacinto de Luna Batista pela orientação no desempenho deste e

de outros trabalhos durante a minha vida acadêmica, sempre com paciência, confiança e

dedicação.

A todos os meus amigos e colegas do período 2008.1 do curso de agronomia da

Universidade Federal Rural do Semiárido, especialmente a Vandemberg Nascimento,

Grazziane Tardelli, Cillas Policarto, Ravier Valcacer, Mayki Lima, Afonso Duarte, Ronaldo

Benevides, Daiana Campelo, Fernando Henrique, Francisco Ronny Maia, Tiago, Ildefonso

Guerreiro, Roseano Medeiros pelas conversas, trocas de conhecimento, distrações e

companheirismo.

A todos os meus amigos e colegas do período 2008.2 do curso de Zootecnia do

CCA/UFPB, especialmente a Jurandir Júnior, Severino Guilherme, Jhonatan Silva, Luan

Nunes, Fláris Barbosa, Getúlio Araújo, Gabriel Soares, Afonso Guedes, Alessandra Elieser,

Renata Quirino, Elisabete Costa, Keith Ranny pelas conversas, trocas de conhecimento,

distrações e companheirismo.

viii

A todos os meus amigos e colegas do período 2008.2 do curso de Agronomia do

CCA/UFPB, especialmente a Rafael Gouveia de Andrade, Lucas Paes, Rodrigo Coutinho,

Marcos Aurélio, José Ponciano pelas conversas, trocas de conhecimento, distrações e

companheirismo.

A todos os meus amigos e colegas do período 2009.1 do curso de Agronomia do

CCA/UFPB, especialmente Lucas Cavalcante, Isnaldo Rodrigues, Begna Janine, Antônio

Dantas, Thales Pereira, Rodolfo César, Ronaldo Gomes, Aylson Jackson, Suany Maria,

Alberto Marreiro, Tarciso Botelho, Alex Pacheco pelas conversas, trocas de conhecimento,

distrações e companheirismo.

A meus grandes e eternos amigos, companheiros de residência universitária José

Ronaldo Calado Costa, Renato Francisco da Silva Souza e Willian Manoel de Oliveira por

toda a ajuda, companheirismo.

A toda equipe do Laboratório de Entomologia do CCA/UFPB, especialmente Wênnia

Rafaely, Mileny Souza, Robério Oliveira, Severino João Numeriano por toda a ajuda nas

atividades do laboratório sempre dispostos a ajudar.

A todos do PET Agrobio: Agroecologia, Agricultura Familiar e uso Sustentável dos

Recursos Naturais, Wênnia Rafaely, Patrícia Abraão, Julieny Gomes, Antônio Fernando,

Adelaido Araújo, Arliston Leite, Francisco Araújo, João Batista, Begna Janine, Luana Vitória,

Islânia Nunes, Antônia Maiara, Joel Cabral, Izabela Thaís, Ana Claúdia, Adriana Carneiro,

Gilmar Nunes.

Aos amigos Afonso Guedes, Jair Batista, James Luís, Wilde Vieira, Francisco Cabral,

João Batista, Gabriel Soares, Isnaldo Rodrigues, Rafael Gouveia pela confiança e pelo

empréstimo dos seus bens para meu uso.

Aos senhores Leonardo Jardelino, Ádrio Silva, José Romeiro e Eduardo Silva pela

permissão para entrada nas suas propriedades para a realização do trabalho.

A Mariana Nóbrega, pela valiosa ajuda na realização deste trabalho.

A pró-reitoria de graduação da UFPB e a CAPES pelas bolsas de monitoria de

Introdução à Ciência do Solo e bolsa PET/CAPES/UFPB, que foram essenciais para a minha

permanência no curso de Engenharia Agronômica.

ix

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS E TABELAS .......................................................................................... x

RESUMO. ................................................................................................................................. xi

ABSTRACT. ............................................................................................................................ xii

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13

2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 15

2.1. Características dos cupins de montículo ........................................................................ 15

2.2. Ocorrência dos cupins de montículo .............................................................................. 16

2.3. Formação dos ninhos ...................................................................................................... 16

2.4. Hábitos alimentares dos cupins ...................................................................................... 18

2.5. Critérios para identificação de cupins ............................................................................ 19

2.6. Gênero Syntermes ........................................................................................................... 20

2.7. Cupins de montículo como praga agrícola ..................................................................... 21

2.8. Técnicas de manejo ........................................................................................................ 22

3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 25

3.1. Avaliação da infestação de cupins no município de Areia-PB ...................................... 25

3.2. Avaliação da mortalidade de operários de cupins .......................................................... 26

3.3. Análise estatística ........................................................................................................... 27

3.4. Identificação do gênero .................................................................................................. 27

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 27

4.1. Avaliação da infestação de cupins no município de Areia-PB ...................................... 27

4.2. Avaliação da mortalidade de operários de cupins .......................................................... 30

5. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 32

6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 33

x

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1. Ninho da espécie Syntermes sp. Areia-PB. 2013.....................................................21

Figura 2. Distribuição das propriedades no município de Areia-PB.......................................25

Figura 3. Captura de insetos (soldados e operários de cupins). 2013. Areia-PB.....................26

Figura 4. Experimento teste de controles para operários.........................................................26

Figura 5. Micropulverizadores manuais..................................................................................27

Figura 6. Número de cupinzeiros/ha nas propriedades estudadas (A) e área total em m2 nas

propriedades estudadas (B).......................................................................................................28

Figura 7. Percentual de mortalidade de operários de cupins de montículo da espécie

Syntermes sp..............................................................................................................................31

Tabela 1. Percentual de mortalidade de cupins de montículo (Syntermes sp.) 24, 48, e 72

horas após aplicação de óleos vegetais e inseticida convencional............................................30

xi

LEITE, F. S. Nível de infestação e controle de cupins de pastagens no município de

Areia-PB. 2013. 35 p. Monografia (Graduação em Agronomia). UFPB/CCA. Orientador:

Jacinto de Luna Batista

Resumo: As pastagens apresentam grande importância territorial no Brasil, quando se observa

que 70% das terras do setor agropecuário, o qual constitui 30% do território nacional, são

ocupadas por pastagens, estas constituem-se em fonte de alimento para diversos tipos de

herbívoros. Os cupins de montículo são considerados pragas importantes nas pastagens, pois,

além de estarem distribuídos em extensas áreas, seus ninhos dificultam os tratos culturais e

agravam o processo de degradação. O objetivo do trabalho foi verificar o nível de infestação,

identificar o gênero incidente e avaliar o controle de cupins de montículo em áreas de

pastagens no município de Areia-PB. A avaliação do nível de infestação dos cupins foi

realizada nos meses de Maio a Setembro de 2013. O levantamento foi realizado tomando

como base os pontos cardeais (norte, sul, leste, oeste) onde foram selecionadas aleatoriamente

7 propriedades assim discriminadas: norte (Sítio Tauá de Mata Limpa); sul (Sítio Pau Ferro,

área sentido Alagoa Grande); leste (área sentido Pilões); oeste (Fazenda experimental Chã de

Jardim, Sítio Cachoeira, Engenho Bujari). Nas coletas em área amostral de 1 ha adotou-se o

método de contagem individual, dimensionamento da área do montículo com uma trena,

captura de soldados e operários e o georreferenciamento com GPS. Posteriormente

determinou-se a área em m2 dos montículos e as médias por propriedade. Os soldados

capturados nos cupinzeiros amostrados foram levados ao Laboratório de Entomologia do

Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba (LEN/CCA/UFPB), onde

através de observações visuais sob microscópico estereoscópico foram identificados a nível de

gênero por comparação morfológica e chave taxonômica para tal fim. Para a avaliação da

mortalidade dos operários utilizou-se seis tratamentos: 1 – testemunha; 2 – óleo de Citronela

(2%); 3 – óleo de Algodão (2%); 4 – óleo de Citronela (1%) + inseticida convencional

(neonicotenoide); 5 – óleo de Algodão (1%) + inseticida convencional (neonicotenoide); 6 –

inseticida convencional (neonicotenoide), com cinco repetições, totalizando trinta unidades

experimentais. O gênero de cupim de montículo encontrado nas áreas amostrais do trabalho

no município de Areia-PB é Syntermes, apresentando uma infestação média de cupins de

montículo superior a 13 cupinzeiros/ha com área total média superior a 86 m2/ha. O óleo de

Citronela aplicado com ou sem inseticida atingiu 100% de mortalidade em operários de

cupins Syntermes sp.

Palavras chave: Brachiaria, cupins de montículo, Syntermes sp, óleos vegetais

xii

LEITE, F. S. Level of infestation and termite control pastures in the municipality of

Areia Paraíba. 2013. 35 p. Monograph (Undergraduate Agronomy). UFPB/CCA. Advisor:

Jacinto de Luna Batista

Abstract: Pastures have great territorial importance in Brazil, where it is observed that 70 %

of land in the agricultural sector, which constitutes 30% of the national territory is occupied

by pastures, these constitute a source of food for many types of herbivores. The termite

mound are considered major pests in pastures, because in addition to being distributed in large

areas, nests hinder the cultural and aggravate the degradation process. The aim of the study

was to determine the level of infestation, identify the genre incident and evaluate control

termite mound in pasture areas in the municipality of Areia Paraíba. The assessment of the

level of infestation of termites was held in the months of May to September 2013. The survey

was carried out based on the cardinal points (north, south, east, west) which were randomly

selected 7 properties thus discriminated: north (Sítio Tauá de Mata Limpa); south (Sítio Pau

Ferro, area towards Alagoa Grande); east (area towards Pilões); west ( experimental Farm

Chã de Jardim, Sítio Cachoeira, Engenho Bujari). In the collections in the sample area of 1 ha

adopted the method of counting individual sizing mound area with a tape measure, capturing

soldiers and workers and georeferencing with GPS. Later it was determined the area in m2 of

the mounds and the average per property. The captured soldiers in termite nests sampled were

taken to the Laboratório de Entomologia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade

Federal da Paraíba (LEN/CCA/UFPB), where through visual observations under stereoscopic

microscope were identified to genus level by comparing morphological and taxonomic key to

this end. To assess the mortality of the workers was used six treatments: 1 - control, 2 -

Citronella oil (2%) 3 - Cotton oil (2%) 4 - Citronella oil (1%) + conventional insecticide

(neonicotenoide); 5 - Cotton oil (1%) + conventional insecticide (neonicotenoide) 6 -

conventional insecticide (neonicotenoide) with five replications, totaling thirty experimental

units. The genus of termite mound found in sample areas of work in the municipality of Areia

Paraíba is Syntermes, presenting an average infestation termite mound than 13 mounds/ha

with average total area exceeding 86 m2/ha. Citronella oil applied with or without insecticide

reached 100% mortality in workers termite Syntermes sp.

Keywords: Brachiaria, termite mound, Syntermes sp, vegetable oils.

13

1. INTRODUÇÃO

A denominação "cupim" é mais antiga que o Brasil, tendo sua origem na língua Tupi e

significando "montículo", em referência ao formato do ninho de uma determinada espécie de

cupim encontrado no interior do Brasil. Podem-se encontrar ainda os seguintes sinônimos da

palavra cupim, em português: térmita, térmite e itapicuim, este último utilizado na região

Amazônica do Brasil. A denominação térmita, por sua vez, é originada do latim "Termes" e

era utilizada pelos romanos ao se referirem ao "verme da madeira", seu significado em latim,

dada a aparência que os mesmos apresentam quando infestando uma estrutura de madeira

(POTENZA, 2002; ZANETTI, 2002).

Pertencentes à ordem Isoptera (iso=igual; ptera=asa), os cupins ou térmitas formam o

grupo mais antigo entre os insetos sociais, vivem em colônias permanentes chamadas

termiteiros ou cupinzeiros que serve de abrigo a colônia, armazenamento de alimento e

proporciona condições ideais para o desenvolvimento dos indivíduos. Os cupins de montículo

constituem pragas importantes nas pastagens, pois, além de estarem distribuídos em extensas

áreas, seus ninhos dificultam os tratos culturais e agravam o processo de degradação das

pastagens (GALLO et al., 2002).

As pastagens apresentam grande importância territorial no Brasil, quando se observa

que 70% das terras do setor agropecuário, o qual constitui 30% do território nacional, são

ocupadas por pastagens e que cerca de 90% dos bovinos abatidos são criados exclusivamente

em pastos ou apenas com pequena suplementação após a desmama. As pastagens constituem-

se em fonte de alimento para diversos tipos de herbívoros, devendo ser conduzida de uma

forma técnica à semelhança de outras culturas. Cabe ressaltar ser esta, a fonte de alimentação

mais econômica para os rebanhos.

A maior parte das áreas com pastagens na microrregião do Brejo Paraibano

especificamente no município de Areia encontra-se degradadas ou com algum grau de

degradação em consequência de uma serie de fatores, dentre os quais, a acidez elevada dos

solos e o manejo inadequado da fertilidade sem a devida reposição de nutrientes e a crescente

infestação por cupins de montículo, estes apresentam grande importância nesse processo de

degradação, assim como, também o histórico de exploração dessas áreas que apresentam um

desgaste da fertilidade advindo da cultura da cana-de-açúcar, a qual foi de grande importância

para a região, por algumas décadas. O solo devido a sua complexidade pode ser um fator

limitante para o crescimento da pastagem, através da não disponibilidade de nutrientes, água e

oxigênio e perda de área útil por cupins de montículo (OLIVEIRA, 2006).

14

A ação prejudicial às pastagens pode ser atribuída a dois tipos de cupins, os

construtores de ninhos epígeos, em condições de densidade elevada, e os consumidores de

folhas vivas como alimento. As plantas são, direta ou indiretamente, as fontes de recurso

alimentar para os cupins, sendo, portanto, importantes na abundância e na distribuição das

espécies (CZEPAK et al., 2003).

Caso não haja a preocupação de controlar os cupins, pastagens mais velhas tenderão a

apresentar níveis de infestação mais elevados (VALÉRIO et al., 2004). Além dos

consideráveis danos econômicos provocados em áreas rurais, os cupins também são

importantes componentes da fauna do solo de regiões tropicais, exercendo papel essencial nos

processos de decomposição e de ciclagem de nutrientes.

Diante do que representa os cupins de montículo para as pastagens, o objetivo do

trabalho foi verificar o nível de infestação, identificar o gênero incidente e avaliar o controle

de cupins de montículo em áreas de pastagens no município de Areia-PB.

15

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Características dos cupins de montículo

Dados relativos à origem dos isópteros ainda são bastante discutidos entre

pesquisadores, pois alguns mostram que eles só podem ter descendido de baratas com hábitos

idênticos aos de Cryptocercus e não de Problattodea, como acreditam certos autores. Há

também suposições de que toda a ordem Isoptera, incluindo o gênero Mastodermes,

provavelmente deve ter evoluído de uma forma semelhante a Pycnoblattina. Durante a

evolução dos isopteros observou-se importantes linhas de transformação, tais como, redução

do pronoto, alongamento das asas, redução da área anal da asa anterior, estreitamento das

partes basais da asa e desenvolvimento da sutura humeral ou basal, ao longo da qual as asas se

destacam após a revoada, restando adjacente ao corpo do inseto, uma escama com

importância taxonômica (ZANETTI et al., 2006).

São insetos com aparelho bucal do tipo mastigador, possuem metamorfose incompleta

(ovo-ninfa-adulto), entre os quais as ninfas vivem no mesmo hábitat dos adultos. Todas as

espécies de cupins são sociais, vivendo em sociedades ou colônias mais ou menos populosas,

com divisões de tarefas (reprodução, segurança, limpeza e cuidados com a rainha) realizadas

por determinados grupos de indivíduos, denominados castas, representadas por cupins ápteros

ou alados, seus ninhos são denominados de cupinzeiros ou termiteiros (ZANETTI et al.,

2006).

O casal real são os fundadores da colônia, sendo indivíduos sexuados, com função

apenas reprodutiva. Copulam, proporcionando o crescimento da colônia em número de

indivíduos. Os soldados são estéreis e apresentam cabeças e mandíbulas bastante

desenvolvidas, têm como função principal à defesa da colônia por meio de toxinas ou

substâncias pegajosas. As funções de manutenção da colônia são desenvolvidas pelos

operários que também são estéreis (COOPLANTIO, 2003).

No crescimento e desenvolvimento dos ninhos, no inicio são frágeis e totalmente

subterrâneos, na superfície são resistentes e duros. O montículo é constituído por uma espessa

camada de terra dura, permeado por canais, no seu interior está localizado o endoécio ou

núcleo que é frágil e de coloração escura devido a elevada matéria orgânica, principalmente

de celulose e material fecal. Nesse endoécio se concentra e vive a maioria dos indivíduos da

colônia. Na base do cupinzeiro ocorre a ligação por meio de túneis com o solo propiciando a

exploração em busca de alimento (VALÉRIO et al., 2004).

16

Nos cupinzeiros também são encontrados outros seres como formigas, abelhas, vespas,

aranhas e escorpiões que estão em busca de moradia e alimentação, tudo isso graças ao seu

sistema de ventilação que mantém 20º C de temperatura e umidade em torno de 96%. Os

maiores registros dessa convivência foram encontrados em áreas de pastagens (HERZOG et

al, 2006). Assim os cupinzeiros tornam-se abrigo para animais nocivos e peçonhentos, sendo

prejudiciais aos animais e ao próprio homem.

2.2. Ocorrência dos cupins de montículo

Com cerca de 2750 espécies conhecidas no mundo (CONSTANTINO, 2005), estão

espalhados desde as florestas úmidas até as savanas, além de encontrados até mesmo em

regiões áridas. Isso é possível devido a simbiose com microorganismos, como bactérias,

fungos e protozoários que auxiliam na sua alimentação, além de uma organização social

bastante desenvolvida (COSTA-LEONARDO, 2002).

No Brasil ocorrem aproximadamente 300 espécies, que se distribuem entre as famílias

Kalotermitidae, Rhinotermitidae, Termitidae e Serritermitidae. Os principais gêneros

representantes da primeira família são Cryptotermes, Neotermes e Rugitermes, já na família

Rhinotermitidae se destacam os gêneros Coptotermes e Heterotermes. No caso da família

Termitidae, os gêneros Cornitermes, Nasutitermes, Syntermes e Anoplotermes são os mais

relevantes. Cornitermes é um gênero de cupins neotropicais presente em todo o país, sendo

encontrado em formações florestais, cerrado, campos e pastagens (FERREIRA et al., 2011).

A família Serritermitidae até recentemente continha uma única espécie, Serritermes

serrifer, que ocorre apenas no Brasil, mas novas evidências indicam que Glossotermes

oculatus, espécie da Amazônia, também pertence à Serritermitidae (ZANETTI et al., 2010).

2.3. Formação dos ninhos

Em todos os térmitas os ninhos são isolados do meio externo e a comunicação deste

com o meio interno nunca é direta, a não ser em momentos especiais como ocorre em épocas

de revoada, para a saída dos alados. Este enclausuramento se deve a necessidade de proteção

contra os movimentos do ar e de manutenção de condições de umidade, temperatura e

atmosfera interna necessárias para o desenvolvimento normal da colônia. Os térmitas, de

maneira geral, são considerados excelentes arquitetos tanto pela grande variedade de tipos

como pela complexidade das suas construções (ELEOTÉRIO, 2000).

17

As proporções entre areia, silte e argila e sua distribuição no perfil do solo é um fator

limitante para a construção dos ninhos de cupins subterrâneos. Solos com boa quantidade de

argila são mais facilmente trabalhados pelos cupins e os solos arenosos dificultam a

sustentação dos ninhos e dos túneis. Ao longo do tempo as construções dos térmitas têm

evoluído passando por modificações contínuas. Devido a estas modificações, existem diversas

formas intermediárias de ninhos. Os ninhos dividem-se em cinco categorias principais: ninhos

dentro da madeira, ninhos subterrâneos, ninhos epígeos, ninhos arbóreos e inquilinismo

(ELEOTÉRIO, 2000).

A construção de ninhos para abrigar a colônia representa uma das características dos

insetos sociais. Os ninhos de cupins, chamados de termiteiros, são classificados de acordo

com sua posição em relação ao solo: ninhos arborícolas, construídos sobre ou dentro de

árvores; ninhos hipógeos, construídos sob o solo; e ninhos epígeos, que possuem uma

pequena parte subterrânea e a maior parte acima da superfície do solo. A maioria das espécies

de Cornitermes constrói ninhos epígeos, sendo estes divididos em duas partes: uma camada

externa resistente, construída principalmente de solo e uma câmara central celulósica (núcleo)

onde vive a colônia. A camada externa auxilia na manutenção do microclima interno do ninho

e funciona como defesa contra predadores (FERREIRA et al., 2011).

Os ninhos de Cornitermes cumulans, uma espécie construtora de ninhos epígeos

comum no Cerrado, são utilizados como hábitat por vários animais, principalmente por outras

espécies de cupins, demonstrando sua importância ecológica (FERREIRA et al., 2011).

O microclima do termiteiro é relativamente estável e é mantido, em grande parte, pela

ação dos cupins, pela arquitetura do ninho, pelo material utilizado para construção e

principalmente pela interação e dinâmica destes fatores. Dentro dos ninhos, os térmitas são

capazes de controlar a temperatura, umidade e atmosfera interna, e a localização e arquitetura

destes ninhos determinam a regulação térmica; por exemplo, se eles estão expostos ao sol ou

abaixo de dossel de floresta (NOIROT e DARLINGTON, 2000). A manutenção da umidade

dentro do ninho é uma característica importante, considerando que os térmitas são

extremamente sensíveis a trocas de umidade. A atmosfera interna baseia-se na estrutura de

galerias e poros do ninho que permitem as trocas gasosas, sendo a sua ventilação essencial à

manutenção da concentração adequada de oxigênio e carbono (NOIROT e DARLINGTON,

2000).

18

2.4. Hábitos alimentares dos cupins

Existem diferentes tipos de alimentação entre os cupins. Os jovens, os soldados e

todos os reprodutores são incapazes de se alimentar sozinhos e recebem dos operários

alimentação estomodeal ou proctodeal. A alimentação estomodeal pode ser saliva, que é o

único nutriente dos reprodutores funcionais (rei e rainha), ou alimento regurgitado. Os

soldados são, em grande parte, nutridos com alimento regurgitado, mas em certos Termitidae

eles têm uma dieta exclusivamente líquida (saliva). A alimentação proctodeal foi descrita para

os cupins inferiores, os quais apresentam uma fauna intestinal composta por protozoários

flagelados. O alimento proctodeal consiste de excreções líquidas, ricas em simbiontes,

provenientes do intestino posterior e que são eliminadas em resposta a estímulos táteis de

outros cupins. Na família Kalotermitidae este alimento é totalmente distinto das fezes sólidas

e secas do reto (LIMA e PAIVA, 2010).

A coleta de alimento pelos operários, tanto para uso próprio quanto para prover as

castas dependentes, é o recurso energético básico da colônia. Ela consiste de materiais

celulósicos provenientes de plantas vivas ou mortas, parcialmente ou quase que inteiramente

decompostas. O recurso alimentar e sua subsequente decomposição têm muitas implicações

de longo alcance nas relações entre cupins e solos, tanto por suas atividades alimentares

quanto pela transformação do alimento por meio da digestão. Portanto, os cupins afetam o

ciclo da matéria orgânica e dos nutrientes (LIMA e COSTA-LEONARDO, 2007).

Adicionalmente, a concentração de alimento e a perda de produtos a partir da digestão

influenciam a disposição de matéria orgânica e de nutrientes no ecossistema. Os térmitas

exploram alimentos com baixo valor nutricional se comparados àqueles consumidos por

outros animais. A capacidade de sobreviver a partir da ingestão de alimentos pobres em

nutrientes se deve aos mecanismos digestivos usados para extrair a maior parte dos nutrientes

disponíveis a partir de uma alimentação de baixa qualidade, à conservação altamente

controlada desses recursos e à ciclagem de nutrientes (LIMA e COSTA-LEONARDO, 2007).

Pastagens, plantas herbáceas e serapilheira podem ser usadas diretamente como

alimento pelos cupins ou como substratos para favos de fungos de térmitas da subfamília

Macrotermitinae (cupins que cultivam fungos). Esses recursos requerem forrageamento por

grandes áreas. Além de se mostrarem potencialmente competitivos em relação aos outros

herbívoros, os cupins coletores “harvesters” devem dominar os aleloquímicos presentes na

pastagem fresca. Esses problemas podem ser superados pela vantagem do alto conteúdo de

nitrogênio na pastagem em relação à madeira e também pelo acesso ao esterco produzido

pelos mamíferos herbívoros.

19

Os cupins coletores “harvesters” incluem espécies que forrageiam na superfície e

cortam pastagem, plantas herbáceas, folhas, galhos, sementes e outras partes de plantas

depositadas na superfície do solo. De acordo com os mesmos autores, serapilheira, na forma

de galhos, ramos e folhas, é consumida pelos cupins das subfamílias Macrotermitinae,

Apicotermitinae, Termitinae e Nasutitermitinae (família Termitidae).

Os verdadeiros cupins coletores “harvesters” são os Hodotermitinae, família

Hodotermitidae (Hodotermes da África, Microhodotermes do Norte da África e

Anacanthotermes do Norte da África e da faixa árida da Ásia); alguns Amitermitinae, família

Termitidae (tais como Drepanotermes na Austrália); e alguns Nasutitermitinae, família

Termitidae (tais como certos Nasutitermes e Tumulitermes na Austrália, Trinervitermes na

África e Indo-Malásia e Syntermes na América do Sul). Essas espécies invariavelmente

acumulam o material coletado em seus ninhos, algumas vezes em grandes quantidades.

Os gêneros neotropicais Velocitermes, Rhynchotermes e Cornitermes (família

Termitidae, subfamília Nasutitermitinae) também se enquadram nesse grupo consumidor de

serapilheira (COSTA-LEONARDO, 2005). No Brasil, Cornitermes cumulans, uma espécie de

cupim de montículo bastante conhecida pela alta incidência em pastagens, se alimenta

principalmente de folhas e raízes mortas de gramíneas. No ninho os alimentos são mastigados

e posteriormente armazenados nas paredes das câmaras do cupinzeiro. Os operários do gênero

neotropical Ruptitermes (família Termitidae, subfamília Apicotermitinae) coletam fragmentos

de folhas e sementes na superfície do solo e não consomem imediatamente esse alimento, que

é armazenado em galerias subterrâneas esparsas, formando o seu ninho “difuso”

(CONSTANTINO, 2005).

Eles também podem ocupar ninhos epígeos construídos por outras espécies e estocar

alimento nas galerias do referido montículo abandonado. A partir do exposto, pode-se

constatar que existe uma ampla variedade de recursos alimentares que são explorados pelos

Isópteros, isso permitiu aos cupins ocuparem quase todas as regiões quentes e temperadas da

Terra, ocorrendo em praticamente todos os ambientes terrestres, naturais ou modificados pela

espécie humana (COSTA-LEONARDO, 2006).

2.5. Critérios para identificação de cupins

A manifestação de cupins de montículo é caracterizada pela presença de cupinzeiros,

formados por montes de terra endurecida que variam em cor, altura e formato, de acordo com

o ambiente, o solo e a idade da colônia.

20

Geralmente, cada espécie apresenta um formato padrão de ninho, entretanto

cupinzeiros inativos podem ser recolonizados por outras espécies, o que causa certa confusão

na identificação dos cupins. Para identificação dos térmitas até gênero, se utiliza

principalmente a casta dos soldados, com exceção dos Apicotermitinae. Para a realização da

identificação, recomenda-se que os cupins, no momento da coleta, sejam manuseados com

cuidado e colocados imediatamente em recipiente com álcool a 75%.

Se possível devem ser coletados o rei e a rainha ou 5-10 reprodutores alados ou ninfas

em último estádio de diferenciação (com asas desenvolvidas), 5-10 operários, 5-10 soldados e

amostras do material danificado. Deve-se fotografar o material danificado e os indícios

deixados pelos cupins. Atualmente a sistemática dos cupins não se resume a utilização de

características morfológicas externas, têm-se utilizado também para a identificação até

gênero, características morfológicas do tubo digestivo da casta de operários. O padrão de

arquitetura dos ninhos também tem auxiliado a sistemática visto que algumas espécies

possuem padrões de construção bastante peculiares, que em conjunto com outras

características, permitem a sua identificação com maior segurança. Também têm-se utilizado,

embora não façam parte da rotina de identificação, particularidades de comportamento

associadas a morfologia e peculiaridades da química das secreções de defesa do soldado

(ELEOTÉRIO, 2000).

2.6. Gênero Syntermes

O gênero Syntermes ocorre desde o norte da América do Sul até o norte e nordeste da

Argentina a leste dos Andes. Apresenta estrutura social plena, com todas as castas (Rainha,

rei, soldados, operários e reprodutores alados) bem definidas e atuantes. São cupins de porte

avantajado, muito maior que os cupins de outros gêneros de ocorrência comum em nosso

território. Seus cupinzeiros podem abranger alguns metros quadrados de área. Se alimentam

de matéria orgânica em decomposição. A estes cupins atribui-se a perdas em áreas de

pastagem.

Esse gênero é exclusivamente neotropical e destaca-se como um dos poucos

consumidores de folhas da serapilheira. Esses cupins contribuem para a decomposição de

várias maneiras: por meio do consumo direto e posterior digestão, pela fragmentação das

folhas da serapilheira, aumentando assim a disponibilidade desse material para outros

consumidores, e pela adição do material cortado e abandonado na superfície ou no perfil do

solo (MEDEIROS, 2001).

21

Os Syntermes geralmente são ativos à noite, apesar de eventualmente serem

encontrados forrageando durante o dia, quando o tempo está nublado. O horário de maior

atividade de Syntermes sp está entre 19:00 e 02:00 horas. Eles cortam pedaços de folhas

presentes na superfície do solo, as quais podem ser recém-caídas ou envelhecidas, e os

carregam para seus ninhos. Os ninhos de Syntermes sp podem ser divididos em três tipos

principais: totalmente subterrâneos, subterrâneos, com um monte de terra solta sobre a

superfície e monte compacto.

O ninho de ocorrência no estudo é do tipo monte compacto (figura 1). De maneira

geral os ninhos de Syntermes sp são divididos em três partes distintas: uma externa dura, fina

e sem galerias, uma espessa camada com muitas galerias e câmaras de armazenamento, e uma

parte central, com muitos planos, câmaras de largura, com paredes finas e frágeis, que não

estão alinhadas com as pelotas do solo, mas têm uma superfície lisa (COSTA NÚÑEZ, 2010).

Figura 1. Ninho da espécie Syntermes sp. Areia-PB, 2013.

2.7. Cupins de montículo como praga agrícola

Apesar do pequeno número de espécies de cupins pragas, estimam-se custos elevados

para a prevenção e controle de cupins nos Estados Unidos, entre dois a três bilhões de

dólares/ano e na Austrália em torno de um e meio bilhão de dólares/ano

(UNEP/FAO/GLOBAL, 2000). Com relação ao consumo de pastagens, CARVALHO (2004)

enfatiza que há controvérsias entre os estudos, surgindo recentemente o conceito de que o

cupim de montículo é uma “praga estética”, pois traz um aspecto visual desagradável ao

produtor.

22

Distúrbios ambientais reduzem a diversidade selecionando espécies mais aptas,

causando a diminuição de predadores e competidores e aliado à falta de um manejo adequado

para controle de cupins, tornando o ambiente da pastagem um ecossistema ideal para

instalação e disseminação de espécies de térmitas (JUSTI JUNIOR et al., 2004).

Não se conhece o suficiente a respeito dos hábitos alimentares de cupins de montículo.

Esses tipos de cupins apresentam plasticidade quanto aos hábitos alimentares. Cornitermes

cumulans se alimenta de gramíneas vivas ou mortas, seus operários preferem folhas secas de

gramíneas ao invés de folhas vivas, esse inseto também preferiu sementes de Brachiaria,

sementes de milho secas ou germinadas e folhas de gramíneas secas (VALÉRIO, 2006).

Sabe-se que muitas espécies de cupins podem consumir diferentes tipos de alimentos,

e que, mais do que uma preferência em particular, um maior consumo de um ou outro

alimento pode estar associado à predominância ou disponibilidade desses alimentos

(VALÉRIO, 2006). A ordem Isoptera é bastante conhecida pelo seu potencial como praga,

apesar dos cupins-praga constituírem a minoria dentro do grupo (cerca de 10%) (LIMA e

COSTA-LEONARDO, 2007).

A redução de área útil das pastagens, como possível dano indireto atribuído aos cupins

que formam montículos. Nas pastagens com altas infestações, fica comprometida a

movimentação de máquinas, animais e também diminui a área útil de cultivo, além de servir

de abrigo para outras espécies indesejadas, peçonhentas (CZEPAK et al., 2003).

A grande ameaça representada por cupins de montículo existe por ocasião do

estabelecimento da forrageira. Nesse caso, plantas jovens são atacadas, resultando em falha

parcial ou mesmo generalizada no estande. Além de favorecer e acelerar o processo de

degradação das mesmas. Registra-se, no entanto, que várias espécies de cupins do gênero

Syntermes, também conhecidos em alguns locais como cupins-boiadeiro, têm a característica

de forragear na superfície das pastagens, coletando folhas secas e verdes. Os ninhos dessas

espécies são predominantemente subterrâneos. Embora se admita que esses cupins ocorram

em menor freqüência, se comparados a outras espécies de cupins-de-montículo em pastagens,

reconhece-se que eles representam uma ameaça em potencial (VALÉRIO et al., 2004).

2.8. Técnicas de manejo

Os cupins de montículo por apresentarem colônias protegidas no solo e difíceis de

localizar, são pouco atacadas por predadores e patógenos, dificultando o sucesso das medidas

de controle (CULLENY e GRACE, 2000).

23

O conhecimento básico da diversidade e biologia dos cupins é imprescindível para o

manejo adequado e dos problemas causados por eles. Os produtos mais eficientes para o

controle de cupins de montículo tem como característica mais importante a capacidade de

permanecer ativos no solo, por isso a excelente eficiência dos cupinicidas organoclorados.

Após a proibição da fabricação, comercialização e uso de organoclorados no país, houve um

aumento nas pesquisas, destacando-se inicialmente o monitoramento das populações.

Posteriormente, o desenvolvimento de novos produtos veem aos poucos substituindo os

levantamentos convencionais, aumentando a eficiência e a praticidade do controle e

diminuindo os custos (SOUZA, 2006).

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através do Sistema de

Agrotóxicos Fitossanitários (AGROFIT) indica 42 produtos para o controle químico de

cupins, cuja classificação ambiental varia de perigoso a altamente perigoso e cuja

classificação toxicológica de pouco tóxico a extremamente tóxico. A maioria dos registros de

cupins como praga refere-se a trabalhos publicados entre 1990 a 2000 e os gastos são,

principalmente, decorrentes do controle preventivo. Portanto, pesquisas quanto à ocorrência e

a abundância de espécies de cupins são necessárias para a definição daqueles que são pragas

ou não, bem como para a tomada de decisão quanto ao uso de inseticidas (AGROFIT, 2013).

Atualmente, para o controle de cupins de montículo é recomendada a aplicação de

produtos químicos utilizando-se uma haste metálica para perfurar o montículo até

aproximadamente 1 m para que se atinja o interior dos ninhos. Dentre os novos cupinicidas

desenvolvidos, destacam-se o fipronil e o imidacloprid, que têm se revelado mais seguros para

o meio ambiente do que os produtos anteriormente utilizados. Com o uso de produtos

químicos a mortalidade desses insetos varia de 80 a 100%. Já o uso de perfuração do

cupinzeiro, necessita-se apenas ¼ da dose recomendada pelos fabricantes dos produtos

químicos (VALÉRIO et al., 2004).

O uso de implemento acoplado a tomada de força do trator conhecido como “broca

cupinzeira” ou “demolidora de cupins”, ocasiona a destruição do cupinzeiro, mais existe a

necessidade de mais estudos para comprovar a real eficiência desse implemento (VALÉRIO

et al., 2004), visto que os cupins podem se recompor formando novos ninhos.

O controle biológico de cupins, em geral, pode ser feito com a utilização de fungos

entomopatogênicos, pela potencialidade de desenvolver epizootias nas colônias dos cupins de

montículo (CULLENY e GRACE, 2000).

24

Alguns testes com o uso de fungos associado com sub-doses do produto químico

Imidacloprid, mostraram inibição do comportamento de limpeza dos cupins quando tratado

com conídios de B. bassiana, M. anisopliae, e sub-doses do inseticida Imidacloprid. Neves e

Alves (2000) observaram que os operários mostraram um eficiente mecanismo de limpeza, o

que possibilitou a remoção, nas primeiras horas após a aplicação, de praticamente todos os

conídios da cutícula dos soldados e dos outros operários. Porém, quando utilizado o inseticida

Imidacloprid®, em doses sub-letais, inibiu o comportamento de limpeza, permitindo que os

conídios germinassem e penetrassem à cutícula do inseto provocando a infecção.

O controle através de iscas atrativas com inseticidas e/ou entomopatógenos vem sendo

muito pesquisado. O uso de inseticidas de ação lenta (slow acting) em armadilhas baseia-se

em que uma colônia inteira de cupim possa ser destruída com o tratamento de somente uma

parte do sistema de galerias, ao ser o agente tóxico distribuído para toda a colônia pelas

interações sociais (trofalaxia e lambimento) com os operários expostos por ocasião do

forrageamento. O sucesso do emprego de iscas tóxicas reduz drasticamente a quantidade de

inseticida empregado, em comparação com as aplicações de solo. O principio hidrametilnom

possui característica apropriada para emprego em iscas, a sua ação tóxica se mantém quando o

produto é transferido dos indivíduos contaminados para os não expostos através dos hábitos

sociais. Também é apropriado para uso com iscas inibidores de síntese de quitina pois se

mostram bem sucedidos em suprimir a atividade de forrageamento com uma pequena

quantidade do ingrediente ativo (ROSALES, 2001).

Na busca de novas alternativas para o controle de cupins, outros compostos, como

semioquímicos obtidos de formigas da subfamília Dolichoderinae, vem sendo pesquisados. A

glândula anal dessas formigas possuem uma secreção que contêm terpenóides com ação

inseticida, ocasionando mortalidade significativa e um poder repelente de no mínimo 1 mês.

A pesquisa existente no uso de vegetais para o controle de cupins de montículo sugere

que podem ter um considerável potencial no fornecimento de um método barato de controle

local. Dentre as espécies vegetais que possuem repelência ou toxicidade para cupins de

montículo, destaca-se o uso de extratos de Mamão (Carica papaya) e Mamona (Ricinus

communis).

Outra opção é o uso de óleos vegetais, a exemplo do óleo de Algodão (Gossypium

hirsutum) e óleo de Citronela (Cymbopogon nardus). A ausência de efeito tóxico instantâneo

é uma característica dos extratos e óleos vegetais, isso é negativo aos olhos dos produtores,

pois estão acostumados ao uso de produtos químicos. Sendo assim, esses métodos de controle

podem ser usados em conjunto com iscas atrativas (ROSALES, 2001).

25

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Avaliação da infestação de cupins no município de Areia-PB

A avaliação do nível de infestação dos cupins no município de Areia-PB foi realizada

em campo nos meses de Maio a Setembro de 2013. O levantamento foi realizado tomando

como base os pontos cardeais (norte, sul, leste, oeste). Foram selecionadas 7 propriedades

(figura 2) assim discriminadas: norte: Sítio Tauá de Mata Limpa (S 06º 55’ 16,2’’; W 0,35º

42’ 27,9’’); sul: Sítio Pau Ferro (S 07º 0,0’ 1’’; W 0,35º 7’ 49’’), área sentido Alagoa Grande

(S 07º 00’ 22,5’’; W 0,35 40’ 48,01’’); leste: área sentido Pilões (S 06º 57’ 11,9’’; W 0,35º

40’ 12,3’’); oeste: Fazenda experimental Chã de Jardim (S 06º 57’ 50’’; W 0,35º 45’ 24,6’’),

Sítio Cachoeira (S 06º 57’ 35,9’’; W 0,35º 45’ 37,2’’), Engenho Bujari (S 06º 57’ 49,4’’; W

0,35 44’ 48,9’’).

Figura 2. Distribuição das propriedades no município de Areia-PB. Legenda: 001: Fazenda experimental Chã de

Jardim; 002: Sítio Cachoeira; 003: Engenho Bujari; 004: Sítio Pau Ferro; 005: Sítio Tauá de Mata Limpa; 006:

área sentido Alagoa Grande; 007: área sentido Pilões.

Nas coletas em área amostral de 1 ha adotou-se o método de contagem dos

montículos, dimensionamento da área do montículo com uma trena, captura de soldados e

operários (figura 3) e o georreferenciamento com GPS de modelo GARMIN 76CSX®.

Posteriormente determinou-se a área em m2 dos montículos e as médias por propriedade.

26

Figura 3. Captura de insetos (soldados e operários de cupins). 2013. Areia-PB.

3.2. Avaliação da mortalidade de operários de cupins

No laboratório de Entomologia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade

Federal da Paraíba (LEN/CCA/UFPB) foi montado um experimento para a avaliação da

mortalidade dos operários onde se utilizou-se seis tratamentos: T1 – testemunha; T2 – óleo de

Citronela (2%); T3 – óleo de Algodão (2%); T4 – óleo de Citronela (1%) + inseticida

convencional (neonicotenoide); T5 – óleo de Algodão (1%) + inseticida convencional

(neonicotenoide); T6 – inseticida convencional (neonicotenoide), com cinco repetições,

totalizando trinta unidades experimentais (figura 4).

Figura 4. Experimento teste de controles para operários.

27

Foram utilizados nos testes, insetos operários. Esses insetos após capturados foram

colocados em potes plásticos de capacidade 200 ml com, tampas e o fundo forrado com papel

absorvente, em seguida foi aplicou-se 1,2 ml de cada solução em 2 pulverizações por

repetição. As soluções foram preparadas com auxílios de recipientes plásticos, seringas

descartáveis e micropulverizador manual (figura 5). As leituras de mortalidade foram

realizadas com 24, 48 e 72 horas, após o tratamento.

Figura 5. Micropulverizadores manuais.

3.3. Análise estatística

O delineamento estatístico foi inteiramente casualizado e os dados obtidos foram

submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey. Os dados

foram analisados pelo programa estatístico ASSISTAT 7.7 beta 2013.

3.4. Identificação do gênero

Os soldados capturados nos cupinzeiros amostrados foram levados ao

(LEN/CCA/UFPB), onde através de observações visuais sob microscópico estereoscópico

com aumento de 20 X foram identificados a nível de gênero por comparação morfológica e

chave taxonômica para tal fim.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Avaliação da infestação de cupins no município de Areia-PB

Nas 7 propriedades analisadas, dentro da área amostral de 1 ha obteve-se um

resultado, com o total de 96 cupinzeiros (sendo maior incidência de 38 e a menor de 5

cupinzeiros); com média geral de 13,71 cupinzeiros/ha; 86,21 m2 de área média de

montículos/ha com variação de 19,17 a 242,02 m2 (figura 6).

28

Figura 6. Número de cupinzeiros/ha nas propriedades estudadas (A) e área total em m2 nas

propriedades estudadas (B). Legenda. 1: Fazenda experimental Chã de Jardim; 2: Sítio Cachoeira; 3: Engenho

Bujari; 4: área entre Areia e Pilões; 5: área entre Areia e Alagoa Grande; 6: Sítio Tauá de Mata Limpa; 7: Sítio

Pau Ferro.

De maneira geral o território do brejo paraibano, incluindo o município de Areia tem o

seguinte histórico de uso das áreas: 1º desmatamento de floresta ombrófila aberta abundante

para principalmente o cultivo da cana-de-açúcar, com o enfraquecimento da atividade buscou-

se novas culturas como sisal, café, frutíferas entre outras. Por último, a formação de pastagens

do gênero Brachiaria tem se mostrado uma ótima alternativa na pecuária local. O tipo de solo

predominante na região (LATOSSOLOS) favorece o trabalho dos cupins na construção de

seus ninhos, túneis e galerias, pois são ricos em argila do tipo 1:1 e não possuem camadas de

impedimento.

Os cupins de montículo são encontrados em todas as partes do mundo, não

diferentemente, no município de Areia-PB as infestações são frequentes no cenário rural,

tanto em pastagens em péssimo estado de conservação quanto naquelas consideradas bem

manejadas. Os valores médios (figura 6) são pequenos quando comparados a trabalhos

semelhantes (CZEPAK et al., 2003; ACKERMAN et al., 2007), no entanto, a existência

desses ninhos contribuem para o aumento das colônias, tendo em vista o processo de revoada

utilizado por esses insetos sociais como estratégia de dispersão.

A formação de pastagem facilita a proliferação de cupinzeiros por causa da

homogeneidade do ambiente e da ausência de competidores. Encontram-se pastagens com

índices de ocupação de cupinzeiros na razão de 182/ha em Goiana-GO, 200/ha em Mato

Grosso do Sul e 760/ha em Manaus-AM (ACKERMAN et al. 2007). Entretanto, Czepak et al

(2003) encontraram uma média de 73 cupinzeiros/ha em 133 municípios goianos.

29

A presença de cupinzeiros não causa um efeito negativo nas pastagens por causa da

baixa redução efetiva da área útil de pastejo para os rebanhos: 0,39% (CZEPAK et al., 2003);

3% (ACKERMAN et al., 2007); 0,85% em média no presente trabalho. Mas, quando a

pastagem está ocupada por ninhos de Syntermes sp., que se alimenta de gramíneas, sementes e

raízes, há risco de redução da pastagem para os rebanhos e ainda segundo CUNHA e

MORAIS (2010) ninhos de Syntermes sp podem abrigar outras espécies de cupins,

contribuindo assim prejudicialmente para o aumento de cupins de pastagem.

A pastagem é usada diretamente como alimento ou substrato para cultivo de fungos

pelos cupins de montículo, para isso se faz necessário o forrageamento por grandes áreas. O

Syntermes sp é potencialmente muito competitivo, quando comparado com outros herbívoros,

onde corta os perfilhos e sementes de forrageiras e plantas herbáceas (BIGNELL e

EGGLETON, 2000), preferencialmente no horário compreendido entre 19:00 e 02:00 horas

devido ao seu fototropismo negativo, sendo encontrado forrageando durante o dia apenas em

dias nublados (CONSTANTINO, 2005; COSTA-LEONARDO, 2005). Esses recursos

alimentares explorados pelos cupins de montículo permitiram a ocupação em quase todas as

regiões quentes e temperadas do mundo.

A presença desses insetos em pastagens ocasiona danos indiretos, tais como redução

da área útil, abrigo a animais peçonhentos, dificuldade de manejo de máquinas e depreciação

da propriedade. A grande ameaça, em se tratando de pastagens é na ocasião da sua formação e

estabelecimento ou em seu estado jovem, pois o constante ataque resulta em falha do estande,

além de favorecer e acelerar o processo de degradação (VALÉRIO, 2006).

De acordo com Zorzenom e Campos-Farinha (2006) cupins em pastagens provocam

amarelecimento, seca em reboleiras e dificuldade de rebrota, devido ao hábito de forragear e

principalmente pelo ataque as raízes da forrageira, prejudicando assim a absorção de água,

nutrientes e translocação dos mesmos.

Syntermes sp. podem competir com os rebanhos, especialmente no período seco, pois

seus indivíduos danificam diretamente a pastagem, cortando e carregando grandes

quantidades de folhas e colmos, tanto verdes como secos. Os montículos acabam sendo

obstáculos reais quando atingidos pelas lâminas basais das máquinas. Assim, a recomendação

é que se realize a destruição mecânica dos montículos, seguida por controles químicos,

dirigidos aos montículos, antes do preparo do solo (VALÉRIO et al., 2004).

30

4.2. Avaliação da mortalidade de operários de cupins

Os tratamentos: 2 – óleo de Citronela (2%); 4 – óleo de Citronela (1%) + inseticida

convencional (neonicotenoide); 6 – inseticida convencional (neonicotenoide), foram mais

eficientes, mostrando maior mortalidade de operários de cupins, após 24 horas. O tratamento

3 – óleo de Algodão (2%) apresentou mortalidade de 60% (tabela 1 e figura 7).

Há 48 horas os tratamentos: 2 – óleo de Citronela (2%); 4 – óleo de Citronela (1%) +

inseticida convencional (neonicotenóide); 5 – óleo de Algodão (1%) + inseticida

convencional (neonicotenóide); 6 – inseticida convencional (neonicotenóide) foram mais

eficientes, mostrando maior mortalidade de operários de cupins. O tratamento 3 – óleo de

Algodão (2%) apresentou mortalidade de 88% (tabela 1 e figura 7).

Tabela 1. Percentual de mortalidade de cupins de montículo (Syntermes sp) 24, 48 e 72 horas após a aplicação de

óleos vegetais e inseticida convencional.

Tempos de avaliação

Tratamentos 24 horas 48 horas 72 horas

1 40,00 c ** 80,00 b ** 92,00 a *

2 100,00 a ** 100,00 a ** 100,00 a *

3 60,00 bc ** 88,00 ab ** 100,00 a *

4 100,00 a ** 100,00 a ** 100,00 a *

5 92,00 ab ** 100,00 a ** 100,00 a *

6 100,00 a ** 100,00 a ** 100,00 a *

CV% 23,98 7,71 4,53

DMS 38,4295 14,27236 8,74000 Tratamentos. 1 – Testemunha (água destilada); 2 – óleo de Citronela (2%); 3 – óleo de Algodão (2%); 4 – óleo

de Citronela (1%) + inseticida convencional (neonicotenoide); 5 – óleo de Algodão (1%) + inseticida

convencional (neonicotenoide); 6 – inseticida convencional (neonicotenoide). As médias seguidas pela mesma

letra na coluna são significativas a **1% ou *5% pelo teste Tukey. CV% = coeficiente de variação. DMS =

diferença média significativa.

31

Figura 7. Percentual de mortalidade de operários de cupins de montículo da espécie Syntermes sp. Legenda:

tratamentos: 1 – Testemunha (água destilada); 2 – óleo de Citronela (2%); 3 – óleo de Algodão (2%); 4 – óleo de

Citronela (1%) + inseticida convencional (neonicotenoide); 5 – óleo de Algodão (1%) + inseticida convencional

(neonicotenoide); 6 – inseticida convencional (neonicotenoide).

O adequado controle de cupins de montículo, com o conhecimento prévio da espécie

incidente é essencial no sucesso do método de controle. A destruição parcial ou total do

cupinzeiro agrava a infestação do local, tendo em vista que esses insetos possuem excelentes

estratégias de recuperação de suas colônias.

É recomendável que antes de destruir o cupinzeiro proceda-se a aplicação de

inseticidas do grupo dos neonicotenoides ou o uso de controles alternativos, a exemplo o uso

de óleos vegetais como óleo de Citronela e óleo de Algodão. Os insetos operários de

termiteiros são responsáveis pela saída da colônia em busca de alimento para as castas

dependentes a exemplo do rei, rainha e soldados, esses últimos responsáveis pela defesa da

colônia e mantêm contato direto com essas castas através do processo de alimentação

estomodeal e proctodeal. Portanto, métodos de controle eficientes para operários de cupins

prejudicará toda a colônia, pois não cumprirão adequadamente suas atividades.

Os resultados encontrados no presente trabalho mostram que nas condições do

experimento, os tratamentos: T2 - óleo de Citronela (2%); T4 - óleo de Citronela (1%) +

inseticida convencional (neonicotenoide) foram os mais eficientes no controle de operários de

Syntermes sp.

0

20

40

60

80

100

120

T1 T2 T3 T4 T5 T6

% M

ort

alid

ade

Tratamentos

24h

48h

72h

32

5. CONCLUSÕES

O gênero de cupim de montículo encontrado nas pastagens de Brachiaria no

município de Areia-PB é Syntermes.

O município de Areia-PB apresenta uma infestação média de cupins de montículo

Syntermes sp superior a 13 cupinzeiros/ha com área total média superior a 86 m2/ha.

O óleo de Citronela aplicado com ou sem inseticida atingiu 100% de mortalidade em

operários de cupins Syntermes sp.

33

6. REFERÊNCIAS

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2013

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