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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
COORDENAÇÃO GERAL DE PESQUISA, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
PIBIC/2011-2012
O JOGO EM SUA COMPLEXIDADE:
Ensino, Saúde e Linguagem
Títulos dos Planos de Trabalho
Plano 1- O jogo esportivo adaptado e a qualidade de vida em idosos
institucionalizados
Plano 2- O jogo para a aprendizagem do equilíbrio e da percepção corporal em crianças
nas creches
Plano 3- As aprendizagens da comunicação motriz nos jogos esportivos praticados na
praia
Plano 4- A linguagem dos esportes de raquete e sua sistematização para o ensino da
educação física escolar
Orientador:
Pierre Normando Gomes da Silva
Grupo de Estudos e Pesquisas em Corporeidade, Cultura e Educação - cnpq
Linha de pesquisa: Pedagogia da Corporeidade
Centro de Ciências da Saúde/Departamento de Educação Física
Docente do Programa de Pós-graduação Associado UFPB-UPE – Mestrado em Educação
Física
JOÃO PESSOA/PB
2011-2012
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1 O JOGO EM SUA COMPLEXIDADE: ENSINO, SAÚDE E LINGUAGEM
1.1 INTRODUÇÃO
1.1 Problemática
A temática deste projeto de pesquisa, a interrelação saúde, educação e cultura na educação
física, está problematizada dentro de dois parâmetros: primeiro, o contexto da compreensão de
movimento humano como um objeto de estudo fragmentado, saúde ou educação; segundo, o jogo
como fenômeno complexo que vem sendo pesquisado por inúmeras áreas de conhecimento, mas que
na educação física, ainda é tratado apenas como recurso metodológico ou conteúdo para crianças.
O movimento humano constitui-se como centro do trabalho pedagógico de várias profissões,
da educação física, em particular, como prática educativa escolar, de lazer, esportiva ou de saúde.
Contudo, podemos observar na literatura dessa área de conhecimento e de intervenção, que o
movimento, freqüentemente, tem sido tratado apenas pelo seu caráter instrumental: movimento para
aquisição ou manutenção da saúde, movimento para estimulação da atividade cognitiva, movimento
para melhoria do desempenho desportivo, movimento para conscientização política, movimento para
aquisição de padrões motores e movimento para expressão de pensamentos e sentimentos. O
movimento, nessa perspectiva, mesmo em se tratando de suas propriedades neurofisiológicas,
biomecânicas, cognitivas ou políticas, é visto pelos seus determinantes exteriores.
Contudo, a educação física é um conhecimento complexo, porque têm preocupações tanto
com a formação humana, nos aspectos motor, cognitivo, perceptivo, social, político, afetivo e moral,
quanto se destina a melhoria da saúde, nos aspectos epidemiológicos da qualidade de vida, da
prevenção e reeducação motora. Isso é devido a complexidade do seu objeto de estudo: o movimentar-
se humano em sociedade, ou melhor, a corporeidade. Como área de conhecimento das ciências da
saúde e campo de intervenção pedagógica, a educação física localiza-se na fronteira entre saúde e
educação. Saúde porque as suas ações refletem no corpo dos educandos, favorecendo-lhes o bem-
estar, na compreensão da Organização Mundial de Saúde. Também é educação porque o modo de
intervir da educação física é dado de maneira pedagógica. As ações desenvolvidas nessa área de
conhecimento são estruturadas na forma de aula. De modo que se constitui numa Ciência Aplicada
recente e, por isso mesmo, sua comunidade acadêmica ainda está definindo e redefinindo seu objeto de
estudo, é o que explica os epistemólogos da área (GO TANI, 2007; GAMBOA, 2007; FALCÃO,
2007). Esta dificuldade de delimitação, quanto ao objeto de estudo da educação física, torna-se visível
nos 21 programas de pós-graduação de educação física no país, que se identificam a partir de diversos
títulos, tais como: motricidade, movimento humano, ciências do movimento, cultura corporal e
educação motora.
Também destacamos duas outras questões. Primeiro, pela abrangência da área de educação
física envolver estudos nas ciências da saúde e nas ciências sociais, a comunidade acadêmica é
fracionada entre aqueles mais voltados para a educação física pelo prisma da educação escolar e os
que pensam a educação física pelo prisma dos efeitos fisiológicos dos exercícios nos praticantes.
Decorrente dessa abrangência tem havido no país uma divisão nos cursos de educação física quanto a
área de graduação, de acordo com a Resolução 07/2004 do CNE e Portaria 115/2004do INEP os
cursos podem ser nas modalidades de Licenciatura em Educação Física ou Graduação ou
Bacharelado em Educação Física, que começam a ser adotados entre as 700 escolas de educação
física brasileira, que em nosso entendimento é um grande equívoco.
Equívoco do ponto de vista epistêmico, porque divide um conhecimento que não é divisível, as
práticas corporais desenvolvidas culturalmente. Não há um movimento humano para o bacharel e
outro para o licenciado, o que diz respeito é ao modo de tratar esse conhecimento. E isso não justifica
uma divisão de conteúdos, mas de modos de aplicação, que podem ser abordadas na especificidade das
disciplinas para diferentes públicos e interesses. Também consideramos um equívoco do ponto de
vista profissional, criando uma divisão de classe, promovida pelos Conselhos de Educação Física, ao
limitarem o campo de atuação do licenciado apenas para a educação básica, proibindo assim, deste
profissional de trabalhar em outros campos de intervenção. A educação física por maior abrangência e
divisão que se estabeleça nas reformas curriculares, não pode ser pensada independente de sua
intervenção, seja ela em que campo de intervenção for (escolas, empresas, condomínios, clubes
esportivos, hospitais). De modo que os problemas de pesquisa que surgem não são da ordem da
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pesquisa pura (compreensão dos fatos puramente), antes suas pesquisas visam um aperfeiçoamento da
práxis, ou seja, suas pesquisas têm um desdobramento de uma intervenção prática (GO TANI, 2007).
Este é um problema antigo na educação física, os historiadores da educação física registram que,
desde o começo, a licenciatura em educação física oferecia uma formação generalista para seu
profissional poder intervir em diferentes campos. Mas havia uma divisão na formação: a intervenção
pedagógica era realizada pelos mestres de ginástica, inicialmente exercido pelos militares, cujo
respaldo teórico advinha dos discursos médicos, depois os formados pelas escolas de educação física
civil (BRACHT, 1999; VAGO, 1999; GOMES-DA-SILVA, 1998). A educação física ao longo de
todo esse século esteve assim dividida entre os “tecnicistas”, responsáveis pelo treinamento desportivo
e pela ginástica de academia, e os “humanistas”, responsáveis pela pedagogia da educação física,
sendo mais influenciados pelas ciências sociais. Contudo, desde o final dos anos 90, tem crescido na
Educação Física outra compreensão do movimento humano, não como áreas distintas, educação e
saúde, mas como educação da saúde, a partir de estudos recentes (CARVALHO, 2006; GOMES-DA-
SILVA et. al., 2008; 2010).
Também esclarecemos que escolhemos tratar do jogo para falar do educativo não por seu
caráter instrumental, pela possibilidade de ser utilizado como estratégia de ensino para tornar a aula
mais dinâmica ou para ensinar determinadas habilidades ou valores relacionados a saúde. Mas porque
entendemos que o jogo é em si mesmo educativo, não apenas pelo conhecimento, habilidade ou valor
que se possa ensinar por seu intermédio, mas, principalmente, porque é uma produção de significado,
uma produção de linguagem, que tem repercussão na saúde. Ou seja, o jogo é educativo porque é uma
prática de linguagem, essa é nossa tese.
Questão-problema
De modo que, na perspectiva de reafirmar essa nova tendência da educação física em contribuir
na solução destas grandes questões epistemológicas anteriores, delimitação e aprofundamento do
objeto de estudo da educação física, além de assumir a dupla condição da educação física: social e
biológica, escolar e não escolar, crianças e idosos, foi que resolvemos elaborar este projeto de
pesquisa, que tem como pressuposto fundamental o entendimento da Educação Física, especificamente
do jogo, um dos seus temas principais, como um construto da linguagem, portanto abrangendo a
inteireza humana, cultural e biológica, educacional e de saúde. Sendo assim, formulamos nossa
questão-problema: Em que medida o jogo, temática central da educação física, pode estar
relacionada, ao mesmo tempo, com a linguagem cultural, com a educação e com a saúde? Como é
uma questão por demais abrangente, podemos desdobrá-la em quatro questões-de-estudo, que serão
desenvolvidas em quatro planos de trabalhos distintos e complementares:
Questões de estudo
1- Quais as implicações que a prática de jogos esportivos adaptados tem para a qualidade de
vida/vitalidade dos idosos institucionalizados?
2- A vivência dos jogos pelas crianças das creches contribui para o equilíbrio motor/emocional e a
percepção corporal? 3- Quais as aprendizagens de comunicação motriz vividas nos jogos praticados na praia?
4- Em que medida a rede de comunicação motriz vivida nos jogos esportivos de raquete (badminton,
tênis, tênis de mesa, squash, frescobol) contribui para a sistematização do ensino desses esportes na
escola?
1.1.2 Justificativa Para responder a essas questões de estudo formulamos quatro planos de trabalho tematizando a
prática da educação física, sendo um plano dirigido para crianças, outro plano dirigido para idosos,
outro plano para análise das práticas de lazer e outro plano para análise dos esportes de raquete, pouco
valorizado no curso de educação física. Estes quatro planos se justificam, no sentido de responder as
demandas epistemológicas, a partir de reflexões rigorosas, utilizando método científico, tanto para
avaliar os efeitos corporais da prática educativa nos públicos-alvos distintos (crianças, adultos e
idosos); quanto para experimentar intervenções pedagógicas que agem articulando as duas áreas de
conhecimento: educação e saúde.
Interessa-nos a linguagem corporal, como práticas de movimento próprias da educação física,
relacionadas à linguagem social e psíquica, construída pelas culturas, portanto, sistematizado para o
ensino. As práticas de linguagem corporal atuam na percepção sinestésica e na vitalidade. Além do
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mais este projeto justifica-se por sua viabilidade e relevância social. É viável porque desde o PIBIC
2006-2007 que já começamos a desenvolver pesquisa com análises de movimento e como pesquisa
participante junto a idosos e crianças. De modo que este projeto atual, a partir dos estudos e resultados
obtidos nos trabalhos anteriores, se propõe a ser realizado com dois estudantes bolsistas PIBIC e dois
estudantes voluntários PIVIC, em que estaremos aprofundando, teórico-metodologicamente, uma
perspectiva de compreender a educação física e de intervir junto às diversas populações e analisar o
movimento pela linguagem comunicativa. Essa é a produção científica e social que estamos propondo
a continuar desenvolvendo.
Diversos estudantes tem se aproximado do Laboratório de Estudos e Pesquisas em
Corporeidade, Educação e Cultura, devido ao interesse de participar desse projeto, porque reconhecem
o valor desta pesquisa-participante para a formação dos alunos e dos significativos resultados que se
têm obtido para a área de conhecimento da educação física. Sem falar nas repercussões sociais do
trabalho junto a comunidade pesquisada, as gestoras dos estabelecimentos de intervenção e a
comunidade universitária, já que se trata de uma pesquisa participante. Por isso, a partir do convite dos
responsáveis pelo trabalho para darmos continuidade ao projeto, pretendemos junto a iniciação
científica continuar sistematizando o saber da educação física como linguagem, estando atento para a
produção do conhecimento advindo das práticas educativas realizadas, com suas respectivas
avaliações.
Por isso, mesmo no espaço de tempo de um ano, este trabalho de pesquisa participante justifica-
se porque contribui efetivamente na melhoria da qualidade de vida de idosos, conforme relatórios de
pesquisas que temos apresentado nos ENICs e em demais eventos científicos brasileiros, e pela
educação expressiva necessária para ampliar o repertório de percepção das crianças e jovens, bem
apresentar a riqueza de movimento dos jogos de lazer e de rendimento, produzindo assim um impacto
de transformação na relação de cada um com seu próprio corpo (sensorialidade, tonicidade, postura,
expressividade), com os outros (interação sócio-cultural) e com a natureza. Fazemos isso ao
possibilitar aos idosos, crianças e jovens uma abertura ao mundo da linguagem corporal, ajudando-os a
desenvolverem sua capacidade sensitiva e bioenergética. Portanto, este projeto reconhecendo o
envelhecimento e a maturação infantil e juvenil como um processo dinâmico e progressivo de
modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas resolve reafirmar a identidade
pessoal de cada sujeito, fazendo os alunos (participantes do projeto) se reconhecer em sua
continuidade e nas suas possibilidades de vir a ser. O projeto faz isso ao reinvestir na linguagem,
conscientizar da rede de comunicação corporal, ampliar a expressividade, encorajar novas amizades e
favorecer a construção de si mesmo, do autodesenvolvimento e da autorealização.
1.1.3 Definição dos objetivos OBJETIVOS GERAIS:
Analisar a complexidade do jogo, temática central da educação física, em suas múltiplas relações:
linguagem motriz, educação e saúde.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1- Avaliar como a vivência dos jogos contribui para ampliar a qualidade de vida/vitalidade dos
idosos institucionalizados.
2- Descrever a relação entre equilíbrio motor/emocional e percepção corporal na vivência de
brincadeiras infantis
3- Analisar as aprendizagens, em termos de comunicação motriz, vividas nos jogos praticados na
praia.
4- Caracterizar como a rede de comunicação motriz contribui para o ensino dos esportes de raquete
(badminton, tênis, tênis de mesa, squash, frescobol) na educação física escolar.
1.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Este projeto de pesquisa está vinculado ao Departamento de Educação Física e ao Núcleo de
Pesquisas em Ciências do Movimento Humano (CCS/UFPB) e será desenvolvido especificamente
pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas em Corporeidade, Cultura e Educação- LEPEC, pela Linha de
Pesquisa (CNPq): Pedagogia da corporeidade. Destina-se a investigar a contribuição da linguagem dos
jogos na ampliação da educação e saúde de idosos e crianças, bem como das aprendizagens vividas
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nos jogos de raquete, no âmbito do lazer, na praia. Como se trata de uma investigação complexa, visto
que o jogo será analisado em sua complexidade (MORIN, 2000), significa dizer que não será visto
apenas por um pondo de vista, nem por uma disciplina teórica especial, mas de modo transdisciplinar,
a partir de estratégias de conhecimento, articulado com procedimentos e técnicas de pesquisa
utilizadas para a compreensão do fenômeno.
Em termos de fundamentação teórica, este projeto sustenta-se a partir de cinco categorias
teórico-práticas: jogo, envelhecimento, infância, linguagem corporal/corporeidade e
educação/saúde, que neste trabalho estão inter-relacionadas. Visto tratar-se de um projeto de
intervenção educativa em idosos e crianças por intermédio de práticas corporais. Por isso, resolvemos
esclarecer sob quais aspectos epistemológicos estão assentadas essas categorias. Iniciamos
esclarecendo nossa compreensão de envelhecimento e infância, depois situamos a corporeidade, a
partir dos conceitos de sensorialidade e expressividade.
O JOGO é entendido pelo ato de jogar, como uma ação que transmite e recria a cultura.
Benjamin (1928) afirma que “Todo hábito entra na vida como brincadeira” (1984, p.75) e Huizinga
(1938) o acompanha, dizendo, é no jogo que a civilização surge e se reproduz (1996, p. 6). O jogo
modela os sujeitos sociais tanto na estrutura do comportamento, quanto em suas disposições íntimas
ou subjetivas. Contudo, mesmo reconhecendo que o jogo é revestido de uma dimensão sócio-política,
sabemos que ele é campo apenas para se conhecer a natureza individual psicológica, mas também não
é exclusivamente objeto para se compreender a sociedade e os mecanismos de controle em que ele está
submetido. Pelo viés ético-estético, o jogo não deixa de ser visto dentro da relação inextrincável entre
mundo infantil e mundo adulto, dentro da relação reversível entre vivência lúdica e diversão
consumista. Benjamin (1984), ao historiar que o brinquedo ao ser industrializado saiu do domínio da
família e tornou-se estranho não só aos pais, mas também aos brincantes, estava denunciando que o
controle do brinquedo pelos industriários tinha a ver com o seu interesse de classe em fabricar não
apenas brinquedos, mas comportamentos socialmente aceitáveis.
Nessa perspectiva, as brincadeiras e os brincantes não são tomados pelo prisma de um
universo de ingenuidade e de ternura, partícipes de um mundo idílico; antes são sublinhados em seus
enraizamentos sociais, pois “a arte popular e a concepção do mundo infantil querem ser
compreendidos como configurações coletivas”, assegura Benjamin (1984, p. 72). Porém, não somos
da opinião que o jogo infantil é uma reprodução do mundo adulto. A cultura do jogo infantil não é
uma cópia da vida adulta. Isso porque a criança, pelo seu brinquedo, interage com o mundo, o mundo
real, dos objetos e com os outros. Ao brincar ela constrói simbolicamente sua realidade, recriando o
existente. Portanto, no jogo dois mundos complementam-se e se confrontam, ao mesmo tempo. Os
adultos, com seus interesses de classe, que encontram no brinquedo um momento para adestrar as
crianças, manipulando suas consciências. E as crianças que encontram no brincar o momento de
externar suas proposições, suas fabulações, sua inventiva que transforma o mundo a seu modo.
Em nossa investigação, resolvemos analisar a cultura do jogo não apenas pelo ângulo dos
interesses da geração adulta, pois implicaria num duplo equívoco: primeiro, estaríamos sendo parciais,
observando somente uma face do objeto (incorporação de valores, regras e hábitos) e desprezando a
totalidade do fenômeno; segundo, estaríamos descaracterizando a criança como sujeito ativo do
processo. A criança ao brincar está situada socialmente e defronta-se com os vestígios da geração mais
velha. Se desconsiderássemos essas duas razões deixaríamos escapar o élan fundador do jogo, que
suspeitamos estar despojado de qualquer tipo de exigência útil. Buscaremos nas situações existenciais
o prazer estético. A análise da codificação social da brincadeira não toca no interior do jogo, na
atualização cultural que o sujeito (re)elabora ao brincar. Por isso, resolvemos analisar o jogo não pelas
impressões que a cultura imprime nele (jogo como reprodução pacífica do mundo adulto), mas como
“uma vigorosa força criadora de cultura”, conforme entende Huizinga (1996, p.234). É sobre a
intensidade do jogo e seu poder de criação cultural que se localiza nossa atenção filosófico-
antropológica e psicanalítica. E não somente estes conhecimentos, mas especificamente, o da
comunicação motriz, proposto por Pierre Parlebas (2001) e pensado para a pedagogia do movimento
por Ribas (2008).
Entendemos ENVELHECIMENTO na perspectiva de uma das fases do desenvolvimento
humano, fase da maturidade, que para Jung, correspondia à segunda metade da vida, após os 40 anos.
Mas têm sido criados vários discursos sobre o envelhecimento, dois deles são os mais enfáticos é o
discurso demográfico e o discurso da degeneração física. Por isso, o envelhecimento nesse segundo
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parâmetro é tido como “um processo dinâmico e progressivo onde há modificações tanto
morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam a progressiva perda da
capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior
incidência de processos patológicos que culminam por levá-los à morte”. (MEIRELLES, 2000, p.28).
O primeiro discurso apresenta a velhice como uma estimativa populacional, descrevendo-a como uma
população que tem crescido, e os dados são apresentados, p. ex.: a cada ano é mais de 650 mil idosos
(≥ 60 anos) incorporados a população brasileira; a população de idosos no Brasil cresceu nos últimos
40 anos 500% e estimam-se para 2020, 32 milhões de idosos brasileiros. (COSTA; VERAS, 2003).
Tem sido esses dois discursos que tem despertado tanto políticas de inclusão quanto o mercado
de consumo, para ambos os discursos o que foi colocado como alvo foi o aumento da qualidade de
vida para os anos de envelhecimento. A Organização Mundial de Saúde elegeu três indicadores para
avaliar a qualidade dos anos adicionais nas sociedades mundiais, são eles: 1) manter a independência e
a vida ativa com o envelhecimento; 2) fortalecer políticas e prevenção e promoção da saúde; 3) manter
e/ou melhorar a qualidade de vida com o envelhecimento. Contudo, esses discursos são limitados
porque não dão importância para os que vivenciam a experiência do envelhecer. (MINAYO;
COIMBRA JR.,2002). Tratam esse fenômeno como homogeneidade, como um regime identitário, que
ora é tratado como inválidos, ora como manipuláveis ao mercado. Sem, contudo perceber a
pluralidade de modos de ser, pensar e agir possíveis na velhice; sem considerar o entorno sócio-
cultural, econômico, político; sem atentar para as estratégias construídas para viver esta etapa da vida.
Nós pensamos envelhecimento como desenvolvimento e como experiência corporal de sujeitos que
para se manter vivos constroem estratégias para realização pessoal.
Uma das preocupações deste projeto é relacionar a prática corporal com a saúde dos idosos,
atentando para os indicadores da política de promoção da saúde, visto que se relaciona com uma
política pública municipal e com iniciativas da sociedade civil (ONGs). Também atentando para o
indicador da autonomia na qualidade de vida. Autonomia para o Grupo de Desenvolvimento Latino-
Americano para a Maturidade (GDLAM, 2004), significa: capacidade de realizar tarefas sem auxílio
quer seja de pessoas, aparelhos ou sistemas. Ou seja, uma autonomia em três aspectos: de ação
(independência física), de vontade (autodeterminação) e de pensamento (julgar situações) (DANTAS,
2005, p. 224). Bem como em termos de interação social, até porque é uma categoria complementar da
autonomia. Há vários estudos (RAMOS, 2002; ANDRADE;VAITSMAN, 2002), que apresentam
como as relações sociais tem efeitos n saúde das pessoas. Principalmente em relação aos idosos, que
ao se sentirem incapazes de estabelecer uma relação de trocas em bases iguais, sentem-se incapazes e
dependentes. Nosso projeto pensa o envelhecimento a partir da autonomia e da heteronomia, na
construção da rede social, valorização da cultura participativa para aumentar a autonomia e elevar a
auto-estima. Daí porque propomos as práticas corporais coletivas para facilitar a integração dos
idosos, fortalecendo as amizades, para superar os limites físicos e para fazê-los ocuparem seu tempo
em prol de si mesmo, livrando-se das ansiedades, inseguranças e medos.
Nossa compreensão da INFÂNCIA está relacionada a perspectiva histórico-cultural, visto que
tomamos as crianças não só pelos condicionantes biológicos, mas fundamentalmente pelo papel que a
infância ocupa no conjunto da sociedade, bem como relacionamos o processo de desenvolvimento
com o processo de aprendizagem social. Portanto estaremos trabalhando a partir da compreensão das
psicogeneses de Vigotski (1996) e Wallon (2008). É o processo de aprendizagem que estimula o
processo de maturação. E mais, a psicogênese da pessoa tem por base a psicogênese da motricidade. O
ato mental se desenvolve a partir do ato motor. (NEGRINE, 2002, p. 19). A inteligência é um conjunto
de funções, atitudes, atividades ou operações gerais e específicas que permitem interação do individuo
com o meio em diferentes domínios e direções. Cada direção mobiliza atitudes e atividades que
privilegiam uma série de funções, cobrindo assim uma extensão da atividade mental. É assim que o
domínio afetivo inclui as funções tônica, emocional, sensitiva; o domínio motor, as funções tônica,
sensitiva, perceptiva; o domínio do conhecimento, as funções tônico-posturais, as abstrações, as
representações, as percepções e as imagens. Os níveis funcionais constituem a organização das
atitudes e atividades de acordo com cada propósito emergido da interação do sujeito com o ambiente.
(KROCK, 2005, p. 42)
Por isso, entendemos a infância, ou melhor, a criança em situação histórica, como aquela que
pensa na ação, que seus movimentos são ação e expressão ao mesmo tempo. Que o ato motor
transforma-se em ato tônico-postural e este origina o ato mental. A motricidade infantil, em sua
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dimensão cinética, é atuação sobre o meio para em seguida transformar-se em modificação do meio,
em possibilidade de conhecer o mundo. Compreender o desenvolvimento das funções simbólicas de
uma criança não difere muito de compreender suas funções motoras. Sabemos que, durante o período
pré-verbal, uma criança saudável forma todas as coordenações motoras de que disporá até o fim de sua
vida. Partir do período verbal, a motricidade vai se aperfeiçoando num jogo incessante de
combinações, que resultam numa complexidade inigualável. Nesse projeto, envolvendo idosos e
crianças, envelhecimento e infância, enfocamos a conscientização deste ser-criança/idoso-no-mundo e
com o mundo, a partir das vivências corporais coletivas, das ações, sentimentos e pensamentos que seu
corpo em relação pode realizar e participar de inúmeras ações no mundo. (FREIRE, 2003).
Movimento como LINGUAGEM é um modo de interpretar que o essencial do movimento,
enquanto movimento de um ser humano, é sempre para quem realizou o movimento. O princípio
interpretativo é não dicotomizar a ação do sujeito, nem o sujeito da ação. O primeiro sentido da
atividade está para aquele que a realiza. Dessa forma, estamos destacando que é próprio da atividade
motora realizar-se com intencionalidade e, por isso mesmo, criar significados que estão além das
determinações abstrativas das medidas de desempenho. Pois os sentidos são desencadeados pela
própria atividade dos sujeitos e manifestam a vida social. De modo que não atentar para a significação
existencial implica em isolar o movimento do próprio sujeito que o realizou, bem como da interação
com o espaço-tempo em que o movimento foi realizado. Isso resulta num empobrecimento da
compreensão do movimento, mesmo que se considerem seus condicionantes físicos, suas propriedades
técnicas, suas motivações psicológicas e suas capacidades motoras, porque ao atentar para o caráter
universal do movimento, deixa-se escapar sua elaboração histórica e contextual. Ao desconsiderar o
vivido do movimento, esse deixa de possuir historicidade e o sujeito que o realizou fica sem
ecceidade. É um sujeito universal, semelhante a todos os outros, e o movimento que ele realizou é
mudo, não significa coisa alguma.
Pensamos a linguagem motriz a partir da categoria CORPOREIDADE. Na Corporeidade o
corpo não está isolado da mente, mas é corpo-mente, como um todo integrado e indivisível; nem está
isolado da existência, das relações sociais, da história, portanto, é também corpo-social. A
corporeidade se manifesta é no cotidiano, visto ser ai o lugar de estar no mundo de existência e co-
existência (DORIA, 1972), como base da reprodução da vida, onde se dão as trocas energéticas,
simbólicas e os vínculos sociais. Corporeidade é a configuração de ser corpo no mundo. Corporeidade
é uma forma, ou melhor, uma “enformação”, uma agregação de diversas características próprias,
constituindo uma unidade, uma totalidade, uma organicidade “onde luz e sombra, funcionamento e
desfuncionamento, ordem e desordem, visível e invisível entram em sinergia” (MAFFESOLI, 1998,
p.90), produzindo uma estética móvel, uma superfície corpo-social. Desse modo, podemos avaliar a
corporeidade pela qualidade do desenho, por sua plasticidade: grotesco, delicado; leve, pesado;
gracioso, risível; dramático, cômico; elegante, desajeitado. A configuração é estética, organiza os
dados sensíveis: o que vê, o que cheira, o que escuta, o que faz vibrar, a maneira de se deslocar, de
ficar imóvel, em silêncio... esses sentidos se comunicam entre si, evidenciando uma lógica própria
(musical, plástica e cinestésica), que possui seus significados existenciais.
Quando pensamos numa hermenêutica da corporeidade passamos a compreender as práticas
corporais como obras da cultura (códigos sociais) e do inconsciente (atitudes corporais), a partir dos
vestígios do movimentar-se humano, tais como: fisionômicos, posturais, posicionais e relacionais,
privilegiando nesses o aspecto estético e sensível de sua ordenação, para apreender seus arranjos
narrativos, organizadores da compreensão de si, do outro e do mundo em que está envolvido. De modo
que é possível pensar a corporeidade em termos pedagógicos, no sentido, de proporcionar no processo
educativo vivências, situações contextuais significativas para os sujeitos da aprendizagem elaborarem
novas configurações existenciais.
Assim, retomamos nossa última categoria, EDUCAÇÃO/SAÚDE ou práticas educativas e
terapêutica, porque pela corporeidade a educação não está reduzida aos conhecimentos intelectuais
transmitidos e assimilados, e nem saúde se restringe a oposição a doença. Saúde é plasticidade
corporal, criatividade, interação sócio-cultural, bem-estar, vitalidade. De modo que essa dupla
categoria é vista como um processo orgânico-afetivo-cultural de interação com o meio, de
transformação social e de relacionamentos de preferências e estranhamentos. Além de constituir-se
eminentemente num ato político, carregado de decisões e ações sobre a vida das pessoas. Pensamento
é uma extensão do processo corporal e educar é aprofundar a consciência. A consciência se forma a
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partir de nossa existência, de nossas vivências, da nossa corporeidade. Portanto, nem descartamos a
natureza biológica do ser, pois assim estaríamos desconsiderando a organização filogenética evoluída
do sistema nervoso e órgãos sensoriais, já que o cérebro é um sistema aberto auto-organizável que é
moldado pela sua interação com objetos, pessoas e eventos. (MATURANA, 1998). Nem podemos nos
afastar do humano como seres de consciência e história. Em um processo de reflexão sobre si, sobre
as suas operações e ações, o homem vai produzindo de maneira singular a sua sobrevivência. O
homem possui um programa genético mais aberto, plástico e flexível, que necessita de um meio
ambiente adequado para que as aprendizagens sejam efetivadas.
Mas ao contrário disto está estruturada nossa organização social, separando as emoções das
ações, os afetos dos pensamentos, as autopercepções das imagens do mundo. O Resgate das
experiências significativas no processo educativo exige do educador um repensar sobre o corpo e a
corporeidade. Assim, a corporeidade apresenta-se como um caminho epistemológico e metodológico
para um novo olhar sobre este corpo e sobre a educação e a saúde. (ASSMANN, 1995). Daí nos
propormos uma educação que esteja orientada para a sobrevivência e o restabelecimento das funções
originárias da vida. Uma “educação biocêntrica”, no dizer de Toro (2006), que cultive as forças
organizadoras e conservadoras da vida. Uma educação que restaure os potenciais da vida no homem e
inicie uma civilização para a vida, estimulando o contato direto com a natureza, com o prazer
cinestésico do movimento, fortalecendo os instintos e estimulando a capacidade sensorial. Uma
educação, como espaço democrático, que possa contribuir também para a emancipação social-coletiva.
Um espaço propulsor do restabelecimento do humano, sua saúde corporal e mental, devolvendo a
vivacidade dos sujeitos, a partir dos sentidos (MONTAGU,1998).
1.3 METODOLOGIA
1.3.1 Abordagem metodológica
Estaremos abordando as informações de maneira qualitativa, com procedimento de análise do
tipo descritiva, porque objetivamos observar, registrar, analisar e correlacionar as informações dos
grupos de pessoas: idosos, jovens e crianças, com o fim de descrever a configuração corporal destes
grupos e o que em que medida as prática educativas ampliaram as configurações de movimento,
percepção e saúde.
1.3.2 Abordagem procedimental
Trata-se de dois procedimentos, é uma pesquisa participante em que o pesquisador ao mesmo
tempo que investiga atua como docente ao realizar as intervenções pedagógicas nos grupos, quanto é
uma pesquisa analítica, ao usar os métodos de análise para classificar, catalogar e discutir o sistema de
comunicação motriz vivido no jogo. De modo que é preciso esclarecer sobre a metodologia das aulas
para a pesquisa participante.
Quanto ao local e a duração.
Para os idosos, nos espaços da ASPAN – Associação Promocional do Ancião (sala de recepção,
capela, pátio) as aulas serão ministradas uma vez por semana, com duração de 1:30h., e para as
crianças as aulas acontecerão nos espaços da Creche (pátio, salão e piscina) – creche da Assembléia
Legislativa e dos CREIs (Centro de Referência da Educação Infantil), mantidos pela prefeitura
Municipal de João Pessoa. Em ambos, as aulas terão duração de 8 meses, num total de 64 aulas de 45
minutos.
Quanto a metodologia das aulas
A aula segue uma estrutura pré-estabelecida, tanto para crianças quanto para os idosos, conforme
quadro abaixo: Introdução: (15 min.- idosos) (05 min. Crianças – Cantiga de Roda)
* Roda de conversa: Para conversação sobre a temática e objetivo da aula (destacando a importância
da aula para educação/saúde);
* Sensibilização: Para idosos -momento de poesia, narrativas sagradas, relacionada ao tema da aula.
Para crianças – rodas cantadas
Desenvolvimento: (60min. Idosos- esportes adaptados) (30 min. Crianças – aula historiada)
*Sessão Interoceptiva - Treino de alongamento (estiramento, suspensão e postura), flexibilidade
(métodos passivo e ativo) e exercícios respiratórios.
*Sessão Exteroceptiva (função exploratória) & Proprioceptiva (função performática) (50 min.)
Sentidos corporais: órgãos de atenção ativa, suscetíveis de aprendizagem.
Sistema postural: preservar o equilíbrio na sua orientação com a terra;
9
Sistema investigativo de orientação: ajustamentos do corpo para obter informações externas;
Sistema locomotivo: movimentos de aproximação, perseguição, desvio e escape;
Sistema apetite: troca com o ambiente pela respiração, alimentação, eliminação e interação;
Sistema performático: alterar o ambiente beneficiando o organismo;
Sistema expressivo: movimentos posturais, faciais e vocais para especificar emoções;
Sistema semântico: movimentos de todos os tipos, sons e fala codificada
Conclusão: (15min.-Idosos; 10 min.- crianças) – Produção e verbalização
* Balanço-de-Saber e Círculo de cultura. Quadro I Estrutura metodológica das aulas
Quanto ao conteúdo das aulas
A aula trabalhará os conteúdos da corporeidade: mímica, jogos dramáticos, exercícios de
alongamento-flexibilidade-respiração, atividades rítmicas, danças (espontânea, social, folclórica, de
rua); movimentos de práticas orientais, caixa de areia.
1.3.3 Sujeitos da pesquisa
Os sujeitos da pesquisa constituem-se em três grupos de pessoas, idosos institucionalizados,
crianças nas creches (4-5 anos) e outro com jovens/adultos nos jogos de raquete ou em jogos pré-
desportivos na praia.
O grupo dos idosos está composto por 91 pessoas, com idade entre 65 e 85 anos, asilados no
Instituto de Longa Permanência (ILP)- ASPAN, Associação Promocional do Ancião, localizado na rua
Antônio Correia Matos, n.55, no bairro do Cristo Redentor. A maioria das pessoas são advindas
daquelas que perderam seus familiares, ou foram entregues pelos familiares ou até encontrados na rua.
O grupo de crianças está composto por 40 alunos matriculados no CREI El Shadai, no turno
da manhã, nas turmas de 4 e 5 anos. Essa creche, CREI (Centro de Referência da Educação Infantil),
mantida pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, Secretaria de Educação, localiza-se na rua Capitão
José Pessoa, n.111, Jaguaribe. Essas crianças são advindas das comunidades carentes das adjacências
de Jaguaribe.
O grupo dos jovens/adultos que tanto jogam esportes de raquete, no nível de campeonatos
amadores ou profissionais, quanto aqueles que forem encontrados na praia urbanas de João Pessoa
jogando como forma de lazer.
3.3 Procedimento ético da pesquisa
Após receberem as explicações claras e completas sobre o estudo, ficando cientes de suas
características, duração e propósito, houve concordância de todos os idosos e de todas as professoras
do CREI em participarem deste projeto de pesquisa participante, sem restrição. Sendo assim, a diretora
do CREI El Shadai, Veronice da Silva Guedes, assinou o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido de a folha de rosto, em 17/04/2011 e o presidente da ASPAN, Fabiano de Sales Vilar
assinou os termos de concordância em realização da pesquisa e a folha de rosto o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, em 15/04/2011. Bem como os demais grupos serão solicitados
autorização para realizar filmagens e entevistas, assinando o termo de consentimento.
3.4 Procedimentos e instrumentos para coleta de informações/Estratégias de Ação Para a coleta de dados serão utilizados quatro procedimentos com seus respectivos
instrumentos: observação direta e participante, questionário, entrevista, grupo focal e gravação de
vídeos. Todos esses procedimentos ocorrerão a partir da intervenção pedagógica das aulas, bem como
da observação das práticas corporais acontecendo.
As observações participantes realizar-se-ão durante as aulas ministradas, a partir de um roteiro
de observação, destacando os seguintes aspectos sensório-expressivos do movimento: o movimento do
corpo em relação ao próprio corpo, ao espaço, ao tempo e aos relacionamentos. Essas observações
serão decorrentes na aula, seja durante a prática das atividades, seja no momento “Balanço de Saber”
(CHARLOT, 2000), em que eles constroem algo que represente a aprendizagem. Além do mais, essas
observações serão registradas a partir de três instrumentos: diário de campo (caderno de pauta),
fotografia e filmagem.
As entrevistas semi-estruturadas serão realizadas no início do processo ao levantar
informações sobre os sujeitos da pesquisa, seja com presidente da instituição ou diretores/professores
da creche, seja com os próprios sujeitos levantando informações sobre a história de vida. As
10
entrevistas serão gravadas com gravadores digitais, e posteriormente transcritas com fidelidade,
devolvidas aos depoentes para serem lidas e autorizadas a publicação na íntegra ou parcial.
Os questionários serão aplicados no início e no final, para avaliar os impactos deste programa
pedagógico-terapêutico na qualidade de vida dos participantes. O questionário aplicado será o SF/36,
que conceitua qualidade de vida como “percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da
cultura e sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões
e preocupações”.
Os grupos focais acontecerão ao final de cada sessão, numa roda de conversa, no momento do
“Círculo de Cultura” (FREIRE, 1980), onde os participantes serão motivados a verbalizarem suas
experiências vividas em termos de aprendizagem e sensibilidade. Procuraremos nas discussões, na
qualidade de debatedor- pesquisador, manter a naturalidade e a descontração para obter respostas
autênticas, e quando a temática não tiver sido suficientemente discutida reformularemos a
problemática. No caso das crianças, as falas serão entregues a direção da escola para serem repassadas
aos pais das crianças para autorizarem a publicação. Entre as crianças o grupo focal acontecerá com a
utilização de desenhos, feito pelas crianças.
Utilizamos como instrumento o protocolo de avaliação do equilíbrio corporal funcional
aplicado em crianças, desenvolvido pela RLSM e LC (2006). Para a aplicação do protocolo foi
utilizado um cronômetro (vitesse); uma bola azul de borracha de 17cm de diâmetro (mercur); fita
métrica; fita crepe adesiva de 2,0 cm de largura, para a marcação feita no chão; um metro de cordão de
algodão de 3,0 mm de diâmetro e uma cadeira de tamanho padrão e dois alvos de cores azul e
vermelha de Etil Vinil Acetato (EVA), de 6,0 mm de espessura e 37 cm de diâmetro. Para as provas de
salto, utilizou-se de dois suportes de madeira com ganchos de metal, que permitem regular a altura do
cordão. Sete placas de mesmo tamanho, 20 x 25 cm, com alturas e graus variados de complacência.
Todas receberam uma camada de 2,0 mm de borracha l antiderrapante na face que mantinha contato
com o solo. Externamente, todas foram revestidas com capas de lycra preta para que a criança não
identificasse o tablado. As composições internas das placas seguiram três modelos básicos, criando
superfícies com diferentes graus de complacência. Modelo (1) - placas rígidas, não complacentes, de
borracha, de 1,5 cm de espessura. Modelo (2) - placas com propriedades viscoelásticas, parcialmente
complacentes, de resina polimérica e laminado de espuma, de 1,0 e 1,5 cm de espessura. Modelo (3) -
placas com propriedades elásticas, complacentes, confeccionadas com espuma densidade médias, de
3,0 cm de espessura.
3.4 Técnicas de análise das informações As informações recolhidas pelos diversos instrumentos serão classificadas em categorias para
a realização da análise e interpretação das informações obtidas. Com esse procedimento serão feitas
constatações e a análise de conteúdos com a elaboração de categorias preestabelecidas. Verificando os
efeitos do programa em relação a educação e a saúde (avaliação postural, tonicidade muscular,
equilíbrio, ritmo, interação sócio-cultural). Os movimentos serão analisados a partir de duas teorias:
praxiologia e labanalise.
Será analisado, principalmente, a partir do sistema de interpretação de Pierre Parlebas
(2000), denominado de Praxiologia Motriz, iremos investigar os movimentos expressivos nos jogos de
lazer na praia e jogos esportivos de raquete. Esse sistema consiste numa classificação dos jogos
objetivando compreender sua lógica interna, para isso trabalha com as categorias em função: 1- do
status dos jogos (tradicionais, quase desportivo, desportivo) e 2- da relação entre os jogadores com os
adversários (cooperação ou oposição), com o objeto e com o ambiente (estável e instável).
Os movimentos, com montagem de vídeos das filmagens, poderão ser analisados também pelo
Sistema de Análise de Movimento (LABAN, 1998), a partir das seguintes categorias de movimento:
-Pela posição do corpo em relação ao espaço: Níveis (alto/médio/baixo); Direções (para frente/para
trás; diagonalmente/lateralmente; para cima/para baixo; outros caminhos: curva e zigue-zague);
Alcances (largo/estreito, curvo/reto, espaço próprio/espaço geral).
-Pela posição do corpo em relação ao esforço: Força (forte/leve/moderado); Tempo
(rápido/lento/médio/estável/súbito); Fluência (livre/limitado)
-Pela posição do corpo em relação aos outros: Objetos ou pessoas (em cima/em baixo, dentro/fora,
entre dois/entre vários, em frente/atrás, liderança/seguimento, acima/abaixo, através/ao redor). Pessoas
11
(espelhando, copiando como sombra, em uníssono, junto/separado, alternado). Bem como, os
movimentos serão analisados pela teoria da comunicação corporal e pela bioenergética (LOWEN,
1982; SANTAELLA, 2004; KNAPP;HALL, 1999).
1.4 Referências
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e saúde coletiva, RJ, v.7, n.4,2002.
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CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber: Porto alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
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12
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WALLON, Henri. Do ato ao pensamento: ensaio de psicol comparada.Petrópolis:Vozes, 2008.
13
2- Plano de Trabalho 1 - O JOGO ESPORTIVO ADAPTADO E A QUALIDADE DE
VIDA EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Interessa-nos pesquisar neste plano de trabalho o modo pelo qual uma prática educativa que
valoriza os jogos pode interferir no processo de ampliação da qualidade de vida/vitalidade, em
termos de: expressividade, prazerosidade e amizade. Assim, formulamos os seguintes
objetivos específicos:
- Ao aprender a jogar bocha e outros jogos esportivos adaptados, ampliar a capacidade
expressiva dos idosos, avaliando suas repercussões na qualidade de vida/vitalidade;
- Ampliar a percepção corporal dos idosos para que eles tomem contato com seu corpo e
reconquistem seus movimentos, ampliando o conhecimento de si, das relações com quem
convive e do mundo ao redor;
- Oportunizar pelas vivências dos jogos os seguintes efeitos para a saúde: melhoria da relação
social; diminuição das dores musculares (costas e pescoço), melhoria da postura e da
utilização de exercícios de auto-massagem, alongamento e relaxamento, além do;
- Diminuir a insônia, devido a capacidade de relaxamento e ampliar a vitalidade, como alegria
de viver, como impulso para o prazer, como auto-afirmação da vida;
- Ampliar a capacidade de locomoção e da autonomia funcional, devido a reaprendizagem das
formas de sentir e usar o corpo;
2.1.1- RELEVÂNCIA
Nesse trabalho de pesquisa participante com programa de ensino inovador, esporte
adaptado para idosos, nossa atenção estará voltada especificamente para a qualidade de vida,
ou para a prazerosidade dos idosos. Uma prática educativa que possibilite o reaprender a
viver, enquanto corpo sensitivo, a desfrutar do prazer corporal em sua relação consigo mesmo
e com o mundo. Escolhemos a vitalidade, em termos de expressividade e interação social,
porque a vida social nos institutos de longa permanência (ILP) é restritiva e a prazerosidade e
a espontaneidade vai se perdendo. Peter Blau descreve que a sociedade se mantém num
sistema de trocas e que o idoso por não sentir-se capaz de trocar com o outro em bases iguais
ele entra em depressão. E pelo que constatamos na ASPAN, essa ausência de incentivo de
comunicação também é sentida e está presente a tendência ao isolamento. Com isso,
fisiologicamente e socialmente, o idoso vai perdendo a conexão do seu corpo com a
exuberância do viver e com sua capacidade de se expressar diante do mundo. Então, para
combater essa estrutura social e resistir a tendência ao isolamento e a doença, resolvemos
propor uma prática educativa que tem sua interface na saúde, que é a reaprendizagem do
corpo em se expressar e se comunicar diante das situações.
Para isso, nesse programa educativo que criamos, o idoso estará recuperando e recriando
a fluência da respiração e do andar, em harmonia como movimento do corpo como um todo
por meio da prática de jogos esportivos. Evidente que falamos em andar para os que não estão
impedidos organicamente. E aí está a relevância do projeto seu desdobramento na melhoria da
qualidade de vida do idoso ao reabilitar a tonicidade muscular e a consciência corporal e a
dissolução das tensões crônicas. Isso sem falar do ponto de vista da produção do
conhecimento, visto aprofundarmos um campo de estudo inovador na educação física,
expressividade e saúde, capacitando o estudante a atuar como futuro docente/pesquisador
nessa área de conhecimento e nesse campo de intervenção.
2.1.2 VINCULAÇÃO AO PROJETO
Este plano de trabalho, Jogo esportivo adaptado e qualidade de vida/vitalidade dos
idosos institucionalizados, se insere no projeto principal na medida em que se constitui numa
14
programação operacional da pesquisa, especificamente, no que se refere à resposta da
primeira questão de estudo: Quais as implicações que a prática de jogos tem para a qualidade
de vida/vitalidade dos idosos institucionalizados? Será por intermédio desse plano que iremos
avaliar a influência do programa de ensino com aulas valorizando os jogos esportivos
adaptados sobre o aumento da saúde dos idosos, em termos de vitalidade. Pois reconhecemos
a partir de pesquisas que quanto maior o grau de vitalidade, de alegria de viver, maior sua
tendência para a prazerosidade.
2.2- CRONOGRAMA
O cronograma de atividades é complementar e consiste nas metas a serem alcançadas
nos dois semestres, correspondendo às três fases da pesquisa: Exploratória, Coleta de dados,
Análise e interpretação dos resultados. E por fim, a elaboração dos relatórios parcial e final. Período Etapas Meta do trabalho Qualidade de vida - Vitalidade dos idosos
agosto-set. Exploratória:
Avaliação dos
efeitos do
programa
- Levantamento de informações sobre qualidade de vida,
idosos e jogos esportivos adaptados.
- Questionário SF-36 sobre qualidade de vida e pirâmide
de Pfister, estado de ânimo;
- Verificar os efeitos do programa de jogos dramáticos
quanto a diminuição do sentimento timidez, abandono e
solidão;
- Avaliação do aumento da rede de contatos sociais e
participação em festas culturais.
Out.-jan.
Nov. Participação no
XIX ENIC
Coleta de
dados e
Intervenção
participante
Plano de
atividades para
trabalhar a
comunicação
corporal
- Os efeitos do ambiente na comunicação humana – a
aula será realizada em vários espaços e com diferentes
objetos;
- Os efeitos da aparência na comunicação humana –
aulas de mímica;
- Os efeitos do gesto e da postura na comunicação
humana – experimentar diferentes posturas de
comunicação;
- Os efeitos do toque na comunicação humana -
trabalhar diferentes tipos de toques e carícias: suaves,
rudes, cuidadosas com o fim de reencontrar as emoções
que estão inscritas no corpo.
- Os efeitos da face na comunicação humana– expressar
diversas formas fisionômicas da alegria, tristeza, dor,
susto, raiva, apaixonado.
- Entrega do Relatório Parcial
Fev.-julho Interpretação
dos resultados
e Relatório
final
Plano analítico de
catalogação das
informações
- Reaplicação dos questionários, Aplicação das análises
de conteúdo e dos movimentos pela labanalise e pela
praxiologia motriz
- Entrega do Relatório Final
2.2.1- VIABILIDADE DE EXECUÇÃO
Registramos a viabilidade deste plano de trabalho, tanto do ponto de vista teórico,
porque já vimos lidando com essa temática da corporeidade com os idosos desde o projeto
passado e temos dois especialistas em gerontologia (Professores mestre: Sandra Barbosa da
Costa e o José Maurício de Figueiredo Junior, além de Clécia Rodrigues Fernandes Ribeiro)
colaboradores deste trabalho, todos são membros do laboratório de estudos e pesquisa em
corporeidade, cultura e educação (LEPEC), a que esta pesquisa está vinculada.
Segundo, porque do ponto de vista metodológico, já está definida a estrutura do
programa de ensino, quanto a avaliação, plano de ensino, sistemática dos planos de aula,
familiaridade com a aplicação dos questionários e entrevistas, bem como com a observação
participante dos aspectos da expressividade, conforme quadro abaixo.
15
Outra viabilidade de execução está na concordância do presidente da ASPAN com a
realização da pesquisa, já tendo assinado o termo de anuência e folha de rosto. Bem como a
concordância de todos os idosos que já estão participando da desde setembro de 2008. São os
relatos dos sujeitos da pesquisa quem mais demonstram a viabilidade do projeto e a
necessidade de haver continuidade do trabalho.
2.2.2 METAS SEMESTRAIS
2.2.2.1 Metas para o primeiro semestre
Fase exploratória
- Levantar e estudar a literatura contemporânea existente sobre jogos esportivos adaptados
para idosos e qualidade de vida, em termos de vitalidade, destacando os resultados de
pesquisas recentes sobre estudos etnográficos de práticas educativas que trate da saúde do
idoso;
- Diagnosticar o grupo de idosos da ASPAN, sujeitos da pesquisa por meio de avaliações
(questionários-SF-36, Pirâmide de Pfister e entrevista) e observações dos movimentos nas
aulas.
Fase de coleta dos dados
- Planejar aulas com os jogos esportivos adaptados que valorizem a expressividade e
estimulem a tonicidade muscular, a postura e o trabalho em equipe;
- Observar todas as práticas corporais realizadas identificando aquelas que tiveram uma maior
aceitação, maior integração do grupo e envolvimento participativo
- Avaliar continuamente a melhoria da interação sócio-cultural;
- Recortar as filmagens feitas, elaborando pequenos vídeos didáticos que registrem e
possibilitem outros professores de educação física a realizarem essa metodologia.
Relatório e seminário
- Elaborar relatório parcial contendo os primeiros resultados da pesquisa, divulgando-o com
participação em evento científico;
- Organizar seminário local para apresentação dos resultados.
2.2.2.2 Metas para o segundo semestre
Fase de análise e interpretação dos dados
- Descrever as reaprendizagens das formas de sentir e usar o corpo relatadas pelos idosos
durante as aulas no momento do Círculo de Cultura.
- Interpretar as condutas tônico-postural dos idosos, após o programa de jogos esportivos
adaptados, de acordo com a reconfiguração da corporeidade realizada no percurso de
realização do projeto.
Relatórios
- Elaborar relatório final contendo as conclusões do trabalho, participar do evento de iniciação
científica da UFPB, como de outras instituições, produzir e encaminhar artigo para revista
indexada nacional com qualis no estrato B ou acima.
- Participar de eventos científicos, locais, regional, nacional e internacional.
16
2- Plano de Trabalho 2 - O JOGO PARA A APRENDIZAGEM DO EQUILÍBRIO E DA
PERCEPÇÃO CORPORAL DE CRIANÇAS NAS CRECHES
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
De modo que interessa-nos pesquisar, especificamente neste plano de trabalho, o modo pelo
qual uma prática educativa que valoriza o jogo ou o brincar infantil pode interferir no
processo de ampliação do equilíbrio motor/emocional e da consciência corporal. Assim,
formulamos os seguintes objetivos específicos:
- Ampliar a capacidade motora-perceptiva das crianças para que elas mobilizem seus sistemas
de atenção para configurarem a consciência de si e do entorno;
- Avaliar a relação entre a prática educativa e a percepção corporal das crianças, em termos da
habilidade de perceber o espaço que o corpo ocupa nas brincadeiras e a habilidade de projetar
seu corpo no espaço;
- Avaliar a progressão das crianças, no decorrer das aulas, quanto ao equilíbrio e a percepção
corporal: cima/baixo; frente/traz, topo/fundo, esquerda/direita, dentro/fora;
- Descrever a possível relação entre a capacidade de equilíbrio motor com o equilíbrio
emocional
- Discutir a participação das interações corporais da criança no jogo e sua relação na
constituição de sua consciência individual e social.
2.1.1- RELEVÂNCIA
A relevância dessa pesquisa é para com a aprendizagem perceptiva das crianças, tendo
em vista que o aprimoramento dessa capacidade repercute em aspectos do desenvolvimento
afetivo, social, cognitivo e motor. Ou seja, há pesquisas que indicam que crianças com
aptidão perceptiva têm uma tendência a ter aptidão motora e cognitiva. De modo que realizar
essa pesquisa coloca em destaque o lugar da educação física na educação infantil, visto que é
nessa fase de 4 aos 5 anos que a maioria das crianças adquirem uma reserva suficiente para
decodificar todas as impressões sensoriais, juntamente com a aprendizagem da codificação da
leitura.
Um número grande de crianças entra no ensino fundamental com as habilidades
perceptivas atrasadas, especificamente em relação ao equilíbrio, ao passo que acompanhando
essas crianças, sujeitos da pesquisa, temos condições de contribuir positivamente para a
superação desse atraso. Além do mais, essa pesquisa aprofunda um campo de estudo da
educação física, a modalidade infantil, pelo estudante, capacitando-o a atuar como futuro
docente/pesquisador nessa área de conhecimento e nesse campo de intervenção. Com isso,
estaremos ampliando a discussão local e nacional sobre as práticas educativas da educação
física na infância, na medida em que relacionamos as destrezas perceptivas com a
desenvoltura motora (equilíbrio) e cognitiva (consciência de si/ percepção corporal).
2.1.2- VINCULAÇÃO AO PROJETO
Este segundo plano de trabalho, Jogo para a aprendizagem do equilíbrio e da
percepção corporal nas brincadeiras na primeira infância, se insere no projeto principal na
medida em que se constitui numa programação operacional da pesquisa, especificamente, no
que se refere à resposta da segunda questão de estudo: A vivência dos jogos pelas crianças
das creches contribui para o equilíbrio motor/emocional e a percepção corporal? Será por
intermédio desse plano que iremos avaliar a influência do programa de ensino com aulas
valorizando as brincadeiras infantis que trabalhem o equilíbrio e a percepção corporal sobre a
ampliação da inteligência das crianças, no que se refere à consciência de si e de mundo.
17
2.2- CRONOGRAMA
O cronograma de atividades é complementar e consiste nas metas a serem alcançadas
nos dois semestres, correspondendo às três fases da pesquisa: Exploratória, Coleta de dados,
Análise e interpretação dos resultados. E por fim, a elaboração dos relatórios parcial e final. Período Etapas Meta do trabalho Equilíbrio e percepção corporal das crianças nas
creches
Agosto-set. Exploratória
Avaliação dos
efeitos do
programa
- Levantamento de informações sobre equilíbrio motor e
emocional, bem como sobre percepção corporal e
consciência de si e consciência social.
- Aplicação do instrumento pirâmide de Pfister e o
protocolo de avaliação do equilíbrio corporal funcional
aplicado em crianças, desenvolvido pela RLSM e LC
(2006).
- Avaliação do aumento do equilíbrio da percepção
corporal.
Out.-jan.
Nov. Participação no
XIX ENIC
Coleta de
dados e
Intervenção
participante
Plano de
atividades para
trabalhar a
comunicação
corporal
- Os efeitos do ambiente na comunicação humana – a
aula será realizada em vários espaços e com diferentes
objetos;
- Os efeitos da aparência na comunicação humana –
aulas de mímica;
- Os efeitos do gesto e da postura na comunicação
humana – experimentar diferentes posturas de
comunicação;
- Os efeitos do toque na comunicação humana -
trabalhar diferentes tipos de toques e carícias: suaves,
rudes, cuidadosas com o fim de reencontrar as emoções
que estão inscritas no corpo.
- Os efeitos da face na comunicação humana– expressar
diversas formas fisionômicas da alegria, tristeza, dor,
susto, raiva, apaixonado.
- Entrega do Relatório Parcial
Fev.-julho Interpretação
dos resultados
e Relatório
final
Plano analítico de
catalogação das
informações
- Reaplicação dos questionários, Aplicação das análises
de conteúdo e dos movimentos pela labanalise e pela
praxiologia motriz;
- Entrega do Relatório Final
2.2.1 VIABILIDADE DE EXECUÇÃO
Registramos a viabilidade deste plano de trabalho, tanto do ponto de vista teórico,
porque já vimos lidando com essa temática da aprendizagem perceptiva, ao trabalharmos com
a educação física infantil a partir da teoria do desenvolvimento perceptivo na infância. De
modo que conhecemos a natureza do processo perceptivo e seu impacto no movimento e na
cognição. Bem como dispomos de alguns mecanismos de avaliação da aprendizagem
perceptiva, que relaciona a acuidade visual, a percepção de imagens em nível plano, a
percepção de profundidade e a coordenação visual-motora com o desempenho motor e
cognitivo na infância. Segundo, esse projeto é viável também do ponto de vista metodológico,
já está definida a estrutura do programa de ensino, quanto a avaliação (cf. quadro abaixo),
plano de ensino, sistemática dos planos de aula, familiaridade com a aplicação de testes, bem
como os parâmetros da observação participante.
PERCEPÇÕES ATIVIDADES PERCEPTIVAS
Espacial Brincadeiras e jogos que trate o conhecimento de quanto espaço o corpo ocupa e
habilidade de projetar o corpo no espaço
Direcional Lateralidade (percepção interna das várias dimensões do corpo quanto a sua
localização e direção) e direcionalidade (é a projeção externa da lateralidade)
Temporal Aquisição de uma estrutura temporal. Coordenação: óculo-manual e óculo-pedal,
ritmo
18
Corporal Habilidades de: diferenciar as partes do corpo, reconhecer o que cada parte pode
fazer, consciência das partes na realização de um ato
Quadro 4 Relação entre os temas da Percepção e as Atividades perceptivas
E mais a Secretaria de Educação do Município de João Pessoa, após contatada com
apresentação de projeto e formalização de processo, já autorizou a realização da pesquisa,
bem como a diretora da escola CREI El Shadai já assinou o termo de concordância e o termo
de consentimento para efetivar a pesquisa, que já estamos com atividade na referida escola
desde fevereiro de 2009.
2.2.2- METAS SEMESTRAIS
2.2.2.1 Metas para o primeiro semestre
Fase exploratória
- Levantar e estudar a literatura contemporânea existente sobre desenvolvimento infantil,
ritmo, equilíbrio, consciência corporal, destacando os resultados das pesquisas recentes sobre
estudos etnográficos de práticas educativas com a percepção corporal, temporal, espacial,
direcional, bem como os testes com equilíbrio e ritmo adaptados para crianças nessa faixa
etária;
- Diagnosticar o grupo de crianças a serem investigadas, por meio de avaliações e observações
do nível de desenvolvimento motor-perceptivo que as crianças da creche se encontram;
Fase de coleta dos dados
- Avaliar as crianças em termos de equilíbrio, ritmo e consciência corporal;
- Planejar aulas que valorizem o ritmo e o equilíbrio, especificamente por meio de atividades
perceptivas, avaliando suas repercussões em termos de aprendizagem cognitiva e motora;
- Observar todas as práticas corporais realizadas identificando aquelas que tiveram uma maior
aceitação, maior integração do grupo e envolvimento participativo;
- Recortar as filmagens feitas, elaborando pequenos vídeos didáticos que registrem e
possibilitem outros professores de educação física a realizarem essa metodologia.
Relatório e seminário
- Elaborar relatório parcial contendo os primeiros resultados da pesquisa, divulgando-o com
participação em evento científico;
- Organizar seminário local para apresentação dos resultados.
2.2.2.2- Metas para o segundo semestre
Fase de análise e interpretação dos dados
- Catalogação das diversas aprendizagens perceptivas segundo os critérios de avaliação;
- Descrever os resultados das diversas práticas vividas pela sua capacidade de estimular a
percepção: corporal, de profundidade, direcional, acuidade visual, gustativa e olfativa e tátil.
- Interpretar os resultados relacionando as aquisições com as práticas corporais vividas.
Relatórios
- Elaborar relatório final contendo as conclusões do trabalho, participar do evento de iniciação
científica da UFPB, como de outras instituições, produzir e encaminhar artigo para revista
indexada nacional com qualis.
- Participar de eventos científicos, locais, regional, nacional.
19
2- Plano de Trabalho 3 - AS APRENDIZAGENS DA COMUNICAÇÃO MOTRIZ NOS
JOGOS PRATICADOS NA PRAIA
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Definir os esportes de lazer que serão analisados a partir dos jogos que são praticados nas
praias urbanas de João Pessoa;
- Analisar os movimentos dos jogadores esportivos buscando identificar neles os códigos de
comunicação práxica: os gestemas e os praxemas;
- Interpretar as atitudes dos jogadores em termos de movimento comunicativo realizado
durante o jogo;
- Identificar as aprendizagens (habilidade, atitudes e conhecimentos) que estão presentes nos
jogos esportivos praticados na praia;
- Avaliar as habilidades motoras e cognitivas que acontecem nos jogos de lazer na praia a
partir dos relacionamentos: entre os jogadores, uso do espaço e ao funcionamento do jogo.
2.1.1 RELEVÂNCIA
O movimento humano é uma forma de comunicação com o mundo, portanto, sempre
será constituído dos mesmos elementos motrizes, seja na arte, no trabalho, na educação, na
vida cotidiana e no lazer. Será por intermédio desse plano de pesquisa que iremos avaliar as
aprendizagens vividas nos jogos esportivos de lazer praticados na praia, do ponto de vista dos
significados dos gestos no modelo operatório que representa a estrutura básica de
funcionamento do jogo: comunicação práxica, gestema, praxema, papel e sub-papel, sistema
de pontuação e rede de interação de marca.
É essa inteligência, de origem comunicativa motriz, a responsável por gerar a
orientação social no jogo e desenvolver os jogadores. Daí destacarmos a relevância deste
plano em termos de acompanhar com pesquisa o desenvolvimento comunicativo dos seus
praticantes, como possibilidade de tratarmos esses jogos nas aulas de educação física escolar.
Pois ao fazermos isso estaremos avaliando a participação total dos jogadores, pelo seu sistema
de expressar suas emoções, comunicar suas cognições, realizar suas intenções de movimento,
deixando-se absorver pelo jogo, completamente.
Também é relevante porque aprofunda um campo de estudo da educação física, a
modalidade expressividade, especificamente Comunicação Práxica, pelo estudante,
capacitando-o a atuar como futuro docente/pesquisador nessa área de conhecimento e nesse
campo de intervenção. E por relacionar o conhecimento próprio da educação física com o
conhecimento da expressividade humana, da comunicação no jogo, na tática de jogo, essa
pesquisa cria uma interação com o campo de conhecimento das comunicações. Essa pesquisa
ao construir uma interdisciplinaridade com os conhecimentos comunicativos, cultural e
sensório-biológico amplia a discussão local e nacional sobre as práticas educativas na
educação física. Além de fortalecer a identidade cultural dos jogos de lazer, que é
diversificada, abrangente, polifônica, plástica e contraditória.
2.1.2 VINCULAÇÃO AO PROJETO
Este terceiro plano de trabalho - As aprendizagens, em termos de comunicação motriz,
vividas nos jogos praticados na praia - se insere no projeto principal na medida em que se
preocupa com uma das dimensões do jogo, a linguagem. Dando ao projeto concreticidade em
termos de operacionalizar a linguagem como um sistema de comunicação existente nos jogos
esportivos. Também está vinculado ao projeto na medida em que se propõe a responder a
terceira questão de estudo: Quais as aprendizagens de comunicação motriz vividas nos jogos
praticados na praia? Será nesse plano que avaliaremos as aprendizagens vividas nos jogos,
20
nas suas diversas modalidades (motoras, cognitivas, valorativas, afetivas, conceituais), por
entendermos que os jogos se estruturam e possuem uma lógica interna, de modo que cada
participante terá que aprender a localizar-se em campo, relacionar-se com os membros de sua
equipe, com os adversários, com as regras de funcionamento do jogo e com os implementos,
de modo que favorece aos participantes uma série de aprendizagens que são próprias daquela
prática.
2.2 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
O cronograma de atividades complementa-se nas metas a serem alcançadas nos dois
semestres, correspondendo às três fases da pesquisa: Exploratória, Coleta de dados, Análise e
interpretação dos resultados. E, por fim, a elaboração dos relatórios parcial e final.
Período Etapas Meta do trabalho Levantamento das aprendizagens dos jogos de lazer
na praia
agosto-
set.
Exploratória
Levantamento
bibliográfico e
Pesquisa de
campo
- Levantamento de informações sobre comunicação
práxica, léxico dos jogos, teoria da ação motriz que
estuda a lógica interna dos jogos.
- Ida ao campo para fazer o levantamento de jogos
esportivos que acontecem nas praias urbanas de João
Pessoa
Out.-
jan.
Nov. Participação
no XIX
ENIC
Coleta de dados e
Intervenção
participante
Plano de
atividades para
trabalhar a
comunicação
corporal
- Observação dos jogos realizados nas praias urbanas
de João Pessoa. – Classificação dos jogos segundo a
praxiologia motriz
- Os efeitos do gesto e da postura na comunicação
humana – descrevendo diferentes posturas de
comunicação (gestemas e praxemas;
- Os efeitos da face na comunicação humana–
expressar diversas formas fisionômicas da alegria,
tristeza, dor, susto, raiva, apaixonado.
- Entrega do Relatório Parcial
Fev.-
julho
Interpretação dos
resultados e
Relatório final
Plano analítico de
catalogação das
informações
- Aplicação das análises de conteúdo das entrevistas
realizadas e dos movimentos pela praxiologia motriz;
- Entrega do Relatório Final
2.2.1 Viabilidade de execução
Registramos a viabilidade deste plano de trabalho, tanto do ponto de vista teórico,
porque já vimos lidando com essa temática da expressividade, como desdobramento da
corporeidade, temática que temos desenvolvido pesquisas a mais de uma década, abordando
essa relação movimento e cultura, prática corporal e comunicação motriz. Segundo, porque do
ponto de vista metodológico, já está definida a estrutura da observação e da análise dos
resultados, e que tanto a entrevista quanto a observação dos jogos já nos são familiares em
termos de realização de outras pesquisas.
2.2.2 Metas Semestrais
Para o primeiro semestre
Fase exploratória
- Levantar e estudar a literatura contemporânea existente sobre a teoria geral da ação motriz,
destacando os resultados das pesquisas recentes, bem como analisar estudos etnográficos de
resultados para a aprendizagem das práticas educativas;
- Descrever o grupo de jogadores a ser investigado, por meio de avaliações e observações
quanto a capacidade comunicativa no jogo.
Fase de coleta dos dados
21
- Observar todos os jogos esportivos ou pré-desportivos vividos nas praias urbanas de João
Pessoa, identificando aqueles que tem uma maior freqüência, maior integração do grupo e
envolvimento participativo;
- Filmar os jogos e recortar as filmagens feitas, elaborando pequenos vídeos didáticos que
registrem e possibilitem outros professores de educação física realizarem essa metodologia.
Relatório e seminário
- Elaborar relatório parcial contendo os primeiros resultados da pesquisa, divulgando-o com
participação em evento científico;
- Organizar seminário local para apresentação dos resultados.
Metas para o segundo semestre
Fase de análise e interpretação dos dados
- Catalogação dos diversos jogos, segundo os critérios da praxiologia;
- Descrever as composições dos gestemas e praxemas dos diversos jogos e pela capacidade de
ações criativas e tomadas de decisões rápidas.
- Interpretar os jogos catalogados, descrevendo a tendência das interações (cooperação,
oposição).
Relatórios
- Elaborar relatório final contendo as conclusões do trabalho, participar do evento de iniciação
científica da UFPB XIX ENIC, como de outras instituições e produzir e encaminhar artigo
para revista indexada nacional com estrato “B”.
- Participar de eventos científicos, locais, regional, nacional.
22
2- Plano de Trabalho 4 - A LINGUAGEM DOS ESPORTES DE RAQUETE E SUA
SISTEMATIZAÇÃO PARA O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Interessa-nos pesquisar neste plano de trabalho o modo pelo qual, os jogos esportivos
de raquete, se constituem num fenômeno esportivo de comunicação, de interação e de
intercâmbio cultural. Os jogos de raquete aqui selecionados são: tênis de campo, tênis de
mesa, badminton, squash e frescobol. São aqueles jogos desportivos institucionalizados que
possuem semelhanças em sua estrutura de jogo: são esportes individuais ou de duplas, que
utilizam um implemento a ser rebatido (bola ou peteca) a ser rebatido por uma raquete e que
possuem também semelhanças em relação a informações gerais da programação de
movimento. Como são jogos pouco valorizados nas aulas de educação física, resolvemos
formulamos os seguintes objetivos específicos:
- Colocar a motricidade dos jogos de raquete como o centro da cena na análise da
comunicação motriz para as aulas de educação física escolar;
- Analisar as práticas sociomotrizes dos jogos de raquete, como uma codificação cultural
importante para a aprendizagem escolar;
- Descrever os jogos de raquete em sua programação de movimentos, identificando o universo
ludomotor existente nessas práticas;
- Classificar os jogos tradicionais pelas situações de interação em jogos de cooperação, jogos
de oposição e jogos de oposição-cooperação;
- Analisar os jogos de raquete a partir da metodologia desportiva ou pedagogia do esporte,
procurando estabelecer os objetivos escolares e uma sistematização dos conteúdos;
- Sistematizar o ensino-aprendizagem dos esportes de raquete para as aulas de educação física
escolar;
- Elaborar propostas didáticas e projeto curricular mais consistente, do ponto de vista das
condutas motrizes, para a educação física do ensino fundamental menos excludente e mais
crítica aos modelos que ela mesma reproduz.
2.1.1 RELEVÂNCIA
Nesse trabalho de pesquisa analítica, nossa atenção estará voltada especificamente para
a comunicação corporal dos jogos de raquete. Visto que uma prática educativa que possibilite
o reaprender a viver, enquanto corpo sensitivo, a desfrutar do prazer corporal em sua relação
consigo mesmo, com os outros e com o ambiente, é uma educação física para a vida.
Escolhemos a comunicação corporal ou motriz porque em nossa sociedade há um código de
reclusão para a pessoa, ela deve ir diminuindo sua espontaneidade e sua expressividade e com
o tempo vai se isolando e perdendo suas amizades.
Ao tematizarmos essa comunicação motriz nos esportes de raquete estaremos
contribuindo para o professor de educação física, no sentido de elaborar um programa
educativo que estará recuperando e recriando a fluência comunicativa, ao movimentar-se em
harmonia e graça, em oposição e cooperação. E aí está a relevância do projeto seu
desdobramento na melhoria da apreensão cultural, motriz e qualidade de vida dos educandos,
integrando-os socialmente, aumentando sua rede de contatos, sua autonomia e autoestima.
Sem falar do ponto de vista da produção do conhecimento, visto aprofundarmos um campo de
estudo inovador na educação física, jogos de raquete e comunicação motriz, capacitando o
estudante a atuar como futuro docente/pesquisador nessa área de conhecimento e nesse campo
de intervenção.
23
2.1.2 VINCULAÇÃO AO PROJETO
Este quarto plano de trabalho, A linguagem dos esportes de raquete e sua
sistematização para o ensino da educação física escolar, se insere no projeto principal na
medida em que trata de uma das dimensões do jogo, que é a linguagem, visto que estaremos
nesse plano elegendo a comunicação práxica para avaliarmos o valor destes esportes para o
ensino da educação física escolar. Também este plano se constitui numa programação
operacional da pesquisa, especificamente, no que se refere à resposta da quarta questão de
estudo: Em que medida a rede de comunicação motriz vivida nos jogos esportivos de raquete
(badminton, tênis, tênis de mesa, squash, frescobol) contribui para a sistematização do ensino
desses esportes na escola? Será por intermédio desse plano que iremos avaliar a relação entre
a comunicação motriz dos jogos de raquete e o programa de ensino da educação física escolar.
Pois reconhecemos a partir de pesquisas que quanto maior o grau de interação social ou
comunicação motriz, maior a riqueza sócio-cultural, cognitiva e afetiva.
2.2 CRONOGRAMA
O cronograma de atividades é complementar e consiste nas metas a serem alcançadas
nos dois semestres, correspondendo às três fases da pesquisa: Exploratória, Coleta de dados,
Análise e interpretação dos resultados. E por fim, a elaboração dos relatórios parcial e final.
Período Etapas Meta do trabalho Sistematização do ensino dos jogos de raquete
Agosto-
set.
Exploratória
Levantamento
bibliográfico e
Pesquisa de
campo
- Levantamento de informações sobre comunicação
práxica, léxico dos jogos, teoria da ação motriz que
estuda a lógica interna dos jogos. Além de estudar
sobre pedagogia do esporte e esportes de raquete;
- Ida ao campo para fazer o levantamento de jogos
esportivos de raquete que acontecem na cidade de João
Pessoa, ou jogos televisionados.
Out.-
jan.
Nov. Participação
no XIX
ENIC
Coleta de dados e
Intervenção
participante
Plano de
atividades para
trabalhar a
comunicação
corporal
- Observação dos jogos realizados nas quadras de João
Pessoa, ou na praia, visto que o frescobol é um jogo
realizado na praia. – Classificação dos jogos segundo a
praxiologia motriz
- Os efeitos do gesto e da postura na comunicação
humana – descrevendo diferentes posturas de
comunicação (gestemas e praxemas); treinamento
técnico como processo seqüencial e lógico;
- Os conteúdos dos jogos de raquetes, numa
organização e sequenciação de unidades programáticas.
- Entrega do Relatório Parcial
Fev.-
julho
Interpretação dos
resultados e
Relatório final
Plano analítico de
catalogação das
informações
- Aplicação das análises de conteúdo das entrevistas
realizadas e dos movimentos pela praxiologia motriz;
- Entrega do Relatório Final
2.2.1 VIABILIDADE DE EXECUÇÃO
Registramos a viabilidade deste plano de trabalho, tanto do ponto de vista teórico,
porque já vimos lidando com essa temática da comunicação práxica desde 2003, período de
defesa da tese de doutorado (Cultura do jogo e jogo da cultura – 2003), bem como ministrar a
disciplina de Jogo, cultura e educação no mestrado em educação física, cuja praxiologia é um
dos conteúdos contemplados. Também por contar com a colaboração do Prof. Dr. João
Francisco Ribas da Universidade Federal de Santa Maria, especialista em Praxiologia.
Segundo, porque do ponto de vista de acesso aos jogos de raquete que acontecem na cidade
não haverá dificuldades: faço parte da federação paraibana de badminton; a academia de
squash pertence a dos alunos do curso de educação física; o frescobol é extremaente acessível
nas praias urbanas de João Pessoa. Portanto, não haveria dificuldade em acesso. Em termos de
viabilidade do projeto, afirmamos da simplicidade de execução, pois não necessita de grandes
24
recursos para sua efetivação. Registro etnográfico, observação direta, filmagem (câmara
fotográfica e filmográfica, disponível no LEPEC, devido projeto do Universal do CNPq).
2.2.2 METAS SEMESTRAIS
2.2.2 Metas Semestrais
Para o primeiro semestre
Fase exploratória
- Levantar e estudar a literatura contemporânea existente sobre esportes com raquete
(histórico, sistematização existente, treinamento, procedimentos de ensino), bem como da
praxiologia motriz, destacando os resultados de pesquisas recentes sobre estudos de
comunicação motriz e suas repercussões didáticas no ensino da educação física escolar;
Fase de coleta dos dados
- Diagnosticar os jogos de raquete praticados nas quadras de João Pessoa, realizando por meio
de observação a descrição etnográfica dos movimentos comunicativos nessas práticas
esportivas.
- Observar todos os jogos realizados, identificando aqueles que têm uma maior freqüência,
maior integração do grupo, envolvimento participativo e produzem maior formação de grupo;
- Recortar as filmagens feitas, elaborando pequenos vídeos didáticos que registrem e
possibilitem outros professores de educação física a realizarem essa metodologia.
Relatório e seminário
- Elaborar relatório parcial contendo os primeiros resultados da pesquisa, divulgando-o com
participação em evento científico;
- Organizar seminário local para apresentação dos resultados.
Para o segundo semestre
Fase de análise e interpretação dos dados
- Catalogação das formas de comunicação corporal realizadas pelos jogadores dos esportes de
raquete, segundo os critérios dos códigos gestêmicos e praxêmicos, bem como das
semelhanças e diferenças entre os esportes de raquete (campo, implemento, raquete,
funcionamento);
- Descrever as aprendizagens das formas de sentir e usar o corpo ao se comunicar, relatadas
pelos jogadores, durante as entrevistas;
- Interpretar a desenvoltura dos gestos comunicativos dos jogadores realizados no exercício de
seus papéis e sub-papéis no jogo;
- Propor um programa curricular a partir da análise praxiológica dos jogos de raquete, um
programa que valorize a comunicação corporal e estimule a inteligência tática.
Relatórios
- Elaborar relatório final contendo as conclusões do trabalho, participar do evento de iniciação
científica da UFPB, como de outras instituições, produzir e encaminhar artigo para revista
indexada nacional com qualis.
- Participar de eventos científicos, locais, regional, nacional.