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Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel, PR 2017

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Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel, PR

2017

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Semana Acadêmica de Biologia (24. : 2015 : Cascavel-PR)

S471a

Anais da 24 Semana Acadêmica de Biologia, 30 de novembro a 9 de dezembro de 2015: Biólogos ao trabalho. / Organização de Roberto Lariondo e Miryam Coracini. – Cascavel: 2015.

ISBN:

1. Integração. 2. Conhecimento. 3. Aprendizagem. 4. Biologia. I. Lariondo, Roberto, org. II. Coracini, Miryam, org. III. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. IV.Título.

CDD

22.ed.574.0711

CIP-NBR 12899

Ficha catalográfica elaborado por Helena Soterio

Bejio CRB-9/965

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Anais da

XXIV Semana Acadêmica de Biologia

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE

30 de novembro a 04 de dezembro de 2015

Editado por:

Vanessa Marieli Ceglarek

Adriana Helena Walerius

Realização

Os trabalhos publicados aqui são de inteira responsabilidade de

seus autores.

Cascavel – PR

2017

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Organização

Coordenação geral

Roberto Laridondo Lui

Miryan Denise Araújo Coracini

Comissão de avaliação

Celso Aparecido Polinarski

Eliseu Vieira Dias

Neucir Szinwelski

Comissão organizadora

Aline Nardelli

Anahie Bortoncello Prestes

Bruno Popik

Danielle Aparecida Schinemann

Mara Cristina Baldasso

Marcos Fianco

Natani Ribeiro de Marco

Vanessa Ceglarek

Wellington de Almeida

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Sumário A temperatura da água e efeitos na proporção de piscívoros em relação as

suas presas, em reservatórios do Paraná, Brasil ............................................... 7

Área e subárea: Ciências Biológicas – Biodiversidade. ................................. 7

Acidentes por Aranhas Ocorridos na Região Oeste do Paraná ....................... 12

Área e subárea: Biologia geral e Toxicologia. ............................................. 12

Alimentação na adolescência: uma experiência envolvendo a abordagem CTS

no ensino médio noturno .................................................................................. 19

Área e subárea: Educação, Método e Técnica de ensino. .......................... 19

Alterações macroscópicas dos músculos sóleo e EDL induzidas por um modelo

animal de paralisia cerebral.............................................................................. 24

Área e subárea: Ciências Biológicas, Morfologia ........................................ 24

Alterações na marcha e no córtex somatossensorial primário de ratos

submetidos a um modelo de paralisia cerebral ................................................ 29

Área e subárea: Ciências biológicas II, Neurociências. ............................... 29

Análise de coprólitos da Formação Rio do Rasto (Permiano Superior)

encontrados em Cândido de Abreu, Paraná .................................................... 34

Área e subárea: Biodiversidade/Zoologia/Paleozoologia ............................. 34

Análise morfológica da cauda do epidídimo de ratos wistar com obesidade

induzida por dieta de cafeteria ......................................................................... 40

Área e subárea: Ciências Biológicas, Morfologia. ....................................... 40

Análises fisíco-quimicas para avaliação da qualidade da farinha de trigo

sarraceno ......................................................................................................... 46

Área e subárea: Fisiologia Vegetal – Nutrição e Crescimento vegetal ........ 46

Anatomia ecológica de Eriocaulaceae e Xyridaceae ocorrentes no Parque

Estadual do Guartelá - Paraná ......................................................................... 51

Área e subárea: Ciências Biológicas, Biodiversidade .................................. 51

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Anatomia Topográfica e Padrões Ecográficos das Estruturas Reprodutivas de

Machos e Fêmeas de Serpentes – Revisão de Literatura ................................ 56

Área e subárea: Medicina Veterinária / Clínica e Cirurgia Animal ............... 56

Atividade antioxidante em sementes de Peltophorum dubium (Spreng.) Taubert

submetidas à estresse hídrico .......................................................................... 62

Área e subárea: Biodiversidade, Botânica. .................................................. 62

Avaliação da Qualidade Microbiológica de Amostras de Leite Humano

Coletadas e Processadas no Município de Cascavel-PR ................................ 67

Área e subárea: Microbiologia, Ciência de Alimentos. ................................. 67

Avaliação do processo de lipoperoxidação em lagartas do bicho da seda

(Bombyx mori) submetidas a diferentes concentrações de Novalurom®. ........ 73

Área e subárea: Ciências Biológicas – Ecologia Aplicada ........................... 73

Avaliação estrutural de corpos lóticos e sua influência sobre variáveis abióticas

em microbacias do rio iguaçu ........................................................................... 79

Área e subárea: Ecologia, Ecologia de Ecossistemas ................................. 79

Avaliação microbiológica da água do parque municipal Danilo Galafassi,

Cascavel – Pr ................................................................................................... 84

Área e subárea: Ciências Biológicas - Microbiologia. .................................. 84

Besouros associados a fezes de mamíferos em Cascavel, Paraná ................. 89

Área e subárea: Biodiversidade, Zoologia. .................................................. 89

Biorremediação ex situ do solo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná

- campus Campo Mourão, município de Campo Mourão – pr, contaminado por

óleo diesel ........................................................................................................ 95

Área e subárea: Saneamento Ambiental,Controle de Poluição. .................. 95

Características adaptativas de espécies herbáceas e arbustivas de Fabaceae

(Leguminosae) ao ambiente campestre no Parque Estadual do Guartelá, PR

....................................................................................................................... 100

Área e subárea: Ciências Biológicas, Biodiversidade ................................ 100

Ciclo reprodutivo de três espécies de anuros dos Campos Gerais ................ 106

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Área e subárea: Ciências Biológicas, Zoologia. ........................................ 106

Consumo de Macronutrientes por Idosos da Região de Cascavel/Pr ............ 112

Área e subárea: Saúde Coletiva; Saúde Pública ....................................... 112

Contradições acerca do uso de metilprednisolona após lesões medulares

traumáticas ..................................................................................................... 117

Área e subárea: Ciências da saúde, clínica médica .................................. 117

Crescimento de plantas de Linum usitatissimum L. em diferentes regimes de

profundidade hídrica ....................................................................................... 122

Área e subárea: Biológicas, saúde e agrárias. .......................................... 122

Diatomáceas abundantes (Surirellales e Bacillariales) no rio Hercílio, município

de Ibirama, Santa Catarina, Brasil .................................................................. 126

Área e subárea: Ciências Biológicas, Taxonomia de Criptógamas ........... 126

Distribuição da diversidade de pteridófitas ao longo de um gradiente florestal na

reseva particular do patrimonio natural vila rica em fênix, Paraná ................. 132

Área e subárea: Taxonomia Vegetal – Taxonomia de Criptógamos ......... 132

Doenças parasitárias negligenciadas: Por que não realizar o exame

parasitológico de fezes? ................................................................................. 138

Área e subárea: Ciências Biológicas, Parasitologia .................................. 138

Efeito alelopático de Jatropha curcas L. no desenvolvimento radicular de Linum

usitatissimum L. .............................................................................................. 143

Área e subárea: Biológicas, saúde e agrárias. .......................................... 143

Efeitos da cirurgia bariátrica sobre o peso e fertilidade da prole de ratas obesas

pela dieta de cafeteria .................................................................................... 147

Área e subárea: Fisiologia, Fisiologia Geral .............................................. 147

Efeitos de um modelo animal de paralisia cerebral sob as fibras musculares do

músculo EDL de ratos .................................................................................... 153

Área e subárea: Ciências Biológicas, Morfologia ...................................... 153

Estratégias adaptativas de espécies epifíticas e rupícolas de Bromeliaceae

ocorrentes no Parque Estadual do Guartelá – PR ......................................... 158

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Área e subárea: Ciências Biológicas, Biodiversidade. ............................... 158

Fazendo Meiose: um jogo proposto para o ensino de genética ..................... 164

Área e subárea: Educação, Ensino-Aprendizagem. .................................. 164

Germinação e anatomia do tegumento de sementes de Peltophorum dubium

(Sprengel) Taubert após tratamentos de superação de dormência ............... 169

Área e subárea: Biodiversidade, Botânica. ................................................ 169

Hidrólise Enzimática da Manipueira para Produção de Açúcares .................. 175

Área e subárea: Bioquímica, Enzimologia ................................................. 175

Hipóteses explicativas para ocorrência de alterações teratológicas em

Diatomáceas (Bacillariophyceae) ................................................................... 181

Área e subárea: Ciências Biológicas/ Botânica ......................................... 181

Incidência de ossos suturais em crânios secos do Laboratório de Anatomia

Humana da UNIOESTE – Campus de Cascavel ............................................ 187

Área e subárea: Ciências Biológicas, Morfologia ...................................... 187

Influência do gradiente ambiental sobre a estrutura e composição de

macroinvertebrados bentônicos em riachos do oeste do Paraná ................... 191

Área e subárea: Ecologia/ecologia de comunidades ................................. 191

Levantamento da arborização urbana e aspectos conflitantes no município de

Ivatuba, Paraná, Brasil ................................................................................... 198

Área e subárea: Floricultura, Parques e Jardins - Arborização Urbana. .... 198

Levantamento de licófitas e samambaias em um fragmento de mata ciliar do

Rio Gonçalves Dias, Paraná .......................................................................... 203

Área e subárea: Botânica / Taxonomia Vegetal ........................................ 203

Levantamento florístico de lamiales no Parque Nacional do Iguaçu, Paraná,

Brasil .............................................................................................................. 208

Área e subárea: Botânica / Taxonomia Vegetal ........................................ 208

Organização e análise de material didático do laboratório de zoologia da

Unioeste-PR ................................................................................................... 214

Área e subárea: Biodiversidade, Zoologia ................................................. 214

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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A temperatura da água e efeitos na proporção de piscívoros em relação

as suas presas, em reservatórios do Paraná, Brasil

Andre Hipolito Xavier, e-mail: [email protected]

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Ciências Biológicas – Biodiversidade. Palavras-chave: variação térmica, metabolismo, piscivoria. Resumo: Com o intuito de verificar se a temperatura da água exerce efeitos na proporção de peixes piscívoros em relação às suas presas, em 13 reservatórios do Paraná, comparou-se a relação da temperatura com esta proporção, confrontando dados de três anos de coletas trimestrais. Identificou-se que a temperatura contribui para o aumento da proporção, elevando a abundância de piscívoros em relação às presas. Assim, constatou-se que alterações térmicas podem influenciar a relação predador-presa destes reservatórios, logo, podendo levar ao desequilíbrio das comunidades, uma vez que estas relações participam da estrutura do ecossistema.

Introdução

A estabilidade de um ecossistema depende de todos os níveis tróficos,

tornando a relação presa-predador um determinante de grande influência na

estrutura das comunidades (PELICICE et al., 2005; SIH et al., 2010). Nos

ambientes aquáticos, predadores de topo exercem estes impactos direta e

indiretamente em toda a biota do ecossistema (NOWLIN et al., 2006), ao passo

que a disseminação de espécies piscívoras pode desencadear profundas

alterações na fauna nativa, sendo já constatadas severas modificações em

diversas ictiofaunas, inclusive extinções de espécies (PELICICE et al., 2005).

Relacionado a este contexto, sabe-se que algumas variáveis ambientais,

como a temperatura da água, influenciam em aspectos fisiológicos,

comportamentais, e desta forma estão ligados ao modo de vida e forrageio das

espécies (LERMEN et al., 2004; BRODERSEN et al., 2011; KANGUR et al.,

2013; KILLEN et al., 2014; ROUNTREY et al., 2014).

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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Assim, este estudo objetivou verificar se a temperatura da água está

influenciando as atividades biológicas ao ponto de significar alterações na

proporção de peixes piscívoros para suas presas destes reservatórios.

Material e Métodos

Foram analisados dados de 13 reservatórios de usinas hidrelétricas

localizados em quatro bacias hidrográficas do estado do Paraná, região sul do

Brasil, dos quais: Reservatórios de Salto Segredo, Salto Caxias, Foz do Areia,

Jordão e Salto do Vau, pertencentes à bacia hidrográfica do Iguaçu; Mourão e

Rio dos Patos, à bacia do Ivaí; Capivarí, Guaricana, Salto do Meio, Vossoroca,

bacia Litorânea; e Apucaraninha, Pitangui, São Jorge, bacia do Tibagi.

As amostragens são referentes a coletas trimestrais, contemplando

janeiro de 2005 a dezembro de 2007.

As coletas provêm das porções marginais do reservatório, realizadas com

o uso de redes de espera com malhas entre 2,4 cm e 16 cm entre nós não

adjacentes, expostas por 24 horas e revistadas às 8, 16 e 22 horas.

Confrontaram-se dados das médias da temperatura da água, com os das

médias da proporção de piscívoros (P) ajustada ao modelo Probito (PP). Como

são 13 reservatórios, cada variável rendeu 13 médias, as quais foram testadas

as probabilidades de correlação.

Para a análise de correlação foi utilizado o Coeficiente de Correlação

Linear de Pearlson. Ou seja, “TºC” vs “PP”, de forma que:

P = (a/+b), onde “P” significa a proporção de piscívoros; “a” os piscívoros;

e “b”, as presas;

PP = log (P/(1-P)).

Resultados e Discussão

Na comparação entre a TºC da água e a PP, identificou-se correlação

positiva significativa (r = 0, 0,572) (Figura 1).

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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Figura 1: Dispersão e correlação entre as variáveis “TºC da água” vs “PP”.

Níveis baixos de correlação não seria surpresa, uma vez que são múltiplas

as interações em um ecossistema que intermediam as atividades predatórias

(OLIVEIRA e GOULART, 2000). Contudo, identificaram-se relações

significativas.

Fatores como história biogeográfica, produtividade, estrutura e

complexidade de hábitats e interações bióticas, inter-relacionando-se ao longo

da história geológica da bacia de drenagem, têm sido sugeridos como

reguladores da distribuição espacial de peixes nas ictiofaunas (OLIVEIRA e

GOULART, 2000). Assim, por ausência de algumas informações, considera-se

que o estudo não conta com dados o suficiente para inferir com precisão os reais

motivos que justificam os resultados obtidos, todavia há possíveis efeitos

contribuintes das variáveis ambientais em análise que podem ser discutidos.

A ideia mais considerada permeou a relação entre a temperatura e o

metabolismo dos peixes, uma vez que fatores metabólicos dependentes da

temperatura estão relacionados tanto com a questão de otimização do forrageio

dos piscívoros e presas, quanto com a capacidade de resistência biológica

(O’CONNOR, 2007). Alterações térmicas da água podem afetar

significativamente alguns processos fisiológicos importantes nas relações de

predação, como o crescimento e metabolismo (O’CONNOR, 2007;

BRODERSEN et al., 2011; LERMEN et al., 2014).

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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De acordo com Lermen et al. (2014) a elevação na temperatura aumenta

a taxa metabólica e promove a redução dos níveis de atividades de vias como a

da glicose e lipídio, resultando no aumento na demanda alimentar. Partindo

deste pressuposto, e considerando que até mesmo pequenos aumentos de

temperatura durante o mesmo dia podem acarretar mudanças comportamentais

em espécies de peixes (BIRO et al., 2010), uma das suposições baseia-se que

o aumento na necessidade energética, bem como hiperatividade pela aceleração

das taxas metabólicas e maior necessidade de alimento, podem estar

contribuindo para a intensificação das atividades predatórias.

Por outro lado, como comentado, convém lembrar que outras variáveis

podem e devem estar contribuindo para esta proporção. Desta forma, pode-se

considerar que com o aumento da temperatura, fatores como comportamento

dos peixes (BIRO et al., 2010), e resistência ótima das presas (FAO, 1973),

dentre outros, podem es contribuindo para diminuição populacional das presas

por perda de rentabilidade biológica na sobrevivência-reprodução.

Conclusões

A temperatura da água favorece o aumento da proporção de peixes

piscívoros em relação às suas presas. Dentre as principais hipóteses, destacam-

se possibilidades de aumento nas atividades predatórias; ou/e danos à

resistência ótima das presas, ocasionando evasão ou diminuição populacional

por decréscimo de rentabilidade biológica na sobrevivência-reprodução.

Agradecimentos

Á UNIOESTE, GERPEL e CAPES, pelo suporte educacional, e ao Profº.

Drº. Pitágoras Augusto Piana, pela orientação e auxílio no desenvolvimento

científico.

Referências

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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BIRO, P. A.; BECKMANN, C.; STAMPS, J. A. Small within-day increases in temperature affects boldness and alters personality in coral reef fish. The Royal Society, v. 277, n.1678, 2010. BRODERSEN, JAKOB; ALICE NICOLLE , P. ANDERS NILSSON , CHRISTIAN SKOV , CHRISTER BR Ö NMARK AND LARS-ANDERS HANSSON. Interplay between temperature, fi sh partial migration andtrophic dynamics. Oikos v.120, p. 1838–1846, 2011. FAO - FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Water quality criteria for european freshwater fish. Eifac Technical Paper, n. 21, 1973. KANGUR, P. K.; GINTER, K.; ORRU, K.; HALDNA, M. MÖLS, T.; KANGUR, A. J. Long-term effects of extreme weather events and eutrophication on the fish community of shallow lake Peipsi (Estonia/Russia) Limnol.; n.72, v.2, pp. 376-387, 2003. LERMEN, C. L.; LAPPEA, R.; CRESTANIA, M.; VIEIRAA, V. P.; GIODAA, C. R.; SCHETINGERA, M. R. C; BALDISSEROTTOB, B.; MORAESC, G.; MORSCHA, V. M. Effect of different temperature regimes on metabolic and blood parameters of silver catfish Rhamdia quelen. Aquaculture, V. 239, n. 1–4, 2004. O'CONNOR. Temperature control of larval dispersal and the implications for marine ecology, evolution, and conservation. PNAS, vol. 104 n. 4, p. 1266–1271, 2007. OLIVEIRA, E. D; GOULART, E. Distribuição espacial de peixes em ambientes lênticos: interação de fatores. Acta Scientiarum 22(2):445-453, 2000. PELICICE, F. M.; AGOSTINHO, A. A.; GOMES, L. C. Biodiversidade e conservação de peixes na planície de inundação do alto rio Paraná. Cad. biodivers., v.5, n.1, jul., 2005. ROUNTREY, A. N.; PETER G. COULSON1 , 2 , JESSICA J . MEEUWIGand MARK MEEKAN. Water temperature and fish growth: otoliths predict growth patterns of a marine fish in a changing climate. Global Change Biology, n.20, pp. 2450–2458, 2014. SIH, A., BOLNIK, D. I., LETTBEG, B., ORROCK, J. L., PEACOR, S. D., PINTOR, L. M., PREISSER, E., REHAGE, J. S., VONESH, J. R. 2010. Predator–prey naïvité, antipredator behavior, and the ecology of predator invasions. Oikos 119: 610 – 621, 2010. THORNTON,. Reservoir Limnology. Ecological Perspectives. Wiley-Interscience Publication, 1990.

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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Acidentes por Aranhas Ocorridos na Região Oeste do Paraná

Luiz Guilherme Souza Chagas1, Ana Claudia Pereira Cordeiro4, Andressa Reis Oliveira4, Elouisa Bringhentti3,Thabata Godoi de Moraes4, Carla Brugin Marek2,

Ana Maria Itinose2. email: [email protected]

1Discente do curso de Ciências Biológicas da Faculdade Assis Gurgacz (FAG)/Laboratório de Toxicologia Celular–Unioeste/Cascavel, PR. 2Docente do curso de Farmácia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/CEATOX/Cascavel, PR. 3Discente do curso de Farmácia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Laboratório de Toxicologia Celular-Unioeste/Cascavel, PR. 4Discente do curso de Farmácia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/CEATOX/Cascavel, PR.

Área e subárea: Biologia geral e Toxicologia. Palavras-chave: Loxoceles, Phoneutria, Lycosa. Resumo: O trabalho tem como objetivo avaliar aspectos epidemiológicos dos acidentes ocasionados por aranhas no município de Cascavel-PR e região, por meio de dados do Centro de Assistência em Toxicologia (CEATOX), com enfoque em aracnídeos de interesse médico. Os dados foram obtidos através de fichas de notificação produzidas pelo CEATOX, no período de janeiro de 2014 a junho de 2015. A maioria dos acidentes foi ocasionada por aranhas do gênero Loxosceles. Em relação aos meses do ano de maior incidência, predominam as épocas de temperatura mais elevadas. Houve prevalência discreta de acidentes no sexo masculino (52,1%) e a faixa etária mais afetada é dos 20 aos 60 anos de idade. Os dados encontrados permitem traçar o perfil epidemiológico da região, contribuindo com informações mais detalhadas sobre os acidentes com aranhas.

Introdução

Os acidentes causados por aranhas representam um problema de saúde

pública, em especial nas regiões tropicais. Conforme dados do Centro de

Assistência em Toxicologia (CEATOX), os principais gêneros de aracnídeos de

interesse médico, que levam a população a procurar atendimento médico, são

Loxosceles (Aranha marrom), Phoneutria (Armadeira), Lycosa (Aranha de

jardim) e Megalomorphae (Caranguejeiras). Os acidentes ocorrem devido à

inoculação da peçonha ou através de sintomas como irritação de pele e mucosas

após o contato com a aranha, no caso das caranguejeiras.

O CEATOX de Cascavel-PR é um serviço oferecido pela Secretaria

Estadual da Saúde do Paraná em parceria com a Universidade Estadual do

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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Oeste do Paraná – UNIOESTE localizado no Hospital Universitário do Oeste do

Paraná – HUOP, dirigido à população em geral e profissionais da área da saúde,

com o propósito de disseminação de informações, com enfoque na prevenção,

prognóstico, diagnóstico e tratamento em casos de intoxicações e acidentes com

animais peçonhentos.

Loxosceles

As espécies do gênero Loxosceles são conhecidas popularmente como

aranhas marrons. Apresentam hábitos noturnos e são encontradas em lugares

secos e quentes (PARANÁ, 2010).

O veneno da Loxosceles sp possui atividades hemolítica e

dermonecrótica. No primeiro momento o paciente relata dor no local da picada

(em queimação), podendo ser acompanhada por prurido, edema, mal-estar geral

e, em alguns casos, febre (forma cutânea). Nos casos mais graves ocorre

hemólise intravascular disseminada (forma sistêmica) (CUPO, AZEVEDO-

MARQUES e HERING, 2003). O tratamento consiste na soroterapia específica

(SALox - Soro Antiloxoscélico) quando há indicação clínica, além da

administração de medicamentos para tratar as lesões decorrentes da ação do

veneno no organismo (BRASIL, 2010).

Phoneutria

As aranhas do gênero Phoneutria são conhecidas popularmente como

“armadeiras”, devido à posição que assumem quando encontram-se em perigo,

elevando as patas dianteiras, assumindo um comportamento de defesa.

Possuem hábitos noturnos e os acidentes acontecem geralmente no interior das

residências e nas suas proximidades (PARANÁ, 2014).

Nos acidentes causados por Phoneutria, predominam as manifestações

locais. A dor é o sintoma mais frequente e sua intensidade é variável. Outras

manifestações como edema, eritema, parestesia e sudorese no local da picada,

priapismo, choque e edema pulmonar podem ocorrer. Os acidentes são

classificados em leves, moderados e graves, conforme a gravidade do quadro

clínico (PARANÁ, 2014). O tratamento com soro específico é indicado em

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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pacientes que apresentam alterações sistêmicas. A dor local pode ser cessada

com o uso de anestésicos (SILVA et. al, 2003).

Lycosa

Também conhecidas como aranhas de jardim, as espécies do gênero

Lycosa são geralmente encontradas em gramados e jardins. Os acidentes são

frequentes, porém sem gravidade, não constituindo um grave problema de saúde

pública (FIOCRUZ, 2009).

Seu veneno possui ação proteolítica. Após a picada, há o surgimento de

uma reação inflamatória local leve, com dor discreta, edema e eritema, que

ocorrem em uma pequena porcentagem dos casos. Não existe tratamento

específico, os sintomas são amenizados com o auxílio de analgésicos e anti-

histamínicos orais (PARANÁ, 2014).

Caranguejeiras

As caranguejeiras são caracterizadas como aranhas de porte geralmente

grande, com o corpo coberto por pelos. Nos acidentes causados por esses

animais, na maioria das vezes, ocorre uma ação irritativa ou alérgica dos pelos

na superfície dérmica das vítimas, não sendo necessário o tratamento com soro

(FIOCRUZ, 2009).

Material e métodos

Foram avaliados casos de acidentes provocados por aracnídeos, com

ênfase nos gêneros de interesse médico, baseados em notificações realizadas

pelo Centro de Assistência Toxicológica – CEATOX localizado no munícipio de

Cascavel-PR.

Trata-se de um estudo transversal, com dados obtidos através de

documentação indireta, por meio de fichas de notificação elaboradas pelo

CEATOX, a respeito de casos de acidentes provocados por aracnídeos no

município de Cascavel e região, entre janeiro de 2014 e junho de 2015. Através

dos dados disponibilizados, as variáveis analisadas foram o número de

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acidentes em relação ao sexo, faixa etária, procedência, época do ano e gênero

das aranhas.

Resultados e discussão

No período estudado foram notificados 165 casos de acidentes

provocados por aracnídeos no município de Cascavel-PR e região. Percebe-se

que a maioria dos casos ocorre em pessoas com faixa etária entre 20 e 60 anos,

com predominância discreta do sexo masculino (52,1%), conforme descrito na

tabela 1.

Tabela 1: Distribuição dos casos de acidentes por aracnídeos por sexo e faixa etária (n=165)

Os municípios com maior ocorrência de acidentes foram Cascavel-PR

com 55,7% dos casos, seguido de Toledo-PR (7,3%). Os demais municípios

apresentaram índices inferiores a 4%. A maioria dos acidentes notificados em

Cascavel-PR é proveniente de casos atendidos pelo HUOP, justificando a

predominância de ocorrências no município.

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Gráfico 1: Distribuição de casos conforme os meses do ano.

O Gráfico 1 demonstra a prevalência de casos em relação as épocas do

ano avaliadas. Os dados apontam uma maior ocorrência de acidentes entre os

meses de janeiro e março de 2014 e dezembro de 2014 e março de 2015. Esses

meses correspondem às épocas do ano mais quentes na região, favorecendo a

ocorrência de acidentes devido ao fato de as aranhas em questão pertencerem

a regiões de clima tropical, sendo sua sobrevivência favorecida pela presença

de calor.

Conforme dados demonstrados na Tabela 2 as espécies responsáveis

pelo maior número de acidentes são as aranhas do gênero Loxosceles (aranha

marrom), em seguida aparece o gênero Phoneutria. Lycosa e as espécies

denominadas caranguejeiras constituem uma pequena porcentagem dos casos

notificados. A maior incidência de eventos relacionados com aranha marrom

pode ser justificada através dos hábitos desses aracnídeos, visto que eles

possuem predileção por lugares quentes e secos e normalmente habitam o

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interior de residências, favorecendo a ocorrência de acidentes. Os casos não

identificados constituem uma grande porcentagem dos episódios, uma vez que,

na maioria das vezes, a vítima não reconhece a espécie que provocou o

acidente. Além disso, a semelhança dos sintomas produzidos, em um primeiro

momento, pelas picadas dos diferentes gêneros dificulta sua identificação.

Conclusões

Das variáveis analisadas, concluiu-se houve um predomínio de casos

provocados pela Loxosceles, com maior incidência nos meses mais quentes do

ano. O município que se destaca pelo elevado número de eventos notificados é

Cascavel-PR, esse fato pode ser justificado pela maior disseminação de

informações acerca do Centro de Assistência Toxicológica, localizado na cidade.

Através do levantamento de dados é possível determinar o perfil

epidemiológico da região em relação aos acidentes provocados por aracnídeos,

relatando todos os aspectos envolvidos e contribuindo para a elaboração de um

referencial teórico através das notificações geradas pelo CEATOX.

Agradecimentos

A Secretaria Estadual da Saúde do Paraná (SESA-PR) e ao Hospital

Universitário do Oeste do Paraná (HUOP).

.

Referências Bibliográficas BRASIL, Fundação Osvaldo Cruz. Animais Peçonhentos e Venenosos. Série Prevenindo Intoxicações. Ministério da Saúde, 2009. CUPO, Palmira; AZEVEDO-MARQUES, Marisa M.; HERING, Sylvia E. Acidentes por animais peçonhentos: Escorpiões e aranhas. Medicina, Ribeirão Preto, 36: 490-497, abr./dez. 2003. LISE, Fernanda; COUTINHO, Simone E. D.; GARCIA, Flávio R. M. Características Clínicas do Araneísmo em Crianças e Adolescentes no Município de Chapecó, Estado de Santa Catarina, Brasil. Maringá, v. 28, n. 1, p. 13-16, 2006.

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PARANÁ. Secretaria de Saúde. Acidentes por animais peçonhentos e venenosos. 2014. Disponível em:< http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/zoonoses_intoxicacoes/Acidentes_por_Animais_Peconhentos_e_Venenosos.pdf>. Acesso em: 03 de novembro de 2015. SILVA, Selma T.; TIBURCIO, Ingrid C. S.; CORREIA, Gabriela Q. C.; AQUINO, Rafael C. T. Escorpiões, Aranhas e Serpentes: aspectos gerais e espécies de interesse médico no Estado de Alagoas. Série: Conversando sobre Ciências em Alagoas. EDUFAL. Maceió, 2005.

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Alimentação na adolescência: uma experiência envolvendo a abordagem

CTS no ensino médio noturno

Karolliny Nardino Gomes, Juliana Moreira Prudente de Oliveira, Fernanda

Aparecida Meglhioratti, Eduarda Maria Schneider, e-mail: [email protected]

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Educação, Método e Técnica de ensino. Palavras-chave: Ensino de Biologia, PIBID1, Alimentação Saudável. Resumo: A alimentação é essencial para o ser humano e se for baseada em hábitos errôneos na adolescência, pode levar a uma vida adulta com sérios problemas. Em busca de contribuir para minimizar essa questão, foi proposto e desenvolvido o módulo didático “Alimentação na adolescência: uma proposta articulada à abordagem ciência-tecnologia-sociedade”, o qual teve como pressuposto teórico a perspectiva CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade), uma vez que, esta traz uma aproximação com a realidade do aluno e explicita os conhecimentos científicos de maneira contextualizada, favorecendo a aprendizagem da ciência de maneira significativa. A implementação do módulo ocorreu em uma turma de 3º ano noturno de um colégio público de Cascavel/PR e fez parte das atividades realizadas no contexto do PIBID/BIOLOGIA. O conhecimento a priori e posteriori dos alunos foi obtido por meio da confecção de um cardápio para as refeições de um dia. Ao finalizar o trabalho, percebeu-se que houve sensibilização quanto à mudança nos hábitos alimentares, contudo, foram identificados limites quanto à aplicação dos conhecimentos construídos por alguns alunos em seu dia a dia, já que eram trabalhadores, que disponibilizavam de pouco tempo para a preparação dos alimentos. Introdução

A preocupação com a alimentação e o bem-estar da população vem

sendo crescente, já que é consenso a importância da educação alimentar para

a promoção da saúde (SILVA & FONSECA, 2009).

A adolescência é uma fase crítica no desenvolvimento físico e psicológico

do sujeito, na qual muitos hábitos são constituídos. Entretanto, os adolescentes

atualmente se preocupam cada vez menos com a sua alimentação e saúde.

Como argumentam Toral et al. (2009), é frequente a dieta dos jovens basear-se

em gorduras, açúcares e sódio. Deste modo, uma vida com hábitos errôneos na

1 Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência.

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adolescência, pode levar a uma vida adulta com sérios problemas aumentando

o risco do aparecimento de doenças crônicas precocemente.

Uma maneira de contribuir para a formação de hábitos alimentares

saudáveis é abordar essa temática em sala de aula. Dados mostram que

doenças relacionadas à má alimentação, como a obesidade, anorexia, bulimia

vem afetando muitos jovens no Brasil. Assim, há necessidade de trabalhar temas

como estes, contextualizados com o dia a dia do aluno. E a abordagem CTS

permite esta interação, já que a partir de um problema social, podem ser

construídos e ampliados conhecimentos científicos, ao mesmo tempo que se

discutem aspectos tecnológicos relacionados. Neste contexto, o presente

trabalho tem como objetivo analisar a implementação de um módulo didático em

uma turma de Ensino Médio noturno, vinculado às atividades do

PIBID/BIOLOGIA.

Metodologia

O trabalho foi desenvolvido por uma bolsista do projeto PIBID/BIOLOGIA

no ano de 2014. Sendo que, para isso foi elaborado e implementado o módulo

didático “Alimentação na adolescência: uma proposta articulada à abordagem

ciência-tecnologia-sociedade” em uma turma de 3° ano noturno de um colégio

da rede pública de Cascavel – PR, durante o período de duas semanas,

totalizando quatro horas/aula. Na primeira hora/aula procurou-se identificar os

conhecimentos prévios dos alunos por meio da confecção de um cartaz.

Divididos em grupo, os alunos elaboraram um cardápio contendo as refeições

que realizam durante um dia. Após a elaboração, foi discutido o modo como os

mesmos estavam se alimentando, enfatizando a temática alimentação saudável

e doenças relacionadas. Nas outras aulas foram trabalhados vários assuntos

relacionados ao tema, como: nutrientes, sistema digestório, alimentos

industrializados, remédios de emagrecimento, aparelhos tecnológicos como

endoscópio, obesidade, diabetes, pressão alta, e transtornos alimentares como

bulimia e anorexia. Ao final do módulo os alunos elaboraram novamente o

cardápio para um dia, apresentando as refeições que estavam realizando.

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Portanto, os cardápios apresentados pelos alunos constituem os dados deste

trabalho, assim como as discussões nas aulas, que foram analisados de forma

qualitativa (LUDKE; ANDRÉ, 1986), predominando a descrição e o processo.

Resultados e Discussão

O levantamento das concepções prévias dos alunos evidenciou a

importância de se realizar tal atividade, pois muitos alunos apresentavam uma

alimentação baseada em hábitos alimentares errôneos. Araki et al. (2011, p. 165)

afirma que “a dieta dos adolescentes caracteriza-se pela preferência de

alimentos com elevado teor de gordura saturada, colesterol, sódio e carboidratos

refinados, representados muitas vezes por salgados, salgadinhos, alimentos

fritos [...]”. As figuras 1 e 2 demonstram partes dos cardápios iniciais, nos quais

os alimentos presentes confirmam que, infelizmente, esta é a realidade vivida

por muitos jovens:

Figura 1: Exemplo de lanche da noite. Figura 2: Exemplo de café da tarde.

Outra vertente a ser explorada é a frequência com que os adolescentes

sujeitos desta pesquisa se alimentam, pois, mesmo alguns alunos apresentando

um cardápio sem grandes adições de produtos industrializados foi possível

perceber que ficam grandes intervalos de tempo sem se alimentarem, ou seja,

acabam por “pular refeições”, geralmente, o lanche da manhã e o lanche da noite

são eliminados do dia a dia dos jovens, e quando o fazem consomem alimentos

ricos em gorduras e carboidratos.

Quando indagados sobre o porquê se alimentam com produtos

industrializados e “pulam” com frequência refeições, os jovens mencionaram a

falta de tempo como fator principal. Gambardella et al. (1999, p.56) relatam: “os

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adolescentes passam, gradativamente, maior tempo fora de casa [...] que,

também, influenciam na escolha dos alimentos [...]”. Deste modo, por ser uma

turma no período noturno, muitos disseram que seus familiares trabalham e eles

também, por isso não conseguem cozinhar os alimentos e acabam optando por

uma alimentação mais rápida, geralmente com algum alimento industrializado.

A partir dos dados previamente levantados foi implementado o módulo,

sendo possível inferir que o objetivo de sensibilização dos jovens quanto a uma

alimentação saudável foi alçando, evidenciando que alguns alunos se

sensibilizaram e procuraram mudar seus hábitos, conforme o relato: “mudamos

porque o módulo nos fez ter consciência dos problemas que a má alimentação

nos traz”. Entretanto, há ainda alguns desafios a serem vencidos como no relato:

“não, porque o trabalho não ajuda a melhorar, por causa de tempo”.

Portanto, conclui-se que se faz necessário mais trabalhos como este e

que indiquem possíveis soluções quando o tempo é curto para o preparo das

refeições. Leal et al. (2010, p. 466) adverti que “são necessárias medidas de

intervenção em conjunto com a escola e a comunidade para a obtenção de uma

qualidade de vida saudável na adolescência e sua manutenção na vida adulta”.

Conclusões

Abordar a temática alimentação com os jovens é de extrema importância,

já que é imprescindível ter uma alimentação mais saudável. Entretanto, ainda

são necessárias ações conjuntas para que isto seja realizado, pois a falta de

tempo é uma característica muito presente na vida da maioria dos alunos do

ensino noturno, por trabalharem durante o dia.

A realização deste trabalho foi importante para os alunos repensarem

seus hábitos, porém, este é um tema que requer trabalho contínuo, a fim de

promover mudanças significativas.

Agradecimentos

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A Coordenação de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo

financiamento das bolsas do PIBID e aos alunos e a professora da turma por

possibilitarem a implementação do módulo didático.

Referências Araki, E. L., Philippi, S. T., Martinez, M. F., Estima, C. C. P., Leal, G. V. S., Alvarenga, M. S. (2011). Padrão de refeições realizadas por adolescentes que frequentam escolas técnicas de São Paulo. Revista Paulista Pediatria. 29,164-70. Gambardella, A. M. D., Frutuoso, M. F. P., Franch, C. (1999). Prática alimentar de adolescentes. Rev. Nutrição, Campinas, 12, 5-19. Leal, G. V. S., I Philippi, S. T., Matsudo, S. M. M. Toassa, E. C. (2010). Consumo alimentar e padrão de refeições de adolescentes, São Paulo, Brasil. Rev Bras Epidemiol,13, 457-67. Levy, R. B.; Castro, I. R. R.; Cardoso, L. O.; Tavares, L. F.; Sardinha, L. M. V.; Gomes, F. S.; Costa, A. W. N. (2009). Consumo e comportamento alimentar entre adolescentes brasileiros: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE). Revista Ciência e Saúde Coletiva, 15, 3085-3097. Lüdke, M.; André, M. (1986). Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU. Silva, E. C. R.; Fonseca, A. B. (2009). Abordagens pedagógicas em Educação alimentar e Nutricional em escolas no Brasil. In: 7° Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Anais... Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Toral, N.; Conti, M. A. P.; Slater, B. (2009). A alimentação saudável na ótica dos adolescentes: percepções e barreiras à sua implementação e características esperadas em materiais educativos. Caderno Saúde Pública. 25, 2386-2394.

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Alterações macroscópicas dos músculos sóleo e EDL induzidas por um modelo animal de paralisia cerebral

Caroline Covatti2, Suelyn Cristine Trebien1, Lígia Aline Centenaro3, Marcelo

Alves de Souza3, Adriana Souza dos Santos1, Pâmela Buratti2, Bruno Popik1, Márcia Miranda Torrejais3 e-mail: [email protected].

1Discente do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. 2 Mestranda do Programa de Biociências e Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. 3 Docente da disciplina de Anatomia Humana da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil.

Área e subárea: Ciências Biológicas, Morfologia Palavras-chave: Lipopolissacarídeo, Anóxia Neonatal, Restrição sensório-motora Resumo: A paralisia cerebral (PC) caracteriza-se por desordens do movimento e postura, atribuídas a lesões não-progressivas que ocorrem durante o desenvolvimento cerebral. Este estudo teve como objetivo verificar os efeitos de um modelo experimental de PC que associa uma exposição pré-natal ao lipopolissacarídeo (LPS), anóxia neonatal e restrição sensório-motora sobre as fibras musculares do músculo extensor longo dos dedos (EDL) e sóleo. Inicialmente, ratas prenhas Wistar foram injetadas intraperitonealmente com veículo (n=15) ou com LPS (n=27; 200 μg/kg), uma endotoxina de bactérias gram-negativas. Essas injeções foram realizadas do 17º dia gestacional até final da gestação. Os filhotes machos foram divididos em dois grupos experimentais: Grupo controle (CTL) - filhotes de mães injetadas com solução salina; Grupo PC - filhotes de mães injetadas com LPS, submetidos à anóxia neonatal e a restrição sensório-motora. Para a realização da anóxia neonatal, no dia do nascimento (P0) os filhotes do grupo PC foram colocados em uma câmara fechada com fluxo de 9L/min de nitrogênio (100%) durante 20 minutos. De P1 até P30, os mesmos filhotes foram submetidos à restrição sensório-motora durante 16 horas/dia. Aos 48 dias de idade todos os animais foram pesados e eutanasiados para dissecação, pesagem e mensuração do comprimento dos músculos sóleo e EDL do antímero direito. Houve uma redução do peso corporal, do peso muscular e comprimento dos músculos sóleo e EDL nos animais do grupo PC em relação ao grupo CTL. Sugere-se que estes resultados são decorrentes da espasticidade induzida pelo modelo de PC empregado. Introdução

A paralisia cerebral (PC) refere-se a uma encefalopatia crônica não-

progressiva da infância, que produz distúrbios motores em diferentes graus de

severidade (ROTTA, 2002). Em países subdesenvolvidos, sua incidência chega

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a 7 em cada 1000 nascidos vivos, sendo considerada a causa mais comum de

deficiência física na infância. O principal distúrbio causado pela PC são as

alterações musculo-esqueléticas, que incluem comprometimento do tônus

muscular, das funções motoras grossas e finas, do equilíbrio, das atividades

reflexas e da postura (MY CHILD TM, 2014).

Um estudo prévio utilizou a combinação de injeções de LPS, anóxia

neonatal e restrição sensório-motora com o intuito de reproduzir os achados

observados em pacientes com PC (STIGGER et al., 2011). A associação desses

três insultos causou prejuízos em testes motores e uma atrofia do músculo tibial

anterior. Nesse modelo, a restrição sensório-motora reproduz a imobilidade

induzida pela espasticidade. A caracterização das alterações em diferentes

grupos musculares após a indução desse modelo experimental de PC ainda não

foi amplamente realizada e poderia nortear o desenvolvimento de novas terapias

para a recuperação funcional desses pacientes.

Material e Métodos

Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais

(CEUA). Para o pareamento e obtenção das ninhadas foram utilizados ratos

Wistar adultos (42 fêmeas e 10 machos), procedentes do Biotério Central da

UNIOESTE, com aproximadamente três meses de idade. As ratas prenhas

injetadas intraperitonealmente com veículo (n=15; 100 μL de solução salina

estéril) ou injetadas intraperitonealmente com LPS (n=27; aproximadamente 200

μg/kg de LPS em 100 μL de solução salina estéril). As injeções de solução salina

e de LPS foram realizadas a cada 12 horas, a partir do 17º dia gestacional (G17)

até o final da gestação (G21). Apenas os filhotes machos procedentes das

ninhadas foram utilizados como sujeitos experimentais. Assim, foram

constituídos dois grupos experimentais: 1) Grupo controle - filhotes de ratas

injetadas com solução salina durante a gestação e 2) Grupo PC - filhotes de ratas

injetadas com LPS durante a gestação, submetidos à anóxia neonatal e a

restrição sensório-motora no período pós-natal. Para o procedimento de anóxia,

os filhotes recém-nascidos do grupo PC foram colocados em uma câmara

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fechada, que permaneceu parcialmente imersa em água a 37 °C±1, com fluxo

de 9L/min de nitrogênio (100%), durante 20 minutos. Além disso, a partir do P1

até o P30, os filhotes machos do grupo PC foram submetidos à restrição

sensório-motora durante 16 horas/dia. Para isso, foi realizada a imobilização em

extensão das articulações dos membros pélvicos por meio da colocação de

moldes de epóxi e fita microporosa adesiva.

Aos 48 dias de idade os animais dos dois grupos experimentais foram

pesados e em seguida anestesiados com cloridrato de quetamina (50mg/kg, ip;

Cristália, Brasil) e cloridrato de xilazina (10mg/kg, ip; Cristália, Brasil). Para a

coleta dos músculos, a pele do membro pélvico direito foi rebatida e os músculos

superficiais foram retirados para a dissecação dos músculos EDL (localizado

anteriormente) e sóleo (localizado posteriormente). A pesagem e a mensuração

do comprimento (desde sua origem até a inserção) de ambos os músculos foi

realizada o auxílio de uma balança e de um paquímetro digital.

Os dados obtidos foram analisados através do teste estatístico t de

Student ou do teste não-paramétrico de Mann-Whitney. Valores de p<0,05 foram

considerados significativos.

Resultados e Discussão

O peso corpóreo dos animais do grupo PC foi 18% menor em relação ao

grupo CTL (p < 0,001). Os animais do grupo PC apresentaram também uma

redução de 23% no peso do músculo EDL (p < 0,001) e de 47% no peso do

músculo sóleo (p < 0,001) quando comparados ao grupo CTL. Além disso, o

comprimento muscular foi 19% (p < 0,001) e 24% (p < 0,001) menor nos músculo

EDL e sóleo, respectivamente, nos animais do grupo PC em relação ao grupo

CTL (Tabela 1).

Tabela 1. Peso corpóreo, peso muscular e comprimento do músculo EDL em ratos aos 48 dias de idade.

PParâmetros (n = 10) CTL PC

Peso Corporal (g) 199 ± 5,07 165 ± 17,2***

Peso Músculo EDL (g) 0,08 ± 0,01 0,07 ± 0,01***

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Peso Músculo Sóleo (g) 0,22 ± 0,05 0,12 ± 0,03 ***

Comprimento Músculo EDL (mm)

22,49 ± 2,47 18,24 ± 2,06***

Comprimento Músculo Sóleo (mm)

26,61 ± 2,27 20,25 ± 2,58 ***

alores expressos através da média ± desvio padrão. Peso do animal e peso do músculo sóleo: Teste de Mann Whitney. Demais parâmetros: Teste t de Student. ***p<0,001.

Marcuzzo et al. (2010) também observou uma diminuição do peso

corporal, densidade óssea baixa e desempenho motor prejudicado após a

aplicação de restrição sensório-motora em ratos durante 16 horas por dia (do P2

ao P28). Em um estudo realizado com 16 crianças apresentando PC

hemiplégica, Malaiya et al. (2007) mostrou uma diminuição de 1/3 do ventre da

cabeça medial do músculo gastrocnêmio parético e uma redução de 1 cm nessa

estrutura em comparação ao membro não afetado. Devido a essas alterações,

esses pacientes podem apresentar torção dos ossos longos, instabilidade

articular e alterações degenerativas prematuras em articulações. Em

consequência, crianças com PC apresentam fraqueza, dor, falta de equilíbrio e

uma redução considerável nas atividades motoras, o que prejudica o

desenvolvimento motor normal (GRAHAM; SELBER, 2003).

Conclusões

O modelo de PC utilizado no presente estudo foi capaz de produzir

modificações nos músculos sóleo e EDL, reproduzindo as alterações observadas

em pacientes com essa doença. A redução do peso muscular pode ser

decorrente da imobilidade causada pela restrição sensório-motora.

Referências GRAHAM, H.K.; SELBER, P. Muscloskeletal aspects of cerebral palsy. J. Bone Joint Surg., v. 85-B, p. 157-166, 2003.

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MALAIYA, R.; McNEE, A. E.; FRY, N. R.; EVE, L. C.; GOUGH, M.; SHORTLAND, A.P. The morphology of the medial gastrocnemius in typically developing children and children with spastic hemiplegic cerebral palsy. J. Electromyogr. Kinesiol., v. 17, p. 657-663, 2007. MARBINI, A.; FERRARI, A.; CIONI, G.; BELLANOVA, M.F; FUSCO, C.; GEMIGNANI, F. Immunohistochemical study of muscle biopsy in children with cerebral palsy. Brain Dev., v. 24, p. 63-66, 2002. MARCUZZO, S.; DUTRA, M.F.; STIGGER, F.; NASCIMENTO, P.S.; ILHA, J.; KALIL-GASPAR, P.I; ACHAVAL, M. Beneficial effects of treadmill training in a cerebral palsy-like rodent model: Walking pattern and soleus quantitative histology. Brain Res., v. 1222, p. 129-140, 2008. MY CHILD TM CEREBRAL PALSY FOUNDATION: About Cerebral Palsy. Disponível em: <http://cerebralpalsy.org/about-cerebral-palsy/prevalence-of-cerebral-palsy/>. Acesso em: 31 de maio de 2014. ROTTA, N.T. Paralisia cerebral, novas perspectivas terapêuticas. J. Pediatr., v. 78, p. S48-S54, 2002. STIGGER, F., FELIZZOLA, A.L., KRONBAUER, G.A., COUTO, G.K., ACHAVAL, M., MARCUZZO, S. Effects of fetal exposure to lipopolysaccharide, perinatal anoxia and sensorimotor restriction on motor skills and musculoskeletal tissue: implications for an animal model of cerebral palsy. Exp. Neurol., v. 228, p. 183-91, 2011.

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Alterações na marcha e no córtex somatossensorial primário de ratos

submetidos a um modelo de paralisia cerebral

Wellington de Almeida1, Adriana Souza dos Santos1, Bruno Popik1, Brenda

Camila Reck de Oliveira1, Marcelo Alves de Souza2, Márcia Miranda Torrejais2, Lígia Aline Centenaro2 e-mail: [email protected].

1 Discentes da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde e Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas/Cascavel, PR. 2 Docentes da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas/Cascavel, PR.

Área e subárea: Ciências biológicas II, Neurociências. Palavras-chave: Lipopolissacarídeo, anóxia neonatal, restrição sensório-motora. Resumo: O presente estudo buscou caracterizar possíveis alterações motoras e morfológicas em ratos submetidos a um modelo de paralisia cerebral baseado em injeções pré-natais de lipopolissacarídeo (LPS), anóxia perinatal e restrição sensório-motora. Ratos Wistar foram separados em dois grupos experimentais: 1) Grupo Controle (CT) - filhotes de ratas injetadas com solução salina durante a gestação e 2) Grupo Paralisia Cerebral (PC) - filhotes de ratas injetadas com LPS durante a gestação, submetidos à anóxia no dia do nascimento e a uma restrição sensório-motora durante 30 dias. O comprimento da passada, a base de suporte e a rotação da pata foram avaliados aos 29 e 45 dias após o nascimento (P29 e P45, respectivamente). No P48 ou P49 os animais foram eutanasiados para a coleta do encéfalo e posterior processamento histológico com o método de Nissl. As avaliações motoras mostraram déficits na marcha e alterações morfológicas corticais nos animais submetidos a esse modelo de PC. Esses resultados mostram que a combinação de insultos durante os períodos embrionário e pós-natal produz déficits em ratos que se assemelham as alterações observadas em crianças com PC.

Introdução

A paralisia cerebral (PC) é uma condição clínica decorrente de lesões ao

sistema nervoso central (SNC) em desenvolvimento e está associada a uma

ampla variedade de fatores de risco (Coq et al., 2008). Devido à escassez de

modelos animais capazes de reproduzir os sinais e sintomas característicos

dessa patologia, o desenvolvimento de estratégias terapêuticas para o

tratamento da PC ainda é restrito (Wu & Colford, 2000). Desta forma, o presente

estudo buscou avaliar possíveis alterações no padrão de marcha e no córtex

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somatossensorial primário (S1) de ratos submetidos a um modelo de PC que

baseia-se na exposição pré-natal ao lipopolissacarídeo (LPS), anóxia perinatal e

restrição sensório-motora.

Material e Métodos

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais

da UNIOESTE. Inicialmente, fêmeas Wistar prenhas receberam injeções

intraperitoneais de veículo (solução salina) ou de um constituinte da membrana

celular externa de bactérias gram-negativas chamado de lipopolissacarídeo

(LPS). Tais injeções foram realizadas a cada 12 horas a partir do 17º dia

gestacional (G17) até o final da gestação (G21). No dia do nascimento, os

filhotes machos foram divididos em dois grupos experimentais: 1) Grupo

Controle (CT) – filhotes de fêmeas submetidas a injeção de solução salina

durante a gestação e 2) Grupo Paralisia Cerebral (PC) - filhotes de fêmeas

injetadas com LPS durante a gestação, que foram submetidos a anóxia neonatal

e a restrição sensório-motora por 30 dias durante 16 horas/dia.

Para o procedimento de anóxia, logo após o nascimento os filhotes do

grupo PC foram colocados em uma câmara fechada, com fluxo de 9 L/min de

nitrogênio (100%), durante 20 minutos. Para a restrição sensório-motora, os

membros posteriores dos animais foram unidos e o quadril, joelho e tornozelo

permaneceram em uma posição estendida através da utilização de um molde de

epóxi e fita microporosa adesiva (Stigger et al., 2011).

As avaliações da marcha foram realizadas 29 e 45 dias após o nascimento

(P29 e P45). Para isso, os animais tiveram a planta das patas posteriores

pintadas com tinta preta e foram incentivados a atravessar uma pista que possui

o piso recoberto com uma folha de papel branca. A marca das patas feita sobre

o papel foi utilizada para a verificação do comprimento da passada (CP), base

de suporte (BS) e rotação dos membros posteriores (R).

No P48 e P49, os animais foram anestesiados e perfundidos com solução

salina e paraformaldeído tamponado. Os encéfalos foram então dissecados,

crioprotegidos e congelados. Posteriormente, as amostras foram seccionadas

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(20 µm de espessura) e coradas utilizando o método de Nissl. Imagens dos

cortes histológicos na região do córtex somatossensorial primário (S1) foram

capturadas em um fotomicroscópio. Neurônios e células da glia foram contados

dentro de 10 áreas de interesse (6550,23µm2) nas imagens obtidas (adaptado

de Marcuzzo et al., 2010).

Resultados e Discussão

A análise do CP mostrou uma diferença entre os grupos PC (8,96 ± 0,37)

e CT (12,42 ± 0,84) apenas na avaliação realizada no P29. Em relação à BS e a

R não foram observadas diferenças significativas entre os grupos estudados nas

duas avaliações realizadas (figura 1). Quanto à análise histológica, a razão do

número de células da glia / número de neurônios foi maior no S1 do grupo PC

(0,68 ± 0,04) quando comparado ao CT (0,33 ± 0,04) (figura 2).

Figura 1 – Avaliações do comprimento da passada (A), base de suporte (B) e rotação (C) das patas posteriores em animais controle e submetidos a um modelo experimental de paralisia cerebral. CT 29 - grupo controle avaliado aos 29 dias de idade; CT 45 – grupo controle avaliado aos 45 dias de idade; PC 29 – grupo paralisia cerebral avaliado aos 29 dias de idade; PC 45 – grupo paralisia cerebral avaliado aos 45 dias de idade. *** Representa p<0,05 quando comparado ao CT 29. Dados representam a média ± erro padrão da média. ANOVA de uma via para medidas repetidas.

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Figura 2 – Fotomicrografias de S1 dos animais controle (A) e submetidos ao modelo de paralisia cerebral (B) corados com o método de Nissl. As setas indicam neurônios; cabeças de seta indicam células da glia. Aumento de 200X. (C) – Razão de células da glia / neurônios por unidade de área. CT – Animais controle; PC – Animais submetidos ao modelo de paralisia cerebral. Dados representam a média ± erro padrão da média. Teste t de Student.

A análise da marcha mostrou uma redução no CP dos animais do grupo

PC avaliados no P29, mostrando que o desuso dos membros pélvicos neste

grupo provocou um déficit locomotor, resultado este, semelhante ao descrito por

Marcuzzo et al. (2008). Em ratos, a deterioração grave da marcha tem sido

mostrada em modelos de desuso, onde informações sensoriais anormais são

fornecidas para o encéfalo causando degradação da função motora (Coq et al.,

2008). Em nosso estudo, as alterações da marcha não foram estáveis ao longo

do tempo, uma vez que houve redução dos déficits na avaliação realizada no

P45 em comparação ao P29. Esta redução pode estar associada a retirada das

restrições no P30, o que possibilitou aos animais livre movimentação na caixa

moradia.

Em relação aos dados histológicos, um estudo prévio realizado por

Marcuzzo et al. (2010) também mostrou um aumento no número de células gliais

em animais submetidos à anóxia neonatal e restrição sensório-motora. Este

resultado pode estar relacionado à formação de uma cicatriz glial astrocitária no

tecido nervoso em decorrência dos insultos aos quais os animais foram

submetidos (Marcuzzo et al., 2010). Ainda, as alterações morfológicas

observadas no S1 podem estar associadas ao comprometimento motor

apresentado pelos animais do grupo PC.

Conclusões

O modelo de PC empregado produz alterações na marcha dos animais e

no S1, sugerindo que a combinação de insultos nos períodos pré, peri e pós-

natal pode produzir déficits semelhantes aos observados em pacientes com essa

patologia. O desenvolvimento de um modelo experimental de PC mais fidedigno

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pode contribuir para o estudo de novas estratégias terapêuticas e incrementar o

prognóstico de pacientes com essa condição clínica.

Agradecimentos

Os autores agradecem a Fundação Araucária e a UNIOESTE.

Referências Coq, J.O., Strata, F., Russier, M., Safadi, F.F., Merzenich, M.M., Byl, N.N. & Barbe, M.F. (2008). Impact of neonatal asphyxia and hind limb immobilization on musculoskeletal tissues and S1 map organization: implications for cerebral palsy. Experimental Neurology 210, 95-108. Marcuzzo, S., Dutra, M.F., Stigger, F., Do nascimento, P.S., Ilha, J., Kalil-Gaspar, P.I. & Achaval, M (2008). Beneficial effects of treadmill training in a cerebral palsy-like rodent model: walking pattern and soleus quantitative histology. Brain Research. 1222, 129-140. Marcuzzo, S., Dutra, M.F., Stigger, F., Do nascimento, P.S., Ilha, J., Kalil-Gaspar, P.I. & Achaval, M (2010). Different effects of anoxia and hind-limb immobilization on sensorimotor development and cell numbers in the somatosensory cortex in rats. Brain & Development. 32, 323-331. Stigger, F., Felizzola, A.L., Kronbauer, G.A., Couto, G.K., Achaval, M. & Marcuzzo, S. (2011). Effects of fetal exposure to lipopolysaccharide, perinatal anoxia and sensorimotor restriction on motor skills and musculoskeletal tissue: implications for an animal model of cerebral palsy. Experimental Neurology 228, 183-191. Wu, Y.W. & Colford, J.M., Jr. (2000). Chorioamnionitis as a risk factor for cerebral palsy: A meta-analysis. The Journal of the American Medical Association 284, 1417-1424.

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Análise de coprólitos da Formação Rio do Rasto (Permiano Superior) encontrados em Cândido de Abreu, Paraná

Inaê de Araújo Rochinski, Eliseu Vieira Dias, e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Biodiversidade/Zoologia/Paleozoologia Palavras-chave: Paleontologia, Permiano, Icnofóssil Resumo A Bacia Sedimentar do Paraná abrange cerca de 1.700.000 km2 em territórios do sul, sudeste e centro-oeste do Brasil, formada durante a Era Paleozoica, 541-252 milhões de anos atrás. A Formação Rio do Rastro, uma das sequências sedimentares desta bacia, aflora nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Nesta formação geológica ocorrem icnofósseis como pegadas e concreções, muito comuns de serem encontrados. Coprólitos são excrementos fossilizados de certos animais e podem fornecer informações sobre as relações ecológicas com outras formas vivas do passado, inclusive parasitológicas. O presente trabalho descreve e caracteriza coprólitos coletados na Formação Rio do Rasto, na região de Cândido de Abreu. A morfologia dos coprólitos indica que os ovais e de maior porte caracterizam seus produtores como anfíbios Temnospondily, já que fósseis deste tetrápode foram encontrados no mesmo afloramento. Por outro lado, coprólitos espiralados de menor porte podem ter sido produzidos por peixes cartilaginosos ou ósseos, devido à presença da válvula espiral no intestino destes animais. A avaliação do conteúdo fecal indica que a dieta destes animais era baseada principalmente em peixes, visto que os coprólitos são compostos por uma grande quantidade de fragmentos ósseos aglutinados e escamas de Osteichthyes.

Introdução

Durante a Era Paleozoica, o continente sul-americano fazia parte de uma

enorme massa continental, a Pangeia. Dentro deste contexto está a Bacia

Sedimentar do Paraná que abrange cerca de 1.700.000 km2 em territórios do sul,

sudeste e centro-oeste do Brasil, parte do Paraguai, da Argentina e do Uruguai

(HOLZ et al., 2010).

No final da Era Paleozoica, durante o Período Permiano, entre o Wordiano

e o Wuchiapingiano (269 a 254 milhões de anos atrás segundo a ICS, 2014),

depositou-se nesta bacia a Formação Rio do Rasto, que aflora no Paraná, Santa

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Catarina e Rio Grande do Sul, e corresponde a arenitos finos, siltitos e argilitos

de coloração variável com predominância de cores avermelhadas e

esverdeadas. A Formação Rio do Rasto apresenta uma grande variedade de

fósseis incluindo plantas, invertebrados e vertebrados (Dias, 2012). Icnofósseis

também são comuns, como pegadas e coprólitos (Leonardi et al., 2002;

Dentzien-Dias et al., 2013).

Coprólitos, uma categoria dentro dos icnofósseis, são excrementos

fossilizados de certos animais (Medeiros, 2004). O estudo destes pode fornecer

informações preciosas do que os organismos utilizavam em sua dieta (Souto et

al., 2007; Hunt et al., 1994), permitindo o reconhecimento de algumas relações

ecológicas existentes no passado, inclusive parasitológicas (Dentzien-Dias et al.,

2013).

As amostras estudadas foram coletadas em um afloramento ás margens

da PR 487, Km 14, próximo à cidade de Cândido de Abreu-PR e foram

acondicionados no Laboratório de Geologia e Paleontologia da UNIOESTE,

Campus de Cascavel. Nesta localidade, ocorrem fósseis de anfíbios do grupo

dos Temnospondyli (Pereira, 2013) e conchostráceos (Ferreira-Oliveira & Rohn,

2010). A pesquisa buscou compreender as formas de decomposição e

fossilização de elementos orgânicos aprisionados nestes coprólitos.

Materiais e Métodos

Dos 60 exemplares coletados e catalogados, 46 amostras correspondem

a coprólitos e o restante são concreções. A primeira etapa envolveu repetidas

aplicações de metilmetacrilato (Paraloid B-72®) dissolvido em acetona em todas

as superfícies dos coprólitos para impregnação e consequente enrijecimento.

As partes correspondentes das peças quebradas e/ou fraturadas foram

coladas com cianoacrilato. As amostras foram fotografadas com câmeras digitais

(Canon EOS Rebel T1i 15.1 MP e Sony DSC H7 8.1MP). Informações relevantes

sobre os exemplares foram observadas e anotadas. Cada fóssil foi inspecionado

sob estereomicroscópio com o auxílio de uma luz incidida. A partir disso, foi feita

a descrição das características de morfologia externa.

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Foram selecionados 13 fragmentos de coprólitos para confecção de

seções polidas. Para tanto, as amostras foram incluídas em resina Poliéster

Cristal (na proporção de 20 ml de resina para 4 gotas de catalisador). O bloco

rígido resultante sustenta e envolve toda a amostra permitindo os cortes.

Os primeiros cortes foram feitos com o auxílio de uma DREMEL SAW-

MAX com discos de corte. Estas seções finas foram polidas em lixa de

granulação fina e re-impregnadas com uma camada de resina Poliéster Cristal.

Depois de enrijecida, as mesmas faces foram desgastadas com lixas d’água

finas para obter a seção polida a ser observada em estereomicroscópio.

Resultados e Discussão

Os coprólitos analisados apresentam morfologias que variam de oval,

espiralado (Fig.1: A2, A3), cilíndrico e indeterminado. São predominantemente

formados por uma massa interna friável, envolta por uma camada argilosa

avermelhada mais resistente. Com as observações morfométricas, notou-se que

o maior exemplar apresenta 13x9 cm e o menor, 2x3 cm. Alguns exemplares

possuem gretas de ressecamento (Fig.1: A1) e ostracodes na superfície.

Com a análise das seções polidas, observou-se que em geral o bolo fecal

é composto de diversos fragmentos aglutinados, com predominância de

escamas (Fig.1: B1, B2) e dentes de Osteichthyes, bem como fragmentos

ósseos indeterminados

De acordo com a morfologia dos coprólitos, acredita-se que foram

produzidos por vertebrados de porte médio, provavelmente anfíbio

Temnospondily, já que fósseis do mesmo foram encontrados nesta localidade. A

avaliação do conteúdo fecal indica que a dieta deste animal era baseada

principalmente em peixes. Por outro lado, alguns coprólitos espiralados de

menor porte podem ter sido produzidos por peixes ósseos ou cartilaginosos que

também viviam ali.

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Figura 1 – Fotografias de amostras selecionadas de Cândido de Abreu. A: fotos de coprólitos. A1, coprólito com gretas de ressecamento; A2, espiralado; A3, oval. B1, Seção polida; B2, detalhe da escama de Osteichtyes, seta menor: ganoína, seta maior: osso lamelar. Escalas em A e B1: 1cm; escala em B2, 1mm.

Conclusões

Os coprólitos estudados apresentam morfologias distintas, podendo ser

os espiralados e de menor porte produzidos por peixes cartilaginosos ou ósseos,

devido à presença da válvula espiral no intestino destes animais. Já os

ovais/cilíndricos, de maior porte, por tetrápodes. O conteúdo dos ovais é

baseado em fragmentos ósseos e escamas de peixes, caracterizando seus

possíveis produtores como anfíbios Temnospondily que habitavam um ambiente

de clima quente e lacustrino.

Agradecimentos

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Agradeço a J.L.A. Pereira pela colaboração em campo, F.F. Martins pelas

instruções para confecção das sessões finas, M.I. Preza pelas discussões sobre

o tema e à Fundação Araucária pela bolsa de iniciação científica PIBIC-Unioeste.

Referências Dentzien-Dias, P.C., Poinar, G.JR., de Figueiredo, A.E.Q., Pacheco, A.C.L., Horn, B.L.D. & Schultz, C.L. (2013). Tapeworm Eggs in a 270 Million-Year-Old Shark Coprolite. PLoS ONE 8(1): e55007. doi:10.1371/journal.pone.0055007. Dias, E.V. (2012). A new deep-bodied fossil fish (Actinopterygii) from the Rio do Rasto Formation, Paraná Basin, Brazil. Zootaxa 3192, 1-23. Ferreira-Oliveira, L.G. & Rohn, R. (2010). Leaiid conchostracans from uppermost Permian strata of the Paraná Basin, Brazil: Chronostratigraphic and paleobiogeographic implications. Journal of South American Earth Sciences. 29: 371-380. Holz, M., França, A. B., Souza, P. A., Iannuzzi, R. & Rohn, R. (2010). A stratigraphic chart of the Late Carboniferous/Permian succession of the eastern border of the Paraná Basin, Brazil, South America. Journal of South American Earth Sciences, 29, 381-399. Hunt, A.P. & Chin, K. (1994). The paleobiology of vertebrate coprolites. In: Donavan, S. The palaeobiology of trace fossils (pp. 221-240). London: John Wiley. ICS. (2014). International Commission on Stratigraphy: International Chronostratigraphic Chart. http://stratigraphy.org/ICSchart/ChronostratChart2014-02.pdf. Acesso em: 21 de maio de 2015. Leonardi, G., Sedor, F.A. & Costa, R. (2002). Pegadas de répteis terrestres na Formação Rio do Rato (Permiano Superior da Bacia do Paraná), Estado do Paraná, Brasil. Arquivos do Museu Nacional 60, 213-216. Medeiros, M.A. (2004). Fossildiagênese. In: Carvalho, I.S. (Ed). Paleontologia. 2a edição. (vol. 1, pp. 47-59). Rio de Janeiro: Interciência. Pereira, J.L.A. (2013). Estudo preliminar de fragmentos de um anfíbio fóssil (Amphibia: Temnospondyli) da Formação Rio do Rasto (Paraná, Brasil). Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Souto, P.R.F. & Nava, W. (2007) Vertebrate coprolites from Presidente Prudente locality, SP (Adamantina Formation, Paraná Basin). In: Carvalho, I.S., Cassab,

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R.C.T., Schwanke, C., Carvalho, M.A., Fernandes, A.C.S., Rodrigues, M.A.C., de Carvalho, M.S.S., Araí, M. & Oliveira, M.E.Q. (Eds), Paleontologia: Cenários de Vida. (v. 1, pp. 509-514). Rio de Janeiro: Interciência.

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Análise morfológica da cauda do epidídimo de ratos wistar com

obesidade induzida por dieta de cafeteria

Ana Caroline Barbosa Retameiro¹, Suellen Ribeiro da Silva Scarton², Célia

Cristina Leme Beu³, e-mail: [email protected].

¹Discente do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. ²Mestranda do Programa de Biociências e Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. ³Docente da disciplina de Anatomia Humana da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil.

Área e subárea: Ciências Biológicas, Morfologia. Palavras-chave: Célula clara, alteração morfológica, sistema genital masculino. Resumo: A obesidade e o sobrepeso são duas das condições crônicas mais frequentes, com prevalência crescente, que afetam homens, mulheres, jovens, idosos e, devido ao seu alto potencial para causar alterações metabólicas, pode afetar vários sistemas, como é o caso do sistema genital masculino que inclui o epidídimo. O epidídimo é formado por cinco tipos celulares: principal, clara, halo, basal, narrow e apical e é dividido em segmento inicial, cabeça, corpo e cauda, sendo que neste estudo foi utilizada a porção da cauda para as análises morfológicas. Para tal experimento foram utilizados ratos Wistar divididos em dois grupos: controle, (CON n=6) e cafeteria, (CAF n = 6). O grupo CON recebeu dieta padrão e o grupo CAF recebeu dieta de cafeteria, ambos por 34 semanas e, posteriormente foram eutanasiados. As amostras obtidas a partir da cauda do epidídimo foram submetidas à rotina histológica, seccionadas em 7 μm e coradas em hematoxilina e eosina. Posteriormente as amostras foram analisadas em microscopia de luz e fotodocumentadas, onde foi possível observar o aumento de células claras, em relação ao grupo controle, bem como aumento de tamanho das mesmas no grupo que consumiu dieta de cafeteria.

Introdução

A obesidade é uma doença multifatorial crônica na qual o excesso de

energia é estocado em células de gordura, que aumentam em tamanho e/ou em

quantidade (BRAY; 2004). O armazenamento excessivo de gordura corpórea é

associado a riscos para a saúde, devido a complicações metabólicas

decorrentes da obesidade que podem afetar vários sistemas (POWER;

SCHULKIN, 2008), como é o caso do sistema genital masculino (HAMMOUD et

al., 2008). Considerando que os estudos que relacionam o sistema genital

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masculino com o peso corpóreo não caracterizam, de forma clara e definitiva, os

efeitos da obesidade sobre este sistema (CHAVARRO et al., 2010; JENSEN et

al.,2004; MAGNUSDOTTIR et al., 2005) ou algumas de suas partes, tais como

o epidídimo, este trabalho visa, através de estudos morfológicos, analisar o

segmento da cauda do epidídimo de ratos Wistar com obesidade induzida

através da dieta de cafeteria.

Material e Métodos

Ratos Wistar (n = 12), mantidos no Biotério Setorial do Laboratório de

Fisiologia Endócrina e metabolismo – LAFEM da UNIOESTE, Campus Cascavel,

após o desmame, receberam dieta padrão e água ad libidum (8 semanas) e, em

seguida, foram divididos aleatoriamente em dois grupos: i) Controle (CON, n =

6) que recebeu dieta padrão e ii) Cafeteria (CAF n = 6) que recebeu dieta de

cafeteria (ração padrão acrescida de amendoim torrado, chocolate, bolacha

maisena, bolo de chocolate) e refrigerante desgaseificado ad libitum, para a

indução da obesidade, ambos por 34 semanas e, posteriormente, foram

eutanasiados. Amostras da cauda do epidídimo foram coletadas, reduzidas,

fixadas (formol 10 %) e submetidas à rotina histológica (desidratação e

diafanização) para inclusão em parafina, microtomia (secções de 7 μm) e

coloração em hematoxilina/eosina. As secções foram analisadas em microscópio

de luz trinocular Zeiss Primo Star e foi feita a fotodocumentação.

Resultados e Discussão

Nas secções histológicas da cauda do epidídimo dos animais CAF foi

possível observar aumento de células claras, em relação ao CON, bem como

aumento de tamanho das mesmas (Figura 1 A-F). Este tipo celular tem atividade

fagocítica e endocítica, segmento-especifica, de proteínas e também captam o

conteúdo de gotas citoplasmáticas liberadas pelos espermatozoides enquanto

eles são transportados ao longo do epidídimo (SERRE; ROBAIRE, 1998). As

células claras tornam-se anormalmente grandes e preenchidas com lisossomos

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em condições experimentais que desregulam a função normal do testículo e do

epidídimo (MOORE; BEDFORD, 1979; SERRE; ROBAIRE, 1998; TRASLER;

HERMO; ROBAIRE, 1988).

A função reprodutiva masculina está sob o controle da rede neuro-

hormonal que é operada pelo eixo hipotálamo–hipófise-gônada, cuja disfunção

leva à infertilidade (SHARPE, 1994). Em indivíduos obesos foi proposto, que o

aumento da concentração de estradiol resultante da aromatização periférica da

testosterona inibe o eixo reprodutivo. Em condições experimentais como a da

obesidade, já foi demonstrado a diminuição da qualidade e da quantidade do

conteúdo espermático devido a baixa concentração de testosterona (JENSEN et

al., 2004; MAGNUSDOTTIR et al., 2005). Deste modo, corroborando com os

dados encontrados por Trasler et al. (1988), hipotetizamos a possibilidade das

alterações encontradas em nosso estudo, estarem ligadas à absorção de

produtos de degradação de espermatozoides anormais.

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Figura 1 – Fotomicrografia da cauda do epidídimo dos ratos de grupo controle e cafeteria . 1A – Secção da cauda do epidídimo do grupo CON H – E. Barra: 50,0 µm 10X. 1B – Secção da cauda epidídimo do grupo CON H – E. Barra: 50,0 µm 20X. 1C – Secção da cauda do epidídimo do grupo CON H – E. Barra: 50,0 µm 40X. 1D – Secção da cauda do epidídimo do grupo CAF H – E. Barra: 50,0 µm 10X. 1E – Secção da cauda do epidídimo do grupo CAF H – E. Barra: 50,0 µm 20X. 1F - Secção da cauda do epidídimo do grupo CAF H – E. Barra: 50,0 µm 20X. Na ponta da seta são indicadas células claras em ambos os grupos.

Conclusões

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Mediante aos resultados encontrados e à literatura pesquisada, é possível

afirmar uma potencial alteração negativa no epidídimo de ratos obesos, o que

pode influenciar, também, nas funções reprodutivas do mesmo.

Agradecimentos

A todos os colegas, técnicos e professores dos Laboratórios de Biologia

Celular e de Anatomia Humana da UNIOESTE, ao Professor Doutor Allan Cezar

Faria Araújo por nos ceder o material experimental, à Professora Doutora

Angélica Soares pelas sugestões e, principalmente, à mestranda Suellen

Scarton e à Professora Célia Cristina Leme Beu por toda a atenção, sabedoria,

experiências compartilhadas e orientação.

Referências BRAY, G.A. Medical consequences of obesity. J. Clin. Endocrinol. Metab. v. 89, p. 2583–2589, 2004. CHAVARRO, J.E., TOTH, T.L., WRIGHT, D.L., MEEKER, J.D., HAUSER, R. Body mass index in relation to semen quality, sperm DNA integrity, and serum reproductive hormone levels among men attending an infertility clinic. Fertil. Steril. v.7, p. 2222-2231, 2010. HAMMOUD, A., CARREL, D.T., MEIKLE, A.W., XIN, Y., HUNT, S.C. An aromatase polymorphism modulates the relationship between weight and estradiol levels in obese men. Fertil Steril. AOP, 2009. JENSEN, T.K., ANDERSON, A.M., JORGENSEN, N., ANDERSEN, A.G., CARLSEN, E., PETERSEN, J.H., SKAKKEBAK, N.E. Body mass index in relation to semen quality and reproductive hormones among 1,558 Danish men. Fertil Steril. v. 82, p. 863-870, 2004. MAGNUDOSTTIR, E.V., THORSTEINSSON, T., THORSTEINDOTTIR, S., HEIMISDOTTIR, M., OLAFSDOTTIR, K. Persistent organochlorines, sedentary occupation, obesity and human male subfertility. Hum Reprod. v. 20, p. 208-215, 2005.

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MOORE, H.D. BEDFORD, J.M. The differential abdsorptive activity of epithelial cells of the rat epididymus before and after castration. Anat Rec. v. 193, p. 313-328, 1979. POWER, M.L., SCHULKIN, J. Sex differences in fat storage, fat metabolism, and the health risks from obesity: possible evolutionary origins. Br J Nutr. v. 99, p. 931-940, 2008. SERRE, V.; ROBAIRE B. Segment- Especific Morphological Changes in Aging Brown Norway Rat Epididymis. Biol. Reprod., v.58, p.497-513,1998. TRASLER, J.M., HERMO, L., ROBAIRE, B. Morphological changes in the testis and epididymis of rats treated with cyphosphamide: a quantitative approach. Biol. Rep. v. 38, p. 463-479, 1988.

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Análises fisíco-quimicas para avaliação da qualidade da farinha de trigo

sarraceno

Bruna Zanardi, Camila Zanoni da Silva, Karine Dassoler, Ketllin Zanella da Conceição, Naiara Laiza da Luz, Regiane Rodrigues do Amarante, e-mail:

[email protected].

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas/Cascavel, PR.

Área e subárea: Fisiologia Vegetal – Nutrição e Crescimento vegetal Palavras-chave: trigo mourisco, farinha sem glúten, cereal. Resumo: O trigo sarraceno, também conhecido como trigo mourisco tem composição química semelhante ao trigo comum. Sua farinha tem sido bastante utilizada na fabricação de pães, bolos, biscoitos e massas, por possuir valor nutritivo análogo às gramíneas trigo, aveia, centeio, cevada e milho. Os grãos são comercializados crus ou tostados e usados também, em substituição ao arroz. A farinha proveniente do trigo mourisco não contém glúten sendo recomendada para pessoas com intolerância ou alergia ao glúten. Diante disso, o objetivo desse trabalho foi analisar o trigo sarraceno em relação à qualidade da farinha produzida. Foram realizadas análises de cor, umidade, cinzas, glúten e falling number. Os resultados de cor, umidade e cinzas foram semelhantes aos resultados de farinhas integrais comuns. Contudo, devido a ausência de glúten a ao alto valor de falling number, a farinha é boa para produção de massas, mas para pães é necessária a adição de aditivos.

Introdução

O trigo sarraceno, também conhecido como trigo mourisco, trigo preto ou

trigo mouro (Fagopyrum esculentum Möench) é uma planta da família

Polygonaceae que não tem nenhum parentesco com o trigo comum (Triticum

aestivum L.). Devido à sua composição química semelhante ao trigo comum e a

utilização de seus grãos, este tem sido considerado um cereal (da Silva et al,

2002). Originário da Ásia Central, é uma cultura produzida no inverno, que se

reproduz bem em solos pobres e tem um curto período vegetativo (apenas 90

dias). Foi introduzido no Brasil no início do século 20 por imigrantes alemães,

russos e poloneses (da SILVA et al, 2002) e é mais comumente encontrado no

Rio Grande do Sul (Furlan et al, 2006).

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A cultura do trigo mourisco foi bastante incentivada nos anos setenta no

estado do Paraná, em que a maior parte da produção de destinava à panificação

em mistura com a farinha de trigo comum, enquanto o estante era exportado

para EUA, Holanda, Japão e Polônia. Devido ao fato de que as instalações para

beneficiamento de grãos de sarraceno não tinham estrutura e capacidade para

suprir a demanda, a farinha de mourisco acabou por ser substituída por raspa de

mandioca e fubá de milho. Dessa forma, seu cultivo acabou sendo restringido

apenas a pequenas lavouras de subsistência (Silva et al, 2002).

A farinha do trigo sarraceno tem sido bastante utilizada na fabricação de

pães, bolos, biscoitos e massas, por possuir valor nutritivo análogo às gramíneas

trigo, aveia, centeio, cevada e milho. Os grãos são comercializados crus ou

tostados e usados também, em substituição ao arroz (Silva et al, 2002).

A semente do trigo mourisco contem antioxidantes, tais como tocoferóis,

rutina e ácidos fenólicos, podendo ser armazenado por longos períodos de

tempo sem grandes alterações químicas (Sun; Ho, 2004). O trigo sarraceno

apresenta alta concentração de proteína, vitaminas e sais minerais, e destaca-

se pela excelente qualidade de sua proteína, com alto teor de lisina, aminoácido

que é deficiente na maioria dos cereais (Silva et al, 2002). A farinha proveniente

do trigo mourisco não contém glúten sendo recomendada para pessoas com

intolerância ou alergia ao glúten (Gorgen, 2013). Além disso, não contém

substâncias antinutricionais como hemaglutinina e tanino, e não apresenta

toxidez para os pacientes celíacos (Silva et al, 2002).

Diante disso, o objetivo desse trabalho foi analisar o trigo sarraceno em

relação à qualidade da farinha produzida.

Material e Métodos

O trigo foi obtido de um produtor rural da região de Ibema-PR e moído em

moinho experimental para obtenção da farinha, a qual foi passada pela peneira

de 250 µm de abertura. Após a moagem, a farinha foi analisada no laboratório

do Moinho Régio na cidade de Cascavel-PR, utilizando os métodos

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recomendados pela ANVISA. As análises realizadas foram cor, umidade, cinzas,

glúten e falling number.

Resultados e Discussão

Os grãos do trigo mourisco são morfologicamente diferentes dos grãos de

trigo comum, dessa forma segue a baixo uma foto dos grãos de trigo mourisco

para diferenciação das mesmas (Fotografia 1).

Fotografia 1: Grãos do trigo mourisco

Devido à isso, a moagem dos grãos foi realizada a seco e, após a

moagem, a farinha foi peneirada para retirada das cascas. O produto final ficou

muito semelhante à farinha de trigo integral comum. A farinha foi, então,

analisada e os resultados obtidos encontram-se na Tabela 1.

Tabela 1: Resultados obtidos nas análises

Análise Resultado

Cor L*84,03 Umidade 14,1% Cinzas 1,19%

Falling Number 962 Glúten 0

A cor encontrada foi de L*84,03, condizente com a cor de farinhas

integrais. Devido a essa similaridade, os demais resultados foram comparados

com os esperados para farinhas integrais do trigo comum. A umidade encontrada

foi de 14,1%, um pouco acima da esperada (14,0%). O trigo não foi umidificado

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antes da moagem e esse resultado pode afetar o tempo de armazenamento da

farinha.

As cinzas obtidas foram de 1,19% indicando uma presença considerável

de minerais, em vista do padrão que é de até 2,0%. O glúten teve resultado 0,

ou seja, a farinha de trigo sarraceno não contem glúten nenhum. Esse resultado

já era esperado e é uma característica exclusiva e interessante desse trigo,

fazendo com que esse tenha um uso interessante na mistura com a farinha

comum ou mesmo na substituição dessa.

O resultado para o falling number foi de 962, indicando baixa atividade da

enzima α-amilase. Isso indica que a farinha é boa para produção de massas,

mas para a produção de pães é necessário um melhoramento com aditivos.

Conclusões

Os resultados obtidos demonstraram que a farinha do trigo sarraceno

assemelha-se com a farinha integral do trigo comum e que ela apresenta uma

excelente qualidade. Por não conter glúten pode ser consumido como uma fonte

alternativa de nutrientes na dieta de pessoas celíacas. Porém, seu uso fica mais

restrito à produção de massas ou na mistura com a farinha de trigo comum. Por

ser pouco conhecido, é necessário que mais estudos sejam realizados sobre

esse grão, para que todas as suas características nutricionais sejam delimitadas.

Agradecimentos

Ao moinho Régio pela realização das análises.

Referências Furlan, A. C.; Santolin, M. L. R.; Scapinello, C.; Moreira, I.; Faria, H. G. Avaliação nutricional do trigo mourisco (Fagopyrum esculentum, Moench) para coelhos em crescimento. Acta Scientiarum. v. 28, n. 1, p. 21-26, 2006.

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Gorgen, A.V. Produtividade e qualidade da forragem de milheto (Pennisetum glaucum (L.) R.BR) e de trigo mourisco (Fagopyrum esculentum. Moench) cultivado no cerrado. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2013, 49 páginas. Monografia. Silva, D. B.; Guerra, A. F.; Silva, A. C.; Póvoa, J. S. R. Avaliação de genótipos de mourisco na região do cerrado. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2002. Sun, T.; Ho, C. T. Antioxidant activities of buckwheat extracts. Food Chemistry. v. 90, p. 743–749, 2005.

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Anatomia ecológica de Eriocaulaceae e Xyridaceae ocorrentes no Parque

Estadual do Guartelá - Paraná

Vanessa Liesenfeld, Tainã de Souza, Shirley Martins, e-mail:

[email protected]

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Ciências Biológicas, Biodiversidade Palavras-chave: afloramentos rochosos, xerófitas, higrófitas Resumo: Representando umas das áreas de formações campestres do Paraná, o Parque Estadual do Guartelá (PEG) apresenta uma vegetação predominantemente herbácea que se encontra sob condições de alta luminosidade e amplitude térmica, solos rasos, escassez hídrica e ventos fortes frequentes. Com o intuito de levantar caracteres adaptativos a esse ambiente campestre, foram realizadas secções transversais na região mediana da lâmina foliar de táxons das famílias Eriocaulaceae e Xyridaceae, comuns nesse ambiente. Alguns táxons de Eriocaulaceae estudados foram encontrados em condições de solo arenoso seco e outros de solo arenoso úmido, ou sazonalmente seco, os primeiros apresentaram principalmente caracteres xeromórficos e os últimos caracteres higromórficos. Os 14 táxons de Xyridaceae ocorrem em solo arenoso seco ou em afloramentos rochosos, sendo predominante nestes táxons a presença de caracteres xeromórficos. Tais resultados revelam que a anatomia foliar reflete o microambiente ocupado por esses táxons e ainda a sazonalidade típica na região do PEG. Dessa forma, ressalta-se a importância da conservação desses diferentes microambientes gerados pela geomorfologia presente no PEG para manutenção das espécies nativas.

Introdução

As formações campestres no Paraná ocorrem principalmente na região

dos Campos Gerais, no Segundo Planalto, e apresentam características

peculiares devido à conjugação de fatores geomorfológicos, topográficos,

edáficos e climáticos específicos de região (Carmo, 2006). Localizado nesta

região está o Parque Estadual do Guartelá (PEG) com predomínio de vegetação

campestre, representada, dentre outros grupos, por muitas espécies das famílias

Eriocaulaceae e Xyridadace (Carmo, 2006).

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As espécies herbáceas ocorrentes nas áreas campestres do PEG

encontram-se sob condições ambientais consideradas adversas para muitas

plantas como: alta luminosidade e amplitude térmica; solos rasos e pobres em

nutrientes; escassez hídrica e ventos fortes (UEPG, 2003). Estudos sobre

morfologia, fisiologia e ecologia vegetal são essenciais para revelar as

estratégias adaptativas que favorecem a ocupação das espécies em meios

distintos (Dickison, 2000). Essas informações permitem uma melhor

caracterização dessas áreas, possibilitando o aprimoramento dos planos de

manejo e, garantindo a conservação da vegetação típica ali ocorrente (Carmo,

2006). Considerando o exposto, este estudo teve como objetivo caracterizar a

anatomia foliar de espécies de Eriocaulaceae e Xyridaceae ocorrentes em áreas

campestres do PEG, a fim de identificar características que representem

estratégias adaptativas às condições ambientais, contribuindo assim, com dados

que possibilitem práticas de manejo adequadas para a preservação desta

Unidade de Conservação.

Material e Métodos

Foram realizadas excursões para coleta no PEG nos meses de março,

junho, agosto e outubro de 2015. No total foram coletados 11 indivíduos

pertencentes a seis táxons de Eriocaulaceae (Leiothrix flavescens (Bong.)

Ruhland, Paepalanthus albo-vaginatus (Silveira), Paepalanthus planifolius

(Bong.) Körn., Paepalanthus sp., Syngonanthus gracilis (Bong.) Ruhland,

Syngonanthus nitens (Bong.) Ruhland) e 15 indivíduos de 14 táxons de

Xyridaceae (Xyris asperula Mart, Xyris savanensis Miq., Xyris stenophylla L.A.

Nilsson, Xyris teres L.A. Nilsson e Xyris sp1 - Xyris sp10). Os vouchers referentes

aos indivíduos coletados foram depositados no Herbário UNOP da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná.

Para estudo anatômico, folhas com lâminas totalmente expandidas, de

cada indivíduo, foram fixadas em FAA50 (Johansen, 1940) e armazenadas em

etanol a 70%. Foram realizadas secções transversais (ST) à mão livre da região

mediana da lâmina foliar, e estas foram clarificadas com hipoclorito de sódio a

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50%, coradas com azul de Alcian e fucsina básica e montadas em glicerina 50%

(Kraus & Arduim, 1997). As lâminas preparadas foram descritas anatomicamente

e as imagens das secções foram capturadas com auxílio de câmara digital

DP041 acoplada ao fotomicroscópio Olympus Bx70 utilizando o programa DP

Controller.

Resultados e Discussão

Eriocaulaceae

Nos táxons de Eriocaulaceae estudados algumas características

observadas são descritas como comuns aos membros da família, como:

epiderme uniestratificada, células epidérmicas da face adaxial maiores que

aquelas da face abaxial, folhas hipoestômáticas, tricomas tectores e feixes

vasculares colaterais envoltos por bainha dupla (Coan et al., 2002; Oriani et al.,

2005). No entanto, outros caracteres anatômicos foliares observados nos táxons

do PEG refletem os diferentes microambientes onde eles foram coletados, sendo

separados em dois grupos: os de ambiente úmido (Syngonanthus spp.) e os de

ambiente seco (Leiothrix flavescens e Paepalanthus spp.).

Nos táxons de Syngonanthus, destacam-se caracteres considerados

higromórficos (relacionado a ambientes úmidos) como aerênquima bem

desenvolvido, estômatos elevados e ausência de hipoderme, também observado

em espécies higrófitas e hidrófitas de Eriocaulaceae (Coan et al., 2002). Em

Leiothrix flavescens e nos táxons de Paepalanthus estudados os caracteres

anatômicos observados são essencialmente xeromórficos, dentre os quais se

destacam: células epidérmicas com paredes espessadas, hipoderme aquífera,

aerênquima pouco desenvolvido, extensões de bainha vascular com células de

paredes espessadas. Esses caracteres xeromórficos observados são comuns

em outras famílias de ambientes campestres e garantem proteção contra a

transpiração excessiva e suporte mecânico contra a ação dos ventos (Castro &

Menezes, 1995).

Xyridaceae

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A lâmina foliar, em ST da região mediana, varia quanto ao formato,

podendo ser ensiforme, subtriangular, cilíndrica ou elíptica. Essa variação,

segundo Sajo (1992), pode estar relacionada ao fato de serem limbos unifaciais,

cuja formação interfere na relação superfície e volume e, assim, contribui para

aumentar a retenção de água. Esta característica tem, portanto, grande

importância para os representantes de Xyridaceae que ocorrem comumente em

áreas campestres, como o Parque Estadual do Guartelá, crescendo geralmente

em solos arenosos pouco profundos que em períodos mais secos do ano

encontram-se sujeitos a deficiência hídrica (Sajo, 1992; Sajo et al., 1995).

Além do formato, os táxons de Xyridaceae estudados apresentam outros

caracteres considerados xeromórficos, destacando-se o espessamento da

parede das células epidérmicas, estômatos ao entorno da lâmina foliar, tricomas

tectores, mesofilo compacto com parênquima paliçádico em toda periferia da

lâmina foliar, aerênquima pouco desenvolvido, feixes vasculares simples e

compostos. Essas características são fundamentais para evitar a perda de água

e garantir maior retenção desta no interior das células (Castro & Menezes, 1995;

Sajo et al., 1995).

Conclusões

Os táxons de Eriocaulaceae estudados apresentaram caracteres

tipicamente xeromórficos e higromórficos relacionados aos microambientes

ocupados e à sazonalidade ocorrente no PEG. Nos táxons de Xyridaceae foram

encontrados predominantemente caracteres xeromórficos relacionados à sua

distribuição mais comum em ambientes secos e de afloramentos rochosos como

os das áreas campestres do PEG.

Agradecimentos

A Universidade Estadual do Oeste do Paraná pela disponibilização das

instalações e ao PIBIC/Unioeste pela bolsa de iniciação científica.

Referências

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Carmo, M.R.B. (2006). Caracterização fitofisionômica do Parque Estadual do Guartelá, município de Tibagi, estado do Paraná. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Castro, N.M. & Menezes, N.L. (1995). Aspectos da anatomia foliar de algumas espécies de Paepalanthus Kunth, Eriocaulaceae da Serra do Cipó (Minas Gerais). Acta Botanica Brasilica 9, 213-229. Coan, A.I., Scatena, V.L. & Giulietti, A.M. (2002). Anatomia de algumas espécies aquáticas de Eriocaulaceae brasileiras. Acta Botanica Brasilica 16, 371-384. Dickison, W.C. (2000). Integrative Plant Anatomy. San Diego: Harcourt/Academic Press. Johansen, D.A. (1940). Plant microtechnique. New York: McGraw-Hill Book. Kraus, J.E. & Arduim, M. (1997). Manual básico de métodos em morfologia vegetal. Rio de Janeiro: EDUR. Oriani, A., Scatena, V.L. & Sano, P.T. (2005). Anatomia das folhas, brácteas e escapos de Actinocephalus (Koern.) Sano (Eriocaulaceae). Revista Brasileira Botânica 28, 229-240. Sajo, M.G. (1992). Estudos morfo-anatômicos em órgãos foliares de Xyris L. (Xyridaceae). Boletim de Botânica 13, 67-86. Sajo, M.G., Wanderley, M.G.L. & De Carvalho, L.M. (1995). Caracterização anatômica foliar para 14 espécies de Xyris L. (Xyridaceae) da Serra do Cipó, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica 9, 101-114. UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa. (2003). Caracterização do Patrimônio Natural dos Campos Gerais do Paraná. http://www.uepg.br/natural/relatoriofinal.pdf. Acesso em 25 de Setembro de 2015.

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Anatomia Topográfica e Padrões Ecográficos das Estruturas

Reprodutivas de Machos e Fêmeas de Serpentes – Revisão de Literatura

Carolina Melchior do Prado, Ricardo Birolini Clasta, e-mail:

[email protected].

Centro Universitário Dinâmica das Cataratas/Medicina Veterinária/Foz do Iguaçu, PR.

Área e subárea: Medicina Veterinária / Clínica e Cirurgia Animal Palavras-chave: ultrassonografia, reprodução, répteis. Resumo: A utilização da ultrassonografia, no manejo reprodutivo de serpentes em cativeiro, é um método diagnóstico não invasivo, extremamente eficaz, fornecendo um resultado mais preciso das condições reprodutivas do animal, possibilitando assim, o seu uso como guia em técnicas de reprodução assistida e consequentemente melhorando ou até mesmo viabilizando programas de reprodução em espécies ameaçadas, porém, para sua utilização, se faz necessário o conhecimento das características anatômicas e dos padrões ecográficos fisiológicos das estruturas a serem avaliadas. As estruturas reprodutivas de machos e fêmeas de serpentes são dispostas assimetricamente, estando localizadas entre a tríade pancreática e os rins. Ao exame ultrassonográfico, os testículos possuem formato elipsóide e são discretamente hipoecogênicos em relação a musculatura e a gordura adjacente. O ducto deferente é visualizado como duas linhas paralelas hiperecogênicas ligadas ao testículo. O parênquima dos ovários é hiperecogênico e os folículos ovarianos nos estágios iniciais são anecogênicos e nos estágios finais são mais hiperecogênicos. Para a realização do exame, se utilizam transdutores lineares, com frequência entre 5,0 a 7,5MHz. Os animais podem ser posicionados em decúbito ventral ou esternal e o gel acústico deve ser aplicado de 5 a 30 minutos antes do exame. Esta revisão tem como objetivo descrever as características ultrassonográficas e a anatomia topográfica das estruturas reprodutivas de machos e fêmeas de serpentes.

Introdução

O interesse por serpentes vem crescendo continuamente, seja como

instrumentos de pesquisa, seja como animais de estimação, aumentando a

necessidade de um maior contingente de informações pelo médico veterinário,

para que o mesmo consiga realizar uma avaliação clínica confiável e precisa.

Além disso, deve-se considerar que as serpentes desempenham um papel de

extrema importância no equilíbrio e na manutenção da biodiversidade, sendo,

portanto, de fundamental importância o estudo e o desenvolvimento de técnicas

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que viabilizem sua reprodução em cativeiro e, consequentemente, sua

conservação (Neto et al., 2009; Banzato et al., 2012; Valente et al., 2013).

A ultrassonografia é um método diagnóstico não invasivo capaz de

fornecer informações de grande importância clínica, principalmente na área

reprodutiva, pois além de determinar o sexo, pode fornecer um diagnóstico mais

preciso das condições reprodutivas do animal, facilitando o manejo reprodutivo

e possibilitando assim o seu uso como guia em técnicas de reprodução assistida,

e consequentemente melhorando ou até mesmo viabilizando programas de

reprodução em espécies ameaçadas. Porém, seu uso se torna ineficiente,

quando o médico veterinário não possui conhecimentos sobre a anatomia

topográfica e os padrões ecográficos dos órgãos a serem avaliados, o que irá

interferir diretamente na avaliação e consequentemente interpretação dos

resultados (Matayoshi et al., 2012; Garcia, 2012).

Revisão de Literatura

As estruturas reprodutivas femininas e masculinas das serpentes

dispõem-se assimetricamente, sendo as do lado direito mais craniais em relação

ao lado esquerdo. Estão localizadas na cavidade celomática entre a tríade

pancreática (vesícula biliar, baço e pâncreas) e os rins (Figura 1) (Zacariotti,

2008; Matayoshi, 2011; Matayoshi et al., 2012; Silva, 2014; Grego et al., 2014).

O sistema reprodutor masculino é formado por um par de testículos e um

órgão copulatório denominado hemipênis, que é uma estrutura dupla localizada

na base da cauda. Ao exame ultrassonográfico, os testículos possuem formato

elipsóide e são discretamente hipoecogênicos em relação a musculatura e a

gordura adjacente (Figura 2) e o ducto deferente é visualizado como duas linhas

paralelas hiperecogênicas ligadas ao testículo (Zacariotti, 2008; Matayoshi,

2011; Matayoshi et al., 2012; Silva, 2014; Grego et al., 2014).

O aparelho reprodutor feminino apresenta um útero, dois ovários, dois

ovidutos longos, que se localizam paralelos ao ovário e que estão ligados a duas

vaginas. Em fêmeas maduras, os ovários apresentam folículos transparentes ou

esbranquiçados sem deposição de vitelo e/ou amarelos com deposição de vitelo.

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Nas fêmeas imaturas apenas folículos transparentes ou esbranquiçados sem

deposição de vitelo são encontrados. O parênquima dos ovários é

hiperecogênico e os folículos ovarianos nos estágios iniciais são anecogênicos

e nos estágios finais são mais hiperecogênicos (Figura 3) (Matayoshi, 2011;

Matayoshi et al., 2012; Grego et al., 2014).

Para a realização do exame ultrassonográfico, são utilizados transdutores

lineares e a frequência a ser escolhida varia de acordo com o tamanho da

serpente, sendo as frequências mais utilizadas as de 5,0 e 7,5MHz. Os animais

podem ser posicionados em decúbito ventral ou esternal e a janela acústica

utilizada pode ser a da parede lateral ou da superfície ventral da cavidade

celomática. O gel acústico pode ser aplicado de 5 a 30 minutos antes do exame

para penetrar entre as escamas e diminuir a interface de ar. O animal também

pode ser parcialmente submerso em água morna com o transdutor posicionado

sob a água a uma distância apropriada para a obtenção das imagens. Para a

localização das estruturas, se utiliza a vesícula biliar, localizada no terço médio

da cavidade celomática, como ponto de referência (Neto et al., 2009; Matayoshi,

2011; Matayoshi et al., 2012; Garcia, 2012; Banzato et al., 2012).

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Resultados e Discussão

Figura 1:Testículos (setas vermelhas) localizados entre a vesícula biliar (seta amarela) e rins (setas pretas) de cascavel (Caudisona durissa terrifica).

Figura 2: Imagem ultrassonográfica em plano longitudinal do testículo de cascavel

(Caudisona durissa terrifica).

Figura 3: Imagem ultrassonográfica em plano longitudinal dos folículos pré-vitelogênicos de cascavel (Caudisona durissa terrifica).

Conclusões

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A utilização da ultrassonografia para o estabelecimento ou melhorias em

programas de reprodução em serpentes, é um método diagnóstico eficaz e

simples, permitindo a avaliação e o monitoramento das estruturas reprodutivas.

Porém, é de extrema relevância o conhecimento, pelo médico veterinário, das

características anatômicas e dos padrões ecográficos, para que o mesmo

consiga realizar uma análise confiável e precisa.

Referências BANZATO, T. et al. Evaluation of radiographic, computed tomographic, and cadaveric anatomy of the boa constrictors. American Journal of Veterinary Research. 2011, vol. 72, n.12, pp. 1592-1599. GARCIA, V. C. Avaliações ultrassonográficas dos ciclos reprodutivos das serpentes Boidae Neotropicais. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, Universidade de São Paulo. GREGO, K. F. et al. (2014). Squamata (Serpentes). In CUBAS, Z. S. et al (Eds.), Tratado de Animais Selvagens: Medicina Veterinária. São Paulo: Roca. MATAYOSHI, P. M. Caracterização ultrassonográfica, morfofisiológica do sistema reprodutor de machos e fêmeas de Cotralus terrificus terrificus. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Reprodução Animal, Universidade Estadual Paulista. MATAYOSHI, P. M. et al. Avaliação ultrassonográfica da cavidade celomática de serpentes. Veterinária e Zootecnia. v. 19, n.4, p.448-459, 2012. NETO, Francisco C. et al. Ultra-sonografia do fígado, aparelho renal e reprodutivo da jibóia (Boa constrictor). Pesq. Vet. Bras. 2009, vol.29, n.4, pp. 317-321. SILVA, K. B. Avaliação do espermograma da jararaca-ilhoa, Bothrops insularis, (Serpentes: Viperidae) mantidas em cativeiro. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, Universidade de São Paulo. VALENTE, F. S. et al. Particularidades na contenção química e na anestesia de serpentes. Veterinária em Foco. v. 10, n.2, p.210-221, 2013.

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ZACARIOTTI, R. L. Avaliação reprodutiva e congelação de sêmen em serpentes. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Reprodução Animal, Universidade de São Paulo.

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Atividade antioxidante em sementes de Peltophorum dubium (Spreng.)

Taubert submetidas à estresse hídrico

Juliana de Almeida, Maiara Iadwizak Ribeiro, Erly Carlos Porto, Jaqueline

Malagutti Corsato, Andréa Maria Teixeira Fortes, e-mail: [email protected]

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Biodiversidade, Botânica. Palavras-chave: reflorestamento, água, enzima. Resumo: A espécie Peltophorum dubium (Spreng.) Taubert, popularmente conhecida como canafístula, é nativa, pioneira ou secundaria inicial, apresenta rápido crescimento, e é comumente utilizada em recuperação de áreas degradadas, devido sua característica, dentre outras, de planta rústica que suporta condições ambientais adversas. Desse modo, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o comportamento fisiológico das sementes de P. dubium quando expostas ao estresse hídrico. As sementes foram coletadas no distrito de Sede Alvorada, Cascavel – PR, escarificadas com cortador “tipo de unha” para superação de dormência, postas para germinar em 9 tratamentos com 4 repetições, contendo soluções de PEG 6000 (0,0; -0,2, -0,4, -0,6, -0,8, -1,0, -1,4, -1,6 e -1,8 MPa). Ao final do teste de germinação foi realizada extração enzimática e avaliada a atividade das enzimas: catalase, peroxidase e superóxido dismutase. Os resultados mostraram que esta espécie é sensível ao estresse hídrico, pois a porcentagem de germinação e a atividade enzimática da SOD, CAT e POD foram reduzidas em todos os potenciais osmóticos sendo nula a germinação a partir de -0,8 MPa. Assim conclui-se que espécies de P. dubium provenientes de região de Mata Atlântica, de clima subtropical, não são indicadas para recuperação de áreas degradadas em regiões que passam por períodos do ano com baixa disponibilidade de água no solo e baixas precipitações.

Introdução

Recuperar áreas degradadas a fim de propagar espécies nativas é hoje,

uma alternativa para a conservação e restituição dos ecossistemas brasileiros.

Para tanto, é necessário obter informações básicas de germinação, cultivo e

potencialidade dessas espécies nativas a fim de garantir o sucesso na

recuperação (Neto et al., 2003). Peltophorum dubium (Spreng.) Taubert,

popularmente conhecida como canafístula é uma espécie indicada no processo

de restauração, por ser uma espécie nativa com comportamento de pioneira ou

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secundaria inicial, de rápido crescimento e por produzir grandes quantidades de

sementes que podem serencontradas em bancos de sementes do solo. Além

disso, sua ocorrência se dá nos biomas: Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica,

Pantanal e em regiões de solos argilosos úmidos e profundos de beiras de rios

(Lorenzi, 2002).

A germinação, um processo biológico responsável pela reativação do

metabolismo, depende da entrada de água na semente para permitir a

degradação e mobilização de reservas (açúcares, lipídeos e proteínas) a fim de

estimular o alongamento do eixo embrionário e promover a emergência da raiz

primária (Marcos Filho, 2015). Sabendo disso, entende-se que a falta de água

durante o processo germinativo pode gerar um estresse nas células das

sementes fazendo com que elas sofram desidratação celular, e em virtude disso,

há produção de espécies reativas de oxigênio (EROs), que provocam entre

outros problemas, danos no DNA, tecidos e peroxidação das camadas lipídicas.

Em contrapartida, as células possuem sistemas enzimáticos como: catalase

(CAT), peroxidase (POD) e superóxido dismutase (SOD), que trabalham em

conjunto na defesa contra as EROs, a fim de minimizar seus efeitos danosos as

células (MoradShaban et al., 2013).

Com base nessas informações o presente trabalho avaliou a atividade

enzimática antioxidante das sementes de P. dubium quando submetidas à

estresse hídrico, a fim de indicar ou não o uso dessa espécies em recuperação

de áreas degradadas por semeadura direta em regiões que passam ou tendem

a passar por baixa disponibilidade de água durante o ano.

Material e Métodos

O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Fisiologia Vegetal do

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade Estadual do

Oeste do Paraná – UNIOESTE, campus de Cascavel – PR. As sementes de P.

dubium foram no Distrito de Sede Alvorada em abril de 2015. As mesmas foram

submetidas a assepsia com solução de detergente (cinco gotas de detergente

para 100 ml de água), por um período de 10 minutos. Em seguida foi feito

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desponte do tegumento da semente com cortador “tipo de unha”, na lateral do

terço superior da semente, parte oposta à micrópila (Brasil, 2013).

As sementes foram colocadas para germinar em diferentes soluções de

Polietileno Glicol (PEG) 6000 (0,0, -0,2, -0,4, -0,6, -0,8, -1,0, -1,4, -1,6 e -1,8

MPa), simulando o estresse hídrico, totalizando assim 9 tratamentos. O

delineamento experimental foi inteiramente casualizado sendo que cada

tratamento foi composto por quatro repetições de 15 sementes por parcela,

mantidas em germinador (B.O.D) a temperatura de 25°C e fotoperíodo de 12

horas de luz/escuro. A germinação foi avaliada diariamente, sendo consideradas

germinadas as sementes que apresentarem 2 mm de raiz primária.

Ao final do teste de germinação, as plântulas e as sementes que

permaneceram sob estresse hídrico, foram submetidas à análise da atividade

enzimática da peroxidase (POD), catalase (CAT) e superóxido dismutase (SOD),

segundo a metodologia de Kar & Mishra (1976). Os dados foram submetidos à

análise de variância (ANOVA – Teste F) e as médias comparadas pelo teste de

Tukey a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

Observa-se que a medida que o estresse foi mais intensificado, isto é,

quanto mais negativo foi o potencial osmótico, a atividade das enzimas, SOD e

POD foram reduzidas, no entanto, a catalase mostrou maior atividade nos

potenciais -0,4 e -0,6 MPa, evidenciando sua tentativa de reparar os danos

promovidos pelas espécies reativas de oxigênio (EROs), geradas devido ao

estresse hídrico, o que refletiu na germinação, pois a mesma se manteve alta

com 98% e 73%, respectivamente (Tabela 1).

Tabela 1: Germinação e atividade da superóxido dismutase [SOD (U mg-1 proteína)], da catalase [CAT (nmol de H2O2.min-1.mg-1 proteína)] e da peroxidase [POD (µmol.min mg-1 de proteína)], das sementes de canafístula [Peltophorum dubium (Spreng.) (Taubert)] submetidas ao estresse hídrico em diferentes concentrações de PEG 6000 (0,0; -0,2; -0,4; -0,6; -0,8; -1,0; -1,4; -1,6 e -1,8 MPa) por 14 dias de estresse hídrico com troca de soluções no 7º dia.

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Mpa Germinação

(%)

Superóxido dismutase (U mg-

1 proteína)

Catalase (nmol de H2O2.min-1.mg-1

proteína)

Peroxidase (µmol.min mg-1

de proteína)

0,0 97 ± 6,67 a 21,273 ± 5,354 a 16,700 ± 13,620 bc 1,749 ± 0,272 ab

-0,2 98 ± 3,33 a 11,784 ± 3,685 ab 39,549 ± 10,746 ab 0,828 ± 0,104 b

-0,4 73 ± 9,43 b 7,152 ± 2,996 bc 57,538 ± 10,514 a 0,432 ± 0,065 bc

-0,6 42 ± 6,38 c 5,496 ± 3,173 c 59,089 ± 18,613 a 0,268 ± 0,057 c

-0,8 0 ± 0,00 4,737 ± 0,705 c 24,592 ± 5,080 ab 0,113 ± 0,019 d

-1,0 0 ± 0,00 6,818 ± 1,650 bc 25,424 ± 7,299 ab 0,116 ± 0,041 d

-1,4 0 ± 0,00 6,757 ± 1,991 bc 14,153 ±7,105 bc 0,110 ± 0,016 d

-1,6 0 ± 0,00 7,045 ± 1,132 bc 6,913 ± 1,813 c 0,080 ± 0,025 d

-1,8 0 ± 0,00 8,382 ± 0,870 bc 22,039 ± 8,250 abc 0,122 ± 0,020 d

As médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

A partir do potencial de -0,8 MPa a porcentagem de germinação foi zero,

e a atividade das enzimas SOD, CAT e POD foi reduzida, desse modo, mesmo

a catalase mostrando atividade nesses potenciais, não foi suficiente para reparar

os danos provocados pelos radicais livres. Esen et al., (2012) afirma que em

condições de estresse abiótico moderado, como mostrado nos potenciais -0,2, -

0,4 e -0,6 MPa desse experimento, as plantas ativam sistemas antioxidantes de

defesa, sendo eficientes no combate aos danos provocados pelas espécies

reativas de oxigênio (EROs). No entanto, em um estresse mais severo, como

nos potenciais de -0,8 a -1,8 MPa, há um aumento das EROs nas células

vegetais e essa situação excede a capacidade das enzimas antioxidantes em

neutralizar os efeitos das mesmas, resultando na ocorrência do dano oxidativo,

ou seja, a ausência de germinação como observado na Tabela 1.

As EROS são geradas devido a uma desordem no metabolismo celular e

são encontradas em diferentes regiões nas células vegetais (MoradShaban et

al., 2013). A enzima SOD é a primeira a atuar na defesa contra as EROs,

dismutando o O2 em peróxido de hidrogênio (H2O2), permitindo a atuação

enzimas CAT e POD convertendo o H2O2 em H2O e O2 e assim fazem com que

as substancias nocivas sejam removidas das células vegetais. A atuação

sincronizada dessas enzimas permite que as espécies reativas de oxigênio

sejam removidas e confere às sementes, maior tolerância em situações de

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estresse. Além disso, o grau de atividade de cada enzima antioxidante e o

aumento de sua intensidade em condições de estresse são extremamente

variáveis entre espécies e cultivares.

Conclusões

Concluímos que não se recomenda o uso da espécie P. dubium, oriunda

de região de Mata Atlântica, em recuperação de áreas degradadas seguindo um

sistema de “muvuca” de sementes, em regiões que passam por períodos anuais

de baixas precipitações e baixas disponibilidades de água no solo, devido à

redução na atividade de sistemas oxidantes que leva a uma desordem no

processo germinativo resultando em sensibilidade ao estresse hídrico.

Referências Esen, A.H.S.; Ozgur, R.; Uzilday, B.; Tanyolac, Z.O.; Dinc, A. (2012). The response of the xerophytic plant Gypsophila aucheri to salt and drought stresses: the role of the antioxidant defence system. Turkish Journal of Botany 36, 697–706. Kar, M. & Mishra, D. (1976). Catalase, peroxidase, and polyphenoloxidase activities during rice leaf senescence. Plant Physiology 57, 315-319. Lorenzi, H. (2002). Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil. São Paulo: Nova Odessa. Marcos Filho, J. (2015). Fisiologia de Sementes de Plantas Cultivadas. Londrina: ABRATES. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2013). Instruções para análise de sementes de espécies florestais. Brasília, 70. MoradShaban, Ajirloo, A., Moghanloo, G., Bahrampour, T. (2013). Review on dual role of reactive oxygen species in seed physiology and germination. International Journal of Agriculture and Crop Sciences 5, 2390-2393. Neto, J. C. A., Aguiar, I. B., Ferreira, V. M. (2003). Efeito da temperatura e da luz na germinação de sementes de Acacia polyphylla DC. Revista Brasileira de Botânica 26, 249-256.

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Avaliação da Qualidade Microbiológica de Amostras de Leite Humano

Coletadas e Processadas no Município de Cascavel-PR

Eanangeli Fernanda Acksenen, Fabiana André Falconi, Anelise Ludmila Vieczorek, Poliana Nicole Becker e-mail: [email protected]

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Microbiologia, Ciência de Alimentos. Palavras-chave: Microbiologia, Banco de Leite Humano, Controle de Qualidade. Resumo: O leite humano (LH) é o principal alimento dos recém-nascidos, pois contém todos os nutrientes exclusivos e necessários para o seu desenvolvimento. O Banco de Leite Humano do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (BLH-HUOP) executa atividades de coleta, processamento, controle de qualidade e distribuição do leite humano para os recém-nascidos internados. Com o propósito de monitorar a qualidade do LH do BLH-HUOP, foram avaliadas 2204 amostras de LH pasteurizado quanto aos parâmetros microbiológicos através da presença/ausência de coliformes totais, referentes aos meses de agosto a outubro de 2015. Através dos resultados, se observou a contaminação de 49 amostras, correspondendo a 2,18% do total pasteurizado. Essas amostras foram consideradas impróprias para o consumo e, portanto, desprezadas. Estes resultados podem indicar pasteurização inadequada e também condições insatisfatórias de higiene e manipulação.

Introdução

Ao longo da história da humanidade, o Leite Humano (LH) tem sido a

principal fonte disponível de nutrientes dos lactentes (ESCOBAR et al., 2002).

Segundo ANDRADE (1981) e REZENDE; MONTENEGRO (2005), dentre os

benefícios trazidos pela prática da amamentação, podemos citar: prevenção

contra doenças infecciosas e diarreicas, proteção contra alergias, favorecimento

no crescimento e desenvolvimento intelectual, entre outros, Além disso, as

propriedades imunológicas do leite humano confirma a superioridade deste

alimento sobre qualquer outro, para nutrir e proteger os lactantes contra

inúmeros agravos (GUEDES, 2005). Por esses motivos, a Organização Mundial

da Saúde (OMS) (1994), recomenda o aleitamento exclusivamente até os 6

primeiros meses de vida e mantendo até os 2 anos de idade.

Porém, os recém-nascidos prematuros não dispõem de forças para sugar

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o leite materno e têm que ser alimentados por outros métodos. Existe ainda o

fato de que algumas mães, por algum problema fisiológico ou emocional, não

conseguem produzir leite. Por outro lado, o leite oriundo de animais pode causar

alergia aos recém-nascidos. Assim, a doação de leite humano voluntária de

mulheres que têm produção excedente é uma prática que garante a manutenção

do processo de aleitamento às crianças que não podem adquirir este leite

diretamente de suas mães (SERAFINI et al, 2003). Os Bancos de Leite Humano

(BLHs) são instituições especializadas, obrigatoriamente vinculadas a um

hospital materno e/ou infantil, responsáveis pela promoção do incentivo ao

aleitamento materno e execução das atividades da coleta, processamento,

controle de qualidade para posterior distribuição (NOBRE et al, 2015).

Um dos parâmetros preconizado pela norma de controle de qualidade do

leite humano pasteurizado é o da análise microbiológica. O leite constitui um

meio de cultura favorável à maioria dos micro-organismos presentes na

natureza, por isso se as técnicas de coleta, processamento, distribuição e

acondicionamento não forem adequadas, podem surgir agentes contaminantes

prejudiciais aos neonatos atendidos (COSTA et al, 2004). Assim, a qualidade

microbiológica do leite humano ordenhado (LHO) distribuído por esses bancos é

um assunto de interesse para a saúde pública, pois o consumo de leite humano

contaminado pode ser a causa de doenças neonatais (SERAFINI et al, 2003).

O objetivo deste trabalho foi análise microbiológica, através da presença

de coliformes totais, de leite humano pasteurizado no Banco de Leite do Hospital

Universitário da cidade de Cascavel, Paraná, Brasil.

Material e Métodos

No período de agosto a outubro de 2015, foram analisados 2204 amostras

de leite humano. O leite humano ordenhado foi obtido da coleta domiciliar. As

amostras recebidas pelo BLH-HUOP foram pasteurizadas e após encaminhadas

ao laboratório para análise de presença/ausência de coliformes totais. Quatro

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alíquotas de 1mL de leite pasteurizado é transferido para tubos contendo 10 mL

de caldo bile verde brilhante lactose 2%, a 50 g/L (5% p/v), com tubos de Durham

em seu interior. Após a inoculação e incubação a 36 ± 1 ºC por 48 horas, a

presença de gás no interior do tubo de Durham caracteriza resultado positivo,

sendo este teste presuntivo. Os resultados positivos, por sua vez, devem ser

confirmados mediante a transferência de uma alíquota de 1mL para tubos

contendo caldo bile verde brilhante lactose 2%, na concentração de 40 g/L (4%

p/v). Após a incubação desses tubos sob as mesmas condições do teste inicial,

a presença de gás indicando a existência de microrganismos do grupo coliforme

confirma que o produto é impróprio para consumo (NOVAK e ALMEIDA, 2002).

Resultados e Discussão

A Tabela 1 apresenta os resultados da análise de coliformes totais no leite

humano pasteurizado, entre os meses de agosto a outubro de 2015:

Tabela 1: resultados da análise de coliformes totais no leite humano pasteurizado.

Mês Número de amostras

Amostras positivas

% Amostras positivas

Agosto 786 24 3,05%

Setembro 690 11 1,59%

Outubro 728 14 1,92%

Total 2204 49 2,18%

Na Tabela 1, podem-se observar os resultados encontrados em três

meses de análise do leite humano pasteurizado. Observa-se que a maior

contaminação ocorreu no mês de agosto, seguido dos meses de outubro e

setembro. No total analisado de 2204 amostras de leite humano (607.250ml), 49

amostras (2,18%) apresentaram coliformes totais e, portanto, foram

considerados impróprios para consumo. Todo leite considerado impróprio para

consumo deve ser desprezado, portanto 49 amostras foram descartadas. O teste

utilizado neste experimento é o proposto pela Rede Nacional de Banco de Leite

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Humano, onde os resultados são expressos em ausência/presença de

coliformes e não quantificados.

Serafini e colaboradores (2003), por exemplo, relataram a presença em

suas amostras de 70,4% de cultura positiva no leite humano cru e 50,7% no leite

pasteurizado. Em outro estudo, realizado por Castro (2006), em 60 amostras de

leite humano cru analisadas encontrou-se em 50% a presença de E. coli e em

75% coliformes totais, sugerindo falhas na manipulação do produto pelas

doadoras. Contudo, Borgo et al. (2005) mostra evidências científicas que

comprovaram a eficácia e a segurança da pasteurização do LH como processo

de inativação de agentes patogênico. A pasteurização foi eficaz em 98,69% das

amostras analisadas, confirmando, desta forma, a importância e o benefício do

processo de pasteurização em LH ordenhado e distribuído em bancos de Leite

Humano.

O crescimento de bactérias no leite produz acidificação e fermentação o

que pode levar a diminuição dos componentes nutricionais e imunológicos

devido à utilização de nutrientes do leite pela microbiota contaminante e a

diminuição dos fatores de defesa (SILVA et al, 2008). As causas de

contaminação do LH podem estar relacionadas com as técnicas inadequadas de

coleta, as condições de higiene da doadora e dos utensílios e a manutenção do

leite fora da cadeia de frio. Para evitar esta contaminação devem ser

estabelecidas as condições para obtenção de leite com boa qualidade: o controle

higiênico-sanitário da coleta e da manipulação do produto e a conservação sob

baixas temperaturas durante todas as fases do processamento, até a

pasteurização e estocagem (NOVAK; CORDEIRO, 2007).

Conclusões

Das 2204 amostras de leite pasteurizados e analisados, 49 amostras

(13.950ml) apresentaram coliformes totais, ou seja 2,18% das amostras estavam

impróprias para consumo de neonatos. A presença dos micro-organismos pode

ter ocorrido devido a uma inadequada pasteurização ou contaminação pós

pasteurização. Diante dos resultados obtidos, acredita-se que medidas mais

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rigorosas de monitoramento da qualidade do leite humano são imprescindíveis

para garantir um alimento seguro para os recém-nascidos.

Agradecimentos

Ao Banco de Leite do Hospital Universitário do Oeste do Paraná e seus

funcionários.

Referências ANDRADE, C. Aleitamento materno. In: Fontes J.A.C., organizador. Manual de Perinatologia. Salvador: Ed. Byk-Procienx; 1981. p.18-29. BORGO, L.A.; RAMOS, K.L.; ALMEIDA, S.G.; SEIDE, L.O., OLIVEIRA, L.A.; ARAUJO, W.M.C.; CARDOSO, L. Avaliação do funcionamento e identificação de pontos críticos de controle, em bancos de leite humano do Distrito Federal. Rev. Higiene Alimentar, volume: 19, nº 129, p.43-46, março, 2005. CASTRO, M. R. de C. C. Avaliação da qualidade microbiológica de leite humano cru recebido em Banco de Leite Humano. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2006. COSTA, A. C. da; SOUZA, C. P.; SANTOS FILHO, L. Caracterização microbiológica do leite humano processado em banco de leite de João Pessoa, PB. Rev. Brasileira de Análise Clínica, João Pessoa, v.36, n. 4, p. 225-229, 2004. ESCOBAR, A. M. U; OGAWA, A. R; HIRATSUKA, M; KAWASHITAK, M. Y; TERUYA, P. Y; GRISI, S; TOMIKAWA, S. O. Aleitamento materno e condições socioeconômicas culturais: fatores que levam ao desmame precoce. Rev. Bras. Saúde Mat.-Inf., v. 2, n. 3, p. 253-261, set./dez. 2002. GUEDES, H.T.V. Leite Materno e Imunidade in: Aleitamento Materno. SOARES, F.J.P., MARROQUIM, P.M.G - Maceió: EDUFAL (editora da Universidade Federal de Alagoas), 2005. NOBRE, G. C.; COELHO, R. C.; SILVA, N. M.; DINIZ, Y. B.; GUERRA, R. C. Análise Microbiológica do Leite Humano Cru do Banco de Leite de um Hospital de Araguaína – TO. Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.2, Pub.8, Agosto 2015. NOVAK, F.R; ALMEIDA, J.A.G. Teste alternativo para detecção de coliformes em leite humano ordenhado. Jornal de Pediatria, v. 78, n. 3, p. 193-196, 2002.

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NOVAK, F. R; CORDEIRO, D. M. B. Correlação entre População de Microrganismos Mesófilos Aeróbios e Acidez Dornic no Leite Humano Ordenhado. Jornal de Pediatria, v. 83, n.1, 2007. Organização Mundial da Saúde (OMS) Lactação. In: Organização Mundial da Saúde (OMS) Alimentação infantil bases fisiológica. São Paulo (SP): IBFAN Brasil e Instituto de Saúde, OMS, OPAS e UNICEF Brasil; 1994. p. 17-35. REZENDE J.; MONTENEGRO C. A. B. Mamas. Lactação. In: Rezende J, organizador. Obstetrícia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. p.400-403. SERAFINI, Á. B; ANDRE, M. C. D. P. B ;RODRIGUES, M. A. V; KIPNIS, A; CARVALHO, C. O; CAMPOS, M. R. H; MONTEIRO, É. C; MARTINS, F; JUBÉ, T. F. N. Qualidade microbiológica de leite humano obtido em banco de leite. Rev Saúde Pública, 2003;37(6):775-9. SILVA, E. R.; ABDALLAH, V.O.; OLIVEIRA, A. M. M. Qualidade microbiológica do leite humano ordenhado no domicílio: eficácia de uma ação educativa. In 5ª Semana Acadêmica. Universidade Federal de Uberlândia, 2008.

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Avaliação do processo de lipoperoxidação em lagartas do bicho da seda (Bombyx mori) submetidas a diferentes concentrações de Novalurom®.

Camila Maria Toigo de Oliveira, Andrey Felipe Potulski dos Santos, Ana Tereza

B.Guimarães, Marilucia Santorum, Rosemeire Costa Brancalhão, Lucineia de

Fátima Chasko Ribeiro. e-mail: [email protected]

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Ciências Biológicas – Ecologia Aplicada Palavras-chave: Lepidoptera, benzoilureia, sericicultura Resumo: A seda é um material de qualidades finas e de grande importância econômica, sendo de suma importância a avaliação de interferências que perturbem sua produção. Diversos tipos de agrotóxicos quando em contato com o bicho da seda causam alterações em sua homeostase, podendo levar à morte do animal ou à redução da fertilidade de ovos e ao enfraquecimento do casulo. No presente experimento, as lagartas do bicho da seda foram expostos ao Novalorum® em diferentes concentrações (0,003; 0,03; 0,3; 0,4 e 0,5 mL/L), além de um grupo controle. Após 10 dias de exposição ao inseticida, foi avaliado o número total de indivíduos mortos e, posteriormente, coletados 6 animais vivos de cada grupo, e encaminhados para a determinação da lipoperoxidação pelo método de TBSARS.

Introdução

Bombyx mori, conhecido popularmente como Bicho-da-seda

(Lepidoptera: Bombycidae) é um inseto útil ao homem, uma vez que seus

casulos produzidos ao final do 5º instar larval são utilizados na indústria

serícicola (WATANABE; YAMAOKA; BARONI, 2000). A sericicultura brasileira

tem se desenvolvido em pequenas propriedades rurais, proporcionando assim,

aos produtores um meio de subsistência, além de apresentar baixo impacto ao

meio ambiente, já que não se utilizam agrotóxicos nas propriedades produtoras

(BRANCALHÃO, 2002; DOURADO et al., 2011). Porém o uso de inseticidas em

culturas vizinhas as plantações de amoreira (Morus sp.), pode afetar a criação

de B. mori, acarretando desequilíbrio nas funções metabólicas do inseto, com

prejuízos a cadeia produtiva (KUMUTHA et al., 2013). Entre estes inseticidas

destaca-se o Novalurom, pertencente ao grupo químico Benzoiluréia, os quais

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são inibidores da síntese de quitina nos insetos (CUTLER; SCOTT-DUPREE,

2007), e que tem sido empregado no controle de diversos insetos pragas de

culturas próximas as plantações de amoreira.

A partir do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da

benzoilureia Novalurom® em lagartas de Bombyx mori, analisando a mortalidade

e a lipoperoxidação após 10 dias de exposição à benzoilureia.

Material e Métodos

Exposição ao Novalurom® e avaliação da mortalidade

Para a exposição do Novalurom®, lagartas foram separadas

aleatoriamente em seis grupos experimentais: um grupo controle e cinco grupos

tratados com o inseticida. Cada grupo contou com seis repetições de 20 lagartas

cada. Após a ecdise do 2° para o 3° instar, lagartas dos grupos tratamento foram

alimentadas por 24 horas ad libitum com folhas de amoreira previamente imersas

em solução aquosa nas concentrações: 0,003; 0,03; 0,3; 0,4 e 0,5 mL/L e secas

em temperatura ambiente. Lagartas do grupo controle receberam folhas de

amoreira imersas somente em água, livres do inseticida. Após o término da

alimentação, as lagartas permaneceram em sala de criação recebendo

diariamente a alimentação de rotina, isentas do inseticida até o final do

experimento. A mortalidade das lagartas foi contabilizada diariamente (24h, 48h,

72h, 96, 120h, 144h, 168h e 244h), até o 10º dia de tratamento.

Coleta do material biológico

Ao final das 240 h de exposição ao produto, os animais vivos foram

coletados, anestesiadas em freezer, por cerca de 5 minutos e, posteriormente,

com éter etílico, e então acondicionados em microtubos de 2 mL individualmente.

Em seguida, os animais foram homogeneizados em tampão TRIS-HCl pH 7,4, e,

centrifugados à 12000 RPM, durante 10 minutos, a 4ºC de temperatura. O

sobrenadante foi conservado em freezer -20ºC.

Determinação das substâncias reativas ao acido tiobarbitúrico (Lipoperoxidação)

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A determinação da lipoperoxidação foi estimada pelo método de TBSARS,

tendo como princípio a reação do malondialdeído (MDA) com o ácido

tiobarbitúrico (TBA). As amostras foram aliquotadas em microplacas de 96 poços

(40 mcL amostra: 10mcL BHT: 140mcL PBS: 50 mcL TCA 50%: 75 mcL TBA

1,3%), agitadas e incubadas a 60oC durante 60 minutos, seguida de resfriamento

e leitura em espectrofotômetro em comprimento de onda de 535 nm. Os

resultados foram expressos em nmol de MDA/mg de proteína (Buege & Aust,

1978).

Análise estatística

Os dados resultantes de lipoperoxidação foram comprados entre os

grupos por meio do teste de Kruskal-Wallis, seguido do teste de Dunn. Foi

realizada a representação gráfica da associação da mortalidade e valores de

lipoperoxidação. As análises foram realizadas no programa R (CoreTeam R,

2015).

Resultados e Discussão

O presente trabalho evidenciou que o uso de diferentes concentrações do

inseticida Novalurom® apresenta efeitos sobre o processo de lipoperoxidação

( 2=14,457; p=0,012). Em baixas concentrações (0,003mL/L), o inseticida

tem impacto sobre a resposta de lipoperoxidação do bicho da seda, promovendo

a elevação do processo de estresse oxidativo quando comparado ao grupo

controle (p<0,05) (tab. 1).

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Tabela 1 – Estatísticas descritivas de Lipoperoxidação (nmol MDA.mg-1 proteína) e significâncias estatísticas resultantes do teste de Kruskal-Wallis e Teste de Dunn.

Concentrações Mediana Mínimo Máximo

Controle 0,773b 0 7,234

0,003 mL/L 11,402a 8,888 12,923

0,03 mL/L 4,390b 0 9,616

0,3 mL/L 2,339b 0 10,608

0,4 mL/L 0b 0 0,6195

0,5 mL/L 0b 0 9,880

* letras diferentes indicam a significância estatística em relação ao grupo controle.

Por outro lado, o aumento das concentrações de Novalurom® (0,03mL/L,

0,3mL/L, 0,4mL/L, 0,5mL/L), promove o aumento da mortalidade dos animais, e,

por conseguinte, a diminuição da atividade do processo de lipoperoxidação (fig.

1). Resultado semelhante foi observado por Muthusamy e Rajakumar (2016)

quando elevadas concentrações do organofosforado Diclorvos (0.1 e 1 ppm)

promovem redução da atividade de outros processos de estresse oxidativo,

como Catalase e Super Óxido Dismutase.

Figura 1: Associação entre o número de mortes e lipoperoxidação (nmol de MDA/mg de proteína).

De acordo com Munhoz et al. (2013), quando o estado de homeostase do

animal é perturbado, verifica-se a intervenção direta no declínio da qualidade do

fio produzido pelo Bicho-da-Seda. A perda de qualidade deste produto, reduz o

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valor desta matéria prima, e, portanto, leva a perdas econômicas para o produtor.

Diante do exposto, torna-se indispensável à avaliação das técnicas para a prática

de tais atividades produtoras da seda, que minimizem o uso de inseticidas nas

proximidades do cultivo.

Conclusões

Animais expostos a concentrações de 0,003 mL/L apresentaram

diferenças de resposta de Lipoperoxidação em relação aos demais grupos,

indicando que tal concentração promove efeito de reações de estresse oxidativo.

A medida que as concentrações se elevaram, houve maior número de mortes, e

consequentemente, diminuição das reações de inativação de radicais livres.

Estes resultados afetam diretamente o manejo da prática em sericicultura,

demonstrando que o uso de inseticidas pode promover reflexos diretos na

produção do bicho da seda.

Agradecimentos

Agradecemos ao Laboratório de Biologia Celular, em especial ao Prof.

Alexandre Loth, pelo apoio logístico.

Referências BRANCALHÃO, R. M. C. Vírus entomopatogênicos no bicho-da-seda. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, v. 24, p. 54-58, jan/fev, 2002. DOURADO, L. A.; RIBEIRO, L. F. C; BRANCALHÃO, R.M.C; TAVARES,J; BORGES, A. R; FERNANDEZ, M. A. Silkworm salivary glands are not susceptible to Bombyx mori nuclear polyhedrosis vírus. Genetics and Molecular Research, Ribeirão Preto, v.10, n. 1, p. 335-339, 2011. CUTLER, G. C; SCOTT-DUPREE, C. D. Novaluron: Prospects and Limitations in Insect Pest Management. Pest Technology, n. 1, v. 1, p. 38-46, 2007. KUMUTHA, P; PADMALATHA, C; CHAIRMAN, K; RANJIT SINGH, A. J. A. Effect of pesticides on the reproductive performance and longevity of Bombyx mori. Int.J.Curr.Microbiol.App.Sci, v. 2, n. 9, p. 74-78, 2013.

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MUNHOZ, R. E. F.; BIGNOTTO, T. S.; PEREIRA, N. C.; SAEZ, C. R. N.; BESPALHUK, R.; FASSINA, V. A.; PESSINI, G. M.; BAGGIO, M. P. D.; RIBEIRO, L. F. C.; BRANCALHÃO, R. M. C.; MIZUNO, S.; AITA, W. S.; FERNADEZ, M. A. Evaluation of the toxic effect of insecticide chlorantraniliprole on the silkworm Bombyx mori (Lepidoptera: Bombycidae). Open Journal of Animal Sciences, v. 3, n. 4, p. 343-353, 2013. MUTHUSAMY, R.; RAJAKUMAR, S. Antioxidative response in a Silkworm, Bombyx mori larvae to Dichlorvos insecticide. Free radicals and antioxidants, v. 6, n. 1, p. 5863, 2016. WATANABE, J. K.; YAMAOKA, R. S.; BARONI, S. A. Cadeia produtiva da seda: diagnósticos e demandas atuais. Londrina/PR: IAPAR, p. 30-33, period, 2000.

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Avaliação estrutural de corpos lóticos e sua influência sobre variáveis

abióticas em microbacias do rio iguaçu

Melissa Paoletti de Souza, Natalia Barrizon Gimenes, Amanda Charnovski

Dotto, Habilene Kassiara Dresch Santana, Eugênio Orestes Nunes Grapiglia, Ana Tereza B. Guimarães e Luciano Wolff, e-mail: [email protected].

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Ecologia, Ecologia de Ecossistemas Palavras-chave: Riachos, variáveis físico-químicas, multiparâmetros Resumo: O objetivo deste trabalho foi avaliar se a estrutura do rio afeta as variáveis físico-químicas em corpos hídricos na bacia do Baixo Iguaçu. Para isso foram amostrados oito riachos, com o auxílio de sonda multiparâmetros de qualidade da água Horiba® U-50. Os resultados indicam que a estrutura do ambiente lótico afeta as diversas variáveis físicas e químicas desses ambientes, permitindo assim, a determinação da condição ecológica desses ambientes, como a erosão em alguns riachos, o que promove a diminuição nas profundidades desses corpos d’água.

Introdução

No sul do Brasil, o estado do Paraná possui a bacia hidrográfica do Rio

Iguaçu como a maior do estado, com cerca de 72.000 km² (ELETROSUL, 1978),

sendo composta principalmente por Floresta Ombrófila Mista (SEMA, 2015). A

vegetação existente ao longo de rios e riachos é de extrema importância para

conservação da fauna existente, além da manutenção de variáveis físicas e

químicas como temperatura (ARCOVA & CICCO, 1999) e solubilidade do

oxigênio (STEFFEN et al., 2011). Contudo, existem outras variáveis que também

influenciam na manutenção da fauna e flora de ambientes aquáticos, como pH e

condutividade.

É de extrema relevância conhecer os fatores estruturais dos riachos que

pode afetar variáveis que expressam a qualidade ambiental, de tal modo que se

possa compreender sua influência e entender de forma mais ampla, a dinâmica

de um corpo lótico (ESTEVES, 1988).

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A partir do exposto, o objetivo do presente estudo foi verificar se as

estruturas dos riachos influenciam as variáveis abióticas físicas e químicas em

oito corpos hídricos localizados na bacia hidrográfica do Baixo Rio Iguaçu.

Material e Métodos

Ao todo foram amostrados oito corpos d’água: Rio Manoel Gomes,

Córrego Jumelo, Arroio Pedregulho, Córrego Arquimedes, Rio da Paz, Arroio

Nene, Córrego Bom Retiro e Rio Tormenta (Figura 1), localizados no oeste do

estado do Paraná, pertencentes à bacia do Baixo Rio Iguaçu.

Figura 1 - Mapa hidrográfico com indicação dos pontos de coleta: 1. Rio Manoel Gomes;

2. Córrego Jumelo; 3. Arroio Pedregulho; 4. Córrego Arquimedes; 5. Rio da Paz; 6.

Arroio Nene; 7. Córrego Bom Retiro; 8. Rio Tormenta.

A quantificação do substrato foi realizada a partir de um raio de 1,5 m do ponto

amostrado e enquadrado de acordo com Gordon et al. (1992): rocha (substrato

contínuo), matacão (>80 mm de diâmetro), seixos (25 – 50 mm), cascalho (5 –

15 mm), areia (<15 mm) e areia/argila. Dados abióticos foram mensurados por

meio de um equipamento multiparâmetro para análises físico-química de água

HORIBA®, os quais foram pH, temperatura (ºC), condutividade (µS/cm), oxigênio

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dissolvido (mg.l-1), oxigênio dissolvido (%) e sólidos dissolvidos totais (ml/l). A

velocidade (m/s-1) do rio foi medida por meio de um flutuador, largura (m) e

profundidade (cm) média através de uma fita métrica. A quantificação do

substrato foi feita em um raio de um metro e meio de cada substrato amostrado.

O sombreamento foi também por observação sendo classificado, de acordo com

Denicola et. al (1992) em ambiente sombreado, fortemente sombreado,

parcialmente sombreado e aberto. Também foi classificado o meso-habitat em

corredeira e remanso e poção através do deslocamento da água, através de um

objeto flutuante.

As matrizes de estrutura do riacho (velocidade média (m/s), profundidade,

largura (m), rocha continua, matacão, seixos, cascalho, areia, troncos e galhos,

folhiço, vegetação) e variáveis físicas e químicas (temperatura, OD mg/L, OD%,

pH, condutividade (ms/cm), sólidos totais) foram correlacionadas por meio da

Análise de Correspondência Canônica (Figura 2).

Resultados e Discussão

Em locais com maior temperatura e maior profundidade, foram

observados menores valores de condutividade e sólidos. Tal fato ocorreu no Rio

Tormenta, que se caracteriza por apresentar encaixado no fundo do vale,

apresentando margens elevadas, sem observação de processos de erosão. Isso

explica as baixas concentrações de sólidos totais e, por conseguinte, baixos

valores de condutividade. O oposto foi observado no Córrego Bom Retiro, o qual

possui pequena profundidade devido à alta atividade erosiva existente no local,

demonstrada por suas margens degradadas e ambiente parcialmente

sombreado (Fig. 2).

Em riachos classificados como preservados, como o Rio Manoel Gomes,

foram observados maiores valores de velocidade da correnteza (fluxo e vazão

da água), largura, quantidades de matacão, seixos, troncos e galhos. Alguns

desses fatores influenciaram nas maiores concentrações de oxigênio dissolvido.

Em ambientes lóticos, sedimentos de granulações maiores, como matacão e

seixo por exemplo, promovem maior turbilhonamento no corpo hídrico, o que,

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aliado a maiores velocidades de fluxo e vazão, promovem concentrações

maiores de oxigênio dissolvido no corpo d’água (ESTEVES, 1988) (Fig. 2).

O rio Pedregulho apresentou menor frequência de rocha contínua,

cascalho e areia, e presença de folhiço, o que, possivelmente, resultou em um

pH mais ácido. A vegetação existente no entorno deste riacho aliado ao

sombreamento abundante, elevada queda de folhas sobre o leito, faz com que

este material orgânico ao ser decomposto, reduza o pH do riacho, tornando-o

mais ácido (TUNDISI, 2008) (Fig. 2).

Entretanto, a avaliação completa da estrutura em relação aos fatores

físicos e químicos se tornou inviável em alguns riachos. É o caso do Arroio Nene,

Rio da Paz, Córrego Jumelo, e Córrego Arquimedes. Estes merecem estudos

mais aprimorados e, em especial, realizando-se avaliações sazonais e com

outras variáveis.

Figura 2 – Diagrama de ordenação produzido pela Análise de Correspondência Canônica.

Conclusões

Os resultados obtidos mostraram que a estrutura de um corpo lótico pode

afetar as variáveis físicas e químicas desses ambientes, possibilitando ainda a

determinação da situação ecológica desses riachos, como é o caso da erosão

ocorrente em alguns corpos d’água, causando menores profundidades.

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Contudo, estudos desta natureza, avaliando outros fatores abióticos, se

fazem necessários para determinar de forma mais clara as variáveis envolvidas

na dinâmica de ambientes lóticos.

Agradecimentos

Agradecemos à Profª Norma Catarina Bueno pelo empréstimo do

equipamento Horiba® U-50.

Referências

ARCOVA, F. C. S., & CICCO, V. Qualidade da água de microbacias com diferentes usos do solo na região de Cunha, Estado de São Paulo. Scientia Forestalis, n. 56, p. 125-134, 1999. ELETROSUL. O impacto ambiental da ação do homem sobre a natureza – rio Iguaçu, Paraná, Brasil: reconhecimento da ictiofauna, modificações ambientais e usos múltiplos dos reservatórios. 1978. In: Peixes do baixo rio Iguaçu (Baumgartner et al.), p. 1, Eduem, Maringá. ESTEVES, Francisco de Assis. Fundamentos de Limnologia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Interciência/FINEP, 1988. SEMA (Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos). Série histórica bacias hidrográficas do Paraná: Bacia do Rio Iguaçu. Disponível em: <http://www.aguasparana.pr.gov.br/arquivos/File/BACIAS/iguacu.pdf> Acesso em 20 de agosto de 2015 STEFFEN, G. P. K., STEFFEN, R. B., & ANTONIOLLI, Z. I. Contaminação do solo e da água pelo uso de agrotóxicos. Tecno-Lógica, v. 15, n. 1, p. 15-21, 2011. TUNDISI, J. G., & TUNDISI, T. M. Limnologia. 1 ed. São Paulo: Oficina de textos, 2008.

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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Avaliação microbiológica da água do parque municipal Danilo Galafassi,

Cascavel – Pr

Andressa Bach, Ana Claudia Amaral, Andrey Felipe Potulski dos Santos,

Bárbara Zanardini de Andrade, Cathryne Lei, Thayná Luize de Souza Pacheco & Thomas Kehrwald Fruet

e-mail: [email protected]

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Ciências Biológicas - Microbiologia. Palavras-chave: Mata ciliar, Protocolo de avaliação rápida, Escherichia coli. Resumo: A qualidade da água pode ser avaliada por indicadores físicos químicos e biológicos, os bioindicadores microbiológicos como coliformes totais (CT) e termotolerantes (CTe) podem indicar com sua ausência ou presença se a água tem ou não potencial para transmitir doenças. Este estudo verificou a qualidade microbiológica da água a e a impactação da mata ciliar e em dois pontos (P1 e P2) de um córrego do Parque Municipal Danilo Galafassi, Cascavel-PR, Brasil. A partir das análises baseadas em protocolos pré-estabelecidos verificou-se no P1 a concentração de 2,4x10² CT e CTe e no P2 2,3 x 10² CT e CTe. Como a avaliação da zona ripária em P1foi considerado “natural” podemos inferir que possivelmente existe uma poluição direta enquanto em P2 como as condições da mata ciliar estão alteradas a ausência da integridade da mesma pode ter interferido diretamente no aumento da concentração de CT e CTe do P1 para o P2. Assim, com base na legislação, a água avaliada pode ser utilizada para consumo humano desde que passe por tratamento convencional mesmo que as condições da mata ciliar tenham sido alteradas de natural para alterada entre o P1 e P2.

Introdução

Poluição é qualquer alteração das características físicas, químicas e

biológicas de um ambiente hídrico capaz de pôr em risco a saúde, segurança e

o bem-estar da população ou que possa comprometer a fauna. Existem duas

formas das fontes poluentes atingirem o corpo d’agua: por poluição pontual, onde

o foco de poluição é de fácil identificação como emissão de poluentes, águas

residuais e indústrias. Ou por poluição difusa, onde o foco de poluição é

indefinido, por origem difusa, como em drenagens agrícolas, águas pluviais e

escorrimento de lixeiras (CARNELOSSI, 2007).

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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Para realizar o a verificação da qualidade da água de acordo com o seu

grau de poluição Barrell et al. (2002), salienta que organismos microbiológicos

podem ser utilizados para a avaliação da qualidade de água sendo que o critério

para que sejam considerados indicadores de poluição de origem fecal, é sua

presença em efluentes residuais e serem detectáveis por métodos simples além

de não estar presentes em água potável.

Os indicadores microbiológicos incluem coliformes totais e coliformes

termotolerantes que pela sua presença ou ausência indicam se a água avaliada

é ou não um potencial transmissor de doenças. O grupo utilizado para estas

análises é constituído basicamente por gêneros da família

Enterobacteriaceae (Enterobacter, Klebsiella, Citrobacter e Escherichia). A

E. coli é o único exemplar da família Enterobacteriaceae que pode ser

considerado exclusivamente de origem fecal, embora sua ausência nem sempre

signifique a não existência de outros patógenos (VASCONCELLOS; IGANCI;

RIBEIRO, 2006), entretanto é a mais utilizada nessas aplicações, pois atende a

maior parte dos critérios estabelecidos.

Desta maneira o presente estudo teve por objetivo verificar a qualidade

microbiológica da água de um córrego pertencente ao Parque Municipal Danilo

Galafassi, criado em 23 de julho de 1976 no município de Cascavel – PR. E

realizar uma avaliação da qualidade ambiental da mata ciliar pelo do Protocolo

de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats (CALLISTO, 2002).

Material e Métodos

O parque Municipal Danilo Galafassi está localizado na região oeste do

Paraná no município de Cascavel, possui nascentes que constituem o rio

Cascavel onde estão localizados os locais de coleta. O ponto 1 encontra-se

próximo a uma construção e o ponto 2 logo abaixo.

Para a avaliação microbiológica da qualidade da água foi realizada coleta

em dois pontos diferentes no Parque (Figura 1) e as análises realizadas com

base no Standard methods (APHA, 2005).

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A caracterização da qualidade ambiental da mata ciliar ao entorno dos locais de coleta foi baseada no Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats e seu somatório comparado com a tabela 1 (CALLISTO, 2002).

Figura 1 - Localização da área de pesquisa indicando os pontos de coleta.

Tabela 1 — Intervalos de pontuação para cada situação ambiental do Protocolo de Avaliação Rápida proposto por Callisto et al. (2002).

Pontuação Situação Ambiental

61 – 100 pontos 41 – 60 pontos 0 – 40 pontos

Natural Alterado

Impactado

Resultados e Discussão

O protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats consiste na

soma dos valores atribuídos a cada um dos parâmetros da avaliação, após o

estudo verificou-se que no ponto 1 a situação ambiental da mata ciliar é

considerada natural pois a pontuação encontrada foi 70. Já no ponto 2 o valor

obtido foi de 46 pontos, isso indica que a vegetação circundante está alterada.

Os valores do número mais provável (NMP), de coliformes totais (CT) e

termotolerantes (CTe) encontrados nas amostras para P1 foi de 2,4 x 10² e para

o P2 de 2,3 x 10².

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Em ambos os pontos de coleta analisados, podemos constatar que a

água, segundo a Resolução nº 357 do CONAMA (17/03/2005), o qual pode ser

destinada ao abastecimento para consumo humano após tratamento

convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à irrigação de hortaliças

entre outras conforme o enquadramento na classe 2, não excedeu os limites

legislativos.

Quando as concentrações de CT e CTe foram relacionados as condições

ambientais podemos inferir que no P 1 possivelmente existe alguma uma fonte

de poluição direta, visto que a mata ciliar encontra-se natural acreditando-se

exercer seu papel de tampão a qualidade hídrica. No entanto, pelo fato do P2

estar localizado mais abaixo, o esperado era que que a poluição fosse diluída,

mas obteve-se o contrário. Como as condições da mata ciliar estão alteradas a

ausência da integridade da mesma pode ter interferido diretamente no aumento

da concentração de CT e CTe do P1 para o P2.

Segundo Buzanello et al. (2008) a água do lago Municipal de Cascavel

(Rio Cascavel) apresentou apenas 31,25% das amostras como impróprias para

o consumo humano, segundo a resolução do CONAMA e corrobora com os

dados encontrados na presente pesquisa visto que o córrego analisado é

afluente do rio Cascavel.

Os autores salientam ainda que os níveis de poluição estão relacionados

à ausência de vegetação circundante ao rio e que possivelmente os altos índices

de contaminação das amostras encontradas em sua pesquisa, após serem

submetidas ao tratamento convencional da Companhia de Saneamento do

Paraná (SANEPAR), estas não apresente riscos a saúde da população, embora

seja importante a identificação das fontes poluidoras.

Conclusões

A partir das análises realizadas e com base nos nossos resultados

constatou-se que em ambos os pontos de coleta do rio atenderam a

classificação de Águas doces com Classe II, destinada ao abastecimento para

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consumo humano e à irrigação de hortaliças entre outras, mesmo que as

condições da mata ciliar tenham sido alteradas de natural para alterada entre o

P1 e P2.

Agradecimentos

Agradecemos à UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná

pelo auxílio logístico e instrumental.

Referências APHA. Standard methods for the examination of water and wastewater, 21st ed. American Public Health Association, Washington, D. C. 2005 BARRELL, R.; BENTON, C.; BOYD, P.; CARTWRIGHT, R.; CHADA, C.; COLBOURNE, J.; C OLE, S.; C OLLEY, A.; D RURY, D.; G ODFREE, A.; HUNTER, P.; LEE, J.; MACHRAY, P.; NICHOLS, G.; S ARTORY, D.; SELLWOOD, J.; WATKINS, J. The Microbiology of Drinking Water - Part 1 - Water Quality and Public Health. Methods for the Examination of Waters and Associated Materials. Environment Agency, 2002, 50p. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) – Resoluções no 357 de 2000. Disponível em: . Acesso em: 28 abr. 2005. BUZANELLO E. B., MARTINHAGO M. W., ALMEIDA M. M., PINTO F. G. S. Determinação de Coliformes Totais e Termotolerantes na Água do Lago Municipal de Cascavel, Paraná. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 6, supl. 1, p. 59-60, set. 2008. CARNELLOSI, C. F. (2007). Aporte de sedimentos, nutrientes e microorganismos no rio portuguesa. Dissertação apresentada para o programa engenharia agrícola Unioeste – Cascavel. VASCONCELLOS F.C.S., IGANCI J. R. V. & RIBEIRO G. A. Qualidade microbiológica da água do rio São Lourenço, São Lourenço do Sul, Rio Grande do Sul. Arquivos do Instituto Biológico, 73: 177181. 2006.

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Besouros associados a fezes de mamíferos em Cascavel, Paraná

Marcos Fianco, Andressa Bach, Ramona dos Santos Bandeira, Miryan Denise Araújo Coracini, e-mail: [email protected]

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Biodiversidade, Zoologia. Palavras-chave: Coleoptera, Coprofagia, Levantamento de espécies Resumo Besouros estão relacionados a mamíferos por se utilizarem de fezes para nidificação e alimentação, além de poderem predar outros organismos que fazem uso deste recurso. Existe uma relação positiva entre a diversidade de besouros e a preservação das áreas onde eles habitam. Foram avaliadas duas áreas: Parque Ecológico Paulo Gorski e Parque Ambiental de Cascavel, durante três meses, onde foram utilizadas armadilhas do tipo “pitfall”, iscadas com fezes de mamíferos de três guildas tróficas, que permaneceram em campo por 72h. Foram coletados um total de 842 besouros, distribuídos em 14 famílias; destes 594 eram coprófagos, 241 predadores e 7 fitófagos/micetófagos. As fezes que mais atraíram foram as de carnívoros, seguidos por onívoros e herbívoros, sendo coletados 480 indivíduos no Parque Ambiental e 362 no Parque Ecológico.

Introdução

No Brasil, os besouros que se utilizam de fezes são conhecidos como

“rola-bostas” devido ao comportamento de confeccionar, rolar e enterrar porções

de fezes que servirão como substrato para a postura de ovos e alimentos para a

prole, sendo a família Scarabaeidae a mais diversa nesses aspectos (Halffter &

Matthews, 1966). Existe uma certa preferência dos besouros por fezes de

mamíferos onívoros, visto que estes têm maior variedade de itens alimentares e,

consequentemente, as fezes apresentam maior gama de componentes e

nutrientes (Bogoni & Hernández, 2014). Entretanto, em muitas áreas a maior

fonte de recursos é oriunda de fezes de mamíferos herbívoros (Hanski &

Camberfort, 1991).

Existem cerca de 14 serviços ambientais relacionados a besouros, tais

como: aeração e hidratação do solo, ciclagem de nutrientes, bioturbação,

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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dispersão secundária de sementes, supressão parasitária, dispersão parasitária,

controle de moscas e regulação trófica (Halffter & Matthews, 1966, Nichols et al.,

2008).

Além da presença de besouros coprófagos, na sucessão ecológica que

ocorre em fezes pode ser observado também um grande número de besouros

predadores e micetófagos, em vários estágios de colonização (Floate, 2011). A

diversidade de besouros diminui em ambientes alterados pelo homem, podendo

ocorrer a extinção local de espécies ou o favorecimento daquelas mais

tolerantes, desta maneira, fica clara a importância de áreas de vegetação urbana

para a conservação de tais espécies (Halffter & Favila, 1993). E por

apresentarem um ciclo de vida relativamente curto, tais organismos apresentam

respostas rápidas às alterações ambientais, podendo assim serem utilizados

como bioindicadores para o monitoramento ambiental.

Ainda são poucos os trabalhos relacionados a fauna de besouros no

Paraná e os números são ainda menores quando se leva em conta o hábito de

coprofagia ou besouros relacionados às fezes. Dessa forma, o presente trabalho

tem como objetivo verificar as famílias de besouros associados a fezes de três

espécies de mamíferos em Cascavel.

Material e Métodos

Áreas de Estudo

O trabalho foi desenvolvido em duas áreas: Parque Ecológico Paulo

Gorski (PG) (24º56'14" a 24º58'17"S, 53º25'14" a 53º27'06"W), que possui área

total de 55,35 ha de mata nativa (Fundetec, 1995) e Parque Ambiental de

Cascavel (PA) (25°00’S e 53°17’O), que é uma Unidade de Conservação com

135 ha de mata nativa (Brocardo & Júnior, 2012).

Amostragem

Para coleta dos besouros coprófagos foram utilizadas armadilhas do tipo

“pitfall” (recipientes de 0,5L enterrados ao nível do solo, com 200ml de água,

0,05ml de detergente e 10ml de formol 10%), iscadas com 10g de fezes de

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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mamíferos de três diferentes guildas tróficas: carnívoro (Puma concolor),

herbívoro (Mazama nana) e onívoro (Tayassu pecari), obtidas do Zoológico

Municipal de Cascavel - Danilo José Galafassi.

Uma vez por mês (Agosto, Setembro e Outubro), foram utilizadas 10

armadilhas por tratamento (N=30) em cada área, distribuídas aleatoriamente,

mantendo-se a distância de 5 m entre cada armadilha. Após instaladas as

armadilhas permaneceram no campo por 72 h, sendo realizadas coletas dos

besouros após 48 e 72 h.

As análises estatísticas ainda não foram realizadas pois os experimentos

iniciaram-se em Agosto de 2015 e serão concluídos em Julho de 2016.

Resultados e Discussão

Dentre as espécies com hábito saprófago e principalmente coprófago,

pode-se observar a família Scarabaeidae, Nitidulidae e Trogidae (Fig. 1A).

Houve uma grande abundância de escarabeídeos de acordo com o que era

esperado, pois nesta família encontra-se o maior número de espécies

coprófagas. Já as famílias Staphylinidae, Coccinelidae, Chrysomelidae,

Carabidae, Elateridae e Lampyridae normalmente estão associadas a fezes por

predarem demais invertebrados ali presentes, como moscas, formigas, vespas

e outros besouros, não utilizando as fezes para alimentação. As famílias

Curculionidae, Erotylidae, Passalidae, Ptiliidae e Scotylidae estão associadas

principalmente a vegetação ou serapilheira, e provavelmente não foram

capturadas por atração às fezes (Casari & Constantino, 2012)

Como observado na Fig. 1A, houve um número maior de capturas no PA

tanto relacionado a número total de famílias (PA = 11; PG = 9) quanto ao número

de indivíduos capturados (PA = 480; PG = 362), o que provavelmente está

relacionado a maior preservação do local.

As fezes que mais atraíram besouros foram as de carnívoros,

independentemente do hábito alimentar dos insetos (Fig. 1B), resultado diferente

do observado por Bogoni & Hernandez (2014). Porém as fezes menos atrativas

foram as de herbívoros, o que corrobora com Bogoni & Hernandez (2014).

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Em relação à sazonalidade (Tab. 1) observa-se um maior número de

indivíduos coletados no mês de outubro, provavelmente devido a temperaturas

mais elevadas em relação aos meses anteriores. Setembro foi um mês com alta

pluviosidade, que coincidiu com as saídas de campo, o que deve ter influenciado

negativamente os coprófagos, porém contribuiu com maior coleta de predadores.

Figura 1: A - Besouros coletados, identificados até Família, no Parque Ecológico Paulo Gorski (PG) e no Parque Ambiental (PA) em Cascavel, no período de agosto a outubro de 2015. Os dados foram transformados em logarítmicos de base 10; B: Besouros coletados, identificados de acordo com seus hábitos alimentares, em armadilhas contendo fezes de mamíferos herbívoros, onívoros e carnívoros. (N=20 para cada tratamento).

Tabela 1. Número total de besouros coletados mensalmente, no Parque Ecológico Paulo Gorski e no Parque Ambiental em Cascavel, conforme hábito alimentar, no período de agosto a outubro de 2015. (N=20 para cada tratamento).

Hábito alimentar Agosto Setembro Outubro

Coprófagos 237 94 263 Predadores 30 117 94 Fitófagos/Micetófagos 1 4 2

Total 268 215 359

Conclusões

Conclui-se que o experimento contribui para o conhecimento das famílias

de coleópteros presentes no Paraná, especialmente em Cascavel, indicando que

há variação de famílias de besouros presentes no Parque Ecológico Paulo

Gorski e no Parque Ambiental de Cascavel. Estudos como esse são importantes

pois podem ser utilizados em atividades de manejo e conservação de recursos.

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Agradecimentos

Agradecemos ao Zoológico Municipal de Cascavel - Danilo José

Galafassi, especialmente à bióloga Vanilce Pereira de Oliveira, pelo

fornecimento das fezes dos animais, e a Secretaria do Meio Ambiente de

Cascavel, por permitir a realização dos experimentos nas áreas de preservação.

Agradecimento ao profº Gabriel Andrade pela ajuda na identificação de algumas

famílias.

Referências Bogoni, J.A. & Hernández, M.I.M. (2014) Attractiveness of native mammal’s feces of different trophic guilds to dung beetles (Coleoptera: Scarabaeinae). Journal of Insect Science 14, 299 Brocardo, C.R., & Júnior, J. F. C. (2012). Persistência de mamíferos de médio e grande porte em fragmentos de floresta ombrófila mista no estado do Paraná, Brasil. Revista Árvore 36, 301-310. Casari, S. A., & Constantino, R. (2012). Insetos do Brasil: diversidade e taxonomia. Ribeirão Preto: Holos. xiv. FUNDETEC (1995) Bacia Hidrográfica do Rio Cascavel - Proposta para recuperação ambiental. Cascavel: FUNDETEC Floate, K. D. (2011). Arthropods in cattle Dung on Canada’s grasslands. In Arthropods of Canadian grasslands 2: Inhabitants of a changing landscape. Edited by K. D. Floate. Biological survey of Canada. pp. 71-88 Halffter, G. & Edmonds, W.D. (1982) The nesting behavior of Ddung beetles (Scarabaeinae): An ecologic and evolutive approach. Mexico City: Instituto de Ecologia. Halffter, G. & Favila, M.E. (1993). The Scarabaeinae (Insecta: Coleoptera) an animal group for analyzing, inventorying and monitoring biodiversity in tropical rain forest and modified landscapes. Biology International 27, 15-21. Halffter, G. & Matthews, E.G. (1966) The natural history of dung beetles of the subfamily Scarabaeinae (Coleoptera, Scarabaeidae). Folia Entomologica Mexicana, 12, 1-312. Hanski, I. & Cambefort, Y. (1991). Resource partitioning. In: Hanski, I. & Cambefort, Y. (Eds.). Dung Beetle Ecology. (pp.330-349) Princeton: Princeton

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University Press Nichols, E.; Spector, S.; Louzada, J.; Larsen, T.; Amezquita, S. & Favila, M.E. (2008) Ecological functions and ecosystem services provided by Scarabaeinae dung beetles. Biological Conservation 141, 1461-1474.

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Biorremediação ex situ do solo da Universidade Tecnológica Federal do

Paraná - campus Campo Mourão, município de Campo Mourão – pr,

contaminado por óleo diesel

Camila Zanoni Silva, Sara Belini de Gois, Karine Dassoler, Ketllin Zanella da

Conceição, José Hilton Bernardino de Araújo (Orientador), e-mail: [email protected]

Universidade Tecnológica Federal do Paraná /Departamento de Engenharia Ambiental/Campo Mourão, PR.

Área e subárea: Saneamento Ambiental,Controle de Poluição. Palavras-chave: Biorremediação; Fungo; Hidrocarbonetos Resumo: A biorremediação é uma tecnologia que utiliza o metabolismo de microrganismos para eliminação ou redução, a níveis aceitáveis, de poluentes presentes no ambiente. O Petróleo e seus derivados apresentam um potencial risco ao meio ambiente, contaminando solos e águas subterrâneas. O presente estudo teve por objetivo avaliar a eficiência de fungos como agentes biorremediadores de solos contaminados por óleo diesel.

Introdução

A contaminação de solos por hidrocarbonetos que derivam do petróleo

vêm sendo grande motivo de preocupação. Em determinados níveis de

concentração, essas substâncias tóxicas podem atingir as águas subterrâneas

que servem de fonte de abastecimento para consumo humano, causando

extensos danos à população.

Se tratando de combustíveis como o óleo diesel e a gasolina, os

constituintes com maior solubilidade em água são os hidrocarbonetos

monoaromáticos tolueno, benzeno, xilenos e etilbenzeno, o que significa que são

os contaminantes com maior potencial de poluir o lençol freático. (AZAMBUJA et

al., 2000).

Pode-se citar a biorremediação como uma das opções para promover a

detoxificação do local ou a remoção de elementos contaminantes do solo;

Segundo Yakubu (2007), o termo biorremediação pode ser definido como um

processo biotecnológico no qual se utiliza o metabolismo de microrganismos

para a eliminação rápida de poluentes, com o objetivo de reduzir sua

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concentração a níveis aceitáveis, transformando-os em compostos de baixa

toxicidade. Processos biológicos destacam-se como uma tecnologia promissora

para remover esses contaminantes devido à simplicidade e eficiência de custo

quando comparados a outras alternativas (ALEXANDER, 1994).

Estratégias de biorremediação incluem a utilização de microrganismos

do próprio local (autóctones), sem qualquer interferência de tecnologias ativas

de remediação (biorremediação intrínseca ou natural); a adição de agentes

estimulantes como nutrientes, oxigênio e biossurfactantes (bioestimulação); e a

inoculação de consórcios microbianos enriquecidos (bioaumento), tendo como

benefícios a mineralização do poluente, ou seja, sua transformação em gás

carbônico, água e biomassa (BENTO et al.,2003). Os fungos apresentam uma

série de características que os tornam interessantes para aplicação em sistemas

de biorremediação, como a capacidade de crescer sob as condições de estresse

ambiental que podem limitar o crescimento bacteriano; seu modo de crescimento

por meio do alongamento e ramificação das hifas, que permitem a colonização

de grandes áreas. Dessa forma, o contato superficial com o contaminante é

otimizado, aumentando sua biodisponibilidade e consequentemente, sua

biodegradação (CHANDER; ARORA; BATH, 2004).

O presente trabalho trata sobre a técnica de biorremediação ex situ de

solo, utilizando-se de fungos como agentes biorremediadores para degradação

do poluente gasolina.

Materiais e métodos

Os 3 exemplares de fungo foram cedido pelo Prof. Dr. José Hilton

Bernardino de Araújo. A identificação foi feita com base em literatura específica

e em características macro e micro morfológicas do fungo.

O solo foi preparado a partir de coleta nas dependências da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná, sendo este de qualidade Latossolo Vermelho

com textura argilosa. A serragem foi adquirida no Laboratório de Bioprocessos e

Biotecnologia Aplicada da Universidade e utilizada com a finalidade de

enriquecer o cultivo dos fungos. Foram utilizados recipientes plásticos de

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polipropileno em três repetições que continham 500g de solo e 10g de serragem

uniformemente pesados e que foram mantidos durante 24 horas à temperatura

de 60 ºC em estufa para esterilização.

Para a contaminação do solo, transferiu-se, 5mL de gasolina em cada um

dos três recipientes já esterilizados. Posteriormente, a inoculação do fungo foi

feita com o auxílio de uma espátula, sendo o fungo alocado a cerca de 3 cm da

superfície. Foram adicionados também 10mL de água. Após a inoculação, os

recipientes foram mantidos semi fechados durante 100 dias em estufa

bacteriológica a uma temperatura na faixa de 28 ºC, recebendo 10mL de água a

cada 7 dias para manter a umidade do ambiente adequada para o

desenvolvimento do fungo.

Após o período de 100 dias, utilizou-se duas placas de Petri com o meio

de cultura BDA estéril solidificado para inoculação, a fim de se obter maior

efetividade e confirmação na identificação do fungo. O meio de cultura PCA,

também feito em duplicata, foi utilizado para verificar a existência de possíveis

bactérias contaminantes. As inoculações foram feitas com auxílio de alça de

platina estéril, e posteriormente as Placas de Petri foram alocadas em estufa a

28ºC por 6 dias.

Resultados e Discussão

O fungo selecionado e identificado para a biorremediação do solo

contaminado foi o Trichoderma sp., que possui características não patogênicas

e estão presentes em praticamente todos os tipos de solo que contem matéria

orgânica.

O fungo Trichoderma sp. pertence ao Reino Fungi; Classe

Hypocreomycetidaee; Ordem Hypocreales e Família Hypocreaceae. O gênero é

representado por 169 espécies, com 7 variedades (FREITAS, 2010).

Após um período de aproximadamente três semanas, foi possível

observar o início do desenvolvimento fúngico nos recipientes de polipropileno, e

seu crescimento foi acompanhado periodicamente até o término da

biorremediação.

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O resultado do plaqueamento em BDA após os 100 dias de cultivo do

fungo trouxe a confirmação para a espécie Trichoderma sp..

O meio de cultura PCA nos possibilitou confirmar a existência de

bactérias, que não apresentaram muita diversidade em seu crescimento, sendo

obtido um resultado bastante uniforme para o ensaio.

Ao todo, o processo de biorremediação teve duração de 100 dias, tendo

sido iniciado em 4 de novembro de 2013 e finalizado em 12 de fevereiro de 2014.

A figura 1 mostra o aspecto do fungo na última semana do processo

Figura 1. Aspecto do fungo na última semana de biorremediação (14a).

Durante o monitoramento semanal do crescimento do fungo nos três

recipientes (triplicata), notou-se que o mesmo foi equivalente para todos; e ao

comparar o processo na sétima semana com a última (14a) o desenvolvimento

do fungo Trichoderma sp. fica evidente.

Conclusões

O fungo selecionado para este trabalho se apresentou com boa

capacidade de adaptação e crescimento, onde o poluente hidrocarboneto

derivado do petróleo não mostrou-se como fator limitante para seu

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desenvolvimento. O estudo do uso de micro-organismos e plantas para

biorremediação natural em áreas contaminadas por hidrocarbonetos derivados

do petróleo representa uma importante vertente no que diz respeito a estratégias

relativamente simples e de baixo custo para a recuperação destas áreas.

Conforme os resultados apresentados e discutidos neste estudo, foi

possível verificar que o fungo Trichoderma sp., possui um grande potencial para

atenuação dos solos contaminados por hidrocarbonetos derivados do petróleo.

Referências ALEXANDER, M. Biodegradation and Bioremediation. [S.I]: Academic Press, 1994. AZAMBUJA, E.; CANCELIER, D.; NANNI, A. S. Contaminação de solos por LNAPL: Discussão sobre diagnóstico e remediação. In: II SIMPÓSIO DE PRÁTICA DE ENGENHARIA GEOTÉCNICA DA REGIÃO SUL, Porto Alegre. CHANDER, M.; ARORA, D. S.; BATH, H. K. Biodecolourisation of some industrial dyes by white-rot fungi. Journal of Industrial Microbiology and Biotechnology, Hampshire. FREITAS, M. M. de;. Aspectos Gerais e Morfológicos de Trichoderma sp. Instituto Federal Goiano,Urutaí, 2010. YAKUBU, M. B. Biological approach to oil spills remediation in the soil. African Journal of Biotechnology, Nigeria. TEIXEIRA, A. R. 1995. Método para estudo das hifas do basidiocarpo de fungos poliporáceos. Manual nº 6. Instituto de Botânica, São Paulo

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Características adaptativas de espécies herbáceas e arbustivas de

Fabaceae (Leguminosae) ao ambiente campestre no Parque Estadual do

Guartelá, PR

Ana Paula Cavali, Shirley Martins. E-mail: [email protected]

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Ciências Biológicas, Biodiversidade Palavras-chave: anatomia foliar, afloramentos rochosos, xeromorfismo Resumo: A cobertura vegetal do Paraná é agrupada de maneira geral em duas formações principais: as florestais e as campestres. O Parque Estadual do Guartelá (PEG) está inserido na região de formações campestres e estudos florísticos realizados no PEG destaca Fabaceae (Leguminosae) como uma das famílias mais bem representadas. Fabaceae é morfologicamente diversa e essa plasticidade da família permite a ocupação dos mais diversos hábitats. Assim, buscou-se caracterizar a morfoanatomia foliar de espécies herbáceas e arbustivas de Fabaceae ocorrentes na vegetação campestre do PEG, com destaque para as estratégias adaptativas. Para isso, foram coletados 29 indivíduos pertencentes a 12 táxons, dos quais, quatro são herbáceas e oito arbustivas. Para as analises anatômicas foram realizadas secções transversais da região mediana da lâmina foliar, coradas e montadas em meio semipermanente. Para observar a epiderme em vista frontal, porções das folhas foram dissociadas. Dentre os caracteres morfoanatômicos observados nas espécies de Fabaceae estudados destacam-se como adaptações ao ambiente campestre, tricomas abundantes, mesofilo compacto, com paliçádico ocupando 50% ou mais da lâmina foliar e extensões de bainha vascular.

Introdução

A cobertura vegetal do Paraná é agrupada de maneira geral em duas

formações principais: as florestais e as campestres. Nas formações campestres

destacam-se às áreas denominadas de savana (Cerrado) e de estepe (Campos

Gerais (Campanili et al., 2006). Uma das Unidades de Conservação com

predomínio de vegetação campestre no estado é o Parque Estadual do Guartelá

(PEG), pertencente ao município de Tibagi e localizado no Segundo Planalto

Paranaense, na região dos Campos Gerais (relicto de Cerrado).

Nas formações campestres, com solos predominantemente rasos e

pobres, ocorrentes no PEG, estabeleceu-se uma vegetação essencialmente

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herbácea, com alguns elementos arbustivos lenhosos (Carmo, 2006). As famílias

que se destacam no estrato arbustivo-arbóreo do PEG são: Fabaceae,

Myrtaceae, Euphorbiaceae e Lauraceae (Carmo, 2006).

Fabaceae (Leguminosae) é amplamente distribuída em todo o globo com

727 gêneros e ca. de 20.000 espécies (Lewis et al., 2005), sendo que 222

gêneros e 2.807 espécies, das quais 1.508 endêmicas, ocorrem no Brasil (Lima

et. al., 2015). Morfologicamente, a família apresenta diversas formas de vida

(ervas, subarbusto, arbustos, lianas e árvores); folhas alternas, compostas ou

recompostas, com pulvino; flores bissexuadas e fruto tipicamente legume (Lima,

2000). A plasticidade ecológica presente na família permite a ocupação dos mais

diversos hábitats e é uma característica peculiar e relevante para a sua grande

riqueza nas diferentes formações vegetacionais neotropicais (Lima, 2000).

A vegetação ocorrente em áreas campestres encontra-se sob condições

de alta insolação e temperatura e ventos fortes frequentes, selecionando plantas

com adaptações a ambientes secos, ou seja, com características xeromórficas

(Monteiro, 2007). Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo

descrever a morfologia e anatomia foliar de espécies herbáceas e arbustivas de

Leguminosae, relacionando os dados obtidos com os fatores ambientais

ocorrentes no PEG. Assim, contribuindo com informações para melhoria das

práticas de manejo que permitam a conservação das espécies nativas e das

características originais do PEG

Material e Métodos

Foram realizadas coletas nos meses de março, junho e agosto, sendo

encontrados 29 indivíduos pertencentes a 12 táxons, dos quais quatro são

herbáceas (Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene; Desmodium adscendens

(Sw.) DC.; Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw.; Zornia reticulata Sm.) e oito são

arbustos (Chamaecrista cathartica (Mart.) H.S Irwin & Barneby; Chamaecrista

desvauxii (Collad.) Killip var. modesta H. S Irwin & Barneby; Chamaecrista

neesiana (Mart. ex Benth) H.S. Irwin & Berneby; Centrosema bracteosum Benth.,

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Eriosema heterophyllum Benth., Mimosa camporum Benth., Mimosa sensitiva L.,

Mimosa sp.).

Os indivíduos coletados tiverem os vouchers depositados no Herbário

Estadual do Oeste do Paraná (UNOP). Para estudo anatômico foram coletadas

folhas com lâmina totalmente expandida (maduras), fixadas em FAA50 e

conservadas em álcool 70%. Foram realizadas secções transversais (ST) da

região mediana da lâmina foliar, clarificadas com hipoclorito de sódio a 50%,

coradas com azul de Alcian e fucsina básica e montadas em meio

semipermanente em gelatina glicerinada (Kraus & Ardium, 1997). Para observar

a epiderme em vista frontal, porções das folhas foram dissociadas com peróxido

de hidrogênio e ácido acético na concentração de 1:1 (Franklin, 1945,

modificado) e coradas com safranina em álcool 50%. A partir das lâminas

preparadas, foram feitas imagens das secções anatômicas, capturadas com

auxílio de câmara digital DP041 acoplada ao fotomicroscópio Olympus Bx70

utilizando o programa DP Controller.

Resultados e Discussão

As espécies estudadas possuem folhas compostas, sendo unifolioladas

em Eriosema heterophylum, bifoliadas em Chamaecrista rotundifolia e Zornia

reticulata, trifolioladas em Desmodium adscendens, Stylosanthes guianensis,

Chamaecrista desvauxii var. modesta, Centrosema bracteosum, pinadas em

Chamaecrista cathartica e Chamaecrista neesiana e bipinadas em Mimosa

camporum, M. sensitiva e Mimosa sp. Comparativamente, as espécies com

folhas uni, bi, e trifoliadas apresentam lâminas foliares maiores que aquelas com

folhas pinadas e bipinadas. A ocorrência de folhas compostas reduz a área foliar,

sendo úteis em condições de elevada temperatura e luminosidade, além de

ventos fortes, que favorecem o aumento da transpiração (Parkhurst & Louks,

1972).

A lâmina foliar, em vista frontal, apresenta epiderme com células paredes

anticlinais retas, levemente sinuosas ou sinuosas e estômatos são paracíticos

ocorrendo em ambas as faces da epiderme, exceto em Chamaecrista desvauxii

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var. modesta, em que são restritos à face abaxial. Tricomas tectores distribuídos

por todo o limbo foliar foram observados na maioria das espécies, apenas

Mimosa sensitive não possui tricomas e em M. camporum e Mimosa sp. estes

estão restritos ao bordo. Tricomas glandulares foram observados apenas em

Eriosema heterophyllum e Desmodium adscendens. Já papilas foram

observadas em Ch. cathartica, Ch. desvauxii var. modesta, Ch. rotundifolia, Ce.

bracteosum, D. adsendens, Mimosa camporum, M. sensitive, Mimosa sp. e

Stylosanthes guianensis

Tricomas e papilas são considerados caracteres xeromórficos e têm papel

importante na redução da perda d’água pela transpiração e também para isolar

o mesofilo do calor e/ou luz excessiva (Menezes et al., 2013).

A lâmina foliar, em ST, das espécies estudadas apresenta epiderme

uniestratificada com cutícula e paredes delgadas, exceto em Centrosema

bracteosum que possui paredes espessadas. O mesofilo é compacto e do tipo

dorsiventral, exceto em Mimosa camporum, que possui o tipo isolateral. Folhas

de espécies mesófitas geralmente apresentam mesofilo dorsiventral, como

observado na maioria das espécies aqui estudadas. Já mesofilo isobilateral é

comum em xerófitas, como observado em Mimosa camporum (Menezes et al.,

2013).

Os feixes vasculares nas espécies estudadas são do tipo colateral,

envolvidos por duas bainhas vasculares, e podem ocorrer calotas de fibras e/ou

extensões de bainha até a epiderme em algumas espécies. A ocorrência de

extensões de bainha nos feixes vasculares é relacionada à distribuição mais

eficiente da água, proveniente do xilema, para o mesofilo (Menezes et al., 2013).

Conclusões

A redução da área foliar e os caracteres xeromórficos observados na

estrutura foliar podem ser interpretados como fatores que auxiliam a

permanência dessas espécies em condições consideradas adversas para muitas

plantas, constituindo assim, estratégias adaptativas ao ambiente campestre.

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Agradecimentos

Agradeço a Unioeste pela infraestrutura e à Fundação Araucária pela

bolsa de Iniciação Científica à primeira autora.

Referências Campanili, M., Ribeiro, H., Prochnow, M., Schäffer, W. (2006). Mata Atlântica – Uma rede pela floresta. Brasília: Globaltec Produções Gráficas Ltda. Carmo, M.R.B. Caracterização fitofisionômica do Parque Estadual do Guartelá, município de Tibagi, estado do Paraná. (2006). Tese (Biologia Vegetal) - Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho. Franklin, G.L. (1995). Preparation of thin sections of synthetic resin and wood-resin composites, and a new macerating method for wood. Nature, 155, 51. Lewis, G., Schrire, B., Mackinder, B., Lock, M. Legumes of the world. (2005). Kew, Royal Botanic Gardens, 28, 577. Lima, H. et al. (2015). Fabaceae. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://reflora.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB115. Acesso em: 30 Set. 2015 Lima, H.C. (2000). Leguminosas arbóreas da Mata Atlântica: uma análise da riqueza, padrões de distribuição geográfica e similaridades florísticas em remanescentes florestais do estado do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado), Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Kraus, J.E., Arduim, M. (1997). (1997). Manual básico de métodos em morfologia vegetal. Seropédica, Rio de Janeiro 1, 198. De-Menezes, N.L., Da-Silva, D.C., Pinna, G.F.de A.M. (2012). Folha. In Da-Glória, B.A., Carmelo-Guerreiro, S.M. (Eds.), Anatomia vegetal (pp. 404). Viçosa: Ed. UFV. Monteiro, A. (2007). Alterações e adaptações estruturais das plantas ao meio. In: Lousã, M., Monteiro, A., Santo, D.E., Sousa, E., Costa, J.C. Módulo de botânica manual de teóricas e práticas, 144. Parkhurst D.F., Loucks O.L. (1972). Optimal leaf size in relation to environment. Journal of Ecology 60, 505-537.

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Retzlaf, J.G., Stipp, N.A.F., Archela, E. (2006). Breve síntese geológica e geomorfológica da área do Parque Estadual do Guartelá no estado do Paraná. Geografia, Londrina 15,1-221.

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Ciclo reprodutivo de três espécies de anuros dos Campos Gerais

Alana Marielli Teixeira, Sabrina Bazanella, Rafaela Maria Moresco (Orientador),

e-mail: [email protected].

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Ciências Biológicas, Zoologia. Palavras-chave: Anura, Gametogênese, Mata-Atlântica Resumo: Os anfíbios são encontrados em diferentes continentes do mundo, sendo que fatores abióticos exercem importante influência sobre a atividade reprodutiva destes animais. Pertencente à Leptodactylidae, Leptodactylus latrans, é uma das poucas espécies, entre os anuros a apresentar comportamento parental. Por outro lado, Scinax fuscovarius e Scinax granulatus, pertencentes a Hylidae, apresentam diferenças comportamentais que determinam um isolamento reprodutivo, uma vez que as espécies não cruzam entre si, mesmo sendo espécies simpátricas e que apresentam sincronia no período de vocalização. Neste estudo objetivamos descrever o ciclo reprodutivo apresentado por L. latrans, S. fuscovarius e S. granulatus. Foram coletados no município de São Lourenço do Oeste, SC os espécimes de L. latrans e no município de Marmeleiro, PR os espécimes de S. fuscovarius e S. granulatus. Estes animais tiveram suas gônadas retiradas e encaminhadas para rotina histológica, que possibilitou a análise dos tipos celulares da linhagem germinativa. Os indivíduos machos coletados apresentaram todas as células da linhagem germinativa, bem como, nos ovários da fêmea de L. latrans foram observados ovócitos com presença de inclusões protéicas e lipídicas de vitelo, além de pigmentos de melanina. Foram observados nos machos a organização celular de cistos espermatôgenicos, caracterizando um ciclo reprodutivo do tipo potencialmente contínuo, possibilitando as espécies retomarem o processo de gametogênese rapidamente, caso as variáveis ambientais estejam favoráveis à reprodução.

Introdução

Atualmente a fauna de anfíbios possui cerca de 7.450 espécies, destas

6.554 são anuros (Frost, 2015). Segundo Zug et al. (2001) apesar da alta

diversidade de espécies de anuros presentes nos ecossistemas brasileiros, os

estudos de componentes gerais de comunidades são limitados. Os anfíbios

apresentam ampla distribuição geográfica, e por apresentarem diversos modos

reprodutivos, especialmente os anuros, esta ampla ocupação foi facilitada

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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(Duellman & Trueb, 1994). Durante o período reprodutivo, as espécies de anuros

tendem a se reunir nas proximidades de corpos d’água, temporários ou

permanentes, onde vocalizam para atraírem as fêmeas que depositam seus

ovos no ambiente aquático (Duellman & Trueb, 1994). Desta maneira, fatores

abióticos, como a temperatura, pluviosidade e umidade relativa do ar exercem

importante influência sobre a atividade reprodutiva destes animais.

O ciclo reprodutivo em anfíbios está sujeito a um controle hormonal que é

influenciado por fatores ambientais, determinando assim o ciclo gametogênico.

Segundo Lofts (1974) e Huang et al. (1997) os ciclos gametogênicos dos anuros

são classificados em tipos descontínuos, potencialmente contínuos e contínuos.

Pertencente à Leptodactylidae, Leptodactylus latrans ocorre em toda a

América do Sul (Frost, 2015), indicando um grande sucesso na ocupação de

diferentes biomas e de grande valor para estudos comparativos. Quanto a sua

atividade reprodutiva, sabe-se que L. latrans é uma das poucas espécies, entre

os anuros, a apresentar comportamento parental, uma vez que constrói ninhos

de espuma e acompanha os ovos da eclosão até o final da fase larval (Vaz-

Ferreira & Gehrau, 1975).

Dentre as diferentes famílias de anuros, Hylidae é considerada a mais

numerosa com aproximadamente 949 espécies (Frost, 2015). Segundo Lima et

al. (2006) os hilídeos, conhecidos popularmente como pererecas, são

extremamente variáveis no tamanho (1,7-14 cm de comprimento) e aparência

externa. Segundo Faivovich et al. (2005) S. fuscovarius e S. granulatus ocorrem

em simpatia, sendo encontradas na região sul do Brasil, distribuídas no Bioma

Mata Atlântica (POMBAL JR. et al., 1995).

Material e Métodos

As coletas dos espécimes de L. latrans (cinco indivíduos machos e um

indivíduo fêmea) foram realizadas em um fragmento de Campos Gerais

localizado no município de São Lourenço do Oeste, SC, e os espécimes machos

de S. granulatus (três indivíduos) e S. fuscovarius (três indivíduos) foram

coletados no município de Marmeleiro, PR (Licença permanente SISBIO para

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coleta de anuros 41691-1) durante o período de agosto de 2013 a fevereiro de

2014. Após coletados os espécimes foram encaminhados ao laboratório, onde

foram anestesiados e levados à óbito por saturação de Benzocaína e abertos

por laparotomia (conforme Comitê de ética na experimentação animal e aulas

práticas da Unioeste: Protocolo 66/10 – CEEAAP/Unioeste). Em seguida foram

retiradas as gônadas e imediatamente imersas em solução fixadora Karnovsky

com modificações (tampão fostato Sörensën 0.1M, tampão fosfato pH 7.2

contendo paraformaldeído 5% e glutaraldeído 2.5%) e encaminhados à rotina

histológica (Ribeiro & Lima, 2000) onde foram desidratadas em série alcoólica e

incluídas em historesina (Technovit® 7100 kit). Foram feitas secções de 3µm e

coradas com Hematoxilina-eosina. Para cada animal foram analisadas três

secções e fotografados três campos por secção, com objetiva de 40x para

machos e objetiva de 10x para a fêmea usando microscópio de epifluorescência

BX 61, acoplado com câmera digital Olympus DP 71, utilizando-se o software de

captura de imagem DP Controller 3.2.1.276. Os tipos celulares analisados e

identificados foram: 1) machos: espermatogônia, espermatócito I, espermatócito

II, espermátide e espermatozoide e 2) fêmea: ovogônia, ovócito pré-vitelogênico,

ovócito vitelogênico e ovócito atrésico.

Resultados e Discussão

Todos os indivíduos machos coletados de L. latrans, S. fuscovarius e S.

granulatus estavam no período reprodutivo, caracterizado pela presença de

todas as células da linhagem germinativa. Estas células se diferenciaram no

interior de estruturas esféricas denominadas de lóculos seminíferos e estavam

organizadas em cistos espermatogênicos, que são agrupamentos de células no

mesmo estágio de diferenciação, sendo esta uma característica primitiva

compartilhada com peixes, que determina uma diferença temporal nas fases da

espermatogênese (Norris & Lopez, 2011). Desta maneira, o período

gametogênico pode ser interrompido ou ativado a qualquer momento, sendo

modulado por fatores endócrinos regulados, principalmente, por fatores

ambientais (Paniagua et al., 1990, França & Godinho, 2003). As

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espermatogônias foram observadas como células isoladas, grandes e

volumosas; os espermatócitos I foram identificados pelos sinais de prófase na

primeira divisão meiótica e apresentando grande volume celular. Os

espermatócitos II apresentavam metade do tamanho dos espermatócitos I, além

de núcleo homogêneo e arredondado. As espermátides consistiam em células

diminutas com formato esférico que mudava gradativamente para alongado, por

meio do processo de espermiogênese, onganizadas em feixes das

espermátides, sustentadas pelas células de Sertoli. Os espermatozóides

estavam completamente formados e preenchiam o lúmen dos lóculos

seminíferos, caracterizando que os animais estavam em período reprodutivo

(Moresco, 2013).

No espécime fêmea coletado de L. latrans, foi observado ovócitos

apresentando inclusões proteicas e lipídicas de vitelo, bem como a polarização

definida, ou seja, o polo animal já apresentava pigmentos de melanina,

caracterizando ovócitos vitelogênicos e que o animal estava no período

reprodutivo. Não foram constatados ovócitos atrésicos, indicando que esta

fêmea ainda não havia desovado nesse período (Oliveira & Santos, 2004).

Conclusões

Concluímos que apesar de serem espécies diferentes, com

comportamentos distintos, L. latrans, S. fuscovarius e S. granulatos apresentam

ciclo reprodutivo do tipo potencialmente contínuo, caracterizado por uma parada

parcial na atividade gametogênica durante alguns períodos do ano, mas células

primárias permanecem sensíveis à estimulação gonadotrófica que é regulada

por fatores ambientais.

Agradecimentos

Agradecemos à Unioeste pela estrutura fornecida para o desenvolvimento

deste trabalho.

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Referências Duellman, W.E. & Trueb, L. (1994). Biology of amphibians. New York: McGraw-Hill. França, L.R. & Godinho, C.L. (2003) Testis morphometry, seminiferous epithelium cycle length, and daily sperm production in domestic cats (Felis catus). Biology of Reproduction, 68, 1554-1561. Faivovich, J., Haddad, C.F.B., Garcia, P.C.A., Frost, D.R., Campbell, J.A. e Wheeler, W.C. (2005). Systematic review of the frog family Hylidae, with special reference to Hylinae: Phylogenetic analysis and taxonomic revision. Bulletin of the American Museum of Natural History, 294: 1-240. Frost, D.R. (2015). Amphibian Species of the World: an Online Reference. Version 6.0. http://research.amnh.org/herpetology/amphibia/index.php. Acesso em 06 de novembro de 2015. Huang, W.S., Lin J.Y. & Yu, J.Y.L. (1997). Male reproductive cycle of the toad Bufo melanostictus in Taiwan. Canadian Journal of Research: Zoological Sciences 14, 497-503.Lofts, B. 1974. Reproduction. In: Lofts, B. (eds). Physiology of the amphibians. New York, Academic Press, 592p. Lima, A.P., Magnusson, W.E., Menin, M., Erdtmann, L.K., Rodrigues, D.J., Keller, C. E. e Hödl, W. (2006). Guide to frogs of Reserva Adolpho Ducke Central Amazonia. Manaus, Áttema Design Editorial, 168p. Moresco, R.M. (2013). Pigmentação testicular e ciclo reprodutivo anual de Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 em populações de biomas distintos. Tese de Doutorado, Unesp, São José do Rio Preto. Norris, D.O. & Lopez, K.H. (2011) Hormones and Reproduction of Vertebrates: Amphibians. Elsevier, London. Oliveira, C. & Santos, L.R.S. (2004). Histological characterization of cellular types during Scinax fuscovarius oogenesis (Lutz) (Anura, Hylidae). Revista Brasileira de Zoologia 21, 919-923.

Paniagua, R.; Fraile, B. & Sáez, F.J. (1990). Effects of photoperiod and temperature on testicular function in amphibians. Histology and Histopathology, 5, 365-378. Pombal Jr., J.P.; Sazima, I. & Haddad, C.F.B. (1994). Breeding behavior of the pumpkin toadlet, Brachycephalus ephippium (Brachycephalidae). Journal of Herpetology, 28, 516-519.

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Ribeiro, M.G. & Lima, S.R. (2000). Iniciação às técnicas de preparação de material para estudo e pesquisa em morfologia. Segrac Editora, Belo Horizonte. 89p. Vaz-Ferreira, R. & Gehrau, A. (1975). Comportamiento epimeletico de la Rana comum, Leptodactylus ocellatus (Amphibia, Leptodactylidae) atencion de la cria y actividades alimentarias y agressivas relacionadas. Physis, 34, 1-14. Zug, G.R.; Vitt, L.J. & Caldwell, J.P. (2001). Herpetology. An introductory biology of amphibians and reptiles. CA: Academic Press, San Diego. 630p.

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Consumo de Macronutrientes por Idosos da Região de Cascavel/Pr

Maria Júlia Ceolin, Maristela Jorge Padoin, e-mail: [email protected]

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR. Área e subárea: Saúde Coletiva; Saúde Pública Palavras-chave: Memória, Dieta, Idoso Resumo: O envelhecimento (aumento da proporção de pessoas com 60 anos ou mais) é um processo que vem ocorrendo de forma acelerada no país. Muitas vezes, vem acompanhado de alterações fisiológicas que acarretam em uma ingestão irregular de nutrientes, afetando o funcionamento do organismo. Sabendo da importância da alimentação sobre o organismo, a ingestão de macronutrientes foi analisada e correlacionada aos resultados de teste de memória em pessoas idosas. A amostra constituiu-se de 16 pessoas com idade superior a 60 anos que responderam aos questionários: Recordatório alimentar de 24 horas (R24); Questionário Socioeconômico; Mini Exame do Estado Mental (MEEM); Anamnese. As informações coletadas através do R24 foram analisadas no programa de avaliação nutricional AVANUTRI ®, através do qual foram obtidas as quantidades de macronutrientes consumidas. Os resultados do MEEM foram calculados de acordo com a pontuação pré-determinada. Esses dados foram correlacionados no programa Bioestat-CNPQ, tendo sido aceito nível de significância p < 0,05. Os resultados mostraram consumo médio adequado dos macronutrientes (Tabelas 1 e 2). Não houve correlação entre estes e os resultados do teste de memória (Tabela 3).

Introdução

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (World Health

Organization – WHO), são consideradas idosas pessoas com 60 anos ou mais

(WHO, 2013). O envelhecimento de uma população é caracterizado pelo

aumento da proporção de idosos em relação à população total. Isso é bastante

evidente em países desenvolvidos e tem ocorrido de forma acelerada no Brasil

(IBGE, 2012). Sabe-se que a alimentação é de suma importância na manutenção

adequada dos processos fisiológicos do organismo, pois diminui processos

degenerativos associados à idade; entretanto alterações bioquímicas e

fisiológicas podem afetar o comportamento alimentar, levando a uma ingestão

deficiente de nutrientes (Tramontino et al., 2009). Para idosos, é recomendado

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que o valor calórico diário seja composto de 50 a 60% de Carboidratos, 20 a 30%

de Lipídios e que o consumo de Proteínas seja de 1, 2 a 1, 5g de Proteína por

Kg de peso (Wellman & Kamp, 2008). Tendo isso em vista, teve-se por objetivo

desses estudo a caracterização da população estudada, análise da ingestão de

macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios) e correlação desta com

pontuação em teste de memória.

Material e Métodos

A amostra foi constituída por idosos (a partir de 60 anos) selecionados

voluntariamente (n = 16; x = 61, 7 anos); destes, 14 eram mulheres e 2 homens.

Foi feita a divulgação através de cartazes e os interessados fizeram o

agendamento por telefone. Durante o atendimento, foram aplicados os testes:

Anamnese, para coleta de dados sobre doenças, hábitos alimentares e medidas

antropométricas; Questionário Socioeconômico, para caracterização da

amostra; Recordatório de 24h (R24), para avaliação dos alimentos ingeridos ao

longo de 24h; Miniexame do Estado Mental – MEEM (Folstein et al., 1975), para

avaliação da função cognitiva. Os dados obtidos no R24 foram analisados

através do programa AVANUTRI, o qual forneceu a quantidade de nutrientes

ingerida. Os resultados do MEEM foram obtidos de acordo com pontuação pré-

definida. A análise de estatística descritiva das informações nutricionais e a

correlação com o teste de memória foram feitas através do programa Bioestat ®.

O projeto foi aprovado pelo comitê de ética da instituição, sendo o Número de

Parecer 714.822, de 26/06/2014 – UNIOESTE.

Resultados e Discussão

A análise estatística dos dados obtidos no QSE mostrou que 50% da

amostra possuía Ensino Fundamental Incompleto; 25% possuía Pós-gradução;

12, 5% possuía Ensino Fundamental Completo e 12, 5% possuía Graduação.

Através da Anamnese, foi observado que a doença mais frequente na amostra

é a hipertensão (n = 10), seguida de diabetes (n = 6), depressão (n = 4),

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hipertrigliceridemia (n = 3) e colesterol alto (n = 2). A análise do R24 mostrou que

o consumo médio de Carboidratos é de 179, 32g (Desvio Padrão – S = +- 78,

1g) e o consumo percentual médio é de 54,35% (S = +- 10, 3g; Coeficiente de

Variação – CV = 18, 94%), de Lipídios é de 37, 85g (S = +-19, 85g) e 26, 75%

(S = +- 8, 64; CV = 32, 29%), de Proteínas é de 64, 15g (S = +- 35, 7g) e 19% (S

= +- 4, 66g; CV = 24, 49%) e que o consumo de gramas de proteína por kg de

peso médio é de 0,81 g/Kg (S = +- 0, 38 g/Kg; CV = 46, 76%). O coeficiente da

correlação de Spearman (rs) entre gramas de proteína e os resultados do MEEM

foi de 0, 0407 (p = 0, 8810); entre gramas de carboidrato e os resultados foi de

0, 0950 (p = 0, 7264); entre gramas de lipídios e os resultados foi de – 0, 1689

(p = 0, 5319).

Tabela 1 – Caracterização do consumo de macronutrientes e doses recomendáveis

Macronutriente Carboidratos Proteínas Lipídios

Consumo médio ± Desvio padrão

179,32 ± 78,1 g 64,16 ± 35,7 37,85 ± 19,85g

Consumo mínimo 64, 7 g 22,92g 12,9 g

Consumo Máximo 367 g 154, 4g 77,5 g

Consumo percentual médio ±

Desvio Padrão

54,35 ± 10,3

%

19,03 ± 4,

7%

26,75 ± 8,

64 %

Coeficiente de variação 19% 24,5% 52,5%

Consumo percentual mínimo 28,8 % 10,6 % 15,6 %

Consumo percentual máximo 70,8 % 25,5% 47,10 %

Consumo percentual

recomendado

50 – 60 % 10 – 20% 20 – 30 %

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Tabela 2 – Caracterização do consumo de gramas de proteína por kg de peso e dose recomendável

Consumo Recomendável 1,2 a 1,5 g

Consumo médio 0,81 ± 0, 38

Consumo mínimo 0,27g

Consumo máximo 1,39g

Tabela 3: Correlações entre quantidade ingerida de macronutrientes e resultados do MEEM

Conclusões

O consumo percentual médio de Carboidratos e de Lipídios mostrou-se

adequado, porém o CV de gorduras é muito elevado (> 20%), indicando a

dispersão dos dados, ou seja, uma amostra heterogênea. O consumo diário de

gramas de proteína por kg está muito abaixo do recomendado, o que está

relacionado à aceleração do processo de perda muscular que ocorre nessa faixa

etária. Não houve correlação estatisticamente significante entre a ingestão diária

dos macronutrientes e os resultados dos testes de memória. Mais estudos serão

realizados com o intuito de conhecer melhor a dieta dos idosos da região e

auxiliá-los.

Agradecimentos

À UNIOESTE, pelo apoio financeiro

Referências Folstein, M.F., Folstein, S.E., McHugh, P.R. (1975). Mini-Mental State: A Practical Method for Grading the Cognitive State of Patients for the Clinician. Journal of Psychiatric Research 12, 189-198.

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE (2012). Síntese de Indicadores Sociais: Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira. Rio de Janeiro. http://http.ibge.gov.br/Indicadores_Sociais/Sintese_de_Indicadores_Sociais_2012/SI S_2012.pdf. Acesso em 07 de Abril de 2014. Tramontino, V.S., Nuñez, J.M.C., Takahashi, J.M.F.K., Dos Santos-Daroz, C.B., Rizaatti-Barbosa, C.M. (2009). Nutrição para Idosos. Revista de Odontologia Universidade de São Paulo 21, 258-267. Wellman, N.S. & Kamp, B.J. (2008). Nutrition in Aging. In Mahan, L.K., Escott-Stump, S. (Eds.), Krause’s Food & Nutrition Therapy (pp. 299-300). St. Louis: Springer. WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO (2013). Health Statistics and Health Information Systems: Definition of an Older or Elderly Person: Proposed Working Definition of an Older Person in Africa for the MDS Project. Geneva. http://www.who.int/healthinfo/survey/ageingdefnolder/en. Acesso em 17 de Setembro de 2015.

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Contradições acerca do uso de metilprednisolona após lesões medulares

traumáticas

Emanuelle Bianchi da Silva, Brenda Camila Reck de Oliveira, Taline Alisson Artemis Lazzarin Silva, Lígia Aline Centenaro - e-mail:

[email protected]

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas/Cascavel, PR.

Área e subárea: Ciências da saúde, clínica médica Palavras-chave: Lesão medular traumática, metilprednisolona, humanos. Resumo: O objetivo do estudo é observar o uso da metilprednisolona em indivíduos com lesões traumáticas na medula espinal. Métodos: o estudo foi feito mediante pesquisa bibliográfica nas bases de dados SCIELO e PUBMED. Os artigos selecionados deveriam ser originais, estarem disponíveis na íntegra para consulta, e o tratamento empregado deveria basear-se apenas no uso da metilprednisolona. Resultados: Foram encontrados 66 artigos, dos quais 2 foram selecionados. Em estudo desenvolvido por Qian et al. (2005) 5 pacientes tratados com metilprednisonolona tiveram melhora, porém, foi observado um quadro de Miopatia Corticosteróide Aguda (MCA). Já os três pacientes do grupo controle não apresentaram alterações musculares. No estudo de Gerhart et al. (1995) foram analisados 278 prontuários de pacientes com lesões medulares dos anos de 1990, 1991 e 1993 dos quais 188 pacientes receberam metilprednisolona e 90 não receberam. O grupo tratado e o controle foram comparados quanto à melhora neurológica e em apenas uma das comparações a diferença estatística foi significativa, porém próxima do valor limítrofe (P = 0,44) enquanto todas as outras foram estatisticamente insignificativas (P > 0,05).

Introdução

Eventos Traumáticos na medula espinal (ST) são a maior causa de lesão

de medula em jovens adultos. (Botelho et al., 2009). Estima-se que a incidência

anual de lesões medulares traumáticas seja de 15 a 40 casos por milhão de

habitantes (Lim & Tow, 2007). Apesar da lesão medular atingir pessoas de

qualquer faixa etária, a maioria dos acometidos são adultos jovens (Hall &

Springer, 2004). Tais lesões frequentemente resultam em disfunções

neurológicas significativas, com severas e permanentes incapacidades

funcionais (Thuret et al., 2006).

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O dano neurológico é causado inicialmente pelo insulto mecânico

primário, sendo agravado por uma série de respostas celulares e bioquímicas

que prolongam e aumentam a lesão inicial (Botelho et al., 2009). O tratamento

farmacológico empregado no âmbito clínico visa reduzir esses danos

secundários (Botelho, et.al., 2009). Glicocorticóides,como dexametasona e a

metilprednisolona, são fámacos que vem sendo utilizados após eventos

traumáticos da medula espinal desde a década de 1960 (Hall & Springer, 2004).

Preconiza-se que o emprego dessa terapia seja realizado no período agudo pós-

lesão, visando reduzir o edema medular pós-traumático e limitar a lesão

secundária (Hall & Springer, 2004; Qian et al., 2005; Lim & Tom, 2007).

Um dos protocolos utilizados para a administração de metilpredinisolona

é o NASCIS, desenvolvido por Michael Bracken e colaboradores (1990). De

acordo com esse protocolo, uma injeção inicial de metilprednisolona na dose de

30mg/Kg de peso corporal deve ser administrada nas primeiras 8h pós-lesão,

seguida pela infusão contínua de 5,4 mg/Kg de peso corporal a cada hora

(durante 23h) (Gerhart, et.al., 1995). Entretanto, existem controvérsias na

literatura em relação ao efeitos terapêuticos e colaterais da administração de

metilpredinisolona frente as lesões pós-traumáticas (Hurlbert, 2000; Short et al.,

2000; Coleman, et al., 2000).

Nesse sentido, o objetivo do estudo é verificar, com base em uma revisão

da literatura realizada em duas bases de dados, os efeitos do uso da

metilprednisolona em pacientes com lesões traumáticas da medula espinal.

Material e Métodos/ Revisão de literatura

O estudo foi desenvolvido mediante uma pesquisa bibliográfica realizada

nas bases de dados “Scientific Electronic Library Online” (SCIELO) e "US

National Library of Medicine National Institutes of Health" (PUBMED). Os

descritores utilizados durante as pesquisas no SCIELO foram “lesão medular

traumática”, “metilprednisolona” e “humanos”. As mesmas palavras chaves

foram traduzidas para a língua inglesa (“traumatic spinal cord injury”,

“methylprednisolone”, “humans”) para serem utilizadas nas consultas realizadas

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no PUBMED. Para a posterior seleção dos artigos científicos, foram utilizados os

seguintes critérios de inclusão: 1) os artigos deveriam ser obrigatoriamente

originais, não sendo aceitas revisões ou relatos de caso; 2) o tratamento

empregado deveria basear-se apenas na administração de metilprednisolona,

sem outras terapias associadas; e 3) estarem disponíveis na íntegra para

consulta.

Resultados e Discussão

Sessenta e seis estudos foram encontrados no PUBMED com a

combinação dos descritores citados acima, mas nenhum artigo foi localizado no

Scielo. Desse total de artigos, 64 foram excluídos dessa revisão, uma vez que

não se enquadraram nos critérios de inclusão dessa pesquisa.

Figura 1: fluxograma da seleção de artigos.

No estudo desenvolvido por Qian et al. (2005), 5 pacientes com lesão

medular traumática receberam metilprednisolona nas primeiras 24 horas pós-

lesão, de acordo com o protocolo NASCIS. Foram descritas melhoras devido a

descompressão medular nos cinco casos. Porém, quatro pacientes tiveram

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comprometimento muscular; biópsias do músculo eretor da espinha revelaram

um quadro de MCA decorrente de atrofia e/ou necrose de fibras musculares tipo

II, além de achados eletromiográficos dos bíceps bilaterais, deltóide e músculos

do quadríceps compatíveis com lesões miopáticas. Por outro lado, 3 pacientes

que não foram submetidos ao tratamento com metilprednisolona apresentaram

biópsias musculares e análises eletromiográficas normais.

No segundo estudo selecionado, um total de 278 prontuários de pacientes

com lesões medulares nos anos de 1990, 1991 e 1993 foram avaliados, sendo

que em 1990-91, 100 pacientes receberam metilprednisolona e 51 não

receberam e em 1993, 88 pacientes receberam metilprednisolona e 39 não

receberam. No período de 1990-1991, 46 dos pacientes, que receberam

metilprednisolona (independentemente da sua integridade neurológica inicial),

apresentaram uma recuperação de pelo menos um grau Frankel no momento da

alta hospitalar.

Dos pacientes que não receberam tratamento, 16 mostraram uma

melhora neurológica semelhante. Desta forma, não houve diferenças

estatisticamente significativas entre os grupos em relação a recuperação (P =

0,1181). Em 1993, 33 pacientes que receberam metilprednisolona tiveram uma

melhora neurológica de pelo menos 1 grau Frankel, enquanto apenas 6 daqueles

que não receberam o tratamento apresentaram uma recuperação semelhante (P

= 0,044 ).

Os pacientes também foram analisadas com o critério de melhora de 2 ou

mais graus Frankel. Em 1990-91, de 71 indivíduos tratados com

metilprednisolona que tinham potencial para melhorar por 2 ou mais graus

Frankel, 21 melhoraram 2 ou mais graus. Já do grupo que não recebeu

metilprednisolona (n=22) que tinha potencial para melhorar mais de 2 graus

Frankel, 5 melhoraram 2 graus ou mais. Comparando os dados dos tratados e

não tratados, não houve diferença significativa (P = 0, 486). Na amostra 1993,

também não houve diferenças significativas, pois dos 71 pacientes tratados com

metilprednisolona que poderiam evoluir 2 ou mais graus Frankel apenas 16 o

fizeram, enquanto dos 12 pacientes não tratados que tinham potencial para

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melhora de 2 níveis ou mais, apenas 3 apresentaram tal melhora, sendo valor

de comparação estatística não significativo (P = 0, 942).

Conclusões

Concluímos que comparações entre grupos de pessoas tratadas com

metilprednisolona conforme protocolo NASCIS com aqueles que não receberam

metilprednisolona não evidenciaram diferença estatisticamente significativa

(P<0,005) na melhora neurológica, além disso, existe a hipótese de que a

corticoterapia pode desencadear MCA. Estudos adicionais que comprovem a

real eficácia da metilprednisolona nessas circunstâncias são necessários.

Referências: Botelho, R.V.; Daniel, J. W.; Boulosa, J.L.; Colli, B. O.; Farias, R.L.; Moraes, O. J.; Pimenta, W. E. Jr.;Ribeiro, F. R.; Taricco, M. A.; Carvalho, M. V.; Bernardo, W. M. (2009). Effectiveness of methylprednisolone in the acute phase of spinal cord injuries--a systematic review of randomized controlled trials. Rev. Assoc. Med. Bras. 55, 729-737. Bracken, M.B.; Shepartd, M.J.; Collins, W.F.; Holford, T. R.; Young, W.; Baskin, D.S.; Eisenberg, H.M.; Flamm, E.; Leo-summers, L.; Maroon, J.; Marshall, L.F.; Perot, P.L.; Piepmeier, J.; Sonntag, V.K.H.; Wagner, F.C.; Wilberger, J.E., Winn, H.R. (1990). A Randomized, Controlled Trial of Methylprednisolone or Naloxone in the Treatment of Acute Spinal-Cord Injury - Results of the Second National Acute Spinal Cord Injury Study. N. Engl. J. Med., 322, 1405-1411. Coleman, W.P.; Benzel, D.; Cahill, D.W.; Ducker, T.;et al. (2000) A critical appraisal of the reporting of the National Acute Spinal Cord Injury Studies (II and III) of methylprednisolone in acute spinal cord injury. J. Spinal Disord., 13, 185–199. Gerhart, K. A.; Johnson, R. L.; Menconi, J.; Hoffman, R. E.; Lammertse, D. P. (1995). Utilization and effectiveness of methylprednisolone ina population-based sample of spinal cord injured persons. Paraplegia., 33, 316-321. Hall, E.D.; Springer, J. E. (2004) Neuroprotection and Acute Spinal Cord Injury: A Reappraisal. NeuroRX , 1, 80-100. Hurlbert, R. J. (2000) Methylprednisolone for acute spinal cord injury: an inappropriate standard of care. J. Neurosurg., 93, 1–7.

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Crescimento de plantas de Linum usitatissimum L. em diferentes regimes

de profundidade hídrica

Felipe Samways Santos, Silvia Renata Machado Coelho, Daiane Bernardi, Gabrielle Bortolini de Oliveira. e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Programa de Pós Graduação em Engenharia Agrícola /Cascavel, PR.

Área e subárea: Biológicas, saúde e agrárias. Palavras-chave: Lençol freático, linhaça marrom, estresse hídrico Resumo: O bom desempenho de uma cultura depende, entre outros, da disponibilidade hídrica adequada para seu desenvolvimento. Este trabalho objetivou avaliar o crescimento de plantas de linhaça marrom em diferentes regimes de profundidade. O experimento foi conduzido em casa de vegetação pertencente à Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Cascavel. A semeadura foi realizada em um conjunto de lisímetros com profundidade 0,10; 0,20; 0,30; 0,40; 0,50 e 0,60 m., que correspondem aos tratamentos T1, T2, T3, T4, T5 e T6, respectivamente. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com seis tratamentos e seis repetições. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas por meio do teste de Tukey a 1% de probabilidade no software estatístico Assistat. A altura de plantas de linhaça marrom sofreu influencia estatisticamente significativa em função da profundidade hídrica aplicada.

Introdução

A linhaça é uma das culturas oleaginosas mais tradicionais, úteis e

versáteis, presentes atualmente no cenário agrícola (Genser & Morris, 2003).

Vieira (1988) afirma que o linho requer solos ricos, profundos, porosos e

com bastante disponibilidade hídrica. Desta forma, considerando que a água é o

principal fator de produção agrícola, torna-se necessário que esteja disponível

nas quantidades necessárias para o bom desenvolvimento da cultura, uma vez

que, a disponibilidade hídrica afeta diretamente os processos fisiológicos

envolvidos na produção vegetal (AGUIAR, 2005). Assim, um melhor

aproveitamento da água se dá pela manutenção de níveis ótimos de umidade no

solo durante o ciclo da cultura, permitindo reduzir perdas por percolação

profunda e nos períodos de estresse hídrico da cultura (SOUZA et al., 2000).

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Material e Métodos

O experimento foi conduzido em casa de vegetação pertencente à

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Cascavel. As unidades

experimentais foram construídas utilizando tubos de PVC de 200 mm de

diâmetro, com profundidade do lençol freático de 0,10; 0,20; 0,30; 0,40; 0,50 e

0,60 m, sentados sobre bandejas de plástico para manutenção da umidade e

providos de manta geotêxtil para evitar a perda de solo. O delineamento

experimental adotado foi inteiramente casualizado, com seis tratamentos e seis

repetições.

O solo utilizado no preenchimento dos lisímietos é classificado como

Latossolo vermelho distrófico de textura argilosa.

A manutenção da água na bandeja foi realizada manualmente garantindo

sempre o nível constante de água, não sendo realizada adubação de base e/ou

aplicação de agroquímico no decorrer do experimento, sendo o controle de

plantas invasoras realizado manualmente.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, e as médias

comparadas por meio do teste de Tukey a 1% de probabilidade no software

estatístico Assistat.

Resultados e Discussão

A Tabela 1 apresenta as médias obtidas para altura de planta em função

de diferentes regimes de profundidade hídrica.

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Tabela 1. Altura de planta de Linum usitatissimum L. em função de diferentes regimes de profundidade hídrica.

Profundidade do lençol freático, m Altura de planta, cm

0,10 46,05 c

0,20 67,28 b

0,30 77,83 ab

0,40 79,58 a

0,50 76,33 ab

0,60 84,83 a

F 26.5168 **

As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01)

A variável altura de planta foi afetada significativamente pelo nível de

profundidade do lençol freático. Observa-se que as maiores médias para altura

de planta foram diretamente proporcionais ao rebaixamento do lençol freático.

Respostas semelhantes foram encontradas por Bassegio et al., (2012), ao

constatarem maior média de altura em plantas de linhaça mediante o aumento

da disponibilidade hídrica.

Tanaka et al. (2014), não constatou diferenças estatisticamente

significativas na altura de plantas de sorgo em subirrigação que variou entre

variou de 17 e 73 cm de profundidade.

Carpinski et al. (2013) observaram que o nível do lençol freático a 0,6 m

apresentou média superior à 0,8 m. de altura em plantas de crambe.

Deste modo, é possível considerar que menor disponibilidade hídrica

pode resultar em menor altura de planta, pois a água é um dos principais fatores

de produção agrícola e a ocorrência de déficit hídrico pode afetar os processos

de desenvolvimento da planta. Contudo, a necessidade hídrica das plantas varia

conforme as características de cada cultura, e o excesso de umidade ou afeta e

compromete significativamente o desenvolvimento da cultura, uma vez que, há

redução na aeração e a respiração das raízes é prejudicada devido à menor

disponibilidade de oxigênio, pois os espaços porosos presentes no solo estão

preenchidos com água.

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Conclusão

Conclui-se que os níveis determinados de lençol freático influenciaram

significativamente a altura de plantas de linhaça marrom.

Referências

Aguiar, J.V. (2005). A Função de Produção na Agricultura Irrigada. Fortaleza: Imprensa Universitária. Bassegio, D., Santos, R.F., Nogueira, C.E.C., Cattaneo, A.J. & Rossetto, C. (2012). Manejo da irrigação na cultura da linhaça. Acta Iguazu, 1, 98-107. Carpinski, M., Santos, R.F., Primieri, C., Silveira, L., Bassegio, D., Tomassoni, F. & NAKAI, E.H. (2013). Sensibilidade do crambe (Crambe abyssinica) a variação de nível de lençol freático. Acta Iguazu, 2, 36-45. Genser, A. D. & Morris, N. D. (2003). History of cultivation and uses of flaxseed. In Muir, A.D. & Westcott, N. D. (Eds), Flax - The genus £inum. London: Taylor and Francis. Souza, V. F., Coelho, E. F., Andrade Júnior, A. S., Folegatti, M. V. & Frizzone, J. A. (2000). Eficiência do uso da água pelo meloeiro sob diferentes frequências de irrigação. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental 4, 183-188. Tanaka, A.A., Júnior Jadoski, C., Klar, A.E. & Silva Júnior, J.F. (2014). Development of sorghum plants submitted under different water table levels in glasshouse. Nativa 2, 18-22. Vieira, S.R.; Reynolds, W.D. & Topp, G.C. (1988). Spatial variability of hydraulic properties in a highly structuredclay soil. Department of Agronomy and Horticulture 1, 471-483.

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Diatomáceas abundantes (Surirellales e Bacillariales) no rio Hercílio,

município de Ibirama, Santa Catarina, Brasil

Mailor Wellinton Wedig Amaral1, Norma Catarina Bueno1, Margaret Seghetto Nardelli1, Felipe Hoffmann1, Dayane Regina Garcia1 & Gilmar Baumgartner1.

email: [email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Ciências Biológicas, Taxonomia de Criptógamas Palavras-chave: algas, bioindicadores, taxonomia Resumo: As diatomáceas (Classe Bacillariophyceae) são amplamente distribuídas nos ambientes aquáticos, sendo caracterizadas pela presença de uma parede celular siliciosa. Este grupo de algas vem sendo amplamente estudado uma vez que respondem rapidamente a modificações ambientais, sendo consideradas bioindicadoras da qualidade da água fornecendo indicativos sobre a quantidade de matéria orgânica presente nos rios. Diante disso, o conhecimento das diatomáceas das ordens Surirellales e Bacillariales do rio Hercílio poderá contribuir para avaliar alterações ambientais. Foram inventariados quatro gêneros com maior abundância de espécies, sendo as mais frequentes: Nitzschia dissipata (Kütz) Rabenhorst (25,37%), Tryblionella victoriae Grunow (22,39%), Hantzschia amphioxys (Ehr.) Grunow (20,89%), Surirella angusta Kützing (17,92%) e Surirella guatimalensis Ehrenberg (13,43%).

Introdução

As diatomáceas são algas eucarióticas, unicelulares ou coloniais,

caracterizadas pelas suas paredes celulares siliciosas (Gonçalves et al., 2010).

Sua distribuição é muito ampla na natureza, pois habitam praticamente todos os

ambientes aquáticos, como rios, estuários, lagos e mares, possuindo assim

grande diversidade de espécies (WETZEL, 1983; REVIERS, 2006).

A diatomoflórula brasileira vem sendo amplamente estudada, uma vez

que as diatomáceas respondem rapidamente as mudanças ambientais,

fornecendo informações indicativas da quantidade de matéria orgânica e

qualidade da água dos rios (STOERMER & SMOL 2010). No entanto, para o

estado de Santa Catarina, poucos são os artigos publicados. A ordem

Bacillarialles Hendey é abundante nos ecossistemas aquáticos, incluindo 10

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gêneros atuais, sendo os mais comuns: Hantzschia, Nitzschia e Tryblionella

(Round et al., 2007). O gênero Tryblionella, atualmente inclui organismos

solitários com frústulas isopolares, valva simétrica e linear (Round et al., 2007).

No Brasil apenas 23 táxons de Tryblionella foram descritos (Tremarin et al.,

2009). Para Santa Catarina foram registrados 16 táxons marinhos até 2006

(Procopiak et al. 2006). E para ambientes dulcícolas, podemos citar o trabalho

de Chiossi (2013), que identificou 2 táxons para o Estado.

A ordem Surirellales Mann apresenta alta diversidade de espécies. Foram

registrados 9 gêneros com hábito solitário (Round et al., 2007). Surirella é o

gênero mais comum para o Brasil (Ludwig & Bigunas, 2006).

O presente estudo teve como objetivo realizar o levantamento taxonômico

dos gêneros Hantzschia, Nitzschia, Surirella e Tryblionella da Classe

Bacillariophyceae, do rio Hercílio, Ibirama, Santa Catarina, Brasil, contribuindo

com o conhecimento da diatomoflórula paranaense.

Material e Métodos

O rio Hercílio está localizado na região norte de Santa Catarina (Silva &

Tucci, 1998). As coletas foram realizadas nos anos de 2010-2011, em quatro

estações de coleta: IB-01 e IB-02, a montante, e IB-03 e IB-04, a jusante. Foi

utilizada uma bomba de sucção, sendo filtrados 600 litros de água em uma rede

de plâncton cônica com abertura de malha de 20 µm. O material coletado foi

acondicionado em frascos de polietileno com capacidade de 500ml e fixado em

solução Transeau segundo Bicudo & Menezes (2006). A oxidação do material

foi realizada pela técnica proposta por Simonsen (1974), modificada por Moreira-

Filho & Valente-Moreira (1981). Foram confeccionadas lâminas permanentes

utilizando-se Naphrax® como meio de inclusão (IR= 1,73). As análises da

morfometria e fotografias das microalgas foram realizadas em fotomicroscópio

com câmera de captura DP71 acoplada. A classificação seguiu Round et al.

(2007). As amostras foram depositadas e registradas no herbário da

Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNOP-Algae), campus Cascavel.

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Resultados e Discussão

O levantamento florístico das Ordens Bacillariales e Surirellales

(Bacillariophyta) no rio Hercílio resultou na amostragem de 276 indivíduos,

pertencentes às famílias Bacillariaceae Ehrenberg (1831) e Surirellaceae

Kützing (1844). Os táxons estão distribuídos em quatro gêneros, sendo as mais

frequentes: Hantzschia amphioxys (Ehr.) Grunow (20,89%), Nitzschia dissipata

(Kütz.) Rabenhorst (25,37%), Surirella angusta Kützing (17,92%) e Surirella

guatimalensis Ehrenberg (13,43%), Tryblionella victoriae Grunow (22,39%).

A espécie Hantzschia amphioxys é cosmopolita, indicadora de poluição

orgânica e hábito bentônico (Moro & Fürstenberger, 1997). Nitzschia dissipata é

uma espécie epilítica, dulcícola, e indicadora de ambiente eutrofizado (Moro &

Fürstenberger, 1997). Tryblionella victoriae, anteriormente conhecida como

Nitzschia tryblionella var. victoriae é fitoplanctônica e dulcícola (Moro &

Fürstenberger, 1997). Surirella guatimalensis ocorre em ambiente bentônico e

planctônico dulcícolas com alta concentração de matéria orgânica (Round et al.,

2007; Moro & Fürstenberger, 1997) e Surirella angusta suporta vários graus de

salinidade, e pode ser encontrada em ambientes planctônicos ou bentônicos e

eutrofizados (Moro & Fürstenberger, 1997).

As espécies mais encontradas no rio em estudo indicaram que ambos os

gêneros têm preferência por ambientes com alta concentração de matéria

orgânica. O gênero Surirella possui espécies com preferência para ambientes

oligotróficos a eutróficos. Os demais gêneros (Hantzschia, Nitzschia e

Tryblionella), também são indicadores de ambientes com maior concentração de

material orgânico, tendo uma maior ocorrência (154 táxons) a montante (IB-01,

IB-02) em relação à jusante (IB-03, IB-04) que apresentou 122 exemplares ao

longo do rio Hercílio. A presença da espécie Hantzschia amphioxys, por

exemplo, pode representar a contaminação da água.

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Figuras 1 – Diatomáceas no rio Hercílio: 1-2. Surirella guatimalensis Ehrenberg; 3-5. Tryblionella victoriae Grunow; 6-7. Surirella angusta Kützing; 8. Nitzschia dissipata (Kütz) Rabenhorst; 9-10. Hantzschia amphioxys (Ehr.) Grunow Escalas em 10 µm.

Conclusões

Pela grande quantidade de espécies encontradas, podemos inferir que o

ambiente estudado apresenta grandes quantidades de material orgânico,

propício ao desenvolvimento dos gêneros citados de diatomáceas. Dessa forma,

a afinidade destas algas pelo acúmulo de nutrientes em suas frústulas sugere

uma possibilidade de eutrofização do rio.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio financeiro cedido ao primeiro

autor por meio da concessão da bolsa de iniciação científica e ao GERPEL pelas

amostras.

Referências Bicudo, C.E.M. & Menezes, M. 2006. Gêneros de Algas de Águas continentais do Brasil: chave para identificação e descrições. São Carlos: RiMa. Lobo, E.A., Callegaro, V.L.M. & Bender, E.P. (2002). Utilização de algas diatomáceas

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epilíticas como indicadoras da qualidade da água em rios e arroios da região hidrográfica do Guaíba, RS, Brasil. EDUNISC: Santa Cruz do Sul. Gonçalves, V.; Marques, H.; Fonseca, A. Lista das Diatomáceas (Bacillariophyta). In: Borges, P. A. V.; Bried, J.; Costa, A.; Cunha, R.; Gabriel, R.; Gonçalves, V.; Martins, A. F.; Melo, I.; Parente, M.; Raposeiro, P.; Rodrigues, P.; Santos, R. S.; Silva, L.; Vieira, P.; Vieira, V. (Eds.). Listagem dos Organismos Terrestres e Marinhos dos Açores. Cascais: Princípia, 2010. p. 81-97. Ludwig, T.A.V. & Bigunas, P.T.I. (2006). Bacillariophyta. In: Bicudo, C.E.M. & Menezes, M. (orgs). Gêneros de algas de águas continentais do Brasil: chave de identificação e descrições. São Carlos: RiMa. Moreira-Filho, H. & Valente-Moreira, I.M. 1981. Avaliação taxonômica e ecológica das diatomáceas (Bacillariophyceae) epífitas em algas pluricelulares obtidas nos litorais dos Estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Boletim do Museu Botânico Municipal 47,1-17. Moro, R.S. & Furstenberger, C.B. (1997). Catálogo dos principais parâmetros ecolóogicos de diatomáceas não - marinhas. Ponta Grossa: UEPG Procopiak, L.K.; Fernandes, L.F. & Moreira Filho, H. (2006). Diatomáceas (Bacillariophyta) marinhas e estuarinas do Paraná, Sul do Brasil: lista de espécies com ênfase em espécies nocivas. Biota Neotropica 6, 1-28. Reviers, B. Biologia e filogenia das algas. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 280. Round, F.E., Crawford, R.M. & Mann, D.G. (2007). The Diatom: biology and Morphology of the genera. Cambrige: Cambrige University Press. Silva, E.A. & Tucci, C.E.M. (1998). Relação entre as vazões máximas diárias e instantâneas. RBRH. Revista brasileira de Recursos Hídricos 3, 133-151. Simonsen, R. The diatom of the Indian Ocean Expedition of R.V. Meteor. Meteor Forchungsergeb Reihe D-Biol. 9: 116. Stoermer E. F.; Smol J. P. The Diatoms: Applications for the Environmental and Earth Sciences. Cambridge: Cambridge University Press, 2010. p. 686. Torgan, L.C. & Weber, A.S. (2008). Novos registros de Surirella Turpin (Bacillariophyta, Surirellaceae) para o Rio Grande do Sul e Brasil. Acta Botanica Brasilica 22, 393-398. Tremarin, P.I., Freire, E.G., Bertolli, L.M. & Ludwig, T.A.V. (2009). Catálogo das diatomáceas (Ochrophyta-Diatomeae) continentais do estado do Paraná. Iheríngia, Série Botânica 64, 79-107.

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Wetzel, R. G. Periphyton of freshwater ecosystems. The Hangue: Dr. W. Junk, 1983.

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Distribuição da diversidade de pteridófitas ao longo de um gradiente

florestal na reseva particular do patrimonio natural vila rica em fênix,

Paraná

Bruna Paula, Camila Zanoni Silva, Karine Dassoler, Ketllin Zanella da

Conceição, Marcelo Galezzi Caxambu, email: [email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas/Cascavel, PR. Universidade Tecnológica Federal do Paraná/ Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas/Campo Mourão, PR.

Área e subárea: Taxonomia Vegetal – Taxonomia de Criptógamos Palavras-chave: Criptógamas, Plantas Vasculares, Distribuição de espécies. Resumo: Pteridófitas são plantas vasculares sem sementes, produtoras de esporos e suas maiores ocorrências são em ambientes naturais bastante úmidos e sombreados. As Pteridófitas apesar de pouco valorizadas são importantes componentes da flora, dessa forma, o objetivo desse trabalho é elencar os diferentes hábitos de vida das Pteridófitas e verificar e a relação entre diversidade, temperatura e umidade relativa do ar ao longo de um gradiente florestal. Foram realizadas duas expedições a Reservada Particular do Patrimônio Natural Agro Mercantil Vila Rica LTDA, de forma que foram coletadas espécies de indivíduos de Pteridófitass presentes nessa área, para fins de análise de diversidade. As espécies coletas foram realizadas, utilizando as técnicas usuais em levantamento florístico e testes de umidade e temperatura. Após o levantamento os dados foram submetidos a testes estatísticos. Embora não tenha sido evidenciada a associação entre umidade relativa e temperatura com a diversidade, é altamente recomendável que novos estudos sejam realizados, de forma a elucidar as relações de diversidade de Pteridófitas na área de estudo.

Introdução

Pteridófitas são plantas vasculares sem sementes e produtoras de

esporos, com maiores ocorrências em ambientes naturais bastante úmidos e

sombreados, representadas em sua maioria por samambaias ou avencas.

As Pteridófitas, apesar de pouco valorizadas, são importantes

componentes da flora, elas absorvem água pelas raízes densas e distribuem

gradualmente ao solo e ao ar, sendo fundamentais para o desenvolvimento e

estabelecimento de outros grupos vegetais e animais (Brade 1940; Smith, 1972).

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Nas últimas décadas, a devastação desacerbada dos recursos naturais

em função de atividades econômicas causou grande prejuízo ao meio-ambiente.

No Estado do Paraná, essa ação foi marcante em consequência da forte cultura

agrícola e da urbanização, causando danos irreparáveis ao ambiente e o

consequente desaparecimento de flora. Contudo, é importante ressaltar que

novas espécies de Pteridófitas ainda continuam sendo registradas no Estado.

Tryon e Tryon (1982) estimam cerca de 3.250 espécies com 3.000 delas

exclusivas dos trópicos. Dessas, aproximadamente 1.100 espécies podem ser

encontradas no território brasileiro e 600 nas regiões Sul e Sudeste.

Nesse contexto, este trabalho foi elaborado com o objetivo de elencar os

diferentes hábitos de vida das Pteridófitas e verificar a relação entre diversidade,

temperatura e umidade relativa do ar ao longo de um gradiente florestal.

Material e Métodos

O município de Fênix localiza-se na Mesorregião Centro-Ocidental à

nordeste do município de Campo Mourão (IPARDES, 2013). O clima na região

é o subtropical úmido mesotérmico. Os solos encontrados na área de estudo são

latossolo roxo distrófico, latossolo roxo eutrófico e argissolo vermelho-amarelo

(ITCG, 2008).

Foram realizadas duas expedições a Reserva Particular do Patrimônio

Natural Agro Mercantil Vila Rica LTDA, sendo a primeira em Maio e a segunda

em Julho de 2014, de forma que foram coletadas espécies de indivíduos de

Pteridófitas presentes nessa área, para fins de análise de diversidade. As coletas

foram realizadas, utilizando as técnicas usuais em levantamento florístico e

testes de umidade e temperatura (Fidalgo; Bononi, 1989). As plantas foram

processadas e herborizadas nas dependências do Herbário da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná Campus Campo Mourão (HCF). Para a

determinação de espécies abundantes e dominantes foi utilizado os critérios do

Lobo e Leighton (1986).

Para realização dos testes estatísticos foi utilizado o Software BioEstat 5.0

(Ayres et al., 2007).

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Resultados e Discussão

No total foram amostradas 10 espécies, pertencentes a sete famílias e

nove gêneros. As famílias com maior riqueza foram: Pteridaceae (3),

Polypodiaceae (2) e as famílias restantes estiveram presentes com uma espécie

cada, em que houve uma predominância de espécies terrestres em relação às

epífitas.

Para medir os índices de diversidade com base na amostragem coletada

foi utilizado o índice de Shannon-Wiener (H’), esse índice estima a diversidade

de variáveis categóricas em uma população.

O teste de normalidade foi realizado para definir se os dados de

diversidade, temperatura e umidade do ar são paramétricos ou não

paramétricos. Foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk, com as seguintes hipóteses:

H0: Há distribuição normal nos dados;

H1: Não há distribuição normal nos dados.

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Tabela 2: Resultados do teste Shapiro-Wilk

Resultados Diversidade

(H’)

Temperatura

(ºC)

Umidade do ar

(%)

Tamanho da

amostra

8 8 8

Média 0.3956 21.925 75.1125

Desvio Padrão 0.1138 0.6756 11.3348

W 0.8197 0.7863 0.8325

P 0.0526 0.0262 0.0719

Dessa forma, não rejeita-se H0 e conclui-se que os dados de diversidade

e umidade do ar possuem distribuição normal, sendo paramétricos. Em relação

a temperatura, rejeita-se H0, sendo que essa variável não possui distribuição

normal.

Para verificar a associação entre as variáveis diversidade e temperatura,

diversidade e umidade do ar, foi utilizado a Correlação Linear de Pearson para

ambas as associações. Os seguintes pares de hipóteses foram definidos:

H0 – Não há associação entre diversidade e temperatura;

H1 – Há associação entre diversidade e temperatura;

H0 – Não há associação entre diversidade e umidade;

H1 – Há associação entre diversidade e umidade;

Tabela 2. Resultados Correção Linear de Pearson

Diversidade X Temperatura Diversidade X Umidade

r (Pearson) -0.5365 -0.6279

P 0.1703 0.0954

Após a realização dos testes indicados foi constatado um p = 0,1703 para

associação entre Diversidade e Temperatura, e um p = 0,0954 para Diversidade

e Umidade do ar. Quando p ≥ 0,05, não rejeita-se H0, e conclui-se que não há

associação entre as variáveis.

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Desta forma, para o ambiente amostrado no momento não foi detectado

relação entre o índice de diversidade com a temperatura e umidade relativa do

ar. A explicação mais plausível para essa variação poderia estar relacionada

aos solos da área, que em uma extremidade do transecto são inclinados, rasos

e sem uma cobertura de matéria orgânica mais evidente. No outro extremo do

transecto, há influência visível de sedimentos que são carreados da estrada para

o interior do fragmento.

Corroborando o exposto acima, Botrel et al., (2002) realizaram uma

análise de correspondência canônica (CCA) dos padrões emergentes das

variáveis ambientais e da abundância de espécies em uma área de Floresta

Estacional Semidecidual e verificaram que as espécies se distribuem no

fragmento sob forte influência do regime de água e da fertilidade química dos

solos.

No meio do transecto na Vila Rica, onde está localizado o ponto que

apresenta maior índice de diversidade, o solo predominante é Latossolo, os

mesmos são profundos e bem drenados, recobertos por uma capa de matéria

orgânica podendo favorecer o crescimento de Pteridófitas, por ser

aparentemente um trecho mais protegido observando-se a presença de epífitas

o que não acontece nas bordas.

Ainda assim, é altamente necessária a confirmação da possível relação

entre o índice de diversidade e as características dos solos na área de estudos,

inclusive com caracterização de solos e vegetação através de topossequência.

Conclusões

Conclui-se que no momento a temperatura e a umidade do ar não

influenciam de forma significativa na diversidade dos pontos amostrais. Embora

não tenha sido evidenciada a associação entre umidade relativa e temperatura

com a diversidade, é altamente recomendável que novos estudos sejam

realizados, de forma a elucidar as relações de diversidade de Pteridófitas na área

de estudo, incluindo a realização de topossequência em diferentes pontos, para

verificar ou refutar as relações entre solos e diversidade.

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Referências Brade, A. C. Contribuição para o estudo da Flora Pteridofítica da Serra do Baturité, Estado do Ceará. Rodriguesia. Rio de Janeiro, v. 4, n. 13, p. 289-314, 1940. Ciências Agrárias e Ambientais, Curitiba. v.1, n.2, p. 11-19, 1940. Botrel, R. T; Filho, A. T. O; Rodrigues, L. A; Curi, N. Influência do solo e topografia sobre as variações da composição florística e estrutura da comunidade arbóreo-arbustiva de uma floresta Estacional Semidecidual em Ingaí, MG. Brasil Botânica. V.25, n.2, p.195-213, 2002. Fidalgo, O.; Bononi, V. L. R. Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. São Paulo: Instituto de Botânica, 1989. 62p. IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Relação dos Municípios segundo as regiões geográficas do Paraná. 2012. Disponível em: <http://www.ipardes.gov.br/pdf/mapas/base_fisica/relacao_mun_regiao_geografica_parana.pdf> Acesso em 23 de out de 2015. ITCG – Instituto de Terras Cartografia e Geociências. Mapa Fitogeográfico. 2009. Disponível em: <http://www.itcg.pr.gov.br/arquivos/File/Produtos_DGEO/Mapas_ITCG/PDF/Mapa_Fitogeografico_A3.pdf > Acesso em 25 de out de 2015. Sehnem, A. As filicíneas do Sul do Brasil, sua distribuição geográfica, sua ecologia e suas rotas de migração. Pesquisas Botanica. São Leopoldo, V. 31, p.1-108, 1977.. Smith, A. R. Comparison of fern and flowering plant distributions with some evolutionary interpretation for ferns. Biotropica. California, v.4, n.1, p.4-9,1972. Tryon, R. M.; Tryon, A. F. Ferns and allied plants: with special reference to Tropical America. New York: Springer Verlag, 1982.

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Doenças parasitárias negligenciadas: Por que não realizar o exame

parasitológico de fezes?

Morgana de Oliveira Paula, Luan Geraldo Ocana de Oliveira, Sônia de Lucena

Mioranza, e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas/Cascavel, PR.

Área e subárea: Ciências Biológicas, Parasitologia Palavras-chave: parasitoses, coproparasitológico, doenças da pobreza. Resumo: Apesar do impacto mundial que as doenças parasitárias acarretam elas continuam sendo ignoradas pelas políticas públicas de saúde. Segundo o Ministério da Saúde, a população em idade escolar é mais vulnerável a infecção, bem como indivíduos imunossuprimidos. O objetivo do estudo foi verificar o número de solicitações do exame parasitológico de fezes em pacientes internados no Hospital Universitário do Oeste do Paraná no período entre janeiro de 2012 a agosto de 2015 na cidade de Cascavel, Paraná. Verificou-se um total de 959 solicitações do exame, sendo que em 2012 não estava especificado na prescrição o tipo de amostra se era única ou múltipla, totalizando 309 exames. No período de 2013 a 2015, foram solicitados 650 exames, 487 (74,9%) amostra única e 163 (25,1%) amostra múltipla de fezes. Em 2013, 257 exames, sendo 188 (73,15%) amostra única e 69 (26,85%) amostra múltipla, em 2014, 187 exames, 118 (63,10%) amostra única e 69 (36,90%) amostra múltipla e em 2015, 206 exames, 181 (87,86%) amostra única e 25 (12,14%) amostra múltipla. Observou-se um decréscimo na solicitação do exame parasitológico de fezes em pacientes internados neste período. Esta prática clínica pode deixar de detectar casos positivos em assintomáticos e oligossintomáticos, levando a automedicação. O diagnóstico adequado detecta facilmente os casos, especialmente solicitando-se várias amostras o que aumenta a sensibilidade diagnóstica. Neste caso, fica a pergunta: por que não solicitar o exame de fezes? a prescrição ocorre de forma aleatória? é reflexo de uma complementação diagnóstica? por que continuar negligenciando um problema de saúde pública?

Introdução

Espalhadas por todo o planeta, mais de um bilhão de pessoas vivem com

menos de US$ 2 por dia: seja no Brasil, em países da América Latina e Caribe,

África, Ásia, Estados Unidos e alguns países da Europa. Estão principalmente

no campo, em áreas urbanas de pobreza extrema e em regiões de conflito.

Sofrem de todo tipo de carência – de agua potável, de escolaridade, de

saneamento básico, de moradia e de acesso a tratamentos de saúde – e são as

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principais vitimas das doenças denominadas negligenciadas (Assad, 2010). As

doenças negligenciadas (DN) são endêmicas, principalmente, em países de

clima tropical sendo relacionadas à pobreza e ao baixo desenvolvimento (Silva

e Nicoletti, 2013), onde há menor índice de Índice de Desenvolvimento Humano

(IDH) (Lindoso e Lindoso, 2009). No Brasil, nas metrópoles e em áreas onde a

urbanização é desordenada, se avolumam os problemas ambientais onde

ocorrem as maiores condições de risco para a população (Ramalho, 1999).

Apesar do impacto mundial que acarretam as parasitoses continuam sendo

largamente ignoradas pelas políticas públicas de saúde globais, sendo inclusive

algumas delas excluídas da classificação pela OMS. De acordo com dados da

Organização Pan-Americana de Saúde, as geohelmintoses são altamente

frequentes na América Latina, com prevalência estimada de 30%, mas

alcançando 50% em comunidades vulneráveis e até 95% em algumas tribos

indígenas (Cordón e col., 2008). Para a Organização Mundial de Saúde as

enteroparasitoses estão entre os agravos infecciosos mais frequentes no mundo.

A cada ano ocorrem cerca de 65.000 óbitos em decorrência de ancilostomídeos,

60.000 por Ascaris lumbricoides e 70.000 por Entamoeba histolytica (Corrêa e

Neto, 1994). O objetivo deste estudo foi avaliar o número de prescrições médicas

do exame parasitológico de fezes em pacientes internados no Hospital

Universitário do Oeste do Paraná no período entre janeiro de 2012 a agosto de

2015 em Cascavel, Paraná.

Material e Métodos

Através do Sistema de Gestão Hospitalar Tasy foi verificado a frequência

de solicitações do exame parasitológico de fezes em pacientes internados no

Hospital Universitário do Oeste do Paraná no período entre janeiro de 2012 a

agosto de 2015 na cidade de Cascavel, Paraná. Os exames parasitológicos são

prescritos na forma de amostra única ou múltipla de fezes, sendo realizados no

setor de parasitologia do HUOP por três técnicas, a saber: Direto, Sedimentação

espontânea e Faust, sendo que a coleta do material fecal era realizada nas alas

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de internamento do referido hospital e o resultado do exame é liberado no Tasy

pelo farmacêutico responsável.

Resultados e Discussão

Verificou-se no período um total de 959 solicitações do exame

parasitológico de fezes, sendo que no ano de 2012 não estava especificado na

prescrição médica o tipo de amostra se era única ou múltipla, totalizando 309

exames de fezes. No período de 2013 a 2015, foram solicitados 650 exames

parasitológico de fezes, sendo 487 (74,9%) amostra única de fezes e 163

(25,1%) amostra múltipla de fezes. Em 2013 foram solicitados 257 exames,

sendo 188 amostra única e 69 amostra múltipla, em 2014 187 exames, sendo

118 amostra única e 69 amostra múltipla e em 2015 206 exames, sendo 181

amostra única e 25 amostra múltipla.

Figura 1 - Número de solicitações do exame parasitológico de fezes - amostra única e múltipla no Hospital Universitário do oeste do Paraná, segundo mês e ano.

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Figura 2 – Número de solicitações do exame parasitológico de fezes - amostra única no Hospital Universitário do oeste do Paraná, segundo mês e ano.

Conclusões

Além da necessidade de realizar o exame parasitológico, deve-se também

elaborar programas com o objetivo de solucionar o problema desde a sua

origem: melhoria na educação em saúde, condições de higiene, saneamento

básico, situação econômica. É evidente que a investigação e o tratamento

farmacológico não são suficientes para solucionar tais problemas, pois o

ambiente é susceptível, necessitando realizar mudanças definitivas no meio

ambiente. Medidas de combate devem ser fortalecidas e investimentos em

infraestrutura, na extensão de rede de água e esgoto devam ser ampliados.

Desta forma, a ocorrência destas doenças poderá diminuir, tornando possível a

melhoria na qualidade de vida da população.

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Figura 3 – Número de solicitações do exame parasitológico de fezes - amostra múltipla no Hospital Universitário do oeste do Paraná, segundo mês e ano.

Agradecimentos

Laboratório do HUOP- setor de Parasitologia

Referências ASSAD, LEONOR. Doenças negligenciadas estão nos países pobres e em desenvolvimento. Cienc. Cult. vol.62 no.1 São Paulo 2010 CORDÓN, G.P, CORDOVA, P.S.O, VARGAS,V.F e col. Prevalence of enteroparasites and genotyping of Giardia lamblia in peruvian children. Parasitology 2008; 103: 459-65 CORREA, L.L, E NETO, A.V. Exame parasitológico das fezes. Sarvier 1994; 2. LINDOSO, JOSÉ ANGELO L., LINDOSO, ANA ANGÉLICA B.P. Doenças tropicais negligenciadas no Brasil. Rev. Inst. Med. Trop. S. Paulo, v.51 n.5, São Paulo, Sept./Oct., 2009. RAMALHO D.S. Degradação ambiental urbana e pobreza: a percepção dos riscos. Revista de Ciências Sociais e Econômicas, Universidade Federal da Paraíba 19:16- 30, 1999. SILVA E.L., NICOLETTI M.A. Controle e tratamento das doenças negligenciadas: visão da situação atual. Revista saúde v.7, n. 3/4, 2013.

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Efeito alelopático de Jatropha curcas L. no desenvolvimento radicular de

Linum usitatissimum L.

Felipe Samways Santos, Silvia Renata Machado Coelho, Daiane Bernardi, Nayara Parisoto Boiago. e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Programa de Pós Graduação em Engenharia Agrícola - Cascavel, PR. Área e subárea: Biológicas, saúde e agrárias. Palavras-chave: Pinhão manso, alelopatia, linhaça marrom

Resumo: A alelopatia é definida como uma intervenção natural direta ou indireta,

por meio da qual determinadas plantas ou microorganismos produzem

compostos químicos que, quando liberados no ambiente, podem beneficiar ou

prejudicar outros organismos. O trabalho objetivou avaliar o efeito alelopático do

extrato aquoso de pinhão manso (Jatropha curcas L.) no comprimento de raízes

da linhaça marrom (Linum usitatissimum L.). O experimento foi conduzido em

casa de vegetação no município de Cascavel - PR. Foi adotado delineamento

experimental de blocos inteiramente casualizados (DIC) com seis tratamentos

(doses) e três repetições. As doses aplicadas foram de 0% (controle), 5%, 10%,

20%, 40% e 80%. Houve irrigação de 100 ml por tratamento a cada dois dias.

Para avaliação do comprimento do sistema radicular, realizou-se análise de

variância, e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

através do software estatístico Assistat. Não houve efeito alelopático do extrato

aquoso de pinhão manso no comprimento do sistema radicular da linhaça

marrom.

Introdução

A linhaça é uma das oleaginosas mais antigas e tradicionais da historia, e

apresenta teor de óleo de aproximadamente 38%, fibras e proteínas na faixa

20% a 25%, respectivamente (GALVÃO, 2008). É bastante usada na

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alimentação humana, mas pode se destacar na produção de biocombustíveis

(RABETAFIKA, 2011).

Alelopatia pode ser definida como uma forma natural a qual determinada

planta produz substâncias que podem favorecer ou prejudicar outros

organismos, inclusive outras plantas (GLIESSMAN, 2000).

Os frutos de pinhão manso são comumente aplicados na medicina

popular. No entanto, suas sementes são tóxicas para humanos e animais

podendo causar problemas de saúde (AKINTAYO, 2004).

O presente trabalho objetivou avaliar o desenvolvimento do sistema

radicular da linhaça marrom submetida à irrigação com diferentes doses de

extrato aquoso de pinhão manso.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido em casa de vegetação no município de

Cascavel – PR, onde o delineamento experimental adotado foi o de blocos

inteiramente casualizado (DIC) com seis tratamentos e três repetições.

Para o preparo da concentração de 100% do extrato, foram macerados

200 g de folha para 1L de água. A partir da concentração máxima de 100%,

houve diluição para concentrações mais baixas de 0% (tratamento controle), 5%,

10%, 20%, 40% e 80%.

A linhaça marrom foi semeada em bandeja de poliestireno expandido,

com 108 células. Houve irrigação por microaspersão, onde aplicou-se 100 ml por

tratamento a cada dois dias. Para avaliação do comprimento do sistema

radicular, realizou-se análise de variância, e as médias comparadas pelo teste

de Tukey a 5% de probabilidade através do software estatístico Assistat.

Resultados e Discussão

A Tabela 1 apresenta as médias obtidas para o comprimento do sistema

radicular (cm) da linhaça marrom em função da aplicação de diferentes doses de

extrato aquoso de pinhão manso.

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Tabela 1. Efeito do extrato aquoso de Jatropha curcas L. no comprimento do sistema radicular de Linum usitatissimum L.

Tratamento, % Comprimento do sistema radicular, cm

0 6,16 a

5 6,83 a

10 6,5 a

20 6,41 a

40 7,08 a

80 6,66 a

F 0,49 n.s.

Média geral 6,61

As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey a 5% de probabilidade. n.s. não significativo (p >= .05)

Os resultados apresentados assemelham-se aos obtidos por Silva et al.

(2012), onde o pinhão manso não influenciou o comprimento do sistema radicular

da cultura do milho.

Em pesquisa desenvolvida por Lemos (2009), o extrato de pinhão manso

se mostrou altamente inibidor ao desenvolvimento de raíz de alface, semelhante

ao apresentado por Abugre & Sam (2010), onde os autores também observaram

inibição no desenvolvimento de milho, quando submetido a elevadas doses

concentradas do extrato aquoso radicular de pinhão manso.

Deste modo, embora Souza Filho et al. (1997) afirmem que as raízes são

sensíveis a alterações, a ausência de significância nas respostas obtidas pode

ser justificada pelo fato de que a coleta dos dados foi realizada ainda no início

do ciclo da cultura da linhaça, impossibilitando o completo desenvolvimento do

sistema radicular, ou ação alelopática do extrato de pinhão manso.

Conclusão

Conclui-se que não houve efeito alelopático do extrato aquoso de pinhão

manso no comprimento do sistema radicular da linhaça marrom.

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Referências Abugre, S. & Sam, S.J.Q.(2010). Evaluating the allelopathic effect of Jatropha curcas aqueous extract on germination, radicle and plumule length of crops. International Journal of Agriculture and Biology, 12,769-772. Akintayo, E. T. (2004). Characteristics and composition of Parkia biglobosa and Jatropha curcas oils and cakes. Bioresource Technology, 92, 307-310. Da Silva, P.S.S., Fortes, A.M.T., Boiago, N.P., Pillati, D.M. & Gomes, F.M. (2012). Interação alelopática de Jatropha curcas L. com Helianthus annuus L. e Zea mays L. por meio de exsudados radiculares. Biotemas, 25, 57-64. Galvão, E. L., Silva, D. C. F., Silva, J. O., Moreira, A. C. B. & Sousa, E. M. B. D. (2008). Avaliação do potencial antioxidante e extração subcrítica do óleo de linhaça. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 28, 551-557. Gliessman, S. R. (2000). Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. Porto Alegre: UFRGS. Lemos, J. M., Meinerz,C.C., Bertuol, P., Corteze, O. & Guimarães, V.F. (2009). Efeito alelopático do extrato aquoso de folha de pinhão manso (Jatropha curcas L.) sobre a germinação e desenvolvimento inicial de alface (Lactuca sativa cv. Grand Rapids). Revista Brasielira de Agroecologia, 4, 2529-2532. Rabetafika, N.H., Remoortel, V.V., Danthine, S., Paquot, M. & Blecker, C. (2011) Flaxseed proteins: food uses and health benefits. International Journal of Food Science and Technology, 46, 221–228. Souza Filho, A. P. S., Rodrigues, L. R. A. & Rodrigues, T. J. D. (1997). Efeitos do potencial alelopático de três leguminosas forrageiras sobre três invasoras de pastagens. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 32, 165-170.

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Efeitos da cirurgia bariátrica sobre o peso e fertilidade da prole de ratas

obesas pela dieta de cafeteria

Gabriela Alves Bronczek1, Carla Bruna Pietrobon2, Iala Bertasso2, Sara Cristina Sagae3, Maria Lucia Bonfleur3, e-mail: [email protected].

1Discente do curso de Ciências Biológicas (Bacharelado), Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Cascavel, PR, Brasil. 2 Mestranda em Biociências e Saúde, UNIOESTE, Cascavel, PR, Brasil 3 Docente da Área de Fisiologia Humana, UNIOESTE, Cascavel, PR, Brasil

Área e subárea: Fisiologia, Fisiologia Geral Palavras-chave: obesidade, reprodução, ovulação. Resumo: A obesidade materna pode estar relacionada com o desenvolvimento de comorbidades nos descendentes. Neste contexto, a cirurgia bariátrica tem emergido como estratégia para interrupção deste ciclo. Nosso objetivo foi avaliar o efeito da cirurgia de derivação gástrica em Y de Roux (DGYR) sobre o peso corporal de ratas obesas pela dieta de cafeteria e seus descendentes, além de efeitos sobre a fertilidade das descendentes. Utilizamos ratas Wistar classificadas em grupos CTL, CAF PC e CAF DGYR. Os procedimentos cirúrgicos foram realizados aos 65 dias de vida nos grupos PC e DGYR, com o início do cruzamento após 40 dias. A prole foi classificada em CTL-F1, CAF PC-F1 e CAF DGYR-F1, com desmame aos 21 e eutanásia aos 120 dias de vida. As ratas progenitoras CAF PC apresentaram aumento de 22% no peso corporal quando comparadas as CTL e a cirurgia bariátrica de DGYR normalizou este parâmetro. Observou-se que o peso corporal do grupo CAF PC-F1 foi semelhante ao CTL-F1, mantendo-se na prole CAF DGYR-F1 a redução observada nas progenitoras. Quanto ao número de óvulos, o grupo CAF PC-F1 apresentou redução de 80% quando comparado ao CTL-F1 e a cirurgia de DGYR não alterou este parâmetro. Sendo assim, a dieta de cafeteria induziu ganho de peso nas mães e a cirurgia de DGYR normalizou este parâmetro. Aos 120 dias de vida da prole foi verificado apenas reflexos da cirurgia sobre o peso, não afetando a fertilidade, a qual se manteve reduzida nas fêmeas descendentes de mães expostas à dieta de cafeteria.

Introdução

A obesidade é uma epidemia mundial e abrange tanto países

desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Além disso, essa patologia está

intrinsecamente relacionada a diversas comorbidades como doenças

cardiovasculares, desordens metabólicas, diabetes melittus tipo 2, hipertensão

arterial, dislipidemia, doenças respiratórias e osteoarticulares. O aumento

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da obesidade em mulheres em idade reprodutiva é extremamente preocupante,

uma vez que está intimamente associada ao aumento na prevalência de diversos

riscos obstétricos. Adicionalmente, estudos recentes sugerem que a obesidade

materna também está associada a danos importantes nos descendentes.

Objetivando reverter o estado de obesidade e síndromes associadas,

alguns indivíduos recorrem às cirurgias bariátricas. A cirurgia de derivação

gástrica em Y de Roux (DGYR) possui caráter misto e é um dos procedimentos

cirúrgicos mais efetivos e sustentáveis para perda de peso em obesos mórbidos.

Com base nisso, nosso objetivo foi avaliar o efeito da DGYR sobre o peso

corporal de ratas obesas pela dieta de cafeteria e seus descendentes, além de

possíveis efeitos sobre a fertilidade da prole feminina.

Material e Métodos

Foram utilizadas ratas Wistar com 21 dias de vida, provenientes do

Biotério central do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da

Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Foram mantidas no

biotério setorial do Laboratório de Fisiologia Endócrina e Metabolismo, com luz

e temperatura controlados. As ratas foram classificadas aleatoriamente nos

grupos: controle (CTL), que recebeu dieta padrão, cafeteria pseudo-cirurgico

(CAF PC) e grupo cafeteria DGYR (CAF DGYR), que receberam dieta de

cafeteria até o desmame da prole. A cirurgia bariátrica de DGYR e a pseudo-

cirurgia foram realizadas aos 65 dias de vida nas ratas do grupo CAF DGYR e

CAF PC, respectivamente e aos 105 dias teve início o período de cruzamento. A

prole obtida foi designada conforme o tratamento das mães, em CTL-F1 (N= 71),

CAF PC-F1 (N= 54) e CAF DGYR-F1 (N= 33), os quais foram desmamados 21

dias após o nascimento e eutanasiados aos 120 dias de vida. No dia da

eutanásia das fêmeas, os ovários foram retirados para contagem dos óvulos a

fresco em microscópio óptico em aumento de 40x.

Resultados e Discussão

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A dieta de cafeteria foi eficiente em aumentar o peso corporal, como

observado pelo aumento de 22% no peso corporal do grupo CAF PC quando

comparado ao grupo CTL e a cirurgia de derivação gástrica em Y de Roux

retomou a valores similares ao controle (Gráfico 01). Corroborando com a

literatura, onde vários estudos demonstram que a dieta de cafeteria promove

hiperfagia voluntária, resultando em rápido ganho de peso, gordura abdominal e

parâmetros pré-diabéticos (SAMPEY et al., 2011), além disso, também é bem

estabelecido na literatura que os diferentes procedimentos de cirurgia bariátrica

promovem redução do peso corporal e melhora da homeostase glicêmica em

pacientes, em animais diabéticos e animais obesos pré-diabéticos (RUBINO et

al., 2006).

Pe

so

co

rp

ora

l d

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C T L C AF P C C AF D G Y R

0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 0

a

b

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Gráfico 01 – Peso Corporal das Mães submetidas à cirurgia de DGYR, ou não (n=12-16).

Observou-se que na prole o peso corporal do grupo CAF PC-F1 foi

semelhante ao CTL-F1, mantendo-se na prole CAF DGYR-F1 a redução

observada nas progenitoras, sendo de 15% entre as fêmeas e 17% entre os

machos (Gráficos 02 e 03). Resultados semelhantes foram encontrados por

Alfaradhi e colaboradores (2014), os quais observaram que até as oito semanas

de vida dos animais, o peso corporal não apresentou diferença significativa entre

os grupos Controle e Mat-Ob (Obesidade Materna), sugerindo que a obesidade

materna não é passada para a prole até este período. Além disso, estudos

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demonstram também que crianças nascidas após cirurgia bariátrica materna de

derivação biliopancreática exigem menor prevalência de obesidade severa,

maior sensibilidade à insulina e melhora no perfil lipídico quando comparadas

com os irmãos que nasceram antes do procedimento cirúrgico materno (KRAL

et al., 2009), como observado na prole do grupo CAF DGYR. P

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Gráfico 02 e 03 – Peso Corporal das proles feminina e masculina dos grupos CTL, CAF PC e CAF DGYR.

Quanto ao número de óvulos, foi verificado que o grupo CAF PC-F1

apresentou redução de 80% quando comparado ao CTL-F1 e a cirurgia de

DGYR não alterou este parâmetro (Gráfico 04).

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Gráfico 04 – Número de óvulos na prole CTL-F1, CAF PC-F1 e CAF DGYR-F1 (n=7-8).

Conclusões

A dieta de cafeteria induziu ganho de peso nas mães e a cirurgia de DGYR

normalizou este parâmetro. Aos 120 dias de vida da prole foi verificado apenas

reflexos da cirurgia sobre o peso, não afetando a fertilidade. Esta se manteve

reduzida nas fêmeas descendentes de mães expostas à dieta de cafeteria.

Agradecimentos

UNIOESTE, Fundação Araucária, CNPq/Capes.

Referências ALFARADHI, M.; OZANNE, S. E. Developmental programming in response to maternal overnutrition. Frontiers in Genetics, v. 2, 2011. KRAL, J. G.; BIRON, S.; SIMARD, S. Effects of maternal surgical weight loss in mothers on intergenerational transmission of obesisty. Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, v. 94, 2009. RUBINO, F.; FORGIONE, A.; CUMMINGS, D. E.; VIX, M.; GNULI, D.; MINGRONE, G.; CASTAGNETO, M.; MARESCAUX, J. The mecanism of

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diabetes control after gastrointestinal bypass surgery reveals a role of the proximal small intestine in the pathophysiuology of type 2 diabetes. Annals of surgery, v. 244, p. 741, 2006. SAMPEY, B. P., VAANHOOSE, A. M.; WINFIELD, H. M.; FREEMERMAN, A. J.; MUEHBAUER, M. J.; FUEGER, P. T.; NEWGARD, C. B.; MAKOWSKI, L. Cafeteria diet is a robust modelo f human metabolic syndrome with liver and adipose inflammation: comparison to high-fat diet. Obesity (Silver Spring), v. 19, p. 1109-1117, 2011.

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Efeitos de um modelo animal de paralisia cerebral sob as fibras

musculares do músculo EDL de ratos

Caroline Covatti2, Luis Fernando da Rosa Caldeira1, Lígia Aline Centenaro3, Pâmela Buratti2, Wellington de Almeida1, Vera Lucia Constantino Dal´Osto4,

Bruna Hart Ulsenheimer2, Márcia Miranda Torrejais3 e-mail: [email protected].

1Discente do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. 2 Mestranda do Programa de Biociências e Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. 3 Docente da disciplina de Anatomia Humana da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. 4 Técnica em Histologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil

Área e subárea: Ciências Biológicas, Morfologia Palavras-chave: Fibras intrafusais, Morfologia, Modelo animal de PC Resumo: A paralisia cerebral é uma doença não-progressiva causada por distúrbios durante o desenvolvimento do sistema nervoso, comprometendo principalmente os movimentos e a postura. O objetivo deste estudo foi verificar os efeitos de um modelo experimental de PC que associa uma exposição pré-natal ao lipopolissacarídeo (LPS), anóxia neonatal e restrição sensório-motora sobre a morfologia das fibras musculares do músculo extensor longo dos dedos (EDL). Ratas prenhas foram injetadas intraperitonealmente com veículo (n=15) e com LPS (n=27; 200 μg/kg) do 17º dia gestacional até final da gestação. Os filhotes machos foram então divididos em dois grupos experimentais: Grupo controle - filhotes de mães injetadas com solução salina; Grupo PC - filhotes de mães injetadas com LPS, submetidos à anóxia neonatal e a restrição sensório-motora no período pós-natal. Para a realização da anóxia neonatal, no dia do nascimento (P0) os filhotes do grupo PC foram colocados em uma câmara fechada com fluxo de 9L/min de nitrogênio (100%) durante 20 minutos. Os mesmos filhotes foram submetidos à restrição sensório-motora 16 horas/dia (P1 até P30). Aos 48 dias de idade os animais foram eutanasiados e o músculo EDL coletado. As amostras musculares foram seccionadas transversalmente e coradas com Hematoxilina-Eosina. As fibras musculares de ambos os grupos apresentaram morfologia normal e não houve diferença na área de secção transversa das fibras musculares do EDL entre os grupos estudados. A morfologia do músculo EDL não parece não ser afetada pela indução deste modelo animal de PC.

Introdução

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Chama-se paralisia cerebral (PC) a encefalopatia crônica não-progressiva

que causa distúrbios motores em diferentes graus de severidade (ROTTA,

2002). Trata-se de uma das disfunções mais comumente observada na infância

(SOUZA et al., 2013). Crianças com PC apresentam padrões de movimentos

escassos, monótonos e estereotipados, não possuindo complexidade, variação

e fluência (HADDERS-ALGRA, 2004). Alterações músculo-esqueléticas como

atrofia ou hipertrofia das fibras musculares, aumento do tecido adiposo e

conjuntivo intramuscular, malformação óssea e degeneração da cartilagem são

déficits observados nessas crianças causados pela escassez de movimentos

espontâneos (COQ et al., 2008; GRAHAM; SELBER, 2003).

Tendo em vista o impacto que essa patologia causa na vida do indivíduo

portador e de sua família, estudos com modelos animais estão sendo

desenvolvidos, a fim de reproduzir as lesões encontradas em pacientes com PC.

Estudos prévios mostram que a exposição pré-natal a uma endotoxina

bacteriana, chamada de lipopolissacarídeo (LPS), pode produzir lesões na

substância branca e contribuir como um fator patogênico para o desenvolvimento

das características da PC em animais (STIGGER et al., 2011). Em modelo

animal associando a exposição ao LPS, anóxia neonatal e restrição sensório-

motora foi observada uma atrofia muscular no músculo tibial anterior e sóleo,

associada com a transição do tipo de fibra lenta para rápida e prejuízos no

desempenho motor (STIGGER et al., 2011). Assim, o presente estudo teve como

objetivo estudar as possíveis implicações de um modelo experimental de PC que

utiliza exposição pré-natal ao lipopolissacarídeo (LPS), anóxia neonatal e

restrição sensório-motora sobre a morfologia das fibras musculares do músculo

extensor longo dos dedos (EDL).

Material e Métodos

Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais

(CEUA). Ao início do protocolo experimental foram utilizados ratos Wistar adultos

(42 fêmeas e 10 machos) para o pareamento, procedentes do Biotério Central

da UNIOESTE, com aproximadamente três meses de idade. As fêmeas prenhas

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foram injetadas intraperitonealmente com veículo (n=15; 100 μL de solução

salina estéril) ou com LPS (n=27; aproximadamente 200 μg/kg de LPS em 100

μL de solução salina estéril). As injeções de solução salina e de LPS foram

realizadas a cada 12 horas, a partir do 17º dia gestacional até o final da gestação.

Apenas os filhotes machos procedentes das ninhadas foram utilizados como

sujeitos experimentais. Assim, foram constituídos dois grupos experimentais: 1)

Grupo controle - filhotes de ratas injetadas com solução salina durante a

gestação e 2) Grupo PC - filhotes de ratas injetadas com LPS durante a

gestação, submetidos à anóxia neonatal e a restrição sensório-motora. Para o

procedimento de anóxia neonatal, os filhotes recém-nascidos do grupo PC foram

colocados em uma câmara fechada, que permaneceu parcialmente imersa em

água a 37 °C±1, com fluxo de 9L/min de nitrogênio (100%) durante 20 minutos.

Além disso, a partir do P1 até o P30, os filhotes machos do grupo PC foram

submetidos à restrição sensório-motora durante 16 horas/dia. Para isso,

realizou-se a imobilização de todas as articulações dos membros pélvicos. Os

membros pélvicos dos animais foram unidos utilizando fita microporosa adesiva

e o quadril, joelhos e tornozelos foram mantidos em uma posição estendida por

meio de molde de epóxi devidamente posicionado e ajustado ao tamanho do

animal.

Aos 48 dias de idade, os animais dos dois grupos experimentais foram

eutanasiados e o músculo EDL do antímero esquerdo foi coletado. Partes do

músculo foram congeladas em nitrogênio líquido e armazenadas a -80ºC. Depois

disso, as amostras foram seccionados transversalmente (sete m de espessura)

e coradas com Hematoxilina-Eosina (HE). A mensuração da área das fibras

musculares foi realizada por meio de imagens obtidas em fotomicroscópio

Olympus Bx60® acoplado a câmera Olympus DP71 (Tókio, Japão), com auxílio

do programa DP Controler 3.2.1 276. As análises morfométricas foram realizadas

posteriormente através do software Image Pro Plus 6.0® (Media Cybernetics,

Maryland, USA).

Os resultados foram analisados estatisticamente através do teste t de

Student e valores de p<0,05 foram considerados significativos.

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Resultados e Discussão

As fibras musculares do músculo EDL mostraram-se organizadas em

fascículos circundados por tecido conjuntivo de aspecto normal (perimísio),

sendo cada fibra também envolta por tecido conjuntivo (endomísio). Ambos os

grupos experimentais apresentavam um tamanho de espaço intersticial

semelhante (Fig. 1A e 1B), com a presença de fibras intrafusais em diferentes

regiões do músculo EDL (Fig. 1C e 1D). Não foi encontrada diferença

significativa entre os grupos em relação a área de secção transversal de todo o

músculo EDL (CTL = 1613 ± 212,5; PC = 1716 ± 358,9).

Figura 1. Morfologia das fibras musculares do músculo EDL de ratos. A e C: Grupo CTL; B e D: Grupo PC. Espaço intersticial (setas finas), fibras intrafusais (cabeça de seta), núcleos periféricos (setas espessas).

Estudos utilizando modelos animais de PC mostram que a espasticidade

causada pela anóxia neonatal produz hipertrofia nos músculos isquiotibiais e

atrofia no músculo quadríceps (COQ et al., 2008). Por outro lado, músculos em

desuso apresentam diminuição do tamanho das fibras musculares (FORAN apud

GRIMBY (1976); HARGENS (1986)). Assim, o tamanho das fibras musculares é

um parâmetro utilizado para determinar o padrão de uso em um músculo

(FORAN et al., 2005). Acredita-se que não foram encontradas alterações

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musculares nos animais di grupo PC no presente estudo devido a a interrupção

da restrição sensório-motora no P30. O período sem restrição pode ter permitido

um aumento da função motora associada a um remodelamento muscular.

Conclusões

O músculo EDL não foi afetado pelo modelo animal de PC que associa

injeções de LPS, anóxia neonatal e restrição sensório-motora. A morfologia foi

semelhante entre os grupos e não houve diferença na área de secção transversa

do músculo estudado.

Referências COQ, J.O; STRATA, F.; RUSSIER, M.; SAFADI, F. F.; MERZENICH, M. M.; BYL, N. N.; BARBE, M. F. Impact of neonatal asphyxia and hind limb immobilization on musculoskeletal tissues and S1 map organization: Implications for cerebral palsy. Exp. Neurol., v. 210, p. 95-108, 2008. FORAN, J.R.H.; STEINMAN,S.; BARASH, I.; CHAMBERS, H.G.; LIEBER, R. L. Structural and mechanical alterations in spastic skeletal muscle. Dev. Med. Child Neurol., v. 47, p. 713-717, 2005. GRAHAM, H.K.; SELBER, P. Muscloskeletal aspects of cerebral palsy. J. Bone Joint Surg., v. 85-B, p. 157-166, 2003. HADDERS-ALGRA, M. General movements: a window for early identification of children at high risk for developmental disorders. J. Pediatr., v. 145, p. S12–S18, 2004. ROTTA, N.T. Paralisia cerebral, novas perspectivas terapêuticas. J. Pediatr., v. 78, p. S48-S54, 2002. SOUZA, M.F.; OLIVEIRA, R.G.; BOTARO, C.A.; AGOSTINHO, L.A.; PAIVA-OLIVEIRA, E.L. Desempenho funcional em crianças com paralisia cerebral. Rev. Cient. Faminas, v. 9, p. 35-46, 2013. STIGGER, F., FELIZZOLA, A.L., KRONBAUER, G.A., COUTO, G.K., ACHAVAL, M., MARCUZZO, S. Effects of fetal exposure to lipopolysaccharide, perinatal anoxia and sensorimotor restriction on motor skills and musculoskeletal tissue: implications for an animal model of cerebral palsy. Exp. Neurol., v. 228, p. 183-91, 2011.

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Estratégias adaptativas de espécies epifíticas e rupícolas de

Bromeliaceae ocorrentes no Parque Estadual do Guartelá – PR

Eloisa Bernardon, Tainã de Souza, Shirley Martins, e-mail:

[email protected].

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Ciências Biológicas, Biodiversidade. Palavras-chave: anatomia foliar, xeromorfismo, afloramentos rochosos Resumo: No Parque Estadual do Guartelá, a vegetação campestre sobre afloramentos rochosos é a fitofisionomia predominante, sendo comuns espécies de Bromeliaceae nesse ambiente. Para se estabelecerem em afloramentos rochosos as plantas tem que estar adaptadas ao microclima seletivo com elevada radiação e temperatura, escassez hídrica e deficiência de nutrientes. Assim, este trabalho teve como objetivo identificar as estratégias adaptativas que permitem a ocorrência de espécies epífitas e rupícolas de Bromeliaceae no PEG. Para isso, foram estudados 17 táxons da família, sendo realizadas secções transversais da região mediana da lâmina foliar à mão livre, coradas e montadas em meios semipermanentes. Com relação aos caracteres xeromórficos observados destacam-se epiderme com células de paredes espessadas, escamas peltadas, estômatos restritos à face abaxial, parênquima aquífero bem desenvolvido, células esclerenquimáticas abaixo da epiderme e associadas aos feixes vasculares. Esses caracteres são importantes para plantas submetidas à condições de alta temperatura e luminosidade, estresse hídrico e deficiência de nutrientes.

Introdução

Bromeliaceae Juss. possui 56 gêneros e 3010 espécies (Luther, 2008)

distribuídas principalmente nos neotrótricos nas mais variadas condições de

altitude, temperatura e umidade (Wendt, 1999). É constituída por plantas

geralmente herbáceas, podendo ser terrestres (crescendo sobre solo), rupícola

(crescendo sobre rocha) ou epífitas (crescendo sobre outras plantas) (Benzing,

2000).

Os representantes da família apresentam em geral inflorescência vistosa

e folhas dispostas em roseta, usualmente com bainha alargada na base,

propiciando a formação de um reservatório de água e nutrientes que tem

importante papel ecofisiológico na nutrição das espécies e na formação de

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microambientes (Moreira, 2006). Muitas bromélias epifíticas são também

consideradas bioindicadoras de qualidade ambiental (Moreira, 2006).

Os afloramentos rochosos consistem de depressões na rocha, com área

e profundidades variáveis, onde o acúmulo de solo e a retenção de umidade

possibilitam a colonização por plantas pioneiras e, mediante sucessão, a

instalação de uma vegetação mais rica e diversa, resultando na maior oferta e

diversidade de microhabitats (Meirelles, 1999). Apesar de sua importância

biológica, as comunidades vegetais desses ambientes recebem pouca atenção

dos cientistas e ambientalistas, sendo poucos os trabalhos que enfocam esta

vegetação (Meirelles, 1999).

No Parque Estadual do Guartelá (PEG), os campos com afloramentos

rochosos formam a fisionomia predominante e a vegetação arbustiva e arbórea,

algumas com Bromeliaceae epifíticas, são restritas às fendas, onde há acúmulo

da decomposição do arenito (Carmo, 2006). Algumas plantas, dentre elas as

Bromeliaceae, podem crescer diretamente sobre a rocha exposta ou em ilhas de

vegetação e, nestas condições a vegetação tem que estar adaptada ao

microclima seletivo com elevada radiação e temperatura, escassez hídrica e

deficiência de nutrientes (Meirelles et al., 1999; Cervi et al., 2007).

As espécies rupícolas de Bromeliaceae são as menos conhecidas quanto

à estrutura anatômica e as epifíticas constituem um grupo de destaque com

relação a estratégias adaptativas. Estudos de anatomia são importantes para

melhor entender as relações ecológicas ou morfofisiológicas das plantas com o

ambiente, além de compreender suas estratégias adaptativas relacionadas ao

hábito epifítico e rupícola de Bromeliaceae ocorrentes no Parque Estadual do

Guartelá – PR.

Material e Métodos

O Parque Estadual do Guartelá está inserido na Área de Proteção

Ambiental (APA) da Escarpa Devoniana e sua vegetação caracteriza-se pelo

predomínio de fisionomias campestres (Estepe gramíneo-lenhosa, Estepe

higrófila e Refúgios Vegetacionais Rupestres) e distribuição em mosaico de

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floresta com Araucária (Floresta Ombrófila Mista) e de cerrado (Savana

Arborizada) (Veloso, 1991).

As coletas foram realizadas nos meses de março, junho e agosto de 2015

em diferentes trilhas do PEG. Foram coletados 29 indivíduos pertencentes a 17

táxons, dos quais 10 espécies já foram identificadas, sendo estas: Aechmea

bromeliifolia (Rudge) Baker; A. distichantha Lem.; Dyckia tuberosa (Vell.) Beer;

Tillandsia crocata (E. Morren) Baker; T. geminiflora Brongn.; T. recurvata (L.) L.;

T. streptocarpa Baker; T. tenuifolia L.; T. usneoides (L.) L. e Vriesea friburgensis

Mez. Os vouchers coletados foram inseridos na coleção do Herbário UNOP. Sete

táxons ainda não foram identificados e suas exsicatas serão enviadas para

especialistas na família.

De cada um dos indivíduos coletados, foram fixadas folhas em FAA50

(Johansen, 1940) e conservadas em etanol 70%. Foram realizadas secções

transversais (ST) da região mediana da lâmina foliar à mão livre, coradas com

azul de Alcian a 1% e Safranina a 1% (Kraus, 1997) e montadas em glicerina

50%. A partir das lâminas preparadas, foram capturadas imagens das secções

anatômicas com auxílio de câmara digital DP041 acoplada ao fotomicroscópio

Olympus Bx70 utilizando o programa DP Controller.

Resultados e Discussão

A lâmina foliar, em ST, apresenta epiderme uniestratificada, geralmente

com paredes espessadas, sendo delgadas em Tillandsia geminiflora, T.

streptocarpa, Bromeliaceae sp6, Bromeliaceae sp7 e levemente espessada

apenas em T. recurvata e T. usneoides. A cutícula é delgada na maioria das

espécies, sendo espessada em Aechmea bromeliifolia, A. distichantha, Dyckia

tuberosa, Tillandsia crocata, T. recurvata, Bromeliaceae sp3 Bromeliaceae sp4.

A presença de células epidérmicas com paredes espessadas pode contribuir

para aumentar a resistência das folhas contra a ação dos ventos e evitar a perda

de água por evaporação (Fahn, 1990).

As folhas nas espécies estudadas são hipoestomáticas, exceto em

Aechmea distichantha, Tillandsia crocata, T. tenuifolia, T. streptocarpa, Vriesea

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friburgensis e Bromeliaceae sp6 com folhas anfiestomáticas. Os estômatos na

maioria das espécies estudadas ocorrem no mesmo nível das demais células

epidérmicas, apenas em Aechmea distichantha eles se encontram abaixo.

Estômatos restritos à face abaxial e abaixo do nível das demais células

epidérmicas são importantes para reduzir as taxas evaporação, principalmente

em ambientes com temperaturas elevadas e fortes ventos (Benzing, 2000).

Todas as espécies aqui estudadas apresentaram escamas peltadas,

caráter já apontado para diversas espécies de Bromeliaceae (Benzing, 2000) e

associado com a melhor absorção de água e nutriente e com a redução da

transpiração e proteção mecânica (Tomlinson, 1969).

Hipoderme constituída por células de parênquima aquífero foi observada

na maioria das espécies aqui estudadas e parênquima clorofiliano é homogêneo

em todas elas. O parênquima aquífero confere suculência às espécies, atuando

na reserva de água, importante em plantas em condições de escassez hídrica

(Tomlinson, 1969; Benzing, 2000).

Os feixes vasculares são do tipo colateral, distribuídos em um único nível

e geralmente com calotas de fibras associadas, exceto em Bromeliaceae sp3

que possuem colunas de fibras, já em Tillandsia streptocarpa e Tillandsia

tenuifolia tanto calotas quanto colunas estão ausentes. A nervura central é

inconspícua em todas as espécies.

Conclusões

Dentre os caracteres xeromórficos observados tanto nas espécies epífitas

quanto rupícolas estudadas destacam-se: epiderme com células de paredes

espessadas, escamas peltadas, estômatos restritos à face abaxial, parênquima

aquífero e células esclerenquimáticas abaixo da epiderme e associadas aos

feixes vasculares. Essa íntima relação dos caracteres anatômicos com as

condições ambientais em que foram coletados os táxons permite um melhor

conhecimento da vegetação típica ocorrente nos afloramentos rochosos do

Parque Estadual do Guartelá, ressaltando a importância do manejo adequado

desse ambiente para conservação das espécies nativas ali ocorrentes.

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Agradecimentos

Ao IAP pela licença fornecida para a realização das coletas, à Unioeste

pela infraestrutura e aos colegas de laboratório.

Referências Benzing, D.H. (2000). Bromeliaceae: profile of an adaptative radiation. New York: Cambridge University Press. Carmo, M.R.B. (2006). Caracterização fitofisionômica do Parque Estadual do Guartelá, Município de Tibagi, estado do Paraná. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) - Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista. São Paulo. Cervi, A.C. (2007). A vegetação do Parque Estadual de Vila Velha, município de Ponta Grossa, Paraná, Brasil. Botânica 69, 01-52. Fahn, A. (1990). Plant anatomy. Blutterworth-Heinemann Ltd., Oxford. Johansen, D.A. (1940). Plant microtechnique. New York: McGraw-Hill Book. Kraus, J.E. (1997). Manual básico de métodos em morfologia vegetal. Rio de Janeiro: Seropédica. Luther, H.E. (2008). An alphabetical list of Bromeliad binomials. The Bromeliad Society International, Sarasota. Meirelles, S.T. (1999). The vegetation of granite rock outcrops in Rio de Janeiro, Brazil, and the need for its protection. Environmental Conservation 26, 10-20. Moreira, B.A. (2006). Bromélias: importância ecológica e diversidade. Taxonomia e morfologia. Curso de Capacitação de Monitores. São Paulo: Instituto de Botânica.

Tomlinson, P.B. (1969). Anatomy of the monocotyledons: III Commmelinales Zingiberales. Oxford, Oxford University Press. Veloso, H.P. (1991). Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE - DERMA.

Wendt, T. (1999). Hibridização e isolamento reprodutivo em Pitcairnia (Bromeliaceae). Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

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Fazendo Meiose: um jogo proposto para o ensino de genética

Ana Paula Corrêa Fantin, Eanangeli Fernanda Acksenen, Juliana Moreira Prudente de Oliveira, e-mail: [email protected]

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel-PR.

Área e subárea: Educação, Ensino-Aprendizagem. Palavras-chave: Recursos Didáticos, Jogo Didático, Ensino-Aprendizagem. Resumo: A maneira como uma aula é planejada, assim como os recursos que são utilizados podem provocar interesse ou rejeição dos alunos ao conteúdo. Nesse sentido, as atividades diferenciadas são ferramentas importantes para superar obstáculos no processo de ensino-aprendizagem. Um recurso viável é o jogo didático, que além de facilitar a compreensão dos alunos geralmente pode ser confeccionado com baixo custo. Deste modo, sabendo da viabilidade do jogo didático e das dificuldades no ensino de Genética, principalmente das divisões celulares, objetiva-se neste trabalho apresentar um jogo que aborda o conteúdo da divisão meiótica. O jogo didático em questão foi disponibilizado para um colégio da rede estadual de ensino de Cascavel-PR e a professora de biologia, que o utilizou relatou que proporcionou maior interação entre os alunos e esclarecimentos de dúvidas. Portanto, este material pode contribuir com professores do Ensino Médio que buscam por recursos diferentes, para tornar sua aula mais dinâmica e interativa, possibilitando questionamentos sobre determinados assuntos sem o “rigor” de uma aula tradicional.

Introdução

Devido ao processo de globalização o mundo está se tornando cada vez

mais especializado e tecnológico, com facilidade de acesso a informações,

deixando a sociedade mais próxima das Ciências, principalmente quando

pensamos em seus avanços. Porém, a abordagem clara e objetiva de tais

avanços na formação do aluno acaba sendo responsabilidade dos professores

e pode despertar interesse ou rejeição a um respectivo tema dependendo da

didática utilizada por eles (SANTO e MELO, 2012; HOLANDA, 2013).

Segundo Holanda (2013) o que acontece, na maioria das vezes, é a apatia

das aulas de Biologia, sem a interação professor-aluno, causando obstáculos ao

processo de ensino-aprendizagem. Para Lima et al. (2011) atividades

experimentais na realidade escolar são pouco frequentes e, muitas vezes, a

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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forma como os conteúdos são apresentados aos alunos não culmina em

construção de conhecimento.

Neste contexto é necessário que o processo de ensino-aprendizagem não

seja exclusivamente apoiado em aulas expositivas, tendo como recurso apenas

o livro didático, mas que sejam realizadas atividades diferenciadas com uso de

recursos didáticos. Hermann e Araújo (2013) apontam que os recursos são

fundamentais no processo de ensino-aprendizagem. Ainda de acordo com as

autoras (2013), dentro dessa perspectiva, o jogo didático é uma alternativa

importante e viável para auxiliar a construção do conhecimento pelo aluno.

Acreditamos, então, que criar um jogo didático seria de grande ajuda aos

professores e alunos, pois possibilita questionamentos sobre determinados

assuntos sem o “rigor” da aula tradicional. Além disso, proporciona aos alunos

construir novos conhecimentos a partir dos conhecimentos prévios, interagirem

com os demais participantes e trocar experiências. Portanto, neste trabalho

objetiva-se apresentar um jogo didático elaborado para o ensino de genética,

mais especificamente a divisão meiótica.

Metodologia

Hermann e Araújo (2013, p. 14) acreditam que “em vista a dificuldade de

se ensinar Genética e seus conteúdos e da preocupação em desenvolver

estratégias didáticas, que envolvam o tema da genética, jogos e modelos

didáticos surgem como alternativa”. Isso porque, segundo as mesmas (2013),

possuem um baixo custo para sua produção, e são de fácil assimilação pelos

alunos.

Para Nascimento (2013) muitos professores consideram os conteúdos de

mitose e meiose como complexos, pois normalmente é ensinado durante o 1º

ano do Ensino Médio, dificultando a compreensão dos alunos. Além disso, o

professor na maioria das vezes usa a mesma linguagem presente nos livros

didáticos.

Refletindo sobre essas questões, decidimos criar um jogo de cartas para

o ensino de genética, sobre meiose, tendo como base o conhecimento científico

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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presente no livro “Fundamentos de genética” de Snustad e Simmons (2001),

pois, de acordo com Nascimento (2013, p. 11) “é necessário que o conhecimento

científico escolar esteja fundamentado nos saberes produzidos pelos cientistas”.

O jogo foi elaborado em uma disciplina vinculada a área de ensino do

curso de Ciências Biológicas-Licenciatura e após a confecção foi doado a um

colégio estadual de Cascavel-PR. A professora de biologia, que o recebeu,

respondeu a um questionário após utilizá-lo com a turma.

O material é direcionado aos alunos que já têm conhecimentos prévios

sobre genética, especificamente a meiose, para que possam, assim, construir

conhecimentos novos a partir dos já formados, devendo ser aplicado em grupos

de quatro alunos organizados em duplas, para que não ocorra somente a

competição entre eles, mas também a cooperação e interação.

Resultados e Discussão

O jogo intitulado “Fazendo Meiose” foi confeccionado contendo 40 cartas,

sendo 28 cartas regulares e 12 cartas-mestre, e um manual de regras. As cartas

possuem características escritas e ilustrações relacionadas a cada fase da

meiose, estipuladas por Snustad e Simmons (2001), conforme exemplifica a

Figura 01.

Figura 01 – Exemplo de carta regular, a esquerda, e carta-mestre, a direita, do jogo didático “Fazendo Meiose”.

Para começar o jogo devem ser distribuídas dez cartas para cada dupla.

O restante das cartas servirá para futuras “compras”. A carta que ficou em cima

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do baralho é retirada e colocada em jogo virada para cima, sendo que esta é a

carta de início do jogo. Caso a carta seja uma carta-mestre, o jogador (dupla)

que deu as cartas deve nomear a fase em que o jogo começa (levando em

consideração o tipo de fase de cada carta-mestre).

Após uma carta ser lançada no jogo a próxima carta jogada deverá ser:

da mesma fase, da próxima fase, ou uma carta-mestre. Se a dupla jogadora jogar

uma carta de fase errada, deverá “comprar” duas cartas do baralho.

Em cada oportunidade a dupla deve jogar uma carta de sua mão,

observando a regra acima. Caso a dupla não possua uma carta para jogar na

ocasião, deverá “comprar” uma carta do baralho, mas se ainda não possuir a

carta que precisa, deverá passar a vez.

Quando uma dupla estiver com apenas uma carta em mãos, deverá falar

“meiose” para que todos os outros jogadores ouçam a palavra, continuando o

jogo. Caso isso não ocorra, a dupla que não pronunciou “meiose” deve “comprar”

quatro cartas, fazendo analogia à divisão celular na meiose, na qual uma célula

dará origem a quatro.

Se as cartas utilizadas para “comprar” esgotarem, as que foram lançadas

em jogo são embaralhadas e colocadas para “compra”. O jogo termina quando

uma dupla ficar sem nenhuma carta em mãos.

A professora de biologia do colégio que recebeu a doação do jogo, após

utilizá-lo com sua turma, relatou que este permitiu o diálogo com e entre os

alunos, possibilitando a ela perceber as dificuldades que tinham e, assim, sanar

as dúvidas.

Conclusões

É fundamental que recursos diferenciados sejam criados e utilizados

pelos professores, a fim de refletir nas metodologias utilizadas, despertando o

interesse dos alunos pelo assunto estudado.

O jogo didático, neste contexto, auxiliou na promoção do diálogo e

interação entre alunos e professores. Foi perceptível a receptividade da

professora e dos alunos, diante da necessidade de materiais diferenciados para

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o ensino de biologia. Porém, os limites e possibilidades acerca do uso deste jogo

didático ainda são ínfimos, uma vez que, são necessárias mais implementações

em sala de aula.

Referências HERMANN, F. B.; ARAÚJO, M. C. P. Os jogos didáticos no ensino de genética como estratégias partilhadas nos artigos da revista genética na escola. In: ENCONTRO REGIONAL SUL DE ENSINO DE BIOLOGIA, 6., SEMANA ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, 16., 2013, Santo Ângelo. Anais... Santo Ângelo: 2013. p. 1-16. Disponível em: <http://santoangelo.uri.br/erebiosul2013/anais/wp-content/uploads/2013/07/poster/13461_290_Fabiana_Barrichello_Hermann.pdf>. Acesso em: 03 jul. 2015. HOLANDA, D. X. T. A abordagem de temas contemporâneos de biologia no ensino médio: um estudo exploratório. Fortaleza: UFC; 2013. 166p. Dissertação (mestrado), Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática; 2013. Disponível em: <http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/5940/1/2013_dis_dxtholanda.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2015. LIMA, I. M.; OLIVEIRA, F. S.; OLIVEIRA, P. S.; FARIAS, P.; MACIEL, D.; ANDRARE, V.; UTAGAWA, C. Y.; BIANCONI, M. L. Desenvolvimento de DVD educacional: “apresentamos: as enzimas”. Revista Práxis. Volta Redonda, ano III, p. 73-74, edição especial – setembro 2011. Disponível em: <http://foa.org.br/praxis/numeros/simposio/II_Simp%C3%B3sio_MECSMA.pdf#page=33>. Acesso em: 03 abr. de 2015. NASCIMENTO, A. C. L. A transposição didática dos conteúdos de mitose e meiose no ensino médio. Beberibe: UFC; 2013. Monografia (graduação) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da Saúde, Curso de Ciências Biológicas a Distância, Beberibe, 2013. Disponível em: <www.uece.br/sate/index.php/downloads/doc_download/2144-biobbrbenascimento+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 27 jan. 2015. SANTO, P. J. O.; MELO, R. M. Produção do jogo didático no ensino de ciências: uma contribuição para a construção do conhecimento. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL “EDUCAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE”, 6., 2012, São Cristovão. Anais... São Cristovão: EDUCONSE, 2012. p. 1-16. Disponível em: <http://educonse.com.br/2012/eixo_06/PDF/114.pdf>. Acesso em: 06 fev. 2015. SNUSTAD, D. P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de genética. 2° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Kogan, 2001.

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Germinação e anatomia do tegumento de sementes de Peltophorum

dubium (Sprengel) Taubert após tratamentos de superação de dormência

Maiara Iadwizak Ribeiro, Juliana Almeida, Erly Carlos Porto, Andrea Maria

Teixeira Fortes, Jaqueline Malugutti Corsato, Shirley Martins e-mail: [email protected]

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Biodiversidade, Botânica. Palavras-chave: produção de mudas, recuperação de áreas degradadas, espécies nativas. Resumo: O objetivo do trabalho foi correlacionar alterações anatômicas no tegumento das sementes após tratamentos de superação da dormência com a fisiologia da germinação dessa espécie. O experimento foi realizado com sementes de P. dubium, coletadas de quatro matrizes aleatórias, submetidas a diferentes tratamentos de superação de dormência: testemunha, escarificação mecânica, escarificação química em ácido sulfúrico (H2SO4) por 5, 10 e 15 min e imersão em água aquecida a 95°C. Para análise morfoanatômica as sementes foram incluídas em polietileno glicol, foram realizados cortes transversais e longitudinais com auxilio do micrótomo. As imagens das secções elaboradas foram capturadas com auxílio do Fotomicroscópio, utilizando-se o programa DP Controller. Para o teste de germinação foi utilizado delineamento inteiramente casualizado (DIC) com quatro repetições de 25 sementes por parcela. Os tratamentos foram acondicionados em câmara de germinação a 25°C, com fotoperíodo de 12 horas de claro/escuro por 14 dias. Ao final do experimento foi calculada a porcentagem de germinação. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5%. Os resultados mostraram que a escarificação junto com os tratamentos utilizando ácido sulfúrico apresentaram maior porcentagem de germinação e anatomicamente apresenta danos no tegumento das sementes. E o tratamento utilizando água aquecida a 95°C não obteve sementes germinadas, sendo ocasionada por dano ao embrião efeito do calor. Concluímos que, os tratamentos que sofreram mais danos no tegumento (escarificação mecânica e a utilização de ácido) foram os que tiveram uma melhor germinação.

Introdução

A Canafístula (Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert) é uma espécie

arbórea nativa do território brasileiro, pertencente à família Fabaceae (Dutra et

al., 2013). No Brasil esta espécie ocorre desde o estado da Bahia até o Paraná

e caracteriza-se por atingir até 40 metros de altura e 120 centímetros de diâmetro

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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(Carvalho, 2002). Na sucessão ecológica, esta espécie é caracterizada por ser

uma secundária inicial, entretanto, em capoeiras, áreas abertas ou degradadas

desempenha a função de espécie pioneira (Pereira et al., 2013). Devido essa

característica, P. dubium vem sendo empregada no reflorestamento misto e

também é utilizada nos processos de arborização urbana, pois apresenta rápido

crescimento (Piroli et al., 2005).

Quanto à anatomia da semente de P. dubium, Gursky & Santiago (2005)

identificaram à presença de uma camada de macrosclereídes e osteosclereides,

que em conjunto garantem uma impermeabilidade do tegumento a água,

resultando na dormência física característica da espécie (Baskin & Baskin,

2004). Assim, torna-se necessário o entendimento e a aplicação de métodos de

superação de dormência, que aumentem o potencial germinativo da espécie e

também que auxilie o desenvolvimento de mudas por viveiristas. Por esse

motivo, tornam-se indispensáveis mais estudos sobre a dormência e germinação

das sementes de P. dubium, principalmente sobre seus aspectos fisiológicos e

anatômicos, para que o manejo se dê da forma correta (Perez et al., 2001; Silva

et al., 2007).

O objetivo do trabalho foi verificar e correlacionar às alterações

anatômicas no tegumento das sementes de P. dubium após diferentes

tratamentos de superação da dormência com a fisiologia da germinação dessa

espécie.

Material e Métodos

O experimento foi realizado entre abril á outubro de 2015, no Laboratório

de Fisiologia Vegetal da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –

UNIOESTE, campus de Cascavel – PR. As sementes de P. dubium foram

coletadas de quatro matrizes na área rural do município de Sede Alvorada no

estado do Paraná. Após beneficiamento manual, estas foram submetidas aos

tratamentos pré-germinativos: testemunha (T1), Escarificação mecânica (T2),

Imersão em ácido sulfúrico H2SO4 por cinco (T3), dez (T4) e quinze minutos (T5)

e imersão em água aquecida a 95°C (T6). Foram retiradas três sementes de

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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cada um dos tratamentos pré-germinativos para submeter aos testes

morfoanatômicos do tegumento e para a germinação 4 repetições com 25

sementes por parcela.

O teste de germinação foi realizado segundo Brasil (2013), sendo as

sementes acondicionadas em rolos de papel "Germitest" e em câmara de

germinação do tipo B.O.D, com temperatura constante de 25°C e fotoperíodo de

12 horas de luz/escuro. A contagem de sementes germinadas foi realizada

diariamente até o 14° dia após a instalação do teste (Brasil, 2013). Consideradas

como germinadas aquelas sementes que apresentarem comprimento de raiz

primária igual ou superior a 2 mm (Laboriau, 1983). O delineamento experimental

foi inteiramente casualizado e os resultados do experimento foram submetidos à

análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Tukey a

5% de probabilidade.

Para a análise morfoanatômica as sementes foram incluídas em

polietileno glicol (PEG) 1500 (Richter, 1985). Após inclusão foram realizadas

secções transversais e longitudinais com auxílio de micrótomo rotativo (Leica RM

2245), coradas com azul de toluidina (O’Brien, 1964) e as lâminas montadas em

gelatina glicerinada. As imagens das secções elaboradas foram capturadas com

auxílio do Fotomicroscópio Olympus Bx70, utilizando-se o programa DP

Controller.

Resultados e Discussão

Observou-se que, os melhores resultados para germinação foram

encontrados nos tratamentos de escarificação mecânica (T2) e nos tratamentos

com ácido sulfúrico 5,10 e 15 minutos (T3,T4,T5) que não diferiram estaticamente

uns dos outros, apresentando cerca de 90% de sementes germinadas. O que

corroborou com os resultados encontrados na anatomia do tegumento das

sementes, pois o T2 apresentou desestruturações da exotesta, referente à

camada paliçádica (macrosclereídes) em alguns pontos, já que ouve a

escarificação apenas no lado oposto à micrópila, assim a água teve uma maior

facilidade de atravessar o tegumento, possibilitando a germinação.

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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Nos tratamentos com ácido, observamos que, a camada paliçádica do

tegumento torna-se desestruturada em vários pontos, formando lacunas entre as

camadas de células da mesotesta (osteoesclereídes) e endotesta

(braquiesclereides), por onde a água pode passar com maior facilidade. Notou-

se que, no T4, a camada paliçádica foi totalmente destruída, as células ficaram

com seus núcleos desarranjados, e a maioria das células de macrosclereídes e

osteosclereides sofreram plasmólise, apresentando também grandes espaços

entre as células, o que facilita ainda mais a passagem de água e, assim, a

germinação. A germinação é o processo em que o embrião volta a se

desenvolver. Tem como ponto inicial a absorção de água, por isso se torna tão

importante as lacunas produzidas nos tegumento, facilitando, a entrada de água

e assim a retomada do crescimento do embrião (Bewley et al., 2013), como

observado para as sementes de P. dubium.

O tratamento utilizando a imersão em água aquecida a 95°C é um dos

mais utilizados em viveiros por ser uma prática fácil e sem muitos riscos que

permite a superação de dormência de várias espécies como em Piptadenia

moniliformis Benth (Azeredo et al., 2010) e Mucuna aterrima (Kobori et al., 2013).

Porém, nas sementes de P. dubium não promoveu a germinação além de ter um

acentuado ataque de fungos e anatomicamente não pode ser observada

nenhuma diferença visível, demonstrando que o dano não é anatômico e sim

fisiológico. Uma hipótese é que o tempo de permanência das sementes na água,

e a temperatura não foram eficazes para a superação de dormência, por terem

destruído os tecidos do embrião (Alves et al., 2000).

Conclusões

Conclui-se que, os melhores tratamentos para superação de dormência

em P. dubium foram os que mais sofreram mudanças anatômicas em seu

tegumento sendo os de escarificação mecânica e os com a utilização do ácido

sulfúrico.

Referências

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Richter H.G., (1985). Wood and bark anatomy of Lauraceae II. Licaria Aublet. Iawa Bull 6, 187-199. Silva, K.B., Alves, E.U., Bruno, R.L.A., Gonçalves, E.P., Braz, M.S. S & Viana, J.S. (2007). Quebra de dormência em sementes de Erythryna velutina Willd. Revista Brasileira de Biociências 5, 180-182.

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Hidrólise Enzimática da Manipueira para Produção de Açúcares

Débora Jacomini1, Karine Dassoler1, Larissa Bussler1, Luciane Sene2, Simone

Damasceno Gomes1, Tânia C. Pintro1, e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas/Cascavel, PR. 2Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Bioquímica, Enzimologia. Palavras-chave: Aproveitamento de Resíduos, α-amilase, glicoamilase. Resumo: A mandioca tem alto valor econômico por ser rica em nutrientes, que são empregados em muitos setores industriais. Entretanto, o seu processamento gera diversos resíduos com potencial poluidor, entre eles a manipueira. Esta pode ser utilizada como fonte energética por micro-organismos, que a degradam por hidrólise enzimática. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi utilizar as enzimas α-amilase e glicoamilase, a fim de quebrar o amido da manipueira em glicose, e quantificar este açúcar para uma possível utilização industrial. A hidrólise enzimática da manipueira foi realizada por meio da combinação de diferentes concentrações das enzimas α-amilase e glicoamilase. Os tratamentos T125A30 e T75A60 apresentaram os melhores resultados de quebra de amido e rendimento da glicose. A hidrólise enzimática deste resíduo foi eficaz, porém a concentração de glicose obtida foi insuficiente para o seu emprego em processos industriais.

Introdução

No Brasil cerca de 75% da mandioca produzida é utilizada exclusivamente

na fabricação de farinha, sendo que o amido é empregado em muitos setores,

incluindo a indústria de alimentos, farmacêutica, fundição, têxtil, papel e cola

(Okudoh et al., 2014).

A manipueira é um resíduo líquido da indústria de fécula, proveniente da

lavagem da mandioca, rico em amido e em carboidratos, possui uma alta

demanda química de oxigênio (DQO) e demanda bioquímica de oxigênio (DBO),

bem como sólidos totais (Kaewkannetra et al., 2011). A disposição final da

manipueira é alvo de uma crescente preocupação ambiental, pois pode provocar

sérios problemas aos sistemas biológicos em virtude de sua carga orgânica

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elevada. Entretanto, consiste em um substrato atraente para ser utilizado nos

processos biotecnológicos (Nitschke & Pastore, 2006).

A utilização de enzimas amilolíticas tem grande aplicação industrial, pois

quebram as ligações α-1,4 e α-1,6 do amido, liberando açúcar livre para o meio.

A α-amilase é uma endoenzima que atua na quebra das ligações α-1,4 de

polissacarídeos e, também, podem hidrolisar com baixa eficiência as ligações α-

1,6. A glicoamilase é uma enzima sacarificante utilizada para produzir glicose a

partir do amido, hidrolisando ligações do tipo α-1,4 e α-1,6 (Leonel & Cabello,

2001).

O consórcio de enzimas para a degradação do amido, pode ser uma boa

alternativa na obtenção de glicose. Dessa forma, este trabalho teve por objetivo

conduzir uma hidrólise enzimática, utilizando as enzimas α-amilase e

glicoamilase para quebrar o amido da manipueira em glicose, e quantificar este

açúcar para uma possível utilização na indústria.

Material e Métodos

A manipueira foi coletada em uma fecularia localizada no munícipio de

Toledo – PR. A coleta foi realizada na calha, na qual o efluente é recirculado

para a lavagem e o descascamento da mandioca. Foram realizadas análises de

pH, DQO, nitrogênio total, açúcares redutores totais, sólidos totais, sólidos

suspensos e sólidos dissolvidos para a caracterização da manipueira (Apha et

al., 2005).

O experimento foi conduzido em um delineamento fatorial inteiramente ao

acaso, cujos fatores sobre estudo foram a atividade enzimática da α-amilase

(Termamyl) nos níveis 75 e 125 μL e glicoamilase nos níveis 30 e 60 μL. Desta

forma, os tratamentos aplicados foram Termamyl 75 μL e Glicoamilase 30 μL

(T75A30), Termamyl 125 μL e Glicoamilase 30 μL (T125A30), Termamyl 75 μL

e Glicoamilase 60 μL (T75A60) e Termamyl 125 μL e Glicoamilase 60 μL

(T125A60). Os ensaios foram realizados em triplicata, totalizando 12 unidades

experimentais.

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Controlou-se as variáveis pH, temperatura e tempo de ensaio (Bionergy,

2015). A hidrólise foi realizada em erlenmeyers de 250 mL, utilizando 100 mL de

manipueira, e o pH foi corrigido a 6,0 com hidróxido de sódio 2 mol.L-1.

Primeiramente, adicionou-se a enzima Termamyl nas concentrações 75 e 125

μL, mantendo os frascos em banho-maria com agitação a 90 °C por 2 horas.

Após o resfriamento, cada concentração da enzima glicoamilase foi adicionada

às diferentes concentrações da Termamyl, resultando nos tratamentos acima

citados. Nessa etapa, corrigiu-se o pH a 5,0 com solução tampão de acetato de

sódio e em seguida os frascos foram encubados a 65 °C por 30 horas com

agitação (Camili, 2007).

A dosagem de açúcar foi realizada pelo método de DNS, construindo uma

curva de calibração (300 μL de DNS:3 mL de solução de glicose) em

concentrações conhecidas (Miller, 1959). Para a leitura de absorbância,

adicionou-se a cada 2 mL de amostra 200 μL de DNS e incubou-os em banho-

maria a 100°C por 5 minutos. Preparou-se um branco com água destilada. As

absorbâncias foram lidas em 540 nm, e sua concentração foi calculada por meio

da equação da reta.

Resultados e Discussão

Inicialmente realizou-se a caracterização da manipueira, sendo que a

quantidade de açúcares redutores totais pré-existentes na amostra, foi de 8127

mg/L-1 (Gravimétrico–2540). Todos os outros parâmetros analisados,

apresentaram valores semelhantes aos encontrados por Camili (2007). As

concentrações obtidas na quantificação de açúcares redutores totais são

apresentados na Tabela 1.

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Tabela 1. Concentração de açúcares redutores totais para cada tratamento

Tratamentos da

Manipueira

Absorbância Concentração de açúcares

Redutores (mg.L-1)

T75 A30 0,026 24,924

T125 A30 0,126 76,204

T75 A60 0,127 76,718

T125 A60 0,140 83,384

Observa-se que o tratamento T125A60 obteve o melhor rendimento.

Contudo, esse concentração de áçucares redutores foi inferior aos resultados

encontrados por Camilli (2007). A baixa concentração de glicose, justifica-se pelo

tratamento da manipueira antes de seu descarte, o qual retira parte do amido

residual presente.

Para comparar estatisticamente os tratamentos realizou-se a Análise de

Variância (ANOVA) a 5% de significância, os quais demonstraram que há

interação significativa entre as enzimas, ou seja, a combinação entre diferentes

concentrações de cada enzima interfere no rendimento final de glicose.

O desdobramento da ANOVA foi feito para comparar a variação na

concentração de açúcar causada por cada nível de cada fator. Os resultados

obtidos em relação a enzima glicoamilase, foi que as médias do fator Termamyl

combinada com a Glicoamilase 60 são estatisticamente iguais. Enquanto que as

médias do fator Termamyl combinadas com a Glicoamilase 30 são

estatisticamente diferentes a 5% de significância, portanto, realizou-se o teste

Tukey para comparação de médias. Os resultados obtidos encontram-se na

Tabela 2.

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Tabela 2. Teste Tukey para a enzima Tabela 3. Teste Tukey para a glicoamilase 30 enzima Termamyl 75

Tratamento Médias Tratamento Médias

T75A30 25,09 a* T75A30 25,09 a*

T125A30 76,38 b T75A60 76,89 b

*Letras iguais na mesma coluna indicam médias estatisticamente iguais.

Para a enzima glicoamilase na concentração 30 µL o melhor rendimento

foi obtido na combinação com a enzima Termamyl na concentração 125 µL.

No desdobramento da ANOVA em relação a enzima Termamyl, os

resultados demonstraram que as médias do fator Glicoamilase combinadas com

a Termamyl 125 são estatisticamente iguais a 5% de significância. Enquanto que

as médias do fator Glicoamilase combinadas com a Termamyl 75 são

estatisticamente diferentes, portanto, realizou-se o teste estatístico Tukey para

comparação de médias, Tabela 3. Para a enzima Termamyl na concentração 75

µL, o melhor rendimento ocorreu na combinação com a enzima glicoamilase na

concentração 60 µL.

Conclusões

Os tratamentos mais eficazes na quebra do amido em glicose, foram

T125A30 e T75A60, pois utilizaram as menores concentrações das enzimas e

apresentaram o maior rendimento de glicose. A hidrólise enzimática foi eficiente

na quebra do amido, presente na manipueira, em glicose, porém obteve-se um

rendimento menor do que o esperado. Visto que, esta concentração de açúcar é

insuficiente para ser utilizada em processos industriais, como a fermentação.

Este trabalho evidenciou a importância de processos biológicos no

aproveitamento de resíduos agroindustriais.

Referências Apha; Awwa & Wef (2005) Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 21ª Ed. Washington, DC.

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Bionergy. Enzymes for the hidrolysis of lignocellulosic materials. http://www.novozymes.com/en/solutions/bioenergy/starchbasedethanol/saccharification/Pages/default.aspx. Acesso em 17 de agosto de 2015. Camili, E.A. (2007). Tratamento da Manipueira por processo de flotação sem o uso de agentes químicos. 78 f. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós Graduação em Agronomia/Energia na Agricultura, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP. Kaewkannetra, P.; Chiwes, W. & Chiu, T. Y. (2011). Treatment of cassava mill wastewater and production of electricity through microbial fuel cell technology, Fuel, 90, 2746–2750. Leonel, M. & Cabello, C. (2001) Hidrólise enzimática do farelo de mandioca: glicose e álcool. In Cereda, P. M. (Eds.). Manejo, uso e tratamento de subprodutos da industrialização da mandioca. (pp. 320). Sao Paulo: Cargill. Miller, G. L. (1959) Use of dinitrosalicylic acid reagent for determination of reducing sugar. Analytical Chemistry 31, 426-434. Nitschke, M. & Pastore, G. M. (2006). Production and properties of a surfactant obtained from Bacillus subtilis grown on cassava wastewater. Bioresource Technology 97, 336–341. Okudoh, V.; Trois C.; Workneh, T. & Schmid, S. (2014). The potential of cassava biomass and applicable technologies for sustainable biogas production in South Africa: A review. Renewable and Sustainable Energy Reviews 39, 1035–1052.

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Hipóteses explicativas para ocorrência de alterações teratológicas em

Diatomáceas (Bacillariophyceae)

Cinthia Coutinho Rosa Favaretto1, Camila Akemy Nabeshima Aquino1, Liliane Caroline Servat1, Norma Catarina Bueno1, e-mail: [email protected].

1 Programa de Pós Graduação em Conservação e Manejo de Recursos Naturais - Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Ciências Biológicas/ Botânica Palavras-chave: ambiente lótico, diversidade, perifíton. Resumo: As diatomáceas constituem um grupo amplamente diversificado e representativo. Possuem parede celular constituída por dióxido de sílica, além de ricas ornamentações que auxiliam na taxonomia do grupo. Alterações ambientais podem resultar em deformações na morfologia celular levando a formas chamadas teratológicas.

Introdução

As diatomáceas da Classe Bacillariophyceae constituem um grupo

amplamente diversificado e representativo, ocorrendo em quase todos os

ambientes aquáticos do mundo, o que as torna um dos grupos algais mais

importantes na determinação da qualidade aquática (Round, 1990).

Possuem parede celular (frústula) constituída por dióxido de sílica (SiO2),

apresentam ricas ornamentações que são de extrema importância, pois a

taxonomia das espécies está baseada nessas características morfológicas.

Diferenças nas condições ambientais podem resultar em alterações no

mecanismo fisiológico e morfológico das diatomáceas, tais como deformação do

esboço valvar e alteração no padrão de estrias, alterações estas denominadas

formas teratológicas. (Stoermer; Julius; Wehr; Sheath, 2003; Falasco et al.,

2009; Muhr, 2014). Essas formas podem ser indicativos válidos de estresses

derivados de contaminação por herbicidas, metais pesados, nutrientes, e

salinidade, refletindo a saúde do ecossistema (Debenest et al., 2008; Falasco et

al., 2009). Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo verificar a

presença de algas teratológicas e realizar o levantamento de possíveis causas

de sua ocorrência.

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Material e Métodos

Localizado no município de São Miguel do Iguaçu, Paraná, o riacho

Tenente João Gualberto é um importante afluente da Bacia hidrográfica do Baixo

Iguaçu, possuindo sua nascente e parte de seu curso entre campos de cultivo

agrícola.

Para o estudo florístico foram realizadas coletas mensais entre 09/2012 e

08/2013. O material perifítico foi coletado a partir da macrófita aquática

Eleocharis minima. As amostras foram acondicionadas em frascos de polietileno,

preservadas com solução Transeau e depositadas no Herbário da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus Cascavel (UNOP- Algae).

Para as análises qualitativas das diatomáceas foi empregada a

metodologia de Simonsen (1974), modificada por Moreira-Filho e Valente-

Moreira (1981). A identificação dos táxons seguiu Round et al., (1990), sendo as

sub-amostras avaliadas morfometricamente e fotografadas em microscópio

trinocular (Olympus BX60).

Os dados referentes à amostragem das variáveis físicas foram medidos

in situ pela sonda multiparâmetro da marca HORIBA, modelo U-5000. As

variáveis químicas foram analisadas no laboratório de limnologia do Grupo de

Pesquisa em Recursos Pesqueiros e Limnologia (GERPEL) da Unioeste.

Para as análises estatísticas, foi aplicado primeiramente o critério de

Kaiser Meyer Olkin (KMO), sendo aceitas as variáveis que obtiveram valores de

KMO>0,5. Após avaliação da adequação das variáveis, foi realizada a regressão

logística aplicando-se o modelo logit, utilizando uma variável resposta do tipo

binário (presença x ausência de diatomáceas teratológicas). A seleção do

modelo foi realizada pelo método de Stepwise Forward (Hair et al, 1998).

Resultados e Discussão

Ao todo, foram encontrados 62 formas teratológicas, sendo os principais

gêneros Eunotia e Fragilaria com maior ocorrência no mês de setembro. Ao

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aplicar o modelo por regressão logística, verificou-se que as variáveis Sólidos

Totais Dissolvidos e as Categorias de Densidade (0 – ausente, 1 –

medianamente frequente, 2 – altamente frequente) foram representativas para a

ocorrência de diatomáceas teratológicas (Tab. 1).

Tabela 1- Coeficientes e estatísticas relativas às variáveis explicativas do modelo de Regressão Logística.

As análises físicas e químicas da água apresentaram elevados valores

de sólidos totais dissolvidos, principalmente no mês de setembro de 2012,

quando ocorreu a maior incidência de teratologia. A alta concentração de

partículas orgânicas e/ou inorgânicas pode ter contribuído com um maior aporte

de nutrientes possibilitando um desenvolvimento maior de algas.

De acordo com Debenest et al. (2008) e Stoermer & Andrensen (2006),

as principais causas da teratologia em diatomáceas podem ser: metais pesados

dissolvidos na água, herbicidas, nutrientes, resíduos, salinidade e alta densidade

de indivíduos no biofilme de perifíton, este último corroborando com a alta

densidade de indivíduos encontrada em setembro.

Uma vez que a elevada concentração de sólidos totais aumenta a

possibilidade de ocorrência destas diatomáceas, em mais de 100 vezes, Morin

(2003) observou que a elevada ocorrência de teratologia parece estar

relacionada principalmente com a presença de metais pesados (Cu, Cd, Hg, Zn)

ligados a proteínas que podem afetar os sistemas enzimáticos, crescimento,

fotossíntese, respiração, reprodução, síntese molecular e a redução do tamanho

da valva (Ruggiu et al., 1998; Barber & Carter, 1981).

Fonte Valor Erro

padrão

Pr > Qui² Razão de

Odds

Intercepto -2,611 4,268 0,541

Sólidos Totais Dissolvidos (g/L) 32,400 335,687 0,923 >100

densidade-0 0,000 0,000

densidade-1 3,642 2,750 0,185 38,176

densidade-2 3,712 2,613 0,155 40,936

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O solo da região em estudo classifica-se como latossolo roxo distrófico

(São Miguel do Iguaçu, 2015) e apresenta alguns elementos traços com alta

representatividade, como o Cobre (Cu). A contaminação por Cobre e sua

presença no sedimento altera o contorno da valva, e as ornamentações, além de

causar frústulas distorcidas em Eunotia e Fragilaria (Ruggiu et al., 1998; Barber

& Carter, 1981).

Quando há aplicação de defensivos e fertilizantes agrícolas de modo

continuado pode ocorrer o acúmulo deste íon no solo (Ker, 1997; Martins, 2005).

Sabendo que o riacho em estudo se encontra cercado por áreas de plantio

agrícola (trigo, milho e soja) e apresenta pouca área de vegetação ciliar (dados

não publicados), levanta-se a hipótese de elevação da frequência de

diatomáceas teratológicas em função do acúmulo de elementos traços e

associação ao uso de defensivos agrícolas. Esta hipótese tem sido sustentada

por Debenest et al. (2008) que mostram um aumento de frústulas anormais em

diatomáceas amostradas em ambientes contaminados por fertilizantes e

pesticidas.

Conclusões

A ocorrência conjunta de fatores (sólidos totais dissolvidos e densidade)

que favorecem o aparecimento de teratologia em diatomáceas pode explicar

este elevado número de algas teratológicas no mês de setembro. Diante do

exposto acima, é possível utilizar as algas teratológicas como importantes

bioindicadores das alterações e da qualidade da água.

Agradecimentos

As autoras agradecem ao CAPES/CNPq pelo apoio financeiro de

concessão de bolsa ao PPG em Conservação e Manejo de Recursos Naturais –

UNIOESTE.

Referências

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Barber, H.G. & Carter, J.R. (1981). Observations on some deformities found in British diatoms. Microscopy 34: 214–226p. Debenest, T., Silvestre, J., Coste, M., Delmas, F., Pinelli, E. (2008). Herbicide effects on freshwater benthic diatoms: Induction of nucleus alterations and silica cell wall abnormalities. Elsevier. Aquatic Toxicology. 88: 88-94p. Falasco, E., Bona, F., Badino, G., Hoffmann, L., Ector, L. (2009). Diatom teratological forms and environmental alterations: a review. Hydrobiologia. 623: 1-35p. Hair, J.F., Anderson, R.E., Tatham, R.L., Black W.C. (1998). Multivariate data analysis. 5 ed. New Jersey: Prentice Hall, 742 p. Ker, J.C. (1997). Latossolos do Brasil: uma revisão. Geonomos. 5:17-40p. Martins, S.C. (2005). Adsorção e dessorção de cobre em solos sobre aplicação de lodo de esgoto e calda bordalesa. 2005. 99 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Solos e Nutrição de Plantas, Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, Piracicaba. Moreira-Filho, H. & Valente-Moreira, I.M. (1981). Avaliação taxonômica e ecológica das diatomáceas (Bacillariophyceae) epífitas em algas pluricelulares obtidas nos litorais dos Estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Boletim do Museu Botânico Municipal. 47:1-17p. Morin, S. (2003). Ame lioration des techniques de bioindication diatomique et d’analyse des donne es, applique es a` la re ve lation des effets des pollutions a` toxiques. ENITA de Bordeaux: 70p + annexes. Muhr, E. (2014). Teratological Diatom Deformities in the Periphyton of Colorado Alpine Streams as Indicators of Acid Mine Drainage Contamination. University of Colorado. Boulder. 1-45p. Round, F.E., Crawford, R.M., Mann, D.G. (1990). The diatoms. Biology & morphology of the genera. New York, Cambridge University Press. 1-129p. Ruggiu, D., Luglio, A., Cattaneo, A., Panzani, P. (1998). Paleoecological evidence for diatom response to metal pollution in Lake Orta (N. Italy). Journal of

Paleolimnology. 20: 333–345p. São Miguel Do Iguaçu. (2015). Prefeitura Municipal. Secretaria do Meio Ambiente. Disponível em http://www.saomiguel.pr.gov.br/geografia. Último acesso em 17/11/2015. Simonsen, R. (1974). The diatom plankton of Indian Ocean Expedition of R/V “Meteor”. “Meteor” Forsch. Ergebnisse 19(D): 1-107p.

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Stoermer, E.F. & Andresen, N.A. (2006). Atypical Tabularia in coastal Lake Erie, USA. In Ognjanova-Rumenova, N. & K. Manoylov (eds), Fossil and Recent Phycological Studies. Pensoft Publishers. Moscow: 9–16p. Stoermer, E.F. & Julius, M.L. (2003). Capítulo 15: Centric Diatoms. In: WEHR, J.D. & SHEATH, R.G. 2003. Freshwater algae of North America: Ecology and classification. 1º ed. New York: Academic Press.

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Incidência de ossos suturais em crânios secos do Laboratório de

Anatomia Humana da UNIOESTE – Campus de Cascavel

Ana Caroline Barbosa Retameiro1, Amanda Pugens1, Pâmela Buratti2, José

Carlos Cintra3, Márcia Miranda Torrejais4, Angelica Soares4. e-mail: [email protected]

1 Discente do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. 2 Mestranda do Programa de Biociências e Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. 3 Técnico em Anatomia e Necrópsia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. 4 Docente da disciplina de Anatomia Humana da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil.

Área e subárea: Ciências Biológicas, Morfologia Palavras-chave: variação anatômica, sutura, morfologia. Resumo: Os ossos suturais são ossos supranumerários no interior das suturas do crânio. Referem-se a estruturas de forma, tamanho e espessura irregulares, cujo conhecimento é importante para o estudo de diversas patologias não aparentes, para avaliações médico-legais e para leitura de radiografias. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a presença de ossos suturais em crânios humanos do acervo do Laboratório de Anatomia Humana da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Campus de Cascavel. Para a realização deste trabalho, foram utilizados 85 crânios secos de ambos os gêneros (feminino e masculino) e de diferentes faixas etárias, provenientes do acervo do Laboratório. Dos 85 crânios estudados, 22 (26%) apresentaram ossos suturais, sendo que destes, 10 (45%) estavam localizados na sutura lambdoide e o restante (55%) foi observado na sutura occipitomastóidea.

Introdução

Os ossos suturais são ossos supranumerários no interior das suturas

(WAFAE et al., 2007). Referem-se a estruturas de forma, tamanho e espessura

irregulares (STANDRING, 2010), normalmente encontradas ao longo das

suturas lambdóide e sagital, e também na lateral ou na base do crânio (GRAY,

1858).

A avaliação destas variações anatômicas é realizada através do estudo

morfológico do crânio, contribuindo com informações adicionais relacionadas à

morfologia e topografia dos ossos suturais. Com base nisto, o objetivo do

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presente estudo foi quantificar e observar a localização dos ossos suturais

presentes em crânios do Laboratório de Anatomia Humana da UNIOESTE,

Campus de Cascavel.

Material e Métodos

Para a realização deste trabalho foram utilizados 85 crânios secos de

ambos os gêneros (feminino e masculino) e de diferentes faixas etárias,

provenientes do acervo do Laboratório de Anatomia Humana da UNIOESTE,

Campus de Cascavel.

Inicialmente foi realizado um estudo prévio da variação a ser analisada,

em livros e artigos científicos. Posteriormente, os crânios foram examinados

quanto à presença de ossos suturais e localização destas estruturas, e a

frequência foi então contabilizada.

Resultados e Discussão

Dos 85 crânios estudados, 22 (26%) apresentavam ossos suturais, sendo

que destes, 10 (45%) estavam localizados na sutura lambdoide (Figura 1 A e C)

e o restante 12 (55%) foram observados na sutura occipitomastóidea (Figura 1

B, C e D).

Ossos suturais são mais frequentemente encontrados em condições

como hidrocefalia, onde o volume e pressão intracranianos crescentes causam

a expansão das suturas (ASCHOFF et al., 1999; PARKER; 2009; SANCHEZ-

LARA et al., 2007; SEMLER et al., 2010). Podem ter implicações patológicas e

diagnósticas e serem indicadores importantes na revelação de outras patologias

não aparentes (KAPLAN et al., 1991).

Existe um número considerável de patologias encontradas em associação

com ossos suturais, estas incluem picnodisostose, osteogênese imperfeita,

síndrome de Menkes, displasia cleidocraniana, hipotireoidismo, hipofosfatasia,

síndrome otopalatodigital, síndrome de Hajdu-Cheney e síndrome de Down

(CREMIN et al., 1982; PARKER; 2009; SANCHEZ-LARA et al., 2007; SEMLER

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el., 2010). Como implicações diagnósticas, podem confundir diagnóstico de

lesão não acidental de ossos cranianos em complicações médico-legais

(SEEMA, P.V.; MAHAJAN, A., 2014), assim como levar a equívocos na leitura

de radiografias, sendo confundido com fraturas (SEEMA, P.V.; MAHAJAN, A.,

2014). Considerando a incidência de ossos suturais observada no presente

estudo, o seu conhecimento se torna relevante e deve ser considerando pelos

profissionais das áreas relacionadas.

Figura 1 – Fotos de crânios humanos secos. A: Ossos suturais na sutura lambdoide; vista posterior. B: Osso sutural na sutura occipitomastóidea; vista lateral. C: Ossos suturais nas suturas occipitomastóidea e lambdoide, indicados, respectivamente, da esquerda para a direita; vista lateral. D: Osso sutural na sutura occipitomastóidea; vista lateral.

Conclusões

Ossos suturais são importantes de um ponto de vista clínico e médico-

legal. Portanto, a frequência observada nos crânios humanos secos do

A B

C D

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Laboratório de Anatomia da UNIOESTE ressaltam a importância do

conhecimento desta variação e sua aplicação na prática clínica.

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Influência do gradiente ambiental sobre a estrutura e composição de

macroinvertebrados bentônicos em riachos do oeste do Paraná

Amanda Charnovski Dotto, Natalia Barrizon Gimenes, Habilene Kassiara

Dresch Santana, Melissa Paoletti de Souza, Eugênio Orestes Nunes Grapiglia, Luciano Lazzarini Wolff, Ana Tereza B. Guimarães, e-mail:

[email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Ecologia/ecologia de comunidades Palavras-chave: Bioindicador, EPT, variáveis abióticas Resumo: O objetivo deste estudo foi verificar se a abundância de macroinvertebrados EPTs (Ephemeroptera, Plecoptera, Trichoptera) e Chironomidade, de substratos do tipo cascalho, é influenciada pelas condições ambientais em diferentes riachos do Oeste do Paraná. Coletas foram realizadas em abril/junho de 2015 por meio de amostrador Surber. A relação entre os dados de abundância e as condições abióticas foi testada por meio de uma análise de correspondência canônica (ACC). Foram coletados 728 indivíduos, sendo Chironomidade o táxon mais abundante em todos os riachos. A ACC indicou que as abundâncias de Ephemeroptera e Plecoptera foram positivamente associadas com a condutividade, enquanto que de Trichoptera com o oxigênio dissolvido e Chrironomidade com o pH. Esses resultados indicaram que a análise sobre o substrato cascalho, pode não refletir associações diretas entre macroinvertebrados tidos como bioindicadores com as condições de qualidade do ambiente, já que Ephemeroptera e Plecoptera relacionaram-se com condutividade, um indicador de poluição.

Introdução

As comunidades de macroinvertebrados bentônicos de água doce são

compostas por invertebrados com tamanho superior a 0,5 mm, incluindo diversos

táxons, como Mollusca, Crustacea, Platyhelminthes, Insecta e Annelida,

havendo uma relativa dominância por parte de imaturos de Insecta (TUNDISI et

al 2008). Sua composição e distribuição estão relacionadas a diversos fatores

ambientais, como a velocidade da correnteza e o tipo de substrato (ALLAN,

1995), além da composição da mata ripária e condições físicas e químicas da

água.

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Muitos desses invertebrados são considerados bioindicadores de

qualidade da água e são utilizados em trabalhos sobre a ecologia de ambientes

lóticos (SOUZA, 2008), devido à grande sensibilidade que esses organismos

apresentam em resposta às variações antrópicas, tais como: assoreamento,

erosão, contaminação por defensivos agrícolas e degradação da mata ciliar

(SILVA & HERRMANN, 2008). Segundo um estudo publicado pelo SEMA (2010),

o Paraná possui 16 bacias hidrográficas, sendo que na região Oeste do Estado

há a junção de três dessas bacias. Como a região é voltada para a agricultura,

os riachos destas bacias são contaminados por produtos químicos, sofrendo

também intensa degradação do solo decorrente da mecanização e atividade

agropecuária.

Estudos que categorizam os riachos em rurais e preservados podem

obscurecer a influência dos gradientes ambientais sobre a biota, e de qualquer

forma não tem comparado o grau de impacto sobre os macroinvertebrados em

tipos específicos de substratos (i.e. microhábitat). Diante disso, o objetivo deste

estudo foi verificar se a comunidade de macroinvertebrados, encontrada nos

substratos do tipo cascalho, é influenciada pelas condições ambientais entre

riachos com diferentes níveis de uso e ocupação de suas microbacias do Oeste

do Paraná.

Material e Métodos

As coletas foram realizadas no período de Abril e Junho de 2015 em oito

riachos, inseridos em diferentes microbacias hidrográficas do baixo rio Iguaçu,

região oeste do estado do Paraná (Figura 1).

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Figura 2: Rio Manoel Gomes (1), Córrego Jumelo (2), Arroio Pedregulho (3), Córrego Arquimedes (4), Rio da Paz (5), Arroio do Nene (6), Córrego Bom Retiro (7) e Rio Tormenta (8).

A coleta dos macroinvertebrados foi feita com amostrador Surber (900 cm²

e malha de nylon de 500 µm) no substrato cascalho (5 – 15 mm), com esforço

amostral de 2 min. O material foi fixado em formol 10% e analisado em lupas. Os

exemplares foram individualizados em frascos contendo álcool 70% e

identificados a nível de família.

A quantificação do substrato foi realizada a partir de um raio de 1,5 m do

ponto amostrado e enquadrado em rocha (substrato contínuo), matacão (>80

mm de diâmetro), seixos (25 – 50 mm), cascalho (5 – 15 mm) e areia (<15 mm).

Dados abióticos foram mensurados através de uma sonda multiparâmetro

HORIBA®, os quais foram pH, condutividade (µS/cm) e oxigênio dissolvido (mg.l-

1). A velocidade (m/s-1) do rio foi medida por meio de um flutuador e a largura (m)

média através de uma fita métrica.

Para testar a hipótese de que o gradiente de variação das condições

ambientais dos riachos influenciam a estrutura e composição das comunidades

de macroinvertebrados foi realizado uma análise de correspondência canônica,

correlacionando os fatores ambientais com a abundância das famílias

Chironomidae, Plecoptera, Ephemeroptera e Trichoptera.

Resultados e Discussão

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Os dados das variáveis abióticas e bióticas encontram-se nas tabelas 1 e

2 respectivamente. Chironomidae foi o táxon que apresentou maior abundância

em todos os riachos. Isso provavelmente reflete a flexibilidade que este grupo

apresenta em colonizar riachos tanto impactados quanto preservados, já que é

um grupo diverso e generalista quanto ao hábito alimentar (AMORIM, 2004). Por

outro lado, Ephemeroptera e Plecoptera predominaram no riacho Bom Retiro,

enquanto que Trichoptera nos riachos Manoel Gomes e Pedregulho. No primeiro

caso, esse predomínio pode estar relacionado com a estrutura do riacho Bom

Retiro que possui substrato mais homogêneo, e, portanto, não oferece outros

tipos de substratos (i.e matacões e rochas), para a colonização desses grupos.

Tabela 1: Variáveis abióticas

OD pH Cond vel larg granulos

finos

Arquimedes 10,4 6,532 0,029 0,274 3,334 0,510

Bom Retiro 10,2 6,326 0,078 0,469 4,000 0,440

Jumelo 9,7 6,666 0,031 0,275 3,290 0,280

Manoel

Gomes

9,3 7,078 0,043 0,244 5,440 0,050

Nene 9,1 7,044 0,021 0,217 3,984 0,390

Pedregulho 12,2 6,370 0,029 0,416 5,460 0,220

Rio da Paz 10,4 7,258 0,038 0,306 4,024 0,548

Tormenta 9,4 6,628 0,016 0,341 3,820 0,470

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Tabela 2: Variáveis bióticas

Família

Mano

el

Gome

s

Pa

z

Nen

e

Bom

Retir

o

Jumel

o

Tormen

ta

Arquimed

es

Pedregul

ho

Chironomida

e 285 18 13 31 51 36 69 114

Trichoptera 10 4 6 5 2 0 1 10

Ephemeropt

era 18 0 1 30 0 1 11 2

Plecoptera 2 0 0 4 0 1 3 0

A ACC revelou correlações significativas entre a abundância de

EPT\Chironomidae e as variáveis abióticas (p>0,05), com as duas primeiras

raízes canônicas explicando 98,6 % da variância (Figura 2). A primeira raiz foi

fortemente influenciada pela relação entre abundancia de

Ephemeroptera/Plecoptera com a condutividade e a abundancia de

Chironomidae com o Ph e largura dos riachos. Por outro lado, a segunda raiz foi

influenciada pela relação entre a abundancia de Trichoptera e o oxigênio

dissolvido.

A relação positiva entre Ephemeroptera/Plecoptera e condutividade é de

certa forma contra-intuitiva, pois a condutividade é uma variável que indica

poluição ambiental (ANDRADE, 2009). Neste sentido, seria de se questionar o

efetivo uso de Ephemoroptara e Plecoptra como indicadores de boa qualidade

da água (FERREIRA et al., 2009). Entretanto, por ter sido analisado apenas o

substrato cascalho, e o riacho Bom Retiro ser mais homogêneo, é provável que

esses organismos estão igualmente distribuídos neste riacho, diferentemente se

compararmos a riachos com melhores condições, que possibilite a estes grupos

terem uma distribuição concentrada em substratos preferenciais, como

matacões e rochas (BALDAN, 2006). Por sua vez, a correlação entre Tricoptera

e oxigênio é condizente com sua característica de bioindicador, pois aguas mais

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oxigenadas refletem menor quantidades de matéria orgânica e maior qualidade

da água.

Figura 2: Correlações entre a abundância de EPT\Chironomidae, as variáveis abióticas e os riachos Referências Allan, J.D. (1995) Stream ecology. Kluger Academic Press, U.S.A. Amorim R. M.; Oliveira A. L. H.; Nessimian J. L. (2004) Distribuição espacial e temporal das larvas de Chironomidae (Insecta: Diptera) na seção ritral do rio Cascatinha, Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil Lundiana 5(2),119-127. Andrade C. C. (2009) Macroinvertebrados bentônicos e fatores físicos e químicos como indicadores de qualidade da água da Bacia do Alto Jacaré-Guaçu (SP). Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais - Universidade Federal de São Carlos. Baldan, L. T., (2006) Composição e diversidade da taxocenose de macroinvertebrados bentônicos e sua utilização de qualidade de água no Rio do Pinto Morretes, Paraná, Brasil, Dissertação (Mestrado em Ecologia e Conservação) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Biológicas, Curitiba. Ferreira, W. R.; Paiva, L. T.; Callisto, M. (2009) Índice Biótico Bentônico no Biomonitoramento da Bacia do Rio das Velhas. XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. Silva, L.A; Herrmann, H.O. (2008) Uso e a Ocupação do Solo em Área de Preservação Permanente. In Anais do V ENANPPAS, Brasília, DF

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SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE, SEMA. (2010) Bacias Hidrográficas do Paraná: série histórica. Curitiba. Disponível http://www.meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/corh/Revista_Bacias_Hidrograficas_do_Parana.pdf aceso em 18 de novembro de 2015. De-Souza, A. H. F. F.; Abílio, F. J. P.; Ribeiro, L. L. (2008) Colonização e Sucessão Ecológica do Zoobentos em Substratos Artificiais no Açude Jatobá I, Patos-PB, Brasil. Revista de Biologia e Ciências da Terra 2, 125-144. Tundisi, J.G.; Matsumura-Tundisi, T. (2008) Limnologia. Oficina de Textos, São Paulo.

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Levantamento da arborização urbana e aspectos conflitantes no

município de Ivatuba, Paraná, Brasil

Camila Zanoni Silva, Sara Belini de Gois, Thaís Luana Grzegozeski, Marcelo

Galeazzi Caxambu (Orientador), e-mail: [email protected] Universidade Tecnológica Federal do Paraná /Departamento de Engenharia Ambiental/Campo Mourão, PR.

Área e subárea: Floricultura, Parques e Jardins - Arborização Urbana. Palavras-chave: essências arbóreas, levantamento qualitativo, exóticas invasoras. Resumo: A arborização urbana é conjunto de vegetação arbustiva e arbórea, natural ou cultivada, distribuídas pelas vias de uma cidade. Na escolha das espécies a serem plantadas, deve-se priorizar o uso das nativas da região por serem mais adaptadas. Este trabalho tem por objetivo elaborar o levantamento quali-quantitativo das espécies arbóreas encontradas em Ivatuba - Paraná, analisando restrições das espécies no perímetro urbano quanto a origem e possíveis problemas que possam causar. O levantamento de campo foi conduzido em maio de 2014, coletando todos os espécimes presentes na área urbana, sendo processados e herborizados de acordo com as técnicas usuais em levantamento florísticos. A identificação foi realizada mediante comparações com material armazenado e especialistas. As espécies foram identificadas quanto a sua origem em nativas, exóticas e exóticas invasoras. Foram registrados 1337 indivíduos de 41 espécies, pertencentes a 20 famílias botânicas. Três são as principais ocorrências: Poincianella pluviosa (20,78%), Licania tomentosa (17,13%) e Handroanthus heptaphyllus (8,37%). Através do levantamento das espécies arbóreas afirma-se que a arborização não foi adequadamente planejada, visto que grande parte apresentou problemas e/ou restrições.

Introdução

Sanchotene (1994) define a arborização urbana como o conjunto de

vegetação arbórea e arbustiva, natural ou cultivada, distribuídas nas vias

públicas de uma cidade. Quando bem realizada e de uma maneira correta pode

proporcionar incontáveis benefícios, como o bem estar psicológico ao homem, a

melhoria do efeito estético, o auxílio na diminuição da temperatura, o

direcionamento do vento, entre outros (PIVETTA e SILVA FILHO, 2002).

Na escolha das espécies para a arborização urbana devem ser

priorizadas as plantas nativas, adequadas às exigências da ABNT NBR

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9050/2004. Nesse sentido, espécies nativas regionais são ainda mais

interessantes, pois, via de regra, são mais adaptadas às condições locais de

clima e solo e possuem interações com a fauna local.

Espécies exóticas, por outro lado, são muito utilizadas, pois foram

popularizadas por viveiros e produtores de mudas ornamentais, mas podem

causar diversos danos ambientais e econômicos, quando se tornam invasoras

(ZILLER, 2001). Mesmo conhecendo todos os danos causados ao ambiente a

maioria das plantas arbóreas usadas na arborização urbana das cidades

brasileiras são espécies exóticas (LORENZI, 1995).

Em vista do exposto, o presente trabalho tem como objetivo promover um

levantamento qualitativo e quantitativo das espécies arbóreas encontradas no

município de Ivatuba - Paraná, analisando as restrições das espécies

encontradas no perímetro urbano quanto às normas e instrumentos legais

existentes e possíveis conflitos com a população e com os equipamentos

públicos.

Materiais e métodos

O presente estudo foi realizado no município de Ivatuba – PR, localizado

na Mesorregião do Norte Central Paranaense. O Município possui uma área total

de 96.661 km², população em torno de 3.010 habitantes e pertence à bacia

hidrográfica do Rio Ivaí.

O levantamento de campo foi conduzido em Maio de 2014 a partir de

caminhadas, coletando todos os indivíduos vegetais presentes na área urbana

da cidade de Ivatuba- PR.

As espécies coletadas foram realizadas, utilizando as técnicas usuais em

levantamentos florísticos (FIDALGO; BONONI, 1989; IBGE, 2012).

As plantas foram processadas e herborizadas nas dependências do

Herbário da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Campo

Mourão (HCF).

A identificação foi realizada mediante comparações com material

armazenado no HCF, e a com ajuda da bibliografia.

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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A classificação de famílias botânicas seguiu APG III (2009) e para os

epítetos específicos e nomes de autores foi utilizada a Lista da Flora do Brasil

(2014) e IPNI (2014).

Foi calculada frequência relativa (%) de cada espécie, e o diagnóstico

quanto às restrições das espécies foi conduzido baseando-se na Lei Estadual nº

15.953/08, no item 9.19.3 da ABNT 9050/2004 e na Lei nº 11.200/95 do Estado

do Paraná.

As espécies encontradas foram classificadas quanto sua origem em:

exótica (E) para as espécies introduzidas no Brasil, exótica invasora (EI)

elencada como tal pela Portaria 125/2009 do Instituto Ambiental do Paraná (IAP)

e nativa, de acordo com a Lista da Flora do Brasil (2014).

Resultados e Discussão

Ao final do censo da arborização urbana de Ivatuba-PR, foram registrados

um total de 1337 indivíduos de 41 espécies distintas, pertencentes a 20 famílias

botânicas, sendo, 18 nativas e 23 exóticas, incluindo neste total as exóticas

invasoras.

As espécies encontradas foram: Annona squamosa, Artocarpus

heterophyllus Lam, Bauhinia variegata, Chamaecyparis pisifera, Callistemon

salignus (Sm.) Sweet, Cassia fistula L., Citrus deliciosa Ten., Citrus limonia

Osbeck, Eugenia uniflora L., Eugenia sprengelii DC, Eriobotrya japonica (Thunb.)

Lindl, Ficus benjamina L., Ficus sp., Gardenia jasminoides J. Ellis, Handroanthus

heptaphyllus (Vell) Mattos, Holocalyx balansae Micheli, Hibiscus rosa sinensis

L., Koelreuteria paniculata Laxm, Lafoensia pacari, Lagerstroemia indica L,

Licania tomentosa (Benth.) Fritsch, Ligustrum sinense Lour, Litchi chinensis

Sonn, Magnolia champaca (L.) Baill. Ex Pierre, Mangifera indica L, Murraya

paniculata (L.) Jack, Nectandra lanceolata Nees & Mart, Nectandra sp, Nerium

oleander L, Ocotea sp, Pachira aquatica Aubl, Pachira glabra Pasq, Plinia sp,

Poncianella pluviosa var. peltophoroides (DC.), L.P.Queiroz, Psidium guajava L,

Schinus molle L, Tecoma stans (L.) Juss ex Kunth, Terminalia catappa L,

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Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn, Tibouchina sellowiana Cogn, Tibouchina

stenocarpa (DC.) Cogn.

Três espécies são as principais ocorrências na arborização da cidade,

com Poincianella pluviosa (DC.) L.P.Queiroz, com 277 espécimes ou 20,78%

dos espécimes, seguida de Licania tomentosa (Benth.) Fritsch com 229

espécimes ou 17,13%. Por fim, Handroanthus heptaphyllus (Vell) Mattos, com

112 espécimes ou 8,37%. Estas três espécies somadas geram um total de

46,22% ou 618 dos espécimes arbóreos encontrados.

Observa-se que as demais espécies possuem pouca representatividade

dentro da arborização urbana; o que mostra que há uma má distribuição, onde

se tem trabalhado com poucas espécies e muitos indivíduos.

As espécies Tecoma stans (L.) Juss ex Kunth e Murraya paniculata (L.)

encontradas nas vias urbanas são espécies arbóreas com legislação restritiva

no Estado do Paraná sendo proibido o seu plantio, transporte, produção e

comercialização de mudas, sementes, pedaços de caule ou raízes.

Foi observada uma grande quantidade de podas de topiaria e drásticas

nas espécies arbóreas, o que mostra o despreparo da população e dos Órgãos

Públicos com essa prática, uma vez que, mesmo eliminando os galhos em

contato com as redes a poda gera estímulo para as novas brotações, em um

curto espaço de tempo.

Foi registrada a presença de Ligustrum sinense que, embora não esteja

listada na Portaria 125/2009 do Instituto Ambiental do Paraná, é considerada

exótica invasora em outros países como Austrália, Nova Zelândia e Estados

Unidos (CABI, 2011), existindo potencial de se tornar exótica invasora também

no Brasil, haja visto que estes países apresentam similaridades eco climáticas

com partes do Brasil e do Paraná.

Conclusões

Através do levantamento qualitativo e quantitativo das espécies arbóreas

pode-se afirmar que a arborização foi realizada sem um planejamento adequado

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para a escolha e plantio de espécies no perímetro urbano, visto que grande parte

das essências presentes apresentaram problemas e/ou restrições.

Sendo assim, sugere-se, a partir deste trabalho, que o município estude uma

possibilidade de substituição das espécies causadoras de problemas nas vias

urbanas, buscando-se a substituição com o plantio de espécies compatíveis com

as normas e legislações pertinentes.

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

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Levantamento de licófitas e samambaias em um fragmento de mata ciliar

do Rio Gonçalves Dias, Paraná

Elmar Jose Hentz Junior, Bruno Henrique Barbosa Marchioro, Ana Laura

Topanott Nunes, Janaine K. Hammes, Lívia G. Temponi. e-mail: [email protected]

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Botânica / Taxonomia Vegetal Palavras-chave: Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Semidecidual, Parque Nacional do Iguaçu. Resumo: O Parque Nacional do Iguaçu é composto por duas principais formações florestais, sendo elas a Floresta Ombrófila Mista, caracterizada pela presença da Araucaria angustifolia Bertol. Kuntze e a Floresta Estacional Semidecidual, caracterizada pela semidecidualidade das suas folhas. A maioria dos estudos florísticos enfatizam espécies de arbóreas e este trabalho tem como objetivo identificar espécies de licófitas e samambaias em uma área de ecótono entre as Florestas Ombrófila Mista e Estacional Semidecidual. As espécies serão coletadas, prensadas e secas em estufa de circulação de ar forçada a temperatura de 70°C por dois a três dias. Posteriormente estas amostras serão identificadas e incorporadas ao herbário UNOP. Espera-se com a execução desse projeto elaborar uma lista de espécies, apresentando suas características diagnósticas, para que estas sejam reconhecidas em campo.

Introdução

A Mata Atlântica representava a maior parte do estado do Paraná,

entretanto segundo os dados do SOS Mata Atlântica (2013), apenas 11,8%

dessa se mantém preservada. O Parque Nacional do Iguaçu é composto por

duas principais formações florestais da Mata Atlântica, sendo elas a Floresta

Ombrófila Mista, caracterizada pela presença da Araucaria angustifolia Bertol.

Kuntze e a Floresta Estacional Semidecidual, caracterizada pela

semidecidualidade das suas folhas (IBGE,2012).

Estudos comprovam que existe uma grande diversidade de espécies não-

arbóreas nas florestas tropicais americanas (Prance, 1989; Andreata et al.,

1997). No entanto, a maior parte dos estudos florísticos é realizada com enfoque

nas espécies arbóreas, mesmo que estudos comprovem que as espécies

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204

subarbustivas e herbáceas têm grande importância, com funções específicas na

comunidade vegetal das florestas (Andrade, 1992; Laska, 1997).

Material e Métodos

A área em estudo corresponde a um fragmento do Rio Gonçalves Dias,

que margeia a fronteira leste do Parque Nacional do Iguaçu, localizado nas

coordenadas -25.215831”S, -53.651407”O.

Estão sendo realizadas visitas mensais na área de estudo e os indivíduos

coletados em seu período reprodutivo, para possibilitar uma precisa identificação

(Bridson & Forman, 1999). Os nomes dos autores das espécies foram conferidos

de acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil (Forzza et al., 2013) e para

espécies exóticas do Brasil está sendo utilizado o International Plant Name

Index (IPNI, 2013)

O material coletado está sendo identificado com literatura específica e

comparado concomitantemente com amostras presentes no herbário da

Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNOP) e em herbários de outras

instituições.

Resultados e Discussão

Foram encontradas nove espécies licófitas e samambaias, sendo as

famílias mais representativas Polypodiaceae e Pteridaceae com seis e duas

espécies respectivamente (Tabela 1, Figura 1).

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205

Tabela 1– Lista de espécies de licófitas e samambaias de um fragmento de mata ciliar do Rio Gonçalves Dias, Paraná.

Famílias Espécies Hábito Voucher

Aspleniaceae

Asplenium claussenii

Hieron.

Epífitas Lautert, M. 69

Polypodiacea

e

Campyloneurum nitidum

(Kaulf.) C.Presl

Epífitas Lautert, M. 153

Polypodiacea

e

Microgramma lindberguii

(Mett.) de la Sota

Epífitas Martinez, M.T.

116

Polypodiacea

e

Niphidium crassifolium

(L.) Lellinger

Epífitas Lautert, M.102

Polypodiacea

e

Pecluma sicca (Lindm.)

M.G.Price

Epífitas Lautert, M. 135

Polypodiacea

e

Pecluma truncorum

(Lindm.) M.G.Price

Epífitas Viveros, R.S.

185

Polypodiacea

e

Pleopeltis pleopeltifolia

(Raddi) Alston

Epífitas Lautert, M. 46

Pteridaceae Adiantopsis radiata

(L.) Fée

Erva Viveros, R.S

186

Pteridaceae Doryopteris pentagona

Pic.Serm.

Erva Martinez, M.T.

141

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Figura 2. A - Asplenium claussenii, B - Campyloneurum nitidum, C - Microgramma lindberguii, D - Niphidium crassifolium, E - Pecluma sicca, F - Pecluma truncorum, G - Pleopeltis pleopeltifolia, H - Adiantopsis radiata, I - Doryopteris pentagona

Conclusões

O levantamento florístico das licófitas e samambaias contribui para o

conhecimento da região, pois a maioria destas espécies é nativa das formações

florestais presentes na área de estudo, reforçando a necessidade de

preservação deste fragmento para a manutenção destas espécies no oeste do

Paraná.

Agradecimentos

Agradecemos principalmente a Capes, CNPq e a Fundação Araucária

pela concessão das bolsas permitindo que esse trabalho fosse realizado.

Referências Bridson, D. & Forman, L. (1999).The Herbarium Handbook. Kew: Royal Botanic Gardens. Di Bitetti, M.S; Placci, G. & Dietz, L.A. (2003). Uma visão de Biodiversidade para a Ecorregião Florestas do Alto Paraná – Bioma Mata Atlântica: Atlântica: planejando a paisagem de conservação da biodiversidade e estabelecendo prioridades para ações de conservação. Washington: World Wildlife Fund.

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207

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2012). Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Rio de Janeiro: IBGE. IPNI - The International Plant Names Index.http://www.ipni.org. Acesso em 12 de Novembro de 2015. Laska, M. S. (1997). Structure of understory shrub assemblages in adjacent secondary and old growth tropical wet forest. Biotropica. 29, p. 29-37, Maack, R. (1981). Geografia física do Estado do Paraná. Rio de Janeiro: José Olympio. Plano de manejo do Parque Nacional do Iguaçu, (1999). http://www.cataratasdoiguacu.com.br/manejo/siuc/planos_de_manejo/pni/html/index.htm. Acesso em 11 de novembro de 2015. Prance, G. T. (1989) American tropical forest. In: Lieth, H. & Werger, M. A. J. (Ed.). Tropical rain forest ecosystems: biogeographical and ecological studies. (pp. 99-136). Amsterdam: Elsevier. Veloso, H. P.; Rangel-Filho, A. L. R. & Lima, J. C. A. (1991). Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

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Levantamento florístico de lamiales no Parque Nacional do Iguaçu,

Paraná, Brasil

Elmar Jose Hentz Junior, Janaine K. Hammes, Lívia G. Temponi. e-mail:

[email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Botânica / Taxonomia Vegetal Palavras-chave: Acanthaceae, Bignoniaceae, Lamiaceae Resumo: Na mesorregião oeste do estado do Paraná encontra-se o Parque Nacional do Iguaçu, que possui 230 mil hectares de florestas, sendo elas a Floresta Estacional Semidecidual e a Floresta Ombrófila Mista. O objetivo do trabalho é elaborar um levantamento florístico de Lamiales no Parque Nacional do Iguaçu, Paraná, Brasil. As coletas mensais complementares em todas as trilhas das três áreas do Parque iniciaram-se em agosto de 2015 e coletas anteriores presentes no herbário UNOP foram também analisadas. Todos os espécimes presente na coleção estão sendo identificados segundo literatura específica. Até o momento foram registradas para o Parque Nacional do Iguaçu 21 espécies, sendo Acanthaceae a família mais representativa.

Introdução

Na mesorregião oeste do estado do Paraná encontra-se o Parque

Nacional do Iguaçu (ParNa Iguaçu), que possui 230 mil hectares de florestas,

sendo elas a Floresta Estacional Semidecidual (FES) e a Floresta Ombrófila

Mista (FOM) (IBAMA, 2012).

Segundo Judd et al. (2009) Lamiales é uma ordem monofilética, e suas

principais características são: presença de tricomas glandulares,

oligossacarídeos, tecido parenquimático que se estende desde o conectivo das

4 anteras até os lóculos, endosperma com conspícuo haustório micropilar e

inclusões proteicas nos núcleos das células do mesófilo. Destacam-se como

principais famílias em termos de diversidade para o Brasil: Acanthaceae,

Bignoniaceae, Lamiaceae, e Verbenaceae.

Destacam-se como principais famílias em termos de diversidade para o

Brasil: Acanthaceae, Bignoniaceae, Lamiaceae, e Verbenaceae.

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Tendo em vista a importância destas famílias e a falta de conhecimento

destas na região oeste do Paraná, a florística das Lamiales vem contribuir para

o conhecimento das espécies no ParNa Iguaçu.

Material e Métodos

O ParNa Iguaçu é uma unidade de conservação situada em sua maior

parte no estado do Paraná- BR, 25º05’ a 25º41’ S e 53º40’ a 54º38’ W, e possui

185.262,5 hectares de extensão (IBAMA, 1999).

As coletas mensais complementares em todas as trilhas das três áreas do

Parque iniciaram-se em agosto de 2015 e coletas anteriores presentes no

herbário UNOP foram também analisadas. As amostras recentemente coletadas

estão sendo preparadas para a confecção de exsicata e incorporação no

herbário UNOP, segundo técnicas de herborização (Bridson & Forman, 2004).

Os espécimes de Lamiales coletados estão sendo fotografados,

analisados e identificadas por meio de literatura específica.

Resultados e Discussão

A Tabela 1 reúne as espécies presentes no Parque Nacional do Iguaçu,

das quatro principais famílias de Lamiales, sendo elas Acanthaceae,

Bignoniaceae, Lamiaceae e Verbenaceae (Figura 1).

A família Acanthaceae é a mais representativa com oito espécies, seguida

de Bignoniaceae com cinco espécies e por Lamiaceae Verbenaceae com quatro

espécies cada.

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Tabela 1– Lista de espécies de Lamiales do ParNa Iguaçu, Paraná, Brasil.

Famílias Espécies Hábito Voucher

Acanthaceae Aphelandra longiflora

(Lindl.) Profice

Arbusto Temponi, L.G. 1250

Acanthaceae Jacobinia carnea

(Lindl.) G. Nicholson

Subarbusto Temponi, L.G. 644

Acanthaceae Justicia brasiliana Roth Subarbusto Pereira, S.F. 299

Acanthaceae

Ruellia brevifolia (Pohl)

C.Ezcurra

Subarbusto Lautert M.P. 7

Acanthaceae

Hygrophila costata Nees &

T.Nees

Erva Simão, P.C. 104

Acanthaceae

Stenandrium

mandioccanum Nees

Erva Ferneda Rocha, L.C.

61

Acanthaceae

Streblacanthus dubiosus

(Lindau) V.M.Baum

Subarbusto Toderke, M.L. 52

Acanthaceae

Aphelandra sp. Arbusto,

Erva

Lautert, M.P. 6

Bignoniaceae

Bignonia sciuripabula

(K.Schum.) L.G.Lohmann

Liana Temponi, L.G. 633

Bignoniaceae

Tynanthus micranthus

Corr.Mello ex K.Schum.

Liana Silva, E.M. s.n.

Bignoniaceae

Jacaranda micranta Cham.

Árvore Cielo-Filho, R. 1440

Bignoniaceae Pyrostegia venusta

(Ker Gawl.) Miers

Liana Oliveira, A.P.C. 45

Bignoniaceae Tanaecium mutabile Liana Toderke, M.L. 20

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L.G. Lohmann

Lamiaceae

Scutellaria uliginosa A.St.-

Hil. ex Benth.

Erva Temponi, L.G. 642

Lamiaceae

Condea

undulata (Schrank) Harley

& J.F.B. Pastore

Arbusto Simão, P.C. 106

Lamiaceae

Aegiphila integrifólia

(Jacq.) B.D. Jacks.

Arbusto Gris, D. 43

Lamiaceae

Salvia subrotunda A.St.-

Hil. ex Benth.

Erva Temponi, L.G. 661

Verbenaceae Aloysia virgata (Ruiz &

Pav.) Pers.

Arbusto Temponi, L.G. 619

Verbenaceae Bouchea fluminensis (Vell.)

Moldenke

Arbusto Temponi, L.G. 625

Verbenaceae Lippia brasiliensis

(Link) T.R.S.Silva

Arbusto Duarte A.P., 1725

Verbenaceae Stachytarpheta

cayennensis

(Rich.) Vahl

Arbusto Simão, P.C. 172

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Figura 1 – Espécies de Lamiales do ParNa Iguaçu, Paraná, Brasil. A - Aphelandra longiflora. B - Justicia carnea. C - Justicia brasiliana. D - Ruellia brevifolia. E - Hygrophila costata. F - Stenandrium mandioccanum. G - Streblacanthus dubiosus. H - Aphelandra sp. I - Bignonia sciuripabula. J - Tynanthus micranthus. K - Jacaranda micranta. L - Pyrostegia venusta. M - Tanaecium mutabile. N - Scutellaria uliginosa. O - Aegiphila integrifólia. P - Salvia subrotunda. Q - Aloysia virgata R - Stachytarpheta cayennensis

Conclusões

O levantamento florístico de Lamiales contribui para o conhecimento da

região, pois a maioria destas espécies é nativa das formações florestais

presentes na área de estudo, reforçando a necessidade de preservação desta

para a manutenção das espécies de Lamiales no oeste do Paraná.

Agradecimentos

Agradecemos à Capes e a Fundação Araucária pelo fornecimento das

bolsas, a Unioeste pela infraestrutura oferecida e ao ICMBio pela licença de

coleta concedida.

Referências IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente. Plano de manejo do Parque Nacional do Iguaçu (1999). http://www.cataratasdoiguacu.com.br/manejo/

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

213

siuc/planos_de_manejo/pni/html/index.htm. Acesso em 10 de Novembro de 2015. Bridson, D. & Forman, L. (2004). The Herbarium Handbook. The Royal Botanic Garden: Kew. Judd, W. S. (2009). Sistemática vegetal: um enfoque filogenético. Porto Alegre: Artmed.

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214

Organização e análise de material didático do laboratório de zoologia da

Unioeste-PR

Ramona dos Santos Bandeira, Jennifer Ulrich, Brenda Helen Mello da Silva,

Igor Yuri Pereira Fernandes, Luciano Lazzarini Wolff E-mail:[email protected]

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Área e subárea: Biodiversidade, Zoologia Palavras-chave: Coleção Zoológica, Curadoria, Didática Resumo: As coleções didáticas têm o objetivo de mostrar aos alunos uma parte da diversidade a ser estudada. Dessa forma, esse trabalho teve como objetivo a organização do material zoológico do Laboratório de Zoologia da Unioeste – campus de Cascavel, pretendendo proporcionar ao aluno uma melhor observação, manipulação e análise do mesmo nas aulas práticas. A organização prévia de exemplares de Testudines e Lepidosauria foi realizada por meio de uma revisão de seus nomes científicos, levantamento da quantidade de indivíduos, armazenamento e etiquetagem dos lotes. Realizou-se também a limpeza e manutenção do acervo por meio da lavagem dos frascos e substituição do álcool. A coleção didática do laboratório apresenta maior número de lotes de Lepidosauria em relação à Testudines. Dentre os Lepidosauria, o maior número de lotes disponíveis são serpentes da família Colubridae, enquanto que para os lagartos Amphisbenidae destaca-se. Esse trabalho possibilitará, à medida que for ampliado, um melhor aproveitamento do espaço físico do laboratório e o recebimento de novos exemplares zoológicos devidamente autorizados.

Introdução

As Coleções Zoológicas são definidas como um conjunto ordenado de

espécimes mortos ou partes corporais destes, devidamente preservados

(MARTINS, 1994). As coleções são de suma importância, pois com elas se

podem observar e analisar de uma forma mais ampla um determinado animal e

seu sistema, podendo ter dentro da Universidade uma pequena parcela da

biodiversidade natural.

A conservação e o devido manuseio dos materiais zoológicos das

coleções didáticas são necessários para que se possa mantê-las em melhores

condições por um maior período de tempo, sendo que assim é possível se ter

um controle da quantidade e da qualidade do material.

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215

O Laboratório de Zoologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná

– campus Cascavel, está localizado no Centro de Ciências Biológicas e da

Saúde – CCBS, sendo o local de realização de atividades práticas das disciplinas

de zoologia do curso de ciências biológicas. Este laboratório atende os alunos

das modalidades Licenciatura e Bacharelado, e conta com a disponibilidade de

material didático referente aos grupos de animais vertebrados e invertebrados.

Com o intuito de tornar o material didático do laboratório de zoologia da

UNIOESTE mais acessível às aulas práticas, o objetivo deste trabalho foi iniciar

uma organização, envolvendo a revisão das identificações e a manutenção de

exemplares dos táxons Testudines e Lepidosauria de seu acervo.

Material e Métodos

O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Zoologia da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná – campus Cascavel. A organização dos

exemplares de Testudines e Lepidosauria iniciou-se nos meses de abril, maio e

junho de 2015 por meio de uma revisão de seus nomes científicos (utilizando

BÉRNIL & COSTA, 2011), levantamento da quantidade de lotes disponíveis,

armazenamento e etiquetagem. Realizou-se também a limpeza e manutenção

do acervo por meio da lavagem dos frascos e substituição do álcool dos potes.

Dentro de Lepidosauria, o táxon Squamata foi separado em lagartos e

serpentes, sendo ambos quantificados graficamente em famílias taxonômicas

(Lagartos – Anguidae, Amphisbaenidae e Teiidae; Serpentes - Colubridae,

Viperidae, Elapidae, Boidae). Assim como Lepidosauria as famílias e espécies

de Testudines também foram quantificadas. Todo o material foi etiquetado

externa e internamente com informações, quando possível sobre a ordem, a

família, o nome científico e o nome popular, seguido por uma identificação

específica contendo as três primeiras letras do gênero e/ou família e um número

de ordem crescente, para serem armazenados.

Resultados e Discussão

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Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR

216

Analisando o material obteve-se um número total de nove lotes de

Testudines e 15 de Lepidosauria/Squamata. Neste último, foram identificados

cinco lotes de Anguidae, sete de Amphisbaenidae e três de Teiide. Das

serpentes obteve-se 82 lotes, sendo essas separadas em 53 da família

Colubridae, 24 da família Viperidae, um da família Boidae e quatro da família

Elapidae (Fig. 1).

Figura 1. Quantidade relativa de lotes disponíveis no Laboratório de Zoologia para Testudines e para as famílias de lagartos e serpentes.

Dentre os Testudines existe maior quantidade de lotes com juvenis da

família Cheloniidae, sendo três da espécie Chelonia mydas, um de Caretta

caretta, seguida por Dermochelydae – com dois lotes de Dermochelys coriacea,

e da família Emydidae – Trachemys dorbigni com um lote disponível.

Na ordem Squamata a família Anguidae apresenta dois lotes cada qual

com as espécies - Ophiodes intermedius e Anguis fragilis, enquanto que as

demais famílias Amphisbaenidae - com Amphisbaena sp, Teiide – com

Tupinambis sp. e Leiosauridae – com Anisolepis grilli, apresentando um lote

cada.

Já as serpentes, distribuídas em quatro famílias: Colubridae representada

por Oxyrhopus sp., Liophis poecilogyrus, Dipsas sp., Liophis frenatus, Oxyrhopus

guibei, Elapomorphus sp., Thamnodynastes strigatus, Atractus taeniatus,

Testudines

Amphislaenidae

Anguidae

Boidae

Colubridae

Viperidae

Elapidae

Teiidae

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Atractus reticulatus, Liophis miliaris, Chironius bicarinatus, Oxyrhopus clathratus,

Xenodon sp., Spilotes sp., Atractus sp., Lioheterophys sp.;- Viperidae –

representada por Bothrops jararaca, Bothrops moojeni, Bothrops jararacussu,

Bothrops altenatus, Crotalus durissus.; Boidae – representada por Epicrates

crassus; – e Elapidae – representada por Micrurus corallinus.

Em relação aos Testudines a menor quantidade geral de lotes e

exemplares disponíveis no laboratório, pode estar atrelado a localização

geográfica da Universidade que é distante do litoral, portanto dificultando a

aquisição ou captura de tartarugas marinhas. Isso também indica a necessidade

da Universidade estabelecer contatos com outras universidades ou programas,

como o TAMAR, para a aquisição dos mesmos. O cenário é o mesmo para

lagartos lepidosaurios, especialmente se tratando de Iguania (famílias Iguanidae

e Chamaeleonidae) que não existem exemplares no laboratório, além do baixo

número total de lotes e exemplares das demais famílias disponíveis.

Em relação aos Lepidosauria serpentes constatou-se uma boa

representatividade tanto de lotes quanto de exemplares das famílias Colubridae

e Viperidae, sendo provavelmente reflexo da maior diversidade geral desses

grupos, especialmente para Colubridae. Entretanto, é notável a necessidade de

se adquirir exemplares de Boiidae, como Sucurís e Jiboias (não disponíveis em

laboratório), além de outros Elapidae, como Najas e outras espécies de coral-

verdadeira.

Conclusões

Constatou-se que no laboratório de zoologia existe uma quantidade de

lotes maior para Lepidosauria em relação à Testudines. Dentre os Lepdosauria

destaca-se a elevada quantidade das serpentes Colubridae e Viperidae,

entretanto, é notória a necessidade de aquisição de lagartos iguanas e

camaleões, além de outras serpentes das famílias Boidae e Elapidae. Nesse

sentido à medida esse trabalho for ampliado este possibilitará, um melhor

aproveitamento das atividades práticas, espaço físico do laboratório e do

recebimento de novos exemplares zoológicos devidamente autorizados.

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Agradecimentos

A Andréia Bonini pela cooperação. Aos colegas Marcos Fianco e Eugênio

O. N. Grapiglia pelas contribuições na realização do trabalho. E a profª Drª

Miryan Coracini pelo total apoio.

Referências GONDIM, M.J.C & SANTOS, L.A.S. (2013) Ações para organização de uma coleção didática de zoologia em uma escola de Uberlândia. Revista Ciência em Extensão, 9 SOUZA, P. & ALMEIDA, V.L.L. & CAROLINO, M.A. (2015) Organização de coleções didáticas em ciências. Anais do Egrade, 1 BÉRNILS, R.S. & COSTA, H.C. (2011). Brazilian reptiles – List of species. Disponível em http://www.sbherpetologia.org.br/. Sociedade Brasileira de Herpetologia. Acessado em: 18 de Novembro, 2015

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