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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ALICEANA RAMOS ROMÃO DE MENEZES CONDIÇÕES TÉRMICAS E SUAS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE DO TRABALHADOR EM INDÚSTRIA DE PANIFICAÇÃO: ESTUDO DE CASO JOÃO PESSOA (PB) 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

ALICEANA RAMOS ROMÃO DE MENEZES

CONDIÇÕES TÉRMICAS E SUAS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE

DO TRABALHADOR EM INDÚSTRIA DE PANIFICAÇÃO:

ESTUDO DE CASO

JOÃO PESSOA (PB)

2006

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ALICEANA RAMOS ROMÃO DE MENEZES

CONDIÇÕES TÉRMICAS E SUAS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE

DO TRABALHADOR EM INDÚSTRIA DE PANIFICAÇÃO:

ESTUDO DE CASO

Dissertação submetida ao corpo docente do Programa

de Pós-Graduação do Curso de Engenharia de

Produção – PPGEP, da Universidade Federal da

Paraíba (UFPB, Campus I – João Pessoa), como parte

dos requisitos necessários à obtenção do grau de

Mestre em Engenharia de Produção.

Área de Concentração: Ergonomia e Segurança no Trabalho

Sub-área: Conforto Ambiental no Trabalho

Professor Orientador: Luiz Bueno da Silva, Dr.

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ALICEANA RAMOS ROMÃO DE MENEZES

CONDIÇÕES TÉRMICAS E SUAS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE

DO TRABALHADOR EM INDÚSTRIA DE PANIFICAÇÃO:

ESTUDO DE CASO

Dissertação aprovada em ____ de_____ de 2006, como requisito parcial para a obtenção do

grau de Mestre em Engenharia de Produção, e apresentada ao Curso de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção – PPGEP, da Universidade Federal da Paraíba ( UFPB), Campus I –

João Pessoa), pela comissão formada pelos professores abaixo assinados.

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________________ Professor Luiz Bueno da Silva, Dr. - Orientador.

(UFPB)

____________________________________________ Prof. Antonio Souto Coutinho, Dr. – Examinador Interno.

(UFPB)

____________________________________________

Profª. Eliane Araújo de Oliveira, Dra. Examinadora

Externa(UFPB)

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus e ao homem e a mulher que

me ensinaram que o saber é algo só nosso: meu pai e

minha mãe.

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AGRADECIMENTOS

A DEUS pelo dom da vida, pela sua permissão para a realização deste trabalho.

A meu pai Paulo Ramos de Menezes pelo exemplo de pessoa, pela valorização do saber, pelo

incentivo que me deu nos estudos, pelo amor e dedicação durante o tempo que esteve aqui

junto a mim, te agradeço e te amarei sempre.

A minha mãe, que continuou me incentivando aos estudos, diante da ausência do meu pai,

abdicou de sua vida para me proporcionar um futuro melhor, te amo.

A meu marido Rozeilton, pelo amor, pela harmonia do nosso lar, o que me fortaleceu para

lutar na busca deste mestrado.

A meus lindos filhos, Paulo José e João Vitor, abençoados por Deus, que me deram força de ir

em busca de condições para lhes proporcionar um futuro melhor. Agradeço a eles também por

estarem sempre comigo (colo) na digitação de todos os trabalhos do mestrado.

A todos os meus familiares que participaram desta fase da minha vida, em especial a minha

irmã Emília que sempre esteve presente.

A minha sogra, Maria das Neves, por me ajudar com meus filhos, sempre que foi necessário.

A meu orientador Luiz Bueno da Silva, que através de sua competência e disponibilidade me

orientou na busca do melhor, sempre de forma positiva.

Ao professor Antonio Souto Coutinho pela disponibilidade, sua doçura e carinho.

Ao professor José Felício da Silva, pelo apoio e pela atenção durante a pesquisa deste

trabalho.

A professora Eliane Araújo de Oliveira, por ter se disponibilizado para examinar esta

pesquisa.

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A professora Maria Claúdia Gatto, pelo incentivo e colaboração dada para o ingresso neste

mestrado.

A professora Simone Maciel, pela sua colaboração nesta pesquisa.

A todos os meus amigos, em especial a Sônia, Juliana, Rawlla e Elvia pelo apoio.

Ao Núcleo de Engenharia de Produção da UFPB, nas pessoas de Rosângela Herculano e

Rejane, sempre solícitas em todos os momentos.

A todos aqueles que contribuíram, direta ou indiretamente, para a concretização deste sonho.

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Observei o conjunto da obra de Deus e percebi que

o homem não consegue descobrir tudo o que acontece

debaixo do sol.Por mais que o homem se afadigue em

pesquisar, não chega a compreendê-la. E mesmo que o

sábio diga que a conhece, nem por isso é capaz de entendê-

la.

(Eclesiastes, 8:17)

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RESUMO

A Presente dissertação tem como objetivo analisar os parâmetros ambientais, tendo como base o Índice

de Bulbo Úmido e Termômetro de Globo (IBUTG) e sua correlação com a Pressão Arterial Média

(PAM) e com a sudorese de um grupo de padeiros. A revisão bibliográfica e a fundamentação teórica

buscam abordar temas referentes ao conforto térmico, à pressão arterial, à sudorese, à ergonomia e ao

trabalho em panificadoras. A pesquisa caracteriza-se como qualitativa, descritiva, do tipo estudo de

caso, onde foram observados 16 padeiros, sendo 10 no turno da manhã e 6 no turno da tarde que

trabalham diretamente na produção de pães e bolachas. A metodologia utilizada foi a tradicional,

fazendo uma análise do IBUTG, da pressão arterial e da sudorese. Os instrumentos utilizados na coleta

dos dados foram um KIT IBUTG TGD 200, para verificação da temperatura local; tensiômetro e

estetoscópio, para medição da pressão arterial; cálculo da sudorese ou perda de peso, através da ISO

7739/89 e questionário aplicado. Observou-se que há uma diminuição nos valores da PAM, em relação

ao aumento do IBUTG, mas que essa variação não indica ser um fator de risco à saúde do trabalhador,

pois a mesma ocorreu de forma adaptativa. Em relação a sudorese e a perda de peso foi observado um

aumento acentuado da mesmo em relação ao aumento do IBUTG, sendo verificado de forma mais

maléfica no turno da tarde. Pode-se concluir que há uma possível relação entre as variáveis ( IBUTG,

PAM e Sudorese) que foi ratificada pelas análises estatísticas. Desta forma, algumas recomendações

podem contribuir para que o ambiente estudado, bem como outros que possuam semelhanças tornem-

se mais salubre, já que há evidências de existe alterações suficientes para que o mesmo seja insalubre e

dessa forma contribua de maneira negativa para o trabalhador e para seu ambiente de trabalho.

Palavras chaves: ConfortoTérmico, Pressão Arterial, Sudorese, Saúde do Trabalhador.

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ABSTRACT

The Present dissertation has as objective to analyze the ambient parameters, having as base the Index

of Humid Bulb and Globe Thermometer (WBGT) and its correlation with the Average Arterial

Pressure (PAM) and with sweat of a group of bakers. The bibliographical revision and the theoretical

recital search to approach referring subjects to the thermal comfort, to the arterial pressure, sweat, the

ergonomics and the work in bakeries. The research is characterized as qualitative, descriptive, of the

type case study, where 16 bakers, being 10 in the turn of morning and 6 in the turn of the afternoon had

been observed that the breads production of and big cookie work directly in. The used methodology

was the traditional one, making an analysis of the WBGT, the arterial pressure and sweat. The

instruments used in the collection of the data had been a KIT WBGT TGD 200, for verification of the

local temperature; sphygmomanometer and stethoscope, for measurement of the arterial pressure;

calculation of sweat or loss of weight, through the ISO 7739/89 and applied questionnaire. It was

observed that it has a reduction in the values of PAM, in relation to the increase of the WBGT, but that

this variation does not indicate to be a factor of risk to the health of the worker, therefore the same one

occurred of gradual form. In relation sweat and the loss of weight was observed an increase accented

of exactly in relation to the increase of the IBUTG, being verified of more maleficent form in the turn

of the afternoon. It can be concluded that it has a possible relation between the 0 variable (WBGT,

PAM and sweat) that it was ratified by the statistical analyses. In such a way, some recommendations

can contribute so that the studied environment, as well as that they possess similarities become more

salubrious, since it has evidences of exists enough alterations so that the same it is unhealthy and of

this form it contributes in negative way for the worker and its environment of work.

Words keys: Thermal Comfort, Arterial Pressure, sweat, Health of the Worker.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Influência da temperatura ambiental sobre as pausas no trabalho e a freqüência de

acidentes, em uma tarefa de carregamento de carvão.....................................................................29

Figura 2 –.Balanço térmico entre o homem e o meio ambiente................................................64

Figura 3 – Vista geral externa da panificadora pesquisada.......................................................79

Figura 4 – Vista geral do interior da panificadora pesquisada.................................................80

Figura 5 – Conjunto de termômetros utilizados na pesquisa.....................................................82

Figura 6 – Conjunto de tensiômetro e estetoscópio utilizado na pesquisa................................83

Figura 7 –IBUTG médio por dia e por turno.............................................................................85

Figura 8 – IBUTG em função da hora, comparado com IBUTG limite de tolerância para a

atividade.....................................................................................................................................88

Figura 9 - PAM média por dia e por turno................................................................................90

Figura 10 – PAM média em função da hora do dia, comparada com a PAM limite de

tolerância...................................................................................................................................90

Figura 11 - Valores da sudorese por hora.................................................................................92

Figura 12 – Sudorese em função da hora do dia, comparada a sudorese limite........................93

Figura 13 – Análise de agrupamento para variáveis IBUTG, PAM, Sudorese e Perda de

Peso...........................................................................................................................................95

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Regime de trabalho intermitente.................................................................33

Quadro 2 – Limites de tolerância do IBUTG........................................................................... 34

Quadro 3 – Taxa de metabolismo por tipo de atividade........................................................... 36

Quadro 4 – Escala de sensação térmica.....................................................................................42

Quadro 5 - Classificação diagnóstica de hipertensão arterial (adultos com mais de 18 anos)..53

Quadro 6 - Principais causas de hipotensão arterial..................................................................56

Quadro 7 - Limites de precaução e perigo para sudorese em w/m², em pessoas

não aclimatadas.......................................................................................................................67

LISTA DE TABELAS

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Tabela 1 – Valores médios do IBUTG e PAM por dia e por turno...............................................85 Tabela 2 - Análise de Variância com uma classificação (one-way) para a variável dependente IBUTG............................................................................................................................................86 Tabela 3 – Medidas descritivas e Intervalos com 95% de confiança para a média do IBUTG por hora............................................................................................................................86 Tabela 4 – Análise de Variância com uma classificação (one-way) para a variável dependente PAM..............................................................................................................................................88 Tabela 5- Medidas descritivas e Intervalo com Intervalos com 95% de confiança para a média do PAM por hora............................................................................................................89 Tabela 6 – Valores da sudorese ou perda de peso em função da hora..........................................91

Tabela 7 – Medidas descritivas e Intervalo com Intervalos com 95% de confiança para a média da sudorese por hora........................................................................................................93 Tabela 8 - Matriz de correlação com valor-P para as variáveis Sudorese, Perda de Peso, IBUTG e PAM.............................................................................................................................94

LISTA DE ABREVIATURAS

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FC: Freqüência cardíaca

FCaqec: Freqüência cardíaca de aquecimento

Fcdesaq: Freqüência cardíaca de desaquecimento

Fcrep: Freqüência cardíaca de repouso

FCt: Freqüência cardíaca de treinamento

HA: Hipertensão Arterial

HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica

HVE: Hipertrofia ventricular esquerda

IAM: Infarto agudo do miocárdio

IBUTG: Índice de Bulbo Úmido e Termômetro de Globo (°C)

IRC: Insuficiência renal crônica

MAPA: Monitorização ambulatorial da pressão arterial

mmHg: Milímetros de mercúrio

MRPA: Monitorização residencial da pressão arterial

PA: Pressão Arterial (mmHg)

PAD: Pressão arterial diastólica

PArep: Pressão arterial de repouso

PAS: Pressão arterial sistólica

PAt: Pressão arterial de treinamento

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PMV: Predicted Mean Vote

PPD: Predicted Percentage of Dissatisfied (%)

PPI: Porcentagem de Pessoas Insatisfeitas (%)

ta: Temperatura do AR (°C)

Tbn: Temperatura do Termômetro de Bulbo Úmido Natural (°C)

Tbs: Temperatura do Termômetro de Bulbo Seco (°C)

TE: Temperatura Efetiva (°C)

TEC: Temperatura Efetiva Corrigida (°C)

TER: Temperatura Efetiva com Radiação (°C)

Tg: Temperatura do Termômetro de Globo (°C)

VO²: Consumo de oxigênio

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LISTA DE SIGLAS

ASHRAE: American Society of Heating, Refrigeration and Air Conditioning Engineers

FUNDACENTRO : Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho

ISO: International Standard Organization

OMS: Organização Mundial de Saúde

SUMÁRIO

Dedicatória Agradecimentos

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Resumo Abstract Lista de figuras Lista de quadros Lista de tabelas Lista de abreviaturas Lista de siglas

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO __________________________________ 20 1.1 Definição do tema e do problema_______________________________________ 20 1.2 Justificativa do estudo________________________________________________ 21 1.3 Objetivos ___________________________________________________________24 1.3.1 Objetivo geral________________________________________________________ 24 1.3.2 Objetivos específicos__________________________________________________ 24 1.4 Limitação do trabalho________________________________________________ 25 1.5 Aspectos estruturais da dissertação_____________________________________

26

CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA________________________28

2.1 Conforto térmico________________________________________________________28 2.1.1 A Norma Regulamentadora 15 (NR 15)___________________________________31 2.1.2 Variáveis físicas ou ambientais_________________________________________ 37 2.1.2.1 Temperatura Radiante Média__________________________________________37 2.1.2.2 Temperatura do Ar_________________________________________________ 37 2.1.2.3 Velocidade do Ar___________________________________________________38 2.1.2.4 Pressão de Vapor d’água______________________________________________38 2.1.3 Variáveis pessoais ou individuais_______________________________________ 38 2.1.3.1 Atividade Desempenhada pela Pessoa (taxa metabólica)____________________39 2.1.3.2 A Vestimenta (isolamento térmico da roupa)______________________________39 2.1.4 Importância do conforto térmico________________________________________40 2.1.5 Índices de conforto térmico____________________________________________ 42 2.1.5.1 O Voto Médio Estimado (PMV)_______________________________________42 2.1.5.2 A Percentagem de Pessoas Insatisfeitas (PPD)___________________________ 44 2.1.5.3 Temperatura Operativa de conforto_____________________________________45 2.1.5.4 Temperatura Efetiva (TE)_____________________________________________45 2.1.5.5 Temperatura Resultante (RT)_________________________________________45 2.1.6 Mecanismos de termorregulação_________________________________________46 2.1.7 Sobrecarga térmica___________________________________________________46 2.1.8 Aclimatização ao calor_________________________________________________47 2.1.9 Doenças causadas pelo aumento de temperatura___________________________48 2.1.10 Medidas para prevenir doenças causadas pelo calor_______________________49

2.2 Pressão Arterial_________________________________________________________51 2.2.1 Critérios de diagnóstico para classificação da pressão arterial em adultos_________53 2.2.2 Pressão arterial “normal”______________________________________________54 2.2.3 Hipertensão arterial____________________________________________________54

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2.2.4 Hipotensão arterial___________________________________________________ 55 2.2.4.1 Principais causas de hipotensão arterial__________________________________56 2.2.5 Estudos sobre pressão arterial e trabalho__________________________________59 2.3 Sudorese_______________________________________________________________62 2.4 Ergonomia_____________________________________________________________67 2.5 Condições de Trabalho em Padarias_______________________________________ 73 CAPITULO 3 METODOLOGIA_________________________________77

3.1 Caracterização do Estudo____________________________________________________77 3.2 Amostra_______________________________________________________________78 3.3 Descrição das Variáveis__________________________________________________ 78 3.3.1 Variáveis dependentes__________________________________________________78 3.3.2 Variáveis independentes________________________________________________79 3.4 Caracterização do ambiente estudado________________________________________79 3.5 Procedimento do Estudo__________________________________________________80 3.6 Procedimento de coleta dos dados___________________________________________81 3.7 Análise de dados_________________________________________________________83 CAPITULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES_____________________85

CAPITULO 5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES_____________________97

5.1 Conclusões______________________________________________________________97 5.2 Sugestões______________________________________________________________ 98 REFERÊNCIAS__________________________________________________100

GLOSSÁRIO______________________________________________________108

APENDICE A____________________________________________________112

ANEXO A______________________________________________________ 114

ANEXO B______________________________________________________ 115

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Receberá a coroa da vida,

a qual o Senhor prometeu aos que o amam.

Tg 1:12b

DEFINIÇÃO DOS TERMOS RELEVANTES NESTA PESQUISA

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SAÚDE: Qualidade do que é sadio ou são. Bom estado do organismo, cujas funções estão

regulares (ROCHA, 1996).

TRABALHO: Para Marx (1980:202), o trabalho é a relação do homem com a natureza. "É um

processo de que participam o homem e natureza, processo em que o ser humano com sua própria

ação impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza".

PRESSÃO ARTERIAL: É a força exercida pelo sangue arterial por unidade de área da parede

arterial. É diretamente dependente do débito cardíaco, da resistência arterial periférica e do

volume sangüíneo. Unidade padrão de medida da pressão arterial - milímetros de mercúrio

(mmHg).

IBUTG: Índice de Bulbo Úmido e Termômetro de Globo

SUDORESE: Transpiração abundante (ROCHA, 1996).

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CAPÍTULO 1

CARACTERISTICAS DA PESQUISA

1.1 Definição do Tema e Problema

O homem possui características termorreguladoras, que promovem um equilíbrio entre o

ambiente e o seu corpo, isso ocorre pelo fato do homem se adaptar ao meio em que vive,

através de mecanismos específicos, sempre em busca do seu bem-estar.

Para a promoção desse bem-estar é necessário que o calor gerado pelo organismo seja

dissipado em igual proporção ao ambiente, a fim de que não eleve nem diminua a temperatura

do corpo, o que vem a ocasionar um desconforto térmico que pode vir associado a um

desequilíbrio em proporções elevadas, o suficiente para causar danos à saúde do trabalhador, ou

mesmo seu afastamento, comprometendo assim, todo processo produtivo.

Em uma tese sobre o assunto, Silva (2001, p. 86) afirma que a temperatura operativa

entre 24 e 28° C ocasionou desconforto térmico em um grupo de digitadores do Centro de

Processamento de Dados da Caixa Econômica Federal da cidade do Recife.

Acredita-se que a exposição crônica de indivíduos suscetíveis a condições de trabalho

estressantes, possa ser responsabilizada por aumentos pressóricos persistentes e significativos,

conduzindo ao quadro hipertensivo. Estudos realizados por Klein et al (1986) investigaram o

incremento da pressão arterial em diferentes setores ocupacionais ao longo dos anos de

trabalho. Eles puderam observar que alguns grupos de ocupações apresentavam maior

incremento pressórico que outros.

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ROCHA et al (2002), Analisaram o comportamento da Pressão Arterial (PA) e da

Freqüência Cardíaca (FC) de indivíduos ao longo da jornada de trabalho em dois ambientes com

estresses ambientais distintos. Foram avaliados 46 funcionários, trabalhadores de uma indústria

processadora de madeira, de Botucatu, SP, sendo 27 funcionários da linha de produção (esforço

físico moderado–intenso, altas temperaturas e elevados níveis de ruído) (G1), e 19 da

administração (sem esforço físico, salas aclimatadas, baixo níveis de ruído) (G2). Todos foram

submetidos à avaliação antropométrica da composição corporal (obesidade e adiposidade) e

bioquímica do sangue (lipidemia) e, adicionalmente, o registro da PA e da FC em três momentos

do turno de serviço: início, meio e fim.

Levando em consideração trabalhos de pesquisas que envolvem pressão arterial,

trabalho e temperatura, bem como os referenciais bibliográficos apresentados nessa

introdução, busca-se dar uma contribuição no que diz respeito à verificação da pressão arterial

e da sudorese no ambiente de trabalho, bem como as condições térmicas nas quais o

trabalhador encontra-se inserido. Diante do exposto, as questões que se pretende investigar

nessa pesquisa são as seguintes: Existirá condições térmicas insalubres no ambiente

pesquisado? Estas condições de trabalho podem alterar a pressão arterial e a sudorese

dos sujeitos observados?

1.2 Justificativa do Estudo

Vive-se em uma época onde é necessária uma maior atenção quanto à saúde do

trabalhador e as condições ambientais em que o mesmo executa suas tarefas. A forma mais

eficiente de promover e preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores é a

prevenção de riscos ocupacionais. A identificação dos Riscos Ocupacionais, bem como a

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situação de saúde do trabalhador torna possível a implantação de ações prevencionistas, as

quais são de inegável importância no sentido de atenuar as agressões sofridas pelos

trabalhadores.

Algumas atividades de trabalho são mais factíveis aos riscos ocupacionais, pelo fato da

exposição a esses riscos ser mais constante, entretanto, nenhuma atividade está totalmente

livre deles. No que diz respeito aos riscos ambientais, e em especial ao calor no ambiente de

trabalho, Pigaliga (1983) apud Néri et al (1992) argumentam que “mesmo que não se

manifeste estado patológico de imediato nos trabalhadores, estando estes submetidos

continuamente a uma carga térmica excessiva, este pode, em longo prazo, prejudicar a saúde e

acarretar: prostração térmica, distúrbios circulatórios, intermação ou insolação, distúrbios no

centro termo-regulador, câimbras de calor, desidratação e erupção na pele”.

Por ser o trabalho essencial ao desenvolvimento físico e mental do ser humano, sendo

inclusive uma necessidade básica, ele deve ser realizado em condições seguras; no Brasil, às

insatisfatórias condições laborais do trabalhador que são impostas por grande número de

empresas; as cargas excessivas de trabalho; o medo de desemprego; os baixos salários; os

ritmos provocados pela maneira de como é organizado o trabalho visando o aumento da

produção; a falta de treinamento prévio; o descaso com os exames de saúde que devem ser

realizados ou mesmo a total ausência de exames pré-admissionais ou periódicos; a não

contratação de técnicos qualificados na área de segurança e saúde do trabalhador; a falta de

equipamentos de proteção individual e ausência de equipamentos de proteção coletiva

constituem-se alguns aspectos que favorecem alterações à saúde do trabalhador, elevando o

número de afastamentos, revertendo em ônus para a empresa e para os próprios trabalhadores.

No entanto, mesmo diante do desenvolvimento de pesquisas que relacionam saúde

do trabalhador e ambiente de trabalho, não há uma preocupação no tocante às medidas de

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prevenção adotadas no trabalho que venham a contribuir para a saúde do trabalhador, bem

como a diminuição dos afastamentos e do absenteísmo. Souza, Carvalho e Fernandes (2001),

realizaram um estudo transversal, com componente retrospectivo, buscando analisar a

exposição ocupacional ao ruído como possível fator de risco para a hipertensão arterial entre

775 trabalhadores de uma área de perfuração de petróleo. Pode-se considerar que hoje no

Brasil são poucas as investigações que fazem análise dos valores de Pressão Arterial entre

diferentes grupos de trabalhadores, demonstrando a necessidade de identificar aqueles que têm

uma maior predisposição à alteração dos valores de Pressão Arterial.

A hipertensão arterial sistêmica é considerada um dos principais fatores de risco para

morbidade e mortalidade cardiovasculares, sendo responsável por 40% dos casos de

aposentadoria precoce e de absenteísmo no trabalho (Veiga et al, 2003). Seu nível e a

variabilidade da pressão arterial (PA) sofrem importantes influências genéticas individuais em

associação com fatores ambientais. Dentre as causas ambientais, o estresse durante a jornada

de trabalho tem tido importância nas últimas décadas. Sua relação com níveis elevados de

pressão arterial, tanto no trabalho quanto no lar, e possível envolvimento em doenças

cardíacas, foi sugerida por Schnnal et al (1990).

Entre 1980 e 1986, foram concedidas, em média, 103.785 novas aposentadorias por

doença por ano. Nos anos de 1999, 2000 e 2001 essa média anual havia se elevado para

151.893 novas aposentadorias por invalidez do total de 625.328 aposentadorias concedidas em

média, nestes três anos. Portanto, as aposentadorias por invalidez representam 23,3% do total

de aposentadorias, sendo que destes últimos três anos, 71% foram para pacientes entre os 30 e

59 anos de idade, ou seja, em plena atividade produtiva. Das aposentadorias por doença, 29%

com diagnóstico de doenças do aparelho circulatório e 18,1% com diagnóstico de Hipertensão

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Arterial, que representa a principal causa de aposentadoria por doença, acarretando um gasto

anual com aposentadorias bastante significante (SOUZA & SILVA, 2003).

Apesar disso, a pressão arterial tem sido objeto de estudo em várias áreas da medicina,

porém a mesma é pouco citada em pesquisas envolvendo trabalhadores. Assim sendo, existe

uma grande carência e algumas lacunas bibliográficas no tocante à pressão arterial relacionada

ao ambiente de trabalho, onde o que se tem mais importância hoje, ainda é a produtividade, o

que vem causar uma grande preocupação, visto que estes ambientes possuem fatores de risco à

saúde humana e em especial à condição cardiovascular. Sendo assim esta dissertação justifica-

se por procurar colaborar com a prevenção e a promoção da saúde do trabalhador como um

todo, dando ênfase às suas condições cardiovasculares e ao ambiente de trabalho no qual o

mesmo encontra-se inserido.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Verificar as condições térmicas e suas implicações na saúde e no trabalho de um grupo

de padeiros.

1.3.2 Objetivos Específicos

• Verificar as condições térmicas do posto de trabalho, através do Índice de Bulbo Úmido

e Termômetro de Globo (IBUTG).

• Verificar a Pressão Arterial dos trabalhadores (PA).

• Calcular o Índice de Sudorese.

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• Observar se os parâmetros (IBUTG, Pressão Arterial e Sudorese) estão dentro dos

limites de tolerância para o trabalhador.

1.4 Limitações do trabalho

Inúmeros são os fatores que influenciam na saúde do trabalhador, dentre eles os fatores

físicos, químicos, psicológicos, sociais, e outros, que podem surgir isoladamente ou

associados; dessa forma notamos que não haverá ambiente totalmente salubre e que nenhum

trabalhador estará totalmente livre de agressões à sua saúde no ambiente de trabalho. Alguns

trabalhos fazem referência a este assunto, como o realizado por Robazzi et al (2002), que

refere ser a Hipertensão Arterial (HA) uma condição clínica multifatorial encontrada no

mundo moderno, que pode ter seu desenvolvimento favorecido devido a fatores de risco, como

hereditariedade, sexo, raça, idade, álcool, fumo, excesso de colesterol, obesidade,

sedentarismo e hábitos alimentares. Há que se considerar também o estresse, dentre eles os

que além de outros fatores, pode estar presente no contexto do trabalho.

Esta dissertação, portanto, limita-se a verificar os Índices de Bulbo Úmido e

Termômetro de Globo (IBUTG), de Pressão Arterial (PA) e de Sudorese de trabalhadores de

uma padaria e observar dentre a variação desses índices quais os possíveis danos à saúde do

trabalhador e ao trabalho propriamente dito.

Sendo este trabalho um estudo de caso, seus resultados, considerando as variáveis

próprias do local pesquisado, não será conveniente fazer generalizações para outras situações

de trabalho, servindo os resultados como base e comparação para outros estudos que tenham

características semelhantes.

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1.5 Aspectos Estruturais da Dissertação

A presente dissertação esta constituída de cinco capítulos, assim discriminados:

O primeiro capítulo trata de uma introdução dos parâmetros referentes ao conforto

térmico, pressão arterial e sudorese, apresenta a justificativa à escolha do tema em questão,

define os objetivos, gerais e específicos e limitações do estudo.

No segundo capítulo, será discutida a questão referente ao conforto térmico no ambiente

de trabalho, direcionando a uma revisão conjunta com a ergonomia, com a pressão arterial e

com a sudorese, buscando um aprofundamento sobre as questões intrínsecas ao tema.

No terceiro capítulo descreve-se a metodologia empregada na pesquisa que foi realizada

na padaria e pastelaria KI-MASSAS, local utilizado para os experimentos práticos.

No quarto capítulo, apresentam-se as discussões sobre os resultados obtidos dos

experimentos.

No quinto capítulo, serão apresentadas as conclusões e sugestões para estudos futuros.

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PARA SER GRANDE, Sê inteiro: nada

teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

no mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

brilha, porque alta vive.

Fernando Pessoa

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CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Conforto Térmico

É difícil definir conforto, pois trata-se de algo muito pessoal, ou seja, algo

subjetivo.Dessa forma pode-se dizer que o conforto está relacionado ao desejo que o homem

tem de sentir-se bem. Segundo Coutinho (1998), “O conforto térmico é, em linhas gerais,

obtido por trocas térmicas que dependem de vários fatores, ambientais e pessoais, governados

por processos físicos, como convecção, radiação, evaporação e eventualmente condução.

Além do balanço de calor entre o corpo e o meio ambiente”.

O corpo humano , como uma máquina térmica que é, precisa dissipar calor para

funcionar. A sensação de conforto vem quando, entre outros fatores, o calor dissipado é

exatamente aquele que se ganha (segundo a American Society of Heating, Refrigeration and

Air-Conditioning Engineers – ASHRAE ). Assim, tem-se a sensação de frio, conforto e calor

dependendo da dissipação de calor no corpo. O homem tenta manter sua temperatura interna

em aproximadamente 37ºC, independente das condições do meio ambiente. Devidamente

protegido, o homem pode se expor a temperaturas de 50° a 100º C, por curtos períodos.

Todavia, a variação da temperatura interna não pode ultrapassar 40º C, sem que haja risco de

comprometimento da capacidade física e mental (COUTINHO, 1998).

Estudos mostram que o clima tem influência direta na saúde e desempenho do

trabalhador. Em uma pesquisa feita numa mina de carvão, Bredford e Vernon (1999) apud Iida

(2005) demonstraram que o tempo necessário às pausas aumenta a partir de 19° C, havendo

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um crescimento acentuado a partir de 24° C (Figura 1). A freqüência relativa de acidentes

também tende a crescer depois de 20° C. Na referida experiência a eficiência do trabalho a 28°

C era cerca de 41% menor que a de 19° C. Tanto as pausas como o índice de acidentes

cresceram, se bem que mais lentamente, para temperaturas abaixo de 19°C. Esses efeitos são

ainda mais pronunciados para trabalhadores com idade acima de 45 anos.

FIGURA 1- Influência da temperatura ambiental sobre as pausas no trabalho e a freqüência de acidentes, em

uma tarefa de carregamento de carvão

Fonte : Bredford e Vernon (1922) apud Iida (2005).

Para obter um ambiente saudável, deve-se obedecer ao conceito de bom senso, ou seja,

equilibrar custo/benefício em relação à produção e ao conforto. O ambiente favorece a

produção, quando este promove a renovação de ar adequada, pois o corpo humano está

continuamente consumindo oxigênio que, reagindo com carboidratos,produz calor e dióxido

de carbono, que somado à temperatura elevada podem causar diversos males, como a estafa.

Segundo Nevis (1966, p.1-3), os primeiros registros de estudo do conforto térmico

foram documentados a partir de 1845 em Londres, por Walter Bernan, em um estudo

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intitulado History and Art of Warnaing and Ventillation Rooms and Buidings. Segundo o

autor anteriormente citado, Bernan diz que o controle de “Climas Artificiais” assumirá a

função de promover a saúde e longevidade do homem (o texto original afirma: “the formation

and regulation of the artificial climate will assume the character of art for developing and

expanding the mind and body for preserving health and prolonging life”).

Várias pesquisas realizadas em laboratório e em campo têm sido desenvolvidas para

verificar a relação entre o conforto térmico e o desempenho da pessoa (FANGER, 1970).

Segundo Xavier, 1999; Nelson et al, 1987, há uma tendência do desconforto proporcionado

por ambientes quentes ou frios, reduzindo assim o desempenho, que foi verificado utilizando

câmaras de testes com temperaturas e umidade controladas, através das quais se analisou a

relação entre produtividade, fadiga e estado psicológico. Seus resultados mostram que a

produtividade foi maior e a fadiga desenvolveu-se mais lentamente, em ambientes frios do que

em ambiente confortável ou quente.

Em 1945, o Instituto de Higiene de São Paulo publica o boletim nº 86: “contribuição ao

estudo do conforto térmico”, de autoria de Benjamim Alves Ribeiro, demonstrando as

respostas de uma pesquisa que fora realizada em 1939, na cidade de São Paulo, com 47

mulheres, que apresentavam uma faixa etária entre 18-29 anos. Surpreende-se, apesar das

limitações térmicas da época, e citadas pelo próprio autor, cuja metodologia empregada era a

de consulta sobre a sensação térmica subjetiva, analisando-se ainda a vestimenta utilizada,

totalmente atualizado em função das publicações internacionais (LINS, 2002).

No tocante às normas para análise em áreas similares ao conforto térmico, em 1978, o

Ministério do Trabalho editou uma série de normas regulamentadoras (NR’S), que objetivam

estabelecer padrões aceitáveis para os trabalhadores.

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2.1.1 A Norma Regulamentadora 15 (NR 15)

O anexo nº 3 da Norma Regulamentadora Nº15 ( NR-15 ), trata dos limites de

tolerância para exposição ao calor. Segundo esse anexo, a exposição ao calor deve ser

avaliada através do Índice de Bulbo Úmido – Termômetro de Globo (IBUTG), índice esse que

“representa o efeito combinado da radiação térmica, da temperatura de bulbo seco, da umidade

e da velocidade do ar” (COUTINHO, 1998, p.176-177). A avaliação da exposição ao calor

tem como objetivo investigar a possível existência de insalubridade térmica no

desenvolvimento de uma atividade, permitindo assim que se atue na definição de um Regime

de Trabalho – período de trabalho e de descanso adequado, que minimize, controle ou elimine

os riscos existentes. O anexo 3 estabelece que:

1. A exposição ao calor deve ser avaliada através do "Índice de Bulbo Úmido Termômetro de

Globo" - IBUTG definido pelas equações que se seguem:

Ambientes internos ou externos sem carga solar:

IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg (2.1)

Ambientes externos com carga solar:

IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg (2.2)

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onde:

tbn = temperatura de bulbo úmido natural,em°C;

tg = temperatura de globo, em °C;

tbs = temperatura de bulbo seco, em °C.

2. Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são: termômetro de bulbo úmido natural,

termômetro de globo e termômetro de bulbo seco. Podem ser usados termômetros de vidro com

coluna de mercúrio ou sensores eletrônicos.

3. As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à altura da região do

corpo mais atingida.

Limites de tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com

períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço.

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1. Em função do índice obtido, o regime de trabalho intermitente será definido no Quadro 1.

Quadro 1: Regime de trabalho intermitente.

TIPO DE ATIVIDADE Regime de Trabalho Intermitente com Descanso no Próprio Local de Trabalho (por hora)

Leve Moderada Pesada

Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0

45 minutos trabalho 15 minutos descanso

30,1 a 30,6 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9

30 minutos trabalho 30 minutos descanso

30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9

15 minutos trabalho 45 minutos descanso

31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0

Não é permitido o trabalho sem a adoção de medidas adequadas de controle

acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30

Fonte: Adaptado de Coutinho, 1998.

2. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais.

3. A determinação do tipo de atividade (Leve, Moderada ou Pesada) é feita consultando-se o

Quadro 03.

Limites de tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com

período de descanso em outro local (local de descanso).

1. Para os fins deste item, considera-se como local de descanso ambiente termicamente mais

ameno, com o trabalhador em repouso ou exercendo atividade leve.

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2. Os limites de tolerância são dados segundo o Quadro 2.

Quadro 2: Limites de tolerância do IBUTG.

_ M (Kcal/h)

_____ Máximo IBUTG

175 200 250 300 350 400 450 500

30,5 30,0 28,5 27,5 26,5 26,0 25,5 25,0

Fonte: Adaptado de Coutinho, 1998.

Onde: M é a taxa de metabolismo média ponderada para uma hora, determinada pela seguinte fórmula:

M = Mt Tt + Md Td (2.3)

60

sendo:

Mt = taxa de metabolismo no local de trabalho.

Tt = soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho.

Md = taxa de metabolismo no local de descanso.

Td = soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de descanso.

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IBUTG é o valor IBUTG médio ponderado para uma hora, determinado pela seguinte fórmula:

(2.4)

sendo:

IBUTGt = valor do IBUTG no local de trabalho.

IBUTGd = valor do IBUTG no local de descanso.

Tt e Td = como anteriormente definidos.

Os tempos Tt e Td devem ser tomados no período mais desfavorável do ciclo de trabalho, sendo

Tt + Td = 60 minutos corridos.

3. As taxas de metabolismo Mt e Md serão obtidas consultando-se o Quadro 3.

4. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais.

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Quadro 3: taxas de metabolismo por tipo de atividade

TIPO DE ATIVIDADE Kcal/h

Sentado em Repouso 100

TRABALHO LEVE Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex: datilografia). Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex: dirigir). De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços.

125

150

150

TRABALHO MODERADO Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas. De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação. De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação. Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar.

180

175

220

300

TRABALHO PESADO Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex: remoção com pá). Trabalho fatigante

440

550

Fonte: Adaptado de Coutinho, 1998.

É importante considerar também que uma das características mais freqüentes no

desenvolvimento de atividades em ambientes e condições insalubres, se nenhuma medida de

controle for adotada, reporta-se aos efeitos nocivos provocados no organismo humano que

tanto podem se apresentar de forma imediata, quanto após a exposição aos agentes insalubres

acima dos limites de tolerância, em virtude dos aspectos cumulativos que vários desses

agentes possuem.

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2.1.2 Variáveis físicas ou ambientais

São referentes às condições termo-climáticas do ambiente pesquisado, as quais são

segundo a norma internacional ISO 7730 (1994), as variáveis apontadas pelos estudos de

Fanger (1970), em câmaras climatizadas, definidas aqui de acordo com a ISO-DIS 7726

(1996). (XAVIER, 1999).

2.1.2.1 Temperatura Radiante Média (trm), em °C

É a temperatura uniforme de um ambiente imaginário, no qual a transferência de calor

radiante do corpo humano é igual à transferência de calor radiante no ambiente real não

uniforme. A temperatura radiante média pode ser medida utilizando-se um termômetro de

globo negro, ou um radiômetro de duas esferas, ou um sensor esférico ou elipsoidal à

temperatura do ar constante, através das temperaturas superficiais das superfícies ao redor do

corpo humano, ou ainda através das temperaturas radiantes planas determinadas nas seis

direções ao redor do indivíduo.

2.1.2.2 Temperatura do ar (ta), em ºC

É a temperatura do ar ao redor do corpo humano. Essa variável é levada em

consideração nos estudos de conforto térmico para determinar se há troca de calor por

convecção entre as pessoas e o ambiente ao redor. Essa variável pode ser medida através de

sensores de expansão de líquidos ou sólidos, termômetros elétricos, de resistência variável ou

termopares.

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2.1.2.3 Velocidade do ar (Va), em m/s

Em ambientes térmicos, a velocidade do ar, é considerada a magnitude do vetor

velocidade do fluxo de ar no ponto de medição, e deve ser levada em consideração nos estudos

de conforto térmico devido à sua participação na transferência de calor por convecção e por

evaporação na posição da pessoa. Os tipos de equipamentos mais comuns para a medição da

velocidade do ar, são os anemômetros de fio quente, direcionais, e os anemômetros de esfera

aquecida, unidirecionais.

2.1.2.4 Pressão de vapor d’água (pa), em kPa

É a relação entre a massa de vapor da água existente nas condições reais e de saturação

à mesma temperatura. Sua determinação usual é através de um psicrômetro, equipamento que

mede simultaneamente a temperatura de bulbo seco, ou do ar e a temperatura de bulbo úmido.

Com essas duas leituras, o valor da umidade do ar é obtido pela utilização das relações

psicrométricas constantes na ISO 7726 (1996), relações essas que se apresentam graficamente

através da carta psicrométrica.

2.1.3 Variáveis Pessoais ou Individuais

São as variáveis de influência sobre o conforto térmico, cujos valores encontram-se

tabelados, sendo suas respectivas definições apresentadas abaixo, de acordo com a ASHRAE

Standard 55 (1992).

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2.1.3.1 Atividade Desempenhada pela Pessoa (taxa metabólica)

É a taxa de produção de energia do corpo. O metabolismo, que varia de acordo

com a atividade desempenhada. Pode ser expresso em unidade “met”. Um met, que

corresponde a 58,2W/m², é igual à energia produzida por unidade de área superficial do corpo

para uma pessoa sentada em repouso. A área superficial aproximada de uma pessoa média é de

1,8m². Os valores da taxa metabólica podem ser extraídos da tabela A da ISO 7730 (1994).

Além dessa tabela, a taxa metabólica também pode ser determinada pelas tabelas constantes na

ASHRAE (1997), ou através do consumo de oxigênio e da taxa de batimento cardíaco,

conforme ISO 8996 (1990), ( XAVIER, 1999).

2.1.3.2 A Vestimenta (isolamento térmico da roupa)

A roupa utilizada pela pessoa é responsável pela resistência oferecida às trocas de calor

entre o corpo e o ambiente.A representação convencional dessa variável é “Icl”, expresso em

m²K/W ou em “clo”, sendo que 1 clo equivale a 0,155 m²K/W. Os valores do isolamento

térmico das roupas, ou das peças que compõem o traje utilizado pela pessoa, é função do

material de confecção dos mesmos, bem como da espessura dos tecidos e do tamanho das

roupas. De acordo com Fanger (1970), a determinação desses valores foi feita utilizando-se

manequins aquecidos, sendo que os resultados dessas determinações encontram-se

devidamente tabelados nas normas e manuais ISO 7730 (1994), ISO 9920 (1995), ASHRAE

(1992).

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2.1.4 Importância do conforto térmico

De acordo com Fanger (1970), a razão de criar-se condições de conforto térmico,

reside no “desejo do homem de sentir-se termicamente confortável”. Além disso, continua o

autor, o conforto térmico pode ser justificado do ponto de vista da “performance humana“.

Embora a redução da performance humana com o calor ou o frio seja ainda uma questão

pouco clara ou conclusiva, conforme pode-se notar no estudo realizado por Woods &

WIinakor (1981), em uma lavanderia de um hospital nos Estados Unidos, suspeita-se que a

performance perceptiva, manual e intelectual é geralmente maior na presença de conforto

térmico.

Segundo Nicol (1993), a importância do conforto térmico pode ser expressa sobre

três pontos fundamentais, quais sejam: satisfação, economia de energia e estabelecimento de

padrões.

• Satisfação

A satisfação dos usuários de edificações, faz com que as pessoas gostem ou não de

freqüentar e permanecer em determinado ambiente. De acordo com Griffiths (1990) e Croome

(1992), apud Nicol(1993), uma das coisas mais importantes que as pessoas consideram em

uma edificação, é a “temperatura correta“ e o “sentimento do ar fresco”.

Baker e Standeven (1995), relacionam a satisfação das pessoas com a capacidade que elas

possuem de se adaptar ao ambiente. Segundo os autores, todos os organismos vivos possuem a

característica da irritabilidade, que é a sensibilidade às atividades de adaptação complexa para

promover trocas no ambiente. Sugerem os autores que quando a causa de um estímulo

ambiental é conhecida e entendida, como os efeitos da radiação solar ou do resfriamento

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localizado por correntes de ar em dias com vento, as pessoas são mais tolerantes e a zona de

conforto e satisfação é ampliada. Denominam essa situação de “tolerância cognitiva” e

exemplificam que a adaptação é fundamental à sobrevivência, assim como a necessidade de

comer.

• Conservação de Energia

Segundo Woods & Winakor (1981), dois interesses conflitantes têm sido a causa de

discussões a respeito do efeito do calor sobre as pessoas no trabalho: um é a prevenção do

excessivo estresse térmico dos ocupantes dos ambientes internos; o outro é a redução do

consumo de energia que pode resultar ao se deixar o ambiente térmico interno flutuante em

direção à aceitabilidade.

• O estabelecimento de Padrões

O Conforto térmico e a conservação de energia estão relacionados com a temperatura

interna. A ASHRAE – 55 (1992), e a ISO 7730 (1994), apresentam uma única temperatura

como sendo a correta para uma edificação, dependendo de sua finalidade. Recomendar-se-

iam temperaturas internas estabelecidas que refletissem conforto com menor consumo de

energia.

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2.1.5 Índices de conforto térmico

2.1.5.1 O Voto Médio Estimado (PMV)

O PMV é o índice representativo dos votos de um grande grupo de pessoas, oriundos dos

estudos de Fanger (1970), em câmara climatizadas, anotados em uma escala de sete pontos de

sensações térmicas, como a sugerida pela ASHRAE, (1997), ou ISO 10551, (1995), como

mostra a Quadro 4.

Quadro 4: Escala de sensação térmica

Valor Sensação

+3 Muito quente

+2 Quente

+1 Levemente quente

0 Neutro

-1 Levemente frio

-2 Frio

-3 Muito frio

Fonte: Adaptado de Coutinho, 1998.

Esse índice é obtido a partir da equação de conforto térmico de Fanger, considerando

as respostas de 1.300 pessoas no interior de câmara climatizada.Os pesquisados foram

submetidos a sessões de três horas no ambiente com condições ambientais controladas. O

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PMV pode ser obtido quando a atividade (taxa metabólica) e a vestimenta (isolamento

térmico) forem conhecidas, e as quatro variáveis ambientais forem medidas de acordo com as

determinações da ISO-DIS 7726 (1996), representado pela seguinte fórmula:

PMV = (0,303 – 0,036 M + 0,028) x {(M-T) – [Cres + Eres + (Edif + Es)CONF + C + R ]} (2.5)

O índice PMV é derivado de condições de estado estacionário de trocas térmicas, mas

pode ser aplicado, segundo a ISO 7730 (1994) com boa aproximação com pequenas flutuações

de uma ou mais das variáveis, durante o período prévio de uma hora de sua determinação.

É recomendada, segundo a ISO 7730, a utilização do índice do PMV, entre os valores –2

a +2 da escala de sensações acima. É também somente recomendável a utilização do PMV,

quando os seis parâmetros se encontram nos seguintes intervalos:

M= 46 a 232 W/m² (0,8 a 4 met)

Icl = 0 a 2 clo

Tar = 10 a 30ºC

Trm= 10 a 40ºC

Var = 0 a 1 m/s

Pa = 0 a 2700 Pa

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2.1.5.2 A Percentagem de Pessoas Insatisfeitas (PPD)

O PPD é um índice de conforto térmico, derivado do PMV, o qual estima a quantidade

de pessoas, dentro de um grande grupo, que estão insatisfeitos termicamente com o ambiente.

O PPD fornece a porcentagem dessas pessoas, as quais se sentem desconfortáveis

termicamente, isto é, seus votos de conforto na escala de percepção da ISO 10551 (1995),

fora: =3, =2, -2 e –3. Segundo Fanger (1970), as pessoas que votaram =1 ou –1 na escala de

sensações ou percepções, não foram considerados como insatisfeitos para determinação do

PPD, pois elas não manifestavam uma situação de desconforto bem acentuada.

Quando o PMV estiver calculado, o PPD pode ser obtido pelo gráfico constante na ISO

7730 (1994), ou analiticamente, através da expressão apresentada abaixo:

PPD = 100 – 95 exp – (0,03353 PMV4 + 0,2179 PMV2) (2.6)

Observa-se pela expressão anterior que pelo modelo do PMV, para uma situação plena

de conforto, PMV =0, o PPD resultante é da ordem de 5%. Como o PPD representa a

percentagem de pessoas insatisfeitas com o ambiente térmico, as pessoas restantes têm a

sensação de estarem levemente aquecidas ou levemente com frio.

De acordo com a ISO 7730 (1994), anexo D, um ambiente é considerado confortável

termicamente, quando ele satisfaz pelo menos 90% de seus ocupantes, ou seja, quando

apresenta um valor médio para o PPD inferior a 10% que corresponde a PMV = -0,5

(levemente frio e PMV = + 0,5 levemente quente).

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2.1.5.3 Temperatura Operativa de Conforto

Temperatura operativa de conforto, interna de conforto, neutra, ou ótima de conforto,

ou ainda segundo a ISO 7730 (1994), temperatura ótima é aquela a que está sujeita uma

pessoa, e que em combinação com os outros parâmetros físicos e pessoais forneça um PMV

igual a 0 (zero). Assim sendo a temperatura ótima de conforto é a que fornece condição de

neutralidade térmica à pessoa, sendo nessa situação, nula a carga térmica atuando sobre o

sistema de termorregulação, expressa através da seguinte fórmula:

top= hr trm + hct (2.7) hr + hc

2.1.5.4 Temperatura Efetiva – TE ou ET

Segundo a ASHRAE Standard – 55 (1992), a temperatura efetiva seria a mesma

temperatura operativa (média ponderada entre a temperatura do ar e temperatura média

radiante), de um ambiente fechado com 50% de umidade, que causaria a mesma troca de calor

sensível e latente entre uma pessoa e o ambiente real.

2.1.5.5 Temperatura Resultante – RT

Segundo Auliciems e Szokolay (1997), esse índice foi desenvolvido por

Missénard na França, e está baseado em medições e votos das pessoas em uma câmara

climatizada após terem decorridos 30 minutos dos ajustes efetuados. Também é baseado em

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medições em câmaras, porém ao contrário da escala da temperatura efetiva, não registra as

reações das pessoas instantaneamente.

2.1.6 Mecanismos de termorregulação

A temperatura do corpo é controlada pelo sistema de termorregulação, que facilita

ou dificulta a rejeição de calor, pela dilatação ou constrição dos vasos sanguíneos periféricos,

pela sudorese e pelo tiritar (SILVA, 2001). Mas, como uma máquina térmica, não deve

apresentar saldo positivo em seu balanço térmico, porque a temperatura interna aumentará e

alguns órgãos vitais poderão sofrer danos. Também não deve apresentar saldo negativo,

porque isso implicará diminuição da temperatura interna com riscos para o organismo, embora

a primeira situação seja mais perigosa.Para manter o saldo nulo e evitar riscos, o ser humano

dispõe de um dispositivo de controle do tipo de realimentação ou feedback, composto de

sensores térmicos, glândulas sudoríparas e um centro termorregulador (COUTINHO, 1998).

2.1.7 Sobrecarga Térmica

Para entender-se a exposição do trabalhador a altas temperaturas é necessário

compreender a resposta fisiológica do organismo. Indivíduos que trabalham próximos a

fornos, cadinhos, panelas, etc, estão submetidos a diferenças de temperatura, pois as

superfícies desses equipamentos perdem calor por convecção para o ar e por radiação para os

outros corpos localizados em sua vizinhança, inclusive para a pessoa.

Coutinho afirma que: “Se o ganho por radiação desequilibrar o balanço térmico tornando a

temperatura real superior à temperatura normal, o centro termorregulador comandará a

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vasodilatação, levando maior quantidade de sangue aos vasos periféricos para eliminar o

excesso de calor. Mas a temperatura da pele, estando mais alta que a do sangue, fará com que

este retorne ao interior levando mais calor. Este processo torna-se um círculo vicioso, cuja

gravidade aumentará se a temperatura de bulbo seco for superior à da pele, pois além da

radiação, a pessoa também ganhará calor por convecção. Isto é, neste caso particular, o corpo

não pode perder calor por convecção radiação, mas somente ganhar; assim, a evaporação é o

único mecanismo disponível para eliminar o excesso de calor no organismo. Por isso as

glândulas sudoríparas são bastante solicitadas.

Nos primeiros dias de trabalho em ambiente quente, deve-se reduzir a carga de trabalho

e de calor que o indivíduo ganha, pois ele estará mais susceptível às doenças já citadas. Esse

cuidado deve ser seguido até que o indivíduo esteja adequadamente aclimatizado ao calor

(MENDES, 1995).

2.1.8 Aclimatização ao Calor

É um fenômeno muito importante na adaptação do individuo ao trabalho em ambientes

quentes. Manifesta-se como uma tolerância aumentada do indivíduo para trabalhar em ambientes

quentes, mantendo sua temperatura em níveis adequados. Assim, o indivíduo que nos primeiros

dias de trabalho teria grandes chances de desenvolver algumas doenças causadas pelo calor, passa

a tolerar o trabalho em ambiente adverso muito melhor, sem ter sua temperatura aumentada.

Segundo Mendes (1995), basicamente, três fenômenos importantes ocorrem na aclimatização ao

calor:

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• Aumento da sudorese;

• Diminuição da temperatura interna;

• Diminuição da freqüência cardíaca diante de uma mesma carga de calor ambiental e da

mesma carga de trabalho.

2.1.9 Doenças causadas pelo aumento da temperatura

• Exaustão do calor

Uma baixa pressão arterial é o evento crítico resultante, devido, em parte, a uma

inadequada saída de sangue do coração e, em parte, a uma vasodilatação que abrange uma

extensa área do corpo.

• Desidratação

Em seu estágio inicial, a desidratação atua, principalmente, reduzindo o volume de

sangue e promovendo a exaustão do calor. Mas, em casos extremos, produz distúrbios na

função celular, provocando até a deterioração do organismo. Ineficiência muscular, redução

da secreção (especialmente das glândulas salivares), perda de apetite, dificuldade de engolir,

acúmulo de ácido nos tecidos irão ocorrer com elevada intensidade. Uremia temporária, febre

e morte ainda podem ocorrer.

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• Cãimbras de calor

Ocorrem espasmos musculares, seguindo-se uma redução do cloreto de sódio no

sangue, de modo a atingir concentrações inferiores a um certo nível crítico. A alta perda de

cloreto é facilitada pela intensa sudorese e falta de aclimatização.

• Choque térmico

Ocorre quando a temperatura do núcleo do corpo é tal, que põe em risco algum tecido

vital que permanece em contínuo funcionamento. É devido a um distúrbio no mecanismo

termo-regulador, que fica impossibilitado de manter um adequado equilíbrio térmico entre o

indivíduo e o meio.

2.1.10 Medidas para prevenir doenças causadas pelo calor:

Segundo Ruas (1999), uma seleção adequada do ponto de dois tipos de medidas para

prevenir doenças causadas pelo calor, quais sejam : atuação sobre o pessoal e sobre o ambiente.

No que diz respeito à atuação sobre o pessoal, destacam-se:

• Climatização

• Reposição hídrica e eletrolítica adequada

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• Pausa de recuperação

• Roupa adequada

• Controle periódico

• Uso de óculos com filtro infravermelho

Com relação às medidas sobre o ambiente, o objetivo é diminuir a sobrecarga térmica a

que os trabalhadores estão expostos, através de:

• Refrigeração e diminuição da umidade do ar;

• Mecanização do trabalho;

• Ventilação do ambiente;

• Interposição de barreiras de metal polido.

O mesmo autor ainda estabelece algumas contra-indicações para as atividades realizadas

em ambientes quentes, são elas:

• Idade acima de 45 anos

• Obesidade

• Hipertensão arterial

• Doenças do sistema circulatório

• Hipotensão ortostática

• Indivíduos com pequena adaptação circulatória ao esforço

• Síndrome varicosa

• Doenças do aparelho respiratório

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• Nefropatias

• Insuficiência renal (mesmo compensada)

• Doenças psicossomáticas em geral

• Doenças oculares

• Dermatites úmidas

• Hipertireoidismo

2.2 Pressão Arterial

A pressão arterial é aquela existente no interior das artérias e comunicada às suas paredes.

Pela equação de Poiseuille-Hagen, a PA pode ser calculada pelo produto da resistência vascular

periférica total pelo débito cardíaco. Assim, devido a esta proporcionalidade, todos os fatores que

alteram estas duas variáveis podem alterar a PA. Dentre aqueles que modificam o débito

cardíaco, deve-se mencionar as alterações da volemia, da contratilidade do miocárdio e da

freqüência cardíaca. Já a regulação da resistência vascular periférica depende do complexo

mecanismo de regulação da resistência das arteríolas, no qual atuam de modo interrelacionado: o

balanço de eletrólitos, especialmente do sódio, do potássio e do cálcio; o sistema renina-

angiotensina-aldosterona; os baroceptores do seio carotídeo, do arco aórtico e do átrio direito;

neurotransmissores como a epinefrina e a norepinefrina; e hormônios de diversas glândulas

(hormônio antidiurético, ACTH, cortisol, prostaglandinas, sistema calicreína-cinina, hormônio

natriurético renal, dentre outros) ( OIGMAN, 1987 & SILVA, 1980 apud LOLIO, 1990).

É uma conclusão óbvia, a partir da discussão prévia, que a pressão arterial é determinada

pelo fluxo (débito cardíaco) e pela resistência ao fluxo (RPT).Estes são determinantes diretos e,

neste grupo, há um outro fator, a impedância aórtica, e possivelmente um quarto fator, o volume

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diastólico. Impedância é um termo usado para descrever a resistência ao fluxo fásico. É

particularmente próprio para a aorta, porque esta recebe o volume sistólico de ejeção do

ventrículo esquerdo (HUST, 1992).

A pressão sistólica é a força máxima exercida nas principais artérias durante a contração

do ventrículo esquerdo, ao passo que a pressão arterial diastólica é a força nas principais artérias

que permanece após o relaxamento dos ventrículos. O registro da pressão sistólica se dá no ponto

em que os primeiros ruídos de Korotkoff são ouvidos.O ponto no qual os ruídos se tornam

atenuados é a pressão diastólica. Essa atenuação é a alteração final dos ruídos de Korotkoff

exatamente antes deles desaparecerem (SCANLAN, WILKINS, STOLLER, 2000).

Segundo Mcardle (1996), a pressão arterial média (PAM) é ligeiramente mais baixa que a

simples média aritmética das pressões sistólica e diastólica, pois o coração permanece em

diástole por mais tempo que em sístole. A PAM é em média de 93mmHg em repouso; isso

representa a força exercida pelo sangue contra as paredes arteriais durante todo o ciclo cardíaco,

estimada pela seguinte fórmula:

PAM= Pa Diastólica + 1/3 (PA Sistólica –PA Distólica) (2.8)

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2.2.1 Critérios Diagnósticos e Classificação da Pressão Arterial em Adultos

É necessária uma sistematização para uma definição operacional da Pressão Arterial, a

fim de separar indivíduos sãos dos doentes. Qualquer número é arbitrário e qualquer

classificação, insuficiente. Na realidade, pode-se ter maior ou menor risco cardiovascular tanto

acima como abaixo do número limítrofe, quando o paciente é considerado individualmente.

Deve-se ser criterioso ao rotular alguém como hipertenso, tanto pelo risco de falso-positivo como

pela repercussão na própria saúde do indivíduo e o custo social resultante. Aceita-se como normal

para indivíduos adultos (com mais de 18 anos de idade) cifras inferiores a 130 mmHg de pressão

sistólica e inferiores a 85 mmHg de pressão diastólica (Quadro 5).

Quadro 5: Classificação diagnóstica da hipertensão arterial (adultos com mais de 18 anos de idade).

Pressão sistólica Pressão diastólica Classificação Reavaliações

< 130 < 85 Normal Reavaliar em 1 ano

130-139 85-89 Normal limítrofe Reavaliar em 6 meses

140-159 90-99 Hipertensão leve A cada 2 meses

160-179 100-109 Hipertensão moderada A cada 1 mês

> ou = 180 > ou = 110 Hipertensão grave Imediato

> ou = 140 > 90 Hipertensão sistólica A cada 2 meses

Fonte: Adaptado do III Consenso de Hipertensão Arterial – SBC, 1998.

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2.2.2 Pressão Arterial "Normal"

A definição de hipertensão arterial comporta, por outro lado, uma comparação com um

padrão de normalidade. A variável pressão arterial, usualmente medida em cm ou mmHg ou em

kPa, é, contudo, uma variável contínua.Excetuando populações primitivas para as quais a PA,

quer a sistólica quanto a diastólica, não se eleva com a idade, nas demais populações nota-se uma

elevação com a idade, desde o nascimento. Assim, nos diversos estudos de prevalência a PAS

eleva-se continuamente com a idade, mostrando tendência a se estabilizar nos grupos etários mais

velhos, sendo maior para homens do que para mulheres nos grupos mais jovens e, inversamente,

maior nas mulheres mais velhas do que para homens da mesma idade.Por sua vez, a PAD

também se eleva com a idade até a quinta década, quando tende a atingir um máximo, depois

estabilizando-se ou vindo declinar.

Assim sendo, não existe um critério de corte que possa ser decorrente da distribuição da

variável pressão nas populações. Qualquer definição de "normalidade" ou de "anormalidade" é

arbitrária e adota critérios operacionais que dependem do conhecimento do risco de

morbimortalidade por complicações da doença por estudos longitudinais e por investigações da

eficácia da intervenção médica (farmacológica ou não) sobre o prognóstico.

2.2.3 Hipertensão Arterial

Segundo Guyton (1993) o desenvolvimento de hipertensão depende da interação entre

predisposição genética e fatores ambientais, embora ainda não seja completamente conhecido

como estas interações ocorrem. Sabe-se, no entanto, que a hipertensão é acompanhada por

alterações funcionais do sistema nervoso autônomo simpático, renais, do sistema renina

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angiotensina, além de outros mecanismos humorais e disfunção endotelial. Assim, a hipertensão

resulta de várias alterações estruturais do sistema cardiovascular que tanto amplificam o estímulo

hipertensivo, quanto causam dano cardiovascular.

De acordo com Hust (1992), as causas deste aumento de pressão não são descobertas em

90 – 95% dos casos. Quase todas as pessoas hipertensas não percebem qualquer sintoma

inicialmente e só receberão o diagnóstico durante um exame de rotina ou após algum tipo de

complicação. Conforme o mesmo autor, o aumento da pressão arterial faz com que o coração e as

artérias sofram um esforço maior que o normal para levar o sangue para todo o organismo. Isto

pode contribuir para ataques do coração (ou infarto do miocárdio), insuficiência cardíaca,

acidente vascular cerebral, insuficiência renal e aterosclerose.

Segundo Guyton (1993), cerca de 12 por cento de todos os indivíduos morrem em

conseqüência direta da hipertensão, e uns 20 por cento apresentam probabilidades de ter uma

pressão arterial elevada, em determinada fase da vida.

2.2.4 Hipotensão Arterial

É um distúrbio nos quais os valores da pressão arterial encontram-se diminuídos e podem

gerar diversos problemas, pois as células não recebem a quantidade suficiente de oxigênio e

nutriente.Com a hipotensão, os órgãos vitais podem não receber um fluxo sanguíneo adequado

(hipoperfusão). A liberação de oxigênio aos tecidos pode ser comprometida e pode ocorrer

hipóxia tecidual sem a circulação adequada. Por essa razão, deve-se evitar a hipotensão

prolongada (SCANLAN, WILKINS, STOLLER, 2000).

Quando o coração bombeia sangue para as artérias, a força do fluxo sanguíneo exerce

pressão sobre as paredes arteriais. A pressão arterial pode estar diminuída quando o coração

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bombeia mais lentamente ou com menor força (expulsa menor volume de sangue), quando existe

uma perda de sangue (desidratação ou hemorragia) ou quando ocorre a dilatação dos vasos

sanguíneos. Podem ocorrer enjôos ou vertigem, visão borrada e inclusive desmaios. Esses

desmaios podem ocorrer após um exercício físico intenso, quando a freqüência cardíaca diminui

e os vasos permanecem dilatados. Um quadro típico de hipotensão ocorre quando uma pessoa se

incorpora rapidamente e a maior parte do volume de sangue fica concentrada nas pernas.

Geralmente, os mecanismos de compensação solucionam a situação, mas geralmente são

excessivamente lentos.

2.2.4.1 Principais causas de hipotensão arterial

Diversas são as causas da hipotensão arterial, sendo as principais citadas no quadro

6, a seguir:

Quadro 6: Principais causas da hipotensão arterial

Alteração no mecanismo de compensação Causas

Diminuição do débito cardíaco Ritmos cardíacos anormais; lesão, perda ou disfunção do miocárdio; distúrbios das válvulas cardíacas; embolia pulmonar.

Diminuição do volume de sangue Sangramento excessivo; diarréia; sudorese excessiva; micção excessiva.

Aumento da capacidade dos vãos sanguíneos Choque séptico; exposição ao calor; drogas vasodilatadoras (nitratos, bloqueadores do cálcio, inibidores da enzima conversora da angiotensina).

Fonte: Manual Merck, 2001

A PA pode variar em função de flutuações verdadeiras ou aparentes. As primeiras se

devem à variação intraindividual, quer durante as 24 horas, quer durante o decorrer de períodos

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mais longos de tempo, em função de estímulos fisiológicos intrínsecos (sono, febre, exercício,

dor, por exemplo), ou ambientais (frio, calor, ruído, dentre outros). Devido a esta variabilidade,

discute-se a necessidade da medição da PA em condições de repouso ("medidas basais") ou

mesmo a motorização da PA nas 24 horas, mas, para fins práticos, são as medidas "casuais" as

utilizadas (FRAZER, 1986).

Segundo a Organização Pan Americana de Saúde (1986), as flutuações aparentes são erros

de medida que podem estar relacionados:

— com o aparelho: por má conservação, descalibração, vazamentos, entre outros;

— com o observador: hipoacusia, uso do manguito inapropriado ao tamanho do braço, ou mal

colocado; compressão da artéria braquial pela campânula do estetoscópio; escolha de dígitos

terminais preferenciais, por vícios adquiridos de longa data e insuficiência de treinamento;

esvaziamento muito rápido ou muito lento do manguito, dentre outros erros de técnicas;

— com o paciente, muito embora nem todos sejam erros de medida, já que decorrem de

alterações verificáveis no paciente, o potencial para vício deriva de não se ter em conta à

existência das seguintes condições, dentre outras:

•obesidade (sem a devida correção do tamanho do manguito)

•presença de arritmias cardíacas

• existência de artérias muito rígidas em idosos, uma condição às vezes referida

como"pseudohipertensão"

• uso de drogas vasodilatadoras, betabloqueadores e inibidores adrenérgicos

• uso de estimulantes, em particular fumo e café

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• tensão relacionada à medida ("hipertensão do avental branco")

• exercício físico ou alimentação recente

ROSE (1982); FRAZER (1986) afirmam que, em função da variabilidade da medida, a

maioria dos estudos epidemiológicos, embora dependa de medidas "casuais", tenta reduzir a

ocorrência de vícios de aferição mediante o uso de:

— técnicas padronizadas para o treinamento do observador, com a confecção de protocolos

detalhados de aferição da PA;

— emprego de esfigmomanômetros modificados, automáticos ou não, que possibilitem reduzir o

vício do observador (ex: random-zero, ou o da London School of Hygiene, com ou sem

modificações);

— manutenção e calibração freqüentes dos esfigmomanômetros, qualquer que seja o tipo

(aneróide ou de mercúrio).

Toda medida da PA pode apresentar o fenômeno da regressão à média, devido a erro de

medida ou à variabilidade fisiológica. Assim, ao reexaminar um determinado entrevistado, a PA

pode baixar em função de flutuações casuais e assumir uma posição mais próxima da média

verdadeira. Isto tem colocado em debate o número de medidas que devam ser feitas numa mesma

ocasião bem como ao longo de um determinado período de tempo antes de se considerar que haja

uma elevação "crônica" da pressão. Assim, a Organização Mundial da Saúde preconiza que,

exceto em emergências, se façam ao menos três medidas em duas ocasiões diferentes, sob

condições controladas, isto é, de acordo com um protocolo para minimizar vícios de aferição,

antes de se considerar um paciente como hipertenso (WORD HEALT ORGANIZATION, 1978).

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2.2.5 Estudos sobre Pressão Arterial e Trabalho

O trabalho, enquanto atividade humana produtiva, pode produzir danos à saúde dos

trabalhadores, devido à forma como ele se estrutura e se organiza. Os danos podem ser

identificados através de doenças específicas, como as ocupacionais, os acidentes de trabalho,

entre outros.

É necessário que se analise o processo de trabalho, sob o ponto de vista técnico, bem

como os aspectos políticos, culturais e ideológicos do mesmo, para então poder-se entender os

determinantes das doenças e dos agravos à saúde do trabalhador.

No Brasil, ainda há uma baixa cobertura no atendimento à população que sofre de algum

dano devido à Pressão Arterial, apesar dos graves prejuízos, tanto para empresários como para os

trabalhadores, e em última instância para a própria nação. Dados da Seguridade Social indicam

ser a Hipertensão Arterial a terceira causa de auxílio doença e a primeira de aposentadoria por

invalidez permanente no país.

A possível relação existente entre hipertensão e trabalho foi referida em alguns trabalhos

internacionais. Há autores que estudaram os efeitos dos ambientes de trabalho sobre a pressão

sanguínea, em organizações em Nova Iorque (SCHLUSSEL,1990); que investigaram a

prevalência de HA entre trabalhadores industriais em Stara Zaragora (KURNOLSKI, 1989).

Encontrou-se pesquisa que apresentou valores de pressão arterial (PA) entre empregados de uma

fábrica têxtil ( MLADENOVSKI, 1990 apud ROBAZZI et al, 2002).

Em relato brasileiro, Souza, Carvalho e Fernandes (2001), realizaram um estudo

transversal, com componente retrospectivo, buscando analisar a exposição ocupacional a ruído

como possível fator de risco para a hipertensão arterial entre 775 trabalhadores de uma área de

perfuração de petróleo. Considerou-se hipertensos os trabalhadores com pressão sanguínea >

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140/90mmHg. A exposição ocupacional a ruído foi avaliada através de dois indicadores: (1)

exposição à pressão sonora > 85 dbA por 10 ou mais anos e (2) perda auditiva induzida pelo

ruído (PAIR ) de moderada a severa. Os efeitos da idade, escolaridade, trabalho de turno e

obesidade foram avaliados através de técnicas de estratificação e análise de regressão logística.

Associação positiva entre exposição ocupacional a ruído e hipertensão arterial foi evidenciada,

usando-se tanto nível/duração de exposição a ruído (RP=1,8; IC 95%:1,3-2,4), quanto

diagnóstico de PAIR (RP=1,5; IC 95%: 1,1-2,0) como indicadores de exposição. Considerados os

limites do estudo, a exposição ocupacional prolongada a ruído parece ser um fator de risco para a

hipertensão arterial.

A variação individual da resposta pressórica e da FC conforme o tipo de estresse

ambiental indica ser este um fator adicional a ser considerado na avaliação da pressão arterial e,

talvez, na gênese da hipertensão arterial de operários (ROCHA et al, 2002).

Robazzi et al (2002), realizou estudo entre trabalhadores de uma faculdade de

enfermagem brasileira, para identificar seus valores da pressão arterial (PA). Efetuou-se um

levantamento dos registros de prontuários de consultas realizadas com estas pessoas, cadastradas

em um programa de atendimento de PA da faculdade. De 149 trabalhadores, 51 constituíram a

amostra. Os valores pressóricos foram medidos de modo padronizado e registrados nos

prontuários durante 18 meses. Estas 51 pessoas tiveram 405 mensurações de PA, considerando-se

para tal estudo apenas as medidas ocorridas com os sujeitos em posição sentada. Entre todas as

categorias ocupacionais estudadas, os vigias prediais, os operadores de máquinas reprográficas e

os motoristas foram os trabalhadores que apresentaram os maiores valores médios de PA,

resultados coincidentes com a literatura consultada. Além disso, cinco trabalhadores estavam

hipertensos, sendo que um desconhecia esta situação. Os achados evidenciam a necessidade de

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aprofundar investigações específicas relacionadas às categorias ocupacionais, particularmente as

pertencentes aos ambientes universitários.

Lavnik, Tavares (2002) apud Medeiros (1999), no artigo intitulado “ Avaliação inicial do

paciente hipertenso”, diz que a avaliação inicial do paciente hipertenso tem por base três pontos

principais: o primeiro ponto é a confirmação do diagnóstico, feita com base nos valores de

pressão arterial obtidos em consultório sempre que esses valores forem maiores ou iguais a

140/90 mmHg; para que se faça o diagnóstico correto é preciso que se siga o método adequado,

de modo a minimizar os erros durante a aferição. O segundo ponto a ser considerado refere-se à

história clínica do paciente, com dados como idade, sexo, presença de fatores de risco associados

e/ou doenças concomitantes, que vão influenciar tanto na classificação da hipertensão arterial

como a meta de pressão arterial a ser atingida com o tratamento não-farmacológico ou em

conjunto com o tratamento farmacológico; o exame físico pode fornecer dados importantes

quanto ao comprometimento de órgãos-alvo pela simples realização da fundoscopia, bem como

propiciar a suspeita de hipertensão arterial de etiologia secundária como nefropatia, hipertensão

arterial de origem renovascular ou doenças endócrinas como aldosteronismo primário

efeocromocitoma. Finalmente, como terceiro ponto, para que se possa avaliar os fatores de risco

de um paciente hipertenso há um perfil laboratorial mínimo que deve ser solicitado na primeira

avaliação.Com todos esses pontos devidamente avaliados e considerados em conjunto, pode-se,

então, estabelecer o diagnóstico mais preciso da hipertensão e quais medidas são as mais

cabíveis.

Fiorini e cols (1991), afirmaram que o ruído pode perturbar o trabalho, o descanso, o

sono, e a comunicação nos seres humanos.

Quik & Lapertosa (1981), referem estudos que descrevem a aceleração cardíaca

provocada pelo ruído, inclusive em corações de fetos, a redução do volume circulatório, e a

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alteração em seu fluxo, a vasoconstrição periférica, o aumento da viscosidade do sangue,

hipertensão arterial, e ação do ruído sobre a gestação, alterando a posição do feto e dificultando o

trabalho de parto, entre outros.

Marlan & Cols (1981) e André & Cols (1980) apud Moreira (1999), observaram que em

animais, um aumento agudo da pressão arterial associado ao aumento da resistência vascular

periférica, ocorre com a exposição ao ruído, podendo tornar-se uma alteração permanente.

Sugerindo ser o ruído, um dos vários estímulos externos que propiciam o desenvolvimento da

hipertensão arterial no ser humano.

Harlan (1981) apud Medeiros (1999), acredita que podem ocorrer respostas

cardiovasculares semelhantes às que ocorrem no estresse agudo, com o aumento de pressão

arterial e alterações hormonais e bioquímicas (aumento da excreção da cotecolaminas e aumento

de níveis plasmáticos de colesterol, triglicérides, ácidos graxos livres).

2.3 Sudorese

A capacidade do organismo de perder calor para o meio ambiente depende da secreção e

evaporação de suor. À medida que a temperatura corporal aumenta a sudorese também aumenta

para evitar o acúmulo excessivo de calor no organismo (ARMSTRONG, 2000).A taxa de

sudorese depende de fatores como: metabolismo, duração e o tipo de atividade, tipo de

vestimenta, assim como das condições térmicas ambientais. Quanto mais intensa a atividade, em

termos de energia consumida na unidade de tempo (kcal/hora), e quanto mais quente o ambiente,

maior será a sudorese produzida para a dissipação de calor (KENNEY, 1997). Segundo Guyton

(2003), para que todo esse processo se dê é necessário primeiramente que ocorra a condução de

calor das estruturas internas para a pele, de modo que possa haver a eliminação desse calor. Isso

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depende de uma das funções da circulação cutânea que é a de condução do calor para as artérias

nutridoras usuais, capilares e veias, e estruturas vasculares, relacionadas com o aquecimento

cutâneo. Ele refere que devido às variações de temperatura ocorrem algumas repostas

circulatórias. Uma pequena área da zona pré-óptica do hipotálamo anterior, talvez represente o

principal centro de controle de temperatura corporal. O aquecimento deste centro produz uma

dilatação dos vasos sanguíneos da pele, aquecendo-a e provocando uma perda de calor. Quando o

tempo está muito quente, a produção sudoral pode ser de 1,5 litros por hora, na pessoa não

aclimatada, a 3,5 litros, na pessoa maximamente aclimatada ao calor. Assim, durante a sudorese

máxima, uma pessoa pode perder até 3,5 quilos do peso corporal por hora. O superaquecimento

da área termostática pré-óptica aumenta a taxa de perda de caloria pelo corpo por três formas

diferentes: 1) estimulando as glândulas sudoríparas a causar perda calórica evaporativa pelo

corpo; 2) provavelmente, estimulando nervos vasodilatadores que vão à pele, aumentando assim,

o transporte de calor pelo sangue à superfície corporal; 3) inibindo centros simpáticos no

hipotálamo posterior; isso remove o tono vasoconstritor normal dos vasos da pele e, assim,

permite maior grau de vasodilatação.

Segundo o mesmo autor o centro regulador provoca uma vasodilatação por dois modos:

primeiro, a excitação do centro termorregulador transmite impulsos inibidores para o hipotálamo

posterior, a fim de inibir as fibras vasoconstritoras simpáticas que se dirigem para os vasos

sanguíneos cutâneos, o que permite certo grau de dilatação destes; segundo, a estimulação do

centro termorregulador produz uma excitação simpática das glândulas sudoríparas. A atividade

aumentada das glândulas sudoríparas promove a dilatação dos vasos cutâneos, por meio de um

mecanismo peculiar. As glândulas sudoríparas liberam uma enzima, denominada calicreína, que

atua sobre as globulinas no líquido intersticial, a fim de liberar bradicinina. Trata-se de uma

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poderosa substância vasodilatadora, que se difunde aos vasos circunvizinhos e promove

vasodilatação intensa.

Para se realizar o cálculo da sudorese do trabalhador é necessário que se entenda como

funciona o balanço térmico entre indivíduo e o meio ambiente no qual o mesmo se encontra. Para

isso Coutinho (1998) refere esse processo através da figura 2.

Figura 2: Balanço térmico entre o homem e o meio

Fonte: Coutinho, 1998.

O balanço térmico, cujas parcelas são dadas em W/m², é assim expresso:

M – T = Cres + Eres + C + R + E + S (2.9)

Sendo:

M = Metabolismo

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T = Trabalho

Cres = Convecção na respiração

Eres = Evaporação na respiração

C = Convecção na pele

R = Radiação na pele

E = Evaporação na pele

S = Saldo

Para anular o saldo positivo, com conseqüente aumento da temperatura interna, o

organismo requer o seguinte valor de evaporação de suor:

Ereq = M – T – Cres – Eres – C – R (2.10)

Por outro lado, o ambiente, dependendo da umidade e velocidade do ar e do tipo de

vestimenta se caracteriza pela “evaporação máxima permitida” (Emax).

A fração requerida de pele molhada de suor onde ocorre a referida evaporação é:

Wreq = Ereq (2.11) Emax

Mas o organismo deve produzir uma quantidade de suor maior que a requerida para

compensar as perdas por gotejamento e molhadura da roupa. O parâmetro que define esse

processo é a taxa de sudorese requerida.

SWreq = Ereq (2.12) γ

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Onde γ é a resistência de evaporação, representada pela equação:

γ = 1 - Wreq² (2.13) 2 A taxa requerida de suor pode também ser dada em Watt por metro quadrado (w/m2) ou

em gramas por hora (g/h), havendo a seguinte relação:

1 W/m2 = 1,47 g/m2h (2.14)

Assim, no homem padrão (ADu= 1,80 m2), a cada W perdido por evaporação, corresponde

a produção de 2,6 g/h. Dessa forma estabelece-se limites de precaução e perigo para as

atividades desenvolvidas em ambientes quentes em relação a sudorese e a perda de peso,esses

limites estão discriminados nas Quadro 7 . A mesma refere-se a indivíduos não aclimatados.

Quadro 7: Limites de precaução e perigo para sudorese (em w/m².) em pessoas não aclimatadas

Precaução Perigo

300 w/m² 400 w/m²

Fonte: Adaptado de Coutinho, 1998

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As perdas máximas não devem ultrapassar as condições de alerta, ou seja, os limites de precaução. 2.4 Ergonomia

A palavra Ergonomia deriva do grego (ergon e nomos), sendo entendida como ciência

normalizadora da configuração, planejamento e adaptação do trabalho ao homem, respondendo às

questões levantadas em condições insatisfatórias de trabalho. É uma ciência de caráter aplicado,

fundamentada na adaptação do posto de trabalho e do ambiente cotidiano às necessidades e

características humanas (Queiroga, 1999 apud Guedes, 2003). Essa adaptação é conseguida

através da aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia, psicologia e ciências congêneres

ao trabalho humano (Almeida & Barreto apud Guedes, 2003).

IIDA (1990), expôs que os objetivos da ergonomia são a segurança, a satisfação e o bem-

estar do trabalhador no seu relacionamento com sistemas produtivos, tendo como resultado a

eficiência.

A análise Ergonômica do Trabalho (AET) é uma metodologia proposta com o objetivo de

levantar dados pertinentes a uma determinada situação de trabalho (SANTOS; FIALHO,

1995.p.37).

GUÉRIN et al (1991, p.23-24) advertem que a análise ergonômica não consiste somente

em aplicar métodos ou realizar medidas, em fazer observações ou conduzir entrevistas com os

trabalhadores. Ela deve possibilitar transformações do trabalho, vindas de um processo de

elaboração, ao qual participem os diferentes atores envolvidos, com seus pontos de vista e

interesses próprios.

As pesquisas em torno da Ergonomia vêm se desenvolvendo a cada dia e com a

preocupação entre a adequação e adaptação das tarefas e dos ambientes ao trabalhador. Alguns

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estudos têm sido feitos com o objetivo de avaliar o efeito do clima no posto de trabalho e no

próprio trabalhador.

COUTO (2002) faz algumas recomendações quanto à organização do trabalho em

atividades fisicamente pesadas e em altas temperaturas, são elas:

1 – Organizar o sistema de trabalho de forma que a somatória do consumo

energético nos diversos períodos de atividades, mais a somatória das pausas, não ultrapasse

1/3 da capacidade aeróbica dos trabalhadores.Em termos práticos:

• Para ambientes não quentes (até 24ºC de temperatura de bulbo seco), o dia típico

deve exigir dos trabalhadores no máximo 2.160 quilocalorias (4,5 quilocalorias

por minuto multiplicado por 480 minutos, que é a duração da jornada de trabalho);

• Para temperatura de 25ºC, máximo de 2.064 Kcal/jornada;

• Para temperatura de 26ºC, máximo de 2.016 Kcal;

• Temperatura de 27ºC, máximo de 1.968 Kcal;

• Temperatura de 28ºC, máxima de 1.872 Kcal;

• Temperatura de 29ºC, máxima de 1.824 Kcal;

• Temperatura de 30ºC, máxima de 1.776 Kcal;

• Temperatura de 31ºC, máximo de 1.680 Kcal;

• Temperatura de 32ºC, máximo de 1.632 Kcal;

• Temperatura de 33ºC, máximo de 1.536 Kcal;

• Temperatura de 34ºC, máximo de 1.488 Kcal;

• Temperatura de 35ºC, máximo de 1.440 Kcal;

• Temperatura de 36ºC, máximo de 1.344 Kcal;

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2 – Pausa

O sistema de trabalho e pausas deve favorecer as pausas curtas, devendo-se usar as

pausas longas somente quando for impossível o uso das pausa curtas e curtíssimas. No caso de

ambientes de altas temperaturas, usar o limite de tolerância baseado na medida do IBUTG (Índice

de Bulbo Úmido-Termômetro de Globo). Em ambientes com alta quantidade de calor radiante, é

indicado que o repouso seja feito em salas com ar condicionado, cuja temperatura efetiva esteja

regulada para 20ºC.

3 – Afastamento do homem da fonte de calor radiante

Pode ser feito através do aumento da distância entre o trabalhador e a fonte de calor

radiante ou através da redução do tempo em que o trabalhador fica exposto às fontes de calor

radiante. Nessa última forma, é importante entender que o trabalho em ambiente quente deve ter a

mesma filosofia do pit-stop das corridas de automóvel: tudo deve ser planejado para que o tempo

naquela atividade seja o mínimo possível; todos os preparativos são feitos fora da exposição ao

calor, todas as ferramentas ficam preparadas e maximiza-se a eficácia na execução da tarefa,

eliminando os fatores de dificuldade, treina-se bem os operadores, e assim o tempo que os

mesmos gastam naquele ambiente fica minimizado.

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4 – Interposição de barreira de metal polido entre a fonte de calor radiante e o

trabalhador

A barreira de calor mais facilmente utilizável é o alumínio. Assim, pode-se construir

barreiras de alumínio polido sob a forma de biombos, pode-se revestir o lado externo de fornos

com uma barreira de alumínio, bem como pode-se colocar telhas com a superfície externa de

alumínio polido. Essa medida é indicada quando o calor é proveniente de uma fonte bem

definida.Quando vem de fontes difusas, tem pouca utilidade.

5 – Mecanização auxiliar

Deve-se criar condições mecânicas no ambiente de trabalho de forma que as tarefas de

levantamento e manuseio de cargas sejam feitas mecanicamente, reduzindo assim o dispêndio

energético.

6 – Programação do horário das atividades

Estudam-se as tarefas programáveis em ambientes quentes e as mesmas são planejadas

para o horário de 6-7 da manhã (quando se necessita da luz do dia) ou então para a noite (quando

não se necessita da luz do dia).Evita-se, a todo custo, que as mesmas sejam feitas entre 10 e 17

horas.

7 – Redução da umidade do ar do ambiente

Possibilita a perda de calor por evaporação; podem ser usados umidificadores, cuja

eficácia e conveniência dependerão do estudo do tamanho da área, da gravidade do problema e

do equipamento necessário.

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8 – Ventilação do ambiente

O aumento da ventilação só deve ser usado se o ar estiver a uma temperatura menor que

29ºC. Acima disso, a ventilação deve ser evitada. O aumento da ventilação também é contra-

indicado quando ocasionar mobilização de poeiras e fumos sobre o trabalhador e quando soprar

sobre papéis e documentos, fazendo-os voar. De qualquer forma, é contra-indicado que a

velocidade do ar que chega ao trabalhador seja maior que 0,75 metros por segundo.

9 – Refrigeração do ar

Solução geralmente aplicável a escritórios e raramente recomendada em ambientes

industriais com fontes de calor radiante significativas.

10 – Aclimatação ao calor

Em termos práticos é conseguida em 6 dias, embora a adaptação hidroeletrolítica

(aumento da taxa de sudorese e diminuição do sódio no suor) só ocorra completamente após 3

semanas e a adaptação cardíaca completa somente após 3 meses.

• Inicia-se com 50% da carga de trabalho no primeiro dia, aumentando-se 10% por

dia, até atingir-se 100% ao final de 6 dias;

• Após afastamento por 9 ou mais dias consecutivos (inclusive férias, naturalmente),

recomenda-se que a pessoa passe por uma reaclimatação de 4 dias;

• Em afastamento de 4 a 9 dias por doença deve-se respeitar uma reaclimatação de 2

dias

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11 – Reposição hídrica e eletrolítica

A água deve ser bebida de preferência, parceladamente, e não deve estar a temperatura

menor que 12ºC. Sobre a reposição salina, há um consenso de que ela não é necessária entre

trabalhadores aclimatados. O fornecimento de alimentação um pouco mais salgada ou de pipoca

(naturalmente salgada) costuma ser suficiente para a reposição de sódio.Quando pessoas pouco

ou não aclimatadas são colocadas para trabalhar em ambientes muito quentes, é então indicada

solução de água mais cloreto de sódio na concentração fisiológica (9g de NaCl para um litro de

água), fria, à temperatura de 12 a 15ºC. Preparados comerciais atendem bem. A fórmula do soro

caseiro também atende: Utilizando-se a colherinha própria para tal, distribuída nos postos de

saúde, colocando-se 8 medidas de açúcar e 4 medidas de sal em um litro de água.

12 – Roupas adequadas e óculos com filtro infravermelho

O algodão e o linho permitem boa evaporação do suor. Para refletir o calor, o adequado

são as vestimentas de metal polido. Óculos com filtro infravermelho reduzem a incidência de

calor nos olhos, prevenindo o aquecimento do cristalino e o desenvolvimento de catarata.

13 – Ginástica de Aquecimento

O trabalhador envolvido em atividade fisicamente pesada se beneficia das ginásticas de

aquecimento, que movimenta grandes grupos musculares, porém sem sobrecarga.

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2.5 Condições de trabalho em padarias

A doença ocupacional, embora ainda sem esta denominação, é descrita desde os tempos

remotos. Hipócrates descreveu o quadro clínico da intoxicação saturnina; Plínio, o aspecto dos

trabalhadores expostos ao chumbo, ao mercúrio e a poeiras; Agrícola escreve sobre a “asma dos

mineiros”, hoje denominada silicose e Paracelso, a intoxicação pelo mercúrio. Quase dois séculos

mais tarde, em 1700 foi publicado “De Morbis Artificium Distriba”, escrito por Bernardino

Ramazzini, conhecido como “Pai da Medicina do Trabalho”, descrevendo doenças de

aproximadamente 50 ocupações (MENDES, 1995).

Segundo Wisner (1987 p.12) as condições de trabalho se referem a tudo o que influencia o

próprio trabalho, ou seja, além do posto de trabalho e seu ambiente, englobam também as

relações entre produção e salário, a duração da jornada, da semana, período de férias,

aposentadoria, os horários de trabalho (em turnos e pausas), repouso, alimentação, serviço

médico, social, escolar, cultural e transporte.

Diante disso o objeto da saúde do trabalhador pode ser definido como o processo saúde e

doença dos grupos humanos, em sua relação com o trabalho. Segundo Marx (1980), o trabalho é

entendido enquanto espaço de dominação e submissão do trabalhador pelo capital, mas,

igualmente, de resistência, de constituições e do fazer histórico dos trabalhadores, que buscam o

controle sobre as condições e os ambientes de trabalho, para torná-los mais saudáveis, num

processo lento, contraditório, desigual no conjunto da classe trabalhadora, dependente de sua

inserção no processo produtivo e do contexto sócio-político de uma determinada sociedade.

Nesse sentido, a saúde do trabalhador aparece enquanto uma prática social instituinte e intituída

dentro de um determinado modo de produção.

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O trabalho em padarias é caracterizado pela utilização intensa de mão-de-obra no

processo de produção de pães e doces. As condições de trabalho das padarias são regidas pela

Norma Regulamentadora 17 (NR 17) do Ministério do Trabalho (1999). Esta norma estabelece os

parâmetros que permitem alcançar os objetivos propostos pela ergonomia, ou seja, adaptar as

condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, objetivando

proporcionar conforto, segurança e desempenho eficiente.

Os padeiros e confeiteiros trabalham próximos a fornos e fogões, que são fontes geradoras

de calor, o que pode levar a uma sensação de desconforto térmico nos mesmos. Segundo

Verdussen (1978, p.50-63), a temperatura deve merecer maior cuidado quando se busca criar

condições ambientais de trabalho. O trabalho mais prolongado na presença de temperaturas

elevadas pode trazer conseqüências sérias quanto à saúde do trabalhador.

A carga térmica sofrida pelos confeiteiros foi tema de estudo na França (APTEL et al

apud Souza, 2002) no qual se observou dois postos de trabalho de confeiteiro para avaliar a

pressão térmica de trabalho. Foram registradas a freqüência cardíaca durante a atividade e em

repouso e também a temperatura foi medida antes e depois do trabalho. O peso corporal foi

anotado antes, durante e no fim da atividade e as ingestões de água durante o trabalho foram

sistematicamente pesadas. Foi realizado um exame de balanço hídrico para a detecção do quanto

os confeiteiros suaram e repuseram suas perdas hídricas. O estudo, apesar de concluir que a

complexidade dos fenômenos observados, não adianta nenhuma hipótese para explicar os

achados; demonstra a preocupação em relação à carga térmica a que estes trabalhadores estão

expostos.

Os riscos de acidente em padarias são os mesmos observados em trabalhos em cozinhas

industriais, que, segundo Sterque (1990 p.30-36), são causados por ferramentas manuais, peças e

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utensílios cortantes, líquidos quentes, pisos escorregadios devido à presença de gordura,

equipamentos como fogão, caldeira, prateleiras e outros.

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É com perseverança que chegarás a recolher

o fruto dos teus trabalhos.

Alan Kardec

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CAPÍTULO 3

METODOLOGIA

Para atingir os objetivos da presente dissertação, o mesmo foi desenvolvido em etapas

principais, a saber: pesquisa de campo (incluindo as medições ambientais, verificação da pressão

arterial, índices de sudorese e obtenção dos índices com tratamento estatísticos dos dados).

3.1 Caracterização do Estudo

Esta pesquisa é classificada como qualitativa do tipo descritiva. O estudo descritivo

exige do pesquisador uma série de investigações sobre o que se deseja estudar, e pretende

descrever os fatos e fenômenos de uma determinada realidade com exatidão (TRIVIÑOS,

1987, p.110).

A pesquisa qualitativa permite a observação pessoal direta, o trabalho de campo, onde

são valorizadas as entrevistas e a análise de documentos (GODOY, 1995a, p.108). Ainda

segundo o mesmo autor (1995b, p.21) a abordagem qualitativa dispõe de três possibilidade

para a realização de uma pesquisa, ou seja, a pesquisa documental, o estudo de caso e a

etnografia. O modelo que será utilizado nesta pesquisa será o estudo de caso.

O estudo de caso, apesar de não permitir generalizações, permite conhecer melhor a

situação que se quer estudar, e segundo Yin apud Godoy, (1995b, p.25), permite ainda a

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investigação do fenômeno que se quer estudar dentro do seu contexto real, onde se utiliza

múltipla fonte de evidências.

3.2 Amostra

A amostra foi composta por 16 participantes, sendo 10 no turno da manhã e 06 no turno da

tarde, todos do sexo masculino, com faixa etária de 18 a 56 anos.

3.3 Descrição das variáveis

Foram considerados alguns dados sócio-demográfico do trabalhador, através da aplicação

de questionário, tais como: idade, sexo, escolaridade, data de admissão, regime de trabalho,

ocupação atual e anterior, exames periódicos, dados sobre a pressão arterial, altura e peso.

Os parâmetros pesquisados foram o Índice de Bulbo Úmido e Termômetro de Globo

(IBUTG), a Pressão Arterial e a Sudorese.

3.3.1 Variáveis dependentes

• Pressão arterial, que é a força exercida pelo sangue arterial por unidade de área da

parede arterial, medida em milímetros de mercúrio (mmHg).

• Sudorese, que é a capacidade do organismo de perder calor para o meio ambiente, é

definida em W/m².

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3.3.2 Variáveis independentes

• Térmicas (IBUTG), que é o índice de bulbo úmido e termômetro de globo, definido em °

C.

3.4 Caracterização do ambiente estudado

A empresa é uma fábrica de bolachas e pães, localizada no bairro de Cruz das Armas, em

João Pessoa. A mesma foi fundada no ano de 1997. Inicialmente visava apenas à produção de

pães, hoje produz vários tipos de pães e bolachas, sendo eles em grande quantidade, visto que a

mesma distribui para interiores da Paraíba e Pernambuco.

Seu quadro de funcionários é composto por 22 pessoas, que alternam dois turnos de

trabalho (manhã/tarde; tarde/noite).

O aspecto construtivo externo e interno da padaria estão apresentados nas fotos das

Figuras 3 e 4.

FIGURA 3: Vista geral externa da panificadora pesquisada

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FIGURA 4: Vista geral do interior da panificadora pesquisada

3.5 Procedimento do Estudo

A primeira visita ao local de trabalho ocorreu no mês de agosto de 2005, objetivando um

maior conhecimento das condições ambientais e se o mesmo era satisfatório para a realização da

pesquisa. Sendo assim, foi verificado que o mesmo encontrava-se de acordo com os objetivos

propostos e foi solicitada autorização da gerência para a realização da pesquisa.

Para a realização desta pesquisa foi realizada uma triagem, visto que alguns funcionários

trabalham em setores climatizados, os quais não se enquadravam no perfil da pesquisa; dessa

forma a amostra foi composta de 16 padeiros, sendo 10 no turno da manhã e 6 no turno da tarde,

todos do sexo masculino.

Após esta visita o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisas do Estado da

Paraíba e devidamente aprovado por unanimidade em sua 15ª reunião ordinária.Os trabalhadores

participantes da pesquisa foram informados quanto aos objetivos do estudo, a razão pela qual

estavam fazendo parte dele, além de solicitada a aquiescência, por escrito, para sua

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participação.Foi apresentado o termo de consentimento livre e esclarecido a cada participante.

Em seguida aplicado o questionário.

As medições e a entrevista foram realizadas no local de trabalho de cada indivíduo. A PA

e o IBUTG foram medidos com todos os recursos necessários.

3.6 Procedimentos de Coleta de Dados:

A coleta se deu na primeira quinzena do mês de março/2006, sendo a mesma realizada de

segunda a sexta-feira, perfazendo um total de dez (10) dias de coleta, nos turnos manhã e tarde.

Para o turno da manhã a coleta iniciou às 5:00 h e terminou às 8:00 h, já no turno da tarde foi das

12:00 h até às 15:00 h.

As variáveis térmicas foram mensuradas, através de um conjunto IBUTG TGD 200,

disponibilizado pelo Laboratório de Análise do Trabalho (LAT) do Departamento de Engenharia

de Produção (DEP) da UFPB (fig 03), que atendeu às exigências da norma ISO /DIS 7726 /1996.

O equipamento possui sensores pt 100, classe A, conforme a norma DIN 43760, que medem as

temperaturas de bulbo seco e de bulbo úmido, respectivamente, na faixa de – 1,0 a 60° C, e de

globo, de 10 a 110° C, todos com resolução de 0,1° C. O sensor de bulbo seco tem um tempo de

resposta de 2 minutos; o de bulbo úmido, de 10 minutos e o de globo , de 25 minutos.

As medições foram iniciadas às 5:00h da manhã, sendo o aparelho colocado no local do

trabalho, próximo ao trabalhador. Esta medida foi considerada a medida inicial da temperatura

local, verificando-se a cada uma hora a temperatura local até completar quatro (4) medições

consecutivas; dessa forma obteve-se quatro medições nesse turno, perfazendo ao final da

pesquisa quarenta medições da temperatura, visto que a mesma foi realizada em 10 dias.

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Da mesma forma verificou-se a temperatura do turno da tarde, iniciando-se às 12:00 h

com a medida inicial e verificando a cada hora por um total de quatro (04) medições.

Para verificação da pressão arterial foi utilizado um tensiômetro manual da marca BD,

devidamente calibrado, com escala de 0 a 300 mmhg e estetoscópio da marca BD (Figura 04),

realizando a medida indireta da pressão arterial. Foi solicitado ao trabalhador que repousasse

durante 10 minuto antes do inicio da jornada, para que se tornasse possível aferir com uma maior

precisão sua Pressão Arterial Basal, ou seja, sua pressão de repouso. A partir daí a cada uma hora

foi feita uma nova aferição, com o trabalhador em atividade, ou seja, não havendo repouso para

estas medições, perfazendo um total de quatro aferições por turno/dia. A medida da Pressão

Arterial foi realizada no local de trabalho com o trabalhador sentado e tendo braço direito

apoiado sobre a mesa, na altura do coração. Este procedimento foi realizado sempre por um único

avaliador, o pesquisador. Os dados das medidas foram anotados individualmente, servindo como

base para a estatística da pesquisa.

FIGURA 5: Conjunto de Termômetros Utilizados

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FIGURA 6: Tensiômetro e estetoscópio utilizados na pesquisa

3.7 Análise dos dados

Os dados coletados neste estudo foi organizado em um banco de dados com a

utilização de planilha eletrônica e pacote estatístico SPSS (Statistical Package for the Social

Sciences), versão 8.0 for Windows. Foi utilizada a estatística descritiva e intervalos com 95% de

confiança para a média do IBUTG por hora, associado com o teste t-Student, a mesma análise

descritiva também foi utilizada para a média da sudorese por hora, bem como a ANOVA com

classificação (one way) para variável dependente PAM, a matriz de correlação com valor-P e o

dendrograma para as variáveis sudorese ou perda de peso, IBUTG e PAM.

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“Não há estrada real para a ciência, e só têm

probabilidade de chegar a seus cimos luminosos,

aqueles que enfrentam a canseira para galgá-los

por veredas abruptas”.

Karl Marx

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CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A Tabela 1 faz referência às médias do total de medições do IBUTG e da PAM, realizadas

durante dez dias do mês de março de 2006, nos turnos manhã e tarde. Os dados servirão como

base para a análise estatística do estudo.

Tabela 1:Valores médios do IBUTG e PAM por dia e por turno

Dia Turno IBUTG (°C) PAM (mmHg)

Manhã 25,6750 83,1475 1 Tarde 30,0250 85,9725

Manhã 25,8750 80,9250 2 Tarde 30,0000 88,6125

Manhã 25,7000 81,9450 3 Tarde 30,0000 86,3900

Manhã 25,8250 82,2225 4 Tarde 30,0750 87,9150

Manhã 25,7750 83,3325 5 Tarde 29,9500 85,8375

Manhã 25,7000 82,6850 6 Tarde 29,8750 88,0575

Manhã 25,7250 83,0550 7 Tarde 30,0000 86,5275

Manhã 25,8750 82,9625 8 Tarde 29,8500 85,0025

Manhã 25,8500 82,5925 9 Tarde 29,9250 83,3325

Manhã 25,5000 82,5925 10 Tarde 29,8500 84,8600

Fonte: Dados Calculados

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Observa-se diante da Tabela 1 que há um aumento do IBUTG em relação a PAM, visto

que a PAM tende a ter um declínio, conforme o IBUTG aumenta, isso pode ser explicado pelo

fato de haver uma vasodilatação periférica do corpo, ou seja, à medida que há um aumento de

temperatura, há uma diminuição da pressão arterial.

Tabela 2: Análise de Variância com uma classificação (one-way) para a variável dependente IBUTG.

Fonte de variação

Soma de quadrados

gl

Quadrado médio

Razão F

Valor-P

Hora 466,370 7 66,624 2339,972 0,000

Erro 2,050 72 0,0285

Total 468,42 79

A Tabela 2 mostra a análise de variância (ANOVA) com variável dependente IBUTG e

hora como variável independente e apresenta resultado significativo, valor de P< 0,05 %. Pode-se

concluir que os valores médios do IBUTG, constantes na tabela 1 são estatísticamente diferentes

por hora.

Tabela 3: Medidas descritivas e Intervalos com 95% de confiança para a média do IBUTG por hora.

IC 95% Teste-t:Ho:µµµµ=28,5 Hora Média

Desv. Pad. L. inf. L Sup. Estat. t Valor-P

5 horas 23,36 0,1838 23,2285 23,4915 -88,440 0,000

6 horas 25,27 0,1337 25,1743 25,3657 -76,368 0,000

7 horas 26,72 0,2201 26,5625 26,8775 -25,574 0,000

8 horas 27,65 0,2718 27,4555 27,8445 -9,888 0,000

12 horas 29,39 0,0732 29,3372 29,4428 38,143 0,000

13 horas 29,71 0,0994 29,6389 29,7811 38,478 0,000

14 horas 30,17 0,1337 30,0743 30,2657 39,484 0,000

15 horas 30,55 0,1434 30,4474 30,6526 45,216 0,000

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A Tabela 3 apresenta o valor médio, o desvio padrão e limites de 95% de confiança para o

valor médio do IBUTG. Na última coluna utiliza-se o teste t-Student para testar a hipótese de que

o valor médio do IBUTG no ambiente pesquisado não ultrapassa o limite máximo de 28,5o C,

preconizado pela Norma Regulamentador 15 (NR 15). Pode-se observar que o turno da manhã

não ultrapassa este limite, porém o turno da tarde excede o limite aceitável, o que resulta em um

ambiente insalubre no período da tarde, conforme mostra as Figuras 7 e 8.

23,00

24,00

25,00

26,00

27,00

28,00

29,00

30,00

31,00

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Dia

IBU

TG Manhã

Tarde

Figura 7: IBUTG médio por dia e por turno

Pode-se observar na Figura 7 que o IBUTG médio é maior no turno da tarde, fato este já

comprovado com o teste t-Student na Tabela 3.

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IBUTG em função da hora, comparado o IBUTG limite de tolerância

20

25

30

35

5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Hora

IBU

TG

( o C

)IBUTG

IBUTG lim

Figura 8 : IBUTG em função da hora, comparado com IBUTG limite de tolerância para a

atividade.

Pode-se verificar que a partir das 12:00 h, o IBUTG ultrapassa os limites permitidos de

28,5° C pela Norma Regulamentador 15 (NR 15) para este tipo de atividade.

Tabela 4: Análise de Variância com uma classificação (one-way) para a variável dependente PAM.

Fonte de variação

Soma de quadrados

gl

Quadrado médio

Razão F

Valor-P

Hora 1262,752 7 180,393 82,341 0,000

Erro 157,738 2 2,91

Total 1420,490 79

A Tabela 4 apresenta uma Análise de Variância para a variabilidade média da PAM

considerando hora como variável explicativa (independente), conforme dados oriundos da tabela

1.

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Tabela 5: Medidas descritivas e Intervalo com Intervalos com 95% de confiança para a média do PAM por hora.

IC 95% Teste-t:Ho:µµµµ=93 Hora Média Desv. Pad.

L. inf. L Sup. Estat. t Valor-P

5 horas 88,11 1,1229 87,3097 88,9163 -4,887 0,000

6 horas 83,85 1,0780 83,0768 84,6192 -26,847 0,000

7 horas 79,96 0,9936 79,2522 80,6738 -41,493 0,000

8 horas 78,26 0,8927 77,6214 78,8986 -52,216 0,000

12 horas 91,39 2,1149 89,8771 92,9029 -2,407 0,039

13 horas 86,50 1,9789 85,0854 87,9166 -10,386 0,000

14 horas 83,78 1,5008 82,7044 84,8516 -19,432 0,000

15 horas 83,33 1,6365 82,1633 84,5047 -18,678 0,000

De acordo com a Tabela 5, à medida que o trabalhador acumula horas de trabalho, a PAM

média diminui. O teste t-Student foi realizado para testar a hipótese da PAM se situar abaixo do

limite de tolerância igual a 93 mmHg. Nos dois turnos, os valores médios da PAM situou-se

abaixo deste limite. A PAM nesses níveis não é causadora de complicações para os trabalhadores,

apesar do estudo ter observado dois hipertensos que desconheciam a doença e ter mostrado que

não há um controle no que se refere às contra-indicações, como afirma Ruas (1999) que diz ser a

hipertensão arterial a terceira maior contra-indicação para os trabalhos em alta temperatura. As

Figuras 9 e 10, mostram com clareza os níveis da PAM, bem como seu limite ideal .

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76,00

78,00

80,00

82,00

84,00

86,00

88,00

90,00

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Dia

PA

M Manhã

Tarde

Figura 9: PAM média por dia e por turno

PAM média em função da hora do dia, comparada com a PAM limite de tolerância

70

75

80

85

90

95

5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Hora do dia

PA

M (m

mH

g)

PAM

PAM lim

Figura 10: PAM média em função da hora do dia, comparada com a PAM limite de

tolerância.

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Uma análise de variância por dia para o IBUTG e PAM considerando dias como variável

independente (tratamentos) foi realizado e não apresentou resultado efeito significativo.

Tabela 6: Valores da sudorese ou perda de peso em função da hora

Hora Sudorese Perda de Peso

5:00 180 W/cm² 468 Kg/h

6:00 187,5 W/cm² 487,5 Kg/h

7:00 187,5 W/cm² 487,5 Kg/h

8:00 267,5 W/cm² 696,41 Kg/h

12:00 418,5 W/cm² 1088,1 Kg/h

13:00 415,55 W/cm² 1080,43 Kg/h

14:00 447 W/cm² 1162,2Kg/h

15:00 689,68W/cm² 1793,2 Kg/h

A Tabela 6 mostra os valores da sudorese e perda de peso, em relação a hora em que as

mesmas foram calculadas. Observa-se que a perda de peso é em função do aumento da sudorese.

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180 187,5 187,5

267,85

418,5 415,55447

689,68

0

100

200

300

400

500

600

700

800

5 6 7 8 12 13 14 15

Hora

Su

do

rese

Figura 11: Valores da sudorese por hora

De acordo com a Figura 11, pode-se observar que os valores da sudorese aumentam de

acordo com o número de horas trabalhadas. O turno da manhã apresenta menores valores que o

turno da tarde, o que sugere que, à medida que a temperatura corporal aumenta, a sudorese

também aumenta para evitar o acúmulo excessivo de calor no organismo, pois o desequilíbrio do

balanço térmico do corpo pode gerar perda de eletrólitos e causar danos à saúde dos sujeitos

estudados, esses dados dos limites de perigo e precaução estão representados através da Figura

12.

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Sudorese em função da hora do dia, comparada a sudorese limite

100

200

300

400

500

600

700

5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Hora do dia

Sud

ores

e (W

/m2o

C)

SUDOR

SUDORlim

Figura 12: Sudorese em função da hora do dia, comparada a sudorese limite.

Observa-se que à medida que a temperatura aumenta, a sudorese também aumenta e que

a partir das 12:00h a sudorese ultrapassa o limite de tolerância para este tipo de atividade,

segundo a ISO 7739/89, ou seja, o turno da tarde é considerado insalubre termicamente em

relação ao turno da manhã.

Tabela 7: Medidas descritivas e Intervalo com Intervalos com 95% de confiança para a média da sudorese por hora.

Estatísticas de ordem Hora Média Desv. Pad.

Perc. 5 Perc. 95

Sudorese 349,20 178,18 180 439,88

Perda de peso 907,91 463,28 468 1143,67

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A partir de 400 w/m2 têm-se o valor de perigo para a sudorese e a partir de 1040 kg/h tem-

se o valor de perigo para a perda de peso. A Tabela 7 apresenta os limites obtidos com a

estatística de ordem percentil 5 e percentil 95 que mostram que os limites de perigo estão dentro

deste intervalo. Isto significa que os limites de perigo estão sendo ultrapassados nesta atividade, o

que pode ser observado na Figura 12.

Tabela 8: Matriz de correlação com valor-P para as variáveis Sudorese, Perda de Peso, IBUTG e PAM.

Correlations

1,000 1,000** ,855** ,166

, ,000 ,007 ,695

8 8 8 8

1,000** 1,000 ,855** ,166

,000 , ,007 ,695

8 8 8 8

,855** ,855** 1,000 ,018

,007 ,007 , ,967

8 8 8 8

,166 ,166 ,018 1,000

,695 ,695 ,967 ,

8 8 8 8

Pearson Correlation

Sig. (2-tailed)

N

Pearson Correlation

Sig. (2-tailed)

N

Pearson Correlation

Sig. (2-tailed)

N

Pearson Correlation

Sig. (2-tailed)

N

Sudorese

Perda de Peso

IBUTG

PAM

SudoresePerda de

Peso IBUTG PAM

Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).**.

Observa-se na Tabela 8 que, quando o valor do IBUTG cresce também cresce o valor da

sudorese. Desta forma as variáveis IBUTG, Sudorese e perda de peso se comportam de modo que

o crescimento de uma delas implica no crescimento das outras. Apesar da PAM não apresentar

correlação significativa com o IBUTG estas duas variáveis podem ter uma relação entre si não

captada pela correlação simples de Pearson.

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Figura 13: Análise de agrupamento hierárquica para as variáveis IBUTG, PAM, Sudorese e Perda de Peso.

A Figura 13 mostra o dendrograma para as variáveis Sudorese, IBUTG, Perda de Peso e

PAM. O método de agrupamento foi o da Ligação média (Avarege Linkage) com a utilização da

métrica euclidiana. Pode-se observar que Sudorese e IBUTG e PAM estão mais próximas e que

as quatro variáveis formam dois grupos: Perda de peso em um grupo e o outro grupo formado por

IBUTG, PAM e Sudorese. Portanto estas quatro variáveis se associam na ligação mostrada na

figura acima.

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Se sua motivação é pura e sincera,

Todo o resto vem por si.

Dalai Lama

CAPÍTULO 5

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CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5.1 Conclusões

Este trabalho procurou analisar a influência das condições térmicas desfavoráveis na

saúde e no trabalho de um grupo de padeiros, baseada na variação da Pressão Arterial, da

Sudorese ou Perda de peso. O estudo foi embasado em pesquisa realizada ao curso de 10 (dez)

dias no mês de dezembro, quando foram medidas todas as variáveis de interesse na panificadora

pesquisada.

A profissão de padeiro, ainda hoje, impõe aos seus trabalhadores situações de trabalho

desfavoráveis. As vestimentas, os calçados e os dispositivos auxiliares são adequados no

ambiente pesquisado, por outro lado, a existência de sobrecarga térmica e não reposição

adequada de líquido, dentre outros fatores, fazem a atividade tornar-se insalubre.

Os instrumentos utilizados na metodologia mostraram-se de grande eficácia para

realização do estudo, estando todos devidamente calibrados. O método de avaliação da Pressão

Arterial foi o indireto, que apesar de bastante antigo, mostrou-se eficiente, de fácil aplicação e

baixo custo, assim como a utilização do IBUTG e cálculo da sudorese também o foram. Ainda

não existe uma política de saúde voltada para o controle da pressão arterial dentro do sistema

produtivo, bem como a fiscalização e a atuação de profissionais capacitados na área de higiene e

segurança do trabalho que possam adotar medidas que visem tornar o ambiente o mais salubre

possível. Desta forma, o que foi verificado é que as condições térmicas do ambiente estudado, no

turno da tarde, estão acima dos limites permitidos pela norma regulamentadora (NR 15) para o

tipo de atividade desenvolvida no local. Em relação à pressão arterial, foi verificado que a mesma

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sofreu um declínio conforme o índice IBUTG aumentava, o que mostra a interferência do calor

na mesma, baseado na fisiologia, de acordo com a literatura. Foi constato um aumento excessivo

da sudorese no turno da tarde, e, conseqüentemente, da perda de peso em relação ao aumento de

temperatura. Diante do exposto, conclui-se que:

- Não há qualquer preocupação no que diz respeito à atividade de padeiro e sua saúde.

- Que o ambiente no turno da tarde é insalubre, no que se refere ao calor.

- No geral, os indivíduos estudados não apresentaram, na situação de trabalho, valores de pressão

arterial acima dos limites de tolerância, com exceção de dois indivíduos que tiveram a mesma

alterada em todas as medições.

- Que tomando como base o cálculo da sudorese, os indivíduos do turno da tarde, têm um elevado

índice que pode levar a danos a sua saúde.

5.2 Sugestões para trabalhos futuros

Diante do tema, pode-se destacar algumas recomendações, para o conforto térmico

e pressão arterial, são eles:

• Maior número de estudos em relação à saúde do trabalhador, observando as verdadeiras

condições de trabalho nas quais o mesmo encontra-se inserido.

• Análises mais aprofundadas em relação à influência das condições térmicas no

desempenho do trabalhador.

• Estudos em relação à arquitetura do local, principalmente em ambientes de trabalho em

alta temperatura.

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• Melhor política de saúde voltada para o trabalhador como um todo, analisando, não só a

sua pressão arterial, mas todos os outros malefícios causados pelo trabalho.

• Ampliar a visão de mercado, traçando programas de vigilância à saúde do trabalhador, a

fim de minimizar os afastamentos e as aposentadorias precoces, causando ônus para a

empresa e para o país.

• Fazer um maior controle por parte das empresas em relação aos pacientes hipertensos que

fazem uso de vasodilatadores, pois como a tendência natural do corpo é de baixar a

pressão, quando exposto à alta temperatura, o uso de remédios vasodilatadores podem

acentuar ainda mais a queda, causando uma hipotensão.

REFERÊNCIAS

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GLOSSÁRIO

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Artéria - Vaso sangüíneo com estrutura histológica característica que transporta sangue para

longe do coração

Ciclo Cardíaco - Um período completo da diástole e sístole cardíacas, com intervalos

intercalados, que começam com qualquer evento na ação cardíaca até o momento em que aquele

mesmo evento é repetido.

Débito Cardíaco – O débito cardíaco é a quantidade (volume) de sangue ejetada pelo ventrículo

esquerdo para dentro da aorta em um minuto. O débito cardíaco normal é de quatro a oito

litros/min. É determinado pelo volume sistólico (VS) e a freqüência cardíaca (FC).

Diástole - Período de relaxamento do coração.

Esfigmomanômetro - Consiste num sistema para compressão arterial composto por uma bolsa

inflável de borracha de formato laminar, a qual é envolvida por uma capa de tecido inelástico

(manguito) e conectada por um tubo de borracha a um manômetro e por outro tubo, a uma pêra,

que tem a finalidade de insuflar a bolsa pneumática. Também conhecido como "aparelho de

pressão". Usado para medida indireta da pressão arterial

Estetoscópio - Instrumento utilizado para ausculta de qualquer som vascular, respiratório e

outros de outra natureza em qualquer região do corpo. É composto por um por três componentes

básicos: a peça auricular (adaptada no canal auditivo), o(s) tubo(s) (condutores das ondas

sonoras) e a peça auscultatória - geralmente composta de uma campânula ou sinete (que transmite

melhor os sons de baixa freqüência) e o diafragma (transmite melhor os sons de alta frequência).

Frequência Cardíaca - É o número de batimentos do coração na unidade de tempo, geralmente

expressa em batimentos por minuto (bpm).

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Hipertenso - Diz do indivíduo que tem Hipertensão Arterial.

Insalubridade: Atividades ou operações que, por natureza, condições ou métodos de trabalho,

exponham pessoas a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da

natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.

Medida Direta da Pressão Arterial- É a medida invasiva da pressão arterial, realizada por meio

da punção de uma artéria e inserção de uma agulha ou catéter o qual é conectado a um transdutor

calibrado, o qual transforma o sinal mecânico (pressão arterial) em sinal elétrico, que é (após

amplificação adequada) registrado - pode-se assim medir o nível pressórico batimento a

batimento.

Medida Indireta da Pressão Arterial - É a medida da pressão arterial utilizando o

esfigmomanômetro e o estetoscópio (método palpatório ou auscultatório ).

Pressão Arterial Diastólica - É a pressão mais baixa detectada no sistema arterial sistêmico,

observada durante a fase de diástole do ciclo cardíaco. É também denominada de pressão

mínima.

Pressão Arterial Média (PAM) - É a média da pressão durante todo o ciclo cardíaco, é a mais

importante do ponto de vista de perfusão tecidual. Ela somente pode ser fidedignamente definida

por meio da medida direta da pressão, onde é calculada através do cálculo da área (o que

representa a Integral matemática da curva) sob a curva da pressão arterial. Pode ser estimada

grosseiramente pela fórmula: PAM = Pressão Diastólica + 1/3 (Pressão Sistólica - Pressão

diastólica).

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Pressão Arterial Sistólica - É a pressão mais elevada (pico) verificada nas artérias durante a fase

de sístole do ciclo cardíaco, é também chamada de pressão máxima.

Resistência Arterial Periférica - É o resultado (somatório) das resistências seccionais das

artérias e arteríolas (que têm em seu conjunto o sítio de maior resistência na rede vascular). É

calculada pela fórmula: RAP = Pressão Arterial Média - Pressão média do Átrio Direito / Débito

Cardíaco.

Resistência Vascular - Denomina-se resistência à relação entre o desnível (queda) pressórico e

o fluxo sangüíneo em determinado território vascular. Pode ser expressa em unidade híbrida,

quando o desnível pressão é manifesto em mmHg e o fluxo em litros por minuto, ou no sistema

CGS, em que o desnível pressórico é expresso em dinas por centímetro ao quadrado e o fluxo em

centímetros ao cubo por segundo, e a resistência em dinas x segundo x centímetros elevados a -5.

Risco: De acordo com o item 9.1.5 da Norma Regulamentadora de número 9 (NR 09: Programa

de Prevenção de Riscos Ambientais), com redação dada pela Portaria do Ministério do Trabalho

de número 25/94, consideram-se riscos ambientai os agentes físicos, químicos e biológicos

existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou

intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. Pode-se

conceituar risco como sendo uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário

para causar danos às pessoas, equipamentos ou estruturas, perda de material em processo, ou

redução da capacidade de desempenho de uma função predeterminada.

Sístole - Período de contração do coração.

Sons de Korotkoff - Seqüência de sons que pode ser ouvida durante a medida indireta da

pressão arterial.

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Volume Sangüíneo - É a quantidade de sangue presente no organismo. Este valor é de

aproximadamente 2,55 litros por metro quadrado ou 75 mililitros (ml) por quilograma (ml/Kg).

Volume Sistólico - É o volume de sangue ejetado pelo ventrículo esquerdo na aorta a cada

sístole, corresponde à cerca de 45 ml por metro quadrado, normalmente.

APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

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INDIVÍDUO - ____________ Título do Projeto: CONDIÇÕES TÉRMICAS E SUAS IMPLIC AÇÕES NA SAÚDE DO TRABALHADOR EM INDÚSTRIA DE PANIFICAÇÃO: ESTUDO DE CASO

INVESTIGADOR RESPONSÁVEL Aliceana Ramos Romão de Menezes Departamento de Engenharia de Produção Campus I – João Pessoa/PB/Brasil Fones: (83) 32350535 INVESTIGADOR ENVOLVIDO: Orientador: Prof.Dr. Luiz Bueno da Silva /CT/UFPB Nome do Voluntário:_______________________________data:____/_____/_____ NÚMERO DE PARTICIPANTES: 16 PROPÓSITO: O propósito deste estudo é verificar a influência das condições térmicas na saúde do trabalhador e no trabalho propriamente dito, através da mensuração da pressão arterial e do IBUTG local. PROCEDIMENTO: As avaliações serão realizadas no local de trabalho, sendo a primeira parte do estudo composta pela aplicação do questionário de avaliação. A segunda parte será as medições da Pressão Arterial ,concomitante à medição do IBUTG. RISCOS: Não existe nenhum risco envolvendo sua participação no estudo BENEFÍCIOS: Sua participação será voluntária, não sendo reembolsados, nem compensados financeiramente, no entanto, mesmo que não haja benefícios diretos para os participantes deste estudo, poderá haver mudanças no ambiente de trabalho que lhes favoreça. DECLARAÇÃO DE CONFIABILIDADE: Os resultados desta pesquisa poderão ser publicados para informação e benefício de todos os profissionais interessados, porém sua identidade permanecerá anônima. DECLARAÇÃO DE REVISÃO DE PESQUISA, PARTICIPAÇÃO VOL UNTÁRIA E OFERECIMENTO PARA RESPONDER AS QUESTÕES: Você ficará ciente de toda informação nova ou mudança na natureza deste estudo ou nos procedimentos que devam afetar sua boa vontade para continuar nesta pesquisa. Sua recusa em participar não vai de maneira alguma envolver penalidade ou perda de benefícios. Sua participação é estritamente voluntária e você pode retirar-se deste projeto de pesquisa a qualquer hora.Se você em qualquer momento sentir que houve infração dos seus direitos, você deve entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisas (CEP) do Estado da Paraíba, para respostas sobre qualquer questão da pesquisa e de seus direitos. CONSENTIMENTO DO INDIVIDUO: Eu admito que revisei e entendi o conteúdo deste formulário de consentimento. Eu estou participando deste estudo de livre e espontânea vontade, não tendo sido forçado ou coagido na minha participação. Recebi uma cópia deste formulário de consentimento.

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Assinatura do indivíduo:______________________________data:____/_____/____ Testemunha:_________________________________data:____/_____/____ DECLARAÇÃO DO INVESTIGADOR E DATA: Eu certifico que revisei o conteúdo deste formulário com a pessoa que assinou, anteriormente, que na minha opinião entendeu a explanação. Ass. do Investigador:________________________________data:___/___/___ É entendido que este formulário não será usado por pessoas que não entendam a língua portuguesa.

ANEXO A

MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO Prezado trabalhador:

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Convido-o a participar de uma pesquisa científica a respeito da relação entre pressão arterial e conforto térmico. Através de sua participação, teremos condições de darmos contribuições relevantes no que diz respeito à promoção da saúde do trabalhador e a um melhor conforto do ambiente no qual o mesmo se insere. Dessa forma, solicitamos que você responda aos itens abaixo, com a maior sinceridade possível, pois o sucesso dessa pesquisa depende da veracidade das informações. 1)Idade:

2)Sexo:

3) escolaridade:

4)Ocupação atual e anteriores:

5)Turno de trabalho:

6) regime de trabalho:

7)Horas diárias de trabalho:

8) Data de admissão:

9)Ocupação anterior:

10)Etilista:

11) Fumante:

12) Historia familiar de hipertensão ou hipotensão arterial:

13)História pessoal de hipertensão ou hipotensão arterial:

14) Peso e altura:

15) Vestimenta:

Obrigado por sua participação.

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ANEXO B

PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

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