universidade estadual do sudoeste da bahia uesb … · 11 citogeneticamente, das quais 7 apresentam...

71
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA UESB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA, BIODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO ESTUDOS CITOGENÉTICOS DOS GÊNEROS Phyllodytes E Hypsiboas (AMPHIBIA, ANURA) MARCELLE AMORIM CARVALHO Jequié-BA 2012 PPGGBC

Upload: phamquynh

Post on 11-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA, BIODIVERSIDADE E

CONSERVAÇÃO

ESTUDOS CITOGENÉTICOS DOS GÊNEROS Phyllodytes E Hypsiboas (AMPHIBIA,

ANURA)

MARCELLE AMORIM CARVALHO

Jequié-BA

2012

PPGGBC

MARCELLE AMORIM CARVALHO

ESTUDOS CITOGENÉTICOS DOS GÊNEROS Phyllodytes E Hypsiboas (AMPHIBIA,

ANURA)

Dissertação de mestrado apresentada ao

programa de Pós-Graduação em Genética,

Biodiversidade e Conservação da Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia, como requisito

para obtenção do título de Mestre em Genética,

Biodiversidade e Conservação.

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Siqueira Júnior.

Co-orientadora: Profa. Dra. Caroline Garcia

Jequié-BA

2012

PPGGBC

Jequié, 23 de Março de 2012

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Sérgio Siqueira Júnior (Orientador) – UESB / Jequié

________________________________

Prof. Dr. Marco Antônio Costa – UESC / Ilhéus

________________________________

Prof. Dr. Paulo Roberto Antunes de Mello Affonso – UESB / Jequié

________________________________

SUPLENTE

Profa. Dra. Débora Diniz – UESB / Jequié

________________________________

PPGGBC

Dedico meu trabalho aos professores Dra.

Caroline Garcia e Dr. Sérgio Siqueira Jr.; e

a minha família amada (Weliton, Jane,

Denise, Jamille, Vinícius, Pedrinho...)

PPGGBC

AGRADECIMENTOS

Agradeço,

À UESB e ao Programa de Pós Graduação em Genética, Biodiversidade e Conservação,

pela oportunidade;

À Fapesb pela concessão da bolsa, muito importante nessa caminhada;

Ao prof. Dr. Sérgio Siqueira Jr. pelo convite à orientação, pelas coletas, por me ensinar

a buscar, pela confiança, compreensão, paciência, conselhos, incentivo, e por tudo que pôde

me ensinar.

A profa. Dra. Caroline Garcia, pela incessante ajuda, mesmo antes de se tornar minha

co-orientadora; pelo exemplo de professora/orientadora; por ter persistido junto comigo nas

técnicas da cito, por se mostrar sempre acessível e feliz por ajudar, por ter tornado possível

muito desse trabalho, por ter sido um anjo no meu caminho... faltam palavras pra dizer o

quanto foi importante nessa caminhada. Por sua leveza, amizade... por vibrar comigo a cada

conquista! Nunca vou conseguir te agradecer o suficiente!

Aos meus pais, que sempre me incentivaram, fizeram e fazem tudo o que podem para

me proporcionar a melhor educação/formação possível. Por me acudir sempre que precisei,

pelas palavras e gestos de força e carinho, por serem responsáveis pela melhor parte do que eu

sou; pelo amor incondicional, que me da segurança pra tanto nessa vida;

Às minhas irmãs, companheiras, cada uma a sua maneira; sempre torcendo por mim;

Ao meu namorido, ou noivorido por me compreender, me fortalecer, incentivar... por

sempre ter uma palavra otimista pra me oferecer, por me cuidar nos momentos mais difíceis e

me reconhecer como batalhadora no caminho que escolhi. Pelo carinho e amor todos os dias...

À Doce, minha princesa linda, por ser tão companheira, e me fazer rir sempre ao chegar

em casa, mesmo depois dos dias mais cansativos;

Aos meus colegas de laboratório, em especial: Lívia, Isabel, Roque, Oziel, Aline,

Jamille, Naiana, Milena por tornarem essa jornada mais alegre, mais leve. E pela ajuda, de

uma forma ou outra no decorrer do trabalho; ao colega Paulo Borges, pela ajuda com coletas e

fotos;

Aos outros professores do programa, em especial aos da Genética, por tudo que me

ensinaram, pelos bons exemplos;

À Deus, acima de tudo, pois Ele, mais que qualquer pessoa, me permitiu, me fortaleceu,

me ajudou a vencer os obstáculos;

Enfim, a todos que participaram direta ou indiretamente desse trabalho, muito obrigada!

PPGGBC

BIOGRAFIA

Marcelle Amorim Carvalho, filha de Weliton Santana Carvalho e Janísia Antunes

Amorim Carvalho, nasceu em Itapetinga-Bahia aos 12 dias do mês de Janeiro de 1985.

Estudou nas escolas O sossego da Mamãe e na Cooperativa Educacional de Itapetinga, onde

concluiu o ensino médio, no ano de 2002, aos 17 anos. Desde criança dizia querer ser

cientista, sonho que começou a se realizar aos 20, quando foi aprovada na Faculdade de

Ciências Biológicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Desde então, passou a

morar no município de Jequié-Bahia. Já no ensino superior, participou do Grupo Ecofau, no

laboratório de Invertebrados/Ecologia da UESB, onde obteve auxílio para a construção dos

primeiros alicerces científicos, e para a realização dos trabalhos e escritos da monografia

intitulada: Inventário da Espongiofauna da Baía de Camamu e seu entorno-BA, orientada pelo

Prof. Dr. Ulisses Pinheiro. Em 2009 formou-se Bacharel Ciências Biológicas com Ênfase em

Ecologia de Águas continentais. No ano seguinte, foi aprovada no Programa de Pós

Graduação em Genética, Biodiversidade e Conservação, onde, em conjunto com o Prof. Dr.

Sérgio Siqueira e a Profa. Dra. Caroline Garcia, desenvolveu projeto de pesquisa relacionada

à citogenética de anuros. Está concluindo, em 2012, o mestrado, aos 27 anos de idade.

PPGGBC

"Bom mesmo é ir a luta com determinação,

abraçar a vida e viver com paixão, perder

com classe e vencer com ousadia, porque o

mundo pertence a quem se atreve" (Charles

Chaplin)

PPGGBC

RESUMO 1

A família Hylidae é constituída por aproximadamente 900 espécies agrupadas em três 2

subfamílias: Phyllomedusinae, Pelodryadinae e Hylinae, sendo a última a maior, 3

compreendendo 37 gêneros, incluindo Hypsiboas e Phyllodytes. Apresentam 2n=18 a 52 4

cromossomos, sendo que, em sua maioria, apresentam número cromossômico 2n=24. O 5

gênero Hypsiboas, possui 84 espécies, distribuídas principalmente em áreas de Mata 6

Atlântica, Cerrado adjacente à Caatinga e formações de Cerrado, ocorrendo também na 7

Floresta Amazônica. Os indivíduos deste gênero variam em tamanho e coloração e são 8

organizados em grupos, tais como H. benitezi, H. punctatus, H. similineatus, H. pellucens, H. 9

albopunctatus, H. faber e H. pulchellus. Destas espécies, apenas 21 foram analisadas 10

citogeneticamente, das quais 7 apresentam apenas dados de número diplóide. O gênero 11

Phyllodytes, composto por animais de pequeno porte e endêmicos da Mata Atlântica, é 12

também dividido em grupos (P. auratus, P. luteolos e P. tuberculosus). Das 11 espécies 13

descritas para o gênero, apenas três foram submetidas a estudos moleculares e nenhuma 14

apresenta dados cromossômicos. De acordo estudos de dados moleculares, morfológicos e 15

número diplóide, as espécies de ambos os gêneros apresentam incertezas em suas relações 16

filogenéticas e encontram-se ameaçadas principalmente pela perda de habitat, pelas mudanças 17

ambientais globais e doenças infecciosas emergentes, estando inseridos em biomas 18

considerados hotspots. Desta forma torna-se importante a sua caracterização genética, tanto 19

para sanar as dúvidas em relação a sua filogenia, quanto para, em conjunto com estudos 20

ecológicos, ser utilizado em programas de manejo e conservação. No presente estudo foram 21

analisados citogeneticamente três espécies do gênero Phyllodytes: P. luteolos, P. 22

melanomystax e P. tuberculosus, e quatro espécies do gênero Hypsiboas: H. atlanticus, H. 23

crepitans, H. semilineatus e H. pombali; todas provenientes de fragmentos de Mata Atlântica, 24

utilizando coloração convencional, bandamento C e impregnação por nitrato de prata. Todas 25

as espécies em questão apresentaram o mesmo número diplóide e número fundamental 26

(2n=24 e NF=48), com pequenas diferenças no que diz respeito à morfologia cromossômica e 27

a quantidade e localização das regiões de heterocromatina constitutiva e das RONs, 28

possibilitando inferências sobre os possíveis rearranjos cromossômicos envolvidos na 29

evolução cariotípica desses grupos. 30

Palavras-chave: Ag-RONs, bandamento C, cromossomos, evolução cariotípica, inversões 31

pericêntricas. 32

33

PPGGBC

ABSTRACT 1

The Hylidae family comprises nearly 900 species grouped into three subfamilies: 2

Phyllomedusinae, Pelodryadinae and Hylinae, the last being the largest, comprising 37 3

genera, including Hypsiboas and Phyllodytes. They present 2n=18 to 52 chromosomes, and, 4

mostly, have a chromosome number 2n=24. The genus Hypsiboas has 84 species, distributed 5

mainly in the Atlantic Forest areas, Cerrado adjacent to the Caatinga, and Cerrado domain, 6

also occurring in the Amazon Rainforest. The individuals of this genus vary in size and color 7

and are organized into groups, such as: H. benitezi, H. punctatus, H. similineatus, H. 8

pellucens, H. albopunctatus, H. faber and H. pulchellus. Among these species, only 21 were 9

analyzed cytogenetically, of which 7 present only diploid number data. The genus 10

Phyllodytes, composed of small animals and endemic of the Atlantic Forest, is also divided 11

into the groups P. auratus, P. luteolos and P. tuberculosus. Among the 11 species described 12

for the genus, only 3 were subjected to molecular studies and none presents chromosomal 13

studies. According to molecular data, morphological, and diploid number studies, the species 14

of both genera present uncertainties in their phylogenetic relationships and also are threatened 15

primarily by habitat loss, the global environmental changes, and emerging infectious diseases, 16

being inserted in biomes considered hotspots. Thus, it becomes important to their genetic 17

characterization, both to address the questions regarding their phylogeny, and for, in 18

conjunction with ecological studies to be used in management and conservation programs. In 19

the present study were analyzed cytogenetically 3 species of the genus Phyllodytes: P. 20

luteolos, P. melanomystax and P. tuberculosus, and four species of the genus Hypsiboas: H. 21

atlanticus, H. crepitans, H. semilineatus, and H. pombali, all from Tropical Forest fragments, 22

using conventional stain, C-banding, and silver nitrate impregnation. All the mentioned 23

species have presented the same diploid number and fundamental number (2n=24 and 24

NF=48), with minor differences regarding chromosome morphology and the amount and 25

location of constitutive heterochromatic regions and the RONs, allowing inferences about 26

possible chromosomal rearrangements involved in the karyotype evolution of these groups. 27

Keywords: Ag-NORs, C-banding, chromosomes, karyotype evolution, pericentric inversions. 28

29

PPGGBC

LISTA DE FIGURAS 1

Figura 1. Fotos dos indivíduos de Phyllodytes analisados no presente estudo: a) Phyllodytes 2

luteolos, b) Phyllodytes melanomystax e c) Phyllodytes tuberculosus. 3

Figura 2. Cariótipos submetidos a coloração convencional (1) e bandamento C (2) de: a) 4

Phyllodytes luteolos, b) Phyllodytes melanomystax e c) Phyllodytes tuberculosus. Em 5

destaque os cromossomos nucleolares submetidos à impregnação por nitrato de prata e 6

bandamento C. 7

Figura 3. Fotos dos indivíduos de Hypsiboas analisados no presente estudo: a) Hypsiboas 8

atlanticus, b) Hypsiboas crepitans, c) Hypsiboas pombali, d) Hypsiboas semilineatus. (Fonte: 9

a) Sérgio Siqueira Jr.; b, c, d) Mauro Teixeira Jr.) 10

Figura 4. Cariótipos submetidos a coloração convencional (1) e bandamento C (2) de: a) H. 11

atlanticus; b) H. crepitans; c) H. pombali e d) H. semilineatus. Em destaque os cromossomos 12

nucleolares submetidos à impregnação por nitrato de prata e bandamento C. 13

Figura 5. Idiogramas das espécies de Hypsiboas analisadas citogeneticamente. 14

LISTA DE TABELAS 15

Tabela 1 – Localização dos blocos de heterocromatina e das RONs nas espécies de Phyllodytes 16

analisadas no presente trabalho 17

Tabela 2 – Fórmulas cariotípicas das espécies de Phyllodytes analisadas no presente trabalho 18

Tabela 3 – Fórmulas cariotípicas descritas para espécies de Hypsiboas baseadas em trabalhos 19

previamente publicados. 20

Tabela 4 - Fórmulas cariotípicas descritas para espécies de Hypsiboas baseadas em trabalhos 21

previamente publicados após padronização da medidas cromossômicas segundo Levan (1964). 22

Tabela 5 – Resumo dos dados citogenéticos disponíveis para espécies de Hypsiboas. 23

24

PPGGBC

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS, SÍMBOLOS 1

2n – Número diplóide 2

Ag-RON – Impregnação por nitrato de prata em região organizadora de nucléolo 3

Ba(OH)2 – Hidróxido de bário 4

BI- Banda intersticial 5

BP – Banda pericentromérica 6

BT – Banda terminal 7

DNA – Ácido desoxirribonucléico 8

DNAr – Ácido desoxirribonucléico ribossomal 9

EEWG – Estação Ecológica Wenceslau Guimarães 10

GC – Guanina-Citosina 11

HCl – Ácido clorídrico 12

M - Molaridade 13

m - metacêntrico 14

Mp – Megapixels 15

N – Normalidade 16

NF – Número fundamental 17

p - braço cromossômico curto 18

q - braço cromossômico longo 19

RPMI – Meio de Cultura 20

RNA – Ácido ribonucléico 21

RNAr - Ácido ribonucléico ribossomal 22

RON – Região organizadora de nucléolo 23

sm - submetacêntrico 24

SSC – Solução citrato-salina 25

st - subtelocêntrico 26

- ou * - dado ausente 27

PPGGBC

SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................................ 1

ABSTRACT ............................................................................................................................................ 2

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................. 3

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................................ 3

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS, SÍMBOLOS ......................................................................... 4

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 14

1.1 A Mata Atlântica e os Anfíbios ................................................................................................... 14

1.2 História Natural dos Anfíbios ..................................................................................................... 15

1.3 Citogenética de Anfíbios ............................................................................................................. 15

1.4 A Família Hylidae e os Gêneros Hypsiboas e Phyllodytes ......................................................... 16

2 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................................... 18

2.1 A Classe Amphibia e a Ordem Anura - Panorama Geral ............................................................ 18

2.1.2 História Natural .................................................................................................................... 18

2.1.3 Sistemática e Taxonomia...................................................................................................... 19

2.2 Citogenética em Anuros .............................................................................................................. 20

2.2.1 Região Organizadora do Nucléolo (RON) ........................................................................... 22

2.2.2 Heterocromatina e Bandamento C ....................................................................................... 24

2.3 A Família Hylidae ....................................................................................................................... 25

2.4 Os Gêneros Phyllodytes e Hypsiboas (Hylidae, Hylinae) ........................................................... 26

3. OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 29

3.1 Objetivos Específicos .................................................................................................................. 29

4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................. 30

4.1 Coletas ......................................................................................................................................... 30

4.2 Procedimentos Metodológicos .................................................................................................... 30

4.2.1 Estudos Citogenéticos .......................................................................................................... 30

4.2.2 Preparação de Cromossomos Mitóticos - Intestino (King & Rofe, 1976)............................ 30

4.2.3 Detecção das Regiões Organizadoras de Nucléolo (Ag-RONs) (Howell e Black, 1980) .... 31

4.2.4 Detecção da Distribuição da Heterocromatina Constitutiva (Sumner, 1972) ...................... 31

4.3 Captura de Imagens ..................................................................................................................... 32

4.4 Montagem de Cariótipos e Idiogramas ....................................................................................... 32

5. REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 33

CAPÍTULO I - Estudos citogenéticos no gênero Phyllodytes (Anura, Hylidae) .................................. 40

CAPÍTULO II - Dinâmica da Evolução Cromossômica no Gênero Hypsiboas (Anura: Hylidae) ....... 51

6 CONCLUSÕES GERAIS .................................................................................................................. 71

PPGGBC

14

1. INTRODUÇÃO 1

1.1 A Mata Atlântica e os Anfíbios 2

Classificada como um conjunto de fisionomias e formações florestais, a Mata Atlântica 3

se distribui na faixa litorânea, florestas de baixada, matas interioranas e campos de altitude do 4

Rio Grande do Sul até o Amapá. 5

É considerada um dos principais biomas no que se refere a biodiversidade, pois sua 6

heterogeneidade de hábitats e micro-hábitats, favorece espécies especialistas em determinado 7

tipo de ambiente e, conseqüentemente, o alto número de endemismos. 8

Atualmente, possui menos de 7% de seu tamanho original, e, apresenta-se sob a forma 9

de fragmentos descontínuos, como resultado de processos de uso e ocupação do solo. 10

Levando em conta, portanto, estes dados sobre biodiversidade, endemismo e status de 11

ameaçado, este bioma é considerado um hotspot prioritário para a conservação. 12

Das aproximadamente 400 espécies de anfíbios descritas na Mata Atlântica, cerca de 90 13

são endêmicas e, poucos vertebrados dependem tanto das condições ambientais quanto eles. 14

Sua distribuição, ecologia e comportamento são influenciados especialmente pela vegetação, 15

umidade, espessura de folhiço, variedade de microambientes e disponibilidade de água. 16

Assim, os efeitos do processo de fragmentação têm trazido prejuízos para as espécies de 17

anfíbios, acarretando no empobrecimento dessas comunidades e em riscos de extinção 18

associados às mudanças climáticas, perda de hábitat e introdução patógenos. 19

Na última revisão da lista da fauna brasileira ameaçada de extinção realizada em 2002 20

(Ibama, 2003), constam 15 espécies de anfíbios ameaçados e uma espécie considerada extinta, 21

todas da Mata Atlântica. Recentes estudos indicam que estes números estão subestimados. O 22

rápido declínio das espécies de anfíbios tem mobilizado a comunidade científica em relação à 23

importância da expansão dos programas de pesquisa de genética e biodiversidade e da prática 24

de estratégias de conservação especialmente em regiões onde existem poucos dados sobre 25

diversidade, abundância e distribuição das espécies, como no Brasil. 26

27

PPGGBC

15

1.2 História Natural dos Anfíbios 1

Atualmente na classe Amphibia existem 6771 espécies descritas classificadas em três 2

ordens: Caudata, que reúne as salamandras com aproximadamente 619 espécies, 3

Gymnophiona que representa as cobras-cegas, com 186 espécies descritas, e a ordem Anura, 4

representada pelas rãs, sapos e pererecas, constituída atualmente por 5966 espécies. 5

Os anuros são conhecidos popularmente por serem animais que têm uma parte do seu 6

ciclo de vida na água, sob forma de larvas, e outra parte terrestre, quando transformam-se em 7

adultos. Entretanto, algumas espécies não apresentam a fase larval aquática, possuindo 8

desenvolvimento direto, enquanto outras, mesmo em estágio adulto, vivem em ambientes 9

aquáticos. São vertebrados com pele úmida, permeável e rica em glândulas; apresentam 10

respiração pulmonar, cutânea ou branquial e a temperatura do corpo desses animais varia 11

conforme a temperatura do ambiente (heterotérmicos). Por estes motivos a grande maioria das 12

espécies possui hábitos noturnos e/ou crepusculares, sendo que algumas podem ficar em 13

atividade durante todo o dia se estiverem no interior de matas fechadas, com pouca 14

luminosidade. Este grupo apresenta como importante característica a vocalização, que é 15

distinta para cada espécie e emitida apenas pelo macho para aproximar fêmeas para o 16

acasalamento, e para marcação de território. 17

Os Anura, pertencente à classe dos anfíbios, distribui-se por quase todos os continentes, 18

exceto a Antártica e algumas ilhas oceânicas, estando 77% de suas famílias em regiões 19

tropicais. 20

Os indivíduos dessa ordem são elementos importantes nas cadeias e teias ecológicas, 21

agindo como controladores de insetos e outros vertebrados. São também considerados 22

indicadores biológicos e ambientais, pois necessitam de um ecossistema equilibrado e 23

dependem de microclima para a sua sobrevivência. 24

1.3 Citogenética de Anfíbios 25

Os Anura são relativamente conservados em sua morfologia, o que dificulta resolver 26

questões relativas à sua taxonomia e sistemática através destes caracteres. Dessa forma, 27

principalmente a partir do ano 2000 estudos baseados em análise de quantidades significativas 28

de caracteres, como dados moleculares, passaram a contribuir para o entendimento das 29

relações filogenéticas desse grupo. Da mesma forma dados citogenéticos têm sido utilizados 30

para estudos citotaxonômicos e de evolução cromossômica. 31

PPGGBC

16

Até a década de 1980, a citogenética em Anura baseava-se apenas em análises de 1

cariótipos corados convencionalmente com Giemsa, permitindo apenas a caracterização 2

numérica e morfológica dos cromossomos, sendo, ainda assim, possível detectar certa 3

variabilidade no grupo, assim como a possível existência de rearranjos. 4

As primeiras descrições cariotípicas sugeriram que um maior número cromossômico era 5

característico de anuros morfologicamente mais primitivos, e que o número reduzido de 6

cromossomos das famílias mais derivadas teria surgido a partir da redução de um cariótipo de 7

26 cromossomos. 8

A partir do desenvolvimento de técnicas como bandamento C, Ag-RON, colorações 9

com fluorocromos e hibridação in situ, houve uma facilitação do reconhecimento de 10

homologias dos cromossomos, permitido uma melhor compreensão das relações entre gêneros 11

e espécies, através da indicação dos possíveis rearranjos cromossômicos envolvidos na 12

evolução cariotípica e especiação dos Anura. 13

1.4 A Família Hylidae e os Gêneros Hypsiboas e Phyllodytes 14

A família Hylidae, constituída por aproximadamente 901 espécies, é agrupada em três 15

subfamílias: Phyllomedusinae, Pelodryadinae e Hylinae, e em geral, são arborícolas, possuem 16

cabeça e olhos grandes, cintura delgada, mãos e pés longos, discos digitais aumentados e 17

tamanho variável entre 17-140 mm. 18

O cariótipo com 2n=24 cromossomos é o mais comumente encontrado na família 19

Hylidae, com ocorrência de números menores ou maiores, como 2n=18, 20 e 22, e 2n=26, 30, 20

34 e indivíduos triplóides 3n=48 e tetraplóides 4n=52. Para o gênero Hypsiboas foram 21

caracterizadas citogeneticamente 21 das 84 espécies do gênero, das quais 7 tem publicação 22

apenas do número diplóide. Até o momento, não existem dados citogenéticos para 23

Phyllodytes. 24

Até a década de 90, a família Hylidae possuía o maior número de espécies até então 25

cariotipadas (129), sendo que o maior número de espécies analisadas pertence a subfamília 26

Hylinae. Contudo, a maioria das espécies dessa família ainda não possui cariótipo conhecido, 27

e a maior parte das informações citogenéticas existentes baseia-se somente em estudos feitos 28

com coloração convencional. 29

Recentemente, o refinamento das técnicas de marcações cromossômicas permitiu a 30

realização de trabalhos que revelaram a ocorrência de alterações cariotípicas em muitas 31

espécies de Hylidae. Entre estes, a presença de cromossomos sexuais morfologicamente 32

PPGGBC

17

diferenciados, cromossomos B, variação na quantidade e distribuição de heterocromatina e 1

diferenças em relação ao número e localização da Ag-RON. 2

Ressalta-se também a importância dos trabalhos que utilizam técnicas mais avançadas, 3

como a coloração com os fluorocromos base-específicos, a hibridação in situ fluorescente em 4

análises cromossômicas de representantes dessa família. Tais estudos vêm fornecendo dados 5

importantes para a compreensão da evolução cariotípica nos Hylidae. 6

O gênero Hypsiboas é organizado em grupos, tais como H. benitezi, H. punctatus, H. 7

similineatus, H. pellucens, H. albopunctatus, H. faber e H. pulchellus; relevantes para a 8

definição de unidades monofiléticas em estudos moleculares. No entanto, algumas espécies 9

têm caracteres que tornam difícil alocá-las em qualquer um dos grupos atualmente 10

reconhecidos. 11

Os Phyllodytes, por sua vez, com base em dados morfológicos possuem três grupos (P. 12

auratus; P.luteolos e P.tuberculosus), e apresentam 11 espécies, sendo que algumas destas 13

não possuem nenhum grupamento. Este é um grupo pouco estudado tanto taxonomicamente 14

quanto a partir de dados moleculares. Além disso, trabalhos recentes divergem quanto a sua 15

filogenia, utilizando dados moleculares de apenas 3 espécies. 16

O presente trabalho, portanto, considerando o escasso conhecimento acerca das espécies 17

de Phyllodytes e Hypsiboas analisadas, e o fato de estarem inseridos em hotspots, tem como 18

objetivo realizar estudos utilizando dados citogenéticos, produzindo uma importante 19

ferramenta para estudos citotaxonômicos e de evolução cromossômica, além de tentar 20

esclarecer as relações filogenéticas destes gêneros. 21

22

PPGGBC

18

2 REVISÃO DE LITERATURA 1

2.1 A Classe Amphibia e a Ordem Anura - Panorama Geral 2

2.1.2 História Natural 3

A classe Amphibia constitui o grupo basal dos vertebrados terrestres, e sua 4

nomenclatura indica que a maioria das espécies que compõe esta classe vive parcialmente na 5

água e parcialmente na terra (Storer et al., 1989; Romer & Parsons, 1985). 6

Para atender as necessidades tanto terrestres quanto aquáticas, apresentam e importantes 7

estruturas adaptativas, como pele úmida e glandular, extremidades para nadar e andar (exceto 8

para Ordem Gymnophiona), respiração pulmonar, cutânea, bucal e branquial, e membros 9

adaptados para o salto em alguns representantes (Romer & Parson, 1985; Pough, 2002). 10

De acordo com Pough (2002) e Frost (2012), os anuros ocorrem em todos os 11

continentes, exceto na Antártida e algumas ilhas oceânicas, apresentando 77% de suas 12

famílias com distribuição tropical e 14% em áreas subtropicais do hemisfério Norte. 13

Aproximadamente 1600 das espécies dessa ordem vivem na América do Sul e, 14

principalmente, na Amazônia e nas florestas tropicais úmidas, não havendo em nenhuma 15

outra parte do mundo tamanha diversidade (Zug, 1993). No Brasil, o número de espécies de 16

anuros é bastante elevado, tendo sido encontradas 20 das 48 famílias existentes (Frost, 2012). 17

São organismos que possuem pele úmida, permeável e com presença de glândulas; 18

apresentam respiração pulmonar, cutânea ou branquial e são heterotérmicos. O que explica os 19

hábitos noturnos e/ou crepusculares da maioria das espécies, sendo que algumas podem ficar 20

em atividade durante todo o dia em locais úmidos e de pouca luminosidade (Pough, 2002). 21

Diferentemente de muitos animais terrestres, os anuros utilizam o som tanto para marcar 22

território, quanto para identificar possíveis companheiros. De maneira geral, o macho vocaliza 23

com o intuito de atrair a fêmea e, ao mesmo tempo, afastar outros machos da mesma espécie. 24

O canto é bastante diversificado entre as espécies, sendo essa uma das características que 25

auxiliam na identificação da espécie e determinação do sexo do indivíduo (Lutz, 1973). O 26

canto específico das espécies é considerado um caráter evolutivo conservado e, táxons 27

aparentados podem apresentar padrões audioespectográficos similares (Pough, 2002). 28

Os anfíbios anuros apresentam também variados modos de reprodução, como ovos e 29

larvas aquáticas, deposição de ovos fora d’água, ovoviviparidade e viviparidade, sendo a 30

fertilização externa o mais freqüente (Duellman & Rodrigues, 1994). 31

PPGGBC

19

Muitas dessas espécies possuem ainda, cuidado parental, desempenhando funções como 1

vigiar os ninhos, ou transportar ovos e girinos para a água. Este papel pode ser maternal, 2

paternal ou biparental (Beck, 1998). A maioria dos representantes dessa ordem não possui 3

órgão copulador introdutório. As fêmeas depositam ovos em local apropriado, ou os armazena 4

em parte do corpo. Até 10.000 ovos podem ser postos em uma única desova (Pough, et al., 5

2002). 6

2.1.3 Sistemática e Taxonomia 7

Atualmente na classe Amphibia existem três ordens e 6771 espécies descritas: ordem 8

Caudata, que reúne as salamandras com 619 espécies, Gymnophiona que representa as 9

cobras-cegas, com 186 espécies, e a ordem Anura, representada pelas rãs, sapos e pererecas, 10

constituída atualmente por 5966 espécies descritas (Frost, 2012). 11

Os Anura são ainda subdivididos em três subordens classificadas com base em 12

características como o número de vértebras, estrutura do cinturão peitoral, e morfologia dos 13

girinos (Frost et al., 2006). Subordem Archaeobatrachia, apresentando quatro famílias de rãs 14

consideradas mais primitivas; Mesobatrachia, que inclui seis famílias de rãs em um nível 15

evolutivo intermediário, e subordem Neobatrachia, o maior grupo, englobando cerca de 95% 16

de todas as espécies de Anura (Ford & Cannatella, 1993). 17

Em um grupo tão diversificado e de morfologia conservada como os Anura, são comuns 18

questões relativas à taxonomia e sistemática (Hillis & Dixon, 1991), o que tem motivado a 19

realização de extensas revisões, utilizando, além dos critérios tradicionais, àqueles obtidos 20

através da análise do seqüenciamento de DNA, reunidos ou não a dados citogenéticos 21

(Faivovich, 2002; Faivovich et al., 2004; Faivovich et al., 2005; Frost et al., 2006, Grant et 22

al., 2006). 23

Os principais avanços na taxonomia de anuros nos anos 80 e 90 foram baseados na 24

classificação fenotípica. Entretanto, até o fim da década de 90, apenas as relações entre as 25

famílias basais estavam bem estabelecidas (Frost et al., 2006). A partir do ano 2000, estudos 26

baseados em análises de grande quantidade de caracteres, como dados moleculares, tiveram 27

contribuição significativa no entendimento das relações filogenéticas entre os neobatráquios 28

(exemplo, Faivovich, 2002; Faivovich et al., 2004). Uma das mais importantes contribuições 29

foi realizada por Frost et al. (2006) e Grant et al. (2006) que fizeram extensos estudos 30

englobando todas ordens de anfíbios e praticamente todas as famílias de anuros, fornecendo 31

um mapeamento geral dos relacionamentos filogenéticos e embasamentos para estudos 32

PPGGBC

20

subsequentes de grupos de anfíbios não amostrados anteriormente por dados moleculares, 1

como é o caso dos trabalhos de Heinicke et al. (2007) e Hedges et al. (2008). 2

2.2 Citogenética em Anuros 3

Os anuros apresentam-se como um grupo de grande interesse para pesquisas sobre 4

mecanismos de evolução cromossômica, por sua abundância, extensa distribuição e 5

diversidade cariotípica. Evidencia-se, assim, a importância da citogenética como ferramenta 6

auxiliar na taxonomia e no esclarecimento das relações filogenéticas entre as espécies de 7

anuros. Esse papel torna-se mais relevante, a medida em que as técnicas empregadas nas 8

análises dos cromossomos se aperfeiçoam ao longo do tempo (Catroli, 2008). 9

A citogenética vem contribuindo enormemente para as investigações em sistemática de 10

vários grupos de organismos. Analisando as variações cromossômicas é possível formular 11

hipóteses sobre a filogenia de diferentes grupos taxonômicos e sobre rearranjos 12

cromossômicos ocorridos durante a evolução desses grupos, possibilitando, inclusive, 13

inferências sobre eventos populacionais (Lourenço, 1996). 14

A filogenia sugerida pelos dados de citogenética muitas vezes coincide com as 15

provenientes de análises morfo-anatômicas, moleculares e bioquímicas, contudo, existem 16

casos de controvérsia entre as relações filogenéticas entre esses tipos de análise. Tal resultado 17

pode decorrer da superficialidade de alguma das análises feitas, levando a interpretações 18

incorretas da ocorrência de convergência durante a evolução de algum desses grupos de 19

caracteres, ou de diferenças de taxas evolutivas nos diferentes conjuntos de caracteres 20

(Futuyma, 1992). 21

A análise conjunta de dados de diferentes naturezas é utilizada para maximizar o 22

entendimento correto da filogenia do grupo de interesse. Assim, estudos citogenéticos 23

fornecem dados que devem ser analisados em conjunto com dados os anatômicos, 24

moleculares e bioquímicos para a escolha da árvore filogenética mais provável (ex. Frost et 25

al., 2006). 26

Até a década de 80 muitos estudos citogenéticos em Anura foram desenvolvidos com 27

base na análise de cariótipos corados convencionalmente com Giemsa onde a maior 28

preocupação dessas investigações era a caracterização numérica e morfológica dos 29

cromossomos. Este dados permitiram detectar a ocorrência de variabilidade cariotípica e 30

possível existência de rearranjos cromossômicos (Bogart, 1973; 1991 Beçak et al., 1970; 31

Morescalchi, 1973; Miura 1995). 32

PPGGBC

21

As primeiras descrições cariotípicas sugeriram que anuros morfologicamente mais 1

primitivos possuem cariótipos com maior número cromossômico e que, os cariótipos com 2

poucos cromossomos, das espécies mais derivadas, sejam resultantes de um longo processo 3

evolutivo (Bogart, 1973). Ainda com base em dados citogenéticos, Bogart (1973) inferiu que 4

cariótipos dos indivíduos de famílias mais derivadas (como Dendrobatidae, Hylidae, 5

Leptodactilydae e Ranidae) possam ter surgido a partir de um cariótipo com 26 cromossomos 6

que provavelmente sofreu redução, originando cariótipos com 24 e 22 cromossomos. 7

As reduções do número de cromossomos ocorridas ao longo do processo evolutivo em 8

Anura parecem ser resultantes de fusões cêntricas, ou de fusão “in tandem”, sendo que 9

existem casos em que os dados são insuficientes para apontar a polaridade da transformação 10

cariotípica em análise, sendo impossível determinar se houve redução ou aumento do número 11

cromossômico (Bogart, 1973, 1991; Beçak et al., 1970; e Morescalchi, 1973; Miura et al., 12

1995). 13

Bogart (1973, 1991) e Miura (1995) consideram ainda que translocações, inversões, 14

adições, deleções e amplificações, mesmo não estando envolvidas em mudanças de números 15

cromossômicos, são também prováveis rearranjos ocorridos na evolução cariotípica da 16

Ordem. É possível inferir também que os estudos citogenéticos em Anura auxiliem no 17

esclarecimento dos processos de especiação, fornecendo exemplos em que os rearranjos 18

cromossômicos tenham sido fundamentais para a especiação (White, 1978) ou em que essas 19

alterações tenham ocorrido de forma independente ou subsequente à especiação (como 20

sugerido por Imai, 1983 e Coyne, 1984). 21

Uma melhor compreensão das relações cariotípicas passou a ocorrer após o uso de 22

técnicas citogenéticas mais avançadas, como o bandamento-C, o método de Ag-RON, e as 23

colorações com fluorocromos e hibridação in situ, que facilitaram o reconhecimento de 24

homologias dos cromossomos e possibilitaram uma melhor compreensão das relações entre 25

gêneros e espécies, através da indicação dos rearranjos cromossômicos que podem estar 26

envolvidos na evolução cariotípica dos anuros (exemplos, Bogart 1981; King, 1990; Siqueira 27

et al., 2004). 28

Apesar dessas técnicas evidenciarem vários tipos de rearranjos cromossômicos, estes 29

foram descritos para poucas espécies até agora e evidenciaram rearranjos envolvendo 30

principalmente as RONs (exemplos, Lourenço et al., 1998, Siqueira et al., 2004). Em células 31

meióticas foram observados anéis multivalentes possivelmente resultantes da presença de 32

translocações cromossômicas múltiplas e inversões pericêntricas e paracêntricas (exemplos, 33

Lourenço et al., 2000, Siqueira et al., 2004). 34

PPGGBC

22

Com o uso de tais técnicas, foi possível diferenciar espécies morfologicamente 1

semelhantes e que apresentaram mesmo número e morfologia cromossômica, além de mostrar 2

variações intra-específicas de localização e número de RONs e de bandas heterocromáticas 3

(ver em Quinderé, 2007). 4

Cromossomos sexuais heteromórficos são raros em anuros e foram observados em 5

pouco mais de 20 espécies já analisadas citogeneticamente, e apresentaram os sistemas 6

XY/XX, ZZ/ZW, XAAY/XXAA, 00/W0 (ver, entre outros, Schmid et al., 1991, 1992, 1993; 7

Miura, 1994; Lourenço et al., 1998; Ananias et al., 2007; Busin et al., 2007). 8

Apesar de se mostrar como uma ferramenta valiosa no estudo dos anuros, até o 9

momento, aproximadamente 1000 espécies foram estudadas citogeneticamente sendo que, 10

menos de um terço destas foram analisadas com técnicas diferenciais como, bandamento-C, 11

Ag-RON, coloração com fluorocromos base-espécificos e hibridação in situ fluorescente (ver 12

referências, King 1990; Schmid et al., 2003; Siqueira et al., 2004). 13

2.2.1 Região Organizadora do Nucléolo (RON) 14

As RONs são sítios cromossômicos ricos em seqüências GC, formados por numerosas 15

cópias de genes ribossomais que codificam os RNAs ribossomais (RNAr) 18S, 5,8S e 28S, 16

arranjadas in tandem e separadas por seqüências espaçadoras. Esses RNAr tornam-se parte 17

integrante do ribossomo (Galls & Pardue, 1969; Sumner, 1990). Também compõem as RONs, 18

um grupo peculiar das proteínas ácidas altamente argirofílicas, permitindo assim que elas 19

sejam muito clara e rapidamente visualizadas por procedimentos de impregnação por nitrato 20

de prata (Goodpasture & Bloom, 1975). Geralmente são regiões de constrições secundárias, 21

inicialmente observadas por Henderson et al. (1972). No entanto, nem todas as RONs 22

aparecem como constrições secundárias e em alguns casos contêm heterocromatina (Schmid, 23

1982). Em alguns casos ainda, a RON localiza-se adjacente a regiões de heterocromatina 24

(Schmid, 1982). 25

A impregnação pelo íon prata é o método mais usado para a identificação de RONs, 26

embora detecte apenas as RONs que estiveram ativas na última intérfase. Essa técnica foi 27

proposta inicialmente por Howell et al. (1975) Variações da técnica de impregnação pela 28

prata foram oferecidas por outros pesquisadores, como por exemplo, Orlet (1979), que 29

misturou uma solução de prata a 50% com ácido fórmico diluído e incubou a lâmina nesta 30

solução. Este procedimento foi modificado por Howell & Black (1980), que obteve uma 31

solução coloidal misturando ácido fórmico à solução de gelatina diluída e posteriormente este 32

PPGGBC

23

revelador coloidal foi misturado com uma solução de nitrato de prata imediatamente antes do 1

uso, sendo então as lâminas incubadas em estufa. 2

A impregnação por prata só é possível de ser observada em RONs que estão ou 3

estiveram associadas à síntese de RNA (Miller et al., 1976a, b), sendo que a especificidade 4

pela prata se dá em razão da reação desta com as proteínas acídicas, associadas ao RNAr 5

recém-transcrito (Schwarzacher & Wachtler, 1993). Portanto, apenas as RONs ativas na 6

intérfase anterior serão evidenciadas pelo método em cromossomos metafásicos. 7

A análise RON e suas características, como número, tamanho e posição no genoma, tem 8

se mostrado importante para o entendimento da evolução cromossômica do grupo em estudo, 9

podendo ser um caráter informativo para a distinção de espécies e populações. 10

Schmid (1982) analisou cromossomos de 260 espécimes de anuros entre 23 diferentes 11

gêneros, e pôde confirmar um alto grau de fixação de heteromorfismo de tamanho de RON 12

entre os espécimes, e também que a maioria dos anuros, tanto de famílias tidas como basais 13

como derivadas, apresenta um par de RONs por genoma diplóide (Schmid, 1982; King et al., 14

1990; Schmid et al., 1990), sugerindo que possivelmente esta seja uma condição 15

plesiomórfica em Anura. De acordo com King et al. (1990), as RONs em Anura tendem a 16

coincidir com bandas C positivas indicando a presença de heterocromatina nesses sítios. 17

Alguns mecanismos de dispersão de RONs, possivelmente envolvidos no surgimento de 18

RONs múltiplas, têm sido considerados por diversos autores (Wiley et al., 1989; King et al., 19

1990; Lourenço et al., 1998; Silva et al., 1999). Estes autores sugerem que essas variações 20

possam ser um resultado de diferenças estruturais das RONs, causadas por rearranjos como 21

transposição e amplificação de genes do DNAr, e erros de reinserção durante a amplificação 22

extra-cromossômica de genes ribossomais na oogênese. 23

A análise das regiões organizadoras de nucléolos (RONs) representa uma importante 24

ferramenta para o estudo de cariótipos em anfíbios (exemplos, Wiley et al., 1989, Lourenço et 25

al., 1998, Silva et al., 1999, Siqueira et al., 2004). Segundo Schmid (1982), o número e a 26

localização das RONs costumam ser características de espécies e populações, que em geral 27

apresentam apenas um par cromossômico portador dessas regiões. A origem da variação intra-28

específica no número e na localização das RONs, tem sido explicada pela ocorrência de 29

translocações e inversões, transposição de segmentos de DNA por meio de elementos 30

genéticos móveis, amplificações de genes de DNAr fita simples formando RONs 31

identificáveis e funcionais, além de erros de reinserções durante a amplificação do DNAr no 32

curso da oogênese (Schmid et al.,2003). 33

PPGGBC

24

2.2.2 Heterocromatina e Bandamento C 1

A heterocromatina foi distinguida da eucromatina pela primeira vez em 1928, por Heitz 2

com base na compactação diferencial na intérfase. A primeira é altamente condensada e 3

possui arranjos nucleossômicos altamente compactados juntamente com a cromatina, 4

enquanto a última apresenta-se menos condensada, mais acessível e geralmente transcreve 5

mais facilmente (Huisinga et al., 2006). As regiões cromossômicas de alta densidade e de 6

elementos repetitivos do DNA tais como seqüências satélites e elementos transponíveis, que 7

são encontrados nos centrômeros e telômeros são os alvos principais da formação de 8

heterocromatina (ver revisão de Grewal & Jia 2007). 9

A heterocromatina pode ser classificada em heterocromatina facultativa e 10

heterocromatina constitutiva; a depender do seu tipo de empacotamento ou condensação. As 11

regiões de heterocromatina constitutiva permanecem condensadas durante todo o ciclo celular 12

em locais específicos do genoma, enquanto a heterocromatina facultativa é encontrada 13

também nos loci de regulação, onde o estado da cromatina pode mudar em resposta aos sinais 14

celulares e às atividades genéticas (ver revisão de Grewal & Jia 2007). 15

Hoje já se conhecem diversas funções adicionais para a heterocromatina. Segundo a 16

recente revisão realizada por Grewal & Jia (2007), a heterocromatina, dentre outras funções 17

que exerce, se porta como uma “plataforma dinâmica” no recrutamento e extensão de 18

proteínas regulatórias ao logo dos seus domínios, facilitando diversos processos, tais como, 19

transcrição, segregação cromossomal e interações cromatínicas. 20

Normalmente, a maior parte do DNA que é compactado em heterocromatina não 21

contém genes, porém os genes que se tornam compactados em heterocromatina são, em geral, 22

resistentes à expressão ou silenciados. Isso não significa que a heterocromatina tenha que ser 23

desprezada, muito pelo contrário, pois ela é responsável, dentre outros fatores, pelo 24

funcionamento apropriado dos telômeros e centrômeros, auxiliando na proteção do genoma 25

(Alberts et al., 2002). 26

A heterocromatina constitutiva é geralmente detectada citogeneticamente através da 27

técnica de bandamento C (Sumner, 1990), apresentando três etapas básicas: tratamento com 28

ácido com HCl seguido de um tratamento alcalino com solução aquosa de hidróxido de bário 29

[Ba2 (OH)] saturado, e depois com solução salina de cloreto de sódio e citrato de sódio (2x 30

SSC). 31

PPGGBC

25

O tratamento com hidróxido de bário resulta na extração de até 50% do DNA dos 1

cromossomos. Esse DNA é mais facilmente extraído das regiões banda C negativas, 2

resultando em uma fraca coloração quando comparada com regiões de heterocromatina 3

constitutiva (banda C positivas) (Schmid, 1990). 4

O bandamento C vem sendo empregado no estudo de um grande número de espécies de 5

anuros, com diversas finalidades, dentre as quais: identificação de espécies parentais com a 6

identificação de padrões em determinadas espécies ou populações, procura de possíveis 7

polimorfismos e homologias, além da caracterização de gêneros e famílias e identificação de 8

pares heteromórficos entre machos e fêmeas (Schmid 1980; Sumner 1990; Siqueira et al., 9

2008). 10

Freqüentemente, o padrão de banda C varia entre as diferentes espécies, podendo ser um 11

importante caráter sistemático, que permite a sugestão de rearranjos genéticos ocorridos 12

durante a evolução do grupo em estudo (Sumner, 1990). Além de variações interespecíficas, 13

variações intra-específicas no padrão de banda C, que embora pouco freqüentes, já foram 14

reportadas em anuros, mostrando principalmente polimorfismo de tamanho dessas regiões. 15

Diferenças nos padrões heterocromáticos entre espécies são encontradas tanto nos anuros 16

tidos como basais quanto nos mais derivados (King, 1991). 17

O padrão de distribuição e quantidade de heterocromatina, detectado pela técnica de 18

bandamento C, assim como a caracterização da composição das bandas heterocromáticas, 19

obtidas a partir do uso de fluorocromos, possibilita também a observação das transformações 20

que ocorreram em grupos de espécies próximas que apresentam cariótipos muito semelhantes 21

(Schmid, 1980; Guerra, 1988). Essas características da heterocromatina banda-C positiva 22

mencionadas acima evidenciam que o seu estudo tem sido um importante caráter citogenético 23

a ser analisado na busca de uma melhor compreensão das questões sistemáticas, bem como da 24

evolução cariotípica nesta Ordem (Schmid, 1980; Odierna et al., 2001; Kasahara et al., 2003). 25

2.3 A Família Hylidae 26

A família Hylidae é constituída por aproximadamente 900 espécies, agrupadas em três 27

subfamílias: Phyllomedusinae, Pelodryadinae e Hylinae, sendo a última a maior, 28

compreendendo 37 gêneros e 646 espécies (Faivovich et al., 2005; Frost, 2012). No Brasil, os 29

representantes dessa família correspondem a cerca de 40% do total de espécies de anuros aqui 30

descritas (SBH, 2007). 31

PPGGBC

26

Essa grande diversidade de Hylinae, associada a sua ampla distribuição reflete na 1

existência de conflitos taxonômicos e sistemáticos, o que vem despertando o interesse dos 2

pesquisadores em estudos filogenéticos que buscam testar o monofiletismo e a validade do 3

seu status taxonômico (Faivovich et al., 2005; Salducci et al., 2005; Wiens et al., 2010). 4

Os hilídeos, em geral, são arborícolas, possuem cabeça e olhos grandes, cintura delgada, 5

patas longas, discos digitais aumentados (Pough, et al., 2002) e tamanho variável entre 17-6

140mm (Duellman & Trueb, 1986). O cariótipo com 2n=24 cromossomos é o mais comum 7

em Hylidae, ocorrendo números menores 2n=18, 20 e 22, ou maiores, 2n=26, 30, 34, 3n=48 8

(triplóide) e 4n=52 (tetraplóide) (Catroli, 2008). É provável que o cariótipo da todas ou quase 9

todas as espécies com número diplóide menor ou igual a que 24 seja derivado de um ancestral 10

com 2n=26 (Bogart, 1973), o que é corroborado nos resultados dos estudos filogenéticos de 11

Faivovich et al., (2005). 12

De acordo com os dados das revisões de King (1990) e Kuramoto (1990), os hilídeos se 13

apresentavam como a família com o maior número de espécies até então cariotipadas, sendo a 14

maior representatividade em espécies analisadas pertencentes a subfamília Hylinae, e ao 15

gênero Hyla. Ainda assim, a maioria das espécies dessa família não tem cariótipo conhecido, 16

restando muitas lacunas quanto à caracterização cromossômica de seus representantes. A 17

maior parte das informações citogenéticas nos hilídeos era baseada somente em estudos feitos 18

com coloração convencional. 19

Com o refinamento das técnicas de bandamento cromossômico puderam ser realizados 20

trabalhos capazes de revelar a ocorrência de alterações cariotípicas em muitas espécies de 21

Hylidae, como a presença de cromossomos sexuais morfologicamente diferenciados, 22

cromossomos B, variação na quantidade e distribuição de heterocromatina, e diferenças em 23

relação ao número e localização da Ag-RON. É importante ressaltar os trabalhos que utilizam 24

técnicas mais avançadas, como a coloração com os fluorocromos base-específicos, a 25

Hibridação in situ fluorescente em análises cromossômicas de representantes da família 26

Hylidae. Esses estudos, têm fornecido dados importantes para compreender da evolução 27

cariotípica nos Hylidae (Kasahara et al., 1998; Kasahara et al., 2003; Schmid e Steinlein, 28

2003). 29

2.4 Os Gêneros Phyllodytes e Hypsiboas (Hylidae, Hylinae) 30

O gênero Phyllodytes pertence a família Hylidae, subfamília Hylinae e tribo 31

Lophiohylini (Frost, 2012). Esses animais são popularmente conhecidos como pererecas das 32

PPGGBC

27

bromélias (Musso & Lima, 2002), apresentando pequeno porte, onde o adulto pode variar 1

entre 1,7 a 3,5 cm de comprimento, e ventosas nas pontas dos dedos, essenciais para aderência 2

na vegetação (Duellman & Trueb, 1994). 3

Possuem hábito bromelícola e são endêmicos de regiões de Mata Atlântica, um dos 4

biomas mais ameaçados, que vem sofrendo drástica redução devido ação antrópica, restando 5

apenas 7% de sua cobertura original. (Fundação SOS Mata Atlântica, 2012). 6

Apresenta 11 espécies (Frost, 2012), das quais 9 (exceto P. gynaethes e P. maculosus) 7

são pertencentes aos grupos: grupo P. auratus (P. autratus e P. wuchereri), grupo P. luteolos 8

(P. acuminatus, P. brevirostris, P. edelmoi, P. kautskyi, P. luteolos e P. melanomistax) e 9

grupo P. tuberculosus (P. punctatus e P. tuberculosus). 10

Análise de dados moleculares de Faivovich et al. (2005) reconheceram três grupos de 11

espécies e uma espécie não atribuída ao grupo demonstrando o polifiletismo de Phyllodytes. 12

Entretanto a última revisão do gênero, feita por Wiens et al. (2010) indica que Phyllodytes é 13

monofilético e o aloca próximo de grupos como, Trachycephalus, Osteocephalus, 14

Aparasphenodon e Itapotihyla, que morfologicamente são muito distintos deste gênero 15

gênero. 16

Faivovich et al. (2005) baseando-se em análises moleculares de 45 espécies 17

demonstraram o monofiletismo do grupo de Hylas da América do Sul, nesse sentido 18

sinonimizou 15 gênero e alocou as espécies brasileiras no gênero (Hypsiboas). 19

Este gênero constitui-se de 84 espécies distribuídas principalmente em áreas de Mata 20

Atlântica, Cerrado adjacente à Caatinga e formações de Cerrado, ocorrendo também na 21

Floresta Amazônica. O gênero Hypsiboas é organizados em grupos tais como, H. benitezi, H. 22

punctatus, H. similineatus, H. pellucens, H. albopunctatus, H. faber e H. pulchellus; de 23

acordo com suas semelhanças morfológicas. Estes grupos são relevantes para a definição de 24

unidades monofiléticas, no entanto, algumas espécies têm caracteres que tornam difícil alocá-25

las em qualquer um dos grupos atualmente reconhecidos (Faivovich et al., 2005). 26

Até então, foram caracterizadas citogeneticamente 21 espécies do gênero, das quais 7 27

apresentam somente dados do número cromosssômico (Carvalho et al., 2009; Nunes & 28

Fagundes, 2008; Gruber et al., 2006; Raber et al., 2004; Ananias et al., 2004), Essas 29

caracterizações mostram números diplóides que variam entre 2n=22 a 24 cromossomos 30

(Gruber et al., 2006), sendo 2n=24 o número cromossômico mais comum (Faivovich, 2005). 31

Estudos citogenéticos em anuros, ao contrário do observado em nível morfológico, têm 32

mostrado grande variabilidade em Anura e contribuído bastante em investigações de ordem 33

sistemática e relações filogenéticas de vários grupos (Toledo et al., 2007). Até o momento 34

PPGGBC

28

cerca de 1000 espécies de Anura foram estudadas citogeneticamente dentre as 5966 espécies 1

existentes nessa ordem. Apesar da importância dada a estudos citogenéticos ainda não há 2

registro de tais dados para o gênero Phyllodytes, nem para algumas espécies do gênero 3

Hypsiboas, como H. atlanticus e H. pombali. 4

5

PPGGBC

29

3. OBJETIVOS 1

Considerando escasso conhecimento das espécies de Phyllodytes e de algumas espécies 2

de Hypsiboas (Anura, Hylidae), e o fato de esses gêneros estarem inseridos em hotspots, o 3

presente estudo tem como objetivo realizar estudos taxônomicos destes gêneros, utilizando 4

dados citogenéticos, produzindo uma importante ferramenta citotaxonômica que, em conjunto 5

com dados ecológicos, podem auxiliar em programas de manejo e conservação. 6

3.1 Objetivos Específicos 7

A. Coleta e identificação de espécies do gênero Phyllodytes e Hypsiboas, preferencialmente 8

de suas localidades tipo; 9

B. Definição do número diplóide e fórmula cariotípica das populações amostradas a partir de 10

técnicas de coloração convencional; 11

C. Estabelecimento de padrões de distribuição da heterocromatina constitutiva e localização 12

de sítios ativos de NORs, eficientes marcadores cromossômicos, a partir, respectivamente, de 13

técnicas de bandamento-C e impregnação por nitrato de prata nas espécies analisadas; 14

D. Analisar diversidade inter e intraespecífica através de estudos comparativos entre os 15

espécimes; 16

E. Analisar os resultados obtidos comparando com os encontrados na literatura para outros 17

anuros, visando estudos de evolução cromossômica no grupo; 18

19 PPGGBC

30

4. MATERIAIS E MÉTODOS 1

4.1 Coletas 2

Os espécimes do gênero Phyllodytes utilizados provêm de três localidades do estado da 3

Bahia/ Brasil: o Parque Estadual da Serra do Conduru, localizado entre os municípios de 4

Ilhéus, Uruçuca e Itacaré, reserva da Natura, localizada no município de Serra Grande e da 5

cidade de Ilhéus. Os indivíduos do gênero Hypsiboas foram coletados de um fragmento de 6

Mata Atlântica do município de Itacaré-BA e da Estação Ecológica Wenceslau Guimarães, no 7

município que da nome à reserva-BA. As coletas foram realizadas através de busca ativa e 8

vocalização. 9

Foram analisados 13 indivíduos do gênero Phyllodytes, identificados como P. 10

melanomistacs, P. luteolos e P. tuberculosus; e 8 indivíduos do gênero Hypsiboas, 11

identificados como H. atlanticus, H. crepitans, H. pombali e H. semilineatus. 12

Os espécimes vivos coletados foram encaminhados ao Laboratório de Citogenética da 13

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Campus de Jequié onde foram processados, 14

recebendo numeração correspondente ao registro de tombo. Os exemplares foram fixados em 15

formol a 4% e posteriormente mantidos em álcool 70%, identificados e depositados também 16

no Laboratório de Citogenética da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Campus de 17

Jequié. 18

4.2 Procedimentos Metodológicos 19

4.2.1 Estudos Citogenéticos 20

4.2.2 Preparação de Cromossomos Mitóticos - Intestino (King & Rofe, 1976) 21

A. Foi injetado intraperitonealmente uma solução aquosa de colchicina 0,5%, na proporção de 22

0,02 ml por grama de peso do animal; 23

B. Após quatro a seis horas, o animal previamente anestesiado, foi sacrificado sendo 24

removidos coração, fígado, intestino e testículos; 25

C. O coração e os testículos foram acodicionados em eppendorf contendo álcool 100% para 26

posterior análise molecular; 27

PPGGBC

31

D. O intestino foi deixado imerso em água destilada por 20 minutos; sendo posteriormente 1

acondicionado em tubo falcon contendo fixador Carnoy (3:1) por 24 horas em geladeira. Após 2

esse período procedeu-se a raspagem da parte interna para obtenção das células a serem 3

analisadas; 4

E. O material obtido do intestino, foi homogeneizado com auxílio de pipetas pasteur e, em 5

seguida, centrifugdo por duas vezes a 950 rpm por dez minutos cada vez; 6

F. Seguiu-se então o armazenamento do material em eppendorfs contendo fixador Carnoy 7

(3:1), em congelador; 8

G. As suspensões obtidas foram pingadas em lâminas, e coradas com uma solução de Giemsa 9

5% em tampão fosfato 0,1M a pH 6,8 por aproximadamente 10 minutos. Após coloração, 10

foram lavadas em água corrente e secas ao ar. 11

4.2.3 Detecção das Regiões Organizadoras de Nucléolo (Ag-RONs) (Howell e Black, 12

1980) 13

A. Foram pingadas sobre uma lamínula, 2 gotas de solução aquosa de gelatina a 2%, acrescida 14

de ácido fórmico na proporção de 2ml/100 ml de solução, e 4 gotas de solução aquosa de 15

nitrato de prata a 50%; 16

B. Cobriu-se lamínula com a lâmina previamente preparada; 17

C. O conjunto lâmina-lamínula foi incubado em estufa ou banho-maria a 60º C até que a 18

lâmina adquirisse coloração de caramelo a marro claro; 19

D. Lavou-se a lâmina em água destilada, com o auxilio de uma piceta, para que a lamínula 20

escorresse naturalmente com a corrente d’água; 21

E. Posterior à retirada da lamínula, a lâmina foi lavada em água corrente (torneira) e seca ao 22

ar; 23

F. Quando se fez necessário, a lâmina foi corada com Giemsa diluído em tampão fosfato pH 24

6,8 por cerca de 20 segundos. 25

4.2.4 Detecção da Distribuição da Heterocromatina Constitutiva (Sumner, 1972) 26

A. Inicialmente a lâmina foi tratada com HCl 0,2N por 13 minutos em temperatura ambiente; 27

B. Lavou-se a lâmina em água corrente e, depois, seca ao ar; 28

C. Depois de seca, a lâmina foi tratada em solução aquosa e Ba(OH)2 5% a 60ºC durante 60 29

segundos; 30

PPGGBC

32

D. Imediatamente após retirada da solução de bário, imergiu-se a lâmina rapidamente em HCl 1

0,2N; 2

E. A lâmina foi então deixada em solução salina 2XSSC a 60ºC por 30 minutos; 3

F. Lavou-se a lâmina em água corrente, deixando secar ao ar. 4

G. Após todo esse procedimento, corou-se a lâmina Giemsa a 5% diluído em tampão fosfato 5

pH 6,8 durante 10 minutos. 6

4.3 Captura de Imagens 7

As preparações foram analisadas em microscópio óptico ou microscópio de epifluorescência e 8

capturadas com 5 Mp de definição através do sistema de análise de imagens CoolSnap Pro, 9

utilizando-se para tal, o programa Image Pro Plus 6.0 (Media Cybernetics). 10

4.4 Montagem de Cariótipos e Idiogramas 11

Os cariótipos foram montados utilizando Adobe Photoshop 7.0.1, e a morfologia 12

cromossômica foi determinada segundo a razão de braços proposta por Levan, 1964. 13

14

PPGGBC

33

5. REFERÊNCIAS 1

ALBERTS, B.; JOHSON, A.; LEWIS, J.; RAFF; ROBERTS, K. & WALTER, P. 2003. 2

Molecular Biology of the Cell, 4º ed. Garland Science, New York, NY, 352-4, 378-80. 3

ANANIAS, F.; GARCIA, P. C. A. & RECCO-PIMENTEL, S.M. 2004. Conserved 4

karyotypes in the Hyla pulchella species group (Anura, Hylidae). Hereditas 140: 42-48. 5

ANANIAS, F.; MODESTO, A. D. S.; MENDES, S. C. & NAPOLI, M. F. (2007) Unusual 6

primitive heteromorphic ZZ/ZW sex chromosomes in Proceratophrys boiei (Anura 7

Cycloramphidae Alsodinae) with description of C-Band interpopulational 8

polymorphism. Hereditas 144:206-212 9

BEÇAK, M. L.; DENARO, L. & BEÇAK, W. 1970. Polyploid and mechanisms of karyotypic 10

diversification in Amphibia. Cytogenetics 9:225-238. 11

BECK, C. W. 1998. Mode of fertilization and parental care in anurans. Animal Behavior 55: 12

439-449. 13

BOGART, J. P. Evolution of anuram karyotypes. 1973. In Vial, J. L. (ed.). Evolutionary 14

Biology of the Anurans: contemporary research on major problems. University of 15

Missuru Press, Columbia, pp. 337-349. 16

BOGART, J.P. 1981. Chromosomes studies in Sminthillus from Cuba and Eleutherodactylus 17

from Cuba and Puerto Rico (Amphibia: Leptodactylidae). Life Sci. Cont. R. Ont. Mus. 18

129:1-22. 19

BOGART, J.P. 1991. The influence of life history on karyotypic evolution in frogs. In: 20

Green, D. M. and Sessions SK (eds), Amphibian Cytogenetics and Evolution, Acad 21

Press, New York, pp 233-258. 22

BUSIN, C. S.; ANDRADE, G. V.; BERTOLDO, J.; DEL GRANDE, M. L.; 23

UETANABARO, M. & RECCO-PIMENTEL, S. M. (2007) Cytogenetic analysis of 24

four species of Pseudis (Anura Hylidae) with the description of ZZ/ZW sex 25

chromosomes in P Tocantins. Genetica 133:119-127. 26

CATROLI, G. F. 2008. Cariótipo se seis espécies de Bokermannohyla dos grupos de B. 27

circumdata e B. pseudopseudis (Anura, Hylidae). Rio Claro: Universidade Estadual 28

Paulista. Dissertação de Mestrado em Ciências Biológicas. 29

CARVALHO, K. A.; GARCIA, P. C. A. & RECCO-PIMENTEL, S. M. 2009. Cytogenetic 30

comparison of tree frogs of the genus Aplastodiscus and the Hypsiboas faber group 31

(Anura, Hylidae). Genetics and molecular Research 8 (4): 1498-1508. 32

PPGGBC

34

COYNE, J. A. 1984. Correlation between heterozygosity and rate of chromosome evolution 1

in animals. Arm. At. 123:725-729. 2

DUELLMAN, W. E. & RODRIGUES, L. O. 1994. Guide to the frogs of Iquitos region, 3

Amazonian Peru. University of Kansas Printing Service, Lawrence, Kansas. 4

DUELLMAN, W. &.; TRUEB, L. 1994. In: Biology of Amphibians. The Johnns Hopkins 5

University Press, Baltimore and Lodon. 6

DUELLMAN, W. E. & TRUEB, L. 1986. In Biology of Amphibians. Mc Graw Hill. New 7

York, Caps 5 and 6, pp. 109-112. E pp. 407-408. 8

FAIVOVICH, J. 2002. A cladistic analysis of Scinax Anura: (Hylidae). Cladistics 18: 367–9

393. 10

FAIVOVICH, J., GARCIA, P. C. A., ANANIAS, F., LANARI, L., BASSO, N. G. & 11

WHEELER, W. C. 2004. A molecular perspective on the phylogeny of the Hyla 12

pulchella species group (Anura, Hylidae). Mol. Phylogenetics Evol. 32: 938-950. 13

FAIVOVICH, J.; HADDAD, C. F. B.; GARCIA, P. C. A.; FROST, D. R.; CAMPBELL, J.A. 14

& WHEELER, W. C. 2005. Systematic review of the frog family Hylidae, with special 15

reference to Hylinae: phylogenetic analysis and taxonomic revision. Bull. Am. Museum 16

Nat. Hist. 294:1-240 17

FORD, L. & CANNATELLA, D. C. 1993. The major clades of frogs. Hepertol. Monigr. 18

7:94-117. 19

FROST, D. R., GRANT, T., FAIVOVICH, J., BAIN, R. H., HAAS, A., HADDAD, C. F. B., 20

SÁ, R. O., CHANNING, A., WILKINSON, M., DONNELLAN, S. C., RAXWORTHY, 21

C. J., CAMPBELL, J. A., BLOTTO, B. L., MOLER, P., DREWES, R. C., 22

NUSSBAUM, R. A., LYNCH, J. D., GREEN, D. M. & WHEELER, W. C. 2006. The 23

amphibian tree of life. Bull. Am. Museum Nat. Hist. 297: 1-370. 24

FROST, D.R. Amphibian Species of theWorld: An Online Reference, version 5.3. Electronic 25

database accessible at http://research.amnh.org/herpetology/amphibia American 26

Museum of Natural History, New York, USA., 2012. Acesso em: 20/02/2012. 27

FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. 2012. Mata Atlântica. Portal SOS Mata Atlântica, 28

disponível em: 29

http://www.sosmatatlantica.org.br/index.php?section=info&action=mata. Acesso em: 30

14/11/11. 31

FUTUYMA, D. J. 1992. Biologia Evolutiva. 2 º edição, Ribeirão Preto. Sociedade Brasileira 32

de Genética/CNPq, 631pp. 33

PPGGBC

35

GALLS, J.G. & PARDUE, M.L. 1969. Molecular hybridization of radioactive DNA to the 1

DNA of cytological preparation Proc Natl Acad Sci USA 64 pp 600-604. 2

GOODPASTURE, C. & BLOOM S.E. 1975. Visualization of nucleolar organizer regions in 3

mammalian chromosomes using silver staining. Chromosoma, 53: 37-50. 4

GRANT, T., FROST, D. R., CALDWELL, J. P., GAGLIARDO, R., HADDAD, C. F. B., 5

KOK, P. J. R., MEANS, D. B., NOONAN, B. P., SCHARGEL, W. E. & WHEELER, 6

W. C. 2006. Phylogenetic systematics of dart-poison frogs and their relatives 7

(Amphibia: Athesphatanura: Dendrobatidae). Bull. Am. Museum Nat. Hist. 269: 1-262. 8

GREWAL, S.I.S. & JIA, S.T. 2007. Heterochromatin revisited. Nature Rev Gen 8:35-46. 9

GRUBER, S. L.; HADDAD, C. F. B. & KASAHARA, S. 2006. Chromosome banding in 10

three species of Hypsiboas (Hylidae, Hylinae), with special reference to a new case of 11

B-chromosome in anuran frogs and to the reduction of the diploid number of 2n=24 to 12

2n=22 in the genus. Genetica 130:281-291. 13

GUERRA, M.S. 1988. Introdução à Citogenética Geral. (ed) Guanabara Rio de Janeiro RJ pp 14

97-98. 15

HEDGES, S.B.; DUELLMAN, W.E. & HEINICKE, M.P. 2008. New World direct-16

developing frogs (Anura: Terrarana): Molecular phylogeny classification biogeography 17

and conservation Zootaxa 3-182. 18

HEINICKE, M.P.; DUELLMAN, W.E. & HEDGES, S.B. 2007. Major Caribbean and Central 19

American frog faunas originated by ancient oceanic dispersal. Proc Natl Acad Sci 20

104:10092-10097. 21

HEITZ, E. D. 1928. As heterochromatin der moose. L. Jabet. Wiss. Bot. 69:762-818. 22

HENDERSON, A. S.; WARBURTON, D. & ATWOOD, K.C.; 1972. Location of ribosomal 23

DNA in the human chromosome complement. Proc. Natl. Acad. Sci, USA. 69:3394-24

3398. 25

HILLIS, D. M. & DIXON, M. T. 1991.Ribosomal DNA: molecular evolution and 26

phylogenetic inference. Q Rev Biol, 66, 411 -53. 27

HOWELL, W. M. & BLACK, D. A. 1980. Controlled silver staining of nucleolar organizer 28

regions with a protective colloidal developer; a 1-step method. Experientia 36:1014-29

1015. 30

HUISINGA, K.L.; BROWER-TOLAND, B. & ELGIN, S.C. 2007. The contradictory 31

definitions of heterochromatin:transcription and silencing. Chromosoma 115 110-122. 32

PPGGBC

36

IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Lista 1

de Reservas Biológicas. Disponível em: 2

http://www.ibama.gov.br/siucweb/mostraUc.php?seqUc=811. Acesso 05/01/2012. 3

IMAI, H. T. 1983. Quantitative analyses of karyotype alteration an differentiation in 4

mammals. Evolution 37:1154-1161. 5

KASAHARA, S., SILVA, A. P. Z. & GRUBER, S. L. 1998. Use of lymphocyte cultures for 6

BrdU replication banding patterns in anuran species (Amphibia). Genet. Mol. Biol. 21: 7

471-467. 8

KASAHARA, S.; ZAMPIERI, A. P. S.; GRUBER S.L. & HADDAD, C.F.B. 2003. 9

Comparative cytogenetic four tree frog species (Anura, Hylidae, Hylinae) from Brazil. 10

Cytogenet. Gen. res. 103:155-167. 11

KING, M. & ROFE, R. 1976. Karyotype variation in the Australian gekko Phyllodactylus 12

marmoratus (Gray) (Gekkonidae: Reptilia). – Chromosoma 54: 75-87. 13

KING, M. 1990. Amphibia. In John B, Gwent C (Eds) Animal Cytogenetics. Amphibia 4 14

Chordata 2. Gebruder Borntraeger, Berlin, pp. 1-241. 15

KING, M.; COTRERAS, N. & HONEUCUTT, R. L. 1990.Variation within and between 16

nucleolar regions in Australian hylids frogs (Anura) shown by 18S ad 28S I situ 17

hybridization. Genetica, 80:17-29. 18

KING, M. 1991. The evolution of the heterochromatin in the amphibian genome. In Green, 19

M. G. & Sessions S. K. (eds.). Amphibians Cytogenetic and Evolution. Academic 20

Prees, San Diego, pp.359-391. 21

KURAMOTO, M. 1990. A list of chromosome number of anuran amphibians. Bull. Fukuoka 22

Univ. Educ., 39:83-127. 23

LEVAN, A.; FREDGA, K. & SANDBERG, A. A. 1964. Nomenclature for centromeric 24

position on chromosomes. Hereditas 52:201-220. 25

LOURENÇO, L. B.; RECCO-PIMENTEL, S. M. & CARDOSO, A. J. 1998. Polymorphism 26

of the nucleolus organizer regions (NORs) Physalaemus petersi (Amphibia, Anura, 27

leptodactylidae) detected by silver staining and fluorescent in situ hybridization. Chrom. 28

Res., 6:621-328. 29

LOURENÇO, L. B. 1996. Estudo citogenético comparativo de Edalorhina perezi e 30

Physalaemus petersi (Amphibia, Anura, Leptodactylidae). Campinas: Universidade 31

Estadual de Campinas. Dissertação de Mestrado em Ciências Biológicas. 32

PPGGBC

37

LOURENÇO, L.B., GARCIA, P.C.A. & RECCO-PIMENTEL, S. M. 2000. Cytogenetics of 1

two species of Paratelmatobius (Anura, Leptodactylidae), with phylogenetic comment. 2

Hereditas, 133: 201-210. 3

LUTZ, B. 1973. Brazilian species of Hyla. University of Texas press. Austin & London. 4

MILLER, D.A.; DEV, V.G.; TANTRAVAHI, R. & MILLER, O.J. 1976 a. Suppression of 5

human nucleolus organizer activity in mouse-human somatic hybrid cells. Exp Cell 6

Res 101:235-243. 7

MILLER, O.J.; MILLER, D.A.; DEV, V.G.; TANTRAVAHI, R & CROCE, C.M. 1976 b. 8

Expression of human and suppression of mouse nucleolus organizer activity in mouse-9

human somatic cell hybrids. Proc Natl Acad Sci 73:4531-4535. 10

MIURA, I. 1994. Sex chromosome differentiation in the Japanese brown frog Rana japonica. 11

Sex-related heteromorphism of the distribution pattern of constitutive heterochromatin 12

in chromosome nº 4 of the Nakuya population. Zool. Sci. 11:797-806. 13

MIURA, I. 1995. The late replication banding patterns of chromosomes are higly conserved 14

in the genera Rana, Hyla and Bufo (Amphibia, Anura). Chromosoma, 103:567-574. 15

MORESCALCHI, A. 1972. Amphibia. In Chiareli, A.B. & Capana, E.. (eds.). Cytotaxonomy 16

and Vertebrate Evolution. Academic Press, New York, pp. 233-348. 17

MORESCALCHI, A. 1973. Amphibia. In Chiareli, A. B. & Capana, E. (eds.). Cytotaxonomy 18

and Vertebrate Evolution. Academic Press, New York, pp. 233-348. 19

MUSSO, C. M. & LIMA, R. N. 2002. Diagnóstico Ambiental – Fauna. Zoneamento 20

Ambiental Reserva Ecológica de Jacarenema, Vila Velha – ES. Disponível em: 21

http://www.avidepa.org.br 22

NUNES, R. D. R. A. & FAGUNDES, V. 2008. Patterns of ribosomal DNA distribution in 23

hylid frogs from the Hypsiboas faber an H. semilineatus species groups. Genetics and 24

molecular biology, 31, 4, 982-987. 25

ODIERNA, G.; VENCES, M. & APREA, G. 2001. Chromosome data for Malagasy poison 26

frogs (Amphibia, Ranidae, Mantella) and their bearing o taxonomy and phylogeny, 27

Zool. Sci., 18:505-514. 28

OLERT, J. 1979. Interphase studies with simplified methods of silver staining of nucleoli. 29

Experientia, 35: 283-385. 30

POUGH, F. H.; HEISER, J. B. & MCFARLAND, W. N. 2002. Salamandras, Anuros e 31

Cecílias. In A vida dos vetebrados. Atheneu, São Paulo. 32

PPGGBC

38

QUINDERÉ, Y. R. S. D. 2007. Citogenética de populações e espécies de Physalaemus do 1

grupo "cuvieri" (Anura, Leiuperidae).” Campinas: Universidade Estadual de Campinas. 2

Dissertação de Mestrado em Biologia Celular e Estrutural. 3

RABER, S.C., CARVALHO, K.A., GARCIA, P.C., VINCIPROVA, G. & RECCO-4

PIMENTEL, S.M. 2004. Chromosomal characterization of H. bischoffi bischoffi and 5

Hyla guentheri (Anura, Hylidae). Phyllomedusa, 3: 43-49. 6

ROMER, A.S. & PARSON, T.S. 1985. Quem é quem entre os vertebrados. In: Anatomia 7

Comparada dos Vertebrados, Atheneu Ed., São Paulo, pp. 29-80. 8

SALDUCCI, M. D.; MARTY, C.; FOUQUET, A. & GILLES, A. 2005. Phylogenetic 9

relationships and biodiversity in Hylids (Anura: Hylidae) from French Guiana. C R 10

Biol. 328 (10-11): 1009-1024. 11

SBH. 2007. Lista de espécies de anfíbios do Brasil. Sociedade Brasileira de Herpetologia 12

(SBH). Disponível em: <http://sbherpetologia.or.br/checklist/anfibios.htm>. Acesso em: 13

09/12/10. 14

SCHMID, M. 1980. Chromosome banding in Amphibia V. Highly differentiated ZW/ZZ sex 15

chromosomes and exceptional genome size in Pyxicephalus adspersus (Anura, 16

Ranidae). Chromosoma 80:69-96. 17

SCHMID, M. 1982. Chromosome banding in Amphibia. VII. Analysis of structure and 18

variability of NORs in Anura. Chromosoma, 87:327-344. 19

SCHMID, M.; STEILEIN, C.; NANDA, I. & EPPLEN, J. T. 1990. In: E. Olmo ed. 20

Chromosome banding in Amphibia. Cytogenetics of Amphibians and Reptiles, 21

Birkhauser Verlag, Basel, p. 21-45. 22

SCHMID, M., NANDA, I., STEINLEIN, C., KAUSCH, K., EPPLEN, J. T. & HAAF, T. 23

1991. Sex-determining mechanisms and sex chromosomes in Amphibia. In: D. M. 24

Green e S. K. Sessions eds. Amphibian Cytogenetics and Evolution. Academic Press, 25

San Diego, p. 393-430. 26

SCHMID, M.; STEILEIN, C. & FEICHTINGER, W. 1992. Chromosome banding in 27

Amphibia. XVII. First demonstration of multiple sex chromosomes in amphibians: 28

Eleutherodactylus maussi (Anura, Leptodactylidae). Cytogenet. Cell. Genet, 62: 284-29

292. 30

SCHMID, M.; OHTA, S.; STEILEIN, C. & GUTTENBACH, M. 1993. Chromosome banding 31

in Amphibia. XIX. Primitive ZW/ZZ Sex chromosome I Burgeria buergeri (Anura, 32

Rhacophoridae). Cytogenet. Cell Genet., 62: 238-246. 33

PPGGBC

39

SCHMID, M. & STEINLEIN, C. 2003. Chromosome banding in Amphibia. XXIX. The 1

primitive XY/XX sex chromosome of Hyla femoralis (Anura, Hylidae). Cytogenet. 2

Genome Res 101:74-79. 3

SCHWARZACHER, H. G. & WACHTLER, F. 1993. The nucleolus. Anat. Embriolo., 4

188:515-536. 5

SILVA, A. P. Z., HADDAD, C. F. B. & KASAHARA, S. 1999. Nucleolus organizer region 6

in Physalaemus cuvieri (Anura, Leptodactylidae), with evidence of a unique case of Ag-7

NOR variability. Hereditas 131: 135-141. 8

SIQUEIRA, S.; ANANIAS, F. & RECCO-PIMENTEL, S.M. 2004. Cytogenetic analysis of 9

three species of Eleutherodactylus (Anura, Leptodactylidae) from southeastern Brazil. 10

Genet Mol Biol 27:363-372. 11

SIQUEIRA, S.; AGUIAR, O. JR.; TRÜSSMANN,C.; DEL-GRANDE, M. L. & RECCO-12

PIMENTEL, S. M. 2008. Chromosomal analysis of three Brazilian “eleutherodactyline” 13

frogs (Anura: Terrarana), with suggestion of a new species. Zootaxa 1860: 51–59. 14

STORER, T. I.; USINGER, R. L.; STEBBINS, R. C. & NYBAKKEN, J. W. 1989. Classe 15

Amphibia – Anfíbios. In Zoologia Geral. Companhia Ed. Nacional, pp. 618- 41. 16

SUMNER, A.T. 1972. A simple technique for demonstrating centromeric heterocromatio. 17

Exp Cell 75:304-306. 18

SUMNER, A. T. 1990. C-banding and related methods. In: Chromosome Banding. Unwin 19

Hyman. Ed. London. 39-90. 20

TOLEDO, L. F., BRITO, F. B., ARAÚJO, O. G. S., GIASSON, L. O. M. & HADDAD, C. F. 21

B. 2007. The occurrence of Batrachochytrium dendrobatidis in Brazil and the inclusion 22

of 17 new cases of infection. Sou. Am J Herpet 1:185-191. 23

WIENS, J. J.; KUCZYNSKI, C. A.; HUA, X. & MOEN, D. S. 2010. An expanded phylogeny 24

of treefrogs (Hylidae) based on nuclear and mitochondrial sequence data. Molecular 25

Phylogenetics and Evolution 55 871–882. 26

WHITE, M. J. D. 1978. Modes of speciation. WH freeman, São Francisco. 27

WILEY, J.E.; LITTLE, M.L.; ROMANO, M.A.; BLOUNT, D.A. & CLINE, G.R. 1989. 28

Polymorphism in the location of the 18S and 28S rDNA genes on the chromosomes of 29

the diploid-tetraploid treefrogs Hyla chrysoscelis and H. versicolor. Chromosoma 97: 30

481–487. 31

ZUG, G. R. 1993. Amphibians. In: Herpetology – Na Introductory Biology of Amphibians 32

and Reptiles. Academic Press, Inc. Washington, DC. 33

34

PPGGBC

40

CAPÍTULO I - Estudos citogenéticos no gênero Phyllodytes (Anura, Hylidae) 1

Marcelle Amorim Carvalho1, Caroline Garcia

1 e Sérgio Siqueira

1 2

1 Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Citogenética, Universidade Estadual do Sudoeste da 3

Bahia. Jequié, BA, Brasil. 4

RESUMO 5

Estudos de natureza sistemática e filogenética dentro da ordem Anura foram, em sua 6

maioria, baseados em dados morfológicos, os quais, em muitos grupos, apresentam-se 7

altamente conservados, constituindo caracteres diagnósticos fracos. A partir de 2002, estudos 8

genéticos mostraram-se como ferramentas promissoras na resolução de conflitos taxonômicos 9

e na elucidação de relações evolutivas, sendo uma delas a Citogenética. Dentre as 5966 10

espécies de anfíbios anuros descritas, em torno de 1000 espécies já apresentam algum tipo de 11

informação cariotípica. Estes dados tem se mostrado extremamente úteis em inferências sobre 12

os mecanismos de evolução cromossômica e estudos de taxonomia, e quando associados a 13

dados morfológicos, ecológicos e moleculares permitem um melhor entendimento de suas 14

relações filogenéticas. O gênero Phyllodytes é composto por animais de pequeno porte e 15

endêmicos da Mata Atlântica, e das 11 espécies descritas para o gênero, apenas três destas 16

foram estudadas molecularmente e nenhuma apresenta dados cromossômicos. No presente 17

estudo foram analisados citogeneticamente três espécies deste gênero - Phyllodytes luteolos, 18

P. melanomystax e P. tuberculosus, utilizando coloração convencional, bandamento C e 19

impregnação por nitrato de prata. As três espécies apresentaram o mesmo número diplóide e 20

número fundamental (2n=24 e NF=48), com pequenas diferenças no que diz respeito à 21

morfologia cromossômica e a quantidade e localização das regiões de heterocromatina 22

constitutiva e das RONs. 23

Palavras-chave: Ag-RONs, bandamento C, cromossomos, evolução cariotípica, inversões 24

pericêntricas 25

26

PPGGBC

41

ABSTRACT 1

Cytogenetic studies of genus Phyllodytes (Anura, Hylidae) 2

Phylogenetic and systematics studies within the Anura order were mostly based on 3

morphological data, which in many groups, present themselves as highly conserved, 4

constituting poor diagnostic characters. However, since 2002, genetic studies showed to be 5

promising tools for resolving conflicts regarding taxonomy and in elucidating evolutionary 6

relationships, one of which the Cytogenetics. Among the approximately 5966 species of 7

amphibians described, about 1000 species present some karyotype information. This 8

information has been extremely useful in inferences about the mechanisms of chromosomal 9

evolution and taxonomy studies, and when associated with morphological, ecological and 10

molecular techniques allow a better understanding of their phylogenetic relationships. The 11

genus Phyllodytes consists of small and endemic animals from the Atlantic Forest, and from 12

the 11 species described of the genus, only 3 of these were molecularly studied and they had 13

none chromosomal data presented. In the present study 3 species of the genus Phyllodytes 14

were analyzed cytogenetically; P. luteolos, P. melanomystax and P. tuberculosus, using 15

conventional stain, C-banding, and silver nitrate impregnation. These species have the same 16

diploid and fundamental number (2n=24 and NF=48), with minor differences regarding 17

chromosome morphology, amount and location of constitutive heterochromatic regions and 18

the RONs. 19

Keywods: Ag-NORs, C-banding, chromosomes, karyotype evolution, pericentric inversions 20

21 PPGGBC

42

INTRODUÇÃO 1

O gênero Phyllodytes, composto por 11 espécies, pertence a família Hylidae, subfamília 2

Hylinae e tribo Lophiohylini (Frost, 2012). Esses animais, popularmente conhecidos como 3

pererecas das bromélias (Musso & Lima, 2002), apresentam pequeno porte, onde o indivíduo 4

adulto pode variar entre 1,7 a 3,5 cm de comprimento, apresentando ventosas nas pontas dos 5

dedos, essenciais para aderência na vegetação (Duellman & Trueb, 1994). 6

Esses animais apresentam hábito bromelícola e são exclusivos de ambientes de Mata 7

Atlântica, um dos biomas mais ameaçados e que vem sofrendo drástica redução devido ação 8

antrópica, contando atualmente, com apenas 7% de sua cobertura original. (Fundação SOS 9

Mata Atlântica, 2012). 10

O fato deste bioma marcado por alto grau de endemismo de sua fauna encontrar-se sob 11

severa ameaça, atinge, inevitavelmente, a riqueza de espécies encontradas nessas áreas. 12

Atualmente, reconhece-se a existência de cerca de 340 espécies de anfíbios vivendo em 13

remanescentes de Mata Atlântica, sendo que 90 dessas são consideradas endêmicas (Fundação 14

SOS Mata Atlântica, 2012; Lagos & Muller, 2007). Esses fatos vêm despertando o interesse 15

de pesquisadores em melhor caracterizar os anfíbios desse bioma visando estudos de 16

biodiversidade e projetos de manejo e conservação. Nesse sentido, marcadores 17

cromossômicos e moleculares apresentam grande aplicabilidade em sua caracterização 18

genética, permitindo a identificação de variações intra e interespecífica e o monitoramento da 19

variação genética das populações. 20

O gênero Phyllodytes é um dos menos estudados dentro de Hylinae, tanto do ponto de 21

vista morfológico quanto genético. Os poucos estudos disponíveis sobre as relações 22

filogenéticas dentro da família Hylidae utilizam dados morfológicos e alguns poucos dados 23

moleculares (Wiens, et al., 2010; Faivovich et al., 2005). 24

Faivovich et al. (2005) utilizando dados morfológicos e seqüenciamento de genes 25

mitocondriais (12S, 16S e citocromo b), propõem o monofiletismo do gênero, recuperando-o 26

como grupo mais basal para a tribo Lophiohylini. Wiens et al. (2010) em estudos mais 27

recentes, baseados apenas em dados moleculares (12S e 16S) não confirmou o monofiletismo 28

de Phyllodytes, alocando P. auratus mais próximo filogeneticamente de Itapotihyla do que 29

das demais espécies do gênero. Levando-se em consideração o pequeno número de espécies 30

analisadas no estudo de Wiens (2010) ou Faivovich (2005) (P. auratus, P, luteolos e 31

Phyllodytes sp.) as relações evolutivas dentro do gênero permanecem pouco esclarecidas. 32

PPGGBC

43

Em grupos com espécies que apresentam ampla distribuição, ou para aquelas que 1

possuem diversidade críptica, os caracteres morfológicos nem sempre são suficientemente 2

fortes para permitir a correta identificação de espécies. Nesses casos, onde a morfologia 3

mostra-se conservada ou limitada outras ferramentas podem ser utilizadas. Uma dessas 4

ferramentas é a citogenética (Hillis & Dixon, 1991; Toledo et al., 2010). 5

O presente estudo teve por objetivo analisar citogeneticamente três espécies de 6

Phyllodytes gerando informações que possam ser úteis para estudos de evolução 7

cromossômica e citotaxonomia que poderão ser utilizadas também para promover o sucesso 8

de programas de conservação. 9

MATERIAIS E MÉTODOS 10

Foram analisados 11 indivíduos provenientes de três localidades do estado da Bahia/ 11

Brasil: o Parque Estadual da Serra do Conduru, localizado entre os municípios de Ilhéus, 12

Uruçuca e Itacaré; da reserva da Natura, localizada no município de Serra Grande e da cidade 13

de Ilhéus. Os espécimes foram identificados como Phyllodytes luetolos, P. melanomistax e P. 14

tuberculosus e tombados no LAGOA (Laboratório de Genética de Organismos Aquáticos), 15

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié, sob os números 330, 331, 332, 333, 334, 16

431, 432, 434, 435, 444 e 445. (Fig. 1 e Tabela 1). 17

Para a obtenção dos cromossomos, os animais foram tratados com injeção 18

intraperitoneal com uma solução aquosa de colchicina 0,5%, na proporção de 0,02 ml por 19

grama de peso do animal por um período de 4 a 6 horas antes de serem anestesiados e 20

processados. Os cromossomos mitóticos foram obtidos através da raspagem do epitélio 21

intestinal, conforme protocolo descrito por King & Rofe, (1976) com modificações. 22

Para a determinação do número e morfologia dos cromossomos foi utilizada a coloração 23

convencional por Giemsa e a classificação cromossômica seguiu a proposta de Levan et al. 24

(1964). 25

Para o cálculo do número de braços cromossômicos (NF), assumiu-se os cromossomos 26

metacêntricos, submetacêntricos e subtelocêntricos como portadores de dois braços 27

cromossômicos, e cromossomos acrocêntricos como portadores de apenas um braço. As 28

medições cromossômicas foram realizadas com o auxílio de um programa computacional que 29

simula um paquímetro (Bressane e Bressane, em preparação). 30

PPGGBC

44

O bandamento C, seguiu o protocolo proposto por Sumner (1972) com modificações; e 1

para a detecção das regiões organizadoras de nucléolo utilizou-se a impregnação por nitrato 2

de prata, com pequenas alterações segundo o Howell & Black (1980). 3

RESULTADOS 4

As três espécies de Phyllodytes apresentaram número diplóide 2n=24 cromossomos e 5

NF=48. Os cariótipos obtidos mostraram-se bastante semelhantes, diferindo quanto a 6

morfologia de alguns pares cromossômicos. Para todas as espécies os pares 1, 9, 10, 11 e 12 7

mostraram-se metacêntricos, e o par 4 subtelocêntrico. Por outro lado, os pares 2, 3, 6 e 8 8

variaram entre metacêntricos e submetacêntricos e os pares 5 e 7 variaram entre 9

submetacêntricos e subtelocêntricos. Pode-se ainda observar a ocorrência de uma constrição 10

secundária em um dos cromossomos do par 7 de Phyllodytes melanomystax, responsável por 11

um heteromorfismo de tamanho entre os homólogos (Fig. 2 A, B, C e Tabela 2). 12

O bandamento C revelou a presença de blocos de heterocromatina constitutiva, 13

localizados pericentromericamente em todos os cromossomos de P. tuberculosus e na maioria 14

dos cromossomos de P. melanomystax e P. luteolos. Blocos banda C positivos também 15

puderam ser observados nas regiões terminais de alguns cromossomos nas três espécies e 16

intersticialmente apenas em P. melanomystax e P. luteolos (Figura 3 D, E, F e Tabela 1). 17

Com relação ao numero e localização das RONs, Phyllodytes melanomystax apresentou 18

uma marcação de Ag-RONs na posição terminal dos braços longos do par 7, coincidente com 19

um bloco de heterocromatina e com a constrição secundária em um dos homólogos do par. 20

Phyllodytes luteolos apresentou RONs terminais localizadas nos braços longos do par 8. Não 21

foi possível obter dados sobre o número e localização das RONS para P. tuberculosus (Fig. 2 22

– boxes). 23

DISCUSSÃO 24

Os cariótipos dos espécimes analisados deste estudo apresentam número diplóide 25

equivalente à 2n=24 cromossomos. Esse número diplóide é uma das características 26

citogenéticas mais marcantes da família Hylidae, apesar de já haverem sido descritas 27

variações neste que vão de 2n=18 cromossomos (ex.: Aplastodiscus leucopygius) até 2n=52 28

cromossomos (ex.: Phyllomedusa tretraploidea) (Catroli, 2008). 29

PPGGBC

45

De acordo Bogart (1973) os cariótipos de todas ou quase todas as espécies com 1

número diplóide diferente do número diplóide modal para a família são, provavelmente, 2

derivados de um ancestral comum que apresentava 2n=26 cromossomos. Essa proposta foi 3

corroborada pelos resultados dos estudos de Faivovich et al. (2005), que propõem filogenia 4

para os hilídeos utilizando dados moleculares, porém não deixando de levar em consideração 5

o número cromossômico das espécies. 6

A macroestrutura cromossômica de Phyllodytes apresenta seis pares cromossômicos 7

(1, 4, 9, 10, 11 e 12) com morfologia conservada e outros seis (2, 3, 5, 6, 7 e 8) de morfologia 8

variada. Analisando essas fórmulas cariotípicas, pode-se inferir que as semelhanças entre 9

essas três espécies é resultado de sua ancestralidade comum, já as diferenças na 10

macroestrutura resultantes do posicionamento do centrômero devem-se, provavelmente à 11

inversões pericêntricas como sugerido para espécies de Dendropsohus (Medeiros, 2005), 12

Hypsiboas (Carvalho et al., 2008) e Phyllomedusa (Barth, 2008), as quais possivelmente 13

constituam o principal mecanismo de evolução cariotípica para o grupo. 14

O bandamento C permitiu revelar uma maior diferenciação entre as espécies 15

analisadas, identificando três padrões de distribuição e quantidade dos blocos de 16

heterocromatina. A diminuição do número e do tamanho de blocos heterocromáticos em 17

regiões pericentroméricas, em muitos casos está associada a presença de blocos banda C 18

positiva em regiões intesticiais e/ou terminais, como pode ser observado para P. 19

melanomystax e P. luteolos. Esse fato parece indicar que a ocorrência de heterocromatina 20

intersticial e/ou terminal possivelmente resulta de eventos de inversão pericêntrica 21

envolvendo os blocos proximais à região centromérica, resultando no novo posicionamento 22

(Medeiros, 2005; Carvalho et al., 2008; Barth, 2008). 23

Considerando as RONs, estas são simples e localizadas terminalmente nos braços 24

longos dos pares 7 e 8, em P. melanomystax e P. luteolos, respectivamente. Esses pares 25

cromossômicos apresentam a mesma morfologia nas duas espécies indicando que eles possam 26

ter uma ancestralidade comum e sua localização esteja dependente de rearranjos que tenham 27

ocorrido em outros pares adjacentes durante a evolução cromossômica do grupo. A existência 28

de homeologias entre pares de diferentes espécies pode ser confirmado em estudos dos 29

gêneros Physalaemus (Quinderé, 2007) e Phyllomedusa (Bruschi, 2010). 30

Ainda não foi possível obter resultados de Ag-RON para P. tuberculosus, mas, devido 31

a sua natureza heterocromática e das outras duas espécies estudadas, pode-se supor que, a 32

impregnação pelo nitrato de prata revele a RON coincidente com os blocos heterocromáticos 33

PPGGBC

46

existentes na região terminal dos cromossomos do par 8, o qual também mostra-se semelhante 1

em morfologia ao par nucleolar das demais espécies em estudo. 2

Embora translocações/transposições e inversões pericêntricas sejam os eventos mais 3

prováveis de terem ocorrido no grupo em questão, acarretando nas diferenças entre as 4

espécies, não podemos afirmar que estes foram os únicos eventos envolvidos na evolução 5

cromossômica do grupo, pois sabe-se que esses podem ser mais complexos, como observado 6

por Ventura (2009), através de pintura cromossômica, em roedores do gênero Akodon. 7

O presente estudo mostrou que existem importantes diferenças citogenéticas entre as espécies 8

estudadas, o que contribui com os estudos de evolução cariótipica e citotaxonomia, além de 9

poderem ser utilizadas em programas de conservação, visto que, ações bem sucedidas de 10

reintrodução e/ou a permanência das espécies, dependem de uma compatibilidade genética 11

entre elas. Contudo, para auxiliar o entendimento das relações filogenéticas, se faz necessário 12

a coleta e análise de um maior número de espécies utilizando uma maior variedade de técnicas 13

genéticas. 14

AGRADECIMENTOS: 15

Os autores agradecem ao Prof. Dr. Mirco Solé pela identificação dos exemplares 16

Phyllodytes e auxílio nas coletas. Este trabalho contou com o apoio financeiro da Fundação de 17

Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB – processo BOL 1399/2010). 18

REFERÊNCIAS 19

BARTH, A. 2008. Estudos citogenéticos nas espécies do gênero Phyllomedusa (Anura, 20

Hylidae) encontradas na região sul do estado da Bahia. Resumo de Dissertação de 21

Mestrado. 2p. 22

BRESSANE & BRESSANE em preparação. 23

BRUSCHI, D. P. 2010. Relações inter e intraespecíficas no grupo de Phyllomedusa 24

hypochondrialis (Anura, Hylidae): Estudos citogenéticos e de DNA mitocondrial. 25

Campinas: Universidade Estadual de Campinas. Dissertação de Mestrado em Biologia 26

Celular e Estrutural. 27

BOGART, J. P. 1973. Evolution of anuram karyotypes. In Vial, J. L. (ed.). Evolutionary 28

Biology of the Anurans: contemporary research on major problems. University of 29

Missuru Press, Columbia, pp. 337-349. 30

PPGGBC

47

CARVALHO, F. K, DE; FERNANDES, A.; BARTH, A. & CUSTÓDIO, R. J. 2008. Tempo 1

ou antropismo como fatores causadores de alterações cromossômicas para uma 2

população de Hypsiboas raniceps (Anura: Hylidae) (Cope, 1862). 3

CATROLI, G. F. 2008. Cariótipo se seis espécies de Bokermannohyla dos grupos de B. 4

circumdata e B. pseudopseudis (Anura, Hylidae). Dissertação apresentada ao Instituto 5

de Biociências da Universidade Estadual Paulista, UNESP, Campus de Rio Claro, para 6

a obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas (Biologia Celular e Molecular) 7

Rio Claro – SP. 8

DUELLMAN, W. E. & TRUEB, L. 1994. Biology of Amphibians, The John Hopkins Univ 9

Press. Baltimore, 670 pp. 10

FAIVOVICH, J.; HADDAD, C. F. B.; GARCIA, P. C. A.; FROST, D. R.; CAMPBELL, J.A. 11

& WHEELER, W. C. 2005. Systematic review of the frog family Hylidae, with special 12

reference to Hylinae: phylogenetic analysis and taxonomic revision. Bull. Am. Museum 13

Nat. Hist. 294:1-240. 14

FROST, D.R. 2012 Amphibian Species of the World: An Online Reference, version 5.3. 15

Electronic database accessible at http://research.amnh.org/herpetology/amphibia 16

American Museum of Natural History, New York, USA. 17

FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. 2012. Mata Atlântica. Portal SOS Mata Atlântica, 18

disponível em: http://www.sosmatatlantica.org.br/index.php?section=info&action=mata 19

. Acessado em 07/01/2012. 20

HILLIS, D. M. & DIXON, M. T. 1991.Ribosomal DNA: molecular evolution and 21

phylogenetic inference. Q Rev Biol, 66, 411 -53. 22

HOWELL, W. M. & BLACK, D. A. 1980.Controlled silver staining of nucleolar organizer 23

regions with a protective colloidal developer; a 1-step method. Experientia 36:1014-24

1015. 25

KING, M. & ROFE, R. 1976. Karyotype variation in the Australian gekko Phyllodactylus 26

marmoratus (Gray) (Gekkonidae: Reptilia). – Chromosoma 54: 75-87. 27

LAGOS, A. R. & MULLER, B. L. A. 2007. Hotspot brasileiro – Mata Atlântica. Saúde e 28

Ambiente em Revista. Universidade do Grande Rio – UNIGRANRIO 29

LEVAN, A.; FREDGA, K. & SANDBERG, A. A. 1964. Nomenclature for centromeric 30

position on chromosomes. Hereditas 52:201-220. 31

MEDEIROS, L. R. 2005. Citogenética de Dendropsophus (Anura, Hylidae): Caracterizações 32

e comparações cromossômicas. Tese de Doutorado em Biologia Celular e Estrutural 33

110p. 34

PPGGBC

48

MUSSO, C. M. & LIMA, R. N. 2002. Diagnóstico Ambiental – Fauna. Zoneamento 1

Ambiental Reserva Ecológica de Jacarenema, Vila Velha – ES. Disponível em: 2

http://www.avidepa.org.br 3

QUINDERÉ, Y. R. S. D. 2007. Citogenética de populações e espécies de Physalaemus do 4

grupo "cuvieri" (Anura, Leiuperidae).” Campinas: Universidade Estadual de Campinas. 5

Dissertação de Mestrado em Biologia Celular e Estrutural. 6

SUMNER, A.T. 1972. A simple technique for demonstrating centromeric heterocromatio. 7

Exp Cell 75:304-306. 8

TOLEDO, L. F., SIQUEIRA, S., DUARTE, T. C., VEIGA-MENONCELLO, A. P. C. & 9

RECCO-PIMETEL, S. M. 2010. Description of a new species of Pseudopaludicola 10

Miranda-Ribeiro, 1926 from the state of São Paulo, Southeastern Brazil (Anura, 11

Leiuperidae). Sou. Am J Herpet 1:185-191. 12

VENTURA, K. 2009. Estudos citogenéticos e filogenia molecular em roedores da tribo 13

Akodontini. Tese apresentada ao Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do 14

Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de 15

Doutor em Ciências na área de Biologia/Genética. São Paulo.WIENS, J. J.; 16

KUCZYNSKI, C. A.; HUA, X.; MOEN, D. S .2010. An expanded phylogeny of 17

treefrogs (Hylidae) based on nuclear and mitochondrial sequence data. Molecular 18

Phylogenetics and Evolution 55 871–882. 19

PPGGBC

49

Tabela 1 – Localização dos blocos de heterocromatina e das RONs nas espécies de

Phyllodytes analisadas no presente trabalho

Espécie Nº de tombo Localidade Sexo Bandamento C RONs

P. luteolos 444 e 4445 Ilhéus/BA 2 Machos BP= maioria

BI=1q, 1p, 5p,

7q, 10p

BT= 1q, 2p, 3q,

4q

B

T=8q

P. melanomystax 331, 431, 432,

434 e 435

PESC/BA e

Reserva da

Natura/BA

4 Machos e

1 Fêmea

BP= 1, 4, 6, 7, 8,

9, 10, 11 e 12

BI=1q

BT=1p, 2q, 7q

B

T =7q

P. tuberculosus 330, 332, 333 e

334

PESC/BA 4 Machos BP=todos os

cromossomos

BT= 8q

_

Tabela 2 – Morfologia cromossômica das espécies de Phyllodytes analisadas no presente trabalho

Espécie 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

P. luteolos m m m st st sm st sm* m m m m

P. melanomistacs m m sm st sm m sm* m m m m m

P. tuberculosus m sm sm st st sm st sm m m m m

* par onde houve marcação das RONs

PPGGBC

50

Fig. 1 - Fotos dos indivíduos de Phyllodytes analisados no presente estudo:

a) Phyllodytes luteolos, b) Phyllodytes melanomystax e c) Phyllodytes

tuberculosus.

Fig. 2 - Cariótipos submetidos a coloração convencional (1) e bandamento C (2) de: a) Phyllodytes

luteolos, b) Phyllodytes melanomystax e c) Phyllodytes tuberculosus. Em destaque os cromossomos

nucleolares submetidos à impregnação por nitrato de prata e bandamento C.

1

a) b) c)

PPGGBC

51

CAPÍTULO II - Dinâmica da Evolução Cromossômica no Gênero Hypsiboas (Anura: 1

Hylidae) 2

Marcelle Amorim Carvalho1, Miguel Trefault Rodrigues

2, Caroline Garcia

1 e Sérgio Siqueira

1 3

1 Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Citogenética, Universidade Estadual do Sudoeste da 4

Bahia. Jequié, BA, Brasil. 5

2 Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil. 6

RESUMO 7

Hylidae é uma das famílias mais numerosas dos anuros, representando no Brasil 40% da 8

diversidade dessa Ordem. Essa grande diversidade, somada a ampla distribuição desses 9

animais se reflete em conflitos taxonômicos e sistemáticos. Os hilídeos apresentam número 10

diplóide 2n=24 cromossomos, embora já tenham sido relatadas variações. Entre os Hypsiboas, 11

apenas 16% de suas espécies possuem dados citogenéticos, sendo a maioria resultado apenas 12

de coloração convencional. O presente trabalho analisa dados citogenéticos de diferentes 13

espécies e populações de Hypsiboas e discute a dinâmica evolutiva da macro e microestrura 14

cromossômica desses anfíbios. O número diplóide 2n=24 cromossomos é o mesmo nas 15

espécies analisadas, no entanto o grupo apresentou grande variabilidade na morfologia e 16

marcações cromossômicas. A existência de possíveis marcadores cromossômicos com 17

potencial citotaxônomico e a existência de uma possível relação filogeografica dos padrões 18

cromossômicos são discutidos. 19

Palavras-chave: Ag-RONs, bandamento C, cromossomos, evolução cariotípica, inversões 20

pericêntricas 21

ABSTRACT 22

Chromosomal Evolution Dynamics in the genus Hypsiboas (Anura: Hylidae) 23

Hylidae is one of the larger families of the anurans, representing in Brazil 40% of the 24

diversity of this order. This large diversity, added to the wide distribution of these animals is 25

reflected in taxonomic and systematic conflicts. The hylids present the diploid number of 26

PPGGBC

52

2n=24 chromosomes, although variations have already been reported. Among the Hypsiboas, 1

only 16% of its species have cytogenetic data, and most only results from conventional 2

staining. This paper analyzes cytogenetic data of different species and Hypsiboas populations 3

and discusses the evolutionary dynamics of both, macro and micro chromosomal structure of 4

these amphibians. The diploid number 2n=24 chromosomes is the same in the analysed 5

species, however the group showed great variability in morphology and chromosomal 6

markers. The presence of possible chromosomal markers with cytotaxonomic potential and 7

the existence of a possible phylogeographic relationship of the chromosomal patterns are 8

discussed. 9

INTRODUÇÃO 10

Hylidae é reconhecida como uma das famílias mais numerosas da ordem Anura. 11

Representantes desse grupo de anfíbios, caracterizados principalmente pela presença de discos 12

adesivos nas bases dos dedos e hábitos arbóreos, podem ser encontrados por todos os 13

continentes do globo, com exceção do continente Antártico, sendo sua maior diversidade 14

relatada para a região Neotropical (Frost, 2012). 15

Os hilídeos totalizam 907 espécies e 47 gêneros (Amphibiaweb, 2012), comumente 16

subdivididos em três subfamílias (Faivovich et al., 2005, Wiens et al., 2010), dentre essas 17

destaca-se a subfamília Hylinae por ser a mais diversa, abrigando cerca de 650 espécies 18

(Frost, 2012). 19

Toda a diversidade de espécies de Hylinae, associada à sua ampla distribuição 20

geográfica refletem na existência de inúmeros conflitos taxonômicos e sistemáticos. Na 21

última década essa subfamília vem sendo foco de estudos filogenéticos que buscaram testar 22

seu monofiletismo e a validade do status taxonômico de seus representantes (Faivovich 23

et al., 2005; Salducci et al., 2005; Wiens et al., 2010). Um dos estudos pioneiros nessa 24

abordagem e que trouxe grandes modificações à taxonomia vigente para Hylinae foi realizado 25

por Faivovich et al. (2005), utilizando o sequenciamento de genes mitocondriais e nucleares 26

associado a dados morfológicos para 226 espécies de hilídeos. Com base neste trabalho 2/3 27

das espécies atribuídas ao gênero Hyla foram alocadas em outros 15 gêneros, sendo um desses 28

o gênero Hypsiboas. 29

Os representantes do gênero Hypsiboas são popularmente conhecidos como pererecas, 30

sapos martelo, sapos ferreiro, entre outros, e são bastante freqüentes nas regiões úmidas da 31

mata atlântica, floresta amazônica, caatinga e formações de cerrado, totalizando 86 espécies 32

PPGGBC

53

(Amphibiaweb, 2012). Com base em dados genéticos, morfológicos, alguns dados 1

comportamentais e ecológicos os Hypsiboas estão alocados em sete grupos de espécies: H. 2

albopunctatus, H. benitizi, H. faber, H. pellucens, H. puchellus, H. punctatus e H. 3

semilineatus. 4

Estes grupos não embasados em sinapomorfias morfológicas são relevantes para a 5

definição de unidades monofiléticas, no entanto, algumas espécies têm caracteres que tornam 6

difícil alocá-las em qualquer um dos grupos atualmente reconhecidos (Faivovich et al., 2005). 7

Wiens et al. (2010), através de seqüenciamento gênico também reconheceu a existência 8

destes sete grupos monofiléticos entretanto, infere relações evolutivas entre os grupos, 9

ligeiramente diferentes das propostas por Faivovich et al. (2005). 10

Embora muitos esforços venham sendo empregados no entendimento das relações 11

sistemáticas do grupo, Hylidae permanece pouco estudada do ponto de vista citogenético. 12

Menos de 17% das espécies de Anura apresentam algum dado citogenético disponível, sendo 13

a maioria destes estudos restrita a caracterização da macroestrutura cariotípica utilizando 14

coloração convencional (King, 1990). 15

Durante muito tempo assumiu-se que os anfíbios constituíam um dos poucos grupos de 16

vertebrados que apresentavam cariótipos extremamente conservados. Entretanto, com o 17

emprego de técnicas de coloração diferencial e de citogenética molecular, descobriu-se uma 18

grande variabilidade na microestrutura cromossômica que permite uma melhor identificação 19

de espécies e suas variantes geográficas, constituindo uma importante ferramenta auxiliar em 20

estudos taxonômicos (Kasahara et al., 2003; Siqueira et al., 2004). 21

Os Hylidae, em sua maioria, apresentam número diplóide 2n=24 cromossomos, com 22

cariótipo constituído predominantemente por cromossomos de dois braços, enquanto 23

variações no número cromossômico têm sido consideradas apomorfias para o grupo (King, 24

1990; Catroli, 2008). 25

Com relação ao gênero Hypsiboas, apenas 16% apresentam algum dado citogenético, 26

sendo a maioria dos trabalhos focada apenas na descrição do cariótipo de diferentes espécies e 27

sem importantes inferências sobre evolução cromossômica do grupo com base em marcadores 28

heterocromáticos ou RONs (Raber et al., 2004; Ananias et al., 2004; Gruber et al., 2006; 29

Nunes & Fagundes, 2008 a,b; Carvalho et al., 2009). 30

O presente trabalho teve como objetivo realizar uma análise citogenética de diferentes 31

espécies e/ou populações de Hypsiboas visando identificar possíveis marcadores 32

cromossômicos que auxiliem no melhor entendimento da dinâmica evolutiva da macro e 33

microestrura cromossômica desses anfíbios. 34

PPGGBC

54

MATERIAIS E MÉTODOS 1

Foram analisados espécimes de H. crepitans, H. pombali e H. semilineatus provenientes 2

da Estação Ecológica Wenceslau Guimarães - EEWG (Wenceslau Guimarães/BA) e H. 3

atlanticus, proveniente de um fragmento de Mata Atlântica do município de Itacaré-BA (Fig. 4

3). Estes encontram-se depositados no Laboratório de Citogenética da UESB com devidos 5

números de tombo: 438, 439, L115, 22260, 22265, 22266, 22087 e 22088. 6

Para a preparação da suspensão de cromossomos mitóticos, utilizaram-se a raspagem do 7

epitélio intestinal, conforme protocolo descrito por King e Rofe, (1976) com modificações, ou 8

a dissociação do tecido hepático segundo protocolo de Garcia, ainda não publicado. 9

Para a determinação do número e morfologia dos cromossomos foi utilizada a coloração 10

convencional por Giemsa e o número de braços cromossômicos (NF) foi calculado segundo 11

Levan (1964). 12

Na elaboração dos idiogramas foram utilizados tanto os resultados obtidos nesse 13

trabalho, como os disponíveis em artigos da área. As figuras dos cariótipos foram 14

digitalizadas e submetidas à medição cromossômica no programa “Paquimetro” (Bressane e 15

Bressane, em preparação) tendo como base a proposta de Levan et al. (1964). As medidas 16

cromossômicas obtidas foram utilizadas para a construção de idiogramas através do programa 17

para cosntrução de idiogramas “Idiograma” (Bressane e Bressane, em preparação). A 18

padronização da classificação cromossômica se fez necessária para permitir uma melhor 19

comparação das fórmulas cariotípicas e da proporção de tamanho entre os cromossomos, uma 20

vez que muitos autores seguiram padrões de medidas cromossômicas diferenciados. 21

O bandamento C, deu-se segundo protocolo proposto por Sumner (1972) com 22

modificações; e para a detecção das regiões organizadoras de nucléolo utilizou-se a 23

impregnação por nitrato de prata, com pequenas alterações, segundo o Howell & Black 24

(1980). 25

RESULTADOS 26

Todas as espécies de Hypsiboas analisadas neste estudo apresentaram 2n=24 27

cromossomos e NF=48 com diferentes fórmulas cariotípicas (Fig. 4 - Tabela 4). 28

A impregnação por nitrato de prata permitiu evidenciar a ocorrência de RONs simples 29

localizadas intersticialmente nos braços longos do par cromossômico 7 para H. crepitans, H. 30

pombali e H. semilineatus, sendo que para H. pombali e H.semilineatus em todas as metáfases 31

PPGGBC

55

analisadas apenas um dos homólogos evidenciou marcações Ag-RONs. Hypsiboas atlanticus, 1

apresentou RONs múltiplas localizadas terminalmente nos braços longos de dois pares de 2

cromossomos (10 e 12) (Fig 5 - boxes). 3

O bandamento C revelou a existência de blocos de heterocromatina constitutiva 4

adjacente aos centrômeros de todos os cromossomos de H. crepitans, H. semilineatus e H. 5

pombali e nos pares 1, 2, 3, 4 e 5 de H. atlanticus. Puderam ainda ser evidenciadas regiões 6

Banda C+ localizadas intersticialmente nos braços longos de seis pares de cromossomos de H. 7

atlanticus (1, 2, 3, 6, 7 e 8) e nos braços curtos do par 3 de H. crepitans. Blocos 8

heterocromáticos terminais foram observados apenas para H. atlanticus e mostraram-se 9

coincidentes com as RONs. Para as demais espécies analisadas não havia heterocromatina 10

associada à RON (Fig 5). 11

A associação dos dados obtidos nesse trabalho com os dados citogenéticos disponíveis 12

na literatura para espécies de Hypsiboas permitiu uma melhor comparação das fórmulas 13

cartiotípicas já evidenciadas para estes animais (Tabela 3). Após a padronização das medidas 14

cromossômicas (Tabela 4) foram identificados oito padrões de composição cromossômica, 15

muitos desses compartilhados por diferentes espécies (Tabela 4 e Figura 6). 16

Com relação à macroestrutura cariotípica, pode-se observar que os pares 17

cromossômicos 1 e 5, são os únicos que mantém morfologia constante (metacêntrico e 18

submetacêntrico, respectivamente) para todas as espécies estudadas. Dentre os demais pares 19

cromossômicos, os pares 2, 10, 11 e 12 mostram-se mais conservados, enquanto os demais 20

pares apresentaram uma maior variação morfológica devido ao posicionamento diferencial da 21

constrição primária (Tabela 4). 22

A comparação entre os padrões de distribuição de heterocromatina constitutiva e das 23

Ag-RONs permitiu evidenciar alguns marcadores cromossômico para H. albomarginatus 24

(RONs interstiticiais nos braços curtos do par 2), H. crepitans (bloco heterocromático 25

interstitical nos braços curtos do par 3) e espécies do grupo H. pulchellus (bloco 26

heterocromático terminal nos braços longos do par 1) (Fig. 5). 27

DISCUSSÃO 28

Dentre as 86 espécies reconhecidas para o gênero Hypsiboas, apenas 13 já foram 29

analisadas até o momento, incluindo os dados do presente trabalho, este número aumenta para 30

15. Todas as espécies apresentaram 2n=24 cromossomos e NF=48, com exceção de H. 31

albopunctatus com 2n=22 cromossomos (Tabela 3). A manutenção do número diplóide em 24 32

PPGGBC

56

cromossomos é uma das principais características citogenéticas da família Hylidae, apesar de 1

números diplóides maiores ou menores já terem sido observados (2n=18 em Aplastodiscus 2

leucopygius até 2n=52 em Phyllomedusa tretraploidea) (Catroli, 2008). Acredita-se que o 3

cariótipo de todas, ou quase todas as espécies, com número diplóide menor ou igual a 24 4

cromossomos e pertencentes às famílias de anuros consideradas mais derivadas, como 5

Dendrobatidae, Hylidae, Leptodactilydae e Ranidae, tenham surgido por um evento de 6

redução a partir de um ancestral comum com 2n=26 cromossomos (Bogart, 1973), o que é 7

corroborado pela filogenia proposta por Faivovich et al. (2005), 8

Segundo Gruber et al. (2006) dois possíveis mecanismos poderiam estar envolvidos na 9

redução de número diplóide de H. albopunctatus, fusões em tandem ou translocações 10

envolvendo os pequenos cromossomos do cariótipo, o que poderia ter resultado também na 11

mudança na posição das RONs. Os autores também consideram a possibilidade de que a 12

ocorrência de um cromossomo supranumerário, observada apenas nessa espécie, represente 13

um vestígio de que, no passado, H. albopunctatus também tenha apresentado 2n=24 14

cromossomos. 15

Com relação à morfologia dos cromossomos, observa-se que há predomínio de 16

cromossomos de dois braços no cariótipo e que alguns pares cromossômicos apresentam uma 17

evolução mais dinâmica do que outros. Os pares 1 e 5 mantém morfologia e tamanho 18

conservados para todas as espécies/populações já estudadas, enquanto que os pares 3, 4, 6 e 7 19

variam mais sua morfologia com relação ao posicionamento do centrômero, podendo ser 20

metacêntricos, submetacêntricos ou subtelocêntricos (Tabela 4). Esse fato, associado à 21

manutenção do tamanho dos pares cromossômicos entre os cariótipos são um forte indício de 22

que as inversões pericêntricas seriam o principal mecanismo envolvido na diferenciação da 23

macroesturura cariotípica do grupo. 24

Ainda com relação macroestrurura cromossômica foi possível distribuir as espécies e/ou 25

populações já analisadas em oito grupos de acordo com sua fórmula cariotípica (o que 26

chamaremos de grupos cariotípicos) (Fig. 5 e Tabela 4). Pode-se ainda observar que estes 27

grupos cariotípicos não são compostos necessariamente por populações de uma mesma 28

espécie ou por espécies que pertençam aos mesmos grupos de espécie propostos por 29

Faivovitch et al. (2005) e Wiens et al. (2010). Para o grupo H. faber foram encontradas cinco 30

fórmulas cariotípicas (grupos cariotípicos 1, 2, 3, 5 e 6). O grupo H. semilineatus apresentou 31

dois cariótipos distintos (grupos cariotípicos 4 e 5), assim como o grupo H. pulchellus (grupos 32

cariotípicos 3 e 7). Os grupos H. albopunctatus e H. punctatus apresentaram apenas um 33

padrão cromossômico (grupos cariotípicos 2 e 8, respectivamente). Apesar do 34

PPGGBC

57

compartilhamento de um mesmo padrão cariotípico entre as espécies de Hypsiboas, observa-1

se que a microestrutura cromossômica é muito mais variável permitindo a diferenciação de 2

espécies e suas variantes geográficas. 3

De modo geral, as RONs são tidas como um importante marcador citogenético para o 4

estudo de anfíbios, isso porque, para maioria dos anuros, o número e a localização desses 5

sítios mostram-se conservados dentro das espécies estudadas (Lourenço et al., 1998). 6

Para as espécies e populações de Hypsiboas analisadas, o estudo das RONs demonstrou 7

uma grande variabilidade, onde a maioria das espécies apresentou RONs simples localizadas 8

intersticialmente nos braços longos de cromossomos médio/pequenos (pares 7, 10 e 11) 9

(presente estudo, Ananias et al., 2004; Gruber et al., 2006; Nunes & Fagundes, 2008a). Essa 10

variação não está restrita apenas à espécies diferentes, o que pôde ser observado nas duas 11

populações de H. crepitans (presente estudo; Gruber et al., 2006) e H. faber (Nunes & 12

Fagundes, 2008a; Carvalho et al., 2009) estudadas que diferiram com relação ao par 13

cromossômico nucleolar. Esses dados indicam que as RONs são marcadores cromossômicos 14

fracos para identificar as possíveis espécies do gênero e que outros marcadores devem ser 15

aplicados conjuntamente para que os dados apresentem potencial citotaxonômico. Entretanto, 16

em alguns casos, as RONs terminais e/ou RONs localizadas nos maiores cromossomos do 17

complemento (pares 1 e 2) mostraram-se conservadas e restritas a grupos específicos, 18

podendo ser consideradas, até o momento, marcadores cromossômicos espécie-específico 19

para H. albomarginatus e H. semiguttatus (Ananias et al., 2004; Nunes & Fagundes, 2008a). 20

O primeiro relato de RONs múltiplas para o gênero é descrito no presente estudo para 21

H. atlanticus, que apresentou marcações terminais discretas nos braços longos dos pares 10 e 22

12. De modo geral os anfíbios anuros apresentam RONs simples terminais (King et al., 1990), 23

entretanto para Hypsiboas, quando leva-se em conta as filogenias moleculares disponíveis 24

para o grupo, RONs simples intersticiais (Nunes & Fagundes, 2008a), podem ser 25

consideradas como uma característica plesiomórfica, e condições variantes como apomorfias. 26

A variação de localização das RONs poderia ser mais facilmente explicada por 27

possíveis eventos de translocação ou transposição cromossômica, uma vez que há manutenção 28

do número e do tamanho cromossômico entre os diferentes cariótipos analisados. Esses 29

mesmos mecanismos também poderiam explicar o surgimento das RONs múltiplas em H. 30

altlanticus. Possivelmente a espécie ancestral possuía RONs terminais localizadas no par 31

cromossômico 10 e por translocação ou transposição, parte dos sítios de rDNA foram 32

transferidos para a região terminal do par 12, resultando no pequeno tamanho das marcações 33

evidenciadas pelo nitrato de prata nessa espécie. Eventos de transposição e/ou translocação 34

PPGGBC

58

também são considerados como os possíveis mecanismos de dispersão de sítios ribossomais 1

45S em muitas espécies de anuros que apresentam RONs múltiplas (Schmid et al., 1995). 2

A aplicação da FISH com sondas de rDNA 45S foi realizada apenas para quatro 3

espécies de Hypsiboas (H. albomarginatus, H. faber, H. pardalis e H. semilineatus) 4

confirmando a existência de RONs simples para estas (Nunes & Fagundes, 2008a). 5

Ressaltamos aqui a importância da realização da técnica de FISH com genes ribossomais para 6

confirmar o numero e a localização dos sítios de rDNA 45S nas espécies estudadas nesse 7

trabalho, uma vez que para H. pombalis e H. semilineatus a prata só evidenciou um dos 8

homólogos do par nucleolar, o que poderia indicar uma ativação preferencial dos sítios 9

ribossomais durante a interfase precedente. Além disso, essa técnica também seria útil para 10

verificar a real existência de RONs múltiplas para H. atlanticus, pois existem relatos para 11

outros grupos animais de marcações inespecíficas obtidas pela impregnação por nitrato de 12

prata e que se mostraram coincidentes com blocos heterocromáticos de natureza ácida 13

(Sumner, 1990; Sánchez et al., 1995). 14

O padrão de distribuição de heterocromatina é uma das características mais utilizadas 15

para a diferenciação de espécies/populações dentre os anuros, sendo um dos marcadores 16

cromossômicos mais empregados em estudos citotaxonômicos, como observado por 17

Anderson (1991) em espécies de Hyla, em espécies de Telmatobufo (Formas et al., 2000) e 18

em Colostethus (Veiga-Menoncello et al., 2003). 19

Os poucos dados disponíveis para o gênero Hypsiboas mostram que a maioria das 20

espécies apresenta grande quantidade de heterocromatina pericentromérica distribuída por 21

todo o complemento cromossômico. Blocos BC+ interstiticiais são observados em apenas 22

alguns cromossomos de poucas espécies e blocos terminais são encontrados com menos 23

freqüência (Tabela 3 e Figura 5). Uma melhor comparação do padrão de distribuição da 24

heterocromatina entre populações fica dificultada, pois a maioria dos trabalhos disponível não 25

aplicou esta metodologia. 26

Tendo como base as relações evolutivas entre as espécies estudadas na filogenia 27

molecular de Faivovich et al. (2005) associadas aos dados reunidos na figura 2 e dados 28

disponíveis para espécies próximas, observa-se que cariótipos contendo apenas 29

heterocromatina constitutiva pericentromérica constituem uma característica plesiomórfica 30

para o grupo. Blocos heterocromáticos intersticiais ou terminais consistiriam em variações do 31

padrão ancestral. 32

Pode-se observar que as espécies de Hypsiboas que possuem heterocromatina em 33

posição intersticial/terminal apresentam uma diminuição na quantidade de heterocromatina 34

PPGGBC

59

pericentromérica ou no tamanho desses blocos, como pode ser visto para H.albomarginatus, 1

H. albopunctatus, H. crepitans, H. raniceps e H atlanticus (Gruber et al., 2006, Carvalho et 2

al., 2009, presente trabalho). Esse fato poderia ser facilmente explicado como resultado de 3

eventos de inversões cromossômicas que resultariam na transferência dessas regiões ao longo 4

dos braços cromossômicos, reforçando que as inversões seriam o principal mecanismo de 5

evolução cariotípica em Hypsiboas. Essas inversões envolvendo blocos heterocromáticos 6

também poderiam explicar o fato de algumas espécies apresentarem RONs heterocromáticas, 7

enquanto a maioria apresenta RONs eucromáticas, possivelmente estas regiões tornaram-se 8

intercaladas ou associadas à heterocromatina após esses eventos de reorganização estrutural 9

dos cromossomos. 10

Com base nos padrões observados, nota-se que o bloco heterocromático intersticial 11

localizado nos braços curtos do par cromossômico 3 de H. crepitans apresenta um grande 12

potencial para ser considerado um marcador espécie específico, pois está presente apenas nas 13

populações dessa espécie, mesmo que essas apresentem diferenças que as caracterizem como 14

variantes geográficas. O mesmo ocorre para o bloco terminal localizado nos braços longos do 15

par cromossômico 1 das espécies pertencentes ao grupo H. pulchellus e o bloco terminal nos 16

braços curtos do par 6 de H. bischoffi (Fig. 4). 17

Seria de se esperar que populações de uma espécie ou espécies pertencentes a um 18

mesmo grupo taxonômico compartilhassem mais semelhanças com relação ao padrão de 19

distribuição de heterocromatina e/ou número e localização das RONs do que com outras 20

espécies, entretanto, com base nos dados reunidos na figura 2 e no local de origem das 21

populações analisadas pode-se inferir que a evolução da microestrutura cariotípica apresenta-22

se fortemente associada com a distribuição geográfica desses animais. Por exemplo, as 23

espécies do presente estudo provenientes da Estação Ecológica de Wenceslau Guimarães, 24

apesar de diferirem com relação à fórmula cariotípica, apresentam o mesmo padrão de 25

Bandamento C e RONs, assim como ocorre para H. marginatus, H. semigutattus e H. aff. 26

semigutattus (Ananias et al., 2004) e H. bischoffi e H. guentheri (Ruber et al., 2004). Essa 27

possível relação entre a dinâmica evolutiva da microestrutura cromossômica e a localização 28

geográfica dessas espécies poderia ser resultado de características ambientais únicas que 29

favorecem uma organização cariotípica ótima, situação semelhante é proposta para variantes 30

geográficas de lagartos do gênero Tropidurus (Pellegrino et al., 1996) e para grupos de 31

peixes, como o gênero Leporinos (Galetti et al., 1981, 1984), entretanto, esta hipótese só 32

poderá ser confirmada com o aumento dos estudos citogenéticos no gênero. 33

PPGGBC

60

Com base nos dados reunidos, o gênero Hypsiboas mostra-se um interessante material 1

para estudos de evolução cromossômica em anuros, uma vez que, mesmo com os poucos 2

trabalhos já desenvolvidos, nota-se uma acentuada variabilidade cariotípica para o grupo. A 3

presença de marcadores citotaxonômicos e possível relação filogeográfica da microestrutura 4

cariotípica só poderão ser confirmados com o aumento dos estudos de natureza cromossômica 5

para o gênero. Devido a complexidade taxonômica do grupo, estudos moleculares e 6

citogenéticos populacionais também mostram-se necessários para confirmar se há 7

diversidade críptica em algumas espécies, como, por exemplo, H. crepitans e H. faber, como 8

sugerido pelos dados apresentados. 9

AGRADECIMENTOS: 10

Os autores agradecem à equipe do Prof. Dr. Miguel T. Rodrigues pela coleta e 11

identificação dos animais. À Mauro Teixeira Júnior, pelas fotos dos exemplares analisados. 12

Ao Prof. Dr. Mirco Solé pela identificação dos exemplares de H. atlanticus. Aos 13

coordenadores da Estação Ecológica de Wenceslau Guimarães pelo auxílio durante as 14

expedições de campo. Este trabalho contou com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à 15

Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB – processo BOL 1399/2010). 16

REFERÊNCIAS 17

AMPHIBIAWEB. 2012. Disponível em <amphibiaweb.org>. Acessado em 02/03/2010. 18

ANANIAS, F.; GARCIA, P. C. A. & RECCO-PIMENTEL, S.M. 2004. Conserved 19

karyotypes in the Hyla pulchella species group (Anura, Hylidae). Hereditas 140: 42-48. 20

ANDERSON, K., 1991.Chromosome evolution in Holoartic treefrogs. In: Green, D.M. & 21

Sessions, S.K. Amphibians cytogenetics and evolution. Academic Press pp. 299-331. 22

BOGART, J. P. 1973. Evolution of anuram karyotypes. In Vial, J. L. (ed.). Evolutionary 23

Biology of the Anurans: contemporary research on major problems. University of 24

Missuru Press, Columbia, pp.. 337-349. 25

BRESSANE & BRESSANE. Em preparação. 26

CARVALHO, K. A., GARCIA, P. C. A. & RECCO-PIMENTEL, S. M. 2009. Cytogenetic 27

comparison of tree frogs of the genus Aplastodiscus and the Hypsiboas faber group 28

(Anura, Hylidae). Genetic and Molecular Research 8 (4): 1498-1508. 29

PPGGBC

61

CATROLI, G. F. 2008. Cariótipo se seis espécies de Bokermannohyla dos grupos de B. 1

circumdata e B. pseudopseudis (Anura, Hylidae). Dissertação apresentada ao Instituto 2

de Biociências da Universidade Estadual Paulista, UNESP, Campus de Rio Claro, para 3

a obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas (Biologia Celular e Molecular) 4

Rio Claro – SP. 5

FAIVOVICH, J.; HADDAD, C. F. B.; GARCIA, P. C. A.; FROST, D. R.; CAMPBELL, J.A. 6

& WHEELER, W. C. 2005. Systematic review of the frog family Hylidae, with special 7

reference to Hylinae: phylogenetic analysis and taxonomic revision. Bull. Am. Museum 8

Nat. Hist. 294:1-240. 9

FORMAS, J.R. & CUEVAS, C.C. 2000. Comparative cytogenetic analysis of the Chilean 10

leptodactylid frog genus Telmatobufo, with description of T. venustosus. P. Biol. Soc. 11

Wash. 113:890-899. 12

FROST, D.R. 2012 Amphibian Species of theWorld: An Online Reference, version 5.3. 13

Electronic database accessible at http://research.amnh.org/herpetology/amphibia 14

American Museum of Natural History, New York, USA. 15

GALETTI JUNIOR, P. M.; FORESTI, F.; BERTOLLO, L. A. C. & MOREIRA-FILHO, O. 16

1984. Characterization of eight species of Anostomidae fish on the basis of the 17

Nucleolar Organizing Regions. Caryologia (Firenze), v. 37, n. 4, p. 401-406. 18

GALETTI JUNIOR, P. M.; FORESTI, F.; BERTOLLO, L. A. C. & MOREIRA-FILHO, O. 19

1981. Karyotipic similarity in three genera (Leporinus, Leporellus and Schizodon) of the 20

family Anostomidae (Teleostei). Brazilian Journal of Genetics, v. IV, n. 1, p. 11-15. 21

GARCIA, C. Melhoria na metodologia da obtenção de cromossomos mitóticos em 22

representantes da herpetofauna. Em preparação. 23

GRUBER, S. L.; HADDAD, C. F. B, & KASAHARA, S. 2006. Chromosome banding in 24

three species of Hypsiboas (Hylidae,Hylinae), with special reference to a new case of B-25

chromosome in anuran frogs and to the reduction of the diploid number of 2n = 24 to 26

2n=22 in the genus. Springer Science+Business Media B.V. 27

HOWELL, W. M. & BLACK, D. A. 1980.Controlled silver staining of nucleolar organizer 28

regions with a protective colloidal developer; a 1-step method. Experientia 36:1014-29

1015. 30

KASAHARA, S.; ZAMPIERI, A. P. S.; GRUBER S.L. & HADDAD, C.F.B. 2003. 31

Comparative cytogenetic four tree frog species (Anura, Hylidae, Hylinae) from Brazil. 32

Cytogenet. Gen. res. 103:155-167. 33

PPGGBC

62

KING, M. 1990. Amphibia. In John B, Gwent C (Eds) Animal Cytogenetics. Amphibia 4 1

Chordata 2. Gebruder Borntraeger, Berlin, pp. 1-241. 2

KING, M. & ROFE, R. 1976. Karyotype variation in the Australian gekko Phyllodactylus 3

marmoratus (Gray) (Gekkonidae: Reptilia). – Chromosoma 54: 75-87. 4

LEVAN, A.; FREDGA, K. & SANDBERG, A. A. 1964. Nomenclature for centromeric 5

position on chromosomes. Hereditas 52:201-220. 6

LOURENÇO, L. B.; RECCO-PIMENTEL, S. M. & CARDOSO, A. J. 1998. Polymorphism 7

of the nucleolus organizer regions (NORs) Physalaemus petersi (Amphibia, Anura, 8

leptodactylidae) detected by silver staining and fluorescent in situ hybridization. Chrom. 9

Res., 6:621-328. 10

NUNES, R. D. R. A. & FAGUNDES, V. 2008. Patterns of ribosomal DNA distribution in 11

hylid frogs from the Hypsiboas faber an H. semilineatus species groups. Genetics and 12

molecular biology, 31, 4, 982-987. 13

PELLEGRINO, K. C. M.; RODRIGUES, M. T. & YASSUDA, Y. Y. 1996. Comparative 14

cytogenetic studies of eleven species of the Tropidurus torquatus group (Sauria, 15

Tropiduridae) with banding patterns. Hereditas (Lund), Suécia, v. 125, p. 37-46. 16

RABER, S.C., CARVALHO, K.A., GARCIA, P.C., VINCIPROVA, G. & RECCO-17

PIMENTEL, S.M. 2004. Chromosomal characterization of H. bischoffi and Hyla 18

guentheri (Anura, Hylidae). Phyllomedusa, 3: 43-49. 19

SALDUCCI, M. D.; MARTY, C.; FOUQUET, A. & GILLES, A. 2005. Phylogenetic 20

relationships and biodiversity in Hylids (Anura: Hylidae) from French Guiana. C R 21

Biol. 328 (10-11): 1009-1024. 22

SÁNCHEZ, A.; JIMENEZ, R.; BURGOS, M.; STITOU, S.; ZURITA, F. & DIAZ DE LA 23

GUARDIA, R. 1995. Cytogenetic peculiarities in the Algerian hedgehog: silver stains 24

not only NORs but also heterochromatic blocks. Heredity, vol. 75, p. 10-6. 25

SCHMID, M., FEICHTINGER, W., WEIMER, R., MAIS, C., BOLAÑOS, F. & LEÓN, P. 26

Chromosome banding in Amphibia XXI. Inversion polymorphism and multiple 27

nucleolus organizer regions in Agalychnis callidryas (Anura, Hylidae). Cytogenet. Cell 28

Genet. 69: 18-26, 1995. 29

SIQUEIRA, S.; ANANIAS, F. & RECCO-PIMENTEL, S.M. 2004. Cytogenetic analysis of 30

three species of Eleutherodactylus (Anura, Leptodactylidae) from southeastern Brazil. 31

Genet Mol Biol 27:363-372. 32

SUMNER, A.T. 1972. A simple technique for demonstrating centromeric heterocromatin. 33

Exp Cell 75:304-306. 34

PPGGBC

63

SUMNER, A. T. 1990. Chromosome banding. Uniwin Hyman, Londres, UK. P.434. 1

WIENS, J. J.; KUCZYNSKI, C. A.; HUA, X. & MOEN, D. S. 2010. An expanded phylogeny 2

of treefrogs (Hylidae) based on nuclear and mitochondrial sequence data. Molecular 3

Phylogenetics and Evolution 55 871–882. 4

PPGGBC

6

4

Tabela 3 – Fórmulas cariotípicas descritas para espécies de Hypsiboas baseadas em trabalhos previamente publicados.

Espécie 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Referências

H. albomarginatus m m m sm sm sm sm sm sm m m m Nunes e Fagundes (2008)

H. albomarginatus m m m sm sm sm m m m m m m Carvalho et al. (2009)

H. albopunctatus m sm sm sm sm sm sm m sm m m * Gruber et al. (2006)

H. atlanticus m sm st sm st st st sm m sm sm sm Presente trabalho

H. bischoffi m m sm st sm st sm m sm sm m m Raber et al. (2004)

H. crepitans m sm sm sm sm sm sm m sm m sm sm Gruber et al. (2006)

H. crepitans m m sm st sm sm sm m m sm m m Presente trabalho

H. faber m m sm sm sm sm sm m m m m m Carvalho et al. (2009)

H. faber m m sm st sm st st sm m sm st m Nunes e Fagundes (2008)

H. guentheri m m sm st sm st sm m sm sm m m Raber et al. (2004)

H. marginatus m m sm st sm st sm m sm sm m m Ananias et al. (2004)

H. pardalis m m sm st sm st sm sm m sm m m Nunes e Fagundes (2008)

H. pombali m sm sm m sm sm sm m m m m m Presente trabalho

H. raniceps m sm sm sm sm sm sm m sm m m sm Gruber et al. (2006)

H. semiguttatus m m sm st sm st sm m sm sm m m Ananias et al. (2004)

H. semilineatus m m st sm sm st st sm st m m m Nunes e Fagundes (2008)

H. semilineatus m m st sm sm sm st st st m m m Presente trabalho

H. sp aff semiguttatus m m sm st sm st sm m sm sm m m Ananias et al. (2004)

Legenda: m = metacêntrico; sm = submetacêntrico; st = subtelocêtrico; * = dado ausente.

PPGGBC

6

5

Tabela 4 – Fórmulas cariotípicas descritas para espécies de Hypsiboas baseadas em trabalhos previamente publicados

após padronização da medidas cromossômicas segundo Levan (1964).

Espécie 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Referências

Grupo cariotípico 1

H. albomarginatus m m m sm sm sm m m m m m m Carvalho et al. (2009)

H. albomarginatus m m m sm sm st m m m m m m Nunes e Fagundes (2008)

Grupo cariotípico 2

H. albopunctatus m m sm st sm sm sm m sm m m - Gruber et al. (2006)

H. crepitans m m sm st sm sm sm m m sm m m Gruber et al. (2006)

H. crepitans m m sm st sm sm sm m sm m m m Presente trabalho

H. raniceps m m sm st sm sm sm m sm m m m Gruber et al. (2006)

Grupo cariotípico 3

H. bischoffi m m sm st sm st sm m m m m m Raber et al. (2004)

H. guentheri m m sm st sm st sm m m m m m Raber et al. (2004)

H. marginatus m m sm st sm st sm m m m m m Ananias et al. (2004)

H. pardalis m m sm st sm st sm m m m m m Nunes e Fagundes (2008a)

H. semiguttatus m m sm st sm st sm m m m m m Ananias et al. (2004)

H. sp aff semiguttatus m m sm st sm st sm m m m m m Ananias et al. (2004)

Grupo cariotípico 4

H. semilineatus m m st sm sm st sm sm sm m m m Nunes e Fagundes (2008a)

H. semilineatus m m st sm sm st sm sm sm m m m Presente trabalho

Grupo cariotípico 5

H. pombali m m sm m sm sm sm m m m m m Presente trabalho

H. faber m m sm sm sm sm sm m m m m m Carvalho et al. (2009)

Grupo cariotípico 6

H. faber m m sm st sm st st sm m m sm m Nunes e Fagundes (2008a)

Grupo cariotípico 7

H. polytaenius m sm sm sm sm st sm m m m m m Nunes e Fagundes (2008b)

Grupo cariotípico 8

H. atlanticus m m st st sm st m sm m sm sm sm Presente trabalho

Legenda: m = metacêntrico; sm = submetacêntrico; st = subtelocêtrico. PPGGBC

6

6

Tabela 5 – Resumo dos dados citogenéticos disponíveis para espécies de Hypsiboas. Espécie Grupo de Espécie Localidade 2n Fórmula

cariotípica

Bandamento C Supranumerários RONs Referência

H. albomarginatus H. faber Anchieta e

Cariacica/ES

24 m = 1, 2, 3, 10, 11,

12

sm = 4, 5, 7, 8, 9

st = 6

Técnica não empregada * BI 2p Nunes e Fagundes

(2008)

H. albomarginatus H. faber Bertioga, Mogi das

Cruzes e

Picinguaba/SP

24 m = 1, 2, 3, 7, 8, 9,

10, 11, 12

sm = 4, 5, 6

BP = todos os cromossomos

BI = 2p e 3p; 5q e 6q

RONs = eucromáticas

* BI 2p Carvalho et al. (2009)

H. albopunctatus H. albopunctatus Rio Claro/SP 22 m = 1, 8, 10, 11

sm = 2, 3, 4, 5, 6,

7, 9

BP = todos os cromossomos

BI = 1q, 2q, 3q, 7q RONs =

heterocromáticas

S = parcialmente

heterocromático

(1) m pequeno BT 8p Gruber et al. (2006)

H. atlanticus H. punctatus 24 m = 1, 9

sm = 2, 4,

8,10,11,12

st = 3, 5, 6, 7

BT 10q e 12q Presente estudo

H. bischoffi H. pulchellus S. Francisco de

Paula/RS

Rancho Queimado/RS

24 m = 1, 2, 8, 11, 12

sm = 3, 5, 7, 9, 10

st = 4, 6

BP = todos os cromossomos

BT = 1q

BI = 10q

6 = braços curtos totalmente

heterocromáticos

RONs eucromáticas

* BI 10q Raber et al. (2004)

H. crepitans H. faber Piranhas/AL 24 m = 1, 8, 10

sm = 2, 3, 4, 5, 6,

7, 9, 11, 12

BP = maioria do complemento

BI = 3p

RONs = heterocromáticas

* BI 11q Gruber et al. (2006)

H. crepitans H. faber Estação Ecológica de

Wenceslau

Guimarães/BA

24 m = 1, 2, 8, 9, 11,

12

sm = 3, 5, 6, 7, 10

st = 4

BI 7q Presente estudo

H. faber H. faber Pedra Azul/ ES 24 m = 1, 2, 9, 12

sm = 3, 5, 8, 10

st = 4, 6, 7, 11

Técnica não empregada * BI 11q Nunes e Fagundes

(2008)

H. faber H. faber Mogi das Cruzes e

Picinguaba/SP

24 m = 1, 2, 8, 9, 10

11, 12

sm = 3, 4, 5, 6, 7

Técnica não empregada * BT 11q Carvalho et al. (2009)

H. guentheri H. pulchellus Terra de Areia/SC 24 m = 1, 2, 8, 11, 12

sm = 3, 5, 7, 9, 10

st = 4, 6

BP = todos os cromossomos

BT = 1q

BI = 10q

RONs eucromáticas

* BI 10q Raber et al. (2004) PPGGBC

6

7

Espécie Grupo de Espécie Localidade 2n Fórmula

cariotípica

Bandamento C Supranumerários RONs Referência

H. marginatus H. pulchellus S. Francisco de

Paula/RS

24 m = 1, 2, 8, 11, 12

sm = 3, 5, 7, 9, 10

st = 4, 6

BP = todos os cromossomos

10q = totalmente

heterocromáticos

BT = 1q

RONs = heterocromáticas

* BI 10q Ananias et al. (2004)

H. p. joaquini H. pulchellus - 24 m = 1, 2, 8, 11, 12

sm = 3, 5, 7, 9, 10

st = 4, 6

BP = todos os cromossomos

10q = totalmente

heterocromáticos

BT = 1q

RONs = eucromáticas

* BT 1p Ananias et al. (2004)

H. pardalis H. faber Cariacica/ES 24 m = 1, 2, 9, 11, 12

sm = 3, 5, 7, 8, 10

st = 4, 6

Técnica não empregada * BT 11p Nunes e Fagundes

(2008)

H. pombalis H. semilineatus Estação Ecológica de

Wenceslau

Guimarães/BA

24

m = 1, 4, 8, 9, 10,

11, 12

sm = 2, 3, 5, 6, 7

BI 7q Presente estudo

H. raniceps H. albopunctatus Brasilândia/MS 24 m = 1, 8, 10, 11

sm = 2, 3, 4, 5, 6,

7, 9, 12

BP = 11q

BI = 6,p e 7p

RONs = heterocromáticas

* BT 11q Gruber et al. (2006)

H. semiguttatus H. pulchellus Carambá do Sul/SC

S. Francisco de

Paula/RS

Piraquara/PR

24 m = 1, 2, 8, 11, 12

sm = 3, 5, 7, 9, 10

st = 4, 6

BP = todos os cromossomos

10q = totalmente

heterocromáticos

BT = 1q

RONs = eucromáticas

* BT 1 p Ananias et al. (2004)

H. semilineatus H. semilineatus Sta Teresa/ES 24 m = 1, 2, 10, 11,

12

sm = 4, 5, 8

st = 3, 6, 7, 9

Técnica não empregada * BI 7q Nunes e Fagundes

(2008)

H. semilineatus H. semilineatus Estação Ecológica de

Wenceslau

Guimarães/BA

24 m = BI 7q Presente estudo

H. sp aff semiguttatus H. pulchellus Misiones/Argentina 24 m = 1, 2, 8, 11, 12

sm = 3, 5, 7, 9, 10

st = 4, 6

BP = todos os cromossomos

10q = totalmente

heterocromáticos

BT = 1q

RONs = eucromáticas

* BT 1p Ananias et al. (2004)

Legenda: m = metacêntrico; sm = submetacêntrico; st = subtelocêtrico; BP = banda pericentromérica; BT = banda terminal; BI = banda intersticial; q = braço longo; p = braço

curto; * = dado ausente. PPGGBC

68

Fig.3 Fotos dos indivíduos de Hypsiboas analisados no presente estudo: a)

Hypsiboas atlanticus, b) Hypsiboas crepitans, c) Hypsiboas pombali, d)

Hypsiboas semilineatus. (Fonte: a) Sérgio Siqueira Jr.; b, c d) Mauro Teixeira Jr.)

a) b)

c) d)

PPGGBC

69

Fig. 4 Cariótipos submetidos a coloração convencional (1) e bandamento C (2) de: a) H. atlanticus; b) H.

crepitans; c) H. pombali e d) H. semilineatus. Em destaque os cromossomos nucleolares submetidos à

impregnação por nitrato de prata e bandamento C.

1

PPGGBC

70

Figura 5. Idiogramas das espécies de

Hypsiboas analisadas

citogeneticamente. A) H.

albomarginatus (Carvalho, et al.,

2009); B) H. albomarginatus (Nunes

& Fagundes, 2008); C) H.

albopunctatus (Gruber et al., 2006);

D) H. crepitans (Gruber I et al.,

2006); E) H. crepitans (Presente

trabalho); F) H. raniceps (Gruber et

al., 2006); G) H. bischoffi (Raber et

al., 2004); H) H. guenteri (Raber et

al., 2004); I) H. marginatus (Ananias

et al., 2004); J) H. pardalis (Nunes &

Fagundes 2008a); K) H. semiguttatus

(Ananias et al., 2004); L) H. sp. aff

semiguttatus (Ananias et al., 2004);

M) H. semilineatus (Nunes &

Fagundes, 2008a); N) H. semilineatus

(Presente trabalho); O) H. pombali

(Presente trabalho); P) H. faber

(Carvalho et al., 2009); Q) H. faber

(Nunes & Fagundes, 2008a); R) H.

polytaenius (Nunes & Fagundes,

2008b); S) H. atlanticus (Presente

trabalho).

1

PPGGBC

71

6 CONCLUSÕES GERAIS 1

A partir das análises citogenéticas em Phyllodytes, pode-se inferir que: 2

As semelhanças cariotípicas entre as três espécies são provavelmente resultado de uma 3

ancestralidade comum, e que as diferenças são resultantes do posicionamento do 4

centrômero, provavelmente devido à inversões pericêntricas; 5

A diminuição do número e do tamanho de blocos heterocromáticos em regiões 6

pericentroméricas, está possivelmente associada à presença de blocos banda C positiva 7

em regiões intersticiais e/ou terminais, sendo essas bandas resultantes de eventos de 8

inversão pericêntrica envolvendo os blocos proximais à região centromérica; 9

As RONs em P. melanomystax e P. luteolos apareceram no pares 7 e 8 respectivamente, 10

indicando uma provável homeologia desses pares, que apresentam a mesma morfologia 11

nessas duas espécies; 12

Mesmo ainda não tendo obtido resultados de Ag-RONs para P. tuberculosus, pode-se 13

supor que, devido a sua natureza heterocromática e das outras duas espécies estudadas, a 14

impregnação pelo nitrato de prata revele a RON coincidente com os blocos 15

heterocromáticos existentes na região terminal dos cromossomos do par 8, o qual também 16

mostra-se semelhante em morfologia ao par nucleolar das demais espécies em estudo. 17

18

Em se tratando do gênero Hypsiboas, observou-se que: 19

A manutenção do tamanho dos pares cromossômicos entre os cariótipos são um forte 20

indício de que as inversões pericêntricas seriam o principal mecanismo envolvido na 21

diferenciação da macroestrutura cariotípica do grupo; 22

Para espécies estudadas é possível distinguir oito grupos cariotípicos que não são 23

compostos necessariamente por populações de uma mesma espécie ou por espécies que 24

pertençam aos mesmos grupos taxonômicos de espécie; 25

Há a presença de marcadores citotaxonômicos e uma possível relação filogeográfica da 26

microestrutura dos cromossomos – contudo, ainda não se sabe se essa relação é uma 27

constante no gênero. Para confirmar tal fato faz-se necessário o estudo de outras espécies 28

e populações, além do emprego de técnicas moleculares e citogenéticas mais apuradas, 29

como hibridação in situ. 30

PPGGBC

72

O estudo mostra indícios de que as RONs são marcadores cromossômicos fracos para 1

identificar as espécies do gênero neste estudo, já que as duas populações de H. crepitans 2

e H. faber estudadas diferiram com relação ao par cromossômico nucleolar. 3

Levando-se em conta as filogenias moleculares disponíveis para o grupo, e que, de modo 4

geral os anfíbios anuros apresentam RONs simples terminais, as RONs simples 5

intersticiais em Hypsiboas podem ser consideradas como uma característica 6

plesiomórfica, e condições variantes como apomorfias. 7

A variação de localização das RONs poderia ser explicada por possíveis eventos de 8

translocação ou transposição cromossômica, uma vez que há manutenção do número e do 9

tamanho cromossômico entre os diferentes cariótipos analisados. Esses mesmos 10

mecanismos também poderiam explicar o surgimento das RONs múltiplas em H. 11

atlanticus. 12

Pode-se observar que as espécies de Hypsiboas que possuem heterocromatina em posição 13

intersticial/terminal apresentam uma diminuição na quantidade de heterocromatina 14

pericentromérica ou no tamanho desses blocos, o que poderia ser resultado de eventos de 15

inversões cromossômicas que resultariam na transferência dessas regiões ao longo dos 16

braços cromossômicos. 17

As inversões envolvendo blocos heterocromáticos também poderiam explicar o fato de 18

algumas espécies apresentarem RONs heterocromáticas, enquanto a maioria apresenta 19

RONs eucromáticas, possivelmente estas regiões tornaram-se intercaladas ou associadas 20

à heterocromatina após esses eventos de reorganização estrutural dos cromossomos. 21

Esses dados mostram-se capazes de contribuir para os estudos de evolução cromossômica 22

e citotaxonomia, podendo, inclusive, ser uma ferramenta útil em programas de 23

conservação. 24

PPGGBC