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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CÂMPUS DE BOTUCATU MODELO MATEMÁTICO PARA CUSTO E ENERGIA NA PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL RÔMULO PIMENTEL RAMOS Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP - Campus de Botucatu, para obtenção do título de mestre em Agronomia (Energia na Agricultura). BOTUCATU-SP Setembro – 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

CÂMPUS DE BOTUCATU

MODELO MATEMÁTICO PARA CUSTO E ENERGIA NA

PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL

RÔMULO PIMENTEL RAMOS

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP - Campus de Botucatu, para obtenção do título de mestre em Agronomia (Energia na Agricultura).

BOTUCATU-SP

Setembro – 2010

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

CÂMPUS DE BOTUCATU

MODELO MATEMÁTICO PARA CUSTO E ENERGIA NA PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL

RÔMULO PIMENTEL RAMOS

Orientador: Profª. Drª. Helenice de Oliveira Florentino Silva

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP - Campus de Botucatu, para obtenção do título de mestre em Agronomia (Energia na Agricultura).

BOTUCATU-SP Setembro – 2010

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO – SERVIÇO TÉCNICO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - UNESP - FCA- LAGEADO - BOTUCATU (SP)

Ramos, Rômulo Pimentel, 1985- R175m Modelo matemático para custo e energia na produção de

açúcar e álcool / Rômulo Pimentel Ramos. – Botucatu : [s.n.], 2010

ix, 72 f. : il., tabs., gráfs. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual Paulis- ta, Faculdade de Ciências Agronômicas, Botucatu, 2010 Orientador: Helenice de Oliveira Florentino Silva Inclui bibliografia. 1. Cana-de-açúcar. 2. Modelo matemático. 3. Minimização

de custo. I. Silva, Helenice de Oliveira Florentino. II. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Campus de Botucatu). Faculdade de Ciências Agronômicas. III. Título.

II

Dedico essa dissertação...

Aos meus pais Roberto Alves Ramos e Maria do Carmo Pimentel Ramos,

pela formação e educação que me passaram ao longo da minha vida e pelo apoio e

incentivo nos estudos.

Aos meus irmãos Rogério Pimentel Ramos e Rodrigo Pimentel Ramos.

III

Ofereço...

A toda minha família, que é a base da minha vida.

IV

Agradecimentos...

Agradeço em primeiro lugar a Deus por toda ajuda e proteção dada nos

momentos difíceis.

A Faculdade de Ciências Agronômicas - UNESP, pela oportunidade

oferecida para realização deste curso.

A minha orientadora Profa. Dra. Helenice de Oliveira Florentino Silva,

pela compreensão e apoio em todos os momentos na elaboração deste trabalho.

Aos funcionários da biblioteca “Paulo de Carvalho Mattos” e da Seção de

Pós-Graduação, pelo eficiente atendimento.

A FAPESP e CAPES, pelo apoio financeiro ao projeto desta linha de

pesquisa.

A minha namorada Zoraide Costa pela ajuda, amizade e convivência nos

momentos difíceis.

Aos amigos que moraram comigo ao logo do curso, Hermeson, Saulo e

Ricardo pela amizade.

Aos amigos Magno e Gabriel pela amizade e convivência.

A todos os amigos da pós-graduação, que foram muitos, pela ajuda e

convivência para que esse momento se tornasse uma realidade em minha carreira

acadêmica.

V

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Produtividade da cana-de-açúcar e do palhiço de algumas variedades cultivadas

no estado de São Paulo. ......................................................................................................... 6

Tabela 2. Custo das operações de preparo do solo da cana-de-açúcar .................................. 7

Tabela 3. Custo de operações do plantio da cana-de-açúcar ................................................. 9

Tabela 4. Custo de colheita da cana-de-açúcar.................................................................... 11

Tabela 5. Custo de transporte da cana ................................................................................. 12

Tabela 6. Insumos e seus custos por tonelada de cana na extração do caldo ..................... 16

Tabela 7. Insumos e seus custos no tratamento do caldo .................................................... 17

Tabela 8. Insumos e seus custos no processo de fermentação ........................................... 21

Tabela 9. Insumos e seus custos no processo de geração de vapor .................................... 23

Tabela 10. Dados das variedades adaptáveis ao solo da Usina. .......................................... 38

VI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema do processo da Modelagem Matemática ............................................. 24

Figura 2 Interface de entrada da planilha onde são inseridos os dados............................... 36

Figura 3 Interface da saída de dados ................................................................................... 37

Figura 4 Interface de entrada da planilha com os dados inseridos ...................................... 39

Figura 5 Resultado da aplicação dos modelos dos itens (5.1.1 e 5.1.2) .............................. 40

Figura 6 Custo de produção da cana-de-açúcar para a área de 315,81 hectares.................. 40

Figura 7 Custo de operações em porcentagem da produção de cana .................................. 41

Figura 8 Total de energia não renovável gasta por operação .............................................. 41

Figura 9 Gasto de energia não renovável por operação....................................................... 42

Figura 10 Balanço de energia não renovável....................................................................... 42

Figura 11 Conjunto das soluções possíveis do problema do exemplo 1. ............................ 57

Figura 12 Geometria da função objetivo. Curvas de nível da função objetivo z(x) e solução

ótima do problema. .............................................................................................................. 58

Figura 13 Diagrama de fluxo do algoritmo Simplex........................................................... 69

VII

LISTA DE UNIDADES DE MEDIDA

Gramas por tonelada.................................................................................... g.t-1

Hectares........................................................................................................ ha

Megajoule por quilograma........................................................................... MJ.kg-1

Reais por hectare.......................................................................................... R$.ha-1

Reais por horas............................................................................................. R$.h-1

Reais por litro............................................................................................... R$.L-1

Reais por metro cúbico................................................................................ R$.m-3

Reais por quilograma................................................................................... R$.Kg-1

Reais por tonelada........................................................................................ R$.t-1

Tonelada....................................................................................................... t

Toneladas por hectare.................................................................................. t.ha-1

VIII

SUMÁRIO

1. RESUMO .......................................................................................................................... 1

2. SUMMARY ...................................................................................................................... 2

3. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 3

4. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 5

4.1 ORIGEM DA CANA DE AÇÚCAR .......................................................................... 5

4.2 IMPORTÂNCIA DA CANA DE AÇÚCAR .............................................................. 5

4.3 CULTIVO DA CANA................................................................................................. 6

4.3.1 Preparo de solo ..................................................................................................... 6

4.3.2 Plantio................................................................................................................... 7

4.3.3 Colheita............................................................................................................... 10

4.3.4 Transporte........................................................................................................... 11

4.3.5 Palhiço da cana-de-açúcar .................................................................................. 13

4.4. PROCESSO INDUSTRIAL..................................................................................... 14

4.4.1 Recepção............................................................................................................. 14

4.4.2 Preparo da cana................................................................................................... 14

4.4.3 Extração do caldo ............................................................................................... 15

4.4.4 Tratamento do caldo ........................................................................................... 16

4.4.5 Evaporação ......................................................................................................... 17

4.4.6 Fábrica de açúcar ................................................................................................ 18

4.4.7 Fermentação........................................................................................................ 19

4.4.8 Destilação ........................................................................................................... 21

4.4.9 Geração de Vapor e Eletricidade ........................................................................ 22

4.5 MODELAGEM MATEMÁTICA ............................................................................. 23

4.5.1 Modelagem matemática envolvendo custo e energia da biomassa residual....... 26

5. MATERIAL E METODO............................................................................................... 31

5.1 MODELO MATEMÁTICA PARA CUSTO ............................................................ 32

5.1.1 Modelo para cana com colheita manual ............................................................. 32

5.1.2 Modelo para cana com colheita mecanizada ...................................................... 34

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 36

7. CONCLUSÃO................................................................................................................. 43

9. APÊNDICE ..................................................................................................................... 51

IX

9.1 PROGRAMAÇÃO LINEAR .................................................................................... 51

9.2 O PROBLEMA DE OTIMIZAÇÃO......................................................................... 52

9.3 O PROBLEMA DE PROGRAMAÇÃO LINEAR ................................................... 52

9.3.1 Modelagem do problema de programação linear ............................................... 53

9.3.2 Padronização de problemas ................................................................................ 55

9.3.3 Geometria dos problemas de programação linear .............................................. 56

9.3.4 Resolução de problemas de programação linear ................................................ 59

9.4 FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICAS DO MÉTODO SIMPLEX ............................. 60

9.5 DEFINIÇÕES E TEOREMAS FUNDAMENTAIS DA PROGRAMAÇÃO LINEAR

......................................................................................................................................... 64

9.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE O MÉTODO SIMPLEX ............................................ 66

9.7 ALGORITMO SIMPLEX ......................................................................................... 68

1

1. RESUMO

A cana-de-açúcar possui grande importância social e econômica para o

brasileiro. O Brasil é maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, na safra de 2009/2010 a

produção foi de 597,8 milhões de toneladas, uma alta de 4,4% em relação às 571,40

milhões de toneladas colhidas em 2008/2009. O país possui 420 Usinas e Destilarias, as

quais movimentam cerca de 51 bilhões de reais, o que representa 1,5% do PIB Brasileiro,

gerando 4,5 milhões de empregos diretos e indiretos, exportando 23,2 milhões toneladas de

açúcar e 3,3 bilhões de litros de etanol, e um investimento médio no país de 6 bilhões de

reais ao ano, o que mostra a grande importância da cana-de-açúcar para a economia

brasileira.

Por outro lado, o crescimento acelerado deste setor tem trazido problemas

de grandes dimensões e dificultado o gerenciamento das empresas, estes problemas são de

ordens estruturais e ambientais. Por isso é importante conhecer todo processo de cultivo da

cana, que vai desde o preparo do solo até processo industrial, que ocorre da recepção da

cana até a saída dos produtos, e buscar formas de minimizar os custos de produção. Assim,

surge a necessidade de ferramentas que auxiliem os gestores das empresas nas tomadas de

decisões. Desta forma, a modelagem matemática pode ser utilizada como uma importante

fonte de produção de estimativas para este setor, facilitando cálculos e auxiliando as

decisões. O objetivo deste trabalho foi estudar toda a cadeia produtiva de álcool e açúcar e

investigar modelos matemáticos para estimar quantitativamente o balanço de energia e o

custo de produção, considerando todo o processo de produção de álcool e açúcar, deste o

plantio da cana, até a venda destes produtos.

Palavras chaves: cana-de-açúcar, modelo matemático, minimização de custo

2

MATHEMATICAL MODEL FOR COST AND ENERGY IN THE PRODUCTION OF

SUGAR AND ALCOHOL. Botucatu, 2010. 72p. Dissertação (Mestrado em

Agronomia/Energia na agricultura) - Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade

Estadual Paulista.

Author: RÔMULO PIMENTEL RAMOS

Adviser: Profª.Drª. HELENICE DE OLIVEIRA FLORENTINO SILVA

2. SUMMARY

The sugarcane has great social and economic importance for the Brazilian.

Brazil is the largest producer of sugarcane in the world, in 2009/2010 crop production was

597.8 million tons, up 4.4% compared to 571.40 million tonnes harvested in 2008 / 2009.

That season the country had 420 mills and distilleries, which handle about 51 billion reais,

representing 1.5% of Brazilian GDP, generating 4.5 million direct and indirect jobs,

exporting 23.2 million tonnes of sugar and 3.3 billion liters of ethanol, generating an

average investment in the country of 6 billion reais a year, which shows the great

importance of sugarcane to the Brazilian economy. The accelerated growth of this sector

has brought large problems and complicating the management of enterprises these

problems are structural and environmental. Therefore it is important to know the whole

process of sugar cane cultivation, ranging from soil preparation until industrial process,

which occurs in the reception of the cane to the output of products, and seek ways to

minimize production costs. Thus it, arises the need for tools that help business managers in

making decisions. Thus, mathematical modeling can be used as an important source to

estimates the production for this sector, making calculations and aiding decisions. The

objective of this work was to study the entire production chain of sugar and alcohol and to

investigate mathematical models to quantitatively estimate the cost of production,

considering the whole process of producing alcohol and sugar cane, since the plantation

until the sale of these products.

Keywords: sugarcane, mathematical model, cost minimization

3

3. INTRODUÇÃO

O setor sucroalcooleiro consolidou-se ao longo dos últimos anos como um

dos pilares da atividade agrícola brasileira. A expressiva expansão da cana-de-açúcar frente

a outras culturas, tais como a soja, o milho e mesmo a pecuária, demonstra a dimensão que

o setor possui dentro do cenário nacional. Da mesma forma, observa-se grande crescimento

dos produtos gerados a partir desta matéria prima, sendo eles: o álcool, o açúcar e a energia

elétrica (MARQUES, 2009). Para se ter uma idéia somente as vendas de bens finais

(etanol, açúcar, bioeletricidade, levedura e aditivo e crédito de carbono, entre outros)

representam 1,5% do PIB nacional, ou US$ 28,1 bilhões. O País, responsável por 50% das

exportações mundiais de açúcar, pode chegar a 60% em cinco anos (USP, 2009).

A capacidade produtiva e os baixos custos relativos ao setor sucroalcooleiro

no Brasil vêm chamando a atenção das principais economias do mundo. O potencial

agrícola brasileiro é incontestável, porém, ainda existem muitas divergências no que se

refere aos custos de produção sucroalcooleiros, uma vez que são poucos os trabalhos

públicos sobre o tema, além da falta de uma metodologia de aferição de custos, comum às

diversas unidades industriais. Estes trabalhos poderiam trazer muitos benefícios ao setor

quando acompanhados de prática de gestão de custos nas empresas, desenvolvimento de

políticas públicas, aprimoramento da forma de pagamento da cana de açúcar, entre outtros

(MARQUES, 2009).

Além dos poucos trabalhos públicos, a complexidade desta área tem

dificultado os gestores das empresas sucroalcooleiras e, toda pesquisa voltada ao auxílio

das administrações deste setor, tem sido muito bem recebida. Assim, neste trabalho

4

buscou-se conhecer todo o processo de cultivo da cana e seus custos, que vai desde o

preparo do solo até o processo industrial, que ocorre da recepção da cana até a saída dos

produtos, e buscar formas de minimizar esses custos de produção. Assim, surge a

necessidade de ferramentas que auxiliem na minimização dos custos e ajude os gestores

nas tomadas de decisões. Desta forma, a modelagem matemática pode ser utilizada como

uma importante ferramenta para auxiliar na produção de estimativas para este setor,

facilitando cálculos e tomada de decisões.

Resumidamente, o objetivo deste trabalho é estudar toda a cadeia produtiva

de álcool e açúcar e investigar modelos matemáticos para estimar quantitativamente o

balanço de energia e o custo de produção, considerando todo o processo de produção de

álcool e açúcar, desde o plantio da cana, até a venda destes produtos.

No capitulo 4 será relatado sobre o cultivo da cana de açúcar e sobre

modelagem matemática no recolhimento da biomassa residual, no capitulo 5 será

apresentado o modelo matemático desenvolvido nesse trabalho, no capitulo 6 os resultados

e discussões e no capitulo 7 as conclusões.

5

4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1 ORIGEM DA CANA DE AÇÚCAR

Originária do sudeste da Ásia, onde é cultivada desde épocas remotas, a

cana-de-açúcar (Saccharum spp) é uma gramínea perene. É própria de climas tropicais e

subtropicais, sendo cultivada comercialmente em mais de 70 países e territórios,

localizados entre os paralelos 35º N e 35º S e sua exploração concentrou-se, no início,

sobre a espécie Saccharum officinarum (GOMES; LIMA, 1964; LUCCHESI, 2001).

4.2 IMPORTÂNCIA DA CANA DE AÇÚCAR

O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, na safra de

2009/2010, a produção foi de 597,8 milhões de toneladas, uma alta de 4,4% em relação as

571,40 milhões de toneladas colhidas em 2008/2009. Nessa mesma safra o país possuía

420 Usinas e Destilarias, as quais movimentaram cerca de 51 bilhões de reais, que

representou 1,5% do PIB Brasileiro, gerou 4,5 milhões de empregos diretos e indiretos,

exportou 23,2 milhões de toneladas de açúcar e 3,3 bilhões de litros de etanol, o que

representou um investimento médio no país de 6 bilhões de reais ao ano, o que mostra a

grande importância da cana-de-açúcar para a economia brasileira. Por isso é importante

conhecer o processo de cultivo da cana e processo industrial, e buscar formas de minimizar

os custos de produção e estimar quantitativamente o balanço energético.

6

4.3 CULTIVO DA CANA

O objetivo final de uma exploração agrícola comercial sempre é o lucro,

sendo que o mesmo deve ser maximizado, respeitando aspectos sociais e ambientais. Desta

forma, sempre que possível, os fatores de produção devem ser adequadamente manejados e

gerenciados pelo homem através de sistemas de planejamento, execução e controle

(ORLANDO FILHO et al., 1994).

A produtividade da cana-de-açúcar é determinada por diversos fatores,

dentre os quais se destacam a variedade, o solo (propriedades químicas, físicas e

biológicas), o clima (precipitação, umidade, temperatura e insolação), as práticas culturais

(controle de erosão, plantio, descompactação, erradicação de plantas invasoras, controle de

pragas e doenças) e colheita. Sempre que possível, os fatores de produção devem ser

adequadamente manejados e gerenciados pelo produtor, visando a alta produtividade que

minimize os custos, pois este é o objetivo de toda exploração comercial (LYRA, 2004).

A tabela a seguir apresenta a produtividade média da cana-de-açúcar e do

palhiço de algumas variedades plantadas no estado de São Paulo.

Tabela 1. Produtividade da cana-de-açúcar e do palhiço de algumas variedades cultivadas no estado de São Paulo.

Variedade Produtividade da cana

t.ha-1 Produtividade do Palhiço

t.ha-1 SP80-1816 100 33,36 RB72454 186 37,58 SP80-3280 158 36,72 SP81-3250 179 34,25 RB855536 165 26,43 RB855113 155 29,38 SP79-1011 158 24,09 RB835486 155 21,53 RB711406 183 33,20 SP70-1143 155 22,14 Fonte: Maule et al. (2001)

4.3.1 Preparo de solo

O preparo de solo é a realização de operações para deixar a área apta a

receber a cultura da cana-de-açúcar. O preparo convencional utiliza-se das operações

7

sucessivas como gradagens pesadas, aração, subsolagem e gradagens niveladoras com

diversas variações, dependendo de cada região, unidade produtora e da disponibilidade de

máquinas e implementos (GONÇALVES, 2006).

Na Tabela 2 encontram-se custos relacionados com as operações realizadas

no preparo de solo para plantio da cana.

Tabela 2. Custo das operações de preparo do solo da cana-de-açúcar

Operação/produto Descrição Custo R$.h-1

Rendimento h.ha-1

Total R$.ha-1

Gradagem pesada MF 299 +Implemento 60,11 1,32 79,35

Aração MF 299 +Implemento 58,64 1,98 116,11

Gradagem pesada MF 299 + Implemento 60,11 1,32 79,35

Gradagem leve MF 299 + Implemento. 58,67 0,85 49,87

Marcação do carreador MF 299 57,99 0,25 14,50

Levantamento do terraço MF 299 + Implemento. 58,64 0,50 29,32

Aplicação de calcário MF 275 + MO.+Implemento 35,77 0,84 30,05

Calcário Dolomítico 60,00 2,00 120,00

Fonte:ASSOCANA (2009). MO. - mão-de-obra MF – Massey Ferguson

4.3.2 Plantio

O plantio da cana-de-açúcar é realizado em diferentes épocas, dependendo

de sua localização geográfica, o que ocorre, dentre outros fatores, devido às divergências

climáticas dentro do território nacional. No caso da região Centro-Sul, o plantio é realizado

geralmente nos meses de janeiro a maio, sendo caracterizado como plantio de “18 meses”

ou “cana-de-ano-e-meio”, distinguindo-se em plantio de verão, ocorrendo nos meses de

janeiro, fevereiro e março; e plantio de outono, ocorrendo no período de abril a maio. Pode

se fazer ainda, com auxílio de irrigação, o plantio de inverno, que abrange os meses de

junho, julho e agosto (SEGATO et al, 2006).

A importância de um bom plantio nos desempenhos almejados deve ser

analisada concomitantemente aos custos inerentes às operações realizadas durante esta

etapa, os quais podem representar aproximadamente 14,5% dos custos de produção

(VICENTE; FERNANDES, 2003).

8

Segundo Beauclair e Scarpari (2006) o plantio é sempre o investimento

crucial na condução de qualquer cultura, é a base de seu desenvolvimento e, sejam quais

forem as práticas de plantio adotadas (semi-mecanizadas ou mecanizadas), elas devem

atender tais demandas.

Um canavial implantado sem os conhecimentos básicos de plantio poderá

ter reduzida a sua longevidade, determinando como conseqüência a elevação dos custos de

produção (QUINTELA et al., 1997).

Já um plantio de boa qualidade tem influência direta não somente nos

fatores que determinarão se a cultura terá uma boa produtividade após a colheita, mas

também na redução dos custos de produção da cultura (JANINI, 2007).

As operações de plantio são importantes para a o ciclo da cultura, exigindo-

se bom planejamento e conhecimento técnico nessa etapa. Nas unidades produtoras de

cana existem dois tipos de plantio, o manual e o mecanizado.

No plantio manual, as mudas são distribuídas por seis homens, que ficam

em cima da carroceria de um caminhão ou de carreta tracionada por trator. Estas são

lançadas para baixo onde tem duas pessoas organizando os colmos nos sulcos. Em seguida,

completando a equipe de plantio, vêm os picadores em número de quatro, que seccionam

as mudas em toletes de 3 gemas e um fiscal de operações, totalizando, em geral, 15

pessoas. Posterior a picação dos toletes, os sulcos são cobertos mecanicamente. O

rendimento de uma equipe de plantio é em média de 4 a 5 hectares por dia, com um custo

de 12 diárias por hectare.

No plantio mecanizado, primeiro se faz a colheita das mudas com uma

colhedora com um kit especial, que possui um rendimento de cerca de 40 toneladas por

hora de mudas, e no momento da colheita transfere-se as mudas para as carretas. Para o

transporte das mudas são utilizadas oito carretas especiais com capacidade de 14 toneladas

de cana, sendo dividida em quatro transbordos, onde cada parte é suficiente para abastecer

uma plantadora. Como exemplo, a plantadora modelo SMR-6000 (Sermag), em uma única

operação realiza a sulcação e o plantio dos toletes de cana, juntamente com a aplicação de

inseticida e de adubo químico. São necessários dois operadores, um tratorista e um

operador da plantadora que controla a vazão do inseticida, a quantidade de mudas no sulco

e o rolo compactador. Para tracionar a plantadora é utilizado um trator, como exemplo um

Valtra modelo BH 180, na 1º marcha a uma rotação de 2500 rpm, a uma velocidade de 5

9

km/h. Assim uma plantadora carregada de mudas é capaz de plantar em média 0,28 a 0,30

hectares por hora (COLETI; STUPIELLO, 2006).

No momento do plantio a distribuição das mudas apesar de ser uma técnica

fácil, é muito importante e deve ser feita com muito cuidado para que as gemas não sejam

danificadas e não fiquem distantes umas das outras, evitando falhas na germinação e

conseqüentemente a necessidade do replantio (PLANALSUCAR, 1982).

Também no plantio, realiza-se a aplicação de herbicidas para o controle de

plantas invasoras, pois cuidados com o canavial devem ser constantes, sendo o período

mais crítico os primeiros 90 dias do estabelecimento, quando este se encontra mais

susceptível ao ataque de pragas e doenças e competições severas de plantas invasoras por

água, nutrientes e luz (TOWNSEND, 2000).

Na tabela 3 encontram-se custos relacionados com as operações de plantio e

produtos utilizados.

Tabela 3. Custo de operações do plantio da cana-de-açúcar

Operação/produto Descrição Custo Rendimento Total

R$.ha-1

Sulcação MF 299 +Implemento 59,76 R$.h-1 2,0 h.ha-1 119,52

Adubo 05.25.25 1.500,00 R$.t-1 0,4 t.ha-1 600,00

Corte de muda (limpa) Mão-de-obra 10,51 R$.t-1 16 t.ha-1 168,11

Muda Cana - (1.7 : 1) 69,02 R$.t-1 16 t.ha-1 1.104,32

Carregamento Muda M.F. 290 2,03 R$.t-1 16 t.ha-1 32,44

Transporte da muda MB 2318 (5,0KM) 3,98 R$.t-1 16 t.ha-1 63,68

Descarregamento/ Esparramamento/ Repicação

Mão-de-obra 38,47 R$/MO 6 MO.ha-1 230,82

Acabamento e recobrimento

Mão-de-obra 32,61 R$/MO 3 MO.ha-1 97,83

Cobrição MF 275 + Implemento 32,01 R$.h-1 1 h.ha-1 32,01

Cupinicida REGENT 800WG 700 R$.Kg-1 0,25 Kg.ha-1 175,00

Aplicação Herbicida MF 275 + Implemento 32,01 R$.h-1 0,75 h.ha-1 24,01

Herbicida Thebutiron(2,4)+Ametrina(3,0) 104,4 R$/dose 1 dose. ha-1 104,40

Controle de formiga BLITZ 11,5 R$.Kg-1 0,1 Kg.ha-1 1,15

Carpa Mão-de-obra 32,61 R$/MO 2,68 MO.ha-1 87,39

Fonte: ASSOCANA (2009). MO. - mão-de-obra MF – Massey Ferguson

10

4.3.3 Colheita

Segundo Ripoli (2005) existem três tipos de sistemas de colheita de cana-

de-açúcar. O sistema manual, que consiste no emprego da mão-de-obra para o corte e

carregamento da matéria-prima. Tal sistema foi muito comum na região Nordeste do país,

entretanto, devido a recentes leis trabalhistas, o carregamento manual tornou-se proibido,

sendo utilizados animais para tal tarefa. O sistema semi-mecanizado, no qual o corte é

manual e o carregamento é mecanizado, que é o comumente utilizado no país,

principalmente por grande parte dos produtores autônomos que não possuem capital

suficiente para aquisição das colhedoras mecanizadas. Vale ressaltar a importância do corte

manual em áreas de alta declividade, as quais não permitem a atividade de máquinas.

A queima da cana-de-açúcar é uma pratica realizada desde o tempo da

colonização, porém, é uma pratica bastante discutida por políticos e órgãos sociais, devido

aos prejuízos que essa prática proporciona ao meio ambiente, como liberação de monóxido

de carbono (co) e dióxido de carbono (co2) na atmosfera, eliminação de predadores

naturais de algumas pragas, entre outros. Visando diminuir esses prejuízos causados pela

queima da cana-de-açúcar, no Estado de São Paulo foi criada uma lei para que ocorra a

diminuição gradativa da queima da cana, a previsão é de que em 2014 seja eliminada a

queima da cana-de-açúcar nas áreas mecanizáveis e, em 2017, nas áreas não mecanizáveis,

ou seja, aquelas que apresentam declividade acima de 12%, essa proibição faz com que

haja uma necessidade maior da colheita mecanizada. No sistema mecanizado a máquina

colhe a cana crua, separando a parte aérea do colmo, e vai depositando no caminhão, que

leva para a usina. Dependendo do conjunto utilizado pode-se transportar de 25 a 60

toneladas de cana por viagem (PEREIRA; TORREZAM, 2006).

A mecanização da colheita da cana-de-açúcar não só aumenta o rendimento

operacional do procedimento como também reduz seu impacto ambiental, por dispensar a

queima de resíduos. A colheita da cana-de-açúcar mecanizada, no entanto, exige algumas

condições específicas para apresentar os resultados desejáveis: solo plano, sem falhas,

redimensionamento das áreas de plantio, inclusive com espaçamento adequado entre as

fileiras, plantio mais raso e um crescimento ereto da cana, sem tombamentos. Além do

mais, esse tipo de colheita apresenta algumas desvantagens, como a compactação do solo,

rebrota menos uniforme da soqueira, necessidade de alto investimento na aquisição de

11

maquinário, e um menor comprimento da cana em relação ao que é obtido manualmente

(OLICANA, 2008).

A colheita manual, precedida pela queima da palha da cana-de-açúcar, tem

sido gradativamente substituída pela mecanização desde a assinatura, em 2007, do

Protocolo Agroambiental entre a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, a União da

Indústria de Cana-de-açúcar do Estado de São Paulo (UNICA) e as associações de

fornecedores. Mais da metade da safra 2009/2010 de cana-de-açúcar no Estado de São

Paulo foi colhida sem a prática da queima da palha. O projeto Canasat, do Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), monitora por imagens de satélites o modo de

colheita da cana e mostra que 55,7% da última safra foi realizada sem a queima. Desde o

início deste monitoramento, em 2006, foi a primeira vez que a colheita sem queima

superou a colheita com queima da palha (INEP, 2010).

Tabela 4. Custo de colheita da cana-de-açúcar

Operação Descrição Custo R$.t-1

Aceiro Mão-de-obra, Encargos, Transporte 0,14

Queima Mão-de-obra, Encargos, Transporte 0,17

Corte Mão-de-obra, Encargos, Transporte 7,03

Corte cana crua Mão-de-obra, Encargos, Transporte 10,50

Carregamento Mão-de-obra, Encargos, Transporte 1,62

Fonte: ASSOCANA (2009).

Pode-se observar na tabela 4 que os custos de colheita foram dados em reais

por tonelada, portanto o custo por hectare dependerá da produtividade da variedade da cana

plantada.

4.3.4 Transporte

Após as etapas de colheita e carregamento, dá-se o processo de transporte

da cana até a unidade processadora. O transporte de cana do campo para as fábricas é

realizado essencialmente por meio do uso de caminhões, uma vez que é a forma de

transporte que se apresenta mais adequada para as características de distâncias, volumes,

12

agilidade, confiabilidade e periodicidade demandada no transporte dessa matéria-prima à

fábrica, ao longo do seu ciclo de colheita em campo e processamento na fábrica.

Existe uma grande diversidade de diferentes conjuntos rodoviários

utilizados no transporte de cana, tanto que as capacidades transportadas variam de 25 a 60

toneladas de cana-de-açúcar por viagem. Os conjuntos mais utilizados na região Sudeste

são: Sistema “Rodotrem”, também chamado de “Romeu e Julieta”, no qual um caminhão

cavalo-mecânico traciona um semi-reboque canavieiro; e o “Treminhão”, no qual um

caminhão canavieiro traciona dois reboques (SEGATO et al, 2006).

Os tipos de reboques e/ou semi-reboques utilizados variam conforme a

matéria-prima. Para a cana colhida em áreas com colheita mecanizada, é adequada a

utilização de reboques/semi-reboques “fechados”. Nestes casos, diz-se que é feito o

transporte de cana picada. Já em casos onde a matéria-prima é originária de áreas com

colheita manual, são utilizados reboques/semi-reboques “abertos”. Diz-se nestes casos que

é realizado o transporte da cana inteira.

O transporte da cana até a unidade processadora é um fator de extrema

importância não só pelo fato de existir perda de qualidade da matéria-prima durante tal

operação, mas também no que se refere ao montante dos custos de produção. Neste

sentido, a logística e o raio médio do transporte impactam diretamente nos custos, podendo

inclusive, inviabilizar o processo produtivo (MARQUES, 2009).

A tabela 5 apresenta os custos de transporte da cana-de-açúcar em reais por

hectare para cana crua e queimada. Os cálculos foram obtidos para uma distância média de

18 km entre o talhão e a usina.

Tabela 5. Custo de transporte da cana

Operação Descrição Custo R$.t-1

Transporte cana crua Caminhão MB 2318+Julieta, Encargos. (18Km) 6,42

Transporte cana queimada Caminhão MB 2318+Julieta, Encargos. (18Km) 5,35

Fonte: ASSOCANA (2009).

MB – Mercedes Benz

Pode-se observar na tabela 5 que os custos de transporte foram dados em

reais por tonelada, portanto o custo por hectare dependerá da produtividade da variedade

da cana plantada.

13

4.3.5 Palhiço da cana-de-açúcar

O palhiço é o resíduo gerado pelo sistema de colheita mecanizada da cana-

de-açúcar sem a queima, obtido em grande quantidade de folhas, bainhas, ponteiro, além

de quantidade variável de pedaços de colmo, que são cortados, triturados e lançados sobre

a superfície do solo, formando uma cobertura de resíduo vegetal.

Com a proibição da queima no processo produtivo, há a necessidade da

colheita mecanizada, tornando-se disponível a biomassa residual de colheita. Sem as

queimadas e com o maior acúmulo do palhiço sobre o solo, criam-se condições favoráveis

para o aparecimento de pragas e também o atraso da brota da cana, comprometendo assim,

a próxima safra (DELGADO, 1985; RIPOLI, M.L.C.; RIPOLI, T.C., 1996). Portanto, o

destino do material remanescente da colheita sem queima prévia tem sido objeto de muitos

estudos. As vantagens no seu recolhimento, recuperação e aproveitamento têm mobilizado

pesquisadores de universidades, gerentes e diretores de usinas, que estão interessados em

encontrar a maneira mais produtiva, econômica e eficaz para esta operação. Com isto, um

dos desafios fundamentais a ser encarado no sistema de colheita mecanizada de cana crua é

o domínio da utilização do palhiço. Se deixado sobre o terreno os maiores problemas são:

ataques de insetos, doenças, perigo de incêndio no palhiço, aumento de matéria estranha

vegetal, maior volume de matéria-prima esmagada (RIPOLI, T. C. C.; RIPOLI, M. L. C,

2004).

A utilização do palhiço na produção de energia exige um custo muito alto,

pois é necessário um grande número de maquinário para a sua coleta. O resíduo é enleirado

por máquinas do tipo ancinho enleirador, depois é enfardado por uma máquina

enfardadora, em forma de prisma ou cilindros, posteriormente os fardos são

acondicionados em caminhões e transportados para o centro de processamento. No centro

de processamento o palhiço é picado e misturado ao bagaço para alimentar as caldeiras.

Ripoli (2002), no seu estudo sobre o mapeamento de palhiço enfardado de

cana-de-açúcar, concluiu que sua variabilidade espacial é muito grande, encontrando

valores que variaram de 4,74 a 14,56 t.ha-1, com umidade também bastante variável (11,1 a

39,6%), alertando ainda que maiores cuidados nas amostragens e decisão da produtividade

desse material precisam ser observados. Abramo Filho et al. (1993) estudaram os resíduos

da colheita mecanizada de cana crua e encontraram 21,3 t.ha-1 de palhiço com umidade de

14

22,34%. Encontraram também 6,92% de terra junto ao palhiço, o que pode danificar os

equipamentos e tornar o custo para o emprego do resíduo inviável.

Ripoli e Gamero (2007) encontraram um custo de R$16,59 por tonelada

para enleirar, compactar e carregar o palhiço, já Florentino (2005) encontrou um custo de

R$14,06 por tonelada, então o custo por hectare dessas operações vai depender da

produtividade do palhiço por variedade, Ripoli, T. C. C. e Ripoli, M. L. C (2004) afirmam

que um hectare de cana gera em média 26,56 toneladas de palhiço.

4.4. PROCESSO INDUSTRIAL

4.4.1 Recepção

O processo industrial inicia-se com a recepção da cana, quando se define a

quantidade e qualidade da matéria-prima. Os caminhões de cana são pesados antes e depois

do descarregamento, para assim se definir a quantidade de cana entregue. Após pesada, a

cana é analisada para que se tenha definido o indicador de qualidade de cana para a

produção de açúcar e álcool, ou seja, quantidade de ART (Açúcar Redutor Total) da cana.

A medição da quantidade de ART é realizada por meio da retirada, via sondas, de três

amostras de cana em pontos diferentes do caminhão (determinados aleatoriamente). Essas

três amostras são misturadas entre si e conduzidas até o laboratório para a determinação do

ART e demais características da amostra.

O procedimento de medição da quantidade e qualidade de cana é necessário

para fins de pagamento de cana aos fornecedores e para o controle e planejamento dos

processos industriais subseqüentes.

4.4.2 Preparo da cana

Juntamente com a matéria-prima, há também as impurezas, como terra,

cinzas, folhas e outros resíduos. Assim, após a recepção da cana, há a preparação da

mesma, para que se possa adequá-la à máxima extração de açúcares contidos nas células da

cana-de-açúcar na forma de um caldo limpo. O processo de preparo da cana inicia-se com

15

o descarregamento da cana por meio de um tombador em uma mesa alimentadora onde a

cana passa por um processo de limpeza.

É comum nas usinas brasileiras haver duas formas diferentes de limpeza. A

cana queimada e colhida na forma de cana inteira, geralmente passa por um sistema de

lavagem com água. Já as canas colhidas mecanicamente, geralmente são conduzidas para

um sistema de limpeza a seco com peneiras vibratórias e vento, que minimiza a perda de

açúcares, o que ocorre comumente no processo de lavagem.

A cana limpa é então lançada em uma esteira metálica, na qual passa por um

conjunto de facas niveladoras, picadores, sucedidos por desfibrador. Após o desfibrador,

através de uma esteira de borracha, a cana desfibrada passa por um eletroímã cuja função é

retirar qualquer material ferroso ou magnético que tenha vindo com a cana e que possa

causar algum dano às estruturas de extração (MARQUES, 2009).

O custo do preparo da cana é de R$0,09 por tonelada (BRUNELLI;

AGUIAR, 2008)

4.4.3 Extração do caldo

Logo após o preparo da cana, inicia-se o processo de extração do caldo, que

depois de tratado e concentrado será direcionado para a produção de açúcar ou para a

produção de álcool. O processo de extração consiste na separação física do caldo da cana

de sua fibra (bagaço). Este processo pode ser feito de duas formas: moagem ou difusão. O

primeiro, típico nos processos da indústria brasileira, consiste em extrair o caldo por meio

de fricção mecânica com a adoção de um conjunto de ternos de moenda, que submetem

uma pressão mecânica à cana desfibrada. Trata-se de sistema repetitivo, geralmente com 4

a 6 estágios de prensagem, denominados historicamente de moagem. O resíduo final da

moagem é o bagaço, que é direcionado para um depósito, para ser utilizado como

combustível no processo de produção de vapor (MARQUES, 2009).

Brunelli e Aguiar (2008) mostram que, o custo de manutenção da moenda é

de R$0,36 por tonelada.

Xavier et al (2009) apresentaram alguns insumos utilizados na extração do

caldo e seus custos (Tabela 6).

16

Tabela 6. Insumos e seus custos por tonelada de cana na extração do caldo

Insumo Consumo Custo R$.L-1

Total R$.t-1

Lubrificante 12,56 ml.t-1 11,00 0,138

Eletrodo (chapisco) 2,96 g.t-1 9,25 0,027

Eletrodo (base) 1,42 g.t-1 17,89 0,025

Eletrodo (picotes) 0,36 g.t-1 19,35 0,007

Eletrodo (facas, desfibrador) 0,87 g.t-1 57,05 0,050

Fonte: Xavier et al (2009)

4.4.4 Tratamento do caldo

O caldo extraído da cana contém grande quantidade de resíduos sólidos,

impurezas orgânicas e minerais, tais como, terra e microorganismos, que precisam ser

eliminados para se ter uma boa qualidade de açúcar e eficiência na produção de álcool.

Para a remoção dos sólidos em suspensão de maior tamanho, o caldo passa por uma

peneira. Porém, para a remoção das partículas menores, uma sequência de procedimentos

de tratamento físicos e químicos precisa ser adotada. Os principais são aquecimento,

sulfitação, calagem, flasheamento, decantação e filtragem.

Após o peneiramento, o caldo passa por um aquecimento prévio e

posteriormente, caso o caldo se destine à produção de açúcar branco, é comum a realização

de um processo de sulfitação de forma a promover o branqueamento e clarificação do

produto final.

Logo após, inicia-se o processo de calagem, que consiste na adição ao caldo

de proporções específicas de cal para se corrigir seu pH, o que é feito com o intuito de

tornar os processos físicos subseqüentes de tratamento de caldo mais eficientes. O caldo é

então novamente aquecido e levado a uma operação rápida de despressurização que reduz

levemente sua temperatura (processo de flasheamento). Este processo objetiva eliminar os

gases dissolvidos no caldo que, quando presente, dificultam a decantação das impurezas

mais leves.

O caldo segue para o decantador para separação das impurezas. A ação

física de decantação é acelerada pela adição química de polímeros e ácido fosfórico que

aglutinam e aumentam o peso das impurezas suspensas, precipitando-as mais rapidamente.

17

O caldo, agora chamado de caldo clarificado, segue para os processos

seguintes de produção de açúcar e de álcool. Já as impurezas formam o lodo, que é

posteriormente tratado em filtros e/ou prensas para se reaver parte dos resíduos de açúcar,

ainda presentes nesse material. Como resultado do tratamento do lodo obtém-se o caldo

filtrado e a torta de filtro. O caldo filtrado, geralmente, retorna ao processo inicial de

tratamento de caldo. Já a torta de filtro é retirada do processo industrial, para ser utilizada

na lavoura como fertilizante. Nesse ponto do processo industrial ocorre mais uma

significativa perda de açúcares, os que não são extraídos dos resíduos sólidos da torta de

filtro e conseqüentemente são perdidos (MARQUES, 2009).

Até a obtenção do caldo clarificado, com exceção da eventual operação de

sulfitação, não há diferenças entre os processos industriais da produção de açúcar e álcool.

É a partir deste ponto, no entanto, que o processo produtivo dos dois se diferencia (DAL

BEM et al, 2006).

Xavier et al (2009) mostraram alguns insumos utilizados no tratamento do caldo e

seus custos (tabela 7).

Tabela 7. Insumos e seus custos no tratamento do caldo

Insumo Consumo Custo

R$.kg-1 Total

R$.t-1 cana

Cal virgem 0,97 kg.t-1 cana 0,20 0,19

Anti-incrustante 103,78 g.t-1 açúcar 3,51 0,36

Floculante (decantador) 34,12 g.t-1 açúcar 9,40 0,32

Ácido fosfórico 3,35 kg.t-1 açúcar* 2,10 7,04

Floculante (decantador) 187,38 g.t-1 açúcar* 9,30 1,74

Enxofre 1,5 kg.t-1 açúcar 1,11 1,67

Floculante (xarope) 18,37 g.t-1 açúcar 10,82 0,20

Fonte: Xavier et al (2009)

* Açúcar branco

4.4.5 Evaporação

O caldo clarificado, resultado do tratamento de caldo, é aquecido

novamente e segue para a etapa de evaporação, realizada por meio de conjunto de

18

evaporadores (geralmente a vácuo) dimensionados para concentrar os sólidos para as

etapas seguintes. Geralmente, na produção de álcool, o caldo clarificado passa apenas por

um conjunto simples de evaporadores, ajustado para obtenção de uma concentração de

18% de sólidos a fim de otimizar a eficiência da fermentação. Em alguns casos, o caldo

clarificado, pode não passar pela etapa de evaporação e ser misturado apenas com o mel

residual resultante da produção do açúcar. Neste procedimento, já é possível atingir a

concentração de 18% de sólidos.

Para a produção de açúcar, o caldo clarificado passa por um conjunto de

evaporadores, geralmente 5, até atingir uma concentração de 65% de sólidos, ideal para o

início do processo de cozimento nas fábricas de açúcar.

Na fase de evaporação, é comum a ocorrência de perdas de açúcar por

arraste na evaporação e a decomposição dos açúcares redutores devido a altas

temperaturas. Por essas perdas serem de difícil determinação elas também são classificadas

como perdas indeterminadas. Após o processo de evaporação, o caldo passa a ser chamado

de xarope, “nome usado para o caldo concentrado na saída da evaporação destinado a

fábrica de açúcar” (DAL BEM et al, 2006). Para a obtenção do açúcar, ainda é necessário

se passar pelas fases de cozimento, centrifugação e secagem.

4.4.6 Fábrica de açúcar

Na produção de açúcar, o xarope saído da evaporação passa por flotadores,

para a retirada de outras impurezas, seguindo posteriormente para a etapa de cozimento.

Para casos de produção de açúcar de menor qualidade, o processo de flotação pode ser

dispensado. São normalmente empregadas duas ou três massas de cozimento.

Depois do primeiro cozimento, a massa cozida, chamada comumente de

massa A, é enviada para os cristalizadores, que funciona como um regulador de fluxo entre

o cozimento e a centrifugação. A fase seguinte consiste na centrifugação, quando os

cristais de açúcar são separados do mel (solução líquida rica em açúcares).

Após a separação, o mel da massa A retorna para o segundo processo de

cozimento, denominado cozimento da massa B. Nesse processo o mel da massa A é

misturado com xarope vindo da evaporação e se repetem os procedimentos de cristalização

e centrifugação. Nos processos mais comuns da região Centro-Sul do Brasil, o processo de

produção de açúcar encerra-se após o cozimento, cristalização e centrifugação da massa B.

19

Este processo, além de novos cristais de açúcar, gera um mel residual. Em usinas

puramente açucareiras esse é um subproduto, que pode ser considerado como perda devido

a restrições de mercado, porém, para a maioria das usinas típicas do Brasil, esse

subproduto, rico em açúcar, é destinado para a fabricação de álcool (MARQUES, 2009).

Essa forma de produção de açúcar é muito interessante porque simplifica,

otimiza e reduz custos na produção de açúcar, e é citado como uma das vantagens

competitivas da produção de açúcar no Brasil. A economia de custos da produção de

açúcar ocorre porque o processo repetitivo de cozimento, cristalização e centrifugação são

realizadas por menos equipamentos, que operam com matérias-primas mais concentradas

em açúcar e conseqüentemente em faixas de eficiência de maior recuperação de açúcares.

Além disso, o processo de produção de álcool também é beneficiado uma vez que o mel

residual já tratado e concentrado pode gerar economias na evaporação e concentração de

caldo para a fermentação.

Os produtos finais desse processo são, portanto, os cristais de açúcar e o

mel residual. Como última etapa do processo de fabricação de açúcar, os cristais são

levados por esteiras transportadoras ao secador onde recebem ar quente. O produto desta

etapa pode ser comercializado desta forma ou seguir para a fabricação de outros produtos:

o açúcar invertido, o açúcar refinado ou o açúcar líquido. Após a secagem, o açúcar segue

para o armazenamento que pode ser tanto armazenagem em sacaria como a granel

(MARQUES, 2009).

Os preços de venda desses açúcares são: Açúcar cristal US$22.02 por saca

de 50 quilos, açúcar refinado amorfo R$1,520 por saca de 1 quilo e açúcar cristal

empacotado R$5.750 por saca de 5 quilos (ÚNICA, 2010).

4.4.7 Fermentação

A fermentação é a operação mais complexa e importante da fabricação do

álcool. Nesse processo ocorre a transformação do ART caldo de cana em álcool, por meio

de leveduras, as quais realizam a transformação química das moléculas de açúcar em

moléculas de álcool.

A primeira etapa necessária na operação de fermentação consiste na

preparação da matéria-prima, ou preparo do mosto, resultante da mistura de caldo

concentrado vindo do tratamento de caldo, do mel residual vindo da fábrica de açúcar e

20

eventualmente de água. Esta mistura é realizada de forma que sejam proporcionadas boas

condições de controle de contaminação biológica, temperatura e concentração de açúcares

para a fermentação.

Além do preparo da matéria-prima, é necessário o preparo do agente de

fermentação, na operação chamada de preparo do fermento. No processo mais comumente

utilizado na indústria sucroalcooleira do Brasil, a levedura, antes de ser adicionada ao

mosto, recebe um tratamento com o objetivo de inibir a contaminação bacteriana

(competidores por açúcar) no fermento e criar condições de produção mais eficientes às

leveduras. Este tratamento consiste em uma diluição com água, adição de ácido sulfúrico

e/ou de tratamento bactericida (antibióticos). Esta suspensão de fermento diluído e

acidificada é conhecida popularmente como pé-de-cuba e permanece em agitação de uma

hora a três horas.

O mosto e o pé-de-cuba são então conduzidos às dornas (tanques) de

fermentação, onde são misturados na proporção 2:1. Depois de aproximadamente sete

horas de processo de fermentação, a mistura inicial transforma-se em uma mistura de

vinho, com solução líquida de concentração volumétrica entre 7% e 10% de álcool, e

leveduras.

Essa mistura de vinho e leveduras é então levada às centrífugas que separam

o vinho das leveduras, que são então recuperadas e conduzidas ao preparo do fermento

para serem reaproveitadas nos ciclos de fermentação subseqüentes. Em seguida, o excesso

de leveduras é retirado e processado para ser usado como fonte de proteína para ração

animal. Já o vinho resultante, composto basicamente por álcool e água, é bombeado para as

colunas de destilação onde ocorrerá a separação do álcool etílico, água, além de outros

compostos, gases e impurezas.

No processo de fermentação ocorre a maior perda industrial da produção de

álcool. A eficiência típica da reação de transformação de ART em álcool na indústria

brasileira situa-se na faixa de 85% a 90%. Ou seja, aproximadamente 10% a 15% do total

de ART que potencialmente poderia ser transformado em álcool, não é recuperado

(MARQUES, 2009).

Para que ocorra uma boa fermentação nesse processo são utilizados alguns

insumos e os custos destes estão apresentados na tabela 8.

21

Tabela 8. Insumos e seus custos no processo de fermentação

Insumo Consumo Custo

R$.kg-1 Total

R$.m-3

Ácido sulfúrico 6,94 kg.m-3 0,57 3,95

Dispersante 0,19 kg.m-3 11,63 2,21

Anti-espumante 0,37 kg.m-3 5,60 2,07

Antibiótico 4,48 g.m-3 212,82 0,95

Bactericida 91,17 g.m-3 4,86 0,44

Levedura 12,11 g.m-3 27,93 0,33

Nutriente 0,13 kg.m-3 1,74 0,22

Fonte: Xavier et al (2009)

4.4.8 Destilação

O processo físico de destilação possui a finalidade de realizar a separação

de misturas homogêneas, composta por líquidos com diferentes pontos de ebulição. Assim,

o processo de destilação nas usinas utiliza uma seqüência de destilações parciais que

aumentam a porcentagem de álcool nas misturas de vapores, até atingir um ponto de

concentração e nível de contaminação de impurezas específico. No Brasil, esse ponto é,

usualmente, definido para o álcool etílico hidratado carburante (AEHC) como sendo de

93% de concentração da massa do álcool etílico na massa da mistura total. Para se atingir

esse ponto, geralmente o vinho passa por duas colunas de destilação. Na primeira coluna o

vinho é decomposto em duas correntes: flegma e vinhaça. O flegma, mistura mais

concentrada e pura de álcool etílico e água, é conduzido à segunda coluna, para a etapa

conhecida como de retificação, cujo objetivo é concentrar o flegma para que se obtenha as

especificações do AEHC. Nessa coluna além do AEHC também se produz mais vinhaça.

O AEHC é em si um produto final das usinas que após a destilação é

condensado em trocadores de calor para voltar à forma líquida, sendo então armazenado

em tanques para a venda como combustível. Já a vinhaça é uma mistura de água, sais e

resíduos de alcoóis extraídos do vinho e que na saída das colunas de destilação é

condensado para ser aproveitado como fertilizante no campo, uma vez que é rico em

potássio.

22

Outro produto importante no Brasil é o álcool etílico anidro carburante

(AEAC) cuja concentração em massa é de 99,3% e por legislação é misturado na gasolina

em razões que variam entre 20 a 25%. Para o caso da produção do AEAC a destilação

simples não é mais tecnicamente possível. Dessa forma, para a produção do AEAC o

AEHC passa por processo denominado de desidratação alcoólica. O processo de

desidratação alcoólica mais comum nas usinas brasileiras também usa a destilação, mas

nesse caso o AEHC é misturado a produtos químicos, como o ciclohexano ou

monoetilenoglicol (MEG), chamados de desidratantes. Esses produtos possuem a

capacidade de alterar os pontos de ebulição da mistura final, permitindo a separação do

álcool da mistura de água e desidratante em uma nova coluna de destilação, a chamada

coluna de desidratação. Após a separação do AEAC a mistura é enviada a uma coluna de

destilação de recuperação em que se separa o desidratante da água, sendo o primeiro

reaproveitado em outro ciclo de desidratação alcoólica.

O AEAC já na sua forma líquida é levado aos tanques de armazenamento. O

produto destinado a comercialização no mercado brasileiro, na finalização do seu processo

de produção, por questões de legislação, deve ter adicionado na sua composição um

corante de cor laranja. A função desse corante é diferenciar o AEAC do AEHC, de forma a

facilitar a fiscalização tributária dos dois produtos (MARQUES, 2009). O custo desse

corante é de R$0,2028 por m3. Outro custo no processo de destilação é com a Soda

cáustica escama que possui um custo de R$0,294 por m3 e com a Soda cáustica líquida com

um custo de R$0,2782 por m3.

Assim como o açúcar, é fabricado mais de um tipo de etanol (álcool etílico)

e cada tipo possui um preço de venda diferente no mercado, o etanol anidro é vendido a

R$0.8392 por litro e o hidratado de R$0.7210 por litro (ÚNICA, 2010).

4.4.9 Geração de Vapor e Eletricidade

As usinas de álcool e açúcar necessitam de bastante energia nas formas

elétrica, mecânica e térmica para movimentação dos sistemas de processamento industrial

da cana-de-açúcar. A forma primordial de obtenção de energia para esses processos se dá

via produção de vapor e eletricidade. A etapa de geração de vapor consiste no

aproveitamento do bagaço como combustível básico da usina, para o aquecimento da água

obtida do tratamento de água e sua transformação em vapor.

23

Este processo é feito com a utilização de caldeiras, onde o vapor é gerado

em alta pressão, que variam de 15 kgf/cm² a 65 kgf/cm². Esses vapores são então utilizados

para o acionamento de turbinas, onde existe a transformação de energia térmica em

mecânica. Nas usinas, as turbinas a vapor, geralmente, são responsáveis pelo acionamento

de picadores, desfibradores, moendas, bombas de captação de água, assim como o

acionamento de geradores para a produção de eletricidade, necessária no processo de

fabricação de álcool e açúcar.

A geração de eletricidade das unidades industriais brasileiras típicas possui

potência de geração de eletricidade variando entre 5 e 15 MW. Para suprir o consumo

industrial, são necessários, aproximadamente, 12 kWh por tonelada de cana moída

(MACEDO, 2001). Assim sendo, tem sido comum o aproveitamento energético do bagaço

de cana para a geração de excedente de eletricidade, que é destinado para as áreas agrícolas

da usinas, principalmente para operação de sistemas de irrigação e/ou para a

comercialização no mercado de energia elétrica.

Na tabela 9 encontram-se alguns insumos e seus custos. Estes insumos são

utilizados na geração de vapor de uma usina.

Tabela 9. Insumos e seus custos no processo de geração de vapor

Insumo Consumo g.t-1 vapor

Custo R$.kg-1

Total R$.t-1 vapor

Sulfito 2,50 8,68 0,022

Dispersante 2,48 7,87 0,020

Fosfato 2,22 7,51 0,017

Neutralizante vapor 3,39 4,08 0,014

Fonte: Xavier et al (2009)

4.5 MODELAGEM MATEMÁTICA

Com o crescimento do setor sucroalcooleiro, surgiram muitos problemas ou

aumentaram a complexidade dos já existentes. Assim a gestão das empresas deste setor

tem que lançar mão de todas as possíveis ferramentas que possam auxiliar as tomadas de

decisões. Desta forma, a modelagem matemática pode contribuir em muitos campos desta

área.

24

A Modelagem não é novidade, é tão antiga quanto à própria Matemática e

vem sendo aplicada desde os tempos primitivos pelos povos em situações do seu cotidiano.

Seu conceito surgiu durante o Renascimento, para auxiliar na construção das idéias iniciais

da Física (BIEMBENGUT; HEIN, 2003). Atualmente, é um método da matemática

aplicada, usado em grande variedade de problemas econômicos, biológicos, geográficos,

de engenharia e de outros (CHAVES, 2005).

Modelagem matemática é a arte de transformar um problema real em

problema matemático, resolvê-lo e transpor as suas soluções na linguagem do mundo real,

ou seja, auxiliar na solução dos problemas reais. (BASSANEZI, 2002). A figura a seguir

esquematiza o processo de modelagem.

Figura 1 - Esquema do processo da Modelagem Matemática Fonte: Biembengut; Hein, 2003

O processo de modelagem passa por várias etapas, a saber:

Interação: É a fase preliminar em que ocorre o envolvimento com o tema

(realidade) a ser estudado /problematizado, através de um estudo indireto ou direto.

Matematização: Após a interação ocorre a “tradução” da situação-

problema para a linguagem matemática. É nesta fase que se formula um problema e

escreve-o segundo um modelo matemático que leve à solução.

Modelo Matemático: Seguindo o processo de modelagem ocorre a

validação do modelo obtido, através da análise das respostas que o modelo oferece quando

aplicado à situação que o originou, no sentido de verificar o quanto as respostas do modelo

são adequadas, ou não.

Assim, um modelo matemático é um conjunto de símbolos e relações

matemáticas que representa, de alguma forma, o objeto estudado. A importância de um

25

modelo matemático consiste em se ter uma linguagem precisa que expresse as idéias de

maneira clara, além de proporcionar resultados (teoremas) que propiciam o uso de métodos

computacionais para calcular suas soluções numéricas. Os modelos matemáticos não são

perfeitos, pois, os resultados são aproximações da realidade, e também não devem ser

considerados definitivos, ou seja, um bom modelo é aquele que propicia a formulação de

novos modelos (BASSANEZI, 2002).

Conforme Trivelato (2003), o modelo matemático é formulado de acordo

com a natureza do fenômeno ou situações analisadas e classificadas conforme o tipo de

matemática utilizada. Como classificado a seguir, o modelo matemático pode ser:

1. Linear e não-linear: conforme suas equações básicas possuírem essas

características.

2. Estático: quando representa a forma de um objeto, exemplo, a forma

geométrica de um alvéolo. Ou dinâmico: quando simula variações de estágios

do fenômeno, exemplo, crescimento populacional de uma colméia.

3. Educacional: quando é baseado em um número pequeno ou simples de

suposições, quase sempre, soluções analíticas. Este modelo geralmente não

representa a realidade com grau adequado para se fazer previsões, porém, serve

para adquirir experiência e fornecer idéias para a formulação de modelos mais

adequados à realidade estudada.

4. Estocástico ou determinístico: de acordo com o uso ou não de fatores

aleatórios nas equações. Os modelos determinísticos são um conjunto de

equações e inequações matemáticas, organizadas de forma que, ao serem

inseridas as condições iniciais do sistema sob análise, seja possível obter as

condições em um momento desejado. Os modelos estocásticos são aqueles que

descrevem a dinâmica de um sistema em termos probabilísticos. Os modelos

práticos utilizam este método, e quase todos os processos biológicos são

formulados com estes modelos quando se tem pretensões de aplicabilidade.

Existem outros modelos, como os modelos estatísticos, de regressão linear e

múltipla, exponencial, entre outros.

A modelagem tem sido importante ferramenta de decisão para viabilizar

sistemas racionais de produção, muitas pesquisas são realizadas com o objetivo de

compreender as relações entre os diversos fatores de produção. Sem o uso dos modelos

matemáticos, grande parte destas pesquisas só obtém resultados significantes a longo prazo

26

e com grande demanda de recursos (HANKS; RITCHIE, 1991; JONES; KINIRY,1986).

Existem vários trabalhos que foram desenvolvidos usando modelagem matemática, no

intuito de estimar a produtividade da cana-de-açúcar, buscando altos rendimentos, baixos

custos e racionalizando as relações entres os diferentes fatores de produção e visando o

máximo desempenho (BEAUCLAIR, 1991; BEAUCLAIR, 1994; BITTENCOURT et al.

1989; MATIOLI, 1998; PENATTI, 1991; SCARPARI, 2002).

4.5.1 Modelagem matemática envolvendo custo e energia da biomassa

residual

Florentino(2005), baseado em Ripoli (1991) calculou o balanço de energia

da biomassa residual do processo de coleta da cana-de-açúcar, considerando que a

variedade i foi plantada no talhão j de medida Lj (ha) e distância Dj (Km) do centro de

processamento. O balanço de energia é a diferença entre a energia gerada pelo resíduo de

colheita e a energia gasta no processo de transferência do palhiço do campo para o centro

de processamento.

A energia da biomassa residual de colheita da variedade i plantada no talhão

j, EBij (MJ) é calculada pela fórmula:

EBij = EcBi PBi Lj ...................................................................................................(4.1)

Sendo EcBi é a estimativa da energia calorífica gerada por uma tonelada do

resíduo de colheita da variedade i (MJ.t-1), PBi é a estimativa da massa de palhiço gerada

por um hectare de cana da variedade i, em t/ha, e Lj é a área do talhão j (ha).

A energia gasta no processo de transferência da biomassa da variedade i,

plantada no talhão j, para o centro de processamento (ETBij), é dada pela soma da energia

utilizada para enleirar e compactar (EECij), carregar (ECij) e transportar (ETij) esta biomassa.

ETBij = EECij + ECij + ETij .......................................................................................(4.2)

EEcij = EcEC Lj PBi ..................................................................................................(4.3)

27

Ecij = Ecc Lj PBi .....................................................................................................(4.4)

=

c

jijTij

V

LVDEcE T ................................................................................................(4.5)

Em que EcEC é a energia consumida pelas máquinas, sob a forma de

combustível, para enleirar e compactar o resíduo por unidade massa (MJ.t-1), Ecc é a

energia consumida pela máquina para carregar o resíduo por unidade de massa (MJ.t-1),

EcT é a energia consumida pelo caminhão em forma de combustível para o transporte do

resíduo (MJ.km-1), Vi é o volume de palhiço da variedade i por unidade área (m3.ha-1), Vc é

a capacidade de carga do caminhão (m3).

O balanço da energia da biomassa residual de colheita da cana-de-açúcar de

variedade i, plantada no talhão j (BEij) é determinado na forma:

BEij = EBij – ETBij ................................................................................................(4.6)

sendo,

BEij é o balanço de energia da biomassa residual de colheita de cana-de-açúcar, da

variedade i plantada no talhão j; EBij é a energia da biomassa residual de colheita da

variedade i plantada no talhão j; ETBij energia gasta no processo de transferência da

biomassa da variedade i, plantada no talhão j, para o centro de processamento.

Germek et al. (2005), com a finalidade de determinar, por meio de

simulação matemática, cenários para o aproveitamento dos resíduos da colheita e

otimização das rotas de produção sucroalcooleiras de cogeração, tendo em vista o

incremento de geração que será oferecida pelo palhiço com relação ao bagaço na produção

de energia elétrica, para ser comercializada junto às concessionárias privadas,

desenvolveram a seguinte equação.

Et = Ep +Eb = (TCH/3600) . 4,18 { [TP/TC . frp . Qp] + [Tb/TC . U . Qb] } . r.............(4.7)

sendo: Et = Energia gerada, em MWh

Ep= Energia gerada do palhiço, em MWh

Eb= Energia gerada do bagaço, em MWh

TCH = Tonelada de cana hora

Tp = Tonelada de palhiço

28

Tb = Tonelada de bagaço

frp = Fração de recolhimento de palhiço, em décimos (30%; 50%; 70% e tendendo

a 100%)

U = Fração de bagaço excedente em relação ao consumo próprio

Qp = Poder calorífico do palhiço, em 1500Mcal/t

TC = Tonelada de cana

Qb = Poder calorífico do bagaço, em 1800Mcal/t

r = Rendimento global da transformação calorífica em eletricidade, em décimos (r

= 0,20 a 0,25)

Ripoli (1991) apresentou um modelo para determinar a eficiência energética

do palhiço, que é a relação entre a quantidade de energia, na forma de combustível,

consumida pelas máquinas envolvidas nas operações e a quantidade de energia existente na

forma de palhiço, através da seguinte equação:

100PEP

CC1Ee ⋅

−= ............................................................................................(4.8)

considerando os coeficientes:

Ee = eficiência energética, (%);

CC = consumo equivalente de combustível, (MJ.kg-1-);

PEP = potencial energético do palhiço, (MJ.kg-1 ).

Além da eficiência energética este autor também equacionou um balanço

econômico do processo, através da equação:

( )

⋅+

+

⋅−= CHtDIS

COc

CHcQMR

COe

CHeVOBREP ......................................(4.9)

sendo:

REP = saldo econômico do processo de aproveitamento do palhiço.

VOB = custo de oportunidade na comercialização do bagaço excedente.

CHe = custo horário da operação de enleiramento.

COe = capacidade operacional de enleiramento.

QMR = massa estimada de material remanescente após a colheita mecanizada

CHc = custo horário da operação de carregamento.

COc = capacidade operacional de carregamento.

DIS = percurso da unidade de transporte, em cada ciclo operacional.

29

CHt = custo da operação de transporte do material remanescente.

Lima (2009) apresentou um modelo para o aproveitamento do palhiço

baseado em Ripoli (1991), em que o custo é dado pela equação:

( ) jijiij LCTCECCCc += ......................................................................................(4.10)

em que:

Ccij = custo de coleta do palhiço da variedade i plantada no talhão j

CECCi = custo para enleirar, compactar e carregar o caminhão com palhiço da

variedade i, (R$.t-1);

CTij = custo para transportar o palhiço de um hectare de cana da variedade i

produzido no talhão j, (R$.ha-1);

Lj = área do talhão j.

Florentino (2005) apresentou um modelo que consiste em otimizar o custo

do processo de transferência do palhiço da cana-de-açúcar, do campo para o centro de

processamento das usinas sucroalcooleiras e otimizar o balanço da energia da biomassa

residual da colheita.

O modelo consiste em determinar quais da n variedades i devem ser

plantadas nos k talhões j de medida Lj (ha) e distância Dj (km) do centro de produção (j =

1, 2, ..., k), que ofereça o menor custo possível para o processo de transferência do palhiço

do campo para o centro de processamento e maximizar o balanço de energia desse

processo, devendo satisfazer as restrições de sacarose e fibra da cana que são

recomendações da empresa para manter a qualidade da cana e a demanda de açúcar e

álcool, considerando toda a área destinada para o plantio da cana.

Sendo Xij a variável de decisão em que Xij = 1 implica que a cana de

variedade i deve ser plantada no talhão j e em caso contrário Xij = 0, tem-se o modelo:

( )

− ∑∑∑∑

====

ijij

k

1j

n

1iijij

k

1j

n

1i

XBE1;XCCMim ..........................................(4.11)

sujeito a

30

αkXα iji

k

1j

n

1i

≥∑∑==

..................................................................................(4.12)

Siji

k

1j

n

1i

i FkXFFk ≤≤ ∑∑==

......................................................................(4.13)

jtodosPara1X ij

n

ji

=∑=

.......................................................................(4.14)

0X ij = ou 1 i = 1,2,...,n e j = 1,2,...,k ....................................................(4.15)

onde,

i = 1, 2, ..., n são os índices que representam as variedades;

j = 1, 2, ..., k são os índices que representam os talhões;

CCij = custo de coleta do palhiço da variedade i plantada no talhão j, calculado pela

equação (4.7);

BEij = balanço de energia da biomassa residual de colheita de cana-de-açúcar, da

variedade i plantada no talhão j;

α = quantidade mínima estabelecida para o teor de POL da cana;

α i = estimativa de produção de sacarose da variedade i, (t.ha-1);

iF e SF = quantidades mínima e máxima estabelecidas para o teor de fibra da

cana;

Fi = estimativa do teor de fibra da variedade i.

A função objetivo (4.11) consiste em minimizar o custo para o processo de

transferência do palhiço do campo para o centro de processamento e simultaneamente

maximizar o balanço de energia. A restrição (4.12) garante que a demanda de açúcar

fermentescível seja atendida. A restrição (4.13) garante que o teor de fibra da cana

permaneça no limite recomendado pela usina. As restrições (4.14) garantem que toda a

área destinada para o plantio seja usada e também que seja plantada apenas uma variedade

de cana por talhão. Esse modelo pode ser resolvido por técnicas de programação linear

inteira multiobjetivo.

31

5. MATERIAL E METODO

Foram feitas consultas a literaturas disponíveis para entendimento de todo o

processo de fabricação de açúcar e álcool, desde o plantio da cana até o produto final,

levantamento de fatores que influenciam o custo e investigação de modelos matemáticos

para o cálculo do custo para todo o sistema de produção de açúcar e álcool.

Foram levantados os dados de custos para cada fase de fabricação do açúcar

e álcool. Estes dados foram organizados em tabelas, utilizando o aplicativo computacional

Microsoft Excel, no Laboratório Científico de Informática (LCI) do Departamento de

Bioestatística do Instituto de Biociências da UNESP de Botucatu.

Foi desenvolvida neste trabalho uma planilha para cálculo dos custos de

preparo de solo e plantio da cana, assim como o custo de colheita da cana. O custo foi

calculado para os dois tipos de colheita: manual e mecanizada, sendo o custo total de

colheita a soma destes. Na colheita mecanizada tem-se também o custo de recolhimento do

palhiço.

Para estimar estes custos, primeiro são selecionadas todas as variedades

adaptáveis ao solo local com suas respectivas produtividades e posteriormente resolve-se o

modelo proposto. Este modelo indicará quais as variedades da cana serão plantadas e a

área destinada para este plantio. O modelo é aplicado ao tipo de colheita requerida pelo

produtor: manual com queima e/ou mecanizada.

Definida a área de plantio de cada variedade a planilha calcula

automaticamente todos os custos de produção e entrega da cana.

32

Para a parte energética, foi calculado o consumo de energia não renovável,

ou seja, consumo de óleo diesel de cada operação da produção da cana, e depois esse

consumo de óleo diesel foi transformado em megajoule (MJ).

Para a energia produzida pelo palhiço utilizou-se a equação (4.1) e para o

gasto de energia do recolhimento do palhiço utilizou-se a equação (4.2), discutidas no

capítulo anterior. Para o balanço de energia foi feito a operação de subtração entre o total

de energia gerada e o total de energia gasta nas operações de produção da cana.

5.1 MODELO MATEMÁTICA PARA CUSTO

Para atender o objetivo desse trabalho, desenvolveu-se um modelo

matemático para estimar o custo do processo produtivo da cana de açúcar e auxiliar na

gestão das usinas e produtores.

O modelo matemático proposto consiste em determinar qual a área, em

hectare, que cada variedade de cana deve ser plantada de forma a obter o menor custo

possível para o processo de produção da cana, desde a preparação do solo até a entrega da

cana na usina. Para formulação do modelo, a área para plantio foi dividida em duas partes,

de acordo com a necessidade da usina, uma parte para plantio da cana que deverá ser

queimada na pré-colheita e outra para cana que será colhida crua. Esta divisão fez-se

necessária, pois os custos são diferentes para cada tipo de colheita. Na colheita de cana

queimada têm-se os custos de aceiro, queima, corte manual, carregamento da cana para o

caminhão e transporte da cana do campo para a usina. Na colheita mecanizada têm-se os

custos de corte e transporte da cana do campo para a usina.

5.1.1 Modelo para cana com colheita manual

Denotando CQi o custo de colheita por hectare da cana de variedade i tem-

se que para cana a ser queimada, CQi é calculado da seguinte forma:

CQi = Cai + Cqi + Ccoi + Ccai + Cti ...........................................................(5.1.1)

Em quem:

Cai é o custo do aceiro da cana de variedade i (R$.ha-1),

Cqi é o custo da queima da cana de variedade i (R$.ha-1),

Ccoi é o custo do corte da cana de variedade i (R$.ha-1),

33

Ccai é o custo do carregamento da cana de variedade i (R$.ha-1),

Cti é o custo de transporte da cana de variedade i (R$.ha-1).

Denotando por Xi a variável do modelo que fornecerá a área (ha) em que

deverá ser plantada a cana de variedade i, propõe-se o modelo:

i

n

i

i XCQ∑=1

min ........................................................................................(5.1.2)

sujeito a

AQXn

i

i =∑=1

...........................................................................................(5.1.3)

PXP i

n

i

i ≥∑=1

...........................................................................................(5.1.4)

FSXFFI i

n

i

i ≤≤∑=1

................................................................................(5.1.5)

VX i ≤≤0 , i=1, ..., n...........................................................................(5.1.6)

onde,

i = 1, 2, ..., n são os índices que representam as variedades;

AQ é a área total destinada ao plantio de cana que será colhida manualmente;

P é a quantidade mínima estabelecida para o POL da cana (t);

Pi é a estimativa de produção de sacarose da variedade i, (t.ha-1);

FI e FS são as quantidades mínima e máxima estabelecidas para a fibra da cana (t);

Fi é a estimativa de fibra da variedade i, (t.ha-1);

V é a área máxima que cada variedade pode ser plantada.

A restrição (5.1.3) garante que toda área destinada para o plantio é usada, a

restrição (5.1.4) garante a demanda de POL da usina, (5.1.5) garante que seja produzida a

quantidade de fibra requerida pela usina e as restrições (5.1.6) limitam a área de plantio das

variedades.

34

5.1.2 Modelo para cana com colheita mecanizada

Denotando CMi o custo de colheita por hectare da cana de variedade i a ser

colhida mecanicamente, CMi é calculado da seguinte forma:

CMi = Ccoi + Cti.........................................................................(5.1.2.1)

sendo: Ccoi é o custo do corte da cana de variedade i (R$.ha-1),

Cti é o custo de transporte da cana de variedade i (R$.ha-1).

Denotando por Xi a variável do modelo que fornecerá a área (ha) em que

deverá ser plantada a cana de variedade i, propõe-se o modelo:

i

n

i

i XCM∑=1

min ....................................................................................(5.1.2.2)

sujeito a

AMXn

i

i =∑=1

.......................................................................................(5.1.2.3)

PXP i

n

i

i ≥∑=1

........................................................................................(5.1.2.4)

FSXFFI i

n

i

i ≤≤∑=1

.............................................................................(5.1.2.5)

VX i ≤≤0 , i=1, ..., n........................................................................(5.1.2.6)

onde,

i = 1, 2, ..., n são os índices que representam as variedades;

AM é a área total destinada ao plantio de cana que será colhida mecanicamente;

P é a quantidade mínima estabelecida para o POL da cana (t);

Pi é a estimativa de produção de sacarose da variedade i, (t.ha-1);

FI e FS são as quantidades mínima e máxima estabelecidas para a fibra da cana (t);

Fi é a estimativa de fibra da variedade i, (t.ha-1);

V é a área máxima que cada variedade pode ser plantada.

A restrição (5.1.2.3) garante que toda área destinada para o plantio é usada,

a restrição (5.1.2.4) garante a demanda de POL da usina, (5.1.2.5) garante que seja

35

produzida a quantidade de fibra requerida pela usina e as restrições (5.1.2.6) limitam a área

de plantio das variedades.

As formulações dos modelos dos itens 5.1.1 e 5.1.2 são modelos de

programação linear, que podem ser resolvidos por qualquer software de otimização linear,

inclusive utilizando a ferramenta Solver da planilha Excel. Esses modelos também podem

ser resolvidos pelo método simplex, o apêndice desta dissertação apresenta maiores

discussões sobre a Programação Linear e o método simplex.

No próximo capítulo será apresentada uma aplicação desta metodologia.

36

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo é apresentada uma aplicação da planilha desenvolvida para

resolver o modelo dos itens 5.1.1 e 5.1.2. A planilha contém uma interface de entrada e

saída. Os dados de entrada são: área total para o plantio, áreas de colheita manual e

mecanizada e as variedades que são adaptáveis ao solo. Conforme a Figura 2, deve-se

colocar 1 se a variedade é adaptável ao solo e 0 em caso contrário.

Qual a área disponível para plantio da cana (ha) ? 0

Qual a área disponível para colheita manual (ha) ? 0

Qual a área disponível para colheita mecanizada(ha)? 0

As variedades consideradas nesta planilha são:

Variedades

1 SP80-1816

2 RB72454

3 SP80-3280

4 SP81-3250

5 RB855536

6 RB855113

7 SP79-1011

8 RB835486

9 RB711406

10 SP70-1143

11 SP70-1284

12 SP70-6163

13 SP71-3146

14 NA5679

Digite 1 se a variedade for adaptável ao

solo e 0 caso contrario

DADOS DA ÁREA

VARIEDADES

0

1

1

0

DADOS DE ENTRADA

0

1

0

1

0

0

1

1

1

1

Figura 2 Interface de entrada da planilha onde são inseridos os dados

37

A planilha contém algumas das variedades mais utilizadas no estado de São

Paulo, mas a qualquer momento pode ser facilmente modificadas ou inseridas novas

variedades, desde que se conheça os parâmetros necessários para implementação do

modelo, conforme a Tabela 10.

Com os dados de entrada, o modelo de programação linear é executado e

automaticamente são gerados os dados de saída.

Os dados de saída são: a área que cada variedade deve ser plantada, as

estimativas dos custos por operação e total, gastos de energia por operação e do balanço

energético, conforme mostra a Figura 3.

Figura 3 Interface da saída de dados

38

A planilha foi aplicada utilizando dados de uma usina da região de

Taquarituba SP conforme Lima (2009). Trabalhou-se, portanto, com as seguintes

variedades adaptáveis ao solo: SP80-1846, RB72454, SP80-3280, SP81-3250, RB855536,

RB855113, SP79-1011, RB835486, RB711406 e SP70-1143.

A Tabela 10 apresenta os dados das variedades que são necessários para a

aplicação do modelo. Em que i = índice associado as variedades, Vi = estimativa do

volume do palhiço produzido em uma tonelada da variedade i (obtido a partir da massa

especifica do palhiço), PBi = produtividade de palhiço da variedade i, EcBi = poder

calorífico útil do palhiço produzido pela variedade i, Ai = produtividade de açúcar

fermentescível (POL) da variedade i, Qi = estimativa do volume do palhiço por unidade de

área plantada da variedade i e Fi = produtividade de fibra da variedade i.

Tabela 10. Dados das variedades adaptáveis ao solo da Usina.

i Variedade Vi PBi EcBi Ai Qi Fi Produtividade m3.t-1 t.ha-1 Mcal.t-1 t.ha-1 m3.ha-1 t.ha-1 t.ha-1

1 SP80-1816 7, 964 33,36 2671,99 16,42 354,2 13,94 100,00

2 RB72454 8, 610 37,58 2649,95 20,40 299,28 12,9 186,00

3 SP80-3280 9, 369 36,72 2602,14 18,46 316,18 12,63 158,00

4 SP81-3250 10, 619 34,25 1947,85 18,38 320,85 11,32 179,00

5 RB855536 9,78 26,43 2211,95 17,05 258,46 12,51 165,00

6 RB855113 10,87 29,38 2310,37 17,54 319,38 10,91 155,00

7 SP79-1011 8,91 24,09 1977,47 15,80 214,72 10,33 158,00

8 RB835486 9,56 21,53 2444,2 12,84 205,77 9,28 155,00

9 RB711406 12,32 33,20 2008,83 20,77 410,29 16,12 183,00

10 SP70-1143 7,05 22,14 1924,8 15,01 155,98 11,59 155,00 Fonte: Lima (2009)

Para ilustração do funcionamento desta planilha, utilizou-se as 10

variedades e uma área de 315,81 hectares, que foi dividida em duas partes, de acordo com

a exigência da usina, uma de 100 hectares para a cana colhida manualmente com queima e

outra de 215,81 hectares para colheita mecanizada. As entradas destes dados são feita da

seguinte forma: Primeiro insere se os dados de área total, depois os dados de área destinada

39

à colheita manual e mecanizada e em seguida escolhem-se as variedades adaptáveis,

digitando-se 1 para as que são adaptáveis e 0 em caso contrário (Figura 4).

Qual a área disponível para plantio da cana (ha) ? 315,81

Qual a área disponível para colheita manual (ha) ? 100,00

Qual a área disponível para colheita mecanizada(ha)? 215,81

As variedades consideradas nesta planilha são:

Variedades

1 SP80-1816

2 RB72454

3 SP80-3280

4 SP81-3250

5 RB855536

6 RB855113

7 SP79-1011

8 RB835486

9 RB711406

10 SP70-1143

11 SP70-1284

12 SP70-6163

13 SP71-3146

14 NA5679

Digite 1 se a variedade for adaptável ao

solo e 0 caso contrario

DADOS DA ÁREA

VARIEDADES

1

1

1

1

DADOS DE ENTRADA

1

0

0

0

0

1

1

1

1

1

Figura 4 Interface de entrada da planilha com os dados inseridos

Os modelos dos itens 5.1.1 e 5.1.2 determinaram as variedades a serem

plantadas para cada área, de forma que os custos fossem mínimos, atendendo às restrições

impostas. Observa-se na interface de saída, Figura 5, que para a área com colheita manual

o modelo determinou três variedades, SP80-1816 com 50,0 ha, SP80-3280 com 31,2 ha e

RB855113 com 18,8 ha, e para a área de colheita mecanizada determinou quatro

variedades, que foram, as variedades SP80-1816 com uma área de 71,9 ha, SP80-3280 com

área de 59,0, RB855536 com 71,9 ha e SP70-1143 com 12,9 ha.

40

Figura 5 Resultado da aplicação dos modelos dos itens (5.1.1 e 5.1.2)

A partir do resultado do modelo, a planilha desenvolvida calcula

automaticamente as estimativas de custos para produção e entrega da cana na usina. A

Figura 6 apresenta os resultados gerados pela planilha para os custos de produção da cana-

de-açúcar para uma área de 315,81 hectares.

Figura 6 Custo de produção da cana-de-açúcar para a área de 315,81 hectares

Como mostra a figura 6 o custo total para a produção de cana foi de

R$1.845.703,05, estimando, portanto, um custo de R$5.982,78 por hectare. O custo de

colheita foi de R$690.416,70, que é a soma da colheita manual (R$188.426,31) e colheita

41

mecanizada (R$502.035,40), a colheita mecanizada apresentou maior custo por ser uma

operação totalmente mecanizada, ou seja, maior consumo de combustível.

Na Figura 7 apresentam-se os custos separados por operação em

porcentagem. O plantio representou a maior participação nos custos com 48,61 %, seguida

da colheita com 37,41%, do preparo de solo com 8,87% e do recolhimento do palhiço com

5,11 % do custo total de produção.

CUSTOS POR OPERAÇÃO

8,87

48,61

37,41

5,11

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

PREPARO DE SOLO PLANTIO COLHEITA RECOLHIMENTO DO

PALHIÇO

Po

rcen

tag

em

Figura 7 Custo de operações em porcentagem da produção de cana

Na Figura 8 são apresentados resumidamente as estimativas do gasto de

energia não renovável (consumo de combustível) por etapa de produção da cana-de-açúcar,

para uma área de 315,81 hectares.

PREPARO DE SOLO MJ 1.808.326,85

PLANTIO MJ 1.096.574,90 Manual Mecanizada

COLHEITA MJ 1.816.256,51 246.776,47

PALHIÇO MJ 456.647,98

TOTAL MJ 5.177.806,24

GASTO DE ENERGIA POR OPERAÇÃO (MJ)

1.569.480,04

Figura 8 Total de energia não renovável gasta por operação

42

Como mostra a Figura 8, a estimativa do consumo de energia não renovável

foi de 5.176.776,74 MJ, o preparo de solo apresentou maior consumo de energia não

renovável seguido da colheita mecanizada, a operação de colheita manual foi a que

apresentou o menor gasto de energia não renovável.

A Figura 9 mostra que a operação de colheita envolve o maior consumo de

energia 35,08 % do total, seguida pela operação de preparo de solo com 34,92%, plantio

com 21,18% e recolhimento do palhiço com 8,82% do gasto total de energia.

GASTO DE ENERGIA POR OPERAÇÃO

34,92

21,18

35,08

8,82

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

PREPARO DE SOLO PLANTIO COLHEITA RECOLHIMENTO DO

PALHIÇO

Po

rcen

tag

em

Figura 9 Gasto de energia não renovável por operação

A energia gerada pelo palhiço foi de 17.485.583,23 MJ, portanto o balanço

de energia foi de 12.308.806,49 MJ, conforme determinado na planilha, veja a Figura 10.

BALANÇO DE ENERGIA 12.308.806,49

BALANÇO DE ENERGIA (MJ)

Figura 10 Balanço de energia não renovável

43

7. CONCLUSÃO

Como foi visto na revisão de literatura o processo de produção de açúcar e

álcool é complexo, e envolve várias etapas e custos. Assim, foi estudado um modelo

matemático de programação linear para minimizar as estimativas de custos e balanço de

energia desse processo, além de, desenvolver uma planilha para auxiliar nas tomadas de

decisões.

As investigações feitas durante o desenvolvimento deste projeto mostraram

que as empresas sucroalcooleiras têm crescido em um ritmo muito acelerado. Com as

grandes dimensões atuais destas empresas, o gerenciamento deste setor tem sido cada dia

mais complexo, tendo necessidade de lançar mão de ferramentas que auxiliem nas tomadas

de decisões. Assim, as técnicas matemáticas e computacionais tem sido um instrumento de

grande auxílio. O modelo de programação linear proposto para minimização de custos,

juntamente com a planilha implementada neste trabalho, mostram-se ferramentas

promissoras para este fim.

44

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas/Departamento de Economia,

50

Administração e Sociologia. 2009. 82 p. Relatório apresentado a Confederação da

Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA.

51

9. APÊNDICE

9.1 PROGRAMAÇÃO LINEAR

Este apêndice apresenta uma introdução da Programação Linear, a qual é

uma técnica matemática de otimização amplamente aplicada para resolução de problemas

reais em diversas áreas do conhecimento.

A programação linear teve sua criação nos anos 40 com o desenvolvimento

do algoritmo Simplex por George Dantzig. Aplicações em engenharia, ciência da

computação, economia e matemática são inúmeras. Alguns pesquisadores consideram que

os algoritmos de programação linear são os mais empregados na ciência da computação.

Em 1979, Khachiyan propôs o primeiro algoritmo de tempo polinomial para

programação linear. Este algoritmo, conhecido por métodos elipsóides, não teve sucesso

prático em virtude do tamanho das matrizes geradas, pela necessidade de precisão

numérica acentuada e em decorrência de instabilidade numérica. Em 1984, Karmakar

desenvolveu um algoritmo de ponto-interior com tempo polinomial e potencial para

resolver instâncias práticas.

Apesar do tempo polinomial dos algoritmos de ponto interior, o algoritmo

Simplex continua sendo muito empregado, em parte porque ele ainda é mais eficiente em

uma gama considerável de problemas, é de fácil implementação computacional e também

em função de suas aplicações em outros tipos de problemas de programação matemática.

52

9.2 O PROBLEMA DE OTIMIZAÇÃO

O problema geral de otimização consiste em minimizar ou maximizar uma

função f (chamada função objetivo) em um domínio dado por { x ∈ Rn /g(x) ≤ 0 }

(chamado de conjunto de restrições, que poderia também ser g(x) = 0 ou g(x) ≥ 0). Na

programação matemática este problema é expresso na forma:

Minimize f(x)

Sujeito a: (1)

g(x) ≤ 0

x ∈ Rn

Em que: a função objetivo f : Rn → R; as restrições g : Rn → Rp limitam o espaço de

soluções do problema, chamadas de soluções factíveis ou soluções viáveis e x é o vetor

com as variáveis de decisão.

Dependendo da natureza do problema de otimização (1), a função objetivo,

bem como as restrições assumem diferentes características, necessitando assim de

diferentes técnicas para a sua resolução. Se f(x) e/ou g(x) forem não lineares, tal que x =

(x1, x2 ,x3, ..., xn), xi ∈ R, i = 1, ..., n, tem-se um problema de programação não linear ou

PPNL. Se f(x) e g(x) forem lineares, tal que x = (x1, x2, x3, ..., xn), xi ∈ R, i = 1, ..., n, tem-

se um problema de programação linear ou PPL. Para f(x) e g(x) lineares, tal que x = (x1, x2,

x3, ..., xn), xi inteiro para todo i ∈ {1 ,2, ..., n}, tem-se um problema de programação linear

inteira ou PPLI. Quando f(x) e g(x) forem lineares, tal que x = (x1, x2, x3, ..., xn), xi inteiro

para algum i ∈ {1 ,2, ..., n}, tem-se um problema de programação linear inteira mista ou

PPLIM.

O foco deste texto são problemas de programação linear. A seguir será

abordado o modelo matemático de um PPL e discutido a forma de resolução deste.

9.3 O PROBLEMA DE PROGRAMAÇÃO LINEAR

O problema de programação linear é um problema da forma (1), onde a

função objetivo f(x) é linear (da forma: f(x) = ctx, podendo ser maximizada ou

minimizada) e as equações g(x) são lineares (da forma: Ax-b e essas restrições podem ser:

53

= 0, ≥ 0, ≤ 0). Resumindo, o problema de programação linear, na forma padrão, é definido

como:

Minimize ctx

Sujeito a: (2)

Ax = b

x ≥ 0

Em que A, c, b e x têm dimensões apropriadas.

A programação linear é a área da matemática que estuda a modelagem e

técnicas de resolução de problemas de programação linear (PPL) da forma definida em (2).

A resolução do modelo de programação linear (2) consiste em determinar o vetor x que

satisfaça as restrições impostas e otimize a função objetivo. Havendo solução possível e

não havendo solução ilimitada, solução ótima é a solução factível que otimiza a função

objetivo.

A modelagem matemática de um problema de otimização parte do

conhecimento de um problema real onde o objetivo é maximizar ou minimizar uma

quantidade que depende de uma variável de decisão e o sistema todo está sujeito a um

conjunto de restrições que limitam a região de busca da solução do problema. Modelado o

problema, ou seja, colocado o problema em forma de equações matemáticas, o próximo

passo é identificar qual o método de otimização deverá ser usado para resolução deste. Se

as variáveis de decisão forem reais e contínuas e as equações envolvidas na modelagem

forem todas lineares, ou seja, se for um PPL, existem dois eficientes métodos de resolução

deste: o Método Simplex e o Método de Pontos Interiores.

A seguir serão discutidas a modelagem e resolução de um PPL. O método

de resolução abordado é o Simplex, devido sua eficiência e facilidade de implementação

computacional.

9.3.1 Modelagem do problema de programação linear

Na modelagem de um problema real deve estar bem definido o seguinte:

i. Conjunto de variáveis manipuláveis do problema: variáveis de decisão x.

ii. Objetivo a ser alcançado, representado pela função objetivo ctx (função linear

das variáveis de decisão, que deve ser maximizada ou minimizada).

54

iii. Restrições do sistema Ax=b (equações lineares representadas através das

variáveis de decisão).

De forma geral, o problema de programação linear na forma padrão tem a seguinte

estrutura:

Minimize Z = c1x1+c2x2+c3x3+......+ cnxn

sujeito às restrições:

a11x1 + a12x2 + ... + a1nxn = b1

a21x1 + a22x2 + ... + a2nxn = b2

. . . .

. . . .

am1x1 + am2x2 + ... + amnxn = bm

x1 ≥ 0, …, xn ≥ 0

Ou na forma matricial:

Min ctx

Sujeito a:

Ax = b

xi ≥ 0, i=1,2, ..., n

Em que:

,

A= x= b = e c = .

O algoritmo para resolução do PPL que será apresentado exige que o

problema esteja na forma padrão apresentada, ou seja, a função objetivo de minimização,

restrições de igualdade e variáveis não negativas. Todo PPL pode ser colocado na forma

padrão definida, bastando algumas simples operações matemáticas, conforme será visto a

seguir.

(3)

mnmm

n

n

aaa

aaa

aaa

...

...

...

...

...

...

21

22221

11211

nx

x

x

.

.

.2

1

mb

b

b

.

.

.2

1

nc

c

c

.

.

.2

1

55

9.3.2 Padronização de problemas

Qualquer problema de programação linear pode ser convertido em um

problema na forma padrão.

• Convertendo uma função objetivo de maximização em uma função de

minimização.

Um problema de maximização pode ser convertido em um problema

minimização usando a propriedade:

−= ∑∑

==

n

iii

n

iii xcMinxcMax

11).1(

• Convertendo uma desigualdade em igualdade.

As restrições de desigualdade podem ser convertidas em igualdade

adicionando variáveis de folga ou de sobra:

Se a i-ésima restrição for da forma ij

n

jij bxa ≤∑

=1 ela pode ser convertida em

iij

n

jij byxa =+∑

=

)(1

com yi ≥ 0. Neste caso, foi adicionada uma variável de folga yi na

expressão.

Se a i-ésima restrição for da forma ij

n

jij bxa ≥∑

=1 ela pode ser convertida em

iij

n

jij byxa =−∑

=

)(1

com yi ≥ 0. Neste caso, foi adicionada uma variável de sobra yi na

expressão.

• Não-negatividade das Variáveis:

Se xj ≤ 0 então deve ser feita a mudança de variável vj = -xj onde vj ≥ 0 e

substituir vj no lugar de -xj no PPL.

Se xj for livre em sinal (irrestrita), então deve ser feita a mudança de

variável xj = v’j - v’’j onde v’j≥ 0 e v’’j ≥ 0 e substituir xj no PPL.

56

São apresentados a seguir alguns exemplos:

Problema original Problema na forma Padrão

Minimize Z = 3 x1 + 2 x2 Minimize Z = 3 x1 + 2 x2

Sujeito a: Sujeito a:

2 x1 + x2 ≤ 4 2 x1 + x2 + y1 = 4

3 x1 – 2 x2 ≤ 6 3 x1 – 2 x2 + y2 = 6

x1 ≥ 0, x2 ≥ 0 x1 ≥ 0, x2 ≥ 0, y1≥ 0, y2 ≥ 0

Maximize Z = 2x1 + 3x2 + 4x3 Minimize Z = -2x1 - 3x2 - 4x3

Sujeito a: Sujeito a:

3x1 + 2x2 – 3x3 ≤ 4 3x1 + 2x2 – 3x3 + y1 = 4

2x1 + 3x2 + 2x3 ≤ 6 2x1 + 3x2 + 2x3 + y2 = 6

3x1 – x2 + 2x3 ≥ 8 3x1 – x2 + 2x3 – y3 = 8

x1 ≥ 0, x2 ≥ 0, x3 ≥ 0 x1 ≥ 0, x2 ≥ 0, x3 ≥ 0, y1 ≥ 0, y2 ≥ 0, y3 ≥ 0

Maximize Z = 3x1 + 2x2 + 3x3 Minimize Z = -3x1 – 2x2 - 3v1 +3v2

Sujeito a: Sujeito a:

2x1 + 6x2 + 2x3 = 7 2x1 + 6x2 + 2v1-2v2 = 7

3x1 + 2x2- 5x3 = 8 3x1 + 2x2- 5v1+5v2 = 8

3x1 + 2x2+ 2x3 ≥ 4 3x1 + 2x2+ 2v1-2v2 – y1 = 4

x1 ≥ 0, x2 ≥ 0, x3 livre x1≥ 0, x2≥ 0, y1 ≥ 0, v1 ≥ 0, v2 ≥ 0

Onde x3 = v1 – v2

9.3.3 Geometria dos problemas de programação linear

Seja f(x) = ctx, a função objetivo de um PL. Para minimizar o valor da

função objetivo, deve-se andar na direção e sentido do vetor - c (i.e., mesma direção e

sentido contrário do vetor gradiente da função f, ou seja -∇ f(x) = - c):

f(x - λc) = ct(x - λc) = c

tx - λc

tc = f(x) - λ|c|

2 ≤ f(x) para um passo λ ≥ 0 e x

factível.

O exemplo 1 apresenta um método gráfico para resolução de um PPL,

quando este tem uma única solução ótima e quando apresenta mais que uma solução ótima.

(a)

(b)

(c)

57

Exemplo 1 – Método gráfico de resolução de um PPL (uma única solução ótima):

Seja o PPL:

Minimize z = -4x1 - 3x2

sujeito a:

x1 + x2 ≤ 4

5x1 + 3x2 ≤ 15

x1 ≥ 0, x2 ≥ 0

A figura 11 mostra a geometria do conjunto das soluções possíveis do

problema, definido pela intersecção dos semi-espaços x1 + x2 ≤ 4, 5x1 + 3x2 ≤ 15, x1 ≥ 0 e

x2 ≥ 0 e também o vetor de direção e sentido de decrescimento da função objetivo. A

função objetivo decresce na mesma direção e sentido contrário ao vetor gradiente de z(x),

ou seja, na direção e sentido do vetor -∇ z(x) = (4,3).

Figura 11 Conjunto das soluções possíveis do problema do exemplo 1, definido pela intersecção

dos semi-espaços x1 + x2 ≤ 4, 5x1 + 3x2 ≤ 15, x1 ≥ 0 e x2 ≥ 0 e vetor que dá a direção e sentido de

decrescimento da função objetivo.

A figura 12 apresenta algumas curvas de nível da função z(x), no plano

x1x2. Foram traçados diferentes níveis, percorrendo o conjunto de soluções possíveis, em

busca da solução ótima. Observa-se que qualquer valor z ≤ -13,5, o valor z = -15, encontra-

se fora da região de solução do problema. Assim o valor ótimo da função objetivo é z = -

13,5.

x1

x2

x2 = 0

x1 + x2 = 4

5x1 + 3x2 = 15

x1 = 0

Hiperplanos:

Direção e sentido do vetor -∇ z(x) = (4,3))

Vetor de direção e sentido de decrescimento da função objetivo:

58

Figura 12 Geometria da função objetivo. Curvas de nível da função objetivo z(x) e solução ótima do problema.

A solução para este problema é x1 = 3/2 e x2 = 5/2. Esses valores fazem com

que a função objetivo tenha seu menor valor, z = -13,5.

Considere o PPL

Minimize ctx

Sujeito a:

Ax = b

xi ≥ 0, i=1,2, ..., n

Suponha que existam duas soluções ótimas para o PPL, ou seja, x1 e x2 são

soluções ótimas para o problema de programação linear. Logo:

Ax1 ≤ b, Ax2

≤ b e cTx1 = cTx2 = Min ctx = zmin

Se x1 e x2 são duas soluções possíveis, qualquer ponto que esteja no

segmento de reta que une essas duas soluções também é uma solução possível. Esse

segmento é definido como:

{x ∈ Rn | x = λx1 + (1-λ)x2, 0 ≤ λ ≤ 1}.

curvas de nível da função objetivo z(x)

x1

x2

Z = - 13,5

Z = - 15

Z = - 9 Z = - 12

59

Para qualquer ponto x* = λx1 + (1-λ)x2, 0 ≤ λ ≤ 1, no segmento de reta que

une x1 e x2:

Ax* = A (λx1 + (1-λ)x2) = (λAx1 + (1-λ)Ax2) = λb + (1-λ)b = b

Este resultado assegura que qualquer ponto no segmento de reta que une

duas soluções possíveis também é uma solução possível para o problema de programação

linear. E mais:

cTx* = cT (λx1 + (1-λ)x2) = (λcTx1 + (1-λ) cTx2) = λzmin + (1-λ)zmin = zmin

Este resultado assegura que qualquer ponto no segmento de reta que une

duas soluções ótimas, também é uma solução ótima para o problema de programação

linear.

O método gráfico para resolução de PPL é muito limitado, servindo apenas

para ilustração didática, pois nos problemas reais, em geral existem muito mais que duas

variáveis de decisão, tendo necessidade de utilização de algoritmos de otimização para

busca da solução ótima e apoio computacional.

9.3.4 Resolução de problemas de programação linear

Como já foi discutido, existem dois eficientes métodos de resolução de

PPL: o Método Simplex e o Método de Pontos Interiores. O método de resolução abordado

neste trabalho é o Simplex, devido sua facilidade de implementação computacional e ao

seu bom desempenho computacional.

Foi visto na resolução gráfica de PPL, que a solução ótima de um problema

de programação linear deve estar localizada nos vértices do conjunto de soluções possíveis.

Portanto, a busca de solução para o problema deve ser feita dentre os pontos extremos em

um conjunto de soluções possíveis, o que permite obter a solução ótima para o problema

dentro de um número finito de iterações. E essa é a idéia do Método Simplex, que será

apresentado a seguir.

O Método Simplex é um algoritmo criado para obter a solução de um PPL.

Um algoritmo é um conjunto de regras que devem ser seguidas passo a passo para se obter

o resultado desejado.

Os passos abordados a seguir referem-se a um problema de programação

linear de na forma padrão definida. Para iniciar o Método Simplex é necessária a existência

60

de uma solução básica viável inicial, que é um dos pontos extremos (vértice) do conjunto

factível, mostrado no método gráfico. O método Simplex verifica se a presente solução é

ótima, em caso afirmativo o problema está resolvido, caso contrário, outra solução básica

viável é obtida através da redução Gauss-Jordan sob o sistema Ax=b. Ou seja, há uma

mudança de vértice de forma a diminuir o valor da função objetivo e verifica se este novo

vértice é ótimo, este procedimento é repetido até que a solução ótima seja encontrada. A

fundamentação teórica deste método está apresentada a seguir.

9.4 FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICAS DO MÉTODO SIMPLEX

DETERMINAÇÃO DE SOLUÇÕES BÁSICAS

Considere o sistema de equações lineares:

Ax=b (4)

Em que x∈ Rn, b∈ Rm e A ∈ Rmxn com m≤ n, ou seja, sistema é retangular.

Teorema 1:

Seja A uma matriz A ∈ Rmxn com m = n. Se a matriz A possui m

colunas a1, a2,…, am linearmente independentes, então para qualquer b ∈ Rm o sistema

tem solução em Rn.

Definição 1.1:

Seja Ax=b, A ∈ Rmxn, b ∈ Rm e x ∈ Rn (m ≤ n). Se A possui uma

submatriz B∈ Rmxm onde o determinante de B é não nulo então se diz que B é uma

submatriz base de A, ou seja, a matriz B formada por estas colunas é uma base para Rm.

Definição 1.2: Variáveis básicas e não básicas.

Considerando-se o sistema Ax=b, definido em (4) e B ∈ Rmxm uma

submatriz base de A. Portanto a matriz A pode ser particionada na forma:

A = [B; N],

• B é chamada submatriz base de A e N formada pelas (n - m) colunas restantes de A

é chamada submatriz não base de A.

• As variáveis associadas à submatriz B são denominadas variáveis básicas (xB).

61

• As variáveis associadas à submatriz N são denominadas variáveis não básicas (xN).

Pelas definições anteriores podem ser feitas as seguintes partições no

sistema Ax=b:

A = [B; N],

=

N

B

x

xx .

Logo se pode escrever:

Ax=b [ ] ⇔=

⇔ b

x

xNB

N

B: BxB+NxN=b.

Portanto, o sistema Ax=b é equivalente ao sistema:

BxB+NxN=b. (5)

Como existe B-1, podemos determinar xB :

xB = B-1b - B-1NxN

Isto define uma possível solução para o sistema Ax=b, fazendo todos os

elementos de xN iguais a zero temos a solução: x B = B-1b , x N=0 ou seja

=

N

B

x

xx

.

Definição 1.3: Solução básica de Ax=b

Seja o sistema Ax=b definido em (4), então uma solução

=

N

B

x

xx

onde x B = B-1b e x N=0 é denominada solução básica do sistema Ax=b.

Definição 1.4: Solução básica viável (factível) de um PPL

Seja o PPL:

Min ctx

Sujeito a:

Ax = b

xi ≥ 0, i=1,2, ..., n

x é denominada solução básica factível (viável) para o PPL se, e somente se:

62

=

N

B

x

xx ≥ 0 e x B = B-1b e x N = 0.

Exemplo 2 - Considere o PPL:

Maximizar Z = x1 + x2

Sujeito a:

2x1 + x2 ≤ 8

x1 + 2x2 ≤ 7

x2 ≤ 3

x1 ≥ 0; x2 ≥ 0

Colocando o PPL na forma padrão :

Minimizar -Z = -x1 - x2

Sujeito a:

2x1 + x 2 + x 3 = 8

x 1 + 2 x 2 + x 4 = 7

x 2 + x 5 = 3

x 1 ≥ 0; x 2 ≥ 0; x 3 ≥ 0; x 4 ≥ 0 ; x 5 ≥ 0

O sistema pode ser colocado na forma matricial Ax=b, onde a matriz A é da

forma:

2 1 1 0 0

1 2 0 1 0

0 1 0 0 1

Assim pode-se identificar as submatrizes B e N na matriz A

1 0 0

0 1 0

0 0 1

2 1

1 2

0 1

B=

N=

A=

63

Como visto, o sistema Ax=b pode ser colocado na forma BxB+NxN=b e

obter xB = B-1b - B-1NxN. Portanto:

X3 = 8 – 2X1 – X2

X4 = 7 – X1 – 2X2

X5= 3 – X2

Para obter uma solução básica, basta fazer X1 = 0 e X2 = 0, assim tem-se

X3 = 8

X4 = 7

X5= 3

Ou seja, uma solução básica viável para o PPL em questão é:

xt = (0 0 8 7 3)

Para obter outra solução básica para o PPL, basta escolher uma nova coluna

para sair (associadas aos xB) da submatriz B e uma para entrar em B (associadas aos xN) e

aplicar o método de Gauss-Jordan no sistema Ax=b. Fica fácil trabalhar com uma tabela

chamada tabela Simplex, da seguinte forma:

Considere o PPL:

Min ctx

Sujeito a:

Ax = b

xi ≥ 0, i=1,2, ..., n

Tabela Simplex

x

xB A b

c

Exemplo 3 - Para o PPL do exemplo 2, tem-se a tabela Simplex:

x1 x2 x3 x4 x5

x3 2 1 1 0 0 8

x4 1 2 0 1 0 7

X5 0 1 0 0 1 3

-1 -1 0 0 0

64

Feita a padronização do problema e colocando na tabela simplex, identifica-

se a base inicial. Fazendo X1 = 0 e X2 = 0, a solução básica inicial é Xt = (0, 0, 8, 7, 3).

Para determinar uma nova solução básica, deve-se escolher uma variável

não básica para entrar na base e uma para sair da base. Suponha que X1 é escolhida para

entrar na base e X3 para sair. Fazendo a eliminação de Gauss-Jordan a tabela Simplex

torna-se:

x1 x2 x3 x4 x5

x1 1 1/2 1/2 0 0 4

x4 0 3/2 -1/2 1 0 3

x5 0 1 0 0 1 3

0 -1/2 1/2 0 0

Fazendo X2 = 0 e X3 = 0, a nova solução básica é xt = (4, 0, 0, 3, 3).

9.5 DEFINIÇÕES E TEOREMAS FUNDAMENTAIS DA PROGRAMAÇÃO

LINEAR

A finalidade deste item é de apresentar apenas uma introdução da

programação linear, portanto os resultados apresentados a seguir não serão demonstrados,

mas as provas destes podem ser encontradas em literatura: (Luenberger, D. G. Linear and

Nonlinear Programming. 1937.)

Seja o conjunto S = {x nR∈ tal que Ax = b, x ≥ 0} onde A

mxnR∈ , b mR∈

e xnR∈ com m ≤ n.

Definição 2:

x é um ponto extremo de S se possuir n-m variáveis nulas.

Teorema 2:

O conjunto S, de todas as soluções factíveis do modelo de Programação

Linear, é um conjunto convexo.

Teorema 3:

65

Toda solução básica do sistema Ax = b é um ponto extremo do conjunto de

soluções factíveis.

Teorema 4:

Sejam x1, x2,..., xp pontos extremos do conjunto S e seja S limitado.

Então, ∀ ∈x S , x pode ser escrito como combinação convexa dos pontos

extremos x1, x2,..., xp de S, ou seja, x = λ ii

i

p

x=

∑1

e λ ii

p

=

∑1

= 1.

Teorema 5:

Se um problema de programação linear admitir solução ótima, então pelo

menos um ponto extremo (vértice) do conjunto de pontos viáveis é uma solução ótima do

problema.

Corolário 1:

Se a função objetivo possui um mínimo (máximo) finito, então pelo menos

uma solução ótima é um ponto extremo do conjunto convexo S.

Teorema 6:

Toda combinação convexa de soluções ótimas de um PPL é também uma

solução ótima do problema.

Corolário 2:

Se um PPL admitir mais de uma solução ótima então admite infinitas

soluções ótimas.

Corolário 3:

Se a função objetivo assume o mínimo (máximo) em mais de um ponto

extremo, então ela toma o mesmo valor para qualquer combinação convexa desses pontos

extremos.

66

9.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE O MÉTODO SIMPLEX

Foi mostrado anteriormente como determinar uma solução básica para um

PPL e por outro lado os teoremas apresentados garantem que se existir uma solução ótima

para o um PPL, esta solução é uma solução básica viável. Portanto o algoritmo simplex

busca a solução ótima dentre as soluções básicas viáveis.

Deseja-se, portanto determinar uma solução básica ótima x* para o PPL, tal

que, Ax*=b, xi* ≥ 0, i=1, 2,..., n e min ctx = ctx*=z(x*).

A atenção estará voltada para escolha das variáveis a entrar e sair da base,

esta escolha deve ser feita de modo a manter as soluções básicas factíveis e melhorar o

processo de minimização da função objetivo.

Sem perda de generalidade, suponha que o sistema Ax=b tenha a

seguinte forma:

x1 + .........................................................y1q xq ...................................= y10

x2 +.....................................................y2q xq...................................= y20

.....................................................................................................

(3)

xp + ................................ypq xq...................................= yp0

...............................................................................

xm + ...................ypm xq..................................= ym0

com yi0 ≥ 0 para i = 1,...,m.

As variáveis básicas são xB = (x1 ,...,xm) e as não-básicas são xN = (xm+1 ,...,xq,...,xn)

Então, a solução básica factível atual é:

xB = (y10 ,...,ym0) e xN = (0 ,...,0,...,0), com xi = yi0 ≥ 0 para i = 1,...,m.

Para se obter a nova solução, suponha que fazemos a variável não básica xq

entrar na base. Observando o sistema (3) temos

xi = yi0 – yiq xq, i=1, ..., m

Suponha que xq entra na base com um valor ε≥0.

xi = yi0 – yiq ε ≥ 0, i=1, ..., m

67

Deseja-se encontrar soluções factíveis, portanto xi., i=1, ..., m, tem que ser

maior ou igual a zero. Assim

xi.= yi0 – yiq ε ≥ 0, i=1, ..., m

Ou seja

yi0 – yiq ε ≥ 0, i=1, ..., m

Obtendo

yi0/ yiq ≥ ε, para yiq ≥ 0

ε deve ser tal que

ε = min {yi0/ yiq / yiq ≥ 0} = yp0/ ypq

Assim, existe um xp básico que deverá sair da base, pois

xp = yp0 – ypq ε = yp0 – ypq yp0/ ypq=0

Logo, xq = ε = yp0 / ypq = min {yi0 / yiq tal que yiq > 0}.

Assim, xq = ε ≥ 0 entra na base, xp = 0 sai da base e um novo vértice é alcançado.

Se yiq < 0, ∀ i, então a solução é ilimitada, pois ∀ ε ≥ 0 tem-se que:

yi0 - yiq . ε ≥ 0 .

Para estudar o decréscimo da função objetivo, considere que esta

pode ser escrita por z = ct x = cBt xB + cN

txn.

Após xq entrar na base tem-se:

z = cBt xB + cN

txn = cBt (y0 - yq . ε ) + cN

txn

Em que y0 =

y

y

y

p

m

10

0

0

.

.

e yq =

y

y

y

q

pq

mq

1

.

.

.

Assim,

z = cBT y0 - cB

T yq. ε + cq ε = z0 + (cq - zq) ε

Portanto, para saída da base deve escolher um índice p dentre as variáveis básicas,

tal que

yp0/ ypq = min{yi0/ yiq / yiq ≥ 0 } onde q é o índice da variável que entra na base.

e xp sair da base

68

em que z0=cBT y0, cq = cN

t , zq= cBT yq

Denominando-se rq = cq - zq , se cq - zq < 0 então, desde que ε > 0,

z0 + (cq - zq) ε = z0 + rq ε < z0 .

Logo, para rq < 0 tem-se garantido o decréscimo para a função

objetivo. rq é denominado custo relativo.

Em resumo têm-se os seguintes critérios no método Simplex:

• Escolha da variável não-básica a entrar na base:

• Escolha da variável básica a sair da base:

• Critério de otimalidade:

9.7 ALGORITMO SIMPLEX

O Método Simplex compreenderá, portanto, os seguintes passos:

I - Achar uma solução factível básica inicial;

II - Verificar se a solução atual é ótima. Se for, o problema já está resolvido. Caso

contrário, siga para o passo III;

III - Determinar a variável não básica que deve entrar na base;

IV - Determinar a variável básica que deve sair da base;

Assim, a variável que deve entrar na base é xq tal que rq < 0, pois esta garantirá o decréscimo da função objetivo.

Se ri > 0, para todo i, onde i é o índice das variáveis não básicas, então não existe variável candidata a entrar na base.

Escolha xq para entrar na base, onde o índice q é tal que rq < 0.

É alcançado a otimalidade quando: ri > 0, para todo i, onde i é o índice das variáveis não-básicas.

Escolha xp para sair da base, onde o índice p é tal que:

yp0/ ypq = min{yi0/ yiq / yiq ≥ 0} onde q é o índice da variável que entra na base.

69

V - Atualizar o sistema a fim de determinar a nova solução factível básica

(Pivotamento usando Gauss-Jordan), e voltar ao passo II.

Tabela Simplex após aplicar método de Gauss-Jordan

xB xN

xB I yq y0

0 rq

Figura 13 Diagrama de fluxo do algoritmo Simplex.

70

Exemplo 4 - Seja o problema:

Max. z = x1 + x2

s.a 2 x1 + x2 ≤ 8

x1 +2x2 ≤ 7

x2 ≤ 3

x1 e x2 ≥ 0

Passando para a forma padrão

Min. -z = -x1 - x2

Sujeito a:

2 x1 + x2 + x3 = 8

x1 + 2 x2 + x4 = 7

x2 + x5 = 3

x1, x2, x3, x4, x5 ≥ 0

Colocando na tabela Simplex:

x1 x2 x3 x4 x5

x3 2 1 1 0 0 8

x4 1 2 0 1 0 7

x5 0 1 0 0 1 3

-1 -1 0 0 0

Passo 1: Determinando a solução básica inicial

Variáveis básicas: x3, x4, x5, variáveis não Básicas: x1, x2.

Solução básica inicial xT = (0, 0, 8, 7, 3) (z = 0)

Testando a otimalidade da solução básica inicial: Não é ótima, pois existe

resíduo negativo.

Passo 2:

Entra na base: Escolhe-se x1, pois o resíduo associado a esta variável é

negativo.

Sai da base: Analisando qual das três variáveis básicas deve sair da base: x3,

x4 ou x5.

Escolha xp para sair da base, onde o índice p é tal que yp0/ ypq = min{yi0/ yiq

/ yiq ≥ 0} onde q é o índice da variável que entra na base.

71

min

1

7,

2

8= 4, portanto a variável a sair da base é x3 com o valor assumido por ε > 0, ou

seja, x1 = 4.

Nova base: xB = { x1, x4, x5} e xN = {x2, x3}

Aplicando o pivotamento gaussiano nas equações, obtemos a seguinte

tabela Simplex:

x1 x2 x3 x4 x5

x1 1 1/2 1/2 0 0 4

x4 0 3/2 -1/2 1 0 3

x5 0 1 0 0 1 3

0 -1/2 1/2 0 0

Solução básica factível xt= (4, 0, 0, 3, 3) (z = 4)

Testando otimalidade da solução: Não é ótima, pois existe resíduo negativo.

Passo 3:

Entra na base: Escolhe-se x2, pois o resíduo associado a esta variável é

negativo

Sai da base: Analisando qual das três variáveis básicas deve sair da base: x1,

x4 ou x5.

min 4

1 2

3

3 2

3

1, ,

= 2, portanto a variável a sair da base é x4.

Nova base: xB = {x1, x2, x5} e xN = {x3, x4}

Atualizando a tabela Simplex:

x1 x2 x3 x4 x5

x1 1 0 2/3 -1/3 0 3

x2 0 1 -1/3 2/3 0 2

x5 0 0 1/3 -2/3 1 1

0 0 1/3 1/3 0

Solução básica factível xt = (3, 2, 0, 0, 1) (z = 5)

72

Testando a otimalidade da solução: É ótima, pois não existe resíduo

negativo.

Portanto, a solução ótima é: x*t = (x1, x2, x3, x4, x5) = (3, 2, 0, 0, 1).

x*=x

x

1

2

3

2

=

e z*= 5.