universidade estadual do sudoeste da bahia … · 2016-07-06 · muito na escrita desse trabalho me...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA (UESB) DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS (DCSA) CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS SAMIRA NAYARA GONÇALVES DE JESUS CONTABILIDADE GERENCIAL COMO INSTRUMENTO DE AUXÍLIO AS TOMADA DE DECISÕES: UMA PESQUISA DE CAMPO NO RAMO DE HOTELARIA DA CIDADE DE BOM JESUS DA LAPA - BA VITÓRIA DA CONQUISTA BA, 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA (UESB)

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS (DCSA)

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

SAMIRA NAYARA GONÇALVES DE JESUS

CONTABILIDADE GERENCIAL COMO INSTRUMENTO DE AUXÍLIO AS

TOMADA DE DECISÕES: UMA PESQUISA DE CAMPO NO RAMO DE

HOTELARIA DA CIDADE DE BOM JESUS DA LAPA - BA

VITÓRIA DA CONQUISTA – BA,

2016

SAMIRA NAYARA GONÇALVES DE JESUS

CONTABILIDADE GERENCIAL COMO INSTRUMENTO DE AUXÍLIO AS

TOMADA DE DECISÕES: UMA PESQUISA DE CAMPO NO RAMO DE

HOTELARIA DA CIDADE DE BOM JESUS DA LAPA - BA

Trabalho Monográfico apresentado ao

Departamento de Ciências Sociais Aplicadas

(DCSA) como requisito parcial para obtenção

do Grau de Bacharel em Ciências Contábeis

pela Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia (UESB).

Área de Concentração: Contabilidade

Gerencial

Orientador: Prof. Paulo Fernando de Oliveira

Pires

VITÓRIA DA CONQUISTA – BA,

2016

J56c Jesus, Samira Nayara Gonçalves de.

Contabilidade gerencial como instrumento de auxílio

as tomada de decisões: uma pesquisa de campo no ramo de

hotelaria da cidade de Bom Jesus da Lapa- Ba. / Samira Nayara

Gonçalves de Jesus, 2016.

64f.

Orientador (a): M.S. Paulo Fernando de Oliveira Pires.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação),

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da

Conquista, 2016.

Inclui referência 57 - 59.

1. Contabilidade gerencial – Tomada decisão. 2.

Microempresa 3. Hotelaria. I.Pires, Paulo Fernando de Oliveira.

II. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. III. T.

CDD: 657.4

Catalogação na fonte: Juliana Teixeira de Assunção

UESB – Campus de Vitória da Conquista - BA

SAMIRA NAYARA GONÇALVES DE JESUS

CONTABILIDADE GERENCIAL COMO INSTRUMENTO DE AUXÍLIO AS

TOMADA DE DECISÕES: UMA PESQUISA DE CAMPO NO RAMO DE

HOTELARIA DA CIDADE DE BOM JESUS DA LAPA - BA

Trabalho Monográfico apresentado ao

Departamento de Ciências Sociais Aplicadas

(DCSA) como requisito parcial para obtenção

do Grau de Bacharel em Ciências Contábeis

pela Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia (UESB).

Área de Concentração: Contabilidade

Gerencial

Vitória da Conquista, 19 de abril de 2016.

BANCA EXAMINADORA

Paulo Fernando de Oliveira Pires

Mestre em Contabilidade pela FVC

Professor Adjunto da UESB – Orientador

Mário Augusto Carvalho Viana

Mestre em Ciências Sociais pela PUC – SP

Professor Assistente da Uesb

Weslei Gusmão Piau Santana

Doutor em Administração pela UFBA

Professor Adjunto da UESB

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida e pelo privilégio de poder viver e aprender em diversos

momentos emocionantes e inesquecíveis.

Agradeço aos meus pais pelo ensinamento diário e pela educação em mim investida,

para que neste momento eu pudesse expressar esse amor e retribuir toda a gratidão.

Agradeço aos meus irmãos, familiares, e à João Manoel pela companhia.

Agradeço às minhas amigas e amigos que, independente de momentos, sempre me

apoiaram e não me deixaram desistir, pois essa é só uma das batalhas que vencerei. As amigas

mais que eternas: Têh e Carlinha que me acompanham desde a militância juvenil, na vivência

dentro da universidade, e até os dias de hoje. Ao meu amigo Juliano que me acompanha desde

o ensino fundamental. Um agradecimento especial ao meu amigo Marlon que me ajudou

muito na escrita desse trabalho me incentivando a não desistir. Um muito obrigado à Paulinha

e Lari que me deram calma, alegria e amizade na academia.

Agradeço ao meu orientador, Prof. Paulo Pires, que abraçou com muito carinho o meu

projeto, e sempre elogiou minha postura quanto à importância da pesquisa.

Agradeço aos hotéis que disponibilizaram parte de seu tempo para contribuir com essa

pesquisa, dizendo que eles fazem parte de uma visão melhor para o mercado lapense.

Agradeço a todos os professores da grade curricular do curso de contábeis, e das

demais disciplinas do departamento, pois de forma positiva ou negativa construíram e

reforçaram as minhas perspectivas sobre a vida acadêmica.

Agradeço aos funcionários do colegiado, em especial à Vâneide e sua família, que

deixaram esses cinco anos ainda mais alegres e inspiradores.

Agradeço a todos que ficaram na torcida!

Por fim, agradeço a vida!

Dizem que a vida é para quem sabe viver, mas ninguém nasce pronto. A vida é para

quem é corajoso o suficiente para se arriscar e humilde o bastante para aprender.

(CLARICE LISPECTOR)

RESUMO

A Contabilidade Gerencial é uma ferramenta que fornece, aos usuários internos de uma

empresa, informações relevantes, financeiras e não-financeiras, que auxiliem em atividades

como a tomada de decisão, melhor alocação de recursos, monitoramento e avaliação. A

cidade de Bom Jesus da Lapa é considerada a capital baiana da fé pelo seu turismo religioso,

que atualmente abrange cerca de sete meses do ano, e tal característica beneficia toda a

economia local proporcionando empregos e relações culturais. Assim, um dos ramos de

atividade do comércio que mais movimenta a economia local é o serviço de hotelaria, no que

diz respeito ao fluxo de pessoas e serviços disponibilizados. A pesquisa partiu do interesse de

conhecer a real participação da contabilidade dentro desses empreendimentos hoteleiros, com

foco na Contabilidade Gerencial como ferramenta auxiliadora nos processos de gestão

empresarial. Isto devido ao crescimento de mercado das micro e pequenas empresas, ao qual

devemos dar maior atenção às rotinas internas visando evitar o processo de falência das

mesmas, e sim tender ao desenvolvimento significativo no crescimento de suas participações

no mercado. Diante dessas informações, o objetivo deste trabalho é apresentar a contabilidade

gerencial como ferramenta essencial, no ramo de hotelaria, para a tomada de decisão, aplicada

no ramo de hotelaria, para uma melhor interpretação do negócio, por parte específica do

proprietário, na cidade de Bom Jesus da Lapa. Com respaldo em pesquisas bibliográficas,

históricas e estatísticas, o estudo a ser apresentado possui abordagem de naturezas qualitativas

e quantitativas. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário fechado, e após a

realização da análise dos dados, o resultado apresentou que apenas pouca parcela dos hotéis

que participaram da pesquisa utiliza elementos da Contabilidade Gerencial para administrar

seu negócio, salientando ainda que os sujeitos envolvidos ainda não compreendem a

importância do gerenciamento voltado para o crescimento utilizando desses serviços sem o

auxílio de contabilistas. Além disso, confirmou-se que o profissional contábil ainda é visto

pelos empresários, em sua maioria, como apenas mais um gasto adicional para atender a lei,

do que um elemento de investimento para melhor rentabilidade do negócio.

Palavras-chave: Contabilidade Gerencial. Tomada de Decisões. Microempresas. Hotelaria.

ABSTRACT

Managerial Accounting is a tool that provides internal users of a company, relevant

information, financial and non-financial, to help in activities such as decision-making, better

resource allocation, monitoring and evaluation. The city of Bom Jesus da Lapa is considered

the Bahian capital of faith by its religious tourism, which currently covers about seven months

of the year, and this benefits the entire local economy providing jobs and cultural relations.

So, one of the branches of trade activity that more moves the local economy is the catering

service, with regard to the flow of people and services provided. The survey broke the interest

to be acquainted with actual participation of accounting within those hoteliers ventures,

focusing on management accounting as a tool in business management processes help of

Christians. This due to the market growth of micro and small enterprises, to which we must

give greater attention to internal routines to avoid the bankruptcy of same, but tend to

significant development in the growth of its holdings on the market. On this information, the

aim of this work is to present the management accounting as an essential tool in the field of

hospitality, to decision-making, applied in the field of hospitality, for a better interpretation of

the business, by specific part of the owner, in the city of Bom Jesus da Lapa. With support in

bibliographic research, statistics, and historical study to be presented has natures qualitative

and quantitative approach. The data were collected through a questionnaire, and closed after

the completion of the analysis of the data, the result showed that only little portion of the

hotels who participated in the research uses elements of management accounting to administer

your business, noting that the subjects involved have not yet understand the importance of

growth-oriented management using these services without the aid of accountants. In addition,

it was confirmed that the Accounting Professional is still seen by most as just another

additional expense to meet the law, than an element of investment for better profitability of

business.

Keywords: Management Accounting. Decision-Making. Micro-Enterprise. Hospitality.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Estado da Arte.......................................................................................... 19

Quadro 2 - As Mudanças no Papel do Gerente Hoteleiro.......................................... 35

Quadro 3 - Diferencial Competitivo dos Hotéis de Bom Jesus da Lapa.................... 47

Quadro 4 - Processo de Tomada de Decisões dos Hotéis de Bom Jesus da Lapa...... 48

Quadro 5 - Divulgação da Missão Empresarial dos Hotéis de Bom Jesus da Lapa... 49

Quadro 6 - Controles Internos Realizados nos Hotéis de Bom Jesus da Lapa........... 51

Quadro 7 - A Contabilidade e a Visão dos Proprietários dos Hotéis de Bom Jesus

da Lapa.....................................................................................................

52

Quadro 8 - Demonstrações Contábeis Básicas conhecidas pelos Proprietários......... 53

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Realização de Plano de Negócio nos hotéis de Bom Jesus da Lapa........ 46

Gráfico 2 - Pessoas envolvidas no processo de Plano de Negócio dos hotéis de

Bom Jesus da Lapa...................................................................................

46

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BP Balanço Patrimonial

CDL Câmara de Dirigentes Lojistas

CFC Conselho Federal de Contabilidade

CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis

DFC Demonstração do Fluxo de Caixa

DRE Demonstração do Resultado do Exercício

EPP Empresa de Pequeno Porte

FIPECAFI Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras

FOFA Força, Oportunidade, Fraqueza e Ameaça

IASB International Accounting Standards Board

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

IFRS Normas Internacionais de Relatório Financeiro

ME Micro Empresa

MPE Micro e Pequena Empresa

NPA Norma de Procedimentos de Auditoria

PAS Pesquisa Anual de Serviços

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SWOT Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11

1.1 TEMA .................................................................................................................................. 12

1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 12

1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 12

1.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 12

1.3 PROBLEMATIZAÇÃO ........................................................................................................... 12

1.3.1 Questão Problema ......................................................................................................... 12

1.3.2 Questões Secundárias .................................................................................................... 13

1.4 HIPÓTESE DA PESQUISA .................................................................................................... 13

1.5 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................... 13

1.6 RESUMO METODOLÓGICO ................................................................................................. 14

1.7 VISÃO GERAL ..................................................................................................................... 14

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 16

2.1 MARCO CONCEITUAL ........................................................................................................ 16

2.2 ESTADO DA ARTE ............................................................................................................... 18

2.3 MARCO TEÓRICO ............................................................................................................... 21

2.3.1 Contabilidade ................................................................................................................. 21

2.3.2 Contabilidade Gerencial ............................................................................................... 24

2.3.2.1 Gestão Empresarial ..................................................................................................... 25

2.3.2.2 Planejamento, Execução e Controle ........................................................................... 27

2.3.2.3 Planejamento Orçamentário como suporte para Informação Contábil .................... 29

2.3.2.4 Gestão de Custos .......................................................................................................... 31

2.3.3 Setor de Hotelaria .......................................................................................................... 33

2.3.4 Micro e Pequenas Empresas ......................................................................................... 37

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 41

3.1 DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO ............................................................................................ 41

3.2 ESCOLHA DO MÉTODO ...................................................................................................... 41

3.3 COLETA DE DADOS ............................................................................................................ 42

3.4 ANÁLISE DE DADOS ........................................................................................................... 44

4 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS .......................................................... 45

4.1 CONHECIMENTO SOBRE NEGÓCIO .................................................................................... 45

4.2 CONHECIMENTO SOBRE GESTÃO....................................................................................... 49

4.3 APLICAÇÃO E USO DA CIÊNCIA CONTÁBIL ........................................................................ 52

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 54

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 57

APÊNDICES ........................................................................................................................... 60

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO ............................................................................................. 60

APÊNDICE B – CARTILHA INFORMATIVA: PLANO DE NEGÓCIO E PLANEJAMENTO

ORÇAMENTÁRIO ...................................................................................................................... 63

11

1 INTRODUÇÃO

A circulação de produtos e serviços deve-se ao bom gerenciamento das empresas que

os fornecem e ao controle de qualidade efetuado entre elas, isto para que os clientes e

fornecedores estejam satisfeitos, como assegura Castelli (1994, p. 45), ao dizer que “os

investimentos com a Qualidade compensam, pois levarão a empresa a desfrutar uma melhor

imagem no mercado, a fornecer produtos e serviços sem defeitos, diminuir os acidentes de

trabalho e o absenteísmo, entre outras vantagens.”

Segundo Santos (2005, p. 23), que analisa as empresas de acordo suas relações com o

mercado, esse está cada vez mais competitivo e, as empresas devem absorver essas

informações para identificar seus pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças, e controlar

os custos, seguindo a ideia de que, como descreve o autor, “existem empresas que participam

de mercado altamente competitivo, onde elas individualmente não têm forças para manipular

os preços de mercado. Mesmo assim, há necessidade de controlar os custos (internos), porque

cada empresa possui estruturas de custos diferentes.”

Essas empresas devem ser dirigidas por profissionais que saibam levar adiante o seu

diferencial empresarial com uma gestão sólida e compromissada.

A cidade de Bom Jesus da Lapa é considerada a capital baiana da fé pelo seu turismo

religioso, turismo esse que atualmente abrange cerca de sete meses do ano. Tal característica

beneficia toda a economia local proporcionando empregos e relações culturais. Assim, um dos

ramos de atividade do comércio que mais movimenta a economia local é o serviço de

hotelaria. Devido ao intenso fluxo de pessoas nos hotéis e pousadas, e a grande demanda dos

serviços disponibilizados, despertou-se o interesse pelo estudo, visto o pouco conhecimento e

prática no gerenciamento das áreas de investimento inicial, como custos e despesas, algumas

das microempresas da cidade de Bom Jesus da Lapa acabam por entrar em processo de

falência.

O acompanhamento diário do negócio faz com que os gestores interpretem melhor o

ambiente operacional, podendo identificar qual melhor momento para tomar decisões, e

direcioná-las aos setores necessários. Essas tomadas de decisões podem contribuir de forma

fundamental para uma empresa, pois através delas, é possível ter uma atitude para eliminar ou

amenizar as mudanças negativas que ocorrem dentro dos cenários empresariais.

A Contabilidade Gerencial fornece informações necessárias para controles internos

das organizações, informações estas que auxiliam de diversas formas as decisões empresariais

12

quanto à eficiência na distribuição dos serviços, o estímulo e cumprimento das normas

administrativas internas, salvaguarda do patrimônio, fidelidade dos dados e relatórios

contábeis, entre outras atividades que sejam de interesse dos usuários internos e externos da

empresa. Assim, este trabalho teve o intuito de pesquisar:

1.1 TEMA

Contabilidade Gerencial como instrumento de auxílio às tomadas de decisões. O

trabalho descreverá sobre a possível utilização de elementos da Contabilidade Gerencial como

apoio a gestão empresarial, aplicada no ramo de hotelaria da cidade de Bom Jesus da Lapa –

Bahia.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar a contabilidade gerencial como ferramenta essencial para a tomada de

decisão, aplicada no ramo de hotelaria, para uma melhor interpretação do negócio, por parte

específica do proprietário, na cidade de Bom Jesus da Lapa.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Constatar o entendimento sobre negócio e gestão por parte do proprietário

• Verificar a participação dos contabilistas nos planos de negócio

• Identificar a participação dos contabilistas nas empresas

• Mostrar os benefícios agregados pelo plano de negócio e planejamento orçamentário, por

meio de uma cartilha teórico-ilustrativa produzida pela pesquisadora a fim de incentivar a

criação de novas ideias, por parte dos proprietários, para rotinas do dia-a-dia.

1.3 PROBLEMATIZAÇÃO

1.3.1 Questão Problema

13

Qual a influência da Contabilidade Gerencial dentro das empresas do ramo de

Hotelaria da cidade de Bom Jesus da Lapa?

1.3.2 Questões Secundárias

• Quais os conhecimentos sobre negócio que os proprietários tinham antes de abrirem a

empresa?

• Qual a participação da contabilidade dentro do crescimento dos hotéis da cidade de Bom

Jesus da Lapa?

1.4 HIPÓTESE DA PESQUISA

Na cidade de Bom Jesus da Lapa, a grande maioria das empresas do mercado

hoteleiro, apenas contrata os serviços de escrituração contábil para fins fiscais. Assim, o

conhecimento sobre os benefícios recebidos pela aplicação da contabilidade gerencial, desde

o planejamento do negócio até o seu acompanhamento dia-a-dia, é aplicado, em pequena

parcela do mercado; parcela esta que dispõe de maiores recursos financeiros.

1.5 JUSTIFICATIVA

Em decorrência do crescimento do número das micro e pequenas empresas, devemos

dar maior atenção às rotinas internas dessas organizações visando o aperfeiçoamento das

questões gerenciais, para que o seu desenvolvimento tenha parte significativa no crescimento

de suas participações no mercado.

A cidade de Bom Jesus da Lapa – Bahia apresenta uma economia bastante

diversificada no que diz respeito ao seu comércio.

Porém o ponto forte da economia local é o turismo religioso que abrange um período

em torno de sete meses do ano calendário, movimentando muito a rede de serviços de

hospedagem. Mas no mercado em geral, a descontinuidade das empresas é comum e

decorrente do mau gerenciamento das áreas de investimento inicial, custos e despesas, ao qual

deveriam ser acompanhadas desde o projeto inicial de implantação do negócio até as rotinas

diárias.

14

Portanto, o tema apresentado oferece a oportunidade de estudo da Contabilidade

Gerencial como uma ferramenta auxiliadora nos processos de decisão, oportunidade esta

instigada pela curiosidade de analisar e compreender como empresas do ramo de hospedagem

da cidade de Bom Jesus da Lapa, interior da Bahia, tem participação significativa na

economia local levando em consideração a falta de conhecimento específico sobre a área de

gestão, custos e despesas, que são fundamentais para um bom gerenciamento de negócio, por

parte dos proprietários e gestores, e como são realizados seus controles internos. Tal temática

aponta um norte para as pesquisas com relação a uma área pouco estudada, no cenário das

pequenas cidades, sendo aí o grande foco do segmento contábil, a fim de desenvolver técnicas

que auxiliem no crescimento desses pequenos negócios abrindo um leque de credibilidade e

confiabilidade apresentando uma participação corporativa do profissional com o empresário,

ou seja, uma participação mais efetiva do profissional contábil junto ao crescimento das

organizações hoteleiras.

Assim, percebemos a importância desta relação quando identificamos que os

requisitos atuais estão cada vez mais voltados para o estudo de um bom plano de negócio, que

quando bem elaborado, proporciona um melhor controle e execução das atividades.

1.6 RESUMO METODOLÓGICO

A metodologia apresenta uma abordagem tanto qualitativa como quantitativa, com

objetivo descritivo, aplicada em um estudo no comércio hoteleiro da cidade de Bom Jesus da

Lapa - BA, com o auxílio da coleta de dados desenvolvida por meio de pesquisas

bibliográficas, eletrônicas, material histórico e estatístico, e aplicação dos questionários

fechados.

1.7 VISÃO GERAL

A presente monografia se desenvolve em cinco capítulos, sendo o primeiro referente à

introdução contendo os itens de: delimitação do tema, apresentação dos objetivos, do

problema da pesquisa, hipótese, justificativa, resumo metodológico e visão geral. O segundo

capítulo descreve a teoria sobre o assunto, dividido ainda em três partes: o Marco Conceitual

contendo conceitos essenciais para a pesquisa; o Estado da Arte resumindo alguns dos

trabalhos publicados com a temática igual ou semelhante; e o Marco Teórico contendo as

15

teorias sobre o tema com foco na Contabilidade Gerencial. O terceiro capítulo classifica a

metodologia da pesquisa, o quarto capítulo apresenta a interpretação dos dados coletados a

fim de responder às questões problema e aos objetivos. Por fim, o quinto capítulo explana as

conclusões da pesquisa.

16

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 MARCO CONCEITUAL

Para realização desta pesquisa, serão apresentados conceitos fundamentais de

Contabilidade, Contabilidade Gerencial, Planejamento, Execução e Controle sob os pontos de

vista geral e específicos, voltados para o campo de pesquisa deste trabalho, sempre que

possível.

Livros, entidades e autores pesquisadores da área apresentam inúmeros conceitos para

a Contabilidade, as Ciências Contábeis e suas aplicações. Para efeito deste trabalho tomou-se

alguns conceitos dentre os quais, destacamos os apresentados pela Fundação Instituto de

Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI), pelo Instituto dos Auditores

Independentes do Brasil (IBRACON), pela International Accounting Standards Board

(IASB), e autores renomados da área.

Segundo a FIPECAFI (2010, p. 1):

A Contabilidade sempre foi muito influenciada pelos limites e critérios fiscais,

particularmente os da legislação de Imposto de Renda. (...) Já que a Contabilidade

era feita pela maioria das empresas com base nos preceitos e formas de legislação

fiscal, a qual nem sempre se baseava em critérios contábeis corretos.

A Norma de Procedimentos de Auditoria 01 (NPA 01) do IBRACON, por sua vez,

busca orientar os auditores independentes quanto à elaboração de seus pareceres, e com

relação às demonstrações contábeis comenta:

A auditoria independente das demonstrações contábeis constitui o conjunto de

procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de parecer sobre a

adequação com que estas representam a posição patrimonial e financeira, o resultado

das operações, as mutações do patrimônio líquido e as origens e aplicações de

recursos da entidade auditada, consoante as Normas Brasileiras de Contabilidade e a

legislação específica no que for pertinente.

A IASB, por meio do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC 00), qualifica essas

demonstrações:

As demonstrações contábeis são elaboradas e apresentadas para usuários externos

em geral, tendo em vista suas finalidades distintas e necessidades diversas.

Demonstrações contábeis elaboradas dentro do que prescreve esta Estrutura

Conceitual objetivam fornecer informações que sejam úteis na tomada de decisões

econômicas e avaliações por parte dos usuários em geral.

17

Com o respaldo nessas conceituações, a base desse trabalho identifica a Contabilidade

como um sistema de informações, que proporciona tanto a gestão patrimonial das empresas

como disponibiliza meios de comunicação para tomada de decisões. Um ramo

importantíssimo da área contábil é a Contabilidade Gerencial, cuja elaboração, diferentemente

da Contabilidade Societária, não é sob o ponto de vista jurídico-legal um instrumento

requerido pelos órgãos de controle formal do patrimônio das entidades. A Contabilidade

Gerencial é um sistema de informação elaborado e destinado para o uso interno dos seus

gestores, cabendo só a esses o acesso às informações produzidas por esse sistema.

Conceituação para Contabilidade Gerencial emitida pelo Institute of Management

Accountants (2008, p. 03):

Contabilidade Gerencial é uma profissão que envolve parceria na tomada de decisão

gerencial, envolvendo planejamento e sistemas de administração de desempenho,

fornecendo expertise na preparação de relatórios financeiros e controle para orientar

a administração na formulação e implementação de uma estratégia da organização.

Assim, para efeito desta pesquisa, a Contabilidade Gerencial é um meio de sistema de

informação que revela dados necessários ao processo decisório, capaz de auxiliar os

empresários das Micro e Pequenas Empresas – MPEs do segmento hoteleiro.

Entende-se por Microempresa uma entidade de pequeno porte, cujo arcabouço jurídico

respalda-se na Lei nº 123/2006, cuja criação exige atributos qualitativos e quantitativos tais

como a limitação de atividade a ser realizada pelo empreendedor e a documentação

necessária, desde o registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídica (CNPJ) até a

comprovação de renda bruta.

A classificação de uma microempresa, segundo os autores Lemes e Pisa (2010, p. 43),

não segue um único critério, sendo que o mesmo varia tanto de país para país, como de região

para região. Os autores citam que no Brasil, “o critério varia de acordo os objetivos e a

finalidade das instituições que os enquadram. O SEBRAE define pelo número de empregados,

o BNDES, pela Receita Operacional Bruta conforme Lei do Simples Nacional”.

No marco teórico, com o auxílio de diversos autores, descrevo mais detalhadamente as

principais temáticas já citadas para melhor entendimento dos leitores.

18

2.2 ESTADO DA ARTE

O Quadro 1 apresenta alguns trabalhos realizados com temáticas semelhantes à

trabalhada nesta pesquisa. Apesar da dificuldade em se encontrar trabalhos científicos que

falem sobre a aplicação da Contabilidade Gerencial no segmento hoteleiro, existem alguns

trabalhos que tratam a respeito da Contabilidade Gerencial como auxiliadora da gestão em

qualquer outro ramo de negócio das microempresas, assim como instrumento primordial para

a tomada de decisão, temáticas essas que são desenvolvidas neste trabalho.

19

Quadro 1 – Estado da Arte

(Continua)

Tipo Título Autores A

n

o

Nível Instituição Ideia Principal Link/Lugar Data

de

Acesso

Monografia A Importância da

Contabilidade

Gerencial para Micro

e Pequenas Empresas

HENRIQUE,

Marco

Antonio

2

0

0

8

Especialização Universidade de

Taubaté

Apresenta a importância da contabilidade para a micro e

pequena empresa, mostrando que ao utilizar a

contabilidade, ainda que apenas a contabilidade

gerencial, que é a base de uma administração segura, os

casos de sucesso e de “sobrevivência” dessas empresas

aumentaria de maneira significativa, além de

possibilitar um melhor acompanhamento do

desempenho do negócio.

http://www.engwhere.c

om.br/empreiteiros/A-

Importancia-da-

Contabilidade-

Gerencial-para-Micro-

e-Pequena-

Empresa.pdf

21 fev.

2016

Artigo A Importância da

Contabilidade no

Processo de Tomada

de Decisão nas

Empresas

PASSOS,

Quismara

Corrêa dos

- Graduação Universidade

Federal do Rio

Grande do Sul

(UFRGS)

O objetivo do trabalho é mostrar que durante anos a

contabilidade foi vista apenas como um instrumento

para fornecer informações tributárias, mas atualmente

com um mercado altamente competitivo, ela é

observada também como um instrumento gerencial que

auxilia os administradores nas decisões, e no processo

de gestão, planejamento, execução e controle.

http://www.lume.ufrgs.

br/bitstream/handle/10

183/25741/000751647.

pdf

21 fev.

2016

Artigo Contabilidade

Gerencial nas Micro

e Pequenas Empresas

SOUZA, Leila

Alves de;

SILVA, Rubia

Carieli da;

SOUZA,

Leonice

Damando de

2

0

1

4

Graduação Faculdade

Integradas de

Três Lagoas

Esta pesquisa mostra ao micro e pequeno empresário

que com uma contabilidade bem elaborada será mais

fácil controlar e tomar decisões nas empresas e com isso

diminuir o índice de mortalidade das mesmas. Através

da pesquisa elaborada observa-se a necessidade de ter

acesso as informações úteis que possibilitem ao gestor

administrar seu negócio de maneira eficiente.

http://www.aems.edu.b

r/conexao/edicaoanteri

or/Sumario/2014/down

loads/2014/Contabilida

de%20Gerencial%20N

as%20Micro%E%20Pe

quenas%20Empresas.p

df

21 fev.

2016

Artigo Desenvolvimento de

empresários em

empresas de pequeno

porte do setor

hoteleiro: processo de

aprendizagem,

competências e redes

de relacionamento

TEIXEIRA,

Rivanda

Meira;

MORRISON,

Alison.

2

0

0

4

- Revista de

Administração

Contemporânea

Este estudo tem por objetivo analisar o

desenvolvimento dos empresários em empreendimentos

de pequeno porte do setor hoteleiro e enfocar o processo

de aprendizagem por meio da análise das competências

percebidas como necessárias ao desempenho dos

negócios, das necessidades de treinamento, de como

esses empresários percebem que aprendem e,

finalmente, de como as redes de relacionamento

(networks) interferem no processo.

http://www.scielo.br/sc

ielo.php?script=sci_artt

ext&pid=S1415-

65552004000100006

13 mar.

2016

20

(conclusão)

Artigo Determinantes da

Satisfação e

Atributos da

Qualidade em

Serviços de

Hotelaria

BRANCO,

Gabriela

Musse;

RIBEIRO,

José Luis

Duarte;

TINOCO,

Maria

Auxiliadora

Cannarozzo

2

0

1

0

Graduação Universidade

Federal do Rio

Grande do Sul

(UFRGS)

A principal contribuição deste trabalho é a proposição

de um modelo que detalha a força do relacionamento

entre os determinantes da satisfação dos clientes e a

hierarquização dos atributos que exercem maior

influência sobre a qualidade percebida para serviços de

hotelaria. Os resultados obtidos podem ser utilizados

pelos gestores de hotéis para melhorar a satisfação dos

clientes, contribuindo para o crescimento da

organização.

http://www.scielo.br/sc

ielo.php?script=sci_artt

ext&pid=S0103-

65132010000400007

27 fev.

2016

Monografia Relatórios

Gerenciais como

Ferramenta na

Tomada de

Decisões em um

Empreendimento

Hoteleiro

MAHL, Eliana

Maria

2

0

0

5

Graduação Universidade

Federal de Santa

Catarina (UFSC)

As informações contábeis gerenciais devem ser

relevantes para tomada de decisão dos usuários, para

que as empresas possam verificar as falhas de

operacionalidade, produtividade, gastos elevados,

qualidade de serviços. No estudo de caso são

explanados os principais relatórios utilizados pelo hotel

estudado no processo de tomada de decisões.

http://tcc.bu.ufsc.br/Co

ntabeis294291

23 fev.

2016

Tese Contribuição ao

Estudo de

Indicadores de

Desempenho de

Empreendimentos

Hoteleiros, sob o

Enfoque da

Gestão

Estratégica

ARAUJO,

Aneide

Oliveira

2

0

0

1

Doutorado Faculdade de

Economia,

Administração e

Contabilidade

(USP)

A contribuição de contabilidade gerencial para a

implementação e monitoramento de iniciativas de

melhorias operacionais é examinada à luz dos conceitos

da gestão estratégica de custos como forma de otimizar

a utilização dos recursos e garantir a satisfação dos

interesses dos diversos stakeholders. Princípios gerais

da gestão de desempenho são abordados como forma de

criar um arcabouço conceitual na elaboração de

indicadores que atendam os requisitos de informação

para orientar o processo de gestão.

http://www.teses.usp.br

/teses/disponiveis/12/1

2136/tde-01032002-

115642/pt-br.php

27 fev.

2016

Monografia Práticas de

Gestão de

Pessoas no

Setor

Hoteleiro de

Juiz de Fora –

MG

ASSIS,

Frederico

Azevedo

Alvim.

2

0

0

9

Especialização Centro de

Excelência em

Turismo –

Universidade de

Brasília

O objetivo é identificar quais são as atividades de

Gestão de Pessoas realizadas para promoverem o

diferencial estratégico das organizações que integram o

setor hoteleiro da cidade de Juiz de Fora – MG. As

observações culminaram na consideração final de que

os gerentes gerais dos hotéis pesquisados ainda não

percebem a plenitude da Gestão de Pessoas como área

organizacional determinante para a aquisição de

diferenciais estratégicos e vantagens competitivas.

http://bdm.unb.br/bitstr

eam/10483/1009/1/200

9_FredericoAzevedoAl

vimAssis.pdf

23 abr.

2016

Fonte: Criação Própria (2016).

21

2.3 MARCO TEÓRICO

2.3.1 Contabilidade

A Ciência Contábil é uma disciplina que se classifica na categoria das Ciências Sociais

Aplicadas, cujo objetivo é revelar todos os fenômenos de natureza monetária no interior do

patrimônio das entidades, buscando registrar e agregar valores aos quais devem obedecer as

Normas Internacionais de Relatório Financeiro (IFRS), transcritas no CPC 43, utilizando-se

de técnicas que permitirão aos seus usuários análises para tomada de decisões.

Conforme a Resolução CFC 785/95, a Contabilidade tem como função precípua

oferecer informações com qualificações confiáveis, tempestivas, compreensíveis e que

possam ser utilizadas como referências para a comparabilidade de dados.

É uma ciência utilizada como sistema da informação, que tanto proporciona a gestão

patrimonial das empresas como disponibiliza meios de comunicação para tomada de decisões.

O autor Costa (2009, p. 28), em sua obra Contabilidade Básica, desenvolve este conceito de

forma mais prática:

(...) a contabilidade é um sistema de informação em si e que também faz parte de um

sistema de informações gerenciais dentro da gestão empresarial. Através de técnicas,

normas e princípios mantém um controle permanente do patrimônio de uma

entidade, evidenciando suas modificações nos relatórios contábeis para que os

usuários das informações patrimoniais possam tomar decisões empresariais.

Assim, a contabilidade deve desenvolver e apresentar atividades que retratem

fielmente o dia-a-dia da produtividade e lucratividade da empresa, ao longo do seu

desenvolvimento, isto devido ao simples fato de que o crescimento do patrimônio da entidade

(objeto de estudo da ciência contábil) é uma das principais informações de interesse a muitos

de seus usuários.

Iniciando desde a sua relação com o surgimento do Capitalismo (mensurar os

investimentos industriais e comerciais), adquirindo o aprimoramento das Partidas Dobradas,

sendo aplicada cotidianamente no século XX como instrumento de controle nos países de

economia centralizada, a Contabilidade continua sendo um elemento norteador para qualquer

atividade econômica, lucrativa ou não, exercida por pessoa física ou jurídica, de Direito

Público ou Privado.

Alguns dos principais usuários da Contabilidade são: sócios, acionistas,

administradores, diretores executivos, bancos, governos e economias governamentais, pessoas

22

físicas. Usuários esses que ao longo do tempo vão se renovando e aumentando o leque de

interessados nas informações contábeis.

Independente de seu usuário, a Ciência Contábil tem a finalidade de produzir e

apresentar informações contábeis que auxiliem no planejamento, controle e, principalmente,

em processos de tomada de decisões. Essas informações podem ser apresentadas por meio de

escrituração contábil e elaboração e interpretação de relatórios financeiros e administrativos;

realizados pelos contabilistas de forma mais coerente possível com a realidade, como

descreve Iudícibus (2010, p. 9):

Fica a cargo do profissional contábil, em sua ética, zelo, prudência e integridade,

melhor desenvolver este papel tão importante e necessário dentro das empresas,

tendo consciência de que a Ciência Contábil é a simplificação da realidade

trabalhada e, portanto não deve ser entendida como um fim em si mesmo.

Existem várias formas de se analisar a situação econômico-financeira da empresa além

dos pagamentos fiscais, e a melhor forma para garantir o equilíbrio da empresa, é mantendo o

controle sob todos os setores. Biagio e Batocchio (2005, p. 202) comentam:

O administrador deve estabelecer as metas financeiras de seu negócio e, por meio

dos instrumentos financeiros, acompanhar seu êxito. Com as demonstrações

financeiras e o planejamento financeiro é possível estabelecer e cumprir as

respectivas metas ou redefini-las, se necessário.

As demonstrações financeiras que os autores comentam são: a Demonstração de Fluxo

de Caixa (DFC), a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e o Balanço Patrimonial

(BP), que também são demonstrações contábeis básicas.

A DFC é uma ferramenta excelente para quem administra os recursos da empresa,

como Sousa (2007, p. 40) afirma ao dizer que “o fluxo de caixa reúne as informações que

permitem o equilíbrio entre as entradas e saídas de recursos, tratando basicamente do

gerenciamento das contas a pagar e das contas a receber (os recebíveis) e a posição das

disponibilidades.”. Para uma melhor visualização dos investimentos e gastos realizados por

setores, é indicado realizar o fluxo de caixa em três divisões: atividades operacionais,

atividades de investimento e atividades de financiamento. As atividades operacionais se

enquadram nas receitas e gastos que envolva a atividade fim da empresa; as atividades de

investimento são os gastos efetuados em imobilizados e as entradas com vendas dos ativos; e

as atividades de financiamento são os empréstimos para capitação de mais recursos para

aprimorar a atividade fim da empresa.

23

A DRE tem como objetivo demonstrar o resultado líquido de um determinado período,

assim como os procedimentos que levaram ao lucro ou prejuízo. A respeito da DRE, Biagio e

Batocchio (2005, p. 206) conceituam: “o demonstrativo de resultados é uma forma ordenada e

sistemática de apresentar um resumo das receitas, despesas e lucro ou prejuízo (...) transmite a

idéia da quantidade de dinheiro que a empresa realmente ganhará”.

O Balanço Patrimonial tem a finalidade de apresentar a situação patrimonial da

empresa em determinado período, com critérios de avaliação baseados em legislações da área.

Sua apresentação demonstra a aplicação dos recursos feita pela empresa (ativo), a origem

desses recursos devidos a terceiros (passivo), e o investimentos dos sócios da empresa

(patrimônio líquido). A sua análise confirma o grau de endividamento e liquidez da empresa

como também o seu capital próprio. É indicado realizar o Balanço no mínimo uma vez por

ano.

A Contabilidade, e seus demonstrativos, portanto, tratam da dinamicidade das

empresas dentro dos mercados, e a sua atuação segue diversas finalidades conforme descreve

vários autores, sendo alguns deles as autoras Szuster (2008, p. 20) que apresentam três

divisões para a matéria:

A atuação segmentada da Contabilidade Gerencial, da Contabilidade Financeira, e

da Contabilidade Fiscal retrata este processo que fornece, no conjunto, as

informações mais utilizadas no mundo dos negócios.

Em contradição, o autor Lima (2009, p. 1) diz que “a contabilidade atualmente

encontra-se dividida entre contabilidade de custos, gerencial e financeira”. O autor Nogueira

(2009, p. 3 e 4) também confirma o auxílio da contabilidade de custos ao dizer:

A Contabilidade Gerencial constrói informações baseadas em demonstrativos

internos para auxiliar os administradores a tomar decisões. A Contabilidade

Financeira é baseada nos princípios contábeis a fim de gerar informações para

grupos externos; e muito conhecida como a contabilidade tradicional. Por sua vez, a

Contabilidade de Custos é uma ferramenta para mensuração dos estoques e serviços,

e uma fornecedora de informações que auxilia no planejamento, controle e tomada

de decisão das atividades empresariais. Ou seja, a Contabilidade de Custos é quem

fornece as informações para as Contabilidades Gerenciais e Financeiras.

Contudo, o foco deste trabalho foi realizado em cima da conceituação, aplicação e

importância da Contabilidade Gerencial como um dos instrumentos auxiliadores nas tomadas

de decisões, já que se busca estudar alguns pontos da gestão dentro de pequenas empresas. A

24

gestão é um processo complexo, porém abundante, que quando dispõe de uma contabilidade

adequada, oferece a entidade facilidade para o seu gerenciamento.

2.3.2 Contabilidade Gerencial

A crescente caracterização de novos usuários da Contabilidade fez, ao longo da

história, com que outros pontos além das questões tributárias, fossem analisados dentro das

organizações sem mudar o foco de lucratividade e permanência das empresas no mercado.

Esses pontos são tratados pela Contabilidade Gerencial e alguns apresentados aqui pelos

autores S. Crepaldi e G. Crepaldi (2014, p. 3):

Sem o conhecimento do mercado, da concorrência, da formação de preços, do

controle dos gastos, do controle dos estoques, do fluxo de caixa, do ponto de

equilíbrio, de um planejamento tributário, da legislação pertinente ao seu negócio, os

empresários tomam decisões incompatíveis com os objetivos das empresas (...).

O aumento da concorrência faz com que a gestão dos negócios seja dinâmica, ao ponto

de propiciar informações úteis e relevantes, que combinadas com a Contabilidade Financeira

auxiliem os administradores no processo de tomada de decisões.

A Contabilidade Gerencial se distancia da Contabilidade Financeira quando se

caracteriza o usuário da informação contábil como interno ou externo. A Contabilidade

Gerencial trabalha com foco interno, onde os gestores sem profundos conhecimentos de

contabilidade necessitam de informações analíticas e básicas, enquanto a Contabilidade

Financeira é direcionada para usuários externos que precisam de informações detalhadas

sobre a vida da empresa.

Em outras palavras, o autor Padoveze (2010, p. 11) assim as diferencia:

A Contabilidade Financeira está essencialmente ligada aos princípios de

Contabilidade geralmente aceitos. A Contabilidade Gerencial está ligada à

necessidade de informações para planejamento, controle, avaliação de desempenho e

tomada de decisão. Alguns entendem, que a verdadeira Contabilidade, que realmente

auxilia os gestores empresariais, é a Contabilidade Gerencial.

Para completar o pensamento do autor supracitado, os autores Atkinson [et al.] (2011,

p. 37) expõe sua opinião acerca das informações gerenciais ao dizer que “ embora a

informação contábil gerencial não possa garantir o sucesso nessas atividades organizacionais

críticas, seu mau funcionamento colocará a empresa em sérias dificuldades.”

25

Atualmente, as empresas vivem diante de novos desafios, devido à evolução

tecnológica, às mudanças econômicas, e a diversidade de cenários que o mercado proporciona

diariamente. Com isso, a vantagem competitiva se tornou a mais nova técnica para

permanência das empresas no mercado.

Para obtenção dessa vantagem competitiva, os administradores necessitam de

relatórios gerenciais, que apresentem informações que possam auxiliar no processo de gestão,

como descreve os autores S. Crepaldi e G. Crepaldi (2014, p. 15) ao dizer que

O sistema de contabilidade gerencial de uma organização precisa fornecer

informações oportunas e precisa, para facilitar os esforços de controle de custos,

para medir e melhorar a produtividade e para a descoberta de melhores processos de

produção.

O Gerenciamento dos custos, da produtividade, das medidas de qualidade; o

acompanhamento das novas tecnologias; a descentralização; o planejamento e o plano de

negócios; são tópicos essenciais para o entendimento de uma boa gestão empresarial e

fomento das informações contábeis gerenciais.

2.3.2.1 Gestão Empresarial

Um conceito sobre o que vem a ser gestão é apresentado pelos autores Oliveira, Perez

Jr. e Silva (2011, p. 104):

O termo gestão deriva do latim gestione e significa gerir, gerência, administrar.

Administrar é planejar, organizar, dirigir e controlar recursos, visando atingir

determinado objetivo. Gerir é fazer as coisas acontecerem e conduzir a organização

para seus objetivos. Portanto, gestão é o ato de conduzir as empresas para a obtenção

dos resultados desejados.

A gestão é parte essencial e insubstituível dentro das empresas, pois é a responsável

pelo processo de tomada de decisões, conforme definição dos autores Cordeiro, Santos,

Brennand e Soares (2013, p. 18):

[...] podemos dizer que a gestão consiste em um processo político-administrativo,

que tem por finalidade organizar, orientar e viabilizar a educação. Tal processo

implica a necessidade de tomar decisões, ou seja, escolher, entre as soluções

apontadas, aquelas possíveis de serem executadas e capazes de resolverem os

problemas de uma dada realidade. As decisões tomadas devem ser implantadas,

razão por que caracterizamos a gestão como uma ação eminentemente política, que

precisa ser administrada.

26

Decisões essas, que auxiliadas pelos modelos de gestão adotados na organização,

também como o processo de gestão, definem os objetivos da mesma.

A respeito do modelo de gestão, o autor Padoveze (2010, p. 25 e 26) diz que “pode ser

definido como o conjunto de normas e princípios que devem orientar os gestores na escolha

das melhores alternativas para levar a empresa a cumprir sua missão com eficácia.”. Por sua

vez, o processo de gestão, ainda sob a descrição do mesmo autor, “também chamado de

processo decisório (...) compreende as fases de planejamento, execução e controle a fim de

atingir as metas e os objetivos explicitados na declaração da visão empresarial.”

Entende-se, portanto, a importância que os elementos de Missão, Visão e Valores

possuem dentro das empresas, pois a partir deles são criadas as metas e os objetivos da

organização. A Missão representa, interna e externamente, o propósito da empresa,

descrevendo de forma sucinta as atividades e o mercado que o negócio deseja atingir, e sua

diferenciação perante os seus concorrentes. A visão é um conjunto de palavras que definam a

empresa futuramente, conforme o caminho que ela deseje traçar. Os valores são as

qualificações da empresa, conforme os princípios e crenças de seus fundadores; os valores

irão orientar as atividades do dia-a-dia, cuja toda mão-de-obra deverá respeitá-los para que

não venha a desqualificar a empresa futuramente.

Outra definição para gestão é dada pelos autores Wagner e Harter (2009, p. 272):

A maioria dirá que a gerência é uma responsabilidade solene, algo que dá uma

tremenda satisfação; (...) gerenciar envolve não apenas as responsabilidades

fiduciárias de proteger o dinheiro de outras pessoas e se esforçar por um bom

retorno, mas também uma espécie de liderança sobre as vidas de outras pessoas. Os

funcionários dizem que os dois lados da moeda, o pessoal e o profissional, depende

de um gerente capaz de dar orientação, apoio, proteção e recursos que os motivem a

retribuir com seus melhores esforços. (...) É esse o segredo da gestão de excelência.

A empresa depende de recursos financeiros, porém, precisa mais fielmente dos

recursos humanos, devido às compensações sociais do homem para a organização, que fazem

do ambiente de trabalho um lugar proveitoso. Com uma visão que vai além do administrar

processos, o gestor deve dispor de um bom relacionamento entre seus subordinados, e demais

funcionários.

27

2.3.2.2 Planejamento, Execução e Controle

A principal responsabilidade de um gestor é prezar pela eficácia da empresa, para que

a mesma passe por processos de racionalidade, economicidade de modo que todos os seus

procedimentos operacionais sejam pautados em critérios que possam trazer para seu

patrimônio retornos esperados, tanto no âmbito econômico como no financeiro e até mesmo

no patrimonial. Neste sentido, considera-se que a ferramenta ideal para essa atividade é a

informação útil e precisa que atenda as necessidades do gestor.

Tópico importante como o planejamento, nos traz a oportunidade de decidir

antecipadamente sobre alguns gastos e prever o caminho de algumas atividades. Conforme a

conceituação de Frezatti (2015, p. 8), as decisões empresariais devem seguir um planejamento

como:

Planejar significa decidir antecipadamente. Decidir implica optar por uma

alternativa de ação em detrimento de outras disponíveis, em função de preferências,

disponibilidades, grau de aceitação do risco etc. Nessa visão, decidir

antecipadamente constitui-se em controlar o seu próprio futuro.

Padoveze (2010, p. 22) diz que “as empresas com fins lucrativos são investimentos e,

portanto, estão sujeitas a incertezas e riscos. Esta premissa permite enfatizar a questão do

planejamento ou da previsibilidade ou não do mundo real.”. O planejamento é um plano que

liga uma situação desejada com a situação atual. Padoveze (2010, p. 27) subdivide o

planejamento em estratégico e operacional, como descrito a seguir:

O planejamento estratégico é a etapa inicial do processo de gestão, onde a empresa

reformula ou reformula suas estratégias empresariais dentro de uma visão específica

do futuro. É a fase de definição de políticas, diretrizes e objetivos estratégicos, e tem

como produto final o equilíbrio dinâmico das interações da empresa com suas

variáveis ambientais. Nesta etapa, realizam-se as leituras dos cenários do ambiente e

da empresa, comumente confrontando as ameaças e oportunidades dos cenários

vislumbrados com os pontos fortes e fracos da empresa. O planejamento operacional

define os planos, políticas e objetivos operacionais da empresa e tem como produto

final o orçamento operacional.

Após a confecção do planejamento é hora de por a mão na massa e executar todas as

atividades programadas. Neste momento onde as coisas acontecem que atua também o papel

do controle, onde de forma contínua avalia o grau de união entre o que foi planejado com o

que está sendo executado.

28

Uma conceituação ampla sobre controle é descrita por Iudícibus (2010, p. 5 e 6):

“Controle pode ser conceituado como um processo pelo qual a alta administração se certifica,

na medida do possível, de que a organização está agindo em conformidade com os planos e

políticas traçados pelos donos de capital e pela própria administração.” O referido autor ainda

apresenta as utilidades do controle como informação contábil:

Como meio de comunicação – Os relatórios contábeis podem ser de grande auxílio,

ao informar a organização a respeito dos planos e políticas da administração e, em

geral, das formas de comportamento ou ação que a administração deseja atribuir à

organização. Como meio de motivação – A não ser que a empresa ou negócio seja

do tipo individual, não compete à administração fazer ou executar o serviço. Isto

quer dizer que a administração não fabrica e vende pessoalmente o produto. Pelo

contrário, a responsabilidade da administração consiste em gerenciar o trabalho que

sesta sendo executado pelos outros. Isso requer, em primeiro lugar, que o pessoal

seja contratado e formado dentro da organização, e, em segundo lugar, que a

organização seja motivada de forma que venha a fazer o que a administração quer se

faça. A informação contábil pode auxiliar (e também, desde que utilizada

inadequadamente, prejudicar) esse processo de motivação. Como meio de

verificação – Periodicamente, a administração necessita avaliar a qualidade dos

serviços executados pelos empregados. A apreciação desse desempenho pode

resultar em acréscimo de salários, promoções, readmissões, ações corretivas as mais

variadas, ou, em casos extremos, demissões. A informação contábil pode auxiliar

esse processo de avaliação, embora o desempenho humano não possa ser julgado

apenas pela informação contida nos registros contábeis.

Em linhas gerais, os autores que discutem sobre o assunto, classificam a atividade

Controle em Operacional, Gerencial e Estratégico. O autor Atkinson [et al.] (2011, p. 45) fala:

Controle Operacional fornece informação de feedback sobre a eficiência e a

qualidade das tarefas desempenhadas. Controle Gerencial fornece informação sobre

o desempenho de gerentes e unidades operacionais. Controle Estratégico fornece

informação sobre o desempenho competitivo da empresa a longo prazo, as

condições de mercado, as preferências dos clientes e as inovações tecnológicas.

O controle é a ferramenta essencial para entender o desempenho dos resultados

atingidos, quando comparados aos objetivos previamente traçados. São as novas estratégias

que auxiliam na execução das atividades, sendo diretamente associadas à Contabilidade

Gerencial como atividades essenciais para a gestão do negócio.

Conduzir os administrados a um processo decisório necessita de uma visão abrangente

dos resultados que se quer atingir, assim o planejar, o executar e o controlar são etapas

principais do desenvolvimento de uma organização que quer se destacar no seu ramo de

negócio. A projeção dessa visão será detalhada e melhor analisada em um planejamento

orçamentário, como descrito no próximo tópico.

29

2.3.2.3 Planejamento Orçamentário como suporte para Informação Contábil

Segundo Iudícibus (2010, p. 6 e 7), “decisões racionais dependem de informações ou

dados”, assim a informação é de alta relevância quando significativa para a tomada de uma

decisão. Esse autor ainda completa dizendo que “a teoria da informação centra-se na questão

da relação custo da produção da informação versus o provável benefício gerado pela sua

utilização.”.

Para o controle desse custo benefício, nada melhor do que utilizar o planejamento

orçamentário para lidar com a produção de informação contábil. Sousa (2007, p. 14) diz:

Planejar é estimar o que acontecerá no futuro, baseando-se naquilo que

historicamente aconteceu na empresa no passado, introduzindo as alterações que

levem à correção de rumos naquilo que for necessário. Tente fazer, no início de cada

ano, um orçamento mensal desejável, mas realista, e adote-o como meta a ser

cumprida.

Os autores Oliveira, Perez Jr. e Silva (2011, p. 240) definem orçamento:

(...) o orçamento é o instrumento que traz a definição quantitativa dos objetivos e o

detalhamento dos fatores necessários para atingi-los, assim como o controle do

desempenho. É a expressão monetária de um plano operacional. É a etapa final de

um processo de planejamento. É um compromisso de realização. É um instrumento

de acompanhamento e contínua avaliação de desempenho das atividades e dos

departamentos.

A elaboração do orçamento tem como base o planejamento estratégico, resultando

assim em um controle mais sistemático e eficiente. Frezatti (2015, p. 23 apud FISCHMAN,

1995, p. 25), conceitua o planejamento estratégico como:

Técnica administrativa que, através da análise do ambiente de uma organização, cria

a consciência das suas oportunidades e ameaças e dos seus pontos fortes e fracos

para o cumprimento da sua missão, e através desta consciência, estabelece o

propósito de direção que a organização deverá seguir para aproveitar as

oportunidades e evitar os riscos.

Conhecida como Análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats), ou

popularmente conhecida como FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) no

Brasil, o planejamento nos permite fazer uma análise do negócio comparando, internamente,

elementos como os pontos fortes e fracos da empresa, e as ameaças e oportunidades do

30

mercado. Assim, a empresa estará sempre em vantagem no mercado devido o fato de

previamente estabelecer alguns possíveis cenários e já de antemão apresentar soluções.

Acerca da estrutura do plano orçamentário, Frezatti (2006, p. 51 e 52) a divide em

duas etapas: operacional e financeira como descrevem a seguir:

A Etapa Operacional consiste nos planos que proporcionam condições de

estruturação das atividades da organização, de maneira a integrar as atividades. Por

sua vez, a Etapa Financeira corresponde à tradução de todas as atividades para uma

linguagem monetária. A caracterização da etapa financeira é a existência dos

demonstrativos contábeis. A Etapa Operacional consiste nos planos de marketing,

produção, investimento e recursos humanos. O Plano de Marketing indica a

atividade comercial da organização; define política de vendas, gastos com

comunicação; a área comercial da entidade se mobiliza para desenvolver este plano.

O Plano de Produção trata dos estoques desde o início da linha de montagem até o

produto acabado; a área de operações que coordena as atividades. O Plano de

Investimento explicita os gastos que serão efetuados em imobilizados. O Plano de

Recursos Humanos trata da estrutura organizacional, movimentação dos

funcionários, remuneração, treinamento, admissões etc. A Etapa Financeira deve

conter o fluxo de caixa, a demonstração de resultados e o balanço patrimonial do

tempo analisado, para permitir que todas as decisões tomadas nos vários subplanos

sejam transformadas em um único denominador, no caso, o monetário.

Padoveze (2010, p. 137 e 138), em sua estrutura de plano orçamentário salienta a

importância de separar as atividades financeiras das projeções das demonstrações contábeis,

estruturando o plano em três grandes segmentos como descrito abaixo:

Orçamento Operacional. Orçamento de Investimentos e Financiamentos. Orçamento

de Caixa. O Orçamento Operacional compreende as seguintes peças orçamentárias:

orçamento de vendas; orçamento de produção; orçamento de compras de materiais e

estoques; orçamento de despesas departamentais. O Orçamento de Investimentos e

Financiamentos contém: orçamento de investimentos; orçamento de financiamentos;

orçamento de despesas financeiras. O Orçamento de Caixa, também chamado de

Projeção dos Demonstrativos Contábeis, é o segmento que consolida todos os

orçamentos, partindo do Balanço Patrimonial e compreende as seguintes peças

orçamentárias: projeção de receitas operacionais e não-operacionais; projeção das

receitas financeiras; projeção da Demonstração do Resultado, Balanço Patrimonial,

Fluxo de Caixa, Demonstrações de Origens e Aplicações dos Recursos; análise

financeira dos demonstrativos.

Com base nessas afirmações, o orçamento passa a ser uma tarefa essencial de toda

organização, cujo controle representa uma das ferramentas da Contabilidade Gerencial, e

Frezatti (2006, p. 44) reafirma ao dizer que “o orçamento é o plano financeiro para

implementar a estratégia da empresa para determinado exercício. É mais do que uma simples

estimativa, pois deve estar baseado no compromisso dos gestores em termos de metas a serem

alcançadas.”.

31

O Plano Orçamentário, encarado por muitos como uma ferramenta complexa, é um

plano capaz de incorporar a estrutura organizacional da empresa, suas necessidades e também

direcionar diversas atividades, considerando que as informações contábeis gerenciais diferem

de acordo o nível da organização e/ou dos seus usuários, assim, a demanda por informação

depende do tipo de controle que se quer avaliar, em determinado período. Com isso, é de

responsabilidade administrativa dos gestores, acompanharem rigorosamente a evolução

orçamentária de cada setor, para que a soma das metas de cada área alcance os objetivos da

empresa como um todo.

2.3.2.4 Gestão de Custos

A gestão de custos continua a evoluir, fazendo com que seus usuários percebam outras

finalidades que este ramo da contabilidade pode oferecer, como: ferramenta essencial na

gestão empresarial, ferramenta de informação, e determinadora dos custos também de

prestação de serviços e não apenas de produtos.

A análise dos custos é o ponto chave para formação de preços, para o controle dos

recursos que estão à disposição da empresa, para análise da lucratividade, entre outros

estudos. O autor Costa (2009, p. 107), em sua obra Contabilidade Introdutória, desenvolve

bem esta informação:

(...) Todas as organizações, quer se trate de indústrias, prestadoras de serviços,

empresa do governo quer de instituições não lucrativas, possuem recursos limitados.

O uso eficiente e eficaz desses recursos irá determinar quais organizações

sobreviverão nos próximos anos. Para isso, elas precisam ampliar constantemente a

funcionalidade de seus serviços, aprimorar a produtividade, entender as

necessidades e os desejos dos clientes e reduzir os custos.

O conhecimento sobre custos deve ser entendido melhor sobre aqueles que gerem o

negócio, como descreve a análise de Vanderbeck e Nagy (2003, p. 407):

(...) Muitos estudos que geram relatórios especiais para a gestão usam os dados de

custos que são regularmente acumulados. (...). Esses relatórios, que são preparados

para o uso interno e não são distribuídos para partes externas, exigem que o usuário

compreenda a terminologia não comumente usada em sistemas de contabilidade de

custos operacionais.

Para isso, é necessário um conhecimento da terminologia básica relacionada às

atividades de custos, que são: desembolsos, gastos, investimentos, despesas, custos e perdas.

32

O autor Nogueira (2009, p.26) define desembolso como um pagamento realizado por

uma aquisição; é a retirada de dinheiro para efetuar o pagamento de uma dívida. Já a definição

de gastos, para o mesmo autor, é a compra de um produto ou serviço onde esta aquisição gera

para o individuo uma obrigação de entrega de ativos para com terceiros, podendo ser

desembolsada à vista ou a prazo.

Ainda de acordo os pensamentos de Nogueira (2009, p.26), despesas é todo e qualquer

gasto realizado para obtenção de receitas. Os materiais ou serviços comprados e consumidos

para auxiliar na venda de um bem e/ou serviço que irá gerar renda. Em uma análise simples,

seria todo gasto realizado fora da área de produção. Exemplos: salários e comissão de

vendedores, fretes, energia, água, telefone, internet, depreciação e outros.

Com relação à definição de despesas, o autor Martins (2003, p. 25) salienta que “não

estão aqui incluídos todos os sacrifícios com que a entidade acaba por arcar, já que não são

incluídos o custo de oportunidade ou os juros sobre o capital próprio, uma vez que estes não

implicam a entrega de ativos”.

O autor Nogueira, (2009, p.27) continua suas definições dizendo que o investimento é

um gasto realizado na compra de bem e/ou serviço para obtenção de benefícios futuros,

podendo ser de curto ou longo prazo. Exemplo: compra de um imóvel. Esta definição

novamente é complementada pelas observações abaixo do autor Martins (2003, p.25):

Podem ser de diversas naturezas e de períodos de ativação variados: a matéria-prima

é um gasto contabilizado temporariamente como investimento circulante; a máquina

é um gasto que se transforma num investimento permanente; as ações adquiridas de

outras empresas são gastos classificados como investimentos circulantes ou

permanentes, dependendo da intenção que levou a sociedade à aquisição.

Custos, segundo Nogueira (2009, p.26) é todo e qualquer gasto realizado na área de

produção. Os materiais ou serviços comprados e consumidos para confecção de um bem e/ou

serviço que será vendido ou prestado, caracteriza-se como um custo. Exemplos: matéria-

prima, aluguel, energia, salários dos funcionários da área de produção, água, e outros.

O autor Martins (2003, p.26) faz uma relação entre os conceitos de gastos,

investimentos, custos e despesas:

Todos os custos que são ou foram gastos se transformam em despesas quando da

entrega dos bens ou serviços a que se referem. Muitos gastos são automaticamente

transformados em despesas, outros passam primeiro pela fase de custos e outros

ainda fazem a via-sacra completa, passando por investimento, custo e despesa.

33

Perda representa o consumo de um bem ou serviço de forma anormal e indesejada ao

qual acarreta prejuízo. Exemplos: destruição de material decorrente de incêndios ou

enchentes. Ouvimos a expressão “perda de material” e devemos a ela uma devida atenção,

pois a depender do que se compara esta perda pode ser um custo. Como exemplo tem uma

situação apresentada pelo autor Nogueira (2009, p.26):

Um exemplo de perda normal pode ser evidenciado na produção de roupas, pois não

se usa o tecido todo na produção de uma peça de roupa, no corte da peça sempre se

perde um pouco de tecido (retalhos), esses retalhos são perdas normais ao processo

de produção, por isso, não devem ser segregados como perda, e sim mantidos como

custo. Porém, se no processo de produção algum erro anormal ocorrer no processo,

danificando toda a produção, então, este valor deve ser classificado como perda.

A presente terminologia é aplicada tanto em empresas industriais como em empresas

comerciais, financeiras e de serviços, como confirma o autor Martins (2003, p. 26) ao dizer

que as “entidades são produtoras de utilidades, e assim possuem custos”, cabendo a cada ramo

apropriar, em função da semelhança, esta terminologia de acordo suas necessidades.

2.3.3 Setor de Hotelaria

O setor hoteleiro brasileiro está em um momento de grande desenvolvimento, e essa

expansão se verifica dentro das grandes capitais brasileiras como também no interior do

comércio das pequenas cidades.

Segundo a Pesquisa Anual de Serviços (PAS) do IBGE, em 31 de dezembro de 2012

registravam-se 26.393 empresas de serviços de alojamento (hotéis, motéis, pousadas, pensões,

dormitórios etc.), no Cadastro Central de Empresas, ou seja, empresas com o registro de

CNPJ. No ano de 2013, houve um crescimento de aproximadamente 5%, registrando 27.558

estabelecimentos. Com relação aos estados brasileiros, a PAS trás os números de empresas de

alojamento em conjunto com as empresas de alimentação, contendo no estado da Bahia 6.165

estabelecimentos no ano de 2012, e 12.995 no ano de 2013.

Segundo pensamentos do autor Miranda (2001), o hotel hoje representa uma atividade

comercial que propicia a satisfação dos proprietários e das pessoas que estão no entorno do

seu domicilio, representando progresso para a região, divulgando as cidades por meio da

qualidade de seus serviços e pelas pessoas importantes que nele venham se hospedar. Esse

fenômeno não se restringe apenas ao aumento do fluxo de turistas ocasionais, como também

34

em relação aos que fazem turismos de negócios, como viajantes, representantes comerciais e

executivos de empresas.

Assim, além dos serviços de hospedagem, os hotéis hoje podem funcionar também

como centros de eventos envolvendo atividades de caráter literário, acadêmico e científico.

Hotéis que disponibilizam espaços para eventos múltiplos, estarão conquistando novas

clientelas, e irão se destacar como referência no mercado local.

Miranda (2001, p. 44, apud BENI, 1998) confirma essa assertiva ao dizer:

A hotelaria é um dos pilares mestres na infra-estrutura para o desenvolvimento do

turismo em nosso país; para tanto, é necessário que o parque hoteleiro tenha

capacidade de atender às exigências da demanda gerada tanto no que diz respeito à

qualidade dos serviços quanto à qualidade de suas instalações físicas.

A respeito da qualidade dos serviços hoteleiros, o autor Castelli (1994, p. 124),

comenta sobre a missão do hotel enquanto empresa:

Qual a missão do hotel enquanto empresa? A obtenção de resultados visando

prioritariamente ao lucro tem sido uma resposta dada à questão no decorrer dos

anos. (...) Só que o lucro foi deslocado para uma outra “posição no time”. Ele

passou, dentro da ótica da Gerência da Qualidade Total, a ser uma conseqüência de

hóspedes satisfeitos. Nessa nova abordagem o lucro passa a ser enfocado como se

fosse o pagamento que o cliente realiza em reconhecimento por aquilo que a

empresa fez de bom por ele. São os clientes felizes que garantem a sobrevivência da

empresa. Muitos dirigentes se sentem orgulhosos dos seus belos e imponentes

prédios. Poucos são os que se preocupam com a taxa de hóspedes felizes. Pois são

exatamente esses que voltam e multiplicam a boa imagem do hotel. Esta é a taxa que

garantirá a sobrevivência do hotel enquanto empresa.

Um gestor de melhor qualificação profissional, deve saber balancear suas funções

básicas (planejar, organizar, controlar e delegar) para um melhor funcionamento das

atividades operacionais da sua empresa. O gestor hoteleiro, não foge a essa regra, e de acordo

com o pensamento de Miranda (2001, p. 48), procura atuar além das funções básicas para

gerir atividades, utilizando de uma atenção especial quanto ao elemento humano, dizendo que

“o papel do gerente hoteleiro é de fazer com que as coisas sejam feitas através das pessoas, ou

seja, o elemento humano é fundamental na atividade hoteleira, a demanda é humana, e a

oferta depende do elemento humano.”.

Sendo diferenciado o papel do gestor hoteleiro, o mesmo deve dispor de habilidades

peculiares a este tipo de prestação de serviços, pois diferente de outros setores, levando em

conta que o ramo de hotelaria trabalha simultaneamente com serviços (recepção e

35

atendimento pós recepção), instalações e produção (cozinha) onde o produto é extremamente

perecível, e todos os procedimentos tem que estar sob supervisão constante da administração.

Miranda (2001, p. 49) apresenta também em seu artigo opiniões contraditórias, de

diversas correntes sobre as habilidades administrativas, acerca do papel do gestor hoteleiro

dizendo que “gerenciar um hotel é como gerenciar qualquer outro negócio, sendo mais

importante o conhecimento na gestão de pessoas do que os conhecimentos operacionais”.

Abaixo, um quadro que mostra a evolução das habilidades gerenciais de um gestor

hoteleiro a partir dos anos 70.

Quadro 2 – As Mudanças no Papel do Gerente Hoteleiro

O gerente dos anos 70 O gerente dos anos 90 O gerente do século XXI

Estilo gerencial Estilo gerencial Estilo gerencial

Autocrático / militar

Toma decisões imediatas

Quase teatral

Distanciado do pessoal

Postura autoritária

Lidera pelo exemplo

Age pela intuição e pela

improvisação

Considera a opinião do pessoal na

tomada de decisões

Menos participante ou envolvido no

trabalho prático

Líder ou mediador de equipe

Impõe questões somente quando

necessário

Mais consultivo / democrático

Age mais com base no trabalho em si

A figura mais representativa e

responsável pelo sucesso do hotel

Assume papel de líder na

organização

Conquista a confiança do pessoal

e encoraja a tomada de decisão,

motivando o funcionário

Mediador da inovação e do

potencial criativo de hoteliers

Status gerencial Status gerencial Status gerencial

Por meio de habilidades práticas

Sendo “quem manda”

Capacidade de trabalhar além do

horário

Decisões incorretas não eram mal

vistas

Por meio de habilidades empresariais

Tendo a formação e o treinamento

apropriado

Tomando boas decisões

Representado pela facilidade e

autonomia em intermediar

relações

Representando a organização na

sociedade

Concentrado na tomada de

decisão

Expectativas dos gerentes Expectativas dos gerentes Expectativas dos gerentes

Proporcionar satisfação aos clientes

Menor responsabilidade pelos

lucros

Trabalhar muito

Ser tido em alta conta pelos

clientes

Ser um especialista em tarefas

práticas / regras

Controlar cuidadosamente os custos

sem prejudicar a qualidade

Atingir as metas financeiras

Ter um bom desempenho em relação às

outras unidades

Ser um especialista em administração

Ser aberto e sincero com o pessoal, ser

acessível

Capacidade de conceber sistemas de

avaliação

Desenvolver um orçamento

operacional ou plano de

marketing

Atribuir responsabilidades

Recrutar, selecionar, orientar e

treinas novos gerentes

Supervisionar trabalhos

Empreender ações corretivas

quando necessário

Avaliar os planos de longo e curto

prazo

Estruturas gerenciais Estruturas gerenciais Estruturas gerenciais

Funcionais

Empregador de mão de obra barata

Hierarquias altas

Grande quantidade de assistentes

de gerência

Considerável espaço de atuação e

flexibilidade de dados aos altos

Horizontalizadas

Mentalidade de equipe

Modos padronizados de trabalho

Empowerment

Regras criadas pela matriz

Controle mais operacional e menos

estratégico

Horizontal funcional

Interação e integração de diversas

gerências

Modos dinâmicos de trabalho

Empowerment

Autonomia das filiais

Controles: estratégico,

36

(conclusão)

gerentes Estabelecimento com bandeira que

restringem o espaço de atuação dos

gerentes

operacional e financeiro

Troca de informações entre hotéis

Qualificações gerenciais Qualificações gerenciais Qualificações gerenciais

Boas habilidades práticas

Boa capacidade de comunicação

com hóspedes / clientes

Surgimento do especialista

Necessidade de comunicação e de

relacionamento interpessoal

Habilidade conceitual: coleta,

interpreta e usa as informações de

maneira lógica

Entendimento financeiro limitado

Capacidade de pôr a mão na massa

Boa cabeça para números

Conhecimento de A&B.

Necessidade de Planejar o treinamento

e o desenvolvimento dos outros

Conhecimento especializado em

finanças

Domínio de informática

Capacidade de organizar a

multiqualificação

Aptidão comercial

Habilidade interpessoal: entende e

interage com as pessoas

Habilidade administrativa:

organiza seus esforços para a

demanda do hotel

Habilidade técnica: lida com

questões específicas

Capacidade para treinar e

descobrir talentos

Aptidão para trabalhar em equipe

Formação gerencial Formação gerencial Formação gerencial

Poucas qualificações formais

A experiência no ramo já era

qualificação suficiente

Confiança na própria ascensão

Freqüentemente recrutado de

desconfiança daqueles que a tem outros

setores de serviços

Melhor formação acadêmica, com

qualificações especializadas

Hoje as qualificações administrativas

são mais importantes

Formação acadêmica, com

qualificações especializadas

Conhecimento de línguas e

informática

Experiência em gestão hoteleira

Apto a apresentar análises

englobando fatores

macroorganizacionais

Fonte: Adaptado de Miranda (2001, p. 50 e 51, apud GUERRIER, 2000, p. 230 e 231) e Assis (2009, p. 12 – 21).

A falta de conhecimento específico no ramo de turismo e hotelaria, não impede que

em cidades pequenas os empreendedores abram o seu negócio. Porém, é sempre necessário o

apoio e o respaldo em algo mais concreto ou norteador. Para isso, são oferecidos cursos

profissionalizantes e serviços de consultoria, tanto por instituições públicas como por

empresas privadas.

Os autores S. Crepaldi e G. Crepaldi (2014, p. 3) comentam:

As empresas de pequeno porte normalmente são administradas pelos próprios

sócios, que têm formação técnica ligada ao seu negócio, mas sem a formação

administrativa de gestão, como administração, finanças, economia, marketing etc.

Isso tem levado a um grande número de falências, recuperações judiciais e

encerramento das pequenas empresas nos seus primeiros anos de vida.

Essa afirmação representa fielmente a administração dos hotéis da cidade pesquisada,

resumindo-se ainda a característica de que a maioria dos estabelecimentos de hotelaria é

composta por empresas familiares. Empresas essas que inicialmente possuem caráter

individual, devido ao fato do (s) próprio (s) fundador (es) se responsabilizar (em) por funções

financeiras, de compras e vendas, comunicação interna e externa, administração dos

37

funcionários etc. Lemes e Pisa (2010, p. 50) descrevem as dificuldades da aplicação desses

serviços realizados apenas pelos proprietários:

Suas inúmeras tarefas diárias o impedem de planejar e avaliar adequadamente,

negligenciando muitas vezes o planejamento e a adoção de ferramentas de controles

financeiros e de resultados. Todas as decisões dependem dele. (...) Empresas assim

administradas serão relativamente bem-sucedidas enquanto o empreendedor estiver

à frente dos negócios, porém, na sua eventual falta, os sucessores não estarão

preparados para substituí-los.

Miranda (2001, p. 47) reforça essa opinião ao dizer que a formação profissional no

setor de hotelaria, não deve ser encarada como um processo lento e/ou um obstáculo para

implantação e continuidade do negócio, mas sim como um conhecimento auxiliar na

prestação de serviços, que no caso do ramo hoteleiro está ligado a satisfazer as exigências dos

clientes e como atendê-la.

Sobre a busca da satisfação do cliente, o autor Castelli (1994, p.51 e 52) comenta:

O cliente deseja um meio para o seu lazer ou para a sua cultura. Com isso se quer

dizer que o cliente sempre procura adquirir algo que venha ao encontro dos seus

desejos e necessidades. Que lhe traga satisfação. Em tudo. Inclusive quando

freqüenta um hotel. É preciso, pois, que a administração direcione o hotel totalmente

para o cliente, a fim de atender aos seus requisitos. Engaje todos os funcionários

nessa missão, ensinando-os a atender o cliente, ouvirem a sua voz, se colocarem no

seu lugar. (...) A Qualidade dos serviços deve estar presente em tudo e em seus

mínimos detalhes nas prestações hoteleiras, já que o hotel pode ser definido como

sendo um somatório de detalhes.

. Assis (2009, p. 17 e 18, apud PIMENTA, 2006, p. 106), relaciona a qualidade dos

serviços com o ambiente ao dizer que “a qualidade depende da integração entre as pessoas e

para obtê-la é preciso investir na criação de um ambiente com cultura e clima organizacional

favoráveis”. Partindo do princípio que a empresa existe para saciar as demandas de um

mercado, no ramo hoteleiro o investimento empresa / cliente / funcionário deve ser cada vez

mais incentivado para que as melhorias sejam advindas de críticas e opiniões daqueles que

recebam os serviços, a fim de garantir a continuidade da organização no meio competitivo.

2.3.4 Micro e Pequenas Empresas

As empresas iniciam suas atividades caracterizadas como pequenas, e, conforme vão

se desenvolvendo com dedicação e competência, podem se transformar em médias ou grandes

empresas, ou simplesmente continuar como empresas de pequeno porte.

38

Para o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), a

classificação para o porte das empresas depende da quantidade de funcionários. Assim, para o

porte de Micro Empresa ela deverá conter até 09 funcionários para atividades de serviços e

comércios, e até 19 pessoas para indústria; para porte de Pequena Empresa ela deverá conter

de 10 a 49 pessoas para atividades de serviços e comércios, e de 20 a 99 pessoas para

indústria.

Já, conforme a Lei do Simples Nacional, que é o regime de arrecadação tributária

aplicada às Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP), a classificação se dá de

acordo a receita bruta anual das empresas sendo: igual ou inferior a R$ 360 mil para as

microempresas, e superior a R$ 360 mil, e igual ou inferior a R$ 3,6 milhões para as empresas

de pequeno porte.

Pelo fato das MEs e EPPs receberem um tratamento diferenciado, tanto no âmbito de

construção como de tributação, elas seguem as diretrizes estabelecidas na Lei Geral das Micro

e Pequenas Empresas, instituída pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006,

considerando as atualizações já realizadas, que são: a Lei nº 139/2011 que atualiza a Lei

Complementar nº 123/2006, e a Lei nº 147/2014 que atualiza o estatuto da MPE.

A legislação citada é de âmbito Federal, portanto, os Estados e Municípios adotam

essas medidas adequando-as a cada realidade. O mesmo acontece para aplicação do Simples

Nacional nos três diferentes âmbitos.

O Simples Nacional, ou Supersimples, é o Regime Unificado de Arrecadação de

Tributos e Contribuições devidos pelas ME e EPP, que tem como objetivo substituir/resumir

toda a legislação tributária para apenas uma alíquota para pagamento. A alíquota do Simples

reúne os impostos: Imposto sobre a Renda da Pessoa jurídica; Imposto sobre Produtos

Industrializados; Contribuição Social sobre o Lucro Líquido; Contribuição para o

Financiamento da Seguridade Social; Contribuição para o Programa de Integração Social;

Instituto Nacional do Seguro Social; Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços; e

Imposto sobre Serviços.

Os Estados que se recusaram a aderir ao Simples Federal, acabam também por fazer

suas próprias leis (embasada na lei federal), para incentivar às MPEs locais conforme a

realidade do comércio local. Conforme a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, mesmo

alguns Estados modificando suas alíquotas, alguns Municípios aderiram à taxa do Simples

Federal, permitindo que mensalmente as pequenas empresas prestadoras de serviços recolham

39

mensalmente o Imposto Sobre Serviço como tributo municipal, e o Documento de

Arrecadação Unificado Simples como tributo federal.

Alguns dos principais benefícios para o enquadramento dessas empresas, e os motivos

pelo qual os empreendedores as escolhem, são:

Regime unificado para apurar e recolher os impostos e contribuições sociais;

Dispensa do cumprimento de certas obrigações trabalhistas e previdenciárias;

Simplificação do processo de abertura, alteração e encerramento das MPEs;

Facilitação do acesso ao crédito e ao mercado;

Preferência nas compras públicas, e

Estímulo à inovação tecnológica.

Ao se criar condições de evolução para o empreendedorismo, os pequenos negócios

vão ganhando importância em meio à grande competitividade do mercado, fazendo com que a

igualdade social e a continuidade do desenvolvimento econômico no Brasil venham a crescer

ainda mais.

Sobre o gerenciamento das MPEs, os autores Biagio e Batocchio (2005, p. 232)

comentam:

(...) boa parte dos empreendedores que iniciam um negócio conhecem tecnicamente

o produto objeto da empresa ou conhecem os caminhos para a comercialização dos

produtos, porém não estão habituados à utilização de técnicas de gerenciamento, em

especial as de características eminentemente teóricas, como é o caso da definição da

visão e da missão da empresa.

Segundo pesquisas do SEBRAE, entre os anos de 2009 e 2013 houve um crescimento

de aproximadamente 19% no número de empresários no Brasil, passando de 5,1 milhões para

6,06 milhões. Nesse aumento verificou-se também que as atividades econômicas que mais

cresceram respectivamente foram serviços, comércio, indústria e construção.

Com relação a esse ambiente de negócios, os autores Lemes e Pisa (2010, p. 44)

comentam:

A globalização acirrou a luta pela conquista de mercados, os países têm se esforçado

para oferecer produtos melhores a preço cada vez menores. Esse fenômeno acarretou

profundas transformações no ambiente de trabalho (...) O resultado é o aumento da

taxa de desemprego e o conseqüente crescimento da informalidade. Essa mudança o

ambiente de negócio tem afetado diretamente as MPEs que, cada vez mais, têm

necessidade de adotar novas tecnologias, atualizar máquinas e equipamentos,

40

adquirir novos computadores e softwares, modernizar e adequar instalações,

mobiliários, transmitindo aos clientes e grupos de relacionamento uma ideia de

competência, modernidade e confiabilidade.

As porcentagens apresentadas caracterizam a economia brasileira como cada vez mais

acirrada, com a inclusão de milhões de empresas que viviam na informalidade, e hoje podem

ser micro e pequenos empreendedores que investem na sociedade com a geração de novos

empregos.

41

3 METODOLOGIA

3.1 ESCOLHA DO MÉTODO

Dentre as várias modalidades de pesquisa, a presente monografia se baseou em uma

pesquisa com abordagens tanto qualitativas como quantitativas, o que significa segundo

Creswell (2010, p. 238) uma pesquisa onde “pode-se obter mais insights com a combinação

das pesquisas e seu uso proporciona uma maior compreensão dos problemas de pesquisa”.

Rampazzo (2011, p.55) afirma que a pesquisa com objetivo descritivo “observa,

registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos, sem manipulá-los”, ou seja, sem

interferência do pesquisador.

Assim, a pesquisa quali-quanti auxiliará no entendimento, na execução e na relação

entre os sujeitos da pesquisa, apresentando dois ou mais lados distintos de opiniões ao qual no

final podem vir a se confirmar ou se contestar: teorias x estudo de caso.

Os instrumentos de trabalho, ainda de acordo Rampazzo (2011, p. 63), “procuram

transmitir uma fundamentação teórica das ciências, das artes e das técnicas”. Por isso, as

pesquisas bibliográficas serão os procedimentos básicos do projeto para que o problema e sua

resolução tenham respaldo científico e confiável, a fim de gerar discussões sobre o tema, além

das legislações pertinentes ao assunto.

3.2 DELIMITAÇÃO DO LÓCUS

Bom Jesus da Lapa, fundada no ano de 1923, é uma cidade baiana localizado a 796 km

da capital estadual, com uma área total de 4.115,52 km², e banhada pelo Rio São Francisco.

Conforme último censo realizado pelo IBGE em 2015, sua população estimada é de 69.526

habitantes, considerando que o censo anterior de 2010 registrava 63.480 habitantes,

caracterizando assim o 30º maior município da Bahia.

As atividades econômicas da cidade estão baseadas na agricultura, pecuário, comércio,

pesca e principalmente o turismo. O que diferencia essa cidade de todas outras da região, é o

morro com suas grutas que lhe atribuem um clima místico e atrativo, assim, atualmente

conhecida como a “capital baiana da fé” pelo seu turismo religioso, turismo esse que

atualmente abrange cerca de sete meses do ano, beneficia toda a economia local

proporcionando empregos e relações culturais. Concentrando a terceira maior romaria do

42

Brasil, conhecida como a Romaria do Bom Jesus, a gruta, também chamada de Santuário do

Bom Jesus, atrai milhares de fiéis todos os anos. Assim, um dos ramos de atividade do

comércio que mais movimenta a economia local é o serviço de hotelaria, ao qual esta pesquisa

se dedica.

Devido ao intenso fluxo de pessoas nos hotéis e pousadas, e a grande demanda dos

serviços disponibilizados, despertou-se o interesse pelo estudo, visto o pouco conhecimento e

prática no gerenciamento das áreas de investimento inicial, como custos e despesas, algumas

das microempresas da cidade de Bom Jesus da Lapa acabam por entrar em processo de

falência.

Com relação à quantificação do campo de atuação, a pesquisadora inicialmente apenas

delimitou uma amostra com no mínimo dez estabelecimentos participantes, com o intuito de

representar o mais próximo possível a realidade que é o cenário hoteleiro da cidade, mas

também com o objetivo de integrar todos os que se interessassem pela pesquisa, podendo

assim representar diversas estruturas. Infelizmente, devido algumas dificuldades apresentadas

na coleta de dados, a amostragem desta pesquisa utilizou do critério de acessibilidade,

resumindo a amostra em apenas sete hotéis participantes. Por sua vez, os estabelecimentos

que contribuíram com a pesquisa, se apresentaram muito solícitos e disponíveis a ajudar e

também a aprender.

3.3 COLETA DE DADOS

A pesquisa a ser apresentada se baseou em fatos e fenômenos observados conforme o

estudo no ramo hoteleiro, com o auxilio do instrumento de coleta de dados na forma de uma

conversa informal para apresentação dos objetivos da pesquisa, e de um questionário fechado,

elaborado de forma clara e objetiva, sem abrir mão da coleta de dados bibliográficos,

históricos e estatísticos.

A autora Carvalho (2012, p. 193), faz algumas afirmações a respeito da coleta de

dados, tais como:

Queremos salientar que o método, enquanto processo lógico e técnico, efetivamente

conduz a um resultado que pode ser considerado dentro dos parâmetros do

“científico”, mas toda a pesquisa envolve pressupostos epistemológicos, teóricos,

valorativos e éticos, os quais, por si, já determinam a escolha do “objeto” a ser

pesquisado e o próprio direcionamento, em termo de coleta de dados, que “marcará”

a pesquisa com a visão de mundo do pesquisador.

43

Os primeiros dados coletados são de caráter histórico e estatístico sobre a cidade onde

se aplicou o estudo, que serviram como base para representar a participação efetiva do ramo

de comércio estudado, ou seja, a hotelaria, na economia local.

Em um segundo momento, aplicou-se os questionários nos estabelecimentos que se

disponibilizaram a participar desse caso. Acerca dos questionários, Carvalho (2012, p. 196)

descreve as seguintes observações:

Na elaboração do questionário é importante determinar quais são as questões mais

relevantes a serem propostas, relacionando cada item à pesquisa que está sendo feita

e à hipótese que se quer demonstrar/provar/verificar. Isso quer dizer que o

pesquisador deve elaborar o questionário somente a partir do momento em que

adquire um conhecimento razoável do tema proposto para a pesquisa.

Infelizmente, a pesquisadora encontrou algumas limitações para aplicar sua pesquisa,

sendo elas: os órgãos de apoio ao comércio (SEBRAE e Câmara de Dirigentes Lojistas -

CDL) não puderam informar um número exato ou uma média de quantos hotéis/pousadas

estavam registrados no comércio local; no campo de aplicação da pesquisa houve uma

resistência muito grande dos hotéis menores, a contribuírem com os questionários,

justificando, nas conversas informais, a falta de tempo ou a verdadeira falta de interesse na

pesquisa por não conhecerem a área de estudo; os hotéis que se disponibilizaram a

previamente lerem o projeto de pesquisa para só assim depois darem uma resposta,

infelizmente não deram retorno em tempo hábil para conclusão deste trabalho, reduzindo

assim o campo de aplicação da pesquisa.

Nos estabelecimentos onde os questionários foram aplicados, o mesmo foi direcionado

de forma individual, em lugares reservados, para que, por parte dos entrevistados se tivesse

um melhor entendimento das questões e/ou que fossem disponibilizados momentos de

esclarecimentos em caso de não entendimento das questões.

O resultado dos questionários, aplicados aos proprietários, teve a finalidade de nos

repassar se os mesmos possuem o entendimento do que vêm a ser contabilidade, contabilidade

gerencial e gestão, em seus sentidos básicos como conceituação e importância, para formação

do empreendimento, e se os seus funcionários também compreendem suas participações para

a lucratividade e crescimento dos hotéis.

44

3.4 ANÁLISE DE DADOS

Este é o momento em que os dados coletados são organizados a fim de representar o

objetivo geral desta pesquisa.

Segundo o autor Rampazzo (2011, p. 122 e 123), precisamos classificar e codificar os

dados. Para o autor “a classificação é uma forma de discriminar e selecionar as informações

obtidas, a fim de reuni-las em grupos de acordo o interesse da pesquisa”, assim fica mais fácil

realizar a codificação que “é o processo pelo qual se coloca uma determinada informação na

categoria que lhe compete”.

A partir destas observações são apresentadas as categorias que auxiliaram na análise e

interpretação dos dados:

• Conhecimento sobre negócio – busca entender se os empresários possuíam alguns

conhecimentos técnicos e específicos sobre empreendimento antes de abrirem sua empresa,

ou adquiriram posteriormente com formação em ensino superior e/ou culturalmente com a

vivência no mercado.

• Conhecimento sobre gestão – busca identificar se os envolvidos na pesquisa assimilam

conceitos básicos como custos, despesas, controle, qualidade, gestão, eficácia, etc.

• Aplicação da ciência contábil – pretende confirmar a aplicação real dos serviços contábeis

nas empresas pesquisadas, desde os serviços de escrituração até os de consultoria, avaliando

de forma positiva ou negativa a utilização da contabilidade.

A divisão dessas categorias dá o caráter qualitativo da pesquisa. A interpretação

quantitativa se dá no levantamento de dados com base nos questionários, onde usando

técnicas de porcentagem, fez-se um tratamento quali-quantitativo a respeito dos

empreendimentos estudados

45

4 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS

Os dados coletados visam revelar um determinado grupo, indicando e descrevendo

circunstancias semelhantes ou controversas ao restante do mesmo universo. A interpretação é

entendida pelo autor Rampazzo (2011, p. 122) como a forma de “expressar o verdadeiro

significado do material que se apresenta”.

No processo de coleta de dados, o trabalho permitiu, por meio de conversa informal,

traçar um perfil básico dos empresários responsáveis pelos estabelecimentos. Devido ao

turismo religioso da cidade e região, e o desejo de um negócio próprio, o negócio hoteleiro

aparece como uma oportunidade necessária e contínua do mercado, tanto para quem já gosta

da atividade como também para melhorar as condições financeiras. Assim, os hotéis são

administrados por familiares para justamente continuar o negócio da família. A pesquisa

caracterizou dois grupos: 43% são administrados pelos filhos dos donos e 57% são

administrados pelos próprios proprietários (marido e mulher). Caracterizados também como

empresas de micro e pequeno porte, a presença dos proprietários é constante, com o intuito de

trazer maior credibilidade aos clientes dos serviços ali prestados.

Segue-se, assim, a interpretação e discussão dos dados coletados classificados em

categorias.

4.1 CONHECIMENTO SOBRE NEGÓCIO

O primeiro passo para a construção de um empreendimento é a definição do negócio.

Em linhas gerais, se trata da classificação do campo de atuação da empresa, ou seja, é a

definição de quais produtos ou serviços o empresário irá oferecer, para quais mercados e para

quais clientes. Portanto, nenhum comércio deve ser instalado sem que os empresários tenham

conhecimento prévio da capacidade de continuidade da atividade que irá exercer.

O Plano de Negócio tem em seu conteúdo, elementos importantes, dentre eles o

planejamento estratégico da empresa, seus produtos e serviços, análise de mercado, plano de

marketing e plano operacional. É um documento que descreve o negócio e apresenta a

empresa ao ambiente externo. Para as MPEs, esse plano foi a solução para inserir esses

modelos de empresas em conceitos da administração estratégica, o que defende os autores

Biagio e Batocchio em sua obra, pois anteriormente a análise estratégica era tratada apenas

para organizações de grande ou médio porte, com a justificativa de que se existiam vários

46

executivos especializados em assuntos estratégicos, o que nas micro e pequenas empresas era

discutido por no máximo duas pessoas.

Devido os estabelecimentos pesquisados serem em sua totalidade de cunho familiar, o

planejamento de gestão para futuras sucessões, familiar ou não, é um assunto que deve

também ser discutindo desde o plano de implantação da empresa como também no seu

decorrer. Com esse entendimento, fez-se necessária duas indagações aos gestores sobre o

plano de negócio: a primeira sobre a sua realização (Gráfico 1) e a segunda sobre os

participantes da elaboração do plano (Gráfico 2), obtendo o seguinte resultado:

Gráfico 1 – Realização de Plano de Negócio nos hotéis de Bom Jesus da Lapa

57%

43%Sim

Não

Fonte: Criação Própria (2016).

Gráfico 2 – Pessoas envolvidas no processo de Plano de Negócio dos hotéis de Bom Jesus da

Lapa

14%

43%

43%

Contador

Contador e Proprietário

Não

Fonte: Criação Própria (2016).

47

No Gráfico 1 é exposto que a maioria dos estabelecimentos hoteleiros

produziram/produzem o plano de negócio para auxiliar a gestão do seu empreendimento, e

sempre com o amparo de seus contadores, como apresentado no Gráfico 2. Na aplicação dos

questionários, 100% dos envolvidos consideraram o seu negócio lucrativo, assim é importante

ressaltar a participação dos contabilistas nesse processo inicial de implantação de um negócio,

prestando serviço de assessoria, dando melhores idéias para que a empresa não entre em

prejuízo ou processo de falência. O proprietário é peça chave para essa construção, pois ele

que definirá as metas e os objetivos, o público alvo, além de outras características que dão a

personalidade do dono à empresa. Características essas tratadas pelos autores Padoveze

(2010) e Frezatti (2015), que descrevem as escolhas realizadas pela gerência do negócio,

como o diferencial de um hotel para o outro, o que chamamos de vantagem competitiva.

Aperfeiçoar ou criar novas atividades para o negócio acaba por destacar a empresa no

mercado concorrente pela ousadia do investimento em qualidade na prestação de serviços. E,

quando essa prestação de serviços é realizada com a melhor qualidade que o estabelecimento

pode oferecer, a sua resposta é apresentada dentro da imagem que o hotel possui no mercado

local e regional, e também na lucratividade comparada no final de cada exercício.

Alguns dos pontos que podem ser classificados como vantagens competitivas, no ramo

da hotelaria, são: localização acessível e próxima a farmácias, padarias, lojas, pontos de táxi,

transporte fácil etc.; foco no cliente como a qualidade nos tipos de acomodação e os serviços

prestados (refeições, internet, estacionamento, salas de socialização, jogos, festas etc.);

marketing e publicidade do hotel; equipe gerencial e de funcionários superior; técnicas de

produção com baixo custo; alto valor de marca e reputação positiva da empresa; e qualidade

superior do produto.

O Quadro 3 descreve o diferencial competitivo dos hotéis pesquisados; diferencial

esse descrito pelos próprios proprietários ao responder os questionários:

Quadro 3 – Diferencial Competitivo dos Hotéis de Bom Jesus da Lapa

Diferencial Competitivo Hotéis

Atendimento Hotel 2

Quitinete para Mensalistas Hotel 5

Presença Constante do Proprietário Hotel 6

Propaganda Online; Atendimento e Café da Manhã Hotel 7

Não Possui Diferencial Competitivo

Hotel 1

Hotel 3

Hotel 4

Fonte: Criação Própria (2016).

48

A implantação de uma nova atividade, ou o aperfeiçoamento de atividades já

existentes, modifica os procedimentos diários e, portanto deve ter respostas inicias daqueles

que operam esses procedimentos para análise da viabilidade da mudança. Como o feedback é

uma reação positiva ou negativa daquilo que foi submetido a terceiros, ele é um elemento

fundamental dentro do processo de comunicação da empresa, ao qual deve estar em comum

entendimento entre aqueles que prestam e recebem os serviços.

De acordo o Quadro 3, os hotéis que praticam a inclusão de um diferencial

competitivo na rotina do seu negócio, colocam como primeira preocupação o atendimento ao

cliente e suas variâncias. Considerando que os feedbacks da qualidade dos serviços prestados,

conforme questionário aplicado aos proprietários, em todos os hotéis pesquisados é recebido

apenas pelos próprios clientes, a resposta desses diferenciais competitivos é alcançada de

forma rápida e direta. Porém, é importante lembrar que não apenas os clientes devem perceber

e qualificar a competitividade do hotel, como também a própria comunidade interna da

empresa (proprietário, gestores e demais funcionários) e a comunidade externa como um todo

(clientes, fornecedores, investidores, governo).

Assim, as decisões tomadas por cada estabelecimento hoteleiro para aumentar seu

espaço no mercado, é uma resposta dos seus esforços para aumentar sua lucratividade. Com

isso, a pesquisa questionou aos proprietários como as decisões dentro dos hotéis são tomadas,

e o Quadro 4 mostra a seguinte realidade:

Quadro 4 – Processo de Tomada de Decisões dos Hotéis de Bom Jesus da Lapa

Processo de Tomada de Decisão Quantidade de Hotéis que

utilizam essa Metodologia

Faz uso das informações fornecidas pela contabilidade com o auxilio da assessoria

de um contador

Hotel 1 - Hotel 2

Utiliza do próprio conhecimento de mercado acumulado ao longo da história da

empresa, juntamente com minha heurística

Hotéis 3 - Hotel 4 - Hotel 5 -

Hotel 6

Pela empresa ser de cunho familiar são realizadas reuniões com os familiares e

funcionários, utilizando planilhas de apoio

Hotel 7

Fonte: Criação Própria (2016).

O mercado é dinâmico e rápido, fazendo com que novidades surjam diariamente em

diversos pontos, que variam da manutenção da empresa até mesmo o encerramento do

negócio. Devido a essas mudanças econômicas que assolam qualquer mercado, estar atento ao

porquê dessas mudanças é fundamental. Por isso uma tomada de decisão deve ter como

49

pilares tanto a heurística dos empresários, devido ao instinto de conhecer na vida o que

influencia a rotina de seu empreendimento, como também dados qualitativos e quantitativos

extraídos de ferramentas auxiliadoras da gestão, que mostrem em números e/ou palavras a

realidade de hoje.

O Quadro 4 descreve uma realidade, que em sua maioria, apresenta um processo de

decisão baseado apenas nas experiências de mercado. Porém, quando as decisões são precisas

e fundamentadas em dados confiáveis, fiéis e atualizados, a empresa apresenta soluções para

diversos cenários. São os casos de decisões tomadas com o auxilio de informações contábeis,

e/ou ferramentas de criação própria, na forma, por exemplo, de planilhas informais do Excel,

como é apresentado em uma das respostas do Quadro 4 como opção de um dos hotéis

pesquisados.

4.2 CONHECIMENTO SOBRE GESTÃO

Antes de iniciar os questionamentos sobre o uso de algumas ferramentas para a gestão,

fez-se necessário um primeiro questionamento sobre a percepção dos proprietários dos hotéis

sobre Missão, Visão e Valores empresariais.

Acerca do papel da Missão, três dos estabelecimentos pesquisados responderam que

não fazem uso dessa proposta (Hotel 3, Hotel 4, Hotel 6). Partindo da ideia de que a principal

função da missão é unir todos os integrantes da empresa em torno de um único ideal, os

funcionários ao não conhecerem a razão de ser da empresa, podem acabar por prejudicar as

escolhas estratégicas do negócio, estratégias essas norteadas pela missão. Como é necessário

que todos os envolvidos nos procedimentos da empresa conheçam e atuem em cima de suas

metas e objetivos, a pesquisa questionou aos hotéis que realizam o processo de conhecimento

da missão, como esse processo ocorre, tendo o seguinte resultado:

Quadro 5 - Divulgação da Missão Empresarial dos Hotéis de Bom Jesus da Lapa

Forma de divulgação da Missão da empresa para os funcionários Hotéis

Todos os funcionários admitidos, para todas as funções, passam por este processo de conhecimento

da Missão da empresa no momento da contratação.

Hotel 2

Hotel 7

O processo de conhecimento da Missão da empresa se dar ao longo da permanência dos

funcionários, executando as rotinas

Hotel 1

Hotel 5

Fonte: Criação Própria (2016).

50

Sendo a missão a descrição das atividades da empresa e a qual mercado ela serve, é

indicado o seu conhecimento desde o início da participação dos funcionários dentro da

empresa. Com relação à importância da visão e dos valores empresariais, dos hotéis

pesquisados 86% (Hotel 1, Hotel 2, Hotel 3, Hotel 4, Hotel 5 e Hotel 7) consideram essas

competências importantes para o crescimento e desenvolvimento do negócio, os outros 14%

(Hotel 6) da pesquisa não tinham conhecimento sobre esse assunto para então comentá-los.

A missão, visão e valores são a essência do planejamento estratégico, instrumento esse

que proporciona uma chance maior de obter sucesso nas decisões tomadas. Logo após o

planejamento estratégico vem o operacional, que relaciona a forma como a empresa executa,

distribui e controla os produtos e serviços. O plano operacional conta com a ajuda de um

sistema de gestão, e é importante que este seja informatizado para maior segurança das

informações.

Existem diversos programas para computador disponíveis no mercado, e a escolha do

sistema depende do porte e do segmento da empresa, mas todas devem conter módulos de

controles como: gestão de estoques, contas a pagar e a receber, compras, manutenção, preços,

financeiro, contabilidade etc. A pesquisa procurou saber se os hotéis utilizam dessas

ferramentas operacionais para controlar as atividades da organização, e em um universo de

sete estabelecimentos apenas um deles (Hotel 5) utiliza um sistema informatizado para

controlar seus gastos e recebimentos.

Mesmo em frente a esse cenário, procurou-se saber se os proprietários conseguem

identificar e classificar os custos e despesas das suas atividades operacionais, e tivemos como

respostas: 57% disseram que sim (Hotel 1, Hotel 2, Hotel 6 e Hotel 7); 29% disseram que às

vezes (Hotel 3 e Hotel 4); e 14% (Hotel 5) identifica com o auxílio de relatórios contábeis.

Exemplos de custos no ramo hoteleiro são: água, alimentação, depreciação dos

imóveis e utensílios, energia, mão-de-obra, lavanderia etc. Exemplos de despesas: associação

dos bares e restaurantes, despesas administrativas, despesas com pessoal, internet, honorários

contábeis etc.

Esses gastos são de essencial funcionalidade para o negócio, por isso os mesmos

devem ser orçados conforme a realidade da empresa, executados e controlados de acordo a

receita financeira da empresa. Alguns itens que as micros e pequenas empresas devem prestar

maiores atenção são: desperdício de matérias-primas; furtos e roubos; desperdício de água e

luz, excesso de telefonemas; horas extras dispensáveis para uma melhor distribuição do

serviço; constantemente procurar novos fornecedores, visando melhores preços e melhores

51

prazos; ganhos de produtividades com a melhor aplicação da mão-de-obra, usando

treinamento de pessoal; racionalizar e dimensionar o volume de estoques, de forma a

encontrar o nível ideal.

Muitos outros controles devem ser realizados dentro da empresa para que no final de

cada Exercício contábil se tenha lucratividade com uma margem acima do ponto de equilíbrio

da organização. O Quadro 6 apresenta os tipos de controles que são realizados nos hotéis

pesquisados:

Quadro 6 – Controles Internos Realizados nos Hotéis de Bom Jesus da Lapa

Tipos de Controles Hotel

Controle de Caixa Hotel 2 - Hotel 4

Controle de Caixa, Contas a Pagar, Contas a Receber, Custos e Despesas Hotel 7

Controle de Contas a Pagar e Despesas Hotel 1

Controle de Contas a Receber Hotel 6

Controle de Caixa, Contas a Pagar, Contas a Receber, Custos, Despesas e Estoque Hotel 5

Não realiza nenhum tipo de controle Hotel 3

Fonte: Criação Própria (2016).

Os tipos de controles apresentados no Quadro 6 são controles operacionais financeiros,

que devem fazer parte da rotina de qualquer empresa, sendo uma rotina obrigatória para

otimizar os recursos sempre que possível e necessário.

A negociação de prazos é sem dúvida uma habilidade necessária para conciliar os

recebimentos de clientes com os pagamentos de fornecedores. O valor final que determinará

se os pagamentos serão à vista ou a prazo, para que assim se forme uma taxa de juros

correspondente ao prazo dado. Importante também é sempre se ter uma forma de entrar em

contato tanto com os clientes quanto com os credores, para que negociações possam ser feitas

caso venha a ocorrer qualquer imprevisto.

O controle de estoque consiste em determinar o nível médio de material a ser mantido,

de forma a não manter imobilizado em excesso acumulando custos para manutenção, como

também estar atento a eventuais faltas que obriguem a compra emergencial fora dos padrões

de preços. O caixa é o coração da empresa, pois dele sai os recursos para investimento no

negócio como também recebe os recursos que nele são investidos, por isso, as diferenças de

caixa mesmo que pequenas não devem ser ignoradas e muito menos constantes.

Como já definido, o planejamento orçamentário projeta dados monetários com o

intuito de programar uma estratégia que aumente a lucratividade do negócio no fim de cada

52

exercício. O planejamento é capaz de direcionar diversas atividades, sendo a de controle a

principal e mais rigorosa.

No universo pesquisado de sete hotéis, apenas dois (Hotel 2 e Hotel 3) afirmaram o

uso do planejamento orçamentário para auxiliar no controle de suas atividades para o alcance

dos objetivos. Entende-se, portanto, que o controle sobre as entradas de recursos e acerca dos

gastos decorrentes das atividades, não é previamente estabelecido pela maioria dos

estabelecimentos, o que facilitaria o desenvolver de algumas rotinas deixando assim o alcance

dos objetivos empresariais dependentes de controles internos, e não externos.

4.3 APLICAÇÃO E USO DA CIÊNCIA CONTÁBIL

A Contabilidade tem um leque de campo de atuação, como também uma diversidade

de usuários. Um dos principais usuários são os empresários que contratam serviços contábeis,

e portando é importante conhecer a visão que os empreendedores de pequenas empresas têm,

acerca da contabilidade, como apresenta o Quadro 7, conforme pesquisa realizada:

Quadro 7 – A Contabilidade e a Visão dos Proprietários dos Hotéis de Bom Jesus da Lapa

A Contabilidade é utilizada para... Hotéis

Calcular Impostos Hotel 4

Calcular Impostos e Auxiliar na Gestão Hotel 1 - Hotel 7

Calcular Impostos e demais Serviços de Escrituração Hotel 5 - Hotel 6

Calcular Impostos, demais Serviços de Escrituração e Auxiliar na Gestão Hotel 2 - Hotel 3

Fonte: Criação Própria (2016).

A primeira ideia dos serviços contábeis ainda está fortemente ligada à produção de

elementos fiscais. Os serviços de assessoria contábil ainda são recentes, comparados com a

aceitação dos donos de empresas, e a sua relação com as demonstrações contábeis básicas

(fluxo de caixa, demonstração do resultado do exercício e balanço patrimonial) são de

fundamental importância para análise do resultado monetário da empresa.

O resultado monetário obtido no final de cada mês, e seu confronto com meses

anteriores, apresenta uma visão do caminho que a empresa está tomando, em relação ao lucro.

No entanto, a atividade de qualquer empresa é dinâmica e não podemos deixar de analisar o

dia-a-dia, pois a aplicação diária de mecanismos de gestão que resultam no valor final de cada

mês. O fluxo de caixa é uma ferramenta simples, que serve para mostrar o nível de liquidez da

empresa em determinado período.

53

Devido à importância apresentada a respeito das Demonstrações Contábeis básicas,

buscou-se na pesquisa identificar quais dessas demonstrações os proprietários dos hotéis

conhecem. O resultado é dado no Quadro 8:

Quadro 8 – Demonstrações Contábeis Básicas conhecidas pelos Proprietários

Demonstrações Contábeis Básicas Hotel

Demonstração do Resultado do Exercício e Balanço Patrimonial Hotel 2 - Hotel 5

Demonstração do Fluxo de Caixa e Balanço Patrimonial Hotel 7

Todas as que estão Previstas na Legislação Societária Hotel 1 - Hotel 6

Não Conheço Nenhuma das Demonstrações Contábeis Básicas Apresentadas,

por não possuir Formação Contábil

Hotel 3 - Hotel 4

Fonte: Criação Própria (2016).

As movimentações na DFC, na DRE e no BP demonstram e esclarecem as situações

patrimonial, financeira e econômica da organização, sendo essas informações peças essenciais

para auxílio das atividades do dia-a-dia. A respeito dessas demonstrações contábeis básicas, é

importante ressaltar que mesmo para as empresas que não são obrigadas por Lei a apresentar

suas demonstrações contábeis (como é o caso das MPEs, cuja apresentação é optativa), as

seguintes demonstrações devem ser confeccionadas com a principal finalidade de auxílio no

gerenciamento do negócio, e não apenas como um amparo fiscal.

Todos os hotéis que participaram da pesquisa consideraram as ferramentas contábeis,

excelentes ferramentas auxiliadoras nas tomadas de decisões, refletindo que, mesmo que não

seja plena a utilização da ciência contábil como sistema de gestão, a sua importância começa

a ser percebida para um melhor desenvolvimento da organização.

As informações contábeis são utilizadas com as finalidades de planejamento, controle

e auxílio no processo decisório. Planejar é decidir o curso de ações futuras, controlar é

policiar atitudes, e decidir é tomar partido da melhor forma para se alcançar os objetivos. O

acompanhamento do negócio significa para a empresa a atualização de informações

necessárias para realização de análises e produção do planejamento; informações essas tanto

externas como internas auxiliam no caráter contínuo da organização.

54

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cidade de Bom Jesus da Lapa apresenta um cenário muito dinâmico, tanto nos

aspectos culturais como no aspecto econômico. O turismo religioso local agrega, a cada ano,

mais visibilidade e interesse pela região, visto que sua população naturalmente apresenta um

espírito empreendedor para os mais variados tipos de comércio, como: comércio, agricultura,

prestação de serviços e turismo.

O setor de hotelaria, ligado tanto a prestação de serviços como ao turismo local, é o

ramo de negócio mais promissor da cidade possibilitando apresentar aos visitantes as

particularidades que fazem da Lapa uma cidade rica em belezas naturais. Sendo este mercado

o carro chefe de apresentação da cidade, o seu gerenciamento é muito importante e deve ser

eficaz para manter um ótimo padrão de qualidade tanto na prestação de serviços como no

atendimento ao cliente.

Alguns dos problemas mais freqüentes nas empresas de pequeno porte são: a

concorrência, a falta de diversos controles, estoques mal dimensionados, difícil negociação

com clientes e fornecedores, inadimplência e mão de obra em discórdia com as necessidades.

Porém, quando se tem informações gerenciais precisas, fiéis e necessárias, a gestão do

empreendimento fica mais fácil e consequentemente as decisões tomadas vão diminuir as

possibilidades desses problemas que assombram os micro e pequenos empreendedores.

A pesquisa possibilitou traçar o perfil dos estabelecimentos participantes pesquisados,

como também o perfil das pessoas que estão à frente do negócio. Percebeu-se que os hotéis

são, em sua totalidade, empresas familiares administradas também por entes da família. Com

esses dados, o Objetivo Geral da pesquisa é analisar instrumentos da contabilidade gerencial

como ferramenta essencial para o auxílio às tomadas de decisões, sendo este alcançado pelo

trabalho visto que a utilidade e a necessidade de algumas ferramentas gerenciais foram

apresentadas como um dos pilares para a tomada de decisão, aperfeiçoando ainda mais o ramo

de negócio e esclarecendo aos proprietários uma visão mais detalhada do que vêm a ser um

serviço contábil de gestão.

Assim, a Questão Problema da pesquisa, que é a de identificar a influência da

Contabilidade Gerencial dentro das empresas hoteleiras do mercado lapense, foi respondida

ao observar-se que as empresas do ramo de hotelaria da cidade de Bom Jesus da Lapa

identificam e dão importância para determinados assuntos que se relacionam a gestão de um

negócio, contudo, o conhecimento da Contabilidade Gerencial e sua aplicabilidade ainda é

55

pequena relacionada ao número de estabelecimentos que existem no comércio, fazendo com

que alguns proprietários, que por motivos de experiência no mercado e/ou pouco

conhecimento de gestão, tivessem o interesse de contratar serviços para auxiliar no processo

de gestão de seus hotéis.

Esse resultado contesta a hipótese apresentada pela pesquisadora em apenas um ponto,

visto que, mesmo que todos os estabelecimentos em primeiro momento contratem os serviços

de contabilidade apenas para escrituração contábil com fins fiscais, em um segundo momento,

aqueles que contratam os serviços de assessoria e consultoria contábil com fins gerenciais, o

fazem não pela hipótese de disponibilizarem de maiores recursos financeiros com relação aos

outros hotéis, sendo esta a hipótese inicial, mas sim o fazem primeiramente pela importância

que os proprietários encontram no processo de gestão para a continuidade do negócio devido

um conhecimento básico do que vêm a ser uma gestão empresarial e seus elementos.

Com a identificação das principais atividades contábeis praticadas dentro dos

estabelecimentos pesquisados, foram alcançados os Objetivos Específicos, sendo o primeiro o

de constatar o entendimento do gestor sobre negócio e gestão, através dos questionamentos

sobre missão, visão e valores empresariais; questionamentos a respeito dos controles internos

realizados dentro dos hotéis; e questionamentos que descreviam o processo de tomada de

decisão dos estabelecimentos.

O segundo Objetivo Específico era verificar a participação dos contadores dentro dos

estabelecimentos, sendo esses evidenciados nos questionamentos a respeito da participação

dos contadores no processo de implantação do plano de negócio; questionamentos sobre o

conhecimento das demonstrações contábeis básicas; e da indagação da visão dos proprietários

sobre a contabilidade e seus serviços. Apresentaram-se também, por meio de uma cartilha

teórico-ilustrativa, os benefícios provenientes da prática de elementos importantes do

gerenciamento como plano de negócio e planejamento orçamentário, atendendo assim ao

último Objetivo Específico do trabalho.

Esta pesquisa encontrou algumas limitações no decorrer de sua aplicação. Houve a

dificuldade de apresentar o questionário em diversos estabelecimentos, isso porque

inicialmente foi difícil encontrar informações sobre os registros dos hotéis nos próprios

órgãos de comércio da cidade, e, por conseguinte esbarramos na recusa de alguns

estabelecimentos por desconhecerem o assunto tratado. A aplicação de uma maior amostra

daria uma análise ainda mais próxima da realidade.

56

Pode-se, portanto, extrair deste estudo novas sugestões e questionamentos, devido esta

pesquisa não apreciar todas as críticas que o tema apresenta e incentiva. A pesquisa pode ser

expandida a novas análises sobre as mudanças sociais e econômicas do turismo religioso na

cidade e região, dando continuidade e maior alcance aos temas relacionados, pois, por ser um

tema pertinente, dinâmico e contemporâneo, a todo o momento, surgem novas leituras e

indagações a respeito da contabilidade, economia, sociedade e gestão.

57

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técnica Rubens Famá. Contabilidade Gerencial. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2011.

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60

APÊNDICES

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO

Sou Samira Nayara Gonçalves de Jesus, estudante do curso de Ciências Contábeis na

UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e estou realizando uma pesquisa sobre

Contabilidade Gerencial como instrumento de apoio a tomada de

decisões no segmento hoteleiro de Bom Jesus da Lapa. Para isto necessito de

sua imprescindível contribuição preenchendo o questionário a seguir, composto

por 14 (quatorze) questões objetivas. Ressalta-se que seu anonimato será garantido, todavia,

os dados coletados serão passíveis de divulgação.

Desde já, agradeço.

Samira Nayara Gonçalves de Jesus

1. A sua empresa ao ser implantada realizou/realiza plano de negócio? Ou só o fez após

anos de existência. Se sim, marque a(s) pessoa(s) envolvida(s) neste processo: (pode marcar

mais de uma alternativa)

a) Sim b) Não

a.1) Contador

a.2) Administrador

a.3) Proprietário

a.4) Outros: ____________________

2. No processo seletivo para admissão de funcionários, quando esses são contratados

passam por um processo de conhecimento da Missão da empresa? (marque somente uma

alternativa)

a) Sim, todos os admitidos para todas as funções passam por este processo

b) Só os funcionários que vão exercer cargos de gerências são instruídos nesse sentido

c) O processo de conhecimento da Missão da empresa se dar ao longo da permanência dos

funcionários executando as rotinas

d) Não, a empresa não faz nenhum tipo de treinamento nesse sentido.

3. A direção da empresa dá importância a Visão e Valores empresariais? (marque somente

uma alternativa)

a) Sim

b) Não

c) Desconheço o significado desses aspectos, por julgá-los muito acadêmicos

4. Em sua visão a Contabilidade é utilizada para? (marque somente uma alternativa)

a) Calcular impostos

b) Calcular imposto e auxiliar na gestão da empresa, tipo folha de pagamento etc.

c) Calcular impostos e realizar outros serviços de escrituração

d) Calcular impostos, realizar serviços de escrituração e auxiliar na gestão da empresa

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5. Quais das demonstrações contábeis abaixo você conhece? (pode marcar mais de uma

alternativa)

a) Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE)

b) Demonstrativo do Fluxo de Caixa (DFC)

c) Balanço Patrimonial

d) Todas as que estão previstas na Legislação Societária

e) Nenhuma por não possuir formação contábil

6. Você possui algum sistema informatizado para registrar todas as transações

financeiras e operacionais da empresa? (marque somente uma alternativa)

a) Sim

b) Não

7. Você consegue, de forma clara, identificar e classificar os custos e as despesas das

atividades operacionais de sua empresa? (marque somente uma alternativa)

a) Sim

b) Não

c) Às vezes

d) Não sei responder

e) Sim, mas para isso uso outros relatórios não contábeis

8. Quais os tipos de controle são realizados em sua empresa? (pode marcar mais de uma

alternativa)

a) Controle de caixa (com registros de entradas e saídas)

b) Controle de estoque (mediante uso de formulários de Almoxarifado).

c) Controle de contas a pagar (por tipos de obrigações)

d) Controle de contas a receber

e) Controle de custos

f) Controle de despesas

g) Outros: ______________________

9. A empresa possui planejamento orçamentário? (marque somente uma alternativa)

a) Sim

b) Não

10. Considera o seu negócio lucrativo? (marque somente uma alternativa)

a) Sim

b) Não

c) Não sei responder

11. Você considera as ferramentas contábeis um instrumento facilitador para auxiliar

na tomada de decisões? (marque somente uma alternativa)

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a) Sim

b) Não

12. Você costuma receber um retorno sobre o desenvolvimento das atividades da sua

empresa (feedback) por meio de: (pode marcar mais de uma alternativa)

a) Clientes

b) Funcionários

c) Fornecedores / Parceiros

d) Outro: _________________

13. A sua empresa possui algum diferencial competitivo? Se sim, cite-o.

a) Sim: _______________________________________________

b) Não

14. Como você toma as decisões na empresa? (marque somente uma alternativa)

a) Faço uso das informações fornecidas pela contabilidade com o auxílio da assessoria de um

contador.

b) Utilizo do meu próprio conhecimento de mercado acumulado ao longo da história da

empresa e com minha intuição.

c) Outros procedimentos diferentes das opções anteriores tais como: ___________________

___________________________________________________________________________

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APÊNDICE B – CARTILHA INFORMATIVA: PLANO DE NEGÓCIO E PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO

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