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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DANILO SOUSA SANTOS IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO PARA UM TANQUE DE ÁGUA DE REUSO DE UMA INDÚSTRIA METALÚRGICA DA BAHIA SALVADOR 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

DANILO SOUSA SANTOS

IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO PARA UM TANQUE DE

ÁGUA DE REUSO DE UMA INDÚSTRIA METALÚRGICA DA BAHIA

SALVADOR

2017

DANILO SOUSA SANTOS

IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO PARA UM TANQUE DE

ÁGUA DE REUSO DE UMA INDÚSTRIA METALÚRGICA DA BAHIA

Monografia apresentada ao Curso de graduação

em Engenharia de Controle e Automação de

Processos, Escola Politécnica, Universidade

Federal da Bahia, como requisito para obtenção

do grau de Bacharel em Engenharia de Controle e

Automação.

Orientador: Prof. Dr. Márcio André Fernandes

Martins

SALVADOR

2017

AGRADECIMENTOS

Este trabalho representa um longo caminho percorrido por mim desde 2011, quando ingressei

nesta Universidade, e sem dúvidas, muitos contribuíram com incentivo, carinho, apoio e

conhecimento.

Devoto meus sinceros agradecimentos para Itamar, Elton, Carlos Magno e a todas da Fábrica

que de alguma forma contribuíram para este trabalho, fornecendo informações, dando

incentivos e apoio desde o momento em que manifestei o meu interesse em desenvolver este

projeto também como trabalho de conclusão de curso.

Agradeço a Cesar Feijó e a empresa a qual faz parte pelo total apoio e compreensão em permitir

que eu me ausentasse nos momentos em que necessitei focar nos meus estudos, além de dar

qualquer apoio que eu necessitasse.

Um agradecimento especial ao meu orientador Márcio Martins, ao qual admiro pela persistência

e criatividade em trazer métodos educacionais para a sala de aula que consigam desenvolver

diferentes competências em seus alunos, importantes para suas vidas como engenheiros e

profissionais. Agradeço pela presença e paciência que sempre teve quando solicitado por mim,

e por me inspirar a querer ser sempre um profissional de excelência.

Registro também as contribuições de todos os servidores, funcionários e corpo docente da

Universidade Federal da Bahia, que forneceram apoio para a minha formação como Engenheiro

de Controle e Automação.

Agradeço à minha família, por sempre me apoiar em todas as minhas decisões e me fornecer

todos subsídios para que eu pudesse chegar onde estou. À minha irmã Darlene, por ser uma

pessoa brilhante e sempre ter me estimulado a pensar alto e nunca parar de me desenvolver

como profissional. Aos meus pais, por me educarem com muito carinho, atenção e me

ensinarem valores nobres, que me tornaram uma pessoa íntegra, ética e honesta.

Dedico meus agradecimentos finais aos meus colegas de faculdade e da vida, por terem

compartilhado suas experiências, terem me ouvido e me apoiado em momentos de desânimo.

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo implementar um sistema SCADA capaz de controlar

automaticamente o nível de um tanque de água de reuso, além de monitorar outros subsistemas

necessários para a produção de ligas metálicas de uma indústria metalúrgica da Bahia. Os

conceitos utilizados abordam o projeto de um controlador PID e os dispositivos de automação,

que são sensores, atuadores, CLPs, remotas e supervisório. Para desenvolver o projeto foram

seguidas as etapas de projeto que vão desde a seleção e configuração de dispositivos de campo

até a programação de CLPs, supervisório e sintonia do controlador PID, garantindo a solução

completa de automação. O controlador sintetizado atingiu a sua função de manter o nível

próximo do valor desejado e reduzir o desperdício de água, ao passo em que o sistema SCADA

permitiu o monitoramento remoto dos subsistemas, trazendo mais confiabilidade ao processo.

Palavras-chave: Sistema SCADA, Controle PID, CLP.

ABSTRACT

This work aims to implement a SCADA system capable of automatically controlling the level

of a reuse water tank, in addition to monitoring other subsystems required for the production of

metal alloys of a metallurgical industry in Bahia. The concepts used address the design of a PID

controller and the automation devices, which are sensors, actuators, PLCs, remote units and

computer systems. In order to develop the project, the design stages were followed, from the

selection and configuration of field devices to the programming of PLCs, supervisory and PID

controller tuning, guaranteeing the complete automation solution. The results were satisfactory,

in which the synthesized controller reached its objective of maintaining the level close to the

desired value and reducing the waste of water, while the SCADA system allowed the remote

monitoring of the subsystems, bringing more reliability to the process.

Keywords: SCADA, PID Control, PLC.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação dos subsistemas da Fábrica ............................................................. 13

Figura 2 – Representação esquemática do tanque de água de reuso. ....................................... 14

Figura 3 – Pirâmide da automação. .......................................................................................... 16

Figura 4 – Exemplo de lógica de programação em Ladder. Fonte: (GEORGINI, 2003) ......... 18

Figura 5 – Controlador Lógico Programável do fabricante Schneider. .................................... 19

Figura 6 – Curvas características de vazão. Fonte: (EMERSON, 2005). ................................. 20

Figura 7 – Atuador do tipo Pinhão e Cremalheira. ................................................................... 21

Figura 8 – Sensor eletromagnético de vazão. ........................................................................... 22

Figura 9 – Arquitetura de um Sistema SCADA. Fonte: (SOFTWARE, 2015). ....................... 24

Figura 10 – Malha de controle de nível de um tanque. ............................................................ 25

Figura 11 – Diagrama de blocos para a sintonia IMC. ............................................................. 29

Figura 12 – Arquitetura do Sistema. ......................................................................................... 31

Figura 13 – Gráfico de tendência para vazões de entrada e saída do tanque. .......................... 32

Figura 14 – Gráfico de tendência para entradas e saídas do tanque. ........................................ 33

Figura 15 – Diagrama de bloco da malha de controle de nível. ............................................... 33

Figura 16 – Gráfico da curva característica de vazão inerente (teórica). ................................. 36

Figura 17 – Gráfico da curva característica de vazão instalada (real). ..................................... 36

Figura 18 - Válvula e atuador. .................................................................................................. 37

Figura 19 – Posicionador do fabricante SMAR........................................................................ 37

Figura 20- Fluxograma para a configuração do posicionador. ................................................. 38

Figura 21 - Fluxograma para a configuração do CLP e remotas. ............................................. 40

Figura 22 - Vista topológica do rack que possui o CLP e cartões. ........................................... 40

Figura 23 - Consumo de memória do CLP. .............................................................................. 41

Figura 24 - Vista topológica do rack de uma das remotas........................................................ 42

Figura 25 – Lógica em Ladder para acionamento das bombas. ............................................... 42

Figura 26 – Lógica em Ladder para o controlador PID. ........................................................... 43

Figura 27 - Fluxograma para o desenvolvimento do supervisório. .......................................... 44

Figura 28 – Tela inicial e estrutura de quadros do supervisório. .............................................. 45

Figura 29 - Estrutura de telas do supervisório. ......................................................................... 45

Figura 30 - Tela modal do controle PID da malha de nível. .................................................... 46

Figura 31 - Mapa de memória. ................................................................................................. 47

Figura 32 - Tela de gráficos e emissão de relatórios. ............................................................... 49

Figura 33 - Área de visualização de alarmes ativos. ................................................................ 50

Figura 34 - Tela modal de histórico de alarmes. ...................................................................... 50

Figura 35 - Estrutura dos dados. ............................................................................................... 51

Figura 36 – Gráfico de tendência com performance de controlador para dois 𝜆 distintos. ...... 53

Figura 37 – Gráfico de tendência para nova estrutura de controle proposta. ........................... 54

Figura 38 – Gráfico de consumo de água mensal. .................................................................... 55

Figura 39 – Quantidade de água não utilizada em dez dias...................................................... 56

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Parâmetros de sintonia para a técnica IMC. ........................................................... 30

Tabela 2 - Parâmetros do controlador do posicionador. ........................................................... 39

Tabela 3 - Parâmetros de configuração do IO Scanning. ......................................................... 41

Tabela 4 – Valores do ganho do controlador para cada parâmetro 𝜆 escolhido. ...................... 52

Tabela 5 – Descrição de tags. ................................................................................................... 47

Tabela 6 – Valores de consume de água mensal. ..................................................................... 56

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 11

1.1 DESCRIÇÃO DO PROCESSO ............................................................................. 12

1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 14

1.2.1 Objetivos específicos ................................................................................. 14

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................................... 14

2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 16

2.1 ARQUITETURA DE AUTOMAÇÃO ................................................................. 16

2.2 DISPOSITIVOS DE UM SISTEMA DE AUTOMAÇÃO ................................... 17

2.2.1 Controlador Lógico Programável ............................................................ 17

2.2.2 Elementos primários e finais de controle ................................................ 19

2.3 SCADA .................................................................................................................. 23

2.4 TEORIA DE CONTROLE .................................................................................... 25

2.5 PROJETO DE CONTROLADOR PID ................................................................. 26

3 RESULTADOS .............................................................................................................. 31

3.1 ARQUITETURA DO SISTEMA E SUAS CARACTERÍSTICAS ...................... 31

3.2 ELEMENTOS PRIMÁRIOS E FINAIS DE CONTroLE ..................................... 35

3.2.1 Elementos finais de controle ..................................................................... 35

3.2.2 CLP e Remota ............................................................................................ 39

3.3 SUPERVISÓRIO ................................................................................................... 44

3.3.1 Estrutura de telas e quadros .................................................................... 44

3.3.2 Mapa de memória...................................................................................... 46

3.3.3 Comunicação MODBUS ........................................................................... 48

3.3.4 Relatórios e gráficos .................................................................................. 48

3.3.5 Servidor de alarmes .................................................................................. 49

3.3.6 Banco de dados .......................................................................................... 50

3.3.7 Controle de acesso ..................................................................................... 51

3.4 CONTROLE .......................................................................................................... 52

3.5 ANÁLISE DO CONSUMO DE ÁGUA................................................................ 55

4 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ...................... 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 61

11

1 INTRODUÇÃO

O controle automático e a automação são essenciais em qualquer campo da engenharia e

ciência. Eles são fundamentais em diversas aplicações, como em veículos aéreos, sistemas

robóticos, em sistemas de manufatura e na indústria, executando tarefas como controle de

temperatura, vazão, pressão, trajetória e velocidade, etc.

A automatização de processos produtivos surgiu da necessidade em aumentar a produção

industrial e reduzir custos, a partir de cortes em mão-de-obra humana, garantia de

confiabilidade e aumento da lucratividade. Já a teoria de controle se desenvolveu ao mesmo

passo, visto que as máquinas precisavam de algoritmos de controle para executarem as suas

tarefas com o mínimo de intervenção humana, com precisão e assertividade

(STEPHANOPOULOS, 1999).

A automação foi impulsionada com a criação da máquina a vapor no século XVIII,

período da 1ª Revolução Industrial. Nos anos seguintes a indústria foi tomando novo formato,

com o uso de novas fontes de energia e desenvolvimento de tecnologia, uso de dispositivos

mecânicos, como os relés, que permitiu a criação de circuitos lógicos capazes de executar

lógicas mais complexas, desencadeando o avanço industrial nos EUA e Europa. Esses eventos

fazem parte da 2ª Revolução Industrial, que trouxe aumento significativo na produtividade das

indústrias. Um outro momento importante para a automação foi no início do século XX, com a

criação da linha de produção de Henry Ford, fazendo surgir a necessidade de máquinas cada

vez mais autônomas e integradas (MORAES e CASTRUCCI, 2001).

No campo do controle automático um trabalho de grande relevância foi o governador

centrífugo de James Watt, que em meados do século 18 executava a tarefa de controlar a

velocidade de máquinas a vapor, de forma a manter uma velocidade aproximadamente

constante, qualquer que seja a carga ou as condições de fornecimento. Outros trabalhos de

relevância surgiram nas décadas seguintes e a teoria de controle obteve contribuições que

diversos pesquisadores, como por exemplo Harold Hazen, que introduziu o termo

servomecanismo para sistemas de controle de posição e Harry Nyquist que desenvolveu um

simples método para determinação da estabilidade de sistema de malha fechada a partir da

resposta do sistema em malha aberta (OGATA, 2010).

A automação pode estar relacionada a apenas um equipamento ou a um complexo sistema

que envolve equipamentos do chão de fábrica, integração e centralização de informações de

diferentes níveis estruturais da indústria, desde o operacional até o executivo. Ela decorre de

12

necessidades como a melhoria de níveis de qualidade de conformação e de flexibilidade,

menores custos de trabalho, menores perdas materiais e menores custos de capital, maior

controle das informações relativas ao processo, maior qualidade das informações e melhor

controle e planejamento da produção (BEGA e DELMÉE, 2006).

Diante da constante busca por redução de custos e aumento da produtividade, este

trabalho busca implementar um sistema de automação que possui entre as suas principais

funcionalidades o controle automático do nível de um tanque, a partir do desenvolvimento de

um sistema SCADA em uma indústria metalúrgica do estado da Bahia. Antes da implementação

desde trabalho todo o sistema era controlado manualmente, sem qualquer tipo de

monitoramento remoto, o que gerava custos significativos de manutenção e redução da

disponibilidade da Fábrica.

Assim, do ponto de vista prático será possível aglutinar conhecimentos da automação e

controle, de modo a produzir uma solução completa para a redução do desperdício de água de

um equipamento de grande dimensão da planta.

1.1 DESCRIÇÃO DO PROCESSO

A Metalúrgica, objetivo de estudo deste trabalho, possui subsistemas auxiliares ao seu

processo produtivo principal, a produção de ligas metálicas, e que não possuíam qualquer tipo

de supervisão remota. Este fato gerava custos excessivos com o trabalho humano para avaliação

periódica dos equipamentos e manutenção, visto que muitas vezes estes equipamentos não eram

inspecionados corretamente e as correções eram feitas tardiamente.

O sistema conta com oito subsistemas, como pode ser visto na figura 1, em que as

variáveis monitoradas dentro do site são: vazão, temperatura, umidade, pressão e nível. Segue

a descrição mais detalhada de cada subsistema.

O subsistema de Captação do Rio conta com 4 bombas para captação do Rio e um

tanque.

O subsistema dos Medidores possui medidores de vazão de diferentes fluxos que

distribuem água potável e de reuso para toda a Fábrica, além de contar também

com um tanque de água de reuso e suas respectivas bombas.

O subsistema dos Compressores I e II compõe um conjunto de compressores e

uma área de pulmões de ar, que se conectam com os filtros dos fornos da Fábrica.

O subsistema de Estação de Tratamento de Efluentes conta com bombas,

transportadores helicoidais e dois tanques.

13

Os subsistemas de Torre de Resfriamento I e II possuem os ventiladores, bombas

de recirculação da água e o poço de sucção.

O subsistema dos Reservatórios conta com reservatórios de água e bombas de

recalque.

O subsistema que será o foco deste trabalho, sob o ponto de vista de controle, será um

tanque de água de reuso, em que será feito um controle automático de nível utilizando um

controlador lógico programável, uma válvula de controle e sensores de nível e vazão, além do

sistema de supervisão e controle.

Figura 1 – Representação dos subsistemas da Fábrica

Este tanque de água de reuso foi construído para reduzir o desperdício da água captada

do Rio que abastece a Fábrica. Uma das finalidades dessa água captada é de resfriar as carcaças

dos fornos que produzem a liga metálica, garantindo um bom desempenho operacional e um

ambiente seguro. Antes da construção do tanque, toda a água utilizada para resfriar as carcaças

voltava para o Rio, sem ter qualquer outro uso dentro da unidade fabril. Isso trazia prejuízos

não apenas ambientes como também financeiros, visto que a Fábrica possui uma outorga que

limita o consumo dessa água, e caso ela fosse violada deveriam ser pagos valores proporcionais

ao consumo excedido. Deste modo, o tanque foi construído para que essa água pudesse ser

armazenada e utilizada em diferentes setores da Fábrica, ao invés de ser descartada.

O fluxograma apresentado na figura 2 representa o tanque de água de reuso com as linhas

de entrada e saída. Um dos fluxos água que abastecem o tanque vem de bombas de sucção que

captam água do lençol freático, para evitar a submersão da área onde estão localizados os

fornos, já que eles estão posicionados em um local abaixo do nível do lençol freático. Essas

14

bombas possuem rotação constante. O outro fluxo que abastece o tanque vem da água que

resfria os fornos, que é coletada por calhas e despejada no tanque.

Já a descarga da água do tanque é feita com quatro bombas, sendo que duas possuem

rotação constante e duas possuem rotação variável, e suas tubulações se unem em um barrilete,

por onde saem dois fluxos para dois subsistemas da Fábrica. Um desses fluxos é destinado para

fazer o make-up da água utilizada no Sistema de Britagem e o outro é para fazer o make-up da

água utilizada na estação de tratamento de efluentes. A variação da rotação das duas bombas

que retiram água do tanque é feita a partir de um controlador implementado no próprio inversor

de frequência, que tem por objetivo manter a pressão da linha em um determinado valor fixado.

Figura 2 – Fluxograma esquemática do tanque de água de reuso.

1.2 OBJETIVOS

Este trabalho tem como tema central o desenvolvimento e implementação de um sistema

de automação capaz de controlar automaticamente o nível do tanque de água de reuso.

1.2.1 Objetivos específicos

Desenvolver um supervisório para monitorar todos os subsistemas da área de

Utilidades;

Criar práticas para o desenvolvimento sistemático de um sistema SCADA;

Avaliar a redução do consumo de água obtido com a implementação do sistema

SCADA.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

O texto está organizado em quatro capítulos, incluindo este capítulo introdutório. A

estrutura do trabalho é apresentada a seguir.

15

O Capítulo 2 apresenta o referencial teórico sobre os temas e principais conceitos

abordados no trabalho. Dentro da temática automação, a pirâmide de automação é

contextualizada juntamente com a explicação dos dispositivos e elementos que a compõem e

que fazem parte deste trabalho, como sensores, válvulas de controle, CLP, remotas e sistema

SCADA. Já na temática de Controle, é feita uma contextualização histórica e abordagem de

conceitos básicos, além do projeto de um controlador PID.

O Capítulo 3 apresenta os resultados obtidos ao longo de todo o trabalho, que inclui a

seleção e configuração de elementos primários e finais de controle, programação em CLP e

remotas, desenvolvimento de sistema SCADA e implementação de um controlador PID.

Por fim, o Capítulo 4 resume as contribuições feitas com o trabalho e sugestões para a

sua continuidade em etapas futuras.

16

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ARQUITETURA DE AUTOMAÇÃO

Um sistema de automação industrial possui diversos equipamentos e elementos que

compõem uma solução para controlar um determinado processo produtivo. Esses elementos são

segmentados em níveis, que compõem a Pirâmide de Automação, ilustrada na figura 3.

A base da pirâmide está relacionada aos dispositivos de chão de fábrica, que fazem a

interação com o processo e aquisição de informações utilizadas pelas camadas superiores até

chegar ao topo da pirâmide, onde são tomadas as decisões estratégicas.

Figura 3 – Pirâmide da automação. Fonte: MORAES E CASTRUCCI (2001).

Uma descrição mais detalhada de cada nível é apresentada como segue.

Nível 1 – é o nível das máquinas, dispositivos e componentes do chão de fábrica que

compõem sensores, transdutores, sistemas de identificação, leitores, atuadores elétricos,

pneumáticos, hidráulicos e robótica.;

Nível 2 – é a camada que contém o controle do processo, composto por controladores

Lógicos Programáveis (CLP), Sistemas de Controle Distribuído (SDCD), Computadores (PC);

Inversores de Frequência e Controladores PID;

Nível 3 – permite a supervisão e interação com o processo remotamente, através de

interfaces de controle, com Sistemas Supervisórios, de Controle e de Aquisição de Dados;

17

Nível 4 – é o nível responsável pelo controle e planejamento da produção (PCP), do

planejamento dos recursos de manufatura (MRP), possuindo integração com as camadas

inferiores em tempo real, para gerir e otimizar os processos produtivos;

Nível 5 – é o nível que contém os Sistemas Integrados de Gestão Empresarial (ERP) que

integram todas as camadas da pirâmide, além fazer conexão com ferramentas de outras áreas

como o setor de marketing, de recursos humanos, vendas, entre outros.

O projeto desenvolvido neste trabalho se concentrará nos níveis 1 e 2 e 3, abordando

desde a escolha dos elementos do chão de fábrica até o sistema de supervisão e controle.

2.2 DISPOSITIVOS DE UM SISTEMA DE AUTOMAÇÃO

2.2.1 Controlador Lógico Programável

O CLP, computador lógico programável, possui uma extraordinária importância no

desenvolvimento industrial a partir da década de 1960. De modo geral, o CLP é um dispositivo

digital que controla máquinas e processos. Ele executa tarefas como controle de

energização/desenergização, temporização, contagem, sequenciamento, operações

matemáticas e manipulação de dados, e possui memória programável que pode armazenar

instruções e funções criadas pelo desenvolvedor.

Em 1968 surge a necessidade de desenvolvimento do CLP em resposta a uma necessidade

constatada pela General Motors. Naquela época, os sistemas de controle eram baseados em

relés, e possuíam pouca flexibilidade de reprogramação, levando dias ou semanas para alteração

da lógica quando se mudava o modelo de carro a ser produzido. Diante de tal situação, a GM

especificou um sistema de estado sólido, com alta flexibilidade de reprogramação, além de

possuir robustez suficiente para suportar um ambiente de ar poluído, com vibração, ruído

elétrico e os extremos de umidade e temperatura encontrados em um ambiente industrial. Os

primeiros CLPs foram instalados em 1969, fazendo sucesso quase imediato. Funcionando como

substitutos de relés, eram mais confiáveis que os sistemas originais (BEGA e DELMÉE, 2006).

Eles trouxeram grandes vantagens em relação aos sistemas baseados em relés, como

redução de custos de materiais, de mão-de-obra, de instalação e de localização de falhas, além

da redução de erros de associações, de infraestrutura com cabeamento e de espaço físico. Para

manter a conformidade com os sistemas de relés, a linguagem de programação utilizada nos

CLPs mais comum é a Ladder, fazendo com que o CLP se tornasse cada vez mais aceito na

indústria.

18

A linguagem Ladder (escada) possui esse nome por se parecer com uma escada, em que

possui duas barras verticais paralelas que são interligadas pela lógica desenvolvida com

diferentes elementos, como contatos e bobinas, formando degraus. Os CLPs estão contando

também com instruções mais sofisticadas, como temporizadores, contatos que detectam a borda

de subida/descida, contadores, contatos de comparação, etc (GEORGINI, 2003). A figura 4

ilustra um exemplo de lógica de programação em Ladder.

Figura 4 – Exemplo de lógica de programação em Ladder. Fonte: GEORGINI (2003)

Um CLP é constituído basicamente de: fonte de alimentação; Unidade Central de

Processamento (CLP propriamente dito), Memórias dos tipos fixo e volátil, Dispositivos de

entrada e saída, Terminal de programação. A figura 5 ilustra um computador lógico

programável, do fabricante Schneider, com a CPU, placa de rede e cartões de expansão,

respectivamente, da esquerda para a direita.

Em determinadas aplicações, nas quais há a necessidade de coletar informações de locais

de alto risco ou em locais distantes e de difícil acesso, são utilizadas as unidades remotas de

entrada e saída. Esses módulos transmitem as informações do processo dessas áreas para uma

central de processamento utilizando protocolos industriais, como MODBUS TCP, PROFIBUS

DP, entre outros. A vantagem de utilizar esses módulos é que eles possuem simples manuseio,

alta funcionalidade e reduzem consideravelmente o uso de cabos e infraestrutura para levar

essas informações do campo para o CLP.

Neste trabalho o protocolo utilizado para estabelecer a comunicação entre todos os

equipamentos do chão de fábrica com a interface de monitoramento e controle foi o MODBUS

TCP/IP. A escolha por esse protocolo foi devido a sua facilidade na configuração, praticidade

para manutenção e desenvolvimento, além de garantir alta confiabilidade para o processo

(GEORGINI, 2003). Aliado aos benefícios do próprio protocolo, a facilidade de implementação

19

no sistema SCADA e redução de tempo de desenvolvimento da aplicação também foram fatores

levados em consideração para a sua escolha.

Figura 5 – Controlador Lógico Programável do fabricante Schneider.

2.2.2 Elementos primários e finais de controle

As válvulas de controle são um dos elementos finais de controle mais comuns em

aplicações na indústria (EMERSON, 2005). Elas manipulam a vazão de fluídos como gases,

água, componentes químicos, para compensar distúrbios na alimentação do processo e para

manter a variável controlada o mais próximo do valor desejado. Entretanto, são necessários

acessórios para utilizar a válvula como um elemento final de controle, como atuadores, o corpo

da válvula, partes internas de ajuste de posição, transdutores e uma variedade de outros

elementos. Os principais acessórios são o atuador e o posicionador, que juntos dão movimento

a válvula de controle.

A performance das válvulas é um fator extremamente relevante para a eficiência de uma

malha de controle. Deste modo, a correta seleção do tipo de válvula para um processo é

determinante para o sucesso ou fracasso na implementação de um controle automático. Por isso,

devem ser avaliadas as características da válvula, como a curva característica de vazão, as

dimensões, o tipo, o range de operação e a queda de pressão na tubulação, para uma seleção

mais adequada.

A curva característica de vazão representa a dinâmica da vazão manipulada pela válvula

de acordo com seus diferentes valores de abertura. Essa característica, teórica, é obtida sob

pressão constante, o que em situações reais não ocorre, e por isso a curva característica teórica

20

é chamada de inerente ou intrínseca, e a real é a efetiva ou instalada, que representa a dinâmica

da vazão manipulada sob condições reais do processo (OLIVEIRA, 1999).

Os tipos de curvas características de vazão inerente podem ser: abertura rápida, linear e

igual porcentagem. A curva de abertura rápida possui uma característica em que há uma

máxima variação de vazão com um mínimo de curso. Este tipo de válvula permite a passagem

de quase todo o fluído com apenas 25% de abertura do curso total.

Figura 6 – Curvas características de vazão. Fonte: EMERSON (2005)

A válvula de característica linear é aquela que possui variações de vazão do fluido

linearmente proporcional a posição da abertura da válvula. Em condições reais é pouco provável

que se atinja tal característica, por isso a escolha desse tipo de válvula é restrita a determinadas

aplicações. Já na válvula de característica igual a porcentagem, os acréscimos da posição de

abertura produzem os mesmos acréscimos em porcentagem da vazão. Esta última é

aproximadamente uma parábola com concavidade para cima e apresenta bons resultados para

controle regulatório por possuir uma faixa de operação mais extensa. Os três tipos de curvas

características estão ilustrados na figura 6.

As válvulas que são operadas pneumaticamente são as mais comuns de serem encontradas

em aplicações industriais, entretanto é possível encontrar também atuadores de acionamento

elétrico e hidráulico, além do manual. Os atuadores são os elementos que movem as hastes das

válvulas, variando seu curso para manipular a vazão de um determinado fluido. Eles podem ser

do tipo diafragma, pistão, eletro hidráulicos, pinhão e cremalheira, e atuadores elétricos. Os

atuadores elétricos e eletro hidráulicos são em geral mais caros e mais complexos enquanto que

os pneumáticos são os mais populares e de menor custo (OLIVEIRA, 1999).

21

Neste trabalho, o atuador utilizado é o de pinhão e cremalheira, que é uma solução

compacta e econômica para válvulas rotativas, como pode ser visto na figura 7. Ele pode possuir

tanto dupla ação como simples ação com retorno por mola, sendo acionado pneumaticamente.

Figura 7 – Atuador do tipo Pinhão e Cremalheira.

Definir corretamente o tipo de ação e o estado do atuador em caso de falha é importante

não apenas para projetar corretamente o sistema de controle como também para garantir a

segurança no processo. A ação pode ser simples ou dupla, e em caso de falha ela pode abrir,

fechar ou permanecer na posição atual. A escolha correta dessas condições é importante e pode

reduzir acidentes quando há falta de alimentação no atuador, ou falha no CLP e o envio do sinal

de saída do controlador para a válvula é interrompido.

Para garantir um controle por realimentação é necessário além do CLP e elemento final

de controle obter a leitura de informações das variáveis controladas e manipuladas, que serão

utilizadas pelo controlador para estimar o nível de sinal que deve ser enviado para o elemento

final de controle. Em uma malha de controle de nível, objeto de estudo deste trabalho, as

principais grandezas que precisam ter suas informações coletadas são o nível e a vazão.

Para coletar tais informações, são utilizados sensores e transmissores, que convertem a

informação física dessas grandezas em sinais elétricos, mecânicos, hidráulicos e similares. A

combinação desses dois dispositivos permite a produção de um sinal que é proporcional a

grandeza física em observação.

Os sensores podem conter diferentes princípios de medição, sendo cada um mais útil e

viável de acordo com a aplicação. A medição de nível, por exemplo, pode ser feita diretamente

com o uso de réguas, gabaritos, visores e boais, ou indiretamente, com a medição da pressão

diferencial, por ondas ultrassônicas, por pesagem, por raios gama, por capacitância

eletrostática, entre outros. Já a vazão pode ser estimada utilizando diversos princípios de

medição, como o Tubo de Pitot, Annubar, Tubo de Venturi, Placa de orifício, por efeito

eletromagnético, por ondas ultrassônicas, por efeito de vortex, pelo efeito Coriolis, entre outros

22

(BEGA e DELMÉE, 2006). Neste trabalho, os princípios de medição utilizadas para o nível é

a medição da pressão diferencial e para a vazão é por efeito eletromagnético.

A medição da vazão por eletromagnetismo se baseia na lei de Faraday, que diz que

quando um condutor se move dentro de um campo magnético, é produzido uma força

eletromotriz proporcional a sua velocidade (HALLIDAY e RESNICK, 1999). Deste modo, o

movimento do líquido através do campo magnético gerado pelo sensor, sejam imãs

permanentes ou por bobinas excitadas por uma corrente contínua ou alternada, induz uma força

eletromotriz perpendicular ao campo magnético, sendo diretamente proporcional à velocidade

de escoamento.

O sensor possui eletrodos, que perpendiculares ao campo magnético conseguem medir a

força eletromotriz induzida e transmitir essa informação para outros dispositivos. Para utilizar

este princípio de medição o líquido então deve possuir condutividade elétrica, por isso este tipo

de medidor pode não ser eficaz para determinados fluidos. A figura 8 ilustra o funcionamento

de um medidor de vazão por eletromagnetismo.

Figura 8 – Sensor eletromagnético de vazão. Fonte: OLIVEIRA, A. (1999).

A medição de nível por pressão diferencial se baseia na medição da pressão exercida da

altura coluna de água, a pressão hidrostática. A equação que representa o cálculo feito para

encontrar a altura da coluna de líquida de um tanque aberto é

𝑃 = µ ∙ ℎ (1)

onde µ é a densidade específica do líquido e ℎ é a altura da coluna líquida. Assim, a pressão

hidrostática medida pelo sensor é diretamente proporcional ao nível do líquido no recipiente.

23

2.3 SCADA

O Sistema de Supervisão e Aquisição de Dados, de nomenclatura SCADA (proveniente

da definição em inglês Supervisory Control and Data Acquisition), é um sistema de controle

que utiliza computadores, dispositivos periféricos de chão de fábrica e interfaces gráficas de

alto nível para gerencial e controlar um determinado processo produtivo. Os dispositivos

periféricos podem ser diversos, como controladores lógico-programáveis, remotas, medidores

de energia, sensores, válvulas, inversores de frequência, bombas, compressores, e outros que

são necessários para controlar um determinado processo.

As interfaces de operação permitem o monitoramento do estado dos equipamentos do

sistema e execução de comandos como alteração de setpoint de controladores PID e

acionamento remoto de máquinas. Tais interfaces utilizou protocolos industriais como Modbus,

Profibus, HART, DeviceNet, Asi, etc, para coletar informações e interagir com os dispositivos

em campo, podendo utilizar a camada física Ethernet ou serial.

O sistema de supervisão e controle possui diferentes módulos, que em conjunto compõem

a solução de automação, como pode ser visto na figura 9. Tais módulos são:

Software de desenvolvimento de interfaces, utilizado para editar telas,

implementar scripts, configurar drivers de comunicação, alarmes, relatórios e

todas as funcionalidades do sistema;

Servidor de alarmes e eventos, responsável por gerenciar e ordenar os alarmes e

eventos na aplicação, de acordo com a sua severidade e área, fornecendo

informações como operador atual, data e hora da ocorrência, equipamento, por

exemplo;

Servidor IO, que gerencia a comunicação com os equipamentos do sistema;

servidor de relatórios e tendências, que gerencia a produção de relatórios

personalizados e geração de gráficos históricos e de tendência;

Servidor WEB, que gerencia a implementação da aplicação para ser acessada pela

WEB, através de diferentes redes; estações cliente, que são terminais que estão

em qualquer lugar e podem acessar a aplicação tanto pela Intranet como pela

Internet.

Os relatórios são recursos essenciais para tomadas de decisões seja para correções de

falhas, definição de plano de manutenção preventiva, análise de desempenho operacional ou

qualquer outro fim.

24

Na interface de controle e supervisão os relatórios gerados são em geral mais simples, e

podem relatar os alarmes acionados em uma determinada janela de tempo, lista de usuários que

acessaram o sistema e as ações executadas enquanto estiveram operando, e valor das variáveis

lidas pelos instrumentos, podendo ser exportados como uma planilha de Excel ou em pdf, por

exemplo. Entretanto, uma vez que todas as informações estão armazenadas em um banco de

dados, elas podem ser facilmente integradas a um sistema MES, PIMS ou SAP, por exemplo,

que são softwares específicos e que podem produzir relatórios mais elaborados.

Figura 9 – Arquitetura de um Sistema SCADA. Fonte: SOFTWARE (2015).

O gráfico de tendência também é um recurso importante para análise da operação. Nele

é possível observar perdas da produção, inconsistências e comportamentos anormais em tempo

real e/ou histórica, a partir da consulta das informações no banco de dados.

Um recurso muito útil em uma aplicação de supervisão e controle de um processo é o

controle de acesso. Muitas vezes, existem telas e funcionalidades que podem ser apenas

acessadas por um grupo específico de pessoas que tem a competência para utilizá-las, e por isso

implementar condições de acesso de acordo com as credenciais do usuário é necessário.

Neste trabalho, a interface de controle e supervisão foi desenvolvida através do software

Elipse E3, plataforma de desenvolvimento de sistemas HMI/SCADA. Entre as diversas

funcionalidades desse software, pode-se destacar a grande flexibilidade para comunicação com

equipamentos (CLP’s, remotas, IHM’s), integração com sistemas corporativos e de gestão,

facilidade no desenvolvimento e manutenção com o uso de bibliotecas e scripts, sincronismo e

25

acesso nativo a banco de dados comerciais, ferramenta de logs, consultas e relatórios integrados

e redundância entre servidores primários e secundários (SOFTWARE, 2015).

Essa plataforma é composta de quatro componentes: o E3 Viewer, E3 Studio, E3 Server

e E3 Admin. O E3 Studio é a plataforma de desenvolvimento de interfaces, onde o programador

desenvolve as telas, faz a configuração da comunicação com os equipamentos e implementa

todas as funcionalidades requeridas para o sistema. O E3 Server é o servidor de aplicações, que

gerencia os principais processos do sistema, além de enviar as informações gráficas e dados de

forma ininterrupta aos clientes em qualquer lugar. O E3 Viewer é o aplicativo que permite a

visualização da interface pelo operador em qualquer computador, da aplicação que roda no

servidor (SOFTWARE, 2015).

2.4 TEORIA DE CONTROLE

A Teoria de Controle é um tema muito relevante para o desenvolvimento de sistemas

automáticos, e tem ganhado cada vez mais importância ao longo dos anos. De modo geral, o

controle automático tem por objetivo fazer uma tomada de ação de acordo com uma referência

indicada pelo operador. Deste modo, o controlador manipula uma determinada variável para

manter a sua variável de interesse em um determinado estado operacional. Utilizando como

exemplo o controle de nível de um tanque ilustrado na figura 10, o controlador manipula a

vazão do fluído de entrada no tanque para que seja mantido o nível desejado e especificado para

o processo. Assim, o modo de operação é automático, visto que a manipulação da vazão do

fluído de entrada e feito pelo controlador sem qualquer interferência humana.

Já o controle manual consiste em uma tomada de decisão humana para manter uma

determinada variável dentro da especificação desejada. Tomando novamente como exemplo o

controle de nível da figura 10, o operador iria manipular a vazão do fluido de entrada do tanque

abrindo e fechando manualmente a válvula de controle, sempre que notasse que o nível do

tanque estava diferente do valor desejado.

Figura 10 – Malha de controle de nível de um tanque.

26

Alguns conceitos importantes necessitam ser compreendidos para uma melhor

interpretação dos problemas de controle, tais como: variável manipulada e controlada; sistema

de malha aberta e fechada; e distúrbios.

Em qualquer processo existe um objetivo de controle, que está relacionado em geral ao

desejo de manter uma ou mais variáveis dentro de uma determinada especificação. As variáveis

que devem estar em um determinado valor especificado para garantir a eficiência do processo

são as variáveis controladas, e as variáveis manipuladas são as variáveis ajustadas para garantir

que as controladas estejam dentro da especificação. Já os distúrbios são perturbações não

controladas que influenciam na dinâmica do sistema e que muitas vezes não são medidos.

Um sistema de malha aberta é um sistema em que a tomada de ação sobre a variável

manipulada não é feita com base da medição da variável controlada. Já um sistema de malha

fechada é uma malha por realimentação, ou seja, a ação do controlador é tomada após a

comparação do valor atual da sua variável controlada com a referência definida pelo operador.

O controle automático é importante por trazer segurança à planta, com a minimização de

acidentes e prevenção de falhas em equipamentos, redução de danos ambientais e minimização

de desperdícios. Além disso, ele mantém a qualidade especificada para o produto com um custo

minimizado, elevando a produtividade do processo produtivo (SMITH e CORRIPIO, 2000).

2.5 PROJETO DE CONTROLADOR PID

O tipo de ação selecionada para um controlador por realimentação é crítica e pode ser

decisiva em uma situação em que o processo está fora das suas condições nominais de operação.

Se ela for selecionada ou parametrizada incorretamente o controlador pode se tornar ineficiente

para aplicação, produzindo respostas oscilatórias, agressivas e até mesmo instabilizando o

sistema.

O objetivo do controlador por realimentação é reduzir o sinal do erro, o qual é

representado como

𝑒(𝑡) = 𝑦𝑠𝑝(𝑡) − 𝑦𝑚(𝑡) (2)

onde 𝑦𝑠𝑝(𝑡) é o setpoint em que se deseja manter a variável controlada e 𝑦𝑚(𝑡) é a medição da

variável controlada. Na maioria dos casos o controle aplicado é o regulatório, em que deseja-se

apenas manter a variável controlada em um determinado valor de referência, utilizando um

controlador automático para absorver as perturbações sofridas pelo processo. Já o controle

servo é utilizado para mudanças no setpoint da variável controlada, fazendo o processo assumir

um novo estado estacionário.

27

As ações que podem ser selecionadas são a proporcional, integral e derivativa. Elas

usualmente são usadas em conjunto e em casos mais particulares apenas duas ou uma ação pode

ser aplicada.

Quando a ação proporcional é utilizada, a saída do controlador é proporcional ao erro,

como por ser visto na equação:

𝑝(𝑡) = �̅� + 𝐾𝑐𝑒(𝑡) (3)

onde 𝑝(𝑡) é a saída do controlador, 𝐾𝑐 é o ganho proporcional do controlador e �̅� é o valor do

bias.

O comportamento de um processo com um controlador puramente proporcional vai variar

de acordo com o valor assumido pelo ganho 𝐾𝑐. Assim, seu valor deve ser escolhido com muita

cautela, para atingir resultados satisfatórios. Quando ele é positivo o controlador possui uma

ação reversa, ou seja, quando a variável controlada diminui a saída do controlador aumenta e

vice-versa, sempre variando em sentidos contrários. Quando ele é negativo a ação do

controlador se torna direta. O valor do bias �̅� é a saída do controlador quando o erro é nulo. Ele

também é a variável utilizada para modificar a saída do controlador quando ele está no modo

manual.

A vantagem dos controladores puramente proporcionais é que eles possuem apenas um

parâmetro de ajuste, 𝐾𝑐. Entretanto eles possuem a desvantagem de produzirem um offset entre

a variável controlada e o seu valor de referência, denominado erro de estado estacionário. Por

esse motivo esse tipo de ação é sempre associado a outras ações de controle como a integral e

derivativa (SMITH e CORRIPIO, 2000).

Uma forma de remover o erro de estado estacionário é utilizando a ação integral. Quando

a ação integral é utilizada, a saída do controlador é proporcional ao erro, como por ser visto na

equação:

𝑝(𝑡) = �̅� +1

τ𝑖∫ 𝑒(𝑡)𝑑𝑡 (4)

onde 𝑝(𝑡) é a saída do controlador, 𝜏𝑖 é o tempo de integração ou tempo de reset do controlador

e �̅� é o valor do bias.

O controle integral consegue eliminar o erro de estado estacionário porque ele faz a saída

do controlador varia até que o erro seja nulo, como pode ser visto na equação 4. Quando o erro

é nulo o valor da integral é nulo e assim a saída do controlador se torna constante, garantindo

28

que a variável controlada atinja o seu valor de referência (STEPHANOPOULOS, 1999). Essa

situação é desejável exceto quando existe uma saturação da saída do controlador ou do elemento

final de controle, impedindo o retorno da variável controlada ao seu setpoint.

Embora a eliminação de offset seja um objetivo desejável em um projeto de controle, o

controle puramente integral é pouco utilizado, já que o erro necessita persistir por um tempo

para o valor da integral comece a ganhar significância. Já a ação proporcional é tomada

instantaneamente, dependendo apenas da magnitude do erro. Assim, a ação integral é

normalmente utilizada com a ação proporcional, formando o controlador PI, que tem a equação

de saída

𝑝(𝑡) = �̅� + 𝐾𝑐𝑒(𝑡) +𝐾𝑐

τ𝑖∫ 𝑒(𝑡)𝑑𝑡 (5)

Uma desvantagem da ação integral é que ela pode produzir um efeito denominado wind-

up reset. Ela surge quando o sinal do erro é não-nulo por um tempo muito elevado, fazendo o

termo integral crescer e após a saturação do controlador, o valor crescente do termo integral é

referido como o wind-up da integral ou reset wind-up. Essa é uma situação indesejada visto que

quando o controlador satura mesmo que a ação integral aumente não tem como fisicamente

variar mais a variável manipulada, e quando o controlador sai da condição de saturação o valor

da sua saída é elevado devido ao termo integral que ficou crescendo mesmo após o controlador

ter saturado. Felizmente os controladores comerciais já possuem uma função chamada anti-

reset wind-up que desabilita a ação integral quando o controlador satura (SEBORG e EDGAR,

2011).

A ação derivativa é comumente chamada de ação antecipatória, por levar em conta a taxa

de variação do sinal do erro ao longo do tempo, e o sinal de saída do controlador é representado

por

𝑝(𝑡) = �̅� + 𝜏𝑑

𝑑𝑒(𝑡)

𝑑𝑡 (6)

onde 𝜏𝑑 é o tempo derivativo.

Tal ação é utilizada em conjunto com outra ação, como a proporcional e integral, visto

que quando o sinal do erro é constante o valor de saída do controlador também será constante,

mesmo que a variável controlada esteja em um valor distante do setpoint desejado. Esse efeito

antecipatório tende a estabilizar o processo e balancear a ação integral. Essa ação não é

recomendada para processos com muito ruído e altas frequências, já que ela produzirá

29

mudanças bruscas na saída do controlador em resposta as variações agressivas e contínuas da

variável controlada, exceto para o caso que seja utilizado um filtro para eliminar os ruídos

(SEBORG e EDGAR, 2011).

A equação que representa a saída do controlador com a combinação das três saídas

incorporadas é

𝑝(𝑡) = �̅� + 𝐾𝑐 [𝑒(𝑡) +1

τ𝑖∫ 𝑒(𝑡)𝑑𝑡 + 𝜏𝑑

𝑑𝑒(𝑡)

𝑑𝑡] (7)

Existem diversas variações do controle PID, sendo que a formulação mais utilizada é a

paralela, representada pela equação 7. Para atingir resultados eficazes e eficientes a escolha dos

parâmetros de sintonia do controlador PID (𝐾𝑐, 𝜏𝑑, 𝜏𝑖) é crítica, sendo alvo de muito estudo para

garantir que o controlador consiga manter a variável de controle com o mesmo valor do setpoint

com o mínimo de gasto energético.

A sintonia pode ser feita utilizando o método da malha fechada ou on-line e o método da

malha aberta. Podem ser utilizadas ainda diferentes especificações de performance para projetar

o controlador, como: resposta de decaimento de um quarto, erro integral mínimo e síntese do

controlador (SMITH e CORRIPIO, 2000). Neste trabalho o método utilizado foi o da malha a

aberta com a síntese do controlador através do método do modelo interno (IMC).

A sintonia pelo método IMC tem por objetivo sintetizar um controlador que é requerido

para produzir uma específica resposta de malha fechada. A função de sintetização do

controlador é representada por

𝑌(𝑠)

𝑌𝑠𝑝(𝑠)=

1

𝜆𝑠 + 1 (8)

em que 𝜆 é um parâmetro ajustável e pode ser utilizado para modificar a performance do

controle.

Figura 11 – Diagrama de blocos para a sintonia IMC.

Para encontrar os parâmetros do controlador é necessário igualar a função de transferência

da malha fechada com a função de sintetização do IMC. Logo, temos que

30

𝐺𝑐(𝑠)𝐺𝑝𝑚𝑎(𝑠)

1 + 𝐺𝑐(𝑠)𝐺𝑝𝑚𝑎(𝑠)

=1

𝜆𝑠 + 1 (9)

𝐺𝑐(𝑠) =1

𝐺𝑝𝑚𝑎𝜆𝑠

(10)

em que 𝐺𝑝𝑚𝑎 é a função de transferência para o processo em malha aberta. Deste modo é

possível determinar os parâmetros do controlador para que a resposta da malha fechada tenha

a mesma dinâmica da função de sintetização. A tabela 1 apresenta os parâmetros para alguns

dos processos mais comuns.

Tabela 1 – Parâmetros de sintonia para a técnica IMC.

Modelo do Processo 𝑲𝒄 𝝉𝒊 𝝉𝒅

𝑲

𝝉𝒔 + 𝟏

𝜏

𝐾𝜆 𝜏 −

𝑲

𝒔

1

𝐾𝜆 − −

𝑲

𝒔(𝝉𝒔 + 𝟏)

1

𝐾𝜆 − 𝜏

31

3 RESULTADOS

3.1 ARQUITETURA DO SISTEMA E SUAS CARACTERÍSTICAS

O sistema é composto por um supervisório, um CLP, 9 remotas, sensores de vazão,

pressão, nível, válvula, posicionador, atuador e switchs, como pode ser visto na figura 12. Cada

estação possui uma remota, que troca informações com os dispositivos de campo (sensores,

atuadores, etc.) daquela unidade e se interconectam na rede corporativa da Fábrica.

Figura 12 – Arquitetura do Sistema desde trabalho.

O CLP troca informações com as remotas utilizando o protocolo MODBUS TCP através

da intranet, executando os seus comandos e enviando informações para o supervisório. O

servidor do supervisório é uma máquina virtual que gerencia todos os serviços do sistema

SCADA, e o acesso do supervisório pelo cliente é feito por qualquer computador através da

intranet ou internet utilizando o módulo Elipse E3 Viewer, que se conecta com o servidor e

mostra a interface da aplicação.

A remota 3, que colhe os dados do nível do tanque e também envia o sinal de saída do

controlador para a válvula de controle, possui vinte e uma entradas digitais, cinco entradas

analógicas e uma saída analógica. Os instrumentos analógicos enviam sinal de 4-20 mA e os

digitais enviam um sinal de 24Vdc para os cartões E/S. Como essa remota também recebe sinal

de um medidor de vazão, ela possui também um cartão HART, que colhe a informação de vazão

totalizada deste instrumento.

32

A topologia da rede é do tipo estrela, ou seja, existem concentradores (switchs e hubs)

conectados às remotas e CLP que são responsáveis por retransmitir todas as informações para

todas estações e dispositivos na LAN.

Antes da finalização da implementação do sistema foi possível configurar o

armazenamento dos dados em Banco de Dados local das variáveis analógicas, permitindo uma

análise histórica do nível do tanque de água de reuso, assim como as vazões dos seus fluxos de

entrada e saída entre o dia 1 e 2 de agosto de 2016, ilustrado na figura 13.

Figura 13 – Gráfico de tendência para vazões de entrada e saída do tanque e nível.

Nesse período o controle automático do nível ainda não havia sido implementado, por

isso é possível observar que o nível na maior parte do tempo está em 100%, o que significa que

o tanque está cheio ou transbordando. As vazões de saída, que são representadas pelos tags

E03FITMSE e E04FITMAI, possuem variações bruscas e de grande magnitude, podendo

reduzir ou aumentar em até 50% do seu valor atual. É possível observar também que elas são

em alguns momentos complementares, ou seja, quando uma reduz a outra aumenta. Isso garante

perturbações de menor magnitude no nível do tanque.

As vazões de entrada são representadas pelas tags E02FITC1, E02FITC2 e E03FITRLF,

e no período abordado no gráfico as variáveis E02FITC1 e E02FITC2, que são as variáveis

manipuladas, eram controladas manualmente, por isso é notório que uma delas permanece

33

quase constante na maior parte do tempo e a outra é quase nula, visto que apenas uma é utilizada

por vez. A variável E03FITRLF é a água que é bombeada dos lençóis freáticos, que não é

manipulada e possui vazão constante.

Para uma análise global do balanço de massa do tanque, o gráfico de entradas e saída

global pode ser visto na figura 14. Ainda que exista uma compensação entre um fluxo de saída

com a outra, a vazão total de saída possui variações permanentes e de grandes magnitudes em

determinados momentos, fazendo com que o tanque encha ou esvazie rapidamente. Tal cenário

não é desejado e por isso o projeto do controlador automático deve ser eficiente e eficaz.

Figura 14 – Gráfico de tendência para entradas e saídas do tanque.

Para simplificar o entendimento do projeto de controle foi construído o diagrama de

blocos do sistema, figura 15. Nele é possível observar a malha de realimentação com as quatro

principais dinâmicas, que são a dinâmica do controlador, da válvula de controle, da planta e do

transmissor/sensor. As unidades de medida tanto de entrada como de saída de cada elemento é

representada no diagrama.

Figura 15 – Diagrama de bloco da malha de controle de nível.

34

O diagrama de blocos é uma ferramenta muito útil para a representação gráfica de funções

de transferência, permitindo uma análise mais simplificada sobre processos complexos.

Utilizando as regras da álgebra de digrama de blocos demonstradas em (SMITH e CORRIPIO,

2000), a função de transferência resultante do diagrama de blocos da figura 15 é:

𝑌(𝑠)

𝑌𝑠𝑝(𝑠)=

𝐺𝑐(𝑠)𝐺𝑣(𝑠)𝐺𝑝(𝑠)𝐺𝑡(𝑠)

1 + 𝐺𝑐(𝑠)𝐺𝑣(𝑠)𝐺𝑝(𝑠)𝐺𝑡(𝑠)=

𝐺𝑐(𝑠)𝐺𝑚𝑎(𝑠)

1 + 𝐺𝑐(𝑠)𝐺𝑚𝑎(𝑠) (11)

em que 𝐺𝑚𝑎(𝑠) é a função de transferência em malha aberta.

A dinâmica da válvula é representada por uma função de transferência de primeira ordem,

melhor explicada no tópico Elementos primários e finais de controle, com ganhos utilizados

para converter unidade de corrente em pressão, de pressão para abertura de válvula e

consequentemente em vazão, logo

𝐺𝑣(𝑠) =1

𝜏𝑠 + 1∙

(100 − 20)𝑝𝑠𝑖

(20 − 4)𝑚𝐴∙

(180 − 0) 𝑚3 ℎ⁄

(100 − 20)𝑝𝑠𝑖=

1

2,7𝑒−4𝑠 + 1∙

180

16 [=]

𝑚3 ℎ⁄

𝑚𝐴 (12)

O transmissor de nível não possui dinâmica, apenas um ganho que converte a unidade de

engenharia em unidade de pontos lidos pelo CLP, logo a sua função de transferência é

𝐺𝑡(𝑠) =(20 − 4)𝑚𝐴

(2,5 − 0) 𝑚∙

(32000 − 0)𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠

(20 − 4)𝑚𝐴=

32000

2,5 [=]

𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠

𝑚 (13)

O modelo matemático da planta pode ser obtido tanto empiricamente como teoricamente,

utilizando leis fenomenológicas e regras constitutivas. Usando o princípio da conservação de

massa demonstrados por (FELDER e ROUSSEAU, 2005) e (GARCIA, 1997), a equação

diferencial que representa a dinâmica do tanque de água de reuso é

𝐴 ∙𝑑ℎ(𝑡)

𝑑𝑡= (𝑞C1(𝑡) + 𝑞C2(𝑡) + 𝑞RLF(𝑡)) − (𝑞MSE(𝑡) + 𝑞MAI(𝑡)) (14)

onde 𝑞C1(𝑡), 𝑞C2(𝑡), 𝑞RLF(𝑡) são as vazões de alimentação, 𝐴 é a área transversal do tanque,

ℎ(𝑡) é a altura do líquido armazenado nele e 𝑞MSE(𝑡), 𝑞MAI(𝑡) são as vazões de saída.

Considerando apenas a vazão 𝑞C1(𝑡) como manipulada, a equação diferencial resultante é:

𝑑ℎ(𝑡)

𝑑𝑡=

1

𝐴∙ 𝑞C1(𝑡) (15)

A partir do modelo matemático no domínio do tempo, é possível obter a função de

transferência no domínio da frequência utilizando a transformada de Laplace, para utilizar as

técnicas de controle clássico. Sabendo que a área transversal do tanque é 7,5m2, a partir do uso

35

das regras demonstradas por (SMITH e CORRIPIO, 2000) para obter a função de transferência

em Laplace, a função de transferência da planta é:

𝐺𝑝(𝑠) =𝐻(𝑠)

𝑄𝑖(𝑠)=

1

7,5 ∙ 𝑠 (16)

em que 𝑄𝑖(𝑠), 𝐻(𝑠), que são respectivamente a vazão total de entrada e o nível do tanque.

Deste modo, a função de transferência em malha aberta é

𝐺𝑚𝑎(𝑠) = 𝐺𝑣(𝑠)𝐺𝑝(𝑠)𝐺𝑡(𝑠) (17)

𝐺𝑚𝑎(𝑠) = (180

16∙

1

2,7 ∙ 10−4𝑠 + 1) (

1

7,5 ∙ 𝑠) ∙ (

32000

180) (18)

𝐺𝑚𝑎(𝑠) = 20001

7,5𝑠(2,7 ∙ 10−4𝑠 + 1) (19)

Já que a dinâmica da válvula é muito rápida em relação à dinâmica do processo, para

projetar o controlador PID a dinâmica da válvula não foi considerada e por isso a função de

transferência em malha aberta utilizada foi

𝐺𝑚𝑎(𝑠) = 20001

7,5𝑠 (20)

3.2 ELEMENTOS PRIMÁRIOS E FINAIS DE CONTROLE

3.2.1 Elementos finais de controle

3.2.1.1 Válvula e atuador

O conjunto final de controle é composto por uma válvula do tipo borboleta, acoplada a

um atuador pneumático que é acionado por um posicionador inteligente, que converte o sinal

de corrente de 4-20 mA, que vem do CLP, em sinal pneumático de 20-100 psi.

A válvula utilizada foi do tipo borboleta por apresentar um baixo custo, ser de fácil

instalação e manutenção, além de possuir boa durabilidade. Ela possui pressão de trabalho de

até 20 bar, com faixa de operação de temperatura de -20 ºC até 200 ºC e permite a passagem de

granulados e pós, fluídos gasosos e líquidos, e tem 6” de diâmetro, que é o mesmo diâmetro da

tubulação.

A curva característica de vazão da válvula é do tipo igual porcentagem, e é representada

pela figura 16, em que o gráfico relaciona o grau de abertura pela vazão. Esse gráfico é a

representação teórica da dinâmica da válvula, mas em condições operacionais esse

36

comportamento pode diferir de acordo com alguns fatores, tais como pressão a montante e à

jusante, vazão máxima e mínima, assim como a faixa de operação escolhida para a válvula.

Deste modo, foi levantada a curva que representa a relação entre abertura e vazão.

Figura 16 – Gráfico da curva característica de vazão inerente (teórica).

A figura 17 demonstra o comportamento real da válvula instalada. Nota-se que o

comportamento não se assemelha a uma característica de válvula por porcentagem, mas sim

por uma válvula de abertura rápida e tal comportamento traz dificuldades no momento de

implementar o controlador visto que variações bruscas na vazão podem reduzir um controle

suave e até tornar o sistema instável dependendo da perturbação aplicada e da sintonia do

controlador.

Figura 17 – Gráfico da curva característica de vazão instalada (real).

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

0 20 40 60 80 100 120

Flu

xo d

e ág

ua

em m

³/h

Porcentagem de abertura do disco

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

0 20 40 60 80 100 120

Flu

xo d

e ág

ua

em m

³/h

Porcentagem de abertura do disco

37

Para mover o eixo central da válvula foi instalado um atuador pneumático do fabricante

FESTO, para válvulas rotacionais, como pode ser visto na figura 18, que ilustra o conjunto

válvula e atuador. Ele possui um torque de 7-8000 Nm e um ângulo de rotação de 0-90º.

Figura 18 - Válvula e atuador.

3.2.1.2 Posicionador

O posicionador é o dispositivo responsável por transmitir a carga para a haste da válvula

de acordo com o sinal de controle. Para a aplicação discorrida neste trabalho, o posicionador

deveria ser capaz de receber um sinal de controle de 4-20mA, advindo do CLP, e converter esse

sinal em sinal pneumático de 20 a 100 psi, que seria transmitido para o atuador e por fim faria

a variação de abertura da válvula borboleta.

Deste modo, o equipamento FY-301, do fabricante SMAR, foi selecionado, ilustrado na

figura 19. Ele é um posicionador inteligente utilizado para diferentes tipos de válvulas, como

as válvulas de deslocamento linear de simples e dupla ação e as de deslocamento rotativo, como

válvulas borboletas e de esfera.

Figura 19 – Posicionador do fabricante SMAR.

Este dispositivo conta também com a funcionalidade de calibração automática do

deslocamento automático da válvula, ajuste das curvas de caracterização como linear, igual a

38

porcentagem e abertura rápida, além de comunicação através do protocolo HART para

configuração remota, um sensor magnético de efeito hall e um controle servo PI.

Para configurar o posicionador, foram levados em conta os seguintes fatores: o tipo de

deslocamento da válvula, a sua curva de caracterização da vazão (linear, igual a porcentagem,

abertura rápida), parâmetros do controlador PID, modo de operação (Ar para Abrir, Ar para

Fechar ou dupla ação). As etapas seguidas para a correta configuração desse equipamento estão

descritas pela figura 20.

Como a válvula é borboleta, o modo de deslocamento escolhido foi o rotacional. Para

definir o tipo de ação da válvula foram consideradas as condições de segurança do processo.

Visto que o tanque nunca deveria secar, o tipo da válvula definido foi “ar para fechar”, pois em

caso de falha a válvula iria abrir e manter o tanque cheio. A ação do posicionador foi definida

como direta para evitar interpretações errôneas quanto ao sinal enviado do controlador e o seu

efeito no funcionamento da válvula.

Uma vez feita a pré-configuração, foi iniciado o auto-setup, função que permite a

calibração dos valores do deslocamento automaticamente, os limites de abertura e fechamento

com alta precisão, ajuste dos parâmetros do controle PI, do estado da alimentação pneumática,

do sensor magnético de efeito hall e as condições de tensão dos circuitos internos.

Figura 20 - Fluxograma para a configuração do posicionador.

Os parâmetros KP e TR, que são respectivamente o ganho proporcional e o tempo integral

do controle servo do posicionador, foram definidos de forma experimental. Foram definidos

quatro pontos de abertura da válvula (0 %, 25%, 50%, 75%), e com o auxílio de uma fonte de

39

corrente foram aplicados sinal de 4mA, 8mA, 12mA e 16mA. A partir do visor do equipamento

foi observado a posição da válvula, e feito o ajuste fino dos parâmetros de forma que a transição

de estado para o seguinte fosse de forma rápida e sem overshoot, para que a dinâmica do

elemento final de controle tivesse pouca influência na dinâmica completa do processo. Os

valores escolhidos podem ser vistos na tabela 2.

Tabela 2 - Parâmetros do controlador do posicionador.

Parâmetros Valor

KP 11

TR 10

Com o controlador PI do posicionador ajustado, foi possível observar o tempo de resposta

que a válvula levava para atingir os pontos desejados, que foi de aproximadamente 3 segundos.

Partindo do pressuposto que o tempo de estabelecimento de um sistema de primeira ordem é de

aproximadamente 3 vezes a sua constante de tempo, a constante assume um valor de 𝜏 = 2,7 ∙

10−4, e a função de transferência resultante da válvula é

𝐺(𝑠) =𝐾

2,7 ∙ 10−4𝑠 + 1 (21)

em que 𝐾 é o ganho relacionado a conversão de unidades. A constante de tempo está em unidade

de horas, mesma unidade do processo.

3.2.2 CLP e Remota

O sistema deste trabalho é composto por um CLP da linha Premium da Schneider, modelo

TSX-P57-2634M, responsável por fazer o processamento dos dados e executar a lógica de

programação. Este CLP está conectado a remotas do modelo STB NIP 2311, que são

responsáveis por captar as informações dos elementos primários e enviar para a unidade de

processamento central, o CLP.

A etapas seguidas para a configuração e programação desses dispositivos podem ser vistas

na figura 21. De modo geral, as duas etapas principais são a de configuração do hardware, que

inclui configuração da rede e dos protocolos de comunicação, especificação de quantidade de

cartões E/S, e a programação, que inclui desenvolvimento de lógicas e comissionamento.

40

Figura 21 - Fluxograma para a configuração do CLP e remotas.

3.2.2.1 Configuração do hardware

Para configurar o CLP e as remotas foram utilizados os programas Unity Pro e Advantys,

respectivamente, ambos da Schneider Eletric. A configuração foi inicialmente feita no CLP,

modificando os seguintes parâmetros: tipo de inicialização (a quente ou a frio); quantidade de

variáveis alocadas na memória; configuração de rede; configuração do rack e cartões E/S;

configuração do IO Scanning das remotas.

O tipo de inicialização é a quente, ou seja, todas as configurações e informações na

memória são mantidas. Isto é utilizado para evitar que em momentos de queda de energia de

longa duração, que até mesmo o No-break não consegue manter, as informações não sejam

perdidas, como parâmetros de sintonia dos controladores e de alarmes.

O rack do CLP é composto por uma fonte de 24Vdc, que fornece energia para os

dispositivos do rack, a CPU TSY-2634, e o módulo Ethernet TCP/IP ETY4103, que é

responsável por gerenciar a leitura e escrita nas remotas espalhadas em campo, como por ser

visto na figura 22.

Figura 22 - Vista topológica do rack que possui o CLP e cartões.

41

A CPU já possui um cartão de rede Ethernet integrado, em que foi configurada como a

rede SCADA e com um IP fixo, para manutenção e acesso ao CLP. Já o cartão de rede adicional

foi utilizado para gerenciar as remotas, e também foi configurado com um IP fixo. A forma

como o CLP busca as informações das remotas é através de uma funcionalidade chamada IO

Scanning, em que são atribuídas as informações dos canais dos cartões das remotas a endereços

de memória CLP e o esse serviço executa pedidos de leitura e escrita entre as variáveis alocadas

no CLP e os canais dos cartões das remotas, utilizando o protocolo Modbus. Assim, não é

necessário nenhum desenvolvimento de lógica de programação para gerenciar a comunicação

entre os dispositivos. A tabela 3 exemplifica a configuração desse serviço, em que RD se refere

aos objetos de leitura e WR aos objetos de escrita.

Tabela 3 - Parâmetros de configuração do IO Scanning.

IP Nome RD Obj do mestre

RD ref escravo

WR Obj do mestre

WR Ref escravo

192.168.0.1 Remota 1 %MW3000 5391 %MW4000 0

192.168.0.2 Remota 2 %MW3020 5391 %MW4010 0

A quantidade de memória alocada para esta aplicação foi de 5000 palavras, 500 bits e 256

constantes. O uso efetivo de variáveis foi de aproximadamente 20% desse total, mas foi deixada

essa folga para expansão da aplicação, e não foi necessário adicionar nenhum cartão de

memória. A figura 23 ilustra o consumo total de memória, segmentado de acordo de o tipo do

uso e funcionalidade.

Figura 23 - Consumo de memória do CLP.

42

Já para configurar as remotas, basicamente são adicionados os cartões na ilha, que são

o módulo de interface de rede, os cartões de entrada e saída e a fonte, utilizando o programa

Advantys, ilustrado na figura 24. Além disso, é feita a configuração de um IP fixo para cada

remota, de acordo com os IPs disponíveis na rede.

Figura 24 - Vista topológica do rack de uma das remotas.

3.2.2.2 Programação

A programação no CLP foi feita inteiramente com a linguagem LADDER, e foram

criadas quatros rotinas principais: acionamento de bombas, vazões totalizadas e status de

remotas, controle PID.

A rotina de acionamento de bombas foi desenvolvida para acionar as bombas que levam

água para os reservatórios de água da estação oito. Existe um valor máximo e mínimo do tanque

que pode ser configurado no supervisório, e quando o nível do reservatório está abaixo do nível

mínimo as bombas são acionadas e permanecem ligadas até que o nível máximo seja atingido.

Essas bombas só podem funcionar com essa lógica quando a chave manual/automático está na

posição automático. A figura 25 ilustra a lógica de acionamento das bombas.

Figura 25 – Lógica em Ladder para acionamento das bombas.

A lógica das vazões totalizadas tem por objetivo tratar das vazões acumuladas que são

lidas dos medidores através do protocolo HART. Na lógica em ladder são agrupadas todas as

vazões totalizadas em um mapa de memória contínuo e sequencial, para otimizar a leitura

através do supervisório. Já a rotina de status das remotas atribui a uma variável do tipo word a

43

informações do estado de cada remota, se ela está comunicando com o CLP ou não, para que

possa ser lido no supervisório e informar ao operador alguma anormalidade.

Já a rotina do controle PID contém a lógica responsável por enviar o sinal para controlar

a válvula de controle e consequentemente o nível do tanque de água de reuso. Foi utilizado o

bloco de função PID nativo do fabricante, que possui as principais funcionalidades necessárias

para o controle. A equação PID implementada pelo bloco é a paralela, e foram declaradas

variáveis necessárias para o controle como a PV, SP, parâmetros de sintonia, variável para

controle manual, além de ter sido definido os limites máximos e mínimos da entrada e saída,

que vão de 0 a 32000.

Figura 26 – Lógica em Ladder para o controlador PID.

Por questões de segurança, foi definido um limite máximo de fechamento da válvula, para

evitar altas pressões na linha e danificação dos dispositivos. Foi constatado experimentalmente

que não poderia fechar mais de 90% a válvula, visto que esse seria o limite para manter a pressão

44

da linha em segurança. Assim, o limite máximo da saída foi definido em 90% do seu valor

máximo, que é 32000.

3.3 SUPERVISÓRIO

O desenvolvimento da interface foi feito seguindo um conjunto de etapas de forma

sistêmica, ilustrados na figura 29. Cada uma dessas etapas possui tarefas específicas, que estão

melhor detalhadas em cada tópico desta seção.

Figura 27 - Fluxograma para o desenvolvimento do supervisório.

3.3.1 Estrutura de telas e quadros

A primeira etapa seguida no desenvolvimento do supervisório foi a definição das telas e

a estrutura geral da interface, que inclui a escolha do layout e a disposição dos elementos

gráficos, a hierarquia e navegação entre as telas, e a possível segmentação da tela e mais de

uma área, onde cada uma teria uma funcionalidade específica.

O quadro principal da interface foi dividido em três setores, o superior, central e inferior.

O superior possui botões de navegação entre as telas e de acesso a outras funcionalidades, como

configuração de alarme, acesso ao sistema (Login) e configuração de usuários. A área central é

a região onde ficam as telas de operação do sistema e área inferior contém um visualizador de

alarmes ativos, data e horário do sistema e usuário que está acessando o sistema no momento.

A figura 30 ilustra tal estrutura.

De forma geral, ao abrir o supervisório a tela inicial é exibida, com todas as

funcionalidades disponíveis para o uso do operador, e as telas que necessitam de credenciais de

45

administrador são a tela de configuração de alarmes, de sintonia do controlador e configuração

de usuários.

Figura 28 – Tela inicial e estrutura de quadros do supervisório.

No âmbito do padrão de navegação das telas, foram utilizados o tipo hierárquico e modal.

As telas principais de operação, foram organizadas de forma hierárquica, enquanto que as telas

de configuração de alarmes, de usuários e de sintonia do controlador são modais, ou seja,

surgem como uma tela pop-up com o click em algum elemento da tela, interrompem a

navegação hierárquica e o usuário só consegue acessar as telas de operação novamente uma vez

que elas são descartadas. Na figura 31 é mostrada tal estrutura mista.

Figura 29 - Estrutura de telas do supervisório.

46

A tela modal de controle de nível do tanque de reuso, responsável por interagir

diretamente com o controlador implementado no CLP, é acessado a partir da tela “Casa de

medidores”, que é uma das sete telas de operação. Ela contém informações como parâmetros

de sintonia do controlador, setpoint e valor atual do nível, além de um gráfico de tendência em

tempo real do nível em uma janela de tempo de 20 minutos, como pode ser visto na figura 32.

Nela é possível configurar o modo de operação do controlador (manual ou automático) e

analisar em tempo real a resposta do sistema.

Figura 30 - Tela modal do controle PID da malha de nível.

3.3.2 Mapa de memória

Uma etapa de extrema importância no desenvolvimento de um sistema SCADA é a

definição das variáveis e estimativa de consumo de memória da unidade de processamento e

controle. A definição prévia de todas as variáveis que serão utilizadas nas lógicas assim como

o tipo (booleano, ponto flutuante, inteiro, string, etc.) facilita o desenvolvimento de etapas

posteriores, como configuração da comunicação entre o supervisório e os equipamentos,

associações entre tags e elementos gráficos das telas, redução de erros de conversão de dados

e da perda de performance.

Agrupar os dados de acordo com o seu respectivo subsistema facilita o desenvolvimento

e manutenção da aplicação. Usar as variáveis de forma sequencial, onde o endereço da variável

seguinte começa exatamente após a variável anterior ajudar na performance, principalmente na

comunicação MODBUS onde são lidos frames de até 253 bytes. A existência de “buracos” no

bloco de memória dificulta a leitura de frames com a sua capacidade máxima de words,

reduzindo a performance da aplicação.

47

Para montar o mapa de memória deste sistema, inicialmente foram levantadas todas as

variáveis de entrada e saída do CLP e remotas, e escritas em uma tabela. O segundo passo foi

observar os dados de forma geral e pensar em forma de agrupamentos, de acordo com a sua

estação ou grandeza física por exemplo, e sequenciamento. As variáveis correspondentes as

entradas e saídas físicas tiveram o endereço iniciado a partir do número 1000, e foram agrupadas

de acordo com a sua respectiva estação. A figura 31 demonstra esse arranjo das variáveis.

Figura 31 - Mapa de memória.

A tabela 4 exemplifica a listagem das variáveis. As variáveis booleanas foram agrupadas

em palavras de 16 bits, e no supervisório os elementos gráficos com funcionalidade binária

acessam o bit específico da palavra. Deste modo, além da redução de espaço de memória existe

uma melhora desempenho e comunicação.

Tabela 4 – Descrição de tags.

Tag Endereço Tipo Comentários Área

E03LTTR_kp %MF1 REAL Ganho proporcional do controlador

E03LTTR_ti %MF3 REAL Constante de tempo integral

E03LTTR_td %MF5 REAL Constante de tempo integral

E03LTTR_sp %MF7 REAL Setpoint do nível

E03LTTR_saida %MF9 REAL Saída do controlador

E02FITC1 %MW1017 WORD Medidor de Vazão Alimentação Carcaça 1 E2

E02FITC1_STS %MW1018 WORD Medidor de Vazão Alimentação Carcaça 1 - Status E2

E02FITC2 %MW1019 WORD Medidor de Vazão Alimentação Carcaça 2 - Status E2

E02FITC2_STS %MW1020 WORD Medidor de Vazão Alimentação Carcaça 2 E2

E03SLBF1 %MW1075.0 BOOL Bomba 1 Contato Ligado E3

E03SABF1 %MW1075.1 BOOL Bomba 1 Alarme Nível Alto E3

E03SLBF2 %MW1075.2 BOOL Bomba 2 Contato Ligado E3

E03SABF2 %MW1075.3 BOOL Bomba 2 Alarme Nível Alto E3

48

3.3.3 Comunicação MODBUS

A configuração do driver MODBUS no Elipse E3 conta com diferentes parâmetros que

vão desde a seleção da camada física até as operações de leitura e escrita. Dentre os parâmetros

existentes, os configurados foram: camada física, tipo do protocolo, o tamanho da PDU no

frame dos dados, offset do endereçamento, opção de leitura por blocos, operações e funções de

leitura e escrita, endereço IP e porta.

A camada física utilizada foi Ethernet, em que todos os equipamentos e computadores

estão conectados em uma rede local. O tipo é o Modbus TCP/IP, visto que é o único suportado

sob a camada Ethernet, sendo o Modbus RTU e ASCII dedicados para comunicação serial. O

offset foi nulo, para manter a compatibilidade do CLP utilizada, que não possui nenhum offset.

Para escolher as funções, primeiramente deve-se estudar os tipos de variáveis existentes

na aplicação. No sistema em questão, foram utilizadas variáveis do tipo double, int e boolean.

Nesse caso, como as variáveis booleanas foram agrupadas em words, só foram utilizadas

funções de leitura e escrita para words, portanto a função 03 para leitura e a função 16 para

escrita. O endereço IP configurado foi o do CLP que seria o escravo da rede e a porta é a 502,

que é específica para esse protocolo.

O tamanho da PDU utilidade foi a sua capacidade máxima (253 bytes) visto que não

existia nenhuma descontinuidade na área de memória do CLP. A opção de leitura por blocos é

uma funcionalidade do driver Modbus Master TCP/IP disponibilizado pela Elipse Software em

que contém um algoritmo que antes de iniciar a leitura e escrita nas variáveis ele agrupa de

forma sequencial e em blocos as variáveis, onde cada bloco possui no máximo a quantidade

bytes igual a capacidade máxima da PDU, definida pelo desenvolvedor. Esta opção foi

habilitada.

O uso desse recurso traz um incremento considerável na performance da aplicação, ainda

mais quando existe um número elevado de variáveis, que nesse sistema como um todo possui

274 words. A tempo de varredura foi definido como de um segundo.

3.3.4 Relatórios e gráficos

Nesta aplicação foi desenvolvida uma tela especifica para a plotagem de gráficos e

emissão de relatórios. Na figura 34 é possível observar a tela e todas as suas funcionalidades.

Para plotar o gráfico o usuário deve indicar a data de início e fim da consulta, além de selecionar

as penas (variáveis) a serem plotadas. Após isso, basta clicar no botão “Gerar gráfico” para que

o sistema consulte no banco de dados os valores das variáveis escolhidas na janela de tempo

49

determinada e plotar o gráfico. O botão “Ajustar penas” enquadra a plotagem para a área útil

do gráfico, fazendo o ajuste dos limites dos eixos automaticamente.

Figura 32 - Tela de gráficos e emissão de relatórios.

Os relatórios podem ser gerados a partir dos botões no canto inferior direito. O relatório

gráfico é o gráfico propriamente dito pronto para impressão e a exportação para Excel gera uma

planilha com todas as variáveis com seus valores filtrados de acordo com o período

especificado.

3.3.5 Servidor de alarmes

O servidor de alarmes é um módulo do sistema SCADA responsável por centralizar e

tratar todos os alarmes da aplicação, tendo como funções reportar os eventos dos alarmes para

todos os usuários que estejam acessando o sistema, bem como, se desejado, armazenar as

informações desses alarmes em um Banco de Dados.

Neste trabalho as variáveis digitais que monitoram o estado das bombas, compressores e

outros elementos de estado binário assim como as variáveis analógicas que são as leituras de

pressão, temperatura, nível e vazão foram configuradas como alarmes.

As variáveis foram agrupadas de acordo com a sua natureza, ou seja, nível, pressão, etc.

Os parâmetros configurados das variáveis digitais foram o texto da mensagem, a severidade

como alta, a mensagem de retorno do alarme e a opção de reconhecimento do operador. Já as

variáveis analógicas tiveram habilitadas a opção muito alto, alto e baixo, todos com severidade

50

alta, a mensagem para cada nível e a mensagem de retorno, além da opção de reconhecimento

do operador quando ela estiver ativa.

Foi inserido na área inferior da tela uma janela de histórico de alarmes, com o campo da

data e hora da ocorrência, o valor, se o alarme foi reconhecido e o operador que reconheceu,

como pode ser visto na figura 33.

Figura 33 - Área de visualização de alarmes ativos.

Além dessa área de visualização de alarmes, é possível filtrar os alarmes de acordo com

data e hora, além de gerar um relatório no formato PDF ou em planilha Excel, a partir da tela

modal ilustrada na figura 36. Essa tela modal é acessada ao clicar no botão “reconhecer”, no

menu inferior. Os alarmes foram armazenados em um banco de dados local com campos como

área, mensagem, severidade, usuário que estava acessando o sistema e que reconheceu o alarme,

a fonte do alarme (qual a variável que ativou o alarme), entre outros. Sempre que um alarme

altera sua condição o sistema automaticamente faz a inserção da informação no banco de dados.

Figura 34 - Tela modal de histórico de alarmes.

3.3.6 Banco de dados

A armazenamento de dados feito pelo sistema SCADA é essencial para integração com

outros sistemas de monitoramento e gestão, além de servir para a tomada de decisão do próprio

51

operador. Existem sistemas que possuem um banco de dados proprietário, permitindo a

visualização dos dados históricos apenas no próprio supervisório, ou outros programas do

mesmo fabricante. O Elipse E3 permite a sincronização automática com banco de dados

comerciais, com Microsoft Access, Oracle e Microsoft SQL Server, que foi o utilizado neste

trabalho.

A estrutura simplificada do banco de dados da aplicação pode ser vista no esquema

abaixo, contendo apenas alguns campos das tabelas. Foram criadas três tabelas, a tabela

“Historico” que contém todas as variáveis analógicas instantâneas historiadas de um em um

minuto. A tabela “Totalizadores” contém as vazões totalizadas, e os valores são armazenados

automaticamente a cada seis horas. A tabela “Alarmes” contém todas as informações dos

alarmes que foram ativos no sistema durante sua operação.

Figura 35 - Estrutura dos dados.

O banco de dados utilizados foi o Microsoft SQL Server, que possui grande

confiabilidade e robustez, além de ser de fácil integração com diferentes sistemas. Uma vez

definido a estrutura das tabelas, foi configurado a exclusão automática dos dados que sejam

mais antigos que os últimos doze meses, para reduzir o consumo excessivo de memória.

3.3.7 Controle de acesso

Inicialmente, foram definidos dois grupos de acesso, o grupo de operadores e o grupo

da engenharia. O usuário que pertencesse ao grupo dos operadores teria apenas acesso as telas

de operação e não poderia executar ações como alteração dos parâmetros de sintonia dos

controladores e modificação dos valores de limites dos alarmes. Já os usuários que

pertencessem ao grupo da engenharia teriam acesso a todas as funcionalidades do sistema.

52

3.4 CONTROLE

O objetivo de controle foi de manter o nível do tanque de água de reuso em uma faixa de

±5% do seu valor desejado, manipulando a vazão de entrada de tag E02FITC1. Assim,

inicialmente foi feita uma sintonia do controlador PID utilizando o método IMC a partir da

função de transferência em malha aberta. Como existe apenas um único parâmetro ajustável,

foram definidos 2 valores distintos para representar diferentes performances do controlador e

analisar os resultados. O ganho do controlador é definido pela equação

𝐾𝑐 =1

𝐾𝑝𝜆 (22)

em que 𝐾𝑝 é o ganho da função de transferência em malha aberta e 𝜆 é o parâmetros ajustável

de sintonia.

Em uma janela de tempo de nove horas, foram inicialmente analisadas a performance do

controlador PID para dois valores dos parâmetros de sintonia 𝜆, o primeiro de valor 0,010 que

seria para o nível estabilizar em 3 min, e tem a sua resposta representada para região 1 da figura

36. O segundo possui valor 0,016 que seria para o nível estabilizar em 5 min, e tem sua resposta

representada pela região 2 da mesma figura. O ganho do controlador para cada parâmetro 𝜆

está representado pela tabela 5. É possível concluir que ambos apresentaram esforços de

controle similares, em que o controlador variou a vazão de entrada de 60 m3/h e 170 m3/h,

aproximadamente.

Tabela 5 – Valores do ganho do controlador para cada parâmetro 𝜆 escolhido.

Parâmetro 𝝀 𝑲𝒄

0,01 (3 min) 0,375

0,016 (5 min) 0,235

Para o primeiro caso, o controlador tomou a decisão de forma mais rápida, evitando que

o nível tivesse grandes variações em torno do seu setpoint, se comparado com a segunda região.

Já no segundo caso, o controlador possuiu uma resposta mais lenta, com intervalos mais longos

entre sua resposta, e por consequência a variação do nível em torno do setpoint foi maior. Ainda

para o segundo caso, houve uma mudança de setpoint do nível do tanque de 80% para 70%, e

não houve qualquer modificação na resposta do controlador. Em ambos os casos, a variação do

nível em torno do seu setpoint foi elevando, partindo de 10% do seu valor e chegando até 30%

53

aproximadamente, para o segundo caso. A variação da vazão de entrada foi muito agressiva,

produzindo quedas de mais de 50% do seu valor em menos de um minuto, o que poderia

danificar a válvula de controle além de aumentar de forma brusca a pressão da linha, trazendo

riscos de acidentes.

Figura 36 – Gráfico de tendência com performance de controlador para dois 𝜆 distintos.

É possível notar que para nenhum dos casos o controle foi eficaz, e as hipóteses para o

seu funcionamento ineficaz estão relacionados a influência da não-linearidade da válvula, aos

distúrbios serem da mesma ordem de grandeza da variável manipulada e o tanque possuir baixa

capacidade de armazenamento, o que pode ter impactado negativamente no desempenho do

controlador. Desde modo, foi levantada uma nova estrutura de controle: uma estrutura não

convencional em que a variável de processo seria o balanço entre a vazão de entrada e saída e

o setpoint seria nulo, para manter a mesma quantidade de água que entra igual à que sai. Assim,

a variável de processo e o setpoint seriam

𝑃𝑉 = (𝑞𝑖(𝑡) − 𝑞𝑜(𝑡)) + 𝐾𝑒𝑚𝑝 (ℎ𝑠𝑝(𝑡) − ℎ(𝑡)) (23)

𝑆𝑃 = 0 (24)

54

em que 𝐾𝑒𝑚𝑝 é um ganho que foi obtido empiricamente. A primeira parcela da equação 23

representa o balanço entre a vazão de entrada e saída do tanque. A segunda parcela da equação

é o erro entre o setpoint do nível e sua medição.

De modo geral, o controlador vai atuar de forma a manter a vazão de entrada sempre igual

a vazão de saída, condição para manter o nível constante. Apenas com esse termo da diferença

das vazões não seria possível configurar um setpoint do nível, por isso o segundo termo foi

adicionado, para garantir que o controlador além de manter as vazões de entrada e saída iguais

consiga também manter o nível do tanque em um determinado valor desejado.

Para essa nova estrutura foi utilizado o mesmo controlador PID, com o ganho do

controlador configurado para 0,1, enquanto que o tempo integral e derivativo não foram

utilizados. O ganho empírico 𝐾𝑒𝑚𝑝 teve seu valor inicial de uma unidade e foi aumentado até

chegar em 8, valor que produziu uma resposta com pouca variação do nível em torno do seu

valor desejado e esforço de controle tolerável, como pode ser visto na figura 28. É possível

notar que o nível possuiu pequenas variações em torno do seu valor desejado, e as variações da

variável manipulada mesma possuindo uma frequência mais elevada em relação a estrutura de

controle anterior possuiu uma menor amplitude entre valor máximo e mínimo.

Figura 37 – Gráfico de tendência para nova estrutura de controle proposta.

55

Uma desvantagem dessa estrutura é que não foi possível determinar um modelo que

caracterize a dinâmica da variável de processo da forma como ela foi formulada, impedindo o

uso de técnicas de sintonia já consagradas, como o IMC, regra de decaimento de ¼, entre outras,

sendo necessária uma sintonia inteiramente empírica.

Pode-se concluir que a segunda estrutura de controle, que tem como a variável de

processo a diferença entre as vazões de entrada e saída do tanque e o erro entre o setpoint do

nível e sua medição, produziu resultados mais satisfatórios e foi mais eficaz em manter o nível

próximo do seu valor desejado.

3.5 ANÁLISE DO CONSUMO DE ÁGUA

Para avaliar o consumo mensal de água através da captação de água do Rio, foi

desenvolvida uma planilha em Excel com módulos de código em VBA capazes de buscar as

informações no Banco de Dados, permitindo ao usuário traçar gráficos mais poderosos e dar

mais significado às informações obtidas pelo sistema SCADA. Assim, a figura 38 e a tabela 6

representam o consumo mensal de água para o ano de 2016. Os meses em que os valores estão

nulos é porque o sistema ainda não havia sido implementado. Já o mês de maio e dezembro

apresentam baixo consumo em relação aos outros meses porque o sistema foi implementado no

meio de maio e existem dados em falta para o mês de dezembro.

Figura 38 – Gráfico de consumo de água mensal.

A grande motivação para a implementação do controle de nível do tanque de água de

reuso é que boa parte da água utilizada era retornada ao rio, porque o tanque sempre estava

transbordando. Antes de implementar o controle automático, o sistema SCADA já estava há

pouco mais de um mês historiando o consumo de água e todas as variáveis analógicas do

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

Co

nsu

mo

(m

³/h

)

Mês/Ano

CONSUMO DE ÁGUA (M³/H)

56

sistema, o que permitiu avaliar a magnitude da quantidade de água que não era utilizada. A

figura 39 ilustra a quantidade não aproveitada em um período de dez dias e a média do mesmo

período.

Tabela 6 – Valores de consumo de água mensal.

MÊS/ANO CONSUMO (m³/h)

Jan/2016 0

Fev/2016 0

Mar/2016 0

Abr/2016 0

Mai/2016 7420.25

Jun/2016 83436.75

Jul/2016 75461.5

Ago/2016 77356

Set/2016 70075.25

Out/2016 80634.75

Nov/2016 85314.75

Dez/2016 38580

Fazendo a projeção da média da quantidade de água não utilizada, que é 478,89 m3 em

um dia, para o mês a quantidade de água retornada para o Rio seria de 14366,78 m3, para um

mês com 30 dias. Isso representa aproximadamente 17% do consumo de junho de 2016, e pode

chegar até 20% do consumo, quando comparado com o consumo de setembro de 2016. Assim,

a quantidade de água não utilizada possuía um elevado valor e com controle automático essa

água não será mais retornada ao Rio sem ser utilizada, reduzindo custos e causando menos

impactos ambientais.

Figura 39 – Quantidade de água não utilizada em dez dias.

0100200300400500600700800

Qu

anti

dad

e d

e á

gau

(m

³)

Dia (Ano 2016)

QUANTIDADE DE ÁGUA RETORNADA AO RIO

57

A Empresa possui uma outorga que limita a captação diária de 4600 m³, e as penalidades

sofridas caso esse limite diário seja ultrapassado pode ser de uma multa até limitações da

expansão da Fábrica, impedindo o aumento da produção, o que torna ainda mais relevante a

utilização de um controle automático para o sistema.

58

4 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Este trabalho teve por objetivo implementar um sistema de controle automático para o

nível de um tanque, que faz parte de um subsistema entre oito existentes que dão suporte para

a atividade fim de um Indústria metalúrgica da Bahia. Assim, foi desenvolvido e implementado

um sistema SCADA capaz de monitorar todos os oito subsistemas, que conta com a seleção e

implementação dos equipamentos de chão de fábrica (sensores, atuadores, CLPs e remotas), e

o supervisório, perpassando pelas três primeiras camadas da pirâmide da automação.

Para ratificar a necessidade do projeto de automação e controle, uma análise de consumo

de água foi conduzida e ela mostrou que em torno de 15% a 20% da água captada do Rio não

era utilizada e era retornada para ele. O impacto dessa perda não é apenas em termos de

quantidade de água, visto que as bombas trabalharam por mais tempo, consumiram mais energia

para captar mais água, elevando custos também de manutenção e consumo de energia. Além

disso, caso o limite diário de consumo de água fosse ultrapassado, a Empresa sofreria sanções

que poderia limitar a sua expansão, além do pagamento de multas.

Foram obtidos também ganhos na operação dos subsistemas, reduzindo tempo de

inspeção e identificação de equipamentos defeituosos, melhoria na eficiência do processo

produtivo e redução de desperdícios.

Sob o ponto de vista de controle, foi notória a dificuldade enfrentada no projeto do

controlador, e as hipóteses levantadas foram a influência da não-linearidade da válvula, os

distúrbios serem da mesma ordem de grandeza da variável manipulada e o tanque possuir baixa

capacidade de armazenamento. Entretanto, com a utilização da estrutura de controle não

convencional proposta, foram produzidos resultados satisfatórios e foi atendida a necessidade

do cliente em reduzir o desperdício de água.

Sem dúvidas, o sistema ainda pode ser ampliado e aprimorado, e abaixo seguem algumas

sugestões para trabalhos futuros:

I. A dinâmica da válvula de controle escolhida trouxe dificuldades para o projeto do

controlador. Assim, uma sugestão seria fazer uma análise mais aprofundada sobre

o tipo de válvula utilizada para o controle de nível do tanque de água de reuso, as

suas dimensões e características e buscar uma válvula que apresente uma resposta

mais suave, para que a performance do controlador seja mais eficiente.

II. A configuração do posicionador em campo impossibilitou a utilização de todos os

seus recursos e a integração de variáveis que ele fornece ao sistema SCADA,

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como a posição da válvula, tipo de ação, característica da curva de vazão, etc. A

aquisição de um configurador inteligente facilitaria o configuração do

posicionador, assim como permitiria a configuração da sua resposta através de

uma tabela de até 16 pontos, que poderia ser a mesma da resposta da válvula,

sendo possível que o próprio posicionador pudesse amenizar a não linearidade da

válvula.

III. Foi perceptível as variações bruscas e muitas vezes de grande magnitude das

vazões de saída do tanque, afetando rapidamente a dinâmica do nível do tanque.

Deste modo, avaliar como as vazões de saída se comportam e tentar minimizar a

influência delas no controle do nível do tanque é importante para garantir um

controle mais eficaz. Talvez seja possível implementar um controle mais eficiente

para essas vazões de saída, ou projetar um controle feedforward juntamente com

o controle feedback do nível do tanque, entre outras opções que podem ser melhor

analisadas.

IV. A estrutura não convencional de controle proposta conseguiu atingir a resposta

esperada, com uma sintonia inteiramente empírica. De todo modo, sua

performance poderia ser melhorada com a implementação de uma sintonia ótima,

utilizando a otimização dos ganhos do controlador para atingir um desempenho

ótimo diante das restrições e condições operacionais impostas.

V. O sistema conta apenas com um CLP e um servidor para o supervisório, e em caso

de falha do CLP a operação é interrompida. Para garantir a confiabilidade e

segurança do sistema, é possível implementar sistemas redundantes, em que exista

um CLP reserva e um principal, assim como o supervisório, para garantir que em

falha do principal o reserva assuma a operação. Essa opção é ainda mais

importante para o controle automático do nível, que precisar estar em pleno

funcionamento a todo momento.

VI. O sistema SCADA deste trabalho não possui qualquer integração com sistemas

da camada MES e PIMS, muito mesmo com ERPs, o que inviabiliza a tomada de

decisões estratégicas mais embasadas em informações precisas do processo. Por

isso, o desenvolvimento de planilhas e sistemas capazes de dar significado aos

dados coletados pelo sistema SCADA se faz necessário, sendo capazes de avaliar

por exemplo a disponibilidade de equipamentos, calcular indicadores de eficiência

produtiva e fazer planos de manutenção mais assertivos.

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VII. Os longos intervalos para a inspeção e manutenção de instrumentos foram

bruscamente reduzidos com a presença de operadores monitorando o sistema

através do supervisório. Mesmo assim, ainda é possível se pensar em desenvolver

aplicativos para celular capazes de visualizar o sistema SCADA, para que o

operador possa inspecionar e fazer o monitoramento de equipamentos enquanto

estiver em campo, minimizando ainda mais custos com deslocamentos e

garantindo praticidade.

VIII. Foi avaliado apenas o impacto do controle automático do nível do tanque no

consumo de água da Fábrica, o que já é valioso para o cliente, permitindo a

avaliação do desperdício de água e como ele pode melhor aproveitá-la em outras

unidades. Entretanto, poderia ser feita uma análise econômica do projeto,

levantando o gasto energético, os custos com manutenção, mão de obra e

correlatos que foram minimizados, além de avaliar em quanto tempo o

investimento feito no projeto seria completamente pago com a sua

implementação.

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