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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

COORDENAÇÃO DO CURSO DE GRADUAÇÃO

EM SERVIÇO SOCIAL

Projeto Político-Pedagógico

do

Curso de Graduação em Serviço social

João Pessoa (PB) 2002

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

PROF. JADER NUNES DE OLIVEIRA

Reitor

PROFª. IGUATEMY MARIA DE LUCENA MARTINS Pró-Reitora de Graduação

PROFª. MARIA YARA CAMPOS MATOS

Diretora do CCHLA

PROFª. MARIA DE FÁTIMA LEITE GOMES Chefe do Departamento de Serviço Social

PROFª. MARIA DE LOURDES MAGNO DE LUCENA

Coordenadora do Curso de Graduação em Serviço Social

PROFª. Darci Lacerda Pessoa Vice-Coordenadora do Curso de Graduação em Serviço Social

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COMISSÃO DE ELABORAÇÃO DO PROJETO

Profª. Aldenira Maria de Arruda (1ª e 2ª fases)

Profª. Me. Darci Lacerda Pessoa (presidente) Profª. Me. Edna Tânia Ferreira da Silva

Profª. Isá da Cunha Paiva Barreto Profª. Me. Márcia Emília Rodrigues Neves

Profª. Me. Maria Auxiliadora Leite Botelho (1ª fase) Profª. Me. Maria de Fátima Leite Gomes

Profª. Me. Maria de Lourdes Magno de Lucena (3ª fase) Profª. Me. Maria Nilza Ramalho Cirne

Profª. Me. Vanda Maria de Sousa Alvarenga

ASSESSORES: Profª. Drª. Bernadete de Lourdes Figueiredo de Almeida (1ª e 2ª fases)

Profª. Me. Darci Lacerda Pessoa (3ª fase) Profª. Me. Giacomina Magliano de Morais (1ª fase)

Profª. Drª. Maria Aparecida Ramos de Menezes (2ª e 3ª fases) Profª. Drª. Maria de Fátima Melo do Nascimento (2ª e 3ª fases)

Profª. Drª. Maria de Lourdes Soares (3ª fase) Profª. Drª. Patrícia Barreto Cavalcanti (2ª e 3ª fases)

COLABORADORES:

Profª. Me. Maria das Graças Miranda Ferreira da Silva (substituto) Profª. Me. Patrícia Crispim Moreira (substituto)

Profª. Me. Terçália Suassuna Vaz Lira (substituto) Profª. Me. Thereza Karla de Souza Melo (substituto)

Profª. Drª. Virgínia Ângela Menezes de Lucena e Carvalho

ALUNOS: Ana Lívia Adriano

Kathleen Elane Leal Vasconcelos Nívia Cristiane P. da Silva

CRESS: REPRESENTAÇÃO

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Desconfiai do mais trivial na aparência singela e examinai,

sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar.

B. Brecht.

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SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS ........................................................................................................... 08

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ 10

1. IDENTIFICAÇÃO................................................................................................................... 11

2. INTEGRALIZAÇÃO CURRICULAR.................................................................................... 12

3. APRESENTAÇÃO................................................................................................................... 14

4. JUSTIFICATIVA..................................................................................................................... 18

5. HISTÓRICO: EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS....................................................................... 23

6. PERFIL DO BACHAREL EM SERVIÇO SOCIAL............................................................... 36

7 CONCEPÇÃO DO CURSO .................................................................................................... 37

7. OBJETIVOS............................................................................................................................. 39

8. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO FORMANDO..................................................... 41

9. PRINCÍPIOS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL................................................................ 44

10. LÓGICA CURRICULAR........................................................................................................ 46

10.1 - NÚCLEOS................................................................................................................... 46

10.2 - DISCIPLINAS E CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS (Departamento de Serviço

Social)..........................................................................................................................

63

10.3 - SEMINÁRIOS TEMÁTICOS, JORNADAS E ENCONTROS CIENTÍFICOS........ 64

10.4 - OFICINAS PRÁTICAS E PEDAGOGIA DE PROJETOS........................................ 65

10.5 - OUTRAS ATIVIDADES COMPLEMENTARES...................................................... 66

10.6 - DISCIPLINAS E CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS ELETIVOS (do

Departamento de Serviço Social e de outros departamentos)......................................

67

10.7 - EXTENSÃO, ESTÁGIO SUPERVISIONADO E TRABALHO DE CONCLUSÃO

DE CURSO (TCC)......................................................................................................

69

10.8 - FLUXOGRAMA DO CURSO DIURNO .................................................................. 77

10.9 - FLUXOGRAMA DO CURSO NOTURNO.............................................................. 78

11 ARTICULAÇÃO GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO.................................................... 79

12. EMENTÁRIO E REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO........................................................... 87

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12.1 - DISCIPLINAS E CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DO NÚCLEO

HISTÓRICO-METODOLÓGICO DA VIDA SOCIAL ............................................ 95

12.2 - DISCIPLINAS E CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DO NÚCLEO

FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DA SOCIEDADE BRASILEIRA ................... 103

12.3 - DISCIPLINAS E CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DO NÚCLEO

FUNDAMENTOS DO TRABALHO PROFISSIONAL ........................................... 121

12.4 - DISCIPLINAS E CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DO DEPARTAMENTO

DE SERVIÇO SOCIAL (OPTATIVOS).................................................................... 138

13. SISTEMA DE EQUIVALÊNCIA........................................................................................... 139

14. REFERÊNCIAS....................................................................................................................... 143

ANEXOS.................................................................................................................................. 145

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LISTA DE QUADROS

QUADRO I Diplomados no Curso de Graduação em Serviço Social (1973-

2002.1)................................................................................................... 25

QUADRO II Diplomados no Curso de Graduação em Serviço Social (1995-

2002.1)................................................................................................... 29

QUADRO III Previsão de Diplomados no Curso de Graduação em Serviço

Social..................................................................................................... 30

QUADRO IV Articulação dos períodos – curso

diurno.................................................................................................... 44

QUADRO V Articulação dos períodos – curso

noturno.................................................................................................. 46

QUADRO VI Núcleos.................................................................................................. 48

QUADRO VII Disciplinas e conteúdos programáticos do núcleo A .......................... 50

QUADRO VIII Disciplinas e conteúdos programáticos do núcleo B .......................... 51

QUADRO IX Disciplinas e conteúdos programáticos do núcleo C .......................... 52

QUADRO X Disciplinas optativas eletivas (ofertadas pelo DSS para outros

cursos).................................................................................................... 61

QUADRO XI Disciplinas optativas (ofertadas por outros

departamentos)....................................................................................... 68

QUADRO XII Equivalência de disciplinas obrigatórias ofertadas pelo Departamento de Serviço

Social...................................................................................

121

QUADRO XIII Equivalência de disciplinas obrigatórias de outros

departamentos........................................................................................ 122

QUADRO XIV Disciplinas e conteúdos programáticos optativos (equivalência com o currículo de

1987)..................................................................................

123

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LISTA DE TABELAS

TABELA I Conteúdos Programáticos................................................................ 42

TABELA II Disciplinas e conteúdos básicos e profissionais.............................. 54

TABELA III Disciplinas e Conteúdos Programáticos Complementares

Obrigatórios..................................................................................... 55

TABELA IV Disciplinas e Conteúdos Programáticos Complementares

Optativos.......................................................................................... 57

TABELA V Seminários Temáticos, Jornadas e Encontros

Científicos........................................................................................ 58

TABELA VI Oficinas Práticas e Pedagogia de

Projetos............................................................................................ 59

TABELA VII Outras Atividades complementares................................................. 60

TABELA VIII Disciplinas Optativas Eletivas (obrigatórias no currículo de

1987)................................................................................................ 60

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1. IDENTIFICAÇÃO

NOME DO CURSO: GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

HABILITAÇÃO: BACHARELADO

CRIAÇÃO: Resolução n.º 8 do CONSEPE, de 17 de outubro de 1969.

RECONHECIMENTO: Decreto Presidencial nº 77.796, de 09 de junho de

1976.

CURRÍCULO MÍNIMO: Resolução nº 6 do Conselho Federal de Educação, de 23 de

setembro de 1982, Parecer 412/82.

CURRÍCULO PLENO: Resolução nº 9 do CONSEPE, de 15 de jane i ro de 1987.

CÓDIGOS DOS CURSOS POR TURNOS:

Diurno (vespertino):14314100

Noturno: 14314200

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

RESOLUÇÃO: Nº . 53 /2003 do CONSEPE - APROVAÇÃO: 31/12/2003.

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2. INTEGRALIZAÇÃO CURRICULAR

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Carga horár ia do curso : 3 .120 horas (208 créd i tos)

Tempo mínimo de duração do curso:

Curso diurno: 8 períodos letivos

Curso noturno: 10 per íodos le t ivos

Tempo máximo de duração do curso:

Curso d iurno: 12 per íodos le t ivos

Curso noturno: 15 per íodos le t ivos

Tempo ideal para Integralização curricular:

Curso d iurno: 8 per íodos le t ivos

Curso noturno: 10 per íodos le t ivos

Vagas Ofertadas:

Curso diurno (vespertino): 45 vagas — 1º semestre

Curso noturno: 45 vagas — 2º semest re

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Oferta de disciplina e conteúdos programáticos

Oferta mínima de disciplinas e conteúdos programáticos por

período regular: 06 (seis) nos 05 (cinco) primeiros períodos escolares para o

curso diurno e 05 (cinco) nos 07 (sete) primeiros períodos escolares para o

curso noturno. As situações excepcionais serão resolvidas pela Coordenação

do Curso de Graduação em Serviço Social.

Número máximo de créditos por período:

O curso diurno terá 30 (trinta) créditos por período e o curso noturno, 24 (vinte

e quatro), podendo, nos períodos que o aluno se matricular nas disciplinas Estágio

Supervisionado I e Estágio Supervisionado II chegar a 34 (trinta e quatro) créditos para o

turno diurno e 26 (vinte e seis) para o noturno.

CURRÍCULO DE 1987:

Carga horária total: 3.120 horas

Tempo mínimo de duração do curso:

Curso diurno: 8 períodos letivos

Curso noturno: 10 períodos letivos

Tempo máximo de duração do curso: Curso diurno: 14 períodos letivos

Curso noturno: 14 períodos letivos

Número de créditos máximos por período: 27 (vinte e sete)

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3. APRESENTAÇÃO

A intervenção na questão social : o surgimento do Serviço Social nas sociedades capi ta l is tas . (NETTO,1989)

A história do Serviço Social consiste, acima de tudo, nas formas de

intervenção no trato das múltiplas expressões da questão social que passaram a emergir com a

formação e com a consolidação das sociedades burguesas. Sem dúvida, são as metamorfoses

da questão social e as suas respectivas formas de intervenção – articuladas com os interesses

do capital – que vão sinalizar as características históricas do Serviço Social. Assim, ao

analisarem-se as origens históricas do Serviço Social, constata-se que a sua emersão encontra-

se articulada com a questão social decorrente do desenvolvimento da sociedade burguesa. Em

outros termos: o Serviço Social surge e solidifica-se como profissão, em face da necessidade

do capital, de intervir na questão social.

Diante des ta cons ta tação , a f i rma-se ser impensável es tudar ana l i t icamente a

h is tór ia do Serv iço Socia l , se es ta não se inser i r nas formas de in tervenção – urd idas pe las

c lasses burguesas – nos a jus tes da ques tão soc ia l , no decurso do processo capi ta l i s ta .

Segundo Paulo Net to ( 1 ) o melhor e ixo ana l í t ico de ta l es tudo é a c r í t ica

marxista . E le expl ica :

( . . . ) tan to a obra marxiana quanto o Serv iço Socia l são impensáveis fo ra do âmbi to da soc iedade burguesa . De fa to , ambas têm como subs t ra to imedia to o que es tá s ina l izado ( . . . ) sob o ró tu lo de “ques tão soc ia l” – va le d izer , ( . . . ) o conjunto de problemas econômicos , soc ia is , po l í t icos , cu l tura is e ideológicos que cerca a emersão da c lasse operár ia como su je i to sóc io -pol í t ico no marco da soc iedade burguesa . (1989, p .90) .

(1) ( PAULO NETO, José. O Serviço Social e a tradição marxista. In: Serviço Social e Sociedade nº 30.

São Paulo: Editora Cortez, 1989.

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O Serv iço Socia l , pe lo fa to de te r emergido dos in teresses burgueses no

t ra to da ques tão soc ia l , to rna-se re fém (ou a t re lado) das conformações que es ta ques tão

adquire , ao longo da His tór ia e a té os d ias a tua is , em que o capi ta l passa a perder o

in te resse em in terv i r sobre a ques tão soc ia l . A par t i r de en tão , p rocessa-se um

des locamento no t ra to des ta que sa i do âmbi to do Es tado (no a tendimento aos in te resses

burgueses) para a esfera do pr ivado ou do públ ico porém pr ivado. Com efe i to , o ag i r na

ques tão soc ia l re torna às or igens , ao resga tar as ve lhas roupagens f i lan t rópicas , com for tes

mat izes re l ig iosas , pa t r imonia l i s tas e personal is tas . sO deslocamento da questão social da

esfera pública governamental para a pública não-governamental – o discurso da

“SOLIDARIEDADE”.

1 . A anál ise de conjuntura dos anos de 1990: o “ f im-de- tudo” , a c r i se de soc iab i l idade e a

barbár ie soc ia l :

a ) a cu l tura da cr ise – d iscurso dominante (parcer ias) - e o neol ibera l i smo, ambos

como es t ra tég ias de pr iva t ização;

b) a nova (des)ordem econômica: a mundia l ização dos capi ta is – formação dos b locos

econômicos – e o neocolonia l i smo do mercado;

c ) a era do g lobal ismo – o novo pa lco da His tór ia (a par t i r do desabamento do mundo

b ipolar izado en t re capi ta l i smo e comunismo);

d) as novas conformações do capi ta l : o novo c ic lo do capi ta l , as a l te rações no mundo

do t raba lho , o pós- ford ismo, a rees t ru turação produt iva e a f lex ib i l ização

produt iva ;

e ) a cr ise do pensamento soc ia l : rac ional ismo versus sub je t iv idade .

2 . A formação e consol idação do Es tado neol ibera l bras i le i ro e o desmonte do Welfare

S ta te : a lóg ica da apar tação soc ia l .

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3 . O agudizamento da ques tão soc ia l :

a ) o quadro de misér ia e de exc lusão soc ia l ;

b ) a v io lênc ia urbana e rura l ;

c ) a exploração e o abandono de cr ianças e adolescentes ;

d ) o desemprego es t ru tura l e as es t ra tég ias do não- t raba lho .

4 . As formas emergentes da soc iedade c iv i l no enfren tamento da “ques tão soc ia l” : o

des locamento da esfera governamenta l para o âmbi to não-governamenta l – o

surg imento do te rce i ro se tor (ONGs) , as prá t icas soc ia is dos conse lhos , a “comunidade

so l idár ia” e tc . ;

a ) o d iscurso da so l idar iedade – novo pac to de soc iab i l idade;

b) a re tomada da re l ig ios idade , do pa t r imonia l i smo e do personal ismo;

c ) a contrad ição en t re f i lan t ropia e c idadania .

5 . As a tua is demandas soc ia is pos tas à prof issão do ass is ten te soc ia l – o des locamento do

locus da prá t ica prof iss ional : do públ ico governamenta l para o públ ico não-

governamenta l . Avanços e re t rocessos .

6 . As novas formas de enfren tamento da ca tegor ia , em face dos impasses da

contemporaneidade 1

1 Texto elaborado pela Professora Drª BERNADETE DE LOURDES FIGUEIREDO DE ALMEIDA, do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal da Paraíba.

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4. JUSTIFICATIVA

O Curso de Graduação em Serviço Social da Universidade

Federal da Paraíba justifica esta reforma curricular, ante a urgência de

reorientar e revisar o processo de formação de bacharéis em Serviço Social,

tendo em vista a capacitação ético-política, teórico-metodológica e técnico

-operativa para o enfrentamento da questão social e ampliação e consolidação

da democracia e da cidadania no Brasil.

As últimas décadas, culminando com a globalização nos anos de

1990, trouxeram, em escala mundial, modificações sóciopolíticas, econômicas

e culturais, que interferiram nos referenciais e na materialidade das diferentes

profissões e obrigaram-nas a proceder à revisão dos currículos existentes em

busca de novos parâmetros profissionais ou projetos político-pedagógicos que

dessem respostas objetivas e práticas a essa nova realidade, superando as

rígidas “grades” disciplinares que estruturam os currículos ainda em vigor.

O processo de reestruturação dos cursos de Serviço Social, em

todo o Brasil, foi pensado pelo conjunto dos docentes, discentes e assistentes

sociais, representados por seus órgãos deliberativos, e pelo conjunto de

representações das seguintes categorias ABESS (Associação Brasileira de

Ensino de Serviço Social), hoje ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e

Pesquisa em Serviço Social); CFESS (Conselho Federal de Serviço Social);

CRESS (Conselho Regional de Serviço Social); ENESSO (Executiva Nacional

dos Estudantes de Serviço Social) e Sindicatos de Assistentes Sociais.

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Foram priorizadas ações articuladas em níveis macro e micro,

visando-se à construção de um projeto político-pedagógico que não só se

limitasse à construção de um novo rearranjo curricular, mas também

desenvolvesse uma proposta capaz de romper com a dicotomia teoria-prática e

situasse a questão social , que se consubstancia como base sócio-histórica de

intervenção do Serviço Social.

As mudanças no padrão de acumulação e de regulação social

redimensionam a atuação ante as novas demandas para a ação profissional,

expressando seu caráter histórico de construção coletiva, centrado nas novas

exigências teórico-metodológicas para instrumentação do exercício

profissional.

Nesta perspectiva, o Projeto Político-Pedagógico do Curso de

Serviço Social da Universidade Federal da Paraíba foi construído

coletivamente nestes últimos anos, embasado na Lei de Diretrizes e Bases da

Educação (LDB) e no Projeto Ético-Político da profissão, conforme seu atual

Código de Ética (Lei 8662/93).

A partir de 1994, foram realizados encontros, oficinas,

congressos, em fóruns locais, regionais e nacionais, que subsidiaram a

produção de documentos, pautados na flexibilização, reestruturação e

viabilização de uma nova proposta de curso de Serviço Social, atentando-se

para um novo perfil profissional, estrutura geral do curso, peculiaridades

locais e regionais, dimensão ético-político-pedagógica da formação

profissional, interdisciplinaridade e articulação entre a graduação e a pós

-graduação.

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O modelo curricular de 1987 já não mais responde às exigências

da realidade sócio-histórica contemporânea. Sua aplicabilidade apresenta

impasses decorrentes dos seguintes fatores:

1) profundas modificações no mundo do trabalho e nas relações entre Estado

e sociedade civil;

2) crise da reprodução social dos contingentes excluídos;

3) metamorfose da questão social e das novas formas de seu enfrentamento;

4) redefinição dos direitos sociais garantidos na Constituição de 1988;

5) novos demandatários do Serviço Social.

A estes elementos acrescentam-se outros, tais como:

1) grade curricular rígida e excessivas disciplinas obrigatórias;

2) número excessivo de disciplinas e de pré-requisitos que retêm o aluno;

3) sistema rígido de pré-requisitos, o qual inviabiliza a solicitação de

disciplinas, procedentes de outros cursos.

4) desarticulação entre os conteúdos das várias disciplinas;

5) ementário com conteúdo defasado;

6) tratamento desordenado de questões temáticas significativas ao serviço

social contemporâneo;

7) disciplinas complementares normatizadas no rol de obrigatórias.

Com a aprovação da nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases), o

Ministério da Educação, através da SESu (Secretaria do Ensino Superior),

convocou as IES (Instituições de Ensino Superior) para reestruturarem seus

cursos. Atendendo a esta ordem, a UFPB, através da PRG (Pró-Reitoria de

Graduação), realizou em 1998 dois encontros (um em João Pessoa e outro em

Campina Grande) com as coordenações de graduação das três áreas de

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conhecimento: Ciências Humanas e Sociais, Ciências da Saúde e Tecnologia.

A coordenadora do Curso de Serviço Social participou de ambos e o produto

deste trabalho entregue à PRG foi enviado ao MEC/SESu. A referida

coordenadora do Curso de Serviço Social foi convocada pela PRG em 9-12-

1998 para uma reunião. Nessa ocasião, foi entregue um documento com a

versão do MEC/SESu – Diretrizes Curriculares para o Curso de Serviço

Social.

A Comissão de Reforma Curricular do Curso de Serviço Social do

CCHLA (UFPB), designada pelo Departamento de Serviço Social, estudou e

analisou o documento, propondo reformulações que foram repassadas à PRG,

em 18-12-98. Preparou e apresentou, no Encontro Regional de ABESS, em

Fortaleza (out de 1998), a versão atualizada, proposta para o Curso de Serviço

Social da UFPB.

Em março de 1999, a PRG encaminhou à Coordenação a última

versão das Diretrizes Curriculares para o Curso de Serviço Social, emanada

da Comissão de Especialistas de Ensino de Serviço Social da SESu, consoante

proposta discutida pela categoria dos assistentes sociais na década de 1990.

A partir de abril de 1999, a Comissão do Departamento de

Serviço Social reúne-se sistematicamente, a fim de elaborar a proposta ético

-político-pedagógica para a graduação em Serviço Social, com base nas

Diretrizes Curriculares Nacionais aprovadas desde 1997 e centradas nas novas

relações sociais, mediações, articulação sujeito - objeto. Procurando enfatizar

a indissolubilidade entre ensino, pesquisa e extensão , definindo a criação de

três núcleos que agrupam as matérias-disciplinas-conteúdos do novo currículo

do curso, num processo que exige vinculação, reciprocidade e

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interdisciplinaridade :

a) Núcleo de Fundamentos Teórico-Metodológicos da Vida Social;

b) Núcleo de Fundamentos da Formação Sócio-Histórica da Sociedade

Brasileira;

c) Núcleo de Fundamentos do Trabalho Profissional.

A implementação deste projeto tem como suporte a capacitação

docente e a avaliação continuada, com o emprego de uma metodologia que

responda concretamente ao Projeto Político-Pedagógico do Curso de

Graduação em Serviço Social.

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5. HISTÓRICO: EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS

Os marcos históricos da formação profissional do assistente

social, no Brasil, inclusive na Paraíba, com a criação do Curso de Serviço

Social na antiga Escola de Serviço Social e, posteriormente, na Universidade

Federal da Paraíba, se expressam distintamente em cada momento histórico:

Primeiro momento (1936 - 1945)

A formação profissional do Assistente Social dá-se a partir da

influência européia, através do Modelo Franco-Belga, o qual se fundamenta

na linha de apostolado de “servir ao outro”, tomando por base o princípio

neotomista de salvar o “corpo e a alma”, por ambos constituírem-se numa

unidade. O centro das preocupações era a família , como base da reprodução

material e ideológica da força de trabalho, priorizando a ação assistencialista,

dirigida às seqüelas materiais da exploração capitalista.

No contexto de desenvolvimento da formação do assistente

social, neste momento que o capitalismo industrial consolidou sua liderança

mundial (final do século XIX e começo do século XX e, na América Latina,

na década de 1920), iniciou-se a hegemonia do capital industrial sobre o

comercial e a criação do trabalho assalariado passou a atenuar os efeitos das

contradições capital - trabalho . Neste contexto, os eixos da formação

profissional do assistente social configuravam-se da seguinte forma:

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1) Formação científica ― A formação científica é construída mediante

disciplinas, como: Sociologia, Psicologia, Biologia e Filosofia, a fim de

permitir o conhecimento do homem em sua vida física, psicológica,

econômica, moral e jurídica. Destaca-se nisso o estado “normal” e

“anomia” a que o indivíduo está sujeito, objetivando-se criar o hábito no

uso da lógica e da objetividade ante a realidade, tendo-se como resultado

um ecletismo de concepções que dificultavam o instrumental de análise da

realidade social.

2) Formação técnica ― Tendo por base a prática, devendo ensinar como

combater os “males ou patologias sociais”. O assistente social tentava

imprimir as primeiras sistematizações de sua prática.

3) Formação moral e doutrinária ― Sua referência eram os princípios

filosófico-morais cristãos. A formação profissional era baseada no

neotomismo e o assistente social deveria tornar-se convicto destes

princípios. No contexto que o Estado propunha-se como efetivo

instrumento da paz na sociedade, o Serviço Social surgia então para operar

a benemerência, aliviando os “males sociais” da época.

Segundo momento (1945 - 1962)

Neste período, a formação profissional do assistente social dava

ênfase à instrumentalização técnica , valorização do método, diminuindo a

influência neotomista para os pressupostos funcionalistas. A formação teórica

passou a se constituir com base no binômio homem - sociedade,

permanecendo, porém, a influência católica até à década de 1960, quando as

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escolas de serviço social começaram a integrar o conjunto dos centros

universitários. Ressalte-se que os pressupostos positivistas apresentavam-se

com os métodos e não em quadro teórico explícito. Com a influência norte-

americana, foram importados os métodos de Serviço Social de Caso, Serviço

Social de Grupo e Organização de Comunidade, posteriormente

Desenvolvimento de Comunidade.

Neste contexto, o pensamento europeu na formação profissional

perde sua hegemonia para a influência norte-americana. Os Estados Unidos,

ao expandirem sua economia e a ideologia desenvolvimentista na América

Latina, passaram a ter o controle econômico-político, principalmente

mediante programas de assistência técnica e de ajuda financeira.

A formação profissional do Serviço Social constrói-se na

perspectiva metodológica tradicional, com ênfase no desenvolvimento de

comunidade, cujos procedimentos técnicos e fundamentos teóricos, advêm das

ciências sociais, da perspectiva sistêmico-funcionalista. Essa base científica e

técnica na profissão preparavam o assistente social como mão-de-obra capaz

de executar programas sociais que viabilizassem soluções modernizantes e

necessárias ao modelo desenvolvimentista. No Brasil, o Estado apresentava-se

como órgão gestor do bem comum, situando-se além das classes sociais, e,

ideologicamente, que se atribuía à neutralidade da ciência, no trato dos

interesses sociais.

Em 1951, foi criada e instalada, na cidade de João Pessoa, a

Escola de Serviço Social: “A Sociedade Feminina de Instrução e Caridade”,

ordem religiosa fundadora do Serviço Social na Paraíba, com sede em

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Campinas (SP). Foi reconhecida pelo Decreto Presidencial nº 39.332, de 8 de

junho de 1956.

A primeira turma daquela escola graduou-se em 1956. Seu corpo

docente e o discente vivenciaram intensamente os três momentos conjunturais

da evolução teórica e metodológica. Expressaram clara simbiose quanto aos

aspectos religiosos do Catolicismo e pretensa neutralidade técnica, inspirada

no modelo norte-americano, que se voltava principalmente para o ajustamento

da família, ressaltando-se que o esforço para adaptá-la tanto à realidade como

ao Serviço Social de Caso, Serviço Social de Grupo e Serviço Social de

Organização e Desenvolvimento de Comunidade.

Em 12-12-1960, mediante do Decreto-Lei nº 3.835, essa Escola,

de caráter particular confessional, foi agregada à Universidade Federal da

Paraíba.

O Parecer 424 de 6/12/1967, da SESu, não incluiu o Curso de

Serviço Social na nova estrutura da UFPB. Esta instituição optou pela criação

de um novo curso de Serviço Social. Essa Escola, na Paraíba, formou

duzentos e quarenta e nove bacharéis em Serviço Social e, com a última turma

de formandos, em 1972, teve seu acervo documental repassado à Universidade

Federal da Paraíba.

Terceiro momento (1962 - 1982)

O currículo mínimo (aprovado pelo Conselho Federal de

Educação, em 1970), exigido para a instalação do Curso de Serviço Social na

Universidade Federal da Paraíba, refletia, tardiamente, a assimilação da

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ideologia desenvolvimentista feita pelo Serviço Social. Expressava maior

preocupação cientificista com o método de Serviço Social de Caso e com a

inclusão da Teoria do Serviço Social como disciplina “científica” na formação

profissional.

Em 1965, o Movimento de Reconceituação do Serviço Social

emergiu no Brasil. Volta-se, predominantemente, para os programas de

desenvolvimento social definidos pelo governo, sem ruptura com o Serviço

Social tradicional. Nesta perspectiva, permaneceu por mais uma década, ao

contrário do que se dava no resto do continente, no âmbito da formação

tradicional, que, vinculada ao poder dominante, adotava a via metodológica

para repensar ou criar novos instrumentos na concepção tradicional do

Serviço Social.

O contexto histórico culminou com a Revolução Cubana, a qual

desencadeadora de conturbados acontecimentos de ordem política na América

Latina, que com a crise do modelo urbano-industrial dependente, traz como

conseqüência o crescimento do inconformismo popular. A estrutura do poder

político foi, então, a principal causa do “atraso social”, agitado na luta contra

as forças internas e contra a hegemonia norte-americana neste continente. A

comunidade científica, em especial as relativas às disciplinas de Ciências

Humanas e Sociais, que relacionaram o problema da dependência com o

enfoque crítico-dialético de análise de Fernando Henrique Cardoso, Enzo

Faletto e Celso Furtado. Seguindo as tendências expressas no Movimento de

Reconceituação do Serviço Social, a formação profissional sinaliza como

associada ao caráter científico da profissão a dimensão política de sua

prática:

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1) Tendência voluntarista ―Com esta tendência, os trabalhadores sociais se

propunham ser os agentes populares de mudanças, e não mais da estabilidade

social, opondo-se à ideologia assistencialista sem questionar a ideologia

dominante.

2) Tendência determinista ― O Serviço Social não seria apenas o

perpetuador dos interesses dominantes da sociedade; a prática institucional

negada teria como alternativa a militância política para o profissional.

3) Tendência neo-assistencialista ― Esta tendência sinalizava o

desenvolvimento instrumental da formação profissional e a tendência de

vinculação do Serviço Social aos quadros populares, reconhecendo o peso

político da ação profissional. No contexto do Estado repressor e

assistencialista, o Curso de Graduação em Serviço Social foi criado na

Universidade Federal da Paraíba, no bojo da Reforma Universitária de 1969 e

1970, quando se estruturou o ciclo básico por áreas (I, II, III). Em 1971, doze

alunas, ao concluírem o primeiro ciclo básico da área III, fizeram opção pelo

Curso de Serviço Social vinculado, na época, ao Instituto Central de Filosofia

e Ciências Humanas (ICFCH).

No início de 1974, uma reforma estrutural unificou este Instituto

com Instituto Central de Letras (ICL), surgindo em 25-3-1974 o Centro de

Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), onde se inseriu o Curso de

Serviço Social, que foi reconhecido pelo Decreto-Lei nº 77.796, de 9-6-1976.

A primeira turma de bacharéis em Serviço Social graduou-se em 15-12-1973

e, até o período 2002.1, o Curso graduou 1.743 bacharéis em Serviço Social

(Quadro I).

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QUADRO I

DIPLOMADOS NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL DA UFPB

PERÍODO DIPLOMADOS 1973 a 1979 333 1980 a 1989 682 1990 a 1999 585

2000 a 2002.1 143 Total Geral 1743

Fonte primária: Coordenação do Curso de Graduação em Serviço Social da UFPB (2002).

Quarto momento (1982 - 1996)

A formação profissional, neste período, instrumentalizou o

assistente social para ele se engajar na perspectiva de ação profissional

efetiva e comprometida com os interesses da população, articulando a

perspectiva de apoio direto aos movimentos sociais com a prática

institucional predominante no Serviço Social.

Contexto – Conforme modelos clássicos, o período pós-milagre

brasileiro, caracterizado pelo decréscimo da economia e pelo retorno ao

processo inflacionário, seriamente agravado a partir de 1980, preconizou a

abertura política do regime, com a pressão do povo e das instituições da

sociedade civil como estratégia de sobrevivência do próprio sistema de

governo.

Eixo da formação – A formação do assistente social começou a

ser questionada, no quadro geral da sociedade brasileira, com a rearticulação

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e surgimento de novas forças políticas, em cujo contexto se destacam o

movimento estudantil e o movimento de organização da categoria dos

assistentes sociais. Buscaram, nesse novo contexto, novas teorias e novas

alternativas de prática, propondo-se um compromisso profissional. Segmentos

do Serviço Social assumiram a perspectiva dialética marxista, formulando um

quadro de categorias que permitiam o entendimento global da sociedade

estrutural e conjuntural, no tempo que os assistentes sociais aliaram-se aos

movimentos populares, visando à perspectiva transformadora da sociedade.

Iniciaram-se as discussões sobre a questão da formação

profissional e da revisão curricular como processo amplo, com conteúdo e

metodologia de ensino, baseados na prática profissional concreta do assistente

social, neste momento histórico. O marco do projeto profissional dos anos de

1980 atribuiu significado social à profissão, como especialização do trabalho

coletivo, inserida na divisão sócio-técnica do trabalho. Essa perspectiva

destaca, fundamentalmente, a historicidade do Serviço Social e a evolução das

relações entre as classes sociais e destas com o Estado.

Nos anos de 1980, o Curso implantou a reforma curricular, sob a

orientação da ABESS (Associação Brasileira de Ensino de Serviço Social) e

da UFPB. Esta Universidade sediou a Pesquisa Nordeste sobre a Prática

Profissional dos Assistentes Sociais e incentivou o ensino e a prática

profissional, com a criação (1978) do primeiro curso de mestrado em Serviço

Social no Nordeste.

Ante a demanda significativa de alunos interessados em

freqüentar a universidade no período noturno, por já estarem inseridos no

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mercado de trabalho, o Departamento de Serviço Social encaminhou, em

1990, a criação do curso noturno, tendo sua primeira turma ingressado no

período 91.1. O curso noturno tem o mesmo padrão curricular do diurno;

entretanto, o aluno permanece na universidade por, no mínimo, dez semestres.

A extinção das disciplinas Estudos de Problemas Brasileiros I e

Estudos de Problemas Brasileiros II, além de algumas adaptações na grade

curricular, possibilitou ao alunado do curso noturno a integralização

curricular em dez semestres e a do curso diurno em oito.

Formação Profissional – A compreensão de formação

profissional revelada historicamente no processo de construção da profissão,

assumida fundamentalmente nas diretrizes gerais para o Curso de Serviço

Social de 1996, é a da formação como educação continuada, como

desenvolvimento de competências a longo prazo. Tal construção essa, que

ocorre no exercício da prática profissional e social, mediante um

entrosamento entre os diversos segmentos envolvidos no processo.

(...) a formação profissional vai se construindo no exercício da prática profissional e social do Assistente Social e, vai adquirindo consistência à medida em que o profissional se reconhece e se aceita como membro efetivo da categoria e, ao mesmo tempo, apropria-se do significado sócio-histórico da profissão. (...) A formação profissional do Assistente Social inicia-se no curso de graduação, mas, como processo, significa o desenvolvimento de habilidades (em nível intelectual, teórico e técnico-operativo), necessário ao desempenho profissional, implicando a capacidade de respostas às demandas institucionais profissionais do Serviço Social na sua relação histórica com a sociedade. (PINTO, 1997, p. p.45-46).

Isso pressupõe a compreensão do estágio e da supervisão, além

de outras atividades de ensino, pesquisa e extensão. Trata-se de um momento

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privilegiado no ensino e aprendizado da profissão vinculada a uma proposta

específica de formação profissional, cuja direção depende de um projeto

político do Curso.

Quinto momento (de 1996 aos dias atuais)

Direção social da proposta – A direção social deste novo projeto de

formação profissional reafirma o compromisso com a transformação social e

tem como horizonte à superação da ordem capitalista. Sua construção tem se

efetivado no debate entre diferentes projetos societários e profissionais,

definindo-se como hegemonia na processualidade dos confrontos das

diferentes vertentes teórico-político-ideológicas, presentes à profissão.

Dentre as condições para o alcance da proposta, destacam-se

duas:

a) A formação articulada com a base da pesquisa e sob a ótica pluralista.

Esta condição permite aos docentes, além das demais profissionais

responsáveis pela formação profissional dos assistentes sociais, a

apropriação de polêmicas existentes no interior da tradição marxista e

destas com outras vertentes teóricas das ciências sociais;

b) A qualificação do corpo docente e de outros assistentes sociais envolvidos

no processo de formação profissional para o ensino dos conteúdos

relativos à tradição marxista. Esta condição possibilita aos mesmos

profissionais o acesso às fontes originais dessa tradição, bem como a

interlocução das teorias sociológicas, das suas matrizes teóricas e da

formação pluralista.

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Pressupostos da formação profissional

1) O Serviço Social se particulariza, nas relações sociais de produção e

reprodução da vida social, como uma profissão interventiva no âmbito da

questão social , expressa pelas contradições do desenvolvimento do

capitalismo monopolista.

2) A relação do Serviço Social com a questão social – fundamento básico de

sua existência – é mediatizada por um conjunto de processos sócio-

históricos e teórico-metodológicos constitutivos do seu processo de

trabalho.

3) O agravamento da questão social , em face das particularidades do

processo de reestruturação produtiva no Brasil, nos marcos da ideologia

neoliberal, determina uma inflexão no campo profissional do Serviço

Social. Esta inflexão é resultante de novas requisições impostas pelo

reordenamento do capital e do trabalho, pela reforma do Estado e pelo

movimento de organização das classes trabalhadoras, com amplas

repercussões no mercado profissional de trabalho.

4) O processo de trabalho do Serviço Social é determinado pelas

configurações estruturais e conjunturais da questão social e pelas formas

históricas do seu enfrentamento, permeadas pela ação dos trabalhadores,

do capital e do Estado, por meio das políticas e lutas sociais.

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QUADRO II

DIPLOMADOS NO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DA UFPB (1995 – 2002.1)

ANO DIPLOMADOS

1995 47 1996 54 1997 63 1998 77 1999 54 2000 49 2001 68

2002.1 27 TOTAL 439

Fonte primária: Coordenação do Curso de Graduação em Serviço Social da UFPB (2002).

QUADRO III

PREVISÃO DE DIPLOMADOS NO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DA UFPB

PERÍODOS (2002.2 - 2003.2)

PERÍODO DIPLOMADOS

2002.2 60 2003.1 25 2003.2 65

TOTAL 150 Fonte primária: Coordenação do Curso de Graduação em Serviço Social da UFPB (2002).

Convém evidenciar um ponto que ju lgamos de ex t rema impor tância para o

novo pro je to : vem a ser a denominação dada pe la ca tegor ia prof iss ional (dos Ass is ten tes

Socia is ) de PROJETO ÉTICO-POLÍTICO -PEDAGÓGICO, por en tendê- lo como um

processo educat ivo amplo e , ac ima de tudo , como uma produção par t ic ipa t iva , envolvendo

o seguin te aspec to :

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[ . . . ] uma dis tr ibuição do poder e do saber [ . . . ] , possibi l idade de decidir na construção não apenas no “como” ou no “com que” fazer [ . . . ] , mas, também no “o que” e no “para que fazer . (GANDIN & GANDIN,1999, p .47) .

Tra ta-se de uma cons t rução co le t iva que buscou “[ . . . ] formular um

referencia l , ava l ia r uma prá t ica , p ropor e rea l izar uma nova prá t ica” ( Ib .p .47) . Para tan to ,

fo i prec iso ex is t i r “ [ . . . ] o saber que ve io de um conjunto de idé ias e um querer que nasceu

da pa ixão [ . . . ]” ( Ib . p .p . 47-49) e da vontade co le t iva do corpo docente des te

Depar tamento , de fazer va ler uma formação prof iss ional po l i t icamente compromet ida com

os pr inc íp ios da democrac ia , da c idadania , da equidade , da jus t iça soc ia l , dos d i re i tos

humanos , da p lura l idade , do respe i to às d i fe renças e tc .

As Dire t r izes Curr icu lares foram aprovadas por unanimidade , em 08 de

novembro de 1996, pe lo conjunto de unidades de ens ino f i l iado à ABESS, a tua l ABEPSS.

Elas s ina l izam a “ formação pre tendida” e a exce lência acadêmica a ser perseguida .

Resul ta ram de só l ida base teór ica -c r í t ica acumulada pe la ca tegor ia ao longo das

décadas de 1980 e 1990. Devem, por tan to , pautar a formulação dos curr ícu los p lenos , em

cada unidade acadêmica .

Em 2001, o Conse lho Nacional de Educação aprovou as Dire t r izes

Curr icu lares para o Curso de Bachare lado em Serv iço Socia l , tomando por base as

d i re t r izes e laboradas pe la Comissão de Especia l i s tas .

6. PERFIL DO BACHAREL EM SERVIÇO SOCIAL

O bacharel em Serviço Social é um profissional que atua nas

expressões da questão social, formulando e implementando propostas para seu

enfrentamento, por meio de políticas sociais públicas, empresariais, de

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organizações da sociedade civil e movimentos sociais. É dotado de formação

intelectual e cultural generalista crítica, competente em sua área de

desempenho, com capacidade de inserção criativa e propositiva, no conjunto

das relações sociais e no mercado de trabalho. Desenvolve trabalho coletivo e

comprometido com os valores e princípios da ética, dos direitos humanos e do

Projeto ético-político da profissão.

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7. CONCEPÇÃO DO CURSO

A formação profissional expressa uma concepção de ensino e aprendizagem em estreita

relação com a dinâmica da vida social, desenvolvendo competências para o exercício da prática profissional na

realidade sócio - institucional.

A perspectiva presente à nova lógica curricular que concebe o currículo do Curso de

Graduação em Serviço Social da Universidade Federal da Paraíba reafirma o trabalho como categoria central do

ser social. Contudo, o trabalho do Assistente Social se reafirma nos processos de produção e reprodução da vida

social, sendo afetado pelas alterações dessas relações que, por sua vez, alteram as demandas profissionais.

O marco de redefinição do projeto profissional confere significado ao Serviço Social como

especialização do trabalho coletivo inserido na divisão sócio-técnica do trabalho. Esta perspectiva aponta os

seguintes pressupostos:

1. O Serviço Social se particulariza como uma profissão interventiva no âmbito da questão

social, expressa pelas contradições do sistema capitalista;

2. A relação do Serviço Social com a questão social, elemento básico da sua existência, se

expressa mediante um conjunto de processos;

3. O processo de trabalho do Serviço Social é circunstanciado pelas configurações estruturais e

conjunturais das expressões da questão social.

Com base nessa compreensão, o processo de trabalho do Assistente Social constitui-se a partir

de fundamentos teórico-metodológicos, assegurando a qualificação para a intervenção profissional nos processos

sociais.

Deste modo, a concepção que estabelece o projeto de formação profissional está articulado a

um conjunto de conhecimentos organizados em três núcleos. São eles: o núcleo de fundamentos teórico-

metadológicos da vida social, concebido como os fundamentos para a compreensão do ser social, enquanto este

representa a totalidade histórica; o núcleo de fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade brasileira

que remete ao conhecimento da constituição econômico-social, política e cultural desta sociedade, na sua

configuração dependente, urbano-industrial, nas diversidades regionais e locais, articulado com a análise da

questão agrária e agrícola, como um elemento fundamental da particularidade histórica nacional; o núcleo de

fundamentos do trabalho profissional, que considera a profissionalização do Serviço Social como especialização

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do trabalho e sua prática como concretização de um processo de trabalho que tem como objeto as múltiplas

expressões da questão social.

A formação desses três núcleos estrutura os conteúdos básicos para a compreensão do processo

de trabalho do Assistente Social, desdobrando-se em conhecimentos que, pedagogicamente, definem os

componentes curriculares.

7. OBJETIVOS

Objetivo geral:

Garantir uma formação abrangente que articule ensino, pesquisa e

extensão, e que possibilite a capacitação teórico-metodológica, ético-política

e técnico-operativa do Assistente Social.

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Objetivos específicos:

1) Instrumentalizar o aluno na elaboração de análises críticas dos

determinantes estruturais e conjunturais, condicionantes da prática

profissional, e na construção de investigações e competentes respostas

profissionais às questões formuladas.

2) Qualificar, permanentemente, o corpo discente, de forma que este

compreenda a complexidade da sociedade moderna e responda, com

competência teórico-prática, a essa complexidade.

3) Possibilitar o intercâmbio entre o Curso de Serviço Social e as instâncias

de prática profissional, garantindo-se qualificação eficaz ante as diferentes

configurações que vão conformando a questão social na

contemporaneidade.

4) Capacitar docentes e profissionais vinculados à prestação dos serviços

sociais na compreensão dos diferentes processos e dimensões da realidade

nacional e regional para contribuir na implementação e execução de

políticas sociais.

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8. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO FORMANDO

A formação profissional deve viabilizar a capacitação teórico

-metodológica e ético-política, como requisito fundamental para o exercício

de atividades técnico-operativas, com vistas aos seguintes resultados:

1) Analisar o movimento histórico da sociedade brasileira, apreendendo as

particularidades do desenvolvimento do capitalismo no país.

2) Apreender, de forma crítica, os processos sociais, numa perspectiva de

totalidade.

3) Compreender o significado social da profissão e de seu desenvolvimento

sócio-histórico, nos cenários internacional e nacional, com desvelo pelas

possibilidades de ações contidas na realidade.

4) Identificar as demandas presentes à sociedade, visando-se o fomento de

respostas profissionais para o enfrentamento da questão social e

considerando-se as novas articulações entre o público e o privado.

Estes elementos estão em consonância com as determinações da

Lei nº 8.662, de 07 de junho de 1993, que regulamenta a profissão de

assistente social e estabelece as seguintes competências e habilidades técnico

-operativas:

1) Formular e executar políticas sociais em órgãos da administração pública,

empresas e organizações da sociedade civil;

2) Elaborar, executar e avaliar planos, programas e projetos na área social;

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3) Contribuir para viabilizar a participação dos usuários nas decisões

institucionais;

4) Planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais;

5) Realizar pesquisas que subsidiem a formulação de políticas e ações

profissionais;

6) Prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública,

empresas privadas e movimentos sociais em matéria relacionada com as

políticas sociais e com a garantia dos direitos civis, políticos e sociais da

coletividade;

7) Orientar a população na identificação de recursos para atendimento e

defesa de seus direitos;

8) Realizar estudos sócio-econômicos para a identificação de demandas e

necessidades sociais;

9) Realizar visitas, perícias técnicas, laudos, informações e pareceres sobre

matéria de Serviço Social;

10) Exercer funções de direção em organizações públicas e privadas na área de

Serviço Social;

11) Assumir e coordenar cursos e unidades de ensino de Serviço Social;

12) Supervisionar diretamente estagiários de Serviço Social;

13) Exercer os princípios da ética profissional;

14) Trabalhar em equipe multiprofissional ou multidisciplinar, contribuindo com

o saber profissional do Serviço Social nas práticas que demandam concepções

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e/ou abordagens no campo dos processos ético-políticos e sociais.

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9. PRINCÍPIOS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

1) Flexibilizar e dinamizar os currículos plenos, expressos na organização de

disciplinas e de outros componentes curriculares, tais como: oficinas,

seminários temáticos, estágios, atividades complementares;

2) Optar por referencial teórico, histórico e metodológico da realidade social

e do Serviço Social, de modo que se possibilite a compreensão crítica dos

problemas e desafios, com os quais o profissional defronta no universo da

reprodução da vida social;

3) Adotar uma teoria social crítica que possibilite a apreensão da totalidade

social em suas dimensões investigativa e interpretativa, que são princípios

formativos e condição central da formação profissional e da relação teoria

e realidade;

4) Garantir a interdisciplinaridade no projeto de formação profissional;

5) Indissociar as dimensões de ensino, pesquisa e extensão;

6) Exercer o pluralismo como elemento próprio da vida acadêmica e a

profissional, impondo-se o necessário debate sobre as várias tendências

teóricas que compõem a produção das ciências humanas e sociais;

7) Compreender a ética como princípio que perpassa toda a formação

profissional;

8) Garantir a indissociabilidade entre a supervisão acadêmica e profissional

na atividade de estágio;

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9) Viabilizar a educação para os direitos humanos como prática formativa

para o exercício consciente e crítico da cidadania ativa.

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10. LÓGICA CURRICULAR

10.1 - NÚCLEOS

Para garantir a redefinição e a atualização de conteúdos programáticos e de

demandas postas pelo acelerado processo de mudança, optamos por um sistema curricular

baseado num tripé de conhecimentos, constituídos por três núcleos:

FUNDAMENTOS HISTÓRICO-METODOLÓGICOS DA VIDA SOCIAL (A)

FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DA SOCIEDADE BRASILEIRA (B)

FUNDAMENTOS DO TRABALHO PROFISSIONAL (C)

Esses núcleos inter-relacionados favorecem ao discente ser sujeito de um

processo didático, ético-pedagógico, apresentando, no final do Curso, o perfil proposto.

Compõem o referido sistema curricular os núcleos: A, B e C, conforme será demonstrado.

A B

C

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Em todos os períodos, serão garantidos disciplinas e conteúdos programáticos,

seminários, oficinas, tópicos especiais, laboratórios de práticas e pesquisas, evitando-se a

dicotomia entre teoria e prática, saber acadêmico e saber popular.

Esta proposta, além de garantir a interdisciplinaridade e a flexibilização

curricular, permite a constante atualização dos conteúdos a serem viabilizados em disciplinas

e outros componentes curriculares, como: tópicos especiais, seminários, oficinas, jornadas.

A) NÚCLEO DE FUNDAMENTOS HISTÓRICO-METODOLÓGICOS DA VIDA

SOCIAL

Este núcleo compreende um conjunto de fundamentos teórico-metodológicos e

ético-políticos orientados para se compreender o ser social como totalidade histórica,

fornecendo os componentes fundamentais à compreensão da sociedade burguesa, em suas

contradições.

B) NÚCLEO DE FUNDAMENTOS DA FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DA

SOCIEDADE BRASILEIRA

Este segundo núcleo remete à compreensão desta sociedade, resguardando as

características históricas e particulares presentes à formação, ao desenvolvimento urbano e

rural e às diversidades regionais e locais. Compreende ainda a análise do significado do

Serviço Social, em seu caráter contraditório, no intervir das relações sociais e destas com o

Estado, abrangendo as dinâmicas institucionais nas esferas estatal e privada.

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C) NÚCLEO DE FUNDAMENTOS DO TRABALHO PROFISSIONAL

Este núcleo engloba os elementos constitutivos do Serviço Social como uma

especialização do trabalho: sua trajetória histórica, teórico-metodológica e técnica, os

componentes éticos balizadores do exercício profissional, a pesquisa, o planejamento, a

administração em Serviço Social e o estágio supervisionado.

Essa lógica supera as fragmentações detectadas no processo de ensino e

aprendizagem, abrindo novos caminhos para a construção de conhecimentos com experiência

concreta no decorrer da formação profissional. Não admite tratamento classificatório, nem

autonomia nem subseqüência entre os núcleos. Na verdade, expressam-se diferentes níveis de

apreensão da realidade social e profissional e, assim, constrói-se a intervenção do Serviço

Social. Agrega um conjunto de conhecimentos indissociáveis para a apreensão da gênese,

manifestações, demandas e enfrentamento da questão social, eixo fundante da profissão. Essa

lógica é, portanto, articuladora dos conteúdos da formação profissional.

Os núcleos englobam, pois, um conjunto de conhecimentos e habilidades que

se especificam em matérias, como áreas de conhecimento necessárias à formação profissional.

Essas matérias, por sua vez, desdobram -se em disciplinas, seminários temáticos, oficinas,

laboratórios, atividades complementares e outros componentes curriculares.

Princípios da flexibilização - Os tópicos especiais em Pesquisa Social, em Política Social e

em Serviço Social e em outras atividades curriculares, como jornadas, seminários, oficinas,

viabilizam a flexibilização do curso e possibilitam o acesso do aluno às várias opções de

atividades complementares, de acordo com a sua área de interesse.

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Devem ser garantidos, em cada período letivo, os conteúdos temáticos e

divulgados ao alunado, no momento da programação – pré -matrícula e matrícula −

daquele período.

Ressalta-se, neste Projeto Político-Pedagógico, o elenco de disciplinas e

conteúdos programáticos de outros cursos e programas, os quais o discente poderá cursar

como optativas (quadro XI). Caso a área de interesse do aluno não esteja contemplada, este

poderá cursar disciplinas e conteúdos programáticos ofertados por outros cursos e programas

desta UFPB e de até em outra universidade, conforme Resolução 24/99, do CONSEPE, a

critério do seu tutor e orientador. O aluno poderá, ainda, cursar disciplinas ou outro conteúdo

programático do seu livre arbítrio, sem necessidade de aprovação no Colegiado de Curso, até

o limite máximo de 16 créditos. O excedente será introduzido no seu histórico escolar.

A participação em eventos científicos: (CCHLA ─ Conhecimento em Debate,

os promovidos pelos setores de pesquisa do Departamento de Serviço Social, oficinas locais,

regionais e nacionais da ABEPSS, SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência),

Encontros Regional e Nacional de Estudantes de Serviço Social (ERESS/ENESS),

participação em pesquisas promovidas pelo Departamento de Serviço Social e por outros

departamentos das áreas afins, estágios e pesquisas não-obrigatórios) deverá ser computada

obedecendo até 16 créditos conforme está explicitado na tabela I e na Resolução nº 39/99, de

16-09-1999, do CONSEPE. A Portaria, em vigor, aprovada pelo Colegiado do Curso de

Serviço Social, que garante o percentual de 5% para estas atividades deverá ser revogada e

substituída.

O Curso de Graduação em Serviço Social constará, no mínimo, de 208

(duzentos e oito) créditos; sendo introduzidos no histórico escolar do aluno os créditos

excedentes, referentes a cursos e participações, conforme os seguintes critérios:

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1) Disciplinas, seminários ou conteúdos programáticos (promovidos pelo Departamento de

Serviço Social ou por outro departamento) que excederem o número de créditos

necessários e que não forem aproveitados na integralização curricular.

2) Participação em eventos científicos excedentes ao número de créditos delimitado no

Projeto Político-Pedagógico.

A integralização curricular é garantida por diversas atividades convertidas em

créditos: um crédito corresponde a quinze horas aula; um crédito de estágio supervisionado

corresponde a trinta horas aula.

A organização do currículo do Curso de Serviço Social, pensada e elaborada a

partir dos três núcleos mencionados, operacionaliza-se pelo sistema de créditos semestrais,

permitindo ao alunado maior flexibilização e melhor aproveitamento dos créditos.

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TABELA I

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

CONTEÚDOS CRD CH % Básicos e profissionais 88 1320 42,30 Estágios Supervisionados (básico e profissionalizante)* 36 540* 17,30 Complementares obrigatórias 48 720 23,10 Complementares optativas 20 300 9,60 Complementares eletivas/flexíveis 16 240 7,70 TOTAL 208 3120 100%

* No Estágio supervisionado I e Estágio Supervisionado II, um crédito equivale a trinta horas aula.

Para a integralização curricular, o discente deverá cumprir:

1) Todas as disciplinas e conteúdos básicos e profissionais e os

complementares obrigatórios.

2) O estágio supervisionado obrigatório integra os componentes curriculares:

Introdução às Práticas Sociais (com 04 créditos), Metodologia do Trabalho

Social I e Metodologia do Trabalho Social II (com 04 créditos cada), o

Estágio Supervisionado I e Estágio Supervisianado II (com 36 créditos -

540 horas/aula), Supervisão Acadêmica, Visitas Institucionais e Utilização

dos Espaços Pedagógicos (Laboratórios de Estudos e Práticas Sociais,

Setores de Estudos e Pesquisas, dentre outros).

3) O Trabalho de Conclusão de Curso num total de 04 créditos (60 horas/

aula) articulado à disciplina Elaboração e Comunicação do Trabalho

Científico com 04 créditos (60 horas/aula).

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4) O mínimo de 36 créditos (540 horas/aula) em disciplinas e conteúdos

complementares optativos e complementares eletivos (flexíveis) ou

atividades de formação acadêmica estimuladoras do desenvolvimento

cultural, político e científico do alunado.

A flexibilização, além de se expressar na diversificação dos

componentes curriculares já explicitados, se pauta pela insignificante

obrigatoriedade formal de pré-requisitos e co-requisitos na estruturação

curricular, mas com a clareza de que no processo formativo existe a

precedência e/ou a concomitância de certos conteúdos. Caberá ao professor

tutor, a uma comissão de assessoramento à Coordenação do Curso e/ou a ela

própria proceder às devidas orientações acadêmicas aos discentes na escolha

das disciplinas e conteúdos programáticos a serem cursados, considerando-se

a sistematização do conhecimento, os aspectos ético-pedagógicos e os

interesses do alunado.

QUADRO IV ARTICULAÇÃO DE PERÍODOS

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CURSO DIURNO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL 1º e 2º 3 º e 4º 5º e 6º 7º e 8º períodos períodos períodos períodos

OBJETO DE ESTUDO

TEMAS GERADORES

Estágio Supervisionado Extensão Pesquisa

Sistematização

1º e 2º semestres ─ A contextualização histórica das bases filosóficas sociais,

econômicas e políticas e a inserção da profissão com a apresentação de suas

principais tendências e movimentos.

Temas geradores: capitalismo, sociedade brasileira, Estado, questão social,

iniciação ao conhecimento.

3º e 4º semestres ─ Fundamentação teórico-metodológica do serviço social e

a complexidade cultural, política, ética e científica das práticas sociais.

Temas geradores: Fundamentação teórico-metodológica, pesquisa, ética e

práticas sociais.

5º e 6º semestres ─ Integração teoria e prática com aprofundamento das

mediações técnicas e das diversas áreas de políticas sociais.

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Temas geradores: Política social, planejamento, administração e processos

sociais e estágio supervisionado.

7º e 8º semestres ─ Reflexão produtiva do aluno (TCC) com o

aprofundamento e sistematização do conhecimento.

Temas geradores: Intervenção, sistematização do conhecimento e produção

científica.

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QUADRO V ARTICULAÇÃO DE PERÍODOS

CURSO NOTURNO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

1º, 2º e 3º 4º, 5º e 6º 7º e 8º 9º e 10º períodos períodos períodos períodos

OBJETO DE ESTUDO

TEMAS GERADORES

Estágio Supervisionado Extensão Pesquisa

Sistematização

1º, 2º e 3º semestres ─ A contextualização histórica das bases filosóficas

sociais, econômicas e políticas, e a inserção da profissão com a apresentação

de suas principais tendências e movimentos.

Temas geradores: capitalismo, sociedade brasileira, Estado, questão social,

iniciação ao conhecimento.

4º, 5º e 6º semestres ─ Fundamentação teórico-metodológica do serviço

social e a complexidade cultural, política, ética e científica das práticas

sociais.

Temas geradores: fundamentação teórico-metodológica, pesquisa, ética e

práticas sociais.

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7º e 8º semestres ─ Integração teoria e prática com aprofundamento das

mediações técnicas e das diversas áreas de políticas sociais.

Temas geradores: política social, planejamento, administração e processos

sociais e estágio supervisionado.

9º e 10º semestres ─ Reflexão produtiva do aluno (TCC) com o

aprofundamento e sistematização do conhecimento.

Temas geradores: intervenção, sistematização do conhecimento e produção

científica.